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Full text of "Bibliotheca lusitana historica, critica, e cronologica. Na qual se comprehende a noticia dos authores portuguezes, e das obras, que compuseraõ desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até o tempo prezente"

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BIBLIOTHECA 

LUSITANA 


Í5Í' 


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^ 


^ 


Desta  edição  fe^-se  uma  tiragem  especial  de  loo  exem- 
plares, em  papel  Kegisto  120,  numerados  e  rubricados 
por  Manuel  Lopes  de  Almeida. 


BIBLIOTHECA 

LUSITANA 

Hiftorica,  Critica,  e  Cronológica. 

NA  QUAL  SE  COMPREHENDE  A  NOTICIA  DOS  AUTHa 

rcs  Pbrtuguczcs ,  c  das  Obras ,  que  compuíèrtô  dcfde  o  tempo 

da  promulgação  da  Lcy  da  Graça  até  o  tempo  prezcnte. 

OFFERECIDA 

À  AUGUSTA  MAGESTADE 

D.  JOÀÒ  V. 

A^;'r"''  NOSSO  SENHOR,-^'" 

DIOGO  BARBOSA 

MACHADO 

V^lfipon^t  Ahbéde  ds  Tdrochiéd  Jffrejã  de  Ssnto  Aãrixô  de  Sever ,  e  Acadé- 
mico do  Numero  dd  jécademid  BjcmI. 

TOMO      I 


LISBOA  OCCIDENTAL, 

Na  Offidna  de  ANTÓNIO  ISIDORO  DA  FONSECA 

Anno  de  M.  D.  CC.  XXXXI 
Com  todas  as  íicenças  neceJfarUs. 


BREVE 

AD  FAVOREM  BIBLIOTHECARUM. 

CLEMENS  PAPA  XL 

AD  FUTURAM  RCIMBMORIAAL 


CONSBRVATIONf,  &  manutentlutíl  librorum  Ribliuihc 
cinim  IXMDorum  ReguUrium  Fratrum  Oi 'Unis  SunCii  Au- 
guftini  Difcalccdicorum  nuncupatQrum  GongregttioiíU  Por* 
tugalHc  ,  quantum  cum  Domino  poíTunius  b«nigne  con» 
fulcrc  i  WC  DilcAuno  íílium  moJernum  Frocuratorem  Ge- 
ocralem  in  Romana  Cúria  diâx  Cungregaiiotiis  fpeclalibat  favor ihus« 
&  gratíii  prufequi  vol«ntes  »  6C  à  quiburvis  excomidUDicatiunís  ,  luf- 
penficnis  ,  &  interdiâi  ,  aliisque  Ecclefiaílicls  fcncemiii  cenluris  ,  8c 
pceoii  à  jure «  vel  ab  h'>mine  quavíj  occafione  ,  vfl  caufa  lacis  i  Ç\  qui« 
bus  quo:nodolibcc  innuJatus  exiilic ,  aJ  cXtCtwm  pricteutíunf  dumu* 
xat  cunfequeiiJum «  harum  ferie  ablòlveiites  «  &  abfoiutuno  fore  ocn- 
ftnces  fupplicacionibus  ejus  nomine  Noliís  faper  hoc  humilicer  por* 
fedtis  ínclinati  ,  ne  de  cetero  qiiifqjatn  ,  five  l!«culari$  ,  fj»c  ciijdf- 
vts  Ordinis  Rtfgularis  etiam  aut^oritate ,  oFBcio,    &  fup^fiurttate  fua> 

Sens ,  Libros  i  Ouinteriia  ,  Fulia  five  impreíTa  ,  ftve  manufcripia  ,  um 
âdlenus  dít5ti$  BÍbliothecis  doiuta  ,  comparata  ,  6c  aifignata  ,  suàni 
in  pofteruin  duiuiida  i  cumparanda^  Sc  affígnanda  Uibquovis  pracicxtu  » 
kigenio  ,  caufa»  colore,  racione  ,  asii  occafione  è  Dumibus  Regula* 
ribus*  6c  fxcuWribus  «  quacu  nque  auc1orici-.é  fungfmibns  commo* 
dare  ,  donare  ,  vel  alio  quovis  mudo  dldritliere  ,  &  alienare  ,  fril 
ut  eitrahanturt  &  afportentur  ,  aut  conimodentur  ,  dunentur ,  difira* 
hantur  «  Sc  aliencntur  permittere ,  aiic  coiifeiuirc  auJcat  ,  (eu  prsc« 
fumac  fub  excommunicationis  f  ac  priratiuníj  vocii  adtívx ,  S:  paffive 
pisnls  per  concrafaciences  eo  ípfo  incurrendis  Ai^ondica  audorirace 
tenore  prcfentium  interdicímus  ,  &  probibemds.  Perruiitentcs  tameii 
Superioribus  diAarum  Domorum  Rcgulariurrt  pro  Cempore  exiftrnii* 
baSf  uc  de  licentia  Definlitírii  Gencralis,  vel  annualis  prxdi»ílar  Cott* 
fregacionis  aliquoU  tx  libris  praedi^is  Fratribus  ejuíJeni  Congrega  tio* 
nis,  etiam  in  aliis  Domibas  tomniorantíbus ,  cumcautelis  t;<men  ne* 
cenàriís  ,  ac  Inventario  i  PriftTibus  ,  &  Difcretis  fuarum  refpeAivè 
Domorum  fubfcríbcfndís  ad  tempus  dctcrminaium  commadarí  pofiintv 
^uo  elapfo  ad  fuás  quafque  Domos  rcponari ,  fuiíqoe  Biblioihcds  ref- 
tituí  fub  eiídem  poínis  debeant  :  Noii  obftantibus  Cou(liiationibus# 
&  Ordinationibus  ApoítoliciSf  ac  Domorum  ,  Sc  Ordinum  priedic^o* 
rum  ,  etiam  juramento  conãrmatione  Apoftolica  ,  vel  quavisfirmita- 
te  anàs  roboratis  flatutis  ,  &  confuetudínibus  ,  ceterísiiue  contrarii* 
qiiibufcumquc.    Volumus  autem  >  quod  piKfentis  prohfbitionis  copia 

m 


fn  valvis  rujuslibet  didlarum  Biblluthecavum  ,  tcI  alio  confpícao  loco , 
quo  ab  omnibus  cerni  poflli  continuo  aíiixa  remaneat  ;  quodquepiaE- 
lentium  tranfumptis  ciiani  impreills  manu  aiicujus  Notarii  publiciíub* 
fciiptís»  ta  fi^WUi  aiicujus  pcfíonae  in  dignítate  Ecckr>aflica  conAitu* 
ta:  ,  te)  Procuratoris  Genetalis  Cungregaiionis  hujufmcdi  munitisea* 
dcm  fides  ubíque  adhibeatur,  qux  ipíis  prxfentibys  habcretur «  fi  fo* 
rcnc  cxhibitx ,  vcl  vReníx.  Oatum  Konise  apud  S.  Mariam  Maiorero 
íub  AnnuloPifcatorlsdieXXin.  Januarii  M.  DCC.XXl.  FoniiÍ€»Uls 
Noilri  anno  vige fimo-pr imo.   —  F.  Caid.  01iv«iius.  — 


Concordai  caai  fuo  originali. 
J«annn  VominUus  Mamttfft  PubUcusNot.Apo(l« 
Ff.UmmãmttlãS.EUfahetht  PrKurator  Generalh» 


SENHOR 


OM  myjierioja  dijpojiçaõ  da  Providencia  ejperou  a  Bibliotheca 
hufitana  ideada  hà  mais  de  hum  Século  pelo  laboriojo  dijvelo  de  varoens  eruditos  o  jeliv^ 
Rejnado  de  V.  Magejlade  para  Jahir  ao  theatro  do  Mundo  como  prevendo,  que  nofaujiij- 


fimo  tempo  em  que  no  trono  de  Portugal  Je  admirajje  a  uniaõ  da  S ciência  com  a  Soberania, 
mais  difícil,  que  a  do  Amor  com  a  Mageftade,  alcançariaõ  os  Sábios  que  fecundamente 
produi(io  efla  Monarchia  na  larga  diuturnidade  de  tantos  Séculos  a  merecida  remuneração 
às  fuás  doutas,  e  incanfaveis  vigílias.  Vara  fer  V,  Mageflade  o  mais  fabio  Príncipe 
entre  os  f eus  Soberanos  Predecejjores  fe  empenhou  a  Graça  em  competência  da  Naturev^a 
a  illujlrarlhe  com  luv^es  taõ  antecipadas  o  entendimento,  que  jà  na  idade  pueril  fe  admirou 
adulta  a  comprehençaõ  para  o  efiudo  das  Artes  dignas  do  feu  alto  nacimento,  donde 
emanou  a  innatapropençaõ,  com  que  fe  declarou  benéfico  Protector  dos  "Eruditos;  afublime 
idea  com  que  erigio  na  Academia  Keal  hum  famofo  Capitólio  no  qual  f obre  os  defpojos 
da  ignorância  fe  celebraffem  os  triunfos  da  Sabedoria;  e  a  generofa  profufaõ  com  que 
convertendo  o  feu  Palácio  em  domicilio  de  todas  as  f ciências  formou  a  mais  numerofa, 
e  magnifica  Bibliotheca  compofla  dos  majores  Oráculos  da  Kepublica  litteraria  vanglo- 
riofos  de  ferem  frequentemente  confultados  pelo  perfpica!ifuit(p  de  V,  Mageflade.  Debaixo 
dos  benévolos  aufpicios  de  hum  Príncipe  taõ  amante  das  I^etras,  e  Fautor  dos  fabios 
pertende  fer  admitida  a  Bibliotheca  l^ufitana  por  comprehender  a  fublimidade  de  tantos 
efpiritos,  que  emulos  das  Intelligencias  Angélicas  ennobreceraõ  a  Pátria  com  os  nomes, 
dilatarão  afama  com  aspennas.  Que  agradável  efpectaculo  fera  para  os  olhos  de  V.  Magef- 
tade obfervar  nefie  Theatro  "Litt erário  as  majores  figuras,  que  venerou  a  fer  ar  chia  Eccle- 
fiaftica,  e  Secular,  e  que  com  igual  decoro  illufiraraõ  o  Sacerdócio,  e  o  Império,  como 
foraõ  hum  Damafo  fabricando  dos  fete  montes  de  Koma  degraos  para  fubir  ao  Parnafo 
onde  foj  laureado  fobre  a  Tiara  Pontificia  com  as  victoriofas  inftgnias  de  infigne  Poeta; 
hum  Joaõ  XXI.  que  antes  de  empunhar  as  chaves  de  Pedro  lhe  foraõ  patentes  os  pro- 
fundos arcanos  da  Dialéctica,  e  Medecina;  muitos  Princepes  Purpurados  do  Vaticano 
mais  eminentes  pela  Sabedoria,  que  pela  dignidade;  grande  numero  de  Prelados  taõ  vigi- 
lantes no  paflo  das  Ovelhas,  como  na  cultura  das  f ciências;  e  innumeraveis  Kegulares 
aliftados  de  baixo  dos  Sagrados  EJiendartes  de  diverfos  Infiitutos  fahindo  dos  Clauflros 
como  de  Praças  fortificadas  contra  a  ignorância  armados  de  f o  lida  doutrina  para  inflruc- 
çaõ  dos  Catholicos,  e  total  ruina  dos  Hereges.  Naõ  feraõ  menos  dignos  da  atenção  de 
V.  Mageftade  os  fublimes  voos  com  que  nas  a^as  das  fuás  pennas  fe  remontarão  à  esfera 
da  eternidade  feus  gloriofos  Predecejjores  dominando  igualmente  os  Aftros  como  Sábios, 
e  os  Bftados  como  Princepes,  e  dividindo  com  judiciofa  diftribuiçaõ  os  feus  vigilantes 
cuidados,  entre  Palias  armada,  e  Minerva  Pacifica.  Hum  Affonfo  Fundador  defta 
Monarchia  que  tendo  alcançado  heroicamente  a  Coroa  mural  na  celebre  expugnaçaõ  de  San- 
tarém, para  dignamente  narrar  as  façanhas  que  nellafe  obrarão  a  tinta  com  que  as  efcreveo 
foj  o  balfamo  que  as  immortalifou :  hum  Dini:^  depondo  o  Cetro  para  tocar  a  Ljra 
de  cuja  acorde  confonancia  atrahidas  as  Mufas  deixarão  as  aguas  de  Hipocrene  pelas 
preciofas  correntes  do  Tejo :  hum  Sebaftiaõ  que  depois  de  fulminar  como  animado  rajo 
aos  Sequa!(es  de  Mafoma  na  primeira  expedição  Africana  para  que  naõ  caducajje  acçaõ 
taõ  heróica  napofteridade  lhe  firmou  o  privilegio  de  immortal  com  apenna:  hum  joaõ  IV. 


9m  o  Nome,  e  primeiro  na  S ciência  da  Arte  Mufica  cujos  armonicos  preceitos  Jahiamente 
praãicou,  e  acerrimamente  defendeu.  Competindo  com  efies  Monarchas  na  profijfaõ 
das  letras  verá  V.  Magejlade  a  muitos  Princepes,  e  Infantes  Portugueses  como  foraõ  os 
Pedros,  Henrique!(j  Lui^es,  e  Theodofios  fervindo  a  huns  de  contemplação  deleitavel  o 
diáfano  volume  das  esferas,  e  a  outros  de  innocente  occupaçaõ  o  familiar  comercio  das 
Mufas.  Verá  a  muitos  Heróes  militares  concebendo  entre  os  furores  de  Marte,  e  incêndios 
de  Bellona  ardentes  efpiritos  para  profundas,  e  elegantes  compoftçoens,  e  a  muitos  Minif- 
tros  de  Eflado  revelarem  nas  fuás  obras  as  ideas  politicas  que  meditarão  em  beneficio 
defla  Coroa.  Verá  reduzido  a  hum  Sucinto  Mappa  a  elegante  facúndia  dos  Oradores, 
a  fuave  afluência  dos  Poetas,  a  armonia  fem  dijjonancia  dos  Muficos,  e  a  explicação  das 
fabulas  nos  Mythologicos ;  aos  Interpretes  Sagrados  correndo  o  veo  ao  Sanãuario  das 
Efcrituras;  aos  Theologos  decifrando  os  myfierios  dos  divinos  Attributos;  aos  furif- 
confultos  penetrando  as  dificuldades  dos  Cânones  Ecclefiafiicos,  e  das  Lejs  Imperiaes; 
aos  Hifloriadores  referindo  os  Sucefjos  das  idades  pajjadas;  aos  Chronologos  computando 
o  tempo  por  huflros,  e  Olympiadas,  aos  Aflronomos  compajjando  o  movimento  dos 
Ceos,  e  obfervando  os  afpeãos  dos  Planetas;  aos  Anatómicos  examinando  a  organia^açaò 
dos  corpos,  e  os  Médicos  defcubrindo  faudaveis  remédios  para  confervaçaõ  da  vida.  Com 
toda  efia  immenfa  copia  de  eflrellas  fe  orna,  e  ef malta  efle  literário  Firmamento  ambi- 
ciofas  de  que  V.  Mageflade  as  illufire  com  a  fua  benéfica  fombra.  Ao  excelfo  trono  do 
Salamaõ  Portugue^  igual  na  magnificência,  e  fuperior  na  Keligiaõ  ao  da  Palefiina,  fe 
pojlra  reverente,  e  obfequiofa  qual  outra  Rainha  Sabà  a  Bibliotheca  Eufitana  feguramente 
confiada  na  augufia  protecção  de  hum  Monarcha  cuja  coroada  Sabedoria  hade  benevola- 
mente amparar  aos  cultores  de  todas  as  Artes,  e  Faculdades,  os  quaes  como  Portuguei^es 
faõ  vajjalos  da  fua  Coroa,  como  Sábios  pregoeiros  da  fua  gloria.  Renaçaõ  a  nova  vida 
animados  pelo  fublime  efpirito  de  V,  Mageflade  no  feculo  mais  gloriofo,  que  computou 
a  Monarchia  Portuguev^a  por  nelle  fe  admirar  dominando  a  Sabedoria  com  enveja  dos 
Auguftos,  Vefpafianos,  e  Conflantinos  dos  quaes  taõ  foberbamente  fe  vangloriou  Roma 
Gentilica,  e  Catholica.  A  natural  benevolência  com  que  V.  Mageflade  protege  aos  Eflu- 
diofos  me  animou  a  offerecer-lhe  efia  Encyclopedia  compofla  de  todas  as  f ciências  culti- 
vadas pelos  engenhos  Portugueses  mais  eflimavel  pela  matéria  que  pela  forma  que  lhe 
deu  a  grojjaria  do  meu  eflilo,  e  adijfonancia  das  minhas  vo^es.  Naõ  afpira  a  mayor 
premio  o  incanjavel  difvelo  que  appliquei  para  taõ  alta  emprega  do  que  fer  patente  á 
alta  comprehenfaõ  de  V.  Mageflade  que  tudo  fe  dedicou  em  obfequio  defla  Monarchia, 
Jempre  ref peitada  pelas  Armas,  e  agora  mais  gloriof  a  pelas  letras,  da  qualfeja  V.  Magef- 
tade  Soberano  Arbitro  por  tantos  annos  quantos  faõ  os  Vajjalos,  que  lhe  obedecem  nas 
quatro  partes  do  Mundo  medindo-fe  a  duração  do  feu  Reynado  pela  fuavidade  do  feu 
dominio. 

Diogo  Barbofa  Machado. 


PROLOGO 

A'    BIBLIOTHECA 

LUSITANA 


1   V  K  todas  as  producçoens  litterarias,  com  que  os  mayores  Sábios  eter- 
nizarão   a   fua   fama   nos    Annaes    da   Poíleridade,   nenhuma   lhes   mereceo 
mais  gloriofos  elogios,  e  celebres  applaufos  que  o  laboriofo  eítudo  de  huma 
Bibliotheca,  onde  pelo  impulfo  das  fuás  pennas  renacem  a  nova  vida  os  Efcri- 
tores,  que  a  tinhaõ  alcançado  immortal  na  Republica  das  Letras.   Saõ  as  Biblio- 
thecas  ou  dipoftas  por  ordem  Alphabetica,  como  obferváraõ  huns,  ou  Chro- 
nologica,  como  feguiraõ  outros,  aquelles  eruditos  Amphitheatros  em  cuja 
efpaçofa  circumferencia  apparecem  animados  os  Oráculos  de  todas  as  fciencias, 
que  para  nunca  emmudecerem  deixarão  impreíTa  nos  fecundos  partos  dos  feus 
engenhos  a  mais  nobre  de  todas  as  potencias.  Nellas  se  fazem  patentes  as  Pátrias, 
que  illuílràraõ  com  os  feus  nacimentos,  como  os  lugares  que  foraõ  Religiofos 
depoíitos  das  fuás  cinzas.     Relataõ-fe  as  acçoens  memoráveis  das  fuás  vidas 
para  documentos  exemplares  da  vida  moral,  e  politica.    Com  a  luz  fempre 
clara  da  Chronologia  fe  deíterraõ  as  fombras  dos  Anacronifmos,  que  confun- 
dem a  verdadeira  Epocha  dos  Annos.    ReíUtuefe  ao  feu  verdadeiro  Author 
a  obra  injuílamente  uzurpada  pela  afectada  fciencia  dos  Plagiários.    Defen- 
de-fe  com  fundamentos  folidos  o  berço  em  que  fe  animarão  algims  de  feus 
illuítres  filhos  contra  a  opinião  mal  fundada  de  outras  Naçoens  ambiciofas  de 
taõ  grande  gloria.    Apparece  juílificada  a  innocencia  de  outros  falfamente 
acufada  no  Tribunal  da  maledicência.    Declarafe  o  nome  de  muitos  modeíla, 
ou  maliciofamente  occulto,  e  com  enigmáticas  figuras  de  anagrammas,  e  letras 
iniciaes  disfarçado.   Refufcitaõ  das  urnas  dos  Archivos  as  Obras  M.  S.  a  quem 
a  Arte  Typographica  negou  o  beneficio  da  luz  publica.   Ultimamente  fe  aíTmaõ 
as  diverfas  impreííoens  de  cada  livro,  e  qual  delias  feja  a  mais  correcta,  e  eíH- 
mavel.    Eíla  he  a  univerfal  Anatomia  de  huma  Bibliotheca  dividida  nas  partes 
orgânicas,  que  lhe  formaõ  o  corpo,  de  cujo  eíludo  foraõ  profeííores  em  todas 
as   idades   os   primeiros   Varoens  da   Republica  Litteraria,  efcrevendo  huns 
genericamente  a  noticia  dos  Authores  eminentes  em  diverfas  Faculdades,  e  i 


naturaes  de  diferentes  PaÍ2C8;  outros  contrahindo-fc  a  menor  esfera  applicáraõ 
as  fuás  vigílias  nos  Elogios  de  huma  Sagrada  Familia,  ou  illuílre  NaçaÕ  querendo 
com  efte  obfequio  eternizar  as  glorias  da  Mãy,  de  que  naceraõ  efpiritualmente 
para  o  Ceo,  e  temporalmente  para  o  mundo. 

Innumeravel  foy  a  multidão  de  Authores,  que  feguiraõ  a  vaíbi  idea  das 
Bibliothecas  Geraes  extcndendo  os  voos  das  fuás  pennas  pela  dilatada  circumfe- 
rencia  de  todos  os  Reynos,  c  Univerfidades  do  mundo,  fendo  os  principaes 
Jeremias  Paduano  i.  Conrado  Gefner  2.  addicionado  com  dous  mil  efcritores 
por  Jofias  Simler  3.  Joaõ  Jacobo  Friz  4.  e  Roberto  Gjnftantino  5.  Guilherme 
Paftregio  6.  Conrado  Lycoílhenes  7.  Paulo  Jovio  8.  JoaÕ  Jacobo  Boiflardo  9. 
Heningio  Groflio  10.  Júlio  Cefar  CapaíTi  11.  Marchardo  Leo  12.  Jorge  Drau- 
dio  13.  Valério  André  de  Defchel  14.  Vicente  Paravicino  15.  Jacobo  Filippe 
Opicello  16.  Henrique  Oreo  17.  Thomaz  Erpenio  18.  Jacobo  Filippe  Thoma- 
fino  19.  Joaõ  Imperial  20.  Jodoco  à  Dudinck  21.  Jano  Nicio  Erithreo,  aliás 
Joaõ  Vitorio  de  RoíTis  22.  Jeronymo  Ghilino  23.  Jacobo  Gaddi  24.  Filippe 
Labbe  25.  Joaõ  André  Queftad  26.  Joaõ  Henrique  Hottinger  27.  Pedro  Lam- 
becio  28.  Lourenço  CraíTo  29.  Theophilo  Spizelio  30.  Joaõ  Henrique  Boe- 
clero  51.  António  Reifero  32.  Vicente  Placcio  33.  Joaõ  Hallevordio  34.  Joaõ 
Jorge  Schialen 


I.  De  Auãoribus  Scientiarum.  Venetiis.  1505.  4.  2.  Bibliotheca  Univerfalis.  Tiguri  1545. 
foi.  3.  Tiguri  1555.  foi.  4.  ibi  1585.  foi.  5.  Nomenclator  injignium  Scriptorum.  Paris.  1555.  4.  6. 
De  Scriptis  virorum  illuftrium.  Venetiis.  1547.  8.  7.  Elenchus  Scriptorum  omnium  veterum,  e^  recen- 
tiorum.  Baíileíe.  1551.  4.  8.  'Elogia  virorum  litteris  illufirium.  Baíileíe.  1 5  77.  foi.  9.  ícones  virorum 
illufirium  doãrina,  (&  eruditione  prajiantium.  Francof.  1592.  1593.  1599.  4.  Tom.  4.  Bibliotheca,  Jive 
Thefaurus  compleãens  illufirium  doãrina  virorum  effigies,  &  vitas.  Francof.  1628. 1651. 4.  Tom.  4. 10. 
Elenchus  librorum  ab  an.  i')()^.ufque  ad  1600.  in  Komano  Império  novorum  vel auãorum.  Lipfije  1604. 
4.  II.  Illufirium  mulierum,  eb*  illufirium  litteris  virorum  elogia.  Neapoli  1608.  4.  12.  Ennumeratio 
methodica  Scriptorum  totius  Occidentis  Meridiei^  <ò'  Orientis  Ecclefiarum.  Ingolíladii  1610.  13,  Biblio- 
theca Exótica  Clafica  Francof.  1610.  4.  2.  Tom.  14.  Imagines  DD.  virorum  elogiis  illufirata.  Antuerp. 
1616.  8.  15.  De  viris  eruditione  claris.  Baíil.  161 3.  8.  16.  Monumenta  Bibliotheca  Ambrofiana. 
Mediolan.  1618.  17.  Nomenclator  pracipuorum  Scriptorum.  Hanoviae  1619.  12.  18.  Cathalogus 
librorum  Orientalium.  Lugd.  Bat.  1625.  4.  19.  Elogia  virorum  litteris,  €^  Sapientia  illufirium 
Patavii.  1630.  4.  20.  Mufaum  Hifioricum  Venet.  1640.  4.  21.  Bibliothecariog-aphia.  Cólon.  1643. 
4.  22.  Pinacotheca  Imaginum  ilufirium  virorum.  Coloniae  Agrip.  1643.  8.  23.  Theatro  d'  huomini 
letterati.  Venet.  1647.  4.  24.  De  Scriptoribus  non  Ecclefiafiicis  Gracis,  (ò*  Latinis.  Florentias.  1648. 
foi.  25.  Specimen  nova  Bibliotheca.  M.  S.  PariQis  1653.  Bibliotheca  Bibliothecarum.  ibi.  1666.  8.  26. 
De  Patriis  illufirium  doãrina,  (&  Scriptis  virorum.  Witembergae.  1645.  4.  27.  Promptuarium.  five 
Bibliotheca  Orientalis.  Heldeberg.  1658.  4.  Bibliotecarius  Quadripartitus.  Tiguri  1664.  4.  28. 
Prodromus  Hifioria  litteraria.  Hamburgi  1669.  foi.  29.  Elogii  d*  huomini  letterati.  Venetia.  1666. 
4.  2.  Tom.  30.  Theatrum  Honoris  referatum.  Aug.  Wind.  1673.  4-  Bibliographia  critica.  Lipíix 
171 5.  4.  32.  Index  M.  S.  Bibliotheca  Augufiana.  Aug.  Vindel.  1675.  4.  33.  Theatrum  Anonj- 
morum,   et   PJeudonjmorum  Hamburgi.   1608.  foi.   34.    Bibliotheca  Curioja.  Regiomonti  1676. 


35.  Ifaac  BuUart  36.  Pedro  Bayle  37.  Martinho  Lipenio  38.  António  TeiíTier  39. 
Joaõ  le  Clerc  40.  Henrique  Bafnage  41.  Jorge  Mathias  Konig  42.  Daniel  Jorge 
Morhof  43.  Paulo  Frehero  44.  Thomaz  Pope  Blount  45.  Gafpar  Thurmano  46. 
Federico  Salburgio  47.  Joaõ  André  Schimidio  48.  Belchior  Adaõ  49.  Marcardo 
Gudio  50.  Carlos  Ancillon  51.  Burchardo  Gotofredo  52.  Joaõ  Bautifta  Rollio  53. 
Joachim  Mantzel  54.  AiFonfo  Lazor  de  Varea  55.  Chriftiano  Henrique  56. 
Richardo  Simon  57.  Joaõ  Alberto  Fabrício  58.  Ernefto  Cypriano  59.  Joaõ 
Henrique  Sallengre  60.  Joaõ  Kalefero  61.  Jozeph  Simaõ  Afleman  62.  Joaõ 
Conrado  Zeltnero  63.  Joaõ  Jacobo  Mofero  64.  Tobias  Echard  65.  Joaõ  Bur- 
chard  Mencke  66.  António  BaldeíTarri  67.  Adriaõ  Ballet  68.  Joaõ  Marangoni 
69.  Fr.  AiFonfo  Chacon  70.  e  D.  Bernardo  Montfaucon  Monge  da  Congregação 
de  Santo  Amaro. 


35.  Bibliotheca  enucleata,  feu  Aurifodina  artium  omnium.  Viennae  1679.  4.  36.  Kcademie  des 
Sciences,  <&  des  Arts  contenant  les  viés,  (&  les  Eloges  hiftoriques  des  Hommes  llluftres.  Amílerd.  1682. 
foi.  37.  Nouvelles  dela  Republique  des  letres.  Amílerd.  1684.  até  171 8.  40.  Tom.  12.  38.  Biblio- 
theca realis  Theologica  Jurídica  Medica  &c.  Francof.  1685.  foi.  5.  Tom.  39.  Cathalogus  AA  qui 
librorum  Cathalogos  Índices  Bibliothecas  viror.  litterat.  elogia  vitas  fcripfis conjignarunt.  Genevíe  1 686. 4. 
Eloges  des  Hommes  Scavans.  Leiden  171 5.  12.  4.  Tom.  40.  Bibliotheque  univerjelle,  e  Hijlorique. 
Amft.  1686.  12.  26.  Tom.  Bibliotheque  ancienne,  e  moderne.  Amít.  1714.  12.  29.  Tom.  41.  Hijloire 
des  Ouvrages  des  Scavans.  Amíl.  1687.  12.  25.  Tom.  42.  Bibliotheca  vetus,  eb*  nova.  Altoríij  1678. 
foi.  43.  Polyhijior.  Lubeccae.  1708.  4.  44.  Theatrum  virorum  eruditione  clarorum.  Norimbergse 
1688.  foi.  45.    Cenfura  celebriorum  Auãorum.    Genevas  1694.  4.  46.    Bibliotheca  Académica.  Habe. 

1700.  4.  47.    Cathalogus  codicum  Gracorum  M.  S.  olim  Bibliotheca  Palatince,  nunc  Vaticana.  Francof. 

1701.  4.  48.  Commentationes  de  Scriptis,  &"  Bibliothecis  Antediluvianis.  Helmíl.  1702.  3.  Tom.  4.  49. 
Dignorum  laude  virorum  quos  Mufa  vetat  mori  immortalitas.  Francof.  1706.  foi.  2.  Tom.  50.  Biblio- 
theca omnium  Jiudiorum  genere  inftruãijfima.  Hamburgi  1706.  4.  51.  Memoires  concernant  les  viés 
e  les  ouvrages  de plujivrs  modernes  celebres  dans  le  Kepublique  des  "Lettres.  Amílerd.  1709.  12.  52.  Biblio- 
theca antiqua  Jenze.  1710.  4.  2.  Tom.  Bibliotheca  librorum  rariorum  ibi  1719.  4. 53.  Bibliotheca nobilium 
Theologorum,  Philofophorum,  Oratorum  Poetarum  f&c.  Roílochij  1709.  8.  2.  Tom.  54.    De  Georgiis 

fama,  <&  eruditione  claris.  Guftrovias.  171 2.  4.  55.  Univerfus  terrarum  orbis  Scriptorum  calamo 
delineatus.  Patavii.  171 3.  foi.  2.  Tom.  56.  Vita  eruditijfimorum  in  re  litteraria  virorum  Uratis- 
laviíe.  171 1.  8.  57.  Nouvelle  Bibliotheque  Choijie.  Amílerd.  1714.  2.  Tom.  12.  58.  Bibliographia 
antiquaria.  Hamburgi.  1713.  4.  59.  Cathalogus  codicum  M.  S.  Bibliotheca  Gothana.  Lipíias.  1714. 
4.60.  Memoires  de  L.itterature.  Haye  1715.  8.  3.  Tom.  61.  Bibliotheca  eruditorum pracocium.  Ham- 
burgi. 1717.  8.  62.  Bibliotheca  Orientalis  Clementino  Vaticana.  Romae  1719.  foi.  4.  Tom.  63. 
Theatrum  virorum  eruditorum.  Norimbergae  1720.  8.  64.  Bibliotheca  M.  S.  anedoãorum,  eorumque 
hifioricorum.  Norimbergíe.  1722.  4.  65.  Cathalogus  codicum.  M.  S.  Quodlimburgenjium.  Quodlim- 
burgi  1723.  4.  66.  Bibliotheca  Menckeniana.  Lipíiae.  1723.  8.  67.  Compendio/o  PJfireto  delle  vite 
de perfonagi  alcuni  illuftri per  la  Scien^a.  Venet.  1724.  8.  68.  Jugemens  des  Scavans  fur  les  principaux 
Ouvrages  des  Auteurs.  Pariz  1725.  4.  7.  Tom.  69.  Thesaurus  Parochorum  Jcriptis,  aut  editis  operibus 
illujlrium.  Romãs  1730.  4.  70.  Bibliotheca  libros,  &  Scriptoresfermh  cunãos  ah  initio  mundi  adann.  1583. 
ordine  alphabetico  comple£íens.    Pariíiis  1731.  foi. 


71.  alem  de  outros  Autores  que  naÕ  declararão  os  feus  nomes,  como  faõ  o 
fournal  des  Scavans,  72.  Giomale  de  Letterati,  73.  Aãa  truditorum  Lipfuí  74.  Memoi- 
res  pour  P  Hijloire  des  Ouvrages  des  Scavans  75.  Hijloire  critique  dela  Kjepublique  des 
I  .r/res  76.  Journal  Litterarie  77.  Biblioíheque  raijonnée  des  Ouvrages  des  Scavans 
dei'  Tlurope  78.  J^ttres  Serieujes  Jur  les  Ouvrages  des  Scavans  79.  Nouvelle  de  la  Kipu- 
blica  delle  lettere  80. 

A  mais  fublime  esfera  fc  remontarão  os  Authores  das  Bibliothecas 
que  comprehendem  os  Interpretes  de  hum,  e  outro  Teftamento,  e  a  Venerável 
Serie  dos  Efcritores  Ecclefiafticos.  Dos  Expofitores  da  Palavra  de  Deos  efcrita 
compuzeraõ  Fr.  Angelo  Rocca  81.  Fabiaõ  Juftiniano  82.  André  Scoto  83. 
Pedro  Daniel  Huet  84.  Cláudio  Lancelloto  85.  Richardo  Simon  86.  JoaõFederico 
Mayer  87.  Carlos  Arndio  88.  Joaõ  Federico  Wildes  haufen  89.  AdaÕ  Rechem- 
bergio  90.  Jacobo  Lelong.  91.  Pedro  Zornio  92.  Nicolào  Alardi  93.  Paulo  Bol- 
duano  94.  e  D.  Agoftinho  Calmet  Monge  Benedictino  95.  A  efta  claíTe  perten- 
cem as  Bibliothecas  Rabbinicas  compoftas  por  Joaõ  Buxtorfio  96.  Joaõ  Plan- 
tavi  97.  Joaõ  Henrique  Ottinger  98.  D.  Júlio  Bartolocci  99.  D.  Carlos  Jozeph 
Imbonati  100.  ambos  Monges  Ciílercienfes,  Scabtai  Ben  Jozeph  loi.  Joaõ 
Chriítovaõ  Wolfio  102. 

Dos  Efcritores  Eccleíiaílicos  o  primeiro  que  intentou  efta  empreza,  e 
gloriofamente  a  confeguio,  foy  Eufebio  Cefarienfe,  cuja  idea  imitou  S.  Jeronymo 
efcrevendo  daquelles  Authores,  que  floreceraõ  depois  da  morte  de  Chriílo 
Senhor  NoíTo  até  o  anno  decimo  quarto  do  Império  de  Theodoíio  o  Velho 
feguindo  a  Bruto  no  Dialogo  dos  Oradores,  e  a  Suetonio  em  os  dous  livros 


71.  Bibliotheca  Bibliothecarum  M.  S.  nova.  ParÍ2  1759.  foi.  2.  Tom.  72.  Amílerd.  1665.  até  1733. 
12.  100.  Tom.  73.  Roma.  1663.  3.  Tom.  4.  74.  Lipíix  1682.  até  1733.  4.  65.  Tom.  75.  Trevonx 
1701.  12.  118.  Tom.  76.  Amfterd.  1712.  12.  15.  Tom.  77.  Haye.  1713.  8.  30.  Tom.  78.  Amfterd. 
1728.  8.  II.  Tom.  79.  Haye  1729.  8.  8.  Tom.  80.  Venetia  1729.  4.  5.  Tom.  81.  Bibliotheca  Theo- 
loffca,  Jive  Scripturalis  Epitome.  Romae  1594.  8.  82.  Index  univerfalis  Alphabeticus.  Romae  1612. 
foi.  83.  Cathalogus  Catholicorum  Sacra  Scriptura  interpretum  qui  Serie  librorum  veteris,  ac  novi  Tefta- 
menti  fcripferunt.  Jenae.  16 14.  4.  84.  De  claris  Interpretibus.  Pariíiis  1661.  4.  85.  Chronoloffa  Sacra 
cum  Sjnopfi  Scriptorum  Veteris,  ac  novi  Teftamenti.  Pariíiis  1662.  foi.  86.  Hijloire  critique  des  prin- 
cipaux  Commentateurs  du  N.  T.  Roterdam  1693.  4.  87.  Bibliotheca  Biblica.  Francof.  1709.  4.  88. 
Bibliotheca  Biblica.  Rollochij  171 3.  4.  89.  Bibliotheca  difputationum  in  vetus,  €>•  Novum  Tefta- 
mentum.  Hamburgi  1710.  4.  90.  Hiero  L^xicon  Biblico-Theologicum.  Lipíia2  1724.  4.  2.  Tom.  91. 
Bibliotheca  Sacra.  Pariíiis  1723.  foi.  2.  Tom.  92.  Bibliotheca  antiquaria,  <&  exegética  in  univerjam 
Scripturam  Sacram.  Francof.  1724.  8.  4.  Tom.  93.  Bibliotheca  Harmonico-Biblica.  Hamburgi  1725. 
8.  94.  Elenchus  Scriptorum  qui  in  Sacros  Bíblicos  libros  veteris  ac  novi  Tefiamenti  fcripferunt.  Jenae 
16 14.  4.  95 .  Bibliotheque  facre,  ou  Cathaloge  des  meilleurs  livres  que  V  on peut  lire pour  acquerir  /'  intel- 
ligetice  dei'  Ecriture.  Pariz.  1730.  foi.  96.  Bibliotheca  Rabbinica.  Baíileae.  1604.  8.  97.  Bibliotheca 
Rabinica.  Tolofíc  1644.  4.  98.  Bibliotheca  Orientalis.  Heidelbergae  1658.  4.  99.  Bibliotheca  magia 
Kabinica.  Romãs  1672.  foi.  4.  Tom.  100.  Bibliotheca  Latino-Hebraica.  Romae  1694.  foi.  loi.  Lábia 
Dormientium.  Amftelod.  1680.  4.  102.    Bibliotheca  Hebraa.  Hamburgi  171 5.  4. 


de  Grammaticis,  <&  Khetoricis.  Continuarão  com  louvável  emulação  efte  aíTumpto 
Genadio,  Santo  Ifidoro,  Santo  Ildefonfo,  Sigisberto,  Honório,  Henrique  de 
Gandavo,  o  Abbade  Joaõ  Trihemio  103.  criticado  de  vários  defeitos  aflim 
na  Hiíloria,  como  na  Chronologia  por  Gafpar  Sciopio  de  Origine  domús  AuJlriaccB 
a  quem  addicionou  Balthezar  Werlino  104.  Suíírrido  Pedro  105.  Fr.  Xiílo 
Senenfe  106.  cuja  obra  foy  julgada  pela  fevera  critica  de  Richardo  Simon 
Hijioir.  Critiq.  du  Veaux  Tejiam,  Liv.  3.  cap.  17.  digna  de  contribuir  muito  para 
a  intelligencia  dos  Livros  Sagrados.  O  P.  António  PoíTevino  107.  louvado  de 
fummamente  erudito  por  VoíTio  Lib.  3.  de  Hijioricis  hatinis.  O  Cardeal  Roberto 
Bellarmino  108.  illuftrado  pelo  P.  Filippe  Labbe  109.  e  André  de  Saufay  iio. 
André  Riveto  iii.  que  na  critica,  que  fez  aos  Authores  dos  primeiros  féis 
Séculos  cahio  em  muitos  erros  hallucinado  com  a  cega  paixaõ  que  profeíTava 
contra  os  Catholicos.  O  P.  Pedro  Halloix  112.  Auberto  Mireo  113.  addicionado 
por  Auberto  Vandeneede  114.  Fr.  Luiz  Jacobo  de  Saõ  Carlos  115.  Jacobo 
Gronovio  116.  Gerardo  de  Quodlimbourg.  117.  Pedro  Labbe  118.  O  Cardial 
Joaõ  Bona  119.  Guilherme  Eiíigrein,  e  Mathias  Flack  120.  Luiz  Elias  Dupin  121. 
cuja  obra  foy  doutamente  criticada  por  D.  Matheos  Pititdidier  Monge  Bento  122. 
e  Richardo  Simon  123.  arguindoa  de  defeituofa  aíTim  na  intelligencia  de  algu- 
mas authoridades,  como  na  fidelidade  das  allegaçoens.  Sahio  illuftrada  pelo 
Abbade  Goujet  124.  continuando  a  noticia  dos  Efcritores  do  Século  Decimo 
Outavo.    Severo  Walton  125.  D.  Nicolào  de  Nourry 


103.  De  Scriptoribus  Exclejtajlicis.  Moguntiae.  1494.  4.  104.  Colonise  1545.  4.  105.  De  illufirihus 
Ecclejiee  Scriptoribus.  Coloniae.  1580.  8.  106.  Bibliotheca  Sanãa.  Coloniae  1586.  foi.  107.  Bibliotheca 
Seleãa.  Romae  1595.  foi.  2.  Tom.  Apparatus  Sacer  de  Scriptoribus  'Ecclefiafticis.  Cólon.  1607.  foi.  2. 
Tom.  108.  De  Scriptoribus  Ecclejtajiicis.  Coloniae  161 2.  8.  109.  De  Scriptoribus  Ecclejiajiicis  Philo- 
logica,  (ò"  Hijiorica  Dijfertatio.  Pariíiis  1660.  8.  2.  Tom.  iio.  TuUi  Leucorum  1665.  4.  iii. 
Criticus  Sacer,  five  Specimen  de  Scriptis  Patrum.  Dordrefti  1619.  8.  112.  De  illufiribus  Ecclejia 
Orientalis  Scriptoribus.  Duaci.  1633.  foi.  2.  Tom.  113.  Bibliotheca  Ecclejiajlica.  Antuerp.  1639. 
foi.  114.  Antuerp.  1649.  foi.  115.  Bibliotheca  Vontificia,  feu  de  omnibus  Komanis  Pontificibus,  qui 
Scriptis  claruerunt.  Lugduni  1643.  4.  116.  Objervationes  in  Scriptores  'Exclefiafticos.  Daventriae  1652. 
12.  2.  Tom.  117.  Patrologus,five  de  Primitiva  Ecclejia  Chrisjliana  Doãorum  vita.  Jenae.  1653.  8. 118. 
Bibliotheca  Chronologica  SanHorum  Patrum  Theologorum,  Scriptorumque  Ecclejiajlicorum  ab  orbe  condito 
ad  ann.  Chrijiiana  MrcB  1500.  Pariíiis  1659.  24.  119.  Divina  PJalmodia.  Romãs  1663.  onde  traz 
hum  Cathalogo  dos  Autores  Litúrgicos  120.  Cathalogus  Teftium  Veritatis  ab  anno  1563.  adan.  1666. 
Moguntiae.  1666.  4.  121.  Nouvelle  Bibliotheque  des  Autheurs  Ecclejiajliques.  Pariz  1686.  8.  Biblio- 
theque  des  Autheurs  Ecclejiajiiques  du  if.  Siecle.  Pariz  1708.  8.  3.  Tom.  Biblioth.  des  Autheurs  'Ecclef. 
du  18.  Siecle.  ibi.  171 8.  8.  Table  univerfel  des  Autheurs  Ecclef.  difpofes  par  Ordre  Chronologique. 
Pariz  1704.  8.  5.  Tom.  Bibliotheque  des  Autheurs  Ecclef.  Separes  dela  comunion  deV  Eglife  ibi  171 8. 
8.  4.  Tom.  122.  Remarques  fur  V  Biblioth.  des  Autheurs  de  Mr.  Dupin  Pariz  1691.  8.  3.  Tom.  123. 
Critique  dela  Bibliotheque  des  Autheurs  Ecclef.  publies per  Mr.  Elias  Dupin.  Pariz.  1730.  8.  4.  Tom. 
124.  Bibliotheque  des  Autheurs  Ecclef.  du  Dix-huitieme  Siecle.  Pariz  1736.  8.  3.  Tom.  125.  Propy- 
hum  Hijloria  Chriftiana  Jijiens  ennarrationem  Scriptorum  veterum,  atque  recentiorum.  Lipíiae.  1696.  4. 


126,  Guilherme  Cave  127.  Joaõ  Gotofredo  Olearío  128.  Thoma2lttígio  129.  JoaÕ 
Alberto  Fabrício  130.  Jorge  Jozcph  Egss  131.  Fr.  Natal  Alexandre  132.  Gtfi- 
miro  Oudin  133.  obra  certamente  douta  fe  a  naõ  manchara  com  alguns  vitu- 
périos contra  os  Santos  Padres  procedidos  da  duplicada  apoílafia  que  fez  das 
Religioens  Catholica,  c  Premonílratenfe  em  que  era  profeflb.  D.  Edmundo 
Martene,  e  Urfmo  Durand  Monges  da  Congregação  de  Santo  Amaro  134. 
Fr.  Ignacio  Jacinto  Amat  de  Graveflbn  135.  D.  Rcmigio  Ceilliers  136.  e  a  Nova 
Bibliotheca,  Jive  Notitia  Scriptorum  Eccleftajlicorum  veterum,  ac  recentiorum  moder- 
namente publicada  137.  em  hum  grande  volume  de  folha  que  unicamente 
contem  a  letr.  A. 

Entre  cila  famofa  Clafle  das  Bibliothecas  dos  Efcritores  EccleílaíUcos 
brilhaõ  como  Aftros  da  primeira  grandeza  as  das  Famílias  Rcligiofas,  cujos 
Qauítros  foraõ  em  todos  os  Séculos  as  Efcolas  da  mais  pura,  e  folida  doutrina. 
Eternizarão  as  Obras  dos  Authores  da  augufta,e  monaftica  Religião  de  S.  Bento 
o  Abbade  Joaõ  Trithemio   138.  Pedro  Ricordato  139.  Arnoldo  Wion  140. 

I  Martinho  Martier  141.  Pedro  Diácono  142.  Gabriel  Bucelino  143.  Matheos 
Weiss  144.  Bernardo  Pez  145.  Felippe  le  Cerf  146.  Mariano  Armellino  147.  e 
Erafmo  Gattula  148.  Da  Familia  Ciílercienfe  frondofo  ramo  de  taõ  fecunda 

I  arvore  efcreveraõ  Gafpar  Jongellino  149.  Chrifoftomo  Henriques  150.  Ber- 
tando  TiíTier  151.  Carlos  Vifch. 


126.  Apparatus  ad  Bihliothecam  maximam  Patrum  Veterum,  <&  Scriptorum  Ecclejiajlicorum.  Lug- 
duni.  1703.  foi.  z.  Tom.  127.  Scriptores  Ecclef.  Hiftoria  litteraria  a  Chrifto  nato  u/que  ad  Sacu- 
lum  XIV.  Genevas  1705.  foi.  128.  Bibliotheca  Scriptorum  Ecclejiajlicorum  Jenae.  171 1.  4.  2.  Tom.  129. 
De  Scriptoribus,  <à>'  Scriptis  Ecclejiajlicis.  Lipíiae.  1709.  4.  130.  Sjllabus  Scriptorum  de  veritate 
Keliffonis  Chrifiiana.  Hamburgi  1725.  4.  Bibliotheca  Ecclejiajlica,  Jive  Nomenclatores  de  Scriptorib. 
EccleJ.  colleãi,  (Ò'  notis  illujirati.  ibi  1718.  foi.  131.  Vontificium  doãum.  Coloniae  171 8.  foi.  Purpura 
doãa,  Jive  vitce  S.  R.  Ê.  Cardinalium  eruditione,  (Ò"  fcriptis  clarorum.  Aug.  Vind.  1714.  foi.  4. 
Tom.  132.  Hijloria  Ecclejiajl.  Veteris,  atque  Novi  Tejlamenti PaúGls  171 9.  foi.  8.  Tom.  133.  Commen- 
tarii  de  Scriptoribus  Ecclejia  antiquis.  Lipíiae  1722.  foi.  3.  Tom.  134.  Veterum  Scriptorum  monumenta 
hijlorica.  Pariz.  1724.  foi.  9.  Tom.  135.  Hijloria  Ecclef.  variis  colloquijs  digejla  Auguíbe.  Vind. 
1727.  foi.  136.  Hijloire  general  des  Autheurs  Sacrés  Ecclejiajliques.  Pariz.  1729.  4.  5.  Tom.  137. 
Coloniae.  1734.  foi.  138.  De  viris  illujlrib.  Ord.  S.  Bened.  Colonix  1575.  4.  139.  Hijloria  Monajlica. 
Roma  1575.  4.  140.  Lignum  vita  in  quo  viri  dignitate  doãrina  Sanãitate,  ac  principatu  clari  ex  Ordine 
Benediãino  defcribuntur.  Venetiis.  1595.  4.  141.  Bibliotheca  Cluniacenjis.  Pariíiis.  1614.  foi.  142.  De 
viris  illujlribus  Cajfmenjib.  Romãs.  1655.  8.  143.  Aquila  Imperii  Benediãina  cujus  ordinatijfima 
pennarum  ferie  Monachorum  Ord.  S.  Bened.  de  Império  univerfo  amplijfima,  <&  immortalia  merita 
adumhrantur.  Venetiis  165 1.  4.  Monologium  Benediãinum.  Veldkirchii.  1655.  foi.  144.  Eyceum 
Benedi£íinum.  Pariíiis  1661.  8.  145.  Bibliotheca  Benedião-Mauriana.  Aug.  Vind.  1716.  8.  146.  Biblio- 
theque  hiforique,  &  Critique  des  Autheurs  dela  Congregation  de  S.  Maur.  Haye  1726.  8.  147.  Biblio- 
theca Benediãino-Cajftnenjis.  Aíifíii  173 1.  foi.  148.  Hiftoria  Abbati a  Cajfmenfs  per  faculorum 
feriem  difributa.Yencúis  1733.  foi.  149.  Eloffa  Cijlercienjium  Monachorum.  Coloniae  1640.  foi.  150. 
Phcsnix  revivijcens,  feu  Scriptores  Ord.  Ciflerc.  Bruxellae.  1626.  4.  151.  Bibliotheca  PP.  Cijlercien- 
jium. Bonofonte  1660.  3.  Tom. 


152.  Cláudio  Chalmot  153.  Angelo  Manrique  154.  D.  Carlos  Jozeph  Morot.  155. 
e  D.  Agoftinho  Sartorio  156.  Da  Congregação  Camaldufenfe,  Archangelo 
Haílivillo  157.  da  de  Valumbrofa;  Venantio  Simio  158.  e  dos  Celeílinos  hum 
author  Anonymo  159.  Dos  Cartuxos  Pedro  Dorlando  160.  Theodoro  Pétreo  161. 
e  Carlos  Morot  162. 

Da  Religião  Canónica  Auguítiniana  D.  Gabriel  Pennoto  163.  e  D.  Ceifo 
Roíino  164.  efcreveraõ  os  Cathalogos  dos  feus  Authores.  Illuftraraõ  os  nomes 
dos  Sábios  filhos  da  Ordem  Dominicana  de  que  fempre  foy  fecunda  Mãy 
Fr.  António  de  Senna  165.  Leandro  Alberti  166.  Ambrofio  Gozzeo  167.  AiFonfo 
Fernandes  168.  António  Mallet  169.  Ambrofio  Almatura  170.  e  Jacobo  Quetif 
com  Jacobo  Echard  171.  cuja  obra  he  digna  da  mayor  eítimaçaõ  pelo  immenfo 
trabalho,  e  judiciofa  critica  com  que  eftà  compoíiia.  Da  immenfa  Familia  Será- 
fica manifeílaraõ  os  Scientificos  Thezouros  Henrique  Willot  172.  Henrique 
Sedulio  173.  Lucas  Wadingo  174.  Angelo  de  S.  Francifco  175.  e  modernamente 
Fr.  Joaõ  de  Santo  António  176.  como  também  Fr.  Dionifio  de  Génova  da 
auftera  Reforma  dos  Capuchinos  177.  e  dos  Conventuaes  Fr.  Joaõ  Franchini 
de  Modena  178.  Das  Obras  dos  Eremitas  de  Santo  Agoílinho  foraõ  Panegy- 
riftas  Fr.  Thomaz  Gratiano  179.  Nicolào  Crufen  180.  Cornelio  Curtio  181. 
Filippe  Elfio 


152.  Bibliofheca  Scriptorum  Sacri  Ord.  Cifterc.  Coloniae  1656.  4.  153.  Series  vir.  illuftr.  Ord.  Cifterc. 
Pariíiis  1666.  4.  154.  Annaks  Cifiercienjes.  Lugd.  1642.  foi.  4.  Tom.  155.  Ciftercii  reflorefcentis 
Chronologtca  Hijioria.  Auguílse  Taurinorum  1690.  foi.  156.  Cifiertium  Bis-Tertium,  feu  Hijloria 
elogialis  Ord.  Cijlerc.  Pragas  1700.  foi.  157.  Komualdina,  feu  Eremitica  Camaldujenfis  Ord.  Hijloria 
Parifiis  163 1.  12.  158.  Cathalogus  vir.  illuftr.  Congreg.  Vallis  umbrofa.  Romãs  1695.  4.  159. 
Cakftinorum  Congregationis  vir.  illuftr.  elogia  hiftorica.  Pariz  1719.  foi.  i6o.Chronicon  Carthufienfe. 
Cólon.  1608.  8.  161.  Bibliotheca  Carthufiana.  Cólon.  1609.  8.  162.  Theatrum  Chro- 
nolog.  Ord.  CarthuJ.  Taurini.  1681.  foi.  163.  Generalis  totius  Sacri  Ordinis  Clericorum  Canonicorum 
Hiftoria  Tripartita  Romae  1624.  foi.  164.  'Lyceum  L,ateranenfe  illuftrium  Scriptorum  Sacri  Apofto- 
lici  Ordinis  Clericorum  Can.  ^eg.  Caefenae.  1652.  foi.  2.  Tom..,  165.  Bibliotheca  viror.  infignium 
Ord.  Fratr.  Prad.  Pariiíis  1585.  8.  166.  De  viris  illuftribus  Ordinis  Dominicani.  Bononise 
15 17.  foi.  167.  Cathalogus  virorum  ex  familia  Pradicatorum  in  litteris  infignium.  Venetiis 
1605.  8.  168.  Concertatio  Pradicatoria  cum  notitia  Scriptorum  ejujdem  Sacra  Familia  Salman- 
ticae  1615.  foi.  169.  Hiftoria  virorum  illuftrium  Conventus  S.  Jacobi  Parifienfis  Ord.  Prad.  Pariíiis. 
1634.  4.  170.  Bibliotheca  Dominicana.  Romae  1677.  foi.  171.  Scriptores  Ord.  Prad.  recen- 
fiti.  Pariíiis  1719.  foi.  2.  Tom.  172.  Athena  Orthodoxorum  Sodalitii  Francijcani.  Leodii. 
1598.  8.  173.  Hiftoria  Seraphica  Antuerpias  161 3.  foi.  174.  Scriptores  Ordinis  Minorum. 
Romãs  1650.  foi.  175.  Cathalogus  Scriptorum  Illuftrium  Seraphici  Ordinis  Yi\x2xi\(>^<).  4.  176. 
Bibliotheca  univerfa  Francifcana.  Madriti.  1732.  foi.  3.  Tom.  157.  Bibliotheca  Scripto- 
rum Ord.  Min.  S.  Francijci  Capuccinorum.  Genuae.  1691.  foi.  178.  Bibliofofia,  e  Memorie 
L^tterarie  de  Scrittori  Francijcani  Conventuali.  Modena  1693.  4.  179.  Anaftafis  Auguftiniana 
in  qua  Scriptores  Ord.  Bremit.  S.  Aug.  prifci  ftmul,  €>*  Neoterici  in  feriem  digefti  funt.  Antuerp. 
161 3.  8.  180.  Monafticum  Auguftinianum.  Monachii  1623.  foi.  181.  Virorum  illuftrium  ' 
exOrdine  Eremitarum  D.  Auguftini  Elogia.   Antuerpiae  1636.    4.     cum  íig.  | 


i82.  Thomaz  Hcrrcra  183.  AgoíUnho  Maria  Arpe  184.  c  Domingos  António 
(iundolfi  185. 

Formarão  os  Cathalogos  dos  Authorcs  da  Religião  Girmelitana  Joaõ 
Irithemio  186.  Fr.  Pedro  Lúcio  187.  Fr.  Joaõ  Maria  Penfa  x88.  Marco  António 
\1  1  de  Cafanate  189.  Fr.  Daniel  da  Virgem  Maria  190.  Fr.  André  de  Saõ 
\i(  <  1.10  191.  Joaõ  Groflb  192.  e  do  Carmelo  reformado  modernamente  Fr.  Mar- 
çal de  Saõ  Joaõ  Bautifta  193.  Dos  Premonílratenfes  Pedro  de  Vuachenare  194. 
Dionizio  Mudzaert  195.  e  Joaõ  Chrifoftomo  Vander  Steerre  196.  Dos  Míni- 
mos Francifco  Lanoy  197.  Com  eílilo  elegante,  e  difcreto  relatou  o  P.  D.  Jozé 
Silos  198.  os  Efcritores  da  Congregação  dos  Clérigos  Regulares  Theatinos, 
cuja  emprcza  profeguio  D.  Caetano  Maria  Cottono  199.  fendo  o  ultimo  ornato 
dcfte  numerofo  efquadraõ  de  homens  Sábios  a  Companhia  de  JESUS,  cujas 
pennas  acrecentàraõ  as  azas  da  fama  para  efpalhar  por  todo  o  mundo  a  pro- 
funda Sabedoria  dos  fcus  alumnos  de  que  foraõ  interpretes  os  Padres  Pedro  da 
Ribadancira  200.  Filippe  Alegambe  201.  e  Nathanael  Sottuel  202.  nas  fuás 
doutas  Bibliothecas. 

A  efta  numerofa  ClaíTc  de  Bibliothecas,  em  que  fe  comprehendem  os 
Varoens  fabios,  que  floreceraò  em  diverfas  fciencias,  fc  feguem  aquellas  que  parti- 
cularmente tratarão  dos  ProfeíTores  de  cada  Faculdade,  como  foraõ  dos  Theolo- 
gos  Joaõ  Engerdo  203.  Joaõ  Zanachio  204.  Paulo  Bolduano  205.  Belchior  Adaõ 


182.  Ejicomiafticon  Auguftinianum  in  quo  perfona  Ord.  Eremit.  S.  Auguft.  Sanãitate,  Pralatura, 
Legaríombíií,  Scriptis  prajiantes  ennarrantur.  Bruxellis  1654.  foi.  183.  A.lphahetum  A.ugufii- 
niantim,  Matriti  1654.  foi.  184.  Pantheon  Augufiinianum  Jive  Elogia  virorum  llluftrium  Ord. 
Eremit.  S.  P.  Augufiini  ara  chronologica,  (ò"  criji  illujtrata.  Genuae  1709.  4,  185.  Differtatio 
hijtorica  de  ducentis  Auguftinianis  Scriptorihus.  Romze.  1704.  4.  186.  Cathalogus  Scriptorum 
Ordinis  de  Monte  Carmelo.  Antuerpise  1570.  8.  187.  Carmelitana  Bibliotheca,  Jive  illuftrium 
aliquot  CarmelitancB  Keligionis  Scriptorum,  (ò*  eorum  operum  Cathalogus.  Florentias  1593.  4.  188. 
Theatro  degli  huomini  piu  illuftri  dela  Familia  Carmelitana.  Mantova  1628.  4.  189.  Paradifus 
Carmelitici  Decoris.  In  eo  virorum  illuftrium  elogia,  <&"  nonnullorum  Carmelitarum ,  qui  resgeftas 
fui  Ordinis  fcripfere,  anacephalcBotica  colleãio.  Lugduni  1659.  foi.  190.  Speculum  Carme- 
litanum,  feu  Hiftoria  Eliani  Ordinis  Fratrum  B.  M.  V.  de  Monte  Carmelo.  Antuerpiíe  1680.  foi. 
4.  Tom.  191.  Catalogue  des  tous  les  Ouvrages  des  religieux  de  Jon  Ordre.  Befançon.  1701. 
4.  192.  De  viris  illufirihus  Ord.  Carmelitarum.  Venetiis  1507.  foi.  193.  Bibliotheca  Scrip- 
torum utriujque  Congregationis,  (&  fexus  Carmelitarum  Excalceatorum.  Burdigalx  1730.  4.  194. 
Vita  S.  Norberti,  <à>'  aliorum.  Duaci  1637.  8.  195.  Hiftoria  Ecclefiaftica  Bélgica.  Antuerpias 
1624.  foi.  2.  Tom.  196.  Hagiologium  PrcBmonJlratenfe.  Antuerp.  1627.  8.  197.  Chro- 
nicon  generale  Ord.  Minimorum  in  quo  recenfentur  illuflres  ex  eo  Ordine  Scriptores.  Pariíiis.  1635. 
foi.  198.  Cathalogus  Scriptorum  Congregationis  ClericorumKegularium.  Panormi  1666.  foi.  199. 
De  Scriptorihus  Venerabilis  domús  Divi  fo^ephi  Clericorum  Kegularium  urbis  Panormi  ibi  1733.  foi. 
200.  llluflrium  Scriptorum  Keligionis  Societatis  JESU  Cathalogus.  Antuerpias  1608.  8.  201. 
Bibliotheca  Scriptorum  Societatis  JESU.  Antuerpiae  1643.  foi.  202.  Bibliotheca  Scriptorum  Societ. 
JESU.  Romae  1676.  foi.  203.  De  Theologia  ProfeJJoribus  in  Acad.  Ingoljladienji.  Ingolftadii  1581. 
4.    204.    Bibliotheca  Theologica.    Serveíte  1606.    4.    205.  Bibliotheca  Theologica.  Jenae  1614.     4. 


2o6.  Pedro  Labbe  207.  Martinho  Kempio  208.  Henrique  Witen  209.  Chriílovaõ 
Chriíliano  Sande  210.  Martinho  Lipenio  211.  Gotofredo  Arnoldo  212.  Henrique 
Peping  213.  Egidio  Strauchio  214.  Henrique  Rollio  215.  Pedro  Poiret  216. 
Jorge  Henrique  Goetzio  217.  Joaõ  Chriílovaõ  Blumio  218.  Joaõ  Gafpar  Zeu- 
mero  219.  Bibliotheca  Hijiorico  Philologico  Theologica  220.  Bibliotheque  Janfe- 
niílique  221.  Bernardo  Pez  Monge  Benedictino  222.  Guílavo  Jozeph  Zeltnero 
223.  Jacobo  Verheiden  224.  Joaõ  Tillemano  Schenck  225.  D.  Joaõ  de  Sianda 
226.  Joaõ  Molano  227.  Belchior  Fifchlin  228.  Joaõ  António  Strubberg.  229. 
Dos  ProfeíTores  da  Jurifprudencia  Pontifícia,  e  Cefarea  efcreveraõ  Joaõ 
Fichardo  230.  Bernardino  Gafnero  231.  Joaõ  Lorichio  232.  Marcos  Mantua 
233.  António  Morné  234.  Belchior  Adaõ  235.  Chriíliano  Gottel  236.  Theodoro 
Eberto  237.  David  Doringo  238.  Guido  Pancirolo  239.  M.  H.  Winten  240. 
Diniz  Simaõ  241.  Brocardo  Gotofredo  Struvio  242.  Bibliotheca  Júris  Imperan- 
tium  243.  e  António  OuíTelio 


206.  VitcB  Germanorum  V feudo  Theologorum.  Heidelbergse  1620.  8.  207.  Bibliotheca 
Anti-Janfeniana,  Jive  Cathalogus  pioriim,  eruditonmque  Scriptorum  qui  Cornelii  Janfenii  harefes, 
errores f  ineptiafque  oppugnarunt.  Pariíiis  1654.  4.  208.  Bibliotheca  A.nglorum  Theologica. 
Regiomonti  1667.  4.  209.  Memoria  Theologorum  noftri  faculi  clarijfimorum  renovata.  Fran- 
cof.  1674.  8.  2.  Tom.  210.  Bibliotheca  A.nti-Trinitariorum.  Freiftad.  1684.  8.  211.  Biblio- 
theca Kealis  Theologica.  Francof.  1685.  foi.  212.  De  Scriptoribus  Mjjlicis,  (&  Afceticis. 
Francof.  1702.  8.  213.  Sacer  Decadum  Septenarius  memoriam  Theologorum  exhibens.  Lipíias 
1705.  8.  214.  Bibliotheca  Scriptorum  Theologia  Moralis  confcientiaria.  Lipíiae  1705.  8. 
215.  Bibliotheca  nobilium  Theologorum.  Lipíiíe  1708.  8.  216.  Bibliotheca  Mjjticorum 
Seleãa.  Amftelod.  1708.  8.  217.  elogia  Germanorum  quorum  dam  Theologorum.  Lubec- 
cae  1709.  4.  218.  Jubilaum  Theologorum  emeritorum.  Lypíias  1710.  8.  219.  Vi  ta  pro- 
fefforum  Theologia  Jenenjium.  Jenas  1711.  8.  220.  Bremae.  1719.  8.  10.  Tom.  221. 
ou  Cathalogue  alphabetique  des  principaux  livres  ]anjeniftes,  ou  Jujpeãs  de  Janfenifme.  1722.  12. 
222.  Bibliotheca  Afcetica  antiquo-nova  Ratisbonas.  1723.  8.  9.  Tom.  223.  Vita  Theolo- 
gorum Altorphinorum.  Norimbergae.  1722.  4.  224.  Imagines,  <&  elogia  praftantium  Theolo- 
gorum. Hagae  Comdt.  1725.  foi.  225.  Vita  Profejforum  Theologia  qui  in  Academia  Marpurgenfi 
docuerunt  Msit^utgi  i-} Z-] .  4.  226.  Bibliotheca  Polemica.  Romae.  1733.  foi.  2.  Tom.  227. 
Bibliotheca  Materiarum  Theologica.  Coloniae.  1618.  4.  228.  Memoria  Theologorum  Witem- 
bergenjium.  Ulmae.  1710.  8.  229.  Index  Theologorum  Evangelico-L,utheranorum  Chronologicus. 
Longon.  1727.  8.  230.  Periocha  vitarum  Jurifconfultorum.  Baíileae  1539.  ^'  ^3^*  Nomen- 
clatura D  D.  in  utroque  jure  Aug.  Vind.  1543.  4.  232.  Cathalogus  Jurifconfultorum  Veterum 
quotquot  aut  vità,  aut  fcriptis  celebres  funt.  Baíileae.  1545.  4.  233.  Epitome  virorum  illujlrium 
qui  vel  fcripferunt,  vel jurifprudentiam  docuerunt.  Patavii  1556.  4.  234.  Elogia  illujirium  Toga- 
torum  Gallia.  Pariíiis  1619.  8.  235.  Vita  Germanorum  Jurifconfultorum.  Heidelbergae. 
1620.  8.  236.  Vita  clarijfimorum  Jure  confultorum.  Jenas.  1622.  8.  237.  Elogia  Jurif- 
confultorum. Lipíias  1628.  12.  238.  Bibliotheca  Jurifconfultorum.  Francof.  1629.  foi.  239. 
De  claris  legum  interpretibus.  Venetiis  1637.  4.  &  Francof.  1721.  4.  240.  Memoria  Jurif- 
confultorum. Francof.  1674.  8.  241.  Bibliotheque  des  Autheurs  du  Droit.  ParÍ2.  1692.  2. 
Tom.  12.  242.  Bibliotheca  Júris  Seleãa.  Jenae  1709.  8.  243.  Commentarius  de  Scriptoribus 
Jurium  quibus  fummi  Imperantes  utuntur.    Norimbergae  1727.     4. 


244*  Dos  íilofofos  Joaõ  Jacobo  Frifio.  245.  Ifracl  Spachio  246.  Belchior  AdaÒ 
247.  Paulo  Bolduano  248.  Joaõ  Jonfio  249.  Jacobo  de  Rochebourg.  250.  c 
Joaõ  BautiAa  CapaíTi  251.  Dos  Médicos  AfíonTo  Lupeo  252.  Remalchio  Fuf- 
chio  253.  Pafchoal  Gallo  254.  Ifracl  Spachio  255.  JoaÕ  Jorge  Schenchio  256. 
Pedro  Caftellano  257.  Belchior  AdaÕ  258.  Renato  Moreau  259.  Joaõ  EftevaÕ 
Stobelbergero  260.  Joaõ  António  Vander-Linden  261.  addicionado  por  Jorge 
Abrahaõ  MercKlino  262.  Pedro  Borcl  263.  Bartholameu  G>rte  264.  Profpero 
Mandofio  265.  Cornelio  a  Beughen  266,  Dos  Mathcmaticos  Joaõ  Blancano  267. 
Hugo  Sempilio  268.  Jozé  Hebreo  269.  André  Gíllario  270.  Gjrnelio  Beughen 
271.  Dos  Hiftoriadores  Nicolào  Vigier  272.  Paulo  Bolduano  273.  Gerardo 
Joaõ  VoíTio  274.  Cornelio  Beughen  275.  Burchardo  Gulholfo  Struvio.  276. 
Chriftiano  Gryphio  277.  Dos  Grammaticos,  e  Poetas  Pedro  Crinito  278. 
Joaõ  Pedro  Lotichio  279.  Pedro  Angelo  Spera  280.  Honório  Domingos  Cara- 
mella  281.  Joaõ  Alberto  Fabrício  282.  Mr.  Gibert.  283.  Da  Pintura,  e  Efta- 
tuaria  Francifco  Junio. 


244.  De  advocatís  fuprema  curta  Parijienjis.  Pariz.  1654.  4.  245.  Bibliotheca  Chronologica 
Pbilofopborum.  Tiguri  1592.  4.  246.  Nomenclator  Scriptorum  Philofophorum.  Argentina: 
1598,  8.  247.  Vita  Germanorum  Philofophorum.  Heidelbergse  161 5.  8.  248.  Bibliotheca 
Pbilofophica.  Janae  161 6.  4.  249.  De  Scriptoribus  Hijloria  Philofophica.  Francof.  1659. 
4.  250.  Ultima  verba  Philofophorum  virorum,ac  faminarum  illuftrium.  Aniílelod.  1721.  foi.  2. 
Tom.  251.  Hifloria  Philofophia  Sjnopjis,  five  de  origine,  (ò"  progreffu  Philofophia.  Neapoli. 
1728.  4.  252.  Cathalogus  Auãorum  qui  pofl  Galem  avum  Hipocrati,  (òf  Galeno  contradixerunt. 
Valentias  Edetanorum  1589.  12.  253.  Cathalogus  Neotericorum  Medicorum.  ParÍ2  1541.  8. 
254.  Bibliotheca  Medica.  Baílleje  1590.  8.  255.  Nomenclator  Scriptorum  Medicorum.  Francof. 
1591.  8.  256.  Bibliotheca  Medica  Maãa,  continuata,  confummata  <ò'c.  Francof.  1609.  8.  257. 
Vitee  illuflrium  Medicorum.  Antuérpia:  1618.  8.  258.  Vitce  Germanorum  Medicorum.  Heidel- 
berg.  1620.  8.  259.  Pariíiis  1622.  8.  260.  Norimberga:  1626.  4.  261.  De  Scriptis 
Medicis.  Amílelod.  1637.  8.  262.  Lindenius  renovatus.  Norimbergíe  1686.  4.  263.  Biblio- 
theca Chj  mica.  Pariz  1654.  12.  264.  Noticie  Ifioriche  intorno  a  Mediei  Scrittori  Milaneji.  Milano 
1718.  4.  265.  OEATPON  in  qua  Chrijiiani  Orbis  Pontificum  Archiatros  &c.  Romac  1696. 
4.  266.  Bibliographica  Medica,  (Ò'  Phjjica.  Amílelod.  1681.  12.  267.  Clarorum  Mathema- 
ticorum  Chronologia.  Bononiíe  161 5.  4.  268.  De  difciplinis  Mathematicis.  Antuérpia:  1635. 
4.  269.  Bibliotheca  Mathematica.  Francof.  1635.  4.  270.  Cathalogus  variorum  Mathemati- 
corum  ab  initio  mundi  ad  nojira  têmpora.  Amílelod.  1661.  271.  Biblioff^aphia  Mathematica. 
Amílelod.  1688.  12.  272.  Bibliotheque  Hifioriale.  Pariz  1600.  foi.  3.  Tom.  273.  Biblio- 
:beca  HiJIorica.  Lipíias  1620.  4.  274.  De  Hijloricis  Gracis.  Lugd.  Batav.  1624.  4.  De 
Hijloricis  Latinis.  ibi  1627.  4.  275.  Biblio^aphia  Hiflorica,  Chronologica,  ó"  Geographica. 
Amílelod.  1685.  12.  276.  Seleãa  Bibliotheca  Hiflorica.  Jena:  1705.  8.  277.  Differtatio 
Ifagogica  de  Scriptoribus  Hijioriarum  ScbcuU  XVII.  Lipíiae  171  o.  8.  278.  De  Poetis  Latinis. 
Pariíiis  1513.  4.  279.  Bibliotheca  Poética.  Francof.  1625.  280.  De  nobilitate  Profefforum 
GrammaticcB.  Neapoli  1641.  4.  281.  hítifceum  illuflrium  Poetarum.  Venetiis  1651.  12.  282. 
Bibliotheca  Latina  five  notitia  Authorum  Veterum  Latinorum.  Londini  1703.  4.  Bibliotheca 
Graça,  five  notitia  Scriptorum  Gracorum  &c.  Hamburgi  1707.  8.  283.  Jugemens  des  Scavaíis 
fur  les  Autheurs  qui  ont  traité  dela  Rhetorique.   Pariz  171 3.     3.     Tom.     12. 


284.  Das  Moedas  antigas  Filippe  Labbe  285.  e  D.  Anfelmo  Bandurio  286. 
Da  Milícia  Gabriel  Naudé  287.  Da  Náutica,  e  Geografia  António  de  Leaõ 
Pinello  288.  e  modernamente  addicionada  289. 

Eílimuladas  da  ambição  da  gloria  as  mais  celebres  Naçoens  do  mundo 
querendo  extender  a  fua  fama  com  as  pennas  aíTim  como  a  tinhaõ  dilatado 
com  as  efpadas  perpetuarão  nos  monumentos  litterarios  das  Bibliothecas  os 
admiráveis  progreíTos  que  fizeraõ  em  todas  as  Faculdades.  Principiando  pelo 
ameniíTimo  Jardim  da  Europa,  Itália,  depois  de  efcrever  geralmente  delia  Antó- 
nio Francifco  Doni  290.  Fr.  Angélico  Aprofio  de  Ventimiglia  291.  e  Jacinto 
Gimma  292.  publicarão  com  particular  narração  os  Authores  que  produzio  a 
Cabeça  do  mundo  Profpero  Mandofio  293.  De  Kavena  Serafino  Pafolini  294. 
Jeronymo  Fabri  295.  e  Thomaz  Tomai  296.  De  Umbria,  EJpoleto,  e  Perugia 
Cefar  Crifpolti  297.  Luiz  Jacobilli  298.  e  Agoftinho  Oldoino  299.  De  Ferrara 
Fr.  Agoílinho  Superbo  300.  Jeronymo  BaruíFaldo  301.  e  o  Abbade  António 
Libanori  302.  De  Bolonha  Bartholameu  Galleoti  303.  Joaõ  Nicolào  Pafchoal 
Alidofi  304.  Joaõ  António  Bumaldo  305.  António  Paulo  Mafini  306.  e  Pere- 
grino António  Orlandi  307.  De  Florença  Miguel  Poccianti  308.  Jacobo  Rillio 
309.  e  Júlio  Negri  310.  De  Veneza  Fr.  Jacobo  Alberico  311.  Nicolào  CraíTo 
312.  Fr.  Agoílinho  Superbo  313.  Jacobo  Filippe  Thomafino  314.  e  Francifco 
Sanfovino  315.    De  Brejcia  Octávio  RoíTi. 


284.  De  Piãura  Veterum  libri  três.  Accedit  Cathalogus  Architeãorum ,  Piãorum,  Statuariorum  <&c. 
(ò'  operum,  qu(B  fecerunt  Jecundum  feriem  litterarum  digejlus.  Roterodami.  1694.  foi.  285.  Biblio- 
theca  Nummaria.  Pariíiis  1664.  8.  286.  Bibliotheca  Niimmaria,  jive  Auãorum,  qui  de  re  num- 
maria  fcripferunt.  Hamburgi  1719.  4.  287.  Bibliographia  militaris.  Jenae  1683.  12.  288. 
'Epitome  dela  Bibliotheca  Oriental 'Náutica,  j  Geográfica.  Madrid.  1629.  4.  289.  Madrid.  1737. 
e  1738.  foi.  3.  Tom.  290.  Bibliotheca  Itálica.  Venetia  1550.  8.  291.  A.thenas  Itálica. 
1647.  292.  Idea  delia  Storia  deir  Itália  letter ata.  Neapoli  1723.  4.  2.  Tom.  293.  Biblio- 
theca Komana.  Romje  1682.  4,  2.  Tom.  294.  Huomini  illujiri  di  Kavena.  Bologna  1703. 
foi.  295.  Sacre  memorie  di  Kavenna  antiqua.  Venetia.  1664.  4.  296.  Hifioria  di  Ravena.  Pefaro 
1574.  4.  297.  Perugia  augufia  defcrita.  Perugia  1648.  4.  298.  Bibliotheca  Umbria.  Fulgineas  1658. 
4.  299.  De  Scriptoribus  Verufinis.  Peruíiae  1678.  8.  300.  De  viris  illujiribus  Ferrarienfibus.  Ferrariae 
1620.  4.  301.  De  Poetis  Ferrarienfibus.  Ferrarias  1698.  4.  302.  Flogij  di piu  famofi  e  illuftri  Scrittori 
di  Ferrara.  Ferrara  1674.  foi.  303.  Trattato  de  gli  huomini  illufiri  di  Bologna.  Ferrara  1590.  4. 
304.  De  doãoribus  Bononienfibus  in  Theologia,  Philojophia,  Medicina,  (&  artibus  liberalibus.  Bononias 
1620.  4.  305.  Minervalia  Bononienfium  Civium  Anademata,  five  Bibliotheca  Bononienfis.  Bononiae 
1641.  24.  306.  Bologna  perlufir ata.  Bologna  1666.  4.  3.  Tom.  307.  Notit^ie  degli  Scrittori  Bolo- 
gnefi.  Bologna.  1714.  4.  308.  Cathalogus  Scriptorum  Florentinorum.  Florentias  1589.  4.  309. 
Noti:(ie  letterarie  di  huomini  illufiri  deW  Academia  Florentina.  Firenza.  1700.  4.  310.  Ifioria  degli 
Scrittori  Fiorentini.  Fiorenza  1722.  foi.  311.  Catalogo  breve  degli  illufiri  e  famofi  Scrittori  Vene- 
tiani.  Bologna  1605.  4.  312.  F.logia  Patriciorum  Venetorum.  Venet.  1612.  4.  313.  Trionf o  glo- 
rio/o d'Heroi  illufiri,  e  eminenti  di  Venetia.  ibi  1629.  4.  314.  Bibliotheca  Veneta  Aí.  S.  Utini.  1650. 
4.  315.  Venetia  defcritta.    Venet.  1663.  4. 


51 6.  De  Triejle  P.  Irinco  da  Cruz  517.  De  Ber^mo  Donato  Gd  vi  318.  de  BaJJano 
Lourenço  Marucini  319.  De  Pádua  Bernardino  Scardeonio  320.  António 
Ricoboni  321.  Angelo  Portenarc  322.  Jacobo  Filippe  Thomafino  323.  Jacobo 
Zabarclla  324.  Carlos  Patino  325.  Nicolào  Comneno  Papadopoli  326.  De  Verona 
Torcllo  Sarayna  327.  Francifco  Tinto  328.  Andrò  Chioco  329.  Onofre  Panvino 
330.  c  Júlio  dei  P0220  331.  De  Nápoles  Nicolào  Toppi  332.  addicionado  por 
Leonardo  Nicodcmo  333.  Cefar  Eugénio  Caracciolo  334.  Fr.  Theodoro  Vallc 
de  Pipcrno  335.  e  o  Dele^us  Scriptorum  Neapolitanorum  336.  De  Salertw  Domin- 
gos de  Angclis  337.  e  António  Mazza  338.  De  Calábria  JoaÕ  Fiorc  339.  De 
KoJJano  Jacinto  Gimma  340.  Dos  Marjos  Pedro  António  G)rfignani  341.  De 
Chiete  Jcronymo  Nicolini.  342.  De  Sannio  Joaõ  Vicente  Giarlanti  343.  De 
Milaô  Ericio  Putcano  344.  Joaõ  Bautiíla  Selvático  345.  Salvador  Vital  346. 
c  Filippe  Piccinelli  337.  De  Pavia  António  Gatti  348.  De  Cremona  Francifco 
Arifio  349.  Do  Piemonte  André  Rofletti  350.  e  Francifco  Agoftinho  dela  Chiefa 
551.  De  Génova  Jacobo  Bracelli  352.  Uberto  Foglieta  353.  Rafael  Soprani  354. 
c  Miguel  JuíUniano  355.    De  Sicília  Joaõ  Renda-rapufa. 


316.  'E.logii  hiftorici  di  Brefciani  illuftri.  Brefcia  1620.  4,  317.  Hijloria  antica,  e  moderna  Sacra,  e  pro- 
fana di  Triejie.  Venet.  1698.  foi.  318.  Scena  letteraria  degli  Scrittori  Bergomafchi.  Bergamo  1666. 
4.  319.  BaJJanum,  Jive  differtatio  de  urhis  antiquitate ,  (ò'  de  viris  ejujdem  illuflrihus.  Venet.  1577. 
4.  320.  De  Antiquitate  nrbis  Patavii,  <&  claris  civibus  Patavinis.  Baíileae  1 560.  foi.  321.  De  Gymnafio 
Patavino.  Patav.  1598.  4.  322.  Felicita  di  Pádua.  Padou.  1623.  foi.  323.  Bibliothecce  Patavina 
M.  S.  publica,  <&  privata.  Patavii  1639.  4.  Gymnafium  Patavinum.  Utini  1654.  4.  324.  EJogia 
iUufiriuf»  Patavinorum.  Patavii  1670.  4.  325.  Lyceum  Patavinum.  Patavii  1682.  4.  326.  Hijloria 
Gymnajii  Patavini  Venetiis  1726.  foi.  327.  De  Civitatis  Verona  origine,  (ò'  viris  illujlribus.  Vero- 
nae.  1540.  foi.  328.  Veronx  1590.  4.  329.  De  Collegii  Veronenjis  illujlribus  Medicis,  ^  Philofophis. 
Veronas  1623.  4.  330.  De  viris  doãrina,  &  bellica  virtute  illujlribus.  Veronae  1648.  foi.  351.  Col- 
hei Veronenjis  Judicuw,  advocatorum  doãrina,  natalibus,  honoribufque  illujlrium  elogia.  Veronse. 
1659.  ^o^-  33^-  Bibliotheca  Neapolitana.  Neapoli  1678.  foi.  333.  Neapol,  1683.  foi.  334.  Napoli 
Sacra.  Napol.  1623.  4.  335.  Breve  compendio  de gli piu  illujlri  Padri  nela  vita,  dignità,  ujicii,  e  lettere 
.  //  há prodoto  la  Prov.  dei  Regno  di  Napoli  ibi  165 1.  4.  336.  Neapoli.  1735.  foi.  337.  Vite  di  lette- 
rati  Salentini.  Neapoli  1713.  4.  338.  De  rebus  Salernitatis.  Neapoli  1671.  4.  339.  Calábria  illuf- 
trata.  Neapoli  1691.  foi.  340.  B-logit  Academia  dela  Società  degli  Spenjierati  diKoJfano.  NeapoL 
1703.  4.  2.  Tom,  341.  De  viris  illujlribus  Marforum.  Romãs  171 2.  4.  342.  Hijloria  delia  Città 
di  Chieti.  ibi  1657.  4.  343.  Iferna  1644.  foi.  344.  De  PJ)etoribus,<Ò'  Scholis  MeSolanenJium.  Mediei. 
1603.  8.  Idem  de  Bibliotheca  Ambrojiana  ibi  1606.  8.  345.  Collegij  Mediolanenjium  Medicorum 
origo,  antiquitas  (&c.  (&  viri  illujlres.  Mediol.  1607.  4.  346.  Theatrum  triumphale  Mediolanenjis 
urbis.  Mediol.  1644.  foi.  347.  Ateneo  dei  'Letterati  Milaneji.  Milano  1670.  4.  548.  Hijloria  Gymnajii 
Ticinenjis.  Mediol.  1706.  4.  349.  Cremona  litterata.  Parmae  1702.  foi.  2.  Tom.  350.  Syllagus 
Scriptorum  Pedemontii.  Montis  Regai.  1667.  4.  351.  Catalogo  di  tutti  li  Scrittori  Piemontefi,  e 
Nit(ardi.  Carmagnola  1660.  4.  352.  De  Claris  Genuenjibus.  Pariliis  1520.  4.  553.  Clarorum  Ugu- 
rum  Elogia.  Romãs  1574.  4.  354.  L/  Scrittori  dela  'Ligttria.  Génova  1667.  4.  355.  Gli  Scrittori 
Uguri  Roma  1667.  4. 


356.  António  Mongitore  357.  e  Joaõ  Bautiíla  Caruíio  358.  De  Siracuja  Jacobo 
Bonani  359.  De  Carthago  Agoílinho  Inveges  360.  De  Motuca  Plácido  Carafa 
361.  e  de  Galatina  Alexandre  Thomaz  Arcudi  362. 

A  florcntiíTima  Monarchia  de  França  fempre  fecunda  de  Varoens  inílgnes 
eternizou  as  fuás  memorias  litterarias  pelas  pennas  de  Francifco  Grude  Senhor 
dela  Croix  du  Mayne  363.  António  Verdier  364.  Scevola  de  Saincte  Marthe  365. 
André  Duchefne  addicionado  por  Fr.  Jacobo  Luiz  de  S.  Carlos.  366.  André 
de  SauíTay  Bifpo  de  Toul  367.  Paulo  Colomies  368.  Carlos  Sorel  369.  Jacobo 
Lelong.  370.  Bibliotheque  Francoije  371.  e  ultimamente  o  P.  D.  Rivet  Monge 
da  Congregação  de  Santo  Amaro,  cuja  obra  de  que  até  o  prezente  tem  publi- 
cado 5.  Tomos,  he  completa  neíle  género  pela  judiciofa  critica,  e  vafta  erudição 
com  que  he  compoíla  372.  De  Pari:(^  Clemente  Hemero  373.  Joaõ  de  Lau- 
noy.  374.  e  Cefar  EgaíTe  du  Boulay  375.  Dos  Authores  do  Delfinado  Guido 
AUard  376.  De  Guiena,  e  Gajconha  Gabriel  de  Lurbe  377.  de  Provença  Joaõ  de 
Notre  Dame  378.  de  Chalon  Fr.  Luiz  Jacob  de  S.  Carlos  379.  de  Artois  Ferri 
•de  Locre  380.  De  Chartres  D.  Joaõ  Liron  Monge  de  S.  Bento  381.  e  de  hiaõ 
o  P.  Domingos  Colónia  Jefuita  382.  Dos  Poetas  Francezes  modernamente 
Titon  de  Tillet  383. 

Publicarão  os  Litterarios  partos  dos  engenhos  fempre  penetrantes,  e 
profundos  da  Monarchia  de  Efpanha  AfFonfo  Garcia  Matamoros  384.  Valério 
André  Taxandro  3  8  5 .  o  P.  André  Scoto  Jefuita 


356.  Sicília  Bibliotheca  vetus  continens  elogia  Veterum  Siculorufn  qui  litterarum  fama  claruerunt.  Romae 
1700.  4.  357.  Bibliotheca  Sicula.  Panormi.  1707.  foi.  2.  Tom.  358.  Bibliotheca  Hijlorica  Kegni 
SicilicB  Panormi  1723.  foi.  2.  Tom.  359.  Antica  Siracuja  illujlrata.  MeíTma  1684.  4.  360.  la  Car- 
thagine  Siciliana  Hijloria.  Palermo  165 1.  4.  361.  Motuca  defcriptio.  Panormi  1653.  4.  362.  Gala- 
iina  letterata.  Génova  1709.  8.  363.  Cathalogue  general  de  toutes  fortes  de  A.uteurs  qui  on  écrit  en 
François.  Pariz  1584.  foi.  364.  Bibliotheque  contenant  le  catalogue  de  tous  ceux  qui  on  écrit,  ou  traduit 
m  François.  Lion.  1585.  foi.  365.  Gallorum  doãrinà  illuflrium,  qui  noflra,  Patrumque  memoria 
jloruerunt.  Lutetiae  1616.  8.  366.  Bibliotheque  des  A.utheurs,  qui  ont  écrit  la  Hijioire,  e  Topographie 
dela  France.  Pariz  1627.  12.  367.  De  Myjiicis  Gallia  Scriptoribus.  Pariíiis  1639.  4.  368.  Gallia 
Orientalis,  Jive  Gallorum,  qui  linguam  Hebraicam,  vel  alias  Orientales  excoluerunt.  Hag.  Comit.  1665. 
4.  369.  Bibliotheque  Françoife  Paris.  1667.  12.  370.  Bibliotheque  Hijlorique  dela  France.  Paris.  1719. 
foi.  371.  ou  Hijloria  litteraria  dela  France.  Amílerd.  1723.  18.  Tom.  in  8.  372.  Hijioria  litteraria 
■de  la  France.  Paris.  1733.  4.  4.  tom.  373.  De  Academia  Parijienji.  Lutetix.  1639.  4.  374.  KegiJ 
Gjmnajij  Navarra  Parijienjis  Hijioria.  Paris.  1677.  4.  2.  Tom.  Idem.  Academia  Parifenjis  illujlrata. 
Paris  1682.  2.  tom.  4.  375.  Hijioria  Univerjitatis  Parijienjis.  Pariíiis.  1665.  foi.  6.  Tom.  376. 
Grenoble  1680.  12.  377.  De  illujiribus  Aquitania  viris.  Burdigalas.  1591.  8.  378.  De  vitis  Poe- 
tarum  Provincialium.  Lugduni  8.  379.  De  claris  Scriptoribus  Cabilonenjibus.  PariGis  1652.  4. 
380.  Aquitania  1616.  4.  381.  Bibliotheque  des  Autheurs  Chartrains.  Pariz  1719.  4.  382.  Hijioire 
litterarie  delia  Ville  de  'Lion.  ibi  1728.  4.  2.  Tom.  383  Le  ParnaJJe  François.  Pariz  1732.  foi.  384. 
de  Academiis,  <ò^  claris  Hifpania  Scriptoribus.  Francof.  1603.  foi.  385.  Cathalogus  clarorum  Hif- 
pania  Scriptorum.   Moguntise  1607.  4. 


386.  cm  cuja  obra  naõ  declarou  o  fcu  nome,  mas  no  fim  da  Dedicatória  efcrevcu 
as  letras  iniciacs  A.  S.  a  quem  ajuntou  Peregrwus  pTLto,  fignificar  que  por  fer  natural 
de  Anveres  era  Eílrangeiro  no  Paiz  da  Naçaõ  de  que  compuzera  a  Bibliotheca. 
Nicoláo  António  Cavalleiro  da  Ordem  de  Saõ-Tiago,  e  Cónego  de  Sevilha  387. 
cm  quatro  Tomos  que  faõ  tantas  colunas  em  que  eftabeleceu  o  Templo  da  fua  fama 
cm  toda  a  pofteridade.  Efta  grande  obra  fe  efpera  ver  brevemente  continuada  pelo 
infatigável  eftudo  do  Doutor  André  Gonzalvcs  de  Barzia  G)nfclheiro  dclRey 
Catholico,  e  Sobrinho  daquelle  Varaõ  Apoftolico  o  llluílriíTimo  Bifpo  de  Cadiz 
D.  Jozeph  de  Barzia,  e  Zambrana  conhecido  na  Republica  das  letras  pela  exccl- 
Icnte  obra  afcetica  que  intitulou  Dejpertador  Chriftiano  vertida  nas  principaes 
línguas  da  Europa.  Gerhardo  Erncfto  de  FrancKenau  388.  e  Paulo  Colo- 
miès  389. 

Imitou  efte  illuftre  argumento  Alemanha  genérica,  e  efpecificamentc 
pelas  pennas  do  Abbade  Trithemio  390.  Henrique  Pantaliaõ  391.  Egidio 
Periandro  392.  Cornelio  Loos  Callidio  393.  Gafpar  Sagittario  394.  Bibliotheque 
Gtrmaniqtie  395.  e  Jorge  Lizclio  396.  Efcreveraõ  dos  Authores  de  Suevia,  e 
Vittemherga  Joaõ  Ulrico  Pregizero  397.  de  Brandebttrg  Chriílovaõ  Hendreich 
598.  de  Staden  Joaõ  Henrique  von  Seelen  399.  de  Lubec  Joaõ  Henrique  400. 
c  Jacobo  Melle  401.  de  ]ena  Adriaõ  Beiero  402.  B.  C.  Richardo  403.  e  Joaò 
Gafpar  Zeumero  404.  de  Francofort  Joaõ  Chriílovaõ  Becmanno  405.  de  Koftock 
hum  Anónimo  406.  de  Altorf  Guílavo  Jorge  Zeltnero  407.  de  Brunjuic  Goto- 
firedo  Guilherme  de  Leibnitz  408.  de  Hamburgo  Joaõ  Alberto  Fabrício. 


j86.  Hifpania  Bibliotheca.  Francof.  1608.  4.  387.  Bibliotheca  Hifpana  Vetus,  five  Hijpanorum 
fm  ufquam,  unquámve  Jcripto  aliquid  confignaverunt ,  notitia.  Compleãens  Scriptores  omnes  qui  ah 
Oãaviani  Augujii  império  ufque  ad  annum  M.  florueverunt ;  (Ò'  ab  anno  M.  u/que  ad  M  D.  Romjc 
1696.  foi.  2.  Tom.  Idem  Bibliotheca  Hifpana,  Jive  Hijpanorum  qui  Latine,  vel  populari  lingua  Scripto 
aliquid  confignarunt.  Romãs  1672.  foi.  2.  Tom.  388.  Bibliotheca  Hifpanica  Hijiorico-Genealogica 
Heráldica.  Lipíiae  1724.  4-  389.  Hifpania  Orientalis.  Hamburgi  1730.  4.  390.  De  luminaribus 
Germânia^  five  Cathalogus  illufirium  virorum  fuis  ingeniis,  (ò*  lucubrationibus  omnifariam  exoman- 
Hum.  Moguntiae  1495.  foi.  391.  Profopographia  Heroum,  atque  illufirium  virorum  totius  Germânia. 
Bafileas.  1565.  foi.  392.  Germânia,  in  qua  doãijfimorum  virorum  elogia,  <&  judicia  continentur.ltiTiíicoL 
1567.  8.  393.  Illufirium  Germânia  Scriptorum  Cathalogus.  Moguntise  15  81.  8.  ^^4.  de  pra- 
cipuís  Scriptoribus  Hifioria  Germânica.  Jenas.  1675.  4.  395.  ou  Hifioire  litterarie  de  Alemagne.  Amf- 
terd.  1720.  12.  26.  Tom.  396.  Hifioria  Poetarum  Gracorum  Germânia.  Francof.  1730.  8.  397. 
Suevia,  (ò"  Wittembergia  Sacra.  Tubingíe  171 7.  4.  398.  Pandeãa  Brandenburgica.  Berolini  1699. 
foi.  399.  Sfada  litterata.  Stadas  171 1.  4.  400.  A.thena  Lubeccenfes.  Lubeccas  1719.  8.  2.  Tom.  401. 
Notitia  Lubecenfium  clarorum  virorum.  Lipíias.  1707.  4.  402.  Nomenclator  Reãorum,  (ò"  profejforum^ 
Jenenfium.  Jenas  1658.  12.  403.  í/í?  vita,  (&  Scriptis.  Profejforum  Academia  Jenenfis.  Jenas  1710.  8.  404. 
Vita  Profejforum  Theologia,  Júris,  Med.  €>*  Philojoph.  Acad.  Jenenfis  unà  cum  Scriptis  á  quolibet 
editis.  Jenae  171 1.  8.  405.  Memoranda  Francojurtana.  Francof.  1676.  4.  406.  Kofiochium  JLittera- 
tum.  Roílochii  1708.  8.  407.  Vita  Theologorum  Altorphinorum  unà  cum  Scriptorum  recenjione.  Norim- 
berga;  1722.  4.  408.  Hannoveras  1707.  foi. 


409.  de  Strashurgo  Ferreolo  Locrio  410.  de  Khecia  Fortunato  Sprechero  411. 
de  Zurich  Joaõ  Henrique  Ottingero  412.  de  Silefia  Joaõ  Henrique  Cunrado  413. 
€  Martinho  Hanchio  414.  De  Viandes  Auberto  Mireo  415.  Guilherme  Gazzeto 
416.  António  Sandero  417.  Francifco  Suvert  418.  Valério  André  Dexel  419. 
Joaõ  Francifco  Foppens  420.  a  Bibliotheque  Belgique  421.  De  Henaut  Filippe 
BraíTeur  422.  De  O  landa,  Zelanda,  e  Utrech  Pancracio  de  Caftricome  423.  De 
Frif(ia  Suffrido  Pedro  424.  de  Daventria  Jacobo  Revio  425.  De  Gante,  e  Bruges 
António  Sandero  426.  de  Lejden  André  Clouveq.  427.  Joaõ  Meurfio  428.  e  o 
Cathalogus  lihrorum  tam  imprejjorum,  quàm  M.  S.  Bibliotheca  publica  Univerjitatis. 
ILugduno  Batavce  425.  De  Polónia  Simaõ  Starovolfcio  430.  e  Samuel  Joachim 
Hoppio  431.  de  Dant^ic  Ephraim  Pretório  432.  e  André  Charitio  433.  de  Hun- 
gria David  Czuittingero  434.  de  Suécia  Joaõ  ScheíFero  435.  e  Memoria  virorum 
in  Suécia  eruditorum  rediviva  436.  de  'Efiolchome  Holmia  litterata  437.  de  Dinamarca 
Nicoláo  Pedro  Sibbern  438.  Alberto  Bartolino  439.  Joaõ  Mullero  440.  e  Alberto 
Thura  441.  Ultimamente  de  Inglaterra  Joaõ  Bale  442.  Thomaz  James  443. 
Joaõ  Pits  444.    Hoorologia  Anglica  445.  António  à  Wood. 


409.  Memoria  Hamhurgenjes.  Hamburgi  1710,  8.  6.  Tom.  410.  De  Scriptis  Atrehatenjis  Civitatis. 
Atrebati  1616.  4.  411.  Palias  Khatica  armata,  <&  Togata.  Baíileas  1617.  4.  412.  Schola  Tigurinorum. 
Tiguri  1664.  4.  413.  Silefia  Togata,  five  Silefiorum  doãrina,  <&  virtutihus  clariffimorum  elogia.  Lignicii 
1706.  4.  414.  De  Silefiis  indigenis  eniditis  poft  litterarum  culturam  cum  Chriftinianijmi  fitidiis  anno 
965.  fujceptam  ah  anno  1165.  ujque  ad  1550.  Lipíias  1707.  4.  415.  'Elogia  Bélgica,  five  illufirium 
Gallice  Scriptorum.  Antuerp.  1609.  4.  416.  Bibliotheque  Sacreé  des  Pajs  Bas.  Strasbourg.  1610. 
4.  417.  Bibliotheca  Bélgica.  Infulis  1641.  4.  2.  Tom.  Idem  de  Scriptorihm  Flandria.  Antuerp. 
1624.  4.  418.  Athena  Bélgica,  five  nomenclator  inferioris  Germânia  Scriptorum.  Antuerp.  1638. 
foi.  419.  Bibliotheca  Bélgica.  Lovanii  1643.  4.  420.  Bibliotheca  Bélgica.  Bruxellis  1738.  4.  2.  Tom.  421. 
Leiden.  1731.  12.  2.  Tom.  422.  Sidera  illufirium  Hannonia  Scriptorum.  Montibus  Hanonias  1637 
8.  423.  Nomenclator  Scriptorum  Hollandia,  Zelândia,  (ò°  Ultrajeíii.  Lugd.  Batav.  1601.  424.  Di 
Scriptoribus  Frifia  decades  XVI.  Cólon.  1593.  8.  425.  Daventria  illufirata.  Lugdun.  Batav.  1650 
4.  426.  de  Gandevenfibus,  (0°  Brugenfibus  eruditionis  fama  claris.  Antuerp.  1624.  4.  427.  A-cademi 
I^ugduno  Balava,  id  efi  virorum  clariffimorum  ícones,  elogia,  (&  vita  qui  eam  fcriptis  fuis  illufirarunt. 
Lugd.  Batav.  161 3.  4.  428.  Athena  Balava.  Lugd.  Bat.  1625.  4.  429.  Lugd.  Bat.  171 6.  foi.  43 
Gentum  illufirium  Polónia  Scriptorum  elogia,  e>°  vita.  Francof.  1625.  4.  431.  de  Scriptoribus  Hifioriá 
Polonica  Schediafma  litterarium.  Dantifci  1707.  4.  432.  Athena  Gedanenjes.  Lipíiae  171 3.  8.  435 
De  viris  eruditis  Gedani  ortis.  Witemberg.  171 5.  4.  434.  Specimen  Hungaria  litterata.  Francof.  171 1 
4.  435.  Suécia  litterata.  Hamburgi  1698.  8.  436.  Roílochii.  1730.  8.  437.  Holmias  1701.  4.  438 
Bibliotheca  Hifiorica  Dano-Noruegica.  Hamburg.  1716.  8.  439.  De  Scriptis  Danorum.  Hafnias  1666 
12.  440.  Hamburgi  1699.  8.  441.  Idea  Hifioriá  litteraria  Danorum.  Hamburg.  1723.  8.  442.  Di 
Scriptoribus  illufiribus  majoris  Britania.  Pariz.  16 19.  4.  443.  Écloga  Oxonio-Cantabrigenfis,  five  Catha- 
logus M.  S.  in  utraque  Academia.  Londini.  1600.  4.  444.  de  illufiribus  Anglia  Scriptoribus.  Pariíiis  161 9 
4.  445.  Arnhemii  1620.  foi.  446.  Hifioriá,  &  antiquitates  Univerfitatis  Oxonienfis.  Oxonii  1674 
foi.  2.  Tom. 


44^.  Joaõ  Ic  Lande  447.  c  Miguel  dela  Rothc  448.  De  Efcocia  Thomaz  Dcmp- 
ílcro  449.  c  Jorge  Machenzie  450.  e  de  Hibemia  Jacobo  Vare  451. 

447.  Commeníarii  de  Scriptoribus  BrUanicis.  Oxonii  1709.  8.  2.  Tom.  448.  BMothequt  An^ife. 
Amfterd.  1717.  12. 15.  Tom.  O  meímo  Mtmoires litttraires  dela grandt  Bretaffu.  Haye  1620.  12.  16. 
Tom.  449.  Scotúrum  Scriptorum  Nomenclatura.  Bononix  1619.  4.  4J0.  Edimbourg.  1708.  2. 
Tom.  45 1.  Dt  Scriptoribus  iiibernia.  Dublini  1639.  4* 

Entre  todos  os  Rcynos,  c  Cidades  da  Europa  que  com  gloriofa  emulação 
compuzeraÕ  Bibliothecas  para  perpetuar  na  Republica  das  letras  os  nomes 
de  feus  Naturaes,  unicamente  Portugal  fe  naÕ  jactava  de  femelhante  Brazaõ 
merecendo  os  fcus  infignes  filhos,  que  o  mundo  conhecefle  pelos  mudos  carac- 
teres da  Impreflaõ  os  frutos  da  Sabedoria,  que  em  todo  o  tempo  com  porten- 
tofa  fecundidade  tinhaõ  produzido;  pois  fendo  pelo  feu  belicofo  génio,  e  efpi- 
ritos  marciaes  refpeitados  como  famofos  Heróes  no  exercício  das  Armas,  de 
que  faõ  eternos  padroens  as  quatro  partes  do  Mundo,  onde  fobre  defpojos 
de  feus  habitadores  taõ  vários  nos  ritos,  como  diverfos  nas  linguas  arvorarão 
os  tremolantes  Eftandartes  das  Sagradas  Quinas,  naõ  faõ  menos  dignos  de 
veneração  pela  cultura  das  letras,  e  eftudo  das  Sciencias  aflim  fagradas  como 
profanas.  Em  toda  a  vaíla  extençaõ  de  Efpanha  foraõ  os  mais  celebres  profef- 
fores  das  Artes  confervando  para  teílemunho  da  fua  fciencia  vários  volumes 
da  venerável  Antiguidade  como  efcreveu  Eftrabo  de/"///  Orhis  liv.  3.  H/  inter 
Híjpama  populos  (falia  dos  Turdetanos  antigos  povos  da  Lufitania)  Japientia 
putantur  excellere,  (â^  litterarnm  Jludiis  titwítur,  <&  memorandce  vetujiatis  volumina 
habent,  Naõ  foy  poderofa  a  arrebatada  inundação  dos  Árabes  para  arrancar 
dos  Campos  de  Portugal  a  arvore  da  fciencia  fempre  vigilantemente  cultivada, 
nem  a  numerofa  invafaõ  de  tantas  Naçoens  barbaras  confpiradas  para  a  fua 
conquifta  puderaõ  interromper  com  os  horrorofos  eftrondos  de  Marte,  e  Bellona 
o  erudito  comercio  eílabelecido  com  Apollo,  e  Minerva.  Em  todas  as  idades 
foraõ  os  feus  montes  deliciofa  habitação  das  Mufas,  e  as  fuás  Academias  os 
exemplares  dos  Liceos  de  Ariftoteles,  e  das  Stoas  de  Zenon. 

Com  o  progreíío  dos  annos  fe  foy  augmentando  nos  Portuguezes  o 
amor  às  Sciencias,  até  que  chegarão  ao  Apogeo  da  mayor  gloria  no  feliz  Rey- 
nado  do  grande  Monarcha  D.  Diniz  fazendo  com  a  erecção  da  Univeríidade 
de  Coimbra,  a  primeira,  que  teve  Efpanha,  numeraíTe  tantos  alumnos  a  Sabe- 
doria, como  VaíTallos  a  fua  Coroa.  Eíta  illuílre,  e  famofa  Paleftra  foy  o  ventu- 
rofo  berço  donde  fe  educarão  os  mayores  Gigantes  de  todas  as  Faculdades, 
para  cuja  defmedida  grandeza  fendo  pequena  esfera  a  Pátria,  fahiraõ  como 
animados  rayos  illuftrar  com  as  luzes  da  fua  doutrina  por  diverfos  emifferios 
as  mais  celebres  Univerfidades  do  mundo  onde  as  Naçoens  mais  polidas  foraõ 


difcipulas  do  feu  Magiílerio.  Ainda  na  Univerfidade  de  Pari:(^  eílaõ  foando 
as  vozes  do  EminentiíTimo  D.  Joaõ  Froes,  D.  Pedro  Sardinha,  e  Fr.  Joaõ  da 
Cruz  Agoftinho,  Lentes  de  Theologia.  Na  de  Tolo!(a  explicarão  com  univerfal 
applaufo  as  Leys  Imperiaes  António  de  Gouvea  celebre  propugnador  da 
Filofofia  Peripatetica;  e  os  aforifmos  de  Hipócrates  Pedro  Vaz  Caiiello,  e  Fran- 
cifco  Sanches  quando  contava  a  florente  idade  de  vinte,  e  quatro  annos.  Na  de 
Mompilher  foraõ  interpretes  da  faculdade  Medica  Fernaõ  Mendes,  e  h^Z2ito 
Ribeiro.  Em  Salamanca  occupàraõ  a  primeira  Cadeira  de  Theologia  Fr.  Diogo 
Fernandes  da  Ordem  Seráfica;  de  Cânones  Fernando  Árias  de  Meza,  e  D.  Joaõ 
Altamirano:  de  Leys  Ayres  Barbofa,  António  Gomes,  Amador  Rodriguez, 
e  fuceíTivamente  aquelle  celebre  Triumuirato  da  Jurifprudencia  Cefarea  Manoel 
da  Coíla,  Ayres  Pinhel,  e  Heytor  Rodriguez;  da  lingua  Latina,  Rhetorica, 
e  Letras  humanas  Rafael  Nogueira  da  Silva,  Francifco  Homem  de  Abreu, 
Manoel  de  Azevedo;  de  Medicina  foy  Lente  de  Vefpera  Ambrofio  Nunes, 
e  de  Filofofia  natural  Joaõ  Soares  de  Brito,  e  Sebaíliaõ  Gomes  de  Figueiredo. 
Em  a  Univerfidade  de  Alcalà  dictou  Theologia  na  Cadeira  de  Prima  Fr.  Joaõ 
de  Santo  Thomaz  grande  credito  da  Ordem  dos  Pregadores,  Fr.  Thimoteo 
Ciabra  Carmelita,  e  Paulo  Corrêa.  Em  a  de  Valhadolid  foy  Cathedratico  de 
Prima  da  Efcritura  Fr.  Gafpar  de  Mello  Agoílinho,  e  de  Theologia  Fr.  Nicolào 
Coelho  do  Amaral  Trinitario;  de  Direito  Canónico  Fr.  Serafino  de  Freitas 
Mercenário.  Em  Sevilha  leu  Anatomia  Dionifio  Velho,  em  Gandia  explicou 
os  fentidos  da  Sagrada  Biblia  o  P.  Manoel  de  Sà  Jefuita.  Em  OJJuna  foy  Cathe- 
dratico de  Efcritura  Fr.  Alberto  de  Faria  Carmelita,  de  Theologia  Fr.  Pedro 
de  Abreu,  e  de  Medicina  regentou  a  primeira  Cadeira  AfFonfo  Nunes  de  Caftro. 
Em  Saragojja  enfinou  Theologia  como  primeiro  Mefire  Fr.  Pedro  de  Alverca 
Trino,  em  Barcelona  exercitou  o  mefmo  miniílerio  Fr.  Thomaz  Toílado  Car- 
melita, e  em  I^erida  Fr.  Agoítinho  Oforio  Eremita  Auguítiniano. 

Na  Sapiência  de  Roma  foraõ  Meílres  de  Theologia  os  Padres  Francifco 
da  Coíla,  e  Diogo  Secco  Jefuitas,  e  Fr.  Gregório  Coronel,  Agoílinho;  de  Di- 
reito Pontificio  Jorge  Calhandro,  do  Cefareo  Paulo  Calhandro,  e  Gabriel 
Falcaõ:  da  Hiítoria  Ecclefiafiica,  e  Controverfia  Fr.  Francifco  de  Santo  Agof- 
tinho  Macedo,  Varaõ  verdadeiramente  Encyclopedico ;  de  Rhetorica,  e  Lógica 
Joaõ  Vaz  da  Motta,  Achilles  Eftaço,  e  Manoel  Conftantino.  Na  Univerfidade 
de  Bolonha  foraõ  Lentes  dos  Cânones  Pontificios  D.  Fr.  Álvaro  Paes,  e  Manoel 
Rodrigues  Navarro;  de  Theologia  Moral  Fr.  Luiz  de  Beja  Perefirello,  Agof- 
tinho,  e  de  Rhetorica  Thomé  Corrêa,  que  no  Collegio  Romano  com  enveja 
de  António  Muretto  feu  CoUega  tinha  exercitado  o  mefmo  magiílerio.  Em 
Fija  interpretarão  as  Ethicas  de  Ariíloteles  Martinho  de  Mefquita,  Filippe 
Montalto,  e  Gabriel  da  Fonfeca;  e  os  Aforifmos  de  Hippocrates  Jorge  Moraes, 


c  Rodrigo  da  Fonfcca.  Em  Ferrara  foraõ  Lentes  de  Direito  Gvil  Luiz  Tei- 
xeira, c  de  Medicina  Joaõ  Rodriguez  de  GUlelIo-branco,  mais  conhecido  com 
o  nome  de  Amato  Lufítano.  Em  Vadua  foraÕ  Cathedraticos  de  Prima  da  Cadeira 
de  Hippocrates  Rodrigo  da  Fonfeca,  c  Duarte  Madeira.  Em  Lovanha  revelarão 
os  myfterios  da  Theologia  Efcholaftica  Fr.  Luiz  de  Sotto-mayor,  Fr.  António 
de  Scnna  Dominicos,  e  Fr.  Agoftinho  da  Graça  Eremita  Auguftiniano;  da 
Polemica  D.  Fr.  Diogo  Soares  de  Santa  Maria,  c  de  Medicina  Filippc  Mon- 
talto.  Em  Delinga  leu  a  Cadeira  de  Prima  da  primeira  faculdade  de  todas,  qual 
he  a  Theologia,  o  Padre  Manoel  da  Veyga  da  Companhia  de  Jefus;  e  na  de 
Oxonia  foy  Lente  defta  fagrada  Scicncia  Fr.  Joaõ  Sobrinho  naõ  pequeno  efplen 
dor  da  Ordem  Carmelitana. 

Neftes  celebres  Empórios  da  Sabedoria,  e  primeiros  Moueis  das 
mayores  Faculdades  foraõ  Intelligencias  motoras  os  engenhos  Portuguezes 
manifeftando  como  eterno  credito  da  fua  fama  os  fcientificos  erários,  que  alta- 
mente eftavaõ  depofitados  em  feus  peitos,  merecendo  pelo  indcfeflb  eíludo  com 
que  cultivaõ  as  Mufas  amenas,  e  feveras  a  primazia  entre  os  mais  excellentes 
Efcritores  de  Efpanha,  como  elegantemente  o  teftemunhou  Juílo  Lipíio  a 
Manoel  Corrêa  na  Epijlol.  96.  da  Centur.  ad  ItaL  <&  Hijpams.  Gentem  illam  vej- 
tram  dico,  id  eji  Ljufitanos  jàm  o  Hm  ar  mis,  &"  li t ter  is  inclytos,  quas  primus  Sertorius 
intuUty  (&  Gracis  iis,  hatinisque  (Vlutarchus  auãor)  imhuit  vefiram  juventutem. 
Crede  mihi,  Corrêa,  Jemina  ejus  inftituti  etiam  num  jruãificant:  (&  ardet  in  animis 
vefiris  Jemel  accenjus  honefiior  ille  ignis.  Audimus  certe  non  in  alio  Hijpania  traãu 
magis  V éteres  artes  coli:  <&  exempla,  acj cripta  junt,  qtm  adnos  quoque  manant,  &  tej- 
tantur,  Iguaes,  ou  mayores  elogios  lhes  confagraraõ  os  Varoens  mais  doutos 
venerando-os  profundamente  verfados  em  todo  o  género  de  Sciencias.  Nas 
Humanidades,  e  eloquência  os  aclama  iníignes  o  P.  Joaõ  Mariana  de  reh,  Hijp. 
lib.  10.  cap.  14.  Gens  dedita  pietati,  Japienticeque  Jiudiis,  <&  omnis  humanitatis,  <&  ele- 
gantia.  Na  Poética,  e  na  Muíica  o  Padre  André  Scoto  HiJp.  Biblioth.  pag.  346. 
hufitani  in  Poética  ut  <&  in  Mujica  regnare  Jeruntur  mira  animi  propenjione  velut 
Enthujiajmo  rapti;  e  na  pag.  472.  Efl  Eujitanica  genti  pene  proprium,  ut  Mujicis 
fere  omnes  artibus  dediti  fint:  humaniores,  cultiorejque  poeticam  etiam  adjungant.  Na 
Theologia,  e  ambos  os  Direitos  D.  António  Diana  Kejolut,  Moral  Tom.  4.  de  Hor. 
Canon.  Refolut.  27.  §  I.  Lujitania  Jemper  ferax  fuit  doãorum  bominum  tam  in  Legali 
quám  in  Theologica profejjione.  Na  Medicina  D.  Nicoláo  António  Bib,  HiJp,  Tom.  2. 
pag.  251.  no  Elogio  de  Thomaz  Rodriguez  da  Veyga.  Medicus  Doãor,  inter  Luji- 
tanos,  qui  veluti  arcem  hujus  ftudii  tenent;  e  em  a  Náutica  o  P.  Boflio  de  Sign.  EccleJ, 
Tom.  3.  liv.  8.  cap.  L  Excellentes  Junt  in  Arte  Navali,  cuja  arte  facilitarão  com  o 
Aftrolabio,  celebre  invento  da  fua  profunda  efpeculaçaõ  pelo  qual  lhe  eftà 
acredora  toda  a  Europa  como  efcreveo  Auberto  Mireo  in  Chonic.  ad  ann.  1481. 


Sendo  a  Naçaõ  Portugueza  taõ  refpeitada  em  todo  o  Orbe  litteratio 
pela  profundidade  com  que  he  inílruida  em  todas  as  fciencias,  fomente  lhe 
faltava  para  ultimo  complemento  da  fua  gloria  publicar  a  Bibliotheca  dos 
Authores,  de  que  foy  fecundiíTima  Mãy,  e  fer  notório  aos  outros  Reynos  lhes 
naõ  era  inferior  Portugal,  aflim  em  o  numero,  como  na  qualidade  dos  Efcri- 
tores.  Naõ  faltarão  doutiíTimos  Portuguezes  que  com  grande  difvelo  empren- 
deraõ  eíle  grande  aflumpto,  de  que  logo  darey  huma  breve  relação,  mas  como 
as  laboriofas  vigílias,  que  dedicarão  a  efte  eíludo,  naõ  lograrão  o  beneficio  da 
luz  publica,  naõ  fe  comunicou  a  fua  utilidade  à  Republica  Litteraria.  O  pri- 
meiro que  fe  applicou  à  compofiçaõ  da  Bibliotheca  Portugueza  foy  o  Licen- 
ciado Francifco  Galvaõ  de  Mendanha  Beneficiado  da  Igreja  de  S.  Pedro  de 
Évora  onde  morreu  a  5.  de  Novembro  de  1627.  compondo  hum  Cathalogo 
de  féis  centos,  e  fetenta,  e  fete  Authores  por  cuja  obra,  de  que  fe  lembra  Fr.  Fer- 
nando da  Soledade  Hift.  Seraf,  Part.  4.  liv.  5.  cap.  9.  §.  529.  lhe  chama  o  infigne 
Antiquário  Manoel  Severim  de  Faria  Chantre  de  Évora  em  as  Notic.  de  Portuga 
Difc.  8.  pag.  285.  grande  benemérito  dos  Hjcritores  Vortugue^^es.  O  original  fe  con- 
ferva  na  SelectiíTima  Livraria  do  Conde  de  Vimieiro,  donde  fe  me  participou 
no  anno  de  1722.  Naõ  eftà  difpofta  por  ordem  alphabetica,  porém  delia  fe  colhe 
a  grande  curiofidade  com  que  juntou  as  memorias  para  o  intento,  que  medi- 
tava. Naõ  permitio  o  famofo  Hiíloriador  Manoel  de  Faria,  e  Soufa  que  efti- 
veíTe  ociofa  a  fua  penna  neíle  aíTumpto  em  que  era  taõ  intereílada  a  gloria  da 
fua  Naçaõ  efcrevendo  Cathalogo  delos  EJcritores  Portugueses  em  4.  cujo  original 
efcrito  todo  da  fua  própria  maõ  tive  em  meu  poder,  e  nelle  fe  comprehende 
a  noticia  de  outocentos,  e  vinte,  e  três  Authores  muito  mais  diffufa,  e  copiofa 
aíTim  no  caracter,  como  em  o  numero  das  PeíToas  que  o  Cathalogo  impreílo 
na  4.  Part.  cap.  18.  do  Epitome  delas  Hiji.  Portug.  que  unicamente  coníla  de 
duzentos,  e  féis  Efcritores. 

Profeguio  com  grande  applicaçaõ  eíta  empreza  o  Doutor  Joaõ  Soares 
de  Brito  Abbade  de  S.  Pedro  de  Rebordaens,  e  depois  de  Saõ-Tiago  Dantas 
igualmente  verfado  na  lingua  Latina,  como  na  liçaõ  da  Hiíloria  compondo 
no  anno  de  1635.  Theatrum  l^ufitanicB  L.itterarium ,  five  Bibliotheca  Scriptorum 
omnium  hujitanorum  onde  feguindo  o  methodo,  como  elle  aíFirma,  do  Cardeal 
Bellarmino  de  Scriptoribus  Ecclejiajiicis  relata  as  memorias  de  outocentos,  e 
fetenta  e  féis  Authores.  O  original  deíla  obra  foy  mandado  no  anno  de  1655. 
a  Pariz  para  fe  imprimir,  e  naõ  fe  executando  fe  conferva  na  Bibliotheca  delRey 
CbriítianiíTimo,  de  que  extrahio  huma  Copia  o  ExcellentiíTimo  Vifconde  de 
Villa  nova  de  Cerveira  Thomaz  Tellez  da  Sylva  no  tempo  que  afliiHo  naquella 
Corte,  o  qual  benignamente  me  communicou.  Eíla  obra  he  muitas  vezes 
allegada  na  Bibliotheca  dos  Dominicos  compoíla  por  Fr.  Jacobo  Quetif,  e 


Fr.  Jacobo  Echard  imprcfla  cm  Pariz  no  anno  de  17 19.  D.  Francifco  Manoel 
de  Mello  Commendador  de  Santa  Maria  da  Aííumpçaõ  do  lugar  de  Efpinhel, 
c  Oyam,  bem  conhecido  pela  copia  das  fuás  obras,  em  que  deixou  eftampado 
o  feu  ef  pi  rito  femprc  heróico  aíTim  na  paleftra  de  Marte,  como  de  Minerva, 
efcreveo  huma  fuccinta  noticia  dos  principaes  Authores,  que  floreceraÕ  cm 
Portugal  diílribuidos  pelas  faculdades,  e  a  mandou  em  eílilo  epiílolar  ao  Doutor 
Manoel  da  Fonfeca  Thcmudo  Vigário  Geral  do  Arcebifpado  de  Lisboa,  que 
hc  a  I.  da  4.  Cent.  das  fuás  Cartas  Familiares  onde  antes  de  fazer  a  narração 
dos  Efcritorcs,  diz.  Levado  dejle  penj amento  procurei  por  mi  mejmo,  e  depois  perjuadi 
ú  algumas  pejjoas  doutas  publica fje mos  huma  Wihliotbeca  hufttana  dos  Authores  modernos, 
novamente  eftimulado  da  falta,  que  padecemos  nefla  parte,  com  a  qual  Je  de] culpa  o  Author 
dos  Commentarios  da  Republica  l?ortuguev^a  imprejja  em  Leiden  anno  1641.  Efte 
mefmo  pcnfamcnto  declarou  com  mais  diftincta  expreíTaõ  na  Carta  25.  da  Cent.  5. 

1  cfcrita  aos  Varoens  doutos  de  Portugal  onde  diz :  Hà  poucos  annos  que  na  Cidade 
\MgdunenJe  de  Ba t avia  na  Offlcina  El!(everiana  Je  imprimio  a  Republica  de  Portugal 
lotide  havendo  de  tratar  ] eu  Author  dos  EJcritores  Portuguei^es  antigos,  e  modernos, 
põem  taõ  poucos,  e  com  taõ  Jalja  informação  que  alli  mais  fe  vê  Portugal  o  ff endido,  que 
i^abado,  Efie  agravo  feito  ã  noffa  Naçaõ,  e  aos  fugeitos  que  nelle  floreceraõ  a  que  Je 
imitarão  algumas  outras  confideraçoens  me  fervio  de  motivo  para  me  difpor  a  ajudar 
que  fe  efcreveffe  hum  Ca  t ha  logo  de  todos  os  Efcritores  defle  Rejno  em  qualquer  f ciência, 
arte,  faculdade,  e  difciplina,  e  porque  obra  tamanha  requere  muito  fundados  alicerfes 
pois  fe  fabrica  para  toda  a  pofler idade,  peço  a  v.  m.  affeãuofamente  da  parte  do  beneficio 
publico,  e  da  minha  me  queira  fa^^er  mercê  de  tomar  o  trabalho  de  me  mandar  informau 
dos  Sugeitos  que  conhecer  filhos  de  ff  a  Cidade  que  hajaõ  ejcrito,  ou  ejcrevaõ:  quer  publi- 
caffem  Juas  obras,  quer  naõ,  nejle  Reyno  ou  Jora  delle,  particularÍ!(ando  de  cada  hum 
tudo  quanto  houver  alcançado  ajfi  da  obra  como  do  Author,  como  do  anno,  lugar  em  que 
ejcreveo,  a  quem  dedicou;  que  calidades  havia  no  tal  sogeito,  em  que  idioma  compo^  e 
fe  em  mais  matérias,  que  applaufo  teve,  e  finalmente  tudo  o  que  v.m.  Julgar  he  conve- 
niente à  Jua  noticia,  e  elogio.  Donde  fe  conhece  claramente  o  dezejo  que  tinha 
de  fe  occupar  para  gloria  da  Naçaõ  Portugueza  em  o  Cathalogo  dos  feus  Efcri- 
tores  procurando  com  tanta  individuação  as  noticias  pertencentes  a  eíle  argu- 
mento. 

Perfuadido  das  inftancias  do  Chantre  de  Évora  Manoel  Severim  de 
Faria  Varaõ  doutiíTimo  nas  Antiguidades  Portuguezas  emprendeo  efte  aíTumpto 
Joaõ  Franco  Barreto  Beneficiado  na  Igreja  Matriz  da  Villa  de  Redondo,  onde 
lançou  os  primeiros  fundamentos  à  Bibliotheca  Portugueza,  como  elle  efcreve 
no  Elogio  de  Achilles  Eílaço,  e  eftando  já  approvada  para  a  impreíTaõ,  naõ 
logrou  efte  beneficio,  merecendo  em  obfequio  do  fummo  trabalho  que  para 

'     efta  obra  applicou  os  elogios  do  P.  António  de  Macedo  in  Prcejat.  ad  'Leã, 


L.ujit.  Vurpur,  e  Jorge  Cardofo  Agiol.  'Lufit.  Tom.  3.  no  Comment.  de  4.  de 
Mayo  letr.  J.  Delia  vi  huma  copia  extrahida  do  Original,  que  fe  conferva  na 
Livraria  do  EminentiíTimo  Cardial  de  Soufa  a  qual  forma  hum  livro  de  folha 
grande,  onde  fe  comprehende  vaílamente  a  noticia  dos  Authores  Portuguezesj 
poílo  que  muitas  vezes  fe  dilata  em  narraçoens  impróprias  deíle  aíTumpto. 
Naõ  fatisfeito  o  incanfavel  eíludo  do  Licenciado  Jorge  Cardofo  de  eternizar! 
nos  feus  Agiologios  os  Varoens  Portuguezes  iníignes  em  virtude,  fe  applicoa 
a  efcrever  as  memorias  dos  que  foraõ  celebres  na  Sciencia  juntando  com  grande 
cuidado  noticias  para  a  compoíiçaõ  da  Bibliotheca  Vortugue:(a  da  qual  repetidas 
vezes  fe  lembra  principalmente  no  I.  Tom.  do  Agiologio  l^ufitano  pag.  24.  na 
Coment.  de  3.  de  Janeiro  letr.  A.  e  pag.  214.  no  Coment.  de  21.  de  Janeiro 
letr.  J.  e  no  Tom.  3.  pag.  74.  no  Coment.  de  4.  de  Mayo  letr.  J.  cuja  obra  quí 
nunca  pude  alcançar,  teílemunha  Nicolao  António  Bih.  Vet.  Hijp.  Ub.  9.  cap.  4, 
n.  201.  que  a  vira.   Ultimamente  quem  com  mayor  empenho  intentou  concluii 
taõ  gloriofa  empreza,  foy  o  P.  Francifco  da  Cruz  Jefuita,  Meílre,  e  Confeííoi 
do  noíTo  SereniíTimo  Monarcha  D.  Joaõ  o  V.  o  qual  depois  de  ter  collegid( 
todas  as  noticias  difperfas  pelas  obras  dos  que  lhe  precederão  neíle  aílumpto, 
adquirio  outras  muito  copiofas  na  Cúria  Romana,  quando  nella  aíTiílio  pel( 
efpaço  de  fete  annos  com  o  lugar  de  Revifor  dos  livros  da  Companhia  de  JESUS^j 
Naõ  chegou  a  concluir  elta  obra,  porque  a  morte  envejofa  do  applaufo,  qu( 
delia  lhe  havia  refultar,  o  privou  da  vida  na  Cafa  profefla  de  S.  Roque  a  29.  d( 
Janeiro  de  1706.    O  ardente  dezejo  de  que  eíla  obra  fe  continuaíTe,  impelli( 
ao  ExcellentiíTimo  Conde  da  Ericeira  D.  Francifco  Xavier  de  Menezes  digniíTimc 
Cenfor  da  Academia  Real,  cujo  nome  fera  fempre  memorável  nos  Faítos  dí 
erudição  Sagrada,  e  profana  para  pedir  inUantemente  aos  Padres  Jefuitas  lh( 
quizeílem  dar  os  M.  S,  do  P.  Francifco  da  Cruz,  que  benignamente  concederac 
por  retribuição  ao  íingular  affecto,  de  que  a  Companhia  era  devedora  a  eíl( 
Cavalhero,  de  cuja  generofa  dadiva  fazem  illuftre  memoria  os  Padres  Antoni( 
Franco,   e  Francifco   da  Fonfeca;   o  primeiro  na  Imag.  do  Nome.  de  Coimhé 
Tom.  2.  pag.  681.  e  o  fegundo  na  'Évora  Gloriofa  pag.  408.  §.  719.   Pela  natural 
benevolência  deíle  iníigne  Mecenas  dos   Eítudiofos  me  foraõ  comunicadoí 
eítes  M.  S.  que  fe  comprehendem  em  quatro  Volumes  efcritos  da  própria  maõ^ 
do  Author,  onde  confufamente  eílaõ  lançadas  as  noticias,  e  muitas  vezes  em 
diverfos  lugares  repetidas.    Em  hum  delles  fe  lém  quinhentos  elogios  Latinos 
dos  Authores  que  principiaõ  pela  letra  A.  que  ficou  incompleta,  onde  fe  admira 
igualmente  a  pureza,  e  elegância  do  eílilo,  como  a  vaUa  liçaõ,  e  profundo 
exame  com  que  efcrevia  eíta  obra  digna  do  ultimo  complemento. 

Eíles  foraõ  os  Varoens  infignes  que  gloriofamente  trabalharão  em  hum 
argumento  taõ  nobre  como  era  a  noticia  dos  Efcritores  do  noíTo  Reyno,  mas 


naõ  alcançarão  o  merecido  premio  das  fuás  laboriofas  applicaçoens  por  fe  naõ 
fazerem  patentes  ao  mundo  pelas  vozes  da  ImpreflaÕ.  Chegou  o  Século  decimo 
outavo,  c  como  fe  foflc  o  termo  decrctorio  para  fe  manifeftar  ao  mundo  a 
Hiíloria  Litteraria  da  Naçaõ  Portugueza,  começarão  a  fahir  alguns  Cathalogos, 
ainda  que  fuccintos,  dos  noflbs  Efcritores,  que  foraÕ  Prelúdios  da  Bibliotheca 
Portugueza,  que  agora  publicamos.  Dos  Religiofos  Menores  da  Província 
de  Portugal  fez  huma  breve  narração  o  P.  Fr.  Fernando  da  Soledade  Chroniíla 
da  fua  Religião,  e  Académico  Supranumerário  da  Academia  Real,  que  fahio 
impreíTa  no  anno  de  1705.  na  3.  Part.  da  Ilijl.  Seraf.  liv.  i.  cap.  21.  e  22.  Dos 
Efcritores  Jcfuitas  que  foraõ  filhos  pela  profiflaõ  dos  Noviciados  de  Évora, 
Lisboa,  e  Coimbra,  compoz  os  Cathalogos  o  P.  António  Franco,  e  sahiraõ 
impreíTos  no  fim  dos  três  volumes  dos  mefmos  Noviciados  em  os  annos  de 
1714.  1717.  c  1719.  Na  obra  intitulada  Annales  S.  J.  in  'Lufitania  Auguft.  Vind. 
1726.  compoíla  pelo  dito  Padre  traz  no  fim  Index  Materiarum  de  quihus  traãa- 
rmt  hujitania  Vrovincice  S captores  ah  initio  Societatis  ad  annum  1J24.  Semelhante 
idea  feguio  o  P.  Francifco  da  Fonfeca  na  Évora  Glorioja  impreíTa  em  Roma 
1728.  onde  à  pag.  409.  efcreveo  o  Cathalogo  dos  Authores  Eborenjes,  e  pag.  425. 
a  Bibliotheca  Eborenje  Académico-] ejuitica.  Com  exame  critico,  e  fummo  difvelo 
*f  digno  de  fer  imitado  por  todas  as  Famílias  Religiofas  publicou  o  P.  Fr.  Manoel 
de  Sá  Académico  Supranumerário  da  Academia  Real,  e  Chronifta  Geral  da 
fua  Ordem  as  Memorias  hiftoricas  dos  Efcritores  Portuguef^es  da  Ordem  de  NoJJa 
Senhora  do  Carmo  da  Vrovincia  de  Portugal  redui^idas  a  Cathalogo  Alphabetico  im- 
preíTas  em  Lisboa  anno  de  1724.  Semelhante  no  argumento,  mas  diíFerente 
no  exame  imprimio  no  anno  de  1734.  com  o  titulo  de  Clauflro  Dominicano  o 
P.  Fr.  Pedro  Monteiro  da  Ordem  dos  Pregadores  Académico  da  Academia 
Real  o  Cathalogo  alfabético  dos  Efcritores  da  Provincia  de  Portugal  para  o 
qual  contribuimos  com  algumas  noticias  pedidas  pelo  Author  que  mais  appli- 
cado  aos  eíludos  da  Theologia,  que  da  Hiítoría,  cahio  em  alguns  erros  indif- 
culpaveis  que  facilmente  pudera  evitar.  Efte  Cathalogo  mais  abbreviado  tinha 
íaliido  no  anno  de  1733.  no  fim  da  4.  Parte  da  Hiftor,  de  S.  Domingos  da  Vrovin- 
cia de  Portugal  compofta  pelo  P.  Fr.  Lucas  de  Santa  Catherina  Chroniíta  Geral 
da  fua  Religião,  e  Académico  do  numero  da  Academia  Real.  Das  Obras  Métri- 
cas dos  noílos  Poetas  formou  hum  largo  Cathalogo  na  Epiítola  Dedicatória 
:i  ElRey  N.  Senhor,  que  ferve  de  prefação  aos  feus  agudos  Epigrammas  no 
anno  de  1728.  o  P.  António  dos  Reys  da  Congregação  do  Oratório  Chronifta 
Latino  deíle  Reyno,  Académico,  e  Cenfor  da  Academia  Real,  que  intempeíH- 
vamente  nos  roubou  a  morte  em  19.  de  Mayo  de  1738.  o  P.  D.  António  Caetano 
de  Soufa  Clérigo  Regular,  e  Académico  do  numero  da  Academia  Real  impri- 
niio  no  anno  de  1735.  huma  Bibliotheca  dos  Authores  Genealógicos  Portu- 


guezes  que  ferve  de  Prologo  á  fua  grande  obra  da  Hijloría  Genealógica  da  Caja 
Keal  Portuguesa,  e  ultimamente  o  P.  Fr.  Manoel  de  Figueiredo  Eremita  de  Santo 
Agoftinho,  e  Chronifta  da  fua  Religião,  a  cuja  generofa  benevolência  devemos 
a  noticia  dos  Authores  que  ella  nefte  Reyno  produzio,  publicou  no  anno  de 
1737.  a  4.  Part.  do  Fios  Sanãorum  Augujlmano,  onde  folhas  127.  eftá  o  Cathalogo 
dos  Lentes  públicos,  'e  Doutores  da  Univerjidade  de  Coimbra  que  floreceraõ  no  Jeu  Col- 
legio  da  mejma  Cidade,  no  qual  fe  lém  as  Obras  de  muitos  affim  impreíTas, 
como  MS. 

Seguindo  os  veítigios  de  taõ  grandes  Varoens  me  animey  em  obfequio 
da  Pátria  efcrever  a  Bibliotheca  Univerfal  de  todos  os  noílos  Efcritores  abrindo ' 
os  aliceíTes  de  taõ  fublime  edifício  no  fauftiíTimo  dia  de  31.  de  Mayo  de  171 6. 
dedicado  a  amorofa  vinda  do  Efpirito  Santo  fobre  o  Collegio  Apoftolico,  e 
poílo  que  para  fuílentar  taõ  immenfa  machina  eraõ  pouco  robuftos  os  meusj 
hombros,  enfmado  de  que  Deos  com  altiíTima  providencia  fe  ferve  de  inílru-l 
mentos   humildes   para   emprezas   heróicas,   permitio   que  illuílrada  a  minha  j 
ignorância  com  a  continua  applicaçaõ  a  eíle  género  de  eíludo,  gloriofamente 
concluiíTe  liuma  obra,  que  fora  laboriofo  empenho  de  iníignes  talentos  defta. 
Monarchia.    Depois  de  examinados  com  efcrupulofa  obfervaçaõ  naõ  fomentei 
os  noíTos  livros  hiítoricos,  mas  grande  parte  dos  eftranhos,  e  extrahidas  dellesl 
as  noticias  pertencentes  a  eíla  Bibliotheca,  as  procurey  com  difvelo  em  varias 
livrarias  que  eraõ  depoíitos  de  muitos  Efcritores  Portuguezes,  cujas  obras 
naõ  lograrão  o  beneficio  da  luz  publica,  onde  colhi  copiofo  fruto,  como  tam- 
bém de  pefToas  eruditas,  que  zelozas  da  immortal  fama  da  Naçaõ  Portugueza. 
fe  intereíTaraõ  em  taõ  illuílre  empreza.     Seria  juftamente  accufado  do  feyal 
crime  de  ingrato,  fe  naõ  confeíTaíIe  publicamente  quanto  eHa  obra  he  devedora! 
às  incanfaveis  deligencias  dos  Reverendos  Padres  Fr.  Marcelliano  da  Afcenfaõ] 
Monge  Benedictino ;  Fr.  Manoel  dos  Santos  Monge  Ciftercienfe,  Chronifta  deftc 
Reyno,  e  Académico  Supranumerário  da  Academia  Real,  Fr.  Jacinto  de  S.  Migue| 
da  Ordem  de  Saõ  Jerónimo,  Fr.  Gonçalo  RouíTado  da  Ordem  dos  Pregadores, 
feu  irmaõ  Fr.  António  RouíTado  Eremita  Auguíliniano,  Fr.  Manoel  de  Saõ  Damafc 
da  Ordem  dos  Menores  da  Província  de  Portugal,  e  Académico  Supranume- 
rário da  Academia  Real,  Fr.  Joaõ  de  NoíTa  Senhora  da  Província  de  Xabregas, 
e  feu  Chroniíla,  Fr.  Francifco  da  Conceição  da  Ordem  Terceira  da  Penitencia; 
Fr.  Simaõ  de  Brito  da  Ordem  da  SantiíTima  Trindade,  o  P.  André  de  Barros 
da  Companhia  de  JESUS,  e  Académico  da  Academia  Real,  Fr.  António  das 
Chagas  Carmelita  Defcalço,  e  Fr.  Francifco  de  Santa  Maria  Chroniíla  deita 
exemplariíTima  Reforma,  os  quaes  atendendo  igualmente  pela  gloria  da  Pátria, 
e  da  fua  Religião  fe  empenharão  com  louvável  emulação  a  communicarme 
benevolamente  as  noticias  dos  Religiofos,  que  nos  feus  Clauílros  foraõ  vigi- 


Í Jantes  cultores  das  fcicncias,  cujo  erudito  efquadraõ  pelo  numero,  e  quali- 
idade  fcrvio  de  mageílozo  ornato  a  cila  Bibllothcca.  Determinado  eílava  a 
cfcrcvclla  na  língua  Latina,  na  qual  naÕ  pequena  parte  tinha  compofto,  mas 
arrcpcndimc  da  rcfoluçaõ,  confiderando  que  feria  iníructuofo  efte  meu  trabalho 
para  muitos  Portuguezcs,  que  ignoraõ  aqucllc  idioma,  o  qual  poíTuindo  indu- 
bitavelmente entre  todos  o  principado,  lhe  preferem  com  indifcreta  eleição 
o  eftudo  de  outras  línguas,  que  ainda  que  polidas,  lhe  faõ  fummamente  infe- 
riores, aíTim  na  magcftadc  da  Origem,  como  na  energia  da  locução.  Efta  foy 
a  caufa  que  me  moveo  a  que  mudando  de  eíUlo,  e  de  língua  antepuzeíTe  a  ma- 
terna à  Latina,  para  que  a  utilidade,  que  fe  pôde  colher  da  líçaõ  deíla  obra, 
foíTe  a  todos  patente.  Entre  muitas  que  tem  logrado  da  luz  publica  mereceo 
a  diílincçam  de  fer  allegada,  antes  de  imprcfla,  por  celebres  Efcritores,  como 
Ibraõ  o  P.  António  dos  Reys  in  lltithuftajm,  Poettc,  n.  202.  o  Excellen- 
tiflimo  Conde  da  Ericeira  Cenfor  da  Real  Academia  cm  a  Notic,  da  Conjerenc, 
ia  Acad.  Real  de  27.  de  Julho  de  1724.  e  na  Biblioth,  Souv^ana  pag.  79.  e  80.  Fr. 
Pedro  Monteiro  Académico  da  Academia  Real  Claujl.  Domin,  Tom.  3.  pag.  317. 
e  322.  e  o  Beneficiado  Francifco  Leytaõ  Ferreira  Académico  Real  em  as  Notic, 
Cronolog.  da  Univ.  de  Coimh,  pag.  551.  §.  1178.  fendo  taõ  honorificas  memorias 
nobres  eftimulos  para  que  fatisfizeíTe  aos  feus  dezejos  rompendo  todos  os  obíla- 
Culos,  que  fatalmente  fe  confpiravaõ  contra  efte  fim.  Para  naõ  fer  tediofa  a 
fua  liçaõ  me  abftive  de  diíTertaçoens,  que  ainda  que  breves,  fempre  faõ  impor- 
tunas, principalmente  fobre  matérias,  em  que  por  eftarem  nervofamente  con- 
trovertidas por  doutiíTimas  pennas,  era  fuperfluo  tranfcrever  o  que  jà  eílava 
I  folidamente  difcutido.  Entre  a  numerofa  multidão  de  Authores  julguey  que 
deviaõ  fer  admitidos  aquelles,  que  efcreveraõ  obras  pequenas  por  ferem  partos 
de  homens  grandes  das  quaes  fe  publicarão  no  feculo  paíTado,  e  no  prezente 
muitas  Collecçoens  para  eternizar  a  fua  memoria,  como  faõ  a  Bibliotheca  Vatrum, 
as  hiçoetts  antiguas  de  Henrique  Canifio,  o  Specilegio  de  D.  Joaõ  Lucas  D'  Achery, 
o  The^oí4ro  dos  Anecdotos  de  D.  Edmundo  Martene  ambos  Monges  Benedictinos, 
a  Vallade  Bambina  de  Carlos  Cartari,  e  a  Bibliotheca  Volante  de  Joaõ  Cinelli.  Bem 
conheço  que  pudera  fahir  eíla  Bibliotheca  ornada  de  mayor  copia  de  Efcritores, 
cujos  nomes,  e  compofiçoens  eílaõ  occultos  à  minha  noticia,  porém  como  efte 
género  de  eftudo  pela  fua  vaftidaõ  he  inexhaurivel,  e  fempre  eftá  admitindo 
novos  fuplementos,  deixo  aos  fublimes  efpiritos,  que  continuarem  taõ  illuftre 
empreza,  a  gloria  de  a  augmentarem  defcubrindo  como  os  Aftronomos  novas 
eftrellas  para  ornato  defte  Firmamento  literário.  Os  defeitos  de  que  poíTo  fer 
arguido  pela  feveridade  dos  Ariftarchos,  faõ  mais  dignos  de  clemência,  que 
cenfura,  por  fe  originarem  de  tantas  informaçoens  alheyas,  que  fatalmente 
conduzem  a  inevitáveis  erros,  dos  quaes  fe  naõ  pode  livrar  o  Author  mais 


perfpicàz  Quam  oh  rem  (acabo  com  a  íincera  proteilaçaõ  do  inílgne  Efcritor  da 
Bibliotheca  Sancta  Fr.  Xiílo  Senenfe  tn  Frafat.)  hortor  pios  l^eãores,  in  quorum 
fatiam  hunc  qualemcumque  laborem  multis  vigiliis,  judorihus,  (&  honarum  horarum 
dijpendiis  Jujcepimus,  ut  fi  qua  in  Scriptis  méis  invenerint,  qucs  aã  utilitatem  legentium 
iudicent  pertinere,  grafias  agant  optimis  Ecclejia  authorihus,  ex  quorum  immortalihus 
monumentis  mutuati  Jumus  quidquid  huc  honi  contulimus :  fi  quid  autem  minus  reãè  diãum, 
aut  imprudenter  aherratum  deprehenderint :  (nam  <&  homines  Jumus,  (&  in  multis, 
ut  tnquit  Apofiolus,  offendimus  omnes)  iterum  eos  ohjecro,  atque  ohteftor,  ne  id  aut 
arrogantice,  aut  malitice,  aut  aliis  privatis  affeãibus  tribuant,  Jed  imbecillitati  potius, 
ac  tenuitati  mece  ascribant,  modefie  corrigentes,  (&  fincere  emendantes  quacumque  ipfis 
caftigatione  digna  videbuntur. 


I 


LICENÇAS 

> 

DO    SANTO   OFFICIO. 


CENSURA  DO  M,   R.   P.  M,  Fr,  ANTÓNIO  DO  SACRAMENTO 

da  Ordem  dos  Pregadores,  Doutor  em  a  Sagrada  Theologia  pela  Univer- 

Jidade   de    Coimbra,  Qualificador  do   Santo    Officio,   Exprovincial 

da  Jua  Religião, 


eminentíssimo  senhor. 


JA*  agora  manifefta,  e  demonftra  a  experiência  a  grande  fortuna,  e  felici- 
dade, que  trouxe  a  Portugal  a  bemaventurada  Idea,  em  que  fe  concebeu, 
e  formou  a  fempre  Regia,  e  auguíla  Academia  Portugueza,  quero  dizer, 
aquelle  luftrofo,  e  literário  Olympo,  Olympus  ideji  totus  fulgens,  em  que  fe 
vem  defprezadas  as  fombras,  e  eílimadas  as  luzes,  preteridas  as  nuvens,  e  adian- 
I  adas  as  eílrellas,  nubes  excedit  Olympus,  próprio  timbre,  e  brazaõ  da  Academia 
Portugueza  em  que  tudo  fe  reílitue  à  fua  natural  armonia,  deixado  o  menti- 
rofo,  e  o  falfo,  e  fomente  pertendido  o  ferio,  o  fagrado,  e  o  verdadeiro,  Refiituet 
omnia.  Prezidia  naquelle  Olympo,  ou  firmamento  Júpiter,  apadrinhando  com 
as  fuás  influencias  a  hum  congreíío  de  Divindades:  Venit  Olympum,  ubi 
fedes  deorum  dicitur  ejje;  Júpiter,  ideft,  Vater  juvans,  e  com  fuperior,  Chriílaõ,  e 
fagrado  impulfo  apadrinha,  e  ampara  aos  feus  Académicos  a  Mageílade  Sere- 
niíTima  do  noílo  magnifico  Monarcha  fazendo-os  conduzir  até  o  interior  dos 
feus  Palácios,  naõ  para  que  como  Divindades  fe  adorem,  mas  fim  como  a  orá- 
culos, que  em  Portugal  fe  ouçaõ,  e  em  todo  o  Mundo  fe  refpeitem. 

Sobe  agora  à  prezença  de  V.  Eminência  firmando  eftes  refpeitos,  e  eílas 
fortunas,  naõ  fó  em  Portugal,  mas  em  todo  o  Mundo  com  as  fuás  letras,  com  as 
fuás  applicaçoens,  e  trabalhos,  o  Reverendo  Padre  Diogo  Barbofa  Machado, 
Abbade  da  Parochial  de  Santo  Adriaõ  de  Sever,  digniífimo  Académico  do 
numero,  expondo  a  V.  Eminência  para  as  licenças  da  eílampa,  naõ  hum  livro, 
que  fe  conclue  em  huma  fó  particular  matéria,  fim  o  primeiro  Tomo  de  huma 
Bibliotheca  univerfal,  em  que  fe  haõde  comprehender  os  nomes,  e  as  matérias 
literárias,  em  que  fe  aflinalaraõ  os  Varoens,  e  os  Heróes  Portuguezes.  Bem  fe 
entende  que  menos  bailava  para  fe  dar  a  conhecer  em  Portugal,  naõ  fó  a  fortuna 
da  Academia,  mas  taõbem  o  grande,  e  o  fuperior  talento  do  Author  da  Biblio- 
theca; pois  qualquer  obra,  que  foíTe  do  Author,  na  luz,  e  doutrina,  que  commu- 
riica,  leva  o  Clarim,  que  a  pregoa,  e  a  declama;  defafiado  porém  do  zelo,  e  amor 
da  Pátria  rompe  neíte  grande  parto  do  feu  talento,  e  juizo,  para  que  naõ  cedeUe 
3m  menor  reputação  da  Academia  o  naõ  acudir  athequi  às  expectaçoens  do 


Mundo,  que  todo  fufpirava  por  efta  obra  taõ  útil,  e  neceflaria :  e  em  que  fe  vem 
fepultadas  aquellas  juílas  Criticas,  com  que  feriaõ  os  eftranhos  aos  Portuguezes, 
que  até  o  tempo  prezente  tem  dado  a  conhecer  os  feus  Heróes  em  muito  dif- 
perfas,  e  pouco  atendiveis  Imagens,  ou  em  Copias,  que  naõ  tinhaõ  aquellas 
femelhanças,  com  que  deviaõ  correfponder  aos  feus  Originaes. 

Tudo  fe  acha  jà,  e  f e  verá  reílituido  neíta  grande  obra,  e  correrá  com 
tanta  fortuna  o  Mundo  todo,  que  voluntariamente  lhe  fará  aquella  Confiílaõ, 
que  faziaõ  os  Aftros  ao  Sol,  quando  Apelles  o  retratou  no  meyo  do  firmamento 
com  efta  Epygraphe. 

Nihil  Jine  te  lucet. 

De  todas  eílas  atençoens,  e  refpeitos  fe  faz  digno  hum  congreíTo,  que 
mereceu  à  fortuna,  naõ  Gentilica,  mas  Catholica,  a  protecção  de  hum  Monarcha, 
que  pellas  Operaçoens  do  trono  tem  ennobrecidas  as  Antonomazias  de  Magni- 
fico, e  que  conta  no  numero  dos  feus  Académicos  o  Author  defta  grande  Obra, 
cuja  capacidade,  e  talento  deixa  menos  preciofos  os  mais  elevados  panegiricos, 
que  fó  podem  dignamente  formarlhe  ou  as  difcretas-  lingoas  das  fuás  mayores 
capacidades,  ou  os  eloquentiíTimos  clamores  dos  feus  fingulariffimos  mereci- 
mentos. 

E  porque  nefta  grande  obra  naõ  encontrey  couza,  que  fe  opponha  ou 
à  noíTa  Fé,  ou  bons  coftumes,  he  digno  o  Supplicante  da  licença,  que  pertende. 
AíTim  me  parece.  V.  Eminência  mandara  o  que  for  fervido.  S.  Domingos  de 
Lisboa  em  6.  de  Setembro  de  1739. 


O  Doutor  Fr.  António  do  Sacramento. 


I 


CENSURA    DO   M.    R.    P.    D.    CAETANO    DE    GOUVEA, 
Clérigo   Regular,  Qualificador  do  S,   Officio,   Examinador  das 
Ordens  Militares,  e  Académico  do  numero  da 
Hijloria  Real, 


eminentíssimo  senhor. 


LI*,  c  examinei,  como  V.  Eminência  foy  fervido  ordenarme,  o  pri- 
meiro   Tomo  da  Bibliotheca  Portugueza,  que  com  incanfavel 
indagação,  c  em  clegantiffimo  eftilo  compoz  o  Abbade  de  Sever 
Diogo  Barbofa  Machado  meu  CoUega  na  Academia  Real;  e  para 
expor  o  juizo  que  pude  formar,  digo  a  V.  Eminência,  que  jà  o  primeiro, 
c  fegundo  Tomo  das  Memorias  para  a  Hiíloria  delRey  D.  Sebaíliaõ, 
que  eílc  Sábio  Author  efcreveu,  e  que  a  Academia  Real  approvou,  e 
mandou  imprimir,  tem  feito  taõ  recomendável  o  feu  nome  na  Republica 
das  letras,  que  fe  athequi  o  antigo,  e  illuftre  Appellido  de  Barbofa  occupava 
o  primeiro  lugar  no  Cathalogo  dos  Jurifconfultos,  também  agora  o 
occupa  no  dos  Hiftoriadores.    Porém  ainda  que  aquella  excellente  obra 
pela  mageftoza  elegância  da  narração,  e  pela  ordem,  e  variedade  das  no- 
ticias, de  que  algumas  faõ  totalmente  anedoctas,  faz  taõ  benemérito 
a  feu  Author  da  veneração  publica,  eíla,  que  agora  pertende  imprimir, 
o  faz  digniíTimo  da  veneração,  e  do  publico  agradecimento,  porque 
nella  dá  a  conhecer  ao  mundo  huma  das  mayores  glorias  de  Portugal, 
moftrando  que  o  noflb  Reyno  naõ  he  menos  fecundo  de  Sábios,  que  de 
Heróes.    Todas  as  fciencias,  e  todas  as  artes  devem  huma  grande  parte 
da  perfeição,  a  que  hoje  eílaõ  reduzidas,  aos  Authores  Portuguezes, 
porque  em  todas  tem  efcrito  com  grande  propriedade,  acerto,  e  erudi- 
ção, mas  da  gloria  com  que  as  illuftraraõ,  ainda  naõ  haviaõ  recebido 
hum  digno  premio.   No  Templo  da  Sabedoria  fe  viaõ  gravados  os  feus 
nomes  com  Caracteres  de  indelével,  e  gloriofa  duração,  mas  ainda  no 
mefmo  Templo  fe  naõ  admiravaõ  collocadas  as  Imagens  de  todos, 
e  das  que  formarão  Artífices  Eftrangeiros,  poílo  que  eraõ  peritos,  como 
naõ  conheciaõ  os  originaes,  pela  mayor  parte  fahiraõ  imperfeitas.    Três 
Portuguezes  applicaraõ  a  fabia  maõ  a  efta  grande  Obra,  mas  tiveraõ 
a  infelicidade  ou  de  a  naõ  concluir,  ou  de  naõ  fe  fazer  publico  o  feu  tra- 
balho.   Eíiava  refervada  eíla  gloria  para  huma  penna  igualmente  dif- 
creta,  e  erudita,  e  jà  refpeitada  pela  perfeição  de  outras  obras.   E  fe  como 
obfervou  a  difcriçaõ  de  Plinio,  não  he  mayor  a  gloria  de  merecer  huma  Lib.  i.  Epijt.  17. 
Eílatua,  que  a  de  erigila,  erigindo  o  Abbade  de  Sever  neJfta  Bibliotheca 
a  cada  hum  dos  Sábios  Portuguezes  huma  Eílatua  em  que  taõ  nota- 
velmente fe  reprefentaõ,  devo  dizer  com  a  authoridade  do  mefmo 
Plinio,  que  he  taõ  grande  a  fua  gloria,  que  iguala  a  de  todos. 


Porém,  Senhor  EminentiíTimo,  com  a  compoziçaõ  deíla  excel- 
lente  obra  naõ  fó  fe  engrandece,  e  eterniza  a  gloria  de  feu  Author,  pela 
que  dá  a  tantos  Sábios,  que  tem  florecido  nefte  Reyno,  e  nas  fuás  dila- 
tadas Conquiílas,  mas  pela  grande  utilidade,  que  receberão  todos,  os 
que  por  meyo  das  fuás  fadigas  litterarias  afpirarém  à  mefma  gloria, 
fem  hum  exacto  conhecimento  dos  Authores,  das  obras  que  compu- 
zeraõ,  do  génio,  e  applicaçaõ  com  que  trabalharão;  e  muitas  vezes  do 
tempo  em  que  efcreveraõ,  nenhuma  fciencia  fe  pôde  faber  com  per- 
feição, porque  naõ  baila  fó  eíludar,  he  neceíTario  fazer  juizo  do  que  fe 
eíluda,  e  diítinguir  o  bom  do  que  he  máo,  o  verdadeiro  do  que  he  falfo ; 
o  que  facilmente  fe  confegue  pelo  eíludo  das  Hiftorias  litterarias,  ainda 
que  com  mayor  facilidade  por  meyo  daquellas  que  faõ  juntamente 
Criticas,  e  em  que  com  a  noticia  dos  Authores,  obras,  e  ediçoens,  fe 
faz  hum  judiciofo,  e  exacto  exame  deíTas  mefmas  obras;  e  bem  poflb 
affirmar  a  V.  Eminência  que  he  taõ  vaíla  a  erudição  do  Abbade  de  Sever 
que  naõ  lhe  feria  difFicil  compor  deita  forte  a  fua  Bibliotheca,  moílrando 
que  em  todos  os  Artigos,  era  Hijioria,  e  Critica,  como  o  he  em  alguns; 
mas  fendo  efte  beneficio  o  mayor,  que  podia  fazer  ao  publico,  muitos 
dos  que  o  recebeílem,  o  teriaõ  por  injuria;  porque  eílimando  todos 
que  lhes  louvem  os  acertos,  poucos  goílaõ,  que  lhe  reprehendaõ  os  erros. 

Sabe  o  Abbade  de  Sever  taõ  perfeitamente  a  lingua  Latina, 
como  a  Portugueza;  em  huma,  e  outra  he  o  feu  eílilo  do  feculo  dos 
Auguítos,  naquella  do  de  Roma,  e  neíla  do  de  Portugal,  em  que  temos 
a  fortuna  de  viver,  mas  preferio  a  Portugueza  à  da  antiga  Roma,  para 
moílrar  que  a  noíTa  naõ  cede  à  latina,  nem  na  elegância,  nem  na  mageftade, 
confagrando  defta  forte  à  fua  gloria,  e  à  da  Pátria  o  mais  illuftre  monu- 
mento, e  para  que  de  todos  feja  admirado,  deve  V.  Eminência  dar  licença, 
que  fe  exponha  ao  publico,  porque  também  nelle  julgo  eternizada  a 
gloria  da  fé,  e  dos  bons  coílumes.  Lisboa  Occidental  neíla  Cafa  de  N. 
Senhora  da  Divina  Providencia  de  Clérigos  Regulares.  25.  de  Setembro 
de  1739. 


D.  Caetano  de  Gouvea  C.  R. 


DO     ORDINÁRIO. 


CENSURA    DO    MUITO    R.    P.    M.    Fr.  AGOSTINHO    DE 

S,   Boaventura,    Rtligiojo  de  Saõ   Paulo  primeiro   Ermitão, 

Lente  Jubilado  em  a  Sagrada   Theologia,  t  Geral 

duas  ve:(es  da  Jua  Keligiaõ, 


EXCELLENTISSIMO,   E  REVERENDÍSSIMO   SENHOR. 


ORdena-me  V.  Excellencia  que  veja  efte  primeiro  Tomo  daBiblio- 
theca  Lufitana,  Hiílorica,  Critica,  e  Chronologica  efcrita  pelo  feu 
dignifílmo  Author  Diogo  Barbofa  Machado  Abbade  da  Paro- 
chial  Igreja  de  Santo  Adriaõ  de  Sever,  e  Académico  do  numero 
da  Academia  Real;  e  mandar-me  que  veja  aquillo  mefmo,  que  por 
conta  da  utilidade  publica  anciofamcnte  dezejava,  he  beneficio  taõ 
artificiofo,  que  fabe  introduzir  o  merecimento  da  obediência  até  no 
gofto  da  vontade  própria.  Naõ  fe  me  podia  cometer  mais  deleitavel 
occupaçaõ,  do  que  verem  os  meus  olhos  huma  obra  taõ  grande  como 
fufpirada,  taõ  neccíTaria  como  polida,  e  taõ  proveitofa,  que  o  mefmo 
xame  que  nella  fe  faz  fuperfluo  para  o  rigor  da  cenfura,  fica  fendo  liçaõ 
preciza  para  o  eítudo  das  noticias.  A  vaftiíTima  erudição  do  Author 
tranfcendente  por  toda  a  hiíloria  aífim  domeftica,  como  eftranha,  foy 
a  que  correndo  pelas  muitas,  e  numerofas  Bibliothecas,  que  os  Reynos, 
as  Republicas,  as  Religioens,  e  as  Univerfidades  mais  florentes  de  toda 
11  Europa  tem  dado  ao  prelo  para  eternizarem  a  fama  dos  feus  efcritores 
nacionaes,  lhe  excitou  naõ  fó  a  reflexão  fobre  a  falta  (certamente  nafcida 
da  fua  mefma  abundância)  que  de  femelhante  bem  merecida  memoria 
tem  havido  no  noíTo  de  Portugal;  mas  também  o  ardentiífimo  dezejo 
de  livrar  a  fua  pátria  de  huma  fofpeita  taõ  injuriofa,  como  feria  prezu- 
mirem  as  outras  naçoens,  que  na  nofla,  ou  naõ  havia  efcritores,  que  a 
efte  aííumpto  podeíTem  fervir  de  gloriofa  matéria,  ou  naõ  havia  engenhos, 
que  o  foubeíTem  animar  com  a  viveza,  e  vitalidade  de  huma  elegante 
forma.  Mas  fendo  efta  empreza  taõ  árdua,  que  fomente  a  fua  idea  hà 
mais  de  hum  Século  intentada,  baftou  para  engrandecer  aquellas  pennas, 
que  principiarão  a  lançar-lhe  as  primeiras  breves,  e  confuzas  linhas,  o 
Author  a  dezempenha  agora  felizmente,  e  com  todo  aquelle  incompa- 
rável exceílo,  com  que  os  Gigantes  fe  adiantaõ  no  paíTo  a  todos  os  outros 
homens,  e  as  águias  fe  elevaõ  no  voo  fobre  todas  as  outras  aves. 

Porque  aquella  mefma  mifteriofa  Ordem  da  Providencia,  que 
rezervou  efta  admirável  producçaõ  (como  elle  mefmo  judiciofamente 
pondera)  para  o  feliciíTimo  Reinado  de  hum  Monarcha  taõ  fabio,  como 


poderofo,  que  no  Paraizo  de  Portugal  tem  feito  cultivar,  florecer,  e 
frutificar  mais  que  nunca  a  arvore  da  fciencia;  deílinou  também  para 
a  mefma  dourada  idade  o  agudiíTimo  engenho,  e  os  infatigáveis  eíludos 
de  hum  efcritor  taõ  applicado,  taõ  comprehenfivo,  e  taõ  fecundo,  que 
dá  logo  por  fruto  naõ  menos,  que  huma  inteira  livraria,  e  taõ  confumada, 
que  em  cada  huma  das  fuás  numerofas  folhas  fe  eílá  logo  conhecendo, 
que  todas  faõ  da  arvore  da  fciencia :  a  qual  naõ  he  delineada  para  outro 
fim,  mais,  que  para  hum  nobre,  e  immortal  domicilio,  em  que  vivaõ 
novamente  todos  os  Authores  Portuguezes  izentos  já  das  pençoens  da 
mortalidade  para  hum  eterno,  e  fideliíTimo  depofito  dos  feus  nomes, 
dos  feus  naf cimentos,  das  fuás  pátrias,  das  fuás  acçoens,  das  fuás  vidas, 
e  até  das  fuás  fepulturas ;  e  finalmente  para  hum  rico,  e  univerfal  thezouro 
dos  eíludos,  das  obras,  dos  manufcriptos,  e  athe  das  efpeculaçoens  de 
todos  os  engenhos,  que  na  pátria  tem  florecido  defde  o  primeiro  Século 
da  Igreja,  e  ílorecem  ainda  agora;  e  por  iíTo  verdadeiramente  thezouro 
athequi  ef condido,  mas  já  patente,  e  defcuberto,  em  que  fe  manifeíla 
tudo  quanto  na  republica  das  letras  tem  havido,  e  há  preciofo  aíTim  novo, 
como  antigo;  fendo  efta  excellente  obra  como  huma  flamante  tocha, 
que  dà  grande  luz  aos  eítudiofos  em  todas  as  artes,  em  todas  as  faculdades, 
em  todas  as  fciencias  para  faberem  quaes  saõ  os  primeiros  Oráculos, 
que  devem  confultar  entre  os  feus  mais  infignes,  e  mais  famigerados 
profeílores. 

Inaííequivel  parecia  eíle  empenho  à  vida,  às  forças,  e  à  applica- 
çaõ  de  hum  único,  inda  que  fingularifQmo  efcritor;  mas  nem  eíle  argu- 
mento podia  achar  mayor  Atlante  para  fuílentar,  e  para  revolver  a  immenfa 
gravidade  do  feu  pezo;  nem  eíle  efcritor  podia  achar  matéria  mais  ade- 
ciaudian  lib.  3.  de  quada  à  a6lividade  taõ  fina,  como  forte  do  feu  engenho,  fe  naõ  fó 
na  de  hum  argumento  que  parecia  inaíTequivel,  e  por  iílo  a  fua  vigilante, 
incanfavel,  e  exadliíTima  averiguação  o  confegue  taõ  acertadamente,  que 
poíTo  dizer,  que  nas  obras  deíle  género,  naõ  fó  efcurece  aos  antigos, 
mas  também  eíleriliza  aos  vindouros;  como  já  diíTe  Claudiano  a  outro 
intento. 

Ohjcurat  veteres,  ohjcurabitque  futuros, 

O  que  faz  com  eflilo  taõ  admirável,  que  hé  breve  com  clareza, 
claro  com  profundidade,  profundo  com  elevação;  he  eloquente  fem  re- 
dundância, fubílanciofo  fem  eílerilidade,  difcreto  fem  affeélaçaõ,  e  final- 
mente taõ  copiofo,  que  fendo  as  matérias,  de  que  trata,  taõ  femelhan- 
tes,  e  omogeneas,  como  faõ  nafcimentos,  pátrias,  eíludos,  compofi- 
çoens,  óbitos,  e  jazigos  de  tantos  Varoens  infignes,  elle  as  defcreve 
com  differentes,  naturaes,  e  fempre  novas  expreíToens;  como  peritif- 
fimo  artífice,  que  do  mefmo  ouro,  e  dos  mefmos  diamantes  fabe  formar 
muitas,  e  diverfiffimas  joyas,  que  primorofamente  lavradas  na  OíFi- 
cina  deíla  grande  Bibliotheca  ferviraõ  de  novo,  e  luzidifimo  ornamento 


laud.  Stílic. 


là  Coroa  Pottugueasa;  porque  a  noíTa  Lufitania  fcmpre  temida  por  Palias 
hcllicofa  nas  campanhas,  fe  verá  igualmente  reverenciada  por  Minerva 
l:il)ia  nas  cfcolas;  devendo-lhe  affim  a  pátria  neíla  obra  aquella  primazia, 
que  a  antiguidade  deu  jà  às  letras  na  competência  das  armas,  quando 
póz  a  coroa  naõ  nas  MaÕs  bellicofas  de  Palias,  mas  na  Qbcça  fabia  de 
Minerva. 

E  fe  os  Romanos  collocaraÕ  as  fuás  primeiras  Bibliothecas  ou  nos  vitift-  Lêxu.  m. 
templos,  como  a  de  Augufto  no  de  Apolo,  ou  nos  palácios  como  a  'j^^'^!^'„^ 
Tiberiana  no  de  Tibério,  reconhecendo,  que  a  eíles  illuílres  depoíltos 
da  Sabedoria  naõ  fe  lhe  devia  menor  cuftodia,  que  ou  a  tutela  dos  Deofes, 
ou  a  protecção  dos  Príncipes:  a  efta,  que  fendo  o  primeiro,  e  gloriofo 
monumento  de  todos  os  engenhos  da  pátria,  nada  contem  oppofto  à 
pureza  da  nofla  fé,  aos  dogmas  da  Igreja,  ou  aos  coftumes  Christaõs, 
uites  muitos,  e  admiráveis  exemplares,  que  igualmente  enfmaõ  as  letras, 
IS  virtudes,  claro  eftá,  que  melhor  do  que  ás  outras  lhe  hé  devida  jufta- 
incntc  huma,  c  outra  foberana  protecção:  a  do  Príncipe,  para  que  entre 
.1  collecçaõ  dos  feleftiffimos  livros,  que  fe  gloreaõ  de  terem  por  domi- 
cilio ao  feu  auguíto  palácio,  fe  digne  de  admittir,  e  de  ennobrecer  a 
huma  obra,  que  também  he  collecçaõ  de  Sábios  feus  VaíTallos;  os  quaes 
afpiraõ  á  honra  de  huma  taõ  alta  cuílodia,  porque  à  Real  protecção  de 
huma  Mageílade  Portugueza  tem  mais  direito  huma  Bibliotheca,  que 
toda  he  Lufitana.   A  de  Deos,  porque  como  elle  mefmo  affirma  que  hé  Ego  fum  Aipba, 
Alfa,  e  Omega,  principio,  e  fim  de  tudo,  precizo  he  implorar  a  fua  pode-  '^  ^'"'i"»  P""^ 
roza  maõ,  para  que  a  hum  Author,  que  neíle  primeiro  Tomo  lhe  dà  jidt  dominus 
principio  pela  primeira  letra  do  alfabeto,  fe  digne  de  confervar  a  fua  -d?/». 
importante  vida,  até  que  na  ultima  lhe  chegue  a  pór  o  fim;  para  que    ^'  •  ^-  ^' 
affim  como  efte  hade  fer  a  melhor  coroa  de  toda  a  obra,  feja  também 
I  toda  efta  utiliíTima,  e  excellentiíTima  obra  a  melhor  coroa  de  feu  Author. 
Lisboa  Occidental  Convento  do  Santiffimo  Sacramento  da  Ordem  de 
S.  Paulo  primeiro  Eremita  12.  de  Novembro  de  1739. 


Fr.  Agojlinho  de  S,  Boaventura, 


DO    PAGO 

> 

CENSURA    DO    VISCONDE   DA    ASSECA,    DO   CONSELHO   DE 
Sua  Magejlade,  e  Académico  do  numero  da  Academia  Real, 


SENHOR. 


ABibliotheca  Luíitana,  que  compoz,  e  pretende  imprimir  o  Abbade  Dio- 
go Barbofa  Machado,  me  parece  naõ  fomente  dignifíima  de  que  V.  Ma- 
geílade  lhe  conceda  a  licença  que  pede,  mas  que  paíTando  da  honra  da 
permiíTaõ  para  a  foberania  do  preceito  lhe  ordene  por  credito,  e  por  be- 
neficio do  Reyno  que  a  fua  incanfavel  applicaçaõ  taõ  nobremente  reveítida  de 
decoro,  e  elegância,  de  vozes,  de  propriedade,  e  pureza  de  termos,  de  profun- 
didade, e  elevação  de  conceitos  fe  empregue  na  cuidadofa  continuação  deíla  obra, 
e  os  Efcritores,  a  quem  elle  livrou  da  efcandalofa  injuria  do  efquecimento 
para  o  immortal  applaufo  da  memoria,  animados  na  gloriofa  fadiga  dos  feus 
eíludos,  e  na  eloquente  armonia  da  fua  difcriçaõ  feraõ  ecos  da  fama,  que  merece, 
ou  fallando  por  todos  fera  o  Author  o  elogio  de  íi  mefmo.  V.  Mageílade  man- 
dará o  que  for  fervido.    Lisboa  Occidental  7.  de  Dezembro  de  1739. 


Vijconde  de  Ajjeca. 


CARTA 

DO 
ILLUSTRISSIMO,    E   EXCELLENTISSIMO   SENHOR 

CONDE      DO      VIMIOSO. 


PAra  iu  me  animar  a  fa!(er  hum  breve  elogio  à  infigne  Bibliotheca  que  v.  m, 
compõem  de  Autores  Portugtiei^es  me  vejo  cercado  de  tantas  obrigaçoens,  como 
difficuldades. 

As  obrigaçoens  nacem  da  grandev^a  da  matéria,  do  primor  da  obra,  e  do  mere- 
cimento do  Autor;  a  matéria  copiov^a,  e  uttl,  a  obra  difere  ta,  e  eloquente,  o  Autor  amigo, 
9  Mejlre :  logo  naõ  pode  haver  mayores  obrigaçoens  que  pertender  Jer  juflo,  e  agradecido. 

As  difficuldades  vem  a  Jer  louvar  a  vajlidaõ  das  noticias  quem  naõ  tem  Jciencia, 
a  magejlade  do  efiilo  quem  naõ  tem  elegância,  a  agudeja  dos  penf amentos  quem  naÕ  tem 
dijcriçaõ;  louvar  a  pejjoa  a  quem  Je  profejja  amifade,  e  de  quem  Je  recebeo  a  doutrina 
hm  animo  parcial,  e  jui:(p  apaixonado :  logo  naõ  pode  haver  mayores  difficuldades  que 
procurar  acertos  fem  meyos,  e  vencer  paixoens  com  dejculpa. 

Porém  como  as  obrigaçoens  ainda  pe^aõ  mais  que  as  difficuldades,  venço  ejlas, 
e  digo  que  v,  m.  emprendeo  huma  obra  que  inclue  todos  os  ejiados,  que  abraça  todas  as 
Jerarquias,  que  comprehende  todas  as  profijfoens,  e  por  ijjo  todas  as  virtudes  que  nellas 
Je  praticaõ, 

V,  Aí.  ejcreve  de  Príncipes,  e  nelles,  da  jujiiça,  da  clemência,  da  liberalidade; 
ejcreve  de  Generaes,  e  nelles,  do  valor,  da  prudência,  da  dijciplina :  ejcreve  de  Magijlra- 
dos,  e  nelles,  da  politica,  da  reãidaõ,  da  incorruptibilidade :  ejcreve  de  Prelados,  e  nelles, 
da  vigilância,  da  caridade,  do  :(elo;  ejcreve  de  Keligiojos,  e  nelles,  da  pobreza,  da  obediên- 
cia, da  modejlia,  ejcreve  de  homens  illujires,  e  nelles,  daquelles  dotes  que  os  Ji:^eraõ  mais 
egrégios:  ejcreve  de  homens  humildes,  e  nelles,  daquellas  acçoens  que  os  Jouberaõ  Ja;(er 
illujires. 

Naõ  Jô  fica  devedora  à  penna  de  v.  m.  a  republica  das  virtudes,  também  lhe  fica 
obrigada  a  das  f ciências,  os  myflerios  da  Theologia,  as  demojiraçoens  da  Mathematica, 
os  fijiemas  da  Filofofia,  as  regras  da  Jurif prudência,  os  aforijmos  da  Medicina,  as  figuras 
da  Oratória,  as  flores  da  Poefia,  as  leys  da  Hijloria,  e  todas  as  mais  artes  em  que  v,  m, 
dijcorre  dos  Autores  que  rejere. 

V.  m.  une  em  Ji  Jeli^^mente  aquellas  circunjlancias,  que  a  muitos  Eícritores 
acreditarão  divididas,  porque  v.  m.  he  claro,  e  a  clare:^a  Jet(^  que  muitas  ve:(es  Je  goílajje 
do  que  era  humilde;  he  Jutil,  e  a  Jubtile^^a  Je^  que  muitas  ve^es  Je  perdoajfe  o  que  era 
ejcuro;  he  elegante,  e  a  elegância  Je^  que  muitas  ve^es  Je  ejiimafje  o  que  era  vulgar:  he 
ameno,  e  a  amenidade  /<?^  que  muitas  ve^es  Je  approvafje  o  que  era  Jutil. 

V.  m.  naõ  Je  contentou  com  o  louvor  de  ejcolher  matéria  illudre,  de  ufar  de  expli- 
cação nobre,  de  conceber  conceitos  elevados,  qui:^  o  Jingular  merecimento  de  Jer  o  primeiro 


que  em  Portugal  fi:(ejje  compojiçaõ  dejle  género,  O  bom  ejlilo  imitaje;  a  dijcriçaõ  pulida 
igualaje;  a  Jciencia  profunda  communicaje;  jó  da  gloria  da  prmai(ia  Je  naõ  pôde  parti- 
cipar', Jó  ella  não  Jofre  imitação,  naõ  admite  igualdade,  naõ  conjente  companhia,  e  efta 
he  a  gloria  que  v,  m,  conjegue  apejar  da  modejlia  própria,  e  da  enveja  alheya. 

Outra  ventagem,  ou  privilegio  tem  v.  m,  Jobre  os  outros  EJcritores,  que  he  haver 
de  Jav^er  Jem  vaidade,  antes  por  obrigação,  panegíricos  àjua  me] ma  familia :  pois  quando 
V,  m,  chegar  a  letra  I,  do/eu  doutijjimo  Alfabeto,  hade  louvar precijamente  os  admiráveis 
ejcritos  de  Jeus  irmãos  o  Senhor  D,  ]o!(é  Barbo/a,  e  o  Senhor  Doutor  Ignacio  Barboja 
taõ  capat(es  ambos  de  autorijar,  como  eraõ  de  compor  a  mejma  Bibliotheca. 

V,  m,  a  ejcreve  no  idioma  Vortuguer^j  fendo  igualmente  infigne,  e  podendo  ficar 
mais  conhecido,  e  celebrado  no  idioma  hatino.  Iflo  he  fer  amante,  e  :(elofo  da  Pátria, 
ceder  em  obfequio  delia  até  da  própria  fama,  eftimar  mais  a  lingoa  particular  do  feu 
paif^,  que  a  univerfal  do  mundo;  preferir  as  poucas  acclamaçoens  dos  f eus  naturaes  às 
muitas  dos  eflrangeiros ,  antepor  a  utilidade  da  fua  Naçaõ  à  de  todas  as  gentes. 

Mas  porque  he  tempo  de  cumprir  a  promejja  que  fi^  logo  de  fer  breve,  concluo 
div^endo  que  v.  m,  por  meyo  defla  incomparável  obra  fa^  beneficios  á  Pátria  de  quem 
todos  os  recebem;  que  he  generofo  com  os  mefmos  Soberanos  de  quem  todos  dependem; 
que  louva  os  paffados  fem  ter  amit^ade,  nem  ef per  ar  premio,  que  honra  os  prefentes  fem 
dever  obrigação,  nem  fat^er  lifonja,  que  ferve  aos  futuros  fem  ter  conhecimento,  nem  temer 
inveja,  e  que  merecia  ter  por  panegiriflas  do  feu  engenho  quantos  tem  por  ajjumpto  do 
feu  trabalho.    Guarde  Deos  a  v.  m ,  muitos  annos  2.  de  Abril  de  1741. 


Difcipulo,  e  mayor  Servidor,  e  venerador  de  v.  m. 

Conde  de  Vimiozo. 
Senhor  Abbade  Diogo  Barbofa  Machado. 


II 


IN     LAU  D  EM 

DOCTISSIMI     VIRI 

DIDACI      BARBOSA      MACHADO 

EPIGRAMMA. 


O 


MNIA  noftrorum  Scriptorum  fcripta  fimulquc 
Illorum  laudes  fcriptor  et  ipfe  refcrs. 

Sic  decus  accipics  quod  das,  doctufque  docebis 
Scriberc  eum  de  te  qui  tua  fcripta  leget. 

Comes  Vtmiojenfts, 
AO        SENHOR 

DIOGO      BARBOSA      MACHADO 

Abbade  de  Sever  ejcrevendo  a  Bibliotheca  dos  Autores  Vortugm^^es. 

SONETO. 

0«  tu  que  já  dos  nacionaes  Autores 
Hum  corpo  illuftre  aos  fabios  offereces; 
E  que  dos  mefmos  fabios  naõ  mereces 
Menos  nobres  invejas,  que  louvores. 

O'  tu  que  atributos  tens  mayores 
Do  que  eíTes  Varoens  doutos,  que  engrandeces; 
E  que  chamarte  devem  reconheces 
Sem  lifonja  Efcritor  dos  Efcritores. 

Efcreve  no  Alfabeto,  que  admiramos, 
O  teu  nome,  fe  naõ,  fica  imperfeito, 
Faltando-lhe  hum  Autor,  que  celebramos. 

Naõ  ceda  ao  mais  modeílo  o  mais  perfeito; 
Nem  confintas  já  mais  que  em  ti  vejamos 
Ser  caufa  huma  virtude  de  hum  defeito. 

Do  Conde  do  Vimiojo, 


ELOGIO 

DA 

BIBLIOTHECA     LUSITANA, 

E     DO     SEU     AUTOR 

DIOGO    BARBOSA    MACHADO 

Académico  da  Academia  Real, 


SONETO. 


DO  ILLUSTRIS.  E  EXCELLENTIS.   SENHOR. 

D.     FRANCISCO     XAVIER     DE     MENEZES     CONDE 

Da  Ericeira  Conjelheiro  de  Guerra,  Mejire  de  Campo  General,  e  Cenjor 

da  Academia  KeaL 


DE  ti  fe  queixaõ  Delio  os  Efcritores 
De  que  hoje  immortalizas  as  memorias; 
Porque  as  folhas  lhe  roubas  das  victorias 
Dos  livros,  e  dos  Louros  vencedores. 

Ainda  que  em  Elogios  fuperiores 
Deixas  as  claras  obras  mais  notórias. 
Nas  que  efcreveíle,  lhe  eclipfaíle  as  glorias 
Dos  claros,  e  AppoUineos  refplendores. 

Receaõ  que  fundando  nas  ruinas 
O  edifício,  em  que  agora  os  ennobreces 
Sò  a  Ti  próprio  a  fama  te  deítinas ; 

Com  enganofo  aplauzo  os  defvaneces 
Pois  no  que  efcreves,  hoje  os  illuminas. 
Porém  no  que  efcreveíle,  os  efcureces. 


AO     M.    R.      SENHOR 

DIOGO    BARBOSA    MACHADO 

SAHINDO    A*    LUZ    COM   A  EXCELLENTE 

BIBLIOTHECA 

Dos  Efcritores  Portugueses 
OFFERECE 

FRANCISCO    DE    PINA,    E    DE    MELLO 

ESTE 


J 


SONETO. 


A*  rompe  o  tenebrofo  monumento. 
Da  Lufa  Encyclopedia  o  ardor  Sagrado; 
E  a  naõ  fer  do  efplendor  taõ  amparado. 
Perdera  no  defcuido  o  feu  alento : 


Mas  eíle  renacido  luzimento 
Vos  eftava  (oh  Barbofa)  deílinado ; 
Pois  o  tem  voíTo  engenho  refgatado 
Da  torpe  fervidaõ  do  efquecimento. 

Sobe  com  tanto  impulfo  a  grande  chama. 
Na  Portugueza  gloria,  à  luz  ferena,  ' 

Que  por  todo  o  Univerfo  fe  derrama : 

E  talvez  no  louvor,  que  fe  lhe  ordena. 
Menos  deva  ao  clarim  da  eterna  fama. 
Que  ao  eílrondo  immortal  da  voUa  penna. 


A*    SINGULAR,    E    ERUDITA 

BIBLIOTHECA 

Dos  Authores  Vortugue^^es,  que  compo:^  o  Reverendo  Senhor 

DIOGO    BARBOSA     MACHADO 

Abbade  de  Sever,  e  Académico  da  Academia  Real. 
ROMANCE    HENDECASYLABO. 

DAR  huma  Livraria  inteira  ao  Prelo 
Excede  a  Esfera  do  talento,  e  da  arte, 
Sò  voíTa  immenfa  erudição  fizera 
Ser  taõ  árduo  impoíTivel  praticável. 

A  os  Nacionaes  Autores  concedeftes 
O  honrofo  indulto  de  fó  nella  entrarem. 
Cuja  prerogativa  lhes  imprime 
Para  a  veneração  mayor  Caracter. 

Naõ  fe  emprega  em  menos  nobre  aflumpto 
A  illuílre  penna  de  Efcritor  taõ  grande. 
Sem  que  a  gloria  da  Pátria  foíTe  o  objecto. 
Que  a  attençaõ  dos  eítudos  lhe  levaíTe. 

A's  outras  Bibliothecas  authorizam 
Os  livros,  que  em  íi  incluem,  íingulares, 
Sò  única  efta  fabia  Bibliotheca 
A  os  Livros  lhes  concede  authoridades. 

Se  houve  já  dilatadas  Livrarias, 
Que  tomos  agregando  innumeraveis. 
Na  extenfaõ  defmedida  da  grandefa 
Fundaram  o  motivo  da  vaidade : 

Oh  como  inclue  em  fi  hum  fó  volume 
Infigne  Bibliotheca  mais  notável! 
Pois  para  a  jufta  eíHmaçaõ  do  preço 
Pode  mais,  que  a  extenfaõ,  a  qualidade. 

Inclufos  em  hum  tomo  tantos  livros. 
Mais  grandeza  confeguem  do  que  dantes. 
Pois  eílendem  a  fama,  e  no  conceito. 
Que  delles  fe  formava,  já  naõ  cabem. 


Duplicado  cfplcndor  moftram  as  Obras 
Ncfta  fcgunda  luz,  a  que  hoje  fahem; 
Que  a  douta  penna,  quando  as  manifcíla. 
Lhes  faz  mais  decorofa  a  Mageíbule. 

Inda  aqucllcs  Authores,  cujas  obras 
Naõ  lograrão,  que  a  Fama  as  approvaíTc, 
Com  a  vofla  memoria  ennobrecidos, 
Seu  nome  fc  fará  mais  refpcitavel. 

Alguns,  que  fepultava  o  cfquccimento, 
Devem  à  indagação  do  voflb  exame 
Que  de  efcuras  noticias,  quafi  extintas, 
Renaçaõ  para  fama  perdurável. 

Se  a  quem  patentes  faz  as  Livrarias, 
Deve  o  publico  grande  utilidade, 
Quanto  deverá  mais  a  quem  zelofo 
Naõ  fó  as  faz  patentes,  mas  portáveis? 

Em  periodos  doutos  repartiftes 
Aos  fabios  livros  commodos  lugares. 
Quem  já  vio  Livraria,  onde  fe  admiraõ 
Mais  difcretas,  que  os  livros,  as  Eftantes? 

Com  alto  aíTombro  agora  os  livros  ficaõ 
Na  formal  ordem  com  que  os  collocaftes. 
Se  às  injurias  do  Tempo  refpectivos. 
Aos  aíTaltos  da  Enveja  infuperaveis. 

Vendo  o  excelfo  lugar  em  que  eílaõ  poftos, 
A  mais  foberba  Critica  fe  abate; 
Pois  precifando  reverentes  cultos 
Lograõ  mais  que  refpeito  immunidades. 

Quando  eternos  fazeis  tantos  Authores, 
Voflb  nome  confegue  eternizar-fe. 
Que  com  pródiga  ufura  generofa 
Fica  com  toda  a  fama,  que  reparte. 


De  Joaõ  Manoel  de  Mello. 


PR^STANTISSIMO    VIRO, 

DIDACO      BARBOSA      MACHADO, 

Domino  fuo  maxime  colendo, 

BIBLIOTHECAM 

L  ufi  tanam 
ÁUREO    CALAMO    SCRIBENTI 


ODE 


QUOS  diu  mutam  chelyn  entheato 
Carminum  fuadus  rapis  igne  in  orfus 
Phaebe,  &  oblitum  fidium  immorari 
Plauíibus  unguem? 
Quovocas?  Sacri  licet  amnis  undae 
Effluant,  nullus  mihi  fe  bivertex 
Collis  indulget,  properatve  docta 
Turba  Sororum. 
Anne  Barbofam,  decus  omne  gentis 
Lyíiae,  quanvis  Helicon  pateret 
Se  mihi  totum,  mentis  canendo 

Laudibus  ornem? 
Remige  ignotum  pelagum  volatu 
Trano,  plumanti  peto  vel  natatu 
Doedalus  Coeli  novus,  atque  Ariont 

^quoris  audax. 
Ille  quod  tandem  retulit  fepulchro 
Nunc  viros  doctos,  pariterque  in  aevum 
Tradidit  longum,  memorique  fculpíit, 

Nomina  Coelo: 
Quos  diu  tempus,  velut  unda  labens, 
Obruit,  diris  reparat  ruinis, 
Donat  et  vita  meliore,  numquam 

Quam  teret  aetas ; 
Sive  quod  tantum  pátrias  decorem 
Auget,  et  nullos  cadet  hic  per  annos, 
Hinc  feges  magni  celebranda  plectrum 

Opprimet  Orphei, 


Tollit  Heroas,  Superis  rcmifcct, 
Erigit  quotquot  ílmulachra  Lufis, 
Tot  fibi  mirum  ílatuit  pcrcnni 

JErc  columnas. 
Hunc  Dcum  poflcnt  homincs  fatcri, 
More  íi  Majá  gcniti,  repoftos 
Morte  facundus  rcvocat,  bcatis 

Collocat  aílris. 
Quippc  non  folum  ftudct  acmulari 
Tullium,  ornata  fupcrat  loquclla: 
Principem  pofthac  potiore  quifquis 

Jure  vocabit. 
Par  fibi  conftat,  fimilifque  femper 
Difpares  quamquam  ferat  ore  fenfus, 
Nectaris  pollens,  Charitumquae  totâ 

Fertilis  Hyblâ. 
Ergo  felici  Satã  Marte,  lauro 
Nexa  crinales  obeunte  Cirrhos, 
I  triumphali,  trabeata  palmis 
Gloria  Curru. 
Tuque  dum  procedis,  Jo  Triumphe 
Dic  precor,  dic  rurfus,  Jo  Triumphe, 
Sicque  Barbofae  fatis  apta  claris 
Plaude  triumphis. 
Illius  nomen,  íimul  atque  laudes 
Fama  per  latas  fpatiata  terras 
Evehat,  quá  foi  Oriens,  Cadenfque 
Frsena  retorquet. 
Quaque  non  notos  populos,  &  urbes 
Damnat  asternis  Hélice  pruinis, 
Quaque  ferventes  cúmulos  arenae 

Diífipat  Auíler. 
Ante  fed  crebro  pede  denatata 
Unda  natalem  fcatebram  revifet, 
Ipfa,  Barbofa,  ore  quam  loquaci 

Cuncta  pererret. 
Hsec  tamen  Centum  famulata  linguis 
Det  tibi  plaufum  modo  docta,  Mufa 
Noílra  dum  certe  nequit  altiores 
Promere  Cantus. 


Thomas  Cajetanus  de  Bem  C.  R. 


AUCTORIS 

MIRAM  ELOQUENTIM     VIM  LAUDARE   CONATUR 

HOC  EPIGRAMMATE. 


T 


U  nunc  Romani  Majeftas  prima  Senatus, 

Cu  jus  &  eloquii  fulmen  ab  ore  tonat: 
Tu,  licet  invitus,  Barbofae  cede  diferto ; 

Vinceris  ingenio,  vinceris  arte  íimul. 
Ergo  file,  &  poílhac  te  muta  íilentia  volvant; 

Aut  mirare  tacens  quaeque  legenda  dedit. 
Aíl  non;  rumpe,  precor  vocem;  namque  alter  ab  illo 

Cum  íis,  tu  folum  dicere  digna  potes. 


Thomas  Cajetanus  de  Bem  C.  R. 


eruditíssimo  viro 

DIDACO      BARBOSA      MACHADO 

Bihliotheca  Lufitana 
PRIMUM  VOLUMEN  JÚRIS  PUBLIQ  FAOENTI. 

ELOGI  U  M. 


Siftc  Lector. 

Authori  plaude, 

Qui  omnia  literarum  gcncra 

Una  comprehendit  Bibliothccâ. 

Auctori  plaude, 

Qui  calamo, 

Veluti  Mercurii  Virga, 

Luíitanos  Scriptores 

Compellit  furgere 

Fatali  Oblivionis  è  tumulo. 

Auctori  plaude. 

Opus  à  multis  tentatum 

lUe  unus 

Ad  umbilicum  deduxit. 

Félix  Luíitania 

Tali  prole, 

Tam  grata  fibi,  quam  omnibus. 

Auctori  plaude, 

Optatam  attigit  metam, 

Ut  illum  ducem  fequantur, 

Qui  fequentur, 

Cúm  facile  íit  inventis  addere. 


O.  S,  M.  D.  D.  P. 


AO       SENHOR 

DIOGO      BARBOSA      MACHADO 

Abbade  de  Sever ,  efcrevendo 

A 

BIBLIOTHECA    LUSITANA, 

ROMANCE. 


L 


I. 


USITANO  Plutarco,  que  eternizas 
De  tanto  Efcritor  Luzo  altas  memorias. 
Na  tinta,  com  que  efcreves,  lhe  preparas 
O  balfamo  mais  puro  para  as  obras. 


11. 


Já  com  elle  da  Parca  os  duros  golpes 

Naõ  fentiraõ;  pois  vejo  que  os  informa 
Novo  alento  immortal,  que  eíles  prodígios 
Naceraõ  deíTas  vozes  poderofas. 

III. 

Nos  conceitos,  que  formas  elevados. 

Que  a  Intelligencia  te  fublimas  provas ; 
Mas  nas  vidas,  que  infundes  eloquente. 
Parece  que  a  Deidade  te  remontas. 

IV. 

Da  Lybitina  injuílos  os  triunfos 

No  vafto  mar  do  teu  engenho  aíFogas : 
Naõ  fulminara  os  golpes,  fe  entendera. 
Que  tu  lhe  havias  de  eclipfar  as  glorias. 

V. 

Sabia,  e  gloriofamente  caíHgadas 

Deixas  de  Cloto  as  barbaras  afrontas ; 

Porém  na  qualidade  do  caíHgo 

Lá  defcobre  razoens  para  a  vangloria. 


VERSIO  LATINA 


L 


I. 

USIADUAI  Plutarche,  vagtim  qui  doãaper  Orbem 
Mtemas  monumenta  virum,  queis  hj/ta  florei, 
Yacundum  calamo  quem  reddit  clara  nigredo 
Baljama  componis  Lufts  meliora  lihellis, 

11. 


Inflixit  qucB  Parca  trucí  commota  jurore 

Vulnera  contemnent,  illos  nam  Jpiritus  aura 
Immortalis  agit:  novajunt  miracula  vocum, 
Ilumina  nam  pojjunt  rurjus  producere  vita. 

m. 

Subtili  dum  mente  volas,  ut  'Lifia  laudes 
S cripta,  probas  eivem  clari  te  viver e  cceli: 
Attamen  altijono  cum  reddis  flumine  vitam, 
Eveheris,  credo,  dotes  ad  Numinis  altas, 

IV. 

Barbara  quot  fixit pracox  hibitina  trophaa 
Eloquio  Jubmerja  tuo  petiere  projundum : 
Non  iãus  geminarei  atrox ,  fi  lumina  nojjet 
ímpia  te  denjis  obducere  pojje  tenébris, 

V. 

Gloria  quanta  tibi,  páriter  Japientia  quanta 
Cum  pr obra  caftigas  Cloto  crude  lia  dirá  I 
Dum  tamen  expendit  panam,  quâplexa  recedit, 
Non  dolet,  ajl  ipjo  tormento  elatajuperbit. 


VI. 

Vé  que  he  nobre,  porque  he  do  teu  difcurfo. 
Daqui  para  a  jaâancia  aflumpto  toma: 
Que  íingular  juizo,  pois  ainda 
Quando  caftiga,  o  feu  aggravo  he  honra! 

VIL 

Mas  fe  afíim  honras,  quando  a  Lyíia  vingas. 
Que  mais  hafde  fazer  quando  perdoas? 
Raro  poder  do  teu  entendimento 
Que  até  as  próprias  paixoens  faz  meritórias ! 

VIIL 

Na  juftiça  da  guerra,  que  lhe  fazes. 
Antes  de  combater  já  te  coroas : 
E  fó  de  acçaõ  taõ  grande  os  penfamentos 
Baftavaõ  para  annuncio  das  vidorias. 

IX. 

Ambos  vibrais  as  armas  neíla  empreza. 
Porém  tu  generofo,  ella  envejoza, 
Ella  arraftrada  da  paixaõ  infame. 
Tu  perfuadido  da  virtude  Heróica. 

X. 

A  ti  a  gloria  da  Naçaõ  te  obriga, 
A  ella  o  empenho  de  a  abater  provoca : 
Ella  efgrime  a  robuíla  fouce  horrenda. 
Tu  a  penna  fublime,  illuftre,  douta. 

XI. 

Ella  a  força  põem  toda  nos  feus  braços. 
Tu  poens  no  teu  juizo  toda  a  força; 
Faltaõ-lhe  caufas  para  o  eílrago  a  eUa, 
A  ti  para  o  caftigo,  e  triunfo  fobraõ. 

XIL 

Vio  a  Parca  de  Tullios,  e  de  Homeros 
Luíitania  taõ  fértil  productora. 
Que  temeo,  que  por  elles  efqueceíTe 
A  Deidade  de  Delfos,  e  Dodona. 


VI. 

Bffe  tua  cognojcit  opus,  quia  nobile,  mentis, 
Arripit  hinc  anjamfajlus  ut  turgeat  aftu: 
Quijnam  erit,  ingenium  qui  non  adftdera  tollat, 
Cum  vel  cafiigas,  honor  eji  injuria  clarus, 

vn. 

Sedft  tantus  honos  quando  te  vindice  gaudet 

Lyfta,  quid fácies  ctm  panam,  irajque  remi t tas? 
Vis  quanta  ingenii;  menti  ftat  quanta  poteftas 
Qua  motus  animi  grata  mercede  Jecundat ! 

vni. 

Jujiitiâ,  quâ  hella  moves,  quâfervidus  ardes 

Nondum  aciespugnant,jam  te  tua  J ama  coronat, 
Aude  igitur,  nam  animo  quagrandia  concipis  auja, 
Sufficiunt  ut  lata  tibi  viãoria  plaudat . 

IX. 

Fralia  tentatis,  pugnasqtta  cietis  uterque, 

Tetamen  urget  honos,  livore  at  roditur  illa; 
Ília  animo  trahitur,  maculat  quem  dedecus  atrox, 
Tujolum  heroajuajus  virtutis  amore, 

X. 

Te  L^yjia  cogit  Jublimis  gloria  gentis, 

Perderejed  hufos  Jlimulat  furor  impius  illam: 

Illius  horrendam  verfatfera  dexteraf alcem, 

Tu  calamum  egregium,  doãum,  pariterque  peritum, 

XI. 

Viribus  illa  fuis  fperat  fuperare,  triumphi 
Tufpem  mente  tua  meliorijure  reponis: 
Olli  caufa  deefi  ut  firage  fuperbiat ,  aquam 
Ut  fumas  panam,  et  vincas,  tibi  major  abundat. 

XII. 

ímpia  mors  vidit  Cicerones,  vidit  Homeros 
Fertilitate  Solum  mira  producere  Lufum; 
Excidere  afl  animis  timuit  flupefaãa  dolore 
Numina,  Dodonâ,  Delpbis  qua  orada  tenebant. 


XIII. 

Cega  logo,  tirana,  e  inexorável 

Dos  Campos  de  Minerva  os  Cedros  corta : 
Que  efperaõ  da  eloquência  as  outras  plantas. 
Se  os  Cedros  em  Cipreíles  fe  transformaõ? 

XIV. 

Já  no  coro  das  Mufas  Luíitanas 

Melpomene  Cançoens  triíles  entoa; 
Pois  a  que  era  de  Apollo  Monarchia, 
He  da  morte  funeílo  império  agora. 

XV. 

Murchoufe  o  Pindo ;  as  Fontes  correm  turvas. 
Ou  naõ  correm:  Cadencias  já  naõ  formão 
As  aves;  tudo  he  horror;  fó  geme  ao  longe 
O  paíTaro  nocturno  em  vozes  roucas. 

XVI. 

O  golpe  fente  a  Luíitania,  e  a  falta 

Do  caíligo  a  eíle  infulto  o  mal  lhe  dobra : 
Vingarfe  quer;  naõ  quer  lhe  leya  o  mundo 
Exemplos  de  fraqueza  nas  Hiílorias. 

XVII. 

Quer  que  a  vingança,  porque  a  Fama  viva. 
Se  veja  executada  fem  demora: 
Que  quem  da  Fama  dorme  nos  aggravos. 
Pôde  o  brio  achar  morto  quando  acorda. 

XVIII. 

Para  punirlhe  a  injuria  a  Providencia 
Refervou  tua  penna  gloriofa : 
Mas  penna,  que  de  Apollo,  e  de  Mercúrio 
Ser  me  parece,  no  que  brilha,  e  obra. 

XIX. 

Só  do  poder  do  teu  profundo  engenho 
Fiou  a  Esfera  acçaõ  taõ  prodigioza; 
Que  de  taõ  grande  Alcides  fó  emprezas. 
Com  que  o  Ceo  naõ  concorre,  faõ  impróprias. 


XIII. 

Barbara,  ccsca,  furem,  non  exorabilis  ergo 

Excin^it  Cedros,  jrondentia  dona,  Minerva, 

Arboribus  doílis  quidnam  Jperare  Ucebit, 

Si  qua  Cedrus  erat,jam  nunc  ejl  atra  CupreJJus? 

XIV. 

Cajlalidum  hyftce  reticet  vox  illajuavis, 

Melpomene  trijlisjam  trifiia  carmina  cantat; 
Namfuerat  quondam  qua  dulcis  Apollinis  Aula, 
Nunc  eji  immitis  caligans  Kegiafati, 

XV. 

Langui t  en  Vindus,  fontes  Jua  flumina  turbant, 
Vel  laticesfiagnant,  avium  chorus  ille  canorus  í 
Mthera  non  mulcet,  tenet  omnia  frigidus  horror, 
Et  fonitu  rauco  folum  gemit  atra  volucris, 

XVI. 

Vulneris  impatiens  queritur  gens  Lufa  cruenti, 
Ultiojufta  deefi;  geminatque  hinc  illa  dolorem, 
Sumere  vult  panam,  non  vult  quod perlegat  Orbis 
Hifloriis  tranfmiffa  fuis  exempla  timoris, 

XVII. 

Optat  vindiciam,  pojjit  quâ  vivere  fama, 

Sed  cupit  extempló  sceleris  quod  pana  fequatur : 
Offenfus fama  nam  qui  dat  membra  quieti, 
Defunãum,  inveniet  quando  evigilabit,  honorem. 

XVIII. 

Provida  cura  tamen  calos,  terrafque  gubernans 
Ília  tuum  calamum  pompa  fervavit  ovanti, 
Oui  calamus  !   Vel  Mercurii,  vel  Apollinis  efje 
Crediderim;  tanto  fplendet  fie  illa  nitorel 

XIX. 

Ingenio  vis  illa  tuo  conter  mina  calo 

Credidit  immenfum  tantum  modo  ferre  laborem : 
Nam  que  aliena  tibi  tantum  f as  credere  gefla 
Clara  Jovis  Soboles,  queis  non  arridet  Olympus. 


XX. 

Mas  oh  pafmo !  Que  mar  de  refplandores 
Da  Lufitania  o  campo  innunda,  e  doura? 
Naõ  fey  fe  he  terra,  ou  Ceo?  Sey  que  o  azul  Globo 
Quando  quer  brilhar  mais,  luzes  lhe  rouba. 

XXI. 

Producçaõ  rara  da  tua  penna  infigne 
EíTa  brilhante  innundaçaõ  fe  moilra : 
E  até  as  lingoas  de  fogo  com  que  applaude 
A  teus  triunfos  me  parecem  tochas. 

XXII. 

Para  o  jullo  pregaõ  dos  teus  acertos 

Eraõ  do  veloz  Monftro  as  vozes  poucas : 

A  ajudar  obfequiofa  eíla  armonia 

Naõ  quiz  faltar  a  terra :  abrio-fe  em  bocas. 

XXIII. 

Oh  que  Metamorfofe  foberana 

Teus  acentos  fizeraõ  neíTas  Covas  I 
Já  faõ  vivas  os  ays,  e  em  elogios 
Os  Epitáfios  fúnebres  fe  trocaõ.  ' 

XXIV. 

Palmas  as  cinzas  faõ,  louro  os  Cipreíles, 
Aras  as  pedras,  refplandor  as  fombras. 
As  mortalhas  trofeos.  Templos  as  urnas. 
Imagens  vivas,  as  que  eílavaõ  mortas. 

XXV. 

Reílaura-fe  de  Apollo  o  antigo  Império, 
Cantaõ  flores,  riem  Aves,  brilhaõ  ondas, 
Refplandece,  triunfa,  reyna,  vive 
O  jubilo,  a  eloquência,  a  uniaõ,  concórdia 

XXVI. 

Vive  tudo ;  e  fó  morre  efla  que  piza 

Taõ  foberba  os  Palácios,  como  as  choças; 
Mata-a  a  inveja,  que  aprenderão  ambas 
Inftrucçoês  de  matar  na  mefma  efcoUa. 


XX. 

Atftuporl  JEtberei Jplendoris  copia  quanta 
Luftadum  expatiatur  agros,  circunda t  et  aurol 
Terra  eft,  an  Calum?  No/co  quod  carulus  axis 
Lumina/ubducit  majori  ut  luce  corufcet. 

XXI. 

Hacpraclara  tui  calami  produãio  fulget 

Alluvies  radians,  umbras  quafiernit  opacas; 
Etplaudens  et  iam  vivax  tibijlamma,  triumphos 
Ut  celebret  fejliva  tuos,funalia  credo, 

XXII. 

Ut  meritis  condigna  tuispraconia  dicat 
Indiget  et  verbis  monjlrum  velocius  Euro : 
Objequium  prajlare  volens,  etfundere  cantus 
Deficit  haud  tellus;  muitos  patefecit  hiatus, 

XXIII. 

Oh  !  quam  magnarum  certé  miracula  rerum 

Verba  tua  effojfis  jàm  Junt  operata  cavernis! 
Omfuerant  quondam  Jujpiria  triftia,  pcBan 
Nuncjunt;  ó'  laudes,  fignatum  carmine  Jaxum, 

XXIV. 

Palma  Junt  cineres,  laurusfit  majla  CupreJJus, 
Ara  Junt  lapides,  ardent  Julgoribus  umbra, 
Sunt  delubra  urna,  Junt  lintea,  clara  trophaa. 
Mor  tua  qua  Juerat ,  Jpirans  modo  vivit  imago, 

XXV. 

Antiquum  novat  imperium  Jacundus  Apollo, 

Fios  modulatur,  aves  rident,  undaque  rejulgent, 
Collucet,  regnat,  vincit,  meliujque  triumphat 
Gaudium,  (&  eloquium,  dulcis  concórdia,  Jadus, 

XXVI. 

Omnia  deducunt  vitam,  tantum  occidit  illa, 
Ouajajloja  cajas,  <&  celjapalatia  calcat, 
Invidia  pugione  cadit,  namque  utraque  dirás 
Occidendi  artes  una  didicere  palejlra. 


XXVII. 

Defpedaça-fe,  grita,  brama,  efcuma 
Implacável,  cruel,  e  venenoza; 
E  fe  guerra  fez  grande  à  Lufitania, 
Agora  a  tem  mayor  configo  própria. 

XXVIII. 

Por  boca,  por  ouvidos,  e  por  olhos 
Mongibellos  refpira,  Etnas  arroja: 
E  dos  olhos,  da  boca,  e  dos  ouvidos 
Parece  todo  o  inferno  indigna  Copia. 

XXIX. 

Aonde  eílá,  0'Morte,  o  teu  triunfo? 

Naõ  fabes  de  affrontada  onde  te  efcondas : 
Oh  que  felice  foras,  fe  puderas 
Reduzir  a  cadáver  a  vergonha? 

XXX. 

Movefte  contra  as  Arvores  da  fciencia 
As  tuas  fatáes  Armas  (acçaõ  louca !) 
De  que  fervio  o  eílrago,  fe  o  reítaura 
Quem  arvores  da  vida  as  deixa  todas? 

XXXI. 

Naõ  fabes,  que  eílas  plantas  daõ  as  flores. 
Com  que  a  filha  de  Juppiter  fe  touca? 
E  que  nas  fuás  folhas  por  mais  ricas 
Enthezourava  as  pérolas  a  Aurora? 

XXXII. 

Bailava  eíta  rezaõ  para  o  refpeito; 

Porem  tu  quando  foíle  obfequiofa? 
Se  o  infulto,  o  efcandalo,  e  a  defordem 
Saõ  as  Imagens,  que  o  teu  templo  adornaõ. 

XXXIII. 

Horrendo  Sacrilégio,  o  arruinares 

Do  Sacro  monte  a  gala  mais  viíloza! 
Taõ  feyo  foy,  que  inda  a  CaítaUa,  dizem. 
Murmura  deUa  acçaõ  com  lingoa  folta. 


I 


xxvn. 

Se  lacerai,  dat  vocês,  fpumat,  &  infremit  ore, 
Implacatajurit,  lethalia  toxica  f pirai : 
llt  ft  Lujiadas  contra  fera  hella  paravit , 
Nunc  atrox  majora  parat  certaminajecum, 

xxvin. 

Osjadum,  arreãaqm  aures,  et  lumina  torva, 

Evomit  ardentes  flammas,  &  projicit  áithnas: 
Si  tamen  os  videas,  videas  fi  lumina,  <&  aures 
Carceris  umbrarum  metuenda  videtur  imago, 

XXIX. 

Nunc  immitis  ubi  tua  mors  viãoria?  Ne/cis 
Opprobriis  affeãa  locum,  quo  te  abdere  pojfis. 
Oh  nimiiimjelix,  pojjes  ft  Java  pudorem 
Reddere,  quo  premeris,fadum  Libitina  cadáver? 

XXX. 

Tu  bellum  arboribus,  queis  clara  Jcientia  fulget 
Effera  movijii  fatale  { piacula  Jiulta  !  ) 
ímpia  quidftrages  tibiprofuit?  Innovat  omne, 
Ver  ter e  qui  nojcit  ligna  in  vitalia  plantas, 

XXXI. 

Ignoras  illas  redolentes  promere  flores, 

Queis  caput  exornat  doãum  Jovis  inclyta  gnata? 
In  joliijque  Juis  pretii  majoris  Eoas 
Tithoni  conjux  gemmas  rubicunda  recludit? 

XXXII. 

Hacjatis  una,  reor,fuerat  tibi  cauja  decori; 

Objequium  at  quando  Jolita  es prajiare  Juperba? 
Si  furor,  (ò'  rabies,  audácia,  fcandala  trifie 
Templum  fada  tuum  qua  funt fimulacra  coronant? 

XXXIII. 

Horrendum  facinus  Sacri  cum  evertere  montis 
Invidia  fiimulis  aãa  ornament  a  parafli; 
Tam  deforme  fuit,  quod  adhuc  Parnafia  lympha 
Hoc  fcelus  infandum  fluido  fermone  refellit. 


XXXIV. 

Queres  viva  a  ignorância?  Oh  que  fe  feguem 
ConTequencias  daqui  perniciozas ; 
Quem  naõ  hà  de  fer  nefcio,  fe  fe  obferva 
Que  da  morte  izençoens  o  nefcio  logra? 

XXXV. 

Fatalidade  grande,  que  comtigo 

Menos  as  luzes,  do  que  as  fombras  poílaõl 
Porem  fe  afíim  naõ  fora,  como  havia 
Brilhar  hoje  a  eloquência  vitoriofa? 

XXXVI. 

Mas  oh !  que  a  venda,  que  te  cobre  os  olhos. 
Do  mais  nobre  attributo  te  defpoja: 
Naõ  diítíngues  as  ruinas,  que  fe  as  viras. 
Tal  vez  te  arrependeiles  do  que  profiras. 

XXXVII. 

Quebra  a  fouce :  naõ  tenhas  deíle  eílrago. 

Que  he  mais  penna,  huma  Eftatua  vergonhoza: 
Faze  o  mefmo  ao  Relógio,  naõ  conferves 
Defpertador  de  infâmias  taõ  notórias. 

XXXVIII. 

Olha,  que  te  converte  deshumano 
Em  feculos  de  dor  as  breves  horas : 
Defpedaça-lhe  as  rodas,  fe  naõ  queres 
Que  fejaõ  para  ti  de  Ixion  rodas. 

XXXIX. 

AíiíHda  te  vejo  da  ignorância. 

Que  inconfolavel  a  fua  afronta  chora; 
Mas  na  difcreta  cauza  do  feu  pranto 
Parece  que  do  que  he,  defmente  a  nota. 

XL. 

Que  bárbaro  furor!  Mas  naõ  me  animo 
Vendo  a  excefíiva  dor,  que  vos  fuffoca, 
A  fazervos  preguntas,  que  naõ  quero 
Proveis  fegundo  eílrago  nas  repoílas. 


I 


XXXIV. 

Vijne  rudem  injcitiam  vitam  protendere :  Quanta 
Hinc  (  opus  efi  videas  )  jatalia  damna  jequantur : 
Qtiis  erit,  iguarus  qui  non  velií  ejje  I  Notaíur 
Si  moríi  ignaros  veãigal Joluere  nullum» 

XXXV. 

Fatale  eventum:  ecquis  erit  qui  credere  pojftt 

Plus  um  br  as  tecum,  quam  lumitia  clara  valer e? 
Atjialiter  res  totajoret,  vexilla  Jublime 
FJoquium  baud  poteraí  Julgent ia  ferre  per  Orbem, 

XXXVI. 

Attamen  oh?  Trijlis  quaf afeia  lumina  velat, 
Tefpoliat  miferam  titulo  meliore,  ruinas 
ímpia  pracipitis  nefcis  diflinguere ,  forte 
Illasfi  afpiceres,  marenti  corde  doleres, 

XXXVII. 

F alcem  frange  trucem  ;  flragis  fervare  recufa 

(  Nam  dolor  efi  major  )  fimulacrum  turpe  cruenta, 
"Ex trem  um  velox  patiatur  Clepfidra  dam  num 
Nefít  qui  memore t  monumenta  infâmia  culpce, 

XXXVIII. 

Afpice,  nam  que  expers  tenercB  pietatis,  amara 
Fjxiguas  horas  cerumnce  in  fécula  vertit: 
Pernices  confringe  rotas,  ne  Ixionis  inflar 
Sit  rotajunãa  rota  mafliffima  caufa  malorum. 

XXXIX. 

Affociata  tibi  fedet  ignorantia,  fletu 

Qua  damnis  affeãa  fuis  rigat  ora  profufo : 
At  fi  difertam  luãús  volo  quarere  caufam 
Faãa  videhuntur  propriis  pugnantia  faãis, 

XL. 

Dirus  qui  furor  efl?  Animusfed  denegat  ultra 
Peãora  cum  video  duro  cruciata  dolore 
Quafitis  lacerare  méis;  refponfa  timerem 
Ne  fierent  flragis  vobis  nova  caufa  fecunda. 


XLI. 

E  tu  Heróe,  gloriofo,  que  efte  nome 

Com  jufto,  e  immortal  credito  fe  arroga 
Quem  piedozo  a  Naçaõ  reftaura  illuftre 
Da  fogeiçaõ  da  Parca  rigoroza : 

XLII. 

Triunfa,  que  na  morte  que  venceíles 

Em  hum  Triunfo  três  Triunfos  contas : 
Pois  quando  efta  deílròes,  a  ignorância, 
O  voraz  Tempo,  e  a  inveja  vil  derrotas. 

XLIII. 

Sejaõ  os  quatro  Monítros  debellados 
Os  que  te  movaõ  a  triunfal  Carroça 
Se  Febo  naõ  tivera  o  Plauftro  ardente; 
Efta  o  feu  Carro  fcintillante  fora. 

XLIV. 

Oh  que  en vejas  faz  hoje  o  Tejo  ao  Tybre? 
Competências  co  mar  ufano  apofta : 
Gafta  o  metal  flutuante  de  que  abundas 
Nas  Eítatuas,  que  a  teus  Triunfos  forma. 

XLV. 

Já  me  parece  vejo  tresladadas 

Para  os  Circos  e  praças  de  Lisboa 
As  Agulhas,  Pyramides,  Coloflbs 
Milagres  do  cinzel,  que  adora  Roma. 

XLVI. 

Defle  Régio  Atheneo,  de  que  es  Alumno, 
Defcreva  teus  Trofeos  a  Oratória : 
Pois  a  Africa  empenhada  em  aplaudirte 
Até  da  área  adufta  Palmas  brota. 

XLVII. 

Do  Capitólio  já  da  Eternidade 

Alegre  a  Luíitania  te  abre  as  portas : 

E  agradeíida  a  Cròa  te  prepara 

Muito  mais  que  a  de  Ariadna  brilhadora. 


XLI. 

Tugeneroje  heros,  quem  gloria  doãa  corona t, 
Cui  mérito  nomen  tanti  debetur  honoris, 
Nam  gentem  illujlrem  pie  ta  te  injignis  avara, 
Mortis  ab  exitio  redimis,  Joluis  que  vetujto, 

Lxn. 

Vive  ergo :  S poli  is,  qua  victâ  morte  reportas 
Eft  tibifas  um  triplex  numerare  trophaum, 
Illam  nam  quando  viãor  pede  proteris  aquo 
Injcitiam,  invidiam  juperas ,  et  mobile  tempus, 

XLIII. 

Hac  quatuor  deviâa  tuâ  deformia  dextra 

Monjlra  trahant  currum,  veheris  quo  celjus  ad  afira . 
Ardens  fi plaufirum  rutilans  non  Phabus  haberet, 
Igneus  hocjolo  toti Jplendejceret  Orbi. 

XLIV. 

Oh  quantitm  invidia  Tiberi  Tagus  excitat!  Audax 
Occeano  conferre  parat  certamina  vafio; 
Prodigit  undivagum,  quoprofluit,  ille  metallum, 
Ut  fimulacra  tuos  reddant  praclara  triumphos, 

XLV. 

TranJmiJJas  video  (  mea  ni  Sententia  fallit ) 
Urbis  ad  Molidis  Circos  et  compita  magna 
Vyradimes  ceifas  et  regia  monftra  ColoJJos, 
Qmjcalpro  efformata  colit  miracula  Koma, 

XLVL 

Et  Schola  Kegalis,  que  tejejaãat  alumno, 
Commendet  tuajaãa  aui  Jermone  perito : 
Africa  nam  que  tua  fama  devota  perenni 
Germinai  ardenti  viãrices  littore  palmas, 

XLVII. 

Illius  ergo  avi,  quod  têmpora  nefcit,  et  annos, 
Áurea  Luufiadum  plaufus  tibi  limina  pandit 
Splendentem  que  tibi  molitur  grata  coronam, 
Que  fuperet  fulgore  vagum  Minoidis  afirum. 


XLVIII. 

Cante  a  Fama  o  Epinicio,  e  efpectadores 
Sejaõ  defta  Luzida  immortal  Pompa: 
Quanto  banha  de  Luz  o  Deos  radiante 
Da  concha  Occidental  à  Oriental  concha. 

IL. 

Bafta  Muza  pois,  já  da  minha  Hra 

Deftemperadas  pulfa  o  plectro  as  cordas : 
Se  melhor  cantar  queres,  segue  os  eccos 
DeíTa  armonia,  que  no  Templo  foa. 


De  Manoel  Pereira  da  Cofia, 


XLvni. 

Fama  canat  ciar  um  wayori  você  triumphum, 
Accurrat  mérito  pompa  immortalis  amort 
Quidquidin  Orbe  nitet  radiantis  Numinis  iffte 
Littore  ab  Occiduo  rutilas  Orientis  adundas, 

IL. 

Mujajatis:  Cythara  rapidus  jam  deficit  tile 
Spiritus  etfidibus  non  ejl  concórdia  lapfis: 
Si  melius  cantare  cupis ,  Jludiofius  audi 
Concentus  hilaris,  quo  Templum  perfonat,  echo. 


D.  J.  B.  C.  R. 


AO      SENHOR. 


DIOGO     BARBOSA     MACHADO; 

Ahhade  de  Sever,  efcrevendo  a 

BIBLIOTHECA    LUSlTANAl 

ROMANCE. 


E 


Mprefa  heróica,  idea  peregrina 
Capaz  da  erudição  profunda,  e  vaíla. 
Com  que  te  conflitues  dignamente 
Novo  Protheo  de  formas  litterarias. 


AíTunto  íingular,  negado  a  todos, 
Te  refervou  a  Providencia  facra : 
Porque  o  pefo  da  Esfera  fó  fe  fia 
A  quem  as  forças  tem  proporcionadas. 

Quem  te  infpirou,  Barbofa  fem  fegundo, 
A  immenfa  execução  de  emprefa  tanta? 
Donde  fahio  a  nunca  vifta  idea. 
Que  horroriza,  fomente  imaginada? 

Acafo  pode  a  margem  do  infinito 
Permitirfe  tocar  da  força  humana? 
Ou  tem  da  immenfidade  os  privilégios 
A  potencia  do  engenho  limitada? 

Tu  Sò :  porque  fó  tu,  fem  luz  de  exemplo. 
Com  penna  heroicamente  temerária 
Solicitaíte  os  termos  do  infinito, 
E  foubeíle  pifar  do  immenfo  a  raya. 

Affim  o  dizem  rafgos  eloquentes 

Dos  caraâieres  mudos  deíTa  eftampa; 

Cuja  immenfa  matéria  facilita 

Os  créditos,  que  nella  te  confagraõ. 


Dos  Lufos  efcritores  a  noticia 

No  caos  do  efquccimcnto  fepultada 
Aos  impulfos  da  pcnna,  que  os  dcfcòbre. 
Alentos  reproduz,  honras  rcAaura. 

Mais,  que  delles,  de  ti  nos  dás  a  copia 
Sendo  a  penna  pincel,  tinta  a  elegância; 
E  uíurpando  de  todos  os  matizes 
Com  as  mais  vivas  cores  te  retratas. 

Foy  neceflario  o  efpirito  de  tantos 
A  darnos  huma  idea  da  tua  alma: 
E  ainda  affim  forma  queixas  o  refpeito 
De  que  na  fombra  alhea  a  luz  recatas. 

O*  quanto  entre  as  Nações,  que  a  defconhecem, 
A  teu  fabio  difvelo  deve  a  Pátria! 
Pois,  porque  voe  à  Esfera  de  erudita. 
De  tantas  pennas  lhe  teceíle  as  azas. 

Mas  com  tal  differença  de  fortunas 

Entre  a  Fama  de  todos,  e  a  tua  fama, 
Que  à  de  todos  lhe  baila  huma  fó  penna, 
E  as  de  todos  à  tua  ainda  naõ  baítaõ. 

O'  Pátria  fecundiíTima  de  engenhos. 
Se  como  os  geras,  naõ  os  defprefaras. 
Quantos  teriaõ  nome  nas  Hiílorias, 
Quantos  teriaõ  vulto  nas  Eílatuas ! 

Emenda  o  ócio  inútil  de  efquecida, 
Nêgate  ao  feyo  titulo  de  ingrata, 
E  eterniza  nos  mármores  a  hum  Filho 
Cifra  de  todos,  que  fo  elle  exalta. 


De  D,  ]oachim  de  Santa  Ama  Cónego  Regular  de  Santo 
Agojlinho 


AOSENHOR 

DIOGO    BARBOSA    MACHADO 

Ahhade  de  Sever  efcrevendo  a 

BIBLIOTHECA 

Lufitana 

ROMANCE. 


V 


ARAM  Sábio,  que  impulfo  vos  anima 
Ser  decorofo  eílrago  às  Sepulturas? 
Porém  no  univerfal  juizo  voíTo 
Que  mérito  haverá  que  infeliz  durma! 


Refucitar  fomente  à  natureza 

Divino  Império  pela  obra  inculca. 
Quanto  que  a  natureza  hé  mais  a  Fama 
Tanto  a  acçaõ  para  o  exceíío  fe  reputa? 

Ou  mortos  ou  confuzos  nas  memorias 
Jaziaõ  como  efcandalo  da  incúria 
Milhares  de  Efcritores  Lufitanos ; 
Da  los  a  conhecer  novos  apura. 

Oh  naõ  fe  diga  naõ,  que  para  os  Sábios 
Taõ  cega  como  avara  hé  a  Fortuna, 
Porque  naõ  falta  ao  premio,  mede  o  tempo 
Satisfaz  ao  trabalho,  naõ  o  adula. 

Talues  foíle  notada  Luíitania 

De  preclaros  ingenhos  infecunda. 
Quem  a  Pátria  deffende  da  ignominia 
Dilata-lhe  a  extenfaõ  pelo  que  a  illuílra. 

Deffendida  naõ  fó,  mas  venerada 
A  deixa  voíTa  penna,  que  triumfa 
Da  Criíi  mais  fevera  pois  efcolhe 
E  naõ  para  efcrever  fomente  ajunta. 


Eílatuas  vos  eríja  agradecida 

Mas  cfta  voíTa  obra  aquclla  fruílra, 
Que  onde  tem  o  primor  que  remontar-fc 
Depois  da  perfeição  fer  abfoluta? 

Mais  que  em  mudos  Padrocns,  em  vozes  vivas 
Se  conllrue  a  erudita  archi£letura, 
NaÕ  concilia  o  acerto  authoridade 
Por  mais  que  crcça,  fe  fe  naÕ  divulga. 

E  como  novamente  organizados 

Tantos  fabios  herócs  a  morte  infultaõl 
Grande  mizeria  hé  para  a  ignorância 
Ser  pego,  e  naô  depozito  nas  urnas. 

Só  hc  filho  da  Pátria,  que  a  engrandece. 

Depois  de  morto  honralla  hé  gloria  fumma. 

Quem  a  elles,  e  a  cila  immortaliza 

De  fer  Pay  fem  cuidado  achou  a  induílria. 

Parece  deftinou  a  Providencia 

Aos  Barbofas  Athlantes  da  cultura 
Defla  de  Juppiter  producçaõ  fublime. 
Donde  melhor  defcanfa,  fe  confulta. 

Triumvirato  douto  fe  diftinguem. 

Mais  que  o  fangue,  a  Sciencia  hè  que  os  vincula. 
Qual  o  primeiro  feja  inda  fe  ignora: 
Também  hà  confuzam,  que  naõ  perturba. 

Do  filho  de  Clymene  a  arte  excedem. 
Deixando  confervar  na  ruina  aduíla 
Diffimulado  o  fogo  fem  que  poíía 
Paííàr  de  Purgatório  a  fer  injuria. 

Bem  fe  vé  neíTas  cinzas  já  naõ  cinzas 
Para  fempre  animadas,  e  incorruptas, 
O  calor  naõ  perdiaõ  nas  memorias. 
Texto  ficou,  o  que  era  conjeâura. 

Sábio  inveíligador  da  antiguidade. 
Erudição  como  eíTa  taõ  fecunda. 
Só  podia  de  hum  parto  do  juizo 
Sahir  à  luz  com  tantas  creaturas. 


Naõ  podendo  creallas,  as  formaíles 

De  novo,  e  agora  izentas  de  caducas, 
Nunca  efcrever  foubeíles  fem  decoro. 
Vivendo  vós,  a  morte  naõ  aíTuíla. 

Que  vergoens  naõ  fazia  o  efquecimento 
No  roílo  da  idade  porque  muda? 
Tira-lhes  tanta  nódoa  a  volTa  tinta, 
Hé  Luíitania  do  Orbe  formofura. 

Baila,  naõ  de  elogio  ao  voíTo  nome. 

Sim  de  grato  defpenho  à  minha  Mufa, 
Que  naõ  pode  huma  penna  taõ  raíleira 
Servir  no  voflb  Templo  de  Colunna. 

Suilentay  vós  fomente  como  Alcides 
Do  orbe  literário  a  cafa  auguíla. 
Pois  pondo  nella  a  voíTa  Bibliotheca, 
Temo  nafça  a  miferia  da  fartura. 

Só  à  Pátria  fervir  hè  liberdade. 

Quem  a  naõ  ferve,  he  vil,  que  o  ócio  educa, 

Neííe  barrete  honra  da  milicia 

Se  veja  premio  o  Mantelete,  ou  Murça. 


Bra;(^  Jo^é  Rebel/o  LeiU, 


I 


eruditíssimo    viro 
DIDACO     BARBOSA    MACHADO, 

Abbati  S.  Adriani  in  Sever ^  Regalis  Academicv  Sócio, 

BIBLIOTHECAM 

LUSITANAM   SCRIBENTI. 


Vir  Egregie 

Unius  te  Doftorem  libri  non  efle, 

Apertum  facis, 

Cum  vel  hoc  in  uno  Bibliothecam  verfas. 

En  Authori  fuo  congruum  Opus ; 

Alii  alios  libros  fcribant, 

Te  non  nifi  integra  decet  Bibliotheca; 

Quam, 

Nifi  totam  mente  clauderes,  non  proferres. 

Imó  curtam  nimis 

Eruditionis  tuas  copiam  facis, 

Relatis  unius  tantúm  gentis  Scriptoribus, 

Fadurus  integram,  fi  retulifles  omnium. 

At  dandum  id  prae  reliquis  Patriae  fuit, 

Quam  oportuit  fe  ipfam  nofcere; 

Iníimul,  &  vindicari 

Ab  impoUuris  exterorum, 

Quibus  folemne  eít 

Verbo,  fcriptis  (quando  nequeunt  fadis) 

Luíitanos  deterere 

Non  modo  gládios,  fed  &  calamos. 

Dandum  id  civibus  fuit  tuis, 

Apud  quos  Scriptor 
Qui  pluma  reliquos  elevet  fua. 
Rara  eít  avis : 
Ni  tuis  ipfe  aufpiciis 
Omnium  utilitati  profpiceres, 
A  nullo  forfan  alio  auderent, 
Sibi  tale  quid  aufpicari. 
Dandum  id  quoque  fuit  Confanguineis  tuis. 


De  re  litteraria  optimè  meritis : 

Arbori  florentifílmae 

Familiae,  gentifque  tuas 

Liber  hic  debebatur, 

Debebantur  haec  folia, 

Quibus  multiplex  defcriptum  nomen 

Probaret 

Fieri  è  quolibet  ejus  Ligno  Mercurium. 

Utcumque  tamen  fuerit. 

Uno  hoc  fado 

Obaeratos  tibi  reddidiíli 

Omnes  Luíitaniae  Scriptores : 

Quas  alii  exaraverant, 

Monumenta  perenniora  aere 

Magna  ex  parte  rubigo  exederat. 

Tu  novo  xre  incidis, 

Ut  denuò  perítrigant  óculos  intuentium. 

Aliorum  clarifíima  nomina, 

Quae  vel  modeília  texerat,  vel  vemílas  abraferat. 

Tu  follicitudine  tua 

Quaíi  lumine  detegis  fuperfufo: 

Atque  tenax  juJftitias 

Etiam  inter  obfequia 

Unumquodque  opus  domino, 

Dominum  operi  reponis  fuo, 

Reliquos,  eofque  bene  muitos, 

Omnium  adhuc  manibus  tritos, 

Nequa  fimilis  tempeílas  abfumat, 

Tabulis  tuis  expoíitos 

Securos  reddis  perennitatis. 

Ex  hoc 

Omnes  Luíitanos  Scriptores 

Renatos  quifque  meritò  dicet, 

Cum, 

Gtra  Pithagoricum  delirium, 

Denuò  viderit  in  lucem  éditos, 

Imò,  &  in  unum  migraíTe  Corpus 

Tuae  Bibliothecas. 

Quod  ut  fieret, 

Hauriendum  non  fuit  oblivionis  flumen, 

fed  fuperandum. 

Plaude  tibi, 

Ferax  ingeniorum  Luíitania, 

Exueris  Hcèt  fera  Barbariem, 


Brevi  rcparaíli  damna  plurium  Saeculorum. 
Viccras  facpius  ílrcnuiffimas  gentes, 

Aperto  Marte; 

£x  quo  patuit  in  te  aditus  Palladi, 

Stylo  quas  viceras  férreo, 

Viciítí  et  áureo. 

Plaude,  iterum  plaude  Lusitânia: 

Tot  fere  ditata  libris, 

Quot  libcris, 

Ceu  te  muitiplicitatis  tacderet, 

Unum  modo  profcrs, 

Qui, 

Ceu  foret  inílar  omnium, 

Refcrt  omnes. 

Utilis  ille  quidem  non  minus  íingulis, 

Quia  omnibus, 
Ab  aliis  propulfat  injuriam  temporum, 

Aliis  prsecavet; 
Non  minus  proptereà  aeternitate  dignus, 
Quod  aeternitati  reliquos  commendaverit. 


Stacius  de  Almeyda  Congregationis  Oratorii  UlyJJipo-Occidentalis 


DO     SANTO      OFFICIO 

VIÍlo  eílar  conforme  com  o  feu  original  pode  correr.    Lisboa  5.  de  Dezem- 
bro de  1741. 

Fr.  R.  de   'Lancajiro.   Teixeira.  Sylva.  Soares.  Abreu.  Amaral, 

DO      ORDINÁRIO. 

VIÍlo  eílar  conforme  com  o  original  pode  correr.    Lisboa  5.  de  Dezembro 
de  1741. 

D.  V.  Arcehijpo  de  l^acedemonia. 


DO      PAÇO. 

TAxaõ  efte  Livro  em  três  mil  e  duzentos  reis  para  que  poíTa  correr.  Lisboa  6. 
de  Dezembro  de  1741. 

Pereira.  Teixeira.  Va^  de  Carvalho. 


ERRATAS   EMENDADAS. 


Pag.  23.  col. 
pag.  5  5-  col. 
pag.  145.  col. 
pag.  16}.  col. 
pag.  166.  col. 
pag.  177.  col. 
pag.  179.  col. 
pag.  216.  col. 
pag.  216.  col. 
pag.  217.  col. 
pag.  220.  col. 
pag.  286.  col. 
pag.  288.  col. 
pag.  291.  col. 
pag.  318.  col. 
pag.  319.  col. 
pag.  327.  col. 
pag.  343.  col. 
pag.  376.  col. 
pag.  390.  col. 
pag.  416.  col. 
pag.  462.  col. 
pag.  480.  col. 
pag.  482.  col. 
pag.  491.  col. 
pag.  495.  col. 
pag.  524.  col. 
pag.  572.  col. 
pag.  599.  col. 
pag.  628.  col. 
pag.  648.  col. 
pag.  692.  col. 
pag.  705.  col. 
pag.  710.  col. 
pag.  735.  col. 
pag.  761.  col. 


2.  reg.  38. 
1.  rcg.  12. 
1.  rcg.  J3. 
I.  rcg.  42. 
1.  rcg.  42. 
1.  rcg.  51. 
I.  rcg.  j. 
I.  rcg.  31. 
I.  rcg.  34. 

1.  reg.  22. 

2.  reg.  20. 
2.  reg.  22. 
2.  reg.  38. 
2.  reg.  49. 
2.  reg.  25. 
2.  reg.  9. 
2.  reg.  39. 
2.  reg.  42. 
I.  reg.  23. 
I.  reg.  18. 
I.  reg.  2. 
I.  reg.  45. 

1.  reg.  52. 

2.  reg.  48. 
I.  reg.  43. 
I.  reg.  38. 

1.  reg.  47. 

2.  reg.  44. 

1.  reg.  22. 

2.  reg.  43. 
I.  reg.  49. 
I.  reg.  50. 
I.  reg.  32. 
I.  reg.  32. 

1.  reg.  33. 

2.  reg.  28. 


faria 

foTja. 

no 

na 

affírma 

ajfima. 

Subjiecemt 

Subjecerunt. 

adnotationis 

adnotatiombta. 

afte 

efle 

campleta 

completa 

vivam 

max 

Myronis 

Maronis 

Geueral 

General 

marca 

murça 

Carcame 

Carcome 

tenftemunho 

tejlemtmho 

deferanda 

de  ferenda 

porque  tinha 

tinha,  porque 

Mifericadia 

Mifericordia 

forentes 

forenfes. 

ANLONIO 

ANTÓNIO 

peritis  iníignia 

peritia  injifftis 

filhalha 

filha 

fegaintes 

Jeguintes. 

compoz 

compojlo 

Romnna 

Komana 

Collaçoent 

Collaçoens. 

Repetito 

Repefítío 

precito 

preceito 

com 

como 

Calori 

Caroli 

iníignas 

infignes 

Monarcia 

Monarchia 

goverzaraõ 

governarão 

porá 

para 

alterou 

altercou 

largas 

largar 

naçaõ 

naceu 

Poílohuma 

Vofihuma. 

II 


II 


^o  VLyssuypnerif' 
imcudõ  Santo^drui 
Real: 


«o/. 


L 


BIBLIOTHECA 

U   S   I   T  A   N   A 


A 


BRAHAM  COEN 
PIMENTEL  natural 
de  Lisboa,  donde  paf- 
fando  a  Amfterdaõ, 
publicou  no  anno 
de  1699. 
Quefioens  EJcolaJiicas. 


ABRAHAM  FER- 
RAR natural  da  Cidade  do  Porto,  e  Medico 
de  profiffaõ.  Por  fer  acérrimo  Sequaz  do 
Hebraifmo,  receando  experimentar  o  merecido 
caíligo  da  fua  apoftaíia  fe  retirou  furtivamente 
para  Amílerdaõ,  onde  foy  pelos  feus  naturaes 
benignamente  recebido,  e  exceíTivamente  eíli- 
mado;  de  tal  forte,  que  o  elegerão  Preíidente 
da  Sinagoga  no  anno  de  1652.  em  o  qual 
lhe  dedicou  Manaíle  Ben  Ifrael  huma  Oraçaõ 
compoíla  em  applaufo  do  Príncipe  de  Orange, 
e  Henriqueta  Maria  Rainha  de  Inglaterra 
na  occaíiaõ  em  que  eftes  Príncipes  foraõ  ver 


a  mefma  Sinagoga.  Efcreveo,  e  imprimio 
na  lingua  materna  em  Amílerdaõ. 

Declaração  das  613.  Ejtcomendanças  da  no  ff  a 
Santa  Ley.  Anno  da  creaçaõ  5387.  e  de  Chrijlo 
1627.  em  4. 

Deíla  obra,  como  do  feu  author,  faz 
memoria  o  mefmo  ManaíTe  in  lih.  de  Kefur- 
reàt.  mort.  e  no  de  Fragilitate  hiiman.  part. 
2.  §  10.  Guílavo  Peringer.  pag.  26.  onde  por 
engano  lhe  chama  David.  Jul.  Bartoloc.  in 
Bib.  Rabbin.  Part.  i.  n.  108.  NicoL  Ant. 
in  Bib.  Hifpan.  Tom.  2.  in  append.  2.  pag. 
313.  Joan.  Chriftoph.  Wolíius  in  Bibiliotb. 
Hebraa.  pag.  98.  n.  137.  Jacob.  Le  Long. 
Bib.  Sacra.  pag.  mihi  593.  col.  2. 

ABRAHAM  FERREYRA  cujo  apeUido 
mudou  em  Irira,  quando  deixando  Portugal 
paflbu  a  Amílerdaõ,  onde  profeílou  a  obfer- 
vancia  dos  Ritos  Judaicos.  Foy  igualmète 
perito  em  os  myiierios  da  Cabbala  que  nas 


BIBLIO THE  CA 


efpeculaçoens  da  Filofofia  Platónica,  e  Ariílo- 
telica,  de  que  deixou  claros  argumentos  nas 
obras  feguintes. 

CaJa  de  D  ws  ex  Gen.  XXVII .  17.  Cõ/ta 
de  fete  partes,  e  outros  tantos  capítulos. 
Foy  traduzida  efta  obra  na  lingua  Hebraica 
pelo  Rabbino  Ifaac  Abuhab  Prefidente  da 
Sinagoga  dos  Judeos  de  Efpanha  em  Amf- 
terdaõ,  imprefla  naquella  Cidade  anno  da 
criação  5415.  e  de  Chriílo  1655.  4. 

Porta  dei  Cielo.  Foy  tradufida  em  Hebraico 
pelo  mefmo  Rabino,  e  impreíTa  no  anno 
aíTima  declarado,  e  depois  fe  verteo  na 
lingua  Latina  em  eílylo  mais  compendio  fo, 
e  fahio  no  Tom.  i.  Part.  3.  CahhalcB  denudata. 
Solisbaci  1678.  O  principal  argumento  deíla 
obra  coníifte  em  hum  parallelo  das  doutrinas 
Cabbalifticas  de  Enfoph,  e  Adaõ  Kadmon 
com  a  Filofofia  Platónica. 

Epitome  y  compendio  dela  Ilógica,  ò  Dia- 
letica,  en  que  fe  expone,j  declara  breve,  j  facil- 
mente fu  ejfencia,  partes,  y  propriedades,  preceptos, 
regias,  y  ujos,  dijiribuido  en  7.  liuros.  8.  fem 
lugar,  nem  anno  da  Impreflaõ. 

Fazem  memoria  de  Abrahaõ  Irira  Baf- 
nage  Table  de  A.utheurs  dela  Hijioire,  et  la 
Keligion  des  Juifs  Tom.  i.  onde  o  intitula 
Portuguez,  e  Joaõ  Chriílovaõ  Wolfio  in 
Biblioth.  Hebraa  pag.  66.  §  .101. 

ABRAHAM  DA  FONSECA  cuja  pátria 
fe  ignora.  Foy  muito  verfado  na  liçaõ  da 
Sagrada  Efcritura,  e  na  intelligencia  das 
fuás  mayores  difficuldades,  por  cujas  partes 
mereceo  que  em  Amburgo  foíTe  o  pri- 
meiro Rabino  da  Sinagoga  dos  Efpanhoes, 
^nde  viveo  muitos  annos  com  geral  opinião 
de  infigne  Meílre.  Morreo  a  17.  de  Julho 
de   1671.   compoz. 

Oculi  Abraha,  five  Index  verjuum  Bibliorum, 
qui  explicantur  in  libro  Kabot,  <&  Mattanoth 
Kehunna.  Amfterdaõ  apud  Danielem  da  Fon- 
feca  anno   creationis    5387.   ChriíH   1627.   4. 

Naõ  faltou  quem  affirmaííe  que  efte 
livro  fora  impreíTo  primeiramente  em  Amf- 
terdaõ no  anno  da  creaçaõ  5327.  e  de  Chrifto 
1567.  cuja  aíleveraçaõ,  fe  convence  fer  falfa, 
porque  fendo  publicada  nefte  anno,  naõ 
podia  fer  compofta  efta  obra  por  Abrahaõ 
da    Fonfeca,    como    taõbem    porque    nefte 


tempo,  como  doutamente  advirtio  Wolfio 
in  Bib.  Hebraa  pag.  36.  n.  133.  naõ  afiiíliaõ 
os  Judeos  em  Amfterdaõ,  nem  tinhaõ  impref- 
faõ  para  publicar  as  obras,  que  efcreviaõ. 
No  Cathalogo  da  Biblioteca  de  Joaõ  Vander 
Wayen  fe  lé  efta  obra  imprefla  no  anno  de 
1632  in  4.  Do  author  faz  memoria  Jacob  le 
Long.  in  Bib.  Sacr.  pag.  mihi.   593.  col.  2. 

^  ABRAHAM  FRISIO,  o  qual  affirma 
fer  Portuguez,  Jorge  Draudio  na  Biblioth. 
ClaíTica  no  titulo  dos  Chronologos.  Foy 
igualmente  douto  no  eftudo  da  Chronolo- 
gia,  que  na  liçaõ  da  Biblia,  efcrevendo 

Chronologia  fecundum  normam  Sacra  Scrip- 
turcB  conformandcB,  ac  corrigenda  Delineatio  bre- 
vijfima.    Gorlicii  apud  Joannem  Khamba.  1614.  4. 

ABRAHAM  GADELHA  grande  Medico, 
e  infigne  Aftrologo.  Por  fer  muito  douto 
nefta  Sciencia  lhe  mandou  o  Infante  D.  Pedro 
Tio  DelRey  D.  AfFonfo  V.  que  obfervafle 
o  afpeéto  dos  Planetas  para  delles  conjeéhirar 
a  felicidade  do  governo  daquelle  Príncipe  na 
hora,  em  que  para  Monarca  defl^  Coroa  foy 
aclamado  em  Thomar  a  10.  de  Setembro  de 
1438.  Em  premio  defta  obfervaçaõ  deu  o 
mefmo  Príncipe  a  húa  filha  de  Abrahaõ  Gade- 
lha huma  Tença,  o  qual  em  agradecimento 
defta  género  fa  dadiva  compoz  hum  largo,  e 
erudito  Difcurfo  acerca  da  obfervaçaõ  que 
tinha  feito,  e  o  dedicou  ao  mefmo  Príncipe, 
onde  lhe  augurava  muitas  felicidades. 

ABRAHAM  GOMES  SYLVEIRA  aHas 
Diogo  Gomes  Sylveira.  Ainda  contava  poucos 
annos  de  idade,  quando  deixando  a  pátria, 
difcorreo  pellas  mais  celebres  Cidades  de 
França,  e  Flandes,  atè  que  em  Amfterdaõ 
fez  o  feu  domicilio.  Applicoufe  ao  efl^do 
das  Sagradas  letras  em  que  naõ  fez  pequeno 
progreflb.  Era  naturalmente  inclinado  à 
Poefia  jocofa,  da  qual  publicou  diíFerentes 
obras,  principalmente  hum  Vexame  à  imitação 
de  Jerónimo  Câncer,  que  fe  imprimio,  como 
taõbem  alguns  Sermoens  em  Amfterdaõ  no 
anno   da  Creaçaõ    5438.   e  de   Chrifto    1676. 

ABRAHAM  NEHEMLAS  infigne  Medico, 
que  floreceo  no  Século  XVI.  de  cuja  facul- 
dade deo  hum  erudito  teftemunho  nas  obras 
feguintes. 


L  USITANÁ, 


Meíhodi  medendi  miverfalis  ptr  Janguinis 
emijjiottem,  &  puriiflt tonem  libri  duo;  in  quibus 
agit  de  pHTgfmdi  tempore,  <&  medendi  ordine. 
A  efta  obra  juntou  a  fcguintc. 

De  Tempore  aqua  frigida  in  fehribus  arden- 
tibus  ad  Jatietatem  exhihendue.  Vcnctiis  apud 
Bcrnardum  BaíTam  1591.  in  4.  c  naõ  cm  1691. 
como  erradamente  cfcreve  Bartolocio  in  Bib. 
Kabbin.  Tom.  i.  n.  100.  flc  apud  Socictatem 
Venctam  1604.  in  4.  &  ibi  apud  Joan.  Baptiíl. 
Qottum  1604.  in  4.  Compoz  mais 

Quajliones,  &  Kefponjiones. 

A  qual  obra  fc  naõ  imprimio,  e  delia 
fe  lembra  Wolfio  in  Bib.  Heb.  pag.  92.  n.  1 24. 
c  do  Author,  Joaõ  Anton.  Vander  Linden 
lia  Bib.  Medica.  Jorge  Abrah.  Mercklin. 
in  Script.  Med.  e  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp. 
Tom.  2.  pag.  313.  in  Append. 

ABRAHAM  PEREYRA,  ainda  que 
nacido  em  Madrid,  filho  de  Pays  Portu- 
gnezes  que  eraõ  naturaes  de  Villaflor.  O  feu 
nome  próprio  era  Thomaz  Rodrigues  Pereira, 
que  confervou,  em  quanto  afTiítio  em  Hef- 
panha,  onde  mereceo  a  eftimaçaõ  das  pri- 
meiras PeíToas  daquella  Monarchia  pella  agu- 
deza do  talento,  e  docilidade  do  génio.  PaíTou 
a  Amílerdaõ,  onde  com  a  mudança  da  religião, 
mudou  o  nome.  Morreo  naquella  Cidade  no 
•inno  de  1699.  Compoz 

La  certev^a  dei  Camino.    Amfterd.  4. 

E/pejo  de  la  vartidad  dei  mundo.  Amflerd. 
ano  de  la  Creacion  dei  mundo  5431.  de 
Chrifto  1683.  in  4. 

Delle  faz  mençaõ  Joaõ  Chriftof.  Wolfio  in 
Bib.  Hebraa.  pag.  99.  n.   141. 

ABRAHAM  PIMENTEL.  Floreceo 
conforme  Wolfio  in  Biblioth.  Hebraa  pag.  97. 
n.  134.  no  meyo  do  Século  decimo  fetimo. 
Foy  naõ  fomente  obfervante  profeíTor  das 
cerimonias,  e  ritos  judaicos,  mas  profunda- 
mente douto  na  intelligencia  dos  feus  myíle- 
rios,    como    manifeftaõ    as    obras    feguintes. 

Oblatio  Sacerdotis  ex  L,evit.  cap.  6.  v.  16. 
coníla  efta  obra  de  três  livros. 

Occafus  Solis  ex  Deutor.  cap.  11.  v.  30. 
onde  trata  dos  ritos  que  devem  obfervar 
os  Judeos  defde  o  nacimento  da  Aurora 
atè  o  Occafo  do  Sol. 


Ubif  Sponfionum.  Nefte  Livro  allude  ao 
Uhf.  2.  VdBg.  cap.  14.  V.  14.  em  que  trata  das 
couzas  lícitas,  e  illicitas. 

Obfervatio  Sabba/i.  Coníla  das  ceremo- 
nias,  que  fe  praticaõ  em  os  Sabbados.  Amí- 
tclod.  an.  Creat.  5428.    Chrifti  1668.  4. 

ABRAHAM  SABBAA  natural  de  Lu- 
boa,  e  hum  dos  mais  famofos  Rabinos  do 
fcu  tempo.  No  anno  de  1497.  em  que  por 
ordem  do  Sercniííimo  Rey  D.  Manoel  foraò 
exterminados  os  Judeos  de  Portugal  por  naõ 
quererem  abjurar  os  delírios  da  Tua  crença, 
lhe  fez  companhia,  quando  já  era  muito  velho, 
e  bufcando  para  feu  domicilio  a  Cidade  de 
Fez,  nella  amargamente  lamentou  a  auzencia 
da  fua  pátria  expreíTando  as  moleílias,  e 
aflicçoens,  que  lhe  caufava  o  defterro  naquellas 
palavras  do  Levitico  cap.  26.  Si  inpraceptis 
méis  ambulaveritis  &c.  Igualmente  opprimido 
da  anguftia  do  animo,  que  do  numero 
dos  annos,  acabou  a  vida  em  Fez  no  anno 
de  1509.  Efcreveo  na  lingua  hebraica  hum 
Commentario  ao  Pentateucho  com  eíle  titulo : 

T;(eròr  hammór;  hoc  ejl,  Fafciculus  Myr- 
rha  ex  Cant.  i.  n.  13. 

Cuja  expofiçaõ  poílo,  que  feja  conforme 
ao  fentido  litteral  da  Efcritura,  muitas  vezes 
inclina  para  o  Cabbaliílico,  o  qual  he  muito 
eítímado  dos  Hebreos,  como  efcrevé  Wolfio 
in  Bib.  Hebr.  pag.  93.  n.  127.  e  Bartoloc. 
in  Bib.  Kabbinic.  Tom.  i.  pag.  48.  n.  102. 
Sahio  primeiramente  Venetiis  apud  Danielem 
Bambergam  1523.  in  foi.  e  fegunda  vez 
ibi  apud  Marcum  Antonium  Juílinianum 
1546.  foi.  &  ibi  apud  Georgium  de  Caballis. 
1567.  in  foi.  Foy  traduzido  em  Latim  por 
Conrado  Pelicano  como  teftifica  Buxtorfio 
in  Biblioth.  Rabbin.  pag.  296.  da  ultima  ediçaõ, 
e  fahio  impreíTo  Cracoviae  1599.  Joaõ  André 
Ei  íTenmengero  no  feu  Livro  intitulado  Judaif- 
mus  deteãus  aífirma  que  defte  Commentario 
da  ediçaõ  de  Veneza  de  1 5  67.  fe  tinhaõ  tirado 
algumas  injurias,  que  o  author  como  acérrimo 
fequaz  da  Sinagoga  tinha  proferido  em  vitu- 
pério dos  Chriftãos.  Contra  eJfta  obra  efcreveo 
huma  douta  cenfura  Diogo  Humada,  a  qual 
fe  conferva  M.S.  no  Collegio  dos  Neófitos  de 
Roma,  como  diz  Carlos  Jozeph  Imbonato  in 
Bib.  Latino  Heb.  pag.  32.  n.  120.  compoz  mais: 


/ 


^ 


4  BIBLIO 

/  Tt(éror  hacchêfeph,  id  ejl,  Fafciculiis  argen- 
teus  tirado  do  Genes.  cap.  42.  v.  35.  que  he 
hum  comento  dos  Cantares  de  Salamaõ, 
Adverte  Bartoloccio  in  Bib.  Rabh.  Part. 
I.  pag.  49.  n.  202.  que  eíle  appelido  Savaà 
por  fe  achar  efcrito  em  alguns  exemplares 
com  accentuaçoens,  foy  caufa  para  que  muitos 
cre  íTem  fer  abbreviatura  da  pátria,  e  appellido 
do  Rabbino  Abrahaõ  Aben  Efra,  e  como  a 
tal  lhe  atribuirão  falfamente  eftas  obras, 
quando  delias  he  verdadeiro  author  Abrahaõ 
Sabaá,  a  quem,  como  entre  os  Rabbinos  o 
mais  douto,  celebraõ  alem  de  Buxtorfio,  e 
Bartoloccio,  Plantavit.  in  Biblioth.  Rabb.  n.  605. 
Hottinger.  in  Bib.  Orient.  cap.  i.  Claf.  2.  pag.  4. 
Nicol.  Ant.  in  Hifpan.  Tom.  2.  pag.  313.  in 
append.  Georg.  Draud.  in  Clajfic.  claf.  lib.  Theo- 
log.  Tit.  Hebraic.  Geneb.  in  Chronol.  lib.  4.  ad 
an.  1484.  &  in  Not.  ad  eamd.  Chronol.  feft.  13. 
pag.  156.  Spond.  ad  ann.  1492.  Jacob.  Gualt. 
in  Tab.  Chronolog.  Sascul.  15.  Wolfio  in  Bib. 
HebrcBã.  pag.  93.  n.  127.  e  Jacob  Le  Long.  in 
Bib.  Sacr.  pag.  mihi  595.  col.  i. 

d  ABRAHAM    USQUE    naceo    em    Por- 

tugal, onde  educado  com  os  preceitos  do 
Talmud  por  feus  Pays,  fahio  hum  dos  mayo- 
res  profeíTores  dos  erros  da  Sinagoga.  O  feu 
mayor  difvelo  foy  penetrar  o  fentido  Litte- 
ral  da  Biblia,  e  para  que  a  fizeíTe  mais  intel- 
ligivel  aos  Judeos,  que  aííííliaõ  em  Hefpanha, 
e  Olanda,  a  traduzio  do  texto  Hebraico  na 
Ungua  Efpanhola,  e  a  dedicou  a  Hercules 
de  Efte  Duque  de  Ferrara,  e  fahio  imprefla 
em  carafter  gothico  com  eíle  titulo: 
7^  Biblia  en  lengua  Efpafíola  traduzida  palavra 

por  palavra  de  la  verdad  Hebraica  por  mtiy  excel- 
lentes  Iletrados,  vifia  j  examinada  por  el  Officio  de 
la  Inquijicion.  in  foi.  Ferraras.  Sumptibus  Yom 
Tob  Atias  anno  mundi  5313.  Chriíli.  1553. 
Eíla  tradução  he  palavra  por  palavra  do 
Original,  e  naõ  deixa  de  fer  efcura  de  fe  per- 
ceber por  uzar  de  huma  linguagem  Hef- 
panhola,  que  fomente  fe  falia  nas  Sina- 
gogas. Foy  fegunda  vez  impreíTa  em  Fer- 
rara, e  no  fim  tem  eftas  palavras.  Con  induftria 
de  Duarte  Pinei  Portugue^  fiampata  a  cofia, 
j  defpef(a  de  Geronimo  de  Vargas  Efpanol  en 
I.  de  Março  de  1553.  Nefta  ediçaõ  fahio  com 
algumas    palavras    mudadas    para    fer    mais 


THE  CA 

intelligivel,  porém  a  primeira  he  muito  mais 
eftimavel,  como  efcreve  o  Padre  Richardo 
Simon  in  Hifi.  Crit.  V  et.  Tefiam.  liv.  5 .  cap. 
19.  Sahio  terceira  vez  imprefla  por  dili- 
gencia de  Manafle  Ben  Ifrael  em  Amílerdaõ 
decimo  quinto  Sabbati  5390.  que  correfponde 
ao  anno  de  Chrifto  1630.  Bartoloccio  na 
Bib.  Rabbin.  Part.  i.  pag.  49.  n.  103.  &  Part.  3. 
p.  785.  n.  706.  efcreve  que  Abrahaõ  Ufque 
fizera  eíla  traducçaõ  juntamente  com  feu 
companheiro  Yom  Tob  Atias,  porém  Wol- 
fio na  Bib.  Hebraa  pag.  31.  n.  49.  fe  oppoem  < 
a  efta  opinião  affirmando  que  fora  feita  por  ^ 
outros  Judeos,  fendo  imprefla  por  diligen- 
cia de  Abrahaõ  Ufque,  como  fe  colhe  da 
ediçaõ  de  Ferrara,  que  no  fim  tem  eftas  pa-  ^ 
lavras.  ^  gloria,  y  loor  de  nuejtro  Senor  fe  : 
acabo  la  prefente  Biblia  en  lengua  EJpanola 
traduzida  de  la  verdadera  origen  Hebraica  por 
muj  excelentes  Iletrados  con  induftria,  y  dili- 
gencia de  Abrahan  Ufque  Portuguet<^  ef tampai  a 
en  'Ferrara  a  cofia,  y  defpet^a  de  Yom  Tob 
Atias  hijo  de  L^vi  Atias  Efpanol  en  14  de 
Adar  de  5313.  Porém  fempre  reconhece 
Wolfio,  que  naõ  pôde  Abrahaõ  Ufque  fer 
privado  da  gloria  de  trabalhar  muito  neíla 
traducçaõ,  como  afirma  Richard.  Simon  in 
T>ifq.  Crit.  de  var.  Bib.  edition.  cap.  14.  dizen- 
do :  Verifimile  efi  Abrahamum  Ufque  fudaum  e 
'Lufitania  in  adornanda  hac  translatione  Hifpana 
fibi  prcBvios  habuijje  Dolores,  qui  ante  illius  têm- 
pora Biblia  in  Sinagogis  hebraicè,<ó^  hifpanice  perle- 
gerant,  adeò  ut  píer af que  illorum  vocês  ufurpaverit. 
Compoz  mais 

Orden  de   los  Kitos  de   la   Fiefia   dei  Ano 
Nuevo,  y  Expiacion.    Ferrara  1554.  4. 

Além    de    Wolfio,    Bartolocio,    e    Simon    , 
fe  lembraõ  de  Abrahaõ  Ufque,  Le  Long.  in    t 
Bib.   Sacr.   Part.    2.   pag.    124.   Morery   Dic- 
cionair.     Hifiorique,    Magna   Biblioth.    Ecclef. 
pag.  32.  col.  I. 


ACHILLES  ESTACO,  cuja  memoria  fera 
eternamente  venerada  no  Templo  da  Virtude, 
e  da  Sabedoria,  nafceo  em  a  illuftre  Villa 
da  Vidigueira  da  Provincia  Tranílagana  a  15. 
de  Junho  de  1 5  24.  como  elle  teftifica  em  huma 
carta  efcrita  a  Paulo  Melliflb.  Foy  filho 
de  Paulo  Nunes  Eiiaço  (a  quem  cham^ 
Simaõ  por  engano  Nicolao  António  na  Bib^ 


L  USITAN  A. 


Ilifp.  Tom.  I.  pag.  2.)  Cavallciro  profcíTo 
1.1  Ordem  de  Chisfto,  c  Governador  do 
CaftcUo  de  Outaõ  na  barra  de  Setuval,  naõ 
menos  celebre  peia  nobreza  de  feus  mayores, 
c]ue  pelas  proezas  militares  obradas  no  Oriente, 
como  cfcreve  Joaõ  de  Barros  Dee.  5.  /iv.  9. 
,,//>.  12.  c  muito  mais  pelas  virtudes  Chriílãas, 
4UC  rcligiofamente  praticava,  pois  por  morte 

|de  Tua  mulher  defprezando  as  delicias  mun- 
danas fc  rccolhco  no  Morteiro  da  Serra  de 
OíTa,   onde   em   habito   fecular  exaébmente 

lobfcrvou  os  fagrados  exercidos  dos  habita- 
dores daquella  folidaõ,  até  que  com  facul- 
dade do  Cardeal  D.  Henrique  paffou  o  reftantc 
da  fua  vida  entre  os  Monges  de  Alcobaça. 
Como  o  íeu  génio  era  bellicofo,  defejava 
iiuc  o  filho  foíTc  unicamente  herdeiro  de  feus 
inarciacs  cfpiritos,  c  com  cftc  intento  lhe 
impoz  o  nome  de  Achillcs,  para  que  a  memo- 
ria dcfte  infignc  Capitão  lhe  ferviíTc  de  per- 

,  pctuo  cftimulo  para  obrar  acçoens  heróicas, 
das  quaes  lhe  deftinou  por  theatro  a  índia 
Oriental,  para  onde  o  levou  em  fua  compa- 

I  ohia  efpcrando,  que  aprendendo  em  idade 
taõ  tenra  os  preceitos  da  arte  militar,  pelo 

!  progreíTo  do  tempo  fahiria  taõ  difciplinado, 
que  foíTe   o  terror  dos  inimigos  do  Eftado. 

j,  Mas  como   a   natureza   fuavemente   o   incli- 

!  nava  para  as  letras,  e  foíTe  pouco  robuílo 
para  as   armas^   alcançou  faculdade   do   pay 

j  para  que  deixando  a  efcola  de  Marte,  fre- 
quentaíTe  a  de  Minerva.  Para  confeguir  efta 
refoluçaõ  voltou  a  Portugal,  e  na  Cidade  de 
Évora  aprendeo  do  infigne  Varaõ  André  de 
Refende  as  letras  humanas,  e  a  língua  Latina, 
e  como  a  madureza  do  juizo  fe  anticipava  à 
verdura  da  idade,  fez  em  breve  tempo  taõ  agi- 
gantados progreflbs,  que  era  admirado  do  Mef- 
tre,  e  envejado  dos  difcipulos.  Ambiciofo  de 
fe  inílruir  com  mayores  fciencias  deixando  a 
fua  Pátria  paíTou  a  Flandes,  onde  em  Lovayna 
teve  por  Meílre  a  Pedro  Nanio,  eloquentiíTimo 
Orador  daquella  idade ;  e  depois  eíhidou  Theo- 
logia,  da  qual  penetrou  profundamente  os  feus 
mayores  myfterios.  Porém  como  as  armas  Fran- 
cezas,  que  fortemente  infeftavaõ  aquelles  Pai- 
zes,  lhe  alteraííem  o  focego  neceíTario  para  o 
elludo,  partio  para  Pariz,  em  cuja  Univeríidade 
brilhou  exceíTivamente  o  feu  talento,  publi- 
cando em  o  anno  de  1549.  como  primícias  da 


fua  capacidade,  huma  Sylva  de  vados  Poe- 
mas, que  dedicou  ao  íeu  Mecenas  o  In£uite 
D.  Luiz,  a  cuja  generofidade  própria  de  taò 
grande  Príncipe  fe  confeíTou  devedor  conoo 
feu  pay,  expreííando  o  agradecimento  de  am- 
bos neílas  métricas  vozes: 
A/  fibi  me,   PaulumqM  Pairem  dehere  fatemur 

Ipjt    quod  inj^enio,    Marte   qmd  ille  potejl. 
Qttippe  Pater  bello  dux  olim  afjmtiu  €>•  armis 

Sape  tibi  viílor  gratus  ab  hofle  redit. 

Neíla  obra  poética  moílrou  quanto  era 
obfervante  dos  feus  preceitos,  fem  profanar 
o  culto  das  Mufas  com  algum  termo  indeco- 
rofo  à  fua  pureza.  No  anno  de  1555.  quan- 
do contava  trinta,  e  hum  de  idade,  voltou 
fegunda  vez  a  Flandes  (como  elle  confeíTa 
na  Explanação  de  Cícero  de  óptimo  genere 
Oratorum)  e  fendo  defde  a  puerícia  applíca- 
do  às  letras  humanas,  para  aliviar  o  animo 
da  feveridade  dos  eftudos  mayores,  occupava 
algumas  horas  em  interpretar  aos  feus  domef- 
ticos,  e  amigos  as  obras  dos  Authores  anti- 
gos, illuílrando  a  huns  com  doutiíHmas 
reflexoens,  e  obfervando  em  outros  vários 
primores  de  elegância,  e  erudição ;  e  fe  nelles 
achava  algum  termo  menos  perceptível  à  com- 
mua  íntelligencía,  o  confultava  com  Varoens 
eruditos,  como  muitas  vezes  o  praticou  com 
Paulo  Manutio,  Marco  António  Mureto,  e 
Francífco  Rebortelo,  aos  quaes  profeflava  hu- 
ma eílreíta  amizade,  e  communícaçaõ.  Soube 
com  perfeição  as  línguas  Grega,  e  Hebraica,  as 
quaes  fallou  com  tanta  expedição,  e  pureza  co- 
mo a  Latina,  em  que  foy  eminente,  e  naõ  me- 
nos Poeta  fuavííTímo,  e  eloquentíffimo  Orador, 
de  cujas  elegantes  vozes  ainda  hoje  foaõ  os 
eccos  na  cabeça  do  Mundo,  onde  por  diverfas 
vezes  foy  ouvido  com  aplaufo,  e  admira- 
ção, principalmente  quando  na  prezença  dos 
Summos  Pontífices  Pio  IV.  S.  Pio  V.  e 
Gregório  XIII.  elegantemente  orou;  duas 
vezes  em  nome  do  noíío  Serenifllmo  Prín- 
cipe D.  SebaíHaõ;  e  huma  em  nome  de  Fr. 
Joaõ  de  la  Vallete  Graõ  Meílre  de  Malta 
com  tanta  pureza  na  fraze,  e  efpíríto  na  re- 
prefentaçaõ,  que  fepultou  em  eterno  efque- 
cimento  a  todos  os  Oradores,  de  que  tinha 
fido  Pátria,  e  theatro  aquella  grande  Cor- 
te. Nella  como  Empório  das  Sciencias  me- 
receo  fer  elevado  a  huma  Cadeira  na  Uníver- 


BIB  LIO  THE  CA 


fidade  da  Sapiência,  onde  refplandeceo  com  tan- 
ta intenfaõ  o  feu  talento,  que  para  dignamente 
fer  premiado,  competiaõ  entre  fi  os  mayores 
Príncipes.  Defta  verdade  feja  claro  teílemunho 
o  Cardeal  Sforcia,  quando  o  fez  Bibliothecario 
da  fua  numero fa  Livraria  cõpofta  de  rariflimos 
M.  S.  com  que  enriquiceo  de  novas  noticias  a 
fua  vaíla  comprehenfaõ.  Atendendo  a  Santi- 
dade de  Pio  IV.  ao  feu  talento  o  nomeou  Se- 
cretario do  Concilio  Tridentino,  e  ainda  que 
modeftamente  fe  efcusou  defte  miniílerio,  naõ 
pode  deixar  de  o  exercitar,  quando  S.  Pio  V.  o 
elegeo  Secretario  das  Cartas  Latinas,  que  os 
Pontífices  efcrevem  aos  Príncipes,  confiando 
da  elegância  das  fuás  palavras,  que  dignamente 
exprimi  íTe,  e  reprefenta  íle  a  fuprema  autho- 
ridade  do  Sólio  do  Vaticano.  Naõ  menor 
eíHmaçaõ  recebeo  de  Gregório  XIIL  pois 
querendo  augmentar  o  efplendor  da  Cafa 
Pontifícia  o  admitio  em  o  numero  dos  feus 
Pamiliares,  dando-lhe  tudo  quanto  naõ  fó 
•era  neceílario,  mas  fuperabundante.  Porem 
como  extremofamente  fentiíTe  a  morte  de 
S.  Pio  V.  de  quem  recebera  naõ  vulgares 
demonftraçoens  de  affecto,  deixando  as  bem 
fundadas  efperanças,  que  lhe  prometiaõ  os 
feus  grandes  merecimentos,  fe  retirou  a  viver 
para  fi,  e  para  as  Mufas;  e  julgando-fe  por  fua 
natural  humildade  indigno  do  Eftado  Sacerdo- 
tal, paíTou  o  reftante  da  vida  com  fumma  mo- 
deração, e  parcimonia,  regeitando  muitos,  e 
rendofos  benefícios,  que  efpontaneamente  lhe 
offereciaõ,  e  alguns  lugares  honorifícos,  como 
foraõ  o  de  Chronifta  Latino  de  Portugal,  Guar- 
da Mòr  do  Archivo  Real  para  os  quaes  o  convi- 
dou El  Rey  D.  Sebaíríaõ,  e  de  fer  Secretario  do 
Cardial  D.  Henrique  quando  no  anno  1 5  78.  ves- 
tio  a  Purpura  Real  fobre  a  Cardinalícia.  Nos 
feus  últimos  annos  gaílava  o  tempo  de  menhãa 
«m  vifitar  com  devota  piedade  os  Templos,  e 
fepulturas,  em  que  defcanfaõ  as  Cinzas  de  mui- 
tos Martyres,  de  que  Roma  he  venerável  depo- 
iito,  e  para  que  nem  ainda  neíle  piedofo  exercí- 
cio eftiveíle  totalmente  divertido  o  feu  génio  do 
eíludo,  examinava  com  douta  curiofídade  mui- 
tas infcripçoens  gravadas  em  diverfos  mármo- 
res; de  tarde  fe  comunicava  aos  feus  amigos, 
aprendendo  eftes  da  fua  pratica  os  documen- 
tos folidos,  aíTim  para  o  progreíTo  das  fcien- 
cias,  como  para  a  reforma  das  vidas;  e  aos  que 


eftavaõ  auzentes,  como  eraõ  Jofeph  Caílel- 
leoni  celebre  Jurifconfulto  de  Ancona,  Paulo 
MelIiíTo  Poeta  Germânico,  e  Fulvio  Uríi- 
no,  fabio,  e  illuftre  Romano,  que  venera- 
vaõ  a  fua  profunda  erudição,  fe  fazia  prc- 
zente  por  cartas  Latinas  efcritas  com  tanta 
elegância,  que  teftemunhou  o  Cicero  Portu- 
guez  D.  Jerónimo  Oforio,  fora  infígne  neíle 
género  de  efcrítura.  Foy  fempre  inimigo  ju- 
rado do  ócio,  de  tal  forte  que  quando  já  o 
pezo  dos  annos,  e  a  debilidade  das  forças  o 
efcufavaõ  da  applicaçaõ  ao  eftudo,  confu- 
mia  grande  parte  do  tempo  extrahindo  das 
Bibliothecas  com  incanfavel  trabalho  as 
Obras  de  muitos  Santos  Padres  Gregos,  tra- 
duzindo-as  na  Lingua  Latina,  como  foraõ  as 
Oraçoens  de  S.  Joaõ  Chryfoílomo,  e  alguns 
Tratados  de  S.  Cyrillo,  Santo  Anaftafio,  S.  Gre- 
gório NiíTeno,  Amphiloquio,  e  os  Hymnos  de 
Calimacho,  vendo  fe  neftas  traducçoens  o  pro- 
fundo conhecimento,  que  tinha  da  lingua  Gre- 
ga na  qual  compoz  também  admiráveis  verfos. 
A  fua  vida,  que  pelos  exercidos  de  tantas  vir- 
tudes era  digna  de  fer  eterna,  pagou  o  tributo 
de  mortal  em  Roma  a  28.  de  Setembro  de  1 5  81. 
quando  contava  57.  annos,  e  trez  mezes  de  ida- 
de. Mandou  no  feu  Teftamento  que  veftido  no 
habito  de  S.  Domingos  foíTe  enterrado  na  Igre- 
ja dos  Padres  da  Congregação  do  Oratório  de 
Roma,  onde  honorifícamente  foy  collocado  em 
huma  Capella  dedicada  à  May  de  Deos,  que  he  a 
primeyra,  que  ao  entrar  pelo  Templo  eílá  ao  la- 
do efquerdo.  Para  eterno  teftemunho  de  como 
affeduofamente  venerava  aquelles  exemplaríf- 
fímos  Padres  lhes  deixou  por  eíHmavel  legado 
a  fua  numero  fa  Livraria,  de  cuja  Liçaõ  extrahio 
varias  noticias  com  que  illuftrou  os  Faílos  da 
Igreja  o  feu  Purpurado  Annaliíla  Cefar  Baro- 
nio.  Eíla  infígne  Bibliotheca  fe  vé  collocada  em 
huma  fumptuofa  cafa,  onde  na  fachada  da  por- 
ta eílá  pintado  o  retrato  de  Achilles  Eftaço,  e 
na  parte  inferior  gravada  eíla  breve  infcripçaõ 
Bibliotheca  Statiana.  Naõ  foy  poderofa  a  morte 
para  extinguir  na  eílimaçaõ  dos  mayores  Prín- 
cipes a  memoria  de  taõ  grande  Varaõ,  pois,, 
querendo  XiHo  V.  perpetuar  o  feu  mered-* 
mento,  conferio  hum  rendo  fo  benefício  a 
hum  feu  parente,  dizendo,  que  era  juflo 
que  ainda  depois  da  morte  fe  premiaíTe  a  vir- 
tude.   O  Cardeal  Farnefe  naõ  duvidou  affír- 


i 


L  USITANA. 


liar,  que  morceta  o  mayor  homem  que  fahira 
Je  Portugal.     Os  mais  celebres   Efcritores 
he  confagraraõ  grandes  elogios  ao  feu  nome, 
ulgando  ferem  limitado  premio  para  taõ  alto 
nerecimento,  como  foraõ  Jufto  Lipfío  lib.  i. 
Variar.    Le£í.    cap.    2.    chamando-lhe    maffti 
'njumij,  &  multa  hítionis  virum .    Martim 
\  rpilc.  Nav.  in  oper.  de  Keddit.  Ecclef.  Portu- 
Ília  honor.    O  Cardial  Baronio  naõ   fatis- 
ito  de  fazer  delle  honorifica  memoria  repe- 
las vezes,  como  fe  vè  in  Annalih.  ad  ann. 
hrift.  S99.  n.  9.  &  in  Not.  ad  Martyrol. 
\\om.  21.  April.  tratando  de  Anaftacio  Synaita, 
cm  14.  de  Mayo  regul.  Monach.  principal- 
ncntc  a  II.  de  Jan.  in  dcpofit.  S.  Bafil.  diz 
,dlas  palavras.    "Legimus  in  Veteri  M.  S.  Códice 
>mtra  Biblioiheca,  quam  pojfidemus  liheralitate 
■if    memoria    optimi,    eS^   eruditijftmi   Achillis 
atij  LMjitani;  e  em  12.  de  Novembro  efcre- 
vendo  de  S.  Martinho  Papa,  e  Martyr;  Unde 
feiu  precamur   bona    memoria   Achillis   Statij, 
\mà  hgata  nobis  Jua  Bibliotheca  tam  infignia  reli- 
Un/  vetuftatis  monumenta.    Latin.    Latinin  Epiíl. 
[ad  Ant.  Auguíl.  lhe  chama  L,ibrorum  venator, 
je^*  hellm.   Ant.  Poílev.  in  Appar.  Sacr.  tom.  i. 
jNo/?r/  avi  eruditiim  virum.     André   Scoto  in 
pih.   Hijp.  claf  2.  tom.   3.  pag.  489.     Poeta 
fimul,    <&    Philologus    inter    aquales   praftans. 
n.  Nicol.  Ant.  na  P>ib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  2. 
Vir  piíis,  eximiaque  in  litteris  five  proja,  Jtve 
verfa    oratione  fcriberet,   five    iilufiraret  prifcos 
\ripíores,  five  tandem  è  Latino  in  Gracum  verte- 
\ret,  fama.   Fr.  Miguel  Pacheco  na  Vida  da  Inf 
\D.  Mar.  Liv.  2.  cap.  4.  p.  99.  homhre  doãijfimo  en 
Hetras divinas, j  humanas;  e  no  cap.  18.  pág.  135. 
Sugeto  de  los  aplaudidos  de  aquel  figlo  en  todas  las 
\buenas  Letras,  Jorge  Cardo f.     Agiol.  Lufit. 
'Tom.  3.  no  Commentario  de  3.  de  Mayo  letr. 
A  lhe  chama  famofo.    Joan.  Suar.  de  Brito  in 
Theat.  Lufit.  Litterat.  lit  A.  Virfuit  multa  erudi- 
iionis  tam  graça,  quam  latina.     Lud.   Carrio. 
lib.  I.  Antiq.  cap.   2.   Virum  fummum,  atque 
ut  ejus  amplitudo,   <&  praclara  omnium  fcien- 
tiàrum    conditio    meretur,    non    nifi   cum    honore 
nominãdum.  Jeron.  Ghilino  in  Theatr.  d'Huom. 
Letter.    Tom.    2.    p.    5.     Eccellentiffimo  Litte- 
rato,  Poeta,  Profatore,  e  Traduttore  fini  la  fua 
vita  in  Koma  con  grandijfimo  difpiacere  dè  fuoi 
amici,  e  di  tuti  iprofejfori  di  belle  Lettere,  trà 
quali   apparve    como    un    chiariffimo    fole  frà  k 


Stelle.  QjQvcí  íemelhantes  elogios  o  celebra6 
Joaõ  Sambuco  in  Emblem.  pag.  177.  Pctr. 
Ang.  Sper.  de  nobil.  Profef.  Grammat.  €>* 
Human.  lib.  3.  foi.  120.  e  129.  Tobias  Magir. 
in  Eponymol.  Crit.  p.  7.  Franckenau  in  Bib. 
Hifp.  Hift.  Gen.  Herald,  pag.  i.  Thuan. 
Hifl.  lib.  39.  ad  an.  1566.  Joan.  Hallcvord. 
in  Bib.  Curió f.  pag.  2.  Jacob.  Pontan.  in 
Attic.  Bellar.  pag.  43.  n.  21.  Taxand.  in 
Cathal.  Cia.  Hifp.  Script.  CapaíTi  Hift.  Phi- 
lofof.  pag.  453.  Padilla  Hift.  Úcclef.  de  Efpan. 
Gínt.  4.  cap.  52.  onde  por  erro  o  faz  Italiano» 
Gafpar  Eftaço  Antig.  de  Portug.  cap.  44. 
§.  6.  e  no  Trat.  da  linhag.  dos  Eftaços.  pag.  45. 
Fonfec.  Évora  gloriofa  pag.  406.  o  Padre 
D.  Ant.  Caet.  de  Souf.  na  Prefação  á  Hift. 
Gen.  da  Caf  Real  de  Portug.  Tom.  i.  pag.  43. 
n.  21.  He  numerado  entre  os  Poetas  iníignes 
por  Pedro  Sanchez  na  celebre  Carta  que  em 
louvor  dos  Poetas  Portuguezes  efcreveo  a 
Ignacio  de  Moraes  dizendo: 

Incolat,  <&  quamvis  diverfas  transfuga  terras 
Non  tamen  oblitus  pátria  fera  pralia  cãtef 
Qua  Kex  Alphonfus  cui  calo  mifja  fereno 
Lufitanorum  funt  clara  infignia  Kegum. 
Illum  autem  digito  quem  monfirat  Martia 
Koma? 
Orbis  Koma  caput;  quo  pratereunte  feneftris 
De  fummis  pueri  clamant,  juvenefque,  fenes  que 
Ille,    ille    eft    certe    ille    eft  Lufitanus  Achil- 

les: 
Lufitana  fuis  tellus  geftavit  in  Ulnis 
Nutrivit,    docuitque    honas   noviffe   Camoe- 
nas. 

Ultimamente  coroa  todos  eíles  elogios 
dedicados  à  memoria  de  Achilles  Eftaço  o 
Padre  António  dos  Reys  com  o  que  lhe  tece 
das  suas  próprias  Sylvas  no  Enthuíiafmo 
Poético,  n.  15  que  dedicou  à  AuguíHflima 
Mageftade  delRey  D.  Joaõ  V.  N.  Senhor 
impreíTo  no  principio  dos  feus  agudiíTimos 
epigramas  dizendo  com  Lacónica,  e  elegante 
energia: 

Tu  quòque  non  unà  tantum  redimitus  Achilles^ 

Fronde  fedes;  fiquidem  própria  dant  plurima 

Sjlva 

Sertã  tibi. 

O  Cathalogo  das  fuás  obras  que  fe  achaã 

efpalhadas    em    huma,    e    outra   Bibliotheca 

Hifpana,    e    Bibliotheca   Clajftca    de   Draudio, 


8 


BIBLIOTHE CA 


na  Curiofa  de  Hallevordio  pag.  z.  e  na  Pon- 
tificia  de  Fr.  Luiz  Jacob  de  S.  Carlos  pag. 
238.  e  no  Cathalogo  Ciar.  Hifp.  Script.  de 
Taxandro,  he  o  feguinte. 

Obras  impreíTas  em  profa. 

Commentarij  in  Lib.  j.  M.  Tulij  Cice- 
ronis  de  Óptimo  genere  Oratorum.  Pariíiis  apud 
Vafcofanum  15  51.  in  4.  &  Lovanij  apud 
Servatium  SaíTenium.  1552. 

Commentarij  in  lih.  M.  Tulij  Ciceronis  de  fato. 
Lovanij  apud  Servatium  SaíTenium.  15 51.  8. 

Cajligationes,  (&  explorationes  in  Top. 
M.  Tulij  Ciceronis.  Ibidem  apud  eumdem 
Typog.  1552.  8.  Eíle  Livro  foy  dedicado  a 
Joaõ  de  Barros. 

De  óptimo  genere  Oratorum,  in  Topicam,  de  Fato, 
.atque  obfervationes  aliarum  rerum.  Sahiraõ  jun- 
tos Antuerpias  apud  Martinum  Nutium  1555.8. 

In  Horatij  A.rtetn  Poeticam  Commenta- 
rium.  Antuerp.  1553.  4.  Deíla  obra  faz 
illuílre  memoria  Daniel  Georg.  Morhorf. 
in  Polyhijlor.  lib.  7.  cap.  i.  n.  4. 

Ohjervationum  in  vários  luatinorum  fcriptorum 
Jibros.  Lovanij  apud  SaíTenium  15  52.  e  1604.  8. 
Sahiraõ  depois  ///  The^aur.  Crit.  Joan.  Gruther. 

Commentarij  in  Suetonium  de  Claris  Gram- 
maticis,  <&  Khetoribus  illujlribus  libri  duo. 
Antuerp.  apud  Chriílophorum  Planti- 
num  1574.  8.  Eíles  Commentarios,  que 
injultamente  fe  atribuiaõ  a  Joaõ  Baptifta 
Egnatio,  fahiraõ  nefta  impreíTaõ  reílituidos 
ao  feu  verdadeiro  author,  qual  era  Achilles 
Eftaço,  que  os  dedicou  ao  Infante  Cardial 
D.  Henrique,  onde  entre  outras  coufas  lhe 
■diz.  Multa  tua  conjlant  in  patrem  meum  bene- 
ficia, multa  in  fratres,  multa  in  me  ipfum  deni- 
que.  Deinde,  qu(B  ex  Itália,  atque  Urbe  Koma 
litteris  amantijfimis  aceito  tam  multa  liberaliter, 
^  prolixe  polliceris,  perinde  mihi  grata  funt, 
acji  jam  etiam  acceperim.  Eíla  obra  louva 
Dioniíio  Lambino  com  huma  carta  efcrita 
a  Eftaço,  dizendo  fahira,  tua  acérrima  lima 
^ajiigatum ,  tuaque  eruditijfima  commenta- 
tione  locupletatum ,  atque  exornatum.  Sahio  Pari- 
íiis apud  Federicum  Morellum  1567.  in  8. 
-Sc   ibi   apud   Adrianum  Beys    1610.    in  foi. 

Commentarij  in  Catullum.  ibi  apud  eum 
dem  Typog.  1566.  8. 

Commentarij  in  Tibullum.  Venetiis  apud 
Aldum  Manutium.  1567.  8. 


Eftes  dous  Commentos  fahiraõ  impreíTos 
juntamente  Venetiis  apud  Aldum,  &  Pariíiis 
in  foi.  dos  quaes  diz  André  Scoto  aíTima 
allegado,  Muretum  in  Catullo,  (&  Tibullo 
venujiis  poetis  explanandis  amulari  non  dubitavit 
Statius;  certe  in  Tibullo  difertior  Mureto,  & 
copiojior. 

Orationes  dua;  altera  in  Tópica  Ciceronis, 
altera  quodlibetica  de  animarum  immortalitate. 
Pariíiis  1547.  8. 

Oratio  ad  Pium  IV.  Pontificem  Maximum 
Sebajtiani  primi  Portugallia*  (&  A.lgarbiorum 
Regis  nomine  obedientiam  praf  tante  Imu- 
rentio  Pires  de  Távora  XIII.  Kalend.  JuniJ 
1560.  Romãs,  eodem  anno  4.  e  nas  minhas 
memorias  delRej  D.  Sebaftiaõ  Parte  i.  Liv.  2. 
cap.  I.  §.  7.  Lisboa  por  Jozeph  António  da 
Sylva  ImpreíTor  da  Acad.    1736.  4. 

Oratio  Sebajliani  Regis  Luftania  nomine 
ad  Gregorium  XIII.  habita  anno  1574.  Romãs 
apud   hasredes   Antonij    Bladij.    1574.   4. 

Oratio  ad  Pium  V.  nomine  Joannis  Valleta 
magni  Magijlri  Ordinis  Melitenjis  obedientiam 
prajlante  D.  Petro  de  Monte  Capua.  Romãs 
apud  Bolanum  de  Accoltis  4. 

Commentarium,  Jive  Epijiola  ad  Navarrum 
de  Redditibus  Ecclejiajlicis.  Romae  apud  hasre- 
des Bladij  1552.  8.  No  fim  eftà  a  repoíla  de 
Navarro,  que  começa  defte  modo.  Epijlolam 
tuam,  &  Commentarium  de  pecunia  Ecclejiajlica 
ratione,  charitate,  religione,  prudentia,  modefiia, 
(&  elegantia  plenam  jucunde  Jufcepi,  avideque 
perlegi,  (ò"  cum  tuo  nomine,  injignique  fama 
dignam  reperi,  Jimul  in  animum  induxi  tua 
authoritatis  validis  fundamentis  innixa  accejfwne 
nojlra  Jententice  multum  roboris  addi  pojfet. 
Efta  mefma  epiftola  mais  polida,  e  nova- 
mente augmentada  com  o  Commentario  do 
mefmo  Eftaço  de  Penjione  fahio  com  efte 
titulo. 

De  redditibus  Rcclejiajiicis,  <&  Penjione  com- 
mentarioli  duo.  Romae  apud  hasredes  Anto- 
nij Bladii  1574.  8.  e  1581.  e  1611.  e  ulti- 
mamente Hamburgi  apud  Michaelem  Hering. 
1614.  8. 

Illujirium  Virorum  ut  extant  in  Urbe  exprejft 
vultus  ab  Statio  colleãi,  opera  Fulvij  Orjini 
publici  júris  faãi.  Romae  apud  Antonium 
Lafrerium.    1569.  in  foi. 

Taboa  Geográfica  do  Rejno  de  Portugal  im- 


L  USITAN A. 


preíTa  em  Roma  1560.  a  qual  Abrahaõ  Ortello 
collocou  no  Teu  Theatro  do  mundo,  e  por  a 
ter  dedicada  Achilles  Eftaço  ao  Cardial 
Guído  Sforcia  julgarão  alguns  erradamente 
íer  obra  fua,  fendo  ella  compoíla  por  Femaõ 
Alvres  Seco  Infígne  Coímografo,  de  que 
faremos  mençaõ  em  feu  lugar. 

Obras  Poéticas  impreíTas. 

Syha  aliqmt  má  cum  duobus  hymnis  Calli- 
machi  eodem  carminis  genere  ab  Statio  reddiíis. 
Paris,  apud  Thomam  Richardum.  1549.  4. 
&  ibi.  com  outras  diverfas  1555. 

Monomachia  Navis  Lfijt/ania,  ^  "Rjgum 
Ijijitanorum  infignia.  Romx  apud  Jofephum 
de  Angelis  i  j  74. 

De  ekãione,  profeStione,  <&  coronatione  Sere- 
niffimi  Henrid  Polónia  Regis.  Romx  apud 
hxrcdes  Bladij.   i$74. 

Deo  Forti  Me/i/a  /ibera/a  Epinicium.  Sahio 
impreíTo  eftc  Poema  com  a  Oraçaõ  que  fez 
cm  Roma  em  nome  do  Graõ  Meílre  de  Malta, 
de  que  affima  fe  fez  mençaõ. 

Ad  Cognominem  Jibi  Achillem  Statium  Pella 
Epifcopum  Cármen.  Sahio  impreíTa  efta  obra 
na  Bibliotheca  Hifpan.  de  André  Scoto 
pag.  488. 

Poema  Latino  em  louvor  da  SerenííTi- 
ma  Infanta  D.  Maria  filha  delRey  D.  Manoel, 
o  qual  começa. 

Jam  pridem  Jludijs  aliis  addiãior  avi.  O 
qual  eftá  impreíTo  na  Vida  da  me/ma  Prin- 
^e^a  compoíla  por  Fr.  Miguel  Pacheco  lib. 
2.  cap.  18.  pag.  135.  V.  onde  com  igual  ele- 
gância fe  vé  traduzido  em  Caftelhano  por 
D.  Manoel  de  Salinas  y  Lezana  Cónego  da 
Cathedral  de  Huefca. 

Epigramma  Graco  Eatinum  in  Tranflatione 
S.  Gregorij  Nat^ian-i^eni,  o  qual  traz  Baronio 
in  Not.  ad  Martyrol.  Roman.  3.  Idus  Junij. 

Obras  traduzidas  do  Grego  em  Latim, 
das  quaes  a  mayor  parte  eílá  inferta  in  Bi- 
blioth.  Patr. 

S.  Joannis  Chryfojlomi  Orationes  quinque. 
I.  Dominica  Orationis  explana  fio.  2.  in  Natalem 
Domini.  3.  In  Sanãa  Theophania.  4.  De  David 
Propheta.  5.  de  Seraphim.  Efta  fahio  fepara- 
damente  Romae  apud  hasredes  Antonij  Bladij. 
1380.  8.  Petro  Donato  Cardinali  Caeíio  nun- 
cupata. 

S.    Gregorij    Nyjfeni   de   Ahrahã  <&   IJac. 


S.  Athanafij  in  Mag.  Parefcevtn.  Amphi- 
locbij  in  Sabbati  Sanai  diem.  Gregorij  Antio- 
cheni  Epifcopi  in  Sepulturam,  &  Kejurreãiontm 
Domini. 

Sophronij  in   Exaltationem   S.    Crms. 

Cyrilli  in  Parabolam  Vinea. 

Anajlajij  Sinai/a  de  in/urijs  remitíendit. 

EÍU  obra  íahio  feparadamente  RonuB 
1579.  como  diz  Baronio  no  Tom.  8.  dos 
Annaes. 

Martiani  Beethlemita  fragmentum.  Nili 
Abbatis  epiftola  três.  Algunus  deftas  obras 
fahiraõ  à  luz  publica  com  eftc  titulo. 

Orationes  nonnullorum  Gracia  Patrum  Chrj/' 
joftomi,  Athanafij  €>•  c.  latine  reddita  Achilk 
Statio  interprete.  Romx  apud  Francifc.  Zannc- 
tum.  1578.  8. 

In  Arati  Phanomena,  ^  proffiojlica.  Flo- 
rentix  apud  Jun£bs  1568.  in  foi.  Efta  obra 
traz  Draudio  in  Bib.  Clajfic.  Tit.  Phanomena. 
Typi  Epijlolici,  (&  epijíolarum  figura  authore 
incerto:  eadem  de  re  qttadàm  ex  magno  Bafilio 
cum  Ubanij  Sophifta  commentariolo ;  quadam 
ex  Tatiano,  Demétrio  Phalareo,  Cicerone,  Philipo 
Beroaldo,  Sulpicio,  Verulano.  Lovanij  apud 
Bartholomxum  Gravium  15  51.  8. 

Obras  Latinas,  que  por  fua  induftria 
fahiraõ  à  luz  publica. 

Eiber  de  Trinitate,  <&  Fide  compofto 
por  Gregório  Bifpo  de  Granada,  ou  como 
outros  querem,  pelo  Bifpo  Fauftino.  Romx 
in  xdibus  Populi  Romani.  1575.  Efte  tra- 
tado anda  impreíTo  no  fim  do  2,  Tom.  da 
Biblioth.  Patr.  da  impreíTaõ  de  Pariz  do  anno 
de  1575. 

Sanai  Ferrandi  Carthaginenfis  Ecclefia  Dia- 
coni  Opuf cuia  pia.  Romae  1578.  8.  Dedicados 
ao  Cardial  Luiz  Madrucio. 

Sanai   Pachomij  Canobiorum  per  Mg^ptum 

Fundatoris   regula  Mgyptiace   /cripta,   à  Sanão 

Hieronymo    Latine    converja,    ab   Statio    expur- 

gata,  (ò"  prijlina  fidei  reddita;  item    S er mo 

S.  Anfelmi  de  vita  aterna.    Romx  apud  hsere- 

des  Bladij.   1575.  8.  Efta  obra  anda  taõbem 

no  appendix  das  obras  de  CaíTiano  illuftradas 

com  as  Notas  de  Pedro  Chacaõ.   Romx.  1 5  80. 

Obras  naõ  impreíTas. 

Diverfos  Poemas  ajfim  heróicos,  como  Eyricos. 

Muitos  Pfalmos  de  David  tradujidos  em  ver/os 

elegantijjimos. 


IO 


BIBLIOTHE CA 


Commentarij  tn  Arijioíelis  Voeticam.  Defta 
obra  faz  elle  mefmo  memoria  no  fim  dos 
Commentos  à  Poética  de  Horácio. 

Commentarij  in  Horatij  carmina.  Annotatio- 
nes,  (&  Scholia  in  omnia  Puh.  Virgilij  Mar.  opera. 

De  rehus  gejiis  Patris  fui.  Faz  mençaõ 
deíla  obra  Gafpar  Eílaço  nas  Antig.  de  Port. 
cap.  44.  §.  6. 

Muitas  cartas  efcritas  a  varias  PeíToas, 
e  as  que  lhe  efcreveraõ. 

A  mayor  parte  deílas  obras  fe  confervaõ  na 
Livraria,  que  elle  deixou  aos  Padres  da  Congre- 
gação do  Oratório  de  Roma;  outra  grande  par- 
te, e  ainda  muitos  opufculos  deíle  grande  Va- 
rão fe  guardaõ  M.  S.  em  quatro  Tomos  na 
Bibliotheca  Romana  dos  Padres  Agoítinhos, 
como  coníla  do  feu  mefmo  Index,  digniíTimos 
certamente  de  que  lograíTem  o  beneficio  da  luz 
publica,  como  ardetemente  defejava  Joaõ  Bau- 
tista  Cardona  Bifpo  de  Torto fa.  Prelado  muito 
erudito,  o  qual  fazia  taõ  grande  eílimaçaõ  das 
obras  de  Achilles  Eílaço,  que  as  julgava  mere- 
cedoras de  ferem  procuradas  com  toda  a  deli- 
gencia,  e  extrahidas  dos  lugares  em  que  injuf- 
tamente  jaziaõ  fepultadas  para  ennobrecerem 
a  Bibliotheca  Regia  do  Efcurial,  e  ferem  col- 
locadas  entre  as  famofas  dos  Efcritores  mais 
celebres  de  Efpanha,  como  elegantemente  o 
deixou  efcrito  no  Confelho  que  deo  para  fe 
augmentar  a  mefma  Biblioth.  do  Efcurial, 
o  qual  se  pode  ler  na  Biblioth.  Hifpan.  de 
André  Scoto  Tom.  i.  cap.  3.pag.  71. 

Fr.  ACCURSIO  DE  S.  PEDRO  natural 
da  Villa  de  Serpa  da  Província  do  Alentejo. 
Recebeo  o  habito  dos  Frades  Menores  na  Pro- 
víncia dos  Algarves,  onde  depois  de  eJftudar 
as  Sciencias  mayores,  as  diâou  aos  feus  do- 
meílicos,  até  que  chegou  a  jubilar  na  Cadeira 
de  Prima  de  Theologia.  Depois  de  fer  Guar- 
dião do  Convento  de  Évora,  foy  eleito  com 
uniformidade  de  votos  Provincial  em  o  anno 
de  1653.  em  cujo  lugar  exercitou  com  os  feus 
fubditos  a  aíFabilidade,  e  prudência,  de  que 
era  fummamente  dotado.     Imprimio. 

Sermão  do  Aão  da  Fè  que  fe  celebrou  na 
Cidade  de  "Évora  a  11.  de  Agojlo  de  1644.  Lis- 
boa  por  Domingos   Lopes   Rofa.    1644.   4. 

Dúbia  Kegularia,  cujas  opinioens  eílavaõ 
aíTinadas    pelos    Doutores    da    Univerfidade 


de  Coimbra,  a  qual  obra  defappareceo  com 
a  fua  morte,  que  fuccedeo  no  Convento 
de  S.  Francisco  de  Xabregas  Cabeça  da  Pro- 
víncia dos  Algarves. 

Fr.  ADEODATO  DO  POMBAL 
cujo  appellido  indica  a  pátria  onde  naceo, 
que  he  da  Diocefe  de  Coimbra  na  Província 
da  Extremadura.  Foy  Monge  de  Cifter  no 
Real  Convento  de  Alcobaça.     Compoz 

Compilatio  definitionis  Capituli  Generalis  editi 
anno  13 18. 

Eíla  obra  fe  con  ferva  M.  S.  na  Biblio- 
theca de  Alcobaça. 

F.  ADEODATO  DA  TRINDADE 
Naceo  na  Cidade  de  Goa  cabeça  do  Império 
Afiatico  Portuguez,  e  foraõ  feus  Pays  Manoel 
Fernandes,  e  Mariana  de  Mello.  Profeííou 
o  habito  de  Eremita  Auguíliniano  no  Con- 
vento de  Lisboa  em  31.  de  Mayo  de  1565. 
Todo  o  tempo  que  lhe  reílava  da  applicaçaò 
dos  eíludos  mayores,  o  occupava  em  efcre- 
ver  os  livros  do  Coro  com  fumma  perfeição 
por  ser  hum  dos  mais  infignes  Efcrivaens 
do  feu  tempo.  Por  ordem  de  Felipe  IL 
emmendou,  e  reformou  a  fexta  Década 
da  índia  compoíla  por  Diogo  do  Couto, 
que  era  cazado  com  fua  Irmaã  Luiza  de 
Mello.  Naõ  fomente  reformou  a  Década  6. 
mas  aífiílio  à  impreíTaõ  das  que  lhe  prece- 
derão, para  que  fahiíTem  correâas,  como 
efcreve  o  Chantre  de  Évora  Manoel  Seve- 
rim  de  Faria  nos  Difcurf.  Var.  Polit.  pag.  150. 
v.o  Morreo  no  Convento  de  Lisboa  no  anno 
de  1605. 

D.  ADRIANA  FAGUNDES  taõ  nobre 
pelo  nacimento  como  infigne  pelo  talento 
de  que  liberalmente  a  ornou  a  natureza. 
Fallou  com  expedição,  e  propriedade  diverfas 
linguas,  fendo  de  taõ  feliz  comprehenfaõ 
que  decorou  os  livros  do  Genefis,  Êxodo, 
e  de  todo  o  Teftamento  novo,  que  fielmente 
repetia,  quando  fe  offerecia  occafiaõ.  Mor- 
reo no  anno  de  173 1.  deixando  para  teíle- 
munhas  do  feu  difcreto,  e  profundo  juifo. 

Poefias  varias  a  diverfos  ajjumptos.  M.  S. 
Delia  faz  memoria  o  Theatro  Heroino  das  mulhe- 
res Illuflres  em  f ciências.    Tom.    i.   pag.   114. 


L  USITANA. 


II 


P.  ADRI^M  PEDRO  natural  de  Lif- 
boa,  e  ílDi"  'oftinho  Pedro,  e  Cathe- 

rina  de  Vadre.  Sendo  de  defouto  annos  en- 
trou na  Companhia  de  JESUS  a  5.  de  Junho 
de  1649.  em  o  Noviciado  da  fua  Pátria. 
Depois  de  aprender  as  letras  humanas,  e  as 
fciencias  mayores,  leo  com  geral  applaufo 
hum  Curso  de  Filofofia  na  fua  Pátria.  A 
natural  benevolência,  de  que  era  dotado, 
o  fez  digno  de  exercitar  diverfos  miniílerios 
na  Religião  com  grande  fatisfaçaò  delia,  e 
mayor  credito  da  fua  peííoa,  como  foraõ 
fer  Procurador  do  Malabar,  e  do  Japaõ, 
Reytor  do  CoUcgio  de  Coimbra,  e  depois 
do  de  Santo  Antaõ  cm  Lisboa,  onde  morreo 
a  17.  de  Março  de  171 3.  com  79.  annos  de 
idade,  e  62  de  Religião.    Efcreveo. 

Vida  do  IrmaÕ  António  Homem  CoadJNtor 
temporal,  e  do  IrmaÕ  Bernardo  de  Mello  EJlu- 
dante,  ambos  jefuitas,  cujos  originaes  fc  guar- 
daõ   no   Cartório    do   CoUegio   de   Coimbra. 

Excellencias  de  Lisboa.  Aí.  S.  Delle  faz  me- 
moria o  Padre  António  Franco  na  Imag.  da  Vir- 
tiid.  em  o  Nou.  da  Comp.  de  Jef.  em  Lisboa  pag.  96  3 . 
c  no  Synopf.  Annal.  Soe.  Jef.  in  Lufit.  pag.  445. 
dizendo  delle :  Voftremos  annos  conjtwipsit  Jcri- 
bendo  de  excellentijs  UlyJJiponis  Pátria  fua. 

D.  AFFONSO  I.  entre  os  Monarchas 
Portuguezes,  e  único  entre  os  Heroes  mili- 
tares, que  venerou  a  Antiguidade,  teve  por 
oriente  a  nobre  Villa  de  Guimaraens,  onde 
fahio  à  luz  do  mundo  em  25.  de  Julho  de 
1109.  e  por  Pays  ao  Conde  D.  Henrique, 
quarto  filho  de  Henrique  Duque  de  Bor- 
gonha; Terceiro  Neto  de  Hugo  Capeto, 
tronco  da  Real  Cafa  de  França,  e  a  Rainha 
D.  Tereza  filha  de  Affonfo  VI.  Rey  de  Leaõ, 
e  Caftella,  e  da  Rainha  D.  Ximena  Nunez 
de  Gufmaõ,  concorrendo  para  exaltação  de 
taõ  grande  Príncipe  a  coroada  afcendencia  de 
tantas  Purpuras,  que  na  longa  diuturnidade  de 
muitos  Séculos  tinhaõ  illuílrado  os  Tronos  de 
Saxonia,  França,  Inglaterra,  Borgonha,  Nor- 
mandia, Lorena,  e  Efpanha.  Mas  para  que  a 
Graça  lhe  infundiíle  mayor  efplendor,  do  que 
recebera  da  natureza,  foy  regenerado  nas  aguas 
do  bautifmo  por  S.  Giraldo  Arcebifpo  de  Braga, 
onde  lhe  foy  impofto  o  faufto  nome  de  AíFonfo 
em  obfequio   de  feu  Avo  materno.     Ainda 


naõ  excedia  a  idade  de  quatro  annos,  quando 
feu  Pay  mais  carregado  de  palmas,  que  de 
annos,  pa  ííou  em  Aftorga  a  coroarfe  no  Capi- 
tólio da  Eternidade,  e  vendo  fua  Mãy  quanto 
neceíTaría  era  a  boa  educação  para  formar 
hum  Príncipe  perfeito,  tanto  que  começou 
a  articular  as  primeiras  palavras,  o  entregou 
á  tutela  de  Egas  Moniz,  taõ  illuftre  no  fangtie, 
como  nos  coílumes,  para  que  o  inílrniíTe 
naquellas  artes,  que  foííem  dignas  de  hum 
Soberano;  e  como  era  dotado  de  hum  engenho 
perfpicaz,  e  hum  coração  intrépido  para 
emprender  acçoens  heróicas,  o  foy  doutri- 
nando com  máximas  Chriílãas,  e  politicas, 
de  que  era  capaz  a  fua  tenra  idade,  naõ  alte- 
rando a  feveridade  de  Ayo  o  refpeito  que  lhe 
devia  como  VaíTallo,  antes  como  o  amava  excef- 
fivamente,  era  igual  ao  affeéto  o  fentimento,  que 
lhe  opprimia  o  coração,  vendo  que  ao  mefmo 
paíTo  que  crecia,  fe  lhe  defcubria  mais  clara- 
mente hum  defeito,  que  trouxera  do  ventre  ma- 
terno, o  qual  naõ  fomente  afeava  a  proporcio- 
nada fymetria  de  todo  o  corpo,  mas  o  fazia 
inhabil  para  o  exercido  das  armas.  Para  emen- 
dar efte  erro  da  natureza  depois  de  tentados 
inutilmente  os  focorros  da  Medicina,  recorreo 
a  fidelidade  de  Egas  Moniz  aos  fobrenaturaes, 
implorando  com  fervorofas  fupplicas  a  divina 
Mageftade,  e  a  fua  SantiíTima  Mãy  quizeíTem 
compadecer  fe  daquelle  Príncipe,  de  cujo  braço 
eftavaõ  pendentes  as  efperanças  de  todo  o 
Reyno,  e  o  que  era  mais,  por  eftar  deftinado 
para  glorio  fo  inílrumento  de  tantos  triumfos, 
que  em  obfequio  do  feu  nome,  e  mina  de 
feus  inimigos  havia  heroicamente  alcançar.  A 
taõ  ardentes  votos  condefcendeo  benignamente 
o  Ceo,  e  infpirado  fuperiormente  Egas  Mo- 
niz a  que  levaíTe  o  Infante  aonde  eílava  collo- 
cada  huma  infigne  Imagem  de  Maria  SantiíTima, 
tendo-o  oíFerecido  a  efta  Soberana  Princeza,  re- 
cebeo  repentinamente  faude,  cuja  noticia  en- 
cheo  de  univerfal  alegria  a  todo  o  Reyno,  e 
para  eterno  padraõ  de  taõ  fingular  beneficio  fe 
erigio  hum  Templo  à  Senhora  no  lugar  de  Car- 
quere  pouco  diílante  da  Gdade  de  Lamego. 
ReíHtuido  milagrofamente  à  faude  D.  Affonfo, 
e  contando  quatorze  annos  de  idade  fe  armou 
Cavalleiro  na  Cathedral  de  Zamora  com 
aquellas  ceremonias  militares,  que  naquel- 
les  tempos    fe   obfervavaõ  iufundindo-lhe 


12 


B  l  B  LIO  THE  C  A 


as  armas,  que  veftira,  taõ  briofos  efpiritos,  que 
parece  que  todo  o  furor  de  Marte  fe  lhe  accen- 
dera  no  peito  para  derrotar  os  inimigos  da  Cruz, 
e  dilatar  mais  vaílamente  o  Império  de  Chriílo. 
Sejaõ  irrefragraveis  teílemunhas  deíla  verdade 
a  continuada  ferie  de  vidorias,  que  por  vezes 
repetidas  alcançou  o  feu  invi£to  braço,  contan- 
do-fe  os  triumfos  pellas  batalhas,  os  defpojos 
pellos  aíTaltos,  e  as  conquiftas  pellos  afledios. 
ConfeíTe-o  Albucazen  Rey  de  Badajoz  deftro- 
çado  nos  Campos  de  Trancoso.  Teílemunhe-o 
ElRey  Eu j  uni  levantando  ignominiofamente  o 
fitio  que  tinha  poílo  a  Coimbra  com  trinta  mil 
combatentes.    Publique-o  Albaruque  Rey  de 
Sevilha,  quando  junto  de  Santarém  foy  total- 
mente roto,  e  desbaratado,  concorrendo  para 
a  gloria  defte  triumfo  o  patrocínio  do  General 
dos  Exércitos  de  Deos  o  Archanjo  S.  Miguel, 
fazendo  viíivel  a  fua  angélica  protecção,  como 
já  em  tempos  mais  antigos  o  tinha  feito  em 
obfequio  de  outro  Heroe  igual  a  AfFonfo  no 
valor,  e  na  Santidade.  Aclame-o  Lisboa  naõ  so- 
mente de  Portugal  mas  de  todo  o  mundo  cele- 
brado Empório,  a  qual  gemendo  efcrava  a  que 
havia  fer  Princeza  do  Império  Luíitano,  foy 
refgatada  do  bárbaro  poder,  que  a  dominava, 
querendo  fer  participantes  de  taõ  memorável 
acçaõ  muitos  heroes  de  nações  diverfas,  que 
por  mar,  e  terra  confpiráraõ  para  a  fua  liber- 
dade, ficando  para  monumento  da  viétoria,  e  do 
eftrago,  duzentos  mil  bárbaros  mortos.  Mayo- 
res,  e  mais  celebres  foraõ  as  palmas,  que  colheo 
nos  Campos  de  Ourique,  e  Santarém.    Neíla 
famofa  Villa  fe  coroou  viâoriofo  em  hum 
conflicto,  que  fendo  pella  ordem  do  tempo  o 
ultimo  mereceo  a  primazia  pelas  circunílancias 
do   fucceíTo,    pois  jà  quando  parecia  que  a 
idade    provedta    lhe    tiveíTe    remitido    parte 
do   ardor  militar,   entaõ    fuperior   à   mefma 
natureza  fe  moílrou  mais  que  nunca  vigo- 
rofo,  derrotando  inteiramente  a  Aben  Jacob 
Miramolim  de  Marrocos,  que  acompanhado 
de  treze  Reys  lhe  vieraõ  authorizar  mais  a 
viftoria,    pagando    aquelle   bárbaro    Príncipe 
com  a   fua  vida  o  atrevido  infulto   de  ter 
aílediado  ao  Infante  D.    Sancho  dentro  dos 
muros  daquella  Praça.    O  Campo  de  Ourique 
foy  o  folar  gloriofo  do  feu  Principado  rece- 
bendo nelle  a  fua  inveílidura  do   Suprmoe 
Arbitro  dos  Impérios,  o  qual  apparecendo-lhe 


pendente  da  Cruz,  e  cercado  de  luminofa 
inundação  de  rayos,  que  diíTipáraõ  as  trevas, 
que  entaõ  dominavaõ  os  Orizontes,  lhe 
illuílrou  menos  os  olhos  do  corpo,  que  da 
alma,  fegurando-lhe  com  benigno  afpefto  a 
viftoria  de  feus  inimigos,  a  diuturnidade  do  feu 
Império,  a  dilatação  das  fuás  conquiílas,  e  a 
perpetuidade  da  fua  defcendencia;  e  para 
mayor  argumento  do  feu  amor,  e  infallibilidade 
da  fua  palavra  lhe  deu  para  brazaõ  as  cinco 
Chagas,  que  confervou  indeléveis  no  feu  glo- 
riofo Corpo.  Animado  com  taõ  foberana  pro- 
tecção naõ  teme  o  inuadir  a  immenfa  multidão 
de  bárbaros,  que  excediaõ  o  numero  de  duzen- 
tos mil,  divididos  em  cinco  corpos,  de  que  eraõ 
formidáveis  cabeças  cinco  poderofos  Príncipes, 
fendo  taõ  horrorofo  o  eftrago,  que  padecerão, 
que  do  fangue  derramado  por  cento,  e  cin- 
coenta  mil,  naõ  fomente  os  rios  Cobres,  e  Ter- 
ges  mudarão  a  cor,  mas  engro  íTaraõ  a  corrente. 
Igual  foy  a  fortuna  alliada  com  o  feu  valor  con- 
quiílando,  que  combatendo,  pois  o  numero  das 
conquiílas  naõ  fe  diíFerençou  do  das  batalhas. 
Com  incrível  velocidade  libertou  do  dominio 
dos  Mouros  Lisboa,  Santarém,  Mafra,  Cintra,. 
Leyria,  Cezimbra,  Torres  Vedras,  Óbidos, 
Alenquer,  Palmella,  Alcácer  do  Sal,  Évora,. 
Beja,  Elvas,  Moura,  Serpa,  e  outros  muitos 
Lugares,  purificando  por  efte  modo  com  catho- 
lico  zelo  ao  feu  Reyno  das  infames  relíquias  do 
Mahometifmo,  que  como  peftifero  contagio 
o  podiaõ  inficionar.  De  taõ  admiráveis 
fucceíTos,  e  de  outros  ainda  mais  prodi- 
giofos  era  credora  a  fua  piedade,  pois  antes,, 
que  emprendeíle  acçaõ  alguma,  follicitava 
com  devotas  fupplicas,  axifteros  jejuns,  e  arden- 
tes rogos  o  feliz  fucceílo  das  emprezas,  que 
intentava,  invocando  para  feus  tutelares  a 
Maria  SantiíTima,  a  quem  cordialmente  vene- 
rava, e  a  outros  Santos,  de  cuja  interceílaõ 
confiava  alcançar  o  que  pertendia.  A  remu- 
neração era  igual  ao  beneficio,  pois  alem  de 
fazer  tributaria  a  fua  Coroa  com  penfoens 
annuaes  à  Sé  Apoílolica,  e  ao  Convento  de 
Santa  Maria  de  Claraval,  Cabeça  de  toda  a 
família  Ciftercienfe,  naõ  fomente  teílemunhou 
em  cento,  e  cincoenta  Templos,  que  nova- 
mente erigio,  e  fumptuofamente  reedificou, 
a  fua  Religião,  e  a  fua  magnificência,  mas 
também   eternizou   o   feu   agradecimento,   e: 


L  USITANA. 


i3 


yeoeraçaõ,  fendo  entre  todos  os  mais  celebres 
flquelles  dous  Principados  Ecdefiaílicos,  que 
fundou  em  Coimbra,  e  Alcobaça:  hum  para 
os  filhos  de  AgoíUnho,  e  outro  para  os  de  Ber- 
nardo. No  primeyro  naõ  fatisfeita  a  fua  piedofa 
gencroíidade  com  ter  edificado  o  rumptuofo 
Convento  de  S.  Vicente  de  Lisboa,  levantou 
outro  em  Coimbra  de  tanta  mageftade,  que 
foíTe  capa2  depofíto  das  fuás  auguílas,  e  vene- 
ráveis Gn2as,  aonde  introduzio  o  IníUtuto 
Canónico  Auguíliniano  com  aquella  mefma 
obfervancia,  que  cm  Africa  o  tinha  rcAaurado 
o  grande  Agoílinho.  No  fcgundo  confi- 
derando  quanto  era  credor  o  Reyno,  que 
poíTuia,  às  oraçoens  de  S.  Bernardo,  o 
qual  como  Moyfés  da  Ley  da  Graça  quando 
orava,  fazia  que  cftc  Principc,  como  outro 
Jofuc  dcbclaíTc  na  Campanha  os  inimigos 
do  Povo  de  Deos,  edificou  cm  Alcobaça 
para  dcfcmpenho  do  feu  Real  animo  hum 
Moftciro,  fobcrbo  na  fabrica,  augufto  nos 
privilégios,  e  opulento  nas  rendas  para  habi- 
tação de  mil  Monges,  que  exaftamente  obfer- 
vaíTem  os  didames,  que  em  Claraval  tinhaõ 
aprendido  do  feu  mellifluo  Prelado.  A  mefma 
religiofa  profufaõ  exercitou  na  erecção  das  Ca- 
thedraes  de  Lisboa,  Évora,  Vifeu,  e  Lamego; 
c  das  CoUegiadas  de  Santarém,  e  Guimaraens, 
aífinando  para  fuftentaçaõ,  e  efplendor  dos  feus 
Prelados,  e  Miniílros  copiofas  rendas.  Seme- 
melhante  beneficência  experimentarão  os  Ca- 
valleiros  da  Ordem  do  Templo,  de  S.  Joaõ  de 
Jeru falem,  e  do  Patraõ  das  Efpanhas  S.  Tiago. 
Para  dignamente  premiar  os  bellicozos  efpiri- 
tos  dos  feus  Soldados,  que  foraõ  gloriofos  inf- 
trumentos,  e  infeparaveis  companheiros  de  tan- 
tas viâorias,  fundou  duas  illuftrilTimas  Ordens 
Militares,  chamada  a  primeira  da  A/a  no  anno 
de  1 167.  e  a  fegunda  de  Aviz  no  anno  de  1 179. 
em  as  quaes  deixou  gravado  hum  eterno  memo- 
rial da  fualiberalidade,  e  do  valor,  que  mereceo 
premio  taõ  honorifico.  Foy  cazado  com  D.  Ma- 
falda, filha  de  Amadeo  IIL  Conde  de  Saboya, 
Moriana,  e  Piamonte,  de  quem  teve  o  In- 
fante D.  Henrique,  o  Infante  D.  Sancho 
igualmente  herdeiro  do  Scetro,  que  das  fuás 
heróicas  façanhas,  o  Infante  D.  Joaõ,  a 
Infanta  D.  Urraca,  que  cafou  com  D.  Fer- 
nando II.  Rey  de  Leaõ,  a  Infanta  D.  Mafalda, 
e  a  Infanta  D.  Terefa  chamada  pelos  Eftran- 


geiros  Matilde,  que  foy  prímeyramente  def- 
pofada  com  Felipe  I.  Conde  de  Flaodes,  e 
por  morte  defte  Príncipe  contrahio  fegundas 
vodas  com  Kudo  IIL  Duque  de  Borgonha,  e  a 
Infanta  D.  Sancha.  Ultimamente  coroado  de 
triumfaes  Louros,  e  virtuofas  obras,  pellai 
quaes  fe  fez  merecedor  da  immortalidade,  aca- 
bou a  vida,  mas  naò  a  fama,  em  Coimbra  a  6.  de 
Dezembro  de  118).  com  75.  annos  de  idade,  e 
no  magnifico  Convento  de  Santa  Cruz  foy  se- 
pultado o  feu  Real  Cadáver  concorrendo  a  vene- 
rallo  infinita  multidão  de  povo  atrahido  das 
vozes  dos  prodígios,  com  que  Deos  quiz  tefte- 
munhar  a  fua  Santidade.  Foy  depois  tranfferido 
a  hum  foberbo  Maufoleo  de  preciofos  nurmo- 
res,  que  lhe  mandou  erigir  a  magnifica  piedade 
dclRey  D.  Manoel,  fobrc  o  qual  mandou  cfcul- 
pir  a  imagem  deíle  Monarca,  para  que  a  arte 
fielmente  reprefcntaflc  depois  de  morto  afigura, 
que  nellc  vivo  delineara  a  natureza.  Teve  o 
corpo  agigantado,  mas  ainda  pequeno  para  a 
grandeza  do  efpirito,  cabello  caílanho,  boca 
groíTa,  o  roílo,  e  nariz  compridos,  olhos  claros, 
e  grandes.  A  gentileza  do  roílo  junta  com  a 
feveridade  do  afpeélo  o  fazia  igualmente  amado, 
e  temido.  Sobre  os  diademas  de  dous  Empera- 
dores,  e  as  Coroas  de  vinte  Reys  vencidos  em 
cinco  memoráveis  batalhas  arvorou  os  trofeos 
de  invencivel,  fervindolhe  tantas  purpuras  de 
degráos  para  subir  à  eminência  do  trono,  ao 
qual  para  durar  eternamente  lhe  abrio  os  aUcef- 
fes  com  a  própria  efpada.  Nunca  cometeo  em- 
preza,  que  naõ  foíTe  árdua  de  confeguir;  nunca 
deu  batalha,  em  que  naõ  foíle  taõ  incerta  a  viâo- 
ria,  como  manifefto  o  perigo,  julgando  por  inju- 
riofos  aquelles  triumfos,  nos  quaes  tiveíle  mayor 
parte  a  fortuna,  do  que  o  valor.  Sendo  como  o 
primeyro  Cefar  fundador  do  Império  de  Por- 
tugal, como  aquelle  o  fora  de  Roma,  e  taõ 
inclinado  ao  exercicio  das  armas,  como  das 
letras,  o  excedeo  naõ  fomente  efcrevendo 
com  pureza,  e  elegância  na  lingua  Latina 
a  Hiílorfa  da  celebre  ConqvúHa  de  Santarém, 
mas  ordenando  ao  feu  Capellaõ  Joaõ  Ca- 
mello,  que  individualmente  relata  íTe  as  mili- 
tares proezas  obradas  pelos  feus  VaíTallos  na 
fua  companhia,  e  as  famílias  donde  defcen- 
diaõ  taõ  famozos  heroes,  para  que  ferviífem 
de  exemplares  do  valor  a  toda  a  pofteridade. 
A  Hiíloria  da  Conquifla  de  Santarém  efcrita 


14 


B IB  LIO  THE  CA 


por  eíle  Príncipe,  em  que  defcreveo  a  fitua- 
çaõ  daquella  Villa,  fe  conserva  M.  S.  no 
Archivo  do  Real  Convento  de  Alcobaça 
no  fim  de  hum  Livro  de  S.  Fulgencio, 
como  efcrevem  Fr.  Bernardo  de  Brito  na 
Chronic.  de  Cijler,  liv.  3.  cap.  18.  e  Fr.  Antó- 
nio Brandão  Mon.  'Lujit.  Part.  3.  liv.  8.  cap.  6. 
e  liv.  10.  cap.  22.  Com  mayor  individua- 
ção o  deixou  efcrito  o  infigne  Hiíloriador 
D.  Jerónimo  Oforio  Bifpo  de  Sylves  lib.  6. 
de  Kegis  Infiit.  p.  180.  da  ediçaõ  de  Coló- 
nia de  1588.  Ríx  Alphonjus primus  hujus  regni 
conditor,  cujiis  divina  virtus  cum  admirabili  fapien- 
tia  conjunãa  tneritò  efi  in  omni  aternitate  cele- 
hranda.  Is  igitur  cum  Scalahim  Urhem,  ó"  Jitu, 
<&  arte  mmitijfimam,  (0°  militum  multitudine , 
(Ò'  vigilum  diligentiá  defenjam  centum  viginti 
tantàm  hominibus  fortijfimis  fiipatus  mãe  una 
cepijfef,  ó'  urhis  fitum,  (&  regionis  fertilitatem , 
(Ò"  expugnationem  illam  non  incommodê  latinis  lit- 
teris  complexus  efi,  ita  tamen,  ut  apparet,  illum 
ex  Sanais  litteris  non  vivendi  tantúm  dijci- 
plinam,  Jed  dicendi  etiam  fiylum,  <&  rationem 
percepiffe.  Semelhantes,  ou  mayores  Elogios 
lhe  dedicarão  os  noíTos  Hiíloriadores,  como 
foraõ  Duarte  Galvaõ  na  Chronica  defie  Prín- 
cipe; Brand.  Mon.  hufif.  Part.  3.  liv.  9.  até  o  11. 
Brito  Chronica  de  Cifier,  1.  3.  c.  i.  e  nos  B.log. 
dos  'Keys  de  Port.  p.  i.  Vafconc.  Anaceph. 
Keg.  hufit.  pag.  13.  Mariz  Dialog.  de  Var. 
Hifi.  Dial.  2.  Manoel  de  Far.  e  Souf.  Europ. 
Porf.  Tom.  2.  Part.  i.  cap.  3.  e  no  Epif. 
das  Hifi.  Port.  Part.  3.  cap.  2.  Duart.  Nun. 
Chron,  defie  Princip.  pag.  29.  e  na  Geneal.  dos 
Kejs  de  Portug.  p.  3.  v.o.  Barbud.  Empre^. 
Milit.  de  Eufit.  pag.  i.  v.o.  D.  Nicol.  de  Santa 
Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Keg.  Liv.  9.  cap.  9. 
Maced.  in  Propug.  Eufit.  Gal.  Part.  i.  Con- 
fut.  20.  ad  Art.  10.  Fonfec.  Etior.  Gloriof. 
pag.  39.  Manoel  de  Souza  Moreira  Theat. 
Gen.  da  Caja  dos  Sou^as  pag.  153.  Anton. 
Maced.  Divi  Tutel.  pag.  240.  Mend.  in  Viri- 
dar.  lib.  6.  Orat.  3.  Cunha  Catai,  dos  Bifp. 
do  Port.  Part.  2.  cap.  3.  Menezes  Portug. 
Kefiaurad.  Tom.  i.  pag.  5.  Card.  Agiol.  Eufit. 
Tom.  I.  p.  467.  no  Comment.  de  18.  de  Feve- 
reiro. Jozeph  Pint.  Pereir.  in  Apparat.  Hifi. 
Keligiof.  Princ.  Alphonfi  Henrici  per  tot.  o 
Padre  D.  Anton.  Caet.  de  Souf.  Hifi.  Gen. 
da  CaJa  Keal  de  Port.  Tom.  i.  liv.  i.  cap.  2. 


O  noflb  Virgiho  Portuguez  lu  Eufiad.  Cant.  3. 
Eftan.  45. 

A  matutina  lu^  ferena,  efria 
As  efirellas  do  Polo  já  apartava, 
Quando  na  Cru^i  o  Filho  de  Maria 
Amofirando-Je  a  Affonjo  o  animava. 
Elle  adorando  a  quem  lhe  apparecia 
Na  Fèe  todo  inflamado  ajjim  gritava, 
Aos  infiéis.  Senhor,  aos  infiéis, 
E  naõ  a  mim,  que  creyo  o  que  podeis. 
E  na  Eílanc.  84. 

Os  altos  Promontórios  o  chorarão, 

E  dos  Rios  as  aguas  faudofas 

Os  femeados  campos  alagarão 

Com  lagrimas  correndo  piedofas. 

Mas  tanto  pelo  mundo  fe  alargarão 

Com  fama  fuás  obras  valerofas, 

Que  fempre  no  feu  Rejno  chamarão 

Affonfo,  Affonfo  os  ecos;  mas  em  vaõ. 

Dos    ellranhos    feja    o    primeiro,    o    que 

taõbem  o  foy  na  dignidade,  o  Pontífice  Inno- 

cêcio  III.  em  huma  carta  efcrita  a  D.  Aflfon- 

fo    11.   que  traz  Baronio  in  Annalib.  Ecclef. 

ad    an.    11 79.     Manifefiis  probatum    efi   argu- 

mentis  quod  inclyta  recordationis  Alphonfus  Avus 

tuus  per  fudores  bellicos,  <&  certamina  militaria 

inimicorum  Chrifiiani  nominis  intrepidus  extirpator, 

<&  propugnator  fidei  orthodoxa,  ficut  devotusfilius, 

<&  Princeps  Catholicus  multimode  obfequia  impendif 

SacrofanãcB  Romana  Ecclefia  Matri  fua  dignum 

nomen,  (&  exemplum  imitabile  pofieris  derelinquens. 

Hypol.  Marrac.  in  Reg.  Marian.  p.  17.  Viroperi- 

bus  bellicis  clarus,  <ò'  Chrifiiana  pietate  fervens. 

Nat.  Alex.  Hifi.  Ecclef.  Sascul.  11.  €>*  12.  cap.  11. 

art.  3.  RexfortiJJimus,  <&  piijftmus  Eufitani  Regni 

conditor  multorum  Monafieriorum ,  <ò'  Templorum 

fundator  mirificus.     Jacob.    Gou.   toulas  Hifi. 

Univ.  Part.  3.  ad  Ssecul.   12.  Non  minus  belli, 

quam  pacis  artibus  clarus  Rempublicam  illufirare, 

bonifique  omnibus  augere,  ac  fplendide  ornare  non 

defiitit.  Marian.  de  reb.  Hifp.  Lib.  10.  cap.  13. 

17.  e  19.  <&  lib.  II.  cap.  15.  (Ò'  16.  Principem 

omni  virtute  confpicuum,  fidei   Chrifiiance  :^elan- 

tijjimum,   pace,    belloque   gloriofum.    Manrique 

in  Annal.  Cifierc.  Tom.  3.  ad  an.  Chriíl.  11 85. 

cap.   5.  n.   10.  Ingentis  laudis  Princeps,  e^*  qui 

non  minori  apud  Deum  gratià,  quám  apud  homi- 

nes  gloria  floruit   quandiu   vixit,    credendus   efi. 

Paflarel.  de  bel.  Lufit.  lib.   i.  Ob  mauros  in 

pralio  infigni  cade  profiratos  militari  fiudio,  atque 


LUSITANA. 


i5 


plaujii  in  illo  ardore  vUloria  Kía*  proclamatus 
OMguftum  hoc  ftbi  partum  virtiite  nomen,  alijs 
pojl  dotihiis  autlnni,  atque  exinde  retenlum  ad 
pofttros  tranjlulit.  Bonucci  Iftor.  di  D.  Alffon. 
Ettriq.  liv.  3.  cap.  i.  Ké  natofrà  h  ar  mi,  nodrito, 
$  crtfcwío  fra  gli  eferciTJ  di  Mar/e,  por/a/o 
éhlla  divina  Prmdenza  fra  cento  battaglie  Jh 
i  Jcudi,  fii  gli  elmi,  Jh  i  fafci  di  palme  trionfali 
4ik  Jublimità  de  m  trono  reale.  Garibay  Comp. 
Hijl.  de  líjpan.  liv.  38.  cap.  14.  ij.  c  16. 
Giuft.  liiji.  Chronol.  dei*  Ord  Aíilit.  Part.  i. 
cap.  25.  c  28.  Caram.  Theol.  Kegiil.  P.  9.  Epift. 
j.  n.  2365.  Carrillo  Annal.  dei  Mitnd.  liv.  4. 
pe^g.  329.  v.o  Chryfog.  in  Mimd.  Marian.  Difc. 
18.  n.  34.  Sccvol.  et  I.ovis  de  Sainô.  Marth. 
Hift.  Gen.  dela  Aíaif.  de  Franc.  Tom.  2.  liv. 
41.  cap.  2.  Matta  Traíí.  de  Sanííor.  Canonizai. 
Part.  3.  cap.  2,  n.  10.  Del  Rio  Difqtíijif.  Mag. 
Qweíl.  26.  feél.  5.  pag.  283.  BoíTius  de  Sig^i. 
Eitclef.  lib.  17.  cap.  7.  Aubert.  Mirxus  in 
Orig.  Ord.  Equeji.  cap.  14.  Quarefm.  ác  Quinq. 
Vuln.  Chrijl.  Tom.   5.  lib.  3.  cap.  7. 

AFFONSO  IV.  do  nome,  e  VII.  Rey 
de  Portugal,  que  ou  pela  afpereza  da  condição, 
ou  pelo  valor  do  animo  foy  intitulado  anto- 
nomaílicamente  o  Bravo,  nafceo  na  Cidade 
<ie  Coimbra  a  8.  de  Fevereiro  de  1291.  fendo 
fcus  Auguílos  Progenitores,  ElRey  D.  Diniz, 
•e  a  Rainha  D.  Ifabel,  que  por  fuás  fmgulares 
virtudes  mereceo,  que  das  veneraçoens  do 
[  Trono  fo  íTe  com  religiofos  cultos  adorada 
I;  nos  Altares.  Logo  nos  primeiros  annos  lhe 
nomeou  feu  Pay  por  Meftre  a  D.  Martinho 
!  cie  Oliveira,  taõ  venerável  pela  dignidade, 
como  pela  virtude,  para  formar  na  fua  Pef- 
foa  huma  perfeita  imagem  da  Soberania, 
c  em  taò  tenra  idade  deu  finaes  evidentes, 
de  que  a  natureza  o  tinha  dotado  de  huma 
Índole  capaz  de  obrar  acçoens  dignas  do  feu 
nacimento;  porém  com  o  progreíTo  dos  an- 
nos deixando  fe  arrebatar  da  violenta  paixaõ 
do  governo,  determinou  com  temerária  ou- 
fadia  cingir  a  Coroa  na  vida  de  feu  Pay, 
fendo  huma  das  principaes  caufas,  porque 
fe  refolveo  a  executar  eíla  abominável  ac- 
ção, o  particular  affedo,  com  que  aquelle 
Príncipe  amava  a  feu  Irmaõ  Affonfo  San- 
ches, a  quem  perfeguio  com  taõ  declarado 
ódio,    que    além  de  o  defpojar  da  fazenda. 


o  privou  da  honra.  Na  Varonil  idade  de 
trinu  e  quatro  annos  fubío  ao  Trono,  e  de- 
vendo totalmente  applicarfe  ao  governo  do 
Reyno,  a  que  anheUra,  fe  efqueceo  taõ  tor- 
pemente delle,  que  todo  o  tempo  confumia 
no  exercício  da  caça,  de  cujo  exceíTo,  que 
fatalmente  arruinava  a  Monarchia,  fendo  fiel- 
mente advirtido  pelos  feus  VaHalos,  ainda  que 
recebeo  com  femblante  irado  a  advertência,  de 
tal  forte  moderou  a  inclinação,  que  toda  a  con- 
verteo  em  benefício  do  Rcyno.  Aggravado  de 
varias  offenfas  que  recebera  de  Affonfo  XI.  de 
Caftella,  com  quem  defpofára  fua  filha  a  Infanta 
D.  Maria,  lhe  declarou  huma  horrível  guerra, 
de  que  fe  feguiraõ  funeftas  confequencias  a 
ambas  as  Monarchias,  alternando  a  fortuna  fuc- 
ceíTos  profperos,  e  advcrfos  aíTim  na  terra, 
como  no  mar.  Para  pacificar  os  dífcordes  âni- 
mos deíles  dous  Príncipes  mandou  a  Santidade 
de  Benediélo  XII.  ao  Bífpo  de  Rhodes  por  feu 
Legado,  c  ainda  que  de  alguma  forte  reprímio 
efte  incêndio,  totalmente  o  naõ  extinguio.  Aug- 
mentavafe  mais  o  furor  do  noíTo  Príncipe  con- 
tra ElRey  de  Caftella  por  lhe  ferem  notórias  as 
ignominias,  com  que  tratava  a  fua  filha  a  Infanta 
D.  Maria,  preferindolhe  no  amor,  e  na  eftima- 
çaõ  a  D.  Leonor  Nunes  de  Gusmaõ,  a  cuja 
fermofura  tinha  lafcívamente  facríficado  o 
coração.  Porém  huma  fatal  calamidade  que 
ameaçava  a  ultima  mina  a  toda  Efpanha,  obri- 
gou a  que  fe  reconciliaíTem  os  ânimos  deftes 
Príncipes.  Refolveufe  Alboacen  Rey  de  Mar- 
rocos colligado  com  o  de  Granada  invadir  Ef- 
panha, e  capitaneando  hum  Exercito,  que  fe 
faíia  formidável  pela  fua  exceífiva  multidão, 
pois  conftava  (como  afíirmaõ  os  Authores  da- 
quelle  tempo)  de  quatrocentos  mil  Infantes,  e 
feííenta  mil  Cavallos,  cercou  Tarifa  confiando 
que  com  o  rendimento  de  taõ  forte  Praça  fe  faria 
fenhor  abfoluto  de  toda  Efpanha.  Fatal  foy  a 
confternaçaõ,  que  concebeo  com  efl^  infaufta 
noticia  o  animo  de  Affonfo  XI.  conhecendo 
que  naõ  podia  reíiftir  a  poder  taõ  fuperior,  e 
para  que  naõ  foíle  defpojo  das  Armas  de 
Alboacen,  fupplicou  ao  noífo  Monarcha 
quizeíle  fer  feu  auxiliar  em  taõ  perigofa 
empreza.  Para  que  efta  suppUca  foíTe  prom- 
ptamente  attendida  mandou  por  interprete 
delia  a  fua  própria  Efpofa  a  Infanta  D.  Ma- 
ria,   que    chegando    em   Évora    à    prezença 


ló 


B  IB  LIOTHE  CA 


delRey  feu  Pay  foy  inexplicável  o  jubilo  com 
que  a  recebeu,  mayor  a  ternura  com  que  a  abra- 
çou. Efquecido  dos  aggravos  do  genro  fe  de- 
liberou em  obfequio  de  taõ  foberana  intercef- 
fora  paíTar  em  peíToa  a  Caílella  com  hum  Exerci- 
to mais  formidável  pelo  valor,  que  pelo  numero 
dos  combatentes.  Foy  recebido  em  Sevilha  com 
magnifica  pompa  por  ElRey,  e  toda  a  Corte  Caf- 
telhana,  a  quem  em  prefagio  da  viftoria  lhe  can- 
tarão os  meninos  com  innocentes  vozes  as  pala- 
vras, com  que  Chriílo  entrou  triunfante  em 
Jerufalem  Benedi£ius  qui  venit  in  nomine  Domini. 
Para  fe  evitar  alguma  confufaõ,  que  foíTe  preju- 
dicial ao  feliz  fucceíTo  defta  empreza  refolveraõ 
os  dous  Monarchas,  que  o  Portuguez  invadiíTe 
o  Exercito  delRey  de  Granada,  e  o  Caílelhano  o 
dei  Rey  de  Marrocos.  Fortalecidos  os  noflbs 
Soldados  com  o  efpiritual  alimento  do  Paõ  dos 
Anjos  mandou  o  noíTo  Príncipe  ao  Alferes  mòr, 
que  arvoraíTe  por  Eftandarte  o  Sacro  fanélo  Le- 
nho da  Cruz,  e  fendo  profundamente  adorado 
por  todo  o  Exercito  inveíliraõ  os  Soldados  como 
furiofos  Leoens  contra  as  efquadras  inimigas, 
que  animofamente  rebaterão  taõ  violento  im- 
pulfo.  Por  largo  tempo  eiieve  indecifa  a  vito- 
ria, até  que  inclinando-fe  para  a  noíla  parte,  foy 
tal  o  pavor,  que  occupou  os  ânimos  dos  Mou- 
ros, que  fugindo  ignominiofamente,  deixarão 
o  campo  femeado  de  Cadáveres.  A  felicidade 
deJfte  fucceíTo  animou  a  ElRey  de  Caílella 
de  tal  modo,  que  naõ  querendo  ficar  infe- 
rior na  gloria  do  triumfo  ao  noíTo  Príncipe, 
inveílio  com  tanto  Ímpeto  aos  inimigos  go- 
vernados por  ElRey  de  Marrocos,  que  os 
obrigou  a  defamparar  os  arrayaes,  degoUan- 
do  a  huns,  cativando  a  outros,  e  recolhen- 
do os  mais  preciofos  defpojos.  Efta  foy  aquel- 
la  famofa,  e  celebre  batalha  alcançada  em 
30.  de  Outubro  de  1340.  junto  às  correntes 
do  Rio  Salado,  donde  tomou  o  nome,  em  que 
morrerão  duzentos  mil  bárbaros,  cujo  excef- 
íivo  numero  obrigou  à  Fama,  que  a  divul- 
gaíle  por  única,  e  que  a  Igreja  a  celebraíTe 
por  milagrofa,  cauzando  inexplicável  jubilo 
á  Chriftandade,  eterna  fegurança,  e  precio- 
fos defpojos  a  Efpanha,  immortal  gloria  aos 
dous  Monarchas.  De  taõ  faufta  noticia  íize- 
raõ  logo  participante  ao  Supremo  Paílor  da 
Igreja,  mandando-lhe  para  final  do  triumfo 
trinta,  e  quatro  bandeiras  ganhadas  aos  Mou- 


ros, e  foy  tal  o  alvoroço,  que  concebeo  o  cora- 
ção do  Pontífice,  que  entrando  na  Cathedral  de 
Avinhaõ  para  render  as  graças  ao  AltiíTimo  por 
taõ  infigne  viftoria,  ordenou,  que  levaíTem 
diante  os  Eílandartes  dos  Mouros  arraílrados, 
e  tremolãtes  os  dos  dous  Monarchas,  rompenda 
o  feu  devoto  agradecimento  com  as  palavras 
do  Hymno  Vexilla  Kegis  prodeunt,  que  conti- 
nuou acordemente  todo  o  Collegio  Apoftolico. 
Conhecendo  Affonfo  XI.  que  o  mais  gloriofo 
inftrumento  defta  viftoria  fora  a  efpada  do 
noíTo  Príncipe,  lhe  pedio  efcolheíTe  dos  defpo- 
jos, que  delia  fe  tinhaõ  colhido,  os  que  foíTem 
mais  agradáveis  ao  feu  gofto.  Porém  o  no  íTo 
Monarcha  com  animo  verdadeiramente  Real, 
triunfante  da  mefma  viâ:oria,  efcolheo  aquel- 
les,  em  que  tinha  mayor  parte  a  honra,  que 
o  intereíTe,  como  foraõ  o  Infante  Abohamo 
íilho  de  Albohall,  que  cativou  com  a  fua  própria 
maõ,  algumas  efpadas  primorofamente  fabrica- 
das, huma  trombeta,  com  que  depois  fe  coroou 
o  feu  Maufoleo,  e  cinco  eftandartes,  que  pendu- 
rou por  trofeos  da  viâoria  na  Cathedral  de  Lis- 
boa. Antes  de  cingir  a  coroa,  fe  defpofou  em 
Lisboa  a  12.  de  Setembro  de  1309.  com  a  In- 
fanta D.  Brites  filha  delRey  de  Caftella  D.  San- 
cho IV.  o  Bravo,  e  da  Rainha  D.  Maria  íilha 
do  Infante  D.  Affonfo  Senhor  de  Molina,  da 
qual  teve  a  Infanta  D.  Maria,  que  foy  ef- 
pofa  de  Affonfo  XI.  de  Caftella;  os  Infan- 
tes D.  Aífonfo,  e  D.  Diniz,  que  morrerão  de 
tenra  idade;  o  Infante  D.  Pedro,  que  herdou  a 
Coroa;  a  Infanta  D.  Izabel,  e  o  Infante  D.  Joaõ, 
que  brevemente  foraõ  transferidos  para  melhor 
vida,  e  ultimamente  a  Infanta  D.  Leonor,  que 
cafou  com  ElRey  de  Aragaõ  D.  Pedro  IV.  cha- 
mado o  Ceremoniojo.  Conhecendo  que  era  che- 
gado o  termo  da  fua  vida  fe  preparou  com  as 
armas  dos  Sacramentos  para  efta  ultima  bata- 
lha, e  entre  os  fufpiros  de  hum  coração  verda- 
deiramente arrependido  exhalou  o  efpirito  em 
Lisboa  a  28.  de  Mayo  de  1357.  em  idade 
de  66.  annos,  três  mezes,  e  vinte  dias,  dos 
quaes  reynou  trinta,  e  dous  annos,  quatro 
mezes,  e  vinte  e  hum  dias.  Jaz  fepultado  na 
Cathedral  de  Lisboa  em  hum  foberbo  Maufoleo 
defronte  da  Capella,  onde  fe  venera  o  corpo  do 
Ínclito  Martyr  S.  Vicente,  tendo  por  epitáfio 
eftas  breves  palavras.  Alphonjus  nomine  Quartus 
Ordine  Jeptimus   Portugallia   Kex, 


LUSITANA. 


'7 


Sobre  o  Maufoleo  eílá  huma  figura,  que 
fuílenta  a  trombeta,  que  foy  gloriofo  dcf- 
pojo  da  batalha  do  Salado,  a  qual,  ainda 
que  muda,  Te  explica  por  eftas  métricas  vozes. 
Hac    tNha^   quam    Maitris    Alphonjiu    no  mine 

QitartHS 

AbftiiHt,  ut  Jamã  pritNus  in  orbt  foret; 
Dum  refonat  Regem,  partiimqtie  à  Ktge  trium- 

phum, 

Attamen  Alphonjitm  Jurgere  você  jubet. 

Foy  de  eílatura  mediana,  aípeâo  agra- 
dável, e  de  perfeita  fimetria.  Teve  a  teíla 
larga  com  algumas  rugas;  nariz  grande  al- 
gum tanto  curvado,  boca  grande,  a  barba 
copio fa,  e  partida  pelo  mcyo,  cabcUo  caf- 
tanho,  e  crcfpo.  Foy  para  Dcos  fumma- 
mente  Religiofo;  para  os  homens  cxtrcmo- 
íamente  compaíTivo.  Obfervou  cxaílamcntc 
a  continência  conjugal,  cm  cuja  virtude 
excedeo  a  todos  os  Principes  feus  Antecef- 
Ibrcs.  Amou  a  verdade,  affim  como  abor- 
rccco  a  mentira.  Nos  infortúnios  foy  conf- 
iante, nas  felicidades  moderado.  Adminif- 
trou  a  juftiça  com  reâddaõ,  exercitou  a  cle- 
mência fem  exceíTo.  Tomou  por  empre- 
za  huma  Águia  collocada  fobre  huma  penha 
levantando  o  voo  até  as  esferas  com  eíla 
letra  Altiora  peto  em  cuja  enigmática  figura 
fimbolizava  o  heróico  impulfo  de  feu  Coração 
para  emprender  acçoens  mayores,  que  fuás 
forças,  e  iguaes  a  feus  dezejos.  Mais  glorio  fa 
fora  na  pofteridade  a  fua  fama,  fe  a  naõ 
manchara  com  a  injuíla  morte  da  innocente 
fermofura  de  D.  Inez  de  Caílro,  de  cuja 
lamentável  tragedia  foy  crueliíTimo  complice. 
Fez  utiliffimas  Leys  para  o  governo  politico, 
nas  quaes  fe  admira  unido  o  zelo  do  bem 
publico  com  a  fciencia  civil,  e  fe  incorporarão 
com  as  Ordenaçoens  do  Reyno.  Delias 
íizeraõ  hum  Catalogo  Duarte  Nimes  de  Leaõ 
no  fim  da  Chronica  deíle  Príncipe,  e  Fr. 
Rafael  de  JESUS  Chronifta  mòr  do  Reyno  na 
Mon.  Lufit.  Part.  7.  liv.  10.  cap.  23.  onde 
efcreveo  diffufamente  a  vida  deíle  Monarcha. 
Como  era  naturalmente  affedo  à  Poezia 
compoz  vários  Verfos,  que  naõ  deixavaõ 
de  fer  elegantes  em  idade  taõ  inculta  para 
as  Mufas,  dos  quaes  tinha  feito  huma  col- 
lecçaõ  Fr.  Bernardo  de  Brito  Chronifta  mòr 
do  Reyno  para  fe  imprimirem,  como  teíli- 


fica  o  infigne  Antiquário  Manoel  Severim 
de  Faria.  F^azcm  illuílre  mençaõ  defte  Mo- 
narcha, Fernaô  Lopes,  Ruy  de  Pina,  Duarte 
Galvaò,  Duarte  Nunes  de  Leaõ  nas  íuas 
Chronicas,  Fr.  Bernardo  de  Brito  nos  Ebg. 
dos  Rtyf  de  Portugfll,  Ivlog.  8.  Vafc.  Anacepb. 
Keg.  Lufit.  pag.  115.  Faria  Estrop.  Port.  Tom. 
z.  Part.  2.  cap.  3.  e  no  Rpit.  das  Hifi.  Por/ug. 
Part.  ).  cap.  8.  Ciordon.  in  Chronol.  Bleda 
Chron.  de  los  Morifc.  lib.  4.  cap.  56.  Marían. 
de  reb.  Hijpan.  lib.  i).  cap.  16.  &  lib.  16. 
cap.  7.  ôc  lib.  17.  cap.  i.  Ferrer.  Hifi.  de  Efpan. 
Tom.  7.  ad  an.  1557.  Fonfcc.  Uuora  Glorio/. 
pag.  56.  Caramuel  Philip.  Prud.  pag.  45.  Sou- 
za Hifi.  Ceneal.  da  Caf.  Real  Portug.  Tom.  i. 
liv.  2.  cap.  3.  Leytaõ  Mem.  Chronol.  da  Univ. 
de  Coimb.  pag.  131.  até  147. 

AFFONSO  V.  do  nome,  e  XIII.  Rcy  de 
Portugal  chamado  Africano  pelas  militares  fa- 
çanhas, que  obrou  em  toda  Africa.  Sahio  à  luz 
do  mundo  na  deliciofa  Villa  de  Cintra  a  15.  de 
Janeiro  de  1452.  com  exceíTivo  jubilo  de  feus 
Auguftos  Pays  D.  Duarte,  e  D.  Leonor,  e  de 
toda  a  Monarchia  Portugueza.  Ainda  naõ  con- 
tava completos  fete  annos  quando  herdou  a 
Coroa,  e  como  para  fuftentar  o  feu  pezo,  tinha 
pouco  robuílos  os  hombros,  foy  eleyto  por 
geral  confentimento  feu  Tio,  e  ao  depois 
fogro,  o  Infante  D.  Pedro  Duque  de  Coim- 
bra para  que  na  fua  menoridade  regeíTe 
a  Monarchia,  o  que  executou  com  pru- 
dente vigilância  por  efpaço  de  outo  annos, 
até  que  chegando  ElRey  a  idade  compe- 
tente lhe  entregou  com  o  Scetro  o  governo. 
Naõ  foy  baílante  o  zelo,  e  defintereíTe  com 
que  o  Infante  adminiílrou  a  Monarchia  para 
que  naõ  fe  confpiraíle  contra  a  fua  innocen- 
cia  o  ódio  dos  feus  emulos,  perfuadindo  a 
ElRey  que  pertendia  ambiciofamente  pri- 
vallo  do  trono.  Refolveofe  o  Infante  juíli- 
ficar  a  fua  fidelidade  na  prefença  de  ElRey, 
mas  como  eíle  eílava  preoccuppado  de  fi- 
niftras  informaçoens,  fulminou  contra  elle 
tudo  quanto  lhe  didava  o  feu  furor  man- 
chando com  acçaõ  taõ  execranda  o  prologo 
do  feu  Reynado,  até  fer  caufa  de  que  aca- 
baííe  infelizmente  a  vida,  merecedora  de 
mais  gloriofo  fim  nos  campos  de  Alfarrobei- 
ra.    Eílimulado    com   o   ardente   dezejo   de 


i8 


BIB  LIOTH  E CA 


ganhar  fama,  que  o  Ç^zcí^t  immortal  na  pof- 
teridade  efcreveo  no  anno  de  1457.  ^0  Pon- 
tífice Calixto  III.  para  que  colligaíTe  todos  os 
Príncipes  Catholicos  contra  o  Turco,  offere- 
cendo  para  eíla  empreza  a  fua  PeíToa  com  todas 
as  forças  militares  do  feu  Reyno.  Admiroufe 
o  Pontífice  de  taõ  generofa  oferta,  pois  toda 
cedia  em  obfequio  da  Religião,  porém  os  Prín- 
cipes com  mayor  politica,  que  Chriílandade  naõ 
quizeraõ  intereíTarfe  em  guerra  taõ  juíla,  fo- 
mente o  noíTo  Monarcha  naõ  defiftindo  do 
Catholico  intento  de  domar  o  orgulho  dos  Se- 
quazes de  Mafoma,  mandou  voltar  as  proas  da 
formidável  armada,  que  tinha  apreftado  con- 
tra Alcácer  Seguer,  a  qual  conílava  de  duzen- 
tas, e  vinte  vellas,  e  de  vinte  mil  Soldados, 
e  depois  de  huma  forte  refiílencia  a  rendeo 
ao  feu  dominio  no  memorável  dia  de  17. 
de  Outubro  de  1458.  Acompanhado  de  feu 
irmaõ  D.  Fernando  Duque  de  Vifeu  entrou  na 
Mefquita,  e  depois  de  purificada,  a  confagrou 
à  Immaculada  Conceição  da  Senhora,  e  para 
que  não  pudeííe  fer  invadida  pelos  bárbaros 
huma  Praça,  que  fora  expugnada  com  tanta 
gloria,  a  deixou  entregue  à  vigilância  do  infigne 
Capitão  D.  Duarte  de  Menezes,  que  brevemente 
moftrou  aos  inimigos  o  valor  da  fua  efpada. 
Efta  famofa  conquifta,  que  foy  o  preludio  das 
militares  proezas  do  no  íTo  Príncipe  o  eftimulou 
a  que  no  anno  de  1463.  fahiíTe  com  outra 
armada  contra  Tangere,  mas  naõ  experimen- 
tando a  fortuna  taõ  favorável  às  fuás  armas, 
como  na  expedição  de  Alcácer,  voltou  ao  Rey- 
no a  prepararfe  para  outra  Conquifta  em  que 
reftauraíle  a  gloria  que  perdera.  Para  efte  fim 
apreftou  huma  armada  de  trezentos,  e  vinte  Na- 
vios guarnecidos  de  vinte,  e  quatro  mil  Solda- 
dos, em  a  qual  fahio  acompanhado  de  feu  filho 
o  Príncipe  D.  Joaõ  a  15.  de  Agofto  de  1471.  e 
navegando  profperamente  aviftou  a  Praça  de 
Arzilla,  contra  a  qual  mandou  aíTeftar  toda  a 
artilharia,  para  que  logo  fe  rende  ííe  à  fua  obe- 
diência. Os  bárbaros,  que  a  prefidiavaõ,  fe 
defendiaõ  taõ  obftinadamente,  que  por  alguns 
dias  fizeraõ  impoffivel  a  expugnaçaõ,  até  que 
naõ  podendo  refiftir  à  fulminante  efpada  do 
noffo  Príncipe  fe  renderão,  fendo  feliz  con- 
fequencia  de  taõ  grande  conquifta  o  ren- 
dimento da  Praça  de  Tangere,  que  guarne- 
ce© com  numerofo  prefidio.    Depois  de  ter 


colhido  innumeraveis  palmas  nos  Campos  Afri- 
canos converteo  as  armas  para  Efpanha  com 
taõ  infaufto  fucceíTo,  que  foraõ  vencidas  na  cele- 
bre batalha  de  Toro.  Para  recuperar  efta  perda, 
que   julgava  por  ignominio fa  ao  feu  nome, 
paíTou  a  França  lizonjeado  das  promeíTas  de 
Luiz  XI.  mas  experimentando,  que  a  dilação, 
que  interpunha,  era  final  evidente  de  as  naõ 
cumprir,  fe  refolveo  acabar  a  vida  em  Jerufa- 
lem  no  lugar,  onde  o  Redemptor  do  mundo  deu 
a  fua  pela  liberdade  dos  homens,  porém  atra- 
hido  do  amor  dos  feus  VaíTallos  fe  reftituhio 
ao  Reyno,  onde  compoftas  as  difcordias,  que 
havia  entre  a  Coroa  Portugueza,  e  Caftelhana  fe 
fentio  fortemente  acometido  de  algumas  mo- 
leflias,  que  atormentandolhe  o  corpo  lhe  pene- 
travaõ  mais  o  espirito,  de  que  fe  feguio  cahir 
gravemente  enfermo,  e  conhecendo  fer  chegada 
a  ultima  hora,  recebidos  com  grande  piedade  os 
Sacramentos  efpirou  em  Cintra  na  mefma  Cafa 
onde  nacera  a  28.  de  Agofto  de  1481.  quando 
contava  49.  annos  7.  mezes,  e  13.  dias  de  idade, 
dos  quaes  reynou  42.  annos,  onze  mezes,  e  19. 
dias.     Cafou  com  a  Infanta  D.   Izabel  filha 
de  feu  Tio,  o  Infante  D.  Pedro  Duque  de 
Coimbra,    e    da   Infanta   D.    Izabel   filha   de 
D.    Jayme   II.    Conde    de   Urgel,    de    quem 
teve  três  filhos  aos  quaes  pela  grande  devo- 
ção, que  a  Rainha  fua  Mãy  tinha  ao  Apoftolo 
S.   Joaõ  lhes  impoz  a  todos  o  nome  defte 
amado    Evangelifta;     fendo    o    primeyro    o 
Príncipe  D.  Joaõ;  o  fegundo  a  Infanta  D. 
Joanna,  que  defprezando  o  thalamo  de  tresj 
Monarchas    fe    defpofou    com    Chrifto    noj 
Religiofo    Convento    das    Dominicas    dei 
Aveyro,  a  qual  pelas  fuás  virtudes,  e  mila- 
gres fe  venera  Beatificada  nos  altares;  e  oj 
terceiro  o  Príncipe  D.  Joaõ,  que  herdou 
Coroa.    Por  morte  da  Rainha  D.  Izabel  fuc-j 
cedida  a  2.  de  Dezembro  de  1455.  paíTou  aJ 
fegundas   vodas   no   anno   de    1475.   com  a] 
Princeza   D.    Joanna    fua   fobrinha   filha   dej 
Henrique  IV.  e  herdeira  da  Coroa  de  Caftel 
fendo  por  efta  caufa  aclamado  o  noílo  Prin-| 
cipe  por  Monarcha  daquelle  Trono.    Teve  oj 
corpo  grande,  e  robufto;  a  prefença  mageftosa,] 
e  agradável;  o  rofto  redondo,  cabello  caftanho, 
e  o  da  barba  comprído,  que  fempre  trazia  muito] 
compofto.  Foy  dotado  de  memoria  admirável, 
e  engenho  agudo.  FaUou  a  lingua  materna  com 


LUSITANA. 


«9 


tanta  pureza,  e  elegância,  que  pareciaõ  as  Tuas 
palavras  eíludadas  antes  de  proferidas.  Teve 
natural  inclinação  ás  letras,  e  com  particular 

IafFeâo  cílimava  aos  homens  eruditos,  com 
Oi  quaes  tinha  familiar  comercio.  Foy  o 
primeiro  dos  no/Tos  Príncipes,  que  juntou 
Livraria,  c  que  ordenou  fe  efcreverfem  na 
lingua  latina  as  Hiílorias  do  Reyno,  para 
cujo  effeito  mandou  vir  de  Itália  a  Fr.  Juílo 
Btldino  Religiofo  Dominico,  a  quem  fez 
Bifpo  de  Ceuta.  Igualmente  foy  perito  na 
i  Mathematica,  que  na  Mufica,  de  cuja  fua- 
vidade  fummamcntc  fc  deleitava.  Foy 
acérrimo  dcfcnfor  da  Fé  Catholica,  infígne 
vcncrador  do  culto  divino;  de  animo  com- 
l^iíTivo  para  com  os  pobres,  de  coração 
i^cncrofo  para  os  Fidalgos  cnnobrcccndo  o 
Kcyno  com  muitos  Titulos,  com  que  pre- 
miou os  merecimentos  de  fcus  antcpafla- 
dos.  Jaz  fepultado  no  Real  Convento  da 
Batalha.  Como  tinha  paflado  a  mayor  parte 
do   feu   Reynado   na  Campanha,   efcreveo 

Tratado  da  Milícia  conforme  o  cojlume  de 
batalhar  dos  antigos  ^ortuguev^es.  Para  moftrar 
quanto  era  fcientc  na  Mathematica  efcreveo: 

Difcítrfo  em  que  fe  moflra,  que  a  conf- 
tellaçaõ  chamada  CaÕ  celefle  confiava  de  vinte, 
e  nove  eftrellas,  e  a  menor  de  duas.  De  cuja  obra 
fe  lembra  com  grandes  elogios  Zacuto  Luíit. 
in  Princip.  Mend.  Hiflor.  lib.  4.  hift.  11. 

Carta  efcrita  da  própria  maõ  a  Gome^ 
Anes  de  Zurara  feu  Chronifia  mor,  e  Guar- 
da mor  da  Torre  do  Tombo,  quando  affiflia  em 
Alcácer  com  o  Conde  D.  Duarte  de  Meneses, 
para  efcrever  os  feitos  daquella  Villa.  M.  S. 
Acaba.  O  meu  vulto  pintado  o  non  tenho  para 
volo  agora  lá  poder  enviar:  mas  o  próprio  prat^erá 
a  Deos,  que  o  vereis  lá  em  algum  tempo,  com  que 
vos  lá  mais  deve  prav^er. 

Carta  efcrita  da  própria  maõ  a  ^.  de  Agoflo 
de  1461.  a  Diogo  Lopes  Lobo,  Senhor  de 
Aluito  fatisfazendo-o  de  alguns  agravos, 
^ue  lhe  fizera.  M.  S. 

Defte  Principe  trataõ  Manoel  de  Faria, 
e  Souf.  Europ.  Portug.  Tom.  2.  Part.  3.  cap.  3. 
e  no  Epit.  das  Hiji.  Port.  Part.  3.  cap.  13. 
Marian.  de  reb.  Hifpan.  lib.  14.  à  cap.  6.  ufque 
ad  21.  Brito  Elog.  dos  Rejs  de  Port.  pag.  13. 
Maris  Dial.  de  Var.  Hifl.  Dialog.  4.  cap.  7. 
Oliveir.    Grand.    de   Eisb.  Trat.   3.  Tit.   13. 


Fonf.  Evor.  gforiof.  pag.  84.  Souíâ  Hifl.  Gemai, 
da  Cafa  Real  Por/ug.  Tom.  5.  liv.  4.  cap.  i.  Vaf- 
conccl.  Anaceph.  Keg.  Lufit.  pag.  199.  Orleaos 
Hifl.  desKiPolut.  d*Efpafful!om.  5.  pag.  187.  Fr. 
Femand.  da  Solcd.  Hifl.  Seraf.  da  Prov.  de  Por- 
tiig,  Part.  5.  liv.  16.  cap.  i.  da  íiegunda  impreílâõ. 

D.  AFFONSO  filho  fexto  dos  Serenir* 
fimos  Monarchas  D.  Manoel,  e  D.  Maria 
fua  fegunda  mulher,  filha  dos  Reys  Catho- 
licos  Fernando,  e  Izabel,  naceo  na  Cidade 
de  Évora  Capital  da  Provinda  TranAagana 
em  25.  de  Abril  de  1509,  em  cuja  Cáthe- 
dral  reccbco  a  primeira  graça  no  primeyro 
de  Mayo  do  mefmo  anno.  Logo  na  infân- 
cia deo  claros  indícios  da  agudeza  do  juizo, 
de  que  prodigamente  o  dotara  a  natureza. 
Aprendeo  as  letras  humanas  com  Ayres  Bar- 
bofa,  e  André  de  Refende,  Oráculos  da 
lingua  Grega,  e  Romana,  e  com  a  difciplina 
de  taõ  iníignes  Meílres  fez  taõ  admiráveis 
progreflbs,  que  já  enfinava  quando  aprendia. 
Ainda  naõ  excedia  a  idade  de  dez  annos, 
quando  Leaõ  X.  no  i.  de  Julho  de  15 18. 
o  ornou  com  a  Purpura  Vaticana  do  titulo 
de  Santa  Luzia  in  Septemfolifs  (que  depois 
foy  mudado  por  Clemente  Vil.  para  o  de 
S.  Braz  no  anno  de  1524.  e  ultimamente 
para  o  de  S.  Joaõ,  e  S.  Paulo  por  Paulo  UI. 
no  anno  de  1536.)  querendo  premiar  com  tanta 
anticipaçaõ  em  idade  taõ  tenra  as  virtudes, 
que  havia  praticar  na  adulta,  de  cuja  digni- 
dade recebeo  a  poíTe  a  28.  de  Mayo  de  1526. 
das  mãos  de  D.  Fernando  de  Vafconcellos, 
e  Menezes  Capellaõ  mòr,  e  Bifpo  de  Lamego. 
Das  fuás  virtuofas  acçoens  foraõ  gloriofos 
theatros  as  Diocefes  da  Guarda,  Vifeu,  e 
Évora,  nas  quaes  governou  como  vigilante 
Pastor  numero fas  ovelhas;  fervindo-lhe  eflas 
três  Mitras  de  degráos  para  fubir  à  dignidade 
Archiepifcopal  de  Lifboa  no  anno  de  1523, 
onde  dezempenhou  as  obrigaçoens  do  officio 
Epifcopal  adminiftrando  os  Sacramentos  aos 
enfermos,  explicando  o  Cathedfmo  aos  ru- 
des, e  favorecendo  com  charitativa  profu- 
fão  aos  pobres.  Ornou  os  Altares  com  pre- 
ciofos  paramentos;  venerou  com  exceíliva  ter- 
nura a  Maria  SantifTima,  e  com  o  mais  profundo 
refpeito  a  Chriílo  occulto  debaixo  das  efpe- 
cies  Sacramentaes .  Foy  exaâ»  obfervador  das 


20 


BIBLIO THEC  A 


Cerimonias  Ecclefiafticas  ordenando,  que  na  Ca- 
thedral,  e  Arcebifpado  de  Lisboa  fe  naõ  uzafle 
do  officio  Salisburgenfe  introduzido  defde  o 
tempo  delRey  D.  Affonfo  Henriquez,  e  fo- 
mente fe  obfervafle  como  mais  perfeito  o  Ro- 
mano. Como  era  muito  douto  nas  linguas  Grega, 
e  Romana,  e  verfado  nas  letras  fagradas,  e  pro- 
fanas, eftimava  aos  homês  fabios,  com  quê  tinha 
familiar  comercio ;  e  a  alguns  que  floreciaõ  com 
grande  opinião  em  outros  Reynos,  os  atrahia 
com  generofos  donativos  para  a  fua  companhia, 
na  qual  eraõ  benevolamente  tratados.  Conti- 
nuamente tinha  patentes  as  portas  a  todo  o  gé- 
nero de  pe  íToas,  que  bufcavaõ  na  fua  benévola 
comiferaçaõ  refugio  às  fuás  nece  íTidades,  naõ 
permitindo,  que  fe  apartaíTem  da  fua  prefença 
queixofas,  e  defconfoladas,  antes  era  natural- 
mente taõ  liberal,  que  o  dia,  em  que  naõ  fazia 
mercês,  e  repartia  dadivas,  o  julgava,  como  do 
Emperador  Tito  fe  efcreve,  por  perdido.  No 
tempo  que  Portugal  gofava  de  hum  Príncipe 
Ecclefiaflico,  cujas  virtudes  eraõ  veneradas  por 
todas  as  fuás  Jerarchias,  foy  acometido  de  huma 
grave  doença,  e  conhecendo  o  perigo,  que  o 
ameaçava,  fez  que  o  levaíTem  à  Capella  morda 
fua  Cathedral,  onde  com  terniíTimos  aíFeâos, 
e  devotas  lagrimas  recebeo  o  Sagrado  Via- 
tico,  e  recolhido  ao  Palácio  entregou  o  efpi- 
rito  ao  feu  Creador  na  florente  idade  de 
31.  annos  com  geral  fentimento  deíla  Monar- 
chia,  e  do  Mundo  Catholico  em  21.  de  Abril, 
e  naõ  de  Agoílo,  como  erradamente  efcreveo 
Megefero  no  Diar.  Auftriac.  p.  40.  e  41.  do 
anno  de  1540.  e  naõ  de  1537.  como  diíleraõ 
Panvino,  Ciaconio,  os  dous  Irmãos  Luiz,  e  Sce- 
vola  Santas  Marthas.  O  feu  corpo  foy  levado  ao 
Real  Convento  de  Belém,  onde  em  hum  foberbo 
Maufoleo  efpera  a  refurreiçaõ  univerfal,  tendo 
gravado  no  mármore  o  feguinte  epitáfio. 
iieu  quod  in  Alphonjo  viduanfur  honore  Tiara 

Plorat  UlyJJipOf  Koma,  ruhenfque  toga. 
Vifenfes  pueri,  quos  ipfe  fide  erudiehat 

Solaque  congaudent  Sydera  Cive  fuo. 
Compoz. 

Vita  Alphonji  l^ufitanorum  Kegum  primi, 
que  dedicou  à  Santidade  de  Leaõ  X.  como 
diz  D.  Nic.  de  Santa  Maria,  na  Chronica  dos 
Coneg.  Keg.  liv.  9.  cap.  32.  n.  6. 

Das  suas  obras  latinas  aflim  em  profa, 
como  em  verfo,  fez  huma  collecçaõ  o  cele- 


bre Antiquário  André  de  Refende,  e  impref- 
fas  as  dedicou  a  ElRey  D.  Joaõ  III.  como 
affirma  o  Padre  António  de  Macedo  in  L.ufit. 
Inful.  ^  Purpur.  p.  zi^. 

Conjlitmçoens  para  o  Bi/pado  de  Évora, 
que  foraõ  as  primeiras,  que  teve,  e  re- 
duzio  a  melhor  methodo  as  do  Bifpado  de 
Vifeu. 

Vários  faõ  os  elogios,  com  que  diver- 
fos  Authores  celebraõ  efte  grande  Príncipe. 
Ayres  Barbofa  feu  Meftre  na  Antimoria  foi. 
39  o  congratulou  com  eíle  celebre  diílico, 
quando  foy  eleyto  Cardial. 
'Koma    tihi    donat    Princeps   Alphonfe  galerum. 

Dat  tihi  Koma  decus,  me  minus  illa  capit. 
Palat.  in  Faftis  Cardinal.  Tom.  2.  pag.  719. 
Alphonjus  Princeps  religiofijfimus ,  litterarum, 
Utteratorumque  omnium  maxime  fautor,  et  Mace- 
nas,  qui  magnanimitate ,  clementia,  magnificentia 
certavit  cum  omnihus  Terra  Principihus.  Ah  eo 
trijiis  nemo  umquàm  dijcejfit.  Auãoritatem 
augens  famulitij  nobilitate,  cultu  domus,  mijeri- 
cordia  in  pauperes,  vere  Kex  hominum,  Pha- 
hique  Sacerdos,  inter  Epifcopos  Optimus,  inter 
Keges  clarijfimus,  quafwit  follicitus  Keligionis 
augmentum,  (0°  ohjervantiam  fine  firepitu,  abfque 
gladio.  Joio  verbo,  <&  exemplo.  Ciacon.  de 
Vitis  Pontif.  Tom.  3.  pag.  414.  Princeps 
munificentijfimus,  (ò"  magnanimus,  ac  tanta  infuper 
manfuetudine,  (ò"  clementia,  ut  nemo  unquàm 
ah  eo  triftis  dijcefferit,  quanta  autem  fuerit 
morum  Juavitate,  (&  comitate,  obitu  illius  intel- 
leãum  eft;  non  enim  alio  affeãu  eum  univerja 
luxit  Eufitania,  quám  fi  communis  omnium 
parens  interiijjet.  Ofor.  de  reb.  Emman.  lib.  6. 
Jingulare  fpecimen  religionis,  (&  probitatis,  é^ 
magnificentia.  Góes  na  Chron.  delKej  D.  Manoel. 
Part.  2.  cap.  42.  Foy  affás  douto  na  lingua 
latina.  Cardo f.  Agiolog.  L.ufit.  Tom.  2.  pag.  659. 
Mecenas  fingular  dos  doutos,  e  beneméritos,  favo- 
recendo-os,  e  honrando-os  em  toda  a  occa^iàõ. 
Maris  Dialog.  4.  de  varia  Hifior.  cap.  20. 
Douto  na  lingua  latina,  e  efiudiofijfimo  de  letras, 
e  /ciências.  Pedro  Sanches  no  Poema  Lauda- 
torio  dos  Poetas  Portuguezes 

At  Te  Kege  Sate  Heros  Emmanuele  potente 
Qui  Tjrium  Syrma  ornafii,  Jacrumque  Ga- 
lerum 

Ipfe   canat   Phabus:  nos  Te,  (&  tua  funera 
quondam 


L  USITANA. 


21 


Flevimus   Alphonfe,    &  gtmitu,   lacrymifque 
profujis 

Ad  tuMultim  mafla  ter  você  vocavimus  umbram, 
Maffie    tuam,    extremumque    vale    ter    dixi- 

mus.     VJjeul 
Quantum  prafidij  doÚi  amifire  Potia 
Morte  tual  quanta  decoris  P ama  fia   lut/trus, 
Nã  tihi  síper  erant  cordi  doííijftme   Princeps 
Vates:  mtmeribus  vates,  vultuque  fovebas: 
Temporis,  €>•  fi  qmd  tibi  forte  vacabat  ab  ai  mi 
Prajulis   officio,   qmd  verbo,  ÇÍT  rebus  obibas 
Donafii    id   totum    Mitfis,   placidaque    Poefi. 
Jorge  Q>elho   Secretario  do  Girdial  D. 

Henrique  nas  fuás  obras  poéticas  impreítas 

«A  Lisboa  no  anno  de  1 540.  traz  huma  larga 

£legia  à  morte  dcílc  Principe,  que  começa. 
Deflebam   Alphonfi  fatii  quem  fimere   acerbo 
Tam  jiwenem  nobis  abftulit  atra  dies. 
Garibay   Comp.   Hijl.   de  Efpan.   liv.    3J. 

«.ap.  50.  c  51.  Maffeo  HiJl.  rer.  Ind.  lib.  10. 

|(ingelin.  in  P/trp.  D.  Bernard.  pag.  49. 

c\:   50.  Cunha  Hijl.  Ecclef.  de  Lisb.  Part.  2. 

c.ip.  2.  n.  5  Souf.  de  Maced.  Flor.  de  Efpan. 
p.   23.   excel.    3.   Vafc.  Anaceph.   Keg.   Lu- 

ftf.  pag.   272.  Bfov.  Annal.  Ecclef.  Tom.  19. 

ul   ann.    1509.    e   15 16.     Spondan.    tom.    2. 

id  an.  15 12.  n.  5.  Padre  D.  Manoel  Caetan. 

de  Souf.  Catai.  Hijl.  dos  Sum.  Pontif.  e  Card. 

Portug.    pag.    21.    Manoel    Pereir.    da    Sylv. 

Leal  Catai,  dos  Bifp.  da  Guard.  §.29.  Fonfeca 

Ejvor.  Gloriof  pag.  294.  Manrique  Annal.  Cif- 

terc.  Tom.  2.  in  ferie  Abbat.  Alcohat.  pag.  11. 

in  fine.  D.  António  Caet.  de  Souza  Hifl.  Geneal. 

da  Caf.  Real  Portug.  Tom.  3.  liv.  4.  cap  10. 

D.  AFFONSO,  primeiro  Marquez  de 
Valença  afíim  no  Titulo,  como  na  digni- 
dade, que  houve  em  Portugal,  nafceo  em 
Lisboa,  e  foy  filho  primogénito  de  Dom 
Affonfo,  nono  Conde  de  Barcellos,  e  pri- 
meiro Duque  de  Bragança,  e  de  D.  Brites 
Pereira  de  Alvim,  filha  do  famofo  Heroe 
D.  Nuno  Alvares  Pereira,  Condeflavel  de 
Portugal,  cujos  Auguftos  defpoforios  fe  cele- 
brarão em  8.  de  Novembro  de  1401.  Ao 
clplendor  do  nafcimento  correfpondeo  a  perf- 
picacia  do  juizo,  admirando-fe  jà  na  tenra 
idade  o  talento,  com  que  fe  fez  venerado  na 
adulta.  Depois  de  cultivar  aquelles  eíludos 
próprios  da  fua  alta  qualidade,  fe  fez  mais 


infigne   no   exetddo   das   virtudes   motaes, 
e  politicas,  pelas  quaes  meteceo  a  eflimaçaò 
dos  Prindpes  do  (eu  tempo.    Refoluto  íeu 
Tio  ElRey  D.  Duarte  em  mandar  hum  Emba- 
xador  ao  Concilio  de  Bafilea,  que  fe  tinha 
congregado  para  paciHcar  as  largas  difcordías 
entre  a  Igreja  Grega,  e  Latina,  que  depois 
foy  transferido  por  Eugénio  IV.  para  Ferrara, 
o  nomeou  a  elle,  confiando  da  fua  profunda 
capacidade,    que    feli2mente    defempenharía 
as  obrigações  do   feu  miniílerío.     Acompa- 
nhado de  D.  Antaõ  Martins,  Bifpo  do  Porto, 
dos  Doutores  Vafco  Fernandes  de  Lucena, 
Diogo   Affonfo   Manga  ancha,  de  Fr.  Joaõ 
Thomé,  Eremita  de  S.  Agoftinho,  e  Fr.  Joaõ 
Gil,  da  Religião  Seráfica,  partio  de  Lisboa 
a  21.  de  Janeiro  de  1435.  e  chegando  a  Bolo- 
nha a  24.  de  Julho  do  mefmo  anno,  foy  rece- 
bido pelo  Papa  com  inexplicáveis  fignifica- 
çoês   de   paternal   benevolência.     Recitou   a 
Oraçaõ  obediencial  o  Doutor  Vafco  Fernan- 
des de  Lucena  na  prefença  do  Summo  Paftor, 
e  do  CoUegio  Cardinalício,  fendo  univeríal- 
mente  applaudida  pelas  elegantes  expreíTocns, 
com  que  declarava  a  profunda  fubmiíTaõ  do 
noflb  Principe  ao  verdadeiro  Suceflbr  de  S. 
Pedro,  cuja  Barca  fluéhiava   naquelle  tempo 
com    hum    abominável    Scifma.     Concluido 
o  Concilio  partio  de  Florença  D.   Affonfo, 
e   movido   da   fumma   piedade,    de   que   era 
ornado,  foy  vifitar  os  Lugares  da  Paleítína, 
que  o  Redemptor  do  mundo  fantificara  com 
o  feu  Sangue,  donde  fe  reftituhio  ao  Reyno. 
Segunda  vez  o  deixou  para  acompanhar  fua 
Prima  a  Infanta  D.  Leonor,  quando  fe  foy 
defpofar  com  a  Mageftade  Cefarea  de  Fede- 
rico  IIL  partindo  de  Lisboa  em  20.  de  Outu- 
bro de  145 1.  por  General  da  Armada,  que  a 
conduzio  a  Liorne.    Defta  Cidade  caminhou 
até    Sena,    onde   arrebatou   as   attençoès   de 
todos  a  numerofa,  e  magnifica  comitiva,  com 
que   hia   cortejando   a    Infanta,   a   qual  che- 
gando a  Roma  foy  coroada  juntamente  com 
feu  efpofo  pelo  Pontifice  Nicolao  V.    Aca- 
bada   eíla    folemne   ceremonia   o   Empera- 
dor  para  manifefto  argumento  da  eftimaçaõ, 
que  fizera  de  D.  Affonfo  Conduétor  de  fua 
Augufta    Efpofa,    o    armou    Cavalleiro,    de 
cuja  honra  para  fer  mais  eítimavel  fez  com- 
panheiro  a   feu  Irmaõ  Alberto,  Archiduque 


22 


BIBLIO  THECA 


de  Auftria.  Para  eterno  teílemunho  da  fua 
piedade  para  com  Deos,  fundou  no  anno 
de  1445.  a  iníigne  Collegiada  de  Ourem, 
coníignando  -  lhe  copiofas  rendas  para  fuf- 
tentaçaõ  das  Dignidades,  e  Cónegos,  de  que 
fe  compõem.  Cheyo  mais  de  merecimentos, 
que  de  annos,  morreo  na  Villa  de  Thomar 
a  29.  de  Agoílo  de  1460.  donde  foy  traf- 
ladado  no  anno  de  1487.  para  a  Col- 
legiada de  Ourem,  e  na  Capella  de  baxo 
do  Coro  jaz  fepultado  em  hum  foberbo 
Maufoleo,  no  qual  eílá  gravado  o  feguinte 
epitáfio. 

Aqui  jav^  o  lllufire  'Príncipe  D.  Affonjo, 
Marquev^  de  Valença,  Conde  de  Ourem,  primo- 
génito de  D.  Affonjo,  Duque  de  Bragança,  e  Conde 
de  Barcellos,  e  neto  de/Rej  D.  Joaõ  de  gloriofa 
memoria,  e  do  virtuofo,  e  de  grandes  virtudes  D. 
Nuno  Alvares  Pereira,  Condefiavel  de  Portugal. 
Faleceo  em  vida  de  Jeu  Paj,  antes  de  lhe  dar  a 
dita  herança,  de  que  era  herdeiro,  o  qual  foy  fun- 
dador defla  Igreja,  em  que  Ja^i,  cuja  fama,  e  feitos 
hoje  efle  dia  florecem.  Finoufe  a  29.  de  Agojlo 
do  anno  do  Naf cimento  de  N.  Senhor  Jefu  Chrijio 
de  1460.  annos. I 

Celebraõ  a  fua  memoria  Brandão  Mon. 
'L.ufit.  Part.  3.  livr.  10.  cap.  15.  Leaõ  Chron. 
delKej  D.  Duarte  cap.  4.  e  5.  Faria,  e  Soufa 
Europ.  Port.  Tom.  2.  Part.  3.  cap.  2.  num.  8. 
Cunha  Catai,  dos  Bifp.  do  Port.  Part.  2.  cap.  28. 
Sylva  Cathal.  Real  de  Efpanha  foi.  91.  Coelho 
Chron.  da  Ord.  do  Carm.  liv.  i.  cap.  20.  cha- 
mando-lhe  Pejfoa  de  muita  prudência.  Moreir. 
Theat.  Hiji.  e  Gen.  da  Caf.  de  Souf.  pag.  533. 
Guerreir.  Coroa  de  esforçad.  Cavai.  Part.  i.  cap. 
8.  Efperanç.  Hiflor.  Seraf.  da  Provinc.  de  Port. 
Part.  2.  liv.  12.  cap.  4.  n.  3.  Carvalh.  Corog. 
Portug.  Tom.  3.  Trat.  5.  cap.  i.  Maced.  Eufit. 
Infulat.  p.  159.  Neufuil.  Hifl.  de  Portug.  tom.  i. 
pag.  400.  Lima  Geog.  Hifl.  de  Port.  Tom.  2. 
pag.  202.  Leitaõ  Trat.  Analyt.  Apolog.  pag.  955. 
Franc.  Leit.  Not.  Chronol.  da  Univ.  de  Coimbr. 
pag.  351.  Soufa  Hifl.  Gen.  da  Caf.  Real  Port. 
Tom.  2.  liv.  3.  cap.  9. 
Compoz. 

Itenerario  ao  Concilio  de  Bafilea  no  anno 
de  1435.  o  qual  fe  conferva  na  Sereniffima 
Cafa  de  Bragança,  como  affirma  Jorge  Cardof. 
Agiol.  hufit.  Tom.  I.  pag.  491.  col.  i.  no 
Coment.  de  21.  de  Fevereir.  Letr.  A. 


D.   AFFONSO   DE   ALBUQUERQUE 

antonomafticamente  o  Grande  pellas  heróicas 
façanhas,  com  que  encheo  de  admiração  a  Eu- 
ropa, de  pafmo,  e  terror  a  Afia,  nafceo  em  o 
anno  de  1453.  "^  quinta  chamada  pela  ameni- 
dade do  fitio  o  Paraifo  da  Villa  da  Alhandra 
diílante  féis  legoas  de  Lisboa.  Sendo  filho  fe- 
gundo  de  Gonçalo  de  Albuquerque,  Senhor  de 
Villaverde,  e  de  D.  Leonor  de  Menezes  filha  de 
D.  Álvaro  Gonçalves  de  Attaide  Conde  da 
Atouguia,  e  de  fua  mulher  D.  Guiomar  de  Caf- 
tro,  emmendou  eíla  injuftiça  da  natureza  alcan- 
çando a  primazia  de  todas  as  virtudes  affim 
moraes,  como  politicas.  Foy  educado  no 
Palácio  delRey  D.  Affonfo  V.  em  cuja  paleftra 
anhelando  unicamente  fer  emulo  defte  Marte 
Africano,  partio  na  efquadra  mandada  por 
efte  Príncipe  no  anno  de  1480.  em  focorro 
delRey  D.  Fernando  de  Nápoles  para  repri- 
mir o  furor  dos  Turcos,  que  tinhaõ  occupado 
Otranto,  moftrando  neíla  occaziaõ,  que  o 
valor  para  fer  heróico,  naõ  dependia  da  dila- 
ção do  tempo,  menos  da  liberalidade  da  for- 
tuna. Naõ  foy  inferior  a  gloria,  que  confeguio 
o  feu  braço  na  expedição  intentada  no  anno 
de  1489.  para  defender  a  fortaleza  da  Graciofa 
fituada  na  Ilha,  que  o  Rio  Luco  forma  junto 
da  Cidade  de  Larache  debaixo  dos  felices 
aufpicios  delRey  D.  Joaõ  II.  de  quem  foy 
Eftribeiro  mòr,  fendo  eítas  duas  famofas 
emprefas  fuccedida  huma  na  Europa,  e  outra 
na  Africa  o  fauítíffimo  preludio  das  viftorias, 
de  que  havia  fer  theatro  a  Afia,  para  onde 
navegou  em  6.  de  Abril  de  1503.  e  depois 
de  obrar  acçoens  fuperiores  a  outro  coração, 
que  naõ  fora  o  feu,  fe  relHtuhio  a  Portugal 
mais  cheyo  de  gloria,  que  defpojos,  em  que 
tem  mayor  parte  a  cobiça,  que  o  valor.  Tendo 
fegunda  vez  furcado  os  mares  como  Capitão 
em  huma  efquadra  de  quinze  vellas  em  compa- 
nhia de  Triftaõ  da  Cunha  para  continuar  os 
triumfos,  de  que  era  arbitra  a  fua  efpada,  o 
elegeo  ElRey  D.  Manoel  Governador  da 
índia,  de  que  tomou  pofie  em  4.  de  Novembro 
de  1509.  confiando  a  prudência  deíle  Monar- 
cha,  que  fobre  hombros  taõ  robuílos  poderia 
permanecer  incontraftavel  à  violenta  invafaò 
de  todos  os  Potentados  da  Afia.  Parece  difficil 
à  creduUdade  a  continuada  torrente  de  vi£lo- 
rias  alcançadas  pelo  braço  deíle  invencível  He- 


L  USITANA. 


23 


róe,  que  qual  rayo  fulminado  da  Esfera,  que  o 
íeu  Soberano  tomara  por  empreía  naõ  houve 
parte  cm  todo  o  Oriente,  que  naõ  experi- 
mentaíTe  o  impulfo  arrebatado  dos  feus  ef- 
ttagos  reduzindo  a  cinzas  as  Gdades  de 
Brama,  Orfaçaõ,  Calicut,  Pangim,  e  as  nu- 
fneroías  armadas  de  Meca,  Adem,  e  Or- 
muz. Duas  vezes  fe  coroou  viâoríoío  com 
ft  funofa  expugnaçaõ  de  Goa,  humilhando 
na  fegunda  conquiíla  de  tal  forte  a  fo- 
berba  do  Hidalcaõ,  que  por  largo  tempo 
lamentou  a  fatal  mina  padecida  fobre  os  muros 
de  huma  Praça,  que  fe  deílinava  para  cabeça  do 
Impcrio  Aziatico  Portugucz.  Que  frondofas 
palmas,  e  louros  colheu  o  feu  invcncivcl  braço 
no  rendimento  de  Malaca,  cuja  heróica  façanha 
divulgou  admirada  a  fama  por  três  mil  bocas 
de  bronze  gloriofos  dcfpojos  de  taõ  celebre 
expugnaçaõ?  Rcndeo  menos  à  violência  do 
ferro,  que  ao  refpeito  do  feu  nome  as  Cidades 
de  Lamo,  Mafcate,  Benaílarim,  Calayate,  e  as 
Ilhas  de  Gamaram,  Queixome,  e  Homeliaõ  com 
a  morte  de  dous  fobrinhos  delRey  de  Larec. 
lUJPara  vingar  as  hoílilidades  caufadas  pelas  for- 
l^kiidaveis  armadas  delRey  de  Ormuz,  e  do 
I^DIidalcaõ  fez  eílipendiarios  dous  elementos, 
^Hibrazando,  e  fumergindo  a  humas  no  cabo  de 
T^Tlofalgate,  e  a  outras  nos  portos  de  Adem,  e 
Calicut.  O  brado  das  efpantofas  acçoens,  com 
que  tinha  aíTombrado  a  todo  o  Oriente,  obri- 
gou ao  Rey  das  Ilhas  de  Maldiva,  Vengapor,  e 
o  Hidalcaõ,  que  rendidos,  e  obfequiofos  o  buf- 
caíTem  para  Tutelar  dos  feus  Eílados,  e  em 
demoníbraçaõ  da  fua  obediência  fe  fizeraõ  tri- 
butários da  noíTa  Coroa.  Recebeo  diverfas  Em- 
baxadas  dos  Principes  da  Períia,  e  da  Arábia, 
e  dos  Reys  de  Pegú,  Bengala,  Pedir,  Siaõ,  e 
Pacem  felicitando  a  fua  amifade  com  genero- 
fos  donativos,  que  benignamète  agradeceo,  e 
generofamente  regeitou.  Para  cõfervar  o  Ef- 
tado  impenetrável  à  invasão  dos  feus  inimigos 
edificou  com  igual  difpendio,  que  magnificência 
as  Fortalezas  de  Malaca,  Ormuz,  Calicut,  Co- 
chim,  e  Cananor,  em  cujas  pedras  gravou  para 
a  poíleridade  a  gloriofa  denominação  de  Fun- 
dador do  Império  Oriental  Portugucz.  Cele- 
bradas as  pazes  com  os  Reynos  de  Cambaya, 
Dabul,  Onor,  Baticalà  até  o  cabo  de  Camorim, 
e  com  os  Principes  da  China,  Jaoa,  e  Maluco 
fe  fentio  eílando  em  Ormus  acometido  da 


ultima  imfermidade,  e  querendo  que  Goa 
foíTe  o  Occafo  fendo  tantas  vezes  o  Oriente 
de  feus  heróicos  trabalhos,  partio  taõ  ate- 
nuado de  forças,  que  quatro  léguas  diftante 
do  feu  porto  entregou  aqucllc  invencivel  efpi- 
lito  ao  feu  Criador  com  evidentes  Hnaes  de 
predeílinado  a  16.  de  Dezembro  de  15 15. 
quando  contava  65.  annos  de  idade,  e  10. 
de  governo.  Foy  amortalhado  no  manto  da 
Ordem  militar  de  Saõ-Tíago,  de  que  era 
Commendador,  e  tanto  que  o  cadáver  chegou 
ao  caiz  de  Goa,  fe  levantou  tal  alarido  fúnebre 
em  todo  o  povo,  que  até  os  Sacerdotes  inter- 
romperão o  canto  Ecclefiaílico  com  lagrimas, 
e  fufpiros.  Os  gentios  admirados  de  o  ver 
com  a  barba  taõ  extenfa,  e  com  os  olhos  quaíí 
abertos,  affírmavaõ  com  fuperíliciofa  credu- 
lidade, que  certamente  naõ  morrera,  mas  que 
Deos  o  chamara  para  General  dos  feus  Exér- 
citos. Levado  debaixo  do  pallio  aos  hombros 
das  principaes  peflbas  de  Goa  o  fepultaraõ  na 
Igreja  de  NoíTa  Senhora  da  Serra,  que  elle 
edificou  em  agradecimento  do  feliz  fuccíTo 
da  conquiíla  de  Malaca.  A  efte  depoíito 
das  fuás  triunfantes  cinzas  concorria  a  gen- 
tilidade obfequiofa  com  vários  donativos  ef- 
perando,  que  às  fuás  fupplicas  fofle  propicio. 
PaíTados  cincoenta  e  hum  annos  foy  trefladado, 
como  difpufera  no  feu  Teílamento,  ao  Con- 
vento de  NoíTa  Senhora  da  Graça  dos  Religio- 
fos  Eremitas  de  Santo  Agoítínho  deíla  Corte, 
para  onde  foy  condufido  a  19.  de  Mayo  de 
1 5  66.  com  pompa  digna  de  taõ  grande  Heróe. 
Teve  a  eílatura  mediana,  o  rofto  comprido, 
e  corado,  o  nariz  aquilino,  o  afpefto  agra- 
dável, que  fe  fazia  refpeitado  pela  cândida 
barba,  que  fe  dilatava  até  a  cintura.  Soube 
com  perfeição  a  língua  Latina,  fendo  igual- 
mente difcreto  quando  fallava,  como  quando 
efcrevia.  Foy  amado,  e  temido,  fem  que  a 
benevolência  degeneraíTe  em  frouxidão,  nem 
em  rigor  o  caíligo.  Obfervou  religiofamente 
a  verdade,  aborreceo  naturalmente  a  mentira, 
e  executou  promptamente  a  juítiça.  Em  tantas 
batalhas  terreílres,  e  navaes  fahio  muitas  vezes 
ferido  teílemunhando  com  o  feu  langue,  que 
fempre  bufcara  o  lugar  onde  era  mais  certo  o 
perigo.  Foy  profufamente  generofo,  dando 
aos  Capitaens  os  defpojos  alcançados  em 
tantas  viélorias,  dos  quaes    nunca    refervou 


24 


BIBLIO THECA 


para  fi  a  menor  parte  por  fer  fua  cobiça  mais 
de  gloria,  que  de  fazenda.  Prafticou  fumma 
fidelidade  com  os  inimigos  domeílicos,  e 
fomente  com  os  eftranhos  ufou  de  fagacidade 
politica.  Determinou  executar  duas  acçoens 
fugeridas  pela  magnanimidade  do  feu  coração 
fobejando  para  que  folTem  eternamente  glo- 
riofas  o  ferem  fomente  meditadas;  era  huma 
divertir  a  corrente  do  Nilo  para  o  mar  Roxo 
naõ  correndo  ao  Egypto,  e  deíla  forte  efteri- 
lizar  as  terras  do  Graõ  Turco;  a  fegunda 
extrahir  de  Meca  os  oíTos  do  abominável 
Mafoma,  para  que  reduíidos  publicamente  a 
cinzas  fe  confundiíTem  os  profeflbres  de  taõ 
torpe  Seita.  Será  o  feu  nome  eternamente 
applaudido  pellas  vozes  da  Fama,  como  foy 
no  conceito  dos  mayores  Monarchas,  e  nas 
pennas  de  iníignes  Efcritores,  aclamando-o 
por  iníigne  Capitão  D.  Fernando  Rey  de  Caf- 
tella  a  Pedro  Corrêa  Embaxador  delRey  D. 
Manoel,  e  o  Graõ  Turco  a  D.  Álvaro  de 
Sande  Capitão  do  Emperador  Carlos  V. 
Dos  authores  feja  o  primeiro  Maffeo  Hisf. 
Ind.  liv.  5.  in  fine.  Prorfús  inviãi  ad  la- 
borem, ac  patienfiam  aqm  corporis  animique 
vir,  (&  cum  quolibet  fua  atatis  Ducum,  vel 
navalis  fcientia,  vel  expediti  conjilij  magnitudine 
comparandus.  Faria  Afia  Portug.  Tom.  i. 
Part.  2.  cap.  10.  n.  8.  Aquella  e/pada  con 
cíiya  punta  fe  avia  labrado  el  f cetro,  que  JB/- 
Ikey  D.  Manoel  Unia  nó  con  menor  intere:;^  de 
fus  renfas,  que  reputacion  de  fus  armas.  Caíla- 
nhed.  Hifioria  do  Defcub .  da  Ind.  liv .  3 . 
cap.  155.  Esforçado,  e  famofo  Capitão  . . .  Em 
fumma  nenhuma  virtude  lhe  faleceo  para  fer 
taõ  fingular  Capitão  como  ho  foraõ  os  fingula- 
res,  que  ouve  entre  bárbaros.  Gregos,  e  Eatinos. 
F.  Ant.  de  S.  Rom.  Hifi.  Gen.  dela  Ind. 
Orient.  liv.  2.  cap.  9.  Dexo  el  Império  dela 
índia  mui  quieto  en  la  devocion,  j  fidelidad 
delRej  D.  Manoel  y  el  exercido  delas  armas 
quedo  en  fu  punto  con  fu  indufiria  y  las  cofas 
dela  Keligion  en  mucho  augmento.  Brentan.  Epit. 
Chronolog.  Mund.  ad  an.  15 15.  Chriftianiffimus 
Heros.  Mariz  Dial.  de  var.  Hifi.  dial.  5 .  Faleceo 
com  taõ  claro  nome  de  perfeito  Governador,  que 
naõ  era  fácil  a  quefiaõ  que  em  feu  louvor  fe  movia, 
fe  refplandecia  mais  em  fuás  excellencias  o  esforço 
de  Alexandre,  ou  a  fabedoria  de  Nefior;  porque 
adminifirava  a  guerra  como  fummo  Emperador, 


e  governava  a  republica  como  perfeitiffimo  Magif- 
trado.  Sampayo  in  cap.  2.  Vit.  B.  Petri  Ebo- 
renf  Infignis  ille  et  immortali  laude  dignus, 
atque  Heroum  antiquorum  numero  meritiffimo 
referri  potefi.  Barbud.  Empref.  milit.  de  Eufit. 
foi.  156.  v.o  adqueriendo  triunfos  a  fu  Pátria, 
y  ganando  coronas  a  fu  Key.  Lafitau  Hifi. 
des  Decouert  Conq.  des  Port.  Tom.  i.  pag. 
mihi  520.  Dans  la  guerre  il  fut  veritablement 
grand  par  la  noblejje  de  fes  projets,  la  pru- 
dence  auec  la  quelle  il  les  conduifoit,  e  la 
Vigueur  auec  la  quelle  il  les  executa.  Dans 
le  confeil,  e  dans  Vaãion  il  paroijjfoit  en  lui 
deux  hommes  tous  differens.  Oforius  de  rebus 
Emman.  lib.  10.  Tanta  namque  erat  humanitate 
praditus  ut  utrum  magis  multi  illius  virtutem 
metuerent,  an  bonitatem  amarent,  ejjet  explicatu 
difficillimum.  Imprimis  autem  jus  csqualibe  co- 
lebat,  (0°  fidem  violatam  acerrime  puniebat, 
neminique  injuriam  fieri  patiebatur...  Non  erat 
alienus  à  litteris:  (ò"  cum  otium  erat,  leãione 
facrarum  prcBcipue  litterarum  obleãabatur.  The- 
vet  Viés  des  Homm.  Illufi.  pag.  mihi  422. 
Fondateur  dela  domination  des  Portugalois  en 
Inde.  Franc.  de  Santa  Mar.  Ceo  abert.  na 
Terra  liv.  3.  cap.  67.  'Na  liberalidade,  e 
magnificência  foy  infigne,  na  confiancia  admirá- 
vel, na  religião  excellente,  e  em  tudo  Heroe  da 
primeira  grandefa,  gloriofo  ajfumpto  das  trom- 
betas da  Fama.  Neufuille  Hifi.  Gen.  dp  Portug. 
Tom.  2.  liv.  8.  pag.  466.  Ce  grand  homme, 
cet  Albuquerque  le  Grand  auffi  heurevx,  et  re- 
doutable  pendant  la  guerre  que  craint,  et  reverè 
pendant  la  paix  fut  regreté  de  plufieurs  Prin- 
ces  qui  avoient  connu  fa  valeur,  e  de  toutes 
les  nations  qui  avoient  éprouvé  fa  clemence. 
Tellez  Hifi.  da  Ethiop.  Alt.  liv.  i.  cap.  7. 
e  liv.  2.  cap.  I.  Fr.  Agoftinh.  de  Santa 
Maria  Sana.  Marian.  Tom.  8.  liv.  i.  cap.  55. 
Barros  Decad.  2.  da  Hifi.  da  Ind.  per  tot. 
Damiaõ  de  Góes  Chron.  delKey  D.  Manoel  3. 
Part.  cap.  80.  Martin.  Compend.  delas  Hifi.  dela 
Ind.  Orient.  pag.  174.  até  194.  Gab.  Per.  UlyJJea 
Cant.  7.  Eftanc.  100. 

Eogo  o  famofo  Affonfo  o  mar  cobrindo 

De  nãos,  os  Malabares  afugenta. 

Do  graõ  Neptuno  as  ondas  oprimindo 

Que  de  feu  grave  pe^o  já  rebenta. 

Macedo  Ulyffipo  Cant.  12.  Eíl.  56. 

Se  quereis  vér  o  Capitão  mais  claro 


L  USITAN  A. 


25 


J2w  (I  f(ifff(J  conheceo,  que  vio  a  terra; 
Vede  a   Albuquerque  mfiyiie  are  Imo  raro 
Que  a  difciplina  militar  encerra, 
Quantas  ve^es  o  vejo,  mais  reparo 
Nf//í  ff^ande  varaõ  rayo  da  guerra; 
Notay-o  de  vagar  que  bafla  vello 
Para  ficardes  do  valor  modetlo. 
Os  Commcntarios  das  heróicas  acçoens  obra- 
das no  Oriente  pelo  grande  Albuquerque  efcri- 
los  por  feu  filho  fe  compuferaõ  das  noticias, 
ipic  a  l"lRcv  O.  Manoel  mandou  o  mefmo  Al- 
buquerque, como  na  Dedicatória  da  dita  obra 
i  ElRey  D.  Sebaíliaò  confeíTa  feu  author  por 
c  lias  palavras.  Offereci  efies  Commentarios  aV .  A. 
rUi^t  dos  próprios  Orijijnaes  que  ojirande  Affonfo 
iquerque  no  meyo  de  f eus  acontecimentos  efcrevia 
EJRey  D.  Manoel  vojfo  Vi/avó.  Donde  procede© 
inapinarcm  alguns  lífcritores,  e  entre  ellcs  o 
JoutilTimo   Joaò   Solorzano   Pereira,   de  Jure 
hid.  Tom.  1.  liv.  I.  cap.  3.  n.  48.  fer  obra  do 
rande  Albuquerque.    Além  das  noticias,  que 
icrcveo  cfte  Heróc,  que  ferviraõ  para  formar 
s    Commcntarios    das    fuás    acçoens,    eftaõ 
nclles  impreíTas  eftas  fuás  obras. 

Duas  repojlas,  que  mandou  a  ditas  Cartas  de 
C.ogeatar.    Part.  i.  cap.  62. 

Kepojla  a  huma  Carta  de  l^ota^enço  de  Brito, 
Capitão  de  Cananor.  Part.  2.  cap.  3. 

Injlrucçaô  mandada  por  Fr.  Ljuí^  da  Ordem 
Seráfica  a  ElRej  de  Narjinga,  em  que  dava  noticia, 
do  que  Ihefuccedera  na  conquifta  de  Calicut.  Part.  2. 
cap.  17. 

Carta  ejcrita  ao  Xeque  Ifmael.  Part.  2.  cap.  23. 
Injlrucçaô  dada  a  Ruj  Gomes  para  o  Xeque 
Jfmael.  ibi. 

Carta  a  ElRej  de  Ormus.  ibi. 
Carta    a    Gopicaiça    Agua^il    mor    delRey 
de  Cambaja.    Part.  2.  cap.  46. 

Carta  ejcrita  a  Timoja  Aguav^tl  mór,  e 
Capitão  da  Gente  de  Goa,  e  Senhor  das  ferras  de 
Cintacora.    Part.  2.  cap.  49. 

Carta  ao  Hidalcaõ  quando  conquijlou  Goa 
Part.  3.  cap.  4. 

Inftrucçaõ,  que  deu  a  António  de  Miranda 
de  Azevedo,  com  hum  premente  para  ElRey  de 
SiaÕ  Part.  3.  cap.  36. 

Carta  a  ElRey  D.  Manoel,  em  que  lhe  relata 
a  conquijla  de  Goa  Part.  3.  cap.  56. 

Carta  ejcrita  ao  mejmo  Monarcha  em  12.  de 
Dev^embro  de  1 5 1 5 .  ejlando  próximo  à  morte  em 


que  lhe  recomenda  o  dejpaebo  d»  Jeu  filho.  Part.  5. 
c.  4).  e  na  Decad.  2.  de  Barros  L.  10.  cap.  8. 
vertida  em  latim  por  Oíorio  dt  reb.  Emman. 
lib.  10.  em  Caftclhano  por  S.  Ronrun.  Hijl. 
dela  índ.  liv.  2.  cap.  9.  e  em  Prancez  por  I^fítau. 
Hijl.  des  Conq.  de  Por/ug.  Tom.  i.  pag.  mihi  5x6. 

AFFONSO  DE  ALBUQUERQUE, 
filho  do  celebre  Heróe  de  que  fe  íe2  a  prece- 
dente memoria,  foy  naõ  fomente  herdeiro  das 
fuás  virtudes,  e  acçoens  heróicas,  mas  ainda  do 
feu  mefmo  nome.  Naceo  na  quinta,  que  foy 
berço  de  feu  grande  Pay  junto  à  Villa  de  Alhan- 
dra fituada  nas  margens  do  Tejo  no  anno  de 
i)oo.  O  nome  de  Braz,  que  no  bautifmo  lhe 
fora  importo,  o  mudou  no  de  Affonfo  por  infi- 
nuaçaõ  delRey  D.  Manoel,  querendo  eíle  Prín- 
cipe igualmente  eternizar  na  fua  PeíToa  a  memo- 
ria de  feu  illuftre  Progenitor,  como  continuar 
nelle  a  remuneração  de  taõ  altos  merecimentos, 
de  que  foraò  manifeftos  argumentos  o  nomeallo 
Capitão  de  hum  Navio  da  Armada,  que  condu- 
zi© a  Infanta  D.  Beatriz,  quando  fe  foy  defjxjzar 
com  o  Duque  de  Saboya,  e  fer  inftnimento  de 
que  cazaíTe  com  huma  Dama  das  mais  illuftres, 
que  venerava  Portugal,  qual  era  D.  Maria  de 
Noronha  filha  de  D.  António  de  Noronha  pri- 
meiro Conde  de  Linhares,  e  Efcrivaõ  da  Puri- 
dade delRey  D.  Manoel,  e  de  D.  Joanna  da 
Sylva  filha  de  D.  Diogo  da  Sylva  primeiro  Con- 
de de  Portalegre,  e  lhe  fez  mercê  de  hum  juro 
de  trezentos  mil  reis.  Naõ  fó  os  merecimen- 
tos herdados,  mas  os  próprios  o  conílituiraõ 
digno  de  mayores  prémios.  Foy  dotado  de 
infigne  prudência  alcançada  com  a  liçaõ  dos 
Livros,  e  continua  adminiílraçaõ  de  negó- 
cios, pela  qual  o  nomeou  ElRey  D.  Joaõ  o 
IIL  Vedor  da  fua  Fazenda,  onde  foy  taõ 
vigilante  no  obfequio  do  feu  Príncipe,  como 
defintereíTado  no  augmento  próprio.  Grande 
providencia  manifeftou  a  fua  capacidade 
quando  no  anno  de  1569.  fendo  Prefidente 
do  Senado  de  Lisboa,  applicou  todos  os 
meyos  para  evitar  os  calamitofos  damnos, 
que  em  toda  a  Qdade  caufava  a  peíle,  que 
com  horrorofa  voracidade  tinha  cõfumido  a 
muitos  milhares  de  homens,  devendofe  à  fua 
compaffiva  vigilância  o  total  extermínio  de 
taõ  medonho  flagelo.  Para  alivio  dos  minif- 
terios,  que  exercitava,  edificou  no  lugar  de 


BIB  LIO  THE  CA 


Azeitão  huma  fumptuofa  quinta  povoada  de 
frondofas  arvores,  e  regada  de  caudelofas 
fontes,  de  cuja  antigua  grandeza  ainda  hoje 
fe  confervaõ  alguns  veíligios.  Cheyo  de  annos, 
e  acçoens  virtuofas  morreo  em  Lisboa  no 
armo  de  1580.  e  foy  fepultado  na  Parochial 
Igreja  de  S.  Simaõ  íituada  na  Viila  de  Azeitão, 
onde  inftituhio  duas  Capellas  cõ  obrigação 
de  que  cada  Capellaõ  diga  cada  fomana  quatro 
MiíTas  pela  fua  alma,  de  feus  Pays,  mulher, 
amigos,  e  inimigos,  e  das  que  eftaõ  penando 
no  Purgatório.  Deixou  huma  filha  única 
chamada  D.  Joanna  de  Albuquerque  que  cafou 
com  D.  Fernando  de  Caílro.    Compoz. 

Commentarios  de  Afonjo  Dalbuquerque  Capi- 
tão geral,  e  governador  da  índia  collegidos  por  feu 
filho  A-fonJo  Dalbuquerque  das  próprias  cartas 
que  elle  ejcrevia  ao  mujto  poderofo  Key  Dom 
Manuel  o  primeiro  defie  nome  em  cujo  tempo  gover- 
nou a  Índia.  Vam  repartidas  em  quatro  partes 
fegundo  os  tempos  dos  feus  trabalhos.  Tem  no 
fim  as  feguintes  palavras. 

Foraô  imprejfos  ejles  Commentarios  Dafonfo 
Dalbuquerque  Capitão  geral,  e  Governador  da 
índia,  na  Cidade  de  Lisboa,  por  Joaô  de  Barreira 
imprejfor  delRej  Nojfo  Senhor.  Acabaram-fe 
de  imprimir  Vefpera  de  S.  Sebastião,  dejanove 
dias  do  me^  de  Janeiro  de  mil,  e  quinhentos,  e 
Jincoenta,  e  fete  annos,  em  cujo  dia  o  Príncipe  dom 
Bajliam  nojfo  Senhor  a  quem  ejla  obra  vay  offe- 
recida  fa^  tre^  annos.  foi.  Sahiraõ  fegunda 
vez  imprelTos  em  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for  1576.  foi.  Traduzidos  na  lingua  Fran- 
ceza.    Pariz  por  Joaõ  Marnef.  1579. 

No  Cancioneiro,  de  que  foy  Colleélor 
Garcia  de  Refende,  ellaõ  alguns  Verfos  de 
Affonfo  de  Albuquerque  a  foi.  169.  170.  e 
176.  dos  quaes  fe  manifefta,  que  taõ  ver- 
fado  foy  na  Poefia,  como  na  Hiftoria. 

Tratado  da  Antiguidade,  nobret^a,  e  defcen- 
dencia  da  familia  dos  Albuquerques.   M.   S. 

Deíla  obra  faz  elle  mençaõ  nos  Com- 
ment.  Part.  4.  cap.  50.  e  o  Padre  D.  António 
Caet.  de  Soufa  no  Apparat.  à  Hijl.  Gen.  da 
Caf.  Real  Portug.  pag.  38.  §.  17. 

Louvaõ  ao  author,  e  a  obra  dos  Com- 
mentarios com  os  merecidos  encómios  Barros 
Decad.  2.  da  índia  liv.  10.  cap.  8.  Maffeo  rer. 
Ind.  Hiji.  lib.  5.  in  fine.  Góes  Chron.  delRey 
D.  Man.  Part.  3.  cap.  80.  Ant.  de  Leon,  Bib. 


Orient.  Tit.  3.  Nic.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  6.  D.  Luiz  Salaz.  de  Caft.  Hifi.  da  Caf.  dos 
Sjlv.  Part.  2.  L.  6.  c.  13.  §.  3.  n.  14.  Far.  Epi/. 
das  HiJl.  Portug.  Part.  4.  cap.  18.  Joan.  Soar. 
de  Brit.  in  Theatr.  Lufit.  hitter.  lit.  A.  n.  8. 
Ant.  Ferreir.  nos  Põem.  Lufit.  Eleg.  6.  e  o 
P.  Lafitau  Hifl.  des  Defcov.  e^  Conquet.  des  Por/. 
Tom.  I.  p.  mihi  521.  II y  paroit  un  grand  amour 
de  la  verité,  une  grande  moderation  beaucoup  de  mena- 
gem ent  pour  la  perfonne  des  ennemis  defon  Pere,  et  \ 
tant  de  modeflie  dans  le  detail  des  aãions  de  ce  Heros,  * 
qu  on  peut  dire  que  le  portrait  qu  il  enfait,  bien  loin 
d^etre  outre,  efl  beaucoup  au  dejjous  de  fon  original.    1 

AFFONSO   DE   ALBUQUERQUE, 

natural  de  Lisboa,  ProfeíTor  de  Direito  Civil, 
e  Patrono  de  Caufas  Forenfes.  No  tempo 
em  que  fe  ventilava  a  celebre  queílaõ  de 
quem  havia  fuceder  na  Coroa  defla  Monarchia 
por  morte  do  Sereniffimo  Cardial  Rey  D.  Hen- 
rique, mais  affefto  às  injuílas  pertençoens  de 
Caílella,  do  que  defenfor  da  indubitável  Juíliça 
da  fua  Pátria,  imprimio  no  anno  de  1 5  79. 

Jus    Philippi    ad    regiam    Lufit.    Coronam. 

De  cuja  obra  faz  mençaõ  Caramuel  Phil. 
Prud.  pag.  177. 

AFFONSO  DE  ALCALA,  E  HERRER.\ 
oriundo  de  Caílella,  mas  nacido  em  Lisboa 
a  12.  de  Setembro  de  1599.  de  Pays  nobres  ' 
naturaes  de  Toledo,  quaes  foraõ  Joseph  de 
Alcalá,  e  Herrera,  e  D.  Ignez  de  Robles. 
Foy  fciente  nas  linguas  Latina,  Caílelhana, 
Italiana,  e  Portugueza.  Defde  a  primeira 
idade  fe  applicou  á  liçaõ  das  letras  humanas, 
e  da  Poefia,  cujo  eftudo  cultivou  atè  a  velhice. 
Ainda  que  a  mayor  parte  da  vida  paíTou 
recolhido  em  cafa  revolvendo  os  Livros,  em 
que  unicamente  achava  divertimento,  era 
fummamente  agradável,  e  urbano  para  todos 
aquelles,  que  familiarmente  o  tratavaõ.  Foy 
dotado  de  grande  engenho,  de  fumma  piedade 
para  com  Deos,  e  de  cordial  devaçaõ  a  Maria 
Santiffima,  como  teftemimhaõ  muitas  das  fuás 
compofiçoens.  As  virtudes  Chriílaãs,  que  exer- 
citou toda  a  vida,  e  confervou  no  eílado  do  Celi- 
bato, em  que  viveo,  o  difpuzeraõ  para  acabar 
com  morte  plácida  em  Lisboa  a  21.  de  Noveraa 
bro  de  1682.  com  mais  de  83.  annos  de  idade|> 
Foy  sepultado  na  Igreja  de  N.  Senhora  dos  Remi 


L  USITAN A. 


27 


dios  dos  Carmelitas  Defcalfos,  no  jazigo  dos 
£bus  Mayores,  que  tem  efte  epitáfio. 

Sepultura  de  Affonfo  d»  Kobles,  e  feia  htr- 
deiros. 
Compoz 

Vários  effeítos  de  amor  en  cinco  novellas 
sernphres,  y  mevo  artificio  para  efcrivir  profa,  y 
■rrfo  Jin  una  de  las  letras  vocales  excluyendo  Vocal 
diferente  en  cada  novela.  Lisboa  por  Manoel 
(la  Sylva.  1641.  8.  e  ibi.  por  Franc.  Villela. 
1671.  8. 

jardim  anagramatico  de  divinas  flores  "Lufi- 
tcmas,  Efpanholas,  e  Latinas,  em  o  qual  fe 
contaõ  685  Anagramas,  e  féis  Hymnos  Chro- 
nologicos.  Lisboa  na  Ofíicin.  Cracsbeck. 
1654.  4. 

.lo  infiffte,  e  V.  P.  Fr.  António  da  Con- 
ceiçuõ  da  Ordem  da  Santijfima  Trindade  féis 
Aiui^amas,  três  na  lingua  hatina,  e  três  na  Ijtfi- 
tana.  Sahiraõ  imprcflbs  na  Vama  Poflhum. 
defle  V.  P.  compofta  por  Frey  António  Corrêa. 
Lisboa  por  Henrique  Valente  de  Oliveira. 
1658.  4. 

Pfalterium  Quadríiplex  Anagrammaticum , 
Angelicum,  Imwaculatum,  Marianum  Deipans 
dicatum  fexcenta  luitina  Anagrammata  comple- 
tem. Ulyffip.  apud  Ant.  Craesbeck  de  Mello 
Ser.  Inf.  Typ.  1664.  12. 

Corona,  y  Kamillete  de  flores  falutiferas, 
antídoto  dei  alma,  confuelo  de  afligidos,  y  def engano 
dei  mundo,  devotiffimas  gloffas,  Poefia  Sacra, 
y  divinas  meditaciones  de  la  Pafjion,  y  Muerte  de 
Chriflo,  Soledad  de  la  Virgen,  y  poflremerias  dei 
hombre  por  las  horas  Canónicas.  Lisboa  por  Do- 
mingos Carneiro.  1677.  8. 

A  Sagrada  Imagem  da  Virgem  do  Pilar 
May  Santiffima  Madre  de  Deos,  Salve  Raynòa 
gloffada.  Lisboa  pelo  mefmo  ImpreíTor. 
1678.  4. 

Meditaçoens  de  Santa  Brijida  traduzidas  de 
Latim  em  Portugue^.  Lisboa  por  Joaõ  Galraõ. 
1678.  24. 

Novo  modo  curiofo,  tratado,  e  artificio  de 
efcrever,  afjim  ao  divino,  como  ao  humano  com  huma 
vogal  fomente,  excluindo  as  quatro  vogaes.  1.  e  z. 
Part.   Lisb.   por  Francifco  Villela.    1679.    8. 

Tinha  prompto  para  a  impreflaõ  hum 
livro  intitulado: 

Color  de  Colores 
do  qual  affirma  o  P.  Francifco  da  Cruz  da 


Companhia  de  Jeíus  nas  Tuas  Memoc.  para 
a  Bib.  Portuguesa,  que  era  das  mais  ioTi- 
gnes  obras,  que  efcrevera.  Compoz  muitas 
Poesias,  de  que  algumas  fe  imprimirão 
fendo  huma  em  lingua  Caílclhana,  que  efiá 
iníerta  no  livro:  Avifos para  la  muerít,  Lisboa 
por  Domingos  Carneiro.  16) o.  24. 

Na  Bibliothcca  do  Emineotiffímo  Car- 
dial  de  Souía  fe  conferva  hum  volume  de 
folha  M.  S.  que  contem  as  obras  feguintes 
traduzidas  de  Italiano  em  Caílclhano: 

Las  cien  dudas  amorofas  de  Jeronymo  Vida. 
La  famofifftma  Compania  de  la  Lefina.  Aflucias 
de  bertoldo,  y  fimplicidades  de  Bertoldino  compoíla 
por  Júlio  Ccfar  Cruz.  1666. 

Na  mefma  Bibliotheca  eílava  a  feguinte 
obra  deíle  Author: 

Templo  de  amor,y  mineral  riquiffimo  de  varias, 
y  efcogidas  Poesias,  elegantes  profas,  fentencias,, 
y  curiofidades.  Dous  Tom.  em  4.  Parte  defta 
obra  era  fua,  c  parte  tranfcripta  de  outros 
Authores. 

Hypolit.  Marrac.  in  append.  Biblioth.  Ma- 
rian.  lhe  chama  vir  pietate,  atque  doíirina  claruSy 
e  Joaõ  Soar.  de  Brit.  in  Theat.  Lufit.  Litter. 
vir  ingenio,  fludioque  non  omninb  vulgari;  o  Reve- 
rendiflimo  P.  António  dos  Reys  in  Enthu- 
fiafm.  Poet.  impreíTo  no  princip.  dos  feus 
Epigram,  n.  183.  faz  delle  memoria  entre  os 
Poetas  Portuguezes,  e  a  Magn.  Bib.  Ecclefiafl. 
pag.  232.  col.  I. 

Fr.  AFFONSO  DE  ALFAMA  nafceo  ^ 
na  Cidade  de  Lisboa  para  o  mimdo,  e  na  Villa 
de  Moura  para  Deos,  onde  recebeo,  e  profef- 
fou  o  habito  da  Ordem  Carmelitana.  Foy 
Doutor  na  Sagrada  Theologia,  e  hum  dos 
mais  famofos  Letrados  do  feu  tempo,  e 
obfervantiíTimo  das  ConíUtuiçoens  da  Or- 
dem, por  cujos  merecimentos  fe  fez  digno- 
de  prefidir  como  Vigário  Geral  ao  Capi- 
tulo, que  fe  celebrou  em  Lisboa  em  6.  de 
Julho  de  1423.  por  ordem  do  Geral  Fr.  Joaã 
Groz,  no  qual  foy  eleito  Provincial  com 
geral  acclamaçaõ,  fendo  o  primeiro,  que  teve 
a  Província  de  Portugal.  Pelas  fuás  grandes 
letras,  que  fe  faziaõ  mais  veneráveis  pelas 
virtudes,  mereceo  a  eftimaçaõ  dos  Prínci- 
pes daquella  idade.  Teve  a  incomparável 
gloria   de  lançar   o  habito   Carmelitano   em 


28 


B  IB  LIO  THE  CA 


y 


15.  de  Agoílo  de  1423.  àquelle  invencível 
Heroe  o  Condeftavel  D.  Nuno  Alvares  Pe- 
reira, que  depois  de  obrar  as  mais  herói- 
cas acçoens  na  campanha,  fe  retirou  a  con- 
quiílar  o  Ceo  no  Ciauftro.  No  tempo  do 
feu  governo  fe  fez  proteftor  do  Convento 
de  Lisboa  o  Sereniffimo  Rey  D.  Duarte, 
concedendo-lhe  com  generofa  maõ  as  mayores 
immunidades.  Cheyo  de  annos,  e  mereci- 
mentos morreo  em  Lisboa  no  anno  de  1435. 
ainda  quando  governava  a  Província,  e  foy 
fepultado  no  Cruzeiro  do  magnifico  Templo 
do  Carmo.    Compoz: 

Doãrinale  Patrum. 
cuja  obra  foy  feita  fobre  as  Collaçoens   de 
CaíTiano. 

Do  progrejfo  da  Ordem  Carmelitana.  2.  Tom. 
nos  quaes  fe  comprehendem  onze  livros,  como 
<liz  Joaõ  Franco  Barreto  na  Bih.  'Lufit.  M.  S. 

O  P.  Fr.  Manoel  de  Sá,  Académico  Supra- 
numerário da  Academia  Real  da  Hiftoria 
Portugueza  nas  Mem.  Hijior.  dos  Efcrii.  Port. 
Ja  Ordem  do  Carmo,  que  fahiraõ  impreíTas  no 
anno  de  1724.  efcreve  a  pag.  6.  que  fendo 
occultas  á  noticia  de  Fr.  Marcos  António 
Alegre  de  Cafanate,  como  elle  confeíla,  as 
obras  de  Fr.  Aífonfo  de  Alfama,  alem  das  refe- 
ridas, as  manifeílára  a  invelligaçaõ  do  Doutor 
Joaõ  de  Ferreras  no  Index  dos  Efcritores  do 
feculo  decimo  quinto  da  Part.  II.  da  Hijl. 
Je  Efpan.  as  quaes  eraõ  o  Fiel  Confelheiro.  O 
Bom  governo  da  jujliça.  Tratado  da  Mifericordia. 
Defte  engano  em  que  innocentemente  cahio 
o  P.  Fr.  Manoel  de  Sá  foy  caufa  o  Doutor 
Ferreras,  que  igualmente  fe  enganou,  attri- 
buindo  com  manifeíla  equivocaçaõ  a  Fr. 
AfFonfo  de  Alfama  eíles  tratados,  que  foraõ 
compoftos  pelo  SereniíTimo  Rey  D.  Duarte, 
como  em  feu  lugar  fe  verá,  fendo  indifcul- 
pavel  em  hum  Author  de  tanta  critica,  como 
he  o  Doutor  Ferreras,  hum  erro,  que  facil- 
mente poderá  evitar,  fe  lera  com  mayor 
attençaõ  a  Nicolao  António  na  Bib.  Vet.  Tom.  2. 
lib.  10.  cap.  5.  n.  286.  donde  extrahio  confu- 
famente  efta  noticia  equivocando  hum  com 
outro  por  eftarem  juntos  na  dita  Bibliotheca. 
Faz  memoria  de  Fr.  AfFonfo  de  Alfama,  além 
<le  Nicolao  António,  e  Frey  Manoel  de  Sá 
nos  lugares  citados,  a  Magn.  Bib.  Ecclejiaflic. 
pag.  313.  col.  2. 


AFFONSO  DE  ALMEIDA,  a  quem  naõ 
declara  Portuguez,  ou  Caftelhano  Nicol.  Ant. 
in  Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  p.  7.  deve  fer  numerado 
entre  noíTos  Efcritores  por  fer  o  feu  Appellido 
muito  trivial  em  a  noíTa  Naçaõ,  e  totalmente 
eftranho  em  a  Caftelhana.  PaíTou  às  índias 
Occidentaes,  e  na  Cidade  de  Lima  imprimio 
no  anno  de  1644. 

Pertendiente  de  la  tierra,  y  carta  para  los  que 
navegan  el  golfo  de  la  Corte. 

I  AFFONSO  ALVARES,  foy  hum  dos  I 
mais  eftimados  criados,  que  teve  em  a  fua 
numerofa  familia  o  IlluftriiTimo  Bifpo  de 
Évora  D.  AfFonfo  de  Portugal,  de  quem  em 
feu  lugar  faremos  illuílre  memoria.  Foy  do- 
tado de  hum  génio  fácil  para  a  Poezia,  prin- 
cipalmente na  compoíiçaõ  de  Autos  na  lingua 
Portugueza,  que  varias  vezes  fe  reprefen- 
taraõ  no  Theatro  com  geral  acclamaçaõ  dos 
efpeftadores,  dos  quaes  muitos  fahiraõ  à  luz 
publica,  como  foraõ. 

A-Uto  de  Santo  António  feito  a  pedimento  dos 
muy  honrados,  e  virtuofos  Cónegos  de  SaÕ  Vicente: 
muy  contemplativo,  em  partes  muy  graciofo,  tirado 
da  fua  mefma  vida.  Lisboa  por  Vicente  Alva- 
res. 161 3.  4.  &  ibi  por  António  Alvres  1639.  4. 
Évora  por  Franc.  Simoens  161 5.  4.  e  Lisboa 
por  Doming.  Carn.  1659.  4- 

Auto  de  S.  Tiago  Apoflolo.  Lisboa  por 
António  Alvres  1639.  4. 

Auto  de  Santa  Barbara  Virg.  e  Mart.  Lis- 
boa por  Vicente  Alvres.  161 3.  4.  e  Évora 
por  Franc.  Simoens.  161 5.  4. 

Auto  de  S.  Vicente  Martyr.  Prohibido 
pelo  Expurgatorio  dos  livros  feito  por  ordem 
do  Inquiíidor  Geral  Fernaõ  Martins  Mafca- 
renhas  Part.  3.  letr.  A. 

Kefpofla  feita  a  huma  petição,  que  fe^  António 
Ribeiro  Chiado  ao  Comiffario  Geral  de  S.  Fran- 
cifco.    Lisboa  por  António  Alvres.   1602.  4. 

AFFONSO  ALVERES  GUERREYRO, 
natural  da  ViUa  de  Almodouvar  no  Campo 
de  Ourique,  taõ  illuílre  por  nacimento, 
como  celebre  pela  faculdade  de  Direito 
Civil,  e  Canónico,  em  que  recebeo  o 
gráo  do  Doutor.  Parecendo  -  lhe  pequena 
esfera  para  o  feu  profundo  talento  a  pá- 
tria,   paíTou   a   Itália,    onde  mereceo    as   ac- 


L  USITAN A. 


29 


rlamaçoens  dos  mayores  ProfeíTores  da  Ju- 
lifprudencia  chegando  a  fer  Prefidentc 
(la  Chancellaria  de  Nápoles,  cujo  miniíle- 
rio  exercitou  com  fumma  equidade,  e  pru- 
Icncia.  Attendendo  a  Mageílade  de  Fe- 
lipe II.  à  fun  grande  inteireza,  e  fabedoria, 
o  nomeou  Bifpo  de  Monopoli  no  mefmo 
Kcyno  cm  2.  de  Junho  de  1572.  querendo, 
ijue  illuflraíTc  o  Sacerdócio,  aíTim  como  tinha 
onnohrccido  o  Senado.  Dcfcmpenhou  em 
hcnclicio  das  fuás  ovelhas  todas  as  obriga- 
çoens  de  Paílor  vigilante,  até  que  no  anno 
de  1577.  as  deixou  eternamente  faudofas  paf- 
'"tndo  a  melhor  vida.  As  fuás  letras,  c  vir- 
ulcs  naò  deixarão  em  injuriofo  filencio  va- 
\uthores,  como  faõ  Agoft.  Barboza  de 
jure  Liccief.  cap.  11.  n.  79.  Nicol.  Ant.  in 
Nb.  Hi/p.  Tom.  i.  pag.  7.  Manoel  de  Faria, 
Soufa  no  Caf.  dos  E/cri/.  Porf.  impreíTo  no 
lípif.  das  Hijl.  Portug.  Part.  5.  cap.  15.  Pof- 
fevin.  in  Apparat.  Sacr.  tom.  i.  pag.  45.  e  Fr. 
[•'crnando  Ughcllo  in  Ital.  Sac.  Tom.  i.  de 
Epifcop.  Monopolitenfihus.  pag.  974.  da  ediçaõ 
de  Veneza  por  Sebaftiaõ  Coleti.  171 7.  foi. 
!  Compoz 

Tbefaitrus  Chriftiana  Keligioms,  &  Jpeciilum 
"^icrorítm   Summorum    Pontificum,    Imperaíorum, 

Reguw,  eb*  Sanãijfimorum  Epifcoporum.    Ve- 

.ctiis  apud  Cominum  de  Vritono  1559.  foi. 

Colónia:  1581.  8.  1586.  apud  Petrum  Hooíl.  & 

Florentiíc   apud   filios    Laurentij    Torrentini, 

1563.  foi. 

De  modo,  (Ò'  ordine  Generalis  Concilij  cele- 
hrandí,  (ò"  de  Ecclejia  Dei  in  priorem  faciem 
revocanda.  Neapoli  apud  Ambrofium  de  Man- 
çaneda.  1545.  4. 

De  adminiftratione  Jujlitia.  Defta  obra  faz 
mençaõ  in  The^aur.  Chrijlian.  Re/igionis.  Cap. 
36.  n.  7. 

De  Bellojujlo,  (&  injufto  Traãatus.  Neapoli 
apud  Ambr.  de  Mançaneda.  1543.  4.  e  fe 
conferva  Aí.   S.   na  Bib.   Vatic.   Cod.    5200. 

y    Fr.  AFFONSO  DE  SANTO  ANTÓNIO, 

natural  da  Villa  de  Aviz  fituada  na  Província  do 
Alentejo  irmaõ  no  fangue,  e  Religião  dos  Trini- 
tarios  Defcalços  na  Provinda  de  Caftella,  de 
Fr.  Luiz  da  Conceição,  de  quem  fe  fará  mençaõ. 
Foy  varaõ  de  grande  authoridade,  e  benemé- 
rito da  fua  Sagrada,  e  Religiofa  Família,  da  qual 


fendo  Procurador  Geral  fe  empenhou  com 
argumentos  concludentes  a  modrar  naõ  fo- 
mente os  privilégios,  c  exempçoens,  que 
tinha,  mas  a  primazia,  e  antiguidade,  com 
que  no  exercício  de  refgatar  os  Cati- 
vos do  poder  dos  bárbaros  lograva  con- 
tra a  preferencia  pertendida  neHa  matéria 
pela  illuAre,  e  militar  Ordem  dos  Mer- 
cenários. Em  premio  do  zelo,  com  que 
atendia  pelo  efplendor  da  fua  Religião  foy 
eleito  Definidor,  e  Miniílro  do  Convento  de 
Madrid,  e  certamente  occuparia  as  mayores^ 
dignidades,  fe  a  morte  em  o  anno  de  1668. 
lhas  naõ  impedira.    Compoz. 

Glorio/os  titulos  Originários,  e  privativos  dela  H 
Sagrada  Keligion  de  Defcalços  dela  Santiffima 
Trinidad  redempcion  de  Cautivos  por  los  qtuiles  Je 
les  deve  por  todos  los  Reynos  dela  Corona  de  Ef- 
paiia  la  primaria, y  antigmdadde  Religion 
aprovada  redemptora  de  Cautivos  refpeto  dela 
ilujlre  Orden  de  N.  Senora  dela  Merced.  Madrid 
por  Maria  de  Quííiónes.  1661.  em  folha. 
Foy  fegunda  vez  impreflb  como  affirma  Fr. 
Rafael  de  S.  Joaõ  no  feu  Livro  intitulado 
Redempcion  de  Cautivos. 

Dela  Concepcion  dela   Virgen  Maria. 

Defta  obra  faz  mençaõ  feu  Irmaõ  Fr. 
Luiz  da  Conceição  no  fim  do  Tom.  i.  Exam. 
Verit.  Moral.  Theolog.  in  Corollar.  pro  Con- 
cept.  onde  diz.  Difcurfum  igitur  hunc  (c>' 
non  naturalis  me  movet  fraternitas)  Sanctorum^ 
Doãoriim  ornatum  tefiimoniis  eleganter  Jatis  vul- 
gari  nofiro  idiomate  P.  Fr.  Alphonjus  à  Sanão 
António  affert.    Tom.  M.  S. 

Arbol  Eucharifiico  dela  vida  natural,  efpi- 
ritual,  e  eterna  reprejentada  en  los  três  arboler 
de  que  fe  hat^e  memoria  en  los  lihros  Sagrados 
Gene^s,  Provérbios,  y  Apocalipfe.  Em  folha. 
M.  S.  Conferva-fe  eíla  obra  no  Convento 
de  Madrid,  como  efcreve  Fr.  Belchior  do 
Efpírito  Santo  na  vida  do  V.  P.  Fr.  Joaõ 
Bautiíla  da  Conceição  Fundad.  dos  Trin. 
Defcalços,  imprefla  em  Madrid.  171 3.  4.  -J 

Fr.  AFFONSO  DA  ATOUGUIA 
nacido  no  lugar  do  feu  ApeUido,  que 
he  do  Arcebifpado  de  Lisboa,  Monge 
Ciílercienfe  do  Real  Convento  de  Alcobaça, 
varaõ  como  teílemunhaõ  os  feus  efcritos, 
muito  pio,  fendo  hum  daquelles  antiquiflimos 


JO 


B  I B  LIO  THE  CA 


Monges,  que  precederão  à  Reforma  da    fua 
Congregação  neíle  Reyno,  o  qual  igualmente 
paíTava  o  tempo  em  defcrever  as  vidas  dos 
Santos,  que  imitar  as  fuás  virtudes. 
-Compoz. 

Vidas  de  muitos  Santos. 

Cujo  original  fe  conferva  M.  S.  em  folha 
tia  Biblioth.  do  Convento  de  Alcobaça. 

AFFONSO  DE  BARROS,  de  quem  Ni- 
colao  António  affirma,  fer  natural  de  Segó- 
via, o  faz  indubitavelmente  Portuguez  Joaõ 
Franco  Barreto  na  Biblioth.  'Lufitana  M.  S. 
cuja  aíTeveraçaõ  he  conforme  à  judiciofa  cri- 
tica do  iníigne  antiquário  Manoel  Severim  de 
Faria.  Nós  fomente  amantes  da  verdade, 
pofto  que  conheçamos,  que  a  familia  de  Bar- 
ros feja  Portugueza,  como  neíla  Bibliotheca 
fe  veraõ  muitos  Efcritores  Portuguezes  com 
«Jlie  appellido,  e  fe  naõ  ache  efte  entre  as  fa- 
mílias Caílelhanas  das  quaes  difufamente  efcre- 
veraõ  nos  feus  Nobiliários  Gonçalo  Argote 
de  Molina,  e  outros  Genealógicos,  aíTim  como 
naõ  queremos  defraudar  a  Caílella  deíle  efcri- 
tor,  aflim  naõ  receamos  atribuillo  a  Portu- 
gal. Neíla  incerteza  da  fua  verdadeira  Pátria, 
o  que  naõ  padece  a  menor  duvida  he  que  foy 
Aífonfo  de  Barros  filho  de  Pays  honrados, 
ornado  de  vivo  engenho,  fufficientemente 
inílruido  nas  letras  humanas,  de  grande  ta- 
lento, affim  na  Corte,  como  na  Campanha, 
fendo  Quartel  Meftre  dos  Reys  de  Caftella 
Felipe  II.  e  III.  até  o  fim  da  fua  vida,  que  foy 
em  Madrid  no  anno  de  1604.  Foy  fepultado 
na  Igreja  de  N.  Senhora  do  Loreto  da  mefma 
Corte.    Efcreveo. 

Filofofia  cortef^ana  moralizada.  Madrid  por 
Pedro  de  Madrigal.  1587.  12. 

Perla  de  Provérbios  morales.  Madrid  1601. 
cujo  livro  illuílrou,  e  augmentou  com  o 
titulo  de  Provérbios  concordados  Bartholameu 
Ximenes  Paton.  161 5.  4.  e  depois  em  Lisboa 
por  Pedro  Crasbeeck  161 7.  4. 

Memorial  fobre  el  reparo  dela  Milicia,  que 
naõ  fahio  à  luz,  como  outras  obras  que  affirma 
Mattheos  Aleman  no  elogio  que  lhe  faz  aos 
Provérbios  concordados,  manifeílaõ  claramente  a 
grandeza  de  feu  author,  de  quem  faz  memoria 
o  P.  António  dos  Reys  no  Enthufiajm.  Poet.  im- 
preíTo  no  principio  dos  feus  epigramas  n.  174. 


AFFONSO  CAMEYRO  o  qual  fempre 
nas  fuás  obras  fe  intitulava  Meftre,  antes  do 
feu  nome,  ou  porque  era  Profeííor  da  Sagrada 
Theologia,  ou  Direito  Canónico.  Foy  hum 
dos  varoens  celebres,  e  doutos,  que  flore- 
ceraõ  no  Reynado  do  SereniíTimo  D.  Manoel. 
Deixou  efcrito  na  lingua  materna  hum  grande 
volume  de  Queftoens  curiofas,  em  que  fe 
admira  a  vafta  noticia  da  Sagrada  Efcritura, 
e  da  Hiftoria  Ecclefiaftica,  fendo  as  principaes 
as  feguintes. 

Porque  no  fello  dos  Diplomas  Pontifícios  ejleja 
S.  Paulo  à  maÕ  direita,  e  S.  Pedro  à  ej- 
querda? 

Porque  das  arrecadas,  e  manilhas  das  Hebreas, 
que  Araõ  lançou  no  fogo,  fahio  a  figura  do  beferro, 
e  naõ  de  outro  qualquer  animal! 

Porque  naõ  ofendendo  os  Leoens,  e  outras 
cruéis  feras  aos  Santos  Aíartyres,  lhe  naõ  guardajfem 
ejie  ref peito  as  ef padas? 

Efte  volume  fe  confervava  na  Bibliotheca 
do  celebre  Antiquário  Manoel  Severim  de 
Faria. 

/  D.  AFFONSO  DE  CASTELLO  BRAN- 
CO igualmente  famofo  pelo  efplendor  do 
nacimento,  como  pela  profundidade  da  Scien- 
cia,  teve  por  Pátria  a  Lisboa,  por  Pay  a  D. 
António  de  Caílellobranco,  e  por  Avós  a 
D.  Martinho  de  Caftellobranco,  e  D.  Mecia 
de  Noronha  primeiros  Condes  de  Villanova. 
Depois  de  eftudar  as  letras  humanas  fe  appli- 
cou  em  Coimbra  às  Sciencias  mayores,  nas 
quaes  fez  taõ  grandes  progreíTos,  que  ainda 
fendo  difcipulo,  era  refpeitado  como  Meftre 
de  Theologia  pellos  mayores  ProfeíTores  da 
Univerfidade,  e  recebendo  nefla.  faculdade 
a  borla  doutoral  foy  hum  dos  primeiros 
CoUegas  do  Real  Collegio  de  S.  Paulo  nova- 
mente fundado  no  anno  de  1563.  como  diz 
Cabed.  de  Patronaf.  cap.  48.  Pelo  voto  de 
todos  os  Académicos  feria  elevado  a  illuftxar 
como  Meftre  as  mayores  Cadeiras  da  Athenas 
Portugueza,  fe  o  Cardial  D.  Henrique  nefte 
tempo  Arcebifpo  de  Évora,  que  lhe  era 
muito  affeâo,  o  naõ  nomeaíTe  Arcediago 
de  Penella,  e  do  Bago  nefta  Diocefe,  e 
depois  feu  Efmoler  mór,  e  CapeUaõ  mór. 
Tendo  exercitado  com  reâddaõ  os  lugares  de 
Deputado  da  Mefa  da  Conciencia,  e  Ordens, 


L  USITAN A. 


3i 


(Ic  Commiffario  da  Bulia  da  Cruzada  foy  pro« 

Douido  á  Epifcopal  Cadeira  do  Algarve  no 
no  de  1581.  fuccedendo  neíla  Prelafíaao  ín- 
nc  varaõ  D.  Jerónimo  Oforio.  Deíle  Bifpado 
iilumpto  ao  de  Coimbra,  de  que  tomou 
:1c  cm  25.  de  Agofto  de  1585.  Conhecendo 
iipc  fegundo  a  grande  capacidade,  c  pru- 

kncia  de  que  era  ornado,  o  nomeou  Vicerey 

Portugal,  cujo  governo  principiou  a  22.  de 

,oílo  de  1605.  e  o  dlmitio  a  26.  de  Dezem- 

>)  de  1604.  dizendo  com  apoftolica  liberdade, 

lue  govemaííe   ElRey   de   Caílella   os   íeus 

1^,  que  elle  queria  apafcentar  as   íuas 

IS.    Entre  taõ  grandes,  e  authorizadas 

•niciades  fcmprc  brilharão  com  exceíTo  as 

lis  virtudes,  de  que  foraõ  manifcftos  argu- 

H-ntos  a  eloquente  energia,  com  que  pre- 
ndo rcprehcndco  os  vicios;  a  pcrfpicaz 
Mlancia,  com  que  dcfcndco  o  feu  Rebanho; 
incanfavel  trabalho,  com  que  frequentemente 

;lltou  a  fua  Diocefe;  a  imperturbável  conf- 
icia,  com  que  defendeo  a  Jurisdicçaõ 
clcfiaftica;  a  profufa  liberalidade,  com  que 
-orreo  a  pobreza;  a  clemência  unida  com  a 
^  cridade,  com  que  emendou  as  culpas ;  a 
ticrofa  magnificência,  e  o  copiofo  difpendio, 
ni  que  ornou  os  Templos.  Na  Cidade  de 
10  erigio  o  Palácio  Epifcopal,  e  a  Cafa 
Mifericordia.    Em  Coimbra  reedificou  o 

.ilacio  para  digna  habitação  da  fua  PeíToa, 
de  feus  fucceíTores.  Nefta  Cidade  levantou 
ide  os  fundamentos  o  Convento  de  Santa 

Vnna  de  Religiofas  Agoílinhas  naõ  inferior 

Architeftura,  e  na  grandefa  aos  mais  cele- 

cs,  e  o  dotou  de  copiofas  rendas.    Nova- 

Kínte  reparou  o  Coro,  e  grande  parte  do 
nvento  de  Cellas  de  Religiofas  Ciílercienfes. 
"^mou  a  fua  Cathedral  com  edifícios  nobres, 
-ciofas  armaçoens,  e  diverfos  ornamentos 
primorofamente  tecidos  de  ouro,  prata,  e  feda. 
Naõ  fatisfeito  de  ter  difpendido  com  larga  mu- 
nificência para  a  fabrica  do  Cofre  de  prata,  em 
|ue  jáz  o  corpo  da  Rainha  Santa  Ifabel  trium- 
.ante  da  jurisdicçaõ  do  tempo,  deixou  no  feu 
Jeftamento  o  legado,  taõ  pio,  como  generofo, 
|ie  trinta  mil  cruzados  para  fe  gaitarem  nos 
ippkufos  da  fua  Canonifaçaõ,  além  de  vinte 
nil  para  reparo  das  eílradas,  que  de  féis  le- 
?oas  em  circuito  vinhaõ  terminar  em  Coim- 
bra.    Ao   Hofpital,  e  Cafa  da  Mifericordia 


defta  Cidade  íocorreo  com  magnificas  eímo- 
las  no  tempo,  que  fe  padeciaõ  mais  urgen- 
tes neceíTidades.  A  muitos  varoens  infignes, 
que  em  utilidade  da  Republica  litteraria  la- 
borioíamente  fe  appUcavaõ  em  doutas  com- 
poíiçoens,  ofíereceo  numeroías  quantias  de 
dinheiro,  para  que  as  impnmiíTem,  fendo 
os  principaes  D.  Diogo  Soares  de  Santa 
Maria  Bifpo  Sagienfe  em  França,  a  Lippo- 
mano  em  Itália,  e  ao  Cardial  Cefar  Baronio, 
a  quem  mandou  vinte  mil  cruzados  para  a 
ediçaõ  dos  Annaes  Eccleíiaíticos,  os  quaes 
o  EminentiíTimo  Annaliíla  affeôuofamente 
agradeceo,  e  modeílamente  naõ  admitio. 
Ultimamente  aíTim  como  naõ  houve  virtude 
alguma,  em  que  naõ  foíTe  infigne  efte  Prelado, 
aíTim  naõ  houve  género  algum  de  Peflba, 
a  quem  naõ  fe  extendeííe  a  fua  chari- 
tativa,  e  generofa  beneficência,  merecendo 
por  ella  fer  em  toda  a  Diocefe  Conimbricenfe 
intitulado  antonomafticamente  Bifpo  Efmoler. 
Tendo  governado  efte  Bifpado  trinta  annos, 
quando  contava  95.  de  idade  com  eterna 
faudade  das  fuás  ovelhas,  com  as  quaes 
difpendera  quinhentos  mil  cruzados,  deixou 
a  vida  temporal  pella  eterna  em  12.  de  Mayo 
de  161 5.  Jáz  fepultado  ao  lado  efquerdo 
da  Capella  mòr  do  Convento  de  Santa  Anna, 
que  elle  fundara,  em  cujo  Maufoleo  fe  lé 
gravado  efte  epitáfio,  que  faz  mayor  rela- 
ção das  fuás  dignidades,  que  das  fuás  vir- 
tudes. 

Sepultura  de  D.  Affonjo  de  Cajlellohranco  de 
boa  memoria,  que  foy  Collegial  do  Keal  Collegio, 
Bifpo  do  Algarve,  e  de  Coimbra,  Conde  de  Ar- 
ganil, Efmoler  mór  do  Cardeal  D.  Henrique, 
Vifo-Kej  de  Portugal,  o  qual  entre  muitas  obras 
illujires  com  que  honrou  efia  Cidade,  fundou,  e 
dotou  com  magnificência  efie  Convento  infigne. 
Fe:i-fe  efla  obra  em  iz  de  Junho  de  1655.  fendo 
Priore^a  a  Madre  Maria  de  Meneses  fua  fobrinha, 
Compoz. 

Sermão  do  Auto  da  Fé  em  Coimbra;  o  qual 
verteo  em  Latim  Francifco  Fernandes  Gal- 
vão, e  o  dedicou  ao  Pontífice  Xifto  V.  fahio 
Romãs  apud  Titum,  &  Paulum  de  Dianis. 
1589.  4.  e  tem  efte  titulo. 

Celebris  condo  in  publico  fanãa  Inquifitionis 
Aãu  Conimbrica  habita  ab  llluftriffimo  Domino 
D.  Alphonfo  de  Cafkl-branco  ejufdem  Civitatis 


32 


BIBLIOTHECA 


'Epifcopo    Keverendijfimo,    Arganili    Comité. 

Sermaõ  na  Collocaçaõ  das  Relíquias  que 
foraõ  levadas  da  Seé  de  Coimbra  a  o  Real  MoJ- 
teiro  de  Santa  Crui^  de  Coimbra,  e  fahio  im- 
preflb  na  mefma  Cidade  por  António  de 
Mariz  1596.  8.  em  a  Relação  do  folemne 
recebimento  das  mefmas  Reliquias,  e  eílá 
à  pag.  57.  v.o  até  pag.  76. 

Conjlituiçoens  de  Coimbra.  Coimbra  por 
António  Mariz  1591.  foi. 

Rejolucion  dei  Senor  D.  Alonfo  de  Cajielo- 
b lanço  Obifpo  de  Coimbra  y  Conde  de  Arganil 
<Ò'c.  j  dei  D.  Francifco  Suares  I^ector  de  Prima 
dela  Univerjidad  de  Coimbra  fobre  el  cafo,  que  fe 
moviò  en  Toledo  cerca  dela  profefjion  de  los  her- 
manos  Terceros  Seglares.  Saragofa  por  Lucas 
Sanches.  16 10.  foi. 

Carta  Pajloral  efcrita  em  9  de  Fevereiro  de 
1607.  na  qual  dá  aos  Pregadores  admiráveis  do- 
cumentos. Confervafe  na  Livraria  do  conde 
Vimieiro. 

Sermoens  M.  S.  que  fe  confervaõ  no  Car- 
tório do  CoUegio  da  Companhia  de  Jefus 
de  Coimbra  fendo  o  primeiro  de  S.  Francifco, 
o  fegundo  do  Domingo  primeiro  de  Ouarefma, 
terceiro  do  Nacimento  de  N.  Senhora,  quarto, 
quinto,  e  fexto  da  Purificação  de  N.  Senhora 
pregados  os  dous  primeiros  no  anno  de  1602. 
e  o  ultimo  em  1603.  e  delle  confta,  que  era  o 
nono,  que  tinha  pregado  na  mefma  Feíli- 
vidade  em  a  fua  Cathedral. 

Sermaõ  no  Auto  da  Fé  de  Coimbra.  Do- 
mingo defanove  de  May  o  de  1591  M.  S.  o  qual 
he  differente  do  que  aíTima  fe  faz  men- 
ção, e  delle  confervo  huma  copia  em  meu 
poder. 

Diverfas  foraõ  as  pennas,  que  elogiarão 
a  fabedoria,  piedade,  e  merecimento  delle 
grande  Prelado,  como  foraõ  Joaõ  de  Al- 
meida Soares  na  fua  vida,  que  eftava  prompta 
para  a  impreífaõ.  Brand.  Mon.  L.ujit.  Part.  4. 
liv.  12.  cap.  36.  e  Part.  5.  liv.  17.  cap.  9.  Men- 
doça  in  Viridar.  lib.  6.  orat.  11.  n.  142. 
Tuam  ego  eloquentiam,  Praful  Illujirifjime,  <& 
Amplifjime,  quem  Jingularem  novit  L.ujitania,  vidit 
Conimbrica,  Societas  noftra  experta  eji,  (&  PaJ- 
torem,  <&  Prcedicatorem,  tuam  inquam,  eloquen- 
tiam augujiam  verbis,  virtutibus  augujiiorem  de- 
Jidero.  &  in  Orat.  14.  n.  170.  D.  Nicol.  de 
S.  Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Reg.  liv.  7.  cap.  20. 


n.  10.  Pregoeiro  divino,  Pontífice  Catholico, 
Conde  llluftrijfimo,  taÕ  t(eloJo  da  virtude,  como 
Jabio  nas  divinas  letras,  e  liv.  10.  cap.  15.  n.  8. 
Cardofo  Agiol.  "Lufit.  Tom.  3.  pag.  689.  na 
Comment.  de  14.  de  Junho  letr.  A.  onde  lhe 
chama  de  inclyta  memoria.  Fr.  Franc.  de 
Maced.  Tom.  i.  Collat.  D.  Thom.  et  Scot. 
Collat.  12.  differ.  i.  pag.  524.  intitulando-o 
Illujlrijfimum,  et  doctiffimum  virum  in  Sanais 
Patribus,  ac  imprimis  Augujlino  verJaíiJfimuM. 
Maíleus  in  vit.  P.  Franc.  Soar.  cap.  16.  doãij- 
fimum  Fr.  Fernand.  da  Soled.  Hifi.  Seraf. 
Part.  4.  cap.  8.  n.  63.  dizendo.  A  fua 
grandeza,  e  liberalidade  naÕ  neceffita  da  nojja 
memoria  para  fer  plaufivel,  pois  anda  taÕ  vul- 
garmente celebre  nos  clamores  da  fama.  Telles 
Chron.  da  Companhia  de  JESUS  na  Prov. 
de  Port.  Part.  2.  liv.  4.  cap.  55.  n.  i. 
Prelado  taÕ  celebrado  nefte  Reyno.  António  Fcr- 
reir.  nos  Poemas  L^uJit.  liv.  i.  das  Odes. 
Ode  5.  Fr.  Man.  da  Efper.  Hijl.  Seraf.  da 
Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  2.  cap.  32.  n.  4. 
e  6.  e  Part.  2.  liv.  12.  cap.  6.  n.  15. 
Franc.  Leit.  Ferr.  no  Cathal.  dos  Bifp.  de 
Coimb.  §.  71.  Em  femelhantes  elogios  da 
fua  Peííoa  fe  difundirão  D.  Diogo  Soares  de 
Santa  Maria,  e  Fr.  António  Feyo  da  Ordem 
dos  Pregadores  nas  Dedicatórias,  que  lhe 
confagráraõ,  aquelle  no  Uvro  intitulado  Coih 
cion.  pro  Solemnit.  Corp.  Chrijl.  e  efte  nos  Ser- 
moens Quadragefimaes ,  na  i .  Part.  do  Santoral, 
onde  diz,  que  naõ  aceitara  o  Arcebifpado 
de  Évora  offerecido  por  FeUpe  IIL  fazendo- 
Ihes  exceíTo  na  pompa  das  palavras,  e  copia 
de  louvores  o  inllgne  Jurifconfulto  Gabriel 
Pereira  de  Caílro  na  Dedicatória,  que  lhe  fez 
da  3.  Parte  de  Jure  Emphyt.  compoíla  por  feu 
Pay  Francifco  Caldas  Pereira  onde  lhe  forma 
eíle  elegantifíimo  elogio.  Te  nofira  colit 
L.ufitania  pátria  parentem  amantiffimum :  Hifpani 
fufpiciunt:  mirantur  Itali,  quos  tua  eloquentia, 
(&  Sanãimonia  divulgata  opinio  circunfirepit.  Et 
quis  non  mirabitur  tam  reconditam  divini  Pafioris 
doãrinam;  tam  abfolutam  religionem,  tam  per- 
fe£íam,  veréque  Chrifliãnam  pietatem  cum  vera 
modeflia  confunãam  fub  tam  fereno  vultu  delitef- 
centem  ?  Tuam  raram  prudentiam,  maturum  tam 
in  publicis,  quàm  in  privatis  aãionibus  confiUum, 
regiamque  magnificentiam,  qua  reliquos  Antijlites 
antecejfores  tuos  ita  longo  intervallo  pracellis,  ut 


I 


LUSITANA. 


òò 


fi  de  ijs  pro  di^gnifaíe  quis  velit  dijferere,  omnis 
hitn/dtta  diccndi  ratio,  alqne  facultas,  omnifque 
oraíionis  ubertas  obruattir  neceffe  eft.  Vt  Ínte- 
rim illiiftrem  Janfiftinis  tui  fpUndortm,  ac  fiobi- 
HtaletH  pratermittam,  qiiantumqiie  bonartim  ar- 
tiuM  prafidiis,  Sacraqm  Vheolo^ia,  cui  te  to- 
tum  in  D.  Panli  Collegio  addixifli,  Civilijque 
(tiam  difciplina  opibtis  ad  hac  belli,  pacifque 
têmpora  fie  abunde  infiruílus,  ut  regere  Con- 
filiis  Urbes,  Jundare  legibus,  ó'  emendare  judicio 
pojfis,  C^  paleas.  Deterrent  plane  mortalium 
'udicia  tot  inexhaufta  liberalitatis  tua,  num- 
,li4àmque  audita  exempla:  tot  in  bane  Civitatem 
poftquàm  ad  hanc  Pontificalem  dignitatem  feli- 
cibus  aufpiciis  eveÚus  es:  fingularia  beneficia  om- 
nium  ânimos  in  admirationem  rapiunt;  tot  infi- 
fftia  opera,  qua  molitus  es;  tot  ingentes  fump- 
tus,  quos  in  exomanda,  e^  amplificanda  tui  almi 
Templi  fede  confumpsifii,  (&  in  extruendis  Divo- 
rum  Sacrariis,  ac  dclubris,  €>*  Sacrarum  Virginum 
Deo  militantium  adibus  à  primo  lapide  extruãis, 
tot  opes,  totque  ff^andes  expenfa  magnitudine 
íua  cogitationes  humanas  opprimunt.  Jam  vero 
quanta  tibi  in  concionando  eloquentia,  qmnta 
^avitas,  quantum  Orationis  flumen,  quanta  copia, 
iiuantus  lepos  in  dicendo I  Hac  fane  majora  funt 
litàm  qua  calamo,  ne  dicam,  cogitatione  pojfint 
concipi.  Non  immeritò  igitur  Te  omnis  nobilitas 
intuetur;  omnis  'Lufitania  laude,  €>*  celebratione 
pradicat  incolumitatis  publica  defenforem  maxi- 
mum:  prodiens  in  publicum  populi  gratulantis 
audis  femper  latas  acclamationes ,  (&  vulgi  iu- 
cunda  vocês  faufia  tibi  ominantis  aures  tuas  cir~ 
cumfonant.  &c.  Ultimamente  coroa  todos 
eftes  elogios  meu  Irmaõ  D.  Jozé  Barbofa 
Chronifta  da  Serenifíima  Cafa  de  Bragança, 
e  Académico  da  Academia  Real  nas  Memor. 
do  Colleg.  de  S.  Paul.  pag.  79.  e  no  Archia- 
than.  hufit.  pag.  13.  onde  com  poética  ele- 
gância defcreve  compendiofamente  as  acçoens 
deite  Prelado. 

Bn  Alfonfus  adefi  clara  de  ftirpe  creatus, 
Vrafulum  (àf  omatus,   decus  immortale,   corona, 
Infula  facra  comas  cinget  Colimbria,  pafior 
Largus   opum,  folifufq  pios   diffundere   nimbos. 
Tempore  devião  famam  fervabit  in  eevum. 
Quis  ga^as   numerare  potefi,    quas  dextera  fun- 
dei} 
Poderá    ve    argenti    tabulis    mandata  fupremis? 


Romano  dicet  cinííus  Baroniiu  oflro 
EJifabethque  choris  dicet  focianda  beatii, 
EJ  faxis  reparanda  novis  convulfa  viarum. 
Machina,  qua  longp  compleãitur  árdua  circU^ 
Veflalis  qua  pura  focos  fervabit,  €>*  ignem 
Offeret  intaílo  divino  f adere  fponf o, 
Alphonfus   referet,    quantúm  fit  prodiffu  arU. 
Aíunere  Proregis  l^yfia  dominabitur  alto, 
Crandior  aft  annis,  tardufque  atate  fenili 
Duííus   amore  gregis   vanos   cõtemnet   honores 
Ut  vacuus  curis  rutilam  confcendat  in  arei. 

Fr.    AFFONSO    DE    CASTILHO    Re-   ^ 
ligiofo  da  Ordem  dos  Menores,  cujo  habito 
rcccbco  na  Província  de  CaAella  da  Imma- 
culada  Conceição  da  Senhora,  varaõ  igual- 
mente pio,  e  erudito,  efcreveo. 

Compendio  de  platicas  amorofas  con  que  el 
alma  pide  afu  Dios  perdon,y  mifericordia.  Valla- 
dolid  por  Juan  de  la  Rueda  1616.  16. 
Nicol.  Ant.  na  Ptib.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  11. 
naõ  declara  fer  Portuguez  eíle  author,  cuja  no- 
ticia devemos  ao  incanfavel  eftudo  do  Licen- 
ciado Jorge  Cardozo,  que  afílm  o  affirma  nas 
Memorias,  que  juntava  para  a  Bibliotheca  Por- 
tugueza,  naõ  faltando  que  diga  que  na  obra 
allegada  declare  o  author  fer  Portuguez.  Delle 
faz  memoria  Fr.  Joaõ  de  Santo  António  in  Bib. 
Franc.  Tom.  i .  pag.  40.  col.  i .  fendo  preterido 
por  Fr.  Lucas  Wading.  in  Script.  Ord.  Min. 

P.    AFFONSO    DE    CASTRO.     Naceo 

em  Lisboa,  e  logo  na  primeira  idade  deo  íinaes 
evidentes  das  virtudes,  que  havia  de  exercitar 
na  adulta,  fendo  todo  o  feu  difvelo  a  contem- 
plação das  delicias  celeftiaes,  e  o  defprezo 
das  glorias  mimdanas.  Dezejofo  de  derramar 
o  fangue  em  obfequio  de  Chriílo  intentou 
profeíTar  na  Companhia  de  JESUS,  e  para 
que  alcançafle  a  fua  pertençaõ  fe  embarcou 
para  a  índia  com  o  Padre  Frãcifco  Vieyra 
feu  ConfeíTor,  fem  que  participaíTe  a  feus  Pays 
eíla  heróica  refoluçaõ.  Chegando  a  Goa, 
depois  de  examinado  o  feu  efpirito  pelo 
Apoílolico  Magiílerio  de  S.  Francifco  Xavier 
o  julgou  digno  de  que  entraíTe  na  Companhia 
de  Jefus,  e  lhe  deftinou  para  theatro  dos  feus 
apoftolicos  trabalhos  as  Ilhas  Molucas.  Nellas 
brilhou  a  fua  ardente  Charidade  empenhandofe 
com  a  voz,  e  com  o  exemplo  radicar  nos 


IL. 


34 


BIB  LIOTH  E CA 


coraçoens  daquelles  bárbaros  a  Fé  Catholica, 
dos  quaes  conduzio  huma  innumeravel  mul- 
tidão ao  rebanho  de  Chriílo.  Envejozo  o 
demónio  do  fruto  efpiritual  que  eíle  Sagrado 
Varaõ  colhera  pelo  efpaço  de  nove  annos 
na  cultura  delia  vinha  iníligou  a  ElRey  de 
Ternate  para  que  o  privaíTe  da  vida.  Foy 
executor  deíla  barbara  ordem  o  Príncipe  Babú, 
o  qual  acompanhado  de  alguns  bárbaros 
aleivofamente  o  prenderão  na  Ilhota  de  Irez, 
que  defronta  com  Ternate,  e  defpindo-o  com 
grande  violência  lhe  puferaõ  ao  pefcofo  hum 
tronco  de  defmarcada  grandefa,  e  neíle  eílado 
o  deixarão  expofto  fobre  a  terra  trinta  dias 
aos  ardores  do  foi,  e  às  inclemências  do  tempo. 
Ultimamente  foy  levado  por  dous  robuílos 
negros  ao  lugar  do  fupplicio  onde  proftrado 
de  joelhos  inclinando  a  cabeça  fobre  hum 
tronco  recebeo  com  plácido  animo  três  feridas, 
que  foraõ  as  portas  por  onde  fahio  o  feu  efpi- 
rito  a  coroar-fe  na  eternidade  em  o  primeiro  de 
Janeiro  de  1558.  O  Ceo  fe  empenhou  a  tef- 
temunhar  com  admiráveis  demonílraçoens 
a  fantidade  defte  Varaõ  Apoftolico ;  pois  fendo 
lançado  o  feu  venerável  corpo  em  hum 
canal  de  corrente  taõ  arrebatada,  que  no  ef- 
paço de  hum  dia  o  podia  levar  diftante  mais 
de  vinte,  e  cinco  legoas,  paíTados  três  foy 
achado  boyando  fobre  as  aguas  com  as  feri- 
das frefcas,  e  refplandecentes,  e  neíla  pro- 
digiofa  forma  fe  confervou  por  muitos  dias. 
As  acçoens  defte  Evangélico  Operário  com 
mayor  individuação  efcritas  fe  podem  ler  em 
Orland.  Hijl.  Societ.  Part.  i.  lib.  8.  n.  128. 
lib.  9.  n.  166.  liv.  12.  n.  132.  liv.  13  n.  82. 
Sachin.  Hift.  Societ.  Part.  2.  lib.  i.  n.  19.  e 
156.  lib.  2.  n.  175.  Ribad.  Vida  dei  P.  Lajn. 
liv.  2  cap.  I.  Jarric.  Thet^aur.  rer.  Indic.  Tom.  i. 
lib.  2.  cap.  28.  Vafconc.  in  Difcript.  Kegn. 
Porf.  pag.  498.  Gufman  Hiji.  delas  MiJJion. 
dela  Compan.  Part.  i.  liv.  2.  cap.  50.  Alegamb. 
in  mortih.  Illujl.  ad  an.  1558.  Nadafi  in  Ann. 
Dier.  Mem.  S.  J.  pag.  1 2.  Tanner  Soe.  Jef.  u/que  ad 
Jang.  (&  vit.  profujion.  milit.  pag.  227.  228.  e  229. 
Bartol.  Hift.  deV  Afia  liv.  6.  pag.  385.  Bonart.  in 
Amphit.  hon.  cap.  4.  Benfon.  de  lubil  lih.  i.  cap. 
9.  Boíius  de  Sigfí.  Eccl.  lib.  ^fign.  21.  Elias  à  D. 
Teref.  I^g.  Ecclaf.  Triumf.  Lib.  2.  cap.  31.  n.  56. 
Cardof.  Agiol.  'Lufit.  Tom.  i.  pag.  2.  e  8.  Soufa 
Orient.  Conq.  Tom.  i.  Conq.  3.  Divif.  3.  §.  18. 


Carta  efcrita  a  Santo  Jgnacio,  e  ao  Padre 
SimaÕ  Rodrigues  das  Molucas  em  7.  de  Fevereiro 
de    1553. 

Carta  efcrita  em  Ternate  a  iS.  de  Janeiro 
de  I JJ4.  ao  Rejtor  do  Collegio  de  Goa. 

Carta  efcrita  de  Amhoino  em  i).  de  Mayo 
1555.  ao  mefmo  Rejtor. 

Eftas  três  Cartas  fe  confervaõ  no  Archivo 
da  Cafa  ProfeíTa  de  S.  Roque  de  Lisboa, 
e  as  duas  ultimas  sahiraõ  traduíldas  em  Italiano. 
Veneza  por  Miguel  Tramezzino  1559.  8. 
têdo  já  fahido  a  fegunda  abbreviada.  Roma 
por  António  Bladio.  1556.  8. 

^  D.  Fr.  AFFONSO  CAVALLEIRO  natu- 
ral de  Évora,  e  defcendente  da  Illuftre  familia 
dos  Cavalleiros  de  Monte  Mór  o  Novo, 
que  fe  transferio  para  Barcellos.  No  Con- 
vento da  fua  Pátria  de  Religiofos  Francifcanos 
Clauftraes  recebeo  o  habito,  e  tanto  creceo  em 
letras,  e  virtudes,  que  os  feus  Prelados  o  ele- 
gerão para  inftruir  aos  feus  domefticos  com 
as  Sciencias  mayores.  PaíTou  a  Itália,  e  na 
Univeríidade  de  Pádua  fe  graduou  Doutor 
em  Theologia,  onde  a  leo  com  applaufo  de 
Meftres,  e  difcipulos,  e  depois  foy  Guardião 
do  Convento  de  Safim  em  Africa.  Foy  dotado 
de  grade  talento  para  o  Piilpito,  donde  era 
ouvido  com  geral  admiração,  muito  fciente 
nas  difciplinas  mathematicas,  e  profundamente 
verfado  na  Theologia  Moral.  Todos  eftes 
grandes  dotes  attrahiraõ  ao  Illuftrifíimo  Bifpo 
de  Évora  D.  Affonfo  de  Portugal  para  o 
eleger  no  anno  de  1495.  feu  Coadjutor  no 
Bifpado,  cujo  lugar  exercitou  com  o  titulo 
de  Bifpado  Sardicenfe,  ou  Sardenfe,  huma 
das  fette  Cidades,  a  cujos  Bifpos  fe  efcreveraõ 
as  fette  Cartas,  que  eftaõ  no  Apocalypfe. 
A  mefma  eftimaçaõ  mereceo  com  o  Cardial 
Infante  D.  Affonfo  Adminiftrador  do  Bifpado 
de  Évora,  fendo  taõbem  feu  Coadjutor,  até  que 
na  mefma  Cidade  acabou  a  vida  em  9.  de  Mayo 
de  1528.  Foy  fepultado  no  Convento  de  San- 
ta Clara  de  Évora  junto  à  Capella  mòr  da  parte 
do  Evangelho,  donde  depois  o  tresladaraõ  para 
o  Convento  de  S.  Francifco  da  mefma  Cidade. 
Fallaõ  delle  honorificamente  Daça  Chron.  Seraf. 
Part.  4.  liv.  3.  cap.  11.  Fonfec.  Évora  Gloriofa^. 
314.  Cardofo  Agiol.  Eufit.  Tom.  3 .  no  Comment. 
de  9.  de  Mayo  lit.  D.  Franco  Bib.  Portug.  M.  S>^ 


L  USITANA. 


35 


•  O  P.  D.  Manoel  Caetano  de  Soufa  no  Caíbal. 
HiJI.  dos  Pontif.  Card.  Are.  e  Bi/p.  Por/,  p.  105. 
Compoz. 

Sermoens  hum  Tom. 

De  Paniteti/ia  in  foi. 

Hílas  obras  fe  confervavaõ  Aí.  S.  na  Dib. 
de  Manoel  Sever,  de  Far.  como  affirnu  Fr. 
Fcrnand.  da  Soled.  liijior.  Seraf.  da  Prov.  de 
Por/.  Tom.  4.  liv.  5.  cap.  9.  n.  529. 

AFFONSO  CERVEIRA,  foy  hum  dos 
primeyros  Argonautas  dignos  de  immortal 
memoria,  que  debaixo  dos  felices  aufpicios 
do  Sereniffimo  Principe  D.  Henrique,  author 
das  noíías  navegaçoens,  fe  atreveo  a  furcar 
aqucllcs  mares  nunca  cortados  de  outras 
quilhas,  e  difcorrcr  pclla  mayor  parte  das 
coílas  Africanas.  Domados  com  a  violência 
das  armas  alguns  povos  de  Africa,  e  celebra- 
das com  outros  pazes,  fez  a  fua  afílftencia 
na  Cidade  de  Beni  Capital  do  Reyno  de  Guiné 
110  tempo,  que  governava  a  Coroa  Portugueza 
D.  Affonfo  V.  onde  por  muitos  annos  com 
igual  vigilância,  que  defintereíTe  foy  Feytor 
lie  Fazenda  Real  em  cujo  miniílerio  naõ 
fomente  attendeo  pelas  mercadorias,  que  entra- 
vaõ,  e  fahiaõ  daquelles  portos,  mas  indivi- 
dualmente defcreveo  a  fua  íituaçaõ,  e  as  proe- 
fas  militares,  que  nelles  tinhaõ  obrado  os 
Portuguezes,  fendo  o  titulo  defta  obra,  o 
feguinte. 

Hijloria  da  Conquifia  dos  Portuguet^es  pella 
Cofia  de  Africa  M.  S. 

A  mayor  parte  defta  hiftoria  por  fer  muito 
fidedigna  a  tranfcreveo  na  fua  Chronica  de 
Africa  Gomez  Eannes  de  Zurara,  como  elle 
confeíTa,  e  também  o  affirma  o  Grande  Joaõ 
de  Barros  Dec.  i.  da  Afia  liv.  2.  cap.  i.  Da 
obra,  e  do  Author  faz  memoria  Nicol.  Antó- 
nio. P>ih.  Hifpan.  Tom.  i.  p.  13.  e  António 
de  Leon  Bib.  Ind.  Tit.  30. 

AFFONSO  CORRÊA.  Doutor,  como 
fe  intitula  no  frontifpicio  da  obra,  que  efcre- 
veo.  Naõ  fabemos  certamente  fe  era  graduado 
em  Theologia,  ou  Direito  Canónico,  ou  Civil, 
conftando  infallivelmente  que  era  Conigo 
na  Cathedral  da  Guarda,  e  verfado  em  letras 
Sagradas,  e  profanas,  e  que  publicara. 

Profodia.    Lisboa.   1635.  4. 


P.  AFFONSO  DA  COSTA  natural  da 
Qdade  de  Faro  no  Reyno  do  Algarve  filho  de 
Marcos  Fernandes,  e  Maria  Pires  abraçou  o 
Inílítuto  da  Companhia  de  JESUS  00  Collcgio 
de  Coimbra  a  15.  de  Março  de  1700  donde 
pa/Tou  à  índia  com  o  fagrado  defejo  de  con- 
verter almas  ao  rebanho  de  Chriílo.  Naô 
menos  douto,  que  pio  publicou  a  feguinte 
obra  que  dedicou  a  Joaò  Saldanha  da  Gama 
VlceRey  do  F.ftado  da  índia. 

Me /bodo  de  bem  viver;  1/inerario  ChriflaÕ, 
Lisboa  por  Jofeph  Lopes  Ferreira  1716.  8. 

Fr.  AFFONSO  DA  CRUZ  natural  do 
lugar  do  Fundaõ  do  território  da  Villa  da  Co- 
vilhaà  na  Província  da  Beyra,  profeflbu  no 
Real  Convento  de  Alcobaça  o  illuftre  habi- 
to da  Ordem  de  Cifter  no  anno  de  1 5  74.  onde 
pela  integridade  de  feus  coíhimes,  e  pela  reli- 
giofa  obfervancia  dos  inftitutos  foy  eleyto 
Meftre  dos  Noviços,  miniílerio,  que  exercitou 
em  diverfos  Conventos  da  fua  Congregação, 
atè  que  no  anno  de  1600.  foy  aíTumpto  ao 
Generalato,  cujo  lugar  aceitou  conílrangido, 
e  adminiftrou  vigilante.  Morreo  piamente  em 
Alcobaça  no  anno  de  1626,  e  foy  fepultado  na 
cafa  Capitular.  O  feu  Retrato  fe  vê  pintado  no 
Antecoro  do  Real  Convento  de  Alcobaça 
entre  os  Varoens  illuftres  da  Ordem.  No 
tempo,  que  tinha  vago  das  occupaçoens  domef- 
ticas  fe  applicava  para  proveito  dos  próxi- 
mos na  compoíiçaõ  de  algumas  obras  afce- 
ticas,  de  que  faõ  claros  argumentos  as  fe- 
guintes. 

Efpelho  de  perfeição  colhido  da  doutrina  de 
alguns  Santos  Padres  antigos,  e  outros  Varoens 
contemplativos,  em  o  qual  fe  contem  quatro  Trata- 
dos: o  I.  da  vida  aãiva:  o  z.  da  vida  contempla- 
tiva, o  qual  fe  divide  em  quatro  partes,  a  i.  trata 
da  oração,  meditação,  e  contemplação ;  a  z.  os 
mejos  por  onde  fe  alcança  a  graça  na  comtemplaçàò  : 
a  3.  Deí(efos  delia;  a  4.  dos  impedimentos,  o  3. 
Tratado  confia  da  uniaÕ  da  alma  com  Deos: 
o  4.  das  três  vias.  Purgativa,  Illuminativa, 
e  Unitiva.  Lisboa,  por  Pedro  Craesbeeck 
1615.   8. 

Efpelho  de  reli^o^ios  em  o  qual  vendofe,  e 
compondofe  as  pejfoas  religiofas  poderão  com  o  favor 
divino  chegar  com  facilidade  à  perfeição:  Lisboa 
pelo  mefmo  ImpreíTor  1621.  4. 


36 


BIB  LIO  THE  CA 


AFFONSO  ESTEVES,  ou  por  nacimento, 
ou  por  habitação  natural  da  nobre  Villa  de 
Santarém.  Foy  ferrador  delRey  D.  Joaõ  I. 
de  gloriofa  memoria,  e  infigne  Alveitar,  de 
cuja  fciencia  efcrevia  huma  Arte,  a  qual  efcrita 
com  letras  Gothicas  em  pergaminho  fe  con- 
fervava  na  Bibliotheca  Severiana,  e  no  fim  tinha 
eftas  palavras. 

'Bfte  livro  fet^  Affonfo  Esteves  morador  em 
Santarém  Ferrador  del-Key,  o  qual  ejcreveo  Joaõ 
de  A-veiro  morador  na  Certaà  criado  que  foy  do 
Prior  D.  Fr.  Álvaro  camello,  que  Deos perdoe,  efoy 
acabado  no  anno  de  N.  Senhor  Je:^us  Chrijlo  1425. 

AFFONSO  DE  FRANÇA.  Foy  hum  dos 
principaes  Portugue2es  que  para  reílituir  ao 
Emperador  Cláudio  o  Império  dos  Abexins 
confumido  com  huma  diuturna,  e  inteílina 
guerra  movida  por  ElRey  de  Zeyla,  partio 
da  índia  no  anno  de  1541.  em  companhia 
do  infigne  Capitão,  e  invencível  Martyr  D. 
Chriílovaõ  da  Gama.  Pacificadas  as  altera- 
çoens  daquelle  Império  affiílio  nelle  por  toda 
a  vida  recebendo  fempre  particulares  favores, 
e  eíUmaçoens  do  Emperador,  naõ  havendo 
negocio  importante  em  que  o  naõ  conful- 
taíTe.  No  anno  de  1555.  foy  mandado 
Diogo  Dias  em  companhia  do  Padre  Gon- 
çalo Rodrigues  Jefuita  por  Embaxador  a 
efte  Príncipe  para  faber  fe  eílava  prompto  a 
receber  o  noílo  Patriarcha,  e  ouvindo  a  pro- 
pofta  do  Embaxador  de  tal  forte  fe  perturbou, 
que  naõ  deu  repofia  congruente  por  eftar 
objftinadamente  affeâo  aos  fcifmaticos  erros 
da  Igreja  de  Alexandria.  Para  o  convencer 
defta  cegueira  efcreveo  o  Padre  Gonçalo 
Rodriguez  hum  douto  tratado  em  que  mof- 
trava  a  verdade  da  Igreja  Romana,  e  a  falfi- 
dade  da  Alexandrina,  o  qual  para  fer  lido  pelo 
Emperador  o  traduzio  da  lingua  Portuguefa 
na  Chaldaica  Affonfo  de  França  por  fer  nella 
muito  perito. 

Alem  defta  traducçaõ  efcreveo  huma  carta 
ao  Padre  Gonçalo  Rodriguez  acerca  da  dif- 
puta,  que  teve  com  o  Emperador  fobre  a  ma- 
téria da  Religião,  a  qual  carta,  e  o  que  efcre- 
vemos  de  Affonfo  de  França,  relataõ  Nicolao 
Godinh.  de  rehus  Ahyjfin.  lib.  2.  cap.  19.  Fernaõ. 
Guer.  na  addic.  à  Kelaçaõ  da  Etiópia  de  1607. 
e  1608.  cap.  3.  e  o  Padre  Francifc.  de  Souf. 


Orient.  Conq.  Part.  i.  Conq.  5.  Divif.  2.  §.  19. 
e  20. 

AFFONSO  FRANCO  veja-fe  Padre  Fran- 
cifco  da  Fonfeca. 

D.  AFFONSO  FURTADO  DE  MEN- 
DOÇA.  Naceo  em  a  Cidade  de  Lisboa  como 
querem  huns,  ou  em  Monte  mór  o  novo  na 
Província  do  Alentejo,  como  efcrevem  outros 
no  anno  de  1561.  fendo  feus  Pays  Jorge  Fur- 
tado de  Mendoça  Commendador  das  Entradas, 
Padroens,  e  Repreza  da  Ordem  de  S.  Tiago, 
e  D.  Mecia  Henriques  filha  de  D.  Pedro  de 
Souza  Alcaide  mòr  de  Beja,  Senhor  de  Berin- 
gel,  e  do  Prado,  e  de  D.  Violante  Henriques 
filha  de  Simaõ  Freyre  de  Andrada  Senhor  de 
Bobadella.  Principiou  os  primeiros  eíludos 
em  Lisboa,  e  os  confumou  em  Coimbra 
com  geral  admiração  dos  Meílres,  e  difcipu- 
los,  pois  como  foíle  dotado  de  fubtil  engenho, 
e  fácil  memoria  affim  para  perceber,  como  para 
confervar,  o  que  eíludava,  fe  adiantava  a  todos 
com  admiráveis  progreíTos.  Graduado  pella 
Univerfidade  de  Coimbra  Doutor  na  faculdade 
dos  Sagrados  Cânones,  foy  admitido  por  Colle- 
gial  do  Collegio  de  S.  Pedro,  a  10.  de  Mayo  de 
1592.  donde  paíTou  a  Reytor  da  mefma  Uni- 
verfidade, em  cujo  lugar  procedèdo  com 
fumma  inteireza,  fomente  fe  declarou  par- 
cial dos  mais  eíludiofos.  Attendendo  Filipe  11. 
aos  feus  merecimentos  o  nomeou  Confelheiro 
de  Eílado  no  Confelho  de  Portugal  moftrando 
neJla  occupaçaõ  tanto  zelo  do  ferviço  do 
Príncipe,  como  feveridade  na  obfervancia  da 
Juíliça.  Eftas  mefmas  virtudes  praticou  no 
Tribunal  das  Ordens  Militares,  quando  no 
anno  de  1608.  foy  eleito  feu  Prefidente.  Todas 
eftas  incumbências  o  foraõ  habilitando  para 
que  em  13.  de  Fevereiro  de  1610.  fubiíTe  à 
Cadeira  Epifcopal  da  Guarda,  onde  como  feli- 
cito Paftor  arrancou  as  perniciofas  raízes  de 
muitos  abufos,  e  introdufio  as  fagradas  deter- 
minações do  Concilio  de  Trento.  Defta  Cathe- 
dral  foy  promovido  por  Bulia  de  Paiilo  V. 
paliada  a  5.  de  Dezembro  de  161 5.  para  a  de 
Coimbra,  que  vagara  por  morte  do  infigne 
Prelado  D.  Affonfo  de  Caftellobranco,  cujos 
veftigios  defejando  ardentemente  feguir,  e 
pontualmente  obfervar,  encheo  todas  as  par- 
tes   conftitutivas    de    hum    verdadeiro    Pre- 


L  USITAN A. 


37 


Udo.  Como  na  fua  PeíToa  creciaõ  os  mere- 
cimentos, fe  augmentavaõ  também  as  digni- 
dades, pois  vagando  a  Mitra  Primacial  de 
Braga  por  morte  do  celebre  varaõ  D.  Fr. 
\lcixo  de  Mene2es,  foy  nomeado  por  Teu 
iiiccrfor  no  anno  de  1618.  onde  obrou  acçoens 
tau  heróicas  em  benefício  do  feu  rebanho, 
(|ue  veneravaõ  nelle  o  feu  anteceíTor  renacido. 
xrfií^io  nas  Cortes,  que  lURcy  Filipe  II.  cele- 
brou no  anno  de  161 9.  nas  quaes  com  intré- 
pido valor  defendeo  os  privilégios  da  fua 
Igreja  contra  impugnadores  aífím  domeílicos 
como  cftranhos  da  fua  primacial  dignidade. 
Ultimamente  foy  eleito,  e  confírmado  por 
Urbano  VIU.  a  3.  de  Dezembro  de  1626.  Arcc- 
hifpo  de  Lisboa,  e  hum  dos  Governadores 
lio  Rcyno,  cujos  minifterios  affim  Sagrados, 
lomo  politicos  defempenhou  com  ardente 
cio,  e  manifefto  defmtereífe.  Eftas  continuas 
<  )CCupaçoens  lhe  foraõ  de  tal  modo  attenuando 
as  forças,  que  rendidas  à  violência  dos  acha- 
ques o  privarão  da  vida  digna  de  mayor  dura- 
ção em  2.  de  Julho  de  1630.  quando  contava 
69.  annos  de  idade ;  dos  quaes  foy  cinco  Bifpo 
lia  Guarda,  dous  Bifpo  de  Coimbra,  fette 
Arcebifpo  de  Braga,  e  quatro  de  Lisboa, 
cm  cuja  Catedral  na  Capella  mór  foy  fepultado 
o  feu  cadáver.  De  taõ  infigne  Prelado  faz 
cfte  elogio  o  grande  Agoftinho  Barboza  de 
Po/ep.  Epifcop.  Part.  i.  Tit.  3.  cap.  8.  n.  84. 
11  nus  to  fins  "LufitamcB  nobilita  tis  inflar  illuflrijfi- 
moril  Primatm  excellentijfimus  Princeps,  llluf- 
trijfimus  Primas,  qui  ob  admirabikm  utriujque 
]uris  Scientiam,  <&  rertim  gerendarum  peritiam, 
r/iosque  infignes  animi  dotes  intra  brevem  temporis 
■trftim  Conimbrica  Academia  Keãor,  inde  ad 
JHpremum  regij  Senatus  concilium  adfcitum.  Naõ 
laõ  menores  os  louvores,  que  delle  efcrevem 
D.  Franc.  Man.  nas  Epanaphor.  p.  185.  Va- 
rão de  ^ande  peito,  onde  mal  podia  cobrir  com 
o  roquete  pacifico  o  ardor  do  animo  bellicofo. 
Fr.  Man.  da  Efp.  Hifl.  Seraf.  da  Prov. 
de  Port.  Part.  i,  lib.  2.  cap.  23.  n.  4. 
e  liv.  4.  cap.  17.  n.  2.  famofo  por  muitos 
íitulos,  Fr.  Fernando  da  Soled.  Hifl.  Seraf. 
Part.  4.  liv.  3.  cap.  19.  n.  586.  Hum  dos 
Prelados  infignes,  que  a  Igreja  logrou  no  Sé- 
culo paffado.  Telles  Chron.  da  Comp.  de  Jef. 
da  Prov.  de  Port.  Part.  2.  liv.  4.  cap.  53. 
n.  4.    Hum  dos  mais  perfeitos,  e  cabaes  fogeitos, 


qui  deo  o  nojfo  Keyno  de  Portugal.  D.  Nic.  de 
Santa  Maria  Chron.  dos  Coneg.  Keffd.  Part.  2. 
liv.  10.  cap.  19.  n.  8.  Joaô  Salgado  de  Araújo 
na  Ley  Keg.  de  Port.  Part.  i.  foi.  58.  v.»- 
n.  108.  Franc.  Leyt.  Ferr.  e  o  D.  Man. 
Per.  da  Syl.  Leal  Acad.  da  Acad.  Real» 
o  I.  no  Cathal.  dos  hifp.  de  Coimbra  §.  72. 
e  o  2.  no  Cathal.  dos  bifp.  da  Guard.  %.  5). 
Compoz. 

Conflituiçoens  do  Wtfpado  da  Guarda  redufí- 
das  a  melhor  mcthodo,  que  lhe  tinha  dado  feu 
AnteceíTor  D.  Jorge  de  Mello. 

Em  cujo  trabalho  confumio  cinco  annos 
affiflindo  fempre  a  ellas  com  engenho,  cabedal  de 
letras,  e  experiência,  como  diz  o  lUuftriffimo 
D.  Rodrigo  da  Cunha  na  Hiflor.  Eccl.  de  Brag. 
Part.  2.  cap.  102.  n.  14.  cfcrevendo  a  fua  vida. 
Para  que  fahiflem  a  publico  com  toda  a  per- 
feição, as  mandou  examinar  pelo  Doutor 
Eximio  o  Padre  Francifco  Soares  Granatcnfc, 
e  depois  de  approvadas  por  taõ  infignc  Le- 
trado, convocou  Synodo  a  29.  de  Junho  de 
16 14.  em  que  foraõ  com  fummo  applaufo 
recebidas.  Por  fer  aífumpto  ao  Bifpado  de 
Coimbra  as  naõ  pode  imprimir,  o  que  execu- 
tou D.  Francifco  de  Caílro  feu  fucceíTor  no^ 
Bifpado  da  Guarda. 

Sendo  Arcebifpo  Primaz  fez  hum  Tra- 
tado no  anno  de  1625.  que  remeteo  ao  Summo 
Pontífice   Urbano  VIII.   o  qual  intitulou. 

Ad  L,imina  Apoflolorum. 

Nelle  tratava  dos  Santos  do  Arcebifpado 
de  Braga,  e  de  outras  matérias  Ecclefiaílicas 
pertencentes  a  eíla  Diocefe,  da  qual  obra  fe 
lembra  com  naõ  pequeno  louvor  Jorge  Car- 
dofo  no  Agiol.  L.ufit.  tom.  i.  pag.  124.  col.  i. 
no  Coment.  de  12.  de  Janeiro  letra  B. 

AFFONSO  GIRALDES.  Naõ  teve 
menor  efpirito  para  as  armas,  que  para  a 
Poefia.  Foy  hum  dos  valerofos  foldados,  que 
acompanharão  ao  noílo  Príncipe  D.  Affonfo 
IV.  quando  foy  focorrer  a  feu  genro  Affonfo 
XI.  de  Caftella  contra  os  Mouros,  que  com 
hum  formidável  Exercito  tínhaõ  cercado 
Tarifa,  alcançando  delles  a  celebre  vitoria, 
que  fe  deo  junto  às  margens  do  rio  Salado 
no  anno  de  1340.  Voltando  para  a  Pátria 
mais  cheyo  de  gloria,  que  de  defpojos 
defcreveo    como    teílemunha    occular    todas 


38 


BIBLIO THEC  A 


as  circunftancias  de  taõ  memorável  batalha 
com  efte  titulo. 

'Poema  em  que  Je  dejcreve  o  Jitcejfo  da  batalha 
Ao  Salado. 

Cuja  obra  confervavaõ  em  feu  poder 
Fr.  António  Brandão,  como  efcreve  na  Mo- 
narchia  "Lufit.  Part.  3.  liv.  10.  cap.  45.  e  Fr. 
Francifco  Brand.  Mon.  L.ujit.  Part.  5.  liv.  16. 
cap.  1 3 .  Delia  fazem  mençaõ  Manoel  de  Faria, 
c  Soufa  Epit.  das  Hijl.  Part.  Part.  5 .  cap.  1 5 .  e 
no  Elench.  das  obras  M.  S.  que  eftá  no  principio 
■do  Tom.  I.  da  Afia  Portug.  n,  82  Joan.  Soar.  de 
Brito  in  Theat.  I^ujtt.  'Litter.  Lit.  A.  n.  1 1 .  e  o  P. 
António  dos  Reys  in  'Enthufiajm.  Poet.  impreíTo 
no  princip.  dos  feus  agudos  epigramas  n.  192. 

AFFONSO  GIL  DA  FONSECA,  veja-fe 
Francifco  de  Soufa,  e  Almada. 

AFFONSO  GUERREIRO  natural  de  Al- 
modouvar  na  Província  do  Alentejo  primo 
com  irmaõ  dos  Padres  Bartholameu  Guer- 
reiro, e  Fernaõ  Guerreiro  lefuitas,  dos  quaes 
■em  feu  lugar  faremos  mençaõ.  Foy  formado 
na  faculdade  da  Sagrada  Theologia,  fendo 
pela  fua  fciencia,  que  fe  fazia  mais  eftimavel 
pella  innocencia  dos  coílumes,  eleito  Prior 
da  Parochial  Igreja  de  S.  Chriftovaõ  na  Cidade 
■de  Lisboa,  em  cuja  occupaçaõ  naõ  menos  fe 
appUcava  ao  pafto  das  ovelhas,  que  à  liçaõ 
dos  livros.  Para  receber  algum  alivio  dos 
contínuos  trabalhos  aíTim  litterarios,  como 
paftoraes  fe  retirava  a  huma  Quinta  junto 
-de  Lisboa,  onde  fendo  acometido  no  íilencio 
da  noite  por  alguns  homens  Ímpios  com 
intento  de  o  roubarem,  o  privarão  violen- 
tamente da  vida  no  anno  de  15  81.     Compoz. 

Das  Fejias,  que  fe  fit^eraõ  na  Cidade  de  L,is- 
hoa  na  entrada  delKej  D.  Philippe  primeiro  de 
Portugal.  Lisboa  por  Francifco  Corrêa  1 5  8 1.  4. 
Deixou  M.  S.  e  imperfeita. 

Chronica  del-Kej  D.  Sebajiiaõ. 

Como  também. 

Chronica  da  KeligiaÕ  da  Sãtifjima  Trindade 
Ja  Provinda  de  Portugal, 

Cujos  fragmentos  vieraõ  ao  poder  de 
Fr.  Marcos  de  Moura  Chroniíla  deíla  Reli- 
gião, de  cuja  obra,  e  feu  Author  faz  memoria 
Fr.  Bernardino  de  Santo  António  no  Epit. 
Kedempf.  lib.  2.  cap.  11.  §.  4.  foi.  123.  &  cap. 


vlt.  §.  31.  e  Cardozo  Agiol.  Eujitan.  Tom.  3. 
p.  383.  no  Comment.  de  13.  de  Mayo  letr.  C. 
Por  haver  compoílo  efta  Chronica  Affonfo 
Guerreiro  fe  enganou  Nicolao  António  in 
Bib.  Hifpan.  Tom.  2.  p.  315,  efcrevendo  que 
fora  Religiofo  Trino,  quando  elle  nunca 
profeíTou  tal  inílituto,  e  fomente  foy  muito 
afFe£to  a  eíla  Religião. 

Fr.  AFFONSO  DA  ILHA  cujo  appel- 
lido  tomou  por  fer  natural  da  Madeira,  Reli- 
giofo da  Ordem  Seráfica,  onde  pela  obfervancia 
dos  preceitos  da  fua  regra  fe  fez  venerado  dos 
feus  domeílicos.  Por  afliftir  muitos  annos 
na  Província  de  CaíieUa  efcreveo  neíla  lingua 
a  feguinte  obra. 

The/oro  de  Virtudes.  Medina  dei  Campo 
por  Alonfo  de  Caftro  1543.  4. 

Defta  obra,  e  naõ  do  Author  fe  lembra 
Wading.  in  Script.  Ord.  Min.  por  occultar 
nella  o  feu  nome  a  primeira  vez  que  fahio  à 
luz,  o  qual  manifeílou  Joaõ  Maria  Brancalopo 
de  Monte  falco  quando  a  traduzio  na  lingua 
Italiana  no  anno  de  1574.  in  8.  acrecentan- 
dolhe  o  martírio  do  V.  P.  Fr.  André  de 
Spoleto  efcrito  por  Fr.  António  Olano,  de 
quem  em  feu  lugar  faremos  mençaõ.  De 
Fr.  Aífonfo  da  Ilha  a  fazem  Nicolao  Anton. 
in  Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  p.  24.  e  Fr.  Joa.  a 
D.  António  na  Francifc.  Tom.  i.  pag.  46, 
col.  2. 

AFFONSO  LEAM  DE  BARBUDA  foy 

muito  eítimavel  aíTim  pela  inteireza  dos  cof- 
tumes,  como  pela  fciencia,  e  capacidade  de 
que  era  fummamente  ornada,  cujas  partes 
naõ  fó  o  coníUtuhiraõ  perfeito  Ecclefiaítico, 
mas  foraõ  eítimulos  para  que  o  iníigne  Vice- 
rey  D.  Luiz  de  Attayde  quando  governava 
o  Império  Oriental  o  fizeíTe  feu  Secretario 
communicandolhe  os  mayores  negócios  do 
Eílado,  e  feguindo  as  fuás  prudentes  direc- 
çoens.  Sendo  informado  eíle  Heróe,  que  nas 
terras  de  Monomotapa  fituadas  na  Ethiopia 
Oriental  fe  tinhaõ  novamente  defcuberto 
minas  de  prata,  para  fe  certificar  deíla  noti- 
cia mandou  como  explorador  a  Afíonfo  de 
Leaõ,  cuja  empreza,  ainda  que  difficil,  e  pe- 
rigofa  naõ  fomente  com  fumma  induílria 
executou,  mas  com  particular  exame  obfervou 


f 


L  USITANA. 


39 


O  que  era  mais  digno  de  fe  notar  naquellas 
Rcgioens,  efcrevendo. 

Diário  das  eotn^as  miáveis,  qm  vio  no  Im- 
pério de  Monomotapa. 

Voltando  para  Portugal  no  anno  de  1627. 
extrahio  deíle  Diário,  e  communicou  ao  Padre 
l-rancifco  de  Gouvea  Provincial  da  G)mpa- 
nhin  de  JESUS  por  lho  pedir,  tudo  quanto 
linha  inquirido,  e  obfervado  acerca  do  corpo 
famente  confervado  do  Ínclito  Martyr 
Venerável  P.  Gonçalo  da  Sylveira,  cuja  rela- 
,õ  imprimio  o  Padre  Baltezar  Telles  na 
Chron.  da  Prov.  de  Por/.  Part.  2.  liv.  4.  cap.  58. 
n.  3.  e  alguma  parte  delia  o  Padre  António 
1 'ranço  na  Ima^.  do  Novic.  do  Colleg.  de  Coim- 
bra. Tom.  2.  Liv.  I.  cap.  18.  Fazem  memoria 
>lc  AfTonfo  Leaõ  de  Barbuda  Tanner  Societas 
]ej.  ujque  adjang.  <&  vita  profus.  milit.  pag.  163. 
Gafp.  Ruthard.  in  Cojmolog.  Sacr.  Theor.  6. 
n.  7.  e  9.  Cardof.  Agiol.  Lm/.  Tom.  2.  pag.  197 

Comment.  de  16.  de  Março.   Letra.  D.  Ale- 

b.  in  mortihus.  llluftr.  p.  560  onde  lhe 
ia  rebus  geflis,  €>*  Jacerdotio  venerabilis,  e 
Nadaf.  Ann.  dier.  mem.  S.  J.  p.  142. 


n.  7.  ( 


/ 


AFFONSO  LOPES  DA  COSTA  na- 
ceo  na  Villa  de  Torres  nove  do  Arcebifpado 
de  Lisboa,  e  logo  defde  a  infância  fe  dedicou 
ao  ferviço  da  Igreja  fendo  moço  da  Capella 
Real.  Acompanhou  a  elRey.  D.  Sebaíliaõ 
na  infeliz  jornada  de  Africa  onde  defbaratado 
totalmente  o  exercito  Portuguez,  ficou  cativo 
no  poder  dos  bárbaros,  do  qual  fendo  ref- 
gatado  por  três  mil  cruzados,  por  premio 
dos  feus  fervdços,  e  merecimentos  foy  eleyto 
Thezoureiro  mór  da  mefma  Capella  Real. 
Era  muito  inclinado  à  Poeíia  principalmente 
jocofa,  da  qual  fez  varias  obras  para  fe  repre- 
zentarem  no  Theatro  com  que  exceíTivamente 
alegrava  aos  efpeftadores,  publicando,  e  emen- 
dando os  Autos  compoftos  por  António  Preftes, 
e  o  Grande  Luiz  de  Camoens  com  eíle  titulo. 

Primeira  Parte  dos  Autos,  e  Comedias  Por- 
tuguesas.   Lisboa  por  André  Lobato,  1587.  4. 

Fr.  AFFONSO  DO  LOURIÇAL,  cujo 
appellido  declara  a  fua  Pátria,  que  he  hum 
lugar  da  Diecefe  de  Coimbra.  Deixando  o 
Mundo  fe  dedicou  a  Deos  no  Mofteiro  de 
Santa  Maria  de  Ceiça  da  Ordem  de  Ciíler 
que  fora  fundado  por  ElRey  D.  Aífonfo  Hen- 


ríquez.  Foy  eminente  em  todo  o  género  de 
virtudes  imitando  os  fagrados  veítígíos  da- 
quelles  primitivos  Varoens,  que  (eu  Padre 
S.  Bernardo  tinha  mandado  a  Portugal  Para 
evitar  o  ocío,  fcmprc  nodvo  à  íantidade,  fe 
applicava  à  liçaõ  dos  livros,  e  o  que  cauTa, 
mayor  admiração,  he  que  naõ  fidtando  ás 
continuas  obrigaçoens  do  Eftado  reUgíoío^ 
gaílaíTe  o  reftante  do  tempo  na  cultura  das 
letras  humanas  de  que  faò  claro  augmento 
três  volumes  efcritos  no  anno  de  ChriAo 
de  1200  com  admirável  letra,  fendo  muitas 
delias  primorofamente  illuminadas  com  di- 
verfas  cores,  e  ouro,  os  quaes  fe  confervaõ 
na  Bibliotheca  do  Real  Convento  de  Alco- 
baça.   A  matéria  dos  volumes  he  a  feguinte. 

Yocahularium  Papia  adauílum  infol.  3.  Tom. 

No  fim  do  terceiro  Tom.  tranfcreveo  o 
Author  o  Livro  das  Interpretações  Hebrai- 
cas de  S.  Jerónimo. 

AFFONSO  DE  LUCENA,  natural  da 
Villa  de  Trancofo  na  Provincia  da  Beira. 
Teve  por  Pays  à  Manoel  de  Lucena  Ouvi- 
dor de  Barcellos,  e  Criado  dos  Serenifllmos 
Duques  de  Bragança  D.  Theodofio  primeiro, 
e  D.  Joaõ  o  primeiro,  e  a  Ifabel  Nogueira 
Sarayva,  de  igual  nobreza  à  de  feu  conforte. 
Applicoufe  na  Univerfidade  de  Coimbra  à 
faculdade  de  Direito  Cefareo,  em  que  rece- 
bendo o  gráo  de  Licenciado  mereceo  pellas 
fuás  letras  particulares  eftimaçoens.  Foy 
Cavalleiro  da  Ordem  militar  de  Chrifto, 
Commendador  de  Saõ-Tiago  de  Coelhofo, 
e  Alcaide  mòr  de  Portel,  e  Évora  Monte. 
Inílituhio  em  10.  de  Janeiro  de  161 1.  o  Mor- 
gado da  Quinta  dos  Pechinhos  íituada  no 
Termo  de  Villaviçofa  com  a  condição,  que 
extinâa  a  fua  defcendencia  de  ambos  os 
fexos  fe  uniria  ao  Morgado  da  Cruz  que  pof- 
fue  a  Sereniflima  Cafa  de  Bragança,  para. 
fe  repartir  o  feu  rendimento  pelos  criados  po- 
bres da  dita  Cafa,  o  qual  Morgado  poíTue  hoje 
feu  terceiro  Neto  D.  António  Bernardo  de  Lu- 
cena, por  fentença  alcançada  no  anno  de  1720. 
Cafou  em  Villaviçofa  com  D.  Ifabel  de  Almeyda 
filha  de  André  Mendes  Bandeira,  e  de  D.  Leo- 
nor de  Almeyda,  onde  morreo,  e  eítá  fepul- 
tado  no  Convento  das  Religiofas  da  Efperança 
da   mefma  Villa.   Para  teílemunhar  a  fideli- 


40 


BIB  LIO  THE  C  A 


•dade  do  feu  obfequio  para  com  a  Senhora 
D.  Catherina  Duqueza  de  Bragança,  de  quem 
fora  Procurador,  e  Secretario,  compoz  junta- 
mente com  o  Dezembargador  Félix  Teixeira, 
e  fe  imprimio  com  outras. 

Allegaçaõ  de  direito  offerecida  ao  muito  alto, 
•e  muito  poderofo  Kej  D.  Henrique  Nojfo  Senhor, 
na  cauja  da  Juccejjàõ  dejies  Rejnos,  por  parte  da 
Senhora  D.  Catherina  fua  fobrinha  filha  do  In- 
fante D.  Duarte  feu  IrmaÕ  a  zi.  de  Outubro  de 
1379.  Almeirim  por  António  Corrêa,  e 
Francifco  Corrêa  aos  27.  de  Fevereiro  de 
1580. 

Foy  traduzida  eíla  obra  em  Latim  pelo 
iníigne  Fr.  Francifco  de  Santo  Agoftinho 
Macedo,  e  fahio  com  eíle  Titulo. 

Jus  Juccedendi  in  luuJitanicB  regnum  Domines 
Catharina  Kegis  Emmanuelis  ex  Eduardo  filio 
neptis  Doãorum  Juh  Henrico  Lujitania  Rege 
ultimo  Conimbricenjium  fententiis  confirmatum. 
Pariíiis  apud  Sebailian.  Cramoyíi.   1641.  foi. 

Memoria  de  algumas  coujas  pertencentes  aos 
Duques  de  Bragança,  ejcrita  à  Senhora  D.  Cathe- 
rina Duquesa  de  Bragança  M.  S.  foi. 

Faz  delle  repetida  memoria  Caramuel 
Philip.  Prud.  pag.   171.  271.  e  273. 

Fr.  AFFONSO  DA  MADRE  DE  DEOS 
GUERREYRO,  chamado  no  feculo  Affonfo 
Guerreyro  de  Brito,  naceo  na  Cidade  de 
Évora,  e  na  Fregueíia  de  Santo  Antaõ  re- 
cebeo  a  graça  bautifmal  a  12.  de  Setembro 
de  1676.  Foraõ  feus  Pays  o  Doutor  Bartho- 
lameu  Gomez  de  Brito,  e  Efcholaftica  de 
Souza  Rolaõ.  Depois  de  aprender  Gramá- 
tica em  a  Univeríidade  da  fua  pátria  paíTou 
a  Lisboa  em  o  anno  de  1692.  onde  preferindo 
o  exercício  das  armas  ao  das  letras  aílentou 
praça  de  Soldado,  e  embarcando-fe  em  a 
Náo  de  Guerra,  de  que  era  Capitão  Gafpar 
da  Coíla  de  Attaide,  comboyou  as  Frotas, 
que  da  America  vinhaõ  para  a  Cidade  do 
Porto.  Afpirando  o  feu  natural  valor  a  mais 
gloriofas  emprezas  fe  refolveo  paílar  à  índia, 
e  fendo  defpachado  com  o  habito  de  Chriílo 
a  23.  de  Março  de  1698.  partio  com  o  poílo 
de  Alferes  de  Infantaria  da  Companhia  de 
Luiz  Ferreira  de  Noronha  em  a  Náo  S.  Pedro 
Gonçalves  a  26.  de  Março  de  1698.  Chegando 
a  Goa  a  14.  de  Setembro  deíle  anno  o  no- 


meou Capitão  de  huma  Manchua  o  Vicerey 
do  Eílado  Luiz  Gonçalves  da  Camará  Cou- 
tinho. Embarcoufe  na  armada,  que  nave- 
gou ao  Norte,  de  que  era  General  Fran- 
cifco Pereira  da  Sylva,  e  difcorrendo  pelas 
Praças  de  Chàul,  Baçaim,  e  Dámaõ  par- 
tio por  ordem  do  Secretario  de  Eftado  para 
a  Perfia,  donde  reílituido  a  Goa  foy  eleito 
Capitão  da  Náo  de  foccorro,  que  pedia  o  Ge- 
neral de  Timor,  e  Solor  António  Coelho 
Guerreiro,  cuja  expedição  fe  defvaneceo  por 
chegar  o  novo  Vicerey  Caetano  de  Mello, 
e  Caílro,  que  o  proveo  em  Capitão  em  a  Praça 
de  Baçaim,  que  naõ  aceitou  por  ter  refoluto 
aliftarfe  em  outra  mais  illuftre  milicia,  qual 
foy  a  reformada  Província  da  Madre  de  Deos, 
recebendo  o  Seráfico  habito  a  19.  de  Dezem- 
bro de  1703.  das  maõs  do  Ven.  Padre  Fr. 
António  de  JESUS.  Feita  a  profiíTaõ  fo- 
lemne  fe  applicou  aos  eíludos  da  Filofofia, 
e  Theologia  em  o  Convento  de  NoíTa  Senhora 
do  Cabo,  e  depois  de  completa  efta  laboriofa 
carreira  recebeo  a  patente  de  Pregador, 
Conhecendo  os  Prelados  o  grande  zelo,  e 
aftividade,  com  que  fervia  a  fua  Religião, 
o  nomearão  Procurador  Geral,  e  CorniíTario 
em  Portugal,  para  cujo  fim  partio  de  Goa  a 
21.  de  Janeiro  de  171 1.  e  chegando  a  Lisboa 
a  4.  de  Outubro  do  dito  anno  foy  o  primeiro, 
que  alcançou  faculdade  Regia  para  mandar 
Religiofos  para  a  fua  Província,  merecendo 
por  eílas  fagradas  expediçoens  executadas 
nos  annos  de  1714.  1716.  1721.  1726.  e  1735. 
multiplicados  elogios  do  Reverend.  Geral 
da  Ordem  Seráfica  Fr,  Affonfo  de  Biefma, 
e  dos  Provinciaes,  e  Definitorio  da  fua  refor- 
mada Provinda.  Em  remuneração  dos  pre- 
ciofos  Manufcriptos,  e  veneráveis  documentos, 
que  a  fua  incanfavel  diligencia  inveíligou 
para  a  Academia  Real,  o  elegeo  feu  Collega 
fupranumerario  fendo  o  feu  mayor  empenho, 
comunicar  a  todos  os  eruditos  as  grandes, 
e  recônditas  noticias,  que  eílaõ  depofitadas 
na  fua  felecta  Livraria,  a  cuja  liberal  benefi- 
cência me  confeffo  fummamente  agradecido. 
Efcreveo  para  ufo  de  feu  Irmaõ,  o  Reverendo 
Manoel  Guerreiro  de  Brito,  Doutor  na  Sagra- 
da Theologia,  e  Cónego  na  Cathedral  de  Évora. 
Injlrucçaõ,  e  modo  pratico  para  fe  faf^erem  os 
exercidos  ejpirituaes  por  tempo  de  outo  dias  re- 


L  USITANA. 


41 


vpartido  em  4.  partes.  Na  primeira;  tratafe  da 
utilidade  dos  exercidos  ejpirituaes,  e  modo  com 
que  fe  devem  fav^er.  Na  feffmda;  da  nalurt^a, 
wcefjiddde,  e  modo  com  que  fe  deve  fa:^er  a  Ora^aÕ 
ental.  Na  terceira,  da  necejjidade,  e  modo  com 
fe  deve  fa:^er  a  ConfiJfaÕ  geral:  e  na  quarta, 
\s  meditafoens  mais  proporcionadas  para  auto 
ias,  diflribuidas  para  todo  o  eflado  de  Peffoas  4. 
S. 

Fazem  honorifica  mençaô  da  fua  Peííoa, 
rancifco  Lcitaõ  Ferreira,  Notic.  Chronol.  da 
^mverfid.  de  Coimbr.  pag.  390.  §.  847.  O  Padre 
'.  Msuioel  detan.  de  Souf.  Catbal.  Hifl.  dos 
Pontific.  Card.  e  Bifpos  Portug.  pag.  148.  231. 
257.  249.  Fr.  Manoel  de  Sáa,  Alem.  Hijlor. 
dos  Efcrit.  de  Carm.  pag.  10.  n.  11.  e  meu 
Irmaõ  D.  Jofcph  Barbofa  no  Prolog,  do  Ca- 
thalog,  das  Rainb.  de  Portugal  todos  Acadé- 
micos da  Academia  Real. 

D.  AFFONSO  MANOEL  DE  MENE- 
ZES.  Naceo  na  Freguezia  de  Santa  Marinha 
da  Avança  em  a  Comarca  da  Feyra  do  Bif- 
pado  do  Porto,  onde  foy  bautizado  a  2.  de 
Outubro  de  1672.   Foy  filho  de  D.  Joaõ  Ma- 
noel   de    Menezes    Procurador    nas    Cortes, 
que  celebrou  o  Príncipe  D.  Pedro  Regente 
defta  Monarchia  em  o  anno  de  1679.    Neto 
de  D.  Affonfo  de  Menezes  Meftre  Sala  de 
lilRey   D.    Joaõ    o    IV.     Commendador    da 
Ifeda   na    Ordem   de   Chrifto,    Capitão    mór 
de  Monçaõ,   Senhor  da  Villa  da  Ponte  da 
Barca,  e  da  Torre,  e  Confelho  de  Nóbrega, 
e  Sobrinho  do  Arcebifpo  Primaz  de  Braga 
D.  Jozé  de  Menezes,  que  com  as  fuás  pro- 
fundas letras  illuftrou  o  Sacerdócio,  e  o  Im- 
pério.   De  taõ  illuftres  Afcendentes  herdou 
a  viveza  do  engenho,  e  a  capacidade  do  talento, 
com    que    em    a    Univerfidade    de    Coimbra 
penetrou  as  difficuldades  do  Direito  Ponti- 
hcio,  em  que  recebeo  o  gráo  de  Licenciado 
a  21.  de  Julho  de  1694.  com  grande  applaufo 
de  todos  os  Académicos.   Foy  moço  Fidalgo, 
Cavalleiro  da  Ordem  de  Chrifto,  cujo  habito 
profeíTou  nas   mãos   do   D.   Prior  Fr.   Mar- 
tinho Pereira  Lente  de  Vefpera  da  Univer- 
íidade  de  Coimbra  a  16.  de  Novembro  de  1698. 
Sendo  Beneficiado  na  Collegiada  de  FrejTio  de 
Efpada  na  cinta  paíTou  a  Arcediago  do  Bago  da 
Igreja  Primacial  de  Braga,  que  he  a  terceira  Ca- 


deira deíb  Cathedral,  em  que  foy  provido  por 
feu  Tio  D.  Jofeph  de  Menezes  em  19.  de  Setem- 
bro de  1695 .  Conferíolhe  as  Ordês  de  Presbyte- 
ro  o  Bífpo  Conde  D.  Joaõ  de  Mello  a  25.  de 
Março  de  1697.  A  fua  vaíla  fciencia  acompa- 
nhada de  fumma  integridade  o  elevou  a  enno- 
brecer  os  Tribunaes  Ecclefiaílícos,  e  Seculaces 
fendo  Deputado  da  Inquifiçaõ  de  Coimbra,  de 
que  tomou  poíTe  a  30.  de  Janeiro  de  1 697.  donde 
paííou  com  o  mefmo  minifterio  para  Lisboa 
a  6.  de  Dezembro  de  1704.  e  a  Dezembar- 
gador  da  Relação  do  Porto  a  29.  de  Agoílo 
de  1703.  donde  fe  transferio  para  a  Cafa  da 
Supplicaçaõ  a  27.  de  Novembro  de  1704.  e 
ultimamente  a  Dezembargador  dos  Agravos 
a  j.  de  Julho  de  1710.  A  continua  applica- 
çaõ  ao  eftudo  da  Jurifprudencia  o  naõ  privou 
do  da  Hiftoria,  e  Genealogia,  em  que  he  erudi- 
tamente verfado,  como  publicaõ  os  muitos 
livros  de  Familias  defte  Reyno  efcritos  por 
feu  grande  Tio  D.  Francifco  de  Menezes 
infigne  Genealogifta,  aos  quaes  tem  addi- 
cionado  até  o  tempo  prezente,  de  que  faz 
memoria  o  Padre  D.  António  Caetano  de 
Souza.  Apparat.  à  Hifl.  da  Caf  Real  Portug. 
p.  120.  n.  130.    Tem  mais  compofto. 

Commentaria  ad  Ordinationem  Ljifitanam 
Tom.  I. 

Nelle  faz  das  palavras  iniciaes  da  mefma 
Ordenação  huma  efpecie  de  Tratado  intitu- 
lado Anteloquio,  a  que  fe  fegue  huma  expofi- 
çaõ  ao  Prologo  da  mefma  Ordenação,  e  acaba 
com  o  Commento  ao  Liv.  i.  Tit.  i.  e  Tit.  2. 

Tom.  2.  Principia  pelo  mefmo  Liv.  i. 
Tit.  3.  onde  leva  annexo  o  Regimento  do 
Dezembargo  do  Paço,  e  também  indue 
o  Tit.  4. 

Tom.  3.  Começa  no  Liv.  i.  Tit.  5.  e 
acaba  no  Tit.  18. 

Tom.  4.  Começa  no  Liv.  i.  Tit.  19.  e 
acaba  no  Tit.   57. 

Tom.  5.  Começa  no  Liv.  i.  Tit.  58.  e 
chega  ao  Tit.  62.  §.  14.  o  qual  ainda  naõ 
eftá  acabado. 

Todos  eftes  Tomos,  excepto  o  ultimo,  eftaõ 
com  feus  índices  capazes  de  fe  imprimirem. 

D.  AFFONSO  MENDES  Naceo  no  lu- 
gar de  Santo  Aleixo  Termo  da  Villa  de 
Moura  da  Diocefe  de  Évora  a  20  de  Agofto 


42 


B  IB  LIO  THE  CA 


de  1 5  79,  naõ  fomente  para  illuftrar  com  os  rayos 
da  fua  doutrina  os  habitadores  da  Etiópia,  mas 
também  para  fer  hum  dos  mais  famofos  alum- 
nos  da  Companhia  de  JESUS.  Foy  filho  de 
Lourenço  Alvres,  e  Branca  Mendes,  e  tanto 
que  chegou  a  idade  de  nove  annos  foy  cha- 
mado por  feu  Tio  Manoel  Mendes  de  Moura 
Cónego  Doutoral  da  Seé  de  Coimbra,  para  que 
no  celebre  Athenéo  deíla  Cidade  lançaíTe  os  pri- 
meiros fundamentos  dos  feus  eíludos,  os  quaes 
continuou  com  taõ  felices  progreflbs,  que  ainda 
naõ  contando  16.  annos  fabia  perfeitamente  a 
lingua  Latina,  e  Rhetorica  moílrando  em  idade 
taõ  verde  tal  madureza,  que  fe  fez  digno  de  fer 
aceito  em  2.  de  Fevereiro  de  1593.  na  Com- 
panhia de  JESUS,  onde  eftudada  Filofofia,  e 
Theologia  paíTou  de  difcipulo  a  Meílre  dic- 
tando  letras  humanas,  e  Rhetorica  por  ef- 
paço  de  fete  annos  admirando-fe  nelle  largo 
tempo  a  energia  eloquente  das  Oraçoens,  a 
fuave  affluencia  dos  Verfos,  e  a  vafta  liçaõ  de 
Poetas,  e  Oradores,  em  que  era  eminente  o  feu 
talento.  Depois  de  Profeílo  do  quarto  voto 
em  26.  de  Fevereiro  de  1610  fe  applicou  com 
todo  o  difvello  à  intelligencia  da  Sagrada 
Efcritura,  e  Santos  Padres,  e  fahio  taõ  pro- 
fundamente inílruido  neíles  eftudos,  que  por 
uniforme  voto  dos  Superiores,  depois  de 
os  diftar  com  grande  applaufo  por  cinco 
annos  em  Coimbra  aos  feus  domeílicos,  foy 
mandado  a  Évora  para  que  recebendo  a 
borla  de  Doutor  na  faculdade  da  Theologia 
os  enfinaíle  nefta  Univerfidade.  A  fama  das 
fuás  letras  que  fe  faziaõ  mais  veneradas 
pela  integridade  dos  coílumes  fe  dilatou  até 
Madrid,  donde  Filippe  IV.  que  naquelle 
tempo  governava  efte  Reyno,  querendo  pre- 
miar taõ  grandes  merecimentos  o  nomeou 
no  anno  de  1621.  Patriafbha  de  Etiópia.  Naõ 
pode  reíiílir  ao  preceito  delRey,  que  fe  fez 
mais  forte  com  o  do  Pontifice,  e  fendo  Sa- 
grado pelo  Bifpo  do  Algarve  D.  Fernaõ 
Martins  Mafcarenhas,  na  Cafa  ProfeíTa  de 
Lisboa  em  12.  de  Março  de  1623.  partio 
acompanhado  do  Bifpo  de  Nicea  D.  Diogo 
Seco,  nomeado  feu  fuceíTor  com  defefete 
Religiofos  para  a  índia  em  huma  armada  de 
que  era  Capitão  António  Tello  de  Menezes. 
Depois  de  experimentar  huma  perigofa  na- 
vegação  chegou   a   Moçambique,   e   ultima- 


mente a  Goa  em  28.  de  May  o  de  1624,  onde 
achando  occaíiaõ  opportuna  navegou  atè  o 
mar  Vermelho,  e  tendo  chegado  ao  porto 
de  Baylur,  vencidas  infuperaveis  difficul- 
dades  entrou  no  Reyno  de  Dancali,  donde 
paíTou  a  Fremona  Corte  do  Império  Etiópico 
em  12.  de  Junho  de  1625.  Naõ  he  fácil  de 
explicar  a  paciência  com  que  em  taõ  prolon- 
gado caminho  tolerou  os  ardores  do  Sol, 
e  os  rigores  do  frio,  que  fe  faziaõ  mais  pe- 
nofos  com  a  fome,  e  fede  padecida  por  tantos 
dias;  a  conftancia,  com  que  facrificou  a  vida 
continuamente  expoíla  à  violência  dos  ladroens, 
que  vagavaõ  por  aquelles  dezertos,  e  a  anciã 
com  que  fuspirava  de  chegar  ao  termo  das  fuás 
apoílolicas  fadigas  para  reduzir  ao  rebanho  de 
Chrifto  innumeraveis  almas.  Chegado  em  11. 
de  Fevereiro  de  1626.  à  Corte  do  Emperador 
Sultaõ  Segued,  o  mandou  receber  entre  feftivas 
aclamaçoens  por  quinze  mil  Soldados  veftidos 
pompofamente,  e  muitos  delles  montados  em 
foberbos  cavallos  com  preciofos  jaezes,  fazen- 
do-fe  mais  plaufivel  eíla  recepção  com  as 
vozes  acordes  de  vários  inílrumentos.  Foraõ 
exceíTivos  os  argumentos  de  aífefto,  e  bene- 
volência, com  que  o  Emperador  recebeo  ao 
Patriarcha,  o  qual  atrahido  de  taõ  venerável 
prefença  abjurou  nas  fuás  maõs  juntamente 
com  o  Principe  feu  Irmaõ  Raz  Cela  Chriílós 
os  fcifmaticos  erros  de  Alexandria,  e  abraçou 
os  Sagrados  dogmas  da  Igreja  Romana, 
prometendo  a  mais  rendida  obediência  ao 
Summo  Pontifice,  e  mandando  com  pubUcos 
edidos  aos  feus  Vaílalos,  que  aífim  o  obfer- 
vaílem,  e  aos  Miniílros  Evangélicos,  que  pro- 
mulgaílem  por  todo  o  feu  Império  as  Ver- 
dades Catholicas.  Admiráveis  foraõ  os  pro- 
greíTos,  que  fe  feguiraõ  a  efta  permiííaõ  do 
Emperador,  pois  a  todos  os  Operários  Apoílo- 
licos  fe  avantajava  o  Patriarcha,  difcorrendo 
continuamente  de  huma  para  outra  parte 
em  beneficio  das  fuás  ovelhas,  bautizando 
humas,  crifmando  a  outras,  erigindo  Tem- 
plos, e  ornando  Altares;  pregando  com  effi- 
cacia  para  inflamar  os  ânimos  dos  ouvintes; 
difputando,  e  efcrevendo  nervofamente  para 
extirpar  as  raizes  de  perniciofas  doutrinas,  e  ra- 
dicar nos  coraçoens  dos  Etíopes  a  femente  do 
Evangelho.  Mas  que  inefcrutaveis  faõ  os  jui- 
fos  da  Dina  Providencia !   Morto  o  Emperador 


LUSITANA. 


43 


lio  anno  de  1632.  fe  transformou  toda  cila 
fercnidade  em  huma  furiofa  tormenta  mo- 
vida por  Fadkda  acérrimo  feélario  dos 
rrros  Alexandrinos,  e  íucceíTor  da  G>roa 
Imperial,  contra  os  profeííores  de  Chriílo, 
por  ordem  fua  muitos  delles  dcfpo- 
das  fazendas,  e  outros  cruelmente  das 
;  o  Patriarcha  exterminado  da  Etiópia, 

entregue  aos  Turcos  para  fer  viâima  da 
tyrana  impiedade,  o  qual  fendo  levado  a 
uico  Gdade  marítima  no  anno  de  1634. 

chegando  a  Suaquen,  foy  reclufo  em  hum 
icnebrofo  cárcere,  onde  atados  os  pés  a  hum 
tcpo,  e  opprimido  o  pefcofo  com  huma 
jKzada  corrente  de  ferro,  além  de  toleradas 
com  inviâa  conílancia  muitas  fomes,  fedes, 
c  injurias  fc  conftituhio  pelo  largo  cfpaço  de 
hum  anno  cm  taõ  cruel  exame  fortifTimo 
\thlcta  da  paciência  Chriílaã.  Porém  fendo 
libertado  pela  piedade  Portugueza  de  taõ 
<.luro  cativeiro,  alcançada  faculdade  de  partir 
para  a  índia,  chegou  brevemente  a  Goa  no 
.mno  de  1635.  Recolhido  ao  domicilio  dos 
l'adres  Jefuitas  deíla  Cidade  naõ  lhe  fervindo 
de  obftaculo  a  proveâia  idade  quebrantada 
com  tantos  trabalhos,  e  o  efplendor  da  digni- 
dade Patriarchal  fe  occupava  nos  mais  aba- 
tidos miniílerios  da  Comunidade,  e  julgan- 
ilofe  como  outro  Chrifoftomo  expulfo  da  fua 
Igreja  de  Conftantinopla  fe  exercitava  em 
todo  o  género  de  virtudes,  principalmente 
no  cuidado  das  fuás  ovelhas  inílruindo-as 
com  os  feus  efcritos,  e  mandando-lhes  occulta- 
mente  Miniílros  Evangélicos  para  que  fe 
confervaíTem  na  Fé  da  Igreja  Romana,  deze- 
jando  fempre  alcançar  occaíiaõ,  que  as  pudeííe 
ver,  e  nunca  de  voltar  a  Portugal,  ainda  que 
perfuadido  de  muitas  PeíToas,  cujos  altos 
merecimentos  querendo  premiar  a  Magellade 
delRey  D.  Joaõ  o  IV.  o  nomeou  Arcebifpo 
de  Goa,  e  Primaz  do  Oriente  a  tempo,  que  na 
mefma  Cidade  acabou  a  carreira  dos  feus  apof- 
tolicos  trabalhos  a  29.  de  Junho  de  1656. 
contando  77.  annos  de  idade,  63.  de  Com- 
panhia. Deíle  varaõ  trataõ  Telles  Híjí.  da  Etió- 
pia liv.  4.  cap.  32.  e  liv.  5.  cap.  i.  e  2.  liv.  6. 
cap.  3.  e no  Append.  i.  defta  Hiftoria  §.  1 1.  e  12. 
Andrad.  Hijl.  delos  Var.  Ilujl.  dela  Comp. 
Tom.  6.  Alegamb.  JB/^.  Societ.  p.  36.  col.  i. 
dizendo:  virfuit  morihus  integerrimis,  (ò"  ah  omni 


prorftis  amhitione  alienus,  corporalium  rtrum 
conttmptor,  Jpiritmlium  aflimator.  Nicol.  Ant. 
na  Hijp.  p.  28.  Paria  Afia  Portug.  Tom.  5. 
Part.  2.  cap.  23.  n.  11.  e  Part.  4.  cap.  2. 
n.  3.  e  cap.  9.  Nadaíi  Amt.  dUr.  mtm.  S.  J. 
ad  diem  29.  Junij  Fr.  Filip.  i  Santif.  Trinit. 
in  I/iner.  Orient.  liv.  5.  cap.  x.  vir  doãiffi- 
mus  qui  multum  in  JEthiopia  pro  animarum 
faluíe  laborans  multa  paffus  tandem  expulfus 
fuit  Fr.  Franc.  à  S.  Aug.  Maced.  in  Propug. 
Lufit.  Gallic.  pag.  108.  Omnis  li t terá t ura  Vi- 
rum.  Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Tbeat.  Lufit. 
Litter.  lit.  A.  n.  13.  D.  Francifc.  Man. 
no  Ecco  polit.  foi.  4j.  No  fuè  menos  glorio/a 
fatiga  la  dei  nuevo  Patriarcha  dela  Etiópia  D. 
Alffonfo  Mendes,  cuya  virtud,  letras,  y  religion 
arrebataron  tantas  almas  de/de  el  pelico  ala  fal- 
vacion  incorporada  otra  ve^  aquella  Iglefia  en  la 
verdadera  fede  Apoftolica.  O  Bifpo  de  Targa 
D.  Thom.  de  Faria  na  Decad.  i.  rer.  Ljifitan. 
liv.  8.  cap.  I.  Hominem,  cui  Deus,  &  natura 
omnia  donarunt,  negarunt  nihil.  Florebat  fcientiã, 
e>*  virtute  apud  Patres  Societatis  ingenij,  €>• 
eorum,  qua  ad  Poefim,  KJjetoricam,  Hifioriam, 
€>  litteras  profanas  pertinet,  apprime  peritiffi 
mus,  rerum  vero  divinarum  ita  deditus  contempla- 
tioni,  ut  et  Sacram  Scripturam  totam  memori- 
ter  recitare,  et  Sanãorum  Patrum  authoritates 
referre,  e^*  Sacra  Theologia  difficultates  fpe- 
culari  magno  Viro  pareret  voluptatem,  neque 
in  iis  alicui  erat  fecundus:  concionandi  múnus 
cum  auditorum  commodo,  et  latitia  exequitur.  P. 
Anton.  Franc.  in  Ann.  Glor.  Societ.  Jefu  in 
Eufit.  pag.  363.  e  na  Imagem  da  virtud.  no 
Colleg.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  2.  cap.  22. 
até  41. 
Efcreveo. 

Carta  do  Patriarcha  da  Etiópia  D.  Affonfo 
Mendes  efcrita  da  fua  própria  maõ  ao  muito  R.  P. 
Mudo  Vitelefchi  Propofito  Geral  da  Companhia 
de  JESUS,  na  qual  fe  contem  o  que  S.  llluftrif. 
Senhoria  com  os  demais  Padres  da  Companhia, 
que  andaõ  naquelle  grande  Império,  fi^eraõ  de 
fervilho  de  Deos,  e  bem  das  almas  o  anno  de  1629. 
Lisboa  por  Matthias  Rodriguez   163 1.  4. 

Carta  ao  Provincial,  e  mais  Keligiofos  da 
Companhia  de  Jefus  da  Provinda  de  Portugal 
em  que  lhes  relata  da  fua  navegação  de  Goa 
até  o  mar  Vermelho,  e  trabalhofa  jorna- 
da   de    Baylur   até    à     Etiópia.     Efcrita    em 


44 


BIBLIO  THECA 


Fremona  a  9.  de  Julho  de  iGz).  A  qual  traz  o 
Padre  Balthazar  Telles  na  Hiji.  da  Etiópia 
liv.  4.  defde  cap.  36.  até  o  cap.  39. 

Re/açaõ  ejcrita  ao  Geral  da  Companhia  de 
JESUS  da  Jua  entrada  na  Etiópia,  e  o  que  nella 
obrou  até  5.  de  Julho  de  1626.  Sahio  traduzida 
em  Italiano  com  as  Cartas  Annuaes  da  Etiópia. 
Roma  pelos  herdeiros  de  Zannetti.  1628. 8.  e  em 
Francez  Pariz  chez  Sebaftien  Cramoyfi.  1629.  8. 

Carta  ejcrita  a  ElRej  Catholico,  em  que  trata 
de  como  elle,  e  feus  companheiros  foraõ  dejierrados 
da  Etiópia,  e  do  Ejiado,  em  que  fe  achava  aquelle 
Império  defde  o  me^  de  Novembro  de  1632.  até 
May  o  de  1633.  Conferva-fe  M.  S.  no  Archivo 
Real  da  Torre  do  Tombo,  e  eftá  impreíTa 
na  HiJi.  da  Etiop.  do  Padre  Tellez  liv.  6.  cap.  4. 
e   7. 

Carta  ejcrita  de  Goa  em  o  i.  de  Dezembro 
de  1639.  para  o  Padre  Provincial  de  Portugal, 
em  que  relata  o  Martjrio  do  illujlre  Bifpo  D.  Apol- 
linario  de  Almeyda;  a  qual  fahio  traduzida  em 
Caftelhano.  Manilla  por  Raymundo  Magifa. 
1641, 

Carta  ejcrita  em  3,.  de  Outubro  de  1639,  para 
o  Padre  JoaÕ  de  Mattos  AJjiJlente  na  Guria 
Romana.  Defta  carta,  e  da  que  eftá  afíima,  fe 
lembra  Cardofo  Agiolog.  Eujit.  Tom.  3.  pag. 
614.  no  Comment.  de  9.  de  Junho  letr.  F. 

Outras  Cartas  muito  doutas,  e  cheyas 
de  particulares  noticias  tranfcreveo  o  Padre 
Balthazar  Tellez  na  Hiíloria  da  Etiópia  fendo 
as  principaes.  Huma  muito  extenfa  efcrita 
ao  mefmo  Padre  Telles  impreíla  no  apparato 
da  HiJl.  da  Etiópia.  Outra  que  he  huma  Pre- 
fação às  Cartas  do  Padre  Bernardo  Nogueira 
Vigário  Geral,  que  Jqy  da  Etiópia  ejcrita  de  Goa 
a  16.  de  Outubro  de  1652.  impreíTa  no  liv.  6. 
cap.  40.  Outra  para  o  Emperador  Sultaõ  Segued; 
no  liv.  5.  cap.  29.  Yivai%  para  Jeu  filho  Vacilada 
no  liv.  6.  cap.  3.  e  cap.  15.  que  he  muito 
diffufa.  Três  efcritas  de  Goa  no  anno  de  1639. 
a  Fr.  Roberto  dos  Reys  Monge  de  S.  Bento 
Irmaõ  do  Padre  Francifco  Marques  Mifíio- 
nario  na  Etiópia,  no  append.  i.  à  HiJi.  da  Etió- 
pia §.  6.  das  quaes  imprimio  huma  o  Padre 
António  Franco  na  Imag.  da  Virtud.  do  Novi- 
ciado de  Lisb.  liv.  3.  cap.  12. 

Tragicomedia  intitulada  Paulinus  Nola  EpiJ- 
copus  compoíta  em  verfo  heróico,  a  qual  fe 
conferva  no  Archivo  do  Collegio  de  Coimbra, 


da  qual  faz  mençaõ  o  Padre  Franco  na  Jmag. 
do  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  2.  cap.  22. 
n.  4. 

Oratio  habita  Philippo  III.  Hijpaniarum 
Regi,  Lujítania  II.  in  Academia  EborenJi.  Sahio 
impreíTa  no  fim  dos  Anacephal.  Reg.  Eujit. 
authore  P .  António  de  Vafconc .  S .  J . 
Antuerp.  apud  Petrum,  &  Joan.  Belleros. 
1621.  4. 

Commentaria  in  Jonam  Prophetam.  Defta 
obra  faz  memoria  D.  Franc.  Man.  na  Carta 
efcrita  ao  D.  Manoel  Themudo  da  Fonfeca 
Vigário  Geral  do  Arcebifpado  de  Lisboa, 
que  he  a  primeira  da  Centúria  4.  das  Juas 
Cartas.  Roma  por  Filipe  Maria  Mancini 
1669.  4.  e  Nicol.  Anton.  in  Bib.  Hijp. 
Tom.    I.   pag.    28. 

Branhaymanot,    id  ejl,    Eux   Fidei  in   Epi- 
thalamium  /EtiopiJJa,  Jive  in  nuptias  Verbi,  <& 
EccleJicB   JEtiopicB    libri    12.      Catecheticis    com- 
prehenji.   Cólon.  Agripinas  fumptibus  Balth^^ 
faris  Egmond,  &  fociorum,  1692.  foi.  ^VJI 

No  principio  defta  obra  eftá  hum  Epi- 
tome  da  Vida  do  Patriarcha  efcrito  na  lingua 
Latina.  Foy  traduzida  a  obra  na  lingua 
Etiópica  por  Olda  Chriftós  nobre  Senador 
daquelle  Império,  e  iníigne  Catholico,  como 
efcreve  Telles  na  HiJloria  da  Etiópia  Hv.  5. 
cap.    4. 

Expeditionis  JEtiopicce  Patriarcha  Alphonji 
Mendes.  Tom.  duo  in  quattuor  libros  diviji. 

Efta  obra  foy  mandada  no  anno  de  165 1. 
ao  Padre  Geral  Francifco  Picolomini  como 
diz  Alegambe  in  Bib.  Societ.  pag.  36.  col.  2. 
da  qual  afíirma  o  Padre  TeUes  na  Hifi.  da 
Etiop.  Apend.  i.  §.  12.  Para  mim  foj  o  Farol 
mais  lucente  por  onde  me  governey  nefla  minha 
navegação.  Ejlá  hoje  ejia  obra  em  Roma  para  fe 
dar  à  lu^  do  Prelo,  merecendo  fer  ejiampada  com 
Tjpos  de  ejlrellas  do  Ceo;  e  quem  lé  a  copiofa  ele- 
gância, e  notável  propriedade  de  fuás  palavras, 
a  gravidade  das  fentenças,  e  uniformidade  do 
methodo,  o  muy  laãeo,  e  mellijluo  ejlilo,  o  julga 
por  hum  novo  Livio  Lujitano,  e  que  fe  o  Pa- 
tavino lhe  pode  tirar  a  prerogativa  de  fer 
primeiro,  naõ  lhe  pode  tirar  a  gloria  de  fer 
milhor.  Igual  elogio  dedica  a  efta  obra  o 
grande  Fr.  Francifco  de  Santo  Agoftinho  Ma- 
cedo in  3.  Part.  Collat.  CoUat.  9.  Differ.  2. 
cap.   4.   pag.    622.   qua  dere  (falia  dos  Qeri- 


LUSITANA. 


45 


()S  Regulares,  que  nunca  fe  viraò  na  Etiópia) 
ter/ó  ceríiiis  conftaret  fi  qua  eruditljfiwe,  cJ^  latinij- 
fwie  Alphonftis  Menàefms  Jefuiíarum  ad  Aitiopts 
'f/illiLí  Paíriarcha  fcripsit,  Incem  vidiffent.  Nwí 
imimbrica  virum  omitis  litteratura  genere  txeel- 
lentem,  ac  doleo  tanttwi  opus  Aí.  S.  jacere  in  íene- 
hris  tineis,  (ò"  hlaí/is  obnoxittm,  cum  fit  luce,  ^ 
•>imortalitate  digmjftmum. 

Dcíla    obra    confervava    hum    Hxtrafbo 

Ni.iri.lfr.lrr    Thrvcnot   cm   a    fua    Livraria, 

iii.i    (1)    (  .ithalogo   delia  foi.   244. 

o  refere  a  hib.  Orient.  de  António  de  Leon, 

lovamcnte   acrecentada.     Tom.    1.    Tit.    12. 

ol.  391.  onde  faz  memoria  de  outras  obras 

ilcílc  Author.    Deixou  Aí.  S.  para  fe  imprimir 

í  "tda  do  Padre  Jorge  Rijo  da  Companhia  de 

]I-.\US\     Dcíla   obra   faz    mcnçaõ    o    Padre 

I  r.mco  Imag.  do  Noviciad.  do  Colleg.  de  Coimb. 

om.  I.  liv.  3.  cap.  16. 

Tomo    de    Sermoens    pregados    na     "Etiópia 
Tomo  dos  Cone i lios  Ecuménicos  até  o  6.  Con- 
cilio Geral,  em  que  refutava  nervofamente  os 
erros  dos  Abexins  acerca  da  Encarnação  do 
Divino  Verbo. 

Alguns  tratados  em  defenfa   da   Companhia 
mtra  os  f eus  maldit^entes. 
Tratado  de  Magia. 

Varias    expojiçoens  fobre    a    Efcritnra    que 
diãara  em  os   Collegios  de  Coimbra,  e  Évora, 
tinha  augmentado  em  Goa. 

De  todas  eftas  obras  fazem  memoria  Ale- 
;.imbe  in  Bib.  Societ.  pag.  36.  col.  2.  e  Jacobo 
le  Long  in  Biblioth.  Sacra  pag.  858.  col.    i. 

AFFONSO  MENDES,  ou  MENEZES 
pois  com  hum,  e  outro  apellido  o  acho 
'(.Imitido  ao  Cathalogo  dos  Authores  Portu- 
,;ue2es  por  Joaõ  Franco  Barreto  na  Bib. 
Utjit.  M.  S.  Joaõ  Soar.  de  Brit.  in  Theatr. 
\Mfit.  l^itterat.  lit.  A.  n.  14.  e  pelo  Author 
<lo  Opufculo  intitulado  Por  fuga  ília  impreíTo 
cm  Leyden  1641.  pag.  366.  Por  muitos 
•mnos  exercitou  o  officio  de  Correyo  nos 
Reynos  de  Efpanha,  difcorrendo  por  toda 
ella,  e  grande  parte  de  Itália,  donde  alcançou 
huma  individual  noticia  dos  caminhos,  e 
lugares  de  taõ  dilatadas  Províncias.  Que- 
rendo eníinar  aos  Efpanhoes  o  conhecimento 
de  tantos,  e  taõ  vários  caminhos,  que  experi- 
mentalmente  tinha   aprendido,   efcreveo. 


Compendio,  y  memorial,  o  Abecedarh  de 
todos  los  mas  principales  caminos  de  Efpaãa 
con  el  camino  de  Madrid  a  Roma. 

No  fim  deíle  opufculo  cíU  inferto. 

Reportório  delas  cuentas  redufidot  los  ef- 
cudos  a  como  S.  Magejlad  manda  valgan.  To- 
ledo por  Juan  de  Ayala  1568.  16.  Alcali 
por  Andres  SaAs  16 14.  8.  et  ibi  por  Sebaftían. 
Martines  1576.  8.  Valladolid  por  la  viuda  de 
Franc.  de  Córdova  1622.  24.  Murcía  1628.  24. 

Do  author  fe  lembra  Nic.  Ant.  in  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  28.  com  o  appellído  de  Mene!(es. 

AFFONSO  DE  MIRANDA,  Contador 
do  Reyno,  e  Cafa  Real  como  foíTc  muito  douto 
na  faculdade  da  Medicina  querendo  emmen- 
dar  muitos  erros,  que  na  applicaçaõ  dos 
remédios  commetiaõ  os  profeflbres  daquella 
arte  com  grande  prejuízo  dos  enfermos,  Ct 
empenhou  a  formar  hum  Medico  perfeito 
com  a  inftrucçaõ,  que  para  efte  fim  compoz; 
porem  receando  que  contra  elle  fe  conju- 
raflem  os  Médicos,  que  floreciaõ  no  feu 
tempo,  teve  occulto  o  livro  em  quanto  viveo 
deixando  recommendado  a  feu  filho  Jerónimo 
de  Miranda  Medico  da  Camará  de  ElRey 
D.  Sebaíliaõ,  que  depois  da  fua  morte  o  im- 
primiíTe,  o  qual  obedecendo  ao  preceito 
de  feu  Pay  o  dedicou  àquelle  Príncipe,  que 
entaõ  governava,  com  efte  titulo. 

Dialogo  da  perfeição,  e  partes,  que  faõ  necej- 
Jarias  ao  bom  Medico.  Lisboa  por  Joaõ  Alvres 
ImpreíTor  de  ElRey  1562.  4.  Nicolao  Ant. 
fallando  defta  obra  na  Bib.  Hifp.  diz  que  efte 
Tratado  parece  naõ  fer  de  AíFonfo  de  Miranda, 
mas  de  outrem,  fendo  tradufido  de  Latim 
em  vulgar,  cuja  opinião  além  de  naõ  ter 
fundamento  folido,  confta  claramente  de 
hum  foneto  efcrito  em  applaufo  defta  obra 
fer  feu  verdadeiro  Author  Afíonfo  de  Miranda, 
e  nunca  fe  defcubrir  o  exemplar  Latino 
donde  fe  traduzira. 
Por  dar  el  Cielo  aqui  conocimiento 

Que  todo  lo  que  quiere  eflà  enfu  mano 

Efí  el  Doãor  Miranda  Eiijitano 

Quiere  poner  el  bienfuera  de  cuento. 
De  Gracia,  de  valor,  de  enfendimiento 

De  letras,  j  de  ingenio  fobre  humano: 

De  eflilo  tan  capaf(^,y  cor  texano 

Qiie  no  teràfegundo  a  lo  que  fiento. 


4Ó 


BIBLIO  THE  CA 


Fr.  AFFONSO  DE  MONROY  natu- 
ral de  Lisboa,  e  filho  de  Pedro  Vaz  de  Se- 
queira, e  Monroy  fidalgo  Cavalleiro  da  Cafa 
Real,  e  de  D.  Catharina  da  Torre  augmentou 
a  nobreza  do  nafcimento  profeíTando  o  reli- 
giofo  habito  da  illuftre  Ordem  da  Santif- 
fima  Trindade;  onde  pelo  talento,  que  mani- 
feílou  nos  Púlpitos,  foy  eleyto  Pregador 
Geral  da  Ordem,  e  pela  prudência,  de  que 
era  ornado,  Procurador  Geral,  e  Difinidor 
da  fua  Província.  Applicoufe  com  fumma 
curiofidade  ao  eíludo  das  Ceremonias  Eccle- 
fiaílicas,  em  que  fahio  taõ  doutamente  inf- 
truido,  que  era  confultado  nas  mayores 
duvidas  pertencentes  à  celebração  dos  Offi- 
cios  Divinos.  Morreo  no  Convento  de  Lis- 
boa a  24.  de  Abril  de  1701.  onde  por  fer  nelle 
muitos  annos   Sancriftaõ   mór.     Compoz. 

Ceremonial  Eucharijiico.  Lisboa  por  Va- 
lentim da  Cofta  Deslandes  1706.  8. 

Fr.  AFFONSO  DE  MORAES,  natural 
da  Cidade  de  Beja  da  Província  do  Alentejo. 
Defenganado  do  mundo  recebeo  em  idade 
adulta  o  habito  Carmelitano  no  Convento 
de  Lisboa  em  9.  de  Abril  de  1548.  Foy  in- 
figne  Poeta,  e  grande  Theologo,  efcrevendo 
de  huma,  e  outra  faculdade  muitas  obras, 
das  quaes  affirma  Fr.  Marcos  António  Ale- 
gre de  Cafanate  in  Parad.  Carmel.  Dec.  Stat.  4. 
^Eílas  17.  cap.  453.  imprimira  poucas,  lou- 
vando entre  ellas  com  grandes  elogios  hum 
elegante  Poema  compoílo  em  applaufo  de 
Santo  Ildefonfo  Arcebifpo  de  Toledo,  e  do 
livro,  que  eíle  Santo  efcrevera  em  obfequio 
da  perpetua  Virgindade  da  Senhora.  Trataõ 
deíle  Author  o  Cathalogo  dos  Efcritores  do  Carm. 
p.  dd.  e  Fr.  Manoel  de  Saá  nas  Memor.  Hift. 
dos  Efcritores  Portug.  da  Ordem  do  Carm.  pag.  6. 

AFFONSO  NUNES.  Ainda  que  fe  naõ 
fabe  o  que  efcreveo  por  fer  occulto  à  noticia 
de  Manoel  de  Faria,  e  Soufa  no  Ept.  das 
Hifl.  Portug.  Part.  4.  cap.  18.  e  de  Joaõ 
Soar.  de  Brito  in  Theat.  Eufit.  Eitter.  lit. 
A.  n.  15.  como  he  numerado  entre  os  Autho- 
res  Portuguezes,  naõ  fera  juílo,  que  fique 
fem  o  feu  nome  eíla  Bibliotheca,  pofto  que 
fe  naõ  relatem  as  fuás  obras,  que  parece 
foraõ  Poéticas. 


Fr.  AFFONSO  DE  PALMA.  Nafceo 
em  Portugal,  e  illuftrou  a  Caílella  com  as 
raras  virtudes  em  que  era  eminente,  pellas 
quaes  mereceo,  que  feu  companheiro  o  Vene- 
rável Fr.  Vafco  Martins  da  Cunha  primeiro 
reftaurador  da  Ordem  de  Saõ  Jerónimo 
nefte  Reyno  o  levafle  a  fer  bafe  fundamental 
do  Convento  de  Vai  Paraizo  em  Córdova. 
AíTim  como  a  natureza  o  fez  no  corpo  agi- 
gantado, o  era  no  efpirito,  fendo  incanfavel 
na  adminiílraçaõ  daquella  Communidade,  que 
governou  com  o  titulo  de  Vigário  por  efpaço 
de  trinta  annos.  Naquellas  horas,  que  lhe 
reftavaõ  da  continua  aíTiftencia  do  Coro  fe  occu- 
pava  para  evitar  o  ócio  em  exercidos  humil- 
des, como  eraõ  cavar  a  terra,  plantar  arvores,  e 
ainda  em  obras  mecânicas,  pois  para  tudo  tinha 
natural  habilidade,  de  cujos  miniílerios  fe  pô- 
de claramente  infírir  a  profunda  humildade  de 
feu  animo,  o  heróico  defprefo  da  gloria  huma- 
na, além  dos  auíleros  jejuns,  afperas  difciplinas, 
e  vigílias  nofturnas,  perpetua  contemplação 
das  delicias  celeíliaes,  angélica  pureza,  e  ardente 
charidade  para  com  os  próximos  com  que  fe  fez 
merecedor  de  receber  o  premio  na  gloria  a  29. 
de  Abril  de  1450.  Delle  faz  memoria  Fr.  Jozé 
Siguença Hijl.  da  Ordem  de  S.  Jeron.  Part.  2.  liv.  4. 
cap.  19.  Cardofo  Agiolog.  Eujit.  Tom.  2.  p.  75  5. 
e  no  Comment,  de  29  de  Abril  let.  E,  e  o  Illuílrif- 
fimo  Cunha  Hiji.  Ecclef.  de  Eisb.  Part.  2.  cap.  86. 
onde  por  erro  do  impreííor  lhe  chama  Diogo,  e 
que  fora  Prior  do  Convento  de  Valparaifo,  fen- 
do Vigário,  como  efcreve  Siguença.  Compoz. 
Conjejfionario ,  ou  methodo  da  ConfiJJaÕ  dij- 
trihuido  em  boa  ordem. 

Para  ufo  do  Coro  efcreveo  muitos  volu- 
mes em  elegante  carafter  com  a  Solfa  do 
canto  chaõ,  como  foraõ: 

Dominical. 

Santoral. 

Officio  de  Nojfa  Senhora. 

Commum  dos  Santos. 

Officio  dos  defuntos. 
Traduzio    de    latim   em   Caftelhano   hum 
Fios    Sanftorum,    o   qual   efcreveo   em  bel- 
la  letra  para  fe  ler  no  Refeitório,  como  ef- 
creve Siguença  já  allegado. 

AFFONSO  PERES  PACHECO,  natu- 
ral de  Évora,  em  cuja  Univerfidade  depois 


I 


L  USITANA. 


47 


^  inAruido  com  as  letras  humanas,  recebco  o 
'^o  de  Mcftre  em  Artes.    Paflbu  a  Coimbra, 

lulc  depois  de  eíludar  Direito  Ginonico,e  G- 

il  fahio  taô  eminente  neílas  duas  faculdades, 
>Hic  por  voto  uniforme  dos  Meftres  da  Univer- 
lui.ulc  foy  julgado  merecedor  de  que  as  enfi- 
iiaíTc.  Por  algum  tempo  exercitou  o  officio  de 
futrono  de  Caufas  na  fua  Pátria;  depois  de  or- 
'  1  lio  de  Presbytero  partio  para  Roma  com 
:  mça  de  alcançar  algum  benefício  rendofo. 
NclU  Corte  fe  fez  taõ  eílimado  aíTim  pellas  le- 
tras, como  pellas  virtudes,  que  mcrccco  efpe- 
ciaes  favores  do  Emincntinimo  Cardeal  Sacheti, 

quem,  como  a  feu  grande  Mecenas,  dedicou 
iliMinias  das  fuás  obras.  Por  morte  dcfte  Prin- 
1  ipc  clcfprcfando,  como  caducas  as  cftimaçoens 
.io  mundo,  fc  recolhco  na  Congregação  do  Ora- 
iDrio  de  S.  Felipe  Neri  fituada  na  Cidade  de 
i^ano  do  Ducado  de  Urbino,  onde  piamente 
acabou  a  vida  no  anno  de  i66o.  Compoz. 
Apoleíta   utriujque  júris  per   Alphabeticum 

•dinem.  Ronciolone  apud  Jacobum  Mene- 
Jíclhum  1657.  in  4. 

D.  Fr.  AFFONSO  PIRES,  ou  PEDRO, 
pois  com  hum,  e  outro  appelido  he  nomeado 
pellos  efcritores  antigos.  Naceo  na  Cidade  de 
I  vora  fendo  ramo  do  fecundo  tronco  da  pre- 
clariíTima  Cafa  dos  Tavoras,  a  cujo  efpiendor 
uitepondo  a  humildade  religiofa  abraçou  o  inf- 
tituto  da  illuílre  Ordem  da  SantiíTima  Trin- 
ai ade  no  Convento  de  Santarém,  onde  as  fuás 
grandes  virtudes,  e  iníignes  letras  o  elevarão  no 
anno  de  1 3  20.  ao  lugar  de  Provincial,  fendo  o 
primeiro,  que  teve  eíla  Provinda  quando  fe 
feparou  da  de  Caftella.  Huma  das  mayores 
acçoens,  que  obrou  no  feu  governo,  foy  o  ref- 
i^ate  de  outenta,  e  dous  cativos  na  Cidade  de 
Marrocos,  para  cuja  liberdade  retardandofe  o 
dinheiro,  de  que  ficara  em  reféns  o  Venerável 
F.  Joaõ  de  Jefus  foy  impiamente  morto  pello 
turor  dos  bárbaros.  A  madurefa  do  juizo, 
c  a  docilidade  do  génio,  que  exercitou  neiie 
miniílerio,  o  habilitou  para  outro  mayor, 
qual  foy  o  Bifpado  de  Évora,  fendo  hum 
dos  mais  zelofos  Prelados,  que  governarão 
taõ  vafta  Diocefe,  onde  com  eterna  faudade 
das  fuás  ovelhas  acabou  a  vida  a  8.  de  Feve- 
reiro de  1339.  fafendo  da  fua  peííoa  hono- 
rifica memoria  Fr.  Bernard.  de  S.  António 


na  Chronic.  da  Ori.  da  Sant.  Trind.  M.  S.  liv.  i. 
cap.  7.  §.  5.  e  cap.  1 1.  §.  4.  Altun.  Còron.  Gen.  da 
Ord.  liv.  4.  cap.  4.  foi.  619.  Fr.  Anton.  á  Purif. 
Chronol.  Monaft.  pag.  58.  e  o  Padre  Francifco  da 
Fonfeca  BÂfor.  Glorio/,  pag.  282.  Compoz. 

De  Admirabili  Ordinis  Santiiíjima  Trini- 
tatis  Injlitutione.  liíla  obra  foy  mandada  ao 
Geral,  para  que  fe  imprimiíTe  em  França,  e 
miferavelmente  fe  perdeo  como  tem  fucce- 
dido  a  muitos  livros  deíla  Província. 

D.  AFFONSO  DE  PORTUGAL,  filho 
illegitimo  delRey  D.  AfTonfo  Henriquez,  e 
legitimo  herdeiro  de  feus  marciaes  efpiritos. 
O  natural  impulfo  para  as  armas,  de  que 
foy  gloriofo  preludio  a  celebre  conquiíbi 
de  Santarém,  o  arrebatou  heroicamente  para 
a  Paleílina,  onde  na  Conqulíla  da  Terra  íanta 
fez  proezas  dignas  do  feu  alto  nacimento, 
pellas  quaes  mereceo,  que  por  morte  de  Go- 
dofredo  de  Duiííon  foííe  eleito  no  anno 
de  1 1 94.  XI.  Meftre  da  Ordem  Militar  de  íaõ 
Joaõ  de  Rhodes.  Elevado  a  efta  grande  digni- 
dade querendo  que  exaftamente  fe  obfer- 
vaíle  a  difciplina  regular,  e  militar,  que  eílava 
pella  introducçaõ  de  muitos  abufos  rela- 
xada, convocou  Capitulo  Geral  na  Cidade 
de  Margato  onde  a  Ordem  depois  da  perda 
de  Jerufalem  refidia.  Nefta  militar  AJTem- 
blea  depois  de  confirmar  os  Eílatutos  feitos 
em  o  anno  de  1181.  pelo  Meftre  Rogério 
de  Moulins,  eftabeleceo  novamente  algumas 
leys  dirigidas  à  confervaçaõ,  e  augmento 
da  Ordem.  Porem  como  o  feu  ardente  zelo 
degeneraíTe  em  fumma  feveridade,  que  fe 
fazia  mais  intolerável  pelo  lugar  do  minifte- 
rio,  e  foberania  do  nacimento,  veyo  a  expe- 
rimentar huma  remiíTa  obediência  nos  fubdi- 
tos,  e  paílando  a  mayor  exceíTo  fe  rebellaraõ 
contra  a  fua  PeíToa  reduzindofe  a  Ordem  a 
huma  efpecie  de  Anarchia.  Para  evitar  as 
funeftas  confequencias  de  taõ  precipitados 
infultos  renunciou  o  Meftrado,  e  fe  reftituhio 
a  Portugal,  onde  acabou  a  carreira  da  fua 
vida  em  o  i.  de  Março  de  1207.  Jàz  fepul- 
tado  na  Igreja  de  S.  Joaõ  da  Villa  de  San- 
tarém em  hum  maufoleo,  que  eftá  ao  lado 
efquerdo  da  Capella  Mór,  com  efte  epitáfio. 

In  ara  MCCXXXXV.  Kalendis  Martij  obiit 
Fr.  Alphonfus  Magijier  Hoípitalis  Hierufalem 


48 


BIBLIO THEC  A 


Qjújquis  aâes,  qui  morte  cadis  perlege,  piora, 
Sum  quod  eris,  fueram,  quod  es,  pro  me  precor 

ora. 
Compoz. 

EJiatutos  novos  para  confervaçaõ,  e  augmento 
da  Ordem  militar  de  S.  JoaÕ  de  Khodes. 

Defta  obra  faz  mençaõ  António  du  Ver- 
dier  in  Bibliothec.  Gallic.  impreíTa  em  Leaõ 
1585.  in  foi.  dizendo  Alphonfe  de  Portugal 
Gran  Maejlre  des  Chevaliers  de  S.  ]ean  de  llieru- 
Jalem,  e  Khodes  voyes  Jes  Confiituicions,  y  efiahlij- 
Jement  au  livre  dei  Ordre  des  dits  Chevaliers 
tranjlate  en  Francois  Van  1444.  infol.  Igualmente 
faz  a  mefma  memoria  Baudoin  Hifi.  des 
Cheval.  dei  Ord  de  S.  Jean  de  Hierus.  Tom.  i. 
cap.   3.  pag.   29. 

Diverfos  elogios  dedicaõ  ao  feu  nome 
Funes  ChroN.  da  Rei.  de  Malta.  liv.  i.  cap.  16. 
Fr.  António  Brandão  Mon.  Lus.  Part.  3.  liv.  10. 
cap.  20.  onde  o  equivocou  com  feu  Tio  D. 
Pedro  Affonfo,  Bernard.  Giuftin.  Hijl.  Chro- 
nol.  dei  origin.  deWordini  Milit.  Part.  i.  cap.  21. 
pag.  219.  Vertot.  Hijl.  des  Cheval.  Hofpital. 
de  S.  Jean  de  Hier.  Tom.  i.  liv.  3.  pag. 
mihi  255.  Vafc.  Anaceph.  Keg.  I^ujit.  pag. 
25.  n.  22.  chamandolhe.  Excel/o  virum  animo, 
<&  arduis  rebus  agendis  promptum.  Card.  Agiol. 
luujit.  Tom.  2.  pag.  6.  e  no  comment. 
de  10.  de  Març.  let.  E.  famofo  Heroe,  de 
grande  coração,  e  magnanimidade  nas  militares 
emprefas,  de  preclaros  cojltimes,  e  religiofas  acçoens. 
Saind.  Marth.  Hift.  Gen.  dela  Mais.  de 
Franc.  Tom.  2.  liv.  41.  cap.  2.  pag.  796. 
Homme  courageux  comme  il  temoigna  en  pluf- 
Jeurs  intreprifes.  Francifco  de  Santa  Maria 
no  Diário  Portug.  pag.  275.  Fe^i  leys  utilif- 
fimas  ao  bom  governo  da  Jua  Keligiaõ.  Soufa. 
Hijlor.  Gen.  da  Gafa  Real  de  Portug.  liv.  i. 
cap.  2.  pag.  61.  O  Padre  Fr.  Lucas  de  Santa 
Catherina  nas  Memor.  da  Ord.  militar  de  S. 
JoaÕ  de  Malta  no  capit.  dos  Gram  Meílres 
pag.  22. 

D.  AFFONSO  DE  PORTUGAL,  Tronco 
da  preclariffima  Cafa  do  Vimiofo,  naceo  na 
Cidade  de  Évora,  e  foy  filho  de  D.  Affonfo 
Conde  de  Ourem  primeiro  Marquez  de 
Valença,  e  o  primeiro  que  houve  em  Portu- 
gal, filho  primogénito  de  D.  Affonfo  pri- 
meiro Duque  de  Bragança;  e  de  D.  Beatriz 


de  Soufa  filha  de  Martim  Affonfo  de  Soufa  fe- 
gundo  defte  nome,  Senhor  de  Mortágua,  com 
quem  (como  muitos  efcritores  afleveraõ)  clan- 
deftinamente  fe  cafara  o  Marquez  feu  Pay.  As 
acçoens,  que  obrou  em  todo  o  difcurfo  da  fua 
vida  claramente  publicarão,  que  eraõ  dirigidas 
pelos  Reaes  efpiritos,  que  lhe  animavaõ  o  peito ; 
pois  teve  heróico  animo  para  intentar  empreza^ 
árduas ;  liberalidade  profufa  para  remediar  todo 
o  género  de  neceffidade;  condição  benigna,  e 
affavel  para  a  gente  popular,  fevera,  e  altiva 
para  a  Nobreza  reconhecendo  unicamente  por 
fuperiores  à  fua  PeíToa  os  Reys  feus  Confangui- 
neos;  juizo  prompto,  e  agudo  para  comprehen- 
der,  e  difcurfar;  memoria  fácil,  e  tenaz  para 
confervar,  e  repetir  os  frutos,  que  a  fua  labo-    , 
riofa  applicaçaõ  colhera  na  Univerfidade  de  ^J 
Salamanca,  onde  eíludara  as  fciencias  efcolafti- 
cas    com   aíTombro    dos   feus    mais    infignes  , 
Cathedraticos.     Morto   o    Marquez   feu   Pay   ; 
intentou  fucceder  na  Cafa  de  Bragança,  mas 
o  Duque,  que  naõ  approvava  a  legitimidade 
do  feu  nacimento,  a  transferio  a  D.  Fernando  , 
Marquez   de  Villaviçofa  feu  fegundo   filho,  i, 
por    cuja    morte    novamente    pertendeo    D. 
Affonfo  fer  herdeiro  da  Sereniffima  Cafa  de 
Bragança.    Defhe  intento  o  fez  ceder  a  autho- 
ridade  delRey  D.  Joaõ  o  II.  a  quem  obedeceo 
conftrangido,  eternifando  na  infcripção,  que 
eílá  gravada  na  fua  fepultura,  a  politica  vio-  , 
lencia  com  que  fora  obrigado  a  defiílir  do 
direito    hereditário    de    Cafa    taõ    Soberana. 
Por    difpofiçaõ    do    mefmo    Príncipe   feguio 
a  vida  Ecclefiaftica,  e  depois  de  fer  Commen- 
datario  do  Mofteiro  de  Souto  da  Ordem  dos 
Cónegos    Regulares,    o    nomeou    Bifpo    de 
Évora,  de  cuja  dignidade  lhe  paíTou  as  Bulias 
Innocencio  VIII.   no  anno  de   1485.     Logo 
que  fubio  à  Cadeira  Epifcopal  fe  empenhou ; 
no  fumptuofo  ornato  da  fua  Efpofa  conhe- 
cendo-fe  as  fuás   magnificas  fabricas  menos  í 
pelo  brazaõ  das  fuás  Armas,  que  pella  magef- 
tade  dos  feus  efpiritos.   No  feliz  tempo  do  feu ; 
governo  foraõ  fundados  em  Évora  debaixo" 
dos  feus  benéficos  aufpicios  quatro  Conven- 
tos; fendo  o  primeiro  o  dos  Cónegos  Secu- 
lares de  S.  Joaõ  Evangeliíla  no  anno  de  148J., 
o  fegundo  o  de  Santa  Catherina  de  Religiofas  j 
Dominicas  em  1490.  o  terceiro  o  do  Paraizo 
do  mefmo  Inftituto  em  1499.  e  o  quarto  das 


LUSITANA. 


49 


Maltezas  em  i  j  1 7.  alem  do  grande  dífpendio, 
<  |uc  fez  na  reediíícaçau  do  Convento  dos  Ere- 
mitas de  Santo  Agoílinho,  entre  os  quaes 
.|ui/.  que  dcrcançaíTcm  as  fuás  cinzas.  Como 
icmpre  fora  Mecenas  dos  Eíludiofos,  deter- 
minou edificar  cm  Kvora  hum  Collegio,  onde 
ic*  iiiUruifíe  nas  fcicncias  a  mocidade  Traníla- 

ana,  mas  a  morte  lhe  impedio  a  execução  de 
1.10  nobre  idca.  Para  fe  celebrar  com  mayor 
pcrlciçaõ  o  incruento  Sacrifício  do  Altar 
ordenou  a  Fernando,  e  Luiz  Martins  Cone- 

'os  de  Évora,  que  reformaíTem  o  MifTal, 
ilc  que  ufava  aqucUa  Igreja,  c  o  mandou 
imprimir  à  fua  cufta  em  Salamanca  no  anno 

Ic  1501.  Por  fer  fummamente  fevero,  c  ini- 
iniiM)  jurado  da  adulação  incorreo  na  indigna- 

.10  licIRey  D.   Joaõ  o   II.   que  o   mandou 

Idlcnailo  para  a  Villa  de  Monte-mòr,  donde 
loy  brevemente  reftituido  à  graça  defte  Prin- 
cipc  conhecendo  que  antes  merecia  premio, 
que  caíligo  hum  animo  fuperior  a  todas  as 
uivcrfidades.  Recebeo  innumeraveis  eftima- 
çoens  delRey  D.  Manoel  a  quem  acompanhou 
com  pompa  digna  de  Príncipe  na  occafiaõ, 
•-luc  partio  para  Caílella  a  fer  jurado  Príncipe 
daquella  Monarchía.  Mayor  foy  o  efplendor 
quando  com  feu  Sobrinho  o  Duque  de  Bra- 
gança, conduzio  da  raya  defte  Reyno  a  SerC' 
niffima  D.  Maria  filha  dos  Reys  Catholicos  para 
fe  defpozar  com  o  mefmo  Monarcha,  a  cuja 
morte  affiíHo  com  affeílo  de  parente,  e  fideli- 
dade de  Vaílalo.  Ainda  era  fecular,  quando  teve 
de  D.  Filipa  de  Macedo  a  D.  Francifco  de  Por- 
tugal primeiro  Conde  do  Vimiofo,  que  foy  or- 
nado de  todas  as  virtudes  moraes,  e  politicas,  de 
quem  faremos  iUuílre  memoria  em  feu  lugar;  a 
D.  Martinho  de  Portugal  Bifpo  do  Funchal,  e 
do  Algarve,  e  a  D.  Beatriz,  que  morreo  na  flor 
da  idade.  Purificou  a  Hcenciofa  vida,  que  exer- 
citara na  adolefcencia,  com  taõ  virtuofas  obras, 
que  fez  no  largo  efpaço  do  feu  governo  em 
beneficio  das  ovelhas,  que  ainda  com  perpetua 
laudade  do  feu  nome  he  conhecido,  e  acla- 
mado antonomaílicamente  por  Bifpo  de  Évora. 
Cumulado  de  heróicos  merecimentos  foy 
receber  na  Gloria  o  premio  immortal  em  24. 
de  Abril  de  1522.  Jaz  o  feu  Cadáver  em  hum 
iumptuofo  maufoleo  de  alabaílro  fabricado 
com  primorofa,  e  elegante  architedura  ao 
lado  direito  da  Capella  mòr  do  Convento  dos 


Eremitas  Auguíliniinos,  de  que  he  Padroeira 
a  Excellentiffima  Cafa  do  Vimiofo,  com  eíle 
epitáfio 

Aqui  Jaz  o  V^verentUJfimo,  e  muito  illuftn 
Sttthor  D.  Affonjo  dt  Portufjal  filho  do  Marque^ 
de  Valença  Neto  delKey  D.  JoaÕ  o  I.  de  boa 
memoria,  e  herdeiro  da  Cafa  de  Bragança.  Foy 
Bifpo  defta  Cidade;  porque  alem  da  fua  devofaÕ 
quiz  tlRej  D.  JoaÕ  o  II.  que  f o  ff e  Clerigp.  Palle- 
ceo  aos  24.  dias  de  Abril  da  lira  de  1522. 
Efcreveo. 

Tra£iatus  perutilis  de  Indulgentiis  à  Ktveren- 
diffimo  Domino  Alphonfo  Eborenfi  Epifcopo  editus. 

No  fim  deíle  tratado  tem  a  feguinte  obra 

Traâatus  de  Numifmate  ad  llluflriffimum 
Emmanuelem  hujitania  Regem.  Ulyíipone  apud 
Monafterium  Sanítí  Vincentii.  Naõ  tem  anno 
da  impreíTaõ. 

Defte  illufixiíTimo  Prelado  fazem  memoria 
Damiaõ  de  Góes  Chron.  delRej  D.  Manoel. 
Part.  I.  cap.  26.  e  46.  Part,  4.  cap.  83.  Fr.  Ant. 
da  Purific.  Chron.  da  "Provinda  de  S.  Agof tinha 
de  Part.  Part.  2.  liv.  7.  Tit.  6.  §.  5.  Rodrigo 
Mendes  Sylva.  Cathalog.  Keal  de  Efpanh.  foi. 
91.  Fonfec.  Ejvor.  gloriof.  pag.  293.  Francifc. 
de  Santa  Mar.  Diar.  Port.  pag.  507.  dizendo 
compo^,  e  imprimia  alguns  Tratados  cheyos  de 
excellente  doutrina,  e  de  vafia  erudição. 

AFFONSO  DE  PORTUGAL,  como 
indica  o  appeHdo  de  geração  illuftre,  e  por 
inílituto  Eremita  Augufliniano,  foy  Lente 
de  Theologia  na  Univerfidade  de  Lisboa, 
antes  que  foíTe  transferida  para  Coimbra 
conforme  diz  Fr.  António  da  Natividade 
nos  Montes  de  Cor.  Mont.  3.  Cor.  unic.  n.  32. 
§.  I.  Viveo  até  o  anno  de  1345. 
Compoz 

Commentaria  in  Magiflrum  Sententiarum.  foi. 
M.    S. 

Delle  fe  lembraõ  Nicol.  António  in  Bib. 
Hifp.  Vet.  lib.  9.  cap.  6.  §.  270.  Thom. 
Herrer.  in  Alphab.  Auguflin.  e  a  Magn.  Biblio- 
thec.  Ecckfiafl.  pag.  319.  col.  2. 

Fr.  AFFONSO  DOS  PRAZERES,  cha- 
mado no  feculo  Affonfo  Furtado  de  Men- 
doça  naceo  na  Villa  de  Penamacor  da 
Provinda  da  Beira  a  28.  de  Novembro  de 
1690.  e  foy  bautizado  pelo  Illuíbrifíimo  Bifpo 


5o 


B IB  LIO  THE  CA 


da  Guarda,  D.  Fr.  Luiz  da  Sylva,  que  depois 
foy  Arcebifpo  de  Évora.  Foraõ  feus  Proge- 
nitores Jorge  Furtado  de  Mendoça  fegudo 
Vifconde  de  Barbacena,  Alcaide  mòr  da  Covi- 
Ihãa,  Comendador  na  Ordem  de  Chrifto, 
General  da  Artilharia,  e  Governador  das 
Armas  da  Beira,  e  Anna  Luiza  de  Hohenloe 
filha  de  Luiz  Guílavo  Conde  de  Hohenloe 
Senhor  de  Lagenburg  Gentilhomem  da  Camará 
do  Emperador  Leopoldo,  do  feu  Confelho 
de  Guerra,  e  de  Anna  Barbara  de  Scomborn 
irmaã  do  Eleitor  de  Moguncia  o  Arcebifpo 
Joaõ  Filipe  de  Scombron.  Eftimulado  do 
génio  militar,  que  herdara  de  feus  Mayores, 
aíTentou  praça  de  Soldado,  e  taes  proezas 
obrou  em  diverfas  Campanhas,  até  chegar 
ao  pofto  de  Sargento  mór  de  batalha,  que 
podia  servir  de  exemplar  aos  Heróes  da  fua 
familia,  que  em  obfequio  da  pátria  derrama- 
rão animofamente  o  fangue,  e  offereceraõ 
as  vidas.  Movido  de  fuperior  impulfo  refol- 
veo  aliftarfe  em  outra  mais  nobre  milicia  para 
conquiftar  hum  Reyno,  em  que  todos  os 
Vaífalos  faõ  Príncipes,  e  defprezando  para 
efte  fim  o  efplendor  do  nacimento,  e  a  primo- 
genitura da  Cafa,  fuaves  encantos  com  que  o 
mundo  o  lizongeava,  fe  recolheo  na  Religião 
do  Príncipe  dos  Patriarchas  S.  Bento,  cuja 
monalHca  coguUa  veílio  no  Convento  de 
Tibaens  a  13.  de  Mayo  de  171 3.  Em  o  Novi- 
ciado praticou  as  virtudes  de  hum  Religiofo 
Veterano  profeguindo  no  Clauflro  as  que  exer- 
citara no  Século  fem  que  foífe  neceífaria  direc- 
ção para  fe  adiantar  no  caminho  da  perfeição 
Evangélica.  No  Púlpito,  e  Confeffionario 
era  continuo  devendofe  à  madureza  dos  feus 
confelhos  admiráveis  transformaçoens  em  pef- 
foas  de  diverfos  eftados.  Ambiciofo  de  pro- 
feííar  IníHtuto  mais  auftero,  e  parecendolhe, 
que  o  de  Monge  confiília  mais  na  vida  con- 
templativa, que  na  aétiva,  à  qual  fe  queria 
com  mayor  difvelo  dedicar  em  beneficio  dos 
próximos  depois  de  afOÍHr  com  exemplar 
procedimento  na  Religião  de  S.  Bento  qua- 
torze  annos,  paílou  com  beneplácito  dos  Pre- 
lados para  o  Seminário  de  Varatojo,  onde 
profeíTou  o  habito  Seráfico  em  13.  de  Março 
de  1727.  Na  companhia  deíles  Varoens 
Apoftolicos  fe  inflamou  com  tanta  vehemen- 
cia  o  feu  efpirito,  que  promptamente  exerci- 


tou os  minifterios  daquelle  evangélico  iníli- 
tuto  difcorrendo  grande  parte  do  Reino  a  pée 
em  continuas  MiíToens,  a  cujos  brados  def- 
pertaraõ  muitos  peccadores  fumergidos  no 
letargo  da  culpa,  e  fendo  o  feu  principal  in- 
tento colher  copiofos  frutos  com  a  palavra 
Divina.  Sempre  a  Corte  o  vio  hofpede  jul- 
gando fer  o  feu  terreno  para  efta  fementeira 
infruftuofo.  Nas  horas  vagas  deíles  evan- 
gélicos minifterios  naõ  fatisfeito  de  inftruir 
aos  próximos  com  as  vozes  no  Púlpito,  e 
Confeffionario,  os  doutrina  com  doutos  tra- 
tados afceticos,  dos  quaes  fomente  fahio  à 
luz  o  feguinte. 

Máximas  E/piriUtaes,  e  direãivas  para  inftruc- 
çaõ  myftica  dos  virtuojos,  e  defenfa  Apoftolica  da 
virtude  fabricadas  à  lu^  da  rafaõ  natural,  ejlabale- 
cidas  na  verdade  da  Sagrada  Efcritura,  e  confir- 
madas com  as  doutrinas  dos  Santos  Padres.  Tom.  i. 
Lisboa  por  Miguel  Rodriguez  1737.  8. 

Tom.  2.  Lisboa  pelo  mefmo  impreíTor, 
e  no  mefmo  anno  8.  e  mais  acrecentados 
Lisboa  por  António  Ifidoro  da  Fonfeca 
1740.  4.  2.  Tom. 

AFFONSO  REBELLO,  natural  de 
Lisboa,  nobre  por  geração,  e  muito  mais 
pelas  heróicas  façanhas  obradas  pelo  feu 
braço  na  índia  Oriental.  Foy  ornado  de 
hum  génio  fácil  para  compor  de  repente 
verfos  jocofos,  os  quaes  fempre  foraõ  ouvi- 
dos com  applaufo,  e  celebrados  com  admira- 
ção. Para  explicar  o  jubilo  com  que  em  Goa 
fora  recebido  o  infigne  Heróe  D.  Luiz  de 
Attayde  Conde  de  Attouguia  quando  no 
anno  de  1577.  entrou  fegunda  vez  a  gover- 
nar o  Império  Afiatico  Portuguez,  relatou 
em  verfo  as  Juftas,  que  com  igual  pompa,  que 
deftreza  fizeraõ  os  Portuguezes  em  applaufo 
do  mefmo  Vicerey,  cuja  obra  intitulou. 

Tomejos  do  Vicerej  D.  Lui^  de  Attayde.  M.  S. 

Morreo  em  Goa,  onde  deixou  varias 
obras  poéticas  defte  género. 

AFFONSO  RIBEYRO  PEGADO.  Logo 
defde  a  puerícia  cultivou  com  tal  inclinação 
a  Poefia,  que  na  idade  adulta  foy  venerado 
pelos  Corifeos  defta  divina  Arte,  como  Orá- 
culo, fendo  Lisboa,  e  Madrid  os  famofos 
theatros  onde  mereceo  a  fua  ISIufa  os  mayores 


L  USITANA. 


5i 


prémios  conícííando  os  feus  competidores  a 
juniça  com  que  de  todos  triunfava.  No  anno 
<lc  1622.  em  que  foraõ  Canonizados  Santo 
l)Mi:icio,  S.  Frandfco  Xavier,  e  Santo  Ifidro 
I  rrador  fendo  provocado  pelos  mayores 
n/iihos  de  Madrid,  onde  entaõ  affiília, 
compoz  algumas  Poefias,  que  eílaõ  infertas 
lU)  livro  intitulado  Kelacion  delas  fiejias  que 
hi:^o  Madrid  ala  Canoniv^acion  de  Santo  Ifidro 
Ccrtam.  6.  foi.  146.  e  Cert.  10.  e  no  liv.  '^lac. 
delas  fiejlas,  que  hiv^o  el  Colégio  Imperial  de  Madrid 
■' :  (  (tnoniv^acion  de  Santo  Ignacio y  S.  Vrancijco 
...  -r  a  foi.  90.  Taõbcm  cílá  hum  Soneto  feu 
no  Certame  Poético  em  lottvor  do  Conde  de  Unha- 
res Lisboa  por  Giraldo  da  Vinha  4.  naõ  tem 
anno  da  edlçaõ  Jacinto  Cordeiro  no  Elog.  dos 
Poet.  Portug.  fe  lembra  dcllc  neíla  forma. 
Pegado  en  Helicona  planta  ajfienta 
Porque  esjà  con  las  Mu/as  tan  humano, 
Que  Jiendo  en  los  couce  tos  peregrino 
Con  tanta  bumanidad  fe  ha:(e  divino, 

D.  AFFONSO  SANCHES,  que  com  o 
fcu  nacimento  illuílrou  a  Província  de  Entre 
Oouro,  e  Minho,  foy  o  primeiro  filho,  que 
cm  o  anno  de  1286.  teve  D.  DinÍ2  6.  Rey  de 
Portugal  de  D.  Aldonça  Rodrigues  de  Soufa, 
ou  da  Telha,  como  lhe  chama  feu  filho  o 
Conde  D.  Pedro  no  feu  Nobiliário  Tit.  36. 
e  57.    Pellos  fingulares  dotes  do  corpo,  e  do 

fpirito,  com  que  foy  ornado,  mereceo  os 
mayores  affeâos  de  feu  Pay,  de  que  fe  ori- 
glnaráõ  os  tumultos  populares  contra  a  fua 
pcíToa,  dos  quaes  foy  author  o  Príncipe  D. 
Afifonfo  exceffivamente  efcandalizado,  de  que 
fendo  fucceíTor  da  Coroa  lhe  preferiíle  a  feu 
Irmaõ  natural,  em  tantas  demõílraçoens  de 
amor,   e  eítimaçaõ.     Certamente   naõ   houve 

irgumento  algum  de  finefa,  que  ElRey  com 
clle  naõ  praticaíTe  nomeando-o  com  exemplo 
até  entaõ  raramente  viílo,  feu  Mordomo  Mòr, 
e  Senhor  da  Villa  de  Conde,  Campo  mayor, 
Varazim,  Povoa,  Touguinha,  e  outros  luga- 
res. Naõ  fatisfeito  com  eílas  doaçoens  lhe 
deu  por  conforte,  em  o  anno  de  1304.  a  D. 
Therefa  Martins  filha  de  D.  Joaõ  Affon- 
lo  de  Menefes  Conde  de  Barcellos,  e  Se- 
nhor de  Albuquerque,  e  de  fua  primeira 
mulher  D.  Therefa  Sanches,  filha  natural 
de   D.    Sancho   IV.   de   Caftella;   pofto   que 


D.  Luiz  Salazar,  e  Caílro  nas  Glor.  da  Cafa  For- 
ttts  pag.  5  77.  naõ  admitindo,  que  ti veííe  D.  Joaõ 
AffonTo  de  Meneies  fucceflíaõ  da  primeira  mu- 
lher affirma,  que  foíTe  filha  de  fua  fegunda 
mulher  D.  Maria  Cornei  filha  de  D.  Pedro  Cor> 
ncl  Procurador  Geral  de  Aragaõ  primeiro  Se- 
nhor de  Aljafarim,  e  de  fua  mulher  D.  Urraca 
de  Artal  y  Luna.  Morto  EIRcy  feu  Pay  fucce- 
dendo  no  Trono  D.  Affonfo  feu  Irmaõ  rom- 
peo  contra  elle  em  furiofos  exceíTos  diâados 
pelo  ódio,  que  alimentava  no  peito,  man- 
dando fcqucílrarlhe  todos  os  bens,  que  poííuia, 
e  dcclarando-o  por  editaes  públicos  inimigo 
da  Pátria.  Conílrangido  de  tantas  violên- 
cias fulminadas  pelo  furor  de  feu  Irmaõ 
fe  retirou  para  a  Villa  de  Albuquerque,  que 
lhe  deixara  feu  fogro,  a  qual  fe  pode  jufta- 
mcntc  gloriar  de  que  foflc  novamente  por 
elle  edificada,  fortificando-a  com  muros,  torres, 
e  hum  Caílello  inexpugnável,  cm  cuja  porta 
eílá  gravado  o  brafaõ  das  fuás  Armas,  que 
igualmente  publicaõ  o  nome  do  Fundador, 
como  o  dia,  e  anno  da  fundação,  que  foy  a  4. 
de  Agofto  de  13 14.  Para  de  algum  modo 
vingar  as  injurias,  que  injuílamente  recebera  de 
feu  Irmaõ,  entrou  armado  por  Portugal  execu- 
tando aquellas  hoílilidades,  com  que  podia 
fatisfazer  a  fua  cólera,  até  que  por  intervenção 
delRey  de  Caílella  foy  reíHtuido  à  graça  de  feu 
Irmaõ,  e  à  poíle  de  todos  os  bens,  que  lhe 
tinhaõ  fido  ufurpados.  Foy  infigne  em  todo 
o  género  de  virtudes  dignas  de  hum  Prín- 
cipe; liberal  para  todos,  affavel  para  os 
domeíHcos,  e  eíbranhos;  religiofo  para  Deos, 
e  feus  Santos.  Exhortado  por  hum  myf- 
teriofo  fonho  fundou  o  Convento  de  Villa 
de  Conde,  de  que  era  Senhor,  para  ReHgiofas 
de  Santa  Clara,  o  qual  alem  de  o  edificar 
defde  os  fundamentos,  o  dotou  com  grande 
profufaõ  em  7.  de  Mayo  de  13 18.  Pagou  o 
tributo  de  mortal  no  anno  de  1329.  conforme 
a  melhor  conjeftura,  e  eílá  fepultado  com  fua 
nobiliíTima  Efpofa  no  Convento  de  Villa  de 
Conde  com  opinião  immemorial  de  Virtuo- 
fos,  recorrendo  à  fua  fepultura  varias  Peííoas 
dos  lugares  circumvefinhos  para  implorar  re- 
médio às  fuás  afflicçoens.  As  Religiofas  do  Con- 
vento agradecidas  ao  beneficio,  que  continua- 
mente recebem  da  fua  protecção,  pertenderaõ, 
que  fe  beatificaílem  as  fuás  virtudes,  para  cujo 


52 


BIB  LIOTHE CA 


fim  efcreveo,  e  imprimio  no  anno  de  1726.  o 
Padre  Fr.  Fernando  da  Soledade,  Chroniíla 
da  Religião  Seráfica  da  Provincia  de  Portugal, 
e  Académico  da  Academia  Real  hum  Memorial 
para  conftar  na  Cúria  Romana  a  fua  heróica 
Santidade.  O  fepulchro,  em  que  jazem  os 
feus  Corpos,  he  fabricado  de  obra,  ainda  que 
antigua,  primorofa,  e  permanecendo  muitos 
annos  fora  da  Igreja,  fe  abrio  depois  hum 
Arco  da  Capella,  em  que  ficou  dentro  reco- 
lhido, no  qual  fe  lé  o  feguinte  Epitáfio, 

Em  efia  Capella  jat(em  o  muito  ef clareado 
Príncipe  D.  Affonfo  Sanches  filho  delR.ey  D.  Dini^ 
de  gloríofa  memoría  Sexto  Rey  de  Portugal  com 
a  muuto  excel lente  Madama  D.  T areja  Martins 
netta  delRey  D.  Sancho,  fundadores  defia  Santa 
Cafa,  a  qual  mandou  fa^er  a  muito  virtuofa  Se- 
nhora D.  Ifabel  de  Caftro  primeira  Ahhadejfa 
da  Ohjervancia  defta  Santa  Cafa  em  1526. 

Foy  D.  Affonfo  Sanches  fummamente 
inclinado  às  fciencias,  e  principalmente  à 
Poefia,  em  que  conforme  o  eílilo  daquelles 
tempos  foy  elegantiíTimo,  e  como  tal  nume- 
rado por  Manoel  de  Faria,  e  Soufa  no  Epit. 
da  Hijl.  Portug.  Part.  4.  cap.  18.  e  Fr.  Fernand. 
da  Soled.  Hift.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  nova- 
mente correâ.  e  addicionad.  Part.  3.  liv.  13. 
cap.  7.  entre  os  Poetas  infignes  deixando 
compofto. 

Vários  ver/os  i.  Tom.  M.  S. 

Delle,  e  de  fuás  acçoens  fallaõ  mais  difu- 
famente  Brand.  Mon.  L,ujtt.  Part.  17.  cap.  2. 
e  49.  Brito  Elog.  dos  Kejs  de  Portug.  pag.  53. 
Manoel  de  Faria,  e  Souf.  Epit.  das  Hift.  Port. 
Part.  3.  cap.  7.  Albuquerque  Comment.  Part.  4. 
cap.  50.  Cardof.  Agiol.  Eujit.  Tom.  i.  pag.  8. 
no  Comment.  do  i.  de  Jan.  let.  D.  F.  Leaõ 
de  S.  Thom.  Bened.  Lufit.  Tom.  i.  Part.  i. 
cap.  9.  Fr.  Manoel  da  Efperanç.  HiJl.  Seraf. 
de  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv.  8.  cap.  i.  n.  2.  e 
cap.  6.  n.  3.  Wading.  Annal.  Ord.  Min.  ad 
ann.  1318.  n.  44,  Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Theat. 
Lusit.  IJtter.  lit.  A.  n.  16.  F.  Fernand.  da  Soled. 
Memorial  dos  Inf.  de  Portug.  per  tot.  Souf. 
Hifl.  Gen.  da  Cafa  Real  de  Portug.  Tom.  i. 
liv.  2.  cap.  I.  pag.  239. 

Fr.  AFFONSO  SUEYRO,  natural  da 
Villa  de  Aviz.  Foraõ  feus  Pays  Francifco 
de   Azevedo,    e   Ifabel   Soares.     Deixando   a 


Pátria,  e  juntamente  o  Mundo  fe  dedicou 
a  Deos  na  Religião  dos  Carmelitas  Defcalfos 
da  Provincia  de  Caftella  onde  doutrinou  aos 
feus  domefticos  como  Meftre,  que  foy  de 
Prima  de  Theologia,  e  os  governou  como 
Provincial.  Teve  grande  talento  para  o  Púl- 
pito merecendo  fer  eleito  Pregador  delRey 
Catholico.  Morreo  com  opinião  de  virtude 
depois  do  anno  de  1670.    Deixou  M.  S. 

Confultas  Canónicas,  e  Theologicas,  e  Moraes 
2.  Tom.  em  folha. 

AFFONSO  DE  TOAR  DA  SYL- 
VEYRA,  natural  da  Attouguia  da  Diocefe 
de  Lisboa.  Defpois  de  aprender  as  letras 
humanas  paíTou  a  Coimbra,  onde  applican- 
dofe  ao  eftudo  da  Theologia  Efpeculativa  re- 
cebeo  pela  Univerfidade  o  gráo  de  Bacharel 
neíla  faculdade.  Para  divirtir  o  animo  de  appli- 
caçoens  mais  profundas,  e  laboriofas  compoz 
o  Dialogo  feguinte. 

Dialogo  entre  três  figuras,  no  qual  fe  trata  • 
dos  Lavradores  com  alguns  louvores  da  vida  pafloril.  l 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1630.  8. 

AFFONSO  DE  TORRES.  Naceo  em 
a  Cidade  de  Lisboa  de  illuftres  Progenitores, 
quaes  foraõ  Joaõ  Ruiz  de  Torres  Commen- 
dador  de  Monte  Mór  o  novo  da  Ordem  de 
Chrifto  do  Concelho  delRey  Filippe  II.  e  D. 
Guiomar  de  Vilhena  filha  de  Ruy  Telles  de 
Menezes  Alcaide  mór  da  Covilhaã,  e  de  D. 
Leonor  Manrique.  Logo  defde  a  puerícia 
foy  injftruido  naquellas  artes  dignas  do  feu 
nacimento.  Chegando  à  idade  adulta  começou 
a  aborrecer  o  ócio  da  pátria,  e  afpirar  à  gloria 
immortal,  que  fe  alcança  pelas  armas,  para  cujo 
nobre  intento  concorreo  feu  Pay  mandando-o 
para  Flandes,  que  naquelle  tempo  era  o  mais  fa- 
mofo  theatro  de  Marte,  onde  já  como  Soldado, 
já  como  Capitão  executou  fingulares  proezas.  | 
Reftituido  ao  Reyno,  cafou  com  D.  Catherina 
Mondragon,  de  quem  como  da  fegunda  mu- 
lher D.  Magdalena  Henriquez  filha  de  D.  Gon- 
çalo da  Coíla  Armeiro  mòr  naõ  teve  fucceíTaõ. 
Paífando  a  terceiras  vodas  fe  defpozou  com 
D.  Violante  Manrique  fua  Sobrinha  filha  de 
Ayres  de  Soufa  de  Caílro  Commendador  da  Al- 
cáçova em  Santarém,  da  qual  teve  a  D.  Leonor 
Manrique,  que  cafou  com  feu  Tio  Francifco 


L  USITANA. 


5.5 


<Ic  Mello,  c  Torres,  Marquez  de  Sande,  varaò 
Ic  lunima  prudência,  c  profunda  politica.    A 

j    *r  parte  da  vida  paíTou  cm  Lisboa  taò  ini- 

n  "  de  occupaçocns  publicas,  como  amante 
l;i  liçaÔ  dos  livros.  Foy  verfado  na  Hlíloria, 

principalmente  em  huma  das  mais  nobres 
partes  delia,  qual  he  a  Genealogia  efcrevendo 
GtHtalogias  àis  Vamilias  de  "Portugal.  8.  Tom. 
tolh. 

lííles    Livros   fe   acabarão   no   anno   de 

1630.  cujos  Originaes  fe  confervaõ  na  Livra- 

la  do  líxccllentirfímo  Marquez  de  Abrantes 

los    quaes    mandou    extrahir    huma    copia 

xccllcntemcnte  efcrita   Garcia  de  Mello,   e 

Torres  fegundo   Conde   da   Ponte   neto   do 

\uthor,  que  fe  guarda  na  fua  Cafa.    Nefta 

•randc  obra  fc  admira  a  vaíla  noticia  da  Hif- 

oria,    em    que    era    profundamente    douto 

\ffonfo  de  Torres,   pois   todas  as  familias, 

lie  que  efcreve,  eílaõ  illuftradas  com  noticias 

I.is   noíTas   Chronicas,   e  vários   documentos 

strahidos  do  Archivo  Real  fazendo-fe  mais 

ilimavel  pella  reda  intenfaõ,  com  que  as  efcre- 

co  fem  a  menor  preoccupaçaõ  de  alguma  pai- 

..lõ  dominante,  que  o  impeUiíTe  a  defcobrir  o 

mais  leve  defeito  no  efplendor  de  tantas  familias. 

De  outra  obra  diverfa  da  precedente  fe 

lembra    Manoel    de    Galhegos    na    Prefação 

lio    Templo   da   Memoria,    onde    fallando    do 

^luanto    trabalhou    para    efte    Livro    affirma 

■sõ  tiradas  eftas  noticias,  humas  dos  Nobiliários, 

dos  Annaes  de  Efpanha,  outras  de  papeis  authen- 
icos,  e  Chronicas  dejie  Rejno,  em  particular  de 
huma,  que  ejiá  para  dar  à  ejiampa  Affonfo  de 
Torres,  donde  fe  inclue  íudo  o  que  he  hiftorico  de 
Portugal.  Delle  fazem  memoria  D.  Franc. 
Manoel  na  Carta  efcrita  a  Manoel  Themudo 
da  Fonfeca,  que  he  a  primeira  da  4.  Cent.  das 
fuás  Cart.  D.  Luiz  Salaz.  e  Caílr.  Uifi.  Gen. 
da  Cafa  de  Sjlv.  Part.  2.  liv.  9.  cap.  26.  n.  18. 
Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  'Lufit.  Litter. 
letr.  A.  n.  17.  e  o  Padre  D.  Ant.  Caet.  de  Souf. 
no  Appar.  à  Uifi.  Gen.  da  Cafa  Real  de  Portug. 
pag.  71.  §.  54. 

AFFONSO  DO  VALLE,  natural  dos 
Arcos  de  Valdevez,  no  Arcebifpado  de  Braga, 
e  filho  de  Affonfo  Annes,  e  Catharina  Annes 
entrou  por  Coadjutor  temporal  da  Companhia 
àe  Jefus  no  Collegio  de  Coimbra  a  11.  de 

i 


janeiro  de  1)89.  quando  contava  22.  amios 
de  idade.  Foraõ  Angulares  as  virtudes,  que 
pra£ticou,  affim  no  eílado  de  fecular,  como 
de  Religiofo  pelas  quaes  mereceo  alcançar 
feliz  morte  a  6.  de  Março  de  1648. 

Compoz  (  faò  palavras  do  Padre  António 
Franco  Jmag.  da  virtud.  do  Nop.  de  Coimh. 
Tom.    I.  cap.    58.  efcrevendo  a  vida  defte 

Irnuõ )  três  livros  efpiriíuaes  todos  da  fua  letra 

hum  defles  livros  era  de  Meditafoens,  o  qual  por 
fua  morte  defapareceu;  o  fegundo  de  exemplos 
donde  tirava  hiflorias  com  que  era  gratifjimo  aos 
ouvintes:  o  terceiro  era  hum  livrinho  de  fentimentos 
feus.  Deftes  tranfcreveo  o  Padre  Franco 
grande  parte  na  obra  afílma  allegada,  que  íe 
podem  ler  defde  o  cap.  55.  até  57.  nos  quaes 
efcreveo  feu  author  todos  os  fucceflbs  da  fua 
vida  antes  de  fer  Religiofo,  e  depois,  que 
profeflbu  o  inftituto  da  Companhia  de  JESUS. 

AFFONSO  DE  VALERA,  natural  de 
Villanova  de  Portimão  no  Reyno  do  Algarve» 
e  morador  em  Lisboa,  onde  cafou,  e  morreo. 
Foy  muito  applicado  ao  eftudo  das  letras 
humanas,  e  principalmente  à  compoííçaõ 
de  verfos  na  lingua  materna,  em  que  naò 
foy  infeliz  a  fua  Mufa.  Tinha  prompto  para 
fe  imprimir  em  o  anno  de  1600.  a  obra 
feguinte. 

Armonia  efpiritual  dividida  em  fette  tomos 
fobre  os  pajfos  principaes  da  Vida  de  Chrijio^ 
Senhor  Nojfo. 

Outro  que  tratava  de  Cavallarias. 

D.  AFFONSO  DE  VASCONCELLOS, 
e  MENEZES,  natural  de  Lisboa  filho  11. 
de  D.  Joaõ  de  Menezes  e  Vafconcellos  II. 
Conde  de  Penella,  Vedor  da  Fazenda,  que 
fervio  pelo  largo  efpaço  de  defefeis  annos,. 
e  de  D.  Maria  de  Attayde  filha  de  D.  Joaõ 
de  Soufa  Capitão  dos  Ginetes  do  Infante 
D.  Fernando.  Foy  ornado  de  partes  dignas 
de  feu  illuílre  nacimento  pelas  quaes  mere- 
cendo occupar  os  lugares,  que  tiveraõ  feus 
Mayores,  naõ  exercitou  outro  mais,  que 
o  de  Capitão  dos  Ginetes  de  ElRey  D.  Joaõ 
o  III.  por  Alvará  paííado  a  5.  de  Mayo  de 
1526.  e  o  foy  taõbem  delRey  D.  Sebaftiaõ 
até  o  anno  de  1573.  em  que  morreo,  fucce- 
dendolhe  Femaõ  Martins  Mafcarenhas.    Ca- 


54 


BIBLIOTHE  CA 


fou  com  D.  Guiomar  Soares  herdeira  de  Lopo 
Soares  de  Albergaria  Governador  da  índia, 
■de  quem  naõ  teve  defcendencia.    Efcreveo. 

Carta  a  E/Rey  D.  Joaõ  o  III.  em  8.  de  No- 
vembro de  1547.  Começa.  Se  a  grandet^a, 
virtude,  e  conciencia  de  V.  A..  &c. 

He  huma  forte  inve6Hva  contra  efte  Prin- 
•cipe  arguindo-o  de  injuílo  por  naõ  ter  pre- 
miado os  feus  merecimentos. 

AFFONSO  VAZ  DA  COSTA  Infigne 
Mufico  do  feu  tempo,  ou  cantando,  ou 
compondo,  pelas  quaes  partes  mereceo  em 
Roma,  para  onde  na  flor  da  fua  adolefcencia 
partira,  os  applaufos  dos  mayores  profef- 
fores  delia  Arte.  A  fama,  que  corria  da  fua 
grande  fciencia  obrigou  a  que  fofle  convi- 
dado com  largos  partidos  para  Meftre  de 
algumas  Cathedraes,  fendo  provido  primei- 
ramente na  de  Badajoz,  e  ao  depois  na  de 
Ávila,  onde  por  largo  tempo  eníinou  Muíica 
aíTim  praâica  como  efpeculativa,  fahindo 
da  fua  efcola  taes  difcipulos,  que  depois  aííom- 
ibraraõ  como  Meftres  a  toda  Efpanha.  Mor- 
reo  em  Ávila  no  principio  do  Século  paíTado. 

As  fuás  obras  Muíicas  principalmente 
as  fagradas  mandou  procurar  o  SereniíTimo 
Rey  D.  Joaõ  IV.  iníigne  profeííor  delia  Arte, 
e  com  ellas  ornou  a  fua  Bibliotheca  Real 
^da  Muíica. 

AFFONSO  VILHAFANHE,  GIRAL,  E 
PACHECO,  a  quem  huns  fazem  natural  do 
Porto,  e  outros  de  Almeyda.  Foy  homem 
mercantil,  e  hum  dos  mais  peritos  Arithme- 
ticos,  que  houve  no  feu  tempo,  como  clara- 
mente  o   manifeíla  a   obra  feguinte. 

Flor  de  A.rithmetica  neceffaria  ao  ujo  dos 
Câmbios,  e  Quilatador  do  ouro,  e  prata,  livro 
o  mais  curiojo,  que  tem  fahido.  Lifboa  por 
Giraldo  da  Vinha.  1624.  8. 

AGOSTINHA  BARBOSA  DA  SYL- 
VA  igualmente  douta  na  lingua  Latina,  que 
na  Arquitetura,  de  cujo  grande  talento,  que 
floreceo  pelos  annos  de  1674.  como  das 
fuás  obras,  que  compoz,  fazem  merecida 
lembrança  Diogo  Manoel  Ayres  de  Aze- 
vedo Portug.  Illujlrad.  pelo  Jex.  fem.  pag.  81. 
'§.  17.  e  Damiaõ  de  Froes  Perim  no  Theat. 


Heroin.  das  mulher.  Illujl.  Tom.  i.  pag.  114. 
Deixou  compoíio  na  lingua  Latina. 

Vida  dos  cinco  primejros  Keys  de  Portu- 
gal, e  na  vulgar 

Tratado  de  Architeãura,  e  Arithmetica  o 
qual  fahio  em  Caílella  com  o  nome  de  Pedro 
de  Albornoz. 

Fr.  AGOSTINHO  DE  AZEVEDO  Re- 
ligiofo  profeíTo  dos  Eremitas  Auguíiinianos 
da  Congregação  da  índia,  e  muito  verfado  em 
as  noticias  hiíioricas  das  acçoens,  que  obrarão 
os  Portuguezes  em  todo  o  Oriente  efcrevendo 

Appontamentos  fobre  as  coui^as  da  índia, 
e  Rejno  de  Monomotapa,  cujo  Original  ef- 
crito  na  lingua  Portugueza  fe  conferva  M. 
S.  em  folha  na  Bibliotheca  delRey  Catho- 
Uco  como  affirma  o  moderno  Addicionador 
da  Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ  Tom. 
I.  Tit.  3.  col.  77. 

AGOSTINHO    BARBOSA,    hum    dos 

mais  famofos  varoens,  que  produzio  Portu- 
gal para  credito,  e  ornato  da  Republica 
Litteraria.  Naceo  na  celebre  Villa  de  Guima- 
raens  a  17.  de  Setembro  de  1590.  fendo  filho 
do  Licenciado  Manoel  Barbofa,  que  illuíirou 
as  Leys  do  Reyno  com  doutos  commentarios, 
de  quem  em  feu  lugar  fe  fará  diítinéia  memo- 
ria, e  de  fua  mulher  Ifabel  Vaz  da  Coíla. 
Como  a  naturefa  queria  formar  nelle  hum 
monílro  de  Sabedoria  fe  anticipou  a  ornallo 
de  juizo  penetrante,  memoria  tenaciflima, 
comprehensaõ  prodigiofa,  e  engenho  admi- 
rável, cujos  dotes  de  tal  forte  brilharão  na 
idade  pueril,  que  feu  Pay  com  exemplo  nunca 
viílo  lhe  enfinou  primeiramente  fallar  a  lingua 
Latina,  que  a  materna,  percebendo  com  tal 
velocidade  os  primores  daquelle  idioma, 
que  com  pafmo,  e  admiração  dos  feus  Vete- 
ranos profeflbres,  quando  ainda  naõ  con- 
tava quinze  annos,  publicou  hum  Vocabu- 
lário Portuguez,  e  Latino  igualmente  douto, 
e  fácil  para  a  iníirucçaõ  da  Gramática  Latina. 
Deixada  a  Pátria  paíTou  a  Coimbra  mais  para 
enfinar,  que  para  aprender,  onde  applican- 
do-fe  ao  Direito  Cefareo,  e  Pontifício  pelo 
efpaço  de  dez  annos,  graduado  neílas  Fa- 
culdades para  claro  argumento  de  que  fem- 
pre  fora  Meíire,  e  nunca  difcipulo  publicou  as 


LUSITANA. 


55 


doutinimas  Rcmiflbcns  ao  Concilio  de  Trento, 
cujft  obra  foy  recebida  com  tanto  applaufo  pelo 
Orhc  Litterario,  que  em  diverfas  partes  dellc 
fe  vio  reproduzida  em  multiplicadas  ediçoens. 
Amlnciofo  da  communicaçaõ  de  Varoens  Sá- 
bios imitando  a  Pythagoras,  e  Plataõ,  que 
com  largas  peregrinaçoens  buícaraõ  efte  eru- 
dito comercio,  difcorreo  pellas  famofas  Uni- 
vcrfidadcs  de  Itália,  França,  e  Alemanha,  onde 
teve  tantos  admiradores  do  feu  profundo  ta- 
lento, quantos  eraõ  os  que  com  elle  praélica- 
vaõ,  como  foraõ  Martinho  Bonacina,  Joaõ 
António  MaíTobria,  Juliano  Viviano,  Belchior 
Lottcrio,  António  Ricciolo,  Fclix  Contclorio, 
Mário  Antonino,  Sigifmundo  Scacia,  e  Eílevaõ 
Graciano  contrahindo  com  elle  todos  eftes  ce- 
lebres Varoens  a  mais  cftrcita  amifadc,  ou  foíTe 
j-)clla  docilidade  do  génio,  ou  pela  fympatia  da 
fcicncia.  Mayores  veneraçoens  alcançou  em 
Roma,  que  como  cabeça  do  mundo  foube 
conhecer  com  mais  viva  penetração  a  profun- 
didade das  fuás  letras.  Declaroufe  feu  Mecenas 
o  Qrdial  Joaõ  Garcia  Mellino,  e  para  de  algum 
modo  premiar  o  feu  merecimento  lhe  alcançou 
da  Santidade  de  Urbano  VIU.  a  Thefouraria 
mór  da  Collegiada  de  Guimaraens  em  que  foy 
provido  tendo  largado  a  Abbadia  de  Men- 
treftido.  Naõ  permitio  a  Cúria,  que  efti- 
veíTe  para  feu  beneficio  ociofa  a  capacidade 
lie  taõ  grande  homem,  e  para  efte  fim  fendo 
Prothonotario  Apoftolico  foy  eleyto  Cenfor 
lie  livros,  e  Confultor  da  Sagrada  Congre- 
gação do  Index.  Era  taõ  clara  a  fama  do  feu 
nome,  que  chegando  os  feus  eccos  à  noticia 
do  Duque  de  Saboya  Carlos  Manoel,  o  cha- 
mou de  Roma,  offerecendolhe  generofos 
donativos  para  que  foíle  habitar  na  fua  Corte. 
Semelhante  obfequio  lhe  fez  a  RepubUca  de 
Veneza  mandando  aos  feus  Embaixadores 
Frãcifco  Cornaro,  e  Joaõ  JuíHniani,  que  o 
condufiflem  em  fua  companhia  no  anno  de 
1634.  para  illuftrar  como  Meílre  a  fua  Uni- 
verfidade.  Naõ  foraõ  poderofas  todas  eftas 
perfuafoens  authorizadas  com  a  efficacia  de 
taes  Principes  para  que  deixaíle  Roma,  onde 
preferindo  o  eíludo  à  conveniência  paílava 
taõ  falto  dos  bens  da  fortuna,  como  abim- 
dante  dos  dotes  da  natureza.  Habitava  em 
huma  cafa  humilde  contigua  ao  Convento 
dos  Religiofos  Minimos   onde  comia  huma 


fó  vez  no  dia.  A  fumma  pobreza,  que  o  redufia 
a  tanta  abAinencia,  lhe  negava  com  que  pudeííe 
comprar  livros  para  adiantar  as  fuás  doutas 
compofíçoens.  Para  reparo  defta  falta  taõ  noci- 
va ao  progreíTo  dos  feus  eíhidos,  tinha  con- 
trahido  pela  innocencia  da  fua  vida,  e  affabili- 
dade  do  feu  génio  amifade  com  todos  os  Livrei- 
ros, em  cujas  cafas  eíhidava  defde  a  menhaã  até 
à  tarde,  donde  voltando  para  a  fua,  era  tal  a 
tenacidade  da  memoria,  que  naõ  fomente  levava 
nella  fixas  as  opinioens,  e  refoluçoens  dos  Dou- 
tores, que  lera,  mas  ainda  o  numero  das  pagi- 
nas, e  dos  parágrafos  dos  livros  onde  eíbivaõ. 
Na  diuturna  aíTiílencia,  que  por  duas  vezes  fez 
em  Roma,  como  experimenta/Te  a  fortuna 
pouco  favorável  aos  feus  defignios  paííou  a 
Madrid  para  com  a  mudança  da  terra  melhorar 
de  eftado.  Nefta  Corte  aprezentou  á  Magef- 
tade  de  Filippe  IV.  hum  douto  Memorial,  em 
que  relatava  com  grande  finceridade  os  rele- 
vantes ferviços,  que  tinha  feito  tanto  em  obfe- 
quio da  Igreja,  como  da  Monarchia,  pelos 
quaes  efperava  adequada  remuneração  da  libe- 
ralidade Real.  Atendendo  Filipe  IV.  a  taõ  altos 
merecimentos  o  nomeou  em  26.  de  Fevereiro 
de  1648.  Bifpo  de  Ughento  no  Reyno  de  Ná- 
poles fuffraganeo  do  Arcebifpado  de  Otranto. 
Tanto  que  recebeo  a  noticia  defta  dignidade  par- 
tio  para  Roma,  onde  na  Igreja  de  N.  Senhora 
do  Populo  foy  Sagrado  pelo  Cardial  dela  Cueva 
em  5.  de  Abril  do  mefmo  anno.  O  cuidado 
das  fuás  ovelhas  o  chamou  com  toda  a  brevidade 
para  que  entraííe  no  Bifpado  em  10.  de  May  o 
de  1649.  onde  defempenhou  as  obrigaçoens 
de  vigilante  Paftor,  vifitando  toda  a  Dioce- 
fe,  e  reformando  os  abufos,  que  pela  inércia 
de  outros  Prelados  fe  tinhaõ  efcandalofa- 
mente  introdufidos.  Nas  horas  vagas  do 
miniílerio  paíloral  continuava  fuás  compofi- 
ções  com  indefeíía  applicaçaõ  para  com  ellas 
utilizar  a  republica  litteraria.  Porém  quan- 
do parecia,  que  era  mais  neceílaria  a  fua  du- 
ração, foy  accommetido  de  huma  leve  in- 
fermidade,  que  degenerando  em  mortal  a 
avifou  de  fer  chegado  o  termo  da  fua  vida. 
Preparoufe  para  efta  luta  com  as  armas  dos 
Sacramentos,  e  recebidos  com  fumma  pie- 
dade efpirou  ás  fette  horas  da  noute  no  feu 
Palácio  Epif copal  em  19.  de  Novembro 
de  1649.  quando  contava  60.  annos  de  idade. 


56 


BIB  LIO  THE  CA 


O  feu  cadáver  foy  fepultado  na  Cathedral 
junto  da  Capella  mór,  em  cujo  maufoleo 
tem  gravado  o  feguinte  epitáfio  compofto 
por  feu  Irmaõ  Simaõ  Vaz  Barbofa  Cónego 
de  Guimaraens. 

D.    O.    M. 

Augufiino  Barbofa  J.  C.  pátria  L,uJitano 
€x  urbe  Uimaramnji;  Emmanuelis  Barbofa  J.  C. 
£ekberimi,  <ò'  in  Regm  h.ufitania  Regis  Procura- 
ioris  filio.  Ingenio,  doutrina,  eruditione,  difcendi 
€upiditate  libris  etiam  in  adolefcentia  editis  admi- 
rabili,  qui  Roma  Pontificij  Júris  volumina  viginti 
duo,  de  Jure  Civili  dedit  in  lucem  oão,  alia  pof- 
thuma  reliquit  edenda;  qui  que  ab  Urbano  VIII. 
Vimarenjis  Ecclejia  Thefaurarius,  à  Philippo  IV. 
Rege  Catholico  ob  eximia  merifa,  doãrinaque 
famam  ad  Epifcopatum  Ugenfinum;  ab  Innocentio 
X.  magnis  cum  laudibus  approbatus,  non  fine 
dolore  majlifjimorum  hominum,  omniumque  fuorum 
fietu  intra  cura  pajioralis  annum  extinãus  ejl 
annofaluiis  humana  MDCXLIX.  atatisfua  LX. 
Se  XIX.  Novembris..  Vivet  in  futurum  fama 
virtutum,  et  in  fuorum  operum  aternitate  femper 
immortalis.  Simon  Vajius  Barbofa  Vimarenjis 
Canonicus  germanus  frater  amantifjimo  fratri 
tamquam  parenti  cum  lacrymis  pofuif  anno  Do- 
mini.    MDCLI. 

Eíle  foy  AgoíHnho  Barbofa,  cuja  me- 
moria fera  celebre  nos  faiios  da  eternidade 
merecendo  pela  fua  fciencia  os  applaufos  dos 
Pontífices,  Monarchas,  e  Varoens  mais  fa- 
mofos  da  Republica  literária.  A  Santida- 
de de  Urbano  VIIL  além  de  o  ennobrecer 
com  hum  Breve  paliado  em  i8.  de  Agoiio 
de  1626.  em  que  lhe  louvava  as  fuás  obras, 
fazia  delias  taõ  particular  efbimaçaõ,  que 
no  primeiro  dia,  que  lhe  beijou  o  pè  o 
Marquez  de  Caílello  Rodrigo  Embaixador 
de  Philipe  IV.  o  levou  à  Camará  onde 
dormia,  e  nella  lhe  moílrou  as  fuás  obras 
como  a  mais  preciofa  alfaya  daquelle  apo- 
fento.  ElRey  Catholico  quando  o  nomeou 
Bifpo,  lhe  engrandeceo  a  fua  virtude,  le- 
tras, e  vida  exemplar,  efperando  de  taõ 
fublimes  dotes,  que  feria  a  Igreja  perfei- 
tamente regida.  Os  Bifpos  de  França,  Itá- 
lia, e  Catalunha  obrigarão  com  Conftitui- 
çoens  Synodaes  aos  feus  Cleros,  que  para 
fe  fazerem  dignos  Miniftros  do  Altar,  eíhi- 
daíTem    fomente    pelas    fuás    obras.      Leaõ 


Allatio  Apes  Urban.  pag.  530.  lhe  chama 
doãiffimum,  (&  in  Canonicis  quaflionibus  deci- 
dendis,  ac  rebus  Hcclefiaflicis  verfatiffimum.  Mi- 
guel Joaõ  de  Vimbodi  in  Med.  Anim. 
Vir  raris  doãrina  ornamentis  excultus,  cujus 
ingenij  candorem  affiduumque  in  fcribendo  fludiU 
fapius  nos  experti,  variaq  ipjius  opera  Orbi 
propofita  ad  pofleritatem  non  ingrata  teftabun- 
tur.  Joan.  Nic.  Erithra^us,  alias  Joan.  Vic- 
torius  de  RoíTi  in  Pinacoth.  Vir.  illujl.  Me- 
moria erat  fummá,  fingulari,  incredibili;  hac 
erat  illi  pro  Bibliotheca,  imo  hac  omnes  omnium 
Bibliothecas  fuperabat.  Fr.  Lud.  à  Concept. 
in  Exam.  Verit.  Theol.  Moral.  Trad.  3. 
Part.  I.  cap.  2.  Corollar.  i.  n.  i.  Doãor 
Sapientiffimus.  Lorenç.  Gracian.  no  Critic. 
Part.  I.  Crif.  11.  Diò  fortuna  un  revés  de 
pobreza  a  un  Agujlin  Barbofa,  y  otros  hom- 
bres,  quando  deviera  ha^erles  mercedes.  e  Part.  2.  i 
Crif.  12.  Con  ejias  penas  de  Fénix  efcrivie- 
ron  Baronio,  Bellarmino,  Barbofa  &c.  D.  Franc. 
Moren.  Porcel  no  Retrat.  de  Manoel  de  Fa-  j 
ria,  e  Souf.  §  75.  Celeberrimo  Doãor,  e  Iluf- 
triffimo  Obifpo.  D.  Joaõ  Caftilho  Sotom. 
in  Tom.  7.  de  Tertiis  cap.  41.  n.  179. 
Agnofcimus  namque  eum  fummo  labore,  <ò^  in- 
genti  cura,  (ò'  deligentia  tam  in  aliarum  re* 
rum  commentariis,  quám  in  cumulandis  omnium 
facultatum  authoribus,  totiufque  júris  Canonici 
decijionibus,  atque  ex  illis  conclujionibus  deduãis 
ad  fummam  quamdam  reducendis,  (ò'  exornan- 
dis  magnum  reipublica  beneficium,  univerfam- 
que  omnium  utilitatem  fe  habuijje.  Theophilus 
Raynaud.  in  Breviar.  Chriji.  Chronolog.  Claíle 
Ult.  injignis  Auguflinus  Barbofa.  Luiz  Mufiòs 
Vid.  de  Fr.  Luiz  de  Granad.  lib.  3. 
cap.  7.  conocido  por  fus  muchos  y  doãos  efcritos. 
Julius  Vinfodinus  in  Rep.  Can.  Cap.  fup. 
fpec.  de  Magiftrat.  Part.  2.  n.  82.  Augufiino 
Barbofa  fludiofi  omnes,  atque  univerfa  refpublica 
litteraria  propter  rarum,  (&  admirabile  ejus  in- 
genium,  fummamque  in  fcribendo  dexteritatem 
plurimum  debet,  qui  non  inanis  tituli  gloria  duc- 
tus,  fed  communi  utilitatis  commodo  inflamatus 
máxima  nominis  celebritate  per  plures  annos 
ahfque  ulla  ufque  huc  honefifjimorum  fuorum 
laborum  remuneratione  in  fuis  libris  edendis  plu- 
rimum infudavit,  <&  utiliter  laboravit.  UgheUo 
Ital.  Sacr.  tom.  9.  pag.  149.  fub  tit.  Epifcop. 
Uxentin.  Scriptis  fuis,  <&  libris  editis  Chrifliam 


ifiiam   jUj 

Á 


LUSITANA. 


Orbi  celtherrimus,  omnitmique  exijlimatione  pra- 
flarus.  Albcrt.  Aldan.  in  Comp.  Can.  Dec. 
cap.  3.  n.  21.  Vir  doCliffimus,  qiii  felici- 
hr  in  Romana  Cúria  me  ibi  time  degentt  in 
éiverjifqne  Itália  partihus  qmm  plurima  Juo 
inj^enio  dijeni/Jirna  tmiverfis  idemtidem  utilijfima 
ppera  indtfejfo  Jiudio  elahoravit,  <&  in  lucem  tdi- 
éit.    (lontclor.    dt    Canonis.    Sana.    cap.    15. 

tij.  eriíditijfimiim  o  apcllida.  Salgad.  de 
ttnt.  hiillar.  Part.  2.  cap.  50.  n.  45.  in 
fms  fingidaribus,  multi/que  commentariis  in  lu- 
.cm  editis,  e^  edendis.  D.  Laurent.  Ramir. 
Icl  Prad.  in  AlUnat.  de  Praced.  D.  Petri 
,1c  Vivanc.  e  Vil  la  Gom.  in  Concil,  S.  Cruc. 
II.  8.  Augujlinus  llarbofa  nulli  in  componen- 
dis,  Ó*  dirigendis  JttrifprMdentia  rebus  Jecun- 
dus;  c  cm  o  n.  73.  in  Glof.  Do£íifJimus 
Auguft.  Barbo/a  indefefji  laboris,  <âr  exanthla- 
ta  eruditionis  Magijier.  Macedo  in  hujit.  In- 
fulat.  pag.  iio.  Magni  nominis  ]urifconfulíus. 
i'"r.  Manoel  da  Efper.  Hift.  Seraf.  da  Pro- 
vinda de  Port.  Part.  1.  Liv.  i.  cap.  49. 
n.  4.  Doutor  infigne.  Lud.  Jacob,  a  Santo 
C.arol.  in  Bibliothec.  Pontif.  iib.  i.  Lit.  G. 
Au£ior  percelebris.  Joan.  Soar.  de  Brit.  in 
Theatr.  Lujit.  Litter.  let.  A.  n.  138.  Vir 
plane  fcribendo  inexhaufttis,  (&  indefejfus,  (ò" 
bac  parte  tum  etiam  Jcriptorum  methodo,  Sti- 
lique  nitore,  ac  facilitate  cum  celebrioribus  avi 
CHJuJque  mérito  componendus.  Fuit  enim  hujus 
atatis  portenfum,  <ò'  júris  antejignanus,  omnique 
laude  maior.  Lorenço  Crajf.  Elog.  d^Huom. 
IJtterat.  Part.  2.  pag.  256.  Niegar  non  Ji  dee 
ad  Agojiino  quella  gloria,  cffè  douuta  alie  fue 
fatiche,  ai  Juo  mérito.  Poiche  indubifabilmente 
(iffermar  Ji  puo  clfegli  tra  moderni  Canonijli  hab- 
bta  occupato  il  primo  luogo.  O  Padre  AgoíHnho 
de  Caftro  da  Companhia  de  JESUS,  orando 
nas  fuás  Exéquias  diíTe  com  eloquente  energia. 
Si  ai  numero  de  los  ef cri  tos  corr ef ponde  el  delas 
l»Zes,  mas  rajos  tendrà  el  roftro  dei  D.  Agujlin 
Barbo/a,  que  los  podemos  contar  ai  Sol.  Veinte 
y  uno  tomos  de  diferentes,  e  gràvijjimas  matérias 
dexò  ejlampadas,  do^e  acabados  para  ejiampar 
que  Jeran  poftumos  todos,  ha^en  treinta,  y  três, 
que  Jiendo  fuperiores  aios  mas  en  los  aciertos  lo 
fon  en  el  numero  a  todos,  pues  ninguno  ejcritor  há 
fcnido  la  Iglefia,  que  le  haya  dado  tantos.  Die^- 
Jiete  dexo  hà  quatro  jiglos  el  Angélico  DoHor 
Santo  Thoma^;  veinte  y  quatro  dos  Jiglos  bà  el 


57 

Abulenft;  en  efle  jigjo  mas  fértil  deftes  frutos 
eflampò  dela  Theolopa  Efcolafliea  veinte  y  mo  el 
Padre  Suares:  de  eontroverfias  contra  hereges 
diexyjiete  Jacobo  Grethfero;  dela  expojicion  de 
toda  la  Efcritura  Sagrada  viente  y  uno  Comelio 
Alapide;  pêro  ni  en  efle  figlo,  ni  en  los  paffados  há 
havido  quien  llegue  a  treinta  y  três.  Nic.  Ant. 
in  Biblioth.  Hifp.  tom.  i.  pag.  155.  Plane 
libris  fuis  Jurifprudentiam,  €>  Canonum  Sacro- 
rum  Studiofos  mire  inflruxit,  ut  pro  integfa 
Bibliotheca  PontificiJ  faltem  Júris  unus  Barbofa 
defervire  pojfe  videatur.  FranciTco  Lcitaõ  Fer- 
reira. Not.  Chronol.  da  Univ.  de  Coimbr.  pag. 
121.  n.  292.  lhe  chama  celebre,  c  pag.  570. 
n.  1 207.  infiffie.  Souza  de  Maced.  ¥lor.  de  Efpan. 
cap.  2.  Excel.  i.  letr.  G.  doutiffimo.  Manoel 
de  Far.  e  Souf.  no  Catai,  dos  Auth.  Portug. 
cujo  Original  tivemos  em  noflb  p>oder,  c  hc 
muito  mais  diífufo,  e  totalmente  diíferente 
do  que  imprimio  no  Epitom.  das  Hifl.  Por- 
tug. Part.  5.  cap.  ij.  fallando  de  AgoíHnho 
Barbofa  diz:  Tiene  efcrito  muchos  volumenes 
en  derecho,  que  fon  alivio  delos  Jurifconful- 
tos.  Carvalho  Corog.  Port.  Tom.  i.  Trat. 
I.  cap.  18.  NaÕ  he  necejfario  para  encarecer 
fuás  letras  mais,  que  nomeallo,  e  fica  conhecido, 
naõ  fó  em  Portugal,  mas  em  todos  os  Reynos 
eflranhos,  onde  fe  eflimaõ  os  feus  livros  affim 
no  fecular,  como  no  Ecclejiaflico,  pela  reputa- 
ção da  fua  doutrina.  Capafli  Hifl.  Philof 
p.  453.  Brentan.  Epitom.  Chronolog.  ad  an. 
1649.  Souza  no  Cathalog.  Hifl.  dos  Bifp.  que 
tiver aS  Diecefe  fora  defle  Reyno.  pag.  105. 
Simon  Biblioth.  Hifloriq.  des  Autheurs  du 
Droit.  Tom.  i.  pag.  33.  e  Fr.  Bento  Jero- 
nymo  Feijoo  Theatr.  Crit.  tom.  4.  Difc. 
14.  n.  II.  onde  fegue  a  errada  opinião 
de  alguns  efcritores,  de  que  as  primeiras 
obras  que  produzio  Agoílinho  Barbofa,  naõ 
eraõ  fuás,  mas  de  feu  Pay  Manoel  Bar- 
bofa. 

Cathalogo  das  obras  impreíTas. 

Diãionarium  Eufltano-Iuitinum.  Bracharae 
Auguílíe  apud  Fruâiuofum  Laurentium  de 
Bailo.  161 1.  foi.  Foy  dedicado  a  D.  Fr.  Pru- 
dencio  do  Sandoval  Bifpo  de  Tuy. 

Remiffiones  Dodtorum  in  varia  loca  Concilij 
Tridentini.  UlyíTipone  apud  Petrum  Craes- 
beeck.  161 8.  4.  Toleti,  Brixias  1620.  An- 
tuerpise,     e     Lugduni    in    8.     &    ibi    apud 


58 


BIB  LIOTHE  CA 


Laurent.  Durand.  1642.  foi.  &  1657.  foi.  & 
ibi  apud  AniíTon  et  PoíTuel  1721.  foi.  Venet. 
per  Dominic.  Lovifa  1726.  et  ibi  per  eum- 
dem  1735.  foi. 

Cafiigationes ,  additamenta,  <&  Kemifjiones  Pa- 
rentis  fui  in  Ordinat.  Regias  'Lufitanas.  Ulyf- 
fipone  apud  Petrum  Crasbeeck  1620.  foi. 
Defta  obra  confeíTa  o  Licenciado  Manoel 
Barbofa  ad  lib.  4.  Ordinat.  Tit.  97.  n.  4.  que 
grande  parte  delia  compuzera  feu  filho  Agof- 
tinho  Barbofa.  Nojlras  lucuhrationes  miro  or- 
dine  difpofuit,  multa  addidit,  (&  quafiionum , 
quas  remijjive  colligeham,  iterum  Doãores  percur- 
rens  dúbia  aperuit,  (0°  ohjcura  explanavit. 

Kemifjiones  Doãorum  de  diãionihus,  et  clau- 
fulis.  Romíe  per  hasredes  Bartholamaei  Zan- 
neti.   1621.  4. 

De  Officio,  et  potejlate  Epifcopi  tripartita 
dejcriptio.  Romae  typis  Rev.  Camer.  Apoftol. 
1623.  foi.  et.  Parif.  apud  Michael.  Sonium 
1625.  foi.  Venetiis  per  Guilielm.  Facciotum. 
1639.  4.  et  Lugdun.  apud  Laurent.  Durand. 
1628.  foi.  2.  Tom.  cum  additam.  ibi  apud 
Philip.  Borde,  Laurent.  Arnaud.  et  Claud. 
Rigaud.  1650.  foi.  e  pelos  mefmos  1656. 
foi.  &  ibi  fumptibus  AniíTon,  &  PoíTuel 
1724.  foi.  2.  Tom.  Venet.  apud  Dominicum 
Louifa  1726.  foi.  et  ibi  per  eumdem  1735. 
foi. 

Formularium  Epifcopale  in  quo  varia  conti- 
nentur  formulíB  ad  Epifcopalem  Jurifdiãionem  ri  te, 
et  reãe  exercendam  maximé  utiles,  <&  necejjarice. 
Cólon.  Agripin.  1681.  4.  &  Lugd.  fumptibus 
AniíTon  et  PoíTuel  1724.  foi. 

VaricB  Júris  traãationes  in  quihus  continentur 
quinque  Traãatus  legales  juxta  feriem  alphabe- 
ticam  miro  ordine  difpojiti.  Prima  de  axioma- 
tihus  Júris,  u/u  frequentibus.  Secunda  de  Appella- 
tiva  verborum  jignificatione.  3.  de  locis  communi- 
bus  argumentorum  Júris.  4.  de  Claujulis  uju  fre- 
quentibus. 5.  de  Diãionibus  ufu  frequentioribus. 
Lugduni  apud  Laurent.  Durand.  1631.  foi. 
&  ibi  apud  Laurent.  Arnaud.  1644.  foi.  &  ibi 
fumptibus  Proíl.  Arnaud.  et  Rigaud.  1660. 
foi.  Argentorati  1652.  4.  &  Lugduni  apud 
AniíTon  et  PoíTuel.  171 8.  foi.  Venet.  apud 
Dominic.  Lovifa  1722.  &  ibi  per  eumdem 
1735.  foi. 

De  Officio,  et  potejlate  Parocbi.  Romae  apud 
Guilielm.  Facciotum.   1632.  foi.  et  ibi  apud 


Camerales.  1622.  Mais  acrecentado  Lugd. 
apud  Lauren.  Durand.  1634.  cum  additioni- 
bus  ibi  apud  Laur.  Arnaud.  1640.  et  1665. 
et  Venetiis  apud  Sarzinam.  1641.  4.  et 
Lugd.  apud  haeredes  Proíl.  Borde  et  Ar- 
naud. 1648.  1655.  Venetiis  apud  Antonium 
Mora  1720.  4.  &  ibi  fumptibus  AniíTon, 
&  PoíTuel  1723.  foi.  Venetiis  apud  Dominic. 
Lovifa   1726.   et  ibi  penes  eumd.   1735.  foi. 

De  Canonicis  et  dignitatibus  aliis,  qucB  inje- 
rioribus  Benejiciariis  Cathedralium ,  et  Collegia- 
tarum  Ecclejiarum,  eorumque  officiis  tam  in  choro, 
quàm  in  Capitulo.  Romãs  apud  Franc.  Corbel- 
letum.  1632.  4.  Venetiis  apud  Thadasum 
Pavonium.  1641.  4.  et  ibi  apud  Sarzinam. 
1641.  4.  Mais  addicionado  Lugdun.  apud 
Laurent.  Durand.  1634.  foi.  &  ibi  apud 
Laurent.  Arnaud.  1640.  &  ibi  per  híeredes 
Proft.  Borde,  &  Arnaud.  1648.  &  1658.  foi. 
&  ibi  apud  AniíTon,  &  PoíTuel.  171 8.  foi. 
Venet.  per  Dominic.  Lovifa  1726.  foi.  & 
ibi  1735  foi. 

Traãatus  de  Jure  Exclejiajiico  Univerfo  in 
quo  de  perjonis,  et  locis  EccleJiaJiicis  plenifjime 
agitur  tomi  duo  Lugd.  apud  Laurent.  Durand. 
1634.  foi.  et  ibi  apud  Petrum  Proít.  Philip. 
Bord.  et  Laur.  Arnaud.  1645.  et  iterum  apud. 
eosdem  1650.  in  foi.  &  ibi  fumptibus  AniíTon 
et  PoíTuel.  171 8.  foi.  2.  Tom.  Venet.  per  Dom. 
Louifa.  1726.  &  ibi  1735.  foi. 

Praxis  exigendi  penjiones  contra  calumnian- 
tes,  (&  differentes  illas  folvere,  cui  accejjerunt 
vota  aliquot  decijiva,  (ò"  conjultiva  Canónica. 
Barcinone  apud  Gabrielem  Nogues.  1635. 
foi.  et  Lugd.  apud  Laurent.  Durand.  1636. 
et  1643.  &  ibi  fumptibus  Philip.  Bord.  Lau- 
rent. Arnaud.,  &  Claud-Riguaud.  1653.  foi. 
&  ibi  fumptibus  AniíTon,  &  PoíTuel  1722. 
foi.  Venet.  per  Domin.  Louifa  1726.  &  ibi 
per  eumdem  Typ.  1735.  foi. 

Colleãanea  Bullarij,  aliarum  ve  Jummarum 
Pontificum  Cojlitutionum,  nec  non  pracipuarum 
Decijionum,  qua  ab  Apojlolica  Sede,  ac  facris 
Congregationibus  S.  R.  E.  Cardinalium  Roma 
celebratis  ufque  ad  annum  1633.  emanarunt.  Lugd. 
apud  Laurent.  Durand.  1634.  4.  &  ibi  1637. 
Venetiis  apud  Jacobum  Sarzinam  1636.  4.  & 
Lugd.  fumptibus  AniíTon,  et  PoíTuel.  1721. 
foi.  Venet.  apud  Dominic.  Louifa  1726.  &  ibi 
1735.  foi.    Depois  com  o  titulo. 


L  USITAN  A. 


Stmwa  Apojlolicarum  Decifionum.  Lugdun. 

aputl    l^ctrum    Philip.    Borde,    flc     Laurcnt. 

Arnaud.  164J.  et  16 j  8.  Gencv«  apud  Joan. 

(Ic   Tournes    1650.   foi.    &    Lugdun.    apud 

XniíTon  et  PoíTuel.  1722.  foi. 

ColleHanta  Doítorum,  qui  in  Juis  opmhus 
varia  loca  Concilij  'Irideníini  incidcnter  íraíia- 
mt.  Lugd.  apud  Laurent.  Arnaud.  1634. 
Itcrum  mui  tis  Do£lontm  allegationibus ,  ac  ipsim 
íesíft  exornata  ibi  1641.  foi.  flc  ibi  apud  h«red. 
l'roft.  Borde,  &  Arnaud.  1645.  6c  ibi  per 
tosiicm  1657.  foi.  Vallifoieti  apud  Hieronym. 
Morillo  1621.  4. 

ColleHama  Doíhriim  tam  venetuni,  quàm 
ctntiorum  in  Jus  Pontificit4m  IJniverJum  in 
uituor  Tomos  divifa.  Romx  apud  Imprcflbres 
t  .imcr.  Apoftol.  1626.  c  1629.  foi.  Lugd. 
ipud  Laurent.  Durand.  1636.  foi.  5.  Tom. 
&  ibi  apud  hxrcd.  Philip.  Proft.  Borde, 
(S:  Arnaud.  1650.  c  1656.  6.  tom.  in  foi. 
»Sc  ibi  fumptibus  Aniflbn,  &  PoíTuel  17 16. 
tol.  6.  tom.  &  Venetiis  apud  Dominicum 
l.ovifa  1722.  foi.  &  ibi  per  eumdem  1735. 
tol. 

Seleíia  Júris  Univerji  interpretationes  addenda 
Colle£ianeis  Doãorum  fuper  quinque  priores  De- 
cretalitim  libros.  Romae  apud  Francifcum  Cor- 
boletum.  1626.  foi.  Lugd.  apud  haeredes 
Proft.  Bord,  &  Arnaud.  1648.  &  per  eosdem 
1656.  foi. 

Colleãama  DoãoruM  in  Jus  Civile  Univer- 
fiim  in  duos  tomos  divifa.  Primus  continet  Col- 
leãanea  in  três  priores  libros  Codicis.  Secundus 
Colleâanea  in  quartum,  <&  quintum  ejufdem  Codi- 
cis. Lugd.  apud  Gabrielem  BoiíTat  1638.  & 
ibi  per  haeredes  Proft.  Borde,  e  Arnaud. 
1648.  &  ibi  per  eosdem  1657.  &  1660.  foi. 
&  ibi  fumptibus  AniíTon,  &  PoíTuel.  1720. 
foi.  2.  tom.  &  Venet.  apud  Dominic.  Lovifa 
1726.  &  ibi  per  eumdem  1735.  foi. 

Memorial  a  la  Catholica,  y  Keal  Magejiad 
de  Filipe  IV.  f  obre  la  remuneracion  de  Jus  ejludios 
tambien  logrados  en  utilidad  publica  con  la  impref- 
fion  de  veinte  y  un  tomos  en  las  facultades  de  Câ- 
nones,y  Leys  muchas  ve:(es  facados  à  lu^  en  diverfas 
partes  de  Europa.  Madrid  en  la  Imprenta 
Real.  1640.  4. 

Keperforium  Júris  Civilis,  <&  Canonici  ex 
rariis  Aiígnjlini  Barbo/a  fcriptis  collectum.  Lugd. 
fumptibus  Joan.  Antonii  Huguetan,  &  Guil- 


59 

lieimi  Barbicr.  1668.  foi.  Eíla  obra  íâhio 
pofthuma  por  deiigencia  de  feu  Irmaõ  Simaõ 
Vaz  Barlx)fa. 

Gsmpoz  Agoftinho  Barboía  doutininias 
Aiiegaçoens  contra  Baithefar  Dias  da  Foafeca, 
que  repugnava  pagarlhc  a  penfaõ  da  Thefou- 
raría  mòr  de  Guimaraens,  que  neiie  tinha 
renunciado,  cuja  controverfia  durou  o  largo 
efpaço  de  quatorze  annos,  fendo  as  príncí- 
paes  as  íeguintes,  que  todas  vimos. 

Alligaíio  Júris  uná  cum  fummario  fcriptu- 
rarum  in  Sacra  Rota  produíJarum  in  própria 
cau/a  hracharenjis  KegreJJus,  Jive  ingrejfus  ad 
The:(aurariam.  Romx  apud  Franc.  Caballum 
1630.  foi. 

Por  el  Doítor  Aguftin  Barbo/a  con  Baithefar 
Dias  de  Afonjeca  fobre  el  valor  de  los  mandatos, 
/entendas,  Cenfuras,  y  fequeftros  dei  Auditor  dela 
Camará  Apojlolica,  y  Sagrada  Rota  de  Roma. 
foi.  fem  lugar,  e  anno  da  impreíTaõ. 

Bracharenjis  Regreffus,  jive  ingrejjus  ad  The- 
v^aurariam.  in  foi.  fem  lugar,  nem  anno  da 
ediçaõ. 

Informaciones  en  hecho  y  derecho  en  la  caufa 
dela  penjion  y  regre  ff  o  que  el  Doítor  Agujlin  Bar- 
bo/a tiene  canonizado  ala  Theforaria  mayor  dela 
Colegial  de  Guimaraens  contra  Baithefar  Dias 
da  Fonfeca  intrujo.  Madrid  en  la  Imprenta 
Real.  foi. 

Verdadera  informacion  en  la  caufa  dei  Doãor 
Agujlin  Barboja  con  Balthe:(ar  Dias  da  Fonjeca 
intrujo  Jobre  la  Theforaria  dela  Colegial  de  Gui- 
maraens con  el  derecho  en  que  Je  Junda  la  jujiicia 
de  Ju  pertencion,  y  con  las  rav^ones,  conveniências,  y 
particulares  rejpetos,  que  obligan  precijamente  a 
que  remita  ejta  Cauja  a  quien  toca,  y  Je  abjlengan 
los  Jeglares  dei  conocimiento  delia.  Efcrita  en 
Madrid  a  22.  de  Setembro  de  1638.  foi.  Naõ 
tem  anno  da  impreíTaõ. 

Por  el  D.  Agujlin  Barboja  con  Balthet(ar 
Dias  de  Afonjeca  Jobre  Je  hade  tener  ejeão  ai  auto 
de  Juerça  dado  en  ejla  cauJa  por  el  Jues  dela  Corona 
Keal  dei  Puerto  en  que  manS  remitiria  ai  Ordi- 
nário, y  alçar  las  cenjuras  en  la  Declaratória 
que  pujo  el  executor  delas  letras  Apojiolicas  de 
penjion  el  dicho  Balthejar  Dias  por  no  haver  pa- 
gado ciertas  penjiones  decurjas  dentro  en  el  termino 
que  Je  le  Jeriàló.  Madrid  por  Andres  de  Parra. 
1654.  foi. 

AJegacion    de   derecho  Jobre  la  Nulidad  dei 


6o 


B  IB  LIO  THE  CA 


matrimonio  de  D.  JLorença  de  Cardenas  con 
D.  Francifco  Orenje  Manrique.  foi.  Naõ  tem 
lugar,  anno,  ou  nome  de  ImpreíTor. 

Obras,  que  fe  naõ  imprimirão,  das  quaes 
já  promptas  para  a  impreíTaõ  eílá  o  catha- 
logo  no  Colleãanea  Do£íorum  tam  veterum, 
quàm  recentium  in  Jus  Pontificium.  Romãs  apud 
Typog.  Rev.  Camer.  Apoílolicas  1626.  no 
principio;  e  no  Memorial  que  fez  a  Fi- 
lippe  IV.  pag.  39.  v.o  e  faõ  as  feguin- 
tes. 

Colleãanea  in  d.  7.  %.  0°  9.  lih.  Codicis. 
foi. 

Colleãanea  in  10.  11.  (Ò"  12.  pofieriores  lihros 
Codicis.  foi. 

Colleãanea  in  Authenticorum  feudorum,  <& 
Infiitut.  lihros.  foi. 

Colleãanea  in  lihros  12.  priores  Digejii  Ve- 
teris.  foi. 

Colleãanea  in  alios  lihros  12.  pofieriores  ejuj- 
dem  Digefii  Veteris.  foi. 

Colleãanea  in  lihros  Jeptem  Priores  Digef- 
torum  Júris  Ccefarei  Jecundce  Partis,  quod  vulgo 
Infortiatum  dicunt.  foi. 

Colleãanea  in  alios  Jeptem  pofieriores  ejuf- 
dem  Infortiati  lihros.  foi. 

Colleãanea  in  Digefium  novum.  foi. 

Canonicarum  Kepetionum  lihri  duo,  in  qui- 
hus  difficiliores  Júris  Pontificij  Decretales  enuclean- 
tur,  interpretanturque.  foi. 

Vota    Decifiva    Canónica    Tom.  Jecund.  foi. 

Commentaria  in  Ordinationes  Kegias  I^ufita- 
norum  cum  concordantiis  utriujque  Júris,  I^egum, 
<&  fiatutorum  aliarum  Provinciarum  in  quihus 
nova  circa  Officiorum  creationes,  judiciorum  ordi- 
nem,  contractuum,  ultimarum  voluntatum,  (& 
deliãorum  matérias  plura  cumulantur,  decidun- 
turque  nofiris,  <&  alienigenis  perutilia,  (&  necejja- 
ria.  foi. 

Fr.  AGOSTINHO  BELLO,  Eremita 
AuguJftiniano,  e  hum  dos  celebres  Meftres 
da  Univeríidade  de  Lisboa  transferida  de 
Coimbra  no  Reinado  de  D.  Pedro  I.  Nella 
foy  o  primeiro  Lente  de  Filofofia,  e  depois 
de  Theologia  com  geral  applaufo  de  to- 
dos os  Académicos.  Os  feus  merecimen- 
tos o  elevarão  a  fer  Reytor  da  Univeríida- 
de, que  com  fumma  prudência  governou, 
como  refere  Fr.  António  da  Purificação  na 


Chron.  de  Santo  Agofiinho  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  2.  liv.  7.  titul.  I.  §,  3.  e  no  Livro  da 
Vir.  illufir.  Prov.  hufit.  Ord.  D.  Aug.  liv.  2. 
cap.  10.  cuja  aíTeveraçaõ  fique  eftabelicida  na 
fua  feè.    Comp02,  como  affirma  eíle  Chronifta. 

Volumina  quattuor  diverjorum  argumentorum. 
foi.  M.  S. 

Fallaõ  deíle  author  Joaõ  Franco  Barret. 
na  P)ih.  'Lufit.  M.  S.  Joan.  Soar.  de  Brito  in 
Theat.  L,ufit.  L,itter.  let.  A.  n.  139.  Herrer. 
in  Alphah.  Augufi.  ad  ann.  1350.  e  o  Benefi- 
ciado Francifco  Leytaõ  Ferreira  em  as  Not. 
Chronol.  da  Univ.  de  Coimhra  pag.  7.  n.  1 5  5 .  e 
pag.  395.  n.  858. 

AGOSTINHO  DE  BEM  FERREYRA. 
Nafceo  no  lugar  de  Maçores  termo  da  Torre 
de  Moncorvo  na  Província  Tranfmontana 
a  3.  de  AgoJfto  de  1681.  e  a  11.  recebeo  a 
graça  bautifmal  na  Parochia  de  Saõ  Marti- 
nho do  mefmo  lugar.  Teve  por  Pays  a  Appo- 
Unario  Francifco,  e  Catherina  Efteves.  Appli- 
coufe  ao  eíiudo  do  Direito  Pontifício  em  a 
Univerfidade  de  Salamanca  por  alguns  annos,. 
donde  paíTando  para  a  de  Coimbra  em  o 
anno  de  1703.  recebeo  neUa  o  gráo  de  Ba- 
charel a  17.  de  Junho  de  1709.  e  fez  a  For- 
matura a  27.  de  Mayo  de  1710.  Depois  de 
ler  no  Dezembargo  do  Paço  com  grande  cre- 
dito da  fua  fciencia  foy  eleito  no  anno  de 
171 2.  Juiz  de  fora  da  Villa  de  Trancofo,. 
que  naõ  aceitou,  e  antepondo  o  Officio  de 
Advogado  ao  de  Miniftro  por  fer  menos 
onerofo  à  conciencia  o  patrocínio,  que  a 
decifaõ  das  Caufas,  o  tem  exercitado  na  Corte 
pelo  largo  efpaço  de  26.  annos  com  igual 
applaufo  que  defintereíTe.  Para  facilitar  o 
eíludo  da  Jurifprudencia  aos  feus  novos  pro- 
feíTores  tradufio  de  Latim  em  Portuguez  a  Infti- 
tuta  do  Emperador  JuJftiniano  com  doutas  illuf- 
traçoens  de  diverfos  Doutores  com  eJie  titulo. 

Summa  da  Infiituta  com  remijjoens  ao  Direito ^ 
de  que  Je  deduí^,  Ordenaçoens,  com  que  fe  conforma, 
e  doutrinas  praãicas.  Tom.  i.  Lisboa  por  Antó- 
nio Ifidoro  da  Fonfeca  ImpreíTor  do  Duque 
Eílribeiro  mòr.  1739.  4- 

Tom.  2.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor,  e  no 
mefmo  anno. 

Tom.  3.  (?  4.  Lisboa  pelo  mefmo  ImpreíTor 
no  mefmo  anno. 


LUSITANA. 


ói 


'ommen/arío  ao  Tit.  Digtft.  dt  Kegul.  Juris. 
pelo  mcfmo  ImprcíTor  1740.  4. 

Fr.  AGOSTINHO  DE  SAM  BOA- 
VliNTURA,  natural  da  Villa  de  Alhandra 
<  lo  ArcebiTpado  de  Lisboa,  onde  nafceo  a  27.  de 
\goílo  de  1676.  tendo  por  Pays  a  Francifco 
Ic  Montoya,  e  Araújo,  e  a  Luiza  de  Souza. 
\'»  idade  de  20.  annos  atrahido  da  efpiritual 
I  runquilidade,  que  lograõ  as  almas  Religiofas, 
higio  do  tumulto  do  feculo  para  a  Congrcga- 

lõ  de  S.  Paulo  primeiro  Eremita,  onde  pro- 

lelTou  no  Convento  da  Serra  de  Ofla  a  3.  de 

Mayo  de  1696.    A  viveza  do  engenho,  com 

<|ue  liberalmente  o  dotou  a  natureza,  lhe  fez 

patentes  os  fcgrcdos  da  Filofofia,  e  Thcologia, 

<iue  revelou  como  Mcftrc  aos  fcus  domcfticos 

rom  grande  credito  do  fcu  talento.    Mayor 

iplaufo  confcguio  no  púlpito,  aonde  a  fua 

natural  eloquência,  e  difcriçaõ  o  conftituhiraõ 

hum    dos    mayores    Oradores    Evangélicos. 

V   profunda    applicaçaõ   à   intelligencia    das 

Efcrituras  o  naõ  privou,  de  que  algumas  vezes 

cultivaíTe  os  bofques  do  ParnaíTo  onde  teve 

linnocente  comercio  com  as  Mufas.    Por  eftes 

ngulares  dotes  foy  duas  vezes  eleito  Geral  da 
iiia  Eremitica  Congregação,  a  primeira  no 
(.apitulo  celebrado  em  Lifboa  a  20.  de  Mayo 
Ue  1725.  e  a  fegunda  no  Capitulo  na  Serra  de 
OíTa  a  15.  de  Junho  de  1734.  em  cujo  governo 
aioílrou  a  prudente  capacidade  do  feu  talento, 
que  fe  fez  mais  amável  pela  affabilidade  do 
.génio.  Como  Chroniíla  Geral  da  fua  Ordem 
cfpera  a  Republica  Litteraria,  que  brevemente 
'comunique  à  luz  publica  os  Annaes  da  fua 
lleligiaõ  em  Portugal.  De  muitos,  e  admi- 
laveis  Sermoens,  que  tem  pregado,  fomente 
ic  imprimio  o  feguinte. 

Sermão  na  Canoniv^açaÕ  de  Santo  EJlanislao 
Kofcha,  e  de  S.  L/d^  Gonzaga  da  Companhia 
-de  Jefus  pregado  no  Solemne  Outavario  com  que  os 
^plojidio  a  Cafa  profejfa  de  S.  Roque.  Lisboa  por 
Manoel  Fernandes  da  Coíla  1728.  4. 

D.    Fr.    AGOSTINHO    DE    CASTRO- 
Naceo  na  Cidade  de  Lisboa  em  16.  de  Outu- 
bro de  1537.  e  foraõ  feus  Pays  D.  Fernando 
'c  Caftro  Governador  da  Cafa  do  Civel  de 
Usboa,  e  D.  Maria  de  Ayala  filha  do  Conde 


de  Monfanto.  Em  idade  muito  tenra  foy 
eíludar  a  Coimbra,  onde  com  a  doutrina  de 
António  Mendes,  que  depois  fubio  á  Cadeica 
Epifcopal  de  Elvas  fendo  o  feu  primeiro  Pre- 
lado, sahio  confumadamente  perfeito  tanto 
no  eíludo  da  Gramática,  como  na  praâica  da 
virtude.  Defprezadas  heroicamente  as  efpe- 
ranças,  que  o  mundo  lhe  prometia  fundadas  na 
nobreza  do  nacimento,  e  authoridade  de  feu 
Pay,  pedio  o  penitente  habito  de  S.  Francifco 
no  Convento  de  Coimbra  da  Provinda  de  Pie- 
dade, porem  os  Religiofos  atendendo  para  a 
debilidade  da  fua  compleição  como  incapaz 
de  tolerar  os  rigores  da  Ordem,  lhe  negarão 
o  fer  a  ella  admitido.  Com  eíla  repulfa  naõ 
mudou  de  intento,  antes  mais  conftante  neile 
bufcou  a  Religião  dos  Eremitas  de  Santo  Agof- 
tinho  onde  quando  contava  defefete  annos  re- 
ccbeo  o  habito  das  mãos  do  Venerável  Varaõ 
Fr.  Luiz  de  Montoya  mudando-lhc  o  nome  que 
tinha  de  Pedro  cm  Agoftinho,  como  feliz  prcíã- 
gio  de  que  havia  fer  fiel  imitador  deíla  grande 
luz  da  Igreja,  cujo  inftituto  profeflbu  cm  7.  de 
Abril  de  1555.  Foy  incrivel  o  progreíTo,  que 
fez  nos  eftudos  Theologicos,  e  muito  mais  no 
exercicio  das  virtudes  fendo  as  azas  com  que 
na  florente  idade  de  vinte,  e  fete  annos  ve- 
lozmente voou  aos  primeiros  lugares  da  Or- 
dem até  chegar  ao  governo  de  toda  a  Pro- 
vincia  em  que  defempenhou  com  vigilância, 
e  prudência  todas  as  obrigaçoens  de  hum 
perfeito  Prelado.  Paflbu  a  Roma  com  o  lugar 
de  Definidor  para  o  Capitulo  geral,  e  tal  foy  o 
conceito,  que  formarão  todos  os  Capitulares 
do  feu  talento  illuftrado  com  todo  o  género 
de  fciencias,  que  foy  uniformemente  eleito 
para  reformar  as  Conílituiçoens  pelas  quaes 
fe  governa  univerfalmente  a  familia  Ere- 
mitica. Neíle  tempo  conílando  à  Santidade 
de  Gregório  XIII.  os  graviffimos  danos,  que 
na  Alemanha  Superior  tinhaõ  facrilegamente 
obrado  os  hereges  contra  os  Conventos  dos 
Regulares,  e  como  eftes  eftavaõ  nimiamente 
relaxados,  o  nomeou  Vigário  Geral  de  Ale- 
manha para  que  vizitaííe,  e  reduziíTe  aqueUas 
Communidades  à  sua  primitiva  obfervancia, 
cuja  empreza  executou  com  tanta  prudên- 
cia, que  por  ella  mereceo  as  eftimaçoens 
do  Emperador  Rodolpho  II.  e  da  Empe- 
ratriz   D.   Maria  Irmaã  de  Filippe  Prudente 


02 


BIB  LIO  THE  CA 


elegendo-o  por  feu  Pregador.  Efte  Príncipe 
confiando  da  fua  madura  capacidade  o  mandou 
pacificar  as  difcordias  que  havia  entre  os  Eremi- 
tas da  Provincia  de  Aragaõ  dividindoa  em  duas 
para  fe  confervar  inteira  a  obfervancia  regular. 
Os  merecimentos  taõ  notórios  da  fua  peíToa 
obrigarão  ao  mefmo  Monarcha  para  que  os 
premiaíTe  com  huma  digna  remuneração 
nomeando-o  Arcebifpo  de  Braga  em  cuja 
dignidade  Primacial  foy  fagrado  em  o  Mof- 
teiro  de  N.  Senhora  da  Graça  pelo  Arcebifpo 
de  Lisboa  D.  Miguel  de  Caílro  em  3.  de  Janeiro 
de  1589.  Tanto  que  entrou  na  fua  Diocefe 
todo  o  cuidado  applicou  ao  paílo  das  fuás  ove- 
lhas excedendo  neíla  vigilância  a  muitos  dos 
feus  PredeceíTores.  Evitou  muitos  efcandalos 
mais  com  a  brandura,  e  diíTimulaçaõ,  que  com 
a  feveridade,  e  o  caíligo.  Por  duas  vezes 
congregou  Synodo,  em  que  fez  Conílitui- 
çoens  para  o  bom  governo  do  Arcebifpado 
emendando  nellas  muitos  abufos  que  fe  tinhaõ 
introduzido  no  Santuário  de  Chriílo.  Foy 
exceíTivamente  compaíTivo  para  os  pobres 
aíTmando  rendas  certas  para  os  enfermos  fe 
curarem  nos  Hofpitaes,  dotando  em  cada  anno 
grande  numero  de  donzellas,  e  difpendendo 
largas  efmolas  para  fuftento  das  Religiofas. 
Fundou  em  Braga  hum  Convento  da  fua 
Ordem  no  qual  lançou  a  primeira  pedra  em 
3.  de  Julho  de  1596.  e  o  dotou  com  féis  centos 
mil  reis  de  renda.  Mandou  pintar  em  quadros 
a  todos  os  feus  PredeceíTores,  e  com  elles  ornou 
huma  Sala  do  Palácio  Arcebifpal  para  que 
aquellas  mudas  copias  defpertaílem  nos  feus 
fuceílores  as  virtudes,  que  religiofamente 
obfervaraõ  os  Originaes.  Foy  perito  nas  Cere- 
monias  Eccleíiaílicas,  e  deftrifíimo  na  Cantoria 
do  Choro  emendando  muitas  vezes  algum  erro, 
que  ou  por  defcuido,  ou  ignorância  fe  cometia. 
Com  plaufivel  pompa  fagrou  em  28.  de  Julho 
de  1592.  a  fua  Cathedral  collocando  no  altar 
preciofas  reliquias,  das  quaes  o  cathalogo  eílá 
gravado  em  huma  pedra  no  frontifpicio  deile 
Templo.  Venerou  com  íingular  affeéto  o 
divinifíimo  Sacramento  deixando  para  eterno 
teílemunho  da  fua  devoção  renda  capaz  para 
fuílentar  quatro  luzes  que  perpetuamente 
ardeííem  em  obfequio  de  taõ  amorofo  Myf- 
terio.  Zelou  com  tanto  ardor  a  pureza  da 
Fé,  que  acompanhado  de  D.  Theotonio  de 


Bragança  Arcebifpo  de  Évora,  e  D.  Miguel 
de  Caílro  Arcebifpo  de  Lisboa  paíTou  a 
Madrid  para  impedir  o  perdaõ  geral  que 
pertendiaõ  os  Sequazes  da  Sinagoga.  Fo. 
ornado  de  coração  taõ  benévolo,  que  femprc 
correfpondeo  a  aggravos  com  benefícios. 
Chegado  o  termo  da  fua  exemplar  vida 
recebeo  os  Sacramentos  com  piedade  catho- 
lica,  e  repetindo  os  fuaviffímos  nomes  de 
JESUS,  e  MARIA,  efpirou  placidamente 
a  25.  de  Novembro  de  1609.  quando  contava 
72.  annos  de  idade,  e  21.  de  Arcebifpo. 
Foy  fepultado  no  Convento  antigo  dos  Ere- 
mitas, até  que  paíTados  defenove  annos  fe 
trasladou  para  o  novo,  onde  o  agradecido 
animo  do  Senado  Bracharenfe  lhe  mandou 
gravar  no  Maufoleo  eíle  Epitáfio. 

lllujlrijjimo  Domino  D.  Augujlino  de  Caflro 
Augujlinenfi,  Archieptjcopo,  ac  Domino  Bracha- 
renji,  Hijpaniarum  Primati,  olim  in  Superiori 
Germânia  juffu  Cafaris  Kodolphi  II.  Eremiíica 
fami/ia  reformatori,  hujus  Monajierij  Fundatori, 
Viro  pietate,  (&  prudentia  infigni,  Magifiratus 
Brachara  A.uguJt(B  Vafiori  Juo  clementijjimo  oh 
innumera  beneficia  lihenti  animo  fieri  curavit  anno 
D  o  mini  1628.  Illujlrijfimo,  <&  Keverendijfimo 
Domino  D.  Koderico  de  Acunha  Archiprajuk. 
Ohiit  BracharcB  25.  Novemb.  1609.  annos  natus  72. 
Compoz 

Epitome  rerum  ad  Statum  Ecclejia  Bra- 
charenjis  pertinentium  quas  ad  Sanãijfimum  Do- 
minum  dementem  VIU.  referendas  cenjuit  D. 
Augujiinus  de  Cajlro,  ubi  late  de  Vera  Primatum 
Bracharenfium  Juccejfione.  foi.  M.  S.  Confervafe 
na  Bib.  que  foy  do  Cardial  de  Souza.  Defta 
Obra  affirma  ter  huma  copia  o  Licenciado 
Jorge  Cardofo  Agiol.  L.ujtt.  tom.  i.  pag.  119. 
no  Commentario  de  25.  de  Fevereiro,  e  no 
tom.  3.  pag.  519.  no  Commentar.  de  3.  de 
Junho.  let.  A. 

Antiguidades  da  Ordem  dos  Eremitas,  as  | 
quaes  levou  do  Convento  de  Braga  para 
Caftella  Fr.  Agoftinho  de  S.  Nicoláo  para 
fe  compor  a  Chronica  da  Ordem,  como  ef- 
creve  Fr.  António  da  Purificação  na  Chroti. 
da  Provinc.  de  Portug.  Part.  i.  cap.  8.  foi. 
20.  4. 

Na  Livraria  do  Convento  da  Graça  de 
Lisboa  Cabeça  da  Provincia  dos  Eremitas 
em  Portugal  fe  conferva  hum  grande  volume 


L  USITAN A. 


6i 


intitulado  Ktffjlro  da  Provinda  onde  compilou 

memorias  pertencentes  a  cfta  Província, 

ijo    trabalho    defcobrio    a    fua    incaníavel 

liiicncia  em  Roma  revolvendo  os  Regiílros 

(  K  '  M  s  da  Ordem,  e  copiando  os  inílrumentos 

jnais  antigos  da  mefma  Provinda.    Poderá 

fêf  que  efte  livro  fcja  o  mcfmo,  que  as  Anti- 

lidíuhs  da   Ordem  dos   Ertmiías,   das   quaes 

>  ima  fizemos  mençaõ. 

ConflitNiçoens  do   Arcebifpado  de  Braj^a  as 

(|uaes  impedido  pela  morte  naõ  imprimio, 

as  confervava  em  Teu  poder  o  lUuílriíTimo 

I ).  Rodrigo  da  Cunha  como  affírma  na  Hijí. 

Ixclef.  de  Braga.  Part.  2.  cap.  93.  n.  6. 

Cathalogo  dos  Arcebifpos  de  Braga,  onde 
\/iõÍ0M  a  vida  qtie  tiveraô  (  faõ  palavras  do  lUuf- 
«díTimo  Cunha  Hifl.  Eccl.  de  Brag.  Part.  2. 
la^.  94.  n.  ^.)  os  annos,  que  governarão,  e  o  dia  em 
ifm  morrerão,  de  que  nòs  grandemente  nos  apro- 
vtUamos  por  todo  o  difcurfo  dejla  Hijloria. 

Noticia  dos  Progrejfos  que  fen^  na  vifita  das 
Provindas  de  Alemanha  in  4.  Confervafe  efcrito 
ida  fua  própria  maõ  no  Convento  da  Graça 
de  Lisboa. 

Como  foy  muito  perito  na  arte  da  Mu- 
:úca  compoz  hum  livro  de  MiíTas  para  fe 
imprimir,  e  outras  excellentes  obras  delia 
profiíTaõ. 

Efcreveo  a  vida  defte  IlluílriíTimo  Pre- 
llado  feu  digniíTimo  fucceíTor  na  dignidade 
Primacial  D.  Rodrigo  da  Cunha  na  Hijlo- 
ria  aflima  allegada  defde  o  cap.  93.  até  95. 
|Fr.  Bernard.  de  Brito.  Mon.  Lsifit.  Part.  2. 
liv.  5.  cap.  7.  dizendo  grande  ^elador  da  honra 
de  Deos,  e  de  fua  Igreja,  e  que  em  apurar  as  anti- 
ffádades  delia  tem  feito  muitas  defpe:(as,  e  deli- 
[gmdas  exquijítas.  D.  Mauro  Caftel.  Ferrer. 
Hiji.  de  S.  Tiago  liv.  i.  cap.  16.  tan  religiofo, 
Jabio,  y  curiofo,  como  nohle,  e  no  prolog.  da 
dita  Hift.  o  intitula  injigne:  Joaõ  Soar.  de 
Brito  in  Theatr.  'Lujit.  Litter.  let.  A.  n.  141. 
Nulli  ex  tot  injignibus  heroibus  pietate,  vigi- 
JoHtia,  vel  magnificentia  poji  habendus.  Crufen. 
jin  Monafl.  Augufiin.  Part.  3.  cap.  47.  Prce- 
(ktrum  illud  'Lujitania  ILumen  in  Metropi- 
Jitana  Bracharenjis  Ecclefia  candelabro  elevatum. 
O  D.  Fr.  Leaõ  de  Santo  Thom.  Bened. 
iMJit.  Part.  2.  Trat.  2.  cap.  20.  pag.  367. 
iiifigne  Arcebifpo,  e  pag.  368.  grande  Arcebifpo. 
Fr.  LuÍ2  dos  Anjos  Jardim  de  Portug.  cap.  3. 


Jnjigfie  Prelado,  9  meritijftmo  Arcebifpo  de  Braga. 
Fr.  Ant.  à  Purif.  de  Vir.  illuflrib.  Prov.  LuJit. 
Erem.  D.  Augufl.  lib.  i.  cap.  24.  Herrcr. 
in  Alphab.  Augufl.  ad  an.  1609.  Fr.  Manoel 
de  S.  DanuT.  Vtrd.  EJucid.  defde  pag.  277. 
até  300. 

Fr.  AGOSTINHO  DA  CONCEIÇAM. 
Naceo  na  Cidade  de  Lamego  donde  paliando 
como  foldado  ao  Brafii  naufragou  a  Náo, 
que  o  conduzia,  e  efcapando  milagroíamente 
de  taõ  fatal  perigo,  em  que  pereceo  a  mayor 
parte  de  feus  companheiros,  deixada  a  milicia 
humana  pela  celefte  fe  aliílou  debaixo  do 
fagrado  Inftituto  da  Religião  Seráfica  na  Pro- 
víncia da  Immaculada  Conceição  do  Rio  de 
Janeiro.  Todo  o  feu  talento  occupou  em 
beneficio  dos  feus  domefticos  enfinando-os 
como  Meftre,  e  governando-os  como  Provin- 
cial. Fundou  o  Convento  de  N.  Senhora  dos 
Anjos  na  Cidade  de  Cabo  Frio,  onde  morreo 
no  anno  de  1695.  com  grande  edificação  de 
todos  os  Religiofos.  Foy  Pregador  de  nome, 
e  dos  muitos  Sermoens,  que  com  applaufo 
recitou  em  diverfos  púlpitos,  fomente  goza- 
rão da  luz  publica  os  feguintes. 

Ser  maõ  do  gloriofo  Ljijitano  Santo  António  pre- 
gado no  mefmo  dia,  e  Convento  em  a  Cidade  do  Rio 
de  Janeiro  a  1^.  de  Junho  de  1674.  Lisboa  por 
António  Rodrigues  de  Abreu.  1675.  4. 

Sermão  do  gloriofo  Santo  António  pregado 
em  o  feu  Convento  da  Cidade  do  Rio  de  Janeiro 
em  13.  de  Junho  de  1683.  occorrendo  a  Dominga 
da  Trindade.  Lisboa  por  Miguel  ManefcaL 
1688.  4. 

Sermão  da  Prodigiofa  imprejfaõ  das  Chagas  do 
Príncipe  dos  pobres  Evangélicos  pregado  no  Con- 
vento de  Santo  António  do  Rio  de  Janeiro.  Lisboa 
por  Manoel  Lopes  Ferreira.  1681.  4. 

DeUe  fazem  memoria  Fr.  Joan.  à  D. 
Ant.  in  Bib.  Franc.  Tom.  i.  pag.  146.  e  Fr. 
Appolin.  da  Conceiç.  na  Prima^.  Seraf.  na 
Região  da  America,  cap.  9.  pag.  91. 

Fr.  AGOSTINHO  DA  COSTA,  natu- 
ral da  Villa  de  MeUo  da  Provinda  da 
Beyra  filho  de  Francifco  da  Cofta  Froes,  e 
Guiomar  Botelho.  ProfeíTou  o  habito  de 
Eremita  de  Santo  Agoílinho  no  Convento 
de  Évora  a  15.  de  Agoflo  de  1642.  Foy  Len- 


64 


BIBLIOTHECA 


te  jubilado  em  Theologia,  infigne  Moraliíla, 
e  exemplar  religiofo.  Morreo  no  Convento 
de  Lisboa  em  25.  de  Abril  de  1691.  Compoz 

David  penitente.  Difcurfos  Moraes  pregados 
nos  Sabbados  da  Qtiarejma,  que  fe  celebrarão  em 
N.  Senhora  da  Graça  em  'Li/boa  no  anno  de  1682. 
com  Jete  Sermoens  da  Semana  Santa.  Lisboa  por 
Domingos  Carneiro.  1685.  4. 

Sermão  nafejla  da  Virgem  Maria  N.  Senhora 
do  Monte.  Sahio  na  JLaurea  Portuguet^a.  Lisboa 
por  Miguel  Deslandes.  1687.  4. 

Parai/o  Virginal  M.  S.  4. 

Conferva-fe  na  Livraria  do  Convento 
de  Lisboa.  Coníla  de  Panegyricos  da  Virgem 
SantiíTima. 

Informação  da  Imagem  da  Senhora  de  Car- 
quere  junto  de  I^amego,  remetida  a  Fr.  Agof- 
tinho  de  Santa  Maria,  a  qual  imprimio  no 
Sanãuario  Mariano.  Tom.  3.  liv.  2.  Titul.  2. 
pag.  150. 

Fr.  AGOSTINHO  DA  CRUZ,  cha- 
mado no  feculo  Agoílinho  Bernardes.  Na- 
ceo  na  Villa  da  Ponte  da  Barca  do  Arce- 
bifpado  de  Braga  em  o  anno  de  1540.  a  qual 
fendo  pequena  em  feu  âmbito  adquirio  a 
mayor  grandeza  com  a  producçaõ  de  taõ 
grande  filho.  Teve  por  Irmaõ  a  Diogo 
Bernardes  comtemporaneo  do  famofo  Luiz 
de  Camoens,  o  qual  nas  fuás  obras  poéti- 
cas deixou  hum  eterno  teílemunho  do  feu 
grande  engenho.  Confiderando  feu  Pay  Dio- 
go Bernardes  Pimenta  a  capacidade  do  ta- 
lento, de  que  logo  nos  primeiros  annos  deu 
finaes  evidentes,  o  acommodou  na  Cafa  do 
Sereniflimo  Infante  D.  Duarte  filho  dos  In- 
fantes D.  Duarte,  e  D.  Ifabel,  onde  naõ 
fomente  mereceo  as  eílimações  deíles  Prín- 
cipes, mas  com  a  fua  natural  affabilidade  con- 
ciliou os  affeftos  de  todos,  que  frequentavaõ 
taõ  foberana  Cafa.  Illuftrado  de  fuperior 
impulfo  determinou  largar  o  mundo,  e 
as  fuás  apparentes  felicidades,  e  para  con- 
feguir  efta  heróica  refoluçaõ  pedio  com  af- 
feóhiozas  lagrimas  o  auftero  habito  de  Saõ 
Francifco  da  Província  da  Arrábida  ao  Pro- 
vincial Fr.  Jacome  Peregrino,  o  qual  lho 
mandou  lançar  no  Convento  de  Santa  Cruz 
fituado  na  Serra  de  Cintra  em  o  anno  de 
15  61.    donde    tomou    o    appelido.     Notável 


foy  a  admiração,  que  geralmente  caufou  eftc 
feu  retiro  do  feculo  para  a  Religião,  com  a 
qual  ficou  taõ  intimamente  penetrado  feu  ir- 
maõ Diogo  Bernardes,  que  explicou  o  feu 
fentimento  neílas  expreíToens  fallando  na  carta 
6.  do  feu  Lima  a  D.  Francifco  de  Moura. 

A.^  Irmaõ  da  minha  alma,  como  ejlou 

Errado  em  te  chorar !   Tu  para  o  Ceo, 

E  eu  trijle  naÕ  fej  para  onde  voul 

Nunca  mais  para  mim  amanheceo, 

Depois  que  me  deixajie,  hum  claro  dia; 

Sempre  o  Eima  depois  turvo  correo. 
E  na  Carta  8.  efcrita  ao  mefmo  feu  Irmar> 

Em  que  te  mereci  ò  Agojlinho, 

Que  nefia  e/cura  Selva  me  deixajfes 

Tomando  para  ti  melhor  caminho  ? 
Retirado  a  huma  Cella,  que  parecia  fepul- 
tura  começou  a  praâicar  taõ  afperas  peniten- 
cias, que  ferviaõ  de  confufaõ  aos  feus  Compa 
nheiros,  fendo  já  em  o  Noviciado  veterano 
na  aufteridade  da  vida,  e  obfervancia  da  Regra. 
Ambiciofo  de  mayor  perfeição  alcançou  dos 
Prelados  licença  para  habitar  toda  a  vida  no 
deferto  da  Arrábida,  e  ainda  que  por  algum 
tempo  lha  difficultáraõ,  veyo  a  confeguilla  em 
19.  de  Março  de  1565.  Nefta  horrorofa  The- 
baida  por  efpaço  de  quatorze  annos  moveo  taõ 
cruel  guerra  contra  o  feu  corpo,  que  certamen- 
te fe  renderia  attenuado  pella  abftinenda,  e 
idade,  fe  o  naõ  focorrera  o  vigor  do  feu  efpi- 
rito.  Rara  foy  a  parcimonia,  que  ufava  comen- 
do as  ervas,  que  produzia  aquella  folidaõ; 
a  dura  terra  lhe  fervia  de  cama,  e  hum  tron- 
co afpero  de  cabeceira.  Todas  ellas  afpere- 
zas  fe  fuavifavaõ  com  o  intimo  comercio,  que 
tinha  com  Deos  na  Oraçaõ,  em  que  muita 
vezes  foy  vifto  abforto,  e  elevado,  como  que 
rendo  a  alma  voar  para  o  centro  das  fua- 
amorofas  anciãs.  As  aves,  e  animaes  fylvef- 
tres  reconhecendo  a  fua  innocencia  lhe  vinha-' 
obedientes  bufcar  das  fuás  mãos  o  fuílento. 
Chegado  o  tempo  de  ferem  premiados  os  me- 
recimentos da  fua  penitente  vida,  fentindo-fe 
acometido  de  huma  ardente  febre  foy  condu- 
zido à  Enfermaria  da  Villa  de  Setúbal,  onde 
recebendo  com  grande  ternura,  e  copio- 
fas  lagrimas  os  Sacramentos  efpirou  placida- 
mente  em  14.  de  Março  de  1619.  com  79. 
annos  de  idade,  e  cincoenta,  e  outo  de  Reli- 
gião.   Divulgada  a  noticia  da  fua  morte  con- 


LUSITANA. 


65 


orreo  todo  o  povo  a  venerar  o  Cadáver,  no 
.|ual  fe  eílava  vendo  a  felicidade  que  lograva 
o  fcu  efpirito,  e  com  devota  violência  foy 
(Icfpojado  do  habito,  que  tinha  vcílido.  Entre 
ilc  piedofo  tumulto  fe  diftinguiraõ  nos  obíe- 
.jiiios  para  cfte  Varaõ  Venerável  o  Duque 
k  Aveiro  D.  Álvaro  de  Lancaílro  feu  parti- 
ulnr  amigo  com  feu  filho  D.  Jorge  de  I^n- 
iftro  Marquez  de  Torres  novas  difpondo 
.|uc  foíTc  transferido  para  a  Arrábida,  o  que 
ic  executou  com  grande  pompa,  e  magnifi- 
>  cncia.  Foy  naturalmente  inclinado  á  Poefia 
lendo  irmaò  do  infigne  Poeta  Diogo  Bernar- 
des naò  fomente  por  natureza,  mas  ainda 
por  efta  Arte.  Naqucllas  horas  vagas  dos  exer- 
( icios  efpirituacs  compunha  Vcrfos  a  vários 
lílumptos  Sagrados,  cm  que  fe  dcfcubria  a 
.1  fluência  da  fua  veya,  dos  quaes  imprimio 
ilguns  o  Chroniíla  moderno  da  Provincia  da 
Arrábida  Fr.  António  da  Piedade  Part.  i .  liv.  5 . 
cap.  20.  levando  entre  todos  a  precedência  a 
Elegia  feita  à  Serra  de  Arrábida  que  começa. 

A/fa  Serra  deferia  donde  vejo 

As  agidas  do  Occeano  de  huma  banda, 

jE  ã'  outra  Jalgadas  as  do  Tejo. 

Compoz  outros  Verfos  devotos,  que  efcri- 
tos  da  fua  própria  maõ  fe  conservaõ  no  Con- 
vento da  Verderena  da  Provincia  da  Arrábida 
com  efte  titulo. 

Diverfas  Poejias  ao  divino 
Efta  Collecçaõ  poética  fez  à  petição  da  Du- 
queza  de  Aveyro,  e  a  dedicou  à  mefma  Senhora, 
1.1a  qual  exiftia  hum  treslado  na  Bibliotheca  do 
Cardial  de  Souza.  Conílava  de  21.  Eglogas  affim 
paftoris,  como  pifcatorias,  Cartas,  Odes,  Ende- 
chas, Redondilhas,  e  Vilhancicos.  Entre  os  Poe- 
mas, que  compoz,  he  celebre  o  de  Santa  Cathe- 
rina  Virgem,  e  Martyr  em  8.  Rima  que  começa. 

Penas,  tormento,  dor,  e  fortaler^a 

Cantar  quero  de  Santa  Catherina 

"Dotada  de  /ciência,  e  de  pureza 

De  amor  celejiial  graça  divina. 

Cujo  favor  invoco  nejia  emprega 

Doutra    mais    branda    vo:^,    mais    doce    digna 

Porque  danar  naõ  pojfa  o  uerjo  rudo 

De  rodas  de  navalhas  verfo  agudo. 
Acaba. 

De  feu  fermofo  corpo  degollado 

Aquella  alma  ditofa  defpidida 

Nos  braços  repoufou  do  feu  amado. 


"Em  cujo  amor  fe  tinha  derretida; 
O  Corpo  foy  dos  Anjos  fepuUado 
Por  Virgem,  e  por  Martyr,  e  por  Sabia 
No  monte  de  Sinay  monte  da  Arábia. 
Delle  fe   lembraõ  com  elogios  Ordofo 
Agiol.  Ijifit.  Tom.  2.  pag.  146.  e  no  Comment. 
de  12  de  Março  let.  F.  Joan.  Soar.  de  Brít. 
Theat.  Lufit.  Litter.  let.  A.  in  addit.  n.  i.  Inge- 
nium   ad  l^ifitanas  mufas  promptiffimum ,   unde 
facile  verfus  condebat.  V.  Pedro  Calv.  nas  Laffim. 
dos  ]ufl.  lib.  I.  cap.  11.  Joan.  á  D.  Ant.  Bib. 
Franc.  Tom.   i.  pag.  X46.  F.  Ant.  da  Pied. 
Chron.  da  Prov.  da  Arrab.  Part.  i.  liv.  j.  do 
cap.  18.  até  20.  e  o  P.  António  dos  Reys  no 
Enthufiafm.  Poet.  que  ferve  de  apparato  aos 
feus  agudos  epigramas  tendo  fallado  de  feu 
Irmaõ  Diogo  Bernardes,  diz  com  fuave  ele- 
gância. 

Contigua  in  Cathedrà  Phabo  flatuente  Camana 
Illius  infignem  virtute,  et  carmine  Fratrem 
Conflituère :  la  tus  circunda  t  fpartea  reflis, 
Pro  túnica  cento  efl  lacerus;  viridantis  oliva 
Texuit  è  ramo  facunda  Minerva  coronam, 
Impofuitque  fuper  vatis  caput,  utpote  ponti 
Qui  toties  rabidi  franabit  cantibus  iras. 

D.  AGOSTINHO  DA  CRUZ,  na- 
tural de  Braga,  Cónego  Regular  da  Con- 
gregação de  Santa  Cruz  de  Coimbra,  cujo 
habito  recebeo  nefte  Real  Convento  a  12. 
de  Setembro  de  1609.  Foy  peritiíTimo  na 
Mufica,  e  iníigne  tangedor  de  rabeca,  e 
orgaõ,  de  cuja  deílreza,  e  fcienda  deu  ma- 
nifeílos  argumentos  naõ  fomente  quando 
exercitou  o  lugar  de  Meílre  do  Coro  do  Real 
Convento  de  S.  Vicente  de  fora,  mas  nas 
muitas  obras,  que  compoz,  as  quaes  mere- 
cerão as  eftimaçoens  dos  mayores  ProfeíTores 
daquella  arte,  fendo  as  principaes. 

Prado  Mufical  para  OrgaÕ.  Dedicado  à 
Sereniffima   Mageftade    delRey   D.   Joaõ 

o  rv. 

Duas  Artes,  huma  de  Cantochaõ  por  eflylo 
novo,  outra  de  OrgaÕ  com  figuras  muito  curiofas 
compoflas  no  anno  de  1632.  e  as  dedicou  ao 
mefmo  Príncipe,  que  como  taõ  perito  nefta 
arte  as  ellimou  muito. 

I^ira  de  Arco,  ou  arte  de  tanger  Rabeca. 
Dedicada  a  D.  Joaõ  Mafcarenhas  Conde 
de  Santa  Cruz. 


66 


BIBLIO  THE  CA 


AGOSTINHO  DA  CUNHA  VILLAS- 
BOAS,  naceo  na  Villa  de  Ourem  no  anno 
de  1667.  fendo  filho  do  Doutor  Gonçalo  da 
Cunha  Villasboas,  Cavalleiro  profeíTo  da  Or- 
dem de  Chriílo,  Dezembargador  da  Cafa  da 
Supplicaçaõ,  Corregedor  da  Corte,  e  Fifcal  da 
Junta  dos  três  Eílados.  Inílruido  na  Gramá- 
tica, e  Rhetorica  paíTou  eftudar  em  a  Univerfi- 
dade  de  Coimbra  Direito  Pontifício,  em  que  fe 
formou  Bacharel.  Acabados  os  eftudos  efco- 
lafticos  como  foíTe  muito  verfado  nas  letras 
humanas,  e  Sagradas  alcançou  grande  applaufo 
aíTim  nos  púlpitos,  como  nas  Academias. 
A  exemplar  vida  que  exercitava  o  habilitou 
para  fer  ConfeíTor  das  Religiofas  Capuchas  Def- 
calças  do  Convento  do  Santo  Crucifixo  de  Lis- 
boa, para  as  quaes  compoz  a  obra  feguinte. 

Outavario  contemplativo  propofto  em  hum  exer- 
cido devotijftmo  dividido  em  outo  reverentes  cultos 
por  obfequio  à  Sagrada  Imagem  do  Santo  Cru- 
cifixo fita  no  Keal  Convento  das  Capuchinhas 
Def calças  chamadas  vulgarmente  por  fua  funda- 
ção as  Francefinhas.  Lisboa  por  António  Pedro- 
fo  Galraõ.  171 8.  em  16.  No  fim  eftà  hum  refu- 
mo  métrico  de  toda  a  obra  compofto  em 
hum  largo  Romance  pelo  mefmo  author, 
em  cuja  arte  he  baílantemente  perito.  Tem 
prompto  para  a  impressão. 

Eflrada  do  Ceo,  pelo  caminho  do  Inferno; 
caminho  do  Inferno  pela  efirada  do  Ceo. 

Theologia  Sacra  foi. 

AGOSTINHO  FERREYRA  Prefbitero 
do  habito  de  S.  Pedro,  naceo  na  Cidade 
do  Porto  a  28.  de  Agoílo  de  1709.  fendo 
filho  de  Manoel  Joaõ,  e  Francifca  Ferreira. 
Inflamado  com  o  zelo  dos  ProgreíTos  da 
virtude  publicou. 

Direãor  de  Direãores  para  o  governo  das 
almas,  no  qual  fe  contem  os  avisos,  e  documentos 
para  o  governo  das  almas,  que  vaõ  por  caminho 
extraordinário.  Lisboa  na  Officin.  da  Congre- 
gaç.  do  Oratório  1738.  4. 

AGOSTINHO  GAVI  DE  MEN- 
DONÇA, natural  de  Mafagaõ  celebre  Co- 
lónia dos  Portuguezes  em  Africa.  Sendo 
efta  Praça  acommettida  no  anno  de  1562. 
por  hum  formidável  Exercito  de  cento, 
e   cincoenta  mil  bárbaros   capitaneados   por 


Muley  Hamet,  e  defendida  pelo  infigne  Capi- 
tão Álvaro  de  Carvalho,  como  teftemunha 
ocular  de  todas  as  acçoens,  que  fe  obrarão 
nefte  fitio,  as  defcreveo  para  eternizar  naõ 
fomente  o  valor  dos  feus  Naturaes,  mas  a 
gloria  de  todos  os  Portuguezes  publicando. 

Hifioria  do  famofo  Cerco,  que  o  Xarife  po:(^ 
à  Fortale!(a  de  Mafagaõ  defendida  pelo  valerofo 
Capitão  mor  delia  Álvaro  de  Carvalho.  Lisboa 
por  Vicente  Alvres  1607.  4. 

Chronica  dos  Keys  D.  SebafiiaÕ,  e  D.  Henri- 
que, que  fe  naõ  imprimio. 

Deíle  author  fez  dous  Nicol.  Anton. 
Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  157.  nomeando-o 
primeiramente  AgoíHnho  Gavi,  e  depois 
Agoftinho  de  Mendoça. 

AGOSTINHO  GOMES  GUIMA- 
RAENS.  Naceo  em  Lisboa,  e  foraõ  feus 
Pays  Ignacio  Gomes  Guimaraens,  e  Maria 
Magdalena.  Depois  de  perfeitamente  inf- 
truido  na  Gramática  Latina,  e  letras  humanas, 
eftudou  as  fciencias  mayores,  as  quaes  compre- 
hendeo  com  tanta  agudeza,  e  profundidade, 
que  por  voto  dos  Doutores  da  Univerfidade 
de  Coimbra,  recebeo  as  infignias  do  Meftre 
em  Artes,  e  de  Doutor  na  Sagrada  Theologia.  , 
Com  igual  applaufo  foy  ouvido  nos  púlpi- 
tos, que  nas  Academias  lendo  em  a  Portu- 
gueza  iníUtuida  em  o  anno  de  1717.  no  Palácio 
do  Excellentinimo  Conde  de  Ericeyra  D. 
Francifco  Xavier  de  Menezes,  eruditos  dif- 
curfos  fobre  os  Oráculos  da  Gentilidade, 
e  na  dos  Anonymos  compondo  agudos  epi- 
gramas a  diverfos  aíTumptos.  A  integridade 
dos  coftumes  própria  do  Eaftdo  Ecclefiaftico 
junta  com  a  capacidade  do  talento  o  fizeraõ 
digno  de  fer  eleyto  a  7.  de  Março  de  1723. 
Deputado  da  Inquifiçaõ  de  Lisboa,  donde 
paíTando  a  Promotor  fubio  ao  lugar  de  In- 
quifidor  ApoftoUco,  cujo  minifterio  exerci- 
tou com  grande  zelo.  Sendo  Académico 
fupernumerario  da  Academia  Real  da  Hif- 
toria  Portugueza,  foy  eleito  em  25.  de  Mayo 
de  1730.  Académico  do  numero  por  morte 
do  Padre  Jerónimo  de  Caftilho  da  Compa- 
nhia de  JESUS,  para  efcrever  as  Memorias 
hiíloricas  dos  Bifpados  de  Coimbra,  e  Guar- 
da na  lingua  Latina,  na  qual  compoz,  e  re- 
citou na  Academia  Real  algumas  vidas  dos 


L  USITAN A. 


fcus  Bifpos  (Mtn  elegante,  e  puro  eíUlo. 
l'oy  iiílunipKj  ,n>  lugar  de  Prelado  da  Santa 
Igreja  Patriarchal  a  i6.  de  Mayo  de  1759. 
l)c  todas  as  fuás  litterarías  producçoens  fó- 
iiicnrc  fe  íízeraõ  publicas  pelo  benefício  da 
linprcíTaõ  as  feguintes 

Praíiica  com  q$i«  con^-atulou  a  Academia 
^tal  por  (Jlar  eleito  /eu  Collega.  Sahio  imprcíTa 
no  Tom.  10.  da  Collec.  dos  Documentos,  e 
\UtMor.  da  mtfma  Academia.  Lisboa  por 
Jozcph  António  da  Sylva.  1730.  foi. 

Outo  epigramas  Latinos  a  vários  AíTum- 
ptos,  que  fe  deraõ  na  Academia  dos  Anony- 
mos.  Sahiraõ  impreflbs  nos  Progreffos  Aca- 
imncos  dos  Anonymos  de  Lisboa  i .  Parte  Lisboa 
pOf  Jofcph  Lopes  Ferreira  171 8.  4. 

Quatro  'Epigramas  Latinos,  em  louvor 
do  Padre  Fr.  Simaõ  António  de  Santa  Cathc- 
dna  da  Ordem  de  S.  Jerónimo  orando  na 
Academia  dos  Anonymos,  e  na  Academia 
EfcolaíUca.  Sahiraõ  na  i.  Part.  das  Oraçoens 
Académicas  do  dito  Padre  Fr.  Simaõ.  Lisboa 
na  Of  fiei  na  da  Mufica  1725.  8. 

Fr.  AGOSTINHO  DA  GRAÇA,  natural 

da  Villa  de  Thomar,  e  Monge  profeíTo  da 

Otdem   de    S.    Bento,    cujo   habito   recebeo 

no  Convento  de  Tibaens  a  12,  de  Dezembro 

de    1599.     Foy    muito    inftruido    nas    letras 

humanas,  e  Poesia.    Morreo  em  Travanca  a 

1 4.  de  Agofto  de  1 644.   Efcreveo  em  Dialogo 

Tardes  de  entre  Douro,  e  Minho.  M.  S.  in  foi. 

I       Endechas  em   louvor   da   Vida   de    Santa 

Inez,   compofta   por   Fr.    Álvaro   de   Carva- 

jales,    fahiraõ    impreíTas    ao    principio    defta 

obra,  como  hum  Soneto  em  applaufo  de  Fr. 

I  Gregório    Bautiíla,    ambos    Monges    Bentos 

[!no  principio  do  livro  que  compoz  intitulado 

Completas  da  Vida  de  Chrijlo. 

P.  AGOSTINHO  LOURENÇO,  natural 
(da  Villa  de  Terena  do  Arcebifpado  de  Évora, 
|c  filho  de  Joaõ  Lourenço,  e  Inez  Gonçalves. 
Nefta  Cidade  recebeo  a  Roupeta  da  Compa- 
nhia de  JESUS  em  18.  de  Janeiro  de  1653. 
I  quando  contava   defenove  annos   de  idade, 
e   nella   aprendeo    as    letras    humanas,    que 
enfinou   no    Collegio    da   Ilha    da   Madeira. 
ijFoy  Meílre  de  Theologia  Moral  no  Collegio 
de  Faro  donde  paíTou  a  ler  Filofofia  no  de 


67 

Santo  Antaõ.  Antes  de  acabar  os  três  annos, 
foy  mandado  por  ordem  dos  Superiores 
com  o  Padre  Bento  de  Icemos  aíTiíUr  em  Ingla- 
terra i  Sereni/Tima  Rainha  D.  Catherina 
filha  delRey  D.  Joaõ  o  IV.  que  o  fez  feu 
Pregador,  exercitando  eíle  miniAcrio  por 
espaço  de  treze  annos.  No  tempo  que  aíTiíUo 
em  Ix)ndres,  fempre  viveo  com  fumma 
modeftia,  e  para  fugir  à  ocíofidade  fe  occu- 
pou  em  compor  hum  Curfo  Filofofico,  c 
efcrever  varias  matérias  Theologicas  con- 
feííando,  que  o  feu  total  intento  era  neftas 
compoíiçoens  o  fer  antes  reputado  por  prefu- 
mido  ignorante,  que  por  fabio  ociofo.  Juntou 
com  grande  curiofidade  huma  copiofa  Livra- 
ria, que  deixou  ao  Collegio  de  Beja.  Voltando 
para  o  Reyno  no  anno  de  1689,  aíTiíUo  muitos 
annos  no  Collegio  de  Évora,  donde  foy 
mandado  para  Reytor  do  Collegio  de  San- 
tarém, em  cujo  governo  fem  offenía  da 
obfervancia  foy  fummamente  benévolo  para 
os  fubditos,  que  lamentarão  a  fua  morte 
fuccedida  a  25.  de  Março  de  1695. 
Compoz. 

Curjus  Philofophicus  de  triplici  Ente.  tom. 
I.  De  Ente  Lógico.  Leodij  per  Guilielmum 
Henricum  Streel.  1687,  foi. 

Tom.  2.  de  Ente  Phjjico.  ibi  per  eum- 
dem  Typog.  eodem  anno,  &  forma. 

Tomus  3.  de  Ente  Methaphyjico.  ibi  per 
eumdem  Typog.  1688.  foi. 

Sjntagmata  Theologica  in  Prim.  Part.  D. 
Thoma.  Tom.  i.  ibi  per  eumdem  Typ.  1680.  foi. 

Tom.  z.  in  Jecund.  Part.  D.  Thom.  ibi 
per  eumdem  Typog.  1682.  foi. 

O  Padre  Francifco  da  Fonfeca  na  Eifora 
glorio/,  pag.  425.  lhe  chama  VaraÕ  Keligo- 
Jijfimo,  e  o  P.  António  Franco  na  Imagem 
da  Virtud.  em  o  Novic.  de  Évora  liv.  4.  cap.  1 1 . 
efcreve  delle,  como  largamente  no  Synopf. 
Annal.  S.  J.  in  Lujitan.  pag.  397.  n.  13.  e  no 
Ann.  glorio/.  S.  J.  in  Lu/it.  pag.  172.  dizendo 
Moribus  nituit  integerrimis,  (ò*  con/cientia  /celeris 
purijfima.  Franc.  de  Santa  Maria  no  Diar. 
Port.  pag.  387.  Floreceu  em  nojos  dias  com 
merecida /ama  de  excellente  E/cri tor. 

AGOSTINHO  LOPES.  Medico  de 
profiíTaõ,  cuja  Faculdade  diâou  no  anno  de 
1564.  na  Univeríidade  de  Salamãca,  fahindo 


68 


BIBLIO THECA 


grandes  difcipulos  da  fua  doutrina,  entre  os 
quaes  merece  diftinta  memoria  o  noflb  Portu- 
guez  Garcia  Lopes,  de  quem  fallaremos  em 
feu  lugar,  o  qual  no  feu  Tratado  de  Varia  rei 
medica  le£íione  lhe  chama  Senem  Venerandum. 
Compoz,  e  imprimio  hum  Tomo  de  Medicina, 
cujo  titulo,  lugar,  e  anno  da  ImpreíTaõ  ainda 
naõ  chegou  à  nofla  noticia. 

D.  AGOSTINHO  MANOEL  DE 
VASCONCELLOS,  chamado  antigamente 
Agoílinho  de  Mello.  Naceo  na  Cidade  de 
Évora  no  anno  de  1584.  de  pays  illuilres, 
quaes  foraõ  Ruy  Mendes  de  Vafconcellos,  e 
D.  Anna  de  Noronha.  Na  primeira  idade 
manifeílou  os  dotes  do  grande  engenho,  com 
que  a  natureza  liberalmente  o  ornara,  os  quaes 
fe  foraõ  augmentando  com  tal  exceíTo,  que  era 
admirado  pelos  mais  doutos  homens  do  feu 
tempo.  Depois  de  eJiudar  Direito  Civil  em 
Salamanca  preferio  a  efte  eíludo,  em  que  tem 
mais  parte  a  memoria,  que  o  entendimento,  a 
liçaõ  da  hiíloria,  em  a  qual  produzio  fazona- 
dos  frutos  o  feu  agudo  talento,  efcrevendo 
com  pura  fraze,  juizo  prudente,  e  difcreta  ele- 
gância. Naõ  foy  menos  a  fua  capacidade 
para  a  Hiftoria  que  para  a  Poeíia,  fendo  hum 
dos  mais  iníignes  cultores  defta  divina  Arte, 
como  o  manifeftaõ  varias  obras  a  diverfos 
aíTumptos,  em  que  fe  unio  a  pompa  das  vozes 
com  a  fineza  dos  conceitos.  Foy  Cavalleiro 
profeíTo  da  Ordem  militar  de  Chrifto.  Arre- 
batado de  huma  paixaõ  indecorofa  ao  feu  naci- 
mento  fe  conjurou  com  o  Marquez  de  Villa 
Real,  Duque  de  Caminha,  e  Conde  de  Arma- 
mar  contra  a  SereniíTima  Cafa  de  Bragança 
novamente  exaltada  ao  trono,  da  qual  antes 
tinha  fido  grande  venerador,  e  fendo  conven- 
cido de  taõ  feyo  crime,  foy  degoUado  no  Rocio 
de  Lisboa  a  29.  de  Agoiio  de  1641.  quando 
contava  57.  annos  de  idade.    Efcreveo. 

Vida  de  D.  Duarte  de  Menet^es  terceiro 
Conde  de  Viana,  e  Jucceffos  nofables  de  Portugal 
en  fu  tiempo.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck 
1627.  4.  Cuja  obra  (diz  Rodrigo  Mend.  Sylv. 
no  Cathal.  Keal  de  Efpan.  na  Vida  delRey 
D.  Duarte  pag.  99.)  es  tan  efiimada  como  fe 
muejlra  en  el  applaufo  con  que  todos  la  veneran 
y  Jolemni^an.  Anton.  de  Souza  de  Macedo 
¥lor.  de  Efpan.  cap.  12.  Excel.  7.  injtgne  Chro- 


nijla  de  D.  Duarte  de  Mene;(es.  Nicol.  Anton. 
na  Bib.  Hi/p.  Tom.  i.  pag.  136.  diz  que  efcre- 
vera  eíla  vida  diferte,  <&  cum  judicio,  e  Gerald. 
Ernefto  de  Francken.  in  Bib.  Hifp.  Hijl.  Gen. 
pag.  50.  a  intitula  Elegans  opus. 

Sticejfion  dei  Senor  Key  D.  Filippe  elfegundo  en 
la  Corona  de  Portugal.  Madrid  por  Pedro  Taíío 
1639.  8. 

Vida,  y  acciones  delKej  D.  Juan  el  Jegundo 
decimo  tercero  Rçy  de  Portugal.  Madrid,  por 
Maria  de  Quinònes.  1639.  4*  Sahio  vertida 
em  Francez.  Pariz  1641.  8.  Defta  obra  diz 
D.  Francifco  Manoel  na  Carta  efcrita  a  Ma- 
noel Themudo  da  Fonfeca,  em  que  trata  dos 
Authores  Portuguezes,  que  fora  taõ  feliv^  ella, 
como  infeli^  feu  author;  e  Lourenço  Gracian 
Criticon  Part.  3.  Crif.  2.  introduzindo  o  Mé- 
rito diz.  Será  eterna  la  vida  de  D.  Juan  fe- 
gundo  de  Portugal  efcrita  por  D.  Agufiin  Manoel 
digno  de  mejor  fortuna.  Delia  faz  mençaõ  a  Bib. 
Orient.  de  António  de  Leaõ,  modernamente 
acrefcentada  Tom.  i.  Titul.  3.  col.  63. 

Compoz  fem  o  feu  nome  hum  Manifejlo 
na  A-clamaçaõ  delRey  D.  JoaÕ  o  IV.  que  com- 
prehende  duas  folhas  de  papel  impreíTo  em 
Lisboa  por  Manoel  da  Sylva  1641.  foi. 
Começa  No  ay  entre  los  mortales.  Eílá  elegan- 
temente efcrito. 

Na  Vida  de  D.  Duarte  de  Menezes  liv. 
I.  n.  18.  promete  hum  Livro  intitulado 

Africa   conquiflada  pelos   Portuguef^es. 

Difcurfo  fobre  a  Cafa  de  Bragança  na  occat^iaõ 
da  vinda  da  Princefa  Margarida  a  Portugal. 
Nelle  faz  hum  elogio  ao  Duque  D.  Theodofio; 
defcreve  a  varia  fortuna  que  eíla  Cafa  experi- 
mentou com  os  Reys  moílrando  que  ElRey 
D.  Joaõ  o  III.  lhe  tirara  o  Eftado  de  Guima- 
raens,  e  ElRey  D.  Sebaíliaõ  lhe  fora  pouco 
affeâo  por  lhe  envejar  a  Tapada  de  Villa- 
viçofa;  que  os  Infantes  eraõ  inimigos  dos 
Duques  porque  os  excediaõ  na  riqueza,  e  £ 
competiaõ  na  qualidade,  e  outras  particulari- 
dades, que  obfervou  o  Excellentiflimo  Conde  \ 
de  Ericeira  Cenfor  da  Academia  Real,  quando  Ç 
por  ordem  delia  examinou  os  M.  S.  da  feleda 
Livraria  do  Conde  de  Vimieiro,  onde  eftá 
efte  Difcurfo,  do  qual  dá  individual  noticia 
em  a  Collecçaõ  dos  Documentos,  e  Memo- 
rias da  Academia  Real  do  anno  de  1724. 
impreíla  no  mefmo  anno. 


IL 


L  USITANA. 


69 


.  Cancion  a  los  túmulos  régios  dei  Monaflerio 
^hn.  Aí.  S.  Coníerva-íe  na  meíma  Livraria. 
Ic  cfcrita  com  cxccllentc  cftilo. 

Memorial  da    Genealogia,    e    Privilégios   da 
<ifa  de  íiraganfa.    Dcfta  obra  dá  noticia  o 
adrc   D.    António   Caetano   de    Souza    no 
\pfhjr.  à  lUJl.  Cen.  da  Cafa  Real  de  Portug. 
»«.  81.  §.  67.  dizendo  que  fe  conferva  na 
I  ivraria   do   Conde   de   Vimieyro,   e   crcyo 
iuc  hc  o  Difeurfo  de  que  fizemos  mençaò. 
Manoel  de  Galhegos  no  Templo  da  Me- 
.or.  liv.  4.  Hílanc.   195.   lhe  canta  cm  feu 
l^ppUufo. 
Sabe  cantar  com  tanta  melodia 
D.  AgoJIinho  Manoel  de  Mello 
Que  efquecerme  feu  cântico  feria 
Fat(er  aggravo  ao  Helicon,  e  ao  D  elo; 
E  pois  dos  Verfos  tanto  império  alcança 
Ouça  f eus  doces  números  Bragança. 
Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  Ijijit.  Utter. 
iletr.  A.  n.  141.  Eruditione,  Ó^  eloquentia  pluri- 
mum  valuit.   Franckcnau  in   Bib.   Hifp.   Hijl. 
( ien.  pag.  50.  n.  93.  Eques  fago,  togaque  inclytus. 
jNicol.  Ant.  in  Bib.  Vet.  liv.  10.  cap.  12.  n.  698. 
\Vir  difertus,  atque  infe  liei  fato  ad  pofleros  clarus. 
fFonfec.   Ejeor.    Gloriof.   pag.   409.    Dotado   de 
■{í^lar  engenho,  e  agudo  Jui^o.    Van  Efpen  de 
Jure  Canon.  Traél.  de   Promulgai.    "Leg.  Ecclef. 
iPart.  2.  cap.  i. 

Fr.  AGOSTINHO  DE  SANTA  MARIA. 

.Naceo  na  Villa  de  Eílremoz  da  Provinda 
do  Alentejo  a  28.  de  Agofto  de  1642.  fendo 
fcus  Pays  António  Pereyra,  e  Catherina 
Gomes.  Deixando  o  mundo,  e  com  elle 
o  nome  de  Manoel  Gomes  Freyre,  com 
que  era  conhecido  no  feculo  fe  recolheo 
na  Religião  dos  Agoftinhos  Defcalços,  onde 
iccebeo  o  habito  em  18.  de  Dezembro  de  1665. 
na  Igreja  das  Religiofas  do  mefmo  Inílituto 

I  fitoada  no  lugar  do  Grillo  fuburbio  de  Lisboa, 
authorizando  eíle  afto  com  a  fua  prezença 
a  Sereniílima  Raynha  D.  Luiza  Francifca 
de  Gufmaõ  infigne  Proteâora  deJfta  Reforma, 
e  foy  o  primeiro  Noviço,  que  teve  nefte 
Reyno.     No   Convento   de   Évora  aprendeo 

\  as  fciencias  mayores,  e  fazendo  nellas  grandes 
progreíTos,  mayores  foraõ  os  que  fez  nas 
virtudes,  principalmente  na  exa£h.  obfer- 
vancia  dos  feus  Eílatutos  merecendo  digna- 


nwnte  occupar  os  mayores  lugares  da  Reli- 
gião, como  foraô  Chroniíbi  da  Ordem,  Prior 
do  Convento  de  Évora,  Secretario  da  Pro- 
vinda, Definidor  três  vezes,  e  ultimamente 
Vigário  Geral  de  toda  a  Tua  Congregação. 
PaíTou  o  largo  efpaço  da  fua  vida  continua- 
mente applicado  á  liçaò  dos  livros,  de  que 
nunca  fe  abfteve  ainda  quando  já  o  difpenfava 
a  fua  idade  decrépita  gravemente  attenuada 
pelo  rigor  dos  jejuns,  e  difciplinas,  e  o  que 
caufa  mayor  admiração  foy,  que  fem  focorrcv 
de  Amanuenfe  efcreveíTe  perfeitamente  pela. 
fua  maò,  fem  ufar  de  óculos,  os  muitos  livros 
hiíloricos,  e  afceticos,  com  que  illuílrou 
a  Republica  Litteraria.  Foy  cordial  devota 
de  Maria  SantiíTima,  em  cujo  obfequio  lhe 
dedicou  a  mayor  parte  dos  feus  trabalhos,  e 
vigílias  eftudiofas  querendo  por  eíle  moda 
infpirar  em  os  coraçoens  dos  Catholicos  hum 
ardente  affefto  para  taõ  augufta  Princeza. 
Quando  contava  a  proveâa  idade  de  86.  annos 
eílava  taõ  robuílo  o  feu  efpirito,  que  jejuou  a 
paõ,  e  agua  a  Semana  Santa  próxima  à  fua 
morte,  que  fuccedeo  na  fefta  feira  2.  de  Abril 
de  1728.  depois  de  Dominga  de  Pafcoa  tendo 
celebrado  MiíTa  em  dia  taõ  grande,  e  feftivo. 
Foy  fepultado  o  feu  Cadáver  no  Sabbado  in 
Albis  no  Convento  de  N.  Senhora  da  Boa 
Hora  de  Lisboa.  Com  grandes  elogios  cele- 
braõ  a  fua  memoria  o  Padre  D.  Manoel  Cae- 
tano de  Souza  in  Exped.  Hifpan.  Apoflol.  S. 
Jacob.  Major.  tom.  i.  pag.  735.  n.  i-jo^.  Quibus 
omnibus  (  falia  dos  feus  livros  )  Vir  religiojijfi- 
mus  eruditionem,  (ò" pietatem  fpirat ;  e  no  Tom.  2. 
pag.  972.  n.  2302.  Vir  fuit  omnibus  virtutibus 
ornatus,  <ò'  illibatum  femper  fervavit  virginitatir 
florem,  utpote  qui  fuit  Beatijfima  Regina  Vir^- 
num  deditijfimus.  O  Benefic.  Franc.  Leyt. 
Ferreir.  Not.  HiJl.  da  Univ.  de  Coimb.  pag.  457. 
n.  977.  Benemérito  das  letras,  e  já  decrépito 
nos  annos  depois  de  ter  dado  à  lu^  em  muitos 
livros  compojlos  piamente  os  fa^rmdos  frutos 
da  fua  ejiudiofa  erudição  foy  go^ar  dos  da 
eterna  vida  aos  3.  de  Abril,  devendo 
dizer  2.  D.  Pedro  Hieron.  Femand. 
Cathedratico  de  Leys  na  Univeríidade  de 
Huefca  in  Opufc.  Hifl.  Lat.  Marian.  Ja- 
cob, pag.  64.  e  iio.  lhe  chama  Celebris  feri- 
ptor. 

Cathalogo  das  obras  impreífas. 


70 


BIBLIOTHE CA 


Hijloria  da  Keal  fundação  do  Convento 
Âe  Santa  Mónica  da  Cidade  de  Goa  Corte 
Jo  EJiado  da  Índia,  e  do  Império  L.uJitano 
do  Oriente.  Lisboa  por  António  Pedrozo 
Galraõ  1699.  4. 

Hijloria  da  vida  admirável,  e  acçoens  prodi- 
.giojas    da     Venerável    Madre    Sor    Brit^ida    de 
Santo  António.  Lisboa  pelo  mefmo  ImpreíTor 
1701.  4. 

Exemplo  rarijftmo  da  paciência,  e  vida 
prodigioja,  e  fingular  da  Santa,  e  admirável 
Virgem  Santa  Eiduvina  efcrita  em  latim  por 
Fr.  JoaÕ  Bn/gmano  da  Ordem  dos  Menores 
de  Viandes  Jeu  Confejfor,  recopilada  por  Fr. 
JLoi/renço  Surio  Cartuxo,  novamente  tradu- 
.^ida,  e  dijpofta  em  forma  de  Hiftoria,  em  a 
Jingua  Vortuguefa.  Lisboa  peio  mefmo  Im- 
preíTor 1703.  4. 

Adeodato  contemplativo,  e  univerfidade 
■de  Oração,  dividida  em  três  claffes  pelas  tret^ 
vias  Purgativa,  llluminativa,  e  Unitiva.  Lisboa 
pelo  mefmo  Impreííor  171 3.  4. 

Sanãuario  Mariano,  e  Hijloria  das  Ima- 
gens milagrofas  de  N.  Senhora,  e  das  milagro- 
Jamente  aparecidas,  que  fe  veneraõ  na  Corte, 
e  Cidade  de  L,isboa.  Tom.  i.  Lisboa  pelo 
mefmo     Impreííor.     1707.     4. 

Sanãuario  Mariano,  e  Hijloria  das  imagens 
niilagrojas,  que  fe  veneraõ  no  Arcehifpado  de 
L,isboa.  Tom.  2.  Lisboa  pelo  mefmo  Impref- 
for,   e  anno,   4. 

Sanãuario  Mariano,  e  Hijloria  das  Imagens 
<&c.  que  fe  veneraõ  em  os  Bifpados  da  Guarda, 
Eamego,  Lejria,  e  Portalegre  fuffraganeos  do 
Arcehifpado  de  Lisboa,  Priorado  do  Crato,  e 
Prelazia  de  Thomar.  Tom.  3.  Lisboa  pelo 
mefmo  Impreííor  171 1.  4. 

Sanãuario  Mariano,  e  Hijloria  das  Imagens 
<&c.  que  Je  veneraõ  em  o  Arcebijpado  Prima^ 
de  Braga,  e  Jeus  fuffraganeos.  Tom.  4.  Lisboa 
pelo  mefmo  Impreííor  171 2.  4. 

Sanãuario  Mariano,  e  Hijloria  das  Imagens 
<&c.  que  fe  veneraõ  nos  Bifpados  do  Porto,  Vifeu, 
e  Miranda.  Tom.  5.  Lisboa  pelo  mefmo  Im- 
preííor 171 6.  4. 

Sanãuario    Mariano,    e    Hijloria    das    Ima- 
gens  <&c.     que    fe    veneraõ  no    Arcehifpado 
de    Évora,    e    Bifpado    do    Algarve,    e    Elvas. 
Tom.    6.    Lisboa   pelo    mefmo   Impreffor 
1716.  4. 


Sanãuario  Mariano,  e  Hijloria  das  Imagens, 
que  nos  ficáraõ  por  referir  nos  féis  tomos  antece- 
dentes por  falta  de  inteira  noticia.  Tom.  7,  Lisboa 
pelo  mefmo  Impreííor  1721.  4. 

Sanãuario  Mariano,  e  Hijloria  das  Imagens 
<&c.  que  fe  veneraõ  em  a  índia  Oriental,  e  mais 
conquiflas  de  Portugal,  AJia,  Insular,  AJrica, 
e  Ilhas  Filipinas.  Tom.  8.  Lisboa  pelo  mefmo 
Impreííor.  1720.  4. 

Sanãuario  Mariano,  e  Hijloria  das  Ima- 
gens <ó^c.  que  Je  veneraõ  em  o  Arcehijpado  da 
Bahia,  e  mais  Bijpados  de  Pernambuco,  Pa- 
raíba, Rio  grande,  Maranhão,  e  GraÕ  Pará. 
Tomo.  9.  Lisboa  pelo  mefmo  Impreííor 
1722.  4. 

Sanãuario  Mariano,  e  Hijloria  das  Ima- 
gens (&c.  que  Je  veneraõ  em  todo  o  Bijpado  do 
Rio  de  Janeiro,  e  Minas,  e  em  todas  as  Ilhas 
do  Occeano  Tom.  10.  Lisboa  pelo  mefmo 
Impreííor    1723.  4. 

Rojas  do  Japaõ  colhidas  na  Igreja  do 
Japaõ  I.  Part.  Lisboa  pelo  mefmo  Impreííor 
1709.  4. 

Rofas  do  Japaõ  (à^c.  2.  Parte  Lisboa  por 
Pedro   Ferreira    1724.   4. 

Triumvirato  efpiritual,  e  hiflorico  nas  prc- 
digiofas  vidas  de  três  injignes  Varoens,  o  Venera-  < 
vel  Padre  Diogo  Ortis,  o  Venerável  D.  Fr. 
Agojlinho  da  Corunha  Bijpo  de  Popayan,  e  do 
Ven.  IrmaÕ  Bartholameu  Lourenço  Portugue^ 
da  Companhia  de  Jejus.  Lisboa  por  António 
Pedrofo  Galraõ  1722.  4. 

Hijloria    tripartita    comprehendida    em    três 
tratados.     No    1.   Je    dejcrevem    as    vidas    dos 
Santos    Martjres    Verijfimo,    Máxima,    e  Julia 
Irmãos,     Padroeiros    de     Lisboa,     e     do    Real  \ 
Mojleiro   de   Santos.     No    z.  fe   dà   noticia  da 
vinda,    pregação     do     Apoflolo     SaÕ-Tiago    às . 
Efpanhas,   e   origem   da  fua   ef clareada   Ordem, ' 
e     de    feus     nobilijftmos     Mejlres     Portuguet^es. 
No    3.    fe    defcrevem    os   princípios    do    Real 
Convento    de    Santos,    e    a    noticia    das   fuás 
illuflres     Commendadeiras     defde     o     anno     i»  \ 
121 2  até  os  nojfos  tempos.    Lisboa  pelo  mefmo 
Impreííor.    1724.    4. 

Celefle,  e  devota  Filotea,  e  thefouro  de 
efpirituaes  rique:(as  de  fantos  exercidos  com 
que  as  almas  devotas  podem  crecer  muito  nas 
virtudes,  e  no  amor,  e  devoção  de  Jefus,  e 
de  Maria.    Lisboa  pelo  dito  Impreííor  1727. 


L  USITAN A. 


7» 


Novena  de  Noffa  Senhora  da  Nat(areth  vent- 

ula  no  Jitio  da  Villa  da  Pederneira  com  a  relafaõ 

i  fuá  futfl  de  Na:(areth  para  o  hgipto  onde 

Mjiio  fete  annos,  e  da  pmgrina^aò  da  fua  San- 

iifima  Imagem  de  Na!(aretb  à  Cidade  de  Belém. 

isboa  por  Jofeph  Manefcal  ImpreíTor  da 

rcniíTima  (^fa  de  Bragança  1721.  24. 

Exame  de  conf ciência  particular,  e  geral  Lisboa 

or  António  Pcdrofo  Galraõ  1704.  12. 

Compendio  das  ff^aças,  e  indulgências,  e  mais 
JtHS  tjpirituaes  de  que  goi^aÕ,  e  participai  os 
\rmios  da  Confratemidade  de  N.  Senhora 
Ir  Copacavana  fita  na  Igreja  do  Keal  Convento 
Je  N.  Senhora  da  Conceição  do  Monte  Olivete 
ir  Religio/os  Agoftinhos  De/calços  extramuros 
ia  Cidade  de  Lisboa.  Lisboa  Por  António 
Pcdrofo  Galraõ   17 14.    12. 

Cathalogo  das  obras  traduzidas. 
Da   língua   latina   do   Padre   Jacob   Me- 
Iroftio  na  Portuguefa 

O  caminhante  chri/taõ  que  dirige  a  fua 
Jornada  à  pátria  efpiriíual  Lisboa  por  An- 
tónio Pcdrofo   Galraõ    1721.    12. 

De  Italiano  do  Padre  Paulo  Segneri  da 
iLompanhia  de  Jefus  as  duas  feguintes  obras. 
O    Inferno    aberto  para    que    o    ache  fecha- 
0    ChrifiaÕ    difpofto    em    varias    confidera- 
Lisboa  pelo   dito  ImpreíTor   1724.    12. 
O    Confeffor    inftruido    Lisboa    pello    dito 
ImpreíTor   1725.   16. 

De  Italiano  do  Padre  San£U  Chicarelli 
(Geral  da  Religião  dos  Padres  Miniftros  dos 
íEnfermos. 

hreve  difpofiçaõ  efpiritual,  que  deve  fa^er 
itodo  o  ChrifiaÕ  para  efiar  fempre  aparelhado 
Ipara  a  morte.  Lisboa  por  Jozé  Lopes  Ferreira 
ImpreíTor  da  Rainha  noíTa  Senhora  171 6. 
1*4. 

De  Caílelhano  do  Padre  Francifco  de 
Salazar  Jefuita. 

Affeãos,  e  confideraçoens  devotas  fobre 
iOS  quatro  Novijfwjos  acrefcentados  aos  exer- 
icicios    da   primeira   f emana    de    Santo    Ignacio 

Ide   Layola.     Lisboa    pelo    mefmo    ImpreíTor 
1716.    12.   De   Caílelhano. 

Medifaçoens,  e  fufpiros  do  gloriofo  Doutor 
da  Igreja  Santo  Agofiinho.  Lisboa  pelo 
meímo  Impref.    1727.    12. 

Obras  que  eftavaõ  promptas  para  a  im- 
preíTaõ. 


Chronologfa  Sacra,  t  profana  dividida  em- 
2.  Tomos:  o  primeiro  defde  os  principias  do 
Mtmdo  a  ti  a  vinda  de  N.  Senhor  Jefus  Cbrifio; 
o  fegundo  defde  a  vinda  dê  Chrifio  ati  os  nojfor 
tempos.     Aí.   S. 

Vida  da  Madre  Sor.  Maria  da  AJfum- 
pçaõ  Agofiinha  Defcalça  do  Keal  Convento  dar 
Defcalças  de  Santo  Agofiinho  de  Lisboa. 

Chronica  das  Religiofas  Agofiinhas  Defcalfar 
de  Lisboa.  Aí.  S. 

Vida,  e  virtudes  da  Ven.  Sor  Mariana  de  S. 
SimeaÕ  Keligiofa  Defcalça  de  Santo  Agofiinho,  e 
Yundadora  dos  Conventos  de  Almança,  e  Corpur 
Chrifii  de  Murcia  em  Efpanha.  Aí.  S. 

Exercido  celefie,  e  the^ouro  de  efpirituaer 
rique:(as,  e  graças  fobre  as  devoções  particulares- 
de  N.  Senhora.  Aí.  S. 

Jerarchia  efpiritual  com  as  Vidas  dos  Santor 
Varoens  illufires  da  Ordem  de  Santo  Agofiinho. 
Aí.  S. 

Meditaçoens,  Solilóquios,  e  Manual  de  Santo 
Agofiinho  traduv^idos  em  Portugue:^.  Aí.  S. 

Hifioria  dos  Santuários  de  Chrifio  Cruci- 
ficado, que  fe  veneraõ  nefie  Reyno.  Para  cila 
obra  tinha  junto  muitas  noticias,  mas  naõ- 
a  pode  concluir  por  lhe  roubarem  o  que  já 
delia  tinha  compoílo,  como  o  mefmo  Author 
nos  certificou. 

Fr.  AGOSTINHO  DE  SANTA  MARIA, 
filho  de  Manoel  Pereira  TravaíTos,  c  D.  Ignez 
Maria  de  Azevedo,  natural  de  Lisboa  onde 
eftudou  a  lingua  Latina,  e  letras  humanas,, 
e  depois  Filofofia  com  admiração  dos  feus  con- 
difcipulos.  Recebeo  o  habito  da  Ordem  de 
SantiíTima  Trindade  em  o  Convento  de  San- 
tarém em  5.  de  Agofto  de  1704.  e  profeíTou 
a  14.  do  dito  mez  do  anno  de  1705.  em  cuja 
Religião  exercitou  o  Officio  de  Pregador  com. 
geral  applaufo.  Foy  Leitor  nomeado  de 
Theologia  no  anno  de  171 9.  fendo  já  Pro- 
thonotario  Apoílolico.  Naturalmente  era. 
inclinado  à  Poeíia  Latina  fazendo  verfos 
extemporâneos  com  tanta  elegância,  e  fua- 
vidade,  como  fe  foraõ  compoílos  com  grande 
exame,  e  coníideraçaõ.  Falleceo  no  Convento 
de  Lisboa  a  22.  de  Janeiro  de  1736.  De 
muitas  obras  aíTim  poéticas,  como  condo- 
natorias,  que  tinha  compoílo,  fomente  publi- 
cou as  feguintes. 


72 


BIB  LIO  THE  CA 


Sermão  de  N.  Senhora  da  Quietação  na 
Parochial  Igreja  de  S.  Nicolao  Segunda  Oitava 
■da  Pafchoa  a  ^.  de  Abril  de  17 14.  Lisboa  por 
António  Pedrofo  Galraõ.  1714.  4. 

Sermão  em  acçaõ  de  graças  pelo  Capitulo  Pro- 
mncial,  que  Je  celebrou  no  Convento  da  SantiJJima 
Trindade  de  Lisboa  em  o  Sábado  9.  de  Março 
de  171 6.  pregado  no  Convento  da  Vi  lia  de  Cintra. 
Lisboa  por  Jozé  Lopes  Ferreira  Impreflbr 
"da  SereniíTima  Rainha  171 6.  4. 

Panegyrico  fúnebre  às  faudofas  memorias  da 
ExcellentiJJima  Senhora  D.  Elvira  Maria  de 
Vilhena  Condeffa  de  Pontevel.  Lisboa  por 
António  Pedrozo  Galraõ  171 9.  4. 

Grinalda  de  varias  flores  com  que  Je  orna 
■a  muy  augtifla  Thiara  do  noffo  Santijflmo  Padre, 
e  Senhor  Benedião  XIII.  formada  em  gratulatorio 
aplaufo  da  fua  faujiijjima  exaltação  ao  Summo 
Pontificado  Lisboa  na  Officina  Ferreiriana 
1725.  4. 

Commentaria  in  Canticum  Nunc  dimittis 
Servum  tuum  Domine.  M.  S.  que  fe  conferva 
no  Convento  de  Lisboa. 

AGOSTINHO  DE  MEDEIROS  natural 
-de  Villa  de  Perdizes  termo  da  ViUa  de  Monte 
alegre  Comarca  da  Villa  de  Chaves  na  Provín- 
cia Tranfmontana.  Foy  filho  de  António 
de  Medeiros,  e  Catherina  de  Alvar.  Recebeo  o 
Habito  militar  da  Ordem  de  Saõ  Tiago  no 
E.eal  Convento  de  PalmeUa  a  27.  de  Dezem- 
bro de  167 1  das  mãos  do  lUuílriíTimo  Prior  mór 
D.  Antaõ  de  Faria.  Teve  hum  Beneficio 
iimplez  na  Igreja  de  S.  Sebaftiaõ  de  Setúbal. 
Foy  muito  douto  na  Theologia  Moral  como 
o  moílrou  na  obra  feguinte. 

Doãrina  da  ConfiffaÕ  facramental  muy  útil, 
e  necejfaria  para  qualquer  penitente  fe  faber  con- 
Jeffar  tirada  dos  Authores  de  Theologia  moral, 
e  de  alguns  tratados  efpirituaes  4.  M.  S.  Co- 
meça. 

A  penitencia,  que  como  dif^  meu  Padre 
Santo  Agofiinho,  he  ter  pena  dos  bens,  que  fe 
deixarão  de  fa^er.  Acaba.  E  os  tementes  a 
Deos  tiveraõ  por  melhor  a  affirmativa  na  qual 
Jaõ  eflas  circunfiancias  da  necejftdade  da  ConfiffaÕ. 
No  fim  de  tudo  tem  a  proteftaçaõ  da  letra 
do  Author.  Eíla  obra  fe  conferva  na  Livra- 
ria dos  PP.  Theatinos  deíla  Corte,  onde  a 
vimos. 


Fr.  AGOSTINHO  DO  MONTE  AL- 
VERNE  natural  da  Cidade  de  Ponta  Delgada 
Capital  da  Ilha  de  S.  Miguel,  e  Religiofo  pro- 
feíTo  da  Seráfica  Província  de  S.  Joaõ  Evange- 
lifta  nas  Ilhas  dos  Açores.  Querendo  moílrar-fe 
agradecido  à  pátria,  que  lhe  dera  o  berço, 
efcreveo  com  eílilo  claro,  e  fincero. 

Noticias  Hijloricas  das  Ilhas  dos  Açores 
fojeitas  ao  dominio  de   Portugal.   M.   S. 

Confervafe  eíla  obra  entre  os  feus  Reli- 
giofos.  Do  author  faz  mençaõ  Fr.  Appolli- 
nario  da  Conceição  Claujlro  Francifc.  Lane.  2. 
cap.  19.  pag.  80. 

AGOSTINHO  DE  MOURA  PEÇA- 
NHA  natural  da  Cidade  de  Évora  filho  de 
António  de  Moura,  e  Neto  de  Duarte  de 
Moura  Provedor  da  agua  da  prata  fendo 
Jurifta  de  profiíTaõ,  exercitou  o  lugar,  que 
teve  feu  Avô.    Compoz. 

Tratado  do  Aqueduão  Real  da  Fonte  da 
agua  da  prata  dedicado  ao  Senado  da  Cidade 
de  Évora,  em  cujo  Cartório  fe  guarda. 

Fr.  AGOSTINHO  OSÓRIO  Eremita  de 
Santo  Agoílinho,  e  celebre  Lente  de  Theolo- 
gia na  Univerfidade  de  Lerida  no  Principado 
de  Catalunha,  onde  no  anno  de  16 10.  diélava 
aquella  faculdade,  com  univerfal  aclamação. 
Foy  Provincial  das  Províncias  de  Aragaõ,  e 
Catalunha,  em  cujo  onerofo  minifterio  dezem- 
penhou  as  obrigaçoens  de  hum  Superior 
perfeito.  Pela  fublevaçaõ,  que  houve  neftas 
Provindas  contra  os  Hefpanhoes,  que  as  domi- 
navaõ,  paífou  a  França,  e  tanto  fe  diílinguio 
o  feu  talento  em  o  Púlpito,  que  o  nomeou 
feu  Pregador  em  o  anno  de  1642.  a  Magef- 
tade  ChriftianiíTima  de  Luiz  XIII.  Falleceo 
a  15.  de  Novembro  de  1646.  na  proveda 
idade  de  92.  annos.  Delle  fe  lembraõ  Marrac. 
in  Biblioteca  Marian.  Tom.  i.  pag.  167.  Fr. 
Petr.  de  Alva,  e  Aítorg.  in  Milit.  Concept. 
Herrerin.  Alphab.  Auguji.  p.  52.  ad  ann.  1642. 
&  pag.  65.  ad  ann.  1646.  Fr.  Anton.  da 
Nativid.  Montes  de  Cor.  n.  136.  Cor  8.  §.  2. 
Figueired.  Fios  Sana.  Augujiinian.  Tom.  4. 
pag.  152.  Jordan  Chron.  de  Valenc.  Tom.  i. 
p.  178.  e  Nicol.  Anton.  in  Bib.  Hifp.  tom.  i. 
p.  138.  col.  2.  Compoz. 


LUSITANA. 


TraÚalus  de  Conctptione  Deipam  Virgitiis 
Immacuhta.  Vcnctiis  1648.  4. 

Sermon  dela  Immaculada  Comepcion  d$ 
Nitejlra  Seiiora.  Barcclon.  1618.  4. 

KVida  dei  Wtenaventurado  San  ]iian  de 
Higim.  16 14.  4. 
Ff.  AGOSTINHO  DOS  REIS  profcíTou 
Goa  o  habito  dos  Eremitas  de  Santo  Agoí- 
tinho,  e  pellas  íuas  virtuofas  acçoens  acompa- 
nhadas de  fcicncia  naõ  vulgar  exercitou  por 
muitos  annos  o  miniílerio  de  Q>nfeíTor  das 
Kcligiofas  do  Convento  de  Santa  Mónica  de 
( íoa.  Efcrcvco  como  tcftifica  Fr.  Agoftinho  de 
Santa  Maria  na  Hifioria  da  Inundação  do  dito  Con- 
vento liv.  3 .  cap.  1 6.  n.  1 89.  e  liv.  4.  cap.  5  5 .  n.  j  40. 
Hijloria  da  fmdaçaõ  do  Convento  de  Santa 
Mónica  de  Goa  Aí.  S. 


iK 


Fr.  AGOSTINHO  RIBEIRO  Eremita 
uguftiniano;  e  igualmente  douto  na  Sagrada 
fcritura,  como  verfado  na  liçaõ  dos  Santos 
Padres,  e  Sagrados  Interpretes  Efcreveo. 
Doãrina  moralis  Sacra  Scriptma  auctoritati- 
hus  comprobata,  Vatrum  fententits,  ac  Philo- 
fophorum  dtííis  ampliata,  nec  non  fimilitudinihus 
illujlrata,  (Ò'  Evangeliis  acommodata,  alphabeto 
àigejla,  Concionatorihtis  valde  pertitilis.  foi.  M.  S. 
Conferva-fe  efte  volume,  que  he  de  juíla 
grandefa,  na  Livraria  do  Convento  da  Graça 
de  Lisboa. 

D.  AGOSTINHO  DO  ROSÁRIO  Cónego 
Regular  da  Congregação  de  Santa  Cruz  de 
Coimbra,  cujo  Habito  recebeo  nefte  Real 
Convento  a  29.  de  Outubro  de  1621.  Foy 
muito  applicado  ao  eíludo  das  Antiguidades  da 
fua  Ordem  Canónica  efcrevendo  com  grande 
exame. 

Crónica  da  Congregação  de  Santa  Cru^  de 
Coimbra;  cuja  obra  allega  Jorge  Cardofo  no 
Agtol.  'Lufit.  Tom.  2.  p.  308.  c.  i.  e  no  Com- 
mentario  de  25.  de  Março  letra  C.  e  no  Com- 
ment.  de  27.  do  dito  mez  let.  H.  Morreo  a  19. 
de  Março  de  1676. 


73 

fc/Tou  cm  ij.  de  Dezembro  de  1549.  A  pro- 
fundidade das  Tuas  letras,  porque  era  venerado 
ainda  fora  dos  Clauílros  da  Religião,  o  fez 
digno  de  que  na  Uníveríidade  de  Coimbra  fe 
lhe  confcrifíem  as  infignias  doutoraes  a  6.  de 
Julho  de  1)73.  na  qual  foy  Lente  da  Cadeira 
de  Durando,  em  que  foy  provido  no  aono 
de  1)72.  donde  fubio  á  de  Efcoto  no  anno 
de  1575.  e  a  regentou  por  efpaço  de  dnco 
annos,  fendo  tal  a  fua  fubtíleza,  que  com- 
petia com  a  do  Meftre,  que  explicava.  Para 
eterno  teílemunho  da  fua  profunda  littera- 
tura  lhe  fírva  de  padraõ  o  Elogio,  com 
que  o  exaltou  o  infígne  Padre  LuÍ2  de  Mo- 
Ilna  claro  efplendor  da  Companhia  de  Jefus, 
pois  argumentando-lhe  em  humas  Conclu- 
foens  Capitulares  no  Convento  de  Évora, 
c  admirado  da  promptidaõ,  c  fubtileza,  com 
que  rebatia  o  argumento,  que  lhe  propóz, 
rompeo  neftas  palavras.  Rgo  argumentari  au- 
Jus  fum,  quia  homo  hominem  Augujlini  Sfci- 
puliim  alloqui  credebam,  fed  ex  fubtilijfimis  ref- 
ponfis  deprehendo  vel  tu  ò  do£iiJfime  Prafes  in 
perfona  es  Sanãus  Auguftinus,  vel  Angelus  in 
habitu  Augufiiniano.  Mihi  igitur  jam  non  am- 
plius  tecum  difputandi,  fed  Jolum  mirabunde  Te 
audiendi  fuper  eft  facultas.  Naõ  fomente  foy 
a  Univeríidade  de  Coimbra  o  Theatro  da 
fua  fabedoria,  porque  também  lograrão  efta 
fortuna  as  Univerfidades  de  Bordéus,  e  To- 
lofa,  fendo  neíla  Lente  de  Vefpera,  e  Rey- 
tor.  Vários  foraõ  os  trabalhos,  que  com 
animo  imperturbável  tolerou,  já  na  infeliz 
jornada  de  Africa  do  anno  de  1578.  ficando 
priíioneiro  dos  bárbaros;  jà  fegiiindo  as  partes 
do  Senhor  D.  António,  quando  pertendeo  a 
herança  deiia  Coroa  ufurpada  pela  violenta 
ambição  de  Fillippe  Prudente,  padecendo 
por  efta  caufa  incríveis  oppreíToens,  as  quaes 
relata  o  mefmo  D.  António  na  carta  efcríta  na 
lingua  Francefa  a  Gregório  XIII,  no  anno  de 
1583.  Li  doãeur  Maifire  Augufiin  dei  Ordre, 
<ò'  infiitution  de  faina  Augufiin  profejfeur  public 
dela  Theologie  fcholajlique  de  cette  Chaire,  qui  efl 


dedié  pour  enfeigner  la  doãrine  dei  Efcot;  le  quel 
Fr.  AGOSTINHO  DA  TRINDADE  foy  lie  de  chaines  de  fer  entre  les  latrons,  et  mis  és 
natural  de  Jurumenha  na  Provincia  do  Alen-  navires  efpagnoles,  finalement  ataque  de  tempefles 
tejo,  filho  de  Martim  Quarefma,  e  Brites  dela  mer,  <ò' pris  en  un  navire  efpa^ol  parles  in- 
Rodrigues.  Abraçou  o  Inftituto  dos  Eremitas  curfions  des  Turcs,  il  efl  aufour  d^huy  captif  foubs 
Auguftinianos  no  Convento  de  Lisboa,  e  pro-     levr  puiffance.    Do  cativeiro,  que  padeceo  em 


74 


BIBLIO THECA 


Africa  efcreve  D.  Fr.  Thome  de  Faria  Dec.  i. 
lib.  2.  cap.  8.  dizendo.  Sed  quid  de  captivis'? 
Inter  omnes  Jolum  ejferam  P.  Augujiinum  Ord. 
S.  Augujl.  qui  in  florentijjima  Academia  Conim- 
hricenfi  Theologia  Scholajlka  fuerat  profejjor. 
D.  Joaõ  de  Caftro  no  Difc.  da  vid.  delReji 
D.  Sebajl.  cap.  14.  o  muito  Reverendo  P.  M. 
Fr.  Agojlinho  da  Trindade  VaraÕ  injigne  em 
letras,  virtudes,  e  Religião,  e  hum  raro  exemplo 
de  amor  da  Pátria,  o  qual  padeceo  por  ella  gales 
de  inimigos,  e  cativeiro  de  Turcos  fem  mais  o  po- 
derem render  trabalhos,  promejfas,  nem  grande 
velhice  emferma  Morreo  em  Tolofa  no  i.  de 
Fevereiro  de  1595.  Na  via  Sacra  do  Collegio 
de  Coimbra  dos  Eremitas  de  S.  Agoft.  tem 
eíla  infcripçaõ. 

Fr.  Auguftinus  à  Trinitate  Doãor  Theolo- 
gus  in  hac  Univerjitate,  Scoti  Jnterpres  JuhtiliJ- 
fimus,  Japientia  vel  Augujlinus,  vel  Angelus  cre- 
ditus,  deinde  ToIoJíb  vejperarius,  ac  Reãor  obfer- 
vantijfimus.    Obiit  1.  Februarii.  1595. 

Compoz. 

Traãaãus  pro  Immaculatcs  Virginis  Concep- 
tione.  Eíla  obra  allega  Fr.  Joaõ  de  Santa 
Maria  in  Libello  fuplici  ad  Innocentium  X.  Pont. 
Max.  pro  Concept.  Deip.  Tolof.  1645.  pag.  331. 

Commentaria  in  Magiftrum  Sententiarum,  (& 
D.  Thom.  3.  Tom. 

Defta  obra,  e  do  Author  fazem  mençaõ 
Fr.  António  da  Purif.  de  Vir.  Illujl.  Prov. 
l^ufit.  Ord.  Fsemit.  D.  Aug.  lib.  2.  cap.  10. 
e  na  Chron.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv.  7. 
Tit.  I.  §.  3.  Elflio  Encom.  Augujl.  ad  ann. 
1598.  Herrer.  in  Alph.  Augujl.  pag.  60.  Fr. 
Ant.  da  Nativid.  Mont.  de  Cor.  Cor.  8.  §.  2. 
n.  39.  Fr.  Manoel  de  Figueiredo  Fios  Sana. 
Augujl.  Tom.  4.  pag.  130.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hijp.  Tom.  I.  pag.  139.  col.  2.  e  Tom.  2. 
pag.  284.  col.   I. 

Commentaria  in  Prim.  Part.  D.  Thom.  à 
Quajt.  I.  ujque  ad  14.  Confervafe  na  livra- 
ria do  Convento  da  Graça  de  Lisboa. 

AGOSTINHO  DA  TRINDADE.  Na- 
ceo  na  Cidade  do  Porto  no  anno  de  15 18. 
donde  feus  Pays  o  mandarão  eíludar  a  Lis- 
boa, mas  eUe  preferindo  a  fciencia  dos  San- 
tos às  faculdades  para  que  tinha  compre- 
henfaõ,  e  admirável  engenho,  recebeo  o 
habito   de   Cónego   Secular  da  Congregação 


do  Evangelifta  no  Convento  do  Santo  Eloy 
no  anno  de  1545.  quando  contava  vinte  e  fete 
annos  de  idade.  Naõ  ouve  género  algum  de 
virtude  em  que  fe  naõ  exercitaíTe  fendo 
exaftiíTimo  na  obfervancia  das  Conftituiçoens 
da  Ordem,  regulando  a  fua  obediência  pelo 
ardor  do  feu  efpirito,  e  redufindo  as  poten- 
cias, e  fentidos  a  huma  continua  mortificação 
acompanhada  de  afperos  cilícios,  e  frequentes 
difciplinas.  Por  eíles  aélos  heróicos  mereceo 
particulares  veneraçoens  delRey  D.  Joaõ 
o  III.  D.  Sebaíliaõ,  da  Rainha  D.  Catherina, 
e  a  Princeza  D.  Joanna  de  Auftria,  bufcando 
no  feu  Concelho  a  ferenidade  das  fuás  conf- 
ciencias.  Baile  para  claro  argumento  da  fua 
fantidade  o  fer  direftor  efpiritual  pelo  efpaço 
de  trinta  annos  do  Venerável  Padre  António 
da  Conceição,  de  cuja  efcola  fahio  confumado 
na  virtude  eíle  varaõ  infigne.  Quando  con- 
tava 85.  annos  de  idade,  e  58.  de  Religião  foy 
chamado  por  Deos  para  lhe  remunerar  os  feus 
merecimentos,  e  recomendando  aos  domeíli- 
cos  o  amor  reciproco,  cheyo  de  hum  notável 
jubilo  efpirou  com  tanta  ferenidade  do  fem- 
blante,  como  quem  fe  entregava  a  hum  plá- 
cido fono  a  25.  de  Mayo  de  1603.  no  Convento 
de  S.  Bento  de  Xabregas.  Ao  feu  enterro 
concorreo  grande  copia  de  povo  procurando 
com  devota  anciã  alguma  parte  do  feu  Jiabito, 
que  fervio  de  remédio  prompto  a  muitos 
enfermos.  Efcrevem  delle  Tomas.  Annal. 
Ord.  Can.  Secul.  pag.  172.  Mertol.  Vid.  do 
Ven.  P.  Ant.  da  Cone.  cap.  12.  Cardofo  Agio- 
logio  Eujit.  Tom.  3.  pag.  402.  no  Commentario 
de  25.  de  Mayo  let.  F.  os  Padres  Miguel  da 
Cruz,  e  Belchior  da  Graça  Con.  Secul.  nas 
fuás  Relaçoens,  e  ultimamente  Franc.  de  S. 
Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Secul.  liv.  4.  cap.  28. 
O  IlluftriíTimo  Arceb.  Primaz  D.  Sebaíliaõ 
de  Mattos,  e  Noronha  no  Catai,  dos  Var.  Illujl. 
em  virtud.  dejle  Rejno  com  eílas  palavras  O  P. 
Agojlinho  da  Trindade  Religiojo  de  S.  JoaÕ  Evan- 
gelijla  de  Janta  Vida,  e  Milagres.  Por  fer  muito 
applicado  aos  Ritos  Ecclefiaílicos.  Compoz. 
Ritual  das  Ceremonias  Ecclejiajlicas.  O  qual 
(faõ  palavras  de  Jorge  Cardofo  no  Comen- 
tário de  25.  de  Mayo  let.  F.)  pojio  que  Je  naõ 
ejlampou,  objervouje  muitos  annos  na  Ordem  em 
cujos  Cartórios  Je  conjerva  ate  hoje  M.  S.  Appli- 
couje  (efcreve  Franc.   de  S.   Maria  no  lugar 


L  USITANA. 


75 


aíTima  allcgado  pag.  116.)  com  Jinfíttlar  cuidado 
o  faber  os  Saffados  RJ/os  da  Igreja,  e  delles  com- 
poi(^  hum  livro,  que  tntrt  nós  fe  guarda  efcriío  da 
Jua  mad. 

Fr.  AGOSTINHO  DA  TRINDADE 
SEIXAS,  natural  da  Província  de  S.  Mar- 
tinho de  Cambres  de  Rio  bom  no  Bifpado 
de  Lamego,  filho  de  António  Fernandes 
Borges,  e  Ifabel  de  Seixas  da  Fonfeca.  Eílan- 
do  já  inílruido  com  a  Gramática  Latina,  e 
ictnis  humanas,  paíTou  ao  Rio  de  Janeiro 
para  aíliftir  na  companhia  de  fcu  Irmaò  Fran- 
cifco  de  Seixas  da  Fonfeca  Pay  do  Illuftrif- 
íimo  Hifpo  de  Areopoli  D.  Joaõ  de  Seixas 
Monge  Bcncdiélino,  e  continuando  naquella 
Cidade  os  eftudos  deixou  o  feculo,  e  recebeo 
o  Habito  Seráfico  em  o  Convento  Capitular 
da  Província  da  Immaculada  Conceição.  Nella 
foy  duas  ve2cs  Guardião,  e  Definidor  eleito 
no  anno  de  1719.  Teve  admirável  génio 
para  a  Poefia  aíTim  vulgar,  como  Latina, 
de   que   faõ   manifeftos    argumentos. 

Duas  Elegias  Latinas,  hum  Epigrama,  e 
íious  Romances  Porfugue/es  em  louvor  de  Fr. 
Icrnando  de  Santo  António  Procurador,  e 
Definidor  Geral  da  Ordem  Seráfica,  cujas 
obras  conferva  em  feu  poder  com  outras  a 
cfte  mefmo  aíTumpto  Fr.  ApoUinario  da 
Conceição    Religiofo    da    mefma    Província. 

Fr.  AGOSTINHO  VELLOSO,  natural 
de  Lisboa,  filho  de  António  Rodriguez  Frey- 
re,  e  Ifabel  de  Barros.  Recebeo  o  habito  de 
Eremita  de  Santo  Agoftinho  no  Convento 
da  fua  pátria  a  14.  de  Fevereiro  de  1681. 
Foy  bom  Pregador,  e  deftriffimo  Organiíla. 
Morreo  no  Convento  de  Torres  Vedras  em 
o  anno  de  1696.    Imprimio. 

SermaÔ  de  N.  Senhora  da  Encarnação  em 
dia  de  Vafcoa  com  Laujperenne  de  Chrijio  Sacra- 
mentado no  feu  Collegio  de  Santo  Agojtinho  da 
Cidade  de  Lisboa,  Lisboa  por  Joaõ  Galraõ 
1691.  4. 

Fr.  AGOSTINHO  DA  VICTORIA,  na- 
tural de  Montemor  o  novo  na  Província  do 
Alentejo.  Profeífou  o  fagrado  Inftituto  do 
infigne  Patriarcha  da  Hofpitalidade   S.  Joaõ 


de  Deos  querendo  Ter  feu  filho  pelo  habito 
já  que  era  por  nacimento  feu  patrício.  Neíbi 
Ordem  exercitou  com  tal  exacçaõ  a  regra, 
que  niereceo  depois  de  ordenado  Sacer- 
dote fer  Secretario  delia,  e  Meftre  dos  Novi- 
ços. Naò  fomente  a  íUuílrou  com  virtudes, 
mas  com  letras,  efcrevendo  diverfas  obras, 
como  foraõ. 

'Vranslaâon  dei  Cuerpo  de  S.  Juan  de  Dios 
nueftro  glorio/o  Patriarcha  Fundador  dei  Orden 
dela  llojpitalidad;  hi^ofe  dei  Convento  de  N.  Se- 
fiora  dela  ViSloria  dela  /agrada  Keligion  dehs 
Padres  Minimos  ai  Convento,  y  Hofpital  dei 
mi/mo  Santo  dela  Ciudad  de  Granada.  Madríd 
por  Melchior  Alegre  1667.  4.  Sahio  2.  vez 
com  a  Vida  do  mefmo  Santo  efcrita  por  D. 
F.  António  de  Gouvea  Bifpo  de  Cyrcnc. 
Madrid  por  Roque  Rico  de  Miranda  1674.  4. 
cuja  obra,  e  Author  louva  Fr.  Joaõ  dos  San- 
tos na  Chronolog.  Hofpital.  y  Kefum.  Hifl.  da 
Saff-ad.  Relig.  de  S.  Juan  de  Dios  Part.  1.  liv.  j. 
cap.  17.  pag.  598. 

Injlruccion  de  Novicios  dela  Ordem  dela  Hof- 
pitalidad.  Madrid  1668.  8.  fem  nome  de 
ImpreíTor. 

Adicion  à  Vida  de  Fr.  JoaÕ  Peccador  Reli- 
giofo da  mefma  Ordem.  Começou  a  Chromca 
da  Religião,  a  que  naõ  pode  ver  o  defejado  fim. 

P.  AYRES  DE  ALMEYDA,  natural 
de  Santarém  filho  de  António  Alvres,  e  Ca- 
therina  de  Almeyda.  Na  idade  de  vinte 
annos  entrou  na  Companhia  de  Jefus  a  24.  de 
Março  de  1649.  em  o  Noviciado  de  Lifboa. 
Aprendidas  as  letras  humanas  fe  applicou  às 
fciencias  mayores,  em  que  fahio  taõ  eminente, 
que  foy  deftinado  para  Meílre,  lugar,  que  exer- 
citou com  efplendor  do  feu  nome,  e  credito 
da  Religião  até  chegar  a  fer  Lente  de  Prima 
de  Theologia  em  Coimbra,  onde  morreo  a 
7.  de  Março  de  1704.  Foy  Qualificador  do 
Santo  Officio,  e  entre  as  virtudes,  em  que  foy 
infigne,  a  mayor,  que  nelle  fe  admirou,  era 
a  tolerância  de  varias  moleftias,  que  igual- 
mente lhe  atormentarão  o  efpirito,  e  o  corpo. 
Delle  fez  breve  memoria  o  Padre  António 
Franc.  na  Imag.  da  Virtud.  em  o  Noviciad. 
de  Lisboa,  pag.  964.    Imprimio 

Sermão  do  Auto  da  Fé,  qm  fe  celebrou 
em    Coimbra    no    Terreiro    de    S.    Miguel   em 


BIBLIOTHECA 


76 

17.    de    Outubro   de    1694.     Coimbra  por  Jo^è 
Ferreira  ImpreíTor  da  Univerfidade  1697.  4. 

AYRES  BARBOSA,  infigne  Gramma- 
tico,  Rhetorico,  e  Poeta  naceo  na  marítima 
Villa  de  Aveyro  íituada  entre  os  Rios  Douro, 
e  Mondego  da  Provinda  da  Beira,  e  foy 
filho  de  Fernaõ  Barbofa,  e  Catherina  de  Fi- 
gueiredo, cujos  nomes,  e  pátria  deixou  eter- 
nizados neíle  elegante  Epigramma  efcrito 
no  fim  da  fua  Profodia. 
Scire  volet  patriamque  meam,  nomenque  paternum 

Has  quifque  nugas  gaudet  habere  meãs. 
Nec   dives   multitm,    nec  paupertate   notandus 

jT  nobis  quondam,  Jed  tamen  ortus  avis. 
Fernandus  Barbofa  pater,  Catharinaq  mater 

A*  notis  etiam,  qua  Figueretta  venit 
Me  genuere,  furit  vajiis  quà  fluãibus  ingens 

Ultimus  Occidui  littoris  Occeanus. 
Quaque   habet  Aveiro  portu  pradives  amano 

Quidquid  habet  tellus,  <&  maré  quidquid  habet. 
Logo  nos  primeyros  annos  fentio  hum  na- 
tural impulfo  para  as  letras  dezejando  ancio- 
famente  inílruirfe  com  ellas,  e  como  naquelle 
tempo  foíTe  a  Univerfidade  de  Salamanca 
o  Empório  de  todas  as  fciencias,  alcançada 
faculdade  de  feus  Pays  partio  para  efta  Ci- 
dade, onde  o  ardor  da  idade  juvenil  refiftia  à 
rigorofa  inclemência  do  feu  Clima,  como 
elle  confeíTa  fallando  cõ  a  mefma  Cidade. 
Dum   fiabant  Jolida   puerili   in   tempore   vires 

Et  validis  juveni  dum  mihi  Janguis  erat. 
Non   ego  ladebar  gelidis  Salmantica  ventis 

Nofi  nive,  non  glacie,  non  aquilone  tuo. 
Naõ  fatisfeito  o  feu  animo  com  a  doutrina 
de  tantos  Meílres  paílou  a  Florença  em  cuja 
Univerfidade  teve  a  gloria  de  ouvir  por  MeJlre 
a  Angelo  Policiano,  oráculo  das  letras  fa- 
gradas,  e  profanas,  e  a  fortuna  de  fer  feu  con- 
difcipulo  Joaõ  de  Medicis,  que  depois  na  idade 
de  37.  aimos  fubio  ao  Pontificado  com  o  nome 
de  Leaõ  X.  como  o  mefmo  Barbofa  efcreve. 
Me    Condijcipulum    Decimi    dum    dico    Leonis, 

Et  Condijcipulum  Politiane  tuum. 
Inftruido  completamente  na  intelligencia,  e 
myílerios  das  linguas  Latina,  e  Grega,  voltou 
à  Pátria,  da  qual  partio  fegunda  vez  para  Sa- 
lamanca a  4.  de  Julho  de  1495.  que  admirando 
a  profundidade  da  fua  fciencia  o  elegeo  Meftre 
de  Rethorica,  e  depois  o  foy  juntamente  de 


duas  Cadeiras  da  lingua  Latina,  e  Grega,  fendo 
deíla  feu  difcipulo  o  infigne  André  de  Refende. 
Nefta  lingua  excedia  ao  doutiíTimo  Varaõ  An- 
tónio de  Nebriíía,  que  na  mefma  Univerfi- 
dade era  Lente  de  humanidades,  com  quem 
teve  eftreita  familiaridade.  Jazia  neíle  tempo 
em  Efpanha  muda  a  eloquência;  eílavaõ  fe- 
paradas  do  comercio  dos  Sábios  as  Mufas,  e 
fe  tinha  introduzido  huma  tal  ignorância  das 
linguas,  e  letras  humanas,  que  fomente  do- 
minava a  barbaridade,  contra  a  qual  fe  armou 
Ayres  Barbofa  como  outro  Hercules  degol- 
lando  aquella  Hydra  mais  perniciofa,  que  a 
de  Lerna,  com  as  doutas  inílrucçoens  do  feu 
Magiílerio  exercitado  pelo  largo  efpaço  de 
vinte  annos  com  fingular  credito  do  feu  ta- 
lento, e  naõ  pequena  gloria,  e  fruto  dos  feus 
difcipulos.  Ao  tempo  que  tinha  jubilado  em 
Salamanca,  foy  chamado  pela  Magefl:ade  de 
D.  Joaõ  o  III,  para  Meílre  de  feus  Irmãos  1 
os  Cardiaes  D.  AíFonfo,  e  D.  Henrique.  Obe- 
deceo  promptamente  à  infinuaçaõ  do  feu 
Príncipe,  como  fe  fora  preceito,  e  chegando  a 
Lisboa  lhe  agradeceo  a  eleyçaõ,  que  delle  fi- 
zera para  lugar  taõ  honorifico,  que  exercitou 
fete  annos,  em  os  quaes  fahiraõ  taõ  perfeita- 
mente doutrinados  nas  letras  humanas  eíles 
dous  Infantes,  que  foraõ  a  ultima  coroa  do 
feu  profundo  Magiílerio.  Retirado  à  fua  Pátria 
fe  preparou  com  a£los  heróicos  para  a  morte, 
onde  igualmente  atenuado  dos  eíludos,  que 
dos  annos,  pois  excediaõ  de  fetenta,  acabou  a 
vida  em  o  anno  de  1530.  Foy  cafado  com  Ifa- 
bel  de  Figueiredo,  de  quem  teve  muitos  filhos, 
fendo  o  mais  velho  Fernaõ  Barbofa,  Moço  fidal- 
go delRey  D.  Joaõ  o  III.  que  eílimou  muito  a 
feu  Pay  Ayres  Barbofa,  como  D.  Affonfo  da 
Fonfeca  Arcebifpo  de  Compoílella.  No  território 
da  Igreja  de  Santo  André  da  Villa  da  Efgueira 
que  he  Vigairaria,  e  CoUegiada  do  Arcediago 
de  Vouga  Bifpado  de  Coimbra  fundou  huma 
Capella  da  invocação  de  N.  Senhora  do  Deílerro 
na  qual  eílá  fepultado  com  eíle  breve  epitáfio. 

Aqui  ja^l  o  Corpo  de  Ayres  Barbofa  Mefre 
Grego.    Era  de  1540. 

Neíle  anno  foraõ  tresladados  os  feus  oíTos 
para  eíla  fepultura  havendo  dez  annos,  que 
tinha  falecido.    Imprimio 

Epometria,  feu  de  metiendi  carmina  ratione. 
Salmanticíe.   15 15.  4.    Habuit  ille  (falia  defta 


1 


L  USITANA. 


77 


bra  António  Iloncala  in  Gramat.  Proptego.) 

SalwtmtUa  magnificam,  doííam,  uhertmque  in 
ijim  milha  qiiejliis  tjl,  qiiod  mn  modo  Miifica  tem- 
l>orum  vitio  indijiriam  paffa  tjl  jatluram  diiorum 
•:  mm  linar montei,  €>*  Chrom aliei,  cum  tem- 
,  (  nojlra  vis  diatónico  cantetiir,  fed  etiam, 
ijiiod  ptritre  vocnm,  fyllabariimqiu  tum  poética, 
Jum  commimrs  pronim/iationes.  Dcda  obra  faz 
'illuílrc  memoria  Daniel  Gcorg.  Morhorâo 
///  Polyhijl.  lib.  7.  cap.  1.  n.  14. 

De  Ortboff^aphia.  Salmanticx.  1J17. 
Commentarij  dm  in  duos  Aratoris  Cardina- 
lis  libros  de  llijloria  Apoflolica.  Salmantica: 
.ipud  Joanncm  Porras.  1516.  foi.  Hm  cuja 
obra  (tliz  Andrc  Scoto  in  llih.  Ili/p.  pag. 
472.)  non  PhHolojitim  modo,  fed  ^  Philofophiim 
Iféffif  ac  Tbeologiim  ejus  Aiithorem  jures. 

Antimoria.    G3nimbricx  apud  Genobium 
^inóte  Crucis.    1536.  8.     Efta  obra  hc  dcdi- 
ida  ao  Girdial  Infante  D.  Affonfo,  e  foy  com- 
poíla  contra  a  Moria  de  Erafmo  Rhotcradamo, 
cm  que  louvou  a  ignorância,  e  neíle  fc  exalta 
.1  fabedoria  Chriílaà.    No  fim  tem  impreíTos 
'Epigrammata  Varia. 
Ib    ^'^^"^^>  ^^  ^^^^  ^^2   mençaõ   em  hum 
íro>igramma  efcrito  a  Jorge  de  Miranda  no 
'  fim  do  Antimoria  foi.  34. 
Rhe/orica,  en  ego  cum  Jcripfijfem  exordia  centum 
Ni/  dedit  aii£fori  lingua  diferia  meo. 
No    Compendio    da    Phyfica    do    Doutor 
l^edro  Margalho   Cathedratico   de  Prima  de 
Theologia   na    Univeríidade    de    Lisboa   im- 
i  preflb  em  Salamanca  em  1520.  eílão  impreíTas 
I'  as  obras  feguintes  de  Ayres  Barbofa. 
Epiff^amma  in  lande m  Pe/ri  Margalli 
'Epiflola    "Latina  em  repofta   de   outra  ef- 
crita  pelo  mefmo  Author,  e  no  fim  delia  hu- 
ina  larga  Elegia  com  eíle  titulo 

Ad  Jtwenes  fliidiofos  bonarum  Artium  Cár- 
men. 

Todas  eftas  obras  impreíTas  no  Compen- 
dio da  Phyfica  do  Doutor  Pedro  Margalho 
por  fer  muito  raro  as  tranfcreveo  o  Bene- 
ti  ciado  Francifco  Leytaõ  Ferr,  Académico 
da  Academia  Real  na  eruditas  Notic.  Chronol. 
'-!  Univ.  de  Coimb.  à  pag.  484.  até  488.  aonde 
ic  poderão  ler. 

Qiiafiiones  qiiodlibetica  de  qmlibet  re.  Defta 
obra  faz  memoria  Valério  André  in  Cathalog. 
Moguníino. 


G>m  grandes  elogios  celebrarão  a  Ayres 
Barbofa  os  mais  celebres  Varoens  da  Au 
idade.  António  de  Nebri/ía  na  prefação  das 
fuás  introducçoens  Gregas  diz.  Ejfp  vero  cum 
in  méis  introdséâionihus  muitos  locos  ex  Graco 
inchatos  reliquiffem,  communicata  re  prius  cum 
Ario  Ljifitano,  à  quo  uno,  fi  quid  ufquam  Graca- 
rum  IJiterarum  apud  nos  efi,  emanavit,  aufus 
fum  f acere,  quod  ille  harum  rerum  peritior  f acere 
debuiffet.  O  mefmo  NebriíTa  in  fuis  Quinquanar. 
ad  Franc.  Ximenes.  Craca  lingua  excitata  efl, 
atque  jam  pridem  per  Hifpaniam  divulgata  ab 
Ario  Ljifttano  Viro  Crace,  eí^  latine  per- 
quam  erudito.  Refend.  in  Kefponf.  ad  Quebed. 
foi.  29.  v.o.  Arius  iMfttanus  quadraginta,  <&  eo 
plus  annos  Salmantica  tum  Latinas  Ut  terás,  Cra- 
cas magna  cum  laude  profeffus  efl,  e  no  Encom. 
Erafmi. 
Hifpanique  facer  meritis  honor  orbis  Arius 
Magnis  cui  debet,  quantum  nunc  Paliais 
iilic 

Cultior  ufus  habet;  docuit  nam  primus  Iberos 
Hyprocraneo  Crajas  componere  vocês 
Ore;  etenim  quidquid  f rugis  nunc  ítala  regna 
Cracia   quondam    habuit,    quidquid  patriaque, 
fuifque 

Importavit,    €>*    ã    Cal  li    Stribligine    tan- 
dem 
Ajferuit,  fierique  dedit  Sermone  Quirites. 
Pedro    Sanches    in    Epiflol.    ad    I^atium 
de  Moraes 

Nec  fonat  illepide  pravam,  qui  damnat  Arius 
Stultitiam,    quam   quidem   olim   laudavit   ine- 
pte. 

Martinho  de  Figueiredo  na  Dedicatória 
a  ElRey  D,  Joaõ  o  III.  do  feu  Commento  à 
Hifloria  natural  de  Plinio.  A!  Salmantica  totius 
Hifpania  celeberrimo  Cymnacio  venire  fecifli  doc- 
tiffimum,  ac  prafiantijfimum  Arium  Barbofam 
magnis  pramiis,  ac  pollicitationibus  pofl  conceffam 
fiudiis  quietem.  Lilio  Gregor.  Girald.  de  po- 
tioribus  fui  Sacul.  Poet.  Fuit  Arius  Barbofa 
Poeta  Lufitanus  qui  in  Itália  fub  Politiano  poli- 
tiores  litteras  in  Hifpaniam  invexit,  <ò^  Salman- 
tica per  viginti  annos  bonas  litteras  profeffus  efl; 
huic  moriens  Antonius  Nebrifenfis  opera  fua 
cafliganda  teflamento  reliquit.  Scoto  in  Bib. 
Hifp.  pag.  474.  Erat  in  pangendis  carminibus 
felix.  Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Theaf.  Lufit. 
Litter.    let.    A.    n.    134.    Vir  certe  fuit  elo- 


78 


BIBLIO THE  C  A 


quens,  €>*  eruditus,  (Ò'  tum  profa,  <&  tum  ligala 
oratione  inter  earum  artium  celebriores  mérito  nume- 
randus.  Fr.  Miguel  Salinas  lih.  Apolog.  em  que  de- 
fiende  la  huena y  do£ía pronmciacion  pag.  15.  v.o 
Do£iiftmo  en  Griego,j  latin.  Petr.  Angel.  Spera 
de  ProfeJJor.  Gramat.  lib.  4.  pag.  440.  Lourenço 
CraíTo  Hiji.  di  Poet.  Grec.  pag.  63.  Huomo  di 
moita  doãrina,  e  di  molte  lingue  intendente,  e  poeta 
injigne.  Cofiui  fu  il  primo  che  porto  le  lettere 
Greche  in  Spagna:  vijje  en  compagnia  di  António 
Nebricenfe  ma  con  maggior  fama  dei  detto  Nebri- 
cenfe  delia  lengue  Greca,  e  Poejta.  Nic.  Ant. 
in  Bib.  Hifp.  tom.  i.  pag.  132.  c.  i.  In  poética 
facultate,  Gracanicaque  doãrina  Nebrijlfenji  melior. 
Baillet  Jugem.  des  Scavans  tom.  4.  pag.  mihi 
331.  Jut  un  des principaux  rejtaurateurs  des  belles 
lettres  en  EJpagne.  Ultimamente  o  Padre  An- 
tónio dos  Reys  in  Enthujtafm.  Poet.  impreíTo 
no  principio  dos  feus  epigrammas.  n.  24. 
Barbo/a  tui  non  ultima  verfus 
Promeruere  tibi  bifidi  fubfellia  montis 
Non  procul  à  Marco,  nitidique  à  fede  Catulli. 

P.  AYRES  BRANDAM,  cuja  pátria 
fe  ignora,  foy  admitido  em  Goa  no  anno 
de  1552.  à  Companhia  de  Jefus,  quando  tinha 
vinte,  e  três  annos  de  idade,  O  ardente 
zelo,  com  que  fe  inflamava  na  converfaõ 
da  Gentilidade,  o  conftituhio  hum  dos  pri- 
meiros operários  das  vaítiíTimas  Regioens 
Orientaes  fendo  em  taõ  laboriofo  minifte- 
rio  fucceííor  do  Apoftolico  efpirito  do  V. 
Padre  Gafpar  Barzeo,  de  quem  fora  infepa- 
ravel  companheiro.  No  anno  de  1570.  con- 
verteo  na  Cidade  de  Ormuz  ao  rebanho  de 
Chriílo  a  cincoenta  Mouros,  e  no  feguinte 
purificou  em  Dámaõ  com  as  falutiferas 
aguas  do  bautifmo  a  outenta,  merecendo  por 
eftes  evangélicos  trabalhos  fer  chamado  pelo 
author  da  Bibliotheca  da  Companhia  Venator 
infignis  animarum.    Efcreveo 

Carta  de  Goa,  efcrita  em  23.  de  Dezem- 
bro de  1554.  aos  Irmãos  da  Companhia  de 
JESUS,  em  que  narra  a  morte  de  S.  Fran- 
cifco  Xavier,  e  como  o  feu  Corpo  fora  rece- 
bido em  Goa.  Évora  com  outras  que  man- 
dou imprimir  o  Arcebifpo  D.  Theotonio 
de  Bragança;  por  Manoel  de  Lira.  1598. 
em  folh.  Part.  i.  a  pag.  28.  Coimbra  por 
António  de  Maris.   1570.  4.  à  pag.  70.  tra- 


duzida em  Caílelhano  com  outras.  Alcali 
por  Juan  Iniguez  de  Lequerica.  1575-  4*  i 
pag.  58.  e  no  mefmo  idioma  pelo  Padre  Ci- 
priano Soares.  Coimb.  por  Joaõ  Alvres,  e 
Joaõ  de  Barreira  1565.  4.  a  pag.  82.  Em  Ita- 
liano Roma  preíTo  António  Bladio.  1556.  8. 
Venetia  com  outras  por  Tramezino.  1559.  8. 
Mais  abbreviada  em  Latim  pelo  Padre  Manoel 
da  Cofta  da  Companhia  de  Jefus  liv.  i.  Epijlol. 
de  rebus  Japon.  Coloniae  apud  Gervinum  Cale- 
nium  1574.  à  p.  191.  atè  198.  &  Delingac  apud 
Sebaldum  Mayer  1571.  à  pag.  89.  atè  94.  & 
Lovanij  apud  Rutgerum  Velpium  1566.  8. 
&  ibid.  apud  eumdem  Typog.  1570.  in  Epijl. 
Indic.  et  Japanic.  a  pag.  129.  atè  134. 

Carta  efcrita  dos  Religiofos  de  Coimbra 
em  23.  de  De:(embro  de  1554.  na  qual  relata  o 
fruto  efpiritual,  que  colhido  nas  regioens  Orientae 
os  Keligiofos  da  Companhia  com  huma  defcripçao 
da  Cidade  de  Ormus.  Sahio  traduzida  em  Latim, 
com  outras  Lovanij  apud  Rutgerum  Velpium 
1566.  8.  a  pag.  482.  até  489,  &  ibi  apud 
eumdem  Typog.  1570.  8.  in  Epifi.  Ind.  & 
Japanic.   a  pag.    129.   até    134. 

Carta  efcrita  de  Goa  no  anno  de  1556. 
aos  Padres  da  Companhia  de  JESUS  de 
Portugal.  Conferva-fe  na  Cafa  profeíTa  de 
S.  Roque,  e  coníla  de  10.  paginas. 

Deíle  Padre  fazem  mençaõ  Sachin.  HiJl. 
Societ.  Part.  2.  liv.  4.  n.  280.  Alegamb.  Bib. 
Societ.  pag.  89.  col.  2.  e  Nicolao  Trigault  in 
Vita  Gafparis  Barbai  liv.  3.  cap.  2.  Ant. 
de  Leaõ  Bib.  Orient.  Tit.  6. 

Fr.  AYRES  CORRÊA.  Natural  de 
Lisboa,  filho  de  Balthezar  Corrêa,  e  Ifabel 
de  Siqueira  Religiofo  profeíTo  da  Ordem 
dos  Pregadores,  Meílre  na  Sagrada  Theo- 
logia.  Qualificador  do  Santo  Officio,  Prior 
do  Convento  de  Aveiro  no  anno  de  1 5  8 1 .  e  de- 
pois do  de  Lisboa.  Foy  hum  dos  mais  doutos 
interpretes  da  Sagrada  Efcritura,  que  teve  a  fua 
idade,  como  o  declaraõ  as  expofiçoens,  que 
fez  cm  alguns  livros  delia,  fendo  os  principaes. 

CommentariJ  in  feptem  priora  Capitula 
libri  primi  Kegum.   foi  M.  S. 

CommentariJ  in  Prophetam  Aggaum.  & 
in  Epiplas  D.  Pauli  ad  Titum,  <&  Phile- 
monem.  foi.  M.  S. 

Fazem  memoria  muito  breve  deUe  Author 


LUSITANA. 


79 


Ir.   Pedro  Monteiro  C/omJí.   Dom.   tom.   5. 
iir.  134.  c  Fr.  Lucas  de  Sanu  Cather.  na  Hijl. 
da  Prov.  de  S.   Dominj^.  de  Por/ug.   Part.   4. 
pag.  924- 

AYRES   DA   COSTA   Cónego   da   Pri- 

■  icial  Igreja  de  Braga,  e  Arciprefte  de  Bar- 

.  lios  igualmente  douta  nas  refoluçoens  do 

iDiteito  Pontifício,  como  nos  Ritos,  e  Cere- 

monias    Hcclcfiaílicas,    de    que    foy    mani- 

icfto  argumento  a  obra,  que  dedicou  ao  lUuf- 

irillmio  Arcebifpo  de  Braga  D.  Manoel  de 

lufa,  com  cfte  titulo. 

Cere  montai  da  Mijfa,  e  modo  de  admtniftrar  bem 

Sacramitos  da  EMchariJlia,  Ó*  Matrimonio  com 
ijAT  Cânones  Penitenciaes,  e  outras  coufas.    Lisboa 
Ipor  Germaõ  Galhard  1548.  4. 
í 

AYRES  FALCAM  PEREIRA  natural 
ide  Évora,  donde  paíTou  a  Coimbra  a  eftudar 
Direito  Civil,  cm  cuja  faculdade  fez  tantos 

EtíTos    a    fua    viva    comprehenfaõ,    que 
eo  fer  laureado  com  a  borla  de  Doutor 
fciencia.    Por  fer  muito  verfado  em  a 

iHiftoria  Sagrada,  e  profana  foy  nomeado 
JGuarda  mór  da  Torre  do  Tombo,  minifterio, 
jem  que  fuccedeo  ao  Doutor  António  Car- 
^ralho  de  Parada,  que  morreo  a  12.  de  De- 
Jzcmbro  de  1655.  de  quem  faremos  em  feu 
lugar  mençaõ.  Efcreveo  huma  obra  Juridica, 
cujo  titulo  naõ  chegou  à  noíTa  noticia. 

AYRES  PINHEL  naceo  em  Coimbra,  que 
igualmente  ennobreceo  com  o  nacimento, 
|como  com  o  magiílerio.  A  viveza  do  engenho, 
a  madureza  do  juizo,  e  a  felicidade  da  memoria, 
que  na  fua  adolefcencia  fe  admirarão,  foraõ 
certos  prognofticos  do  que  havia  fer  na  idade 
mais  adulta.  Levado  do  grande  génio,  que 
pnha  para  as  letras  paíTou  a  Salamanca,  onde 
lOuvio  por  Meftres  da  Jurifprudencia  Canónica, 
e  Gvil  aquelles  dous  grandes  Oráculos  hum 
rortuguez,  e  outro  Caílelhano,  António 
omes,  e  Martim  Afpilcueta  Navarro,  e  com 
a  difciplina  deftes  infignes  Cathedraticos  já 
ipodia  fer  Meílre,  quando  era  difcipulo.  Nefta 
Tniveríidade  recebido  o  grào  de  Bacharel 
paíTou  à  de  Coimbra,  onde  fe  graduou  Doutor 
na  faculdade  de  Direito  Cefareo,  o  qual  expli- 
cou com  geral  applaufo  na  Cadeira  do  Código 


defde  o  anno  de  1544.  até  1)48.  Para  fazer 
alguma  paufa  nas  eípeculaçoens  defta  Facul- 
dade paííou  a  Lisboa  a  exercitar  com  a  meínu 
profundidade  a  fua  praâica  no  officio  de 
Advogado,  porem  conhecendo  ElRey  D. 
Joaõ  o  III.  que  fe  diminuya  a  mayor  parte 
do  efplendor  da  Univcrfídade  com  a  aufencia 
deíle  grande  homem,  o  nundou  com  o  titulo  de 
Desembargador  da  Cafa  da  Suplicação  ler  a 
Cadeira  de  Vefpera  de  que  tomou  poíTe  em 
24.  de  Fevereiro  de  i}j6.  No  tempo,  que 
diâava  neíla  Cadeira  eraò  innumeraveis  ot 
ouvintes,  que  anciofamentc  frcquentavaõ  a 
Aula,  onde  era  venerada  a  fua  fciencia  como  de 
hum  oráculo,  fahindo  delia  Varoens  inúgoes, 
que  acreditarão  o  Eílado  Ecclefiaílico,  e  Secu- 
lar. Sabendo  que  eílava  vaga  a  Cadeira  de 
Prima  cm  a  Univcrfídade  de  Salamanca  paííou 
no  anno  de  1559.  a  opp>or-fe  a  ella,  onde  teve 
por  competidor  ao  grande  Jurifconfulto  Ma- 
noel da  Cofta  noíTo  Portuguez,  e  poílo,  que  lhe 
levou  a  palma,  confiderando  judiciofamente  os 
Cathedraticos  os  merecimentos  de  Ayres 
Pinhel,  lhe  confignaraõ  o  mefmo  ordenado, 
que  recebia  Manoel  da  Cofta,  até  que  por  morte 
defte  lhe  fuccedeu  na  Cadeira  em  que  bailava 
para  eterno  credito  do  feu  magifterio  ter  f>or 
difcipulo  aquelle  Corifeo  da  Jurifprudencia 
Francifco  Caldas  Pereira,  o  qual,  em  diverías 
partes  das  fuás  obras,  faz  de  tal  Meftre  agra- 
decida memoria.  Nefta  Univcrfídade  onde 
tinha  com  univerfal  applaufo  dos  feus  alumnos 
paíTado  grande  parte  da  fua  vida  foy  lamentada 
a  fua  morte,  que  fe  originou  da  leve  ferida 
de  huma  faca  na  maõ  efquerda  eftando  aíif- 
tindo  a  hum  banquete,  a  cujo  funefto  acafo 
lhe  fez  Joaõ  Merula  Jurisconfulto  o  feguinte 
Epicedio. 
Hic  jacet  ille  Jolus    Pinus  fine  frondis  honore 

Altior,  et  multo  pulchrior  ante  alias. 
Non   potuit    Boreas    tantam  fubvertere    molem 

Quamvis  Jjluam  una  perdere  noãe  folet. 
Nec   fuit    igniferi    profirata    è    fulminis    ira; 

Afi  iãu  exiguo  {heu})  lafit  iniqua  manus. 
lãu   uno    ille  jacet  plácido  fub    tegmine    cujus, 

Pierides  feffo  difcubuére  Jono, 
Dulcifonamque  lyram  doãus  pulfavit  Apollo 

Quam  nunc  audito  conterit  interitu. 
Sic  vi/um  eft  Superis  melior  tamen  cethera  fupra 

Translata  exuJtat  pars  fruiturque  Deo. 


8o 


BIBLIO THE  C  A 


Qua  terrena  erat  trmcus  manet,  atque  Cam<Bnc8 

Contendmt  lacrymis,  pullulat  tila  fuis. 
O  feu  nome  exaltarão  com  diverfos  louvores 
Joaõ  Bautifta  Geminian.  de  Ufur.  Comment.  i . 
ad  L.  Curabit.  Inter  recentiores  nemtni  ]urij- 
-Conjultorum  Jecundus.  Brito  de  I^ocat.  et  Cond. 
Part.  2.  §.  2.  n.  8.  Egregitis ]uris  Civilis  Interpres. 
Bened.  Pinell.  Seleã.  Jur.  Interp.  lib.  i.  cap.  8. 
n.  I .  mature,  ac  nervo/e,  ut  folet,  tuetur  patro- 
nus  meus  Árias  Pinellus.  Mend.  à  Caftr.  in  L. 
cum  oportet  in  Decif.  oper.  de  hon.  liheror.  Inter 
illius  temporis  Jurifconfultos  eximius  vir  litteris, 
et  ingenio  prajlantijjimus  miro  ac  eleganti  ftylo 
de  honis  maternis  traãatum  edidit,  ac  eleganter 
confcripjit.  Solorz.  de  Parricidij  crimin.  liv.  2. 
cap.  17.  magni  nominis  virum.  Joaõ  Pinto 
Ribeiro  'Lufi.  ao  Dei^.  do  Paço  cap.  3.  n.  98. 
Denis  Simon  Nouvel.  Biblioth.  Hijioriq.  et 
Chronolog.  Tom.  i.  pag.  243.  'Nous  avons 
de  lui  deux  Traitès  tres-folides.  Caldas 
Pereira  Part.  3.  Oper.  Emphiteut.  cap.  14. 
n.  36.  Sed  parcant  mihi  manes  doãijftmi  Pi- 
nelli  prcBceptoris  olim  mei  in  florentijfima 
Salmanticenfi  Academia,  niji  me  Jujcepti 
operis  officium  necejfitajque  compulerit,  non 
auderem  certe  tanti  viri  traditionem  carpe- 
re.  Et  Part.  4.  cap.  15.  in  L.  íi  Curat. 
Verb.  Lasíis.  n.  125.  e  em  outras  partes 
lhe  chama  doãiffimus.  Manoel  Soar.  Ribeira 
feu  difcipulo  nas  ohfervac.  ao  Direito  Civil 
cap.  22.  Arius  Pinelus  homo  mehercle  miri- 
fice  et  ad  traãandum,  <&  ad  docendum  jus 
natus,  e  em  outro  lugar,  vir  júris  intelli- 
gentia,  ingenij  acumine,  (0°  judicij  maturitate 
ipjis  Jurifconfultis  prijcis  non  inferior.  An- 
ton.  Quezad.  in  Q,ucbJí.  Júris:  Egregius 
ille  fenex  Arius  Pinelus.  Baez.  de  Decim. 
Tut.  cap.  14.  n.  4.  vir  Optimus,  virtutis  ama- 
tor  injignis  ab  exaãa  deligentia,  multaque, 
et  accurata  leãione,  et  gravitate  judicij  om- 
nia  attentius  excutientis  laude  dignus.  D. 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  132. 
Jurifconfultus  egregius.  Manoel  de  Faria,  e 
Soufa  nos  Comment.  das  Rim.  de  Cam. 
Tom.  I.  pag.  330.  o  reconhece  por  bom 
Poeta.  Joaõ  Fernandes  na  Oraçaõ,  que  fez 
na  Univeríidade  de  Coimbra  quando  a  foy 
viíitar  o  Infante  D.  Luiz,  impreíTa  no  anno 
de  1548.  diz.  Sed  jam  tandem  júris  perito- 
rum    clajfem,    imo    vero    totam  jurijprudentiam 


abfolvit  Pinellus,  non  folum  júris,  fed  ]uJliti(B 
etiam  conjultus.  Quantus  hic  in  jure  Civili 
fit,  mox  audies  Princeps  Serenijfime,  qui  hujus 
amplijftmi  Ordinis  decreto  apud  te  de  jure  dif- 
putabit  ea  eruditione,  et  prudentia,  qua  jam 
non  femel  ex  hoc  fuggejio  propojitis  fupra  mille 
thejibus  nominis  fui  gloria  universam  Hifpa- 
niam  implevit. 
Compoz. 

Ad  Rubricam,  <&  h..  11.  Cod.  de  refcindenda 
venditione  Commentarij.  Conimbricx  apud 
Anton.  Mariz  1558.  foi.  &  Salmanticse  apud 
Joan.  Bautiílam  à  Terranova  1568.  foi.  com 
Annotationib.  Emmanuel.  Soar.  da  Ribeira. 
Venetijs  apud  Damianum  Zenerum  1580.  4. 
Cólon.  Agrippinas  apud  Theodorum  Bau- 
mium  1573.  8.  et  Antuerpiae  apud  Joan. 
Keerberg.  161 8.  foi.  Francof.  1696.  8.  com 
Index  feito  por  feu  difcipulo  Innocencio  j 
Sueyro;  &  ibi  ex  Officina  Egenolphi  Emmelij 
16 14.  8.  RinteU.  1667.  4. 

De  bonis  maternis  Commentaria,  quibus  ma- 
téria fuccejjionis  jura  feliciter  explicantur.  Conim- 
bricíe  apud  Antonium  Maris.  1557.  foi. 
Venetiis  apud  Jacobum  Cornetum  1586.  8. 
Francof.  apud  Nicolaum  BaíTeum  1587.  &  ibi 
apud  Egenolphum  Emmelium.  1614.  4.  An- 
tuerp.   apud   Joan.    Keerbergium.    1628.  foi. 

Eílas  duas  obras  fahiraõ  juntas   Salman- 
ticíe  apud  Mathiam  Gaft.   1573.  foi.   &  An-   1 
tuerpiae  1621.  foi. 

Allegatio  pro  D.  Federico  de  Portugal. 
Salmanticíe  1562.  foi. 

Allegatio  pro  D.  Saneio  Cardona  Ara- 
gonicB.  Salmant.  eod.  an.  foi. 

AYRES     SANCHES,     natural    de     Lif- 
boa  donde  partio  até  o  Japaõ  levado  da  am- 
bição   de   augmentar   as   riquezas,    que   pof- 
fuhia,  porem  vendo  os  frutos  efpirituaes,  que  j 
colhiaõ  os  Padres  Jefuitas  naquelle  Império,  [ 
lhes  pedio  com  fervorofas  inílancias  que  o  \ 
admitiíTem  à  fua  Companhia  para  fer  partid-  [ 
pante  de  outros  lucros  mais  preciofos  por  naõ  | 
eílarem   fogeitos   à  inconftancia   da  fortuna.  \ 
Deíle  heróico  dezejo  tomou  a  poíle  no  anno 
de    1561.    quando    contava    trinta,    e    dous; 
annos   de   idade.     Com  incrível   trabalho,  e  I 
ardente   zelo   fe  applicou   pello   dilatado  ef- 
paço    de    dezoito   annos   à    cultura   daquella 


Ji 


1 


L  USITAN A. 


8i 


vaila  vinha,  donde  colheo  copiofos  frutos 
atrahindo  ao  fuave  jugo  do  Evangelho  as 

pil  IMloi.  .!<)  japaò,  e  convencendo 

I  .^,1  jut;ii  1(1,1  (los  Bonfos.  Morreo  em 
( )mura  no  anno  1590.  com  62.  de  idade. 
I  fcrcveo. 

Carta  e/cri  ta  tm  tíimgp  aos  IrmaÕs  da  Com- 

fuinhiii  de  Portugal  a  ii,  de  Outubro  de  1562. 

ihio  com  outras.    Évora  por  Manoel  de 

Lyra  1598.  foi.  Part.  i.  pag.  10.  v.o  Coimbra 

por  Anton.   de   Maris,    1570.   4.   pag.    267. 

I  raduziíla  em  Caftclhano  pelo  Padre  Cypriano 

Kiris.    Coimbra  por  Joaõ  Alvres,  c  Joaò 

Jc  barreira  1565.  4.  pag.  527.  e  Alcalá  por 

Juftn  Inigues  de  Lequerica  i  $75.  4.  a  pag.  121. 

i    cm  Latim  por  Maffco  lib.   2.  lipiji.  Ind. 

Jt-lorcntisc    apud    Philippum    Jundlam    1588. 

foi.  e  pelo  P.  Manoel  da  Cofta  lib.  3.  Epift.  de 

rebus  Japonic.  Cólon,  apud  Gcrvinum  Calanium 

IJ74.  8.  a  pag.  511.  &  Moguntia:  apud  Scbal- 

dum  Mayer.  1571.  8.  a  pag.  176.  v.o 

Carta  efcrita  de  Xiqui  a  31.  de  Outubro 
à  1567. 

Carta  efcrita  de  Virando  a  S.  de  Seítembro 
de  1576.  Huma,  e  outra  foraõ  impreíTas 
com  outras.  Évora  por  Manoel  de  Lira  1598. 
Prat.  I.  in  foi.  a  primeira  a  pag.  247.  v.o  e  a 
fcgunda  a  pag.  373. 

Fazem  delle  mençaõ  Sachino  Hijl.  Societ. 

iPlut.  2.  lib.  2.  n.  129.  e  Part.  3.  n.  129.  e  Part.  4. 

n.  250.  Alegamb.  Bib.  Societ.  pag.  89.  col.  2. 

António   de   Leon.   Biblioth.   Oriental  Tit.  8. 

p.  34. 

AYRES  DA  SYLVA.  Naceo  em  Lisboa, 

e  foy  filho  fegundo  de  Ruy  Pereira  da  Sylva 

j  Guarda  mór  do  Principe  D.  Joaõ  Pay  delRey 

D.  Sebaíliaõ,  Senhor  do  Morgado  de  Monchi- 

I  que,  e  de  Izabel  da  Sylva  filha  de  Joaõ  Fernan- 

)  des  da  Sylva.  Admiráveis  foraõ  os  progreíTos, 

1  que  em  Coimbra  fez  nos  eíhidos  Filofoficos,  e 

'  Theologicos  recebendo  com  univerfal  applaufo 

o  gráo  de  Meftre  em  Artes,  e  de  Doutor  em 

S  Theologia  em  27.  de  Julho  de  1 5  67.  Atendendo 

I  ElRey  D.  Sebaíliaõ  ao  feu  grande  talento,  que 

|i  fe  fazia  mais  eftimavel  pela  integridade  dos  cof- 

tumes,  o  elegeo  para  huma  das  bafes  fundamen- 

taes  do  Collegio  Real  de  S.  Paulo  de  Coimbra 

|de  que  tomou  a  beca  em  2.  de  Mayo  de  1563. 

iDe  Reytor   defte   Collegio   paliou  a  fer  da 

II 


Univerfidade,  em  cujo  lugar  foy  provido  em 
19.  de  Novembro  de  1)64.  e  o  exercitou  por 
efpaço  de  cinco  annos  com  fumma  prudência, 
e  affabilidade.  Por  fua  direcção  inílituhio 
na  Univerfídade  ElRey  D.  Sebaíliaõ  em  o 
anno  de  1568.  trinta  partidos  de  vinte  mil  reis 
cada  hum  para  trinta  Eíhidantes  eíludarem 
Medicina.  Defgoílofo  do  governo  Acadé- 
mico fupplicou  ao  Cardeal  D.  Henrique,  que 
governava  o  Reyno  na  menoridade  de  feu 
Sobrinho,  que  lhe  deflc  fucceíTor,  e  atten- 
dendo  a  taò  juílifícada  fupplica  o  proveo  na 
Igreja  de  Villaflor,  da  qual  foy  promovido 
para  a  Epifcopal  da  Cidade  do  Porto,  onde 
entrou  em  19.  de  Mayo  de  1 573.  com  exceíTivo 
jubilo  das  fuás  ovelhas.  Neíle  anno  veyo  a 
Coimbra  a  reformar  a  Univerfídade,  que  tinha 
governado  com  tanta  madureza,  fendo  rece- 
bido à  porta  da  Sala,  onde  tomou  o  juramento 
em  14.  de  Novembro,  pelo  Reytor  D.  Jero- 
nymo  de  Menezes  acompanhado  dos  quatro 
Lentes  de  Prima.  O  grande  conceito,  que  fa- 
zia da  fua  peíToa  ElRey  D.  Sebaíliaõ  o  obrigou 
para  que  o  acompanhaíTe  na  infeliz  expedição 
de  Africa,  onde  exercitando  naõ  fomente  as 
obrigaçoens  de  folicito  Paílor,  mas  de  valerofo 
foldado,  querendo  recuperar  a  artilharia  Por- 
tugueza  ganhada  pelos  Mouros,  acabou  glo- 
riofamente  a  vida  na  prefença  do  feu  Principe 
em  4.  de  Agoílo  de  1578.  e  foy  fepultado  com 
os  outros  Heróes,  que  infelizmente  acabarão 
nefte  dia  eternamente  fatal  à  Naçaõ  Portu- 
gueza,  onde  a  fua  memoria  lhe  ferve  de  hono- 
rifico epitáfio.  Compoz. 

Difcurfo  fobre  o  Cometa,  que  appare- 
ceo  em  Usboa  a  -j.  de  Novembro  de  1577. 
até   12.   de  Janeiro  de    1578. 

Deíle  Prelado  efcrevem  Jeronymo  de 
Mendoça  na  Jornada  de  Africa  lib.  i.  cap.  6, 
Manoel  de  Soufa  Moreira  Theat.  Geneal. 
da  Cafa  de  Souf  pag.  738.  dizendo  D.  Manoel 
de  Meneses  Obifpo  de  Coimbra,  Ayres  da  Sylva 
Obifpo  dei  Porto,  que  en  aquel  cruento  Sacrifício 
quii^ieron  fer  antes  Viãimas,  que  Sacerdotes. 
O  IlluítriíTimo  D.  Rodrigo  da  Cimha  Cathal. 
dos  Bifpos  do  Porto  Part.  2.  cap.  37.  D.  Luiz 
Salazar  y  Caíl.  Hijl.  dela  Cafa  de  Sylva  liv.  8. 
cap.  19.  lj)gró  la  primera  ejlimacion  entre  todos 
los  doãos....  en  la  dulçura  de  fu  goviemo, 
integridad    de    fus     coflumbres     experimentaron 


82 


BIBLIO THE  CA 


Jus  Juhditos    un    henignijfimo     Pajlor.    Cabrer. 

Hijl.  de  Filip.   2.  liv.    12.   cap.   8.   pag.  997. 

D.    Nicol.    de    S.    Maria    Chron.    dos    Coneg. 

^eg.  Part.  2.  liv.  10.  c.  15.  n.  7.  Coneílagio 

Union  de  Portug.  a  Caftil.  liv.  2.  foi.  37.  Mou- 

íinh.   de   Quevedo   Affonf.   Afric.   Cant.    11. 

Fermofo  Sjlva,  que  em  Jeu  fungue  ahjorto 

De  purpura  o  Roxeie,  Elmo  a  Tiara, 

Fe:^  de  Jifacrificio,  e  lá  no  Porto 

A  Deos  por  quem  morreo,  facrificara. 

D.    Jozé    Barbofa    nas    Mem.    do    Colleg. 

Keal  de  S.   Paul.  pag.   77.  e  no  Archiathan. 

L,ujitan.  pag.   120. 
Arius  antiqua  gentis  fplendore  corujcans 
Sylvia  ah  augufio  qua  ducit  nomen  Julo. 
Tanta  efi  egrégio  virtus  in  peãore  Pauli 
Ut  fimul,   (&   CcBtus,   celehris  que  Academia 

legum 
Audiat  à  Sylva  veneranda  Oracula  magno. 
Infpice  quanta  virum jam  prcemia  digna  fequantur. 
Praful  erit  veteris  Durius  quam  concitus  Urbis 
Fluãifonis  fcBcudat  aquis,  <&  vitihus  ornat. 
Dum  tamen  implerit  Pafioris  munia  jufti, 
Sollicitujque  gregem  documentis  paverit  aquis 
Mquora  Julcahit  juvenis  Jinuofa  Sebajius 
Quem  rapit  incerti  fublimis  gloria  Martis. 
Arius  occumhet  Jocius  qui  à  Rege  vocatus 
Pro  pátria  pugnans  faãa  excequabit  avoru. 
Mucroni  baculus,  galece  Jacra  infula  cedet, 
Bellica  dumq  vigil  recipi  tormenta  laborat, 
Occumbit    morti    Lybicis    tumulandus    arenis. 

AYRES  TELLES  DE  MENEZES, 
filho  fegundo  de  Fernaõ  Telles  de  Mene- 
zes quarto  Senhor  de  Unhaõ,  Commenda- 
dor  de  Ourique  em  a  Ordem  de  Saõ  Tiago, 
Mordomo  mòr  da  Rainha  D.  Leonor  mu- 
lher delRey  D.  Joaõ  o  II.  e  de  D.  Maria 
de  Vilhena  filha  de  Martim  Affonfo  de  Mel- 
lo Alcayde  mòr  de  Olivença,  Guarda  mor 
dos  Reys  D.  Duarte,  e  D.  Affonfo  V.  Foy 
ornado  de  admiráveis  dotes,  que  fe  illuftra- 
vaõ  com  o  efplendor  do  feu  nacimento,  fendo 
taõ  perito  na  Poefia,  como  deftro  na 
Luta,  muito  ufada  naquella  idade  pelas  Pef- 
foas  da  fua  Jerarchia,  para  cujo  exercício  o 
dotou  a  natureza  de  forças  extraordinárias. 
Acompanhou  a  ElRey  D.  Joaõ  o  II.  quando 
para  remédio  da  infermidade,  que  padecia, 
foy    bufcar    as    Caldas    do    Algarve,    e    em 


Monchique  fe  divertio  eftc  Príncipe  vendo 
lutar  a  Ayres  Telles  fahindo  gloriofamente 
vencedor  de  todos  os  Contendores.  Com 
grande  affefto,  e  naõ  menor  fentimento 
aíTiftio  em  Alvor  à  morte  daquelle  Monarcha 
no  anno  de  1495.  Defenganado  das  glorias 
mundanas  fe  recolheo  à  Religião  do  Patriar- 
cha  Seráfico,  onde  acabou  piamente  a  vida. 
Fazem  memoria  do  feu  nome  Refende  Chron. 
delRej  D.  JoaÕ  o  II.  cap.  208.  e  218.  D.  Luiz 
Salazar,  e  Caíl.  HiJl.  Geneal.  da  Ca/a  de  Sjlv. 
Part.  2.  liv.  9.  cap.  i.  pag.  328. 

Algumas  das  fuás  Poefias  imprimio  no 
feu  Cancioneiro  Garcia  de  Refende  impreíTo 
em  Lisboa  por  Herman  de  Campos.  15 16. 
foi.  e  eftaõ  a  foi.  80.  v.^  149.  v.o  145.  150. 
152.  154.  176.  v.o  177.  178.  v.o  179.  v.o  181. 
v.o  198.  e  199. 

AYRES  VARELLA,  natural  da  Cidade 
de  Elvas  na  Provinda  do  Alentejo.  Na  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  depois  de  eftudar 
Direito  Pontificio  recebeo  o  gráo  de  Doutor 
neíla  faculdade.  Sendo  Cónego  Doutoral 
na  Sé  da  fua  pátria,  e  Comiííario  da  Bulia  da 
Cruzada,  o  elegeo  por  Vigário  Geral  D.  Manoel 
da  Cunha  Bifpo  da  mefma  Diecefe,  em  cujo 
lugar  exercitou  a  juftiça,  que  era  própria  de 
hum  Miniítro  Ecclefiaílico.  Foy  muito  verfado 
na  Hiíloria,  aífim  fagrada,  como  profana. 
Morreo  na  fua  pátria  no  anno  de  1665.  Para 
teftemunhar  o  leal  affefto,  com  que  eílimava 
os  triumfos  alcançados  pelas  noíTas  armas 
contra  as  Caftelhanas  no  tempo,  que  fe  accla- 
mou  o  Sererdífimo  Rey  D.  Joaõ  o  IV.  ef- 
creveo. 

Succejfos,  que  houve  nas  fronteiras  de  Elvas, 
Olivença,  Campo  major,  e  Ouguella  o  primeiro 
anno  da  recuperação  de  Portugal,  que  começou 
no  primeiro  de  Dezembro  de  1 640,  e  fe^  fim  em 
o  ultimo  de  Novembro  de  1641.  Lisboa  por 
Domingos  Lopes  Rofa  1642.  4. 

Succejfos,     que     houve     nas    fronteiras     de 
Elvas,    Olivença,    Campo    Major,    e    Ouguella- 
o  fegundo    anno    da    recuperação    de    Portugal, 
que     começou    em     o    primeiro     de     Dezembro 
de    1641.    e  fez  fif»   em   o   ultimo   de   Novem-, 
bro  de  1642.    Lisboa  pelo  mefmo  ImpreíTor' 
1643.  4. 
Deixou  M.  S. 


f 


■|^Kftftf/r0  dat  AMiigfàdades  de  Elvas  com  a 
Hftoria  da  ttiejma  Cidade,  e  defcripçaÕ  das  terras 
da  Jm  Comarca  cm  folha.    G^nílava  de  féis 

'livros.  1.  defdt  os  Celtas  feus  fundadores  até  a 
f)ojfuirem  os  Mouros,  x.  delKey  D.  AJfonJo 
Uenrtifuez  até  D.  Fernando.  5.  de  E/Rej  D. 
loaõ  I.  até  D,  Affonfo  V.  4.  de/de  L/Rej  D. 
joaõ  o  11,  até  D.  Manoel,  j .  de/de  hlRey  D.  Joaõ 
n  III.  até  Filippe  IV.  6.  de/de  ElRey  D.  Joaõ 
I)  IV.  até  o  cerco  do  Tarracufa.  Por  carta  do 
luthor  cfcrita  cm  Elvas  a  9.  de  Janeiro  de 
1 647.  a  Jorge  Cardofo  lhe  diz,  cílar  acabando 
eâa  obra,  da  qual  efcreve  D.  Francifco  Manoel 

'de  Mello  na   i.   Part.  das  Cartas  Familiares 

tnlitr.  5.  Carta  62.  Quem  muito  quiv^er  Jaher 

(las  fuás  memorias  ( da   Cidade   de   Elvas )   e 

mtigualhas  fatisfará  feu   dev^ejo   vendo   o   douto, 

diligente  Livro,  que  da  fua  hifloria  tem  compoflo 

o  Doutor  Ayres  Varella  filho  benemérito  daquella 

I  Cidade,    Governador    do   feu    Bifpado,    e     Vi- 

Igjtrio  Geral  delle,  e  na  Carta.  i.  da  Centur. 
|.  muito  di^o  de  eflimaçaõ  em  todos  feus  ef- 
ritos  fejaÕ  relaçoens,  ou  antiguidades. 

Vita    D.    Sebafliani   de    Mattos   de    Noro- 

I  nba  Epifcopi  Elvenjis.  Cujo  original  fe  con- 
Icrva  na  Livraria  do  Conde  de  Vimieiro  como 

í  tcftemunha  o  Excellentifnmo  Conde  da  Eri- 

[  ccira  no  Cathalogo,  que  fez  dos  Aí.  S.  da- 
quella Livraria,  e  fahio  parte  delle  impreíTo 

1  DA  Colleçaõ  dos  Documentos  da  Academia  Real 
fio  anno  de  1724. 

Genealogia  de  todas  as  familias  do  Bifpado 
de  Elvas,  a  qual  fe  confervava  em  poder  de 

i  Diogo  Gomes  de  Figueiredo,  que  foy  muito 

r  douto  neíle  género  de  eíludo. 


D.      ALBERTO     DA     ASSUMPÇAM 

FRIQUE,    filho     de    Joaõ    Frique,     e    D. 

Qara  Piper  naceo  em  Lisboa  a  16.  de  Ju- 

I  nho   de    1691.     Recebeo  o  habito  de  Cónego 

I  Regrante  de  Santo  Agoílinho  no  Convento 

da    Serra    da    Cidade    do    Porto    a    6.    de 

Mayo  de  1706.    Depois  de  efhidar  Filofofia, 

\  e  Theologia  no   Collegio   de  Coimbra  com 

I  grande  credito   do   feu   talento   fahio   a  fer 

Reytor  da  Igreja  de  Saõ  Salvador  de  Pena- 

joya  no  Bifpado  de  Lamego,  de  que  tomou 

pofle  em  29.  de  Julho  de  1725.  cujo  minif- 

terio  exercita  com  zelo  de  vigilante  Paiior, 

naõ  fendo  inferior  a  efte  o  que  manifeíla  no 


LUSITANA. 


83 


púlpito  com  grande  applauío  dos  ouvintes. 
Imprimio. 

Orafod  fufubre  prè^ula  na  Santa  Sé  dê  La- 
megí  nas  Exeqtdas  do  Excellentifftmo  D.  Nuno 
Alvares  Pereira  de  Mello,  primeiro  Duque  do 
Cadaval,  quarto  Marque:(^  de  Ferreira,  quinto 
Conde  de  Tentúgal  e^r.  mandadas  celebrar  por 
feu  filho  o  lllujlrijfimo,  e  Reverendijftmo  D.  Nuno 
Alvares  Pereira  de  Mello  Bifpo  de  Lamego  em  19. 
de  Fevereiro  de  1727.  Coimbra  por  Manoel 
Carvalho  1727.  4. 

OrafaÕ  fúnebre  pregada  no  Convento  de  Jefus 
Alaria  Jofeph  das  Religiofas  de  Santa  Clara  de 
Barro,  nas  Exéquias  de  D.  Nuno  Alvares  Pe- 
reira de  Mello  primeiro  Duque  do  Cadaval  em 
28.  de  Março  de  1727.  Coimbra  por  Bento 
Ferreira  Seco  1727.  4. 

D.  ALBERTO  CAETANO  DE  H- 
GUEYREDO.  Naceo  na  Villa  de  Santarém 
a  24.  de  Mayo  de  1699.  e  teve  por  Pays  a 
Manoel  de  Figueiredo  Vaz,  e  Mariana  da 
Cofta.  Na  idade  da  adolefcencia  foy  admittido 
à  Religião  dos  Clérigos  Regulares,  e  na  Caía 
de  N.  Senhora  da  Divina  Providencia  defta 
Corte  recebeo  a  Roupeta  a  8.  de  Abril  de  1720. 
donde  a  13.  do  dito  mez  partio  para  a  índia,  e 
na  Cafa  de  Goa,  fez  a  profiíTaõ  folemne  a  22. 
de  Setembro  de  1721.  Pelo  efpaço  de  quator- 
ze  armos  exercitou  com  igual  zelo,  que  fruto 
dos  ouvintes  o  apoftolico  miniílerio  de  Mif- 
fionario,  atè  que  voltando  para  o  Reyno  me- 
receo  naõ  fomente  pela  fua  aíFabilidade  fer 
elevado  ao  lugar  de  Prepofito,  que  aéhial- 
mente  exercita,  mas  a  eftimaçaõ  pelo  talento, 
que  tem  para  o  púlpito,  de  que  he  teftemimha 
a  feguinte  obra. 

Panegyrico  Fúnebre  nas  Exéquias  de  JoaÕ  de 
Soífí(a  Mexia  Cavalleiro  profejfo  da  Ordem  de 
Cbriflo,  Secretario  da  Junta  da  Serenijfima  Cafa 
de  Bragança,  e  do  Infantado,  e  Efcrivaõ  da  Fa- 
^enda  da  mefma  Cafa  celebradas  pela  Mefa  do 
Santijfimo  Sacramento  da  Fregue;(ia  das  Mercês 
a  24.  de  Julho  de  1738.  Lisboa  na  Officina  Syl- 
viana  da  Academia  Real.  1738.  4. 

Fr.  ALBERTO  DE  FARIA,  e  naõ  de 
Farias,  como  lhe  chama  Nicoláo  António  in 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  5.  col.  i.  e  preterido 
por  Fr.  Manoel  de  Sá  nas  fuás  Memor.  Hijor. 


84 


BIBLIOTHE CA 


dos  Efcrit.  Poríug.  do  Carmo,  cujo  habito  re- 
cebeo  na  Província  de  Portugal,  onde  apren- 
deo  Filofofia,  e  Theologia,  e  fahio  taõ  douto 
neílas  faculdades,  que  o  julgou  digno  Fr.  Joaõ 
Bautiíla  Rubeo  Geral  da  Ordem  quando  no 
anno  de  1556.  andava  vifitando  as  Províncias 
de  Efpanha,  de  o  levar  em  fua  companhia 
para  que  as  diftaíTe  em  Andaluíia,  fendo  o 
primeiro  Meílre,  que  neíla  Província  leo  Theo- 
logia, como  affirma  Manoel  de  Faria,  e  Souza 
na  Europ.  Portug.  Tom.  3.  Part.  4.  cap.  8. 
n.  102.  o  qual  miniílerio  exercitou  com  geral 
acclamaçaõ,  ou  foíTe  enfinando,  ou  arguindo. 
A  grande  opinião  que  corria  da  profundidade 
das  fuás  letras  moveo  a  D.  Pedro  Giron  Du- 
que de  Oííuna  para  o  nomear  Lente  de  Ef- 
critura  na  Univeríidade  de  OíTuna.  Occupou 
os  mayores  lugares  da  fua  Ordem,  fendo  duas 
vezes  Provincial;  a  primeira  no  anno  de  1571. 
e  a  fegunda  no  anno  de  1596.  Depois  de  tole- 
rar com  paciência  huma  dilatada  infermidade 
cheyo  de  merecimentos  com  mais  de  80.  annos 
morreo  em  Valladolid.  Delle  fe  lembraõ 
Marco  António  Alegre  in  Parad.  Carm.  Dec. 
Imbonat.  in  Bíb.  Laf.  Hebraic.  pag.  300.  n.  914. 
Jacobo  Lelong.  in  Biblioth.  Sacra  pag.  721. 
col.  I.    Deixou  M.  S. 

Kerum    Theologicarum    duo    Volumina.    foi. 

Dialogorum  Volumen  in  quibus  SanãcB  Scrip- 
tur<2  Hebraifmi,  <&  GrcBciJmi  Jatis  Jubtiliter  eno- 
dantur.  foi. 

D.  ALBERTO  DE  S.  GONÇALO,  ve- 
ja-fe  D.  ALBERTO  DA  SYLVA. 

Fr.  ALBERTO  DE  S.  JOSEPH  na- 
tural do  Lugar  de  Porto  de  Mòs,  do  Bifpado 
de  Leyria.  No  Real  Convento  de  Alcobaça 
veílio  a  Cogulla  Ciílercienfe  em  24.  de  Feve- 
reiro de  1668.  Pela  grande  capacidade  de 
que  era  dotado  para  tratar  os  negócios  per- 
tencentes à  fua  Congregação  foy  eleyto  Pro- 
curador Geral,  cujo  lugar  adminiílrou  por 
muitos  annos  com  fummo  zelo,  e  cuidado. 
Naõ  foy  menor  o  difvello  que  praticou  no 
minifterio  de  Carturario  revolvendo  com  in- 
canfavel  trabalho  as  Efcrituras,  e  documentos 
do  Archivo  de  Alcobaça  para  delles  extrahir 
as  obras  feguintes,  que  M.  S.  nelle  fe  con- 
fervaõ. 


Eivro  das  Sentenças,  e  outros  papeis  necef- 
farios.  foi. 

Regimento  para  o  Reverendo  D.  Abbade  Ge- 
ral dejle  Mojleiro  de  Alcobaça  fav^er  as  eleiçoens 
das  Jujliças,  Capitaens  das  Companhias,  e  outros 
Officiaes  da  Milicia.  foi. 

Fr.  ALBERTO  DA  NATIVIDADE. 
Naceo  na  Cidade  de  Évora,  e  profeíTou  o 
Inftituto  de  Carmelita  Calçado,  do  qual  naõ  faz 
mençaõ  Fr.  Manoel  Sá  nas  fuás  Mem.  hijl.  dos 
Efcritores  defia  Provinda.  Foy  Meftre  de  Theo- 
logia na  Univeríidade  de  Coimbra,  e  Reitor 
do  CoUegio  do  Carmo  da  mefma  Cidade,  onde 
diâou  aos  feus  domefticos  as  fciencias  Efcolaf- 
ticas  com  grande  credito  do  feu  nome.  Com- 
poz. 

De  Jujlitia  Dei,  cuja  obra  naõ  fahio  à  luz 
publica  por  lho  impedir  a  morte. 

D.  ALBERTO  DA  SYLVA.  Naceo  na 
Villa  de  Amarante  em  o  anno  de  1635.  e  teve 
por  Pays  a  Francifco  da  Sylva  de  Vafcon- 
ceUos,  e  a  D.  Maria  da  Pinha  Pinto  defcen- 
dentes  das  mais  nobres  Famílias  da  Provinda 
de  Entre  Douro,  e  Minho.  Na  tenra  idade 
de  quinze  annos  recebeo  o  Canónico  habito 
de  S.  Agoílinho  em  o  Real  Convento  de  Saõ 
Salvador  de  Grijò  a  16.  de  Março  de  1650. 
onde  em  obfequio  de  Saõ  Gonçalo  feu  iníigne 
patrício  tomou  por  apeUido  o  nome  defte 
Thaumaturgo  Portuguez,  que  depois  mudou 
em  o  da  fua  familia,  quando  foy  aílumpto  a  ' 
Arcebifpo  de  Goa.  Foy  dotado  de  huma  vi-  ■ 
vefa  extraordinária  para  comprehender  as 
difficuldades  aíTim  da  Filofofia,  como  da 
Theologia,  de  tal  forte,  que  todo  o  tempo  que 
frequentou  as  Efcolas  ou  como  difcipulo,  ou 
como  Meílre  mereceo  univerfaes  applaufos. 
Tendo  exercitado  o  lugar  de  Procurador  \ 
Geral  da  fua  illuítre  Congregação,  de  Prior  » 
do  Real  Convento  de  Saõ  Vicente  duas  vezes, 
e  de  iníigne  Pregador  nos  mais  authorizados 
Púlpitos  deíla  Corte  o  nomeou,  em  atenção 
aos  feus  grandes  merecimentos,  a  Mageftade 
delRey  D.  Pedro  II.  Arcebifpo  Primaz  do 
Oriente,  cuja  dignidade  naõ  permitio  a  morte, 
que  a  adminiUraíTe  mais  que  pello  breve  ef- 
paço  de  hum  anno,  como  confta  do  Epitáfio, 
que  fe  vé  gravado  na  fua  fepultura,  que  efta 


L  USITANA. 


85 


IO  Presbitério  da  Capella  Mór  da  Cathedral 
l(-  Goa  neílas  palavras. 

Sepnltnra  de  D.  Alberto  Ha  Sylva  Conejip  Ke- 
rante  de  Santo  Ajipjlinho,  Arcebifpo  Primas  da 
ndia.  C.hefipu  do  Keyno  a  tjlt  Eflado  aos  21.  di 
vtttítmbro  de  1687.  Valleceo  aos  8.  dt  Abril 
\k  1688.  Depois  do  Jeit  óbito  fahio  para  Cover- 
mànr  de/te  lijlado. 

Publicou  com  o  nome  de  D.  Alberto  de 
.10  (ionçalo. 

SermaS  pregado  no  Convento  de  SaÒ  Domingos 

WjU  Cidade  na  fejía,  que  fe  fe:(^  da  Beatificação  do 

rjnde  Summo  Pontifice  Pio  V.  em  9.  de  Outubro 

1^1-2.   Lisboa  por  Francifco  Villela.  1673.4. 

ALEIXO  DE  ABREU.  Naceo  no  lugar 
lias  Alcáçovas  da  Província  do  Alentejo. 
jSendo  de  nove  annos  paíTou  à  Univerfidade 
\it  Évora,  onde  aprendeo  a  lingua  Latina, 
IRhetorica,  e  Filofoíía,  cm  cuja  faculdade  rc- 
ibebeo  o  grào  de  Meílre.  Mais  obediente  à  incli- 
nação do  génio,  que  à  vontade  de  feu  Pay 
irtío  para  Coimbra  a  eftudar  Medicina  donde 
atisfeito  com  o  eftipendio  Real,  que  fe  cof- 
biina  dar  aos  Eíludantes  pobres,  ouvio  aos 
Ibaayores  profeíTores  daquella  arte,  fendo  o 
principal  Balthezar  de  Azeredo,  que  era  o 
jHipocrates  daquella  idade,  e  fez  nella  taes 
progreíTos,  que  com  univerfal  aclamação  re- 
bebeo  o  gráo  de  Licenciado.  Com  igual  for- 
tuna, que  fciencia  começou  a  exercitar  eíla 
|Arte  na  Província  do  Alentejo,  como  na  Corte 
tíc  Lisboa,  merecendo,  que  o  elegeíTe  para  feu 
Medico  AiFonfo  Furtado  de  Mendoça,  quando 
foy  governar  o  Reyno  de  Angola.  Nefte  clima 
ítaõ  nocivo  à  confervaçaõ  da  faude  obrou  curas 
•jptodigiofas  naõ  fendo  menos  capaz  para  curar 
"OS  corpos,  de  que  para  manejar  as  Armas,  pois 
quando  fe  offerecia  alguma  occafiaõ  militar 
fearercitava  as  obrigaçoens  de  valerofo  Soldado, 
íc  prudente  Capitão,  como  em  feu  applaufo  can- 
tou D.  Francifco  Manoel 

Alas  em  tanto  conjidero 

Qual  más  deve  a  tu  valor 

Por  Soldado,  y  por  Doãor 

Si  la  pluma,  Ji  el  a^^ero. 

Pues,  que  unoj  otro  eftado 

Cabe  en  un  fujeto  Joio 

Talve^fiendo  armado  Apolo; 

Talve^  Marte  graduado. 


PaíTados  nove  annos  fe  reílituhio  a  Lisboa, 
em  1606.  onde  curando  com  fumma  felicidade 
muitos  achaques  rebeldes,  e  inueterados,  foy 
eleyto  Medico  da  Gamara  delRey  Felipe  IIL 
Padecendo  huma  perigofa  infermidade  no 
anno  de  161 4.  fendo  defamparado  pelloa 
Médicos  por  incurável,  elle  mefmo  fe 
curou,  e  perfeitamente  convaleceo  manifeí- 
tando  os  males,  que  padecera  no  titulo  defta 
obra. 

Tratado  delas  fie  te  enfermedades  de  la  inflam a- 

cion  univerfal  dei  higado,  firbo,  Pilderon,y  rinones, 

y  dela  obflrucion  dela  fitiarit(i,  y  febre  maligna,  y 

pajfion  bypocondriaca.    Lisboa  por  Pedro  Cras- 

beeck.   1622.  4. 

No  fim  defte  livro  traz  hum  tratado  do  mal 
de  Loanda  fendo  o  primeiro  Portuguez  que 
delle  efcreveo.  Morreo  em  Lisboa  no  anno- 
de  1650.  com  62.  de  idade.  Eílá  fepultado  no 
Clauftro  do  Convento  de  Lisboa  dos  Religio- 
fos  Capuchos  de  Santo  António  com  eftc 
epitáfio. 

Sepultura  do  'Licenciado  Aleixo  de  Abreu, 
e  feus  herdeiros.  Medico  de  fua  Mageftade,  e  defte 
Convento. 

He  numerado  entre  os  infignes  Médicos 
por  D.  Francifco  Manoel  na  Carta  efcrita  a 
Manoel  da  Fonfeca  Themudo. 

Fr.  ALEIXO  DE  SANTO  ANTÓNIO 

natural  da  Villa  de  Punhete  do  Arcebifpado 
de  Lisboa.  Depois  de  alcançar  o  gráo  de  Ba- 
charel na  faculdade  dos  Sagrados  Cânones  em 
a  Univerfidade  de  Coimbra  recebeo  o  Habito 
da  Ordem  Regular,  e  Militar  de  Chriílo  no 
Real  Convento  de  Thomar  a  6.  de  Janeiro  de 
1583.  Por  fer  verfado  em  todo  o  género  de 
virtudes  foy  eleyto  Meílre  dos  Noviços,  cujo 
miniílerio  exercitou  pelo  largo  efpaço  de  trinta 
annos  com  grande  credito  da  fua  Peííoa.  Foy 
Reytor  do  Collegio  de  Coimbra,  e  Definidor 
da  Ordem.  Quando  as  fuás  graves  occupa- 
çoens  lhe  permitiaõ  algum  defcanfo,  fe  ocupa- 
va na  liçaõ  dos  livros,  em  que  achava  o  feu 
único  alivio.  Morreo  no  Convento  de  Tho- 
mar na  proveda  idade  de  noventa  annos  a  7. 
de  Dezembro  de   1648.    Compoz. 

Commentarios  fobre  os  Evangelhos,  que  fe 
coftumaÕ  cantar  na  Igreja  Romana  nos  Domingos 
do  Advento,  e  da  Septuagefima  até  a  Dominga 


86 


BIB  LIO  THE  CA 


Ae  Vajchoa;  como  também  em  algumas  Ferias,  e 
Feftividades  de  Santos.  Coimbra  por  Diogo 
Gomes  Loureiro  1610,  4. 

Filofofia  moral  colhida  dos  Provérbios.  Coim- 
bra pelo  mefmo  ImpreíTor  1640.  4.  Delle 
faz  memoria  António  Carvalho  da  Coíla 
Corograf.  Port/ig.  Tom.  3.  Trat.  4.  cap.  i. 
pag.   162. 

Fr.  ALEIXO  COTRIM  Religiofo  da 
Militar  Ordem  de  Chriílo  no  Real  Convento 
de  Thomar  taõ  infigne  na  Theologia,  como 
na  intelligencia  da  Sagrada  Efcritura,  de 
que  faõ  teftemunhas  as  obras  feguintes,  de 
que  faz  mençaõ  António  Carvalho  da  Coíla  na 
Corog.  Vort.  Tom.  3.  Trat.  4.  cap.  i.  pag.  162. 

Commentaria  in  Uvangelia.  Foi.  M.  S. 
Discurfos  fobre  as  Domingas  da  Qtiarejma. 
M.  S. 

D.  ALEIXO  DE  MENESES  foy  filho 
de  D.  Pedro  de  Menefes  primeiro  Conde  de 
Cantanhede,  e  de  fua  fegunda  mulher  D.  Bea- 
triz de  Mello  filha  do  Chanceller  mór  Ruy 
Gonçalves  de  Alvarenga.  Ainda  que  naõ 
fora  taõ  fecunda  a  illuílre,  e  antigua  arvore 
dos  Menezes  bailava  eíla  única  producçaõ 
para  fervir  de  Coroa  à  portentofa  fertilidade 
de  feus  frutos.  Querendo  a  naturefa  formar 
na  fua  peíToa  huma  perfeita  imagem  da  heroy- 
cidade  difpoz,  que  fahiíTe  à  luz  do  mundo  em 
terceiro  lugar,  fervindo-lhe  a  formação  de  dous 
Jrmaõs,  que  lhe  precederão,  de  enfayo  para 
acertar  em  huma  obra,  que  lhe  cuflava  tanto 
difvelo.  Naõ  foy  menor  o  engenho  com  que 
a  Graça,  em  emulação  da  natureza,  ornou  o 
feu  efpirito,  communicando-lhe  todo  o  gé- 
nero de  virtudes,  que  religiofamente  pra- 
ticou defde  a  infância  até  a  ultima  idade, 
pellas  quaes  fe  fez  digno  da  veneração  dos 
Príncipes,  e  do  refpeito  dos  Grandes.  Ainda 
contava  poucos  annos,  quando  colheo  glo- 
riofas  palmas  na  celebre  Conquilla  de  Azamór 
confeguida  no  anno  15 13.  em  cuja  expedição, 
que  foy  o  preludio  das  fuás  militares  proefas, 
naõ  fomente  fe  oílentou  companheiro,  mas 
emulo  do  valor  de  feu  grande  Tio  D.  Joaõ 
de  Menezes.  Depois  de  ter  aíTombrado  a 
Africa  com  acçoens  dignas  do  feu  nacimento 
bufcou    mayor    theatro    para    exercitar    os 


marciaes  efpiritos,  que  lhe  animavaõ  o  peito, 
paíTando  à  índia  com  o  Governador  Lopo 
Soares    de    Albergaria,    onde    occupando    o 
poílo  de  Capitão  de  huma  efquadra  de  outo 
navios,  em  que  difcorreo  pela  Coíla  da  Ará- 
bia, e  fer  Almirante  da  armada,  que  no  mar 
roxo    foy    bufcar    ao    Soldaõ    da    Babilónia, 
fe  coroou  com  multiplicados  triumphos,  já 
na  Conquiíla  de  Zeila  na  Coíla  da  Etiópia,  já 
obrigando   a   ElRey  de  Bintaõ  a  levantar  o 
cerco    de    Malaca    tomando-lhe    para    teíle- 
munha  da  viíloria  o  Forte  de  Muar  guarne- 
cido  com  fetenta  peças,   já  no   Socorro  de 
Coulaõ   reduzido   ao   ultimo   perigo.     Carre- 
gado de  tantos  trofeos  fe  reílituhio  ao  Reyno, 
onde  conhecendo  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  que 
era  igual  a  capacidade  do  feu  juizo  à  valentia 
do  feu  braço,  o  mandou  paíTar  fegunda  vez 
a  Africa  para  reformar,  e  prover  os  prefidios 
de  Arzilla,  Azamór,  e  Tanger,  de  que  eraõ 
Capitaens  D.  Joaõ  Coutinho  Conde  do  Re- 
dondo, o  Conde  do  Prado,  e  D.  Álvaro  de 
Abranches,    cuja    commilTaõ    executou    com 
fumma  prudência.    A  fama  das  proefas,  que 
obrara  no  Oriente,  o  habilitou  para  fer  eleito 
Governador  de  taõ  grande  Eílado,  cujoa  u- 
thorizado    lugar    naõ    exercitou    por    querer  | 
D.  Joaõ  o  III.  fervir-fe  do  feu  talento  em 
outros   miniílerios,   de   que   refultava  mayor 
gloria  à  Coroa,  como  foraõ  fer  Embaxador 
à  Mageílade  Cefarea  de  Carlos  V.  e  concluir 
no  anno   de   1542.   os   auguílos  defpozorios 
da  Princeza  D.  Maria  com  o  Príncipe  de  Caf- 
tella  D.  Filipe  fendo  Conduâor  deíla  Senhora 
com  o  lugar  de  feu  Mordomo  mór.     Naõ 
he  fácil  de  explicar  a  grande  eílimaçaõ,  que 
o  Cefar  Auílriaco,  e  FiUpe  II.  fizeraõ  da  fua 
PeíToa  chegando  a  tal  exceíTo,  que  por  nomea- 
ção deíles  dous  Monarchas  foy  eleyto  Padri- 
nho do  Príncipe  D.  Carlos,  o  qual  para  nunca 
fe  efquecer  da  veneração  de  que  era  digno  o 
mandava  vifitar  todos  os  annos.    Naõ  houve 
lugar  honorífico  para  que  o  naõ  achaíTe  capaz  r 
a  eleyçaõ  delRey  D.  Joaõ  o  III.  nomeando-o 
Ayo  de  feu  filho  o  Príncipe  D.  Joaõ,  que 
eUe  modeílamente  recufou  lembrado  do  agudo 
fentimento,  que  ainda  confervava  pela  intem- 
peíliva  morte  da  Princeza  D.  Maria.   O  mefmo 
Monarcha   o    creou   Mordomo   mór   de  fua 
Efpofa  a  Raynha  D.  Catherina,  cujo  offido 


L  USITANA. 


87 


Iminiftrou  com  Aimnift  gtAvidade.    Ultitna- 
I  icntc  deixou  o  mcfmo  Prindpe  por  legado  po- 
ttico  no  feu  Teftamento,  que  foíTe  Ayo  de  feu 
^eto  o  Príncipe  D.  Sebaftiaõ  querendo  ainda 
lepois  de  morto  eternizar  o  nobre  conceito,  que 
l/era  quando  vivo  dos  merecimentos  de  taõ 
t  ande  Va/Talo.    Neíla  incumbência  defcobrio 
f)t  mayorcs  dotes  de  que  fe  ornou  o  feu  cfpi- 
rito  intentando  formar  naquellc  Príncipe  entre- 
is ao  feu  vigilante  cuidado  huma  perfeita  Ima- 
(  m  da  Magcftade  infinuandolhc  com  afTeéhiofa 
iidelidade,  e  grave  madureza  os  díélames  necef- 
fifios  para  abraçar  as  virtudes,  e  abominar  os 
vidos,  de  que  coílumaò  fer  fautores  os  Palacia- 
nos. Muitas  vezes  fe  valia  da  feveridade  para  re- 
pdffiir  os  violentos  impulfos  daqueile  Príncipe, 
que  já  em  idade  taõ  tenra  degeneravaõ  em  ex- 
oeflbs;  em  outras  uzava  de  benevolência  atrahín- 
dolhe  fuavemcntc  a  vontade  quando  repugnava 
ceder  da  fua  obftínaçaõ.  Como  fempre  atendeo 
mais  pella  gloria  do  Reyno,  que  pella  própria 
convcnicncía,    nunca   aceitou    mercê   alguma 
affirmando,  que  em  quanto  foíTe  Ayo  delRey 
D.  Sebaftiaõ,  naõ  pediria,  nem  aceitaria  algum 
premio  por  naõ  fe  atribuir  menos  ao  feu  mere- 
tímcnto,  que  à  liberalidade  Real.  Defte  heróico 
defintereíTe  fera  eterno  teftemunho  a  fingular 
modeftía  com  que  recufou  o  Condado  de  Villa 
de  Rey  dizendo,  que  era  pobre  para  taõ  autho- 
rizado  titulo  poíTuindo  unicamente  a  Alcay daria 
mdt  de  Arronches,  que  fe  lhe  deu  em  fatis- 
façaõ  de  huma  Comenda,  que  fe  tirara  a  feu 
falho.   Foy  valerofo  Capitão,  prudente  Emba- 

Iczador,  confummado  Politico,  e  em  taõ  di- 
vetfos  minifterios  preferio  a  honra  ao  inte- 
refle,  a  benevolência  à  feveridade,  e  a  verdade 
«a  lizonja.   Feliz  feria  o  reynado  delRey  D.  Se- 
baftiaõ fe  por  mais  tempo  fora  difcipulo  da 
[fua   efcola,    mas    como    eftava    determinada 
por  mais  alta  providencia  a  ruina  daqueile 
Príncipe,  permitio,  que  lhe  faltaíle  taõ  grande 
Vaffido,  que  cheyo  de  virtudes,  e  de  annos 
^acabou   a   vida    traníitoria    para    começar   a 
1^  eterna  em  7.  de  Fevereiro  de  1569.    Foy  ca- 
jfado  duas  vezes,  a  primeira  com  D.  Joanna 
de  Menezes  fua  Sobrinha  filha  de  D.  Henrique 
,  de  Noronha,  de  cujo  defpozorio  teve  a  D.  Lui- 
[za  de  Menezes,  que  cafou  com  D.  Pedro  de 
■  Menezes  outavo  Senhor  de  Cantanhede,  a  qual 
morreo  de  parto  fem  filhos.    Dezejãdo  ElRey 


D.  Joaõ  o  m.  que  fe  etemizaíTe  a  memoria 
de  D.  Aleixo  na  poftcridade,  ficando  reprodu- 
zido na  fua  defcendencia,  lhe  ordenou  que 
paíTaíTe  ft  fegundas  vodas,  quando  contava 
7j.  annos  de  idade.  Obedeceo  ao  Real  pre- 
ceito cazando  com  D.  Luiza  de  Noronha 
filha  de  D.  Álvaro  de  Noronha,  de  quem 
teve  numcrofa  fuceíTaõ  fendo  o  primogénito 
D.  Luiz  de  Menezes,  que  na  florente  idade  de 
vinte,  e  trez  annos  acabou  infelizmente  na 
batalha  de  Alcácer:  o  fegundo  foy  D.  Álvaro 
de  Menezes  pagem  da  Campainha  delRey 
D.  Sebaftiaõ,  que  cafou  com  D.  Violante  de 
Távora  filha  de  D.  Vafco  da  Gama  Conde  da 
Vidigueira;  terceiro  D.  Pedro  de  Menezes, 
que  dcfprezando  o  mundo  fe  recolheo  na 
Religião  dos  Eremitas  de  Santo  Agoftinho, 
do  qual  logo  faremos  larga  mençaõ.  A  eftes 
três  filhos  feguíraõ  duas  filhas,  que  foraò 
D.  Beatriz,  que  morreo  na  infância,  c  D.  Meda, 
que  cafou  com  D.  Luiz  Coutinho  quarta 
Conde  do  Redondo. 

Notáveis  foraõ  os  pareceres  políticos,  que 
em  diverfas  occafioens  compoz  D.  Aleixo 
de  Menezes,  em  que  fe  defcobrio  fempre  a 
re£lidaõ  do  feu  juifo,  e  a  fidelidade  do  feu 
zelo,  aífim  para  a  boa  educação  delRey 
D.  Sebaflúaõ,  como  para  augmento,  e  confcr- 
vaçaõ  defta  Monarchia,  dos  quaes  unicamente 
chegarão  à  noíTa  noticia  os  feguintes. 

Vofo  acerca  da  qualidade  da  Pejfoa,  que  devia 
fer  eleita  para  Meftre  delKey  D.  SebaJliaÕ  Impreílo 
na  Chron.  dejle  Príncipe,  que  fahio  em  nome  de 
D.  Manoel  de  Menezes  cap.  25.  Lisboa  na 
Officina  Ferreiriana.  1730.  foi.  e  nas  minhas 
Memor.  Hijl.  delRej  D.  Sebajl.  Part.  i.  liv.  i. 
cap.  15.  n.  131.  que  fahiraõ  em  Lisboa  por 
Jozé  António  da  Sylva.  1736.  4. 

Difcurfo  acerca  de  ter  fido  eleito  por  Cõ- 
fejfor  delRey  D.  Sebafiiaõ  o  P.  Lmíz  Gon- 
Jalves  da  Camera,  que  era  feu  Mefire.  Im- 
preíTo  na  Chron.  já  allegada.  cap.  113.  e  nas 
minhas  Memor.  Hifi.  liv.  2.  cap.  22.  n.  166. 
defde  pag.  620.  até  628. 

Praãica  feita  a  ElRej  D.  Sebafiiaõ  no 
dia  antecedente  ã  fua  Coroação.  Sahio  im- 
preíTa  na  Chron.  allegada  cap.  126.  e  na  Hif- 
toria  Sebafiic.  liv.  i.  cap.  16.  compofta  pelo 
Reverendiflimo  Padre  Fr.  Manoel  dos  San- 
tos   Monge    Ciftercienfe    Chronifta    de    Sua 


88 


BIBIIO THE  CA 


Mageílade,  e  Académico  Real,  impreíTa 
Lisboa  por  António  Pedrofo  Galraõ  1735. 
foi.  o  qual  efcreve  no  liv.  i.  cap.  2.  da  dita 
Hiíloria.  D.  Aleixo  de  Menev^es  de  idade  madura, 
e  eapa^  da  importante  confiança,  que  fit(eraõ  do 
Jeu  juiv^o  os  dous  Príncipes  ( D.  Joaõ  o  III.  e 
Carlos  V.  )  porque  fqy  de  grande  valor  nas  armas, 
difcreto,  e  prudente  nas  acçoens  politicas.  Fran- 
cifco  de  Santa  Maria  no  Anno  Hijioric,  e  Diar. 
Portug.  pag.  170.  e  171.  Foj  de  grande 
modejiia,  e  temperança,  como  bem  mofirou 
naõ  querendo  aceitar  o  titulo  de  Conde  de 
Villa  de  Rej;  e  fallando  da  Praftica  que 
fizera  a  ElRey  D.  Sebaftiaõ  diz  que  corria 
rom  fingular    ejiimaçaõ   nas    mãos    dos   curiofos. 

D.  Fr.  ALEIXO  DE  MENEZES,  ou  de 
JESUS,  foy  hum  dos  Aftros,  que  illuftraraõ 
a  famofa  Cidade  de  Lisboa,  onde  naceo  em  25. 
de  Janeiro  de  1559.  Foraõ  feus  illuftres  Pays 
D.  Aleixo  de  Menezes  Ayo  de  ElRey  D.  Sebaf- 
tiaõ, de  quem  aíTima  fizemos  larga,  ainda  que 
diminuta  memoria,  e  D.  Luiza  de  Noronha 
iilha  de  D.  Álvaro  de  Noronha  Capitão  de 
Azamor.  A  primeira  efcola,  que  frequentou, 
foy  o  Palácio,  onde  pela  innocencia  dos  cof- 
tumes,  e  affabilidade  do  génio  lhe  era  fumma- 
mente  affeéto  ElRey  D.  Sebaftiaõ,  mas  con- 
fiderando,  que  daquella  paleftra  andavaõ 
fugitivas  as  virtudes,  fe  deliberou  a  defprezar 
todas  as  efperanças  fundadas  no  efplendor  do 
feu  nacimento,  e  na  inclinação  do  feu  Príncipe, 
bufcando  para  taõ  heróica  refoluçaõ,  fomente 
configo  confultada,  a  illuftre  Religião  dos 
Eremitas  de  Santo  Agoftinho,  onde  no  Con- 
vento de  N.  Senhora  da  Graça  de  Lisboa 
recebeo  o  habito  em  24.  de  Fevereiro  de  1 5  74. 
das  mãos  de  D.  Fr.  Agoftinho  de  Caftro,  a 
■quem  fuccedeo  na  dignidade  Primacial  de 
Braga.  Notável  foy  a  confternaçaõ,  que  caufou 
nos  feus  parentes  efta  deliberação  de  D.  Aleixo, 
chegando  a  taes  exceílos,  que  o  queriaõ  def- 
pojar  violentamente  do  habito,  porem  toda 
efta  tormenta  fe  ferenou  coníiderando  com 
mayor  reflexão,  que  naõ  tinhaõ  dominio  nas 
acçoens  de  hum  filho,  que  já  eftava  adoptado 
por  outro  mais  illuftre  Pay.  Em  o  Novi- 
ciado fe  moftrou  taõ  exaâo  obfervador 
dos  Eftatutos,  que  fervia  de  eftimulo,  e  de 
confuzaõ  aos  feus  companheiros.    Depois  de 


profeíTo,  quando  contava  dezoito  annos, 
paíTou  a  Coimbra  para  fer  inftruido  nas  facul- 
dades de  Filofofia,  e  Theologia,  onde  crecia 
igualmente  no  eftudo  das  letras,  que  no  exer-  t 
cicio  das  virtudes,  preferindo  fempre  a  fciencia  ' 
dos  Santos  a  todas  aquellas,  que  tem  a  fua  raiz 
na  gloria  mundana.  O  talento  do  juizo  acom- 
panhado da  innocencia  da  vida  o  fizeraõ 
fubir  a  diverfos  lugares  da  Ordem,  como  foraõ 
Prior  dos  Conventos  de  Torres  Vedras,  Santa- 
rém, e  Lisboa,  e  ultimamente  a  Difinidor.  Co- 
nhecendo Filippe  Prudente  as  qualidades  herói- 
cas, que  fe  veneravaõ  na  fua  peííoa,  o  nomeou 
Arcebifpo  de  Goa  para  com  as  luzes  da  fua 
fabedoria  allumiar  o  berço  do  Sol.  Repugnou 
por  algum  tempo  aceitar  efta  dignidade,  até  que 
obrigado  do  preceito  Real  foy  fagrado  a  26.  de 
Março  de  1 595.  no  Convento  de  N.  Senhora  da 
Graça,  e  recebeo  o  Pallio  das  maõs  do  Arce- 
bifpo de  Lisboa  o  Illuftriffimo  D.  Miguel  de 
Caftro.  Sem  dilação  partio  para  a  índia,  e  che- 
gando profperamente  a  Goa  em  Settembro  de 
1595,  começou  a  exercitar  as  obrigaçoens  Paf- 
toraes  pregando  com  elegante  efficacia,  confef- 
fando  com  ardente  charidade  ainda  àquelles, 
que  eftavaõ  prezos,  ou  que  remavaõ  nas  galés, 
e  celebrando  Synodo  Provincial,  com  que 
fe  reformarão  muitos  abufos,  que  a  Uberdade 
militar  inficionada  com  a  comunicação  dos 
Gentios  tinha  introduzido  no  Oriente.  Levan- 
tou dous  recolhimentos  para  nelles  fe  confervar 
inviolável  a  honeflidade  das  donzeUas.  Fundou 
o  Convento  de  Santa  Mónica  de  Goa,  para 
cujas  Religiofas  compoz  as  Conftituiçoens, 
nas  quaes  eftá  refpirando  o  ardor  do  feu  pruden- 
tiffimo  efpirito.  Naõ  fe  Umitou  o  feu  apofto- 
hco  zelo  ao  Continente  de  Goa,  antes  parecen- 
do-lhe  pequena  esfera  para  o  fagrado  fogo,  que 
lhe  ardia  no  coração,  fe  dilatou  pelo  immenfo 
efpaço  das  Regioens  Orientaes.  Aos  mora- 
dores de  Socotorá,  em  o  nome  Chriftaõs, 
e  na  profiíTaõ  Gentios,  mandou  dous  Minif- 
tros  Evangélicos  para  os  inftruir  na  Fé  do 
Crucificado,  e  deftinou  outros  dous  para 
illuftrar  a  cegueira  dos  Scismaticos  chama- 
dos de  S.  Joaõ  fituados  nos  confins  da  Ará- 
bia Deferta,  os  quaes  com  o  feu  Patriarcha 
abjurarão  os  delírios  da  fua  crença.  Suften- 
tou  na  Fê  Romana  aos  Abexins  defcenden- 
tes    dos    Chriftaõs,    que    acompanharão    ao 


y 


L  USITAN A. 


89 


infigne  Capitão  D.  Qiriftovad  da  Gama  quando 
loraõ  focorrer  ao  Emperador  daquelle  Eíhulo. 
Coin  as  faudavcís  aguas  do  Bautiímo  purificou 
as  manchas  de  quatro  Príncipes  Orícntaes. 
Ivntrc  taõ  illuílres  acçoens,  que  obrou  o  feu 
y^clo  padoral,  certamente  a  mayor  foy,  a  que 
IH-iloalmcnte  emprendeo,  e  felizmente  confc- 
^uio  reduzindo  na  Serra  do  Malabar  ao  grémio 
(la  Igreja  Romana  os  Chríílaõs  de  S.  Thome 
.líTtm  chamados  por  ferem  defcendcntes  da- 
(]uclles,  que  ouvirão  a  pregação  deílc  grande 
Apoftolo.  Viviaò  eftes  obedientes  ao  Patriar- 
cha  de  Babilónia  profeííando  os  rcifmaticos 
erros  de  Ncílorio,  e  Eutiches,  e  negando  a 
obediência  ao  Pontífice  Romano.  Efta  diffi- 
cultofa  cmpreza  inutilmente  intentada  pelos 
Mifpos  de  Cochim,  e  os  MiíTionarios  da 
Religião  Seráfica,  Dominicana,  e  Jcfuitica,  glo- 
riofamcntc  a  concluyo  triumfando  de  todas  as 
ilifficuldadcs,  que  fe  oppunhaõ  a  taõ  fagrado 
intento,  pois  armado  de  invida  paciência, 
ulmiravel  conftancia,  incanfavel  difvelo,  e 
ardente  charidade  naõ  fem  patente  aíTiftencia 
do  divino  auxilio,  rendeo  ao  Sólio  do  Vaticano 
u)  Patriarcha  da  Arménia  com  féis  Bifpos 
Icifmaticos,  fendo  congratulado  por  acçaõ 
taõ  Religiofa  com  agradecidas  expreíToens 
pela  Santidade  de  Clemente  VIII.  em  hum 
Breve  expedido  em  o  i.  de  Abril  de  1599. 
Depois  de  reduzidas  tantas  ovelhas  ao  rebanho 
do  divino  Paílor  celebrou  Synodo  em  Diamper, 
cm  que  eílabeleceo  determinaçoens  neceíTa- 
rias  para  a  adminiftraçaõ  dos  Sacramentos, 
c  reforma  dos  coílumes.  Naõ  foraõ  inferiores 
as  acçoens,  que  obrou  no  governo  temporal, 
como  no  efpiritual,  promovendo  com  igual 
vigilância  os  augmentos  da  Religião,  que  os 
do  Eftado.  Por  efpaço  de  quatro  annos  o 
governou  com  fummo  difvelo,  de  que  foraõ 
felices  confequencias  livrar  a  Malaca,  e  Mo- 
çambique da  ultima  oppreíTaõ  a  que  eílavaõ 
reduzidas  pelos  Olandezes,  e  fer  a  principal 
caufa  de  que  foíle  totalmente  derrotado  o 
Cunhale  obftinado  inimigo  do  nome  Portu- 
guez.  Tendo  illuftrado  o  Oriente  com  os  rayos 
das  fuás  virtudes  paíTou  a  brilhar  com  a  mefma 
intenfaõ  no  Occidente  admirando-fe  em  dous 
Poios  diametralmente  oppoftos  a  benéfica 
efficacia  dos  feus  influxos.  Sentado  na  Ca- 
deira   Primacial    de    Braga    de    que    tomou 


poííe  em  8.  de  Agofto  de  161 1.  exercitou 
taes  virtudes,  que  pareciaõ  exceder  as  praâi- 
cadas  pelos  Prelados  da  primitiva  Igreja. 
Movido  da  oppre/íaô,  que  padeciaô  as  fuás 
ovelhas,  partio  a  Madrid,  onde  foy  benevola- 
mente recebido  por  ElRey,  que  o  nomeou 
Vicerey  de  Portugal,  cujo  lugar  aceitou  com 
beneplácito  de  Paulo  V.  O  meímo  Príncipe 
o  fez  Prefídente  do  Confelho  de  Portugal, 
Capellaò  mór,  e  Governador  do  Priorado  de 
Guimaraens,  cujas  dignidades  naÕ  logrou 
por  muito  tempo.  Jufto  era,  que  correfpon- 
deíTe  huma  feliz  morte  a  vida  taõ  fanâiíicada, 
e  aífím  conhecendo  fer  chegado  o  feu  termo 
depois  de  tolerar  com  grande  paciência  as 
molecias  da  infermidadc,  pedio  o  Viatico,  c 
Extrema  unçaõ,  e  recebidos  cíles  Sacramentos 
com  devota  ternura  proferindo  o  cântico  Nmc 
dimittis  fervum  tuum  Domine  entregou  o  efpiríto 
nas  mãos  do  feu  Crcador  em  3.  de  Mayo 
de  161 7.  quando  contava  58.  annos,  trez 
mezes,  e  onze  dias  de  idade.  Foy  depofitado 
o  corpo  na  Sancriftia  do  Convento  de  S. 
Fillippe  de  Madrid  donde  fendo  achado  incor- 
rupto foy  transferido  paíTados  quatro  annos 
para  o  Convento  do  Populo  da  Cidade  de 
Braga,  em  cuja  Capella  mór  ao  lado  da  Epiftola 
tem  gravado  no  tumulo  efte  epitáfio. 

llUtftrijftmo,  €>•  Keverendijftmo  Domino  D. 
Fr.  Alexio  de  Meneses  Augtíjlinienji,  Archie- 
pifcopo,  ac  domino  Bracharenji,  Indiarum  olim, 
pojlea  Hijpaniarum  Primati,  Orientis  Guber- 
natori,  'Lujitanice  Proregi,  Supremi  Concilij  Pra- 
Jidi,  Catholica  Majejlatis  ArchiCapellano,  Chrif- 
tianorum  D.  Tòoma  apud  Malavaricos  ad  Komanig 
Hcclejia  obedientiam  reduãori,  viro  religione,  ac 
fidei  :(elo  illuftri  grati  clientes  memoriam 
pofuére  anno  D  o  mini  1628.  lllufirijfimo  ac 
Keverendijftmo  Domino  D.  Roderico  de  Acunha 
Archiprajule.  Ohiit  Matriti  3.  Maij  161 7. 
annum  agens  58. 

As  acçoens  defte  infigne  Prelado  efcreve- 
raõ  o  IlluílriíTimo  Cunha  Hijl.  Ecclef.  de 
Braga  Part.  2.  cap.  96.  até  loi.  D.  Fr. 
António  de  Gouvea  afiim  na  Jomad.  do 
Malabar,  como  na  Dedicaf.  das  Kelac.  da 
Perf.  Fr.  Agoft.  de  Santa  Mar.  na  Prefac. 
à  Hiji.  da  Fundac.  do  Conv.  de  Santa  Mon. 
de  Goa  defde  pag.  4.  até  61.  Fr.  Franc. 
Camarg,   in    Chronol.    Sacr.    ann.    1590.   cias. 


ÇO 


BIBLIO  THE  CA 


i6.  pag.  318.  319.  e  520.  Torres  Comp. 
de  Var.  illuft.  de  Santo  Agojl.  Cent.  6. 
cap.  48.  Herrer.  in  Alpab.  Auguft.  Fr. 
Pedro  Calvo  Def.  das  Lagrimas  dos  Juji. 
Part.  2.  cap.  12.  Fr.  Antonius  à  Purif. 
de  Viris  Illujl.  Ord.  D.  Aug.  Lib.  i.  cap. 
25.  Humilitate,  (ò"  commijeratione,  ac  lihe- 
ralitate  in  pauperes  admirahilis,  ac  proinde 
Janãitatis  odore  notijfimus.  Gil  Gonçale2  de 
Ávila  no  Theat.  de  Madrid  liv.  2.  cap.  2. 
p.  243.  ¥ue  Virey  en  la  Índia,  y  efiando 
ala  vifta  de  tan  immenjas  riquer^as  no  traxo  à 
E/pana  de  todas  ellas  quando  ElRej  Felipe  III. 
le  dia  el  Arçobifpado  de  Braga  mas,  que  dos 
relaciones,  una  de  averlas  vifio,  y  otra  para 
el  mas  glorio/a,  que  contenia  la  multitud  de 
almas,  que  dexô  alifiadas  por  verdaderas  hijas 
dela  Iglejia.  Thomas  Gracian  in  Anajias. 
Auguji.  lit.  A.  p.  15.  Vir  omni  laude  major, 
aterna  memoria  dignus,  <&  cujus  paucos  pares 
hahuit  Ordo  Augufiinianus ;  doãrina,  prudentia, 
guhernandi  peritia,  vitcB  Sanãitate  Jpeãabilis, 
ratione  agendi  cum  infidelihus  Jcismaticis  har- 
baris  ad  miraculum  prudens.  IlluftriíTimus 
Cunha  in  Oper.  de  Primatu  Ecclef.  Brac. 
in  Catai.  Arch.  Brach.  virgenere,  &  vir- 
tute  clarijfimus.  Auguft.  Barbos,  de  Potejl. 
Epifcop.  Part.  i.  cap.  8.  n.  87.  Omnibus 
ingenii,  virtutisque  dotibus  ornafijfimus,  qui  Orien- 
talium  Indiarum  infidelibus  adChrifii  Domini  fidem 
convertendis,  (ò"  improborum  moribus  corrigendis  ita 
diligens  ea  vitce  Sanãitate  fempre  extitit,  uf  apud 
óptimos,  et  bene  de  republica  Chrifiiana  fentientes 
Jumme  in  religione  fuerit  habitus,  qui  dum  divina- 
rum,  humanarum  qucB  rerum  Jcientia,  ac  Sanãi- 
tate Je  admirabilem  omnibus  prabuijjet  (à^c. 
Fr.  Maurit.  à  Matre  Dei  in  Sacra  Eremo 
Augujiinian.  Congreg.  Galliar.  lib.  1.  cap.  2. 
§.  I.  ut  de  illo  jure  mérito  dictum  fuerit 
quod  à  D.  Thoma  Apojioli  temporibus  nullus 
ibi  uberiorem  fruãum  in  animarum  Jalute 
promovenda  produxerit.  Curtius  Elog.  Vir. 
Illujlr.  D.  Aug.  p.  181.  Non  modo  Pon- 
tificis  egregiam  perfonam  gejjit,  fed  expref- 
fit  etiam  perfeãum  Apojiolum.  Fr.  AuguJfl;. 
Maria    Arpe    in    Panth.    Auguji.    pag.    343. 

Salve    Alexi, 
Eremi    Decus,    Mitra    ornamentum,    Perjarum 
Sol. 

Salve  Heros  inclyte 


Hefperia  Eucifer,  lux  Malabaria. 
Cum    Te    Oriens    aliquando    difcujferit    noãem 

Et  veritatis  aspexerit  diem. 
Novo    in    Te    ordine    tantum    coierunt   honorum 
dona 

Et  de  viãoria  cunãa  contenderant 

Hifpania   Primas,   Indiarum  moderator 
Brachara  Antijles 

Illujlrajii  temporum  fajlus. 
Et  fajlu  fuperior 
Meritis    infulas,    principatu    vicijii    virtutibus. 

Manoel   de   Faria,   e   Souza  Ajia    Portug. 
Tom.  3.  Part.  2.  cap.  8.  Varon  grande  enla  Igle- 
jia. Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Theat.  Eujit.  Eitter. 
lit,  A.  In  íotius  Orientalis  índia  primatum  eveãus 
talem  Je  geJJit  qualis  olim  in  primavo  illo  nascentis 
Ecclejia  flore  Epifcopi  confuevere.  Barros  Decad.  4. 
da  AJia  liv.  3.  cap.  2.  Como  mojlrou  na  redução 
dos  antigos  Chrijlãos  de  S.  Thome  à  Fè  Catholica, 
a  obediência  de  Santa  Igreja  Komana,  da  qual  avia 
mais  de  mil  annos  que  ejlavaõ  apartados,  em  que 
ejle  Illujlrijfimo  Arcebifpo  com  perigos  continuas, 
e  incanfaveis  trabalhos  imitou  os  Prelados  da  primi- 
tiva Igreja.   Joan.   Bapt.   Ricciol.   in   Chronol. 
reformat.  Tom.   2.  ad  ann.   1599.  Beyerlinck 
in  Oper.  Chronol.  ad  ann.  1598.  e  1599,  Fr.  Lud 
Genvenf.  in  Pomp.  Sacr.  Auguji.  pag.  24.  Fr 
António  da  Nativid.  Montes,  de  Cor.  Mont.  3 
Cor.  unic.  §.  i.  n.  24.  Fr.  Manoel  de  Lacerd 
m.Qmft.  Quodlib.  quasíl.  9.  art.  i.  Joan.  Hayus 
de  rebus  Japon.  Petr.  Jarric.  in  Thef^.  rer.  Indic 
lib.  3.  à  cap.  8.  ad  13.  Telles  Chron.  da  Comp 
da    Prov.    de    Portug.    Part.    2.    liv.    6.    cap 
38.   n.    5.   e  na  Hijl.  da  Etiop.  Alt.  liv.   3 
cap.    II.   Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifpan.   Tom 
I.  p.  5.  col.  2.  &  tom.  2.  pag.  277.  col.   i 
Rho  Var.    Virt.   hijlor.   lib.  i.  cap.  12.  n.  9 
Compoz. 

Hijloria  da  Provinda  de  Portugal  da 
Ordem  dos  Eremitas  de  Santo  Agujlinho 
até  o   anno   de    1400.   M.   S. 

Da  Antiguidade  da  Ordem  de  Santo 
Agojlinho.  M.  S.  Quem  librum  (faõ  pala- 
vras de  Fr.  António  de  Purificação  de  Viris 
UluJftribus  lib.  i.  cap.  25.  {paucis  additis, 
<&  in  Hijpanum  idioma  converfum  Magifter 
Joannes  Marques  pojl  ejus  mortem  próprio 
nomine  edidit.  O  qual  fahio  com  efte  titulo 
Origen  delos  frayles  Ermitanos  dela  Orden 
de    S.     Augujtin,    y    Ju    verdadera    injlitucion 


LUSITANA. 


9' 


an/es  dei  gran  Concilio  Laíeranenfe.  Salamanca 
por  Antónia  Ramires  Viuda  1618.  foi.  e  depois 
traduzido  cm  Italiano  Turim.  1620.  foi. 
Mais  expreíTamente  declara  Fr.  António  da 
Pu  ri  fie.  na  I.  Part.  da  ChroH.  de  Prov.  de 
PortNíi,.  no  Prol.  foi.  20.  fcr  cftc  livro  quafi 
todo  compoílo  da  obra  que  deixara  imper- 
feita D.  Fr.  Aleixo  de  Menezes.  Hum  tratado 
qm  fet(^  da  Antiffiidade  da  no  ff  a  Ordem,  e  também 
effe  tratado  fe  naõ  imprimia  pelas  muitas,  e  jijrandes 
núiipa^oens  de  fen  Author.  Com  tudo  naÕ  deixou 
de  todo  de  fe  lograr  taõ  preciofo  trabalho,  porque 
pendo-fe  depois  o  Arcebifpo  em  Madrid  com  a 
Prefidencia  do  Confelho  Real  dejle  Keyno  mais 
impofftbilitado  para  lhe  por  as  ultimas  mãos,  o 
entregou  ao  Padre  Mejlre  Fr.  Joaõ  Marques 
Cathedratico  de  Salamanca,  do  qual  elle  tirou 
a  mayor  parte,  do  que  di^  no/eu  doutifftmo  livro  da 
igem  da  noffa  Keliffaõ,  como  se  vé  conferindo 
ím  elle  hum  treslado,  ou  Original,  que  tenho  em 
feu  poder  da  letra  do  mefmo  Arcebifpo.  Efte 
livro  parece  fcr  o  Defenforio  da  Ordem,  que 
affirma  o  IlluílriíTimo  Cunha  na  Hijl.  Eccl. 
de  Brag.  Part.  2.  cap.  loi.  n.  10.  compu- 
fcra  D.  Fr.  Aleixo  de  Menezes,  mas  que  fe 
naõ  imprimira. 

Vidas  dos  Religiofos  modernos  que  na  Religião 
de  Santo  AgoJHnho  da  Provinda  de  Portugal  flore- 
cerad  em  virtudes,  e  vida  religiofa  M.  S.  Defta 
obra  fe  lembraõ  Cunha  no  lugar  aíTima  alle- 
gado,  e  Cardos,  no  Agiol.  L.ujtt.  Tom.  i. 
p.  508.  no  Comment.  de  31.  de  Jan.  let.  I. 
c  o  Padre  Filippe  Labbe  in  Biblioth.  Biblio- 
ihecar.  pag.  4. 

Vida  do  Venerável  Fr.  Thomé  de  Jefus 
impreíTa  no  principio  da  obra  Trabalhos  de 
Jefus.  Saragoça  por  Juan  de  Lanaya  1624.  4. 
e  em  Italiano  Roma  por  Luduvico  Grignani 
1644.  4.  e  na  língua  latina  por  Fr.  Maurício 
da  Madre  de  Deos  AgoiHnho  Defcalço  no 
princípio  do  feu  livro  Sacra  Eremus  Auguf- 
tiniana  Cong.  Galliar. 

Vida  da  Venerável  Beatris  Va^  de  Oliveira 
Religiofa  Agojlinha  M.  S.  o  qual  vio  na  Livraria 
do  Eminentinimo  Cardial  de  Souza  o  Padre 
Francifco  da  Cruz,  como  affirma  nas  fuás 
Memor.  M.  S.  para  a  Bib.  Portug. 

Sjnodo  Diocefano  da  Igreja,  e  Bifpado 
de  Angamak  dos  antigos  ChriJiaÕs  de  S.  Thome 
das   Serras    do    Malavar    das  partes   da   índia 


Oriental.  Coimbra  por  Diogo  Gomes  Lou- 
reiro 1606.  foi.  e  naõ,  em  Lisboa,  como  efcreve 
o  P.  Tachard  da  Comp.  de  JESUS  ao  P. 
Trevou  em  huma  carta  de  18.  de  Janeiro 
de  171 1.  a  qual  eílá  no  Tom.  12.  de  Lêttns 
FÀifumtes  pag.  )84.  Fila  obra  de  que  faz 
mençaò  honorifica  a  hib.  Orient.  de  Anton. 
de  Leon  modernamente  acrecentada  Tom.  i. 
Tit.  16.  col.  461.  compoz  fem  auxilio  de 
peíToa    alguma.     No    fim   do    Synodo   eílá. 

Mi  ff  a  de  que  ufaõ  os  antigos  ChriflaÒs  d»  Saõ 
Thome  do  Bifpado  de  Angamale  das  Serras  do 
Malavar  da  índia  Oriental  purgada  dos  erros, 
e  blasfémias  Nejlorianas  de  que  eflava  cheya  pello 
Illuftrifftmo,  e  R^everen^ffimo  Senhor  D.  Fr. 
Aleixo  de  Meneses  Arcebifpo  de  Goa  Prima^, 
da  índia,  quando  foy  a  redu!(ir  efla  Chrijlandade 
à  obediência  da  Santa  Igreja  Romana,  foi.  Eíla 
obra  fahio  vertida  em  Francez  por  Fr.  Joaõ 
Bautifta  de  Glen  Religiofo  Agoftinho,  e 
fahio  em  Anvers  por  Jeronymo  VerduíTen 
1609.  8.  com  eíle  titulo. 

Hijloire  Orientale  des  Grans  Progres 
der  Eglife  Catholique  Apofl.  et  Romen  la 
reduãion  des  anciens  Chrijliens  dits  de  S. 
Thomat^,  de  plujieurs  autres  fchifmatiques,  e  Here- 
tiques  ai'  union  dela  vraye  Eglife,  converfion  encor 
des  Mahometains  Mores,  e  Pajens. 

A  Hiftoria  do  Synodo  da  Igreja  de  An- 
gamale, de  que  já  falíamos,  foy  traduzida 
com  algumas  notas  por  Moníiur  Geddes 
Cancellario  da  Igreja  de  Salisburi,  em  a  li- 
gua  Ingleza,  contra  o  qual  Synodo  fez  hu- 
ma larga  inveíHva  Moníiur  de  la  Croze 
Biblíothecarío  delRey  de  PrulTia  na  Hifloi- 
re  du  Chriflianifme  des  Indes  impreíTa  ala 
Haye  ches  les  Freres  Vaíllant,  e  Prevoft. 
1724.  8.  querendo  como  fequaz  das  here- 
gias  de  Luthero  infamar  a  memoria  do 
virtuofo  Prelado  D.  Fr.  Aleixo  de  Menezes 
por  ter  extirpado  a  venenofa  zizania  dos 
erros,  em  que  víviaõ  aquelles  povos,  que 
faõ  femelhantes  aos  que  defendem  os  Lu- 
theranos,  quaes  faõ  negar  a  Tranfubftanda- 
çaõ  no  Sacramento  do  Altar,  excluir  do 
numero  dos  Sacramentos  a  Confirmação, 
Extrema  Unçaõ,  e  Matrimonio,  naõ  co- 
nhecer ao  Pontífice  por  fuprema  cabeça 
do  Corpo  Myítíco  da  Igreja  &c. 

Cafhecifmo  para   inflruçaõ  dos   Chriflaõs   de 


92^ 


B  IB  LIO  THE  CA 


Saõ  Thome  (o  qual)  diz  Fr.  António  de  Gou- 
vea  na  Dedicatória  a  D.  Fr.  Aleixo  do  livro 
Re/açaÕ  da  Perjia  compo:^  de  memoria  como  hia 
falto  de  livros,  dignijfimo,  que  a  Igreja  toda  o 
receba. 

Conjlituiçoens  para  as  Keligiofas  do  Convento 
de  Santa  Mónica  de  Goa,  comfirmadas  por 
Paulo  V.  por  hum  Breve  expedido  em  27.  de 
Novembro  de  161 3.  que  começa  Ut  ea  qua 
pro  Keligione. 

Carta  ejcrita  de  Goa  a  24.  de  De:^emhro  de 
1609.  aos  Keligiofos  do  Convento  da  Graça  de 
Lisboa  quando  lhes  mandou  a  Cru:i,  e  cofre  pre- 
ciofos  que  fe  confervaõ  no  mefmo  Convento.  Sahio 
impreíTa  no  Santuar.  Marian.  Tom.  8.  pag.  165. 
Lisboa  por  António  Pedrofo  Galraõ  1720.  4. 

Fr.  ALEIXO  DE  MIRANDA  HEN- 
RIQUES filho  de  Henrique  Henriques  de 
Miranda,  e  D.  Maria  Landroby  naceo  em 
Lisboa,  e  na  idade  da  adolefcencia  profef- 
fou  o  Sagrado  inftituto  da  Ordem  dos  Pre- 
gadores, em  o  Real  Convento  de  Saõ  Domin- 
gos de  Bemfica  a  9.  de  Junho  de  1710.  Inf- 
truido  nas  fciencias  efcolafticas  paíTou  a  Goa, 
onde  as  expUcou  aos  feus  domeílicos  com 
grande  opinião  do  feu  talento.  Prezentado 
na  Faculdade  de  Theologia  voltou  a  Portu- 
gal, e  no  Real  Collegio  de  N.  Senhora  da 
Efcada  deíla  Corte  leo  a  Cadeira  de  Moral. 
No  anno  de  1728.  foy  eleito  Prior  do  Con- 
vento de  Bemfica  donde  acabado  o  triennio 
do  feu  governo  paíTou  a  fer  Vigário  das  Reli- 
giofas  do  Convento  de  S.  Joaõ  de  Setú- 
bal. He  Confultor  da  Bulia  da  Cruzada,  e 
grande  Pregador,  como  o  declaraõ  as  obras 
feguintes. 

Sermão  da  Canonif^açaõ  de  S.  'Peregrino  L,a~ 
:^ofi  da  Sagrada  Ordem  dos  Servitas  pregado  no 
folemnijfimo  Outavario  com  que  Sua  Magejlade, 
que  Deos  guarde,  ordenou  fe  fejiejaffe  a  Canonit^açàõ 
do  mefmo  Santo  no  Keal  Collegio  de  Santo  Antaõ 
dejla  Corte.  Lisboa  na  Patriarchal  Officina 
da  Mufica  1728.  4. 

Sermão  da  Canonifaçaõ  de  Santa  Ignes  de 
Monte  Policiano  da  Sagrada  Ordem  dos  Pre- 
gadores pregado  no  folemnijfimo  Outavario  com 
que  os  keligiofos  de  S.  Domingos  dejla  Cor- 
te fefejaraõ  a  Canonização  da  mefma  Santa 
ibi    na    dita    Officina     1733.    4.     Do    Au- 


thor   faz   memoria  Fr.   Pedro   Monteiro  no       i 
Clauflro    Dominico  Tom.    3.    pag.    134. 

ALEIXO  DA  MOTA,  hum  dos  mais  pe- 
ritos Pilotos  da  navegação  da  índia  Oriental, 
que  pelo  largo  efpaço  de  vinte  e  cinco  annos 
continuou  em  féis  viagens  entre  as  quaes 
fendo  Piloto  da  Náo  S.  Martinho  em  o  anno 
de  1598.  como  era  taõ  experimentado  na- 
quella  arte  para  inílrucçaõ  daquelles,  que  qui- 
zeííem   perfeitamente   fabella,    efcreveo. 

Roteiro    da    Navegação    da    índia    M.    S, 

No  qual  defcreve  com  grande  individuação 
as  monçoens.  mais  opportunas  para  navegar 
obfervando  judiciofamente  os  Ventos,  tem- 
peílades,  calmarias,  baixos,  promontórios. 
Abras,  e  Portos,  que  encontrão  os  navegantes 
de  Lisboa  até  Goa,  de  Goa  a  Cochim,  Malaca,. 
China,  e  Japaõ,  naõ  fomente  relatando  o 
que  vira,  mas  ainda  o  que  colhera  dos  mais 
celebres  Pilotos  Portuguezes.  Sahio  eíle  Ro- 
teiro vertido  em  Francez  em  o  Tom.  2.  de 
diverfas  Navegaçoens.  Pariz  chez  Jacquez 
Langlois  1664.  in  foi.  Huma  parte  delle  tranf- 
creveo  Manoel  Pimentel  na  fua  Arte  Pratica 
da  Navegação.  Lisboa  por  Bernardo  da  Coíla 
de  Carvalho  1699.  foi.  a  pag.  327.  Delia  obra, 
e  do  Author  faz  mençaõ  o  moderno  Addicio- 
nador  da  Bib.  Náutica  de  António  de  Leaõ 
Tom.  2.  Tit.  3.  coluna  1106.  ' 

ALEIXO  SALGADO  CORRÊA,  foy 
taõ  douto  no  Direito  Civil,  como  redo  na 
obfervancia  da  JuíHça,  que  fendo  Jxiiz  admi- 
niílrou  por  muitos  annos  em  diverfas  Cidades. 
Da  larga  experiência,  que  tinha  no  officio 
de  julgar,  e  da  continua  applicaçaõ  aos  livros 
com  que  nefta  matéria  eliava  inJftruido  que- 
rendo formar  hum  prefeito  Miniílro  com- 
poz  na  lingua  Caftelhana  efta  obra. 

Regimiento  de  Jue^es.  Sevilla  por  Mar- 
tin de  Montesdoca.  1556.  4. 

Do  livro  e  do  Author  fe  lembra  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  6.  col.  i. 

ALEIXO  DE  SIQUEIRA,  natural  do 
lugar  de  Panoyas  na  Provinda  do  Alentejo 
muito  perito  no  eiludo  das  letras  huma- 
nas. Para  que  a  mocidade  Portugueza  per- 
cebeíle  claramente  as  moralidades,  que  ef- 
taõ   occultas   nas    Odes    de  Horácio   Flacco- 


L  USITAN A. 


irincípe  dos  Poetas  Lyricos,  as  traduno  na 
iiigua  materna,  e  as  dedicou  ao  IlluílrííTimo 
D.  VcrííTimo  de  Lancaílro  depois  Cardial  da 
fareja  Romana  com  eíle  titulo. 

Odes  de  Horácio  em  Porhiffiit(^para  Mi(p  dos  Ef- 
Untes,   Évora  por  Manoel  Carvalho  1633.  8. 

I  ALEXANDRE  DE  AGUIAR,  natural 
lio  Porto  chamado  antonomaílicamcntc  Orfeo, 

>  fomente  pelo  fublime  génio  com  que  poe- 
iii2ava,  mas  pela  fingular  dcílre?!a  com  que 
'^ngia  viola  de  fete  cordas,  e  a  natural  graça, 

melodia  com  que  cantava,  por  cujos  dotes 
Itoy  admitido  primeiramente  pelo  Cardial 
'd.  Henrique,  c  depois  por  Filippc  II.  entre 
08  Muficos  da  fua  Camcra,  dos  quacs  Prín- 
cipes rcccbco  naõ  vulgares  cílimaçocns  cer- 
tamente merecidas  pelo  talento,  pois  raramente 
fc  achariaõ  em  hum  fó  homem  juntas  as 
partes,  que  nelle  fe  admiravaõ.  Compu- 
nha em  folfa  os  verfos,  que  fazia;  depois 
com  igual  deftreza,  e  fuavidade  os  cantava 
acompanhados  à  viola,  que  fmgularmente  to- 
iva,  fendo  ao  mefmo  tempo  Poeta,  Mufico, 
p  Tangedor  infigne.  AíTiílindo  em  Madrid  no 
anno  de  1605.  e  voltando  defta  Corte  para  a  de 
[Lisboa  em  hum  coche,  morreo  infelizmente 
em  12.  de  Dezembro  naufragante  em  huma 
torrente,  que  corre  entre  Telavervella,  e  Lo- 
bon  juntamente  com  Francifco  Corrêa  da 
Sylva  filho  fegundo  de  Martim  Corrêa  da 
iSylva  Embaixador  a  Carlos  V.  Deixou  mul- 
itas obras  aíTim  poéticas,  como  Muíicas,  das 
Pquaes  faõ  celebres  as  'Lamentaçoens  de  Jeremias, 

e  Je  cantão  na  Semana  Santa  compoílas  com 
grande  fciencia. 

ALEXANDRE  ANTÓNIO  DE  LIMA. 

\aceo  em  Lisboa  a  21.  de  Janeiro  de  1699.  e 

K-ve  por  Pays  a  Francifco  Mendes  Barbofa, 

o  Lima,  e  a  D,  Jozepha  Thereza  de  Moura. 

Depois  de  inílruido  na  lingua  latina,  e  Huma- 
jpxidades  levado  do  génio,  que  tinha  para  a 
IjPoeíia  a  cultivou  com  grande  applaufo  do 
Ifeu  talento  principalmente  a  Cómica,  de  cuja 

irte  tem  publicado  as  obras  feguintes. 
ISlovos  encantos  de  A.mor  repret^entaçaÕ  cómica, 

qtte  fe  repret^entou  na  Caja  da  Mouraria.    Lisboa 

por  Pedro  Gargareje  1737.  8. 


93 

O  Xflofo,  $  o  Avaro  pella  inãuflria  caf- 
tigados  Reprefentaçaô  cómica. 

Três  Sonetos,  e  huma  decima  à  intempeftiva 
morte  da  Serenijfima  Senhora  Infanta  D.  iran- 
cifca.  Sahio  em  a  obra  intitulada  Vo^es  da  petia, 
e  clamores  da  Sastãade,  compoíla  a  efte  fúnebre 
aíTumpto  Lisboa  fem  anno,  nem  nome  do 
Imprcflbr.  4. 

Kafgps  Métricos.  Tom.i.  M.  S,  He  huma  col- 
lecçaô  de  todas  as  fuás  obras  Poéticas,  que  ji 
cAá  prompta  com  todas  as  licenças  paia  fe 
immír. 

ALEXANDRE  BRANDAM  pofto  que 
nacido  em  Roma  de  Mãy  Italiana,  teve  por 
Pay  a  Manoel  da  Coíla  Brandão  natural  de 
Lisboa,  homem  nobre,  c  crcado  naquclla 
Cúria  de  idade  pueril,  o  qual  mandando  inf- 
truir  ao  filho  nas  letras  humanas,  como  era 
dotado  de  agudo  engenho,  c  grande  comprc- 
henfaõ,  fahio  ncllas  egrcgiamentc  confum- 
mado.  Pelo  natural  amor,  que  profcííava  à 
Naçaõ  Portugueza  donde  era  oriundo  fc  appli- 
cou  com  fummo  difvelo  a  efcrever  as  militares 
proefas,  que  obrara  no  tempo,  que  foy  elevado 
ao  Trono  o  SereniíTimo  Rey  D.  Joaõ  o  IV.  e  para 
que  fe  fizeíTem  mais  patentes  em  toda  Itália  as 
compoz  nefta  lingua  com  o  titulo  feguinte. 

Hifloria  delia  Guerre  di  Portugallo  fuccedute  per 
Voccafione  delafeparatione  diquel  Regno  delia  Corona 
Catholica.  Venetiaprejfo 'PzuloBa.gUom.  16894. 

Eíla  obra  continuou  feu  Sobrinho  Francifco 
Brandão,  em  dous  Tomos,  que  sahiraõ  impref- 
fos  em  Roma  por  Martiis  ala  Pace.  1716.  in  4. 

ALEXANDRE  DO  COUTO  natural  de 
Lisboa,  e  Capellaõ  mór  no  exercito  de  Pernam- 
buco, que  triumfou  nos  Montes  Gararapes  por 
duas  vezes  da  violenta  oppreíTaõ  dos  Olande- 
zes.  Foy  muito  douto  nos  eftudos  Mathema- 
ticos,  e  naõ  menos  verfado  na  Theologia  Ef- 
colaílica,  e  Myftica,  como  na  Poeíia.  Deixou 
com  grande  perda  da  Republica  litteraria  fem 
o  beneficio  da  impreíTaõ  muitas  obras,  que  fe 
confervavaõ  em  poder  da  ExcellentiíTima  Con- 
deíTa  de  Penaguião,   que  eraõ  as  feguintes. 

Obfervaçoens  mathematicas ,  e  reduções  af- 
tronomicas  illufiradas  de  humanas,  e  divinas 
letras  fohre  o  máximo  Cometa,  que  appareceo 
no   Meridiano    de   Usboa   aos    21.    de  De:(em- 


94 


BIBLIOTHE CA 


bro  de  1680.  Kefutaõ-fe  os  erros  de  Acadé- 
micos, Peripate ticos,  e  Vtolemaiticos  fobre  as 
duas  Kegioens  Etherea,  e  Elementar  efcrito  no 
anno  de  1681.  4.  Dedicado  ao  CapellaÔ  Mòr 
D.  JLuiz  de  Sou/a. 

Triumfos  da  noite  aos  Anacaphaleofes  de  Bo~ 
carro  com  algumas  advertências  à  Jua  liçaõ,  que 
cautamente  conjlrue  Alexandre  do  Couto  anno 
1687.  8. 

Theologia  Myftica  conforme  a  doutrina  dos 
Santos  Padres  ,  e  Mejlres  da  Vida  EJpiritual 
efcrito  no  anno  de  1692.  4. 

Brado  do  encoberto  da  vinda,  e  Vida  delKey 
D.  Sebafliaõ,  efcrito  em  o  anno  de  1693.  4. 

Varias  Obras  poéticas  em  diverfo  metro  Por- 
tuguev^.  4. 

Fr.  ALEXANDRE  DA  CRUZ,  naceo  em 
a  Cidade  de  Braga  donde  paíTando  na  idade 
de  17.  annos  a  Lisboa  profeíTou  o  inftituto  de 
Carmelita  Defcalço  no  Convento  de  N.  Se- 
nhora dos  Remédios  a  25.  de  Março  de  1634. 
Foy  grande  Theologo,  e  naõ  menos  iníigne 
Pregador  deixando  para  teftemunho  do  ta- 
lento que  tinha  para  o  púlpito. 

Sermaõ  da  Canonização  de  Santa  Maria  Mag- 
dalena  de  Pa:(j(i  pregado  no  Convento  de  Corpus 
Chrijii  dos  Carmelitas  Defcalços.  Sahio  impreíTo 
no  livro  intitulado  Forajieiro  admirado  a  pag. 
160.  Part.  2.  Lifboa  por  António  Rodrigues 
de  Abreu.  1672.  foi. 

ALEXANDRE  FERREIRA,  filho  de 
Ignacio  Ferreira,  e  Maria  Ferreira.  Naceo  na 
Cidade  do  Porto  a  4.  de  Outubro  de  16Ó4. 
Depois  de  ter  aprendido  na  pátria  as  letras  hu- 
manas paliou  a  Coimbra,  e  applicando-fe  ao 
eftudo  do  Direito  Cefareo,  fahio  nelle  taõ  pe- 
rito que  mereceo  laurearfe  com  a  borla  de 
Doutor  na  mefma  faculdade.  Foy  admitido 
ao  Collegio  Real  de  S.  Paulo  em  30.  de  No- 
vembro de  1694.  donde  paflados  féis  annos 
fubio  a  Lente  de  Inftituta  em  cujo  Magifterio 
defcobrio  os  thefouros  da  fciencia  legal  pelos 
quaes  chegou  a  occupar  os  lugares  de  Dezem- 
bargador  do  Porto,  e  Cafa  da  Supplicaçaõ,  de 
que  tomou  poíTe  a  13.  de  Março  de  1708.  e  da 
Meza  dos  aggravos  a  7.  de  Novembro  de  171 3. 
Deputado  do  Tribunal  da  Bulia,  da  Meza  da 
Confciencia,  e  Ordens,  do  Confelho  da  Rainha, 


e  da  SereniíTima  Cafa  de  Bragança.  Foy  no- 
meado em  29.  de  Abril  de  1726.  Secretario 
da  Embaxada  extraordinária,  com  que  foy  à 
Corte  de  Madrid  o  Excellentiífimo  Marquez 
de  Abrantes  D.  Rodrigo  Annes  de  Sá  Almeyda, 
e  Menezes,  para  onde  partio  em  24.  de  Feve- 
reiro de  1727.  Reílituido  a  eíla  Corte  foy  eleito 
em  12.  de  Abril  de  1731.  Académico  do  nu- 
mero de  Academia  Real  da  Hiftoria  Portu- 
gueza  para  efcrever  as  Memorias  das  Ordens 
Militares  defte  Reyno,  a  cujo  eftudo  inde- 
feílamente  fe  applicava  nas  horas  vagas 
que  lhe  permitia  a  continua  aíTiftencia  dos 
Tribunaes.  Morreo  em  Lisboa  a  9.  de  Dezem- 
bro de  1737.  com  73.  annos  de  idade,  e  foy 
fepultado  na  Parochial  Igreja  do  Sacramento. 
Compoz. 

Allegacion  jurídica,  en  que  por  las  verdades 
mas  folidas  dela  Jurif prudência  fe  muejlra  el  infa- 
lible  derecho  com  que  los  Rejnos,  y  Senorios  de 
Efpana  pertenecen  por  muerte  delKey  Catholico 
Carlos  II.  ai  SereniJJimo  Senor  Archiduque  de 
Aufria  Carlos  III.  verdadero,  y  legitimo  Rf)' 
delas  Efpanas.  Lisboa  en  la  imprenta  de  Va- 
lentin  da  Cofta  Deslandes  ImpreíTor  dela 
Cafa  Real.   1704.  foi. 

Oraçaõ  com  que  gratulou  a  Academia  Keal  de 
fer  admitido  ao  numero  dos  f eus  Collegas.  Impref- 
fa  na  CollecçaÕ  dos  Documentos,  e  Memor.  da 
Academia  Keal  da  Hijlor.  Portug.  do  anno  de 
1731.  Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva. 
1731.  foi. 

Memorias,  e  Noticias  da  celebre  Ordem  dos 
Templários  para  a  Hifloria  da  admirável  Or- 
dem de  Nojfo  Senhor  Jefu  Chrifio.  Part.  i. 
Tom.  I.  Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva 

1735-    4- 

Part.  I.  Tom.  2.  Lisboa  pelo  mefmo  Im- 
preííor,  e  no  mefmo  anno. 

Delle  fazem  mençaõ  o  Padre  D.  Manoel 
Caet.  de  Souza  in  Exped.  Hifpan.  S.  Jacobi  . 
Apoft.  tom.  2.  pag.  1405.  n.  273.  Vir  eruã-  • 
tione  clarijftmus,  cujus  f cripta  typos  non  femtl 
decorarunt.  E  meu  Irmaõ  D.  Jozé  Barbofa 
Chronifta  da  SereniíTima  Cafa  de  Bragança, 
e  Académico  Real  nas  Memor.  do  Colleg. 
de  S.  Paulo  pag.  234.  dizendo  que  era  natu- 
ralmente elegante,  e  bom  Poeta  Latino,  e  no  Archia- 
thaneo  Eufit.  pag.  61. 

Magnus  Alexander  regnum   defendet  Auitum 


f! 


LUSITANA. 


95 


Auftriaduni,  at  vario  mutantiir  têmpora  atrJuX 
\SrafiHa  Vrinceps  thalamo  Jibi  jimgere  natam 
Cuni   vulet    Aii}iiifli   lUJpatiiim    qni   temperai 

orhem, 
Vadera   firmablt    Tiihiucum    Marchio    praf- 

tatií 

LegatHS  Jjyfia,  quo  non  itliiftrior  alter. 
Ibit  Alexander  Jecreto  fidtis,  &  arte 
Pa //adis   inflrníím:    quantns  fit,    nojcet    Ibera 
Cens,   Lsifa  €>*  nofcet  dttbio  gens  grata  tri- 

umpho. 

AT.EXANDRR    FERREIRA    DE    AI^ 

MEYDA,  natural  do  Lugar  de  Arcas  termo 
idt  Villa  de  Mondim,  e  Sever,  Comarca  de 

Lamego,  Pagador  geral  da  gente  de  Guerra 

lia  Provinda  da  Beira,  e  partido  de  Ribacoa. 
fCom  eftilo  claro,   e  efpirito   muito   diverfo 

\x  profiíTaõ  do  feu  eftado  efcreveo,  e  dedicou 
^no    anno    de    1659.    à    ExccUcntiíTima   Con- 

dcfla  de  Penaguião  D.  Luiza  Maria  de  Faro. 

De/engano  dos  enganos  da    Vida,  e  /ouvores 

yiã  morte.  foi.  M.  S.  confta  de  126.  foi.  cujo 

original,  como  vimos,  fe  conferva  na  Livraria 
|dos   Religiofos    Capuchos    da    Provincia    de 

^.into  António  dcíla  Corte. 

ALEXANDRE  DE  HGUEIROA  Ulyf- 
íiponenfe,   filhp  de  Duarte  de  Figueiroa,  e 
D.  Maria  de  Sampayo  foy  taõ  illuftre  por  na- 
cimento,  como  pelo  fublime  engenho.   Defde 
X  puerícia  fe  applicou  às  letras  humanas,  as 
tquaes  cultivou  por  toda  a  vida  com  tanto 
difvelo,  que  excedeo  a  todos  os  feus  contem- 
[poraneos    neíle    género    de    eíludo.     Sendo 
vaftamente  verfado  na  liçaõ  da  Hiftoria,  ainda 
o  era  mais  em  as  obras  dos  Poetas,  e  Orado- 
res,  os    quaes    naõ    fomente    confervava   na 
memoria,  mas  explicava  os  feus  lugares  mais 
I  difficultofos    como    muitas    vezes    o    mani- 
|feftou  na  Academia  dos  Singulares,  de  que 
foy  celebre  alumno.    Morreo  na  fua  pátria 
no  anno  de  1676.  com  grande  faudade  dos 
ffeus    CoUegas.     Foy    Secretario    da    Rainha 
D.    Luiza   Francifca   de   Gufmaõ,   e   cazado 
l'com   D.   Maria    Pacheco    de    Lima    de  que 
|he   feu    defcendente   o   Morgado   da  Torre 
|do  Lumiar.     Compoz   muitos   Verfos  Lati- 
''nos    com    elegância    imitando    o    eftillo    de 
l.ftacio,    como    em    feu    aplaufo    cantou    a 


Muía  de  Manoel  de  Galhegos  no  Temp/o  da 
Me  mor.  liv.  4.  Eílanc.  191. 
Divino  Figueiroa  mais  divino 

Que  o  que  ceiebra  por  divino  Efpanba, 

Virgílio  Portugiêtn^  Pbebo  Latino 

Única  erudifaÕ,  facúndia  eflran/ja 

Naque//e  eftilo  Juperior  de  liftacio 

Bragança  encomenday  ao  Coro  Lado. 
António  Figueira  Duraò  in  I^ur.  Pam.  Ram.  z. 
Per    Styga    Tartareum    quod  perjuravit    Apollo 

A  potu  jujjus  neãaris  abftinuit. 
Ille  tamen  legeretfitmc  tua  carmina  Paule 

Vel   canit,    altiloqm,    qua    Figueiroa    metro. 
Armonicum    Sylva    torrentem    fe    aure    bibiffet 

Neãare  juraret  non  caruiffe  fuo. 
Jacinto    Cordeiro    Elog.    dos    Poet.    Portug. 
0£bv.  67. 

Entre  a  la  gloria  de  fu  mar  contrario 

Viendo  la  playa  iluftre  de  Lisboa 

Pedro  de  Acofta  infegne  Secretario 

Luego  Alexandra  entro  de  Figueiroa. 
Teve  huma  altercada  controverfia  com 
o  celebre  Fr.  Francifco  de  Santo  Agoftinho 
Macedo  fe  o  nome  Orpheus  fe  achava  fempre 
trifyllabo,  ou  fempre  difyllabo  em  os  Authorcs 
da  primeira  ClaíTe.  Nas  Memorias  Fúnebres 
de  D.  Maria  de  Attayde,  Lisboa  na  Officina 
Crasbeckiana  1650.  4,  eftaõ  dous  Epigramas 
Latinos  feus  a  efte  aflumpto.  pag.  86. 

P.  ALEXANDRE  DE  GUSMAM,  Na- 
ceo  em  a  Cidade  de  Lisboa  a  14.  de  Agollo 
de  1629.  Na  tenra  idade  de  dez  annos  paíTou 
com  feus  Pays  ao  Braíil  onde  inftruido  com 
as  primeiras  letras  abraçou  o  inílituto  da 
Companhia  de  JESUS,  quando  contava  de- 
fefete  annos,  em  o  Collegio  da  Bahia  a  28.  de 
Outubro  de  1646.  Aprendidas  com  grande 
credito  da  fua  applicaçaõ  as  fciencias  efco- 
laílicas,  e  tendo  eníinado  humanidades  no 
Collegio  do  Rio  de  Janeiro,  onde  foy  Prefeito 
dos  Eíludos,  como  tiveííe  particular  génio 
para  o  governo,  o  promoverão  os  Superiores 
a  todos  os  lugares  da  Religião  fendo  JMiniftro 
do  Collegio  da  Bahia,  Reytor  dos  Collegios 
de  Santos,  Capitania  do  Efpirito  Santo,  e  Bahia, 
companheiro  do  Provincial,  e  ultimamente  por 
duas  vezes  Provincial,  deixando  fempre  faudo- 
fos  os  fubditos  da  fua  natural  benevolência  mais 
própria  da  ternura  de  Pay,  que  da  feveridade 


96 

de  Prelado.  Pelo  largo  efpaço  de  outo 
annos  exercitou  aíTim  no  Collegio  do  Rio 
de  Janeiro,  como  da  Bahia,  o  Officio  de 
Meílre  dos  Noviços  devendo-fe  à  fua  vigi- 
lante cultura  frutificarem  em  beneficio  da  Re- 
ligião as  tenras  plantas  que  eraõ  cometidas 
ao  feu  cuidado.  Para  amparo,  e  boa  educação 
da  puerícia  fundou  em  a  Villa  de  NoíTa  Se- 
nhora do  Rofario  do  Lugar  da  Cachoeira  dif- 
tante  14.  legoas  da  Cidade  da  Bahia,  hum  Se- 
minário, que  intitulou  de  Belém  pelo  cordeal 
afFedlo,  com  que  venerava  ao  Menino  Deos 
nacido  no  Prefepio,  ao  qual  edificio  fe  lançou 
a  primeira  pedra  em  13.  de  Abril  de  1687.  e 
delle  foy  duas  ve2es  Reytor,  de  cuja  faudavel 
doutrina  inílruidos  os  Seminariílas  fahitaõ 
muitos  a  illuílrar  diverfas  Religioens.  Foy 
ornado  de  infignes  virtudes,  fendo  exaétiíTimo 
na  obfervancia  religiofa,  e  pobreza  evangélica; 
conílante  nas  adverfidades,  e  incanfavel  em 
conduzir  almas  para  o  Ceo,  uzando  para  eíle 
effeito  de  tanta  brandura,  que  muitos  pecca- 
dores  dos  Certoens  mais  remotos  movidos  da 
fua  fama  vinhaõ  aos  feus  pés  deteílar  culpas 
inveteradas.  Como  tinha  firmemente  collo- 
cada  a  fua  confiança  em  Deos,  experimentou 
prompto,  e  favorável  o  feu  auxilio  em  os  mayo- 
res  perigos  efcapando  huma  vez  da  infolencia 
dos  piratas,  e  outra  da  fúria  das  ondas.  Cumu- 
lado de  tantos  merecimentos,  e  cheyo  de  annos 
pois  contava  95.  de  idade  e  78.  de  Religião 
prognofticada  a  fua  morte  paííou  à  eterna  vida 
em  15.  de  Março  de  1724.  Foy  innumeravel  o 
concurfo  do  povo,  que  concorreo  a  venerar  o 
feu  Cadáver,  do  qual  levarão  grande  parte  dos 
veftidos  como  relíquias  de  Varaõ  Santo,  e 
para  fe  evitar  o  tumulto  foy  occultamente  fe- 
pultado.  O  feu  Retrato  ao  natural  fe  abrio  em 
huma  grande  lamina  em  Alemanha  com  eftas 
palavras  que  brevemente  indicaõ  as  fuás  vir- 
tudes. 

Vera  effigies  Servi  Dei  P.  Alexandride  Gujmaõ 
S.  J.  authoris  Seminarii  Bethlehemici  in  Brajilia, 
<&  bis  ejusdem  Provinda  Provincialis,  notis,  acpra- 
claris  virtutihus  Jingulariter  inftruãi,  (ò'  Infantuli 
JESU  in  Prcejepio  jacentis  cultoris fiudiojijjimi,  in 
dcBmones  mirifice  formidahilis ,  prodigiis  ante,  (0° 
poft  ohitum  injignis,  tnirijque  apparitionibus  celebris. 
Obiit  in  Seminário  Bethlehemico  eadem,  qua  pree- 
dixerat,  die  15.  Martii  anno  1724.  cetatis  Juce  95. 


BIB  LIOTHE  CA 


vi  ta  Religiofa  78.  cujus  Jepulchrum  magno  omnium 
concurfu,  ac  devotione  frequentatur .  Defte  vir- 
tuofo  Varaõ  fe  lembra  Sebaftiaõ  da  Rocha 
Pitta  na  Hijlor.  da  Americ.  Portug.  pag.  444. 
dizendo  fer  hum  dos  majores  talentos  da  Jua 
Provinda  do  Brajil  infigne  Mejlre  de  ejpirito,  cuja 
virtude,  e  doutrina  faõ  veneradas  como  de  varão 
Santo.    Compoz. 

E/cola  de  Belém,  Jefus  nacido  no  Pre- 
fepio Évora  na  Officina  da  Academia  1678. 
4.  et  ibi.  1735.  4. 

Menino  Chrijlaõ  Lisboa  por  Miguei 
Def landes  ImpreíTor  delRey  1695.  8. 

Sermão  na  Cathedral  da  Bahia  de  todos  òs 
Santos  nas  exéquias  do  Illujlrijfimo  Senhor  D. 
Fr.  Joaõ  da  Madre  de  Deos  primeiro  Arcebifpo 
da  Bahia,  que  falleceo  do  mal  commum,  que  nella 
houve  nejle  anno  de  1686.  Lisboa  por  Miguel 
Manefcal  ImpreíTor  do  S.  Officio  1686.  4 
Defte  Sermaõ  falia  com  grande  louvor  Fr. 
Appollinario  da  Conceição  na  Primas.  Seraf. 
na  Keg.  da  Amer.  cap.  17.  pag.  215. 

Hijloria  do  Predejlinado  Peregrino,  e  feu 
Irmaõ  Precito,  em  a  qual  debaixo  de  huma 
myfieriofa  parábola  fe  defcreve  o  fucejfo  feli:^ 
do  que  fe  hade  f alvar,  e  infelit^  forte  do  que  fe 
hade  condenar  Lisboa  por  Miguel  Defland. 
1682.  8.  e  Évora  na  Offíc.  da  Acad.  1685.  8. 
e  Lisboa  por  Filippe  de  Souza  Villa  1724.  8. 
Sahio  vertida  em  Caftelhano.  Barcelona  por 
Rafael  Figueiró.   1696.  4. 

Arte  de  criar  bem  os  filhos  Lisboa  por 
Miguel  Defland.  1685.  8. 

Meditaçoens  para  todos  os  dias  da  fe- 
mana  pelo  exercido  das  potencias  da  alma 
conforme  enfina  Santo  Ignacio  Fundador  da 
Companhia  de  JESUS.  Lisboa  pelo  mefmo 
Impreílor.    1689.    8. 

Maria  Kofa  de  Naf(aret  nas  montanhas  dt 
Hebron,  a  Virgem  N.  Senhora  na  Companhia  dg 
JESUS  Lisboa  na  Officina  Real  Deflandefiana 
171 5.  4.  Confta  dos  benefícios,  que  a  Senhora 
tem  feito  à  Companhia. 

Eleyçaõ  entre  o  bem,  e  o  mal  eterno  Lisboa 
na  Officina  da  Mufica.   1720.  8. 

O  Corvo,  e  a  Pomba  da  Arca  de  Noé  nofentido 
Allegorico,  e  moral  luhho2L  por  Bernardo  da  Coíla 
ImpreíTor  da  Religião  de  Malta  1734.  8. 

Arvore  da  Vida  Jefus  Crucificado.  Lisboa 
pello  dito  ImpreíTor  1734.  4. 


L  USITAN A. 


97 


Compendio  perfeito  Aí.  S. 
Nopifo  Inftrnido.  M.  S. 


ALEXANDRE  DE  GUSMAM  Caval- 
[leiro  proíeíío  da  Ordem  de  Chriílo,  e  Fidalgo 
da  GÍTa  de  Sua  Mageílade  naceo  na  Villa  de 
Santos  da  Capitania  de  S.  Paulo  da  America 
Portuguefa.  O  agudo  engenho,  e  penetrante 
comprehensa(5,  de  que  a  natureza  profufa- 
'mente  o  dotou,  lhe  facilitarão  a  noticia  das 
lletras  humanas,  e  da  Poefia,  em  que  fahio 
letninente.  Deixada  a  pátria  paííou  a  Portugal 
undc  quando  contava  poucos  annos  foy  uni- 
verfalmcntc  venerado  o  fcu  talento,  de  tal 
Itofte,  que  o  elegeo  por  Teu  Secretario  o  Conde 
da  Ribeira  D.  Luiz  da  Camará  quando  no 
inno  de  171  j.  foy  Embaxador  à  Magcftade 
thriílianifnma  de  Luiz  XIV.  Para  fc  inftruir 
jem  a  faculdade  do  Direito  Cefarco  frequentou 
*x  Univerfidade  de  Pariz  onde  recebco  o  gráo 
de  Doutor,  c  voltando  a  eíle  Reyno  fe  incor- 
()0COu  em  a  Univeríidade  de  Coimbra  no 
Mino  de  171 9.  A  grande  intelligencia,  que 
■tinha  dos  intercíTes  políticos  dos  Soberanos,  o 
|fles  capaz  de  fer  Agente  dos  negócios  deíla 
Coroa  nas  Cortes  de  Pariz,  e  Roma  pra£H- 
bando  com  tanto  difvelo,  e  fidelidade  eftes 
íbainifterios,   que  mereceo  as  eftimaçoès  dos 

bs  eruditos  da  Europa  naõ  fomente  pella 
iciofa  induftria,  com  que  concluya  os  nego- 
bios  mais  difficeis,  mas  pela  fciencia  das  lin- 
|g;aas  mais  polidas  da  Europa,  vafta  noticia 
iflim  da  hiftoria  Sagrada,  e  profana,  como  das 
difciplinas  Mathematicas,  e  experiências  phy- 
|(icas,  em  que  era  fummamente  verfado.  Em 
fcontemplaçaõ  de  tantos  dotes  fcientificos  o 
slegeo  em  28.  de  Fevereiro  de  1752.  a  Acade- 
mia Real  da  Hiíloria  Portugueza  por  feu 
collega  para  efcrever  na  lingua  Latina,  de  cuja 
pureza  he  obfervantiíTimo  cultor,  a  Hiftoria 
ultramarina  defte  Reyno,  o  qual  aíTumpto 
dezempenharâ  com  grande  credito  da  fua 
e.  Compoz. 
KelaçaÕ  da  Entrada  publica,  que  fe^  em  Varit^ 
10S  18.  de  Agofto  de  171 5.  o  ExcellentíJJimo 
^^enhor  D.  Lui^  da  Camará  Conde  da  Ribeira 
'  X^rande  do  Conjelho  delKej  de  Portugal  Commen- 
'iúãor  de  S.  Pedro  de  Torrados,  Alcayde  mor 
■ia  Villa  da  Amiejra,  Meftre  de  Campo  General, 
Central  da  Artilharia  nos  exércitos  de  Portugal, 


9  feu  Embaxador  txtraordinario  à  Corte  de  França 
rtynando  nejta  Monarchia  Imí^  14.  fm  <li*f  Je 
achaÕ  varias  noticias  concernentes  ao  Ctremonial 
dejla  Embaixada  ParÍ2  por  Pedro  Emeri. 
171J.  4. 

OrafaÕ  com  que  congratulou  a  Academia  Keal 
tm  ly  de  Março  de  1 752.  por  fer  eleito  feu  collega. 
Sahío  no  Tom.  11.  da  Collec.  dos  Docu- 
mentos, e  Mem.  da  mefma  Academia.  Lisboa 
por  Jozé  António  da  Sylva  1752.  foL 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  a  14.  de 
Julho  de  1752.  No  Tom.  11.  da  CoUecçaõ 
dos  Documentos  da  mefma  Academia. 

Panegírico  à  Magejlade  delRey  D.  JoaÕ  o 
V.  N.  S.  recitado  no  Paço  a  zi.  de  Outubro 
de  1759.  ^^'  '^  V^  cumpria  os  feus  annos. 

ALEXANDRE  DE  MOURA  apitaõ 
mór  de  Pernambuco  efcreveo. 

Roteiro  da  Jornada,  que  fei^  com  o  Piloto 
Manoel  Gonçalves  defde  Pernambuco  até  o 
Maranhão,  cujo  Aí.  S.  em  folha  fe  conferva 
na  Bibliotheca  delRey  Catholico  como  affir- 
ma  o  moderno  addicionador  da  Bib.  Occid. 
de  António  de  Leaõ  Tom.  2.  Titul.  15. 
col.  690. 

Fr.  ALEXANDRE  DA  PAIXAM 
Naceo  na  villa  de  Amarante  na  Província 
de  Entre  Douro,  e  Minho  a  7.  de  Julho  de 
165 1,  e  foraõ  feus  Pays  Joaõ  Clemente, 
e  Maria  Carvalho.  Recebeo  o  Habito  Mo- 
nachal  do  Príncipe  dos  Patriarchas  S.  Bento 
no  Convento  de  Tibaens  a  15.  de  Abril 
de  1645.  Depois  de  eftudar  as  fciendas  efco- 
lafticas,  em  que  fahio  fufficientemente  inf- 
truido,  exercitou  o  minifterio  de  Pregador 
com  fatisfaçaõ  dos  ouvintes,  e  foy  Geral 
da  fua  Religião,  e  Abbade  dos  Conventos 
de  BofteUo,  e  Travanca,  onde  finalizou  a 
vida  no  anno  de  1700.  Compoz,  e  naõ  im- 
primio. 

Hijloria  particular  do  Convento  de  Tra- 
vanca. 

Diário  defde  o  anno  de  1662.  até  1680.    4. 

Faflos  geniaes  tirados  da  tumba  de  Merlim 
obra   igualmente  Jocosa,   e  fatyrica. 

ALEXANDRE  PEREIRA  DA  SYLVA. 
Natural   da   Villa    de    Santarém  onde  fahio 


98 


BIDLIO THE  C  A 


à  luz  do  mundo  em  3.  de  Settembro  de 
1684.  tendo  por  Pays  a  Francifco  Lopes  da 
Sylva,  e  Helena  Jozefa.  He  muito  verfado 
na  liçaõ  dos  Poetas,  de  cujo  eftudo  ajudado 
do  génio  para  eíla  divina  Arte,  tem  com- 
pofto. 

Poejtas  varias  4.  M.  S.  e  as  conferva  em 
feu  poder. 

ALEXANDRE  DA  SILVA.  Naceo 
na  augufta  Cidade  de  Braga,  e  foy  bauti- 
zado  em  a  Freguezia  de  S.  Joaõ  do  Souto 
a  20.  de  Agofto  de  1614.  Foraõ  feus  Pays 
Pedro  Lopes  da  Silva,  e  Maria  Sarayva  de 
igual  nobreza,  e  piedade.  Aprendidas  as 
primeiras  letras  paíTou  à  Univerfidade  de 
Coimbra,  onde  fahio  eminente  na  fciencia 
de  Direito  Pontifício.  Reftituido  à  pátria  foy 
nella  Cónego,  e  Dezembargador  da  Rela- 
ção Ecclefíaílica.  As  fuás  grandes  letras  o 
fizeraõ  digno  de  fer  Promotor  na  Inqui- 
íiçaõ  de  Lisboa  em  11.  de  Janeiro  de  1648. 
donde  paíTou  a  Deputado,  e  Inquifídor  da 
Inquifíçaõ  de  Coimbra  a  26.  de  Fevereiro 
de  1654.  e  ultimamente  a  Deputado  do 
Confelho  Geral  de  que  tomou  poíle  em  1 1 .  de 
Mayo  de  1668.  Atendendo  o  Príncipe  Regente 
D.  Pedro  à  integridade  dos  feus  coílumes, 
que  fe  fazia  mais  eítimavel  pela  grande 
capacidade  do  feu  talento  o  nomeou  Bifpo 
de  Elvas  fendo  o  outavo,  que  teve  eiia  Dio- 
cefe,  a  qual  governou  com  vigilância  de 
perfeito  Paftor,  até  que  falleceo  em  Elvas 
a  2.  de  Fevereiro  de  1682.  e  eftá  fepultado 
na  Capella  mór  da  fua  Cathedral.  O  Cabido 
da  Primacial  Igreja  de  Braga  agradecido 
à  memoria  de  taõ  benemérito  Capitular  lhe 
dedicou  hum  anniverfario  perpetuo  no  dia 
do  feu  óbito.  Deixou  féis  Miífas  quotidia- 
nas, duas  no  Altar  Privilegiado  de  S.  Pedro 
de  Rates,  e  quatro  na  Cafa  da  Mizericordia 
de  Braga  pela  fua  alma.    Compoz. 

Difcurfus  pro  Jure  Vrimatialis  Ecdejia, 
que  fahio  impreílo  na  Decif.  138.  do  Doutor 
Manoel  da  Fonfeca  Themudo,  o  qual  dif- 
curfo,  diz  Joaõ  Soares  de  Brito  in  addit. 
Theat.  'Lufit.  'L.iter.  lit.  A.  n.  3.  que  he 
doãus,  (0°  accuratus,  <&  quamquàm  Jupprejjo 
nomine  notijfimam  fui  A.uthoris  in  Jcrihendo 
diligentiam,  (ò"  Juhtilitatem  fatis  defnonfirat. 


Commentarij  ad  Inquifitorum  Regimen 
ordinarium.  M.  S. 

Varias  allegaçoens  Juridicas,  que  fe  naò 
imprimirão,  e  as  vio  Joaõ  Soares  de  Brito 
como  affirma  no  lugar  aíTima  allegado  dizendo 
delias  qua  magnum  Aucíoris  nomen  egregiejujlinent. 

ALEXANDRE  DE  SOUSA  DE  CAS- 
TELOBRANCO  natural  de  Lisboa  taõ  illuf- 
tre  por  nacimento,  como  iníigne  na  fciencia  da 
Hiftoria,  e  Poeíia  de  que  deo  repetidos  argu- 
mentos nas  mais  celebres  Academias,  de  que 
na  fua  pátria  foy  alumno.  No  anno  de  1697. 
partio  para  a  índia  onde  efcreveo  com  eftilo 
elegante. 

Trágica  narração  do  Juceffo  do  fitio  de  Mom- 
baça rejumida  em  duas  partes  foi.  M.  S.  cujo 
Original  conferva  entre  os  M.  S.  da  fua 
Livraria  o  Reverendo  Padre  Fr.  Affonfo 
da  Madre  de  Deos  Guerreiro  Académico 
Real,  a  quem  devemos  eíla  noticia. 

Defcreve  o  Author  a  Ilha  de  Mombaça, 
os  motivos,  que  houve  para  fe  romper  a 
Guerra;  acçoens  heróicas,  que  fe  obrarão 
no  íitio  até  fe  recolher  a  noíía  Armada  a  Goa 
em  25.  de  Setembro  de  1698. 

ALEXANDRE    DE    SOUSA    FREIRE 

Cavalleiro  profeílo  da  Ordem  de  Chriiio  naceo 
em    Lisboa   fendo    filho    de    Bernardino    de 
Távora,  e  Souza  Comiífario  da  Cavallaria  do 
Alentejo,  Governador  de  Mazagaõ,  e  Angola, 
e  de  D.  Maria  Magdalena  Jozepha  de  Souza 
filha  de  Alexandre  de  Souza  Freyre  Governa- 
dor de  Mazagaõ,  e  Confelheiro  de  Guerra, 
e  de  fua  mulher  D.  Joanna  de  Távora  filha 
de  Álvaro  Pirez  de  Távora  Senhor  do  Morgado 
de  Caparica,  e  D.  Maria  de  Lima.    Depois  de 
eftudar  letras  humanas,  e  Filofofia,  tomando 
o  gráo  de  Meílre  em  Artes  fe  applicou  ao  t 
Eíhido  da  Sagrada  Theologia  em  cuja  facul-  * 
dade  recebeo  as  infignias  doutoraes.  Foy  Colle- 
gial  do  Collegio  Real  de  S.  Paulo  de  Coimba  r 
onde  entrou  a  28.  de  Janeiro  de  1697.    Prefe-  í 
rindo  o  exercido  militar  ao  Utterario  paíTou  à  ^ 
Bahia  onde  fendo  Coronel  de  Infantaria  cafou 
com  D.  Leonor  Maria  de  Caílro  íilha  herdeira 
de  André  de  Britto  de  Caílro  Provedor  da 
Alfandega  da  Bahia,  e  de  D.  Maria  Francifca 
Leyte  de  quem  teve  numerofa  defcendencia. 
Foy  Governador,  e  Capitão  General  do  Eílado 


L  USITANA. 


99 


<i()  Maranhão.    Delle  fazem  memoria  Antó- 
nio Carvalho  da  Coíla  Corog.  Portug.  Tom.  2. 
iiv.  I.  cap.  18.  e  D.  Jozé  Barboza  nas  Mem. 
do  (^ollcgiu  Real  de  S.  Paulo  pag.  235.  e  no 
\rchiathflen.  Lufit.  pag.  62.  dizendo. 
Cernis  Alexandrum  quem  prima  Sacra  jiwenta 
Ijaiirea  condecorai  i  Qms  Maranhonius  amnis 
Irrigat,     ipfe     reget    Mavoríia     Caflra    fe- 

qiuttns. 
Com   o   nome   de   Francifco   Xavier   de 
Salazar  publicou. 

Afftdos    do    Kofario    meditado    offerecidos 
\etít  devotos   da    Virgem   Maria.     Lisboa   por 
António  de  Souza  da  Sylva  1756.  4. 

Neíla    obra    fe    moílra    o    Autor    muito 
iwfado   na   liçaõ   da    Sagrada   Efcritura,   c 
>antos  Padres. 

D.      ÁLVARO      DE      ABRANCHES, 
E  NORONHA   naceo   na   Cidade   de   Lis- 
boa cm  7.   de  Junho  de   1661,  e  teve  por 
Pays  a  D.  Miguel  Luiz  de  Menezes  primei- 
ro  Conde   de   Valladares,   e   D.   Magdalena 
de  Lancaílro,  e  Abranches,  filha  de  D.  Ál- 
varo  de  Abranches   Confelheiro   de  Eftado, 
D.    Maria    de    Lancaílro.     Foy   admitido 
Porcioniíla   no    Real   Collegio    de    S.    Paulo 
de  Coimbra  em   26.   de   Outubro   de    1677. 
onde  fe  applicou  ao  eftudo  do  Direito  Pon- 
tificio,  em  que  fahio  infigne  Letrado.    De- 
pois de  obter  hum  Canonicato  na  Sé  de  Lis- 
boa,  e  fer  Deputado   do    Santo   Officio   da 
Inquifiçaõ  de  Lisboa,   de  que  tomou  pofle 
em  18.  de  Julho  de  1686.  foy  Sumilher  da 
Cortina  delRey  D.   Pedro  IL  que  o  elegeo 
Bifpo  de  Leyria,  em  cuja  Cathedral  entrou 
a  5.  de  Outubro  de  1694.  onde  com  paílo- 
ral     vigilância     vizitou     as     fuás     ovelhas 
|l  reformando   muitos   abufos,   e  introduzindo 
.1   obfervancia   dos   divinos   preceitos   pellas 
I  vozes     evangélicas      de     MiíTionarios,     que 
L  mandou    chamar    para    taõ    fanta    empreza. 
IjPor  efpaço   de   quatro   annos   foy   Regedor 
j.das  Juftiças,  de  que  tomou  pofle  a   17.  de 
I  Abril  de  171 1.  em  cujo  minifterio  fe  admi- 
[rou  a  reítidaõ  fem  degenerar  em  feveridade. 
V     auguíla     Mageftade     delRey     D.     Joaõ 
^  o  V.  noflb  Senhor  o  nomeou  Arcebifpo  de 
Évora,     que     elle     modeílamente     recufou. 
Sempre  foy  inimigo   do  fauHo,   como  alheo 


do  eftado  Ecdefíaftico,  fendo  as  Tuas  acçoens 
huma  norma  viva  das  virtudes  EpiTcopaes» 
pellas  quaes  he  benemeiito  das  mayores 
dignidades  da  Igreja.    Publicou. 

Conjenfus  Conftitutioni  Unigenitus  praftitus 
Ulyfip.  apud  Jozeph.  Lopes  Ferreira  Seren. 
Regin.  Typ.  17 19.  4.  começa  Epifcopale  muniu. 
Defte  illuftre  Prelado  fe  lembraõ  com 
os  merecidos  louvores  o  P.  D.  António  Cae- 
tano de  Souza.  Hifl.  Gen.  da  Caf.  Keal  de 
Portug.  Tom.  2.  Iiv.  3.  cap.  8.  pag.  522.  e 
D.  jozé  Barbofa  nas  Mem.  do  Colleg.  Kial 
de  S.  Paul.  pag.  360.  n.  55.  e  no  Archia- 
than.  "Lufit.  pag.  106.  nefta  forma. 

Alvarus  enveniet  ceifa  de  ftirpe  Noronha, 
Gaudeat  illa  Vetus  Collipo  PraJuU  quanta 
Mores  cerne  gregis  facratos  infpice  mores 
Keligio,  quos  clara  pij  revocabit  Abranches. 
Ebora  Pontificum  magnorum  cogtita  fedes, 
Offeret  antiquas  ornet  queis  tipora  Vittas, 
Sed  renuet  confians  oblati  pondus  honoris. 
Servantem  videas  Themidis  decreta  fevere, 
Sic   reget   ille  ff^egem,  pleUet  fie  faãa    reo- 

rum: 
Júris  amor  librare  folet  lance  omnibus  aqua. 

ÁLVARO  AFFONSO  DE  ALMADA 
cuja  pátria  he  taõ  incógnita,  como  o  eftado 
da  vida,  que  profeflava,  e  idade  em  que  flo- 
receo.  Foy  Cavalleiro  da  Ordem  de  Chrifto,  e 
inclinado  à  Poefia.    Compoz  em  outava  Rima. 

Panegírico  a  S.  Joaõ  Ejfangelifia  cuja 
obra  fe  conferva  na  Bibliotheca  do  Con- 
vento de  Santo  Eloy  de  Lisboa  dos  Cóne- 
gos Seculares. 

ÁLVARO  DE  ANDRADE  natural 
de  Lisboa  Profeflbr  celebre  do  Direito  Pon- 
tifício na  Univerfidade  de  Coimbra  fendo 
neUa  Lente  de  huma  Cathedrilha  de  Câ- 
nones, em  que  foy  provido  a  18.  de  Abril 
de  1573.  Para  demonftraçaõ  da  fidelidade, 
com  que  defendia  o  direito  defta  Coroa 
contra  as  pertençoens  de  Caftella  efcreveo 
taõ  douta  como  elegantemente. 

AllegaçaÕ  de  Direito  a  favor  da  Senhora 
D.    Catherina    Duquesa    de    Bragança.    M.    S. 

ÁLVARO  BARRETO  foy  celebre 
Poeta  do  feu  tempo,  e  como  tal  venerado 
pellos  mayores  profeflbres  defta  divina  Arte. 


lOO 


BIB  LIOTHE CA 


Deixou  muitas  obras,  das  quaes  fomente  logra- 
rão a  luz  publica  as  que  eílaõ  a  folhas  11.22.  v.o. 
35.  até  37.  e  49.  do  Cancioneiro  de  Garcia  de 
Refende  impreíTo  em  Lisboa  por  Herman  de 
Campos  IJ16.  foi. 

ÁLVARO  DE  BRITO  PESTANA,  filho 
de  Affonfo  Rodrigues  Alardo,  e  de  Mecia  de 
Brito  Peílana,  que  foy  Ama  delRey  D.  Affonfo 
V.  naõ  teve  menos  inclinação  às  armas,  de  que 
deo  gloriofos  teílemunhos  na  batalha  da  Alfar- 
roubeira,  do  que  às  letras,  fendo  iníigne  na 
metrificação  de  todo  o  género  de  verfos, 
em  que  fe  admirava  huma  natural  affluencia 
unida  a  huma  fublime  elegância:  os  que 
fahiraõ  a  publico  foraõ  os  seguintes. 

Carta  ejcrita  a  L»/^  Fogaça  Vereador  de  Lis- 
boa dandolhe  regras  para  os  ares  da  dita  Cidade 
ferem  faudaveis. 
Glofa  ao  Mote 

Cuidados    deixajme    agora. 
A.0S  V^eys  Catholicos  Fernando,  e  If^abel. 
A.  morte  do  Príncipe  D.  Affonfo. 
Duas  Cançoens  a  Nojfa  Senhora 
Glofa  ao  Motte. 

Terribles  cuitas  defeo 

Todas  eílas  Poefias  eftaõ  impreílas  no 
Cancioneiro  de  Garcia  de  Refende  aíTima 
allegad.  a  foi.  10.  v.**  49.  v.o  e  foi.  24.  atè  32. 

Fr.  ÁLVARO  DE  CASTELLO 
BRANCO  natural  da  Villa  de  Arronches  na 
Província  do  Alentejo,  e  filho  de  Francifco  de 
Siqueira  Peílana,  e  D.  Leonor  de  Caftellobranco 
ambos  defcendentes  deiUuftres  famílias.  Na  flo- 
rente idade  de  vinte,  e  hum  annos  recebeo  o  Ha- 
bito da  Ordem  de  Santo  Agoílinho  no  Convento 
de  Lisboa  em  3.  de  Mayo  de  1640.  Aprendeo 
com  tanta  applicaçaõ  as  fciencias  da  Filofofia,  e 
Theologia,  que  as  enfinou  com  igual  credito  no 
Collegio  de  Santo  Agoftinho  de  Lisboa.  Foy 
dos  grandes  Pregadores  do  feu  tempo,  e  como 
tal  o  nomeou  ElRey  por  hum  dos  da  fua  Ca- 
pella,  na  qual  fazendo  hum  Sermaõ,  nelle  como 
deliro  politico  infinuou  o  modo,  com  que  fe 
concluyo  a  paz,  que  fe  celebrou  no  anno  de 
1668.  Em  premio  das  fuás  profundas  letras  o 
nomeou  o  Príncipe  D.  Pedro  Regente  da  Mo- 
narchia.  Arcebifpo  de  Goa,  e  depois  Bifpo 
de  Portalegre,  e  confiantemente  refoluto  naõ 


aceitou  eílas  dignidades  preferindo  a  quieta- 
ção de  Religiofo  à  vigilância  de  Prelado.  Mor- 
reo  no  CoUegio  de  Santo  Agoílinho  de  Lisboa 
a  28.  de  Fevereiro  de  1668.    Compoz. 
Curfus  Theologicus.  foi. 

De  Vradeflinatione,  Sacramentis  in  genere, 
<&  in  fpecie.  foi. 

Synopfis  in  Univerfam  Theologiam  fpeculati- 
vam,  <ò'  mor  alem  foi. 

Eíles  volumes  fe  confervam  M.  S.  na  Livra- 
ria do  Convento  da  Graça  de  Lisboa,  e  nos 
primeiros  dous  eílaõ  defefeis  conclufoens  im- 
preílas, que  defendeo,  8.  de  Filofofia,  e  8  de 
Theologia. 

Fr.  ÁLVARO  CA  VIDE.  Naceo  no  termo 
da  Cidade  de  Évora,  e  fendo  de  dez  annos  de 
idade  recebeo  o  habito  da  Santilfima  Trindade 
no  Convento  de  Lisboa  a  15.  de  Setembro  de 
1 543.  das  mãos  do  Provincial,  a  tempo  que  hia 
exercitar  o  mefmo  lugar  em  Caílella,  o  qual 
attrahido  da  fua  Índole,  e  viveza  o  levou  em 
fua  companhia,  e  no  Convento  de  Burgos 
naõ  fomente  profeííou,  mas  eíludou  as  primei- 
ras letras.  PaíTou  a  Salamanca,  em  cuja  Uni- 
verfidade  aprêdidas  as  fciencias  efcholaílicas  fe 
graduou  Doutor  em  Theologia  no  anno  1560. 
Exercitou  o  miniílerio  de  Pregador  em  toda 
Efpanha  com  grande  applaufo.  Voltando  para 
Ciudad  Rodrigo,  onde  habitava,  antes  que 
a  ella  chegaíTe,  morreo  no  caminho  fuffo- 
cado  de  huma  grande  innundaçaõ  de  neve  no 
mez  de  Janeiro  de  1606.  quando  contava  73. 
de  idade.  Compoz  na  lingua  Caílelhana,  e  o 
dedicou  a   feu  sobrinho  Fernaõ  de  Lemos. 

Arte  para  conocermos  a  nos  otros  mifmos, 
y  a  Dios  por  fenales  exteriores. 

Deixou  imperfeito  hum  tratado  contra  os 
Judeos  do  noíTo  tempo. 

D.  ÁLVARO  DA  CONCEYÇAM  natural 
de  Villa  de  Monte  mòr  o  Novo  da  Província 
Tranílagana,  e  parente  muito  chegado  dos  Con- 
des das  Galveas.  Recebeo  o  canónico  habito  de 
Santo  Agoílinho  no  Real  Convento  de  Santa 
Cruz  de  Coimbra  a  22.  de  Janeiro  de  1666. 
Pela  grande  prudência  de  que  foy  dotado  exer- 
citou os  lugares  de  Diíinidor,  Collega,  Vizi- 
tador,  e  Reytor  do  Collegio  novo  de  S.  Agof- 
tinho na  Univerfidade  de  Coimbra  onde  falle- 


L  USITAN A. 


lOI 


h  » eco   a   9.   tlc  Dezembro  de   lyzS.  Impri- 
mio. 

StrtHúò  de  N.  Senhora  da  Piire^a.  Li  f boa 
por  Domingos  Carneiro  1686.  4. 


Fr.  ÁLVARO  COSMR,  Eremita  de  Santo 
^goftinho,  infignc  Theologo,  dcfcnfor  accr- 
jcimo  da  Religião  Catholica  cm  Inglaterra,  c 
Q)nfenbr  do  Hminentinimo  Cardial  D.  Tho- 
ina2  Ubrit  do  Titulo  de  Santa  Cruz  de  Jerufa- 
km,  c  primeiro  Fundador  da  Univerfídade  de 
Cantuaria.  Baile  para  elogio  dcíle  Varaõ  o  que 
delle  efcreveo  Fr.  Ricardo  Wandalic  in  Chron. 
Trinit.  M.  S.  que  fc  conferva  na  Bibliotheca 
do  Efcurial,  lib.  i.  cap.  20.  In  temporis  occafione 
(que  era  no  anno  de  1257.)  qindatn peffwii,  €>* 
infolentes  haretici  erant,  qui  aperte  corportim 
refnrre£líonem  abnej^aban/,  in  qiios  Venerahilis 
Archiepifcopus  Cardinalis  magnam  pojuit  vigi- 
lantiam,  Ó*  adjiitorem  adhihuit  Keverendiffimiim, 
digniJfuMnmqne  Alvariim  Co/me  'Lufitanum  divi 
Augufiini  Eremitam,  qui  litteris,Jcientia,  ér  dexte- 
ritate  ingenij  quinqtie  conjcripfit  argumenta,  ut  eos 
ab  erroribus  vindicarei  <â>'c.  his  efficacijfimis 
remediis  tota  harejis  relegata  ejl,  ó^  Civitas  Can- 
tuarienjis  ab  execrandis  criminibus  manfit  liberata. 
Semelhante  elogio  lhe  faz  Fr.  António  da 
Purificação  na  Chron.  da  Prov.  de  Port.  Part.  2. 
liv.  6.  Tit.  5.  §.  4.  &  de  Vir.  lllujl.  Ord  D. 
Augujl.  liv.  2.  cap.  3.  Joaõ  Soar.  de  Brit.  in 
Theatr.  Lup.  Litter,  let.  A.  n.  18. 

ÁLVARO  DO  COUTO  D.E  VAS- 
CONCELLOS  Teve  por  Pays  a  Joaõ  Gon- 
çalvez  do  Couto,  e  D.  Brites  Barbosa  de 
Vafconcellos,  dos  quaes  com  a  nobreza 
do  fangue  herdou  o  génio  para  o  eftudo 
de  todas  as  fciencias,  e  Artes  liberaes  fendo 
a  fua  mayor  applicaçaõ  à  Hiftoria  profa- 
na, de  que  deo  claro  argumento,  em 
obfequio  de  fua  pátria  no  trabalho  com  que 
reduzio  a  melhor  forma,  e  acabou  em  o  i. 
de  Setembro  de  1541. 

Chronica  do  Serenijftmo  Key  de  Portugal 
D.  Joaõ  o  I.  em  3.  Tom.  que  tinha  compoíla 
o  Chroniíla  Femaõ  Lopes,  de  cuja  obra 
fe  conferva  huma  Copia  na  Bibliotheca  do 
Convento  de  S.  Francifco  de  Lisboa  da  Pro- 
vincia  de  Portugal,  que  vimos. 


ÁLVARO  DIAS.  Depois  de  fc  applicar 
na  Univerfídade  de  Coimbra  ao  eftudo  de 
Theologia,  ou  dos  Sagrados  Cânones  rccebeo 
o  gtAo  de  Licenciado  em  huma  deftat  Êicolda- 
des.  No  tempo,  que  poííuia  hum  Beneficia 
rendofo  na  Cathedral  de  Cabo  Verde  huma  das. 
noíTas  Ilhas  Ilefpcridas,  e  excrcítaíTe  com 
rcélidaò,  e  prudência  o  lugar  de  Vigário  Gexal 
naquclla  Diocefe  por  morte  do  fcu  Bifpo  o 
lUuílrinfimo  D.  Fr.  Sebaftiaò  da  Afcenf^O' 
meritiíTimo  filho  da  Religião  Dominicana,  que 
fucccdeo  a  12.  de  Março  de  16 14.  compoz,. 
como  teftifíca  Jorge  Cardofo  no  Affol.  Lujit, 
Tom.  2.  pag.  iji.  no  Commentario  de  12.  de 
Março  letra  \\.  e  Fr.  Pedro  Monteiro  Clauft. 
Dominic.  Tom.  i.  pag.  52. 

Vida  do  llluflrifimo  Bifpo  de  Cabo  Verde  D- 
Vr.  Sebaftiaò  da  AfcençaÕ,  a  qual  fc  naõ  impri- 
mio,  de  cuja  obra  como  do  Author  faz  mençac> 
o  moderno  addicionador  da  tíib.  Occident.  de 
António  de  I^aõ  Tom.  2.  Tit.  23.  col.  859. 

Vida  do  Venerável  Padre  Fr.  JoaÕ  da  Efpe- 
rança  Keligiofo  da  3.  Ordem  de  S.  Francifco  efcrita 
em  20.  de  Aíarço  de  1 6  5  o.  Como  affirma  o  mefmo 
Cardofo  no  Agiol.  L/íftt.  Tom.  5.  pag.  610.  no 
Commentario  de  9.  de  Junho  let.  E. 

ÁLVARO  ESCOBAR  ROUBAM  Naceo- 

em  Coimbra  a  5.  de  Abril  de  161 5.  fenda 
feus  Pays  Manoel  de  Efcobar  Roubaõ,  e  ^Mar- 
garida  Rouboa  de  Anhaya.  Naõ  foy  predso^ 
fahir  da  fua  pátria  para  fe  inftruir  em  as  letras 
humanas,  Rhetorica,  e  lingua  latina,  antes 
fez  nellas  taes  progreíTos,  que  paífando  a 
penetrar  os  Segredos  da  Filofofia,  e  as  Deci- 
foens  dos  Sagrados  Cânones  mereceo  com 
uniforme  approvaçaõ  da  Univeríidade  receber 
o  grào  de  Bacharel  neíla  faculdade.  Os  feus 
merecimentos  lhe  alcançarão  o  Priorado  dá 
Igreja  de  Águeda,  e  o  lugar  de  Prothonotario- 
Apoílolico.  Teve  para  o  púlpito  grande  génio 
fendo  eftimado  por  grande  Orador  Evangé- 
lico pela  eloquência,  e  vivefa,  com  que 
recitava  os  feus  Sermoens.  Ao  tempo,  que 
com  grande  difvelo  exercitava  o  offido  paf- 
toral  foy  impiamente  morto  por  hum  aíTaíIi- 
no  em  o  anno  de  1670.  Os  Sermoens,  que 
fe  imprimirão  faõ  os  feguintes. 

Sermaõ  na  TresladaçaÕ  dos  ojfos  de  S.  Bento 
com    o    Santijfimo    Sacramento    expofto  pregado- 


I02 


BIB  LIO  THECA 


no  Convento  das  Keligiofas  do  Porto  Coimbra 
por  Diogo  Gomes  Loureiro  1646.  4,  &  ibi. 
pela  Viuva  de  Manoel  de  Carvalho  1670.  4. 

Sermão  da  Purificação  da  V.  N.  Senhora 
•com  o  titulo  da  Luí^.  Coimbra  por  Manoel 
Carvalho.  1667.  4. 

Sermão  da  Beatificação  de  Santa  Kofa  de 
Santa  Maria  no  ultimo  dia  do  Outavario,  que 
celebrarão  os  Keligiofos  do  Mojleiro  de  S.  Domin- 
gos, e  Keligiofas  do  Convento  de  Aveiro.  Lisboa 
por  António  Crasbeeck  de  Mello  1670.  4. 
Sahio  traduzido  efte  Sermaõ  em  Caílelhano 
por  D.  Eílevaõ  de  Aguilar,  e  Zuniga  em  o 
Tom.  2.  da  'Laurea  Portug.  Madrid  por  André 
Garcia  dela  Iglefia  1679.  4. 

Seis  Sermoens  pregados  de  tarde  a  Chrifio 
Crucificado  da  Freguesia  de  Santa  Jujla  de  Coim- 
bra nos  Sabbados  de  Ouarefma.  Obra  pofiuma 
Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla.  1671.  4. 

Na  Dedicatória  do  Sermaõ  da  Purifica- 
rão faz  memoria  de  huma  obra  intitulada 
Theatro  de  Príncipes  que  eftava  brevemente 
para  a  imprimir,  mas  naõ  o  executou. 

ÁLVARO  FERNANDES,  muito  fciente, 
e  experimentado  em  a  navegação  da 
índia  Oriental,  e  Guardião  da  Náo  S. 
Joaõ  que  padeceo  hum  dos  mais  horroro- 
fos,  e  lamentáveis  naufrágios  de  que  fe  lem- 
braõ  os  homens,  cuja  fatalidade  fuccedeo 
nos  baixos  da  terra  do  Natal  a  24.  de  Junho 
de  1552.  perecendo  nella  o  Capitão  Manoel 
de  Souza  de  Sepúlveda  com  fua  mulher, 
e  filhos,  cuja  laílimofa  tragedia  fera  eterna- 
mente infeliz  aíTumpto  da  defgraça.  Como 
aíTiftio  a  eíle  horrível  naufrágio  compoz 
delle  huma  exaâa  Relação  conforme  efcreve 
Fr.  António  de  S.  Roman  Hijl.  dela  Ind. 
Orient.  liv.  4.  cap.  23.  e  lhe  poz  o  titulo 
feguinte. 

Hijloria  da  muy  notável  perda  do  galeaõ 
grande  S.  JoaÕ  em  que  fe  rçcontaõ  os  cafos 
defvairados,  que  acontecerão  ao  Capitão  Manoel 
de  Soufa  de  Sepúlveda,  e  o  lamentável  fim, 
que  elle,  fua  mulher,  e  filhos,  e  toda  a  mais 
_gente  tiveraõ.  Lisboa  por  Joaõ  Barreira. 
1554.  4.  et  ibi  na  Officina  da  Congregação 
do  Oratório  1735.  4.  na  Collecçaõ  dos  nau- 
frágios feita  pela  curiofa  induílria  de  Bernardo 
Gomes  de  Britto. 


ÁLVARO  FERREYRA  DE  VERA. 
Naceo  em  Lisboa,  de  Pays  illuílres,  e  no  Col- 
legio  de  Santo  Antaõ  dos  Padres  Jefuitas 
aprendeo  as  letras  humanas,  e  as  difciplinas 
Mathematicas,  das  quaes  teve  por  Meftre 
o  Padre  Chriftovaõ  Borro  infigne  profeíTor 
nefta  faculdade.  Depois  de  fe  inílruir  na  liçaõ 
da  Hiíloria  profana  fe  applicou  com  o  mayor 
difvelo  por  todo  o  tempo  da  fua  vida  a  alcançar 
a  noticia  das  Famílias  illuílres  deíle  Reyno 
revolvendo  para  efte  fim  todos  os  Cartórios,  e 
Archivos  da  Corte,  e  principalmente  o  Real, 
onde  continuamente  aífiília  por  ter  contrahido 
eftreita  amizade  com  o  Guarda  mór  delia. 
Naõ  fatisfeito  das  noticias,  que  a  fua  incan- 
favel  deligencia  tinha  colhido  em  Portugal  paf- 
fou  a  Madrid,  onde  viveo  até  o  anno  de  1645. 
occupado  no  ecudo  Genealógico  das  Famílias 
de  Efpanha,  pelo  qual  mereceo  os  elogios,  que 
lhe  fizeraõ  Nicolao  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  46.  D.  Francifco  Manoel  na  carta  efcrita  ao 
Doutor  Manoel  da  Fonf.  Themudo.  Rodrigo 
Mend.  Sylv.  no  Cathal.  Keal.  Manoel  de  Faria, 
e  Soufa  na  Dedicatória  da  i.  Parte  da  Fonte 
de  Aganip.  ao  Marquez  de  Montebello,  di- 
zendo: como  lo  enfenan  los  antigos  ^Nobiliários,  y 
modernamente  con  fus  arboles  el  penetrante  invef- 
tigador  delos  Venerables  Monumentos  Álvaro 
Ferreira  de  Vera;  e  nas  advertências  à  Egloga 
12.  da  P.  4.  da  Font.  de  Aganip.  Álvaro  Ferreira 
de  Vera  nueflro  amigo  es  diligente  efcritor 
dela  Hifioria  Genealógica  Portuguesa  y  que 
ya  divulgo  un  libro  dela  Noblef^a  j  otros  dif- 
curfos  con  claro  ejiylo,  y  acierto;  e  no  prin- 
cipio da  mefma  Egloga  dedicada  ao  feu 
nome  lhe  confagra  efte  Soneto. 
devolve  ò  graõ  Ferreira  em  cins^as  frias 

Da  apagada  nobreza  os  lumes  claros; 

E  do  F.ufo  idioma  os  termos  raros 

Com  que  a  pátria  ennobreces,  e  glorias. 
De  f  eus  altos  ejiudos  as  porfias 

Sendo  delia  os  firmijfimos  reparos 

Da  fama  annos  futuros  nada  avaros 

Te  feraÕ,  quando  o  fejaÕ  noffos  dias. 
Bem  podes  revolver  bem  prefumido 

Fm  quanto  banha  o  Tejo,  banha  o  Douro 

Hum,  e  outro  efplendor  efclarecido. 
Que  a  mim  me  eflá  dizendo  Febo  Lj)uro 

Oue  fe  a  nobre  fortuna  o  appellido 

Te  deo  de  ferro,  deu-te  o  efiylo  de  ouro. 


LUSITANA. 


io5 


ll.  Luiz  Salazar,  c  Caft.  nas  Advtrt.  Hifl. 
Ibl.  552.  n.  269.  Álvaro  Verreira  de  Vera  noble 
tjlfitano  ejcrevio  unas  notas  ai  Nobiliário  dei 
C^ide  D.  Pedro  de  Portugal  con  jijran  utilidad 
it  aquel  volumen.  D.  Ant.  Soar.  de  Alarc.  nas 
fi^lac,  Geneal.  dti  Caja  de  Vroeif.  foi.  85.  col.  1. 
^otieiofo  Author  delas  famílias  de  Portugal. 
Gandar.  Nobil.  de  Calicia  lib.  5.  cap.  16. 
Morery  Dié^ion.  Iliftoriq.  vcrb.  Verreira 
it  Vera  lhe  chama  geneologijle  três  Jur  Q>mpoz. 

Origem  da  Nobret^a  politica,  blav^ns  de 
grmas,  apellidos,  Cargos,  e  Ti  talos  nobres  Lisboa 
por  Mathias  Rodrigues.  1651.  4. 

Orthographia,  ou  modo  para  efcrever  certo 
na  língua  Portuguev^a  com  hum  Tratado  da  Memo- 
ria artificial;  outro  da  muita  femilhança  que  tem 
a  lingua  Portuguet^a  com  a  luitina.  Lisboa 
pelo  mcfmo  Imprcf.  anno  c  forma. 

Notas  ao  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro 
por  Eftcvaò  Paulinio  1640.  foi.  Lisboa  por 
Joaõ  da  Cofta  1645.  e  Madrid  por  Alonfo 
de  Paredes  1646.  foi.  Roma 

Vidas  abbreviadas  dei  Conde  don  Enri- 
que de  Borgona,  delKey  D.  Afonfo  Enriques 
d  L  de  Portugal,  de  D.  Sancho  el  I.  de 
D.  Alonfo  el  II.  de  D.  Sancho  el  II.  de 
D.  Alonfo  III.  delKey  D.  Dioni^  único 
en  Portugal  6.  en  numero;  de  D.  Alonfo  IV. 
y  D.    Pedro   I.     Çaragoça  1645.  foi. 

Informacion  fobre  el  Titulo  de  Gijon. 
Madrid  1645.  foi. 

Unhas  Reaes  dos  Condes  de  Penaguião  foi.  Aí.  S. 

Líneas  Reales  delos  Aíarque^es  de  Tor  de 
Laguna,  foi.  Aí.  S.  Eftes  dous  M.  S.  fe  con- 
fervaõ  na  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Marquez 
de  Abrantes. 

Informacion  dela  Origen  delos  Vafcon- 
celos.    Madrid.   1646.  foi. 

Genealogia  dela  Cafa  de  Contreras.  Defta 
obra  fe  lembraõ  Franckenau  in  P>ib.  Hifp. 
Híji.  Geneal.  Herald,  pag.  19.  e  o  Padre  D. 
António  Caetan.  de  Souf.  no  apparat. 
à  Hifl.  Gen.  da  Cafa  Real  de  Portug.  pag.  74. 
n.  57.  intitulando-o,  muito  douto  na  Mathe- 
matica,  VaraÕ  erudito,  e  com  muito  efttido 
de  Genealogia.  Tinha  compoílo  como  diz 
Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  46. 
col.  2. 

Compendio  de  Vocabulários,  ou  Lexícon 
Lufitano    Latino. 


Cortesão  perfeito. 
Porem  nau  fe  imprimirão  eílas  duas  obras. 

Fr.  ÁLVARO  DA  FONSECA,  nacca 
no  lugar  de  Ercarrigo  termo  da  Villa  de 
Caílelio  Rodrigo  do  Bifpado  de  I^mego,  e 
foraò  feus  Pays  Franciíco  da  FonTeca  Oforío» 
e  Catherina  Domingucz.  Rcccbco  o  habito 
Girmelitano  no  Q>nvento  de  Lisboa  a  27. 
de  Novembro  de  1610.  e  profeíTou  a  28.  do 
dito  mez  do  anno  feguinte.  Por  fer  grande 
humaniza,  e  muito  fciente  na  lingua  Latina 
a  enfmou  aos  feus  domeílicos  no  G>nvento 
de  livora.  Foy  Subprior  dos  Conventos 
de  Setúbal,  e  Vidigueira,  e  Meftre  dos  Novi- 
ços em  Moura,  e  Lisboa.  Applicoufe  aa 
eíludo  da  Genealogia  em  que  foy  muito  perito. 
Morreo  em  Rvora  a  2.  de  Mayo  de  1664. 
Compoz    hum    Nobiliário    com   efte   Titulo. 

Relação  da  nobre,  e  antigua  família  dt 
Fonfeca  no  Reyno  de  Portugal,  e  da  Ori- 
gem da  dos  Coutinhos,  que  fahío  da  dos  Fon- 
fecas.  Começa. 

Efla  geração,  e  nobre  família  de  Fon- 
feca   he    huma    das    mais    antigas    defle    Reyno. 

Efte  livro  dedicou  o  author  no  anno  de 
1645.  ^  ^'  VeriíTimo  de  Lancaftro  depois 
Inquifidor  Geral,  e  Cardial  da  Igreja  Ro- 
mana, do  qual  há  diverfas  copias.  O  Padre 
Fr.  Manoel  de  Sá  nas  fuás  Memor.  Hifl.  dos 
Efcrít.  Portug.  da  Prov.  do  Carm.  defte  Reyno^ 
pag.  10.  n.  II.  diz  que  o  Original  fe  conferva. 
na  Livraria  dos  ExcellentiíTimos  Marquezes 
de  Alegrete.  Foy  o  dito  Nobiliário  acrecen- 
tado  por  Fr.  Miguel  de  Saõ  Braz  Carmelita 
Defcalço  irmaõ  de  Luiz  da  Fonfeca  Coutinho 
Fidalgo  da  Cafa  Real,  e  Avô  do  Dezem- 
bargador  Manoel  Guerreiro  Camacho,  como 
affirma  o  Padre  D.  António  Caetano  de 
Souza  no  Apparat.  à  Híjl.  Gen.  da  Cafa  Reat 
de  Portug.  pag.  86.  n.  77. 
Efcreveo  mais 

Genealogia  da  Cafa  Real  de  Bragança  com 
eflilo  muito  fucinto  como  diz  o  Padre  D. 
António  Caetano  no  lugar   affima   allegado. 

Genealogia  dos  Reys  de  Portugal.  Ao 
Senhor  D.  Veríjftmo  de  Lancaftro  quart» 
Neto  delRey  D.  JoaÕ  o  II.  The^oureiro  mor 
da  Sé  da  Cidade  de  Évora,  e  digniffimo  In- 
quí:^ídor    da     dita     Cidade.      Dedicado     em     o 


I04 


BIBLIO THECA 


atino  de  1653.  4.  M.  S.  Confervafe  na  Livraria 
<lo  Conde  do  Redondo. 

ÁLVARO  GOMES,  natural  de  Évora, 
£lho  de  Gil  Fernandes  Sardinha,  e  Lourença 
Fernandes  filha  de  Pêro  Lourenço,  que  tinha 
foro  de  VaíTallo  delRey,  e  irmaõ  inteiro  de  D. 
Pedro  Fernandes  Sardinha  primeiro  Bifpo  da 
Bahia,  e  hum  dos  mais  iníignes  Theologos, 
-que  venerou  a  Univerfidade  de  Pariz,  onde 
depois  de  receber  nella  as  iníignias  Doutoraes 
na  faculdade  Theologica,  como  agradecido  a 
taõ  illuílre  paleftra  em  que  colhera  os  abundan- 
tes frutos  da  Sabedoria  por  muitos  annos  com 
_grande  efplendor,  e  naõ  menos  aclamação 
•dos  feus  ouvintes  exercitou  o  magiílerio  na 
mefma  faculdade.  Envejofas  as  Univeríi- 
dades  de  Salamanca,  e  Coimbra,  de  que  a  de 
Pariz  poíTuifle  no  feu  grémio  a  hum  taõ  con- 
fumado  Meílre,  o  chamarão  para  illuílrar  com 
•os  rayos  da  fua  doutrina  aos  Hefpanhoes,  e 
Portuguezes,  cuja  incumbência  executou  pelo 
largo  efpaço  de  vinte  annos,  principalmente 
«m  Coimbra,  onde  foy  Lente  de  Theologia  no 
anno  de  1545.  Por  ordem  delRey  D.  Joaõ  IIL 
paíTou  do  publico  exercício  de  Meílre  ao  par- 
ticular de  inílruir  em  a  Theologia  a  feu  Irmaõ 
o  SereniíTimo  Infante  D.  Affonfo  Arcebifpo 
<de  Lisboa,  e  Cardial  da  Igreja  Romana,  e  de 
tal  forte  ellimava  o  mefmo  Monarcha  a  fua 
peíToa,  que  o  elegeo  feu  Confeflbr,  e  Prior  da 
Igreja  de  S.  Nicoláo  de  Lisboa,  a  qual  até  a 
morte  adminiftrou  com  difvelo  de  paftor  ze- 
lofo,  e  felicito.  De  todas  as  fuás  obras  fahio 
k  luz  publica. 

De  Conjugio  Regis  Anglia  cum  relicta  fra- 
iris  fui.  UlyíTipone  apud  Germanum  Galhar- 
dum.  15  51.  4. 

Em  cuja  Dedicatória  a  Pompeo  Zam- 
bicari  Bifpo  Vaven.  e  Sulmon.  Núncio 
Apoftolico  neíle  Reyno  faz  relação  de  ou- 
tras obras  neíla  forma.  Serenijfimo  Regi 
Joanni  Hijloriam  Alphonfi  Primi  'Lujitania 
Regis,  D.  Sancij  ejujdem  filij,  <&  D.  Joan- 
nis  hujus  nominis  Jecundi  latine  à  tne  primo  dona- 
tam  ex  annalihíis  I^uJifanicB  o  Hm  confecravi: 
<ò'  Vrincipi  Henrico  Commentarios  in  Vrim.  JLib. 
Vacultatis  Theologica  Varijienfis  in  matéria  fidei, 
<ò'  morum  adverjus  omnes  nojlra  tempefiatis 
hcerejes  dicavi  (  Eftes  Commentarios  fe  confer- 


vaõ  Aí.  S.  na  Biblioth.  do  Colleg.  de  Évora  da 
Companhia  de  JESUS )  D.  Eduardo  infi- 
gnem  de  immortalitate  anima  libellum,  et  alii 
Macenates  mei,  (&  primates  Eufitania  non 
nulla  opera  qualia  cumque  ex  me  acceperunt. 
A  memoria  defte  author  celebrarão  NicoL 
Sand.  in  Scifmat.  Anglic.  lib.  i.  Odoric. 
Raynaud.  AnnaL  Ecclef.  Tom.  20.  ad  an. 
1531.  n.  86.  Hermic.  Cayad.  in  uno  Suor. 
Epigram.  Nicol.  Anton.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  1. 
pag.  46.  col.  2.  o  Padre  Francifco  da  Fonfeca 
Evor.  glor.  pag.  409.  D.  Pedro  Fernand. 
Sard.  na  Epiftol.  impreífa  no  fim  do  livro 
de  conjugio  Regis  &c.  Tametji  ante  hos  viginti 
annos  tum  Theologi,  tum  ]uris  confulti  Doãores 
eruditijfime  confcripferint,  nulliis  tamen  {quantum 
mihi  videtur)  rem  ipfam  acutius,  ac  profundius 
attigit,  quam  nofier  Gomejim  Parijtenjis  Theolo- 
gus,  ut  qui  multis  annis  Euthejia,  Salmantica, 
(&  Conimbrica  Theologiam  edocuerit.  Jeronymo 
Cardofo  nas  fuás  Epiílol.  Latinas  o  louva 
de  igualmente  fer  douto  nas  fciencias  fagra- 
das,  como  nas  letras  profanas  dizendo-lhe 
na  Epiílola  15.  Duplicem  ?nihi  videris  lauream 
ajjecutus,  qui  non  contentus  modo  magis  in  litteris 
promovijfe,  quàm  umquam  quijquam  antehác, 
verum  etiam  quod  magis  admiror,  in  humanitatis 
Jludijs  fie  excellis,  ut  univerfos  tua  profejfwnis 
homines  non  Jolum  anteeas,  fed  eos  ipfos  etiam,  qui 
in  eifdem  fiudijs  nati  educatique  Junt.  Neftas 
Epiftolas  eftá  huma  elegantinima,  que  he  a 
17.  efcrita  por  Álvaro  Gomes  a  Jeronymo 
Cardofo.  O  Padre  Joaõ  de  Mariana  in  Tra- 
ã.  pro  editione  vulgata  Sacr.  Script.  cap.  8. 
pag.  56.  da  impreíTaõ  de  Colónia  do  anno 
de  1609.  traz  huma  fua  epiílola  efcrita  a 
Nicolao  Sandero  em  que  lhe  diz  Difputa- 
tionem  tuam  pro  Hebraicorum  codicum  veri- 
tate,  quam  Alvarus  Gomefius  de  litteris, 
ac  de  me  benemeritus  tuis  verbis  cognofcendam 
mifit,    cupidijftme    legi. 

ÁLVARO  GOMES  DE  SANTA 
MARIA,  Confelheiro  delRey  D.  Aifonfo 
V.  e  naõ  menos  obfervante  das  Virtudes 
moraes,  que  perito  nas  elegâncias  poéticas 
compondo    em    Outava    Rima    Portugueza. 

Das  Virtudes,  e  dos  Vicios.  M.  S. 

Cuja  obra  fe  conferva  na  Biblioth. 
Real. 


L  USITANA. 


io5 


ÁLVARO  GONÇALVES.  Celebre  Poeto, 
que  floreceo  no  Soculo  decimo  fctimo  infígne 
imitodor  do  Princepe  da  Poefu  o  grande 
Luiz  de  Camoens.  Pofto  que  naõ  fez  publica 
alguma  das  fuás  obras  naõ  devemos  paíTar 
em  íUencio  a  illuílre  memoria,  que  faz  dcUc 
entre  os  Poetos  Portuguezes,  Jacinto  Cordeiro 
no  elogio  dellcs. 
Uepe  A/varo  Confales  el  cuidado 

La  gala,  la  diilfitra  quando  intenta 

Applaufos  confu  ingenio  delicado 

Si  enamora  las  Mn/as,  qne  frequenta. 

Tanto  en  Ju  blandara  enamorado 

Vivos  affeÚos  dulce  reprejenta 

Que  cilas  la  fanff^e  en  el  han  conocido 

Que  tiene  de  Camoens  fuhjlituido. 

ÁLVARO  GONÇALVES  DE  CÁCE- 
RES. Foy  Chronifta  mór  delRcy  D.  Affonfo  V. 
c  fucccflbr  ncftc  lugar  de  Gomes  Eannes  de 
Zurara.  O  mefmo  Monarcha  o  armou  Caval- 
Iciro  na  cxpugnaçaõ  de  Alcácer,  e  lhe  deo  por 
Armas  hum  efcudo  em  cujo  campo  de  ouro 
cllava  huma  palma  com  frutos  coroada  de 
huma  eftrella  vermelha.  Naõ  efcreveo  Hifto- 
ria  defte  Princepe,  mas  dous  Tratados  dedica- 
dos a  D.  Affonfo  L  Duque  de  Bragança, 
fendo  o  primeiro. 

Da  dignidade  do  Duque,  Jtia  origem,  excellencias, 
€  obrigaçoens  do/eu  officio.  Confervafe  na  Livraria 
do  Marquez  de  Gouvea,  como  teílifica  o  P.  D. 
António  Caetano  de  Souf.  no  Apparat.  à  Hift. 
Gen.  da  Caja  Keal  Portug.  pag.  26.  n.  7.  O  fe- 
gundo  efcrito  em  Caftelhano  tem  efte  titulo. 

Que  cofa  fea  hidalgtáa,  quando  conviene,  e  a 
quien  fe  deve.  Fazem  lembrança  defte  Author 
Fr.  Francifco  Brandão  Chronifta  mór  do 
Reyno  no  liv.  4.  dos  Myfticos,  e  Joaõ  Franco 
Barreto  na  Bib.  Lufit.  M.  S. 

Fr.  ÁLVARO  DE  JESUS  natural  da  Villa 
de  Alegrete  da  Provincia  do  Alentejo  profeffou 
o  Habito  de  Eremita  de  Santo  Agoftinho  no 
Convento  de  Lisboa  a  19.  de  Março  de  1595. 
Naõ  foy  menos  iníigne  na  fciencia  da  Theolo- 
gia,  que  em  a  noticia  das  antiguidades  da  fua 
Ordem  zelando  como  verdadeiro  filho  os  privi- 
légios de  taõ  grande,  e  illuftre  Mãy,  e  como  tal 
foy  a  Roma  por  Procurador  Geral  eleyto  pela 
Provincia  para  defender  a  controverfia  da  pre- 


cedência com  os  Dominícos,  onde  alcançou 
fmgulares  gtaças  da  liberalidade  Pontifícia 
para  cfta  Província  Portugueza  aíTiftindo  na 
Cúria  defde  o  anno  1595.  até  o  de  i6oz.  em 
que  morreo.  Offcrecco  á  Santidade  de  de- 
mente VIII.  logo  que  chegou  a  Roma. 

Difmforio  da  Ordem  dos  Eremitas  de  Santo 
Agoftinho,  cuja  Copia  fe  conferva  na  Livraria 
do  Convento  de  N.  Senhora  da  Graça  de 
Lisboa.  Além  defta  obra,  em  que  fumma- 
mente  trabalhou.  Compoz. 

Officios  próprios  da  Ordem  dos  Eremitas 
fcparados  do  Breviário  no  anno  de  1596. 
e  alcançou,  que  fe  rezaííem,  em  toda  a  Ordem. 

Fr.  ÁLVARO  LEITAM  natural  de  Lisboa, 
e  filho  de  Manoel  de  Figuciroa  Caftclobranco, 
c  Cathcrina  Jorge  rcccbco  o  Habito  da  Illuftre 
Ordem  dos  Pregadores  no  Real  Convento  da 
fua  pátria  a  26.  de  Junho  de  1628.  Foy  Mcftrc 
na  Sagrada  Theologia,  Qualificador  do  Santo 
Officio,  Pregador  das  Magcftadcs  dclRcy 
D.  Affonfo  VI.  e  D.  Pedro  II.  merecendo 
univerfal  eftimaçaõ  pela  exccllencia  das  Letras, 
e  integridade  dos  coftumes.  No  púlpito 
fempre  ouvido  com  aplaufo;  nas  duvidas  da 
confciencia  fempre  confultado  com  veneração. 
Como  era  mais  ambiciofo  de  obedecer,  que  de 
mandar  nunca  pertendeo  lugar  algum  hono- 
rifico na  Religião,  antes  sendo  eleito  por  votos 
uniformes  Prior  de  Évora,  renunciou  a  Pre- 
lazia com  mayor  anciã  de  que  outros  a  perten- 
deriaõ.  Morreo  cheyo  de  annos,  e  mereci- 
mentos na  pátria  a  2.  de  Janeiro  de  1676. 
De  muitos  Sermoens,  que  podia  publicar 
fomente  fahiraõ  à  luz  os  feguintes. 

Sermoens  das  Tardes  das  Domingas  da  Qua- 
refma,  e  de  toda  a  Semana  Santa  Lisboa  por 
Joaõ  da  Cofta.  1670.  4. 

Sermão  nas  'Exéquias  do  Sereniffimo  Príncipe 
D.  Theodojio  nojjo  Senhor,  que  Deos  tem,  feitas 
pelo  Keverendo  Cabido  da  Santa  Seé  de  Lisboa 
no  Real  Convento  de  Belém  aos  26.  de  Jmho 
de  1653.  Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck. 
1654.  4. 

Sermão  em  acçaõ  de  gradas  pela  faude, 
e  Vida  da  Raynha  N.  Senhora  no  Mofleiro 
da  Encarnação  de  Lisboa  ibi.  por  Henrique 
Valente  de  Oliveira  1660.  4. 

Sermão  do  aão  da  Fé  celebrado  em  Lisboa 


o6 


BIB  LIO  THE  CA 


na  4.  Dom.  da  Quarejma  a  4.  de  Abril  de  1666. 
Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla.  1666.  4. 

Sermaõ  na  Fejla  da  Canoni:(açaÕ  de  S. 
Pedro  de  Alcântara.  Lisboa  por  Domin- 
gos  Carneiro  1671.  4. 

Sermaõ  às  Keligiofas  do  Mojleiro  do  Salvador 
na  Segunda  6.  feira  da  Quarejma  à  grade  do 
Coro  patente  o  Senhor,  que  havia  hir  na  Pro- 
cijjaõ  de  Pajjos.  Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla 
1675.4. 

Epitome  da  vida,  e  morte  da  glorio/a,  e  admirá- 
vel "Virgem  Kofa  de  Santa  Maria  Keligiofa  Ter- 
ceira da  Ordem  dos  Pregadores  dividida  em  dous 
Sermoens,  hum  que  Je  pregou  na  Kofa,  outro  no  Bom 
Succejfo  Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla  1669.  12. 

Delle  fazem  memoria  o  Padre  Fr.  Lucas 
de  Santa  Catherina  na  Hifl.  da  Ordem  de  S. 
Domingos  da  Prov.  de  Portug.  Part.  4.  liv.  i. 
cap.  5.  e  Fr.  Pedro  Monteiro  no  Claufi.  Domi- 
nic.  Tom.  3.  pag.  134.  e  no  Tom.  i.  pag.  145. 

P.  ÁLVARO  LOBO.  Naceo  em  Villa 
Real  da  Provincia  Tranfmontana,  e  das  mais 
qualificadas  familias  daquella  Villa  de  que 
defcendiaõ  feus  Pays  António  Lobo,  e  Bea- 
triz de  Contreiras.  Aos  15.  annos  de  idade 
paíTou  a  Coimbra,  e  no  CoUegio  dos  Padres 
Jefuitas  foy  admitido  a  feu  Collega  em  28.  de 
Fevereiro  de  1566.  Neíla  Efcola  fahio  taõ 
perfeitamente  inilruido  nas  Humanidades, 
que  por  alguns  annos  as  enlinou  aos  feus 
domeílicos  com  grande  fama  de  iníigne  Poeta, 
e  confumado  Orador.  Semelhante  nome 
alcançou,  quando  em  Évora  eníinou  Filofofia 
por  efpaço  de  quatro  annos.  Mais  illuftre 
fe  fazia  a  fua  fciencia  pelas  virtudes,  em  que 
florecia,  como  eraõ  a  contemplação  dos  bens 
eternos,  o  defprezo  dos  caducos,  a  humildade 
profunda,  e  o  dominio  fobre  todas  as  paixoens. 
Foy  Regente  dos  Eftudos  de  Braga,  e  de 
Lisboa,  Reytor  do  Collegio  do  Porto.  Ainda 
que  era  de  faude  pouco  robuíla  fe  applicou 
com  difvelo  a  compor  a  Hiíloria  da  Com- 
panhia deíla  Provincia,  à  qual  naõ  lhe  poz 
o  dezejado  fim  interrompido  pela  morte,  que 
o  trefladou  à  melhor  vida  em  Coimbra  a  23. 
de  Abril  de  1608.  com  57.  annos  de  idade, 
e  42.  de  Religião.    Traduzio  em  Portuguez. 

Martjrologio  Romano.  Coimbra  por  António 
de  Mariz  1 5  9 1 .  8 .    No  fim  lhe  acrecentou . 


Martjrologio  dos  Santos  de  Portugal, 
e  feflas  geraes  do  Rejno  recolhido  de  alguns  Autho- 
res,  e  informaçoens  por  alguns  Padres  da  Com- 
panhia de  Jefus.  Coimbra  por  António  de 
Mariz.   1591.  8. 

O  Martjrologio  Romano  fahio  muito  augmen- 
tado  Lisboa  por  Miguel  Def  landes  1681.  4. 

Hifloria  da  Companhia  da  Provincia,  de 
Portugal  dividida  em  12.  l^ivros,  dos  quaes 
deixou  acabados  10.  em  que  comprehendia 
dezefete  annos  defde  a  fua  Fundação,  da 
qual  fe  aproveitou  muito  para  a  Chronica 
da  mefma  Companhia  o  Padre  Balthezar 
Telles,  como  elle  o  confeíla  ingenuamente 
no  Prologo  da  i.  Parte. 

Tratado  da  Familia  dos  Almejdas  o  qual  fez 
à  inílancia  de  D.  Pedro  de  Almeyda  L  Pre- 
fidente  da  Camará,  do  Confelho  de  Eftado, 
Alcayde  mór  de  Torres  Vedras,  Irmaõ  de 
D.  Jorge  de  Almeyda  Arcebifpo  de  Lisboa, 
cujo  tratado  devia  ficar  em  poder  de  feu  filho 
D.  Pedro  de  Almeyda  Commendador  de 
Loures  na  Ordem  de  Chriílo,  Alcayde  môr 
de  Alcobaça,  e  Prefidente  da  Camará.  Defta 
obra  faz  mençaõ,  e  do  Author  o  Padre  D. 
António  Caetano  de  Soufa  no  Apparat.  à 
Hifl.  Gen.  da  Caf.  Real.  Portug.  pag.  56.  n.  33. 

Tratado  da  Entrada  das  Religioens  nefle 
Rejno  allegado  muitas  vezes  por  Jorge  Car- 
dofo  no  Agiol.  Eujit.  principalmente,  em  o 
Tom.  I.  p.  252.  no  Commentario  de  25,  de 
Janeiro  letr.  D.  e  no  Tom.  3.  pag.  519.  no 
Commentario  de  3.  de  Junho  let.  A. 
Tinha  quafi  acabada. 

Vida  do  Serenijfimo  Rej,  e  Cardial  D, 
Henrique,  como  teílifica  o  Padre  Francifco 
da  Cruz  nas  Mem.  para  a  Bib.  Portug. 
M.  S.  Com  merecidos  elogios  o  celebraõ  Ni- 
col.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  48.  col.  2. 
Orator  eximius.  Poeta  excellens.  Alegamb. 
in  Bib.  Societ.  pag.  44.  injignia  habuit  vir- 
tutum  ornamenta,  ex  quibus  animi  tranquil- 
litas,  manfuetudo,  lenitas,  maxime  commen- 
dabant.  Fonfec.  Evor.  Gloriof.  pag.  425. 
Ornado  de  muitas  letras,  e  Virtudes.  Joan. 
Suares  de  Brito  in  Theatr.  Eufit.  Eitterat. 
let.  A.  n.  20.  Orator  fuit  eximius,  €>"  egre- 
gius  Poeta.  Telles  no  Prol.  da  i.  Part. 
da  Chron.  da  Companh.  de  Prov.  de  Por- 
tugal.    Homem  douto,  e  muito  erudito,  de  muita 


LUSITANA. 


107 


i 


ptrdadi,  e  Jinceridade.  Franco  Synopf.  Anual.  S.  I. 
in  hup.  pag.  19).  n.  9.  et  in  Ann.  Clor.  S.  I. 
pag.  2a).  e  na  Imaffm  do  Nopíc.  do  Colitj^. 
de  Coimb.  Tom.  2.  pag.  6x0.  Cunha,  hiifl. 
Vxchf.  dê  Bra^  Part.  2.  cap.  17.  n.  ult. 

ÁLVARO  LOPES  natural  de  Villa  viçofa 
na  Província  do  Alentejo  onde  no  anno 
de  161 8.  exercitava  a  Arte  de  Cirurgia,  em 
que  foy  infigne.    Efcreveo. 

De  morho  ^íallico,  ejufque  partihiis.  M.  S. 
De  cuja  obra,  e  author  faz  mcnçaò  Fran- 
cifco  de  Moraes  Sardinha  no  Parnaf.  de 
Villav.  liv.  2.  cap.  60. 

ÁLVARO  MARTINS.  Cozinheiro  mór 
em  Caftclla  da  SercniíTima  Princefa  D.  Joanna 
de  Auftria  Mày,  que  foy  delRey  D.  Sebaftiaõ, 
c  depois  dclRey  Filippe  III.  merecendo  eíli- 
maçaõ  pela  arte  de  que  fez  hum  livro  no 
anno  de  1615.  cujo  original  confervava  na 
fua  felcéfai  Livraria  o  Chantre  de  Évora 
Manoel  Severim  de  Faria. 

ÁLVARO  DE  MATTOS  natural  da 
Cidade  de  Elvas.  Sendo  Livreiro  teve  par- 
ticular génio  para  a  Poefia  cómica  compondo 
muitas  Comedias  das  quaes  fomente  chegou 
à  minha  noticia  a  feguinte  impreíTa. 

Caf^ado  venturofo,  e  P aflora  per  tendida  Lisboa 
por  António  Alvares  1656.  4. 

Entre  os  Poetas  Portuguezes  he  numerado 
pelo  P.  António  dos  Reys  no  Unthujiasmo  poético 
impreflb  no  principio  dos  feus  Epigramas  n.  249. 

ÁLVARO  DE  MORAES.  Natural  de  Villa 
viçofa  filho  do  Doutor  Fernando  de  Moraes,  e 
irmaõ  mais  velho  do  Doutor  Gomez  de  Moraes 
Lente  de  Prima  de  Cânones  na  Univerfidade  de 
Coimbra,  em  cuja  faculdade  também  recebeo  o 
gráo  de  Doutor.  Prometendo-lhe  a  fua  grande 
litteratura  a  adminiílraçaõ  dos  mayores  lugares 
preferio  a  tranquillidade  do  campo  ao  tumulto 
da  Corte  fervindo  unicamente  o  lugar  de  Juiz 
de  fora  da  villa  de  Pinhel.  Retirado  a  huma 
Quinta  fe  applicou  à  cultura  da  terra  efcre- 
vendo. 

Uvro  de  Agricultura  no  qual  fe  trata  do 
modo  de  enxertar,  e  plantar  Arvores. 

Querendo  imprimir  eíla  obra  a  remeteo 


ao  exame  de  feu  Irmaõ  o  qual  julgando  ítt 
o  feu  argumento  indigno  de  hum  Varaô  capax 
de  efcrever  matéria  mais  alta  a  fupprimio, 
naõ  fabendo,  que  a  cultura  dos  campos, 
e  da.s  Arvores  como  taô  neceííaria  á  confer- 
vaçaò  do  género  humano  tinha  (ido  louvá- 
vel exercício  de  muitos  Príncipes. 

ÁLVARO  NUNES,  natural  de  Villa 
de  Santarém  Pay  naõ  menos  pela  fcíenda 
que  natureza  de  Luiz  Nunes  de  quem  em 
feu  lugar  fe  fará  mençaõ.  A  opinião  que 
corria  da  fua  profunda  capacidade  o  fez  fer 
venerado  por  hum  dos  mayores  profeflbres 
da  Medicina,  de  tal  forte,  que  quando  o 
SereniíTimo  Alberto  Archiduque  de  Auílria 
entrou  em  Lisboa  para  governar  efta  Monar- 
chia  em  nome  de  Filippe  II.  naõ  fomente  o 
elegeo  por  Medico  da  fua  Camará,  mas  lhe 
perfuadio  com  largos  partidos  que  o  acom- 
panhalTe  a  Flandes  com  o  titulo  de  feu  Phyíico 
mòr  na  occaziaõ  que  hia  governar  aquelles 
Eftados.  Obedeceo  promptamente  à  inúnua- 
çaõ  defte  Príncipe,  e  entrando  em  Anveres 
Corte  dos  Príncipes  de  Flandes  naõ  he  fácil 
de  explicar  a  univerfal  eílimaçaõ,  que  mereceo 
aíTim  da  Nobreza,  como  do  povo  pelo  admi- 
rável methodo,  e  íingular  arte,  com  que  curava 
as  infermidades  mais  perígozas,  e  rebeldes, 
por  cuja  caufa  o  refpeitavaõ  os  ProfeíTores 
da  fua  Arte  por  hum  novo  Hypocrates,  ou 
Galeno,  Toda  eíla  acclamaçaõ  conciliava 
a  fuavidade  do  feu  génio,  e  urbanidade  da  fua 
peíToa  fempre  inimiga  da  vangloria,  e  unica- 
mente amante  da  moderação.  Além  deíles 
amáveis  dotes  refplandecia  nelle  fobre  a 
profunda  fciencia  da  Medicina  a  perfeita 
noticia  da  lingua  Romana,  e  Grega,  e  a  vafta 
comprehenfaõ  da  Filofofia,  Cirurgia,  Mathe- 
matica,  e  Hiíloria  por  cujas  partes  lhe  dedicou 
ao  feu  merecimento  efte  Elogio  o  iníigne 
Varaõ  Lourenço  Beyerlinck  in  Oper  Crono/. 
ad  ann.  ChriíU  1602.  Venio  ad  Alvarum  Nonium 
Medicorum  fui  faculi,  <&  Joli  lúmen,  qui  grace,  (Ò" 
luitine  eruditus  ingentes  opes  fubtilis  ingenii  ab 
ineunte  atate  ad  illufiranda  Medicina  abdi- 
ta  conjervaverat.  Ouo  faãum,  ut  nihil  in- 
ter Graça  primorum  Medicina  antiftitum 
volumina  occurreret,  quod  non  otiits  enoda- 
ret    interpretando.     Memoria    vero    adeo    tenaci, 


io8 


BIBLIO  THE  CA 


ac  vegeta  prater  alias  natura,  <&  fortuna  dotes, 
praditus  erat,  ut  non  niji  eum  Jumma  voluptate 
audires  de  rehus  Jummis  qttaque  proxime  hominem 
contingehant  differentem,  (ò"  arcana  quavis  veterum, 
(&  Jcriptis  certa  fide  de  promentem.  Quare  tnagno 
in  pratio  apud  magnos  femper  ejl  habitus,  eb*  Prin- 
cipum  nojlrorum  Archiater  ajfiduus  fuit.  Biblio- 
thecam  habuit  divite  librorum  Jupelkãile  infirnãam, 
quam  'L.ndovuo  Nónio  filio  reliquit.  Morreo  em 
Anveres,  e  foy  fepultado  na  Igreja  de  Saõ 
Tiago,  em  cuja  Sepultura  lhe  gravarão  fua 
mulher,  e  filhos  eíle  honorifico  epitáfio. 
Álvaro  Nónio  Lud.   Fil. 

Nato  an.  6o.  denato  5.  Idus.  Decembris  1605. 
Philofopho,  <ò'  Archiatro 
Doãrina.  <&  virtute  claro: 
Principibus  charo. 

Prolixa  in  omnes  comitate 
Cui  in  vi  ta  nil  charius  quam  aliis  eam  dare; 
Nil    in    morte  jucundius,    quam    ad    meliorem 
tranfire. 

Uxor  marito,  liberi  parenti. 
MM.  PP. 

Das  obras  de  taõ  grande  Author  unica- 
mente   chegou    à    noíTa    noticia    a    feguinte. 

Annotationes  ad  libros  duos  Francifci 
Arcai  de  reãa  curandorufn  vulnerum  ratio- 
ne  cum  eifdem  excufa.  Antuerp.  apud  Chriiio- 
phorum  Plantinum  1574.  8.  et  Amftelod. 
apud  Petrum  Vande  Berghe.  1658.  12. 

Defta  obra,  e  do  Author  fe  lembraõ 
Vander  de  Linden,  &  Georg.  Abrah.  Merck 
lino  in  Script.  Medic.  Nicol.  Anton.  in  Ptib. 
Hif.  Tom.  I.  pag.  48.  c.  2.  Zacut.  in  prasfat. 
de  Med.  Princip.  Hijl.  Caldeira  Variar.  Leãion. 
lib.  2.  cap.  5.  Franc.  Suvertius  in  Athen. 
Belgic.  &  Vai.  Andr.  DeíTel.  in  Bib.  Belgic. 
fallando  de  feu  filho  Luiz  Nunes. 

D.  Fr.  ÁLVARO  PAES  brilhante  Luz 
da  Igreja  Catholica,  e  da  Religião  Seráfica 
naceo  na  celebre  Villa  de  Santarém  baf- 
tando-lhe  efte  único  filho  para  eterno  brazaõ 
da  fua  Nobreza.  Dezejofo  de  fe  inílruir  com 
os  documentos  da  doutrina  mais  folida 
paíTou  a  Bolonha  onde  na  fua  florentiíTima 
Univerfidade  fe  applicou  ao  eíhido  da  Jurif- 
prudencia  Civil,  e  Canónica,  fazendo  neftas 
duas  faculdades  taes  progreílos,  que  rece- 
bendo nellas  o  gráo  de  Doutor  as  explicou. 


com  elle  mefmo  affirma  na  obra  de  Planãu 
Ecclejia  lib.  2.  cap.  23.  com  geral  applaufo 
de  todos  os  Cathedraticos.  Julgando  por 
caduca  a  gloria,  que  lhe  refultava  deftas 
acclamaçoens  Académicas,  para  fegurar  a 
eterna  recebeo  no  anno  de  1304.  o  habito 
dos  Menores  na  Cidade  de  AíTiz,  onde  eílava 
celebrando  Capitulo  geral  efta  penitente  fami- 
lia  bufcando  para  teílemunhas  da  fua  heróica, 
refoluçaõ  o  immenfo  numero  de  tantos  Capi- 
tulares admirados  de  que  quizeíTe  profeflar 
o  humilde  eílado  Religiofo  hum  homem, 
que  era  famofo  entre  os  mayores  Corifeos  da 
Jurifprudencia.  Voltando  a  Portugal  aíTiítío 
algum  tempo  no  Convento  de  Lisboa,  onde 
foy  exemplar  da  vida  regular,  como  tinha  fido 
aíTombro  das  fciencias  Canónica,  e  Civil. 
Para  fe  inílruir  nas  faculdades  próprias  do 
eílado,  que  novamente  profelTára,  paíTou  a 
Pariz  onde  teve  por  Meílre  ao  Doutor  Joaõ 
Duns  Scoto,  que  naquelle  tempo  illuílrava  a 
Univerfidade  de  Pariz  com  a  fublimidade  da 
fua  doutrina,  e  era  tal  a  comprehensaõ  do 
difcipulo,  que  difputava  com  a  fubtileza  do 
Meílre.  Cheyo  com  os  fcientificos  thefouros 
da  Jurifprudencia,  e  Theologia,  partio  para 
Avinhaõ  onde  refidia  o  Summo  Pontífice 
Joaõ  XXII.  que  admirando  a  fua  grande 
fabedoria  acompanhada  de  huma  profunda 
humildade  de  tal  modo  lhe  arrebatou  os 
affe£los,  que  o  fez  no  anno  de  1328.  feu 
Penitenciário;  em  16.  de  Junho  de  1332. 
Bifpo  de  Coron  na  Achaya;  e  no  de  1335.  de 
Sylves  em  o  Reyno  do  Algarve,  por  morte  de 
D.  Pedro  o  I.  deíle  nome ;  e  ultimamente  deter- 
minava coroarlhe  os  feus  grandes  merecimen- 
tos com  a  Purpura  Vaticana  o  que  deo  occafiaõ 
para  que  Gonzaga  Part.  i.  de  Origin.  Serapb. 
Kelig.  Daza  Part.  4.  liv.  i.  cap.  12.  n.  55. 
Marian.  Florent.  in  Fafe.  Chron.  Ord.  Min. 
liv.  4.  cap.  3.  Joaõ  Perez  Lopes  na  vida  de  Sco- 
to Inflant.  10.  e  outros  Authores  Francif canos 
erradamente  efcreveílem,  que  elle  fora  admi- 
tido ao  CoUegio  Apoílolico,  fendo  eíla  fuprema 
dignidade  juílamente  devida  às  heróicas  acço- 
ens,  que  em  obfequio  da  Igreja  tinha  exerci- 
tado. Defendeo  com  valor  Apoílolico  ao  Pon- 
tífice Joaõ  XXII.  contra  o  Antipapa  Pedro 
Corbario  protegido  pela  Cefarea  MageUade  de 
Luiz  Bavaro,  e  contra  as  calumnias  de  Gui- 


L  USITANA. 


109 


I 


Ihermc  Ockam  Author  da  Eícola  dos  Nomi- 
fiaes.  Naõ  manifeílou  menor  eflfiaicia  o  feu 
ardente  zelo,  quando  fe  oppós  aos  violadores 
da  immunidade  da  fua  Igreja  de  Sylves  com 
manifeílo  perigo  da  vida  chegando  a  taõ  exe- 
crando atrevimento,  que  o  acometerão  para 
ícr  vióUma  do  feu  facrilego  furor  a  tempo,  que 
«ílava  ofTerecendo  no  Altar  o  incruento  holo- 

fiufto  do  divino  Cordeiro.  Obíervante  do 
receito  de  Chriílo  defemparou  a  Cidade  de 
Sylves,  à  qual  como  ingrata  eípofa  amaldiçoou, 
e  paliando  a  Sevilha  viveo  com  os  fcus  Religio- 
fos  entre  os  quaes  exercitava  com  mayor 
cxceíTo  as  virtudes  heróicas,  que  fcmprc  praéli- 
cára,  até  que  chegou  a  hora,  que  deixando  de 
ícr  mortal  foy  coroado  na  eternidade  em  o  anno 
tlc  1 5 5  3.  O  feu  cadáver  foy  fcpultado  em  hum 
maufolco  elegantemente  fabricado,  que  eftá  no 
<loro  das  Rchgiofas  de  Santa  Clara  de  Sevilha 
onde  fe  faz  taõ  venerável  a  fua  memoria  pellos 
prodígios  que  obra,  que  entre  os  Sevilhanos  he 

I intitulado  com  a  honorifica  antonomafia  de 
Santo.  O  dia  da  fua  morte  coUoca  Artur  in 
Mártir.  Fratic.  pag.  289.  em  5.  de  Julho,  e 
Jorge  Cardofo  no  Affol.  Ijifit.  Tom.  i.  pag. 
244.  a  25.  de  Janeiro.  Celebrarão  o  nome  defte 
Prelado  S.  Antonin.  Hift.  Part.  3.  Tit.  24. 
cap.  8.  §.  2.  ToíTinian  Hiji.  Serapb.  pag.  185. 
Wading.  Anual,  Ord.  Min.  ad  ann.  1234. 
§.  32.  ad  ann.  1293.  §.  9.  ad.  ann.  1232.  §.  7. 
ad  ann.  1340  §.  11.  Miraeus  de  Script.  Ecclef. 
cap.  416.  Vener.  Enchirid.  de  los  Tiemp.  ann. 
1320.  pag.  234.  Dermic.  Thad.  in  Nittel. 
Franc.  cap.  6.  art.  5.  PoíTev.  Appar.  Sacr. 
Tom.  I.  pag.  49.  Willot.  Athen.  Franc.  Pifan. 
in  lib.  Conformit.  fru£t.  8.  part.  2.  Fr.  Marcos 
■de  Lisboa  Chron.  dos  Men.  Part.  2.  lib.  8. 
cap.  42.  Joan  Suar.  de  Brito  in  Theat.  Ljijit. 
Utter.  let.  A.  n.  21.  Fr.  Manoel  de  S.  Damaf. 
Verd.  Elucid.  pag.  154.  n.  293.  Monfort. 
Chron.  da  Prov.  da  Pied.  liv.  2.  cap.  24.  n.  2. 
Fonfec.  Evor.  Glorio/,  pag.  290.  Navar.  de 
reddit  Ecclef .  Quzeft.  i.  Monit.  10.  doãrina  Jolida 
virtim  Nic.  Anton.  in  Bib.  Hifp.  Vet.  lib.  9. 
cap.  4.  n.  220.  Splendidijfima  fax  dijfipanda 
horum  temporum  caligini,  qua  excacatus  omnis  fere 
fíatíis  hominum  vitia  palam  virtutnm  loco  am- 
pleãabatiir  doãrina  fuit  Alvari  Pelagii.  Fr. 
Manoel  da  Efper.  Hifl.  Seraf.  da  Prov.  de 
Port.  part.   2.  liv.   10.  cap.   i.  n.   2.  Brand. 


Mon.  Líijit.  Part.  ).  liv.  x6.  cap.  61.  Hum  dos 
mais  aiilhorin^ados,  t  doutos  Prelados  da  Cbrif- 
tandade.  o  Padre  D.  Manoel  Caet.  de  Souía 
CathoL  Hifl.  dos  Pontif.  Card.  e  Bifpos  Portug, 
p.  85.  VaraÒ  infiffu.  Fr.  joan  à  D.  Anton.  in 
Bibliothec.  Franc.  Tom.  i.  pag,  J3.  Fervidiffi- 
mus  perfeúionis  reliffofa  :^lator.  O  Illuílri/Iímo 
Cornejo  Chronic.  Seraf.  Part.  3.  liv.  5.  cxç.  11. 
Nen  conocido,  y  celebrado  por  fus  efcritos.  Gra- 
veíTon  Hifl.  Ecclef.  lib.  5.  pag.  mihi  115. 
Konig.  Biblitb.  Vet.  ^  nov  pag.  616.  Keliqmt 
infigne  opus  cui  titulum  indidit  De  Planií.  Ecclef. 
Dupin  Hifl.  des  controu.  e  Mat.  Ecclefiafl. 
dans  le  14.  Siecle  pag.  mihi  216.  Oudin.  de 
Script.  Ecclef.  Antiq.  Tom.  3.  pag.  902.  Cultus 
ab  omnibns  ob  conjunClam  pietati  infigni  erudi- 
tionem.  Plurima  Ínterim  eximia  virtutis,  raraque 
leãionis  opera  orbi  litterario  obtulit,  qua  ordini 
Fratrum  Minorum  perpetuo  ornamento  futura 
funt.  Fleury  Hift.  Ecclef.  Tom.  19.  pag. 
mihi  496.  ann.  1332.  Un  de  plus  ^elés  defen- 
feurs  du  Pape  Jean  XXII.  Plati  de  hofto 
ftat  Relig.  lib.  2.  cap.  32.  Alvarus  Pela- 
gius  utriufque  Júris  peritijfimus,  fimulque 
divinarum  litterarum  cujus  praftans  doãrina 
magno  in  pretio  fuit  apud  omnes,  ac  praci- 
piie  apud  Pontificem  Joannem  XXII.  Brafchio 
de  libert.  Ecclef.  Tom.  i.  cap.  41.  n.  12. 
Virnm  doãijjimum,  e  fallando  das  fuás 
obras,  diz  funt  fimul  doãrina,  (&  pietate 
atque  í^elo  uberrime  redundantia.  Seja  a  ul- 
tima coroa  dos  feus  elogios  a  que  lhe  teceo 
efte  Pontifice  em  hum  Breve  expedido  em 
23.  de  Março  do  nono  armo  do  feu  Pontifi- 
cado dizendo-lhe.  Prudenter  in  ea,  qua  nof- 
trum,  et  Ecclefea  Komana  honorem,  <&  fidei 
veritatem  concemunt  catholica  per  pradica- 
tiones,  <&  veras  doãrinas  devotis  operibus 
Te  impendis:  inde  tuam  prudentiam  pluri- 
mum  in  Domino  commendantes  eam  atten- 
tius  exhortamur  quatenus  in  his  fie  conftan- 
ter  et  laudabiliter  perfeveres,  quod  divinam, 
ac  noftram  Apoftolica  Sedis  fatiam  merearis. 
Compoz. 

De  Planãu  Ecclefia.  Dedicado  a  D.  Pedro 
Gomes  Barrofo  Cardial  da  Igreja  Romana 
do  Titulo  de  S.  Praxedes.  Contem  dous 
livros  nos  quaes  relata  o  poder  da  jurifdic- 
çaõ  Pontifícia,  e  com  fevera  liberdade  re- 
prehende  os  defeitos  dos  Ecclefiaílicos  defde 


lio 


BIBLIO  THE  CA 


a  primeira  Jerarchia  até  a  ultima,  e  de  toda  a 
Republica  Chriílãa,  confirmando  as  fuás  refo- 
luçoens  com  textos  do  direito  Canónico,  e 
da  Sagrada  Efcritura.  Odoric.  Raynaud. 
tom.  15.  Ama/.  Ecclef.  ad  an.  1332.  n.  30. 
julga  que  o  noíTo  D.  Álvaro  fe  oppuzera 
à  Mageílade,  e  pompa  exterior  da  Igreja 
para  exaltar  mais  a  religiofa  pobreza  do  feu 
Inftituto  Seráfico.  Sahio  primeiramente  efta 
obra  Ulmíe  ex  Oííicina  Joannis  Zeneir  1474. 
Depois  fe  publicou  em  Leaõ  de  França  com 
eílas  palavras  no  fim.  Impreffum  eft  autem 
denuò  praclarum  hoc  opus  in  Jamatijfimo  'L.ugdu- 
nenfi  empório  apud  Virum  integerrimum  Joan- 
nem  Eleyn  Bibliopolam,  (ò"  indujirium,  <&  de 
honts  litteris  optime  meritum.  Anno  pojl  Chriftiim 
natum  Jejquimillejfimo  Jupra  decimum  Jeptimo 
ad  Calendas  Atigufias.  foi. 

Plurima  qui  latuit  vix  nlli  facula  notus 

Exerit  è  tenebris  Alvarus  ecce  caput. 
Terceira  vez  fe  imprimio  Venetiis  apud 
Francifcum  Sanfovinum  &  focios  1560.  foi. 
cuja  ediçaõ  preparou  Nicoláo  Tinto,  e  a 
dedicou  a  D.  Luiz  de  Toledo,  filho  de  D. 
Pedro  de  Toledo  Vicerey  de  Nápoles  dizendo 
do  author.  Vir  Sumfnus  (0°  ad  expellendas 
errorum  tenehras,  refiituendamque  veritatis  Incem 
natus,  qui  in  hoc  opere  quacumque  homines  pie, 
ac  fincere  de  Chrijiiana  religione  Jentientes  deli- 
genter  qucerere  conjueverunt ,  omnia  ita  Juhtiliter, 
erudite,  dijerteque  profecutus  eft,  itt  quantum 
heroihus  illis,  quorum  virtus  exitiofa  monffra, 
id  eft  vitia,  extinguehat,  antiquitas  dehuit,  tantum 
nos  hujus  ingenio,  induftria,  pietati  debere  videamur. 

Conferva-fe  eíla  obra  M.  S.  em  diverfas 
Bibliothecas,  principalmente  em  a  Vaticana 
entre  os  livros,  que  foraõ  do  Duque  de 
Urbino  n.  953.  e  954.  e  Nicoláo  Anton.  no 
lugar  aíTima  citado  diz,  que  a  vira  na  mefma 
Bibliotheca  num.  4280.  à  qual  precedia  eíle 
opufculo.  Francifci  de  Toledo  in  Theologia  Ma- 
giftri  Archidiaconi  de  Artiga  divifio,  ordinatio, 
continuatio,  qucs  eft  Jumma  quadam  per  rubricas 
in  'L.ibrum  Alvari,  <&  poftremò  repertorium  per 
alphabetum,  ad  KeverendiJJimum  Cardinalem  Fir- 
manum.  E  nas  Bibliothecas  Real  de  Pariz 
Cod.  884.  como  efcreve  Montfaucon  in  Bib. 
Bibliofhec.  M.  S.  nova  tom.  2.  pag.  937. 
e  na  de  Saõ  Gaciano  da  Cidade  de  Tours 
n.  184. 


Collyrium  fidei  contra  harefes.  Exifte 
M.  S.  na  Bibliotheca  Colbertina  Codic. 
2071.  e  na  Patavina  S.  Joannis  in  Virida- 
rio  como  teftifica  Tomafm.  pag.  31.  Nicol. 
Ant.  no  lugar  allegado  affirma  ter  vifto  na 
Bibliotheca  Vatican.  Codic.  11 29.  hum 
exemplar  deíla  obra  efcrito  parte  em  papel, 
parte  em  pergaminho  com  caraéter  muito 
antigo,  no  fim  do  qual  eílaõ  efcritas  eílas  pa- 
lavras. Prafens  opus  compofitum  a  Fr.  Ál- 
varo de  Ordine  Minorum  Epifcopo  Sylvienfi 
vocatur  Collyrium,  quod  ficut  collyrium  eft 
quadam  unãio  faãa  ad  faces  oculorum  ter- 
gendas,  (ò'  vi/um  illuminandum,  fie  prajenr 
liber  utilis  (Ò"  necejfarius  eft  ad  fidem  illumi- 
nandam.  Collyrium  dividitur  in  fex  partes. 
Começa  o  livro.  In  Nomine  Domini  <&c. 
Fr.  Alvarus  profejjor  Minorita  natione  Hif- 
panus  Decretorií  doãor,  in  Sacra  Theologia 
Scholafticus  gratia  vobis  pax,  (ò"  Mifericordia 
a   Domino   noftro  JESU   Chrifto   <&c. 

Summa  Theologia  Ulmae  1474.  in  foi.  Def- 
te  livro  faz  mençaõ  Wading.  de  Script.  Ord. 
Min.  p.  15.  o  qual  fe  conferva  M.  S.  na  Bi- 
blioth.  do  Convento  Francifcano  de  S. 
Juan  delos  Reys  de  Toledo. 

Apologia  pro  Joanne  XXII.  contra  Marfi- 
lium  Patavinum,  (0°  Guilielmum  Ockamum.  Con- 
fervafe  M.  S.  e  he  louvada  com  grandes 
elogios  por  Trithemio,  Fr.  Marcos  de  Lis- 
boa, e  Fr.  Luiz  Jacob,  de  S.  Carlos  na  Bib. 
Pontif. 

Speculum  Kegum.  Principia.  In  nomine 
Domini  noftri  JESU   Chrifti  Aí.  S. 

In   quattuor   libros  Jententiarum. 

Sermo  Fr.  Alvari  Hifpani  Decretorum 
Doãoris  Epifcopi  Coronenfis,  €>*  Panitentarii 
Domini  Papa  facfus  in  die  Jovis  Cana  Do- 
mini in  prafentia  Domini  Papa  Joannis  XXIL 
Nefte  difcurfo  fegue  a  opinião  deíle  Pon- 
tifice,  que  affirmava  naõ  lograrem  as  almas 
da  vifaõ  beatifica  antes  do  dia  do  Juizo, 
cuja  aíTeveraçaõ  defendida  como  Doutor 
particular  fe  retratou  delia  Joaõ  XXII . 
como  Papa.  Confervafe  Aí.  S.  no  Convento 
de  Toledo  da  Ordem  dos  Menores 

ÁLVARO    PEREIRA    DE     CASTRO. 

Foy    muito    perito    na    liçaõ     da    Hiíloria 
profana,  e  naõ  menos  inclinado  à  proâífaò 


LUSITANA. 


1 1 1 


0 


<1a  Pocliu.  Para  fiel  teílemunho  da  alegtia 
publica  pelo  nacimento  do  Primogénito  dos 
noííos  Monarchas  reinantes  convocou  a  fua 
Mufa  as  quatro  partes  do  mundo  para  a 
celebridade  deíle  Natalício,  imprimindo. 

Oh/tquio/a  demonflraçaô  com  qm  as  quatro 
'parks  do  niimdo  feflejaraÔ  o  ftli:^  Nacimento 
íio  ScmiiJJimo  Príncipe  D.  Pedro  aiijijtjlo  filho  dos 
niny  altos,  e  mity  poderofos  Keys  D.  JoaÕ  o  V. 
e  O.  Marianna  de  Attjlria  Lisboa  por  Miguel 
Manefcal  ImprcíTor  do  Santo  Ofificio  171 5.  4. 
Ooníla  de  vario  género  de  verfos. 

AT.VARO  PIMENTA  natural  de  San- 
tarém, c  exccllente  Poeta  latino  da  fua 
idade,  principalmente  na  compofiçaõ  das 
lUegias,  em  que  foy  exaílo  imitador  da  fua- 
vidade  de  Ovidio,  como  o  manifeftou  na 
que  compoz  cm  forma  de  Carta  efcrita  a 
Trança  da  parte  de  Portugal  onde  lhe  rela- 

Ita  o   jubilo   exceíTivo   com   que    efta   Coroa 
acclamou   por  feu   Principe    ao   SereniíTimo 
Senhor  D.  Joaõ  o  IV.  cujo  titulo  era. 
l^ufitania  Ubera. 
Principia. 
\Qt4em   legis   inde   venit   trajmijfo   littera  ponto, 

Unde  tibi  nuper  fcribere  crimen  erat. 
Sahio  imprefla  Ulyfipone  apud   Laurentium 
de  Anvers.  1641.  4. 
I  O  Padre   Lourenço  le  Brun  da  Compa- 

nhia de  Jefus  na  fua  EJoqnenfia  Poética  Parifiis 
apud  Sebaílian.  Cramoyfi  1655.  4-  tranfcreveo 
efta  Elegia  como  obra  nefte  género  perfei- 
tilTuna  em  o  2.  Tom.  pag.  698.  Do  author 
como  Poeta  iníigne  faz  memoria  o  P.  António 
dos  Reys  no  Enthnjiafm.  Poef.  impreílo  no 
principio  dos  feus  epigramas  n.  221. 

ÁLVARO  PIRES  DE  TÁVORA  naceo 
em  Lisboa,  ou  no  lugar  de  Caparica,  e  foy 
filho  de  Ruy  Lourenço  de  Távora  Capitão  Ge- 
neral de  Tangera,  e  do  Algar\^e,  Vice-Rey  da 
índia,  Confelheiro  de  Eftado,  e  de  fua  mulher 
D.  Maria  Coutinho  filha  de  D.  Lourenço  de 
Lima,  e  D.  Luiza  de  Távora  dos  Vifcondes  de 
Villa  nova  de  Cerveira ;  Primogénito,  e  herdei- 
ro do  Morgado  de  Caparica,  Commenda- 
dor,  e  Alcayde  mór  das  Villas  das  Entra- 
das, e  Padroens  da  Ordem  de  Saõ  Tiago, 
e  Commendador  das  Pias,   Sexas,  e  Lanho- 


las  da  Ordem  de  ChriAo.  Naõ  íendo  em 
os  dotes  do  eípiríto  inferior  aos  feus  Mayocet 
o  foy  no  exercido  dos  lugares  públicos, 
pois  merecendo  pela  fua  fíngular  prudência» 
pcrfpicis  juizo,  e  moderação  de  animo  cm 
as  felicidades,  e  infortúnios,  fer  preferido  em 
qualquer  miniílcrio  a  todos,  nunca  fentio  como 
injuriofa  à  fua  PcíToa  cila  deíatençaõ  da  for- 
tuna. PaíTou  a  mayor  parte  da  vida  retirado 
do  Paço,  e  do  comercio  da  Nobreza,  porém 
como  tinha  talento  grande,  fempre  era  conful- 
tado  nas  matérias  nuis  graves  pertencentes  à 
confervaçaõ,  e  gloria  da  Monarchia,  o  que  naõ 
fomente  executava  com  a  penna,  mas  também 
com  a  efpada,  como  fc  vio  na  occafiaõ,  em 
que  fc  embarcou  na  Armada,  que  partio  no 
anno  de  1624.  para  lançar  fora  os  Olandezes 
da  Bahia,  em  cuja  empreza  obrou  proezas 
dignas  do  feu  claro  nacimento.  Para  que 
totalmente  naõ  eftivesse  entregue  a  hum 
culpável  ócio  fc  appUcou  cm  ler,  e  ordenar  as 
Acçoens  heróicas,  que  na  paz,  e  na  guerra 
tinhaò  obrado  os  feus  Afcendentes  formando 
huma  Hiftoria,  que  por  induftria  de  feu  filho 
Ruy  Lourenço  de  Távora  fahio  a  publico 
com  efte  Titulo. 

Hijloria  dos  Varoens  illuftres  do  appellido 
Távora  continuada  em  os  Senhores  da  Caja,  e  Mor- 
gado de  Caparica  com  a  relação  de  todos  os  Suceffos 
políticos  dejle  Reyno,  e  fuás  conquiftas  de/de  o 
tempo  do  S.  Key  D.  JoaÕ  o  III.  a  efia parte.  Noticia 
de  Ca/amentos,  Guerras,  Pa!(es,  Ugas,  Nego- 
ciaçoens,  e  Embaxadas  dos  Senhores  Keys 
de  Portugal,  e  outros  de  Europa,  Africa, 
e  Afia,  em  que  entrevieraõ  aquelles  de  quem 
fe  efcreve.  Pariz  por  Sebaftiaõ,  e  Gabriel 
Cramoyfi.   1648.  foi. 

Morreo  em  Lisboa  a  7.  de  Julho  de  1640. 
e  eftá  fepultado  no  Convento  dos  Religiofos 
Arrabidos  de  Caparica  do  qual  era  Padroeiro. 
Delle,  e  da  obra  fe  lembraõ  Franckenau  in  Bib. 
Hifp.  Hijl.  Gen.  Herald,  pag.  20.  dizendo  por 
engano,  que  fe  naõ  imprimira;  e  o  P.  D. 
António  Caetano  de  Souf.  no  Appar.  da  Hifl. 
Gen.  da  Caf.  Keal  Portug.  pag.  59.  n.  39. 

D.  ÁLVARO  DE  PORTUGAL,  filho 
de  D.  Fernando  fegundo  Duque  de  Bra- 
gança, e  da  Duqueza  D.  Joanna  de  Caftro 
fendo    o    quarto    na  ordem    do    nacimento 


112 


BIBLIO  THE  CA 


mereceo  fer  o  primeiro  pelos  fingulares 
dotes  de  que  foy  ornado.  Antes  de  chegar  à 
idade  varonil  fe  admirou  nelle  taõ  adulta  a 
prudência,  que  mereceo  exercitar  os  lugares  de 
Regedor  das  Juíliças,  e  Chanceler  mòr  do 
Reyno  com  igual  credito  do  feu  talento,  que 
geral  utilidade  defta  Monarchia.  Para  de 
algum  modo  diminuir,  ou  diffimular  o  alto 
fentimento,  com  que  vivia  penetrado  pela 
infauíla  morte  de  feu  Irmaõ  o  Duque  D.  Fer- 
nando executada  na  Praça  de  Évora  a  20.  de 
Junho  de  1483.  fe  retirou  do  Reyno  com  facul- 
dade delRey  D.  Joaõ  o  II.  tomando  por  pre- 
texto defta  auzencia  a  devota  peregrinação  aos 
lugares  Santos  de  Jerufalem.  Na  Corte  de 
Caftella  foy  recebido  com  particulares  diftin- 
çoens  pelos  Reys  Catholicos  D.  Fernando,  e 
D.  Izabel  fua  Prima,  que  atendendo  ao  efplen- 
dor  do  feu  nacimento,  e  muito  mais  à  capaci- 
dade do  feu  juizo  o  nomearão  Preíidente  do 
Confelho  Real  Contador  mór,  Alcayde  mór 
de  Sevilha,  e  Andujar  com  o  Eftado  de  Gelves. 
Por  morte  delRey  D.  Joaõ  o  II.  cuja  feveridade 
foy  fempre  fatal  à  fua  grande  Cafa  voltou  ao 
Reyno  onde  pela  generofa  magnificência 
delRey  D.  Manoel  naõ  fomente  foy  reftituido 
aos  Eftados,  e  lugares,  que  poíTuia,  mas  o 
nomeou  Embaxador  a  Caftella  para  concluir 
os  feus  defpozorios  com  a  Princefa  D.  Izabel 
filha  dos  Reys  Catholicos,  minifterio,  que 
dezempenhou  com  prudente  madureza,  e 
naõ  menor  actividade.  Os  mefmos  Príncipes 
Caftelhanos  querendo  exceder  nas  honras,  que 
recebera  delRey  D.  Manoel  na  ocasião  em  que 
com  efte  Monarcha  defpozaraõ  fua  fegunda 
filha  D.  Maria,  mandarão  a  D.  Álvaro  a 
procuração,  para  que  em  feu  nome  celebraíTe 
na  Corte  de  Lisboa  efte  augufto  conforcio. 
Cazou  com  D.  Filippa  de  Mello  filha  herdeira 
de  D.  Rodrigo  de  Mello  Conde,  e  Alcayde 
mór  de  Olivença,  Guarda  mór  delRey  D. 
Aífonfo  V.  e  fegundo  Governador  de  Tangere, 
e  de  D.  Izabel  de  Menezes  de  quem  teve  a  D. 
Rodrigo  de  Mello  primeiro  Conde  de  Tentú- 
gal, D.  Jorge  de  Portugal  Conde  de  Gelvez, 
D.  Izabel  de  Caftro  Condeíía  de  BelalcaíTar, 
D.  Beatriz  de  Vilhena  Duqueza  de  Coimbra,  D. 
Joanna  de  Vilhena  CondeíTa  do  Vimiofo,  e  D. 
Maria  Manoel  de  Vilhena  CondeíTa  de  Por- 
talegre.   Morreo  na  Cidade  de  Toledo  a  4. 


de  Março  de  1504.  donde  foy  trefladado  peUo» 
Reverendos  Cónegos  Seculares  do  Evange- 
lifta  Amado  para  o  Convento  de  Évora,  que 
elle  com  feu  fogro  fundara  no  anno  de  1485. 
Sobre  a  fua  fepultura,  e  de  fua  Efpofa  fe  vem 
abertas  as  fuás  figuras  fem  epitáfio.  Fazem  delle 
illuftre  memoria  Refende  Chronica  de  D.  Joaõ 
o  II.  cap.  43.  Sampayo  vid.  de  D.  Juan  2.  pag.  27. 
v.o  Vafconcelos  Vid.  de  D.  Juan.  e/ II.  pag.  135. 
e  143.  Telles  de  Reb.  gejl.  Joan.  II.  pag.  82.  100. 
168.  Imhof.  Stem.  Keg.  l^ujit.  pag.  26.  Franc. 
de  Santa  Maria  Ceo  abert.  na  Terr.  liv.  2. 
cap.  32.  e  33.  e  no  Anno  Hijloric,  e  Diar, 
Portug.  pag.  291.  Efcreveo. 

Carta  a  E/Rey  D.  JoaÕ  o  II.  efcrita  de 
Caftella  onde  eftava  retirado  pelo  cafo  do 
Duque  feu  Irmaõ.    Começa. 

Folgara  bem  de  ejcujar  efcrever  a  V.  S.  Acaba 
Principalmente  aos  Duques,  e  a  feus  IrmaÕs,  que 
fobre  ejle  cafo  tinhaõ  mais  fortes  privilégios. 

He  muito  larga,  e  cheya  de  juftificadas 
queixas  contra  ElRey  D.  Joaõ  o  II.  por 
ter  privado  a  fua  Cafa  dos  foros,  privilégios, 
e  domínios,  dos  quaes  grande  parte  fora 
concedida  pela  liberalidade  de  feu  Pay  D> 
Affonfo  V. 

ÁLVARO    REBELLO.     Foy   hum   dos 

famofos  Soldados,  que  com  animo  intrépi- 
do fuftentou  a  barbara  invafaõ  dos  Africa- 
nos quando  em  o  anno  de  1562.  acomete- 
rão a  Fortaleza  de  Mazagaõ,  fendo  com 
eterna  injuria  do  feu  nome,  e  gloriofa  fama 
das  noíTas  armas  derrotado  o  formidável  poder 
do  feu  exercito.  Para  que  taõ  grande  façanha 
fe  naõ  deveíTe  fomente  à  fua  efpada,  a  eter- 
nizou com  a  penna  efcrevendo. 

Sucejfo  do  famofo  cerco,  que  ElRej  Muley 
Ahdalá  Xarife  univerfal  Senhor  de  toda  a  Africa 
pofi  a  Mazagaõ  defendido  por  os  Portugueses  na 
tempo,  que  governava  efles  Kegnos  a  muito  alta,  e 
muito  poderofa  Rajnha  D.  Catherina  Nojfa 
Senhora,  mulher  que  foy  do  SereniJJimo,  e  invencivet 
Rey  D.  JoaÕ  o  III.  dejle  nome  &c.  M.  S.  confta  de 
147.  capítulos,  dos  quaes  começa  o  I.  Depois- 
que  o  Xarife  Aíuley  Hameti.  Acaba  o  ultimo 
Capitulo  da  triunfante  Vitoria.  Conferva-fe 
na  Bibliotheca  do  Marquez  de  Gouvea 
Mordomo  mór,  e  he  dedicado  à  Raynha 
D.  Catherina.    Eu  o  ly  todo,  e  delle  extrahi 


LUSITANA. 


ii3 


w 

■fffSA] 


limitas,  e  partícuUures  notícias  para  as  Mtmo- 
fias  Hiftor.  delKey  D.  SehaftiaÒ  por  íer  eíle  cerco 
hum  dos  mayores  fucceíTos,  que  houve 
00  íeu  Reynado. 

Sendo  de  profilTaÒ  Soldado  naô  deixava  de 
fer  Poeta  tendo  igual  furor  para  a  campanha, 
que  para  a  Poefía.  Muitos  dos  íeus  verfos 
cAaõ  no  Romanceiro  dos  Poetas  Portugueses 
eollegido  pelo  Padre  Pedro  Ribeiro,  que  fe 
oonferva  na  Biblioth.  do  Card.  de  Sou2a, 
e  hoje  do  Duque  de  Alafoens,  dos  quaes  eraõ 
huma  Egloga,  de  que  faõ  interlocutores 
Apricio,  e  Cofmaco,  c  principia. 

Excel/o  monte,  f acro,  e  dekitojo 
Duas  Elegias  a  i. 

Em  quanto  aquelU  barco  brandamente 
A  fegunda. 

Ltf  Pajlora  ver  fera 

Huma  carta,   cujo  principio  hc. 
Aqnelle  fraterno  amor,  que  a  alma  inflama. 


ÁLVARO  SABINO  DO  ESPIRITO 
SANTO  vejafe  o  Padre  ANASTASIO 
DUARTE. 

ÁLVARO  SEMEDO.  Naceo  na  Villa 
de  Nifa,  que  no  efpiritual  obedece  ao  Priorado 
do  Crato  da  Ordem  de  Malta,  e  naõ  a  Porta- 
legre, como  efcreveo  o  Author  da  Bibliotheca 
da  Companhia,  onde  teve  por  Pays  a  Fernaõ 
Gomes,  e  Leonor  Vaz.  Na  florente  idade  de 
17.  annos  fe  aliílou  na  Religião  dos  Jefuitas 
no  Collegio  de  Évora  em  30.  de  Abril  de  1602. 
e  ainda  eftudava  Filofofia  quando  penetrado 
do  zelo  da  converfaõ  da  gentilidade  do  Oriente 
pedio  aos  Superiores  com  grandes  inílancias 
acompanhadas  de  copiofas  lagrimas,  que  o 
íôzeflem  participante  defte  ardente  dezejo. 
Alcançada  faculdade  partio  para  Goa,  e  aca- 
bando nella  os  eíludos,  que  principiara  em 
Évora,  anhelando  anciofamente  à  miíTaõ  da 
China,  e  introduzido  nella,  foraõ  tantos  os 
filhos,  que  gerou  para  Chriílo,  como  immenfos 
os  trabalhos,  que  padeceo  neíla  empreza. 
Levantada  huma  terrível  perfeguiçaõ  no  anno 
de  161 7.  na  Cidade  de  Nanquin  contra  os  ope- 
rários Evangélicos,  o  lançarão  fora,  quando 
eftava  gravemente  enfermo  com  outros  com- 
panheiros em  hum  cárcere  tenebrofo,  e  fechado 
em  huma  gayola  de  ferro,  donde  naõ  podia 


eílender  o  corpo,  e  foy  conduzido  por  hunoa 
efquadra  de  Soldados  até  Cantaõ,  e  daqui  a 
Macáo,  fendo  vexado  em  taò  larga  jornada, 
que  durou  trinta  dias,  com  todo  o  género  de 
tormentos,  e  afrontas.  Naõ  afrouxou  o  feu 
apoílolico  efpirito  com  eAas  graves  moleílias» 
antes  mais  animofo  mudando  o  nome,  e  o  veíU- 
do  penetrou  ao  lugar  donde  fora  expulfo  com 
mayor  perigo  da  fua  vida,  e  naô  menor  zelo  da 
propagação  da  Fé.  Neíle  tempo  foy  eleito  Pro- 
curador a  Roma,  por  cuja  caufa  paííou  a  Por- 
tugal, e  concluindo  felizmente  na  Cúria  os 
negócios,  a  que  fora  mandado,  voltou  promp- 
tamente  para  a  China,  onde  foy  eleito  Provin- 
cial, e  Vifitador  daquellas  MiíToens,  nas  quaes 
depois  de  exerci  tar-fe  por  alguns  annos,  atte- 
nuado  de  trabalhos,  e  cheyo  de  merecimentos 
acabou  a  carreira  mortal  em  Cantaõ  a  6.  de 
Mayo  de  1658.  tendo  de  idade  75.  annos,  e  de 
MiíTionario  46.  Foy  varaõ  ornado  de  ílngula- 
res  virtudes,  pois  alem  de  fer  iníigne  no  amor 
de  Deos,  e  do  próximo,  obfervancia  religioía, 
paciência  fumma,  tinha  tal  fuavidade  de  génio, 
que  atrahia  os  ânimos  dos  Gentios,  e  Hereges, 
cõ  os  quaes  por  diverfas  vezes  navegou.  Os 
feus  apoftolicos  trabalhos,  e  efcritos  louvaõ 
Manoel  de  Faria,  e  Souza  Afia  Port.  Part.  3. 
cap.  1 2.  n.  29.  e  cap.  14.  n.  1 3.  P.  Ant.  de  Gou- 
vea  in  Afia  Entrem.  Ub.  6.  a  cap.  3.  Alegamb. 
Bib.  Societ.  pag.  44.  col.  i.  Nicol.  Ant.  in  Hifp' 
Tom.  2.  pag.  316.  Franco  na  Imag.  do  Noviciad. 
de  Evor.  pag.  8  5 1 .  e  no  Atin.  Glor.  S.  I.  in  Eufi- 
tan.  pag.  256.  Fonfeca  Évora  gloriof.  pag.  425. 
Joan.  Suar.  de  Brito  in  Tbeatr.  Eufit.  Eitter. 
let.  A.  n.  23.  dizendo  Statura  homini  quadrata 
infra  mediocritatem ,  color  candidus,  fades  plena, 
oculi  cafianei,  e  a  Bib.  Orient.  de  António 
de  Leaõ  modernamente  acrecentada  Tom. 
I.  Tit.  7.  col.  104.  O  infigne,  e  douto.  Anti- 
quário Manoel  Severim  de  Faria  Chantre 
da  Cathedral  de  Évora  querendo  perpe- 
tuar a  memoria  do  P.  Álvaro  Semedo,  de 
quem  era  grande  amigo,  lhe  fez  eíla  infcrip- 
çaõ,  e  a  collocou  na  fua  feleétiflima  BibUo- 
theca,  com  que  igualmente  a  ornou,  como 
illuílrou  o  nome  de  taõ  grande  MiíTionario. 
P.  Álvaro  Semedo 
è  Societate  fESU 
Viro  religiofifflmo,  &  Apojiolico 
Calefiis  doãrina  apud  Sinas  Paranimpho: 


13 


1 14 


BIBLIO  THE  CA 


Qui  à  Sotis  ortu  u/que  ad  Occajiim 
Tottim  pene  orhem    'Evangélica  pradicatiònis 
caujá 

Quafi  univerfa  luftrans  Jpiritu 
Non  Jemel  peragravit , 
Qui  hoc  maré  magnH,  eb*  fpatiojum  manihus 
Tamquam  navis  injlitoris  gentibus  de  longe 
Portans  panem  navigavit: 
Amico  Jm  óptimo,  (ò"  fuavifjimo 
Emmanuel  Severinus  de  Varia 
Hoc  munujculum  amoris  Mnemojynon 
L  D  C  Q 
\Jt  hujus  Mu/ai  prototypo 
Gens  Sinica  litteris  deditijfima 
Bibliothecas  injiruere,  uti  <Ò'  curare  utilius  valeant 
Ebora    in    Eujitania    III.    Kal.    Maij 
Anno  Salutis  MDCXLIIIL 
Compoz 

Cartas  Annuas  efcritas  de  Nanquim  em  23.  de 
Junho  de  1622.  em  que  fe  relataõ  os  fuccejfos  da 
Mijfaõ  da  China.  Sahiraõ  impreíTas  com  outras 
em  Italiano  defde  pag.  249.  até  310.  Roma 
por  Francifco  Corbelletti.  1627.  8. 

A  fua  hiíloria  da  China  verteo  de  Por- 
tuguez  em  Caftelhano  Manoel  de  Faria,  e 
Souza,  com  eíle  titulo. 

Império  dela  China,  j  cultura  Evangé- 
lica en  el  por  los  Keligiofos  dela  Compania  de 
JESUS  facado  delas  noticias  dei  Padre  Álvaro 
Semedo  dela  própria  Compania.  Madrid 
por  Juan  Sanches.  1643.  4.  e  Lisboa  na  Ofíi- 
cina  Herreriana  1731.  foi.  Traduzido 
em  Italiano  Roma  por  Hermano  Scheus. 
1643.  4.  em  Francez  pelo  Padre  Luiz  Cou- 
lon.  Pariz  por  Sebaíliaõ,  e  Gabriel  Cramoi- 
fy.  1655.  4.  e  Leaõ  de  França  1667.  4.  e 
em  Inglez  por  English  by  a  Perfon,  que  a  illuf- 
trou  com  muitos  Mappas,  e  o  retrato  do 
Author,  de  que  tenho  hum  exemplar.  Londres 
por  E  Tyler  for  John  Crook,  1655.  foi. 
Nefta  ediçaõ  fahio  também  traduzido  no 
fim  o  Bellum  Tartaricum  do  Padre  Martim 
Martinio. 

Tinha  quafi  completos  dous  Dicciona- 
rios,  que  naõ  acabou  impedido  pela  morte, 
que  eraõ 

Diccionario  Sinico  =  Eujitano 
Diccionario  Eujttano  =  Sinico. 
Deíla    obra   faz    mençaõ    a   Bib.    Oriental 
aífima  allegada. 


ÁLVARO  DA  SILVEYRA,  natural 
de  Évora,  e  filho  de  Fernando  da  Silveira  Cla- 
veiro  da  Ordem  de  Chriílo,  e  Commendador 
de  Montalvão,  e  de  D.  Joanna  de  Vafconcellos, 
filha  de  Álvaro  Mendes  de  Vafconcellos  Senhor 
do  Morgado  do  Efporaõ,  e  de  fua  fegunda 
mulher  D.  Guiomar  de  Mello;  terceiro  Neto 
daquelle  grande  Varaõ  naõ  menos  na  fortuna, 
que  na  capacidade,  Joaõ  Fernandes  da  Sylveira 
primeiro  Baraõ  de  Alvito,  Efcrivaõ  da  Puri- 
dade delRey  D.  Joaõ  o  II.  Chanceler  mòr, 
e  Vedor  da  Fazenda.  Succedeo  D.  Álvaro  a  feu 
Pay  igualmente  nos  bens  do  morgado,  como 
no  Officio  de  Claveiro  da  Ordem  militar  de 
Chriílo.  Cazou  duas  vezes;  a  primeira  com  D. 
Branca  Deça  filha  de  Francifco  de  Miranda 
Alcayde  mòr  de  Alter  Pedrofo,  e  de  D.  Ignez 
Henriques;  a  II.  com  D.  Anna  de  Caftro  filha 
de  Fernaõ  Telles  de  Menezes  fetimo  Senhor 
de  Unhaõ,  e  de  D,  Maria  de  Caftro  filha  de  D. 
Jeronymo  de  Noronha.  No  tempo  que  tinha 
vago  das  ocupaçoens  militares,  e  politicas, 
como  fe  deleitava  na  liçaõ  de  Hiftorias  fabu- 
lofas  compoz  huma,  que  intitulou. 

Aventuras       do       Gigante       Dominiscaldo. 

De  cuja  obra  fazem  memoria  com  grandes 
louvores  Francifco  Galvaõ  na  fua  Bib.  Por- 
tug.  M.  S.  e  Joaõ  Franco  Barreto  na  Bib. 
Portug.  dizendo  que  depois  da  morte  do 
Author,  que  fuccedeo  no  fim  de  Junho  de  1623. 
viera  efta  obra  ao  poder  de  fua  filha  D.  Helena 
de  Caftro  CondeíTa  de  Villa  pouca.  Foy 
fepultado  o  feu  cadáver  em  huma  Capella, 
que  he  jazigo  da  fua  familia  fituada  em  o 
Convento  de  N.  Senhora  do  Efpinheiro 
de  Religiofos  de  S.  Jeronymo. 

ÁLVARO  THOMAZ,  natural  de  Lisboa, 
donde  paíTou  a  Pariz,  e  depois  de  inftruido  per- 
feitamente nas  letras  humanas,  e  na  lingua 
latina,  ouvio  Filofofia  de  Pedro  Aliaco,  que  foy 
Cardeal  da  Igreja  Romana,  hum  dos  mayores 
Meftres,  que  naquelle  tempo  venerava  Sorbona, 
e  fez  taes  progreíTos  com  a  doutrina  de  taõ  infi- 
gne  Letrado,  que  mereceo  a  admiração  de 
todos  os  feus  condifcipulos.  Iguaes  foraõ  as 
acclamaçoens,  que  alcançou  o  feu  talento  pela 
profundidade,  com  que  penetrou  os  myfte- 
rios  da  Theologia,  as  Decifoens  de  hum, 
e  outro  Direito,  e  as  obfervaçoens  de  Mathe- 


L  USITANA. 


ii5 


matica  fendo  eminente  em  qualquer  deftas 
grandes  faculdades,  pellas  quaes  lhe  confagrou 
à  fua  memoria  eíle  elogio  Jorge  Bruneau 
Vindocinenfe  na  Epiílola,  que  íahio  impreíTa 
no  Hm  da  obra  abaixo  efcríta,  fi  di  Jacris 
Ulteris  dijferiare  quidquid  caperis  Tbeoloffa,  tum 
Tbtorica,  tum  PraCíica  omnem  operam,  totojque 
diis  impendijfe  jiidicavtre.  Si  inter  utriufque 
Júris  peritos  con^-ediaris  Gafareis,  Pontificiifqite 
étmtaxat  libris  vacajje  conjlantijftme  autuniaberis. 
Taceo  quam  familiaris  tibi  fit  moralis,  e^  naturalis 
Pbilojophia,  aut  in  tanta  Philofophantium  corona 
Pbiiofopbi  tibi  nonien  peciiliariter  vindicaveris , 
§t^  Praceptorem  tuum  Petrum  d»  Aliaco 
mttr  Philofophia  projeffores  dum  viveret,  doúijfi- 
mum,  aut  aquaveris,  aut  (  quod  potius  reor  )  Jupe- 
n»eris.  Quid  vero  Qttadrinij  certijftmam  peri- 
tkm  referre  opus  eji?  Si  vel  mini  mo  cuique 
bu  tuus  de  Triplici  motu  liher  monftrat  apertius. 
Foy  Reytor  de  hum  dos  celebres  Collcgios, 
que  ornaõ  a  Corte  de  Pariz,  e  nelle  exercitou 
o  officio  de  Meftre,  titulo,  com  que  fe  nomea 
na  obra  feguinte. 

De  triplici  motu  cum  proportionibus  an- 
nexis  Philojophicas  Suifeth  calculationes  ex 
parte  declarans.  Parifijs  apud  Guilielmum 
Anabat.  1509.  foi. 

Dividefe  eíla  obra  em  quatro  Tratados.  Em 
o  I.  difputa  da  proporção,  e  a  fua  dimensão. 
Em  os  outros  trata  de  diverfas  efpecies  de  mo- 
vimentos aífim  de  velocidade,  como  da  tar- 
dança; do  movimento  da  rarefacção,  conden- 
façaõ,    augmentaçaõ,    alteração,    e    intenfaõ. 

Fr.  ÁLVARO  DA  TORRE  da  Ordem 
dos  Pregadores  taõ  infigne  na  Theolo- 
gia,  em  que  foy  Meftre,  como  na  Oratória 
Eccleíiaftica,  pela  qual  mereceo  fer  Prega- 
dor do  noílo  Rey  D.  Joaõ  o  II.  Compoz, 
ou  tradufio. 

Tratado  da  Criação  do  mundo.  Aí.  S. 
Verteo  da  lingua  Latina  em  a  Portugueza. 

Carta  de  Jeronymo  Montano  Doutor  Ale- 
mão ejcrita  em  14.  de  Julho  de  1495.  a 
ElKey  D.  JoaÕ  o  II.  Nella  tratava  do 
novo  defcobrimento  do  Graõ  Cathayo,  e  fe 
imprimio  juntamente  com  o  Tratado  da 
criação  do  mundo.  Fazem  memoria  defías 
obras  como  de  feu  Author  Fr.  Pedro  Mon- 
teiro no  Claujt.  Dom.  pag.   136.  e  Fr.  Lucas 


de  Santa  Catherína  na  4.  Part.  da  Hifi.  de 
S.  Domingos  da  Provinc.  de  Portug.  pag. 
924.  ambos  Académicos  da  Academia  Real, 
e  o  moderno  addidonador  da  Hib.  Orient. 
de  Ant.  de  Leaõ  Tom.  ).  col.  1725. 

Fr.  ÁLVARO  DE  TORRES  natural  da 
Villa  de  Torres  Vedras  do  Arcebifpado  de 
Lisboa.  ProfeíTou  o  habito  da  Religião  de  S. 
Jeronymo  no  Real  G>nvento  de  Belém  a  14. 
de  Mayo  de  1 5  54.  e  foy  taô  iníigne  em  os  dotes 
da  natureza,  como  fcíente  em  todas  as  artes 
liberaes.  Formava  com  a  penru  taô  perfeitos 
caradleres,  que  |>areciaõ  fahir  da  mais  primoro- 
fa  impre/Taò.  Paliava  expeditamente  as  linguas 
Grega,  Hebraica,  e  Latina.  Pregava  com  tal 
energia,  e  elegância,  que  fufpendia  a  atenção 
dos  ouvintes.  Foy  dos  primeiros  Religiofos, 
que  ouvirão  Theologia  no  Convento  da  G)fta 
junto  a  Guimaraens,  em  que  fahio  eminente, 
tendo  nefta  efcola  por  condifdpulo  ao  Senhor 
Dom  Duarte  filho  delRey  D.  Joaõ  o  III. 
dos  quaes  foy  muito  eftimado.  Por  fer  muito 
douto  na  Efcritura  Sagrada  foy  eleyto  por  efte 
Monarcha  para  que  a  leíTe  aos  Religiofos  da 
Ordem  Militar  de  Chrifto  do  Convento  de 
Thomar,  efcrevendo  ao  feu  D.  Suprior  Fr. 
Salvador  de  Mello  huma  carta  em  1 1.  de  Junho 
de  1 5  52.  na  qual  lhe  dizia  E porque  fey  a  necejft' 
dade,  que  nejfa  cafa  há  de  quem  leya  a  efcritura 
Sagrada,  e  quanto  ijlo  convém  aos  que  ejlaÕ  no  Efco- 
lajlico  approveitados,  mando  lã  para  iffo  ao  Padre 
Fr.  Álvaro  de  Torres,  da  Ordem  de  S.  Jeronymo 
pela  boa  informação,  que  delle,  e  de  fuás  letras,  e 
fufficiencia  tenho  (ò'c.  Foy  Prior  do  GDnvento  de 
S.  Marcos  defde  o  anno  de  1545  até  1550. 
Quando  eftava  na  idade  mais  robufla  paflando 
em  hum  barco  de  Lisboa  para  o  feu  Q)nvento 
de  Belém,  levantandofe  huma  furiofa  tem- 
peftade  o  fumergio  no  Tejo,  digno  certamente 
de  fim  mais  gloriofo.  O  feu  grande  talento 
prometia  copiofos  frutos  de  erudição  Sagrada, 
e  profana,  mas  a  brevidade  da  fua  vida  naõ 
permitio,  que  produíiííe  mais,  que  as  obras 
feguintes. 

Dialogo,  ou  Colloquio  ef piri  tua  Ido  modo  de  achar 
a  Deos,  interlocutores  hum  Keligiofo,  e  hum  Pere- 
grino.  Foy  mandado  imprimir  por  D.  Gafpar  de 
Leaõ  primeiro  Arcebifpo  de  Goa,  por  cuja  caufa 
algims  imaginarão,  que  era  obra  defte  Prelado. 


i6 


BIB  LIO  THE  CA 


Muitos  dos  feus  Religiofos  fofpeitáraõ,  que 
taõbem  compuzera  parte  dos  Diálogos,  que 
depois  da  fua  morte  publicou  Fr.  Heytor 
Pinto,  grande  credito  defta  Religiofa  Familia. 

Por  ordem  do  Capitulo  geral  congregado 
em  o  anno  de  1555.  publicou  vertida  de 
Latim  em  Portuguez  para  fer  obfervada 
pelos  feus  Religiofos. 

Regra  de  Santo  Agoftinho. 

Traduzio  de  Latim  em  Portuguez,  por 
iníinuaçaõ  da  Sereniffima  Infanta  D.  Maria 
filha  delRey  D.  Manoel. 

Direãorio  de  Confejfores,  e  penitentes 
polo  Padre  Joaõ  Polanco  da  Companhia  de 
JESUS.  Lisboa  por  Joaõ  Blavio  1556.  e 
por  Marcos  Borges.  1556. 

ÁLVARO  VAHIA  natural  de  ViUaviçofa 
filho  de  Joaõ  Vahia,  e  Ignez  Alvarez  filha  de 
Álvaro  Pires  Leite.  Foy  hum  dos  criados 
mais  illuftres  dos  SereniíTimos  Duques  de  Bra- 
gança D.  Joaõ,  D.  Jayme,  e  D.  Theodofio,  dos 
quaes  mereceo  particulares  eílimaçoens  aífim 
pela  fciencia  das  linguas,  que  puramente  fal- 
lava,  como  pelo  génio  prompto,  e  fublime,  que 
tinha  para  a  Poefia,  e  Oratória,  fazendo  exceíío 
a  todos  os  profeíTores  deitas  duas  Artes,  que 
venerava  aquella  idade.  Compoz  muitas  Come- 
dias, e  Tragedias,  de  que  fe  podia  fazer  hum 
juíto  volume,  as  quaes  fe  reprezentaraõ  no  the- 
atro  na  prefença  dos  Sereniflimos  Duques  com 
geral  applaufo  dos  efpe£tadores,  logrando 
huma  fó  o  beneficio  da  luz  publica.  Fran- 
cifco  de  Moraes  Sardinha  no  liv.  3.  do  feu 
Parnafo  Villaviçofano  traz  duas  Cançoens 
fuás,  huma  à  Degollaçaõ  do  Bautiila,  que 
começa. 

Baptifta  Precurfor  do  verbo  Eterno:  outra 
à  Virgem  Santiflima  vifitando  a  fua  Prima 
S.  Izabel,  cujo  principio  era. 

Depois,  que  a  antigua  Mãj  de  AdaÕ  conforte. 

E  hum  Soneto,  que  diz 
Jà    torna    a    cantar    Progne,    e    Filomena. 

Outavas   ao    Duque    de    Brag.    D.    Theodof. 
Começaõ. 
Profapia  Jingular  alta,  efuprema 

Do  Condejiable    invião    celebrada. 

Que  o   L.uJitano  f cetro,   e  diadema. 

Ganhou   com    a  fulminea,    e  forte    Efpada. 

O  peílifero  contagio,  que  confumio  grande 


parte  defte  Reyno  em  o  anno  de  1598.  o 
privou  da  vida  na  fua  pátria,  efperando  a 
immortalidade  no  Convento  dos  Religiofos 
Capuchos  da  Província  da  Piedade.  Delle 
faz  memoria  o  P.  António  dos  Reys  no 
Enthujiafmo  Poético,  n.  202. 

ÁLVARO  VAZ,  OU  VALASCO  Naceo 
na  Cidade  de  Évora  no  anno  de  1526.  de  Pays 
honrados,  e  opulentos.  Aprendeo  na  pátria 
os  primeiros  rudimentos  da  Grammatica, 
donde  paíTando  a  Coimbra  depois  de  fe  inílruir 
nas  lingua  Latina,  e  Grega,  e  de  fe  exercitar 
nos  preceitos  da  Poefia,  e  Rhetorica,  em  que 
foy  confumado,  fe  applicou  com  todo  o  difvelo 
a  penetrar  os  myílerios  fcientificos  do  Direito 
Civil,  e  de  tal  forte  interpretava,  e  refolvia 
as  fuás  mayores  difficuldades,  que  por  geral 
aclamação  de  todos  os  Cathedraticos  foy  orna- 
do com  as  infignias  Doutoraes  defta  faculdade. 
Naõ  era  jufto,  que  eftiveífe  por  muito  tempo 
ociofo  o  feu  grande  talento  em  prejuízo  do  ef- 
plendor  da  Univerfidade,  por  cuja  caufa  foy 
eleito  Lente  da  Inftituta  em  22.  de  Março  de 
1556.  quando  contava  30.  annos  de  idade, 
donde  fendo  transferido  no  anno  feguinte  à 
Cadeira  de  Código,  regentou  em  5.  de  Agofto 
de  1559.  ^  Cadeira  dos  Três  livros  do  Código. 
Oppondofe  à  Cadeira  do  Digefto  Velho  com 
o  infigne  Pedro  Barboza  em  20.  de  Fevereiro 
de  1 5  60.  depois  de  huma  diuturna,  e  acérrima 
contenda,  de  que  foy  efpeâadora  toda  a 
Univerfidade,  fe  julgou  o  triunfo  a  Pedro  Bar- 
bofa,  por  cujo  motivo  deixando  Coimbra, 
paílou  a  Lisboa,  onde  eleito  Advogado  da 
Cafa  da  Supplicaçaõ  começou  a  manifeftar  a 
profundidade  do  juifo,  e  a  agudeza  do  engenho 
no  patrocínio  das  Caufas  forenfes,  em  cujo  exa- 
me obfervava  taõ  religiofamente  a  juftiça,  que 
fempre  os  Miniftros  julgavaõ  por  mais  prová- 
vel, e  fegura  a  opinião,  que  elle  defendia.  Ao 
tempo,  que  lograva  os  mayores  applaufos 
como  Advogado,  naõ  os  alcançou  inferiores, 
quando  foy  conftituido  Juiz  pela  Mageftade 
delRey  D.  Sebaftiaõ  nomeando-o  Dezembarga- 
dor  dos  Aggravos,  de  que  tomou  poííe  a  30.  de 
Setembro  de  1577.  em  cujo  minifterio  fempre 
teve  por  direâora  das  fuás  acçoens  a  equi- 
dade nunca  contraftada  pelos  impulfos  do 
refpeito,  ou  do  intereíTe.   O  mefmo  Monarcha 


LUSITANA. 


117 


(|ucrcncio  novamente  illuftrar  a  Univerfídade 
com  a  iloutrina  de  taò  grande  Varaô  o  nomeou 
cm  22.  de  Dezembro  de  1577.  Lente  de  Prima 
(ic/cmpenhando  as  obrigaçoens  de  lugar  taõ 
honorifico  com  igual  credito  da  fua  Peííoa,  e 
admiração  de  todos  os  Académicos  expondo 
o  difficultofo  Titulo  ff.  de  í^gatis  2.  e  o  con- 
tinuou com  fubtilirTimas  interpretaçoens  até 
A  L.  fi  quis  Titio  17.  Attenuado  com  a  conti- 
nua applicaçaõ  dos  eíludos  fe  fentio  taõ  falto 
de  forças,  como  chcyo  de  molcftias,  por 
cujas  caufas  foy  obrigado  deixar  a  Univerfí- 
dade, que  excerfivamente  fentio  a  fua  auzencia, 
c  a  rcOituirfe  a  I  Jsboa,  onde  continuando  no 
miniílcrio  de  Dezembargador  determinou 
publicar  as  fuás  obras,  que  lhe  tinhaõ  cuílado 
tantas  vigílias,  das  quaes  fahio  no  anno  de 
1588.  quando  tinha  62.  annos  de  idade,  o 
primeiro  tomo  das  Decifoens,  que  foy  recebido 
com  geral  applaufo  dos  eruditos.  Ao  tempo 
cjuc  cílava  preparando  o  fegundo  Tom.  de 
Decifoens,  c  o  terceiro  das  Partilhas,  a  morte 
envejofa  da  gloriofa  fama  do  feu  nome  lhe 
interrompe©  o  defignio,  que  para  utilidade  da 
Republica  litteraria  meditava,  privando-o  da 
vida  em  17.  de  Abril  de  1593.  com  67.  annos 
de  idade.  Teve  de  fua  mulher  D.  Brites  ao 
Doutor  Francifco  Valafco  de  Gouvea  Lente 
de  Vcfpera  na  faculdade  de  Cânones  em  a 
Univerfídade  de  Coimbra,  digno  filho  de  tal 
Pay,  e  huma  filha  chamada  Leonor,  que  foy 
cazada.  No  Clauílro  do  Convento  de  S. 
Domingos  de  Lisboa  em  o  lanço  da  parte 
que  tem  porta  para  a  Igreja,  e  Sancriítía,  entre 
a  cafa  da  Aula,  e  a  porta,  que  vay  para  a 
efcada,  que  fobe  para  os  Dormitórios,  eftá 
huma  Capellinha  com  grades  de  ferro  fe- 
chada, em  fima  da  qual  pela  parte  de  fora  fe 
lé  em  huma  pedra  branca,  que  a  toma  toda 
ao  comprido  à  maneira  de  fimalha,  huma 
infcripçaõ  de  letras  Romanas,  que  diz  aflim. 
EJla  Capella  de  N.  Senhora  da  Humil- 
dade he  do  Doutor  Álvaro  Va^  Lente  de 
Prima  de  Lejs  na  Univerfidade  de  Coimbra, 
Desembargador  dos  Agff-avos  da  Cafa  da 
Suplicação,  a  qual  depois  de  fua  morte  man- 
dou fav^er  fua  mulher  D.  Brites  para  ambos, 
e  feus  herdeiros,  inflituhio  nella  o  vinculo 
do  morgado  com  obrigação  de  três  Miffas 
cada    Semana.      FalleceraÕ    a     17.     de    Abril 


de  595.  e  a  ly  de  junho  de  610.  feu  filho  o  Doutor 
Francifco  Valafco  de  Gouvea  Lente  jubilado  de 
Cânones  na  mefma  Univerfidade,  e  Desembarga- 
dor da  Cafa  da  Suplicação,  Arcediago  de  Cerveira 
na  Si  de  Bragfl  a  dotou  mais  com  duas  Miffas  quoti- 
dianas buma  dita  pelos  Padres  defie  Convento 
com  hum  Officio  de  defuntos  de  que  fe^  com  eller 
contrato;  outra  por  hum  CapellaÕ  Clérigo  Secular. 
Falleceo.  Neíla  ultima  palavra  acaba  a  dita. 
infcripçaõ,  donde  fe  infere  que  ainda  vivia  o 
mefmo  Doutor  Francifco  Valafco  de  Gouvea 
quando  naquelle  lugar  fe  poz  eíla  pedia. 
Compoz. 

Confultationum,  ac  rerum  jiuUcatarum  in 
Regno  Luftania  Tom.  i.  Ulyffip.  apud 
Emmanuelem  de  Lyra  1588.  foi.  &  ibi 
apud    Antonium    Alvares    1593.    foi.   Spirac 

1597.   4. 

Decifionum  Tom.  2.  UlyíTipone  apud  Geor- 
gium  Rodrigues  1601.  foi.  Sahio  cftc  tomo 
por  deligencia  de  feu  filho  o  Doutor  Fran- 
cifco Valafco  de  Gouvea,  no  qual  eftá  imprcflb 
o  retrato  do  Author  animado  com  eílcs  verfos. 
Subtrahet    hac    mor  ti  famam   piâura:    vetuflas 

Non  oberit,  primas  nam  tibi  jura  dabunt. 
Jure  tibi  cedent  infignes  jure,  fed  unum, 

Qui  tibi  fit  fimilis,  vix  habet  orbis  adhuc. 

Eftes  dous  tomos  de  Decifoens  fahiraã 
Francof.  in  Collegio  Mufar.  Palthen.  1608. 
foi.  outra  vez  ibi.  1636.  foi.  Venetiis  apud 
Bernardum  Junékm,  &  focios.  1599.  foi. 
Antuerp.  apud  Joannem  Keerbegium  1621. 
4.  &  Conimbricas  apud  Emmanuelem  Ro- 
driguez  de  Almeyda  1686.  foi.  &  apud  Lu- 
dovicum  Seco  Ferreira  1730.  foi. 

Praxis  Partitionum  et  collationum  inter 
haredes  fecundum  jus  Kegium  Lufitania^  (& 
juxta  jus  commune  admodtim  neceffaria,  et 
utilis  tam  fcholaflicis ,  quam  in  foro  verfan- 
tibus.  Conimbricas  apud  Didacum  Gomes 
Loureiro  1605.  foi.  Francof.  in  Colleg. 
Palthenio  1607.  foi,  Venetiis  apud  Junâam 
1609.  foi.  Antuerp.  apud  Keerbegium  161 2. 
4.  &  Conimbricae  apud  Ludovicum  Sec.  Fer- 
reira 1730.  foi.  jimtamente  com  as  Confulías. 

Quaflionum  júris  Emphyfeutici  liber  Primus, 
five  Prima  Pars.  UlyíTipone  apud  Bal- 
thafarem  Ribeiro  1591.  foi.  et  ibi.  apud 
Petrum  Crasbeeck  161 1.  foi.  Francof.  in, 
Colleg.  Palthen.  1599.  foi.  et  ibi.  ad  Mxnum 


ii8 


BIBLIOTHE CA 


1618.  8.  Cremonas  apud  Baptiftam  Pellizarium 
1591.  foi.  et  Conimbricas  apud  Emman.  Ro- 
drig.  de  Almeyda  1628.  foi. 

Todas  eílas  obras  fahiraõ  em  três  tomos 
Francof.  apud  Wolfangum  Encleterium.  1650. 
foi.  Conimbric2e  apud  Emmian.  Rodericum 
de  Almeyda  1684.  &  ibi.  apud  Ludovicum 
Ferreira  Seco  1730.  et  1731.  em  2.  Tomos 
fem  o  Tratado  de  Emphyíeuji;  ultimamente 
Coloniae  Allogrobum  fumptibus  Marci  Mi- 
chaelis  Boufquet  1735.  foi.  4.  Tom. 

Outras  muitas  obras  dignas  de  fe  impri- 
mirem compoz  Álvaro  Vaz  no  tempo,  que 
occupou  as  Cadeiras  da  Univerfidade,  as 
quaes  fe  confervaõ  com  grande  eftimaçaõ 
em  poder  dos  profeíTores  da  Jurifprudencia, 
fendo  as  principaes. 

Commentaria  ad  Tit.  Cod.  de  inoffictos. 
Donation.  Ad  Tit.  Cod.  de  Jure  Hmphiteut. 
A.d  Tit.  Cod.  de  Edendo.  Ad  Tit.  Cod.  de 
Jure  Fifci.  Ad  Tit.  Cod.  de  Liher.  prater 
in  Authent.  ex  cauja.  Ad  Tit.  Cod.  de  Pac- 
tis.  Ad  Tit.  Cod.  Jiquis  aliquem  tejiari  pro- 
hihuerit,  vel  coegerit.  Ad  Tit.  Cod.  ad  S. 
C.  Tertullian.  in  Authentic.  defunã.  Ad 
Tit.  Cod.  de  crimine  agi  opporteat  in  Au- 
thent. qua  in  Provinc.  Ad  Tit.  Cod.  de  con- 
veniend.  Fifci  debitorib.  lih.  10.  Ad  Text. 
in  L.  quoties  98.  e^  ad  Text.  in  L,.  Qui  in 
jus.  177.  jf.  de  re  judicat.  Ad  Tit.  jf.  de  Le~ 
gat.  z.  à  principio  usque  ad  Text.  in  L.  Jiquis 
Tit.    17.   Ad  Text.   in  T,.    z^.  ff.   eodem   Tit. 

Entre  muitas,  e  doutas  Allegaçoens  de 
Direito,  que  fez  quando  exercitava  o  officio 
de  Patrono  de  Caufas,  he  celebre  a  que  compoz 
em  Caílelhano  fobre  a  fucceílaõ  da  Cafa  de 
Aveiro  com  elle  titulo. 

Por  la  ExcelentiJJima  Senora  D.  Juliana 
de  AlencaJlro  Duquesa  de  Avero.  foi.  Naõ  tem 
anno,  nem  lugar  da  ImpreíTaõ,  e  coníla  de  8. 
foi.  como  vimos.  Defta  allegaçaõ  faz  memoria 
o  Doutor  Francifco  Valafco  de  Gouvea 
filho  do  Author  na  que  imprimio  em  Lisboa 
no  anno  de  1637.  a  favor  do  Duque  de  Torres 
novas  D.  Ray  mundo  contra  o  Marquez 
de  Porto  feguro,  feu  Tio  fobre  a  fucceílaõ 
do  Effcado,  e  Cafa  de  Aveiro. 

Compoz  também  doutiíTimas  notas  à  Orde- 
nação do  Reyno,  das  quaes  fe  lembra  o  Addici- 
onador  de  Reynofo  obfervat.  28.  ad  num.  7. 


A  memoria  defte  infigne  Jurifconfulto 
illuftráraõ  com  vários  elogios  diverfos  Autho- 
res,  como  faõ  Gama  T>eciJ.  2.  n.  6.  DeciJ.  8. 
n.  2.  &  4.  DeciJ.  75,  n.  3.  DeciJ.  222.  n.  4, 
chamando-lhe  doãijfimus,  <ò'  JuriJconJultiJfimus. 
Cabed.  i.  Parte  DeciJ.  14.  num.  8.  &  2.  Part.  in 
Prolog,  doãijfimus.  Pheb.  Tom.  i.  DeciJ.  i. 
n.  8.  infignem  praceptorem ,  (&  DeciJ.  3.  n.  i, 
doãijfimum,  e  Dec.  99.  n.  7.  Tom.  2.  DeciJ.  108. 
n.  13.  doãijfimum,  <&  DeciJ.  113.  n.  15.  e  DeciJ. 
161.  n.  I.  &  DeciJ.  170.  n.  33.  Mend.  à  Caftro 
ad  Tit.  Cod.  de  bonis  que  liber.  2.  Parte  n.  106, 
Sapientijfimus,  <&  eximius  Eujitanus.  Thom. 
Vaz  Allegat.  17.  n,  4.  Tam  in  júris  Theorica, 
quàm  Pratica  prajlantijjimus ,  (Ò"  inter  nojlros 
E.ujitanosjumma  authoritatis  vir.  Mello  de  Induciis 
Quíeft.  33.  n.  3.  Injignis  Jurijconjultus.  Bened. 
^gidius  in  L.  ex  hoc  jure  4.  Part.  i.  cap.  14. 
n.  17.  íf.  de  juílit.  &  jure;  Gundifalv.  Mend. 
de  Vafconc.  Div.  Jur.  Argum.  Vir  eruditio- 
ne  clarus  (&  fenatoria  dignitate  conjpicuus. 
Gab.  Pereir.  de  Caftr.  DeciJ.  55.  n.  15.  & 
Dec.  83.  n.  5.  doãijfimus  (ò'  DeciJ.  65.  n.  4. 
JuriJconJultiJJimus .  Pinei.  Seleã.  Jur.  In- 
ter p.  lib.  I.  cap.  3.  )  n.  23.  Injignis  regius 
Jenator,  (&  Júris  Civilis  ac  eximius  prima- 
rius  projeffor,  &  lib.  i.  cap.  5.  n.  20.  & 
22.  injignis  L,ujitanus  &  ibi  n.  47.  prudentijjimus 
&  cap.  8.n.  \.  Jurijconjultus cordatijfimus.  Carva- 
lho in  cap.  Kaynaldus  2.  part.  n.  380.  diligentij- 
Jimus  Franc.  Maria  Prat.  in  addition.  ad  Pafchal. 
de  virib.  Pátria  Potejlat.  Part.  4.  cap.  6.  Injignis 
Jurijconjultus.  Maced.  in  Eujit.  Liber.  lib.  i. 
cap.  9.  n.  22.  e  29.  doãiffimus  vir,  e  nas  Flor.  de 
EJpan.  cap.  8.  Exceli.  11.  D.  Nicol.  Ant. 
in  Bib.  Hijp.  tom.  i.  pag.  49.  col.  i.  injignia 
Jui  monumenta  reliquit  pojleris.  Manoel  Se- 
ver, de  Far.  Notic.  de  Portug.  Difc.  5.  §. 
3.  Manoel  Rod.  Leyt.  Trat.  Analyt.  pag. 
7.  Not.  24.  Fonfec.  Évora  GlorioJ.  pag. 
409.  celeberrimo  Jurijconjulto.  Garcia  de 
ExpenJ.  cap.  i.  n.  9.  pag.  6.  Varia  erudi- 
tione,  (Ò"  non  vulgari  eloquentia  praditus. 
Manoel  de  Faria,  e  Souf.  no  Cathal.  dos 
Author.  Portugueses,  cujo  Original  tivemos 
em  noíTo  poder,  e  fe  naõ  imprimio,  lhe  cha- 
ma injigne  Jurijia.  Francifco  Caldas  Perei- 
ra Oper.  Emphyteut.  Part.  2.  Quseft.  i.  Kem 
quidem  Emphyteuticam  nojiro  ScbcuIo  prcsj- 
tantis,     €>*     excellentis     ingenij     Jurijconjultus 


1 


L  USITANA. 


119 


.ravijjimtis  Alvarus  Vala/cus  vir  toffttM  addito 
uno  elegantifimo  Jttris  lin/pf)yteutici  libro  {ubi 
renova t tom s  7  ratlatum  poUicetur )  feliciter,  ac 
dextro  omine  aiifpicatus  eji.  Qmd  quidem  omnium 
qmtquot  haílenus  fcripferimt  Jeliciits  praflitiffet, 
nlfi  Nemefis  Jludiofis  omnihus  infefta  Vniverfa 
Keiptihlica  litteraria,  ipfique  jurifprudentia  uti- 
litdtem  invidijfet.  Cum  tnim  ad  rtnovati- 
nnis  traílatiim  fe  fe  vtliit  Stemuus  miles 
.iccinft^ereí ,  adverifa  corporis  vale  tudo,  e^ 
myntentis  indies  aii^itudinis  molejlia  ex  affi- 
dítis  jlndiorum  vi^iliis  contraâa  ad  reliquorntu 
lihrorum  edi/ionem,  ad  commune  publica  uti- 
litíitis  commodum  fejlinantem  quafi  de  médio 
infiituti  fui  curfu  interpellarunt.  Quam  obrem 
cum  prima  veluti  fatura  librum  quinqua- 
s^nfa,  €>*  amplins  quajliones  continentem  fummo 
./////  Jludioforum  applaufu  edidiffet,  robuj- 
íioresque  adhuc  partes  fuper  ejfent,  tum  iniqua 
adverfi  fati  acerbitas  ampUjfimam  illam  Jpem 
cofftationum,  <Ò^  Confiliorum  fuorum,  tum  graves 
eorum  temporum  cajus  doâijftmi  hominis  fidem,  c^ 
íponjionem  fefellerunt.  Accejftt  etiam  repetitus 
ftudiorum  labor,  redditufque  in  Academiam,  qui 
pojl  intermijfa,  ac  refrigerata  diuturna  quiete, 
&  otio  ftudia,  e^  urbana  militia  gloriojam 
advocationem  Jumma  cum  laude  perfunâam 
defejfi  corporis  vires  penitus  exhauferunt, 
ac  labefa£iarunt.  Non  inficiabor  tamen  opus  illud 
de  Jure  Emphyteutico  à  doãijftmo  Valafco  elabo- 
ra tum  nec  omninò  abfolutum  maiorem  fortajje  apud 
viros  doãos  admirationem ,  gloriamque  habiturum: 
illud  enim  perquam  rarum,  ac  memoria  dignum 
ejl,  etiam  Jupre ma  opera  eximiorum  artificum  im- 
perfeãasque  tabulas,  Jicut  Irin  Aryftidis, 
Tyndaridas  Nicomachi,  <&  Venerem  Apel- 
lis  in  majori  pretio,  <&  admiratione  fúiffe, 
quam  perfeãa  &c.  Jeronymo  Cardofo  in- 
figne  ProfeíTor  de  letras  humanas  feu  con- 
temporâneo, na  Dedicatória  das  fuás  Elegias 
que  lhe  confagrou  ao  feu  nome,  lhe  diz  ele- 
gantemente entre  outros  elogios.  Ex  erti- 
ditis  quibufdam  adolejcentibus  intelhxi,  qui 
Te  olim  Conimbrica  magna  cum  celebritate, 
€b*  omnium  admiratione  Jus  Civile  perlegen- 
tem  audierunt.  Te  magnopere  humanioribus 
litteris  deleãari,  quibus  fie  imbutus  es,  ut 
inter  latinos  Ciceronem  quempiam,  inter 
Jurifconjultos  Scavolam  alterum  Te  omnes 
mérito     arbitrentur;     neque     enim     ad     utriuf- 


qm  Júris  faftiffum  evolare  tam  faciU  poffet,  nifi 
prius,  ey  latinis,  €>  gracis  litteris  Te  ipfum  exco- 
lerts,  v£y  expolires.  Unde  fit,  ut  tam  mmc  fórum 
reffum,  regiufqm  Senatus  tuam  in  caufis  agendis 
facundiam,  foleríiamque  obftupefcant,  quam  olim 
Conimbricenfis  Academia  Te  Júris  nodos,  e^ 
legum  anigmata  dijfolventem  ( ut  cum  Saíyrico 
loqtuir)  admirata  fit.  O  mermo  Cardofo  ia 
lih.  2.  EJegiar.  Hleg.  i.  o  louva  com  eíbs 
elegantininias  cxprcíTocns  poéticas. 
O'  Confultorum  Júris  clarijftme,   cujus 

Enitet  in  totó  lingua  diferta  foro. 
Qui   doãos   inter   doCtiJftmus   unus   haberis 

Optimus,     atque     inter     crederis     ejje     bonos. 
At   cum  patronos  poft   terga   reliqueris   omnes. 

Et  fit  regali  par  tibi  nemo  foro. 
Muneribus  tibi  plena  domus.    Te  confulit  omnis 

Turba,   Senator,    Eques,   advena,   civis,   inops. 
Kefponfis    efi  fumma  fides;  foliumque   putatur 

Cumana    Vatis   quidquid  ab   ore  jluit. 
Quicumque    ergo    fua    cupiet    cognofcere    caufa 

Eventum,      &      certum      difcere      confilium. 
Te  petat,  atq  adeat.    Te  confulat,  atq  fequatur 

Inveniet  fi  quid  certius  ejfe  nihil. 
Non  dolus  hic  ullus,   non  fraus  innexa  clienti, 

Sed  probitas,    verum,    candor,    dr   alba  fides. 

B.  AMADEO,  chamado  no  feculo  Joaõ  de 
Menezes  da  Sylva  illuftrou  com  o  efplendor  do 
feu  fangue,  e  os  rayos  da  fua  virtude  a  Cidade 
de  Ceuta  famofa  Colónia  dos  Portuguezes  em 
Africa  no  anno  de  143 1.  Foy  quinto  filho  de 
Ruy  Gomez  da  Sylva  Alcayde  mòr  de  Campo 
Mayor,  e  de  D.  Ifabel  de  Menezes  filha  de 
Dom  Pedro  de  Menezes  Conde  de  Viana  pri- 
meiro Capitão  General  de  Ceuta,  e  Alferes  mòr 
de  Portugal:  Irmaõ  de  D.  Diogo  da  Sylva  de 
Menezes  primeiro  Conde  de  Portalegre  Ayo 
delRey  D.  Manoel,  e  Mordomo  mór  da  Cafa 
Real,  e  da  Venerável  D.  Beatriz  da  Sylva,  que 
de  Dama  da  Raynha  D.  Izabel  de  Caftella  foy 
fundadora  da  Ordem  da  PuriíTima  Conceição. 
Inílruido  com  aquellas  artes  dignas  do  feu 
nacimento  frequentou  na  adolefcencia  o  Palá- 
cio delRey  D.  Dxiarte,  onde  (como  efcrevem 
alguns  Authores )  arrebatado  cegamente  da 
rara  fermofura  da  Infanta  D.  Leonor  filha  da- 
quelle  Monarcha,  lhe  dedicou  o  coração  fem 
violar  o  decoro,  que  era  devido  à  fua  fobera- 
nia,   porém  conhecendo,  que  era  impofllvel 


I20 


BIB  LIO  THE  CA 


o  intento,  a  que  afpirava,  occultou  taõ  vio- 
lenta paixaõ  debaixo  da  fymbolica  figura  de 
hum  Altar  com  a  letra  Ignoto  Deo  gravada 
«m  huma  medalha  moftrando  enfaticamente, 
que    fe    naõ    podia    declarar    a    Divindade, 
■que  o  feu  amor  idolatrava.    Porém  vendo, 
que  fe  auzentava  a  Princefa  para  fe  defpozar 
com  o  Emperador  Federico  III.  penetrado  de 
luz  fuperior  começou  a  deteftar  a  cega  incli- 
nação   dos   feus    affeâos,    e    melhorando    de 
objeéto  os  oíFereceo  por  ardente  holocaufto  a 
Deos.    Para  argumento  infallivel  defta  heróica 
refoluçaõ  mudou  o  nome  de  Joaõ  pelo  de 
Amadeo,  e  deixando  a  pátria,  parentes,  e  o 
inundo  veílido  em  hum  tofco   Sayal  partio 
para  Caílella,  e  no  Convento  de  N.  Senhora 
<le  Guadalupe   da   Religião  de  S.  Jeronymo 
■exercitava  taõ  afperas  penitencias,  que  caufa- 
vaõ  efpanto  aos  habitadores  de  taõ  auílera  Cafa, 
as  quaes  continuou  com  igual  rigor  no  Con- 
vento  de  Cremona  da  mefma  Ordem  pelo 
-efpaço  de  dez  annos,  atè  que  apparecendolhe  a 
Raynha    dos    Anjos    acompanhada    daquelles 
•dous  Serafins  humanos  S.  Francifco,  e  Santo 
António  lhe  ordenarão,  que  deixada  a  vida 
Eremitica,  que  exercitava,  partiíle  logo  a  Afliz 
para  fe  aliftar  na  Ordem  dos  Menores.   Obede- 
ceo  promptamente  a  eíle  preceito,  e  depois 
de  experimentar  varias  repulfas,  em  que  deo 
claros  argumentos  da  fua  grande  fantidade,  foy 
admitido  a  o  humilde  eftado  de  Leygo  pelo 
Geral  Fr.  Jacobo  de  Moçanica  no  anno  de 
1454.    Depois  de  profeíTar  o  inftituto  Será- 
fico começou  com  tal  exceíTo  a  dilatar-fe  naõ 
fomente  por  Affiz,  mas  pellas  terras  circum- 
vezinhas  a  prodigiofa  efficacia  da  fua  virtude, 
que  concorria  innumeravel  multidão  de  enfer- 
mos a  bufcar  na  fua  protecção  o  único  remédio. 
Como  era  fummamente  amante  da  humildade, 
para  fugir  do  aplaufo  popular,  que  lhe  reful- 
tava  das  fuás  prodigiofas  acçoens,  pedio  com 
grande  inftancia  aos  Prelados,  que  o  mandaíTem 
para  outro  Convento,  e  partindo  para  o  de 
Milaõ,  foy  venerado  pelos  Duques   daquel- 
le  Eílado  Francifco  Esforcia,   e  D.   Branca 
por  Oráculo  da  virtude,  padecendo  mais  nas 
honras,    que   delles    recebia,    que   nas    duras 
penitencias,    com   que   fe   macerava.     A'effi- 
cacia  das  fuás  fupplicas  deverão  efles  Prínci- 
pes a  fucceílaõ,  que  taõ  anciofamente  deze- 


I 


javaõ,  e  patrocinando  com  o  Pontífice  a  Sa- 
grada empreza,  que  intentou  de  reduzir  os 
Religiofos  Clauílraes  à  primitiva  Obfervancia, 
e  fevera  difciplina  da  regra  de  feu  Seráfico 
Patriarcha.   Para  dar  feliz  principio  a  huma  taõ 
grande  obra  fe  ordenou  de  Sacerdote  por  pre- 
ceito dos  Prelados  fendo  o  Convento  da  Paz 
fundado  em  Milaõ  o  primeiro,  que  teve  a 
Obfervantiflima  Congregação   dos  Amadeos, 
a  qual  brevemente  fe  vio  dilatada  em  28.  Cafas 
por    toda    Lombardia,    onde    fe    recolherão 
grande  numero  de  Clauílraes,  e  feculares  para 
reformarem  a  relaxação  das  fuás  vidas.    Deíla 
Congregação  delineada  pelo  feu  efpirito  alcan- 
çou confirmação  de  Paulo  II.  no  anno  de  1469. 
a  qual  ainda,  que  conílrangido  governou  todo 
o  tempo,  que  viveo.    Mandado  a  Roma  pela 
Duqueza  de  Milaõ  a  tratar  hum  negocio  grave 
recebeo  taes  eftimaçoens  de  Xifto  IV.  que  naõ 
fomente  o  elegeo  por  feu  ConfeíTor,  e  Confe- 
Iheiro  em  as  matérias  mais  importantes  à  utili- 
dade da  Igreja,  mas  lhe  aíTinou  por  domicilio 
a  Igreja  de  S.  Pedro  do  Montorio  fanítificada 
com  o  fangue  defte  grande  Apoílolo,  onde  com 
os  largos,  e  generofos  donativos  delRey  de 
França  Luiz  XI.  e  dos  Reys  Catholicos  Fer- 
nando, e  Izabel  fundou  hum  Mofteiro  habitado 
hoje  por  Varoens  infignes,  fieis  imitadores  da 
virtude  do  feu  Reformador.    Aufentãdo-fe  de 
Roma  depois  de  lhe  conceder  o  Pontífice  com 
profufa   liberalidade    ampliíTimos    privilégios 
para  a  fua  Congregação,  fe  fentio  mortalmente 
enfermo,  e  fendo  levado  ao  Convento  da  Paz 
depois  de  recebidos  os  Sacramentos,  e  exhorta- 
dos  os  feus  Religiofos  à  perfeverança,  e  uniaõ, 
poftos  os  olhos  no  Ceo  voou  o  feu  Efpirito 
para  nelle  fer  coroado,  em  10.  de  Agofto  de 
1482.  A  venerar  o  feu  Santo  cadáver  concorre© 
a  populofa  Cidade  de  Milaõ  recebendo  muitos 
dos  feus  moradores  fomente  com  o  contafto 
dos   veílidos   faude   em  enfermidades  muito 
rebeldes.  Foy  fepultado  no  meyo  do  pavimento 
da  Capella  mór  do  Convento  da  Paz,  onde  fe 
venera  a  fua  imagem  de  pedra  coroada  de  ref- 
plendor.    Outra  femelhante  a  eíla  fe  vé  pin- 
tada na  Igreja  de  S.  Pedro  de  Montorio.   Com  o 
titulo  de  Beato  o  intitulaõ  Artur  in  Martyrol. 
Franc.    p.    359.    Gonzag.    de    Origin.    Ordin. 
Seraph.  in  Cathal.  Beat.  Ordin.  pag.  92.   Sa- 
lazar Chron.  de  la  Prov.  de  Cajiil.  liv.  8.  cap.  i. 


L  USITAN A. 


121 


Torres  Chron.  Straf.  Tom.  7.  liv.  2.  cap.  18. 
et  feqq.  Fr.  Fernando  da  Soled.  Hifl.  Straf.  da 
Prov.  de  Portug.  Part.  5.  liv.  4.  cap.  6.  c  na 
íegunda  ediçaõ  Part.  5.  liv.  16.  cap.  6.  n.  996. 
Duarte  Nun.  de  I^eaõ  Defcripc.  de  Portiig. 
cap.  44.  Vafconcel.  in  Defcript.  Keffti  Portugal. 
pag.  525.  n.  II.  Fonfec.  Évora  glorio/,  pag.  236. 
A  fua  vida  mais  difíuíamente  efcreveraõ  D. 
Jeronymo  Mafcarenhas  Bifpo  de  Segóvia, 
Fr.  Horácio  Sala,  Fr.  Marcos  de  Lisboa 
Chron.  da  Ord.  Seraf.  Part.  3.  liv.  6.  cap.  4. 
Torres  Conjolac.  aios  devot.  dei  Myjlerio  dela  Con- 
cep.  liv.  I.  cap.  5.  Wading.  Annal.  Ord. 
Min.  Tom.  6.  et  7.  ad  ann.  1464.  1467. 
1468.  1472.  1482.  et  in  Script.  Ord.  Min. 
p.  15.  Petr.  Rodulph.  ToíTiniancns.  Hijlor. 
Seraph.  Keligion.  lib.  2.  pag.  ij6.  entre  os 
Varoens  infignes  em  Santidade  o  traz  retra- 
tado tendo  debaixo  do  braço  direito  hum 
l^ivro  fechado,  c  em  hum  lado  delle  efcri- 
tas  eftas  palavras  Aperietur  in  tempore  allu- 
dindo  ao  das  fuás  Revelaçoens,  na  parte  in- 
ferior do  Retrato  efte  dyílicho. 
Multa  revê  lar i  hic  meruit  fihi,  quo  duce  muitos 

Francifci  accendit  Keligionis  amor. 
Manriq.  Annal  Cijlerc.  ad  ann.  11 5 8.  cap.  5. 
§.  8.  Luiz  Salaz,  e  Caftr.  Hijl.  Geneal.  dela  Cafa 
de  Sylv.  Part.  2.  liv.  6.  cap.  4.  Aubert.  Mireo 
ad  ann.  1460.  Fr.  Ant.  à  Purif.  Chronol.  Monajl. 
pag.  81.  Marrac.  in  Bibliothec.  Marian.  Part.  i. 
pag.  59.  Kegio  fanguine  clarus,  fed  vita  aujleritate, 
ac  Jummis  virtutibus  clarijftmus.  Michoviens.  in 
Utan.  LMuret.  Difc.  58.  §.  7.  Vir  fuit  Sanãita- 
te,  miraculis,  et  prophetia  illujlris.  Joan.  Soar. 
de  Brito  in  Theatr.  iMJit.  L.itter.  let.  A.  n.  25. 
Vir  fuit  in  Aula  urbanitate  celeberrimus,  e>:tra 
vero  illuftrifftma  virtutis,  et  miris  à  Deo  reve- 
lationibus  illuminatus.  Nicol.  Ant.  in  'Rib. 
Hifp.  Vet.  lib.  10.  cap.  13.  n.  725.  Sanãi- 
tate  vir  clariffwms,  et  L.ujitania  magnus 
honos.  D.  Jeronymo  Mafcarenhas  remata 
a  fua  vida  com  eftas  elegantes  palavras. 
Por  todo  es  fin  duda  uno  delos  maravillofos 
Heroes  dela  Iglefia,  honra  de  Su  Keligion, 
credito  de  EfpaHa,  gloria  de  Portugal,  único 
refplendor  dela  iluflrijfima  familia  delos  Sylvas, 
j  de  fn  infigne  pátria  Ceuta. 

Compoz  hum  livro  de  Vaticinios  acerca 
do  eftado  futuro  da  Igreja,  que  lhe  foraõ  por 
Deos  revelados,  cujo  titulo  era. 


ftfus  Maria  filius  Salvator  hominum  Apo- 
calypfis  nova  fenfum  habens  apertum,  (ò'  ea,  qua 
in  antiqua  Apocalypfi  erant  iníus,  hic  ponuntur 
foris.  Hoc  eft,  qua  erant  abfcondita,  funt  bíc 
aperta,  Ó*  manifeflata. 

Contra  eíla  obra  adulterada  com  dívetfos 
erros  compoz  o  EminentiíTimo  Cardial  Bellar- 
mino  cincoenta,  e  fete  Cenfuras,  as  quaes  con- 
fervava  M.  S.  na  fua  Bibliotheca  Fr.  Jacinto 
Libello  Arcebifpo  de  Avinhaõ,  que  fora  Meftre 
do  Sacro  Palácio,  e  as  comunicou  a  D.  Júlio 
Bartolocci,  das  quaes  faz  larga  mençaõ  na  fua 
Bibliotheca  Kabinic.  Tom.  i.  pag.  241.  e  aíTmi 
deve  fer  lida  com  grande  cautela,  como  pruden- 
temente advirtiraõ  os  mais  inílgnes  ChrooiAas 
da  Ordem  Seráfica,  devendo  fer  julgada  naõ 
como  producçaõ  do  illurrúnado  cfpirito  do  B. 
Amadeo,  mas  aborto  de  alguma  fantazia  fe- 
cunda de  ficçoens,  como  efcreveraõ  G)melio 
Alapide  in  Apocalipf.  cap.  i.  pag.  19.  editionis 
Antuerpienfis  dizendo  de  cujus  Sanãitate,  cb* 
revelationibus  multa  habent  Chronica  Ordinis  Sanai 
Francifci  Part.  3.  lib.  6.  cap.  30.  ubi  tamen  addunt, 
monent  que  extare  puras,  fed  iis  varia  à  variis  ejfe 
addita.    Ego  eas  Koma  diligenter  quafivi,  inveni, 
perlegi,  itaque  ejje  comperi.    Theofilo  Raynaud. 
in  Joan.  Ejvangel.  Seft.  2.  Punft.  2.  Dolendum  efl 
fluenta  Spiritits  quibus  B.  Amadai  hortus  rigatus 
efl  pura  ad  nos  non  manajfe.    Donde  claramente 
fe  colhe  o  indifcreto  arrojo,  com  que  o  Cardial 
Caetano  in  D.  Thom.  i.  2.  quxft.  174.  art.  6. 
ad  3.  e  Bzovio  in  Annalibus  ad  ann.   1471. 
quizeraõ  manchar  a  opinião  do  B.  Amadeo 
affirmando    fer    fua    efta    obra    contaminada 
com  opinioens  erróneas,  e  falfos  vaticinios. 
Leaõ-fe    Briceno,    Part.    i.    Controu.    in    i. 
Sent.    Scot.    pag.    147.     Wadingo,    Alva,    e 
Samaniego,     que    com    doutiíTimas    Apolo- 
gias  defendem     a   fanítificada   fama   do   B. 
Amadeo,    e    convencem    evidentemente    aos 
dous    adverfarios    da   cega  precipitação    com 
que    cenfuráraõ    a    hum   Varaõ    celebre    em 
vida  pelas  virtudes,  e  depois  da  morte  com 
culto  immemorial  pelos  milagres.     O  origi- 
nal defta  obra  fe  conferva  na  Bibliotheca  do 
Real    Convento    do    Efcurial,    donde    extra- 
hio  huma  copia  D.  Pedro  de  Caftro  Arce- 
bifpo de  Granada,  e  Sevilha,  e  a  collocou 
na  Bibliotheca  do  facro  Monte  de  Granada. 
Outra  fe  guarda  na  Bib.  Vaticana  n.  567.  como 


122 


BIBLIO THE  C  A 


di2  -D.  Bernard.  Montfaucon  in  Bib.  Biblio- 
íhecar.  M.  S.  nova  Tom.  i.  pag.  27.  col.  1. 
com  eíle  titulo.  Amadai  Hifpani  Ord.  S.  Franc. 
Obfervantia  Propheiia.  Duas  copias  deíla  obra 
exiílem,  huma  no  Convento  de  N.  Senhora 
da  Salceda  de  Religiofos  Francifcanos,  e  outra 
no  Convento  Romano  dos  Agoílinhos  Defcal- 
ços.  Se  alguma  exiíle,  que  naõ  feja  adulterada, 
he  a  que  fe  conferva  em  Barcelona  no  Archivo 
do  Collegio  de  S.  Boaventura,  no  fim  da  qual 
eftá  hum  teílimunho  de  fer  a  legitima,  efcrito 
pela  própria  maõ  de  S.  Pedro  de  Alcântara  em 
21.  de  Fevereiro  de  1 545.  como  relata  Fr.  Joan. 
à  D.  António  in  Bib.  Francifc.  Tom.  i .  pag.  5  5 . 
Da  obra,  e  do  Author  faz  memoria  Jacob 
Lelong.  in  Bib.  Sacra  pag.  607.  col.  i .  Thomaf- 
fin.  in  Bib.  Patavin.  pag.  106.  e  PoíTevin.  in 
Apparat.  Sacr.  Tom.  1.  pag.  49. 

Conjlituiçoens  approvadas  pela  Seé  Apof- 
tolica  pellas  quaes  fe  governava  a  Congregação 
dos  Amadeos  antes  de  dar  obediência  ao  Geral 
dos    Obfervantes. 

Homilia  de  B.  V.  Maria,  eíla  obra,  que 
allega  Pedro  Caniíio  no  feu  Mar  ia  l,  e  Joaõ 
Benediâo  na  fua  Summa  como  producçaõ  do 
B.  Amadeo,  naõ  he  fua,  mas  de  Amadeo  Lau- 
fanenfe  Bifpo,  e  Religiofo  da  Ordem  de 
Ciíler,  cujo  engano  feguio  Henrique  Willot  in 
Athen.  Franc.  levado  da  femelhança  dos 
nomes  quando  entre  hum,  e  outro  mediou 
o  dilatado  efpaço  de  trezentos  annos. 

Sonetos  Sagrados  Author  o  B.  Amadeo 
4.  Eíle  livro  fe  conferva  na  Bibliotheca  do  Col- 
legio de  Coimbra  da  Companhia  de  JESUS. 

Fr.  AMADOR  DE  SANTA  ANNA 
Religiofo  da  Ordem  dos  Menores  da 
Provinda  do  Apoílolo  Saõ  Thomé  da  ín- 
dia Oriental.  A  mayor  parte  da  vida  dedi- 
cou à  converfaõ  da  gentilidade  conduzindo 
ao  grémio  da  Igreja  innumeraveis  bárbaros, 
e  para  que  ainda  auzente  naõ  ceíTaíIe  de  taõ 
apoftolico  exercicio,  efcreveo  na  lingua  Ca- 
narina  para  inílrucçaõ  dos  já  convertidos 
affiílindo  em  Goa  no  anno  de  1607. 

Hijloria  da  vida  dos  Santos,  da  qual 
exiílem  muitos  exemplares  naquella  regiaõ 
donde  foy  mandado  hum  no  anno  de  161 2. 
a  Filippe  II.  de  Caílella,  que  o  mandou 
collocar    na    Bibliotheca    do    Efcurial    como 


affirma  Fr.  Joan.  à  D.  Anton.  in  Bib.  Franc, 
tom.  I.  pag.  57.  e  outro  fe  conferva  na  Biblio- 
thec.  Real  de  Pariz  n.  161 5.  como  diz  D.  Ber- 
nard. Montfaucon  in  Bib.  Bibliothecar.  M.  S. 
nova  tom.  2.  pag.  725.  Lembraõ-fe  do  Author 
Fr.  Paulo  da  Trindade  Chron.  da  Prov.  de  S. 
Thomé  liv.  i.  cap.  69.  e  Fr.  Jacint.  de  Deos 
Vergel  de  Plant.  e  Flor.  cap.  i,  pag,  9.  e  o 
moderno  Addicionador  da  Bib.  Orient.  de 
António  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  16.  col.  518. 

D.  Fr.  AMADOR  ARRAES  filho  de 
Simaõ  Arraes.  Naceo  na  Cidade  de  Beja  da 
Província  do  Alentejo,  e  naõ  em  Coimbra, 
como  feguindo  a  Marco  António  Alegre  de 
Cafanate  efcreveo  Hyppolyto  Marracio  in 
Bib.  Marian.  Part.  i.  pag.  61.  Para  fugir  dos 
enganos,  com  que  o  mundo  coíluna  lizongear  a 
adolefcencia  fe  recolheo  na  ReHgiaõ  Carmeli- 
tana  em  o  Convento  de  Lisboa  a  24.  de  Janeiro 
de  1545.  fendo  o  primeiro  que  profeíTou  efte 
fagrado  inílituto  no  CoUegio  de  Coimbra  a  5 1 . 
de  Janeiro  do  anno  feguinte.  Igual  foy  o  pro- 
greíTo  que  fez  nos  eíludos  da  Filofofia,  e  Theo- 
logia  como  o  applaufo  que  confeguio  quando 
as  diâou,  naõ  fomente  aos  feus  domeílicos, 
mas  aos  Cónegos  Regulares  de  Santo  Agofti- 
nho  de  Santa  Cruz  de  Coimbra,  que  naquelle 
tempo  convidava©  para  eíle  miniílerio  a  hum 
Varaõ  eminente  em  letras  fagradas,  e  profanas. 
Recebido  o  gráo  de  Doutor  pella  Univerfidade 
na  faculdade  da  Theologia  começou  a  efpalhar 
a  femente  do  Evangelho  com  tanto  fruto  dos 
ouvintes,  e  acclamaçaõ  dos  eruditos,  que  che- 
gando a  fama  da  fua  peífoa  à  Mageílade  delRey 
D.  Sebaíliaõ,  naõ  fomente  quiz  ouvillo,  mas 
em  final  do  quanto  lhe  agradou  o  nomeou  feu 
Pregador  recebendo  deíle  Príncipe  particulares 
eílimaçoens,  naõ  fendo  inferiores  as  que  lhe 
fez  o  Cardial  D.  Henrique,  pois  conhecendo 
a  fua  prudência  acompanhada  de  virtuozas 
acçoens  o  elegeo  quando  era  Arcebifpo  de 
Évora,  feu  Coadjutor,  cuja  eleição  foy  con- 
firmada por  Gregório  XIII.  (  e  naõ  S.  Pio  V. 
como  efcreve  Fr.  Manoel  de  Sá  nas  Mem. 
Hiji.  dos  Efcrit.  do  Carm.  pag.  12.  n.  13.) 
em  23.  de  Julho  de  1578.  com  o  Titula 
de  Bifpo  Adrumentino,  que  depois  fe 
mudou  no  de  Tripoli,  e  parecendo-lhe  fer 
eíle  lugar  pequeno  premio  ao  feu  merecimento 


L  USITANA. 


123 


o  fez  fcu  lífmolcr  mòr.  Promovido  da  Dio- 
ccfc  de  Portalegre  para  a  de  Placencia  D.  Andrc 
de  Nrironha,  o  nomeou  naquelle  Bifpado 
I'ilippc  II.  cm  50.  de  Outubro  de  1581.  em 
cujo  fagrado  miniftcrio  cnchco  as  obrigaçoens 
de  folicito  Paftor,  vifitando  pcíToalmente  a  fua 
Diocefc,  convocando  duas  vezes  Synodo  para 
reforma  dos  coílumes,  mo(lrando-fc  benigno 
Pay  para  os  bons,  fevero  Juiz  para  os  máos,  e 
profufo  difpenfeiro  para  os  pobres,  donzellas, 
viuvas,  c  cativos.  Refgatou  com  graves 
fomas  de  dinheiro  todos  os  foldados  da  fua 
Diocefe  que  tinhaõ  fido  cativos  na  infeliz 
batalha  de  Alcaçar.  Socorrco  ainda  com 
perigo  da  mcfma  vida  aos  inficionados  com  a 
pefte.  Ornou  a  Cathcdral  com  pavimento  de 
pedra  muito  polida,  c  lhe  fez  a  Capella  mòr 
com  toda  a  magnificência.  lilra  no  veftir 
taõ  parco,  c  modcfto,  c  taõ  moderada  a  familia, 
que  compunha  a  fua  cafa,  que  mais  parecia  de 
hum  auftero  religiofo,  que  de  hum  Príncipe 
Ixclefiaftico.  Lembrado  do  filencio,  e  quieta- 
ção da  fua  Cella  renunciou  o  Bifpado  no  anno 
de  1596.  e  fe  recolheo  ao  CoUegio  de  Coimbra 
bufcando  para  morrer  o  lugar  onde  tinha 
nacido  para  a  Religião,  o  qual  ampliou  com 
rendas,  e  edifícios.  Ultimamente  conhecendo 
fer  chegada  a  ultima  hora  precedendo  huma 
molefta  infermidade,  fe  preparou  com  os  Sacra- 
mentos partindo  para  a  eternidade  em  o  i.  de 
Agofto  de  1600.  Foy  fepultado  no  meyo  da 
Capella  mòr  do  Collegio  de  Coimbra  em  Sepul- 
tura   raza,    onde   eílá    gravado   efte   epitáfio. 

Sepultura  de  D.  Fr.  Amador  Arraes 
Bifpo  de  Portalegre  feitura  delRej  Dom 
Henrique,  feu  Efmoler  mor;  foy  o  primeiro 
Keli^ofo,  que  profeffou  nefie  Collegio.  Fa- 
leceo  no  \.  de  Agoflo  de  1600. 

Deíle  Prelado  efcrevem  Pedr.  de  Alva  y 
Aftorg.  in  Milit.  Concept.  Diogo  Gouvea 
de  Barrad.  Antiguid.  de  Beja.  liv.  3.  cap.  38 
Fr.  Dan.  à  V.  Mar.  Specul.  Carmel.  Part.  2 
Tom.  2.  pag.  5.  liv.  3.  pag.  968.  num 
3402.  e  pag.  908.  n.  3157.  Carvalh.  Corog 
Portug.  tom.  3.  liv.  2.  Trat.  8.  cap.  47.  p 
624.  Cunha  Catai,  dos  Bifp.  dos  Port.  Part 
2.  cap.  39.  pag.  337.  e  cap.  40.  pag.  344 
e  cap.  42.  pag.  364.  Card.  Affol.  l^fit 
Tom.  3.  pag.  248.  no  Commentario  de  5 
de      Mayo      chamando-lhe      Infigne      Prelado 


Nicol.  Ant.  hib.  Hifpan.  tom.  i.  pag.  49.  acte- 
centando-lhe  o  appeilído  de  Mendoça  que  naõ 
teve.  Manoel  de  Far.  e  SouT.  Europ.  Por/ug. 
tom.  j.  Part.  4.  cap.  6.  pag.  3J4.  e  no  Ca/a/, 
dos  Auíhor.  Portug^.  Original  que  tivemos  em 
noíío  poder,  o  intitula  Obifpo  de  Portakgfe 
eletio  por  fu  virtud.  António  Coelho  Gafco 
Antig.  de  Lisboa  Part.  i.  cap.  14.  Marrac.  in  Bib. 
Marían.  Part.  1.  pag.  61.  Doâriná,  €>•  pie- 
iate  eximius,  a/que  omni  virtutis  gmere 
cumprimis  fui  faculi  heroibus  comparandus. 
D.  Fr.  Thom.  de  Faria  Decad.  i.  lib.  9. 
cap.  9.  ha  vixit  ut  nullum  omnino  faftum 
apparenter  exhiberet,  fed  veluti  vir  monaflicus 
vitam  eremiticam,  ç£t  à  frtquenti  hominum 
confortio  feparatam  degeret:  affuetus  pauperum, 
e^  inopum  inedia  omnes  fere  redditus  in  eos 
conferebat,  tandem  longo  fenio  confefíus  ad 
fuam  regreditur  religionem  ubi  plenus  dierum  ex 
hac  vita  feliciter  decefftt.  Fonfec.  Fjvor.  Gloriof. 
pag.  314.  Eminente  em  letras,  e  virtudes.  Ma- 
rangoni  in  Ther^^aur.  Paroch.  Tom.  2.  lib.  3. 
cap.  1.  n.  66.  onde  o  faz  Capcllaõ  mòr  do 
Cardial  D.  Henrique,  fendo  Efmollcr  mòr. 
O  Padre  D.  Manoel  Caet.  de  Souf.  no  Catai. 
Hifl.  dos  Pontif.  Card.  e  Bifp.  Portug.  f>ag.  108. 
&  in  Expedit.  Hifpan.  S.  Jaeobi  tom.  2.  pag. 
1302.  Fr.  Manoel  de  Sá  Mem.  Hiflor.  dos 
Efcrit.  do  Carm.  da  Prov.  de  Portug.  cap.  5. 
Compoz 

Diálogos  dos  quaes  o  i.  he  das  queixas  dos 
enfermos,  e  curas  dos  Médicos:  2.  do  alivio  dos 
afligidos:  3.  da  Gente  Judaica:  4.  da  gloria,  e 
triumfo  dos  Eufitanos.  5 .  das  condiçoens,  e  partes 
do  bom  Príncipe.  6.  das  vias  porque  D  eos  nefle 
tempo  nos  chama.  7.  da  Fortaleza,  e  paciência 
Chriflaã.  8.  ^  Teflamento  ChríJlaÕ.  9.  áa  Confo- 
laçaÕ  para  a  hora  da  morte.  10.  da  invocação  de 
Nojfa  Senhora  Coimbra  por  António  de  Mariz 
1589.  4.  Correftos,  e  acrecentados  pelo 
author  fe  imprimirão  poílhumos  na  mefma 
Cidade  por  Diogo  Gomes  Loureiro.  1604. 
foi.  Paliando  deíla  obra  o  Padre  Francifco 
da  Fonfeca  no  lugar  affima  allegado  a  inti- 
tula Diálogos  das  acçoens  dos  Keys  de  ■  Por- 
tugal, e  fe  enganou  equivocando-o  com  os 
Diálogos  de  Pedro  de  Mariz. 

Trabalhou  com  grande  difvello  nas  Confti- 
tuiçoens,  por  onde  fe  governou  muitos  annos 
o     Bifpado     de     Portalegre,     como     affirma 


124 


BIBLIOTHE  CA 


r 


Fr.  Manoel  de  Sá  nas  Memor.  Hiflor.  de  que 
já  fizemos  aíTima  mençaõ. 

Fr.  AMADOR  DA  CONCEIÇAM  natural 
do  Porto,  e  Religiofo  da  Ordem  dos  Menores 
da  Provinda  de  Portugal,  Leitor  jubilado  na 
Sagrada  Theologia,  e  pregador  grande,  de 
quem  fazem  memoria  honorifica  Fr.  Fernando 
da  Soledade  na  Hiji.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  3.  liv.  I.  cap.  21.  n.  134.  e  Part.  5.  liv.  5. 
cap.  50.  n.  1726.  e  Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  in  Biblio- 
th.  Vrancifc.  tom.  i.  pag.  57.  Foy  Guardião 
dos  Conventos  de  Santa  Citta,  de  S.  Francifco 
da  Covilhaã,  de  Leiria,  e  ConfeíTor  dos  Moílei- 
ros  de  Santa  Clara  de  Figueiró,  da  Efperança 
de  Abrantes,  de  N.  Senhora  dos  Poderes  de 
Via-Longa,  e  de  Santa  Iria  de  Thomar,  e  no 
Convento  de  S.  Francifco  deíla  Villa  falleceo 
no  anno  de  1709.  Dos  muitos  Sermoens,  que 
pregou,  fomente  fe  imprimirão  os  feguintes 

Sermão  do  glorio/o  Martyr  Saõ  Sebaf- 
tiaõ  pregado  na  Capella  Keal.  Aos  20.  de 
Janeiro  do  anno  de  1670.  em  a  folemnidade 
da  Confraria  da  Corte,  que  injiituhio  E/- 
R^  D.  Joaõ  o  III.  Lisboa  por  Domin- 
gos Carneiro  ImpreíTor  das  Três  Ordens 
Militares.  1670.  4.  e  Coimbra  por  Manuel 
Rodrigues  de  Almeida  1684.  4. 

Sermaõ  pregado  no  Convento  de  Santa  Iria,  e 
das  Keligiofas  de  Santa  Clara  da  Villa  de  Thomar 
em  acçaõ  de  graças,  que  todos  os  annos  fe  celebra  no 
próprio  dia,  que  Deos  fe:<^  mercê  às  Keligiofas  de  as 
livrar  do  formidável  rajo  que  cahio  no  Mofieiro,  e 
fe  defvaneceo  no  lago,  onde  Santa  Iria  padeceo 
o  feu  martyrio,  em  o  anno  de  1687.  Lisboa 
por   Miguel   Manefcal.    1688.    4. 

Sermaõ  das  Almas  no  Convento  de  Saõ 
Francifco  de  Thomar  nos  fuffragios  annuaes, 
que  fav^em  os  Irmãos  da  Terceira  Ordem  por 
feus  Irmãos  defuntos  em  o  anno  de  1686.  Co- 
imbra   por   Manuel    de    Almeyda    1688.    4. 

Sermaõ  na  Quarta  feira  de  Cin^a  na 
Misericórdia  da  Villa  de  Thomar.  Lisboa 
por  Miguel  Manefcal.   1688.  4. 

Sermaõ  da  Quinta  Dominga  da  Quaref- 
ma  em  acçaõ  de  graças  pelo  Capitulo  que  fe 
celebrou  em  Alenquer  no  Convento  de  S. 
Francifco  da  Provinda  de  Portugal  em  20. 
de  Março  de  1706.  Lisboa  por  Manoel,  e 
Jofeph  Lopes  Ferreira  1706.  4. 


AMADOR  CORRÊA,  Irmaõ  da  Com- 
panhia de  JESUS,  o  qual  aíTiftia  pelo  anno 
de  1556.  no  CoUegio  de  S.  Paulo  de  Goa. 
Para  dar  noticia  dos  progreíTos  das  MiíToens 
Apoftolicas  nas  Regioens  Orientaes  efcreveo 
aos  feus  Padres  que  afliíUaõ  na  Europa  três 
Cartas  de  Cochim  a  i.  em  8.  de  Fevereiro 
de  1564.  a  2.  em  20.  de  Janeiro  de  1565.  e  a 
3.  em  Novembro  de  1566. 

AMADOR  DA  COSTA,  igualmente  ir- 
maõ na  profiílaõ,  e  inílituto  que  o  precedente. 
Eftando  para  partir  para  o  Japaõ,  mandou. 

Carta  efcrita  aos  PP.  Jefuitas  da  Provinda 
de  Portugal  em  3.  de  Novembro  de  1577.  a  qual 
fahio  impreíTa  com  outras.  Évora  por  Manoel 
de  Lira.    1598.  eílá  a  pag.  400. 

AMADOR  LEAL  DE  CARVALHO 
naceo  em  Lisboa  no  anno  de  1608.  e  foy  filho 
de  Lucas  Leal  de  Carvalho  fidalgo  da  Cafa 
Real,  e  de  Maria  Cordeira.  Fazia  com  grande 
elegância,  e  affluencia  todo  o  género  de  ver- 
fos,  naõ  fendo  menos  applicado  ao  eftudo  da 
Hiíloria  profana,  e  noticia  das  linguas  mais 
polidas.  Nas  lagrimas  Panegyricas  à  morte  de 
Joaõ  Pere^  de  Montalvão,  eílá  hum  Soneto  feu, 
que  começa. 

Suf pende  ò  Mufa  eljàfeflivo  canto 
Traduzio  de  CaíleUiano  em  Portuguez  o 
3.  e  4.  Uvro  das  Epijlolas  de  D.  António  de 
Guevara  Bifpo  de  Mondonhedo,  e  as  levou  para 
Caftella,  quando  no  anno  de  1640.  partio  com 
o  Marquez  de  Portofeguro. 

P.  AMADOR  REBELLO  natural  da 
Villa  de  Mezamfrio  da  Diocefe  do  Porto,  e 
teve  por  Pays  a  Lançarote  Gonçalves,  e  Bea- 
triz Rodrigues.  Na  idade  de  vinte  annos 
abraçou  o  inílituto  da  Companhia  de  JESUS,^ 
em  Coimbra  a  26  de  Julho  de  1559.  e  naõ 
de  1552.  como  efcreve  o  author  da  Biblio- 
theca  da  Companhia.  Poílo  que  foíTe  admit- 
tido  para  o  numero  dos  Coadjutores  efpiri- 
tuaes,  eníinou  humanidades,  e  Theologia  Mo- 
ral. Como  era  infigne  em  efcrever  foy  eleito 
Meílre  delRey  D.  Sebaíliaõ  para  o  eníinar 
a  fazer  os  caraóleres  com  perfeição,  em  cujo^ 
miniílerio  conciUou  o  aíFe£lo  deíle  Príncipe,  e 
de  todos  os  Palacianos  pela  candura  do  animo,. 


L  USITAN  A, 


125 


«  modeítift  do  afpeâo.  A  fua  mayor  aíTif- 
tenda  foy  no  G^llegio  de  Santo  Antaõ  de 
Lisboa,  onde  pelo  efpaço  de  fete  annos  foy 
Heytor  com  igual  credito  da  íua  prudência, 
que  fatisíaçaõ  dos  fubditos,  que  governava. 
Nunca  íe  ouvio  murmurar  do  próximo,  antes 
-pela  fuavidade  do  génio  a  todos  atrahia,  prin- 
cipalmente aos  Penitentes  no  tribunal  da  Con- 
fiíTaõ,  em  cujo  lugar,  como  efpiritual  medico 
lhes  receitava  faudaveis  remédios  contra  as 
enfermidades  da  alma.  De  evidentes  perigos 
armados  contra  a  fua  innoccntc  vida  foy  por 
varias  vezes  livre  com  particular  aíTiílcncia 
<la  protecção  divina.  Fortalecido  com  os  Sa- 
cramentos, morreo  cm  Lisboa  a  7.  de  Mayo  de 
1622.  Entre  os  Varocns  infigncs  cm  virtudes 
o  numera  Jorge  Cardofo  Agiol.  hujit.  Tom.  3. 
pag.  111.  e  no  GDmmcntar.  de  7.  de  Mayo 
letr.  I.  D.  Nic.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  49. 
c  Tom.  2.  pag.  279.  Telles  Chronic.  da  Com- 
panh.  da  Prov.  de  Porttig.  Part.  2.  liv.  6.  cap.  48. 
e  jo.  Franc.  Imag.  da  Vir/ud.  em  o  Novic.  de 
Coimb.  Tom.  i.  liv.  i.  cap.  19.  e  Tom.  2.  pag. 
6ii.  e  no  Anno glorioj.  S.  J.  in  Ljíjit.  pag.  257. 
&  in  Synopf.  Annal.  S.  J.  in  haifit.  pag.  234. 
n.  100.    Compoz 

Alguns  Capítulos  tirados  das  Cartas,  que 
vieraÕ  ejle  anno  de  1588.  dos  Padres  da  Compa- 
nhia de  JESUS,  que  andaõ  nas  partes  da  índia. 
China,  JapaÕ,  e  Angola.  Lisboa  por  António 
Ribeiro  1588.  8.  Deíla  obra,  e  do  author  faz 
mençaõ  a  Bib.  Orient.  novamente  acrecentada 
Tom.  I.  Tit.  5.  col.  94. 

Compendio  de  algumas  Cartas  que  ejle  anno 
Âe  1597.  vieraÕ  dos  Padres  da  Companhia  de 
JESUS,  que  rejidem  na  índia,  e  Corte  do  graõ 
Mogor,  e  Rejnos  da  China,  e  Japaõ,  e  no  Brajil 
em  que  fe  contem  varias  coufas.  Lisboa  por  Ale- 
xandre de  Siqueira.  1598.  8. 

Relação  da  Vida  delRej  D.  SebaJliaÕ,  na 
qual  fe  trata  do  feu  nacimento,  creaçaõ,  governo, 
das  hidas,  que  fe^  a  Africa,  da  batalha  que 
deu  a  Muley  Maluco,  e  do  fim,  e  do  fuccejjo 
delia.  M.  S.  Deíla  obra  tenho  huma  Co- 
pia, na  qual  fuccintamente  fe  efcrevem  as 
acçoens  deíle  Principe.  Jorge  Cardofo  no  lu- 
gar alTima  allegado,  diz  que  fora  compofta 
no  anno  de  161 3.  e  delia  faz  memoria 
Francifco  Soares  Tofcano  Parallel.  de  Var. 
llluftres. 


Tratado  dos  ditos  delKey  D.  SebaJHaÕ  efcrito 
por  ordem  dos  f tus  Superiores.  Conferva-fe  Aí.  S. 
na  Livraria  da  Gafa  profeíTa  de  Lisboa,  como 
affirma  Joaõ  Franco  Barreto  na  hiblioth. 
Portug,  Aí.  S. 

AMADOR  RODRIGUES.   Hum  dos  ce- 

lebres  Jurifconfultos,  que  produzio  Portugal, 
donde  pafíando  a  Salanunca  depois  de  exer- 
citar neíla  Cidade  o  Ofiicio  de  Advogado, 
como  também  na  Corte  de  Madrid  no  anno 
de  161 6.  foy  Lente  de  Direito  Civil  naquella 
florentiíTima  Univerfídade,  e  feu  Syndico,  fen- 
do refpeitada  a  fua  fciencia  legal  pelos  mayo- 
res  ProfeíTores  de  Jurifprudencia,  como  o  mani- 
feílaõ  as  fuás  obras,  com  as  quaes  fervio  de 
farol  para  guiar  aos  Advogados  no  intrincado 
labirinto  das  controverfias  forenfes,  efcrevendo 

Traííatus  de  modo,  ^  forma  videndi,  e^  exami- 
nandi  proceffum  in  caufis  Civilibus  via  ordinária 
prima  injlantia  intentatis.  Matriti  apud  Alphon- 
fum  Martinum.  1609.  4.  Defte  Livro  publicou 
o  author  huma  Summa  em  Caftelhano,  que  foy 
impreíTa  no  mefmo  lugar,  e  anno  que  a  prece- 
dente. Sahio  em  latim  fegimda  vez  Francof. 
ex  Officin.   Zachario  =  Paltheniana   161 5.   8. 

Traãatus  de  executione  fententia,  <&  eorum 
qua  paratam  habent  executionem.  Matriti  apud 
Alphonfum  Martinum  161 3.  foi. 

Traãatus  de  concurfu,  ^  privilegiis  credito- 
rum  in  bonis  debitoris,  <&  de  pralationibus  eorum, 
atque  de  ordine,  eb*  gradu,  quo  folutio  jieri  debet. 
Madriti  apud  Ludovicum  Sanches  1616.  foi. 
Venetiis.  1644.  Francof.  apud  Joannem  Beyre 
1645.  8.  Genevae  apud  Samuel.  Chovet.  1664. 
&  Lugduni  1665.  Poílo  que  Nicoláo  Antó- 
nio in  Bib.  Hifp.  tom.  i.  pag.  49.  faça  natural 
de  Salamanca  a  Amador  Rodrigues,  talvez 
perfuadido  que  o  fofle  pela  diuturna  aíTiftencia 
que  fez  neíla  Cidade,  certamente  he  Portuguez, 
naõ  fomente  porque  o  apellido  affim  o  mani- 
fefta,  o  qual  he  raro  entre  os  Caftelhanos, 
como  porque  no  Catalogo  dos  noíTos  Portu- 
guezes,  que  floreceraõ  na  Univeríidade  de 
Salamanca,  compofto  com  toda  a  exacçaõ,  e 
eíhido  pelo  iníigne  efcritor  D.  Thomaz  Ta- 
mayo  de  Vargas,  e  remetido  a  Diogo  Lopes 
de  Souza  Conde  de  Miranda  Pay  do  Eminen- 
tiíTimo  Cardial  de  Souza,  em  cuja  Livraria 
fe   conferva,   fe   affirma  nelle  fer  Portuguez 


120 


BIB  LIOTHE  C  A 


Amador  Rodrigue2.  Confirma-fe  mais  efta  ver- 
dade com  o  teílemunho  do  Padre  Francifco 
da  Cruz  nas  fuás  Memorias  M.  S.  para  a  Bib. 
Poríugue;^a;  o  qual  relata  que  eftando  em  Roma 
no  anno  de  1674.  lhe  fegurára  o  Doutor  Tho- 
maz  Ribeira  natural  de  Beja,  homem  de  fumma 
verdade,  que  Amador  Rodrigues,  com  quem 
vivera  muitos  annos  em  Caftella,  e  tivera  par- 
ticular amizade,  lhe  certificara  fer  Portuguez, 
porém  naõ  queria  que  foíTe  conhecido  por 
tal,  cuja  caufa  ignoramos. 

AMADOR  VIEYRA,  natural  da  Villa 
de  Monforte  na  Provinda  do  Alentejo,  Licen- 
ciado nos  fagrados  Cânones,  e  Prior  da  Paro- 
chial  Igreja  de  Saõ-Tiago  de  Travanca  da 
Diocefe  de  Coimbra.  Foy  grande  amigo  do 
infigne  Pregador  Francifco  Fernandes  Galvaõ, 
o  qual  deixando-lhe  no  feu  Teftamento  os 
Sermoens,  que  tinha  pregado,  para  cumprir 
como  fiel  amigo  a  obrigação  defte  legado, 
addicionou  muitos  delles,  verteo  outros  de 
linguas  eftranhas  na  materna,  e  ultimamente 
os  ornou  com  a  vida  do  Author  impreíTa  no  i . 
tomo,  de  que  faz  memoria  Joaõ  Soares  de 
Brito  in  Theatr.  L,ujtt.  LiUer.  let.  A.  n.  28.  e  os 
ampliou  com  dedicatórias,  e  prólogos  appli- 
cando  grande  difvelo  para  que  polidos,  e  di- 
geílos  fahiíTem  à  luz  publica  com  eíle  titulo 

Sermoens  de  Quarejma,  Lisboa  por  Pedro 
Crasbeeck.  161 1.  4. 

Sermoens  das  fejias  dos  Santos.  Lisboa  pelo 
mefmo  Impreílor.  161 3.  4. 

Sermoens  das  Fejias  de  Chrijlo  nojjo  Senhor. 
Lisboa  pelo  mefmo  Impref.  161 6.  4. 

AMARO  DOS  ANJOS,  natural  da  Ci- 
dade de  Leiria,  e  Cónego  Secular  da  Congre- 
gação do  Evangeliíla,  cujo  habito  recebeo  no 
Convento  de  Villar  de  Frades  a  28.  de  Março 
de  1685.  onde  foy  Definidor,  Reytor  de  Évora, 
e  Pregador  geral.  Por  fer  muito  verfado  nos 
ritos,  e  ceremonias  Ecclefiafticas  exercitou 
muitos  annos  eíle  miniílerio  no  Convento  de 
S.  Bento  de  Xabregas  cabeça  da  fua  Canónica 
Congregação,  e  para  que  naõ  ficaíTem  occultas 
as  grandes  noticias,  que  tinha  adquirido  na 
continua  applicaçaõ  deíle  eftudo  querendo 
inílruir  nelle  a  outros  para  que  com  fumma 
perfeição  as  executaflem,  efcreveo 


Direãorio  Ceremonial.  Lisboa  por  Filippc 
de  Souza  Villela.  1717.  4.  Morreo  em  o  Con- 
vento de  S.  Bento  de  Enxobregas  a  25.  de 
Janeiro  de  1729.  Deixou  M.  S.  trcs  volumes 
de  4.  com  eíle  titulo. 

Suor  alheo  dejiillado  pelo  lambique  da  paciência. 
Coníla  de  vários  conceitos  predicáveis  que 
tinha  colhido  com  indefeíTo  trabalho  de  vários 
Authores.  Confervaõ-fe  na  Livraria  do  Con- 
vento de  S.  Bento  de  Enxobregas. 

Fr.  AMARO  DE  AREGAS,  cujo  apel- 
lido  indica  a  pátria,  onde  naceo,  a  qual  eftá 
cinco  legoas  para  o  Norte  da  Villa  de  Tho- 
mar.  Foy  Monge  Ciílercienfe  no  Real  Con- 
vento de  Alcobaça,  e  grande  Theologo. 
Compoz 

De  Matrimonio  foi.  M.  S.  Cujo  Original 
fe  conferva  no  Archivo  do  dito  Convento. 

AMARO  DA  FONSECA,  UlyíTiponenfe, 
e  dos  celebres  Cirurgioens  do  feu  tempo, 
como  certifica  D.  Francifco  Manoel  de  Mello 
na  Carta  dos  Authores  Portuguezes  efcrita 
ao  Doutor  Manoel  Themudo  da  Fonfeca  Vi- 
gário Geral  de  Lisboa.    Efcreveo 

Tratado  da  Gonorrea,  e  outras  coufas.  Sahio 
impreíTo  na  quinta  ediçaõ  da  Cirurgia  de  Antó- 
nio da  Cruz.  Lisboa  por  Manoel  Gomes  de 
Carvalho.  1649.  4. 

AMARO  MOREYRA  CAMELLO,  Q- 
valleiro  profeíío  da  Ordem  militar  de  Chriílo, 
muito  verfado  na  Liçaõ  da  Hiftoria,  e  prin- 
cipalmente em  huma  das  fuás  mais  nobres 
partes  a  Genealogia.  Pelo  largo  efpaço  de 
vinte  annos,  que  afliíUo  em  Portugal,  Caílella, 
e  índia,  poílo  que  embaraçado  com  diverfos 
negócios,  nunca  deixou  de  cultivar  o  eíhido 
Genealógico  tomando  por  empreza  do  feu 
trabalho  litterario  a  grande  Familia  dos  Maf- 
carenhas,  a  qual  illuílrou  como  elle  confeíTa 
no  Prologo  por  outro  eftillo  que  tinhaõ  fe- 
guido  os  grandes  Genealogiílas  Fernaõ  Pa- 
checo, D.  António  de  Lima,  e  o  IlluílriíTimo 
Arcebifpo  de  Lisboa  D.  Rodrigo  da  Cunha, 
cuja  obra  intitulou  deíle  modo 

Memorias  illuftres  da  Familia  de  Majcare- 
nhas  fecunda  Progenitora  de  ajfmalados  Va- 
roens,   e  genero^^os  Heroes.     Dividida  em  quatro 


L  USITAN A. 


\i-j 


livros  o  primeiro  dedicado  a  D.  Vranc.  Mafcartnbaj 
4o  Conjelho  de  LJlado  de  Sua  Majejtflade.  G^nfta 
de  57.  Capítulos  efcrito  em  Lisboa  no  anno 
<le  1650.  foi.  Aí.  S. 

O  feffmdo  Livro  dedicado  a  D.  JoaÕ  Ma/ca- 
tenhas  terceiro  Còde  de  Santa  Cru^.  Conda  de 
19.  Capítulos  efcrito  em  Lísb.  em  16)  i. 

O  terceiro  IJvro  dedicado  a  D.  JoaÕ  Mafca- 
rtnbas  feffmdo  Conde  de  Palma.  Confta  de  16. 
Capítulos  efcrito  em  Goa,  no  anno  de  1654. 

O  quarto  IJvro  dedicado  a  D.  Jorj^e  Ma/ca- 
renòas  feffmdo  Conde  de  Serem.  Confta  de  20 
Capítulos  efcrito  em  Goa  no  anno  de  16)5. 

Do  Author,  e  da  Obra  fazem  mcnçaõ 
JoaÕ  Franco  Barreto  na  hib.  l^ifit.  Aí.  S.  e 
o  Padre  D.  António  Cact.  de  Souf.  Aparat. 
À  HiJI.  Gen.  da  Caf  Keal  Portug.  pag.  103. 
■§.  106.  cujo  Original  vimos. 

Fr.  AMARO  DE  PENICHE.  Natural 
dcfta  marítima  Villa  do  Arcebifpado  de  Lis- 
boa, de  que  tomou  o  appelido,  c  Monge 
Ciftcrcienfc  no  Real  Convento  de  Alcobaça 
■cm  cujo  archivo  fe  confervaò  efcritos  da  fua 
própria  maõ. 

Sermones  Dominicarum. 

AMARO  DE  ROBOREDO,  natural  da 
Villa  de  Algozo  na  Província  Tranfmontana, 
c  muito  douto  na  Grammatica  Latina,  e  Por- 
tugueza  em  cuja  eftudiofa  applicaçaò  con- 
fumio  a  mayor  parte  da  fua  vida  merecendo 
pela  grande  fciencia  que  tinha  alcançado  em 
tantos  annos  as  eftimaçoens  das  peíToas  aflim 
da  Jerarchia  Ecclefiaílica,  como  Secular.  O 
Arcebifpo  de  Évora  D.  Diogo  de  Soufa,  a 
cuja  dignidade  fora  aíTumpto  no  anno  de 
1610.  o  fez  feu  Secretario.  Depois  fendo 
Beneficiado  na  Igreja  de  N.  Senhora  da  Sal- 
vação da  Villa  da  Arruda,  foy  Meftre  dos 
filhos  de  D.  Balthezar  de  Tejrve  fidalgo  Cafte- 
Ihano  morador  em  Lisboa,  cujo  minifterio 
exercitou  com  grande  credito  da  fua  peíToa 
inftruindo  a  D.  Duarte  de  Caftello-branco  pri- 
mogénito de  D.  Francifco  de  Caftello-branco 
Conde  do  Sabugal,  e  Meirinho  mór  do  Reyno. 
Compoz. 

Verdadeira  Grammatica  latina  para  fe  bem 
Jaber  em  breve  tempo,  efcrita  na  lingíia   Portu- 


ffie^a  com  txemphs  na  Latina.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  1615.  8. 

Grammatica  Latina  mais  breve,  e  fácil  cpee  as 
publicadas  atè  ajipra,  na  qual  precedem  os  exemplos 
dsreffras.  Lisboa  por  António  Alveres.  162).  8. 

Methodo  Grammatical  para  todas  as  linffias. 
Confta  de  três  partes.  Primeira,  Grammatica 
exemplificada  na  Portuff4e!(a,  e  Latina.  Sefftnda, 
Copia  de  palavras  exemplificada  nas  latinas, 
artificio  experimentado  para  entender  latim  em 
poucos  me^es.  Terceira,  h'rafe  explicada  na  latina, 
em  que  fe  exercitaõ  as  Syntaxes  ordinárias,  e  collo- 
cafad  rhetorica  como  moftra  a  terceira,  e  quarta  folha. 
Lisboa  pelo  mefmo  Impreffor.  1619.  4. 

Keffras  da  Ortographia  PortUffiet(a  em  huma 
folha.  Lisboa  pelo  dito  impref.  161  j.  fie  ibi 
na  Officína  Joaquiníana.  1758.  8. 

Raives  da  lingua  Latina  moftradas  em  hum 
Tratado,  e  Diccionario,  ifto  he,  hum  Compendio 
de  Calepino  com  a  compojt^aô,  e  derivarão  das 
palavras,  com  a  Orthoffafia,  quantidade,  e  fra^e 
delias.    Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1621.  4. 

Kàdices  Sermonis  Latini  demoftrata  in  traãa- 
tulo,  çíy  dicionário,  hoc  eft,  Calepini  Compendium 
cum  diãionum  compofitione ,  vÍT  derivatione,  Ortho- 
ff^aphia,  quantitate,  <Ò'  ipfarum  phrafe.  UlyíTip. 
apud  Petrum  Crasbeeck,  1621.  4. 

Efta  obra  he  compofta  na  língua  Portu- 
gueza,  e  Latina  as  quaes  eftaõ  cm  duas  co- 
lunas em  cada  pagina. 

Traduzio  de  Francez  em  Latim,  e  copio- 
famente  acrecentou  dedicando-o  ao  feu  difd- 
pulo  D.  JoaÕ  de  Caftello-branco  primogénito 
de  D.  Francifco  de  Caftello-branco  Conde  de 
Sabugal. 

Janua  linguarum,  five  modus  maxime  accoma- 
datus  ad  eas  intelligendas  primiim  in  lucem  editus 
cum  verjione  hifpana,  *&  Lujitana  interpofitis  nsh 
meris  quibus  harum  linguarum  iffiarus  eas  fine  ma- 
gijiro  pojfit  addifcere.  Ulyflip.  apud  Petrum 
Crasbeeck.  1622.  4. 

Traduzio  do  Latim  do  Cardeal  Bellar- 
mino    em    Portuguez    eftes    dous    Tratados. 

Declaração  do  Sjmbolo  para  u:(o  dos  Curas. 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.   16 14.  8. 

Doutrina  Chrijlaã.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor.  1620.  8. 

Socorro  das  Almas  do  Purgatório  para  fe 
faberem  tirar  com  indulgências  as  almas  nomea- 
das, e   applicarlhe   bem   a  fatisfaçaõ  das   obras 


128 


BIB  LIO  THE  CA 


penaes,  e  pias.  Ajunta/e  hum  modo  fácil,  e 
artificio/o  de  re^ar  bem  o  Kofario,  e  Ceroa  da 
Virgem  Nojfa  Senhora.  Lisboa  por  Pedro 
Crasbeeck.  1627.  12.  et  ibi  por  António 
Alvares   1645.  24. 

Do  Author  fe  lembraõ  D.  Francifco  Ma- 
noel na  Carta  dos  Authores  T^ortuguet^es  efcrita 
ao  Vigário  Geral  de  Lisboa  Manoel  da  Fon- 
feca  Themudo,  Francifco  de  Araos  in  lib. 
de  bene  dijponend.  Bibliothec.  Prad.  Joan.  Soar. 
de  Brit.  in  Theatr.  'Lufit.  'Litter.  let.  M. 
n.  21.  onde  lhe  chama  Grammaticus  non  con- 
temnendus,  e  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifpan.  tom.  2. 
pag.  95. 

AMARO  DA  ROCHA,  Cavalleiro  pro- 
feíTo  da  Ordem  de  Chriílo,  Secretario  de  Eílado 
da  índia.  Sendo  muito  verfado  nos  fucceflbs 
militares,  e  políticos  daquelle  Eílado,  e  igual- 
mente curiofo  inveJftigador  da  natureza,  e 
qualidade  das  plantas,  que  em  taõ  vaílo  terreno 
fe  produzem,  compoz,  e  dedicou  à  Mageftade 
Catholica  de  Filippe  II.  de  Portugal  o  feguinte 
volume  repartido  em  cinco  livros  com  as 
plantas,  e  veilidos  das  Naçoens  Orientaes 
primorofamente  illuminadas,  cujo  titulo  era 
o  feguinte.  Cafareo  minime  cedat  labor  amphi- 
theatro 

Ijlud  prcB  cunãis  fama  loquatur  opus. 

Amphiteatro  Oriental  onde  fe  mofiraõ  todos 
os  Vice-Kejs,  e  Governadores  que  ouve  na  índia 
depois,  que  o  braço  Português  a  encorporou  na  Coroa 
de  Efpanha,  e  todos  feus  fucceffos  conpendiofamente 
epilogados,  e  hum  vivo  modelo,  e  natural  retrato  de 
todas  as  fortalezas  fronteiras  com  feus  deflriãos,  e 
alturas:  e  todas  as  armadas,  que  os  Kejs  Portu- 
guet^es  de  gloriofa  memoria  a  ella  inviaraõ  depois  que 
o  Almirante  Vafco  da  Gama  com  os  nojfos  pri- 
meiros Argonautas  {fa^endo-fe  Antípodas  de  Ji 
mefmo)  no  anno  de  MCCCCXCVII.  a  def cobri- 
rão; e  as  monfiruofas  viagens  que  fif^eraõ,e  hum  co- 
mo Mappa  de  todas  as  naçoens  da  Aurora  com  fuás 
peculiares  divifas,  diverfa  variedade  de  cores,  varia 
diverfidade  de  trajos,  abominação  de  ritos,  e  befliali- 
dade  de  coflumes,  recolhidos  em  compendio,  e  final- 
mente todas  as  plantas  mais  notáveis,  e  medecinaes 
com  fuás  hieroglyphicas  figuras,  propriedades,  e 
virtudes,  que  a  natural  filofophia  refuf citou  defen- 
terrando-as  do  fepulchro  do  efquecimento ;  e  muitas 
delias  examinadas  com  rigorofa  experiência  em 
prefença  do    Vice-Rej  Mathias  de  Albuquerque 


por  ordem  da  Mageflade  Catholica  delKey  D.  Fi- 
lippe o  I.  de  Portugal  de  efclarecida  memoria, 
Conferva-fe  efte  Livro  na  Bibliotheca  d'ElRey 
NoíTo  Senhor,  e  delia  faz  mençaõ  a  Bibltoth. 
Orient.  de  António  de  Leaõ  novamente 
acrecentada  Tom.  i.  pag.  542.  v.o. 

AMARO  TELLES  NAHUT.  Veja-fe 
P.  MANOEL  TAVARES  da  Congregação 
do  Oratório. 

AMATO  LUSITANO  chamado  antiga- 
mente Joaõ  Rodriguez  de  Caílello  branco, 
cujo  apellido  tomou  deíla  iníigne  Villa  da 
Diecefe  da  Guarda,  onde  naceo.  Ainda  con- 
tava poucos  annos,  quando  em  Salamanca  fe 
applicou  a  eíhidar  Medicina,  e  como  era 
dotado  de  hum  engenho  prefpicaz,  e  grande 
comprehenfaõ,  de  tal  forte  fe  adiantou  a  todos 
os  feus  condifcipulos,  entre  os  quaes  era  o 
celebre  André  de  Laguna,  que  naõ  excedendo 
a  idade  de  dezoito  annos  foy  julgado  por 
capaz  de  exercitar  a  arte  de  Cirurgião  em  os 
dous  Hofpitaes  daquella  Cidade,  donde  vol- 
tando à  pátria  exercitou  com  geral  aclamação 
o  officio  de  Medico.  Movido  do  dezejo  de 
dilatar  a  fama  do  feu  nome  em  as  naçoens 
eftranhas,  ou  receofo  de  fer  punido  pela  culpa 
de  Judaifmo  com  que  eílava  inficionado,  fe 
auzentou  de  Portugal,  e  difcorrendo  pelas 
mais  famofas  Cidades  de  Flandes,  e  Itália,, 
em  algumas  fez  aíTiftencia,  como  foraõ  Anve- 
res,  Roma,  Ferrara,  Veneza,  e  Ancona,  onde 
pelo  methodo  felizmente  exercitado  em  bene- 
ficio dos  enfermos  conciliou  a  amizade,  e 
eftimaçaõ  de  Varoens  infignes,  fendo  os  prin- 
cipaes  Luiz  Vives,  Joaõ  Baptiíla  Canano,  que 
efcreveo  de  Mufculis,  e  António  Mufa  Braza- 
volo  infigne  Medico  em  Ferrara,  onde  foy 
MeJftre  publico  de  Medicina,  e  Diogo  de 
Mendoça  Embaxador  de  Caftella,  em  Ve- 
neza. Sendo  convidado  com  largo  eílipendio 
pelo  Senado  de  Ragufa,  e  com  mayores 
conveniências  por  ElRey  de  Polónia  naõ 
aceitou  taõ  opulentas  ofFertas.  Em  Ancona 
como  folTe  accufado  por  defertor  da  verda- 
deira Religião  deixando  todas  as  alfayas  do 
feu  uzo,  fugio  ocultamente  para  a  Cidade 
de  Pefaro  onde  efperava  viver  feguramente 
protegido    com    a    authoridade    do   Duque 


I 


JI 


L  USITAN A. 


129 


Ue  Urhino  Guido  Ubaldino,  porem  vcndo-fc 

fruílriulo  da  fua  efperança  fc  refugiou  em  The- 

i.ilonica  Cidaile  de  Macedónia  íogeita  ao  Im- 

iperio  Ottomano,  em  cuja  Synagoga,  abjurada 

a  Fé  clc  Chriílí),  profcíTou  publicamente  o  Ju- 

daifmo  onde  quaíi  de  fcírcnia  annos  infeliz- 

icntc  morrco  de  pcíle  em  21.  de  Janeiro 

Ic-  1 568.  a  cuja  memoria  lhe  fez  Flávio  Jacobo 

I  borcnfe  feu  comtcmporaneo  o  feguinte  epi- 

ilto. 

>///  /ofies  JutjentetN  animam  fiflebat  in  agro 

Cor  por e,  iMhais  aiit  revocabat  aquis. 
( ,ratiis  oh  id  populis,  ZP'  magnis  regihtis  aque, 
Hic  jactt;  bane  moriens  prejftt  Ama  tus  hu- 
mtim. 
\  iifilana  domas:  Macedsim  telhtre  Jepidchrn 
Qiiam  prociã  à  pátrio  condi titr  iile  Joio  \ 
\t  ciim  Jtimma  dies,  faíalis  €>•  appetit  hora 
Ad  Jljga,  <Ò'  ad  Manes  undiq  prona  via  ejl. 
D.  Fr.  Thomc  de  Faria  nas  fuás  Décadas, 
c  Vicente  da  Cofta  no  Difcurfo  contra  a  perfídia 
herética  foi.  64.  \P.  efcrcvem  que  Amato  fora 
em  Conílantinopla  Phyfico  mòr  do  Graõ 
Turco,  cuja  noticia  como  naõ  he  relatada  por 
cfcritor  eftranho,  naò  me  atrevo  a  affirmalla 
por  certa;  fendo  infallivel,  que  fe  Amato  naõ 
feguira  os  delírios  da  Synagoga,  feria  nume- 
pÁo  entre  os  mayores  profeíTores  da  arte 
Ikíedica,  como  o  numeraò  Jufto  in  Chronol. 
Med.  Petr.  Caílellan.  in  Vit.  llltiftr.  Medic. 
pag.  245.  Zacut.  Lufit.  in  Hijl.  Princip.  Med. 
lib.  2.  hift.  85.  quícíl.  46.  Joan.  Ant.  Vander 
Linden  in  Script.  Med.  Georg.  Abraham.  Mer- 
cklin.  in  l^ind.  Renov.  Taxand.  in  Cathal.  Ciar. 
m/p.  Script.  Draudius  Biblioth.  in  Claf.  Med. 
Partolocci  Bib.  Rabin.  Part.  i.  pag.  368.  n.  268. 
Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  tom.  i.  pag.  50. 
Joan.  Klefekerus  in  Biblioth.  Erudit.  Pracoc. 
pag.  5.  Wolfio  in  Bib.  Hebrac.  pag.  200.  & 
pag.  1015.  lhe  chzmz  fcriptis  inclifus.  Bafnag. 
HiJl.  es  Juifs  tom.  5 .  cap.  34.  un  des  plus  habiles 
^»mmes  de  Jon  feecle  Joan.  Soar.  de  Brito  in 
Theatr.  'Lufit.  Litterat.  let.  A.  n.  29.  Medicus 
fmt  infignis,  <&  in  morbis  prajertim  depelèdis 
maxime  Jortimatus,  e  Franc.  de  Sant.  Mar. 
Amo  Hifior.  e  Diar.  Portug.  pag.  loi.  Morery 
Diccion.  Hifloriqne  letr.  A.  Compoz. 

Index  Diofcoridis,  five  hiftoriaks  Campi, 
txagemataqiie  fimplicium,  atque  eorumdem  colla- 
Hones  ctim  iis,  qua  in  Officinis  habenttir,  ne  dum 


Medias,  et  Myropoliorum  Seplafiariis,  fed  hona- 
rum  artiitm  fiiidiofijjwiis  perqnam  nectffarium  opus. 
Antuerpíx  apud  Víduam  Martini  Gefarís 
1)56.  in  foi.  Efta  obra  foy  publicada  com  o 
nome  de  Joaò  Rodriguez  de  Caílellobranco, 
as  feguintes  com  o  de  Amato.  Neíle  livro 
explica  os  nomes  de  todos  os  fimples  em  varias 
linguas,  como  faò  Portugueza»  GUlelhana, 
Germânica,  I'ranceza,  e  Italiana,  fazendo 
juifo  em  cada  capitulo  das  taes  plantas,  e 
Hmples. 

In  Diofcoridis  Anav^arhai  de  Medica  matéria 
librum  quinque  ennarrationes  eruditijfíma.  Ve- 
netiis  apud  Gualterum  Scotum  155).  4.  & 
ibi  apud  Jordanum  Zilettum  1577.  4.  Argen- 
torati  apud  Wendelinum  Rihelium  1554. 
et  156).  4.  Lugduni  apud  Víduam  Baltha- 
zaris  Arnolettí  1558.  8.  et  apud  Mathxum 
Bonhome  1558.  8.  cum  annotationihus  Koherti 
Conftantini,  et  fimplicium  piãuris  ex  Fufchio,  et 
Dalechampio. 

Curationum  medicinalium  centúria  feptem  va- 
ria, multiplicique  rerum  cognitione  referta  quihus 
pramiffa  efi  commentatio  de  introitu  mediei  ad 
agro  t ant  em,  de  crifi,  (&  diebus  decretoriis.  Sahíraõ 
todas  juntas  Burdígalae  apud  Gílbertum  Ver- 
noy  1620.  4.  Geneva;  apud  Jacobum  Petrum 
Chovet.  1621.  4.  Barcinone  1628.  foi.  Fran- 
cof.  1646.  foi.  Venetiis  fumptíbus  Francifcí 
Stortí.   1654.   12.  Pariíiís   161 7.   3.  Tom. 

Deílas  Centúrias  fahiraõ  feparadamente  a 
I .  com  o  tratado  de  introitu  Mediei  (&c.  Flo- 
rentiae  apud  Torrentinum.  1551.  8.  e  a  2.  na 
qual  fe  defcreve  mais  largamente  o  methodo 
como  deve  fer  preparado  o  páo  da  China 
para  fe  beber.  Venetiis  apud  Valgriíium. 
1552.  Deíla  obra  faz  mençaõ  o  novo  Addi- 
cionador  da  Bib.  Occid.  de  António  de  Leaõ. 
Tom.  2.  col,  889.  Eílas  duas  Centúrias  fahiraõ 
também  feparadamente  Lugduni  apud  Rovi- 
lium.  1680.  12.  et  Pariiiis  apud  Francifcum 
Bartholam.  1554.  12.  A  Centúria  3.  e  4.  Lugd. 
apud  Rovilium.  1580.  12.  et  Lugd.  apud  Joan. 
Franc.  de  Gabiano.  1556.  12.  As  primeiras 
quatro  Centvirias  Baíilese.  1556.  8.  A  Cen- 
túria 5.  e  6.  na  ultima  das  quaes  fe  con- 
tem colloquium  de  curandis  capitis  vulnerihus. 
Venetiis.  1566.  et  Lugduni  apud  Rovilium. 
1580.    8. 

A  7.  Centúria,  a  qual  como  efcreve  Júlio 


M 


i3o 


BIB  LIO THECA 


Bartolocci  foy  acabada  em  Theflalonica  no 
anno  do  mundo  5319.  e  no  de  Chrifto  1559. 
foy  primeiramente  impreíTa  Venetiis  apud 
Valgriíium.  1566.  depois  Lugduni  apud  Ro- 
vilium.  1570.  12. 

Perdeo  quando  fugio  de  Ancona  como  elle 
mefmo  relata  na  Dedicatória  da  Centúria  ultima 
Curation.  12.  29.  e  79. 

Commentaria  in  Quartum  Fen.  lib.  i.  Avi- 
ceruB. 

Aos  quaes  fervia  de  prefação  o  texto  do 
mefmo  Avicena  fielmente  tradufido  por  Jacobo 
Mantino,  e  naõ  fomente  reviílo  por  Amato, 
mas  vertido  por  elle  em  Latim  mais  puro. 

Traduzio  na  lingua  Caftelhana,  e  dedicou 
a  Jacobo  Naffinio  Judeo,  como  efcreve  Nicol. 
Ant.  in  Bib.  Hifp. 

La  Hijioria  de  EMfropio. 

Fr.  AMBRÓSIO  DOS  ANJOS  ReHgiofo 
Eremita  de  Santo  Agoílinho,  e  celebre  ope- 
rário Evangélico  no  Reyno  de  Gorgiftaõ 
habitado  de  innumeravel  multidão  de  fcif- 
maticos,  para  cuja  reducçaõ  por  fer  muito 
erudito  na  lingua  Perfiana,  e  Turquefca,  foy 
mandado  pelo  Arcebifpo  de  Goa,  efcreveo 
o  fucceíTo  defta  expedição  em  huma. 

Carta  ejcrita  de  Gorgiftaõ  em  29.  de  Junho 
de  1628.  ao  Vigário  'Provincial  dos  Eremitas 
de  Santo  Agoftinho  Sahio  impreíía  na  Breve 
Kelac.  das  Chrijlandades,  que  os  Keligiofos  de 
Santo  A.goJiinho  tem  à  fua  conta  nas  partes  do 
Oriente  Lisboa  por  António  Alvares.  1630.  8. 
desde  folhas  57.  até  77. 

Carta  em  que  relata  a  Mijfaõ,  que  os  Reli- 
gio/os  Agojiinhos  fi^eraõ  no  anno  de  16 16.  em  o 
Rejno  de  Gorgijlaõ.  M.  S.  foi.  guardafe  na  Bib. 
delRey  Catholico,  como  refere  a  Bib.  Orient. 
de  António  de  Leon  novamente  acrecentada 
tom.  I.  tit.  4.  col.  82. 

Breve  Relação  do  martyrio  da  Rainha  Ga- 
tivanda  executado  em  25.  de  Setembro  de  1624. 
M.  S.  Confervafe  na  Livraria  do  Convento 
de  N.  Senhora  da  Graça  de  Lifboa,  da  qual 
grande  parte  eftá  impreíTa  na  Relação  das 
Chriftandades,  de  que  aíTima  fe  fez  men- 
ção. 

Ainda  que  o  Xá  Abbas  Rey  da  Perfia 
mandou  matar  a  efla  Rainha,  por  naõ  que- 
rer  abraçar  a   ley   de   Mafoma,    como   naõ 


coníla  evidentemente,  que  abjuraíTe  o  fcif- 
ma,  que  profeíTava,  poílo  que  deo  grandes 
íinaes  de  obediência  à  Igreja  Romana,  naõ 
fe  pôde  verdadeiramente  chamar  martyr  por 
Chrifto. 

Fr.  AMBRÓSIO  BAPTISTA  filho  da 
preclariíTima  Ordem  Premõftratenfe,  nume- 
rado entre  os  Authores  Portuguezes  pelo  dili- 
gentiíTimo  inveíligador  das  noticias  perten- 
centes a  efte  Reyno,  Jorge  Cardofo,  a  cuja 
afleveraçaõ  naõ  repugna  o  filencio  de  Ni- 
colao  António  na  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
p.  50.  acerca  da  fua  pátria,  e  fomente  de- 
clarando a  obra  feguinte,  que  compoz  cm 
Caftelhano. 

Difcurfo  delas  miferias  dela  vida  y  calami- 
dades dela  Religion  Catholica.  Madrid  en  la 
Officina  Real.  1635.  4. 

AMBRÓSIO  CARDOSO  DE  ABREU. 

Natural  da  Villa  de  Callello  Branco,  no  Bif- 
pado  da  Guarda,  filho  do  Licêciado  Leo- 
nardo Nunez  Cardofo,  e  de  fua  mulher  Ifabel 
Francofa  de  Siqueira.  Foy  Doutor  nos  Sa- 
grados Cânones  pela  Univerfidade  de  Coim- 
bra, Protonotario  Apoílolico,  Prior  da  Paro- 
chial  Igreja  de  Santo  André,  da  fua  pátria. 
Cónego  eleito  de  Ley  ria,  cuja  infigne  doutrina, 
fevero  juifo,  e  piedade  Catholica  teílemunhou 
em  huma  elegante  carta  a  elle  efcrita  em  Lisboa 
a  15.  de  Mayo  de  1622.  inferta  na  obra,  de 
que  logo  fe  fará  memoria,  o  IlluílriíTmio  Vi- 
cente Landinello  Bifpo  Albenganenfe,  e  Col- 
leitor  com  poderes  de  Núncio  Apoílolico 
neítes  Reynos,  onde  lhe  exalta  o  heróico  zelo, 
com  que  acerrimamente  defendia  a  immu- 
nidade  Ecclefiaítica.  Por  deligencia  de  feu 
Irmaõ  Fr.  Agoílinho  Cardofo  Religiofo  Tri- 
nitario,  e  Meílre  em  Theologia,  e  Procurador 
Geral  da  fua  Ordem  em  Roma,  fahio. 

Allegatio  júris  pro  interdigo  Ecclejiajlico, 
cui  Juppojita  fuerat  Ulyjftpo  cum  additamentis 
pro  tributis  perfonis  Ecclejiajiicis  non  imponen- 
dis.  Romãs  apud  Jacobum  Mafcardum  1623. 
4.  grande,  et  UlyíTipone  1627.  4. 

Eíla  obra  agradou  tanto  à  Santidade  de 
Paulo  V.  a  cujo  nome  fora  dedicada,  que 
mandou  guardar  hum  exemplar  na  Biblio- 
theca  do  Vaticano,  onde  exiíle  n.  5919.  como 


LUSITANA. 


i3i 


:iffirma  Montfaucon  in  Bib.  BibJiotbecar.  Aí. 
V.  mva  Tom.  i.  pag.  141.  col.  i.  c  cx- 
prcllar  ao  Author  a  cílimaçau,  que  delle 
iizera  por  feu  fobrinho  o  Cardial  Burgheíi 
(oiHccIcndolhc  para  eterno  teftemunho  da 
l)(  ii>  v(jlcncia  cõ  que  a  aceitara,  a  graça  perpe- 
iii.i  ^c  hum  altar  privilegiado  na  Parochia  de 
mu )  Aiidrc-,  da  qual  era  Prior.  Naõ  foy  menor 
.i  cninia(;a(>,  c|uc  fez  da  fua  peíToa  o  Gurdial 
Branclino  louvaiulolhc  cm  huma  carta,  que  lhe 
cfcrcvco,  as  luas  r.ramks  letras,  e  eíludos  em- 
pregados cm  ubícquio  da  Igreja.  Q>mpoz  mais. 
Kt:(pens  feitas  na  cauja  da  impofi^aò  dos  w- 
tibos.   Madrid  1620.  4. 

Fr.  AMBRÓSIO  DA  CONCEIÇAM. 
Nacco  no  lugar  de  Villarinho  fituado  no 
termo  da  Villa  de  Efgucira  do  Bifpado  de 
Coimbra,  onde  teve  por  Pays  a  Joaõ  Rodri- 
gues Graçaõ,  e  a  Pafchoa  Luiz  Pacheco. 
Kccebco  o  habito  Seráfico  da  reformada  Pro- 
víncia de  Santo  António  no  Convento  da 
Caílanheira,  e  profeíTou  folemnemente  a  8.  de 
Dezembro  de  171 2.  Por  diverfas  vezes  foy 
eleito  Guardião,  cujo  miniílerio  dezempenhou 
com  grande  fatisfaçaõ  dos  feus  fubditos, 
naõ  fendo  menor  o  credito,  que  tem  alcan- 
I  fado  o  feu  talento  no  exercido  do  Púlpito, 
de  que  deo  por  primícias  ao  publico. 

Sermão  em  acçaõ  de  Graças  a  Noffa  Senhora 
ios  Poderes  pela  exaltação  do  Senhor  D.  Jo^^é  ao 
Trono  da  Sé  de  Braga  Lisboa  por  Miguel  Rodri- 
gues ImpreíTor  do  Emmínent.  Card.  Patriar- 
cha  1739.  4. 

Fr.  AMBRÓSIO  DE  JESUS.  Naceo 
na  Cidade  de  Coimbra  fendo  filho  de  António 
da  Sylva  Soares  Secretario  da  Univeríidade 
da  fua  pátria.  O  nome  que  fe  lhe  impoz  no 
Bautifmo,  foy  certo  prognoílico  da  fuavi- 
dade  do  génio,  innocencia  da  vida,  e  pro- 
fundidade de  talento,  com  que  a  graça,  e 
a  natureza  abundantemente  o  dotáraõ,  de 
cujos  íingulares  dotes  foy  theatro  a  Seráfica 
Província  de  Portugal  profeíTando  o  feu  fa- 
grado,  e  auftero  iníUtuto,  onde  depois  de  fer 
Guardião  do  Convento  de  Lisboa,  naõ  fo- 
mente foy  elevado  a  Provincial  a  27.  de  Junho 
de  1 610.  fendo  huma  das  mais  notáveis  acçoens 
do  feu  governo  a  trafladaçaõ,   que  fez  no 


Convento  de  Alaoquer  das  veneráveis  relí- 
quias do  Santo  Fr.  Zacharias  feu  Fundador, 
mas  exercitar  em  o  anno  de  161 5.  o  lugar  de 
Cominario  geral  nefte  Reyno,  e  Tuas  Conquíílas. 
Chegando  á  noticia  de  Felippe  II.  de  Portu- 
gal a  £una  das  fuás  letras,  de  que  dera  illuAres 
argumentos  no  Capitulo  Geral  celebrado  em 
Roma  no  anno  de  161 2.  o  nomeou  Bifpo 
de  Saõ  Thomé,  de  cuja  dignidade  humilde- 
mente fe  efcufou,  e  para  que  fe  naõ  imagi- 
naíTe,  que  eíla  repulfa  era  caufada  pelo  temor 
do  mar,  ou  amor  da  pátria,  fe  embarcou  para 
a  Ilha  da  Madeira,  e  no  Convento  de  S.  Ber- 
nardino livre,  e  defembaraçado  de  governos 
gaílava  todo  o  tempo  na  contemplação  da 
eternidade.  Paífados  alguns  annos  voltou 
para  o  Convento  de  Lisboa,  onde  exerci- 
tando com  grande  exacçaõ  as  virtudes,  que 
prafticara  por  toda  a  vida,  paíTou  à  eterna 
em  o  anno  de  1627.  Fazem  memoria  das  fuás 
acçoens  Fr.  Fernand.  da  Soledad.  Hiftor. 
Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  5.  liv.  2.  cap.  29. 
n.  456.  e  Fr.  Joan.  à  Sanéto  António  in  Bib. 
Francifc.  Tom.  i.  pag.  58.  Publicou  os  Ser- 
moens  feguintes. 

Sermão  pregado  no  Capitulo  geral  dedicado  a  D. 
Femaõ  Martins  Mafcarenhas  Bifpo  do  Algarve,  e  In- 
quifídor  Geral  lAsho2i  por  Pedro  Crasbeeck  1608. 
4.  e  em  Roma  antes  da  impreííaõ  de  Lisboa. 

Sermão  feito  no  Auto  da  Fé  de  Coimbra  no 
Domingo  do  Jui^o  em  28.  de  Novembro  de  1621. 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeek.  1621.  4. 

AMBRÓSIO  MACílADO  DE  ABREU 
Vejafe  D.  JOZE  BARBOSA. 

D.  AMBRÓSIO  DE  MELLO,  a  quem 
D.  Gabriel  Pennoto  in  Hiflor.  T ripar t.  Ord. 
Can.  Keg.  Ub.  2.  cap.  61.  por  engano  lhe  chama 
D.  Anfelmo.  Naceo  em  Lisboa,  e  recebeo  o 
habito  de  Cónego  Regular  de  S.  Agoftinho  no 
Real  Convento  de  Santa  Cruz  de  Coimbra. 
Foy  taõ  douto  no  Direito  Canónico,  como 
obfervante  da  difciplina  regular,  merecendo 
por  eílas  partes  fer  eleito  no  Capitulo  cele- 
brado no  anno  de  1554.  Vicereytor  do  Colle- 
gio  de  S.  Agoitínho,  que  nefte  tempo  eHava 
entre  os  Clauílros  do  Convento  de  Santa 
Cruz.  Pelo  devoto  affeâo,  que  tinha  a  Saõ 
Theotonio,  fe  fez  digno  de  que  lhe  revelafle 


l32 


B IB  LIO  THE  CA 


o  dia  da  fua  morte,  que  foy  a  24.  de  Julho 
de  1557.    Compoz 

Conftituiçoens  da  Congregação  de  Santa  Crui^ 
de  Coimbra  depois  da  reformação  de/Rey  D.  Joaõ 
o  III.  apontando  pellas  margens  todos  os  lu- 
gares, e  textos  de  Direito  Canónico,  como  diz 
D.  Nicol.  de  Santa  Maria  na  Chron.  dos  Coneg. 
Keg.  Part.  2.  liv.  10.  cap.  12.  n.  10.  Compoz 
mais  obrigado  do  preceito  dos  Prelados. 

Conftituiçoens  para  o  Collegio  de  Santo  AgoJ- 
tinho. 

AMBRÓSIO  NUNES  natural  de  Lisboa, 
filho  de  Leonardo  Nunes  Phyfico  mór.  Fi- 
dalgo da  Cafa  Real,  Cavalleiro  profeíTo  da 
Ordem  de  Chriílo,  que  recebeo  a  19.  de  Fe- 
vereiro de  1546.  e  de  D.  Leonor  Coronel 
Irmaõ  de  Fr.  Gregório  Nunes  Coronel  infigne 
Theologo,  e  Secretario  das  Controveríias, 
que  houve  entre  os  Dominicos,  e  Jefuitas 
fobre  a  matéria  de  Auxiliis  no  de  1602.  de 
quem  em  feu  lugar  fe  fará  diftinta  memoria. 
Foy  Cavalleiro  da  Ordem  militar  de  Chriílo, 
cujo  engenho  fendo  na  idade  juvenil  conhecido 
por  ElRey  D.  Joaõ  o  IIL  o  mandou  eíludar 
Medicina  à  Univerfidade  de  Coimbra,  e  o 
fuftentou  com  largo  eftipendio,  até  que  recebeo 
a  borla  Doutoral  neíla  faculdade,  onde  leo  a 
Cadeira  de  Vacaçoens  no  anno  de  1535. 
Quando  efperava  a  Univeríidade  colher  mayor 
fruto  da  fua  profunda  fciencia  fe  retirou  para 
Salamanca,  onde  primeiramente  chegou  a  fa- 
ma do  feu  nome,  que  a  fua  PeíToa,  e  logo  foy 
provido  em  huma  Cadeira  de  Medicina,  da 
qual  foy  fubindo  pelo  efpaço  de  vinte,  e  féis 
annos  até  à  de  Prima  com  igual  credito  do  feu 
talento,  como  univerfal  acclamaçaõ  dos  feus 
ouvintes.  A  nunca  interrupta  continuação 
defte  litterario  exercício  o  fez  contrahir  algu- 
mas moleílias,  que  fe  faziaõ  mais  graves  pelo 
numero  dos  annos,  por  cuja  caufa  deixou  as 
Cadeiras,  e  importunado  dos  rogos  dos  mora- 
dores de  Madrid,  Sevilha,  e  outras  terras 
circumvizinhas,  fe  occupou  em  curar  os  enfer- 
mos com  taõ  feliz  fucceíTo,  que  naõ  havia 
doença  por  mais  perigofa,  e  inveterada,  que 
foíle,  que  naõ  cedeíTe  à  efficacia  dos  feus  remé- 
dios. Dezejozo  de  limar,  e  imprimir  as  Dou- 
trinas, que  tinha  diftado,  fe  refolveo  voltar 
para  a  pátria,  onde  foy  nomeado  por  ElRey 


Medico  da  fua  Camará,  e  Cirurgião  mór,  em 
cujos  miniílerios  obrou  taes  curas,  que  pare- 
ciaõ  fuperiores  às  forças  da  natureza.  Morreo 
em  Lisboa  a  1 1 .  de  Abril  de  1 6 1 1 .  com  outenta, 
e  cinco  annos  de  idade.  lintre  os  mais  infignes 
profeíTores  da  Medicina  he  louvado  por  Joaõ 
António  VanderLindem  in  Script.  Medic. 
Jorge  Abrah.  Mercklin.  in  Lind.  Renovai. 
Draudius  in  Bibliothec.  ClaJJic.  Nicol.  Ant.  in 
Hifpan.  Tom.  i.  pag.  54.  D.  Franc.  Manoel 
na  Cart.  dos  Autor.  Portug.  que  he  a  i.  da  4. 
Centúria  das  fuás  cartas.  Franc.  de  Santa  Ma- 
ria Ann.  Hijior.  e  Diário  Portug.  pag.  462. 
Zacut.  lib.  3.  Hiji.  24.  Quseft.  35.  et  in 
Prax.  Medic.  lib.  3.  Obferv.  117.  chamando- 
Ihe  doãijfimum.  Garcia  Lopes  in  Comment. 
Var.  Rei  Med.  Left.  cap.  26.  Veneran- 
dus,  et  omni  laude  quidem  dignus  D.  Doãor 
Ambrofms  Nonius,  quem  audio  jam  ad  vejper- 
tina  kãionis  Medicina  múnus  eveãum  ejje,  ad 
quod  meritijfimum  pramium,  licet  jure  óptimo 
omnium  bonorum  Juffragiis  vocatus  effet,  plurimum 
ipfe  latatus  fum  quod  plurimum  illum  amave- 
rim  propter  innumeras  ejus  animi  dotes,  pracla- 
ras  etiam  virtutes,  quibus  non  folum  meritó  a 
me  colendus,  (&  ampleãendus  effe  debuit,  qui- 
bus non  adjungerem  etiam  incredibilem,  et  ra- 
ram  in  litterarum  Jiudiis  eruditionem  ob  quam 
pluris,  quam  alii  à  me  faciendus  ejl.  Com- 
poz. 

Tratado  repartido  em  cinco  partes  princi- 
pales,  que  declaran  el  mal,  que  Jignifica  efie  nom- 
bre  Pefte,  con  todas  Jus  caujas,  j  fenales,  prognof- 
ticos,  y  indicativos  dei  mal  con  la  prejervacion, 
y  cura,  que  en  general,  y  en  particular  fe  deve 
ha^er.  Coimbra  por  Diogo  Gomes  de  Lou- 
reiro 1601.  4.  e  Madrid  1648.  4. 

Ennarrationes  in  priores  três  libros  Apho- 
rifmorum  Hypocratis  cum  paraphrafi  ad  commen- 
tar.  Galeni.  Conimbricae  apud  Didacum 
Gomes  Loureiro  1603.  foi.  No  privilegio 
Real,  que  eílá  impreíTo  neíla  obra,  fe 
concedia  licença  para  imprimir  os  Commen- 
tos  aos  fete  livros  dos  Aforifmos,  donde 
fe  colhe  que  os  quatro  livros  que  fe  naõ 
imprimirão,  eftavaõ  promptos  para  fahirem 
à  luz  publica.  Também  tinha  prompto, 
como  affirma  na  Prefação  do  Tratado  da 
Pefte. 

Antidotarium. 


r  I 


LUSITANA. 


i33 


É  cm  outra  parte  prometia  hum  Tratado. 
^.  Dt  Ptilfibiis. 

\\  AMBRÓSIO  PIRUS  Jefuita.  Partio 
(Ic  Lisboa  com  o  Padre  Luiz  da  Graá  em  8. 
(Ic  Mayo  de  ij jj.  c  a  15.  de  Junho  do  mcfmo 
Kino  chegou  á  Bahia,  donde  foy  mandado 
pclio  apoÃolico  efpirito  do  Padre  Manoel  da 
Nóbrega  iníignc  MiíTionario  da  America  á 
«ultura  clpiritual  do  Porto  íeguro.  Nefta 
inha  fe  empregou  com  incrivel  trabalho 
pacificando  ânimos  difcordes,  e  reduzindo 
conçoens  obílinados.  De  tudo  quanto  tinha 
obrado  neíla  MiíTaõ  fez  huma 

Carta  ao  Padre  Geral  efcrita  da  Bahia  em 
1 5 .  </f  Jimbo  de  1555.  a  qual  fahio  com  outras 
na  lingua  Italiana.  Vcnctia  por  Miguel  Tra- 
mczino  1559.  8' 

DcUc  falia  muito  brevemente  o  Padre 
Simaõ  de  Vafconcellos  Chron.  da  Comp.  de 
jefus  no  EJiado  do  Brafil  liv.  i.  n.  134.  e  140. 


ij^  P.  ANASTASIO  DUARTE.  Naceo  em 
I^Kísboa,  e  teve  por  Pays  a  Luiz  Duarte,  e 
^■Francifca  do  Efpirito  Santo.  Entrou  na  Con- 
I^BMaçaõ  do  Oratório  de  S.  Filippe  Neri 
■Tafua  pátria  ao   i.   de  Novembro  de  171 6. 

Com  o  fupofto  nome  de  Álvaro  Sabino  do 

iXpirito  Santo  publicou. 

Novena    da    Senhora    da    Oliveira.     Lisboa 

por  António  Pedrozo  Galraõ  1721.   16. 
Vida  de  S.  Francifco  de  Sales  4.  M.  S.  que 
III  brevemente  fahirá  a  luz. 

P.  ANASTASIO  GOMES  filho  de  Ma- 
thias  Gonçalvez,  e  Natália  Gomez  feme- 
Ihante  ao  precedente  aíTim  na  pátria,  que 
lhe  deo  a  natureza,  como  no  inílituto  de 
Congregado,  que  devotamente  abraçou  na 
Congregação  da  Villa  de  Eftremoz  a  14.  de 
Fevereiro  de  171 3.  Depois  de  acabar  os  Eíhi- 
dos  efcholaíUcos  em  que  deu  claros  argumentos 
da  viveza  do  feu  engenho,  naõ  foraõ  infe- 
riores os  da  piedade,  e  ternura  do  feu  coração 
em  a  obra,  que  imprimio  com  o  aíFeótado 
nome  do  Padre  Simaõ  Góes  da  Santa,  cujo 
titulo  he  o  feguinte. 

Monte  de  Mjrrha  .  ou  amarguras  do  Calvário 
ponderadas  em  nove  principaes  tormentos  dos  que  pa- 
deceo  JESUS  Chrijio  Crucificado  Lisboa  1738.  12. 


Ff.  ANASTASIO  DE  LINHARES 
cujo  appclído  tomou  da  Vilia,  onde  na- 
ceo fituada  na  Província  da  Beira.  Rcce- 
beo  o  Habito  Monacal  no  Convento  de 
Aguiar  da  Congregação  Cífterdenfe.  Flo- 
receo  pelos  annos  de  1400.  Foy  muito  douto 
na  liçaò  da  Efcritura,  como  o  teílcmunha 
a  obra,  que  íe  conferva  Aí.  S.  no  Real 
Convento  de  Alcobaça,  cujo  titulo  he  o  fe- 
guinte. 

íixpofitio  moralis  in  Jex  alas  Seraphim 
l/aia. 

ANDRÉ  DE  ALBUQUERQUE  RIBA- 
FRIA,  Alcayde  mòr  de  Cintra,  e  Commen- 
dador  de  Saõ  Mamede  de  Sortes  na  Ordem 
de  Chrifto  naceo  na  Villa  de  Cintra  a  21.  de 
Mayo  de  1621.  fendo  feus  illuftres  Pays 
Gafpar  de  Albuquerque,  e  D.  Angela  de  No- 
ronha filha  de  D.  Pedro  Lobo,  e  D.  Brites 
da  Sylveira.  Foy  VaraÒ  de  extraordinários  dotes 
do  corpo,  e  do  efpirito,  galhardo  na  prejença, 
fuave  na  converfaçaõ,  affavel  no  trato,  difcreto 
Jem  malicia,  valente  Jem  ruido,  virtuojo  fem  in- 
venção, de  religiofa  obfervancia  nas  leys  milita- 
res, de  profunda  inteireza  na  jujliça,  de  fingular 
confiancia  no  bem,  e  no  mal,  fas^ia-fe  amar, 
Ja^ia-Je  temer;  mas  nem  para  grangear  a  ajeiçaõ 
unhava  de  afagos,  nem  para  Jegurar  o  temor  fe 
valia  dos  cafligos.  Dif punha  com  fuavidaãe,  obrava 
fem  efirondo,  executava  com  acerto.  Foj  nelle  o 
valor  mais  naturet^a,  que  qualidade,  fendo  fem- 
pre  taÕ  Senhor  do  animo  nos  majores  perigos, 
que  parecia  infenfibilidade,  o  que  era  confiancia. 
Teve  o  ferviço  do  feu  R^  por  vida,  e  por  re- 
galo, e  em  de^^anove  annos  contínuos  fó  duas  vev^es 
o  vio  a  Corte  hofpede.  Foy  Soldado,  foy  Capitão, 
foy  Mejlre  de  Campo,  foy  General  da  artilharia. 
General  da  Cavallaria,  e  Mejlre  de  Campo  Ge- 
neral, fendo  fempre  taõ  fubdito,  como  Cabo; 
ninguém  foube  melhor  obedecer,  ninguém  foube 
melhor  mandar.  A  eíle  elegante  Elogio,  que 
lhe  confagrou  a  difcreta  pena  do  Doutor 
António  Barbofa  Bacelar,  pelo  qual  fe  co- 
nhece claramente  o  carafter  da  fua  PeíToa, 
correfponde  outro  naõ  inferior  na  elegância, 
que  lhe  dedicou  à  fua  memoria  o  Padre  Ma- 
noel Luiz  in  Vit.  Princip.  Theodojii  lib.  2. 
cap.  II.  n.  130.  Andreas  A.lbuquercius  Cintret 
areis  prafeãtis  militari  virtute,  çif  peritiá  in  paucir 


i34 


BIBLIO THEC  A 


<;larus:  is  à  prima  pojl  regiam  acclamatio- 
nem  die  ad  arma  conclamatum  eji  ex  pulvere 
Vlyjfiponenji  Htterario  ad  helHcum  raptim  pro- 
Jiliens  ea  Elviis  jecit  glorio/a  militics  fundamenta, 
qucB  nemo  ad  id  tempiis  aut  plurihus  auxií  incre- 
mentis,  aut  illujlribus  rerum  praclare  gejiarum 
monumentis  ad  fummum  bellica  gloria  apicem 
/iltiits  evexit.  Idem  manu  promptus,  conjilio  vali- 
dus,  animo  non  minas  tranquillo,  quam  audaci, 
planeque  generofo  in  oppidorum,  <&  arcium  expugna- 
tione  nulli  Jecundus  in  aciem  procedere  inter  pofire- 
mos,  <Ò'  pralio  excedere.  Ita  denique  in  omnibus 
Jlrenue  fe  gerere,  ut  frequentibus  de  illo  encomiis 
iMJitanaJape  Aula  {quodaulicis  rarum)  perfonaret. 
Sendo  efte  infigne  Heróe  taõ  grande  na  vida, 
o  naõ  foy  menor  em  a  morte  infauftamente 
fuccedida  em  14.  de  Janeiro  de  1659.  cujo  dia 
fera  igualmente  gloriofo,  e  lamentável  nos 
faftos  de  Portugal.  A  o  tempo,  que  furiofa- 
mente  na  Campanha  de  Elvas  fe  eftava  com- 
batendo o  exercito  Portuguez  com  o  Cafte- 
Ihano  fuperior  àquelle  naõ  fomente  em  o  nu- 
mero, mas  ainda  na  fttuaçaõ,  advertio  como 
vigilante  General  que  hum  Regimento  come- 
çava a  retroceder,  e  para  que  fe  naõ  deixaíle 
poíluir  de  huma  paixaõ  taõ  indecorofa  à  fua 
Teputaçaõ  fe  meteo  intrepidamente  pelo  meyo 
■delle,  quando  querendo  a  fortuna  vender  a 
Portugal  por  taõ  cuftofo  preço  a  vitoria,  ou 
fendo  chegado  o  tempo  de  fe  remunerarem 
os  feus  heróicos  merecimentos  com  huma 
coroa  immortal,  foy  atraveíTado  pelo  peito 
com  huma  bala,  ficando  por  algum  efpaço 
immovel  aquelle  generofo  efpirito  naõ  que- 
rendo feparar-fe  do  corpo,  até  que  naõ  viííe 
completamente  alcançada  a  vitoria,  a  cuja 
memorável  acçaõ  lhe  cantou  os  epinicios  a 
Mufa  elegante  do  Padre  Jerónimo  Petrucci 
Meftre  de  Rhetorica  no  Collegio  Romano 
neíle  agudo  epigrama. 
L,ujiadum  hinc  acies,  illinc  Mavortis  Iberi 

Agmina  contukrant  Janguinoknta  manus. 
Anceps  pugna    diu  prior    Alhuquerqus   Iberos, 

Valladis  armatos  fulmine  fudit  equos. 
Illius  adfulmen  viãoria  plena  fecuta  efl: 

Hofles  prcBcipitem  corripuére  fugam. 
Infequitur prófugos  Machabaus  ut  alter:  <&  hoflem 

Dum  premit,  opreffo  viãor  ab  hofie  cadit. 
Nec  priUs  ille   cadit,  quam  Numine  plena  ca- 
dentis 


Ora  triumphales  infonuére  modos. 
Vicimus,    et   cadimus.     Fugientem   vidimus   hof- 

tem 
Nos  cadimus,  cadimus  quam  benel   Pátria 

flat. 
"Libera  morte  mea,  mea  Lufitania  vives 
Morte  mea  vivis,  pátria:  non  morior. 

Os  elogios  que  à  immortal  fama  deftc. 
Marte  Portuguez  dedicarão  vários  engenhos, 
fe  podem  ler  em  o  feu  Panegyriíla  Joaõ  de 
Medeiros  Corrêa,  que  delles  fez  huma  colleçaõ, 
a  qual  fahio  impreífa  em  Lisboa  por  Domin- 
gos Carneiro  1661.  4.  Semelhantes  louvores 
efcreveraõ  em  obfequio  da  fua  memoria 
o  Conde  da  Ericeira  D.  LuÍ2  de  Menezes 
Portug.  Kefiaur.  Part.  2.  liv.  4.  pag.  213.  o 
Senhor  de  Cochon  Truel,  alias  Duarte  Ribeiro 
de  Macedo,  nas  Advert.  às  Addicoens  ao  Padre 
Marian.  pag.  195.  Varon  de  altas  prendas 
que  caminava  a  igualar-fe  con  los  majores  Heroes, 
que  celebra  la  Fama  heróica,  j  que  hit^o  a  los  Portu- 
gueses cojlofo  el  vencimiento.  Franc.  de  Santa 
Mar.  Ann.  Hiflor.  Diar.  Portug.  pag.  76.  Será 
immortal  nos  Annaes  Portugueses  a  gloria  do 
feu  nome.  Franc.  Brandan.  Ifior.  delia  Guer.  de 
Portugal.  Part.  2.  pag.  216.  O  P.  D.  Ant.  Caeta- 
no de  Souf.  Hifi.  Gen.  da  Caf.  Real  de  Portug. 
Tom.  I.  pag.  250.  Hum  dos  mais  valerofos,  e 
f cientes  Generaes  do  feu  tempo.  Certamente  fora 
igual  a  Cefar  André  de  Albuquerque,  fe  como 
elle  efcrevera  as  fuás  heróicas  façanhas  das 
quaes  publicou  a  menor  parte  mandando  ao 
SereniíTimo  Rey  D.  Joaõ  o  IV. 

Relação  hiflorica  da  viãoria  alcançada  entre 
Arronches,  e  Affumar  em  %.  de  Novembro 
de  1653.  Lisboa  na  Officina  Crasbeekiana 
1653  4. 

D.  ANDRÉ  DE  ALMADA  natural  de 
Lisboa,  ou  do  lugar  do  Pombalinho  fituado 
entre  Condeixa,  e  o  Pombal.  Foy  filho  de 
D.  Antaõ  Soares  de  Almada  fegundo  deJle 
nome,  e  D.  Vicencia  de  Caftro.  A  natureza 
o  ornou  de  génio  feílival,  e  urbano ;  de  engenho 
agudo,  e  perfpicaz;  de  juizo  profundo,  e  dif- 
creto,  de  animo  generofo,  e  capaz  de  emprezas 
grandes.  Admiráveis  foraõ  os  progreíTos, 
que  fez  a  fua  grande  comprehenfaõ  nas  letras 
humanas,  Filofofia,  Geografia,  e  Mathema- 
tica,  fendo  ainda  mayores  os  que  manifeítou 


L  USITANA. 


i35 


O.  feu  talento  na  faculdade  dfl  Theologia,  na 
qpl  com  applauTo  de  todos  os  Académicos 
Qmimbriceaíes  recebeo  as  infignias  doutotaes 
i^dbindo  por  uniforme  voto  de  todos  no  anno 
de  x6o8.  a  ler  a  Cadeira  de  Gabriel,  donde 
|Éflbu  em  1615.  à  de  Efcoto,  e  ultimamente 
em  1615.  à  de  Vefpera,  na  qual  duas  vezes 
jubiluu;  a  primeira  no  anno  de  1628.  e  a  z.  no 

Iafuio  de  1641.  naõ  chegando  à  de  Prima  por 
it  nefte  tempo  proprietária  delia  a  Ordem 
íê  Pregadores.  Era  taõ  venerada  a  fua  fcien- 
^  que  nunca  teve  oppofítor  ás  Cadeiras, 
que  rcgcntou,  por  naõ  haver  quem  ncílcs  com- 
bates litterarios  lhe  dirputaííe  a  vitoria,  fendo 
taõ  prompto  para  arguir,  como  para  refponder 
às  mayores  dificuldades.  Foy  perpetuo  De- 
cano da  Univcrfidadc,  a  qual  governou  com 
poderes  de  Reformador  dcfde  o  anno  de 
1638.  até  1640.  A  mayor  parte  da  fua  vida 
M  iuibitou  no  Real  Collegio  de  S.  Paulo,  de  que 
'  Toy  Porcionifta  deixandolhe  em  final  de  affedlo, 
ii;radecido  a  taõ  erudita  Sociedade,  a  fua  copio- 

IAí,  e  feleâa  Livraria.  Entre  os  infignes  Cathe- 
■taticos,  que  ornavaõ  a  Univcrfidadc,  foy 
"Beyto  para  efcrever  ao  Summo  Paílor  fupli- 
indo-Ihe  em  nome  de  taõ  illuftre  Academia 
a  definição  do  immaculado  Myfterio  da  Con- 
ceição da  Senhora.  Reformou  juntamente 
com  D.  Álvaro  da  Cofta,  que  foy  Reytor  da 
Univcrfidadc  o  Collegio  de  S.  Pedro.  Mere- 
ceo  as  eílimaçoens  dos  Príncipes,  e  dos  mayores 
Letrados  daquella  idade,  fendo  entre  elles  o 
principal  o  Doutor  Eximio  o  Padre  Francifco 
Suares  Granatenfe,  antigamente  feu  Meílre, 
,  I  e  depois  companheiro  no  magiílerio  da  Uni- 

1^  verfidade.  A  fama  da  fua  fabedoria  era  taõ 
I  grande,  que  fahindo  dos  limites  do  Reyno, 
fe  dilatou  por  toda  a  Europa  dedicandofe-lhe 
ao  feu  nome  em  Flandes  vários  Mappas. 
Cheyo  de  annos,  e  muito  mais  de  merecimen- 
,  tos,  morreo  no  Real  Collegio  de  S.  Paulo  de 
1  Coimbra  a  29.  de  Novembro  de  1642.  a  cujo 
nome  ainda  faudofa,  e  reverente  a  mocidade 
cftudiofa  da  Univerfidade  o  intitula  o  Senhor 
D.  André  de  Almada,  como  elegantemente 
cfcreveo  o  lUuílrifiimo  Bifpo  do  Porto  D.  Fer- 
nando Corrêa  de  Lacerda  na  H//?.  da  Vida  de 
Santa  I:(abel  Kajnha  de  Portugal,  pag.  357. 
D.  André  de  Almada  L^nte  de  Vejpera  de  Theo- 
loffa  na  Univerfidade,  bem  conhecido  em  EMropa 


por  fuás  excellenies  virtudes,  eminentes  letras,  e 
fin^lar  di/criçaõ,  a  quem  o  efiuMofo  ref peito  ainda 
nomea  por  Senhor  em  veneração  do  feu  mereci- 
mento. Dcllc  fazem  honorifica  mençaõ  Jozé 
Maííeo  in  vi  ta  Magfti  Soarij  Granai,  cap.  2). 
Seraphin.  de  Freitas  in  addit.  ad  Traã.  de  Con- 
fef.  Sollicit.  ad  Quacft.  17.  n.  15.  Ob  doãrirut 
eminentiam  vir  ad  maiora  natus.  Fr.  Fraoc  à 
D.  Aug.  Maced.  in  2.  Sent.  di/Ter.  5.  collat.  9. 
Se£l.  4.  §.  2.  illuflrijftmus  pariter  et  doãijjimus. 
Franc.  Valafc.  de  Gouvea  Allegac.  pelo  Duque 
de  Aveiro  n.  5j6.  cujas  letras,  e  eminência  pela 
qualidade  delias,  e  de  feu  illufire  fangue  fdõ  conhe- 
cidas em  toda  a  lluropa.  D.  Rodrigo  da  Cunha 
de  Confeffar.  Sollic.  quxft.  4.  n.  10.  Quem  illufire 
genus,  Theologia  fpeculatio  illufirem  fecit.  c  na 
Hifi.  Ecclef.  de  Brag.  Part.  2.  cap.  106.  cha- 
mando-lhe  Credito  de  toda  Efpanha.  E  no  Catai, 
dos  Bifp.  do  Porto  2.  Part.  cap.  42.  Loç  da  Theo- 
logia. Joan.  Suar.  de  Brito  in  Theatr.  Ljdfit, 
Litter.  Lit.  A.  n.  32.  Vir  fplendore  natalium,  ef 
doãrina  claritate  infignis  fiatura  fuit  fupra  medio- 
crem  hahitudinem  media,  oculis  cafiis,  ore  pleno,, 
rotundoque,  colore  cândido.  D.  Nicol.  de  Santa 
Mar.  Cron.  dos  Coneg.  Keg.  Part.  2.  fiv.  10. 
cap.  29.  n.  23.  Grande  Mefire.  Miguel  Pinta 
de  Soufa:  Mufa  in  Theodofium  lib.  2.  pag.  95.  v.®. 
Andréas  quem  Palladio  Conimhrica  dorfo 
Doãorem  eximium  veneratur. 
Fr.  Leaõ  de  Santo  Thom.  Bened.  hufit. 
Tom.  2.  Trat.  2.  part.  ult.  pag.  439.  Pejfoa 
muito  illufire,  e  digna  de  celebre  memoria  nefias 
Efcolas.  Jacob.  Philip.  Thomas.  Annal  Can. 
fecul  pag.  175  Doãor  celeberrimus.  Fr.  Fernand. 
da  Soledad.  Hifi.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  5.  liv.  4.  cap.  33.  n.  11 64.  Famofo.  e  na 
Part.  4.  liv.  3.  c.  13.  n.  552.  Coluna  da  Theologia, 
e  meu  Irmaõ  D.  Jozé  Barbofa  Chron.  de 
Sereniflima  Cafa  de  Bragança,  e  Académico 
Real  nas  Memorias  hifioric.  do  Colleg.  Real  de 
S.    Paul.    p,    265.    e    no    Archiathan.   Lufit, 

pag.  77- 

Arte  etiam  quandoque  facrá  miracula  florent, 
Unum  erit  egregius  totó,  c5>*  mirandus  in  Orbe 
Andraas   Almada   vetus   cognomen   habebit. 
Cõfpiciet  Cathedras  Academia  doãa  regètê, 
Audebit  que  viro  nemo  fe  opponere  tanto. 
Qua   loca   íerrarum   Cali  fpeculatur  et  afira 
Andraam    reddet    celebrata  fcienfia    nofum: 
Credere   non   dubites,   dicet  gens  Bélgica,   àicet. 


t36 


BIB  LIO  THE  CA 


Integritas  Almada  Pefri   Venerabile  coget 
Conventum  mores  tterum  Jervare  vetuftos. 
Ergo  cum  vita  fuerit  defunãus,  amatiim 
Ditabit  ccetum  lihrorum  copia,  Jumptu 
^QueBJita  eximio,  magnoque  parata  labore. 
Compo2. 

De  Incarnatione .  Deíle  tratado  eílavaõ  já 
impreíTas  450.  paginas  in  foi.  do  qual  vimos 
hum  exemplar,  que  fe  conferva  na  grande 
Bibliotheca  do  ExcellentiíTimo  Conde  da  Eri- 
ceira, e  outro  fe  guarda  no  Collegio  de  Coim- 
bra dos  Religiofos  Trinos.  Naõ  fe  acabou 
a  impreíTaõ  deíle  livro  por  fe  acabar  a  vida  ao 
feu  Author,  de  cuja  obra  faz  diílinéla  memo- 
ria a  Magna  Bibliothec.  Ecclejiajl.  pag.  337.  col.  2. 

De  Triplici  Scientia  anima  Chriji.  M.  S. 
in  foi. 

ANDRÉ  AFFONSO  PEYXOTO  natu- 
ral da  Villa  de  Guimaraens,  na  Provincia  de 
Entre  Douro,  e  Minho  filho  de  Gregório 
Rebello,  e  Ifabel  Peixoto,  e  herdeiro  igual- 
mente da  riqueza  da  fua  Cafa,  como  da  antigua 
nobreza  da  fua  geração.  Todo  o  feu  difvelo 
naõ  foy  augmentar  as  rendas,  que  poífuia, 
mas  examinar  os  mais  occultos  monumentos 
■das  antiguidades  Portuguezas.  Para  efte  fim 
naõ  perdoou  a  género  algum  de  trabalho, 
ou  difpendio,  pois  ou  aíTiílindo  em  cafa,  ou 
peregrinando  pelo  Reyno,  fe  applicou  na  invef- 
tigaçaõ  das  infcripçoens  gravadas  nos  bronzes, 
ou  aberta  nos  mármores,  e  no  exame  dos  Car- 
tórios das  Igrejas,  e  Archivos  dos  Conventos 
reduzindo  tudo  quanto  defcobria  a  fua  in- 
canfavel  inveítigaçaõ,  que  era  conducente  ao 
intento  do  feu  eíludo,  a  diverfos  livros,  que 
por  fua  própria  maõ  efcrevia.  Deíle  litterario 
trabalho  naceo  o  illuílrar  muitas  Famílias 
deíle  Reyno,  que  tinhaõ  fido  principiadas 
por  D.  Pedro  Conde  de  Barcellos,  ajuntando 
outras  de  que  fez  vários  volumes,  que  eílavaõ 
promptos  para  a  impreííaõ.  Algumas  deftas 
obras  fe  confervaõ  nos  Archivos  do  Convento 
de  Pombeiro  de  Monges  de  S.  Bento,  e  do 
Convento  da  Serra  junto  da  Cidade  do  Porto, 
que  he  de  Cónegos  Regulares  de  Santo  Agof- 
tinho.    Compoz  mais. 

Memorias  hijloricas,  e  Antiguidades  de  Gui- 
maraens. Cuja  obra  louva  muito  D.  Nicol.  de 
Santa  Maria  Chron.  dos  Coneg.  Kegtil.  Hv.   5. 


cap.  10,  n.  6.  chamando  ao  feu  Author  Grande 
Antiquário.  Morreo  na  fua  pátria  a  15.  de 
Abril  de  1642.  e  eílà  fepultado  na  Igreja  dos 
Francifcanos  junto  à  Capella  dedicada  às 
Chagas  de  Chriílo. 

ANDRÉ  ALVARES  DE  ALMADA. 
Naceo  em  a  Cidade  de  Saõ-Tiago  em  Cabo 
Verde,  onde  foy  morador,  e  Capitão.  Impel- 
lido  da  curiofidade  penetrou  com  alguns 
foldados  o  Continente  da  fua  pátria,  e  grande 
parte  do  Reyno  de  Angola,  obfervando  com 
deligente  inveíligaçaõ  a  fituaçaõ  das  terras, 
os  ritos,  e  coílumes  dos  feus  habitadores. 
De  todas  eílas  obfervaçoens  alcançadas  pelo 
feu  difvelo  fez  huma  exafta  defcripçaõ,  que 
no  anno  de  1594.  dedicou  aos  Governadores 
do  Reyno,  a  qual  mandarão  foíTe  examinada 
por  D.  Fr.  Pedro  Brandão  Bifpo  de  Cabo- 
verde  como  teílemunha  ocular  do  que  nella 
fe  relatava,  o  qual  teílemunhou  por  huma 
carta  fer  digniífima  da  luz  pubUca,  que 
até  agora  naõ  logrou,  e  delia  conferva 
huma  copia,  que  parece  fer  original,  entre 
os  livros  da  fua  feleéla  livraria  da  Hiíloria 
deíle  Reyno,  e  fuás  Conquiílas,  meu  Irmaõ 
D,  Jozé  Barboza,  Clérigo  Regular  Chroniíla 
da  Sereniffima  Cafa  de  Bragança  com  efte 
titulo. 

Tratado  breve  dos  Rejnos  de  Guiné,  e 
Cabo  Verde:  M.  S.  4.  Começa  Qtnti  efcrever 
algumas  coufas  do  Rejno  de  Guiné,  e  Cabo 
verde.  Acaba  Dou  fim  a  efte  Tratado  por- 
que fe  naõ  pode  dit^er  tudo.  Coníla  de  10.  Ca- 
pítulos. 

Eíla  obra  fahio  modernamente  impreíTa 
totalmente  diverfa  do  eftilo,  e  ordem,  que 
lhe  deu  feu  author,  e  até  o  Patronímico  de 
Alvares  lhe  converteo  o  Author  defta  mudança 
em  Gonçalves  com  eíle  titulo. 

KelaçaÕ,  e  Defcripçaõ  de  Guine  na  qual  fe 
trata  das  Varias  Naçoens  de  Negros  que  a  povoaõ, 
dos  feus  Coftumes,  leys,  ritos,  Ceremonias,  Guer- 
ras, Armas,  Trajos,  da  qualidade  dos  portos,  e  do 
comercio,  que  delles  fe  fat^.  Lisboa  na  Officina 
de  Miguel  Rodriguez   1733   4. 

Da  obra,  e  do  Author  delia  André  Alvares 
de  Almada  faz  memoria  o  moderno  addicio- 
nador  da  Bib.  Geograf.  de  Anton.  de  Leaõ 
Tom.  3.  col.  171 6. 


L  USITAN  A. 


ANDRÉ  ANTÓNIO  DE  CASTRO  na- 
tural de  Villaviçofa,  igualmente  por  herança, 
que  cíludo  infignc  Medico  por  fer  filho  de 
Diogo  de  Caílro,  c  neto  de  Andrc  de  Caílro 
Lente  de  Vefpera  na  Univerfídade  de  Coim- 
bra, e  ambos  Phyfícos  mores  dos  SereniíTimos 
Duques  de  Bragança.  Seguindo  os  vcíligios 
tic  leu  Pay,  e  Avô,  foy  admitido  na  idade  juve- 
nil por  criado  dos  mefmos  Duques  no  anno 
de  1586.  e  ainda  que  repugnava  o  fcu  gcnio 
cíludar  Medicina  fe  applicou  a  cila  por  iníi- 
nuaçaò  do  Duque  D.  Theodofio  II.  na  qual 
lahio  taõ  eminente,  que  por  toda  a  vida  a 
exercitou  ncfta  grande  Gafa,  fendo  taõ  cftimado 
pela  fua  fciencia  Medica,  que  o  SereniíTimo 
Duque  D.  Joaõ,  que  depois  foy  elevado  ao 
trono  de  Portugal,  naõ  fomente  o  fez  fcu 
Phyíko  mór,  mas  lhe  dco  a  Alcaidaria  mór  da 
Villa  de  Ourem,  e  a  Commenda  de  Monte 
Alegre  na  Ordem  de  Chrifto.  A  cftc  Príncipe 
já  aclamado  acompanhou  até  Lisboa,  onde 
livrando  da  morte  a  muitas  peíToas  pela  efficacia 
dos  feus  medicamentos,  naõ  pode  evitar  que 
foflc  defpojo  da  fua  crueldade  no  anno  de 
1642.  ErnditiftMo  he  chamado  por  Zacuto 
in  Hijl.  Príncip.  Medic.  lib.  4.  Hift.  25.  quaeft.  26. 
Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Tbeatr.  l^ufit.  L,iter.  lit. 
A.  n.  34.  in  facultate  Medica  perdoãus.  D,  Fran- 
cifc.  Manoel  na  Carta  dos  Authores  Portug. 
Francifco  de  Moraes  Sardinha  Parnaffo  de  Vil- 
Javiçofa  liv.  2.cap.54.e  60.  Das  obras,  que  com- 
poz  fazem  mençaõ  com  grandes  louvores  Joan. 
Ant.  Vanderlind,  Georg.  Abrah.  Mercklin  in 
Und.  Renova/,  e  Nicol.  Anton.  in  Bib.  Hif- 
pan.  Tom.  i.  pag.  5  5.  as  quaes  faõ  as  feguintes. 

De  Jehrium  curatione  lib.  3. 
De  fimplicium  medicamentoru  facultate  lib.  z. 
De  qualitatibus  alimentorum ,  qucB  humani  corpo- 
ris  nutri tioni  funt  apta  Traã.  10.  Villa vi- 
çofae  typis  Emmanuelis  Carvalho.  1636.  foi. 
No  fim  da  prefação  deite  ultimo  volume  affir- 
ma  ter  promptos,  e  acabados  três  Tratados 
de  varias  matérias  de  Medicina,  que  a  morte 
impedio  naõ  lograíTem  da  luz  publica. 

ANDRÉ  DO  AVELLAR  Naceo  em  Lis- 
boa no  anno  de  1546.  iníigne  Mathematico, 
e  celebre  profeflbr  deíla  grande  faculdade 
na  Univeríidade  de  Coimbra,  onde  leo  huma 
Cadeira,  de  que  tomou  poíle  em  4.  de  Janeiro 


.37 

de  1592.  quando  tinha  34.  annos  de  idade» 
e  nella  jubilou  em  28.  de  Setembro  de  161 2. 
Foy  Guarda  do  Cartono  da  Univerfídade,  e 
Meftre  em  Artes.  Depois  de  fer  viuvo  fe  orde- 
nou de  Presbytero,  e  foy  Tercenario  na  Cathe- 
dral  de  Coimbra.  Vivia  pelos  annos  de  1621. 
e  1622.  lie  louvado  por  Nicol.  Ant.  in  l^b. 
m/p.  Tom.  I.  pag.  5).  António  Pimenta  na 
Sciographia  pag.  62.  e  joaõ  Soar.  de  Brito  in 
Tbeatr.  ÍJéfit.  ÍJí.  Ict.  A.  n.  35.  chamando-lhe 
Mathematicaruf»  difciplinarum  projtffor  efftffus, 
Compoz. 

Repertório  dos  tempos  o  mais  copio/o,  que  a/è 
ajipra  fahio  à  lu^  conforme  a  nova  reformarão  do 
Santo  Padre  Gregório  XIII.  no  anno  de  IJ82. 
Lisboa  por  Manoel  de  Lyra.  1)85.  4.  mais 
acrecentado  Coimb.  por  Joaõ  Barreira  Imprcf- 
for  da  Univeríidade  1)90.  4.  e  Lisboa  por 
Jorge  Rodriguez  1602.  4. 

Da  Effera,  e  feu  u:(p.  Coimbra  por  Joaõ  de 
Barreira  1593.  8.  De  ambas  eílas  obras  faz 
mençaõ  o  novo  addicionador  da  Bib.  Nau- 
tic.  de  António  Leaõ  Tom.  2.  tit.  i.  coL 
1050. 

Arvore  Genealógica  da  Serenijfima  Gafa  de 
Bragança.    Naõ  fey  fe  fe  imprimio. 

ANDRÉ  BAYAM  Naceo  de  Pays  Por- 
tuguezes  na  Cidade  de  Goa  Cabeça  do  Império 
Lufitano  na  Afia,  onde  inílruido  na  lingua 
latina,  Filofofia,  e  mais  artes  liberaes  dezejofo 
de  adquirir  novos  thezouros  de  fabedoria 
paíTou  a  Coimbra,  em  cuja  famofa  Univerfi- 
dade  eftudando  a  Sagrada  Theologia  recebeo 
nella  o  gráo  de  Bacharel.  Naõ  fatisfeito  o 
feu  animo  com  as  fciencias,  que  já  podia  en- 
finar,  ainda  anhelava  aprender  outras,  e  levado 
defte  appetite,  e  juntamente  da  pobreza,  em 
que  vivia,  paíTou  a  Roma,  onde  foy  venerado 
por  hum  dos  grandes  Gramáticos  daquella 
idade,  e  como  tal  eleito  pelos  Regentes 
do  Seminário  dos  Órfãos  para  os  inflxuir 
com  os  preceitos  grãmaticaes  aífinandolhe  em 
remuneração  defte  trabalho  largo  partido. 
Exercitou  efte  minifterio  com  tanto  fruto 
dos  feus  difcipulos,  que  mereceo  occupar 
mayores  Cadeiras  fendo  Meftre  de  Rhetorica 
no  Collegio  dos  Gregos,  em  cuja  lingua 
fe  fez  muito  perito.  A  fua  fciencia,  que 
fe  fazia  mais  eftimavel  pela  innocencia  dos 


i38 


BIB  LIO  THE  CA 


coíhimes,  lhe  conciliou  a  amÍ2ade  do  Emi- 
nentiíTimo   Cardial    Francifco    Joyofa    Bifpo 
Sabinenfe,    o   qual   lhe   pedio    com    toda   a 
efficacia  foíTe   Regente   do   Seminário   Man- 
lianenfe,   e  depois  do  de  Veletri,  cuja  iníi- 
nuaçaõ  recebeo   como  preceito  por  naõ  fer 
ingrato  ao  aíFeâo   deíle  Príncipe.    Para  que 
com  mayor  focego  fe  applicafle  à  cultura  das 
virtudes,  e  das  fciencias,  voltou  para  Roma, 
e  recolhido  na  Cafa  de  S.  Pantaleaõ  dos  Pa- 
dres Clérigos  Regulares  das  Obras  Pias  paf- 
fou  o  reílante  da  fua  vida  com  grande  exemplo 
de  toda  aquella  Religiofa  Communidade,   a 
qual  deixou  por  herdeira   de  todas  as  fuás 
eruditas  compoíiçoens  ordenando  no  Teíla- 
mento,  que  foíTe  fepultado  no  feu  Templo, 
e  que  na  pedra  fepulchral  lhe  gravaíTem  efte 
Epitáfio  por  elle  compoílo  no  qual  fe  acrecen- 
tou  o  dia,  mez,  e  anno  da  fua  morte. 
D.  O.  M. 
AndrcBas  Bayanus 
Sacerdos  l^ufitanus  Orientalis 
Hic  jitus,  unde  nafus. 
Vixit  annos  73. 
Obiit  2.  Junij  ann.  Domini.  1639. 
Tetrallichon. 
Quám   bene   novit  humo   compaãa   hac   memhra 

reverti 
Faãus  homo  in  paucam  quà  jacet  author  hu- 

mum. 
Non  títulis  nomen  vita  Jihi  crejcere  funão 
Optavit:  fatis  ejl:  hic  Jitus,  unde  fatus. 
Mereceo  efte  iníigne  varaõ  pela  integri- 
dade da  vida,  fciencia  naõ  vulgar  da  lingua 
Latina,  e  Grega,  facilidade  fumma  ainda  extem- 
poraneamente em  compor  verfos  de  todo  o 
género,  as  eftimaçoens  das  PeíToas  mais  prin- 
cipaes,  e  eruditas  de  Roma  diftinguindo-fe 
entre  elles  os  Cardiaes  Joyofa,  e  Borromeo, 
o  qual  efcrevendo-lhe  de  Milaõ  no  i.  de  Agofto 
de  161 2.  lhe  agradece  a  Poefia,  que  compufera 
em  louvor  de  S.  Carlos  credito  immortal  da 
fua  illuítre  Familia  dizendolhe  deíla  forte. 
Magis  ne  deheam  ingenii  acumen,  an  pietatem 
mirari  in  tua  S.  Caroli  Cardiographia  incertus 
harerem,  niji  alterum  ex  altero  Jequi,  é^  pietatem 
ejfe  prajiantijfimarum  rerum  parentem,  (ò'  altri- 
cem  cognitum  mihi  ejjet  penitus,  <&  exploratum, 
<ò'c.  André  Victorello  no  Cathalog.  dos  Varoens 
injignes,  que  viverão  em  Roma  no  anno  de  1623. 


Bayanus  in  adolefcentia  Theologicos  degujlavit  liquo- 
res  multis  annis,  majora  Jludia  coluit.  Soluta,  et 
vinãa  oratione  multa  Jcripfit;  Horatianas  Odes, 
et  quadam  Ovidii  opufcula  cultis  carminihus  ad 
pietatem  revocavit;  Virgilium  gracis,  Epicum 
poema  I^ujitanum  latinis  verjihus  exprejjit.  Mar- 
rac.  in  Bib.  Marian.  Part.  i.  pag.  79.  Gracis 
non  jejune,  neque  latinis  vulgariter  eruditus;  qui 
etiam  non  objcuri  nominis  orator,  et  Poeta, 
ut  ejus  pradicant,  (&  tefiantur  opera  .  .  . 
multa  pietate,  et  eruditione  fpeãabilis.  Janus  Ni- 
cius  Erithraeus  in  Pinacothec.  Imag.  vir.  illujir. 
Part.  I.  pag.  144.  poílo  que  com  a  fua 
natural  maledicência  manchafle  a  pureza  do 
nome  de  André  Bayaõ,  com  tudo  o  numera 
entre  os  Varoens  mais  illuftres  na  fcien- 
cia. Verum  quidquid  dici  de  Bajani  virtutibus 
poteji  hâc  una  laude,  qua  magna  ejl,  conclu- 
demus,  et  perorabimus,  nimirum  ita  Mujis  eum 
ufum  fuijje  amicis,  ut  admirabili  animi  motu, 
celeritateque  ingenii  magnum  numerum  verjuum 
de  quacumque  revellet,  effunderet.  Joaõ  Bau- 
tifta  Lauro  Epiji.  Cent.  i.  Epift.  56.  Fr. 
Lud.  Jacob  à  D.  Carol.  Bib.  Pontif.  pag. 
249.  Nicol.  Anton.  Bib.  Hifp.  tom.  i. 
pag.  55.  Allatius  in  Apib.  Urbanis  pag.  32. 
Baillet.  Jugem.  des  Scavans.  tom.  5.  pag.  mihi 
141.  Lorens.  CraíTo  de  Poeti  Grec.  pag. 
34.  Joaõ  Soar.  de  Brito  in  Theatr.  Lu- 
jit.  Eitter.  let.  A.  n.  36.  o  P.  António 
dos  Reys  no  Enthuf.  Poetic.  impreíTo  no 
principio  dos  feus  agudiíTimos  Epigrammas 
n.  106. 

Bayane  fedes  Juccinãus,  et  ipfe 
Fronde    triumphalis    lauri,    quam    Koma    canèti 
Doãa   tibi   meritis  pro    tantis    reddidit.     Urbe 
Applaudente  Goa;  qua   Te  fub  Euminis  auras 
Edidit,    auãurum    quondam    Collegia    vatum. 
Catalogo  das  Obras  impreíTas. 

Idyllium  Seminarii  Manlianenjis  in  Sabinis 
nomine  diãum;  Écloga  interlocutoribus  Batto, 
(&  Philereno,  qua  Cardinali  Epifcopo  Sabinenji 
Francifco  joyofa  gratulatur  Komam  é  Galliis 
adventum.  Koma  apud  Jacobum  Mafcardum 
1592.  4. 

Oratio  habita  in  ereãione  Seminarii  Veletrenjis 
ibid.  apud.  eumd.  Tjrpog.  161 2. 

Oratio  in  celebritate  S.  joannis  Evangelijia 
habita  coram  Santijjimo  Paulo  V.  in  Sacello 
Pontifício.    Romse  apud  Mafcardum.   1610.  4. 


L  USITAN A. 


Domina  Cbrijliana  brevis  a  Koberío  Bellar- 
mino  S.  R,  E.  Cardinali  vulgari  fermone  compo- 
fita,  nmc  ah  Andrea  Baiano  Afiatico  Lufitano 
in  e/rj>os  latinos  íradiUta.  Ronruc  apud  MaTcar- 
dum  i6x2.  in  X2.  EÍU  traducçaõ  he  louvada 
por  André  Vi£lorcllo  in  Oj^cio  Curati,  c  por 
BaiUet  Jugem.  des  Scavans  Tom.  j.  pag.  141. 

Potma  ad  Paulum  V.  Pontif.  Maximum. 
Ira  Acroílicho  no  principio,  meyo,  e  fim, 
com  tal  artifício,  que  eílavaõ  entre  os  verfos 
entretecidos  eíles  três. 

Crefctri  cum  neqmas  titulis   Sanííijfime   Prajul 
Annorum   crejcas  numeris,   et   Sacula   vivas; 
Vivas  attmum,  tandem  viHurus  Olympo. 

Poema  ad  Scipionem  Cardinalem  Burghe- 
fium.  Ncllc  fe  contem  com  acroílichos  o 
nome,  appcllido,  c  dignidade  do  mcfmo 
Cardial,  no  fim,  e  principio  de  cada  verfo. 
Kíles  dous  Poemas  fahiraõ  impreíTos  Roma 
por  Mafcardo  1610.  in  foi.  os  quacs  tanto 
eílimava  o  eruditiíTimo  Fr.  Angelo  Rocca 
Bifpo  de  Tagafte,  e  Sancrifta  do  Papa,  que 
os  marginou  da  fua  própria  maõ,  c  os  con- 
fcrvava  entre  as  obras  de  mayor  artificio, 
como  affirma  Leaõ  Allatio  in  Apib.  Urban. 
pag.  34. 

Poema  in  obitum  SereniJJima  Margaritha 
Hifpaniarum  Ke^na  no  qual  por  acroílicho 
os  primeiros,  e  últimos  charaéleres  formavaõ 
eftas  palavras  Margarita  mortem  cum  vita, 
re^um  calejle  cum  terreno  commutavit.  Sahio 
impreíTo  no  livro  intitulado  Poefias  diverfas 
compueftas  en  diferentes  lenguas  enlas  honras  que 
hi!(p  en  Koma  la  Nacion  E/panola  a  la  Magejiad 
CathoHca  dela  Keyna  D.  Margarita  de  Aufiria. 
Roma  por  Jacobo  Mafcardo   161 2.  4. 

Cardio^aphia  Poema  fabricado  em  forma 
de  coração  feito  em  louvor  de  S,  Carlos  tref- 
ladado  a  Roma.  Coníla  de  Exametros,  e 
Pentametros  miíhirados,  e  tecidos  com  12. 
Acroílichos,  que  pelos  meyos,  e  extremos 
formavaõ  eílas  palavras.  Cor  mundum  creavit  in 
Carolo  Deus,  et  Spiritum  re£ium  innovavit  in 
vifceribus  ejus.  Romx  apud  Jacobum  Laurum 
1624.  4. 

Panegyricus  in  laudem  Joannis  Zamofcii  ma- 
gni  Polónia  Cancellarii,  et  copiarum  Imperato- 
ris  perpetui  ejus  Filio  Thoma  Zamofcio  dica- 
tum.  Romae  apud  Bartholomseum  Zanettum. 
1617.  4. 


i39 

EJogium  in  Coronatiom  Urbani  VJII.  Ro- 
mx  apud  hxredes  Zanned  1625.  Oq>oif 
fahio  nas  Collêãatuas  de  Agoílinho  Barbofa. 

PamgyrUus  5.  Pbilippi  Ntni.  Romx  apud 
Rinaldum  Paulum.  1629.  4.  Foy  recitado  na 
Bafilica  de  Civitá  Vechia,  o  qual  mereceo  a 
admiração  de  todos  os  eruditos  pois  com 
artificio  novo  eíU  compofto  Tem  verbo 
algum. 

Epiflola  ad  Joannem  Baptiflam  luiurum  He 
a  J7.  na  Centúria  das  Hpiftolas  deíle  Author, 
que  fahiraõ  Peruíiac  typis  auguíUs  161 8. 

De  Natalibus  Homeri.  Tradu2Ío  em  latim 
mais  de  mil  verfos  Elegíacos,  que  em  Grego 
tinha  compoílo  a  eíle  aíTumpto  Leaõ  Allatio. 
Lugduni  apud  Laurentium  Durand  1640.  8. 

Epigrammata  in  laudem  D.  Caroli  Bomh 
meei.  Sahiraõ  na  collecçaõ,  que  fez  de  outros 
Epigramas  Patrício  Fattorio.  Romae  s^ud 
Jacobum  Laurum  16 14. 

Epigrammata  duo  in  Columnam,  et  Sacel- 
lum  Paulinum.  Eílaõ  impreíTos  in  Pontif. 
Romano  B:(pvii  cap."  50. 

Elogia,  Epigrammata,  et  Emblemata.  Ro- 
mae   apud    Francifcum    Caballum    1641.    8. 

Elogia,  et  Epigrammata  in  Dominicas  totius 
Anni  in  8.  Naõ  tem  anno,  nem  nome  do  Im- 
preííor,  mas  pelo  caraóler  parece  fer  impreíTo 
em  Itália.  Deíle  livro  confervo  hum  exemplar 
em  meu  poder,  no  qual  a  cada  Dominga 
tem  hum  Elogio  da  parte  efquerda  impreíTo, 
e  de  fronte  hum  Epigrama. 

Elogia,  Epi^ammata,  et  Emblemata  in  Fe- 
rias Quadragefimales,  ejufque  Dominicas.  Sahio 
impreíTo  por  deligencia  dos  Padres  das  Ef- 
colas  Pias. 

Cathalogo  das  obras  naõ  impreíTas. 
Eufiados  libri  decem. 
Principiava. 
Siquá  ego  jaãabam  Zephyris;  quá  furda  move- 

bam 
Eittora,  quá  Sjlvas  patriis  dare  queflubus  auras 
Ingenio,  fludioque  v aléns:  nunc  quanta  latino 
Ore  queam  repetes  lon^qui  ardentia  Martis 
Arma,  virofque  cano  Eufos,  qui  folis  ab  oris 
Occidíds  per  inaccejfas  maris  omnibus  undas 
Trapobanem  venere  fuper  difcrimina  rerum 
Plufquám   homines   ag^ejfi   in   Eoo   littore 

reffium 
Nobile  perpetuis  auãum  pofuère  triumphis. 


140 


BIB  LIO  THE  CA 


Neíla  traducçaõ  (cujo  original  fe  conferva 
na  Biblíotheca  Romana  n.  25.  no  Archivo  dos 
M.  S.  da  Bazilica  de  S.  Pedro,  como  diz  Mont- 
faucon  in  Bib.  Bibiiothec.  M.  S.  nova  Tom.  i. 
pag.  179.)  trabalhou  muitos  annos  para  repre- 
fentar  vivamente  as  expreíToens  do  Poeta,  e 
fe  naõ  diminuiíTe  a  energia,  com  que  fallára 
na  lingua  materna  com  a  verfaõ  latina.  Para 
fahir  à  luz  publica  com  eíla  obra  o  incitarão 
com  cartas  os  IlluílriíTimos  Arcebifpos  de 
Braga,  e  Lisboa  efcrevendo-lhe  o  primeiro 
em  21.  de  Janeiro  de  1628.  e  o  2.  em  17.  de 
Mayo  de  1607.  efperando  que  delia  refultaria 
igual  credito  ao  Author,  como  à  Naçaõ  Portu- 
gueza.  Deíla  traducçaõ  faz  illuílre  memoria 
Manoel  de  Faria,  e  Soufa  na  Vida  de  Camoens 
impreíTa  no  principio  dos  Commentos  das  L.u- 
Jiadas  dizendo  El  doãor  Andres  Bayam  Corte- 
:(ano,  honrado,  y  Sacerdote,  que  com  grandes  ven- 
tajas  tiene  pajfado  ejie  Poema  a  la  elegância  la- 
tina, e  modernamente  o  Addicionador  da 
Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ  Tom.  2. 
Tit.  2.  col.  25. 

Tradução  da  Eneida  de  Virgilio  em  ver/os 
Gregos.  Delia  obra  faz  mençaõ  Baillet  lugemens 
des  Scavans  Tom.  5.  pag.  141.  Como  delias 
duas  feguintes. 

Iter  L,auretanum  lib.    3.   ver/u  elegíaco. 
Galatheum   ver/u  elegíaco  cum  notis,   et  anti- 
qua conjuetudine   diz  AUatio  in  Apib.    Urban. 
pag.  36. 

In   Aphtonium   de   Elementis   RhetoriccB 
Ariftoteles  Chrifiianus  íive  Eogica 
Vhyfica,    et   Metaphyjica  per   Dialoga    2.    tom. 
De  opificio  epijlolari.  2.  Tom. 
Orationes  Eatince.  2.  Tom. 

Elogia  ver/u  et  profá  2.  Tom. 
Epijiolarum  i.  Tom. 
Diverforum  Voematum  Tom.  2. 

Hortus  Simplicium  puerorum  Martyrum, 
et  Confejforum  cum  naniis,  Elogiis,  et  hijlo- 
riolis. 

Theatrum  Sanãorum  per  XII.  menjes  ita, 
et  totidem  per  Jcenas  dijpojitum,  et  expojitum. 
"Novum  (diz  Allatio  já  allegado)  inventum  cum 
iconibus,  odis,  et  hijioriolis,  qua  omnia  idem  Author 
fcripjit,  pinxit,  et  panxit. 

P.  ANDRÉ  DE  BARROS.  Naceo  em 
Lisboa,  e  teve  por  Pays  a  Luiz  Alvrez  de 


Barros,  e  Izabel  da  Cruz.  Antes  de  contar 
dezefeis  annos  de  idade  recebeo  a  Roupeta 
da  Companhia  de  JESUS  em  o  Noviciado 
de  Lisboa  a  5.  de  Outubro  de  1691.  Depois 
de  eíludar  Filofofia,  e  Theologia  em  o  Col- 
legio  de  Coimbra,  eníinou  nelle  as  letras 
humanas,  e  no  CoUegio  de  S.  Antaõ  de  Lisboa. 
Sendo  deílinado  pelos  Superiores  a  fer  Lente 
de  Theologia  Moral  em  o  Collegio  de  Faro, 
como  tiveíTe  grande  talento  para  o  Púlpito, 
deixou  a  Cadeira,  e  nas  Cidades  de  Évora,  e 
Lisboa  exercitou  com  naõ  pequeno  applauzo 
o  miniílerio  de  Orador  Evangélico.  Foy 
Reytor,  e  Meftre  dos  Noviços  em  a  Cafa  do 
Noviciado  de  Lisboa,  e  Prepozito  da  Cafa 
profeíTa  de  S.  Roque,  lugares  que  adminiílrou 
com  igual  prudência,  que  affabilidade.  Entre 
os  primeiros  cincoenta  Académicos  da  Acade- 
mia Real  da  Hiíloria  Portugueza  foy  eleito 
para  efcrever  as  Memorias  Eccleíiafticas  do 
Bifpado  do  Algarve,  de  cuja  incumbência 
tem  manifeílado  na  Academia  a  grande  appli- 
caçaõ,  com  que  felizmente  defempenhará 
eíle  aíTumpto  nas  contas  feguintes. 

Conta  dos  feus  Efiudos  Académicos  dada  no 
Vaco  a  7.  de  Setembro  de  1723.  Sahio  no 
Tom.  3.  da  CollecçaÕ  dos  Documentos  da  Aca- 
demia Keal  Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva 
1723.  foi. 

Conta  dos  feus  Efiudos  Académicos  na  Aca- 
demia a  23.  de  Mayo  de  1727.  Sahio  no 
Tom.  7.  da  Collec.  dos  Docum.  da  Academia 
Keal.    Lisboa    por    Jozé    Anton.    da    Sylva 

1727.  foi. 
Conta   dos   Efiudos  Académicos   em   o    Paço 

a  22.  de  Outubro  de  i~iz~i.  Nella  defcreve 
as  vidas  dos  Bifpos  do  Algarve.  Sahio  no 
Tom.  7.  da  Collec.  dos  Documentos  aíTima  alle- 
gado. 

Conta  dos  Efiudos  na  Academia  a  28.  de 
Mayo  de  1728.  Sahio  no  Tom.  8.  da  Collec. 
dos  Docum.  da  Acad.  Lisboa  pelo  dito  Impref. 

1728.  foi. 

Conta  dos  Efiudos  na  Academia  a   19.   de 
Janeiro  de  1732.  fahio  no  Tom.  11.  da  Collec. 
dos    Docum.    (&c.    Lisboa    pelo   dito  Impref.      f  l 
1732.  foi. 

Pela  fua  deligencia  publicou  com  huma 
noticia  previa,  e  diverfas  prefaçoens,  que 
compoz. 


! 


L  USITANA. 


141 


Vo!(^es  faudofas  da  Eloquência,  do  ejpirito,  e 
iminente  fahedoria  do  V.  Aníonio  Vieyra  da 
CoMptinhia  de  jliSVS  Prigador  de  fiia  Maj^eflade, 
i  Príncipe  dos  Oradores  Evanfflieos  acompanhadas 
COM  hntn  fideliJfiMo  licco,  qne  fonoramen/e  rejulta 
do  interior  da  obra  Clavis  Prophctarum.  Lis- 
boa por  Miguel  Rodrigues  ImpreíTor  do  Se- 
nhor Patriarcha.  17)6.  4. 

I^fl~  em  Koma,  hcco  em  Usboa  na  Canoni- 
^ijfíiõ  de  S.  JoaÔ  hranc.  Regis  da  Sagrada  Com- 
panhia de  JHSUS,  /o/emnidade  com  ijne  o  feftejon 
a  Cúja  profeffa  da  mefma  Companhia.  Lisboa 
na  OHicina  da  Mufica,  c  Sagrada  Religião 
de  Malta.  1759.  4- 

Vida  do  P.  António  Vieyra  da  Companhia 
de  JESVS  Pregador  de  S.  Mageftade  Aí.  .V.  da 
<.|ual  faz  mençaò  de  brevemente  fahir  à  luz 
cm    a    Noticia    previa    das    Vo^fs   Sandofas. 

I\  ANDRÉ  BERNARDES  AYRES  Na- 
(tural  de  Belinde  junto  do  lugar  de  Figueiró 
do  Campo  de  Coimbra,  filho  de  Pedro  Ayres, 
<  Maria  Simaò.  Inftruido  na  lingua  latina,  e 
letras  humanas  paíTou  à  Univerfidade  de 
Coimbra  aprender  Direito  Pontifício,  e  como 
para  cfte  género  de  eftudo  tiveííe  génio,  e 
applicaíTe  o  mayor  difvelo,  fahio  nefta  facul- 
dade taõ  eminente,  que  recebendo  nella  o 
gráo  de  Doutor  foy  admitido  por  Collegial 
do  Collegio  Pontifício  de  S.  Pedro  em  11. 
de  Junho  de  1666.  Antes  de  entrar  neíla 
erudita    Sociedade    era    tanta    a    excellencia 

ÍL  das  fuás  letras,  que  já  occupava  de  propriedade 
f  a  Cadeira  de  Clementinas  de  que  tomara  poíTe 
cm  18.  de  Fevereiro  de  1666.  Deíla  fubio  à 
de  Sexto  em  23.  de  Janeiro  de  1675.  de  De- 
creto em  5.  de  Dezembro  do  mefmo  anno, 
e  de  Vefpera  em  17.  de  Outubro  de  1681. 
e  ultimamente  de  Prima  em  16.  de  Dezembro 
de  1684.  onde  jubilou  em  1692.  Foy  Cónego 
Doutoral  das  Cathedraes  de  Lamego  provido 
em  24.  de  Setembro  de  1669.  do  Porto  em 
20.  de  Fevereiro  de  1671.  e  de  Évora  em  29. 
de  May  o  de  1679.  Deputado  da  Inquifíçaõ 
de  Coimbra  em  17.  de  Julho  de  1671.  Naõ 
aceitou  os  lugares  honorifícos  de  Dezem- 
bargador  do  Paço,  e  Deputado  do  Confelho 
Geral  do  Santo  Officio  por  fe  naò  auzentar 
de  Coimbra,  onde  em  idade  muito  provefta 
morreo  a  11.  de  Abril  de  1705.   Jaz  fepultado 


na  Igreja  do  Collegio  dos  Capuchos  de  Santo 
António  da  Pedreira  junto  ao  Altar  defte 
Santo,  a  cujos  Religiofos  fez  huma  doaçaõ 
de  cem  mil  reys  in  perpetuam  para  trigo  cada 
anno,  o  qual  legado  fatisÊaz  a  Cafa  da  Miíeri- 
cordia  de  Coimbra.  Entre  as  poítillas,  que 
douta,  e  profundamente  compoz,  a  mais 
celebre,  e  digna  da  luz  publica  por  confífTaõ 
dos  mayores  profcííores  da  jurifprudencia, 
foy  a  que  começou  a  diélar  no  anno  de 
1668.  e  a  continuou  até  que  jubilou,  a 
qual  hc. 

Ad  Text.  in  Reguf.  contrai.  8.  de  Reff/Ui 
Jtms. 

P.  ANDRÉ  CARDOSO  natural  de  Coim- 
bra, c  filho  de  André  Cardofo,  e  Maria  Bau- 
tiíla.  Na  juvenil  idade  de  14.  annos  fe  aliílou 
na  Companhia  de  JESUS  em  4.  de  Outubro 
de  1644.  e  nella  fez  a  folemnc  profiflaõ  dos 
quatro  votos  em  15.  de  Agofto  de  1665. 
Defde  a  infância  foy  inclinado  à  Poefia,  e  de 
tal  forte  cultivou  toda  a  vida  efta  divina 
Arte,  que  ainda  na  idade  caduca  compunha 
verfos  latinos  com  incrível  prefteza,  c  afflucn- 
cia.  Por  muitos  annos  exercitou  o  officio  de 
Orador  Evangélico;  alguns  enfínou  Rheto- 
rica,  e  três  Philofofia.  A  mayor  parte  da  fua 
idade  confumio  no  laboríofo  miniílerío  das 
Cadeiras  de  Theologia  na  Univerfidade  de 
Évora  onde  foy  Doutor,  e  Cancellario.  Pro- 
vada a  fua  tolerância  com  huma  grave  infer- 
midade,  e  recebidos  os  Sacramentos  com 
catholica  ternura,  morreo  em  Évora  a  18. 
de  Julho  de  1696.  Delle  diz  o  P.  António 
Franco  in  Annalib.  S.  J.  in  l^fit.  pag.  400. 
Singulari  vir  ingenio  prceclarus  fuljit.  O  P.  Fran- 
cifco  da  Fonfeca  Ejvor.  Gloríof.  pag.  425. 
Foy  dotado  de  vivijfimo  engenho,  e  ornado  de  todas 
as  /ciências. 

Dos  feus  elegantes  poemas  fomente  fa- 
hio à  luz  no  livro  intitulado  Fama  pofthuma 
do  V.  P.  Fr.  António  da  Conceição,  Trinitario 
impreflb  em  Lisboa  por  Heruique  Valente 
de  Oliveira.  1658.  4.  o  feguinte,  que  começa. 
Qtàs  novus  ajlrorum  livor,  qua  forma  beatis 
l^uminibus  extinãa  micat?  <&c. 

Hum  Epigrama  em  louvor  da  Chronica 
da  Etiópia  Alta  compofta  pelo  P.  Balthazar 
Telles.    Coimbra  por  Manoel  Diaz.  1660.  foL 


142 


BIB  LIO THEC  A 


De  todos  os  Sermoêns,  que  com  grande 
applaufo  pregou,  unicamente  fe  fez  publico 
o  feguinte  por  ordem  do  IlluílriíTimo  D.  Fr. 
Domingos  de  Gufmaõ  Arcebifpo  de  Évora. 

Sermão  em  acçaõ  de  Graças  pelos  Defpo:(prios 
da  Serenijfima  Princet(a  de  Portugal,  e  do  Auguf- 
tijjimo  D.  Viãorio  Amadeu  Manoel  Duque  de 
Saboya,  Príncipe  do  Piamonte  em  8.  de  Outubro 
de  1679.  Évora  na  Ofíicina  da  Academia 
1688.4. 

P.  ANDRÉ  DE  CARVALHO  pelo  IníU- 
tuto  filho  da  Companhia  de  Jefus,  e  pela 
natureza  de  Pedro  Alvares  de  Carvalho, 
Senhor  de  Canas  de  Senhorim,  e  Capitão 
de  Alcacere  em  Africa,  e  de  D.  Maria  de  Soufa 
filha  de  D.  Martinho  de  Távora,  Capitão  de 
Alcácer  Seguer,  e  Commendador  de  S.  Pedro 
de  Vai  de  Ladroens,  e  D.  Ifabel  Pereira  de 
Sampayo,  e  Irmaõ  de  Álvaro  de  Carvalho 
Governador  de  Mazagaõ,  que  no  anno  de 
1562.  defendeo  heroicamente  efta  Praça  da 
invazão,  com  que  foy  accometida  pelo  formi- 
dável Exercito  de  cento,  e  cincoenta  mil  bár- 
baros. Voltando  defta  Praça  o  P.  André 
de  Carvalho  para  o  Reyno,  foy  cativo  pelos 
Mouros,  os  quaes  fechando  os  ouvidos  às 
vozes  com  que  lhe  increpava  a  fua  cegueira,  o 
fizeraõ  em  vários  pedaços  fatisfazendo  com  eíla 
barbara,  e  tyrana  acçaõ  o  ódio  que  conce- 
berão contra  eíle  Evangélico  pregoeiro.  Co- 
mo teílemunha  ocular  que  tinha  fido  dos  fuc- 
ceíTos  do  fitio  de  Mazagaõ  efcreveo. 

Kelaçaõ  do  Cerco  de  Mav^agaõ  M.  S.  Confer- 
vafe  no  Collegio  de  Coimbra  dos  Padres 
Jefuitas. 

Fr.  ANDRÉ  DE  CERQUEIRA  filho 
de  Francifco  Lopes,  e  Anna  Pereira  naceo 
em  Coimbra,  onde  eíludou  as  primeiras  letras, 
e  paíTando  a  Lisboa,  recebeo  o  habito  Carme- 
litano  a  8.  de  Mayo  de  1679.  Eíhidada  Filo- 
fofia,  e  Theologia  em  que  fahio  grande  Letra- 
do as  enfinou  em  os  Collegios  de  Coimbra, 
e  Évora  com  grande  fruto  dos  feus  ouvintes. 
Neíta  Univerfidade  recebeo  em  20.  de  Ja- 
neiro de  1704.  o  gráo  de  Doutor  na  faculdade 
Theologica,  fendo  neíle  Litterario  aâ:o  feu 
Padrinho  Jozé  Pereira  de  Lacerda,  entaõ 
Inquifidor  da  Inquifiçaõ  de  Évora,  e  depois 


Cardial  da  Igreja  Romana.  Foy  votar  no  Ca- 
pitulo Geral,  que  fe  celebrava  em  Roma  no 
anno  de  1704.  e  nelle  com  applaufo,  e  admi- 
ração de  todos  os  Capitulares  defendeo  as 
Conclufoens,  que  conílavaõ  deílas  únicas 
palavras.  In  Univerfa  Theologia  tam  naturali, 
quam  Jupernaturali;  Scholajlica,  Pojitiva,  Morali^ 
et  Myjiica,  quidquid  Doãor  Refolutus  Joannes 
Bacconius  Carmelitanus  docuit,  et  fcripsit,  bene 
Jcripsit,  et  docuit.  Reftituido  a  Portugal  foy 
eleito  ConfeíTor  das  Religiofas  do  Convento 
de  Lagos,  donde  fubio  ao  lugar  de  Provin- 
cial em  14.  de  Julho  de  171 4.  fendo  Deputado 
da  Junta  das  MiíToens.  Morreo  no  Convento 
de  Lisboa  a  22.  de  Fevereiro  de  171 8.  Foy 
ornado  de  vaíla  erudição  em  todo  o  género 
de  fciencias,  afiim  fagradas,  como  profanas, 
pois  naõ  fomente  tinha  noticia  dos  Sagrados 
Cânones,  mas  era  douto  nas  faculdades  da 
Mathematica,  e  Medicina,  e  hum  dos  infignes 
Oradores  Evangélicos  do  feu  tempo,  cujos 
Sermoêns  para  que  naõ  ficaíTem  fepultados, 
os  fez  públicos  a  deligente  actividade  do  P. 
Fr.  Eftevaõ  de  Santo  Angelo,  Prior  do  Con- 
vento do  Carmo  de  Lisboa,  fahindo  com  hum 
tomo,  cujo  titulo  he. 

Sermoêns  vários.  Lisboa  por  Miguel  Ro- 
drigues. 1727.  4.  Faz  honorifica  mençaõ  do 
feu  nome  o  P.  D.  Manoel  Caetano  de  Soufa 
/;/  Exped.  Hifpan.  D.  Jacob.  Tom.  2.  pag.  1303. 
e  Fr.  Manoel  de  Saã  Mem.  Hijl.  dos  Efcritores 
da  Provinc.  do  Carm.  de  Portug.  pag.  19. 

Fr.  ANDRÉ  DE  CHRISTO  natural  da 
Villa  de  Santarém  do  Arcebifpado  de  Lisboa, 
chamado  antes,  que  largaíle  o  feculo,  André 
Froes  de  Macedo,  foy  filho  de  Duarte  Lopes 
natural  da  Villa  de  Benavente,  bom  Poeta, 
e  de  Maria  Froes  de  Macedo.  Na  infância 
começou  de  tal  modo  a  inclinarfe  à  Poefia, 
que  parece  o  embalarão  no  berço  as  Mufas 
fendo  as  fuás  delicias  em  idade  taõ  tenra 
os  livros  poéticos  aífim  Latinos,  como  Por- 
tuguezes,  e  Caftelhanos,  de  cuja  propenfaõ 
fe  feguio  com  exemplo  nunca  vifto,  e  digno 
de  todo  o  aílombro,  que  quando  contava 
quatorze  annos  publicaíTe  hum  livro  de  verfos 
intitulado. 

Amores  Divinos,  e  humanos.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  1631.  12.  cuja  obra  dedicou 


LUSITANA. 


143 


a  D.  Maria  de  Vafconcellos  CondeíTa  da  Ca- 
lheta. Deixada  a  pátria  paíTou  a  Caftella  onde 
profcíTando  o  habito  da  Ordem  Militar,  e 
Rcligiofa  de  N.  Senhora  da  Mercê  depois  de 
aprender  as  fciencias  mayores  as  enfinou  com 
igual  aclamação  aos  domeíUcos,  principal- 
mente Theologia  Moral  nos  CoUegios  de 
Ronda,  e  Cadiz,  fendo  depois  Regente  do 
Coilegio  de  Huelgas,  de  que  eraõ  padroeiros 
os  Duques  de  Medina  Sidónia.  Como  em 
o  anno  de  1660.  fe  acendcíTc  furiofamcntc  a 
guerra  entre  a  Coroa  Portugueza,  e  CaAclhana, 
alcançada  faculdade  dos  feus  Prelados  voltou 
a  efta  Corte,  onde  era  ouvido  com  applaufo 
nos  Púlpitos,  e  Academias,  principalmente 
cm  a  dos  Generofos,  na  qual  como  Lente  expli- 
cou a  Poética  de  Ariftoteles  com  fubtiliíTimas 
rcflcxocns.  Foy  Mcftrc  de  Filofofia  do  Conde 
de     CaftcUomelhor     Luiz    de    Vafconcellos, 

Souza,  Efcrivaõ  da  Puridade  delRey  D. 
Affonfo  VI.  e  feu  Primeiro  Miniílro,  e  com  o 
nome  de  taõ  illuftrc  difcipulo  alcançou  mayor 
applaufo  a  fua  fabedoria.  Dezejofo  de  acabar 
|a  vida  entre  os  feus  Religiofos  fe  embarcou 
ara  o  Maranhão,  onde  paíTado  pouco  tempo 
'•querendo  o  Ceo  fazello  participante  de  taõ 
ardente  dezejo  efpirou  entre  os  braços  dos 
feus  Mercenários  no  anno  de  1689.  D.  Fran- 
cifco  Manoel  nas  Obras  Métricas.  Viola  de 
Thalia  pag.  1 5  6.  o  louva  pelo  magiílerio,  que 
exercitou  na  Academia  dos  Generofos,  expli- 
cando a  Poética  de  Ariftoteles.  com  eftas  vozes. 

Ignorais  de  hum  André  tantas  louvadas 

letras  naõ  fô  profanas,  mas  /agradas. 
E  pag.  158. 

Mejhe  Jempre  fera  taÕ  Jinalado 

Que  apenas  na  Cadeira  ejiá  fentado 

Quando  em  lhe  dando  hum  geito 

Já  lhe  falia  Arijioteles  no  peito. 

Por  fabias  Catracrejis 

Por  cultas  Metalejis 

Números,  Omijliquios,  e  Sit(uras 

Por  dof^e  tropos,  e  por  mil  figuras. 
E  na  Oraçaõ  que  recitou  nefta  mefma  Aca- 
demia pag.  260.  Aqui  achareis  as  fempre  caflas 
efmeraldas  em  cafla  Poética  de  Ariftoteles,  de 
cujos  arcanos  vay  defenfranhando  em  fuás  liçoens 
feus  Mijierios  noffo  E..  "Lente  o  P.  Mejire  Fr. 
André  de  Chrifio. 

Além    da    Obra    aíHma    efcrita    compoz. 


]mi(p  Poitíco. 

Confta  de  70  paginas,  e  fahio  impreíTo 
no  fim  do  Poema  Virffnidos  compoílo  por 
Manoel  Mendes  de  Barbuda,  e  Vafconcel- 
los. Lisboa  por  Diogo  Soares  de  Bulhoens 
1667.  4. 

Muitas  Poefías  fuás  fe  podem  ver  na  Fama 
poflhuma  de  Lope  da  Vigfl  Carpio.  na  i.  Part. 
da  Academia  dos  Sinffélares  de  Lisboa.  Not 
aplaufos  da  Vitoria  do  Ameixial.  AmUerdaõ 
por  Jacobo  Vanvelfen  1675.  4.  No  livro  do 
Rofario  do  Santijfimo  Sacramento  Author  F. 
Francifco  Falconio  Lisboa  1662  e  no  Pane' 
girico  da  Vida,  e  acçoens  do  Excellentijfimo  Mar- 
ques^ de  Távora  Luiz  alvares  de  Távora  dous 
Sonetos  dedicados  á  memoria  deíle  Heróe 
Caftelhanos  a  pag.  87.  e  88.  Lisboa  por  Antó- 
nio Rodriguez  1672.  4.  Tinha  promptos  para 
a  impreííaõ  quando  partio  para  o  Mara- 
nhão. 

Panegyricos  de  Vários  Santos.  Aí.  S. 

Academia  do  Sacro  Amor  M.  S. 
Delle  faz  mençaõ  entre  os  Poetas  Portuguezcs 
o  P.  António  dos  Reys  Enth.  Poético  n.  117. 

ANDRÉ  COELHO  Capitão  na  índia 
Oriental  pelos  annos  de  161 8.  e  1619.  Igual- 
mente fe  moftrou  intrépido  contra  os  inimigos 
do  Eftado,  como  zelofo  da  fua  confervaçaõ 
efcrevendo. 

Advertências  a  Gafpar  de  Mello,  e  Samp<^o, 
e  a  FemaÕ  de  Albuquerque  quadragejfimo  quarto 
Governador  da  Índia  acerca  dos  damnos,  que  fa^jaS 
nella  os  EJlrangeiros,  e  o  remédio,  que  fe  devia 
applicar  para  naõ  continuarem,  foi.  M.  S. 

Do  author,  e  da  obra  faz  mençaõ  o  mo- 
derno Addicionador  da  Bib.  Orient.  de  António 
de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  16.  col.  467. 

ANDRÉ  CORDEYRO  Cónego  da  Ca- 
thedral  de  Congo,  Provifor,  e  Vigário  Geral 
defta  Diocefe  aíTim  pela  fciencia,  que  profef- 
fava  dos  Sagrados  Cânones,  como  pela  inte- 
gridade dos  feus  cofl:umes.  Efcreveo  ,  e  man- 
dou a  efte  Reyno. 

Kelaçaõ  do  alevantamento  de  D.  Affonfo 
Irmaõ  delRejf  de  Congo  D.  Álvaro  fegundo;  e 
outra  da  morte  do  mefmo  Key,  e  eleyçaõ,  que  fe  fe^ 
de  D.  Pedro  Duque  de  Bamba  o  que  tudo  fucedeo 
em  Janeiro  de  1622.  M.  S. 


144 


BIB  LIOTH  E  C  A 


Eftas  duas  Relaçoens  fe  confervavaõ  na 
Bibliotheca  do  infigne  antiquário  Manoel 
Severim  de  Faria  Chantre  de  Évora. 

Fr.  ANDRÉ  DA  COSTA  natural  de  Lis- 
boa filho  de  Filippe  da  Cruz,  e  Catherina 
Corrêa,  e  Religiofo  da  Ordem  da  SantiíTima 
Trindade,  cujo  Habito  recebeo  no  Convento 
pátrio  a  3.  de  Agoílo  de  1650.  Foy  taõ  infigne 
em  compor  Mufica,  como  em  tocar  Arpa; 
cuja  occupaçaõ  exercitou  na  Capella  Real  dos 
SereniíTimos  Monarcas  D.  AfFonfo  VI.  e  D. 
Pedro  II.  com  tanta  eftimaçaõ  deíles  Príncipes, 
como  enveja  dos  profeíTores  daquella  Arte. 
Quando  eílava  na  idade  mais  robuíla  o  privou 
a  morte  repentinamente  da  vida  a  6.  de  Julho 
de  1685.  Pofto,  que  naõ  imprimio  obra  alguma 
da  fua  armonica  profiíTaõ,  muitas  fe  confervaõ 
com  grande  eílimaçaõ  na  Bibliotheca  Real  da 
Mufica,  e  em  outras  partes,  as  quaes  faõ. 

MiJJas  de  vários  Coros. 

Confitebor  Tibi  a  12.  vot(es 

l^audate  pueri  Dominum  a  4. 

Beati  omnes  a  4. 

Completas  a  8.  vozes 

'Ladainha  de  N.  Senhora  a  8,  vozes 

Kefponforios  da  4.  ^.  e  6.  feira  da  Semana 
Santa  a  8.  vozes. 

O  Texto  da  Paixaõ  da  Dominga  de  Pal- 
mas, e  de  6.  feira  major  a  4. 

Yilhancicos  da  Conceição,  Natal;  e  Kejs 
2L  4.  6.  8.  e  12.  vozes. 

ANDRÉ  COTRIM  contemporâneo  do 
infigne  profeíTor  de  letras  humanas  Jero- 
nymo  Cardofo,  o  qual  louva  por  fingular 
entre  os  cultores  da  Poefia  Latina  dedican- 
do-lhe  a  27.  das  fuás  Cartas,  e  a  22.  das  fuás 
Elegias,  onde  lhe  exalta  a  affluencia  poética, 
com  que  compuzera  hum  Poema  em  louvor 
da  Fonte  da  Prata,  que  corre  na  Cidade  de 
Évora,  cujo  aqueduâo  fe  affirma  fer  obra  do 
grande  Sertório,  dizendo-lhe  deíla  forte. 
Única  nunc  operi  Sertori  gloria  demum 

Surgit,  quá  major  cr ef cere  nulla  potejl: 
Quandoquidem  tanti  meruit  prcBconia  vatis 

Quantum  crede  mihi,  facula  nulla  dabunt. 
Viveo   nos   reynados   delRey  D.   Manoel,   e 
D.  Joaõ  o  III.    Das  muitas  obras  poéticas, 
que  fez,  fomente  exifte. 


Epicedium  Serenijfimi  Principis  Eduardi  Ke- 
gis  Emmanuelis  filii. 

D.  ANDRÉ  DA  CRUZ  natural  da  Villa 
de  Alegrete  na  Província  do  Alentejo,  filho 
de  Pedro  de  Cáceres,  e  Anna  Ribeira,  e  Cónego 
Regular  da  Congregação  de  Santa  Cruz  de 
Coimbra,  naõ  menos  eílimavel  pela  obfer- 
vancia  do  feu  inílituto,  que  pela  erudição  Sa- 
grada, e  profana.  Por  efpaço  de  muitos  annos. 
leo  Theologia  efpeculativa  no  CoUegio  de 
Coimbra,  e  Moral  no  Real  Convento  de  S. 
Vicente  de  Lisboa,  onde  era  ouvido  naõ  fo- 
mente pelos  domefticos,  mas  ainda  pelos  eftra- 
nhos,  que  concorriaõ  atrahidos  da  fama  da 
fua  fabedoria.  Foy  eftimado  pelo  Illuftriírimo 
Arcebifpo  de  Lisboa  D.  Miguel  de  Caílro,. 
que  affirmava  fer  o  mayor  Theologo  Mora- 
liíla  de  Portugal,  e  tanto  confiava  da  fua  pru- 
dente capacidade,  que  o  confultava  nas  ma- 
térias mais  graves  da  fua  conciencia  elegendo-o 
feu  Penitenciário,  Efmoler,  e  Examinador 
Synodal,  cujos  lugares  exercitou  naõ  fomente 
no  tempo  deíle  Prelado,  mas  do  feu  fucceífor 
D.  Affonfo  Furtado  de  Mendonça.  Quarenta 
annos  gaílou  na  liçaõ  dos  Santos  Padres,  e 
Theologos  fempre  affiílido  de  faude  robufta, 
atè  que  fendo  contra  fua  vontade  eleito  Prior 
do  Convento  de  Grijò  começou  a  enfermar 
gravemente,  de  que  refultou  morrer  em  20. 
de  Julho  de  1632.  como  elle  tinha  vaticinado. 
Delle  faz  memoria  D.  Nicol.  de  Santa  Maria 
na  Chron.  dos  Coneg.  Kegrant.  Part.  2.  liv.  10. 
cap.   29.  n.    19.  onde  affirma  que  efcrevera. 

Commentos  aos  lugares  mais  ef  euros  de  Tertul- 
liano. 

D.  Fr.  ANDRÉ  DIAS  natural  de  Lis- 
boa, onde  fe  aggregou  à  Ordem  dos  Prega- 
dores para  fer  ornato  de  huma  taõ  douta 
Familia.  Naõ  foy  fomente  infigne  Letrado, 
mas  cordial  devoto  do  Santiífimo  Nome  de 
JESUS,  de  cujo  ardente  afFeâo  ainda  fe  con- 
ferva  no  Convento  de  Lisboa  hum  indelével 
teftemunho  na  illuílre  Confraria  deíle  fuavif- 
fimo  Nome,  a  qual  foy  pela  fua  pia  deligencia 
novamente  inílituida,  ou  amplificada  infla- 
mando aos  feus  Confrades  com  exhortaçoens, 
e  livros  para  a  veneração  profunda  de  taõ 
auguílo  Nome.    Paííou  a  Roma,  onde  fendo 


L  USITAN A. 


«45 


llt 


conhecido  pelas  fuás  letras,  foy  eílimado  por 
todo  o  género  de  PcíToas,  principalmente 
is  mayores,  diílinguindoíe  entre  todas  aíTim 
Mil  dignidade,  como  no  aíTeâo  o  Summo 
Pallor,  cjue  o  nomeou  Penitenciário  da  Igreja 
Romana,  e  Bifpo  titular  de  Megára  antigua 
Gdade  da  Provinda  da  Achaya  na  Grécia 
fendo  fagrado  no  anno  de  14)2.  Atrahido 
(io  amor  da  pátria  renunciou  a  dignidade 
Ivpifcopal,  c  chegando  a  Lisboa,  o  nomeou 
I  IKcy  D.  Joaõ  o  I.  G^mmendatario  do  Moí- 
iciK )  de  S.  Joaõ  da  Alpendorada.  Delle  fa2em 
illullre  memoria  Souía  HiJI.  dt  S,  Domingos 
da  Prov.  de  Por/.  Part.  i.  liv.  3.  cap.  23.  c  24. 
Fr.  Pedro  Monteiro  Clauft,  Dom.  tom.  3.  pag. 
142.  o  Padre  D.  Manoel  Caet.  de  Souf.  Cathal. 
Mift.  dos  Summ.  Pontif.  Card.  e  Bi/p.  Portug. 
pag.  110.  Joaõ  Franco  Barrct.  na  Bib.  Portug. 
Aí.  S.  Compoz,  como  affirma  Fr.  Luiz  de 
Soufa  no  lugar  allegado. 

Uvro  de  Oraçoens,  em  profa,  e  ver/o  vul- 
de  Ljoíwores,  e  excellencias  do  Nome  de 
JESUS. 

Methodo  breve,  e  útil  para  fa^er  bem  a  Con- 
fijfaõ.  Lisboa  por  Germaõ  Gallard  1529. 
8.  No  Prologo  defte  livro  o  impreíTor  fez  ao 
Author  Benediítino,  fendo  Dominicano.  Efta 
obra  fe  vé  inferta  entre  as  que  compoz  o 
Ven.  Meílre  Fr.  Luiz  de  Granada. 

ANDRÉ  DUARTE  DE  VASCONCEL- 
LOS  Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  militar 
de  S.  Tiago.  Naceo  em  Lisboa  e  recebeo  a 
graça  bautifmal  na  Parrochia  de  S.  Pedro  a  6. 
de  Dezembro  de  1620.  Foy  filho  de  Paulo 
Duarte  da  Sylva,  e  de  Izabel  Mendes  de  Vaf- 
concellos.  Depois  de  fahir  baftantemente 
inílruido  na  lingua  Latina,  levado  do  génio, 
que  tinha  para  as  armas,  aíTentou  praça  de 
Soldado,  em  cuja  efcola  defempenhou  as 
obrigaçoens  do  feu  honrado  nacimento,  prin- 
cipalmente fendo  Capitão  de  Infantaria  na 
celebre  Reílauraçaõ  de  Évora  em  o  anno  de 
1663.  e  quando  governou  em  auzencia  do 
Governador  a  Capitania  de  Angola,  com  o 
pofto  de  Meílre  de  Campo.  Defpozou-fe 
a  7.  de  Julho  de  1655.  com  D.  Antónia  de 
Andrade  Gouvea,  e  Miranda  de  quem  deixou 
larga  defcendencia.  Cheyo  mais  de  mereci- 
mentos,   que    de   annos   falleceo   em    Santa- 


rém a  21.  de  Setembro  de  1690.  e  jaz  fepul- 
tado  na  Igreja  dos  Eremitas  de  Santo  Agoí- 
tinho  da  dita  Villa.  Efcreveo. 
Exerci  fios  Militares.  4. 
Cuja  obra  dedicou  á  Mageílade  delRey 
D.  Pedro  II,  que  lho  mandou  compor  por 
ter  viílo  muitas  vezes  na  Tua  Real  pre- 
fença  a  fciencia,  e  promptídaõ,  com  que 
os  mandava  executar.  He  huma  completa 
inílruçaõ  para  hum  Sargento  mór,  cujo  Ori- 
ginal efcrito  da  própria  maô  do  Author 
conferva  feu  Neto  pela  parte  materna  Ro- 
drigo Xavier  Pereira  de  Faria  natural  da 
illuílre  Villa  de  Santarém  onde  aíTifte,  o  qual 
com  a  fua  grande  erudição,  e  natural  aHa- 
bilidade  me  communicou  eíla,  e  outras  mui- 
tas noticias  para  ornato,  e  augmento  deíla 
Bibliotheca. 

ANDRÉ  EBORENSE,  ou  RODRIGUES, 

cujo  primeiro  apellido  indica  a  Cidade,  onde 
fahio  à  luz  do  mundo,  e  o  fegundo  da  família 
donde  procedeo,  Irmaõ  por  fangue,  e  fabc- 
doria  do  infigne  Fiíico  mór  Thomaz  Rodri- 
guez  da  Veyga.  Sendo  fummamente  verfado 
no  eíludo  das  letras  profanas,  o  foy  igualmente 
nas  Sagradas  revolvendo  com  incanfavel  dif- 
velo  os  litterarios  monumentos  dos  Authores 
Catholicos,  e  Gentílicos,  de  cujo  immenfo 
trabalho,  e  do  grande  louvor,  que  delle  lhe 
havia  refultar,  o  congratula  feu  Irmaõ  em 
huma  carta,  que  eílá  ao  principio  de  huma 
das  fuás  obras,  de  que  abaixo  fe  fará  mençaõ, 
dizendolhe  defte  modo.  Horum  veftigia  non 
eft  longe  fecutus  cum  in  eo  loco  verfaretur  ubi 
orbis  in  urbe  eft  (Ulyjfiponé)  negotiorum  fluãibus 
obrutus,  magnatum  importunitafibus,  €>*  obfequiis 
exagitatus,  à  pluribus  etiam  molefte  expetifus, 
quos  confilio,  opera,  et  favore  juvabat,  ampla 
rei  familiaris  providentia  impeditus  tale  nobis 
cuderet  opus,  quale  fperandum  fore  ut  plurimis  invi- 
diam,  paucijftmis  calumniam  excitaturum  fit. 
Mayor  foy  o  elogio,  que  deo  ao  Author 
defta  obra  o  grande  Varaõ  Fr.  Luiz  de  Gra- 
nada, immortal  credito  da  Religião  Domini- 
cana, perfuadindolhe,  que  a  publicaUe,  a 
qual  mereceo  taõ  grande  eftimaçaõ  dos  eru- 
ditos, que  em  breve  tempo  foy  imprefla 
em  diverfas  partes  fendo  o  titulo. 

IjOcí     communes    Jententiarum ,     &     exem- 


15 


146 


B IB  LIO  THE  CA 


plorum  memorahilium  ex  prohatijftmis  fcrip- 
toribus  deprompti,  Jive  exempla  memorahilia  e 
prohatijftmis  quijque  Au£torihus  deprompta  2. 
Tom.  I.  Conimb.  1554.  4.  o  2.  ibi.  1567.  4. 
ambos  mais  correâos,  e  addicionados  Conimb. 
apud  Joan.  Barrerium  1569.  8.  ainda  vivendo 
o  Author.  Depois  Pariíiis  apud  Guilielmum 
Julianum  1580.  e  1588.  8.  &  ibi  apud  Francif- 
cum  Suffier.  1635.  8.  Lugduni  apud  Theo- 
baldum  Paganum  1557.  8.  Coloniae  apud  Ar- 
naldum  Millium.  1593.  e  1600.  e  1601.  apud 
Herman.  Milium.  Venetiis  1572.  1579.  e  1585. 
12.  Lembraõ-fe  da  obra,  e  do  Author  Draud. 
in  Bih.  Clajjic.  Tit.  Memorab.  <&  Grammat. 
Valer.  And.  Taxand.  in  Cathal.  Clarór.  Hifp. 
Script.  Nicol.  Ant.  in  'E>ih.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  57.  Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Theatr. 
L.ujtf.  Lit  lit.  A.  n.  37.  D.  Emman.  Caiet. 
de  Souza  in  Expedit.  Hifpan.  S.  Jacobi  Tom.  2. 
pag.  1303.  Franc.  da  Fonfec.  Evor.  Glorio/. 
pag.  405 .  Petr.  de  Alv.  y  Aftorg.  in  Milit.  Imma- 
cul.  Concept.  D.  Mar.  onde  por  engano  efcre- 
veo  fer  o  Author  Religiofo  da  Ordem  dos  Pre- 
gadores. Mayol.  Dier.  Canicul.  Part.  i.  coUoq.  3. 
pag.  mihi  53.  col.  2.  chamando-lhe  injignis exem- 
plorum  compilator.  Anton.  PoíTevin.  in  Appa- 
rat.  Sacr.  tom.  i .  pag.  74.  Quod  pleraque  pe- 
tat  ex  hijloria  vel  Sacra,  vel  Ecclejtajiica,  quodque 
non  Jolúm  ad  humanas  quafdam,  verú  etiam  ad 
Chrijiianas  virtutes  Jiimulos  addat,  onde  duvida 
efta  obra  tenha  íido  acrecentada  por  algum 
herege  principalmente  nos  Titulos  A.ã.  Pontif. 
Rom.  PatienticBy  Odii,  et  Gloria  Cupiditatis, 
fendo  certo,  que  fe  em  alguma  impreíTaõ 
fe  achaõ  alguns  termos  contrários  à  piedade 
catholica,  naõ  devem  fer  atribuídos  a  André 
Eborenfe  por  fer  efcritor  piiíTimo,  como  clara- 
mente fe  vé  na  primeira  impreíTaõ  de  Coimbra. 

ANDRÉ  DE  ESCOVAR.  Na  idade 
da  Adolefcencia  navegou  para  a  índia, 
onde  conciliou  a  atenção  das  principaes 
peíToas  daquelle  Eftado  admiradas  da  fua- 
vidade,  e  deílreza,  com  que  tocava  o  inf- 
trumento  da  charamelinha  nunca  até  aquel- 
le  tempo  ouvido  em  taes  partes,  em  que 
deixou  muitos  difcipulos  da  fua  fciencia  mu- 
íica.  Voltando  ao  Reyno  foy  admitido 
com  largo  eftipendio  à  Cathedral  de  Évora 
pelo  feu  Prelado  o   SereniíTimo  Cardial  D. 


Henrique,  para  que  com  o  inílrumento  em 
que  era  peritiífimo,  fe  augmentaíTe  a  armé- 
nia em  obfequio  do  culto  Divino,  cujo  mi- 
nifterio  também  exercitou  na  Cathedral  de 
Coimbra,  para  onde  o  chamou  o  Bifpo  D. 
Manoel  de  Menezes.  Deixou  compofta. 
Arte  mufica  para  tanger  o  inflrumento 
da   Charamelinha  M.   S. 

ANDRÉ  FALCAM  DE  RESENDE 
natural  de  Évora  filho  de  Jorge  de  Refende,  e 
Sobrinho  do  Chroniíla  Garcia  de  Refende.  Na 
Univerfidade  de  Coimbra  depois  de  eftudar 
Direito  Civil,  exercitou  o  lugar  de  Juiz  de 
Torres  Vedras,  de  outras  Villas,  e  Cidades  do 
Reyno.  Ultimamente  foy  Auditor  da  Cafa  de 
Aveiro.  Teve  notável  génio  para  a  Poefia  aíTim 
Portugueza,  como  Caftelhana,  em  que  compoz  , 
admiráveis  verfos.  Morreo  em  idade  proveâa  ( 
em  Lisboa  no  anno  de  1598.  ferido  do  con- 
tagio, que  devorou  grande  parte  da  Cidade. 
Publicou   em   Madrid   em   verfo   Caftelhano. 

Theochriflo. 
outro  livro  em  femelhante  lingua. 

Mundo  Pequeno 
o  qual  dedicou  a  D.  Duarte  Duque  de  Gui- 
maraens,  e  Condeílavel  de  Portugal.  j 

Verteo  em  8.  Rima  as  Homilias  do  Cardial 
D.  Henrique,  que  começaõ. 
Kemirte  ò  homem  quií^  Deos  fempiterno 
Com  refgate  de  amor  maravilho/o. 

Muitas  das  fuás  poeíias  fe  imprimirão  na 
Kelaçaõ  do  Jolemne  Recebimento,  que  fe  fe^i 
em  Lisboa  às  Santas  Relíquias  que  fe  levarão 
à  Igreja  de  S.  Roque  da  Companhia  de  JESUS 
impreíTa  em  Lisboa  por  António  Ribeiro 
1588.  8.  as  quaes  fe  lem  a  foi.  122.  132.  136. 
142.  v.o  e  166.  v.o  Na  Chronica  delRey  D. 
Joaô  o  II.  efcrita  por  feu  Tio  Garcia  de 
Refende  impreíTa  em  Évora  por  André 
de  Burgos.  1554.  foi.  lhe  faz  o  Sonetto 
feguinte. 
Heróicos  feitos,  e  faber  profundo 

Virtudes,  condição,  primor,  cufiume 

Vida,  e  morte  declara  efie  volume 

Do  Eufitano  Rey  D.  JoaÕ  fegundo. 
Segundo  em  nome,  e  a  ninguém  fegundo 

Em  fama  taõ  fubida  em  alto  cume 

Que  a  pe^ar  do  tempo,  que  confume 

Toda  a  coufa,  fera  clara  no  mundo. 


L  USITAN A. 


»47 


NaÕ  conjetitlo  perder-fe  tal  memoria 

Coreia  de  Kefende  em  feu  polido 

li  doce  ejijlo,  e  verdadeira  hijloria. 
Mas  a  feu  Key,  e  à  fua  pátria  agradecido 

Dandolhes  dijí/ta  fama,  «  immortal  gloria 

A  Ji  a  deu,  e  fev^^feu  nome  ef clareado 
Dcllc   íe   lembra   entre   os   Poetes   Por- 
tugueses o  P.   António  dos  Reys  no  £«- 
thufiafmo  Poet.  n.  190. 

I-r.  ANDRÉ  DE  FARO  cujo  appellido 
declara  a  fua  Pátria,  que  he  a  Cidade  Capital  do 
Rcyno  do  Algarve.  Logo  que  recebeo  o  Habi- 
to Francifcano  na  Provincia  dos  Religiofos 
Capuchos  da  Piedade  naõ  fomente  fervio  de 
exemplar  aos  feus  domcílicos,  mas  fupplicou 
com  fervorofas  anciãs  aos  Prelados,  que  o 
mandaíTcm  à  MiíTaõ  Evangélica  de  Guiné. 
Alcançada  faculdade  fe  embarcou  com  onze 
companheiros  em  7.  de  Mayo  de  1662.  e  no 
breve  cfpaço  de  quin2e  dias  chegou  à  Ilha  de  S. 
Tiago  Capital  de  Cabo  verde.  Nefta  Cidade  por 
caufa  de  huma  grave  infermidade  foy  preciso 
demorar-fe,  mas  ainda  mal  convalecido,  e  falto 
de  forças,  que  fe  animavaõ  com  o  fervor  do  feu 
cfpirito,  penetrou  pelos  vastiíTimos  certoens 
de  Guiné,  para  annunciar  as  luzes  do  Evange- 
lho àquelles  povos  fepultados  nas  fombras 
da  fua  cegueira.  Os  Reynos  por  onde  difcor- 
reo,  os  perigos  de  vida  de  que  efcapou,  os  Ído- 
los, que  desfez,  e  os  Templos,  que  ao  verda- 
deiro Deos  erigio,  narrou  com  toda  a  indivi- 
duação em  a 

Relação  hiflorica  da  MiffaÕ  do  Rejno  de  Guiné. 

A  qual  fe  conferva  M.  S.  no  Convento 
de  Villaviçofa,  que  he  o  primeiro  da  fua 
reformada  Provincia,  e  delia  extrahio  Fr. 
Manoel  de  Monforte  tudo  quanto  efcre- 
veo  deíla  fagrada  expedição  na  Chronica  da 
Provincia  da  Piedade  liv.  5.  cap.  27.  até  30. 
Reítítuido  a  Portugal  depois  de  governar 
alguns  Conventos  com  louvável  prudência, 
acabou  a  vida  em  Beja  no  anno  de  1678. 

P.  ANDRÉ  FERNANDES.  Foy  admiti- 
do em  Ormus  pelo  V.  Padre  Gafpar  Barzeo  à 
Companhia  de  JESUS,  e  de  tal  forte  manifellou 
a  capacidade  do  feu  talento,  e  madureza  de 
juizo,  que  o  mandou  S.  Francifco  Xavier  a 
Portugal,  e  a  Roma  para  tratar  com  Santo 
Ignacio,  e  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  graves  negó- 


cios, que  cediaõ  em  obrequio,  e  augmento  da 
ptégaçiô  do  Evangelho.  Obedeceo  prompta- 
mente  ao  preceito,  e  padecendo  huma  larga, 
e  perigoía  navegação,  chegou  a  Lisboa,  e 
depois  a  Roma,  e  concluídas  felÍ2mente  as 
dependências  da  fua  apoíloiica  embalada  em 
ambas  eftas  duas  famoíâs  Coites,  voltou  para 
Goa  a  tempo,  que  o  infigne  Operário  Evange* 
lico  o  V.  Padre  Gonçalo  da  Sylvcira  meditava 
a  Mi/Taõ  de  Cafraria.  Depois  de  dcfcanfar  dos 
trabalhos  da  jornada  anhelando  padecer  outros 
mayores  pela  Fé  Catholica  partio  por  compa- 
nheiro defte  Venerável  Padre  para  Monomo- 
tapa,  em  cuja  vinha  quantas  moleílias  padeceo 
largamente  as  defcrevem  Nicol.  Godinh.  ia 
Vit.  P.  Gundijfalvi  Sylv.  lib.  2.  cap.  7.  e  Mano- 
el da  Coíla  in  Hifl.  rer.  à  Societ.  in  Orient.  geft. 
Atenuado  com  trabalhos,  e  infermidades,  que 
o  reduzirão  a  taõ  deplorável  eílado,  que  mais 
parecia  cadáver  do  que  homem,  e  fentindo  naõ 
poder  com  liberdade  pregar  o  Evangelho 
àquelles  bárbaros,  voltou  a  Goa  onde  reílituido 
à  faude  por  manifeíla  efficacia  da  Divina  Onmi- 
potencia  intentou  fegunda  vez  lucrar  almas 
para  Chrifto  em  Monomotapa,  mas  defengana- 
do  de  fer  aquella  terra  ingrata  à  femente  do 
Evangelho,  paífou  a  Comorim  onde  fendo  buf- 
cado  varias  vezes  pelos  Mouros  para  o  pri- 
varem da  vida,  fempre  triunfou  das  fuás  aleivo- 
fas  aíhicias,  até  que  efpirou  entre  eftes  apyoftoli- 
cos  miniílerios  no  anno  de  1568.  Além  dos 
Authores  allegados  efcrevem  delle  Organtin. 
in  Annuis  Goan.  1568.  Hifi.  Societ.  part.  i. 
lib.  12.  n.  85.  Part.  2.  lib.  3.  n.  148.  lib.  4.  n.  215. 
e  216.  lib.  6.  n.  159.  e  160.  Soufa  Oriente  Con- 
quifi.  Part.  i.  Conq.  i.  Divif.  i.  §.  70.  No 
archivo  da  Cafa  profeíía  de  Lisboa  fe  confervaõ 
nove  cartas  fuás  muito  extenfas;  em  que  fe 
relataõ  os  trabalhos,  e  perigos  das  fuás  jorna- 
das, e  MiíToens.    Além  delias. 

Carta  efcrita  em  Chaul  aos  Padres  da 
Provincia  de  Goa  a  1.  de  Janeiro  de  1560. 
Outra  efcrita  em  Tangue  ao  Provincial  de 
Goa  em  24.  de  Junho  do  dito  anno.  Outra 
aos  Padres  de  Goa  no  mefmo  mev^  e  anno 
as  quaes  fahiraõ  abreviadas  com  outras, 
em  Italiano  Venetia  por  Tramezzino   1562. 

P.  ANDRÉ  FERNANDES.  Teve 
por  Pays  a  Domingos  Coelho,  e  Maria  das  Ne- 


148 


BIBLIOTHE CA 


ves,  por  pátria  a  Villa  de  Viana  da  Provincia 
do  Alentejo.  Foy  admitido  à  Companhia  de 
Jefus  a  2.  de  Abril  de  1622.  A  natureza  o 
dotou  de  engenho  agudo,  prudência  rara,  e 
juifo  maduro,  as  Artes  cultivadas  pella  appli- 
caçaõ  o  conílituiraõ  iníigne  Rhetorico,  grande 
Filofofo,  e  profundo  Theologo,  em  cuja 
faculdade  recebeo  o  gráo  de  Doutor  na  Uni- 
verfidade  de  Évora  a  26.  de  Abril  de  1654. 
Atendendo  a  Mageílade  delRey  D.  Joaõ  IV. 
a  feu  egrégio  talento,  o  nomeou  Bifpo  do 
Japaõ,  e  efcufandofe  deíla  dignidade,  o  mefmo 
Príncipe  o  elegeo  ConfeíTor  de  feu  filho  D. 
Theodofiio,  que  o  tratou  com  as  mais  finas 
demonftraçoens  de  afFeâo  por  venerar  na 
fua  PeíToa  unida  a  virtude  com  a  prudência. 
Por  morte  defte  Príncipe  refolveo  D.  Joaõ 
o  IV.  que  foíTe  feu  Confeííor,  em  cujo  minif- 
terio  obfervou  fempre  tal  moderação,  que 
nunca  fe  intereílou  por  negocio,  que  refpei- 
taíTe  aos  feus  parentes,  antes  regeitou  heroica- 
mente varias  ofertas,  que  para  augmento 
delles  fe  lhe  fizeraõ.  A  mefma  inteireza  prati- 
cou no  tempo,  que  a  SereniíTima  Rainha  D. 
Luiza  Francifca  de  Gufmaõ  governou  efta 
Monarchia  aconfelhandolhe  fempre  o  que 
refultava  em  gloria  do  Reyno,  e  dilatação 
do  Evangelho  nas  partes  mais  remotas  da 
Afia,  e  America.  Accometido  de  huma  fu- 
preíTaõ,  de  cuja  infirmidade  falecera  ElRey 
D.  Joaõ  o  IV.  fe  preparou  com  os  Sacramentos 
para  a  ultima  hora,  e  entre  devotos  coUoquios 
a  Chrifto  Crucificado  morreo  no  Seminário 
dos  Irlandezes  a  27.  de  Outubro  de  1660. 
donde  fendo  transferido  à  Cafa  de  S.  Roque 
lhe  cantarão  o  Officio  com  grande  pompa  os 
Religiofos  Trinos,  fempre  em  todas  as  idades 
obfequiofos  aos  Padres  Jefuitas.  As  acçoens 
mais  individuaes  da  fua  vida  fe  podem 
ler  in  Vit.  Prmc.  Theod.  lib.  i.  §.  218. 
até  237.  et  lib.  3.  §.  105.  até  iio.  Franc. 
Imag.  da  Virt.  em  o  Novic.  de  Lisboa  lib.  3. 
cap.  42.  45.  e  44.  et  in  A.nnalib.  S.  J.  in 
L,ujit.  pag.  326,  et  in  Ann.  Glor.  S.  J.  in 
Lufit.   pag.   635. 

Sendo  Meftre  de  Rhetorica  em  Évora, 
no  anno  de  1635.  querendo  celebrar  a  Uni- 
verfidade  a  chegada,  que  a  ella  fizera  o  Sere- 
ninimo  Duque  de  Bragança  D.  Joaõ,  depois 
Rey   de   Portugal,    compoz   huma   Tragico- 


media,  que  fe  lhe  reprezentou  com  pompoza 
magnificência,  cujo  argumento  era. 
S.  Ejdjlachius  Maríyr. 
De  todas  as  fuás  obras  poéticas  fomente 
fe  imprimio  huma  Elegia,  que  eílá  na  Vida  do 
Príncipe  D.  Theodojio  compoíla  pelo  Padre 
Manoel  Luiz  lib.  i.  §.  221.  a  qual  levou  o 
primeiro  premio  no  Certame  celebrado  em 
Coimbra.  Foy  aíTumpto,  que  fendo  levado  o 
cadáver  da  Princeza  Santa  Joanna  para  a  fe- 
pultura,  ao  paífar  pelo  Jardim  do  Convento, 
fe  murcharão  as  flores,  e  arvores,  de  que  eílava 
ornado,  publicando  com  efta  repentina  mu- 
dança o  fentimento  de  lhes  faltar  quem  as  ani- 
mava. O  principio  da  Elegia  he  o  feguinte. 
Claujerat  extremo  moríentia  lumina  fato 
Joanna:    heu  !    numquam    lumina    digna  mori. 

ANDRÉ  FRANCO.  Naceo  em  Lis- 
boa, fendo  filho  de  Manoel  Franco,  e  Cathe- 
rina  de  Oliveira.  Na  idade  da  adolecencia 
recebeo  o  habito  da  Ordem  Militar  de  S.  Tiago, 
no  Real  Convento  de  Palmella  a  3.  de  Setem- 
bro de  1600.  donde  paíTando  a  Coimbra  fe 
applicou  ao  eftudo  do  Direito  Pontificio,  em 
que  fe  formou  Bacharel.  As  fuás  grandes 
letras  o  elevarão  a  fer  Prior  de  Çamora  Corrêa, 
Juiz  Geral  das  Ordens,  Dezembargador  dos 
Aggravos  na  Cafa  da  Supplicaçaõ  de  que 
tomou  poíTe  a  7.  de  Novembro  de  1642. 
Deputado  da  Mefa  da  Conciencia,  e  ultima- 
mente Secretario  da  SereniíTima  Rainha  D. 
Luiza  Francifca  de  Gufmaõ  mulher  delRey 
D.  Joaõ  o  IV.  Podendo  deixar  grandes  argu- 
mentos da  fua  fciencia  legal  fomente  fe  acha 
impreíTo  hum  feu  voto  muito  douto  no  i. 
Tom,  das  Decifoens  do  Doutor  Manoel  da  Fon- 
feca  Themudo  Decif.  112.  da  qual  faz  mençaõ 
Joaõ  Soar.  de  Brito  in  Theatr.  Lufit.  lit.  A. 
n.  38. 

ANDRÉ    FREYRE    DE    CARVALHO 

natural  de  Lisboa,  Fidalgo  da  Cafa  de  fua 
Mageftade,  Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  de 
Chrifto,  Commendador  de  Santa  Maria  Mag- 
dalena  de  Parada  da  mefma  Ordem,  Dezem- 
bargador da  Cafa  da  Supplicaçaõ,  de  que  to- 
mou poíTe  a  24.  de  Abril  de  1698.  e  Confer- 
vador  da  Cafa  da  Moeda.  Teve  por  Pays  a 
Manoel    Botelho    de    Carvalho    Copeiro    pe- 


L  USITANA. 


149 


qucno  da  Caía  Real,  e  Fidalgo  delia,  e  a  D. 
Mariana  de  Sande  filha  de  Manoel  da  Syl- 
vcira  de  Sande  Gjmmendador  de  S.  Vicente 
de  Quadramil,  e  Hftriljciro  menor  da  Rai- 
nha D.  Luiza  Francifca  de  Guímaõ,  e  de 
1).  Ignez  de  Mattos  filha  de  Pedro  Mendes 
de  Mattos  Commendador  de  Santa  Maria  de 
Gemonde  da  Ordem  de  Qiriílo.  Sendo  o 
Vereador  mais  antigo  do  Senado  de  Lisboa, 
congratulou  aos  noíTos  SereniíTimos  Reynã- 
tcs  cm  nome  deíla  famofa  Cidade,  quando 
foraò  à  fua  Githedral  render  as  graças  ao 
Altidlmo  pelos  feus  auguílos  defpoforios,  re- 
citando. 

OraçaÔ  na  prefença  de  fuás  Magejlades  El- 
Key  D.  Joaõ  o  V.  e  a  Rainha  D.  Mariana 
de  A /{/iria  Nojfos  Senhores  quando  foraò  em 
acçaõ  de  ^aças  à  Sé  de  Lisboa  em  22.  de  De- 
n^embro  de  1708.  Lisboa  por  Valentim  da 
Cofta  Dcslandcs  Imprcflbr  de  Sua  Magcílade 
1709.  4. 

Foy  cafado  com  D.  Catherina  de  Mat- 
tos, de  quem  naõ  teve  filhos.  Morreo  em 
Lisboa  a  6.  de  Abril  de  171 2.  Eílá  fepul- 
tado  na  Igreja  do  Convento  dos  Religiofos 
Trinos. 

P.  ANDRÉ  GOMES,  filho  de  António 
Vaz,  e  Maria  Gomes  naceo  em  Coimbra,  e 
naõ  tendo  completos  quinze  annos  fe  confa- 
grou  a  Deos  na  Companhia  de  Jefus  a  6.  de 
Julho  de  1589.  Aprendeo  as  letras  humanas, 
Filofofia,  e  Theologia  na  fua  pátria  onde  as 
diftou  aos  feus  domefticos  com  grande  opinião 
da  fua  erudição  fendo  depois  fubtiliíTimo  in- 
terprete da  fagrada  Efcritura.  Das  Cadeiras 
paflbu  aos  púlpitos,  nos  quaes  foy  ouvido 
com  geral  admiração  por  fer  ornado  de  todas 
as  partes  conílitutivas  de  hum  Orador  Evan- 
gélico, tendo  a  voz  clara,  e  fuave;  a  figura 
agradável,  e  mageftofa;  as  acçoens  reguladas 
menos  pela  arte,  que  pela  natureza;  a  eloquên- 
cia folida,  e  perfuafiva  com  que  fazia  as  vir- 
tudes amadas,  e  os  vicios  aborrecidos.  Por 
eíles  dotes  o  elegeo  ElRey  D.  Joaõ  o  IV.  por 
feu  Pregador  confeguindo  no  tempo,  que  exer- 
citou eíle  fagrado  miniJfterio  o  fer  venerado 
entre  os  Principes  da  Oratória  Ecclefiaftica. 
Morreo  em  Lisboa  a  24.  de  Outubro  (e  naõ  14. 
como  fe  diz  na  Biblioth.  da  Companhia)  de  1649. 


O  Padre  Manoel  Luiz  in  Vit.  Princip.  Theod. 
lib.  2.  §.  141.  lhe  chama  Infigfiis  Concionator 
acerrimi  ingenii,  promptique  ad  fubita  judkij. 
Joan.  Suar.  de  Brit.  in  Theat.  Lufit.  Litter.  Ut. 
A.  n.  59.  Injifftis  Ecclejiajles,  populari  que  eUgfln- 
tia  eelebratijfimiu.  Franc.  in  Annalib.  Soe.  ]ef. 
in  Ijifit.  pag.  298.  Liximius  Concionator,  e  na 
Imaj^.  da  Virtude  em  o  Noviáad.  de  Coimb. 
Tom.  2.  pag.  611.  Grande  Prígftdor,  e  exercitou 
efte  miniflerio  com  muito  fruto.  Dot  muitos 
Sermoens,  que  pregou,  fomente  fe  imprimirão 
os  feguintes. 

SermaÕ  do  Auto  da  Fé,  que  fe  celebrou  em 
Lisboa  em  28.  de  Novembro  primeiro  Dominga 
do  Advento  de  1621.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
bcek  1621.  4.  deíla  obra  fe  lembra  Imbo- 
nat.  in  Bib/ioth.  Laf.  Hebraic.  pag.  506.  n. 
942. 

SermaÕ  pregado  nas  fumptuofas  Exéquias,, 
que  ao  Excellentifimo  Senhor  D.  Theodojio  IL 
Duque  de  Bragança  /<?:ç  o  Prior  mòr  da  Ordem 
de  S.  Tiago  D.  Diogo  Lobo  no  Convento  Real  da 
mefma  Ordem  em  Palmela  aos  11.  do  me^  de 
Dev^embro  de  1630.  Lisboa  por  António 
Alvares  1631.  4. 

Relação  das  feflas,  que  a  Provinda  de  Portu- 
gal /íí^  nas  CanonÍ!^açoens  de  Santo  Ignacio  de 
Loyola,  e  S.  Francifco  Xavier.  Lisboa  por  An- 
tónio Alvares  1623.  8.  Defta  obra  faz  mençaõ 
a  Bibliotheca  Oriental  novamente  acrecentada 
Tom.  I.  til.  8.  col.  158. 


ANDRÉ  GONÇALVES  DE  AL- 
MADA. Vejafe  ANDRÉ  ALVARES  DE 
ALMADA. 


ANDRÉ  GONÇALVES  TEYXEIRA 
natural  de  Santarém,  Presbitero  de  exemplar 
vida,  e  verfado  fcientificamente  nas  letras 
humanas,  que  enfinou  por  muitos  annos  na 
fua  pátria,  e  naõ  menos  douto  na  Theologia 
Moral,  e  Ceremonias  Ecclefiaílicas  fendo  con- 
fultado  por  diverfas  peíToas  fobre  duvidas 
Grãmaticaes,  e  Theologicas,  de  que  deixou 
grande  numero  de  cartas  deffce  erudito  com- 
mercio.  Morreo  na  pátria  no  anno  de  1700. 
Compoz  varias  obras,  que  naõ  lograrão  o  bene- 
ficio da  luz  publica  por  fer  taõ  falto  de  cabedaes, 
como  abundante  de  noticias  para  as  imprimir. 


i5o 


BIB  LIO  THE  CA 


cruel  fado  que  fempre  acompanhou  aos  Va- 

roens    Sábios    podendo    queixarfe    com   Al- 

ciato. 

Ingenio  poteram  Juperas  volitare  per  auras, 

Me  niji  pauperies  invida  deprtmeret. 
Deixou  para  teílemunho  da  fua  vaíla  erudi- 
■çaõ  as  feguintes  obras. 

An  pueri,  qui  cum  Joio  Originali  decederunt, 
fint  aliquando  ajcenjuri  Juper  terram  hahitaturi 
ad  illud  Job.  7.  Qui  dejcendit  ad  injeros  non  ajcen- 
det.  foi.  M.  S. 

Viridarium,  Jive  horfus  apertus  vários  Theo- 
logice  moralis  flor  um  Jajciculos  continens:  opus 
novum  M.  S. 

Suada  Templum,  id  ejl,  de  Arte  dicendi  M.  S. 
in  4. 

Modo  Jacil  para  Jaher  Ja^er  verjos  latinos  de 
ioda  a  cajla,  em  que  com  toda  a  erudição  enjina  a 
evitar  todos  os  vicios,  que  na  Poejia  Je  achaõ  pela 
varia  revolução  dos  tempos  4.  M.  S. 

ANDRÉ  DE  GOUVEA  natural  da  Ci- 
•dade  de  Beja  na  Provinda  do  Alentejo  filho 
•de  AíFonfo  Lopes  de  Ayala  Fidalgo  Caílelhano, 
e  de  Ignez  de  Gouvea  filha  de  Antaõ  de  Gou- 
vea  Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  de  Chrifto, 
irmaõ  do  infigne  Jurifconfulto  António  de 
Gouvea,  de  quem  em  feu  lugar  fe  fará  larga 
mençaõ.  Sendo  chamado  por  feu  Tio  Diogo 
de  Gouvea  Regente  do  CoUegio  de  Santa  Bar- 
bara de  Pariz  para  fe  inílruir  nas  fciencias 
Sagradas,  e  profanas,  como  era  dotado  de 
agudo  engenho,  fahio  brevemente  confum- 
mado  aíTim  na  Oratória,  como  na  Poética. 
Com  a  mefma  promptidaõ  penetrou  os  fe- 
gredos  da  Filofofia,  e  os  myfterios  da  Theo- 
logia  fervindo  de  aílombro  aos  Meílres,  e 
enveja  aos  Condifcipulos,  merecendo  fer  eleito 
por  voto  de  todos  Lente  de  taõ  fublimes 
faculdades  para  com  ellas  inílruir  aos  eíiudio- 
fos,  que  de  toda  Europa  concorriaõ  ao  Col- 
legio  Barbarano,  ao  qual  naõ  fomente  illuílrou 
com  a  doutrina,  mas  governou  com  prudência 
fubíHtuindo  a  feu  Tio  no  lugar  de  Regente 
pelo  efpaço  de  alguns  annos.  A  opinião,  que 
corria  da  fua  profunda  Sabedoria  moveo  a 
Univerfidade  de  Bordeux  para  o  convidar 
com  generofos  partidos  a  fer  feu  Meftre,  o 
que  executou  no  anno  de  1534.  fendo  Reytor 
do  Collegio  de  Guienne.   Tendo  ennobrecido 


duas  taõ  famofas  Univerfidades,  era  juílo,  que 
vieíTe  illuílrar  a  de  Q)imbra,  para  cujo  efeito  \ 
meditando  ElRey  D.  Joaõ  o  IIL  novamente 
reílaurar  efta  Univerfidade,  e  fendo  informado  j 
do  feu  grande  talento  lhe  cometeo  à  fua  \ 
eleyçaõ  os  Meílres,  que  haviaõ  enfinar  nella 
as  linguas  Latina,  Grega,  e  Hebraica;  e  as  facul- 
dades de  Rhetorica,  e  Filofofia.  Obedeceo 
promptamente  à  ordem  do  feu  Soberano,  e 
chegando  a  Portugal  no  anno  de  1547.  foy 
taõ  acertada  a  eleyçaõ  dos  Meílres,  que  fez 
de  varias  naçoens  para  a  nova  Univerfidade, 
que  brevemente  competio  com  as  mais  cele- 
bres da  Europa,  fendo  venerado  depois  da 
Mageílade  delRey  D.  Joaõ  o  IIL  como  fegundo 
reílaurador  defte  Atheneo  da  Lufitania,  onde 
com  geral  fentimento  de  todos  os  feus  alum- 
nos  morreo  em  9.  de  Junho  do  anno  ( naõ 
de  1558.  como  efcreve  André  Scoto  in  Bib. 
Hijpan.)  mas  de  1548.  como  diz  Bayle  Dic- 
cion.  Critiq.  Tom.  2.  pag.  mihi  579.  e  o  aífirma 
como  teíiemunha  ocular  Belchior  Belliago 
hum  dos  famofos  Meílres,  que  conduzio  de 
França,  dizendo  na  Oraçaõ,  que  recitou 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra  no  i.  de 
Outubro  de  1548.  De  Dijciplinarum  omnium 
Jludiis  ad  Univerjam  Acad.  Conimb.  eílas  pala- 
vras JuJJu  regis  volens  juventutem  injlitui,  elegit 
viros  qui  reãijjime  eamdem  Juventutem  optimis 
diJcipUnis  imbuerent,  quorum  duãu  nojlri 
homines  curjum  omnium  dijciplinarum  confi- 
cerent:  hunc  nobis  trijiia,  <&  importuna  Jata 
hac  ultima  ajiate  eripuerunt,  (&  illius  morte 
magnum  litterarum  ornamentum  abjlulerunt.  Eílá 
fepultado  no  Real  Convento  de  Santa  Cruz 
de  Coimbra,  em  cujo  tumulo  tem  gravado 
eíle  Epitáfio. 

Júlia  pax  genuit:     rapuit   Conimbrica   corpus: 

Excoluit    mentem    Gallia:      Olympus    habet. 

O  feu  nome  exaltaõ  Bufin  in  Prajat.  ad    j 

Epijiol.   Gélida.   Petr.   Angel.    Sper.   de   Pro- 

JeJ.  Gramat.  lib.  4.  foi.  352.  e  458.  Elias  Vi- 

net.  in  Epijl.  ad  And.  Scotum.  Kepublic.  Portug.     í 

foi.    364.    Joan.    Soar.    de   Brito   in   Theatr. 

'Lujit.    'Litterat.    lit.    A.    n.    40.    Mariz    Dial. 

de  Var.  Hiji.  Dial  5.  cap.  3.  Jacob.  Menet. 

Vafconc.    in     Vit.    Sua.    onde    lhe    chama 

Virum  Gravijjimu.  Scot.  in  Bib.  HiJ.  Tom.  3. 

ClaíT.    2.    pag.    475.    Theologicum  Juijfe  Pras- 

bjterum     concionatorem     tam     liberakm,     quam 


LUSITANA. 


i5i 


dotlorum  honímum  faktorim.  et  GaíTe  5. 
pag.  ^)i9.  in  hlog.  Gelid.  Virum  de  imiverfa 
Aqt4ÍíaNÍ(t,  &  Htteris,  ut  fiquis  alitts,  oplime 
meritum,  pium,  doílum,  et  ad  regendam  jnventu- 
tttN  omninó  totitm.    Q>mpoz. 

Orationes  habita  in  Colle^o  Barbarano  M.  S. 

As  quaes  eraõ  efcritas  com  a  pureza, 
e  mageftade  do  eílilo  de  Cícero,  e  muitas 
delias  fe  coníervaõ  com  grande  eílimaçaò 
110  poder  dos  Eruditos. 

Fr.      ANDRÉ      DE      GUIMARAENS 

Naceo  na  illuílre  Villadofeu  appeliido  fituada 
cm  a  Provinda  do  Minho  fendo  filho  de 
Gomes  Eíleves,  e  da  Irmaã  de  D.  Gomes 
AfFonfo  trigeíTimo  nono  Prior  da  Real  Colle- 
giada  de  Nofla  Senhora  da  Oliveira,  e  o 
fegundo  Inquifidor  que  teve  o  Tribunal  da 
Inquifiçaõ  de  Coimbra.  Em  idade  compe- 
tente foy  admitido  à  Ordem  Seráfica,  cujo 
inftituto  profeíTou  no  Convento  de  Alenquer, 
feliz  folar  de  Varoens  infignes  em  Santidade, 
onde  defcubrindo  igual  génio  para  as  virtudes, 
que  para  as  letras,  as  aprendeo,  e  enfinou 
com  grande  fruto,  e  admiração  dos  feus 
Rcligiofos  chegando  a  ter  para  credito  do 
feu  Magiílerio  por  difcipulo  ao  IlluílriíTimo 
D.  Fr.  Bernardino  de  Sena,  que  depois  de  fer 
Geral  de  todo  o  Orbe  Seráfico,  foy  digniíTimo 
Bifpo  de  Vifeu.  No  Púlpito  encheo  as  obriga- 
çoens  de  Declamador  Evangélico,  aíTim  em 
Portugal,  como  Caílella  fendo  os  feus  difcur- 
fos  formados  mais  para  a  extincçaõ  dos  pecca- 
dos,  que  pêra  lizonja  dos  ouvidos,  em  cujo 
apoílolico  trabalho  colheo  copiofos  frutos 
nas  populofas  Gdades  de  Sevilha,  e  Valha- 
dolid.  Foy  eleito  Provincial  em  o  Capitu- 
lo celebrado  em  Lisboa  a  22.  de  Fevereiro 
de  1614.  e  depois  CommiíTario  Geral  da  Pro- 
vinda de  Portugal,  cujos  miniílerios  exerci- 
tou com  fumma  prudenda,  e  univerfal  applau- 
fo  de  domeílicos,  e  eílranhos.  No  anno 
de  1628.  foy  Prefidente  da  Congregação, 
que  celebrarão  em  Villaviçofa  os  Rcligio- 
fos Capuchos  da  Província  da  Piedade.  Para 
evitar  as  graves  controverjQas,  que  em 
matérias  de  jurifdicçaõ  intrepidamente  de- 
fende© contra  o  Colleytor  do  Papa  neíle 
Reyno,  fe  retirou  para  Caftella  donde  depois 
de    afliílir     quafi    dous    annos    fe    reílituyo 


ao  feu  anudo  domidlio  do  Convento  de  Lis* 
boa,  no  qual  cheyo  de  virtuofas  obras  termiiu>u 
a  vida  a  3.  de  Dezembro  de  1652.  enaõdei65). 
como  eíli  no  Epitáfio,  e  foy  fepultado  como 
tinha  pedido  no  Címiterío  commum,  cuja 
fepultura  ornou  com  buma  Campa  Fr.  Fer- 
nando do  Efpiríto  Santo,  que  fora  feu  Secre- 
tario, no  tempo  que  exerdtou  o  lugar  de 
CommiíTario  Geral,  e  fobre  ella  fe  gravou  efte 
epitáfio. 

Aqui  ja^  o  P.  Fr.  André  de  Gmmaraens 
iMtor  Jubilado,  Guardião,  que  foy  defle  Comento, 
Minijiro  Provincial,  e  ComiJJario  Geral  dos  Reyno f 
de  Portugal  em  todas  as  Provindas  de  N.  P.  S. 
trancifco.  Celebre  nas  Letras,  Púlpito,  prudência, 
e  governo,  que  com  grande  aceitarão,  e  credito 
ajftm  dos  Keligiofos,  como  dos  Seculares  exercitou, 
todos  feus  officios.  Faleceo  em  três  de  Dezembro 
de  iGiy  De  todos  os  feus  Sermoens  unica- 
mente publicou. 

Sermão  nas  Exéquias,  que  a  Cidade  fe^  na 
Cafa  de  S.  António  ã  Rajnba  Catholica  D.  Mar- 
garida de  Aufiria.      Lisboa  161 1.  4. 

Sermão  do  Mandato.  Conferva-fe  M.  S.  na 
Livraria  do  Convento  de  S.  Frandfco  de  Lis- 
boa como  affirma  o  Padre  Fr.  Manoel  de  S. 
Damafo  nas  Noticias  da  Prov.  de  Portug.  §  19. 
n.  367.  mandadas  a  Academia  Real.  Do  Author 
fe  lembraõ  Fr.  Manoel  de  Monfort.  Chron.  da 
Prov.  da  Pied.  liv.  4.  cap.  57.  §.  i.  Fr.  Femand. 
da  Soled.  Hifl.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  5. 
liv.  2.  cap.  31.  n.  469.  e  Fr.  Joan.  a  D.  An- 
ton.  in  Bib.  Francifc.  Tom.  i.  pag.  65. 

Fr.  ANDRÉ  DA  INSUA.  Naceo 
em  Lisboa  no  anno  de  1506.  e  no  Orató- 
rio de  N.  Senhora  da  Infua  plãtado  no  meyo 
da  Barra  do  Rio  Minho  fe  aliílou  em  11. 
de  Junho  de  15  21.  na  Religião  Seráfica 
quando  contava  dezefeis  annos  de  idade 
confervando  o  titulo  deíle  domicilio  por 
appeliido  para  eterno  teftemimho  da  fua 
aífeéhiofa  devoção.  Depois  de  aprender  Fi- 
lofofia  no  Convento  de  Serpa,  e  Theolo- 
gia  paíTou  a  França,  onde  pelo  efpaço  de  outo 
annos  continuou  os  eíhidos  com  taes 
progreííos,  que  era  univerfalmente  refpd- 
tado  por  Oráculo  das  fdencias  EfcolaíHcas. 
A  prudenda  de  que  era  ornado  o  habilitou 
para  que  ElRey  D.  Joaõ  o  m.  o  mandaíTe 


l52 


BIB  LIOTH  E CA 


a  Flandes  tratar  negócios  importantes  aos 
intereíTes  deíla  Monarchia  os  quaes  adminiílrou 
com  louvável  fatisfaçaõ.  Em  Anveres  pregan- 
do à  naçaõ  Caílelhana  conciliou  a  geral  venera- 
■çaõ  de  toda  aquella  grande  Cidade;  pois  aos 
brados  da  fua  vóz  fe  convertiaõ  os  coraçoens 
mais  duros,  e  as  vontades  mais  rebeldes. 
Depois  de  occupar  os  lugares  de  Commiflario 
de  Flandes,  e  Alemanha,  e  fer  Provincial  da 
Província  dos  Algarves,  foy  eleito  quando  con- 
tava quarenta,  e  hum  anno  de  idade,  e  vinte,  e 
féis  da  Religião,  Geral  de  toda  a  Ordem  Será- 
fica no  Capitulo  celebrado  em  AíTiz  no  anno 
■de  1547.  Tanto,  que  eíleve  conílituido  em 
lugar  taõ  honorifico,  naõ  perdoou  a  fua  vigilân- 
cia à  algum  género  de  difvelo  para  promover  a 
reforma  do  infiituto  Seráfico.  PaíTou  a  Hefpa- 
nha  dividindo  em  duas  Províncias  a  de  Sam 
Tiago,  e  erigindo  novamente  a  de  S.  Miguel. 
Celebrou  em  Lisboa  os  Capítulos  das  Provín- 
cias de  Portugal,  Algarves,  e  Piedade.  Partio  a 
Flandes,  onde  recebeo  particulares  favores  do 
Emperador  Carlos  V.  e  naõ  menores  figni- 
ficaçoens  de  benevolência  da  Santidade  de 
Júlio  III.  quando  em  Roma  lhe  beijou  o  pé  a 
tempo,  que  fora  aíTumpto  à  Cadeira  de  S. 
Pedro.  Difcorreo  por  Nápoles,  Florença, 
Brexa,  Milaõ,  e  Génova,  donde  voltou  a  Sala- 
manca para  celebrar  o  Capitulo  Geral  congre- 
gado neíla  Cidade,  que  fe  formava  de  mil,  e  du- 
zentos Capitulares,  em  cuja  douta,  e  venerável 
prefença  orava  todos  os  dias  na  lingua  latina 
com  aíTombro  de  taõ  eruditos  ouvintes.  Naõ 
confentiraõ  os  Vogaes,  que  ficaíTe  o  feu  grande 
talento  ociofo  para  beneficio  da  Ordem  Será- 
fica, e  ainda  que  fortemente  refilHo,  foy  eleito 
CommiíTario  Geral  da  Familia  Cifmontana. 
Informado  ElRey  D.  Sebaftiaõ  da  prudente 
fidelidade  com  que  tinha  tratado  varias  de- 
pendências politicas  defte  Reyno  por  com- 
miíTaõ  de  feu  auguílo  Avo  D.  Joaõ  o  III. 
querendo  feguirlhe  os  veíligios  lhe  cometeo 
que  paíTaíTe  a  Caílella  a  tratar  alguns  ne- 
gócios graves,  de  que  pendia  a  conferva- 
çaõ  de  ambas  as  Monarchias.  Obedeceo 
promptamente,  e  entrando  em  Madrid  no 
anno  de  1563.  concluyo  felizmente  as  nego- 
*  ciaçoens,  que  foraõ  cometidas  à  fua  gran- 
de capacidade.  Exercitado  o  miniílerio  de 
CommiíTario  Geral,  e  o  que  lhe  fora  encar- 


regado pelo  Príncipe  D.  Sebaíliaõ  fe  recolheo 
ao  feu  amado  domicilio  da  Infua,  onde  com 
mayor  fervor  fe  applicava  à  comtemplaçaõ  dos 
bens  celeftiaes,  porem  fendo  acometido  de 
varias  moleftias  mudou  de  clima,  fazendo  a  fua 
aíTiílencia  no  Convento  de  S.  Francifco  de  Lis- 
boa até  o  anno  de  1570.  donde  por  causa  de 
huma  controverfia,  que  fe  agitou  entre  elle,  e  o 
Cardial  D.  Henrique  fobre  a  eleição  de  hum 
ComiíTario  Nacional  fe  retirou  para  Caftella 
bufcando  o  amparo  do  Bifpo  de  Ofma,  que 
tinha  fido  feu  Secretario,  em  cuja  companhia 
viveo  taõ  pouco  tempo,  que  naõ  excedeo  a 
duração  do  anno  feguinte  de  1571.  deixando 
aos  Religiofos  huma  faudofa  memoria  da 
fua  vida,  e  aos  Prelados  huma  norma  pru- 
dente do  feu  governo.  Entre  os  Varoens 
mais  celebres  da  Religião  Seráfica  he  nomeado 
pelo  Illuftriífimo  Cunha  Hijl.  Ecclef.  de  Brag. 
Part.  2.  cap.  51.  onde  lhe  chama  VaraÕ  por 
muitos  títulos  eminente.  D.  Nicol.  de  Santa 
Maria  Cbron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  4.  cap.  9. 
n.  9.  Cardof.  Agiol.  'Lujitan.  Tom.  i.  pag.  215. 
no  Commentario  de  21.  de  Janeiro  let.  I. 
Grande  :^elador  da  regular  obfervancia,  e  dotado  de 
Jumma  prudência  ordenando  faluberrimos  Es- 
tatutos para  univerfal  beneficio  de  toda  a  Ke- 
ligiaõ  com  que  deixou  prudentes  acçoens,  que 
imitar  a  feus  fucejfores,  pelo  que  os  Pontífi- 
ces, e  Kejs  de  toda  a  Chrifiandade  fi^eraõ 
delle  grande  eftima,  e  ajfim  acabou  o  generalato 
com  muito  louvor  naõ  menos  feu,  e  do  nome 
Portugue^i,  que  reputação  da  Ordem.  Efpe- 
ranç.  Hift.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i 
Uv.  2.  cap.  10.  n.  6.  e  Part,  2.  liv.  10.  cap.  39 
n.  2.  Soled.  Hifi.  Seraf.  Part.  4,  liv.  4.  cap.  29 
e  Fr.  Anton.  da  Piedade  Cbron.  da  Prov 
Arrábida.  Part.  i.  liv.  2.  cap.  i.  e  2.  e  liv.  4 
cap.  35.  Jozé  Soar.  da  Sylv.  Memor.  Hiflor. 
delRej  D.  Joaõ  o  I.  liv.  i.  cap.  8.  §.  81 
82.   e   83.   Efcreveo. 

Relação  da  fua  vida  acabada  de  efcre- 
ver  em  3.  de  Agoflo  de  1552.  Cujo  original 
fe  conferva  no  archivo  do  Convento  da  Infua 
onde  a  efcreveo,  continuada  por  feu 
Companheiro  Fr.  Manoel  Favacho  como 
teftifica  Fr.  Fernando  da  Soledade  Hifl. 
Seraf  da  Prov.  de  Portug.  Part.  4.  liv.4.  cap.  29. 
n.  988.  e  993. 

Carta    efcrita    de    Madrid    à    Rainha    D. 


LUSITANA. 


i53 


Catherin.  em  y  de  Agofto  de  1564.  cujo  original 
vimos  na  Torre  do  Tombo,  c  fe  guarda  no 
Armar.  15.  MaíTo  44.  a  qual  eftá  impreíTa 
iKi  Part.  2.  das  minhas  Mtmor.  Polit.  e  Milit. 
ílelRey  D.  SebaJliaÕ  liv.   i.  cap.  2).  n.   185. 

ANDRÉ       LEYTAM       DE       FARIA 
Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  de  Qirifto,  Moço 
la  Camará  de  S.  Mageílade,  Oífícial  mayor, 
I  fcrivaõ  do  AíTentamento,  c  Chancellaria  do 
cnndo  deíU  Corte,  nacco  em  Lisboa  a  51.  de 
M  iiS(>  de  1658.  fendo  filho  de  Joaõ  Leitaõ 
<tc  l'aria  Moço  da  Camará  do    ScrcniíTimo 
Rcy  D.  Joaõ  o  IV.  e  de  Maria  Gomes  Mon- 
tcira.   Aprendeo  a  iingua  Latina  no  Collegio 
de  S.  Antaõ  dos  Padres  Jefuitas,  onde  teve 
por  Mcílre  ao  Padre  Diogo  Lobo,  cujo  nome 
lerá  fcmpre  memorável  pela  fua  natural  dif- 
criçaõ,  e  ouvio  Filofofia,  e  Theologia  Moral 
do  grande,  e  famofo  Letrado  Fr.  Domingos 
de  Santo  Thomaz,  eterno  credito  da  Familia 
Dominicana,  merecendo  em  huma,  c  outra 
Aula  o  applauzo  de  todos  os  feus  Condif- 
cipulos,  que  admiravaõ  a  viveza  do  feu  en- 
genho.    Cultivou    com    felicidade    a    Poefia 
Latina,  Caílelhana,  e  Portugueza,  unindo  à 
elegância  do  metro  a  profundidade  do  con- 
ceito.   Efcreveo  com  tanta  perfeição,  que  as 
letras  mais  pareciaõ  abertas  ao  buril,  que  for- 
madas com  a  pena,  de  tal  forte,  que  ordenan- 
do-lhe  ElRey  D.  Pedro  o  II.  quando  deter- 
minava nomear  Meftre  de  efcrever  a  feus  Sere- 
niíTunos  filhos,  que  aprezentaíTe  a  fua  letra, 
o  executou  em  três  traslados,  admirando-fe 
cm  cada  hum  delles  três  géneros  de  letras  diífe- 
rentes  cercados  de  diverfas  flores  feitas  humas 
de   rifco,    outras    de   penadas,    que   pareciaõ 
impreíTas,   e   fendo   eleito   para  efte   honori- 
fico minifterio,  fe  efcufou  impedido  dos  an- 
nos,  e  achaques.    Naõ  foy  menos  infigne  na 
Arte   da  Pintura,   ou  foíTe   de   óleo,   ou   de 
iUuminaçaõ,  em  que  era  único,  da  qual  ainda 
fe  confervaõ  algumas  obras  em  poder  dos 
cftimadores    de    taõ    primorofa    curiofidade. 
Abrio  varias  eílampas  em  cobre  fendo  entre 
ellas    a    mais    perfeita    o    retrato    do    Excel- 
lentiíTimo     Marquez    de    Távora    Luiz    Al- 
varez de  Távora,  que  fahio  no  frontifpicio 
do   livro,   que   a   efte   Heróe   dedicarão   por 
obfequio    fúnebre    as    Mufas    Portuguezas. 


Foy  ornado  de  fununa  ai&bilidade,  taõ 
amante  da  verdade  como  inimigo  do  engano. 
Nunca  pertendeo  mayotes  honras  do  que 
aquellas,  com  que  naceo,  dizendo  íem  jaâan- 
cia,  que  naõ  queria  fubír  para  fe  precipitar. 
Confervou  caftidade  conjugal,  como  á  hora 
da  fua  morte  declarou  o  feu  Direâor  eípiri- 
tual.  Todos  os  dias  rezava  indifpeníavelmente 
o  Officio  de  N.  Senhora,  e  o  feu  Roíario,  naõ 
lhe  servindo  para  taõ  (antos  exercidos  de 
impedimento  as  fuás  continuas  occupaçoens. 
Conhecendo,  que  era  chegado  o  termo  da  fua 
vida,  difpoz  com  grande  acordo  o  feu  Tefta- 
mento,  ordenando  em  huma  das  claufulas,  que 
foííe  fepultado  fem  pompa.  Recebidos  todos 
os  Sacramentos  falleceo  em  Lisboa  a  8.  de 
Março,  de  1722.  faltando-lhe  vinte,  e  três  dias 
para  cumprir  84.  annos  de  idade,  e  na  Paro- 
chia  do  SantiíTimo  Sacramento  defcaníaõ 
as  fuás  cinzas.  Foy  cafado  com  D.  Anna* 
Maria  de  Figueiredo  Calderon  filha  de  Ma- 
noel Pinto  de  Perarva,  e  de  fua  mulher 
D.  Anna  Calderon  ambos  naturaes  da  Im- 
perial Villa  de  Madrid  de  quem  teve  cinco 
filhos,  e  três  filhas.  Compoz. 

Domini  Ludovki  Alvares  de  Távora 
Marchionis  de  Távora  interitui  EJegia. 

Soneto  'Portugue^  ao  mefmo  AíTumpto.  Sahi- 
raõ  eftas  duas  obras  no  Panegírico  da  vida,  e 
Acçoens  defie  Heróe  Lisboa  por  António  Ro- 
driguez  de  Abreu  1674.  4.  pag.  164.  até  166. 
Vários  Epigramas,  e  Elegias  "Latinas,  Sone- 
tos, Komances,  Outavas,  Madrigaes,  e  Decimas 
Portugíiei^as,  e  Caftelhanas  a  diverfos  Ajfumptos 
com  hum  poema  em  Outava  Rima,  que  confta 
de  três  Cantos,  cujo  argumento  he  a  Vida  de 
N.  Senhora  com  efte  titulo. 

Ao  prodígio  da  Graça  Maria  SantíJJi- 
ma  na  fua  Conceição,  Encarnação  do  Verbo 
até  o  feu  feli^   tranjito.     Começa. 

As    heróicas     virtudes    Jingulares 
Maravilhas,     e     acçoens    prodigiofas 
De   hiia   Virgem  mais  pura  fem  deitares 
Oue   no   mundo  fe   viraõ  portentojas, 
Se  pode   o   meu  talento   deftes  mares 
Sulcar   o  pélago   em   maré   de   rofas 
Com  auxilio,  e  favor  do  Efpofo  Santo 
Da    auguJHJJima    Fenis    hoje    canto. 
Todas    eftas    obras    formaõ    hum    volu- 
me grande  de  folha,   que  conferva  em  feu 


i54 


BIBLIOTHE CA 


poder  António  Leytaõ  de  Faria  filho  do 
Author,  Cavalleiro  profeflb  da  Ordem  de 
Chrifto,  Cavaleiro  Fidalgo  da  Cafa  de  Sua 
Mageftade,  Official  mayor  do  Senado  deíla 
Corte,  Efcrivaõ  do  AíTentamento,  e  Chancella- 
ria,  Executor,  e  Contador  dos  Contos  do  mef- 
mo  Tribunal,  o  qual  para  eternizar  a  memoria 
de  feu  Pay  brevemente  as  dará  à  luz  publica. 

ANDRÉ  LOPES,  muito  fciente  em 
a  Arte  Náutica,  que  como  Piloto  exerci- 
tou muitos  annos  efcrevendo  para  inllruc- 
çaõ  dos  que  fe  applicaíTem  a  ella. 

Roteiro  ou  Carta  de  marear  de  cuja  obra  fazem 
mençaõ  o  celebre  Piloto  Aleixo  da  Motta  no 
Roteiro  da  navegação  da  Índia,  e  o  moderno 
addicionador  da  Bibliothec.  Náutica  de  D. 
Anton.  de  Leaõ  Tom.  2.  Tit.  3.  col.   1148. 

ANDRÉ  LOURENÇO  FERREIRA 

Portuguez  como  elle  declara  no  frontifpicio 
das  fuás  obras.  Foy  Cancellario  da  Univeríi- 
dade  de  Mompilher,  Phiíico  mór  delRey  Chrif- 
tianiíTimo  Henrique  IV.  e  do  feu  Confelho. 
Compoz. 

Scripta  Taraceutica  ubi  de  curjibus,  de  Me- 
lencholia,  de  Jeneãute,  de  morbo  articulari,  de  lue 
Venérea  (&€.  Francofurti  apud  Guillielmum 
Fizerum  1622.  foi. 

Opera  omnia  Anatómica,  et  Medica  ibi 
apud   Gafparem  Rotelium   1627.   foi. 

P.  ANDRÉ  LUIZ  natural  de  Évora  onde 
em  idade  florente  abraçou  o  inílituto  da  Com- 
panhia de  JESUS  em  10.  de  Agollo  de  1585  e 
naõ  de  1590.  como  fe  efcreve  na  Bibliotheca 
da  Companhia.  Por  efpaço  de  outo  annos 
diftou  Rhetorica,  por  alguns  Theologia  moral, 
e  por  cinco  foy  Regente  da  Univeríidade  de 
Évora.  No  minifterio  do  Púlpito,  e  interpreta- 
ção dos  Textos  da  Efcritura  foy  eminente,  e 
naõ  menos  iníigne  na  exafta  obfervancia  dos 
Eftatutos  da  Companhia,  PaíTou  da  vida  mortal 
para  a  eterna  em  28.  de  Dezembro  de  1639. 
Deixou  promptos  para  a  impreflaõ  dous 
tomos  ornados  de  varia  erudição  de  que 
fazem  memoria  a  Bibliothec.  Societ.  pag.  52. 
D.  Franc.  Manoel  na  Carta  dos  Author. 
Portug.  que  he  a  i.  da  4.  Centúria  Fonf. 
"Évora    Glorio/a    pag.     425.     Franc.    Imagem 


da  Virtud.  em  o  Novic.  de  Evor.  pag.  852.  e  no 
Synops.  Annal.  S.  J.  in  Lujitan.  pag.  277.  n.  12. 
e  Joan.  Soar.  de  Brito  in  Theat.  h,ufit.  l^itterat. 
let.  A.  n.  33.  dizendo  delle  Statura  fuit  pra- 
grandi,  habitudine  crajijfima,  oculis  ferreis,  arugi- 
neo  colore.  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifpan.  Tom.  i. 
pag.  62.  O  argumento  deíles  dous  tomos  era. 
Mqyfés  Vaftor  Aulicus,  Orator. 
Breve  difcurfo  fobre  a  Junta  dos  Senho- 
res Prelados  em  Thomar,  feito  pelo  Padre 
André  L,ui:i  da  Companhia  de  Jefus.  4.  Naõ 
tem  anno,  nem  lugar  da  impreílaõ,  mas  he 
certamente  impreíío  em  Lisboa. 

D.  Fr.  ANDRÉ  DE  SANTA  MARIA 
foy  natural  da  Cidade  de  Lisboa,  fendo  feus 
Pays  Martim  Vaz  de  Sampayo,  e  Magdalena 
do  Couto.  Como  tiveííe  na  pátria  felizmente 
occupado  o  tempo  da  puerícia,  e  adolefcencia 
no  eíhido  da  Grammatica  Latina,  e  letras  hu- 
manas, ambiciofo  de  alcançar  nome  illuftre 
nas  Campanhas  de  Marte,  aíTim  como  o  mere- 
cera nas  de  Minerva,  fe  embarcou  para  a  índia 
quando  contava  defoito  annos  de  idade,  e  neíle 
beUcofo  theatro  obrou  acçoens,  que  foraã 
envejadas  pelos  Soldados,  e  Capitaens.  Porém 
querendo  conquiílar  o  Ceo  fe  aliílou  em  outra 
mais  nobre  milicia,  qual  foy  a  Religião  Será- 
fica recebendo  o  Habito  em  o  Convento  de 
Cochim  da  Cuílodia  de  S.  Thomé,  onde  apren- 
dendo as  fciencias  podia  enfinar  as  virtudes, 
fendo  em  humas,  e  outras  eminente.  Atrahido 
da  fevera  obfervancia  dos  Eftatutos  Seráficos, 
que  fe  pra6Hcava  em  a  nova  Cuftodia  da  Madre 
de  Deos,  alcançou  faculdade  do  Cuftodio 
Fr.  Joaõ  de  Ceita,  para  que  nella  foíTe  ad- 
mittido,  o  que  promptamente  fe  lhe  conce- 
deo.  Todo  o  feu  talento  empregou  em 
beneficio  dos  feus  domeíUcos  enfinando  a 
huns  a  lingua  Latina,  e  a  outros  a  Theolo- 
gia moral.  Era  muito  douto  nos  Sagrados 
Cânones,  e  em  todo  o  género  de  fciencias, 
que  coníUtuhem  hum  perfeito  Religiofo, 
por  cujos  dotes  o  fez  o  Tribunal  da  Inqui- 
fiçaõ,  feu  Deputado,  e  Confultor.  Na  Reli- 
gião occupou  os  lugares  de  Guardião  do 
Convento  da  Madre  de  Deos,  donde  foy 
aílumpto  para  Cuílodio  da  Provinda  de  Saõ 
Thomè  no  anno  de  1585.  O  infigne  He- 
róe  D.  Luiz  de  Ataide,  ViceRey  do  Eftado, 


L  USITAN  A. 


i55 


l»> 


clegeo  por  feu  G^nfeíTor,  e  a  Mageítade  de 

ipe  II.  o  nomeou  Bifpo  de  Cochim,  e  ainda, 
que  fez  toda  a  deligencia  poíTivel  para  naõ  acei- 
tar eíla  dignidade,  foy  nclia  confirmado  pela 
Santidade  de  Xifto  V.  em  19.  de  Fevereiro 
de  1)87.  e  no  íeguinte  fagrado  neíb  grande 
dignidade.  Naò  fe  eximio  de  algum  género 
<lc  trabalho  no  exercício  paíloral  vi  fitando 
todos  os  annos  a  fua  Diocefe,  erigindo  Efcolas 
p»ra  neilas  fe  inAruirem  os  Miniíbros  do  Altar, 
defendendo  intrepidamente  a  jurifdicçaõ  Ecclc- 
fiaílica,  levantando  templos,  e  ornando-os 
com  generosa  magnificência,  punindo  fevera- 
mcnte  os  pcccados  efcandalofos,  e  difpendendo 
cfmolas  com  tal  cxceíTo,  que  femprc  cxccdiaô 
as  fuás  rendas.  Mais  amante  da  quietação 
Rcligiofa,  que  da  dignidade  Epifcopal  fuppli- 
cou  com  grandes  inftancias  a  ElRey,  que  lhe 
aceitaíTc  a  renuncia  que  naõ  foy  atendida  fc 
naõ  depois  do  largo  tempo  de  28.  annos. 
Recolhido  ao  Convento  da  Madre  de  Deos  de 
Goa  exercitou  com  grande  difvelo  na  ultima 
idade  as  virtudes,  que  fempre  prafticara,  até 
uc  chegou  a  hora  em  que  recebeo  o  pre- 
mio por  ellas  merecido  em  10.  de  Novem- 
bro de  161 8.  e  foy  fepultado  na  Capella, 
que  elle  dedicara  ao  Apoílolo  Santo  André 
com  efte  epitáfio. 

Aquijáf^  Fr.  André  Bifpo,  que  foy  de  Cochim. 

PaíTados  cento,  e  fete  annos  foy  aber- 
ta a  fepultura  a  8.  de  Agoílo  de  1725.  e  achan- 
do-fe  o  cadáver  organizado,  o  tresladaraõ  os 
Religiofos  para  o  Capitulo,  e  fobre  a  campa 
fe  lhe  efcreveraõ  eílas  palavras. 

Hinc  refttrget  o  Venerável  Fr.  André 
Je  Santa  Maria  IV.  Bifpo  de  Cochim,  e 
primeiro  dejla  Santa  Provinda  da  Madre 
Àe  Deos.  Foy  para  aqui  tresladado  a  10.  de 
Novembro  de   1725. 

Efcrevem  deíle  Prelado  o  Padre  Fer- 
não de  Queirós  na  Vid.  do  Irm.  Ped.  do 
Bajl.  liv.  I.  cap.  15.  até  22.  Fr.  Paulo  da 
Trindade  Conquiji.  Efpirit.  do  Oriente  liv. 
I.  cap.  26.  Manoel  de  Faria,  e  Souz.  AJia 
Portug.  Tom.  3.  Part.  3.  cap.  4.  n.  7.  Car- 
dofo  Agiol.  L,ujif.  Tom.  3.  pag.  420.  e  no 
Commentario  de  27.  de  Mayo  letr.  G.  Fr. 
Jacinto  de  Deos  Vergel  de  Plant.  cap.  i. 
Art.  4.  e  na  Vid.  dos  Frad.  Menor.  cap.  21. 
§.    10.    Fr.    Fernand.    da    Soled.    Hifl.   Seraf. 


âa  Prop.  d$  Portug.  Part.  5.  liv.  2.  cap.  52. 
n.  484.  até  489.  onde  lhe  aíTina  a  morte  a 
27.  de  Mayo  de  161 7.  e  mais  diífufamente 
António  Martins  Porto  Carreiro  Vigário 
da  A2ambu)a  na  vida  defte  ínfigne  Prelado, 
que  fe  naõ  imprimio.  Efcreveo,  como  teT- 
tifíca  Jorge  Cardofo  no  lugar  allegado. 

Carta  Paftoral  com  que  inflruya  nos  pontot 
principaes  da  Religião  Catholica  aos  feus  fubditos, 
a  qual  mandou  traduzir  na  lingua  de  Ceylaõ 
para  que  foíTe  mais  intelligivel. 

ExpofiçaÕ  fobre  a  Kegra  de  SaÒ  Frandfeo, 
da  qual  diz  Fr.  Jacinto  de  Deos  no  Vergel 
de  Plant.  e  Flor.  pag.  ^^.  que  o  rigor  com  que 
a  expo:(^  mofhou  o  r^elo  de  feu  efpirito. 

De  Teflamentis  foi.  M.  S. 

A  eílas  duas  obras  confumio  o  tempo, 
como  diz  o  mefmo  Chroniíla. 

Informação  de  hum  índio  natural  de  Bengala, 
que  viveo  quatrocentos  annos  mandada  a  Felippe  IV. 

De  cuja  obra  fe  lembraõ  Fr.  Jacinto  de 
Deos  no  Vergel  de  Plant.  p.  39.  c  a  Bib.  Ori- 
ent.  de  António  de  Lcaõ  novamente  acrcf- 
centada  tom.  i.  tit.  5.  col.  57.  Sahio  traduzida 
em  Caftelhano  Salamanca  por  António  Ra- 
mires 1609.  4.  de  que  vimos  hum  exemplar; 
e  no  fim  tem  huma  ateílaçaõ  de  Diogo  do 
Couto  Guarda  mór  da  Torre  do  Tombo 
da  índia,  em  que  aííirma  haverlhe  manda- 
do o  Bifpo  D.  Fr.  André  de  Santa  Maria  por 
Fr.  António  da  Porciuncula  eíla  relação, 
em  2.  de  Agofto  de  1608. 

P.  ANDRÉ  MARTINS  natural  de 
Serapicos  termo  da  Villa  de  Chaves  na  Pro- 
vincia  Trafmontana  filho  de  Joaõ  André, 
e  Izabel  Luiz.  Tendo  íido  Parocho  de  huma 
Igreja  querendo  mais  tratar  da  própria  alma, 
que  das  alheyas,  fe  recolheo  na  Companhia 
de  JESUS  no  Collegio  de  Coimbra  em  28. 
de  Fevereiro  de  1591.  quando  contava  qua- 
renta annos  de  idade.  Foy  exemplar  em 
todo  o  género  de  virtudes  aos  feus  domelH- 
cos,  entre  os  quaes  morreo  com  evidentes 
íinaes  de  PredeíUnado,  na  Cafa  de  S.  Roque 
no  anno  de  1632.    Efcreveo. 

Vida  da  Serva  de  Deos  Ljijia  dos  Anjos 
Terceira  de  S.  Francifco  natural  de  Ponte  Del- 
gada, a  qual  deo  Joaõ  Franco  Barreto  como 
affirma    na    Bih.    Portug.    M.    S.    ao    Licen- 


i5ó 


BIBLIO THE  CA 


ciado  Jorge  Cardofo  para  delia  extrahir  as 
noticias,  que  efcreveo  no  Agiol.  L.ujit.  a  14. 
de  Fevereiro,  que  foy  o  dia,  em  que  morreo 
a  Serva  de  Deos,  e  no  Commentario  do  dito 
dia  letr.  G.  confeíTa  fer  efta  vida  compofta 
pelo  P.  André  Martins. 

Fr.  ANDRÉ  DA  NATIVIDADE  natural 
da  Villa  de  Setuval  onde  fahio  à  lu2  do  mundo 
em  o  anno  de  1605.  ProfeíTou  o  penitente 
inftituto  dos  Religiofos  Capuchos  da  Província 
de  Santa  Maria  da  Arrábida  em  o  anno  de 
1624.  quando  contava  20.  annos  de  idade. 
Neíla  virtuofa  Efcola  continuamente  afligia 
o  corpo  com  difciplinas,  cilícios,  e  todo  o 
género  de  afperas  mortificaçoens.  Por  toda  a 
vida  fe  abíleve  de  vinho,  e  andou  defcalço. 
Pelo  prolongado  efpaço  de  quarenta  annos 
continuos  habitou  a  Serra  da  Arrábida  occu- 
pado  na  meditação  das  perfeiçoens  Divinas, 
recitação  das  horas  Canónicas,  e  na  liçaõ  de 
livros  efpirituaes,  de  cuja  afcetica  doutrina 
fendo  difcipulo  podia  fer  excellente  Meftre. 
Obrigado  pela  obediência  foy  féis  mezes  Guar- 
dião do  Convento  de  Lisboa,  que  naquelle 
tempo  fe  começou  a  edificar,  em  cujo  governo 
confervou  no  primitivo  rigor  a  obfervancia 
do  inílituto  Seráfico.  Preparava-fe  para  o 
incruento  Sacrificio  do  Altar  com  muitas  horas 
de  Oraçaõ,  e  tal  era  a  piedade,  e  ternura  com 
que  o  celebrava,  que  a  participava  aos  ouvintes 
principalmente  à  ExcellentiíTima  Duqueza  de 
Aveiro  D.  Anna  Manrique  de  Lara.  Tolera- 
das com  inviéla  paciência  acerbiíTimas  dores 
caufadas  por  ter  tolhidos  os  pés,  e  maõs  pelo 
largo  tempo  de  quatro  annos,  voou  o  feu  efpi- 
rito  para  o  Ceo,  no  Convento  de  Alferrara 
junto  a  Setuval  em  50.  de  Novembro  de 
1684.  quando  contava  80.  annos  de  idade, 
e  60.  de  Religião.  Como  era  perito  nas  ce- 
remonias  Ecclefiaílicas.    Compoz. 

Ceremonial,  ou  'Ritual  para  ujo  dos  Fra- 
des da  fua  Provinda.  Lisboa  por  Henrique 
Valente  de  Oliveira  1659.  4. 

Eíla  obra,  como  ao  feu  Author  louva  Lucas 
de  Andrade  na  Illujirac.  aos  Mamães  da  Mijfa 
Solemn.  Illuílr.  9.  n.  3.  o  P.  Vr.  André  da 'Nativi- 
dade no  Ceremonial  da  Provinda  da  Arrábida,  que 
curiojamente  compo^ipara  u^o  dos  Keligiofos  daquel- 
la  Provinda  invejiigando  tudo  o  que  nejie  particular 


ejlã  dijpojto  pela  Igreja.  Semelhante  Elogio 
lhe  faz  Fr.  Jozé  de  Jefus  Maria  na  Chronica 
da  Prov.  da  Arrabid.  Part.  2.  liv.  3.  cap.  24. 
dizendo,  que  com  ella  deo  hum  claro  Índice 
da  muita  perfeição,  com  que  celebrava  o  Santo 
Sacrificio  da  Miffa,  e  cumprir  com  as  cere- 
monias   do    Coro.     Compoz    mais. 

l^arios    livros    devotos,    que    ( faõ    palavras     ' 
do  fobredito  Chronifta  no  lugar  citado  )  pela 
noffa  pobret(a  fe  naõ  chegarão  a  dar  ao  prelo. 

ANDRÉ  NUNES  natural  da  Cidade  do 
Porto,  e  Meílre  de  Grammatica  em  Villanova, 
que  fica  fronteira  à  fua  pátria,  de  cuja  paleílra 
fahiraõ  infignes  difcipulos.  Naõ  era  menos 
douto  nas  matérias  Theologicas,  que  Gram- 
maticaes  efcrevendo  em  dous  tomos.  ' 

Theologia  Scolajiica.  ' 

Os  quaes  mandou  imprimir  em  Anve- 
res  por  fua  ordem,  como  diz  Joaõ  Franco 
Barreto  na  Bibliotheca  Lujit.  M.  S. 

Fr.  ANDRÉ  NUNES  DE  ANDRADE 
natural  de  Lisboa,  irmaõ,  ou  fobrinho  do  infi- 
gne  Varaõ  D.  Fr.  Diogo  Lopes  de  Andrade 
Bifpo  de  Otranto  no  Reyno  de  Nápoles,  de 
quem  fe  fará  mençaõ  em  feu  lugar.  Naõ 
fomente  profeíTou  como  elle  o  inftituto  dos 
Eremitas  de  Santo  Agoftinho,  que  recebeo  na 
Província  de  Andalufia,  mas  foy  feu  emulo 
aíTim  na  eloquência  concionatoria,  como  na 
laboriofa  applicaçaõ,  com  que  revolvia  as  obras 
dos  Santos  Padres.  Intentou  reduzir  a  ordem 
Alfabética  os  lugares  communs  da  Sagrada  Ef- 
critura,  e  illuftrallos  com  commentos,  mas  im- 
pedido pela  morte  naõ  pode  acabar  mais  que 
huma  parte,  em  que  fe  comprehendiaõ  as 
letras  A.  B.  e  naõ  fomente  o  A.  como  efcreve 
Nicolao  António  na  Bib.  Hi/pan.  Tom.  i. 
pag.  63.  a  cuja  obra  póz  o  titulo  feguinte. 

l^ergel  de  la  divina  Efcritura.  Córdova 
por  Juan  Barreira  1600.  foi.  Na  Cenfura^ 
que  por  Ordem  delRey  fez  a  efta  obra  o 
Meftre  Fr.  Diogo  de  Ávila  da  Ordem  da 
Santiífima  Trindade  juntamente  com  ella 
approvou  a  2.  Part.  que  chegava  até  a  letra. 
L.  como  fe  pode  vér  na  pag.  3.  da  i.  Part. 

ANDRÉ   NUNES   DA    SYLVA   Naceo  „ 
em   Lisboa   a   30.    de   Novembro   de    i63o^| 


ji 


LUSITANA. 


Nur 

IL 


KC' 

li 


€  foy  bautizado  na  Real  Patochia  de  S.  JuUaõ 
a  8.  de  Dezembro  do  mefmo  anno.  Na  pri- 
meira idade  paíTou  com  feus  Pays  FranciTco 
Nunes  da  Sylva,  e  Marianna  da  Cruz  ao  Rio 
Janeiro,  e  no  Collegio  dos  Padres  jefui- 
eíhidou  naõ  fomente  as  letras  humanas, 
penetrou  os  myAcrios  da  FUorofia  com 
tanto  credito  da  fua  applicaçaõ,  que  mereceo 
rcccl)cr  o  gráo  de  Meíire  em  Artes.  Para 
aprender  a  fciencia  dos  Sagrados  Cânones, 
ic  embarcou  para  Portugal  a  12.  de  Julho 
<ic  i6jo.  em  a  frota,  que  conílava  de  22.  navios, 
c  querendo  entrar  o  porto  de  Lisboa,  o  achou 
iriípcdiciu  com  trinta  nàos  Inglezas  de  que  era 
<ícncral  Alberto  Black  por  caufa  de  terem 
ticllc  achado  afylo  os  Principcs  Palatinos 
Roberto,  c  Mauricio  Sobrinhos  de  Carlos  I. 
Rcy  de  Inglaterra  degollado  pela  infame  rcbcl- 
ia  de  feus  VaíTalos.  Travado  hum  fanguino- 
nto  combate  entre  a  Armada  Inglcza,  c  Frota 
ortugueza,  cm  que  foy  abrazada  a  nofla 
Almirante,  c  rendidas  fetc  nàos  mercantis 
licou  André  Nunes  prizioneiro,  e  alcançando 
liberdade  em  Cadiz  fe  reftituhio  pelo  Algarve 
.1  Lisboa,  onde  reftaurado  das  moleftias  pade- 
cidas paíTou  à  Univerfidade  de  Coimbra  eílu- 
dar  Direito  Pontifício  de  cuja  faculdade  rece- 
líeo  o  grào  de  Bacharel  em  3.  de  Novembro 
de  1656.  com  applauzo  dos  feus  Meftres. 
Ordenado  de  Sacerdote  regulou  todas  as 
acçoens  da  fua  vida  pelas  obrigaçoens  de  taõ 
fublime  eftado.  Foy  hum  dos  mais  celebres 
alumnos  da  Academia  dos  Singulares,  onde  ex- 
plicou aquelles  dous  Oráculos  da  Politica,  e 
Poefía  Cornelio  Tácito,  e  Luiz  de  Camoens. 
Nefte  erudito  theatro  fe  admirou  repetidas 
vezes  a  métrica  confonancia  das  fuás  vozes,  e  a 
elegante  energia  dos  feus  difcurfos  alcançando 
multiplicados  Elogios  dos  feus  Collegas.  Pene- 
trado de  hum  heróico  defengano  defprezou 
todas  as  conveniências  temporaes,  e  fe  reco- 
Iheo  a  6.  de  Julho  de  1684.  na  Religiofa  Cafa 
dos  Padres  Theatinos,  em  cuja  Companhia  em 
o  largo  efpaço  de  20.  annos  obfervou  fem 
obrigação  de  votos  huma  vida  exemplar. 
Foy  cordial  devoto  do  immaculado  Myfte- 
rio  da  Conceição  da  Senhora  em  cujo  reve- 
rente obfequio  lhe  confagrava  annual- 
mente  hum  Soneto,  e  concedendo-lhe  o 
Cabido  da  Cathedral  de  Lisboa  huma  Capela 


.57 

dedicada  a  eíla  pura  invocação  fítuada  na  Fre- 
guezia  de  N.  Senhora  das  Mercês,  para  que 
a  ornaíTe,  eile  o  executou  com  funima  defpeza, 
e  igual  decência  edificando-lhe  hum  novo 
Altar,  e  debabco  delle  mandou  abrir  a  fua 
fepultura.  Ao  tempo  que  contava  74.  annos 
de  idade  foy  acometido  ác  hum  accidcnte  de 
parlczia  a  29.  de  Abril  de  1705.  tendo  acabado 
de  dizer  Miíía,  e  recebendo  o  Sacramento  da 
Lxtrenu  Unçaõ  com  fumma  piedade  entre 
vários  ados  de  Fé,  e  refignaçaò  na  vontade 
Divina  placidamente  efpirou  a  5.  de  Mayo 
de  1705.  O  feu  cadáver  foy  conduzido  aos 
hombros  dos  Sacerdotes  da  Venerável  Irman- 
dade de  S.  Pedro,  e  S.  Paulo,  da  qual  era  Irmaõ, 
e  fcpultado  no  lugar,  que  em  vida  tinha  dif- 
poílo  para  feu  jazigo,  que  era  no  pavimento  da 
Capella  da  Senhora  da  Conceição,  onde^infti- 
tuhio  huma  MiíTa  perpetua  pela  fua  Alnu  appli- 
cando-lhe  hum  juro  de  feflcnta  c  cinco  mil  reis. 
O  P.  D.  Manoel  Caetano  de  Soufa,  cm  memo- 
ria da  ílncera  amizade,  que  com  elle  tivera, 
compoz  hum  Difcurfo  Hiflorico,  c  Panegyrico 
da  fua  vida,  que  ficou  imperfeito,  lembrando-fc 
na  grande  obra  intitulada  Exped.  Hifpan. 
S.  Jacob.  Tom.  2.  pag.  141 9.  n.  287.  da  fua 
peííoa  com  efte  breve  Elogio  Fuit  lauda- 
tijfimis  morihus,  et  Sacerdote  dignis...  magnum 
fui  omnibus  relinquens  defiderium. 
Imprimio. 

Poejias  varias  f acras,  e  profanas.  Lisboa 
por  Domingos  Carneiro  1671.  8. 

Hecatombe  facra,  ou  facrificio  de  cem  viãimas, 
em  que  fe  contem  as  principaes  acçoens  da  vida 
de  S.  Caetano.  Lisboa  por  Miguel  Deflan- 
des  i686.  8.  Coníla  de  cem  Sonetos. 

Sonetos  à  Conceição  da  Virgem  Senho- 
ra Nojfa.  Lisboa  por  Manoel  Lopes  Fer- 
reira 1693.  8.  Coníla  de  30.  Sonetos.  Sahi- 
raõ  fegunda  vez  Lisboa  por  Pafchoal  da 
Sylva  Impreflbr  de  fua  Mageílade  171 6.  4. 
com  dez  Sonetos  ao  mefmo  Myfterio,  com- 
poílos  pelo  P.  D.  Manoel  Tojal  da  Sylva 
Clérigo  Regular.  Defta  obra  fe  lembra  o 
P.  António  dos  Reys  no  feu  Enthuf.  Poetic. 
n.  188. 

Oraçaõ  recitada  na  Academia  dos  Singula- 
res em  17.  de  Fevereiro  de  1664.  Sahio  na 
I.  Part.  da  Academia  dos  Singul.  pag.  313. 
Lisboa  por  Manoel  Lopes  1692.  4. 


i58 


BIBLIOTHE  CA 


Oraçaõ  em  ver/o  em  hum  Certame,  e 
recitada  na  mejma  Academia.  ImpreíTa  na 
2.  Part.  da  Academia  dos  Singul.  pag.  ii8. 
Lisboa  pelo  dito  ImprelTor  1698.  4. 

Oraçaõ  recitada  na  dita  Academia  em 
19.  de  Fevereiro  de  1665.  ImpreíTa  na  2. 
Part.     da    Acad.     dos     Singul.     pag.     380. 

Neílas  duas  Partes  fe  achaõ  impreflbs 
doze    Sonetos    feus    a    diverfos    aíTumptos. 

Cançaõ    à    vistoria    do    Amexial    que    le- 
vou   o    primeiro    premio,    a    qual    começa. 
Glorio/o  Conde  a  cuja  fama  o  mundo 
De  esfera  breve  he  ponto  limitado. 

Sahio  com  as  mais  obras  a  eíle  aíTumpto 
Amílerdaõ  por  Jacobo  Van-velfen   1673.  4. 
Obras  M.  S. 

Arte  de  Khetorica.  4. 
h.içaõ  Académica  fobre  o  Poema  de  Lui^  de 
Camoens. 

Liçoens  Académicas  fobre  as  Hijlorias 
de    Cornelio    Tácito. 

Lif^arda     Novella  Caílelhana. 

Hecatombe  facra  em  Sonetos  Caftelha- 
nos.  Tradução  dos  Portuguezes  já  impref- 
fos  a  qual  eílava  prompta  para  a  impreíTaõ. 

De:^  Sonetos  à  Conceição  da  Senhora, 
que  intentava  imprimir  no  anno  em  que 
morreo  juntamente  com  os  trinta  já  impreflbs. 

Vinte,  e  Quatro  Sonetos  Cafielhanos  à  Conceição 
da  Senhora.  Traducçaõ  dos  primeiros  vinte,  e 
quatro  que  entre  os  trinta  tinha  impreflbs. 
Kimas  varias  1 .  Tom. 

Poema  de  Jerufalem  L^ibertada  de  Torquato 
Taffo  traduzido  em  Portuguez  pelo  Doutor 
A.ndré  Rodriguez  de  Mattos,  o  qual  coníla  de 
191 5.  Outavas,  das  quaes  tinha  emendado  An- 
dré Nunez  da  Sylva  349.  fazendo  muitas  de 
novo,  obra  que  emprendeo  ( como  diz  na 
advertência  preliminar  )  por  credito  da  lingua 
Portugueza. 

Seis  Sermoens  o  1.  do  SantiJJimo  Sacramento. 
o  z.  da  Circuncifaõ.  ^.  de  N.  Senhora  dos  Prat^eres 
com  profijfaõ.  4.  das  Cadeas  de  S.  Pedro.  5 .  dos 
Apojlolos  S.  Pedro,  e  S.  Paulo.  6.  de  Saõ  Bernardo. 

Todas  eftas  obras  fe  confervaõ  na  Li- 
vraria dos  Padres  Theatinos  da  Divina  Pro- 
videncia deíla  Corte. 

P.  ANDRÉ  PALMEIRO.  Teve  por  pá- 
tria a  Cidade  de  Lisboa,  e  por  Pays  a  António 


Palmeiro,  e  Salvadora  Fernandes.  Quando 
contava  quinze  annos  recebeo  a  Roupeta 
da  Companhia  de  Jefus  no  Collegio  de  Coim- 
bra a  14.  de  Janeiro  de  1584.  Depois  de  fer 
Meílre  de  Humanidades  6.  annos,  de  Filofo- 
fia  4.  e  de  Theologia  12.  foy  Reytor  do  Colle- 
gio de  Braga.  Querendo  lucrar  almas  para 
Chrifto  nas  vaílas  regioens  do  Oriente  partio 
no  anno  de  161 7.  com  onze  companheiros 
merecendo,  que  o  D.  Eximio  o  P.  Francifco 
Soares  Granatenfe,  em  huma  Carta  latina, 
que  efcreveo  a  hum  Padre,  que  afliftia  na 
índia  lhe  fizefle  o  feguinte  Elogio  In  In- 
diam  profifcifcitur  P.  Andreas  Palmerius  magnus 
fane  vir,  nemini  in  Lufitania  fecundus.  A  fua 
grande  capacidade  ornada  de  fumma  prudên- 
cia o  conílituhiraõ  digno  de  fer  Deputado 
da  Inquifiçaõ  de  Goa  provido  a  10.  de  Mayo 
de  1621.  Reytor  do  Collegio  de  S.  Paulo,  Viíi- 
tador  do  Malavar,  e  da  Provinda  do  Japaõ,  e 
Provincial  por  efpaço  de  8.  annos  das  Provín- 
cias de  Goa,  e  Malavar.  Difcorreo  pela  mayor 
parte  da  China  até  chegar  a  Nanquim,  e  Pequim 
principaes  Cortes  de  taõ  vafto  Império,  em 
cujas  jornadas  padeceo  intoleráveis  trabalhos 
para  beneficio  das  Chriílandades,  que  o  feu 
zelo  intentou  eflabelecer  nos  Reynos  de 
Tunquim,  Camboya,  e  Aynaõ.  Foy  no  mandar 
benigno,  no  comer  parco,  e  no  orar  continuo. 
Accometido  na  ultima  infermidade  de  acer- 
biflimas  dores  as  tolerou  com  inviâa  pacien 
cia,  e  refignado  na  Divina  vontade  acabou 
a  vida  na  Cidade  de  Macao  a  4.  de  Abril  de 
1635.  Efcreveo. 

Carta  ao  Padre  Ixinda  António  Japo- 
ne!^  da  Companhia  de  JESUS  em  que  lhe 
dá  os  parabéns  da  fortaleza  com  que  tole- 
rou   o    cruel    tormento    das    aguas    de    Ungem. 

A  qual  fe  pôde  ler  imprefla  em  a  Imag. 
do  Nov.  do  Collegio  de  Coimbra  Tom.  2. 
liv.  4.  cap.  36.  compofto  pelo  P.  António 
Franco,  onde  faz  memoria  de  feu  Author, 
e  no  Ann.  Glor.  S.  J.  in  Luft.  pag.  187. 
como  também  o  P.  Pedro  Francifco  Xa- 
vier de  Charle voix  Hiflor.  du  Japon.  Tom.  2. 
pag.   308. 

Fr.  ANDRÉ  DE  S.  PAULO  Naceo 
na  Villa  de  Serpa  na  Província  do  Alen- 
tejo no  anno  de   1579.  de  Pays  nobres  em 


LUSITANA. 


iSç 


de 


cuja  companhia  vivendo  trinta  annos,  e  conhc- 
cciulo  ainda  que  mancebo  com  prudência  de 
velho  a  caduca  duração  das  delicias  munda- 
nas bufcou  refolutamente  as  eternas  na  auftera 
reforma  da  Provinda  da  Arrábida,  onde  pro- 
Icllou  no  anno  de  1609.  Foy  vivo  exemplar  da 
mais  rigorofa  penitencia,  de  fumma  parci- 
monia  na  meza,  de  perpetua  contemplação 
no  Coro,  de  exaâa  obfervancia  da  regra,  ini- 
migo jurado  do  ócio,  e  fingular  amante  da 
pobreza.  Nunca  detrahio  da  fama  do  pró- 
ximo, antes  aborrecia  com  tal  exceíTo  eíle  vicio, 
que  alguns  annos  antes,  que  morreíTe,  alcan- 
çou de  Deos  o  fer  furdo  para  que  naò  ouviíTc 
os  murmuradorcs.  Todo  o  tempo  que  tinha 
vago  das  obrigaçocns  de  Religiofo  o  occu- 
pava  na  liçaõ  dos  livros  aíTim  aíceticos,  como 
hiftoricos,  donde  extrahio  noticias  com  que 
•compoz  muitos  volumes,  que  ainda  fc  con- 
,õ  M.  S.  Foy  Mcílrc  dos  Noviços,  Guar- 
de muitos  Conventos,  e  ultimamente 
nidor,  naõ  lhe  fervindo  todos  eftes  lugares 
de  impedimento  para  que  deixaíTe  de  efcrever 
beneficio  da  republica  litteraria  tantas 
"obras,  cujo  progreíTo  fufpendeo  a  morte  pri- 
vando-o  da  vida  em  20.  de  Janeiro  de  1669. 
cm  o  feu  Hofpicio  de  Lisboa  em  idade  de  90. 
annos,  e  de  Religião  60.  Deixou  efcrito  pela 
lua  maõ. 

Das  Familias  Keligiofas,  que  floreceraÕ  em 
Portugal  principalmente  Carmelitas,  Agojlinhos, 
affim  Cónegos,  como  eremitas;  Bentos,  do  tempo 
em  que  entrarão  em  Portugal,  fuás  fundaçoens,  e 
pro^effos.    Tom.    i.   dividido  em   3.  livros  foi. 

Das  Familias  Sagradas,  que  tem  por  infii- 
tuto  a  Hofpitalidade,  e  de  como  efta  virtude  deve 
fer  exercitada  com  os  Keligiofos  Tom.  2.  dividido 
em  5.  livros,  foi. 

Na  prefação  defte  tomo  affirma  ter  cõpof- 
to  outros  três,  dos  quaes  os  primeiros  trataõ. 

Das  Sagradas  Keligioens  Militares,  que  antiga- 
mente floreceraÕ,  e  agora  florecem.  foi.  O  Terceiro. 

Do  principio  da  Jua  Provinda,  das  fundaçoens 
dos  f eus  Conventos,  e  das  acçoens,  e  mortes  dos  f eus 
Keligiofos  foi.  Naõ  permitio  (como  efcreve  Fr. 
Jozé  de  Jefus  Maria  na  Chron.  da  Prov.  da 
Arrab.  Part.  2.  liv.  3.  cap.  15.  fallando  delias 
obras  )  a  nojfa  grande  pohre^^a,  que  fe  commu- 
nicaffem  ao  Mundo  por  mejo  do  Prelo. 

Vida    do     Ven.    Fr.    Fernando  de  Santa 


Maria  Kiligiofo  Arrabido  de  que  faz  roençaõ 
Jorge  Cardofo  Agiol.  Lujit.  Tom.  2.  pag. 
225.  no  Commentario  de  18.  de  Março  iet  G. 
Vida  de  Fr.  Francifco  dos  Keys  da  Prop. 
da  Arrábida,  allega  o  meímo  Cardofo 
Tom.  5.  pag.  598.  no  Commentario  de 
24.  de  Mayo  iet.  O.  chamando  ao  Author 
Ktligiofo  antigo,  t  gravt. 

P.  ANDRÉ  PINTO  RAMIRES.  Naceo 
em  Lisboa  no  anno  de  1596.  e  logo  na  Tua 
infanda  pareceo,  que  fora  mais  animado  pela 
piedade,  que  pela  natureza,  pois  naõ  contando 
féis  annos  de  idade  para  merecer  a  protecção 
da  Mãy  de  Deos  a  quê  venerava  com  aífeâuo- 
fos  obfequios  lhe  fez  voto  de  Caítidade,  que 
confervou  illefa  por  todo  o  difcurfo  de  Tua 
vida.  Ouvio  as  letras  humanas  na  efcola  do 
iníigne  P.  Francifco  de  Mendoça,  do  qual  faz 
agradecida  memoria  no  Commento  dos  Cantares 
lib.  3.  cap.  I.  v.o  13.  §.  5 .  e  com  a  doutrina  de 
taõ  grande  Meftre  fahio  perfeitamente  iníirui- 
do  tanto  na  Oratória,  como  na  Poética,  naõ 
fendo  menores  os  feus  progreíTos  na  Filofofia, 
na  qual  penetrando  os  feus  mais  recônditos 
myfterios  recebeo  o  gráo  de  Meftre  em  Artes. 
Ao  tempo,  que  com  mayor  applicaçaõ  eftiidava 
na  Univerfidade  de  Salanunca  a  Theologia,  e 
querendo  inftruirfe  na  perfeição  Evangélica 
entrou  na  Companhia  de  Jefus,  quando  tinha 
22.  annos,  onde  fe  conftituhio  hum  perfeito 
exemplar  de  todas  as  virtudes  Religiofas. 
A  mayor  parte  do  tempo,  que  lhe  reftava  de 
ouvir  peccadores  no  Confiflionario,  e  repre- 
hender  vicios  no  Púlpito,  o  confumia  na  Liçaõ 
dos  Santos  Padres  donde  extrahia  copiofos 
thefouros  de  fagrada  erudição.  No  Colle- 
gio  de  Villagarda  diâiou  Humanidades  aos 
feus  companheiros  por  muitos  annos,  e  em 
Salamanca  explicou  a  Sagrada  Efcritura 
com  grande  fruto  dos  feus  Ouvintes.  Reti- 
rado ao  Collegio  de  Monforte  para  com 
mayor  focego  fe  dedicar  à  contemplação 
das  delicias  celeftiaes  deixando  iguaes  do- 
cumentos da  fua  fdencia,  e  virtude  paflbu 
defta  vida  à  eterna  em  23.  de  Mayo  de  1654. 
Delle  fallaò  com  elogios  Biblioth.  Societ. 
pag.  5  5 .  dizendo  vir  fuit  non  eruditione  tan- 
tum,  fed  morum  etiam  candore,  virtutum- 
que     Keliffofarum     commendationa     confpicuus. 


lÓO 


BIB  LIO  THE  CA 


Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom,  i.  pag.  65. 
Hipol.  Marracius  Bib.  Marian.  Part.  i.  pag.  91. 
Divini  verbi  praco  eximius,  infignique  virtute,  doc- 
trina,  ac  Keligione  ornatus,  e  Jacobo  Lelong.  in 
Bibliothec.  Sacr.  pag.  mihi  907.  col.  i.  Compoz. 

In  Cant.  Cantic.  dramático  tenore  literali 
allegoria,  et  tropologicis  notis  explicatum.  Lug- 
duni  fumptibus  Gabriel  BouíTat,  &  Lau- 
rentij  AniíTon.  1642.  foi. 

Deipara  ab  originis  peccato  prafervata  opus 
Cathedris,  (ò"  fuggejiibus  non  inutile :  ubi  pofiquam 
Jcholajlico  tenore  quadam  breviter  expendmtur, 
fujíjfime  deinde  ab  Scriptura  et  Patribus  amanio- 
res  /emitas  exerrat  calamus.  ibi  apud  eumd. 
Typog.  eod.  anno.  foi. 

Utriufque  Principum  politices  parallela 
iujia  et  iniqua  ad  cap.  IJai  14.  Lugduni  apud 
Petrum  Proft.    1648.    foi. 

SacrcB  Scriptura  feleãa,  Jive  fpecilegium  expla- 
nandce  littera  moribus  illufirandis.  Lugd.  eodem 
anno  foi. 

Commentaria  in  Epijlol.  Chrifti  Domi- 
ni  ad  Epifcopos  Ajice  in  A.pocalypfi  conten- 
tas, Lugd.  per  eumd.  Typog.  1652.  foi. 

Fhilalelia,  hoc  eft,  honeftijfima  fabula  pro  fide 
amicorum  reciproca  ibi  apud  eumd.  Typog.  1647. 
foi.  Nicolao  Ant.  na  Bib.  Hifpana.  com  mani- 
feílo  erro  lhe  atribue  a  obra  de  Chrijius  Cru- 
cifixus,  que  certamente  he  feu  Author  o  P. 
Diogo  Pinto  da  Companhia  de  Jefus. 

Segunda  parte  dela  maravilloja  vida  dela 
Venerável  Virgen  Marina  de  Efcobar.  Madrid 
por  la  viuda  de  Francifco  Nieto  1673.  foi. 
Sahio  eíla  obra  poílhuma. 

Scholia  in  Statium  Papinium  de  cuja 
obra  diz  a  Bibliotheca  da  Companhia;  eru- 
ditionis  plena,  fed  non  omnino  perfeãa. 

ANDRÉ  DE  QUADROS  natural  de 
Santarém  filho  de  Simaõ  de  Quadros,  e 
Joanna  Pereira,  Cavalleiro  da  Ordem  de 
Chriílo,  e  Provedor  das  Valias,  Lizirias, 
e  Paus.  Foy  naõ  menos  illuítre  por  geração, 
e  proefas  militares,  que  pelo  efpirito  poético, 
com  que  fez  celebre  o  feu  nome  nos  Rey- 
nados  de  D.  Joaõ  o  III.  e  feu  Neto  D.  Se- 
baíliaõ,  a  quem  acompanhou  na  infeliz  ex- 
pedição de  Africa  no  anno  de  1578.  onde 
ficou  cativo.  Ainda,  que  por  incúria  dos 
feus  Coevos  naõ  fe  fez  publica  alguma  das 


fuás  obras  poéticas,  o  génio,  e  talento,  que 
tinha  para  a  cultura  da  Poefia,  eternizou  na 
poíleridade  o  infigne  Pedro  Sanches  na 
Carta  efcrita  a  Ignacio  de  Moraes  em  que 
faz  hum  illuftre  Cathalogo  dos  Portuguezes 
profeíTores  daquella  divina  Arte  fendo  hum 
dos  mayores  delles  André  de  Quadros,  ou 
Quadrado  como  lhe  chama  dizendo. 
Hiic  precor,  húc  óculos  Moralis  fleãe;  videjne 
Infignem  juvenem  pulchris  qui  fulget  in  armis,. 
At  que  hederá  cingi t  galeam,  lauroque  coronaílf 
Ille  eft  Quadratus  generofo  fanguine  cretus 
Nonne  vides  faciem  ingenuam,  et  grande  inftar  in 

ipfo? 
Hic    quondam    noftras   puerili    atate    Camanas 
Dilexit,     quas    nunc  juvenis    veneratur,    amat- 

que, 
Exercetque  libens  nimium  dileãus  ab  illis 
Et    Pòabo    carus:    qui    quamuis    Mar  tia    bel  la 
Traãet,     et     armorum     crepitu,     clangore     tu- 

barum 
Gaudeaf,   atque  alacri  hinnitu  latetur  equorum; 
Non     tamen     Aonidum    fontes,     lucofque     reli- 

quit, 
Exemploque  fuo  noftris  oftendit  aperte, 
Nunquam     Mufarum     catus,     flavamque     Mi- 

nervam 
Eneruare     animum,     aciemque     retundere    ferri, 

Fr.  ANDRÉ  DOS  REIS  Natural  de 
Coimbra.  Recebeo  o  Habito  dos  Carme- 
litas Defcalços  no  Convento  de  N.  Senhora 
dos  Remédios  de  Lisboa  onde  profeíTou  a 
9.  de  Janeiro  de  1639.  e  nefta  reformada 
Familia  fempre  fe  diiHnguio  pela  innocen- 
cia  da  vida,  e  profundidade  da  fciencia. 
No  CoUegio  da  fua  pátria  diftou  Filofofia, 
e  Theologia  aos  feus  domeíticos  com  tanto 
credito  do  feu  talento,  que  ainda  que 
oculto  nos  Clauftros  fe  manifeílou  com  tal 
exceíTo,  que  era  fempre  confultado  nas  ma- 
térias mais  graves,  principalmente  perten- 
centes à  reâ:a  adminiftraçaõ  do  Tribunal  do 
Santo  Officio.  Foy  infigne  Pregador,  mi- 
niílerio  que  exercitou  nos  mais  celebres  Púl- 
pitos da  Corte,  aonde  era  taõ  grande  o  ap- 
plauzo  como  o  concurfo.  Com  fumma  pru- 
dência adminiílrou  o  lugar  de  Reytor  do 
CoUegio  de  Coimbra,  Provincial,  e  Difini- 
dor  de  toda  a  Congregação  de  Caílella.    Mais 


L  USITAN A. 


lói 


licyo  de  virtudes,  que  annos  morreo  no  G>I- 
^io  (Ic  Coimbra  no  anno  de   1697.  Impri- 


inio. 


ScrmiÕ  dt  Santa  Maria  Maji^dalwa  d» 
''''\V  P^^jlfl^o  na  fua  CanonÍ!(açad  no  Con- 
rufo  do  Carmo  de  IJsboa  ImprcíTo  no  livro 
intitulado  Vorafteiro  admirado  Part.  2.  pag. 
III.  Lisboa  por  António  Rodriguez  de 
\brcu  1672.  foi. 

SermaÕ  da  admirável  AcenfaÕ  dt  Chrif- 
to  pregado  em  o  Mojleiro  de  Santa  Anna  de 
Coimbra. 

SermaÕ   de    Santa    Ifabel   Rainha    de    Por- 

ngal  pregado    de    tarde    em    o    Rea/   Convento 

I  dt  Santa   Clara   de   Coimbra.    Sahiraõ   juntos 

I  eftes  dous  Sermoens  Lisboa:  por  Henrique 

!  Valente  de  Oliveira.  1659.  4* 

Epitome  de  pias,  e  doutas  confederações  fobre  o 
Divino  Sacramento  Jacrilegamente  roubado.  Lisboa 
por  Domingos  Carneiro  1671.  16.  fahio  fem 
o  nome  do  Author  que  parte  delle  compoz, 
c  parte  compilou  de  outros  Authores. 

Commentaria  in  Genefem.  foi.  M.  S.  Con- 
Icrva-fe  no  Collegio  dos  Carmelitas  Defcal- 
I|B6    de    Coimbra. 

Deixou  muitos,  e  doutos  pareceres  que 
fez  por  ordem  dos  Inquifidores  fobre  ma- 
térias pertencentes  ao  Tribunal  do  Santo  Of- 
ficio,  e  outras  matérias  de  que  fe  podia  for- 
mar hum  volume  de  juíla  grandeza,  e  fo- 
mente fe  imprimio  o  que  fez  fobre  eíla 
queílaõ. 

Utrum  liceat  immo  valide  pojftnt  fideles 
in  hoc  Ljífetama  regto,  <&  ejus  ditionibus  de- 
ites plures  Bulias  Cruciatas  pro  fuo  libito 
intra  ejujdem  anni  curriculum  pro  mortuis  ac- 
cipere;  an  Jolumodo  duas,  alteram  anni  prin- 
pio,  alteram  anni  médio  fecut  ipfe  vivi  pro  fe 
accipere  valent?  Sahio  à  luz  publica  in  Quaf- 
tionib.  Seleã.  de  Bulia  Sanãa  Cruciaía  Auftore 
D.  Laurentio  Pires  de  Carvalho  Tom.  i. 
^  P^g-  59-  3.té  70. 

O  P.  D.  Manoel  Caetano  de  Souza  lhe 
chama  pag.  76.  do  livro  allegado  das  Quefe. 
Seleã.  da  Bulia:  Vir  à  Theologica  eruditione, 
à  Sacra  eloquentia,  <âf  à  notitia  Hifeoria  Ecle- 
feafticcB  laudatijftmus,  e  Fr,  Martial.  a  S.  Joan. 
Bapt.  in  Bib.  Script.  Carmel.  Excalc.  pag.  17. 
Scientia,  (ò*  pietate  in  tota  'Lufitania  venera- 
tioni  ftdt. 

16 


ANDRÉ  DE  RESENDE  cujo  nome  Terá 
fempre  celebre  nos  Annaes  da  Republica 
litteraria,  naceo  na  ílluílrc  Cidade  de  Évora 
no  anno  de  1498.  e  foy  íUho  de  Pedro  Vaz 
de  Resende,  e  Angela  Leonor  Vaz  de  Góes 
ambos  defcendentes  de  nobres  I^amilias  prin- 
cipalmente a  dos  Résendes  de  que  elle  ainda 
que  modeAiffimo  fendo  provocado  íe  van- 
gloria efcrevendo  a  Jorge  Coelho  Jaãabis 
tu  forfan  Calios  tuos,  aut  potius  Cuniculos:  oppo- 
nam  ego  clarijftmam  olim,  &"  nunc  non  ohfcuri,  nec 
humilis  faftigij  Refendiorum  genttm  à  Vafco 
Martino  Refendio,  cui  magno  cognomen  fiHt,  atava 
per  Gallionem  feu  mavis  Aígidium  Vafeum  aha- 
vum,  Vafeum  Martin  um  minorem  proavum,  Mar- 
tinum  Vafeum  avum,  Andream  Vafeum  patrem 
Refendios  ad  me  legitimis  nuptiis,  (ò^  liberali 
matrimonio  derivatum.  Ego  "Lufetani  equitis  filius 
fum,  qui  bello  Hifpanienfe  fanguinem  pro  pátria 
non  femel fudit.  Na  pueril  idade  de  dous  annos 
ficou  Orfaõ  de  feu  Pay,  mas  fuprio  efta  fal- 
ta a  prudente  vigilância  da  Mày,  que  conhe- 
cendo o  agudo,  e  perfpicaz  engenho,  de 
que  o  dotara  liberalmente  a  natureza,  o  mandou 
inftruir  naquelles  rudimentos  de  que  eraõ 
capazes  os  feus  annos,  para  que  fizeíTe  mayo- 
res  progreíTos  nas  fciencias  de  que  dava  firmes 
efperanças  o  feu  génio.  Profeííou  na  flor  da 
adolecencia  o  inílituto  da  Sagrada  Ordem  dos 
Pregadores,  cujos  Prelados  admirando  a  viva- 
cidade da  fua  comprehenfaõ  o  mandarão 
no  anno  de  15 12.  a  Alcalá,  e  depois  a  Sala- 
manca, onde  aprendeo  as  letras  humanas  com 
António  de  NebriíTa,  e  Ayres  Barbofa  Orá- 
culos da  Lingua  Latina,  e  Grega,  e  fahio  em 
hum,  e  outro  idioma  taõ  perito,  que  chegou 
a  arrebatar  as  attençoens  deíles  dous  iníignes 
Meílres,  naõ  fendo  menos  verfado  na  Hebraica, 
em  que  o  inílruhio  o  celebre  Nicolao  Clenardo, 
que  da  mefma  Univeríidade  de  Salamanca  o 
trouxe  para  Meílre  da  de  Coimbra  por  or- 
dem de  ElRey  D.  Joaõ  o  HL  Com  a  mefma 
facilidade  eíhidou  as  fciencias  mayores  rece- 
bendo a  borla  doutoral  na  faculdade  de 
Theologia.  Dezejofo  de  augmentar  os  the- 
fouros  de  erudição  fagrada,  e  profana,  que 
já  poíTuia,  paíTou  a  Pariz,  onde  mereceo  as 
eílimaçoens  dos  Varões  mais  doutos  daquel- 
la  Univeríidade  naõ  fendo  inferiores  as  que 
lhe    fizeraõ    Joaõ    Vafeo,    Joaõ    Campenfe, 


102 


BIB  LIO  THE  CA 


e  Rogero  Refcio  egrégios  profeíTores  das  lín- 
guas Latina,  Grega,  e  Hebraica.  Deíle  domi- 
cilio fe  transferio  para  Bruxellas  obrigado 
da  authoridade  de  D.  Pedro  Mafcarenhas 
Embaixador  delRey  D.  Joaõ  o  III.  ao  Cefar 
Auílriaco,  convidando-o  para  que  o  inftruifle 
nas  letras  humanas,  a  cujo  eftudo  era  muito 
inclinado,  e  obedecendo  promptamente  à 
iníinuaçaõ  do  Embaixador  o  tratou  com  parti- 
culares fignificaçoens  de  afFefto,  e  o  iníinuou 
na  graça  de  Carlos  V.  que  fummamente  efti- 
mava  a  Réfende  ufando  com  elle  de  tanta  bene- 
volência, que  muitas  vezes  fe  lembra  defte 
Príncipe  com  agradecidas  expreíToens.  Rece- 
bendo em  Flandes  a  funeíla  noticia  da  morte 
de  fua  Mãy  a  quem  terniíTamente  amava, 
voltou  no  anno  de  1534.  a  Évora,  onde  lhe 
confagrou  à  fua  memoria  como  indelével 
padraõ  do  feu  aflFefto  eíle  elegantiíTimo 
epitáfio. 

Memoria,  et  pietati  dicatum. 

Salve  mea  Mater  famtna  innocentijftma  cui  me 
inter  emas  reliãum  pius  pater  fidei  tua  non  ignarus, 
extrema  você  comifit  moriens:  cujujque  perpetuo 
caftijfimoque  viduvio  educatus  liheraliter  annos  tri- 
ginta  cão  quidquid  id  atatis  Jum ,  quidquid  futurus 
pojiea  acceptum  fero:  audita  morte  tua  adfum 
ah  ultimis  Germanis  parentatum.  Conlacrumans 
fncBJliter  jufta  folvi,  &  quoniam  Te  una  mea 
mater  adempta  miferabilem,  et  orbum  tadet 
pátria    olim   dulcijjima,   iterum  peregre  revertor. 

L.  Andrèas  Refendius 

Angela     l^eonoria      Vajia      matri    pientijjima 

&   B.  M.  D.   S.  P. 

Taõ  altamente  lhe  penetrou  o  coração  efta 
fatal  calamidade,  que  para  naõ  ter  prefentes 
os  eftimulos  de  huma  pena,  que  julgava  fer 
inconfolavel  determinou  auzentarfe  para  fem- 
pre  da  fua  pátria;  porém  como  ElRey  D. 
Joaõ  o  III.  naõ  quizeíTe,  que  o  Reyno  ficaíle 
defraudado  de  hum  taõ  infigne  Varaõ,  lhe  im- 
pedio  a  refoluçaõ  nomeando-o  Meítre  de  feus 
Irmaõs  os  Infantes  D.  Aífonfo,  D.  Henrique,  e 
D.  Duarte  ( e  naõ  ElRey  D.  Manoel,  feu  Pay 
como  com  erro  manifefto  efcreveraõ  Mireo, 
e  Scoto  na  Bib.  Hifpan. )  e  antevendo,  que 
a  vida  Clauílral,  que  profeíTava,  lhe  ferviria 
de  grande  obílaculo  para  exercitar  eíle  mi- 
niílerio,  alcançou  faculdade  Pontifícia  para 
que     mudaíle     o     Habito     Religiofo     pelo 


Clerical,  o  que  executou  no  anno  de  1J40. 
e  ainda  que  viveo  o  largo  efpaço  de  trinta  e 
três  annos  feparado  da  companhia  dos  feus 
Religiofos  fempre  obfervou  exaâamente  a  dif- 
ciplina  regular,  como  fe  vivera  no  Clauftro, 
vendo-fe  fomente  a  mudança  no  Habito, 
e  naõ  em  os  coftumes.  Na  fua  pátria  habitava 
em  humas  Cafas,  que  tinhaõ  hum  ameno 
jardim,  cujo  circuito  eftava  ornado  de  antigos 
mármores,  em  que  fe  liaõ  gravadas  varias 
infcripçoens.  Pouco  diftante  delias  edificou 
huma  Quinta  muito  deleitavel  pela  copia 
de  arvores,  e  abundância  de  agua,  que  corria 
de  huma  fumptuofa  fonte,  na  qual  eftavaõ 
abertos  em  hum  mármore  eftes  Verfos. 
Exere   Nai  caput  tenebroja   é  rupe;   la  t um  que 

Vi/e  tibi  facrum,  pomiferumque  nemus; 
Per  quod  ubi  lato  difcurris  libera  fluxu 
Arboribus  veniat  copia  lata  tuis. 

Sobre  eíta  fonte  levantou  huma  Cafa  de 
prazer,  e  no  feu  frontifpicio  eftava  efculpida 
huma  Cruz,  em  cujo  pé  fe  liaõ  eftes  Verfos. 
Fleãe  genu;  en  Jignum,  per  quod  vis  viãa  tyrani 

Antiqui;  atque  Erebi  concidit  Imperium: 
Hoc  tu  jive  pius  frontem,  Jive  peãora  Jignes, 

Nec    Lemurã   injidias,  fpeãraq   vana    time. 

Para  efte  diliciofo  domicilio  fe  retirava 
alguns  dias  onde  acompanhado  dos  feus  fa- 
miliares paíTava  o  tempo  altercando  com 
elles  varias  queftõens  litterarias.  Como  foíTe 
fempre  inimigo  do  ócio  abrio  nas  fuás 
Cazas,  que  eftavaõ  contíguas  ao  Palácio  Jj^ 
Archiepifcopal,  Efcola  publica  aonde  con-  "^ 
corriaõ  as  principaes  peíToas  da  Cidade  de 
Évora  a  ouvir  a  fua  doutrina  diftinguindofe 
entre  todos  o  Cardial  D.  Aífonfo,  que  o  ef- 
timava  com  tanto  exceíTo,  que  muitas  vezes 
lembrado  das  inftruçoens  que  delle  recebe- 
ra, entrava  nella  deleitando-fe  de  fer  ou- 
vinte da  fua  grande  erudição.  Foy  fempre 
ornado  de  efpiritos  generofos,  e  de  hum  def- 
prezo  taõ  heróico  de  todas  as  dignidades 
do  mundo,  que  fendo  fummamente  aceito 
ao  Emperador  Carlos  V.  a  ElRey  D. 
Joaõ  o  III.  e  aos  Infantes  feus  Irmaõs,  nunca 
teve  ambição  de  algum  lugar  honorifico,  i 
fendo  o  feu  mayor  difvello  eftar  continiia- 
mente  revolvendo  os  livros,  e  efcrevendo 
em  diverfas  línguas,  que  perfeitamente  fabia, 
as     fuás     doutas,     e     varias     compofiçoens. 


L  USITAN A. 


IÓ3 


Na   indagação    dos    monumentos    da    and- 

gnidade  Romana  foy  íingular,  chegando  oeSbt 

género  de  eftudo  a  tal  exceíTo,  que  todas  as 

vezes  que  fazia  jornada  para  alguma  parte, 

levava  diverfos  inílrumentos  para  com  elles 

01   extrahir   das   entranhas   da   terra.     Naõ 

Applicou  menor  cuidado  no  exame  das  Aâas 

dos  Santos  examinando  para  eíle  fim  os  mais 

celebres  archivos  das  Igrejas  de  Portugal,  e 

(Caftella,   de  cujo  immenfo  trabalho  colheo 

[  copiofo  fruto,  como  efcreveo  Galefino  na  pre- 

I  liçaõ    do    Martyrologio;    Lsiflratis   Hifpania 

Bajilicis,  Catbidralibus,  compirti/que  aníiquis  íabu- 

I  Us  SanÚorum  Hijpanorum  Hijloriam  diferia  ora- 

tione  contexvit,  e  Joaõ  Vafco  in  Chron.  Hifp. 

,    Part.   I.  cap.  j.  Certe  Sanílorum  hijiorias  Hif- 

Ij  panorum  non  alibi  meliore  fide  /criptas  reperias; 
\  ^s  ille  ante  annos  muitos  luftrata  fere  iota  Hif- 
pania tamquam  quod  futttrum  erat  prafagiens,  et 
f uni  mo  Jludio  perquafuàt,  et  ex  Ecclefarunt  libris, 
ubi  quam  emendatijfimé  reperiri  poterant  accu- 
ratijftme  defcripfit.  Por  efta  caufa  mere- 
ceo  a  primazia  entre  os  mais  celebres  anti- 
ciuarios  aflim  fagrados  como  profanos  fendo 
confultado  como  Oráculo  pelos  mayores 
eruditos  da  Europa  como  expreflamente  o 
confeflaraõ  Vafeo  no  lugar  já  allegado  cap.  6. 
Si  quid  mihi  fuboriretur  fcrupuli  ad  illum 
fcjmquam  ad  afylum  quodãam  femper  confugi, 
cnjus  exaãijftmum  in  re  li t  ter  ar  ia  judicium 
non  folum  ego  femper  maxime  feci,  e  Scoto 
in  Bib.  Hifp.  Tom.  3.  ClaíTe  2.  pag.  481. 
Antiquitatis  quoque  pátria,  prafertim  vero  f acra 
peritus  in  paucis  fuit;  ut  omnis  avi  memoriam 
animo  comprehenfam  haberet,  ferrereturque  in 
oculis  quafi  Oraculum  ejfet  civitatum.  Conful- 
ttts  itaque  frequenter  Hifpanis  de  rebus,  et  antiqui- 
tate  à  doãijftmis  hominibus,  qui  fafces  illi  fub- 
jecerunt  (ò'c.  Foy  iníigne  Poeta  imitando  fiel- 
mente nas  Epiftolas  a  Horácio,  e  nos  Poe- 
mas a  Virgilio.  Naõ  foy  menos  feliz  na 
Oratória  obfervando  reUgiofamente  os  pre- 
ceitos do  Príncipe  da  eloquência  Romana 
de  que  faõ  claros  argumentos  as  Oraçoens, 
que  recitou,  huma  em  a  Univerfidade  de 
Lisboa  em  o  i.  de  Outubro  de  1534. 
c  outra  quando  era  Lente  de  Humanidades 
na  Univerfidade  de  Coimbra  em  28.  de  Ju- 
nho de  15  51.  conciliando  pela  expreflaõ 
dos  termos,   e  energia  da  reprefentaçaõ   os 


applauTot  de  todos  os  Académicos.  O  Teu 
eÃiyb  era  grave,  elegante,  e  diícreto,  afeâando 
muitas  vezes  algumas  palavras  efcuras  em 
obfequio  da  Venerável  antiguidade  de  que 
foy  obíervanti/Timo  cultor.  Soube  com  perfei- 
ção a  Arte  da  Mufica,  cujos  fuaves  preceitos 
deftramente  exercitava  naÕ  fomente  cantando, 
mas  tangendo  diverfos  loíbumentos.  Na 
fciencia  Theologica  naõ  mereceo  menor  vene- 
ração, que  na  Rhetorica  Ecclcfiaftica  com  a 
qual  cm  numerofos  Auditórios  fez  taô  ref- 
peitado  o  fcu  nome,  que  o  elegeo  por  íeu 
Pregador  LlRey  D.  Joaõ  o  IIL  e  o  foy  do 
SereniíTimo  Infante  Cardial  D.  Henrique. 
Eíles  taô  infigncs  dotes  de  que  prodigamente 
o  ornou  a  natureza,  e  a  arte,  lhe  alcançarão 
as  eílimaçoens  dos  Monarchas,  e  Príncipes 
Portuguczcs;  dos  Varocns  mais  famofos  do  feu 
tempo,  como  foraõ  Jeronymo  Oforio,  Damiaò 
de  Góes,  Achilcs  Eílaço,  Jeronymo  Girdofo, 
e  Diogo  Mendes  de  Vafconfellos  Portugue- 
zes,  Erafmo  Roterodamo,  Qjnrado  Goclenio, 
e  Joaõ  Vafeo  Flamengos,  Joaõ  Phlu,  c 
Joaõ  Dantifco  Polacos,  o  Cardial  António 
Puccio  Italiano,  e  Martim  Afpilicueta  Navarro, 
GracilaíTo,  Ambrofio  de  Morales,  Barthola- 
meu  Kabedo  Efpanhoes,  e  por  outros  Sábios 
com  quem  teve  erudita  comunicação.  Confi- 
derando,  que  era  mortal  mandou  laurar  a  fua 
fepultura  na  entrada  do  Capitulo  do  Convento 
dos  Dominicos  de  Évora  querendo  confervar 
entre  a  frialdade  das  cinzas  o  ardente  affecto, 
com  que  fempre  amara  a  Religião  de  que  fora 
filho.  Na  Campa  fe  gravou  efte  Epitáfio. 
L.  Andraas  E^fendius  H.  S.  E. 
Morreo  na  fua  pátria  em  9.  de  Dezem- 
bro de  1573.  quando  contava  75.  annos  de 
idade.  Foy  de  eílatura  alta,  oUios  gran- 
des, cabello  crefpo,  cor  morena,  de  afpeâo 
alegre,  e  taõ  afíavel  para  os  domelHcos, 
como  fevero  para  os  difcipulos.  O  feu 
nome  fera  fempre  memorável  na  poíle- 
ridade,  e  nunca  baílantemente  applaudido 
pelas  pennas  dos  mayores  Efcritores  pois 
além  dos  aUegados  o  celebraõ  Andrad.  na 
Chron.  delKey  D.  JoaÕ  o  III.  Part.  3.  cap.  69. 
chamando-lhe  Homem  de  muitas  letras,  e 
authoridade.  Eftaço  Asitig.  de  Portug.  cap. 
2.  §.  25.  Injigne  Theologo,  e  illuftre  anti- 
quário . . .     I-Mme     notável    de  varia     erudição. 


IÓ4 


BIBLIO THEC  A 


e  universal  Doutrina  a  quem  como  a  Oráculo 
acudiaõ  com  fuás  perguntas  JoaÕ  Vafeo,  Joaõ  de 
Barros,  Ga/par  Barreiros,  Diogo  Mendes  de 
l^af conceitos,  Bartholameu  Kebedo  Cónego  de  Toledo, 
Ambrojio  Mor  ales,  e  outros,  e  cap.  44.  §.  4. 
Excellente  Theologo,  Orador,  e  Poeta,  Barreiros 
Corograph.  foi.  2.  Varam  muy  douto  em  todo 
o  género  de  difciplinas,  e  grande  invefiigador 
de  coufas  antigas.  Ofor.  in  Epijl.  Nun- 
cup.  de  rehus  Emman.  Vir  doãijfimus.  Cardof. 
Agiol.  hujtt.  Tom.  I.  pag.  269.  no  Com- 
ment.  de  27.  de  Janeiro  let.  A.  exqui- 
fito,  e  acertadifimo  antiquário.  Macedo  L,ujit. 
Purp.  et  Inful.  pag.  225.  infignis  illius 
atatis  antiquarius.  Sampayo  in  prolog. 
Vit.  B.  Petri  Eborenjis'.  Doãorem  infignem 
Damian.  de  Góes  in  Dejcript.  urhis  Ulyjfip. 
Vir  doãorum  omnium  judicio  et  calculo  com- 
probatus.  Arnold.  Myllio  in  Epiji.  Dedicai. 
das  fuás  obras  a  Simaõ  Rodrigues.  Ille  enim 
omni  doãrince  genere  poética,  oratoriaque  facultate, 
juxta  atque  Hijloriarum,  Ecclefiafiicarumque  rerum 
peritia  injlruãus...  ad  pátria  antiquitates  illuf- 
trandas  fie  aggrejfus  efi,  ut  qui  hominis  induj- 
triam  mirantur,  plurimos,  qui  vero  imitentur, 
paucos  invenies.  Bivar  ad  Dextrum  134.  n.  6. 
Authorem  clajjicum.  Lud.  a  D.  Franc.  in  prae- 
fat.  Glob.  Canon,  diligentijfimum  antiqua- 
rium.  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Vet.  Hifp.  lib.  2. 
cap.  10.  n.  450.  Criticus,  (&  poeta  celebris 
fama;  et  lib.  4.  cap.  2.  n.  23.  Vir  eximia 
eruditionis,  et  judicij,  et  lib.  7.  cap.  4.  n. 
79.  Eumen  Portugallia  magnum,  e  na  Bib. 
Hifp.  recent.  Tom.  i.  pag.  66.  col.  i.  Ope- 
ra ejus  fi  legeris,  omnes  indufiria  accuratiffima, 
ac  recôndita  eruditionis  números,  five  in  facra,  five 
in  profana  re  completos  fumma  cum  Jucunditate 
experiaris.  Nicolao  Clenardo  allegado  por 
Vafeo  Chron.  Hifp.  cap.  6.  Poeta  infignis  tanta 
carminis  majeftate,  tam  nervofis  inventionibus  dona- 
tus  ab  Apolline,  ut  fi  in  ftudio  poético  perdura- 
ret,  tam  nobilem  vatem  haberet  Ebora,  quam 
olim  genuit  Corduba.  Ambr.  Moral,  in  Epift. 
ad  ipfum  Kefend.  Amo  te  Refendi  doãijffi- 
me,  amo  te,  et  unice  profeão  diligo:  vel  de 
tua  nobilitate,  quam  mihi  ego  in  bonis  fem- 
per  fufpiciendam,  et  colendam  exifiimavi: 
vel  de  tua  ifia  infigni  eruditione,  et  eximia 
Hifpana  antiquitatis  cognitione,  qua  nof- 
trates     omnes    pracellere,     et     longo     intervallo 


videris  anteire:  ut  carminum  tuorum  jucun- 
ditatem  mihi  poetices  amantijftmo  dulcijfimam  ora- 
tionem,  gravitatem  eloquentia  commendabilem  Ínte- 
rim taceam,  e  na  Chron.  de  Efpana  liv.  11. 
cap.  3.  el  Maefiro  Andréa  Kefendio  de  quien 
fiempre,  que  fe  habla  fe  habla  de  un  Varon  muy 
doão,y  de  gran  juicio  en  todo  género  de  antiguidades. 
Cellarius  Geograph.  Antiq.  lib.  2.  cap.  i.  Seft.  i. 
§.  5.  e  21.  doãijfmus  poílo  que  fe  equivoca 
chamando-lhe  Lourenço  em  lugar  de  Lúcio, 
em  cujo  erro  tinha  cahido  Abrahaõ  Buchol- 
cero  in  Nologic.  ad  ann.  1 5  77.  Anton.  Senenf. 
in  Bibliotheca.  Fratr.  Ord.  Pradicat.  pag.  18. 
Vir  doãijfimus  in  politioribus  litteris,  linguarum 
notitia  clarus,  et  omnis  generis  antiquitate  mirus 
indagator,  et  verbi  Dei  praco  prafiantijjimus. 
Barnab.  Moren.  de  Varg.  Hifi.  de  Merid.  Uv.  i. 
cap.  3.  Varon  infigne.  Manoel  de  Faria,  e  Souf. 
Cathal.  dos  Efcrit.  Portug.  Original  de  que  ufa- 
mos,  famofo  en  letras  humanas,  e  no  Comment.  às 
Eufia.  de  Camoens.  Cant.  3.  Eftanc.  127.  Judi- 
ciofijfimo  No  Epit.  das  Hifi.  Portug.  Part.  5. 
cap.  15.  fe  enganou  fazendo  dous  Refendes 
diferentes,  hum  que  efcreveo  Hiftoria;  e  outro 
Vidas  de  Santos  fendo  o  mefmo,  cuja  opi- 
nião errada  feguio  Joan.  Suar.  de  Brito  in 
Theat.  Eufit.  Eitterat.  lit.  A.  n.  44.  Fonf.  Evor. 
gloriof  pag.  404.  refplandecendo  entre  tantos  afiros 
como  Sol  entre  as  Efirellas  Marinho  Eund. 
de  Eisboa  liv.  i.  cap.  7.  eruditijfimo,  &  ibi. 
cap.  10.  diligentijfimo  Monteiro  Clauft.  Domin. 
Tom.  3.  pag.  136.  Echard.  Script.  Ord.  Prad. 
Tom.  2.  pag.  221.  Leytaõ  Memor.  da  Uni- 
verfidade  de  Coimb.  pag.  539.  n.  11 54.  Ja- 
cob. Uferius  de  Britan.  Ecclef.  primord.  cap. 
137.  Patr.  Angel.  Sper.  de  Profejfor.  Gram- 
mat.  lib.  4.  foi.  401.  Ghilin.  Theatr.  di 
huom  litterat.  Tom.  2.  pag.  17.  PoíTevin. 
in  Appar.  Sacr.  Tom.  i.  pag.  76.  Nicol. 
Coelius  ad  le£t.  Virum  in  omni  difciplina- 
rum  genere  confumatijftmu  Philip.  Lab.  /// 
Mantijfa  antiquaria  fupeleãilis.  Eduard.  Non. 
Cenfur  in  libellum  de  Regn.  Port.  Ori- 
gin.  foi.  3.  Eufitanarum  antiquitatum  maxi- 
mus  indagator.  Flavius  Jacob.  Odor.  lib.  i. 
ode  4. 

Permefii  vada  limpidis 
Immifces  Durij  fontibus  et  nova 
Cingis  fronde  comas  ó  decus  ò  jubar 
O  fplendor  pátria  gentis,  et  unicum 


L  USITAN A. 


i65 


Vatis  prafidiími  fui. 

Pctrus  Sanches  in  J'.pift.  ad  Jffiat.  Moral. 
/■//    qiioque    dum   Jumtuis    dejcendent    tNontihus 

umbra 
hl  niare  declivi  cmrent  diitn  flimina  curjii 
Dotla  per  ora   viriím   voliíabis   maffie    Kefendi. 
\'e   querido   extinílum  gemilit,  fparfifqite   ca- 

pUlis 
Ihefpiades,     Nympfjaque    fimul    flevére     Taj^a- 

mr, 

\tqiie    bedtras   dijijtis  flava    dt  fronte   tfirítes 
\m"!Í\tas   Sacra   lauro   decerpfit   ApoUo, 
\'rci^it,    et    ira  tus    Cytharas,    et    ebúrnea   plec- 

tra\ 
lleu   quot    thefauri   facundo  peíiore    in    illo 
Rerii     antiquarum     miracula    quanta    latebant? 
Non    plura    edocuit     Varro,    Carmentave    ma- 
ter; 
Verjus    aut    cecinit    Delphis    oracula    Phabus. 
Jerónimo   Cardofo    in    Epifl.    6.    Cujus  pra- 
clara  eruditio  quafi  lúmen  aliquod  exíHnâis  jam 
'H-ne    litteris    elucet.    c    no    liv.     2.    Elegiar. 
I^cg.  10. 

m^b  cui  Palladiam  Phyto  facunda  coronam 
HH  Prabuit  auratam  Phabus,  et  ipfe  lyram. 
u  cui  pramifit  natas  audire  canentes 

Mnemofyne  Aonij  fons,  et  origo  chori'. 
O  cui  conclujit  raras  in  peãore  dotes 

Natura  haud  ulli  mitior  ante  viro. 
Qtàd  facis    Andraa    noftra    lux    única    gentis 

Et  generis   nimium    firma    columna    tui. 
Et  in  lib.  I.  Sylvar. 
Qua  te  tam  faujio,  <&  claro  fub  fydere  natum 

Sujlulit?    Andréa    nojlra    decus    addite  genti; 
Cujus    in    afira    volat  clarum  per  facula  nomen 

Curribus  eveãum  fama... 
Ecce  venit  toti  vates  Heliconius  orbi 

Eampada    dimotis    nebulis,    <á>'    clare   daturus 
Lumina;    nunc   hederis   nunc    lauro    cingi  te    cri- 

nes 

Cajlalides       veflras,       tantoque       occurrere 

vati. 
O   P.    António    dos    Reys    no    Enthufiaf- 
mo  Poético,  que  ferve  de  prefação  aos  feus 
Epigrammas.  n.  4. 

=       Celeber  Kefendius,   orbis 
Ouâ  patet    immenfus  fama    bene    notus,    avena 
Seu    cupiat    ceciniffe    levi,  feu   dicere  profã: 
Ille  fub   obfcuris  latitantia  faxa   ruinis 
Qtà  prior  incubuit,  potuitqne   evolvere  EuJiSy 


Única  Romana  retegens  veflif^a  f^Hs. 
Qthalogo  das  obras  impreíTas. 
IJbri  qimttuor  de  Antiquitatibus  LmJí- 
tania.  Ebonc  apud  Martinum  Burgenfem 
1J95.  foi.  Acejfit  liber  quintus  dt  antiquitate 
Municipij  Ehorenfis  i  Jacobo  Mcnctio  Vafcon- 
cellío.  Roma:  apud  BaíTam  1)97.  8.  Coloflis 
Agrippinx  cx  Oílicina  Brickmanica.  1600. 
8.  Colonix  apud  Gerardum  C^revcmburch 
1613.  8.  &  in  Tom.  2.  Hifpan.  llluflrat.  i  pag. 
892.  ufque  ad  895.  Trancof.  apud  Qaudíum 
Marnium   1605.  foi. 

Hifloria  da  Antiguidade  da  Cidade  de 
Euora.  Évora  por  André  de  Burgos  1555. 
12.  e  fegunda  vez  examinado  pelo  Author 
Évora  pelo  dito  Impreflbr  1576.  12.  vertida 
em  Latim  por  André  Scoto  Cólon.  Agrip- 
pina:  ex  Oífícin.  Birckmannica.  1600.  8.  in 
Tom.  T.  Oper.  Kefend.  à  pag.  255.  ufque  ad  305. 
Pro  Sanais  Cbrijli  Martyribus  Vincentio 
Olyjfiponenfi  patrono,  Vincentio,  Sabina,  fírCbrifl- 
hetide  Ehorenfibus  civibus,  eV  ad  quadam  alia 
refponfio  ad  Baríholameum  Kebedium  Sanãe  Tole- 
tana  Eclejia  Sacerdotem  Virum  doãifimum.  Olyf- 
íip.  apud  Francifcum  Garcionem  in  Officina 
Joanis  Barrerac  Typ.  Reg.  1 567.  4.  et  in  Tom.  2, 
Hifp.  llluflrat.  Francof.  apud  Claudium  Mar- 
nium 1603.  foi.  a  pag.  1003.  ad  1021.  Cólon, 
apud  Gerardum  Grevemburck.  1613.  8. 
Cólon.  Agrip.  apud  Ofíic.  Birckman.  1600. 
8.  in  Tom.  2.  Oper.  Kefend.  à  pag.  151.  uf- 
que ad  226.  A  efta  epiíloia  chama  doutiTfi- 
ma  D.  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifpan.  Tom.  i. 
pag.  66.  col.  2. 

Ejideca  fyllabum     ad     Sebaflianum      Kegem. 

Ad    Deum     Patrem    ob    calamitatem   feãa- 
rum    oden. 

Ad    Chrijlum     optimum     maximum     Kefen- 
dij    Confejfio   carmen. 

Epiflola  ad  Keverendum  in  Chriflo  Pa- 
trem D.  Gafparum  Cafalem  Epifcopum 
Eeirinenfem.    Verfo    Heróico. 

Kefponjio       Epigrammati       Oratoris      Regis 
Anglia     in     Effligiem     Sebajiiani     Regis. 

Todas  eílas  obras  poéticas  fahiraõ  Oly- 
íipone  apud  Francifcum  Garcionem  in  Of- 
ficin.  Joan,  Barrerae  1567.  4.  et  Cólon.  Agrip. 
ex  Officina  Birckamannica  1600.  8. 

Epicedion,  et  ode  de  rapto  Dada  Prín- 
cipe. Bononiae  apud  Joan.  BaptiU.  Phaellum 


t66 


BIB  LIO  THE  CA 


1533.  4.  et  Cólon.  Agrippin.  ex  Offic.  Birc- 
kmannica  1600.  8,  in  Tom.  2.  Oper.  Kefend. 
à  pag.  57.  ufque  ad  60. 

D.  'Emmanuelis  P.  F.  inviãi  filia,  D.  Joan- 
rns  III.  P.  F.  invi£íi  Sorori  Maria  Principi 
iruditijfimce  Epijlola  Heróica.  Conimb.  apud 
Joan.  Barrerium,  et  Joan.  Alvarum  Sócios 
Typ.  Reg.  menfe  Júlio  15  51.  4.  et  Cólon. 
Agrip.  ex  Officin.  Birckmannica.  1600.  8. 
in  Tom.  2.  Oper.  à  pag.  78.  ad  82. 

Ad  Epijiolam  D.  Amhrofij  Moralis  viri 
ãoHiJfimi  inclyta  Academia  Complutenfis  Ròe- 
íoris,    ac   regtj   hiftoriographi   refponjio.    Simul. 

Ad  Sehafiianum  'Lufitania  Kegem  Se- 
renijfimum  oh  regni  acceptum  regimen  Cár- 
men. Eborae  apud  Andream  Burgium  Typ. 
Seren.  Princip.  Cardin.  Menfe  Mayo  1570. 
4.  Eíla  Poeíia  fahio  Colonise  Agrip.  ex  Offic. 
Birckman.  1600.  8.  in  Tom.  2.  Oper.  'Kefend. 
á  pag.  84.  ad  88.  A  repoíla  a  Ambroíio 
de  Morales  fahio  no  livro  intitulado  Delicia 
'L.ujitano-H.ijpanica  Cólon,  apud  Gerardum  Gre- 
vemburch.  161 3.  8.  et  Col.  Agrip.  ex  Offic. 
Birckman.  1600.  8.  in  Tom.  2.  Oper.  Kefend. 
à  pag.  233.  ad  263.  et  Tom.  2.  Hifpan.  Illujirat. 
Francof.  apud  Jacobum  Marnium  1603.  foi. 
à  pag.  1023.  ad  103 1. 

Ad  Philippum  Maximum  Hifpaniarum 
Kegem  ad  maturandam  adverfus  rebelleis 
Mauros  expeditionem  cohortatio.  Cármen. 
Simul. 

Ad  Sehafiianum  excèlfum  Eujifania  re- 
gem epigramma  Eborae  apud  Andreum  Bur- 
gium menfe  Martio  1570.  4.  et  Cólon.  Agri- 
pin.  ex  Offic.  Birkmannica  1600.  8.  in  2. 
Tom.  Oper.  Kefend.  à  pag.  99.  ad  106. 

Vincentius  'Levita,  et  Martyr  Opus  epi- 
■cum  in  duos  lihros  divifum.  Cum  adnotatio- 
nibus  Authoris.  Eftas  notas  fez  à  petição 
de  feu  amigo  Martinho  Ferreira  para  ma- 
yor  clareza  do  Poema  as  quaes  compoz  no 
breve  efpaço  de  dez  dias.  Olyffipone  apud 
Ludovicum  Rodrigues  1545.  4.  &  ibi  Tjrpis 
Joannis  Barreira  4.  Cólon.  Agrip.  ex  Offic. 
Birckman.  1600.  8.  in  Tom.  2.  Oper.  Ke- 
Jend.  à  pag.  5.  ad  90. 

Ad  Fernandum  Khotorigium  Almadi- 
cum  Khotorigii  Fernandi  Almadici  filium 
óptima  fpei  puerum.  Cármen  epicum.  Có- 
lon.  Agrip.   ex   Officin.  Birckman.  1600.  8. 


in    Tom.     2.     Oper.    Kefend.    à    pag.    36. 
ad    40. 

Epijlola  heróica,  Jive  invectiva  in  Vitam 
aulicam,  et  fimul  carmen  Petrejo  Alphani  fuo. 
Bononiae  apud  Joan.  Baptift.  Phaellum  1533,4, 

In  ohitum  Joannis  Tertii  Eufitania  Kz- 
gis  conquejlio.  Ulyffipone  apud  Joannem 
Blavium.  1567.  4.  et  Cólon.  Agrip.  ex 
Offic.  Birckman.  1600.  8.  in  Tom.  2.  Oper. 
Kefend.  à  pag.  72.  ad  17. 

Dua  epijlola  heróica,  altera  ad  Eupum 
Scintillam,  altera  ad  Petrejum  Sancium.  Ulyílip. 
apud  Joan.  Blavium  1561.  4.  et  ColotL 
Agrip.  ex  Officin.  Birckmannica  1600.  8.  in 
Tom,   2.   Oper.  Kefend.  à  pag,   107.  ad  122. 

Oratio  pro  rofris  hahita  in  Olyjftponenji 
Academia  Kalend.  Oãoh.  an.  1534.  Olyffi- 
pone apud  Germanum  Gallard,   1554.  4. 

Oratio  hahita  Conimhrica  in  Gymnajio  régio 
anniverfario  Dedicationis  ejus  die  IV^.  Calend. 
JuliJ.  1 5  5 1 .  Conimbricae  apud  Joan.  Barrerium, 
et  Joan.  Alvarum  Typ.  Reg.  15  51.  4.  et 
Cólon.  Agrip.  ex  Offic.  Birckmanica  8, 
Tom,   2.  Oper.  Kefend.  à  pag.   266.  ad  284, 

Sermão  pregado  em  ho  Sjnodo  Diocefa- 
no,  que  em  Évora  celehrou  o  Keverendijfimo 
Senhor  D.  Joaõ  de  Mello  Arcebifpo  de  Évora 
ho  primeiro  Domingo  do  me^i  de  Fevereiro 
1565.  Em  Cafa  de  Francifco  Corrêa 
ImpreíTor  do  Cardial  Infante  noíTo  Senhor 
a  hos  XVII.  dias  de  Agofto  de  1565.  4.  Sahio 
vertido  em  Latim  Cólon.  Agrip.  ex  Officin. 
Birckman.  1600.  4.  in  2.  Tom.  Oper.  Kefend. 
à  pag.  285.  ad  304. 

Ha  Sanãa  vida,  e  religiofa  converfaõ  de  Fr. 
Pedro  Porteiro  do  Mojieiro  de  Sana  Domingos 
de  Évora.  Tem  no  fim,  como  nella  vimos,  eftas 
palavras.  Fqy  vijlo  ejle  Compendio  per  hos  muitos 
magníficos,  e  reverendijftmos  Senores  hos  Sefiores 
Meejlre  Fr.  Manoel  da  Veiga,  e  ho  Doãor  Diogo 
Meendes  de  Vafconcellos  Inquifidores,  em 
efe  Arcehifpado  de  Évora  por  ho  Cardeal 
Inffante  noffo  Senor,  e  per  fua  auãoridade 
que  aquj  vay  interpojla,  Andree  de  Burgos 
Cavalleiro  da  Cafa  do  dito  Senor,  e  feu  Im- 
prejjor  ho  imprimio  em  Évora  no  me^  de  Oc- 
tnhro  do  ano  de  1570.  4.  Foy  efta  vida  tra- 
duzida na  lingua  Latina  por  Fr.  Eftevaõ 
de  Sampayo  Dominico  com  alguns  addi-  j 
tamentos,   e  fahio   no   Uvro  intitulado   The- 


>   li 


LUSITANA. 


mtfrtis  arcantis  "Ltifitanis  ^efnmis  refulgens.    Pa- 
'riíiis  apud  Thomam  Pcricr  i}86.  8. 

Converfionis  miranda  D.  Aíj^idiJ  Doííoris 
Pariftenjis  Ord.  Prad.  libri  qmtuor. 

lííla  obra  prometco  Fr.  António  de  Sena 
in  hibliolbic.  Fraír.  Ord.  Prad.  pag.  34.  que 
havia  de  imprimilla,  cujo  Original  fe  conferva 
110  Convento  de  Santarém,  o  que  executou 
Ir.    liftcvaõ   de    Sampayo    no   livro   aíTima 
1  legado,  na  qual  mudou,  e  acrecentou  algu- 
mas couías:  j2///  utinam  (como  efcreve  o  eru- 
(litinimo  Echard  in  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  1. 
pag.  225.)  qualis  à  Kefendio  prodierat,  reddidijfet, 
ntisfuis  ubi  lihuijfet  tanttim  appojitis:  facra  tnim 
junt  hujiijmodi  prcefertim  clarorum  virorum  opera, 
aua  temcrare  nemini  licet.    Deíla  obra  faz  men- 
lõ   Fr.    Francifco    Brandão   Monarc.    iMJit. 
Part.  5.  liv.  16.  cap.  14. 

Wrevtarium  Eborenfe.  OlyíTipone  apud  Lu- 
dovicum  Rotcrigium  Bibliopolam  Typogra- 
phum  Regium.  Anno  a  Chriílo  nato  millef- 
limo  quingentefimo  quadrageíimo  octavo, 
incnfe  Aprili.  8.  Começa  o  prologo  compoílo 
por  Rèfende,  com  eíle  titulo.  Ad  Leâores. 
c  abaixo  principia  Accipite  Chrijli  JESU  Sacer- 
dotes, ac  Sacerdotij  candidatiomnes  Divinorum 
Officiorum  juxta  ritum  Sanãa  Eborenjis  Ecclejia 
Breviarium. 

De  cujo  trabalho,  que  applicou  para  efta 
obra  faz  iiluílre  memoria  Joaõ  Vafeo  in  Chron. 
Hifp.  cap.  5.  dizendo.  Ita  nitori  Juo  refiituit, 
ut  non  arbitror  aliud  reperiri  exaãiori  judicio 
concinnatum. 

Officium,  et  Miffa  Sanãce  'Elifabetha  Regi- 
na Portugal/ia.    UlyíTipone.  15  51.  8. 

Officium,  et  Miffa  Sanai  Gundifalvi  de  Amaran- 
tho  Deíle  Oíficio  diz  Fr.  Luiz  de  Soufa  na  Hijior. 
de  S.  Doming.  da  Prov.  de  Poriug.  liv.  5.  cap. 
II.  fora  compojio  com  huns  hymnos  de  taõ  fina 
Poejia,  que  fe  fente  nella  o  cheiro  da  melhor,  e  mais 
polida  dos  celebres  Poetas  antigos.  Naõ  fomente 
compoz  os  hymnos,  e  refponforios  deites 
dous  Officios  quanto  à  letra,  mas  a  Solfa 
do  Cantochaõ,  em  que  era  muito  perito  para 
por  ella  fe  cantarem,  como  o  mefmo  Rè- 
fende na  Epijlola  ad  Kebedium  já  allegado, 
efcreve.  Mufici  exquifitioris  decus  non  ambivi, 
tantum  cum  Officia  non  nulla  hujus  nojira  Ebo- 
renjis Ecclefia  à  mea  Officina  prodierint,  ex 
eadem  tantum  adjeci  duobus  alteri  Regina  Sanc- 


167 

ta  EJifabttb,  alteri  biác  D.  Gmdijfalpi;  e  fal- 
lando  do  OfHcio  de  S.  Gonçalo  diz  B.  Cm- 
difalvi  Officium  ã  mê  compofitum  min  extollis, 
gaudeo  fane,  et  ita  vere  adfetíum  effe  te  non  folum 
gaudeo,  fed  exulto.  Modulationem  tamen  cantús 
valde  Ímprobas.  Quid  ni  improbes}  Qmm  tam 
de  prava  te  typis  excufafit,  ut  ego  eam  nec  a4kofcam, 
nec  faltem  cantare  me  poffe  ullo  modo  fperem  qui 
eam  compofueram. 

De  Verborum  conjugfitione  commentarius. 
UlyíTipone  apud  Ludovicum  Rotirigium. 
1540.  4.  Cólon.  1610.  8.  He  huma  Arte  de 
Granunatica  para  D.  Leonor  de  Noronha, 
e  feu  irmaõ  o  Conde  de  Alcoutim  alhos  de 
D.  Fernando  de  Menezes  IL  Marquez  de 
Villa  Real. 

Genethliacon  Principis  Lufttani  Reffs  Joan- 
nis  filij  prout  in  Gallia  Bélgica  celebratum  efl 
à  clariffimo  Viro  Petro  Mafcaranio  menfe  Decem- 
bri  1532.  Bononiae  apud  Joan.  Baptiíl.  Phael- 
lum  1533.  4. 

Eudovica  Sigea  tumulus  Elegia.  Ulyflip. 
apud  Hacredes  Germani  Galiardi  1561.  4. 
Começa. 

Occubuit  Sigaa  decus  telluris  Ibera, 
Ac  avi,  acfexús  gloria  prima  fui. 

Epiflola  Joanni  Vafao  Viro  doãiffimo  de 
Mra  Hifpanorum.  Cólon.  Agrip.  ex  Offic.  Birck- 
manica  1600.  8.  in.  2.  Tom.  Oper.  Refend.  i 
pag.  123.  ad  127.  &  Cólon,  apud  Gerard. 
Gravenburh.  161 3.  8.  no  livro  intitidado  De- 
licia Eufitano-Hif pânica,  et  Tom.  2.  Hifpan. 
llluflrat.  Francof.  apud  Jacobum  Marnium, 
1603.  foi.  à  pag.  228.  ufque  ad  832.  Defta 
obra  fe  lembra  Covarruvias  lib.  i.  var.  Refolut. 
cap.  12. 

Pro  Colónia  Pacenfi  ad  Joannem  Vafaum  vi- 
rum  doãiffimum  Epifl.  Ulyflip.  apud  Joan. 
Blavium  15  61.  4.  et  Cólon.  Agrip.  ex  Officin. 
Birckmanica  1600.  8.  in  Tom.  2.  Oper.  Rxfend. 
à  pag.  128.  ufque  ad  150.  et  Cólon,  apud 
Gerard.  Gravenburch.  161 3.  8.  no  livro 
intitulado  Delicia  Eufitano-Hifpan.  et  in  2. 
Tom.  Hifpan.  llluflrat.  à  pag.  997.  ad 
1002. 

Urbis  Eovanienfis,  et  Academia  Encomium, 
De  Conrado  Goclenio  nobili  reãore 
Oda  ad  Conradum  Goclenium. 
Ad  Jacobum  Menatium    Vafconcellum  urgen- 
tem  antiquitatu  Eufitania  editionem. 


IÓ8 


BIB  LIO  THECA 


Ad    Julianum    Alhium,    et    Peírum    Sanei- 
am: Saturnalibus. 

Dejíderio  Era/mo  Koierodamo  S. 
Dejiderii  Era/mi  Koíerodami  encomium. 
Ad  Damianum  Gojtim  Muficum. 
De  Vita  aulica  ad  Damiamim  à  Góes. 
Ad  Nicolatim  Clenardum. 
Ad  Andraam  Quatriniuni. 
Todas  eílas  obras  faõ  poéticas,  e  fahiraõ 
Cólon.    Agrippinas  ex  Officin.  Birckmannica. 
1600.  in  8.  in  Tom.  2.  Oper  Kefendij  à  pag.  13. 
ufque  ad  56. 

Alphonjo  S.  R.  £.  Cardinali  Etnmanuelis 
Kegis  filio  Epijiola  data  Ebora  Calend.   Oãob. 

1533- 

Bartholomao  Fria  Albernotio  Jiiris  conjulto 
doãijfimo  Epifiola. 

Eílas  duas  Cartas  fahiraõ  impreflas  no 
principio  Antiquit.  Eujitania. 

Ad  Damianum  Goefium  Epifiola. 

Sahio  com  as  obras  deíle  Author  Lovanii 
ex  Ofíicina  Rutgeri  Refcij  1544.  4.  He  efcrita 
em  verfo  heróico,  e  começa.  Exemplo  Da- 
miane  maio  qui  primus  in  aulam. 

Ad  Hieronymum  Cardo fum  epifiola  He  a  5 .  en- 
tre as  deíle  Author,  e  fahio  UlyíTipon.  1555.  8. 

De  vita  aulica  ad  Speratum  Martianum  Fer- 
rarium  Eufitanum.  Bononiae  apud  Joan.  Baptiíl. 
Phaellum.  1533.  4. 

Epitome  rerum  gefiarum  in  índia  a  Eufitanis 
anno  fuperiore  juxta  exemplum  Epifiola  quam 
Nonius  Cugna  dux  Índia  maximus  defignatus 
ad  Kegem  mifit  ex  urbe  Cananorio  IV.  Idus  Oãob. 
anno  MDXXX.  Lovanii  apud  Servatium 
ZaíTenium  15  31.  4.  et  Cólon.  Agrippinas  ex 
Offic.  Birckman.  1600.  8.  et  in  Tom.  2. 
Hi/pan.  Illufirat.  à  pag.  1372.  ufque  ad  1378. 
Deíla  obra  faz  mençaõ  António  de  Leon  Bib. 
Orient.  Titul.  3.  Com  eíla  ImpreíTaõ  de  Lo- 
vanha  fahiraõ. 

Sylvula  dua  ad  Henemannum  Kljodium  Prapo- 
fitum  Kegenfem  Oratoremqne  ad  Gafarem  Eivo- 
nienfis  Archiepijcopi.     Começa  a  primeira. 

Qtãd  non  longa  dies  mutat} 
E  a  fegunda. 

Stãmonis  gelidi  exulem. 

Oraçaõ  na  entrada,  que  ElRej  D.  SebafiiaÕ  fe^ 
£m  Évora  em  y  de  Novembro  de  1 569.  Sahio  im- 
preíTa  na  Hifior.  Sebafiic.  compoíla  pelo  P.  Fr. 
Manoel  dos  Santos  Monge  Ciílercienfe  Chron. 


do  Reyno  de  Portugal,  e  Académico  fupranu- 
merario  da  Academia  Real.  Lisboa  por  Antó- 
nio Pedrofo  Galraõ  173  5.  foi.  a  qual  eílá  no  liv. 
2.  cap.  8.  pag.  177. 

Poema  Eatino,  que  confta  de  16.  Dyíli- 
chos  em  louvor  de  Fr.  Marcos  de  Lisboa 
Chroniíla  da  Religião  Seráfica,  impreíTo  no 
principio  do  2.  Tomo  da  Chronica,  o  qual 
começa. 
Altera  Francijci  procerum  turma  exit,  adefie 

Quos  nova,  quos  vera  no/cere  mira  juvat. 
Adverfus  fiolidos  politioris  litteratura  oblatra- 
tores.  Cármen.  Francof.  apud  Fobrenium.  15  51. 

Poema  Eatino,  que  confia  de  132.  verjos  he- 
róicos em  applaujo  do  infigne    Vicerey  da  índia 
D.  Euiti  de  Attayde.    Sahio  impreíTo  no  prin- 
cipio da  Hiíloria  deíle  Heróe  compoíla  por  ' 
António  Pinto  Pereira  Coimbra  por  Nicolao  i 
Carvalho.  161 7.  foi. 

Cathalogo  das  obras  naõ  impreílas 

Ghronic.  Eufitan.  cuja  obra  tinha  em  feu 
poder,  e  delia  ufava  Fr.  Bernardo  de  Brito, 
como  elle  efcreve  na  Monarc.  Eufit.  Part.  2. 
liv.  7.  cap.  28. 

Síimmario  dos  Kejs  de  Portugal  allegado  por 
Francifco  Suares  Tofcano  nos  Parallel.  de 
Var.  lllufi.  cap.  112.  e  143. 

Chronica  delKej  D.  Affonjo  Henriques;  ef- 
crita de  fua  própria  maõ  a  tinha  em  feu  poder 
o  Chantre  de  Évora  Manoel  Severim  de  Faria; 
como  teílifica  Fr.  António  Brandão  Man. 
Eufit.  Part.  3.  liv.  11.  cap.  35. 

Summario  da  vida  do  Infante  D.  Duarte, 
dedicado  a  feu  filho  o  Príncipe  D.  Duarte. 
Começa.  ^ 

Entre  os  filhos  que  delRej  D.  Manoel,  e 
da  Serenijfima,  e  Santiffima  Kajnha  D.  Ma- 
ria fua  mulher  ficarão,  o  mais  moço  fqy  o  In- 
fante D.  Duarte.  Confta  de  20.  Capítulos, 
cujo  Original  efcrito,  e  af finado  por  feu  Au- 
thor vimos,  e  fe  conferva  na  Livraria  do 
eruditiíTimo  Jozé  Freire  Monterroyo  Mafca- 
renhas,  e  he  allegado  por  Francifco  de  An- 
drade na  Ghronic.  delRej  D.  Joaõ  o  III.  Part.  5. 
cap.  69. 

De   infiitutione   Ordinis   Militaris  Avifienfis. 
Eíle    tratado    he    allegado    pelo    lUuUriírimo 
Cunha   in   Decret.   Part.    i.    ad   cap.    General. 
diíl.     54.    n.    90.    Barbofa    in    Sum.    Apof-  , 
tol.     Decis.     Colleélan.     305.     e     Mendo    de 


1 


*  m 


L  USITAN  A. 


169 


Ordinib.    Militar.    Difqu.    i.    qtucíl.    10.    n. 
190. 

Vala  na  entrada  da  Princefa  D.  Joarina  no 
anno  dt  1J55.  Deíla  obra  faz  Réfende  mençaA 
na  Epiílola  a  Vafco  de  Colónia  Pacenji  dizcn- 
do-lhc.  Mitto  ad  te  Oratitmculani  qiia  nojlra  urbis 
nomine  adventid  Joanna  Caroli  Auj^ujli  filia  Prin- 
cipi  nojlro  defponfa  pnblice  Jum  fratulatits.  Mitto 
tíutem  \Mfitane  Jcriptam  ut  ad  femi  Ijifitanum. 
Sin  tu  jam  omnino  Uifpanns  fathis  es,  feito  et  iam 
I  lifpanis  adeo  placiàffe,  ut  Jupra  viginti  exempla 
primores  eorum  ã  me  extorferint. 

Concilium  OlyJJiponenfe,  do  qual  diz  in 
lípiftol.  ad  Kcbcdium  in  fine.  Abjolvimns  cir- 
citer  Saturnalia,  velpotius  Chrijliane  loqmr,  inftante 
Servatoris  noftri  natali  die  fex  AíHonibus  diftinc- 
iiim.  Crevit  in  jufiiim  volumen,  ut  quod  Decreta 
contineat  Jupra  trecentum. 

Livro  de  Architeãura,  ou  tradttcçaõ  da  Archi- 
teãura  de  LeaÕ  Bautijia.  Efcrcveo  cftc  livro  por 
ordem  delRey  D.  Joaõ  o  III.  de  que  Réfende 
faz  mençaõ  no  Prologo  da  Hiftoria  da  Anti- 
l^uidade  da  Cidade  de  Évora,  e  o  deixou  por  le- 
gado a  feu  filho  Barnabe  de  Réfende,  e  delle 
fc  lembra  Eílaço  nas  Antig.  de  Portug.  cap. 
I44.  §.  4.  e  no  Tratado  das  Linòag.  dos  EJiaços 
lpag.42. 

Dous    livros    de   Aquedutos.     Offerecidos 
[a    ElRey   D.   Joaõ  o  III.    no    mez   de   Ju- 
llho    de    1543.    na    occafiaõ,    que    efte   Prín- 
cipe   tinha    condufido    a    Évora    a  agua  da 
fonte    da    prata    pelo    antigo    aqueduâio    de 
Sertório,    os    quaes    livros    efcritos    da    fua 
própria   maõ   entregou   ao    Senado  de  Evo- 
iTa,   e   delles   faz  memoria  o  mefmo  Réfen- 
de   no    cap.    3.    da    Hi^.    da    Antiguidad.    de 
Évora. 

Apologia  pelo  Aqueduão  de  Sertório  con- 
\ira  D.  Miguel  da  Sjlva  Bifpo  de  Vi/eu,  de  que 
fe  lembra  no  cap.  3.  da  Hijlor.  de  Évora. 
Deíla  obra  efcreve  Diogo  Mendes  de  Vaf- 
concellos  in  lib.  5.  Antiquit.  Ebor.  nefta  for- 
ma. Cui  (D.  Miguel  da  Sylva)  elegantijfimà 
epiftolá  accurate  rejpondit,  ut  in  ea  recônditos 
antiquitatis ,  et  eruditionis  fua  thev^auros  in  pá- 
tria gratiam  deprompfijje  videatur,  cujus  ipfe 
fapius  mentionem  f acere  folet;  ut  qui  in  ea  mérito 
Jibi  complaceret,  vir  alioquin  modefiia,  (ò"  candoris 
amicijfimus.  O  Padre  Francifco  da  Fon- 
feca  na  Évora  Gloriofa  pag.  405.  diz:    JLendo 


com  atenção  as  hiflorias  Romanas,  e  huns  Aí.  S. 
que  hoje  naÕ  temos,  achou  noticia  certa  do  Aque- 
duão  dt  Sertório,  e  procurou  perfuaàir  a  El- 
Kty  qtu  o  rmovajfe.  Oppo^felhe  gfllhardamite 
o  noffo  D.  Miguel  da  Sylva,  que  naõ  era 
menos  erudito,  e  antiquário,  e  com  hum  ele- 
gante livro  provou,  qu$  eraÕ  fonhos,  e  cbime- 
ras  quanto  Réfende  dir^ia  do  Aqueduíío  de 
Sertório;  porém  appellando  efle  da  Theorica 
para  a  Praâica  tomou  conforme  as  noticias 
dos  livros  as  fuás  medidas  taÕ  ajufladas,  que 
defcubrio  as  ruinas,  e  os  alicerces  do  Aqueduto 
Sertoriano.  NaÕ  pode  D.  Miguel  neg/sr  as  eviden- 
cias, nem  EJRey  deixar  de  fa^fr  huma  obra  que 
havia  de  fer  a  fua  im  mor  tal  eflatm.  Fe^-fe  a 
fabrica  com  deligencia,  e  introdu^iio-fe  em  Évora 
a  famofa  agua  da  prata  em  cujos  arcos,  e  fontes 
levantou  Réfende  hum  padraõ  immortal  da  ftui 
fama. 

Apologia,  ou  repofla,  em  duas  Cartas  Latinas 
ef cri  tas  em  Évora  em  1534.  a  Jorge  Coelho  acerca 
de  algumas  matérias,  que  contra  elle  ar- 
guira. 

Expoflulatio  adverfus  Gafparem  Barrerium 
de  que  faz  memoria  na  Epiílola  ad  Kcbc- 
dum. 

Carta  efcrita  a  JoaÕ  de  Barros  na  qual  eviden- 
temente moflra  contra  D.  Rodrigo  Arcebifpo  de 
Toledo,  que  D.  Ximena  May  de  D.  Terefa  mulher 
do  Conde  D.  Henrique  naõ  fora  concubina,  mas 
legitima  mulher  de  Affonfo  VI.  Rey  de  Leaõ. 
De  qua  re  (diz  o  mefmo  Réfende  in  lib.  4. 
Antiquit.  Eufit.  De  Orichienfi  aff^o)  ad  Joannem 
Barrerium  fcripsi,  et  quidem  prolixe.  Defta 
obra  fazem  illullre  memoria  Cardofo  Affol. 
Eufit.  Tom.  I.  no  Comment.  de  22.  de  Feve- 
reiro let.  A.  Franckenau  in  Biblioth.  Hifp. 
Hijf.  Gen.  Herald,  pag.  27.  D.  Jozé  Barbofa 
no  Cathalog.  Chronol.  das  Rainh.  de  Portug. 
pag.  7.  e  o  Padre  D.  António  Caetano  de 
Soufa  no  Apparat.  à  Hiji.  Gen.  da  Gafa  Real 
de  Portug.  pag.  38.  n.  18. 

Opera  SidoniJ  Appollinaris  emendou  de 
muitos  erros  de  que  eftavaõ  adulteradas  co- 
mo elle  afíirma  in  lib.  i.  Antiquit.  Eujit.  in 
Tit.  de  Barbariis. 

Opera  Aitrelij  Prudentij  também  as  pur- 
gou de  todas  as  imperfeiçoens,  que  lhe  ti- 
nhaõ  acrecentado,  dizendo  defta  obra  Joaõ 
Vafeo    in    Chron.    Hifp.  ad  an.    Chriltí    351. 


170 


BIB  LIO  THE  CA 


Atque  hanc  hujus  loci  reftitutionem  Aurelij  Pru- 
dentij  non  mihi  debes,  candide  le£íor,  fed  L.  An- 
dracB  Kefendio,  qui  mihi  hunc  locum,  atque  alios 
nonnullos  qua  eji  humanitate,  communicavit.  Is 
in  hoc  authore  ad  amujfim  plura  rejlituit,  quemad- 
modum  re  ipfa  experieris  Ji  quando,  quos  Juh  lima 
premit,  commentarios  per  occupationes  ferias  po- 
tuerit  evulgare. 

De  jure  Itálico.  Efte  tratado  diz  o  mef- 
mo  Réfende  na  Hijl.  das  Antiguid.  de  Évora 
cap.  4.  Que  com  ajuda  de  Deos  prejles  Jahirá 
a  lu;^. 

Monumenta  Komanorum  in  L,ujitams  urhibus 
dedicado  ao  Cardial  D.  Affonfo,  o  qual  ef- 
crito  da  própria  maõ  de  Refende  o  tinha  em 
feu  poder  o  IlluílriíTimo  D.  Rodrigo  da  Cunha 
como  elle  confeíTa  na  Hift.  Ecclef.  da  Igreja  de 
Lisboa  Part.  i.  cap.  6.  n.  5. 

De  Bracharenjis  urbis  antiquitate,  et  laudibus 
Poema  epicum.  Deíla  obra  faz  o  feguinte  Elo- 
gio o  Illuílrinimo  Cunha  na  Hiji.  Ecclef.  de 
Brag.  Part.  2.  cap.  71.  n.  5.  O  grande  Fr.  Angelo 
André  de  Kefende  da  Ordem  dos  Pregadores  a 
quem  por  doutijfimo  em  todo  o  género  de  Anti- 
guidade confultavaõ  como  Oráculo  os  majores 
Ee trados  do  feu  tempo...  Dentro  de  def^  dias  lhe 
mandou  (a  o  Arcebifpo  de  Braga  D.  Diogo 
de  Soufa)  hum  Poema  de  mais  de  trezentos 
Verfos  da  fundação  de  Braga  taÕ  polido,  e  apurado, 
taõ  chejo  de  erudição,  e  outras  elegâncias  poéticas, 
qual  podia  fa^er  o  melhor  poeta  dos  que  hoje  vene- 
ramos. 

De  fitu,  et  amplitudine  urbis  Ulyjfiponen- 
Jis  Elegia;  a  qual  allega  Fr.  Bernardo  de  Brito 
Mon.  Eujit.  Part.  2.  liv.  7.  cap.  22. 

Poema  Epicum  de  Sanais  Martjribus  Ulyf- 
fiponenfibus,  o  qual  tinha  em  feu  poder  Joaõ 
Tamayo  Salazar  como  affirma  no  4.  Tom. 
do  Marfyrol.  Hifp.  ad  diem  10.  Julij,  pag. 
104. 

Hijloria  Sanai  Rudejtndi  Epifcopi;  quã 
etiam  (faõ  palavras  de  Rèfende  in  lib.  i. 
Antiq.  Eufit.  de  Monte  Corduba)  aliquando 
Deo  bene  juvante  ex  tenebris  in  lucem  proferen- 
dam  curabimus.  Deíla  obra  faz  mençaõ  Gaf 
par    Eílaço    nas    Antig,    de    Portug.    cap.    2. 

Efcreveo,  mas  naõ  fe  fabe  fe  acabou 
Rèfende  eík  obra  de  que  elle  falia  na  Epiíl. 
ad   Kebedum   dizendo.     Petierat  à   me  (Jo- 


annes  Vafaus)  ut  quofnam  Deos  ante  Chrijli 
fufceptam  gratiam  peculiariter  Hifpani  coluiffent 
ad  fe  fcribere  ne  gravarer,  et  quadam  alia:  qua 
dum  commentarer,  ingratus  de  ejus  morte  nuntius 
commentationem  illam  meam  haãenus  interrupit. 

Eibellus  de  Pace  Júlia  ad  Francifcum  No- 
nium,  como  o  mefmo  Réfende  teftiíica  no 
liv.  4.  Antiq.  EuJit.  de  Pace  Júlia. 

Vida  de  S.  Domingos  de  Cuba  da  Ordem 
dos  Pregadores  do  Convento  de  Santarém.  Prome- 
teo  compor  eíla  obra  in  Scholiis  ad  D.  Vin- 
centij  Poema.  pag.  41. 

SermaÕ  Eatino  pregado  a  27.  de  Mayo  de 
1534.  no  Sjnodo  celebrado  em  Évora  pelo  feu  Ar- 
cebifpo o  Cardial  D.  Affonfo,  o  qual  fe  conferva 
com  as  A£ks  do  mefmo  Synodo  no  Cartório 
do  Cabido  de  Évora. 

Ad    Virginem   Aqualupanam    Cármen. 

In  obitum  Beatricis  Allobrogum  Kegina  Cár- 
men. De  quo  in  Scholiis  ad  D.  Vincentij  Põem. 
pag.  49. 

AdHenricum  Principem  humanijfimum  Cármen. 

Ad  Brittonium  Italum  Cármen  de  quo  in 
Schol.  pag.  40. 

Ad  Joannam  Vajiam  faminam  eruditijfimam 
Epifiola. 

Ad  Nicolaum  Clenardum  Epifiola, 

Ad  Doãorem  Fragofum  Badajocenfem.  Epif- 
tola  data  Ebora  Idibus  Maij.  1556. 

Ad  Jacobum  Frejre  Epifiola  data  Eovanij 
Kalend.    Julij  1529. 

Fr.  ANDRÉ  DA  RESURREIÇAM  na- 
tural de  Lisboa,  e  filho  de  Pedro  Nunes,  e  Ca- 
therina  Anes.  Entrou  na  Religião  de  S.  Fran- 
cifco  da  Provinda  de  Portugal,  que  illuílrou 
com  a  pratica  das  virtudes,  e  a  inílrucçaõ  das 
fciencias,  pela  qual  alcançou  fer  Meílre  jubi- 
lado, Cenfor  do  Santo  Officio  creado  no  anno 
de  161 8.  Guardião  do  Convento  de  S.  Frandfco 
da  Ponte,  celebre  Pregador  do  feu  tempo.  Ef- 
creveo hum  Volume  digno  da  impreíTaõ,  fe  a 
morte  o  naõ  impedira,  que  totalmente  ficaíle 
acabado,  cujo  titulo  era. 

Frutos,  que  refultãraõ  ao  género  huma- 
no da  vida  de  Chrifio  NoJJo  Salvador:  mas 
cahio  (faõ  palavras  de  Fr.  Fernando  da  So- 
led.  na  Hifi.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part. 
5.  liv.  3.  cap.  41.  n.  885.)  em  maõ  taõ 
ejleril,    que   delle   nem   huma  fó  folha   appare- 


L  USITANA. 


»7i 


ao,  por  onde  /e  infira  a  «Uganda  com  que  apresen- 
tava às  almas  a  fitavidade,  e  heller^a  daquelles  di- 
vinos frutos. 

ANDRi:  RODRIGUES  DR  MATTOS 
IJlyíliponcnfc,  c  Cavallciro  profcíTo  da  Ordem 
Militar  tic  Ciirifto.   Foraõ  fcus  Pays  Balthezar 
Rodrigues  de  Mattos  IníUtuidor  da  Capella 
(la  Conceição  na  Parochia  de  S.  Jozé  com  MiíTa 
quotidiana  pela  Aia  alma,  e  D.  Maria  da  Fon- 
feca  fua  fcgunda  mulher.  Na  Univerfidade  de 
Coimbra  onde  eftudou  Direito  Pontifício  rece- 
ito o  gráo  de  Bacharel  nella  faculdade,  e  como 
era  naturalmente  mais  inclinado  às  delicias  do 
Pamafo,  que  às  efpeculaçoens  da  Jurifpruden- 
cia  fcmprc  cultivou  a  arte  poética  revolvendo 
os  Poetas  mais  celebres,  que  efcrcveraõ  nas 
polidas  linguas  da  Europa  em  que  era  perita- 
mente  verfado,   obfcrvando   os   primores,   e 
[artificio  de  cada  hum,  dos  quaes  era  fiel  imita- 
^^or,  principalmente  do  Príncipe  de  todos  Luiz 
fde  Camoens  cujo  divino  Poema  de  tal  forte 
'o  tinha  decorado,  que  ofFerecendo-fe  occafiaõ 
lo  repetia  taõ  promptamente  como  fe  o  eftiveíTe 
llendo.    Foy  fummamente  eíUmado  por  todos 
os  profeíTores  da  Poética  recebendo  multipli- 
idos  elogios  nas  Academias  dos  Generofos, 
Singulares  de  que  foy  alumno,  onde  com- 
)Z  diverfas  obras,  que  igualmente  deleitavaõ 
íos  ouvidos,  e  atrahiaõ  as  attençoens.    Coíhi- 
I  mava  retirarfe  no  tempo  do  Veraõ  para  huma 
ffua  quinta  fituada  no  Campo  Grande  fuburbio 
fde  Lisb.,  onde  em  idade  de  6o.  annos  taõ  def- 
contente  da  vida  como  defejofo  da  morte  aca- 
bou a  carreira  da  fua  peregrinação  a  17.  de 
Agoílo  de  1698.   Eílá  fepultado  na  Capella  de 
N.  Senhora  da  Conceição  da  Parochia  dos  Reys 
no  mefmo  Campo.   Foy  cafado  com  D.  Ignez 
Nunes  da  Gama  de  quem  teve  a  André  Rodri- 
guez  de  Almeida  Fidalgo  da  Cafa  Real,  que 
fe  defpozou  com  D.  Barbara  Eugenia  de  Tá- 
vora filha  de  Bernardo  da  Sylva  de  Azevedo, 
e  de  D.  Francifca  de  Noronha  da  Camará 
de  quem  naõ  teve  filhos.    Compoz. 

Triumpho  das  armas  Portuguesas  deduzido 
de  vários  Ver/os  do  infigne  Poeta  Lmí^  de  Ca- 
moens gloffados,  e  reduzidos  ao  intento.  Lis- 
boa por  António  Crasbeck  de  Mello.  1663. 
4.    He  em  8.    Rima. 

Jerufalem    libertada    compojia  por    Torquato 


Tajfo  traduzida  tm  Portufféi^'   Lisboa  por  Mi- 
guel Deflandes.  1688.  4. 

Dialogo  fúnebre  entre  o  Keyno  de  Portugpl, 
§  o  Rio  Tefo  gloffando  o  famofo  Soneto  Permofo 
Tejo  meu  quaÕ  diferente?  Em  fentimento  do  golpe 
mais  cruel,  em  que  a  Parca,  e  o  Outono,  huma  cor- 
tou a  vida  mais  florente,  e  o  outro  a  flor  mais  ani- 
mada na  Serenifftma  Senhora  D.  Isabel  Ljái(a 
fo^epha  Infanta  de  Portugal  filha  primogénita  do 
muito  alto,  e  poderofo  Key  D.  Pedro  II.  noffo 
Senhor.  Lisboa  por  Miguel  Deflandes  Impref- 
for  de  Sua  Mageílade  1690.  4. 

Orafaõ  recitada  na  Academia  dos  Singfdares 
em  1.  de  Setembro  de  1663.  Sahio  com  as  obras 
deíla  Academia  i.  Part.  Lisboa  por  Manoel 
Lopes  Ferreira  1692.  4. 

Orafaõ   ao    Certame    Académico   da    mefma 
Academia  Part.  2.  ibi  pelo  dito  Impref.  1698. 
4.  Neftas  duas  Partes  eftaõ  3.  Sonetos  2.   Ro- 
mances 2.  Decimas,  e  huma  glofla  de  André 
Rodrigues  de  Mattos.    Delle  faz  illuíbre  me- 
moria o  P.  António  dos  Reys  no     Enthuf. 
Poet.  já  allegado  n.  122.  dizendo. 
=     Erat  in  nitidá  Taffum  prope  fede  locatus 
Kodriguius   Thufcas,   qui  compulit  ore  Camcenas 
L.ufiaco  ceciniffe  virum  quem  lata  Sionis 
Mania  viderunt  calcata  per  agmina  ^effu 
Ire  triumphali. 

ANDRÉ  RIBEIRO  COUTINHO  na- 
tural da  ViUa  de  Eftremos  na  Província  do 
Alentejo  Ajudante  de  huma  Companhia  de 
hum  dos  Terços  da  Guarnição  da  Corte.  Foy 
inílruido  na  lingua  Latina,  Poeta  vulgar, 
e  verfado  na  liçaõ  da  Sagrada  Efcritura,  e 
Santos  Padres.  Teve  efcola  publica  na  qual 
com  faculdade  do  Senado  de  Lisboa  enfi- 
nava  a  puerícia  para  à  qual  compoz  igual- 
mente pio,  que  douto  a  feguinte  obra  em  varío 
género  de  Metros. 

Panegyrico  Chrtfiaõ  cultivado  na  advertência 
das  Oraçoens,  que  deve  faber  todo  o  ChrifiaÕ'. 
e  juntamente  a  explicação  da  Miffa,  e  o  que 
nella  fe  deve  comtemplar,  quando  fe  ouve,  e  hum 
politico  A.  B.  C.  para  a  boa  criação  dos 
Mininos.  Lisboa  por  Domingos  Carneiro 
1675.  8. 

Foy  cafado  com  Cecília  de  Soufa  de  quem 
teve  a  Pafchoal  Ribeiro  Coutinho  do  qual  fe 
fará  memoria  em  feu  lugar. 


172 


BIBLIOTHE  CA 


ANDRÉ  RIBEYRO  COUTINHO  na- 
tural de  Lisboa,  Fidalgo  da  Cafa  de  Sua  Magef- 
tade,  e  Alcaide  mór  de  Baçaim,  filho  de  Paf- 
choal  Ribeiro  Coutinho,  e  de  Maria  dos  Reys, 
e  Neto  de  André  Ribeiro  Coutinho,  do  qual 
proximamente  fe  fez  mençaõ.  Depois  de 
eftudar  as  letras  humanas,  e  Filofofia  no  Col- 
legio  de  Santo  Antaõ  dos  Padres  Jefuitas  fe 
applicou  ao  eíludo  militar  em  que  fahio  muito 
perito,  e  para  que  exercitaíTe  na  pratica,  o  que 
tinha  alcançado  pela  efpeculaçaõ,  aíTentou 
praça  de  foldado,  e  com  o  lugar  de  Ajudante 
aíTiftio  em  varias  Campanhas  no  tempo  que 
efta  Coroa  declarou  guerra  à  de  Caílella  fobre 
a  fua  fucceílaõ,  à  qual  fe  opuzeraõ  o  Duque 
de  Anjou,  e  o  Archiduque  de  Auílria.  Em  o 
anno  de  1716.  fe  embarcou  na  famofa  Armada 
que  expedio  Portugal  para  libertar  a  Ilha  de 
Corfu  da  violenta  oppreíTaõ  a  que  a  tinhaõ 
reduíido  os  Turcos,  donde  paíTando  no  anno 
feguinte  a  Ungria,  e  afliílindo  na  celebre 
batalha  de  Belgrado  obrou  acçoens,  que  me- 
recerão a  enveja  dos  mais  valerofos  foldados. 
Reílituido  a  efte  Reyno  foy  nomeado  Sargento 
mór  para  que  na  índia  enfinaíTe  à  noíTa  gente 
militar  a  difciplina  praticada  na  Europa,  para 
cuja  empreza  partio  de  Lisboa  em  14.  de  Abril 
de  1723.  Nefte  bellicofo  theatro  fez  renacer  a 
memoria  do  Valor  Portuguez  devendo-fe  à 
fua  laboriofa  a£tívidade  o  defenho  da  Forti- 
ficação da  Praça  de  Taná  fituada  em  o  Norte 
da  índia.  Voltando  para  a  pátria  foy  man- 
dado no  anno  de  1735.  com  o  poílo  de  Te- 
nente Coronel  para  a  Nova  Colónia  do  Sacra- 
mento, onde  tem  obrado  acçoens  tanto  em 
beneficio  deíla  Coroa,  como  em  credito  da 
fua  PeíToa.  O  continuo  eílrondo  das  Armas 
nunca  o  feparou  do  comercio  das  Mufas,  e 
da  liçaõ  da  Hiftoria,  em  que  he  muito  ver- 
fado.    Compoz. 

Prototypo  confiituido  das  partes  mais  ejfen- 
ciaes  de  hum  General  perfeito  delineado  em  o  per- 
feitijftmo  General,  e  Governador  das  Armas  Por- 
tuguesas, em  a  Provinda  do  A.lentejo  o  Senhor 
Pedro  Mafcarenhas.  Lisboa  por  António  Pe- 
drozo  Galraõ  171 3.  4. 

Kelaçaõ  diária  da  expugnaçaõ,  e  rendimen- 
to da  Praça  de  Bicholym  em  z-j.  de  Mayo 
de  1726.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues. 
1728.  4. 


ANDRÉ  DE  SOUSA  DINIZ  natu- 
ral de  Santarém,  fendo  feus  Progenitores 
Ambrofio  Vieyra  de  Carvalho,  e  D.  Jo- 
anna  de  Soufa.    Foy  ornado  de  fumma  agu- 


ANDRE  DA  SYLVA  MASCARENHAS 
natural  de  hum  lugar  da  Beira  entre  os  limites 
do  Bifpado  de  Lamego,  Doutor  na  faculdade 
de  Direito  Cefareo.  Depois  de  ter  adminif- 
trado  alguns  lugares  com  igual  prudência, 
que  defintereíTe  foy  Defembargador  na  Re- 
lação do  Porto  de  que  tomou  poíTe  a  22.  de 
Agoílo  de  1673.  Como  folTe  naturalmente 
affefto  ao  eftudo  da  Poefia  occupava  em  algu- 
ma compofiçaõ  métrica  as  horas,  que  lhe  refta- 
vaõ  do  laboriofo  miniílerio  da  Jurifprudencia, 
de  que  he  claro  argumento  o  Poema,  que  pu- 
blicou com  eíle  titulo. 

A  Dejlruiçaõ  de  Efpanha.  Kejlauraçaõ  Su- 
maria da  me/ma.  Lisboa  por  António  Crasbeck 
de  Mello  1671.  4.  Na  prefação  delia  obra 
affirma  ter  acabado. 

Hijloria  dos  milagres  de  N.  Senhora  da  ILapa 
celebre  Sanãuario  de  Portugal.  M.  S.  O  P.  An- 
tónio dos  Reys  no  Enthuf.  Poetic.  impreíTo 
no  principio  dos  feus  Epigrammas  n.  iio.  faz 
delle  mençaõ  neíla  forma. 

;=)  Te  Hifpana  Cupreffu 

Natio     velahat    Jimul,     et     ParnaJJide     luiuro    \  | 
O'  Mafcarenhas. 

Fr.  ANDRÉ  SOBRINHO  natural  de  Mon- 
te mór  o  Novo  na  Província  Tranftagana,  filho 
de  Diogo  Sobrinho,  e  Sufana  Dias  ambos  de 
illuílres  famílias.  Profeííou  o  Habito  de  Ere- 
mita de  Santo  Agoílinho  no  Convento  de 
Lisboa  a  17.  de  Outubro  de  1593.  em  cuja 
Religião  fendo  venerado  pela  virtude,  e  fcien- 
cia,  nunca  quiz  aceitar  nella  algum  minifterio 
mais,  que  o  de  Meílre  dos  Noviços  por  muitos 
annos  no  Convento  de  N.  Senhora  da  Graça, 
os  quaes  com  os  feus  afceticos  documentos 
fahiraõ  veteranos  na  perfeição  Religiofa.  Foy 
pelo  efpaço  de  outo  annos  ConfeíTor  do  Du- 
que de  Bragança  D.  Theodofio  Pay  do  Se-  1 
reniíTimo  Rey  D.  Joaõ  o  IV.  Como  era 
muito  douto  na  Theologia  moral  deixou 
compofto  hum  volume. 

De  Cafihus  Confcientia:  o  qual  fe  con- 
ferva  no  Convento  da  Graça  deíla  Corte. 


ij 


LUSITANA, 


!cza  de  engenho,  que  lhe  facilitou  a  compre- 
cnfaõ  de  todas  as  Artes  liberaes.    Exercitou 
vom  felicidade  a  Poefia  fendo  igualmente  pe- 
tito  nas  letras  humanas.    Na  liçaò  de  hum,  e 
atro  Direito  era  taõ  vcrfado,  que  podia  com- 
petir com  os  mayores  Jurifconfultos  do  feu 
icmpo.   Naò  foy  menos  valerofo,  que  fciente» 
(brando  acçoens  heróicas  na  famofa  Praça 
tio  (riit:i.    Todos  cftcs  admiráveis  dotes,  de 
í-iuc  o  ornou  liberalmente  a  natureza,  naõ  pu- 
<.ieraõ  izentallo  de  muitas  adverfidadcs  armadas 
cia  iniluftria  de  fcus  cmulos,  que  tolerou  com 
iiimo  heróico,  e  confiante.    Cafou  trcs  vezes 
\  I.  com  D.  Joanna  de  Teyvc  Qrdofa.    A 
2.  com  D.  Guiomar  Sarayva  de  Vafconcellos, 
•c  quem  teve  a  Fr.  Feliciano  de  Soufa  Diniz, 
.  a  Fr.  André  de  Soufa  ambos  Eremitas  de 
>:mto  Agoftinho  infignes  Pregadores  em  Gif- 
iclla.   A  3.  com  D.  Maria  do  Amaral,  c  Aguilar, 
de  quem  teve  Fr.  Bernardo  de  Soufa  Pacheco 
Vigário  Geral  em  Hefpariha  da  Ordem  de 
S.  Bafilio,  Fr.  Jacinto  de  Soufa,  e  Azevedo, 
Ir.    Jeronymo    de    Soufa    ambos    Religiofos 
1  rancifcanos,  e  o  2.  Meftre  jubilado  em  Theo- 
logia,  e  Secretario  do  Geral,  e  a  D.  António 
ic  Soufa,  e  Noronha,  que  no  Di/c/ir/.  Geneal. 
i.'a  Família  dos  Souf.  foi.   17.  faz  de  feu  Pay 
cfta  illuílre  memoria.    Vive  de  edad  de  76  aiios 
n  ejie  de  1642.    Hale  cabido  en  Jtierte  una  no- 
íahle  fortuna    en    huenas  partes  favorable,    mas 
en  Jiiceffos  adiierja\  Ji  bien  rara  ve:^  acompana- 
ron  buenos  Jt ice  ff  os  a  partes  buenas;  logra  gran 
agudev^a  de   ingenio;  jimtojele   el  efiudio,  porque 
tiene  bajlante  noticia  de  todas  las  artes  liberales. 
Exercita   con  aciertos  la    Poejia   en  fu  natural 
idioma;    es    muy    vijio   en    las   letras   humanas. 
Kefnltó  de  todo  la  compojicion  de  vários  libros, 
uno. 

Kimas     varias     con  quatro     difcítrfos  de  fu 
vida. 
y  otro. 

Compendio  general  delas  Hifiorias  dei  mundo 
ajji  divinas  como  humanas  defde  fu  origen,  hafia 
los  tiempos  pref entes. 

Fr.  ANDRÉ  DE  SANTA  THERESA 
natural  de  Lisboa,  e  defcendente  de  Pays 
taõ  illuftres  no  fangue,  como  na  piedade. 
Deixando  a  pátria  paflbu  a  Caftella,  e  no 
Convento   de  Córdova  dos  Carmelitas  Def- 


173 

calços  recebeo  o  habito,  em  cuja  paleílra  fez 
iguaes  progreíTot  nas  letras,  que  nas  virtudes. 
A  grande  prudência  junta  com  a  natural  afiEa- 
bilidade  de  que  era  ornado  o  ict  digno,  que 
depois  de  exercitar  os  Priorados  de  vários 
Conventos,  c  fer  repetidamente  Definidor 
Geral,  foíTe  com  exemplo  raramente  viAo 
quatro  vezes  Provincial.  Querendo  a  Mageí- 
tade  delRey  Catholico  Carlos  11.  a  quem  era 
muito  aceito,  rcmunerarlhe  os  feus  grandes 
merecimentos,  o  nomeou  Bifpo,  cuja  digni- 
dade, como  fuperior  ao  feu  talento,  modcAa^ 
mente  recufou.  Morreo  em  Málaga  no  anno 
de  171 5.  com  81.  annos  de  idade  Clarus 
doctrina,  fed  clarior  virtutibus,  como  delle  ef- 
creve  Fr.  Marçal  de  S.  Joaõ  Bautifta  in 
hib.  fcript.  ulriufque  Congreg.  et  fexus  Carmel. 
Excalceat.  impreíía  Burdigalac  1730. 4.  compoz. 

Sermoens  vários  Málaga  4. 

Epiflola  pafloral  a  fus  Keligiofos 

Epiflola  pafloral  a  fus  Keligiofos 

Epiflola  compuefla  fobre  algunas  palavras 
dei  Pfalmo  XXVIII. 

Fr.  ANDRÉ  DE  SANTO  THOMAZ 
naceo  na  Província  do  Alentejo,  profeílou 
o  habito  da  Ordem  dos  Pregadores  onde  depois 
de  fahir  eminente  nas  fciencias  mayores  as 
eníinou  com  grande  applaufo  aos  feus  do- 
mefticos.  Na  Univeríidade  de  Coimbra  re- 
cebeo o  gráo  de  Doutor  na  faculdade  de 
Theologia,  e  a  diftou  na  Cadeira  de  Prima  de 
tomou  poíTe  em  4.  de  Abril  de  1635.  fendo 
fuccefror  nefte  honorifico  lugar  de  Fr.  An- 
tónio da  Refurreiçaõ  promovido  ao  Bifpado 
de  Angra,  merecendo  pela  profundidade 
das  fuás  letras  a  univerfal  aclamação  de  toda 
a  Academia.  Foy  Qualificador  do  Santo 
Officio  cujo  Tribimal  attendendo  à  fua  grande 
fciencia  determinou,  que  as  Conclufoens, 
que  fe  houveíTem  defender  no  Collegio  de 
Santo  Thomaz,  fendo  approvadas  por  elle 
naõ  foíTem  reviílas  por  outro  Confultor.  Mor- 
reo em  Coimbra  no  anno  de  1640.  e  foy  fepul- 
tado  na  Capella  mór  do  Collegio  de  Santo 
Thomaz  com  eíle  epitáfio. 

Fr.    Andreas   ã  Santo  Thoma   Tranflaganus 
Confultor  Santi  Officij  praclarum  regularis  obfer- 
vantia  exemplar. 
Efcreveo. 


^74 


BIBLIO THECA 


Vida,  e  virtudes  da  V.  Soror  Ifabel  do  Efpi- 
rito  Santo  (e  naõ  de  Santo  Thomat;^  como  por 
equivocaçaõ  lhe  chamou  Fr.  Pedro  Mon- 
teiro Clauji.  Dom.  Tom.  3.  pag.  144.)  Keligiofa 
da  ^.  Ordem  de  S.  Domingos  de  cuja  obra  faz 
mençaõ  Jorge  Cardofo  Agiolog.  hujttan.  Tom. 
I.  pag.  501.  no  Comment.  de  22.  de  Fevereiro 
letr.  H.  dizendo  do  Author  delia  o  muito  douto, 
e  Keligiofo  P.  Fr.  André  de  Santo  Thomat:^  varaõ 
mayor  de  toda  a  excepção,  que  a  confeffou  muitos 
annos,  e  com  particular  cuidado  ejcreveo  a  Jua 
vida. 

Commentaria  in  Summam  Angelici  Praceptoris, 
que  por  caufa  da  morte  do  Author  fe  naõ  im- 
primirão. Delle  fe  lembraõ  Fr.  Lucas  de  Santa 
Catherina  Chroniíla  Geral  da  Ordem,  e  Acadé- 
mico do  numero  da  Academia  Real  na  Hiflor. 
de  S.  Domingos  da  Prov.  de  Portug.  Part.  4.  lib.  i. 
cap.  14.  e  Fr.  Pedro  Monteiro  no  Cathalog. 
dos  Reved.  e  Qtíalific.  do  Santo  Offic.  n.  7.  Nas 
Aâas  do  Capitulo  Geral  celebrado  em  Ro- 
ma no  Convento  da  Minerva  no  anno  de 
1644.  fendo  Meílre  Geral  Fr.  Thomaz  Tur- 
co fe  faz  mençaõ  delle  neíla  forma.  Vene- 
randus  P.  Magifter  Fr.  Andreas  de  San£ío  Tho- 
ma  primarius  Conimhricenjis  Academice  SacrcB 
Theologice  ProfeJJor  regularis  difciplina  exaãif- 
jimus  obfervator,  vita  innocentia,  et  aufieritate 
injignis,  mortis  Jua  tempus,  et  modum  pradixit, 
et  tandem  cum  communi  fanãitatis  opinione  feli- 
citer  quievit  in  Conventu  Conimbricenji. 

Fr.  ANDRÉ  DA  VEYGA  natural  da 
Villa  de  S.-Tiago  de  Cacem  do  Arcebifpa- 
do  de  Évora.  Sendo  muito  fciente  na  lingua 
Latina  afpirando  a  inílruirfe  na  f ciência  dos 
Santos  recebeo  o  habito  da  Terceira  Ordem 
de  S.  Francifco  no  Convento  de  Santarém 
dedicado  à  Virgem,  Mártir,  e  Doutora 
Santa  Catherina.  Logo  em  o  Noviciado 
começou  a  exercitar  virtudes  taõ  heróicas, 
que  ferviaõ  de  admiração,  e  exemplo  aos 
feus  domefticos,  as  quaes  continuou  com 
mayor  exceiTo  pelo  largo  efpaço  da  fua  vi- 
da. Por  preceito  dos  Superiores  foy  obriga- 
do a  eníinar  fora  do  Convento  à  mocidade 
Portugueza  naõ  fomente  a  lingua  Latina, 
mas  a  Rhetorica,  e  Poeíia,  e  para  eiie  eífeito 
abrio  efcola  em  Setúbal,  na  fua  pátria, 
e    na    Cidade    de    Portalegre,     onde    con- 


corriaò  os  ouvintes  apprender  com  as  fciencias 
as  virtudes  fendo  os  principaes  difcipulos  os 
IlluílriíTimos  D.  Affonfo  de  Caílellobranco,  e 
D.  André  de  Noronha,  o  primeiro  Bifpo  de 
Coimbra,  e  o  fegundo  de  Portalegre  os  quaes 
fempre  fizeraõ  agradecida  memoria  da  folida 
doutrina  de  taõ  infigne  Meftre.  Attenuado 
com  o  laboriofo  exercicio  das  aulas,  e  muito 
mais  da  continua  afpereza  com  que  mortificava 
o  corpo  fe  recolheo  ao  Convento  de  Santarém, 
onde  accumulando  mais  merecimentos  ao  fcu 
efpirito  pronofticada  a  hora  da  morte,  e  con- 
fortado com  os  Sacramentos  fe  transferio  da 
terra  para  o  Ceo  no  i .  de  Abril  de  1 5  84.  quan- 
do contava  a  larga  idade  de  iio.  annos.  Do 
Cemeterio  commum  onde  fora  enterrado  o  feu 
cadáver  com  a  aíTiiiencia  das  peíToas  mais 
principaes  de  Sãtarem,  foy  tresladado  em  10. 
de  Abril  de  161 6.  para  lugar  mais  honori- 
fico, qual  foy  a  parede  do  Cruzeiro  à  parte  da 
Epiftola  entre  as  Capellas  de  N.  Senhora  da 
Saúde,  e  de  Santo  António,  exhalando  fuavif- 
fimo  cheiro  onde  fe  perpetuou  a  fama  da  fua 
fantidade  pela  copia  de  milagres,  que  obrava 
em  beneficio  daquelles  povos  circunvifinhos. 
Sobre  a  campa  da  fepultura  fe  lhe  gravou  efte 
epitáfio. 

Aqtiija^  o  P.  Fr.  André  da  Veiga.  Falleceo 
em  dia  de  Pajchoa  de  Flores  no  anno  de  1 5  84.  Mui- 
tas das  fuás  obras  dedicou  a  feu  difcipulo  D. 
André  de  Noronha  das  quaes  fomente  fe 
imprimio  a  feguinte. 

Acetarium  varias  rerum  matérias  continens, 
multiplici  carmine  Jacro  prcsfertim  conjians.  Ulyf- 
fipone  apud  Franc.  Corrêa  Seren.  Cardin. 
Infant.  Typog.  1571.  4. 

Tinha  compoJfto  hum  Poema  cujo  argumen- 
to ignoro,  o  qual  conílava  de  três  mil  verfos. 

Ainda,  que  Nicolao  António  in  Bib.  Hijp. 
Tom.  I.  cap.  71.'  efcreva  que  Fr.  André  da 
Veyga  nacera  na  Veyga  de  Toledo,  cuja  opi- 
nião feguio  dubiamente  Jorge  Cardofo  A^ol. 
"Lufit.  Tom.  2.  pag.  383.  fe  enganou,  por  conílar 
certamente  do  Cathalogo  das  pátrias,  e  profif- 
foens  dos  Religiofos  da  3.  Ordem  de  S.  Fran- 
cifco, que  nacera  na  Villa  de  Saõ-Tiago  de 
Cacem,  e  profeíTara  a  13.  de  Mayo  de  1492. 
cujo  aílento  affirma  o  P.  Francifco  da  Cruz  nas 
Juas  Memorias  M.  S.  para  a  Bib.  Portug- 
!(a   o   lera   efcrito   no   dito    Cathalogo.     Ef- 


I 


L  USITAN  A. 


crcvcm  dcftc  virtuofo  Varaõ  Jorge  Cardofo 
yís^ío/.  ljiji(.  Tom.  2.  pag.  385.  no  Commcnt. 
<l()  I.  de  Abril  let.  F.  e  pag.  joi  no  Commento 
de  10.  de  Abril  Ict.  G.  Fr.  Manoel  da  Efper. 
llijl.  Seraf.  da  Prov.  di  Port.  Part.  2.  Uv.  11. 
c;ip.  32.  n.  7.  António  Carvalho  da  G>fta  Corog. 
Por/uji.  Tom.  5.  Part.  8.  cap.  33.  pag.  500.  cha- 
niandolhe  Varaõ  miàtofabio,  e  devoto.  Fr.  Joan. 
a  D.  Ant.  in  Bib.  Pranc.  Tom.  i.  pag.  72.  e  o  P. 
António  dos  Reys  no  Entufiafm.  Pott.  n.  162. 

Veyga 
Tam  bene  de  fuperis  meritus,  quàm  clarus  in  arte 
Carmina  pangendi: 

ANDRÉ  VELHO  DA  FONSECA  Depois 
de  cftudar  Direito  Canónico  na  Univerfidadc 
de  Coimbra,  em  que  tomou  o  Gráo  de  Ba- 
charel, foy  nomeado  Ouvidor  de  Angola, 
onde  obfervando  com  juifo  de  Sábio,  e  in- 
veftigaçaõ  de  curiofo  aquella  vafta  regiaõ  da 
litiopia  que  obedece  ao  Império  Portuguez, 
cfcrevco  hum  grande  volume  que  fe  conferva- 
va  na  Bibliotheca  do  infigne  Antiquário  Ma- 
loel  Severim  de  Faria  Chantre  da  Cathedral 
le  Évora,  com  o  titulo 

Hijloria  do  Reyno  de  Angola. 

DONA  ANGELA  DE  AZEVEDO 
latural  de  Lisboa,  filha  de  Joaõ  de  Aze- 
redo Pereira  Fidalgo  da  Cafa  Real,  e  de  fua 
pcgunda  mulher  Dona  Izabel  de  Oliveira 
lereceo  pela  fua  natural  difcriçaõ,  e  rara 
irmofura  particulares  eftimaçoens  da  Rainha 
>ona  Izabel  de  Borbon  primeira  mulher 
lelRey  de  Caílella  Filippe  IV.  e  naõ  da 
inha  Dona  Catharina  Efpofa  de  Filippe 
como  efcreve  o  moderno  Author  do 
^beafro  beroino  Tom.  2.  pag.  493.  O  qual 
*rincipe  fendo  cazado  quatro  vezes  nenhu- 
deílas  Senhoras  teve  o  nome  de  Cathari- 
Sendo  Criada  da  SereniíTuna  Dona  Izabel 
le  Borbon  fe  defpozou  em  Madrid  com  con- 
forte digno  do  feu  nacimento  de  quem  teve 
luma  filha  com  a  qual  depois  de  Viuva  fe 
icolheo  no  Convento  de  S.  Bento,  onde 
>rofeíTaraõ  o  feu  monaíHco  inílituto.  Cul- 
ivou  com  fumma  felicidade  a  Arte  da  Poefia 
ie  que  deixou  por  argumentos  da  fua  fecun- 
e  difcreta  vea  as  Comedias  feguintes 
lue  todas   fe  imprimirão   com  eíles   titulos 


.75 

ÍM  Margarita  dei  Tojo  que  diò  nombre  a 
Santarém.  4. 

El  muerto  difftmulado.  4. 

Dicba,  y  dejdicha  dei  jitegp,  y  devocion  ie  la 
VkgfH.  4. 

Fr.  ANGELO  DE  S.  DOMINGOS  natu- 
ral da  Cidade  de  Évora  filho  de  AfTonfo  Rodri- 
gues, e  de  Joanna  1'ernandes.  Recebeo  o  habito 
dos  Caraielitas  Deícalços  no  Convento  de  Noí- 
fa  Senhora  dos  Remédios  de  Lisboa  a  18.  de 
Novembro  de  1601.  eíhidando  em  Coimbra  as 
fciencias  que  coníliruem  douto  a  hum  Religio- 
fo,  foy  eleyto  companheiro  de  Fr.  Miguel  de  S. 
Jeronymo  infigne  Meftre  de  Noviços  para  os 
inílruir  na  difciplina  regular.  O  feu  fublime 
talento  o  fez  digno  de  que  exercitando  fem  in- 
terrupção os  lugares  de  Prior  dos  Conventos 
de  Figueiró,  Cafcaes,  Coimbra,  Porto,  e  Aveiro 
chegaíTe  a  fer  Provincial  eleyto  no  Capitulo 
celebrado  em  S.  Pedro  de  Paftrana  em  Caílella 
a  6.  de  May  o  de  1634.  obfervando  em  todas 
eílas  Prelafias  igual  prudência  que  brandura 
para  os  fubditos.  A  innocencia  da  vida  o 
fafia  amável  aos  domefticos,  e  eftranhos.  Foy 
muito  verfado  na  Hiftoria,  e  naõ  menos 
na  Poefia.  Todo  o  tempo,  que  lhe  reftava 
das  precifas  obrigaçoens  de  Superior  o  ap- 
plicava  à  liçaõ  dos  livros.  Vivia  pelos  an- 
nos  de  1654.  quando  contava  cincoenta  an- 
nos  de  Religiofo.  Compoz  diverfas  obras, 
que  naõ  lograrão  a  luz  publica,  de  que  eraõ 
dignas,  fendo  as  principaes. 

Compendium  hijloriale  Sanãorum  Ijufitano- 
rum,  vel  ad  'Lufitaniam  quoquo  modo  fpeãan- 
tium  gejia  compleãens. 

Memoriale  fundationum  fua  Província  Cano- 
biorum  quibus  prafuerat. 

Polymita,  five  diverja  Poemata. 

Officium  proprium  S.  Jofephi  Beatijfima  Vir- 
ginis  Sponji;  o  qual  dezejava  que  foífe  appro- 
vado  para  em  toda  a  Igreja  fe  rezar. 

Officium  Plagarum  Chrifti  Domini.  Pa- 
ra fe  rezar  em  todo  o  Reyno  de  Portu- 
gal. Do  Author  fazem  mençaõ  o  Padre 
Francifco  da  Fonfeca  Euor.  glorio/,  pag. 
410.  Fr.  Belchior  de  Santa  Anna  Chron. 
dos  Carmel.  Defcalf.  de  Portug.  Tom.  i. 
liv.  3.  cap.  14.  §.  669.  e  cap.  26.  §.  747.  e 
cap.  28.  §.  758.    E  Fr.  Joaõ  do  Sacramen- 


ij6 

to  Chron.  dos  Carmel.  Defcalf.  Tom.  2.  liv.  5. 
cap.  31.  §.  597.  e  liv.  6.  cap.  i.  §.  785. 

Fr.  ANGELO  DE  SANTA  MARIA 
chamado  no  Século  Duarte  de  Figueiredo 
e  Gufmaõ  naceo  no  anno  de  1 664.  na  Villa  de 
Caftro  Marim  do  Reyno  do  Algarve,  e  foy 
filho  de  Gafpar  Lourenço  de  Gufmaõ,  e  de 
Dona  Maria  de  Figueiredo  peíToas  de  conhe- 
cida virtude.  Aprendeo  os  primeiros  rudi- 
mentos na  Cidade  de  Tavira  donde  quando 
contava  16.  annos  de  idade  paflbu  a  Salamanca 
eíludar  Direito  Pontifício,  e  eílando  para  gra- 
duar-fe  nefta  Sagrada  Faculdade  infpirado 
fuperiormente  defprezou  os  augmentos,  que 
lhe  prometiaõ  as  fuás  letras  recebendo  o 
habito  dos  Carmelitas  Defcalços  das  mãos  do 
Reytor  do  Collegio  de  Salamanca  Fr.  Joaõ 
da  Annunciaçaõ  que  depois  foy  Geral  da 
Ordem,  e  hum  dos  principaes  Authores  do 
Curfo  Salmanticenfe.  Paliado  o  tempo  do 
Noviciado,  e  feita  a  Profillaõ  folemne  no 
Convento  de  Valladolid  foy  eíludar  Filofofía 
a  Ávila,  Theologia  a  Salamanca,  e  Moral  a 
Segóvia,  em  cujas  faculdades  fez  taes  pro- 
greíTos  a  fua  applicaçaõ  que  por  efpaço  de  três 
annos  foy  Meftre  deíla  Sciencia  onde  tinha  fido 
Difcipulo.  Dezejofo  de  voltar  à  fua  Pátria 
pofto  que  repugnaíTem  os  Prelados  Caílelhanos 
por  fer  a  fua  auzencia  muito  prejudicial  à  gloria 
da  Religião,  lha  concedeo  o  Reverendiffimo 
Geral  Fr.  Pedro  de  Jefus  Maria  filho  dos  Mar- 
quezes  de  los  Bellez.  Reftituido  ao  Rey- 
no pouco  tempo  affiílio  no  Convento  de 
Évora  donde  para  que  naõ  eftiveíTe  ociofo 
o  feu  grande  talento  em  beneficio  dos  do- 
mefticos  paflbu  a  fer  Meftre  de  Theologia 
moral  pelo  largo  efpaço  de  nove  annos  em 
o  Convento  de  Viana.  Foy  Secretario  da 
Provinda,  Reytor  do  Collegio  de  Coim- 
bra, e  três  vezes  Definidor  Geral  moftran- 
do  em  todos  eftes  lugares  a  fumma  madu- 
reza de  que  he  ornado.  Todo  o  tempo 
que  lhe  reíla  das  obrigaçoens  religiofas  o 
occupa  continuamente  efcrevendo  fendo 
manifeftos  frutos  da  fua  douta,  e  incanfa- 
vel  applicaçaõ  as  obras  feguintes. 

BreviariJ  Moralis  Carmelitani  juxta  doc- 
trinam  mirahikm,  atque  angeluam  D.  Tho~ 
ma   Aquinatís   Ecclejice  Jolis,   nec  non   Sanãif- 


B IB  LIO  THE  CA 


fimam,  valdeqtte  perutilem  Salmanticenjitm  tam 
moralium,  quam  Jcholajlicoriim  paffim  tritam, 
totum  inojfenjoqm  pede  diffujam  per  orbem  in 
Fraírum  auxilium,  eorumque  gratiam.  Pars  i. 
Ulyflipone  apud  Antonium  Pedrozo  Galraõ 
1734.  foi. 

Pars  z.  ibi  per  eumdem  Typog.  1734.  foi. 

Pars  3.  ibi  per  eumdem  Typog.  1735.  foi. 

Pars  4.  ibi  per  eumdem  Typog.  1735.  foi.       j 

Pars  5.  ibi  per  eumdem  Typog.  1738.  foi. 
Tem  prompto  para  a  Impreflaõ 

Schola   Moralis   h.ufitanenjis   foi.    7.    Tom. 

Conjultationum    Moralium    Tom.    unus    foi. 

Sermoens  vários  4.  4.  Tom. 

ANGELO  PACENSE  cujo  apellido  de- 
nota a  fua  Pátria  a  Cidade  de  Beja  fituada  na 
Província    Tranílagana    o    qual    floreceo    no       j 
fatal  Século  em  que  de  toda  Efpanha  oprimida       ' 
pelo    bárbaro    jugo    dos    Sarracenos    eílavaõ 
deílerradas  as  fciencias.    Efcreveo 

Vidas  de  muitos  Santos  Portugue^^es. 
Efta  obra  fe  confervava  na  Livraria  do 
Real  Convento  de  Alcobaça  como  tefti- 
ficaraõ  o  Licenciado  Jeronymo  do  Souto 
Ouvidor  da  Comarca,  e  Correição  dos  Cou- 
tos deíla  Villa,  e  o  Reverendiflimo  D.  , 
Abbade  Geral  da  Congregação  Ciílercien- 
fe  Fr.  Francifco  de  Santa  Clara,  o  primei- 
ro em  10.  de  Setembro  de  1595.  e  o  fegun- 
do  em  13.  de  Julho  de  1596.  cujas  attefta- 
çoens  eílaõ  impreíías  na  prefação  da  i  . 
part.  da  Mon.  l^ujit.  compoíla  pelo  infig- 
ne  Efcritor  Fr.  Bernardo  de  Brito.  Dizem 
que  eíle  livro  fora  roubado  da  Livraria  de  j 
Alcobaça  onde  fe  confervara  pelo  largo 
efpaço  de  quinhentos  annos,  e  fe  levara 
para  a  Bibliotheca  do  Efcurial  o  que  nega 
Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Vet.  Tom.  2.  pag. 
257.  como  também  a  exiílencia  de  feu 
Author  julgando-o  por  apócrifo  affim  co- 
mo no  feu  conceito  faõ  Laymundo  Orte- 
ga, Pedro  Alladio,  e  o  Meílre  Menegaldo 
fundando  toda  a  fua  duvida  em  que  uni- 
camente Fr.  Bernardo  de  Brito  vira,  e  uza- 
ra  deíles  Authores.  Porém  para  credi- 
to, e  abonaçaõ  de  taõ  infigne  Efcritor  co- 
mo foy  o  noflb  Brito  fahio  modernamente 
à  luz  publica  no  4.  Tom.  dos  Anedoílos 
impreíTo    Patavii    Typis    Seminarii    171 3.    4- 


11 


LUSITANA. 


177 


que  Luiz  António  Muratori,  Bibliothecario  do 
nuc|uc  tlc  Míulcna  cxtrahio  da  Biblíothcca 
Ainbroziana,  a  obra  do  Mcftrc  Mcncgaldo, 
a  qual  confia  de  huma  híOoria  geral  do  mun- 
do, por  onde  fe  moftra  evidentemente  que 
naò  foy  I'r.  Bernardo  de  Brito  o  inventor 
(IcHa  obra,  mas  que  realmente  exiília,  como 
icriaõ  os  outros  Authores  antigos,  de  cujas 
noticias  fe  valeo  para  a  compofiçaõ  da  Mo- 
nnrcliia  Lufitana.  Fallaõ  de  Angelo  Paceníe 
Cardozo  y4ff0/.  Lufit.  no  Cõment.  do  i.  de 
1'cvcrciro  letr.  C.  Maced.  Tíva,  e  Ave.  Part.  2. 
cap.  28.  n.  7.  Brito  Mon.  iMJit.  Part.  i.  liv.  i. 
cap.  19.  e  liv.  2.  cap.  6.  e  cap.  10.  e  liv.  4.  cap. 
;a.  c  part.  2.  lib.  5.  cap.  6.  Joan.  Soar.  de  Brito 
III  Theatr.  hjifit.  Uterat.  lit.  A.  n.  46. 

D.  Fr.  ANGELO  PEREIRA  naceo  em 

i  illuftrc  Viila  de  Barccllos  da  Província  de 
g^atre  Douro,  e  Minho,  c  na  Cidade  de  Lisboa 
JBcebeo  o  habito  da  Religião  Carmelitana  da 
Hptigua  obfervancia.  Em  o  Collegio  de  Coim- 
^■a  aprendeo  no  anno  de  1567.  Filofofia,  e 
^Kheologia,  cujas  íciencias  enílnou  aos  íeus 
jBpmcílicos  recebendo  em  premio  da  fua 
grande  Litteratura  a  Borla  de  Doutor  na 
feculdade  de  Theologia  conferida  pela  Aca- 
demia Conimbricenfe.  Occupou  na  Reli- 
gião os  lugares  de  Reytor  do  Collegio  de 
Coimbra,  Definidor,  e  Cuílodio  da  Provincia, 
c  Prior  do  Convento  de  Lisboa,  onde  foy 
eleito  Sócio  do  Geral  Fr.  Joaõ  Eftevaõ  Chi- 
zola  quando  veyo  a  eíle  Reyno,  querendo 
que  o  ajudafle  na  Reforma  que  intentava 
fa2er  na  Provincia  de  Andaluíia,  em  cujo 
miniílerio  dezempenhou  a  eleyçaõ,  que  delle 
fe  fizera.  Confiderando  o  grande  Bifpo  de 
Coimbra  D.  Affonfo  de  Caílello-Branco, 
que  naõ  podia  por  caufa  dos  feus  annos 
exercitar  o  miniílerio  paíloral  como  deze- 
java,  o  nomeou  feu  Coadjutor,  e  foy  con- 
firmado pelo  Papa  Clemente  VIIL  com  o 
titulo  de  Bifpo  de  Martyria  em  14.  de 
Mayo  de  1600.  PeUo  efpaço  de  quatorze 
annos  logrou  a  dignidade  Epifcopal  atè 
que  na  Villa  de  Pereira  faleceo,  e  na  fua 
Igreja  Matriz  foy  fepultado,  e  fe  lhe  gravou 
efte  epitáfio 

Aqui  ja^    o    Corpo    do   lllufirijfimo    Senhor 
D.    Fr.    Angelo    Pereira    Bifpo    de    Martyria, 


Ktliffofo,  que  foy  da  Ordem  do  Carmo.  Faleceo 
aos  20.  de  ]unho  de  16 14.    Compoz 

Ad  primam  fecunda  D.  Thoma  Aí.  S.  o  qual 
fe  conferva  no  Collegio  de  Coimbra  como 
aífjrma  Fr.  Manoel  de  Sá  nas  Mem.  HiJIor. 
dos  lifcrit.  Portug.  da  Ordem  de  N.  S.  do  Carmo 
pag.  27.  n.  58. 

Vida  de  Santo  Alberto  Paíriarcha,  e  de  Santo 
Angelo  Mártir.  M.  S. 

Efcrcvcm  de  D.  Fr.  Angelo  Pereira,  Fr. 
Marcos  António  de  Alegre  de  Cafanate  ín 
Parad.  Carmel,  Decor.  Stat.  5.  yfvftas  17.  cap.  30. 
pag.  45).  Fr.  Manoel  Rom.  LUucid.  foi.  )X4. 
Fr.  Thom.  de  Faria  Decad.  i.  lib.  5.  cap.  9.  Fr. 
Daniel  à  Virg.  Mar.  in  Spec.  Carmel.  2.  part. 
Tom.  2.  lib.  5.  pag.  210.  n.  5166.  et  pag.  1085. 
n.  5799.  Fr.  Diogo  de  Corea  Maldon.  Chron. 
dei  Carm.  lib.  12.  cap.  12.  e  i).  Sampayo  Noh. 
Portug.  cap.  9.  pag.  no.  Coft.  Corog.  Portug. 
Tom.  5.  lib.  2.  Traft.  8.  cap.  47.  pag.  624.  e  o 
Padre  D.  Manoel  Caet.  de  Souf.  Catb.  Hift. 
dos  Arceb.  e  Bifp.  Portug.  p.  112. 

P.  ANGELO  DOS  REYS  naceo  em  hum 
lugar  do  Certaõ  da  Bahia  em  o  aimo  de  1664. 
Sendo  de  17.  annos  entrou  na  Companhia 
de  Jefus  no  Collegio  da  Bahia  a  18.  de  No- 
vembro de  168 1.  onde  fez  a  ProfiíTaõ  do  quarto 
voto  a  15.  de  Agofto  de  1699.  ^^Y  Meftre  de 
humanidades,  Filofofia,  e  Theologia  nos 
CoUegios  da  Bahia,  e  Rio  de  Janeiro,  e  hum 
dos  celebres  Pregadores  do  feu  tempo,  cuja 
arte  aprendeo  do  Oráculo  da  eloquência 
Ecclefiaílica  o  infigne  Vieyra,  de  quem  foy 
muitos  annos  Amanuenfe.  Obfervou  exac- 
tamente a  pobreza  religiofa,  e  taõ  moderado 
fe  moílrou  na  fortuna  profpera,  como  conf- 
tante  na  adverfa.  Por  fer  muito  verfado  na 
Hiftoria  Secular,  e  Ecclefiaílica  o  elegeo  a 
Academia  Real  por  feu  Collega  Supranu- 
merário. Ao  tempo  que  apoílolicamente 
difcorria  pelo  certaõ  de  Cana  Brava  exer- 
citando o  miniílerio  de  MiíTionario  paíTou 
a  melhor  vida  em  21.  de  Dezembro  de  1725. 
com  59.  annos  de  idade,  e  42.  de  Religião. 

Dos  muitos  Sermoens  que  em  diverfas 
Feílividades  pregou  com  grande  applaufo 
fomente  fe  imprimirão  os  feguintes. 

Sermão  da  Keflaura^aõ  da  Bahia  pre- 
gado   na    Sè    da    mefma    Cidade    em    Ma    dos 


17 


178 

Apojlolos  S.  Filippe,  e  S.  Tiago  Lisboa  por 
Miguel  Manefcal  Impreflbr  do  Santo  Officio 
1706.  4. 

Sermão  da  Canonização  do  grande  Apoftolo  do 
Oriente  S.  Francifco  Xavier  pregado  no  dia  da 
mejma  Fejia  no  Collegio  do  Rio  de  Janeiro.  Lis- 
boa por  Valentim  da  Coíla  Deslandes  1709.  4. 

Sermão  de  N.  S.  de  Be/km  pregado  no  Semi- 
nário do  me/mo  nome,  e  na  primeira  Outava  do 
Natal  no  anno  de  171 6.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ  171 8.  4. 

Sermão  da  Soledade  da  Mãy  de  Deos  pregado 
na  Sè  da  Bahia  no  anno  de  171 8.  Lisboa  pelo 
dito  Impreflbr  171 9.  4. 

ANNA  DA  FONSECA  naceo  na  Villa 
de  Celorico  da  Provinda  da  Beira  com  igual 
génio  para  as  virtudes,  como  para  as  Artes  li- 
beraes.  Triumfando  da  fragilidade  do  fexo,  e 
ainda  da  mefma  idade  fahio  taõ  perfeitamente 
inftruida  na  lingua  latina,  e  em  todo  o  género 
de  erudição  fagrada,  e  profana,  que  era  vene- 
rada por  huma  Sibilla  do  feu  Século.  Conhe- 
cendo a  inftabilidade  das  delicias  mundanas  fe 
auzentou  da  cafa  de  feu  Pay  Fernaõ  Gonçal- 
ves Cabral  para  o  Convento  de  Cellas  jun- 
to a  Coimbra,  onde  profeflbu  o  inílituto 
Ciftercienfe.  Nefta  Sagrada  Efcola  prati- 
cou aquellas  virtudes  dignas  de  huma  Ef- 
pofa  de  Chrifto  com  as  quaes  fervia  de 
exemplar  a  duas  Irmãas  Religiofas  no  mef- 
mo  Convento  para  que  foflem  fuás  imita- 
doras. Todo  o  tempo  que  lhe  fobejava  da 
contemplação  da  pátria  celeílial,  o  dedi- 
cava à  Liçaõ  dos  Santos  Padres,  e  Autho- 
res  afceticos,  donde  extrahia  doutrinas  para 
compor  algumas  obras  efpirituaes,  como  foraõ 
Varias  Homilias. 

Efcritas  elegantemente  na  lingua  latina 
que  igualmente  refpiravaõ  amor  da  virtu- 
de, e  ódio  do  pecado,  das  quaes  grande  parte 
fe  confervava  em  poder  de  feu  Pay  em  quan- 
to viveo. 

DONA  ANNA  DE  LIMA  naceo  em 
Lisboa,  Irmãa  daquelle  celebre  Heroe  D. 
Paulo  de  Lima,  que  com  as  fuás  admirá- 
veis façanhas  aflbmbrou  a  todo  o  Orien- 
te, e  filha  herdeira  de  D.  António  de  Lima 
Senhor  de   Caftro  Dairo,   e   de  Dona  Ma- 


BIBLIO THE  CA 


ria  de  Vilhena  filha  de  Chriftovaõ  de  Mello 
herdeiro  da  Ilha  de  S.  Thomè.  Foy  cazado 
com  D.  António  de  Attaide  primeiro  Conde 
de  Caftro  Dairo,  e  5.  Conde  da  Caftanheira, 
Alcayde  Mòr  de  CoUares,  e  Guimaraens,  de 
quem  teve  numerofa  defcendencia.  Augmen- 
tou  as  luzes  do  feu  claro  nacimento  com  os 
rayos  das  fciencias  em  que  foy  muito  perita 
principalmente  na  cultura  da  Poefia,  em  que 
podia  fer  venerada  por  decima  Mufa  com- 
pondo com  affluencia  difcriçaõ,  e  elegância. 
Varias  Poejias  Portugue:(as 
As  quaes  louva  com  grandes  elogios 
Manoel  de  Faria  e  Soufa  no  Catalog.  dos 
A. A.  Vortuguer^es,  cujo  original,  que  nun- 
ca fe  imprimio,  que  he  muito  differente  de 
que  eflà  no  Epit.  das  Hift.  Portug.  temos 
lido,  e  examinado. 

ANSELMO  CAETANO  MUNHOS  DL 
ABREU  GUSMAM,  E  CASTELLO-BRAN- 
CO  natural  da  Villa  de  Soure  na  Província 
da  Beira  do  Bifpado  de  Coimbra,  e  filho  do 
Doutor  António  Munhós  de  Abreu  formado 
na  Faculdade  dos  Sagrados  Cânones,  e  de 
Simoa  Godinha  da  Roza.  Inftruido  nos  ru- 
dimentos da  Latinidade  paliou  à  Univer- 
fidade  de  Coimbra  onde  fe  applicou  à  Sden- 
cia  da  Medicina  na  qual  recebeo  as  infignias 
doutoraes  com  applaufo  de  todos  os  Mef- 
tres.  Naõ  o  mereceo  menos  quando  a  exer- 
citou praticamente  nefl^  Corte  elegendo  o 
por  feu  Medico  o  ExceUentiflimo  Duque 
de  Aveiro  D.  Gabriel  Ponce  de  Leon.  He 
ornado  de  feliz  memoria,  noticia  das  linguas 
mais  polidas  da  Europa,  e  naõ  menos  verfado 
na  Uçaõ  dos  Santos  Padres,  fagrada  Bí- 
blia, difciplinas  Mathematicas,  e  mifterios 
occultos  da  Chimica,  de  que  he  argumento 
a  obra  feguinte  que  pubUcou  com  efte  ti- 
tulo. 

Ejinaa,  ou  applicaçaõ  do  entendimento  fobre 
a  pedra  Filofofal  provada,  e  defendida  com  os 
mejmos  argumentos  com  que  os  Padres  Athanajio 
Kircher  no  feu  Mundo  fubterraneo,  e  Fr.  Jero- 
nymo  Bento  Feijoo  no  feu  Theatro  Critico  conce- 
dendo a  pojfibilidade  negaõ,  e  impugnaõ  a  exif- 
tencia  dejle  raro,  e  grande  mijlerio  da  Arte  Magna 
Part.  I.  Lisboa  por  Maurício  Vicente  de 
Almeyda.  1732.  4. 


L  USITAN A. 


179 


Varte    z.    Lisboa   pelo  dito  impreíTor. 

1733-  4- 

Oráculo    Propbetico    Prologomeno    da    Terá- 

tohgia,  ou  Hijioria  prodiffofa  tm  qi4t  Jt  dâ  com- 
eta noticia  de  todos  os  Monjlros  compoflo  para 
ffmfujaõ  de  Veffoas  ignorantes,  fatisfaçaõ  de  ho' 
mtfis  fabios,  extermínio  de  Propbecias  f alfas,  e 
M>licaçaÕ  de  verdadeiras  Propbecias.  Lisboa 
pelo  dito  ImprclTor  1735.  4. 

Vieyra  abbreviado,  em  cem  Difcurfos  Mo- 
Hts,  e  Poli  ticos  dividido  em  dous  Tomos.  Tom. 
I,    Lisboa  pelo  dito  Imprcflbr.  1753.  8. 

Eíla  obra,  que  fe  principiou  a  imprimir, 
e  naõ  fe  continuou  coníla  por  ordem  Alfa- 
bética de  todas  as  máximas  moracs,  e  po- 
Htícas,  que  eílaõ  difperfas  pelos  Sermoens 
èo  P.  António  Vieyra  os  quaes  tinha  o  Au- 
thor  dcUa  taò  fixos  na  memoria,  que  toda 
a  contextura  he  compoíla  das  palavras  do 
mefmo  Vieyra  parecendo  mais  obra  delle, 
do  que  do  abbreviador  dos  feus  incompará- 
veis Difcurfos. 

Com  o  fupoílo  nome  de  Moníieur  Roberto 
Wainger  publicou. 

Onomatopeia  Oannenfe,  ou  Annedotica  do 
hionfiro  Amphibio,  que  na  memorável  noite  de  i/[. 
para  1$.  de  Outubro  do  prefente  anno  de  1732. 
ãpareceo  no  mar  Negro,  e  fahindo  em  terra  f aliou 
âos  Turcos  de  Confiantinopla  (ò>'c.  Lisboa  por 
Mauricio  Vicente  de  Almeyda.  1732.  4. 

Com  o  nome  de  Vafco  de  Mendanha 
Coelho  publicou. 

Vida,  nacimento,  e  morte  de  X.  dato 
Famineis.  Oferecido  ao  muito  Generofo  Se- 
nhor Cartapacio  de  Géneros.  Lisboa  por 
Pedro  Ferreira  ImpreíTor  da  AuguftiíTmia 
Rainha.  1733.  4.  He  hum  difcurfo  Medi- 
co acerca  de  hum  monítro  compofto  de 
dous  Corpos  Femininos,  que  pario  em  Lis- 
boa em  o  I.  de  Outubro  de  1732.  huma 
Preta. 

Com  os  nomes  de  André  Paulino,  e  Mar- 
cos Valentim  publicou. 

Efcudo  Apologético  contrapojio  aos  gol- 
pes do  De/cuido  Critico  compofio  pelos  fapi- 
tntijfimos  dous  Cenfores  de  X.  dato  Fami- 
neis Collegiaes  do  antigo  Collegio  de  Gejlas  (ò^c. 
Lisboa  por  Mauricio  Vicente  de  Almey- 
da 1733.  4. 
Com  o  nome  de  Jorge  Martins. 


Hifloria  Galhga,  em  que  fe  dá  rela^aõ,  t  ver- 
dadeira noticia  das  celebres  Peflas  de  hum  Noi- 
vado a  que  ajftfliraõ  Gonçalo  d»  Pó,  $  Gil  Noivo 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1754.  4. 

SaÕ  humas  redondilhas  de  pé  quebrado 
com  hum  commento  em  proza. 

Fr.  ANSELMO  XUQUER.  Nacco  cm 
Lisboa  fendo  filho  de  Joaõ  Xuquer  Alcmaõ, 
e  Luiza  Freyre  Portugueza.  Depois  de  inT- 
truido  nos  primeiros  rudimentos  de  que  era  ca- 
paz a  fua  idade,  foy  admitido  ao  habito  Regu- 
lar da  Ordem  de  Chriílo  no  Real  Coavento 
de  Thomar  a  2.  de  Fevereiro  de  1 599.  onde  fez 
admiráveis  progreíTos  na  praâica  das  virtudes, 
e  na  comprehenfaõ  das  fciencias  principal- 
mente nas  letras  humanas,  e  Poefia.  No  Real 
Convento  da  Villa  de  Thomar,  Cabeça  dcíla 
Militar  Ordem  leo  com  geral  applaufo  naõ 
fó  aos  domeílicos,  mas  ainda  aos  eílranhos 
Grammatica,  Rhetorica,  Poeíia,  c  Filofofia. 
A  fuavidade  do  génio,  e  a  inteirefa  da  vida  o 
faziaõ  a  todos  fummamente  amável,  e  ainda 
quando  tinha  idade  muito  proveâa  nunca 
era  faíUdiofa  a  fua  communicaçaõ.  Occupou 
na  fua  Religiofa  Familia  os  lugares  de  Prior 
no  Collegio  de  Coimbra,  de  Viíitador  Geral, 
e  perpetuo  Deíinidor.  Conhecendo  a  Magcf- 
tade  delRey  D.  Joaõ  o  IV.  a  grande  prudência 
de  que  era  ornado,  o  nomeou  Secretario  da 
Embaxada,  que  em  feu  nome  mandava  dar 
por  Rodrigo  Botelho  à  Rainha  de  Suécia. 
Depois  de  difcorrer  com  o  Embaxador  grande 
parte  de  Alemanha  entrou  em  Colónia  onde 
aíTiftia  por  Núncio  Apoílolico  Fábio  Chifio, 
e  como  eíle  Prelado  era  grande  eítímador 
dos  homens  eruditos  contrahio  com  Fr.  An- 
felmo  taõ  eílreita  amizade,  que  o  levou  na 
fua  companhia  a  Roma,  e  de  tal  forte  con- 
fervou  com  elle  efta  affefhiofa  correfponden- 
cia,  que  fendo  fublimado  ao  Sólio  do  Va- 
ticano com  o  nome  de  Alexandre  VH.  lhe 
efcrevia  a  Portugal  com  as  mayores  demõf- 
traçoens  de  benevolência.  Reílituido  ao 
Convento  de  Thomar  ainda  que  opprimido 
de  infirmidades,  e  annos  paíTava  o  tempo 
fempre  occupado  nas  fuás  litterarias  appli- 
caçoens,  que  interrompeo  a  morte  em  13. 
de  Junho  de  1663.  quando  excedia  a  idade 
de  90.  aimos.    Na  Livraria  do  Convento  de 


i8o 


BIB  LIOTHE  CA 


Thomar   fe    confervaõ    M.    S.    com   grande 
fentimento  dos  eruditos  as  obras  feguintes. 

De  Pariu  Virginis  Deipara  libri  12.  Com- 
poílos  em  verfo  elegantiíTimo. 

Tragadia  S.  Catherina  Martyris  Alexan- 
drina.  Em  verfos  Jambos. 

Diverjorum  Poemafum  liher. 
Adágios  Portuguei^es  vertidos  em  L.atim 

KelaçaÕ  da  pri^^aõ  em  Alemanha  do  SereniJ- 
Jimo  Infante  D.  Duarte  irmaõ  delRej  D.  Joaõ  o  IV. 
e  fua  morte  em  Milaõ,  e  do  que  ohráraõ  os  Portu- 
guefes  para  o  rejiituirem  ã  fua  liberdade. 

Griphos,  e  enigmas  explicados.  Efte  livro 
confervava  em  feu  poder  Gafpar  de  Faria 
Severim  Secretario  das  Mercês. 

Officium  S.  Jo^ieph  B.  V.  Sponfi.  O  Author 
o  dedicou  a  Alexandre  VIL  por  lhe  ter  pedido 
o  compuzeíTe. 

Delle    faz    memoria    no    feu    Enthujiafmo 
Poético  n.  169.  o  P.  António  dos  Reys. 
Nec  Te  quod  multis  aliis  contingere  vidi, 
(Non  tamen  his  l^ufis  irafcens)  Xuqpiere  Phabus 
Ignis    ut    expertem    facri    de    Monte    fugavit, 
Kidendumque  dedit  Mujis,  fed  culmen  adire 
Mifcerique     choris    veniens  concejftt    in  avum. 

Fr.  ANTAM  DE  FARIA.  Naceo  na 
Cidade  de  Lisboa  no  anno  de  1655.  e  foy  filho 
de  Antaõ  de  Faria  da  Sylva,  e  neto  de  Francifco 
de  Faria  Alcayde  mór  de  Palmella.  Apren- 
didas as  letras  humanas  elegeo  entre  todas  as 
Religioens  a  do  grande  Patriarcha  faõ  Bento 
recebendo  o  Habito  Monachal  no  Con- 
vento de  Tibaens  a  27.  de  Abril  de  1675. 
quando  contava  20.  annos  de  idade.  Nos 
Efhidos  Efcholaílicos  fahio  taõ  iníigne,  que 
mereceo  fer  laureado  na  Univeríidade  de 
Coimbra  com  as  iníignias  doutoraes  em  a 
Faculdade  de  Theologia.  Sendo  Provizor 
do  Bifpado  do  Porto  tomou  poífe  deíla  Mi- 
tra a  17.  de  Outubro  de  1709.  em  nome  do 
ExcellentiíTimo,  e  ReverendiíTimo  Senhor 
D.  Thomaz  de  Almeyda  hoje  Cardial  Patriar- 
cha, para  a  qual  fora  promovido  da  Cathedral 
de  Lamego.  Os  feus  merecimentos  o  fizeraõ 
digno  de  naõ  fomente  governar  a  fua  Mo- 
naftica  Congregação  no  anno  de  171  o.  mas 
fer  propoíto  para  Bifpo  do  Rio  de  Janeiro, 
e  Coadjutor  do  Arcebifpo  Primaz  Ruy  de 
Moura  Telles.    Morreo  no  Convento  de  Ti- 


baens a  19.  de  Junho  de  1721.  outavo  dia  da 
Feíla  do  Corpo  de  Deos,  de  cujo  amorofo 
Myfterio  foy  cordial  devoto.     Compoz. 

Manifejlo  das  prendas,  que  para  Paji  commum 
da  Religião  Monaflica  de  S.  Bento  fe  achaõ  no 
P.  Fr.  Vicente  dos  Santos  D.  Abbade  Geral 
fegunda  vev^  por  geral  aclamarão  do  Capitulo, 
que  fe  celebrou  em  o  anno  de  1686.  no  Convento 
de  Tibaens.  Cujo  Original  conferva  em  feu 
poder  o  P.  Pregador  Geral  Fr.  Marcelliano 
da  Afcençaõ  Monge  Beneditino,  a  quem 
devemos  efta  noticia,  como  outras  muitas 
da  fua  Religião,  em  que  he  profundamente 
verfado. 

Fr.  ANTAM  GALVAM  naceo  na  Villa 
de  Torraõ  da  Diocefe  de  Évora  na  Província 
do  Alentejo.  Teve  por  Pays  a  Joaõ  Aíartins 
Galvaõ  Alcaide  mòr  da  Villa  do  Torraõ,  e  a 
Izabel  Pires  Soares  de  igual  nobreza  à  de  feu 
conforte.  ProfeíTou  o  habito  de  Eremita  de 
Santo  Agoílinho  no  Convento  de  Évora  a  2  de 
Janeiro  de  1583.  Foy  ornado  de  hum  engenho 
admirável  com  que  brevemente  naõ  fó  compre- 
hendeo  a  lingua  Latina,  mas  a  Grega,  e  He- 
braica. Naõ  teve  menor  intelligencia  pa- 
ra penetrar  as  fciencias  mayores  recebendo 
na  Univeríidade  de  Coimbra  o  Grào  de  Dou- 
tor em  Theologia  em  16.  de  Junho  de  1596. 
na  qual  foy  Lente  de  Efcritura  por  oppoíiçaõ, 
e  fentença  do  Confelho  delia  em  17.  de  No- 
vembro de  1601.  Nefte  minifterio  encheo  as 
obrigaçoens  de  iníigne  Cathedratico  concor- 
rendo a  ouvillo  naõ  fó  os  profeílores  deíla  fa- 
culdade, mas  ainda  do  Direito  Pontifício,  e 
Cefario,  de  tal  forte,  que  fendo  muito  ampla  a 
Aula,  era  limitada  para  o  concurfo  dos  ouvin- 
tes dezejando  todos  ferem  difcipulos  da  fua 
doutrina,  entre  os  quaes  fe  pôde  nomear  o 
IlluftriíTimo  D.  AíFonfo  Furtado  de  Mendoça 
entaõ  Reytor  da  Univeríidade,  e  depois  Ar- 
cebifpo de  Braga,  e  Lisboa,  a  quem  particu- 
larmente explicou,  por  aíTim  lho  pedir  efte 
Prelado,  os  Pfalmos  de  David  com  igual 
efpirito  que  fciencia.  Morreo  em  Santarém 
a  20.  de  Setembro  de  1609.  com  grande  fen- 
timento da  Univeríidade  por  perder  humi 
Varaõ,  como  dizem  Fr.  António  da  Nativi"^ 
dade  nos  Mont.  de  Cor.  Mont.  3.  Cor.  unic.'^ 
n.    303.    muito    major,    que   a  fama,    que  juf 


à 


L  USITANA. 


i8i 


tametile  alcançara,  e  Fr.  Thomaz  de  Faria 
/////.  Dec.  I.  lib.  9.  cap.  8.  Quem  Deus,  et  na- 
tura oMnihus,  qua  ad  animi  illujlralionem  fpeííant, 
doíihus  cumulaverat.  Semelhantes  elogios  lhe 
fazem  Joan.  Suar.  de  Brito  in  Tbeat.  Ldéfit. 
IJtíerat.  lit.  A.  n.  8j.  Purificac.  Cbron.  da 
Vrovinc.  d»  Port.  dos  Eremit.  de  Santo  Agoft. 
Part.  2.  liv.  7.  Tit.  I.  §.  4.  et  de  Viris  Uluflrib. 
Ord.  Eremit.  lib.  2.  cap.  17.  aíTinandolhe  nef- 
tas  duas  obras  diferente  dia»  e  anno  da  morte, 
e  ultimamente  o  P.  Fr.  Manoel  de  Figuei- 
redo no  Fios  Sana.  Augujl.  Tom.  4.  pag.  135. 
Deixou  M.  S. 

Commentaria  in  Prophetas  Minores 
Sermoens  vários  1.  Tom. 

Na  Via  Sacra  do  Collcgio  dos  Eremi- 
tas de  Coimbra  tem  efte  elogio. 

Fr.  Antonius  Gahanus  Doííor  T/jeo/o^us  latina, 
Graça,  et  Hebraica  lingua  peritifjimus  in  Conim- 
bricenji  Academia  Vefperariam  Sacra  Pagina 
catbedram  feptenio  rexit.  Ohiit  Quinquagenarius 
20.  Sept.  anno  Domini  1609. 

Fr.  ANTAM  DE  GUIMARAENS  cujo 
appellido  denota  a  pátria  onde  naceo  como 
he  coílume  obfervado  dos  Religiofos  Meno- 
res da  reformada  Província  da  Piedade, 
onde  profeíTou  efte  inftituto  florecendo  en- 
tre os  feus  domefticos  na  obfervancia  da 
difciplina  regular,  pela  qual  mereceo  quando 
era  Cuftodio,  que  o  Geral  de  toda  a  Ordem 
Seráfica  Fr.  Bernardino  de  Sena,  que  depois 
foy  Bifpo  de  Vifeu,  o  elegeíTe  Vifitador 
da  Provinda  de  Santo  António,  cujo  minif- 
terio  executou  com  admirável  prudência. 
Naõ  foy  menor  a  que  exercitou  quando 
em  50.  de  Janeiro  de  1639.  ^oy  eleito  Provin- 
cial com  univerfal  aclamação  de  domefticos, 
e  eftranhos.  Vivia  pelos  annos  de  1645. 
conforme  efcreve  Fr.  Manoel  de  Monfor- 
te na  Chron.  da  Provinc.  da  Piedad.  liv.  4. 
cap.  57.  §.  I.  e  liv.  5.  cap.  10.  §.  i.  Como  era 
muito  perito  nas  Ceremonias  Eccleíiafticas 
compoz  por  preceito  dos  Superiores. 

Ceremonial  da  Provinda  da  Piedade  com  huma 
explicação  das  Rtéricas  do  Miffal  Romano.  Bra- 
ga por  Gonçalo  do  Bafto.  1637.  4. 

Fr.  ANTAM  DE  JESUS  ReUgiofo 
profeíTo  da  Sagrada  Ordem  dos  Eremitas  de 


Santo  Agoílínho  da  Congregação  da  índia 
Oriental.  Por  Ter  muito  verfado  no  eíhido 
da  filAoria  Ecclefiaílica,  e  principalmente 
dos  progreflbs,  que  os  feus  companheiros 
tinhaô  obrado  no  Oriente  em  beneficio  da 
Chriftandade.   ETcteveo. 

Tratado  de  algumas  coufas  memoráveis  até 
a  fundação  do  Convento  de  GorgiftaÕ.  Deíla  obra 
ainda  permanecem  alguns  Cadernos  truncados- 
no  Convento  de  Goa. 

Fr.  ANTAM  DE  LISBOA  natural  da 
Cidade  do  feu  appellido.  Recebeo  a  Cogulla 
Ciílercienfe  do  Melliíluo  Doutor  S.  Bernardo 
no  Real  Convento  de  Alcobaça  em  cuja  paleftra. 
aprendeo  as  virtudes  em  que  foy  eminente,  e  as 
letras  em  que  fahio  confumado,  principal- 
mente nas  Sagradas,  do  que  he  teftemunho 
hum  grande  volume,  que  compoz  dividido 
em  duas  partes,  que  fe  conferva  na  Livraria 
do  mefmo  Convento,  onde  profeflbu,  fendo» 
a  primeira  efcrita  em  latim,  e  confta. 

De  captivitate,  ac  difperjione  Judaorum  Aí. 
S.  A.  z  em  Portuguez  tratando. 

Da  vida,  e  acçoens  dos  antigos  Profetas.  Aí.  S. 

ANTAM  DE  MESQUITA  Natural  de 
Lisboa  filho  de  Joaõ  de  Figueiroa,  e  D.  Helena 
de  Payva.  Depois  de  eflar  inftruido  nas  letras 
humanas  paftbu  à  Univerfidade  de  Coimbra 
onde  fez  tantos  progreftbs  na  faculdade  do 
Direito  Pontificio,  que  recebendo  as  infignias 
doutoraes,  foy  admitido  ao  Collegio  de  S.  Pe- 
dro a  21.  de  Fevereiro  de  1 592.  A  grande  pru- 
dência, e  adividade,  que  tinha  para  os  negócios 
mais  árduos  o  fizeraõ  digno  de  fer  mandado 
por  Secretario  do  Eftado  da  índia  Oriental^ 
onde  naõ  fomente  exercitou  efte  lugar,  e  o 
de  Juiz  dos  Feitos  da  Coroa,  e  Fifco  Re- 
al, mas  com  exemplo  poucas  vezes  pradi- 
cado  fendo  fecular  foy  eleito  Deputado  da 
Inquifiçaõ  de  Goa,  de  que  tomou  pofle  a 
26.  de  Janeiro  de  1605.  Adminiftxadas  taõ 
diverfas  incumbências  com  grande  inteireza 
voltando  ao  Reyno  fendo  Dezembargador 
da  Cafa  da  Supplicaçaõ  a  22.  de  Agofto  de 
1630.  e  Ouvidor  do  Crime  a  20.  de  Julho  de 
1633.  e  nunca  Dezembargador  dos  Aggra- 
vos,    como    efcreve    o    Doutor    Manoel    da 


l82 


BIB  LIO  THE  CA 


Sylva  Pereira  Leal  no  Cathal.  Cronol.  dos  Col- 
Jeg.  do  Colleg.  de  S.  Ped.  §.31.  Deftes  lugares 
exercitou  outros  mayores,  como  foraõ  Chan- 
celler  das  Ordens,  Deputado  da  Meza  da 
Confciencia,  e  Ordens,  e  ultimamente  Dezem- 
bargador  do  Paço,  atè  que  falleceo  na  fua 
Pátria  em  o  anno  de  1639.  Ordenou  no  Teíia- 
mento  com  que  falleceo,  a  feu  filho,  Joaõ  de 
Mefquita  <ie  Figueiroa  Dezembargador  da 
Cafa  da  Supplicaçaõ  Fidalgo  da  Cafa  Real 
Commendador  de  Guntiaens,  e  Vallada  na 
Ordem  de  Chriílo,  e  Alcayde  môr  de  Almeyda, 
que  imprimiíTe  as  obras,  que  tinha  compofto, 
mas  a  intempeíliva  morte  do  filho  privou 
igualmente  defta  gloria  ao  Pay,  como  a  toda 
a  Republica  litteraria;  fendo  ellas. 

Hijloria  militar  de  Chrijlo  volume  grande 
M.  S. 

Difcurfo  fobre  a  melhor  expedição  das  Nãos  da 
índia,  e  da  carga  da  Pimenta.  M.  S. 

Eftes  dous  Tomos  confervava  na  fua  Se- 
ledHíTima  Livraria  o  Chantre  de  Évora  Manoel 
Severim  de  Faria,  de  que  fazia  grande  eíli- 
maçaõ. 

P.  ANTAM  DE  PROENÇA,  naceo  em 
o  lugar  de  Remela  do  Bifpado  da  Guarda  de 
Pays  Nobres  chamados  Pedro  Oforio,  e  Luiza 
Oforio  da  Fonfeca.  Ainda  tinha  pouca  idade 
quando  foy  eíludar  ao  Collegio  da  Madre  de 
Deos  fituado  em  Évora  fundado  por  feus  Pro- 
genitores, e  fez  na  Filofofia  taes  progrellos, 
que  recebeo  o  Grào  de  Bacharel  nefta  Facul- 
dade. Quando  contava  19.  annos  fe  aliílou 
na  Companhia  de  Jefus  em  o  Collegio  Ebo- 
xenfe  a  13.  de  Julho  de  1643.  Dezejofo  de 
pregar  o  Evangelho  nas  remotas  Regioens 
do  Oriente  partio  no  anno  de  1647.  para 
taõ  fagrada  empreza,  a  qual  dezempenhou 
como  do  feu  apoílolico  zelo  fe  efperava 
fendo  o  theatro  das  fuás  fadigas  o  Reyno  de 
Madure,  onde  na  Província  de  Paleaõ,  e 
na  refidencia  de  TricherapaUi  bautizou  mil 
trezentos  e  cincoenta  e  fete  Gentios.  Com 
inviâa  conílancia  tolerou  as  afrontas  machi- 
nadas  pelo  ódio  dos  Jogues  Meftres  da  fa- 
crilega  crença  daquelles  bárbaros  fervindo 
todas  ellas  perfeguiçoès  de  purificar  mais  as 
fuás  folidas  virtudes.  Atenuado  com  o  conti- 
nuo trabalho  da  inftrucçaõ  dos   Cathecume- 


nos,  e  ainda  naõ  convalecido  de  huma  grave 
infermidade  recahio  em  outra,  que  o  pri- 
vou da  vida  na  Refidencia  de  Totiaõ,  em  o 
Reyno  de  Madure  a  14.  de  Dezembro  de 
1666.  As  fuás  exéquias  foraõ  folemniza- 
das  com  muitas  lagrimas  dos  Chriílãos  que 
tresladando  o  feu  Cadáver  depois  de  fepul- 
tado  vinte  e  fete  dias,  foy  achado  incor- 
rupto, e  taõ  flexível,  como  fe  eftiveíTe  vivo. 
Efcreveo. 

Cinco  Kelaçoens  dos  fucejfos  da  Miffaõ  de 
Madure  dos  quaes,  e  de  feu  Author  faz  larga 
mençaõ  o  Padre  António  Franco  Imag.  do 
Coll.  de  Evor.  lib.  4.  cap.  i.  2.  et  3.  e  no  Ann. 
Glor.  S.  J.  in  L,ujit.  p.  738. 

ANTAM  ZURITA  cuja  pátria,  e  género  de 
vida  ignoramos,  verteo  da  Hngua  Franceza  de 
Honorato  Boget  Provençal  Doutor  em  Direito 
Canónico,  na  lingua  Portugueza  no  anno  de 
1441. 

Arvore  de  Batalhas  dedicado  a  ElRey  de 
França.  Huma  copia  defta  traducçaõ  efcrita  em 
letra  gótica  fe  conferva  M.  S.  na  Bib.  do  Excel-  , 
lentiíTimo  Conde  da  Ericeira,  dedicada  a  D.  Ini- 
go  Lopes  de  Mendoça  Marquez  de  Cantillana.  , 

SOR  ANTÓNIA  BAUTISTA  ReUgiofa 
profeíla  no  Seráfico  Convento  da  Efperança 
de  Villa-Viçoza  da  Provinda  dos  Algarves.  ji 
Foy  taõ  obfervante  do  feu  inftituto,  como 
applicada  à  Uçaõ  da  íiiftoria,  e  Arte  da  Poefia 
produzindo  o  feu  grande  talento  fazonados 
frutos  em  hum,  e  outro  eftudo.  Para  eternizar 
a  memoria  do  Convento  de  que  era  filha,  e  as 
virtudes  das  Religiofas  fuás  Irmãas,  compoz 
com  eftilo  claro,  e  fincero. 

Fundação  do  Mofieiro  de  N.  S.  da  Efperança 
de  Villa-Viço:(a,  cuja  obra  appr ovada  no  anno 
de  1657.  pelo  Vigário  Provincial  Fr.  Joaõ  Pe- 
reira, e  revifta  pelos  Meftres  Fr.  Manoel  da 
Madre  de  Deos,  e  Fr.  Roque  da  Trindade  eíla- 
va  prompta  para  a  ImpreíTaõ.  Divide-fe  em 
3.  partes;  a  i.  trata  da  fundação  do  Convento 
em  16.  capítulos:  a  2.  intitulada  Flores  da  Efpe- 
rança de  Villa-Viçof^a  relata  as  virtudes  de 
muitas  Religiofas  Veneráveis  daquella  Cafa,  e 
confta  de  26.  capítulos.  A  3.  efcreve  a 
Vida,  Revelações,  e  Milagres  da  V.  M. 
Maria    das    Chagas    em    17.    capítulos.     He 


L  USITANA. 


i83 


ledlcada    a    obtl    à   Virgem    SandíTima,    e 
<  )níla  a  Dedicatória  de  6.  Outavas,  das  quaes 

I  ninfcrevercmos   a   primeira   par»   fe   ver  a 

luav idade  métrica  da  Authora. 

A  H  Madre  de  Grada,  y   Virgen  Pura 
Ab  initio  creada  dei  que  quifo 
formar  una  tan  bella  creatura 
Corno  puerta  dei  mi/mo  Parai/o: 
Tu  que  librafle  de  prijion  tan  dura 
Al  hombre,  poríj  en  ti  Dios  hombre  fe  hizo, 
Dante  tu  auxilio  oy  porque  fe  arguya 
Que  amparas  efla  obra  como  titya, 

D.  ANTÓNIA  DE  S.  CAETANO  naceo 
em  Lisboa,  c  foy  filha  do  Doutor  Francifco 
Qbraõ  Medico  da  Camará  dclRcy  D.  Affonfo 
VI.  Cavíillciro  profcíTo  da  Ordem  de  Chrifto, 
c  de  D.  Ignacia  de  Freitas.  Na  primavera  dos 
annos  fc  dedicou  ao  Divino  Efpofo  no  Con- 
vento de  Chellas  diftante  huma  legoa  de  Lis- 
boa onde  profeíTou  o  inílituto  de  Conega 
Regrante  de  Santo  Agoílinho  a  17.  de  Outu- 
bro de  1659.  Foy  ornada  de  entendimento 
perfpicaz,  e  de  memoria  taõ  admirável  que 
em  obfequio  do  Evangeliíla  Amado  de  quem 
era  cordial  devota  decorou  todo  o  Evangelho, 
e  Apocalypfe  defte  grande  Apoftolo  repetindo 

'  fem  interrupção  do  meyo  para  o  fim,  e  do  fim 
para  o  principio.  Teve  particular  génio  para 
.1  Poefia  em  que  fez  varias  obras  de  diferentes 

:  metros  que  moílravaõ  a  elevação  da  fua  Mufa. 

■  Em  todos  os  lugares  da  Religião  que  aceitou 
conílrangida,  adminiftrou  cuidadofa,  fervio 
de  exemplar  às  fuás  companheiras  que  com 
lagrimas  copiofas  lamentarão  a  fua  intem- 
peíliva  morte  fuccedida  a  18.  de  Dezembro  de 

'  1705.  Fazem  delia  honorifica  memoria  Diogo 
Manoel  Ayres  de  Azevedo  Portug.  Illujir.  pelo 
Sex.  Femin.  pag.  89.  n.  29.  e  o  Theatr. 
Heroin.  das  mulheres  Illujir.  Tom.  i.  pag.  88. 
e  o  P.  António  dos  Reys  no  Enthuf.  Poet. 
n.  280.  neftas  vozes. 

'         =      jEv   humili   translata   Antónia    Valle 

\  Quee  dedit,  ut  referunt,  olim  penetralia  Vejla. 
Nunc  Adriane  tibi  cajla  cum  cônjuge  fedem 
Dat     placidam     doai     Montis     tenet     árdua, 

Daphne 
Virgine  cinãa  caput. 

Algumas  obras  poéticas  fe  lem  impref- 
fas  no  livro  intitulado  Ko^ario  do  Santiffimo 


Sacramento  Lisboa  por  Domingos  Gameiro 
1662.  12. 

Decima  em  louvor  da  OrafaÕ  que  na  Academia 
dos  Singulares  recitou  o  Doutor  Jos^è  dê  Paria 
Manoel  a  ly  de  Janeiro  de  1664.  Sahio  00  i. 
tomo  da  Academia  dos  Singulares.  Lisboa 
por  Henrique  Valente  de  Oliveira  1665.  4. 

Cathalogo  dos  Authores  que  efcreveraõ  da 
Hifloria  de  Portugal.  Aí.  S.  de  cuja  obra  £az 
mençaõ  Diogo  Manoel  no  livro  aíTima  ci- 
tado. 

Obras  diverfas  em  pro:(a,  e  verfo,  cujos 
originaes  entregou  Maria  Jozeía  de  Santa 
Thereza  Irmãa  da  Authora  a  Affonfo  Lei- 
tão de  Soufa  como  fe  efcrcve  no  Tbeatro  He- 
roino  pag.  88. 

ANTÓNIA    DE    S.    DOMINGOS    Re- 

ligiofa  profeíTa  no  obfervante  Convento  de 
Aveiro  da  Ordem  dos  Pregadores  onde  foy 
exemplar  de  perfeição  a  fuás  companhei- 
ras. Todo  o  tempo  dedicava  à  contempla- 
ção dos  divinos  atributos,  e  de  tal  forte  fe 
inflamava  no  amor  de  feu  divino  Efpofo, 
que  para  refrigerar  efte  divino  incêndio  def- 
tillava  copiofas  lagrimas.  Conílrangida  pela 
obediência  aceitou  o  lugar  de  Prioreza  dou- 
trinando mais  como  Meílra,  que  governando 
como  Prelada  as  fuás  fubditas.  Padecea 
intoleráveis  dores  com  grande  conformidade,^ 
e  paciência,  até,  que  foy  na  gloria  receber  o 
premio  das  fuás  virtudes.    Efcreveo. 

Vida  da  Venerável  Madre  IjHí^a  do 
Rofario  Religiofa  no  Convento  de  Aveyro  de 
quem  fora  difcipula  no  efpirito,  a  qual  fi- 
cou M.  S.  como  afíirma  Jorge  Cardofo  no 
Agiol.  LmJíí.  Tom.  3.  pag.  709.  no  Commen- 
tario  de  16.  de  Junho  letr.  H.  Da  Authora 
deíla  vida  fazem  memoria  Fr.  Pedro  Mon- 
teiro Clauji.  Dom.  Tom.  3.  p.  163.  e  Fr.  Lucas 
de  Santa  Catharina  Hijl.  de  S.  Domingos  da 
Prov.  de  Port.  Part.  4.  lib.  2.  cap.  15. 

D.  ANTÓNIA  DE  ROXAS,  cuja 
pátria  he  taõ  occulta,  poílo  que  em  huma 
das  fuás  obras  confeíTe  fer  nacida  em  Por- 
tugal, como  clara,  e  manifeíla  a  fua  gran- 
de erudição.  A  fortuna  lhe  deo  illiiíbres 
progenitores,  e  a  natureza  prodigamente, 
a   ornou   de   engenho   agudo,   e   penetrante 


i84 


BIB  LIOTHECA 


<le  tal  modo  que  fendo  Difcipula  de  íi  mef- 
ma  foube  profundamente  inveftigar  os  mif- 
terios  da  Poefia,  e  os  Primores  da  Oratória 
efcrevendo  com  tanta  elegância  em  huma, 
€  outra  arte,  que  arrebatava  as  atençoens  dos 
feus  mayores  profeíTores  merecendo  fer  equi- 
parada as  Segeas,  Horteníias,  Bernardas, 
-e  Violantes,  que  foraõ  do  Parnafo  Luílta- 
no  celebradas  Mufas.  No  eiiado  de  caza- 
da,  e  viuva  nunca  interrompeo  a  continua 
.applicaçaõ  ao  eftudo  das  letras  humanas 
com  que  ornava  as  fuás  eruditas  compoíi- 
■çoens  pelas  quaes  lhe  fez  o  feguinte  elogio 
lium  famofo  Poeta. 

Farey  que  entre  as  fabias  celebradas 
Sejais  hum  Sol  fer  mofo  ao  meyo  dia 
Efcurecendo  a  todas  as  paffadas 
Que  e  terminar  a  fama  per  tendia; 
E  que  do  voffo  canto  namoradas 
As  Nimphas  bellas,  que  o  Tejo  cria, 
Triumfos  foberanos  vos  ofreçaõ 
Que  vivaõ,  e  para  fempre  permaneçaõ. 
Vojfo  raro  faber  tem  admirado 
O  Louro  Apollo  com  turbada  vijla, 
E  no  meyo  do  curfo  eflà  parado, 
Entendendo  haver  quem  lhe  refifla. 
Eo  que  foy  em  Touro  transformado 
Determina  bufcar  nova  conquijla 
Por  ver  que  o  peito  voffo  em  hum  injiante 
Quer  penetrar  feu  globo  rutilante. 
Das  muitas,  e  íingulares  obras  que  compoz 
fomente  vio  o  Tomo  nono  o  P.  Francifco  da 
Cruz  Jefuita,  como  efcreve  nas  Memorias  para 
a   Bibliotheca   Portugueza,   o   qual   continha 
o  feguinte. 

Alivio  de  Trifles.  Obra  fabulofa  dividida 
«m  quatro  partes  em  forma  de  Dialogo  ornado 
de  todo  o  género  de  figuras  rethoricas,  agu- 
deza de  penfamentos,  e  variedade  de  fentenças, 
■entre  as  quaes  eílaõ  muitos  verfos  Portuguezes, 
€  Calielhanos  de  di verfos  metros. 

Egloga  Pajloril  compojla  de  vários  verfos. 
Tragedia  lamentável  dividida  em  féis  lamen- 
taçoens  em  profa,  e  verfo  Portuguez,  e  Caíle- 
Ihano,  com  as  quaes  chora  a  morte  de  feu  filho 
Pedro  de  Vafconcellos,  que  acabou  a  vida  pele- 
jando gloriofamente  no  Oriente  contra  as 
Mouros. 

Diverfas  Cançoens,  eglojfas  Sagradas,  e  profanas. 
Origem    da    Sagrada    Imagem    da    Virgem 


de  Monferrate  cm  proík,  c  verfo.  De  todas 
eílas  obras  faz  memoria  como  da  fua  Authora 
o  Theatr.  Heroin.  de  Molher.  Illujl.  Tom,  i .  pag. 
117.  Floreceo  eíla  Heroina  pouco  depois  da 
fatal  calamidade  da  Batalha  de  Alcácer. 

SANTO  ANTÓNIO  immortal  gloria, 
e  illuftre  brazaõ  do  Reyno  de  Portugal,  e 
particularmente  da  famofa  Lisboa,  que  foy 
o  venturofo  berço  de  taõ  infigne  Thauma- 
turgo  dilatando  mais  vaJftamente  a  fama  do 
feu  nome  com  a  producçaõ  deíle  grande  filho, 
do  que  o  tinha  alcançado  pela  fundação  do 
Capitão  UlyíTes.  No  fauíllífimo  dia  de  15.  de 
Agoílo  confagrado  à  triunfante  AíTumpçaõ 
de  Maria  SantiíTima  do  anno  de  1195.  fahio  à 
luz  do  mundo  eile  brilhante  Aílro  para  com  os 
rayos  da  fua  doutrina  difipar  as  fombras  em 
que  jazia  fepultado.  Empenhoufe  a  natureza 
em  que  os  Pays,  que  o  geraíTem  foííem  iguaes 
à  pátria  em  que  nacera,  concorrendo  para  enno- 
brecer  a  fua  peíToa  a  mais  qualificada  nobreza 
de  Portugal,  França,  e  Efpanha,  fendo  elles 
Martim  de  Bulhoens,  e  D.  Thereza  Taveira 
nobiliflimos  pela  efclarecida  afcendencia  de  feus 
Mayores,  pois  o  Pay  defcendia  daquelle  infigne 
Heróe  Gotfredo  de  Bulhaõ  Duque  de  Lorena, 
e  Rey  de  Jerufalem,  e  a  Mãy  era  da  illuílre 
familia,  dos  Taveiras,  que  os  noílos  Genealo- 
giílas  deduzem  delRey  D.  Fruela  das  Aíhirias 
Pay  delRey  D.  Aifonfo  o  Caílo.  Na  Igreja 
Mayor  elegeo  por  fua  proteâiora  a  Rainha 
dos  Anjos  Tutelar  daquelle  Templo  onde  re- 
cebera a  primeira  graça,  e  occupado  nos 
devotos  miniílerios  do  Altar,  e  Coro  fe 
admirarão  os  progreíTos  dos  feus  eíhidos 
ao  mefmo  tempo,  que  fe  acendiaõ  no 
culto  Divino  os  feus  affedios.  Chegado  à 
idade  de  quinze  annos  já  inílruido  com  as 
primeiras  letras  defprezou  heroicamente  as 
delicias  da  cafa  paterna,  e  fe  dedicou  total- 
mente a  Deos  recebendo  o  habito  Canó- 
nico de  Santo  AgoíUnho  no  Real  Convento 
de  S.  Vicente  fituado  fora  de  Lisboa,  ce-  m 
lebre  pela  fevera  obfervancia  dos  Varoens,  1 
que  o  habitavaõ.  Neíla  fantificada  efcola 
exercitou  com  tal  exceíTo  todas  as  virtudes, 
que  era  venerado  como  Meílre  ao  tempo,  que 
principiava  a  fer  difcipulo  obfervando  exa- 
âamente   a   difciplina  regular  com  aíTombro  '^ 


LUSITANA. 


i85 


c  cnvcja  dos  mais  rigidos  cultores  da  vida  Re- 
ligiofa.   l'cita  a  profUTaõ  folemne  em  que  para 
mais  velozmente  proíeguir  o  caminho  da  per- 
feição  Evangélica   fe   atou   voluntariamente 
tom  a  triplicada  prizaõ  dos  votos,  como  lhe 
{lerturbaTsS  a  quietação,  que  appetecia  o  feu 
li  pi  rito,  as  frequentes  viíitas  de  parentes,  e 
imigos,  Te  retirou  para  o  G>nvento  de  Santa 
(Iruz  de  Q>imbra,  Real  fundação  da  generofa 
jMedade  do  primeiro  Affonfo  de  Portugal,  on- 
de fcparado  do  comercio  humano  voava  com 
acelerados  impulfos  à  mais  fublime  esfera  da 
lantidade.    Nefte  tempo  chegarão  por  difpo- 
liçaò  Divina  a  cftc  celebre  Convento  as  reli- 
ijuias  daqucUcs  heróicos  Toldados,  que  tinhaõ 
derramado  valerofamente  o  fangue  em  obfc- 
<.]uio  de  Chriílo  nas  barbaras  campanhas  de 
Marrocos,  e  como  craõ  as  primicias  dos  fcra- 
licos  ardores  do  Athlantc  da  Igreja  Francifco, 
Ic  lhe  acendco  no  Coração  hum  ardente  dczejo 
c  facrificar  a  vida  nas  aras  do  martyrio  fervin- 
[olhe  de  generofo  eílimulo  aquelles  cinco  He- 
s,  cujas  cinzas  produfiaõ  o  a£tívo  incêndio, 
que  felizmente  fe  abrazava  o  feu  amorofo 
ito.    Para  confeguir  taõ  illuftre  intento  de- 
rminou  receber  o  penitente  habito  de  Frade 
!enor,  e  alcançada  faculdade  de  D.  Joaõ  Cefar 
Prior  daquelle  Real  Convento  mudando  o 
lome  de  Fernando  em  António,  e  a  Murça  de 
goftinho  pelo  Sayal  de  Francifco  fe  confti- 
tuhio  hum  perfeito  exemplar  da  vida  Evangéli- 
ca.  Aliílado  o  heróico  foldado  neíla  nova  mi- 
licia  fe  lhe  excitou  mais  fortemente  o  dezejo  de 
padecer  martyrio,  e  conhecendo  os  Prelados  as 
affe£hiofas  anciãs  do  feu  coração  lhe  concede- 
rão licença  para  que  em  Marrocos  confirmaíTe 
com  o  feu  fangue  as  verdades  da  Religião,  e  os 
triumfos  da  Fè.    Deixada  Coimbra  chegou  a 
Lisboa  aonde  fuperior  a  todos  os  afíeâios  hu- 
manos, e  como  hofpede  do  mundo  naõ  quiz 
vèr  a  feus  Pays,  e  partindo  para  Africa  atra- 
veíTou  com  feliz  fuceíTo  aquella  porçaõ  do  mar 
Occeano  chamado  Athlantico,  e  chegou  breve- 
mente ao  apetecido  termo  das  fuás  anciãs.  Nef- 
ta  adufla  regiaõ  concebeo  mais  a£Hvo  fogo  o 
feu  coração,  porém  huma  grave  infermidade 
o  privou  das  forças  do  corpo,  e  jimtamente 
das  efperanças  de  padecer  o  martyrio  fendo 
obrigado  a  voltar  a  Portugal,  mas  impedido 
novamente  de  huma  furiofa  tempeílade  con- 


tra a  qual  inutilmente  fe  cançava  o  inrrííante 
trabalho  dos  mariantes,  naô  podendo  tomar 
o  rumo,  que  bufcava,  aportou  em  Sicília  onde 
recebendo  noticia  de  que  fe  convocava  Ca- 
pitulo Geral  em  A  íTiz  no  anno  de  1 22 1 .  fe  reíol- 
veo  aíMir  nelle  para  que  os  Prelados  diípu- 
zeflcm  da  fua  obediência.  Ncfte  Venerável  con- 
greíTo  de  toda  a  Familia  Seráfica  vio  a  feu  gran- 
de Patriarcha  S.  Francifco,  que  com  a  fua  pre- 
fença  animava  taõ  immenfo  corpo.   De  AíTiz 
paíTou  a  Bolonha,  e  retirado  ao  Ermo  de  S. 
Paulo  pouco  diílante  do  Convento  de  Emilia, 
paíTava  o  tempo  na  contemplação  da  eternida- 
de.  Ncfta  amável  folidaõ  experimentava  a  fua 
alma  celeíliaes  favores,  e  recebia  eífícazes  auxí- 
lios para  triunfar  das  aíhicias  do  demónio,  que 
envcjofo  de  vér  naquella  Thebaida  reproduzido 
o  cfpirito  do  primeiro  António  bufcava  vigi- 
lante novas  invcnçocns,  e  maquinas  para  der- 
rubar aquelle  edifício  da  Santidade.   O  mayor 
empenho  da  humildadede  António  era  occultar 
os  thefouros  de  fabedoria,  que  tinha  dcpoíi- 
tado  no  feu  peito  affeâando  huma  apparente 
ignorância  para  fer  reputado  por  idiota,  atè 
que  obrigado  da  authoridade  do  Bifpo  de  For- 
libio  manifeftou  a  profunda  fciencia,  e  ccleílial 
intelligencia  das  efcrituras  em  que  era  pcritif- 
fimo  cauzando  taõ  grande  admiração  aos  cir- 
cunftantes,  que  foraõ  a  origè  de  que  todas  as 
Provindas  de  Itália,  e  França  inílaíTem  a  S. 
Francifco  para  que  com  as  influencias  da  fua 
doutrina  fertilizaíTe  o  campo  da  Religião  Se- 
ráfica naquelle  tempo  menos  fecundo  de  letras 
por  pouco  cultivado.    Condefcendeo  o  Será- 
fico Patriarcha  a  taõ  juíla  petição,  e  o  nomeou 
Meftre  de  Theologia  fendo  o  primeiro,  que  teve 
a  Ordem  Francifcana  merecendo  a  altinima  fa- 
bedoria defte  Heróe,  que  foíTe  o  Sol  de  que  ía- 
hiraõ  os  rayos,  e  a  fonte  de  que  brotarão  as 
correntes,  com  que  illuftraraõ  as  mayores  Uni- 
veríidades    os    Mayroens,    Efcotos,    e    Ga- 
brieis  Oráculos  da  Efcola  Seráfica  fendo  dif- 
cipulos  da  fua  doutrina  os  que  foraõ  Meftres 
de  todo  o  mundo.    A  laboriofa  applicaçaõ 
das   Cadeiras    o   naõ   privava   do   minifterio 
do  púlpito  para  o  qual  concorreo  em  com- 
petência da  graça  liberal  a  natureza  dotan- 
do-o   de  voz   clara,   e   fonora,   eílilo   grave, 
e    eloquente,    acçoens    reguladas    pelo    efpi- 
rito,    e    naõ    pela    arte    concorrendo    tanta 


i86 


BIBLIO THE  CA 


multidão  de  povo  a  fer  ouvinte  das  fuás  evan- 
gélicas declamaçoens,  que  muitas  vezes  por 
exceder  o  numero  de  trinta  mil  peflbas  bufcava 
para  theatro  a  liberdade  do  campo,  por  ferem 
os  Templos  pequena  efféra  para  taõ  numerofo 
auditório.  Ao  brado  das  fuás  vozes  defperta- 
vaõ  os  peccadores  fumergidos  no  lethargo  da 
culpa,  e  dotado  de  celeílial  facúndia  naõ  arti- 
culava palavra,  que  naõ  foíTe  animada  de  apof- 
tolico  zelo,  de  que  eraõ  infalliveis  confequen- 
cias  liquidarfe  em  lagrimas  penitentes  a  obfti- 
naçaõ  mais  inflexível,  reformarem-fe  as  vidas 
efcandalofas,  comporem-fe  difcordias  inve- 
teradas, e  reílituirem-fe  famas,  e  fazendas  injuf- 
tamente  uzurpadas.  De  Itália  paílou  a  França 
com  o  lugar  de  Cuílodio  de  Limoges  onde 
para  confutar  em  Tolofa  a  pérfida  contumácia 
de  Guialdo  herege  dogmatizante,  que  negava 
a  Real  exiftencia  de  Chrifto  na  Euchariília  fez 
com  inaudito  portento,  que  defprezando  hum 
animal  faminto  de  três  dias  o  fuftento  adoraíTe 
profundamente  ao  feu  Creador  occulto  debaixo 
das  efpecies  Sacramentaes  fendo  a  mayor  glo- 
ria deíle  triunfo,  que  a  irracionalidade  de  hum 
bruto  convenceíTe  a  obftinaçaõ  de  hum  racio- 
nal. Igual  vitoria  confeguio  em  Rimini  illullre 
Cidade  de  Romania  confutando  a  protervia 
dos  Hereges  de  que  era  infame  cabeça  Boni- 
villo,  que  cegos  à  luz  da  verdade,  e  fardos  às 
vozes  do  defengano  defprezavaõ  ouvir  a  pala- 
vra Divina.  Para  convencer  a  eíles  filhos  das 
trevas  chegou  à  margem  do  rio,  e  chamando 
com  voz  imperiofa  aos  feus  mudos  habitado- 
res, taõ  promptos  obedecerão,  como  atentos 
ouvirão  as  palavras,  que  proferia  a  fua  efficaz 
eloquência.  A  taõ  novo  efpedaculo  eílava 
atónita  a  admiração  daquelles  Seâarios, 
que  accufados  da  fua  cegueira  pelo  filencio 
reverente  daquelles  brutos,  abjurarão  os 
erros,  e  feguiraõ  contritos  o  caminho  da 
verdadeira  Religião.  Como  acérrimo  de- 
fenfor  do  Myfterio  da  Euchariftia  lhe  com- 
municou  a  divina  Omnipotência  a  multipli- 
cação das  prezenças,  reproduzindo-fe  mira- 
culofamente  em  diverfos  lugares,  aflillin- 
do  ao  mefmo  tempo  em  Limoges,  e  can- 
tando no  Coro  em  MompiUier;  pregando 
a  hum  grande  auditório  em  Pádua,  e  li- 
vrando em  Lisboa  por  duas  ocafioens  a  in- 
nocencia    injuílamente     condenada     de    feu 


Pay  fendo  em  huma  redemptor  da  fua  honra, 
e  em  outra  da  fua  vida  pagandolhe  com  nobre 
ufura  a  que  delle  recebera.  Para  juílificaçaõ 
evidente  de  que  feu  Pay  naõ  era  reo  do  crime 
pelo  qual  já  caminhava  para  o  patíbulo  ani- 
mou as  cinzas  frias  de  hum  Cadáver,  e  do  fi- 
lencio da  fepultura  fahio  a  vóz,  que  com  aíTom- 
bro  dos  circunílantes  declarou,  que  naõ  fora 
elle  o  Author  do  homicídio.  A  fua  refpiraçaõ 
foy  remora  para  que  hum  Noviço  naõ  deixaíTe 
o  habito  religiofo,  e  a  fua  túnica  veftida  por 
hum  Monge  perfeguido  da  incontinência 
fez  por  contagiofa  virtude,  que  a  rebeldia  da 
carne  obedeceíTe  às  leys  do  efpirito.  Animado 
de  heróico  valor  fe  oppoz  contra  as  horrorofas 
tyranias  de  Excelino,  de  naçaõ  Romano,  de 
condição  bárbaro.  General  do  Scifmatico 
Emperador  Frederico  II.  o  qual  entre  as  me- 
donhas atrocidades  de  que  tinha  fido  fatal 
inílrumento,  era  a  mayor  a  morte  de  onze  mil 
peíToas,  que  em  Pádua,  e  Verona  foraõ  viâd- 
mas  da  fua  ferocidade :  com  a  formidável  efíica- 
cia  da  voz  humilhou  a  feus  pès  a  efte  moníbro 
animado  teftemunhando  com  lagrimas  copio- 
fas  o  arrependimento  dos  feus  infultos.  Seme- 
lhante foy  a  valentia  com  que  refiílio  ao 
indifcreto  zelo  do  Geral  Fr.  Elias  pertendendo 
introdufir  alguns  abuzos  contra  a  obfervancia 
da  regra  Seráfica,  e  como  era  infallivel  a  mina 
defte  corpo  eílando  viciada  a  cabeça  o  conven- 
ceo  intrepidamente  na  prezença  de  Gregório 
IX.  da  efcandalofa  temeridade  com  que  queria 
relaxar  o  inílituto,  que  profeíTava,  fendo  pri- 
vado do  lugar  pelo  mefmo  Pontífice,  e  foy 
António  o  fagrado  Athlante,  que  fuftentou  a 
machina  do  Orbe  Seráfico,  que  já  vacilava  da 
fua  primitiva  inítítuiçaõ,  caufa  porque  mereceo 
o  titulo  de  primeiro  reftaurador,  e  fegundo 
Fundador  de  taõ  immenfa  Família.  Pregando 
em  Roma  ao  Pontífice  Gregório  IX.  e  a  todo 
o  Sagrado  Collegio  tanta  foy  a  energia  com 
que  explicou  os  Textos  mais  dificultofos  da 
Efcritura,  que  admirando  o  Papa  a  fupe- 
rior  illuílraçaõ,  e  profunda  intelligencia  com 
que  revelava  myfterios  taõ  occultos  o  ca- 
nonizou por  Arca  do  Teílamento,  e  depo- 
fito  das  doutrinas  mais  celeftiaes.  Com 
inaudita  fingularidade  confervou  de  memo- 
ria toda  a  Bíblia,  e  a  pudera  inteiramente  ref- 
taurar  como  outro  Efdras,  fe  acafo  fe  per- 


i 


L  USITAN A. 


«Ida,  (Ic  ((iK  hr  evidente  prova  a  copíolá  con- 
KMiii  I    I     I        <    (Ic  que  eílaõ  cheyas  as  Tuas 


<)l)r;r 


<  I  I liara  com  tanta  facilidade 

'  ,.i  r.  .lc(  orado-..    Pouco  tem- 

y  .  <..í  Í...I  nunic  (.jucrcnJo  dedicar-fc 

ioiii  iii.iyor  fervor  á  contemplação,  fe  retirou 
para  %  foiitaria  habitação  do  monte  Alvernc 

0  '     rontinuamente   orando,   e   efcrevendo 

1  c  umo  outro  Eiizeo  o  efpirito  do  Elias 
(hl  Ley  da  Graça  S.  Francifco  que  tinha  fanfU- 
iicaclo  aquelle  lugar  com  as  chamas  dos  feus 
Icrafícos  ardores.  O  rigor  das  penitencias,  e  o 
dlívclo  dos  eíludos,  que  praéticou  neíla  folidaõ 
lhe  foraõ  abreviando  a  vida,  e  aviíado  fuperior- 
mcnte  de  ter  chegado  o  feu  termo  fc  recolheo 
no  Oratório  de  Ara  Gcli  pouco  diílante  de 
Pádua  onde  foy  acometido  da  ultima  infermi- 
tladc,  e  entoando  o  Hymno  O'  Gloriofa  Domina 
cfpirou  como  celcftial  Gfnc  entre  a  fuavidade 
lia  Mufica  a  15.  de  Junho  de  1251.  quando 
contava  a  florente  idade  de  36.  annos  dos  quaes 
viveo  1 5 .  em  cafa  de  feus  Pays,  onze  na  Reli- 
gião Canónica  Auguíliniana,  e  pouco  mais  de 

Í2  na  Seráfica.  Em  taõ  poucos  annos  de  vida 
^rou  tantos  feculos  de  virtude,  que  a  glo- 
>fa  memoria  das  fuás  acçoens  fera  eterna 
cupaçaõ  da  pofteridade  confeíTando,  que  à 
cacia  do  feu  ardente  zelo  fe  converteu  a 
ílinaçaõ  dos  peccadores,  fe  convenceo  a 
perfídia  dos  hereges,  e  fe  humilhou  a  foberba 
dos  Tyranos.  Ao  império  da  fua  voz  foraõ  tri- 
butários os  Elementos  ferenando  tempeftades, 
extinguindo  incêndios,  fecundando  campos,  e 
domeílicando  feras.  Superior  à  jurisdição  do 
tempo  obrou,  em  hum  inílante,  o  que  fe  naõ 
podia  executar  em  muitos  dias.  Difcorreo 
como  o  Sol  com  incanfavel  giro  para  benefício 
dos  homens  duas  vezes  França,  Roma,  Sicilia, 
e  huma  Milaõ,  Arimino,  Bolonha,  Florença 
Pádua,  e  Veneza.  Como  depofítario  da 
Divina  Omnipotência  ufou  taõ  difpotica- 
mente  dos  feus  poderes,  que  teve  fogeita 
ao  feu  dominio  a  natureza  fendo  o  principal 
empenho  da  fua  beneficência  reftituir  olhos 
aos  cegos,  ouvidos  aos  furdos,  lingua  aos 
mudos,  juizo  aos  loucos,  liberdade  aos  ca- 
tivos, e  vida  aos  mortos.  Foy  Apoílolo  no 
Officio,  Martyr  no  dezejo.  Doutor  na  fci- 
encia,  e  Virgem  por  privilegio.  Vaticinou 
o  futuro,  revelou  o  encuberto,  illuftrou  Lis- 


187 

boa  com  o  nadmento,  e  honrou  a  Pádua  com 
a  íepultura.  Divulgada  a  fua  morte  fe  juntarão 
os  meninos  por  ruperíor  impulío,  e  divididos 
peias  Praças,  e  ruas  de  Pádua  clamavaõ  com 
innocentes  vozes,  que  era  morto  o  Santo, 
fendo  eíla  a  primeira  Canonização  com  que  o 
Ceo  anticipadamente  declarou  os  altos  mere- 
cimentos da  fua  heróica  Santidade,  que  fazen- 
dofe  mais  patente  com  a  innumeravel  multidão 
de  milagres  mereceo  com  fingular  privilegio 
fer  collocado  no  Cathalogo  dos  Santos  por 
Gregório  IX.  em  50.  de  Mayo  de  1252.  onze 
mezes  depois  do  feu  glorioío  tranílto.  Os 
applaufos,  e  feílivas  acdamaçoens,  que  em  taõ 
alegre  dia  fe  confagraraõ  em  Efpoleto  á  Santi- 
dade de  António  fízeraõ  fonoro  ecco  na  famoía 
Lisboa,  publicando  com  linguas  de  bronze  taõ 
plaufivel  noticia  os  finos,  que  fe  tocarão  fcm 
humano  impulfo.  O  feu  Cadáver  depois  de 
muitas,  e  fortes  controverfias  altercadas  pelos 
Paduanos  foy  fepultado  no  Convento  de  Santa 
Maria  da  Religião  Seráfica,  porém  em  29.  de 
Abril  de  1265.  trinta  e  dous  annos  paflados  de- 
pois da  fua  morte  fe  tresladou  com  mageílofa 
pompa  pêra  o  magnifico  Templo,  que  lhe  ere- 
giraõ  os  Cidadoens  de  Pádua  onde  competio  a 
arte  com  a  natureza  para  formar  aquelle  mila- 
gre da  Architedhira,  que  havia  fer  depofito  de 
taõ  ineílimavel  thefouro.  Aberto  o  cofre  na 
prezença  de  Guido  Cardeal  Legado,  e  de  S. 
Boaventura,  que  entaõ  era  Geral  da  Ordem  fe 
achou  o  corpo  refoluto  em  área,  e  a  lingua  con- 
tra o  império  da  morte,  e  do  tempo  viva,  e  in- 
corrupta, e  depois  de  lhe  fazer  o  Seráfico 
Doutor  com  devota  ternura  hum  breve  elogio, 
a  collocou  em  hum  cofre  de  Criftal.  Ainda  naõ 
fatisfeita  a  piedofa  magnificência  dos  Paduanos 
com  os  obfequios,  que  tinhaõ  feito  ao  feu 
Patrono  lhe  eregiraõ  na  Praça  publica  huma 
Eílatua  de  bronze  para  que  na  duração  do 
metal  eternizaílem  a  memoria  do  feu  aíFeâo. 
A  Univerfidade  decretou  por  commum  con- 
fentimento  de  todos  os  Académicos  foíTe 
no  dia  outavo  da  fua  Solemnidade  em  pro- 
ciíTaõ  com  as  infignias  das  fuás  faculdades 
acompanhados  dos  Religiofos  Menores  ce- 
lebrar todos  os  annos  os  plauíiveis  cultos  def- 
te  infígne  Thaumaturgo.  A  Cafa  em  que  em 
Lisboa  fahio  à  luz  do  mundo  eíle  milagre  da 
Graça   fituada   junto    à   Igreja   Cathedral   fe 


i88 


BIBLIOTHE  CA 


converteo  com  religiofa  magnificência  em  hum 
fumptuofo  Templo  confagrado  ao  feu  Nome 
fobre  o  qual  para  mayor  eílabilidade  da  Repu- 
blica aíTiíle  o  Tribunal  do  Senado,  que  trata 
do  governo  Económico  delia.  A  porta,  que 
dava  fahida  a  eíle  edifício  ainda  fe  conferva 
triunfante  das  injurias  do  tempo,  e  taõ  vene- 
rada da  devaçaõ  dos  fieis,  que  para  remédio  das 
fuás  oppreííoens  lhe  arrancavaõ  tanta  copia  de 
pedaços,  que  foy  neceíTario  para  fe  confervar 
fabricarfe  outra,  que  ferviíTe  de  reparo  a  eftas 
piadofas  violências,  a  qual  fe  abre  no  dia  do 
Santo  à  veneração  univerfal  do  povo  de  Lis- 
boa. A  ereçaõ  deíle  Templo  foy  gloriofo  em- 
penho da  devota  profufaõ  dos  Sereniflimos 
Reys  D.  Joaõ  o  II.  e  D.  Manoel  como  mani- 
fefta  o  rotulo,  que  ferve  de  Coroa  ao  arco  da 
porta  principal  feito  com  engenhofo  artificio 
de  diverfos  troncos,  e  animaes  abertos  fubtil- 
mente  na  dureza  da  pedra.  A  Capella  mór 
onde  fe  venera  a  imagem  do  Santo  era  fabri- 
cada de  excellentes  mármores,  atè  que  no  anno 
de  171 9.  fendo  Provedor  da  Meza  o  Excellen- 
tiflimo  Conde  da  Ribeira  D.  Jozé  Rodrigo  da 
Camará  Prefidente  do  Senado  de  Lisboa,  Efcri- 
vaõ  o  Doutor  António  Fauftino  da  Sylva,  The- 
zoureiro  Pedro  Vicente  da  Sylva,  e  Procura- 
dor Luiz  Joachim  da  Fonfeca  Botelho  moço 
da  Camará  de  Sua  Mageílade  novamente  fe 
reedificou  eíle  Templo  levantandolhe  outra 
CapeUa  mais  fumptuofa  ornada  de  preciofos 
porfidos,  e  Alabaílros,  e  reveílido  o  teâo,  e  pa- 
redes de  finos  mármores  diverfos  nas  cores,  e 
debuxos  onde  a  arte  emula  da  natureza  apu- 
rou a  elegância  dos  feus  primores,  entre  os 
quaes  fe  admiraõ  alguns  quadros  de  excellente 
pincel,  que  mudamente  apregoaõ  acçoens 
mais  celebres  deite  Thaumaturgo  Portuguez. 
Todo  o  difpendio  deíla  obra,  que  foy 
exceflivo  procedeo  das  efmolas,  com  que 
todo  o  Reyno  cada  anno  concorre  libe- 
ral, e  devoto  em  obfequio  deíla  Cafa 
por  fer  o  feliz  Oriente  em  que  rayou  taõ 
brilhante  Aftro  da  Santidade.  He  innume- 
ravel  a  copia  de  prata,  e  ouro,  que  tem  ef- 
te  Templo  para  ornato  dos  Altares,  e  de  to- 
do eUe  naõ  fendo  inferior  o  numero  de  pre- 
ciofos ornamentos  com  que  eftá  enreque- 
cido,  e  ornado.  Nos  Presbitérios  da  Capel- 
la mór,   que  exiftia  antes   defla  reedificaçaõ 


eílavaõ  abertos  na  pedra  dous  elegantiíTimos 
Epigramas,  os  quaes  era  fama  ferem  com- 
poílos  pelo  infigne  André  de  Rezende,  e 
por  muitas  vezes  os  U,  e  admirey,  porém 
com  laílima  dos  eruditos  veneradores  da 
antiguidade  fe  puzeraõ  em  feu  lugar  humas 
pedras  variamente  debuxadas,  e  para  que 
totalmente  naõ  acabaíTem  eftes  verfos  dignos 
de  eterna  duração  os  ofFereço  tranfcriptos  aos 
olhos  da  curiofidade.  Dizia  o  primeiro. 
Humano  generi  per  te  hlanditur  Olympus; 

Hac  tibi  natalis  funt  monumenta  tui. 
Hac  praclara  tuis  Jonvit  vagitibus  csdes; 

Yidit  reptantes,  fujlinuitque  manus. 
Hac  fuit  aula  patris;  na  ti  micat  ara;  fit  orbis 

Annulus  urbi;  urbis  gemma  fit  ipfa  domus. 
Im  mor  tale  decus  pátria;  fpes  magna  tuoru; 

Mor  tale  egifti,  quid  nifi  Dive  mori} 
ítala  gens  obitum,  gens  Lyfia  fufcipit  ortum; 

Occajus  Pádua  efi;  ut  domus  hac  oriens 
Hefperia    Antoni   radijs   micat   u traque;    claudt 

Uno  non  poterat  gloria  tanta  loco. 
Dizia  o  Segundo. 
Ca  li  delicias  felices  orbis  amores 

Qua  peperi  orba  mei  calitis  ara  gemo, 
Unum  quaro  (Jonêt  cã  tot  miracula  mundo) 

Perdita,  qui  reddis,  te  mihi  rejlituas. 
Perdita  Jum  fine  te,  fed  ero  mihi  reddita  tecum 

Te  revoca,  reddes,  me  mihi,  teque  tuis. 
Urbi  Antenoria  fi  das  facra  offa,  refervas 

Antoni  pátria  qualia  dona  tua"? 
Ipfe;  fuper  patriam  tot  um  cor  ad  athera  fundam 

Nefcio,  quid  majus  pátria  dulcis  habet. 
Corporis  exuvias   Patavi  mors  claufit  in  uma; 

In  pátria  dulcis  me  tumulavit  amor. 

A  vida  defte  grande  Heróe  da  Santidade 
efcreveraõ  na  lingua  Latina  Jacobo  Convier, 
Joaõ  de  La  Haye,  e  Fr.  Rafael  Mafeo;  na  Ita- 
liana Fr.  Elias  de  Cortona,  Agapito  Pei  de 
Amélia,  Lucas  AíTarino,  o  Cavalleiro  Pona,  e  o 
Padre  António  Maria  Bonucci;  na  Polaca  Joaõ 
Franco  Rodrafen;  na  Caftelhana  Matheos  Ale- 
man,  Fr.  Chriílovaõ  Moreno,  Fr.  Miguel  Pa- 
checo, e  Fr.  Miguel  Meftre;  e  na  Portugueza 
Braz  Luiz  de  Abreu;  em  verfo  Luiz  de  Tovar,. 
e  Francifco  Lopes,  e  em  Efpanhol  Fr.  An- 
tónio de  Santa  Maria.  Seguirão  eíla  em-l 
preza  os  Chroniftas  Francifcanos  Fr.  Mar- 
cos de  Lisboa  Chron.  de  S.  Franc.  Part.  i. 
Hv.  5.  Reboled.  part.  i.  liv.  4.  Gonzag.  de:, 


L  USITÁN  À. 


189 


Ori^.  Straph.  Re/ig.   x.  Part.  et  Part.   2.  in 

/Vw.  .V.  yín/.  et  part.  5.  in  Prop.  'Vtiron.  G>nu. 

I.  Wadingo  Annal.  Ord.  Min.  ad  an.  IZ15. 

.  42.  an.  1217.  §.  22.  e  24.  an.  1220.  §.  52. 

»,.  et  íeq.  ann.  1221.  §.  12.  ann.  1222.  §.  50. 
iiin.  1231.  §.  I.  lUuílriíTimo  Damian.  Cor- 
iicjo  /////.  Seraf.  Part.  2.  liv.  5.  cap.  9.  até  49. 
iEfperança  Hijl,  Straf.  de  Portugal  Part.  1. 
Jiv.  5.  Dos  eílranhos  Raynaud.  Annal.  Ecclef. 
Tom.  13.  ad  an.  i2$i.  §.  35.  et  ann.  1232. 

.33.  Bzou.  in  Annal.  Tom.  13.  ad  ann.  1251. 
\lalvend.  in  Ann.  Ord.  Prad.  Tom.  i.  pag. 
488.  Bofius  de  fignis  Ecclef.  Tom.  2.  liv.  7. 
cap.  I.  Pcnnot.  Hift.  Can.  Keg.  liv.  2.  cap.  6. 
11.  I.  Genebrard.  Chron.  lib.  4.  ad  ann. 
1  241.  Bclovaccns.  Specul.  Hiftor.  lib.  31.  à  cap. 
lU.    ufquc    ad    138.    Oudin.    Comment.    de 

Mpt.  Ecclef.  Antiq.  Tom.  3.  col.  40.  Caftill. 
(hron.  de  S.  Doming.  Part.  i.  liv.  2.  cap.  5. 
Scoto  in  i3/7>.  Hifp.  foi.  107.  Nicol.  Ant. 
Ill  hib.  Hifp.  Vet.  Tom.  2.  lib.  8.  n.  10.  et 
icq.  PoíTevin  Appar.  Sacr.  Tom.  i.  pag.  105. 
Marineo  de  rebns  Hifp.  liv.  5.  Garib.  Comp. 
//(/?.  de  hfp.  lib.  12.  cap.  47.  Brand.  Mon. 
\jiftt.  4.  Part.  liv.  14.  cap.  13.  Vafconc.  in 
Defcript.  ILufit.  pag.  522.  n.  i.  Cunha  Hifl. 
^.cclef  de  Usb.  Part.  2.  cap.  35.  Maris.  Dial. 

í  Var.  Hifl.  Dial.  2.  cap.  11.  Duarte  Nunes 
Defcripc.  de  Portiig.  cap.  41.  Fr.  Ant.  à  Purificat. 
Chronol.  Monafl.  pag.  67.  Cardofo  Agiol.  'Liífit. 
Tom.  3.  pag.  658.  e  no  Commentario  de 
15.  de  Junho  let.  A.  D.  Nic.  de  Santa  Mar. 
Chron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  i.  cap.  10.  Magn. 
hiblioíheca  Ecclef  pag.  503.  col.  2.  Ainda, 
que  foraõ  grandes  os  elogios,  que  lhe  dedi- 
carão graviflimos  Efcritores  fempre  faõ  infe- 
riores ao  feu  grande  merecimento.  S.  Boavent. 
in  Ser  mon  z.  diz  Habuit  in  fe  fcientiam  omnium 
antiquorum.  Santo  Antonino  de  Florença  Hiflor. 
Part.  3.  Tit.  24.  c.  3.  Plenus  Sanãitate,  et 
prceclarus  doãrina,  et  miractilis.  Jacob.  Ber- 
gomenf.  Stiplem.  Chronic.  lib.  15.  ad  an.  1231. 
infinitis  clartis  miractdis.  Baron.  in  Martyrolog. 
ad  13.  JmiJ  Vita,  <&  miractdis,  et  pradicatione 
illidjlris.  Bellarm.  de  Script.  Ecclef  ad  ann. 
1220.  Miraculis  plnrimos  convertit,  vel  ab  harefi 
ad  reãam  fidem,  vel  ab  improbis  moribm  ad  pa- 
ritentiam    agendam    Joan.     Molan.     in    Mar- 

\rol.  Vivard.  ad  13.  Junij  Celeberrimns  ex- 
titit    vita,     miraculis,     et    doãrina.     Trithem. 


in  Catbal.  Script.  EccUfiaft.  Vir  in  divinis 
Scripiitris  eruditifftmus.  PoíTevin.  ín  appar. 
Sacr.  SanÚitate,  miraculis,  et  doãrina  cla- 
rus.  O  noíío  infigne  Poeta  o  Padre  Manoel 
Pimenta  no  i.  Tom.  dos  feus  Poemas  en- 
tre outros  Epigrammas,  que  a  fua  devota 
Mufa  coníagrou  a  cíle  Thaumaturgo  lhe  fiez 
o  feguinte  á  prodigioía  incorrupçaõ  da 
fua  lingua,  que  por  Ter  taò  elegante,  e  díT- 
creto  o  julguey  digno  de  que  foíTe  a  Coroa 
de  todos  os  Elogios  defte  grande  Portuguez. 
Heróe   extinão    dum    mors   inimica    triumphat; 

Corporis,    eb*   facrum    depopulatur    opus. 
Peííora     percurrit     percurrit     livida     frontem, 

Marmoreafque      manus,     fydereafque      genas. 
Ventum    erat    ad    Hnguam   flupefaãa    quiefcit, 
&  infit; 

Abflineo    à    lingua,    contineoque    manus. 
Semina,    qua    tetigit    vivi    immortalia     Verhi, 

Ingenium    Verbi   non    morientis   habet. 
Haud  tangenda  mihi  efl  vitam  qua  praflitit,  et  Mors 

Si     male     tentaffem     tangere,     viva    forem. 
As  obras;   que  o   Santo  compoz  cheyas 
de    Sagrada    Doutrina,    e    fentido    Myftico 
faõ  as  feguintes. 

Sermones  de  Sanais.  Venetiis  1574.  8. 
Sermones  Quadragefimales,  et  Dominicales  fuper 
Evangelia  totius  anni  correâius  auãi,  <&  marginibus 
ornati  a  Fr.  Kaphaele  Maffao  Minorita.  Venetiis 
apud  Joannem  Antonium  Bertanum  1575.  8. 
Sermoens  Quadragefimales,  et  de  Tempore. 
Pariíiis  apud  Badium  Afceníium.  1521.  8. 
Concordantia  morales  facra  fcriptura  pradi- 
catoribus  ad  virtutes  commendandas,  et  vitia 
condemnanda  utiliffimee.  Romx  apud  Alphon- 
fum  Ciaconium  1624.  et  Pariíiis  1641  apud 
Carolum,  Rovillard,  et  Colónias  1647.  Poy 
efta  obra  publicada  pela  deligencia  de  Fr. 
Lucas  Wadingo,  que  a  extrahio  de  hum  M.  S. 
antiquiíTimo  que  fe  guardava  no  Convento 
de  Ara  Caeli  de  Roma,  e  a  dedicou  à  Sãtidade 
de  Urbano  VIII.  da  qual  diz  o  mefmo  Wadingo 
in  Script.  Ord.  Min.  pag.  34.  Opus  fane  ingenio- 
fum  hominis  verfatifftmi  in  Sacris  Bibliis,  quem 
proinde  Gregorius  IX.  appellavit  Arcam 
Tefiamenti.  Foy  o  primeiro  Author  deite 
genro  de  compoíiçaõ  como  dizem  Buxtor- 
fio  in  Prafat.  Concordant.  Hebraicar.  e  Ja- 
cobo  le  Long.  in  Bibliotbeca  Sacra.  pag.  mihi 
456.  col.  2.  et  pag.  458.  col.  2. 


IÇO 


BIBLIOTHE  CA 


Todas  eftas  obras  compilou  com  grande 
difvelo,  e  igual  trabalho  Fr.  Joaõ  de  La  Haye 
Pariíienfe,  Pregador  delRey  diriílianiíTimo, 
e  celebre  Author  da  Biblia  Máxima,  Procu- 
rador Geral  da  Ordem  Seráfica  no  Reyno 
de  França,  e  novamente  lhe  acrecentou  a 
obra  feguinte  que  nunca  tinha  fido  impreíTa. 

Interpretatio  mjjiica  in  Sacram  Scriptu- 
ram 

A  qual  vifitando  como  Vifitador  Geral 
o  Convento  Mercurienfe  fituado  no  Ducado 
de  Lorena,  e  examinando  com  toda  a  curio- 
fidade  a  Bibliotheca  do  mefmo  Convento, 
que  he  muito  numerofa,  entre  os  M.  S.  que 
eftavaõ  fechados  em  huma  arca  a  defcubrio 
entre  elles,  e  depois  a  publicou  com  as  mais 
obras  em  huma  elegante  Imprefiaõ  que  fahio. 
Parifiis  apud  Carolum  Rouillard.  1641.  foi. 
e  depois  Lugduni  apud  Petrum  Rigaud. 
1653.  foi.  et  Pedeponti  prope  Ratisbonam 
fumptibus  Joannis  Gaft.  1739.  foi.  Também 
fahiraõ  com  hum  fuplemento  que  o  Doutif- 
fimo  António  Pagi  Francifcano  Conven- 
tual Author  da  Critica  aos  Annaes  de  Ba- 
ronio,  tirou  de  hum  M.  S.  que  fe  confer- 
vava  na  Bibliotheca  dos  Frades  Menores 
de  Florença,  e  fahio  Avenione  apud  Petrum 
Oí&ay  1684.  8. 

D.  ANTÓNIO  naceo  na  Cidade  de 
Lisboa  no  anno  de  15  31.  e  foy  filho  do  Se- 
reniíTimo  Infante  D.  Luiz,  e  Neto  do  Au- 
gulHífimo  Monarcha  D.  Manoel.  Naõ  fa- 
tisfeita  a  natureza  de  lhe  dar  taõ  alto  naci- 
mento  o  ornou  de  mageftofa  prezença,  gé- 
nio afável,  juizo  perfpicaz,  e  engenho  fu- 
blime  para  comprehender  as  mayores  difi- 
culdades por  cujos  dotes  o  julgou  digno 
feu  ]?ay  que  foííe  inftruido  com  os  primei- 
ros rudimentos  no  Convento  da  Cofta  fi- 
tuado junto  da  Villa  de  Guimaraens  don- 
de paíTou  no  anno  de  1548.  a  Coimbra  para 
continuar  o  eíhido  das  humanidades,  e  Fi- 
lofofia  no  Real  Convento  de  Santa  Cruz  de 
Coimbra  em  cuja  paleíbra  teve  por  Condif- 
cipulos,  e  emulos  do  feu  grande  talento  a 
D.  Fulgencio,  e  D.  Theotonio  Filhos  do 
Duque  de  Bragança  D.  Jayme.  Sahio  taõ 
perito  na  pureza  da  lingua  Latina,  e  noti- 
cia das  letras  humanas,  que  mereceo  os  ap- 


plaufos  de  Poeta  infigne,  e  Orador  confumado 
compondo  Verfos  com  fumma  afluência, 
e  recitando  Oraçoens  com  elegante  energia. 
Não  fez  menores  progreflbs  na  penetração 
das  fubtilezas  da  Lógica,  e  Metafifica  rece- 
bendo em  5.  de  Mayo  de  15  51.  com  univer- 
fal  applaufo  da  Academia  Conimbricenfe 
o  grào  de  Meílre  em  Artes.  Inílruido  nas 
sciencias  humanas  o  mandou  feu  Pay  aprender 
as  divinas  para  cujo  effeito  paííou  a  Évora, 
onde  ouvio  revelados  os  miílerios  da  Theo- 
logia  pelo  infigne  Varaõ  Fr.  Bartholameu 
dos  Martyres  que  depois  ennobreceo  a  Mitra 
Primacial  de  Braga  de  cuja  doutrina  fahio 
igualmente  illuftrado  no  entendimento,  como 
no  efpirito.  Em  obfequio  da  vontade  de  feu 
Pay  recebeo  Ordens  Sacras  que  lhe  conferio 
feu  Tio  o  Cardial  D.  Henrique,  e  profeílou  a 
Ordem  Militar  de  Malta  fendo  Prior  do  Crato, 
porém  como  a  natural  inclinação  herdada  de 
feus  auguílos  progenitores  o  arrebatafie  para 
as  armas  naõ  quiz  receber  as  Ordens  de  Pres- 
bítero moftrando  neíla  repugnância  que  mais 
por  eleição  alhea  do  que  própria  abraçara 
o  Eftado  EcclefiaíHco.  Eílimulado  de  algu- 
mas defatençoens  que  lhe  fizera  o  Cardial  feu 
Tio,  que  naõ  foube  difiimular  o  feu  ardente 
génio,  fe  auzentou  para  Caftella,  onde  rece- 
beo de  feu  Primo  Filippe  II.  particulares 
fignificações  de  aífedo.  Reílituido  ao  Reyno 
paliou  duas  vezes  a  Tangere,  e  na  fegunda 
que  foy  no  anno  de  1574.  governou  aquella 
Praça  fendo  o  vigefiimo  nono  Governador 
delia  onde  deo  illuílres  provas  da  fua  prudên- 
cia, e  valor.  Acompanhou  a  ElRey  D.  Sebaf- 
tiaõ  nas  duas  expediçoens  que  fez  a  Africa,  e 
na  fegunda  em  que  fatalmente  agonizou  a  glo- 
ria Portugueza  ficou  cativo,  fendo  eíla  lamen- 
tável tragedia  o  principio  das  fuás  calamida- 
des. Refgatado  por  copiofa  fomma  de  dinheiro 
entrou  em  Lisboa  merecendo  fer  recebido  pelos 
feus  moradores  com  inexplicáveis  demonf- 
trações  de  jubilo  devidas  à  fua  natural  bene- 
volência. Extinâa  a  linha  dos  Monarchas 
Portuguezes  com  a  morte  do  Cardial  D.  Hen- 
rique fuccedida  no  anno  de  1580.  pertendeo 
fuceder  na  Coroa  de  feus  Avós  para  cujo 
effeito  fe  empenhou  a  provar  a  fua  legitimi- 
dade, e  poílo  que  lhe  faltava  o  direito  achou 
taõ   benévola  a  fidelidade   do  povo   que  o 


L  USITANA. 


191 


acciamou  pot  Teu  Monatcha  na  Villa  de 
Santarém  a  24.  de  Junho  de  i)8o.  diílin- 
t^uindo-fe  entre  os  Aclamadores  D.  Franciíco 
<ic  Portugal  III.  Conde  do  Vimiofo  que  dos 
trágicos  fucccíTos  de  D.  António  foy  infepara- 
vel  G>mpanheiro,  imitando  nefte  heróico 
iHíc£lo  para  a  Pátria  ainda  que  com  difíerente 
fortuna  a  íiel  conílancia  de  feu  predariíTimo 
ifccndente  o  CondeíUvel  Nuno  Alvares 
i^creira.  Com  iguaes  argumentos  de  amor  foy 
icclamado  em  Setúbal  onde  bateo  moeda  atò 
t|uc  chegou  a  Lisboa,  e  fendo  recebido  pelo 
vulj^o  com  as  veneraçocns  de  Rcy  repartio  no 
l'a(;()  muitos  Officios,  jurou  obfervar  os  pri- 
vilégios dos  VaíTallos,  e  efcreveo  cartas  circu- 
lares a  todas  as  Cidades,  e  Villas  do  Rcyno 
jxira  que  o  rcconhcceíTem  por  fcu  Soberano, 
(lontra  cílcs  dcfignios  fe  armou  a  ambição 
<lc  Filippc  prudente  hum  dos  mais  acceri- 
mos  pertcndentcs  da  Coroa  Portugueza  expe- 
dindo hum  exercito  de  vinte  mil  homens 
ipitaneados  pelo  Duque  de  Alva,  e  no 
impo  de  Alcântara  junto  a  Lisboa  acommeteo 
quatro  mil  Soldados,  que  tumultuariamente 
)ndu2Íra  D.  António  para  lhe  fazer  oppo- 
içaõ,  onde  foy  totalmente  desbaratado  como 
podia  efperar  de  numero  taõ  fuperior  às 
ias  forças.  Acompanhado  de  algumas  peíToas, 
ija  fidelidade  lhe  era  notória,  fe  auzentou 
:cultamente  do  Reyno,  e  difcorrendo  por 
iverfas  Provindas  de  Europa  chegou  a 
França  onde  fendo  benevolamente  recebido 
pela  Rainha  Catherina  de  Medids  lhe  fuppli- 
cou  efficafmente  quizeíTe  dar-lhe  focorro  com 
que  pudeíTe  coroar-fe  no  trono  de  feus  Avós. 
Atendeo  a  Rainha  à  efficada  da  fua  perfuaçaõ, 
e  mandou  apreftar  huma  armada  de  cincoenta 
Navios  com  fete  mil  homens  de  guarnição 
cometida  à  direcção  de  Filippe  Strozzi. 
Defronte  da  Ilha  de  S.  Miguel  pelejou  a  26.  de 
Julho  de  1582.  eíla  armada  contra  a  de  Caftella 
que  confiava  de  50.  Galeoens,  e  12.  galés  de 
que  era  General  D.  Álvaro  Bafan  Marquez 
de  Santa  Cruz,  e  depois  de  hum  porfiado  com- 
bate que  durou  o  efpaço  de  cinco  horas  ren- 
dida a  Almirante,  e  Capitania  Francezas,  e 
lançados  a  fundo  dous  Galeoens  fe  recolheo 
viftoriofa  a  armada  Caílelhana.  Ainda  naõ 
defenganado  com  tantos  infortúnios  voltou 
a  Inglaterra,  e  conciliando  o  affedo  de  alguns 


Fidalgos  alcançou  da  Rainha  D.  Izabel  outto 
focorro  para  experimentar  fortuna  mais  favo- 
rável aos  feus  intentos.  Sahio  embarcado  de 
Plemuth  em  huma  armada  taõ  soberba,  e 
poderofa  que  fe  compunha  a  fua  guarnição 
de  vinte  e  dous  mil  homens  levando  por 
General  do  Mar  a  Francifco  Draque,  e  da 
terra  a  Joaõ  de  Norris.  Na  Praça  de  Peniche 
lançou  doze  mil  Infantes  que  fem  rcfiílencia 
foy  ganhada,  e  entrando  pela  Barra  de  Lisboa 
a  24.  de  junho  de  1589.  como  naõ  achaíTe 
os  ânimos  promptos  para  ajudar  a  fua  facçaõ 
fe  recolheo  a  Plemuth  com  igual  perda  de 
homens,  e  embarcaçoens.  AfHiâo  com  tantas 
infelicidades  fe  refugiou  a  Pariz  onde  foy 
recebido  por  Henrique  IV.  naõ  defiíUndo  de 
implorar  o  focorro  das  mefmas  Potencias  que 
infruéhiofamcnte  tinhaõ  fomentado  a  fua  per- 
tençau,  atè  que  defenganado  das  efperanças 
em  que  fundava  os  feus  dcfignios  fe  conver- 
teu totalmente  a  Deos  chorando  amarga- 
mente os  delidos  que  cometera  contra  a 
obfervancia  dos  feus  preceitos,  defprezando 
as  glorias  caducas,  e  anhelando  unicamente 
às  eternas  fazendo-fe  com  eílas  virtuoCas 
acçoens  merecedor  de  huma  Coroa  mayor, 
e  mais  perdurável  que  aquella  que  fatalmente 
lhe  negou  a  fortuna,  a  qual  foy  poíTuir  em 
26.  de  Agoílo  de  1595.  quando  contava 
64.  annos  de  idade.  O  feu  corpo  depois  de 
embalfamado  fe  fepultou  no  Convento  grande 
dos  Francifcanos  de  Pariz,  e  o  feu  Coração 
foy  depositado  no  Convento  de  Santa  Clara 
chamado  da  Ave  Maria  a  hum  lado  do  Altar 
Mor  com  efle  largo  epitáfio,  mudo  pregoeiro 
dos  feus  infortúnios. 

Hoc  angufto  in  loco  conditur  auguftijfimum  cor 
Serenijfimi  Kegis  Portugallia  D.  Antonij  hujus 
nominis  primi,  qui  paterno  jure,  ac  populi  eleãione 
regno  Juccedens  ah  eo  per  vim  expuljus  ejl;  quare 
in  denjijjimis,  ac  numerofis  Jylvis  diu  latens,  tandem 
ah  hofiihus  animam  ejus  Jollicite  quarentibus  mi- 
rabiliter  evajit,  et  in  Galliam,  €>*  Angli- 
am  ad  fuppetias  petendas  tranfmeavit,  in 
qua  peregrinatione  incredihiles  Jupra  modum 
paffus  eji  calamitates;  in  quibus  adeo  conf- 
tantem,  (&  invincihilem  animum  femper  exbi- 
buit,  ut  nec  laboribus  fatigari,  nec  periculis 
deterreri,  nec  rationibus  fuaderi,  nec  opulen- 
tis     poUicitationibus,     me     longa     expeãatione 


192 


BIB  LIO  THE  CA 


fajlidiri,  nec  denique  deficientibm  pm  fenio  viri- 
btts  deficere  unquam  potuerit,  ut  júri  Juo  caderet; 
Jed  omnihus  Jpretis  lihertatem  regni  fui  ac  Juorum 
cunãis,  et  honis  fruendis,  et  malis  perferendis 
validijfime  antepofuit;  illud  quoque  non  parvum 
regia  magnanimitatis  argumentum  eji,  quod 
feão  poft  mortem  corpore,  omnia  ejus  vi/cera 
tahida,  ac  corrupta  inventa  funt  prceter  cor,  quod 
quia  in  manu  Dei  erat,  ah  eo  incorruptum,  et 
ilh/um  femper  Jervatum  fuit.  Obiit  Parijiis 
plenus  pietate,  <&  in  Jumma  paupertate  anno 
cBtatis  fua  fexagejjímo  quarto,  Dominica  vero 
Incarnationis  millejimo  quingentijfimo  nonagejjimo 
quinto  dievicefimajexta  Augujii.  Kequiefcat  inpace. 
De  diverfas  mulheres  teve  na  fua  ado- 
lefcencia  dez  filhos.  D.  Manoel  de  Portu- 
gal cafado  a  primeira  vez  com  Emilia  de 
NaíTau  de  quem  teve  numerofa  defcendencia; 
e  a  2.  com  D.  Luiza  Oforio  Dama  da  Archi- 
duqueza  D.  Izabel  Clara  Eugenia.  D.  Chrif- 
tovaõ  de  Portugal,  de  quem  faremos  memoria 
em  feu  lugar.  D.  Pedro,  e  D.  Diniz  Religiofo 
hum  de  S.  Francifco  e  outro  Monge  de  S. 
Bernardo;  D.  AíFonfo  infigne  nas  Armas,  e 
D.  Joaõ,  que  morreo  na  puerícia:  D.  Filippa 
Religiofa  Ciftercienfe  no  Convento  de  Lor- 
vão; D.  Luiza  Religiofa  de  S.  Francifco 
em  Tordefillas,  e  outras  duas,  cujos  nomes 
fe  ignoraõ  recolhidas  no  Convento  de  las 
Huelgas  de  Toledo.  O  fummario  da  fua  vida, 
e  morte  fahio  efcrito  na  lingua  Franceza 
por  feu  filho  D.  Chriftovaõ  de  Portugal. 
Paris  ches  Gervais  Alliot  1629.  8.  A  agu- 
deza do  feu  engenho,  e  o  vafto  conhecimento 
das  artes  liberaes  exaltaõ  Cadabal  Grav.  in 
Orat.  Encom.  Philip.  Spener.  Oper.  Herald. 
Part.  I.  lib.  I.  cap.  22.  pag.  287.  e  Joan.  Soar. 
de  Brit.  in  Theatr.  L,ujit.  Eitterar.  lit.  A.  n. 
48.  A  fua  politica,  e  elegância  no  efcrever 
Caram.  Philip.  Prud.  lib.  5.  n.  2.  pap.  175, 
A  fuavidade  do  génio,  e  profufaõ  do  animo 
Góes  Chron.  delRey  D.  Manoel.  Part.  i. 
cap.  loi.  Andrad.  Chron.  delRej  D.  Joaõ 
o  III.  Part.  4.  cap.  215.  Ferdinand.  Paez 
in  Dedicat.  operis  in  Cap.  Mijfas.  Das  fuás 
acçoens,  fucceíTos  profperos,  e  adverfos 
Manoel  de  Faria,  e  Soufa  Europ.  Portug. 
Tom.  3.  part.  i.  cap.  4.  Luiz  Torres  de  Li- 
ma Sucef.  de  Portug.  cap.  31.  Bavia  Hiji. 
Pontif,  Part.  3.  cap.  49.  50.  51.  63.  64.  e  65, 


Cordeir.  HiJl.  Infulan.  liv.  6.  cap.  25.  26. 
e  27.  Miraius  in  Chron.  ad  1595.  Rodulph. 
Boter.  in  Comment.  de  reb.  in  gallia  gefi.  lib.  2. 
pag.  195.  ad  ann.  1595.  Germain  Brice.  NovueL 
Defcrip.  delia  Ville  de  Paris  Tom.  2.  pag.  327. 
e  Tom.  3.  pag.  233.  Imhoí  Stem.  Keg.  iMfitan. 
pag.  19.  Fr.  Anfelm.  de  la  Vierg.  Mar.  Hifi. 
Geneal.  et  Chronol.  dela  Mais.  Kojal  de  Franc. 
Tom.  I.  pag.  mihi  610.  Souf.  HiJl.  Genealog. 
da  Caf.  Real  Portug.  Tom.  3.  liv.  4.  cap.  8. 
Thuan.  HiJl.  lib.  69.  70.  et  lib.  113.  Sainâ. 
Marth.  Hi^.  Geneal.  dela  Mais.  de  Franc. 
Tom.  2.  liv.  43.  cap.  11.  Dupleix  Annal. 
ad.  an.  1580.  Beyerlinck.  Opus  Chronol.  ad 
ann.  1595.  Ferrer.  HiJl.  de  EJpan.  Tom.  15. 
pag.  274.  n.  II.  pag.  278.  n.  4,  pag.  285.  n.  6. 
e  pag.  327.  n.  i.  Herrer.  HiJi.  de  Portug.  liv.  2. 
3.  4.  e  5.  Hofman.  Lexic.  Univerf.  pag.  mihi 
249.  Larrey  HiJl.  de  Anglaterr.  Tom.  3.  pag. 
488.  Fr.  Jozé  Emman.  Minian.  in  Contin. 
hijlor.  de  rebus  Hijp.  Joan.  de  Marian.  lib.  8. 
cap.  6.  9.  10.  et  lib.  10.  cap.  7.  e  o  lUuílrini- 
mo,  e  ExcellentifTimo  Conde  do  Vimiofo 
D.  Jozé  Miguel  Joaõ  de  Portugal  na  ele- 
gante, e  difcreta  Vida  do  Infante  D.  Lui^ 
pag.  151.  Compoz. 

Panegyris  Alphonji  primi  Eujitanorum 
Regis.  Conimbricae  apud  Joannem  Alvares 
1550.  4.  Eíle  Panegírico  recitou  na  prefen- 
ça  dos  SereniíTimos  Reys  D.  Joaõ  o  III. 
e  D.  Catherina  quando  foraõ  vifitar  no  anno 
de  1550.  a  Univerfidade  de  Coimbra. 

Pfalmi  Confejfíonales  Parifiis  apud  Federi- 
cum  Borellum  1592.  12.  Nefta  obra  de  que  fe 
conferva  o  Original  na  Bib.  Ambrofiana  de 
Milaõ  como  diz  Montfaucon  in  Bib.  Bibliothe- 
car.  M.  S.  nova  Tom.  i.  pag.  508.  foy  achada 
em  hum  efcritorio  do  SereniíTimo  D.  António 
onde  igualmente  fe  admira  a  fervorofa  contri- 
ção de  hum  peccador  arrependido,  como  a 
vaíla  liçaõ  da  Sagrada  Efcritura,  fendo  rara  a 
palavra  de  que  fe  compõem,  que  naõ  foíTe  delia 
extrahida,  como  nas  obras  do  D.  Mellifluo  S. 
Bernardo  tem  obfervado  os  eruditos.  Confta 
de  fete  Pfalmos  femelhantes  aos  Penitenciaes 
de  David,  no  fim  dos  quaes  tem  duas  Ora- 
çoens  a  I.  fe  intitula  Gratiarum  aãio  con- 
triti  peccatoris  veniam  a  Deo  impetrantis. 
a.  2.  Ad  Deum  Summum  orbis  moderatore/ft 
deprecatio.     Nefta  impreíTaõ  eftá  aberto  o  re- 


i 


LUSITANA. 


193 


I  rato  do  ScrcniíTimo  D.  António,  c  por  baixo 

um  cílc  difticho. 

Pana    tibi   vitam    rapnit,    diadema    Philippus, 

Lit  Jimid  Occafus,  ac  Orientis  opes. 
Vins    tibi    reftitmt  pie  tas    tua,    qinppe    cadiuis 
Pro  Jceptris  Domimis  caliça  rtffta  dedií. 

Varias  tem  fido  as  cdiçí)cn8  dcftc  livro 

«londe  fe  argumenu  a  íua  excellencia,  e  pie- 

>l;idc,  pois  na  língua  Franccfa  fahio  por  Pedro 

In  Rier  Pariz  ches  Jean  Regnoul  1609.  8. 

na  mefma  Cidade  por  Bertrando  Martin. 

1634.  8.  outra  vez  1656.  12.  e  1666.  24.  e  em 

Tolofa   1671.    16.   por   António   Jozé  Mege 

Monge   Bcncdidino  da  (x)ngrcg.   de   Santo 

Vtnaro,    e    pelo    Abbade    Bellegarde    Pariz 

171 8.  8.  Hagíccomitum  1665.   12.  Na  lingua 

íngleza    Londres    1659.    8.    Na    Caftclhana 

[lor    Fr.    Joaõ    Caramucl    com    efte    titulo. 

Pfalterio,  en  que  m  ff^an  Príncipe  hjifitano 
itjcuhrio  foberanias  de  Efpiríf.  Bruxellas  por 
Lucas  de  Meerbeque  1635.  12.  De  Latim  em 
vcrfo  Portuguez  por  D.  líidoro  da  Cruz. 
Praga  apud  Gregorium  Schiparz;  e  em  profa 
Portugueza  pelo  Doutor  Fr.  Jorge  de  Carvalho 
Monge  de  S.  Bento  que  fahio  com  efte  titulo. 

Solilóquios,  em  que  hum  peccador  arre- 
pendido falia  com  Deos,  difpojiçoens  para 
bem  fe  confejfar,  e  induflrias  para  bem  mor- 
rer. Acharaõ-fe  em  hum  efcritorio  do  Sere- 
nijftmo  D.  António  Príncipe  Portugue^  na 
fua  própria  letra  na  l^ingua  Latina  com  tra- 
ducçaõ,  que  era  obra  do  feu  g-ande  jui^^o,  e 
confijjoens  feitas  pelo  feu  grande  arrependimento. 
Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck.  1635.  8. 

luettre  ecrite  au  três  Sainã  Pere  le  Pape 
Gregoire  XIII.  De  Rueil  en  l'annee  1583. 
Sahio  impreíla  no  Livro  intitulado  Brie- 
fue,  et  Sommaire  defcription  dela  vie,  et  mort 
de  D.  Antoine  premier  du  nom,  et  dixhuic- 
tiefme  Koy  de  Portugal.  Pariz  ches  Ger- 
I  vais  Alliot.  1629.  8.  defde  pag.  133. 
até  261.  e  no  Livro  intitulado.  Excel- 
lent,  et  libre  difcours  du  droit  dela  Suceffion 
Rojale  au  Rojaume  de  Portugal,  et  dela 
legitime  fucejfton  du  Rqy  D.  Anthoine.  Pa- 
riz chez  Jean  Micard  12.  defde  pag.  117.  até 
239.  Foy  traduzida  na  Lingua  Latina  por 
Oâavio  Sylvio  Cavalleiro  Romano  in  8. 
fem  lugar,  e  anno  da  impreíTaõ  da  qual  con- 
fervamos  hum  exemplar.    Nefta  Carta  expõem 


largamente  ao  Summo  Pontiíice  o  direito, 
que  lhe  aíTiftia,  para  cingir  a  Coroa  de  Por- 
tugal relatando  individualmente  os  Letra- 
dos mais  infígnes,  que  efte  Reyno  naqucUe 
tempo  tinha,  aíTim  Theologos,  como  juríftas, 
que  defendíaò,  e  approvavaõ  a  fua  perten- 
çaõ  i  Coroa. 

Let/re  ecrite  a  Sainãe  Pere  le  Pape 
Sixte  V.  dela  Kochelle  le  jour  de  devant  les 
Nofies  de  Aoufl  l'an.  de  notre  Seiffuur  mil 
cinq  cens  quatre  vingt  cinque.  Sahio  impref- 
fa    em    ambos    os    livros    aíTima   allegados. 

Ijetre  ecrite  a  Sainíle  Pere  Pape  Sixte 
V.  de  l^ndres  26.  de  Januier  l'an.  de  graee 
1586.    Paris   chez   Cervais   Alliot.    1629.    8. 

Ijetre  ecrite  à  Sainííe  Pere  Pape  Sixte 
V.  de  Londres  le  27.  de  Juillet  ran.  de  noftre 
Seigneur.    ij86.    Pariz    f>elo    dito    Impreííor. 

Letre  ecrite  au  Pape  Clement  VIU.  de 
Londres  i.  de  Atml  de  1592.  Pariz  pelo  dito 
ImpreíTor. 

Letre  ecríte  au  Pape  Clement  VIII.  de 
Londres  24.  de  Januier  1595.  Pariz  chez  Jean 
Micard.  1607.  12.  et  ibi  ches  Gervais  Alliot. 
1629.  8. 

Cartas  efcritas  de  Pari^  a  iz.  de  Agojlo 
de  1595.  às  Magejlades  delRej  Chríflianijftmo 
Henrique  IV.  Rainha  de  Inglaterra,  Eflados 
Geraes,  Conde  Maurício,  Príncefa  de  Orange, 
e  Conde  de  LJfex.  Pariz  ches  Jean  Micard 
1607.  12.  Sahiraõ  impreílas  em  Francez, 
e  Portuguez.  Neflas  Cartas  eflando  próximo 
à  morte  encomenda  a  eftes  Principez  os  feus 
filhos,  e  as  peíToas,  que  fempre  lhe  aífifli- 
raõ,  e  o  acompanharão. 

Sahio  em  feu  nome,  e  fe  cré  fer  com- 
pofto  por  elle,  hum  Manifefto,  com  efte  ti- 
tulo. 

Lxplanatio  verí,  ac  legitimi  jurís  quo 
SereniJJimus  Lujitania  Rex  Antonius  ejus 
nominis  primus  nititur  ab  bellum  Philippo 
Regi  Caflella  pro  reffii  recuperatione  infe- 
rendum  una  cum  hiflorica  quadam  ennar- 
ratione  rerum  eo  nomine  gejiarum  ufque  ad 
annum  1583.  Lugd.  Batav.  apud  Chrifto- 
phorum  Plantinum.  1585.  4.  et  Cólon.  1613. 
8.  Sahio  traduzido  em  Francez  com  efte 
titulo. 

luflification  du  Serenijfime  D.  Antoine  Rot 
de    Portugal  premier    de    ce    nom,    toucbant  la 


18 


194 


BIB  LIO THECA 


guerre,  qu'il  faia  à  Philippe  Roí  de  Cafiille, 
fes  Juhjects,  et  adherens  pour  ejlre  remis  en  fon 
Kojaume.  Leyde  em  rimprimerie  de  Chriílo 
phle  Plantin.  1585.  4. 

Semelhante  a  Cefar  foy  Chronifta  das 
fuás  acçoens  efcrevendo  em  três  tomos  a 
fua  vida,  cujo  Original  fendo  dado  por  feu 
filho  D.  Manoel  de  Portugal  a  Fr.  Joaõ  Ca- 
ramuel  o  confervava  com  grande  eílimaçaõ 
em  feu  poder,  como  afíirma  no  Philip.  Prud. 
pag.  175.  fendo  o  titulo  defta  obra. 
Hijioria  do  Kej  D.  António. 

No  I.  livro  trata  de  feu  Pay  o  Infante  D. 
Luiz  filho  delRey  D.  Manoel,  e  como  fora  cafa- 
do  com  D.  Violante  Gomes  fua  Mãy  fendo  por 
eíla  caufa  filho  legitimo,  e  naõ  natural  daquelle 
Príncipe.  Defcreve  a  expedição  de  Africa,  e 
todas  as  circunílancias  aíTim  do  feu  cativeiro, 
como  reftituiçaõ  ao  Reyno.  No  2.  livro  reco- 
pila o  que  mais  largamente  efcrevera  no  i. 
Intenta  cingir  a  Coroa  de  feus  Avós.  Expõem 
ao  Cardial  D.  Henrique  as  injuftiças,  que  lhe 
tinha  feito,  das  quaes  fe  queixa  com  grande 
fentimento  ao  Summo  Pontífice.  No  3.  livro 
fe  contem  todas  as  Cartas  Originaes,  que  efcre- 
vera fobre  a  fua  pertenfaõ  ao  Reyno  de  Portu- 
gal, a  diverfos  Príncipes  Catholicos,  Hereges, 
e  Mouros.  Hum  memorial  muito  extenfo 
em  forma  de  Supplica  ao  Pontífice.  Todas 
as  negociaçoens  pertencêtes  às  expediçoens 
que  fez  Portugal  fendo  entre  ellas  as  princi- 
paes  como  fora  eleito  Draque  General  da 
Armada  Ingleza  pela  Rainha  Izabel,  As  condi- 
çoens  propoftas  por  Draque,  e  Norris,  e  como 
foraõ  por  elle  admitidas.  A  inftrucçaõ  do  Em- 
baxador  que  mandou  aos  Eílados  de  Olanda,  e 
Zelanda.  Conclue  Caramuel  de  quem  extrahi- 
mos  eíla  noticia,  que  além  defta  obra  con- 
fervava em  feu  poder  outras  muitas  de  D. 
António,  que  naõ  tratavaõ  defta  pertenfaõ 
à  Coroa  Portugueza,  fendo  o  feu  Author 
felix  calamo,  politica  fcientia  doãijfimus. 

M.  ANTÓNIO  infigne  Medico  cuja  facul- 
dade exercitou  na  Praça  de  Arzllla  íituada  na 
Regiaõ  Africana,  quando  eftava  fogeita  ao  do- 
mínio de  Portugal.  Naõ  menos  applicado 
à  faude  dos  Soldados,  do  que  à  fama,  e  nome 
dos  que  valerofamente  combatiaõ  naquelle 
theatro  do  valor  Portuguez.    Efcreveo. 


Cavalgais,  e  boas  entradas,  que  fe^  D.  Pedro 
de  Mene^ies  Almocadem  de  Ar:(illa. 

Efte  M.  S.  veyo  ao  poder  de  D.  Joaõ  Cou- 
tinho Conde  de  Redondo,  como  afíirma 
Bernardo  Rodriguez  filho  do  Author  de  quem 
faremos  memoria,  em  feu  lugar  na  Hijioria 
de  Ar:(ila,  que  fe  confervava  na  Bibliotheca 
do  Chantre  de  Évora  Manoel  Severim  de 
Faria,  da  qual  conferva  huma  copia  meu 
Irmaõ  D.  Jozé  Barboza  Clérigo  Regular  na 
fua  feleâa  Livraria  da  Hiftoria  de  Portugal. 

M.  ANTÓNIO  natural  da  Villa  de 
Guimaraens,  e  Medico  da  Camará  do  Se- 
reniíTimo  Rey  de  Portugal  D.  Joaõ  o  II.  a 
cujo  Príncipe  fobreviveo,  pois  conforme 
efcreve  Gafpar  Eftaço  nas  Antiguidades 
de  Portug.  cap.  56.  n.  4.  prolongou  a  vida 
até  o  anno  de  1533.    Efcreveo. 

Tratado  fobre  a  Provinda  de  Entre  Douro,  e 
Minho,  e  fuás  avondanças  copilado  por  Meflre 
António  Fijtco,  e  Surgido  morador  na  Villa  de 
Guimaraens,  e  natural  delia.  Começa  Como 
quer  que  toda  a  peffoa  Acaba,  a  muy  nobre,  e 
fempre  leal  Villa  de  Guimaraens.  Confervafe 
huma  copia,  que  eu  vi,  na  Livraria  do  Marquez 
Mordomo  mor,  e  confta  de  outo  paginas 
de  folha,  cuja  obra  como  diz  o  Author  foy 
efcrita  no  anno  de  1 5 1 2.  e  deUa  fazem  memoria 
Gafpar  Eftaço  Antiguidades  de  Portug.  cap.  56. 
n.  6.  Jorge  Cardofo  nas  Advertenc.  ao  i. 
tom.  do  Agiol.  L.ujit.  §.  2.  e  no  Commentarío 
de  2.  de  Janeiro  letr.  B.  pag.  17.  e  no  Commen- 
tarío de  22.  de  Abril  pag.  681.  e  a  Bib.  Geo- 
graf.  de  António  de  Leon  novamente  acre- 
centada  Tom.  3.  Tit.  unic.  col.  161 7.  Efcre- 
veo mais. 

Chronica  delKey  D.  JoaÕ  o  II.  da  qual 
fe  confervava  huma  Copia  na  Bibliotheca  do 
ExcellentiíTimo  Marquez  de  Abrantes,  e  delia 
fazem  memoria  Cardof.  Agiol.  Lujit.  Tom.  3. 
no  Cõmentarío  de  18.  de  Junho  let.  F.  p.  733. 
e  Francifco  de  Santa  Maria  Hi^.  da  Congreg. 
dos  Coneg.  Secul.  de  S.  Joaõ  Evang.  lib.  i.  cap.  42. 
pag.  358.  o  qual  no  livr.  3.  cap.  72.  pag.  871. 
faz  mençaõ  de  outra  obra  do  Meftre  Antó- 
nio, que  fe  conferva  M.  S.  na  Livraria  do 
Convento  de  Santo  Eloy  de  Lisboa,  cujtf 
titulo  he 

Memorias  do  feu  tempo. 


L  USITANA. 


195 


ANTÓNIO  Eremita  da  afpera  folidaõ  da 
Scrr.1  de  OíTa  íituada  no  território  de  Évora, 
c  hum  dos  mais  rigidos  profeíTores  da  auílera 
regra  de  S.  Paulo  primeiro  Habitador  da 
Thebaida,  querendo  viver  para  Deos,  e  junta- 
mente para  o  próximo,  efcreveo. 

Declaração  Johrt  os  fete  Pfalmos  da  Peni- 
(tícia  em  Hngfiagem  Portuguev^  dedicada  a  feu 
IrmaÒ  em  Cbrijlo  o  vir/mfo,  e  devoto  pobre  TriflaÕ 
Provincial  de  todas  as  Provindas  da  Serra  Doffa, 
e  vida  eremifica  de  S.  Paulo  primeiro  Lrmitaõ. 
Lisboa  por  Germaõ  Gallarde  e  ImpreíTor 
(IclRey  1J44. 

ANTÓNIO  DE  ABREU  chamado  por 
:inthonomaíia  o  Engenho/o  pela  exccllcncia  do 
talento,  prompta  agudeza  nas  repoílas  ferias,  e 
jocofas,  c  fumma  facilidade  em  compor  verfos 
ilc  vários  metros.  Teve  particular  amizade 
i(im  o  Príncipe  dos  Poetas  de  Efpanha  o 
(Jrandc  Luiz  de  Camoens  aíTim  cm  Portugal 
10  na  índia  onde  viveo  com  elle  muitos 
los,  de  quem  foy  fempre  fiel  imitador, 
teftemunhaõ  as  peíícas  mais  eruditas 
juelle  Século,  e  o  poderiaõ  teftificar  as  do 
ite,  fe  feu  Irmaõ  Fr.  Bartholameu  de 
AgoíBnho  antes  de  morrer  publicaíTe 
ia  grande  colleçaõ  que  tinha  feito  dos  feus 
Verfos  Jagrados,    e  profanos. 

P.  ANTÓNIO  DE  ABREU  natural  de  Lis- 
)a,  onde  teve  por  Pays  a  António  de  Abreu, 
c  Anna  Barradas,  recebeo  a  Roupeta  da  Com- 
panhia de  Jefus  em  o  CoUegio  de  Coimbra  a 
17.  de  Mayo  de  1577.  Depois  de  inftruido 
fuficientemente  nas  letras  fagradas,  e  profanas 
diílou  Rhetorica,  e  Filofofia  em  Coimbra 
tendo  por  Difcipulo  ao  Senhor  D.  Alexandre 
filho  dos  Sereniffimos  Duques  de  Bragança  D. 
Joaõ  o  I.  e  D.  Catharina,  que  depois  foy  dignif- 
fimo  Arcebifpo  de  Évora.  Na  mefma  Univer- 
fidade  foy  Lente  de  Sagrada  Efcritura.  Teve 
grande  talento  para  o  Púlpito,  e  naõ  inferior 
para  o  governo,  como  manifeílou  nos  Rey- 
torados  dos  Collegios  de  Lisboa,  Évora,  e 
Coimbra,  na  Prepofitura  da  Cafa  profeíTa 
de  S.  Roque,  e  ultimamente  no  Provincia- 
lado,  cujo  lugar  antes  de  o  acabar,  acabou 
de  viver  em  10.  de  Junho  de  1629.  Teve 
hum  génio  muito  brando,  e  fuave  para  os 


íubditos,  de  tal  modo  que  íendo  notado  da 
fumma  indulgência,  que  com  elles  uzava, 
refpondia  com  S.  Joaò  Chryfoílomo  que  mais 
queria  dar  conu  ao  Supremo  Juiz  de  íer 
nimiamente  compaíTivo,  de  que  exceíTi vã- 
mente rigorofo.  Recitou  varias  Oraçoens  lati- 
nas com  grande  eloquência,  feodo  as  prin- 
cipaes,  três  da  Rainha  Santa  Izabel  em  a  Uni- 
verfidade  de  Coimbra,  e  no  mefmo  idioma 
compoz  muitas  obras  poéticas  das  quae» 
fomente  fe  imprimio  in  8.  como  aíHrnoa  o  P. 
Francifco  da  Cruz  nas  fuás  Memorias  para  a  Nb. 
Porttig.  fem  declarar  lugar,  e  anno  da  edição. 
Tragfidia  S.  Joannis  Baptijla.  Ao  Author 
louva  o  P.  António  Franco  in  Ann.  Clor, 
S.  J.  in  Lup.  pag.  331.  et  in  Synopf.  Annal. 
S.  J.  in  'Líifit.  pag.  254.  e  o  P.  António  do& 
Reys  in  Enthuftafm.  Poet.  n.  209. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  ABREU  natural 
da  Cidade  do  Porto,  e  filho  de  António 
Pereira,  e  Maria  de  Abreu.  ProfeíTou  o 
Habito  da  Ordem  dos  Pregadores  no  Real 
Convento  da  Batalha  a  20.  de  Março  de 
1644.  onde  depois  de  eíludar  as  fciencias 
efcolafticas,  fe  applicou  com  mayor  difvelo 
ao  exercício  do  Púlpito,  pelo  qual  mereceo  o 
lugar  de  Pregador  Geral  na  fua  Religião.  De 
muitos  Sermoens  que  pregou  com  grande 
aceitação,  fomente  imprimio  o  feguinte. 

Sermão  na  Fejla  da  Miraculofa  Imagem  de  S. 
Domingos  traída  do  Ceo,  e  dada  pelas  Mãos 
da  fempre  Virgem  Maria  aos  Keligiofos  do  Con- 
vento de  Soriano  pregado  no  Convento  de  Lis- 
boa em  15.  de  Setembro.  Lisboa  por  António 
Crasbeeck  de  Mello.  1661.  4.  e  Coimbra 
por  Thomè  Carvalho  ImpreíTor  da  Univer- 
fidade  1672.  4.  Delle  faz  breve  memoria  Fr. 
Pedro  Monteiro  no  Claujlro  Domin.  Tom.  3. 
pag.  144. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTO  AGOS- 
TINHO natural  de  Lisboa,  e  Religiofo 
profeíTo  na  Ordem  dos  Menores  da  Provín- 
cia de  Portugal  com  baílante  capacidade 
para  o  Púlpito,  e  para  o  governo,  como  fe 
vio  quando  foy  Prefidente  do  Convento  de 
N.  S.  da  Porta  do  Ceo.  Por  duas  vezes  af- 
fiíUo  em  nome  da  fua  Provinda  ao  Capitulo 
Geral  celebrado  em  Roma.    Exercitou  com 


içó 


BIBLIO THE  C  A 


grande  zelo,  e  vigilância  o  lugar  de  Procura- 
dor, e  ComiíTario  Geral  dos  Lugares  Santos 
de  Jerufalèm  atè  que  morreo  no  Convento  de 
Lisboa  a  12.  de  Fevereiro  de  1700.  impri- 
mio 

Breve  Summario  dos  Conventos,  Igrejas,  Capei- 
las,  e  lugares  Santos  que  a  Sagrada  Keligiaõ 
dos  Frades  Menores  da  Obfervancia  tem  a  feu 
cargo  em  a  Cidade  de  Jerufalèm,  e  Terra  Santa,  e 
o  direito  com  que  os  poffue,  e  habita;  e  dos  grandes, 
e  excejfivos  trabalhos,  que  padecem  os  Keligiofos, 
que  alli  ejlaõ,  e  dos  tributos  que  pagaõ  por  que 
os  deixem  morar  alli  os  Turcos,  e  por  ter 
com  a  devida  decência,  e  reverencia  aquelles  Santos 
ILugares.  Lisboa  por  António  Crafbeek  de 
Mello  1665.  4.  e  pelo  mefmo  Impref.  1686. 
et  ibi  por  Joaõ  da  Coíla  1670.  4. 

Kelaçaõ  verdadeira  do  celeberrimo  tri- 
íimpho,  e  viãoria,  que  conjeguio  a  Keligiaõ 
Francifcana  recuperando  os  Santos  ILugares 
de  Jerufalèm  ufurpados  pela  Naçaõ  Grega 
Scifmatica  em  virtude  de  hum  mandado  Impe- 
rial, que  deu  o  Sultão  Solimaõ  a  20.  de  Abril 
de  1690.  Lisboa  por  Miguel  Deslandes 
Impreflbr  de  Sua  Mageftade  1691.  4. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  ALMADA  naceo 
em  Lisboa,  e  foy  filho  de  Joaõ  de  Balheíle- 
ros,  e  D.  Joanna  de  Almada.  Deixado  o 
mundo  fe  recolheo  na  Religião  dos  Ere- 
mitas de  Santo  Agoílinho,  cujo  habito  pro- 
feíTou  no  Convento  da  fua  pátria  em  18.  de 
Setembro  de  1665.  Aprendidas  com  grande 
difvelo  Filofofia,  e  Theologia  as  enfinou  com 
mayor  applaufo  no  Collegio  de  Santo  Agof- 
tinho  de  Lisboa  no  anno  de  1676.  e  depois 
de  ter  diétado  a  Theologia  fe  graduou  MeJlire 
nefta  faculdade.  Foy  infigne  Pregador,  e 
naõ  menos  douto  na  Theologia  Pofitiva,  e 
Myftica  com  a  qual  em  Évora  onde  aíTiíHo 
muitos  annos,  inftruio  a  muitas  almas  de  hum, 
e  outro  fexo  para  o  caminho  da  perfeição. 
Cheyo  de  virtuofas  obras  morreo  em  Lisboa 
a  24.  de  Março  de  171 5.    Compoz. 

Defpo^orios  do  Efpirito  celebrados  entre  o 
Divino  Amante,  e  fua  Amada  Bfpofa  a  Ven. 
Madre  Soror  Mariana  do  Koí^ario  Keligiofa 
de  Veo  branco  no  Convento  do  Salvador  da  Cidade 
de  Évora.  Lisboa  por  Manoel  Lopes  Fer- 
reira 1694.  4. 


Vida  de  Ii^abel  de  Jefus  Mantellata  da  Or- 
dem de  Santo  Agoflinho  M.  S. 

Sentimentos  da  alma  pelos  Myflerios  da  PaixaÕ 
de  Chriflo  M.  S. 

Alfabetos   de    Conceitos    Predicáveis   M.    S. 

Todas  eílas  obras  M.  S.  com  o  feu  Curfo 
Filofofco,  e  Conclufoens  que  defendeo  fe  guardaõ 
na  Livraria  do  Convento  da  Graça  de  Lisboa. 

P.  ANTÓNIO  DE  ALMEYDA  Naceo 
na  Villa  de  Trancofo  do  Bifpado  de  Vifeu,  e 
foraõ  feus  Pays  Fernaõ  de  Siqueira,  e  Anna  de 
Andrade.  Quando  contava  1 8  annos  de  idade 
recebeo  no  Collegio  de  Coimbra  a  Roupeta  da 
Companhia  de  JESUS  a  4.  de  Janeiro  de  1575. 
e  logo  em  o  Noviciado  começou  com  arden- 
tes votos  a  fufpirar  pela  Miílaõ  do  Oriente. 
Alcançada  faculdade  dos  Superiores  partio 
de  Lisboa  para  Goa  onde  chegou  no  anno 
de  1585.  Convalecido  da  moleftia  de  taõ 
prolongada  navegação  fupplicou  com  grandes 
rogos  ao  Viíitador  Geral  Alexandre  Vali- 
gnani  que  o  mandaíle  promulgar  o  Evangelho 
na  China  o  qual  admirado  do  feu  apoftolico 
zelo  lhe  deo  por  Companheiro  ao  P.  Duarte  de 
Sande  para  cultivar  taõ  dilatada  vinha.  Par- 
tio para  Macao,  e  bufcando  modo  para  fe 
introduzir  naquelle  vaílo  império,  fe  lhe  abrio 
quando  menos  o  imaginava,  achando  ao  P. 
Miguel  Rogério  que  nelle  havia  muitos  annos 
aíTiftia  com  faculdade  de  fundar  huma  Cafa  em 
Cantaõ,  e  com  grande  fatisfaçaõ  o  tomou  por 
feu  focio.  Porém  naõ  tendo  effeito  eíla  empre- 
za  naõ  defiílio  dos  feus  fervorofos  dezejos, 
antes  procurando  com  mayor  anciã  o  fim  que 
intentava,  paíTou  com  o  P.  Matheus  Ricio  a 
Xauceo  no  anno  de  1 5  89.  Acometido  de  huma 
grave  infermidade  que  para  convalecer  delia 
foy  precifo  voltar  a  Macao,  tanto  que  fe  fentio 
capaz  de  caminhar,  voltou  para  a  China 
ultima  meta  dos  feus  dezejos  atè  que  fe- 
gunda  infermidade  contrahida  da  afpereza 
do  caminho  o  privou  da  vida  em  Xauceo  a 
17.  de  Outubro  de  1591.  O  feu  Cadáver 
amortalhado  ao  coílume  dos  Chinas  foy 
transferido  no  anno  de  1594.  para  Macao, 
em  cuja  praya  fe  juntou  grande  multidão  de 
povo  que  com  fumma  veneração  o  acompa- 
nhou até  a  Igreja  onde  lhe  fez  huma  Ora- 
ção fúnebre  o  P.  Duarte  de  Sande  Reytor 


I 


I 


L  USITAN A. 


197 


(laquelle  Collegio  na  qual  louvou  as  virtu- 
des em  que  foy  eminente,  fendo  as  princi- 
paes  o  apoílollco  zelo  para  lucrar  almas  a 
(  hriílo;  o  intrépido  animo  para  emprender  em 
leu  obfequio  as  mais  árduas  empiezas,  o  nimio 
cxceíTo  com  que  rigorofamente  tratava  o  corpo, 
a  profunda  veneração  com  que  adorava  a 
(  hrifto  Sacramentado,  a  fervorofa  ternura  com 
que  dedicava  os  feus  affeâos  a  Maria  Santif- 
'  lima.  Mais  copiofo  elogio  fazem  das  fuás 
acçocns  Nicol.  Trigault  in  Exped.  Chriji. 
tiptid  Chin.  lib.  5.  cap.  j.  Alegamb.  in  hib. 
Societ.  p.  63.  Gouvea  in  AJia  Extrem,  Part.  1. 
lib.  2.  cap.  15.  Franc.  na  Imag.  da  Vir/,  em  o 
Nov.  de  Coimh.  Tom.  2.  lib.  3.  cap.  30.  et  in 
Anti.  Glor.  S.  J.  in  Ijtjit.  pag.  602.  Jarric.  Tbe- 
jitr.  Jnd.  Part.  2.  lib.  2.  cap.  26.  c  27.  Lcon 
Hib.  Orient,  Tit.  8.  Joan.  Soar.  de  Brit.  in 

Í^beatr.  Ijfjit.  IJ/er.  lit.  A.  n.  49.  In  Synenjt 
pv  impiger,  indefeJfnfqNe  divini  feminis  opera- 
[kt.  Efcrcvco 
^  Carta  ao  P.  Duarte  de  Sande  em  que  trata 
MS  coufas  da  China  efcrita  de  Xauceo  em  10. 
r  Fevereiro  de  1586. 
'  Carta  ao  me/mo  Padre  de  "Xauceo  8.  de 
eíembro  de  1586. 

Sahiraõ  eílas  duas  cartas  com  outras  na 
língua  Italiana  Roma  por  Francifco  Zanne- 
ti.  1588.  12.  e  vertidas  em  Caftelhano  por 
Buxeda  de  Leyva  na  Hijior.  dojapaõ.  C,aragoça. 
1591.  12. 

Cartas  ejcritas  ao  P.  Duarte  de  Sande  Key- 
tor  de  Macao.  Xauceo  8.  de  Setembro  de  1588. 
fahiraõ  abreviadas  Roma  por  LuÍ2  Zanneti. 
1591.  12. 

Cartas  ef cri  tas  em  22.  de  Novembro  de 
1585.  nas  quaes  defcreve  a  f  tia  jornada  de  Cantão 
atl  Nafl  Hiu  fe  podem  ler  na  Afia  extrema 
do  P.  Gouvea  Part.  i.  lib.  2.  cap.  8. 

ANTÓNIO  DE  ALMEIDA  Efcrivaõ 
do  Supremo  Concelho  de  Portugal  em  Gif- 
tella.  Foy  hum  dos  mais  devotos  amantes 
da  Immaculada  Conceição  da  Senhora  de  cuja 
Congregação  eftabelecida  no  Imperial  Col- 
legio de  Madrid  da  Companhia  de  Jefus  naõ 
fomente  foy  irmaõ,  mas  publicou. 

Compendio  de  las  regias,  j  exercidos 
de  la  Congregacion  de  la  Immaculada  Con~ 
cepcion  de  N.   S.  fita  por  authoridad  apoftoli- 


ca  dt/dê  el  aão  1603.  en  el  Cole  ff  o  Imperial  de 
la  CompaHia  de  jejiu  de  Madrid.  Madrid 
por  Diogo  Dias  de  la  Carrera.  1693.  12. 

Certamente  naõ  poífo  aífirmar  íê  foy 
eíle  o  mefmo  Author,  ou  outro  do  mefmo 
nome,  c  apellido,  que  compoz  duas  Come- 
dias, cujos  títulos  íaô 

La    defffracia    màs   Jelice.     Lisboa    por 
Paulo  Crasbeeck.  1645.  4. 

£/  hermano  fingido.  Lisboa  por  Manoel 
da  Syiva.  1645.  4. 

Dclle  fe  lembra  o  P.  António  dos  Reys 
in  Enthuf.  Poet.  n.  259. 

ANTÓNIO  DE  ALMEIDA  natural  do 
Porto,  c  Meílrc  da  Muíica  na  Cathedral  da  fua 
Pátria,  naõ  fomente  perito  naquella  fuaviíTima 
Arte,  como  muito  vcrfado  na  Poctíca,  cm  que 
compoz  varias  obras  fendo  particularmente 
infigne  em  a  Cómica  de  que  dco  claro  tcílc- 
munho  na  obra  feguinte. 

La  humana  carça  abra:^ada  el  Gran  Martyr  S. 
Laurencio.  Coimbra  por  Thomè  Carvalho 
ImpreíTor  da  Univerfidade  1656.  4. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  ALMEIDA  nacco 
na  Cidade  do  Porto  fendo  filho  de  António 
Joaõ,  e  de  Francifca  Moreira.  Foy  admitido 
à  Ordem  dos  Pregadores  no  Convento  de 
Aveiro  a  13.  de  Janeiro  de  1663.  cujo  inílituto 
profeíTou  a  14.  de  Janeiro  de  1664.  Foy 
Meftre  na  Sagrada  Theologia,  e  Qualificador 
do  Santo  Officio.  Pela  fua  prudência  de  que 
foy  muito  ornado  o  elegeo  a  Religião  Vigário 
das  Religiofas  do  Convento  do  Paraizo  de 
Évora  cujo  minifterio  exercitou  louvavelmente 
depois  nos  Conventos  de  Corpus  Chrifti 
junto  ao  Porto,  e  de  S.  Joaõ  na  Villa  de 
Setúbal.  Morreo  no  Convento  de  Lisboa  a  4. 
de  Julho  de  1723.  com  fetenta  e  fete  annos 
de  idade.  Dos  Sermoens  que  tinha  pregado 
formou  hum  anno  concionatorio,  e  o  publi- 
cou com  efte  titulo. 

Sermoens  Panegyricos  dos  primeiros  féis 
me^es  do  anno  i.  Part.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ  171 8.  4. 

Sermoens  Panegyricos  dos  fegundos  féis 
me^es  do  anno  2.  Part.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor 1721.  4. 

Do  Author  faz  memoria  Fr.  Pedro  Mon- 


198 

teiro  no  Clauft.  Domin.  Tom.  3.  pag.  145.  e 
no  Cathal.  dos  QttaliJ.  do  Sant.  Offic.  pag.  1 3 . 

D.  ANTÓNIO  DE  ALMEYDA  COU- 
TINHO taõ  illuftre  por  geração,  como  iníi- 
gne  na  Poefia  alcançando  os  mayores  applaufos 
na  Corte  de  Madrid,  onde  aíTiílio  a  mayor 
parte  da  fua  vida,  dos  mais  celebres  profeíTores 
daquella  Arte,  pelos  verfos,  que  produzio  a  fua 
Mufa  taõ  elegante,  como  difcreta,  dos  quaes  fe 
podia  formar  hum  grande  volume,  e  unica- 
mente lograrão  o  beneficio  da  luz  publica. 

Outavas  en  loor  de  Sor.  Joanna  Ignes  dela 
Cru^  Monja  nel  Convento  de  México  decima 
Mufa.  Sahiraõ  no  2.  Tom.  das  fuás  Poe- 
iias  Valladolid  por  Thomaz  Lopes  de  Haro 
1692.  4. 

ANTÓNIO  ALVARES  Foy  muito 
perito  na  Medicina,  da  qual  exercitou  o  magif- 
terio  nas  famofas  Univerfidades,  de  Alcalá, 
e  Valhadolid  com  grande  credito  do  feu 
nome.  A  fama,  que  corria  por  toda  Efpa- 
nha  da  fua  fciencia  obrigou  a  D.  Pedro  Giron 
Duque  de  OíTuna  a  que  o  elegeíle  por  feu 
Medico,  quando  foy  fer  ViceRey  de  Nápoles 
experimentando  por  muitas  vezes  o  admi- 
rável methodo,  e  profunda  fciencia  com 
que  triumfava  das  infermidades  mais  rebel- 
des. Em  gratificação  dos  favores,  que  rece- 
bia do  feu  Mecenas  lhe  dedicou. 

Epijiolarum,  et  Conciliorum  Medicinalium  pri- 
ma pars  omnibus  non  medicis  modo,  fed  Vhilojo- 
phicB  Jiudiojis  utilijjima.  Neapoli  apud  Hora- 
tium  Sauvianum  1585.  4.  no  fim  fe  juntou. 

Defenjiones  pro  Joanne  uAltimaro  in  Salvi- 
Silani    A.pologiam. 

Defta  obra,  e  do  Author  fe  lembra  Van- 
derlind.  in  Script.  Med.  Nicol.  Ant.  in  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  75.  Lippen.  in  Bib.  Ke- 
ali  Med. 

Fr.  ANTÓNIO  ALVARES  Naceo 
na  Villa  de  Benavente  fituada  nas  margens 
do  Tejo,  como  uniformemente  affirmaõ 
Joaõ  Franco  Barreto  na  Bib.  Vortug.  M.  S. 
Manoel  de  Faria,  e  Soufa,  Jorge  Cardo- 
fo,  e  Manoel  Severim  de  Faria,  pofto  que 
os  Caftelhanos  efcrevaõ  fora  fua  pátria  Be- 
navente em  Caftela  Velha.     Recebeo   o  ha- 


BIBLIO THECA 


bito  de  Frade  Menor  na  Provincia  de  Sam- 
Tiago,  onde  depois  de  acabada  a  carreira  dos 
eftudos  efcolafticos  fe  applicou  com  todo  o 
difvelo  a  pregar  nas  mayores  Cidades  de  Efpa- 
nha,  principalmente  em  Salamanca  com  taõ 
fervorofo  efpirito,  que  eraõ  innumeraveis 
as  almas  que  à  efficacia  das  fuás  vozes  defper- 
tavaõ  do  lethargo  da  culpa,  e  as  reduzia 
ao  caminho  da  penitencia.  Para  que  naõ 
fomente  inflamaíTe  os  coraçoens  dos  que  o 
ouviaõ,  mas  ainda  dos  que  o  leíTem,  publicou. 

Sjlva  ejpiritual  que  contiene  conjideraciones 
fobre  los  Evangelios  de/de  la  primera  Dominga  de 
Avento  hasta  la  Quarejma  i.  Parte.  Salamãca, 
e  Çaragoça  1590.  Valença  1591.  Lisboa  por 
Simaõ  Lopes  1594.  4. 

Sjlva  ejpiritual,  que  contiene  las  Do- 
mingas, y  fiejlas  de  Quarejma  hajla  el  man- 
dato 2.  Vart.  Valência  por  Felippe  Mcy 
1590.  Salamanca  1594.  Lisboa  por  Simaõ 
Lopes  1594.  4. 

Sylva  ejpiritual,  contiene  conjideraciones  para  los 
Evangelios  de  las  Ferias  quartas,  j  Jextas  de  la 
Quarejma,  j  la  Dominica  de  la  Kejurrecion  3. 
Farte.  Salamanca  por  Juan,  y  Andres  Renaut. 
1594.  Lisboa  por  Simaõ  Lopes  1595.  Bar- 
celona por  Gabriel  de  Lloberas  1595.  Valença 
por  Felippe  Mey  1596.  4.  Sahiraõ  todas  as 
três  Partes  juntas  Madrid.  1597.  e  em  outras 
partes  1605.  e  1615.  4. 

Sermones  de  Santos  Salamanca  por  Artur 
Tabernier  1607.  8. 

Publicou  outra  obra  mais  eílimavel,  que 
a  Sylva  Efpiritual,  intitulada  Pertinales,  na 
qual  diz  Joaõ  Franco  Barreto  na  Bibliotheca 
Porfug.  declara  fer  Portuguez. 

ANTÓNIO  ALVARES  DE  CARVALHO 
natural  da  Villa  de  Barcellos  da  Diocefe 
Bracharenfe  Presbítero  do  habito  de  S. 
Pedro  igualmente  pio,  e  devoto.  Para  tefle* 
munhar  o  grande  affefto  que  tinha  à  infigae 
Martyr  Portugueza  Santa  Quitéria.  Co: 
poz. 

Vida  da  glorioja  Injanta  Santa  Quitéria 
Virgem,  e  Martjr  prodigio  da  graça,  naturd 
da  augujia,  e  nobilijfima  Cidade  de  Braga  Primou^ 
das  EJpanhas.  Lisboa  na  Officina  Real  Def- 
landefiana  171 2.  em  24. 

Novena  da  Glorioja  Injanta  Santa  Quitéria 


I 


LUSITANA. 


«99 


I 


VJV- 

rcr  _, 


VirjijsM,  e  Martyr.  Coimbra  por  Jozè  An- 
tunes da  Sylva  Impref.  da  Univerfid.  1719. 
in  24. 

D.  ANTÓNIO  ALVARES  DA  CUNHA 

(Ircimo  quinto  Senhor  de  Taboa,  c  da»  Villas, 
r  lugares  de  Ouguella,  Alvarellos,  Fundo  de 
Villa,  S.  SimaÕ,  Barrofo,  S.  Joaò  de  Boa 

fíb,  Quintellas,  Oliveira,  Babaõ,  Serragudo, 
Lameiras;  Trinchante  mór  dos  ScrcniíTimos 
Reys  D.  Joaò  IV.  D.  Affonfo  VL  c  D.  Pedro  H. 
Cavallciro  profeíío  da  Ordem  militar  de 
("hrifto,  e  Commendador  de  Santa  Maria  de 
(Marreco,  e  de  S.  Miguel  de  Nogueira  da 
mefma  Ordem,  Deputado  da  Junta  dos  três 
l!ílados,  e  Coronel  de  hum  dos  Regimentos 
lias  Ordenanças  da  Corte.  Naceo  na  Cidade  de 
Goa  Cabeça  do  Império  Oriental  Portuguez 
I.  de  Mayo  de  1626.  Foy  filho  de  D.  Lou- 
renço da  Cunha  Capitão  mòr  do  mar  do  Norte 
Índia  onde  exercitou  o  mefmo  pofto  em 
e  Malaca;  e  hum  dos  três  Governado- 
res daquelle  Eílado,  c  de  D.  Izabel  de  Aragaõ 
filha  de  Fradique  Carneiro  de  Aragaõ  Capi- 
tão mór  das  Armadas  da  índia,  e  da  Ilha  do 
Príncipe:  Sobrinho  daquelle  infigne  Prelado 
D.  Rodrigo  da  Cunha,  que  com  as  fuás  gran- 
des letras,  e  exemplares  virtudes  illuílrou  as 
Mitras  do  Porto,  Braga,  e  Lisboa.  Quando 
contava  onze  annos  paíTou  da  fua  pátria  a  Lis- 
boa para  herdar  a  Cafa  de  feus  Avós  na  qual 
lucedeo  a  feu  tio  D.  Manoel  da  Cunha,  que 
fempre  fe  confervou  no  Celibato  ornado  de 
todos  aquelles  dotes,  que  conftituem  hum  per- 
feito Cavalhero,  e  com  as  direcçoens  de  taõ 
infigne  Varaõ  fahio  egregiamente  inllruido  na 
lingua  Latina,  Italiana,  e  Francefa;  no  eftudo 
da  Poefia,  Hiftoria,  Mathematica,  e  Genealo- 
gia, em  cujas  fciencias  fez  admiráveis  progref- 
fos  a  fua  grande  comprehenfaõ,  e  feliz  memo- 
ria. Do  filêcio  das  Mufas  o  arrebatou  o  tumul- 
to das  Armas  para  defender  a  Pátria  invadida 
pelos  Caílelhanos,  onde  depois  de  encher 
as  obrigaçoens  de  valerofo  Soldado,  e  pru- 
dente Capitão,  os  cuidados  domeílicos,  e  a 
talta  de  faude  o  obrigarão  a  reílituirfe  à  Cor- 
te, e  para  que  naõ  paíTaíTe  o  tempo  entre- 
gue a  hum  torpe  ócio  inítítuhio  em  fua  Ca- 
fa huma  Academia  intitulada  dos  Genero- 
Jos,   da   qual   era    Secretario.     NeJfta   erudita 


paleftra  fe  juntavaõ  ot  engenhos  mais  floren- 
tes da  Nobreza  do  Reyno  em  cujas  conferen- 
cias fe  explicavaõ  os  lugares  dificultofos  dos 
Authores  antigos,  e  fe  prefcreviaõ  regras  para 
a  perfeição  do  eftilo  oratório,  e  poético.  O  na- 
tural génio,  que  tinha  para  inveAigar  os  pontos 
mais  difíceis  da  I  liAoria  Genealógica  o  moveo 
para  que  aceita/Te  o  lugar  de  Guarda  mòr  da. 
Torre  do  Tombo  defcubrindo  a  fua  íncanfavel 
curiofidadc  neílc  Real  Archivo  muitos  docu- 
mentos com  que  illuílrava  as  fuás  doutas  com- 
pofiçocns.  Teve  grande  inclinação  para  a  Poe- 
fia compondo  repentinamente  muitos  vcrfo» 
com  tanta  afflucncia,  c  fuavidadc  como  fe 
foraõ  por  muito  tempo  meditados.  Foy  fum- 
mamente  eílimado  dos  Varoens  nuis  eruditos 
do  feu  tempo,  fendo  o  mayor  D.  Francifco 
Manoel  de  Mello  como  fe  pode  ver  nas  fuás 
Obras  Métricas  na  Tuba  de  Calliope  Sonct.  13. 
32.  34.  e  70.  e  na  Sanfotiha  de  Euterpe  Epiíl.  12. 
Cafou  com  D.  Maria  Manoel  de  Vilhena  filha, 
de  D.  Chriftovaõ  Manoel  de  Vilhena  Senhor 
do  Morgado  de  Alcarapinha,  e  Commendador 
de  Maçans  na  Ordem  de  Chriílo,  irmaã  do 
infigne  Heróe  D.  Sancho  Manoel  Conde  de 
Villa  flor  de  quem  teve  numerofa  defcenden- 
cia.  Com  igual  perda  da  Republica  litteraria, 
que  faudade  de  toda  a  Corte  morreo  em  Lis- 
boa a  26.  de  Mayo  de  1690.  com  64.  annos  de 
idade.  O  feu  corpo  foy  fepultado  em  himia 
fepultura  raza  da  Parochia  de  Santa  Cathe- 
rina,  como  ordenara  em  feu  Teftamenta 
fervindo-lhe  de  honorifico  epitáfio  as  feguin- 
tes  obras  com  que  eternizou  a  fua  fama. 

Campanha  de  Portugal  pela  Província 
do  Alemtejo  na  primavera  do  anno  de  1663. 
governando  as  Armas  daquella  Provinda 
D.  Sancho  Manoel  Conde  de  Villaflor.  Lis- 
boa por  Henrique  Valente  de  Oliveira  Im- 
preíTor  delRey  1663.  4.  e  Amfterdam  por 
Jacob  Van-velfen  1673.  4.  grande  com  o 
titulo  de  Applaujos  Académicos  dos  quaes 
foy  coUeâor  D.  António  Alvares  da  Cxmha. 
como  Secretario  da  Academia  dos  Gene- 
rofos  confiando  eíla  collecçaõ  de  muitos 
poemas,  e  verfos  de  vários  metros  Lati- 
nos, Portuguezes,  e  Caílelhanos  feita  em 
Applaufo  da  celebre  viftoria  do  Amexial 
entre  os  quaes  eftaõ  muitos  feus.  Na  cenfu- 
ra,  que  por  ordem  delRey  fez  a  ella  obra 


200 


BIB  LIO  THE  CA 


o  infigne  Varaõ  Fr.  Jerónimo  Vahia  Mon- 
ge de  S.  Bento  diz  com  a  fua  natural  ele- 
gância, e  difcriçaõ.  Os  Jui:(ps  que  fat;^  dos  Ju- 
€6 ff  os,  e  as  fentenças  com  que  adorna  os  períodos, 
huns  faõ  taõ  pondero/os,  e  outras  taõ  graves  que 
Je  o  livro  affim  como  he  ^ortugue^,  fora  'Latino, 
Je  equivocariaõ  os  juit(ps  com  os  de  Tácito,  e  as 
fentenças  com  as  de  Séneca,  que  ainda,  que  feus 
efcritos  tem  mayor  corpo,  naõ  fallaõ  com  mais 
alma. 

Certame  epithalamico  publicado  na  Acade- 
mia dos  Generofos  de  Lisboa  ao  feliciffimo  Ca:(a- 
mento  do  fempre  augufto,  e  invião  Monarcha  D. 
Affonfo  VI.  &c.  Lisboa  por  Joaõ  da  Cofta 
1666.  4. 

Obelijco   Portugue^  Chronologico,  Genealógico, 
e  Vanegyrico  ao  mais  faujio  dia,  que  em  muitos  fé- 
culas via  Lisboa  no  Baptifmo  da  Sereniffima  In- 
fanta  D.    I:(abel  Luii^a  Jot^epha    Lisboa   por 
António  Crasbeeck  de  Mello  1669.  4. 

Carta  a  Joaõ  Nunes  da  Cunha  Conde  de  S. 
Vicente  da  Beira,  e  do  Concelho  do  Eflado  del- 
Kej  de  Portugal  quando  foy  elejto  ViceRej  da 
índia.  Lisboa  por  António  Crasbeeck  de 
Mello.  4.  fem  anno  da  ediçaõ.  Sahio  2.  vez 
na  Fenis  renacida,  ou  obras  poéticas  dos  melhores 
engenhos  Portugueses.  Tom.  2.  defde  pag.  263. 
atè  289.  Lisboa  por  Jozè  Lopes  Ferreira 
Impreflbr  da  SereniíTima  Rainha  171 7.  8. 
Confta  de  Tercetos,  que  começaõ. 
]á  que  haveis  de  furcar  as  Chriflalinas 

Aguas  da  Fo!^  do  Tejo  àquellas  prayas. 

Que  o  mundo  vio  ao  tremolar  das  Quinas. 
Em  quanto  as  voffas  voadoras  fajas 

As  a^as  deffraldando  levaõ  ao  vento 

Seguindo  as  fuás  prateadas  rayas. 
KebelliaÕ  de  Ceylaõ.    Lisboa  por  António 
Crasbeeck  de  Mello  1689.  4. 

Ff  cola  de  Verdades  aberta  aos  Príncipes  na 
Jingua  Italiana  pelo  Padre  Lui^  Juglaris  da  Com- 
panhia de  Jefus,  e  patente  a  todos  na  Portuguei^a 
pelo  traduãor.  Lisboa  por  António  Crasbeec. 
de  Mello.  1671  4. 

Dous  Sonetos,  hum  Portugue^,  e  outro  Cafie- 
Ihano,  e  hum  Madrigal  Italiano  ao  Nacimento 
Jo  Sereniffimo  Infante  D.  Pedro  Manoel  que 
fahiraõ  impreíTos  com  outras  obras  Poéti- 
cas a  efte  aíTumpto.  Lisboa  por  Paulo  Cras- 
beeck. 1648.  4. 

Pira  fúnebre  que  confirue  o  Académico  Am- 


biciofo,  e  Secretario  da  Academia  dos  Ge- 
nerofos de  Lisboa  às  faudofas  memorias  do 
Fxcellentiffimo  Senhor  Lui^  Alvares  de  Tá- 
vora Conde  de  Saõ  Joaõ  da  Pef queira,  e  Mar- 
quev^  de  Távora  He  huma  Elegia  larga.  Sahio 
impreíTa  no  Compendio  Panegírico  do  mefmo 
Marquez  Lisboa  por  António  Rodrigues 
de  Abreu  1674.  4.  à  pag.  78.  até  85. 

Familia  dos    Cunhas   hijloriada   M.    S.    foi. 

Athlas  Lufitano  em  que  fe  defcreve  hif- 
torica,  e  geograficamente  o  noffo  Kejno,  e  a 
defcendencia  de  feus  Monarchas  foi.  M.  S. 

Deíla  obra  faz  mençaõ  a  Bib.  Geograf. 
de  António  de  Leaõ  modernamente  acrecen- 
tada  Tom.  3.  col.  1729. 

Famílias  illuflres  de  Portugal  hifloriadas  foi.  7. 
Tom.  M.  S. 

Arvores  de  Cofiados  M.  S. 

Origem  da  Cafa  de  Sylva  dedut(ida  ate 
r>.  Guterre  Alderete  M.  S.  Deíla  obra  diz 
D.  Luiz  Salazar,  e  Caftro  na  Hijl.  Ge- 
neal.  da  Cafa  de  Sjlv.  liv.  i.  cap.  8.  pag.  43. 
Fntre  otras  plumas  mui  doãas  le  afiança  una 
de  tan  acreditada  erudicion  como  es  la  ^  D. 
António  Alvares  de  Acuna  Senor  de  Taboa 
Comendador  de  S.  Miguel  de  Nogueras  en 
la  Orden  de  Chrifio  Trinchante  mayor  de 
la  Cafa  de  Portugal,  j  uno  de  los  Caval- 
leros  más  do^os,  y  verfados  en  la  lecion  de  la 
hifloria. 

As  Fortalecias  da  índia  expojlas  em  Map- 
pas  M.  S. 

Todos  eftes  livros  Aí.  S.  fe  confervaõ 
na  grande  Livraria  do  Convento  de  S.  Do- 
mingos de  Lisboa.  Ao  feu  nome  exaltaõ 
com  elogios  Franckenau  in  Bib.  Hifp.  Hif- 
tor.  Gen.  Herald,  pag.  28.  Vir  in  fiudio  im- 
primis Genealógico  cui  fedulo  incãbit  verita- 
tis,  exa£lique  judicii  laude  non  defraudandus. 
D.  Luiz  Salazar,  e  Caftro  na  Introd.  à 
Hifl.  da  Cafa  de  Sylv.  digno  delos  mayores 
elogios  por  fu  erudicion,  como  por  fu  fangre; 
e  no  liv.  6.  cap.  7.  n.  15.  da  dita  Hif- 
toria,  debemos  a  fus  grandes  noticias  mucha 
parte  delas  que  contiene  efla  Hijioria  Antó- 
nio Carvalho  da  Cofta  Corog.  Portug.  Tom. 
2.  Traâ.  5.  cap.  26.  Fidalgo  de  grande 
entendimento,  e  eflimaçaõ  o  P.  D.  Antó- 
nio Caetano  de  Soufa  no  Apparat  da 
Hifi.    Geneal.    da   Cafa   Real  de    Portug.   pag. 


L  USITAN A. 


201 


1^7.   §.    160.    Foy  difcreto,  cortezaõ,  gakn- 

,  e  hum  dos  Fidalgos  da  mayor  eíUinaçaô 

( <  )rtc.   O  P.  António  dos  Rcys  no  Enibu- 

jiujM.  Poet.  impreíTo  no  principio  dos  feus 

agudos  Epigranimas.  n.  144. 

zn  Cunha 

\<l  caput  unduntis  prarupto  é  vertia  foníis 
\it  CeneroJorNM  magna  comi t ante  caterva ^ 
t  rigat  Aonio  fitientia  corda  liqnort 

Ipfe,  f laque  ftmiil. 

P.  ANTÓNIO  ALVARES  FERREI- 
RA. Naceo  na  Villa  de  Chaves  na  Provinda 
IraTmontana.  Hftudando  Filofoíia  em  Sa- 
i.inmnca  abraçou  o  IníUtuto  da  Q)mpanhia 
cie  JESUS  no  anno  de  1612.  quando  contava 
ilcfcnovc  annos  de  idade.  Teve  fclÍ2  enge- 
mIio,  c  fublimc  juizo  para  aprender  as  fcien- 
uís,  como  continua  applicaçaõ,  e  indefeíTo 
r Iludo  para  as  comprehender.  A  mayor 
parte  da  vida  paflbu  diólando  Theologia 
moral,  aíTim  publica,  como  particularmente, 
ou  pregando  em  numerofos  auditórios  fendo 
difícil  de  fe  julgar  em  qual  deíles  dous  mi- 
nifterios  foy  mais  infigne,  naõ  o  fendo  infe- 
rior na  praftica  das  virtudes  Religiofas.  Amou 
>)m  devoção  cordial  a  Virgem  SantiíTima, 
c  na  vefpera  do  feu  Nacimento,  como  fempre 
dezejara,  e  inílantemente  lhe  pedira  paflbu, 
.1  melhor  vida  em  Medina  dei  Campo  no  anno 
«.Ic  1652.    Efcreveo. 

De  haudibtis  Deipara  como  teíUíica  o 
Author  da  Bih.  da  Compan.  pag.  64.  cuja  obra 
ticou  occulta  entre  os  feus  domefticos,  e 
também  ficara  a  feguinte  fe  D.  Gafpar  de  Ef- 
calada,  y  CaíUUo  Cónego  da  Cathedral  de 
Medina  querendo  eternizar  o  nome  de  feu 
Meftre  a  naõ  publicara  com  eíle  titulo. 

Advertências  Nuevas  a  la  letra,  y  moralidad 
delos  EjDangelios  de  Quarejma,  Miercoles,  Viemes, 
Domingos.  Tom.  i.  Madrid  por  Maria  de  Qui- 
àones.  1675.  foi.  Fr.  Diogo  Nifleno  celebre 
Pregador  do  Século  paflado,  e  grande  credito 
da  Religião  de  Saõ  Bafilio  faz  na  Cenfura  defte 
livro  o  feguinte  elogio  au  Author.  Hr  un  difvelo, 
y  tarea  merecedora  de  toda  alabança,y  digna  dei  in- 
genio  de  fu  Author,  que  con  doãos,y  luzidos  afanes 
hà  dilatado  el  orbe  de  la  predicacion,  a  cuja  caufafe 
há  conquijiado  tan  ejclarecido  nombre,y  fama  inclyta 
en  todos  los  ângulos  dei  mundo  como  erudito, y  efludio- 


fo  Cólon,  que  hã  defcubierto  tan  nuevot  rumhot  de 
peregrinos  conceptos,  y  que  delas  ricas  minas  delos 
Sacros  Doílores,  y  .Santos  Padres  dela  Iglejia  há 
enfqyado  pia  ta  de  tan  ricas  locuciones,y  labrado  oro 
de  tan  futiles  penfamientos. 

Neíla  obra  fe  nomea  o  Author  fonoente 
com  o  appclido  de  Ferreira  quando  elle  oa 
Companhia  uzava  mais  do  appclido  de  Al- 
vares» por  cuja  caufa  naò  fe  julgue  fer  diverfo 
quando  na  Bibliotheca  da  Companhia  eftá 
com  ambos  os  appclidos. 

ANTÓNIO  ALVARES  SOARES  Ulyf- 
fiponenfe  ornado  de  todo  o  género  de  eru- 
dição; inílruido  nas  iinguas  mais  polidas  da 
Europa,  e  naturalmente  inclinado  à  Poeúa  de 
que  por  toda  a  vida  deo  claros  argumentos 
ou  foflc  em  metros  feftivos,  ou  fúnebres,  fendo 
principalmente  mais  iníigne  nos  verfos  Lyri- 
cos.  Por  eftes  fingulares  dotes  foy  summamente 
venerado  pelos  mayores  poetas  Italianos,  e  Ef- 
panhoes,  com  os  quaes  tinha  continua  commu- 
nicaçaõ.  Sempre  fahio  viéloriofo  em  todos  os 
Certames  poéticos  alcançando  a  palma  naquel- 
le  celebre,  que  fe  dedicou  em  Lisboa  ao  Con- 
de de  Linhares  D.  Miguel  de  Noronha  Capitão 
mòr  de  Tangere,  em  que  os  Juizes  com  incor- 
rupta deliberação  lhe  julgarão  o  premio,  e  fahio 
impreflb  em  Lisboa  por  Giraldo  da  Vinha,  o 
qual  em  beneficio  dos  Leytores  tranfcrevemos. 

OJlentafe  fero:!^,  e  envefle  oufado 
O  Rey  das  Feras  generofa  Fera, 
Teu  heróico  brio  feu  furor  efpera 
Em  braço  forte,  em  animo  esforçado. 

Vences  ò  invião  Conde,  e  dilatado 
Teu  valor  chega  à  luminofa  esfera, 
Donde  tal  horror  forma,  que  fe  altera 
O  celejle  L^aõ  de  amedrentado. 

Morre  o  terror  do  monte  agradecido 
Tanto  de  fer  às  tuas  maõs,  que  gloria 
Te  minijira  no  fangue,  e  no  bramido; 

Sendo  o  bramido  applaufo  da  viãoria 
Sendo  tinta  o  purpúreo  humor  vertido 
Com  que  te  ejlampem  em  immortal  memoria. 

Laureado  por  Apolo  paflbu  no  anno  de 
1630.  a  Flandes  para  receber  outra  Coroa  de 
Marte  na  Campanha,  onde  obrou  acçoens 
heróicas  como  Soldado,  até  que  terminou 
a  vida  naquelles  Eftados  imprimindo  nelles 
antes  que  fofle  feu  habitador. 


202 


BIBLIO  THE  CA 


"Elogio  fúnebre,  e  real  cancion  en  loor  de  la 
vida,  hav^anas,  y  muerte  de  D.  Ambrojio  Spínola 
Marques  de  los  Balba^es  1629.  4. 

Kithmos  diverfos  Lisboa  por  Matheus  Pi- 
nheiro. 1628.  8. 

Delle  fe  lembraõ  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp. 
Tom.   I.  pag.   75.   Joan.   Soar.   de  Brito  in 
Theatr.  L.ujit.  Literat.  lit.  A.   n.    50.  Jacinto 
Cordeiro  no  Elog.  dos  Poet.  Portug.  Eftanc.  32. 
Merece  António  Alvres  la  efiima 
Con  los  prémios  ganados  de  Poeta 
Aun  que  a  tantos  por  el  la  embidia  imprima 
La  emulacion,  de  que  nacio  fugeta,  (&c. 
Com  mayor  elegância,  e  em  melhor  lín- 
gua o  P.  António  dos  Reys  no  Enthujiafm. 
Poet.  n.  133. 

^         Tagidum  que  Soari 
Turba  fuo  manihus  texebant  gnava  coronam 
Lavia  mijcentes  foliis  conchyllia  curvo 
Dum  maré  contraheret  fiuãus  in  litore,  leãa. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTO  AMBRÓ- 
SIO. Naceo  no  lugar  de  Matozinhos  Su- 
búrbio da  Cidade  do  Porto  fendo  feus  Pays 
o  Capitão  Damiaõ  Luiz,  e  Adriana  Freire. 
Recebeo  o  Habito  dos  Menores  no  Con- 
vento do  Porto  da  Provinda  de  Portugal  a 
3.  de  Abril  de  1704.  Depois  de  fe  applicar 
aos  eftudos  efcolafticos  fe  inclinou  aos  Con- 
cionatorios  de  que  tem  colhido  aclamaçoens 
em  diverfas  partes  de  iníigne  Orador  Evan- 
gélico tendo  fomente  impreíTo 

Sermão  gratulatorio  pregado  em  o  Solemne 
Triduo,  que  fit^eraõ  em  o  feu  Collegio  da  Nobi- 
lijjima  Villa  de  Santarém  os  Preclarijftmos  Pa- 
dres da  Companhia  de  Jefus  quando  celebrarão 
Canoni;(ados  os  feus  dous  lllufirijfimos  Santos 
Luifi  Gon:(aga,  e  Stanislao  Kojika.  Lisboa 
por  Jozé  António  da  Sylva  1728.  4.  Deíla 
obra  faz  memoria  F.  Joan.  a  D.  Ant.  in  Bib. 
Franc.  Tom.  i.  pag.  90. 

P.  ANTÓNIO  DE  ANDRADE  na- 
ceo na  Villa  de  Oleiros  do  Priorado  do  Cra- 
to, e  naõ  em  Pedrógão  (como  mal  infor- 
mado efcreveo  Miguel  Leitaõ  de  Andrade 
no  Dialogo  5.  da  fua  Mifcelanea.)  Foraõ 
feus  Pays  Bartholameu  Gonçalves,  e  Mar- 
garida de  Andrade.  Recebeo  em  Coimbra  a 
Roupeta  de  Jefuita  a  15.  de  Dezembro  de 


1596.  e  logo  nellc  fe  defcobriraõ  viveza  de 
engenho,  e  madureza  de  juizo  affim  para  o  go- 
verno, como  para  o  magifterio.  Inílruido  nas 
faculdades  de  Filofofia,  e  Theologia,  em  que 
foy  baftantemente  douto,  e  ornado  de  todas 
as  virtudes  Religiofas  fe  deixou  penetrar  tanto 
do  zelo,  e  converfaõ  da  gentilidade,  que  com 
beneplácito  dos  feus  Superiores  paíTou  ao 
Oriente  no  anno  de  1600.  Tanto  que  chegou 
a  Goa  foy  nomeado  Superior  de  Refidencia  do 
Mogor  onde  tendo  noticia  que  no  Reyno  do 
Tibet,  e  Graõ  Catayo  havia  veíligios  da  Crif- 
tandade  intentou  eíla  dificultofa  empreza  de 
muitos  apetecida,  e  inutilmente  procurada, 
para  cujo  effeito  fe  veílio  de  trage  de  Mogor 
fendo  incríveis  os  trabalhos,  e  intoleráveis  as 
moleílias  cauzadas  pela  imtemperança  do  cli- 
ma q  conílantemente  foportou,  pois  era  tal  a 
vehemencia  do  frio  que  lhe  fez  cahir  congela- 
dos alguns  dedos  dos  pès  naõ  fendo  poderofa 
tanta  copia  de  neve  para  entibiar  os  ardores  do 
feu  apoílolico  zelo.  Chegado  eíle  Evangélico 
explorador  à  terra  da  PromiíTaõ  que  para  elle 
era  Caparanga  Corte  do  Tibet  foy  benevola- 
mente recebido  pelo  feu  Príncipe,  que  lhe  per- 
mitio  promulgaíTe  o  Evangelho  de  que  colheo 
copiofos  frutos  edificando  hum  Templo  à  Vir- 
gem SantiíTima  para  cuja  fabrica  conduziaò 
aos  hombros  as  principaes  PeíToas  da  Corte  os 
materiaes.  Voltando  para  Mogor  juntou  no- 
vos operários  para  continuar  eíla  cultura,  e  fe- 
gunda  vez  foy  tratado  pelo  Príncipe  com  fin- 
gulares  fignificaçoens  de  affefto.  Neíle  tempo 
fendo  eleito  Provincial  de  Goa  fe  reílituhio  a 
eíla  Cidade,  onde  foy  nomeado  Deputado  do 
Santo  Officio  de  cujo  minifterio  tomou  poíTe 
em  20.  de  Agoílo  de  1633.,  e  como  zelaííe  a 
Religião  Catholica  contra  a  pravidade  heré- 
tica, hum  dos  Sequazes  do  Hebraifmo  lhe 
deu  veneno  de  taõ  a£tiva  qualidade  que  no 
mefmo  dia  o  privou  da  vida,  que  foy  a  19.  de 
Março  de  1634.  Sobre  o  feu  Cadáver  de- 
pois de  fepultado  fe  poz  huma  grande  cam- 
pa na  qual  fe  imprimio  a  fua  figura,  e  ima- 
ginando-fe  que  eíle  fucceíTo  fora  natural- 
mente caufado  pela  violência  exhalada  do 
veneno,  fe  conheceo  fer  fobrenatural  por 
eílar  naõ  fomente  imprefla,  mas  penetrada 
na  pedra.  A  eíle  prodígio  fe  feguiraõ  outros 
muitos,  quaes  foraõ  a  repentina  faude,   que 


I 


L  USITANA. 


2o3 


varias  peíToas  invocado  o  Teu  nome  experi- 
nicntaraõ.  O  fcu  retrato  fe  abrio  em  hunu 
cftampa  com  efta  infcripçaõ.  P.  Antonius 
He  Andrade  Soe.  ]ef.  Provinda  Coana  XVH. 
Provinciuiis,  Mijfionis  'Pibitenjis  primiis  exph- 
rator,  et  fimdator.  Obiit  anno  Domini  i6j4. 
14.  Kalend.  Aprilis  atatis  fua  jj.  As  íuas 
virtuofas  acçoens,  apoftolicos  fuores,  celef- 
tiacs  favores,  e  fingulares  prodígios  fe  podem 
ler  em  Nierembcrg.  Hift,  dos  Var.  lllujl.  da 
Cofup.  Tom.  2.  p.  41 1.  Rho  Hifl.  Vir/,  et  Vi/. 
lib.  2.  cap.  z.  Tanncr  Soe.  Jef.  u/q.  ad  San^. 
et  vita  profitf.  mili/ans  pag.  571.  Nadafí  Ann. 
Dier.  Memorab.  S.  J.  Part.  i.  pag.  153.  Girdofo 
A^iolog.  Liéji/.  Tom.  2.  pag.  252.  e  no  Gjm- 
mcntario  de  19.  de  Marc.  letr.  J.  Franc.  in 
Ann.  Glor.  S.  J.  in  Lufit.  p.  160.  Joan.  Soar. 
de  Brito  in  Thea/r.  J^tjit.  Liter.  lit.  A.  n.  51. 

Ílallcvord  in  Bib.  C/trio/,  p.  ij.  Aicgamb. 
1  Mortib.  Illnjirib.  Cefpedes  Hijl.  de  Filip- 
e  IV.  Part.  i.  liv.  5.  cap.  21.  e  22.  Veiga 
letae.  da  Etiop.  do  anno  de  1624.  1625.  e 
626.  Kircher  in  Sina  Illujlra/.  cap.  2.  Faria 
ÍJia  Por/ug.  Tom.  3.  Part.  3.  cap.  23.  n.  15. 
Hihlio/h.  Sacie/,  pag.  64.  Nicol.  Ant.  in  Bib. 
Hifpan.  Tom.  i.  pag.  75.  Camarg.  Chronolog. 
Sacra  a  ano.  1624.    Efcreveo 

Noí'0  defcubrimen/o  do  graõ  Ca/ayo,  ou 
dos  Rejnos  de  Tibe/.  Lisboa  por  Matheus 
Pinheiro  1626.  4.  cuja  relação  inteiramente 
tranfcreveo  o  P.  António  Franco  na  Ima- 
gem da  Vir/íide  em  o  Noviciado  de  Lisboa  defde 
pag.  376.  atè  pag.  400.  Sahio  traduzida  em 
Caftelhano.  Madrid  por  Luiz  Sanches  1626. 
4.  em  Italiano.  Roma  por  Francifco  Cor- 
belleti  1627.  8.  e  em  Nápoles,  por  Egidio 
Longo  no  mefmo  anno:  em  Polaco.  Cracóvia 
por  Federico  Szembeck  1628.  e  em  Fla- 
mengo. Gante  por  Jacobo  Dyckio.  163 1 
Car/a  em  que  relata  como  voltou  a  Ti- 
be t  a  15.  de  Agofto  de  1625.  Eftà  impref- 
fa  na  Imagem  da  Virt.  em  o  Noviciad.  de 
Lisboa  do  P.  António  Franco  defde  pag. 
400.  atè  402.  Delia  faz  mençaõ  a  Bib. 
Orient.  de  António  de  Leaõ  novamente 
acrecentada.  Tom.  i.  Tit.  7.  col.  115.  Sa- 
hio traduzida  em  Italiano  Roma  por  Fran- 
cifco Corbelleti  1628.  8.  e  em  Francez  com 
efte  titulo. 

HiJIoire  de  ce  qui  s'   efi  paffe  au  Kojaume 


du  Tihet  en  /'  annet  de  1626.  PatÍ2  ches  Se- 
baílien  Cramoify  1629.  8. 

Carta  em  qtu  narra  aos  Padres  da  Companhia 
dê  Goa  os  fucceffos,  que  lhe  acontecerão  defde  a 
Cidade  de  Sarinegpr  atè  Bardinara  quando  foy 
para  o  dejcuhrimento  do  Tihet  em  16.  de  Mayo 
de  1624.  a  qual  com  outras  fahio  em  Italiano 
Roma  por  Fraociíco  G^rbelleti  1627.  e  em 
Francez  pelo  P.  Joaõ  Dried.  Pariz  ches  Se- 
baílien  Carmoify  1628.  8. 

Deíla  relação  do  novo  defcubrimento  do  Ti- 
bet  compoíla  pelo  P.  António  de  Andrade  ex- 
trahio  a  mayor  parte  de  noticias  Theodoro  Rhay 
com  que  ampliou  a  Hiíloria  Latina  que  efcreveo 
da  Defcripçad  daquelle  Reino  a  qual  fahio  impreíía 
Paderbonx  apud  Henricum  Pantanum  1658.  4. 

ANTÓNIO  DE  ANDRADE  REGO. 
Naceo  em  Lisboa  fendo  feus  Pays  o  Dezem- 
bargador  Ignacio  do  Rego  de  Andrade,  Ve- 
reador do  Senado  da  Camará,  Deputado  da 
Junta,  e  Eftado  da  SereniíTima  Cafa  de  Bra- 
gança, e  do  Infantado,  Procurador  da  Fazenda, 
e  Ouvidor  das  Terras  da  Raynha  D.  Maria 
Francifca  Izabel  de  Saboya,  e  D.  Maria  Sofia 
Izabel  de  Neoburg.  e  D.  Magdalena  Maria  de 
Lamirante  filha  de  Pedro  Lamirante,  e  D. 
Joanna  do  Rego.  Inílruido  profundamente 
nas  letras  humanas,  e  lingua  latina,  fe  applicou 
a  penetrar  as  fubtilezas  da  Filofofia,  e  depois 
as  refoluçoens  do  Direito  Pontifício,  e  fez  em 
huma,  e  outra  faculdade  tantos  progreíTos  que 
recebeo  com  applaufo  da  Univerfidade  Co- 
nimbricenfe  o  grào  de  Meftre  em  Artes,  e 
o  de  Doutor  nos  Sagrados  Cânones.  Foy 
admitido  ao  Collegio  Real  de  S.  Paulo  em 
19.  de  Dezembro  de  1705.  e  logo  def- 
pachado  com  huma  conduéta  até  que  fubio 
no  anno  de  171 6.  à  Cadeira  de  Sexto,  onde 
no  de  1720,  paílou  à  de  Decreto,  em  que 
jubilou.  No  tempo,  que  regentou  eílas  Ca- 
deiras diftou  as  Poílillas  ao  cap.  2.  de  Tré- 
gua, et  Pace.  ao  cap.  i.  de  Kefcript.  in  d.  e  ao 
cap.  I.  de  Kejlitut.  in  integrum  in  6.  nas  quaes 
depofitou  os  thefouros  da  fciencia  Legal, 
e  Canónica  adquirida  com  indefeíTo  eftudo. 
Foy  Dezembargador  da  Relação  do  Porto, 
da  Cafa  da  Suplicação,  e  Titular  dos  Ag- 
gravos  de  que  tomou  poíTe  a  5.  de  Dezem- 
bro de  1716.  He  ao  prezente  Cónego  Dou- 


204 


BIB  LIO  THE  CA 


toral  do  Algarve,  Académico  da  Academia 
Real  da  Hiíloria  Portugueza,  Confelheiro  da 
Fazenda  eleito  no  anno  de  1735.  e  Deputado 
da  SereniíTima  Cafa  de  Bragança.    Igualmente 
fe  admira  a  fua  grande  erudição  fagrada,  e 
profana  aíTim  nas  Cadeiras,  como  nos  Púlpi- 
tos, naõ  fendo  inferior  a  vaíla  liçaõ  dos  Poe- 
tas, e  Hiíloriadores  Antigos,  e  Modernos  com 
que  elegantemente  exorna  os  feus  difcurfos 
de  que  foy  por  vezes  repetido  theatro  a  Uni- 
veríidade    de    Coimbra,    como    com    poética 
eloquência  o  defcreve  meu  Irmaõ  o  P.  D.  Jozé 
Barboza  in  Archiathen.  L.ujit.  p.  63.  n.  165. 
Ille  Andrada   Kego"?   Celebrem  facúndia  reddet. 
Orantem  audierit  doãus  cum  Ccetus  odoris 
Floribus  eloquii  contexet  ferta  corollce 
Vértice  qua  digno  fulgehmfí    Áurea  júris 
Ore  fluenta  cadent;  rejono  fimul  ore  tonahit 
Numinis  alta  pius  tradat  cum  dogmata  jufii. 
Imprimio 

Sermaõ  da  Kainha  Santa  I:(abel  fexta  de 
Portugal  pregado  em  o  Real  Convento  de  Santa 
Clara  de  Coimbra  ajjijlindo  em  prejiito  a  Uni- 
verjidade  em  4.  de  Julho  de  i~iz~l.  Coimbra  na 
OíBcina  do  Collegio  das  Artes  1727.  4. 

Sermaõ  da  Conceição  da  Virgem  Maria  Se- 
nhora Nojfa  na  Capella  do  Paço  do  Duque  de 
Bragança  em  15.  de  Dezembro  de  1734.  fefie- 
iando  a  Academia  Real  efie  Purijftmo  Mijlerio. 
Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva  ImpreíTor 
da  Academia  Real.  1735.  4. 

Oraçaõ  com  que  congratulou  os  Académi- 
cos da  Academia  Real  quando  foy  eleito  feu  Col- 
lega  no  anno  de  1734.  e  fahio  impreíía  no  Tom. 
14.  da  Collecçaõ  dos  documentos,  e  Mem. 
da  Academia  Real.  Lisboa  por  Jozé  António 
da  Sylva  1734.  foi. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTO  AN- 
GELO. Naceo  na  Cidade  do  Porto,  e  te- 
ve por  Pays  a  Domingos  de  Menezes,  e 
Catherina  Barboza,  que  o  educarão  com 
taõ  fantos  documentos  que  para  os  exerci- 
tar com  mayor  perfeição  bufcou  a  Sagrada 
Reforma  do  Carmelo,  e  no  Convento  de  N. 
Senhora  dos  Remédios  de  Lisboa  recebeo 
o  Habito  a  25.  de  Março  de  171 5.  e  profef- 
fou  a  29.  do  dito  mez  do  anno  feguinte. 
Foy  Lente  de  Theologia  Efcolaftica,  e 
Moral  na  Bahia,  Superior  no  Convento  de 


Pernambuco,  Secretario  do  Vifitador  do 
Brazil  Fr.  Juliaõ  da  Cruz,  e  ultimamente 
Meftre  dos  Profeflbs  no  Convento  do  Por- 
to. Como  era  muito  verfado  nos  miílerios 
da  Theologia  Afcetica  compoz 

Direãor  de  Directores  para  o  governo  das 
almas,  no  qual  fe  contem  os  avi:(ps,  e  documen- 
tos para  o  governo  das  almas,  que  vaõ  por  caminho 
extraordinário.  Lisboa  na  Officina  da  Con- 
gregação do  Oratório  1738.  4. 

Efte  Livro  publicou  o  P.  Agoílinho  Fer- 
reira, e  em  feu  nome  o  collocamos  neíla  Bi- 
bliotheca  atè  que  chegou  à  noíTa  noticia  feu 
verdadeiro  Author  que  por  humildade  reli- 
giofa  fe  quiz  occultar,  o  qual  he  o  P.  Fr. 
António  de  Santo  Angelo. 

Fr.  ANTÓNIO  DOS  ANJOS  natural  de 
Lisboa  filho  de  Álvaro  Annes,  e  D.  Izabel  Gil, 
e  hum  dos  illuílres  filhos  da  Religião  da  San- 
tiffima  Trindade  (cujo  Habito  recebeo  no 
Convento  da  fua  Pátria  a  12.  de  Janeiro  de 
1571.)  pelos  fingulares  dotes  com  que  liberal- 
mente o  ornarão  a  graça,  e  a  natureza,  fendo 
pela  innocencia  dos  coftumes,  conhecimento 
das  linguas,  facúndia  Oratória,  affluencia  poé- 
tica, e  fuavidade  mufica  univerfalmente  vene- 
rado por  Oráculo.  As  fuás  virtuofas  acçoens 
acompanhadas  da  fevera  obfervancia  dos  inf- 
titutos  da  Ordem  louva  feu  contemporâneo 
Fr.  Bernardino  de  Santo  António  in  Epit.  Gen. 
Redempt.  lib.  2.  cap.  11.  §.  4.  A  fua  Sabedoria 
cultivada  com  todo  o  género  de  erudição  pela 
qual  recebeo  o  Grào  de  Bacharel  em  Theo- 
logia na  Univerfidade  de  Coimbra,  e  fe  dilatou 
vaftamente  por  todas  as  Academias  de  Efpa- 
nha,  he  celebrada  por  Fr.  António  Corrêa  na 
Vid.  do  V.  P.  Fr.  Ant.  da  Conceic.  Ub.  i .  cap.  2. 
A  profunda  noticia  das  Unguas  Latina,  e  Ita- 
liana, Franceza,  Caftelhana,  e  o  que  he  mais  da 
Grega,  Hebraica,  e  Caldaica  em  que  foy  emi- 
nentemente verfado,  he  applaudida  por  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  76.  Imbonat. 
in  Bib.  luitin.  Hebraic.  pag.  313.  n.  995.  e 
Joan.  Soar.  de  Brito  in  Theatr.  Luft.  Liter. 
lit.  A.  n.  52.  Com  igual  facilidade,  e  feli- 
cidade foy  Orador  eloquentiíTimo,  e  elegan- 
tiíTimo  Poeta,  principalmente  na  lingua. 
Latina,  em  que  publicou  vários  Poemas. 
Na    Arte    da  Mufica,    ou    compondo,    ouJ 


L  USITAN  A. 


2o5 


intnndo  competio  com  os  mais  celebres  pro- 
ícflbrcs    do   feu    tempo   que   promptamcnte 
lhe   ccdcraõ   a   palma   à    fua   incomparável 
<  ílrcza.    Occupou  na  Religião  os  lugares 
Ic  Reytor  do  Collegio  de  Coimbra,  Miniftro 
lo  Convento  de  Lisboa,  e  duas  vezes  Pro- 
iiicial  eleito  a  primeira  vez  no  anno  de  1595. 
■X  fegunda  no  anno  de  1608.  e  em  tantas 
l'rcln/ias  fempre  conciliou  o  afe£lo  dos  do- 
ncllicos,    e    a    benevolência    dos   eílranhos. 
orno  era  dotado  de  fumma  prudência,  e 
Ao  para  os  augmentos  da  Tua  Religião  paf- 
ou  a  Madrid  para  defender  huma  caufa  in- 
tentada contra  ella,  c  ncftc  tempo  o  nomeou 
I  ilippe  III.  Bifpo  de  Cabo  Verde,  e  depois 
tio  Ceuta,  cujas  dignidades  naõ  poíTuyo  por 
lho  impedir  a  morte  no  anno  de  1614.  e  naõ 
«lo  161 9.  como  cfcreve  o  P.  D.  António  Cac- 
i.ino  de  Soufa  no   Catai,  dos  Bi/p.  de  Cabo 
I  erde  impreíTo  no  2.  Tom.  da  Collcc.  dos 
Documentos  da  Academia  Real.  Lisboa  por 

Kichoal  da  Sylva  1722.  foi.  Compoz. 
Compenditmi  Injlitutioms  Ordinis  Sanítifjtma 
nitatis,  et  indidgentiarum  àjummis  Pontificibus 
m  concejfaruM.  UlyíTip.  161 3.  4. 

Varia  Poemata.  UlyíTipone  apud  Petrum 
Crasbeeck  1623.  8. 

Commentaria  in  Sacram  Scripturam  foi.  5 . 
Vom.  Sendo  deíles  o  principal. 

De  Tranjmigratione  filiorum  Ifrael.  os  quaes 
todos  fe  confervaõ  Aí.  S.  na  Livraria  do  Con- 
vento de  Lisboa.  Defta  obra  fa2  memoria  a 
Mapi.  Biblioth.  Ecclejiaji.  pag.  459.  col.  2.  e  Ja- 
cob, le  Long.  in  Bib.  Sacr,  pag.  mihi  609.  col.  i. 

Na  Origem  da  lingua  Portuguesa  compoíla  por 
Duarte  Nunes  de  Leaõ  pag.  143.  e  144.  eftá 
liuma  obra  fua  poética  dedicada  a  Santa  Urfula 
na  qual  com  grande  artificio  fem  mudar  palavra 
fe  pôde  lèr  ou  na  lingua  Latina,  ou  Portugueza 
moftrando  a  uniformidade,  e  femelhança,  que 
tem  huma  lingua  com  outra.  Começa. 
Canto    tuas  palmas,  fermofos    cato    triumphos 

Eíla  obra  lhe  remeteo  Fr.  António  dos 
Anjos  com  hum  Soneto  a  Duarte  Nunes 
de  Leaõ  dizendo  que  a  fizera  hum  Keligiofo 
principal  mui  doão  nas  letras  Divinas,  e  humanas, 
e  noticia  das  linguas. 

Fr.  ANTÓNIO  DOS  ANJOS.  Teve 
por  Pays  a  Simaõ  Gonçalves,  e  Margarida 


Queimada,  e  por  pátria  a  Gdade  de  Lisboa 
donde  paííou  á  índia  movido  da  ambição  de 
grandes  lucros,  que  lhe  prometia  a  fortuna, 
porém  experimentando  differente  fuccefío  ás 
fuás  efperanças  as  collocou  heroicamente  em 
Deos,  recebendo  o  Seráfico  habito,  em  o  Con- 
vento da  Madre  de  Deos  cm  Goa.  Logo  em  o 
Noviciado  fe  admirou  a  fua  virtude  taõ  adulta, 
que  fervia  de  exemplar,  e  eílimulo  aos  feus 
companheiros.  Querendo  fer  profuodameote 
verfado  na  fciencia  dos  Santos,  e  naõ  das  Eí- 
cholas,  frequentou  com  violência  os  Eíhidos, 
dos  quaes  fahio  fuficientemente  inílruido  para 
o  Púlpito,  em  cujo  cxercicio  mais  obfervante 
das  máximas  do  Evangelho,  que  dos  preceitos 
da  Oratória  colheo  copiofos  frutos  das  innume- 
raveis  almas,  que  lhe  formavaõ  o  Auditório. 
Foy  amante  do  filencio,  continuo  na  Oraçaõ, 
parco  no  comer,  compaíTivo  com  os  enfermos, 
affavel  com  os  penitentes,  e  unicamente  tyrano 
com  o  feu  corpo.  Querendo  Deos  provarlhe 
com  rigorofo  exame  a  valentia  do  feu  efpirito 
permitio  que  pelo  efpaço  de  três  annos,  e  meyo 
fe  vifle  combatido  de  taõ  graves  efcrupulos 
que  o  obrigarão  a  naõ  comer  nove  dias,  vigiar 
duas  noutes,  e  eftar  em  pé  três  dias.  Acrecen- 
tavaõfe  a  eíla  aflicçaõ  da  alma  os  golpes  que 
recebia  no  corpo  dados  pelos  feus  companhei- 
ros como  medicina  a  taõ  terrível  infermidade, 
até  que  por  difpofiçaõ  divina  foy  reftituido  à 
ferenidade  da  conciencia,  e  livre  da  fii- 
riofa  tormenta  em  que  quafi  eftava  foçobra- 
do  o  feu  coração.  Depois  de  ter  fido  Guardi- 
ão do  Convento  da  Madre  de  Deos  em  Goa, 
foy  eleito  Provincial  a  6.  de  Fevereiro 
de  1622.  com  uniformidade  de  todos  os 
Capitulares,  Defte  lugar  foy  injuriofamente 
depofto  pelo  ConuniíTario  Geral  cuja  in- 
juftiça  tolerou  com  inviâa  paciência,  e 
para  manifefto  argumento  da  fua  inculpá- 
vel vida  foy  reftituido  à  mefma  Prelazia  no 
anno  de  1629.  por  Decreto  da  Santidade  de 
Urbano  VIII.  Chegado  o  tempo  de  ferem 
premiados  os  feus  merecimentos  lhe  fobre- 
veyo  a  infermidade  que  elle  julgou  fer  a  ul- 
tima, e  recebidos  com  grande  piedade  os 
Sacramentos  morreo  no  Convento  de  Ta- 
nà  em  o  mez  de  Julho  de  163 1.  com  68. 
annos  de  idade,  e  51.  de  habito.  Efcreveo. 
Carta  ejcrifa  de  Goa  a  ^o.  de  Setembro  de 


206 


BIBLIO THE  C  A 


1617.  a  feu  Irmaõ  o  P.  Joaõ  da  Cojla  da  Com- 
panhia de  JESUS. 

He  muito  larga,  e  nella  narra  individual- 
mente os  trabalhos  aíTim  efpirituaes  como 
corporaes,  que  tinha  padecido.  Sahio  im- 
preíTa  no  Vergel  de  Plantas,  e  Flores  da  Pro- 
vinda da  Madre  de  Deos  compoílo  por  Fr.  Ja- 
cinto de  Deos  cap.  7.  art.  1 5 .  onde  largamente 
falia  deíle  varaõ,  do  qual,  e  da  dita  Carta  faz 
mençaõ  a  Bih.  Orient.  de  António  de  Leaõ 
modernamente  acrecentada  Tom.  i.  Tit.  6. 
col.  100. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTA  ANNA  na 
tural  de  Lisboa,  e  filho  de  Joaõ  Rodriguez  da 
Sylva,  e  Marianna  de  Siqueira.  Profeflbu  o 
penitente  habito  de  Religiofo  Capucho  na  Pro- 
víncia da  Arrábida,  em  o  Convento  de  N.  Se- 
nhora da  Conceição  em  Alferrara  junto  à  Villa 
de  Setúbal  a  8.  de  Dezembro  de  171 3.  onde 
depois  de  aprender  Filofofia,  e  Theologia 
diâou  eílas  faculdades,  e  a  da  Sagrada  Efcri- 
tura  no  Real  Convento  de  Mafra  auguíla  fun- 
dação da  generofa  piedade  delReyD.  Joaõ  o  V. 
noíTo  Senhor.  He  Qualificador  do  Santo  Of- 
ficio  Confultor  da  Bulia  da  Crufada,  e  bom 
pregador  de  cujo  fagrado  minifterio  publicou 

Sermoens  vários,  Panegiricos,  e  moraes  Tom.  i . 
Lisboa   por   Maurício   Vicente   de   Almeyda 

1735-  4- 

Tom.  2.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues  Im- 
preflbr  do  Eminentiífimo  Senhor  Cardeal 
Patriarcha  1738.  4. 

Sermão  do  grande  Patriarcha  dos  Menores,  mila- 
gre da  humana  natureza,  portento  da  Divina  graça, 
e  imagem  do  me/mo  Deos  humanado  o  glorio/o,  e  Se- 
ráfico Padre  S.  Francifco  pregado  no  Convento  de  S. 
Jo^è  de  Ribamar  na  presença  de  Sua  Magejiade  D. 
Joaõ  o  V.  Lisboa  por  Bernardo  da  Coíla  de  Car- 
valho Impref.  da  Religião  de  Malta  1730.  4. 

ANTÓNIO  DA  ANNUNCIAÇAM. 
Cónego  Secular  da  illuftre  Congrega- 
ção de  S.  Joaõ  Evangelifta.  Foy  fumma- 
mente  applicado  aos  exercícios  da  Charida- 
de,  e  compaixão,  de  que  deo  manifeftos  ar- 
gumentos fendo  Provedor  das  Caldas  da 
Rainha  D.  Leonor  para  com  os  pobres,  que 
concorriaõ  a  bufcar  remédio  para  as  fuás  in- 


fermidades  nas  medicinaes  aguas  daquelles 
banhos.  Mayor  era  a  piedade  para  com  Deos, 
e  o  zelo  com  que  fe  celebraíTe  perfeitamente 
o  incruento  Sacrifício  da  MiíTa,  e  fe  recitaf- 
fem  as  horas  Canónicas  conforme  as  Rubri- 
cas do  Miflal,  e  determinaçoens  da  Sagrada 
Congregação  dos  Ritos,  para  cujo  efeito 
compoz. 

Manual  de  Ceremonias  Sagradas  o  qual  fe 
conferva  M.  S.  na  Livraria  do  Convento  de 
Santo  Eloy  de  Lisboa  onde  morreo  o  feu 
Author  a  15.  de  Setembro  de  1665. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  ANNUNQAÇAM 
natural  de  Lisboa  chamado  no  feculo  Antó- 
nio de  Soufa,  e  filho  de  Manoel  Lourenço, 
e  Antónia  Jorge.  Depois  de  aprender  a  lingua 
Latina  no  Collegio  dos  Padres  Jefuitas  da 
fua  pátria  ouvio  a  Filofofia  na  Congregação 
do  Oratório  onde  igualmente  inílruyo  o  en- 
tendimento, e  o  efpirito.  Foy  admitido  ao 
habito  da  Ordem  dos  Pregadores  em  o  Con- 
vento de  Santarém  onde  folemnemente 
profeílou  a  4.  de  Junho  de  1704.  Neíla  pa- 
leílra  foy  Cathedratico  de  Prima  de  Theologia 
no  Convento  de  Lisboa  com  grande  aceitação 
dos  feus  domeílicos  atè  que  chegou  a  fer  Pre-  I 
fentado  na  mefma  Faculdade.  Naõ  fez  menor 
progreílo  no  Púlpito,  que  na  Cadeira.  Cheyo 
mais  de  virtuofas  obras,  que  de  annos,  morreo 
no  Convento  de  Lisboa  a  18.  de  Setembro 
de  1737.  a  tempo  que  exercitava  o  lugar  de 
Vigário  das  Religiofas  do  Convento  de  S. 
Joaõ  de  Setúbal  publicou. 

Sermão  no  Keal  Convento  de  N.  Senhora  do 
Carmo  de  Lisboa  aos  27.  de  Setembro  de  1727.  na  « 
Solemnidade  com  que  o  dito  Convento  celebrou  a  Ca-  ' 
nonii^açaÕ  de  S.  Joaõ  da  Cru^.  Lisboa  por  Miguel 
Rodrigues.  1728.  4.  Sahio  nas  Mem.  Hijl.  Pane- 
girico,  e  Metric.  do  Sagrado  Culto  com  que  o  Con- 
vento do  Carmo  celebrou  a  Canonit^açaÕ  do  D.  Mjjiico 
S.  Joaõ  da  Cruf^.    EM  defde  pag.  320  até  361. 

Do    Author    fe    lembra    brevemente    Fr. 
Pedro   Monteiro    no    Claujl.    Dominic.    Tom.     , 
3.  pag.  167.  *  I 


Fr.  ANTÓNIO  DE  ARAGAM  na- 
tural da  Cidade  de  Faro  no  Reyno  do  Al- 
garve, onde  naceo  a  13.  de  Junho  de  1650. 
fendo  filho  de  Gonçalo  Jorge,  e  Petronilla 


i 


« 


L  USITAN A. 


207 


Fajardo  Sevilhana.  De  idade  de  16.  annos  en- 
trou na  illuílre  Religião  dos  Eremitas  de  Santo 
Agortinlu),  cujo  Habito  profeflbu  no  Convento 
(Ic  Évora  a  2.  de  Janeiro  de  1676.  Foy  obfer- 
MintííTimo  dos  feus  Eftatutos  regulares  íer- 
vinclu  de  exemplar  aos  domeílicos,  e  de 
veneração  aos  eílranhos.  Morreo  no  Con- 
vento de  Tavira  a  50.  de  Abril  de  1716.  A  Tua 
Icpultura  he  frequentada  por  terem  algumas 
peíToas  recebido  efpeciaes  favores  de  Deos 
por  fua  interceflaò.   Compoz 

Indulfijíncias  plenárias,  juhileos  pknljftmos, 
(ihfoltii(òes  geraes  de  culpa,  e  pena,  remijjoens  de 
peccados,  relaxaçoens  de  penitencias,  conceffoens 
de  Quarentenas,  que  os  Summos  Pontífices  conce- 
derão aos  Confrades  da  Corrêa  de  Santo  Agojlinho 
cnm  particular  re^a  repartidas  pelos  dias,  efejlas  do 
jfino.  Lisboa  na  Officina  Auguíliniana  1752. 
Ljl.  e  na  mcfma  Ofíic.  1734.  8.  fendo  impreíTo 

s  vezes. 

P.    ANTÓNIO   DE   ARAÚJO.     Naceo 

Ilha  de  S.  Miguel  em  o  anno  de   1566. 

)nde  paflando   na  adolefcencia  a  America 

:ebeo  no  Collegio  da  Bahia  a  Roupeta  da 

)mpanhia    de    JESUS.     Depois    de    fazer 

)iemnemente  a  profiflaõ  dos  quatro  votos 

finou   aos   domeílicos   as   letras   humanas, 

inftruio  com  os  documentos  Evangélicos 

ílo  efpaço  de  nove  annos  aos  Gentios  difcor- 

índo  com  outros  companheiros  do  feu  apof- 

)lico  efpirito  os  Certoens  da  America,  e  para 

le  colheíTe  mayor  fruto  deíla  Seara  aprendeo 

lingua  Brafilica  com  naõ  pequeno  trabalho, 

de  tal  modo  a  foube,  que  parecia  ter  nacido 

itre    aquelles    bárbaros,    em    cuja    empreza 

ideceo    graviíTimos    trabalhos,    e    moleítias 

lue  fazia  fuaves  a  fua  ardente  caridade,  até 

lue  foy  receber  o  premio  na  pátria  celefte 

10  anno  de  1632.  compoz 

Cathecifmo  na  lingua  Brafilica  em  que  Je  con- 
tra a  Jumma  da   Doutrina   Chrifiãa  com   tudo 

o  que  pertence  à  nojfa  Santa  Fè,  e  bons  cofiumes 

compofio  a  modo  de  diálogos  por  Padres  Doutos, 

c  boas  línguas  da  Companhia  de  JESUS,  e  por 

elle  acrecentado. 

Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  161 8.  8.  Sa- 

hio  emendado  na  fegunda  impreíTaõ  pelo  P. 

Bartholameu  de  Leaõ  da  mefma  Companhia 

com  eíle  Titulo. 


Cathecifmo  Brafilico  da  Doutrina  Chrifiãa  com 
o  Ctremonial  dos  Sacramentos,  e  mais  attos  Paro- 
chiats.  Lisboa  por  Miguel  Deslandes.  1686.  8. 

Efta  obra  foy  traduzida  cm  díverfas  lín- 
guas da  America,  affirmando  o  Autor  da 
lUblioth.  da  Companh.  p.  65.  Vt  nihil  in  genere 
Catechifiico  perftíiius  u/piam  extare  cenjeatur. 
Do  Autor,  e  da  obra  fe  lembra  a  Magi.  Bib. 
Ecclefiafiic.  pag.  539.  col.  2. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  ARAÚJO  natural  da 
Villa  de  Rua  no  Bifpado  de  Lamego  profeííou 
o  Habito  Monachal  Ciftercicnfe  no  Convento 
de  Salcedas  onde  brevemente  fez  taes  progreí- 
fos  na  obfervancia  Religiofa,  que  foy  eleito 
pelos  Superiores  Meílrc  dos  Noviços  quando 
contava  poucos  annos  de  idade,  fendo  pouco 
depois  Abbade  do  celebre,  e  antigo  Convento 
de  S.  Pedro  das  Águias,  e  ultimamente  no  anno 
de  1678.  das  Religiofas  de  S.  Bento  de  Caílris 
pouco  diílante  da  Cidade  de  Évora,  em  cujo 
minifterio  naõ  tendo  acabado  o  tricnnio,  com 
geral  opinião  de  virtude  terminou  a  vida.  Foy 
infigne  em  formar  os  careéteres  para  os  livros 
do  Coro  debuxando  com  a  penna  como  fe 
fora  pincel  as  letras  iniciaes,  e  illuminando-as 
com  ouro,  e  diverfas  cores.  Raro  foy  o  Con- 
vento em  que  habitou  onde  para  o  uzo  do 
Coro  naõ  deixafle  muitos  livros  efcritos  em  per- 
gaminho, fendo  taõ  elegantes  as  figuras  da 
Muíica,  como  as  letras  que  nellas  formava 
a  fua  pena,  e  pincel. 

No  tempo  que  foy  Bibliothecario  da  grande 
Livraria  de  Alcobaça  efcreveo  com  igual 
perfeição  em  papel  imperial. 

Index  dos  livros,  e  defcripçaõ  dos  Emblemas,  e 
figuras,  que  na  mefma  Livraria  efiaõ,  cujo  livro 
acabou  no  anno  de  1636.  e  nella  fe  conferva. 

ANTÓNIO  DE  ARAÚJO  natural  dos  Ar- 
cos de  Valdeves  no  Arcebifpado  de  Braga, 
Cavalleiro  profeíTo  na  Ordem  de  Chriílo,  naõ 
menos  celebre  com  a  efpada  quando  em  obfe- 
quio  da  fua  pátria  fendo  Soldado,  ou  Capitão 
pelejou  com  os  Caílelhanos,  do  que  com  a  pen- 
na, depois  de  celebrada  a  paz  entre  huma  e, 
outra  Coroa,  em  o  anno  de  1668.  efcrevendo 
elegantemente. 

Mefopotamia  Eufitana,  ou  defcripçaõ,  e  antiguida- 
des da  Provinda  de  Entre  Douro,  e  Minho.  foi.  Af.  S. 


208 


BIBLIOTH  E CA 


Cuja  obra  fendo  muito  cftímada  dos  erudi- 
tos, ainda  alcançaria  mayor  applaufo  fe  lograíTe 
o  beneficio  da  luz  publica. 

Delia  fazem  mençaõ  o  P.  D.  António  Cae- 
tano de  Soufa  no  Aparat.  à  Hijl.  Geneal.  da 
Cafa  Rftf/pag.  153.  n.  180.  dizendo  que  nella 
fe  continhaõ  varias  origens,  e  Famílias  da 
Provinc.  de  Entre  Douro,  e  Minho,  e  a  Bib. 
Geograf.  de  António  de  Leaõ  modernamente 
acrecentada  Tom.  3.  col.  1729. 

ANTÓNIO  DE  ARAÚJO  Presby- 
tero  UlyíTiponenfe,  e  ornado  daquellas  vir- 
tudes próprias  do  Eílado  Ecclefiaílico  que 
profeíTava.  Todo  o  feu  difvelo  foy  inílruir 
aos  próximos  com  os  documentos  efpirituaes 
para  cujo  fim  como  era  fuficientemente 
douto  nas  linguas  Caftelhana,  e  Franceza, 
traduzio  alguns  livros  devotos  que  ferviíTem 
de  mudos  direftores  àquelles  que  dezejavaõ 
abraçar  as  virtudes,  e  fugir  dos  vicios.  Mor- 
reo  na  fua  Pátria  no  anno  de  1684.  Tradufio 
de  Caftelhano  em  Portuguez. 

Solitário  contemplativo,  e  guia  efpiritual  do 
P.  Jorge  de  S.  Jof^è.    Lisboa  por  Joaõ  Galraõ 

1678.  8. 

Difiniçoens  moraes  recopiladas  pelo  L.icen- 
ciado  Domingos  Maneiro  das  obras  do  P.  Chrif- 
tovaõ  de  Aguirre  traduzido  de  Caftelhano  em 
Portugue^  acrecentado  com  todos  os  cafos  refervados 
aos  Bifpos  de  Portugal  com  as  propojtçoens  con- 
demnadas  por  Alexandre  Vil.  Lisboa  por  Joaõ 
Galraõ.  1681.  8.  e  na  mefma  Cidade  pelo  dito 
Impreílor  1691.  8. 

Tratado  da  Oraçaõ,  e  meditação  compofio 
por  S.  Pedro  de  Alcântara  tradu^do  com  huma 
breve  tradução  para  os  que  começaõ  ajervir  a  Deos, 
e  hum  Tratado  das  virtudes,  e  votos  dos  Keligiofos, 
outro  dapa^  das  almas.  Lisboa  por  Joaõ  Galraõ. 

1679.  24. 

Da  lingua  Franceza  do  P.  Domingos 
Bouhours  da  Companhia  de  JESUS. 

Penf amentos  Chrijiãos  para  todos  os  dias  do 
me^.    Lisboa  por  Joaõ  Galraõ.  1680.  12. 

Fr.  ANTÓNIO  DOS  ARCHANJOS 
Naceo  na  Cidade  de  Évora  no  anno  de  1632. 
Abraçou  o  Inftituto  dos  Frades  Menores  na 
Província  dos  Algarves,  da  qual  pelo  feu 
agudo  engenho,  profunda  literatura,  e  gran- 


de authoridade  foy  illuftre  efplendor.  Enfi- 
nou  Filofofia,  e  Theologia  aos  feus  Religio- 
fos  até  que  jubilou  na  Cadeira  de  Prima. 
Depois  de  ter  exercitado  varias  Prelazias  da 
Ordem  com  fumma  prudência  foy  eleito  Pro- 
vincial a  8.  de  Setembro  de  1663.  em  cujo  lugar 
defcobrio  mais  claramente  o  grande  talento 
que  tinha  para  o  governo.  Na  Cúria  Ro- 
mana encheo  as  obrigaçoens  de  deligente 
Procurador  dos  negócios  domefticos  da  fua 
Província.  Foy  Qualificador  do  Santo  Officio, 
e  Examinador  das  Ordens  Militares,  e  Pre- 
gador infigne  (como  o  intitula  o  P.  Francifco 
da  Fonceca  na  Évora  Glorio/.  |)ag.  410.)  da 
Mageílade  delRey  D.  Pedro  II.  naõ  lhe  fa- 
zendo menor  elogio  Fr.  Joan.  à  D.  Anton. 
in  Bib.  Franc.  Tom.  i.  pag.  93.  Morreo  no 
Convento  de  Xabregas  a  25.  de  Fevereiro 
de  1682.    Imprimio 

Sermão  nas  honras  que  fe^  a  Cidade  de  Tavira 
em  o  Rejno  do  Algarve  na  morte  do  Serenijfimo 
Senhor  D.  Joaõ  o  IV.  Rej  de  Portugal.  Lisboa 
por  António  Crasbeeck  1657.  4- 

Sermão  de  Santa  Clara  expojlo  o  Santij- 
Jimo  no  feu  Convento  de  L,isboa.  Lisboa  por 
Domingos  Carneiro  1664.  4.  e  Coimbra  por 
Rodrigo  de  Carvalho  Coutinho.  1672.  4. 
Sahio  traduzido  em  Caftelhano  pelo  Dou- 
tor Eftevaõ  de  Aguilar  y  Zuniga  com  outros 
Sermoens  no  livro  intitulado  luiurea  Portu- 
guesa Part.  2.  Madrid  por  André  Garcia  de 
la  Iglefia.  1679.  4. 

Sermão  da  Immaculada  Conceição  de  N. 
Senhora  na  Capella  Real  ajftjlindo  S.  Magef- 
tade,  e  Alteia  em  %.  de  Dezembro  de  664.  Évora 
na  Officina  da  Univerfidade  1665.  4.  e  Coim- 
bra por  Thomé  Carvalho  Impreflbr  da  Uni- 
verfidade 1672.  4. 

Sermaõ  da  profijjaõ  da  Madre  Soror  Brites  da 
Madre  de  Deos  filha  de  Fernaõ  da  Sjlva  de  Sout^a^ 
e  Meneses,  e  de  Dona  Guiomar  da  Sjlva,  e  Mello 
dia  de  S.  Jo^è  expojlo  o  SantiJJimo  em  o  Con- 
vento do  Salvador  em  Évora.  Lisboa  por  An- 
tónio Crafbeeck  de  Mello  1664.  4.  e  Coimbra 
por  Thomè  Carvalho.  1672.  4. 

Sermaõ  na  Dedicação  de  N.  Senhora  do 
Eoureto  reedificada  pela  NaçaÕ  Italiana  patente 
o  SantiJJtmo.  Lisboa  por  Joaõ  Galraõ 
1696.  4. 

Sermaõ    da    quarta    terça    Jeira    da    Qjui- 


LUSITANA. 


209 


rrfmi  na  Capella  Rea/.  Litboa  por  Miguel  Des- 
landcs  1687.  4.  Sahio  com  outros  Sermoens 
lui  1  .áurea  Portugueza. 

ÍT.  ANTÓNIO  DOS  ARCMANJOS 
i(  mclhante  ao  precedente  cm  o  nome,  pro- 
iifaò  RcUgiofa,  e  íumma  literatura  naceo  em 
I  I  I  <)a,  c  foy  filho  de  Pafcoal  Luiz,  e  Domin- 
I  Antunes  que  o  educarão  ta&  virtuofa- 
iciiic  que  logo  na  adolefcencia  deixou  o 
nundo,  e  bufcou  a  Religião  Seráfica  profeí- 
lando  o  feu  penitente  inílituto  em  o  Convento 
de  S.  Francifco  de  Setúbal  da  Provincia  dos 
Mgarves  a  11.  de  Nfarço  de  1686.  Aprendeo 
as  Scicncias  Ercholaílicas  com  tal  viveza  de 
engenho  como  quem  as  havia  enfinar  exer- 
citando o  magiílerio  até  que  nelle  jubilou. 
Da  profundidade  das  fuás  letras  aíTim  Theo- 
logicas  como  Jurídicas  naõ  teve  menor  theatro 
que  a  cabeça  do  mundo  onde  a  29.  de  Mayo 
de  1700.  em  que  fe  celebrava  o  Qpitulo  Geral 
da  fua  Ordem  defendeu  humas  Conclufoens 
de  toda  a  Theologia,  e  Direito  Canónico  dedi- 
cadas à  Mageílade  delRey  D.  Pedro  II.  cujo 
retrato  fe  via  aberto  primorofamente  em  huma 
grande  Lamina  ao  qual  veneravaõ  as  quatro 
partes  do  mundo,  adquirindo  naõ  pequena 
gloria  o  feu  nome  com  a  promptidaõ,  e  fcien- 
da  com  que  refpondia  às  mayores  dificul- 
dades. Depois  de  fer  ConfeíTor  das  Religio- 
fas  do  Moíleiro  de  Santa  Clara  de  Beja,  e 
Byora,  e  Guardião  do  Convento  de  Xabregas, 
Secretario  Difinidor,  Cuílodio  da  Provincia, 
e  Qualificador  do  Santo  Oííicio  foy  eleito 
Miniílro  Provincial  por  moto  próprio  im- 
petrado pela  Mageílade  reinante  delRey  D. 
Joaõ  o  V.  noíTo  Senhor  o  qual  fe  publicou 
em  o  Convento  de  Santa  Maria  de  Enxo- 
bregas  a  14.  de  Setembro  de  1737.  com  geral 
acclamaçaõ  de  toda  a  Provincia.    Imprimio. 

Pro/iíjío  Encomiajlica  in  generalihus  comi- 
iiis  totius  ordinis  Fratrum  Minorum  Seraphici 
Patris  Nojlri  Francifci  Koma  celebratis  29. 
die  menjis  Maij  anno  Jubilai  1700.  Romse  Ty- 
pis  Joannis  Jacobi  Komarek  1700.  4.  grande. 
Confia  de  8.  Elogios  extenfos  de  obra  lapidaria 
em  louvor  do  Reino  de  Portugal,  e  Naçaõ 
Portugueza  fervindo  de  preludio  eílas  inf- 
cripçoens  latinas  como  Problemática  queílaõ 
às  Conclufoens  que  defendeo. 


ANTÓNIO  ARE'Z  DELICADO  Natu- 
ral de  Évora,  e  numerado  entre  os  feus  ETcrí- 
tores  pelo  P.  Francifco  da  Fonceca  na  fua  E»or. 
Glor.  pag.  410.  taõ  honrado  por  nací mento, 
como  famofo  pela  liçaò  da  Miíloría,  e  Geografia 
cm  que  era  perito.  Com  igual  difvelo  que 
fciencia  compoz. 

Difcripçad  do  Rio  Sado  que  corre  pela  Propincia 
do  Alentejo. 

Cuja  obra  M.  S.  fe  confervava  na  Livraria 
do  grande  Antiquário  Manoel  Severim  de  Fa- 
ria Chantre  de  Évora,  e  delia  a)mo  do  Autor 
faz  memoria  o  moderno  addicionador  da  bib. 
Geograf.  de  António  de  Leaõ  Tom.  3.  coL  1727. 

D.  ANTÓNIO  DE  ATTAIDE  primeiro 
Conde  da  Caílanhcira.    Teve  por  Pays  a  D. 
Álvaro  de  Attaidc  II.  do  nome,  c  a  D.  Vio- 
lante de  Távora;  e  por  Avós  paternos  os  Con- 
des de  Atouguia,  c  maternos  os  do  Prado,  c 
entre  o  efplcndor  herdado  de  tanta  nobreza 
foy  mayor  o  que  lhe  augmentou  com  as  fuás 
heróicas  virtudes.    Recebeo  a  primeira  educa- 
ção no  Palácio  delRey  D.  Joaõ  o  III.  c  defde 
idade  taõ  tenra  lhe  foy  com  tal  cxccíTo  afeiçoa- 
do eíle  Príncipe,  que  com  exemplo  poucas  ve- 
zes viílo  confervou  eíla  inclinação  até  á  morte, 
o  que  expreíTou  o  iníigne  Jurifconfulto,  e  naõ 
menor   Poeta   Manoel   da   Coíla  in   Epithal. 
Princ.  Odvard.  et  Ifabella  dizendo 
Cajlaneus  Comes,  et  gat^a  prafeâus  Ea  a: 
Sollicitus  pro  Kege  fuo,  uti  charior  alter 
Nemo  fuit\  talem  Regis  Joannis  amorem 
Antonij  mervit  pietas,  fapientia,  virtus. 

DeUe  grande  afíefto  foy  confequencia  ele- 
gello  ElRey  por  feu  Embaxador  a  França 
quando  contava  vinte  annos  para  tratar  negó- 
cios de  fumma  importância,  que  dezempenhou 
com  a  madureza  do  juizo  que  excedia  a  verdu- 
ra da  idade.  Com  o  mefmo  carafler  reprefentou 
a  peíToa  do  feu  Soberano  em  Caílella,  e  Alema- 
nha fendo  em  taõ  grandes  theatros  fempre  ref- 
peitada  a  fua  capacidade.  Em  premio  de  taõ 
heróicos  ferviços  além  de  fer  Senhor  das  Villas 
de  Povos,  e  Chelleiros,  e  do  Morgado  da  Foz, 
foy  eleito  Confelheiro  de  Eílado,  Vedor 
da  Fazenda,  Alcaide  Mòr  de  Collares,  e  Co- 
mendador da  Langroiua  na  Ordem  de  Chrif- 
to.  Neíles  taõ  honoríficos  lugares  fem- 
pre  fe   oílentou   fuperíor   ás    mayores   con- 


19 


210 


BIBLIOTHE CA 


veniencias  de  que  foraõ  claros  argumentos  o 
generofo  defprezo  do  opulento  legado,  que 
lhe  deixou  o  Infante  D.  Luiz,  e  o  manifeílo 
em  que  declarou  a  feus  filhos  a  caufa  porque  os 
naõ  deixava  ricos,  querendo,  que  foílem  mais 
herdeiros  da  fua  fama,  que  da  fua  fazenda, 
virtude  em  que  teve  mayor  numero  de  admi- 
radores, que  de  fequazes.  Foy  dotado  de 
juizo  perfpicas,  de  inalterável  animo  na  prof- 
pera,  e  adverfa  fortuna;  de  fidelidade  incor- 
rupta para  com  o  feu  Príncipe;  de  fumma 
Religião  para  com  Deos  dedicando-lhe  para 
feu  culto  dous  Conventos  de  efpiritos  Será- 
ficos hum  de  Efpofas  de  Chriílo  na  Villa  da 
Caftanheira;  outro  para  Frades  nos  feus  arre- 
baldes,  eternizando  neíles  dous  Sagrados 
Padroens  a  fua  piedofa  magnificência.  Foy 
cafado  com  D.  Anna  de  Távora  filha  de  D. 
Álvaro  Pirez  de  Távora  Senhor  do  Moga- 
douro, e  Mirandella,  e  de  fua  mulher  D.  Izabel 
da  Sylva  filha  dos  Condes  de  Penella.  Pene- 
trado com  a  intempelliva  morte  delRey 
D.  Joaõ  o  III.  cujo  valimento  mereceo  por 
toda  a  vida  determinou  procurar  o  de  outro 
Monarcha  que  nunca  caducaíTe,  e  para 
promptamente  executar  efta  heróica  refolu- 
çaõ  deixou  todos  os  lugares  que  poíTuia, 
e  retirado  ao  Convento  dos  Religiofos  que 
edificara,  nelle  exercitou  com  mayor  fervor 
as  virtudes  praéticadas  pelo  efpaço  da  fua 
vida  até  que  piamente  acabou  em  7.  de  Ou- 
tubro de  1563.  Foy  fepultado  como  elle 
determinara,  no  Convento  onde  morreo, 
em  hum  foberbo  Maufoleo  que  mandou  le- 
vantar feu  filho  D.  Jorge  de  Attayde  Bifpo 
de  Vifeu  com  efte  elegante  epitáfio. 
D.  O.  M. 

António  de  Attayde  primo  Comiti  de  Cafta- 
nheira Alvari  de  Attayde,  et  ViolantcB  de  Távora 
filio :  à  Joanne  III.  Kege  prudentijfimo  oh  integrita- 
tem,  pietatem,  prudentiam,  animi  moderationem 
inter  cateros  Kegni  primates  maxime  dileão,  et  in 
magnam  curarum  partem  afeito:  Regni  negotiis, 
fupremifqtie  munerihus  {pofi  Regis  obitum)  fponte 
abdicatis,  certiore  confiUo  prope  hoc  ccenobium  ma- 
nenti,  ut  fe  totum  reliquo  vitcB  tempore  Deo  dicaret. 
DeceJJit  anno  atatis  fua  JLXIII.  Chrifli  vero 
CIDCILXIII.  die  Oãobris  VIL 

Georgius  Epifcopus  Óptimo  Parenti 
M.  P. 


Deíle  grande  Varaõ  efcrevem  com  gran- 
des louvores  Andrad.  Chron.  de/Kej  D.  JoaÕ 
o  III.  Part.  I .  cap.  6.  Mariz.  Dial.  de  Var.  Hijl. 
Dial  J.C.  3.  Telles  Chron.  da  Companhia  da  Prov. 
de  Porttig.  Part.  i .  liv.  i .  cap.  1 1 .  Sempre  efliniou 
mais  a  virtude,  que  as  rique:(as,  e  prefou  mais  a 
honra,  que  o  intereffe.  Sò  tratou  do  bem  commum 
fem  fombra  de  proveito  próprio.  Foy  verdadeiro 
exemplar  de  toda  a  modeflia  de  toda  a  honra,  de 
toda  a  Fidalguia  Portuguesa.  Em  cuja  boca  fem- 
pre  fe  ouvia  a  verdade  em  cujo  coração  fempre  rey- 
nou  a  piedade;  em  cujas  obras  fempre  reynou  o 
definterejje.  Soufa  Hifl.  de  S.  Domingos  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  2.  liv.  2.  cap.  10.  chamando-lhe 
grande  Valido,  e  grande  fabio  Efperanc.  Hifi. 
Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  Uv.  11.  n.  5. 
Fr.  Fernand.  da  Soled.  Hifi.  Seraf.  Part.  4.  liv. 
2.  cap.  4.  n.  225.  e  226.  Jozè  Pellizer,  y  Tovar 
na  Epifi.  Dedicat.  do  livro  intitulado  Fama 
Aujlriaca,  Barbof.  nas  Memorias  delRej  D.  Se- 
bafiiaõ Tom.  2.  Uv.  i.  cap.  19.  n.  145.  e  146.  Fr. 
Mart.  do  Amor  de  Deos  Chron.  da  Prov.  de  S. 
Ant.  Tom.  i.  liv.  i.  cap.  18.  §.  144.  e  167. 

D.  Agoftinho  Manoel  na  Cenfura  que 
fez  á  I.  Part.  da  Hifl.  Ecclef  de  Braga  com- 
pofta  pelo  Illuítriffimo  D.  Rodrigo  da  Cunha 
impreíTa  no  feu  principio  affirma,  que  D. 
António  de  Attayde  efcrevera. 

Hijioria  da  fua  Vida 

Cuja  obra  fe  he  diílin£ta  da  feguinte  deve 
de  eftar  confervada  em  poder  dos  feus  def- 
cendentes.     Imprimio. 

Copia  de  hum  papel  em  que  D.  António 
de  Atayde  primeiro  Conde  da  Cajlanheira 
dà  rat^aõ  de  Ji,  e  feus  filhos,  e  defcendentes,  efcrita 
em  Lisboa  a  10.  de  Janeiro  de  1557.  Madrid 
na  Impreííaõ  Real  1598.  4. 

D.  ANTÓNIO  DE  ATTAYDE  fe- 
gundo  Conde  da  Caftanheira,  e  filho  pri- 
mogénito do  antecedente,  naõ  fomente 
herdeiro  dos  titulos,  e  domínios  de  taõ  efcla- 
recida  Cafa,  mas  também  das  virtudes,  e 
merecimentos  de  feu  grande  Pay,  fendo, 
como  efcreve  D.  Jozé  Pellizer,  y  Tovar 
na  Epiftola  Dedicatória  aíTima  allegada 
Varonfingular  en  letras,  y  armas,famofo  a  entram- 
has  Iw^^es  dela  verdad,  j  dela  embidia.  Foy  ca- 
fado três  vezes,  e  de  todas  as  três  Efpo- 
fas que  eraõ  da  primeira  nobreza  do  Reyno, 


L  USITáNA. 


211 


teve  filhos  a  i.  com  D.  Maria  de  Vilhena 
iilha  de  D.  Francifco  da  Gama  Conde  da 
VidiíMirin,  a  2.  com  D.  Barbara  de  Lara 
iilhu  <l..  y  Marquez  de  Villa  Real  D.  Pe- 
ilro  de  Menezes,  e  a  ).  com  D.  Maria  de 
Vilhena  filha  de  D.  Luiz  de  Menezes  de  Vaf- 
onccUos  Governador  do  Braíll.  Hntre  os 
lludos  próprios  de  hum  Cavalhero  com 
particular  génio  fe  applicou  á  Genealogia 
principal  parte  da  Hiftoria  em  que  foy  in- 
fignc,  de  que  deixou  eícrito. 

Nobiliário  das  familias  defte  Reyno  foi.  M.  S. 

IJvros  dos  Brat(pens  das  mejnias  Jamilias  com 
(ts  Jms  Origens  foi.  Aí.  S. 

Cuja  obra  querem  alguns  que  foíTe  princi- 
piada por  feu  Pay,  e  continuada  por  cUc  ha- 
vendo cm  hum,  e  outro  igual  talento  para  cfta 
cinprcza.  Julgando  como  dcfcnganado  que 
as  felicidades,  que  lograva,  eraõ  caducas,  fe 
1  preparou  com  obras  meritórias  para  alcançar 
as  eternas,  difpondo  no  feu  Tcftamento,  que 
foflc  fepultado  na  Capella  de  Chriílo  Cruci- 
ficado que  eílá  no  Convento  de  Santo  António 
da  Caftanheira  fundação  de  feu  illuílre  Pay, 
'  onde  jaz  com  efte  epitáfio. 

Sepultura  de  D.  António  de  Attayde  i.  Conde 
da  Cajlanheira.  Faleceo  a  20.  de  Janeiro  de  1605. 

Delle  fazem  memoria  Fr.  Fernando  da 
Solcdad.  Hijl.  Seraf.  da  Prov.  de  Porttig. 
I  Part.  4.  liv.  2.  cap.  6.  n.  243.  e  D.  Anton. 
'  Caetano  de  Souf.  no  Apparat.  à  HiJl.  Gen. 
da  Cafa  Real  Portug.  pag.  52.  §.  26.  e  no 
Tom.  2.  da  mefma  Hift.  liv.  3.  cap.  8.  §.  3. 
p.  531.  e  ultimament.  Fr.  Martin,  do  Amor 
de  Deos  Chron.  da  Prov.  de  Santo.  António. 
Tom.  I.  liv.  I.  cap.  16.  §.  162. 

D.    ANTÓNIO    DE    ATTAYDE    pri- 
meiro  Conde    de    Caílro   Dayro,    e   filho    2. 
do   Conde    da    Caílanheira    de    quem   proxi- 
j  mamente  falíamos,   e  de  fua   2.   mulher  D. 
Barbara  de  Lara,  illuílrou  com  as  fuás  acço- 
ens  politicas,  e  militares  naõ  fó  a  fua  precla- 
riífima  afcendencia,  mas  a  todo  o  Reyno  de 
Portugal.    Afpirando  o  feu  grande  efpirito  a 
cmprezas  dignas  do  feu  nacimento  fe  enfa- 
dou para  as  confeguir  na  militar  efcola  do 
Marquez  de  Santa  Cruz  na  occafiaõ  que  na- 
i  H  vegou  com  huma  poderofa  Armada  no  anno 
lajle   1382.   contra  a  Ilha  Terceira;   e  na  de 

i 


D.  Martinho  de  Ribera  General  das  Galés 
Efpanholas  obrando  o  £ni  valor  taes  façanhas, 
que  em  bfeve  tempo  fubío  aot  poftos  de  Capi- 
tão de  Cavallos,  Fronteiro  mór  dos  Coutos  de 
Alcobaça,  General  de  huma  Armada  da  Coíla, 
Coronel  de  Infantaria,  Capitão  mór  das  aios  da 
índia,  e  General  das  Armadas  de  Portugal. 
Em  taõ  diverfos  lugares,  a  que  o  fublimara  o 
feu  merecimento,  naõ  deixou  de  experimentar 
armada  contra  fi  a  maliciofa  enveja  dos  feus 
emulos  accufando-o  de  que  pelo  feu  def- 
cuido  fora  abrazada  pelos  Turcos  a  Náo 
Conceição,  que  voltava  da  índia  preciofa- 
mente  carregada  no  anno  de  1621.  quando 
como  General  da  Armada  a  eílava  efperan- 
do  para  a  condufír  ao  porto  de  Lisboa.  Par- 
tio  a  Madrid  naõ  prezo,  como  erradamente 
eílcreveo  Fr.  Marcos  de  Guadalaxara  na 
Hijl.  Pontif.  Tom.  j.  liv.  17.  cap.  3.  mas 
para  fe  purificar  da  culpa  de  que  injuíla- 
mente  fora  arguido,  fendo  delia  abfoluto 
pela  reétídaõ  dos  Juizes  a  6.  de  Setembro 
de  1624.  como  afíirma  D.  Gonçalo  de  Cef- 
pedes  Hijl.  de  Filippe  IV.  liv.  2.  cap.  26.  Tal 
foy  o  conceito,  que  efte  Príncipe  formou  da 
fua  fidelidade,  que  para  dignamente  a  pre- 
miar o  nomeou  feu  Gentil  homem  de  bo- 
ca, Mordomo  mór  da  Rainha  D.  Izabel  de 
Borbon,  Confelheiro  de  Eílado  do  Confelho 
de  Portugal,  e  Prefidente  das  Cortes  do  Reyno 
de  Aragaõ.  Naõ  fatisfeito  aquelle  Prín- 
cipe com  as  mercês  de  lugares  taõ  ho- 
noríficos o  mandou  por  feu  Embaxador  ex- 
traordinário ao  Emperador  Fernando  II.  e 
a  outros  Príncipes  do  Império,  em  cujas  ex- 
pediçoens  fe  moílrou  taõ  liberal,  como  po- 
litico para  concluir  os  negócios  mais  dificul- 
tofos  como  o  teílemunhaõ  as  hiílorías  da- 
quelle  tempo,  e  elegantemente  o  deixou  efcríto 
o  infigne  Jurifconfulto  Agoílinho  Bar  bofa/«r. 
Ecclef.  lib.  I.  cap.  30.  n.  15.  Ea  adhuc redditur 
fpeãabilior,  quod  olim  ad  Cafaream  Majejtatem  Re- 
gis  Catholici  Orator  mijjus  officium  tanto  fpknãore 
adminijiravit,  ut  tam  factmdam  viri  eloquentiam , 
eloquentem  factmdiam;  Jingularem  in  rehus  traãan- 
dis,  et  fpirantem  prudentiam  non  potuerit  non  Cafar 
ipfe  prcBConiis  exomare,  non  obfervare,  non  admirari. 
Ornado  com  taõ  illuílres  occupaçoens  o  recebeo 
Portugal  com  inexplicáveis  fignificaçoens  de 
jubilo  por  feu  Governador  no  anno  de  163 1.  ef- 


212 


BIBLIOTHE CA 


crevendo  o  mefmo  Barbofa,  cum  vixpojfit  ennar- 
rari  quá  morum  integritate,  quà  legum,  jurijqm 
prudentia,  quo  religionis  Jiudio,  quá  muneris  vigi- 
lantia  guhernaverit,  Defte  governo  paflbu  a 
Preíidente  da  Meza  da  Conciencia  onde  prati- 
cou a  redtídaõ,  que  fempre  exercitara  fervin- 
do-lhe  de  degráos  para  fubir  a  tantos  lugares 
as  fuás  grandes  virtudes  como  eloquentemente 
efcreveo  Rodrigo  Mendes  Sylva  no  Cathalog. 
Keal  de  Efpanha  foi,  mihi  112.  v.o  Varon  fena- 
lado  por  Ju  gran  talento,  y  partes  naturales,  y  ad- 
quiridas, y  por  los  Jupremos  lugares,  que  occupo  en 
la  Monarchia,  ajcendiendo  a  ellos  graduadamente 
más  a  fuerça  de  méritos,  que  de  fortuna.  Cafou 
com  D.  Anna  de  Lima  filha,  e  herdeira  de 
D.  António  de  Lima  Senhor  de  Caílro  Dayro, 
e  de  D.  Maria  de  Vilhena  filha  de  Chriílovaõ 
de  Mello  herdeiro  da  Ilha  de  S.  Tomé  de  quem 
teve  féis  filhos,  e  duas  filhas.  Foy  o  i.  Conde 
de  Caftro  Dairo  por  Alvará  de  Filippe  IV.  paf- 
fado  em  Aranjuès  em  30.  de  Abril  de  1625.  no 
qual  para  que  fe  eternizaíTe  na  pofteridade 
a  innocencia  de  D.  António  accufada  injuf- 
tamente  pela  malevolencia,  o  honrou  com 
eílas  palavras.  En  conjideracion  de  lo  que  pa- 
decia en  el  negocio  dela  partida  dela  nave  dela  índia, 
que  los  enimigos  quemaron,  enque  fe  verifico  que 
no  tuvo  culpa,  y  que  cumplio  con  fus  ohligaciones, 
y  queriendo  portodo  ha^erle  merced  conforme  a  fu 
qualidad  fe  lahago  dei  titulo  de  Conde  de  fu  Vi  lia 
de  Cajiro  Dairo.  Por  fucceder  na  Cafa  da  Cafta- 
nheira  a  feu  Sobrinho  o  Conde  D.  Joaõ 
foy  o  5.  Conde  delia  Cafa,  e  Alcayde  mór 
de  Colares,  Commendador  de  Langroiva,  S. 
Salvador  de  Valorco,  e  de  Santa  Maria  de 
Sataõ  na  Ordem  de  Chrifto,  e  pelo  Con- 
dado de  Caílro  Dayro  Alcayde  mór  de  Gui- 
maraens,  e  Senhor  dos  Lugares  de  Pajrv^a, 
Baltar,  e  Cabril.  Ninguém  explicou  com 
mayor  elegância  os  fingulares  dotes  do  cor- 
po, e  do  efpirito  deíle  Cavalhero,  do  que 
o  Príncipe  da  Poefia  Caílelhana  Lope  da 
Vega  Carpio  quando  fallando  delle  ainda  na 
fua  idade  juvenil  lhe  confagrou  efte  elogio 
tranfcripto  pela  penna  de  D.  Jozé  PeUi- 
zer,  y  Tovar  na  Epiílol.  Dedicatória  aíTima 
allegada.  El  gallardo  D.  António  de  Attai- 
de  fabia  bien  quan  verfado  era  vuejira  Excel- 
lencia  que  fera  aora  en  todas  las  lenguas, 
f ciências,     y      artes  liberales,      quan     dedicado, 


y  elegante  en  Poefia,  como  uno  delos  primeros 
de  fu  figlo,  y  quan  diefiro  en  las  aplicaciones,  y 
acciones  publicas  de  Cavallero  entendido,  cortes, 
valiente,  y  con  todas  las  partes,  y  prendas  que  com- 
ponen  un  verdadero  Príncipe  Portugue^  que  efia 
es  la  mayor  finet^a,  y  ultima  linea  dela  alabança. 
Varon  ai  fin  fuperior  a  toda  fortuna,  y  embidia, 
pues  a  fu  pet^ar  hà  prevalecido  V.  Excellencia 
com  mayores  realces  de  fu  valor.  Com  fentimento 
igual  ao  commum  applaufo  com  que  vivera, 
morreo  em  Lisboa  a  14.  de  Dezembro  de 
1647.  quando  excedia  a  larga  idade  de  80. 
annos.  Eílá  fepultado  na  Capella  mór  dos 
Religiofos  Francifcanos  da  Província  de  Por- 
tugal, jazigo  feu,  e  de  feus  Herdeiros,  como 
efcreve  o  Padre  Fr.  Manoel  da  Efperança 
Hift.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  2, 
cap.  22.  n.  3.  Publicou. 

Cargos,  que  refultáraõ  da  devaça,  que  os  Gover- 
nadores, de  Portugal  mandarão  tirar  de  D.  António 
de  Attaide  Capitão  General  da  Armada  de  Por- 
tugal acerca  da  perda  da  Náo  da  índia  N.  Senhora 
da  Conceição,  que  os  inimigos  queimarão  o  anno  de 
1621.  e  repofta  de  D.  António  aos  Cargos.  Lis- 
boa 1622.  foi. 

Deíla  obra,  e  do  Author  faz  mençaõ  a 
Bibliot.  Oriental  novamente  acrecentada  Tom. 
I.  Tit.  13.  col.  440. 

Diário  da  Jornada,  que  fe^  a  Alemanha  no 
fim  de  Dezembro  de  1628.  M.  S.  Traduzio  na 
lingua  materna. 

Tratado  de  Séneca. 

DeJftas  obras,  como  do  Author  delias  faz 
illuílre  memoria  o  P.  D.  António  Caetano  de 
Soufa  na  Hifi.  Geneal.  da  Cafa  Keal  Portug. 
Tom.  2.  pag.  8.  §.  3.  pag.  533.  534.  e  535. 
e  a  tinha  feito  Joaõ  Franco  Barreto  na  Bib. 
Portug.  M.  S. 

Vários  Verfos  M.  S. 

D.  Francifco  Manoel  na  Carta  dos  Autores 
Port.  que  he  a  i.  da  4.  Cent.  das  fuás  Cartas 
efcrita  ao  Doutor  Manoel  da  Fonfeca  The- 
mudo  numera  a  D.  António  de  Attayde, 
que  imagino  fer  eíle  de  quem  fe  affirma  fer 
taõ  infigne  em  verfificar  que  compuzera. 
Arte  Poética. 

Da  qual  fe  lembra  Manoel  de  Faria,  e  Sou-  im 
fa  no  Cathal.  dos  AA.  Portuguezes  que  tinha 
prompto  para  a  impreíTaõ,  o  qual  examina- 
mos, e  era  Original  efcrito  da  fua  própria  maõ* 


f 


LUSITANA. 


2l5 


Gír/íi  luttina  muito  elegante  em  tepof- 
ta  cl;i  Dedicatória,  que  ao  Teu  nome  confa- 
grou  Francifco  de  Fonte»  in  libello  apologé- 
tico pro  jtijlo  l^ypfio,  et  Erycio  Puteano. 

ANT(^NI()   DR  AZEVEDO  Poeta  Co- 

■míco  (los  mais  iníigncs  que  floreceraõ  no  feliz 
vnaclo  ciclRcy  D.  Joaò  o  III.  compoz  mui- 
is  obras  poéticas  dignas  de  lograrem  a  luz 
publica,  c  dos  applauíos  dos  profeíTores  de 
taò  fublimc  arte,  fendo  entre  todas  a  mais 
llimavel  a  Comedia,  que  fez  fobre  eílas  pa- 
lavras do  Iwangclho. 

I  '^enite  pojl  me,  faciam   vos  fieri  ptjcatores 
mitmm, 

P.  ANTÓNIO  DE  AZEVEDO  natural 
do  Porto,  filho  de  António  de  Azevedo  Fer- 
nandes, e  de  Maria  Moutinha,  e  Rcligiofo 
lia  Companhia  de  Jefus  cuja  Roupeta  vcftio 
X  29.  de  Abril  de  1712.  Depois  de  eíludar  as 
letras  humanas,  e  as  fcicncias  mayores,  enfi- 
lU  Grammatica,  e  Rhetorica,  e  foy  Subfti- 
íto  de  Filofofia,  e  Theologia  Moral  em  os 
Collegios  de  Évora,  e  Coimbra.  Applicou-fe 
u)  minifterio  do  Púlpito  de  cujo  argumento 
fomente  tem  publicado. 

Oração  fimebre  nas  Exéquias  dedicadas  ao  Ex- 
llentijftmo  Senhor  D.  António  de  Noronha  Moni^, 
e  Albuquerque  Jegtmdo  Marque^  de  Angeja,  e  3 . 
Conde  de  Villa-Verde  pregado  na  Sé  Primacial 
de  Braga  Coimbra  por  António  Simoens  Fer- 
reira. 1736.  4. 

ANTÓNIO  DE  AZEVEDO  SAA  Pela 
continua  aíTiftencia,  que  fez  em  Efpanha  foube 
.1  lingua  Caílelhana  com  fumma  perfeição,  na 
qual  traduzio  da  Portugueza  os  Sermoens  do 
Doutor  Francifco  Fernandes  Galvaõ  iníigne 
Pregador,  e  os  imprimio  com  eftes  titulos. 

Sermones  delas  Fejlividades  delos  Santos.  Ma- 
drid  por  la  Viuda  de  Alonfo  Martins  161 5,  4. 

Sermones  de  Ouarefma.  Madrid  por  Luiz 
Sanches  161 5.  4. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  AZURARA  na- 
tural do  lugar  do  feu  appellido  íituado  na 
Comarca  da  Maya  da  Diocefe  do  Porto.  Pro- 
feflbu  o  auílero  habito  de  Frade  Capucho 
na   Provincia   da   Piedade.     Foy  igualmente 


obfervante  dos  Eftatutos  da  Ordem,  coma 
verfado  na  Theologia  moral,  como  claramente 
o  manifeílou  naõ  fomente  nas  adicçoens,  que 
fez  ao  Manual  de  Confejfores,  e  penitentes,  com- 
pofto  (como  querem  muitos)  por  Fr.  Rodrigo 
do  Porto  Religiofo  do  feu  JnÃituto,  mas  con- 
correndo com  grande  copia  de  doutrinas 
canónicas,  e  moraes  para  o  mefmo  Manual 
quando  fahio  illudrado  pela  doutifíima  pen- 
na  do  infigne  Doutor  Martim  de  Afpilcuieta 
Navarro,  cujo  grande  focorro  confeíTou  ter 
recebido  na  Dedicatória  ao  Cardial  D.  Hen- 
rique do  dito  Manual  impreíío  em  Coimbra 
por  Joaõ  de  Barreira,  e  Joaõ  Alvres  1552. 
8.  por  eftas  palavras.  El  Autbor  dela  obra, 
Varon  que  es  piijftmo,  j  Ju  gran  coadjutor,  qi4e 
para  mejor  ayudarnos,  y  dar  buen  cabo  aloque 
tanto  cofiava  há  Jofrido  de  eftar  trabajando  no- 
ches,  y  dias  en  efta  caja  de  af peros  ejludios,  y  tra- 
tos ablandando  nos  los  con  Ju  Janta,  y  ajpera  vida. 
Mais  claramente  teílimunhou  quem  era  o 
que  lhe  participara  matéria  para  augmento 
do  mefmo  Manual  dizendo  no  Prologo  da 
Impreflaõ  de  Salamanca  por  Andrea  de  Por- 
tonariis  1557.4.  El  muy  aprovado  Varon  Fray 
António  de  Zurara  Padre  muy  reverendo  dela  dicha 
Provincia  dela  Piedad,  el  qual  como  Dios  lo  Jabe 
por  Jola  Ju  providencia  divina  acerto  de  topar  co- 
migo em  Campos,  y  me  propujo  más  dudas  que 
otros,  y  por  Joio  amor  de  Dios,  y  de  que  lo  Jobre 
dicho  Je  hi^teffe,  Je  determino  a  tenerme  compania 
en  todo  ejie  encerramiento,  revijla  y  correcion  dej- 
ta  adicion  con  Jus  mtry  grandes  trabajos  aliviando 
los  mios. 

Fazem  expreíTa  mençaõ  de  Fr.  Anto- 
tonio  de  Azurara  como  addicionador  do 
Manual  de  Conjejfores  Fr.  Luiz  de  Rebo- 
ledo  Cron.  de  S.  Francijco  no  Cathalogo 
dos  Authores  pag.  57.  Joan.  Suar.  de  Brito 
in  Theatr.  Eujit.  Utfer.  lit.  J.  n.  86.  intitu- 
lando-o  por  engano  Joaõ,  e  ultimamente 
Fr.  Joan  à  D.  Anton.  in  Bib.  Franc.  Tom.  i. 
pag.  loi. 

Fr.  ANTÓNIO  BACELLAR  natural 
de  Viana  do  Minho.  Recebeo  o  Habito 
dos  Religiofos  Menores  na  Provincia  de 
Saõ-Tiago  a  qual  illuíbrou  com  fuás  grandes 
letras,  e  iguaes  virtudes.  Foy  muito  appli- 
cado  à  liçaõ  dos  Santos  Padres,  e  da  Efcri- 


214 


BIBLIO THE  CA 


íura  Sagrada  como  fe  manifefta  claramente 
da  obra,  que  compoz  com  efte  titulo. 

Defenfa  'Evangélica  de  la  Cognacion,  y  paren- 
iejco  de  nmjlro  Glorio/o  Apojlol,  j  iinico  Patron 
.de  mpaiía  San-Tiago  el  major  con  Chrifio  Kedemp- 
íor  Nuejlro  em  quanto  homhre.   Coimbra  1631.  4. 

Do  Author,  e  da  obra  fe  lembra  o  P.  D. 
Manoel  Caet.  de  Souza  in  Exped.  Hijp.  ApoJ- 
iol.  S.  Jacob.  Major.  Tom.  2.  pag.  1338.  onde 
o  faz  natural  de  Redondela  no  Reyno  de  Ga- 
liza, quando  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i . 
pag.  81.0  traz  como  Portuguez,  cuja  opinião 
fegue  Fr.  Joan.  a  D.  Ant.  in  Bib.  Francifcan. 
Tom.  I,  pag.  94.  poílo  que  o  confunda  com 
Pr.  António  de  Barcellos,  de  quem  logo  falla- 
remos. 

P.  ANTÓNIO  BANDEIRA  filho  do 
Dezembargador  Ignacio  Bandeira  Maldona- 
do, e  D.  Joanna  de  Figueiredo.  Naceo  na 
Villa  de  Bèfteiros  da  Diocefe  de  Vizeu  donde 
paílou  a  Coimbra  eíludar  Direito  Civil,  e  rece- 
bendo o  Grào  de  Doutor  neíla  Faculdade 
•com  beneplácito  de  feu  Pay  que  foy  dos  me- 
lhores Oppofitores  ás  Cadeiras,  que  venerava 
a  Univerfidade,  as  quaes  muitas  vezes  fubf- 
tituhio  com  grande  credito  do  feu  nome, 
confiderando  que  toda  a  eftimaçaõ,  que  podia 
alcançar  pelas  fuás  letras  era  traníitoria,  e 
caduca,  deixando  Coimbra  paílou  a  Lisboa 
onde  quando  contava  24.  annos  de  idade 
xecebeo  o  Habito  da  Companhia  de  JESUS 
10.  de  Fevereiro  de  1622.  Nefta  fagrada  pa- 
leilra  fe  exercitava  nos  miniílerios  mais  aba- 
tidos chegando  a  trazer  ás  coílas  o  peixe  que 
liaviaõ  comer  os  feus  companheiros,  e  pre- 
guntado  em  huma  ocaíiaõ  pelo  Superior  fe  lhe 
^auzava  confufaõ  o  fer  viílo  naquelle  vil  eíla- 
do  por  alguns  difcipulos  que  enfinara  em  Coim- 
bra, lhe  refpondeo  que  nunca  lhes  di£íara 
■doutrina  mais  folida,  que  aquelle  exemplo 
de  humildade.  Nos  púlpitos,  onde  era  fre- 
quente a  fua  aíTiftencia,  colheo  copiofos  fru- 
tos, principalmente  na  Villa  de  Caftello-Branco 
ledufindo  ao  caminho  da  penitencia  os  co- 
raçoens  mais  obílinados  os  quaes  abrandava 
com  as  continuas  lagrimas,  que  o  ardor  do 
Xeu  efpirito  lhes  fazia  deítillar  pelos  olhos. 
Eníinou  Filofofia  em  Lisboa,  e  foy  Reytor 
do  Collegio  do  Porto  fendo  fempre  eílima- 


do,  ou  como  Meílre,  ou  como  Prelado.  Mor- 
reo  piamente  em  Coimbra  a  25.  de  Setem- 
bro de  1664.  e  delle  fazem  memoria  Joan. 
Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  Eujit.  Eiterat.  lit.  A. 
n.  53.  Franco  in  Synopf.  Annal.  S.  J.  in  Eujit. 
pag.  337.  et  in  Anno  Glorio/.  S.  J.  pag.  547. 
Imprimio. 

Sermão  na  Sè  da  Cidade  de  Coimbra  na  cele- 
bridade com  que  ella  folemnit^ou  o  Nacimento  do 
Serenijfimo  Infante  D.  Ajfonjo  em  7.  de  Setem- 
bro de  1643.  Lisboa  por  Lourenço  Crasbeeck 
ImpreíTor  delRey  1643.  4- 

ANTÓNIO  BAPTISTA  VIÇOSO  Be- 
neficiado na  Igreja  de  Santa  Cruz  da  Villa 
de  Santarém,  Notário  Efcrivaõ  Geral  das 
Juílificaçoens  Apoftolicas  em  todo  o  Arce- 
bifpado  de  Lisboa  Oriental  naceo  neíla  Qdade 
a  31.  de  Outubro  de  1704.  fendo  filho  de 
Manoel  Jorge,  e  Mariana  das  Neves.  Para 
inílruir  aos  Sacerdotes  na  intelligencia  dos 
altiífimos  Miílerios,  e  Sagradas  Ceremonias 
da  MiíTa  tradufio  de  Caftelhano  em  Portuguez 
a  obra  do  P.  Fr.  Diogo  de  Gufmaõ  CõmiíTa- 
rio,  e  Vigário  Geral  da  Ordem  da  SantííTima 
Trindade  da  Província  de  Efpanha  com  efte 
titulo 

The^iouro  jingular,  e  admirável  excellencia  do 
Sacrofanto  Sacrificio  da  Miffa  da  Eey  Evangélica 
dividido  em  três  partes,  mojirando-fe  nella  os  pro- 
fundos Mijlerios  da  MiJJa  em  geral,  e  em  particular 
com  todas  as  Jtgnificaçoens  de  fuás  Santas  Ceremo- 
nias. Lisboa  por  Manoel  Fernandes  da  Cofta 
Impreílor  do  Santo  Officio  1731.  foi. 

Com  o  nome  fupofto  de  Franconiano 
Adaõ  Cuntim  Favorino  publicou 

Templo  theologico  efpeculativo,  e  pratico,  aonde 
fe  verá  huma  breve  fumma  de  Theologia  Speculativa, 
e  Moral  com  os  cafos  refervados  do  Patriarchado  de 
Eisboa,  e  mais  Diocefes  de  Portugal  expoflos,  e  decla- 
rados conforme  as  novas  Conjlituiçoens,  e  declara- 
çoens,  que  em  muitos  Bifpados  fe  fií^eraõ  depois  que 
efcreveraõ  os  que  ate  o  pre^^ente  os  tem  tratado,  efe 
ajuntaõ  aos  ditos  cafos  refervados  de  toda  a  Diocefe 
de  Portugal  as  excomunhoens  de  fuás  Conflituiçoens 
ate  agora  naõ  explicadas  <ò'c.  Lisboa  pelo  met- 
mo  ImpreíTor.  1735.  foi.  ^ 

P.  ANTÓNIO  BARBOSA  natural  4 
Villa    da    Arrifana    de    Souza    do    Bifpacjj^ 


I 


L  USITANA. 


2l5 


(lo  Porto  teve  por  Pays  a  GaTpar  Pires,  c 
Maria  Thomè.    Na  idade  de  20.  annos  abra- 
ce )u   cm   Lisboa  o  inílituto   da  Companhia 
de  JESUS  em  15.  de  Março  de  1624.    Al- 
cançada faculdade  dos  feus  Prelados  para  a 
Mifíaò  do  Oriente  chegou  a  Goa,  e  logo 
toy  clininado  para  a  cultura  da  Cochinchi- 
ii;i,  fendo  hum  dos  feus  primeiros  agricul- 
tores cm  cuja  empreza  empenhou  todas  as 
'  forças  do  corpo,  e  do  efpirito  convertendo 
muitos  infiéis  ao  grémio  da  Igreja.    Efte  la- 
boriofo    niiniftcrio    exercitado    pelo    efpaço 
I  de  quatro  annos  lhe  fez  contrahir  hunu  fe- 
bre que  degenerou  em  tifíca,  e  ainda  que  ti- 
nha o  corpo  quafi  mirrado  fcmpre  confcr- 
vava  o  efpirito  vigorofo  para  continuar  nos 
trabalhos    apoílolicos.     PaíTou    a    Macao,    e 
^Icpois  a  Goa  para  com  a  mudança  do  cli- 
ma experimentar  alguma  milhora,  mas  ren- 
^^^da  a  natureza  à  violência  da  infirmidade 
IlHabou  a  vida  com  faudade  dos  feus  compa- 
nheiros fendo  hum  delles  o  Padre  Alcxan- 
tlrc  Rhodes  que  teílimunha  na  Hifloria  Ttm- 
ibinenji  \\h.  z.  cap.  45.  pag.  170.  maximum  nohis 
omnilrns  reliqtàt  fui  defiderium,  et  Santijfima  Vita 
,  praclaríjftmum  exemplar.    Por  fer  muito  perito 
na  lingua  Annamitica  que  he  a  que  mais  fe 
illa  na   Cochinchina,   e   Tunquim   efcreveo 
i  para  que  os  Miffionarios  fizeíTem  com  mayor 
facilidade  a  fua  obrigação. 

Diccionario  da  lingua  Annamitica,  do  qual 
tranfcreveo  grande  parte  o  P.  Alexandre 
Rhodes  da  mefma  Companhia  para  o  que  com- 
poz  na  lingua  Latina,  e  fahio  impreíTo  Romae 
Typis  de  Propaganda  Fide  165 1.  4.  como  elle 
confefla  no  Prologo.  Aliorum  etiam  ejujdem 
Societatis  Patrum  lahorihus  Jum  ujus;  pracipue 
P.  Ga/paris  do  Amaral,  et  P.  Antonii  Barbo/a, 
t  ^  amho  Juum  compofuere  Diccionarium ,  ille  à 
lingua  Annamitica  incipiens,  hic  á  l^ufitana,  fed 
im matura  uterque  morte  nobis  ereptusi  utriujque 
ergo  laboribus  Jum  uJus,  <à'c.  Do  mefmo  Dic- 
cionario faz  mençaõ  nos  Diverfos  Vqyages  dei 
Orient.  cap.  3.  Jay  faia  imprimer  a  Kome 
par  le  faveur  de  Mejfturf.  de  la  Congregation  de 
la  propagation  de  la  Fqy  un  Diccionaire  Cochin- 
chinois  Latin,  et  Portugais,  <à^c. 

ANTÓNIO      BARBOSA      natural      de 
Chaul  celebre   Cidade   da  índia  Oriental  íi- 


tuada  entre  Goa,  e  Dío  fendo  Cónego  na 
Cathedral  de  Goa  mereceo  pelas  letras  que  pro- 
feííava  na  faculdade  dos  Sagrados  Cânones 
a  fer  Desembargador  da  Relação  do  Arce- 
bifpado  Primaz  do  Oriente,  e  Vigário  da  Pa- 
rochial  Igreja  de  S.  Thomé  da  Cidade  de  Goa 
em  cujo  miniílerio  encheo  as  obrigaçoens  de 
vigilante  Paftor.  Para  eternizar  na  poftcridadc 
as  heróicas  acçoens  que  os  Portuguezes  obra- 
rão no  Morro  de  Chaul  a  2.  de  Fevereiro  de 
1594.  efcreveo  como  contemporâneo  a  efte 
fucccíTo. 

\Weve  Tratado  da  Vitoria  do  Morro  de  Chaul 
defcripfaõ  do  Jitio,  e  fortalev^a  de  lie,  e  de  alguns  bem 
afortunados  fuccejfos  que  os  Portugue:(es  tiveraõ 
nefle  cerco.  M.  S.  4.  Conferva-fe  na  Livraria 
do    ExcclIentiíTimo    Marquez    de    Abrantes. 

ANTÓNIO  BARBOSA  BACELLAR 
Teve  por  pátria  a  Cidade  de  Lisboa,  por  Pays 
a  Francifco  Barbofa  Bacellar,  c  Gracia  Gomes 
Pereira  ambos  defcendentes  de  nobres  gcra- 
çoens.  Ainda  naõ  excedia  os  annos  da  puerecia,. 
e  já  brilhava  com  tanta  intenção  a  viveza  do  feu 
engenho,  que  mais  parecia  empenho  da  graça, 
que  liberalidade  da  natureza,  cauzando  geral 
admiração  a  perfpicacia  do  juizo,  a  tenacidade 
da  memoria  com  que  comprehendia  as  fcien- 
cias.  Mayor  foy  o  efpanto  quando  no  Colle- 
gio  de  Santo  Antaõ  dos  Padres  Jefuitas  antes 
de  cumprir  defafeis  annos  eftando  perfeita- 
mente inílruido  na  lingua  Latina,  Rhetorica,. 
Poética,  Philofofia,  Theologia,  e  Mathematica 
defendeo  Conclufoens  publicas  de  todas  eílas 
faculdades  refpondendo  com  tal  promptidaõ, 
e  madureza  aos  argumentos  propoílos  em  taõ- 
diverfas  fciencias,  que  arrebatou  a  atenção  de 
todos  os  aíTiílentes  a  taõ  plauíivel  afto,  fervin- 
do  a  muitos  de  confufaõ,  que  pudeflem  hom- 
bros  taõ  delicados  fuftentar  a  immenfa  machi- 
na  de  taõ  grandes  eíhidos.  Naõ  foy  menos 
prodigiofa  a  fua  memoria  pois  ou  lendo,  ou 
ouvindo  ler  duas,  ou  três  paginas  de  qvial- 
quer  livro,  as  repetia  fielmente  fem  lhe  fal- 
tar huma  palavra,  de  cuja  portentofa  íingu- 
laridade  fez  varias  demonftraçoens  na  pre- 
zença  de  muitas  peíToas  eruditas.  Augmen- 
tavafe  mais  a  fama  do  feu  nome  com  o  fu- 
blime  génio  que  teve  para  a  Poeíia  fenda 
hum  dos   mais   fonoros   Cifnes   do  PamaíTo 


2IÓ 


BIBLIOTHE  CA 


Portuguez,  metrificando  ou  na  lingua  ma- 
terna, ou  Caílelhana  com  prompta  facili- 
dade fuave  elegância,  aguda  difcriçaõ  mais 
adquerida  por  natural  impulfo,  que  por  appli- 
caçaõ  eftudiofa,  de  tal  forte,  que  no  anno  de 
1635.  quando  contava  25.  annos  de  idade, 
imprimindo  as  fuás  métricas  Compofiçoens 
os  dous  iníignes  Poetas  Manoel  de  Galhe- 
gos,  e  António  Figueira  Duraõ;  o  i.  no  Epi- 
talamio  dos  Sereniffimos  Duques  de  Bragança 
Eftanc.  198.  o  invocou  entre  os  mais  celebres 
Poetas  Portuguezes  para  celebrar  eíle  auguílo 
Conforcio,  neíla  forma. 

Se  em  tenra  idade  dais  ao  mundo  efpanfo 

Em  voffo  verjo  ó  Bacellar  canoro, 

Pêra  tal  gloria,  para  triumfo  tanto 

Invocay  do  Parnafo  o  brando  coro. 

Começareis  a  dar  do  vojfo  engenho 

A.  major  mojlra  no  major  empenho. 
O  fegundo  Parnaf.  Eaur.  Kam.  2.  o  ante- 
põem aos  Poetas  feus  comtemporaneos,  e  o 
intitula  Homero,  e  Virgilio  renacido. 
Non  Eufitanà  quijquam  de  gente  canoros 
Hifpano  melius  componit  carmine  cantus, 
Quam  tu,  doãe  puer,  Smjrnai  Vatis  imago: 
En  tibi  Pegajides  plenis  dant  lilia  dextris. 

Pojiquám  Phanici  venit  avi  finis 

Componit  Jibi  tumulum  felicem 

Tum  defunãi  Phcsnicis  vivax  cinis 

A.lterum  profert  nobilem  Phcenicem. 

Sic  najcitur  Barbo/a  peregrinus 

Ex  cinere  Maronis  Phanix  dignus. 
Obedecendo  à  vontade  de  feus  Pays  paílou 
a  Coimbra,  e  com  o  mefmo  difvelo  com  que 
tinha  eíludado  as  outras  faculdades  fe  applicou 
a  penetrar  as  fubtilezas  do  Direito  Civil.  Neíla 
iníigne  paleílra  da  mocidade  Portugueza  al- 
cançou de  todos  os  feus  Académicos  as  mayo- 
res  eílimaçoens  quando  conhecerão  que  a 
prezença  naõ  diminuirá,  antes  augmentara  o 
que  a  fama  publicava  na  fua  auzencia  atrahin- 
do-lhe  os  affetos  a  fua  grave  gentileza,  natural 
urbanidade,  maduro  juizo,  difere  ta  facúndia, 
applicaçaõ  continua  ao  eíludo,  frequente 
aíTiílencia  nas  aulas,  e  fumma  veneração 
aos  Meftres,  naõ  fendo  inferior  a  eílas  par- 
tes a  fubtileza  com  que  em  todos  os  aftos 
litterarios  argumentava,  a  promptidaõ  com 
que  refpondia,  e  a  profundidade  com  que 
■explicava,    e    conciliava    os    textos    mais    di- 


fíceis, e  antinomicos.  Acabado  o  tempo  de 
aprender  efta  faculdade  como  fe  fora  de  a  en- 
finar  recebendo  a  borla  doutoral  leu  como 
fubftituto  por  efpaço  de  féis  annos  algumas 
matérias  com  tanto  applaufo  de  toda  a  Univer- 
fidade,  que  eraõ  pequenas  as  Clafes  para  com- 
prehender  a  multidão  dos  Académicos,  que- 
rendo participar  dos  documentos  da  fua  vaíla, 
e  profunda  litteratura.  Porem  fendo  Opoíitor 
a  huma  Cadeira,  e  nella  foíTe  provido  quem  lhe 
era  muito  inferior  no  merecimento,  para  naõ 
experimentar  outra  defatençaõ  da  fortuna  fe 
retirou  com  eterna  faudade  de  Coimbra  a  Lis- 
boa, e  tanto  que  a  ella  chegou  naõ  permitio 
a  Mageílade  delRey  D.  Joaõ  o  IV.  que  eíliveíle 
fem  exercício  o  feu  grande  talento  nomeando-o 
para  beneficio  da  Republica  Corregedor  de 
Caftellobranco,  e  logo  Provedor  de  Évora, 
donde  paíTou  a  illuftrar  a  Relação  do  Porto,  e 
Cafa  da  fuplicaçaõ  a  22.  de  Novembro  de 
1661.  com  as  incorruptas  deliberaçoens  da 
fua  grande  Jurifprudencia;  e  certamente  fu- 
bira  aos  mayores  lugares  que  lhe  feguravaõ  as 
fuás  letras,  fe  lhe  naõ  interrompeíTe  a  morte 
envejofa  dos  feus  augmentos  a  velocidade 
com  que  para  elies  caminhava,  acabando  a 
vida  em  Lisboa  em  o  Hofpital  das  Chagas  a 
15.  de  Fevereiro  de  1663,  Com  univerfal  fen- 
timento  foy  fepultado  no  Convento  de  S. 
Francifco  da  Cidade  em  cuja  fepultura  fe  lém 
gravadas  eftas  palavras  do  Cântico  de  Ezechias. 
Dum  ad  huc  ordirer  Juccidit  me. 
Será  eternamente  lamentável  a  fua  me- 
moria pela  perda  que  Portugal  padeceo  co- 
mo difcretamente  o  expreíTou  hum  dos  mais 
celebres  Poetas  daquelle  tempo  neíle  Soneto. 
O'  toda  admiração  ò  toda  horrores 

Parca  cruel  que  foi  nos  ecljpfajle 

Como  ajftm  atrevida  nos  roubajte 

Do  Tejo  a  gloria,  do  Parnafo  as  flores"^ 
Bem  fe  vé,  que  temias  feus  fulgores 

Pois  tanto  de  repente  os  ajfaltafle. 

Mas  quando  mais  tyrana  os  ajfombrafle 

Ehes  dá  feu  fer  majores  refplandores. 
De  hum  affopro  apagafle  infauflamente 

A  Bacellar  das  f ciências  viva  chama, 

Aquelle  fobre  tudo  engenho,  e  arte 
Porém  a  faudade,  que  o  exclama 

Com  outro  de  fufpiros  mais  valente 

O  fa^  refucitar  por  maõs  de  Fama. 


LUSITANA. 


217 


Compoz. 

Kelaçaõ  Diana  do  fitio,  t  tomada  da  forte 
Praça  do  Kecife,  rtcuperaçaò  das  Capitanias 
de  Itawaracà,  Paraiba,  Rio  grandt,  Siará,  t 
JIba  dê  Femaâ  de  Noronha  por  ¥rancifco  Bar- 
reto Meftre  General  do  Eflado  do  hrafil,  e  Gover- 
nador de  Pernambuco.  Lisboa  na  OHicin.  Cras- 
beeckiana.  16)4.  4.  Sahio  traduzida  em  Ita- 
liano com  cíle  titulo. 

Kelatione  deli'  infigne  Vitoria  eh*  i  Portugj)eji 
riportarono  delg'  O  lande fi  nello  St  ato  dei  Bra- 
Jle  impaíronandofi  delia  Fortet(i(a  Reale  detta 
Recife  nella  Capitania  de  Pernambuco,  e  de  tntte 
U  Piav^e,  Forte:(j(e,  e  Ifole  d' in torno  a  i-j.  di 
Cenaro  dei  1654. 

Relação  da  Vitoria,  que  alcançara^  as 
armas  do  muito  alto,  e  poderofo  Rey  D.  Affonfo 
VI,  em  14.  de  Janeiro  de  1659.  contra  as  de  Caf- 
tella,  que  tinhaò  fitiado  a  Praça  de  Elvas  hindo 
por  General  do  Exercito  de  Portugal  o  Conde  de 
Cantanhede  D.  António  Luiz  ^  Meneses  do 
Concelho  do  EJlado,  e  Guerra,  Vedor  da  Fa;(enda. 
isboa  por  António  Crasbeeck  de  Mello 
659.  4.  a  qual  fahio  vertida  em  Latim  muito 
e  elegante  por  Aleixo  CoUotes  de  Jan- 
ct  com  o  nome  de  Helvia  objidione  liberata. 
liffip.  apud  eumdem  Typ.  1662.  8. 

Eftas  duas  Relaçoens  publicou  fem  o  feu 
nome  como  taõbem  a  obra  feguinte. 

Statera  veritatis,  five  pracipua  rationum  mo- 
menta  pro  jure  Corona  Ljijitane  aàverfus  Cajlel- 
Janam.  1641.  foi. 

Compoz  mas  naõ  imprimio. 

Huma  e  outra  fortuna  do  Marque^  de  Montal- 
vão D.  Jorge  Mafcarenhas  efcrito  no  eliilo  de 
Cornelio  Tácito  M.  S. 

Vida  de  D.  Francifco  de  Almeyda  Vicerey 
da  índia  efcrita  no  eftilo  do  Marquez  Virgilio 
Malvezzi.  Aí.  S. 

Deftas  duas  obras  faz  illuílre  memoria  Fran- 
cifco de  Santa  Maria  no  Ann.  Hijlor.  Diar.  Por- 
lug.  p.  198.  onde  lhe  chama  fogeito  rarijfimo 
de  igual  engenho,  e  memoria.  Deixou  imper- 
feitos. 

Commentaria  in  Textus  Jurifconfulti  Pom- 
ponij  M.  S. 

As  obras  poéticas,  que  compoz,  mere- 
cedoras pela  fuavidade  das  vozes,  e  agu- 
deza dos  penfamentos  de  correrem  impref- 
las   para   recreação    dos    cultores    das   bellas 


letras  eftiveraõ  muitos  annos  occultas,  len- 
do-íe  algumas  delias  na  Fama  poflhuma  dt 
Ijope  da  Vegfí  Carpio.  Madrid  1656.  e  nas 
Memor.  F/nub.  de  D.  Maria  de  Attaidi.  Lis- 
boa na  Officina  Crasbeeck.  i6)o.  4.  até  que 
a  diligente  curiofídade  de  Mathias  Pereira 
da  Syiva  em  a  grande  Coilecçaõ,  que  fez 
de  veríos  dos  noíTos  Poetas,  a  qual  intitu- 
lou Fenis  renacida,  ou  obras  poéticas  dos  melhores 
engenhos  Portuguefes  publicou  as  feguintes  do 
Doutor  António  Barboza  Bacellar. 

Saudades  de  Lidia,  e  Armido.  Saõ  40. 
Outavas.  Gloíía  à  8.  de  Camoens  Eftavas 
linda  Ignes  pofla  em  focego.  1.  GloíTas  ao  So- 
neto Fermofo  Tejo  meu  quam  aferente.  7.  Sone- 
tos a  divcrfos  aííumptos.  2.  GloíTas  ao  Soneto 
de  Camoens  Sete  annos  de  Paflor  Jacob  fervia. 
Canção  fúnebre  à  morte  do  Serenijfimo  Senhor 
Infante  D.  Duarte.  Saudades  de  Aonio.  conf- 
taõ  de  huma  fylva  a  qual  louva  o  P.  Antó- 
nio dos  Reys  no  Enthufiafm.  Poet.  n.  71.  nefta 
forma. 

=:  Vítreas  flet  triflis  ad  undas. 

Aonium  Barbofa  fuum,  planãuque  nitentes 
Infufo   turbabat  aquas,   oblataque   mentis 
Nulla  fibi  cupiens  agra  medicamina,  luflra 
Qiia  nemus  umbrofum  multa  tegit  ilice, 
quarit. 

Todas  eftas  obras  poéticas  fahiraõ  Lis- 
boa por  Jozè  Lopes  Ferreira  ImpreíTor  da  Se- 
reniíTima  Rainha  171 6.  8.  defde  pag.  77. 
até  214. 

No  2.  Tomo  da  Fenis  renacida.  Lisboa  por 
Jozé  Lopes  Ferreira  171 7.  8.  eflaõ  varias 
gloíTas  de  alguns  Sonetos,  trinta  e  quatro 
Sonetos  a  diverfos  Aííumptos,  varias  Decimas, 
e  Romances  defde  pag.  35.  até  204. 

No  4,  Tomo  da  Fenis  renacida.  Lisboa  por 
Mathias  Pereira  da  Sylva,  e  Joaõ  Antimes 
Pedrofo  1721.  8.  Eftaõ  vadas  Poeíias  de 
Bacellar  defde  pag.  279.  até  512. 

No  5.  Tomo  da  Fenis  renacida.  Lisboa  por 
António  Pedrofo  Galraõ  1728.  8.  Eftaõ  Sau- 
dades de  Aonio  Confta  de  70.  Outavas.  Gloíía 
à  Outava  de  Camoens  Mas  Affonfo  do  Rejno 
único  herdeiro.  Outra  gloíía  a  huma  Outava.  Can- 
ção muito  larga  a  D.  Rodrigo  de  Meneses.  Relação 
da  FeJla  de  Touros,  que  fe  fe^  na  Praça  do  Rocio 
o  anno  de  1647.  e  alguns  Romances  a  diver- 
fos aííumptos  defde  pag.  137  atè  217. 


2l8 


BIBLIO THE  CA 


Fr.  ANTÓNIO  DE  BARCELLOS  na- 
tural da  Villa  do  feu  appellido,  da  Diocefe 
de  Braga,  e  Religiofo  profeflb  na  Ordem 
dos  Menores  naõ  menos  pio  que  verfado  na 
liçaõ  dos  Padres,  e  Sagrados  Expofitores, 
de  cuja  litteraria,  e  continua  applicaçaõ  efcre- 
veraõ  Fr.  Luiz  de  Reboledo  na  i.  Parte  da 
Cron.  dos  Menor.  António  de  Sampayo  Villas- 
boas  Nobiliarch.  Vortug.  cap.  9.  pag.  109.  e 
Fr.  Pedro  Poyares  no  Trat.  Paneg.  em  louvor 
da  Villa  de  Barcellos.  cap.  16.  affirmando  ef- 
crevera 

Doí(e  Excellencias  da  Fè. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  BEJA  natural  como 
denota  o  feu  appellido,  e  o  coílume  naquelles 
tempos  obfervado  na  Religião  de  S.  Jeronymo, 
da  Cidade  de  Beja  na  Província  do  Alentejo 
onde  fahio  à  luz  do  mundo  no  anno  de  1493. 
ProfeíTou  o  habito  daquella  Sagrada  Familia 
no  Convento  de  Penhalonga  a  13.  de  Abril 
de  15 17.  em  que  por  toda  a  vida  foy  obfer- 
vantiíTimo  Conventual.  A  mayor  parte  do 
tempo,  que  lhe  reftava  da  aíTiftencia  do  Coro, 
e  outras  obrigaçoens  da  Comunidade,  a  em- 
pregava na  liçaõ  dos  Santos  Padres,  e  Autho- 
res  profanos,  cujo  eiiudo  o  conílituhio  hum 
dos  mais  fabios  Varoens  daquella  idade.  Che- 
gando à  fua  noticia  a  geral  confternaçaõ  com 
que  eílava  penetrado  o  povo  de  Lisboa  por 
terem  prognoílicado  alguns  Aílrologos  que 
no  mez  de  Fevereiro  de  1524.  fe  havia  fu- 
mergir  o  mundo  em  hum  diluvio,  para  def- 
terrar  eíles  temores,  e  increpar  a  ignorância 
dos  vaticinadores  de  taõ  horrorofa  cala- 
midade efcreveo  hum  douto  tratado,  e  o  dedi- 
cou à  Rainha  D.  Leonor  mulher  do  Serenif- 
íimo  Rey  D.  Joaõ  o  II.  com  efte  titulo. 

Contra  os  jm:(ps  dos  AJirologos.  Breve  Tra- 
tado contra  a  opinião  de  alguns  oufados  AJirologos 
que  por  regras  de  Aftrologia  non  bem  entendidas 
oujam  em  publico  jui^o  di^er  que  ha  quatro,  ou 
cinco  dias  de  Fevereiro  do  anno  de  1^  24.  por  ajunta- 
mento de  alguns  "Planetas  em  ho  jigno  de  pifeis  Jerá 
gram  diluvio  na  terra.  No  fim  tem  eftas  palavras. 

Fqy  imprimida  efia  obra  a  louvor  de  Deos, 
e  confolaçaõ  dos  fieis  novamente  em  a  Cidade 
nobre  de  Lisboa  per  Germam  Galharde  empri- 
midor  por  mandado  da  Serenijftma,  e  muito  alta 
Senhora    Reinha    D.    Lianor    a  Jete    dias    de 


Março  de  mil  quinhentos,  e  vinte,  e  três  annos. 

Traduzio,  e  dedicou  à  mefma  Rainha  a 
Epiílola  de  S.  Joaõ  Chryfoílomo  Nemo  laditur 
&c.  Lisboa  per  Germam  Galharde  1522.  8. 

Breve  doutrina,  e  enfinança  de  Príncipes  feyta 
per  ho  Padre  'Licenciado  Fr.  António  de  Beja  da 
Ordem  de  S.  Hieronimo.  Pêra  o  mujto  poderojo 
Senor  ho  Senor  Rey  dom  Joham  de  Portugal  ter- 
ceiro defte  nome.  A  qual  Je  emprimio  por  mandado 
de  fua  Alteia.    Tem  no  fim. 

Acabou/e  ejla  obra  de  emprimir  em  Lisboa  per 
Germam  Gallarde  aos  quinn^e  dias  de  Julho  de 
1525. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  BELÉM  natural 
da  Cidade  de  Évora.  Recebeo  o  habito  da 
Religião  de  Saõ  Jeronymo  no  Convento 
do  Efpinheiro  a  29.  de  Janeiro  de  1641  on- 
de foy  Prior  no  anno  de  1667.  No  Seminá- 
rio da  Cathedral  da  fua  pátria  fe  applicou 
ao  eíhido  da  Mufica,  e  fahio  taõ  confum- 
mado  nefta  fuaviffima  arte,  que  a  exerci- 
tou por  largo  efpaço  de  annos  no  Real  Con- 
vento de  Belém  occupando  os  miniílerios 
de  Vigário  do  Coro,  e  Meftre  da  Capella. 
Foy  dos  celebres  Compofitores  de  Mufica 
do  feu  tempo  cujas  obras  merecerão  as  eiii- 
maçoens  aífim  dos  domefticos,  como  dos 
eílranhos.  Naõ  foy  menos  eJHmavel  pela 
obfervancia  do  feu  inílituto  do  qual  era  taõ 
zelofo  que  nunca  permetia  nelle  a  menor  re- 
laxação. Cheyo  de  annos,  e  merecimentos 
paíTou  a  melhor  vida  no  Real  Convento  de 
Belém  a  3.  de  Março  de  1700. 
Compoz. 

Livro  de  Kefponforíos  para  todas  as  Fejlas 
da  primeira  ClaJJe  de  EJlante  que  hoje  fe  cantaõ 
no  Real  Convento  de  Belém  obra  de  grande 
eftudo,  e  primor. 

Pfalmos  a  4.  5.  ^  6.  choros  para  as  F ef- 
tas de  Chrijlo,  e  da  Senhora  MiJJas  a  4.  a  6.  e  8. 
vozes. 

Lamentaçoens  da  Semana  Santa  a.   quatro, 
e  6.  vozes. 
Mifereres  a  3.  Choros. 

OraçaÕ  de  Jeremias  a  4.  vozes  de  grande 
devoção,  e  fuavidade. 

Liçoens  do  Officio  dos  Defuntos  a  4.  e  8.  vo- 
zes. 

Vilhancicos    para     todas     as     Fejlividades. 


I 


L  USITANA. 


219 


Todas  eftas  obras  Ce  conTervaÕ  no  Real  Con- 
vento de  Belém,  e  algumas  na  Bíb.  Real  de 

Mu  fica. 

Ir.  ANTÓNIO  DE  S.  BENTO  naceo 
na  Villa  de  Viana  da  Província  do  Minho, 
tbraõ  Teus  Pays  Luiz  Homem,  e  Ifabel  de 
Barros.  Recebeo  o  habito  Beneditino  em  o 
Convento  de  Tibaens  a  16.  de  Mayo  de  16 19. 
Depois  de  eíludar  as  fciencias  efcholaílicas  as 
dié^ou  aos  Teus  domeílicos  com  tanto  credito 
da  fua  doutrina  que  por  ella  mereceo  fer  admi- 
tido ao  numero  dos  Doutores  Theologos,  na 
Univerfidadc  de  Coimbra.  Foy  Reytor  do 
CoUcgio  de  Coimbra,  cm  o  anno  de  1644. 
Abbade  do  Convento  do  Porto,  em  1650.  c 
ultimamente.  Geral  da  fua  Monaftica  Congre- 
içaõ  em  1653.  Na  Gdade  de  Coimbra  con- 
io  ordens  menores,  e  o  Sacramento  da 
)nfirmaçaõ  a  muitos  dos  fcus  moradores 
)m  faculdade  do  Ordinário,  c  defenviolou  as 
Igrejas  de  S.  Joaõ  de  Almedina,  e  Santa  Jufta, 
jue  eraõ  Sagradas.  Teve  talento  igual  para  a 
ideira,  e  para  o  Púlpito,  fendo  Pregador 
irai,  e  naõ  menor  engenho  para  a  Poefia 
lue  cultivou  com  admirável  affluencia.  Mor- 
ío  no  Convento  do  Porto  a  26.  de  Dezembro 
de  1657.  Entre  muitos  Sermoens  que  pregou 
com  applaufo  tinha  promptos  para  a  impreíTaõ, 
Dof/s  Sermoens  do  Príncipe  dos  Patríarchas 
Saõ  Bento  pregados  em  o  mefmo  dia  o  primeiro 
de  manhaã,  e  o  z.  de  tarde  M.  S.  4.  e  fe  confervaõ 
na  Livraria  do  Convento  de  Lisboa. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  BENTO  CA- 
MELLO  natural  da  Auguíla  Cidade  de 
Braga  onde  na  Parochia  de  Saõ-Tiago  foy 
bautizado  a  15.  de  Outubro  de  1673.  fendo 
filho  do  Doutor  Francifco  de  Magalhaens, 
e  Archangela  Velha.  Foy  admitido  ao  mo- 
nachal  Inftituto  do  grade  Patriarcha  S.  Ben- 
to no  Convento  de  Tibaens  a  4.  de  Abril 
de  1689.  e  depois  de  ler  Filofofia,  e  Theo- 
logia  em  que  jubilou,  recebeo  as  iníignias 
doutoraes  na  Univeríidade  Conimbricenfe  na 
qual  fendo  alguns  annos  oppofitor  às  Ca- 
deiras foy  provido  em  huma  Condufta  em 
3.  de  Outubro  de  173 1.  donde  paíTou  a  Len- 
te de  Vefpera  da  Efcritura,  e  deíla  à  de  Ga- 
briel.    Foy   Abbade   do   Convento   de    Saõ 


Tyrfo  em  17 10.  Reytor  do  Collegio  de  Coim- 
bra no  anno  de  1722.  e  hum  dos  Abbades 
Mitrados,  que  por  ordem  Real  affiOio  à  Trefla- 
daçaõ  do  Corpo  da  Princeza  Santa  Joanna  a 
20.  de  Outubro  de  171 1.  Os  exemplares  cof- 
tumes,  que  obfervava  na  Religião  o  fizeraõ 
merecedor  de  fer  propoílo  pela  Santidade  de 
Clemente  XIL  para  Geral  da  fua  Congregação 
no  anno  de  1757.  Morreo  no  Moíleiro  do 
Couto  a  30.  de  Outubro  de  1738.  com  65. 
annos  de  idade.  Deixou  efcrito  com  igual 
fubtileza,  que  profundidade. 

De  Natura,  et  Atributis  ad  mentem  D. 
Anjelmi.  Sendo  o  primeiro  em  toda  a  fua 
Congregação  que  feguio  a  doutrina  de  San- 
to Anfelmo  Meftre  de  Efcola  Benediâina. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  BERNARDINO 
Religiofo  Menor  da  Provinda  Oriental  de 
S.  Thomé,  e  zelofo  operário  da  femente  do 
Evangelho  nas  terras  de  Jafanapataõ,  em  cuja 
laboriofa  empreza  tolerou  graves  moleftias 
aprendendo  com  grande  trabalho  a  lingua  dos 
feus  habitadores  para  mais  facilmente  os  atra- 
hir  ao  rebanho  de  Chrifto,  no  qual  compoz. 

Vários  livros  em  que  confuta  os  erros  dos  Gen- 
tios, e  illuftra  os  dogmas  Catholicos,  como  efcreve 
Fr.  Jacinto  de  Deos  Chroniíla  da  Provinda 
da  Madre  de  Deos  na  índia  Oriental. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  BERNAR- 
DINO natural  de  Beja,  e  filho  de  Paulo 
Machado,  e  Maria  da  Cofta.  Foy  admitído 
à  Religião  Seráfica  na  Provinda  dos  Al- 
garves  onde  dezejando  obfervar  vida  mais 
auílera  alcançou  faculdade  dos  Prelados  pa- 
ra fer  Conventual  na  Cafa  mais  recolleta 
de  toda  a  Provinda  na  qual  naõ  fomente 
inltruio  aos  feus  domefticos  com  a  pratica 
das  virtudes,  mas  com  a  efpeculaçaõ  das 
fciencias  lendo  as  faculdades  neceíTarias  para 
a  doutrina  nos  Púlpitos,  e  ConfeíTiona- 
rios.  Jubilado  na  Sagrada  Theologia,  e  De- 
finidor da  Provinda,  o  elegeu  a  Serenifli- 
ma  Rainha  D.  Catherina,  quando  fe  foy 
defpofar  com  Carlos  II.  Rey  de  Inglater- 
ra por  feu  Pregador,  e  Theologo,  e  o  le- 
vou em  fua  companhia  para  Londres.  Em 
hum,  e  outro  miniílerio  dezempenhou  a 
grande  opinião   que  eíla  Princefa  tinha  do 


220 


BIBLIO  THE  CA 


feu  grande  talento  confirmando  a  alguns 
Catholicos  vacillantes  na  Fè,  e  reduzindo  a 
muitos  hereges  que  eftavaõ  obftinados  nos 
feus  erros.  Para  evitar  os  funeílos  eífeitos  de 
huma  cruel  perfeguiçaõ  armada  contra  os  Ca- 
tholicos partio  por  ordem  da  Rainha  de  Lon- 
dres, em  o  anno  de  1671.  e  tanto  que  chegou  a 
Portugal  fe  aggregou  à  Província  de  S.  Antó- 
nio por  fer  obfervantifTima  do  inftituto  Será- 
fico, onde  com  evidentes  finaes  de  Predeílinado 
morreo  em  Lisboa  a  22.  de  Janeiro  de  1674. 
Como  a  feu  patrício  o  louva  de  infigne  Pre- 
gador, verfado  na  erudição  Sagrada,  e  profana, 
e  ainda  pela  nobreza  do  nacimento,  Diogo  de 
Gouvea  Barradas  nas  Antiguid.  de  Beja,  liv.  3. 
cap.  29.  Joaõ  Franc.  Barret.  na  Bih.  l.ufit. 
M.  S.  e  Fr.  Joan.  a  D.  Anton.  Bih.  Francifc. 
Tom.  I.  pag.  95.  e  Fr.  Martinh.  do  Amor  de 
Deos  Chron.  da  Prov.  de  Sant.  Ant.  Tom.  i .  liv. 
2.  cap.  I.  §.  96.  e  97.    Compoz. 

l/ita    Minoritica    ad  prifiinum  fiatum    ref- 
tituta.  Londini  1658.  8. 

Caminho  do  Ceo  dejcuherto  aos  viadores  da  terra 
pella  determinação  dos  tempos  exercido  da  conti- 
nuação da  vida,  e  do  artigo  da  morte.  Contem 
três  livros  o  i.  trata  dos  exercidos  de  perfeito 
Chrifiaõ.  No  2.  dos  exercidos  do  celejlial  cami- 
nhante pela  determinação  dos  tempos;  no  3 .  dos 
neceffarios  no  artigo  da  morte.  Londres  1665.  8. 
Sem  nome  de  Impreílor.  No  proemio  defte 
livro  promete  outro  livro  Theologico  que 
brevemente  fahiria  à  luz.  Foy  impreíTo  fegun- 
da  vez  Lisboa  1730.  8.  acrecentado  com  huma 
Semana  Efpiritual  de  Meditaçoens. 

Tratado  fobre  a  regra  dos  Frades  Menores. 
Mojlrafe  nelle  como  a  dita  regra  obriga  hoje  aos  feus 
profejjores  em  todo  o  rigor  em  que  N.  P.  Saõ  Fran- 
cifco  a  injiituhio,  e  depois  da  fua  injiituiçaõ  a  decla- 
rarão os  Sumos  Pontifices,  e  a  obrigação,  que  tem 
os  Prelados  da  Keligiaõ  de  reformada  em  tudo 
o  em  que  a  virem  relaxada,  e  a  que  tem  osfubditos 
de  aceitar  a  tal  reforma.  Derigido  ao  muito 
Keverendo  P.  Fr.  Acurjio  de  S.  Pedro  Lente 
jubilado,  e  Minijlro  Provincial  da  Provinda  dos 
Algarves,  e  aos  mais  Padres  do  Definitorio  da 
dita  Provinda.  Confta  de  5.  Capítulos  muito 
largos.  Cujo  original  M.  S.  em  4.  fe  conferva 
na  feleíliíTima  Livraria  dos  Padres  Theati- 
nos  defta  Corte.  Tinha  prompto  para  a 
impreíTaõ. 


Tratado  do  nacimento,  vida,  e  morte  do  Doutor 
Joaõ  Pijfarro  Prior  da  Igreja  Parochial  de  S. 
Nicolao  da  Corte,  e  Cidade  de  Lisboa  Offerecido 
à  Kainha  N.  Senhora  4.  M.  S.  Conferva-fe  na 
Livraria  do  Conde  de  Redondo,  a  qual  eftá 
agora  para  fe  imprimir.  Defla  obra  falia  o 
Padre  Manoel  Luiz  da  Companhia  de  JESUS 
in  vita  Princip.  Theod.  lib.  3.  n.  44.  P.  Joan- 
nis  Pijfarro  Capellani  regis  vitam  maximarum 
virtutum  exemplis  commendabilem  pralo  commi- 
tendam  fcripjit  R.  P.  Antonius  à  Santo  Ber- 
nardino Seraphici  Francifci  alumnus,  ejus  con- 
feffarius. 

ANTÓNIO  DE  S.  BERNARDO  filho 
de  Domingos  da  Sylva,  e  Izabel  Maria  naceo 
em  Lisboa  a  21.  de  Novembro  de  1696.  Quan- 
do contava  18.  annos  de  idade  foy  admitido 
à  illuílre  Congregação  do  Evangelina  amado, 
onde  recebeo  a  murça  de  Cónego  Secular  em 
21.  de  Fevereiro  de  17 14.  Com  fumma  velo- 
cidade fe  adiantou  a  todos  os  feus  Condif- 
cipulos  nos  mysterios  da  Filofofia,  e  Theo- 
logia,  que  depois  explicou  como  Meílre, 
até  que  chegou  a  receber  a  Borla  Doutoral 
neíla  fublime  Faculdade  em  a  Univerfidade 
de  Évora  a  21.  de  May  o  de  1730.  Foy  Reytor 
do  Convento  de  Évora,  e  Secretario  do  Geral 
António  de  Santa  Clara.  He  Qualificador 
do  Santo  Officio,  e  hum  dos  Pregadores 
famofos  que  tem  a  fua  douta  Congregação. 
Publicou. 

Sermão  da  Canonização  de  Santo  EJlanislao 
Koska  pregado  na  Igreja  do  Collegio  do  Ffpirito 
Santo  da  Univerfidade,  e  Cidade  de  Évora  a  j.  de 
Novembro  de  i^z-j.fegundo  do  feu  outavario  Lisboa 
por  Bernardo  da  Coíla  de  Carvalho  1728.  4. 

ExhortaçaÕ  recitada  no  principio  do  Ca- 
pitulo geral  que  celebrarão  os  Cónegos  Seculares 
da  Congregação  de  S.  JoaÔ  Evangelijla  em  S. 
Bento  de  Xabregas  de  Lisboa  Oriental  em  8.  de 
Junho  de  1737.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira 
ImpreíTor  da  Auguítiírima  Rainha  N.  Senhora 
1739.  4. 

P.     ANTÓNIO    BETANCURT    Naceo 
na  Ilha  de  S.  Miguel  a  3.  de  Outubro  de 
1679.    e    foraõ    feus    Pays    Manoel    de    Be- 
tancurt,  e  Sá,  e  D.  Barbara  Tavares  da  Sylva.  i 
ambos  defcendentes  das  famílias  mais  illuf- 


L  USITAN A. 


221 


três  daquclla  Ilha  de  que  faz  larga  meoçaõ  o 
I'.  António  Cordeiro  na  Hift.  Infttl.  liv.  5. 
lit.  2.  n.  147.  Deixando  com  heróica  re- 
oiuçaõ  a  Pátria  ,  e  os  Pays  que  finamente  o 
imavaõ,  paíTou  á  índia,  e  na  Cidade  de  Goa 
|uando  contava  quinze  annos,  e  meyo  de 
idade  abraçou  o  Inílituto  da  Companhia  de 
jGSUS  a  18.  de  Março  de  1695.  e  fez  a  pro- 
liíTaõ  do  4.  voto  a  15.  de  Agofto  de  171 2. 
I  (ludadas  as  letras  humanas  fc  applicou  às 
aicncias  mayores,  nas  quacs  fahio  taõ  emi- 
nente, que  as  di£lou  com  igual  gloria  do 
leu  talento  que  copiofo  fruto  dos  feus  ou- 
vintes. Da  Afia  paíTou  a  Europa,  e  em  taõ 
«liífcrcntcs  poios  foy  venerada  a  profundida- 
vic  do  feu  talento,  ou  foíTe  confultado  co- 
mo Theologo,  ou  ouvido  como  Orador 
Jivangelico.  Padecco  com  grande  rcfignaçaõ 
ultima  infcrmidadc  que  o  privou  da  vida 
CoUcgio  de  Santo  Antaõ  de  Lisboa  a  5. 
Setembro  de  1738.  Dos  Scrmoens  com 
le  neíla  Corte  mcreceo  univcrfaes  applau- 
>s  fe  publicarão. 
Sermão  da  Soledade  da  Mãy  de  Deos  pregado 
Santa  Igreja  Patriarchal  em  30.  de  Março  de 
^36.  Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva 
ipreíTor  da  Academia  Real  1736.  4. 
Sermoens  vários.  Lisboa  Na  Officina  Syl- 
da  Academia  Real  1739.  4- 

ANTÓNIO  BLEM  Naceo  em  Lisboa 
<le  Pays  Francezes,  e  foy  igualmente  ver- 
fado  na  liçaõ  da  Hiíloria,  como  na  fciencia 
do  Comercio.  Para  benificio  publico  tradu- 
xio  da  lingua  Francefa  em  que  efcrevera  Mon- 
llur  le  Noble  na  Portugueza. 

Efcola  do  mundo,  ou  infrucçaÕ  de  hum  Pay 
para  hum  filho  pertencente  ao  modo  com  que  fe 
deve  viver  no  mundo  dividida  em  diálogos  Tom.  i. 
Lisboa  na  Officina  da  Mufica  1722.  8. 

Tom.  2.  Lisboa  na  mefma  Officina  1724.8. 

Morreo  em  Lisboa  a  26.  de  Julho  de  1736. 

ANTÓNIO  BOCARRO  Guarda  mór 
<lo  Archivo  Real  da  índia,  e  ChroniJfta  ge- 
tal  da  índia,  em  cujos  minifterios  naõ  fo- 
mente foy  fucceíTor  de  Diogo  do  Couto 
na  inveíligaçaõ,  e  exame,  mas  também  no 
eílilo  com  que  efcreveo,  e  continuou  a  Hif- 
toria  da  índia,   em  dous   Tomos  que  com 


pouco  credito  da  Tua  erudição  intitulou  Dé- 
cadas, devendo  por  efie  titulo  Ter  dividida 
em  dez  livros.  Coníla  a  ptimeiía  de  84.  Ca- 
pítulos principiando  pelo  governo  de  D.  Je- 
rónimo de  Azevedo  A  2.  começa  pelo  C^. 
85.  e  acaba  no  Capitulo  186.  omle  conti- 
nua o  governo  de  D.  Jerónimo  de  Azevedo 
até  a  fua  morte,  e  chegada  do  ViceRey  o 
Conde  de  Redondo  D.  Ftancifco  Couti- 
nho no  fim  do  anno  de  1617.  Ambas  efias 
Décadas  fe  confervao  Aí.  S.  em  bum  vo- 
lume na  Livraria  do  Conde  de  Vimieiro,  as 
quaes  examinou  por  ordem  da  Academia 
Real  o  Excellentiffimo  Conde  da  Ericeira 
D.  Francifco  Xavier  de  Menezes  Cenfor 
delia,  cuja  noticia  eílá  impreíTa  na  ColleçaÕ 
dos  Docum.  e  Memor.  da  mefma  Academia  do 
anno  de  1724.  Lisboa  por  Jozé  António 
da  Sylva  1724.  O  tom.  2.  deílas  Décadas  de- 
dicado à  Mageílade  de  Felippe  IV.  fe  con- 
ferva  M.  S.  na  Livraria  delRey  Catholico 
como  fe  efcreve  na  Bib.  Orient.  de  Anton. 
de  Leaõ  novamente  acrecentada  Tom.  i. 
Tit.  3.  col.  58. 

Da  reforma  do  EJlado  da  índia  M.  S.  foL 
Deíle  tratado  faz  mençaõ  o  P.  Francifco  da 
Cruz  nas  Memorias  M.  S.  para  à  Bib.  Portug. 
dizendo,  que  fe  confervava  na  Bibliotheca 
do  Chantre  de  Évora  Manoel  Severim  de 
Faria. 

Eivro  dos  Feitos  de  Gonçalo  Pereira.  M.  S. 
Confervafe  na  Bib.  do  mefmo  Chantre,  que 
agora  he  do  Conde  de  Vimieiro. 

Eivro  das  Plantas  de  todas  as  Vortalev^as,  Ci- 
dades, e  Povoaçoens  do  Eflado  da  índia  Oriental 
com  as  defcripçoens  da  altura  em  que  eflaõ,  e  de  tudo 
que  hà  nellas.  Artilharia,  Prefidio,  gente  de  Armas, 
e  Vajfalos,  rendimento,  e  defpet(a,  fundos,  e  baxos 
das  Barras,  Rej/s  da  terra  dentro,  o  poder  que  tem,  e 
a  pa^,  e  guerra,  que  guardaÕ,  e  tudo  que  eftã  debaxo 
da  Coroa  de  Efpanha.  Dedicado  à  Serenijfima  Ma- 
gejlade  delRey  Filippe  o  IV.  das  Efpanhas,  elll. 
de  Portugal  Kej,  e  Senhor  nojfo.  A  Dedicatória 
que  intitulou  Epiiiola  he  a  feguinte. 

O  Conde  de  Einhares  Vicerej  me  encarregou  a 
dar  comprimento  a  huma  Carta  de  V.  Aíagejlade 
porque  lhe  ordena  mande  a  V.  Mageflade  ejlas  plan- 
tas de  todas  as  Fortalezas  que  hà  nejle  Eflado  com 
as  defcripçoens  particulares  de  tudo  o  que  nellas  há, 
que  deva  faber-fe  para  fe  ter  noticia  de  todas 


222 


BIBLIOTHE  CA 


as  cout(as  que  convenha  obrar  em  feu  melhora- 
mento, e  pojlo,  que  para  far^er  efia  obra  com 
perfeição  conveniente  era  neceffario  correr  muy 
particularmente  cada  huma  das  Fortalet^as, 
Cidades,  e  Povoaçoens  para  ver,  e  confederar 
todas  as  ditas  coufas,  com  tudo  como  naõ  fqy 
pojfivel  a  refpeito  de  ejlar  nefta  Cidade  com  a 
ocupação  da  Torre  do  Tombo,  e  ter  juntamen- 
te a  cargo  efcrever  as  Chronicas  dos  Jucejjos 
defie  Bftado,  e  V.  Magejiade  apertar  porque 
fe  lhe  mande  tudo  o  referido  procurey  por  in- 
formaçoens  o  que  nejle  volume  por  duas  vias 
offereço,  e  mando  a  V.  Magejiade  afirmando, 
que  o  grande  trabalho  que  me  cufiou,  naõ  fqy 
ainda  bajlante  para  o  fat^er  na  forma,  que  o 
intentey,  e  desejava  com  as  plantas  arrumadas, 
e  demarcadas,  e  compajjadas  por  petipe,  o  que 
nunca  foy  pojfivel  pela  grande  falta,  que  hà 
nefie  Ejlado  de  PeJJoas  Scientes  nas  ditas  Ar- 
tes, mormente  fendo  as  Fortalezas  em  tanta 
copia,  e  ajfim  para  a  refeição  difio  procurey 
pòr  tudo  na  difcripçaõ,  como  vay,  a  qual  he 
que  fe  deve  dar  inteiro  credito  naõ  fe  bufcando 
na  Planta  das  Fortalezas,  e  Cidades  mais  que 
a  forma,  e  figura  delias,  porque  as  propor- 
ções das  medidas  para  ferem  todas  uniformes  em 
algumas,  fe  acharão  em  outras  naõ  tanto  ao 
certo,  nem  também  fe  ha  de  atentar  ao  numero 
da  Artelharia  que  eflà  pintada  na  planta,  fe  naõ 
a  que  di^  a  letra. 

Aqui  fe  reprefenta  a  V.  Magejiade  tudo  o 
de  que  he  Senhor  nejle  Ejlado  da  índia  Oriental 
por  mayor,  e  por  menor,  a  forma  por  que  fe  fufienta, 
e  o  effeito  para  que  fe  firvaõ  todas  as  Fortalezas,  e 
Cidades  delle,  os  prejidios,  Artelharia,  e  Gente  de 
Armas  com  que  ejiaõ  providos,  moradores,  e  Vaf- 
falos  que  as  habitaõ,  rendimento  que  tem,  e  a  def- 
pe^a  que  fa^em,  donde  lhe  vem  o  que  lhes  falta, 
e  para  onde  vay,  o  que  lhe  fobeja,  e  das  bar- 
ras, e  fundos  que  tem,  e  os  baixos,  e  as  cor- 
rentes das  aguas,  monçoens  dos  ventos,  e  viagens,  que 
fe  fazem,  as  Chrifiandades,  que  hà  em  cada  huma 
das  Fortalezas,  os  Keys  das  terras  em  que  eflaõ, 
o  poder  que  tem,  as  armas  de  que  uzàõ,  a  paz,  e 
guerra  que  guardaõ  com  ejie  Ejlado,  as  coufas, 
que  lhe  entraõ,  e  faem  por  via  do  Comercio, 
e  a  comunicação  que  tem  com  as  Naçoens  Ejiran- 
geiras,  e  pojlo  que  V.  Magejiade  manda  que 
também  fe  lhe  apontem  os  meyos  porque  fe 
pojja    evitar,     ordenou-me    o     Conde     Vice-Rey 


que  dicejfe  que  como  iflo  naõ  era  de  minha  pro- 
fiffaõ  o  naõ  punha,  o  que  tudo  vay  com  a  may- 
or particularidade,  que  fe  pode  alcançar  ainda 
mais  difufamente  de  que  V.  Mageflade  ordena, 
e  manda,  porque  vaõ  cotejadas  todas  as  recei- 
tas, e  defpezas  defle  Eftado,  e  no  enferramento 
da  difcripçaõ  de  Goa  fe  faz  mençaÕ  de  tudo  o 
que  lhe  fobeja,  e  falta  para  acudir  às  ditas 
Fortalezas  com  o  que  haÕ  de  mijler,  ou  o  que  lhe 
vem  de  cada  qual,  que  como  he  cabeça  dejle  Ejlado 
a  ella  vem  bufcar  o  remédio  de  fuás  necejfidades,  e 
as  ordens,  e  Regimento  do  feu  governo. 

E  no  fim  do  livro  vay  huma  Relação  parti- 
cular de  todos  os  Conventos  dos  Keligiofos,  que  há 
por  todo  efie  Eflado  com  numero  de  cada  qual,  e 
os  Chriflaõs  em  que  fe  occupaõ,  que  me  pareceo  muy 
conveniente  ao  fim  defla  obra  o  que  tudo  deve  V.  Ma- 
geflade receber  como  dezya  hum  Vajfalo  que  obra 
com  todas  as  forças  quanto  pode,  e  alcança  por 
fervir  bem  a  V.  Mageflade  cuja  Catholica  Real 
Pejfoa  guarde  Deos  como  há  mifler  a  Chrijlandade. 
Goa  17.  de  Fevereiro  de  1635.  António  Bocarro. 

Eíle  livro  efcrito  em  papel  grande,  e 
com  as  plantas  de  cincoenta,  e  duas  Forta- 
lezas primorofamente  illuminadas  que  he 
Original,  e  hum  dos  dous  que  o  Author  re- 
meteo  a  Felippe  IV.  fe  conferva  M.  S.  na 
Bibliotheca  do  ExcellentijOTimo  Duque  do 
Cadaval   Eílribeiro   mór   delRey  N.    Senhor. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  BRAGA  natu- 
ral da  illuílre  Cidade  do  feu  apellido,  e  Re- 
ligiofo  profeíTo  da  Ordem  dos  Menores  da 
Província  reformada  de  Santo  António  on- 
de foy  duas  vezes  Guardião,  e  ultimamente 
governou  com  grande  fatisfaçaõ  dos  feus 
fubditos  a  Província  do  Braíil,  que  naquel- 
le  tempo  era  Cuftodia.  ReJftituido  a  Portu- 
gal elegeo  por  feu  domicilio  o  folitario  Con- 
vento da  Carnota  onde  exercitando  fervo- 
rofamente  as  virtudes  Religiofas  acabou  a 
carreira  da  vida  em  29.  de  Julho  de  1643. 
Foy  grande  Pregador,  e  cordial  devoto  do 
Portuguez  Thaumaturgo  Sãto  António  cu- 
jas obras  continuamente  revolvia  illuílrando 
grande  parte  delias  com  doutos  difcurfos 
de  cujo  eftudo  deixou  dous  Tomos  em  fo- 
lha que  fe  confervaõ  na  Livraria  do  Con- 
vento de  Santo  António  de  Lisboa  os  quaes 
vimos,   e  eftavaõ  promptos  para  a  Impref- 


L  USITANA. 


223 


\]iò  com  a  licença  do  Provincial  Fr.  Anto- 
mo  da  Natividade  de  17.  de  Fevereiro  de 
1658.  c  faculdade  do  Santo  Oificio,  Ordinário, 

Dczcmbargo    do    Paço    com   eíle  titulo. 

r/ores  de  Santo  António  colhidas  dos  f tus  Ser- 
fnoens,  e  ordenadas  John  as  palavras  do  Evangtlho 
Vos  eftis  Sal  terrx  aíi  conculcetur  ab  homi- 
iibus  iodos  a  Jtii  loiwor  acomodados,  e  a  e lie  jun- 
ta mente  dedicados  Pari.  i.  foi.  A/.  .V. 

Vlores  de  Santo  António  de  Lisboa  colhi- 
das dos  feus  Strmoens,  e  ordenadas  em  difcur/os 
predicáveis,  e  acomodados  à  matéria  dos  votos  que 
lui  KeligiaÕ  Je  prometem  de  Pobre:(a,  Cajlidade, 
Obediência  2.  Part.  foi.  M.  S. 

Do  Autor,  e  da  obra  fe  lembraõ  Nicol. 
\nt.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  82.  e  Fr.  Joaõ  de 
Santo  António  na  hib.  Vrancijcana  Tom.  i. 
pag.  96. 

Fr.      ANTÓNIO      BRANDAM      nacco 
na  Villa  de  Alcobaça  em  25.  de  Abril  de 

t84.  fendo  fcus  Pays  Rodrigo  Dias  Re- 
llo,  e  Antónia  Brandoa,  ambos  defcen- 
ntes  de  Familias  Nobres.  Na  fonte  bau- 
tnal  lhe  impuzeraõ  o  nome  de  Marcos 
'  I  por  ter  nacido  no  dia  confagrado  a  efte 
Evangelifta;  e  logo  fe  lhe  anticipou  com 
tal  exceíTo  o  engenho  à  idade,  que  quando 
contava  quatro  annos  fabia  ler,  e  efcrever, 
c  de  outo  aprendia  com  grande  applicaçaõ 
a  lingua  Latina,  da  qual  para  alcançar  mais 
perfeito  conhecimento,  e  lançar  os  folidos 
fundamentos  para  mayores  faculdades  foy 
mandado  por  feus  Pays  para  caza  de  fua 
Avò  materna,  que  aíTiília  em  Lisboa  a  tem- 
po, que  com  igual  acclamaçaõ  do  feu  no- 
me, como  emolumento  da  Republica  lite- 
rária eníinava  as  letras  humanas  no  CoUe- 
gio  de  Santo  Antaõ  o  iníigne  Francifco  de 
Mendoça,  do  qual  foy  inftruido  nellas  por 
efpaço  de  dous  annos,  fahindo  taõ  excellen- 
te  Rhetorico,  e  elegante  Orador,  que  reci- 
tou cinco  Oraçoens  humas  em  verfo,  e  ou- 
tras em  proza  primeiros  frutos  do  feu  flori- 
do engenho  onde  admirarão  os  circimílan- 
tes  felizmente  unida  a  viveza  das  acçoens,  e 
a  energia  da  frafe  com  a  fineza,  e  fublimidade 
dos  conceitos.  Augmentava-fe  mais  efta  ad- 
miração com  a  innocencia  da  vida  que  reli- 
giofamente    obfervava    abílendo-fe    de    todo 


o  género  de  divertimento  pueril,  fugindo  a 
companhia  de  viclofos,  e  occupando-fe  com 
fumma  íeriedade  íuperior  aos  feus  annos  oot 
exercidos  de  piedade,  e  devoção.  Iguaes  pro- 
greíTos  fez  na  palcAra  da  Filofofía  quando  tinha 

14.  annos,  como  fizera  nas  letras  humanas  ten- 
do por  Meftre  daquella  faculdade  ao  mefmo  P. 
Mendoça,  cujo  Curfo  naõ  pode  acabar  por  fu- 
gir ao  flagell»  da  peíle,  que  fatalmente  devafta- 
va  Lisboa.  Reílituido  à  fua  Pátria  obedecendo 
à  vocação  de  Deos  recebeo  na  florente  idade  de 

15.  annos  em  o  Real  Q>nvento  de  Alcobaça 
a  Q>gulla  Ciílercienfe  no  anno  de  i  ^99.  e  para 
que  deixaíTe  toda  a  memoria  do  feculo  atè  dei- 
xou o  nome  de  Marcos  pelo  de  António,  e 
entregue  à  difciplina  do  virtuofo  Varaõ  Fr. 
Francifco  de  Santa  Clara,  era  jà  em  o  Noviciado 
Veterano  na  obfervancia  regular.  Q>ntinua- 
mente  fe  occupava  na  liçaò  das  vidas  dos  feus 
primitivos  Monges  dezejando  imitar  os  vefti- 
gios  de  Varões  taõ  aufteros.  Macerava  com 
tantas  mortificaçoens,  e  difciplinas  o  corpo 
que  muitas  vezes  fe  naõ  podia  fuftentar  em  pè. 
Com  tal  exceffo  fe  arrebatava  na  fuave  comtem- 
plaçaõ  das  delicias  celeíliaes  que  era  precifo 
para  fe  reílituir  aos  fentidos  que  o  defpertaf- 
fem  os  outros  Noviços  com  grande  violên- 
cia como  de  hum  profundo  lethargo.  Nef- 
tas,  e  outras  virtudes  fe  exercitava  com  tal 
exceflb,  que  fe  a  prudência  do  Meftre  lho  naõ 
moderaíTe  primeiro  acabaria  a  vida,  que  o  No- 
viciado. PaíTados  cinco  annos  depois  de  feita 
a  profiíTaõ  folemne  naõ  dedicou  menor  cui- 
dado ao  eftudo  das  Sciencias  EfcholaíUcas  do 
que  applicàra  em  alcançar  as  virtudes  religioCas, 
fendo  indecifo  entre  os  feus  domeíUcos  em 
qual  delias  era  mais  eminente,  principalmente 
quando  pelo  largo  efpaço  de  18.  annos  lhes 
eníinou  as  faculdades  da  Filofofia,  e  Theologia 
recebendo  em  recompenfa  do  feu  grande  ma- 
giílerio  a  Borla  Doutoral  na  Univerfidade  de 
Coimbra  em  o  anno  de  1621.  Inflamado 
com  o  nobre  ardor  de  dilatar  a  gloria  deíle 
Reyno,  poílo  que  impedido  com  as  multi- 
plicadas occupações  que  exercitou  na  Reli- 
gião fendo  Secretario  do  Geral  duas  vezes, 
Difinidor,  Abbade  do  Convento  de  Lisboa, 
e  ultimamente  Geral  de  toda  a  Congrega- 
ção Ciílercienfe  fe  deliberou  a  profeguir  a 
Hiíloria    da    noíía    Naçaõ    que    ficara    inter- 


224 


BIB  LIO  THE  CA 


rupta  pela  morte  do  iníígne  Fr.  Bernardo 
de  Brito,  principalmente  quando  fuccedeo 
a  D.  Manoel  de  Menezes  no  lugar  de  Chro- 
nifta  Mòr  do  Reyno  confumindo  a  larga 
diuturnidade  de  dez  annos  em  revolver,  e 
examinar  os  mais  antigos,  e  veneráveis  Car- 
tórios dos  Mofteiros,  Igrejas,  Cidades,  e  Villas, 
e  fobre  todos  o  Real  Archivo  da  Torre  do 
Tombo  naõ  perdoando  o  feu  indefeíTo  tra- 
balho a  todo  o  género  de  diligencia  para  con- 
feguir  o  fim  de  taõ  heróica  empreza,  de  que 
refultou  efcrever  huma  hiftoria,  clara,  folida, 
verdadeira,  copiofa,  e  bem  digeíla,  lendo-fe 
nella  a  genealogia  certa  dos  noíTos  Monarchas, 
feus  nacimentos,  mortes,  defcendencia,  e 
acçoens  mais  memoráveis  obradas  tanto  na 
paz,  como  na  guerra;  as  origens  das  familias 
illullres,  brazoens,  e  apellidos  de  que  ufaõ; 
as  fundaçoens,  foraes,  e  privilégios  dos  mais 
celebres  Conventos,  Igrejas,  Cidades,  e  Villas 
de  todo  Reyno,  o  principio  das  Cathedraes,  o 
Cathalogo,  e  fucelTaõ  dos  feus  Prelados,  e 
todos  os  fuceíTos  dignos  de  memoria,  me- 
recendo que  em  abono  de  obra  taõ  comple- 
ta lhe  efcreveíTe  de  Madrid  em  lo.  de  Outu- 
bro de  1632.  o  Chroniíla  Mòr  de  Caftella 
D.  Thomaz  Tamayo  de  Vargas  eílas  pala- 
vras Ajfeguro  con  toda  la  ingenuidad,  que  ef- 
ta  Hiftoria  es  de  lo  mejor,  j  mais  hien  trabajado, 
que  hà  falido  en  nuejlra  edad  y  en  que  nò  tendran 
los  ejcrupulojos  já  más  que  reparar.  El  ejlilo,  la 
difpoficion,  la  claridad,  y  los  monumentos  de  que 
V.  P.fe  vale  fon  muy  loables,y  ajji  le  fuplico,  que 
nos  de  luego  la  quarta  parte,  que  fera  gran  orna- 
mento de  la  hifioria  de  E/pana  en  general,  y  de  la  de 
Portugal  en  particular.  Com  femelhantes  elo- 
gios louvaõ  as  fuás  obras  Nicol.  Ant.  in 
Bib.  Hifp.  tom,  I.  p.  82.  Variis,  atque  utilij- 
Jimis  femota  Vetujlatis,  rerumque  olim  geftarum 
monumentis  firmum,  ac  Jpeciojum  Hifioria  cor- 
pus formans  non  fine  magno  civium,  atque  extero- 
rum  plaufu  in  Vulgus  dedit.  Bonucci  Hifior.  di  D. 
A.lfonfo  Henr.  liv.  3.  cap.  10.  Hifiorico  di 
gran  nome.  Franckenau.  Bib.  Hifp.  Hifi.  Ge- 
neal.  Herald,  p.  61.  Meneílrier  Art.  du  Bla- 
Zon.  p.  74.  Hallevord.  in  Bib.  Curiof.  p.  16. 
Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  "Lufit.  'Litte- 
rat.  lit.  A.  n.  55.  Maced.  "Lufit.  'L.iberat.  lib. 
I.  cap.  I.  n.  22.  Cardof.  Agiol.  hufit.  Tom.  3. 
no  Comment.  de  6.  de  Mayo  letr.  A.  Ma- 


noel de  Faria,  e  Souf.  no  Cathalogo  dos  A  A. 
Portugue:(es  mais  acrecentado  do  que  o  que 
imprimio,  cujo  original  vimos,  e  nelle  diz 
que  Brandão  efcrevera  con  muchas  novedades 
dos  tomos  de  la  hifioria  de  los  primeros  Keys. 
Souza  in  lixpedition.  Hifp.  Apofi.  S.  Jacob. 
Tom.  2.  pag.  1303.  D.  Jozè  Barboza  meu 
Irmaõ  no  prologo  do  Cathal.  Chronol.  Hifior, 
Gen.  e  Critico  das  Kainhas  de  Portug.  A  verdade 
he,  que  fe  a  pátria  fe  foubeffe  mofirar  grata  com 
aquelles  filhos  que  fe  occuparaõ  em  fa!(erem  publi- 
cas as  fuás  glorias  ainda  hoje  em  illufires  efiatuas 
viviria  o  Mefire  Brandão,  e  nellas  como  em  vo- 
lumes de  mayor  duração  fe  eterni:(àra  o  agra- 
decimento Portugue^,  porque  ninguém  mais  do  que 
elle  fe  fe:(^  benemérito  defia  generofa  difiincçaõ,  e 
fe  a  merecido  os  que  dilatarão  o  Reyno  com  a  efpada,. 
naõ  a  merecia  elle  menos  que  o  illufirou  com  a 
penna.  Na  pag.  223.  do  mefmo  Cathalogo 
lhe  chama  exaãijftmo.  Soufa  no  Apparat.  à 
Hifi.  Gen.  da  Cafa  Keal  Portug.  pag.  79.  n.  64. 
Admirável  na  Hifioria,  e  antiguidades  do  nojjo 
Reyno  em  que  trabalhou  muito,  mas  felizmente. 
Compoz. 

Terceira  Parte  da  Monarchia  l^ufitana  que  con- 
tem a  hifioria  de  Portugal  defde  o  Conde  D.  Henri- 
que, e  todo  o  Reynado  delRey  D.  Ajfonfo  Henrique^. 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1632.  foi. 

Quarta  Parte  da  Monarchia  l^ufitana  que 
contem  a  Hifioria  de  Portugal  defde  o  tempo  delRey 
D.  Sancho  primeiro  até  todo  o  Reynado  delRey  D, 
Ajfonfo  Terceiro.  Lisboa  pelo  mefmo  Impref- 
for  1632.  foi. 

Por  ordem  de  Filippe  IV.  efcreveo  em^ 
Caftelhano  com  grande  elegância  para  o  Prín- 
cipe feu  filho  D.  Balthezar  Carlos  aprender  a 
lér,  e  juntamente  fe  inftruiíle  nas  acçoens 
heróicas  dos  feus  Mayores. 

Elogios  delos  Reyes  de  Portugal. 

Confiituiçoens  que  fe  devem  obfervar  pelos  £/*- 
tudantes,  Mefires,  e  Doutores  da  Congregação  de 
Cifier.  M.  S. 

Efta  obra  lhe  mandou  compor  o  Geral,  e  foy 
approvada  pelos  Capitulos  Geraes  que  fe 
feguiraõ. 

Informação  das  virtudes  da  Ven.  Sor.  Joama 
de  Saá  Religiofa  no  Convento  de  Semide  feita  em^ 
o  anno  de  1622.  M.  S. 

Memorias  da  Ven.  D.  Maria  de  Azevedo,  qut 
morreo  em  Semide  anno  de  iGio.  M.  S. 


t 


L  USITANA. 


225 


Deílas  duas  obras  faz  mençaõ  Jorge  Car- 
(lofo  no  Ajiio/.  Ijffi/.  da  I.  no  Tom.  i.  no 
Comment.  de  27.  de  Fevereiro  letr.  D.  pag. 
540.  e  no  Tom.  2.  Comment.  de  4.  de  Março 
Ictr.  F.  pag.  47.  Da  2.  Tom.  i.  no  G>mment. 
de   II.  de  Fevereiro  letr.  L.  pag.  415. 

hundaçoens  dos  MoJItiros  (U  Cifler  dtjle  Keyno. 
i;(la  obra  confe/Ta  ter  principiado  na  4.  Part. 
da  Mon.  iMfit.  liv.  12.  cap.  25. 

Como  era  taô  verfado  na  hiíloria,  como 
perito  na  Poefia,  compoz  cm  mais  de  feis- 
cntos  verfos  heróicos. 

hUnafierii  Alcobacienfis  primordia,  prof>jreffm, 
et  prarooativa. 

Com  a  mcfma  elegância,  e  igual  metro  re- 
citou na  prezença  dos  Monges  de  Alcobaça. 

Oratio  de  landibus  Sanôtijftmi  Patríarcha  Be- 
nedidi. 

Por  fer  muito  cordial  devoto  da  Virgem, 
e  Martyr  Santa  Lufia  compoz  em  feu  obfe- 
quio  muitos  epigrammas. 

Entre  as  virtudes,  que  cultivou  com 
mayor  perfeição  além  das  relatadas,  foy  a 
fumma  comiferaçaõ  para  com  os  pobres  de 
que  deo  manifeílo  argumento  quando  pade- 
cendo os  vizinhos  do  Convento  do  Bouro, 
onde  di6lava  Filofofia  no  anno  de  161 3. 
huma  laílimofa  fome,  para  acudir  a  taõ  extre- 
ma neceíTidade  fahio  com  faculdade  do  Pre- 
lado a  pedir  efmolas  a  algumas  peíToas,  che- 
gando a  privarfe  do  alimento,  que  lhe  era 
precifo  para  fuílentar  a  muitos  que  eílavaõ 
quafi  agonizando.  Nunca  recebeo  o  orde- 
nado do  lugar  de  Chroniíla  mór,  mas  o  entre- 
gava a  hum  Religiofo  feu  confidente  para 
lhe  dar  alguma  parte  quando  neceíTitaíTe, 
e  o  reftante  mandava  dar  aos  pobres.  Cheyo 
de  obras  meritórias  foy  alcançar  o  premio 
delas  na  eternidade  a  27.  de  Novembro  de 
1637.  quando  contava  62.  annos  7.  mezes, 
e  dous  dias  de  idade  com  38.  de  Religião. 
Alguns  prodigios  fuccederaõ  depois  da  fua 
morte,  com  que  o  Ceo  quiz  teílemunhar  a 
fua  virtude.  O  feu  Retrato  pintado  ao  na- 
tural eílà  no  Real  Convento  de  Alcobaça 
onde  paíTou  a  melhor  vida. 

D.    Fr.    ANTÓNIO    BRANDAM    fo- 

brinho  do  precedente,  e  irmaõ  de  Fr.  Fran- 
cifco  Brandão  Chroniíla  mór  do  Reyno,  de 


quem  fiaremos  memoria  em  feu  lugar.  Na- 
ceo  nfl  Villa  de  Alcobaça,  e  feguindo  o  exem- 
plo deíles  dous  ínfignes  varoens  quiz  unirfe 
a  elles  com  outro  mais  illuAre  vinculo,  do 
que  lhe  dera  a  natureza,  qual  foy  o  da  Re- 
ligião recebendo  o  habito  Monachal  de  S. 
Bernardo  no  Real  Convento  da  fua  pátria 
em  o  I.  de  Fevereiro  de  1637.  quando  con- 
tava 17.  annos.  Naò  fomente  os  imitou  nas 
virtudes,  mas  nas  fciencias  em  que  foy  emi- 
nente, pelas  quaes  o  admitio  entre  os  feus 
Doutores  a.  Univerfidade  de  Coimbra.  A 
fua  grande  prudência  o  fez  capaz  de  adminif- 
trar  com  zelo  os  mayores  lugares  da  fua  Con- 
gregação Ciftercienfe  fendo  Procurador  Ge- 
ral, Abbade  do  Convento  do  Defterro,  c 
Geral,  eleito  no  anno  de  1672.  Ainda  naõ 
tinha  acabado  efte  governo  quando  a  Magef- 
tade  delRey  D.  Pedro  II.  o  julgou  digno  de 
outro  mayor  nomeando-o  Arcebifpo  de  Goa, 
aonde  chegou  a  24.  de  Setembro  de  1675. 
Naõ  fomente  adminiílrou  efte  Eftado,  efpi- 
ritual,  mas  politicamente  fubftituindo  o  lugar 
do  Vicerey  com  grande  credito  da  fua  pru- 
dência. Zelofamente  defendeo  a  fua  jurif- 
dicçaõ  contra  os  impugnadores  delia.  Em 
todo  o  Oriente  foy  lamentada  a  fua  morte 
fuccedida  a  6.  de  Julho  de  1678.  cujo  cadáver 
foy  fepultado  na  Cathedral  com  efte  epitáfio. 

Sepultura  do  Doutor  Fr.  António  Brandão 
Abbade  Geral  que  foy  da  Ordem  Ciftercienfe,  Ef- 
moler  mór  de  Sua  Altev^a,  e  XIII.  Arcebifpo  de 
Goa,  Primaz  ^  índia;  chegou  a  efta  Cidade  em  24. 
de  Setembro  de  1675.  depois  de  i^.  annos  de  Sè  de 
Vacante;  tomou  poffe  em  9.  de  Outubro,  e  faleceo 
aos  6.  de  Julho  de  xd-j^.  fendo  Governador  defle  Efta- 
do em  que  contava  de  fua  idade  57.  annos,  7.  met^s, 
16.  dias. 

No  tempo  do  feu  Generalato  renovou  a  fo- 
lemnidade,  e  culto  do  Laufperenne  no  Real 
Convento  de  Alcobaça  a  21.  de  Novembro  de 
1672.  o  qual  fe  continua  inceíTantemente  por 
dez  Monges  de  dia,  e  de  noite,  a  que  chamaõ 
Decanias  fubftituindo  a  eftes  outros  dez, 
quando  acabaõ  huma  Hora  do  Coro,  enchen- 
do por  efta  repartição  quarenta  Monges  de- 
putados para  efte  louvável  minifterio  as  horas, 
que  reftaõ  do  Coro  Conventual.  Para  direcção 
defte  Sagrado  exercicio  compoz  juntamente 
com  feu  Sobrinho  Fr.  Paulo  Brandão. 


220 


BIBLIO THE  CA 


Kegimenío  das  Decanias  do  l^aujperene,  que  Je 
oh/erva  em  Alcobaça,  foi.  6.  tom.  que  fe  confer- 
vaõ  M.  S.  no  Cartório  do  mefmo  Convento. 

Kegimeníos,  pelos  quaes  fe  deve  governar  cada 
hum  dos  Officiaes  do  Convento  de  Alcobaça,  foi. 
M.  S.  Guardaõ-fe  no  mefmo  Convento. 
Defte  Prelado  fazem  memoria  Coíla  Corog. 
Poríug.  Tom.  3.  Trat.  3.  cap.  6.  pag.  130.  o 
Padre  Fr.  Manoel  dos  Santos  Chroniíl.  do 
Reyno,  e  Académico  Supranumer.  da  Acade- 
mia Real  na  Alcob.  llluflrad.  Part.  i.  pag.  559. 
e  o  P.  D.  António  Caet.  de  Souf.  no  Cathalog. 
dos  Arceb.  de  Goa. 

Fr.  ANTÓNIO  BRAVO  natural  de 
Braga,  e  profeíTo  na  Religião  dos  Frades 
Menores  Conventuaes.  No  tempo  que  aíTiília 
em  Roma,  fabendo  que  no  anno  de  1570.  fe 
tinha  transferido  o  Convento  de  S.  Payo  Mar- 
tyr  diftante  três  legoas  da  nobre  Villa  de  Ca- 
minha na  Província  do  Minho  dos  Clauftraes 
feus  Companheiros  para  os  Obfervantes,  e 
que  eíles  pela  afpereza  do  íitio  o  tinhaõ  defam- 
parado  fe  refolveo  com  faculdade  de  Gregório 
XIII.  ou  foíTe  por  ter  nelle  profeíTado,  ou 
pelo  grande  affeóto  com  que  venerava  o  feu 
Tutelar  a  fazer  nelle  feu  domicilio  com  outros 
companheiros.  Voltando  a  Portugal  no  anno 
de  1573.  para  executar  taõ  piedofo  intento 
achou  de  tal  forte  arruinado  o  Convento 
que  mais  parecia  curral  de  gado,  que  Ca- 
fa  de  Oraçaõ,  e  aíTim  perdendo  as  efperan- 
ças  da  fua  reílauraçaõ  fe  determinou  defam- 
parar  aquelle  íitio.  Porém  Deos  que  queria 
foíTe  habitada  a  fua  Cafa,  o  advertio  por  hu- 
ma  grave  infermidade,  que  o  reduzio  a  o  ul- 
timo termo  da  vida  para  que  profeguiíle  a 
reedificaçaõ  do  Convento,  e  lembrando- 
fe  em  taõ  fatal  perigo  do  Patrono  delle,  qual 
era  S.  Payo,  lhe  prometeo  que  livrando-o 
daquella  mortal  infermidade  repararia 
promptamente  o  Convento.  A  eíla  promef- 
fa  correfpondeo  inftantaneamente  a  faude, 
por  cujo  íingular  beneficio  começou  fem  de- 
mora a  nova  reedificaçaõ  concorrendo  para 
a  fua  fabrica  com  largas  esmolas  os  povos 
circumvezinhos,  a  que  dava  mayor  augmen- 
to  a  copia  de  milagres,  que  obrava  o  feu  Tu- 
telar. Edificada  a  Igreja,  e  Convento  com 
aquella  architeóhira  própria  do  Inftituto  Se- 


ráfico nelle  habitou  até  a  morte,  que  fuccc- 
deo  no  anno  de   1588.  ou   1589,    Efcreveo. 

Dos  milagres  de  S.  Payo  obrados  no  feu  Con- 
vento defde  o  anno  de  1557-  ^^^  1586.  entre  os 
quaes  fe  numeraõ  mais  de  cento,  e  outenta  appro- 
vados  com  authoridade  do  Ordinário. 

Do  Author,  e  da  obra  faz  memoria  Fr. 
Manoel  da  Efperança  Hifl.  Seraf.  da  Prov.  de 
Portug.  Part.  2.  liv.  10.  cap.  35.  n.  3.  4.  e  5. 

ANTÓNIO     DE     BRITO     CORRÊA 

natural  da  Villa  de  Cafcaes  fituada  na  Foz 
do  Tejo,  Criado  do  Sereni  filmo  Duque 
de  Bragança,  D.  Theodofio  2.  Militou  pelo 
efpaço  de  trinta  annos  aflim  na  terra  co- 
mo no  mar  com  grande  credito  do  feu  va- 
lor, e  naõ  menor  eftrago  dos  inimigos  da 
Coroa.  Sendo  no  anno  de  1625.  Alferes 
de  huma  Companhia  efcreveo  em  Villa  vi- 
çofa. 

Colloquio  entre  dous  Compadres  fobre  a 
matéria  do  Sargento  mór,  e  outras  coufas  tocantes, 
e  necejjarias  ao  bem  commum.  Dedicada  ao  Ex- 
cellentijfimo  Senhor  D.  Affonfo  furtado  de  Men- 
doça  Arcebifpo  de  JLisboa,  e  Governador  dejle 
Rejno  de  Portugal  foi.  Aí.  S.  Conferva-fe  na 
Livraria  do  Excellentiffimo  Marquez  de  Va- 
lença. 

Noticia  dos  portos,  enfeadas,  baixos  neceffa- 
ria  para  aquelles,  que  navegàô  do  Porto  de  Lisboa 
até  o  Promontório  Sacro,  e  outras  partes  da  Eu- 
ropa. 4.  Defla  obra  faz  mençaõ  a  Bib.  Geog. 
de  António  de  Leaõ  novamente  acrecentada 
Tom.  3.  Titul.  único  col.  1722. 

Colloquio  entre  dous  Caminhantes  hum  Sol- 
dado, e  outro  bombardeiro  acerca  das  regras,  qm 
fe  devem  obfervar  para  fe  difparar  f cientificamente 
a  Artilharia. 

Eftas  duas  obras  dedicadas  ao  Duque  D. 
Theodofio  eftaõ  em  2.  Tom.  de  4.  M.  S.  na 
Bib.  Real. 

ANTÓNIO  CABEDO  natural  de  Se- 
túbal, illuílre  ramo  da  antigua,  e  igual- 
mente douta  Familia  dos  Cabedos,  filho  de 
Miguel  de  Cabedo  Fidalgo  da  Cafa  Real, 
e  Vereador  em  Lisboa,  de  quem  em  feu 
lugar  faremos  mençaõ,  e  de  D.  Leonor 
Pinheira  de  VafconceUos  filha  de  Gon- 
çalo   Mendes    de    VafconceUos    defcendente 


L  USITAN  A. 


227 


(los  Senhores  do  Morgado  de  Eíporaõ.  Poy 
ornado  de  taõ  feliz  engenho»  como  cathoUco 
(oraçaõ.  Defde  a  primeira  infância  amando 
o  que  era  ferio,  e  aborrecendo  o  que  era  pueril, 
fc  dedicou  com  grande  inclinação  a  illuftrar 
o  efpirito  com  virtudes,  e  o  entendimento 
com  a  amenidade  das  letras  humanas,  e  noti- 
cia lias  linguas  Grega,  e  Romana  lendo  com 
fumma  applicaçaõ  os  Authores  mais  cele- 
bres deAes  dous  famofos  idiomas,  e  depo- 
litando  na  memoria  as  fentenças  mais  agudas, 
que  nclles  defcubria  o  fcu  indcfeíTo  eíhido 
pelo  qual  confeguio  exceder  a  todos  os  feus 
contemporâneos  ou  foííe  orando,  ou  poeti- 
zando na  facúndia,  c  fublimidade  das  expref- 
focns,  fendo  pafticularmcntc  infigne  na  Poe- 
fía  heróica,  na  qual  era  fiel  imitador  do  ma- 
geílofo  eílilo  de  Eftacio.  Depois  de  receber 
na  Univerfidadc  de  Coimbra  as  iníignias 
doutoracs  em  Direito  Canónico,  em  que  era 
muito  perito  fe  dedicou  a  Deos  no  Eftado  Cle- 
rical, de  que  lhe  naõ  confentio  a  morte  largo 
exercido  arrebatando-o  intempeílivamentc  na 
florente  idade  de  25.  annos  na  fua  pátria  com 
geral  fentimento  naõ  fomente  dos  feus  patri- 
i  ios,  mas  de  todos  os  Académicos  Conimbri- 
ccnfes.  Os  mayores  cultores  das  Mufas  lamen- 
tarão com  difcretas  vozes  a  fua  falta  fendo  o 
mais  diífufo  Ignacio  de  Moraes  em  huma 
elegante  elegia,  da  qual  refiriremos  alguma 
parte. 
Supremam  ergo  diem  Antoni  do£tiJfime  obijli 

Verjecuitque  annos  Parca  fevera  íuos: 
Et  vix  permifit  primam  excejftjje  juventam 

haudique  invidit  nominis  illa  tíá. 
At  que  hoc  illud  erat,  quod  tanto  ar  dor e  cupijii 

Dulcia  materni  vifere  teãa  poli. 
De  grege  paucorum  fueras  quihus  inclyta  virtus 

Ipfa  fui  ejl  pretium,  gloriaque  ipfa  fui. 
Nulla  tibi  ambitio,  nullum  captare  folebas 

Plaufum,  fed  grata  delituiffe  domo, 
Félix  Ji  plures  annos  tibi  f ata  dedijfent, 

Inficeretque  tuas  alba  feneãa  comas. 
Tollere  pennigeris  nuper  te  caper  at  alis, 

Fatufque  ingenii  fama  probare  tui. 
Nam  tua  facundos  Jlillabant  verba  liquores 

Libera  feu  fluerent,  five  ligata  pede. 
Acaba. 
Fundantur  tumulo  facri  cum  tbure  liquores, 

Quofq  Arabum  meffes  mittit  odorus  ager 


Hof  cineres  vellent  violaque,  rofaque  rsòentes, 

Viventi  fuerat  qualis  in  ore  color. 
Antoni  funus  plorant  lacrymahilt  Mufa, 
Una  fed  imprimis  Calliopaa  doht. 
Alguns  dos  feus  Verfos   íahiraõ  impref- 
fos   Romae  apud    Bemardum   Bailam    1587. 
8.    juntamente   cum    Andrea   Kefenàif  Anti- 
quit.  Ijiftt.  lib.  4.  os  quaes  eílaõ  defde  pag. 
515.  até  )  76.    Sendo  os  prindpaes. 

Joannis  Lujitania  Prinàpis  ]oannis  IIL    Râ- 
ffs  filii  Epicedium,  que  começa. 
IJnde  repentino  tacuerunt  gaudia  luãu 
Irrepitque  comis  funefla  cuprejfus,  €>*  albam 
Maflificis  haderam  video  concedere  taxis? 
Epicedium  in  milites  ad  Septam  occifos. 
Defcripçaõ   da  Cafa  de   Prazer  edificada 
junto  a  Vifeu  por  feu  Tio  D.  Rodrigo  Pi- 
nheiro Bifpo  deíla  Cidade  para  recreação  dos 
feus  fucceíTores.    Principia. 
Hortorã,  nemorumque  potens  Pomana  beatas 
Quce  dudum  has  fedes,  ^  lata  vire  ta,  reliãa 
Incolis  Aufonia;  vofque  ó  quce  rore  perenni 
Jugera  proluitis  viva  de  rupe  Napaa; 
Tuque  adeo  Kegina  Vénus,  mitijfima  frugum 
Atque  hominum  facunda  parens  &c. 
Poema  "Labor  omnia  vincit 
Ad  profperam  valetudinem 
Ad  Campegium  S.  R.  E.  in  Lufitania 
Legatum  Bononienfem  Epifcopum. 

Emmanueli  Cabedio   ChariJJimo,  et  amantif- 
fimo  Fratri. 

Ad  Cefobricam  Patriam  fuam. 
Ad  Sanãifftmam   Virginem   MARIAM 
Rofarii. 

Joaõ  Soares  de  Brito  in  Theatr.  Lujit.  Litter. 
let.  A.  n.  56.  lhe  chama  Poetam  non  panitendum. 

Fr.    ANTÓNIO    DE    S.    CAETANO. 

Naceo  na  Villa  de  Santarém  a  13.  de  Junho 
de  1683.  e  teve  por  Pays  a  Vicente  Luiz  Cor- 
deiro, e  a  Izabel  Ribeira  Cardofa.  Entrou 
na  Ordem  dos  Cónegos  Regrantes  de  Santo 
AgoíHnho  da  Congregação  de  Santa  Cruz 
de  Coimbra,  donde  anhelando  a  vida  mais 
auílera  abraçou  o  penitente  Inftituto  de  S. 
Francifco  na  Provinda  de  Portugal.  Sendo 
muito  verfado  na  liçaõ  dos  Poetas,  e  natu- 
ralmente propenfo  para  eíla  arte,  nella  tem 
até  o  prezente  publicado  as  feguintes  obras 
em  que  moftra  o  efpirito  da  fua  Mufa, 


228 


BIB  LIO  THE  CA 


Felices  vivas,  e  dito/os  parabéns  com  que  o 
affe£io  L.uJitano  applaude  a  felicijfima  vinda  da 
Serenijfima  Rainha  Nojfa  Senhora  D.  Mariana 
de  Aujlria.  Lisboa  por  Manoel,  e  Jozé  Lopes 
Ferreira  1708.  4.  Coníla  de  huma  larga  Sylva. 

A  Imagem  do  Sol  feli^^mente  nacido  na  major 
das  esferas  L,ujitanas,  e  obfequiofamente  celebrado 
na  melhor  parte  do  mundo  conjlruida  no  ventu- 
rofo,  e  régio  nacimento  do  muito  alto,  e  Serenij- 
fima Vrincipe  herdeiro,  e  Juccejjor  dos  Reynos  de 
Portugal  Jegundo  genito  das  Magejlades  de  D. 
JoaÕ  o  V.  no  nome,  e  nas  virtudes  primeiro,  e 
de  D.  Mariana  de  Aufiria.  Lisboa  por  An- 
tónio Pedrofo  Galraõ  171 2.  4.  He  huma 
larga  Sylva. 

Apografia  Métrica,  e  triumfal  narração 
do  Vlaufivel  apparato,  que  a  illuftre  Familia 
Carmelitana  magefiofamente  confagrou  ao  má- 
ximo dos  Sacramentos  na  fua  translação  para 
o  Sumptuoso  Templo,  que  à  Senhora  do  Monte 
do  Carmo  generojamente  Je  erigio  na  muito 
nobre,  e  fempre  leal  Villa  de  Santarém  a  S.  de 
Setembro  de  1708.  Lisboa  por  Manoel,  e  Jozè 
Lopes  Ferreira  1708.  4.  Confta  de  varias 
Sylvas,  €35.  Outavas. 

Breve  Compendio  da  vida,  e  Martjrio 
dos  finco  glorio/os  Martyres  de  Marrocos  da 
Sagrada  Religião  de  S.  Francifco  com  hum 
modo  de  orar  no  triduo  da  fua  Fefia,  que  fe 
celebra  no  Real  Mofieiro  de  Santa  Crut(^  de 
Coimbra  a  14.  de  Janeiro.  Coimbra  por  Bento 
Seco  Ferreira.  171 1.  24. 

Fr.  ANTÓNIO  CAETANO  DE  S. 
BOAVENTURA  Naceo  em  Lisboa,  e 
foy  filho  de  Domingos  de  Faria,  e  Maria 
Ferreira.  Tendo  na  pátria  aprendidas,  as 
letras  humanas  profeíTou  o  penitente  habi- 
to dos  Menores  no  Real  Convento  defta 
Corte,  e  depois  de  eíiudar  as  fubtilezas  Fi- 
lofoficas,  e  Theologicas  da  fua  Efcola  com 
admiração  dos  Meílres,  as  diâ;ou  com  ge- 
ral applaufo  pelo  efpaço  de  15.  annos  fendo 
venerado  por  hum  dos  mayores  Theologos 
do  feu  tempo.  He  igualmente  verfado  em 
ambos  os  Direitos,  como  na  Theologia 
Moral,  naõ  fendo  menos  applaudido  o  feu 
talento  no  Púlpito,  que  na  Cadeira.  Exer- 
citou com  grande  credito  da  fua  prudência 
os   lugares   de   Guardião   do   CoUegio   novo 


de  S.  Boaventura  da  Univerfidade  de  Co- 
imbra, do  Convento  de  S.  Francifco  da  Ci- 
dade, e  de  ConfeíTor  das  Religiofas  do  Con- 
vento da  Efperança  de  Lisboa.  Sendo  Cuftodio 
da  Província  aíTiílio  no  Capitulo  Geral  cele- 
brado em  Roma  no  anno  de  1723.  onde 
deo  claros  argumentos  das  grandes  letras, 
de  que  faõ  frutos  as  obras  feguintes. 

Sermão  nas  Exéquias  do  Duque  do  Cadaval 
D.  Nuno  Alvares  Pereira  de  Mello  pregadas 
na  Igreja  de  S.  Francifco  de  Lisboa  em  20.  de 
Fevereiro  de  1727.  Sahio  impreíTo  nas  Ulti- 
mas Acçoens  do  mefmo  Duque  Lisboa  na  Officina 
da  Mufica  1730.  foi.  grande  defde  pag.  175. 
até  187.  e  Coimbra  por  Bento  Ferreira  Seco 
1727.  4. 

Confiitutio  Benediãina  explanata,  five  dilu- 
cida pro  Regularibus  infiruãio,  Minoribus  fcilicet 
de  Obfervantia,  et  Reformatis,  aliifque  cujufcum- 
que  Congregationis  Reverèdijfimo  Patri  Miniftro 
Generali  juxta  Regulam,  Sanãionefque  Apofto- 
licas  fubjeãis.  UlyíTipone  apud  Michaelem 
Rodrigues.  1732.  foi. 

Examem  Regulare  pro  Confeffariis  Fratrum 
Minorum  inftruendis.  UlyíTipone  ex  Officina 
Congregar.    Oratorij   1736.  foi. 

Curfus  Philofoficus.  foi.  M.  S. 

Methodica  explanatio  in  Primum  lib.  Sen- 
tentiar.  foi.  M.  S. 

Singularijftma   devoção   Confagrada   a   Maria 
Santijftma  na  ftia  Coroa.  Origem,  e  principio  defia 
devoção  admirauel:  modo  de  regalia,  e  offerecella  na 
contemplação  dos  Myfterios,  que  nella  fe  contem.     , 
4.  M.  S. 

Itinerário  Mjfiico  de  huma  Alma  para  o  Ceo 
pelo  Caminho  da  Oração  Chriftãa.  4.  M.  S. 

D.  ANTÓNIO  CAETANO  DE  SOUSA 
Naceo  em  Lisboa  a  30.  de  Mayo  de  1674.  fendo 
feus  Pays  Miguel  de  Soufa  Ferreira,  e  Maria 
Crasbeeck  defcendentes  de  honrados  progeni- 
tores. Na  florente  idade  de  dezefeis  annos 
abraçou  o  Inílituto  dos  Clérigos  Regulares  da 
Divina  Providencia  a  24.  de  Agoílo  de  169c. 
e  fez  a  profiíTaõ  folemne  a  27.  de  Dezembro 
do  anno  feguinte.  Acabada  a  carreira  dos  eftu- 
dos  Philofoficos,  e  Theologicos  fe  dedicou 
com  particular  difvelo,  e  continua  applicaçaõ 
à  Hiftoria  Secular,  e  Ecclefiaílica  defte  Reyno, 
de  cuja  liçaõ  naceo  o  nobre  intento  de  pro- 


il 


LUSITANA. 


229 


m 


fcguir,  e  completar  a  grande  obra  do  Agio- 
logio  Lufitano,  que  emprendera  o  infigne 
Antiquário  Jorge  Cardozo,  refuícitando  com 
o  leu  indefeíío  trabalho  as  fepultadas  me- 
morias de  muitos  Santos,  e  Varoens  juftos 
da  noíTa  Lufitania,  que  com  as  fuás  virtuo- 
las  acçoens  illuílráraõ  os  dias  dos  íeis  mezes 
últimos  do  anno,  cuja  obra  exsdta  com  me- 
recidos elogios  o  Principe  dos  Genealógicos 
tiaò  fomente  de  Efpanha,  mas  da  Europa 
D.  Luiz  Salazar,  e  GUlro  nas  C/or.  da  Caf. 
Varnes  pag.  66 j.  dizendo:  Con/in/àt  con  mucha 
•itilidad  cl  P.  D.  António,  y  en  fola  ma  parte 
dei  ãa  8.  de  Júlio,  que  nos  há  permitido  fu  amiftad, 
acredita  bien  lo  que  fu  fecunda  erudicion  fe  fatiga 
en  perficionar  aquel  ajfumpto.  Sendo  eleito 
Académico  Real  dos  primeiros  cincoenta,  de 
uc  fc  formou  cftc  littcrario  corpo  cm  quan- 

naõ  dcfcmpenhava  o  argumento  das  Me- 
morias  dos   Bifpados   ultramarinos   que   lhe 
raõ  cometidos  à  fua  penna  para  naõ  fer 

"ado  de  menos  deligente,  ideou,  e  feliz- 

te   confeguio  a  Hiíloria  Genealógica  da 
Real  Portugueza,  para  cujo  eftudo  além 

fer  nelle  muito  verfado,  revolveo  com  ef- 
crupulofo  exame,  c  grande  inveftigaçaõ  o 
Archivo  Real,  donde  extrahio  documen- 
tos folidos  para  eílabelecer  as  fuás  opinioens, 
dos  quaes  grande  parte  tinha  fugido  à  pro- 
funda indagação  dos  Britos,  e  Brandoens 
Chroniftas  geraes  defte  Reyno,  e  celebres 
Corifeos  da  fua  Hiíloria.  Sendo  Qualifica- 
dor do  Santo  Officio,  e  Confultor  da  Bulia 
da  Crufada  tem  por  duas  vezes  exercitado 
o  lugar  de  Prepofito  da  Cafa  da  Divina  Pro- 
videncia, em  cujo  governo  fempre  experi- 
mentarão os  fubditos  a  natural  affabilidade, 
e  grave  prudência,  de  que  he  fummamente 
ornado.     Compoz. 

Catalogo  dos  Bifpos  da  Igreja  do  Funchal 
offerecido  a  Academia  Real  da  Hijloria  Fortu- 
guet^a  na  Conferencia  de  51.  de  Julho  de  1721. 
foi. 

Catalogo  dos  Arcebifpos  da  Bahia,  e  mais  Bifpos 
feus  fufraganeos.  foi.  fahiraõ  eftes  dous  Cathalo- 
gos  impreíTos  na  Colleçaõ  dos  Documentos,  Efia- 
tutos,  e  Memorias  da  Academia  Real  da  Hijloria 
Portuguet^a  do  anno  de  i-jzi.  Lisboa  por  Pafchoal 
da  Sylva  ImpreíTor  de  Sua  Mageftade,  e  Aca- 
demia Real  1721.  foL 


Catálogos  dos  Arcebifpot  dt  Goa,  Pri- 
mares do  Oriente;  dos  hifpos  de  Cochim,  Melia- 
por,  China,  JapaÕ,  Macao,  Nankim,  Malaca^ 
Patriarchas  de  Etiópia,  Arcebifpos  de  Crangfinor, 
9  Serra.  foi. 

Catálogos  dos  Bifpos  das  IffeJas  de  Cabo  Verde, 
SaÕ  Thomè,  e  Angola,  foi. 

Catalogo  dos  Bifpos  da  Jgf^eJa  de  S.  Salvador 
da  Cidade  de  Angra  offerecido  na  Conferencia 
de  M.  de  Fevereiro  de  1722. 

Sahiraõ  impreíTos  eíles  Githalogos  no  2. 
Tomo  da  CollecçaÕ  dos  Documentos  ^c.  da  Aca- 
demia Real  do  anno  de  1722.  Lisboa  por  Paf- 
choal da  Sylva  1722.  foi.  Delles  faz  memoria 
a  Bib.  Oriental  modernamente  acrecentada 
Tom.  I.  Tit.  8.  col.  144. 

Hifloria  Genealógica  da  Cafa  Real  Portu- 
gue:^a  defde  a  fua  Origem  ate  o  prer^ente  com 
as  Famílias  illuflres,  que  procedem  dos  Reys, 
e  dos  Serenijftmos  Duques  de  Bragança,  Juflifi- 
cada  com  inflrumentos,  e  Efcritores  de  inviolá- 
vel Fé  Tom.  I.  Lisboa  por  Jozé  António  da 
Sylva  ImpreíTor  da  Academia  Real  1755.  4. 
grande. 

Tom.  2.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1736. 4. 
grande. 

Tom.  3.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1737.  4. 
grande. 

Tom.  4.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1738. 4. 

Tom.  5.  Lisboa  na  Ofíicina  Sylviana  da 
Academia  Real.  1738.  4. 

Tom.  6.  Lisboa  Na  mefma  Officina  1739. 4- 

Provas  da  Hifloria  Genealógica  da  Cafa  Rjeat 
Portugue!(a  tiradas  dos  Inflrumentos  dos  Archivo^ 
da  Torre  do  Tombo,  da  Serenijfima  Cafa  de  Bra- 
gâça,  de  diverfas  Cathedraes,  Mojleiros,  e  outros 
particulares  defle  Reyno  Tom.  i.  Lisboa  Na  Ofíi- 
cina Sylviana  da  Academia  Real.  1739.  4- 
grande.  Entre  os  documentos  hiftoricos 
que  contem  efte  volume  o  mais  eftimavel 
pela  fua  antiguidade  he   o   que  fe  intitula. 

Livro  Velho  das  Unhages  de  Portugal 
efcrito  no  Decimo  Terceiro  Século  por  Aur- 
thor,  que  fe  ignora,  e  ptélicado  por  D.  An- 
tónio Caetano  de  Soufa  Clérigo  Regular  no 
anno  ^1737.  Ao  qual  addicionou  com  al- 
gumas notas  pela  margem  o  iníigne  Anti- 
quário Gafpar  Alvares  Louzada,  e  com 
outras  o  dito  P.  D.  António  Caetano  de 
Soufa,  que  vaõ  diílindas  com  a  letra  ini- 


i3o 


BIBLIO THECA 


ciai,  de  L.  e  de  S.  Deíle  livro  fe  tirarão  al- 
alguns  exemplares  em  papel  grande. 

Memorias  Hijforicas,  e  Genealógicas  dos  Gran- 
des de  Portugal,  que  contem  a  Origem,  e  antigui- 
dade de  fuás  familias,  os  Hftados,  e  os  nomes  dos 
que  anualmente  vivem,  as  alianças  das  fuás  Gafas, 
os  Bfcudos  das  Armas,  que  lhes  competem.  8. 
Eílà  na  ImpreíTaõ. 

Obras  M.  S.  das  quaes  algumas  eftaõ  já 
approvadas  para  a  impreíTaõ. 

Agiologio  h.ufitano  dos  Santos,  e  Varoens 
illuflres  em  virtude  do  Rejno  de  Portugal,  e  fuás 
Gonquijlas  confagrado  à  Immaculada  Gonceiçaõ 
Àa  Virgem  Maria  Senhora  nojja  Padroeira  do 
Rejno  Tom.  4.  que  comprehende  os  Me^es  de  Julho, 
e  Agofto.  Acabado  em  o  anno  de  171 8.  foi. 
M.  S.  Efta  obra  he  allegada  pelo  P.  D.  Ma- 
noel Caetano  de  Soufa  in  Exped.  Hifpan. 
S.  Jacob.  Tom.  2.  pag.  1303. 

Memorias  Sepulcraes  que  fervem  à  Hifloria 
de  Portugal.  4. 

Memorias  hifloricas  do  Bifpado  do  Funchal 
Gapital  da  Ilha  da  Madeira  foi. 

Hifloria  Genealógica  da  Gafa  de  Noronha, 
mja  primogenitura  fe  conferva  na  do  Marquet^  de 
Gafcaes.  M.  S. 

Monumentos  de  Portugal  que  comprehende 
os  The^ouros  dos  féis  Mofieiros  Reais,  as  fepulturas 
dos  Reys,  e  PeJJoas  Reais,  e  todas  as  coufas  anti- 
guas  pertencentes  a  obras  Reais  que  fe  vem  em  di- 
verfas  partes  efpalhadas  pelo  Rejno  (ò'c.  M.  S. 

Deitas  duas  obras,  e  outras  Genealó- 
gicas promete  o  Author  no  Apparat.  da  Hijl. 
Gen.  da  Gafa  Real  Portug.  pag.  229.  e  230. 
publicallas,  fe  a  vida  lhe  durar  para  lhe  pór 
o  ultimo  complemento. 

ANTÓNIO  CAMELLO  PESTANA 
igualmente  douto  na  Filofofia,  e  Direito 
Pontifício  de  cuja  faculdade  era  profeíTor 
na  Univeríidade  de  Coimbra,  como  elegante 
Poeta  latino  de  que  deo  claro  teílemunho 
na  obra  feguinte. 

In  'L.audem  Sapientijfimi  D.  Fr.  L,udo- 
■pici  de  Sâ  in  folemni  inviãijjimi  Domini  nof- 
tri  Regis  D.  Joannis  IV.  acclamatione  pri- 
mipilares  grafias  agenti  in  hac  alma  Gonim- 
bricenfi  Academia  Magifiri  Sacra  Theologie 
dignijfimi  UlyíTipone  apud  Laurent.  Cras- 
beeck  1641.  4. 


He  huma  de  que  começa. 

Augufla  Quarti  gloria  Principis 
Phanicis  inflar  clara  renafcitur, 
Extinãa  majefias  theatrum 
Poflhabitis  renovat  fepulchris. 

ANTÓNIO  DE  S.  CARLOS  filho  ' 
de  Braz  de  Soufa  Delgado,  e  Maria  dos 
Santos  Carneiro,  natural  da  Cidade  do  Por- 
to, onde  foy  admitido  à  illuftre,  e  douta 
Congregação  dos  Cónegos  Seculares  do 
Evangelifta.  PaíTou  a  Coimbra,  onde  de- 
pois de  aprender  as  fciencias  mayores  as  leo 
no  feu  Collegio  com  applaufo  dos  Acadé- 
micos. Pregou  com  geral  aceitação  em  os 
mais  honoríficos  Púlpitos  do  Reyno,  cujos 
Sermoens  intitula  doutos,  e  engenhofos  o  Chro- 
niíla  da  fua  Congregação  no  Geo  Aberto  liv.  2. 
cap.  50.  pag.  531.  Morreo  no  Convento  de 
S.  Bento  de  Enxobregas  a  9.  de  Mayo  de  1704.  [ 
Imprimio. 

Sermão  das  lagrimas  de  S.  Pedro  pregado 
na  Mifericordia  de  Goimbra.  Coimbra  por  Ma- 
noel Dias  1697.  4. 

Sermaõ  de  N.  Senhora  do   Valle  em  o  Real 
Gonvento  de  Santo  Eloy  pregado  em  %.  de  Setem-     ' 
bro  de  1681.    Lisboa  por  António  Crasbeeck 
de  Mello.  1682.  4. 

Sermaõ  de  N.  Senhora  do  Valle  no  Gonvento 
de  Santo  Eloy  em  dia  da  Natividade  da  mefma 
Senhora.  Lisboa  na  Ofíicina  Crasbeeckiana 
1685.  4. 

Sermaõ  de  N.  Senhora  do  Deflerro  pregado  no 
feu  Gonvento  de  Lisboa  no  ultimo  dia  do  Triduo,  que 
a  Fidalguia  Portuguef^a  faf^  todos  os  annos,  em  louvor 
da  Senhora.  Lisboa  por  António  Crasbeeck 
de  Mello  1683.  4. 

Sermaõ  de  S.  Roque  pregado  na  Gapella  Real. 
Lisboa  pelo  mefmo  Impref.  1685.  4. 

ANTÓNIO  CARDOSO  DO  AMARAL 
natural  da  Villa  de  Ruyvães  do  Bifpado  de  La- 
mego, Presbytero  igualmente  pio,  e  douto  Pro- 
feílor  dos  Sagrados  Cânones,  e  Reytor  da  Igreja 
de  S.  Lourenço  da  Villa  de  Santarém,  da  qual 
tomou  poífe  em  o  anno  de  1598.  e  depois  de  a 
adminiílrar  com  2elo  paftoral  a  renunciou  em  o 
anno  de  16 14.  Para  inílruir  aos  Juizes,  Advoga- 
dos, e  Confeílores  com  as  opinioens  mais  pro- 
váveis de  hum,  e  outro  Direito,  e  da  Theologia 
Moral  publicou  digeíla  por  ordem  alphabetica. 


i4 


L  U  SITANA. 


23  I 


Summa  Jeu  praxis  judie  um,  et  aàvocatorum 
n  Sacris  Canonihus  deduzia,  et  ipfismet  confor- 
mata.  lIlyíTiponc  apud  Ant.  Alvares  1610. 
foi.  Conimbricsc  apud  Jofcphum  Ferreira. 
1695.  foi.  e  ultimamente  addidonada  por 
l'r.  Jo2é  I^ytaò  Telles  í^nte  de  Vefpera 
de  Cânones  na  Univerfidade  de  Coimbra, 
Cónego  da  Guarda,  e  Deputado  do  Santo 
(^Ificio.  Conimbrica:  apud  Viduam  Antonij 
iiimoens  Univerf.  Typog.  1729.  foi.  i.  Tom. 
e  o  2.  ibi  apud  Francifcum  de  Oliveira  Uni- 
verfit.  Typog.  1752.  foi. 

Devocionario  da  Virgem  Senhora  Nojfa.  Socorro 
das  almas  do  Purgatório  Lisboa  1627.  24. 

Dcllc  efcreve  Nicol.  Ant.  in  bib.  Hi/p. 
Tom.  I .  pag.  8  j .  Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Tòeat. 
ÍJifit.  Liter.  lit.  A.  n.  57.  IlluílriíTimo  Cunha 
in  Prim.  Part.  Decret.  e  Marangoni  in  Tòet^aur. 

Íarocb.  Tom.  2.  lib.  5.  cap.  i.  n.  85.  D.  Fran- 
fco  Manoel  na  Carta  dos  Authores  Portugue:(es 
iie  he  a  i.  da  4.  Centúria  das  íuas  Cartas. 
E 


ANTÓNIO    CARDOSO    DE    CAR- 
lALHO.    vejafe    o    P.    ANTÓNIO    DOS 
YS. 


ANTÓNIO  CARNEIRO  natural  da 
Villa  da  Fronteira  da  Provinda  do  Alen- 
tejo. PaíTou  a  Flandes  no  anno  de  1585. 
onde  foy  Vedor  dos  Exerdtos  delRey  de 
Caílella.  Para  naò  paíTar  odofo  o  tempo 
que  lhe  fobejava  defte  miniílerio,  o  occu- 
pava  em  fe  informar  dos  fucceíTos  mais  no- 
táveis, que  acontecerão  nas  Campanhas, 
em  que  batalharão  os  Hefpanhoes  contra 
os  Olandezes,  e  Francezes  defde  o  anno 
de  1559.  atè  1609.  fendo  de  muitos  teílemu- 
nha  ocular.  Depois  de  ter  junto  com  fum- 
ma  indagação  as  noticias  mais  verdadeiras 
as  reduzio  a  methodo  hiílorico  taõ  claro, 
como  elegante,  e  o  dedicou  a  D.  Izabel 
Clara  Eugenia  Princeza  de  Flandes  com 
eíle  titulo. 

Hijloria  de  las  guerras  de  Flandes  def- 
de el  ano  1559.  hafia  el  de  1609.  y  las  can- 
jas dela  rebelion  de  dichos  EJlados.  Bruxellas 
por  Juan  Meerbeque.  1625.  foi.  Em  premio 
dos  Serviços  que  tinha  feito  a  ElRey  Ca- 
tholico  o  fez  Cavalleiro  da  Ordem  Militar 
de  Calatrava,   de  cuja  Ordem  foy  Procura- 


dor.    Naò    foy    menos    Uluftre    hiAoríador» 
que  ameniíTimo  Poeta,  c  como  a  tal  o  louva 
o  grande  l^pe  da  Vega  Carpio  en  el  Laurel 
de  Apollo  Sylva  6.  dizendo  neíla  forma. 
D.  António  Camtro 
Es  el  fiffio  primero. 
Efi  quien  tamhien  Apollo  reverbera 
Al  prodtc^ir  la  infante  Primavera; 
Y  como  con  fu  aliento 
Por  fu  valor,  y  el  húmido  elemento 
Eft  los  campos  vejiidos  de  colores 
Las  v^ejiros  afpiran  tiernas  flores, 
AJft  de  dulces  verfos  reveflido 
Es  de  fus  campos  Zéfiro  florido. 

P.  ANTÓNIO  CARNEIRO  chamado  no 
Século  António  Rodriguez  Carneiro,  filho 
de  Francifco  Rodrigues,  e  Maria  de  Saõ- 
-Tiago.  Naceo  em  Lisboa,  onde  foy  admit- 
tido  à  Companhia  de  JESUS  a  7.  de  Abril 
de  1676.  Mayor  foy  o  progreflb  que  fez  nas 
virtudes,  do  que  nas  fdencias,  eíhidando 
com  grande  difvelo  a  perfeição  Religiofa, 
em  que  fahio  confummado,  por  cuja  caufa 
além  de  occupar  os  lugares  de  Reytor  do  Col- 
legio  da  Ilha  de  S.  Miguel,  e  Prepofito  das 
Cafas  profeíTas  de  Villaviçofa,  e  de  S.  Roque, 
foy  Meftre  dos  Noviços  em  Coimbra,  e  Lisboa 
creando  com  a  fua  virtuofa,  e  prudente  direc- 
ção aquellas  novas  plantas  para  abundante- 
mente frutificarem  no  Paraifo  da  Religião. 
A  brandura  do  génio  correfpondeo  à  inno- 
cencia  da  vida,  que  piamente  terminou  em 
Lisboa  na  Cafa  profeíTa  de  S.  Roque  no  mez 
de  Abril  de  1737.  com  75.  annos  de  idade. 
Compoz. 

Exercidos  efpirituaes  do  grande  Mejlre  de  Ef- 
pirito,  e  maravilhofo  Patriarcha  Santo  Ignacio 
reduzidos  a  huma  fó  Somana,  e  accomodados  ao 
EJlado,  e  vida  Keligiofa.  Coimbra  no  Collegio 
das  Artes  da  Companhia  de  Jefus.   1710.  8. 

Santuário  mental,  em  que  pelas  fejlas,  e  Santos 
de  cada  dia  fe  propõem  medita^oens  para  todo  o  anno. 
Lisboa  na  Oííicina  Real  Deflandefiana  17 14.  8. 

Novena  de  Santo  Ignacio  Fundador  da  Com- 
panhia de  JESUS.  Lisboa  por  António  Pe- 
drofo  Galraõ.  171 9.  8. 

Novena  de  Santo  Stanislao  Noviço  da  Compa- 
nhia de  Jejus  Lisboa  por  Mathias  Pereira  da. 
Sylva,   e   Joaõ   Antunes   Pedrozo   1720.    12. 


lil 


BIBLIO THE  C  A 


Arte  de  orar  abbreviada,  e  acomodada  à  inftru- 
^aÕ  com  que  fe  criaõ  os  Noviços  da  Companhia  de 
JESUS.  Lisboa  pelos  ditos  ImpreíTores 
1721.  12. 

Novena  do  Natal,  ou  preparação  devota  para 

Jeftejar  ejpiritualmente  o  Nacimento  do  Menino 

Deos.    Lisboa  na  Officina  da  Muíica.  1726.  8. 

Meditaçoens  da  Payxão  de  JESUS  Chrijlo 
Nojfo  Redemptor.  Lisboa  por  Miguel  Rodri- 
gues. 1729.  12. 

Delle  fazem  breve  memoria  o  P.  Franc. 
na  Imag.  da  Virtud.  do  Noviciad.  de  "Lisboa  pag. 
•965.  e  o  P.  D.  Manoel  Caet.  de  Souf.  in  Exped. 
Hifp.  Apofiol.  S.  Jacob.  Tom.  2.  pag.   1303. 

ANTÓNIO  CARREIRA  infigne  profef- 
Xor  de  Muíica,  e  Meílre  da  Real  Capella  dos 
SereniíTimos  Monarchas  D.  Sebaíliaõ,  e  D. 
Henrique.  Compoz  varias  obras  como  efcreve 
Pedro  Thaleíio  na  fua  Arte  de  Canto  Chaõ 
cap.  36.  foi.  63.  mais  agradáveis  aos  ouvidos 
daquelle  tempo,  que  do  prefente,  as  quaes 
•deixou  para  fe  imprimirem  a  feu  filho  Fr. 
António  Carreira  Eremita  de  Santo  Agoílinho 
femelhante  ao  Pay  na  deílreza,  e  fuavidade 
da  Muíica,  porém  como  morreíTe  no  contagio 
que  no  anno  de  1599.  devaltou  grande  parte 
de  Lisboa,  com  a  fua  falta  também  defapa- 
receraõ  fendo  as  principaes 

Duas  lamentaçoens  da  Semana  Santa. 

Motete  Circumdederunt  me  2.  G.  vozes  outro 
Illumina  óculos  meos  a  6.  as  quaes  fe  confervaõ 
na  Bib.  Real  da  Muíica.  Eílante  36.  n.  810. 
cujo  Index  fahio  impreílo  Lisboa  por  Pedro 
•Crasbeeck.   1649.  4. 

ANTÓNIO  CARREIRA  Sobrinho 
do  precedente,  e  igualmente  douto  na  Arte 
da  Muíica.  Foy  Meílre  da  Cathedral  de 
Compoílella,  cujas  obras  como  de  grande 
Compoíitor  as  mandou  guardar  na  fua  fa- 
mofa  Bibliotheca  da  Muíica  o  Sereniffimo 
Rey  D.  Joaõ  o  IV.  iníigne  Mecenas  deíla 
fuaviíTima  Arte,  como  fe  pode  ver  na  i .  part. 
do  Catalogo  deíla  Bibliotheca  aíTima  allegado. 

P.  ANTÓNIO  CARVALHO  natu- 
ral de  Lisboa,  e  Filho  de  Diniz  Jorge,  e 
Francifca  Nunes.  Foy  ornado  de  hum  en- 
:genho  capaz  para  todo  o  género  de  Littera- 


tura  da  qual  deo  copiofos  frutos  na  Compa- 
nhia de  JESUS,  cujo  Inílituto  abraçou  em 
Coimbra  a  28.  de  May  o  de  1558.  Naõ  fo- 
mente admirarão  nelle  os  feus  domeílicos 
a  facilidade,  e  promptidaõ  com  que  apren- 
deo  na  idade  juvenil  as  fciencias  humanas, 
mas  quando  na  adulta  profundamente  pe- 
netrou as  divinas  di£lando  em  Coimbra,  e 
Évora  os  preceitos  da  Eloquência  refol- 
vendo  as  mayores  dificuldades  da.  Filofofia, 
e  Theologia,  cuja  faculdade  leu  por  efpaço 
de  vinte  annos  na  Univerfidade  de  Évora, 
onde  foy  laureado  Doutor.  Naõ  mereceo 
menor  applaufo  no  Púlpito  por  fer  hum  dos 
celebres  Pregadores  do  feu  tempo  chegan- 
do em  huma  occaíiaõ  a  ter  por  feu  ouvinte, 
e  admirador  a  Filippe  II.  Foy  para  Deos 
fummamente  pio,  para  com  os  domeítícos 
aíFavel,  para  comíigo  cruel,  e  fevero.  Filan- 
do próximo  á  morte  a  2.  de  Mayo  de  1601. 
rendeo  graças  ao  AltiíTimo  por  ter  difpofto 
que  morreíTe  no  mefmo  Collegio  onde  na- 
cera  para  a  Religião.  Deixou  promptos  pa- 
ra a  ImpreíTaõ 

Comentaria  in  Primam  fecunda  D.  Thoma.  foi. 

Commentaria  in  fecundam  fecunda  D.  Thoma 
foi.  os  quaes  chama  praclaros  o  Author  da 
Bib.  da  Companhia  p.  68.  e  fe  confervaõ  no 
CoUegio  de  Coimbra,  e  no  de  Évora. 

Traãatus  de  correãione  fraterna. 

Do  qual  fendo  por  juizo  dos  mayores 
Letrados  o  mais  excellente,  que  compuze- 
ra,  naõ  teve  noticia  Nicol.  Ant.  in  Bib. 
Hifp.  e  Sotuello  na  Bib.  Societ.  dizendo  do 
Author  politioribus  litteris  apprime  excultus, 
atque  eloquentia  arte  ornatus.  Joan.  Soar.  de 
Brito  in  Theatr.  Eufit.  Eitter.  lit.  A.  n.  58. 
Ebora  prima  cathedra  laudatijfimus  moderator, 
fed  pietate,  morumque  finceritate  longe  eminen- 
tior.  Fone.  Evor.  gloriof.  p.  425.  Franc.  in 
Ann.  glor.  S.  J.  in  Eufit.  pag.  296,  Vir  fuit 
litteris  ornatijfimus,  e  no  Synopf.  Annal.  S.  J. 
in  Eufit.  p.  177.  Vir  confummata  litteratura, 
nec  minoris  virtutis,  e  na  Imag.  do  Nov.  do  Coll. 
de  Coimb.  tom.  2.  lib.  4.  cap.  35.  doutijfimo 
em  letras  humanas,  e  divinas. 


ANTÓNIO  CARVALHO  veja-fe  o 
P.  Manoel  Monteiro  da  Congregação  do 
Oratório. 


i 


L  USITáN A. 


233 


ANTÓNIO  CARVALHO  DA  COSTA 
Prcsbytcro  do  Habito  de  S.  Pedro,  naceo 
( rn  Lisboa,  e  foy  bautizado  a  5.  de  Mayo 
•  Ic  i6)o.  na  Real  Igreja  de  N.  Senhora  da 
Conceição   dos   Freyres   da   Ordem   Militar 
tlc  Chrifto  fendo  filho  de  António  Carvalho, 
r  Anna  da  Cofta.    Ainda  que  a  natureza  lhe 
<lcu  corpo  pequeno,  e  algum  tSto  disforme, 
teve  o  efpirito  grande,  e  capaz  para  compre- 
hcnder  as  fciencias,  às  quaes  fe  applicou  defde 
.1  primeira  idade  atò  a  ultima  com  fummo 
ílifvclo,  e  incanfavel  eíludo  fendo  as  fuás 
tnayores  delicias  as  difciplinas  Mathcmaticas, 
<  in  que  fez  agigantados  progreíTos  invcíli- 
.incio  com  profunda  cfpeculaçaõ  os  arcanos, 
cjue  cftavaõ  occultos  na  Aftronomia,  Geome- 
tria, c  Cofmografia,  Hydografia,  c  mais  cfpc- 
lics  cm  que  fc  divide  a  grande  fcicncia  da 
Mathematica.    Querendo  illuílrar  o  Rcyno  de 
;uc  era  filho  fe  arrojou  a  lançar  os  alicefles 
_^  huma  machina  que  era  infoportavel  a  hom- 
)s  mais  robuílos  que  os  fcus,  dcfcrevendo 
)pograficamente  as  Cidades,  Villas,  e  Luga- 
ís  de  que  elle  fc  compõem;  os  Varoens  fa- 
iofos,  que  produfio ;  a  fundação  dos  Conven- 
)S  mais  antigos,  e  celebres,  os  Cathalogos  dos 
Jifpos  que  floreceraõ  nas  fuás  Diocefes,  àlem 
tias  antiguidades  veneráveis,  e  prodígios  da 
natureza  com  que  fe  ennobrece.    Para  confe- 
^^uir  o  fim  de  empreza  taõ  gloriofa  gaftou  o 
j-)Ouco  cabedal  que  a  fortuna  fempre  infaufta 
aos  eruditos  com  parca  mão  lhe  concedeo,  dif- 
correndo  pela  mayor  parte  do  Reyno  para  occul- 
tamente  fe  inílruir  do  que  havia  efcrever,  até 
que  concluído  o  feu  intento  com  mayor  dif- 
pendio  que  permitiaõ  as  fuás  poíles,  e  mayor 
trabalho  que  fofriaõ  as  fuás  forças  publicou 
efta  grande  obra,  a  qual  ainda  que  tenha  al- 
guns defeitos  fempre  he  digno  feu  Author  de 
immortal   memoria   como    o   julgarão    o   P. 
António  Franc.  na  Pref.  ao  Leytor  do  Ann. 
ojor.  S.  J.  in  'L.ufit.  in  fita  Corografia  'Lufitana 
qm  immortaliter  meretur  de  nofira  Natione.  Soufa 
no  Appar.  à  Hift.  Gen.  da  Cafa  Real  Fortug. 
p.  175 .  n.  224.  Trabalhou  com  muito  difvelo,  e  curio- 
Jidade,  de  forte  que  pela  fua  applicaçaõ  merece  lou- 
vor; Lenglet  du  Frefnoy  Method.  pour  etudier 
l'HiJl.  Tom.  4.  art.  159.  pag.  357.  Curieux,  e 
inftruãif.  e  o  P.  D.  Manoel  Caet.  de  Souf.  in  £x- 
ped.  Hifp.  Apojl.  S.  Jacob.  Maioris.  Tom.  2. 


pag.  1)05.  Cheyo  de  annos,  e  falto  de  ca- 
bedaes  acabou  a  vida  com  grande  piedade 
na  fua  Pátria  a  27.  de  Novembro  de  171 5. 
e  eíli  fepultado  no  Qauílro  do  Convento 
do  Carmo  de  Lisboa  cujo  enterro  lhe  fez  a 
Ordem  Terceira  como  a  IrmaÕ  pobre;  o 
(]M  naÕ  admirará  (diz  o  P.  Fr.  Manoel  de  Sá  nas 
Memor.  Hiflor.  da  Ord.  do  Carm.  da  Prov.  de 
Portug.  Part.  i.  liv.  2.  cap.  16.)  quem  ler  efta 
noticia  por  fabido  fado  dos  fugeitos  grandes,  e  Por- 
tuguer^es.    Qjmpoz 

Corografia  Portuguet(a,  e  difcripçaõ  Topogra- 
phica  do  famofo  Reyno  de  Portugal  com  as  noticias 
das  fundaçoens  das  Cidades,  Villas,  e  Lugftres, 
que  contem,  Varoens  illuflres.  Genealogias  das  fa- 
milias  Nobres,  fundaçoens  de  Conventos,  Catha- 
logos dos  Bifpos,  antiguidades,  maravilhas  da  natu- 
rev^a,  edifícios,  e  outras  curiofas  obferva^Ões.  Tom. 
I.  Lisboa  por  Valentim  da  Coíla  Deslandes 
ImpreíTor  de  S.  Mageílade  1706.  foi. 

Tom.  2.  Lisboa  pelo  dito  Imp.  1708.  foL 
Tom.  3.  Lisboa  na  Officina  Real  Deflan- 
defiana.  171 2.  foi. 

Compendio  Geográfico  dividido  em  três  Tra- 
tados I .  da  progeçaõ  das  esferas  em  plano,  conflru- 
çaÕ  dos  mappas  univerfaes,  e  particulares,  e  fabrica 
das  Cartas  Hydogaphicas.  2.  da  Hydografia  dos 
mares.  3.  da  defcripçaõ  geogafica  das  terras  com 
varias  propofiçoens  pertencentes  a  efla  matéria. 
Lisboa  por  Joaõ  Galraõ  1686.  4. 

Via  Aflronomica  i.  P.  dividida  em  dous  tra- 
tados. I.  contem  a  fabrica  do  globo,  e  feus  princi- 
paes  tfí^os.  2.  a  Trigonometria  plana,  e  efpherica: 
vários  problemas  da  Aftronomia  pertencentes  à  dou- 
trina do  primeiro  movei,  e  á  navegação.  Lisboa 
por  Francifco  Villela  1676.  4. 

Via  Aftronomica  1.  P.  diftribuida  em  4. 
tratados.  1.  da  Navegação,  o  2.  das  Eftrel- 
las.  o  i.  dos  Eclypfes  da  LMa.  o  4.  dos  Eclyp- 
fes  do  Sol.  Lisboa  por  António  Crasbeeck 
de  Mello  1677.  4. 

Aftronomia  Methodica  comprehendida  em  três 
tratados.     O   i.   trata  do  Sol.     O  z.   da  Lua. 
O  ^.  dos  mais  Planetas.    Lisboa  por  Francifco 
Villela.  1683.  4. 
Compoz  com  outro  nome 

Prognofticos  defde  o  anno  1684.  até  1701.  8. 
Tinha  prompto  para  o  Prelo 

Tratado  da  redução  Geométrica,  e  Esfera 
com  outros   Tratados  Mathematicos  M.  S. 


234 


BIBLIO  THE  CA 


Corografia  Injulana,  ou  noticia  Topographica 
de  todas  as  Ilhas  Jogeitas  a  Portugal.  M.  S. 

ANTÓNIO  CARVALHO  DE  PARADA 
filho  de  António  Carvalho,  e  de  Margarida 
de  Parada  naceo  na  Villa  do  Sardoal  do  Bif- 
pado  da  Guarda  em  o  anno  de  1595.  donde 
paíTando  à  Univerfidade  de  Coimbra  depois 
de  eftudar  com  grande  applicaçaõ  a  Sagrada 
Theologia,  recebeo  nella  o  gráo  de  Doutor 
fendo  igualmente  douto  em  hum,  e  outro 
Direito.  Foy  ornado  de  fingular  prudência, 
juizo  agudo,  vaíta  erudição,  e  noticia  de  má- 
ximas politicas,  por  cujos  dotes  era  eftimado 
das  mayores  PeíToas  da  Corte  diílinguindo-fe 
entre  todas  o  lUulirinimo  D.  Miguel  de  Caílro 
Arcebifpo  de  Lisboa  de  quem  pela  affiftencia 
que  fazia  no  feu  Palácio  mereceo  particular  af- 
feâo.  Como  foíTe  taõ  douto,  como  prudente 
o  elegeo  o  Clero  de  Portugal  por  feu  Pro- 
curador na  Corte  de  Madrid  para  tratar 
na  prefença  delRey  Catholico  que  naquelle 
tempo  era  Senhor  deíla  Coroa,  os  mais  im- 
portantes negócios  pertencentes  ao  Eílado 
Ecclefiaílico  donde  foy  fummamente  efti- 
mado.  PoíTuyo  lugares  honoríficos,  e  Be- 
neficios  rendofos  como  foraõ  fer  Prothono- 
tario  Apoftolico,  Arcipreíle  da  Cathedral 
de  Lisboa,  Vifitador  por  algumas  vezes  da 
fua  Diocefe,  Prior  da  Igreja  de  Bucellas,  e 
Guarda  Mòr  da  Torre  do  Tombo.  Como  ze- 
lofo  Paítor  morreo  entre  as  fuás  Ovelhas  a  12. 
de  Dezembro  de  1655.  e  foy  fepultado  na  Ca- 
pella  Mòr  de  Bucellas  dedicada  a  N.  Senhora  da 
Purificação.  He  louvado  por  Joaõ  Soar.  de 
Brito  in  Theatr.  "Lufit.  Liter.  lit.  A.  n.  59.  Ma- 
rangoni  The:(aur.  Paroch.  Tom.  2.  lib.  3,  n.  85. 
pag.  197.  Cardofo  Agiol.  h,ujtf.  Tom.  2.  pag.  334. 
no  Comment.  de  27.  de  Março  letr.  F.  e  Nicol. 
Ant.  in  Bib.  Hifp.  tom.  i.  pag.  85.  Com- 
poz. 

Diálogos  fobre  a  vida,  e  morte  de  Barthola- 
meu  da  Cofia  Thet^pureiro  Mòr  de  L,isboa.  Lis- 
boa por  Pedro  Crasbeeck.    161 1.  4. 

Jufiificaçaõ  dos  Portugue^ies  fobre  a  acçaõ  de 
libertarem  feu  Kejno  da  obediência  de  Cafiella. 
Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck.  1643.  4. 

Arte  de  Rejnar.  Bucellas  por  Paulo 
Crasbeeck  1644.  foi.  Em  premio  deíla  obra 
foy  eleyto  Guarda  Mòr  da  Torre  do  Tom- 


bo, da  qual  diz  D.  Francifco  Manoel  na  Car- 
ta dos  Authores  Portuguezes  efcrita  a  Ma- 
noel da  Fonceca  Themudo,  que  com  grande 
ra:(aõ  fe  atreveo  a  ter  os  'Keys  por  Difcipulos 
na  fua  Arte  de  Rejnar,  livro  digno  de  toda  a 
efiimaçaõ. 

Difcurfo  politico  fundado  en  la  Doutrina  de 
Chrifio  Nueftro  Senor,  y  de  la  Sagrada  Efcritura, 
fi  conviene  ai  govierno  efpiritual  de  las  almas,  o  ai 
temporal  de  la  Republica  aprovarfe  el  modo  de 
predicar  de  reprehender  a  los  Príncipes,  y  fus 
Minifiros.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1627. 
8.  Nicolào  António  notavelmente  fe  equivo- 
cou fazendo  Author  deíle  difcurfo  o  Padre 
António  de  Carvalho  da  Companhia  de  JESUS, 
de  que  affima  fe  fez  mençaõ. 

Difcurfo  em  que  fe  propunha  à  Magefiade 
delRej  D.  Joaõ  o  IV.  que  o  Officio  de  Provedor 
que  em  muitas  Comarcas  do  Reyno  fe  exercitava, 
ou  devia  fer  reformado,  ou  extinão.  M.  S.  Con- 
ferva-fe  na  Bibliotheca  Real. 


P.  ANTÓNIO  DE  CASTELLO- 
BRANCO  filho  de  Alvereanes  Barreto,  e 
D.  Maria  do  Amaral  naceo  em  Lisboa  on- 
de fendo  de  quinze  annos  abraçou  o  Inílitu- 
to  da  Companhia  em  12.  de  Março  de  1571. 
e  defprezando  a  nobreza  do  feu  nacimento^ 
e  fomente  afpirando  à  perfeição  Religiofa 
foy  venerado  por  hum  dos  mais  obfervan- 
tes  ProfeíTores  do  feu  inftituto.  A  fuavida- 
de  do  génio,  e  a  innocencia  da  vida  o  faziaõ 
univerfalmente  amado.  Foy  Prepofito  da 
Cafa  Profeíía  de  Villa- Viçofa,  Reytor  dos 
Collegios  de  Braga,  e  Lisboa,  Procurador 
da  Província  ao  Capitulo  celebrado  em  Ro- 
ma no  anno  de  1619.  e  em  todos  eíles  minifte- 
rios  defcubrio  grande  prudência,  e  naò  me- 
nor affabilidade.  Diétou  Theologia  Moral,  e 
Mathematica  em  cujas  faculdades  era  mui- 
to verfado.  Sempre  affirmou,  que  havia  de 
morrer  repentinamente,  para  cujo  golpe  eftava 
continuamente  preparado,  até  que  acome- 
tido de  hum  accidente  apopletico,  o  privou 
da  vida  em  8.  de  Setembro  de  1643.  ^"^  P^°' 
vefta  idade  de  87.  annos.  No  CoUegio  de 
Évora   fe   confervaõ   efcritos   por   fua   maò. 

Traãatus  de  privilegijs,  quce  tempore  inter- 
diãi  valida  funt.  foi. 

De  Cofmothecia  lib.  2.  foi. 


LUSITANA. 


235 


De  Aftrononiia  lib.  j.  foi.  Dcllc  faz 
memoria  Franco  na  Imag.  do  Nov.  dê  Lis- 
boa liv.  2.  cap.  14.  c  no  Synopf.  Annal.  S.  J. 
in  UtfiL  pag.  286.  §.  II. 

ANTÓNIO  DE  CASTILHO  natu- 
ral da  Villa  de  Thomar,  e  filho  de  Joaõ  de 
(laílilho  Cavalleiro  da  Ordem  Militar  de 
Chriílo,  e  hum  dos  mais  famofos  Arquite- 
.  tos  da  fua  idade,  de  que  feraõ  ainda  que  mu- 
los, eternos  pregoeiros  os  mármores  dos  cele- 
bres Templos  de  Thomar,  e  Belém,  que  defe- 
nhou,  cabeça  hum  dos  Rcligiofos  da  Ordem 
Militar  de  Chriílo,  e  outro  dos  de  S.  Jeronymo 
nos  fuburbios  de  Lisboa,  como  taõbê  a  fortif- 
lima  Praça  de  Mafagaõ,  e  de  fua  mulher  Felicia 
(la  Ncyva.  Do  fublimc  engenho  do  Pay  naõ  dc- 
_v^encrou  o  filho  pois  recebendo  bcncficamcntc 
natureza  comprchcnfaõ  prompta,  juifo  agu- 
,  e  feliz  memoria  fe  applicou  a  cultivar  as  flo- 
da  Oratória,  c  da  Poética,  e  a  fondar  as  mais 
onditas  dificuldades  da  Jurifprudencia  em 
i  Univerfidade  de  Coimbra  com  tanta  gloria  do 
leu  nome  como  admiração  de  todos  os  Acadé- 
micos fendo  por  efta  caufa  dos  primeiros  CoUe- 
i;iaes  do  Collegio  Real  de  S.  Paulo  onde  foy 
admitido  em  2.  de  Mayo  de  1563.  como  efcre- 
veraõ  Cabedo  de  Patron.  cap.  48.  e  D.  Nicol.  de 
Santa  Maria  na  Chron.  dos  Coneg.  Kegrant.  de  S. 
A^gofi.  liv.  10.  cap.  15.  n.  8.  Depois  de  ter  iluf- 
trado  a  Univerfidade  com  o  feu  magiílerio 
paíTou  a  ennobrecer  a  Cafa  da  Suplicação  a  21. 
de  Novembro  de  1566.  fendo  fempre  a  Juftiça 
o  Norte  por  onde  regulava  as  fuás  doutas  deli- 
beraçoens  de  que  procedia  o  univerfal  refpeito 
com  que  era  venerada  a  fua  incomparável  in- 
teireza. Por  eíles  grandes  dotes  foy  Cavalleiro 
da  Ordem  de  Aviz,  Alcayde  mór,  e  Commen- 
dador  de  Mora,  Embaixador  à  Corte  de  Ingla- 
terra cujo  miniílerio  exercitou  com  tanta  pru- 
dência, que  voltando  para  o  Reino  iníhrui- 
do  nas  linguas  mais  polidas  da  Europa  fen- 
do por  teftemunho  do  celebre  antiquário  Ma- 
noel Severim  de  Faria  no  Prologo  às  No- 
ticias de  Portugal  o  mais  puro,  e  ele- 
gante na  Portugueza  que  elle  conhecera, 
foy  nomeado  Guarda  mór  da  Torre  do 
Tombo,  e  Chroniíla  mór  do  Reyno  em  cu- 
jo lugar  fubílituhio  a  Damiaõ  de  Góes  para 
efcrever  a  Hiíloria  Geral  do  Reyno  no  ef- 


tllo  de  Tácito,  de  que  eta  obrervarniíTuno 
imitador,  cuja  obra  dezejava  já  ler  feu  gran- 
de amigo  o  infignc  Poeta  o  Doutor  Antó- 
nio  i^erreira   efcrevendoihe   no   fegundo   li- 
vro das  Tuas  Cartas  a  fexu  neíla  forma: 
Quando  fera,  que  eu  veja  a  clara  hifloria 
Do  nome  Por/ugue^  de  //  entoada 
Qm  vença  da  alta  Roma  a  fftam  memoria'^ 
Além   das   virtudes   de   que   era   ornado 
foy    taõ    amante    da    gloria    alcançada    pelo 
merecimento,    como    inimigo    acérrimo    do 
ócio.     Teve    grande    comunicação    com   os 
varoens  mais  eruditos  da  fua  idade  de  que 
he   prova  evidente   o  aífeâo  com  que   lhe 
efcrevia  Diogo  Mendes  de  Vafconcellos  in 
Poemat.  de  Juo  ex  Ebora  difcejfw. 
O'  mihi  The/ao  junãijftma  peãora  nodo 
Peãora  Cecropia  Jludiis  addiãa  Minerva 
Optime  Caftilli. 

E  Diogo  Bernardes  na  Carta  14.  do  feu 
'Lima,  em  que  lhe  refponde. 
]á  com  muita  rai(aÔ  Cajlilho  pede 
Que  quebre  ^e  filencio,  hum  amor  puro 
O  qual  efta  licença  me  concede. 
Foy  cafado  com  D.   Luiza  Coutinha  fi- 
lha de  D.  António  Coutinho,  e  D.  Ignacia 
de   Lima,   de   quem  teve   numerofa   defccn- 
dencia,  que  hoje  ainda  permanece  alliada  com 
as  primeiras  Cafas  defte  Reyno.  Efcreveo. 

Commentario  do  Cerco  de  Goa,  e  Chaul  no 
anno  de  1570.  Lisboa  por  António  Gonçal- 
ves 1573.  8.  et  ibi.  na  Officina  Joaquiniana 
da  Mufica.  1736.  4.  de  cuja  obra  como  do 
Author  fe  lembraõ  António  de  Leaõ  na 
Piib.  Orient.  Titul.  3.  e  meu  Irmaò  D.  Jozé 
Barbofa  no  Archiath.  Ljifit.  pag.  1 5 .  com  eflas 
métricas  vozes. 

Proferet  tila  vetus  Caftilho  Nabantia,  Goa 
Aggere,  qui  cinãas  arces  fimul  atque  Ciauli 
Conjcribet,  parto/que  immani  ex  hofte  triumphos. 
Archivo  prafeãus  erit  quod  publica  Jervat 
Scripta,  Britannorum  accedet  Legatus  ad  Aulam. 
'Elogio   delKey   D.   Joaõ  de    Portugal,    Ter- 
ceiro do  nome.    Lisboa  na  Officina  Crasbee- 
ckiana  1655.  foi.     Sahio  com  as  Noticias  de 
Portug.   compoílas   por  Manoel   Severim  de 
Faria  defde  pag.  291.  até  305. 

Chronica  delRey  D.  Joaõ  o  III.  cujo 
principio  era:  Prometeo  António  Pinheiro 
Bi/po    de    Leyria    efcrever    as   coufas,    que  fu- 


236 


BIBLIO THECA 


cederão  em  "Portugal  na  pa:^  e  na  guerra  no  tem- 
po delKej  D.  Joaõ  o  III.  que  depois  lhe  fit^^eraÕ 
outros  cuidados  mudar  o  Concelho.  Introduz 
o  Author  eíla  Chronica  pela  fundação,  e 
nome  de  Portugal,  e  feus  primeiros  Reys 
até  fummariamente  chegar  ao  Reynado  del- 
Rey  D.  Joaõ  o  III.  O  Licenciado  Francifco 
Galvaõ  na  fua  Bib.  L.ujit.  M.  S.  aifirma,  como 
eu  nella  li,  que  tinha  viílo  quinze  folhas  deíla 
Chronica,  que  chegava  ao  tempo  das  contro- 
veríias  que  tiveraõ  na  índia  Pedro  Mafca- 
renhas,  e  Lopo  Vaz  de  Sampayo. 

Tratado  do  perfeito  Secretario.  O  qual 
confervava  em  feu  poder  Diogo  de  Caftilho 
filho  do  Author  como  efcreveo  Francifco 
Galvaõ  na  obra  allegada. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  CEA.  Naceo  na 
Villa  de  Mogadouro  na  Província  de  Trás 
dos  montes  de  Pays  nobres.  Recebeo  o 
habito  Monachal  de  S.  Bento  no  celebre 
Convento  de  Monferrate  íituado  no  Prin- 
cipado de  Catalunha,  onde  teve  por  Meílre 
em  o  Noviciado  ao  virtuofo,  e  exemplar 
Varaõ  Fr.  Garcia  de  Cifneros,  e  de  tal  forte 
o  imitou,  que  le  miravan  (faõ  palavras  de  Fr. 
Gregório  Argaiz  en  la  Perla  de  Cataluna  cap. 
II 6.)  como  retrato  fuyo,  j  treslado  de  Jus  virtudes 
no  teniendole  por  muerto,  fi  nó  por  vivo,  pues  le 
avia  facado  muj  femejante  en  las  facciones  dei 
alma.  Depois  de  ter  governado  com  grande 
obfervancia,  e  prudência  o  famofo  Convento 
de  Santa  Maria  de  Sopetran,  foy  eleito  Abba- 
de  de  S.  Bento  o  Real  de  Valhadolid,  e  Ge- 
ral de  toda  a  Congregação  de  Efpanha  no 
anno  de  1574.  cujo  minifterio  acabou  em 
1577.  com  igual  fama  do  feu  nome,  como 
eterna  faudade  dos  feus  fubditos.    Efcreveo. 

Chronica  do  Convento  de  Monferrate  em 
que  tratava  da  fua  fundação,  progrejfo,  e  Varoens 
illuflres,  que  nelle  floreceraõ. 

Do  Author  fazem  honorifica  mençaõ 
Fr.  António  Yepes  Chron.  da  Ord.  de  S.  Be- 
to Tom.  4.  Cent.  5.  cap.  4.  foi.  246.  v.o  cha- 
mando-lhe  hombre  muy  doão,j  muy  buen  Predi- 
cador, e  Fr.  Francifco  de  Berganza  Antiguid. 
de  Efpan.  Tom.  2.  liv.  8.  cap.  9.  n.  75.  e  Soufa. 
Flor.  de  Efpana  liv.  23.  Excel.  3. 

ANTÓNIO  CERQUEIRA  PINTO 
Cidadão  do  Porto  naceo  a  13.  de  Junho  de 


1679,  e  foy  bautizado  na  Freguezia  de  S. 
Miguel  de  Borba  de  Godim  do  Confelho  de 
Bailo  que  eílá  próxima  à  Villa  de  Amarante 
na:  Província  de  Entre  Douro,  e  Minho. 
Teve  por  Pays  ao  Capitão  António  Cerqueira 
Pinto,  e  Angela  de  Saõ  Boaventura.  De 
poucos  annos  paíTou  para  a  Cidade  do  Porto, 
onde  foy  cuidadofamente  educado,  e  depois 
de  ter  aprendido  a  lingua  Latina,  letras  hu- 
manas, e  Poefia  em  que  fahio  muito  perito 
eftudou  Filofofia  quatro  annos,  e  dous  Theo- 
logia  com  grande  fruto  da  fua  applicaçaõ. 
Inílruido  com  eílas  faculdades  infpirado  pelo 
génio  começou  a  examinar  as  antiguidades 
hiíloricas  do  noíTo  Reyno  em  que  fez  infignes 
progreíTos  a  fua  laboriofa  indagação,  já  con- 
ferindo a  Chronologia  antigua  com  a  moder- 
na; já  interpretando  fubtilmente  as  autho- 
ridades  dos  Efcritores,  que  confufamente 
fallaraõ  da  Lufitania;  já  animando  com  efpi- 
ritos  novos  a  muitos  monumentos  que  jaziaõ 
cadáveres  nas  urnas  dos  Archivos;  já  def- 
cubrindo  com  generofa  liberalidade  os  pre- 
ciofos  thezouros  da  Antiguidade  occultos 
mais  por  inércia,  que  avareza  aos  olhos  do 
mundo  litterario,  obfervando  fempre  por 
Norte  a  verdade  fem  preoccupaçaõ  de  algum 
afedto  que  fizeífe  menos  folidas  as  fuás  opi- 
nioens.  Por  taõ  incanfavel  e  profundo  eftudo 
mereceo  fer  confultado  como  Oráculo  por 
muitos  Académicos  da  Academia  Real,  fobre 
a  intelligencia  de  vários  pontos  controverfos, 
em  a  noíTa  Hifioria,  recebendo  da  fua  refolu- 
çaõ  luzes  com  que  difiiparaõ  as  fombras  em 
que  confufamente  fluduavaõ.  Em  remunera- 
ção do  difvelo  com  que  tinha  fervido  a  Aca- 
demia Real  foy  eleito  feu  Collega  fupranume- 
rario,  cujo  talento,  e  affavel  génio  por  compe- 
tir com  a  fua  grande  modeftia  nos  embarga 
a  que  mais  difufamente  fe  defcreva  a  fublime 
fciencia  que  profeíla  da  Hiftoria  Ecclefiaílica, 
e  Secular,  quando  com  mais  elegante  eftilo  a 
tem  publicado  o  P.  D.  Manoel  Caetano  de 
Soufa  no  Catalog.  Hiílor.  dos  Bifpos  Portug. 
pag.  193.  dizendo  fer  eruditijftmo  invejligador 
das  Antiguidades  do  Porto,  e  verfadijfimo  ent 
todas  as  letras  ajfim  Divinas,  como  humanas^ 
e  mais  largamente  in  Expedit.  Hifpan.  S. 
Jacob.  Apoftol.  Tom.  2.  pag.  1 5  5  3 . /^^ //«»- 
quam  fatis  laudari  potejl  vir,  qtú  etiam  ^avif- 


L  USITANA. 


ih'j 


fiwis  occupationihiis  dijlriílijfimiis  non  ceffat  la- 
lorare  pro  fíjoria  \jifitama  illuftrando  f acras, 
f  pro/)hiifi(JS  httjus  Keji/ii  Ati/iquiía/es,  de  quibus 
■i)t  Jcripfit  Differtationes,  ut  jujUmi  volumen 
pojfiní  complere.  In  tis  oflendit  vtiflijftff/am  eru- 
dit tonem,  et  acerrimum  jiidicittm,  fedtilamqtie  Cri- 
ticen:  praíereo  vir  um  effe  Philofophicis,  Tbto- 
/oiiids,  Jttridicifqtie  Jlttdiis  ittftrutliim,  et  Poefeos 
tam  latina,  qttám  vulgaris  elegantta  praftantif- 
jtnitim  {et  qttod  capitt  efi,  vir  ejl  hiimanijfimus,  ita 
:  videatur  natus  ad  de  omnibtts  bene  merendtim. 
(  ompoz. 

/  Ujloria    da  prodigioja    Imagem    de    Chriflo 

rttcificado,  que  com  o  titulo  do  Rom  JESUS 

iic  Bouças  fe  venera  no  lugar  de  Mato:(inhos  na 

J  njitattia  em  que  fe  referem  notáveis  Antigui- 

'  tdes  dejle  Keyno.  Lisboa  por  António  Izidoro 

.1.1  1  onfcca  1757.  4. 

Dous  Sonetos  ao  Bailio  de  l^JJa  D.  Fr.  Fe- 
lippe  de  Távora,  e  Noronha.  Lisboa  por 
Parchoal  da  Sylva  Imprcflbr  de  fua  Magcf- 
tade  1716.  4.  fahiraõ  no  Paneg.  Funeral. 
r  outras  Poeíias,  em  obfequio  do  mefmo 
>.illio. 

Relação  dos  Feflivos  applaufos  com  qtte  na 
'idade  do  Porto  fe  congratttláraõ  os  felices  Def- 
pn:;^orios  dos  Serenijftmos  Senhores  D.  Jo^é  Prin- 
:pe  do  Brafil,  e  a  Senhora  D.  Maria  Anna  Vi- 
,'oria  Infanta  de  Caflella,  e  dos  Serenifftmos  Se- 
nhores D.  Ferftando  Príncipe  das  Aflurias,  e  a 
Senhora  D.  Maria  Barbara  Infanta  de  Portugal. 
I-isboa  na  Officina  da  Muíica  1728.  4.  Sahio 
lem  o  feu  nome. 

Cathalogo  dos  Bifpos  do  Porto  compoflo 
pelo  Illujlrifftmo  D.  Rodrigo  da  Cunha  addi- 
cionado  nefia  fegunda  impreffaõ  com  varias 
memorias  Ecclefiaflicas  defla  Diocefe  no  dif- 
airfo  de  on^e  feculos  por  António  Cerqueira 
Pinto  Cidadão  do  Porto,  e  Académico  fupra- 
niimerario  da  Academia  Real  da  Hifloria  Por- 
iitg.  Porto  1739.  fo^- 

DefcripçaÕ  da  felir^  entrada  que  na  Ci- 
dade do  Porto  fe!i  o  Illuflrifftmo,  e  Reveren- 
dijftmo  Senhor  D.  Thoma^  de  Almeyda  Bif- 
po  Governador  da  mefma  Cidade  em  5.  de 
Xovembro  de  1709.  Af.  S.  coníla  de  66. 
Outavas,  de  cuja  obra,  e  feu  Author  fe 
lembra  com  merecido  louvor  meu  Irmaò 
D.  Jozé  Barbofa  nas  Mem.  Hifl.  do  Coleg. 
Real  de  S.   Paul.  pag.    373.   dizendo.     Pejfoa 


ii: 


dsffut  de  toda  a  eflimafaõ  pelos  feus  eftudos,  t  p*las 
profundas,  e  vaflijfimas  noticias  das  Antiffd- 
dades  defle  Rijno,  em  que  he  fummamente  vtr- 
fado  com  douta,  t  txaúijftma  Critica. 

AffeÚuofo  Elogio  dedicado  ao  Illuflrijfimo, 
e  Reverendijftmo  Senhor  D.  Thoma^  de  Almeyda 
hifpo  Covtmador  do  Porto.  G^níbi  de  66. 
Outavas  Acroílicas  pelas  letras  feguíntes 
AMABILISSIMO  SENHOR  DOM  THO- 
MAZ  DE  ALMEYDA  BISPO  GOVER- 
NADOR DA  QDADE  DO  PORTO. 
Com  hum  Romance  em  que  ít  parafrazea  o 
Te  Deum  Laudamus,  que  conílava  de  36.  Co- 
plas. Aí.  S. 

Poema  em  obfequio  do  Illuflrifftmo,  e  Re- 
verendijftmo Senhor.  D.  Thomai^^  de  Almeyda 
qtmndo  foy  ajfumpto  ao  eminente  lugar  de  Pa- 
triarcha.  M.  S. 

DiJJertaçois  Hifloricas,  que  excedem  o  nu- 
mero de  120.  fobre  vários  pontos  da  noíla 
Hiftoria  em  que  foy  confultado. 

Fr.  ANTÓNIO  DAS  CHAGAS  Na- 
ceo  na  Cidade  de  Leyria,  onde  teve  por 
Pays  a  Manoel  de  Crafto  Familiar  do  San- 
to Ofíicio,  e  a  Antónia  Antunes.  Aos  defe- 
fete  annos  da  fua  idade  fe  aliílou  no  anno 
de  161 5.  na  Sagrada  milicia  da  Religião  Se- 
ráfica da  Província  de  Portugal,  à  qual  fer- 
vio  de  gloriofo  ornato  ou  foíTe  na  Cadeira,  ou 
no  Púlpito.  Eníinou  aos  feus  domeílicos  Fi- 
lofofia,  e  Theologia  com  tanta  fubtileza  que 
nelle  fe  vio  reproduzido  o  efpirito  de  feu 
Meílre  de  tal  forte  que  era  chamado  por 
antonomafia  o  Efcoto  como  affirmaõ  Antó- 
nio de  Soufa  de  Macedo  no  feu  livro  Eva, 
e  Ave  Part.  2.  cap.  15.  n.  27.  e  Fr.  Fer- 
nando da  Soled.  Hifl.  Seraf.  da  Prov.  de  Por- 
tug.  Part.  3.  liv.  I.  cap.  21.  n.  135.  dizendo 
o  qual  fera  padraõ  eterno  da  fua  fama  e  na  Part.  5. 
liv.  4.  cap.  I.  n.  890.  merecedor  do  titulo  que  tinha 
de  Efcoto  por  fuás  letras,  e  naõ  menos  da  Fama  que 
logrou  nefle  Reyno  de  Pregador  infigne.  Naõ  teve 
menor  efpeculaçaõ  para  os  Myílerios  mais  pro- 
fundos da  Sagrada  Efcritura  explicando-os  com 
tal  novidade  e  agudeza  que  arrebatava  aos  ou- 
vintes das  fuás  declamaçoens  Evangélicas. 
Sendo  já  Meílre  jubilado  governou  vários  Con- 
ventos, donde  fubio  a  fer  Provincial  a  27. 
de  Outubro  de   1641.   Examinador  das  três 


238 


BIB  LIOTH  E  CA 


Ordens  Militares,  e  Qualificador  do  Santo 
Ofíicio.  No  Convento  onde  principiou  a  vi- 
da Religiofa  terminou  a  natural  em  24,  de 
Dezembro  de  1655.    Compoz. 

Sermàô  nas  Jokmnes  fejias,  e  procijjaõ  de  gra- 
ças, que  fea^  a  Cidade  de  Coimbra  pelo  Naci mento 
do  Auguftijfimo  Príncipe  Nojfo  Senhor  na  Santa 
Se  de  Coimbra  <).  feira  z-j.  de  Dei^embro  de  1629. 
Coimbra  por  Diogo  Gomez  Loureiro  1630.  4. 

Sermão  da  Dominga  da  Septuagejfima  27.  de 
Janeiro  de  1641.  primeiro  dia  deputado  para  as 
Cortes  dejle  Rejno  as  primeiras,  que  fe  celebrarão 
depois  da  Jua  feli^  rejlauraçaõ  na  Capella  Keal. 
Lisboa  por  Jorge  Rodriguez  1641.  4. 

Sermão  no  Aâo  da  Fé  celebrado  em  Lisboa 
a  II.  de  Outubro  de  1654.  Lisboa  na  Ofíicina 
Crasbeeckiana  1654.  4. 

De/graças  de  Saul,  e  Venturas  de  David.  Efta 
obra  com  todas  as  licenças  eílava  prompta 
para  a  impreflaõ,  e  fe  conferva  na  Livraria 
do  Convento  de  Lisboa. 

In  Jus  Canonicum  2.  Tom.  Os  quaes  (como 
efcreve  Fr.  Fernando  da  Soled.  no  lugar  aíTima 
allegado)  ejiaõ  hoje  taõ  e/condidos  que  delles  naõ 
temos  mais  que  a  lembrança.  Delle  a  fazem  Fr. 
Joan.  à  D.  Anton.  in  Bib.  Francifc.  Tom.  i. 
pag.  123.  e  o  referido  Fr.  Fernando  da  Soled. 
Hijior.  Seraf.  Part.  5.  liv.  4.  cap.  i.  n.  890. 

V.  Fr.  ANTÓNIO  DAS  CHAGAS 
chamado  no  Século  António  da  Fonfeca 
Soares  naceo  na  Villa  da  Vidigueira  da  Pro- 
víncia Tranftagana  a  25.  de  Junho  de  163 1. 
fendo  filho  do  Doutor  António  Soares  de 
Figueiroa  da  principal  nobreza  daquella 
Villa,  o  qual  fervio  com  grande  definteref- 
fe  varias  Judicaturas,  e  de  D.  Helena  de 
Zuniga  natural  do  Reyno  de  Hibernia  que 
fugindo  à  perfeguiçaõ  dos  hereges  bufcou 
por  afilo  a  eíle  Reyno.  Aprendeo  os  pri- 
meiros rudimentos  na  Cafa  paterna  donde 
paliando  a  Évora  fe  inílruhio  na  lingua  La- 
tina, e  Filofofia,  em  que  faria  mayores  pro- 
greíTos  o  feu  vivo  engenho,  fe  o  génio  que 
tinha  para  as  Armas  fora  para  as  letras. 
Morto  feu  Pay  em  cujo  obfequio  feguira  os 
eíhidos,  preferio  a  palefi:ra  de  Marte  à  de 
Minerva  naõ  fomente  porque  o  efiimulava 
a  efte  género  de  vida  a  fua  natural  inclina- 
ção, mas  o  amor  da  pátria  que  eftava  in- 


vadida  pelas   Armas   de  Caftella,  aíTentando 
praça  de  Soldado  em  Moura.    Admitido  a 
efta  efcola  começou  a  proceder  taõ  licenciofa- 
mente,  que  parece  profeíTara  a  vida  militar 
para  fazer  guerra  ao  Ceo,  e  naõ  aos  inimigos 
da  Pátria,  fervindolhe  de  auxiliares  para  em- 
preza  taõ  facrilega  a  verdura  dos  annos  colli- 
gada  com  a  viveza  da  difcriçaõ,  e  elegância  da 
Poefia  com  que  atrahia  os  coraçoens,  e  domi- 
nava as  vontades  para  tudo  quanto  lhe  propu- 
nha a  defordem  dos  feus  appetites.  Para  evitar 
o  caftigo  de  hum  homicídio  que  fizera,  partio 
para  a  Bahia,  onde  com  a  mudança  do  clima 
naõ  mudou  da  vida  licenciofa  que  exercitava, 
até  que  cafualmente  abrindo  hum  livro  das 
obras  do  grande  Varaõ  Fr.  Luiz  de  Granada 
fe  deixou  de  tal  forte  penetrar  daquelles  mudos 
caracteres,  que  conhecendo  o  miferavel  abifmo 
em  que  efliava  fumergido,  começou  a  liquidar 
o  coração  pelos  olhos  prometendo  com  voto 
a  Deos  de  logo  fe  recolher  na  Religião  Seráfica, 
onde  amargamente  choraíTe  os  criminofos  in- 
fultos  com  que  tantas  vezes  tinha  provocado 
a  divina  indignação.    Para  dar  cumprimento 
a  efte  voto,  voltou  a  Portugal,  e  como  fe  as 
aguas  do  Occeano  foflem  as  do  Lethes  fe 
efqueceo  totalmente  do  que  a  Deos  votara,  e 
continuou  com  mayor  defenvoltura,  e  efcan- 
dalo  a  profeguir  o  caminho  da  perdição;  po- 
rém Deos  que  queria  attrahir  efta  ovelha  errada 
para  condutora  de  tantas  almas,  o  defpertou 
do  lethargo,  em  que  jazia  pelo  eftrondo  de  hum 
bacamarte,  com  que  levemente  o  ferirão  em 
Setúbal,  e  pelas  afflicçoes  de  huma  infirmidade 
que  moleftando  o  corpo  foy  faudavel  medicina 
para  a  alma.    Naõ  podendo  refiftir  à  efficacia 
deftas    exhortaçoens    bufcou    com    refoluto 
animo  a  Fr.  Francifco  de  S.  Paulo  Provincial 
da  Religião  Seráfica  da  Província  dos  Algar- 
ves,  e  lhe  pedio  com  mais  lagrimas,  que  vozes 
quizeíTe  trocar  a  patente  de  Capitão  que  ti- 
nha, por  outra,  com  que  pudeíTe  conquiftar 
a  Bemaventurança.    A's  inftiancias  de  fupK- 
ca  taõ  jiiftificada  difirio  o  Provincial,  man- 
dando,  que   recebeíTe   o  habito  no  Conven- 
to de  Évora,  onde  foy  admitido  em  18.  de 
Mayo  de  1662.    Tanto  que  defpio  o  homem 
velho,  e  veftio  o  novo,  foy  tal  a  mudança, 
que  em  fi  mefmo  experimentou  que  fumma- 
mente  a  eftranhava,  como  elegantemente  o 


J 


LUSITANA. 


2.39 


tonificou  a  hum  feu  amigo  neílas  vozes  mé- 
tricas. 

I  '/Vo  /aÒ  outro  do  que  hey  fido 

Que  ou  o  que  Jou  tuil  ve:^es  def conheço, 
i  )u  quufi  Jempre  do  que  fuy  dwido. 
I      11  a  profiíTau  fulcmnc  na  Gafa  dos  oííos 

Ic  Ivui.i  a  19.  de  Mayo  de  1663.  eíludou  neftc 
<  onvcnto  Filorofía,  e  no  de  Coimbra  Theologia, 

cuja  faculdade  fe  applicou  com  mayor  diívelo 
por  for  o  feu  obje£lo  Deos,  a  quem  unicamente 
(iirigia  todas  as  fuás  acçoens.  Na  Pofitiva  fez 

randcs  progreíTos  por  lhe  haver  de  fervir  para 

^   fuás   evangélicas   declamaçoens   caufando 

aaò  pequena  admiração  aos  mayores  profef- 

I  fores  deha  Sagrada  fciencia  a  profunda  intelli- 

cncia  com  que  penetrava  os  myílerios  mais 
occultos  da  palavra  de  Dcos  efcrita,  c  a  felici- 
dade com  que  applicava  o  fcntido  Litteral,  Al- 
legorico.  Moral,  e  Anagogico  à  matéria  dos 
Icus  difcurfos.   Naõ  havia  virtude  heróica,  em 

Ke  fe  naõ  exercitaíTe  o  feu  fervorozo  efpirito ; 
icerava  o  corpo  com  afperas  difciplinas,  hor- 
eis  cilicios,  e  rígidas  abftinencias.  Fortale- 
lo  com  eftas  armas  fahio  a  campo  efte  apoílo- 
lico  Soldado  para  derrubar  as  maquinas  com 
que  o  demónio  tinha  avaíTalado  ao  feu  im- 
pério muitas  almas.  Por  todo  o  Reyno,  e 
grande  parte  de  Caílella  o  levou  o  ardente  zelo 
da  Salvação  do  próximo  difcorrendo  a  pé  fem 
algum  género  de  viatico  tanto  numero  de  le- 
goas  fendo  o  feu  mais  appetecido  alimento 
introduzir  nos  coraçoens  humanos  com  a  effi- 
cacia  dos  feus  brados  a  brevidade  da  vida,  a 
incerteza  da  morte,  o  rigor  do  Juizo,  os  tor- 
mentos do  Inferno,  e  as  delicias  da  Gloria. 
Como  as  fuás  vozes  eraõ  trovoens,  e  as  pala- 
^'ras  rayos,  naõ  havia  coração  obíUnado,  que 
ie  naõ  rendeííe  à  forte  vehemencia  do  feu  apof- 
tolico  efpirito  de  que  fe  feguio  a  innumeravel 
multidão  de  homens,  e  mulheres  que  refo- 
lutamente  deteftaraõ  os  vicios,  e  abraça- 
rão as  virtudes  convertendo  Cidades  intei- 
ras de  Babilónias  efcandalofas  em  Ninives 
arrependidas.  Ainda  fe  elevou  a  gráo  mais 
alto  o  feu  evangélico  ardor  inftituindo  em 
Varatojo  pouco  diílante  da  Villa  de  Tor- 
res Vedras  hum  Seminário,  de  que  tomou 
poíTe  em  6.  de  Mayo  de  1680.  para  nelle 
aíTiílirem  MiíTionarios  que  foíTem  herdeiros 
do  feu  efpirito  na  converfaõ  das  almas  a  o 


caminho  da  eternidade.  Entre  todas  as  virtu- 
des em  que  floreceo  a  que  mais  vigilantemente 
cultivava,  era  a  da  humildade,  defprezaodo 
todos  09  applaufos  que  lhe  refultavaò  das  Tuas 
Mí/Toens  atribuindo  tudo  a  Deos  como  Author 
de  taõ  admiráveis  tranfíormaçoens.  Efte  co- 
nhecimento da  fua  vileza  o  animou  para  reío- 
lutamente  regeitar  a  Mitra  de  Lamego  offere- 
cida  no  anno  de  1679.  P^^  Príncipe  Regente 
D.  Pedro,  que  com  grande  refpeito  o  venerava. 
Ainda  que  veyo  mais  tarde  que  outros  para  a 
cultura  da  feara  evangélica  como  fe  lhes  adian- 
tou no  trabalho,  era  jufto  que  também  rece- 
beíTe  com  mayor  anticipaçaõ  o  premio  que  foy 
lograr  na  eternidade  a  20.  de  Outubro  de  1682. 
em  que  piamente  efpirou  quãdo  contava  cin- 
coenta  e  hum  anno  e  três  mezes,  e  vinte 
dias  de  idade,  dos  quaes  viveo  na  Religião 
vinte  annos,  cinco  mezes,  e  dous  dias.  Divul- 
gada a  fua  morte  concorreo  todo  o  povo  de 
Torres  Vedras,  Trocifal,  e  outras  terras  vizi- 
nhas a  venerar  o  feu  cadáver  parecendo  pelo 
femblante  que  a  alma  de  que  fora  hofpi- 
cio  eftava  logrando  a  vifaõ  beatifica,  e  pa- 
ra teílemunho  da  fua  veneração  o  defpojáraõ 
dos  Cabellos,  Unhas,  e  grande  parte  do  ha- 
bito, cujos  fragmentos  obrarão  efeitos  fu- 
periores  às  forças  da  natureza,  e  fomente 
emanados  da  efficacia  da  graça  dos  quaes  fe 
fez  com  authoridade  do  Ordinário  proceíTo 
authentico  com  a  relação  individual  das  fuás 
virtudes,  e  profecias  à  inftancia  do  mefmo 
Príncipe  que  o  venerou  igualmente  na  vida 
que  na  morte.  Depois  de  lhe  cantarem  hum 
Ofíicio  folemne  os  Religiofos  Agoftinhos,  e 
Arrabidos  com  a  affiftencía  das  Peffoas  mais 
nobres  dos  Contornos  do  Convento  de  Vara- 
tojo, foy  fepultado  na  Cafa  do  Capitulo.  A  fua 
vida  efcreveo  diíFufamente  o  Padre  Manoel 
Godinho,  que  fe  imprimdo  a  i.  vez  no  anno 
de  1687.  e  a  2.  no  anno  de  1728.  in  4.  e  mais 
compendiofamente  Fr.  Femand.  da  Soled. 
Hift.  Seraf.  da  Prov.  de  Port.  Part.  3.  liv.  3. 
cap.  17.  até  20.  Cofta  Corog.  Portug.  Tom.  3. 
lív.  2.  Trat.  I.  cap.  i.  pag.  21.  Fonfeca  Bj^ora 
Glorio/,  pag.  349.  Fr.  Appolin.  da  Cone. 
na  Prim.  Seraf.  na  Americ.  cap.  17.  linm 
dos  mayores  Soldados  da  Seráfica  milicia  dos 
Menores,  e  novo  Conquifiador  do  Ceo.  Fr. 
Martinho    do    Amor    de    Deos    Cbronic.    da 


240 


BIBLIO THECA 


Protf.  de  Sant.  Anton.  Tom.  i.  liv.  i.  cap. 
i8.  §.  138.  Fr.  Joan.  a  D.  Ant.  in  Bih.  Yranc. 
Tom.  I.  pag.  122.  e  o  Padre  António  dos 
Reys  in  Enthiijiafm.  Voet.  n.  79. 

íií         Pedihus  lafciva  poemata  calcans, 
£/  pleãro   tneliore  Jonans    Vidigueyrius   Heros: 
Cingula  contorto  Jupplentur  fme,  cucullus 
Pro  galeâ  capiti  eji:  non   dulcia  carmina  fundi t 
I^ingua,  Jed  in  trifies  gemitus  rejoluta,  dolore 
Nec  contenta  Juo  planãti  facit  undique  valles 
Injonuijje  cavas:  plangor  repetitus  in  antris 
Ima  tenebroji  penetrat  palatia  Ditis, 
Et  Phlegetontaos  animarum  in  fada  futuros 
Carnifices  horrore  replet;   Kegemque  ne  fandum 
Compulit   in    rabiem,  fletumque   ut   você   caren- 

tem 
Illáfe  vidit,  qucB  tot  fuit  ante  lucratus 
Infua  regna  vir  os. 

Por  diligencia  de  alguns  amigos  do  V. 
Padre  fahiraõ  à  luz  as  obras  feguintes. 

Obras  efpirituaes  i.  Parte  Lisboa  por  Mi- 
guel Deflandes.   1684.  8. 

2.  Parte.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1687.  8.  e  Lisboa  pelo  mefmo  imprelTor 
1701.  4.  et  ibi  por  Fillippe  de  Soufa  Villela 
1715.  8. 

Faifcas  do  amor  divino,  e  lagrimas  da 
alma.  Lisboa  por  Domingos  Carneiro. 
1683.  8. 

O  Padre  noffo  commentado.  Lisboa  pe- 
lo dito  ImpreíTor  1688.  4. 

Efpelho  do  efpirito  em  que  deve  verfe,  e  com- 
porfe  a  alma,  que  quer  chegar  à  uniaõ  de  Deos. 
Lisboa  pelo  dito  Impref.  1683.  8. 

Efcola  da  penitencia,  e  flagello  dos  Peccado- 
res.  Lisboa  por  Miguel  Deflandes  1687.  4. 
Saõ  Sermoens. 

Sermoens  genvinos,  e  praticas  efpirituaes. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1690.  4. 

Cartas  efpirituaes  i.  Part.  com  notas  de 
D.  Joaõ  da  Sylva.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for  1684.  4. 

Cartas  efpirituaes  2.  Parte.  Lisboa  pelo 
mefmo  ImpreíTor  1687.  4. 

Somana  Santa  efpiritual,  ou  meditaçoens  pias 
para  qualquer  dia  delia.    Lisboa 

Kamilhete  efpiritual  compoflo  com  as  flores 
doutrinaes  em  do^e  Sermoens.  Lisboa  por  Jozé 
Manefcal.   1722.  4. 

Outras  muitas  obras  afceticas  do  V.  P. 


dedicadas  à  Raynha  D.  Luiza  Francifca  de 
Gufmaõ  fe  confervaõ  M.  S.  na  Livraria  do 
Convento  do  Monte  Olivete  de  Eremitas 
Agoílinhos  Defcalços  íituado  nos  arrabal- 
des de  Lisboa  entre  as  quaes  eílá  defcripto  em 
verfo  heróico  o  Martyrio  de  Santa  Iria. 

No  eftado  de  Secular  exercitou  com  tanta 
fuavidade,  e  elegância  a  Poefia  heróica,  e 
Lyrica  que  foy  venerado  por  famofo  profef- 
for  deíla  Arte  compondo  huma  copiofa  mul- 
tidão de  verfos  a  diverfos  aíTumptos  dos  quaes 
fahiraõ  impreíTos  muitos  no  Tom.  5.  da  Veni:^^ 
renacida.  Lisboa  por  António  Pedrofo  Gal- 
raõ  1728.  in  8.  defde  pag.  72.  até  136. 

DefcripçaÕ  da  vitoria,  que  alcançarão  em  14. 
de  Janeiro  de  1659.  os  Portuguet^es  na  Campanha 
de  Elvas  das  Armas  Cafielhanas  M.  S.  Coníla 
de  49.  Outavas. 

Eilis,  e  Demofonte  Poema  heróico,  que 
confta  de  12.  cantos,  e  grande  numero  de 
Romances  profanos  que  por  ferem  eftas  obras 
oíTeníivas  dos  ouvidos  caílos  prometia  o  V. 
Padre  a  quem  lhas  deíTe  para  as  reduzir  a  cinzas 
jejuar,  ou  difciplinarfe  hum  anno  por  fua 
tençaõ. 

Quatro  elegias  em  Tercetos  Portugueses  a  diver- 
fos ajfumptos  com  huma  devoção  para  fe  re^ar  todos 
os  dias.  Sahiraõ  impreíTos  no  íím  da  vida  do 
V.  Padre  reimpreíTa,  Lisboa  por  Miguel 
Rodriguez.  1728.  4. 

Fr.  ANTÓNIO  DAS  CHAGAS  ReUgiofo 
profeíTo  da  Ordem  dos  Menores  da  Provincia 
da  Immaculada  Conceição  do  Rio  de  Janeiro,  e 
Procurador  Geral  da  mefma  Provincia,  Pu- 
blicou. 

Efiatutos  Municipaes  da  Provinda  da  Imma- 
culada Conceição  do  Brafil.  Lisboa  por  Jozé 
Lopes  Ferreira  171 7.  foi. 

ANTÓNIO  DE  CHRISTO  natural  de  Lis- 
boa, e  íilho  de  Manoel  Nunes,  e  Luiza  Ferreira. 
Recebeo  o  habito  Canónico  Secular  da  Congre- 
gação do  Evangelifta  em  o  Convento  de  Villar 
de  Frades  a  18.  de  Junho  de  1695.  Foy  muito 
obfervante  do  feu  Initituto,  e  naõ  menos  ver- 
fado  na  Hiíloria  Romana,  que  no  eíhido  dos 
Cômputos  EcclefiaíHcos  deixando  por  teíle- 
munhas  da  fua  applicaçaõ. 

Vidas    dos    Confules    Romanos    4.    M.  S. 


L  USITANA. 


241 


OrJo  perpetinis  ad  conficienda  KaUnduria. 
foi.  Aí.  S. 

Ambos  eíles  livros  fe  coníervaô  na  Livraria 
do  G)nvento  de  S.  Bento  de  Enxobregas,  onde 
acabou  a  vida  em  2).  de  Setembro  de  173). 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTA  CLARA. 

Naceo  em  Lisboa  a  12.  de  Agofto  de  1676. 
e  foy  filho  de  Luiz  de  Góes,  e  de  Joanna  Ta- 
vares. Tendo  já  aprendido  a  lingua  Latina, 
e  Humanidades  recebeo  o  habito  de  Agoílinho 
Dcfcalço  cm  o  Convento  de  Monte  Olivctc 
lituado  cm  o  fuburbio  de  Lisboa  a  14.  de  Abril 

Ic  1692.  e  profeíTou  a  16.  do  dito  mcz  do  anno 
ii  iMiintc.    Foy  Lente  de  Artes,  e  de  Thcolo- 

•i.i  cm  cuja  faculdade  jubilou.  Como  era  or- 
:ukIo  de  prudente  aHabilidade  exercitou  os 
lu;',  ires  de  Prior  dos  Conventos  de  Santarém, 
c  Monte  Olivctc,  c  ultimamente  o  de  Vi- 
i^ario  Geral  por  cfpaço  de  quatro  annos. 
Algumas  dependências  particulares  o  le- 
varão a  Roma  onde  pelo  feu  talento  con- 
ciliou os  afFedos  dos  Summos  Pontífi- 
ces Clemente  XI.  e  Innoccncio  XIII.  in- 
tentando premiar  os  feus  merecimentos 
com  hum  Bifpado,  porem  as  controver- 
iias  excitadas  entre  a  Cúria,  e  eíla  Coroa 
impedirão,  que  lograíTe  taõ  grande  Digni- 
dade, e  fendo  obrigado  a  auzentar-fe  de  Roma 
attendendo  mais  ao  preceito  do  feu  Soberano, 
que  à  exaltação  da  fua  Peflba  paííou  a  Gé- 
nova, donde  partio  para  Hefpanha,  e  aíTif- 
tindo  no  Convento  de  Noíía  Senhora  do 
Populo  de  Agoftinhos  Calçados  da  Cidade 
de  Sevilha  enfermou  de  huma  incurável  hy- 
dropezia  que  o  privou  da  vida  em  o  anno 
de  1730.  Naõ  fomente  era  douto  na  Theo- 
logia  Efcolaftica,  mas  em  a  Hifloria  Eccle- 
íiaílica,  e  Direito  Pontifício,  como  moílrou 
na  obra  feguinte 

Keflexoens  fobre  o  Juramento,  que  Jokm- 
nemente  fe  fev^  no  Keal  Convento  de  S.  Cru^ 
de  Coimbra  dos  Cónegos  Kegulares  de  Santo 
Agojlinho  em  8.  de  Abril  de  1720.  prometendo 
defender  a  Bulia  Unigenitus  expedida  pela 
Santidade  de  Clemente  XI.  em  Portugue^,  e  Ita- 
liano. Roma  por  António  RoíTi.  1721.  4. 
Traduzio  de  Italiano  em  Portuguez. 

Sermoens      do      Santijftmo      Padre      Bene- 
djão    XIII.     oferecidos    à    Magejiade    Augura 


delRey  D.  JoaÕ  o  V.  N.  S.  foi.  cuja  obra  remeteo 
ao  Padre  Mcftre  Fr.  Eíbdo  da  Trindade  Secre- 
uri<i  Cicral  dos  AgoíUnhos  Deícalçot  neíle 
Reyno. 

ANTÓNIO  COELHO  profeflbr  de  Direito 
Qvil  na  Univerfidade  de  Coimbra.  As  obtat, 
que  neíla  faculdade  compoz  poílo  que  naõ  lo- 
graííem  a  luz  publica,  e  fe  confervam  Aí.  S.  fa- 
zem delias  diílinék  memoria  o  D.  Manoel 
Barbofa  no  Cathalogo  dos  Authores  impreíTo 
ao  principio  dos  Commentarios  do  liv.  4.  e  ). 
das  Ordcnaçoens  do  Reyno,  e  feu  filho  Agof- 
tinho  Barbofa  no  principio  do  i.  Tom.  ifl 
Decretai.  Seguindo  a  eftes  dous  graves  Efcri- 
tores  naõ  he  judo,  que  privemos  eíla  Biblio- 
theca  do  nome  deíle  Author,  do  qual  taòbem 
faz  mençaõ  Joaõ  Soares  de  Brito  in  Theaír. 
Ijifit.  Utter.  lit.  A.  n.  60. 

ANTÓNIO   COELHO   DE  FREYTAS 

natural  de  Coimbra  onde  foy  bautizado  na 
Parochia  de  S,  Pedro.  Eftudou  na  fua  pátria 
Direito  Pontifício  em  que  recebeo  o  gráo  de 
Bacharel,  e  foy  provido  pela  Univerfidade, 
de  cuja  apprezentaçaõ  he,  em  Reytor,  e  Capel- 
laõ  da  Igreja  de  S.  Salvador  de  Mathofinhos 
fítuada  nos  fuburbios  da  Cidade  do  Porto 
em  que  affiílio  pelo  efpaço  de  54.  annos,  até 
que  morreo  a  24.  de  Dezembro  de  1736.  e  nella 
jaz  fepultado.    Efcreveo. 

Tratado  da  Veneranda,  e  prodigiofa  Ima- 
gem do  Senhor  de  Bouças  de  Mathofinhos,  em  que 
fe  contem  o  manifefto  da  ProciffaÕ  jolemne  em  que 
foy  levada  à  Cidade  do  Porto  pela  necejfidade 
das  doenças  em  2.  de  Abril  de  1696.  Coimbra 
por  Jozé  Ferreira  Impreííor  da  Univerfidade, 
e  do  Santo  Officio.  1699.  8. 

ANTÓNIO  COELHO  GASCO  na- 
tural de  Lisboa,  filho  de  Gafpar  Coelho 
Gafco,  Cavalleiro  profeflb  da  Ordem  de 
Chriílo,  Criado  da  Cafa  Real,  e  Juiz  dos 
Orfaõs  em  Lisboa.  Igualmente  foy  illuílre 
por  geração,  que  pelo  eíhido  da  Jurifpru- 
dencia  de  que  deu  claros  argumentos  da  fua 
natural  viveza  na  Univerfidade  de  Coim- 
bra. Depois  de  ter  com  fumma  inteireza 
adminiílrado  alguns  lugares  no  Reyno  na- 
vegou para  o  Maranhão  a  fer  Auditor  Ge- 


242 


B IB  LIO  THE  C  A 


ral  no  Graõ  Pará  cujo  minifterio  ao  tempo 
que  o  exercitava  com  prudência,  e  juftiça 
fendo  digno  de  mayor  duração  o  naõ  aca- 
bou impedido  pela  morte  no  anno  de 
1666.  Foy  naturalmente  inclinado  ao  Eftu- 
do  da  genealogia  naõ  podendo  divirtillo 
defta  applicaçaõ  as  continuas  occupaçoens 
dos  lugares  jurídicos,  que  adminiílrou, 
antes  parece  impoílivel  que  efcreveííe  tantos 
livros  Genealógicos  quem  confumia  a  ma- 
yor parte  do  tempo  no  exercício  de  outra 
faculdade  totalmente  oppofta  a  efta  de  que 
deixou  tantos  argumentos  da  fua  erudição 
hiftorica,  pela  qual  o  louvaõ  Franckenau 
in  Bib.  Hifp.  Hift.  Gen.  Herald,  pag.  34.  e  o 
Padre  D.  António  Caetano  de  Souf.  no  Appar. 
à  Hijl.  Gen.  da  Gafa  Real  Vortug.  pag.  56.  n. 
32.  Quando  partio  para  o  Maranhão  deixou 
em  poder  de  hum  feu  particular  amigo  as 
obras  feguintes  efcritas  pela  fua  maõ. 

Primeira,  e  Segunda  Parte  da  Nobreza  de 
Efpanha  em  que  fe  contem  a  origem,  e  dejcenden- 
cia  dos  Reys  de  Portugal,  e  os  Títulos,  e  Fidalgos 
delle.  foi. 

Terceira,  e  Quarta  Parte  de  L,eaÕ,  Galli^a,  e 
Cantábria,  foi.  Defta  obra  faz  mençaõ  Gandara 
Nobiliar.  de  Gali:^.  liv.  2.  cap.  12.  foi.  173. 

Qiiinta,  e  Sexta  Parte  do  Rejno  de  Gaftella, 
Sétima,  e  Oitava  Parte  dos  Rejnos  de  Aragaõ, 
e  Navarra,  foi. 
Além  deitas  compoz. 

GlariJJima,  e  nobilijfima  arvore  da  Illujirijftma 
Gafa  dos  Gondes  de  'Linhares.  4.  M.  S.  Confervafe 
efte  livro  na  vaíliírima  Livraria  do  Excellen- 
tiíTimo  Conde  da  Ericeira,  e  parece  fer  original. 
Chega  até  D.  Fernando  de  Noronha  3.  Conde 
de  Linhares,  que  faleceo  a  3.  de  Março  de 
1609.  No  fim  tem  huma  defcripçaõ  da  Villa 
de  Linhares,  e  huma  breve  noticia  das  princi- 
paes  famílias  delia. 

Primeira  parte  das  Antiguidades  da  mui 
nobre  Gidade  de  Lisboa  Empório  do  mun- 
do, e  Princesa  do  mar  Occeano.  Coníla  de 
87.  Capítulos.  Acaba  o  ultimo  com  a  vida 
do  Cardeal  D.  Aífonfo,  e  dos  Arcebifpos 
de  Lisboa  feus  fuceíTores  até  D.  Aífon- 
fo Furtado  de  Mendoça.  Efte  livro  tive 
em  meu  poder,  e  delle  como  do  Author 
fe  lembra  Luiz  Marinho  de  Azevedo  nas 
Antig.   de  Lisboa,   liv.    3.    cap.    6.    e   o   mo- 


derno Addicionador  da  Bib.  Geograf.  de  Antó- 
nio de  Leaõ  Tom.  3.  col.  1725. 

Antiguidades  de  Braga  M.  S.  4. 

Gonquijla,  e  Antiguidades  de  Goimbra  4. 

P.  ANTÓNIO  COLLASSO  natural 
da  Villa  da  Vidigueira  na  Província  do  Alen- 
tejo. Tendo  18.  annos  de  idade  entrou  na 
Companhia  de  JESUS  a  16.  de  Novembro 
de  1586.  no  Collegio  de  Évora,  onde  fe  inf- 
truio  naquellas  fciencias  próprias  do  Eftado 
regular.  Notável  foy  a  charidade,  e  ardentif- 
fimo  o  zelo,  com  que  preferindo  a  faude  até 
à  própria  vida  aíTiftio  com  incanfavel  difvelo 
aos  feridos  da  peíle,  que  devaftava  a  Cidade  de 
Évora  permitindo  Deos  que  em  premio  de 
taõ  heróico  exercício  nunca  contrahiíTe  o 
contagio.  Por  muitos  annos  aífiílio  na  Corte 
de  Madrid  como  Procurador  da  Província  de 
Portugal,  e  das  Ultramarinas,  cujo  lugar  admi- 
niftrou  com  geral  eítimaçaõ  até  a  fua  morte 
que  fuccedeo  naquella  Corte  a  29.  de  Novem- 
bro de  1647.  O  feu  nome  he  celebrado  por 
Nic.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  86. 
Sotuello  in  Bib.  Societ.  pag.  69.  Franco  na 
Imag.  da  Virtud.  do  Nov.  de  Evor.  pag.  859. 
e  no  Synop.  Annal.  S.  J.  in  Lujit.  pag.  295. 
Fonfec.  Evor.  Glorio/,  pag.  425.  Joan.  Soar. 
de  Brit.  in  Theatr.  Lujit.  Litter.  lit.  A.  n.  61. 
Traduzio  de  Portuguez  do  Padre  Fernaõ 
Guerreiro  em  Caítelhano. 

Relacion  annal  de  las  cofas,  que  han  hecho 
los  Padres  de  la  Gompania  de  JESUS  en  la  índia 
Oriental  j  Japon  en  los  anos  de  600.  j  601.  j 
dei  progrejo  de  la  converjion  y  Ghrijliandad  de 
aquellas  partes.  Valladolid  por  Luiz  Sanches. 
1604.  4. 

Vida  dei  Padre  Gonçalo  da  Sylveira.  M.  S.  4. 

Relacion  fuccinta  de  la  Vida,y  muerte  de  três 
Santos  Martyres  Paulo,  Joan,  y  Diego  Japonês 
de  la  Gompania  de  JESUS.  Aí.  S.  4. 

Apologia  oferecida  aos  Inquijidores  de 
Gajiella  em  defenja  da  opinião  do  P.  EJievaÕ 
Fagundes,  acerca  de  fe  poderem  comer  ovos  na 
Ouarefma.  Efta  obra  he  louvada  pelo  mefmo 
Fagundes  in  Tra£t.  Apologético  de  efu  ovorum 
cap.  9. 

Hijloria,  y  Anal  relacion  de  las  cofas, 
que  hit(ieron  los  Padres  de  la  Gompania  de 
JESUS  por    las  partes    dei    Oriente  y    o  trás 


i 


LUSITANA. 


243 


en  la  propagacion  dei  Santo  Evattfflio  los  aiios  paf' 
((idos  de  6oj.y  608.  í^e.  Madrid  cn  la  Imprcnta 
Real.  1614.  4.  Eíla  traducçaô  atribue  Sotuello 
na  Bih.  da  Companb.  ao  Padre  António  ColaT- 
fo  com  manifeílo  erro  pois  no  frontifpicio 
fc  lè  fer  feita  pelo  Doutor  Chriílovaô  Soares 
de  i-igueiroa  que  a  tradufio  do  P.  Femaõ 
Guerreiro  em  Caftelhano,  cuja  equívocaçaõ 
fciHiiraõ  D.  Nic.  Ant.  na  Nb,  Hi/p.  e  o  P. 
António  Franco  na  Iwag.  da  Virt.  no  Noviciad. 
de  Evor.  no  lugar  aíTima  allegado. 

V.  Fr.  ANTÓNIO  DA  CONCEIÇAM. 
Nacco  na  celebre  Villa  de  Santarém  no  anno 
lie  1549.  fendo  filho  de  SebaíUaõ  Rodrigues, 
c  Maria  Paes.  Na  idade  juvenil  recebeo  o 
Habito  da  Religião  da  SantiíTima  Trindade, 
no  Convento  da  fua  pátria  a  31.  de  Dezembro 
tUà^  1567-  c  logo  em  o  Noviciado  deo  claros  li- 
l^kis  de  fer  grande  ornato  naõ  fomente  da  fua 
I^Htttia,  mas  de  toda  a  Ordem  Trinitaria.  A  fe- 
l^pera  obfervancia  dos  Eílatutos  que  pradlicava 
'  era  cftimulo  para  os  Noviços,  e  confufaõ  para 
os  proveélos  naõ  fendo  menor  o  progreíTo 
quando  no  feu  Collegio  de  Coimbra  aprendeo 
as  fciencias  efcolafticas.  As  virtudes,  que  nelle 
brilhavaõ  com  tanto  exceíTo  moverão  ao  Car- 
deal D.  Henrique  Succeííor  na  Coroa  Portu- 
gueza  pela  infeliz  perda  delRey  D.  Sebaftiaõ 
nos  Campos  Africanos  para  que  em  compa- 
nhia do  Ven.  Fr.  Ignacio  Tavares  illuftre  filho 
da  Religião  Trinitaria  o  mandaíTe  a  Marrocos 
a  refgatar  da  dura  oppreílaõ,  e  tyrania  dos  Mou- 
ros aos  Portuguezes  que  naquella  infaufta  ba- 
talha ficarão  cativos.  Naõ  he  fácil  de  expUcar 
a  alegria,  que  concebeo  o  feu  coração  quan- 
do fe  confiderou  deílinado  para  huma  em- 
preza  em  que  tanto  havia  de  refplandecer 
o  ardor  da  fua  caridade.  Logo  que  chegou 
a  Marrocos  eraõ  o  feu  frequente  domicilio 
as  mafmorras  onde  confolava  os  afflitos, 
confeíTava  os  penitentes,  confortava  os  mo- 
ribundos, e  fepultava  aos  mortos  fendo  im- 
po íTivel  de  redufir  a  numero  quantos  bárba- 
ros condufio  ao  conhecimento  do  verda- 
deiro Deos,  quantos  defertores  da  noíTa  Re- 
ligião allumiou  para  que  arrependidos  nova- 
mente a  abraçaííem,  quantos  meninos,  e 
mulheres  próximos  à  vacillar  na  fé  corro- 
borou   na    fua   primitiva    crença,    tolerando 


com  invi&a,  paciência  por  eftes  heróicos 
trabalhos,  opprobíos,  c  moIeíUas  até  ofTere- 
cer  a  vida,  cuja  oblação  foy  taô  grata  á  Di- 
vina Magedade,  que  permitío  que  lha  facri- 
íicaíTe  em  feu  obfequío,  pois  fuccedendo 
pilatar-fe  o  dinheiro  que  prometera  pelo  ref- 
gate,  irritados  os  bart>aros  delia  demora  que 
julgavaõ  fer  afíeâada,  o  lançarão  em  hum 
tenebrofo  cárcere,  onde  opprimido  de  peza- 
dos  grilhoens,  e  atenuado  com  a  fome,  e 
fede  voou  o  feu  efpiríto  a  lograr  o  premia 
da  fua  fervorofa  caridade  a  20.  de  Mayo  de 
1)89.  As  virtuofas  acçoens  defte  Varaô  in- 
figne  dignas  de  eílarem  efcritas  em  hum 
largo  volume,  as  tratara  õbrevemente  Altuna 
na  Chron.  geral  da  Ordem  liv.  2.  cap.  7.  p.  287. 
Figueir.  Chron.  da  Ord.  p.  408.  Fr.  Bemardin. 
á  D.  Ant.  in  Hpit.  Kedempt.  lib.  2.  cap.  9.  §.  2. 
Oforio  Pancarp.  de  Var.  llluft.  lib.  3.  foi.  132. 
Fr.  Joan.  Fel.  Jfagog.  ad  haud.  Princip.  p.  170. 
à  n.  31.  Mend.  Jomad.  de  Afric.  lib.  3.  cap.  2. 
et  14.  Cardof.  Agiol.  L^Jit.  Tom.  3.  p.  328.  e 
no  Cõment.  de  20.  de  Mayo  letr.  B.  Corrêa 
na  Fama  pofthum.  pag.  9.  Vafconcel.  Hift. 
de  Santarém  Part.  2.  lib.  2.  cap.  28.  Efcreveo, 
e  dedicou  ao  Cardeal  Alberto  Archiduquc 
de  Auílria,  e  Governador  deíle  Reyno. 

Triíimfo  dos  fete  meninos  martyri:(ados  em 
Marrocos  no  anno  de  1585.  aos  quaes  elle  redufio 
á  Fè,  de  que  tinhaõ  apojlatado,  e  confortou  para 
animofamente  padecerem  a  morte.    M.  S. 

A  eíla  relação  diz  Jeronymo  de  Men- 
doça  na  Jornada  de  Africa,  lib.  3.  cap.  15. 
pag.  1 84.  a  quem  com  tanta  rav^aiÕ  fe  pode  dar 
inteiro  credito. 

Tratado  do  miferavel  ejlado  da  efcravidaõ, 
que  padecem  os  Chriflãos  no  poder  dos  Mouros 
mofirando  nelle  a  rara  paciência  com  que  fe  portou 
nos  trabalhos  para  que  fe  hajaõ  feus  Irmãos  com 
a  mefma  em  femelhantes  tragedias.  M.  S. 

V.  P.  ANTÓNIO  DA  CONCEIÇAM 
teve  por  Pátria  a  ViUa  do  Pombal  da  Dio- 
cefe  de  Coimbra,  e  por  Pays  Jorge  Borges 
da  Cunha,  e  Lucrécia  Leytoa  ambos  igual- 
mente illuftres  no  fangue,  e  piedade.  Na 
primeira  infância  fe  começarão  a  admirar 
nas  fuás  acçoens  evidentes  provas  de  boa  in- 
clinação, e  fuave  Índole  com  que  o  Ceo  o 
deílinava  para  exemplar  de  virtudes  religio- 


244 


BIBLIO THE  CA 


fas.  A  fublime  capacidade  que  tinha  para 
as  fciencias  o  habilitou  para  que  na  Univeríi- 
dade  de  Coimbra  eftudando  Direito  Canónico 
recebeíTe  com  geral  approvaçaõ  dos  Meftres, 
que  nelle  juntamente  admira vaõ  viveza  de 
engenho,  e  innocencia  de  coftumes,  o  grào  de 
Bacharel  neíla  faculdade.  Como  fempre  anhe- 
lava  crecer  mais  nas  virtudes,  que  nas  letras,  fe 
naõ  deixou  atrahir  da  vangloria,  que  deftas 
nace  para  appetecer  dignidades,  antes  rece- 
bendo ordens  de  Presbytero  para  fer  domeftico 
da  Cafa  de  Deos  começou  a  acender-fe  em  mais 
ardentes  dezejos,  e  elevar-fe  em  mais  altos  pen- 
famentos  da  perfeição  Evangélica  donde 
procedeo  a  heróica  refoluçaõ  de  tomar  o  Ha- 
bito Canónico  da  Cõgregaçaõ  do  Evangelifta 
em  o  Convento  de  Évora  no  anno  de  1550. 
quando  contava  28.  de  idade.  Nefta  Sagrada 
Efcola  luíiraõ  com  mayor  intenção  as  fuás 
iníignes  acçoens  fendo  todo  o  feu  difvello  a 
exa£ta  obfervancia  dos  eílatutos,  o  familiar 
comercio  com  Deos;  a  continua  meditação 
das  celeíliaes  delicias,  a  rigorofa  feveridade 
com  que  mortificava  o  corpo,  a  paternal  comi- 
feraçaõ  com  que  focorria  aos  pobres,  e  o  ar- 
dente aíFefto  com  que  confolava  aos  aflidtos. 
Por  eílas  fingulares  virtudes,  com  que  fe  fazia 
eftimavel  na  prefença  divina,  naõ  era  muito 
que  conciliaíTe  o  refpeito,  e  veneração  das  pri- 
meiras peíToas  de  ambas  as  Jerarchias  como 
eraõ  as  Mageftades  de  D.  Joaõ  o  III.  D.  Catha- 
rina,  e  D.  Sebaíliaõ;  os  Cardeaes  D.  Henri- 
que, e  Alberto  Governador  deíle  Reyno ;  os  Se- 
reniíTimos  Duques  de  Bragança  D.  Joaõ,  e  D. 
Theodofio,  os  Arcebifpos  de  Lisboa,  e  Évora 
D.  Miguel  de  Caílro,  e  D.  Theotonio  de  Bra- 
gança, o  Ven.  Fr.  Luiz  de  Granada,  e  outros 
muitos  de  cujas  conciencias  era  fabio  direftor,  e 
prudente  confelheiro  conhecendo  todos  que 
a  fua  fciencia  era  fuperiormente  iUuílrada  por 
lhe  ferem  patentes  os  fegredos  mais  recônditos 
do  coração,  e  ferem  infalliveis  os  fucceflbs, 
que  vaticinava  o  feu  illuílrado  entendimento. 
Correfpondeo  o  fim  da  vida  ao  fanftifica- 
do  progreíTo  delia  pois  fendo  acommetido  de 
huma  febre  que  fe  fazia  mais  intenfa  pela 
acerbidade  das  dores  pronoílicada  a  ultima 
hora,  e  vendo  fer  chegada  repetindo  as  mef- 
mas  palavras  com  que  o  Redemptor  do 
mundo  agonizou  na  Cruz  lhe  entregou  pla- 


cidamente  o  efpirito  para  fer  coroado  na  eter- 
nidade gloriofa  a  11.  de  Mayo  de  1602.  (e  naõ 
a  12.  como  efcreve  Jorge  Cardofo)  faltando-lhe 
hum  dia  único  para  perfeitamente  fechar  o 
circulo  de  82.  annos.  Tanto  que  fe  divulgou 
a  funeíla  noticia  da  fua  morte  concorreo  ao 
magnifico  Convento  de  S.  Joaõ  de  Xabregas 
que  elle  edificara  mais  com  focorros  divinos, 
que  humanos,  para  venerar  o  feu  cadáver  huma 
infinita  multidão  do  povo  clamando  que  era 
morto  o  Santo,  permitindo  o  Ceo,  que  em  tefte- 
munho  deíla  aclamação  obraíTe  eftupendos  mi- 
lagres, dos  quaes  com  permiíTaõ  da  Sagrada 
Congregação  dos  Ritos  fe  lhe  fizeraõ  os 
proceíTos  em  11.  de  Fevereiro  de  1690.  pa- 
ra a  fua  Beatificação  a  qual  tem  fuplicado 
com  inftantes  rogos  ao  fummo  Paílor  os  Mo- 
narchas,  Prelados,  Cabidos,  e  Univerfidades 
defte  Reyno  efperando  dar-lhe  o  culto  mani- 
feílo  que  muitos  particularmente  lhe  dedicaõ. 
Quem  quizer  inílruir-fe  em  a  noticia  mais 
dilfufa  das  virtudes  deíle  grande  fervo  de  Deos 
pode  ler  a  fua  vida  efcrita  em  hum  volume 
por  Fr.  Luiz  de  Mertola  da  Ordem  do  Carmo, 
e  em  outro  pelo  P.  Francifco  de  Santa  Maria, 
intitulado  Jacinto  Portug.  e  na  Chron.  dos  Coneg. 
Sectil.  do  Uvangel.  liv.  4.  do  cap.  35.  até  54 
Thomaf.  in  Annal.  Congreg.  S.  Georgij  in  A.lga. 
p.  705.  Cardof.  Agiolog.  'L.ujit.  tom.  3.  pag. 
208.  e  no  Cõment.  de  12.  de  Mayo  letr.  H. 
Fr.  Agoíl.  de  Santa  Mar.  na  Vid.  da  Ven. 
Bri^id.  de  Santo  António  lib.  i.  cap.  7.  e  Joan. 
Soar.  de  Brito  in  Theatr.  l^ujit.  L,iter.  lit.  A. 
n.  62.    Deíle  Ven.  Padre  fahiraõ 

Ouator;(e  cartas  efpirituaes  ejcritas  a  di- 
verfas  pejjoas;  impreíTas  na  fua  vida  com- 
poíla  por  Fr.  Luiz  de  Mertola  defde  pag. 
91.  atè  115.  e  no  Jacinto  Portuguet^  por  Fran- 
cifco de  Santa  Maria  que  trás  mais  huma 
além  das  quatorze  defde  pag.  134.  até  172. 
Três  delias  fahiraõ  impreíTas  na  Vid.  da  Ven. 
M.  Sor  Bri^ida  de  Santo  António  efcrita  por 
Fr.  Agoílinho  de  Santa  Maria  pag.  37.  38. 
e  43.  e  duas  no  Tom.  3.  do  yigiol.  'L.ujit. 
pag.  876. 

Protejiaçaõ  da  Fè  Catholica.  Lisboa  por 
Domingos  Carneiro.  1689.  12.  e  no  Jacinto 
Portíigue:^  aíTima  allegado  pag.  117. 

Doutrina  efpiritual  dirigida  a  V.  Aíí 
Brizida    de     Santo    António     Religiofa     àé 


LUSITANA. 


245 


Santa  Brizida  no  G^nvento  de  Marvilla  íua 
GínfcíTada.   Começava. 

A  verdadeira,  t  principal  Santidade.    Acaba. 

Deleites,  e  refrigério  de  h/piri  to:  Glorias  a 
Dtos.  G)m  eílas  duas  palavras  íempre  acabava 
tudo  quanto  cfcrevia,  a  qual  obra,  que  com- 
prclicncliii  8.  folhas  de  papel,  vio  o  P.  Franciíco 
{|:i  Ou/,  como  affirma  nas  Memorias  para  a 
bibliothcca  Portnffiet(a  M.  S, 

V.   F.   ANTÓNIO   DA   CONCEYÇAM 

fcmclhantc  cm  o  nome,  c  na  virtude  aos  dous 
precedentes,  naceo  em  Lisboa  em  8.  de  Dezem- 
bro de  1579.  e  em  obfequio  do  dia  do  imma- 
culado  Millerio  em  que  nacera,  lho  deraõ  por 
appellido  feus  Pays  António  Dias  de  Carva- 
lho, c  Catherina  Dias  taõ  abundantes  dos  dotes 
da  Graça  como  faltos  dos  bens  da  fortuna. 
Aprendco  a  lingua  Latina,  e  a  arte  da  Mufica 
nos  primeiros  annos,  e  como  a  natureza  o 
dotara  de  fumma  agilidade  com  que  regulava 
os  movimentos,  e  paíTagens  da  fuave  voz  com 
ue  cantava,  foy  admitido  para  cantar  na 
peila  Real  onde  era  igualmente  eíUma- 
pela  deílreza  delia  arte,  como  pela  in- 
nocencia  da  vida.  Refoluto  a  dedicarfe  a 
Deos  no  eftado  Religiofo  para  que  preza 
a  liberdade  com  os  votos  voaíTe  mais  livre- 
mente o  efpirito,  entrou  na  illuílre  Ordem 
da  SantiíTima  Trindade  a  27.  de  Julho  de 
1594.  quando  ainda  naõ  tinha  completos 
quinze  annos,  e  começou  a  exercitar  em  o 
Noviciado  com  tanto  fervor  as  virtudes,  que 
feu  Meftre  Fr.  Matheus  da  Efperança  varaõ 
de  inculpável  vida  o  propunha  por  exemplar 
aos  outros  Noviços.  Depois  de  profeíTo 
continuou  com  mayor  exceflb  a  exercitarfe 
na  humildade  profunda,  Oraçaõ  continua, 
e  mortificação  perpetua  de  todos  os  fenti- 
dos,  de  tal  forte,  que  temerofo  de  cahir  no 
precipicio  da  vangloria  fupplicou  a  Deos, 
que  lhe  mudaíTe  a  vóz,  cuja  fonora  melodia, 
e  armonica  confonancia  era  fuave  atraéti- 
vo  de  toda  a  Corte,  que  concorria  ao  Con- 
vento de  Lisboa  a  ouvillo,  e  promptamente 
recebeo  o  defpacho  da  fua  fupplica  traf- 
formando-fe  de  tal  forte  que  ainda  quando 
fallava,  dificilmente  fe  percebia.  Ordenado 
de  Sacerdote  paíTou  a  inflruirfe  nas  fcien- 
cias,  o  que  era  Meílre  de  virtudes,  e  no  Con- 


É 


vento  de  Santarém,  ouvio  Filorofía,  e  Theo- 
logia,  porém  querendo  praâicar  a  Myílica,. 
com  faculdade  dos  Superiores  fe  retirou  paca 
o  Convento  de  Cintra  onde  fazia  vida  mais 
Angélica,  que  humana.  Deíla  amável  folidaò 
foy  chamado  a  inílruir  os  Noviços  em  Lisboa, 
onde  com  a  cultura  de  taõ  pio  agricultor 
frutificarão  copiofamente  aquellas  novas  plan- 
tas para  benefício  da  Religião,  até  que  [míTou 
a  Lagos  a  fer  Confeííor  de  Joaõ  Furtado  de 
Mendoça  Governador  do  Algarve,  miniAerío„ 
que  eílimou  naÔ  fomente  por  ter  occafíaõ  de 
obedecer,  como  de  fe  retirar  da  Corte,  e  pare- 
cendolhe  que  ainda  perigava  a  perfeição  reii- 
giofa  com  o  comercio  da  gente,  fe  retirou  com 
alguns  Sequazes  do  feu  efpirito  para  o  Con- 
vento da  Louza  diftante  duas  legoas  da. 
Torre  de  Moncorvo  na  Provinda  Trafmon- 
tana  fituado  em  tal  eminência  que  eftá  mais 
vizinho  do  Ceo,  que  da  terra.  Nefte  retiro 
pradlicou  as  penitencias  mais  aufteras  donde  foy 
chamado  para  a  Corte  a  inílruir  com  as  fuás 
afceticas  doutrinas  a  muitas  almas  ambiciofas 
do  progreflb  das  virtudes,  onde  fe  fez  mais 
conhecida  a  fantidade  da  fua  vida  pelo  efpirito 
profético,  e  poder  miraculofo  em  que  foy  emi- 
nente. Na  hora  que  tinha  predito  paíTou  a  fua 
alma  a  coroar-fe  no  Empirio  a  22.  de  Julho  de 
1655.  Ao  feu  cadáver,  que  exhalava  fuavif- 
fimo  cheiro,  concorreo  toda  a  Cidade,  e  com 
piedofa  violência  o  defpojáraõ  dos  cabellos,  e 
veíUdos,  e  paíTára  a  mayor  exceflb  a  fua  ardente 
devaçaõ  fe  naõ  fora  brevemente  entregue  à 
fepultura.  Dedicoulhe  fumptuofas  exéquias 
aíTiftidas  das  peflbas  principaes  de  toda  a 
Corte  a  Excellentiflima  Condefla  de  Serem 
fua  Confeflada.  O  M.  Fr.  António  Corrêa 
Religiofo  da  fua  Ordem  lhe  compoz  a  vida, 
intitulada  Fama  pojlhuma  do  V.  Padre  Fr.  An- 
tónio da  Conceição  imprefla  Lisboa  por  Henri- 
que Valente  de  Oliveira  1658.  4.  na  qual  eftaõ 

Do^e  Cartas  do  V.  P.  a  diverfas  pejfoas 
defde  pag.  189.  até  215. 

Doutrina  efpiritml  dividida  em  três  Ca- 
pittdos,  com  hum  apêndice  de  exemplos,  e 
ditos  de  Padres  úteis  pêra  aproveitar  na  vir- 
tude. Capitulo  I.  da  maneira,  que  buma  al- 
ma fe  hade  haver  quando  fe  ouver  de  pôr  em 
oraçaõ.  2.  Declaração,  que  coufa  feja  uniaà 
Johrenatítral  aãual  3.   De  como  fe  hade  haver 


240 


BIBLIO THE  C  A 


o  contemplativo  em  a  contemplação.  Eíle  tratado 
eílá  impreíTo  no  livro  allegado  defde  pag.  z  1 7. 
até  288. 

Vida  da  V.  Madre  Maria  do  Kofario  3.  da 
Ordem  de  S.  Francifco  ejcrita  por  Jeii  ultimo  Con- 
fejjor  ( faõ  palavras  de  Jorge  Cardofo  Agiolog. 
Liujit.  Tom.  2.  pag.  382.  no  Comment.  de  2.  de 
Abril  letr.  J. )  '^  ^-  P-  P^-  António  da  Concei- 
ção da  Ordem  da  SantiJJima  Trindade  bem  conhe- 
cido nejia  Cidade  por  Jua  Janta  vida,  e  religiofa 
obfervancia,  fentida,  e  venerada  morte.  Fr.  Agof- 
tinho  de  Santa  Maria  na  vida  da  V.  Madre 
Bri:(ida  de  Santo  António  liv.  2.  cap.  12.  lhe 
chama  Varaõ  de  grandes  virtudes. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  CONCEIÇAM  filho 
pelo  nacimento  de  Lisboa,  e  pela  religião  do 
grande  Patriarcha  S.  Bento,  cujo  Monaftico 
Inftituto  profeíTou  no  Convento  de  Tibaens  a 
26.  de  Setembro  de  165  8.  A  fua  fciencia  o  conf- 
tituhio  Meílre  jubilado  em  Theologia,  e  Prega- 
dor Geral,  e  a  fua  prudência,  Abbade  do  Con- 
tento de  Santarém,  e  de  Lisboa  eleito  no  anno 
de  1698.  e  Reytor  do  Collegio  da  Eílrella, 
onde  faleceo  em  o  i.  de  Janeiro  de  1710.  Foy 
dos  celebres  Pregadores  do  feu  tempo,  e  como 
tal  tinha  prompto  para  a  ImpreíTaõ. 

Sermoens  vários  pregados  nas  mais  famofas 
Jolemnidades  dejle  Rejno.  4.  M.  S. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  CONCEYÇAM  natu- 
ral do  Porto,  onde  naceo  a  7.  de  Junho  de 
1657.  fendo  feus  Pays  o  Capitão  António  Joaõ 
da  Coíla,  e  D.  Izabel  Barbofa  Sodré  defcen- 
dentes  ambos  de  famílias  nobres.  Deixado  o 
mundo,  e  o  nome  de  António  Barbofa  da 
CoJfta  profeílou  o  habito  Seráfico  no  Convento 
de  Santo  António  da  Figueira  da  Província 
de  Portugal  a  2 3 .  de  Abril  de  1 673 .  Foy  ornado 
de  hum  engenho  agudo,  comprehensaõ  rara, 
memoria  feliz,  cujos  dotes  o  fizeraõ  igualmente 
celebre  na  Cadeira,  como  no  Púlpito  mere- 
cendo as  aclamacçoens  de  grande  Theolo- 
go  quando  foy  Lente  no  Collegio  de  Coim- 
bra, e  de  infigne  Pregador  nas  Cidades  do 
Porto,  e  Lisboa,  onde  ao  tempo  que  ex- 
ercitava o  lugar  de  Guardião,  tendo  fido 
do  Collegio  novo  de  S.  Boaventura,  faleceo 
a  20.  de  Abril  de  171 3.  Celebraõ  a  fua  memo- 
ria Fr.  Fernand.  da  Soled.  Hi^.  Seraf.  da  Prov. 


de  Portug.  Part.  3.  liv.  i.  cap.  21.  n.  133.  c 
Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  in  Bih.  Franc.  Tom.  i. 
pag.   100.    Imprimio. 

Sermão  de  AcçaÕ  de  graças  pelo  Capitulo  da 
Provinda  de  Portugal  em  que  fahio  Provincial  por 
motu  próprio  de  S.  Santidade  o  P.  Mejlre  Fr.  Vi- 
cente das  Chagas.  Lisboa  por  Manoel  Lopes 
Ferreira  1696.  4. 

Clamores  Evangélicos.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor  1698.  4.  No  Prologo  defte  Tomo 
de  Sermoens  prometia  outros  muitos. 

ANTÓNIO  CORDEYRO  Presbytero,  e      , 
fubchantre  da  Cathedral  de  Coimbra  muito      j 
douto,  e  verfado  no  Canto  Ecclefiaftico,  o  qual 
para  que  com  toda  a  perfeição  fe  obfervafle      , 
no  Coro,  e  altar,  publicou. 

Arte  do  Canto  Chaõ  compofta  por  Joaõ  Mar- 
tins, e  augmentada,  e  emendada  por  elle  em  muitas 
partes.  Coimbra  por  Nicolao  Carvalho  161 2.  8. 

P.  ANTÓNIO  CORDEYRO.    Naceo  na 

Cidade  de  Angra  Capital  da  Ilha  Terceira  no 
anno  de  1641.  fendo  o  6.  e  ultimo  filho  de 
Manoel  Cordeiro  Moutozo,  e  Maria  de  Efpi- 
nofa  os  quaes  defcubrindo  nelle  rara  com- 
prehenfaõ,  e  agudo  engenho  o  mandarão  eíhi- 
dar  a  Coimbra  em  companhia  de  feu  Irmaõ 
Pedro  Cordeiro  de  Efpinofa,  que  depois  de  j 
fer  Doutor  em  Cânones,  e  fubftituido  algumas 
Cadeiras  na  Univerfidade  de  Coimbra,  foy 
eleito  Deaõ  da  Bahia,  e  ComiíTario  da  Cru- 
fada  daquelle  Eftado.  Ao  tempo  que  embar- 
cado bufcava  no  anno  de  1656.  a  Armada 
de  Portugal  de  que  era  General  António 
Tellez  de  Menezes  encontrou  com  a  de  Caf- 
tella,  donde  ficou  prifioneiro,  e  paíTados 
dezefeis  dias  fe  aviílou  efta  com  a  de  Ingla- 
terra que  eftava  à  vifta  de  Cadiz,  e  depois 
de  hum  porfiado  combate  efcapou  unica- 
mente a  Capitania  Caílelhana  na  qual  fe  re- 
colheo  a  Cadiz  donde  foy  fentenciado  à 
morte,  por  ter  fahido  a  terra  fem  Hcença, 
e  apellando  para  o  Duque  de  Medina  Celi 
Capitão  Geral  das  Coitas  de  Andaluzia  co- 
mo o  ouvilíe  repetir  com  fumma  viveza,  e 
agilidade  o  Poema  de  Virgílio,  e  outros  ^ 
Hvros  celebres  de  letras  humanas,  admi- : 
rado  da  feliz  memoria,  e  rara  comprehen-  i 
faõ,  que  em  annos  taõ  tenros  moílrava,  Iheí 


L  USITANA. 


247 


Ico  paíTaporte  para  Portugal.  Chegando  ao 
Mt^arvc,  como  cftivcssc  inficionado  cftc  Reyno 
(Ic  pcftc,  paíTou  a  Setúbal,  onde  foy  prezo,  c 
'  > bridado  pclu  rcceyo  do  contagio  a  fazer  Qua- 
ntcna.  Depois  de  ter  tolerados  tantos  infor- 
lunios  entrou  cm  G)imbra  em  cuja  Univerfi- 
luic  fc  matriculou  na  faculdade  de  Cânones 
iivinilo  primeiramente  I^ilofofía  no  CoUe- 
10  dos  Padres  Jefuitas,  e  continuando  com 
i  nio  cftc  cftudo,  lhe  levou  mayor  applicaçaô 
.  I  i-nulo  Inftituto  dos  Mcftres  que  o  enfi- 
ii.i\  .1  ',  iK  que  refoluto  a  largar  o  mundo  fe  alif- 
tou  cm  taò  douta  Companhia  a  12.  de  Junho 
de  1657.  Notável  foy  o  progreíTo  que  nefta 
paieílra  fez  o  feu  talento  affim  nas  letras  huma- 
nas, e  faculdades  efcolafticas,  das  quaes  come- 
çou cm  Coimbra  no  anno  de  1676.  a  fcr  Mcftrc, 
lendo  peio  largo  cfpaço  de  vinte  annos  Rhcto- 
lica,  l'ilofofia,  Theologia  Efpeculativa,  e 
Moral  naò  fomente  cm  Coimbra,  mas  nas  Cida- 
des de  Braga,  Porto,  c  Lisboa  admirando  aíTim 
i)s  domefticos  como  os  cftranhos  a  novidade 
das  fuás  opiniocns  fubtilmente  ventiladas,  e 
nervofamente  defendidas.  A  eftas  litterarias 
occupaçoens  fucederaõ  outras  apoftolicas  dif- 
correndo  por  Vifeu,  Pinhel,  Torres  Vedras, 
todo  o  Arcebifpado  de  Braga,  como  MifTio- 
nario  por  obedecer  às  inftancias  do  feu  Arce- 
liifpo  Primaz  D.  Veriflimo  de  Alancaílre  che- 
mdo  aos  últimos  inftantes  da  vida  pela  vio- 
lência do  veneno  que  lhe  deraõ  em  hum  lugar 
defte  Arcebifpado  de  que  efcapou  quafi  mila- 
grofamente.  Já  quando  a  idade  por  fer  pro 
ve£b.  o  difpenfava  da  applicaçaô  do  eftudo 
como  fe  delle  recebera  novos  efpiritos  fe  occu- 
pava  em  efcrever  diverfas  matérias  humas  hifto- 
ricas,  outras  Theologicas,  e  Jurídicas  com  que 
illuftrou  o  feu  nome,  até  que  acabou  a  vida  no 
Collegio  de  Santo  Antaõ  da  Qdade  de  Lisboa 
a  2.  de  Fevereiro  de  1722.  com  81.  armos  de 
idade.  Entre  os  Varoens  celebres  da  Compa- 
nhia o  numera  o  Padre  António  Franco  na 
Imag.  da  Virtud.  no  Noviç.  de  Coimbra.  Tom.  2. 
pag.  612.  e  in  SynopJ.  Annal.  S.  J.  in  'Ltíjifan. 
pag.  464.    Imprimio. 

Curjíis  PhilofophicNs  Conimhricenfis.  Ulyf- 
fipone  ex  Officina  Regali  Deflandeíiana.  1714. 
foi. 

In  pracipua  partiiim  D.  Thoma  Theologia 
Scbolajlica.    UlyíTipone   apud  Jozephum  Lo- 


pes Ferreira  SereniíTimãc  Regínx  Typ.  17 16. 
foi. 

Hifloria  Jnfulana  das  Ilhas  a  Portugal  fogeitas 
no  Occtano  Occidtntal.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ.  171 7.  foL 

Defta  obra  como  do  Autor  faz  memoria 
o  moderno  addícionador  da  Nb.  Occid.  de 
António  de  Lcaô  Tom.  2.  Tit.  2.  col.  581. 

Refolufoens  Theojttrijlicas.  Tom.  i.  qw  contem 
as  partes,  e  matérias  principaes.  i.  da  Emphi- 
teujes,  ou  Prados.  2.  de  Cen/os,  ou  juros.  5.  de 
Teftamentos,  legados,  partilhas.  4.  de  doa^oens,  o/t 
dotes.  5 .  de  Morgados,  ou  Capellas  vinculadas.  6. 
de  vários  contratos,  ou  obrigaçoens  utriujque  júris. 
Lisboa  pelo  mefmo  ImpreíTor.  171 8.  foi. 

Loreto  Ijijitano,  Virgem  Senhora  da  Lapa, 
rtfidencia  milagrofa  do  Keal  Collegio  de  Coimbra 
da  Companhia  de  JESUS  em  a  Provinda  da  Beira 
Bi/pado  de  luimego  verdadeira,  e  puramente  de 
novo  hijloriada.  Lisboa  por  Filippe  de  Souza 
Villela  1719.  foi. 

Fr.  ANTÓNIO  CORRÊA  natural 
de  Lisboa  filho  de  Alexandre  Corrêa,  c 
Maria  Ferreira,  e  hum  dos  mais  celebres 
Varoens  da  Religião  Trinitaria  que  igual- 
mente illuftrou  com  a  profundidade  da  fci- 
encia,  como  com  a  prudência  do  governo 
profeíTando  eíle  fagrado  inílituto  no  Con- 
vento pátrio  a  10.  de  Junho  de  1638.  Foy 
ornado  de  huma  vafta  erudição  fagrada,  e 
profana,  de  elegante  facúndia  no  Púlpito,  e 
de  folida  fubtileza  na  Cadeira  fendo  o  thea- 
tro  de  taõ  fingulares  dotes  a  Univerfidade 
de  Coimbra  onde  depois  de  receber  a  Borla 
Doutoral  na  faculdade  da  Theologia  regen- 
tou  as  fuás  mayores  Cadeiras  fendo  Lente 
da  Cadeira  pequena  de  Efcritura  provido  em 
16.  de  Fevereiro  de  1664.  de  Efcoto  em  26. 
de  Novembro  de  1670.  de  Vefpera  em  27. 
de  Novembro  de  1676.  e  de  Prima  a  26.  de 
Fevereiro  de  1680.  donde  jubilou  em  1685. 
exercitando  por  muitas  vezes  na  mefma  Uni- 
verfidade o  lugar  de  Vice-Reytor.  As 
fuás  grandes  letras  que  o  fublimaraõ  aos 
mayores  lugares  da  Academia  Conimbri- 
cenfe,  o  elevarão  aos  mais  authorizados  da 
Religião.  Per  duas  vezes  foy  Miniftro  do 
Convento  de  Lisboa,  e  outras  tantas  foy 
Provincial  fendo  a  i.  no  anno  de  1667.  e  a  2. 


248 


BIBLIOTHE  C  A 


no  de  1683.  em  cujo  governo  experimentarão 
fempre  os  fubditos  o  feu  animo  mais  inclinado 
à  benevolência,  que  ao  rigor.  Foy  Qualificador 
do  Santo  Officio,  Examinador  das  Ordens 
Militares,  e  Synodal  do  Bifpado  de  Coimbra. 
Ao  tempo  que  eftava  polindo  as  fuás  obras 
Theologicas,  e  Efcriturarias  para  beneficio  dos 
•eruditos  foy  impedido  pela  morte,  que  o  pri- 
vou da  vida  em  Coimbra  a  11.  de  Janeiro  de 
1693.  Foy  fepultado  na  Cafa  Capitular  do  feu 
CoUegio  com  eíle  epitáfio. 
Hic  jacet,  (0°  hrevihus  terra  modo  conditur  ulnis 

Qui  quondam  vaflo  clartts  in  orbe  fuif. 
Palladis  ijliiis,  primaque  Antonius  Aulce 

Corrêa,  <&  Tríadas  Keligionis  apex. 
Hoc  doãore  diufulgens  Academia  vixit, 

Hoc  quoqite  Keligio  clara  parente  fuit. 

Obiit  die  II.  Jamiarij  1693. 
Imprimio. 

Sermaõ  pregado  na  Solemnidade  que  os  Re/i- 
^iojos  Teatinos  da  Divina  Providencia  celebrarão 
a  feu  Santo  Patriarcha  o  B.  Caetano  no  Convento 
da  Santijfima  Trindade  de  Lisboa  a  j.  de 
Agofto  de  165 1.  Lisboa  por  Paulo  Cras- 
beeck  4.  e  Coimbra  por  Thomé  Carvalho 
1672.  4. 

Sermaõ  pregado  em  a  primeira  Solemnidade 
que  as  Keligiofas  do  Keal  Mojleiro  de  Santa  Clara 
Je  Lisboa  fit^eraõ  ao  Bemaventurado  Caetano  Inf- 
tituidor  da  injigne  Religião  dos  Clérigos  Regu- 
lares da  Divina  Providencia  a  7.  de  Agofto  de 
1652.  4.  Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck  fem 
anno  da  ediçaõ,  e  Coimbra  por  Thomé  Car- 
valho 1672.  4. 

Sermaõ  fúnebre  nas  exéquias  do  Doutor 
Manoel  Pereira  de  Mello  Governador  da  Uni- 
^erftdade  de  Coimbra  Cónego  Magiftral  da  Sè 
da  mefma  Cidade  do  Confelho  de  S.  Alteia 
pregado  em  a  mefma  Se  em  z%.  de  Março  de  1675. 
Coimbra  pela  Viuva  de  Manoel  Carvalho 
1675.   4. 

Sermaõ  em  a  anniverfaria  acçaõ  de  graças, 
que  a  infigne  Univerftdade  de  Coimbra  fa^ 
em  forma  de  preftito  ao  Real  Convento  de 
Santa  Cru^  pela  felicijfima  Aclamação  do 
Serenijfimo  Rej  D.  Joaõ  o  IV.  pregado  em 
ú  1.  de  Det(embro  de  1656.  Coimbra  por 
Manoel  Dias  ImpreíTor  da  Univerfidade 
1657.  4. 

Trilogio  Catholico  expofto  em  três  Sermoens. 


I.  do  Aão  da  Fè  q  fe  celebrou  em  Coimbra 
a  18.  de  Janeiro  de  1682.  2.  do  D ef agravo 
do  Santijfimo  no  car(p  de  Odivellas  logo  que 
fuccedeo  em  o  Outavario,  que  na  Se  de  Lisboa 
mandou  fa^er  o  Serenijfimo  Principe  D.  Pedro 
NoIJo  Senhor  em  May  o  de  i6ji.  o  3.  pelo  Defa- 
gravo  do  Santijfimo  Sacramento  na  Freguefta 
de  Santa  Lngracia  de  Lisboa  a  17.  de  Janeiro 
de  1664.    Lisboa  por  Joaõ  Galraõ.   1682.  4. 

Sermaõ  na  Canonização  de  Santa  Maria 
Magdalena  de  Pa^f^i  pregado  no  2.  dia  do  Outavario 
que  lhe  dedicou  o  Real  Convento  do  Carmo  de  Lis- 
boa. Sahio  no  livro  intitulado  Forafteiro  admi- 
rado. Lisboa  por  António  Rodrigues  de  Abreu 
1671.  4.  a  pag.  22.  da  part.  2. 

Sermaõ  na  fefta  da  Beatificação  de  S.  Pedro 
de  Arbuès  Cónego  Regrante  de  Santo  Agoftinho 
pregado  no  Real  Convento  de  S.  Vicente 
de  Fora.  Lisboa  por  Joaõ  da  Cofta  1674.  4. 
Sahio  no  livro  intitulado  Laureola  da  Corte 
Santa  compofto  por  D.  Leonardo  de  S.  Jozé 
Cónego  Regrante. 

Fama  pofthuma  do  V.  P.  Fr.  António  da  Con- 
ceição Trinitario.  Lisboa  por  Henrique  Valente 
de  OUveira  1658.4.  neíle  livro  eílà 

Sermaõ  nas  exéquias  do  V.  P.  Fr.  António 
da  Conceição  Trino. 
Deixou  prompto  para  a  Impreílaõ 

Deutoronomium  Legis  Gratia,  five  de  feptem 
Verbis  a  Chrifto  Domino  in  Cruce  prolatis. 
MS. 

Cantilena  Sacra  in  Cantica  novi  Teftamenti, 
fcilicet  Magnificat,  Benediãus,  <&  Nunc  dimit- 
tis. 

Eíles  originaes  eftavam  redufindo  à  ulti- 
ma perfeição  para  fe  imprimirem  o  Doutor 
Fr.  Joaõ  Bautifta  Religiofo  da  SantiíTima 
Trindade  os  quaes  fe  confumiraõ  laftimofa- 
mente  no  grande  incêndio  que  devorou  a 
mayor  parte  do  Convento  de  Lisboa  no 
anno  de  1708. 

ANTÓNIO  CORRÊA  BAHAREiM 
Senhor  do  Morgado  da  Marinha,  Comen- 
dador da  Ordem  de  Chrifto  filho  de  Antó- 
nio Corrêa  Babarem  Senhor  do  Morgado 
da  Marinha,  e  de  D.  Joanna  de  Távora  fi- 
lha de  Francifco  de  Távora  Senhor  de  Mira. 
Inftruido  com  aquellas  artes  dignas  do  feu 
nacimento   fe   applicou   com  mayor   difveUo 


L  USITANA. 


249 


ao  cíhido  Genealógico  como  parte  mais  nobre 
da  Hiíloria  deduzindo  com  clareza,  e  diftincçaõ. 

Ori^sens  das  Famílias  mais  illuflres  de  que  tratou 
o  Conde  D.  Pedro  no  /eu  Nobiliário  até  o  anno 
de  ijjo. 

Cuja  obra  dividida  em  muitos  tomos  con- 
fcrvava  feu  Neto  Luiz  Francifco  Q)rrca  Baba- 
rem Commendador  de  S.  Bartbolameu  de 
Alfange  em  Santarém  da  Ordem  de  Chriílo, 
Senhor  do  Morgado  da  Ponte  de  Soro;  a  qual 
como  feu  Author  louvaõ  D.  Francifco  Manoel 
na  Carta  dos  Author.  "Portug.  que  he  a  i .  da  4. 
rcnturia  delias.  Joan.  Soar.  de  Brito  in  Theatr. 
Ijifit.  l^itterat.  lit.  A.  n.  64.  e  Soufa  no  Apparat. 
à  Hiji.  Gen.  da  Cafa  Keal  Portug.  pag.  83.  n.  70. 

ANTÓNIO     CORRIiA     DA     COSTA 

natural  de  Villa-Viçofa  taõ  nobre  pelo 
nacimento  que  lhe  deo  a  fortuna,  como  iníi- 
gne  em  o  engenho  de  que  o  ornou  a  natu- 
reza, com  o  qual  penetrou  os  myílerios 
fcientificos  da  Mathematica,  Geometria, 
Mufica,  e  Poefia  fendo  indecifo  entre  os 
feus  Patrícios  em  qual  deftas  duas  Faculda- 
des era  mais  eminente.  Para  exercido  do 
feu  génio  litterario  inftituhio  em  Cafa  huma 
paleftra  frequentada  dos  homens  mais  eru- 
ditos onde  fe  altercavaõ  diverfas  queílo- 
ens  fcientificas.  Deixando  a  pátria  paíTou  a 
Itália,  e  a  Flandes  com  ambição  de  adqui- 
'  rir  mayor  thezouro  de  noticias,  donde  voltou 
em  o  anno  de  161 7.  para  Villa-Viçofa  em 
idade  muito  proveâa.  Delle  faz  illuftre  me- 
moria Francifco  Moraes  Sardinha  no  Pamaf. 
de  Villa-Viçofa.  liv.  2.  cap.  59.  e  no  liv.  3. 
para  teílemunhar  como  foy  hum  dos  mayo- 
res  Poetas  delle  traz  huma  fua  gloíTa  a  huma 
Redondilha,  que  começa. 

Qualquer  ejlranha  helle^a 
e  hum  Soneto,  cujo  principio  he 
Nem  as  foberbas  ondas  do    Oceano. 

ANTÓNIO  CORRÊA  DA  FON- 
SECA, E  ANDRADE.  Naceo  na  Vil- 
la  de  Monte  mór  o  Velho  da  Diocefe  de 
Coimbra  a  15.  de  Junho  de  1648.  Teve 
por  Pays  a  Domingos  Corrêa  da  Fonfeca, 
e  a  D,  Maria  de  Mello  da  Fonfeca  filha  her- 
deira de  Jacinto  da  Fonfeca  de  Andrade, 
c  de  fua  mulher  D.  Cecilia  de  Eça.    Appli- 


cou-íe  ao  eftudo  do  Direito  Cefareo  na  Uni- 
verfídade  de  Coimbra,  e  antepondo  o  exercido 
marcial  ao  litterario,  foy  Capitão  mór  da  meíma 
Villa,  e  fua  Comarca,  Cavalleiro  profeflb  da 
Ordem  de  Chrifto,  e  Procurador  das  Cortes 
celebradas  em  Lisboa  no  anno  de  1679.  Ain- 
da que  vivia  retirado  da  Corte  cultivava  o  feu 
grande  talento  com  a  liçaõ  dos  livros  que  po- 
diaõ  formar  hum  perfeito  Cortezaõ,  fendo 
huma  das  partes  do  feu  eftudo  a  Genealogia 
em  que  foy  muito  perito  deixando  para  teíle- 
munha  da  fua  erudita  applicaçaõ. 

Famílias  do  Keyno  de  Portugal  efcritas  em 
10.  volumes  in  foi.  M.  S. 

Hijloria  Manlianenfe  que  trata  das  Antigui- 
dades, e  coufas  mais  notáveis  de  Monte  mor 
o  novo,  e  feus  Naturaes. 

Morreo  em  29.  de  Agofto  de  1717.  Del- 
le faz  illuftre  mençaõ  o  P.  D.  António  Cae- 
tano de  Soufa  no  Apparat.  à  Hift.  Gen.  da 
Cafa  Keal  Portug.  pag.  146.  n.  172. 

ANTÓNIO  CORRÊA  DE  LEMOS 
naceo  em  Lisboa  a  9.  de  Novembro  de  1680. 
e  teve  por  Pays  a  Manoel  Corrêa  de  Carvalho, 
e  a  Maria  de  Lemos.  Para  beneficio  dos  curio- 
fos  amantes  de  novidades  publicou  com  o 
nome  de  Joaõ  Carlos  António. 

Relação  de  huma  folemne,  e  extraordinária 
procijfaõ  de  Preces  que  por  ordem  da  Corte 
Ottomana  fii(eraõ  os  Turcos  na  Cidade  de  Meca 
no  dia  16.  de  Julho  de  1728.  para  alcançar  a  ajfif- 
tencia  de  Deos  contra  as  Armas  dos  Perfas,  e  apla- 
car o  flagelo  da  pefle  que  todos  os  annos  experi- 
menta a  fua  Monarchia.  Primeira  Parte.  Lis- 
boa por  Pedro  Ferreira  1730.  4. 

Relação  da  folemne,  e  extraordinária  procijfaõ 
de  Preces,  que  por  ordem  da  Corte  Ottomana  fi- 
t^eraõ  os  Turcos  na  Cidade  de  Meca  em  que 
fe  expõem  a  praãica,  que  o  Moufti  fet^  depois 
de  acabada  a  Procijfaõ,  e  outras  circunflan- 
cias,  que  occorreraõ  dignas  da  curiofidade. 
Segunda  Parte.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor 
1730.  4. 
Com  o  nome  de  Fabiaõ  Francez. 

Almanack  univerfal  para  o  anno  de  1751. 
terceiro  depois  do  Bijfexto.  Contem  Ljmario 
Geral,  mudanças  e  alteraçoens  de  tempos;  horas 
a  que  nace,  e  fe  põem  o  Sol,  methodo  de  a^cul- 
tura,     regras    medecinaes.     (0'c.      Com    bum 


25o 


BIBLIO  THE  CA 


rejumo  Cronológico,  ou  manual  de  noticias 
particulares,  do  que  tem  Jucedido  em  Portugal, 
e  Hejpanha,  e  outras  partes  dejde  a  Criação 
do  mundo  até  o  anno  de  1730.  Lisboa  por 
Pedro  Ferreira  ImpreíTor  da  Corte  1730.  4. 

Almanack  univerjal  para  o  anno  de  1732. 
hiffexto,  (0°  contem  hum  L,unario  geral  com  todos 
os  afpe£íos  que  a  l^uafav^^  com  os  Planetas  em  todos 
os  dias  para  os  Profeffores  da  Medicina,  e 
Cirurgia  i&c.  Continua  o  Kejumo  Crono- 
lógico de  noticias  particulares  do  que  tem 
Jucedido  em  Portugal,  e  Hejpanha,  e  outras 
partes  deJde  a  Criação  do  mundo  até  o  anno  de  ij^i. 
com  hum  Cathalogo  dos  Nacimentos  dos  Príncipes 
da  Europa  novamente  correio.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor.   1731.   8. 

Almanack  univerjal  para  o  anno  de  1733. 
primeiro  depois  do  Bijfexto  (à^c.  Continua  o 
Kejumo  Chronologico  ate  o  anno  de  1732.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor  1732.  8. 

Almanack  univerjal  para  o  anno  de  1734. 
Jegundo  depois  do  BiJJexto  em  que  Je  expõem  hum 
Cathalogo  de  tudo  que  contem  a  Ordem  do  Patriarcha 
S.    Francijco.      Lisboa   pelo    dito   ImpreíTor. 

1733.  8. 

A  Fénix  das  Tempejiades  renacida  na  de  15. 
de  Outubro  de  1732.  com  hum  dijcurjo  Johre  os 
ventos.  Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva 
ImpreíTor  da  Academia  Real  1732.  4. 

Com  o  nome  de  Luiz  Jozé  Corrêa  tra- 
duzio  de  Caílelhano  em  Portuguez. 

Sjftema  Politico  da  Europa.  Dialogo  entre 
hum  Francefi,  e  hum  Alemão  Johre  as  dijpojiçoens, 
e  interejfes  dos  Princepes  na  pre^^ente  guerra  por 
Monjiur  Margue.    Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor 

1734.  4. 


poíTe  am-oz  de  Outubro  de  1548,  Deílas 
occupaçoens  litterarias  foy  promovido  a  outras 
em  que  fe  experimentou  a  inteireza  do  feu 
animo,  e  a  reélidaõ  da  fua  juftiça  fendo  Dezem- 
bargador  da  Cafa  da  Suplicação,  e  Correge- 
dor do  Crime  da  Corte.   Compoz. 

Ad  Titulum  primum  lih.  V.  Eegum  Kegia- 
rum  de  ordine  judiciário  in  caujis  criminalihus 
commentaria. 

Eíla  obra  fe  imprimio  até  duzentas  paginas, 
como  eu  a  vi,  e  fe  naõ  acabou  por  faltar  a 
vida  a  feu  Author,  que  delle,  e  do  infaufto 
fuceíTo  defta  obra  efcreve  Francifco  Caldas 
Pereira  in  Epiíl.  Nuncupat.  Part.  i.  Operis 
Empyteutici.  In  librum  V.  Ordinationum  cri- 
minalis  Fori,  et  judicialis  aula  quandam  veluti 
IJagogen  eleganti  Jlylo,  <ò^  mui  tis  Khetorum  floribus 
ajperjam  dextro  omine  aujpicatus  doãijjimus,  et 
excellentijfimus  Jure  Conjultus  Antonius  Corrêa 
de  Sá  Senator  regius,  pojiquam  jam  pralo  vigílias 
Juas  commijerat,  paulo  pojl  opere  inchoato,  <& 
paucis  paginis  abjolutis  non  fine  máxima  jurijpru- 
denticB  jaãura  diem  claufit  extremum.  Viri  illius 
nullum  opus  perjeãum  extat  prater  Jragmenta 
quadam  eximium  Juturi  operis  Jragmentum.  Eíla 
obra  louvaõ,  e  allegaõ  Lipen.  in  Biblioth.  reg. 
Jurid.  pag.  398.  Manoel  Barbof.  ad  lib.  i.  Or- 
din.  Reg.  Titul.  77.  §.  12.  ad  lib,  5.  Tit.  2. 
§.  6.  Titul.  117.  et  Titul.  124.  in  princip. 
Agoílin.  Barbof.  ad  lib.  2.  Decretai,  cap. 
Significafii  n.  2.  à&Joro  competenti,  et  in  Repert.  ' 
Verb.  Accujare.  Gama  DeciJ.  279.  n.  i.  e  DeciJ.  ' 
363.  n.  4.  onde  lhe  chama  honarum  artium,  et 
júris  peritijjtmus.  Phaeb.  2.  Part.  Areft.  133. 
Cald.  Confil.  23.  n.  5.  Cabed.  Part.  i.  DeciJ. 
14.  n.  4. 


ANTÓNIO  CORRÊA  DE  SÁ  na- 
tural de  Coimbra  filho  de  Duarte  de  Sá  que 
fervio  na  índia  com  grande  credito  do  feu 
valor,  Irmaõ  do  Doutor  Jorge  de  Sá  So- 
to  mayor  Lente  de  Medicina  na  Univerfi- 
dade  de  Coimbra,  e  Pay  do  Doutor  Fran- 
cifco de  Sá  Sotomayor  Lente  de  Digeílo 
na  mefma  Academia.  Nella  eíludou  Direi- 
to Civil  em  cuja  faculdade  fez  tantos  pro- 
greíTos  o  feu  perfpicaz  talento,  e  grande 
comprehenfaõ  que  recebido  o  gráo  de  Dou- 
tor foy  Lente  de  Vacaçoens  no  anno  de 
1547.  e  de  huma  Cathedrilha  de  que  tomou 


ANTÓNIO  CORRÊA  DE  SOUSA  na- 
tural de  Lisboa.  Depois  de  ter  eníinado 
com  igual  opinião  do  feu  nome,  que  fruto 
dos  feus  difcipulos  Filofofia,  e  Theologia 
na  Religião  dos  Agoftinhos  Defcalços  obri- 
gado de  urgentes  caufas  deixou  o  habito, 
e  naõ  as  virtuofas  acçoens  que  praéticava 
pelas  quaes  fe  fez  digno  de  exercitar  o  lu- 
gar de  ConfeíTor  das  Religiofas  do  refor- 
mado Convento  de  Santa  Martha  de  Lis- 
boa. O  tempo  que  lhe  reílava  defte  Sagra- 
do miniílerio,  e  outras  occupaçoens  pre- 
cifas  o  empregava  em  limar  as  obras  que  tinha 


i. 


L  USITAN  A. 


25l 


compofto,  ou  trabalhar  em  outras  compofi- 
çoens  eruditas  fendo  as  principaes  as  íegulntes. 

Totins  Philofopbia,  et  Theohffa  compendia,  i. 
Tom. 

Litcerna  hccUJiaflica,  five  con/roverfia  fidei 
Catholica  adverfns  hare ticos  2.  Tom. 

Dijcurjos  predicáveis  acomodados  para  as 
luftaSf  t  Férias  de  todo  o  anno  i.  Tom. 

Vida  do  V.  Padre  António  da  Conceição  da 
Congregação  de  S.  JoaÕ  Uvangelijla. 

Arte  de  Khetorica. 

Jogo  de  vocábulos,  e  eqtdvocos 

De  coufas  femelhantes,  e  dejfemelhantes. 

Exemplos  de  virtudes. 

Vários  ver/os  a  Chrijlo  nacido. 

Lyra  do  amor  Divino  em  ver/o. 

P.  ANTÓNIO  DA  COSTA  Sendo 
[eílre  das  Ceremonias  da  Capclla  Real  inf- 
irado  de  fuperior  vocação  entrou  na 
)mpanhia  de  JESUS  onde  concebeu  a 
)ica  rcfoluçaõ  de  pregar  a  ley  Evange- 
Ica  à  gentilidade  do  Oriente.  Para  efte  efei- 
partio  para  a  índia  a  15.  de  Março  de 
I556.  com  o  Patriarcha  da  Etiópia  Joaõ 
lunes  Barreto  embarcado  em  a  Náo  Garça 
que  era  Capitão  mór  D.  Joaõ  de  Mene- 
;s  de  Siqueira  Commendador  da  Vallada. 
Hfcorreo  com  apoílolico  zelo  pelo  largo 
"cfpaço  de  vinte  e  dous  annos  diverfas  regio- 
ens  Orientaes  em  que  reduzio  muitos  Gen- 
tios ao  grémio  da  Igreja,  naõ  podendo  por 
mais  deligencias  que  applicou,  fatisfazer 
as  piedofas  anciãs  de  illuílrar  com  as  luzes 
do  Evangelho  as  fombras  da  Etiópia,  lu- 
gar deftinado  por  feu  grande  Patriarcha  pa- 
ra a  cultura  do  feu  zelo.  Foy  Reytor  dos 
Collegios  de  S.  Paulo  de  Goa,  Baçaim, 
e  Margaõ.  Confumido  de  huma  febre  len- 
ta, morreo  piamente  no  Collegio  de  Goa 
no  anno  de  1578.  cuja  morte  foy  lamenta- 
da por  toda  a  Chriílandade  de  Salfete.  Ef- 
creveo. 

Tratado  de  como  fe  haõ  cathequit^ar  os  nova- 
mente convertidos;  o  qual  como  diz  o  P,  Fran- 
cifco  de  Soufa  no  Orient.  Conquift.  Part.  2. 
Conq.  I.  Divis  2.  §.  z-j.  já  naò  exifte  por  incúria 
dos  tempos. 

Carta  Annua  da  Provinda  de  Goa  no  anno 
de  1558. 


Carta  aos  Portuguei^es  da  Ilha  de  Divar  no 
anno  de  i)6i. 

Ambas  ít  confenraò  no  Cartório  da  Caía 
profeílii  de  Lisboa. 

ANTÓNIO  DA  COSTA  Presbytcto 
muito  douto  aíTim  na  Theología,  como 
na  Rhetorica  E^lefuítica,  de  que  deo  hum 
breve,  mas  claro  argumento  da  fua  capaci- 
dade neíla  arte  imprimindo. 

SermaÒ  do  glorio/o  Patriarcha  S.  fíento. 
Coimbra  por  Jozé  Ferreira  ImpreíTor  da  Uni- 
verfidade  1698.  4. 

ANTÓNIO    DA    COSTA    CORDOVIL 

natural  da  Villa  de  Setuval,  e  Freire  Conventual 
da  Ordem  Militar  de  Saõ-Tiago  no  Real  Con- 
vento de  Palmella.  Eíhidou  Theología  no  Col- 
legio das  Ordens  da  Univeríidade  de  Coimbra, 
onde  recebido  o  grào  de  Doutor  neíla  facul- 
dade fe  ordenou  de  Presbytero,  e  foy  Prior  da 
Parochial  de  N.  Senhora  da  Ajuda  junto  à 
Torre  de  Outaõ.  Nefte  miniílerio  naõ  menos 
inftruyo  as  fuás  ovelhas  com  a  palavra,  que  com 
o  exemplo,  fendo  o  mais  illuftre  deixar  o  mun- 
do, e  abraçar  o  penitente  Inílituto  da  Provinda 
da  Arrábida  onde  pouco  tempo  depois  de  pro- 
feíTo  paíTou  a  melhor  vida  no  anno  de  1679. 
Antes  de  fer  Religiofo  imprimio. 

Três  Sermoens  da  Conceição  da  V.  N.  Senhora. 
Lisboa  por  António  Rodriguez  de  Abreu 
1675.  4. 

Sermão   da  Santijjfima   Trindade   em   Setuval 
na  Igreja  de  S.  JuliaÕ  à  Irmandade  dos  Clérigos. 
Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla  1672.  4. 
Tratado  da  Oraçaõ. 

Fr.      ANTÓNIO      COUTINHO      Co- 

nimbricenfe  teve  por  Pays  a  Diogo  Couti- 
nho, e  Maria  da  Coíla.  Na  idade  da  ado- 
lefcencia  abraçou  o  fagrado  Inítituto  da  Or- 
dem de  S.  Domingos  fazendo  a  profõííaõ  fo- 
lemne  no  Real  Convento  de  Lisboa  a  28. 
de  Agofto  de  1602.  Aprendidas  as  Scien- 
cias  Efcolafticas  as  diâou  no  Collegio  da 
fua  Pátria  de  cuja  Efcola  fahiraõ  tantos  Mef- 
tres,  como  Difcipulos.  Alcançado  o  gráo 
de  Meftre  da  Ordem  foy  CõmiíTario  do  San- 
to Officio,  e  Prior  do  Convento  de  Évora. 
Dos  muitos  Sermoens  que  com  geral  applaufo 


252 


BIBLIOTHE  CA 


pregou,  fomente  viraõ  a  luz  publica  os  fe- 
guintes 

Sermão  eftando  o  Santijfimo  Sacramento  expojlo 
por  ocajiaõ  do  furto  que  Je  fe:^^  em  Santa  agracia. 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck  1650.  4. 

Sermão  do  Aão  da  Fé  queje  celebrou  na  Cidade 
de  Évora  Domingo  14.  de  Junho  de  1637.  Lisboa 
por  Jorge  Rodrigues.   1638.  4. 

Faz  delle  breve  memoria  Fr.  Pedro  Mon- 
teiro no  Clauji.  Domin.  Tom.  3.  pag.  16. 

Fr.  ANTÓNIO  COUTINHO  natu- 
ral de  Lisboa  Religiofo  profeíTo  da  Ordem 
da  Hofpitalidade  de  S.  Joaõ  de  Deos  onde 
exercitou  os  lugares  de  Prior  do  Convento 
de  Caftello  de  Vide,  e  do  Hofpital  de  Mou- 
ra, e  de  Procurador  Geral  com  grande  cre- 
dito do  feu  talento.  Para  exercitar  a  pieda- 
de Chriílãa  em  obfequio  do  feu  Santo  Pa- 
triarcha,  compoz 

Novena  do  Glorio/o  Patriarcha  S.  Joaõ 
de  Deos  Fundador  da  Hofpitalidade  Pay  dos  po- 
bres, e  enfermos.  Évora  na  Ofíicina  da  Uni- 
verlidade.  1727.  12. 

P.  ANTÓNIO  DO  COUTO.  Na- 
ceo  na  Cidade  de  S.  Salvador  Capital  do 
Reyno  de  Angola  onde  entrou  na  Compa- 
nhia de  JESUS  a  31.  de  Outubro  de  1631. 
Para  fe  inílruir  nas  Sciencias  Efcolafticas 
paíTou  a  Coimbra,  em  cuja  paleftra  deu 
iguaes  argumentos  do  talento  que  tinha  para 
as  fciencias  como  inclinação  para  as  virtu- 
des. Voltou  para  a  fua  Pátria  no  anno  de 
1648.  com  cartas  do  SereniíTimo  Rey  D. 
Joaõ  o  IV.  para  ElRey  de  Congo,  do  qual 
foy  recebido  com  grande  benevolência.  O 
apoftolico  zelo  que  lhe  animava  o  corpo 
lhe  comunicou  alentos  para  difcorrer  por 
diverfas  terras  para  lucrar  almas  a  Chriílo 
penetrando  com  grande  difvelo,  e  immenfo 
trabalho  aquelles  vaítos  certoens  onde  efcaf- 
famente  tinha  rayado  a  Luz  do  Evangelho. 
Attenuado  com  eftas  heróicas  fadigas  foy 
alcançar  o  premio  na  gloria  em  Loanda  a 
10.  de  Julho  de  1666.  do  qual  afíirma  o  P. 
Franco  in  Sjnopf.  Annal.  Soe.  Jef.  in  Lu- 
fitan.  pag.  340.  n.  5.  In  rebus  angufiis  omnes 
ad  eum  tanquam  communem  patrem  foliti 
confugere,    ut   talem    vulgus,   <iy   Magnates  vene- 


rabantur.  Naõ  fendo  menor  o  elogio  que  lhe 
faz  in  Ann.  gloriof.  S.  J.  in  'Lufit.  pag.  383. 
Para  inílruir  aos  MiíTionarios  que  haviaò 
cultivar  a  vinha  de  Angola,  efcreveo. 

Gentio  de  Angola  fufficientemente  inflruido 
nos  Myflerios  da  noffa  Santa  Fé.  Lisboa  por 
Domingos  Lopes  Roza  1642.  8.  Foy  tradu- 
íido  na  lingua  latina  por  Fr.  António  Maria 
Prandomontano  Capuchinho  Romíe  typis  Con- 
gregationis  de  propaganda  fide.  1661.  4. 

ANTÓNIO  DO  COUTO  Fidalgo  Caval- 
leiro  da  Cafa  Real,  e  profelTo  na  Ordem  Mili- 
tar de  Chriílo,  Senhor  da  Capella  inílituida 
por  Vafco  Martins  da  Agua  em  a  Parochial 
Igreja  de  Santa  Juíla  da  Cidade  de  Coimbra 
naceo  em  Villa-Viçofa  em  o  anno  de  1595. 
e  teve  por  Pays  a  Jorge  Gonçalves  do  Couto 
da  Coíla,  e  a  D.  Izabel  Franca  fua  prima  por 
fer  filha  de  feu  Tio  Aifonfo  do  Couto.  De- 
pois de  aprender  nos  primeiros  annos  a  lingua 
Latina,  que  foube  com  perfeição  querendo 
inftruir-fe  em  as  difciplinas  Mathematicas  teve 
por  Meílre  da  Fortificação,  e  Cofmografia  a 
D.  Manoel  de  Menezes  General  da  Armada 
Real  com  quem  por  toda  a  vida  confervou 
eílreita  amizade  naõ  fomente  pelas  Hçoens  que 
delle  recebera,  mas  por  fer  Primo  de  Cof- 
me  do  Couto  Barbofa  Almirante  Geral  da 
Armada,  e  Comendador  de  S.  Pedro  de 
Nogueira  ao  qual  era  muito  aíFefto  D.  Ma- 
noel de  Menezes.  Em  diverfas  Armadas  fe 
embarcou  fempre  á  fua  cuíla,  e  com  gran- 
de lufimento,  principalmente  em  o  anno 
de  1625.  quando  o  mefmo  D.  Manoel  de  Me- 
nezes foy  focorrer  a  Bahia  fitiada  pelos 
Olandezes  o  qual  o  armou  Cavalleiro  com 
todas  as  ceremonias  militares  pelo  heróico 
valor  com  que  pelejou  contra  três  Náos 
Olandezas,  na  altura  da  Ilha  de  S.  JVIiguel. 
Naõ  manifeftou  menor  esforço  em  o  anno 
de  1627.  quando  acompanhado  do  Almi- 
rante Chriftovaõ  Cabral  difcorreo  pela  Cof- 
ta  da  Corunha,  e  na  Ilha  de  Oleron  vifinha 
ao  Porto  de  Arrochella  concorreo  para  que 
eila  Praça  fe  fogeitaíTe  ao  dominio  de  Luiz 
decimo  terceiro  feu  legitimo  Soberano. 
Atendendo  a  Mageilade  delRey  D.  Joaõ 
o  IV.  aos  feus  merecimentos  o  nomeou  Se- 
cretario da  Cafa  de  Bragança  em  quanto  a 


I 


LUSITANA. 


253 


naô  remunerava  com  mayor  premio.  Por  mor- 
te deíle  Príncipe  em  quem  tinha  fundado  as 
cfperanças  dos  Teus  augmentos  lhe  ofíereceraô 
o  lugar  de  Secretario  das  Mercês,  que  elle  brio- 
lamõte  regeitou  por  vir  penfíonado  com  o 
donativo  de  cinco  mil  cruzados.  Foy  muito 
inclinado  á  pintura,  e  era  notável  o  primor 
( om  que  defenhava  naõ  fendo  menor  o  arti- 
licio  com  que  abria  letras  com  tizoura  em  pa- 
pel, como  fez  em  hum  fonetu  que  compufera. 
lailcceo  em  Lisboa  no  anno  de  1679.  com  86. 
iiinos  de  idade.  Jaz  fepultado  em  fepultura 
própria  no  Convento  de  S.  Domingos.  Foy 
i.i/.uk)  duas  vezes,  c  do  fegundo  matrimonio 
celebrado  com  D.  Izabel  de  Carvalhaes  Bar- 
boza,  c  Pitta  teve  a  Luiz  do  Couto  Felis  de 
t|ucm  faremos  merecida  memoria  em  feu  lu- 
i;ar,  e  a  D.  Ignacia  Maria  de  Couto  que  depois 

Viuva  de  Filippc  Peixoto  da  Sylva  Fidalgo 
Cafa  Real,  c  Cavalleiro  da  Ordem  de  Chrifto 

recolhco  Religiofa  no  reformado  Con- 
snto  do  Sacramento  de  Religiofas  Domini- 

deíla  Corte.    Efcreveo 

Tratado  da  fortificação,  e  da  "Esfera.  M.  S.  4. 
qual  deu  António  do  Couto  de  Caílello- 
Jranco  Neto  do  Author  a  feu  Sobrinho 
intonio  Filippe  Pereira  Forjas  Irmaõ  de  Jozé 
li  nino  de  Cabedo,  e  Vafconcellos  morador 
cm  Setúbal  em  cuja  livraria  fe  conferva. 

ANTÓNIO  DO  COUTO  DE  CASTEL- 

ÈO-BRANCO  Fidalgo  da  Cafa  Real  Cavalleiro 
i  Ordem  Militar  de  Chrifto  Commendador,  e 
Alcaide  Mór  de  Saõ-Tiago  de  Cacem,  naceo 
em  Lisboa  a  8.  de  Outubro  de  1669.  e  foy 
bautifado  na  Parochial  Igreja  dos  Anjos  a  24. 
do  dito  mez  por  Manoel  de  Magalhaens  de 
Menezes  Deputado  do  Confelho  Geral  do 
Santo  Officio,  fendo  Padrinho  feu  Avó  An- 
tónio do  Couto,  de  quem  fe  fez  a  pre- 
cedente memoria.  Foy  filho  de  Luiz  do 
Couto  Felis  Fidalgo  da  Cafa  Real,  e  Guar- 
da mór  da  Torre  do  Tombo,  e  de  D.  Pau- 
la Jozepha  de  Caftellobranco  filha  de  Ma- 
noel da  Cunha  Soares  Moço  fidalgo  Caval- 
leiro da  Ordem  de  Chrifto,  e  Senhor  do  Mor- 
gado do  Zambujal,  e  de  D.  Mariana  da 
Cunha  de  Caftellobranco.  Defde  a  puerí- 
cia começou  a  inftruirfe  com  aquellas  ar- 
tes próprias  do  feu  nacimento,  quaes  foraõ 


fallar  puramente  as  línguas  Latina,  Franceíá 
Italiana,  e  ainda  da  Hebraica  teve,  baftante 
conhecimento;  jugar  as  Armas  com  deftreza, 
e  mandar  os  Cavallos  com  arte.  Como  todo 
o  feu  gcnio  fe  inclinava  para  a  Milícia  por  (er 
paleftra  de  ânimos  valerofos  aprendeo  com 
fummr)  dífvelo  os  preceitos  da  Fortificação, 
e  da  Náutica,  e  fahío  nelles  muito  perito  fendo 
o  mar,  e  a  terra  os  theatros  em  que  por  díverías 
vezes  felizmente  os  praticou.  Occupou  vá- 
rios poftos  devidos  naõ  meoos  i  valentia 
do  feu  braço,  que  à  direcção  do  feu  juízo, 
fendo  Capitão  Tenente  da  Náo  NoíTa  Senhora 
do  Bom  Suceflb  cm  20.  de  Abril  de  1697. 
Capitão  de  nur,  e  guerra  em  1 1.  de  Dezembro 
de  1705.  Meftre  de  Campo  de  Infantaria  do 
Regimento  da  Praça  de  Chaves  a  2.  de  Mayo 
de  1705.  Brigadeiro  a  28.  de  Abril  de  1708.  e 
ultimamente  Sargento  mór  de  Batalha  a  15. 
de  Abril  de  1738.  Na  ultima  guerra,  que 
efta  Coroa  declarou  contra  Efpanha,  naõ 
houve  acçaõ  militar  em  que  ou  expugnando, 
ou  defendendo  naõ  alcançaííe  immortal  fama 
o  feu  valor,  como  fucedeo  na  Reftauraçaõ  de 
Marvaõ,  e  Sitio  de  Badajos  no  anno  de  1705. 
na  Conquifta  de  Ciudad  Rodrigo;  de  S.  Félix 
de  los  Gallegos,  Amoraleja,  no  aíTalto  de 
Banheiras  no  Reyno  de  Galiza  no  anno  de 
1706.  e  no  fitio  de  Vilhena  em  o  Reyno  de 
Murcia  em  1707.  Governou  as  Cidades  de 
Placencia,  e  Salamanca  em  Caftella  a  Velha, 
Campilho  de  Altiboy  em  Caftella,  a  Nova, 
e  a  Praça  de  Bocarente  no  Reyno  de  Valença 
atè  que  na  fatal  batalha  de  Almança  dada  a 
25.  de  Abril  de  1707.  mandando  dous  Regi- 
mentos na  primeira  linha  depois  de  obrar 
acçoens  dignas  de  enveja  dos  feus  companhei- 
ros foy  prizioneiro,  e  defpojado  de  todos  os 
veflidos,  cuja  adverfidade  tolerou  com  animo 
heróico.  Reftituido  à  liberdade,  e  à  pátria 
foy  nomeado  Infpeâor  das  Ilhas  dos  AíTores, 
e  depois  Governador  da  Praça  de  Elvas  de- 
fempenhando  com  vigilante  prudência  a  ju- 
diciofa  eleyçaõ  que  da  fua  Peííoa  fe  fizera  pa- 
ra taõ  authorizados  lugares.  Nunca  o  horror 
de  Marte  lhe  impedio  o  comercio  de  Minerva 
revolvendo  continuamente  os  livros  naõ  fo- 
mente da  fua  profiíTaõ  militar,  mas  da  Hifto- 
ria  profana.  Geografia,  e  Genealogia  de  que 
faõ    argumentos    claros   as   obras    feguintes. 


254 


BIBLIO THE  CA 


Memorias  militares  pertencentes  ao  fervi- 
ço  da  Guerra  ajfim  terrejlre  como  marítima,  em 
que  fucejftvamente  fe  contem  as  ohrigaçoens  dos 
Officiaes  de  Infantaria,  e  Cav aliar  ia,  e  Ar  te- 
lharia, e  Engenheiros;  infignias,  que  lhe  tocaõ 
trar^er,  a  forma  de  campar,  e  confervar  o  campo; 
o  modo  de  expugnar,  e  defender  as  Praças,  e  a  dif- 
pojiçaõ  de  batalhas  terreflres,  e  navaes,  <Ò'c.  Amf- 
terdaõ  por  Miguel  Dias  171 9.  8.  com  ef- 
tampas. 

Suplemento  às  Memorias  Militares.  Tom  2. 
das  fuás  obfervaçoens,  e  apontamentos  das  obri- 
gaçoens,  e  praãicas  da  Guerra.  Lisboa  na  Ofíi- 
cina  da  Muíica.  1731.  8. 

Memorias,  e  obfervaçoens  militares,  e  po- 
liticas Tom.  3,  Keferem-fe  todas  as  operaçoens 
militares,  e  politicas  de  Portugal  que  moverão 
a  concluir  huma  Liga  com  as  Coroas  de  França, 
e  Caflella,  e  fahindo  defia  celebrar  outra  com  o 
Império,  Gràõ  Bretanha,  e  O  landa:  os  fuceffos  da 
Guerra  em  que  entrou  com  os  f eus  Alliados,  mar- 
chas de  exércitos,  fitios,  e  expugnações  de  Pra- 
ças, encontros,  e  batalhas  navaes,  <&c.  Lisboa  na 
Officina  da  Muíica,  e  da  Sagrada  Religião 
de  Malta.  1740.  8. 

Memorias,  e  Obfervaçoens  Militares.  Tom.  4. 
Keferem-fe  todas  as  operaçoens  do  Exercito  de 
Portugal  na  campanha  de  1706.  defde  que  fahio 
de  Portugal  até  tomar  quartéis  no  Rejno  de  Va- 
lença, com  a  noticia  da  expugnaçaõ  das  Praças 
de  Alcântara,  Moraleja,  Ciudad  Kodrigo,  e  S. 
Felices  de  los  Gallegos,  aclamação  delRej  Carlos 
III.    Madrid  M.  S. 

Memorias,  e  Obfervaçoens  Militares,  e 
Politicas  Tom.  5.  Keferem-fe  todas  as  opera- 
çoens militares  do  Exercito  de  Portugal  depois 
que  fahio  do  Rejno  de  Valença,  e  as  difpo- 
fiçoens  para  a  Campanha,  e  expugnaçoens  da  Praça 
de  Vilhena  no  Rejno  de  Murcia,  movimentos, 
e  marcha  nelle;  batalha  de  Almança.  Marchados 
prifioneiros ;  hidas  às  Ilhas  com  focorro,  <ò'c. 
M.  S. 

Memorias,  e  obfervaçoens  militares,  e  poli- 
ticas Tom.  6.  Contem  cartas  efcrifas  nas  Cor- 
tes de  Portugal,  e  Caflella  por  forma  de  Ma- 
nifejlos,  e  difpofiçoens  para  o  rompimento  entre  as 
duas  Coroas.    M.  S. 

Eíles  três  Tomos  eftaõ  promptos  para  a 
ImpreíTaõ. 

DefcripçaÕ    das    nove     Ilhas     dos     Affores, 


em  que  fe  vé  debuxada  a  Planta  de  cada  huma, 
a  altura  da  fua  fituaçaÕ;  frutos,  arvores,  Ani- 
maes,  e  Aves  que  produ:<^  o  numero  de  gente  que 
as  habita,  e  o  anno  em  que  fe  povoarão,  familiar 
illujlres  que  nellas  florecem.  Foi.  M.  S.  em  papel 
grande,  offerecida  à  Mageftade  delRey  D. 
Joaõ  o  V.  NoíTo  Senhor,  cujo  Original  fc 
conferva  na  Bibliotheca  do  ExcellentiíTima 
Marquez  de  Abrantes. 

Antes  de  ter  compofto  efte  Livro  efcre- 
veo. 

Conta  que  deu  a  S.  Mageftade  em  20.  de  No- 
vembro de  1708.  das  Ilhas  do  Fayal,  Graciofa, 
Pico,  S.  Jorge,  Corvo,  e  Flores  quando  ajfiflio 
nellas  por  feu  Infpeãor.  Foi.  M.  S.  coníla  de 
16.  Paginas. 

Tratado  da  Familia  do  Couto.    Foi.  M.  S. 

Eftas  duas  obras  conferva  na  fua  Livraria 
o  EruditiíTimo  Jozé  Freyre  de  Monterroyo     | 
Mafcarenhas  como  nella  vimos. 

Famílias  do  Rejno  de  Portugal  ordenadas 
pela  ordem  Alfabética  foi.  8.  Tom.  M.  S. 

Famílias  dos  Rejs  da  Europa,  e  dos  Títu- 
los de  Portugal,  Baroens,  e  Officiaes  da  Cafa  Real. 
foi.  2.  Tom.  M.  S.  Confervaõ-fe  em  poder 
de  feu  Author,  do  qual  faz  honorifica  memoria 
António  Carvalho  da  CoIla  Corog.  Portug. 
Tom.  I.  Trat.  3.  cap.  23.  pag.  271. 


ANTÓNIO  DE  CRASTO  Natural 
da  Cidade  de  Bragança  da  Província  Tranf- 
montana.  Foy  infigne  em  todas  as  Artes 
Liberais  principalmente  Geometria,  Ari- 
thmetica,  Cofmographia,  e  Aílronomia, 
naõ  fendo  menos  fciente  na  Lingua  Latina, 
e  Arte  Poética.  Todas  eftas  Sciencias  o  fi- 
zeraõ  digno  de  fer  Meftre  dos  Moços  Fidal- 
gos que  frequentavaõ  o  Paço,  e  depois  do 
SereniíTimo  Duque  de  Bragança  D.  Theo- 
dofio  II.  Morreo  no  anno  de  1603.  deixando 
diverfas  obras,  que  teftemunhavaõ  a  fua 
vafta  erudição  ainda  que  a  mayor  parte  in- 
completas. Das  que  tinhaõ  a  ultima  perfei- 
ção, foraõ 

Traãatus  de  maris  falfedine.    Aí.  S. 

Traãatus  de  conchiliis.    M.  S. 

Traãatus  de  Vino  mjrrhato  Chrijlo 

Domino  à  Judais  in  Cruce  propina  to; 

No  qual  impugnava  o  que  nefta  matéria 
tinha  efcrito  o  Cardeal  Baronio. 


L  USITAN A. 


255 


Fr.  ANTÓNIO  DA  CRUZ  natural  de 
I  isl)()a,  c  filho  de  Luiz  Fernandes  Barbas, 
(  Cathcrina  Henriques.  ProfeíTou  o  iiabito 
(i:i  illuílrc  Ordem  da  Santinfima  Trindade  no 
Convento  pátrio  a  26.  de  Janeiro  de  1598. 

ndc  pelas  fuás  letras,  e  virtuofas  acçoens 
<  Kcrcitou  prudentemente  os  mais  honorifícos 
lugares,  como  foraõ  Vigário  do  Real  Con- 
vento de  Ceuta,  Reytor  do  G)lIcgio  de  Coim- 
bra, Secretario  da  Provincia,  Pregador  Geral, 
Miniílro  do  Convento  de  Lisboa,  e  ultima- 
mente Provincial  eleito  no  anno  de  1629. 
I  oy  dotado  de  ardente  charidadc,  e  abrazado 

cio  no  exercicio  de  rcfgatar  Cativos,  princi- 
pal obrigação  do  feu  fagrado  Inílituto,  para 
i  ujo  cffcito  dcfprczando  os  mayorcs  perigos 
p;iflbu  duas  vezes  a  Argel;  a  primeira  no  anno 
cie  161 8.  em  que  refgatou  cento,  e  cincoenta  e 
lious  cativos;  a  fcgunda  no  anno  de  1620.  cm 
«.|ue  libertou  cento,  c  quarenta  c  nove.  Nef- 
ic  ultimo  refgate  como  confumifle  dous 
1  tinos  foy  julgado  pelos  bárbaros  fcr  efpia  de 

Iiftella,  fendo  condenado  a  huma  dura  pri- 
D,  e  ultimamente  à  morte,  mas  conhecida 
fua  innocencia  foy  reíUtuido  à  liberdade, 
ao  Reyno  onde  acabou  a  vida  no  i.  de  Ja- 
íiro  de  1655.    Efcreveo. 

Hijloria  dos  refgates,  que  fe;^,  e  dos  muitos 
riibalhoSf  que  padeceo  por  amor  dos  Cativos  nàõ 
fó  em  Argel  entre  os  Mouros  mas  ainda  em  Us- 
hoa  pelos  Jeus  emulos.  Aí.  S.  em  folha.  Con- 
icrva-fe  na  Livraria  do  Convento  da  Santif- 
lima  Trindade  de  Lisboa.  Do  Author  faz illuf- 
tre  memoria  Fr.  Bernardin.  de  Santo  António 
in  E.pit.  Kedempt.  lib.  2.  cap.  4.  e  cap.  11. 

ANTÓNIO  DA  CRUZ.  Naceo  em  Lis- 
boa, e  foy  hum  dos  mais  infignes  Cirurgiaens 
do  feu  tempo,  cuja  arte  exercitou  muitos 
annos  no  Hofpital  Real  de  todos  os  Santos 
.ilTiílindo  naõ  fomente  com  grande  caridade, 
e  naõ  menor  fciencia  aos  infermos,  mas 
inftruindo  na  fua  faculdade  a  muitos  difcipulos, 
que  fahiraõ  da  fua  efcola  muito  peritos,  e  para 
que  mais  brevemente  fe  informaíTem  nos  feus 
preceitos,  efcreveo  Optime,  doãe,  et  Curiofe 
como  affirma  o  celebre  Zacuto  Luíit.  Prax. 
Med.  liv.  2.  Obfervat.  84.  &  in  Praefat.  ad 
?rognoJlic.  Hippocrat. 

RecopilaçaÔ    da    Çurgia    dividida    em    cinco 


Tratados.  O  i.  /rata  da  Anatomia  de  todos  os 
membros  do  corpo  humano  fimples,  e  compoftos. 
2.  de  Apojlhemas  5.  de  l^ cridas.  4.  de  ChagfU. 
).  da  natMret(a  dos  Simples.  Lisboa  por  Jorge 
Rodrigues  1601.  4.  e  160).  e  ibi  por  Matheos 
Pinheiro  1650.  4.  e  acrecentada  por  Fiao- 
cifco  Soares  I^eyo,  e  Amaro  da  FoniGeca  Cirur- 
giaens de  Lisboa  ibi  por  Manoel  Gomes  de 
Carvalho.  1649.  4.  Novamente  acrecentada 
pelo  dito  Francifco  Soares  Feyo,  e  Antooio 
Gonçalves.  Lisboa  por  António  Crasbeeck 
de  Mello  1669.  4.  e  ibi  por  Miguel  Deslandes 
1688.  4.  e  Lisboa  por  Bernardo  da  CoAa  de 
Carvalho  171 1.  4. 

Joan.  Soar.  de  Brito  in  Theat.  "Lufit. 
Utter.  lit.  A.  n.  65.  lhe  chama  Chirurgus 
expertijfimus.  Naõ  poflb  aflfirmar  certamen- 
te fe  he  o  mefmo,  ou  outro  differente  por 
ter  o  mefmo  nome  o  Author  da  obra  fe- 
guinte 

Ordem  de  restar  o  Rofario  de  N.  S.  com  a 
Coroa  de  Chrijlo  no  fim.  Lisboa  por  Domingos 
Lopes  Rofa  1647.  24.  e  por  Joaõ  da  Coíla  1668. 
e  por  Miguel  Deslandes  1688. 

ANTÓNIO  DA  CRUZ.  Naceo  na 
Cidade  de  Lamego  a  10.  de  Julho  de  1671. 
Ainda  eftava  na  idade  da  adolefcencia  quan- 
do veftio  a  murça  de  Cónego  Secular  da  Cõ- 
gregaçaõ  do  amado  Evangeliíla  no  Con- 
vento de  S.  Bento  de  Enxobregas  a  14.  de 
Mayo  de  1688.  Depois  de  jubilar  na  Sa- 
grada Theologia,  e  ter  fido  Reytor  do  Cõ- 
vento  da  fua  pátria,  e  Definidor  mór,  foy 
eleito  Geral  em  o  anno  de  1730.  em  cujo 
lugar  manifeftou  a  prudência  do  feu  talento, 
que  era  igual  para  o  Púlpito.  Morreo 
na  pátria  a  10.  de  Novembro  de  1738.  com 
67.  annos  de  idade,  e  50.  de  Religião.  Im- 
primio. 

Sermão  de  'Esxequias  no  Oficio  das  Honras 
do  Illujirijfimo,  e  Keverendijftmo  Senhor  D.  Joaõ 
de  Brito,  e  Vafconcellos  Bifpo  de  Angra,  que 
fe  fe^  no  Convento  de  Santa  Crus^  da  Cidade  de 
Lamego  dos  Cónegos  Jeculares  da  Congregarão 
de  SaÕ  Joaõ  Evangelijla.  Lisboa  por  Francifco 
Xavier  de  Andrade.  1722.  4. 

ANTÓNIO  DELICADO  natural  da 
Villa    de   Alvito    da   Diocefe    de    Évora   na 


256 


BIBLIOTHE  CA 


Província  do  Alentejo.  Defde  a  primeira 
idade  fe  educou  em  Cafa  de  Manoel  Seve- 
rim  de  Faria  Chantre  de  Évora  Varaõ  taõ 
iníigne  pela  noticia  das  antiguidades,  como 
pela  integridade  de  coílumes,  de  cuja  difci- 
plina  nunca  degenerou,  antes  ordenado  de 
Sacerdote  foy  eleito  Parocho  da  Igreja  de 
Santa  Maria  da  Charidade  íituada  fora  dos 
muros  de  Évora,  onde  pradticou  as  obri- 
gaçoens  de  verdadeiro  Paílor.  Como  era 
muito  perito  dos  myílerios  da  lingua  mater- 
na aíTim  moderna  como  antigua  de  que  o 
louva  Joaõ  Soares  de  Brito  in  Theat.  'Lufit. 
Liitter.  lit.  A.  n.  68.  efcreveo  por  impulfo 
do  Chantre  de  Évora. 

Adágios  Vortugue^^es  redundas  a  lugares  co- 
muns. Lisboa  por  Domingos  Lopez  Rofa. 
1651.  4. 

ANTÓNIO  DE  DEOS  CAMPOS  Naceo 
na  Cidade  do  Porto  a  3.  de  Outubro  de  1699. 
e  teve  por  Pays  a  António  de  Deos  Campos, 
e  Conceição  de  Santa  Rofa.  Inílruido  na  lingua 
Latina  frequentou  na  Pátria  o  eftudo  da  Filo- 
fofia,  e  Theologia  até  que  paliando  à  Univeríi- 
dade  de  Coimbra  fe  applicou  à  fciencia  do  Di- 
reito Pontifício  em  que  recebeo  o  gráo  de  Ba- 
charel em  31.  de  Julho  de  1721.  Depois  de  fer 
Dezembargador,  e  Promotor  do  Bifpado  do 
Porto  tomou  poíle  da  Abbadia  da  Igreja  Paro- 
chial  de  S.  Nicolao  da  mefma  Cidade  a  22.  de 
Outubro  de  1723.  donde  paílou  a  Cónego  Ma- 
giftral  de  Efcritura  em  a  Cathedral  da  fua  pátria 
a  14.  de  Julho  de  1737.  Naõ  fomente  he  verfado 
em  as  Humanidades,  e  noticia  das  linguas  Caíle- 
Ihana,  e  ItaKana,  mas  ornado  de  grande  talento 
para  o  Púlpito,  como  teflifica  a  obra  feguinte. 

Panegyrico  Evangélico,  e  Gratulatorio  expojio 
nafolemnidade,  que  em  acçaõ  de  Graças  no  dia  28. 
de  Outubro  de  1739.  '^^^^brou  o  nobilijfimo,  e  precla- 
rijjimo  Senado  da  Camará  da  Cidade  do  Porto  na 
Santa  Igreja  Cathedral  da  mefma  pelo  felicif- 
Jimo  Nacimento  da  Terceira  Filha  do  Serenijftmo 
Frincipe  do  Brajil  noffo  Senhor  D.  Jo^é.  Porto. 
1740.  4.  fem  nome  de  Impreílor. 

ANTÓNIO  DIAS  CARDOSO  na- 
tural da  nobre  Villa  de  Santarém  filho  do 
Doutor  Pedro  Fernandes,  e  Barbara  Fer- 
nandes,   e   Irmaõ    do    Doutor   Fernaõ    Ro- 


driguez  Cardofo  Collegial  do  Collegio  Real 
de  S.  Paulo.  Eíludou  Direito  Pontifício 
na  Univerfidade  de  Coimbra  em  cuja  facul- 
dade fe  doutorou  donde  paflbu  a  fer  Cóne- 
go Doutoral  na  Sé  de  Évora,  de  que  tomou 
poíTe  em  27.  de  Julho  de  1620.  Pela  grande 
literatura,  e  virtuofo  procedimento  foy 
creado  Inquifidor  da  Inquifíçaõ  de  Coim- 
bra a  20.  de  Mayo  de  1589.  donde  foy  trans- 
ferido à  de  Évora  em  12.  de  Outubro  de 
1602.  e  ultimamente  Deputado  do  Confe- 
Iho  Geral  em  14.  de  Mayo  de  1610.  como 
efcreve  Fr.  António  de  Souf.  de  Orig.  In- 
quif.  'L.ufit.  §.  2.  n.  10.  §.  4.  n.  12.  e  §.  2.  n.  16. 
e  Fr.  Pedro  Monteiro  no  Cathalogo  dos  Depul 
do  Cone.  Geral.  Morreo  em  Lisboa  a  26.  de 
Janeiro  de  1624.  e  eiiá  enterrado  no  Con-  , 
vento  de  Santo  Eloy  dos  Cónegos  Seculares 
do  Evangelifta  com  efte  epitafío  que  traz  o 
P.  Francifco  de  Santa  Maria  no  Ceo  aberto. 
liv.  2.  cap.  22.  pag.  445. 

Sepultura  do  Doutor  António  Dias  Cardo/a 
do   Confelho  de  Sua  Magejlade,  e  do   Geral  da 
Santa  Inquijiçaõ  Cónego  doutoral  da  Sé  de  Évora 
faleceo  a  26.  de  Janeiro  de  1624. 
Efcreveo. 

Regimento  do  Santo  Officio  de  Portugal  Lis- 
boa por  Pedro  Crasbeck.  161 3.  foi.  Foy  man- 
dado imprimir  por  ordem  do  Inquifídor 
Geral  D.  Pedro  de  Caftilho. 

Deíla  obra  diz  Manoel  Mendes  de  Caf- 
tro  in  Praã.  Eijit.  lib.  2.  cap.  i.  §•  7.  n.  16.  Nihil 
adpraxim  amplius  dejiderari  potejl,  tendo  efcrito   j 
do   Author  atatis  fua  fapientijfimum  admira-  ^ 
hilis  Janãitatis,  <&  prudentia  virum. 


Fr.    ANTÓNIO    DE    S.    DOMINGOS 

natural  da  Cidade  de  Coimbra,  e  hum  dol 
mais  famofos  Letrados  da  Ordem  dos  Pr^' 
gadores  cujo  habito  profeíTou  no  Real  Coor 
vento  de  Lisboa  a  7.  de  Fevereiro  de  1547. 
Depois  de  ter  eíhidado  Filofofía,  e  Theor 
logia  com  enveja  dos  feus  condifcipulos  as 
diftou  com  admiração  de  todos  os  Meíbres 
pelo  largo  efpaço  de  quarenta  annos  dos 
quaes  vinte  foraõ  fendo  Lente  de  Prima  de 
Theologia  na  Univerfidade  de  Coimbra  de 
que  tomou  poíTe  em  10.  de  Fevereiro  de  1574* 
fubílituindo  no  lugar,  e  na  fama  a  Fr.  Mar- 
tinho   de    Ledefma,    fervindo    muitas    vezes 


I 


L  USITAN A. 


25/ 


de  Vicereitor  na  mefiiM  Academia»  Foy 
Prior  do  Convento  de  Lisboa  no  anno  de 
1568.  em  que  fatalmente  ardia  toda  ella  no 
incêndio  da  peíle,  e  preferindo  a  falvaçaô 
alheya  á  própria  vida  nunca  fe  retirou  do 
(Convento  antes  com  fumma  charídade  con- 
tcíTava  aos  feridos  do  contagio.  Sérvio  o 
tribunal  do  Santo  OBicio  como  Qualifica- 
dor, depois  Deputado  da  Inquifíçaõ  de  Lis- 
boa de  que  tomou  poíTc  cm  28.  de  Setembro 
•\c.  1581.  até  que  morrco  na  fua  pátria  quando 
ontava  65.  annos  de  idade  no  anno  de  1596. 
c  naò  (como  efcreve  Fr.  Pedro  Monteiro 
no  Clanjl.  Domin.  Tom.  3.  pag.  13.  c  59.  no 
anno  de  1J97.  nem  no  anno  de  1598.  como 
diz  à  pag.  147.  e  no  Cathalog.  dos  Deputad.  da 
biquif.  de  Coimbra  n.  15.)  Delle  fc  Icmbraò 
l"r.  Luiz  de  Soufa  HiJI.  de  SaÕ  Domingos  da 
Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  5.  cap.  37.  cha- 
inando-lhc  famofo    Pregador.    O    Senhor    D. 

Ítonio  na  Gurta  cfcrita  no  anno  de  1583. 
rrcgorio  Xin.  home  de  grandes  lettres,  e  erudi- 
.  Echard  Script.  Ord.  Pradic.  Tom.  2. 
j,„^.  251.  Maòfter  avo  fuo  clarijfimus.  Mafleo 
in  Vita  Soarii  cap.  10  Joan.  Soar.  de  Brit. 
in  Tbeaf.  Ljijit.  Utera.  lit.  A.  n.  70.  Fr.  Ant. 
Senenf.  in  Bib.  Fratr.  Ord.  Prad.  pag.  26. 
Vir  ingenii  magto  acumine,  et  admodum  expediti 
nattira  pradiíus,  et  in  Chron.  Frat.  Ord.  Prad. 
pag.  328.  In  concionando  locum  meretitr  haud  dubie 
j  M  conjeffu  concionatoriim  infignium.  Nic.  Ant. 
in  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  90.  Tempore  fm 
valde  fuit  celebris.  Taxand.  in  Cathal.  Ciar. 
Hifp.  Script.    Compoz. 

Commentaria  in  Univerjam  Theologiam  M.  S. 

Traduzio  de  Latim  de  Santo  Antonino 
\rcebifpo  de  Florença  em  Portuguez,  e  a 
publicou. 

Vida  de  SaÕ  Domingos  foi. 

Compendio  das  Chronicas  da  Ordem. 

Do  qual  faz  memoria  Cardofo  Agiol. 
Ijifit.  Tom.  I.  pag.  297.  no  Commentario 
de  30.  de  Janeiro  letr.  B.  e  Tom.  2.  pag. 
223.  no  Commentario  de  18.  de  Março  letr.  B. 
e  no  Tom.  3.  pag.  252.  no  Comment.  de  14. 
de  Mayo  letr.  C. 

Dos  Novijftmos  do  homem. 

Deíla  obra  fe  lembra  Fr.  Affonfo  Fer- 
nand.  in  Concertat.  Prad.  a  qual  efcreve  Fr. 
Pedro  Monteiro  no  Catai,  dos  Deput.  da  Inq. 


dê  Coimbra,  n.   15.  que  fe  imprimio,  e  noe 
parece  fe  enganou. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  DOMINGOS 
Naceo  em  a  Villa  de  Santarém  do  Arcebífpado 
de  Lisboa  a  4.  de  Agoílo  de  1667.  filho  de 
Pafchoal  Jorge,  e  Margarida  da  G^fta,  e  fe- 
melhante  ao  precedente  em  o  nome,  e  na  pro> 
filíaõ  do  Inílituto  Religiofo  que  fez  no  Con- 
vento de  Bemfica  a  25.  de  Abril  de  1685. 
Foy  Pregador  Geral,  Prior  do  Convento  de 
S.  Domingos  de  Coimbra,  e  Vigário  das  Re- 
ligiofas  do  Convento  de  S.  Joaõ  de  Setúbal. 
Imprimio. 

SermaÕ  do  ultimo  dia  do  folenijftmo  Tridiio 
com  que  os  Keligiofos  da  Sagrada  Companhia  de 
]FS\JS  feftejáraò  no  Jeu  Collegio  de  Santarém  a 
glorio/a  Canoni:(açaÕ  dos  feus  portento/os  Santos 
Santo  Stanislao  Kofka,  e  SaÕ  Lmí^  Gonzaga 
a  30.  de  Setembro  de  1727.  4.  Lisboa  por 
Manoel  Fernandes  da  Cofta  1728.  4. 

Delle  faz  muito  breve  memoria  Fr.  Pe- 
dro Monteiro  no  Claujl.  Domin.  Tom.  3. 
pag.  147. 

ANTÓNIO  DUARTE  natural  de  Évora 
filho  de  Simaõ  Duarte,  e  Izabel  Luiz,  Coadju- 
tor temporal  da  Companhia  de  JESUS  onde 
entrou  a  20.  de  Janeiro  de  1693.  compoz 
como  efcreve  o  P.  Fonfeca  na  fua  Evor.  Glorio/. 
pag.  427. 

Commentarios  aos  exercidos  de  Santo  Jgia- 
cio.  M.  S. 

Fundação  do  Convento  do  Salvador  de  Fjvora 
com  as  vidas  das  religiofas  que  nelle  floreceraò  M.  S. 

ANTÓNIO  DUARTE  DE  VAS- 
CONCELLOS  filho  de  André  Duarte  de 
Vafconcellos,  Cavalleiro  da  Ordem  Militar 
de  Saõ-Tiago,  de  quem  já  fizemos  memo- 
ria, e  de  D.  Antónia  de  Andrade  Gouvea, 
e  Miranda  naceo  na  Cidade  de  Lisboa  no 
anno  de  1670.  Foy  ornado  de  grande  en- 
genho, e  admirável  comprehenfaõ.  Culti- 
vou com  génio,  e  eíhido  a  Arte  Poética  de 
que  deixou  hum  livro  de  4.  intitulado. 
Poefias  varias.  M.  S. 

Faleceo  na  Villa  de  Santarém  a  30,  de 
Agofto  de  1703.  e  jaz  fepultado  no  Con- 
vento de  Santo  Agoítinho  da  mefma  Villa. 


258 


BIB  LIO THECA 


ANTÓNIO  DURAM  Soldado  vale- 
rofo  que  militou  muitos  annos  na  índia  dan- 
do fempre  do  feu  animo  heróicas  demonf- 
traçoens,  fendo  a  mayor  quando  a  Forta- 
leza de  Moçambique  foy  cercada  no  anno 
de  1607.  e  1608.  por  huma  innumeravel 
multidão  de  Olandezes,  a  cuja  violenta  in- 
vafaõ  fortemente  refiílio.  Voltando  para  a 
Pátria  efcreveo  com  elegante  efiilo  como  diz  Joaõ 
Pinto  Ribeiro  na  Prefer.  das  letras  às  Armas. 

Cercos  de  Moçambique  defendidos  por  D.  EJie- 
van  de  Attayde  Capitam  General,  y  Governador  de 
aquella  Flaça.  Madrid  por  la  viuda  de  Alonfo 
Martines  1633.  4.  Faz  memoria  defta  obra,  e 
feu  Author  a  Bih.  Orient.  de  António  de  Leaõ 
novamente  acrecentada  Tom.  i.  Tit.  3.  col.  54. 

Fr.   ANTÓNIO  DE  SANTO  ELISEU 

natural  da  Villa  de  Ançaá  do  Bifpado  de  Coim- 
bra. Tendo  eíludado  as  primeiras  letras  na 
Pátria  paílou  a  Lisboa  quando  contava  18. 
annos  de  idade,  e  recebendo  o  habito  de  Car- 
melita Defcalço  no  Convento  de  N.  Senhora 
dos  Remédios  profeíTou  folemnemente  a 
19.  de  Março  de  1680.  Tanto  foy  o  progreíTo 
que  fez  nos  eíludos  que  brevemente  fubio 
a  fer  Meílre  de  Theologia  Efcolaftica,  e  Pofi- 
tiva,  em  que  era  eminente.  Foy  ornado  de 
fumma  prudência,  e  afFabilidade,  cujos  dotes 
o  conTtituhiraõ  merecedor  de  que  fucceíiva- 
mente  occupaíTe  os  lugares  de  Prior  dos  Con- 
ventos de  Setúbal,  e  Carnide,  Reytor  do  CoUe- 
gio  de  Coimbra,  Definidor,  Confiliario,  e 
duas  vezes  Provincial  da  fua  reformada  Fa- 
mília. Morreo  no  Convento  de  Carnide 
fituado  nos  arrabaldes  de  Lisboa  a  17.  de 
Setembro  de  1736.  com  74.  annos  de  idade 
e  56.  de  Religião.    Compoz. 

Sermoens  Vários  Part.  i.  Lisboa  por  An- 
tónio Pedrofo  Galraõ.  1736.  4. 

Parte   2.   Lisboa  pelo   mefmo  Impreííor. 

1737-  4. 

Parte  3.  Lisboa.  Pelos  herdeiros  de  An- 
tónio Pedrofo  Galraõ  1740.  4. 

P.  ANTÓNIO  DA  ENCARNAÇAM  Na- 
ceo  em  Lisboa  no  anno  de  1601.  fendo  feus 
Pays  Braz  Nunes,  e  Dionifia  Matofa.  Na  idade 
juvenil  recebeo  o  habito  de  Cónego  Secular 
da  Congregação  do  Evangelifta  onde  teve  os 


lugares  de  Almoxarife  do  Hofpital  das  Caldas 
da  Rainha,  e  Porteiro  do  Convento  de  Santo 
Eloy  de  Lisboa.  Applicou-fe  ao  eftudo  da  Me- 
dicina, e  Cirurgia  fazendo  pelas  fuás  maõs  os 
remédios  que  receitava,  cujo  efFeito  era  taõ  fe- 
liz que  para  receberem  faude  o  chamavaõ  as 
principaes  peíToas  da  Corte  fem  que  delia  arte 
lucraííe  coufa  alguma.    Compoz. 

ConfeJJionario  Geral.  M.  S. 

Declaração  dos  remédios,  que  fe  obraÕ  nas  bo- 
ticas. M.  S. 

Eíles  dous  livros  eflavaõ  promptos  paa 
a  impreíTaõ. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  ENCARNAÇAM 
Natural  de  Évora  onde  foy  inftruido  por  feus 
Pays  Francifco  Bulhaõ,  e  Juliana  da  Ponte  com 
documentos  virtuofos.  Depois  de  profeíTar  no 
Convento  da  fua  Pátria  o  Sagrado  Inílituto  da 
Ordem  dos  Pregadores  partio  para  a  índia 
Oriental,  e  no  Collegio  de  Santo  Thomaz  de 
Goa  eíludou  as  fciencias  efcolaílicas  em  que 
fahio  eminente  nas  quaes  inílruyo  aos  feus  do- 
mefticos  até  fer  Prefentado  em  Theologia  no 
anno  de  1630.  Voltando  para  o  Reyno  paílou 
por  Arménia  onde  foy  benevolamente  recebido 
pelos  feus  Religiofos  que  alli  refidem,  e  iniirui- 
do  no  idioma  da  terra  naõ  fomente  verteo  nelle 
as  Conílituiçoens  da  Ordem,  ^Miííal,  e  Breviário, 
mas  foy  eleito  feu  Provincial,  em  cujo  miniíle- 
rio  manifeílou  a  grande  prudência,  de  que  era 
ornado  reílituindo  à  fua  primitiva  obfervancia 
os  Religiofos,  que  ellavaõ  fummamente  relaxa- 
dos, fendo  o  feu  mayor  difvelo  a  propagação  da 
Fé  naquella  regiaõ,  como  narra  Clemente  Ga- 
lane  no  Traf.  i.  Hijloria  Arménia  de  cuja  Sa- 
grada empreza  foy  feu  Companheiro.  AíTiftio 
como  Definidor  no  Capitulo  Geral  celebrado 
em  Roma  a  6.  de  Mayo  de  1650.  e  naõ  de  1684. 
como  modernamente  efcreve  com  enorme  ana- 
cronifmo  o  P.  Fr.  Lucas  de  Santa  Catherina  na 
4.  Parte  da  Hijior.  de  S.  Domingos  da  Provinc. 
de  Portug.  Hv.  i.  cap.  12.  pag.  70.  e  em  taõ 
venerável  congreílo  foy  venerado  o  feu  talen- 
to. Depois  de  reftituido  a  Portugal  foy  De- 
putado da  Inquifiçaõ  de  Évora,  de  que  to- 
mou poífe  em  7.  de  Junho  de  1659.  donde 
paílou  com  o  mefmo  lugar  para  a  de  Lisboa 
em  II.  de  Junho  de  1661.  Foy  Prior  do 
Convento   de  Bemfica,   e   Vigário   do   Mof- 


I 


í 


f 


L  USITANA. 


259 


rciro  das  Religiofas  do  Sacramento,  e  em 
umbos  eíles  minifterios  fe  moftrou  fumma- 
mente  prudente,  e  vigilante.  Morreo  no 
G^nvento  de  Lisboa  a  15.  de  Outubro  de 
166).    Compoz. 

Kelaçotns  Jummarias  d»  algms  ferviços  que 
fii^eraÕ  a  Deos,  0  a  efles  Reynos  os  Ktligjiofos  Domi- 
tiicos  nas  partes  da  índia  Oriental  mjles  annos  pró- 
ximos pajfados.  Lisboa  por  Lourenço  Cras- 
beeck.  1655.  4. 

Kelaçad  das  coufas  que  nefles  annos  próximos 
jis^aÒ  os  Keligiofos  da  Ordem  dos  Pregadores, 
e  dos  prodigios,  que  fucederaõ  nas  Chriflandades 
do  Sul,  que  correm  por  Jua  conta  na  índia  Oriental. 
Lisboa  por  Henrique  Valente  de  Oliveira 
1665.  4. 

SermaÕ  do  Aão  da  Fé  celebrado  em  Goa  a  7. 
de  Fevereiro  de  161 7.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beeck.  1628.  4. 

Relação  do  principio  da  Chrijlandade  nas  Ilhas 
do  Solor,  Dcíla  faz  mençaõ  Jorge  Girdofo 
Agiol.  LMJit.  Tom.  2.  pag.  198.  no  Comment. 
de  16.  de  Março  letr.  E. 

Dcílas  Relaçoens  faz  mençaõ,  e  de  feu 
Vuthor  a  Bibliothec.   Orient.   de  António   de 

tLeon  modernamente  acrecentada  Tom.  i. 
'fit.  5.  col.  84.  e  Tom.  2,  Tit.  20.  col.  754. 

Relação  do  martyrio  dos  Padres  Fr.  Lmí^  do 
Efpirito  Santo,  e  Fr.  Joaõ  da  Piedade  Dominicos 
nas  Ilhas  do  Solor.  Delia  fe  lembra  Cardofo 
Affol.  LmJíí.  Tom.  2.  pag.  50.  no  Commentario 
de  4.  de  Março  letr.  N.  D.  Fr.  Jozè  de  Santa 
Maria  Bifpo  de  Biíignano  in  Vita  V.  P.  Fr. 
Francijci  Donati  Dominicani  Martyris.  no  cap. 
20.  affirma  que  tem  em  feu  poder  diverfas 
Relaçoens  da  índia  M.  S.  efcritas  por  Fr.  Antó- 
nio da  Encarnação. 

Addiçaõ  ã  Fundação  do  Convento  de  S.  Domin- 
gos de  Bem  fica.  Sahio  impreíía  na  2.  Part.  da 
Hijl.  de  SaÕ  Domingos  da  Prov.  de  Portugal  defde 
pag.  96.  v.o  até.  106.  v.o  com  a  Vida  de  Fr.  Luiz 
de  Sou/a  feu  Chroniíla  no  principio  da  mefma 
Chronica,  fervindolhe  do  mayor  elogio  da 
fua  elegante  penna  o  equivocarfe  com  a  de  Fr. 
Luiz  de  Soufa  imitando  o  feu  ejlylo  com  fingular 
elegância  hijiorica,  como  diz  o  P.  Fr.  Lucas 
de  Santa  Catherina  na  Hiji.  de  S.  Domin- 
gos já  allegada  pag.  926.  Semelhantes  lou- 
'  vores  lhe  dà  Jacobo  Echard  Script.  Ord. 
Prad.  Tom.  2.  pag.  561.  poílo  que  por  en- 


gano o  fiez  diverfo  do  que  traz  i  pag.  605. 
fendo  o  meímo.  Fr.  Miguel  da  Purif.  Kelac, 
Defenf.  dos  filhos  da  índia  Trat.  i.  cap.  6.  pag. 
59.  v.o  Fr.  Pedro  Monteiro  Clauft.  Domin. 
Tom.  3.  pag.  147.  e  no  Cathal.  dos  Deput,  da 
Inqtdf.  de  Evor.  P.  Francifco  da  Fonfec.  Ei/or. 
Cloriof.  pag.  410.  a  Bib.  Orient.  novamente 
addicionad.  Tom.  i.  Tit.  3.  col.  )2.  onde  erra- 
damente eícreve  que  profeguíra  a  2.  e  5.  Part. 
da  Qironica  de  Fr.  Luiz  de  Souía  quando 
fomente  addicionou  a  2.  Parte  como  aíTima  fe 
diíTe. 

Fr.    ANTÓNIO    DA    ENCARNAÇAM 

Naceo  em  Lisboa,  e  na  Igreja  dedicada  á  Afcen- 
çaõ  de  Chriílo  fituada  na  Calçada  do  Gjmbro 
recebeo  a  graça  bautifmal  a  14.  de  Novembro 
de  1622.  Foy  filho  de  Joaõ  da  G)fta,  e  Águeda 
Manoel.  Quando  contava  defefete  para  de- 
foito  annos  veftio  o  habito  Seráfico  da  Ordem 
da  Penitencia  em  o  Gínvento  de  N.  Senhora 
de  JESUS  da  fua  pátria  onde  profeflbu  a 
25.  de  Janeiro  de  1642.  Eíhidou  as  fciencias 
EfcholaíUcas  com  tanta  comprehenfaõ,  que 
excedeu  a  todos  os  feus  condifdpulos.  Dei- 
xando a  Cadeira  fe  applicou  ao  exercido  do 
Púlpito  em  que  mereceo  univerfal  applaufo. 
Foy  Secretario  da  Província,  Reytor  do 
Collegio  de  S.  Pedro  de  Coimbra,  e  Co- 
miíTario  da  Venerável  Ordem  Terceira  do 
Convento  defta  Corte,  onde  falleceo  fendo 
aéhialmente  ComiíTario  a  22.  de  Novem- 
bro de  1666.  com  44.  de  idade,  e  25.  de  Re- 
ligião. Sendo  Secretario  da  Provinda  Com- 
poz. 

Cathalogo  índice  da  Santa  Provinda  da  Ter- 
ceira Ordem  de  Portugal,  foi.  M.  S.  Divi- 
dife  em  três  Partes.  A  primeira  trata  das 
Fundaçoens  dos  Conventos,  e  coufas  mais  no- 
táveis delles.  A  fegunda  declara  os  Nomes, 
e  as  Pátrias  dos  Religiofos;  os  dias  em  que 
receberão  o  Habito,  e  fizeraõ  ProfiíTaõ,  os 
lugares,  e  dignidades  que  tiveraõ.  A  ter- 
ceira trata  das  eleyçoens  Capitulares  que  na 
Provinda  fe  celebrarão. 

Fazem  mençaõ  defte  Author  os  Fafios  da 
Provinc.  da  3.  Ordem  Part.  2.  e  o  Padre  Antó- 
nio Carvalho  da  Cofta  Corog.  Portug.  Tom.  3. 
Trat.  8.  cap.  33.  bem  conhecido,  e  venerado  nefta 
Corte,  e  em  todo  o  Reyno. 


2Ó0 


BIBLIO  THE  CA 


Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  ENGRACIA 
natural  de  Lisboa,  Religiofo  da  Ordem  dos 
Menores  da  Provinda  dos  Algarves,  cujo 
Habito  profeíTou  no  Convento  de  Portalegre 
a  23.  de  Dezembro  de  1688.  Foy  Sancriílaõ 
mór  no  reformado  Convento  das  Religiofas 
da  Madre  de  Deos  fituado  fora  dos  muros 
de  Lisboa,  Varaõ  de  inculpável  vida,  e  fumma 
candidez.  Em  obfequio  da  Santa  Anna  a 
quem  affeâruofamente  amava.    Compoz. 

Novena  da  glorio/a  Senhora  Santa  Anna 
Mãy  da  Mãy  de  Deos,  e  Avó  de  Chrijlo.  Lisboa 
por  Mathias  Pereira  da  Sylva,  e  Joaõ  Antunes 
Pedrofo.  1720.  24. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTA  ESCOLÁS- 
TICA Naceo  em  Lisboa,  e  na  idade  da  ado- 
lefcencia  deixando  a  cafa  de  feus  Pays,  Joaõ 
Pinheiro  de  Mattos,  e  D.  Efcholaftica  de  Frei- 
tas bufcou  a  Religião  do  D.  Máximo  profef- 
fando  no  Real  Convento  de  Belém  a  28.  de 
Setembro  de  1684.  Aprendeo  as  fciencias 
de  Filofofia,  e  Theologia  com  igual  applica- 
çaõ  ao  applaufo  com  que  depois  as  diftou 
naõ  lhe  fervindo  de  embaraço  a  o  feu  grande 
talento  que  ao  mefmo  tempo  cultivaíTe  entre 
os  eftudos  feveros  a  amenidade  das  letras 
humanas,  e  Poeíia  aíTim  Latina  como  vulgar 
para  que  teve  natural  propenfaõ.  Foy  Prior 
do  Convento  da  Pena,  e  Viíitador  Geral  da 
fua  Congregação  em  cujos  minifterios  deo  cla- 
ros argumentos  de  prudência,  e  aífabilida- 
de  de  que  he  fummamente  ornado.  Tem 
Compofto. 

Tra£tatus  de  Pani fenda  foi.  M.  S. 

Traãatus  de  Sacramentis.  foi.  M.  S. 

Flofculus  Theologicus.  He  hum  Compen- 
dio de  toda  a  Theologia.  M.  S. 

Panegyrico  ao  Príncipe  D.  Joaõ  primogénito 
dos  Serenijfimos  Monarchas  D.  Pedro  z.  e  D. 
Maria  Sofia  If^abel  de  Neoburg.  Era  compofto 
em  verfo  heróico  que  naõ  imprimio  pela  breve 
duração  que  teve  efte  Príncipe. 

Lo  que  pueden  las  EJlrellas.    Comedia. 

Três  Epigramas  "Latinos,  e  hum  Soneto 
Portuguet^^,  em  applaufo  do  P.  Fr.  Simaõ  An- 
tónio de  Santa  Catherina  da  Ordem  de  Saõ 
Jeronymo  orando  na  Academia  dos  Anony- 
mos,  e  da  Academia  Efcholaftica,  e  fahiraõ 
impreílas  na  i.   Parte  das  Oraçoens  Académi- 


cas do  dito  Fr.  SimaÕ  António.    Lisboa  na  Offi- 
cina  da  Mufica  1723.  8. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  ESCOBAR  Naceo 
na  Cidade  de  Coimbra  a  4.  de  Janeiro  de  161 8. 
fendo  feus  Pays  Manoel  de  Efcobar,  e  Mar- 
garida Rouboa  de  Anhaya  que  o  educaráõ 
com  fumma  piedade,  e  vigilância.  No  Colle- 
gio  da  fua  pátria  recebeo  o  Habito  Carmeli- 
tano  a  24.  de  Abril  de  1637.  e  profeíTando 
no  anno  feguinte  fe  applicou  a  eftudar  as  fcien- 
cias com  que  havia  illuftrar  a  Religião,  de  que 
era  filho,  principalmente  na  Oratória  Eccle- 
fiaftica,  em  que  foy  infigne.  O  talento  que 
tinha  para  o  Púlpito  foy  igual  ao  que  exer- 
citou no  governo  de  vários  lugares  na  fua 
Ordem  como  foraõ  Prior  do  Convento  da 
Vidigueira,  e  de  Évora,  de  ConfeíTor  das  Reli- 
giofas do  Convento  de  Beja,  e  de  Cuftodio, 
e  Definidor  da  Província.  Sendo  Chronifta 
defta  Província,  e  tendo  compofto  a  mayor 
parte  da  fua  Hiftoria  fe  perdeo  infelizmente 
na  irrupção  que  fizeraõ  os  Caftelhanos  no  Con- 
vento de  Évora  onde  aíTiftia,  no  anno  dei  665. 
Foy  muito  verfado  na  liçaõ  das  letras  hu- 
manas, e  na  Poefia,  de  cuja  arte  foy  suffici- 
ente  profeífor.  Alguns  annos  antes,  que 
morreífe,  perdeo  a  vifta,  cujo  infortúnio  tole- 
rou conftantemente  como  Tobias  até  que 
no  Convento  de  Lisboa  trocou  a  vida  cadu- 
ca pela  eterna  no  anno  de  1681.  quando 
contava  63.  annos  de  idade.    Compoz. 

El  Heroe  Português^.  Vida,  ha^afias  vitorias, 
virtudyj  muerte  dei  ExcelentiJJimo  Senor  D.  Nuno 
Alvares  Pereira.  Lisboa  por  Diogo  Soares 
de  Bulhoens.  1670.  16.  Efta  obra  he  applaudida 
pela  fua  erudição,  e  elevado  eftilo  efcreve  Fr. 
Manoel  de  Sá  nas  Memor.  Hijior.  dos  Efcrit. 
Portug.  do  Carm.  pag.  29.  Foy  fegunda  vez 
impreíTa  com  o  nome  fuppofto  de  Salanio 
Lufitano  com  efte  titulo. 

Difcurfos  políticos,  j  militares  en  la  vida  dei 
Conde  D.  Nufjo  Alvares  Pereira  Condejiable  dei 
Rejno  de  Portugal.  Zaragoça  por  Juan  de  Ibar 
1670.  4.  Sendo  por  furto  levada  do  poder  do 
Author  como  elle  manifeftou  na  Apologia  im- 
preíTa que  efcreveo  em  23.  de  Novembro  de 
1670.  e  atribuída  a  Fr.  Francifco  de  Salez.^ 

Vida  de  Santo  Angelo  Martyr  Carmelita.^ 
Lisboa  por  Joaõ  da  Cofta  1671.  4. 


LUSITANA. 


201 


A  Fénix  de  Portugal,  a  flor  transformada 

Eflrella,  a  eflrella  transferida  a  Sol:  a  idea 

'ai  politica,  hijlorica  de  três  eftados  ^Jcurjada 

vida  da  Kaynha  Santa  Isabel  Infanta  de  AragaÕ. 

Coimbra  por  Manoel  Dias.  1680.  4. 

SermaÕ  fmehre  nas  Exéquias  qm  os  Irmãos 

\f cravos  de  N.  Senhora  da  EsicamafaÕ  fl^eraõ 

feu  Inflituidor  o  IrmaÕ  Fr.  SimaÒ  de  Santa 

_I  Maria  no  Convento  do  Carmo  de  Ushoa  em  ío.  de 

^^Tábril  de  1672.    Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla 

1672.  4. 

Com  o   nome  fuppofto  de  Gerardo  de 

Rfcovar  publicou 

Còriflaes  da  alma,  phrafes  do  CoraçaÕ,  Khe- 

torica  do  fentimento,  amantes  def alinhos.    Lisboa 

por  Joaõ   da  Cofta.    1673.    8.   Coimbra  por 

Jozé  Ferreira  1677.  8.  et  ibi  por  Jozé  Antunes 

da  Sylva.  1721.  8. 

Dot^e  Novellas.  Primeira  Parte.  Lisboa  por 

Joaõ  da  Cofta  1674.  4. 

Eftas  duas  obras  conftaõ  de  proza,  e  verfo. 

ÉVida,  e  martyrio  do  V.  P.  Gonçalo  da  Syl- 
a  da  Companhia  de  JESUS.  Efta  obra  offe- 
eo  ao  P.  D.  Luiz  da  Sylveira,  como  tam- 
bém outro  livro  de  que  fe  ignora  o  titiilo  ofFe- 
recido  à  Duqueza  de  Caminha  dos  quaes  faz 
mençaõ  Fr.  Manoel  de  Sá  nas  Memor.  Hijlor. 
já  allegadas  pag.  50.  e  do  Author  Joaõ  Franco 
Barreto  na  Bib.  Portug.  Aí.  S.  e  o  mefmo  Sá 
nas  Mem.  Hijl.  da  Ord.  do  Carm.  da  Prov.  de 
PortNg.  Tom.  i.  liv.  4.  cap.  2.  n.  526. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  ESPERANÇA 
Naceo  em  Lisboa,  e  foy  filho  de  Miguel 
da  Monta,  e  Anna  Fillippa.  ProfeíTou  o 
Habito  de  Eremita  de  Santo  Agoftinho  no 
Convento  pátrio  a  18.  de  Dezembro  de 
1568.  Foy  ornado  de  muitas  virtudes  pelas 
quaes  padeceo  varias  perfeguiçoens  do  demó- 
nio de  cuja  aftucia  triumfou  fempre  a  fua 
imperturbável  conftancia.  Cheyo  de  mere- 
cimentos acabou  a  vida  em  10.  de  Dezembro 
de  1634.    Deixou  M.  S. 

Sermoens  varias  i.  Tom. 

Que  fe  conferva  na  Livraria  do  Con- 
vento de  Lisboa. 

D.  Fr.  ANTÓNIO  DO  ESPIRITO 
SANTO.  Naceo  na  Villa  de  Monte-mor 
o  Velho  do  Bifpado  de  Coimbra,  e  na  Fre- 


guefia  do  Salvador  foy  bautizado  x  20.  de 
Junho  de  16 18.  Foraõ  Teus  Pays  Jeronymo 
Soares  Carraça,  e  Filippa  Gafpar.  Na  idade 
juvenil  de  17.  annos  abraçou  o  Inâituto  dos 
Carmelitas  Defcalços  no  Convento  de  N.  Se- 
nhora dos  Remédios  de  Lisboa  Cabeça  da  fua 
Provincia  neftc  Reyno,  donde  feita  a  Profi/Iaò 
a  29.  de  Mayo  de  1656.  foy  aprender  as  fcien- 
cias  mayores  no  Coliegío  de  Coimbra  nas  quaes 
fahio  taõ  iníigne,  que  as  diélou  por  muitoa 
annos  com  grande  fruto  dos  feus  ouvintes. 
Depois  de  fer  Prior  do  Convento  onde  pro- 
fe/íára,  e  Difínidor  da  Provincia,  o  foy  Geral 
de  toda  a  Congregação  de  Efpanha.  Aten- 
dendo a  Mageftade  delRey  D.  Pedro  IL  á  pro- 
fundidade das  fuás  letras  acompanhadas  com 
a  exa£la  obfervancia  do  feu  Inftituto  o  nomeou 
Bifpo  de  Angola  fendo  o  primeiro  que  teve 
a  fua  reformada  Familia  nefte  Reyno.  Partio 
para  a  fua  Diocefe  em  Companhia  do  Gover- 
nador Pedro  Cefar  de  Menezes  em  cuja  jor- 
nada padeceo  laftimofo  naufrágio  junto  de  Bcn- 
guella  a  9.  de  Novembro  de  1673.  de  que  efca- 
pou  milagrofamente,  e  chegando  a  9.  de  De- 
zembro tomou  poíTe  a  1 1 .  do  dito  mez  do  aimo 
de  1673.  Pouco  foy  o  tempo  que  exercitou 
efta  dignidade  lamentando  a  fua  falta  com  lagri- 
mas copiofas  as  fuás  ovelhas  quando  dos  feus 
olhos  foy  arrebatado  pela  violência  da  morte  a 
27.  de  Janeiro  de  1674.  quando  contava  56. 
annos  de  idade.  Eftá  fepultado  no  Convento 
dos  feus  Religiofos  que  tem  em  a  Cidade  de 
Loanda  no  meyo  do  Cruzeiro  com  efte  epitáfio. 

Sepultura  do  Senhor  D.  Fr.  António  do  Efpi- 
rito  Santo  Carmelita  Defcalço  Eente  de  Theolo- 
ffa  Moral,  Provincial  da  Provincia  de  Portugal, 
Bifpo  de  Angola.  Morreo  aos  27.  de  Janeiro  na 
era  de  1674.  A  fua  memoria  celebrarão  Nicol. 
Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  128.  e  Tom.  2. 
pag.  318.  e  655.  Fr.  Jozé  de  Santa  Teref. 
Chron.  de  los  Carme  l.  Def  cale.  Tom.  4.  liv.  18. 
cap.  40.  n.  35.  Franc.  de  Santa  Maria  Diar. 
Portug.  p.  62,  e  o  P.  D.  Ant.  Caet.  de  Souf.  no 
Catai,  dos  Bifpos  de  Angola.   Compoz 

Direãorium  Kegularium  in  quo  praãi- 
cabiliores  cafus  tum  ex  fure,  tum  ex  Bullis 
Pontificiis,  nec  non  Eminentiffimorum  Car- 
dinalium  declarationibus  illuflrantur,  cèr  Jux- 
ta  regulam,  <ò^  Conflitutiones  Carmelitarum 
Difcalceatorum      accommodantur,      ubi      etiam 


2Ó2 


BIBLIO THEC  A 


multa  de  aliis  Keligionibus.  Pars.  i.  de  Pri- 
.vilegiis  'Kegularium.  Pars.  2.  de  ohligatione 
Keligiojorum.  Pars.  3.  de  regimine  Prala- 
torum  Kegularium.  Lugduni  apud  Joan.  An- 
tonium  Huguetan,  et  Marcum  Anton.  Ra- 
vand.  1661.  foi.  et  Coloniae  per  Joan.  Bufaeum 
1667.  4. 

Direãorhim  Confeffariorum  in  qtio  Jeleãiores, 
<&  praãicabiliores  cajus  omnium  Sacramentorum, 
<&  Cenjurarum  brevijjime,  (&  dilucide  explicantur, 
<&  ex  plurimorum  tam  veterum,  quam  recentiorum 
Doãorum  Jententiis,  nec  non  Pontificum  Bullis,  (ò° 
Emi.  Card.  declarationibus  illuftrantur.  Partes 
-dua  qua  Junt  de  Sacramentis,  (ò"  Cenjuris  tam 
in  genere,  quam  in  fpecie.  Lugduni  apud  Joan. 
Ant.  Huguetan,  et  Guilielmum  Barbier  1668, 
foi. 

Direãorium  Conjejjariorum  continens  decem 
Decalogi  Pracepta,  <ò°  totam  materiam  de  Jujlitia, 
(ò"  jure,  ubi  etiam  de  contraãibus,  (ò'c.  ibi  apud 
eofdem  Typog.  1671.  foi. 

Direãorium  Mjjlicum,  in  quo  três  difficillima 
via,  Jcilicet  purgativa,  illuminativa,  Ó"  unitiva  un- 
dique  elucidantur,  <&  Sanãorum  Patrum  pracipue 
A.ngelici  Praceptoris  D.  Thoma,  <&  Seraphicce 
Matris  noJlrcB  S.  Terejia  fplendoribus  illuftrantur. 
Lugduni  per  Guilielmum  Barbier.  1677.  foi 

Conjulta  varia  Theologica  jurídica,  <&  re- 
gularia pro  confcientiarum  injiruãione  circa  con- 
troverjias  qua  Authori  tum  Ulyjfipone  quam 
Matriti,  (ò'  aliis  in  locis  fuere  propojita.  Lugd. 
apud  Joan.  Ant.  Huguetan  et  Guilielm. 
Barbier.  1671.  foi. 

Primatus,  (0°  principatus  Elia  in  quo  to- 
ti  orbi  ojlenditur  tum  Sanãorum  Patrum,  tum 
Summorum  Pontificum  auãoritatibus,  tum 
rationíbus  'E.liam  Prophetam  illum  Dei  mag- 
num  fuiffe  Principem,  Authorem,  <&  Injlitu- 
torem  Keligionis  Carmelitana  in  lege  /cripta 
cum  vero  Monachatu,  ac  tribus  votis  fimplicibus, 
(ò"  intra  Keligionem  hanc  continuata  fuijje  fine 
ulla  interruptione  u/que  ad  legem  gratia,  <&  inde 
ujque  ad  hac  têmpora.  Ul)- íTipone  apud  Joannem 
da  Coíla  1671 .4. 

Fr.  ANTÓNIO  DO  ESPIRITO  SAN- 
TO. Naceo  em  Lisboa  a  12.  de  Abril 
de  1699.  fendo  feus  Pays  Manoel  de  Andra- 
<le  de  Figueiredo,  e  Catherina  do  Pilar. 
Recebeo   o   Habito    dos   Menores   no    Con- 


vento de  S.  Francifco  de  Xabregas  Cabeça 
da  Provinda  dos  Algarves  no  anno  de  17 16. 
e  tendo  jà  quatro  mezes  paíTados  em  que 
tinha  feito  a  profiflaõ  folemne,  alcançada  fa- 
culdade dos  Superiores  paflbu  à  Província 
de  Portugal,  na  qual  fe  incorporou  no  anno 
de  171 8.  Florece  o  feu  engenho  no  exer- 
cício concionatorio,  de  que  tem  dado  por 
primícias  os  feguintes  frutos. 

Panegyrico  funeral  nas  exéquias  de  JoaÕ  Cae- 
tano de  Mello  das  Povoas  Fidalgo  da  Cafa  de  Sua 
Magefiade  Académico  Supranumerário  da  Aca- 
demia Real  da  Hifioria  Portuguesa  celebradas 
em  13.  de  Novembro  de  1734.  na  Igreja  de  N. 
Senhora  das  Portas  do  Ceo  de  Tilheiras  pela  Vene- 
rável Ordem  Terceira  de  que  foj  o  primeiro  MiniJ- 
tro.  Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva  1735.4. 

Sermão  em  acçaõ  de  Graças  a  N.  Senhor 
Je/u  Chrifio  Crucificado  pelas  melhoras  da 
Excellentijfima  Senhora  D.  Maria  Jofepha 
da  Graça  de  Noronha  filha  dos  Excellentijfimos 
Marqueses  de  Cafcaes  celebrada  em  -1.  de  De^^em- 
hro  de  ij^^.  Lisboa  na  Oííicina  Ferreiriana. 
1736.  4. 

Sermão  de  N.  Senhora  da  Viãoria,  glorio/o 
titulo,  que  lhe  deo  o  invencível  Kej  D.  Ajfonjo 
Henriques  pela  batalha  dos  Mouros,  que  ven- 
ceo  nefte  fitio  em  que  a  Senhora  era  venerada 
com  o  titulo  dos  Prazeres  pregado  na  "Ermida 
do  Eugar  de  Sacavém  na  Fejla,  que  lhe  fi^eraõ  os 
feus  Irmãos  com  o  Sacramento  expofto  em  11.  de 
Junho  de  ij^j.  Lisboa  por  António  líidoro  da 
Fonfeca  1738.  4.  Neíle  Sermaõ  fe  intitula  o 
Author  com  o  nome  de  Fr.  António  do  Efpi- 
rito  Santo  Andrade. 

ANTÓNIO  DO  ESPIRITO  SANTO 
MACABELLO  Presbytero  UlyíTiponenfe 
filho  de  Pafchoal  da  Sylva  Capitão  da  Or- 
denança, e  de  D.  Anna  Maria,  foy  igualmente 
douto  na  intelligencia  das  Efcrituras,  e  Santos 
Padres,  como  na  profiíTaõ  dos  Sagrados 
Cânones,  exercitando  com  naõ  pequena  glo- 
ria do  feu  nome  o  miniílerio  de  Pregador 
excellente,  e  de  Advogado  perito  da  Cafa  da 
Supplicaçaõ,  e  Cúria  Patriarchal.  Morreo 
em  Lisboa  no  mez  de  Abril  de  1738.  Com- 
poz  com  o  fuppofto  nome  de  António  Fran- 
cifco Piílraíhirato  Macabello. 

Alphabetum  Eucharifticum  per  Capita  XX. 


í 


L  USITAN A. 


265 


Mflribnlnm,  in  qno  lÍMharijlki  Sacramenti  nomina, 
!  feleíiiora  encomia  ex  Safiãis  Patribus,  alio- 
imqne  Sacrortim  Scriptorum  praferthn  vetertim 
'nomirMtntis  colletia  JMXta  alphahtti  feriem  ornnium 
oculis  exbibenfur.  UlyíTiponc  apud  Bcrnardum 
Coftium  Carvalium.  1725.  in  8. 

Efta  obra  augmentada  em  grande  parte  a 
publicou  em  feu  nome  com  eíle  titulo. 

Polyanthea  liticharijlica  per  XX.  Capita  dif- 
trihiiía  iiiqiia  lítichariftici  Sacramenti  nomina,  et 
'rletliora  encomia  ex  Sanííis  Patribus  aliorumque 
.icroriim,  et  prafertim  veterum  Scriptorum  monu- 
mntis  colleâa  Ordine  alphabetico  proponuntur. 
UlyíTtponc  typis  Dominici  Gonçalvez.  1735. 
in  foi. 

D.  Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTO  ES- 
TRVAM    natural   de    Lisboa   onde   recebeo 

>  Habito  da  illuftre  Ordem  dos  Prégado- 
fcs.  Igualmente  foy  venerado  o  feu  talento 
no  Púlpito,  como  admirada  a  fua  ardente 
charidade  no  Hofpital  da  Saúde,  nome  (  como 
cfcreve  Fr.  Luiz  de  Soufa  na  Hift.  de  S.  Domin- 
gas da  Prov.  de  Portiig.  Part.  i.  liv.  3.  cap.  36. ) 
com  que  disfarçamos  o  horror,  que  fat^  dit^er  Hof- 
pital da  pefie.  Nelle  aíTiílio  como  Enfermeiro 
Mór  naõ  fomente  miniílrando  aos  feridos  do 
contagio  os  remédios  corporaes,  mas  os  efpi- 
rituaes,  como  experimentou  hum  Herege 
que  atrahido  da  efficacia  das  fuás  palavras  abra- 
çou os  dogmas  da  Igreja  Romana,  e  morreo 
rom  evidentes  finaes   de  Predeftinado.     Em 

lemio  das  fuás  letras,  e  virtudes  o  nomeou 
l^illippe  II.  Bifpo  de  Angola,  cuja  nomeação 
confirmou  Clemente  VIII.  a  13.  de  Julho 
de  1604.  Obfervou  no  feu  Bifpado  a  vida  de 
Prelado  vigilanti  íTimo  reformando  abufos, 
deftruindo  idolatrias,  e  reduzindo  muitos 
Gentios  ao  conhecimento  da  verdadeira  Di- 
\indade.  Morreo  piamente  no  anno  de 
1609.  Compoz  no  tempo  que  affiítio  aos 
apeftados. 

Kegimento  da  Saúde. 
Pelo  qual  affirma  Fr.  Pedro  Monteiro 
no  Clauji.  Dominic.  Tom.  3.  pag.  150.  fe 
governa  eíla  Corte,  havendo-fe  já  lembra- 
do deíle  Prelado  no  i.  Tom.  do  Claufl.  Do- 
minic. pag.  49.  Soufa  Hifl.  de  Saõ  Domin- 
gos da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  3.  cap. 
36.  e  Part.  2.  liv.  2.  cap.  15.  Cardof.  Agiol. 


Lufit.  Tom.  2.  pag.  224.  no  G^mmenurío  de 
18.  de  Março  let.  D. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTO  ESTE- 
VAM  remelhante  ao  precedente  aíTim  em  o 
nome,  como  na  Religião,  de  que  foy  filho. 
Efcreveo  comforme  o  allega  Cardofo  no  Ag^ol. 
Ijifit.  Tom.  I.  pag.  382.  no  Commeatano- 
de  8.  de  Fevereiro  let.  C.  fe  he  que  oaô  fe 
equivoca  com  Fr.  António  da  Encarnação' 
que  compoz  do  mefmo  argumento. 
Kelaçoens  da  índia.  M.  S. 

ANTÓNIO       ESTEVES       Presbytcfo,. 

c  formado  na  faculdade  dos  Sagrados  Câno- 
nes igualmente  douto,  e  pio,  como  declara  a 
obra  que  compoz  com  efte  titulo. 

Methodo  praííico  para  que  todas  as  almas 
faibaÕ  exercitar-fe  na  Oração  mental.  Lisboa 
por  António  Pedrozo  Galraõ  1731.  J2. 

Traduzio    de    Caftelhano    em    Portuguez. 

Myflica  Theologia  compofla  pelo  Doutor  Será- 
fico S.  ^aventura  do  verdadeiro  caminho  do  Ceo 
com  algumas  declaraçoens  feitas  pelo  P.  Meflre  Fr. 
Jerónimo  Gracian  da  Madre  de  Deos  Keligiofo  di> 
Carmo.  Lisboa  na  Officina  da  Mufica.  1731.  8. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  EXPECTA- 
CAM  Naceo  na  Villa  de  Manteigas  íitua- 
da  na  Província  da  Beira  alta  no  Bifpado  da 
Guarda  a  13.  de  Junho  de  1651.  de  Pays 
nobres  chamados  Thomé  Paez,  e  Anna 
da  Rosa.  Tendo  completos  defefeis  annos 
profeíTou  o  Habito  da  douta,  e  auílera  Re- 
forma do  Carmelo  no  Convento  dos  Remé- 
dios de  Lisboa  no  i.  de  Julho  de  1668.  on- 
de depois  de  eíhidar  as  fciencias  Efcholaítí- 
cas  interpretou  por  muitos  annos  aos  feus 
domefticos  os  profundos  myílerios  da  Sa- 
grada Efcritura  em  que  era  fabiamente  ver- 
fado,  naõ  o  fendo  menos  no  exercido  das 
virtudes,  com  as  quaes  fervia  de  exemplar 
aos  mais  rígidos  profeíTores  do  feu  Inítituto. 
Foy  Prior  do  Dezerto  do  Buflaco,  Viíita- 
dor  ultramarino,  Coníiliario,  e  Definidor, 
e  em  taõ  diversos  lugares  nunca  deixou  de 
fe  occupar  na  compofiçaõ  das  fuás  obras  af- 
ceticas,  e  concionatorias.  A  o  tempo  que 
contava  73.  annos  de  idade,  e  56.  de  habito 
morreo  piamente  no  Convento  de  Adolhalva 


204 


BIB  LIO  THE  CA 


junto  da  Villa  de  Alemquer  a  17.  de  Novem- 
bro de  1724.   Compoz. 

Semana  Santa,  exercidos  divinos  da  prefença 
de  Deos,  e  Oraçaõ  para  cada  dia  da  Semana, 
vov^es  da  alma  nas  Soledades  do  BuJJaco.  Lisboa 
na  ImpreíTaõ  da  Muíica.  1719.  4. 

A.  EJlrella  da  Alva  a  fublimijftma,  e  Sapien- 
iijfima  Mejlra  da  Santa  Igreja  a  Angélica,  e  Será- 
fica Doutora  Mjjiica  Santa  Teresa  de  JESUS 
Mãy;  e  filha  do  Carme  lo,  Matriarcha,  e  Fundadora 
da  fua  Sagrada  Keforma,  fuás  illufires,  e  heroi- 
nas obras;  fuás  raras,  e  prodigiofas  mara- 
vilhas em  diverfos  difcurfos,  e  Sermoens  Pane- 
gyricos  ponderados.  Primeiro  Tomo.  Lisboa 
na  Ofíicin.  Real  Deflandeíiana  1710.  foi. 
com  eílampas,  &  ibi.  por  Jo2é  António  da 
Sylva  ImpreíTor  delRey,  e  da  Academia  Real 
1740.  foi. 

A  Efirella  da  Alva  <&c.  Segundo  Tomo 
Coimbra  na  Oííicina  do  Real  Collegio  das 
Artes  da  Companhia  de  JESUS  171 6.  foi. 
com  eftampas. 

A  Efirella  da  Alva  applicada.  Breviário  de 
Vários  ajfumptos,  e  ideas  predicáveis  de  vários 
Santos,  e  outros  Sermoens  de  entre  anno  compofios, 
e  fabricados  das  matérias,  provas,  e  conceitos,  que 
Je  acharão  nos  primeiros  dous  Tomos  intitulados 
A  Efirella  da  Alva  Santa  Therefa  de  Jefus  Ter- 
ceiro Tom.  Lisboa  por  António  Pedrofo 
Galraõ.  1727.  foi. 

Jofephina  Panegyrica,  e  Afcetica  de  Ser- 
moens, e  Difcurfos  diverfos  fobre  as  admirá- 
veis graças,  prodígios,  excellencias,  e  maravi- 
Ihofos  titulos  do  major  dos  Patriarchas,  do 
Supremo  Monarcha,  e  do  Máximo  dos  Santos 
o  Gloriofo  Saõ  Jo^é  Pay  putativo  de  Chrifio, 
Efpofo  verdadeiro  de  Maria  Santijfima.  Tom. 
I.     Lisboa  na   Oííicina  Auguftiniana.    173 1. 

4- 

Jofephina  Panegyrica  d^c.  Tom.  2.  Lisboa 
na  mefma  Oííicina,  anno,  e  forma. 

Chronica  Divina,  e  Hijloria  Sagrada 
Panegyrica,  e  Afcetica,  efiimulos  do  Amor 
Divino  dedut(idos  da  contemplação,  e  ponde- 
ração das  divinas  perfeiçoens.  Atributos,  e 
inefáveis  excellencias  de  Deos  Trino,  e  Uno  affim 
de  acender  a  divina  chama  nas  almas  Catholicas, 
pias,  e  devotas.  Lisboa  por  Jozé  António 
da  Sylva  ImpreíTor  da  Academia  Real. 
1736.  foi. 


Delle  faz  mençaõ  Fr.  Martialis  a  S.  Joan. 
Bautift.  in  Biblioth.  Scriptor.  Utriufque  Con- 
gregai, et  Sexus  Carmelit.  Excalceat.  Burdigal. 
apud  Petrum  Sejourné  1730.  4.  p.  37.  onde  o 
intitula  vir  doãijftmus. 

Fr.     ANTÓNIO    DA    EXPECTACAM 

natural  da  Villa  de  Amarante  da  Diocefe  Bra- 
charenfe,  e  íilho  de  Joaõ  de  Magalhaens  Viilela 
Morgado  da  Capella  de  Saõ-Tiago  na  mefma 
Villa  defcendente  das  mais  illuftres  familias  da 
Província  do  Minho,  e  de  Maria  Cerqueira 
Moniz.  Foy  educado  com  grande  difvelo  por 
feus  Pays,  conhecendo  da  fua  boa  Índole,  c 
perfpicaz  comprehenfaõ  que  havia  correfpon- 
der  abundantemente  a  taõ  deligente  cultura. 
Na  idade  adulta  como  quem  conhecia  os  enga- 
nos do  mundo  o  deixou  refolutamente  para 
abraçar  o  Inftituto  Seráfico  que  profeíTou  no 
Santo  Convento  da  Villa  de  Alenquer  da  Pro- 
víncia de  Portugal  no  anno  de  1677,  No  Colle- 
gio de  Coimbra,  foy  difcipulo,  e  depois  Meftre 
até  jubilar  na  Cadeira  de  Prima,  fendo  venerado 
pelos  mayores  ProfeíTores  da  Theologia,  que 
no  feu  tempo  exiítiaõ  na  Univeríidade  de  Coim- 
bra, por  Oráculo  deíla  faculdade,  ou  foíTe  expli- 
cando, ou  arguindo  pela  natural  fubtileza,  e 
fumma  profundidade  do  feu  talento.  Eiia 
grande  litteratura  acompanhada  da  fevera 
obfervancia  da  Regra  o  íizeraõ  digno  de  fer 
Qualificador  do  Santo  Oíficio,  Examinador  das 
três  Ordens  Militares,  Confultor  da  Bulia  da 
Crufada,  Guardião  do  Convento  de  S.  Fran- 
cifco  da  Ponte  de  Coimbra,  Definidor,  e  Con- 
feíTor  do  Convento  das  Religiofas  da  Efperança 
de  Lisboa,  e  Penitenciário  geral  de  toda  a  famí- 
lia Seráfica  neíle  Reyno  De  muitas,  e  doutas 
obras  que  pudera  ter  publicado  fomente  fe  im- 
primio  a  feguinte  de  que  faz  memoria  Fr. 
Joan.  a  D.  Anton.  in  Bib.  Franc.  Tom.  i. 
pag.    103. 

Sermão  da  Exaltação  da  Cru^i  pregado  na 
Igreja  de  N.  Senhora  da  Divina  Providencia  dos 
Clérigos  Regulares  em  14.  de  Setembro  de  1724» 
em  que  a  fua  Congregação  compria  dous  Séculos 
da  fua  approvaçaõ  pela  Santidade  de  Clemente 
VIL   Lisboa  por  Miguel  Rodriguez.  1730.  4. 

Traãatus  Theologicus  de  Spe.  4.  M.  S.  Coníba 
de  50.  queíloens  fubtilmente  tratadas,  e 
profundamente  defcubertas  pelo  feu  grande 


« 


L  USITAN A. 


265 


engenho  em  hunu  matéria,  da  qual  tcaz  fo- 
mente três  Queíloens  o  inílgne  Maftrío  cele- 
bre efplcndor  da  Efcola  Scotiílica.    Começa. 
Siffiificatio  htfjtis  voeis. 

ANTÓNIO  FAGUNDES  JACOME  natu- 
ral da  Villa  de  Viana  da  Província  do  Minho, 
Presbytero  de  vida  inculpável,  e  de  naõ  vulgar 
iittcratura  profeíTo  na  Ordem  3.  do  Patriarcha 
vS.  Francifco.  Compoz  huns  devotos  diálogos 
com  efte  titulo. 

Ramalhete  de  Myrrha,  e  memorial  da  PaixaÕ 
de  Chrijlo  Nojfo  Kedemptor.  Lisboa  por  Antó- 
nio Alvrcs.  1630.  8.  Do  Author  fc  lembra 
Joan.  Soar.  de  Brito  in  Tòea/r.  LMfif.  Liíterat. 
lit.  A.  n.  71. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  FALLA  natural 
do  lugar  do  feu  Appcllido  fituado  cm  o  fubur- 
bio  de  Coimbra  Rcligiofo  Dominico,  c  muito 
verfado  na  Hiftoria  de  Efpanha,  e  Portugal. 
Compoz  como  relata  Fr.  Pedro  Monteiro 
no  Clauft.  Domin.  Tom.  3.  pag.  150. 

InJlituiçaÕ  do  Mojleiro  de  JESUS  da 
Villa  de  Aveiro  juntamente  com  a  vida  da 
Princefa  Santa  Joanna  que  nella  fqy  Keligiofa. 
M.  S. 

Fragmentos  da  Hijloria  de  Efpanha. 

Relação  dos  Rejs,  e  Raynhas  que  ef- 
taõ  fepultados  em  Alcobaça.  Cuja  obra  com- 
poz no  anno  de  1569.  por  ordem  delRey 
D.  Sebaíliaõ  com  quem  eíleve  prezente  à 
abertura  dos  Sepulchros  Reaes,  e  nella  re- 
fere ter  viílo,  e  admirado  o  corpo  da  Ray- 
nha  D.  Urraca  mulher  de  AfFonfo  II.  naõ 
fomente  prefervado  da  corrupção  mas  to- 
dos os  veílidos  com  que  fora  fepultada  há 
352.  annos.  Eíle  fuceíío  tranfcreveo  da  di- 
ta Relação  que  confervava  em  feu  poder 
o  Chroniíla  mór  do  Reyno,  Fr.  António 
Brandão  na  4.  Part.  da.  Mon.  "Lufit.  liv.  13. 
cap.  19. 

P.  ANTÓNIO  DE  FARIA  Naceo 
na  Cidade  de  Lamego,  onde  fendo  cuida- 
dofamente  educado  por  feus  Pays  Manoel 
Cardofo  de  Faria,  e  Izabel  Monteira,  logo 
nos  primeiros  annos  manifeílou  que  tinha 
igual  propenfaõ  para  as  letras,  que  para 
as    virtudes.     A    viveza    do    engenho,    e    a 


felicidade  da  memoria  lhe  fízetaõ  patentes  iié6 
fomente  as  letias  hununas,  Rhetorica,  e  Poe- 
fia,  mas  as  fdencias  EfcolaAicas  em  que  foy 
eminente.  Porém  querendo  fugir  ao  applaufo, 
e  eítimaçaõ  que  dos  feus  progreíTos  littetarios 
lhe  refultavaõ  fe  retirou  para  a  Serra  da  Arrá- 
bida onde  por  alguns  annos  praâicou  fevera- 
mente  os  penitentes  exercidos  dos  Anachote- 
tas  mais  aufteros,  até  que  infpirado  por  fupe- 
rior  impulfo  para  preferir  a  vida  aâíva  à  con- 
templativa em  benefício  dos  próximos,  bufcou 
a  Congregação  do  Oratório  de  Lisboa  fun- 
dada nefte  Reyno  pelo  V.  P.  Bartholameu  do 
Quental,  que  examinando  o  feu  efpirito  o 
achou  capaz  de  fer  huma  das  pedras  funda- 
mentaes  do  edifício  efpiritual,  que  edifícára 
fendo  a  ella  admitido  a  15.  de  Agoílo 
de  1681.  Neíla  virtuofa  paleílra  começarão 
a  luzir  os  dotes  de  que  o  ornara  a  natu- 
reza fendo  o  feu  mayor  difvelo  occultallas 
com  affeâada  ignorância.  Foy  funmiamente 
perito  na  lingua  Latina,  Mythologia,  e  Poe- 
íia  fucedendo  muitas  vezes  fazer  verfos  ex- 
temporâneos com  tanta  elegância,  e  fuavi- 
dade  como  fe  foraõ  por  largo  tempo  medi- 
tados. Na  Filofofia  que  diftou,  foy  acérrimo 
Antagoniíla  da  Efcola  dos  Nominaes,  tendo 
difcipulos  que  foraõ  Meílres  infignes,  entre  os 
quaes  fe  numera  com  agradecida  memoria  o 
moderno  Chroniíla  da  Provinda  da  Arrábida 
Fr.  António  da  Piedade  na  Chron.  da  dita  Pro- 
vinda Part.  I.  liv.  I.  cap.  22.  n.  153.  Com  igual 
applaufo  leo  Theologia  Efpeculativa,  e  Moral, 
de  cujas  faculdades  tenho  a  virtuofa  jadanda 
de  fer  feu  ouvinte;  fendo  igualmente  digno 
de  admiração  que  ou  defendendo,  ou  argu- 
mentando, nimca  o  ardor  da  difputa  lhe  alteraíTe 
a  ferenidade  do  femblante.  Naõ  houve  negodo 
grave  deíle  Reyno,  em  que  naõ  foíTe  confulta- 
do,  votando  fempre  com  igual  liberdade  de  ani- 
mo, que  re£tidaõ  de  conciencia.  Foy  Examina- 
dor Synodal  do  Arcebifpado  de  Lisboa  Oriental, 
e  Deputado  da  Junta  das  MiíToens  lugares  que 
aceitou  violentado  por  fer  todo  o  feu  eftudo 
viver  fomente  para  Deos  contemplando  nas 
fuás  perfeiçoens,  ou  para  com  os  próximos 
dirigindo  a  huns  no  ConfeíTionario,  e  aíTif- 
tindo  a  outros  na  hora  do  mayor  perigo. 
Cheyo  de  annos  que  excederão  o  numero 
de   86.   e  muito  mais  de  meredmentos  foy 


2  66 


BIBLIO  THE  CA 


lograr  o  premio  delles  em  Lisboa  a  21.  de 
Janeiro  de  1737.   Imprimio. 

Sermão  nas  honras  fúnebres ,  que  a  Congregação 
do  Oratório  de  l^ishoa  dedicou  à  Saudoja  memoria 
da  SereniJJima  Rainba  D.  Maria  Sofia  Isabel 
em  21.  de  Agojio  de  1699.  na  Igreja  da  me/ma 
Congregação.  Lisboa  por  Miguel  Deslandes 
Impreflbr  de  fua  Mageílade  1699.  4. 

Tinha  compoílo  hum  Poema  Heróico 
Latino  dividido  em  diverfos  livros  imitando 
o  eílilo  de  Lucano  fendo  o  argumento  a 
memorável  Batalha  que  nos  Campos  de  Al- 
jubarrota alcançou  a  14.  de  Agofto  de  1385. 
dos  Caílelhanos  o  Ínclito  Heróe  D.  Joaõ  o 
I.  cujo  principio  era. 
Everfos  CaftellcB  aujus,  validijque  tumentem 
Agminihus  Kegem  numero  dare  terga  coactum  <à>'c. 

Eíla  obra  como  foíTe  compofta  na  fua 
adolefcencia  fendo  examinada  em  annos 
mais  maduros,  a  julgou  com  nimia  feveri- 
dade  imprópria  do  eftado,  que  profeíTava, 
e  para  que  nunca  fe  publicaíle  a  defpedaçou 
em  vários  fragmentos  dos  quaes  chegando 
hum  ao  meu  poder  efcrito  da  fua  própria 
maõ  o  tranfcrevi  neíle  lugar  para  que  deíle 
pequeno  dedo  fe  conheça  o  métrico  furor 
deíle  Gigante  do  Parnaílo. 
Horrendum  intonuit  Cafiella  huccina  fignum 
Quo  pariter  clamorque  virum,  clangorque  tuha- 
rum 

Ortus  utrinque:    trucem  mox  concava  te£ia  fera- 
rum 

Vajia  per  arva  procul  Jonitum  concuffa  dedére: 
Flumina  quin  etiam  horrihili  perculja  fragore, 
Ceu  perculja  metu,  Juhitó  converfa  retror- 
Jum. 

Aft  non  LyJiadcB  tamjcevo  turbine  belli 
Attoniti  retro  cedunt,   trepidantia  ve  haurit 
Corda    pavor   pulfans,   fed    ad    árdua    quceque 
libentes 

Attollunt    ânimos,    medioque    in    Marte   feroci 
Virtute  exuperant,   perque    agmina    millia  per- 
gunt. 
Fit    via    vi,     rumpunt    acies,    primo/que    tru- 

cidant 
Et    reliquis     crebros    clypeis    rutilantibus    iãus 
Cominus   Hiatos   vix  jam  portare  potejias. 
At  frujlra  abducut  retro  capita  árdua  ab  illis. 
Talibus  aufpiciis  res  ejl  incapta,  fed  ecce 
Ad  fummS  Eufis  ventum   efl  difcrimen:     Iberi 


Corporis,   atque   animi  praflantes   robore   quique 
Colleãa    virtute    manii    glomerantur    in    unam, 
Noflrorumque    gregem     numeri     ratione    pufillii 
Obnixi    invadunt,    non    vertere    terga,    diuq 
Inter     utrofque     volat     dubiis     viãoria    pennis: 
AJl  ubi  Kex  h.yfius  propenfam  advertit  in  hofies 
Praproperè  accurrit  formidinis  infcius  omnis 
Per  mediafque  ruens  acies  infignibus  armis 
Teãus,   at  aurata   nudatus  cajfide   vultum, 
En    Rex  vefler,  ait. 

Chrijlus  Imago  Dei  invifibilis,  et  figu- 
ra fubftanticB  Patris  ad  deridendum  quem- 
dam,  imó  jugiter  deflendum  deriforem  Sacra- 
rum  Imaginum  Poema  elegiacum.  Começa. 
Ah  Coridon,  Coridon  qua  te  de  mentia  cepit? 
( Dum  proprium  retices,  nominis  ijlud  habe ) 
Alloquium  Hominis  Dei  ad  hominem  quem- 
dam  Atheum  Eucharijlicum  fuper  verba  illa 
Joan.  6.  Caro  mea  vere  efl  cibus.  Poema 
Elegiacum.    Principia. 

Quomodo  vefcendam  dixit  turba  impia  camê 
Hic  prabere  fuam,  Jaãat  ut  ipfe,  potejl. 
Eílas  obras  Poéticas  Latinas,  como  outras 
Portuguezas,  e  Caftelhanas  fe  confervaõ  na 
Livraria  da  Congregação  do  Oratório  defta 
Corte. 

ANTÓNIO  DE  FARIA  BARREIROS 
natural  de  Lisboa.  Defde  os  primeiros 
annos  foy  muito  applicado  à  liçaõ  dos 
Uvros,  e  fufficientemente  inftruido  na  Orto- 
grafia da  lingua  materna,  por  cuja  caufa  era 
Corredor  de  diverfas  ImpreíToens.  O  tem- 
po que  lhe  reftava  delia  occupaçaõ,  o  gaf- 
tava  em  traduzir  livros  devotos  para  fatisfa- 
zer  a  piedade  de  algumas  peífoas,  dos  quaes 
verteo  de  Caftelhano  do  P.  Fr.  Jayme  Corella 
Capuchinho. 

Chave  do  Ceo  com  a  qual  fe  abrem  as  portas 
da  Gloria  aos  peccadores,  e  Confejfionario  Geral, 
e  Via-Sacra.  Lisboa  por  Bernardo  da  Coíla 
de  Carvalho.  17 14.  16. 

De  Caftelhano  do  P.  Fr.  Francifco  Lezana 
Carmelita. 

Vida,  Prerogativas,  e  excellencias  da  ínclita 
Matrona  a  Senhora  Santa  Anna  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.  171 6.  8. 

Novena  do  Santijftmo  Nacimento  do  Me- 
nino JESUS  nojfo  Salvador  diflribuida  pelos 
nove  dias  antecedentes  à  Sagrada  Fefla  do  NataL 


i 


L  USITAN A. 


Naò  tem  lugar,  nem  anno  da  ImpreíTaõ,  pofto 
(]uc  das  licenças  fc  colhe  fer  imprcíTo  em  Lisboa 
nu  anno  de  171 5.  em  24. 

Traduzio  de  Caftelhano  do  Doutor  Jozé 
Bonetta  em  Portuguez. 

Gritos  do  Inferno  para  defptrtar  ao  mmdo. 
I  Jsbua  por  l'illippe  de  Soufa  Villcla.  1721.  8. 

Fr.  ANTÓNIO  FEYO  filho  de  Pedro 
I-ernandcs  de  Gouvea,  e  Izabel  Feya  taò 
iiiuílres  na  piedade  como  em  a  nobreza  acre- 
ditou Lisboa  com  o  nacimento,  e  a  Reli- 
gião Dominicana  com  o  talento,  profeíTando 
no  Convento  da  fua  pátria  a  14.  de  Abril 
de  1 5  89.  Foy  hum  dos  mais  celebres  Pregado- 
res da  fua  idade  fendo  ouvido  nos  mayorcs 
Púlpitos  com  geral  acclamaçaõ  dos  y\uditorios 
que  nelle  admiravaõ  felizmente  unidos,  a  vehe- 
mcncia  dos  affcélos  com  a  delicadeza  dos  penfa- 
mcntos,  corroberando  os  difcurfos  com  multi- 
plicidade de  Textos  da  Efcritura,  e  authorida- 
dcs  dos  Padres  da  Igreja  Latina,  e  Grega,  em 
cuja  intelligencia  era  profundamente  douto  e 
continuamente  verfado.  Mayores  feriaõ  os 
frutos  que  colhia  com  efte  apoftolico 
minifterio  fe  a  morte  intempeftivamente  o 
naò  privara  da  vida  no  anno  de  1627.  quan- 
do contava  54.  annos  de  idade.  Foy  Pre- 
gador Geral  confirmado  no  Capitulo  Geral 
celebrado  em  Pariz  no  anno  de  161 1. 
Prior  do  Convento  de  Azeitão,  Reytor  do 
Collegio  de  Coimbra,  e  Examinador  das 
Ordens  Militares,  O  applauzo,  que  mere- 
cerão os  feus  Sermoens,  fe  conhece  das 
multiplicadas  vezes  que  fe  imprimirão;  os 
quaes  foraõ. 

Tratados  Ouadragefimaes ,  e  da  Pafchoa 
divididos  et?i  duas  partes.  Lisboa  por  Jorge 
Rodrigues.  1609.  foi.  et  ibi  pelo  mefmo 
ImpreíTor  161 2.  foi.  mais  correios.  Foraõ 
tradufidos  na  lingua  Caftelhana  por  Fr.  Tho- 
más  Antillon.  Lerida  por  Luiz  Manefcal  1 6 1 3 . 
e  por  Fr.  Francifco  Morago  Mercenário. 
Valladolid  por  Joan  de  la  Rueda  16 14.  Valên- 
cia por  Pedro  Patricio  16 14.  Vertidos  em 
Francez  por  Fr.  Raymundo  Hezecques  Domi- 
nico  com  eíle  titulo. 

Do£íes  y  rares  Sermons  poiír  tons  jours 
dela  Omrejme.  Pariz  chez  Sebaft.  Cramoyfi. 
1618.  8. 


267 

Tratados  das  Fejlas  das  vidas  dos  Santos  Pri- 
meira Parte.  Lisboa  por  Pedro  Crafbeeck 
161 2.  foi. 

Segunda  Parte.  LUboft  por  Jorge  Rodri- 
gues. 161 ).  foi.  Foraõ  traduíldos  em  CaAe- 
Ihano  por  AfTonío  Mexia  Galeote.  Baeza 
por  Mariana  de  Monroy  foi.  e  antes  em  Barce- 
lona por  Lourenço  Deu.  16 14.  4. 

Tratados  das  Fejlas  da  V.  Senhora  noffa 
Lisboa  por  Jorge  Rodrigues.  161 5.  foi. 

SermaÒ  das  Extcpiias,  que  a  Santa  Sei, 
e  Cidade  de  Coim\)ra  de  commum  concórdia  jiv^- 
raõ  na  morte  do  Catholico  Key  D.  Philippe  III. 
do  nome,  e  II.  Rey  de  Portuga/  em  11.  de  Mayo 
de  1621.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck  Im- 
preíTor delRey.  1621.  4. 

Na  prefação  aos  Sermoens  Quarefmaes  pro- 
metia Sermoens  do  Advento,  e  das  Domingas 
pojl  Pentecojlen,  o  que  naò  executou  impedido 
pela  morte.  Efcrevem  delle  com  louvor  Echard 
in  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2.  pag.  424.  col.  2, 
Fr.  Pedro  Monteiro  Claujlr.  Dom.  Tom.  2. 
p.  151.  Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Theat.  Ljijit. 
Litterat.  lit.  A.  n.  72.  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifpan. 
Tom.  1.  pag.  92.  Mich.  Pius  in  Chron.  Ord. 
Prad.  Part.  4.  lib.  4.  cap.  55.  Fr.  AfFonf.  Fer- 
nand.  in  Concert.  Ord.  Prad.  Joaõ  Franco 
Barreto  Bih.  Ijifit.  M.  S.  n.  163.  D.  Em- 
man.  Caet.  de  Soufa  in  Exped.  Hifpan.  D. 
Jacob.  Tom.  2,  pag.  1304. 

ANTÓNIO  FÉLIX  MENDES  Na- 
ceo  em  o  lugar  de  Pernes  diílante  três  le- 
goas  ao  Norte  da  notável  Villa  de  Santarém 
a  14.  de  Janeiro  de  1706.  fendo  filho  de  Ma- 
noel Rodrigues,  e  Dorothea  da  Conceição. 
Toda  a  fua  mayor  applicaçaõ  foy  ao  eftudo 
da  Lingua  Latina,  e  letras  humanas  em  que 
tem  feito  grandes  progreflbs  a  viveza  do  feu 
engenho.  Naõ  o  moílrou  menos  na  inteUi- 
gencia  da  Poefia  aíTim  latina  como  vulgar 
de  que  foy  Meílre  na  Academia  Latina,  e 
Portugueza.  Publicou  como  primícias  da 
amenidade  dos  feus  Eíhidos 

Oratio  in  obitum  maximi  Hifpanorum  D.  D. 
Emmanuelis  Martini  Decani  Alonenfis  habita. 
Ulyffipone  apud  Jozephum  Antonium  da 
Sylva  Regiae  Academise   Typ.    1737.   4. 

Grammatica  luitina  do  Bacharel  Domin- 
gos de   Araújo   reformada,   acrecentada,   e   redu- 


2Ó8 


BIB  LIOTHE CA 


v^da  a  methodo  mais  fácil  com  a  clare:!^a  que  bajla 
para  que  em  menos  de  hum  amo  Je  aprenda  por 
ella,  o  que  por  outras  em  cinco,  ou  féis  apenas  fe 
entende,  como  a  experiência  tem  mojlrado.  Lisboa 
por  Manoel  Fernandes  da  Coíla  1737.  8. 

A*  morte  do  llluflrijfimo,  e  Venerável  D. 
Fr.  Bartholameu  do  Pilar  i.  Bifpo  do  Graõ 
Pará  do  EJlado  do  Maranhão  Elegia  Portu- 
guet{a.  Coníla  de  42.  Tercetos.  Lisboa  pelo 
dito  Impreflbr  1734.  4.  Sahio  no  fim  do  Elo- 
gio que  a  eíle  Prelado  fez  com  grande  elegân- 
cia Fillippe  Jozé  da  Gama  Académico  Supra- 
numerário da  Academia  Real. 

P.  ANTÓNIO  FERNANDES  natural  de 
Braga.  Sendo  admitido  à  Companhia  de 
JESUS  na  índia  Oriental  foy  hum  dos  fervoro- 
fos  companheiros,  que  no  anno  de  1 5  59.  paíTou 
a  Etiópia  com  o  claro  varaõ  D.  André  de  Ovie- 
do Bifpo  Hyeropolitano  para  cultivar  aquella 
vinha  mais  fértil  de  trabalhos,  que  de  frutos 
efpirituaes,  em  cuja  laboriofa  empreza  naõ 
fomente  o  ajudou  com  toda  a  efficacia,  mas 
padeceo  incríveis  moleftias  da  tyrania  dos  fcif- 
maticos,  que  lhe  pareciaõ  fuaves  pelo  ardente 
zelo  com  que  anhelava  conduzillos  à  obe- 
diência da  Igreja  Romana  até  que  em  Fre- 
mona  a  10.  de  Mayo  de  1593.  foy  defcan- 
far  o  feu  efpirito  na  pátria  Celeíle.  As  fuás 
apoílolicas  acçoens  relataõ  Godigno  de  re- 
hus  Abyjfmor.  lib.  3.  cap.  4.  e  16.  Telles 
Chron.  da  Comp.  de  Jef.  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  2.  liv.  6.  cap.  42.  n.  2.  e  mais  difufamente 
na  Hifl.  da  'Etiópia  Alta  liv.  2.  cap.  40.  Jarric. 
Thefaur.  rer.  Indic.  Part.  2.  lib.  i.  cap.  19. 
Efcreveo 

Carta  ao  Provincial  de  Goa,  em  que  difufamente 
narra  da  fua  expedição,  e  de  f eus  companheiros  à 
Etiópia,  e  de  como  efe  Império  fora  invadido  no 
anno  de  1572.  pelos  Francefes,  e  Turcos. 

P.  ANTÓNIO  FERNANDES  filho 
de  Domingos  Luiz,  e  Maria  Fernandes 
natural  de  Coimbra  onde  na  idade  de  14. 
annos  entrou  na  Companhia  de  JESUS  ao 
I.  de  Fevereiro  de  1572.  e  fendo  inílruido 
nas  letras  humanas,  e  fciencias  mais  feveras 
enfinou  Rhetorica  no  Collegio  de  Santo 
Antaõ  de  Lisboa.  Depois  de  receber  em 
13.  de  Mayo  de  1601.  o  gráo  de  Doutor  na 


Univerfidade  de  Évora,  nella  foy  venerado  o 
feu  talento  pela  profunda  intelligencia  das 
Efcrituras  que  explicou  por  alguns  annos. 
Dezejofo  da  falvaçaõ  dos  índios  com  licença 
dos  Superiores  paiTou  a  Goa  onde  foy  Propo- 
fito  da  Cafa  profeíTa  deíla  Cidade.  Reílituido 
a  Portugal  fe  exercitou  no  miniílerio  de  Prega- 
dor em  Lisboa  para  o  qual  tinha  particular 
génio.  Morreo  na  fua  pátria  em  14.  de  Março 
de  1628.  Delle  fe  lembraõ  a  Bib.  da  Companh. 
pag.  72.  e  Nic.  Ant.  na  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
92.  Fonfeca  Évora  Gloriof  pag.  426.  Franco 
Imag.  da  Virtud.  em  o  Novic.  de  Coimbra.  Tom. 
2.  pag.  612.  Joan.  Soar.  de  Brito  in  Theat. 
Eufit.  Eitter.  lit.  A.  n.  75.  Lippenio,  e 
Draudio  nas  fuás  Bib.  e  Morery  Diccion. 
Hiforique  Verb.  Fernandes.  Compoz. 

Commentarij  in  Vifiones  Veteris  Teflamenti 
cum  paraphrafibus  Capitum  ex  quibus  eruuntur. 
Lugduni  Sumptibus  Horatij  Cardon.  1616. 
foi.  &  ibi  Sumptibus  Cardon  et  Petri  Cavillat. 
1622.  foi. 

Tinha  promptos  para  a  ImpreíTaõ. 

Commentarij  in  Ifaiam   Prophetam.   M.    S. 

No  Collegio  de  Santo  Antaõ  fe  confervaõ 
três  Oraçoens  fuás  muito  elegantes,  e  dignas 
da  luz  publica. 

1.  De  Eaudibus  Sapientia  recitada  no  anno 
de    1582.    quando    era   Meíire    da    2.    ClaíTe. 

2.  De  Eaudibus  Sapientia  dita  no  anno 
de  1584.  fendo  Meftre  da  Primeira. 

3.  Na  occafiaõ  em  que  o  Collegio  de  Santo 
Antaõ  recebeo  os  Legados  do  Japaõ  ao  Summo 
Pontífice,  e  ao  noílo  Monarcha  no  anno 
de  1585. 

ANTÓNIO  FERNANDES  natural  da 
ViUa  de  Souzel  da  Província  do  Alentejo,  e  da 
Diocefe  de  Évora.  Foy  Presbytero  ornado  da 
inteireza  de  coíhimes,  e  fciencia  praética,  e 
efpeculativa  da  Mufica,  cuja  Arte  naõ  fomente 
exercitou  como  Meílre  do  Coro  da  Igreja 
Parochial  de  Santa  Catherina  de  Lisboa,  mas 
abrindo  efcola  enfinou  a  muitos  Difcipulos 
os  preceitos  mais  dificultofos  delia,  e  para  que 
ainda  depois  de  morto  inítruiíTe  aos  amantes 
delia  fuave  faculdade,  efcreveo. 

Arte  da  Mufica  de  Canto  de  OrgaÕ,  e  Canto 
ChaÕ,  e  proporçoens  da  Mufica  dividida  harmoni- 
camente.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck  1625.  4- 


t 


LUSITANA. 


r.xplicafaÕ  dos  ft ff  idos  da  Mufica,  tm  a  qual 
/  r  niente  fe  expendt  as  caufas  das  principaes 
i  que  Je  contem  na  me/ma  Arte.  M.  S.  em 
ImIíii  conferva-re  na  Livraria  Real  da  Mufíca. 
\rte  da  Mufica  de  Canto  de  Or^aÕ  compofta  por 
}>!ii/i  modo  Muito  diferente  do  coflumado  compofta  por 
hum  Velho  de  %^.  annos  de:(ejofo  de  evitar  o  ócio. 
t..Ih,  M.  S. 

Iheorica  do  Manicordio,  e  fua  explicação. 
r.)lh.  M.  S. 

Mappa  univerfal  de  qualquer  coufa  affim  naiu- 
ritl,  como  accidental,  que  Je  contem  na  Arte  da 
Mufica  com  os  Jeus  géneros,  9  demonftraçoens  Mathe- 
maticas.  foi.  M.  S. 

Eftes   trcs  Tomos   cfcritos  pela  m5o  do 

Author   exiíliaõ    na   Livraria   da   Mufica   de 

I  rancifco    de    Valhadolid    grande    profeíTor 

liolla   Arte   de   quem   fe   fará   nuis   diílinfta 

ncmoria  em  feu  lugar.    Do  Author  fazem 

icnçaò  D.   Francifco  Manoel   na   Carta  dos 

"Portuguev^es    efcrita    a    Manoel    The- 

iudo  da  Fonfeca  que  he  a  i.  da  quarta  Cen- 

ria  das  fuás  cartas,  e  Joaõ  Soar.  de  Brito 

Tbeatr.  htifit.  Litter.  lit.  A.  n.  76. 

P.  ANTÓNIO  FERNANDES.  Naceo  em 
dsboa  fendo  filho  de  Domingos  Fernandes,  e 
joanna  Jorge,  e  na  florente  idade  de  16.  annos 
iitrou  na  Companhia  de  JESUS  em  Évora  a 
•6.  de  Março  de  1 586.  como  efcreve  Franco  na 
Imagem  da  Virtud.  em  o  Noviciad.  de  Evor.  Lib.  5. 
cap.  49.  ou  a  17.  de  Abril  de  1587.  conforme 
affirma  Telles  na  Etiópia  Alta  Append  i.  §.  7. 
Logo  que  veíUo  a  Roupeta  fe  inflamou  no 
rdente  zelo  de  paíTar  à  índia  para  conquiílar 
almas  a  JESU  Chrifto,  e  alcançando  dos  Supe- 
riores a  faculdade  que  tanto  dezejava  partio  a 
::5.  de  Março  de  1602.  com  aquella  numerofa 
efquadra  de  cincoenta  e  outo  MiíTionarios  de 
que  era  Capitão  o  P.  Alberto  Laércio.  Chegado 
.1  Goa  como  achaíTe  promptos  alguns  Padres 
para  a  fagrada  expedição  da  Etiópia  novamente 
le  lhe  accendeo  o  efpirito  na  reducçaõ  daquellas 
ovelhas  que  taõ  erradas  vagavaõ  do  rebanho 
da  Igreja,  e  tomando  por  Companheiro  ao  P. 
1  rancifco  António  de  Angelis  diffmiulado 
cm  trage  de  Arménio  fe  introdufio  naquelle 
vafto  Império.  Naõ  fe  podem  redufir  a  nu- 
mero os  trabalhos,  e  vigílias  que  conílante- 
mente  tolerou,  os  caminhos  fragozos,  e  inna- 


2Ó9 

ceíTivcis  pelos  quan  muitas  vezes  defcalço 
difcorrco,  os  perigos,  e  ciladas  a  que  heroica- 
mente oflfereceo  a  vida  por  atrahir  á  obediên- 
cia da  Igreja  Romana  os  cotações  daquelles 
fcifmaticos  merecendo  por  eftes  evangélicos 
miniAeríos  fer  chamado  pelo  Patriarcha  Af- 
fonfo  Mendes  Apoftolo  defta  Minaõ,  fendo 
antes  que  efte  Prelado  cntraífe  na  Etiópia  naò 
fomente  Vigário  Geral  daquelia  Igreja,  onde 
encheo  todas  as  obrigaçoens  de  Paftor  foli- 
cito,  mas  Confeífor  do  mefmo  Patriarcha,  e 
infeparavel  companheiro  dos  feus  immenfos 
trabalhos,  até  que  com  elle  fe  recolheo  a 
Goa,  e  no  Collegio  de  S.  Paulo  ainda  que 
atenuado  de  forças,  e  opprimido  de  dores 
nunca  defiílio  de  afligir  o  corpo  com  afperas 
difciplinas,  e  auíleros  jejuns  pelo  efpaço  de 
fete  annos,  no  fim  dos  quaes  piamente  acabou 
a  vida  em  13.  de  Novembro  de  1642.  Eílas, 
e  outras  acçoens  defte  operário  Evangélico 
fe  podem  ler  difliifamente  em  Sachin.  Hift. 
Societ.  lib.  I.  cap.  140.  Alegamb.  in  mortih. 
illuftrib.  p.  14.  Nadafi  in  Ann.  dier.  mem.  S.  J. 
Pars.  2.  pag.  272.  Telles  Hift.  da  Etiópia  Alta. 
Apend.  i.  §.  7.  e  8.  Joan.  Soar.  de  Brit.  in 
Theatr.  Eufit.  Eitter.  lit.  A.  n.  74.  chamando- 
-Ihe  Nlagnus,  ftrenuufque  apud  JEtiopes  operarius. 
Morery  Diccion.  Hiftoriq.  verb.  Fernandes  dizendo 
//  travailla  avec  un  ^ele  infatigable  ala  converfion  des 
peuples  fcifmatiques.  Franco  Imag.  da  Virtude 
em  o  Nov.  de  Evor.  Uv.  3.  cap.  49.  até  cap.  52. 
e  pag.  853.  e  no  Ann.  Glor.  S.  J.  in  Eufit. 
pag.  679.  Fonfec.  Evor.  Glorio/,  pag.  426. 
Efcreveo  na  Lingua  Abexina 

Magfeph  affetat  que  quer  dizer  Flagellum 
mendaciorum  em  que  refuta  todos  os  erros 
do  Livro  Mafgah  Haymonot  que  fignifica  The- 
f(onro  da  Fè  efcrito  por  hum  Scifmatico  cha- 
mado R/z^  Athenateot.  Sahio  impreíTo  em 
Goa  com  carefteres  Abexins  que  foraõ  manda- 
dos ao  Patriarcha  Affonfo  Mendes  pela  Santi- 
dade de  Urbano  VIII. 

Vida  da  Santijfima  Virgem  Maria  May  de 
Deos  Senhora  Nojfa  na  qual  doutamente  refuta 
as  facrilegas  impoíhiras  que  contra  a  Mãy  de 
Deos  efcrevem  os  Scifmaticos.  Eíla  obra  dei- 
xou o  Author  ao  Patriarcha  que  a  tradufio  na 
lingua  Portugueza,  e  dedicou  ao  P.  Vicente  Ca- 
rafa  Prepofito  Geral  da  Companhia  de  JESUS, 
e  foy  impreíía  em  Goa  no  Collegio  de  S.  Paulo 


270 


BIBLIO THECA 


da  Companhia  de  JESUS  1652.  4.  cuja  ediçaõ 
vimos. 

Biane  Cajfauft  que  he  o  mefmo,  que  Injlruc- 
çaõ  dos  Conjeffores  em  que  fe  comprehendem 
todos  os  cafos  de  conciencia,  que  podem  occor- 
rer  na  adminiílraçaõ  do  Sacramento  da  Peni- 
tencia.  M.  S. 

De  opere  fex  dierum.  Eíla  obra  foy  compofta 
á  petição  do  Emperador  Soltaõ  Segued,  a  qual 
explicou  em  Palácio  no  Inverno  de  1628.  e 
delia  faz  memoria  Jacobo  Lelong  in  Biblioth. 
Sacra  pag.  723.  col.  i. 

Da  Immunidade  Ecclejiajlica.  M.  S. 

Tratado  do  Jejum  nelle  moílra  os  muitos 
erros  em  que  cahem  os  Abexins  acerca  da  fua 
obfervancia. 

Abbau  Haymonot  iílo   he   inítrucçaõ    dos 
Sacerdotes    para    validamente    adminiftrarem 
os   Sacramentos,  emendando  o  livro  intitu- 
lado Vides  Patrum. 
Verteo  na  lingua  Etiópica 

Kitual  Komano,  e  Mijfal,  e  Calendário  das 
Fejias  conforme  o  computo  do  anno  Etiópico. 

Tratado  em  louvor  do  Anjo  Cujiodio.  M.  S. 
Efcreveo  eíle  livro  em  agradecimento  a  hum 
grande  favor  que  recebera  deíle  Sagrado  Efpi- 
rito.  Além  deílas  obras  efcreveo  muitas  Cartas 
acerca  dos  ritos,  e  coftumes  dos  Abexins,  das 
quaes  fe  podia  fazer  hum  juiio  volume  cujas 
noticias  tranfcreveo  o  P.  Nicolào  Godinho 
de  rebus  Abjjfm.  lib.  i.  cap.  8.  e  9.  e  cap.  12. 
34.  35.  e  36.  onde  muitas  vezes  o  allega.  Tam- 
bém deftas  Cartas  faz  mençaõ  o  P.  Fernaõ 
Guerreiro  na  Addiçaõ  à  Relação  de  Etiópia  do 
anno  de  1607.  e  1608.  no  cap.  i.  pag.  271.  e 
cap.  2.  pag.  276.  e  a  Bib.  Orient.  de  António 
de  Leaõ  modernamente  acrecentada  Tom.  i. 
Tit.  12.  col.  399. 

Carta  efcrita  em  8.  de  Março  de  1623. 
ao  Provincial  de  Goa.  Sahio  traduíida  em 
Francez  pelo  P.  Joaõ  Darde  Jefuita.  Pariz 
por  Sebaíliaõ  Cramoify  1628.  8.  e  em  Ita- 
liano. Roma  por  Francifco  CorbeUetti  1627. 
8. 

ANTÓNIO  FERNANDES  compoz 
DefcripçaÕ  da  Provinda  de  Entre  Douro, 
e  Minho.  M.  S. 

Defta  obra,  como  de  feu  Author  faz 
mençaõ   o  novo  addicionador  da  Bibliothec. 


Geograf.  de  Anton.  de  Leaõ  Tom,  i .  Tit.  unic. 
col.  1605.  afirmando  que  delle  havia  fazer 
memoria  D.  Nicolao  Anton.  nas  Addiçoens 
à  Bib.  Hifpan. 

ANTÓNIO  FERNANDES  DE  BARROS 
Presbytero  UlyíTiponenfe  infigne  Meílre  de 
Gramática,  de  cuja  Efcola  fahiraõ  famofos 
Varoens  que  illuftraraõ  o  Sacerdócio,  e  o  Impé- 
rio, tendo  a  gloria  de  que  muitos  delles  quando 
jà  eraõ  Cathedraticos  das  mayores  Cadeiras  da 
Univerfidade  de  Coimbra  frequentaíTem  no 
tempo  das  Ferias  a  fua  ClaíTe,  e  lhe  beijaíTem 
a  mão  em  íinal  da  veneração,  e  agradecimento 
às  primeiras  luzes  que  receberão  da  fua  dou- 
trina querendo  ainda  fer  feus  Difcipulos  os  que 
eraõ  celebrados  Meílres.  Teve  natural  génio 
para  a  Poefia  deleitando-fe  com  os  primores 
defta  divina  Arte  em  que  felizmente  compoz 
muitas  obras  pelas  quaes  era  applaudido  pelos 
feus  mayores  profeíTores  que  floreceraõ  no 
feu  tempo,  como  foraõ  António  Figueira 
Duraõ  Parnaf.  L.aur.  Ram.  2.  comparando-o 
a  Orfeo 
Quid    mirum    ejl    Orpheum    Sylvas,    <&   faxa 

Jecuta 
Qiiando  etiam  hic  vates  (  ejfent  quamquam  omnia 

ferrum  ) 
Omnia    dulcijoni    traheret    modulamine    cantus. 
Nam  Ji  faxa   calybs,  fi  ferrum   Sylva  fuijjet, 
Hujus  nempe  forent  magnetes  carmina  vatis. 
Na  mageftade  dos  verfos  cómicos  o  antepõem 
a  Terêncio,  e  a  Séneca. 

Romani  effigies  non  tila  {ut  rere)  Terenti, 
Nãque  efl,  qui  profert  trancos  Antonius  aãus 
Doãius  Annao,  quem  Corduba  Ibérica  jaãat. 
Semelhante  louvor  lhe  dedica  Jacinto  Cor- 
deiro en  el  Elog.  de  los  Poet.  Portug.  n.  27. 

Quando  António  Fernandes  fe  difpone 

A  fer  aguila  ai  foi  defia  Conquifla 

Clavo  imperiofo  a  fu  fortuna  pone, 
Que  remontada  en  el  pierde  la  vifia; 

Entre  muchos  ingenios  fe  antepone 

Que  merecen  la  gloria  defia  lifla; 

Y  el  merece  tanto  en  larga  fuma, 

Que  a  Terêncio  Efpanol  quito  la  pluma. 
Manoel  de  Galhegos  no  Templo  da  Memo- 
ria o  convida  para  celebrar  os  defpoforios 
dos  SereniíTimos  Duques  de  Bragança  na 
Eftanc.  204.  nefta  forma 


í 


LUSITANA. 


271 


O*  quem  com  vo^,  t  numero  Jonante 

A  todo  engenho  convocar  pudera 

Vera  taò  alta  empre:(a\     Oh  quem  tronou  te 

Lifpirito  ao  Clarim  da  fama  dera ! 

Agora,  agora  ò  Barros  á  Latina 

V.fta  empret(a  encomenday  divina. 
i  Ic  digno  de  rentimento  que  nenhuma  obra 
lua  fe  fizeííe  publica  quando  podiaò-fe  im- 
primir 

Varias  Comedias 
c|uc   reprefentarau   no   thcatro   com   grande 
ipplaufo  dos  expeâadores  os  G>mediantes 
(  .ilk-lhanos. 

\  erjos  latinos  Portugue:(es,  e  Cajlelha- 
';os.  Dos  quaes  fomente  fe  imprimio  hum 
lípigramma  latino  que  he  admirável  em  lou- 
vor das  obras  poéticas  de  António  Figueira 
Duraõ,  e  huma  poefia  muito  elegante  feita 
i  morte  de  Lopc  Felis  da  Vega  que  fe  con- 
fcrva  na  Livraria  do  Cardeal  de  Souza,  hoje 
do  Duque  de  Alafoens  que  começa 

Con    tardo  piè,    con  pere:^oJo  paffo 

IDaba 
Y  le  era  dilacion,  lo  que  vivia. 
Morreo  na  pátria  em  idade  proveâa  a 
j.  de  Março  de  1680.  Jaz  fepultado  na 
eal  Igreja  de  N.  Senhora  da  Conceição 
tios  Freyres  da  Ordem  de  Chriílo  onde  dei- 
xou duas  Capellas  pela  fua  Alma,  e  por  ad- 
miniílradora  a  Irmandade  do  SantiíTimo  Sa- 
cramento. 

ANTÓNIO  FERNANDES  FRANCO 
Natural  da  Ilha  de  S.  Miguel,  e  Vigário 
da  Igreja  da  Alagoa  íituada  na  mefma  Villa. 
Para  eternizar  na  memoria  dos  vindouros 
os  horrorofos  eílragos,  e  fataes  calamidades, 
que  padeceo  eíla  Ilha  em  2.  de  Setembro 
tle  1630.  caufados  pela  violência  do  fogo  que 
rebentando  do  profundo  do  mar,  e  vencendo 
a  immenfa  copia  das  aguas  arrojou  com  horrí- 
vel eílrondo  pedras  da  extraordinária  gran- 
deza até  a  altura  de  cem  covados,  efcreveo 
como  teílemunha  ocular. 

KelaçaÕ  do  lajlimofo,  e  horrendo  cafo  que  acon- 
íeceo  na  Ilha  de  S.  Miguel  em  Jegunda  feira  2.  de 
Setembro  de  1630.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beeck  1630.  folha. 

Do  Author  fe  lembra  o  P.  António  Cor- 
•deiro  na  Hifi.  Infulan.  Liv.  5.  cap.  23. 


ANTÓNIO  FERNANDES  DE  MOURA 
natural  de  Btaga  naõ  fomente  Douto  oft 
Sagrada  Thcologia,  a  cuja  faculdade  indefeíla- 
mente  fe  applicou,  e  em  a  noticia  de  hum,  e 
outro  Direito,  mas  no  miniílerio  do  Púlpito, 
que  com  grande  applaufo  exercitou  nas  Dio- 
cefes  de  Braga,  e  Lamego,  em  cujo  Bifpado  foy 
Examinador  Synodal,  e  muito  aceito  ao  Pre- 
lado dcíla  Igreja  o  Illuílri  íTimo  D.  Joaõ  de  Lao- 
caftre.  Naõ  mereceo  menor  eílimaçaõ  no  con- 
ceito do  Illuílri  íTimo  Arcebifpo  Primaz  D.  Fr. 
Aleixo  de  Menezes  que  fununamente  o  vene- 
rava mais  pela  innocencia  dos  coftumes,  que 
pela  profundidade  das  letras.  Para  inílruir  aos 
ConfeíTores  com  hum  fácil  methodo  na  admi- 
niílraçaõ  do  Sacramento  da  Penitencia  applicou 
todo  o  difvello  compondo  a  obra  feguinte, 
que  repetidas  vezes  foy  impreíTa. 

Examen  Theologia  Moralis  in  quo  medulla 
univerfarum  quaflionum  ad  cafus  confcientia  per- 
tinentium  ex  Sacra  Theologia,  &  utroque  jure, 
nec  non  ex  ^aviffimis,  ó"  abfolutijftmis  tam  hujus, 
quam  fuperioris  avi  fcriptorihus ,  ç!t  fummiflis 
deprompta  teflimoniis,  <&  exemplis  confirmata 
continentur  in  quattuor  partes  divifum;  primam 
agentem  de  Praceptis  Decalogi;  fecundam  de 
Vrceceptis  'Exclefia^  ter  tia  m  de  Sacramentis :  quar- 
tam  de  peccatis,  addito  ad  calcem  brevi  Traãatu 
de  Operibus  Mifericordia.  Bracharac  Au- 
guíbe  apud  Fru6hiofum  do  Bailo  161 3. 
4.  Coloniac  Agripinas  apud  Petrum  Heni- 
gium  1616.  8.  1618.  1626.  1628.  1641.  1645. 
4.  et  Sumptibus  Heningij  1653.  Lugdimi 
apud  Claudium  Larjot  1627.  8.  Duaci  apud 
Gerardum  Patte  1620.  8.  Brixise  apud  Bar- 
tholomíeum  Fontana.  1622.  4.  Rhotomagi 
apud  Romanum  Malherbe.  1639.  Tradu- 
íido  em  Francez.  Pariz  1627.  4.  Compoz 
mais 

Compendio  moral,  e  Kefoluçoens  de  Cafos 
de  Conciencia.  Porto  por  Joaõ  Rodriguez. 
1625.  8.  e  Lisboa.  1629.  8. 

Hum  Soneto  feu  em  Portuguez  fahio 
impreíTo  no  Certame  Poético  em  luouvor  de  D. 
Miguel  de  Noronha  Conde  de  Unhares.  Lisboa 
por  Giraldo  da  Vinha  4.  Naõ  tem  anno  da 
ediçaõ. 

Celebraõ  o  feu  nome  Nicol.  Anton.  in 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  92.  Joan.  Soar.  de 
Bríto  in  Tbeat.  hufit.  Utter.  lit.  A.  n.  77.  c 


272 

Lippenio,  e  Draudio  nas  fuás  Bibliothecas. 
Morreo  em  Lisboa  a  17.  de  Mayo  de  1646. 
Eílá  fepultado  na  Santa  Cafa  da  Meferi- 
cordia. 

ANTÓNIO  FERREIRA  Doutor  na  facul- 
dade de  Direito  Civil,  Dezembargador  da  Cafa 
da  Supplicaçaõ,  Fidalgo  da  Cafa  Real,  naceo 
em  o  anno  de  1528.  naõ  em  a  Cidade  do  Porto, 
como  alguns  erradamente  fe  perfuadiraõ,  mas 
em  Lisboa,  de  que  elle  fe  jafta  no  liv.  i.  dos 
feus  Poemas  Epiílol.  10. 

EJla  Cidade,  em  que  naci  fermoja 
EJla  nobre,  ejia  chea,  ejia  Lisboa 
Em  Africa,  Afia,  Europa  taõ  famofa. 
Teve  por  Pays  a  Martim  Ferreira  Cavalleiro  da 
Ordem  de  Saõ-Tiago,  Efcrivaõ  da  Fafenda  do 
Duque  de  Coimbra  o  Senhor  D.  Jorge,  e  a 
Mecia  Froes  Varella.  No  tempo,  que  na  Acade- 
mia de  Coimbra  começou  a  eíhidar  Jurifpru- 
dencia  arrebatado  da  natural  inclinação  à  Poe- 
íia,  naõ  fomente  compunha  nas  horas  vagas  do 
eftudo  alguns  verfos  que  jà  refpiravaõ  fuave 
cadencia,  e  mageílofa  elegância,  mas  incitava 
aos  feus  Condifcipulos  a  que  lhe  foíTem  emu- 
los  em  taõ  divina  Arte.  Por  ella  alcançou  taõ 
profunda  veneração  dos  mayores  alumnos  do 
Parnafo,  que  como  a  Princepe  deíla  facul- 
dade lhe  mandavaõ  as  fuás  compoíiçoens 
para  que  pulidas  com  a  fua  lima  fahiílem  total- 
mente perfeitas  ao  theatro  do  mundo,  como  o 
teílemunha  Diogo  Bernardes  fallando  com 
elle  na  Epijlol.  12. 

Mas  naõ  pojjo  negar  Jerem-me  dados 
Por  ti  do  Ceo  favores  venturofos 
Ainda  que  mal  de  mi  remunerados. 
Se  me  naõ  dera  ao  mundo  em  taÕ  ditofos 
Annos  de  mim  que  fora:  Que  por  ti 
Efpero  de  ter  nome  entre  os  famofos. 
Por  mim  nunca  fubira  onde  fubi. 
Meu  nome  com  a  vida  fe  acabara 
O  mundo  naõ  foubera  que  naci. 
Confejfo  dever  tudo  àquella  rara 
Doutrina  tua,  que  me  qui:if erguia 
Ao  celebrado  monte,  à  fonte  clara. 
Epor  te  dever  mais,fe  à  lu^  do  dia 
Te  parece,  quefayaõ  meus  efcritos 
Na  tua  penna  ejlá  fua  valia  (^c. 
Entre  o  laboriofo  miniílerio  de  Dezembar- 
gador    nunca   interrompeo   o   comercio   das 


BIBLIO  THE  CA 


Mufas,  antes  fuavizava  grande  parte  do 
continuo  trabalho,  e  applicaçaõ  daquelle 
eftudo  com  as  delicias  poéticas  reforman- 
do as  obras  que  compufera  em  idade  muito- 
verde,  ou  produzindo  outras  em  que  retratava 
o  feu  efpirito  com  mais  vivas  cores,  que  certa- 
mente chegariaõ  a  mayor  numero,  fe  lhe  naõ 
roubara  o  tempo  a  Decifaõ  das  caufas  forenfes, 
e  o  naõ  privara  intempeílivamente  da  vida  a 
morte  em  Lisboa  no  anno  de  1 5  69.  Eílá  fepul- 
tado no  Cruzeiro  do  Convento  do  Carmo  de 
Lisboa,  e  fobre  a  campa  tem  gravadas  eJftas 
palavras. 

Epitáfio  do  Doutor  António  Ferreira  Eente  que 
foy  na  Univerjidade  de  Coimbra,  Desembargador  da 
delação,  raro  Poeta.  Faleceo  no  anno  de  1569. 
Hic  Doãor  jacet  è  Cathedra  quem  jura  Tonantem 

Mente    avidâ    audiret    Bartolus,    imo    Sólon: 
Carmina  fcribentem   Cythara  fequeretur  Apollo,. 

Diceret,  et  numeris  non  fatis  effe  Chelin. 
Jus  et  Pieridas  Pátria  decoravit,  amore 

Illius  hac  capiti  Eaurea  major  erat. 
Nec    vati    magnum,    ac  fuerit,    quod    in    urbt 
Senator, 

Sed  fua   quod  Kegnum   Scripta    Thalia   regit 
Si    legif,    una    tuos    componet    Epifiola    mores 

Maximus  ejl  doãor,  qui  docet  è  tumulo. 
A  fua  morte  fentio  feu  grande  amigo,  e  vene- 
rador   Diogo   Bernardes   neftas   elegantes,   e 
difcretas  expreíToens  efcritas  em  huma  Elegia 
a  Pedro  de  Andrade  Caminha. 
Ninfas  do  claro  Tejo  que  cubrifles 

A  grão  envolta  em  neve,  ejlrellas,  e  ouro 

De  negro  veo  quando  tal  vijies 
Vinde  de  fr efe  a  murta  de  hera,  e  louro 

Ornar  de  tempo  em  tempo  a  pedra  fria 

Onde  a  morte  efcondeu  Vojfio  the^ouro 
Vinde  cubrir  as  cincas  onde  ardia 

Fogo  de  amor  divino,  de  alvas  flores 

Em  lembrança  da  magoa  dejie  dia: 
Venhaõ  taõbem  as  Mufas,  e  os  amores 

Offerecerlhe  dons,  que  a  Arábia  manda 

E  cante  Phebo  em  tanto  feus  louvores 
Depois  pendure  a  Eyra  doce,  e  branda: 

Em  fima  do  fepulcro  por  memoria, 

E  Cupido  arco,  efettas  de  outra  banda. 
Ambos  perderão  nelle  fua  gloria; 

Quem  de  hum  cantará  já  tanta  belle^a 

Quem  ã"  outro  adoce  guerra,  e  a  viãoria  ? 
Ah  bom  cultor  da  Mufa  Portuguei^a 


II 


L  USITANA. 


273 


ti 


Qual  foy  Virgílio  a  Koma,  a  Cr$cia  Homero, 

Tal  Jojle  tu  à  tua  naturt^a. 
Semelhantes  elogios  lhe  coníagraõ  á  fua  memo- 
ria António  de  Souf.  de  Macedo  in  Lufit. 
tíbtrat.  Prosem.  1.  §.  1.  n.  2.  e  Proacm.  2. 
5.  2.  n.  7.  e  nas  Flor.  de  Efpan.  cap.  22.  Exccl- 
Icnc.  2.  Nicol.  Ant.  in  Nb.  Hifp.  Tom.  x. 
p;u'.  93.  lucubrationes  métricas  et  elegantia  plenas, 
Jpinlnque,  et  animofitate  vigentes  poética  Manoel 
.  de  Far.  Dijc.  da  ling.  Portug.  pag.  82. 

,0  Joan.  Tamayo  Salaz.  Martyrol.  Hifp.  Tom.  4. 

lg.  183.  Fr.  Manoel  de  Sá  nas  Mem,  Hijl.  da 
Prov.  do  Carm.  de  Portug.  liv.  2.  cap.  1 1.  n.  235. 
Morery  Diccion.  Hijloriq.  Vcrb.  Ferreira.  Por 
dcligencia  de  feu  filho  Miguel  Leyte  Ferreira 
fahiraõ. 

Poemas  Lttfitanos.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
hecck.  1 598.  4.  Cuja  fcgunda  Parte,  que  fc  naõ 
iniprimio,  louva  António  de  Soufa  de  Maccd. 
m  l.ujit.  liberat.  Proacm.  i.  §.  i.  n.  5. 

Comedias  que  com  outras  de  Francifco 
de  Sá,  e  Miranda  fahiraõ.  Lisboa  por  António 

[vares.  1622.  4. 
Tragedia  de  D.  Iffies  de  Caftro  que  fahio 
impreíTa  no  fim  dos  feus  Poemas,  foy  traduzida 
por  hum  Francez  na  fua  lingua,  e  a  dedicou 
ao  Conde  da  Atouguia  Joaõ  Gonçalves  de 
Attayde  de  quem  fora  criado,  e  Meftre  da 
lingua  Latina  de  hum  feu  filho,  a  qual  fe 
imprimio  em  Pariz. 

P.  ANTÓNIO  FERREIRA  Naceo  em 
Lisboa  fendo  filho  de  Jorge  Antunes,  e  Maria 
Ferreira  igualmente  ricos  que  virtuofos.  No 
tempo  que  curfava  a  terceira  claíTe  no  Collegio 
de  Santo  Antaõ  foy  admitido  à  Companhia 
de  Jefus  a  22.  de  Agoílo  de  1635.  com  15 
.mnos  de  idade.  Notável  foy  o  engenho,  que 
moftrou  para  todas  as  faculdades  de  que  fe 
feguio  enfinar  com  grande  applaufo  cinco 
annos  Humanidades,  e  Rhetorica  em  o  Collegio 
de  Coimbra.  Querendo  Deos  provar  a  sua 
paciência  permitio,  que  fe  levantaíle  contra 
a  reétídaõ  dos  feus  cullumes  huma  furiofa 
tempeftade,  que  tolerou  prezo  em  Coim- 
bra pelo  efpaço  de  dous  annos  em  os  quaes 
para  fuavizar  a  pena,  que  o  atormentava 
compoz  alguns  Poemas  Latinos  fendo  af- 
fumpto  de  hum  delles  o  receyo  de  perder 
a   fua    amada    Religião,    que    finalizou    com 


eAas  eotenieddas  ezpteíToefis,  que  bem 
dedaraõ  a  fuavidade  da  fua  difcreu  Muíâ. 
Non  fatis  hac.  maius  trepidou  tem  vulnera  telum 
Mentem  agit:  injlanti  fubit  exponenda  periclo 
Kelliffo:  qua  non  equidem  mibi  ff-atior  unquam 
Ulla  ftút:  primo  q$4a  me  jibi  junxit  amore 
Quaque  erat  occidm  me  fervatur  a  JepuUbro. 
Hac  me  {vix  poteram  vita  coffiojcere  Itffs, 
Jnraque  quid  prohibent ,  vel  quid  contendat  homjlas) 
Lixcepit  Puerum,  et  teneris  formavit  ab  an~ 
nis. 
Prima  fub   bac   rerum  pofui   monumenta    ma- 

gifira 
Hic    virtutis    opes,    doãas    hic    Palladis    artes 
Edidici,     hic    primos,     qua    fervent     dogmata 

mores, 
Qua   ve    decent   ânimos  Jludia    indefeffa   viriles. 
Qita   via    difficilem  Jubeunti  pandat    Olympum, 
Et     qua     Tartareas     ducat     Phlegethontis     ad 

undas. 
Quattuor    emijos  numerabam   luftra  per  annos, 
Ex  quo  votivis  fufcepimus  omina  vinclis, 
Aujpicijs  promiffa  fides  felicibus:    hic  me 
Formavit    natura    virum,   folumque   puãoris 
Conjcia  non  alij  adolevit  moribus  atas 
Ergo  ne  tam  muitos,  vitaque,  animique  labores 
Una   dies   tulerit?     Pereant   tam   longa   repente 
Têmpora?     tam    grati    linquenda    cubilia    teãi 
Totque  virum  probitas7 

Triunfante  das  calumniass  de  que  fora 
injuílamente  accufado,  leo  Filofofia  em  Lis- 
boa, paíTando  à  Univerfidade  de  Coimbra, 
e  Évora  depois  de  receber  as  infignias  Dou- 
torais a  25.  de  Julho  de  1661.  foy  Lente  de 
Vefpera  na  dita  Univerfidade  onde  alcan- 
çou iguaes  applaufos  de  Letrado,  que  Pre- 
gador. Accometido  de  hum  accidente  de 
apoplexia,  que  o  deixou  inhabil  para  con- 
tinuar os  eíhidos  Académicos,  o  naõ  im- 
pedio  para  o  progreífo  das  virtudes,  que  reli- 
giofamente  obfervou  com  admiração  dos 
feus  domeítícos.  Sendolhe  revelada  a  hora 
da  morte  fe  defpedio  dos  feus  Irmaõs  pelos 
cubiculos  até  que  paíTou  a  lograr  o  premio 
das  fuás  virtuofas  acçoens  a  10.  de  Janeiro 
de  1676.  cuja  memoria  celebra  o  P.  Fon- 
feca  na  Évora  Glorio/,  pag.  426.  e  Franco 
in  Sjnopf.  Afinal.  S.  J.  in  Lufit.  pag.  361. 
dizendo:  pollebat  ingenio  praclaro  ad  fcien- 
tias    qiias  jam    dediceraf    laude    máxima,    emi- 


23 


274 


BIB  LIO  THE  CA 


nehat  dotihus  ad  exornandum  Jacrum  Juggejlum. 
De  muitos,  e  bons  Sermoens,  que  pregou, 
unicamente  fe  publicou  o  feguinte. 

Demonjlraçoens  da  Verdade  da  nojja  S,  Fé 
contra  os  erros  Judaicos  em  o  Aão  da  Fé,  que  fe 
celebrou  na  Cidade  de  Évora  em  21.  de  Setembro 
de  1670.  Évora  na  Officina  da  Univerfidade 
1670.  4. 

ANTÓNIO  FERREYRA  filho  de  Valen- 
tim Ferreira  Cirurgião,  Familiar  do  Santo  Offi- 
cio,  e  de  LuÍ2a  de  Moura  naceo  em  Lisboa,  e  na 
Parochia  de  Santa  Jufta  foy  bautizado  a  6.  de 
Novembro  de  1626.  Na  Univerfidade  de  Coim- 
bra fe  applicou  à  mefma  Arte  que  feu  Pay  pro- 
feíTára,  e  depois  de  eílar  nella  perfeitamente 
inftruido  a  exercitou  primeiramente  na  Praça 
de  Tangere  onde  foy  mandado  curar  o  mal  epi- 
demico,  que  confumia  aos  feus  habitadores, 
e  fendo  ferido  do  contagio  efcapou  da  fua  vio- 
lência pela  efficacia  dos  feus  medicamentos. 
Voltando  para  a  pátria  continuou  o  mefmo 
exercido  com  grande  credito  da  fua  fciencia, 
e  naõ  menor  fortuna  dos  infermos  principal- 
mente dos  que  aíTiíliaõ  no  Hofpital  Real  de 
todos  os  Santos  por  efpaço  de  vinte  annos 
experimentando  todos  os  maravilhofos  effei- 
tos  do  feu  methodo  curativo.  Sendo  Cirurgião 
da  Camará  delRey  foy  eleyto  Cirurgião  mór  da 
SereniíTima  Senhora  D.  Catherina,  quando  no 
anno  de  1662.  fe  foy  defpozar  com  Carlos 
II.  de  Inglaterra,  a  qual  acompanhou  até 
Londres  recebendo  em  premio  da  fidelidade 
com  que  feruira  a  eíla  Princeza  o  habito 
de  Chriílo  com  outras  mercês  honorifi- 
cas, e  rendofas.  Reílituido  a  Portugal  naõ 
deixou  o  exercício  da  fua  Arte,  a  que  mais 
o  eílimulava  a  charidade,  que  o  intereííe,  até 
que  fechou  o  circulo  de  fua  vida  em 
Lisboa  no  anno  de  1679.  quando  contava 
65.  annos  de  idade.  Deixou  defcendencia 
numerofa  eternizando  o  feu  nome  particu- 
larmente em  três  filhos  profeílores  de  diver- 
fas  faculdades  quaes  foraõ  o  Doutor  Igna- 
cio  Lopes  de  Moura  Dezembargador  dos 
Aggravos  da  Cafa  da  Supplicaçaõ  Cavalleiro 
profeíTo  da  Ordem  de  Chriílo  de  quem 
em  feu  lugar  faremos  mençaõ,  o  Doutor 
Jacinto  Ferreira  de  Moura  formado  nos  Sa- 
grados Cânones,  e  Prior  da  Real  Freguezia 


de  S.  Juliaõ  de  Lisboa,  e  Fr.  Leonardo  de 
Moura  Religiofo  de  S.  Jeronymo,  e  Rey- 
tor  do  feu  Collegio  de  Coimbra,  que  foy 
bom  Theologo.  Para  fazer  mais  perceptí- 
vel a  Arte  da  Cirurgia  aos  feus  naturaes, 
que  a  quizeíTem  aprender,  efcreveo  em  eftylo 
compendiofo. 

L//í^  verdadeira,  e  recopilado  exame  de  toda 
a  Cirurgia.  Lisboa  por  Domingos  Carneiro. 
1670.  foi.  fahio  acrecentado  com  huma  nova 
Praítica  do  Author.  Lisboa  por  Ualentim  da 
Coíla  Deslandes  1705.  foi.  Efta  obra  com- 
prehende  17.  livros  o  \.  da  Anatomia  de  todas 
as  partes  do  corpo  2.  Dos  Apojihemas  em  geral  3. 
dos  Apojihemas  em  particular.  4.  das  Feridas  5 . 
do  Fluxo  do  Sangue.  6.  das  Feridas  Veneno/as.  7. 
das  Feridas  de  pelouro.  8.  das  Feridas  da  Ca- 
beça. 9.  das  Feridas  do  rojlo.  10.  das  Feri- 
das do  peito.  II.  das  Feridas  do  ventre.  12.  , 
das  Feridas  dos  nervos.  13.  das  Chagas  em  \ 
geral,  e  particular.  14.  das  Chagas  em  par- 
ticular. 15.  das  Fraãuras.  16.  das  Disloca- 
çoens.  17.  das  Fontes.  He  intitulado  por 
Morery  Diccion.  Hijloriq.  Verb.  Ferreira  un 
des  plus  celebres  Chirurgiens  de  Portugal. 

ANTÓNIO  FIALHO  FERREIRA  Cavai-  j 
leiro  profeílo  da  Ordem  de  Chriílo  Fidalgo  da  '■ 
Cafa  Real,  natural,  e  morador  na  Cidade  de  . 
Macao  celebre  colónia  dos  Portuguezes  nos 
confins  da  China  onde  exercitou  honoríficos 
poílos,  ou  foíTem  políticos,  ou  militares.   Sendo 
Capitão    mór   da   frota   de  Macao  chegou  a 
Manilla  no  anno  de  1633.  e  pela  grande  devo- 
ção  que  tinha  à  Religião   Seráfica  alcançou 
faculdade  do  Provincial  da  Província  de  Saò 
Gregório  para  a  nova  fundação  das  Religio- 
fas   da  primeira  obfervancia  de  Santa  Clara 
na  Cidade  de  Macao  triumfando  de  todas  as 
dificuldades,  que  fe  levantarão  contra  eíle  nego- 
cio,  como  elle  expreíTa  em  huma  carta  ef- 
crita  a  Fr.   António   da  Conceição   Miniílro, 
Provincial  da  Província  da  Madre  de  Deos' 
a  qual  traz  impreíTa  Fr.  Jacinto  de  Deos  no 
Vergel  de  Plant.  e  Flor.  cap.  4.  art.    5.  pag. 
129.   e   delia  faz   mençaõ   como   do   Author 
o    moderno    Addicionador    da    Bib.    Orient. 
de  António   de   Leaõ  Tom.    2.   Tit.    7.   col. 
629.    Por  caufa  de  huma  grave  difcordia  ex- 
citada entre  o  povo,  e  os  Miniílros  delRey 


L  USITANA. 


ij5 


ic  auzentou  de  Macao  no  anno  de  1657.  e  atra- 
vcíTando  com  maniíeílo  perigo  da  vida  o 
Império  de  Narfinga,  e  as  Serras  de  Gaute, 
I  chegou  pelo  paíTo  de  Daugin  a  Goa  em  24.  de 
Junho  onde  foy  benevolamente  recebido  pelo 
ViceRey  Pedro  da  Sylva,  que  conhecendo  a 
capacidade  do  feu  talento  o  mandou  reprefen- 
tar  a  ElRey  o  miferavel  eílado  a  que  eílava 
seduzida  a  índia  para  a  qual  fe  neccíTitava  de 
prompto  remédio.  Partio  de  Goa  em  Janeiro 
de  1639.  e  depois  de  vencidos  muitos  traba- 
lhos chegou  a  Afpaõ  donde  voltando  pelos 
montes  de  Arménia  Superior  entrou  no  Reyno 
de  Gorgoftaõ.  Paliada  grande  parte  da  Grécia 
por  Betinia  eíleve  em  Côílantinopla,  e  nave- 

Índo  pelo  Archipclago  dcfcmbarcou  em 
orne.  Chegou  a  Roma,  e  depois  de  bejar 
pé  ao  Pontiíice  conferio  com  o  Embaxador 
Giftclla  o  negocio  que  lhe  fora  cometido. 
;pois  de  paíTados  os  Ducados  de  Mantua,  e 
^.iboya  naõ  pôde  tomar  o  porto  de  Barcelona 
por  caufa  dos  Turcos  andarem  infcftando 
.K]uelles  mares  até  que  entrou  em  Valença 
donde  paíTando  a  Madrid  reprefentou  a  ElRey 
.1  caufa  que  o  obrigara  para  emprender  jornada 
igualmente  dilatada  que  perigofa.  Foy  logo 
'  mandado  a  Lisboa  para  que  fe  apreftaíTem  féis 
Náos,  que  focorreíTem  a  índia  quando  neíle 
j  tempo  fe  aclamou  o  SereniíTimo  Senhor  D. 
Toaõ  o  IV.  o  qual  certificado  da  fidelidade  de 
\ntonio  Fialho  o  mandou  a  Macao  fignificar 
aos  feus  moradores  de  que  tinhaõ  por  Sobe- 
rano a  hum  Príncipe  Portuguez.  Obedeceo 
promptamente  a  eíle  preceito,  e  logo  que  che- 
gou à  fua  Pátria  convocadas  as  PeíToas  princi- 
paes  do  Eftado  Ecclefiaftico,  e  Secular  lhes 
expoz  em  huma  elegante  Oraçaõ,  a  feliz  noticia 
de  eílar  exaltado  ao  trono  de  Portugal  o  Sere- 
nlífimo  D.  Joaõ  o  IV.  a  quem  deviaõ  reconhe- 
cer  por  feu  Rey,  e  Senhor,  de  cuja  heróica  acçaõ 
por  fer  gloriofo  inílrumento  o  celebraõ  com 
grandes  elogios  D.  Luiz  de  Menezes  Con- 
de da  Ericeira  Portug.  Kejiaur.  Tom.  i.  liv.  3. 
pag.  141.  Birago  Hijl.  de  Portug.  lib.  3.  pag, 
»■  mihi  258.  chamando-lhe  huomo  di  valore,  e  pru- 
'  dem^a,  e  o  Padre  Pedro  Francifco  Xavier  de 
Charlevoix  Hijl.  du  Japon.  Tom.  2.  pag.  441. 
'    Compoz. 

Kelaçaõ    da     viagem,     que    por    ordem     de 
'í    Sua    Mageftade   /í^    António    Fialho    Ferreira 


defle  Keyno  à  Cidadt  di  Macao  na  China,  e  feli- 
cijftma  Aclamarão  de  Sua  Maffftaát  EJKey 
Noffo  Senhor  D.  JoaÕ  o  IV.  ^  Diox  ptarde  na 
me/ma  Cidade,  e  partts  do  Sul.  Lisboa  por 
Domingos  Lopes  Roía  1645.  4. 

Oraçad  que  fev^  na  Cafa  do  Senado  da  Cidade 
de  Macao  na  pret(ença  dos  juizes,  Vereadores,  e 
Procurador  do  Povo  de  como  ejlopa  euclamaào 
EJKej  D.  Joaõ  o  IV.  Sahio  impreíía  nos  Sue. 
Mi  li/,  das  Arm.  Portug,  pelo  D.  Joaô 
Salgado  de  Araújo.  Lisboa  por  Paulo  Cras- 
beeck.  1644.  4-  hv.  5.  cap.  4. 

Kav^ones,  y  preguntas  fobre  la  Navegacion  que 
fe  há  ahierto  de/de  la  China  a  la  índia  por  los 
hoquerones  dei  Valle,  y  fi  fera  conveniente  ha:(er 
viages  defde  la  China  a  Lisboa  en  derechura. 
Efta  obra  foy  efcrita  em  Portuguez,  e  traduzida 
em  Caílelhano  fe  conferva  em  a  Bíbliotheca 
delRey  Catholico  como  affimu  o  moderno 
Addicionador  da  Bih.  Nautic.  de  António  de 
Leaõ.  Tom.  2.  titul.  3.  col.  1133. 

ANTÓNIO  HGUEIRA  DURAM  natu- 
ral de  Lisboa.  Foy  admirável  o  génio 
que  defde  a  puerícia  teve  para  a  Poefia  Épica 
parecendo  que  nacera  no  grémio  das 
Mufas,  de  tal  forte  que  admirado  o  grande 
Poeta  Manoel  de  Galhegos  da  fumma  faci- 
lidade com  que  na  adolefcencia  fe  remon- 
tava ao  cume  do  PamaíTo  o  intitulou  Orfeo 
daquelle  feculo,  e  como  a  tal  o  convida 
para  que  com  as  fuás  canoras  vozes  celebre 
o  Hymineo  dos  SereniíHmos  Duques  de 
Bragança  no  Templo  da  Memoria  liv.  4.  Eílanc. 
200. 

Já  das  Mufas  o  Templo  manifeflo 
Vos  efpera  (ò  Figueira  Orfeo  Latino) 
Entray  nelle,  e  componde  do  Anapeflo 
A  efle  Hymineo  o  verfo  Fecenino; 
Ou  day  de  Ignacio  o  vojjo  altivo  canto 
A  Nuno,  que  he  também  Soldado,  e  Santo. 
Em  obfequio  da  vontade  de  feu  Pay  paiTou 
à    Univerfidade    eíhidar    Filofofia,    e    Juríf- 
prudencia,    e    entre    as   efpeculaçoens    deílas 
duas  faculdades  nunca  interrompeo  a  inno- 
cente  comunicação  que  tinha  com  as  Mufas 
o  que  elle  teftifica  no  fim  do  feu  Poema  inti- 
tulado Ignatiados. 

Hac    fuper     l^ati    gejlis,     comitumque     cane- 
ham 


276 

Cum  me  Secretas  rerum  cognojcere  caufas 
Ipfe  juhet  genitor:    qmre  mea  fijlula  lauro 
Pendebit,  quo  plena  fonet,  vire/que  tacendo 
Adquirat,  pojfimque  novos  haurire  liquores. 
Depois  de  receber  o  gráo  de  Licenciado  na 
faculdade  de  Direito  Civil  voltou  para  a  Pátria, 
e  como  foíTe  ornado  daquelles  dotes  dignos  de 
hum  Miniftro,  foy  eleito  Juiz  de  fora  de  Mou- 
rão donde  partio  para  o  Maranhão  com  o  lugar 
de  Ouvidor  deíle  Eftado,  o  qual  adminiílrou 
poucos  mezes  por  morrer  intempeílivamente 
no  anno  de  1642.    A  fua  memoria  fempre 
fera  venerável  entre  os  cultores  da  Poeíia  fen- 
do entre  eíles  o  mais  celebre  o  P.  António 
dos  Reys  no  feu  Enthufiafm.  Poetic.  impreíTo 
no  principio  dos  feus  Epigrammas.  n.  17. 
Nec  te  privahunt  mea  carmina  laude  Durane 
O'  puer  ut  Phabus  tenuit  lanugine  malas 
Yix  prima  adfperfus,  fed  jam  cecinijfe  peritus 
Clajfica  poft  módulos  calami  pofi  mitis  avence 
Murmura  poft  Ienes,  quos  prompjit  fiftula  cantus. 
Compoz. 

Ignatiados  lihri  três.  UlyíTipone  apud  Geor- 
gium  Rodriguez.  1635.  8.  Poema  Épico  à 
S.  Ignacio  de  Loyola. 

iMurus  ParnaJJaa.  UlyíTipone  apud  eumd. 
Typ.  eodem  anno  8.  Coníla  de  Elogios  de 
Poetas  Portuguezes. 

Templum  Mternitatis,  Poema  Panegyricum 
in  aula  Conimbricenfis  Academia  pro  roftris  reci- 
tatum.  Conimbricae  apud  Laurentium  Cras- 
beeck.  1640.  4.  Coníla  de  vários  metros  Lati- 
nos em  louvor  dos  Lentes  da  Univeríidade 
de  Coimbra. 

ANTÓNIO  DE  FIGUEIREDO  natural 
da  Villa  de  Santarém  do  Arcebifpado  de 
Lisboa.  Foy  Freyre  da  Militar  Ordem 
de  Saõ-Tiago  que  profeílou  no  Real  Con- 
vento de  Palmella,  e  grande  letrado  na 
Theologia  moral  por  cuja  fciencia  foy  Prior 
em  huma  Igreja  do  Campo  de  Ourique  onde 
apafcentou  as  fuás  ovelhas  com  a  dou- 
trina, e  muito  mais  com  o  exemplo  até  que 
entre  ellas  morreo  em  idade  de  63.  annos. 
Efcreveo. 

De  Sacramentis  in  genere,  et  fpecie.  M.   S. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  FONSECA  na- 
tural  de   Lisboa  filho   do  Doutor  António 


B IB  LIO  THE  CA 


Corrêa  fundador  do  Convento  de  Santa  Anna 
fituado  em  a  nobre  Villa  de  Viana  da  Província 
de  Entre  Douro,  e  Minho,  foy  naõ  fomente 
efplendor  da  Religião  Dominicana,  cujo  habito 
profeílou,  mas  da  Univerfidade  de  Sorbona, 
onde  recebeo  a  borla  doutoral  em  6,  de  Janeiro 
de  1542.  Eftando  já  egregiamente  inílruido 
nas  faculdades  efcholaílicas  na  fua  Pátria, 
paíTou  àquella  Univeríidade  onde  alcançou  o 
feu  penetrante  engenho  a  vaíla  noticia  da  lín- 
gua Grega,  e  Hebraica,  e  a  erudição  Sagrada, 
e  profana,  em  que  foy  peritamente  verfado. 
A  fama  das  fuás  profundas  letras  moveo  a 
ElRey  D.  Joaõ  o  III.  cuidadofo  da  nova  reílau- 
raçaõ  da  Univerfidade  Conimbricenfe  para 
que  entre  outros  Meílres  convocados  de  Pariz 
foííe  elle  chamado  a  ler  a  Cadeira  de  Vefpera  da 
Sagrada  Efcritura,  da  qual  tomou  poíTe  no 
anno  de  1544.  e  a  regentou  muitos  annos  com 
grande  credito  do  feu  nome,  naõ  alcançando 
menor  fama  pelo  Púlpito  donde  era  venerado 
por  celebre  Orador  Evangélico,  de  tal  forte 
que  o  elegeo  por  feu  Pregador  o  mefmo  Prín- 
cipe, que  o  nomeara  Lente  da  Univerfidade. 
Foj  o  primeiro  Pregador  (  faõ  palavras  do  infigne 
Chroniíla  Fr.  Luiz  de  Soufa  Hift.  de  S.  Doming. 
Tom.  I.  Uv.  3.  cap.  38.)  que  introdu^^io  nefte 
Rejno  o  fentido  litteral  da  Efcritura  apoftilando 
o  Santo  Evangelho  modo  fácil,  e  menos  trabalhofo 
para  quem  o  fegue,  porque  he  totalmente 
feparado  do  eftylo  Oratório  antigo,  que  fe 
compõem  de  fuás  partes  com  feus  tropos, 
e  figuras,  e  flores  Rketoricas.  Echard  in 
Script.  Ord.  Prced.  Tom.  2.  pag.  155. 
Neque  vero  in  uno  claruit  académico  Eyceo, 
fed  facundijftmus  Verbi  Divini  Orator  Olif- 
fipone,  aliifque  pracipuis  Eufitania  Civi- 
tatibus  concionando  magnum  apud  omnes  fi- 
bi  nomen  fecit.  Sena  in  Piib.  Ord.  Prced.  pag. 
26.  Vir  linguarum  notitia  clarus,  fcriptu- 
rcB  Sacra  leãione  multa  exercitatus,  et  Con- 
cionator  infignis.  Manoel  de  Far.  e  Souf. 
Europ.  Portug.  Tom.  3.  Part.  4.  cap.  6. 
Xiílo  Senenf.  in  Biblioth.  Sana.  lib.  4. 
Joan.  Soar.  de  Brito  in  Theatr.  Eufit.  Eit- 
ter.  lit.  A.  n.  79.  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  93.  Jacobo  Lelong  in  Bi- 
blioth.  Sacra  pag.  728.  col.  i.  e  Fr.  Pedro 
Monteiro  Clauft.  Domin.  Tom.  3.  pag.  i 
Compoz. 


LUSITANA. 


277 


Annotationes  marffttales  in  Commtntaria 
Vhoma  de  Vio  Cardinalis  Caielani  in  Penta- 
,i(chum,  Parifiis  apud  Joanncm  Parvum.  1 J59. 

Ífol.  Neíla  obra  naõ  fomente  compoz  as  notas, 
flfts  a  vida  do  Cardeal  Caetano  (  da  qual  faz 
Aemoria  Fr.  Ignacio  Jacinto  Amat  de  Grave- 
lon.  HiJI.  Eechf.  ad  Sacul.  XVI.  CoUoq.  5.)  e 
i  Introdução  ao  Pentateucho.  Efcreveo  mais 
como  affirma  Nicol.  Ant. 
In  jofue, 

In  Ubros  Kegfim. 
hl  Paralipomenoft. 

ANTÓNIO  DA  FONSECA  natural  de 
Lisboa  infignc  profeííor  de  Medicina  cuja 
Iciencia  exercitou  com  grande  fama  cm  Flan- 
des,  c  no  Palatinado  na  occaílaõ  em  que  eílas 
Provincias  cftavaõ  inficionadas  com  a  pefte 
locorrcndo  aos  feridos  de  taõ  fatal  epidemia 
iiaõ  íó  com  a  fua  affiílcncia,  mas  ainda  efcre- 
\  cndo  o  mcthodo,  com  que  fe  podiaõ  curar, 
o  qual  publicou  com  efte  titulo. 

Traãa/us  de  epidemia  febrili  grajfante  in  exer- 
Itu  Regis  Catholici  in  inferíori  Palatinatu  anno 
1620.  í/  1621.  //;  quo  febris  maliffta  effentia,  caufa^ 
Jiffia,  diaffiojlica,  et  prognoftica,  et  methodus  cura- 
tiva Philofophice,  et  medice  elucidantur.  Me- 
chliniae  apud  Henricum  Jaye.  1623.  4. 

Delle  fe  lembraõ  Nic.  Ant.  in  Bib.  Hifp. 
Tom.   I.  pag.  93.  e  Zacut.  lib.   5.  cap.   30. 

ANTÓNIO     DA     FONSECA     Naceo 

em  Lisboa,  e  na  real  Parochia  de  S.  Juliaõ 
recebeo  a  primeira  graça  a  14.  de  Junho 
de  1676.  Ainda  naõ  excedia  a  tenra  idade 
de  três  annos  quando  paíTou  com  feus  Pays 
Cypriano  da  Fonfeca,  e  Francifca  Maria 
ao  Eílado  de  Pernambuco,  e  no  Recife  apren- 
deo  naõ  fomente  as  letras  humanas,  e 
Poefia  Latina  em  que  fahio  eminente,  mas 
as  fciencias  de  Filofofia  em  a  Congregação 
do  Oratório,  e  de  Theologia  efpeculativa 
no  Collegio  dos  Padres  Jefuitas.  Voltando 
para  a  Pátria  foy  cativo  pelos  mouros  a  14. 
de  Outubro  de  1710.  e  levado  a  Argel  onde 
fendo  vendido  em  praça  pubUca  a  5.  de  No- 
vembro do  dito  anno,  depois  de  tolerar  ter- 
riveis  moleílias  foy  refgatado  de  taõ  duro 
cativeiro  em  o  aimo  de  171 3.  por  féis  cen- 
tos mil  reis.    Reftituido  a  Portugal,  e  a  fua 


liberdade  fe  ordenou  de  Presbyteto,  e  coníide- 
rando  que  as  fciencias  próprias  deíle  EAado 
eraõ  a  Theologia  Moral,  e  os  Sagrados  Câno- 
nes, fe  applicou  à  primeira  no  Real  Collegio 
de  N.  Senhora  da  Efcada  fundado  neíla  Corte 
pela  magnifica  piedade  da  Raynha  D.  Catbe- 
rina  mulher  do  SerenlíTuno  Rey  D.  Joaô  o  III. 
que  regentaõ  os  Religiofos  Dominicos,  fendo 
hum  dos  feus  Collegiaes,  e  para  le  inAruir  na. 
fegunda  paííou  á  Univerfidade  de  Coimbra, 
onde  defendeo  com  applaufo  univeríal  em  23, 
de  Julho  de  1736.  Conclufoens  fobre  a  matéria. 
de  OJficio,  et  poteftate  judieis  Delegati  compoílas 
em  verfo  heróico  elegantiífimo  com  huma  in- 
vocação a  N.  Senhora  do  Carmo,  merecendo 
receber  o  gráo  de  Bacharel  a  6.  de  Outubro 
de  1738.  Pelo  largo  efpaço  de  vinte  annos 
tem  exercitado  o  lugar  de  Capellaõ  das  Reli- 
giofas  Dominicas  do  Convento  da  Annun- 
ciada  deíla  Corte.    Publicou  com  efte  titulo. 

Opujculum  Eucharijlicum  oratione  ligata 
concinnatum.  UlyíTipone  apud  Emmanue- 
lem  Ferdinandum  Coftium  San£te  Inquiíitionis 
Typog.  1728.  4.  He  dedicado  a  ElRey  N. 
Senhor  D.  Joaò  V.  em  cujo  louvor  além  da. 
dedicatória  traz  três  epigramas,  e  huma  Ode. 
A  obra  confta.  de  huma  larga  Elegia,  e  nefte 
género  de  Poefia  os  três  Hymnos  que  a  Igreja 
U2a  na  Fefta  do  Corpo  de  Deos.  Seis  epigram- 
mas  em  louvor  do  Santiífimo  Sacramento 
cujo  affumpto  fe  deduz  de  féis  anagrammas 
da  palavra  Eucharijlia.  A  Oraçaõ  Adoro  Te 
devote  latens  Deitas  em  hum  poema  heróico, 
e  ultimamente  o  Hymno  Te  Deum  Laudamus 
compofto  em  verfos  Saficos. 

In  funere  llluftrijfimi ,  ac  Keverendijftmi 
Domini  D.  Fr.  Bartholomai  do  Pilar  Epif- 
copi  Parenjis  máximo  totius  l^fit.  luãu  fato 
correpti.  Nsenia.  Coníla  de  10.  Dyflichos. 
Epitáfio  ao  mefmo  Prelado  que  he  hum 
Epigramma.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues 
ImpreíTor  do  Senhor  Patriarcha.  1734-  4- 
No  fim  do  Elogio  que  dedicou  a  efte  Prelado 
Fillippe  Jozé  da  Gama. 

ANTÓNIO  DA  FONSECA  OSÓ- 
RIO natural  de  Lisboa  donde  navegou  até 
a  índia  Oriental  com  o  pofto  de  Soldado,  e 
como  aíTLftiíTe  nella  muitos  annos  difcorreo 
por  diverfas  Regioens  de  taõ  vafta  parte  do 


BIBLIOTHE  CA 


278 

mundo  tolerando  por  mar,  e  terra  innume- 
raveis  trabalhos  que  deixou  efcritos  no  Livro 
intitulado 

Peregrino  Oriental  de  varias  coujas,  e  Juc- 
ceffos  da  índia.  O  qual  dedicou  ao  Duque 
D.  Theodoíio  Pay  do  SereniíTimo  Rey  D. 
Joaõ  o  IV.  e  pofto  que  fe  naõ  imprimio  corre 
M.  S.  pelas  mãos  de  muitos  Curiofos,  e  he 
louvado  por  Jorge  Cardofo  nas  Advertem. 
do  Tom.  I.  §.  2.  verf.  ultim. 

F.  ANTÓNIO  DE  S.  FRANCISCO 
Natural  de  Évora,  filho  de  Pedro  Francifco,  e 
Arma  Mendes  Religiofo  da  Ordem  de  S.  Paulo, 
que  profeíTou  no  Convento  da  Serra  de  OíTa 
a  26.  de  Setembro  de  1594.  taõ  infigne  no 
governo,  como  no  magiílerio  pois  além  de  fer 
grande  humanijla  como  o  intitula  o  P.  Francifco 
da  Fonfeca  na  Evor.  Glorio/,  pag.  410.  foy  con- 
fumado  Theologo  lendo  eíla  fciencia  com 
grande  applaufo  aos  feus  domeíticos  até  que 
nella  jubilou  naõ  fendo  menor  a  faudade, 
que  deixou  aos  feus  fubditos  quando  em 
alguns  Conventos  exercitou  o  lugar  de  Prelado. 
Todo  o  feu  difvello  foy  a  compofiçaõ  da  Chro- 
nica  da  fua  Congregação,  para  cujo  fim  naõ 
perdoou  a  género  algum  de  trabalho  revol- 
vendo os  Cartórios  dos  Conventos  inveftigando 
as  fuás  fundaçoens,  as  vidas  dos  Varoens  infi- 
gnes,  que  nelles  floreceraõ,  e  os  privilégios, 
graças,  e  indultos  com  que  a  liberalidade  Pon- 
tifícia, e  Real  os  enriquecera.  Ao  tempo  que 
eftava  para  concluir  obra  taõ  laboriofa  o  arre- 
batou a  morte  em  Villa-Viçofa  a  20.  de  Julho 
de  1633.  com  58.  annos  de  idade,  e  39.  de 
Religião.  Conferva-fe  entre  os  feus  Religiofos 
efcrita    pela    própria    maõ    com    eíle    titulo 

Chronica  da  Congregação  de  S.  Paulo  da 
Serra  de  OJJa. 

Delia  faz  mençaõ  Jorge  Cardofo  Agiol. 
'L.ujit.  Tom.  2.  pag.  666.  letr.  C. 

ANTÓNIO  DE  S.  FRANCISCO  Terceiro 
Secular  da  Seráfica  Ordem  de  S.  Francifco.  Ef- 
creveo  para  fruto  efpiritual  dos  feus  Irmãos 

Compendio  dos  'Exercidos  da  Terceira  Ordem 
da  Penitencia.  Lisboa  por  António  Alvares. 
1628.  16. 

Da  obra,  e  do  Author  fe  lembra  Fr.  Joan. 
à  D.  Ant.  in  Bib.  Vrancijc.  Tom.  i.  pag.  104. 


ANTÓNIO  FRANCISCO  DE  ALCÁ- 
ÇOVA Natural  de  Braga,  Doutor  em  Cânones 
cuja  Cadeira  de  Prima  fendo-lhe  ofFerecida,  naõ 
quiz  aceitar.  Dezembargador  da  Relação  da 
fua  pátria  depois  da  Cafa  da  Supplicaçaõ,  Pro- 
curador da  Fazenda  Real,  e  Alcayde  Mòr  de 
Eruededo  foy  taõ  iníigne  na  redidaõ  com  que 
decidia  as  controverfias  forenfes,  como  na 
perfpicacia  com  que  penetrava  os  myílerios 
mais  occultos  de  hum,  e  outro  Direito,  cujos 
dotes  o  fizeraõ  venerado  pelos  mais  doutos  ho- 
mens do  feu  tempo,  como  foraõ  Francifco 
de  Caldas  Pereira  confeíTando  na  Parte  3. 
Oper.  Emphyteut.  cap.  6.  n.  10.  Cujus  difciplina, 
quidquid  in  nobis  eruditionis  ejl  acceptum,  referi- 
mus,  e  no  cap.  3.  n.  31.  lhe  chama  doãijfimum 
numquam  fatis  laudatum,  <Ò^  inter  Senatorii  ordi- 
nis  prafiantijfimos  Júris  confultum  omnium  longe 
prcefiantijfimum  Manoel  Barbof.  Kemijion.  ad 
lib.  4.  Ord.  Reg.  Tit.  105.  n.  5.  doãijfimus,  & 
omni  avo  memorandus.  Compoz  varias  illuftra- 
çoens  fobre  diverfos  Textos  do  Direito  Ce- 
fareo,  e  Pontificio,  e  nas  Ordenaçoens  do 
Reyno,  que  perfeitamente  naõ  acabou,  ex- 
cepto a  obra  feguinte 

Compendio  da  'Nobreza,  e  Fidalguia  dejles  Kej- 
nos,  em  o  qual  fe  trata  dos  dijferentes  ejlados  de 
Villoens,  Plebeos,  Vaffallos,  Efcudeiros,  Caval- 
leirosy  Ricos  homens,  Infançoens,  (ó^c. 

Da  qual  fallaõ  Manoel  Barbof.  jà  alle- 
gado  ad  L,ib.  2.  Ordinat.  Tit.  21.  n.  5.  onde 
diz  que  o  Author  lho  remetera.  Joaõ  Franco 
Barreto  na  Bib.  Eujit.  M.  S.  Manoel  Severim 
de  Faria  Notic.  de  Portug.  Difc.  3.  §.  i.  pag.  88. 
e  o  P.  D.  António  Caetano  de  Souf.  no  Appa- 
rat.  à  Hijl.  Gen.  da  Cafa  Real  de  Portug.  pag.  86. 
§.  79- 

P.      ANTÓNIO     FRANCISCO      CAR- 

DIM  natural  da  Villa  de  Viana  do  Alen- 
tejo filho  de  Jorge  Cardim  Froes,  Dezem- 
bargador da  Cafa  da  Supplicaçaõ  de  que 
tomou  poíTe  a  25.  de  Outubro  de  1599.  e  D. 
Catherina  de  Andrade,  irmaõ  inteiro  do 
Venerável  P.  Joaõ  Cardim  da  Companhia 
de  JESUS  ( cuja  vida  efcreveo  na  lingua. 
Latina  Filippe  Alegambe,  e  na  Portugueza 
o  P.  Sebaíliaõ  de  Abreu  )  ao  qual  imitou  nas 
virtudes,  e  eílado  Religiofo  aliílando-fe  na 
Companhia  no  Collegio  de  Évora  a  24.  de 


I 


L  USITANA. 


279 


I  cvctciro  de  161 1.  quando  tinha  15.  annos 

ir  i(l;i<l<     I  in  obíequio  do  Santo  Xavier  acre- 

.  t  iiitju  u(í  ntinie,  que  lhe  fora  importo  na  pia 

I .lutifmal  o  nome  de  Francifco  que  lhe  fervio 

J(    {Hiptiio  deípertador  pata  folicitar  com 

iiiJ(     iiilbncias  faculdade  dos  feus  Superio- 

pii  I  pui. II  .10  Oriente,  cncllc  pregar  a  Fé  do 

(  1 1 K I  II  lo.  Por  fete  annos  continuos  perfidio 

lu  ii.i  lu  I  >i(  I  pcrtençaõ  que  naõ  era  atendida 

(h      1'icl.ul  >:  por  ter  huma  compleição  débil, 

(  I  1 1  h  Ic  pouco  firme  até  que  naÕ  podendo  refíf- 

III   I  ( ifícacia  de  tantos  rogos  lhe  concederão  a 

'  <  c  ii(,<i,  e  fe  embarcou  para  a  índia  no  anno  de 

18.  com  o  Bifpo  do  Japaõ  Diogo  Valente,  e 

mais  trinta  Religioíos,  que  muitos  delles  com 

0  próprio  Tangue  fobfcrcvcraõ  as  verdades  do 

1  \.uigclho.  Chegado  a  Goa,  c  eftudadas  as 
1  iculdades  de  Filofofia,  e  Theologia  paíTou  à 
China  onde  difcorrcndo  apoftolicamcntc  pelos 
Rcynos  de  Siaõ,  e  Tunquim,  foraõ  innumcra- 
vcis  os  trabalhos  que  conftantcmcnte  pade- 

l|oeo,  mayores  as  viélorias  que  gloriofamente 
confeguio  do  inferno  na  redução  de  infinitos 
bárbaros  ao  conhecimento  da  verdadeira 
Divindade.  Recolhido  a  Macáo  exercitou  o 
lugar  de  Reytor  quatro  annos,  e  por  duas  vezes 
o  de  Meílre  de  Noviços.  Sendo  nomeado 
Procurador  da  fua  Provincia  paíTou  a  Roma 
onde  aíTiílio,  e  votou  na  Congregação  Geral 
em  que  foy  eleyto  Geral  Vicente  Carafa.  Vol- 
tando a  Portugal  quando  parecia  fer  tempo  de 
defcanfar  na  pátria,  fegunda  ve2  emprendeo 
a  navegação  para  o  Oriente  em  1 5 .  de  Abril  de 
1649.  em  a  Náo  S.  Lourenço,  e  depois  de  pade- 
cer hum  horrorofo  naufrágio  nos  baxos  de 
Monxicale  diílante  20.  legoas  de  Moçambique 
de  que  efcapou  milagrofamente,  chegou  a 
Goa  donde  partio  para  Macáo,  e  fendo  neíla 
viagem  prifionado  por  huns  CoíTarios  Olan- 
defes  tolerou  pelo  efpaço  de  dous  annos,  e 
fete  mezes  que  efteve  cativo  incríveis  mo- 
leílias,  que  fe  faziaõ  mais  graves  em  hum 
corpo  atenuado  com  annos,  e  taõ  perigofas 
navegaçoens,  até  que  reílituido  á  fua  liber- 
dade paíTou  o  reílante  da  vida  em  Macáo 
onde  acabou  piamente  em  30.  de  Abril  de 
1659.  com  63.  annos  de  idade,  €48.  de  Com- 
panhia. Fazem  illuftre  memoria  do  feu 
nome  Joan.  Soar.  de  Brito  in  Theafr. 
Luf.  Utter.  lit.  A.  n.  80.  Nicol.  Ant.  in  Bib. 


Hifp.  Tom.  I.  pag.  9).  et  Tom.  2.  pag. 
281.  Fonfcc.  Evor.  Glor.  pag.  426.  D.  Fran- 
cifco Manoel  na  Carta  efcrita  a  Themud. 
que  he  a  1.  da  4.  Cem.  Abreu  Vid.  do  P. 
Joaâ  Cardim.  Liv.  i.  cap.  2.  Franc.  Imag. 
da  Virttid.  em  o  Nw.  dt  Evor.  l.iv.  j.  cap. 
24.  c  25.  e  pag.  854.  et  in  yínn.  Glor.  S.  J. 
in  Ljéfitan.  pag.  494.    Efcreveo 

Kelatione  de  la  Província  dei  Giappone, 
Roma  por  Andrea  Frey.  1645.  4.  Tradu- 
fida  em  Francez.  Pariz  ches  Henault.  1646. 
8.  R  em  Flamengo  como  diz  a  Bib.  Orien- 
tal novamente  acrecentada  Tom.  1.  Tit.  8. 
col.  165.  Deíla  Relação  faz  memoria  Nicol. 
Ant.  na  hiblioth.  Hifp.  Tom.  1.  pag.  516. 
atribuindo-lhe  por  Author  ao  P.  Francifco 
Cardim  imaginando  fer  diíTerente  do  P.  An- 
tónio Francifco  Cardim. 

Fafcicultis  e  ] aponteis  floribus  fuo  adhuc 
madentibus  Janguine.  Romse  apud  hacredes 
Corbelleti.  1646.  4. 

Cathalogus  regularium,  (Ò"  feecularium,  qui  in 
Japonia  regnis  u/que  à  fundata  ibi  à  S.  Francifco 
Xaverio  Gentis  Apoflolo  Ecclefia  ab  Ethnicir 
in  odium  Chrifliana  Fidei  fub  quatmr  tyrannis 
violenta  morte  fublati  fmt.  Romse  apud 
eundem  Typog.  1646,  4. 

Mors  felicijjima  qtiattmr  l^gatorum  hufita- 
norum,  <&  Sociorum,  quos  Japonia  Imperator 
occidit  in  odium  Chrifliana  Keligionis.  Romse 
apud  híeredes  Corbelleti  1646.  4. 

Eílas  obras  fahiraõ  em  Portuguez  efcritas 
pelo  mefmo  Author  com  efte  Titulo. 

Elogios,  e  Ramalhete  de  flores  borrifado 
com  o  Sangue  dos  Keligiofos  da  Companhia 
de  JESUS  a  quem  os  Tyrannos  do  Império 
do  Japaõ  tirarão  as  vidas  por  ódio  da  Fè 
Catholica  com  o  Cathalogo  de  todos  os  Keli- 
giofos, e  Seculares,  que  por  ódio  da  mefma 
Fe  foraõ  mortos  naquelle  Império  ate  o  anno 
de  1640.  Lisboa  por  Manoel  da  Sylva  1650. 
4.  com  eílampas. 

KelaçaÕ  da  gloriofa  morte  de  quatro  Emba- 
xadores  Portuguet^es  da  Cidade  de  Alacao  com  57. 
Chrifãos  da  fua  companhia  degolados  todos  pela 
Fe  de  Chriflo  em  Nangafacbi  Cidade  do  JapaÕ  a  3 . 
de  Agoflo  de  1640.  Lisboa  por  Manoel  da. 
Sylva.  1650.  4.  et  ib.  por  Lourenço  de  Anveres 
1643.  4. 

Kelaçaõ  da  viagem  do  GaleaÕ  de  S.  Eourenço, 


28o 


BIBLIO  THE  CA 


renço,  e  fua  perdição  nos  baixos  de  Monxicale 
em  i-  de  Setembro  de  1649.  Lisboa  por  Domin- 
gos Lopes  Ro2a.  165 1.  4. 

P.  ANTÓNIO  FRANCO.  Naceo  na  Villa 
■de  Montalvão  do  Bifpado  do  Portalegre,  de 
cuja  Cidade  difta  féis  léguas  para  o  Norte  na 
Provinda  do  Alentejo,  no  anno  de  1662.  fendo 
feus  Pays  Mattheus  Vaz,  e  Ifabel  Dias  peíToas 
de  igual  nobreza,  que  opulência.  Na  florente 
idade  de  quinze  annos  recebeo  em  Évora  a 
Roupeta  da  Companhia  de  JESUS  a  26.  de 
Julho  de  1677.  Neíle  Collegio  em  que  apren- 
deo  as  letras  humanas,  e  divinas  eníinou,  tendo 
já  diftado  Rhetorica  na  Ilha  de  S.  Miguel,  as 
Humanidades  por  efpaço  de  três  annos,  e 
de  cinco  em  o  Noviciado  de  Lisboa  fahin- 
do  da  fua  erudita  efcola  iníignes  Gramma- 
ticos,  elegantes  Oradores,  e  fuaves  Poetas. 
Foy  Meílre  dos  Noviços,  Prefeito  do  Recolhi- 
mento dos  Irmaõs  em  Évora,  Reytor  do  Colle- 
gio de  Setúbal,  e  Inílruâor  dos  Padres  do  ter- 
ceiro anno  em  Lisboa,  e  Coimbra  experimen- 
tando todos  em  taõ  diverfos  miniílerios  a  fua 
natural  fuavidade,  e  brandura  acompanhada 
de  muitas  virtudes  Religiofas.  Será  eternamente 
benemérito  de  toda  a  Provinda  de  Portugal  (  efcre- 
veo  em  feu  louvor  o  Padre  Fonfeca  na 
E.vor,  Glorio/,  pag.  426. )  pelo  incanjavel  tra- 
balho, e  continuo  efiudo  com  que  revolvendo  todos 
os  Cartórios,  A.rchivos,  e  monumentos  antigos 
Jef enterrou  das  Cincas  do  ejquecimento  as  glorio/as 
memorias  dos  Padres  mais  memoráveis,  e  famofos 
defta  Provinda.  Deílas  laboriofas  occupaçoens 
faõ  patentes  teiiemunhos  os  muitos  livros,  que 
na  lingua  Latina,  e  materna  efcreveo,  e 
imprimio,  para  inftruir  aos  naturaes,  e  eftran- 
geiros  em  o  conhecimento  dos  grandes  filhos, 
•que  produzio  a  Companhia  em  Portugal, 
derramando  o  fangue  huns  em  obfequio  de 
•Chrifto,  e  immortalizando  outros  o  feu  nome 
pelo  exercício  das  virtudes,  e  pela  profiíTaõ 
das  fciencias.  Cheyo  de  annos,  e  mereci- 
mentos em  Évora  onde  morrera  para  o  Mundo, 
naceo  para  a  eternidade  em  3.  de  Mayo  de 
1732.    Compoz. 

Promptuario  da  Syntaxe  dividido  em 
duas  partes.  Na  primeira  Je  contem  a  Syn- 
taxe pela  me/ma  ordem  da  Arte;  nos  Ef- 
£holios  Je  põem  a  Jignificaçaõ  do  nome,  o  Verbo 


com  o  cafo  competente.  Nafegunda  Parte  fe  tratàÕ 
algumas  noticias  congruentes  à  mejma  Syntaxe. 
Évora,  na  mefma  Officina  da  Univerfidade 
1699.  8.  ibi  na  dita  Officina  1716.  8.  5.  edi- 
ção. Lisboa  por  Valentim  da  Coíla  Deslandes 
1704.  8. 

Imagem  da  virtude  em  o  'Noviciado  da  Compa- 
nhia de  JESUS  do  Real  Collegio  do  Efpirito 
Santo  de  Évora  do  Reyno  de  Portugal,  na  qual 
fe  contem  a  fundação  dejla  Santa  Cafa,  vida  de  feu 
Fundador;  e  mais  fervos  de  Deos,  que  nella  ouforaõ 
Mejlres,  ou  Discípulos.  Lisboa  na  Officina  Real 
Deflandefiana  1714.  foi. 

Imagem  da  virtude  em  o  Noviciado  da  Com- 
panhia de  JESUS  na  Corte  de  Lisboa  em  que 
fe  contem  a  fundação  da  Cafa  dos  Keligiofos 
de  virtude  que  nella  foraõ  Noviços.  Coimbra  na 
Officina  do  Real  Collegio  das  Artes.  171 7.  foi. 

Imagem  da  virtude  em  o  Noviciado  da 
Companhia  de  JESUS  no  Real  Collegio  de 
JESUS  de  Coimbra,  no  qual  fe  contem  as 
vidas,  e  virtudes  de  muitos  Religiofas  que 
nefla  Santa  Cafa  foraÕ  noviços.  Primeiro 
Tomo.  Coimbra  na  Officina  do  Real  Col- 
legio das  Artes.  171 8.  foi. 

Segundo  Tomo.  Coimbra  na  dita  Of- 
ficina 171 9.  foi. 

Deíles  quatro  volumes  faz  mençaõ  a 
Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ  moderna- 
mente acrecentada.  Tom.   i.  Tit.  4.  col.  90. 

Annus  gloriofus  Societatis  JESU  in  Lu- 
fitania  compleãens  facras  memorias  illujlrium 
virorum,  qui  virtutibus,  fudoribus,  fanguine 
Fidem,  Eufitaniam,  et  Societatem  JESU  in 
AJia,  Africa,  America,  et  Europa  feliciffime 
exornarunt.  Vienníe  Auílriae  apud  Joan- 
nem  Baptiílam  Schilgen  Univerfitatis  Typog. 
1720.  4. 

Synopfis  Annalium  Societatis  JESU  in 
Eufitania  ab  anno  1540.  ufque  ad  annum 
1725.  Augiiftae  Vindilicorum,  et  Grascij 
Sumptibus  Philippi  Martini,  et  Joannis 
Veith.   1726.  foi. 

Traduzio  da  lingua  Francefa  do  P.  Fran- 
cifco  Pomey  da  Companhia  de  Jefus,  em 
Portuguez  no  anno  de  1697.  para  ufo  dos 
eíhidantes  fallarem  Latim  com  augmento 
que  lhe  fez  de  muitos  vocábulos. 

Indiculo  univerfal;  contem  diflintos  em 
fuás  Clajjes  os  nomes  de  quafi  todas  as  coufas 


% 


L  USITAN A. 


281 


4]m  há  no  mundo,  e  os  nomes  de  todas  as  artes,  e 
/ciências.   Évora  Na  Officina  da  Univcrfidadc. 
1716.  8. 
Sem  o  feu  nome. 

Imagem  do  Collegio  Apoftolico  no  gloriofo  Padre 
Santo  António  de  Pádua  nos  tre^e  dias  da  Jua 
devo^ad.  Lisboa  por  Valentim  da  Coda  Deflan- 
des.  1709.  16. 

G)m  o  fuppoílo  nome  de  Francifco  da 
Cofta  Eborcnfe. 

Contramina  Gramatical  com  que  fe  defvanecem 
diverfas  notas,  e  affumptos,  que  hum  curiofo  impri- 
mio  contra  os  Grammaticos,  em  efpecial  contra  a 
nunca  ajjás  huvada  Arte  de  Grammatica  Latina 
do  doutijfimo  P.  Manoel  Alvares  da  Sagrada  Com- 
panhia de  JESUS  pela  qual  eftuda  Grammatica 
a  mayor  parte  da  Europa,  e  contra  o  promptu- 
ario  da  Syntaxe  do  P.  António  Franco  da  me/ma 
Companhia,  Évora  na  Officina  da  Univcrfi- 
dadc.  1731.  8. 

Novena  da  ef clareada  Virgem,  e  Mártir  Santa 
Barbara  com  o  feu  Hymno,  e  palavras  contra  as 
tempeftades.  Évora  na  ImpreíTaõ  da  Univerfi- 
dade.  1725.  12.  Sahio  fem  o  nome  do  Author, 
c  entre  as  fuás  obras  numera  eíla  o  P.  Francifco 
da  Fonfeca  Évora  Glorio/,  pag.  426. 

Deixou  M.  S.  e  já  com  licenças  para 
fe  imprimir. 

Imagem  do  primeiro  Século  da  Compa- 
nhia  de  JESUS   em    Portugal   2.    Tomos  foi. 

Imagem    do    Segundo    Século    i.    Tom.    foi. 

Neíles  três  tomos  fe  comprehendiaõ  pela 
ordem  Chronologica  os  fuceíTos  mais  memo- 
ráveis dos  primeiros  cento,  e  cincoenta  annos 
da  Provinda  de  Portugal. 

Fr.  ANTÓNIO  FREYRE.  Naceo 
no  anno  de  1485.  e  foy  filho  da  illuílre  Or- 
dem dos  Pregadores,  cujo  habito  recebeo 
no  Real  Convento  da  Batalha,  e  profeíTou 
folemnemente  no  Real  de  Bemfica.  Todas 
as  virtudes  que  conílituhem  hum  perfeito 
Religiofo  fe  admirarão  nelle  defde  o  No- 
viciado até  a  idade  provefta  de  noventa  annos 
naõ  fó  com  aíTombro,  mas  com  excef- 
fo.  No  anno  de  1569.  em  que  Lisboa  ardia 
no  fatal  incêndio  da  peíle  armado  de  hum 
2elo  heróico  fem  temer  ao  perigo  entrava 
pelos  Hofpitaes,  onde  jaziaõ  os  feridos  do 
contagio,   e   com   fumma   charidade   confef- 


fava  a  huns,  e  confortava  a  outros.  He  incrí- 
vel o  modo  com  que  tyranizava  o  corpo  to- 
mando todof  os  dias  cinco  rígoroías  diíciplinas 
em  memoria  das  cinco  Qugas  do  Redemptor. 
G}m  fer  taõ  eminente  nas  virtudes,  o  naõ  foy 
menos  em  as  letras.  Depois  de  receber  o  gtáo 
de  Doutor  em  Theologia  continuou  no  acer- 
cicio  concionatorío  fendo  fempre  ouvido  com 
copiofo  fruto  dos  feus  ouvintes  por  nacerem 
os  feus  difcurfos  mais  da  ternura  do  coração 
do  que  da  delicadeza  do  juizo  de  tal  forte  que 
tendo  por  ouvintes  em  huma  occafiaõ  a  ElRey 
D.  Joaõ  o  in.  e  ao  Príncipe  feu  filho,  formarão 
delle  taõ  alto  conceito,  que  o  elegerão  feu 
ConfeíTor  cujo  miniílerío  ainda,  que  algu- 
mas vezes  o  exercitou,  nunca  quiz  delle 
a  propriedade.  Governou  o  Gjnvento  de 
Coimbra,  Porto,  Bemfica,  e  Évora  chegando 
a  fer  três  vezes  Vigário  Geral  da  Província, 
e  em  tantos  lugares  a  feveridade  que  uzava 
comíigo,  a  naõ  exercitava  com  os  fubditos. 
A  huma  vida  taõ  exemplar  correfpondeo 
huma  piedofa  morte  no  Convento  de  Lisboa 
a  8.  de  Mayo  de  1575.  Efcrevem  defte  varaõ 
com  pena  mais  difufa  Fr.  Luiz  de  Souf. 
Hi^.  de  S.  Doming.  Part.  2.  liv.  2.  cap.  10. 
Cardof.  Agiol.  Lm/íí.  Tom.  3.  pag.  129.  e  no 
Commentario  de  8.  de  Mayo  let.  E.  Fr.  Bar- 
tholameu  Ferreira  Deputado  do  Santo  Officio, 
na  vida,  que  delle  compoz  M.  S.  Sena  in 
Chron.  Frat.  Ord.  Prad.  pag.  327.  Vita  integri- 
tate  praclarus,  orationi  deditijjimus,  in  vigliis 
ajfiduus,  et  in  proximorum  Salute  procuranda 
valde  diligens.  Deixou  compoftos  dez  Tomos 
dos  quaes  nove  intitulou. 

Sacra  Sanãorum  Patrum  /upellex. 
e  o  decimo. 

Promptuarium  conceptuum  moralium  ad  Evan- 
gelia  de  Tempore  totius  anni  à  Dominica  i .  Adven- 
tus,  u/que  ad  Feriam  /ecundam  pojl  Dominicam  in 
Ke/urreãione,  nec  non  ad  Evangelia  de  Sanais  per 
totum  annum  occurrentihus.  Os  quaes  todos  fe 
confervaõ  M.  S.  na  famofa  Livraria  do  Con- 
vento de  S.  Domingos  de  Lisboa,  como 
efcreve  Fr.  Pedro  Monteiro  no  Claujl.  Do- 
minic.  Tom.  3.  pag.  155.  onde  imaginou 
fer  obra  defte  Author  o  livro  intitulado  Pri- 
mor, e  honra  da  vida  Soldade/ca  no  E/lado  da 
índia  fundando-fe  em  que  Nicolao  António 
na  P)ih.   Hi/pana  diífera  fer  Portuguez   fem 


282 


BIBLIO THE  CA 


declarar  de  que  Ordem  foíTe,  quando  elle 
claramente  diz  que  he  de  Fr.  António 
Freyre  Religiofo  de  Santo  Agoílinho,  de 
quem  logo  trataremos.  O  P.  Fr.  Lucas  de 
Santa  Catherina  Chron.  da  Religião  de 
S.  Domingos  neíle  Reyno,  e  Académico 
real  no  Apendix  a  4.  Part.  da  Chron.  dejia 
Prov.  pag.  926.  fallando  dos  Efcritores  del- 
ia fe  equivocou  em  o  appellido  de  Fr.  Antó- 
nio Freyre,  efcrevendo  Ferreira  fe  he  que  naõ 
feja  erro  da  ImpreíTaõ. 

Fr.  ANTÓNIO  FREYRE  natural  da 
Cidade  de  Beja  na  Província  do  Alemtejo  filho 
de  Pays  muito  illuílres  como  foraõ  Gomez 
Freyre  de  Andrade  que  com  três  filhos  acabou 
laftimofamente  na  infeliz  batalha  de  Alcácer, 
e  de  D.  Leonor  de  Cardenas  Freyre.  Profeííou 
o  habito  de  Eremita  Auguftiniano  no  Con- 
vento de  Lisboa  a  16.  de  Janeiro  de  1585.  e 
depois  de  eftudar  as  fciencias  mayores  as  di£lou 
com  applaufo  nos  Collegios  de  Évora,  Coim- 
bra, e  Lisboa,  fahindo  com  os  documentos  de 
taõ  grande  Meftre  famofos  difcipulos.  Naõ 
foy  menos  admirado  no  Púlpito,  que  na 
Cadeira.  Foy  Qualificador  do  Santo  Officio, 
e  Deputado  da  Inquifiçaõ  de  Lisboa  provido 
em  4.  de  Outubro  de  161 7.  Nunca  teve  lugar 
algum  na  Ordem  excepto  o  de  Definidor  ou 
pela  humildade  que  profeíTava,  ou  para  que  o 
naõ  abftrahillem  da  liçaõ  dos  livros  nos  quaes 
tinha  todo  o  feu  divertimento.  Morreo  no 
Convento  de  Lisboa  a  2.  de  Setembro  de  1634. 
Entre  os  mais  infignes  Varoens  da  Ordem 
Auguftiniana  he  numerado  por  Fr.  Thomaz 
Herrer.  in  Alphab.  Aug.  Fr.  Anton.  da  Nati- 
vid.  Mont.  de  Cor.  Monte  2.  Coroa.  8.  n.  95. 
Purific.  de  Vir.  Illuji.  Prov.  'Lufit.  lib.  2.  cap.  2. 
Diogo  Gouvea  de  Barradas  Antig.  de  Beja 
liv.  3.  cap.  13.  Nicol.  Anton.  in  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  94.  et  Tom.  2.  pag.  317.  e 
655.  e  Fr.  Manoel  de  Figueired.  Fios  Sana. 
Augufiin.  Part.  4.  pag.  150.  Efcreveo. 

The:(puro  ejpiritual  com  feu  Com  mento  Theolo- 
gico,  e  duas  praãuas  efpirituaes;  e  huma  breve 
expojtçaõ  do  Pater  Nojler.  Lisboa  por  António 
Alvares.  1624.  8. 

Manual  dos  Evangelhos  em  verfaõ  paraphrajlica, 
e  meditaçoens.  Tomo  i.  de  todos  os  das  Mijas  da 
vida  de  Chrifto,  e  da  Virgem,  e  de  outros  muitos  in- 


cluídos nos  Myjlerios  dos  três  Kofarios  comum  daí 
almas,  e  dos  Domingos,  e  do  Denario.  Lisboa  por 
Vicente  Alvares  1626.  8. 

Prelúdios  Theologicos,  e  conceitos  predicáveis 
para  os  Sermoens  de  todo  o  anno.  Prometeo  efta 
obra  no  Prologo  do  Thet^ouro  ejpiritual. 

Pulio,  e  ornou  com  hum  elegante  elo- 
gio o  livro  feito  por  hum  Portuguez  na  índia, 
o  qual  fahio  com  eíle  titulo. 

Primor,  e  honra  da  vida  Soldadejca  no  EJiado 
da  Índia.  Eivro  excellente  antigamente  compojio 
nas  me/mas  partes  da  índia  Oriental  fem  nome  dt 
Author,  e  hora  pofto  em  ordem  de  fahir  à  lu:^  com 
hum  elogio  Jobre  elle.  Lisboa  por  Jorge  Rodri- 
guez.  1630.  4.  Do  Author,  e  da  obra  faz 
mençaõ  o  moderno  Addicionador  da  Bib^ 
Orient.  de  António  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  14^ 
col.  454. 

Fr.  ANTÓNIO  FREIRE  natural  de 
Lisboa.  Foy  filho  de  Simaõ  Freyre  Conta- 
dor dos  Contos  do  Reyno,  e  de  Antónia 
Corrêa.  ProfeíTou  o  habito  da  Ordem  da 
SantiíTima  Trindade  no  Convento  de  Lis- 
boa a  16.  de  Janeiro  de  1621.  em  cuja  douta 
efcola  aprendeo  as  fciencias  que  o  fizeraõ 
bom  pregador,  e  naõ  menor  Letrado.  Mor- 
reo no  Convento  de  fua  pátria  em  5.  de  No- 
vembro de  1644.  em  idade  muito  proveâa. 
Acrecentou. 

Kofario  de  N.  Senhora  com  os  Evangelhos, 
que  a  Igreja  canta  em  feus  Myjlerios  dijlribuidos- 
por  cada  de^  Ave  Marias  com  os  finco  PJalmoí 
que  começaõ  pelas  letras  de  MARIA.  Lisboa 
por  Pedro  Crasbeeck.  1629.  12. 

O^cio  particular  em  louvor  do  Príncipe 
dos  Anjos  o  glorio/o  Archanjo  S.  Miguel. 
Lisboa  por  Lourenço  de  Anvers.  1641.  8. 
et  ibi  por  Fillippe  de  Soufa  Villela  1701. 
24.  traduzido  em  Portuguez  por  Crifpim 
de  Andrade. 

Delle  parece  fer,  por  fahir  com  o  nome 
de  Fr.  António  Freyre. 

Difparates  muy  graciojos.  Lisboa  por 
Vicente  Alvares.  161 2. 

P.  ANTÓNIO  FREYRE  natural  de 
Braga,  e  filho  de  Joaõ  Freyre,  e  Sabina  de 
Ramos.  Entrou  na  Companhia  de  Jefus  a  22. 
de  Junho  de  1600.  quando  contava  16.  annos 


I 


L  USITAN A, 


28.3 


deidade.  Foy taõ infigM fift inocência dot cof- 

tumes,  como  na  fciencia  das  letras  humanas,  e 
Theologia  Moral,  com  que  por  muitos  annos 
inftruyo  aos  íeus  domeílicos.  Em  huma,  e 
outra  fciencia  era  confultado  como  Oráculo 
refpondêdo  com  fumma  promptidaõ  is  duvi- 
das que  lhe  propunhau.  Morrco  cm  Coimbra 
a  15.  de  Março  de  16) o.  lUuftrou  com  doutos 
Comentos. 

Stx  priores  libri  Thebaida  Statij  Papinij.  Aí.  S. 

Cujo  original  que  fe  conferva  no  Collegio 
de  Coimbra  teílifíca  o  P.  Francífco  da  Cruz 
nas  Memorias  Aí.  S.  para  a  Bib.  Portug.  que  o 
lera,  e  o  julgou  digno  de  fe  imprimir. 

ANTÓNIO  FREYRE  DE  ANDRADE 
Oriundo  da  Cidade  de  Beja  nacido  cm  Caftclla 
de  Pay  Portugucz,  Doutor  na  Univcrfidadc  de 
Alcalà,  cuja  faculdade  cm  que  o  foíTc  naõ 
declara,  poílo  que  hà  grave  fundamento  para 
o  fer  cm  Theologia,  ou  Direito  Canónico. 
Compoz. 

Defenforium  S.  Bulia  Cruciafa  circa  efum 
ovorum,  et  laãicimortim  tempore  Qttadragefima . 
Matriti.  1661.  8. 

ANTÓNIO  DE  FREYTAS  natural  de 
Tangcre,  celebre  colónia  dos  Portuguezes  em 
Africa,  Doutor  de  Direito  Civil  compoè  com 
cílilo  elegante  ornado  de  erudição  Sagrada,  e 
profana,  que  dedicou  à  Mageílade  delRey  D. 
Joaõ  o  IV.  novamente  elevado  ao  trono  de 
Portugal. 

Primores  políticos,  e  regalias  do  noffo  ^ey. 
Lisboa  por  Manoel  da  Sylva.  1641.  4. 

ANTÓNIO  GALVAM  Naceo  na  índia 
Oriental,  e  fendo  quinto  filho  de  Duarte  Gal- 
vão Embaxador  delRey  D.  Manoel  às  Cortes  de 
Roma,  Pariz,  Viena,  e  Prefte  Joaõ,  Chronifta 
mór  do  Reyno,  Neto  de  Ruy  Galvaõ  Efcrivaõ 
da  Fazenda,  e  Secretario  delRey  D.  Affonfo 
o  V.  e  Irmaõ  de  Simaõ  de  Soufa,  Jorge  Manoel, 
e  Rodrigo  Galvoens  que  obrarão  no 
C^riente  acçoens  dignas  de  immortal  nome, 
deixou  duvidofa  a  pofteridade  fe  foy  mais 
infigne  na  piedade  fumma  para  com  Deos, 
le  na  incorrupta  fidelidade  para  com  o  feu 
Principe.  Tantas  foraõ  as  gloriofas  vitorias 
que  alcançou  a  fua  efpada,  quantos  foraõ  os 


combates  que  teve  com  os  inimigos  do  Eftado, 
e  da  Religião.  Excede  a  credulidade,  e  arre- 
bata a  admiração  a  iUuíhre  gloria  que  adqui- 
rio,  quando  o  prudentiffimo  Governador 
da  índia  Nuno  da  Cunha  o  nomeou  Capitão 
das  Ilhas  Malucas  que  repugnavaò  obedecer 
ao  noíío  Eílado,  triumfando  em  Tidore  com 
cento,  e  cincoenta  Portuguezes,  e  alguns  natu- 
raes  da  terra  de  outo  Reys  Colligados,  de 
cujas  Coroas  fe  formou  o  diadema  para  lhe 
cingir  a  cabeça  em  premio  do  que  obtara 
o  feu  braço  derrotandolhes  numerofos  exér- 
citos, abrazando-lhes  formidáveis  Armadas,  e 
tomandolhes  preciofos  defpojos.  Semelhan- 
tes palmas  colheo  da  potencia  unida  com  a 
aftucia  dos  Reys  de  Moro,  Java,  Banda,  e 
Amboino  obrigando  a  eftes  Príncipes  humilha- 
dos a  reconhecerem  por  tutelares  dos  feus 
domínios  as  Armas  Portuguezas.  Ao  ardor 
militar  excedia  o  pio,  e  catholico  que  lhe  infla- 
mava o  coração  fendo  ao  mefmo  tempo  Capi- 
tão, e  Catequifta,  igualmente  vigilante  em  aug- 
mentar  o  Eftado  para  o  feu  Principe,  como  em 
extender  o  Império  para  Chriílo,  reduzindo 
à  fua  crença  a  cega  infidelidade  de  infinitos 
bárbaros.  Para  confeguir  efta  Sagrada,  e  heróica 
empreza  derrubou  muitos  Pagodes,  onde  fe 
veneravaõ  os  Ídolos;  reedificou,  e  novamente 
erigio  Templos,  em  cujos  altares  foífe  adorado 
o  verdadeiro  Deos,  os  quaes  ornou  com  pre- 
ciofos donativos  difpendendo  fetenta  mil 
cruzados  em  acçaõ  taõ  magnânima,  como  reli- 
giofa,  à  qual  confagrou  efte  elogio  o  grande 
Fr,  Francifco  de  Santo  Agoftinho  Macedo 
in  Propug.  iMJit.  Gallic.  ad  art.  10.  cap.  5. 
pag.  145.  Tuit  ah  orbe  condito  Imperator,  qui 
aut  arma  ardentius  intulerit,  aut  imperium  amhi- 
tiofius  dilataverit,  aut  opes  avidius  conquifie- 
rif,  qtiàm  Antonius  Galvanus  Jalutem  Molu- 
cenjium  quos  inter  prafeãuram  iMJitanam  gerehat 
populorum  procuravit.  In  omnes  fe  fácies  vertit 
ut  illos  ad  Chrijli  fidem  converteret;  huic 
Jiudio  curas,  vires,  opes,  officia  dedicavit.  Divi- 
tias  cum  huc  omnes  fuás  contuliffet,  et  fupra 
feptuaginta  millia  aureorum  donaffet,  abacum 
quoque  omatijftmum,  et  domeflicam  fupelleãi- 
lem  impendit.  Vidit  illa  reffo  voei  praconis 
fubjici  Chrifliani  Imperatoris  bona,  ut  ver- 
ba Chrijli  omnes  audirent.  Hajla  ereãa  ut 
Crux  flatueretur;     et   auãio  faãa,    ut   B^eligio 


284 


BIBLIOTHEC  A 


augeretur.  A  eíle  elogio  da  fua  profufaõ  em 
obfequio  da  Igreja  fe  podia  acrecentar  o  notá- 
vel difpendio  que  fez  na  ereçaõ  de  hum  fump- 
tuofo  Seminário  para  nelle  fe  educarem  com  o 
puro  leite  da  noíla  Religião  os  filhos  dos  infiéis, 
e  fe  inílruirem  nas  máximas  conducentes  para 
o  governo  da  vida  civil.  A*  incanfavel  vigi- 
lância do  feu  zelofo  animo  fe  deve  a  regenera- 
ção de  dous  Príncipes  na  fonte  bautifmal  com 
as  fuás  Reaes  famílias,  e  que  innumeravel 
multidão  de  bárbaros  abjurando  os  delírios 
de  Mafoma  veneraíTem  as  injurias  do  Crucifi- 
cado merecendo  por  taõ  religiofos  difvelos  a 
Catholica  antonomafia  de  Apoftolo  das  Malucas. 
Como  o  feu  coração  eftava  ornado  com  taõ 
altas  virtudes  nunca  nella  pôde  entrar  género 
algum  de  vicio,  antes  fuperior  a  toda  a  ambi- 
ção defprezou  heroicamente  a  Coroa  de  Ter- 
nate  querendo  antes  fer  vaíTalo  do  feu  Prín- 
cipe, do  que  dominar  gente  que  naõ  foíTe 
Portugueza.  Obfervou  taõ  exadlamente  a 
juíHça  que  no  tempo  do  feu  governo  fempre 
efteve  opprimida  a  iniquidade,  e  triunfante  o 
merecimento.  Teve  engenho  fublime  cul- 
tivado com  varia  liçaõ  Sagrada,  e  profana; 
muito  perito  na  arte  militar,  e  principalmente 
em  a  Náutica,  como  elegantemente  o  deixou 
efcrito  o  P.  Mafeo  Hift.  Ind.  lib.  10.  admi- 
rabili  quadam  náutica  rei  fcientia,  quippe 
Guhernatorum  in  Sjrtihus  evitandis,  et  deri- 
gendo  curju  errata  corrigere;  def per  antes, 
uf  fape  Jit  de  Jalute  veãores,  nauta/que  con- 
firmare.  Tendo  adminiítrado  o  governo  que 
lhe  fora  cometido  com  tanta  inteireza,  prudên- 
cia, e  valor,  como  difpendio  da  fua  fazenda 
em  obfequio  de  Deos,  e  do  feu  Princepe, 
voltou  para  Portugal  efperando  receber  da 
liberalidade  Real  premio  digno  das  fuás 
acçoens,  mas  ou  folTe  porque  experimentaííe 
armada  contra  a  fua  innocencia  a  emulação  que 
achou  benigna  entrada  nos  ouvidos  delRey  D. 
Joaõ  o  III.  ou  foífe  porque  as  fuás  heróicas  vir- 
tudes naõ  podiaõ  fer  fatisfeitas  com  remunera- 
ção caduca,  mas  eterna,  opprimido  da  ultima 
miferia  bufcou  por  afilo  o  Hofpital  de  Lisboa 
onde  pelo  largo  efpaço  de  17.  annos  fuílen- 
tou  parcamente  a  vida  merecedora  de  mais 
digna  fortuna,  até  que  a  claufulou  em  11.  de 
Março  de  1557.  A  Confraria  da  Corte  lhe 
deo  por  efmola  a  mortalha  em  que  foy  en- 


volto o  feu  corpo,  e  o  mandou  enterrar 
com  aquella  pompa  que  pedia  o  miferavel 
eftado  em  que  acabou,  em  cuja  fepultura  fe 
devem  gravar  por  epitáfio  aquellas  palavras 
diâadas  pela  feveridade  de  Manoel  de  Fa- 
ria, e  Souf.  na  Afia  Poríug.  Tom.  i.  Part. 
4.  cap.  10. 

Para  lo  dela  fama  el  fera  claro,  mientras 
durare  el  mundo,  por  que  en  ella  nó  tienen  jurif- 
dicion  ni  los  Rejes  floxos,  ni  los  Minifiros  maios, 
ni  la  fortuna  ciega,  ni  las  edades  caducas. 

As  proezas  defte  infigne  Capitão  fe  po- 
dem ler  em  Joaõ  de  Barros  Decad.  4.  da  Ind. 
Uv.  6.  cap.  16.  e  liv.  9.  cap.  17.  até.  22.  onde 
diz  no  fim  deite  capitulo.  Com  rev^aõ  lhe  po-  g 
déraÕ  os  Ternates  chamar  Paj  da  Pátria.  Caíla- 
nhed.  Hifi.  do  Defcub.  e  Conq.  dos  Poríug.  liv. 
8.  cap.  158.  até  165.  202.  e  203.  Andrad.  Chron. 
delKej  D.  Joaõ  o  III.  Part.  2.  cap,  33.  34.  e  35. 
Part.  3.  cap.  56.  Couto  Dec.  5.  da  Hifi.  da  índia 
liv.  2.  cap.  2.  Uv.  6.  cap.  5.  e  liv.  7.  cap.  2. 
Taõ  ^elofo  foy  fempre  efie  homem  da  lej  de  Chrifto 
fe  extender,  e  dilatar,  que  em  nenhuma  outra 
coufa  traria  os  penfamentos,  e  affi  em  feu 
tempo  efieve  aquella  Ilha  taÕ  cheya  de  Chrif- 
taÕs,  que  cada  dia  acudiaõ  ao  bautifmo,  que 
era  para  louvar  a  Deos.  S.  Roman  Hifi. 
dela  índia  Orient.  liv.  3.  cap,  13.  e  14.  fa- 
mofo    Varon.   Lucen.    Vida  de  S.   Xavie.   lib. 

3.  cap.    17.    Até  a  chegada  de  António   Gal- 
vão  (a  Ternate)    covj   cuja   boa   vinda   tudo   em 
breve  fe  mudou,  favorecendo  Deos  nojfo  Senhor  o 
grande  i^elo  da  Fè,  prudência,  brandura,  e  esforço  ^ 
e  todas  as  mais  virtudes  do  novo  CapitaÕ  com  affina- 
ladas  vitorias,  que  por  mar,  e  terra  ouve  dos  ini- 
migos. Spon.  in  Contin.  Annal.  Ecclef    ad  an. 
1540.    n.     17.    Cum    António    Galvano    nobili 
L.ufitano    vel   prudentia    laudis,    vel    charitatis 
ar  dor e    conferri    valeat}    Fr.    Jacint.    da    Ala- 
dre  de  Deos   Vergel  de  plant.  e  Flor.  cap.  4.        ■ 
Art.    I.    pag.    119.    Grande,   e   admirável  Ca-       \ 
pitaõ.    Argenfol.    Hifi.    dela    Conq.    delas    If-       { 
las  Mal.,   liv.    2.   pag.    62.    et   feg.    Cardofo 
Agiol.  L,ufit.  Tom.  2.  pag.   130.  e  no  Com-       \ 
ment.  de  11.  de  Março  letr.  C.  Fonf.  Bvor.       { 
Gloriof    pag.     138.    Fqy    recebido    como    Ke- 
demptor     daquellas     Ilhas     onde    precurfora     a 

fama,  tinha  efpalhado  as  noticias  da  fua  mo- 
defiia,    e  jufiiça.  Rhó     Var.     Virt.    hifi.    lib 

4.  cap.   5.  n.   10.    Egrégio  viro     indignum    vi- 


A 


LUSITANA. 


285 


/um  ejl  auííoriíatent,  quam  virtutt  quidtm 
própria,  Jed  rtgiií  opibus  fibi  coticiliaverat 
alia  quam  in  Kej^is  ampliiudinem  imperij 
tonvertert.  Jacloto  Frcyr.  Vid.  de  D.  JoaÕ 
de  Caji.  liv.  i.  n.  71.  depemos  a  primeira  cul- 
tura (das  Malucas)  ao  grande  Portuj^uei^  Antó- 
nio Ga/vaÕ  valerofo  Governador,  e  Apoflolo  t(e- 
lofo  daquelle  Paganifmo.  Telles  Chron.  da  Com- 
panh.  de  JESUS  na  Prov.  de  Portug.  Part.  z. 
liv.  6.  cap.  5  j .  n.  9.  NaÕ  menos  veníitrofo  em 
Jogeitar  por  Armas,  e  meter  debaxo  do  jugo  Por- 
tuffie\  aquella  fera  gente,  que  em  conqtàjlar  a 
idolatria,  e  ganhar  almas  para  Deos.  Frcit.  de 
Ju^.  Imp.  hsijit.  cap.  9.  n.  12.  A*  Ternaten- 
fhus  proceribus  in  legitima  profapia  defeúum 
reffíi  gubemaculum  honorem  oblatum,  et  opes 
regas  excelfiori  animo  repudiavit  Antonius  Gal- 
vanm  Tematenfis  areis  prafeHus.  Francifco  de 
Sant.  Mar.  Diar.  Portug.  pag.  521.  Foy  Go- 
pemador  de  Temate  onde  conjeguio  milagrojas  vito- 
rias naõ  menos  dextro  na  doutrina,  que  na  e/pada 
redtfí^io  á  Fè  glande  numero  de  infiéis.  D.  Nicol. 
de  Sant.  Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  8. 
cap.  15.  n.  II.  Morery  Diccion.  Hijloriq.  Verb. 
Galvano. 

Compoz,  e  o  deo  à  lu2  feu  Teílamen- 
teiro  Francifco  de  Soufa  Tavares  dedican- 
do-o  ao  Duque  de  Aveiro  D.  Joaõ  de  Lan- 
caíbro. 

Tratado  dos  vários,  e  diverfos  caminhos 
por  onde  nos  tempos  paffados  a  pimenta,  e  ef- 
peciaria  vejo  da  índia  às  nojfas  partes,  e  af- 
Jim  de  todos  os  defcubrimentos  antigos,  e  mo- 
dernos que  faÕ  feitos  atè  a  era  de  1550.  com 
CS  nomes  particulares  das  pejfoas,  que  os  fi- 
:(eraÕ,  em  que  tempos,  e  fuás  alturas.  \Às- 
boa  por  Joaõ  Barreira,  1563.  8.  Faz  men- 
ção da  obra,  e  do  Author  António  de  Leon 
Bib.  Orient.  Trat.  3.  Reimprimio-fe  em 
Lisboa  na  Officina  Ferreiriana  173 1.  foi. 
Nefta  ediçaõ  fahio  com  o  retrato  do  Au- 
thor animado  com  o  feguinte  epigramma 
compoílo  pelo  Doutor  Francifco  Xavier 
Lejrtaõ  Medico  da  Camará  de  S.  Magefta- 
de,  Qrurgiaõ  Môr  do  Reyno,  Académico 
Real,  e  excellente  Poeta  Latino. 
■^^  i^JPf  ^  /^'■(^T^  Lysia  fera  pralia  gentis: 

Me  clarum  gladius  reddidit,  <ò'  calamus 
Extulit  ad  Calum  virtus,  deprejfit  egejias 

Pramia  nec  faãis  ulla  fuere  méis; 


Pramia  virtuti,  feu  quod  non  aqua  ftàffent, 

Seu  virtus  pratium,  quod  fibi  fola  foret. 
Pátria  quos  prohibet,  méritos  dabit  orbis  honores; 

Al/^or  €>•  à  totó  laus  erit  Orbe  mihi. 
Ffcreveo  mais 

Hifloria  das  Moliuas,  da  natureza,  e  def- 
cubrimento  daquellas  terras  dividida  em  10. 
Livros. 

Dcfta  obra  fazem  illuftre  memoria  Joaõ 
Bautiíla  I^vanha  em  as  Notas  de  Decad.  4. 
de  Barros;  Seraphin.  de  Frcit.  de  Jufi.  Imp. 
Lufit.  cap.  18.  n.  8.  Anton.  de  Leon.  Nb. 
Orient.  tit.  7.  c  Cardoí.  Agiolog.  hufit.  tora. 
2.  p.  140.  lit.  C.  Joaõ  Pinto  Ribeiro  na 
Prefer.  das  letr.  às  arm.  c  modernamente 
o  addicionador  da  Bib.  Orient.  de  Antó- 
nio de  Leon  Tom.  2.  Tit.  7.  col.  655.  a 
qual  entregou  por  ordem  do  Cardeal  D.  Hen- 
rique feu  Teftamenteiro  Francifco  de  Soufa 
Tavares  (como  diz  no  Prologo  da  obra  a  Al- 
ma allegada  intitulada  Tratado  dos  vários,  e 
diverfos  caminhos,  ebr.)  a  Damiaõ  de  Góes 
Chroniíla  Mòr  do  Reyno,  e  por  fua  morte 
defappareceo,  fuppofto  que  o  P.  Sebaítíaõ 
Gonçalves  da  Companhia  de  JESUS  na 
Hift.  da  índia  lib.  3.  cap.  5.  affirma  que 
grande  parte  delia  eílà  inferta  na  Chron.  delKey 
D.  Manoel  compofta  por  Damiaõ  de  Góes. 

ANTÓNIO  GALVAM  DE  AN- 
DRADE natural  de  Vilk-Viçofa  na  Pro- 
vinda do  Alentejo,  Criado  da  SereniíTima 
Cafa  de  Bragança,  Fidalgo  da  Cafa  Real, 
Cavalleiro  profeflb  da  Ordem  de  Chriílo,  e 
Comendador  de  S.  Tiago  de  Orem,  e  San- 
ta Maria  da  Caridade,  filho  de  Francifco 
Galvaõ  de  Andrade  Eílribeiro  do  Serenif- 
íimo  Duque  de  Bragança  D.  Theodofio,  e 
de  D.  Ignez  Mouro  filha  de  André  Alvares 
Mouro.  Foy  infigne  na  Arte  da  Cavallaria  de 
tal  forte,  que  mereceo  pela  fua  grande  fcien- 
cia,  e  deftreza  competir  com  os  mais  cele- 
bres profeíTores  delia  como  na  Vida  do  Prin- 
cipe  D.  Theodofio  efcreve  o  P.  Manoel  Luiz 
lib.  I.  cap.  12.  n.  27.  Equefiri  peritia  in 
paucis  magnus,  omnibufque  quos  noftra  vidit  atas 
ea  in  arte  praftantes  aquiparandus.  Por  ef- 
ta  grande  parte  o  elegeo  feu  Eílribeiro  Me- 
nor a  Mageftade  delRey  D.  Joaõ  o  IV.  e 
Meftre  do  Princepe  D.  Theodofio  feu  filho 


286 


BIBLIOTHE  CA 


para  o  inílfuir  na  Arte  da  Cavallaria,  que  fa- 
hio  infigne  com  a  doutrina  de  taõ  grande 
Meftre.  Morreo  em  Lisboa  a  9.  de  Abril 
de  1689.  e  eftà  fepultado  no  Clauftro  do  Con- 
vento da  Trindade.    Efcreveo 

A.rte  de  Cavallaria  de  Gineta,  e  EJlardiota ; 
bom  primor  de  ferrar;  e  Alveitaria,  dividida  em 
três  tratados,  que  contem  vários  difcurfos,  e  expe- 
riências defia  Arte.  Lisboa  por  Joaõ  da  Cofta. 
1678.  folha. 

ANTÓNIO  DA  GAMA  que  muitas  vezes 
fe  aíTignava  com  o  fegundo  apellido  de  PE- 
REIRA naceo  na  Cidade  do  Funchal  Capital 
da  Ilha  Madeira  no  anno  de  1 5  20.  e  foy  filho 
do  Doutor  Lourenço  Vaz  da  Gama  Pereira  que 
paíTou  à  Ilha  com  o  lugar  de  Provedor  dos  de- 
funtos, e  auzentes,  e  de  Branca  Homem  de 
Gouvea  filha  de  Francifco  Homem  de  Gouvea, 
e  de  Izabel  AfFonfo.  Nos  primeiros  annos  deu 
claros  indícios  do  talento,  que  tinha  para  as 
letras,  pois  aprendendo  brevemente  a  lingua 
Latina,  e  humanidades  paíTou  à  Univerfidade 
de  Coimbra  em  o  anno  de  1537.  a  eíludar  Di- 
reito Cefareo  de  quem  teve  por  Meftre  ao  Dou- 
tor Gonçalo  Vaz  Pinto  que  naquelle  tempo 
com  grande  efplendor  de  taõ  famofa  Academia 
regentava  a  Cadeira  de  Prima  de  que  faz  repeti- 
da memoria  nas  fuás  Decifoens,  e  foraõ  taõ  ace- 
lerados os  paíTos  com  que  difcorreo  por  aquella 
faculdade  que  não  envejando  a  algum  dos  feus 
Condifcipulos  era  de  todos  elles  envejado, 
Recebeo  o  Grào  de  Bacharel  no  anno  de  1543. 
com  geral  applaufo  dos  Cathedraticos,  e  le- 
vando por  oppofiçaõ  a  Cadeira  do  Código  em 
23.  de  Fevereiro  de  1 546.  tantos  eraõ  os  Meftres 
como  os  Difcipulos  que  ouviaõ  a  fua  doutrina 
fempre  clara  ainda  que  profunda,  e  pofto  que 
fubtil  nunca  imperceptível.  Ou  foíTe  por  adqui- 
rir mayores  thezouros  de  fabedoria,  ou  porque 
a  fama  das  fuás  letras  lhe  preparava  lugar  mais 
honorifico,  paíTou  à  Univerfidade  de  Bolonha 
muito  celebrada  naquelle  tempo,  e  nella  foy 
admitido  por  Collega  no  CoUegio  dos  Efpa- 
nhoes  fundado  pelo  Cardeal  Albornoz  infti- 
tuindo  nelle  hum  lugar  para  hum  Portuguez, 
cujo  provimento  era  feito  pelo  Arcebifpo  de 
Lisboa  que  durou  até  a  feliz  Acclamaçaõ  del- 
Rey  D.  Joaõ  o  IV.  Naõ  lufio  com  menor  inten- 
faõ    a    fua    fciencia    nefta    Univerfidade    em 


que  aíTiftia  pelos  annos  de  1549.  que  em  Co- 
imbra, para  onde  o  chamou  a  vigilante  pro- 
videncia delRey  D.  Joaõ  o  III.  onde  de- 
pois de  obedecer  à  ordem  defte  Princepe,  e 
receber  nella  as  infignias  doutoracs,  foy  no- 
meado Dezembargador  dos  Aggravos  da 
Cafa  da  Supplicaçaõ  donde  paíTou  a  Chan- 
celler,  e  depois  a  Dezembargador  do  Pa- 
ço, em  cujos  minifterios  fempre  obfervou 
exaftamente  a  juftiça  pelo  largo  efpaço  de  49. 
annos  fem  que  a  pudeíTem  contraílar  o  poder 
da  authoridade,  ou  a  conveniência  do  So- 
borno.  Cafou  com  D.  Branca  Paes  filha  de 
Matheus  Efteves,  e  D.  Violante  de  Abreu 
de  quem  teve  Luiz  da  Gama  Pereira  Corre- 
gedor do  Crime  da  Corte,  Dezembargador 
dos  Aggravos,  e  ultimamente  do  Paço,  fendo 
herdeiro  da  fazenda  que  lhe  deixou  na  Ilha  feu 
Tio  Lourenço  da  Gama  Pereira,  que  falecea 
fem  geração  em  2.  de  Setembro  de  1604.  que 
hoje  poíTue  feu  3.  Neto  D.  António  Carcome 
Lobo.  Morreo  em  Lisboa,  e  eftà  enterrado  no 
Convento  de  Santo  Eloy  cuja  fepultura  tem 
o  feguinte  epitáfio. 

Sepultura  do  Doutor  António  da  Gama 
Pereira  do  Confelho  delRej  N.  Senhor  feu  De- 
sembargador do  Paço,  e  Chanceller  da  Cafa 
da  Supplicaçaõ  nos  quaes  Tribunaes  fervia 
49.  annos  viveo  75.  Faleceo  em  30.  de  Março 
de  1595. 

Os  mais  celebres  efcritores  lhe  confagraõ 
grandes  elogios,  como  faõ  Salzedo  in  Not.  ad 
Prax.  Canon.  Celeberrimus,  et  doãijftmus  conjilia- 
ritis.  Bernard.  Diaz  Prcefl.  74.  doãijjimus  Sacri 
Palatij  Senator.  Gab.  Pereir.  Decif.  122.  n.  i. 
Sapientijftmus  Doãor  longo  avo  memorandus.  Decif 
37.  n.  I.  et  decif  81.  n.  2.  doãijftmus,  et  Decif.  54. 
n.  16.  infignis.  Phasb.  Decif.  Tom.  i.  n.  9.  Infignis 
Senator,  et  Decif.  5.  n.  4.  et  decif.  6.  et  147.  n.  3. 
fubtiliter  infignis  Pinei.  Seleã.  Jur.  Interp.  lib.  i. 
cap.  10.  §.  51.  eleganter  erudite  at  late  defendi t  Lm- 
fitanus  Gama.  Joan.  Soar.  de  Brito  in  Theat. 
'Lufit.  litter.  lit.  A.  n.  84.  Celeber  J.  C.  et  Sacri 
Palatij  integerrimus  Senator.  Caldas  Pereir. 
in  L.  Si  Curat.  Verb.  Implorand.  n.  34. 
doãijfimum  et  nofro  faculo,  et  Júris  con- 
fultum  clarijfimum  Sacri  Palatij  fenatorem 
gravifimum  et  Sanguinis  fplendore  nobilif- 
Jimum.  O  mefmo  in  Renovat.  Emphy- 
teut.    lib.  I.  Quasft.    3.    n.    i.    Doãijfimus  Sa~ 


L  USI  TAN A. 


287 


m  Palatij  Senator,  e  na  prefação  das  De- 
cífocns  de  Gama  diz  delle.  £/  Sangfnnis 
nobilitate  infifftitus,  et  jitris  utrwJqM  Sei- 
eniia  conjultijfimns  inter  alios  fjravijfimi  Si- 
natas  libelloriim  Supplicum  exímios  proctrts 
clariJJifNMS  juris  antijies,  qui  velut  alter  Labeo 
Jurifconfnltus  ingenij  facilitate,  et  ftdsicia  doe- 
trina  JretHS  áureas  Decijiones  ex  diverjis  Cau- 
farum  figuris  colletías  invitfijfimi ,  ac  Chriftia- 
mjfimi  Sebaftiani  Kegis  hujiis  nominis  primi 
mfpiciis,  JNjf$4que  Jumma  induftria,  et  indefeffo 
fliidio  in  imum  corpus,  unamque  conjonantiam 
redfiii/,  et  congejftt.  Tapia  in  addit.  ad  ref- 
(>onf.  Francifci  Ribeira  pro  Sucejf.  Keffii  Por- 
/ujl.  1.  Pars.  n.  12.  lhe  chama  doÉíiJftmum 
Ant.  Portug.  de  Donat.  Reg.  Tom.  i.  liv.  i. 
prsclud.  2.  §.  6.  n.  40.  infiffiem.  Paez  in  Cap. 
Níiffas.  n.  183.  do^ijftmus  atque  Senator  Regius 
feritijftmus .     D.     Luiz     Salazar,     y     Caftr. 

iijl.  Geneal.  dela  Caf.  de  Sylva  lib.  8.  cap. 
),    Varon    tan    ilujlre,    como   acreditan  Jus   ef- 

itos. 

)mpoz. 
Decifiones    Supremi    Senatús    Regni    h.ufita- 
Centuria   IV.    omnibus  juris   Pontificij  et 

d/arei  profejforibus  perutiles,  e^  necejjaria  ad 
)gfus  cum  Canónicos  tum  Civiles  feudales  quoque, 
criminales  plene  cognofcendos.  Ulyflipone 
kpud  Emmanuelem  Joannem  1578.  foi.  Fran- 

)f.  apud  Zachariã  Palthenium  1598.  foi. 
-remonas  per  Joan.  Baptiftam  Pellizarium 
1598.  foi.  cum  annotationibus  Blajij  Diat^  Flo- 
ts  de  Mena  Vallifoleti  apud  Didacum  Fer- 
ides    de    Córdova   Typ.    Reg.    1599.    foi. 

JlyíTipone  apud  Petr.   Crasbeeck.    1610.  foi. 

^enetiis  apud  Haered.  Nicolai  Moreti   16 10. 

)1.  Matriti  per  Franc.  Abarca  de  Angulo 
Í621.  foi.  Antuerp.  per  Joan.  Heerbegium 
(622.  foi.  et  ibi  apud  Jacobum  Meuríium  1650. 
Foi.  &  ibi  apud  Joan.  VerduíTen  1658.  foi.  & 
ibi  apud  Viduam  et  filium  Joan.  Baptiftse  Ver- 
duíTen 1699.  foi.  &  ibi  apud  Joan.  Baptiít. 
VerduíTen  1751.  foi.  et  ibi  apud  eumd.  Typog. 
1735.  foi.  com  o  Tratado  feguinte. 

Traãatus  de  Sacramentis  prajlandis  ulti- 
mo fuplicio  damnatis;  de  eorum  fejiamentis, 
anatomia,  et  fepulturis.  UlyíTipone  apud 
Joan  Blavium  1554.  4.  et  Vallifoleti  apud 
Didacum  Fernandes  de  Córdova  1599. 
foi.   cum  Decijionibus  et  Matrit.  apud  Franc. 


Abarca  de  Angulo  1621,  foi.  cum  Deciíío- 
nibus.  Defta  obra  fe  lembra  PoíTevino  in 
Appar.  Sacr.  pag.  95.  e  Déniz  Símon.  bib. 
Hijloriq.  des  Autheursds  Droit.  Tom.  i.  pag.  15a. 
Outras  muitas  obras  tinha  imperfeitas 
para  imprimir  como  declara  {'rancifco  Cal- 
das Pereira  no  fim  da  Prefação  allegada  áf 
Decifocns  dizendo.  Has  ifftur  lucubrationes 
doííijfimi  Gama  compara,  leitor  candide,  diuque  his 
fruere,  et  meliora  quotidie  expeítes  velim,  qua  in 
authographis  adhuc  rudia,  et  indifpofita  delitejcunt. 

ANTÓNIO  GIL  PRETO  natural  da 
Cidade  de  Goa,  e  Chronifta  do  Eftado 
da   índia  efcreveo  em  o    i.   de  Agofto  de 

1673. 

hreve  Relação  da  Viagem  que  fev^  para  a 
Índia  o  anno  de  \(>-ii.  arribada  ao  Brajil,  e  che- 
gada a  Goa  da  Náo  Almirante  S.  Pedro  de  Rates, 
morte  do  Arcebifpo  D.  Fr.  ChriftovaÕ  da  Sjl- 
veira,  vida,  e  acçoens  do  me/mo  Arcebifpo.  4. 
M.  S.  Confervafe  na  Livraria  do  Convento  de 
N.  Senhora  da  Graça  de  Eremitas  de  Santo 
Agoílinho  onde  a  vimos. 

D.  ANTÓNIO  DA  GLORIA  na- 
tural de  Lisboa,  filho  do  Doutor  Manoel 
de  Almeyda  da  Maya,  e  Catherina  da 
AíTumpçaõ.  Recebeo  o  Canónico  Habito 
de  Santo  Agoílinho  no  Real  Convento  de 
S.  Vicente  de  fora  a  22.  de  Junho  de  1713. 
Depois  de  lér  as  faculdades  de  Filofofia,  e 
Theologia  aos  feus  domeílicos  no  Collegio 
de  Santo  Agoílinho  de  Coimbra  recebeo 
no  aimo  de  1726.  o  gráo  de  Doutor  na  Uni- 
verfidade  na  Faculdade  Theologica,  naõ 
fendo  menos  douto  na  Oratória  Eccleíiaf- 
tica  que  naquella  fciencia  de  que  deo  hum 
claro  argumento  na  obra  feguinte. 

Sermão  em  acçaõ  de  graças  que  o  Senado 
da  Camará  de  Coimbra  celebrou  pelo  nacimento 
da  Serenijfima  Princefa  da  Beyra  primogénita 
dos  Serenijftmos  Príncipes  dos  Bramis  em  Feve- 
reiro de  1735.  Coimbra  por  António  Simoens 
Ferreira.  1735.  4. 

ANTÓNIO  GOMES  celebre  Jurif- 
confulto  ou  por  origem,  ou  por  nacimento 
Portuguez,  Doutor  em  Direito  QveL,  e 
hum  dos  mais  famofos  Meftres  deíla  Facul- 


288 


BIB  LIO  THE  CA 


dade  na  Univeríidadc  de  Salamanca  onde  foy 
Lente  de  Vefpera  ornado  naõ  fomente  de 
profunda  fciencia,  admirável  comprehenfaõ, 
raro  talento,  mas  de  fumma  benevolência, 
íincero  animo,  agradável  prezença,  por  cujos 
dotes  conciliava  os  coraçoens  de  todos  que 
o  tratavaõ,  fendo  venerado  por  Meílre  com- 
mum,  donde  procedeo  obfervarem-fe  as  fuás 
Decifoens  jurídicas,  como  fe  foílem  as  mefmas 
leys  dos  Emperadores  por  ferem  fundadas  na 
mais  folida  intelligencia  dos  primeiros  Jurif- 
confultos  bebendo  neílas  puras  fontes  da  Jurif- 
prudencia  a  fubtileza,  e  profundidade  com  que 
refolvia  magiílralmente  as  matérias  mais  difi- 
cultofas  com  taõ  reéta  intenfaõ  que  nunca  fe 
deixou  penetrar  de  aífefto  menos  decorofo  à 
gravidade  que  profeíTava.    Compo2. 

Variarum  Kefolutionum  Júris  Civilis  Commu- 
nis,  et  regij  libri  três.  Primus  de  ultimis  volmta- 
tibus,  2.  de  Contraãih.  3.  de  deliãis.  Salmanticas 
1532.  et  ibi  apud  Ildephonfum  de  Terra  Nova. 
1572.  foi.  cum  additionibus  Emmanuelis  Soares 
da  Ribera  1579.  ^  1584.  foi.  Francof.  1573. 
1584.  e  1597.  foi.  Venetiis  1572.  1582.  1602. 
in  4.  Lugd.  apud  Horatium  Cardon  1602.  foi. 
Genevíe.  1631.  Antuerp.  1634.  foi.  &.Lugd. 
Sumptibus  Societatis  1735.  foi. 

In  leges  Tauri  Commentarius.  Salmanticíe. 
1555.  foi.  et  ibi  apud  Lucam  Juntam  1582. 
cum  additionibus  Didaci  Gomez  Cornejo  ibi 
apud  Nicolaum  Bailam  1591.  foi.  Venetiis 
ad  íignum  columbíe  1591.  4.  Lugd.  1602. 
foi.  Antuerp.  1624.  foi.  Omnia  opera  Lugd. 
apud  Michaelem  Goy.  1674.  foi.  2.  Tom.  cum 
Índice,  Jive  repertório  Joannis  Baptijia  Antonij 
Lugd.  Sumptibus  Antonij  Servant.  1733.  foi. 

2.  Tom.  &  ibi  fumptibus  Societatis  1735.  foi. 

Supofto   que   António   Gomes   no   Tom. 

3.  variar,  cap.  i.  n.  (id.  diga  fer  oriundo  de  Ta- 
lavera,  e  efta  palavra  oriundo  feja  indiferen- 
te para  íignificar  ou  a  terra  onde  fe  naceo, 
ou  o  lugar  donde  fe  traz  a  origem,  cer- 
tamente he  Portuguez,  e  como  tal  o  collo- 
camos  entre  os  noílos  Efcritores  naõ  fomen- 
te porque  aíTim  confta  do  Carthorio  da  Uni- 
veríidade  de  Salamanca,  mas  porque  o  tef- 
tiíicaõ  dous  Religiofos  Carmelitas  Caftelha- 
nos,  quaes  foraõ  o  P.  Fr.  Pedro  de  Vargas 
Prior  do  Convento  de  Utrera,  e  o  P.  Fr. 
Matheus  da  Torre  cada  hum  em  feu  Sone- 


to que  fizeraõ  em  louvor  das  Notas,  que 
a  António  Gomez  fez  o  douto  D.  Joaõ  de 
Ayalon  impreíTas  em  Utrera  no  anno  de 
1665.    Diz  o  primeiro. 

lua  linea  de  Ju  edad  fue  el  h.uJitano 

A  quien  diò  leys  Ju  immortal  prudência 

Nó  por  Ju  potejiad  Ji  por  Ju  Jciencia. 
O  fegundo. 
Con  nueva  vida  Je  repite  ujano 

Oy  en  tu  pluma  Ayalon  a  mayor  buelo 

Quanto  mas  lo  Jutil  de  tu  dejvelo 

Le  Jorma  cuerpo  ai  Fénix  'L.ujitano. 
Ya  Juer  de  Portuguet(^  queda  mas  vano 

Con  mayor  prejuncion  pues  jin  ret^elo 

Puede  Jaãarje  en  tu  ejludiojo  anelo 

Que  le  hà  ilujlrado  ingenio  Joberano. 
Com  os  quaes  concorda  na  certeza  de  fer  Por- 
tuguez   António    Gomes,    Roque    Monteiro 
Paym  Secretario  das  mercês  delRey  D.  Pedro 
II.  no  Dijc.  Jurid.  e  Polit.  foi.  24.  marg.  136. 

ANTÓNIO  GOMES  cuja  pátria,  e  género 
de  profiíTaõ  fe  ignora;  pela  devoção  que  tinha 
à  Rainha  Santa  Efcreveo. 

Vida  de  Santa  l^ahel.    Évora.    1625. 

ANTÓNIO  GOMES  Celebre  Medico  como 
lhe  chama  Zacuto  Prax.  Med.  lib.  3.  Obfervat. 
114.  Foy  Lente  de  Prima  jubilado  na  Univer- 
íidade  de  Coimbra.  Efcreveo  muitas  e  doutas 
obras,  de  que  fomente  fahio  à  luz  publica. 

Tratado    da    Medicina.     Anveres    1643.    8. 

ANTÓNIO    GOMES    natural    da    Villa    \y 
de  Serpa  da  Província  do  Alentejo.  Enfinou     ' 
muitos  annos  Grammatica  na  Cidade  de  Fa- 
ro do  Reyno  do  Algarve  onde  era  cazado. 
Foy  iníigne  Poeta  Latino  de  que  deo  hum 
claro  teílemunho  na  Tragedia  intitulada. 
Daniel. 

Que  fe  reprezentou  na  prezença  de  D.  Fer- 
não Martins  Mafcarenhas  Bifpo  do  Algarve, 
cuja  Igreja  governou  defde  o  anno  de  1595. 
até  1617. 

P.  ANTÓNIO  GOMES  Coadjutor 
efpiritual  da  Companhia  de  JESUS,  cujo  ha- 
bito recebeo  no  CoUegio  de  Coimbra  a  10. 
de  Abril  de  1645.  Foy  natural  da  Villa  de 
Santarém,  e  filho  de  Manoel  Dias,  e  Maria 
Fernandes.     PaíTou   ao   Oriente   donde   com 


li 


I 


L  USITANA. 


289 


utros  Companheiros  dlTcofreo  pelo  Império 

IJe  Monomotapa.  Reftituido  a  Salfete  cfcreveíj. 
I  Viagem  ao  Império  de  Monomotapa,  e  ajfif- 
meia  que  fe:^  nas  ditas  terras,  folh.  Aí.  S. 
Coníla  de  94.  paginas  de  folha  em  que 
largamente  defcreve  todas  as  coufas  memu- 
i;iveÍ8  daquclle  vaílo  Império,  e  como  aíTif- 

||i  tindo  cinco  annos  na  Igreja  de  N.  S.  da  Saúde 
I  em  Luabo  perto  de  Sena  Refidencia  da  Com- 
t  panhia  bautizara  muitos  Cafres.    Começa  eíla 
Viagem  Nojfo  Glorio/o  Patriarcha  Santo  Jgrta- 

Icio  &c.  Cujo  Originai  confcrva  na  fua  Livra- 
ria  Hiílorica  meu  Irmaò  D.  Jozé  Barboza 
I  Clérigo  Regular  de  que  faz  mençaõ  o  moderno 
Addicionador  da  tiih.  Geograf.  de  António 
cie  Lcon.  Tom.  5.  col.  171 1. 

ANTÓNIO    GOMES    DE    OLIVEY- 

RA  natural  da  Villa  de  Torres  novas  do 
\rcebifpado  de  Lisboa,  Secretario  de  Ma- 
tliias  de  Albuquerque  Conde  de  Alegrete 
Governador  das  Armas  na  Provincia  do 
Alentejo,  e  Governador  que  foy  do  Brazil, 
e  Pernambuco.  Inílruido  nas  letras  hu- 
manas eíludou  na  Univerfidade  de  Coim- 
l)ra  Direito  Civil,  e  quando  a  fua  compre- 
henfaõ  fafia  grandes  progreíTos  nefta  facul- 
dade preferio  ao  ócio  de  Minerva  os  tumul- 
tos de  Marte,  que  alteravaõ  efte  Reyno  inva- 
dido pelas  armas  Caftelhanas,  e  julgando, 
que  fervia  melhor  a  Pátria  com  a  efpada, 
que  com  a  pena,  largou  a  Univeríidade 
pela  Campanha,  onde  na  Batalha  do  Mon- 
tijo dada  em  o  anno  de  1644.  e  na  das  Linhas 
de  Elvas  no  anno  de  1659.  obrou  acçoens 
de  valor  intrépido,  e  animo  deílemido.  Por 
fer  naturalmente  aífefto  à  Poeíia  ainda  ef- 
tando  applicado  à  Jurifprudencia,  ou  à  milí- 
cia naõ  deixou  de  cultivar  o  ParnaíTo  com- 
pondo fuaves,  e  elegantes  verfos  ornados 
de  agudeza,  e  jocofidade  fempre  judiciofa, 
e  nunca  pueril  affim  na  lingua  materna,  e 
Caftelhana,  como  na  Italiana,  e  Latina, 
alcançando  os  primeiros  prémios  nos  Cer- 
tames Académicos,  e  a  eítimaçaõ  das  primeiras 
PeíToas  da  Corte,  entre  as  quaes  fe  diílinguia  no 
affeélo,  e  na  dignidade  o  SereniíTimo  Rey  D. 
Joaõ  o  IV.  Igual  veneração  adquirio  dos  mayo- 
res  Poetas  do  feu  tempo,  como  foraõ  Manoel 
de  Faria,  e  Soufa,  Manoel  de  Galhegos,  e 


Jacinto  Cordeiro.  O  primeiro  exhortando-o  na 
Fonte  de  Agpnip.  Part.  5.  Madrig.  58.  a  que 
aperfeiçoaíTe  o  Poema  de  Hercules  nefta  forma. 

Emplia,  emplea  António 

tifi  el,  que  perfegiiido  de  fortima 

Pujo  ai  valor  la  ultima  coluna 

Hfft  licor  Aonio 

Que  te  ha  de  colocar  en  la  alta  cumhrt 

Dela  Apolinea  lumbre 

Que  alfin  fe  rejervava 

Para  igualar  tu  pluma  fu  gran  Clava: 

Y  que  felix,  referva 

LLn  tu  ape  Ilido  el  ar  boi  de  Minerva 

Para  que  fe  transforme  con  efpanto 

Del  mundo  en  otra  planta  más  gloriofa 

Que  elfin  duda  hade  ver  {pido  el  canto 

De  la  tuba,  que  fuenas  numerofa 

Donde  el  mas  firme  oydo  mas  fe  pierdè) 

fíuelto  tu  blanco  Olivo  en  Laurel  Verde. 
O  fegundo  convidando-o  a  celebrar  o  Hymi- 
neo  dos   SereniíTimos  Duques  de  Bragança 
no  Templo  da  Memor.  Eftanc.  1 76. 

Artificiofo  verfo,  illuflre,  e  grave 

Que  eternit(ando  ao  celebre  Oliveira 

Na  Lira  de  Tòeocrito  fuave 

Feres  do  Tejo  a  húmida  ribeira. 

Levai  o  nome  de  Bragança  donde 

Em  tumulo  de  prata  o  Sol  fe  ef conde. 
O  terceiro  nos  íilog.  dos  Poet.  Portugiie:(es  Ef- 
tanc. 7. 

António  Gomes  con  amable  eflrella 

De  Oliveira  en  dulciffima  Thalia 

Defpierta  a  Glauca  fu  homicida  bella 

Y  a  Pindaro  en  dos  verfos  defafia. 

Mais  celebrado  fizera  o  feu  nome  fe  publicara 
os  dous  Poemas  heróicos  que  tinha  compoíto 
confiando  hum  dos  trabalhos  de  Hercules, 
e  cantando  em  outro  as  acçoens  heróicas 
delRey  D.  Joaõ  o  I.  mas  para  o  mundo  conhe- 
cer a  fecundidade  da  fua  veya  baílaõ  para 
manifeílos    argumentos    as    obras    feguintes. 

Idylios  marítimos.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beeck  1617.  8.  Coníla  de  diverfos  metros 
em  varias  linguas. 

Sonetos  heróicos  concernentes  à  Alageflade,  e  eflado 
politico,  e  militar  do  fempre  auguflo  Key  D.  Joaõ 
o  IV.  Noffo  Senhor,  e  o  principio  do  Poema 
heróico  delKey  D.  JoaÕ  o  L  de  boa  memoria. 
Lisboa  por  António  Alvarez.  1641.  8. 

Panegyrico  ao  fempre  Auguflo  Key  D.  Joaõ 


-4 


290 


BIB  LIOTHE CA 


o  IV.  l^uji fanico  Indico  Brajilico,  e  Africano 
aclamado,  e  jurado  Key  na  Cidade  de  L,isboa 
em  o  I.  e  em  15.  de  De:(embro  de  1640.  Lisboa 
por  António  Alvares  ImpreíTor  delRey  1641. 
8.    Confta  de  77.  Oytavas. 

Oãavario  heróico  votado  à  Magejiade  viítorioja 
delKej  N.  S.  D.  Joaõ  o  IV.  de  Portuga/ pe/os  ou/o 
dias,  que  o  inimigo  ejleve  com  todo  o  Jeu  exercito 
Jobre  a  Praça  de  Elvas  donde  fugio  com  perda 
grande,  e  major  ignominia.  4.  Naõ  tem  lugar, 
nem  anno  da  ImpreíTaõ.  Confta  de  oito 
Sonetos. 

No  dia  folemnijjimo  da  Entrada  delRej  N.  S. 
em  Eisboa  recolhendo-Je  das  Fronteiras  do  Alen- 
tejo ficando  devajlados  da  fuás  Armas  muitos  luga- 
res de  Caflella,  e  alguns  delles  prefidiados  já  pelo 
dito  Senhor.  Confta  de  hum  Soneto,  Epigram- 
ma  Latino,  e  2.  Oitavas  Portuguezas  in  foi. 
Sem  anno  nem  lugar  da  ImpreíTaõ. 

Pela  feflividade  annual  que  em  o  i.  de  De- 
slembro de  1641.  infiituhio  a  Cidade  de  Eishoa 
em  memoria  da  devida  AcclamaçaÕ  do  Sempre 
augufio  Kej  D.  Joaõ  o  IV.  N.  S.  Soneto. 
Lisboa  por  António  Alvares  ImpreíTor  del- 
Rey  foi. 

Herculeida.  Poema  heróico;  he  louvado 
por  Joaõ  Soar.  de  Brito  na  Apologia  de  Camoens 
pag.  30.  O  canto  i.  fe  conferva  M.  S.  na 
Livraria  do  ExcellentiíTimo  Marquez  de 
Abrantes. 

Antiguidades,  e  excellencias  do  Panifero,  e 
alegre  rio  Almonda  o  qual  corre  pela  fua  pátria 
Torres  novas  4.  M.  S.  conftava  de  Verfo,  e 
profa. 

Além  dos  grandes  poetas  que  o  louvaõ  he 
numerado  entre  elles  pelo  P.  António  dos  Reys 
no  Enthufiafm.  Poetic.  n.  53.  D,  Francifco  Ma- 
noel na  Carta  efcrita  a  Manoel  da  Fonfec.  The- 
mudo  que  he  a  i.  da  4.  Centúria  dizendo  O  pri- 
meiro que  entre  nós  cultivou  a  fra^e  Caflelhana  na 
Poefia.  Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  Eufit. 
IJtter.  lit.  A.  n.  85.  Vir  plácido,  modefloque 
ingenio,  et  humanioribus  difciplinis,  atque  artis  im- 
primis poeticcB  eruditus.  Morery  Diccion.  Hifioriq. 
Verb.  Cometi  de  Oliveira  fé  fit  un  grand  nom  dans 
fon  pays  par  fes  poefies. 

ANTÓNIO  GOMES  SIGARRO  na- 
tural de  Viana  do  Alentejo  Presbytero 
de    exemplar    vida,    e    Secretario    do   Arce- 


bifpo  de  Évora  D.  Jozé  de  Mello.  Foy  bom 
Poeta  Latino,  e  como  tal  o  nomea  entre  os  pro- 
feíTores  defta  arte  o  Padre  António  dos  Reys 
no  Enthufiafm.  Poet.  n.  163.  Pelo  devoto 
affefto  com  que  venerava  aos  Santos  cõpoz, 
e  dedicou  ao  feu  Mecenas  a  obra  feguinte. 
Sacrorum  epigrammatum  liber,  five  in  Divos 
fingulos  ab  Ecclefia  Romana  cultu  annuo  celebrari 
confuetos  epigrammata.  8. 

ANTÓNIO  GOMES  DA  SYLVA 
LEAM  natural  de  Lisboa,  e  bautizado  na 
Freguezia  de  Santa  Engracia  a  11.  de  Abril  de 
171 9.  filho  de  Joachim  Gomes,  e  Maria  Luiza 
de  Jefus.  Depois  de  inftruido  na  língua 
Latina  paíTou  à  Univerfidade  de  Coimbra 
onde  prezentemente  frequenta  o  eftudo  do 
Direito  Canónico,  fendo  verfado  no  da  Poezia 
vulgar  de  que  faõ  argumentos  as  obras 
feguintes. 

Applaufo  univerfal  infiruido  em  fublimaçaõ  das 
prodigiofas  Fejlas  que  no  Sitio  da  junqueira  defla 
Cidade  de  Lisboa  fet^  a  preclara,  como  illufire 
Nobreza  delia  ofientando  no  externo  Eu^mento  os 
internos  de^eos  de  mais  as  fublimarem  em  obfequio 
da  Serenijfima  Senhora  Princefa  do  Brafil.  Lis- 
boa na  OíTicina  Rita-CaíTiana  1738.  4.  Confta 
de  32.  Outavas,  e  dous  Sonetos  Acrofticos. 

Com  o  aíTeâado  nome  de  Belchior  Franco 
da  Gama. 

Argumento  Critico  feito  a  o  ultimo  Poema  que 
fahio  imprejjo  onde  relatava  por  extenfo  feu  Author 
Manoel  Nune;^  da  Sylva  a  cruel  inundação,  danos, 
e  perdas  que  fet^  a  tempefiade  de  Deslembro  do 
pajfado  anno  de  1739.  ^^  Coimbra,  e  feus  Campos. 
He  em  profa;  e  no  fim  Huma  imploração  a 
Nojfo  Senhor  para  que  atendendo  aos  infortúnios 
do  povo  ceffe  a  aãiva  opprejfaõ  de  feus  cajiigos. 
Coimbra  no  Real  Collegio  das  Artes  da 
Companhia  de  JESUS.  1740.  4.  Efta  obra 
ultima  confta  de  hum  Romance  Heróico  de 
54.  Coplas. 

ANTÓNIO  GONÇALVES  natural  de  Lis- 
boa Cirurgião  do  Hofpital  Real  de  todos  os 
Santos  da  fua  pátria  onde  exercitou  felizmente 
efta  arte  em  beneficio  dos  enfermos,  e  credito 
da  fua  PeíToa.    Compoz. 

Tratado  da  Gonorrea.  Sahio  impreíTo  com 
a   KecopilaçaÕ  da  Surgia  de  António  da  Cruv^. 


LUSITANA. 


291 


Lisboa    por    António   Crasbeeck    de    Mello 
1669.  4.  et  ibi  por  Miguel  Deflandes.  1688.  4. 

ANTÓNIO  GONÇALVES  DL  NO- 
VAES Doutor  na  faculdade  dos  Sagrados 
Cânones,  Examinador  Synodal  do  Biípado 
de  lílvas  provido  em  8.  de  Mayo  de  1650. 
pelo  lIluAriíTimo  Bifpo  deíla  Diocefe  D.  Se- 
haftiaò  de  Mattos  ilc  Noronha  donde  fubio 
.1  Cónego  Penitenciário  da  mefma  Cathcdral, 
cie  que  tomou  poíTe  a  28.  de  Julho  de  1652. 
l'oy  muito  verfado  na  liçaò  da  Hiíloria  Sagrada, 
c  profana.    Efcreveo. 

KelaçaÕ  do  fáifpado  de  lilvas,  e  de  todos  os  Pre- 
lados que  até  o  Jeu  tempo  governarão  aquella  Igreja. 
S;ihi()  no  fim  das  Conftituiçoens  dcíle  Biípado. 
I-ishoa   por   Lourenço   Crasbeeck    1655.   foi. 

Dclle  fa2  memoria  Cardofo  Agiol.  Ljifit. 
Tom.  3.  pag.  195.  letr.  L. 

ANTÓNIO  DE  GOUVEA  conhecido 
is  pelo  apellido  alatinado  de  GOUVEANO, 
icco  na  Cidade  de  Beja  da  Província  do  Alen- 
íjo,  para  credito  da  Naçaõ  Portugueza,  e  de 
IS  Pays  AfFonfo  Lopes  Ayala  Fidalgo  Caf- 
Ihano,  e  Ignes  de  Gouvea  filha  de  Antaõ  de 
)uvea  Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  de 
bo.  Sendo  chamado  na  idade  juvenil  por 
Tio  Diogo  de  Gouvea,  Reytor  do  Collegio 
Santa  Barbara  de  Pariz  para  aprender  as 
Stras  humanas  partio  com  feus  Irmaòs  Marçal, 
André  dos  quaes  era  o  menor  na  idade,  e 
mayor  no  talento,  e  taes  foraõ  os  progref- 
Ibs  que  a  fua  perfpicaz  comprehenfaõ,  e  ad- 
mirável agudeza  fizeraõ  naquella  paleílra, 
que  geralmente  foy  venerado  como  Orá- 
culo da  Oratória,  e  Poética  efcrevendo  na 
lingua  Latina  com  tanta  pureza,  e  elegân- 
cia, que  animava  a  fua  penna  o  efpirito 
dos  Efcritores  do  Século  de  Auguílo.  Naõ 
era  menos  infigne  nas  argucias  da  Filofofia 
Peripatetica  chegando  ainda  quando  eftava 
na  flor  da  adolefcencia  a  convencer  em  huma 
difputa  publica  na  authorizada  prezença 
de  muitos  Sábios  a  Pedro  Ramos  acérrimo 
antigonifta  de  Ariíloteles  Princepe  da- 
quella  efcola.  Coroado  com  eíle  triumfo 
litterario  depois  de  cultivar  os  campos  da 
eloquência,  e  os  bofques  do  ParnaíTo  fe  ap- 
plicou  ao  eíludo  das  Mufas  mais  feveras  pene- 


trando os  fegredos  da  JunTprudenda  em 
Tolofa  no  anno  de  1559.  ^^  ^"í^  faculdade 
fahio  taò  eminente,  que  de  Leaõ,  onde  aíTiílía, 
o  chamou  para  Avinhaò  o  famofo  Jurifcon- 
fulto  Emílio  Eerreto  para  que  deixando  o  retiro 
em  que  eílava  víeríe  manífeíUr  os  thezouros  da 
fua  fabedoria,  em  beneficio  de  tantos  engenhos 
que  queriaò  ínílruirfe  com  os  feus  documentos. 
Obedecco  promptamcnte  à  infmuaçaò  de  ho- 
mem taõ  grande,  a  quem  pelo  fummo  afíeâo 
com  que  o  amava  lhe  chanu  no  lib.  2. 
de  Jurifdiãione,  Segundo  Pay,  e  chegando 
àquella  Univerfidade  começarão  a  brilhar 
com  tal  intenção  os  rayos  da  fua  fcienda,  que 
dífundindofe  pela  larga  circumferencia  do 
Reyno  de  França  naõ  havia  Univerfidade 
que  o  naõ  pertendeíTe  para  Meftre,  logrando 
efta  fortuna  a  de  Tolofa,  Valença  do  Delfinado, 
Cahors,  e  Granoble.  Em  todos  eftes  thea- 
tros  académicos  teve  tantos  ouvintes,  quantos 
admiradores  aíTombrados  da  delicadeza  com 
que  penetrava  as  dificuldades  mais  infupera- 
veis,  a  promptidaõ  com  que  refpondia  aos 
argumentos  mais  nervofos,  e  a  facilidade  com 
que  conciliava  os  textos  antinomicos,  alcan- 
çando por  taõ  fingulares  dotes  a  veneração, 
e  refpeito  dos  mayores  Corifeos  da  Jurifpru- 
dencia  como  eraõ  Ferreto,  Alciato,  Duareno, 
Concio,  Revardo,  Balduíno,  Budeo,  e  Fabro, 
fendo  muito  mais  para  admirar  que  o  Prin- 
cepe de  todos  elles  Jacobo  Cujacio  reconhe- 
cendo a  profundidade  do  feu  talento  receou, 
lhe  arrebatafle  a  palma  que  tinha  merecido 
pelos  feus  immenfos  eftudos,  como  efcreve 
Papirio  Maílonio  no  fim  da  fua  vida.  Adolef- 
cens  Antonij  Goveani  ingenium  admirabatur  deter- 
ritum  fe  dicens  à  jure  traãando,  Ji  homo  Ljí- 
fitanus  tanto  ingenio,  tamque  fubtili  labores 
civilium  fiudiorum  fufcipere,  ac  Jubire  voluif- 
fef.  Eíla  preferencia,  que  o  feu  enge- 
nho levava  a  todos  os  Jurifconfultos  a  con- 
feíTou  o  mefmo  Cujacio  dizendo  in  Not.  ad 
Ulpian.  titul.  6.  Antonius  Goveanus  cui  ex 
omnibus  quotquot  Junt,  aut  fuere  Jujlinianai 
júris  Interpretibus,  Ji  quaramus  quis  unus 
excellat,  palma  deferenda  jit.  A  o  tempo 
que  lograva  as  mayores  eílimaçoens  em 
França,  que  como  Pátria  fua  temiíTamente 
amava  por  habitar  nella  defde  os  primei- 
ros  annos   fe   auzentou   delia,   naõ   fomente 


2()\ 


BIBLIO THE  CA 


por  fugir  aos  tumultos,  e  guerras  civis  em  que 
eftava  dividida,  mas  por  fer  convidado  pelo 
Duque  de  Saboya  Manoel  Philif  berto  a  enno- 
brecer  com  a  fua  doutrina  a  nova  Univerfi- 
dade  que  fundara  em  Montdevis.  Tanto  que 
chegou  àquella  Corte,  foy  recebido  pelo  feu 
Princepe  com  íingulares  demonílraçoens  de 
affabilidade  coníignandolhe  huma  larga  renda 
com  que  pudeíTe  fuftentar  opulentamente  a  fua 
Cafa,  e  fazendo-o  feu  Confelheiro.  Cafou  com 
huma  Senhora  muito  illuílre,  de  quem  teve  a 
Manfredo  de  Gouvea  que  igualmente  foy  her- 
deiro da  fua  fciencia  jurídica,  como  dos  lugares 
honoríficos  que  occupou.  Morreo  em  Turim 
no  anno  de  1565.  como  efcrevem  Thuano, 
Moreri,  Pope  Blount,  Hofmano,  CapaíTi,  e 
Simon  Bibliothec.  Hiftoriq.  des  Autheurs  du 
Droit.  Tom.  i.  pag.  164.  em  1587.  Elias 
Vineto;  e  em  1597.  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp. 
allegando  a  Thezaur.  na  XIX.  QucBJiion. 
Forenf.  do  3.  liv.  Neíla  variedade  em  que  fe 
dividem  os  Authores  acerca  da  fua  morte, 
todos  fe  unem  a  certificar  a  fublimidade  do  feu 
engenho  pelo  qual  fe  fez  celebre  na  poíleridade, 
como  faõ  António  Fabro  in  Príefat.  lib.  7. 
Conjeã.  Tulit  atas  noftra  máximos  in  jurijpru- 
dentia  viros,  fed  pracipuos,  Ji  quid  mei  ingenij  eji 
( ccBterorum  pace  dixerim )  Antonium  Govea- 
num,  (&  Jacobum  Cujacium.  lllum  ut  quidem 
mihi  videtur  multo  feliciore  ingenio  ad  jurifpru- 
dentiam  natum :  fed  qui  natura  viribus  tam  confi- 
deref,  ut  diligentia  laudem  Jibi  neceffariam;  minus 
etiam  fortajfe  honorificam  putare  videretur.  Hunc 
contra  minus  lúcido,  prafiantique  ingenij  acumine. 
Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
97.  In  António,  et  doãrina,  et  ingenium, 
conjeãariaque  horum  fama  pracipue  floruit. 
Hofman.  in  L,ex.  Vniv.  Tom.  i.  pag. 
mihi  250.  Vhilofophus,  et  Philologus  infi- 
gnis.  Freher.  in  Theat.  Vir.  erud.  Cla- 
ror.  Part.  2.  Seâ:.  4.  pag.  848.  Tanta  feli- 
citate  in  humanioribus  fludiis  ingenium  ex- 
crevit,  ut  nemo  puriús  latine  fcriberet,  ne- 
mo  verfus  elegantius  pangeret.  Fr.  Bento 
Jeronymo  Feijoo  Theatr.  Critic.  Tom.  4. 
Difcurf.  14.  n.  10.  Aun  oy  efiá  refonando 
la  Francia  delos  Elogios  de  António  de  Gou- 
vea, j  tomando  para  fi  gran  parte  dela  glo- 
ria de  tan  famofo  Jurifconfultô...  cultivo 
mucho,    y    feli:(mente    la     Poefia,   y    fue    tan 


gran  Filofofo  que  entre  todos  los  Ariflotelicos 
Francefes  logro  fuperior  gloria  en  la  defenfa  dela 
doãrina  Peripatetica.  Moreri  Diccion.  Hijl. 
verb.  Gouvea.  Ce  Scavant  homme  a  eté  le  feul 
qui  par  une  gloire  ajfes  rare  dans  fon  jiecle  a  eté 
eflime  d^un  comum  confentiment  excellent  Poete, 
grand  Philofophe,  e  Scavant  jurifconfulte.  Gualt. 
in  Tab.  Chronol.  ad  an.  1565.  pag.  741, 
Tam  Philofophia,  quám  humanioris  litteratura 
laude  praflantijfimus .  Pinello  Seleãar.  lib.  2. 
cap.  8.  n.  8.  Subtilijfimus.  Carvalh.  in  Cap. 
Kaynald.  pag.  3.  n.  16.  acutijftmus,  (ò"  ingenio- 
fijfimus.  et  ibi.  n.  5  5 .  Vir  magni  ingenij  et  eruditio- 
nis.  et  Part.  4.  cap.  3.  n.  i.  approbatijfimus,  et 
acutiffimus.  Menochius  de  Arbitrar.  Jud.  lib.  i. 
cap.  2.  Doãum  virum,  fibique  perfamiliarem. 
Quefad.  in  Quafi.  Jur.  Magni  judicij ,  atque  eru- 
ditionis  virum.  CapaíTi  in  Hifl.  Philofoph.  Synopf. 
pag.  328.  Magnum  'Lufitania  decus,  Jurifprudentia 
L,umen,  Poefeos,  Khetorices,  omnifque  penitioris 
litteratura  ornamentum  ingens  magnum  Peripa- 
tetica Philofophia,  cujus  callentijfimus,  erat,  propu- 
gnaculum.  Scalig.  na  Scalagerian.  i.  Goveanus 
doãus  erat  vir,  <&  valens  dialeãicus,  Optimus  Poeta 
Pople  Blount.  Cenf.  Celeb.  Auth.  pag.  666. 
TeiíTier  Flog.  des  Homes  llluft.  Tom.  2. 
pag.  223.  e  224.  Guichenon  FLift.  Gen.  de 
Savoy.  Tom.  i.  pag.  678.  Spond.  Annal. 
Baron.  Continuat.  ad  an.  1565.  Bayle  Dic- 
cion. Critiq.  Tom.  2.  pag.  mihi  580.  e  581. 
Spera  de  Proffejjor.  Grammat.  lib.  3.  foi 
176.  Joan.  Soar.  de  Brito  in  Theatr.  Ijifii 
F.itterat.  lit.  A.  n.  86.  Pafquier  Kecherch. 
liv.  9.  cap.  37.  Petr.  Sanches  in  Epijl.  ad 
Ignatium  Moral,  de  Poet.  Eujit. 
Ad  números  facilem  non  te  Gouveane  tacebo. 
Qui  fie  inter  dum  laxis  deccuris  habenis. 
Pracipua  fiolidi  rides  cum  dogmata  Kami 
Ut    Tagus    in   pontum    rápidos    cum    combibit 

amnes. 
Proruit,     et    campos     late     difierminat     omnes. 
P.  António  dos  Reys  in  Fnthufiafm.   Poetic. 
n.  18. 

Nec    Te   poft    Puerum   pudeat    Gouvea    referri 
Pracocis    ingenij   juveni    concedere    primas 
Fas    erat,    atque    locum    dare    carmina    nofbra 

decebat 
Cui   natura  prior   dederat,    ceu   Koma  jocofum 
Bilbilicum    vatem    tibi  pofthabet    Ínclita   Mar- 

cum. 


L  USITAN  A. 


293 


Entre  a  geral  acciamaçaõ  com  que  cele- 
bfánò  o  nome  de  António  de  Gouvea  taA 
funofos  Efcritores,  fe  atreveo  o  ímpio  Hcre- 
fiarcha  Joaõ  Calvino  a  infamallo  de  Atheifta 
eftimulado  da  irrifaò  que  ítz  o  noíTo  Gouvea 
da  Tua  pcrtcndida  Reforma,  dizendo  no 
Tra/.  de  S caudal,  pag.  90.  col.  i.  da  ediçaõ  de 
Genebra  do  anno  de  161 1.  Alij  {uf  Rabt- 
Imfiis,  Deperius,  et  Goveantés)  fiuftato  Evanjiiifío 
eãdem  cacitate  fmt  percujfi.  Cur  ijlud?  nifi  quia 
Jacrum  illud  vita  atema  piffius  Jacrilega  ludendi, 
nut  ridendi  audácia  ante  profanarmt.  Deíla  in- 
fame impoftura  defende  ao  noíTo  Gouvea 
Scaligero  na  Scaligeriana  2.  dizendo  Go- 
veanus  Juit  doãus  Lufitanus.  Calvinus  vocat 
illum  Atheum  ctim  non  fuerit;  debebat  illum 
ftielius  nojfe.    Compoz. 

Ad  titul.    de  Jttrifdiííione   omnium  Judicum 
lihri  dm.    Dcfta  obra  diz  António  do  Quita- 
ducnas  lib.  1.  de  Jtmfd.  tit.7.  diligens  apprime, 
&  eruditus  fcr  feu  Author,  e  que  nihil  a  fe 
vi/um  ctdtius  atque  floridius,   &    Schifordegcr. 
in  Nmctipat.  lib.   2.  ad  Fabrianos  Commentar. 
Cum  fine   his  plitrima   qiue   ad  júris   di£tionem 
Komanam  pertinent,  hodie  iffioraremus. 
Ad  Tit.  de  Jure  acrefcendi  lib.  i. 
Ad  Leg.    Gallus  Aquilius  Dig.   de    Vul- 
gariy  (&  pupillar.  fubfiitution. 
Ad  Leg.  Falcidiam. 
Variarum  Leãionum  libri  duo. 
Animaduerfiontim  lib.  i. 

Todas  eftas  obras  fahiraõ  juntas  Lugd. 
apud  Anton.  Vincentium  1562.  1564.  e 
1599.  in  foi. 

Variarum  'Leãioniim  lib.  duo  Venetijs 
1585.  &  cum  additament.  Vaconis  Vacuna, 
AntoniJ  Concij,  Jacobi  Robardi  Corfi,  & 
Nicolai   Belloni.    Cólon.    Agripinse   1575.   foi. 

De  Jure  acrefcendi.  Tolofas  apud  Guidonem  a 
Bondeville.  1545.  4.  primeira  ediçaõ  como 
afíirma  Gregório  Maians  in  lib.  5 .  epifiol.  p.  262. 
e  263.  Depois  fahio  Jehas  1596.  in  8.  &  Wor- 
matiae  typis  Wilhelmi  Cnitelis  161 1.   12. 

Neftas  obras  faz  mençaõ  de  outras  que 
tem  compofto,  como  faõ. 

De  Pratoribus,  e^  Propratoribus. 
Traãatus    in    Trebellianum    o    qual    tefti- 
fica   Schifordegero   lib.    2.   Traft.    2.   ad  fin. 
Quxft.  I.  que  o  vira  António  Fabro. 

Pro  Arifiotele  refponfio  adverfus  Petri  Kami 


calumniãj,  Ó^  alia  opufcula.  Paníus  apud  Simo- 
nem  Colinxum  1545.  8. 

Prophyrij  Ifagoge  in  latinum  íranslata.  Lug- 
duni  apud  Sebaítíanum  Gryphium.  1541.  8. 

E.pigrammatum  libri  duo,  ó^  Epijhla.  Lug- 
duni  apud  Sebanianú  Gryphium.  1559.  4* 
&  ib.  per  eund.  Typog.  1540.  8. 

In  aliquot  Ciceronis  Oratioms.  Bafílese  1555.8. 

Ennarratio  in  Ciceronis  Orationem  in  Vati- 
nium.  Parifiis.  1545.  8. 

In  Topicam  Ciceronis,  ó^  Criticam  Lopeer 
partem,  ibidem. 

In  priores  libros  duos  Ciceronis  ad  Atti- 
cum,  &'  in  lib.  ejufdem  de  legibus.  Parífiis  apud 
Thomam  Richardum  1545. 

Virgilius,  Terentius  priflino  fplendori  reftituti. 
Lugd.  apud  Gryphium  1541.  Terentius.  Fran- 
cofurt.  1576.  1596.  16. 

In  Orationes  Ciceronis  M.  S.  in  foi. 
Conferva-fe  na  Bibliothcca  do  Empcrador 
como  affirma  Draudius  in  Bib.  Clafftc. 

Comentaria  elegantijftma  in  Terentium  M. 
S.  de  cuja  obra  faz  mençaõ  Balthczar 
Wertino  in  addit.  ad  Trithem.  de  Script. 
Ecclejiaftic. 

Poemata.  M.  S.  Exiílem  na  Bibliotbeca 
Vaticana  n.  572.  como  efcreve  Montfaucon 
in  Bib.  Bibliothecar.  M.  S.  nova.  Tool  i. 
pag.  26.  col.  I. 

Difcurfo  apologético  em  que  fe  defende 
da  graviíTmia  impoftura,  com  que  o  Author 
da  Bibliotheca  do  Delfinado  efcreve  que  elle 
fora  acufado  em  Valença  do  Delfinado 
de  fallar  impiamente  de  Deos,  cujo  difcur- 
fo diz  António  TeiíTier  nos  Elog.  dos  Homm. 
Illuftr.  Tom.  2.  pag.  mihi  224.  o  vira  M.  S. 
na  Bibliotheca  de  Ennemond  de  Rabat  Pre- 
fidente  do  Parlamento  de  Granoble. 

O  P.  Frandfco  da  Cruz  Jefuita  nas  me- 
morias M.  S.  para  a  Bibliotheca  Portuguev^a 
diz  ter  vifto  humas  Decimas  Caftelhanas 
impreíTas  em  4.  em  letra  gótica  fem  nome 
do  ImpreíTor,  nem  lugar,  e  anno  da  Im- 
preíTaõ  compoftas  por  António  de  Gouvea 
Portuguez  que  poderá  fer  o  mefmo  de  que 
tratamos.  Era  o  argumento  hum  Valen- 
ciano taõ  facinorofo  que  matou  a  feu  Pay, 
Tio,  e  huma  Sobrinha,  e  cortou  os  peitos 
a  fua  Mãy,  por  cujas  impiedades  fora  morto 
pela  violência  de  hum  rayo. 


294 


BIBLIO  THECA 


D.  Fr.  ANTÓNIO  DE  GOUVEA  foy 
iilho  de  Lazaro  Ribeiro,  e  Maria  de  Gouvea. 
Aprendeo  os  primeiros  rudimentos  na  Cidade 
de  Beja  fua  pátria  com  mayor  progreíTo  que 
prometia  a  delicadeza  de  feus  annos.  Chegado 
à  idade  da  adolefcencia  obedecendo  à  infpira- 
çaõ  divina,  que  o  chamava  ao  Eílado  Religiofo, 
profeíTou  o  dos  Eremitas  de  Santo  Agoílinho 
no  Convento  de  Lisboa  a  4.  de  Junho  de  1 591. 
onde  lançou  os  altos  fundamentos  das  virtu- 
des, e  letras,  com  que  luzio  para  beneficio  dos 
feus  domeílicos  partindo  no  anno  de  1597. 
para  Goa  enlinar-lhes  as  fciencias  efcolafticas, 
em  que  jubilou  com  igual  fruto  dos  feus  dif- 
cipulos,  que  gloria  do  feu  talento.  Dezejando 
Ayres  de  Saldanha  no  tempo  que  governava 
a  índia  mandar  à  Períia  hum  Embaxador  a£H- 
vo,  e  prudente,  que  igualmente  promoveíle 
naquelle  vaílo  Império  os  intereíTes  da  Religião, 
■e  do  Eftado,  o  nomeou  para  taõ  illuftre  em- 
preza.  Partio  em  15.  de  Fevereiro  de  1602.  e 
entrando  na  Corte  de  Períia  foy  benevolamente 
recebido  pelo  feu  Emperador  Xà  Abbàs  dan- 
do-lhe  faculdade  para  pregar  o  Evangelho,  e 
levantar  Igrejas  em  todo  o  feu  dominio,  de 
cuja  permiííaõ  foraõ  gloriofas  confequencias 
converter  muitos  bárbaros  da  cegueira  da  infi- 
delidade para  a  luz  da  verdadeira  Religião,  e 
redufir  fete  Bifpos,  e  infinitos  Arménios,  e  Ge- 
orgianos fequazes  do  fcifma  de  Conílantinopla 
â  obediência  do  Summo  Pontífice.  Tanta  foy 
a  efficacia  com  que  conciliou  o  animo  do  Em- 
perador, que  o  indufio  a  mover  guerra  contra 
os  Turcos  ofFerecendo-lhe  por  auxiliares  as 
Armas  dos  Princepes  Catholicos,  que  a  experi- 
mentarão formidável  nas  muitas  batalhas  per- 
didas, e  Praças  conquiftadas.  Querendo  o 
Emperador  profeguir  com  mayor  ardor  eíla 
guerra  o  expedio  acompanhado  de  hum  Em- 
baxador ao  Pontífice  Paulo  V.  e  a  Filippe  III. 
de  Caftella  fuplicando-lhe  quizeffem  derrotar 
o  inimigo  comum  na  Europa,  aflim  como  o  ti- 
nha feito  na  Afia.  Tanto  que  chegou  a  Por- 
tugal foy  nomeado  Bifpo  de  Cirene  em 
Africa,  e  fe  fagrou  no  Convento  de  N.  Se- 
nhora da  Graça  de  Lisboa  a  28.  de  Dezem- 
bro de  161 2.  PaíTou  fegunda  vez  à  Perfia 
por  ordem  do  Pontífice  como  feu  Núncio 
com  poderes  de  legado  a  latere,  e  entrando 
naquella  Corte  como  o  Emperador  naõ  vif- 


fe  effeituado  o  feu  intento  mudado  o  amor  em 
ódio,  o  mandou  lançar  em  huma  eftreita  pri- 
zaõ  ordenando  com  rigorofas  penas  que  todos 
os  feus  Vaflallos  abjuraíTem  a  Religião  Catho- 
lica.  Perfuadido  do  miferavel  eílado  em  que  fe 
achavaõ  as  dependências  da  índia  aífim  efpiri- 
tuaes,  como  politicas  para  ferem  prompta- 
mente  focorridas,  atraveíTou  com  animo  intré- 
pido, e  immenfo  trabalho  a  inacceífivel  altura 
dos  montes  de  Baílorá,  e  a  vaíla  extenfaõ  dos 
areaes  da  Arábia  atè  chegar  a  Alepo  onde  em- 
barcando-fe  para  Marfelha  voltou  arrojado  dos 
ventos  contrários  a  Sardenha,  fendo  cativo 
pelos  Mouros  com  outros  Chriítãos  da  fua 
comitiva.  Naõ  he  fácil  de  comprehender,  quan- 
to mais  de  narrar  as  moleílias  que  eíle  Varaõ 
Apoílolico  tolerou  da  fevicia  deíles  bárbaros, 
pois  alem  de  o  fecharem  em  huma  tenebroía 
prizaõ  o  carregarão  de  groílas  cadeyas  pelo  lar- 
go efpaço  de  dous  annos  naõ  fendo  poderofas 
todas  eftas  afrontas  para  lhe  diminuir  o  ardente 
zelo,  com  que  corroborava  aos  Chriílãos  para 
naõ  faltarem  à  Fé  prometida  no  Bautifmo,  fe- 
gurando-lhes  que  o  caminho  mais  certo  para 
alcançarem  o  eterno  defcanfo  eraõ  aquellas  tri- 
bulaçoens  de  que  eílavaõ  cercados.  Reftituido 
á  liberdade  no  armo  de  1620,  por  diligencia  do 
P.  Fr.  António  da  Cruz  ReUgiofo  Trino  como 
efcreve  Fr.  Bernardino  de  Santo  António  in 
Epifom.  Kedempt.  lib.  2.  cap.  11.  partio  a  Ma- 
drid, donde  foy  mandado  por  ElRey  Catholico 
á  Praça  de  Oraõ  tratar  hum  grave  negocio  com 
o  pretexto  de  hir  vifitar  as  Igrejas  daquelle  dif- 
triâo  em  nome  do  Infante  D,  Fernando  Arce- 
bifpo  de  Toledo,  e  voltando  fe  retirou  para  a 
ViUa  de  Mançanares  de  MembriUa  onde  livre 
de  negócios,  e  occupado  fomente  nos  eíhidos 
como  Varaõ  Janto,  e  illuftre  na  fabedoria  diz 
Fr.  António  de  Moura  no  proemio  da  Vida 
de  feu  Santo  Vatriarcha  Joaõ  de  Deos,  confu- 
mou  a  carreira  da  vida  a  18.  de  Agoflo  de 
1628.  Foy  fepultado  na  Capella  Mòr  dos  Car- 
melitas Defcalços  da  mefma  Villa  fazendo 
com  generofo  difpendio  o  funeral  feu  grande 
amigo  o  Marquez  de  Velada  Vice-Rey,  e  Ca- 
pitão General  das  Praças  de  Oraõ.  As  ac- 
çoens  defte  apoílolico  Prelado  efcreveraõ 
breve,  e  difufamente  Manoel  de  Faria  e 
Souf.  Afta  Portug.  Tom.  3.  part.  3.  cap.  i. 
n.    3.    Joaõ    Bautiíl.    Moreli   Keduc.  j   Keft. 


L  USITAN A. 


295 


di  Vortug,  Pftit.  3.  n.  4.  Vafconccl.  in  Dtf- 
tript.  Ijifit.  pag.  788.  Natividade  Mont.  de 
\  Cor.  Mont.  2.  Coroa  8.  n.  87.  Fr.  Ant.  á 
Purif.  de  Vir.  lllufir.  lib.  i.  cap.  30.  e  na 
Qiron.  da  Provinc.  de  Portug.  Par.  2.  lib.  j. 
Tit.  3.  §.  22.  Hcrrcr.  in  Alphab.  Auffift. 
Tom.  I.  pag.  48.  Cruíen.  Monafi.  Part.  3. 
cap.  2.  et  47.  Gratian.  Anaft.  Aitgfi/HH.  p. 
54.  Camargo  Chron,  Sac.  e  Epit.  HiJIor.  pag. 
^t8.  vcrf.  Diogo  Gouvea  de  Barrad.  feu  fo- 
hrinho  Antig.  de  Beja.  Lív.  3.  cap.  42.  e  43. 
loan.  Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  Lujit.  Literat. 
'ir.  A.  n.  87.  Jarric.  Ther^aitr.  rer.  Indic.  lib.  3. 
i  .ip.  7.  TciíTicr  EJog.  dos  Hommes  llluft.  Tom.  2. 
pag.  mihi  226.  Morcry  Diccion.  Hijloriq.  Verb. 
Gouvea,  cujo  elogio  lhe  mandámos  com  outros 
muitos  de  Authorcs  Portuguc2cs  que  excediaõ 
o  numero  de  trezentos  para  o  novo  fuplemen- 
to  da  Impreflaõ  do  anno  de  1725.  os  quaes 
fc  diílinguem  com  eftas  palavras.  Memor.  de 
Por/ug.  ou  Bib.  Portug,  M.  S.  no  fim  de  cada 
hum.  Fonfeca  Bvor.  Glorio/,  pag.  410.  e  o  P. 
D.  Manoel  Caet.  de  Souf.  Cathalog.  HiJIor. 
dos  Summos  Poníif.  Card.  Bifpos  Portug.  pag. 
1 1 7.    Compoz. 

Jornada  do  Arcebifpo  de  Goa  D.  Fr.  A/eixo 
de  Menet(es  Primata  da  índia  Oriental  Keligiofo  da 
Ordem  de  Santo  Agojlinho  quando  foy  às  Serras  do 
Malavar,  e  lugares,  em  que  moraõ  os  antigos  Chrif- 
faõs  de  Saõ  Thomé,  e  os  tirou  de  muitos  erros,  e 
heregias  em  que  ejlavaõ,  e  redtn^io  à  nojja  Santa 
Fè  Catholica,  e  obediência  da  Santa  Igreja  Promana 
da  qual  pajjava  de  mil  annos,  que  ejlavaõ  apartados. 
Coimbra  por  Diogo  Gomes  Loureiro  Impref- 
for  da  Univerfidade  1606.  foi. 

Deíla  obra  diz  Jarric.  in  The^aur.  rer. 
Ind.  lib.  5.  cap.  7.  doãe  eleganter  magno- 
que  judicio  confcripta.  Delia  faz  mençaõ 
António  de  Leon  Bib.  Orient.  Trat.  3. 

Sahio  traduzida  em  Caílelhano  por  Fr. 
Francifco  Munõz  Agoílinho,  e  em  Fran- 
cez  por  Fr.  Joaõ  BautiJfta  de  Glen  com  efte 
titulo. 

Hijloire  Orientale  das  ^ans  proles  dei* 
Fglije  Cathol  Apojl.  e  Rom.  en  la  re- 
duãion  des  anciens  Chrejliens  dits  de  Saõ 
Thoma:^  de  plujieurs  autres  Schijmatiques, 
et  Heretiques  a  Vunion  dela  vraye  Eglife. 
Converjion  encor  de  Mahometains,  Mores,  e 
Pajens.      Par    les    bons    devoirs    du    Reveren- 


diftme,  e  lllujlrifmt  Seiffteur  D.  A/exis  de  Mene- 
v^es  deVOrdre  des  Tirímites  de  S.  Augujlin,  Arcbe- 
vtfque  de  Goa,  e  Primai  en  tout  V  Orient.  Anver» 
per  Hierorme  Verdulíen.  1609.  8.  Bruxeles 
por  Velpío  1609.  8.  e  Cólon,  por  Heningia 
1611.  8. 

Vida,y  mueríe  dei  bendito  Padre  Juan  de  Dior 
Fundador  dela  Orden  dela  hofpitalidad  delos  pobres 
enfermos.  Madrid  por  Thomaz  Junti  ImprdTor 
delRey.  1624.  4.  augmentado  por  Fr.  Antónia 
de  Moura  Ibi  por  Frandrco  de  Ocampo. 
1632.  4.  et  ibi  por  Melchior  Alegre.  1669. 
4.  et  ibi  por  Roque  Rico  de  Miranda.  1674. 
4.  Cadiz  1647.  4.  António  Arauzio  in  lib. 
de  bene  difponendi  Bibliothecam  Pradicam.  13. 
diz  que  efta  vida  está  elegantemente  cfcrita. 

Glorio/o  triumfo  de  três  Martjres  EJpanoler 
dos  Portuguev^es  Frqyles  de  Santo  Augujlin,  y 
uno  Caftellano.  Madrid  por  Juan  Gonzalez 
1625.  8. 

Epitome  dela  vida,  y  milagros  dela  B.  Clara 
de  Monte  Falco  Augujliniana.  Madrid  por  la, 
viuda  de  Alonfo  Martin  1625.  4. 

Relação  em  que  fe  trataõ  as  guerras,  e  grander 
vitorias  que  alcançou  o  ^ande  R^  da  Perjia  Xá 
Abbás  dograô  Turco  Mahometo,  e  feu  filho  Amethe 
as  quaes  refultáraÕ  das  Embaxadas  que  por  mandad(y 
da  Catholica  Real  Mageflade  delRey  D.  Felippe  II. 
de  Portugal  fi^eraõ  alguns  Religiofos  da  Ordem^ 
dos  Eremitas  de  Santo  Agoflinho  à  Perfia.  Lisboa 
por  Pedro  Crasbeeck  161 1.  4.  Sahio  vertida 
em  Francez  Ruan  chez  Nicol.  Loyfelet.  1646. 
4.  Erudito  intitula  efte  livro  o  P.  Balthezar 
Telles  Uifl.  de  Etiop.  Alt.  liv.  i.  cap.  5. 
e  he  allegado  por  Joaõ  Baptifla  Lavanha. 
à  margem  da  4.  Decad.  de  Barros  liv.  3. 
cap.   2. 

Relaçoens  da  Perfia,  e  do  Oriente.  Lis- 
boa 1609.  4.  Saõ  diverfas  da  precedente, 
e  fahiraõ  fem  nome  do  Author  como  diz  Car- 
dofo  Agiol.  Euftt.  Tom.  5.  pag.  80.  let.  H. 

Sermão  nas  exéquias  de  André  Furtado- 
de  Mendoça  Governador  que  foy  da  índia  no  Con- 
vento de  NoJJa  Senhora  da  Graça  de  Lisboa  anno- 
Domini  1610.  Lisboa  por  Vicente  Alvares 
1611.  4. 

Relacion  de  la  gloriofa  muerte  que  lor 
Turcos  dieron  a  D.  Pedro  de  Miranda  Ca- 
vallero  Efpanol  en  la  Ciudad  de  Argel  el  ano- 
1620.    Efcrita  a  20.  de  Outubro  defte  anno. 


296 


BIBLIO  THE  CA 


M.  S.  O  original  confervafe  na  Livraria  do 
Convento  de  N.  Senhora  da  Graça  defta 
Cidade  onde  o  vimos. 

Vida  do  lllufirijfimo  Arcebifpo  D.  Fr. 
Aleixo  de  Mene:(€s.  Deíla  obra  o  faz  Author 
Fr.  Pedro  Po j  ares  no  Vanegirico  da  Villa  de 
Barcellos.  cap.  88.  foi.  196. 

P.  ANTÓNIO  DE  GOUVEA  natural  da 
Villa  do  feu  appelido  da  Diocefe  de  Coimbra, 
como  efcreve  o  P.  Francifco  da  Cruz  nas  Mem. 
M.  S.  para  a  Bibliotheca  Portuguei^a  pofto  que 
afíirmem  fer  do  lugar  do  Cafal  no  Bifpado 
de  Vifeu  Sotuelo.  in  Bib.  Societ.  pag.  74.  e  o 
P.  Franco  in  Ann.  glorio/.  S.  J.  in  'Lufit.  pag. 
710.  e  na  Imag.  da  Virtud.  em  o  Noviciad.  de 
Coimbra  Tom.  2.  pag.  612.  Foy  filho  de 
Manoel  de  Almeyda,  e  Maria  Deiró.  Na  tenra 
idade  de  quinze  annos  entrou  na  Companhia 
a  II.  de  Mayo  de  1608.  onde  acabada  a  carreira 
dos  eftudos  efcolaUicos  fe  dedicou  totalmente 
em  lucrar  almas  para  Chriílo  nas  regioens 
Orientaes.  Logo  que  teve  faculdade  dos  Prela- 
dos partio  com  fummo  jubilo  para  a  índia, 
e  na  cultura  do  Império  da  China  derramou 
copiofos  fuores  pelo  largo  efpaço  de  trinta 
annos.  Levantada  huma  furiofa  tempeítade 
contra  os  Miniílros  Evangélicos  foy  conduzido 
prezo  a  Corte  de  Pekim  donde  o  defterraraõ 
com  vinte,  e  quatro  companheiros  para  a 
Cidade  de  Cantaõ  ultima  de  taõ  vafto  Impé- 
rio. Neíle  lugar  padeceo  por  féis  annos  com 
inviâa  conftancia  infinitas  moleílias  até  que 
certificado  o  Emperador  da  fua  innocencia 
o  mandou  chamar  à  Corte,  e  lhe  concedeo 
ampla  faculdade  para  pregar  as  verdades 
do  Evangelho.  Foy  inexplicável  o  alvo- 
roço do  feu  efpirito  com  efta  permiíTaõ  difcor- 
rendo  de  hum  para  outro  lugar  com  incanfa- 
vel  velocidade  para  aggregar  mais  filhos  à 
Igreja  Catholica,  levantando  huma  Igreja  na 
Província  de  Tokiem  até  que  neftes  apofto- 
licos  miniílerios  paíTou  a  milhor  vida  no  mez 
de  Fevereiro  de  1677.  com  84.  annos  de 
idade.  Foy  fepultado  fora  da  Capital  de 
Tocheu  fazendo  delle  memoria  o  P.  Profpero 
Intorcetta.  Narration  dela  Mijfion  Chinef.  pag. 
35.  Compoz  parte  da  obra  feguinte. 

Innocentia  viãrix,  five  Sententia  Comi- 
Jiorum    Imperii    Sinici   pro    innocentia    Chrif- 


tiana  Keligionis  lata  juridice  per  annum  1669. 
jinico-latine  expojita.  In  Qiiàm  chéu  metropoli 
Provinda  Quàm-tum  in  Kegno  Sinarum.  Anno 
Salutis  humana  1671.  4.  grand.  Impreflb 
em  papel  da  China  o  qual  vimos. 

Cathecifmo  na  lingua  Chinenje  como  affirma 
o  P.  Gabriel  de  Magalhaens  em  a  NouvelU 
Kelation  dela  Chine.  Pariz  ches  Claude  BarbiiL 
1688.  4.  pag.  loi. 

Afia  Extrema.  Hntra  nella  a  Fè;  pro- 
mulga/e a  Ley  de  Deos  pelos  Padres  da  Com- 
panhia de  JESUS.  Primeira  Parte  dirigida 
à  Mageftade  do  Serenijfimo  'Key  D.  Joaõ 
o  IV.  noffo  Senhor  anno  de  1644.  Coníla  de 
6.  livros.  Começa  o  primeiro.  O  primeiro 
homem,  que  os  Chins  conhecem,  e  nomeaõ  por  R^. 
Acaba.  Conclue-Je  toda  efia  primeira  Parte 
com  caftigos,  que  ate  agora  continuaõ  nefie  Reyno 
por  naõ  querer  em  fi  a  Lej  SantiJJima  de  Deos, 
Jeus  Pregadores  Evangélicos  para  que  JaybaÕ 
os  Monarchas,  que  em  a  confervar,  e  guardar 
efià  a  confervaçaõ  de  Jeus  Impérios.  O  ori- 
ginal efcrito  em  papel  da  China  fe  conferva 
na  Livraria  de  Jozé  Freyre  Monterroyo 
Mafcarenhas  bem  conhecido  pela  fua  vaftiífima 
erudição,  onde  a  vimos. 

Hifioria    da    China    dividida    em  féis    Ida- 
des tirada  dos  livros  Chinas,  e  Portugueses  com 
o    continuo    eftudo,   e   objervaçoens  de   20.   annos 
em  a  Metrópole  de  Fó  a  20.  de  Janeiro  de  1654. 
com  hum  apendix  da  Monarchia  Tartarica.  foL  J 
M.  S.   Confervafe  em  a  BibUotheca  delRey  , 
Catholico   como    fe   efcreve   na   Bib.    Orient. 
de    António    de    Leon    novamente    addicio-^ 
nada.  Tom.  i.  Tit.  7.  col.  113.  p 

Fr.  ANTÓNIO  DA  GRAÇA  Ere- 
mita Auguítiniano  da  Província  da  índia 
Oriental.  Para  que  exaétamente  fe  obfervaf- 
fem  os  ritos  Ecclefiafticos  aíTim  no  Altar, 
como  no  Choro  efcreveo. 

Ceremonial  da  Ordem  M.  S. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  GRAÇA  ReU- 
giofo  profeíío  da  Seráfica  Província  de  S. 
Thomé  em  a  índia  Oriental  Meílre  jubi-, 
lado  na  Sagrada  Theologia.  Compoz  para 
ufo  dos  feus  Religiofos. 

Theologia  Moral  A 

Que  poílo  fe  naõ  imprimio,   corre  três- 


I 


L  USITANA. 


297 


ladada  em  varias  copias  com  igual  credito  do 
Author,  como  proveito  dos  cíludiofos. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  GRAÇA  Na- 
ceo  ao  lugar  de  Maçarellos  arrebalde  da  Cidade 
do  Porto  a  28.  de  Janeiro  de  1668.  fendo 
filho  de  FranciTco  Joaõ,  e  Cuílodia  Martins 
peííoas  honradas,  e  virtuofas.  Recebeo 
o  penitente  Habito  de  Saõ  Francifco  no 
Convento  de  N.  Senhora  da  Conceição 
de  Mathozinhos  da  Provincia  de  Portugal 
a  17.  de  Outubro  de  1716.  Aprendeo  Filo- 
fofia  no  Convento  de  Guimaracns,  e  Theo- 
logia  no  Collegio  de  S.  Boaventura  da  Uni- 
vcrfidadc  de  Coimbra,  onde  foy  CoUcgial, 
e  PaíTantc  do  numero.  Deixando  o  applaufo 
que  lhe  podia  refultar  das  Cadeiras,  para 
cujo  emprego  tinha  grande  talento  fe  appli- 
cou  ao  Miniílcrio  do  Púlpito  disfcorrendo 
como  miflionario  Apoílolico  pelos  Bifpa- 
dos  de  Lamego,  Porto,  e  Braga,  donde 
colheo  copiofo  fruto  com  a  reforma  de  infi- 
nitas almas.  Defta  fagrada,  e  laboriofa  occu- 
paçaõ  foy  chamado  para  CommiíTario 
dos  Terceiros  defta  Corte  que  prefentemente 
exercita  com  grande  zelo,  e  edificação.  Im- 
primio. 

Oraçaõ  fúnebre  nas  exéquias  do  Excelentijftmo 
Senhor  Gajiaõ  Jo^é  da  Camará  Coutinho  cele- 
bradas pela  Venerável  Ordem  3.  da  Penitencia 
no  Real  Convento  de  Sm  Francifco  da  Cidade 
de  Lisboa  Occidental  aos  z^.  de  Setembro  de  1736. 
Lisboa  na  Officina  da  Mufica  de  Theotonio 
Antunes  Lima.  1756.  4. 

Sermaõ  das  Dores  de  N.  Senhora  pregado 
na  Santa  Bafilica  Patriarchal  em  28.  de  Março 
de  1738.    Lisboa  1738-4. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  GUILHER- 
ME natural  de  Lisboa,  filho  de  Manoel 
Rodriguez  de  Amorim,  e  Margarida  de 
Almeyda,  Na  flor  da  idade  elegeo  a  Reli- 
gião dos  Eremitas  Auguílinianos,  e  no  Con- 
vento de  Lisboa  profeflbu  taõ  Sagrado  infti- 
tuto  a  10.  de  Fevereiro  de  1696.  Sendo  verfado 
nas  matérias  Theologicas,  o  naõ  era  menos 
nas  letras  humanas,  e  Poefia  affim  latina  como 
vulgar  como  teftemunhaõ. 

Quatro  Sonetos,  huma  Decima,  e  hum  Ko- 
mance  Achrofiico,  e  Endecafjllabo  à  morte  do  Bai- 


lio de  Lâjfa  D.  Fr.  Filippe  di  Távora,  i  Noronha, 
que  íahiraõ  com  outras  Poefias  a  eíle  aíTun^to. 
Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva  ImpreíTor  de 
Sua  MageAade.  1716.  4. 

La  Finn^a  Coronada  Comedia  £amoía 
M.  S. 

Morreo  no  Convento  de  Tavira  em  Se- 
tembro de  1751. 

ANTÓNIO  HENRIQUES  GOMES. 

Naceo  em  Portugal,  educou-fe  em  Caítelia, 
e  em  França  foy  Cavaileiro  da  Ordem  de  S. 
Miguel,  Confelheiro,  e  Mordomo  Ordinário 
delRey  ChriftianiíTimo.  Ainda  que  nos  pri- 
meiros annos  naõ  fe  applicou  a  fciencia 
alguma  por  inércia  de  feus  Pays,  tanto  que 
chegou  a  paíTar  da  adolefcencia  como  o  génio 
o  incitava  para  os  eftudos,  começou  fem  ter 
Meftre  a  fer  difcipulo  de  fi  próprio,  íahindo 
igualmente  verfado  na  Hiftoria  Sagrada,  e 
profana,  como  perito  na  fciencia  politíca,  c 
Poefia  Cómica,  de  que  faõ  manifeftos  argu- 
mentos as  fuás  difcretas,  e  engenhofas  obras 
que  affirma  no  Prologo  do  Poema  Heróico 
de  SanfaÕ  as  compufera  defde  o  anno  de  1640 
até  1649.  a  libro  por  ano,  ua  ano  por  libro,  cujos 
titulos  faõ  os  feguintes. 

Sanfon  Nan^areno.  Poema  Heróico.  Ruan 
por  Lourenço  Maurry.  1656.  4.  com 
eftampas.  Cuja  obra  louva  o  P.  António  dos 
Reys  in  Enthufiafm.  Poetic.  que  ferve  de 
prologo  aos  feus  agudos  Epigrammas  n. 
32.  nefta  forma. 

=     totó  celebratus  in  Orbe 
Gomefius    validi    calamo,    qtá    tollit    in    afira 
Sanfonis  benefaãa. 

El  figlo  Pythagorico,  y  vida  de  D.  Gre- 
gório Guadana.  Ruan  por  Laurencio  Maur- 
ry. 1644.  4.  Profa,  e  verfo. 

Luiv^  dado  por  Dios  a  Lui^,  J  Ana.  Sa- 
muel dado  de  Dios  a  Llcana,  y  Ana.  Pariz 
por  René  Baudry.  1645.  Profa. 

Academias  morales  delas  Mufas.  Bor- 
deaux  por  Pedro  dela  Court.  1642.  4.  Madrid 
por  Jozeph  Fernãdes  de  Buendia.  1660. 
4.  Poefia. 

La  culpa  dei  primero  Peregrino.  Ruan 
por    Laurencio    Maurry.    1644.    4.     Poefia. 

Politica  Angélica  i.  *  2.  Part.  Ruan  pelo 
mefmo  ImpreíTor.  1647.  4. 


298 


BIBLIO  THE  CA 


Triumpho  L.uJitano  no  qual  fe  contem  a  felice 
acclamaçaõ  delKey  D.  Joaõ  o  IV.  e  a  embaixada, 
que  Francifco  de  Mello  Monteiro  Mor  do  Rejno, 
e  o  Doutor  António  Coelho  de  Carvalho  fit^eraõ 
por  feu  mandado  à  Magejlade  Chrijlianijftma  de 
Lui:(^  XIII.  Rey  de  França.  Pariz.  1641.  4. 
Sem  o  nome  do  Author. 

No  ay  contra  el  honor  poder. 
Enganar  para  Rejnar. 
Eftas  duas  Comedias  fahiraõ  impreflas  Madrid 
en  la  Imprenta  Real  1652.  4. 

No  Prologo  ao  Sanfaõ  Nazareno  diz. 
Las  mias  Comedias  fueron  veinte,  y  dós,  cujos 
titulos  pondré  aqui  para  que  fe  conojcan  por  mias, 
pues  todas  ellas,  o  las  mas  que  fe  imprimen  en 
Sevilla  les  dan  los  Impreffores  el  titulo,  que  quieren, 
y  el  dueno  que  fe  les  antoja. 

JE/  Cardenal  Albornos    i.    e   2.    Parte. 

Enganar  para  Reynar. 

Diego  de  Camus 

El  Capitan  Chincilla. 

Fernan   Mendes    Pinto    i.    e    2.    Parte. 

Zelos  nó  ofenden  ai  Sol. 

El  Rayo  de  Palejlina. 

Las  Soberbias  de  Nembrot. 

Alo  que  obligan  los  ^elos. 

Lo  que  paffa  en  media  noche. 

El  Cavallero  de  Gracia. 

La  prudente  Abigail. 

Alo  que  obliga  el  Honor. 

Contra  el  Amor  no  ay  enganos. 

Amor  con  vijia,  y  cordura. 

La  fuer^a  dei  heredero. 

La  Cafa  de  Aujlria  en  Efpana. 

El  Sol  parado. 

El  trono  de  Salamon  1.  e  z.  Parte. 
No     mefmo     prologo     promete     as     obras 
feguintes. 

Torre  de  Babilónia  1.  Parte 

Aman,  y  Mardocheo. 

El  Cavallero  dei  milagro. 

Jofue.   Poema  heróico. 

Triumphos  immortales.  en  rimas. 
Delle  fe  lembraõ  Nic.  Ant.  in  Bib.  Hifp. 
Tom.  2.  pag.  317.  e  655.  Joan.  Soar.  de 
Brito  in  Theat.  Lufit.  Litter.  lit.  A.  n.  88. 
e  D.  Franc.  Manoel  na  Carta  efcrita  ao 
Doutor  Manoel  da  Fonfeca  Themudo  que 
he  a  I.  da  4.  Centúria  das  fuás  Cartas  Fami- 
liares. 


ANTÓNIO  HOMEM  natural  de  Coim- 
bra, e  filho  de  Jorge  Vaz  Brandão.  Na  Uni- 
veríidade  da  fua  pátria  recebeo  o  gráo  de 
Doutor  na  faculdade  de  Cânones,  e  levando 
por  oppofiçaõ  huma  Cathedrilha  em  22.  de 
Fevereiro  de  1592.  paíTou  à  Cadeira  de  Clemen- 
tinas  no  anno  de  1597.  e  dcfta  à  do  Decreto 
em  1603.  Entrou  a  fer  Lente  de  Vefpera 
em  18.  de  Fevereiro  de  1610.  e  ultimamente 
de  Prima  em  28.  de  Novembro  de  16 14.  Foy 
Cónego  Doutoral  da  Sé  de  Coimbra  de  reíi- 
dencia  provido  em  20,  de  Março  de  1610. 
Sendo  prezo  em  18.  de  Dezembro  de  1619. 
por  culpas  de  Judaifmo,  que  obftinadamente 
negou,  foy  relaxado  à  juftiça  Secular  que  o 
condenou  à  morte  em  5.  de  Mayo  de  1624. 
As  Cafas  em  que  morava  na  rua  dos  Oleiros 
em  Coimbra,  foraõ  demolidas,  e  fobre  as 
minas  fe  levantou  hum  padraõ  para  eterna 
memoria  da  fua  infâmia,  fendo  ainda  agora 
conhecido  pela  antonomaíia  de  Praceptor  infe- 
lix.  Diftou  as  poíHllas  feguintes  em  que  eílaõ 
incluídas  fubtis,  e  profundas  doutrinas  de 
hum,  e  outro  Direito,  fendo  o  feu  nome  ainda 
que  horrorofo  na  poíleridade,  fempre  conhe- 
cido pela  fua  grande  Sabedoria. 

De  Adulteriis  didada  em  12.  de  Dezem- 
bro de  1590. 

De  Commodato.  em  23.  de  Novembro 
de   1595. 

Ad  Tit.  de  Solutionibus  em  28.  de  Mayo 
de  1596. 

De  clavium  potejiate  ad  Cap.  Quodcumque 
XXIV.  quiBfl  I.  com  o  Tratado  Utrum  Clavium 
potejlas  extendatur  ad  remijftonem  peccati  quoad 
culpam,  em  o  anno  de  1596. 

Ad  Rub.  Non  debet  zz.  lib.  6.  em  3.  de 
Novembro  de  1597. 

Ad  Tit.  de  Prafcriptionibus  in  6.  no  anno 
de  1600. 

De  Reflitutione  in  inte^um. 

De  Cenfuris  ad  Cap.  Nemo  Contemnat 
XI.   quafl.    3.   em    5.    de   Outubro   de    1606. 

Utrum  Claves  errare  pojftnt? 

Qui  fila  fint  legitimi  diâada  no  anno  de 
1608.  Deíla  poíUlla  tranfcreveo  grande  parte 
Diogo  António  Fajardo  de  Legitimatione 
per  fubfeq.  matrimon.  memb.  2.  ex  n.  100. 
o  que  já  tinha  advertido  o  Dezembar- 
gador  Jozé  dos  Santos  Palma  em  as  doutas 


LUSITANA. 


299 


addiçocnf  que  íez  1  Phcb.  Decif.  176.  vcrf. 
Sedhae  ratio,  ôc  vcrf.  Tanta  tft. 

De  priviUffis  ad  Ttxt.  in  Cap.  cum  olim 
14.  em  20.  de  Outubro  de  161 ). 

Ad  Tit  de  Concejfton.  Prabend.  Ecclef.  non 
Vacantis  em  3.  de  Novembro  de  16 18. 

Clement.  mica  de  Offim  Vicarij 

Clement.  fi  furiofm  de  Homicidio. 

De  Exceptionibtu. 

In  6.  Deere  t.  de  Prafcription. 

Cap.  ultim.  de  lis,  quifuerint  à  majorum  parte. 

Clemen.  Statut.  d»  ele£Hone,  et  eleílorum 
potejiate. 

Sobre  os  privilégios  dos  Templários,  e  de  algu- 
mas Cidades  do  Reyno  M.  S.  Confervafc  na  Livra- 
ria do  Conde  de  Vimieiro. 


ANTÓNIO  DE  S.  JERÓNIMO 
JUSTINIANO  Naceo  em  Lisboa  a  4.  de 
Outubro  de  1675.  e  a  16.  do  dito  mez  foy  bau- 
tizado  na  Real  Igreja  de  N.  S.  da  Conceição, 
Tendo  filho  de  António  Gonçalvez,  e  Magda- 
iena  Eftevez  da  Sylva.  Aprendeo  os  preceitos 
armonicos  da  Arte  do  Contraponto  com  o  infi- 
gne  António  Marquez  Lésbia  Meftre  da  Capella 
Real  de  quem  fe  fará  illuílre  memoria  em  feu 

I lugar  de  cuja  efcola  fahio  doutamente  inftruido. 
Na  idade  de  22.  annos  recebeo  o  Canónico 
habito  da  Congregação  do  Evangeliíla  em  o 
Convento  de  S.  Bento  de  Enxobregas  a  2.  de 
Julho  de  1697.  onde  naõ  fomente  exercitou 
pelo  efpaço  de  féis  annos  o  lugar  de  Meftre 
da  Capella,  mas  paíTando  ao  Collegio  de  Évora 
eftudou  as  fciencias  Efcholafticas  no  qual  foy 
Sancriftaõ  Mór,  e  ViceReytor.  Movido  de 
cauzas  juftificadas  fahio  da  Congregação  para 
onde  tem  regreíTo  concedido  pelo  Capi- 
tulo Geral  fendo  agora  Capellaõ  da  Sump- 
tuoza  Igreja  de  N.  Senhora  do  Loreto. 
Pela  femelhança  que  os  números  armonicos 
tem  com  os  métricos  fendo  profeílor  de  Mufica 
o  he  taõbem  da  Poeíia  de  cuja  Arte  publi- 
cou as  feguintes  obras  a  diverfos  aííumptos. 
Applau^o  obfequiofo  ao  Senhor  Paulo  Je- 
ronymo  de  Medicis  fendo  Provedor  da  Igre- 
ja de  N.  S.  do  Loreto  da  NaçaÕ  Italiana 
mandando  fat(er  nella  mejma  huma  Jumptuo- 
Jijftma  fabrica  de  admirável  architeãura  para 
nella  fe  depofitar  o  Santijftmo  Sacramento 
Jtas    Endoenças    dejle   premente    anno    de    1755. 


Lisboa  por  Pedfo  Ferteiía  ImpreíTor  da  Sete- 
niíTima  Rainha  NoíTa  Senhota  1755.  4. 
Confta  de  huma  relaçaõ  em  proíâ,  e  de 
hum  Romance  Heróico  em  que  ít  defcreve 
aquella  fabrica. 

Elogio  ao  P.  António  dos  Keys  da  Conffegfl^aJf 
do  Oratório  pregando  nas  fumptuo^ijftmas  exé- 
quias da  Excellentijftma  Senhora  D.  Francifca 
dt  Mindofa  Condeffa  de  Atalaya.  Lisboa  1755. 
4.  fem  nome  do  ImpreíTor,  coníla  de  hum 
Romance  heróico. 

Ftmeral  obfequio  da  mais  trifle  Saudade  em 
repetidos  fufpiros  em  a  morte  da  Serenijftma 
Senhora  D.  Francifca  Infanta  de  Portugal  pon- 
derando nelles  a  circumflancia  de  fer  em  Oriente 
fepultada,  fallecendo  em  Occidente.  Lisboa  na 
Officina  Rita-CaíTiana  1756.  4.  Confta  de  7. 
Sonetos,  hum  Mote  gloíTado,  e  no  fim  outro 
Soneto. 

Com  o  nome  de  Thomazia  Caetana  de 
Aquino. 

A  morte  da  Serenijftma  Senhora  D.  Fran- 
cifca Infanta  de  Portugal  ponderando  as  cir- 
cunftancias  do  dia  em  que  falleceo,  e  fe  fepul- 
tou,  em  hum  Soneto  com  fua  glofa,  e  três 
Decimas.  Lisboa  na  Officina  Ritta-CaíTiana. 
1736.    4. 

Ljdãuofos  Ays  do  pranto  mais  enternecido 
na  fentida  morte  da  Serenijftma  Senhora  D.  Fran- 
cifca de  Portugal  expendidos  em  14.  Outavas 
Rimas  glojfando  nellas  o  celebrado  Soneto  que 
principia.  Com  fatal  ouzadia  horror  tyrano. 
Lisboa   na   Officina   Rita-CaíTiana.    1736.    4. 

Com  o  nome  de  D.  Águeda  fiaria  do 
Sacramento, 

Glojfa  ao  Soneto.  Defmayado  Planeta 
que  accidente?  Compofto  por  Manoel  Pe- 
reira da  Cofta;  à  morte  da  Serenijftma  Infanta 
de  Portugal  D.  Francifca.  Lisboa  na  Officina 
Almeydiana.  1736.  4, 

Com  o  nome  de  D.  Brites  da  Conceição. 

Glofa  ao  Soneto  Do  Jardim  Luzo  a  melhor 
flor  fem  vida;  compofto  por  Manoel 
Pereira  da  Coita  ao  mefmo  aíTumpto  que  o 
precedente.  Lisboa  na  dita  Officina. 
1736.  4. 

Entemicido  canto  poético  bijlorico,  e  moral 
â  morte  de  Diogo  de  Mendoça  Corte  real 
Secretario  do  EJiado  do  Sempre  augujlo  Kej, 
e  Senhor  nojfo  D.  Joaõ  o  V.    Lisboa  na  dita 


3oo 


BIBLIO  THECA 


Officina.  1736.  4.  Coníla  de  hum  Romance, 
hum  mote,  e  três  Sonetos. 

Mífcellanea  do  ParnaJJo  dividida  em  cantos 
poéticos  divinos,  e  humanos.  Lisboa  por  Maurício 
Vicente  de  Almeyda.  1737.  4. 

Aos  felicijftmos  annos  do  fempre  augujlo 
'Key,  e  Senhor  nojfo  D.  JoaÕ  o  V.  Coníla  de  6. 
Decimas  foi.  fem  anno  da  ImpreíTaõ. 

yV  morte  do  Excellentijfimo,  e  Reveren- 
dijftmo  Senhor  Monjenhor  D.  Caetano  Cava- 
lieri  Arcehijpo  de  Tarjo,  Núncio  Apojlolico, 
e  legado  à  Alatere  nejies  Rejnos  de  Portugal 
Epigramma  Portuguef^  in  foi.  Sem  anno, 
e  nome  do  ImpreíTor. 

Kelaçaõ  funeral  luãuofa  Panegyrica  Moral, 
e  poética  da  morte  do  Excellentijfimo,  e  Keveren- 
dijjimo  Senhor  Caetano  Cavalieri  Arcehijpo  de 
Tarjo  Núncio  de  Jua  Santidade  nejle  Rejno. 
Lisboa  na  Officina  Almeydiana.  1738.  4. 
Confta  de  hum  Romance  de  193.  coplas,  e 
hum  epigramma  Latino  por  epitáfio. 

Alivio  nas  lagrimas  com  as  Jelices  me- 
lhoras do  Serenijfimo  Senhor  D.  António  In- 
Jante  de  Portugal.  Lisboa  na  Officina  Almey- 
diana. 1739.  4-  Confta  de  hum  Romance 
Hendeca  ffilabo. 

Romance  Herojco,  e  hum  Soneto  em  applaujo 
dos  Sermoens  de  Fr.  Francijco  Xavier  da 
Rocha  Religiojo  Arrabido.  Sahio  no  2.  Tom. 
dos  Sermoens  deíle  Author. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  JESUS  natural 
da  Villa  de  Aveiro  da  Diocefe  de  Coimbra. 
Com  a  mudança  que  fez  de  Portugal  para 
Caílella  taõbem  mudou  o  Habito  Secular 
no  de  Religiofo  profeílando  o  auítero  Inf- 
tituto  dos  Carmelitas  Defcalços.  Em  o  Novi- 
ciado fe  fez  taõ  exemplar  aos  feus  compa- 
nheiros, que  delle  aprendiaõ  a  exa£ta  obfer- 
vancia  da  Regra.  Amante  da  folidaõ 
viveu  fempre  retirado  do  comercio  humano 
fahindo  poucas  vezes  fora  do  Clauilro  em 
beneficio  dos  feus  próximos.  Nos  Sermo- 
ens em  que  teve  muitas  vezes  por  ouvintes 
ao  Cardeal  Mofcofo  Bifpo  de  Jaen  era  o 
feu  principal  difvelo  propor  a  fermofura  das 
virtudes  para  ferem  imitadas,  e  a  fealdade 
dos  vicios  para  que  foíTem  aborrecidos.  No 
afpero  deferto  das  Neves  fituado  na  Serra 
de  Ronda  afligia  o  corpo  com  taes  morti- 


ficaçoens  que  exccdiaõ  as  que  pradicáraõ  os 
Macarios,  Antonios,  e  Hilaroens  nas  Nitrias, 
e  Thebaidas.  Julgando  fer  contra  a  perfei- 
ção evangélica  viver  fó  para  fi  occupava  o 
tempo  vago  dos  feus  virtuofos  exercidos  em 
efcrever  cartas,  e  outras  obras  afceticas  com 
que  inflamava  os  coraçoens  no  amor  de  Deos. 
As  virtudes  com  que  em  vida  refplandeceo 
quiz  manifefl:ar  o  Ceo  em  a  noute  de  19.  de 
Janeiro  de  1648.  em  que  efpirou  fendo  viíla, 
e  admirada  por  todos  os  moradores  de  Má- 
laga, huma  grande  luz  fobre  a  fua  Cella.  Com- 
poz. 

Obras  Myjlicas  de  excellente  doutrina,  que 
conforme  teftifica  Jorge  Cardofo  Agiol.  Ljéjit. 
Tom.  2.  pag.  329.  fe  eílampáraõ. 

Breve  compendio  delas  canciones  dei  exercido  de 
amor  entre  el  alma,  j  Ju  ejpojo   Chrijlo  M.  S. 

Efla  obra  fe  conferva  na  Bibliotheca  dos 
Trinos  Defcalços  de  S.  Carlino  em  Roma. 
Do  Author  fe  lembra  brevemente  a  Chron. 
dos  Carmel.  DeJcalJ.  Hv.  6.  cap.  32.  n.  5. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  JESUS  natural  de  Lis- 
boa. Nos  primeiros  annos  fe  applicou  ao  eíhido 
da  Mufica  fendo  feu  Meftre  Duarte  Lobo  infi- 
gne  profeflbr  defta  faculdade,  e  entrando  na 
ReUgiaõ  da  Santiflima  Trindade  foy  nella  taõ 
excellente  Mufico  como  exemplar  Religiofo. 
Pela  profunda  fciencia  defta  arte  foy  elevado  a 
Lente  em  a  Univerfidade  de  Coimbra  em  27.  de 
Novembro  de  1636.  e  mereceo  particulares  ef- 
timaçoens  do  Sereniffimo  Rey  D.  Joaõ  o  IV. 
Mecenas  defta  fuave  faculdade.    Foy  fumma- 
mente  zelofo  do  culto  divino,  e  da  obfervancia 
dos  Sagrados  ritos,  compaffivo  para  os  pobres, 
benévolo  para  os  domefticos,  e  unicamente  fe- 
vero  para  a  fua  peííoa.    Morreo  em  Coimbra, 
e  eftá  fepultado  na  Igreja  do  Collegio  dos  Reli- 
giofos  Trinos  com  efte  epitáfio. 
Fr.  Antonius  á  ]eju 
Mujices  Academicus  projejfor 
Vir  religiojijftmus. 
Et  v(elo  divini  cultus  ardentijjimus, 
In  quo,  <&  Jublevandis  pauperibus 
Totum    Cátedra  Jlipendium   conjumehat. 
Obiit  15.  Aprilis.  1682. 
Compoz. 

Diverjas  obras  mujicas,  as  quaes  fe  con- 
fervaõ   na   Bibliotheca   Real   da   Mufica   co- 


L  USITANA. 


3o  I 


mo  fe  podem  ver  no  Cathalogo  delia  im- 
preíTo  em  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck. 
1649.  4.  Sendo  as  princípaes. 

Miffa  do  I.  Tom.  a  10.  vozes,  outra  a  12. 
e  duas  a  8.  Na  eíUnte  56.  n.  80 j. 

Dixif  Dominus  do  8.  Tom.  a  12.  vozes 
Eílant.  34.  n.  795. 

Compoz  em  Solfa  hum  viliancico  á  Na/tpi- 
Jade  áe  N.  Senhora,  cuja  letra  era  de  D.  Fran- 
cifco  Manoel,  e  a  traz  nas  ohras  Me/ruas  na 
Avena  de  Terjicore  Tomo  26.  pag.  70. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  JESUS  MARIA  filho 

de  Pedro  Vicente,  e  D.  Maria  Antónia  Gírdcira 

naceo  em  Lisboa  a  23.  de  Julho  de  1693. 

Quando  contava  19.  annos  de  idade  fugindo 

aos  enganos  do  mundo  bufcou  como  porto 

feguro  da  falvaçaõ  a  illuílre  Religião  do  Doutor 

rMaximo  S.  Jcronymo,  c  no  Real  Convento 

|de  Santa  Maria  de  Bclcm  profeíTou  a  26.  de 

[Julho   de    17 13.     A   fcvera   obfervancia   do 

io   Rcligiofo   o    conílituhio   Meftre    dos 

[Noviços  do  dito  Morteiro  onde  com  o  feu 

[exemplo  os  inftrue  para  ferem  exemplares  da 

ivirtude,  naõ  fendo  inferior  o  zelo  com  que 

Ipréga  dirigindo  todos  os  feus  difcurfos  em 

[beneficio  dos  ouvintes.    Traduzio  da  lingua 

LCaftelhana  do  P.  Meftre  Fr.  Francifco  Arbiol 

[da  Ordem  Seráfica  em  a  Portugueza. 

Familia  regulada.  M.   S. 

De/enganos  myfticos.  M.  S. 

Fr.  ANTÓNIO  DOS  INNOCEN- 
TES  natural  de  Évora,  Religiofo  da  Será- 
fica Ordem  dos  Menores  da  Provincia  dos 
Algarves  cujo  Habito  profeíTou  no  Con- 
vento de  S.  Francifco  de  Xabregas  Cabeça 
defta  Provinda  fituado  fora  dos  muros  de 
Lisboa,  em  24.  de  Dezembro  de  1590.  Foy 
grande  Theologo,  e  naõ  menor  Pregador, 
como  efcreve  Joaõ  Soar.  de  Brito  in  Theat. 
Lufif.  'Litterat.  lit.  A.  n.  89.  Dos  muitos, 
e  doutos  Sermoens  que  pregou  com  gran- 
de applaufo  dos  auditórios  fomente  publi- 
cou os  feguintes. 

Sermão  em  as  Exéquias,  e  honras  funeraes,  que 
a  mui  nobre  Cidade  de  Portalegre  fumptuojamente 
fe^  em  a  Se  a  E/Rej  D.  Felippe  II.  de  Portugal 
em  o  me-:^  de  May  o  de  1621.  Lisboa  por  Giraldo 
da  Vinha.  1621.  4. 


SermaÕ  em  a  Sh  da  Cidade  de  Lisboa  na  fejia 
do  Martyr  SaÕ  Vicen/e,  cujo  corpo  em  fua  Capella 
mbr  com  Jumma  reverencia  fe  venera  dizendo  a 
Miffa  folemnifftma,  e  fazendo  o  Pontifical  o  llluj- 
íriffimo,  e  Keverendifftmo  Arcebijpo  affiftindo  a 
Camará  com  a  Nobreza,  e  grande  multidão  de 
Gente  de  hum,  e  outro  EJlado  em  22.  de  Janeiro  de 
1623.   Lisboa  por  Giraldo  da  Vinha.  1623.  4. 

SermaÕ  em  o  injigne,  e  Real  Convento  de  Odi- 
vellas  no  dia,  e  feJIa  do  feu  Padre,  e  Fundador 
famofo  Patriarcha,  e  Doutor  o  gloriofo  S.  ber- 
nardo em  20.  de  Agoflo  de  1624.  Lisboa  pelo 
dito  impreíTor.  1624.  4. 

SermaÕ  da  ExpeéíofaÕ  no  feu  dia  anno  1630. 
na  Capella  Real.  Lisboa  por  António  Alva- 
res. 1631.  4. 

F.  ANTÓNIO  DE  S.  JOACHIM  Na- 
ceo em  Lisboa  fendo  feus  Pays  Francifco 
Rodriguez,  e  Francifca  Thercza.  ProfeíTou 
o  inftituto  Seráfico  no  Real  Convento  de 
Santa  Maria  de  Jefus  de  Xabregas  Cabeça 
da  Provincia  dos  Algarves  a  31.  de  Outu- 
bro de  1734.  Teve  génio  para  a  Pocfia,  e 
ainda  para  outras  mayores  faculdades,  fe  a 
morte  intempeftivamente  o  naõ  privara  da 
vida  em  o  mefmo  Convento  a  4.  de  Dezem- 
bro de   1738.    Imprimio. 

Dtms  elegias  Latinas  efcritas  como  car- 
tas ao  P.  Fr.  Joaõ  de  NoíTa  Senhora  Chro- 
nifta  da  Provincia  dos  Algarves.  Sahiraõ 
fem  anno  nem  lugar  da  impreflaõ. 

Achroflico  Eatino  em  Verfo  heróico  ao  mef- 
mo P.  Chronifta.  Ambas  eftas  obras,  pofto, 
que  naõ  tenhaõ  o  anno  em  que  foraõ  impref- 
fas,   certamente  o  foraõ  no  anno  de   1738. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  JORGE  natu- 
ral de  Lisboa  donde  paíTou  a  índia,  e  nella 
bufcou  para  afilo  da  fua  quietação  a  Ordem 
Seráfica  profeíTando  na  Provincia  da  JMadre 
de  Deos  daquelle  Eftado,  na  qual  por  fuás 
virtudes,  e  letras  tendo  adminiftrado  com 
zelo,  e  prudência  o  lugar  de  Cuftodio,  e 
duas  vezes  o  de  Guardião  do  Convento  de 
Damaõ,  chegou  a  fer  Provincial  no  Capi- 
tulo celebrado  em  Goa  no  anno  de  1630. 
Foy  religiofo  de  exemplar  vida  (faõ  pala- 
vras de  Fr.  Jacinto  de  Deos  no  Vergel 
de  plantas,   e  flores  cap.    8.   art.    2.)   douto,  e 


3o2 


BIB  LIO  THE  CA 


grande  Pregador,  muito  t(elofo  do  divino  culto. 
Compoz. 

Ceremonial  muito  curiofo. 

O  qual  confumio  o  tempo  como  affirma  o 
mefmo  Chronifta  da  Provinda  da  Madre  de 
Deos  da  índia  no  lugar  allegado. 

ANTÓNIO  JORGE  MACHADO  natu- 
ral da  Villa  de  Santarém,  e  bautizado  na  Pa- 
rochia  de  N.  Senhora  de  Maravilla  a  7.  de 
Setembro  de  1670.  Foy  filho  de  António 
Jorge,  e  Maria  Cordeira.  Depois  de  fe  for- 
mar na  Univeríidade  de  Coimbra  na  faculdade 
de  Direito  Cefareo  exercitou  muitos  annos 
na  fua  Pátria  o  Officio  de  Advogado,  em  que 
deo  multiplicados  argumentos  da  fciencia  legal 
em  que  era  iníigne.  Falleceo  em  Santarém  a 
2.  de  Mayo  de  1729.  e  eftá  fepultado  na  Igreja 
dos  Religiofos  Terceiros  de  S.  Francifco 
da  dita  Villa.    Compoz. 

Traãatus  Juridicus  de  Captura  Keorum.  foi.  o 
qual  fe  anda  revendo  para  fe  imprimir,  e  delle 
faz  mençaõ  feu  patrício  Joaõ  António  da  Coíla, 
e  Andrade  no  Crijol  Seráfico  pag.  228. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  JOSEPH  natural 
da  Villa  de  Serpa  da  Província  do  Alentejo. 
Recebeo  o  Habito  de  Saõ  Jeronymo  no  Con- 
vento de  Sevilha,  e  com  faculdade  de  Ale- 
xandre VII.  fe  aggregou  à  Congregação  de 
Portugal  em  12.  de  Outubro  de  1665.  onde 
teve  por  domicilio  o  Convento  do  Efpinheiro 
fituado  junto  à  Cidade  de  Évora.  Delle  foy 
transferido  para  o  Collegio  de  Coimbra  onde 
por  fer  dotado  de  grande  engenho,  e  admi- 
rável comprehenfaõ  fez  taes  progreíTos  nos 
eíludos,  e  fciencias  efcolafticas  que  naõ  fomen- 
te as  leo  aos  feus  domefticos,  mas  recebi- 
da a  borla  doutoral  na  faculdade  Theologi- 
ca  as  diftou  na  Univerfidade  fendo  Lente 
da  Cadeira  de  Durando  em  5.  de  Dezem- 
bro de  1670.  de  Efcoto  em  17.  de  Novem- 
bro de  1676.  e  ultimamente  de  Vefpera 
a  3.  de  Junho  de  1680.  em  que  foy  apo- 
zentado  a  8.  de  Junho  de  1684.  por  eílar  to- 
talmente privado  da  vifta,  e  ainda  nelie 
eílado  leo  muitos  annos  de  memoria  fem 
errar  as  allegaçoens  dos  Authores  com  que 
eftabelecia  as  fuás  opinioens.  Foy  Reytor 
do   feu   Collegio,   e   ViceReytor   da   Univer- 


fidade na  auzencia  do  feu  Reformador  D. 
Jozé  de  Menezes.  Retirado  ao  Convento 
do  Efpinheiro  morreo  piamente  a  30.  de 
Mayo  de  1691.  Jaz  fepultado  no  Clauftro 
com  eíle  epitáfio. 

Hic  jacet  in  tumulo  nomen  cui  Antonius  orbe 
Frater  erat  Divus,  quem  dat  cognomen  ]ot(eph 
lllius  imperiis  Academia  Jubdita  vixit, 
Et  regimen  mirata  fuum  gaudebat  amanter. 
Tempore  noãurno  rejplendent  Jydera  calo. 
Hic  SophicB  Doãor,  Jydus  mirabile  luxit 
Vefpere,  fie  potuit,  devincere  Sjdera  Sydus. 
Obiit  30.  MartiJ  1691. 

Compoz  toda  a  Theologia  efcolaftica  da 
qual  ainda  fe  confervaõ  no  Collegio  de  Coim- 
bra as  feguintes  obras  Aí.  S. 

De  Trinitate. 

De  Voluntário,  et  involuntário 

De  Bonitate,   et  malitia  aãuum   humanorum 

De  Vitiis,  et  Peccatis. 

De  Ignorantia  ut  eft  cauja  peccati. 

De  perfeãionibus ,  et  affeãionibus  volunta- 
tis  humana,  et  appetitibus  fenfitivis  Chrifii 
Domini. 

Commentaria  in  Magifirum  Sententiarum  4. 
Tom.  foi.  M.  S.  Confervaõ-fe  no  dito  Col- 
legio. Faz  mençaõ  defte  Author  António 
Carvalho  da  Cofta  Corograf.  Portug.  Tom.  3. 
Trat.  8.  cap.  55.  pag.  659. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  JOSEPH.  Na- 
ceo  na  Villa  do  Cadaval  do  Patriarchado 
de  Lisboa  a  8.  de  Fevereiro  de  1664.  fendo 
feus  Pays  Jacinto  Lobo  Fernandes,  e  Ma- 
ria da  Sylva  Cardofa  peíToas  principaes  da- 
quella  Villa.  Dezejofo  de  imitar  o  exem- 
plo de  feu  Tio  materno  o  V.  P.  Fr,  Joaõ 
do  Efpiríto  Santo  Carmelita  Defcalço  (que 
habitou  trinta  annos  a  Thebaida  do  BuíTaco 
onde  morreo  no  anno  de  1675.  com  geral 
opinião  de  Santo)  entrou  neíla  Sagrada  Fa- 
mília, cujo  Inftituto  profeíTou  no  Conven- 
to dos  Remédios  de  Lisboa  a  4.  de  Abril 
de  1683.  Eíludadas  Filofofia,  e  Theologia 
affim  Efpeculativa  como  Moral  nos  CoUe- 
gios  de  Figueiró,  Viana,  e  Coimbra  alcan- 
çou faculdade  dos  Superiores  para  fer  Con- 
ventual perpetuo  no  Deferto  do  BuíTaco 
onde  viveo  dezefeis  annos  fendo  do  mefmo 
Convento  Prior  no  anno  de   171 3.  havendo 


L  USITAN A. 


3o3 


exercitado  no  de  1706.  o  lugar  de  Meftre  dos 
Noviços.  Em  obfequio  da  fua  Seráfica  Ma- 
triarcha  traduzio  a  vida  por  ella  efcrita,  de 
(laAclhano  em  Portuguez  illuílrandoa  com 
doutas,  e  afceticas  reflexoens  que  claramente 
manifeílaõ  a  profunda  fciencia,  c  praâico 
cxcrcicio  da  Theologia  Myílica,  cuja  obra 
fahio  com  cíle  titulo. 

Viílu  de  Santa  Tere;(a  de  JLSUS  compojla 
'    ptla  niejma  Santa.    Lisboa  na  OHícina  da  Mu- 
lica.  1720.  in  4. 

ANTÓNIO  JOSEPH  COELHO  Ba- 
charel formado  na  faculdade  dos  Sagrados 
Cânones,  e  alumno  da  Academia  dos  Applica- 
dos  naõ  menos  erudito  na  Mythologia,  e  Hifto- 
ria  profana,  que  iníignc  na  Pocfia,  de  cuja 
divina  Arte  publicou  o  feguinte  argumento. 

Romance  lindicafyllabo  dedicado  ao  llluftriffimo, 
c  Keverendijftmo  Senhor  Joaò  Cnedes  Pereira  na 
ocajiaõ  de  fer  elevado  à  dignidade  de  Minijlro  Pre- 
laticio  da  Santa  Igreja  Patriarchal,  e  do  Concelho 
de  Sua  Mageftade.  Lisboa  por  António  Ifidoro 
da  Fonfeca  1739.  4-  Confta  de  80.  Coplas  ele- 
gantiíTimas. 

ANTÓNIO  JOSEPH  DA  SYLVA 
natural  do  Rio  de  Janeiro  filho  de  Joaò  Men- 
des da  Sylva  Advogado  nefta  Corte,  e  Lou- 
rença  Coutinho.  Eíludou  Direito  Civel  em  a 
Univerfidade  de  Coimbra  donde  paflando  a 
Lisboa  exercitava  o  officio  de  Advogado 
de  Caufas  Forenfes.  Teve  génio  para  a  Poefia 
Cómica,  de  que  compoz  varias  obras,  que  foraõ 
reprezentadas  com  applaufo  dos  expeâadores 
fendo  as  principaes. 

luihirinto  de  Creta  Lisboa  por  António 
Ifidoro  da  Fonfeca.  1756.  8. 

As  Variedades  de  Protheo.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor.  1757.  8. 

Guerras   do    Alecrim   e    Mangerona    Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor.  1737.  8. 
Anfitrião.  M.  S. 
D.  Quixote.  M.  S. 
Faetonte.  M,  S. 

ANTÓNIO  ISIDORO  DA  NÓBRE- 
GA. Naceo  em  Lisboa  a  2.  de  Janeiro 
de  1708.  fendo  filho  de  Jozé  Soarez  da  Nó- 
brega, e  de  fua  mulher  Margarida  Antónia 


Michaella.  Depois  de  eíhidar  na  pátria  o« 
primeiros  rudimentos  paíTou  á  Univerfida- 
de de  Coimbra  onde  applicandofe  à  {'acuida- 
de da  Medicina  recebeo  o  gráo  de  Bacharel 
na  mefma  fciencia  a  15.  de  Mayo  de  1755. 
Sendo  muxUi  perito  na  Arte  da  fua  profiílaõ 
o  naò  he  menos  na  cultura  da  Poefia,  e  no- 
ticia da  Sagrada  Efcrítura,  e  Santos  Padres. 
Imprimio. 

Dijcurjo  Catholico  no  qual  hum  CriflaÕ 
velho  :^eloJo  da  noffa  Santa  té  falia  com  os 
Judeos  convencendo-os  dos  erros  em  que  vivem 
para  approveitamento  das  palavras  de  jeremias, 
e  outros  lugares  da  hjcritura  Sagrada  conjide- 
rando  o  lajlimofo  efpeííaculo  de  hum  Auto  da 
t'è  aonde  aparecem  os  delinquentes  em  Theatro 
publico.  Lisboa  na  Officina  Sylviana  da  Aca- 
demia Real  1738.  4. 

Três  Sonetos  z.  Portugue!(es,  hum  Cajle- 
Ihano  à  morte  da  Serenijftma  Senhora  D.  tran- 
cifca  Infanta  de  Portugal.  Sahiraõ  nos  Sen- 
timentos métricos,  ou  CoUecçaõ  de  vários 
verfos  pela  morte  da  mefma  Senhora.  Lis- 
boa por  Miguel  Rodrigues  Impreflbr  do  Se- 
nhor Patriarcha.  1736.  4. 

Em  louvor  do  Rxcellentijftmo,  e  Keverendif- 
fimo  Senhor  D.  joaõ  Principal  de  Mello.  Romance 
heróico  foi.     Naõ  tem  anno,  nem  lugar  da 
ImpreíTaõ.    Confia  de  25.  coplas. 
Obras  Aí.  S. 

Tribunal  de  Cupido  em  que  fe  trataõ  curio- 
famente  todas  as  duvidas,  e  quefloens  amatorias 
conforme  a  Filofofia,  e  Medicina. 

Epiflola  Moral  confolatoria-Medica  pa- 
ra alivio  de  hum  amigo  magoado  por  hum  fucejjo 
amorofo. 

Apologia  Moral  f obre  o  tempo,  e  Circunflancia 
em  que  o  Medico  eflâ  obrigado  a  admoejlar  o  en- 
fermo a  confeffarfe. 

Dos    affeãos    do    animo.    Tratado    Medico. 

Epijiolas  Latinas  efcritas  ao  Doutor  Ben- 
to de  Eemos  fobre  o  ufo  da  fangria,  e  quina- 
quina. 

Compendium  animadverfionum  Medicarum  pro 
tutiori  praxi. 

Obras  Portuguef^as,  e  Italianas.  4. 

Oraçoens  elogiatorias  Latinas,  e  Portu- 
guesas. 

Sonhos  Critico-jocofos  em  profa,  e  verfo. 

Dialogo  amatorio  jocoferio. 


3o4 


BIBLIO THECA 


Comedia  intitulada  Los  amantes  enganados. 

Os  Rendimentos  de  Apollo  e  as  efquivanças 
de  Dafine.    Opera  para  o  theatro. 

Conjideraçoens  Moraes,  e  Aão  de  Contrição. 

Cinco  Sermoens  da  Qiiarejma  traduzidos  de 
Italiano  em  Portuguez. 

ANTÓNIO  DE  LAMIM.  Naceo  na 
Villa  de  Olalhas  da  jurifdicçaõ  de  Thomar. 
Foy  Beneficiado  na  Igreja  de  Santa  Maria 
das  Áreas  fituada  no  território  de  Thomar. 
Applicoufe  ao  eftudo  da  Theologia  Moral, 
em  que  fahio  muito  douto,  como  efcreve 
Joan.  Soar.  de  Brito  in  Theatr,  Lujit.  Utterat. 
lit.  A.  n.  69.    Compoz. 

Summa  Summarum  in  quinque  priora  Ecclejta 
Sacramenta,  qua  vulgo  necejjitatis  appellantur. 
UlyíTipone  apud  Antonium  Alvares.  1644.  4. 

P.  ANTÓNIO  LEYTE  natural  de 
Lisboa.  Entrou  na  Companhia  de  JESUS 
em  Évora  a  12.  de  Setembro  de  1596.  quan- 
do contava  16.  annos  de  idade.  Diílou  hu- 
manidades, Filofofia,  e  Theologia  por  mui- 
tos annos,  e  foy  celebre  Pregador  do  feu 
tempo,  para  cujo  miniílerio  fendo  convida- 
do repentinamente  o  defempenhava  com 
tanta  elegância,  e  promptidaõ,  como  fe  o 
tiveíTe  meditado  de  muitos  mezes.  Foy  do- 
tado de  feliz  memoria  repetindo  quando 
fe  ofFerecia  occafiaõ,  paginas  inteiras  do 
Sagrado  Texto,  e  de  diverfos  Authores 
Sagrados,  e  profanos  como  fe  os  eíliveíTe 
lendo.  No  eftudo  da  Genealogia  era  taõ 
verfado  que  nelle  o  confultavaõ  varias  pef- 
foas  eruditas.  Teve  todos  os  dotes  que  com- 
põem hum  perfeito  Religiofo  fendo  pru- 
dente, modeílo,  aífavel.  Na  devoção  pa- 
ra Maria  SantiíTima  foy  iníigne  principal- 
mente do  Myfterio  puriíTimo  da  fua  Con- 
ceição com  tanto  empenho,  que  a  elle  fe 
deve  o  gravarfe  em  huma  pedra  na  Capella 
da  Univerfidade  de  Coimbra  o  Juramento 
com  que  os  Académicos  fe  obrigaõ  a  de- 
fender a  immaculada  pureza  daquella  fobe- 
rana  Princefa  em  o  primeiro  inílante  phy- 
fico  da  fua  animação.  No  ConflíTionario 
era  continuo  inUruindo  com  faudaveis  do- 
cumentos as  almas  para  o  caminho  da  eter- 
nidade, da  qual  foy  tomar  poíTe  em  6.  de 


Dezembro  de  1662.  quando  contava  82. 
annos  de  idade,  e  de  religião  66.  Delle  fc 
lembraõ  Franco  Imag.  da  Virttdd.  em  o  No- 
viciad.  de  Evor.  pag.  855.  et  in  SynopJ.  Annal. 
S.  J.  pag.  333.  Eum  exornavit  peculiaris  cum 
in  divinis,  tum  humanis  litteris  eritditio  et  mores 
fanãijftmi  et  in  Ann.  glorio/.  S.  J.  in  Lufit. 
pag.  728.  Fonfec.  Evor.  Glorio/,  pag.  426. 
Cordeir.  Hiji.  In/ul.  liv.  5.  cap.  17.  Joan. 
Soares  de  Brito  in  Theatr.  Eti/tt.  Eitterat, 
lit.  A.  n.  90.  chamandolhe  vir  eruditus.  Com- 
poz. 

Hi/loria  da  appariçaõ,  e  milagres  da  Virgem 
da  Eapa.  Coimbra  por  Diogo  Gomes  de 
Loureiro.  1639.  8* 

E/cudo  de  Portugal  em  honra  da  Conceição 
da  Senhora  livro  grande,  e  muito  erudito  diz  o  P. 
Anton.  Franc.  Imag.  da  Virtud.  do  Noviad.  de 
Evor.  pag.  588.  Confervafe  no  Collegio  de 
Coimbra. 

Commentarium  in  lib.  Exodi.  foi.  Aí.  S. 

Fundação  do  Collegio  de  Coimbra  da  Compa- 
nhia de  JESUS  M.  S. 

Vida.  e  morte  do  V.  VaraÕ  Diogo  da  Sjlveira 
E/crivaõ  da  Junta  do  Comercio. 

Elogios  de  cento,  e  noventa,  e  cinco  mulheres  Por- 
tuguesas illujlres  principalmente  em  /antidade  de 
que  naõ  tratou  Fr.  Euit^  dos  Anjos  no  /eu  Jardim  de 
Portugal.  Efta  obra  tinha  em  feu  poder  o  P. 
Francifco  da  Cruz  como  affirma  nas  Memor.  M. 
S.  para  a  Bibliotheca  Portuguesa. 

Familia  dos  Eeytes  2.  Tom.  foi.  Deíla  obra 
faz  mençaõ  o  P.  D.  Anton.  Caet.  de  Souf.  no 
apparat.  da  Hijl.  Gen.  da  Ca/a  Real  Portug. 
pag.   166.  n.  206. 

Duas  Apologias.  A  i.  contra  aquelles  que pro- 
curavaÕ  nas  Cortes  celebradas  no  anno  de  16 19.  em 
Lisboa  a  extincçaõ  da  Univerjidade  de  Évora.  A  2. 
contra  os  que  con/elhavaõ,  que  naÕ  ejiudajjem  nas 
Univer/ídades  os  filhos  dos  Plebejos. 

P.  ANTÓNIO  DE  LEMOS  Naceo  em  Vil- 
la-Nova  da  Gaya  fronteira  à  Cidade  do  Porto. 
Nos  primeiros  annos  ficando  Orfaõ  de  feu  Pay 
Pedro  de  Couto  o  inílruio  fua  Mãy  Maria  de 
Lemos  com  taõ  pios  documentos,  que  fuave- 
mente  o  impelliraõ  a  fugir  do  mundo,  e  abraçar 
o  Inílituto  da  Companhia  de  JESUS  em  o  No- 
viciado de  Lisboa  a  3 .  de  Junho  de  1 63  2.  Elegeo 
por  exemplar  da  fua  vida  a  S.  Luiz  Gonzaga,  de 


L  USITANA. 


3o5 


cuja  angélica  pureza  foy  perfeito  imitador. 
No  G^llegio  de  Coimbra  leu  todas  as  Cadeiras 
de  Mumanidades,  em  que  foy  infignc,  naò 
tendo  menor  engenho  para  a  Poefía  que  para 
a  Oratória.  Foy  afeéluofo  venerador  do  Imma- 
culado  Myílerio  da  Conceição  da  Senhora, 
cujo  Offício  devotamente  rezava  todos  os  dias 
intinundo  aos  feus  Ouvintes  em  muitas  Mif- 
focns,  que  fez  em  diverfos  lugares  do  Rcyno,  o 
cordial  affcdlo  à  Virgem  SantiíTima  para  lhes 
alcançar  feliz  morte,  como  experimentou  cm 
Coimbra  a  9.  de  Agofto  de  1649.  Das  fuás  vir- 
fuofas  acçocns  faz  mais  larga  memoria  o  P.  An- 
tónio Franco  ////í/<j.  íío  N(w.  de  IJshoa  lib.  4.  cap. 
1 5.  e  no  Synopjts  Annal.  S.  J.  in  Ljifitan.  pag.  298. 
§.  1  j .  No  tempo  que  era  Meftrc  de  Rhctoricít 
no  Collcgio  de  Coimbra  para  teftemunhar  o  fiel 
alvoroço  com  que  os  Portuguczcs  acciamaraõ 
I.  de  Dezembro  de  1640.  ao  SereniíTimo 
ley  D.  Joaõ  o  IV.  cfcrcvco  o  Poema  feguinte 
lue  coníla  de  530.  vcrfos  heróicos.  Principia 
Uffiadum  Iniperium  tot  jam  labentibns  anuis 
vitio  opprejjum,  (Ò'c. 

Sahio  impreflb  fem  o  feu  nome  no  Livro 
ititulado  Applaufos  da  Univerjidade  de  Coimbra 
Acclamaçaõ  de/Rey  D.  Joaõ  o  IV.  i  pag.  27. 
)imbra  por  Diogo  Gomes  de  Loureiro.  1641. 
4.  Entre  os  Poetas  Portuguezes  he  numerado 
com  louvor  pelo  P.  António  dos  Reys  in 
Enthiif.  Poet.  n.  213. 

ANTÓNIO  DE  LEAM  PINELLO  poílo 
que  naceu  no  Reyno  do  Peru  nas  índias  Occi- 
dentaes  naò  he  juílo  que  delle  naõ  façamos 
memoria  por  fer  filho  de  Diogo  Lopes  de  Leaõ 
natural  de  Lisboa,  e  irmaõ  inteiro  de  Joaõ  Ro- 
drigues de  Leaõ  dos  quaes  fe  tratará  em  feus 
lugares.  Depois  de  aprender  no  Collegio  de 
Lima  dos  Padres  Jefuitas  as  Letras  Humanas, 
e  na  Univeríidade  da  mefma  Cidade  as  Facul- 
dades de  hum,  e  outro  Direito  em  que  fahio 
eminente  paíTou  a  Madrid  onde  tanto  que  foy 
conhecida  a  Sciencia  Legal  que  profeíTava  o 
elegerão  Relator  do  Real  Confelho  de  índias 
cujo  miniílerio  por  fer  adminiílrado  com  fum- 
ma  inteireza  confervou  atè  à  ultima  idade. 
Deíle  lugar  fubio  a  Senador  Régio  na  Chan- 
cellaria  de  Sevilha,  e  Chroniíla  de  índias 
do  qual  emprego  foy  fubftituto  de  Gil  Gon- 
çalves   de    Ávila.     Para    dezempenho    deíla 


incumbência  revoiveo  com  íncanfavel  deli- 
gencía,  e  continuo  difvelo,  o  real  Archivo  de 
Madrid,  e  outros  de  grande  antiguidade,  don- 
de extrahio  muitos  Breves  Pontifícios,  e  Alva- 
rás Régios  pertencentes  a  eíle  argumento,  com 
que  ilIuArou  as  fuás  obras  em  beneficio  da  Re- 
publica litteraria.  Parece  incrivel  que  lhe  reftaf- 
fe  tempo  das  fuás  grandes  occupaçoens,  podo 
que  era  ornado  de  engenho  feliz  cultivado  com 
todo  o  género  de  erudição,  para  efcrever  ma- 
terisu  taò  diverfas  como  logo  relataremos. 
A'  fua  vaíla  fabedoria  correfpondia  a  innocen- 
cia  dos  cuílumcs  fendo  igualmente  Religiofo 
para  com  Deos,  como  cordial  devoto  de  fua 
Mãy  Santinfima.  Vivia  em  Madrid  pelos  annos 
de  i6jo.  c  eternamente  vi  virá  naõ  fomente  em 
feus  livros  mas  nas  penas  de  vários  Efcritores 
celebrando  a  fua  vaíla  erudição,  como  faõ 
Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  tom.  1.  pag.  109. 
magno  avi,  (&  pátria  fua  compendio  vixiffe.  Aven- 
dan.  in  Thet^aur.  Ind.  Tom.  i.  Tit.  5.  cap.  22. 
§.  5.  n.  186.  doãum  imprimis,  c^  ertutiíum.  Franc. 
Moreno  Porcel  no  Ketrat.  de  Manoel  de  Far. 
§.  76.  Ingenio  cultivado  com  varias  letras,  y  claro 
Juiajo.  Alv.  y  Ailorg.  in  Milit.  Immac.  Concept. 
omnia  ejujdem  opera  eruditione,  <&  Jludio  fingulart 
plena  ejfe.  Manoel  de  Far.  e  Souf.  Fuente  de 
Aganip.  Part.  i.  Centur.  3.  Sonet.  51. 

De  grandes  tiempos  elevada  bnelas 

Feliz  pluma,  (àrc. 

Lope  Félix  da  Vega  luiitrel  de  Apollo 
Sylv.  2.  louvando  a  feu  Irmaõ  Joaõ  Rodri- 
gues de  Leaõ. 

Si  a  ]uan  Kodrigues  de  Leon  nò  buviera 

Dado  con  larga  mano 

El  Cielo  otro  JLeon  que  fue  Ju  hermano 

Quien  con  L^on  tan  grande  competiera"^ 

Catai,  das  fuás  obras  pertencètes  às  índias. 

Epitome  de  la  Bibliotheca  Oriental  y  Oc- 
cidental 'Náutica,  y  Geo^afica.  Madrid  por 
Juan  Gonçalves.  1629.  4.  fahio  moderna- 
mente addicionada  em  3.  Tom.  in  foi.  Madrid 
por  Francifco  Martines  Abad.  1737. 

Difcurfo  fobre  la  importância,  y  difpo- 
ficion  de  Leys  de  las  índias.  Madrid  1623. 
foi.  Para  fazer  eíla  obra  afirma  no  titul.  22. 
do  Epitome  da  Bib.  aífima  allegado  pag. 
123.  En  dos  anos  continuas  lei  quinientos  li- 
bros  Keales  de  Cédulas,  Manufcritos,  y  en 
ellos   màs  de  ciento,  y   vinte   mil  bojas,  y   mas 


25 


3o6 


BIBLIO  THE  CA 


de  trecientas  mil  decijiones  cujas  minutas  i  noti- 
cia guardo  en  mi  poder  i  delias  hà  falido  el  tomo 
primero  y  voy  Jacando  el  Jegundo. 

Tratado  de  Confirmaciones  reales  de  Enco- 
miendas  de  Oficios,  y  cajos  en  que  fe  requieren  para 
las  índias  Occidentales.  Madrid  por  Juan  Gon- 
çalves. 1630.  4. 

Acuerdos  dei  Conjejo  real  de  las  Índias  Ma- 
drid. 1658. 

Govierno  ef piri t uai,  y  Ecclejiajlico  delas  índias. 
De  cuja  obra  diz  o  mefmo  Author  no  Epito- 
me  já  allegado  Tit.  2.  pag.  116.  T engole  efcrito 
com  más  de  trecientas  Decijiones  Vontificias  parti- 
culares para  las  índias  facadas  de  Bulias,  y  Breves 
Apofiolicos ,  y  repueftas  de  Congregaciones  de  Carde- 
nales. 

Bullarium pro  Indico  Império.  He  louvado  por 
Fr.  Pedro  de  Alva,  y  Aftorga  in  Milit.  Concept. 

Patriarchado  delas  índias.  M.  S. 

Conjejo  real,  y  Supremo  de  las  índias,  fu 
Origen,  jurijdicion,  Vrejidentes,  Conjejeros,  Fif- 
cales,  y  Secretários.  M.  S. 

£/  gran  Canciller  de  las  índias  Trata- 
do defie  Oficio,  quando  fe  renovo  en  la  per- 
Jona  dei  Conde  Duque  de  Olivares,  y  a  el 
ofrecido.  Confervavafe  na  Bibliotheca  do 
mefmo  Duque,  e  delia  faz  mençaõ  no  Epitom. 
Tit.  21.  pag.  119. 

Kecopilacion  delas  leys  \delas  índias  em  3. 
Tom.  de  folha,  os  quaes  conftavaõ  de  nove 
livros  com  faculdade  Real,  e  as  mais  licenças 
para  fe  imprimir,  como  affirma  o  mefmo 
Author  em  huma  Carta  efcrita  de  Madrid 
em  26.  de  Junho  de  1640.  ao  Lecenciado 
Jorge  Cardofo. 

Fundacion,  y  grandet^as  hiftoricas  dela  injigne 
Ciudad  delos  Reyes  Lima  Cabeça  de  las  ricas 
Provindas  dei  Peru.  Deíla  obra  fe  lembra  no 
Epitom.  Tit.  15.  pag.  98. 

Hijioria  dela  Villa  Imperial  dei  Potoji,  y  fu 
rico  Serro,  defcubrimento,  y  grande:(a  M.  S. 

Vida  dei  Iluflrijfimo,  y  Keverendijfimo 
Senor  D.  Toribio  Affonfo  Mogrevejo  Arce- 
bifpo  dela  Ciudad  delos  Reyes  Lima.  Ma- 
drid. 1654.  4.  a  qual  foy  traduzida  em  Ita- 
liano por  Miguel  Angelo  Lapi.  Roma. 
1655.  4. 

Commentario  dela  region  de  Ophir  com- 
pofto  pelo  noíTo  Gafpar  Barreiros,  do  qual 
diz  o  mefmo  António  de  Leaõ  na  Bib.  Geo- 


gráfica pag.  17  j.    Tengo  tradu!(ido  en  Caflellano^ 
con  un  commento  no  poço  trabajado.  M.  S. 

Cathalogo  das  obras  em  louvor  da  Senhorai^ 

Relacion  delas  fieflas  celebradas  en  la  Ciua 
de  Lima  por  la  Congregacion  dela  Expeãacic 
dela    Virgen    Maria    nueflra  Senora  dei  Colégio 
dela    Compaiiia   de  JESUS.     Lima.    161 8.    4.J 

Poema     Jingular     dela     Concepcion     immá 
culada     dela     Virgen     Maria     nuejlra     Senoral 
Lima  como  teftemunha  Fr.  Pedro  de  Alva 
na  obra  citada. 

Panegyrica    Oracion    dela    Prefentacion    dei 
Virgen  nueflra  Senora  Madrid  por  Diego  Dl 
dela  Carrera  165 1.  4. 

El    Paraifo    en    el    Nuevo    mundo    Mar 
Santijfima   que    como    efcreve   Alva   in 
///.    Concept.   já  eílava  impreíTo   quando   el 
fahio  com  eíla  obra. 

Annales  immaculata  Conceptionis  B.  VÁ 
Maria  ab  orbe  condito  ad  noflra  ufque  temporaÀ 
Efte  Tratado,  e  os  feguintes  exalta  com  grande 
elogios  Fr.  Pedro  de  Alva. 

Bibliotheca,  five  Cathalogus  Marianus  in 
quo  per  feptuaginta  duas  clajjes  et  plufquam 
trecentas  appendices  omnes  Marianos  Scriptores 
dijlribuit  M.  S.  A  efta  obra  chama  iníigne 
Fr.  Pedro  de  Alva. 

Kalendarium  agens  per  Jingulos  dies  de  Fef- 
tivitatibus  B.  V.  Maria  ubique  terrarum 
celebratis.  Eíla  obra  he  compoíla  à  ma- 
neira das  Efemérides  de  Ferreolo,  Locrio, 
e  o  P.  António  Balinghen  da  Companhia 
de  JESUS. 

La    Virgen   Santijftma   en   Efpana.    M.    S. 

MufcBum  Marianum,  five  Cathalogus  Auão- 
rum,  quorum  proprium,  et  fpeciale  argumentum 
eft  agere  in  totó  libro  de  Santijftma  Virginis, 
vita,  encomiis,  et  miraculis. 

Vida  de  Jefu  Chrijio  en  el  Ventre  dela 
Santijftma  Virgen  Maria.  Traduzido  de  Ita- 
liano do  P.  D.  Luiz  Novarino  Clérigo  Re- 
gular impreífo  Milaõ  1636.  12. 

Compendium    devotionum    erga   B.    V.    Ala- 
riam ex  diverfis  Auãoribus  colleãum. 
Cathalogo  de  obras  varias 

Por  la  Pintura,  y  efencion  de  pagar  Al- 
cavala  juntamente  con  los  Diálogos  de  Vicente 
Carduci  que  fàõ  do  mefmo  argumento  Ma- 
drid. 1633.  4. 

Ouefiion    moral,    fi    el    Chocolate    quebran- 


L  USITAN A. 


ta  el  aymo  Ecclefiajlico.  Trata/e  de  otras  bt' 
vidas,  y  conftciones  que  fe  ut(an  en  varias  Pro- 
vindas. Madrid  por  la  víuda  de  Juan  Gon- 
zalvez.  1656.  4. 

Velos  antigos,  y  modernos  delas  mugens; 
Jus  conveniências,  y  daiios.  lluflraje  la  real  prt- 
gmatica  delas  Tapadas  Madrid  por  Juan  San- 
ches. 1641.  4.  cuja  obra  he  louvada  de  muito 
douta  por  Manoel  de  Faria,  e  Soufa  no  pro- 
logo da  Apologia  pelos  Commentos  de  Camoens. 
Neíle  livro  traz  António  de  Lcaõ  hum  Dif- 
ctn-Jo  Genealoffco  dela  Cafa  de  Avellaneda  que 
muito  engrandece  Franckenau  in  Bib.  Hifpan. 
Hijl.  Herald.  Geneal.  pag.  58. 

Relacion  dela  Ca/a,  y  Servidos  de  D.  Antó- 
nio de  I^on,y  Pinelo;  a  qual  muitas  vezes  allega 
Joaõ  Flores  de  Ocariz  no  feu  Nobiliário  de 
Granada  Part.  i.  pag.  295. 

Na  fama  pofthuma  de  Lope  Félix  de  Vega 
imprcfla  Madrid  1636.  cftá  hum  feu  Poema 
defde  pag.  120.  até  150. 

Nas  Honras  fúnebres  á  Serenijfima  Rainha 
D.  Isabel  de  Borbon  impreflas  Madrid  1645. 
cílá  delle  hum  Epitáfio  Laudatorio,  ou  Inf- 
cripçaõ  Panegyrica,  e  hum  Obelifco  Sepul- 
chral  à  memoria  da  mefma  Rainha.  Vide  Bib. 
Occidental,  novamente  acrecentada  Tom.  2. 
Part.  15.  col.  695.  714.  e  786. 

D.  ANTÓNIO  DE  LIMA  íingular  ef- 
plendor  da  familia  dos  Limas  naceo  na  Ci- 
dade de  Lisboa,  ou  como  outras  memorias 
affirmaõ  na  Villa  de  Guimaraens,  e  foy  fi- 
lho de  Diogo  Lopes  de  Lima  Copeiro  Mór 
delRey  D.  Joaõ  o  III.  Senhor  de  Caílro  Dayro, 
Alcayde  mór  de  Guimaraens,  Commendador 
de  Santa  Maria  de  Ovaya  na  Ordem  de  Chriílo, 
e  D.  Izabel  Pereira  de  Caílro  Senhora  de  Caílro 
Dayro.  Iguaes  foraõ  os  progreíTos  que  o  feu 
agudo  engenho,  e  heróico  valor  fizeraõ  nas 
paleílras  de  Minerva,  e  de  Marte  fendo  taõ 
grande  Soldado,  como  infigne  Juriíla,  e  con- 
fummado  Hiílorico,  cujos  dotes  deixou  eter- 
nizados na  pofteridade  o  famofo  Antiquário 
André  de  Refende  feu  contemporâneo  no 
lib.  I.  de  Converfion.  JEgidian.  Militia  fa- 
pe,  viríim  etiam  ducis  fpecimen  prabuit  non 
panitendum  in  fumma  nobilitate,  (ò'  olim 
jurifprudentia  dedit  operam,  <&  nunc  ad  hif- 
toriam,     et    antiquitatis    notitiam    fe     tranjiii- 


ÒOJ 

lit.  Applicouíé  com  giande  diívelo  ao  eftu- 
do  Genealógico  contínuando  as  Famílias 
illuílres  de  Portugal,  onde  as  deixira  o  Conde 
de  Barcellos  D.  Pedro,  para  cujo  fim  revol- 
veo  todo  o  Archivo  Real  para  delle  extrahir 
as  noticias  neccííarias  paia  eftc  argumento, 
o  que  felizmente  coníeguio  diípondo  com 
boa  ordem,  e  eílilo  claro  eíla  laborioía  obra, 
a  que  poz  por  titulo. 

Linhagens  de  Portugal,  foi.  M.  S. 
Efte  Nobiliário  foy  fempre  reputado  por 
celebre  neíle  género,  e  como  tal  o  louva/>  com 
grandes  encómios  Manoel  Severim  de  Faria 
Not.  de  Portug.  Difc.  3.  pag.  121.  Manoel  de 
Faria,  e  Souf.  Eíurop.  Portug.  Tom.  3.  Part.  4. 
cap.  I.  n.  2.  e  no  Index  dos  Author.  Portugfu^i^es 
mais  copiofo  do  que  o  que  fe  imprimio,  cujo 
Original  tivemos  em  noíTo  poder,  dizendo 
nelle  Hf  bien  eflimado,y  corre  Manufcrito,y  tuvo 
la  mifma  fortuna,  que  el  dei  Conde  D.  Pedro  (a 
quien  continuo)  en  fer  adulterado  ya  por  la  malí- 
cia, yâ  por  la  ignorância,  y  por  efla  menos,  que  por 
aquella.  Franckenau  in  Bib.  Hifpan.  Hifl. 
Geneal.  Herald,  p.  38.  Inter  omnes  Geneologos 
Ijifitanos  {^quorum  certe  haud  exiguus  efl  nume- 
ras) facile  primas  teneat  elegantifimus  AntoniJ 
hujusfatus.  Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  Ljifit. 
Litter.  lit.  A.  n.  91.  D.  Francifco  Manoel  na 
Carta  dos  Autor.  Portug.  efcrita  a  Themudo, 
que  he  a  I.  da  4.  Centúria  delias.  O  original 
deíle  Nobiliário  confervava  em  feu  poder 
D.  Jeronymo  de  Attayde  11.  Conde  de  Caílro 
Dayro,  e  fexto  da  Caílanheira  neto  do  Author, 
o  qual  voltou  de  Madrid  para  Portugal  no 
armo  de  1678.  e  por  morte  de  feu  filho  D. 
Jorge  de  Attayde  III.  Conde  de  Caílro  Dayro, 
herdou  eíla  Cafa,  e  a  da  Caílanheira  a  CondeíTa 
D.  Anna  de  Attayde  que  morrendo  fem  fucef- 
faõ,  e  fobrevivendo  a  ella  feu  marido  Simaõ 
Corrêa  da  Sylva  ultimo  Conde  da  Caílanheira, 
por  morte  deíle  defapareceo  o  Nobiliário 
de  D.  António  de  LicM,  do  qual  deo  huma 
copia  authentica  tresladada  do  Original, 
D.  Anna  de  Lima  filha  do  Author  a  feu  ne- 
to Luiz  Alvares  de  Caílro  fegimdo  Mar- 
quez de  Cafcaes.  Muitos  fe  perfuadiraõ  que 
eíla  Copia  era  o  Original,  porem  claramen- 
te coníla  que  o  naõ  he  pela  ateílaçaõ  que  a 
Copia  tem  da  maõ  própria  da  Marqueza  de 
Cafcaes  D.  Barbara  de  Lara,  em  que  aííir- 


3o8 


BIB  LIOTH  E CA 


ma  que  a  CondeíTa  da  Caftanheira  mandara  ti- 
rar aquella  Copia  do  Original  em  2.  de  Março 
de  1648.  para  a  dar  a  feu  neto,  cujo  Original 
ficava  na  Cafa  da  Caftanheira,  como  mais  difu- 
famente  o  efcreve  o  P.  D.  António  Caetano 
de  Souf.  no  Apparat.  à  Hijl.  Geneal.  da  Cafa 
Rea/  Vortug.  pag.  47.  n.  25.  Cafou  D.  António 
de  Lima  com  D.  Maria  de  Vilhena  filha  de 
Chriftovaõ  de  Mello  herdeiro  da  Ilha  de  S. 
Thomé  de  cujo  matrimonio  teve  unicamente 
a  D.  Anna  de  Uma  que  cafou  com  D.  An- 
tónio de  Attayde  Conde  de  Caftro  Dayro,  e 
Caftanheira,  do  qual  fizemos  larga  memoria 
em  feu  lugar.  Eftá  fepultado  no  pavimento 
da  Capella  mór  do  Convento  de  S.  Francifco 
de  Lisboa,  como  efcreve  Fr.  Manoel  da  Ef- 
perança  Hift.  Seraf.  da  Prov.  de  Vortug.  Part.  i. 
liv.  2.  cap.  22.  n.  3. 

ANTÓNIO  DE  LIMA  BARROS  PE- 
REYRA.  Naceo  na  Cidade  do  Porto  a  11.  de 
Setembro  de  1687.  e  foy  filho  de  Gonçalo  de 
Oliveira,  e  fua  mulher  Joanna  de  Barros  Pe- 
eira.  Na  Univerfidade  de  Coimbra  recebeo 
o  gráo  de  Doutor  na  faculdade  dos  Sagrados 
Cânones,  e  na  Cathedral  de  Angra  hum  Cano- 
nicato.  Defde  os  primeiros  annos  fe  appli- 
cou  à  Poefia,  e  com  a  idade  foy  cada  vez  cre- 
cendo  mais  na  cultura  defta  Arte,  porque  me- 
receo  os  applaufos  dos  feus  melhores  profef- 
fores,  dando  para  teftemunho  do  feu  génio 
nefta  faculdade  a  obra  feguinte. 

Florejia  Apollinea.  Lisboa  por  Bernardo 
da  Cofta.  1720.  4. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  LISBOA  filho  da 
Cidade  do  feu  appelido,  e  da  Religião  Seráfica 
da  Província  de  Portugal.  Cultivou  as  Mufas 
Sagradas  em  que  compoz  alguns  Autos  que 
fe  reprefentaraõ  com  grande  applaufo  dos 
expeftadores.  De  todos  elles  fomente  che- 
gou à  noíla  noticia  o  feguinte. 

A.uto  dos  dotis  I^adroens  que  foraõ  Cruci- 
ficados juntamente  com  Chrifto  Senhor  noffo.  Lis- 
boa por  António  Alvares.   1603.  4. 

ANTÓNIO  LOPES  natural  da  Villa 
de  Viana  do  Alemtejo.  Aprendeo  as  letras 
humanas,   e   as   artes   da   Rhetorica,    e   Poé- 


tica nas  Efcolas  da  Companhia  de  JESUS, 
e  fahio  taõ  confumado  nellas,  que  naõ  co- 
nhece© no  feu  tempo  outro  que  lhe  fofte  fupe- 
rior,  pois  imitava  a  Virgílio  na  mageftade  dos 
Poemas,  e  a  Ovidio  na  fuavidade  das  Elegias. 
Eftes  dotes  fcientificos  acompanhados  de  ho- 
nefto  procedimento  o  habilitarão  para  que  o 
infigne  Bifpo  de  Sylves  D.  Jeronymo  Oforio 
o  fizefte  feu  Capellaõ,  e  Meftre  de  toda  a  fua  fa- 
mília, cujo  minifterio  exercitou  com  tanta  fa- 
tisfaçaõ  defte  Prelado,  que  lhe  deo  em  remune- 
ração a  Igreja  da  Alagoa  no  Reyno  do  Algarve 
que  governou  como  Paftor  cuidadofo  enfi- 
nando  as  fuás  ovelhas  com  a  voz,  e  com  o 
exemplo.  Como  fobreviveo  ao  feu  Patrono 
lhe  ornou  a  fepultura  com  elegantes  verfos. 
Morreo  em  ViUanova  de  Portimão,  donde 
foy  transferido  à  fua  Igreja.  Compoz  muitos 
verfos  excellentes  na  lingua  Latina  dos  quaes 
nenhum  logrou  a  luz  publica.  Defcreveo  em 
verfo  heróico  o  fitio  de  Mazagaõ  que  lhe  pu- 
zeraõ  os  bárbaros  no  anno  de  1562.  onde 
foraõ  totalmente  derrotados.  Começava. 
Lyfiadum  ingentes  ânimos,  <&  funera  late 
Edita  per  campos  quos  injuperahile  tollit 
Mafaganum.  &c. 

Defta  obra  faz  mençaõ  o  P.  António  Pof- 
fevino  in  Apparat.  Sacr.   Tom.    i.   pag.   96, 

De  Mjjlerio  Crucis  Dominitcs,  de  diverfis 
ejujdem  tjpis,  ac  Sacramentis  ah  ipfa  proma- 
nantihus.  Dedicado  ao  Pontífice.  Cuja  obra 
foy  muito  eftimada  em  Roma,  e  a  intitula 
VrcBclarum  et  leãu  dignum  Scoto  in  Bih.  Hijp. 
ClaíT.  2.  Tom.  3.  pag.  533. 
Compoz  mais  em  verfo. 

Prima,  et  Secunda  in  Africam  expeditio  Ke- 
gis  Sehafliani.  M.  S. 

Poema  de  duplici  amore  in  laudem  Santa 
Maria  Magdalena. 

Poema  in  Speluncam,  <&  Sepulchrum  B.  Ala- 
ria Magdalena.    Começa. 
]am  foi  puniceum  radiis  patefecerat  orhem 

Elegia  in  qua  Magdalena  Chriflum  alloquitur. 
Começa. 

Vita  mea  vita  vita  mihi  charior  ipfa. 

Viãoria  Elepantina  duce  Joanne  Aujiriaco 
comparata  defcriptio  M.  S. 

Eftando  aíTiftindo  a  hum  banquete,  e  co- 
mo ocultamente  lhe  lançaíTem  mais  agua  que 
vinho  no  copo,  tanto  que  o  bebeo  fahio  ex- 


LUSITANA. 


temporancamentc    com    eíle    dyílicho,    que 
admirou  a  todos  os  circumAantcs. 
f  Jn  craterg  meo  Tbetys  «ft  conjimtía  Lyao; 
lift  Dea  Jimíta  Deo,  ftd  Dea  mayor  to. 

ANTÓNIO  I.OPHS  Natural  de  Lisboa, 
e  infígne  ProíeíTor  de  Medicina,  de  cuja  fa- 
culdade naò  imprimio  obra  alguma,  podo  que 
compoz  muitas,  e  doutiffimas  das  quacs  ai  lega 
huma  Zacuto  Lufttan.  de  SUdic.  Princ.  llijlor. 
Lib.  4.  cap.  17.  tihi  prohat  (faò  palavras  fuás) 
corporis  humores  á  medicanientls  attrahi  oh  fimili- 
ftidinem  quam  citm  ipfis  babent. 

ANTÓNIO  LOPES.  Veja-fe  o  P.  VIC- 
TORINO  JOSEPH. 

ANTÓNIO  LOPES  CABRAL  Nacco  cm 
Lisboa,  c  foy  bautizado  na  Real  Parochia  de 
S.  Juliaò  a  21.  do  Setembro  de  1634.  fendo 
filho  de  Pedro  Lopes  Cabral,  e  Filippa  de  Sou- 

Iza.  Na  primeira  idade  naõ  fomente  aprendeo 
letras  humanas,  e  a  lingua  latina,  mas  a  arte  da 
Mufica,  e  fahio  ncftas  faculdades,  taõ  perito 
nue  foy  recebido  na  Capella  Real  por  Capellaõ, 
b  Cantor  das  Mageftades  de  D.  Affonfo  VI.  e 
p.  Pedro  II.  Foy  Freire  da  Ordem  Militar  de 
Chrifto,  Beneficiado  das  Igrejas  de  Santa 
Maria  dos  Olivaes  da  Villa  de  Thomar,  e  Santa 
Maria  do  Caftello  de  Ponte  de  Lima,  e  Prega- 
dor no  Arcebifpado  de  Lisboa  em  cujo  minif- 
terio  naõ  logrou  menores  applaufos  o  feu  ta- 
lento, de  que  quando  foy  hum  dos  principaes 
alumnos  da  Academia  dos  Singulares  recitando 
nella  Oraçoens  ornadas  de  todo  o  género  de 
erudição,  e  compondo  verfos  em  que  fe  admi- 
rava o  artificio  poético  junto  com  o  feu  génio 
jocofo  que  nunca  degenerou  em  pueril.  Mor- 
reo  na  pátria  a  26.  de  Dezembro  de  1698.  com 
64.  annos  de  idade.  Foy  fepultado  em  huma 
Capella  do  Clauftro  de  S.  Francifco.  O  feu 
nome  he  celebrado  com  elogios  pelos  feus 
Collegas  Académicos  como  fe  pôde  ver  na 
I.  e  2.  Part.  das  obras  poéticas  da  Academia 
dos  Singulares,  e  pelo  P.  António  dos  Reys  no 
Enthujiajm.  Poet.  n.  170. 
Succinti  pariter  viridanti  haccare  frontes 
Culmina  Parnajfi  céleres  in  fumma  Jubibant 
Qtttjque  Jibi  propriam  fedem  capUtrus  ab  almo 
Prafíde  Mufarum  Capralis,  Moura,  <ò'c. 
Compoz 


309- 

Pantgyrico  ao  lixcelUnlijftmo  Senhor  D, 
António  Ijdz  de  Menet^es  diffiifimo  Marqiu^ 
de  Marialva  Conde  de  Cantanhede  do  Confelho 
de  HJIado,  e  Guerra  Prefidente  no  da  Fazenda, 
e  Capitão  General  das  armas  Portuffíe^as,  em  a 
memorável  Vitoria  de  Montes  Claros.  Lisboa 
por  António  Crasbeeck  de  Mello.  1665.  4. 
Conda  de  16.  Outavas. 

Pancarpia  de  diverfos  Sermoens.  Lisboa  por 
Miguel  Deflandes  1694.  4. 

A  2.  Part.  eílava  pròpta  para  a  impreíTaõ. 

Com  os  fuppoílos  nomes  de  Ozandro, 
Aonio,  e  Luzindo. 

¥eflas  Reais  na  Corte  de  ÍJsboa  no  feli:^  ca- 
famento  dos  Keys  de  Grâa  Bretanha  Carlos,  e 
Catherina  em  os  Touros,  que  fe  correrão  no  Ter- 
reiro do  Paço  em  Outubro  de  1661.  Lisboa  por 
Domingos  Carneiro  1661.  4. 

Quarto  dia  do  Triumpho  dos  animaes.  Lis-^ 
boa  pelo  dito  impreííor,  e  no  mefmo  aono  4. 
Confta  de  huma  Sylva  muito  larga. 

No  livro  intitulado  Academia  dos  Singularer 
dividido  em  2.  Partes  a  1,  imprefla  em  Lisboa 
1665.  e  a  2.  1668.  eftaõ  duas  Oraçoens  fuás, 
recitada  huma  em  24.  de  Fevereiro  de  1664.  e 
outra  em  21,  de  Dezembro  do  mefmo  anno 
além  de  7.  Sonetos,  6.  Romances,  3.  Decimas,  2. 
Sylvas  a  diverfos  aíTumptos,  e  muitas  Outavas 
fendo  as  principaes  as  que  tem  efte  titulo. 

Serpen  to  maquia.  Canto  único  em  que  fe 
defcreve,  a  batalha  da  Serpe,  e  Drago.  Confta 
de  30.  Outavas. 

Tinha  prompto  para  a  impreííaõ  com  o 
titulo  de 

Vlor  Poética. 

Dez  Oraçoens  que  recitara  na  Acade- 
mia dos  Singulares,  e  grande  Copia  de  Ver- 
fos. Traduzio  da  Lingua  Italiana  de  Jozé  Bau- 
tifta  na  Portugueza. 

S.  JoaÕ  Bautijla  fua  vida.  Lisboa  por  Ber- 
nardo da  Coita  Carvalho.  1691.  16. 

Do  mefmo  idioma  de  D.  António  Júlio 
Brignoli  Sale  em  o  materno. 

V^ida  da  Magdalena  no  ejlado  de  pecadora, 
amante,  e  penitente.  Lisboa  por  António  Cras- 
beeck de  Mello.  1670.  16.  et  ibi  por  Miguel 
Deflandes.  1695.  16. 

ANTÓNIO   LOPES  CASTELLO  Pres- 

bytero   UlyíTiponenfe,   e   Beneficiado  na  Pa- 


3io 


BIBLIOTHE  C  A 


rochial  Igreja  de  Santa  Maria  Magdalena  da 
fua  pátria  ornado  de  coílumes  innocentes,  e 
•de  piedofos  aífeélos,  cordialmente  devoto  do 
íimorofo  Myílerio  do  Sacramento  do  Altar, 
cuja  veneração  dezejando  propagalla  com 
mayor  ardor  nos  Coraçoens  dos  Catholicos 
efcreveo. 

Officio  em  louvor  do  Santijfimo  Sacramento  com 
•cinco  Joliloquios  para  antes,  e  depois  da  ConfiJfaÕ,  e 
Commmhaõ.  Lisboa  por  Diogo  Soares  de 
Bulhoens.  1670.  16. 

Officio  de  N.  Senhora  com  as  Rubricas  em  Por- 
tugue:^,  e  outras  advertências  para  com  mayor  per- 
Jeiçaõ  fe  re^^ar.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck 
1659.  24. 

Morreo  na  Pátria  a  25.  de  Janeiro  de  1709. 
■com  mais  de  80.  annos  de  idade.  Jaz  na  Paro- 
chia  da  Magdalena. 

ANTÓNIO  LOPES  DA  FONSECA  Pres- 
bytero  do  Habito  de  S.  Pedro,  e  MeJftre  das 
-Ceremonias  do  IlluílriíTimo  Arcebifpo  de 
Braga  D.  Luiz  de  Soufa,  a  quem  acompa- 
nhou na  Jornada,  que  eíle  iníigne  Prelado  fez 
■2.  Roma  com  o  Carafter  de  Embaixador  a 
18.  de  Sembro  de  1675.  efcrevendo. 

Memorias  para  a  vida  do  Arcebifpo  de  Braga 
D.  Lui:i  de  Soufa  M.  S.  Confervaõ-fe  na  Liura- 
jria  dos  PP.  Theatinos  delia  Corte. 

ANTÓNIO  LOPES  LEITAM  natural 
da  Villa  da  Certaá  do  Priorado  do  Crato  fendo 
bautizado  na  Igreja  de  S.  Pedro  Matriz  da 
mefma  Villa  ao  i.  de  Mayo  de  161 1.  Foraõ 
feus  Pays  António  André,  e  Grada  Lopes. 
Depois  de  eítudar  Direito  Pontifício  na  Univer- 
íidade  de  Coimbra,  e  receber  o  gráo  de  Bacha- 
rel nefta  faculdade  em  que  foy  muito  douto, 
teve  os  lugares  de  Prothonotario  ApoftoHco, 
Beneficiado  da  Igreja  de  S.  Pedro  da  fua  Pá- 
tria, Promotor  da  Relação  Eccleíiaítica  de  Lis- 
boa, Ouvidor,  e  Viíitador  da  Igreja  dos  Frey- 
res  da  Conceição  de  Lisboa  da  Militar  Or- 
dem de  Chriílo,  e  naõ  das  Religiofas  def- 
te  IníUtuto  como  erradamente  efcreveo  Ni- 
col.  António  na  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  iii. 
Sendo  Prior  da  Igreja  de  N.  Senhora  do 
Olival  diílante  meya  legoa  da  fua  pátria 
morreo  a  12.  de  Outubro  de  1662.  com  54. 
annos  de  idade.    Eftá  fepultado  na  Igreja  de 


S.  Pedro  onde  recebeo  a  graça  bautifmal. 
Compoz. 

Praxis  finium  Kegundorum.  Ulyffipone  apud 
Emmanuelem  da  Sylva.  1654.  4.  et  Conim- 
bricai  apud  Emman.  Dias  Acad.  Typ.  1690.  4. 

Sermoens  Vários  2.  Tom,  M.  S.  que  defap- 
pareceraõ  depois  da  fua  morte. 

Delle  faz  honorifica  mençaõ  Jacinto  Ley- 
taõ  Manfo  de  Lima  na  Defcripc.  da  Villa  de 
Certaá  M.  S.  §.  2.  foi.  367. 

ANTÓNIO  LOPES  DE  LIMA  natural  de 
Villa-Franca  de  Xira  do  Arcebifpado  de  Lis- 
boa, filho  de  Pafchoal  Nunes  de  Lima,  e  Anna 
Maria,  Boticário  neíla  Corte,  onde  publicou. 

Kemedio  novo,  e  admirável  de  huns  pòs  Simpá- 
ticos, que  excitaõ  a  fuor.  Lisboa  por  Miguel 
Rodrigues  1729.  8. 

ANTÓNIO  LOPES  DA  VEIGA  na- 
tural de  Lisboa,  e  Sobrinho  de  D.  Fr.  Diogo 
Lopes  de  Andrade  Eremita  de  S.  AgoíUnho, 
e  Bifpo  de  Otranto,  que  conhecendo  o  grande 
talento  que  defcubria  na  adolefcencia  para 
as  letras  humanas,  e  Filofoíia  o  levou  na  fua 
companhia  para  Madrid,  onde  brilhaíTe  o  feu 
engenho  entre  os  Varoens  mais  eruditos. 
Tanto  que  chegou  a  eíta  Corte  fe  fez  eíHmado 
das  principaes  pefloas  de  ambas  as  Jerarchias 
pois  nelle  veneravaõ  felifmente  unidas  as  fcien- 
cias  da  Poefia,  Hiíloria  antigua,  e  moderna, 
Philofofia,  e  Mathematica  com  os  dotes  de 
hum  génio  affavel,  vida  innocente,  e  animo 
modeíto.  Sempre  era  confultado  pelos  Sábios 
em  matérias  eruditas  obfervando  a  fua  de- 
cifaõ  como  de  Oráculo.  Naõ  houve  Cer- 
tame litterario  em  que  naõ  levaíle  a  palma 
a  todos  os  Competidores.  Foy  Secretario 
do  Condeftavel  de  Caílella,  que  para  feu 
uzo  lhe  fez  patente  a  fua  grande  Bibliothe- 
ca.  Vivia  em  Madrid  no  anno  de  1656. 
quando  jà  contava  fetenta  de  idade,  até  que 
na  mefma  Corte  fechou  o  circulo  da  vida. 
Quanto  eítímaffe  o  feu  furor  poético  o  gran- 
de Lope  Félix  da  Veiga  o  declara  elegante- 
mente no  Laurel  de  Apollo  Sylva  3 . 

Aqui  confufo  el  Tajo  a  imaginar  fe  pufo 
Con  vo^^  quexofa  aunque  en  accento  bajo 
Porque  de  António  lj)pes  fe  interpu^o 
La  grave  Filomena  &c. 


LUSITANA. 


3ir 


Nic.  Ant.  Bíb.  Hi/p.  Tom.  i.  pag.  ixi.  Charus 
Cfm£íis,  Ó*  in  pretio  hahitiis  oh  fludiorum  Philo- 
Jophia,  ac  Poe/ices,  nec  non  et  lUJIoria  antiqua, 
tt  nova  excellentiam  fimul,  et  modeftiam.  Manoel 
de  Far.  c  Souf.  no  Comment.  às  K/m.  de  Camoens 
Tom.  4.  pag.  41.  col.  i.  D.  Prancifco  Manoel 
na  Carta  dos  Author.  Portug.  cfcrita  ao  Dou- 
tor Manoel  da  Foníeca  Themudo,  que  he 
A  I.  da  4.  Cent.  Joaõ  Soar.  de  Brito  in  Thea- 
iro  Lttftt.  Litter.  lit.  A.  n.  95.    Compoz. 

Lirica  Poefia.  Madrid  por  Bernardino 
tic  Gufman  1620.  8. 

El  perfetio  Senor  Jueno  politico  con  otros  vários 
(lijcttrfos  y  ultimas  Poefias  varias  Madrid  por 
l.uiz  Sanches  1626.  4.  et  ibi  en  la  ImpreíTion 
Rcnl   i6j2. 

Heraclito,  y  Demócrito  de  nuejlro  figlo ;  difcri- 

rfe  tm  legitimo  Philofofo.    Diálogos  Morales  fobre 

!res  matérias,  la  nohle:(a,  la  riquev^a,  y  las  letras 

Madrid  por  Dicgo  Dias  de  la  Carrcra.  1641.  4. 

Muitos  verfos  feus  fc  imprimirão  em  di- 
vcrfos  livros,  que  no  feu  tempo  fahiraõ  em 
Madrid  como  fe  podem  ler  nos  applauzos  à 
Canonização  de  S.  Ifidro.  Girtam.  2.  foi.  61. 
na  "Pam.  Pofthttm.  de  Lj)po  Félix  da  Veg. 
loi.  35. 

ANTÓNIO  LOURENÇO  natural  de 
Serpa  da  Província  do  Alentejo,  e  filho 
de  Lourenço  Rodrigues,  e  de  Violante  Lou- 
renço. Tendo  recebido  a  borla  doutoral 
na  faculdade  de  Leys  em  a  Univerfidade 
de  Coimbra  foy  Collega  do  Real  Collegio 
de  S.  Paulo,  cuja  beca  tomou  a  17.  de  Ju- 
nho de  1602.  A  grande  profundidade  com 
que  penetrava  os  arcanos  mais  recôndi- 
tos da  Jurisprudência  o  elevarão  ao  magif- 
terio  que  com  grande  gloria  do  feu  nome 
exercitou  nas  Cadeiras  da  IníUtuta  no  anno 
de  1605.  do  Código  em  1608.  dos  Três 
livros  em  1609.  do  Digefto  Velho  em 
1617.  e  ultimamente  de  Prima  de  que  te- 
ve a  poíTe  em  12.  de  Setembro  de  1629.  Foy 
Dezembargador  da  Relação  do  Porto,  e 
da  Cafa  da  Suplicação.  As  poíHllas  que  dic- 
tou  no  largo  tempo  que  foy  Meíhre  fem- 
pre  foraõ  muito  eílimadas  pelos  mayores 
ProfeíTores  de  hum,  e  outro  Direito  por 
fe  acharem  nellas  unida  a  fubtileza  com  a 
claridade.    Sendo  intitulado  Meílre  comum. 


c  infigne  Letrado  peb  D.  Joaõ  de  Carvalha 
in  Cap.  Rainaud.  de  Teftament.  Part.  i.  n.  174. 
et  850.  Part.  2.  n.  124.  255.  555.  Part.  4.0. 115. 
Portug.  de  Dona/,  reg.  Tom.  i.  liv.  i.  Prxlud. 
2.  §.  2.  n.  15  j.  Pegas  AJlegat.  por  D.  Agoflinix^ 
de  Alencaftro  onde  dÍ2  que  Fafario  no  íeu 
Tratado  de  Stéflit.  extrahira  grande  parte 
da  PoAilla  ad  L.  cum  Avia  efcrita  pelo  noíTo 
António  Lourenço.  Paym  Difc.  ]$trid.  e  poli/, 
foi.  55.  v.o  n.  marg.  5.  Barbofa  nas  Mem. 
do  Coll.  de  S.  Paul.  p.  115.  et  in  Archia/h.  Lu- 
Jit.  pag.  25.  Morreo  em  Coimbra  em  9.  de 
Janeiro  de  1630.  Deixou  as  Poftillas  fe- 
guintes 

Tit.  Cod.  de  Jure  Keipublica  lib.  11. 

Ti/.  Cod.  de  Agricolis  et  Cenjitis.  lib.   11. 

Text.  in  L.  cum  Avus  102.  ff.  de  ConditiO' 
nibus,  et  Demonftrationihus. 

Tit.  ff.  de  Paííis. 

Tit.  ff.  de  Kebus  dubiis. 

Text.  in  L.  Haredem  ^^.  ff.  de  regulis  júris, 

Tit.  Cod.  de  Annonis,  et  tributis. 

L.  fin.  Cod.  de  revocandis  donationibus. 

ANTÓNIO  LUIZ  natural  de  Lisboa^ 
e  infigne  Medico,  de  cuja  faculdade  teve 
por  Meílre  feu  Pay,  que  defcubrindo  no  fi- 
lho engenho  fubtil,  e  aguda  comprehen- 
faõ  lhe  revelou  os  mais  ocultos  myílerios 
da  Medecina.  Pela  profunda  fciencia  que 
tinha  da  lingua  Grega  ignorada  naquelle 
tempo  em  a  mayor  parte  de  Efpanha  foy 
chamado  antonomaíHcamente  o  Grego,  e 
pudera  lograr  denominações  de  Latino, 
Filofofo,  e  Medico  por  fer  eminente  em 
todas  eftas  artes  pelas  quaes  foy  muito  acei- 
to à  mageftade  delRey  D.  Joaõ  o  IH.  e 
a  os  mayores  eruditos  da  fua  idade,  como- 
eraõ  Joaõ  de  Barros,  Diogo  Pires,  Jero- 
nymo  Nunes  Ramires,  e  Jeronymo  Car- 
dofo  intitulando-o  na  Epiftol.  27.  Multi- 
faria  eruditionis  hominem,  ingenij  fublimis,. 
locupktiffima  litteratura,  litterarum  Atlan- 
ta,  et  in  quo  uno  litteraria  provinda  tam- 
quam  in  Athlante  Calum  fulciebatur.  Na 
Univerfidade  de  Coimbra,  onde  recebeo 
na  faculdade  Medica  as  infignias  dou- 
toraes,  explicava  Galeno,  e  Ajriftoteles 
na  lingua  Grega  de  cujas  liçoens  tomou  pof- 
fe  em  4.  de  Março  de  1547.  illuílrando  a  ef- 


,3l2 


BIBLIO THE  CA 


tes  dous  Príncipes,  hum  da  Medicina,  e 
outro  da  Filofofia  com  fubtiliíTimas  inter- 
pretaçoens.  Viveo  naõ  fomente  até  o  anno 
de  1558.  como  efcreveo  Juílo  in  Chronolo- 
gia  Medica  mas  chegou  quafi  ao  anno  de  1565. 
Delle,  e  das  fuás  obras  fazem  memoria  Ma- 
noel Severim  de  Faria  no  B.log.  de  Joaõ  de 
Barros  foi.  33.  v.^  chamandolhe  Grande  Me- 
dico, e  Filofofo.  Nic.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  III.  Mediais  exqtdfitcB  hujus  artis  doãrina 
multam  gracanica,  h,atiníBque  hijioria  cognitionem, 
atqne  utriujque  lingua  peritiam  ad  junxit.  Ti- 
raquell.  in  Auãor.  Nomenclaf.  Raphael  Spa- 
chius  in  Nomencl.  Med.  lib.  5.  cap.  45.  56. 
87.  Balthez.  Werlin.  in  additionih.  ad  Trithem. 
addit.  2.  pag.  434.  Ant.  Vander-Lind.  de 
Script.  Med.  Georg.  Abrah.  in  'Lind.  renovai. 
Joan.  Fernandes  in  Orat.  habita  Conimbrica 
et  ibi  excuf.  anno  1548.  8.  fallando  delle  entre 
os  Lentes  de  Medicina  diz  Allicit  ad  fe  omnes 
Jumma  modefiia,  et  varia  litteratura  'L.udovicus 
Gracus  Galeni  graci  interpres  ingenij  momimentis 
magna  cum  latide  doãijfimus  quibujqite  viris 
charus,  et  fujpiciendus.  Joan.  Soar.  de  Bri- 
to in  Theatr.  L.ujtt.  Litter.  lit.  A.  n.  96. 
Franc.  Leytaõ  Ferreir.  nas  Memor.  da  Uni- 
verjid.  de  Coimb.  pag.  572.  n.  1211.  Medi- 
co famofo,  e  interprete  admirável  de  Galeno. 
Naõ  publicou  juntamente  as  fuás  obras 
como  elle  confeíTa  no  Prologo  de  Occultis 
Proprietatibus  dizendo.  Donec  ad  hanc  perve- 
nimus  Jenilem  atatem  multa  Jemper  littera- 
rum  monumentis  mandavimus,  et  tum  has, 
tum  alias  pkrajqiie  nobilis  ingenij  commen- 
tationes  confcripjimus,  quibus  hanc  urbem  Ulyf- 
Jiponem  tot  voluminibus  editam  exornavimus.  As 
principaes  obras  fahiraõ  impreíTas  Ulyffi- 
pone  apud  Ludovicum  Rodrigues  1540.  in 
foi.  e  faõ  as  feguintes. 

T>e  occultis  proprietatibus  libri  quinque. 
Primus  quid  Jit  proprietas,  et  qua  ejus  complexio 
enucleat,  ubi  multa  de  temperamentis  z.  agit  de 
vi  attraãrice,  ac  omnibus,  qucB  in  eá  reperiuntur. 
3 .  de  animalibus,  eorum  partibus,  venenis,  ac  Ve- 
nenatis.  4.  de  proprietatibus  qua  herbis,  lapidibus, 
et  multis  aliis  infunt.  5.  in  Superioribus  libris 
tradita  confirmat. 

De  Empjricis,  et  mifcellaneis  aliquot  liber 
iinus:  ubi  de  variis  diverfarum  rerum  virtuti- 
hus. 


De  Pudore  liber  unus  occulta  quadam  exhi- 
bens  è  Gracorum  hijloriis  excerpta.  Dedicado 
a  Joaõ  de  Barros,  e  a  cuja  inftancia  o  fez  o 
Author. 

Problematum  libri  Quinque.  i.  continet  pro- 
blemata  ad  hominem  fpeãaníia,  et  ad  Phy- 
Jicen;  nempe  de  atatibus,  de  temporibus,  confue- 
tudinibus,  temperaturis,  animalibus,  plantis, 
herbis,  fruãibus.  2.  Mifcellanea  de  iis,  qua 
ad  u/um,  et  conjuetudinem  attinent;  de  fomno, 
(ò°  injomniis;  de  quibufdam  confuetidinibus 
Komanis,  et  legibus  3.  de  iis  qua  ad  fuper- 
naturalem  Philofofiam,  et  diviniores  fermones 
Jpe^ant.  4.  Problemata  adducit,  qucB  ad  res 
medicas  faciunt.  5.  Qua  ad  ingénuas  dijcipli- 
nas,  nimirum,  AJlronomiam,  Arithmeticam, 
Mujicam,  I^ogicam.  Efta  obra  como  a  prece- 
dente de  Occultis  Proprietatibus  as  julga  Conrado 
Gefnero  in  Epit.  Biblioth.  ejfe  abjoluta  jucunda, 
et  varia. 
Traduzio  de  Grego  em  Latim. 

Erotematum,  Jive  Commentariorum  in  libros 
Galeni  de  crijibus  libri  3. 

Erotematum  numeri  ternarij  libri  fex, 
in    quibus    omnis   fere    res    medica    explicatur. 

Erotematum  de  difficili  rejpiratione  liber  unus. 

Erotematum  de  uju  refpirationis  liber  alius. 

De  Corde  liber  abjolutijfimus,  in  quo  tum 
plures  Arijiotelis  errores  proponuntur,  tum  plu- 
rimcB  quajliones  enodantur. 

Galeni  liber  de   Ptipfana:     ejufdem  liber  in 
quo  difputat,  utrum  Jit  animal,  id  quod  in  útero 
continetur?     Galeni    de   pranofcendo,    do^ijfimm  ú 
libellus  numquám  antea  excuf us.  '  " 

Eiber  de  eo,  quod  Galenus  animam  ejfe  morta- 
lem  vifus  eji  tenere. 

Annotationes  aliquot  in  nonnullos  Hyp- 
pocratis  Aphorifmos. 

Expojitio  in  definitionem  quam  de  humoribus 
Avicena  confignat. 

Eiber  de  erroribus  Petri  Apponenfis  in  Pro- 
blemat.    Arijiotelis  exponendis. 

De     Compofitione     Pharmacorum ,     (Ò"     qui- 
bufdam   Medicis   quajlionibus. 
Verteo  em  Latim. 

Michaelis  Pfelli  allegoria  três  in   Tantalum, 
in  Sphingen,  in  Circen,  et  in  Sotadem,  quod  vita 
pluribus  fit  plena  malis.     Antuerpias  apud  Mi-  , 
chaelem  Hellenium.  1537.  * 

Panegírica    Oratio    elegantijfima  phirima  rh 


i 


LUSITANA. 


3i3 


I 


rum,  €>•  hiftoriarum  copia  rtjerta  Joanni  hujus 
mminis  Tertio  inviííijfimo  }.Jifitamarum  Rtgt 
mmcnpafa.  Ulysbonx  apucl  I  .ogdovicum  Roto- 
rigium  1559.  4. 

Epijlola  nci  Hieronymum  Cardoso  a  qual 
hc  a  26.  entre  as  dcftc  Author.  Acabou, 
mas  naò  imprimio  na  língua  materna. 

Tratado  de  AfijricHltitra  que  conílava  de 
17.  Livros,  em  cujo  Prologo  faz  mençaò 
de  outra  obra,  que  tinha  compoíla  intitulada 

Tratado  da  IJngita  Vortugne\a.  M.  S.  vcrtco 
de  Grego  em  I.atim 

Commentaria  D.  Çyrilli  in  l/ajam  Pro- 
phetam.  M.  S. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  LUIZ  Natural 
da  Arrifana  de  Souza  no  Bifpado  do  Porto,  e 
Religiofo  da  Seráfica  Provincia  de  Portugal 
onde  pela  grande  prudência,  e  zelo  de  que  foy 
ornado  exercitou  os  lugares  de  ComiíTario  dos 
Irmãos  da  Terceira  Ordem  da  Penitencia  no 
Q)nvento  de  Lisboa  do  qual  foy  Guardião, 
ComiíTario  da  Cuftodia  da  Ilha  do  Funchal,  e 
Difinidor,  atè  que  chegou  a  fer  Provincial 
eleito  a  9.  de  Outubro  de  1621.  em  cujo 
governo  intentou,  e  felizmente  confeguio  as 
mayores  emprezas  em  beneficio  da  Religião 
fendo  as  principaes  ampliar  as  rendas,  e  dimi- 
nuir o  numero  das  Religiofas  da  fua  obe- 
diência, reparar  os  Mofteiros  de  Vai  de  Perei- 
ras, e  Torres  Novas,  concorrer  para  a  Funda- 
ção de  S.  Francifco  de  Thomar,  e  para  a  mu- 
dança, e  nova  erecção  do  CoIIegio  de  S.  Boa- 
ventura de  Coimbra.  Igual  difvello  moftrou 
em  procurar  a  Canonização  da  Rainha  Santa 
Izabel,  e  a  Beatificação  do  Santo  Fr.  Pedro  da 
Guarda,  cujas  Reliquias  fe  veneraõ  no  Con- 
vento de  S.  Bernardino  da  Ilha  Terceira. 
Recebendo  huma  carta  da  Mageftade  de  Filippe 
III.  de  Portugal  efcrita  a  28.  de  Fevereiro  de 
1622.  para  que  mandaíTe  promover  pelo  Comif- 
fario  que  nefte  anno  navegava  para  o  Oriente 
as  MiíToens  que  os  Religiofos  Menores  faziaõ 
naquella  dilatada  vinha  com  grande  fruto  das 
almas,  promptamente  executou  a  infinuaçaõ 
Real  naõ  lhe  fendo  neceíTario  taõ  forte  eftimulo 
para  o  zelo  com  que  exercitava  as  obriga- 
çoens  do  feu  miniílerio.  Fazem  delle  me- 
moria Fr.  Fernand.  da  Soled.  Hift.  Seraf. 
da  Prov.  de  Vortug.  Part.   3.   Liv.    i.  cap.  21. 


n.  152.  e  Part.  5.  Liv.  5.  cap.  19.  n.  697.  e 
Fr.  Joaft  de  Santo  António  in  hiblioth.  Franc. 
Tom.  I.  pag.  III.  e  Francifco  AAbnfo  de 
Chaves,  e  Mello  Margarit.  Animad.  pag.  210. 
Publicou. 

V>jgra  dos  Irmãos  Seculares  da  Santa,  e  Vene- 
rável Ordem  Terceira  da  Penitencia,  que  inftituhio 
o  Seráfico  P.  S.  Francifco,  e  ordena^oens  gerais 
para  o  bom  governo  da  me/ma  Ordem.  Lisboa 
por  Mathias  Rodrigues  1650.  8.  et  ibi  por 
António  Alvares  1645.  8.  e  Coimbra  por  Jozé 
Ferreira.  1686.  8. 

ANTÓNIO  LUIZ  COUTINHO  DE 
ABREU  Prior  da  Parochial  Igreja  de  S. 
Tiago  da  Villa  de  Alanquer  do  Arccbifpado 
de  Lisboa.  Tradufio  de  Latim  em  Portuguez 
com  algumas  addiçoens. 

Tejlamento,  e  ultima  vontade  da  alma  feito 
em  faude  para  fegurar-Je  o  ChriflaÕ  das  tenta- 
çoens  do  demónio  na  hora  da  morte  compojlo  por 
S.  Carlos  Borromeo,  e  acrecentado  com  algumas 
Oraçoens  devotijftmas  ao  Dulcijftmo  Nome  de 
JESUS,  à  Puriffima  Virgem  Maria,  e  outros 
Santos,  e  Santas  efpeciaes  advogados  para 
alcançar  de  Deos  N.  S.  a  falvaçaõ  na  tremenda, 
e  temenda  hora  da  morte.  Lisboa  na  Oflicina 
da  Mufica.  173 1.  24. 

ANTÓNIO  LUIZ  RIBEIRO  DE 
BARROS  Natural  de  Évora,  Moço  Fidalgo 
da  Cafa  Real,  filho  de  Juliaõ  Abelho  de  Barros, 
e  D.  Violante  Ribeiro  adminiílradora  do  Mor- 
gado dos  Ribeiros.  Defde  a  adolefcenda  fe 
applicou  na  Univerfidade  da  fua  pátria  às 
Letras  Humanas,  e  à  Filofofia,  em  que  recebeo 
o  Grào  de  Meílre.  Depois  que  cafou  em  Lis- 
boa deixando  as  Sciencias  feveras,  cultivou  as 
amenas  fendo  o  feu  continuo  difvello  a  liçaõ 
da  Poefia,  e  Hiftoria,  e  o  exercicio  da  Cavalla- 
ria  em  que  fahio  perfeitamente  inftniido,  e 
praticamente  verfado.  Nefta  Corte,  e  na  de 
Madrid  publicou  os  frutos  que  tinha  colhido 
das  fuás  literárias  applicações  fendo  eftima- 
do  por  elegante  Poeta,  e  deftro  Cavalleiro. 
Morreo  em  Lisboa  nas  fumptuofas  Cafas 
onde  morava  junto  do  Convento  de  N.  Se- 
nhora da  Graça  dos  Eremitas  de  Santo  Agof- 
tinho  a  18.  de  Dezembro  de  1683.  No 
tempo  que  aíTiílio  em  Madrid  publicou 


3i4 


BIBLIOTHE  CA 


El  muerto  Viãoriofo  Philippe  IV.  difcurfo 
advertido.  Madrid.  1671.  4.  coníla  de  verfo, 
e  proza. 

E/pejo  dei  Cavallero  Madrid  1671.  4. 

1m  Jornada  de  Madrid.  1672.  4. 

Gieroglificos  jiete  en  la  mtierte  de  la  Empe- 
ratri:{^  D.  Margarita  Maria  de  Aujtria.  1673. 
4.  A  obra,  e  ao  Author  louva  com  hum 
elogio  poético  D.  Pedro  Luiz  Oforio. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  LUZ  Natural  da 
illuJftre  Villa  de  Guimaraens  da  Provinda  de 
Entre  Douro,  e  Minho,  e  filho  de  Diogo  de 
Bouro.  Recebeo  o  Habito  Monachal  do 
Grande  Patriarcha  S.  Bento  no  Convento  de 
Tibaens  em  7.  de  Novembro  de  1635.  quando 
contava  16.  annos  de  idade,  e  depois  de  eníinar 
com  fruto,  e  applaufo  as  fciencias  efcolafticas 
aos  feus  Monges,  por  uniforme  voto  dos  Cathe- 
draticos  da  Univerfidade  de  Coimbra  fe  gra- 
duou Doutor  na  faculdade  da  Theologia. 
A  profunda,  e  vaíla  noticia  que  com  indefeíTo 
eíhido  alcançara  deíla  fciencia  o  fez  fubir  à 
Cadeira  de  Durando  em  25.  de  Janeiro  de  1664. 
donde  paíTou  à  de  Efcoto  em  3 1 .  de  Junho  de 
1666.  e  deíla  à  de  Vefpera  a  27.  de  Novembro 
de  1669.  e  ultimamente  chegou  a  fer  Lente  de 
Prima  de  que  tomou  poíTe  em  17.  de  Outubro 
de  1676.  e  de  Vice-Reytor  da  Univerfidade  em 
23.  de  Fevereiro  de  1679.  Naõ  aceitou  o  Bif- 
pado  de  Angola  em  que  fora  nomeado  pelo 
Príncipe  Regente  D.  Pedro  II.  Morreo  em 
Coimbra  a  11.  de  Abril  de  1679.  fendo  L//í^  sem 
Jomhra  ( como  delle  efcreve  Fr.  Rafael  de 
JESUS  na  Monarch.  L.ujit.  Tom.  7.  Liv.  4. 
cap.  20.  n.  4. )  da  Familia  Benediãina,  como 
também  affomhro  das  ejcolas  da  Jua  idade 
Carvalho  Corog.  Vortug.  Tom.  i.  Trat.  i. 
cap.  18.  lhe  chama  injigne  Theologo,  e  Fr. 
Gregor.  de  Argais  Perla  de  Catalma  pag. 
466.  §.  161.  E.^0  de  las  letras  de  la  Univer- 
Jidad  de  Coimbra.  Eílava  preparando  para 
a  ImpreíTaõ  as  Matérias  Theologicas,  que 
douta,  e  agudamente  tinha  diftado  na  Uni- 
verfidade pelo  largo  efpaço  de  quinze  annos 
quando  a  morte  lhe  interrompeo  a  execu- 
ção defte  defignio  com  grave  detrimento 
da   Republica   literária  fendo   as   principaes. 

De  Incarnatione. 

De  Aãibus  humanis. 


De  Virtutibus,  (ò^  vitiis. 

De  Voluntário,  e>*  involuntário. 
Imprimio 

Sermão  efiando  o  Senhor  expojlo  na  Capella 
Keal  da  Univerfidade  de  Coimbra  na  celebridade 
em  que  deu  graças  a  Deos  pelo  Naci mento  da  Prin- 
ce:(a  Senhora  Nojfa  D.  Ii(abel  em  zi.  de  Janeiro 
de  1669.    Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla.  1669.  4. 

P.  ANTÓNIO  DE  MACEDO  Natural  de 
Coimbra  filho  de  Joaõ  Rodrigues,  e  Maria  de 
Macedo,  irmaõ  inteiro  do  infigne  Fr.  Francifco 
de  Santo  Agoílinho  Macedo  de  quem  faremos 
merecida  lembrãça  em  feu  lugar,  e  de  Manoel 
de  Macedo  Meílre  Efcola  na  Cathedral  do 
Porto,  e  Jozè  de  Macedo  Beneficiado  em  Évo- 
ra. Na  idade  de  quatorze  annos  entrou  na 
Companhia  de  JESUS  em  Lisboa  a  25.  de 
Agoílo  de  1626.  onde  depois  de  diftar  Huma- 
nidades, e  Theologia  Moral  naõ  fomente  exer- 
citou o  officio  de  Pregador  em  Portugal,  mas 
em  a  Praça  de  Mazagaõ  celebre  Colónia  dos 
Portuguezes  na  Regiaõ  de  Africa  reformando 
nella  pelo  efpaço  de  três  annos  com  as  fuás 
declamaçoens  Evangélicas  a  vida  licenciofa  dos 
Soldados.  Por  ordem  do  Sereniífimo  Rey  D. 
Joaõ  o  IV.  acompanhado  do  P.  Joaõ  de  An- 
drade foy  Confeílor,  e  interprete  da  lingua  La- 
tina de  Jozé  Pinto  Pereira  Embaxador  à  Rainha 
de  Suécia,  e  partindo  de  Portugal  a  24.  de 
Junho  de  1650.  chegou  a  Eílolckom  Corte  da- 
quelle  Reyno  a  30.  de  Julho,  e  ainda  que  eílava 
disfarçado  com  veílido  de  Secular,  era  tanta 
a  prudência,  e  modeíUa,  que  fe  admirava  nas 
fuás  acçoens,  que  delias  inferio  a  Rainha  Chrif- 
tina  Alexandra  que  dominava  aquelle  Im- 
pério, fer  Jefuita,  e  como  a  tal  Lhe  reve- 
lou o  intento  de  largar  a  Coroa  que  poíluia, 
e  abraçar  a  ReUgiaõ  CathoUca,  fendo  a  pri- 
meira Peííoa,  a  quem  fez  participante  de 
taõ  heróica  refoluçaõ.  Logo  lhe  encomen- 
dou partiííe  a  Roma  com  huma  carta  ao 
Geral  para  lhe  mandar  dous  Padres  Italia- 
nos com  quem  conferiííe  os  pontos  mais  ef- 
fenciaes  da  Fé  Catholica,  e  em  manifeíla 
fignificaçaõ  do  affefto  com  que  eílimava 
ao  P.  Macedo  lhe  deo  hum  colar  de  ouro 
com  o  feu  Retrato  que  vaUa  quinhentos  Sa- 
quinos  de  ouro.  Promptamente  obedeceo  a 
efta  infinuaçaõ   da  Rainha,   e  fahindo   ocul- 


L  USITANA. 


3i5 


tamente  da  G>rte  a  5 1.  de  Agoílo  de  165 1.  yeyo 
pelo  mar  Balthico  a  Lubeck,  donde  paíTou 
a  Amburgo,  Bronfuic,  Norimberg,  Aufpurg, 
c  entrando  pelo  Condado  de  Tirol,  Veneza, 
I'errara,  Bolonha,  Florença,  e  Sena  chegou  a 
Roma  em  28.  de  Outubro  do  meímo  anno,  c 
achando  morto  o  Geral  Francifco  Picolominí 
entregou  a  Qrta  ao  Vigário  Geral  Gofvino 
Nikel  que  Tem  dilação  mandou  para  inílruir 
I  aquella  coroada  f  leroina  aos  Padres  Francifco 
Malines,  e  Paulo  Cafato  hum  Thcologo  infignc, 
e  outro  grande  Mathcmatico.  Concluído  fe- 
lizmente o  negocio  que  por  tantos  perigos  o 
trouxeraô  de  Suécia,  aíMio  em  Roma  por 
cfpaço  de  vinte  annos  com  o  lugar  de  Peni- 
tenciário da  Igreja  de  Saõ  Pedro,  e  voltando 
a  Portugal  foy  eleito  Reytor  do  Noviciado 
i\c  Lisboa  onde  criou  aqucllas  novas  plantas 
mais  com  o  exemplo,  que  com  a  doutrina. 
PaíTou  fegunda  vez  a  Roma  por  Procurador 
tlcfta  Província  até   que   reílituido   aos   feus 

Iaaturaes  regeitando  o  Provincialado  da  Bahia 
pfferecido  pelo  Geral  Joaõ  Paulo  Oliva  foy 
Reytor  do  Collegio  de  Évora,  e  duas  vezes 
Prepofito  da  Cafa  profeíía  de  S.  Roque,  onde 
icabou  piamente  o  curfo  da  vida  a  15.  de 
julho  de  1695.  com  83.  annos  de  idade.  As 
luas  obras  faõ  louvadas  com  grandes  elogios 
pelo  Marquez  de  Agropoli  nas  Dijfertac.  Eccle- 
Jiafl.  Nic.  Anton.  in  Bib.  Hifpan.  Tom.  2. 
pag.  216.  Cardof.  Agiol.  LjíJíí.  Tom.  3.  pag. 
495.  e  no  Comment.  do  i.  de  Junho  let.  B. 
Francken.  in  Bib.  Hijl.  Gen.  Herald,  pag.  39. 
Franc.  Imag.  da  Virtud.  em  o  Novic.  de  Ltsb. 
liv.  4.  cap.  I.  e  2.  et  in  Am.  glorioj.  S.  J.  in 
Ljtjit.  pag.  404.  et  in  Sjnopf.  Annal.  S.  J.  in 
L//fif.  pag.  392.  n.  13.  Foniec.  Evor.  Glorio/. 
pag.  426.  Bib.  Societ.  Jef.  pag.  77.  Helevordius 
in  Bib.  Citriofa  pag.  18.  c.  2.  Fr.  Fernando  da 
Soled.  HiJl.  Seraf.  da  Provinc.  de  Fortug.  Part. 
5.  liv.  5.  cap.  I.  n.  1294.  onde  lhe  chama  VaraÕ 
eminente,  e  D.  Manoel  Caetano  de  Souf.  in 
Expedi f.  Hi/p.  S.  Apojlol.  Jacob.  Tom.  2.  pag. 
1304.  n.  311. 

Naõ  faltou  quem  quizefle  difputar  a  glo- 
ria ao  P.  António  Macedo  de  que  foíTe 
a  primeira  peíToa  a  quem  a  Rainha  Chrif- 
tina  comunicou  a  refoluçaõ  de  querer  abra- 
çar a  Religião  Catholica,  efcrevendo  que 
fora  Godofredo  Franckenio  a  quem  primei- 


ramente tevelata  eíla  grande  determinação 
fendo  fautores  deíla  opinião  os  Padres  Hef- 
chenío,  c  Papcbrochio  in  Vita  P.  Joan.  Boi- 
landi  Traóbt.  przlimin.  cap.  11.  Habuerat  jam 
Ume  cim  adhiic  in  regno  degens  (Regina  Chrif- 
tina)  dt  eligenda  religione  deliberarei  operit  in 
Belgio  inchoaíi  notiliam  a  Codefrido  franckenio 
qtd  primus  Catholicorum  Sacerdotum  ipfam 
aujus  fuerat  convenire,  atque  de  cognojcenda  an- 
tiqua Keligionis  unitate,  et  veritate  interpellare. 
Cuja  falfidade  refutou  taò  nervozamentc 
o  grande  Francifco  de  Macedo  in  Apendic. 
Ke/ponf.  ad  Notas  nobilis  Critici  Anonymi 
in  Apolog.  Fr.  Thom.  Mai^ea  pro  Joanne 
Annio  Viterbienfi  impreíTa  em  Verona  1674. 
que  convencidos  das  fuás  concludentes  re- 
zoens  os  mefmos  Padres  Hefchenio,  c  Papc- 
brochio in  Aíiis  San£íor.  in  Vit.  Mafalda 
Regina  fub  initium,  fe  retratarão  dizendo. 
Pontificius  Ponitentiarius  nobijcoram  Koma 
familiariter  notus  fuit  (fallaõ  do  P.  Antó- 
nio Macedo)  et  deinde  in  hafitania  in  va- 
rio quem  gejfit  magiflratu  Jedulus  quemque  ma- 
xime  adjutor  ad  conquirenda  Sanãorum  L//- 
jitanorum  monumenta;  idem  cujus  nota  pru- 
dentia  tantum  aliquando  tribuit  prudentijfima 
Keginarã  Criftina  ut  ei  primo  inter  mortales 
communicaverit  illud  fua  Chriftiana  plenum 
Jortitudinis  confilium  de  abocando  paterno  Sué- 
cia regno  pro  Romana  Catholica  religionis  li- 
bertate  mille  regnis  potiori;  eodem  etiam  admi- 
nijlro,  atque  interprete  ufa  in  negotii  omnium 
difficillimi  exórdio.  O  mefmo  fe  affirma  no 
livro  intitulado  Recueil  de  harangues  faites 
au  Roy,  aux  Reynes,  a  la  Reyne  de  Suede  &c. 
Pariz  chez  Thomaz  Jolly.  1668.  8.  na  pag. 
95.  Un  Ambajfadeur  de  Portugal  vint  a  Stol- 
kon  acompane  de  deux  Peres  Jefuites  Vun  de 
iceux  apelle  Antoine  Alacedo  Itty  fervoit  d'in- 
terprete  aupres  de  la  Rejne  la  quelle  Vajant 
reconnu  homme  prudent,  et  fidele  le  confie  fon 
fecret. ..  de  fe  faire  Catholique.  Emman.  Lud. 
in  vit.  Princip.  Theodofij  lib.  i.  cap.  21.  n.  265. 
Priorat.  Guald.  Vit.  delia  Reg.  Chrifiin.  Com- 
poz. 

Eufitania  infulata,  et  purpttrata,  feu  Pon- 
tificubus,  et  Cardinalibus  illuflrata.  Pari- 
íiis  apud  Sebaílianum  Cramoyíi.  1663.  4. 
&  ibi  apud  eumdem  Tj-pog.  1673.  4.  Qtw 
opere    ( efcreve    Fr.    Francifco    de    Macedo 


JIÓ 


BIBLIO  THE  CA 


in  Piãur.  Veneta  Urb.  pag.  135.)  ///  nihi/  eru- 
ditiiis,  nil  ekgantiús  reperire  poteris;  delia  faz 
memoria  o  P.  Labbe  in  Biblioth.  Bibliothe- 
car.  pag.  14. 

Vita  P.  Joannis  de  Almeyda  Societ.  ]ef.  Pras- 
bjteri  Provinda  Brajilienjis.  Patavij  1669.  8. 
Augmentada  Romac  apud  Francifcum  Tizzo- 
num  1671.  12.  Sahio  vertida  na  lingua  Fran- 
ceza  em  Flandes  1673.  cuja  obra  fer  elegante- 
mente efcrita  affirma  Fr.  Franc.  à  D.  Auguíl. 
Maced.  In  Tert.  Part.  five  de  Incarnai.  Colat.  8 1 . 
Different.  i.  cap.  3.  Defta  obra,  e  do  Author 
faz  memoria  o  moderno  Addicionador  da 
Bib.  Occid.  de  António  de  Leaõ  Tom.  2.  Tit.  23. 
col.  832. 

Divi  Tutelares  Orbis  Chrijliani.  UlyíTi- 
pone  apud  Michaelem  Deflandes    1687.   foi. 

No  tempo  que  aíTiílio  em  Suécia  imprimio. 

Elogia  nonnulla,  Defcriptio  Coronationis 
Serenijfima  Chrijlina  Kegina  Suécia.  Stolcho- 
mij  1650.  foi.  Coníla  de  verfo,  e  profa,  cuja 
obra  louva  o  P.  António  dos  Reys  in  Enthu- 
Jiaf.  Poet.  n.  257. 
Inclyta      Chrijlina      meritis      benegejla      Mace- 

dus 
Laudibus  exornat  Sueci  diademate  Kegni 
Dum     canit     innumero    populo    plaudente     re- 

vinãam 
Geftantemque  manu  regalia  pondera  Sceptri, 
Qua     vix     capta     vices     Cbrijli     referentis     in 

Orbe 
Gejftt  Alexandri  fub  plantas. 

ANTÓNIO  MADEIRA  natural  da 
Cidade  de  Vifeu  na  Provincia  da  Beyra, 
e  filho  de  António  Madeira,  recebeo  o  gráo 
de  Doutor  na  faculdade  de  Cânones  na  Uni- 
verfidade  de  Coimbra,  e  foy  Cónego  Dou- 
toral na  Sé  da  fua  pátria  provido  em  31.  de 
Março  de  1594.  AíTim  como  era  exemplar 
nos  coílumes  próprios  de  hum  Miniílro 
Ecclefiaftico  querendo  inílruir  aos  profeíTo- 
res  do  mefmo  eftado.   Compoz. 

Kegra  dos  Sacerdotes,  em  a  qual  Je  contem 
as  coufas  mais  neceffarias  da  fua  obrigação 
com  muitas  conjideraçoens  fobre  ellas.  i.  Parte. 
Coimbra  por  Diogo  Gomes  Loureiro 
1603.  4. 

Da  Dedicatória  a  D.  Joaõ  de  Bragança 
Bifpo   de  Vifeu  coníla  que  tinha  meditado 


efcrever  2.  Parte  para  Clérigos,  e  Beneficia- 
dos; e  a  3.  para  Bifpos,  mas  naõ  fabemos 
que  alguma  delias  fahiíTe  à  luz  publica. 

ANTÓNIO  MADEIRA  natural  da 
Cidade  de  Elvas  da  Provincia  do  Alentejo 
Official  mayor  da  Vedoria  deíla  Provincia 
e  muito  verfado  no  Eíhido  da  Hiíloria.  Ef- 
creveu,  e  dedicou  a  ElRey  D.  Joaõ  o  IV. 

Memorias  das  acçoens  dos  Portuguet^es  nas 
guerras  contra  Caftella  2.  Tom.  foi.  M.  S. 
Confervaõ-fe  na  Bibliotheca  Real. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  MADRE  DE  DEOS 
natural  de  Lisboa.  Recebeo  o  Habito  dos 
Religiofos  Menores  da  Provincia  de  Portugal 
onde  foy  Meílre  jubilado  na  Sagrada  Theo- 
logia,  e  Guardião  do  Convento  de  Santa- 
rém, Definidor  da  Provincia,  e  naõ  menos 
infigne  Letrado  que  pregador,  de  quem  faz 
breve  memoria  Fr.  Fernando  da  Soled. 
Hijl.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  5.  liv.  4. 
cap.  I.  n.  889.    Publicou. 

Sermaõ  em  o  primeiro  dia  de  Det^embro  de 
1641.  na  procijfaõ  de  Graças  que  o  Senado  da 
Villa  de  Santarém  foj  dar  na  Igreja  do  Santo 
Milagre  pela  felice  A.cclamaçaÕ  delRej  D.  Joaõ 
o  IV.  Lisboa  por  Domingos  Lopes  Rofa 
1641.  4. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  MADRE  DE  DEOS 

natural  de  Lisboa  onde  entrou  na  Religião 
de  N.  Senhora  do  Monte  do  Carmo  da  antigua 
obfervancia.  Aprendeo  Mufica  com  aquelles 
dous  celebres  profeíTores  defta  arte  Duarte 
Lobo,  e  Fr.  Manoel  Cardofo  religiofo  taõbem 
Carmelita,  e  fahio  de  taõ  doutas  efcolas  Meílre 
confumado.  Por  muitos  annos  exercitou  o 
lugar  de  Vigário  do  Coro  do  Convento  de 
Lisboa  compondo. 

PJalmos,  Motetes,  e  Kejponjorios  do  Officio 
dos  Dejuntos  para  Je  cantarem  na  Igreja. 

Cujas  obras  correm  pellas  maõs  dos  cu- 
riofos  defta  arte,  e  outras  fe  guardaõ  na  Bi- 
bliotheca Real  da  Mufica,  como  fe  pode 
vér  no  Index  delia  impreíío  em  Lisboa  no 
anno  de  1649.  '^^^  deixou  menos  illuftres 
memorias  da  fua  fciencia,  Mufica  como  da 
prudência,  e  integridade  de  coftumes,  que 
obfervou  por  toda  a  vida  que  ainda  vivem,  e 


LUSITANA. 


3^7 


I  permanecem  entre  os  Religiofos  do  Con- 
vento de  Lisboa,  donde  piamente  paíTou  a 
melhor  vida  no  anno  de  1690. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  MADRF  DE  DROS. 
Naceo  em  Lisboa  a  28.  de  Fevereiro  de  1655. 
«    foy    filho    do    Doutor    António    Mendes 
j\rouca,  de  quem  logo  trataremos,  e  de  Izabel 
Lopes  de  Toar.   No  CoUegio  de  Santo  Antaò 
■dos  Padres  Jefuitas  com  tal  vivc7.a  de  engenho, 
«  felicidade  de  memoria  fc  applicou  ao  edudo 
das  fcicncias  amenas,  e  fcvcras,  que  naò  exce- 
dendo a  idade  de  dezoito  annos  fc  duvidava 
«m  qual  foíTe  mais  eminente.    Da  Tua  pátria 
paíTou  à  Univcrfulade  de  F)vora,  onde  com 
ulmiraçaõ  de  todos  os  Cathcdraticos  rcccbeo  o 
',ráo  de  Meftre  em  Artes,  c  de  Licenciado  cm 
l'heologia.      Movido    de    fupcrior    impulfo 
deixou  os  applaufos  académicos  merecidos  à 
lua  grande  fabcdoria,  e  recebco  o  habito  de  S. 
Paulo    primeiro    Eremita    no    Convento    do 
itiíTimo  Sacramento  defta  Corte  a  28.  de 
faneiro  de   1652.    Tanto  que  profeíTou  naõ 
indo  ainda   Sacerdote  com  exemplo  nunca 
>raélicado  na  fua  Religião  foy  mandado  pelos 
grelados   que  didafle  aos  feus  companheiros 
[ilofoíia,  e  Theologia,  o  que  executou  com 
lal  fruto  dos  domefticos,   como  aíTombro 
)S  eílranhos,   de   tal  forte   que   naõ   tendo 
Icabado  o  tempo  do  magifterio,  que  prefcre- 
\  em  as  Conftituiçoens  da   Ordem  para  rece- 
l>er  o  gráo  de  Doutor,  refolveraõ  os  Superio- 
res que  para  credito  da  Mãy  de  que  era  filho 
naõ  eftivesse  occulto  o  feu  infigne  talento  entre 
os    Clauílros,    mas    fe    dilatafle    por    mayor 
cniisferio  ordenando  que  na  Univeríidade  de 
1  Wota.  recebeííe  as  infignias  doutoraes  na  facul- 
dade de  Theologia  que  recebeo  antes  de  contar 
21.  annos,  cujo  afto  aplaudio  com  exceíTo  a 
mefma  Univeríidade  como  prevendo  a  gloria 
immortal,  que  lhe  havia  refultar  de  tal  alumno. 
Nelle  fe  admirou  unida  a  fubtileza  de  arguir 
com  a  promptidaõ  de  refponder  naò  fomente 
na  Theologia,  mas  em  ambos  os  Direitos  em 
que  era  fummamente  verfado.   Naò  era  menos 
prodigiofa   a   profundidade    com   que   pene- 
trava   os    textos    mais    difficeis    da    Sagrada 
Efcritura,   a   continua  liçaò   dos   Santos   Pa- 
dres,   e    Interpretes    da    Biblia,    os    Efcrito- 
res    profanos    aíTim    da    Hiíloria,    como    da 


Mythobgia,  os  Poetas,  e  Oradores  niaís  ele- 
gantes, por  onde  fe  conftituhio  excellente 
Pregador,  e  famofo  Hícriturario.  Todos  eftes 
dotes  fcientificos  fc  illuílravaò,  c  creciaô  com 
as  virtudes  moraes,  e  religiofas.  A  fciencía 
que  a  tantos  defvanece  lhe  fervia  de  continuo 
defcngano  de  quanto  ignorava,  fendo  inimigo 
da  vangloria,  e  taô  amante  da  humildade,  que 
alcançou  privilegio  para  nunca  exercitar  algum 
lugar  honorifico  na  Religião,  nem  ainda  vour 
publica,  ou  particularmente.  Para  viver  para 
Deos,  e  para  os  livros  fe  retirou  para  o  Soli- 
tário Convento  de  Alferrara  donde  continua- 
mente eílava  polindo  as  obras  que  dezcjava 
imprimir.  Por  caufa  de  hum  negocio  veyo  a 
Setuval  onde  obrigado  de  huma  dor  aguda 
que  lhe  prohibia  a  refpiraçaõ  fe  recolheo  à 
enfermaria,  e  depois  de  applicados  alguns 
remédios  parecendo  aos  Médicos  que  cftava 
livre  da  queixa,  o  mandarão  levantar,  e  que- 
rendo obedecerlhe  ao  encoílarfe  fobre  o  braço 
efquerdo  morreo  repentinamente  a  19.  de 
Junho  de  1696.  com  63.  annos  de  idade,  c  44. 
de  Religião.  Ao  dia  feguinte  foy  levado  o  feu 
Cadáver  ao  Convento  de  Alferrara  onde  jáz 
fepultado  com  efte  epitáfio. 

Hkjaceí  ut  mortuus 

Qui  veltit  Apis  Ubani 

Per  univerjum  pervolat  viutu 

Do£ior  injignis 

Fr.  Antonius  à  Deipara. 

Obiit  19.  ]m. 

Anti.  Dom.  1696. 

Paliando  delle  António  Carvalho  da  Coíla 
na  Corog.  Vortug.  Tom.  3.  pag.  494.  TaÕ 
perito  nas  divinas,  e  humanas  letras  que  foy  o  mais 
infigne  Jogeito  dos  feus  tempos  D.  Manoel  Caet. 
de  Soufa  in  Expedit.  Hifpan.  S.  Jacob.  Tom.  2. 
pag.  1304. 

Trabalhou  muitos  annos  na  Expoíiçaõ  dos 
Provérbios  de  Salamaò  de  cuja  laboriofa  appli- 
caçaò  fomente  acabou  três  Tomos,  nos  quaes  fe 
admiraò  a  elegância  da  lingua  Latina,  com  que 
eílaò  efcritos,  a  fubtileza  dos  conceitos  predicá- 
veis; a  copia  de  textos  agudamente  pondera- 
dos, e  as  authoridades  dos  Santos  Padres  pro- 
fundamente interpretadas,  pondo-lhe  por  titulo 

Apis  Libani  circumvolitans  flores  in  horto 
Salomonis,  condiendis  virtutum  dapibus  melli- 
ficans,    fraudes  faculi    pungens,    five    Commen- 


3i8 


BIBLIO THE  CA 


íaria  litteralia,  et  moralia  in  Cap.  lo.  Prouerb. 
Tom.  Primus.  Lugduni  typis  AniíToniorum, 
et  PoíTuel.  1686.  foi.  et  ibi  per  eofdem  1701. 
foi. 

Apis  Líbani  d^c.  five  Commentaria  in  Cap. 

11.  Proverb.  Tom.  2.  ibi  eifdem  Typis  1695. 
foi.  et  ibi  per  eofdem  1710.  foi. 

Apis  Libani  <&c.  Jive  Commentaria  in  Cap, 

12.  Proverb.  Tom.  3.  ibi  apud  eofdem  Typ. 
1698.  foi. 

Defta  obra  faz  memoria  Jacobo  Lelong 
in  Biblioth.  Sacra  pag.  mihi  611.  col.  i.  fazendo 
com  engano  manifeílo  Author  delia  a  Fr.  Antó- 
nio da  Madre  de  Deos  Carmelita  Defcalço 
natural  de  Valladolid  pela  femelhança  do 
nome,  o  qual  efcreveo  Praludia  IJagogica  ad 
Sacram  Scripturam  &c.  Lugduni.  1669.  foi. 
Imprimio  os  Sermoens  feguintes. 

SermàÕ  em  17.  de  Janeiro  na  Fejta,  que  fe 
cojluma  celebrar  em  o  Convento  da  Kofa  ao  Santif- 
Jimo  Sacramento  em  de/agravo  do  roubo  de  Santa 
Engracia.  Lisboa  por  Domingos  Carneiro. 
1665.  4. 

Sermão  nas  'Exéquias  do  Summo  Pontifice  o  San- 
tijfimo  Padre  Clemente  IX.  na  Sè  de  Évora  pelo 
Illujlrijimo  Cabido  delia  em  2^.  de  Janeiro  de  1670. 
Évora   na    Ofíicina    da   Academia.    1670.    4. 

Sermão  de  S.  Paulo  Primeiro  Ermitão  pre- 
gado no  Convento  de  Alferrara.  Lisboa  por 
Miguel  Deflandes.  1687.  4.  Sahio  na  Eaurea 
Portuguesa  com  outros  Sermoens  defde  pag. 
151.  até  177. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  MADUREIRA 
natural  do  Porto,  e  filho  de  Lopo  Cardofo  de 
Madureira  Senhor  de  Vai  de  Cunha,  e  de  D. 
Catherina  Garcez,  Profeflbu  o  fagrado  Inílituto 
da  nobiliíTima  Ordem  dos  Pregadores  em  o 
Convento  de  Aveiro  a  4,  de  Agofto  de  1579. 
em  idade  muito  proveóla.  Foy  varaõ  grande 
aíTim  na  eftatura  do  corpo,  que  era  agigantada, 
como  na  fublimidade  do  talento,  que  foy  iníi- 
gne.  Obfervou  exaâamente  os  pontos  princi- 
paes  da  fua  Regra  uzando  de  veraõ,  e  inverno, 
de  veíUdos  de  laá  aíTim  interiores,  como  exte- 
riores, e  para  mayor  mortificação  dormia  em 
hum  colchão  muito  delgado,  em  que  to- 
mava parco  fono.  Governou  com  prudên- 
cia, e  fuavidade  fem  offenfa  da  obfervan- 
cia  clauílral  os  mayores  Conventos  da  Pro- 


vinda atè  que  fendo  Prior  do  Convento  de 
Lisboa  morreo  no  anno  de  1638.  quando  con- 
tava 115.  annos  de  idade,  confervando  fempre 
igual  vigor  no  juifo,  que  nas  forças.  Naõ  fó 
foy  curiofo  mas  muito  perito  no  eftudo  da 
Genealogia  de  tal  forte,  que  naõ  conheceo 
Hefpanha  no  feu  tempo  outro  igual  nefte 
género  de  applicaçaõ.  Juntou  huma  numerofa 
Livraria  deíla  faculdade  a  qual  confiava  naõ 
fomente  de  livros  impreílos,  mas  M.  S.  dos 
quaes  tinha  taõ  individual  noticia,  que  fendo 
confultado  acerca  de  qualquer  familia  illuílre 
aíTim  do  Reyno,  como  fora  delle  repetia  prom- 
ptamente  os  Chefes,  filhos  netos,  e  mais  defcen- 
dentes  com  geral  aílombro  dos  que  o  ouviaõ. 
Deixou  efcritos. 

Dof(e  volumes  grandes  das  Famílias  dejle  Rejno. 

De  lies  vi  alguns  ( faõ  palavras  do  Padre  D. 
António  Caetano  de  Soufa  no  Aparato  à  HiJ. 
Gen.  da  Caf.  Real  Portug.  pag.  80.  n.  65.  )  em 
poder  de  Jof(é  Corrêa  de  Mello,  e  me  parecerão  correj- 
pondentes  à  noticia,  que  de  feu  Author  tinha,  por- 
que os  Jeus  livros  reputava  Eui^  Vieyra  da  Sylva 
de  huma  grande  verdade  porque  teve  ejpecial  génio 
nejle  ejludo  que  feguio  com  curiof idade,  examinando 
muitos  documentos,  e  ajuntando  muitos  livros 
de  toda  a  Europa,  tendo  grande  Jelicidade  de  memo- 
ria pois  Je  lembrava  de  tudo,  que  ejcrevera  com 
as  minimas  circunjiancias  com  que  Ja^ia  mais 
admirável  o  feu  ejludo.  DeUe  fe  lembra  Echard. 
Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2.  pag.  752.  Fr.  Pedro 
Mont.  Claujl.  Domin.  Tom.  3.  pag.  156.  Joaõ 
Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  Euftt.  Eitter.  lit.  A. 
in  Addit.  n.  5.  # 

ANTÓNIO  DE  MAGALHAENS  PEI- 
XOTO natural  da  Villa  de  Serpa  na  Pro- 
vinda Tranftagana  filho  de  Francifco  de 
Magalhaens  Peixoto,  e  D.  Magdalena  de 
Brito  cultivou  defde  a  primeira  idade  com 
tal  génio  a  Poefia,  que  chegou  a  fer  refpei- 
tado  por  hum  dos  mais  celebres  alumnos  do 
Parnafo,  de  cuja  divina  Arte  produfio  o 
feguinte  argumento. 

Poema  da  Conquijla  de  Eisboa  Aí.  S.  Deíla  ij 
obra  faz  o  Author  mençaõ  em  huma  Carta  '** 
efcrita  em  2.  de  Fevereiro  de  1647.  ^o  Chantre 
de  Évora  Manoel  Severim  de  Faria  a     qual 
vimos     entre     as     originaes     deíle     famofo 
Antiquário. 


m 


L  USITAN  A. 


ANTÓNIO  MALDONADO  infignc  Af- 
trologo,  e  Mathematico,  que  parece  floreceo 
no  Reynado  delRcy  D.  Joaõ  o  III.   Efcreveo. 

Do  movuNento,  e  natitret^a  dos  Corpos  celejies. 
Confcrvafe  Aí.  S.  na  Bib.  Real. 

ANTÓNIO  MALDONADO  DIZ  ONTI- 
VEROS.  Criado  do  SereniíTimo  Duque  de 
Bragança  D.  Theodofio,  muito  douto  nas 
letras  humanas,  c  na  liçaõ  da  Hiftoria  Sagrada, 
e  profana.   F.ícreveo. 

D6s  breves  tratados  Jobre  dós  pregmtas 
que  Je  movieron  en  la  mei(a  de!  SeUor  D.  Theo- 
dojio  Dtique  de  Bragança.  IJsboa  por  Germaõ 
(ialhardc  1548.  4. 


Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTA  MARIA 
cliamado  no  Scculo  António  Sanches  Farinha 
iiaceo  em  Lisboa,  c  teve  por  Pays  a  Pedro 
Sanches  Farinha,  Commendador  da  Efgueira 

É  Ordem  de  Chriílo,  Efcrivaõ  da  Camera  del- 
y  na  Mefa  do  Dezcmbargo  do  Paço  da  repar- 
lõ  das  Juftiças,  e  a  D.  Helena  Henriquez  de 
rgonha  fua  primeira  mulher  defcendentes 
bos  de  familias  nobres.  Como  era  o  único 
herdeiro  da  Cafa  foy  educado  com  o  exercido 
das  Artes  liberaes,  em  que  fahio  perfeitamente 
inftruido  principalmente  em  a  noticia  da 
lliftoria,  e  cultura  da  Poefia,  pela  qual  mere- 
ceo  os  applaufos  dos  feus  mayores  profeíTores 
i'  j  -como  foraõ  Manoel  de  Galhegos,  e  Jacinto 
Pjl  Cordeiro  dizendo  o  primeiro  no  Templo 
da  Me  mor.  Eílanc.  189. 

NaÕ  negueis  a  taõ  Jublime  empresta 
O'  generofo  Sanches,  que  he  devida 
Vojfa  Mu/a  a  ejla  única  grandeza, 
Inda  que  em  Magiftrados  divirtida; 
Qtte  Si  lio  Conful  era,  quando  Juave 
De  Carthago  pintou  o  incêndio  grave. 
O  2.  no  E.log.  dos  Poet.  Portug.   Eílanc.  56. 
Jbitonio  Sanches  con  rafon  de/vela 
La  gloria  dei  Laurel,  que  fe  le  ofrece 
Por  lej  de  rafon,  con  que  le  alcança 
Tan  jujlo  premio  deve  a  Ju  alabança. 
Na    idade    da    adolefcencia    recebeo    por 
olpofa  a  fua  Prima  D.  Antónia  de  Almada, 
que  pela  qualidade   do   nacimento,   e  excel- 
lencia  dos   dotes  naturaes   era  digna  de  tal 
conforte.     Com    grande    zelo    da    Juíliça,    e 
naõ  menor  fatisfaçaõ  das  partes  fervio  por 


alguns  annos  o  Officio  de  (eu  Pay  attendendo 
unicamente  ao  defpacho  dos  pertendentes,  e 
nunca  à  conveniência  dos  emmolumentos. 
Foy  exceíTiva  a  pena,  que  experimentou  com  a 
morte  de  fua  mulher,  cujo  golpe  lhe  foy  mais 
penetrante  pur  deixar  hum  filho,  e  duas  filhas 
privados  da  boa  doutrina  com  que  os  educava. 
Sendo  eleito  pela  Irmandade  da  Míferícordia 
Adminiílrador  das  rendas  do  Hofpítal  Real 
applicadas  para  beneficio  dos  pobres  enfermos 
era  inceíTante  o  difvelo  com  que  todos  os  dias 
exercitava  eíle  minifterio  naõ  havendo  iníbmte 
em  que  pudeíTe  juftamente  queixarfe  de  menos 
aíTiílida  a  neceíTidade  de  tantos  doentes,  que 
jaziaõ  nas  enfermarias.  Neíla  efcola  onde 
continuamente  via  as  miferias  da  vida,  e  os 
eílragos  da  morte,  aprendeo  a  defprezar  as  feli- 
cidades humanas,  e  confeguir  as  eternas.  Pene- 
trado defte  heróico  defengano  fe  refolveo  a 
abraçar  o  auftero  Inílituto  da  Provincia  da 
Arrábida  para  cujo  fim  bufcou  ao  Provincial 
Fr.  Fernando  de  Santa  Maria  a  quem  expoz 
com  copiofas  lagrimas  o  feu  intento,  e  ainda 
que  o  Provincial  lhe  dificultou  a  fua  execução 
lembrandolhe  os  inconvenientes,  que  fe  podiaõ 
feguir  deixando  feus  filhos  em  idade  taõ  tenra, 
cedeo  obrigado  das  fuás  repetidas  inílancias 
mandando  que  recebeíTe  o  habito  no  Convento 
de  Loures  onde  o  veílio  a  2.  de  Dezembro  de 
1636.  Logo  em  o  Noviciado  fe  moftrou  vete- 
rano na  obfervancia  da  Regra  naõ  fendo  necef- 
faria  advertência  do  Meftre  para  fatisfazer  às 
obrigaçoens  do  feu  eílado,  ou  foííe  na  cozinha, 
ou  em  outros  ofíicios  humildes  pertencentes  à 
profiíTaõ  de  Leygo,  que  voluntariamente  efco- 
Iheo  fem  nunca  querer  fubir  a  Frade  do  Coro 
por  mais  inílancia,  que  lhe  fizeraõ  os  Prelados. 
Morto  feu  Pay  foy  obrigado  por  eíles,  que  foífe 
impetrar  o  ofíicio  para  feu  filho,  que  tinha  o 
nome  do  Avó,  e  parecendolhe,  que  naõ  era 
neceíTaria  outra  deligencia  mais,  que  a  JuíUça 
do  pertendente  naõ  fe  refolvia  a  procurallo, 
até  que  novamente  obrigado  do  preceito  do 
Colleitor,  paíTou  a  Madrid  facilitandolhe  a  obe- 
diência o  incommodo  da  jornada,  que  fez  a  pé, 
e  defcalço.  Patrocinado  naquella  Corte  de 
alguns  Fidalgos  Portuguezes  edificados  fum- 
mamente  do  eílado  em  que  o  viaõ  taõ  dife- 
rente daquelle  em  que  antigamente  o  conhe- 
cerão,  alcançou  brevemente   de  Filippe  IV. 


320 


B IB  LIO  THE  CA 


o  defpacho,  que  pertendia.  Reílituido  à  fua 
Provinda  continuou  nos  humildes  minifterios 
da  cozinha,  e  da  Horta,  onde  trabalhava  como 
fe  fora  criado  em  taõ  laboriofa,  e  agrefte  occu- 
paçaõ.  Para  extinguir  as  memorias  da  eftima- 
çaõ  que  tivera  no  feculo,  naõ  fomente  exerci- 
tava dentro  dos  Clauftros  eíles  humildes  exer- 
cícios, mas  fahia  pela  Cidade  de  Lisboa  a  pedir 
efmola,  e  aos  barcos  que  aportavaõ  na  Ribeira 
peixe,  o  qual  conduzia  fobre  os  feus  hombros 
ao  Hofpicio  do  Hofpital  Real.  Tinha  fuplicado 
a  Deos  que  lhe  prolongaíTe  a  vida  para  que  em 
tempo  mais  dilatado  purgafle  os  feus  peccados, 
mas  como  na  prezença  divina  eftiveíTem  já  fatis- 
feitos  permitio  que  adoeceíTe  gravemente,  e 
recebendo  com  exemplar  devoção  os  Sacra- 
mentos, e  repetindo  aftos  de  contrito,  e  humi- 
lhado, foy  lograr  o  premio  das  fuás  virtudes 
a  17.  de  Mayo  de  1646.  com  43.  annos  de  idade, 
e  10.  de  Religiofo.  Jàz  fepultado  no  Clauf- 
tro  do  Convento  de  S.  Jozé  de  Ribamar.  As 
fuás  virtuofas  acçoens  relata  mais  largamente 
Fr.  Jozé  de  Jefus  Maria  Chron.  da  Prov.  da 
A.rrab.  Part.  2.  liv.  2.  cap.  2,  n.  232,  Tinha 
junto  hum  volume. 

Varias  Poejias  a  diverjos  Affumptos  o  qual  já 
prompto  para  a  ImpreíTaõ  o  moftrou  em  Ma- 
drid no  anno  de  1632.  a  Joaõ  Franco  Barreto, 
como  elle  affirma  na  Bibliothec.  Portiig.  M.  S. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTA  MARIA 
Religiofo  Menor  da  Província  da  Madre  de 
Deos  da  índia  Oriental,  e  ComiíTario  do  Con- 
vento de  Malaca.   Efcreveo. 

Carta  às  'Keltgiojas  Defcalfas  de  Santa 
Clara  de  Macào  em  que  relata  o  que  lhe 
fucedeo  na  viagem  das  Religiofas  que  vol- 
tavaõ  com  elle  de  Manila,  em  o  Reyno 
da  Cochinchina,  efcrita  a  2.  de  Janeiro  de 
1645.  A  qual  traz  impreíTa  Fr.  Jacinto  da 
Madre  de  Deos  em  o  Vergel  de  plant.  e  Flor. 
cap.  4.  Artic.  8.  pag.  142.  Defta  Carta  como 
de  feu  Author  fe  lembra  o  moderno  Addi- 
cionador  da  Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ 
Tom.  2.  Tit.  7.  col.  629. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTA  MARIA. 
Deixando  a  pátria,  e  juntamente  o  mundo 
recebeo  em  Caftella  o  Habito  de  Car- 
melita Defcalço  onde  profeílou  o  feu  Iníli- 


tuto  com  toda  a  obfervancia  religiofa.  Pelo 
cordial  affeílo  com  que  amava  a  Mãy  de  Deos 
efcreveo,  e  dedicou  à  Mageílade  de  Carlos  II. 
Patrocínio  de  Nueftra  Senora.  Madrid  por 
Diogo  Dias  de  la  Carrera.  1666.  4. 

Fr.    ANTÓNIO    DE    SANTA    MARIA.  I 
Vejafe     Fr.     ANTÓNIO     DO     ROSÁRIO. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTA  MA- 
RIA natural  de  Lisboa,  e  filho  de  Jozé  da 
Sylva,  e  Vicencia  da  AíTumpçaõ.  Na  idade 
da  adolefcencia  profeíTou  no  Convento  de 
Santo  António  de  Ponte  de  Lima,  o  auf- 
tero  Inftituto  da  Ordem  Seráfica  na  refor- 
mada Província  de  Santo  António  a  7.  de 
Março  de  1699.  onde  depois  de  ler  aos  feus 
domeílicos  Artes,  e  Theologia,  como  fof- 
fe  ornado  de  grande  prudência  exercitou 
os  lugares  de  Comiflario  Geral  do  Graõ  Pa- 
rá, Examinador  Synodal  do  mefmo  Bifpa- 
do.  Procurador  Geral,  e  Secretario,  Cufto- 
dio  da  fua  Província,  Pro  Miniílro  no  Ca- 
pitulo Geral  celebrado  em  Roma  no  anno 
de  1723.  Viíitador  da  Provinda  da  Pieda- 
de, e  da  Cuftodia  da  Ilha  da  Madeira.  Im- 
primio. 

Sermaõ  da  flor  de  Pádua  Santo  António  pre- 
gado no  Convento  do  Santo  da  Cidade  de  l^isboa. 
Lisboa   na   Oííicina   Auguíliniana    1630. 

Sermaõ  de  Santo  António  pregado  em  Santa 
EJlevaÕ  de  Alfama.  Lisboa  na  mefma  Offi- 
cina  1732.  4. 

Faz  delle  memoria  Fr.  Joan.  à  D.  Ant, 
in  Biblioth.  Francifcan.  Suplem. 


Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTA  MA- 
RIA. Naceo  na  Cidade  de  S.  SebaíHaõ  do 
Rio  de  Janeiro.  Recebeo  o  Habito  dos  Me- 
nores no  Convento  Capitular  da  Provinda 
da  Immaculada  Conceição  a  23.  de  Julho 
de  1714.  Depois  de  ter  enfinado  com  gran- 
de fruto  dos  feus  ouvintes  Filofofia,  e  Theo- 
logia, naò  foy  menor  o  applaufo,  que  al- 
cançou nos  Púlpitos  compondo  para  dar  à 
luz  como  affirma  Fr.  ApoUinario  da  Con- 
ceição na  Primat(^  Seraf.  na  RegiaÕ  da  Americ. 
cap.  9.  pag.  92. 

Sermonario  de  varias  fejiividades  Jolemni- 
n^adas  no  Rio  de  Janeiro,  foi.  Aí.  S. 


íl 


L  USITANA. 


321 


ANTÓNIO  MARIZ  CARNEIRO  oriun- 
do (ia  Villa  do  G}nde  da  Diocefe  de  Braga, 
(luis  nacido  em  Lisboa,  Fidalgo  da  CaTa  de 
fua  Mageílade,  e  Cavalleiro  profeíTo  da  Or- 
dem de  Chrifto.  Depois  de  eftudar  Direito 
(!ivil  na  Univerfidade  de  Coimbra,  e  Ter  eleyto 
l)c /cmbargador  íe  appHcou  com  grande 
(lii\il..  V  lifciplinas  Mathematicas  penetran- 
<l  '  I  III.S  myílerios  deíla  rdcncia  ocultos 
A  mayores  proíeíTores  perfuadindofe 

que  tiniia  alcançado  pela  fua  efpeculaçaô  o 
fegredo  de  fixar  a  agulha  de  marear,  e  por 
efta  caufa  era  chamado  facctamcnte  o  AgiUba 
fixa;  e  querendo  fa2er  experiência  defte  feu 
invento  navegou  a  índia  donde  voltou  fruf- 
trado  da  fua  imaginação.  Pela  profunda  no- 
ticia, que  tinha  da  Mathematica  fuccedeo  no 
lugar  de  Cofmografo  Mór  do  Rcyno  a  D.  Ma- 
noel de  Menezes,  como  cfcreve  D.  Francifco 
Manoel  nas  Epanaphor.  de  Var.  Hijl.  pag. 
mihi  268.  Morreo  em  Lisboa,  e  eftá  fepul- 
tado  na  Igreja  de  Santo  Eloy  dos  Cónegos 
Seculares  do  Evangelifta  com  efte  epitáfio 
que  traz  o  P.  Francifco  de  Santa  Maria  na 
Chron.  dejla  Congregação  liv.  2.  cap.  22. 

Sepultura  do  Defembargador  António  de  Ma- 
riti  Carneiro  Fidalgo  da  Cafa  de  Sua  Magejlade, 
e  feu  Cofmoff-afo  Mór  dejles  Keynos,  e  de  fua  mu- 
lher D.  Angela  de  Alene^es.  Faleceo  a  ^.  de  Agojlo 
de  1642.  annos,  e  de  f eus  herdeiros. 
Publicou. 

Keff mento  de  Pilotos,  e  Roteiro  das  Navega- 
foens  da  índia  Oriental  novamente  emendado,  e 
acrecentado  com  o  Roteiro  de  Sofala  até  Moçam- 
bique, e  com  os  portos,  e  barras  do  Cabo  de  Finis 
terra  até  o  EJlreito  de  Gibraltar  com  fuás  alturas. 
Sondas,  e  demonjlraçoens.  Lisboa  por  Lourenço 
de  Anvers.  1642.  4.  et  ibi  por  Manoel  da  Sylva. 
1635.  4-  onde  diz  que  he  a  5.  impreíTaõ,  et 
ibi  por  Domingos  Carneiro.  1666.  4. 

Deíla  obra,  e  do  Author  faz  mençaõ  a 
Bib.  Geo^af.  de  António  de  Leaõ  moder- 
namente acrecentada  Tom.  3.  Tit.  unic. 
col.  171 5. 

Hydrographia  curiofa  dela  navegacion.  En 
San.  SebaíHan  por  Martin  Huarte  1675. 

Traãatus  de  abditijftma,  (&  hOc  ufque  in- 
cógnita caufa  marini  afius  4.  M.  S.  Confer- 
vafe  na  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Mar- 
quez de  Valença.  Começa  Magnum,  &  apud 

26 


antiquas  dubium  &c.  He  dedicado  efte  tratado 
ao  Illuílrinimo  Arccbifpo  de  Lisboa  D.  Miguel 
de  Caílro. 

ANTÓNIO  DE  MARIZ  FARIA  Na- 
ceo  em  Villa  de  Conde  do  ArcebíTpado  de 
Braga  fendo  filho  de  Francifco  do  Roíario, 
e  de  Mariana  de  Mariz  Faria.  Quando  con- 
tava dezefcis  annos  de  idade  como  eíb- 
veíTe  fuHicientemente  inftruido  nos  rudi- 
mentos da  lingua  Latina,  entrou  na  Con- 
gregação do  Oratório  da  Cidade  do  Porto 
em  o  I.  de  Janeiro  de  1697.  a  tempo  que 
nella  frequentava  o  eíludo  da  Filofofia.  A 
grande  applicaçaõ  que  fez  para  penetrar  os 
miílerios  aíTim  da  Sagrada  Hfcritura  como 
da  Theologia  Efcholaílica,  que  com  gran- 
de credito  do  feu  nome  diâou  aos  feus  do- 
meílicos  lhe  diminuirão  de  tal  forte  a  faude, 
que  foy  obrigado  a  fahir  da  Congregação 
em  30.  de  Junho  de  1709.  A  fciencia,  que 
profeflava,  unida  com  a  integridade  dos  cof- 
tumes  moverão  ao  Illuílrinimo  Arcebifpo 
de  Braga  Ruy  de  Moura  Telles  para  o  eleger 
por  feu  Meílre  das  Ceremonias,  donde  paf- 
fou  para  Reytor  do  Couto  da  Pulha  do  mefmo 
Arcebifpado.    Compoz. 

Curiofo  peregrino  na  Vida,  morte,  treflada- 
çaõ,  e  milagres  de  S.  JoaÕ  Marcos.  Lisboa  por 
António  Pedrozo  Galraõ   1721.  4. 

Novena  em  obfequio  do  gloriofo  S.  JoaÕ  Marcos. 
Coimbra  na  Oííicina  do  Collegio  das  Artes 
da  Companhia  de  JESUS.  1720.  24.  e  Lisboa 
por  António  Pedrozo  Galraõ  1721.  24. 

ANTÓNIO  MARQUES  LESBIO  natural 
de  Lisboa  a  quem  a  natureza  liberalmente  or- 
nou de  fubtil  engenho,  fublime  comprehenfaõ, 
e  talento  íingular  para  todo  o  género  de  facul- 
dade, a  que  fe  applicou.  Na  lingua  Latina 
foy  muito  perito  efcrevendo  cartas  neíle  idio- 
ma com  pureza,  e  elegância,  de  que  confer- 
vamos  algumas  da  fua  própria  maõ,  aos  mais 
famozos  cultores  delle,  como  eraõ  D.  Fran- 
cifco Mafcarenhas  Conde  de  Coculim,  e  os 
Marquezes  de  Alegrete  Manoel,  e  Femaõ 
Telles  da  Sylva  com  os  quaes  teve  erudita 
communicaçaõ.  Na  Poética,  e  Oratória 
mereceo  os  geraes  applauzos  da  Acade- 
mia dos   Singulares  na  qual  foy  Collega,   e 


322 


BIB  LIO  THE  C  A 


Meftre  explicando  os  Emblemas  de  Alciato, 
e  illuftrando  todos  os  aíTumptos,  ou  foíTem 
heróicos,  ou  Lyricos  com  as  métricas  expref- 
foens  da  Sua  Mufa,  alcançando  fempre  o  pri- 
meiro premio  nos  Certames  litterarios.  Na 
arte  da  Mufica  foy  inimitável,  pois  naõ  con- 
tando mais  que  catorze  annos  obfervava  taõ 
profundamente  os  preceitos  defta  faculdade 
armonica,  que  vendo  huma  fua  compofiçaõ 
Joaõ  Soares  Rebello,  Oráculo  da  fciencia  Mu- 
fica, admirado  que  em  idade  taõ  verde  pro- 
duziíTe  fruto  taõ  fazonado  affirmou  a  ElRey 
D.  Joaõ  o  IV.  foberano  Mecenas  deíla  fo- 
nora  Arte,  que  Marquez  feria  hum  dos  mais 
celebres  Corifeos  do  Contraponto,  que  tinha 
produzido  Portugal.  O  tempo  verificou  o 
prognoftico  pois  excedeo  naõ  fomente  aos 
mais  infignes  profeííores  do  noíTo  Reyno,  mas 
ainda  dos  eftranhos  na  fecundidade  das  ideas 
nas  quaes  fe  via  unida  a  novidade  da  invenção 
com  o  primor  da  confonancia  nunca  afpera,  e 
diíTonante  aos  ouvidos,  mas  fempre  fonora,  e 
attraétíva  das  attençoens,  caufando  o  mayor 
aíTombro  que  na  infinita  multiplicidade  de 
compofiçoens  que  repartidas  cada  huma  pelos 
dias  da  fua  vida,  que  foy  larga,  e  excedendo-os, 
naõ  repitilTe  hum  fó  compaíTo  do  que  tinha 
compofto,  antes  com  tal  novidade  regulada 
fempre  pelos  preceitos  da  arte  que  bem  mof- 
trava  fer  inexhauíla  a  mina,  donde  extrahia 
taõ  novas  ideas.  Pela  excellencia  deíla  Arte 
em  que  fempre  fera  faudofa  na  poíleridade  a 
fua  memoria,  foy  eleito  no  anno  de  1698.  Mef- 
tre da  Capella  Real,  cujo  talento  era  fumma- 
mente  eílimado  das  Mageílades  delRey  D.  Pe- 
dro II.  D.  Maria  Sofia  Izabel  de  Neoburg,  e  D. 
Catherina  Rainha  de  Inglaterra,  que  muitas  ve- 
zes o  chamava  ao  feu  Palácio  para  fe  deleitar 
com  a  fua  erudita  converfaçaõ.  Igual  foy  a  def- 
treza  com  que  tocou  os  inftrumentos  arreba- 
tando com  fuave  violência  os  fentidos  daquel- 
les  que  o  ouviaõ.  Todos  eíles  excellentes  dotes 
fe  faziaõ  mais  eftimaveis  pelo  incançavel  difvelo 
com  que  leu  a  Sagrada  Efcritura,  e  os  mayores 
Padres  da  Igreja  Latina,  e  Grega;  os  Poetas, 
e  Oradores,  e  Mythologicos  mais  infignes  af- 
fim  Italianos  como  Efpanhoes,  enriquecen- 
do com  taõ  vaíla,  e  erudita  liçaõ  os  feus 
Difcurfos  que  em  diverfas  matérias  profun- 
damente   efcreveo.     Sendo    huma    Encyclo- 


pedia  animada  fempre  confervou  o  coração 
izento  da  mais  leve  fombra  de  vangloria  com 
hum  génio  aífavel,  e  urbano  eftimando  a  fcien- 
cia alheya,  e  defprezando  a  própria.  Tendo 
chegado  à  idade  de  fetenta  annos  mais  favo- 
recido da  natureza,  que  da  fortuna  em  21.  de 
Novembro  de  1709.  Vefpera  de  Santa  Cecilia 
Patrona  da  Mufica  eílando  para  concluir  a 
compofiçaõ  do  Gloria  Patri  da  Magnificat  a 
8.  vozes  para  fe  cantar  na  Capella  Real  já 
ereâa  em  Collegiada,  fe  fentio  acometido  da 
morte,  e  pedindo  a  Extrema  Unçaõ  por  fe 
ter  confeílado,  e  commungado  pela  menhaá 
na  mefma  Capella  Real  em  obfequio  do  Myf- 
terio  da  Prefentaçaõ  da  Senhora  de  que  era 
cordialmente  devoto,  acabou  como  cifne  en- 
tre as  confonancias  muficas  para  eternamen- 
te ouvir  as  Angélicas  como  metricamente 
cantou  o  P.  António  dos  Reys  in  Enthujiafm. 
Poet.  n.  142. 

h,esbms  ille  Chori  facri  moderator  oloris 
More  c adens  numeris  MAKIJE  dum  verba  Jonoris 
Aptat  Appollineá  dijponens  arte  figuras, 
Nofí  Jtbi  de  lauro  patitur  conneãere  Mu/as  , 

Sertã  renidentem  Jlellatá  in  fede  coronam 
Certus  habere. 
Compoz. 

EJirella  de  Portugal.  Lisboa  por  António 
Crasbeech  de  Mello  1669.  4.  Poema  em 
applaufo  do  Nacimento  da  SereniíTima  Prin- 
ceza  D.  Izabel  filha  delRey  D.  Pedro  II.  Conf- 
ta  de  80.  Outavas. 

Nas  obras  da  Academia  dos  Singulares  im- 
preíTas  em  Lisboa  em  dous  Tomos;  o  i.  no 
anno  de  1665.  e  o  2.  em  1668.  eílaõ  duas  Ora- 
çoens  fuás  a  i.  recitada  em  9.  de  Dezembro  de 
1663.  e  a  2.  em  5.  de  Fevereiro  de  1665.  e  outra 
em  verfo.  Neflia  coUeçaõ  Académica  eftaõ 
impreííos  18.  Sonetos,  11.  Komances,  11.  Decimas, 
5.  Cançoens,  2.  Sjlvas,  e  2.  Kedondilhas. 

Sjlva  em  applaufo  da  Canonização  de  Santa 
Maria  Magdalena  de  Pa^í^i,  e  levou  o  i. 
Premio  no  Certame.  Sahio  impreíTa  no 
Forafleiro  admirado.  Lisboa  por  António  Ro- 
drigues de  Abreu.   1672.  foi. 

Sjlva  em  louvor  da  Polyanthea  do  Doutor 
Joaõ  Curvo  de  Semedo.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ.   1704.  foi. 

Compoz  naõ  fomente  a  Solfa,  mas  a 
Poefia  da  mayor  parte  dos  Vilhancicos  que 


L  USITANA. 


323 


fe  cantáftO  iits  Matinas  da  Fefta  da  G)ncei- 
çaô,  Natal,  e  Reys,  que  fe  imprimirão  deíde 
08  annos  de  1660.  até  1708. 

Vilhancicos  que  fe  cantarão  na  Igfeja  de  N. 
Senhora  de  Nazare/ò  das  ReJiffo/as  De/ca/fas 
de  S.  liernardo  em  as  Matinas,  e  Fefla  do  gloriojo 
S.  Conçah.  Lisboa  por  Miguel  Mancfcal 
ImprcíTor  do  Santo  OHicio.  1708.  8.  Naõ 
r(')nicnte  compoz  a  Poefía,  mas  a  Solfa  dcílcs  8. 
Vilhancicos,  que  conTerva  em  feu  poder  com 
grande  eílimaçaô  o  Excclienti/Timo  Conde 
de  Unhaò  que  como  Juiz  deíla  Feíla  lhos 
mandou  compor. 

Igual  foy  a  Copia  de  Romances  profanos 
que  compoz,  e  lhes  fez  a  Solfa  lembrandoíe 
íic  alguns  dcllcs  D.  Francifco  Manoel  nas  Obras 
Métricas.    Avena  de  Terjicore  Ton.  8.  e  10. 

Naò  he  fácil  de  reduzir  a  numero  a  in- 
dta  quantidade  de  Poefias  já  Sagradas,  jà 
)rofanas  de  que  foy  duas  vezes  Author,  hu- 
como  Poeta,  e  outra  como  Contrapon- 
das  quaes  tinha  feito  huma  CoUeçaõ 
feu  Cunhado  Manoel  de  Soufa  Pereira  Bi- 
iothecario    da    Bibliotheca    Real    da    Mufi- 

para  fe  imprimirem,  a  qual  fazia  hum  vo- 

le  grande,  que  vimos  por  ter  amizade  com 

Colleélor,  mas  por  fua  morte  ignoramos 
^nde  fe  conferva. 

Além  da  grande  Copia  de  Vilhancicos  da 
'Conceição,  Natal,  Rejrs,  Sacramento  e  vários 
Santos  a  duo,  5.  4.  6.  8.  11.  e  12.  vozes,  com- 
poz o  Pfalmo  Dixit  Dominus  a  8.  Magnificat. 
a  8.  5.  Mijereres  a  8.  luimentaçoens  da  4.  5.  e  6. 
Feira  da  Semana  Santa  a  12.  Alma  Kedemptoris 
Mater  a  8.  Salve  Regina  a  8.  Deliãa  jiwentutis 
meet  a  4.  Adjuva  nos  Deus  a  6.  os  Kefponforios 
do  Officio  dos  Defuntos  a  8.  e  12.  e  outras  mais 
obras  que  fe  guardaõ  com  grande  eílimaçaô 
na  Bibliotheca  Real  da  Mujica. 

ANTÓNIO  MARTINS  natural  do 
Porto,  e  celebre  Meílre  de  Grammatica  no 
tempo  que  reynava  Affonfo  V,  fendo  o 
primeiro,  que  na  Univerfidade  de  Lisboa 
leo  a  Arte  de  Joaõ  de  Paílrana,  e  a  expli- 
cou addicionando-lhe  muitas  coujas  mais  (co- 
mo diz  Francifco  Leytaõ  Ferreira  nas  fuás 
eruditas  Memorias  da  Univerfidade  de  Coim- 
bra pag.  549.  num.  1173.)  que  refumio  de 
outro  livro  chamado  Báculo  de  cegos,  cuja  obra 


fahio  com  a  Arte  dê  Pajlrana  com  eíle  titulo 
na  forma  com  edá  impreíTo. 

Aníonij  Martini  primi  quondam  bujus  artis 
paftrane  in  alma  miverfitate   Vlixbonenfi  pracep- 
torís:  ma  feriar  um  edito  à  báculo  cacorum  breviter 
colleíía  incipit. 
No  fim  do  volume  tem  eíla  declaração. 

Magijlri  jobánis  de  paflrana  cum  conjugfitio- 
nibus  tempor.  noviter  inventis:  cum  materiebus 
Antonii  Martini.  &c.  Per  Vencrabilem  Johá- 
ném  petri  de  bonis  hóibus  de  Cremona  ia 
fplendidi/Tima  Ulixbona  Civítate  quarto  Ka- 
lendas  Decembris  impreíTum  aAio  dAi  mille- 
fímo  qgentiíTimo  primo  felici  fydere  explicit. 

ANTÓNIO  MARTINS  Meílre  de  Gram- 
matica difcipulo  do  infigne  Jeronymo  Cardofo 
nas  letras  humanas,  igualmente  douto  no 
Direito,  como  na  Poefia,  de  que  efcreveo 
muitas  obras  no  Reynado  do  Cardial  D.  Hen- 
rique cuja  noticia  deixou  eternizada  feu  Meílre 
Jeronymo  Cardofo  refpondendo  a  hum  Epi- 
gramma  que  lhe  mandara  com  eíles  grandes 
louvores  efcritos  no  lib.  i.  Eleg.  Eleg.  13.  e 
no  lib,  2.  Eleg.  2.  e  28. 
Si  mittam  ver  Jus,  Jylvis  dare  ligna  videbor 

Nam  pede  ftans  uno  Carmina  mille  facis. 
Hac  tamen  haud  ulla  fas  eft  ratione  taceri 

Nulli  plura  animi  quàm  tibi  ineffe  bana. 
In  te  uno  fiquidem  virtus  probitafque  fidefque 

Et  cafii  mores,  religioque  micat. 
Adde  quod  eft  duplicis  tibi  tanta  peritia  júris 

Abbas  quanta  tibi,  Scavola  quanta  tibi. 
Hac  propter  Regni  qui  nunc  moderatur  habenas 

Henricus    Princeps,    Cardineufque    Pater. 
Te  fibi  delegit  doãum,  fidumque  miniftrum 

Ut  Roma  degeres,  fi  qua  gerenda  forent. 

ANTÓNIO  MARTINS  PORTO  CAR- 
REYRO  Naceo  em  Lisboa  a  8.  de  Agof- 
to  de  1595.  de  Pays  nobres  quaes  eraõ  Nuno 
Dias  Portocarreiro,  e  D.  Anna  Martins 
de  Lima,  e  fendo  levado  por  elles  na  ten- 
ra idade  de  dous  annos  para  a  índia,  apren- 
deo  em  Cochim  as  letras  humanas,  Filo- 
fofia,  e  Theologia  com  tanto  credito  do 
feu  engenho  que  ordenado  de  Sacerdote  o 
elegeo  D.  Fr.  André  de  Santa  Maria  Bifpo 
daqueUa  Cidade  por  Meílre  de  Filofoâa, 
e  depois  de  Theologia  da  Univeríidade  que 


324 


BIBLIO  THE  CA 


novamente  fundara  na  fua  Cathedral,  cujo  mi- 
nifterio  exercitou  egregiamente  até  a  morte 
deíle  Prelado.  Querendo  voltar  para  Portugal 
fe  embarcou  no  anno  de  1626.  em  huma  Nào 
mercantil,  a  qual  padecendo  terrível  naufrá- 
gio junto  de  Bordeux  fe  falvou  em  huma 
falua  donde  quaíi  fumergido  fahio  à  praya 
por  particular  beneficio  da  divina  piedade. 
Livre  de  taõ  fatal  perigo  caminhou  a  Pariz,  em 
cuja  Univeríidade  recebeo  o  grào  de  Doutor 
em  Theologia.  Reftituido  a  eíle  Reyno  foy 
eleito  Prior  da  Igreja  da  Azambuja  do  Arce- 
bifpado  de  Lisboa,  onde  como  folicito  paftor 
apafcentou  as  fuás  ovelhas  até  o  anno  de  1656. 
Naõ  imprimio  obra  alguma  tendo  compofto 
muitas  cheyas  de  grande  erudição,  e  immenfo 
trabalho  que  teftemunhaõ  como  era  douto 
na  Theologia,  e  na  Sagrada  Efcritura,  das 
quaes  o  Cathalogo  he  o  feguinte. 

De  verttate  exijlentia  Chrijii  Domini  in  Sacra 
EMchariJiia  Sanãorum  Patrum  teftimoniis  compro- 
bata.  M  S.  Nefte  volume,  que  he  grande,  refuta 
nervofamente  as  heregias  contra  efte  Myfterio, 
e  efcreve  difufamente  do  Santo  Milagre  que  fe 
conferva  na  Igreja  Parochial  de  Santo  Eílevaõ 
da  Villa  de  Santarém  querendo  perfuadir  que 
as  figuras  que  muitas  peííoas  nelle  diftinguem, 
naõ  faõ  imaginarias,  mas  verdadeiras. 

Traãatus  de  intentione  minifiri  in  adminif- 
tratione  Sacramentorum.  M.  S. 

Traãatus  dejufta  adminijlratione  Sacra  Eucha- 
rijlia.  M.  S. 

Praxis  PcBnitentium,  et  Conjejfariorum. 
M.  S. 

Compendium  morale  ex  principiis  à  D.  Thoma 
jaãis  in  I.  2.  deduãum.  M.  S. 

Sjnopjis  de  Mafernifate  B.  V.  Maria  in  tri- 
duo  Sepultura  Chrijii  Domini.  M.  S. 

Traãatus  de  Matéria   Prima.   M.   S. 

Commentaria  in  D.  Thomam  de  'Ente,  et 
EJfentia.  M.  S. 

De  Patronatu  régio  Eujitano.  M.  S. 

Tratado  contra  os  bayles,  e  Comedias  com 
que  fe  profanaõ  algumas  Igrejas.  M.  S. 

Tratado  do  EJlado  Ecclejiajlico  da  Índia  Orien- 
tal. M.  S. 

Vida  do  Bifpo  D.  Fr.  André  de  Santa  Ma- 
ria feu  Patrono,  a  qual  louva  Jorge  Cardofo 
no  Agiol.  Eujit.  a  27.  de  Mayo  no  Commen- 
tario  let.  G. 


D.  ANTÓNIO  DOS  MARTYRES  na- 
tural dos  Arcos  de  Valdevez  na  Província 
de  Entre  Douro,  e  Minho,  Q)nego  Regular 
de  Santo  Agoílinho  da  Congregação  de  Santa 
Cruz  de  Coimbra,  cujo  habito  recebeo  no 
Convento  de  Refoyos  a  19.  de  Abril  de  1656. 
Sahio  das  Efcolas  taõ  grande  Letrado,  que 
mereceo  fer  admitido  em  o  anno  de  1679. 
a  o  numero  dos  Doutores  de  Theologia  da 
Univerfidade  de  Coimbra,  e  de  Qualificador 
do  Santo  Officio.  Foy  Reytor  do  CoUegio 
novo  de  Santo  Agoílinho  no  anno  de  1687. 
onde  morreo  a  11.  de  Fevereiro  de  1696.  dei- 
xando igual  opinião  de  Pregador  infigne,  que 
de  profundo  Theologo  nas  feguintes  produc- 
çoens  do  feu  engenho. 

Sermão  do  Patriarcha  S.  Agojlinho  pregado  no 
Keal  Convento  de  Santa  Cru^  de  Coimbra.  Coim- 
bra por  Jozé  Ferreira  ImpreíTor  da  Univer- 
fidade 1680.  4. 

Sermão  da  Conceição  immaculada  da  Virgem 
Maria  Senhora  nojja  no  'Keal  Mojieiro  de  Santa 
Cruii  de  Coimbra,  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 
1691.  4. 

Traãatus  de  Aãibus  humanis.  foi. 

Traãatus  de  Incarnatione.  foi.  Confervaõfe 
M.  S.  na  Livraria  do  Collegio  novo  de  Santo 
Agoílinho  da  Univerfidade  de  Coimbra. 

ANTÓNIO  MARTORELLO  certamente 
Portuguez,  ainda  que  occulto  com  efte  appel- 
lido  nunca  uzado  nefte  Reyno.  Foy  grande 
Medico,  como  teftemunhaõ  as  feguintes  obras. 

Commentaria  in  lib.  Primum  Galeni  de  pul- 
Jibus  ad  Tjrones. 

Commentaria  in  lib.  Primum  Galeno  atrib»- 
tum  de  Urinis. 

Os  quaes  confervava  em  feu  poder  Joaõ 
António  Vander-Linden,  como  elle  affirma 
no  feu  livro  de  Scriptis  Medicis;  do  Author 
faz  memoria  Nic.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  113. 

D.  ANTÓNIO  MASCARENHAS  Na- 
tural de  Lisboa  filho  de  D.  Pedro  Mafca- 
renhas.  Neto  de  D.  Nuno,  e  Bifneto  de  Fer- 
não Martins  Mafcarenhas  Capitão  dos  Gi- 
netes, Commendador  de  Mertola,  e  Em- 
baxador  ao  Concilio  de  Trento  mandado 
pela   Mageftade    delRey   D.    Sebaíliaõ.     Nos 


L  USITAN A. 


325 


I  primeiros  annos  fe  applicou  com  mayor  appli- 
caçaò  que  pedia  a  idade,  ao  eíhido  das  letras 
humanas,  e  Grammatica  Latina,  donde  paT- 
fou  a  efpecular  os  miílerios  da  Theologia  efco- 
laflica,  em  que  recebeo  o  gráo  de  Doutor, 
fendo  naò  fomente  douto  neíla  faculdade, 
mas  em  a  noticia  de  hum,  e  outro  Direito, 
fa/cndofe  mais  cílimavel  a  fua  fabedoria  pelo 
efplendor  do  nacimento,  e  integridade  da 
vida.  Foy  admitido  ao  Collegio  Real  de  S. 
Paulo  em  lo.  de  Julho  de  1 580.  e  ncíla  erudita 
efcola  fc  habilitou  para  exercitar  os  lugares  ho- 
noríficos, que  pofTuyo,  como  foraÕ  Prior  de 
Óbidos,  Deputado  da  InquifiçaÕ  de  Évora  no 
anno  de  1585.  Deputado  da  Meza  da  Concien- 
cia  em  1598.  Vifitador  das  Sepulturas  Rcacs 
do  Morteiro  de  Odivcllas,  Deaõ  da  Capclla 
I  Real,  Cjovcrnador  do  Crato,  c  ComiíTario  Geral 
IIAda  Bulia  de  Santa  Crufada,  que  exercitou  pelo 
dilatado  efpaço  de  quarenta  annos.  Por  caufa 
deite  authorizado  lugar  teve  graves  controver- 
tias com  o  CoUcitor  Joaõ  Bautifta  Pallota,  das 
quaes  fempre  fahio  triumphante  por  ferem  fem- 
prc  as  fuás  acçoens  reguladas  pela  reftidaõ  do 
feu  exemplar  procedimento,  como  mais  clara- 
mente fe  manifeftou  em  outro  mayor  triumfo, 
que  alcançou  dos  feus  emulos  quando  armados 
contra  a  fua  innocencia  aprezentaraõ  em  Ma- 
drid no  anno  de  1606.  cento,  e  fefenta,  e  féis 
Capítulos,  em  que  era  accufado  de  menos  cui- 
dadofa  a  fua  vigilância  no  exercício  dos  luga- 
res que  adminiftrava,  porem  de  tal  forte  puri- 
ficou a  fua  opinião  injuftamente  accufada,  que 
ElRey  o  mandou  reftítuir  com  honorificas 
expreíToens  aos  feus  Officios,  juílificando  com 
eíla  acçaò  a  finceridade  do  feu  procedimento, 
e  confundindo  a  malevolencia  de  feus  contrá- 
rios. Edificou  em  Lisboa  hum  Hofpital  para 
Qerigos  pobres,  e  o  entregou  ao  cuidado 
dos  Religiofos  de  S.  Joaõ  de  Deos  alcan- 
çando faculdade  Real  para  que  efta  Reli- 
gião infigne  entraíTe  em  Portugal,  ao  qual 
afignou  copiofas  rendas.  Morreo  em  Lis- 
boa em  idade  muito  provefta  a  4.  de  Se- 
tembro de  1637.  Jáz  fepultado  no  Conven- 
to de  S.  Joaõ  de  Deos  fundação  fua  de  bai- 
xo da  Capella  Mór  no  meyo  de  hum  Sump- 
tuofo  Crufeiro  com  janellas  fobre  o  mar, 
cercada  a  Sepultura  de  grades  de  Bronze, 
e    na    frente    eílá    hum    Altar    dedicado    a 


Chrífto  Crucificado,  no  qual  todos  os  dias 
fe  dÍ2cm  duas  Mííías  pela  alnu  do  Funda- 
dor.   Na  Tcpuitura  tem  gravado  eíle  epitáfio. 

Aqui  já:^  D.  António  Mafcarenhas  do  Con- 
felho  àt  Sua  Magtftadt  DeaÕ  da  fua  Rial  Ca- 
ptlla,  Comiffario  Geral  da  Santa  Crufada,  e 
FUdador  defle  Hofpital  de  S.  joaõ  de  Deos  laJe- 
ceo  a  7.  de  Setembro  de  16^7. 

O  feu  corpo  fe  conferva  incorrupto  como 
efcreve  António  Carvalho  da  Coíla  Coroj^af. 
Portuj^.  Tom.  5.  Trat.  8.  cap.  5J.  pag.  529. 
António  de  Soufa  de  Macedo  lhe  chama  in 
Jj/Jtt.  I  Jherata  appcnd.  i.  cap.  10.  n.  69.  E^cle- 
fiafles  fijravijfimus.  Fr.  Joaò  Santos  Chroru>log. 
Hofpital,  y  Kefumen  Hiflor.  dela  Saj^ad.  Relig. 
de  S.  Jnan  de  Dios  Part.  2.  lib.  2.  cap.  47.  lhe 
chama  magnifico,  c  meu  Irmaõ  o  P.  D. 
Jozé  Barbofa  nas  Mem.  do  Colleg.  Keal  de 
S.  Paulo.  pag.  98.  c  no  Archiathen.  Lafit. 
pag.  21. 

Ejn  veniet  Mafcarenhas  Antonius  alto 
Sanguine  progenitus  cujus  maculare  querellis 
Indignis  infida  volet  gens  nomen,  at  ille 
Clarior  evadet,  veluti  pofl  nuhila  Phabus. 
Ingentem  nunc  cerne  domum,  qtue  furgit  ad  Afira 
Divo  erit  Invalidum  rite  Sacrata  Parenti 
Sedibus  atque  illic  placidis  in  morte  quiefcet. 
Compoz. 

Memorial  delos  Cargos  que  refultaron  con- 
tra D.  António  Mafcarenas  como  Deputado 
dela  Mefa  de  Conciencia,  y  Dean  dela  Capilla 
Keal  de  Portugal,  y  Comiffario  particular  de 
muchas  cofas  dei  Servido  de  S.  Mageflade  en 
aquel  Reyno  delas  Vijitas,  que  contra  el  hit(o 
D.  Pedro  de  Cafiillo  Obifpo  de  Leiria  con 
la  repuefia,  y  fatisfacion  a  todos,  y  a  cada  uno 
delias;  y  refolucion  que  fu  Mageflad  tomo  con 
parecer  delos  Jue^es  nombrados  para  fu  vifla, 
examen,  y  deter minacion.  foi.  Naò  tem  armo 
da  ImpreíTaõ  mas  inferefe  fer  no  anno  de 
1607.  da  Carta  delRey  que  eftá  junta  a  efta 
obra. 

KelaçaÕ  dos  Procedimentos  que  teve  fendo  Co- 
miffario  Geral  da  Santa  Crufada  na  decisão,  e  decla- 
ração de  algumas  duvidas  que  o  Colleitor  JoaÕ  Bau- 
tifla  Pallota  com  boa  tençaÕ,  e  v^elo  da  jurdiçaõ 
Apoflolica  moveo  acerca  da  dita  Bulia,  e  em  par- 
ticular de  huma,  que  por  virtude  delia  fe  naõ  podia 
di!(er  Miffa  em  Oratórios  privados,  ainda 
que    approvados   pelo     Ordinário,    e    de    outrar 


32Ó 


BIBLIO THEC  A 


duvidas  da  mejma  Jurifdiçaõ,  que  houve  entre  o 
Aito  Colleitor,  e  Comiffario  Geral  na  Caufa  de 
António  Monit(^  da  Camará  Sede  Vacante  Pro- 
vijor  no  Arcehijpado  de  hisboa  pelo  dito  ComiJ- 
Jario  Geral,  monido,  e  declarado,  e  apellante  para 
o  dito  Colleitor.  4.  Naõ  tem  lugar,  nem  anno, 
e  nome  do  ImpreíTor,  fendo  que  parece  fer 
impreíTo  em  Lisboa  no  anno  de  1625,  como 
fe  colhe  da  Dedicatória  a  Urbano  VIII. 

D.  ANTÓNIO  MASCARENHAS  Na- 
ceo  em  Lisboa,  e  foy  quinto  filho  de  D.  Nuno 
Mafcarenhas  Alcayde  Mòr  e  Comendador 
de  Caílello  de  Vide,  Niza,  Caílro  novo,  e  Alpe- 
drinha, Senhor  de  Palma,  e  Azinhozo,  e  de 
fua  mulher  D.  Izabel  de  Caílro,  filha  de  Fer- 
não Telles  de  Menezes  fetimo  Senhor  de 
Unhaõ,  Cepaes,  Meynedo,  e  Commendador 
de  Ourique  da  Ordem  de  Chrifto.  A  taõ  illuf- 
tre  nacimento  correfpondeo  a  perfpicacia  do 
juizo,  de  que  logo  deo  claras  provas  apren- 
dendo a  lingua  Latina  no  Collegio  de  Santo 
Antaõ,  e  Theologia  na  Univerfidade  de  Coim- 
bra, em  cuja  faculdade  recebeo  o  gráo  de  Dou- 
tor fendo  hum  dos  infignes  Collegas,  que 
authorizaraõ  o  Collegio  Real  de  S,  Paulo  onde 
entrou  a  15.  de  Outubro  de  161 3.  Ao  labo- 
riofo  exercício  de  Académico  preferio  o  eílado 
de  Cazado  defpozandofe  com  fua  Prima  com 
Irmãa  D.  Izabel  de  Caftro  filha  de  António  de 
Mendoça  Senhor  de  Marateca,  e  de  D.  Anna 
de  Caílro,  e  poílo  que  deixou  a  Univerfidade 
nunca  fe  abfteve  da  liçaõ  dos  livros  princi- 
palmente Hiíloricos,  e  Genealógicos,  em  que 
■efcreveo  vários  volumes  das 

Famílias  do  Rejno  de  Portugal  em  cuja 
obra  reparando  com  prudente,  e  catho- 
lica  reflexão,  que  tinha  manchado  algumas 
com  pena  fatyrica  ordenou  em  feu  Teíla- 
mento  que  antes  da  fua  morte  fe  queimaf- 
fem  para  que  naõ  permaneceííe  memoria 
da  mais  leve  infâmia  em  gèraçoens  taõ  illuf- 
tres,  e  fe  ainda  fe  confervaõ  alguns  deíles 
livros  em  Cafa  do  ExcellentiíTimo  Duque 
de  Alafoens,  certamente  permanecem  con- 
tra a  ultima  defpofiçaõ  de  feu  Author.  Foy 
Cavalleiro  da  Ordem  de  Chriílo,  Commen- 
<lador  de  Maninhos,  e  Caílel-Novo,  e  hum 
<los  primeiros  aclamadores  da  liberdade  Por- 
tugueza  no  anno  de  1640.    Morreo  em  Lis- 


boa a  23.  de  Julho  de  1654.  e  naõ  de  Feve- 
reiro, ou  de  Junho  como  efcreve  o  P.  D.  An- 
tónio Caetano  de  Souf.  no  Apparat,  à  Hijl. 
Gen.  da  Cafa  Real  Portug.  pag.  97.  §.  94.  e 
no  Tom.  5.  da  HiJl.  Geneal.  da  Cafa  Real  Por- 
tug. liv.  6.  pag.  337.  Eílá  fepultado  no  Con- 
vento de  Santo  António  da  Villa  de  Alcácer 
do  Sal.  Delle  fazem  memoria  Salazar  Hifl. 
Gen.  dela  Cafa  de  Sjlv.  Tom.  2.  liv.  9.  cap.  4. 
n.  18.  e  Barbof.  Mem.  do  Collegio  Real  de  S. 
Paul.  pag.  118.  n,  75.  e  no  Archiaten.  iMfit. 
pag.  26. 

Ille  fatus  claro,  l^ufoque  e  fanguine  diãus 
Mafcarenus  erit  fobole  ditijftmus  alta, 
Reflituetque  Duci  regna  ufurpata  Joanni. 

ANTÓNIO  DE  MATOS  TEYXEIRA 
Ulyffiponenfe,  e  filho  de  Domingos  de  Mef- 
quita  Teixeira,  Efcrivaõ  da  Camará  Eccle- 
fiaílica  de  Lisboa,  e  Juliana  de  Mattos  Lo- 
bata.  Foy  Doutor  Theologo,  Pregador  infigne, 
e  taõ  egregiamente  verfado  na  lingua  Latina, 
e  Italiana,  como  em  todo  o  género  de  erudi- 
ção, e  Poefia.  No  tempo  que  affiílio  em  Roma, 
frequentava  as  Academias  de  algumas  Cafas 
particulares,  onde  manifeílou  os  thezouros 
da  fua  vaíla  litteratura  ou  foíle  orando,  ou  ' 
metrificando,  por  cuja  caufa  conciliou  o  affeâo 
de  muitos  Príncipes  da  Cúria  principalmente 
do  Eminentiífimo  Cardial  Datario  Pedro 
Ottoboni,  que  depois  fubio  ao  trono  do  Va- 
ticano com  o  nome  de  Alexandre  VIII. 
fendo  inílrumento  além  dos  feus  próprios 
merecimentos,  de  o  promover  a  Thezou-  ' 
reiro  Mór  da  Cathedral  de  Lamego  de  que 
tomou  poííe  no  anno  de  1669.  Morreo  neíla 
Cidade  a  30.  de  Outubro  de  1707.  e  jáz  fe- 
pultado na  Cathedral.  Publicou  na  lingua 
Italiana,  e  dedicou  ao  feu  Eminentiffimo 
Patrono. 

Parenefi  Ethica,  e  morale  Roma  apref- 
fo  Ignatio  de  Lazaris.  1668.  8.  He  em  8. 
rima. 

Depois  de  reílituido  à  fua  pátria  impri- 
mio. 

Oraçaõ  fúnebre  nas  Exéquias,  que  fe  fit^eraõ  em 
a  Sé  de  Lamego  por  ordem  do  Serenijfimo  Princepe 
D.  Pedro  em  a  morte  da  Santidade  do  Summo 
Pontífice  Clemente  X.  em  ij.  de  Setembro  de  1676. 
Lisboa    por    Domingos    Carneiro.    1676.    4. 


L  USITAN A. 


òij 


Lmz  Emngtlica,  t  dias  Sagrados;  Panegy- 
ricos,  t  Ferias  prijifldos  em  diverfos  dias,  e  celebri' 
dades  do  anno  Lisboa  por  Miguel  Manefcal 
1686.  4. 

ANTÓNIO    DE    MEYRA    PEIXOTO 

natural  da  nobre  Villa  de  Guimaraens,  filho 
de  Hra/  de  Meyra  Peixoto,  e  de  fua  mulher 
(!ccilisi  (la  Rocha  Vieyra.  Foy  Arciprefte  na 
Real  (^)llcgiada  de  N.  Senhora  da  Oliveira 
da  fua  pátria  onde,  morreo  a  17.  de  Mayo 
de  1676.  A  mayor  applicaçaõ  do  feu  eftudo 
foy  ;\  Cícncalogia,  em  que  fez  grandes  pro- 
grcflbs  cfcrcvcndo. 

Dons  Tomos  de  Famílias  in  foi.  Aí.  S.  que 
fc  confcrvaõ  em  poder  de  Manoel  Coelho  de 
VafconccUos  morador  cm  Guimaraens. 

Arvore  de  toda  a  ajcendencia,  e  defcendencia  dos 
Peixotos  a  qual  tem  cm  feu  poder  Thadcu  Luiz 
\ntonio  Lopcz  de  Carvalho  Fonfeca  de  Ca- 
ocns  Sctimo  Senhor  de  Ncgrclos,  e  Abba- 

,  e  Académico  Supranumerário  da  Aca- 
demia Real,  que  nos  comunicou  efta  noticia. 


m 


ANTÓNIO  MENDES.  Presbytero  Ulyf- 
fiponenfe  bom  pregador,  e  muito  mais  ve- 
nerado pelas  virtudes  dignas  do  Sacerdócio. 
Foy  Irmaõ  de  Gonçalo  Mendes  Saldanha 
infigne  compofitor  de  Muíica  fendo  efte  taõ 
digno  de  applaufo  pelo  contraponto,  como 
aquelle  pela  Poefia  Latina  com  eílilo  cadente, 
claro,  elegante,  e  pompozo,  da  qual  nunca 
permitio  que  fe  imprimiíTe  alguma  parte  ex- 
cepto poucos  epigrammas  em  louvor  de  Au- 
thores,  que  os  fizeraõ  públicos  fem  fua  fa- 
culdade. Por  fua  morte  que  foy  no  principio 
do  Século  paíTado  defappareceraõ  todas  as 
fuás  obras  poéticas  fendo  delias  a  mayor,  e 
a  mais  bem  trabalhada  a  Verfaõ  do  Poema 
de  Camoens  na  lingua  Latina  que  intitulou. 

hujiaden  Camonij  Hifpanorum  vatum  an- 
tefignani  Poema  hatinis  verjibus  redditum  4. 
U.  S. 

Exéquias  do  'Eftado  da  índia.  Eíla  obra 
que  naõ  menos  fatyrica,  que  douta  pela  qual 
eíleve  prezo,  mas  brevemente  foy  reítítuido 
à  fua  liberdade. 

ANTÓNIO  MENDES  natural  da  Vil- 
la de  Cunha  do  Bifpado  de  Lamego,  e  fa- 


miliar do  celebre  antiquário  Manoel  Severím 
de  Faria  Chantre  de  Évora.  Foy  infigne  em 
efcrever,  e  dibuxar  com  a  penna,  e  muito  de- 
voto do  alti/Timo  Myfterío  da  Euchariítía,  cuja 
veneração,  e  culto  dezejando  que  mais  fe 
propagaíTe  nos  coraçoeos  dos  Fieis,  fendo 
Clérigo  de  Ordens  menores  traduzio  de  La- 
tim do  Padre  Lucas  Pínello  da  Companhia 
de  JESUS  em  Portuguez. 

Meditaçoens,  e  alguns  milagres  do  Santifftmo 
Sacramento.  Lisboa  na  Offícina  Crasbeeckiana. 
1655.  8. 

ANTÓNIO  MENDES  AROUCA  digno 
Pay  do  grande  Theologo,  e  igual  Efcriturano 
o  Doutor  Fr.  António  da  Madre  de  Deos 
fingular  credito  da  Eremitica  Congregação 
de  S.  Paulo,  de  quem  jà  fizemos  merecida  lem- 
brança. Naceo  na  Cidade  de  Tavira  do  Reyno 
do  Algarve  no  anno  de  1610.  Aprendeo  os 
primeiros  rudimentos  em  cafa  de  feus  Pays, 
e  defcubrio  logo  tal  propenfaõ  para  as  letras, 
que  chegando  à  idade  da  adolefcencia  o  mã- 
daraõ  eftudar  Direito  Civil  na  Univerfidade 
de  Salamanca,  onde  como  era  dotado  de  en- 
genho agudo,  memoria  feliz,  e  juizo  madura 
fez  taes,  e  tantos  progreflbs  que  cauzava  en- 
veja,  e  admiração  aíTun  aos  Condifcipulos,. 
como  aos  Meílres.  Ainda  naõ  tinha  acabado 
o  curfo  dos  feus  eíhidos  quando  voltando  a 
Portugal  os  continuou  na  Univerfidade  de 
Coimbra  alcançando  nella  taõ  profunda  noti- 
cia da  Jurifprudencia  que  quando  contava  vin- 
te e  quatro  annos  de  idade  recebeo  o  Grào  de 
Bacharel  com  applaufo  de  todos  os  Cathedra- 
ticos.  De  Coimbra  paíTou  a  Lisboa  onde  co- 
meçou a  exercitar  o  Officio  de  Advogado  no^ 
patrocinio  de  caufas  forenfes  fendo  indecifo  aos 
juizos  mais  prudentes  fe  era  mayor  a  fcienda,. 
ou  a  redHdaõ  com  que  as  defendia.  No  largo 
efpaço  de  trinta  armos,  que  exercitou  eíla 
occupaçaõ  nunca  patrocinou  caufa  contraria  à 
juíliça,  naõ  fendo  poderofos  nem  o  affefto  dos 
amigos,  nem  a  authoridade  dos  Grandes, 
para  que  cedeíTe  defta  inteireza  de  animo,  pela. 
qual  mereceo  fer  eleito  Advogado  da  Cafa  da. 
Supplicaçaõ  bufcando  todos  o  feu  Confelha 
como  Oráculo,  e  conílituindo-o  abfoluto  arbi- 
tro nas  controveríias  mais  graves  por  conhece- 
rem que  as  fuás  refoluçoens  procediaõ  de  hum. 


328 


BIB  LIO  THE  CA 


juizo  profundo,  e  hum  coração  reóto.  Por 
morte  de  fua  mulher,  que  terniíTimamente 
amava,  confiderando  que  eraõ  caducas  as  glo- 
rias mundanas,  fe  refolveo  fugir  da  Corte  para 
o  dezerto  preferindo  o  filencio  da  folidaõ  à 
vida  inquieta  com  o  tumulto  dos  Litigantes. 
Para  efíeituar  eíle  heróico  intento  deixando  as 
eftimaçoens,  que  lhe  conciliavaõ  as  fuás  letras, 
e  o  que  caufa  mayor  aíTombro,  a  feus  próprios 
filhos,  fe  auzentou  para  a  Ilha  de  S.  Miguel  por 
faber  que  em  o  Valle  chamado  das  Furnas  ha- 
bitavaõ  alguns  Eremitas,  que  depois  fe  transfe- 
rirão para  a  Ermida  da  Senhora  da  Confolaçaõ 
de  Vai  de  Cabaços,  os  quaes  floreciaõ  em  todo 
o  género  de  virtudes,  e  chegando  a  eíle  foli- 
tario  domicilio  fe  agregou  com  inexplicável 
confolaçaõ  do  feu  efpirito  a  eíles  Anachoretas, 
e  para  que  totalmente  fe  fepultaíTe  a  memoria 
do  feu  nome,  o  mudou  em  o  de  António 
da  Aílumpçaõ,  o  qual  confervou  atè  que  mor- 
reo.  Naõ  he  fácil  de  narrar,  e  menos  de  com- 
prehender  as  virtudes,  que  exercitou  no  horror 
daquella  folidaõ  fervindo  de  eliimulo,  e  exem- 
plar aos  feus  Companheiros  aíTim  na  prompti- 
daõ  com  que  obedecia,  como  na  afpereza  com 
que  fe  mortificava.  O  tempo  que  lhe  reftava 
da  contemplação  da  Divindade,  o  gaílava  na 
liçaõ  da  Sagrada  Efcritura,  Santos  Padres, 
e  vários  Livros  afceticos,  donde  extrahia  as 
doutrinas  de  que  eílaõ  cheyas  as  fuás  pias,  e  de- 
votas compofiçoens,  que  deixou  em  final  do 
aíFefto,  com  que  amava  aos  Padres  Jefuitas  do 
CoUegio  de  Ponte  Delgada,  as  quaes  fe  guardaõ 
na  fua  Bibliotheca,  cauzando  naõ  pequena 
admiração  que  tendo  confumido  a  mayor  parte 
da  vida  no  eíludo  da  Jurifprudencia,  efcreveíTe 
•em  idade  jà  caduca  tantos  volumes  de  aílump- 
tos  totalmente  diíFerentes  da  fua  profiífaõ. 
Depois  de  habitar  eíle  dezerto  por  efpaço  de 
quinze  annos  fabendo  que  na  Cidade  de  Angra 
morriaõ  muitas  peíloas  no  Hofpital  defam- 
paradas  por  temor  de  fer  contagiofo  o  mal 
que  padeciaõ,  correo  velozmente  a  aífiílir- 
Ihes  mais  folicito  da  vida  alheya,  que  da 
própria,  de  cuja  comunicação  contrahindo 
huma  enfirmidade  gravifiima  morreo  entre 
-elles  como  viftima  da  Caridade  a  23.  de  Agof- 
to  de  1680.  com  70.  annos  de  idade.  Foy 
fepultado  com  honorifica  pompa,  e  afiif- 
tencia     das     principaes     PeíToas     da     Cidade 


de  Angra  fendo  venerada  a  fua  memoria  naõ 
fomente  pelas  virtudes  pra£ticadas  em  vida, 
mas  pelo  ferverofo  zelo  que  foy  caufa  da  fua 
morte.  Por  deligencia  de  feu  Neto  SucceíTor 
em  o  nome,  e  no  Officio  de  Advogado  de  taõ 
grande  Varaõ  fahiraõ  à  Luz. 

Allegationes  júris  in  quihus  quam  plurima,  (& 
valde  utiles  quajliones  in  l^ufitania  Tribunalibus 
dijceptata  proponuntur,  <&  juxta  faãi  contingeu- 
tiam  pro  advocationis  munere  enucleantur.  Ulyífip. 
apud  Michaelem  Manefcal  1690.  foi. 

Adnotationes  praãica  ad  librum  fere 
primum  Pandeãarum  júris  Civilis,  in  qui- 
hus per  fingulos  textus,  (&  verficulos  ea  tantum, 
qu(B  pro  fori  exercitio,  (Ò"  latsitana  advocatio- 
nis munere  utilia  vi/a  sunt,  omijfis  juperflms 
expenduntur,  infertis  occurentium  materiarum 
per  regulas  cum  fuis  ampliationibus,  <&  jallen- 
tijs,  non  inutilibus  traãatibus.  Pars  i.  Ulyf- 
fip.  apud  Michaelem  Def landes  1701. 
foi. 

Pars  altera,  ibi  apud  eundem  Typo- 
graph.  1702.  foi. 

Obras  M.  S.  que  fe  confervaõ  no  CoUe- 
gio dos  Padres  Jefuitas   de  Ponte  Delgada. 

A.nno  devoto,  ou  devotas  meditaçoens  fobre 
todos  os  Evangelhos  que  fe  cojlumaÕ  cantar 
na  Igreja  por  todo  o  circulo  do  anno.  foi.  3. 
Tom. 

Meditaçoens  pias,  e  obfervaçoens  efpiri- 
tuaes  fobre  os  cento  e  cincoenta  Pfalmos  de 
David.  4.  3.  Tom. 

Peregrinação  que  coflumaÕ  fat(er  os  mora- 
dores da  Ilha  de  S.  Miguel  vijitando  as  Iff-e- 
jas   de   Nojja   Senhora.    4. 

Peregrinação  da  alma  feguindo  os  Pajfos 
de  Chriflo  Senhor  Nojfo,  e  contemplando  os  luga- 
res que  fantificou  com  fua  prefença,  e  o  que 
nelles  obrou.  4.  8.  Tom. 

Pias  meditaçoens,  e  contemplaçoens  para 
fe  ouvir  com  fruto  o  Sacrofanto  Sacrifício  da 
Mijja.  foi. 

Princípios,  e  progrejjos  da  Congregação 
dos  Eremitas  do  Valle  das  ¥  urnas  da  Ilha 
de  S.  Miguel,  transferidos  depois  para  o  Valle 
da  Piedade,  foi. 

Tradufio  do  Latim  do  P.  Hermano  Hu- 
go da  Companhia  de  JESUS  em  Portuguez. 

Desejos  piedofos,  e  fufpiros  da  Alma.  4.  3. 
Tom. 


L  USITAN  A. 


329 


Dialogps  ajceticos  interlocutores  a  Sabedoria 
Divina,  e  feit  MiniJIro  Ir.  Henrique  Sufo.  4. 
A  OraçaÕ  do  Padre  Noffo  explicada  com 
pias  meditafoens,  e  diverjos  affetlos  das  vir- 
tudes, 9  perfeição  Cbriflãa  tradufidos  do 
'  Livro  Paradifus  anima  do  P.  Jacobo  Merli 
da  Companhia  de  JESUS. 

ANTÓNIO  MENDES  CALDEIRA 
natural  da  Villa  Sovcreira  diílantc  5.  legoas 
da  Villa  da  Certaá,  e  7.  da  Amieira  da  jurif- 
diçaõ  do  Crato.  Foraò  feus  Pays  Chriftovaò 
Mendes  Caldeira,  e  Beatris  Fernandes.  Mili- 
tou pelo  efpaço  de  vinte  annos  em  Flandes 
debaixo  da  difciplina  de  infignes  Generaes 
donde  voltado  para  Portugal  muito  praftico 
na  Arte  militar  ajudou  com  toda  a  aéUvidade 
ao  Conde  de  Bailo  na  expedição  dos  foccor- 
ros,  que  juntava  em  Évora  para  remeter 
a  Lisboa,  que  receava  fer  invadida  pelas 
Armas  Inglezas.  Morreo  nefta  Cidade  ferido 
da  peíle  cm  Dezembro  de  1598.  quando 
contava  57.  annos  de  idade.  Efcreveo,  mas 
naõ  imprimio. 

ÍJvro  de  Milícia 

Tratado,  em  que  moftra  de  que  modo  Usboa 
Je  podia  defender  de  toda  a  Armada,  e  exercito 
inimigo.  Cuja  obra  foy  muito  eftimada  por 
peíToas  muito  peritas,  principalmente  pelo 
Meftre  de  Campo  D.  Gabriel  Nino. 

ANTÓNIO  MENDES  DA  VEIGA 
grande  Cultor  das  Mufas.  Efcreveo  hum 
Livro,  que  coníla  de  diverfo  género  de 
verfos,  fendo  a  mayor  parte  Sagrados,  que 
fe  confervava  na  Bibliotheca  do  Eminenti- 
fimo  Cardial  de  Soufa,  dedicado  a  D.  Miguel 
de  Noronha  Conde  de  Linhares,  e  Governa- 
dor de  Tangere,  com  eíle  titulo. 

Primavera  dei  alma.  foi.  Aí.  S. 

Tinha  no  principio  licença  para  fe  impri- 
mir concedida  pelo  Inquifidor  Geral  D. 
Francifco  de  Caílro  em  16.  de  Abril  de  1626. 
e  na  Cenfura  dizia  o  Meftre  Fr.  Domingos  de 
Santo  Thomaz  da  Ordem  dos  Pregadores: 
O  Author  he  juntamente  Poeta,  Filofofo  ChrifiaÕ, 
puro  na  fraje ,  Juave  na  Poejia. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  MENDOÇA  natu- 
ral de  Lisboa  igualmente  illuftre  no  fangue, 


que  na  Religiflõ,  íciencia»  e  authoridade.  Teve 
por  Pays,  a  Jorge  de  Mendonça  Ca/íaô  do 
Confclho  dot  ooííos  Monarchas,  Mordomo 
Mór  da  Príncefa  D.  Maria  filha  delRey  D. 
Manoel,  e  trigeíTimo  fegundo  Governador  da 
Praça  de  Tangere,  e  de  fua  mulher  D.  Joanna 
de  Mcndoça.  Sendo  moço  Fidalgo  da  dita 
Princefa  fugio  para  a  Religião  Seráfica  da 
Província  dos  Algarvcs,  onde  fe  (cz  mais  illuf- 
tre na  obfcrvancia  do  feu  Inílituto,  do  que  era 
pelo  efplendor  do  nacimento.  Governou  pru- 
dentemente o  Convento  de  Évora  até  que  por 
uniforme  acclamaçaõ  foy  eleito  Provincial  no 
Convento  de  Xabregas  em  2.  de  Junho  de  1607. 
em  cujo  lugar  experimentarão  os  fubditos  a 
natural  benevolência  do  feu  animo.  Foy  Lente 
jubilado  em  Theologia,  e  adquirindo  grandes 
applaufos  o  feu  talento  na  Cadeira,  naõ  foraõ 
menores  os  que  alcançou  no  Púlpito  cfcrc- 
vendo  delle  Fr.  Miguel  Pacheco  na  Vid. 
da  Princez.  D.  Maria  lib.  2.  cap.  3.  Fue  predi- 
cador de  gran  nombre,  j  de  nó  menor  virtud.  No 
tempo  que  exercitava  o  minifterio  de  Confeflbr 
das  Religiofas  do  exemplar  Convento  de 
Sacavém  lhe  impedio  a  morte  em  o  anno  de 
1625.  pór  a  ultima  maõ  a  huma  obra  igualmente 
laboriofa,  que  útil,  qual  era  reduzir  todas 
as  obras  de  feu  Meftre  Efcoto  em  partes,  e 
methodo,  como  as  do  Doutor  Angélico 
propondo  primeiramente  o  Epitome  de  cada 
queftaõ,  os  fundamentos  em  que  fe  eftxibava, 
e  depois  os  argumentos  contra  ella,  e  as  rc- 
poftas.  Defte  grande  trabalho  deixou  perfei- 
tamente acabadas  algumas  partes,  aflim  ellas 
lograrão  o  beneficio  da  luz  publica  para  o 
comunicar  à  Efcola  Efcotiftica. 

D.  ANTÓNIO  DE  MENESES,  filho 
de  D.  Joaõ  de  Menefes,  e  de  D.  Maria  da 
Sylva,  e  Neto  de  D.  Fernando  de  Mene- 
zes Mordomo  Mór  da  Rainha  D.  Izabel  mulher 
de  Affonfo  V.  fegundo  Senhor  de  Cata- 
nhede,  foy  fummamente  inclinado  à  liçaõ  da 
Hiftoria  Sagrada,  como  profana,  e  muito 
inftruido  nas  máximas  politicas  como  taõ 
necefarias  ao  carafter  da  fua  peíToa.  Teve 
perfeita  noticia  das  linguas  mais  polidas  da 
Europa  principalmente  da  Franceza,  da  qual 
traduzio  na  materna. 

Hijloria  de  Filippe  de  Comines,  foi.  a  qual 


33o 


BIB  LIO  THE  CA 


fe   confervava   M.    S.   na  Bibliotheca   Seve- 
riana. 

D.  ANTÓNIO  DE  MENESES  igual  ao 
precedente  affim  no  claro  do  nacimento,  como 
no  fublime  do  engenho.  Foy  filho  de  D.  Carlos 
de  Noronha,  e  de  D.  Antónia  de  Menezes  ramo 
da  frondoza  arvore  dos  Marquezes  de  Villa 
Real.  Teve  igual  efpirito  para  as  armas,  como 
génio  para  as  Mufas,  das  quaes  foy  excellente 
cultor,  e  íingular  Mecenas  dos  Poetas.  A  o  feu 
nome  confagrou  Manoel  de  Galhegos  a  Gi- 
gantomachia,  e  o  Poema  Anaxarete,  e  entre  as 
poéticas  expreflbens  com  que  o  invoca  para 
proteger  aquella  obra  lhe  diz  as  feguintes. 
Aora  que  Jolicito  fugefas 
Al  trabajo  eftudtojo 
El  pecho  generojo : 
Aora  que  tu  pluma 
In/pirada  de  Apolo 
Al  Cielo  fe  llevanta 
Intermiete  el  ejiudio 
Suf pende  el  San  canoro 
Que  forma  dulce  erudita  mano 
Con  pleãro  de  chrijial  en  cordas  de  oro: 
Efcucha  el  trijle  accento 
De  mi  ronco  injlrumento 
O'  fiempre  favorahle 
A  mi  humilde  Thalia 
Doão  Meneses;  Ínclito  Norona 
Augujio  defcendiente 
De  los  que  la  Corona  Eufifana 
Delos  que  la  Corona  Cajiellana 
Valerofos  honraron  &c. 
Nem    com   menor   elegância   expreíTa    o 
fentimento    da   fua   intempeíliva   morte   que 
fucedeu  no  anno  de  1626.  Jacinto  Cordeiro 
no  Elog.  dos  Poet.  Portug.  Eílanc.  33. 
Que  llanto  a  D.  António  de  Menei^es 
No  le  deve  mi  pluma  fendo  Achiles 
A  vifla  de  tan  nobles  Portugueses"^ 
bombardas  no  pudieron,  ni  efmiriles 
Acabar  tantas  vidas  muchas  ve^es: 
Para    que  fuejfe   el  mar   Cierço   de   Abriles 
Y  los  hados  con  el  fueron  crueles, 
Mereciendo  fus  obras  mil  Laureies. 
Compoz,  e  naõ  imprimio. 
Varias  obras  Poéticas. 

ANTÓNIO   DE  MENESES  Meílre  em 
Artçs    Çonego    de    Saõ    Salvador    de    Gra- 


nada, e  Capellaõ  da  Capella  dos  Senhores 
da  Cafa  de  Torres  Vedras  muito  applicado 
ao  eftudo  Genealógico  compondo  no  anno 
de  1566. 

Genealogia  dos  Senhores  da  Cafa  de  Torres 
Vedras. 

De  cuja  obra  fazem  mençaõ  D.  António 
Soares  de  Alarcão  nas  Kelac.  Genealog.  da  Cafa 
de  Trocif  liv.  4.  cap.  i.  n.  45.  e  o  P.  D.  Antó- 
nio Caeta.  de  Souf.  no  Appar.  à  Hifl.  Geneal. 
da  Caf  Keal  Portug.  pag.  37.  n.  15. 

ANTÓNIO  DE  MENESES  Jurifconfulto 
de  profiíTaõ,  e  nella  grande  Letrado.   Compoz. 

In  Tit.  de  Fidei  commijfts.  Mantuas  apud 
Alphonfum  Goneíium.  1568. 

Do  Author,  e  da  obra  fe  lembra  Antó- 
nio Verderio  in  Supplement.  Bibliothec. 
Gefneriana. 

ANTÓNIO  DE  MESQUITA  Pilo- 
to da  navegação  da  índia  que  muitos  annos 
continuou  com  grande  fruto  da  fua  experiên- 
cia. Para  fazer  a  Viagem  mais  fácil  aos  Por- 
tuguezes  efcreveo. 

Roteiro  da  Viagem  que  fe^  a  Não  Capi- 
tania N.  Senhora  de  Betancor  em  que  hia 
Bra^  Telles  de  Menet(es,  vindo  de  Goa  para 
Portugal  4.  Aí.  S.    Começa. 

Tiveraõ  os  Olande^es  por  taõ  excellente 
coufa  o  trato,  e  comercio  das  partes  do  Sul 
da  Índia.    Acaba. 

J5  o  Capitão  Mor  D.  Luit^  Fajardo  com 
o  primeiro  vento  norte  fe  foraõ  para  Lisboa 
onde  chegarão  ainda  primeiro  que  nós  defcanfar 
do  trabalho  pajfado. 

Roteiro  da  Viagem  de  hla^^agaõ.  Eftas  duas 
obras  fe  confervavaõ  M.  i".  in  4.  na  Livra- 
ria de  D.  António  Alvares  da  Cunha. 

ANTÓNIO  MESQUITA  DE  OLI- 
VEYRA  natural  de  Lisboa,  Cavalleiro  pro- 
feíTo  da  Ordem  de  Chrifto,  filho  do  Dezem- 
bargador  Antaõ  de  Mefquita  de  Oliveira, 
e  de  fua  mulher  D.  António  Bezerra  Cabral. 
Foy  muito  inclinado  à  liçaõ  dos  livros  hif- 
toricos,  e  políticos  pela  qual  fe  fez  muito 
erudito.  Tinha  compofto  muitas  obras,  das 
quaes  a  mayor  parte  eftava  imperfeita,  e 
fomente  acabada  a  feguinte. 


M 


LUSITANA. 


33 1 


Defifi/aõ  da  lingua  Portkff4it(a  com  a  etymo- 
Jogia,  principio,  e  vocábulos  delia,  Juas  excellencias, 
e  vifitagens  que  fav^  às  demais  Hnguas,  e  os  nomes 
próprios  de  iodas  as  artes  com  que  ella  ft  explica. 
M.  S.  Obra  certamente  (^  diz  Joaõ  Tranco  Barreto 
na  hihiioth.  \jifit. )  dijina  dt  muito  louvor,  e 
muito  bem  trabalhada. 
Deixou  imperfeitas  as  feguintes  obras. 

Capitão  Politico  na  vida  do  injiffie  Luiz 
Barbalòo.  M.  S. 

Mejlre  Politico  nas  acfoens  delRtj  D,  JoaÕ 
o  IV.  M.  S. 

Hifloria  de  Africa  M.  S. 

tundafoens,  princípios,  augmentos,  e  progreffos 
das  Cidades,  e  Villas  notáveis  defte  Reyno,  e  as  mais 
antig/ddades  delias,  os  filhos  infigrtes  que  na  guerra, 
€  pat(^  teve  cada  huma.  M.  S. 

ANTÓNIO  MESTRE  Presbytero,  e 
Beneficiado  da  Parochial  Igreja  de  Santa  Juíla 
de  Lisboa  fua  Pátria.  Impeilido  do  zelo  com 
que  devem  faber  os  meninos  a  doutrina  do 
Cathecifmo  o  reduzio  a  breves  clauíulas,  para 
que  mais  facilmente  o  aprendeíTem,  e  confer- 
vaíTem    fixamente    na    memoria,    compondo. 

Summa,  e  fubjiancia  da  doutrina  Chriftãa 
para  que  os  Meninos,  e  as  peffoas  que  a  naõ  fabem 
pojfaõ  facilmente  entender,  e  aprender  as  coufas 
mais  principaes  delia.  Lisboa  por  António 
Alvares.   1628.  8. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  MIGUEL. 
Naceo  em  a  nobre  Villa  de  Guimaraens  a 
28.  de  Agofto  de  1661.  e  foy  filho  de  Da- 
mião Moreira  Provedor  daquella  Comarca, 
e  D.  Maria  da  Fonfeca.  Aprendeo  a  Lin- 
gua Latina,  e  Letras  Humanas  com  tal  bre- 
vidade, que  admirados  feus  Pays  do  feu 
grande  engenho  determinarão  dedicallo  a 
Deos,  o  que  felizmente  confeguiraõ  fendo 
admitido  à  Religião  do  Príncipe  dos  Patriar- 
chas  S,  Bento,  cuja  monaílica  Cogulla 
veílio  no  Convento  de  Tibaens  a  8.  de 
Mayo  de  1678.  quando  contava  17.  annos 
de  idade.  Tendo  eftudado  Filofofia  no 
Convento,  de  Pombeiro,  e  Theologia  no 
Collegio  de  Coimbra,  fe  adiantou  com  tal 
exceíTo  aos  feus  Condifcipulos,  que  depois 
de  ter  quatro  annos  de  paíTante,  leu  Artes 
no  Moíleiro  de  S.  Tyrfo  no  fim  dos  quaes 


anhelando  o  feu  eípirito  a  fazer  mayores 
progreíTos  nas  virtudes,  que  nas  letras,  renun» 
ciou  as  Cadeiras,  e  fe  recolheo  ao  Convento 
do  Porto  onde  com  os  feus  Sermoens  colUfl 
abundante  fruto  dos  ouvintes.  Perfuadido  de 
alguns  Monges,  que  dezejavaõ  houvefe  em 
Portugal  hum  Moíleiro  onde  fe  obfervaííe  com 
todo  o  primitivo  rigor  a  Santa  Regra,  paíTou  a 
Roma  onde  aíTiíUo  três  annos  conciliando  as 
eílímaçoens  das  mayores  Peííoas  da  Cúria  aíTim 
pelo  exemplo  da  fua  vida,  como  profundidade 
da  fua  fciencia,  atè  que  voltando  ao  Reyoo 
com  o  deff>acho  da  fua  fupplica,  foy  eleyto 
Abbade  do  Convento  de  Carvoeiro  deílinado 
para  a  intentada  Reforma,  no  qual  exercitou 
fumma  auíleridade  jejuando  a  mayor  parte  do 
anno,  e  uzando  de  camizas  de  lãa.  Attenuado 
com  a  continuação  das  penitencias  lhe  fobre- 
veyo  huma  debilidade  de  eílomago,  que  fe  fez 
rebelde  à  Medicina,  e  conhecendo,  que  nem  a 
mudança  dos  ares  lhe  era  útil,  fe  preparou  com 
todos  os  Sacramentos  para  a  morte,  que  feliz- 
mente o  transferio  para  o  defcanfo  eterno  a  14. 
de  Setembro  de  1721.  com  62.  annos  de  idade, 
e  54.  de  Religião.  Jaz  fepultado  no  Con- 
vento de  Buftello.  Compoz. 

Sermoens  vários  i.  Tom.  que  fe  conferva 
no  Convento  de  S.  Tyrfo. 

Ceremonial  para  ufo  da  Monaflica  Con- 
gjrega^aõ  de  S.  Bento  do  Reyno  de  Portugat 
difpojlo  conforme  os  decretos  da  Sacada  Con- 
gregação dos  Ritos.  foi.  M.   S. 

ANTÓNIO  MILHEYRO  natural  de 
Braga  muito  douto  na  arte  da  Mufica,  da  qual 
foy  Meílre  na  Cathedral  de  Coimbra,  e  depois 
de  Lisboa,  onde  foy  Cónego  de  quarta  Preben- 
da. Muitas  das  fuás  obras  confervava  na  fua 
Livraria  Francifco  de  Valhadolid  grande  pro- 
feíTor,  e  curiofo  defta  Arte,  e  outras  na  Biblio- 
theca  Real.    Por  fua  induftria  fe  reimprimio. 

Rituale  Romanum  Pauli  V.  juffu  editum 
fubjunãa  Mijfa  pro  def unais  à  fe  mufkis  numeris 
adaptata,  cantuque  ad  Generalem  Re^i  confue- 
tudinem  redaão.  Conimbricac  apud  Nicolaum 
Carvalho.  161 8.  4. 

ANTÓNIO  DE  MIRANDA  HENRI- 
QUES natural  de  Lisboa,  e  filho  de  Manoel 
de    Miranda    Henriques,    e    de    fua    mulher 


332 


BIBLIO THECA 


Izabel  de  Almeyda  da  nobre  família  dos  Tavei- 
ras.  Seguio  o  eílado  Ecclefiaílico,  e  obteve  na 
fua  pátria  hum  Beneficio  muito  rendofo. 
O  grande  engenho  acompanhado  de  feliz  me- 
moria com  a  continua  applicaçaõ  aos  livros 
que  tratavaõ  da  Oratória,  Poética,  Mythologia 
e  Hiíloria  o  fizeraõ  hum  dos  Varoens  mais  peri- 
tos do  feu  tempo,  concorrendo  para  a  gran- 
deza da  fua  fama  a  vaíla  noticia  de  varias  linguas, 
e  a  natural  eloquência  com  que  fe  explicava, 
e  efcrevia,  por  cujas  caufas  era  fempre  conful- 
tado  nas  duvidas  mais  dificultofas,  e  ouvida 
com  grande  refpeito  a  fua  decifaõ.  O  indefeíTo 
eíludo  que  continuamente  obfervava  devendo 
adquirirlhe  immortal  fama  ao  feu  nome,  lhe 
caufou  a  morte,  pois  acompanhando  a  D. 
Francifco  de  Mello,  e  Torres  Marquez  de 
Sande,  quando  foy  por  Embaxador  a  Carlos  II. 
de  Inglaterra  com  a  mudança  do  clima,  como 
fe  naõ  abíliveíle  do  eíludo,  perdeu  o  juizo,  e 
confequentemente  a  vida  em  Londres  no 
anno  de  1660.  a  tempo  que  eílava  impri- 
mindo. 

Paradoxos,   em   os   quaes  por  força   da   elo- 
quência, e  erudição  mofira  aos  olhos,  e  ainda  ao 
entendimento   coujas   varias,    e   diferentes   do   que 
ellas   em  fi  faÕ. 
Tinha  publicado. 

Obelifco  fúnebre  ao  Serenijfimo  Infante 
D.  Duarte  no  fentimento  da  fua  morte.  Lisboa 
por  Domingos  Lopes  Rofa   1650.   4. 

Confta  de  profa,  e  de  verfos  Portuguezes, 
Italianos,  e  Caílelhanos,  e  no  fim  hum  elogio 
Latino. 

Verfos  h,atinos.  Italianos,  e  Portugueses  em 
applau^o  do  Nacimento  do  Princepe  D.  Pedro. 
Lisboa   por   Paulo    Crasbeeck    1648.    4. 

Fabula  de  Dafne,  e  Apollo  em  verfo. 

Na  Livraria  do  Eminentiffimo  Car- 
dial  de  Soufa  eílava  hum  livro  M.  S.  de 
obras  de  Poetas  Portugueses,  e  entre  ellas 
havia  muitos  Sonetos,  e  Romances  deíle 
Author,  fendo  os  melhores  com  que  lamen- 
tava a  morte  de  feu  Irmaõ  Fr.  Dioniíio  de 
Santa  Maria  Religiofo  Trino,  iníigne  tan- 
gedor  de  Arpa,  dos  quaes  eraõ  hum  Epitá- 
fio que  principiava. 

Tu  que  atento  ficafle  f tf  pendido. 
Madrigal  Italiano. 

O'  di  celejle  Seme 


Dous  Romances  o  i.  começava. 

De  minha  Arpa  o  graõ  poder. 
O  fegundo. 

Yá  de  los  Coros  Supremos. 

ANTÓNIO  MONIZ,  filho  de  Jeronymo 
Moniz  Repoíleiro  Mór  delRey  D.  Manoel,  e  de 
D.  Violante  da  Sylva,  filha  de  Joaõ  de  Salda- 
nha Vedor  da  Cafa  da  Rainha  D.  Maria  mulher 
fegunda  do  fobredito  Monarcha;  irmaõ  de 
Febos  Moniz  hum  dos  quatro  Sumilheres  del- 
Rey D.  Sebaíliaõ  naceo  em  Lisboa,  e  abraçou 
o  Inílituto  da  Companhia  de  JESUS  no  ColJe- 
gio  de  Coimbra  a  27.  de  Janeiro  de  1544.  No 
tempo  que  começava  a  curfar  as  Efcolas  mais 
obediente  às  importunas  inílancias  dos  parentes 
a  que  largaíTe  a  Religião  que  às  faudaveis 
exhortaçoens  de  feus  Prelados  para  que  nella 
perfeveraíTe,  fugio  clandeílinamente  do  Col- 
legio  de  Coimbra  com  intento  de  peregrinar 
pelo  mundo.  Arrebatado  deíla  imprudente 
refoluçaõ  vifitou  o  Sepulchro  de  Saõ-Tiago  em 
Galiza,  e  o  Santuário  de  Monferrate  em  Cata- 
lunha, e  naõ  achando  em  lugares  taõ  pios 
confolaçaõ  o  feu  efpirito,  antes  continuos  eíli- 
mulos  da  confciencia  que  lhe  increpavaõ  o 
abfurdo  que  cometera,  bufcou  para  ferenar  a 
tempeílade  em  que  flu£luava  o  feu  animo 
ao  grande  Patriarcha  Santo  Ignacio  efcre- 
vendolhe  do  Hofpital  de  Santo  António  em 
Roma  huma  Carta  em  que  lhe  pedia  com 
enternecidas  lagrimas  fe  lembraíTe  de  que  era 
Pay  de  hum  filho  femelhante  ao  pródigo  por 
deixar  injuílamente  a  Cafa  que  vinha  outra 
vez  bufcar  arrependido.  Foraõ  taõ  eííicazes 
eftas  expreíToens  no  conceito  de  Santo  Ignacio 
que  depois  de  o  mortificar  alguns  dias  o  admi- 
tio  à  fua  prezença  fignificandolhe  affeóluofa- 
mente  quanto  eílimava  a  fua  reílituiçaõ  à  Com- 
panhia na  qual  viveo  pouco  tempo  por  cauza 
de  huma  febre  ética  caufada  do  trabalho  das 
peregrinaçoens,  e  exceíTo  das  penitencias  que  o 
privou  da  vida  em  Roma  no  anno  de  1546. 
Paífados  alguns  annos  abrindofe  a  fua  fepul- 
tura  para  enterrar  hum  cadáver,  fe  achou  o 
feu  incorrupto,  o  qual  tinha  fido  fepultado 
por  ordem  de  Santo  Ignacio,  junto  do  P. 
Joaõ  Coduri  hum  dos  feus  infignes  Compa- 
nheiros. Entre  muitas  Cartas  que  efcreveo 
fe   confervaõ   três,   que  imprimio   o   P.   An- 


L  USITANA. 


iòi 


'  tonio  Franco  na  Imag.  do  Nov,  do  ColUg.  dê 
Coimbra  Tom.  i.  liv.  3.  cap.  69.  e  70.  que 
íaõ  as  feguintes. 

Carta  ejcrita  a  Santo  Ifftacio  do  Ho/pital  de 
Santo  António  de  Roma  em  Abril  de   i^^G. 

Carta  ao  P.  Martinho  de  Santa  Crtí^  Reytor 
do  CoUegio  de  Coimbra  ejcrita  de  Roma  a  20.  de 
Abril  de  i^^d.  Nclla  fe  aíTina  Pecaíor  maxi- 
mus  Monit(im  fervHS  tims. 

Carta  ao  P.  Provincial  de  Portugal  o  P. 
SimaÕ  RodrigMZ  e/crita  de  Roma  a  20.  de  Abril 
de  1546.  e  fe  aíTina  Omnium  pecatorum  maxi- 
mus  Moni^ius  fervas  tutu. 

Em  ambas  cAas  cartas  relata  os  fucceííos  da 
fua  peregrinação,  e  a  confolaçaõ  efpiritual,  que 
fentía  a  fua  alma  depois  que  fe  aggregou  à  G>m- 
panhia.  Delle  faz  memoria  o  mefmo  P.  António 
Franco  in  Anno  glor.  S.  J.  in  Lufit.  pag.  542.  e  o 
P.  Telles  Chron.  da  Comp.  de  Jefus  na  Provinda 
iie  Portug.  Part.  i.  cap.  33.  §.  i.  2.  3.  e  feg.  o 
i^ual  traz  impreíía  a  primeira  deftas  três  cartas. 

H   ANTÓNIO  MONIZ  DE  CARVALHO 

I^Bho  de  Pedro  de  Paredes,  natural  de  Viana  do 
IKunho,  Fidalgo  da  Cafa  de  Sua  Mageílade, 
Ciivalleiro  profeíTo  da  Ordem  de  Chrifto,  Com- 
iiiendador  de  Vimiofo,  Doutor  na  faculdade  de 
Leys,  Dezembargador  do  Porto,  e  da  Cafa 
da  Supplicaçaõ,  de  que  tomou  poíTe  a  24.  de 
Dezembro  de  1646.  por  feu  Procurador  o  De- 
zembargador Gonçalo  Alvo  Garrido,  Juiz  dos 
Cavalleiros  das  Ordens  militares,  Confelheiro 
da  Fazenda  Real,  Secretario  das  Embaxadas 
a  França,  Inglaterra,  Dinamarca,  e  Suécia, 
e  muitas  vezes  Enviado  neftas  famofas  Cortes. 
Em  todos  eftes  lugares  moftrou  a  profundidade 
das  fuás  letras,  o  deíintereíTe  do  feu  animo,  a 
fidelidade  para  o  Princepe,  e  o  zelo  para  a 
Pátria.  Conciliou  a  benevolência  dos  eílra- 
nhos,  confundio  a  emulação  dos  domeíUcos 
lendo  pelos  dotes  com  que  o  ornou  a  natureza 
chamado  pelo  grande  Fr.  Francifco  de  Santo 
AgoíUnho  Macedo  in  Propugn.  iMfit.  Gallic. 
ad  Art.  20.  pag.  174.  acris  vir  ingenij,  et  ma- 
twcB  mentis  auãor,  e  mais  diíFufamente  ad 
Art.  43.  pag.  205.  Hic  qiiãm  Jit  acer  inge- 
nio,  maturus  judicio,  Jpeãatus  prudentia, 
moribus  fíiavis,  benevolentia  gratiojus,  qui- 
biis  Jmm  ille  nohilitatem  commenãat,  nullo 
melius     argumento     apparuit,     qmm     quod     de 


ipfo  tefiimonium  protulit  Regina  Callia  Cbrif' 
tianijfima,  cidjus  ille  maxime  juScio  debet  g/oriarí. 
Cum  enim  eum  difcedens  in  hufitaniam  Exeel- 
lentijftmus  Dominus  D.  Vajcus  LMyfim  à  Gama 
prolegatum  relinqueret,  cumqm  fecum  ad  Reff- 
nam  duxijfet,  fifftificaffetqM  eum  vice  fui  mamre: 
lato  ac  hilari  vultu  regina.  Non  poterat,  in^t, 
à  Rege  alius  vel  hic  injlitui,  vel  ã  Lujitania  mitti 
prolegatus,  qui  Monifio,  €>'  Rtff,  ó^  mibi 
gratior  foret.  Francifco  Vclafco  de  Gou- 
vca  Perfid.  de  Alemanha  liv.  2.  Tit.  5.  Art. 
8.  lhe  chama  infigfte  Letrado  en  la  jurif pru- 
dência civil.  D.  Francifco  Manoel  na  Cart. 
i.  da  4.  Centúria  cfcrita  ao  Doutor  Manoel 
da  Fonf.  Themud.  que  em  tantos  trata- 
dos, e  efcritos  moftrou  igualmente  a  lu:^  do 
feu  engenho,  como  o  ardor  do  feu  v^elo.  Birar 
go  Hift.  di  Portugal,  liv.  5.  no  fim  pag.  mihi 
450.  António  Moniz  ^  Carvaglio  Se^etario 
de  ir  Ambafcieria,  il  quale  havendo  giá  nelPAm- 
bafcierie  ftraordinarie  di  Svecia,  e  Danimarca 
fervito  fua  Maeftã  nel  medefimo  pofto  con  fingolar 
fodisfatione  per  la  gran  capacita  dei  fuo  ingeffU), 
nobilijfimo  teatro  d*ogni  forte  di  lettere,  e  moltipli- 
citá  di  parti  digtijfime  d^  un  gran  Sogetto  há 
fatto  conofcere  in  prattica  che  con t iene  in  fe  il  Sodo 
dei  vivere  politico,  e  col  profundo  dei  confi- 
glio  fá  rial^are  il  vivo  delia  fua  prudenv^a 
neir  infraprendere,  e  terminar  felicemente 
qual  fivoglia  importantiffimo  trattato.  O 
Conde  da  Ericeira  D.  Luiz  de  Menezes 
Hift.  de  Portug.  Keftaur.  Tom.  i.  liv.  i. 
pag.  157.  liv.  7.  pag.  441.  e  livr.  9.  pag.  587. 
refere  as  fuás  negociaçoens  politicas  feliz- 
mente confeguidas.  Joan.  Soar.  de  Brito  in 
Theat.  Ijtfit.  Utterat.  lit.  A.  n.  100.  Mag- 
nam  fui  fpem  ad  fumma  omnia  feliciter  obe- 
unda  excitavit.  Nicol.  Monteir.  Vox  Tur- 
tur.  Art.  3.  cap.  15.  Morreo  intempeítiva- 
mente  em  Lisboa  a  13.  de  Junho  de  1654. 
quando  naõ  tinha  completos  quarenta,  e 
quatro  de  idade,  e  foy  fepultado  na  Paro- 
chia  de  N.  Senhora  do  Alecrim.  Cafou  com 
D.  Izabel  Soares  de  Albergaria,  de  quem 
naõ  teve  filhos.  No  tempo  que  aíTiílio  em 
França  compoz  em  Caftelhano,  e  dedicou  à 
Rainha  ChriítianiíTima  D.  Anna  de  Auftria. 
Francia  interejfada  con  Portugal  en  la 
feparacion  de  Caftilla;  con  noticias  de  los 
intereffes   communes   delos    Princepes,  y   Eftados 


334 


BIBLIO  THE  CA 


de  Europa.  ParÍ2  por  Miguel  Blageart.  1 644.  4. 
e  Barcelona  por  Sebaftian  de  Cormellas  no 
mefmo  anno,  e  forma;  o  qual  tratado  diz 
eílar  elegantemente  efcrito  António  de  Soufa 
de  Macedo  in  hujit.    'Liherat.  cap.   i.  n.  43. 

Tradução  de  huma  breve  conclujaõ,  e  apologia 

dajujliça  de/Rej  N.  Senhor,  e  dos  motivos  da  Jua 

felice  acclamaçaõ.    Lisboa  por  Jorge  Rodriguez. 

1641.  4.  e  em  Latim  Stocholmij  no  mefmo 

anno  antes  da  impreíTaõ  de  Lisboa. 

Esfuert(os  dela  ra^on  para  fer  Portugal 
inchado  en  la  pa^  general  dela  Chrijlandad  con- 
forme a  las  obligaciones,  y  empenos  de  Francia 
con  memoria  delo  reprefentado  ala  magejiad  ChriJ- 
tianijftma  de  la  Rejna  Regente.  Pariz  1647.  4- 
fem  nome  de  Impreílor. 

Memoria  da  jornada,  e  fucejjos  que  houve 
nas  duas  Hmbaxadas  de  Suécia,  e  Dina- 
marca. Lisboa  por  Domingos  Lopez  Rofa 
1641.  4. 

Sentimento      da      Fè     publica      quebrantada 
em   A.lemanha  por   induftria   de    Cajiella.     Lis- 
boa 1641.  4. 
Sahio  em  Latim  com  eíle  titulo. 

Dolor  fidei  publica  Cajiella  ajiu  in  yíle- 
mania  violata  pro  retentione  injujlijfima  Se- 
renijftmi  Domini  D.  Eduardi  Portugallia 
Injantis.  Ulyffipone.  4.  Sem  anno,  nem 
Impreílor. 

ANTÓNIO  MONIZ  DA  ROCHA 
Vejafe  o  P.  VICTORINO  JOSEPH. 

Fr.  ANTÓNIO  MONIZ  DA  SYLVA,  ou 
de  LISBOA,  de  GUADALUPE,  e  de  THO- 
MAR,  pois  com  todos  eftes  appelidos  fe  acha 
nomeado  em  diverfas  partes,  fendo  os  dous 
primeiros  herdados  de  feu  nobiliffimo  Pay  Ber- 
nardo Moniz  da  Sylva,  Commendador  da 
Torre,  e  dos  Cafaes  da  Ordem  de  Chriílo,  e  feu 
Avó  Pedro  Moniz  da  Sylva  Mordomo  Mór 
do  Cardeal  D.  Henrique:  o  3.  da  Cidade  em 
que  naceo;  o  4.  do  exemplar  Convento  de 
S.  Jeronymo  em  Caílella  onde  recebeo  o 
Habito  profeíTou,  e  viveo  grande  parte  da 
fua  vida,  e  o  5.  do  Real  Convento  de  Tho- 
mar  que  por  efpaço  de  vinte  annos  gover- 
nou como  feu  Prelado.  A  grande  fama  que 
corria  da  fua  prudência,  e  virtude  moveo 
a  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  para  o  chamar  de 


Caftella  a  Portugal  onde  foy  Prior  do  Con- 
vento de  Belém  cabeça  da  Congregação  de 
S.  Jeronymo  nefte  Reyno,  e  ultimamente 
Provincial  no  anno  de  1527.  Depois  de  exer- 
citar eíles  lugares  alcançou  o  mefmo  Princepe 
da  Sé  Apoílolica  que  adminiílraíTe  o  Real  Mof- 
teiro  de  Alcobaça  em  quanto  o  feu  Comenda- 
tario  o  Cardeal  D.  Henrique  naõ  tinha  idade 
para  governar  aquella  opulenta  Abbadia,  e 
reformaíle  os  Freyres  da  Ordem  de  Chriílo, 
que  habitavaõ  em  Thomar.  Neílas  duas  gra- 
viíTimas  emprezas  fe  admirou  a  prudência  do 
juizo,  a  fuavidade  do  génio,  e  a  conílancia  de 
animo  com  que  vencidas  grandes  difficulda- 
des  reduzio  os  Monges  Ciílercienfes  ao  feu 
primitivo  rigor,  e  transferio  os  Freires  da 
Ordem  de  Chriílo  de  Seculares  em  Regulares,  a 
cuja  mudança  deu  feliz  principio  em  24.  de 
Junho  de  1530.  fendo  feu  Prior  perpetuo,  e 
Prelado  Ordinário  de  Thomar,  e  Inquifi- 
dor  do  feu  Território  devendofe  ao  feu  in- 
canfavel  difvelo  radicarfe,  e  produzir  eíla 
regular  Communidade  copiofos  frutos  como 
eftabelecida  debaixo  dos  preceitos  da 
Santa  Regra  do  Princepe  dos  Patriarchas 
S.  Bento,  compondo  para  mayor  obfervan- 
cia  delia. 

Conjiituiçoens  approvadas,  e  confirmadas  à 
injlancia  delRey  D.  SebafiiaÕ  por  Gregório  XIIL 
por  hum  Breve  expedido  em  Roma  a  11.  de  De- 
zembro de  \')  77.  que  começa  ut  jolicitus  Pater 
Famílias.    Sahiraõ  impreíTas  duas  vezes. 

PaíTando  a  Madrid  por  cauza  de  huns 
legados  que  a  SereniíTima  Infanta  D.  Maria 
filha  delRey  D.  Manoel  tinha  deixado  para 
fuílentaçaõ  dos  pobres  do  celebre  Hofpital, 
que  fundara  junto  ao  Convento  da  Luz  da 
Ordem  de  Chriílo,  morreo  naquella  Corte  con 
Jentimiento  (faõ  palavras  de  Fr.  Miguel  Pa- 
checo Vid.  da  Inj.  D.  Mar.  liv.  2.  cap.  18.) 
de  quantos  le  conocian  por  fu  perfona,  cuja  religion, 
j  noble^a  no  excluia  la  urbanidad  decente  a  fu 
projejfton,  que  le  ha^ia  fummamente  agra- 
dable.  O  feu  Corpo  foy  levado  aos  hom- 
bros  do  Marquez  de  Caílello  Rodrigo  D. 
Manoel  de  Moura  Corte  Real  mordomo 
mór  de  Filippe  2.  e  feu  Confelheiro  do  Ef- 
tado,  e  de  outros  grandes  Cavalheros,  e 
foy  depofitado  no  Convento  de  S.  Marti- 
nho   dos   Monges   de    S.   Bento   de   Madrid 


LUSITANA. 


335 


.donde  foy  transferido  pat»  o  Rad  G>nvento 
de  Thomar,  e  na  fepultura  tem  gravado  eíle 
«pitafio. 

lijla  fepnl/iira  he  de  Ir.  An/onio  de  Ushoa 
Re/iffo/o  da  Ordem  de  Saô  Jeronywo  Reformador 
dtjle  Convento,  e  D,  Prior  delle.  1'.  aos  i\.  de  Jn- 
nbo  de  1)^1.  Os  Authorcs  que  fallaõ  dcllc 
além  de  Fr.  Miguel  Pachcc(j,  faò  Fr.  Gabriel 
de  Talavcr.  UiJI.  de  GuadulHp.  liv.  x.  cap.  35. 
Matiz  Dial.  d»  Var.  Hift.  Dialog.  9.  Fr.  Thom. 
de  I'ar.  Decad.  lib.  10.  cap.  3.  Siguença  Wift. 
de  la  Ord.  de  S.  Jeron.  liv.  i.  cap.  30.  e  liv.  2. 
cap.  43.  Roman  Chron.  de  la  Ord.  Milit.  de 
Chrijl.  cap.  19.  Cardof.  Agiol.  Liifií.  Tom.  3. 
pag.  768.  c  no  Commcnt.  de  21.  de  Junho 
Ictr.  E.  Carvalho  Corog.  PoriNg.  Tom.  3.  Trat. 
8.  cap.  55.  pag.  6j9.  Soveral  Hifl.  de  N.  Se- 
nhora da  LmZ'  ^^v.  1.  cap.  10.  TcUcz  Chron. 
Ha  Comp.  de  jeftis.  Part.  i.  liv.  i.  cap.  27.  §.  3. 
onde  lhe  chama  pejfoa  de  grande  prudência, 
utthoridade,  e  virtude. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  MORAES  natural 
de  Lisboa,  filho  de  Amador  de  Sampayo,  e 
Izabel  de  Moraes  Eremita  Auguftiniano,  cujo 
I  labito  profeflbu  no  Convento  de  N.  Senhora 
da  Graça  de  Lisboa  a  27.  de  Dezembro  de 
1583.  Depois  de  eftudar  as  fciencias  de  Filo- 
lofia,  e  Theologia  paflbu  à  índia  no  anno 
de  1603.  onde  pela  prudente  afFabilidade  de 
que  era  dotado  foy  duas  vezes  Vigário  Pro- 
vincial.   Efcreveo. 

Memorial  das  Mijfoens,  que  a  Provinda  dos 
Eremitas  de  Santo  Agojlinho  de  Portugal,  mandou  à 
índia  de/de  o  anno  de  1572.  até  o  de  1630.  M.  S. 

P.  ANTÓNIO  DE  MORAES.  Naceo  na 
Villa  da  Certaá  do  Priorado  do  Crato,  e  na  Igre- 
ja Matriz  de  S.  Pedro,  foy  bautizado  a  16.  de 
Julho  de  1 570.  fendo  filho  de  Vicente  Caldeira, 
e  Auâa  de  Moraes.  Na  idade  de  defefeis  annos 
foy  admitido  à  Companhia  de  JESUS  em  Coim- 
bra a  12.  de  Fevereiro  de  1586.  naò  fomente 
pela  boa  Índole  que  já  naquelles  annos  mof- 
trava,  mas  pela  fingular  energia  com  que  fez 
a  figura  da  Penitencia  na  Tragicomedia  de 
Santa  Maria  Egypciaca,  que  fe  reprezentou 
no  CoUegio  de  Santo  Antaò  na  prezença 
dos  Embaxadores,  que  o  Emperador  do  Ja- 
pão   mandava    ao    Summo    Pontífice.     Foy 


muito  perito  nas  letras  humanas,  t  Sagra- 
das que  díâou  nas  eícoias  da  Companhia 
por  muitos  annos.  A  mayor  parte  da  vida 
paíTou,  ou  pregando  com  geral  edifica- 
ção, ou  governando  com  fumma  prudên- 
cia, fendo  Reytor  do  CoUegío  de  Lisboa, 
e  Prepofito  da  Gafa  profeíTa  de  S.  Roque. 
Teve  particular  génio  para  a  educação 
dos  Noviços  aos  quaes  doutrinava  meoot 
com  a  palavra,  do  que  com  o  exemplo. 
Sendo  Reytor  do  CoUegio  de  Évora  paíTou 
a  melhor  vida  em  30.  de  Novembro  de  1639. 
deixando  faudofos  aos  feus  companhei- 
ros da  religiofa  obfervancia,  ardente  cha- 
ridade,  e  profunda  fciencia  em  que  foy 
eminente,  da  qual  faõ  teílemunhas  cinco 
tomos  que  eílavaõ  promptos  para  a  impreT- 
faõ. 

Primeiro.  Da  PaixaÕ  de  Chrijlo  Senhor  nojfo. 

Segundo,    Do    Ornato   do   Summo   Sacerdote. 

Terceiro  Praãicas  Efpirituaes. 

Quarto,  Sermoens  do  Advento,  Quarefma, 
e  Santos. 

Quinto  Sermoens  de  N.  Senhora  que  como 
alguns  querem,  fahiraõ  impreíTos  no  anno 
de  1643. 

Do  Author,  e  das  fuás  obras  fe  lembra- 
rão Petr.  de  Alva,  y  Ailorga  in  Aíilit.  Concept. 
Biblioth.  Societ.  pag.  78.  e  a  Hijpan.  de  Nicol. 
Ant.  Tom.  i.  pag.  114.  Marrac.  na  Bib.  Ma- 
rian.  Part.  i.  pag.  127.  Franc.  Imag.  da  Virtud. 
do  Novic.  de  Coimbra  Tom.  2.  pag.  612.  e  no 
Ann.  glor.  S.  J.  in  Lujit.  pag.  277.  Joan.  Soar. 
de  Brito  in  Theatr.  hafit.  Utter.  lit.  A.  n.  99.  e 
Jacobo  Lelong  in  Bibliotbec.  Sacr.  pag.  866. 
col.    I. 

ANTÓNIO  MOREIRA  CAMELLO 
natural  da  Villa  de  Torre  de  Moncorvo 
na  Província  de  Trás  dos  Montes,  for- 
mado na  faculdade  dos  Sagrados  Câno- 
nes, ComiJTario  do  Santo  Officio,  e  Abba- 
de  da  Igreja  de  Saõ  Salvador  de  Penédono, 
em  cujo  miniílerio  emcheo  as  obrigaçoens 
de  Paftor  vigilante.  Foy  muito  inílruido  na 
erudição  Sagrada,  e  profana,  e  muito  ap- 
plicado  ao  eftudo  da  Genealogia.  Morreo 
no  anno  de  1675.  e  delle  fe  lembra  Cardo- 
fo  Agiol.  Eujit.  Tom.  i.  pag.  493.  col.  2. 
no  Comment.  de  21.  de  Fevereiro  let.  J.  e 


336 


BIB  LIOTHE CA 


Franc.  na  Biblioth.  Vortug.  M.  S.  Impri- 
mio. 

Parocho  perfeito  deduzido  do  Texto  San- 
to, e  Sagrados  Doutores.  Lisboa  por  Joaõ  da 
Coíla.  1675.  foi. 

Com  grande  trabalho,  e  naõ  menor  ef- 
tudo  compoz  hum  grande  livro. 

Armas,  e  Famílias  de  toda  Efpanha  com  os 
ejcudos  illuminados  pela  Jua  maõ. 

Tratado  da   Família  dos  Majcarenhas. 

Conferva-fe  na  Cafa  dos  Condes  de  Sa- 
bugal, de  cuja  obra  faz  mençaõ  o  P.  D.  An- 
tónio Caetano  de  Souf.  no  apparat.  à  Híft. 
Gen.  da  Cafa  Real  Portug.  p.  103.  n.  106. 
onde  por  erro  da  ImpreíTaõ  he  chamado 
nefte  lugar  o  Author  Amaro,  devendo  fer 
António. 

P.  ANTÓNIO  DE  MORIM  filho  de 
Belchior  de  Morim,  e  Maria  Vieira  naceo 
em  Coimbra,  onde  entrou  na  Companhia 
de  JESUS  a  15.  de  Fevereiro  de  1657.  quan- 
do contava  defefete  annos  de  idade.  No 
Collegio  da  fua  pátria  foy  Lente  primário  de 
Rhetorica,  e  no  de  Lisboa,  de  Filofofia  em 
que  foy  eminente.  Exercitou  por  muitos 
annos  o  miniílerio  de  Pregador,  e  os  últi- 
mos da  fua  vida  de  Doutrineiro  enfinando 
pelas  Praças  de  Lisboa,  como  he  louvável 
inftituto  da  Companhia,  aos  Meninos  a  Sa- 
grada Doutrina,  que  eílà  incluída  no  Ca- 
thecifmo.  Morreo  na  Cafa  ProfeíTa  de  S. 
Roque  em  16.  de  Abril  de  171 6.  Delle  fe 
lembra  Franco  na  Imag.  da  Virtud.  do  No- 
viciado de  Coimbra.  Tom.  2.  pag.  612.  Compoz 

Dulces  exuvice  humaniorum  Utterarum,  (& 
JacrcB,  <&  prophancB  leBcB  olim  Palladio  in  puluere. 
UlyíTip.  apud  Valentin.  da  Cofta  Desland. 
1708.  8.  Por  cuja  obra  he  feu  Author  nume- 
rado entre  os  Poetas  Portuguezes  pelo  P. 
António  dos  Reys  in  Enthuf.  Poet.  n.  132. 
Tu  quoque  Mondiades  velahant  fronde  Morine 
Dulcibus  exuviis. 

Sermoens  do  tempo  do  Advento,  e  Quarefma. 
I.  Tomo.  Lisboa  por  Valentim  da  Coíla  Des- 
landes.  1707.  4. 

Sermoens  de  Santos  2.  Tom.  Lisboa  na 
Officina  Deslandefiana.  171  o.  4. 

Do^^e  Sermoens  pregados  nas  dof^e  Fef- 
tas  principaes    de    Maria    Santifftma    Mãj    de 


Deos.    Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ. 
1715.  4. 

ANTÓNIO  DA  MOTA  natural  de  Lis- 
boa muito  perito  na  Lingua  Latina,  que  elo- 
quentemente fallava.  Sendo  fublimado  ao 
folio  do  Vaticano  em  13.  de  Mayo  de  1572. 
Gregório  XIII.  o  congratulou  deíla  fuprema 
dignidade  em  nome  delRey  D.  Sebaftiaõ  com 
huma  Oraçaõ,  que  recitou  com  grande  ap- 
plaufo  de  toda  a  Cúria  na  prefença  do  Colle- 
gio Apoílolico,  cujo  titulo  he 

Oratio  habita  Koma  ad  Gregorium  XIII.  da. 
qual  fazem  mençaõ  Fr.  Ludou.  Jacob,  a 
Sanâio  Carol.  in  Bib.  Pontif  Lib.  2.  pag.  264. 
e  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  115. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  MOURA  natural  de 
Lisboa  Religiofo  da  Ordem  de  S.  Joaõ  de 
Deos,  cujo  Habito  profeíTou  em  Caftella,  taõ 
applicado  ao  remédio,  e  cura  dos  infermos 
principal  empenho  do  feu  charitativo  Infti- 
tuto, como  vigilante  na  educação  dos  Noviços, 
para  os  quaes  deixou  efcritas  inílrucções  muito 
neceíTarias.    Publicou  com  muitas  addiçoens. 

Vida  dei  Santijftmo  Patriarcha  S.  Juan 
de  Dios  compuefla  por  Fr.  António  de  Gou- 
vea  Obifpo  de  Cjnere.  Madrid  por  Frandf- 
co  de  Ocampo.  1631.  4.  et  ibi  por  Belchior 
Alegre  1669.  4.  et  ibi  por  Roque  Rico  de 
Miranda.  1674.  4.  e  Cadiz  1648.  4. 

ANTÓNIO  NABO  natural  da  Vilk 
de  Arrayolos  da  Provinda  do  Alentejo 
fendo  taõ  pequeno  no  corpo,  como  grande  no 
engenho.  Aprendeo  as  Letras  Humanas,  c 
Rhetorica  com  o  infigne  Meftre  Joaõ  Vafeo 
a  quem  muitas  vezes  fubftituhio  quando 
enfinava  eftas  faculdades  em  Évora  antes  de 
eílar  fundada  a  Univerfidade,  e  lhe  fucce- 
deo  na  Cadeira  quando  Vafeo  fe  retirou 
para  Caftella.  Eftudou  em  Salamanca  Theo- 
logia,  e  Direito  Canónico,  e  voltando  a 
Portugal  foy  Cenfor  dos  Livros.  No  tempo 
que  governava  a  Diocefe  de  Lisboa  o 
Cardial  D.  Henrique,  o  fez  feu  Capellaõ,  e 
Secretario  das  Cartas  Latinas,  em  que  era 
infigne,  por  cuja  caufa  mereceo  grandes  efti- 
maçoens  defte  Princepe.  Morreo  em  Lis- 
boa no  anno  de  1592.   Além  de  muitas  Cartas 


L  USITANA. 


337 


I  Latinas,  que  efcreveo  cm  nome  do  Cardeal 
D.  Henrique  ao  Summo  Pontifice,  e  muitos 
epigrammas  latinos  a  quafi  todos  os  livros, 
que  cenfurava.  Tradufío  por  ordem  do  mefmo 
Cardeal  feu  Patrono  o  Ceremonial  Romano 
de  Latim  em  Portuguez,  e  pofto  que  no  fron- 
tifpicio  do  livro  naò  eíleja  o  feu  nome,  fe 
declara  no  privilegio  Real  o  qual  tem  eíle  titulo. 
Ceremonial,  e  Ordinário  da  Miffa,  e  de  como 
J$  haÒ  de  adminijlrar  os  Sacramentos  da  Santa 
Madre  Igreja  com  declaração  da  virtude,  e  ufo 
delles,  e  doutrina,  que  de  cada  hum  fe  fará  ao  povo 
certos  dias  do  anno  com  outras  coufas  necejf árias 
para  os  Curas,  e  mais  Sacerdotes.  Lisboa  por 
Francifco  Corrêa.  1568.  4.  Por  ordem  do 
mcfmo  Princcpe  tradufío  cm  Portuguez 
Cathecifmo  Romano. 


Fr.  ANTÓNIO  DA  NATIVIDADE 
natural  da  Villa  dos  Arcos  de  Valdevez 
na  Provinda  do  Minho  do  Arccbifpado  de 
Braga.  ProfcíTou  o  penitente  Habito  de  Ca- 
pucho da  Província  de  Santo  António  no 
Convento  de  Santa  Catharina  da  Carnota 
\  onde  foy  exemplar  de  todas  as  virtudes 
rcligiofas.  Ainda  que  frequentou  os  eíhidos 
preferio  com  zelofa,  e  ardente  eleição  o  fer 
Meílre  nos  Púlpitos,  que  nas  Cadeiras  em 
cujo  fagrado  minifterio  atrahio  innumeraveis 
almas  para  o  caminho  da  penitencia. 
Depois  de  fer  Definidor,  fubio  ao  lugar  de 
Provincial,  no  qual  tolerou  com  impertur- 
bável conílancia  varias  tribulaçoens,  que 
igualmente  lhe  moleílavaõ  o  corpo,  e  o  efpi- 
rito.  Nos  cinco  annos,  que  fobreviveo  a 
cfte  lugar,  fe  preparou  para  a  ultima  hora 
com  os  continuados  jejuns  de  paõ,  e  agua 
nos  Adventos,  Quarefmas,  fegundas,  quar- 
tas, e  feílas  feiras  de  todo  o  anno,  atè 
que  recebendo  hum  Jubileo  pleniíTimo  con- 
cedido pela  Santidade  de  Urbano  VIII.  a 
toda  a  Chriílandade  avÍ2ando  ao  Prefidente 
do  Convento  de  Santo  António  de  Lisboa, 
que  lhe  levaíle  à  Enfermaria  o  Sacramento 
da  Extrema-Unçaõ,  recebendo-o  com  fum- 
ma  piedade  expirou  pladdamente  a  6.  de 
Novembro  de  1641.  compoz 

Commentariorum  in  Evangelia  Feflorum,  qua 
folent  pradicari  fex  menfihus  anni  cum  annotationi- 
hus  ad  mores  per  Traãatus  digeflorum  i.  ^ars.  foi. 


cooAa  de  450.  folhas,  e  he  dedicada  eíla  obra 
a  D.  Lourenço  de  Lima  Vifconde  de  Vílla- 
Nova  de  Cerveira,  a  qual  com  as  licenças  da 
Ordem  dadas  1  10.  de  Julho  de  1640.  efiava 
prompta  para  a  ImpreíTaõ,  e  £e  conferva  na 
Livraria  do  Convento  de  Lisboa  de  Santo 
António,  como  nella  vimos. 

Do  Author  faz  mençaõ  Nicol.  Ant.  ín 
hih.  Hifp.  Tom.  I.  pag.  115.  Carvalh.  Corog. 
Portug.  Tom.  5.  Trat.  8.  cap.  21.  pag.  414. 
Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  in  Bib.  Franc.  Tom.  i. 
p.  120.  Bib.  Ecclef.  pag.  ^02.  col.  2.  E  ulti- 
mamente o  P.  Fr.  Martinho  do  Amor  de 
Deos  Chron.  da  Prov.  de  Santo  António.  Tom.  i. 
liv.  2.  cap.  I.  §.  61. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  NATIVIDADE 
natural  de  Lisboa  filho  de  Pays  igualmente 
pios,  que  nobres  quaes  foraõ  Duarte  Ximenes, 
e  Joanna  da  Veiga.  Na  idade  da  adolefcencia 
recebeo  o  Habito  dos  Eremitas  de  Santo  Agof- 
tinho  no  Convento  deíla  Corte  onde  profeíTou  a 
16.  de  Setembro  de  1607.  cuja  fagrada  familia 
illuílrou  como  filho  benemérito  com  a  inno- 
cencia  da  vida,  fublimidade  de  engenho,  e  copia 
de  livros.  Inílruio  aos  feus  domefticos  com  as 
fciencias  efcolafticas  pelo  efpaço  de  defefete 
annos  nos  Collegios  de  Lisboa,  Évora,  e  Coim- 
bra de  cujos  preceitos  fahiraõ  difdpulos,  que  jà 
eraõ  Meílres.  Foy  cordialmente  devoto  de 
Maria  Santiífima  com  o  titulo  da  Penha  de 
França  Orago  de  hum  Convento  da  fua  Ordem 
fituado  nos  arrebaldes  de  Lisboa  onde  por  mui- 
to tempo  aíTiUio  por  feu  Capellaõ.  Naõ  foy  me- 
nor a  devoção,  que  teve  com  as  Almas  do  Pur- 
gatório applicando  inceíTantemente  todo  o 
difvelo  para  o  feu  alivio  jà  com  exhortaçoens 
publicas,  e  particulares  para  que  com  efmolas,  e 
oraçoens  as  aliviaíTem  dos  tormentos,  que  pa- 
deciaõ,  jà  erigindo  Confrarias,  e  efcrevendo  Ef- 
tatutos  dirigidos  ao  refrigério  das  mefmas  Al- 
mas, que  agradecidas  a  tanta  piedade,  e  comife- 
raçaõ  o  receberão  na  fvia  companhia  no  dia  de- 
dicado à  fua  geral  comemoração  a  2.  de  Novem- 
bro de  1665.  no  qual  piiflimamente  efpirou. 
Sendo  acafo  pareceo  myílerio,  que  naõ  havendo 
lugar  cõmodo  na  Igreja,  e  Clauílro  para  o  fepul- 
tarem,  foíTe  enterrado  no  pavimento  da  CapeUa 
das  Almas  que  era  da  familia  dos  Ximenes  don- 
de procedia.  Do  feu  nome,  e  efcritos  ainda  que 


338 


BIBLIOTHE CA 


naõ  de  todos  fazem  memoria  Nicol.  Ant.  in  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  iij.  e  Tom,  2.  pag.  282. 
Herrer.  in  Alphab.  Auguft.  ad  an.  1638.  Purif. 
de  Vir.  lllujlrih.  Prov.  Lufit.  Ord.  Eremit.  D. 
Aug.  liv.  3.  cap.  2.  Cardof.  Agiol.  h.ufit.  Tom,  3. 
no  Cõment.  de  14.  de  May  o  letr.  E  onde  lhe 
chama  Doutijftmo.  Joan.  Soar.  de  Brit.  in 
Theatr.  L,ujit.  litter.  lit.  A.  n.  120.  e  Magna 
Bib.  Ecclef.  pag.   502.  col.  2.    Efcreveo. 

Stromata  Oeconomica  totius  fapientia  fiamine 
texta,  five  de  regimine  domus.  Opujcula  nullius  non 
litteraturcB  elaborata  impendio.  Pars  prior  de  Patre 
Familias.  OlyíTipone  ex  Ofíícina  Crasbeeckiana 
1653.  foi.  et  Pariíiis.  1656.  foi. 

Sjlva  de  Suffragios  declarados,  louvados,  enco- 
mendados para  co?num  proveito  de  vivos,  e  defuntos. 
Braga  por  Manoel  Cardofo  1635.4.  Foy  tradu- 
2ida  em  Caftelhano  por  Fr.  Diogo  Noguera 
Agoílinho.  Madrid  por  Bernardo  Hervada. 
1666.  4. 

Montes  de  Coroas  de  Santo  Agoftinho  nelle, 
e  na  fua  Eremitica  familia  recebidas.  Lisboa 
por  Henrique  Valente  de  Oliveira.  1663. 
foi. 

Sermão  nas  Exéquias  que  os  Keligiofos  da 
Ordem  de  Santo  Agojlinho  fi^^eràò  na  Sé  de  Lisboa 
pelo  Illujlrijftmo,  e  Keverendijfimo  Senhor  D. 
Rodrigo  da  Cunha  Arcebifpo  da  me/ma  Cidade 
Jofue  Portuguef^.  Lisboa  por  António  Alvares. 
1643.  4. 

Tratado  da  devoção  da  Corrêa  de  Santo  Agof- 
inho.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1627.  12. 
Deixou  ainda  imperfeito. 

Tratado   da   Fundação   do    Convento    de  N. 
Senhora  da  Penha  de  França.  M.  S. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  NATIVIDADE. 
Naceo  em  o  Porto  a  3.  de  Janeiro  de 
1637.  e  na  adulta  idade  de  22.  annos  recebeo 
o  monaftico  Habito  do  Princepe  dos  Patri- 
archas  S.  Bento,  em  o  Convento  de  Tibaens 
a  26.  de  Março  de  1659.  Foy  bom  poeta 
latino,  e  naõ  menor  Theologo  moraliíla  cha- 
mado antonomafticamente  o  Beda.  Tinha 
prompto  para  a  impreíTaõ. 

Eu^  do  Moral  em  que  Je  declara  a  maté- 
ria dos  Sacramentos.  No  fim  de  cada  Tra- 
tado lhe  poz  hum  dyfticho  latino  que  reco- 
pilava a  matéria  do  Tratado  foi.  volume 
grande. 


Fr.  ANTÓNIO  DA  NATIVIDADE 
MOCAMBO  natural  do  bairro  de  Lisboa,  onde 
tomou  o  ultimo  appellido,  filho  de  Agoftinho 
Rodriguez,  e  Fauftina  Rodrigues.  Na  idade 
juvenil  abraçou  o  penitente  Efíatuto  da  Seráfica 
Província  da  Arrábida  o  qual  profeíTou  a  1 5 .  de 
Dezembro  de  1697.  em  o  Convento  de  Alfer- 
rara  junto  da  Villa  de  Setuvál,  onde  naõ  fomen- 
te foy  Lente  de  Prima  de  Theologia,  mas 
Provincial,  e  Pregador  egrégio  como  o  intitula  j 
Fr.  Joan.  à  D.  Anton.  in  Bib.  Franc.  Tom.  i. 
pag.  120.  cujo  talento  para  o  Púlpito  o  mani-l 
feftou  quando  no  Convento  de  S.  Jozé  de 
Riba-mar  cabeça  da  fua  Província  nefte  Reyno 
recitou  na  prezença  augufta  delRey  N.  Senhor 
D.  Joaõ  o  V.  e  os  Senhores  Infantes. 

Sermão  do  Glorio/o  Saô  Francijco.    Lisboa! 
na  Officina  da  Mufica.  1726.  4. 

Sermão  da  Terceira  6.  feira  da  Quaref ma  pre- 
gado na  Santa  Igreja  Patriarchal  no  anno  de  1738.J 
Lisboa  por  António  Ifidoro  da  Fonfeca.1 
1738.4. 

ANTÓNIO  DE  NAXARA  ainda  que  por 
origem  Caftelhano,  por  nacimento,  educação, 
e  morada  UlyíTiponenfe.  AppUcoufe  defde  os 
primeiros  annos  ao  eflxido  das  difciplinas 
Mathematicas,  e  naõ  fatisfeito  de  revolver  com 
indefelTo  cuidado  as  obras  dos  mayores  profef- 
fores  de  taõ  nobres  fciencias,  fahio  da  fua  pátria 
para  confultar  nas  duvidas  mais  dificultofas 
aos  Sábios  que  floreciaõ  nas  Cortes  de  Europa, 
de  que  fe  feguio  fahir  doutiíTimo  aflim  na 
Mathematica  praética,  como  efpeculativa,  prin- 
cipalmente na  Aftronomia,  e  Cofmografia, 
como  o  publicarão  as  fuás  obras  de  quem  fazem 
eftimaçaõ  António  de  Leon  na  Bib.  Indic. 
Tit.  3.  D.  Nicol.  Ant.  na  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  115.  D.  Francifco  Manoel  na  i.  Carta 
da  4.  Centur.  efcrita  ao  Doutor  Themudo, 
e  Joaõ  Soar.  de  Brit.  in  Theat.  Eujit.  Litter. 
Ht.  A.  n.  loi.  Compoz. 

Difcurfos  aflrologicos  fobre  o  Cometa,  que 
appareceo  em  25.  de  Novembro  de  161 8.  Lisboa 
por  Pedro  Crasbeeck.  1619.  4. 

Navegacion  efpeculativa,  y  praãica  reformadas 

ftis  regias,  j  tablas  por  las  obfervaciones  de  Ticho 

Brahe:     Navegacion,  y  puntos  por  el  globo,  y 

carta  plana.     Lisboa    por    Pedro    Crasbeeck. 

1628.  4. 


il 


LUSITANA. 


Sutnma  AJlrolo^a,  y  arte  para  tnfiHar  a 
hat(er  pronojlicos  delos  /tempos,  y  por  ellos  conocer 
la  fertilidad,  o  ejlerilidad  dei  aAo,  las  alturas  dei 
(ç/re  por  el  juinjo  delos  hclypfes  dei  Sol,  y  Luna 
por  la  revolucion  dei  aHo,  y  màs  en  particular  por 
las  con/tmciones,  opoficiones,  y  quartos  que  ha^e 
la  \jma  con  el  Sol  todos  los  tuev^es,  y  Jemanas; 
difpuefla  por  el  mas  racional  ejlilo,  y  por  tér- 
minos más  claros  que  hajla  oy  fe  han  efcrilo.  Jaca- 
dos  Jus  fundamentos  delo  más  effencial  dela  doÚrina 
di  Ptolomeo,  y  Jus  commentadores,  y  de  otros 
Aftrêlogps  Árabes,  y  Griegos,  qm  mejor  trata- 
ron  efla  matéria,  y  para  confirmacion  de  fu  verdad, 
y  certet(a  recopilados  en  la  ultima  parte  defte 
livro  muchos  aforifmos  examinados  por  todos 
illos  delas  conftelaciones  celejles,  que  con  Jus  in- 
fluencias alteran  el  ayre  con  calores,  Jrios,  humeda- 
its,  relâmpagos,  rayos,  piedras  de  corijco,  temblores 
de  tierra,  terremotos,  y  dilúvios,  y  el  modo  con  que 
Je  ha:(en  todas  ejlas  imprejiones  metereoloffcas  en 
ti  ayre,  y  tierra,  con  otras  muchas  curiojidades. 
Lisboa  por  António  Alvares  1632.  4.  Defta 
obra,  e  do  Author  fa2  memoria  o  moderno 
Addicionador  da  Bib.  Nautic.  de  António 
de  Leaõ  Tom.  2.  titul.  i.  col.  1053. 

No  Prologo  defte  livro  prometia  publicar 
brevemente. 

Summa  de  objervaçoens,  e  experiências 
metbereologicas  Jeitos  acerca  dos  tempos,  e 
mutaçoens  para  cada  dia  do  anno. 

Fr.  ANTÓNIO  DAS  NEVES  natu- 
ral de  Lisboa,  Religiofo  profeíTo  da  Ordem 
dos  Menores  da  Provinda  dos  Algarves, 
poeta  vulgar,  e  verfado  na  liçaõ  dos  Santos 
Padres,  e  Efcritura  Sagrada,  de  cujas  appli- 
caçoens  faõ  evidentes  provas  as  obras  feguin- 
tcs,  que  naõ  lograrão  o  beneficio  da  lu2 
publica. 

Santo  António  de  L.isboa  Decimas  Por- 
tugueí(as.  De  Jua  vida,  milagres,  e  glorio- 
Jas  obras  conforme  as  Chronicas  da  Sagra- 
da KeligiaÕ  de  Frades  Menores,  e  outras 
j  kndas  particulares  Dedicado  ao  mejmo  San- 
to no  Pretório  da  Cidade  de  Lisboa,  e 
fita  Cafa  da  Camará  por  voto  particular, 
e  devaçaõ  do  Author  em  1650.  Conft^  de 
18.  Cantos  in  4.  cujo  Original  fe  conferva 
na  Livraria   dos  PP.  Theatinos  defta  Corte. 

Manufcripta     Litferaria    pro     Sacris     Con- 


339 

cionibus  inflituendis  Jeleãa  ex  proba tijft  mis  Doâo- 
ribus,  ejujdemque  piijfimis  Sacra  Paffna  Inter- 
pretibus  anno  Domini  165 1 .  foi.  Obra  de  grande 
trabalho,  e  vaftidad.  G^nfervafe  na  Biblio- 
theca  do  G^nvento  da  Província  dos  Algar- 
ves da  qual  era  filho  o  Author. 

ANTÓNIO  NOGUEIRA  Doutor  em 
I^ys,  e  famofo  Lente  defta  faculdade  na  Uni- 
verftdade  de  Coimbra,  cujas  obras  louvaõ 
Pedro  Barboza  íí.  de  Legat.  n.  39.  Gafpar  Pegad. 
ad  L.  inter  ca  terá  ff.  de  lib.  et  pofthum.  foi.  jo.  e 
Diogo  Lopes  Ulhoa  de  Fidei  comij.  Diflcrt.  j. 
n.  19.  et  20.  fendo  entre  ellas  a  mais  celebre. 

In  Rub.  ff.  de  Legatis  i .  in.  4. 

D.  ANTÓNIO  DE  NORONHA  pri- 
meiro Conde  de  Villa- Verde,  duodécimo 
Senhor  defta  Cafa,  Commendador  das  Comen- 
das de  Algezur  na  Ordem  de  S.  Tiago,  e  de  S. 
Salvador  de  Mançoens  na  de  Chrifto.  Foy 
filho  de  D.  Pedro  de  Noronha  undécimo 
Senhor  de  Villa- Verde,  e  de  fua  Mulher  D. 
Juliana  de  Menezes  filha  de  Vafco  Martins 
Moniz,  Senhor  de  Angeja,  e  de  D.  Violante  de 
Menezes.  Era  fummamente  applicado  ao  eftu- 
do  da  Genealogia  em  que  fez  grandes  progref- 
fos  naõ  fomente  pelo  que  colheo  da  liçaõ  dos 
livros,  mas  das  noticias  de  muitos  Genealó- 
gicos com  quem  teve  familiar  comercio  que 
por  ferem  muito  exaâas,  e  verdadeiras  efcre- 
veo. 

Nobiliário. 

Do  qual  diz  o  P.  D.  António  Caetano  de 
Soufa  no  Appar.  à  Hifl.  Gen.  da  Caf.  Real 
Portug.  pag.  125.  n.  i^S.  fora  feito  com  grande 
averiguação^  hifloriado,  fem  que  caufe  faflio  com 
notável  reflexão  nas  matérias,  e  admirável  intenção 
no  que  efcreveo  como  própria  do  feu  illuflre  naci- 
mento...  e  na  verdade  he  dos  melhores  nobiliários  que 
tenho  viflo.  Confervafe  efte  Nobiliário  na 
Livraria  do  Marquez  de  Angeja,  filho  do 
Author  que  foy  cafado  com  D.  Maria  de 
Menezes  filha  de  D.  Duarte  de  Menezes 
Conde  de  Tarouca,  e  de  D.  Luiza  de  Caflxo. 
Morreo  em  Lisboa  a  14.  de  Janeiro  de 
1675.  Jaz  fepultado  no  Convento  de  N. 
Senhora  da  Vifitaçaõ  de  Religiofos  Recole- 
tos  da  Seráfica  Provinda  dos  Algarves  fitua- 
do  em  Villa- Verde. 


340 


BIBLIOTHE  CA 


Fr.  ANTÓNIO  DE  NOSSA  SENHORA 
natural  de  Coimbra.  Recebeo  o  Habito  da 
Ordem  dos  Pregadores  no  Convento  de  Goa, 
onde  foy  ComiíTario  do  Santo  Officio,  e  Depu- 
tado por  nomeação  do  lUuílriíTimo  Inquifidor 
Geral  D.  Fr.  Jozé  de  Lancaílro,  que  naõ  exer- 
citou por  voltar  ao  Reyno.  Foy  Prior  do 
Convento  de  Dàmaõ,  e  Prefentado  a  titulo 
de  Pregador,  de  cujo  apoftolico  minifterio 
colheo  naõ  menor  applaufo,  que  lucro,  do  qual 
comprou  hum  juro  annual  de  cincoenta  mil 
reis  para  fe  augmentar  a  Livraria  do  Convento 
de  Lisboa,  onde  morreo  a  26.  de  Março  de 
171 2.    Imprimio. 

SermaÕ  da  Serenijfima  May  de  Deos,  e  Senhora 
nojfa  do  Kojario  em  a  celebridade  Jolemne  de  Jeu 
Jefiivo  O ut avario  que  todos  os  annos  fe  applaude,  e 
celebra  por  todas  as  partes,  e  terras  do  Oriente 
pregado  no  Convento  de  Sàõ  Domingos  da  Cidade 
de  Dàmaõ  o  anno  de  1695.  Coimbra  por  Manoel 
Rodrigue2  de  Almeyda  Familiar  do  Santo  Offi- 
cio 1701.  4.  Delle  fe  lembra  Fr.  Pedro  Mon- 
teiro no  Claufir.  Domin.   Tom.  3.  pag.  163. 

D.  ANTÓNIO  DE  NOSSA  SENHORA 
DO  CARMO  chamado  no  feculo  An- 
tónio da  Cunha  Brochado  naceo  na  Cidade 
da  Bahia  Capital  da  America  Portugueza, 
e  teve  por  Pays  ao  Dezembargador  Bel- 
chior da  Cunha  Brochado  Fidalgo  da 
Cafa  Real,  Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem 
de  Chrifto,  Confelheiro  da  Fazenda,  e  Cor- 
regedor da  Corte,  e  Cafa,  e  a  D.  Maria  Fran- 
cifca  de  Paula,  e  Almeida.  Inílruido 
nas  letras  humanas  aprendeu  Filofoíia  no 
CoUegio  de  Santo  Antaõ  de  Lisboa  donde 
paíTando  à  Univeríidade  de  Coimbra  fe  appli- 
cou  ao  eíhido  da  Jurifprudencia  Cefarea  em 
que  fez  taes  progreílos  o  feu  penetrante  en- 
genho, que  recebido  o  gráo  de  Licenciado 
voltou  à  Corte  onde  exercitou  com  igual 
fciencia  que  integridade  o  lugar  de  Juiz  da 
índia,  e  Mina.  Sendo  nomeado  Plenipo- 
tenciário à  Corte  de  Madrid  feu  Tio  Jozé 
da  Cunha  Brochado,  de  quem  faremos  mere- 
cida memoria  em  feu  lugar,  o  acompa- 
nhou para  fe  inftruir  nos  myfterios  da  Poli- 
tica, cuja  arte  mais  fe  aprende  com  a  praética, 
que  com  a  efpeculaçaõ,  donde  voltando 
foy    eleito    Confelheiro    da    Fazenda    Real. 


Penetrado  de  fuperior  impulfo  recebeo  as 
ordens  de  Presbytero,  e  confiderando  com 
mais  defenganada  reflexão  que  no  feculo  naõ 
podia  confeguir  a  tranquillidade,  que  deze- 
java  o  feu  efpirito,  defprezando  todas  as  con- 
veniências mundanas  fe  retirou  ao  Clauftro  do 
Real  Convento  de  Santa  Cruz  de  Coimbra  onde 
profeíTou  o  Inílituto  Canónico  Auguíliniano 
a  16.  de  Julho  de  1735.  Nefta  virtuofa  paleftra 
fe  fez  fevero.  imitador  dos  exercícios  afceticos 
que  nelle  prafticaõ  os  feus  CoUegas.  Nas  horas 
vagas  das  obrigaçoens  de  Religiofo  traduzio  da 
Lingua  Caílelhana  de  Manoel  Jozé  Altami- 
rano  em  a  Portugueza,  e  fe  imprimio  fem  o 
feu  nome. 

Ketiro  efpiritual  para  hum  dia  de  cada  Mp^ 
e  para  difpojiçaõ  de  hum  a  Santa  vida  para  huma  boa 
morte.  Coimbra  por  António  Simoens  Fer- 
reira ImpreíTor  da  Univeríidade  1738.  8. 

ANTÓNIO  NUNES  Doutor  na  faculdade 
de  Leys,  Ouvidor  nas  terras,  e  Coutos  de  Alco- 
baça, de  cujo  officio  fendo  mandado  dar  conta 
pelo  Cardial  D.  Henrique  no  tempo  que  era 
D.  Abbade  do  Real  Convento  de  Alcobaça, 
efcreveo. 

Vifita,  e  Reformação,  que  /«^  nas  terras,  e 
Coutos  do  deflrião  de  Alcobaça,  foi.  A  qual 
obra  fe  guarda  M.  S.  no  Collegio  da  Com- 
panhia de  JESUS  de  Évora. 

ANTÓNIO  NUNES  natural  da  Cidade  de 
Beja,  irmaõ  de  Fr.  Ignacio  de  Santa  Maria 
Agoílinho  Defcalço,  de  quem  em  feu  lugar 
faremos  mençaõ,  commendatario  do  Hofpital 
do  Santo  Efpirito  em  Itália,  e  adminiftrador  da 
Commenda  chamada  Alexandrina  que  vagou 
por  morte  de  feu  Irmaõ  Joaõ  Nxmes  Religiofo 
da  mefma  Ordem.  Voltando  para  Portugal, 
morreo  no  anno  1671.    Efcreveo. 

Diário  delia  Mifericordia  di  Dio,  e  motivo 
per  amaria  con  altri  divote  effercicij  per  acqmf',^ 
tare  la  gratia  di  Dio,  e  confervarji  in  ejfa  in 
vita,  e  in  morte.  Milano  por  Ludovica 
Monza  1666.  12.  ^ 

Confuelo  dei  alma  contrita.  Milano  por 
o  dito  ImpreíTor.  Coníla  de  verfos  devotos 
para  cada  dia  da  Semana.  Defta  obra  como 
poética  fe  lembra  no  feu  Enthuíiafmo  n. 
180.  o  P.  António  dos  Reys. 


L  USITAN  A. 


341 


P.  ANTÓNIO  NUNES  Vcjafc  P. 
VICTORINO  JOSEPH. 

ANTÓNIO  NUNES  DA  VEYGA 
Ouvidor  da  Comarca  de  Valença  igual- 
mente perito  na  fciencia  da  Jurifprudencia, 
como  da  Hiftoria  aíTim  Sagrada  como  pro- 
fana, e  Arte  militar  efcreveu. 

Perfeito  CapitaÒ  máximas  militares  tiradas 
ia  àijciplina,  e  pratlica  militar  dos  mayores  Heróis, 
qiu  conbeceo  o  tempo,  e  particularmente  daquelUs, 
que  com  f eu  valor,  e  boa  politica  fe  fit(eraÒ  Senhores 
do  mundo,  e  acredores  de  boa  fama.  Lisboa  por 
Valentim  da  Cofta  Dcf landes  1709.  4. 

Fr.  ANTÓNIO  OLANO.  Naceo  no  ar- 
tebaldc  da  Villa  de  Torres  Vedras  do  Arce- 
bifpado  de  Lisboa,  Religiofo  Menor  cujo 
Habito  profcflbu  cm  dílella.    Efcreveo. 

Martjrio  do  V.  Fr.  André  de  Spoleto.  Cuja 
obra  traduzida  na  lingua  Italiana  por  Joaõ 
Maria  Branculupo  de  Monte  falco  fahio  jun- 
tamente com  o  The^uro  das  virtudes  de  Fr. 
Affonfo  da  Ilha  no  anno  de  1J74.  8.  de  quem 
em  feu  lugar  fizemos  mençaõ.  Do  Author 
a  fazem  Nicolao  Ant.  in  Bih.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  24.  col.  2.  e  Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  in  Bib. 
Vranc.  Tom.  i.  pag.  120. 

ANTÓNIO  DE  OLIVEIRA  natural  de 
Lisboa  Presbytero  de  exemplar  vida,  e  pro- 
feflbr  infigne  de  Mufica,  de  cuja  faculdade 
foy  Meílre  do  Coro  da  Real  Parochia  de  S. 
Juliaõ  da  fua  pátria  donde  paíTou  a  Roma,  e 
nella  morreo.  Deixou  muitas  obras  compoftas 
para  fe  cantarem  nos  Templos,  como  eraõ. 

Mijfas,  Pfalmos,  Motetes,  e  Vilhancicos, 
dos  quaes  grande  parte  fe  conferva  na  Biblio- 
theca  Real  da  Mufica,  como  coníla  do  feu 
Index  ImpreíTo  em  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beeck  1649.  4* 

ANTÓNIO  DE  OLIVEYRA  natural 
da  Villa  da  Chamufca  Arcebifpado  de  Lisboa 
traduzio  de  Caftelhano  em  Portuguez. 

Relação  do  tumulto  popular,  que  fuce- 
deo  em  18.  de  De^^embro  do  anno  pajfado  de 
1735-  ^^  Cidade  do  GraÕ  Cayro  Capital  do 
antigo  Rejno  do  Egypto  com  a  morte  do  feu 
Vifir,    e    do   Jui^    dos  Judeos,    e    deflruiçaô   da 


Judiaria  com  as  mortes,  e  tormentos  cruéis,  que 
deraõ  aos  judeos  com  todas  as  particularidades 
defla  grande  revolta  tiradas  de  cartas  fidediffias, 
e  relafoens  de  pejfoas  ff  aves,  e  incorruptas.  Lisboa, 
na  OíTicina  Joaquiníana  da  Mufica  fem  anno 
de  imprcíTaò.  4. 

ANTÓNIO  DE  OLIVIilRA  Presbytero 
do  Habito  de  S.  Pedro,  e  MíAionario  Apofto- 
lico  por  faculdade  Pontifícia  naceo  em  Lisboa 
donde  em  idade  pueril  paíTou  com  feus  Pays 
António  de  Oliveira,  e  Mariana  dos  Reys  i 
Bahia  de  todos  os  Santos  Capital  da  America 
Portugueza,  e  no  Collegío  dos  Padres  Jefuítas 
aprendeo  Filofofia,  e  Theologia  com  tanta 
applicaçaò  do  feu  engenho,  que  mereceo  fer 
laureado  Meftre  em  Artes,  e  Examinador  deíla 
Faculdade.  Naõ  alcançou  menor  applau- 
fo  aíTim  na  Poefia  Latina,  e  vulgar,  de  que  cm 
varias  Academias  deo  claros  argumentos  da 
fua  fecunda  veya,  fendo  ouvido  com  accla- 
maçoens  de  infigne  Orador  Evangélico  de 
cuja  fublime  Arte  tem  publicado. 

Sermão  das  Exéquias  que  a  muito  Reverenda 
Irmandade  de  S.  Pedro  dos  Clérigos  da  Cidade  da 
Bahia  celebrou  efle  anno  de  1756.  aos  10.  de  Julho 
pelas  almas  de  feus  JrmaÕs  Sacerdotes  em  a  fua 
própria  Iff^eja  do  mefmo  Princepe  dos  Apoftolos. 
Lisboa  por  Maurício  Vicente  de  Almeyda 
1738.  4. 

Sermão  do  Santijfimo  Sacramento  pregado  na 
fumptuofa  Fefla  que  a  efle  Myflerio  conf agrarão  os 
Irmãos  do  Senhor  da  Aíatri^  da  Conceição  da  Praya 
da  Cidade  da  Bahia  efle  anno  de  1739.  Lisboa  Na 
Officina  dos  Herdeiros  de  António  Pedrozo 
Galraõ.  1740.  4. 

Epigramma  luitino,  e  Soneto  Portuguer^  em 
louvor  do  Reverendo  Sebaftiaõ  do  Valle 
Pontes  Deaõ  da  Cathedral  da  Bahia  pregando 
nella  as  exéquias  do  Pontífice  Benedifto  XIII. 
Lisboa    na    Officina   Auguftiniana.    1732.    4. 

ANTÓNIO  DE  OLIVEIRA  CADOR- 
NEGA  natural  de  Villa- Viçofa  filho  de 
António  Cadomega  de  Oliveira  Fidalgo 
da  Cafa  Real,  e  Criado,  como  o  foraõ 
feus  Afcendentes  da  Sereniífima  Cafa  de 
Bragança.  Na  adolefcencia  efdmulado  do 
nobre  ardor  da  gloria  militar  acompanhou 
por  Soldado  a  Pedro  Cefar  de  Menezes  na 


342 


BIBLIO THE  CA 


occaíiaõ,  que  partio  por  Governador  de  An- 
gola no  anno  de  1639.  em  cujo  theatro  obrou 
heróicas  façanhas  contra  os  Olandezes,  aíTim 
no  poJfto  de  Alferes,  como  de  Capitão  pelo 
largo  efpaço  de  trinta  annos.  Depois  que  ini- 
migo taõ  poderofo  foy  lançado  daquellas  terras 
aíTiílio  na  Cidade  de  Loanda  Capital  do  Reyno 
de  Angola  onde  como  Capitão  reformado  vi- 
veo  atè  o  anno  de  1690.  Pela  vaíla  noticia,  que 
tinha  adquirido  daquella  regiaõ  Africana  jà 
pela  liçaõ  dos  Livros,  jà  pelo  exame  dos  olhos, 
efcreveo. 

Hifioria  geral  da  guerra  de  Angola,  foi.  3.  Tom. 

Hijloría  de  todas  as  coujas,  que  Juccederàõ  em 
Angola  no  tempo  dos  Governadores,  que  a  governa- 
rão depois  da  guerra  ate  D.  Joaõ  de  luincajlro. 
foi.  Tom.  4. 

Compendio  da  expugnaçaõ  do  Rejno  de  Ben- 
guela, e  das  terras  adjacentes,  foi. 

DefcripçaÕ  da  fua  pátria  Villa-Viçofa  aca- 
bada no  anno  de  1683.  Dedicada  ao  Excellen- 
tiíTimo  Conde  de  Ericeira  D.  Luiz  de  Menezes, 
em  cuja  grande  Livraria  fe  confervaõ  todas 
eftas  obras  M.  S. 


mandou  por  feu  Theologo  ao  Concilio  Tri- 
dentino,  em  cujo  Sagrado,  e  SapientiíTimo 
CongreíTo  brilharão  com  grande  exceflb  os 
dotes  fcientificos  de  que  era  ornado  o  feu 
profundo  talento  pelo  qual  o  elegeo  feu  Se- 
cretario o  Minillro  Geral  da  Ordem  Seráfi- 
ca, confiando,  que  podia  dignamente  fatis- 
fazer  huma,  e  outra  incumbência.  Depois 
de  fer  ComiíTario  Geral  de  toda  a  Familia 
Francifcana  fegunda  vez  paíTou  a  Ronu 
onde  continuados  felizmente  os  negócios 
da  fua  Religião,  e  defta  Coroa  acabou  a  vida 
mortal  para  principiar  a  eterna  reynando 
ElRey  D.  Sebaíliaõ,  ou  o  Cardeal  D.  Hen- 
rique. Fr.  Fernando  da  Soledade.  Hijl. 
Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  4.  Liv.  4.  cap. 
28.  n.  985.  lhe  chama  VaraÕ  eminente  em  todo 
o  género  de  erudição.  Delle  brevemente  nos  lem- 
bramos nas  Mem.  delKej  D.  Seb.  Part.  i.  Liv.  i. 
cap.  9.  n.  85. 
Compoz,  e  fe  imprimio. 

Candelabrum  Sacramentorum.  4. 

Explicationes    in    Aãa    ConciliJ    Tridentini. 
M.  S. 


Fr.  ANTÓNIO  DE  PÁDUA  natural  de 
Beja  filho  de  Diogo  Gonçalves  Sanches  Cafte- 
Ihano,  Cavalleiro  da  Ordem  de  S.  Tiago,  e  de 
fua  mulher  Joanna  Sanches  da  Gama,  irmaõ 
inteiro  do  celebre  Doutor  Joaõ  AíFonfo  de 
Beja,  de  quem  faremos  memoria  em  feu  lugar. 
Depois  de  eílar  inftruido  nas  Letras  Humanas, 
e  na  Lingua  Latina  por  caufa  de  fer  provido 
de  hum  Beneficio  partio  a  Roma  onde  cha- 
mado por  Deos  para  vida  mais  perfeita  abra- 
çou o  Inílituto  Seráfico  mudando  juntamente 
com  o  novo  eílado  o  nome  de  Pedro  Gonçal- 
ves Sanches,  que  tinha  no  Século  em  o  da- 
quelle  famofo  Thaumaturgo,  que  tendo  o 
Oriente  em  Lisboa  teve  o  Ocafo  em  Pádua. 
O  graõ  talento  de  que  era  ornado  o  habili- 
tou para  os  mayores  lugares  da  Ordem  on- 
de lufio  a  fua  prudência,  fabedoria,  e  a£ti- 
vidade  para  confeguir  os  negócios  mais  ár- 
duos, e  conciliar  os  ânimos  mais  difcordes. 
Foy  Lente  de  Theologia  em  Pádua  em  cuja 
Univerfidade  foraõ  refpeitadas  as  fuás  le- 
tras. PaíTando  a  Portugal  fe  incorporou 
nefta  Provinda,  e  informado  ElRey  D. 
Joaõ    o   IIL    das   fuás    eminentes    Letras   o 


ANTÓNIO  PAES  FERRAZ  natural  de 
Lisboa  igualmente  douto  nas  faculdades  de 
Filofofia,  Theologia,  e  Mathematica,  de  cuja 
fciencia  teve  particular  eíhido  com  a  qual 
fazia  muitos  vaticínios,  e  prognoítícos  dos 
annos,  calculados  pelo  merediano  de  Lisboa, 
dos  quaes  publicou  os  feguintes 

Pronofiico,  e  L.unario  do  anno  de  1653.  com  to- 
dos os  afpeãos  da  h,ua  com  o  Sol,  e  alteraçoens  do 
ar.     Lisboa   por   António   Alvares    1652.    8. 

Pronojlico,  e  L,unario  do  anno  de  1660.  Lis- 
boa por  Domingos  Carneiro.  1659.  8. 

Difcurfo  AJlrologico  das  influencias  da  mayor 
conjunção  de  Júpiter,  e  Marte,  que  fuccederà  a  8. 
de  Agofio  de  1660.  objervado,  e  calculado  para  o\ 
Meridiano  de  Lisboa.  Nelle  fe  trata  da  exaltação 
de  Portugal,  dos  princípios  de  feu  Império,  e  de  '<• 
fuás  felicidades.  Lisboa  por  Domingos  Car- 
neiro. 1661.  4. 


ANTÓNIO  PAES  VIEGAS.  Naceo 
no  Lugar  de  Manjoens  do  território  de  Lis- 
boa fendo  filho  de  Sefifnando  de  Freitas 
Freire,  e  de  fua  mulher  D.  Maria  de  Lacer- 
da.   Foy  Cavalleiro  profeílo     da  Ordem  de 


1 

o  m 


L  USITAN A. 


343 


Chriílo»  Comendador  da  QSmenda  de  Santa 
Maria  da  Giarídade  em  Evota,  e  Alcayde 
Mòr  de  Barcellos,  Secretario  de  Eílado  do 
SereniíTimo  Rey  D.  joaõ  o  IV.  antes,  e  depois 
de  cingir  a  Coroa.  Foy  ornado  de  todos  os 
dotes,  que  conflituem  hum  verdadeiro  poli- 
tico, quaes  eraõ  fumma  prudência,  juizo  ma- 
duro, profunda  capacidade,  e  fagaz  artificio 
para  vencer  as  mayores  dificuldades,  a  cuja 
aétíva  deligencia  deve  Portugal  a  íua  liberdade 
como  efcrevem  com  naõ  pequenos  louvores 
da  fua  pefToa  Macedo  na  Lujit.  Liberai .  Lib.  5. 
cap.  10.  n.  12.  Menezes  Portug.  Rejl.  Tom.  i. 
Liv.  2.  pag.  91.  e  Joaõ  Bautifla  Birago  Hi^. 
é»  Vortug.  Lib.  2.  pag.  mihi  i;6.  perfuadindo 
com  eficazes  razoens  ao  Duque  de  Bragança, 
que  aceitaííe  a  Coroa  de  fcus  Avós  offerecida 
pelos  Portuguezes,  e  empunhaííe  o  Scetro 
violentamente  ufurpado  pela  ambição  Caf- 
telhana,  e  ainda  que  eíleve  indecifo  o  Du- 
que na  refoluçaõ  receando  prudentemente 
as  graviffimas  confequencias,  que  delia  ha- 
viaõ  de  refultar,  foraõ  taõ  fortes  os  funda- 
mentos com  que  lhe  inflamou  o  animo  para 
empreza  taõ  alta,  que  cedendo  da  perplexi- 
dade aceitou  a  Coroa.  Elevado  efte  Prince- 
1^  ao  Trono  fempre  o  confultou  como  a 
Miniílro  taõ  Sábio,  e  prudente  em  todas  as 
matérias  politicas,  e  militares,  até  que  mor- 
leo  na  fua  pátria  no  anno  de  1650.  ainda 
que  Joaõ  Soar.  de  Brito  in  Theatr.  'Lujit.  Lt- 
krat.  Lit.  A.  n.  103.  efcreve,  que  fora  no  anno 
de  1645.  acrecentando  Vir  fuit  varia  eruditíonis, 
€>•  leãionis,  nec  minoris  eloquentia,  &  prudentia 
Valafc.  ]uft.  Aclamac.  Par.  i.  §.  4.  n.  5.  infigne 
talento  dejla  idade.  D.  Francifco  Manoel  na 
1.  carta  da  Centu.  4.  efcrita  ao  Doutor  Manoel 
da  Fonfeca  Themud.  deligente  inveftigador  dos 
princípios  de  Portugal,  Efcreveo  com  igual 
elegância,  que  exame. 

Princípios  dei  Rejno  de  Portugal  con  la  vida, 
j  bechos  de  D.  Alfonfo  Henriques  fu  primer  Key, 
y  con  los  princípios  de  otros  eftados  Chriftianos  de 
Efpatla.  Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck.  1641.  foi. 
Na  lingua  materna,  mas  fem  o  feu  nome. 

Manífejio  do  Rejno  de  Portugal  no  qual 
fe  declara  o  direito,  caufas,  e  o  modo  que  te- 
ve para  exímir-Je  da  obediência  delKey  de 
Cafiella,  e  tomar  a  vo^  do  Serenijfimo  D. 
Joaõ  o  IV.  do  nome,  e  XVIII.  entre  os  Reys 


verdadeiros  dejie  Keyno.  Lisboa  por  Paulo 
Crasbeeck.  1641.  4.  e  Amflerdaõ  por  Paulo 
Matheo.  Impugnando  efle  manífeflo  Fr.  Joaô 
Caramuel  confefTa  fer  Teu  Author  eloquaitíf- 
fimo. 

Relafad  dos  fucceffos,  que  as  Armas  da  Ma- 
geftade  delKey  D.  Joaõ  o  IV.  íiveraõ  nas  terras 
de  Caflella  no  anno  de  1644.  aíè  a  Vitoria  do 
Montijo.  Lisboa  por  António  Alvares.  1644.  4. 

RelofaÕ  dos  Jucceffos,  que  nas  fronteiras  do 
Reyno  tiveraõ  as  Armas  delRey  D.  JoaÕ  o  IV, 
com  as  de  Caflella  depois  da  jornada  do  Montijo 
atè  o  ftm  do  anno  de  1 644.  com  a  glorio/a  defenfa  de 
Elvas.  Lisboa  pelo  dito  Imprefíor  anno 
1644.  4. 

ANTÓNIO  DE  PAYVA  GODINHO, 
filho  de  Duarte  de  Abreu,  e  Catherina  Godi- 
nha  Rebella,  naceo  na  Villa  de  Santarém  a 
17.  de  Fevereiro  de  1693.  Formado  na  facul- 
dade dos  Sagrados  Cânones  pela  Univerfidadc 
de  Coimbra  começou  a  exercitar  o  officio  de 
Patrono  de  caufas  em  a  fua  Pátria  com  boa 
reputação,  mas  coníiderando  que  efle  género 
de  vida  era  muito  contrario  à  fua  conciencia, 
naõ  fomente  o  deixou,  mas  ainda  o  veíUdo  de 
Secular,  e  fe  dedicou  a  fervir  com  habito  de 
Donato  o  Reformado  Recolhimento  das  Re- 
ligiofas  Capuchas  de  N.  Senhora  dos  Inno- 
centes  em  a  fua  Pátria,  cujo  miniílerio  exer- 
cita com  louvável  procedimento.  Deixou 
hum  volume  de  4.  em  que  eílaõ. 
Poefias  Varias. 

Entre  ellas  eílá  a  DefcrípçaÕ  da  Batalha  do 
Campo  de  Ourique  alcançada  por  ElRey  D.  Af- 
fon/o  Henrique^  em  8.  rima.  Eíle  volume  con- 
ferva  em  feu  poder  Rodrigo  Xavier  Pereira 
de  Faria  natural,  e  morador  em  Santarém, 
que    nos    comimicou   eíla   noticia. 

ANTÓNIO  DE  PAYVA,  E  PONA 
natural  da  Qdade  de  Bragança  na  Provinda 
Trafmontana,  onde  naceo  a  10.  de  Outu- 
bro de  1665.  fendo  filho  do  Licenciado  Pe- 
dro Fernandes  Pona,  e  Catherina  Rodriguez 
de  Moraes.  Depois  de  receber  o  gráo  de  Ba- 
charel na  facilidade  de  Leys  pela  Univer- 
fidadc de  Coimbra  fervio  algumas  Judica- 
turas donde  paífou  a  fer  Provedor  das  Qda- 


344 


BIBLIO  THE  CA 


•des  de  Miranda,  no  anno  de   171 1.  e  ulti- 
mamente de  Évora  em  1728.    Compoz. 

Orphanologia  Praãica  em  que  fe  dejcreve  tudo 
o  que  ref peita  aos  inventários,  partilhas,  e  mais  de- 
pendências de  pupillos.  Lisboa  por  Jozé  Lopes 
Ferreira  ImpreíTor  da  SereniíTima  Rainha. 
1713.  4. 

V.  Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  PEDRO  cha- 
mado António  Corrêa  antes  de  receber  o  Ha- 
bito dos  Religiofos  Defcalços  de  NoíTa  Senho- 
ra da  Mercê  naceo  em  o  anno  de  1 571.  na  Villa 
do  Celorico  do  Bifpado  da  Guarda,  e  foraõ 
feus  Pays  Manoel  Thomaz,  e  Anna  Corrêa,  que 
fendo  obfervantes  da  Ley  de  Moyfés  o  educa- 
rão nas  ceremonias  delia,  das  quaes  era  exafto 
profeíTor;  porém  receando,  que  poderia  fer 
caíligado  com  as  penas,  que  em  Portugal  fe 
coftumaõ  dar  aos  Sequazes  da  Sinagoga,  fe 
aufentou  para  as  índias  Occidentaes  com  o  pre- 
texto de  negociante,  e  fazendo  o  feu  domicilio 
em  Lima,  vulgarmente  chamada  Cidade  dos 
Reys,  foy  prezo  pelos  Inquiíidores  como  Reo 
da  perfídia  Judaica,  de  cujos  erros  eílava  taõ 
obftinadamente  hallucinado,  que  antes  queria 
perder  a  vida,  que  abjurar  a  pertinácia  da  fua 
crença.  Mas  que  infinita  he  a  clemência  de 
Deos  ainda  para  com  os  feus  mais  rebeldes 
Antegoniftas  ?  Ferido  de  hum  rayo  de  luz  ce- 
leftial  de  tal  modo  lhe  penetrou  a  dureza  do  co- 
ração, que  como  outro  Saulo  transformado  em 
Paulo,  começou  a  deteftar  a  fua  perfídia,  e 
confeíTar  publicamente  a  fua  culpa,  de  que  eraõ 
manifeftos  fínaes  as  lagrimas,  e  vozes  com  que 
arrependido  felicitava  o  perdaõ  da  divindade 
offendida  prometendo  facrifícar  a  vida  em 
obfequio  do  Redemptor  do  mundo,  e  feguir  os 
diftames  do  Evangelho  que  elle  promulgara 
depois,  que  fe  veftio  da  noífa  humanidade. 
Efta  mefma  proteílaçaõ  fez  publicamente  no 
theatro  onde  em  13.  de  Março  de  1605.  ouvio 
a  fua  fentença  com  tanta  copia  de  lagrimas,  que 
caufava  admiração  a  todos  os  circunílantes  a 
vehemencia  da  fua  contrição.  Depois  de  ter 
fervido  com  exemplar  procedimento  aos  Reli- 
giofos Mercenários  Defcalços  em  Lima,  e 
paífando  a  Hefpanha,  e  crecendo  cada  vez 
mais  em  aftos  heróicos  de  virtude  foy  admitido 
ao  eftado  de  Leygo  no  Convento  dos  mefmos 
Religiofos  de  OíTuna,  onde  profeííou  folem- 


nemente  a  15.  de  Fevereiro  de  161 5.  Neíla 
paleílra  naõ  houve  género  algum  de  virtude 
que  exactamente  naõ  prafticaíTe,  pois  nelle  fe 
admirava  unida  agudeza  do  juizo  com  fim- 
plicidade  de  animo,  obediência  prompta  com 
profunda  humildade,  benevolência  para  os 
eílranhos,  e  feveridade  para  confígo;  medi- 
tação continua  da  Paixaõ  do  Redemptor,  e 
incanfavel  difvelo  em  benefício  do  próximo. 
Todas  eftas  virtudes  fe  faziaõ  mais  refpeitadas 
com  a  fciencia  dos  futuros,  conhecimento 
claro  dos  fegredos  do  Coração,  intelligencia 
altiíTima  dos  lugares  mais  difíceis  da  Efcritura, 
e  immenfa  copia  de  prodígios,  por  cujas  cau- 
fas  mandou  a  23.  de  Outubro  de  1623.  hum 
anno  depois  do  feu  feliciíTimo  tranfíto,  D.  In- 
nocencio  Máximo  Bifpo  Britonorienfe  Nún- 
cio Apoílolico,  e  Legado  a  Latere  da  Santi- 
dade de  Urbano  VIII.  em  Hefpanha  que 
em  OíTuna  fe  fízeíle  proceílo  jurídico  para 
a  fua  Beatifícaçaõ;  e  em  24.  de  Dezembro 
de  1624.  lhe  mandou  dar  culto  privado  Ju- 
Uo  Sacheti  Núncio,  e  Legado  do  mefmo 
Pontifíce  em  Hefpanha.  Dous  retratos  feus 
além  de  outros  muitos  fe  abrirão  em  Lami- 
nas, hum  em  Roma  com  infcripçaõ  Lati- 
e   outro   em   Hefpanha   com   infcripçaõ 


na: 


Caftelhana,  nas  quaes  fe  lém  compendiofa 
mente  as  acçoens,  dia,  e  anno  da  morte  deíle 
venerável  Varaõ.  A  infcripçaõ  Latina  he 
a  feguinte. 

Vera  Bffigies  Ven.  Servi  Dei  Fr.  Antonij 
a  Sanão  Vetro  cognomento  Obedientis  ex  loco  vul- 
gariter  di£ío  Cerolico  de  Obebado  Diacejis  Guar- 
dienjts  de  familia  Saraiva,  et  Almeyda,  qui  pie, 
fanãeque  vixit,  atque  in  magna  Sanãitatis  opi- 
nione  obiit  Vrfaone  Diacefes  Hijpalenjis  die  30. 
JuliJ  1622.    A  Caílelhana  diz. 

El  B.  Fr.  António  de  S.  Pedro  Defcalfo  á^ 
Nuejlra  Senora  dela  Merced  Redencion  dé  Cautivot 
Varon  de  Santidad  prodigiofa  por  haverlo  fido  fã 
converfion,  j  muy  femejante  à  la  dei  Apofiol  S. 
Pablo  parecia  viva  imagen  de  Jefu  Chrifto,  de  ciffa 
pajfton  fue  devotifww,  tuvo  las  virtudes  todas 
en  heróico  grado  exercitandolas  con  aãos  mêt 
para  admirar,  que  para  imitar.  Refplande- 
ció  en  el  don  de  profecia,  y  virtud  de  hav^er  \ 
milagros  afi  en  fu  vida,  como  en  fu  muer- 
te  que  fué  en  30.  de  Júlio  de  1622.  anos  aios 
53.    de  fu   edad.    Su   Cuerpo   eftá   en  fu   Con- 


J 


LUSITANA. 


345 


ven/0  ih  OJfiina  donde  fut  hijo,  y  fiempre  morador 
com  ffrande  veneracion,  y  culto  privado  por  aulho- 
ridad  Apojlolica. 

As  acçoens  deíle  infigne  fervo  de  Deos 
cfcreveraõ  em  volumes  inteiros  Fr.  Joaõ  de 
S.  Damafo  na  vida  imprcfía  em  Gidís  1670. 
foi.  e  Fr.  Agoftinho  de  Santo  André  na  vi- 
da impreíTa  em  Sevilha  1688.  4.  ambos  Re- 
ligiofos  Mercenários.  Fr.  Jorge  de  S.Jozé 
ConfeíTor  do  fervo  de  Deos,  cuja  obra  fe 
guarda  na  livraria  do  G>nvento  de  Sevilha. 
Fr.  Pedro  de  S.  Cecilio  nos  Annats  dos  Def- 
calç.  da  Merci.  Fr.  Filippe  Columbo  na  vida 
do  Ven.  Fr.  Gonçalo  Dias  de  Amarante  liv.  3. 
cap.  II.  Fr.  Luiz  de  Vera  Mem.  da  Fmd.  e 
progref.  da  Ordem  Mercen.  nas  Ind.  Occid.  Advert. 
4.  Fr.  Bcrnard.  de  Vargas  Mercenário  in  Tra£t. 
de  Contágios,  morbo  Sicil.  pag.  89.  et  91.  Dos 
eftranhos  Quintaducnas  Sant.  de  Sevilha  p. 
531.  Rodrig.  Mcnd.  Sylv.  Poblac.  Gen.  de  Efpan. 
cap.  166. 
Compoz  com  fupcrior  illuftraçaô. 

Siete  meditaciones  dela  Pajfton  de  Chrifto 
nuejko  Seftor,  y  delos  provechos,  que  de  meditaria 
Je  Jacan.   Granada.  1641.  8. 

Deíle  livro  fe  tirarão  três  mil,  c  quatro 
centos  exemplares,  e  tal  foy  o  feu  confumo, 
que  raramente  apparece  algum. 

ANTÓNIO  PEDRO  RIBEYRO  natural 
da  Villa  de  Olivença  da  Provinda  do  Alentejo 
ProfeíTor  de  Direito  Qvil  em  cuja  faculdade 
recebeo  o  gráo  de  Bacharel  na  Univerfidade 
de  Coimbra.  Imprimio. 

Triumfo  Sagrai,  que  a  Venerável  Ordem  Ter- 
ceira de  N.  Senhora  do  Monte  do  Carmo  fita  no 
Real  Hof pitai  de  S.  Joaõ  de  Deos  da  notável  Villa 
de  Olivença  confagra  à  me/ma  Senhora  em  o  dia 
16.  de  Julho  de  1754.  Lisboa  por  Pedro  Fer- 
reira ImpreíTor  da  AuguftiíTima  Rainha  N.  Se- 
nhora 1734.  4. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  PENITENCIA  natu- 
ral de  Lisboa  onde  foy  bautizado  a  26.  de  No- 
vembro de  1 605 .  ProfeíTou  o  Sagrado  Inftituto 
de  Religiofo  Terceiro  do  Seráfico  Patriarcha, 
no  Convento  de  Viana  do  Alentejo  a  28.  de  Ja- 
neiro de  1622.  Foy  muito  fciente  na  Arte  da 
Mufica,  e  cantou  com  grande  fuavidade,  e  def- 
treza.  Por  muitos  annos  exercitou  o  lugar  de 
Vigário  do  Coro  do  Convento  de  Arrayolos 


no  Arcebifpado  de  Evota,  onde  morreo  a 
14.  de  Dezembro  de  1648.  com  45.  annos 
de  idade,  e  26.  de  Religião.  Deixou  compofto. 
Varias  obras  de  Mufica. 

Fr.  ANTÓNIO  PEREGRINO,  que  no 
feculo  fe  chamava  Manoel  da  Cofta,  naoeo 
em  Lisboa  de  Pays  nobres,  e  vírtuofos.  Tendo 
recebido  a  Roupeta  da  Companhia  de  JESUS 
na  idade  de  defefete  annos  em  o  Noviciado 
da  fua  Pátria  por  juílas  caufas  a  deixou  no 
anno  de  1642.  paíTando  para  a  penitente  Pro- 
víncia da  Arrábida,  fendo  ji  muito  douto 
aíTim  nas  letras  humanas  como  na  Filofofía, 
e  Theologia,  onde  foy  admitido  pelo  Provin- 
cial Fr.  António  das  Chagas  em  o  anno  de 
1644.  profeííando  taõ  auílero  Inftituto  no 
Convento  de  S.  Jozé  de  Ribanur  com  geral 
fatisfaçaõ  dos  Religiofos.  Ainda  que  a  mayor 
parte  do  tempo  gaílava  na  comtemplaçaÕ 
dos  bens  eternos,  e  na  liçaõ  dos  livros  efpi- 
rituaes  lembrado  dos  feus  primeiros  eíhidos 
occupava  as  horas  vagas  na  compofiçaõ  de 
alguns  Poemas  Latinos,  e  no  exame  das  ma- 
yores  dificuldades  da  hiftoria,  affim  Sagra- 
da, como  profana,  fendo  nefte  eftudo  taõ 
eminente  que  era  confultado  pelos  homens 
mais  eruditos  da  fua  idade  como  ingenua- 
mente o  confeíTa  Luiz  Marinho  de  Azeve- 
do no  Prologo  das  Ant.  de  Lisb.  ao  tempo 
que  andava  meditando  taõ  grande  obra  di- 
zendo a  quem  devemos  (falia  de  Fr.  António 
Peregrino)  cenjuras,  e  advertências,  porque  a 
experiência  nos  tem  bem  mofirado  o  que  Je  podia 
fiar  das  fuás  letras  Sagradas,  e  humanas.  Naõ 
foy  menor  o  feu  talento  no  Púlpito,  e  na  intel- 
ligencia  da  Sagrada  Efcritura  como  affirmaõ 
D.  Francifc.  Manoel  de  Mello  na  Cart.  i.  da  4. 
Centur.  ao  D.  Manoel  da  Fonfec.  Themud.  e  Joan. 
Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  hufit.  Utterat.  lit. 
A.  n.  104.  Morreo  no  Convento  de  San- 
tarém a  15.  de  Agoílo  de  1636.  e  foy  fepul- 
tado  no  Clauftro,  fendo  venerada  por  muitos 
tempos  a  fua  memoria,  como  efcreve  Fr. 
Jozé  de  Jefus  Maria  na  Chron.  da  Prov.  da 
Arrabid.  Tom.  2.  Part.  2.  cap.  20.  n.  366.  Do 
feu  efpirito  poético  deixou  hum  elegante  tef- 
temunho  em  o  largo  epigramma  impreíTo 
em  applaufo  de  Luiz  Marinho  de  Azevedo 
na  obra  aíTima  allegada,  o  qual  começa. 


346 


BIBLIO  THE  CA 


I^ivius  excelfa  pojl  condita  mania  Koma 

Kofíjulidum    hello  fortiíer   aãa   refert.    <&c. 
Do   feu   eílilo   hiílorico   permanece   hum 

eterno  documento  confervàdo  entre  os  feus 

domeílicos,  qual  he. 

Vidas,  e  hijlorias  de  todos  os  homens  antigos 

em  armas,  e  letras,  e  virtudes,  filhos  de  Lisboa  Jua 

pátria,  foi. 

ANTÓNIO  PEREIRA  aíMente  na  ín- 
dia e  curiofo  obfervador  dos  Suceflbs  mais 
notáveis    que    nella    aconteciaõ.      Efcreveo. 

"delação  de  como  Nuno  Alvares  de  Faria  dej- 
cuhrio,  e  teve  occulta  até  o  tempo  da  Jua  morte  a 
Cruv^  de  Saõ  Thome.  M.  S.  foi.  Confervafe  na  Li- 
vraria do  Excellentiflimo  Marquez  de  Abrantes. 

Delta  Cruz  que  appareceo  no  anno  de 
1 547.  fazem  particular  mençaõ  Diogo  do  Couto 
Decad.  7.  da  Ind.  liv.  10.  cap.  5.  Andrade  Vida 
de  D.  JoaÕ  de  Cajiro  liv.  i.  §.  57.  Lucena  Vida  de 
S.  Francifco  Xavier  liv.  3.  cap.  5.  e  Soufa  Orient. 
Conq.  Part.  i.  Conq.  2.  Divif.  i.  §.  38. 

ANTÓNIO  PEREYRA  infigne  Meílre  de 
Muíica  pra£tíca,  e  efpeculativa  na  qual  com- 
poz  varias  obras  com  íingular  novidade,  e 
f ciência  fendo  as  principaes. 

Diverfas  Mijjas  a  4.  e  S.  vozes. 

Magnificat  a  8.  vozes. 

ANTÓNIO  PEREYRA  certamente  noíTo 
Portuguez  pofto  que  fe  ignore  o  tempo,  e  a 
parte  onde  floreceo.    Compoz. 

Vida  admirável  de  S.  Joaõ  Apojiolo,  e  Evan- 
gelina. M.  S. 

A  qual  fe  conferva  na  Bibliotheca  da  Uni- 
veríidade  de  Oxonia,  como  coníla  do  feu 
Index. 

ANTÓNIO  PEREYRA  natural  da  ViUa  do 
feu  appelido  que  eflá  íituada  entre  Ovar,  e 
Aveiro  na  Província  da  Beyra,  e  filho  de  Antó- 
nio Dias  RebeUo,  e  Suzana  Valente.  Recebeo 
o  Habito  militar  de  Saõ  Tiago  no  Real  Con- 
vento de  PakneUa  em  4.  de  Novembro  de 
1629.  das  maõs  do  Prior  Mór  D.  Diogo  Lobo 
Bifpo  eleito  da  Guarda,  onde  foy  duas  vezes 
Superior  igualmente  eílimavel  pela  fciencia  do 
Direito  Canónico,  como  pela  integridade  da 
vida,  cujos  dotes  o  fizeraõ  digno  de  governar 


naõ  fomente  o  Collegio  de  Coimbra  das  Or- 
dens Militares,  e  fer  duas  vezes  Prior  da  Igreja 
de  Saõ-Tiago  de  Almada,  mas  fer  Governador 
do  Bifpado  de  Coimbra  em  nome  do  feu  Pre- 
lado D.  Manoel  de  Noronha.  Foy  muito  ver- 
fado  nos  privilégios  da  Ordem,  e  acérrimo 
defenfor  das  fuás  jurifdiçoens.  Morreo  em 
Coimbra  em  10.  de  Mayo  de  1671.  Compoz. 
Compendio,  e  declararão  da  regra,  e  EJlatutos 
da  Ordem  Militar  de  SaÕ-Tiago.  Coimbra  por 
Manoel  Dias.  1659.  8. 

Fr.  ANTÓNIO  PEREYRA  natural  da 
ViUa  de  Aveiro,  filho  de  Gafpar  dos  Reys,  e 
Antónia  Pereira  de  Carvalho  Religiofo  da 
Ordem  dos  Pregadores,  cujo  laftituto  profef- 
fou  no  Convento  de  Azeitão  a  6.  de  Janeiro 
de  1657.  Partio  por  MiíTionario  para  a  Con- 
gregação da  índia  Oriental,  onde  depois  de 
lér  as  fciencias  mayores  aos  feus  domeílicos 
jubilou  na  Sagrada  Theologia  de  que  foy  Mef- 
tre  na  Ordem.  Occupou  com  credito  da  fua 
prudência  os  lugares  de  Vigário  Geral  da 
mefma  Congregação,  de  Deputado  das  Ordens 
Militares  em  Goa,  e  da  Inquifiçaõ  defta  Ci- 
dade de  que  tomou  poíle  em  16.  de  Setem- 
bro de  1682.  PaíTando  a  Portugal  exercitou 
o  mefmo  minifterio  na  Inquifiçaõ  de  Évo- 
ra, a  que  deo  principio  a  2.  de  Dezembro 
de  1693.  onde  depois  de  fervir  efte  incorrupto 
Tribunal  por  muitos  annos  falleceo  no  Con- 
vento da  mefma  Cidade.  Delle  faz  memo- 
ria Fr.  Pedro  Monteiro  no  Clauft.  Domin. 
Tom.  3.  pag.  157.  e  no  Cathal.  dos  Deputad. 
da  Inquif.  de  Goa,  e  de  Évora  impreíTos  nas 
Collec.  da  Academia  Keal,  e  António  Carvalho 
da  Cofta  Corograf.  Portug.  Tom.  2.  Trat.  3. 
cap.  4.  Publicou. 

Sermão  do  Auto  da  Fè  contra  a  idolatria  do 
Oriente  pregado  na  Cidade  de  Goa  no  Convento 
de  S.  Domingos  em  27.  de  Março  4.  Domingo 
de  Quarejma  de  1672.  Lisboa  por  Miguel  Def- 
landes.  1685.  4. 

Sermão  do  Def agravo  pelo  Juceffo  de  Odivellas 
pregado  na  mefma  Igreja  aos  11.  de  Mayo  de  1690. 
Lisboa  por  Miguel  Manefcal.   1691.  4. 

ANTÓNIO  PEREYRA.  Naceo  em 
Lisboa,  e  foy  filho  de  Manoel  Alvares,  e 
Maria   Francifca.     Em   idade    adulta   entrou 


I 


LUSITANA. 


347 


na  G)ngfegtçaõ  do  Oratório  da  fua  pátria 
■A  13.  de  Junho  de  1686.  onde  perfeverou 
louvavelmente  no  humilde  eftado  de  Leigo 
athó  a  morte,  que  felizmente  teve  na  Con- 
gregaçaõ  da  ViUa  de  Eftremos  a  50.  de  Outu- 
bro de  1698.  Foy  muito  Tciente  principal- 
mente nas  diícipUnas  Mathematicas  de  que 
deixou  hum  claro  tcftcmunho  na  obra  poílhu- 
ma  que  fahio  com  cftc  titulo. 

Tratado  de  Ariíhmefica,  e  Álgebra  em  o 
qual  com  muita  clarev^a  fe  explica  tudo  o  que  per- 
tence a  efta  Arte,  e  fe  defcrevem  as  Ke^as  princi- 
paes  da  Geometria,  e  as  propor^oens,  que  as  dijlin- 
guem,  com  a  noticia  dos  pe:(ps,  de  ouro,  e  prata, 
e  muitas  quejioens,  curiofas  que  fe  movem  para  fua 
intelligencia.  Lisboa  por  Jozé  Lopes  Ferreira 
Imprcflbr  da  ScrcniíTima  Raynha  Nofla  Se- 
nhora 171 5.  4. 

ANTÓNIO  PEREYRA  DA  CUNHA 
CARDOTE,  natural  da  nobre  Villa  de  Gui- 
maracns  da  Provinda  de  Entre  Douro,  e 
Minho  filho  de  André  Gonçalvez  Cardote,  e 
Margarida  Pereira.  Depois  de  ter  na  Pátria 
cftudados  os  primeiros  rudimentos  da  Lati- 
iiidade  paíTou  à  Univerfidade  de  Coimbra 
cíludar  Direito  Cefareo  em  que  recebeo  as 
infignias  doutoraes  com  geral  applaufo  de 
todos  os  Meftres  prevendo  que  havia  de  fer 
pela  viveza  da  comprehenfaõ,  e  fubtileza  do 
engenho  hum  dos  mayores  talentos  que  havia 
tle  illuftrar  aquella  Athenas.  Recebida  a  Beca 
tle  Collegial  de  S.  Pedro  a  7.  de  Julho  de 
1650.  regentou  varias  Cadeiras  até  chegar  à 
tlc  Vefpora  diâando  nellas  varias  poftillas 
eternos  depofitos  da  fua  litteratura  Qvil, 
e  Canónica  fendo  as  mais  dignas  da  luz 
publica. 

Ad  L.  in  Jingulos  annos  %.  ff.  de  Annuis  l^e- 
gatis,  €>*  Fídeicomiffts.  M.  S. 

Ad  L.  Civitatum.  i.  ff.  Si  ager  Viãigalis 
id  ejl  E.mphyteuticarius  petatur  (Ò'c.  M.  S. 

Ad  Tit.  ff.  Quando  dies  ufus  fruais  legati 
petatur.  M.  S. 

Foy  Dezembargador  honorário  dos  ag- 
gravos  da  Cafa  da  Supplicaçaõ  de  que  to- 
mou poíTe  a  22.  de  Dezembro  de  1665.  Faz 
delle  honorifica  mençaõ  o  Doutor  Manoel 
Pereira  da  Sylva  Leal  no  Cathalog.  dos  Col- 
Jeg.  de  S.  Pedro  pag.  24. 


ANTÓNIO  PEREYRA  DA  FONSE- 
CA  Vcja-fc  Ff.  CHRISTOVAM  GODINHO. 

ANTÓNIO  PEREYRA  DE  LIMA 
natural  da  Villa  de  Britiandos  do  BiTpado 
de  I^mego  Cavalleiro  da  predarí/Tima  Or- 
dem Militar  de  Malta  Commendatario  de 
Sernancelhe,  e  Senhor  da  Villa  de  Guilheifo, 
e  filho  de  Fernão  Pereira  da  Sylva  Senhor 
de  Britiandos,  e  de  fua  mulher  D.  Lenor 
de  Mello.  Foy  dlfcreto,  prudente,  e  muito 
verfado  na  Hiíloria  fagrada,  e  profana.  ET- 
creveo. 

Acciones  dela  vida  de  fu  Alte:i;a  Serenifftma 
Fr.  Luís  Mendes  de  Vaf cancelos  Gran  Maeflro 
dela  Sacada  Keligion  de  S.  ]uan  Baptifla  dei  Hof- 
pital  de  Hierufalem ,  y  dei  Santo  Sepulchro  Príncipe 
delas  Islãs  de  Got(p,  Malta,  y  Khodes  Senor  dei 
Real  dominio  de  Tripoli.  Lisboa  por  António 
Rodrigues  de  Abreu  1672.  8.  Sahio  tradu- 
zida em  Portuguez  por  Miguel  Lopes  Ferreira 
Efcrivaõ  dos  Contos  do  Reyno,  e  Caía.  Lis- 
boa na  Officina  Ferreiriana  1731.  4. 

ANTÓNIO  PEREIRA  MARRAMA- 
QUE,  cujo  apellido  jocofo  tomou  de  feu 
Pay,  ainda  que  naõ  era  da  fua  familia; 
Senhor  hereditário  dos  Lugares  da  Taipa, 
Lamegal,  e  Cabeceiras  de  Bafto  na  Pro- 
víncia de  Entre  Douro,  e  Minho  filho  de 
Joaõ  Rodrigues  Pereira  legitimo  defcenden- 
te  da  antiqulífima,  e  preclariífima  Familia 
dos  Forjazes  como  efcreveo  ao  mefmo  An- 
tónio Pereira  feu  grande  amigo  Francifco  de 
Sá,  e  Miranda  na  Écloga  5. 

Delos  nobles  Forjaes 

En  Pereiras  mudados 

Derecho  tronco  fin  algun  contrato 

Que  por  nombre  contaes 

Todos  vueflros  paffados 

Del  tiempo  dei  buen  Key  D.  Alffonfo  el  caflo 

Tan  vivo  fe  halla  el  raflo 

De  fuceffion  derecha, 

Y  noble  antiguedad 

Hafla  efla  nueflra  edad  Ò^c. 
Igual  nobreza  tinha  fua  Mãy  D.  Maria 
da  Sylva  fendo  filha  de  Ruy  Mendes  de 
Vafconcellos  Senhor  das  Villas  de  Figuei- 
ró, e  Pedrógão.  Poílo  que  naõ  frequentou 
as  efcolas,  como  era  dotado  de  vivo  enge- 


348 


BIBLIOTHE  CA 


nho  fe  fez  fuficientemente  douto  naõ  fó  pe- 
la continua  applicaçaõ  com  que  revolvia 
os  livros  dos  Authores  mais  celebres,  mas 
pela  comunicação,  que  tinha  com  os  va- 
roens  eruditos,  principalmente  com  o  Séne- 
ca Portuguez  Francifco  de  Sá,  e  Miran- 
da, como  fe  manifeíla  pela  Egloga  affima  al- 
legada,  e  pela  7.  que  começa. 

EJlas  nuejlras  C,amponas,  las  primeras 

E  na  Carta  5. 

Qtiando  eu  vi  correr  pardaos 

Por  Cabeceiras  de  Bajlo. 

De  cujo  litterario  comercio  fe  feguio 
efcrever  em  algumas  matérias  de  diverfas 
profiííoens,  das  quaes  como  muitas  tranfce- 
deílem  os  limites  da  prudência,  e  outras  a  ef- 
féra  dos  feus  eftudos,  cahio  em  erros  mani- 
feftos,  por  cuja  caufa  algumas  faõ  prohibi- 
das  no  Index  Expurgatorio  de  Portugal,  e 
Caftella.  As  que  chegarão  à  noíTa  noticia 
faõ  as  feguintes. 

Tratado  fobre  o  Evangelho  de  S.  JoaÕ  In 
principio  erat  Verbum,  dividido  em  vários 
difcurfos  cheyos  de  doutrina  Catholica.  M.  S. 

Keforma  do  EJlado  Ecclejiajlico,  cuja  obra  aca- 
bou em  Bailo  no  anno  de  1578.   He  prohibida. 

Dos  erros  do  Rejno  de  Portugal  M.  S.  fem 
o  feu  nome. 

Vergel  de  proejas,  e  virtudes  heróicas  da  Fami- 
lia  dos  Vafconcellos  M.  S. 

Principios,  e  progreffos  das  familias  illufires 
de  Portugal.  M.  S. 

Tardes  de  Entre  Douro,  e  Minho. 

Obra  igualmente  amena,  e  erudita.  Cõ- 
fervava-fe  na  Livraria  do  EminentiíTimo  Car- 
deal de  Soufa  4. 

Carta  muito  extenfa  efcrita  em  29.  de  Outubro 
que  confiava  de  vinte  e  cinco  folhas  remetida  a  feu 
Parente  na  qual  referia  todos  os  feitos  de  feus 
Avôs,  e  Bifavas  por  refpeito  de  certa  fazenda  a 
qual  requeria  para  fi. 

Tratado  fobre  as  palavras  Ecce  duo  gladij 
hic,  onde  trata  das  jurisdiçoens. 

Dialogo  entre  o  gallo,  e  outro  animal  fobre  aquelle 
verfo  do  Pfalmo  Lex  Domini  immaculata;  no 
qual  deo  alguns  erros  por  fallar  largamente 
contra  o  Papa,  Comendas,  e  Eílado  Monacal. 
Nelle  perfuadia  fer  útil,  que  a  Biblia  andaíle 
vertida  em  Portuguez. 

Tratado  em  que  mofira,  que  nem  mulheres, 


nem  pejjoas  Ecclefiafiicas  devem  governar  Senho- 
rios, e  as  caufas  porque\ 

Carta  a  Pedro  de  Alcáçova  Carneiro  cuerca 
do  Senhorio,  e  herança  da  Villa  de  Figueiró.  He 
muito  larga,  cheya  de  erudição  fagrada,  e 
profana  com  huma  forte  inveftiva  contra 
a  Ley  Mental. 

ANTÓNIO  PEREYRA  REGO  natural 
da  celebre  Villa  de  Ponte  de  Lima  da  Provin- 
da de  Entre  Douro  e  Minho,  Cavalleiro  pro- 
feíTo  da  Ordem  de  Chrifto,  e  filho  de  Fernando 
Pereyra  Rego,  e  Margarida  Salgado  decen- 
dentes  de  nobres  familias.  Defde  a  adolefcen- 
cia  fe  inftruyo  com  aquellas  artes  dignas  do 
feu  nacimento  fendo  taõ  valerozo  na  Campa- 
nha contra  os  inimigos  da  Pátria,  como  defiro, 
e  ayrozo  no  manejo  dos  Cavallos,  ágil,  e  fciente 
no  jogo  das  Cavalhadas,  e  naõ  menos  infigne 
no  exercício  da  caça  aíTim  das  aves  como  das  fe- 
ras naõ  havendo  alguma,  que  efcapaíTe  à  pon- 
taria dos  feus  tiros,  cujas  excellentes  partes 
reduzio  a  hum  Romance  feu  particular  amigo 
Jeronymo  da  Motta  Abbade  de  Magaens  que 
eílá  impreíTo  no  principio  da  obra  que  pubUcou 
intitulada. 

Infiruçaõ  da  Cavallaria  da  Brida  com  hum  copiofo 
tratado  da  Alveitaria.  Coimbra  por  Jozé  Ferreira. 
1679.  4.  &  ibi  por  JoaÕ  Antunes.  171 2.  4. 
Começa  o  Romance. 
Donde  o  h.ima  a  ponte  morde 
Com  dentes  de  Chrifial  fino 
Povo  que  naõ  fó  os  Cavalos 
Mas  taõbem  enfrea  os  rios. 
António   Pereira  P>.ego 
Naceo,  e  defde  menino 

Em  ve^  da  cana  pueril  \ 

Montou  os  brutos  altivos.  ~, 

De  nobre  Sangue  gerado,  l 

E  de  acçoens  heróicas  filho;  -j 

Naõ  fej  qual  feja  mais  nobre 
O  herdado  ou  o  adquirido,  f&c.  n 

ANTÓNIO  PEREYRA  DE  SAMPAYO 
filho  de  Gafpar  Vieyra,  e  Mariana  Pereira  na- 
ceo na  Cidade  do  Porto  a  21.  de  Março  de  i69i^ 
Foy  Vigário  da  Freguezia  de  Santo  André  de 
Giaõ  da  Comarca  da  Feira  no  Bifpado  do  Porto 
da  aprezentaçaõ  das  Religiofas  de  S.  Bento  da. 
dita  Cidade,  em  cujo  miniílerio  dezempenhou  as^ 


LUSITANA. 


349 


I  (Ic  Parocho  vigilante,  onde  mor- 
\i"  I  (Ic  julho  de  17)8.  Traduzio  da  Lin- 
•     i  '    III  lhana  cm  a  Portugueza. 

/   w/  íío  Confejponario  do  P.  Fr.  Jaymt 

Corelha  i .  P.  à  qual  acrcccntou  a  explicação  dos 
Cazos  refervados  em  todos  os  Bifpados  defte 
Reyno,  cuja  obra  que  enchia  768.  paginas  de 
folha  concluio  em  o  anno  de  175).  e  naõ  deo 
i  impreíTaõ  por  lhe  conílar  que  outrem  tinha 
ji  prompta  com  as  licenças  eíla  traducçaõ. 

D.  ANTÓNIO  PEREYRA  DA  SYLVA 
natural  de  Britiandos  na  Província  de  Entre 
Douro,  e  Minho,  filho  de  Francifco  Pereyra 
da  Silva  Senhor  de  Britiandos,  e  de  D.  Joanna 
de  Noronha  filha  de  Damiaõ  de  Souza  de 
Menezes  Senhor  de  Franccmil,  Commenda- 
'  dor  de  S.  Mamede  de  Canellas  na  Ordem  de 
Chriílo.  Na  Univerfidade  de  Coimbra  rece- 
beo  o  gráo  de  Doutor  na  faculdade  de  Theo- 
logia,  c  a  Beca  de  CoUegial  do  Real  Q)llcgio 
lie  S.  Paulo  em  50.  de  Junho  de  1669.  Foy 
('onego  da  Cathedral  de  Évora,  e  Dcpu- 
i:ido  da  Inquifiçaõ  defta  Qdade  de  que  tomou 
poíTe  em  3.  de  Outubro  de   1684.  e  o  foy 

lõbem  da  Junta  dos  Três  Eílados.    A  fua 

rande  capacidade  illuílrada  com  a  fcien- 
ua  o  elevou  ao  Bifpado  de  Elvas  no  anno 
tle  1701  donde  o  chamou  a  Mageílade  del- 
Rey  D.  Pedro  II.  para  feu  Secretario  de  Ef- 
tado.  Foy  transferido  para  a  Cathedral  do 
Algarve  em  14.  de  Novembro  de  1704.  onde 

xercitando  vigilantemente  o  oííicio  Paftoral 
ucabou  a  carreira  da  vida  entre  as  fuás  ove- 
lhas a  17.  de  Abril  de  171 5.  Foy  muito  appli- 
cado  ao  eíhido  Genealógico  de  que  efcreveo 
hum  grande  volume,  que  continha. 

Arvores  Genealógicas  das  Famílias  da  Provin- 
da de  Entre  Douro,  e  Minho.  foi.    E  outras  mais 

>bras  femelhantes,  como  efcreve  o  P.  D. 
António  Caetano  de  Soufa  fazendo  mençaõ 
das  que  compuzera  no  Apparat.  à  Hijl.  Geneal. 
da  Cafa  Real  Poriug.  pag.  145.  n.  171.  Delle 
fe  lembraõ  Fr.  Manoel  de  Sá  nas  Mem.  HiJl. 
dos  Efcrit.  da  Ordem  do  Carmo  cap.  62.  Ignac. 
de  Carvalho,  e  Soufa  no  Cathal.  dos  Bi/p. 
de  Elvas,  e  meu  Irmaõ  o  P.  D.  Jozé  Bar- 
bofa  nas  Mem.  Hijlor.  do  Colleg.  de  S.  Paul. 
pag.  222.  n.  133.  et  in  Archiath.  Lujit. 
pag.  59- 


Syha  Pereira  reget  Paflor  velut  itulytus  urhem 
EJbenfem,   Mitra  haculoque  infifftis,   et  inde 
Farenjem,    quam   ceifa   caput   venerantur   opima 
^fft^t  quihus  pofitum  vetus  eft  Algflrbia  nomen, 
Scrinia    quam  promptá   traãabit   reffa    mentt7 

ANTÓNIO  PERES  natural  da  Pro- 
víncia do  Alentejo,  grande  Medico»  e  Q- 
rurgiaò,  cujas  artes  exercitou  com  fortuna, 
e  fciencia  em  CaAella  merecendo  por  eilas 
o  lugar  de  Grurgiaõ  Mór  delRey.  Com- 
pôs. 

Summa,  y  examen  de  Cirurgia  eon  expo- 
ficion  breve  d»  algunas  /entendas  de  Hipócra- 
tes. Alcala  por  SebaíUan  Martines.  1575. 12. 
Çaragoça  por  Alonfo  Rodrigues  1604.  c 
Valência  por  Martin  ECpsLTTOi.  1643.  c  cm 
outras  partes. 
Nefta    obra    promete    que    havia    imprimir. 

Tratado  delas  pajjiones  delos  bueffos.  e  outros 
opufculos. 

Pelo  tempo,  e  lugar  que  occupou  de 
Cirurgião  Mór  parece  fer  Author  do  livro 
intitulado. 

Tratado  dela  pejle,  y  Jus  caujas.  Madrid 
por  Luiz  Sanches.  1598.  8.  Pofto  que  Nicol. 
Ant.  na  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  117.  o 
atribua  a  outrem.  Delle  fe  lembra  Joan. 
Soar.  de  Brito  in  Theatr.  Eufit.  Utter.  lit.  A. 
n.  105. 

P.  ANTÓNIO  PESSOA  natural  do 
Crato.  Entrou  na  Companhia  de  Jefus  em 
Évora  a  6.  de  Junho  de  161 7.  onde  eíhidou 
humanidades,  e  as  fciencias  efcolaílicas.  Mor- 
reo  no  Collegio  de  Évora  a  18.  de  Novem- 
bro de  165 1.   Compoz. 

Ortho^afia   Praãica. 

Delle,  e  da  obra  faz  memoria  o  P.  Fran- 
cifco da  Fonfec.  na  Evor.  Glorio/,  pag.  427. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  PIEDADE  na- 
tural de  Lisboa,  onde  recebeo  o  Habito  da 
illuílre  Religião  da  Santiflima  Trindade,  a 
qual  illuílrou  aíTim  na  Cadeira,  como  no 
Púlpito  tendo  igual  talento  para  eíles  dous 
taõ  differentes  miniílerios.  Pela  liçaõ  da 
Theologia,  foy  Prefentado  neíla  faculdade, 
fendo  na  intelligenda  da  Sagrada  Efcritura, 
e   nas   doutrinas   dos    Santos   Padres   muito 


35o 


B  IB  LIO  THE  CA 


verfado,  e  eminente.  Morreo  na  pátria  a  5. 
de  Junho  de  1690.  com  83.  annos  de  idade. 
Deixou  prompto  para  a  impreíTaõ. 

In  Genejim  explanatio.  Tom.  i .  uhi  tam  Theo- 
logica  quajiiones,  quám  'PhilologiccB  ad  hoc  opus 
pertinentes  ventilantur,  nec  non  et  morales  etiam  in 
Concionatorum  ujum.  Cum  quadruplici  índice, 
Qmjlionum  mus,  Sacra  Scriptura  locorum  alter, 
rerum  memorahilium  tertius,  et  ad  Conciones  totius 
anni  conficiendas  quartus.  foi.  Conferva-fe 
M.  S.  na  Livraria  do  Convento  de  Lisboa. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  PIEDADE.  Naceo 
na  Cidade  da  Bahia  de  todos  os  Santos  Capi- 
tal da  America  Portugueza  no  anno  de  1660. 
Eíludou  as  primeiras  letras,  e  Filofojfia  na 
Pátria,  onde  tomou  o  gráo  de  Meftre  em  Artes, 
e  largando  o  feculo  recebeo  o  Habito  Carme- 
litano  no  anno  de  1679.  Foy  Lente  de  Filofo- 
íia,  e  Theologia  na  Vigairaria  do  Maranhão, 
por  cuja  liçaõ  jubilou  em  27.  de  Junho  de  1694. 
A  fua  grande  madureza  acompanhada  de  igual 
modeília  o  fez  digno  de  fer  duas  vezes  Prior 
do  Convento  do  Pará,  Vigário  Provincial  do 
Maranhão,  e  ComiíTario  da  Bulia  da  Crufada 
no  mefmo  Eílado,  de  cujo  Bifpado  foy  Gover- 
nador, Provifor,  e  Viíitador  Geral  no  anno 
de  1693.  por  ComiíTaõ  do  feu  Bifpo  D.  Fr. 
Francifco  de  Lima.  Vindo  a  efte  Reyno  voltou 
para  a  fua  Pátria,  onde  foy  Prior  do  Convento 
da  Bahia,  e  Definidor  perpetuo.  A  o  feu 
ardente  zelo  fe  deve  o  fruto  efpiritual,  que 
abundantemente  fe  colheo  da  Miílaõ  de  Aldeya 
de  Japaratubá  no  Certaõ  do  rio  de  S.  Francifco 
da  Praya,  fendo  o  primeiro  Inílituidor, 
e  Miflionario  deíla  Sagrada  empreza,  e  como 
tal  conhecido,  e  venerado  por  grande  Letrado, 
bom  pregador,  e  exemplar  Religiofo.  Com 
eftes  honoríficos  titulos  o  nomea  Fr.  Manoel 
de  Sá  nas  Memor.  Hijl.  dos  Efcrit.  Portug. 
da  Ordem  do  Carmo  cap.  10.  pag.  30.  Com- 
poz. 

Sermão  das  "Exéquias  da  Serenijftma  Kainha 
N.  Senhora  D.  Maria  Sofia  Isabel  de  Neoburg 
pregado  em  19.  de  Abril  de  1700.  na  Villa  de 
Santo  Amaro  das  Grottas  do  Rio  de  Sergipe. 
Lisboa  pelos  herdeiros  de  Miguel  Deflan- 
des.  1703.  4. 

Sermão  de  Santa  Tòere^a  pregado  no 
Convento     dos     Keligiofos     Carmelitas     Defcal- 


fos  da  Bahia  em  17.  de  Outubro  de  1697.  em  o 
terceiro  dia  da  fefta,  que  os  Keligiofos  Def calços 
fit^eraÕ  na  aperiçaõ  do  novo  Templo.  Lisboa  na 
dita  Officina.  1703.  4. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  PIEDADE  naceo  na 
Villa  de  Santarém  a  25.  de  Outubro  de  1675, 
e  foy  bautizado  na  Parochial  de  S.  Juliaõ  a  2. 
de  Novembro  do  dito  anno.  Teve  por  Pays 
a  António  Nogueira  de  Araújo  Mampoíleiro 
Mòr  dos  Cativos,  e  Efcrivaõ  Proprietário  do 
Geral  da  Villa  de  Santarém,  e  a  Joanna  Maria 
Cardofa.  Quando  contava  20.  annos  de  idade 
bufcou  com  heróica  refoluçaõ  a  Religião  Será- 
fica profeíTando  o  auftero  Inílituto  da  Provín- 
cia da  Arrábida  em  o  Convento  de  N.  Senhora 
da  Conceição  de  Alferrara  junto  da  Villa  de 
Setúbal  a  13.  de  Mayo  de  1696.  Foy  Lente  de 
Theologia,  Qualificador  do  Santo  Officio, 
Vifitador  da  Provincia  de  Santo  António,  e 
Chronifta  da  fua  Provincia,  cujo  miniílerio 
defempenhou  efcrevendo  os  princípios  deíla 
Reforma,  os  Varoens  infignes,  que  nella 
floreceraõ,  as  fundaçoens  dos  Conventos  de 
que  fe  forma,  e  os  privilégios,  e  benefícios, 
que  recebeo  da  munificência  dos  Reys  Portu- 
guezes,  e  Sereniflimos  Duques  de  Bragança. 
Deíla  obra  fomente  publicou  a  primeira  parte 
por  lhe  impedir  a  morte  acabar  a  fegunda, 
que  jà  eftava  muito  adiantada,  com  efte  titulo. 

Efpelho  de  Penitentes,  e  Chronica  da  Provin- 
da de  Santa  Maria  da  Arrábida  da  regular,  e 
mais  ejireita  obfervancia  da  Ordem  do  Seráfico 
Patriarcha  S.  Francifco  no  Inftituto  Capucho. 
Lisboa  por  Jozè  António  da  Sylva  ImpreíTor 
da  Academia  Real.    1728.  foi. 

Morreo  no  Hofpicio  do  Hofpital  de  Lis- 
boa a  20.  de  Dezembro  de  173 1.  com  56. 
annos  de  idade,  e  36.  de  Religião. 

Delle,  e  da  Obra  fazem  memoria  na  fua 
Bib.  Francifc.  Tom.  i.  pag.  122.  Fr.  Joaõ 
de  Santo  António,  e  o  P.  Ignacio  da  Piedade 
Vafconcellos  Hifior.  de  Santarém.  Part.  2. 
Liv.  2.  cap.  33. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  PIEDADE  natu- 
ral da  Povoa  de  S.  Martinho  do  Arcebif- 
pado  de  Lisboa  filho  de  António  Ferreira, 
e  Anna  Nunes.  Profeííou  o  Habito  de  Ere- 
mita de   Santo  Agoftinho  no   Convento  de 


L  USITANA. 


35 1 


N.  Senhora  da  Graça  de  Utboft  em  28.  de 

Sricrnbro  dc  1710.  Depois  de  diâar  aos  fcus 
>l  nu  nicos  as  íciencias  mayores,  jubilou  na 
li  1 1  nlogia,  e  nella  he  Prefentado. 
6cndu  cm  o  anno  de  1726.  Prior  do  G)nvento 
de  Santarém  foy  convidado  pelo  bom  nonse, 
<]ue  tinha  de  Orador  Evangélico  para  pregar 
«  Ginonizaçaõ  de  S.  Joaõ  da  Cruz  collocado 
;  saquelic  anno  no  Githalogo  dos  Santos,  cujo 
Sermau  imprimio  com  o  titulo  feguinte. 

Triumfo  ghriojo  do  reformado  Carmelo  na 
Coftonizafad  do  Jeçiundo  Elias  S.  Joaõ  da  Crtr^ 
pregado  no  ultimo  dia  do  Solemne  Trid/w,  com  que 
s  fejlejaraõ  os  Keligiofos  Padres  Carmelitas 
De/calços  da  Villa  de  Santarém.  Lisboa  por 
Miguel  Rodrigues  1727.  4. 

li  Fr.  ANTÓNIO  DA  PIEDADE  natural 
I  de  Lisboa  filho  dc  D.  Francifco  Xavier  dc 
Menezes  quarto  Conde  da  Ericeira,  Deputado 
(l;i  Junta  dos  trcs  Eftados,  Meftre  dc  Campo 
clcncral  Confclheiro  de  Guerra,  e  Ccnfor  da 
Academia  Real  de  cuja  peflba  faremos  larga 
memoria  em  feu  lugar,  c  dc  D.  Joanna  de 
I  ancaílro  filha  dc  D.  Luiz  Lobo  da  Silveira 
fegundo  Conde  de  Sarzedas.  Inftruido  na 
erudita  efcola  do  feu  grande  Pay  naõ  degene- 
rou daquelles  dotes  fcientificos,  com  que  fe 
illuftra  a  Cafa  de  Menezes  fempre  fecunda  de 
Heroes  para  as  paleílras  de  Marte,  e  de  Mi- 
nerva, e  depois  de  fahir  perito  nas  Letras  Hu- 
manas paflbu  à  Univerfidade  onde  foy  Por- 
c:»niíla  do  Collegio  de  S,  Pedro  recebendo 
..  Beca  a  28.  de  Março  de  1707.  Applicou-fe 
ao  eftudo  de  Direito  Pontifício,  e  nelle  fez  taes 
progreflbs  o  feu  vivo  engenho,  que  recebeo 
nefta  faculdade  as  infignias  Doutoraes.  Sendo 
Meftre  Efcola  da  infigne  Collegiada  de  S. 
Thomé  da  Capella  Real  movido  de  fupe- 
rior  infpiraçaõ  largou  o  mundo,  e  com  elle 
as  bem  fundadas  efperanças  das  mayores 
dignidades,  que  lhe  fegurava  o  feu  illuftre 
nacimento,  e  no  Seminário  dos  MiíTionarios 
do  Varatojo  profeíTou  em  19.  de  Julho  de 
17 16.  o  Seráfico  Inftituto  mudando  o  nome 
de  D.  Fernando  António  de  Menezes,  que 
tinha  no  Século,  em  o  de  Fr,  António  da 
Piedade.  Defta  exemplar  Comunidade  paíTou 
obrigado  de  juftas  caufas  para  a  Provinda 
de  Portugal,    onde   foy   Vifitador   no   anno 


de  1750.  fendo  agora  Padre  da  mefnu  Pro- 
vinda, e  Examinador  Synodal  do  Patriar- 
chado.  Dos  muitos  Sermoens,  que  tem  pre- 
gado nos  mais  authorifados  Púlpitos  da 
Corte  fomente  viraõ  á  luz  publica  os  feguíntes. 

Ora^aÒ  fmehre  nas  exéquias  do  Excellentijftmo 
D.  Filippe  Mafcarenhas  JI.  Conde  de  Coadim 
celebradas  pela  Venerável  Ordem  Terceira  da 
Penitencia  no  Convento  de  S.  Vrancijco  da  Cidade 
de  IJshoa  em  21.  de  Aíayo  de  1755.4. 

SermaÕ  da  Canonit^açaÕ  de  S.  JoaÕ  Fran- 
cifco Rejais  no  quinto  dia  do  feu  Outavario 
27.  de  Setembro  em  que  a  Companhia  de 
JESUS  celebra  as  Vefperas  da  fua  Confir- 
mação pregado  na  Igreja  de  S.  Roque  Cafa 
profejfa  da  mefma  Companhia.  Lisboa  na 
Officina  da  Mufica,  e  Sagrada  Religião  de 
Malta  1759.  4- 

Fazem  dclle  memoria  o  Doutor  Manod 
Pereira  da  Sylva  Leal  no  Cathalog.  dos  Por- 
cionifl.  do  Colleg.  de  S.  Pedro.  §.  51.  e  o  P. 
D.  António  Caet.  de  Souf.  na  Hifl.  Geneal. 
da  Cafa  Real  Portug.  Tom.  5.  Liv.  6.  pag.  378. 

ANTÓNIO  PIMENTA  natural  de  San- 
tarém, e  contemporâneo  do  celebre  Meftre  de 
Grammatica  Jeronymo  Cardofo,  e  pela  feme- 
Ihança  dos  eftudos,  e  coflximes  muito  feu  cor- 
dial amigo,  como  teflificaõ  as  cartas  14.  e  47. 
do  mefmo  Cardofo  a  elle  efcritas,  e  os  Poemas 
19.  20.  21.  22.  do  Livro  2.  das  £/?^wj  conftando 
deftas  expreíToens  poéticas  quanto  era  celebre 
o  feu  nome  entre  os  eruditos  por  fer  muito 
douto  nas  Letras  Humanas,  e  na  eleganda 
da  Poefia  dizendo  no  Poema  19. 
"Nata  fupremi  Jovis  ò  T balia 
Einque  Pamajfi  geminum  cacumen 
Et  juga,  (&  faltus  Heliconis,  atque 

Pocula  Dirces. 
Hac  vel  imprimis  Jubeo,  voloque 
Rebus  ut  cunãis  facias  reliãis 
Ut  mei  Antoni  caput  eruditum 

Floribus  ornes. 
Nedie  quamprimum  violis  coronam 
Et  rofis  rubris,  niveifq  textam 
A.dde,  qui  fervant  puerum  nitentem 

Nomina  flores. 
Si  lares  hujus  rofftas,  domumque 
Certior  fies,  breviter  docebo, 
Hinc  petas  teãa  Scalabis  vetufla 


352 


BIBLIOTHECA 


Mania  clara. 
Ille  ob  injtgnes,  varia/que  dotes 
Quas  habet,  cunãis  cekhratus  Oris 
Hum  eques,  plebs  colit,  (ò"  Senator, 

Vulgus,  (&  omne. 
Injuper  doais  habet  expolitum 
A.rtibi{s  peãus,  Veterum  putabis 
Numen,    <ò>'    clarum    ingenium    virorum 
Vivere  in  illo. 
Naõ  lhe  faz  diíFerente  elogio  em  outro 
lugar  dizendo 

Quijquis  Palladia  cupit  palejira 
Doãior  fieri,  Juumqtie  peãus  "^ 

Virtutis  Jludiis  polire  pulchre 
Antonij  PiperiJ  requirat  fedes 
Quo  nemo  eft  melior,  modefiiorque 
A.ut   do£íus    magis,    aut    magis    dijertus. 
Deixou   muitas   obras   poéticas,   e   cartas 
latinas  lembrando-fe  de  duas  Jeronymo  Car- 
dofo  na  Carta  47.  que  lhe  efcrevera,  fendo 
merecedoras  da  luz  publica. 

ANTÓNIO  PIMENTA,  ou  de  LESSA, 
filho  de  Diogo  Pimenta  do  Avelar,  e  Maria  de 
LeíTa  naceo  na  Villa  de  Torres  novas  da  Dioce- 
fe  de  Lisboa  no  anno  de  1620.  Ao  tempo  que 
efhidava  Lógica  com  os  Padres  Jefuitas,  abra- 
çou o  feu  InJftituto  quando  contava  quinze 
annos  de  idade  a  3 1.  de  Outubro  de  163  5 .  onde 
tendo  acabado  o  Curfo  Filofofico,  e  principiado 
o  Theologico  obrigado  de  cauzas  urgentes  fa- 
hio  da  Companhia,  e  paíTando  à  Univeríidade 
de  Coimbra  naõ  fomente  fe  applicou  ao  eíbido 
da  Theologia,  mas  também  do  direito  Canónico 
recebendo  em  ambas  eílas  faculdades  o  gráo  de 
Doutor.  Sendo  muito  douto  neftas  Sagradas 
fciencias,  ainda  foy  mais  eminente  na  Mathe- 
matica,  para  cujo  eíludo,  como  elle  confeíTa  em 
huma  das  fuás  obras,  teve  defde  a  idade  de 
fete  annos  particular  génio,  e  incUnaçaõ,  e  de 
tal  forte  fe  augmentou  que  no  conceito  dos  ho- 
mens mais  eruditos  nefta  faculdade  naõ  tinha 
Portugal  outro  que  lhe  foíle  igual.  Eíla  geral 
aclamação  moveo  aos  Cathedraticos  de  Coim- 
bra a  que  por  imiforme  voto  de  todos  fofle 
eleito  Meiire  deíla  fciencia  na  Univerfidade, 
cujo  minifterio  exercitou  por  alguns  annos 
com  grande  credito  do  feu  nome;  naõ  fendo 
inferior,  o  que  confeguio  nos  lugares  de  Pro- 
thonotario   Apoílolico,   Afeílor   do   Núncio, 


Parocho  da  Igreja  de  S.  Paulo  de  Lisboa,  e 
ultimamente  Prior  da  Igreja  de  S.  Pedro  de 
Torres  novas.  Teve  huma  numeroza  Livraria 
que  fe  compunha  a  mayor  parte  de  livros  de 
Mathematica,  e  Theologia  Moral.  Morreo 
na  fua  Pátria  em  Novembro  de  1 700,  com  ou- 
tenta  annos  de  idade.  Publicou  muitas  obras 
na  língua  Portugueza  com  o  nome  fuppofto 
de  Manoel  Gonçalvez  da  Cofta  morador  no 
lugar  de  Peras  Alvas,  fendo  as  que  chega- 
rão à  noíTa  noticia,  as  feguintes. 

Tratado  nas  ^phemeridas  de  Melides,  em  o 
qual  refuta  certas  opinioens  de  Manoel  Alvares  Ga- 
Ihano  Medico  de  Almada  divulgadas  no  feu  Prognof- 
tico  do  anno  de  1662. 

Noticias  Aflrologicas,  e  univerfaes  influenciai 
das  EJlrellas.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck 
1659.  4. 

Brachilogia  AJlrologica  do  Sol,  L.ua,  e  Ef- 
trellas  (&c.  Coimbra  por  Thomé  Carvalho. 
1670.  4. 

Colloquio  jocofo  entre  hum  Efludante,  e  hum- 
paflor  em  quefe  declaraõ  os  nomes,  e  effeitos  dos  Pla- 
netas, e  Signos  celefles  com  o  prognojlico  do  anno  de 
1686.  Coimbra  por  Jozé  Ferreira.  1685.  8. 
Obras  que  fahiraõ  com  o  feu  nome. 

Sciographia  da  nova  Pojiimajia  celefle,  e  do  por- 
tentoso Cometa,  que  apareceo  no  anno  de  1664. 
Lisboa  por  Domingos  Carneiro  1665.  4. 

Nefta  obra  trata  doutamente  da  matéria, 
e  forma  dos  Cometas,  e  nella  Gramai .  5.  pag^ 
21.  promete  para  fe  imprimir. 

AJironomia  fimples  vifual. 

Nova,  e  ate  entaõ  defconhecida  Quadratura 
do  Circulo.  Sahio  impreíTa  em  Lisboa  em  pou- 
cas paginas,  publicando  para  mais  copioíâ. 
expUcaçaõ  da  dita  obra  a  feguinte  em  Latina^ 
e  CaíleUiano. 

Epiphania  admirabilis  Ifonomia  Trigoni,  Cir- 
culi,  et  Quadratura,  á  quibus  emanat  vera  Circuli 
Quadratura  cujuslibet  anguli  divijio  in  non  tot,  quin 
plures  partes,  Jive  pares,  Jive  impares,  et  inter 
datas  duas  lineas  duarum  mediarum  proportio- 
nalium  inventio;  omnia  geometrice  demonjirata. 
Ulyífipone  apud  Dominicum  Carneiro. 
1685.  4. 

Nefta  obra  de  que  faz  larga  mençaõ 
o  Giornak  de  Eitterati  dei  anno  de  1687. 
pag.  56.  aííirma  fer  eUe  o  primeiro  que  ex- 
trahio   das  trevas  em  que  jaziaõ  fepultadas 


L  USITAN A. 


353 


as  propriedades  do  Trigono  Circulo,  e  Qua- 
>  Irado  ignoradas  pelos  Princepes  da  Aílrono- 
11)11,  c  Geometria  Archimedes,  e  Euclides. 
Se  dezcmpenhou  eíla  aíTcveraçaÕ,  fomente 
o  podem  teílemunhar  os  profeíTores  deílas 
Artes. 
Addicionou. 

Breve  recopilarão  dos  Ca/os  refervados  nas 
Conjlittríçoens  novas  defte  Arcebifpado  de  Lisboa, 

\   e  nas  wais  dos  outros  Arcebif pados,  e  Bif pados 
dtfle   Kejno  de   Vortugal  compoftas  por  Manoel 

\  honrenço  Soares.    Lisboa  por   Henrique  Va- 
lente de  Oliveira  i6$8.  H.  Deixou  Aí.  S. 
Antiguidades,  e  excellencias  da  Jtia   Pátria. 

ANTÓNIO  PIMENTEL  natural  de 
Lisboa  muito  douto  na  faculdade  de  Direi- 
to Civil,  c  celebre  patrono  de  caufas  Forcnfes. 
Por  morte  de  fua  mulher  querendo  dedi- 
car-fe  a  Dcos,  fc  aggrcgou  aos  Clérigos 
Menores  que  de  Itália  tinhaõ  vindo  a  eJfta 
Corte  com  o  intento  de  fundarem  nella  hu- 
ma  Cafa,  porém  naõ  confeguindo  o  feu  de- 
lignio  voltou  com  ellcs  para  Roma,  onde 
com  os  feus  Companheiros,  que  entaõ  ha- 
l)itavaõ  na  Praça  Agonal,  e  agora  exiftem 
cm  Saõ  Lourenço  in  Lucina  fe  occupou 
como  felicito  Parocho  no  efpiritual  paílo 
das  fuás  ovelhas.  Voltando  para  Caílella 
com  igual  fama  de  virtude,  que  fciencia 
morreo  pouco  antes  do  anno  de  1656.  Com- 
po2. 

Cartilha  para  faber  ler  em  Chrijlo  Com- 
pendio do  livro  da  vida  eterna.  Lisboa  por 
George  Rodriguez.  1628.  12.  Sahio  acre- 
centada.  Lisboa  por  Henrique  Valente  de 
Oliveira  1656.  8.  e  por  Joaõ  Galraõ  1684.  e 
Coimbra  por  Jozé  Ferreira  1674.  8. 

Manual  da  alma;  arte  para  bem  morrer, 
efpelho  da  vida  perfeita.  Lisboa  por  Lourenço 
de  Anvers.    1644.    12.   e   em   outras   partes. 

Huma  imagem  de  Chrijlo  Crucificado  em 
huma  efiampa  com  diverfas,  e  pias  infcripçoens, 
e  o  aão  de  Contrição.  Roma  in  8.  na  lingua 
Italiana. 

ANTÓNIO  DE  PINA  Guarda  Mór  do 
porto  da  Villa  de  Cafcaes  efcreveo  em  for- 
ma de  dialogo  aíTim  para  os  paíTageiros  que 
vem  embarcados  em  as  náos  da  índia  para 


Lisboa,  como  para  os  Pilotos  que  as  cof- 
tumaõ  introduzir  no  porto  ddla  Cidade  a 
feguinte  obra  que  intitulou. 

Ke ff  mento  da  Carreira,  e  barra  dê  Sai  GiaÕ 
com  o  modo,  e  trafa  delia  em  prtffmUu  porqm 
devaõ  fer  examinados  os  Pilotos,  ipm  oiaurtm  ii 
meter  por  ella  as  náos  da  índia,  que  vem  da  viagem 
com  as  repoflas,  que  devem  dar  os  que  tiverem  a 
suficiência,  praÚica,  e  experiência,  que  fe  requere 
para  os  haverem  por  examinados.  Vqy  tudo  em 
preguntas,  e  repoflas.  Feito  em  Cafcaes  a  i^.  de 
Julho  de  160).  Confervavafe  na  Bibliotheca 
de  Manoel  Severim  de  Faria  Chantre  de  Évora. 

ANTÓNIO  DE  PINA.  Teve  igual  ta- 
lento para  a  Poefía,  que  para  a  Mufica,  de  cujas 
faculdades  produzio  diverfos  frutos  impri- 
mindo. 

Vilbancicos  duas  Partes  8. 

D.   ANTÓNIO  PINHEIRO.   Naceo  na 

Villa  do  Porto  de  Mós  da  Diocefe  de  Leiria,  c 
foy  filho  de  Pedro  Braz  do  Couto,  e  Leonor 
Alvares  Pinheira,  neto  pela  parte  paterna  de 
Braz  Annes  do  Couto,  e  pela  materna  de  Ál- 
varo Fernandes  Pinheiro  Padroeiro  da  Capella 
de  S.  Sebaíliaõ  na  Igreja  de  Saõ  Pedro  da  Villa 
de  Porto  de  Móz.  A  boa  Índole,  e  vivo  enge- 
nho que  logo  na  infância  moftrou  f>ara  as  letras 
moveo  ao  Sereniflimo  Rey  D.  Joaõ  o  III. 
para  o  mandar  inílruir  nas  fciencias  humanas, 
e  divinas  no  Collegio  de  Santa  Barbara  de 
Pariz,  de  que  era  Reytor  o  inílgne  Diogo 
de  Gouvea.  Nefta  litteraria  paleílra  fez  taes 
progreííos  o  feu  grande  talento,  que  bre- 
vemente paíTou  de  difcipulo  a  Meftre  ex- 
plicando com  geral  acclamaçaõ  daquella  fa- 
mofa  Corte  o  livro  Terceiro  das  Oraçoens 
de  Quintiliano  que  depois  illuftrou  com  eru- 
ditos commentarios.  A  opinião  do  feu  no- 
me era  taõ  celebre,  que  fendo  já  pequena 
esfera  o  dilatado  Reyno  de  França  fe  exten- 
deo  até  Portugal,  por  cuja  caufa  o  man- 
dou ElRey  D.  Joaõ  o  IH.  que  voltaíTe  pa- 
ra a  Pátria.  Obedeceo  promptamente  à 
ordem  do  feu  Soberano,  e  tanto  que  che- 
gou, o  fez  Meilre  dos  Moços  Fidalgos,  que 
frequentavaõ  o  Palácio,  e  depois  determi- 
nou que  o  foíTe  unicamente  do  Princepe 
D.  Joaõ  feu  filho.    Eíle  foy  o  preludio  das 


28 


354 


B IBLIO THE  CA 


honras,  com  que  eíle  Monarcha  remunerou 
os  feus  altos  merecimentos,  o  qual  conhe- 
cendo que  era  capaz  dos  lugares  mais  hono- 
rificos  o  fez  feu  Capellaõ,  Pregador,  e  Confe- 
Iheiro,  Chronifta  Mór  do  Reyno  em  cujo  lugar 
fubílituhlo  a  Fernaõ  de  Pina,  encomendando- 
Ihe  efcreveíTe  a  vida  de  feu  auguílo  Pay  ElRey 
D.  Manoel.  Depois  foy  Guarda  Mór  do  Ar- 
chivo  Real,  Viíitador,  e  Reformador  da  Uni- 
verfidade  de  Coimbra,  cujo  minifterio  exerci- 
tou no  anno  de  1565.  Entre  taõ  diverfos,  e 
authorizados  lugares  fempre  confervou  a 
graça  defte  Princepe,  e  o  que  he  mais  digno 
de  admiração,  que  a  mereceo  ainda  mayor 
com  ElRey  D.  SebalHaõ,  e  o  Cardial  D.  Hen- 
rique conciliando  ella  afeéhiofa  inclinação, 
naõ  por  artifícios  da  lizonja,  que  cofhimaõ 
praétícar  os  Palacianos,  mas  como  efcreve  o 
P.  Balthezar  Telles  Chron.  da  Prov.  de  Vortug. 
Part.  2.  liv.  6.  cap.  18.  n.  12.  por  Jm 
muita  virtude,  como  pela  conhecida  eminência 
de  Jua  grande  habilidade,  muita  eloquência,  e 
conhecimento  que  tinha  naÕ  menos  de  letras  di- 
vinas, que  das  humanas  e  no  livr.  4.  cap.  5. 
n.  3.  homem  doutijfimo,  e  muj  erudito  em  le- 
tras humanas.  Foy  infígne  Orador  Latino, 
cuja  eloquência  arrebatava  a  atenção  dos 
mayores  profeíTores  deíla  arte  fendo  hum 
delles  o  infigne  Jeronymo  Cardofo  affir- 
mando  na  Epiíl.  63.  a  elle  efcrita,  que  lhe 
roubara  fuavemente  a  alma  pelos  ouvidos. 
Naõ  foy  menos  feliz  na  eloquência  Portu- 
gueza  do  que  era  na  Latina  fendo  fempre 
nomeado  pelos  noíTos  Monarchas  para  Ora- 
dor das  mayores  funçoens,  ou  foilem  Sagra- 
das, ou  politicas  concorrendo  todo  o  género 
de  peíloas  a  ouvillo  como  Cicero  Portugue^ 
qual  o  intitula  Manoel  de  Faria,  e  Soufa  no 
Coment.  de  Camoens  Cant.  i .  Eftanc.  3  3 .  ou  como 
Oráculo  daquella  idade,  que  aífim  o  appelida  Jorge 
Cardofo  na  Prefação  do  Tom.  3 .  do  Agiologio  JLu- 
fitano.  A'  profundidade  das  fuás  letras  corref- 
pondia  a  vigilância  do  feu  zelo  nas  duas  Dio- 
cefes  de  Miranda,  e  de  Leyria,  que  como  Soli- 
cito Paílor  governou  fendo  aílumpto  à  primeira 
no  anno  de  1 5  64.  e  à  fegunda  no  de  1 5  79.  admi- 
niítrando  em  huma,  e  outra  os  Sacramentos, 
frequentando  os  Hofpitaes,  repartindo  lar- 
gas efmolas,  e  ornando  fumptuofamente  os 
Templos.   Nunca  fahio  da  fua  Diocefe  fe  naõ 


obrigado  do  preceito  do  feu  Princepe  ou  de 
alguma  urgente  necelTidade  pertencente  à 
confervaçaõ  da  Monarchia,  como  foy  quan- 
do diíTuadio  a  ElRey  D.  Sebaftiaõ  da  infe- 
liz jornada  de  Africa,  e  na  occafiaõ  em  que 
por  morte  do  Cardial  D.  Henrique  foy  man- 
dado por  Embaxador  a  ElRey  Filippe  II. 
para  lhe  reprefentar  com  a  eficácia  das  fuás 
palavras  naõ  invadilfe  efte  Reyno  antes  de 
fe  declarar  juridicamente  qual  era  o  feu  le- 
gitimo Suceílor,  AíTiílindo  em  Lisboa  foy 
acometido  da  ultima  infermidade,  e  rece- 
bendo com  fumma  piedade  os  Sacramentos 
paíTou  a  melhor  vida.  Qrdenou  no  feu  Tefta- 
mento  que  o  feu  Corpo  foíTe  fepultado  na 
Capella  de  S.  Sebaíliaõ,  que  tinha  edificado 
na  Collegiada  de  S.  Pedro  da  fua  pátria,  como 
com  effeito  fe  executou.  Além  dos  Authores 
allegados  o  louvaõ  com  grandes  elogios  Af- 
fonfo  Garcia  Matamor.  de  Acad.  et  doais  Vir. 
Hifp.  in  Hifpan.  lllujlrat.  Tom.  2.  pag.  815. 
propter  ingenium,  et  artes  liherales  quihus  ejl  infii- 
tutus,  et  illudjuum  commentandi  genus,  quo  lihrum 
Quinãiliani  Jane  difficilem  ennarravit  philofophis, 
et  eloquentice  fiudiofis  non  improbandus.  Valer. 
And.  Taxand.  in  Cathal.  Ciar.  Hifpan.  Script. 
Eftes  dous  efcritores  lhe  chamaõ  por  erro 
Bartholameu.  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  120.  Cunha  in  Decret.  Part.  2.  Cap.  Archi- 
diac.  diít.  83.  n.  10.  e  na  Hi^.  Ecclef.  de  Brag. 
Part.  2.  cap.  78.  n.  6.  grande  Pregador,  e  grande 
Valido  delKey  D.  Henrique,  e  D.  Filippe, 
e  no  Cathal.  dos  Bifp.  do  Port.  Part.  2.  cap. 
40.  Poyares  Paneg.  da  Vill.  de  Barcel.  cap. 
18.  Brit.  Mon.  'Lujit.  Part.  i.  liv.  i.  cap.  30. 
chamandolhe  infigne.  Manoel  Sever,  de  Far. 
'Not.  de  Portug.  pag.  74.  v.o  Herrer.  Hifl.  de  Por- 
tug.  lib.  3.  n.  80.  infigne  perfonage  en  letras,  y 
virtud,  y  muy  efiimado.  Coíla  na  epifl.  dedicai, 
a  D.  Theod.  1.  Duque  de  Brag.  do  Epithalam. 
dos  Princep.  D.  Duart.  e  D.  I^ab.  Vir  in  omni 
litterarum  genere  doãij/imus,  ac  'Lujitani  inge- 
nij  rarum  fpecimen.  Brito  in  Theatr.  iMfit. 
'L.itter.  lit.  A.  n.  106.  vir  eloquentijftmus  Fr. 
Fernand.  da  Soled.  Hifi.  Seraf.  da  Prov.  de 
Portug.  Part.  4.  Hv.  4.  cap.  29.  n.  991 
Homem  doutijfimo  na  lingua  Latina.  Franc 
Synopf  Annal.  Soe.  Jef.  in  'Lujitan.  pag.  74 
n.  8.  Orland.  Hifl.  Societ.  Hb.  15.  n.  98.  Fr 
Pedro    Monteiro    Claufl.    Domin.    Tom.     3 


LUSITANA. 


355 


P*g'  3'^-  fofiofo,  e  tloqmitiffimo  Pregador 
dtlKey  D.  JoaÕ  o  III.  Fr.  Martinho  do  Amor 
de  Dcos  Còroft.  da  Prov.  dt  S,  Aníon.  Tom. 
I.  liv.  I.  cap.  23.  §.  570.  ÍHjiffit  Prigftdor  dúquellis 
ttmpos. 
Compoz. 

CommentariJ,     ó^    annotatioms    in     Marc. 
1  Fabiurn   QiàntiHammi    de    InfliMione    Oratória 
iim  iijdem  Inftitutiombus.  Vcnct.  apud  Hycro- 
iiimum  Scotum.   1)67.   foi.  et  Parifíis  apud 
Vaícofanum.  1569.  foi. 

Summario  da  prigaçaõ  fúnebre,  que  o  Douíor 
In/onio  Pinheiro  Prfj^ador  de/Rey  N.  Senhor 
jc:^^  por  Jeu  mandado  no  dia  da  tresladaçaõ  dos 
offos  dos  muito  altos,  e  muito  poderofos  Princepes 
I  i/Rey  D.  Manoel  feu  Pay,  e  a  Rainha  D.  Maria 
ia  Míiy  de  louvada  memoria.  Lisboa  por  Gcr- 
maõ  Galhard  Imprimidor  dclRcy  NoíTo  Se- 
nhor 155 1.  4. 

OraçaÕ  que  fe^  pfra  o  J/4ramento  do  minto 
alto,  e  muito  excellente  Princepe  Dom  JoaÕ  Pay 
delRej  D.  Sebajiiaô  nojfo  Senhor  para  o  qual  jura- 
mento chamou  a  Cortes  o  muito  alto,  e  muito  po- 
deroso Rey  D.  JoaÕ  o  III.  que  Deos  tem,  em  Almei- 
rim, e  o  dia  do  Juramento  em  que  o  dito  Príncipe 
recebeo  da  maõ  do  muito  alto,  e  muito  excellente 
Cardeal  o  Infante  D.  Henrique  feu  tio  o  Sacra- 
mento da  Confirmação  na  Capella  dos  Paços  de 
dita  Villa.  Lisboa  por  Joaõ  Alvares  Impref- 
for  delRey  1563.  4. 

Repojla  do  Procurador  de  Lisboa  leterado  que 
foy  o  Doãor  Lopo  Va!(^  a  qual  por  mandado  del- 
Rey D.  JoaÕ  o  III.  lhe  fe^  o  Doãor  António  Pi- 
nheiro para  elle  a  di^er.  Lisboa  pelo  mefmo 
Impreflbr,  e  anno. 

Praãica  na  acclamaçaÕ  delRey  D.  Sebajliaõ. 
Sahio  impreíTa  na  Hift.  Sebaíl.  liv.  i.  cap.  3. 
pag.  15.  e  nas  minhas  Mem.  delRey  D.  Sebafl. 
Part.  I.  liv.  I.  cap.  4.  n.  33. 

¥alla  que  fe^  à  Rainha  D.  Catherina  em  nome 
do  Povo  de  Lisboa,  para  que  naÕ  largajfe  a  Regência 
da  Monarchia  no  anno  de  1561.  Sahio  impreíTa 
na  HiJl.  Ecclef.  de  Braga  Part.  2.  cap.  75.  n.  6. 
compoíla  por  D.  Rodrigo  da  Cunha,  e  na  Hifl. 
Sebajiic.  do  P.  Fr.  Manoel  dos  Santos  Monge 
Ciílercienfe  Chronilla  deíle  Reyno,  e  Aca- 
démico da  Academia  Real  Uv.  i.  cap.  10. 
pag,  62.  e  nas  minhas  Mem.  delRey  D.  Sebafl. 
Part.  I.  liv.  2.  cap.  3.  n.  34. 
Traduzio  de  Latim  em  Portuguez. 


OrafaÕ  obediência/  que  recitou  no  armo  de 
1 562.  em  nome  delKiy  D.  SebafliaÕ  o  Doutor  Bel' 
cbior  ComeJo  no  Concilio  Trídentino.  Impreílas 
nas  minhas  Mem.  delRey  D.  Sebafl.  Part.  2.  liv,  x. 
cap.  I.  n.  8.  G^nneça. 

PoJJo  que  fempre  a  folemnidade  dos  Sagrados 
Concílios  fi^c. 

OraçaÕ  que  fe^  fi^  Sal  la  dos  Paços  da  Ribeira 
nas  primeiras  Cortes  que  fe^  o  muito  alto,  e  muito 
poderofo  Rey  D.  SebafliaÕ  o  primeiro  nojfo  Senhor 
governando  feus  reynos,  e  Senhorios  a  muita  alta, 
e  muito  poderofa  Rainha  D.  Catherina  fua  Apò 
nojfa  Senhora.  Lisboa  por  Joaõ  Alvarez  Im- 
prcíTor  delRey  1563.  4.  e  nas  minhas  Mem. 
delRey  D.  Sebafl.  Part.  2.  liv.  i.  cap.  12.  n.  93. 
OraçaÕ  recitada  em  Thomar  quando 
foy  levantado,  e  jurado  por  Monarcha  dejla 
Coroa  Fellipe  Prudente  em  16.  de  Abril  de 
i)8i. 

OraçaÕ  recitada  nas  Cortes  de  Thomar  cele- 
bradas a  20.  de  Abríl  de  1 5  8 1 . 

OraçaÕ  recitada  no  Auto  do  Juramento  que 
em  Thomar  fe  fe^i  do  Príncepe  D.  Diogo  em  z^. 
do  Abril  de  1 5  8 1 . 

Eílas  trez  Oraçoens  fahiraõ  impreflas 
com  as  Cortes  de  Thomar  no  anno  de  1584. 
in  foi.   fem  lugar  nem  nome  do  Impreflbr. 

OraçaÕ  recitada  nas  Cortes  de  Almeirim 
a  II.  de  Janeiro  de  1580.  Defta  obra  fSaz  me- 
moria o  P.  D.  António  Caetano  de  Soufa 
Hifl.  Geneal.  da  Cafa  Real  Portug.  Tom.  3. 
liv.  4.  cap.  18.  pag.  652. 

Entre  as  obras  de  Miguel  de  Cabedo 
que  foraõ  impreflas  com  as  de  André  de 
Refende  Romae  apud  Bemardum  Baflam 
1597.  8.  à  pag.  501.  efl:á  huma  carta  Latina 
muito  elegante  de  D.  António  Pinheiro  ef- 
crita  ao  dito  Cabedo  em  o  anno  de  1571.  a 
qual  começa. 

Teneor  incredibili  defiderío  tui  Micbael 
mi  <ò'c. 

No  Tratado  de  Crepufculis  compoflio  pelo 
infigne  Mathematico  Pedro  Nunes  impreflb 
Conimbricae  apud  Antonium  Mariz.  15  71. 
foi.  efl:á  hum  feu  epigramma  em  applaufo 
do  Author  que  começa. 

Cynthia    qtta    rapidis    noãuma    crepufcula    bi- 
gis. 

Epitáfio  a  Fr.  Thomaz  da  Coíla  da  Or- 
dem  dos    Pregadores    Pregador    delRey   D. 


356 


BIB  LIO  THE  CA 


Joaõ  o  III.  o  qual  fixou  efcrito  em  huma 
folha  de  papel  fobre  a  fua  fepultura  que  os 
Padres  (faõ  palavras  do  infigne  Chronifta  Fr. 
Lui2  de  Soufa  na  Hift.  de  S.  Domingos  Part.  2. 
liv.  6.  cap.  18.)  mandarão  recolher,  e  guardar, 
porque  inda  que  nunca  confiou  do  Author,  fabiafe 
com  certev^a  fer  Secular,  e  fojpeitava-fe  que  feria 
outro  Pregador  delRej,  grande  Jeu  devoto,  e  naõ 
inferior  em  letras,  e  púlpito.  Começa. 
Hk  quanvis  properes,  tantifperfifte  viator. 

Pauca  legens  nofces  quijacet  in  tumulo, 
Coníla  de  17.  Dyílichos,  e  eftá  impreflb  à  pag. 
264.  da  Part.  2.  da  Hifi.  de  S.  Domingos  aíTima 
allegada. 

Obras  M.  S. 

Panegyrico  de  Plinio  a  Trajano  traduzido  em 
Portuguez,  cujo  Original  fe  conferva  na  Livra- 
ria da  Cartuxa  de  Évora.  Delle  tem  hum  exem- 
plar M.  S.  o  Excellentiflimo  Conde  da  Ericeira 
na  fua  SeleâdíTima  Bibliotheca  que  vimos. 
Delia  obra  faz  honorifica  mençaõ  Manoel 
Severim  de  Faria  nos  Difcurf  Var.  pag. 
74.  v.o. 

Oração  ohediencial  que  deo  a  Paulo  IV.  D. 
Affonfo  de  Alencafiro  Commendador  Mór  da 
Ordem  de  Chrifio  em  nome  delKej  D.  Joaõ  o  III. 
Começa. 

Pofio,  que  o  mui  poderofo  Key  de   Portugal. 

Oração  para  fe  recitar  no  Capitulo  da  Ordem 
militar  de  S.  Tiago.    Começa. 

AJJim  como  foy  conveniente  que  no  principio 
da  Igreja.  <&c. 

Oração  para  o  Capitulo  da  Ordem  militar 
de  Avis.    Começa. 

Huma  das  grandes  excellencias  da  Keligiaõ 
Chrifiaã  &€. 

Carta  efcrita  a  Fr.  Agofiinho  Prior  do  Con- 
vento de  Thomar  fobre  o  ca^o,  que  aconteceo  a 
ElRey  D.  Joaõ  o  3.   Começa. 

Naõ  efcrevi  a  V.  P.  as  novas  defia  terra. 

Parecer  a  cerca  do  ut^o  da  Afirologia  Começa. 

Pareceume  necejjario  para  quietar  conciencias, 
e  reprimir  alguns  movimentos  <&c. 

Praãica  confolatoria  que  fe^  a  ElRej 
D.  Joaõ  o  III.  pelo  falecimento  de  fua  filha 
a  Princesa  D.  Maria  mulher  do  Princepe  D.  Fe- 
lippe.    Começa. 

Se  como  o  ufo  das  coufas  as  fa^  leveis,  e  com- 
portáveis.   He  larga,  e  erudita. 

Todas  eftas  obras  vimos  juntas  em  hum 


volume  com  outras  muitas  cartas  fuás  efcri- 
tas  a  vários  Cavalheros. 

Advertências  de  coufas  antigas  de  Portugal; 
as  quaes  (diz  Fr.  Bernardo  de  Brito  na  Mm. 
L,ufit.  Part.  I.  liv.  i.  cap.  28.)  SaÕ  dignas  do  feu 
engenho,  e  as  allega  muitas  vezes  principal- 
mente liv.  2.  cap.  4.  e  10.  liv.  4.  cap.  2.  da  i, 
Part.  da  Mon.  Lufif. 

Traãatus  in  Pfalmos  Davidicos. 

Tratado  da  eloquência  da  lingua  Portuguet^a. 

Sermoens  vários  i.  Tom.  que  fe  con- 
fervava  na  Livraria  de  D.  Anton.  Alvarez 
da  Cunha  como  affirma  que  nella  o  vira  o 
P.  Francifco  da  Cruz  nas  Memorias  para  a 
Bib.  Portug. 

Repofia  a  huma  carta  Satyrica  que  fe  lhe 
fez.  Começa  Gens  inimica  mihi  que  he  o  que  me 
quereis"?  M.  S.  na  Biblioth.  do  Cardial  Souía. 

Sermaõ  pregado  no  Convento  de  Belém  na 
folemnidade  da  bençaÕ  da  Bandeira  que  fe  entregou 
ao  Senhor  D.  António  quando  foy  para  Tangere 
M.  S.  Conferva-fe  na  Livraria  do  Excellen- 
tiíTimo  Marquez  de  Abrantes. 

ANTÓNIO  PINHEIRO  natural  de 
Monte  Mór  o  novo  da  Provinda  do  Alen- 
tejo difcipulo  do  grande  Meítre  de  Mufica 
Francifco  Guerreiro  com  quem  chegou  a 
contender  na  excellencia  deíla  Arte  enfinan- 
do-a  com  tal  methodo  que  fahiraõ  da  fua 
efcola  famofos  difcipulos.  Foy  Meílre  da 
Capella  Ducal  de  Villa-Viçofa,  donde  paf- 
fou  a  exercitar  efte  miniílerio  na  Cathedral 
de  Évora,  onde  morreo  a  19.  de  Jimho  de 
161 7.  Entre  os  mais  illuíires  teílemunhos, 
que  deixou  delia  faculdade  foy  hum  volu- 
me grande  que  confiava  do 

Cântico  da  Magnificat.  cantado  por  diver- 
fas  vozes  com  particular  artificio,  o  qual  fe 
conferva  na  Biblioth.  Real  da  Mnjica. 

ANTÓNIO  DE  PINHO  natural  da 
Villa  de  Abrantes  do  Bifpado  da  Guarda. 
Foy  moço  do  Coro  da  Cathedral  de  Évo- 
ra, e  Cantor  na  mefma  Sé,  naõ  fendo  me- 
nos fuave  na  Mufica,  que  na  Poefia,  para 
cuja  arte  teve  natural  inclinação  compon- 
do em  verfo  heróico. 

Vida,  e  martírio  do  Infante  Santo  D.  Fer- 
nando filho  deíRey  D.  JoaÕ  o  I. 


i 


\ 


LUSITANA. 


357 


Cujo  Poema  tinha  em  feu  poder  no  anno 
de  161 9.  feu  filho  Manoel  de  Pinho  para 
o  imprimir,  porem  naõ  logrou  eílc  benefi- 
cio. 

ANTÓNIO  PINHO  DA  COSTA  Ca- 
yalleiro  profeflb  da  Ordem  de  Chriílo,  exer- 
citou a  vida  militar  na  índia,  principalmente 
na  Gdade  de  Cochim  onde  foy  morador  mui- 
tos annos,  e  Cidadão.  O  tempo  que  lhe  reílava 
do  exercido  de  Soldado  o  gaílava  louvavel- 
mente em  compofiçoens  mais  próprias  de 
hum  profeíTor  das  letras,  que  das  armas  im- 
primindo a  fcguinte  obra  que  dedicou  ao 
Marquez  de  Niza. 

A  verdadeira  Nobreza.  Lisboa  na  Officina 
Crasbecckian.  i6;o.  4.  c  1655.  8. 

Dividife  cm  trcs  livros  o  i .  trata  das  coufas 
ptrtenctntes  à  religião  Cbriftaá,  1.  das  /res  virtudes 
Cardiaes  Prudência  ]njliça,  e  Fortale:(a  5 .  da  Tem- 
ptrança,  e  outras  virtudes  qtte  delia  procedem. 


,  \       ANTÓNIO  DE  PINO  natural  da  Cidade 
I  de  Leyria  dotado  de  engenho  jocofo  para  a 

•  I  Poefia  de  que  deixou  no  tempo  que  afTiftia  em 

I !  Fkndes  por  teílemunho  da  fertilidade  da  fua 

»j  vcya. 
j        FeJUvas  elegias.  1656.  4. 

i 

ANTÓNIO  PINTO  natural  de  Lisboa,  naõ 
fomente  iníigne  na  faculdade  de  Leys  nas  quaes 
recebendo  o  gráo  de  Doutor  na  Univerfidade 
de  Coimbra,  illuftrou  o  Senado  de  Lisboa  com 
o  lugar  de  Dezembargador  dos  aggravos,  de 
que  tomou  poíTe  a  3.  de  Dezembro  de  1575. 
mas  na  elegância,  e  pureza  com  que  fallava  a 
língua  Latina,  e  na  Poefia  de  todo  o  género 
como  entre  os  profelTores  mais  celebres  defta 
arte  o  numera  com  grande  louvor  Pedro  San- 
ches na  Epiílol.  ad  Ignat.  Moralium  de  Poet. 
Latiu. 

Pintus  adeft  alter,  Pinttis  cui  carmina  Jeepe 
Plura  dedid  Peean,  quám  prabent  littora  conchas 
Quâm  fert  Hybla  thymum,  quàm  Ladon  vohit 

arenas. 
Por  eftes  fingulares  dotes  o  elegeu  por  feu 
Secretario  o  infigne  Heróe  Lourenço  Pirez 
de  Távora,  quando  foy  por  Embaxador 
a  Roma,  e  tanto  confiou  da  fua  prudente 
aétividade,    que    lhe    cometeo    no    anno    de 


1561.  a  grave  incumbência  de  partir  ao  PreAe 
Joaô  com  cartas  de  Pio  IV.  e  delRey  D.  Se- 
luíliaf)  para  que  o  Emperador  daquelle  vafto 
Império  manda/Te  feus  Hmbaxadores,  que  aHir- 
tiíTem  no  Concilio  Trídentino.  O  mefmo  lugar 
de  Secretario  exercitou  com  D.  Fernando 
de  Menezes  líml^axador  na  Cúria  recitando 
no  anno  de  1566.  a  Oraçaò  Obediencial  em 
nome  delRey  D.  Sebaíliaô  na  prezença  de 
S.  Pio  V.  novamente  fublimado  ao  trono  de 
S.  Pedro  a  qual  imprimio  em  Roma  com  efte 
titulo. 

Oratio  obedientialis  ad  Sanãijftmum  Domi- 
num  D.  Pi/tm  V.  obedientiam  praftante  D,  Fer- 
dinando  de  Menei^es  Sebafliani  Regis  nomine.  4. 

Oratio  de  Scientiaram  omniitm,  magnarum- 
que  artium  lat4de  habita  apud  tmiverjam  Conim- 
bricenfem  Academiam  Kalend.  O^ob.  1555.  Ad 
lllujlrijfimum  D.  Joamtem  Dtuem  de  Aveiro. 
Conimbricx  apud  Joannem  Alvares  Typ. 
Reg.  1555-  4- 

Keffs  Sebafliani  infelix  bellum,  Ó^  obitus. 
Poema  em  verfo  heróico  que  fe  naõ  imprimio 
por  naõ  querer  rifcar  a  palavra  Fatum  que  a 
indifcreta  critica  do  Cenfor  que  examinou  a 
obra,  mandava  tirar. 

Cartas  originaes  fendo  Kefldente  em  Roma  de/de 
o  anno  1562.  até  1572.  para  Lourenço  Pirer^  de 
Távora.  M.  S.  Confervaõ-fe  na  Livraria  do 
Excellentiífimo  Marquez  de  Abrantes. 

ANTÓNIO  PINTO  Prior  da  Villa  de 
Arganil  do  Bifpado  de  Coimbra  compoz,  mas 
naõ  imprimio. 

Dialogo  moral  fobre  o  Pfalmo  50.  Mife- 
rere  mei  Deus  fendo  interlocutores  Santo  Agofti- 
nho,  e  Platão. 

ANTÓNIO  PINTO  DA  CUNHA 
natural  da  Villa  de  Provezende  na  Provín- 
cia Trafmontana.  Depois  de  eíhidar  na  Uni- 
verfidade de  Coimbra  a  faculdade  dos  Sa- 
grados Cânones,  e  receber  o  Grào  de  Ba- 
charel nefta  faculdade  foy  eleito  Reytor  da 
Igreja  S.  Joaõ  Bautiíta  fituada  no  Couto  de 
Provezende  fua  pátria,  cuja  paítoral  occu- 
paçaõ  exercitou  com  louvável  procedimen- 
to atè  acabar  a  vida  em  idade  muito  prove- 
£fa,  com  faudade  das  fuás  ovelhas  a  22.  de 
Março   de   171 5.     Foy  Prothonotario  Apof- 


358 


BIBLIO  THECA 


tolico,  e  Pregador  de  nome  deixando  para 
teílemunhas  do  talento,  que  tivera  para  o 
Púlpito,  os  Sermoens  feguintes. 

Sermão  dos  Pajfos  de  Chrijlo  Senhor  Nojfo. 
Lisboa  por  António  Crasbeeck  de  Mello 
Impreflbr  de  S.  Alteza.  1670.  4. 

Sermaõ  da  Virgem  Maria  Senhora  Nojfa  em 
X)  dia  dajua  AjfimpçaÕ  pregado  em  ajua  Igreja  de 
Chaves.  Lisboa  pelo  dito  Impreflbr,  e  no  mef- 
mo  anno  4.  e  Coimbra  por  Joaõ  Antunes 
1692.  4. 

ANTÓNIO  PINTO  DA  FONSECA 
Capitão  General  do  Sul  em  a  índia  Oriental, 
que  depois  de  exercitar  acções  heróicas  nas 
Campanhas  de  Flandes,  França,  e  Alemanha 
as  obrou  em  o  Oriente  contra  os  inimigos 
■da  Religião,  e  do  Eílado  com  grande  credito 
•do  feu  nome.    Efcreveo. 

Carta  à  Santidade  de  Urbano  VIII.  efcrita  em 
z").  de  Outubro  de  1628.  em  que  lhe Jupplica  a  bea- 
tificação do  Venerável  Fr.  Lui^  da  Cru^  Religiofo 
Menor  da  Provinda  da  Madre  de  Deos  da  índia 
Oriental,  a  qual  traz  imprefla  Fr.  Jacinto  da 
Madre  de  Deos  na  Chron.  da  mefma  Provín- 
cia cap.  6.  Artic.  13.  pag.  344.  Da  obra,  e  do 
Author  fe  lembra  o  moderno  Addicionador 
■da  Bib.  Occid.  de  António  de  Leaõ.  Tom.  2. 
Tit.  33.  col.  841.  Dando-Uie  o  appelido  de 
■Corrêa  em  lugar  de  Fonfeca. 

ANTÓNIO  PINTO  PEREIRA  natural  da 
Villa  de  Mogadouro  do  Bifpado  de  Miranda, 
filho  de  Pays  Nobres,  e  muito  mais  illuftre  pela 
fciencia  da  Hiíloria  Politica,  e  elegância  na  frafe 
com  que  efcrevia,  por  cujas  partes  o  elegeo  o 
prudentiíTimo  Infante  D.  Luiz  para  Secretario 
de  feu  Filho  o  Senhor  D.  António.  Deixou 
efcrita,  e  fe  imprimio  depois  da  fua  morte  por 
deligencia  de  Fr.  Miguel  da  Cruz  Religiofo 
<la  Ordem  Militar  de  Chriílo. 

Hijioria  da  índia  no  tempo  em  que  a  governou 
o  Vifo-Rej  D.  Luiíi  de  Atayde.  Coimbra  por 
Nicolào  Carvalho  1617.  foi.  Deíla  obra,  e  do 
Author  faz  memoria  António  de  Leon  Bib. 
Orient.  Tit.  3.  Deixou  também  incompleta 
outra  Hiíloria  da  índia  cuja  primeira  parte 
coníla  áojitio  da  Ilha  de  Goa,  e  do  fundamento  dos 
EJlados  do  HidalcaÕ,  e  Ni:(amaluco.  Começava  o 
I.  Capitulo.  A  Ilha  de  Goa,  em  que  hà  humapopu- 


loja  Cidade  do  me/mo  nome,  (&€.  E  acabava  im- 
perfeitamente no  cap.  5  2.  Defta  obra  fomente 
fe  começou  a  imprimir  o  2.  Livro,  fendo  a 
caufa  porque  os  Fidalgos,  que  fe  tinhaõ  achado 
neíles  dous  cercos  de  Goa,  e  Chaul  queriaõ, 
que  fe  divulgaflem  as  proefas  militares,  que 
nelles  obrarão  para  que  ferviflem  de  publico 
memorial  a  ElRey  D.  Sebaíliaõ  por  onde  fof- 
fem  remunerados,  porém  coníiderando  eíic 
Príncipe,  que  naõ  podia  ao  mefmo  tempo  pre- 
miar tantos  merecimentos  para  naõ  fer  arguido 
de  menos  refto  na  diílribuiçaõ  dos  prémios, 
fe  naõ  publicou  eíla  Hiíloria  onde  fe  rektavaõ 
as  façanhas  obradas  por  feus  Vaflallos. 

Efcreveo  cartas  elegantijfimas  das  quaes  fe 
formou  hum  Livro  de  juíla  grandeza. 

Verteo  de  Italiano  de  Pedro  Bembo  em 
Portuguez. 

Tratado  dos  Defpoforios. 

Delle  fazem  mençaõ  Nicol.  Ant.  in  Bib. 
Hifpan.  Tom.  i.  pag.  120.  e  Joan.  Soar.  de 
Brit.  in  Theatr.  L.ufit.  Utter.  Ut.  A.  n.  107. 

P.  ANTÓNIO  PIRES  natural  da  Villa  de 
Caftello  Branco  de  Bifpado  da  Guarda.  En- 
trou na  Companhia  de  JESUS  em  6.  de  Março 
de  1548.  e  fendo  ainda  Noviço  paflbu  com  o 
iniigne  operário  Evangélico  o  P.  Manoel  da 
Nóbrega  em  o  anno  de  1550.  ao  Braíil  para 
armunciar  o  Evangelho  aos  Bárbaros,  ou  refor- 
mar os  coftumes  dos  Chriftãos.  Tanto  que  che- 
gou à  Bahia  partio  para  Pernambuco,  em  cuja 
agrefte  vinha  empregou  todo  o  feu  difvello  in- 
trodufindo  a  frequência  dos  Sacramentos  por 
haver  muitos,  que  os  naõ  recebiaõ  no  dilatado 
efpaço  de  quinze  annos,  e  defterrando  a  incon- 
tinência, e  a  ambição  de  acumular  riquezas,  e  de 
reduíir  os  gentios  a  opreflaõ  de  hum  duro  cati- 
veiro. Contra  todos  eíles  formidáveis  moníbos 
publicou  cruel  guerra  o  valorofo  efpirito  deíle 
apoftolico  Varaõ  fendo  innumeraveis  os  ludí- 
brios, que  padeceo,  e  os  perigos  a  que  expoz  a 
vida  em  taõ  difíicultofa  emprefa;  porém  com 
o  auxiUo  de  Deos,  e  affiílencia  de  Duarte  Coe- 
lho Governador  daquelle  Eílado  triumfou 
de  todos  os  obftaculos  reduíindo  ao  fuave 
jugo  do  Evangelho  os  que  viviaõ  como  feras, 
admirando  todos  a  repentina  transformação 
daquella  Babilónia  confufa  em  Cidade  de 
refugio  para  aquelles,  que  queriaõ  obfervar 


I 


L  USITANA. 


OS  preceitos  da  Ley  Evangélica.  Informado 
o  Bifpo  da  Bahia  D.  Pedro  Fernandes  Sardi- 
,  iil)a,  logo  que  chegou  ao  feu  Bifpado,  do  fruto 
erpiritual,  que  tinha  colhido  eíle  operário  apof- 
tolico  lhe  ordenou,  que  em  feu  nome  vifitaíTe 
aquella  Capitania,  cuja  cmpreza  executou  com 
íumma  prudência,  e  fuavidade.    Ultimamente 

Imais  atenuado  de  trabalhos,  que  de  annos  foy 
receber  o  premio  dos  Teus  merecimentos  na  be- 
maventurança  devendo-fe  gravar  por  epitáfio  na 
fua  fcpultura  o  elogio,  que  eíU  efcrito  na  Hiji. 
Societ.  ad  ann.  1572.  Part.  5.  Lib.  8.  n.  287.  Ad 
nliquas  llrajilia  clades  Antonij  Peres  ohihu  accejftt, 
qm  Provinciam  loco  Nobre^  adminijlrabat  è  pri- 
mis  ejus  cultoribus,  <ò^  apiid  domejlicos  aqm,  eu 
populum  virtutis  opinione  venerabilis  6.  Kalend. 
AprUis  tribits,  €>*  viffníi  annis  in  Jocietate  tra- 
\  d$tãis  fere  qtãnqua  genarius  obiit.  Semelhantes 
elogios  lhe  fazem  Guerreiro  Glor.  Cor.  de 
esforçad.  Kelig.  da  Comp.  Liv.  3.  cap.  2.  Telles 
C.})ron.  da  Comp.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i. 
l.iv.  5.  cap.  10.  Vafconcel.  Chron.  da  Prov. 
do  Brafil  Liv.  i.  à  num.  108.  atè  114.  Franc. 
Imag.  da  Viriud.  em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2. 
Liv.  2.  cap.  15. 
Efcrevco 

Dt4as  cartas  aos  Padres  do  Collegio  de  Coim- 
bra em  que  trata  das  duas  Miffoens  em  Pernam- 
buco efcritas  nefta  Capitania,  a  primeira  em  11. 
de  Agojlo  de  1 5  5 1,  e  a  Jegunda  no  mejmo  anno. 
Sahiraõ  vertidas  em  Italiano.  Venecia  por 
Miguel  Tramefino.  1559.  8.  que  pofto  naõ 
trazem  o  feu  nome,  certamente  faõ  fuás  por 
ferem  conformes  às  que  fe  guardaõ  no  Archivo 
da  Cafa  ProfeíTa  de  S.  Roque  de  Lisboa  onde 
eílaõ  as  feguintes 

Carta  de  Pernambuco  em  ^.  de  Junho  de  1552. 
aos  Padres  de  Portugal. 

Carta  ao  Padre  Provincial  em  19.  de  Julho 
de  1558. 

Outra  ao  meJmo  Provincial  Bahia  w.  de  Se- 
tembro de  1558. 

Carta  aos  Irmãos  da  Companhia  em  22.  de 
Outubro  de  1560. 

ANTÓNIO  PIRES  GALANTE  na- 
tural da  Villa  de  Idanha  Nova  na  Província 
da  Beyra,  taõ  douto  na  Rhetorica  Eccle- 
fiaílica,  como  na  Sagrada  Theologia.  Foy 
Beneficiado  na  Igreja  de  S.  Pedro  de  Évora, 


359 

e  baAaotemente  perito  na  Língua  Italiana  da 
qual  verteo  em  Portugucz 

Corti  Santa  do  P.  Nicoláo  Caujino  da  Compa- 
nhia dê  JESUS,  Lisboa  por  Domingos  Lope» 
Roza  1652.  8. 

Trabalhava  em  traduíir  do  mefmo  idioma 
em  o  nutcrno  os  Paradoxos  Motaes  de  Ale- 
xandre Sperello  Bifpo  de  Eugubio,  que  depois 
verteo  em  a  Lingua  latina  D.  Luiz  Voltolini 
Qerigo  Regular  Theatino,  c  fahiraô  Franco- 
furti  ad  Maenum  apud  Laurentium  Kronin- 
gerum  1698.  4.  2.  Tom.  cum  (ig.  dos  quaes 
fomente  publicou  o  primeiro  qual  era 

Que  o  mundo  menor  he  mais  grande,  que  o  major. 
Lisboa  na   Oflficina  Crasbeeckian.    1652.   4. 

ANTÓNIO  PIRES  GONGE  natural  de 
Santarém  mulato,  que  degenerava  para  negro,. 
de  eftatura  alta,  mas  de  engenho  mais  fublime 
aíTim  nas  Letras  Humanas,  que  enílnou  pelo 
largo  efpaço  de  quarenta  annos  como  na  Poe- 
fia,  ou  foíle  Cómica,  ou  Satyrica,  naõ  podendo 
diílinguir  os  mayores  profeíTores  deíla  arte  em 
qual  foíTe  mais  prompto,  e  cadente,  fe  na 
compofiçaõ  dos  Verfos  Latinos,  ou  vulgares. 
Naõ  foy  menos  feliz  na  profa  levando  fempre 
a  palma  em  todos  os  certames  literários,  que 
na  Univerfidade  de  Coimbra  fe  fizeraõ  para 
cultura  da  Oratória.  Pela  irregiilaridade,  que 
lhe  proveyo  de  hum  homicídio,  que  fizera, 
naõ  paílou  da  Ordem  de  Diácono.  Vivia 
pelos  annos  de  1603.  e  1604.  Compoz  além 
de  muitos  Diálogos,  e  Comedias,  muitos 
Autos   Portuguezes   fendo   os   mais   celebres 

Auto  da  infame  Cidade  de  Pentapolis. 

Auto  do  Nacimento  de  Chriflo. 

Auto  da  'Epifania. 

Auto  da  KefurreiçaÕ  de  Chriflo. 

Auto  de  Santa  Maria  Magdalena. 

Auto  da  Rainha  Sabà. 

Auto  de  Babilónia. 

Auto  fobre  aquellas  palavras  do  EMongelba 
Vigilate  mecum. 

ANTÓNIO  PIRES  DA  SYLVA  na- 
tural da  Gdade  de  Bragança  da  Diocefe  de 
Miranda.  Com  a  mefma  applicaçaõ,  e  dif- 
velo  com  que  aprendeo  Medicina,  e  tomou 
nella  o  Grào  de  Licenciado  na  Univerfida- 
de  de   Coimbra,   a   exercitou  nas   Villas   de 


3óo 


BIBLIO THECA 


Alafoens,  Aveiro,  e  Thomar  com  grande  cre- 
dito da  fua  peflba.  Ainda  eftava  na  prima- 
vera da  idade,  quando  produfio  fazonados 
frutos  da  fua  erudição,  e  fciencia  imprimindo 

Chronographia  Medicinal  das  Caldas  de  Ala- 
foens. Lisboa  por  Miguel  Deslandes  ImpreíTor 
delRey  1696.  4. 

Neíla  obra  fe  moftra  o  Author  igualmen- 
te perito  na  Medicina,  que  na  Hiftoria,  nar- 
rando a  Genealogia  dos  Reys  de  Portugal, 
e  Hefpanha.  No  fim  tem  brevemente  reco- 
pilado. 

"Exame  Chirurgico. 

No  Prologo  promete  outras  obras  como 
faõ 

Fabologia,  e  outra  que  elle  diz  fer  de  impor- 
tantijftma  emprega,  naõ  explicando  o  argumento 
da  fua  matéria. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  PORTALEGRE  na- 
tural da  Cidade  do  feu  apellido  Religiofo  pro- 
feíTo  da  Ordem  dos  Menores  da  Província 
Capucha  da  Piedade  digno  de  eterna  memoria 
pela  exaâa  obfervancia  da  regra,  e  innocencia 
da  vida,  e  madureza  de  juizo,  por  cujos  dotes 
de  tal  forte  conciliou  o  affefto  delRey  D.  Joaõ 
o  III.  que  naõ  fomente  lhe  cõmeteo  à  fua 
grande  capacidade  negócios  de  fumma  im- 
portância, mas  o  elegeo  por  Confeííor  de  fua 
Filha  a  Princeza  D.  Maria,  quando  partio  a 
defpozar-fe  com  Filippe  prudente,  cujo  mi- 
niílerio  exercitou  em  quanto  ella  viveo.  Ref- 
tituido  a  Portugal,  e  depois  à  fua  Província 
mais  amante  da  folidaõ,  que  do  comercio 
humano  fe  retirou  para  o  Convento  de  Val- 
verde diílante  três  legoas  de  Évora,  onde  viveo 
muitos  annos  exercitando  heróicas  virtudes 
atè  que  paíTando  para  o  Convento  de  Santo 
António  de  Coimbra  morreo  piiíTimamente 
no  anno  de  1593.  Compoz  a  Hiftoria  da 
Paixaõ  de  Chriílo  Senhor  NoíTo  em  Verfos 
Portuguezes,  que  depois  verteo  em  Caíle- 
Ihanos  com  o  eftilo  mais  devoto,  que  ele- 
gante, e  os  publicou  fem  o  feu  nome  com 
eíle  titulo 

Meditacion  de  la  Pajfton  de  Chrifto  Nuejiro 
Senor  metrificada  por  hum  Frayle  Portugue^ 
de  la  Provinda  de  la  Piedad.  Coimbra  1541. 
■e  1548.  8.  e  em  15 81.  como  diz  D.  Nicol.  Ant. 
in  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  121. 


Eíle  mefmo  aíTumpto  compoz  em  Verfos 
elegíacos  latinos,  cujo  principio  era. 
Kefpice  peccator  quanti  mihi  caufa  doloris 
Quam  varij  fueris,  caufa  que  fupplicij. 

De  cuja  obra,  e  feu  Author  fazem  mençaõ  o 
P.  António  dos  Reys  in  Enthuf.  Poetic.  n.  136. 

=         Adfperfo  gemmis  diademate  cingit 
A.t  Portalegrium  c ant  ant  em  vulnera  Chrijli 
Grandia  Melpomene. 

Fr.  Manoel  de  Monforte  Chron.  da  Prov.  da 
Pied.  Liv.  4.  cap.  24.  n.  i.  2.  3.  e  4.  e  Fr.  Joan. 
à  D.  Ant.  in  P>ih.  Francifc.  Tom.  i.  pag.  123. 

Fr.  ANTÓNIO  DO  PORTO  natural 
deíla  Cidade  com  que  fe  appelidou,  filho  de 
Henrique  Nunes  de  Gouvea,  e  Beatriz  de 
Madureira  ambos  infignes  em  virtude,  e 
principaes  Fundadores  do  Collegio  do  Por- 
to da  Companhia  de  Jefus,  em  cuja  Reli- 
gião teve  dous  filhos,  e  no  Convento  de 
Santa  Clara  duas  filhas.  Querendo  imitar  a 
vida  Religiofa  que  abraçarão  feus  quatro  ir- 
mãos, e  contrahir  com  elles  por  meyo  da 
graça  mais  nobre  vinculo  do  que  tinha  pela 
natureza,  profeíTou  o  penitente,  e  auftero 
Inílituto  da  Província  Seráfica  da  Piedade, 
onde  exercitou  com  virtuofas  acçoens  a  piif- 
fima  educação,  que  recebera  de  taõ  fantos 
Pays  acabando  a  vida  com  evidentes  finaes 
de  Santo  como  efcreve  PoíTino  in  Vita  P. 
Ignatij  de  Azevedo,  e^  Socior.  Lib.  i.  cap.  i. 
n.  8.  Compoz  ainda  que  naõ  imprimio  como 
teílifica  Jorge  Cardof.  Agiol.  'Lufit.  a  21. 
de  Março  no  Comentário  letr.  I.  Tom.  2. 
pag.  264. 

Vida  de  feus  Pays  Henrique  Nunes  de  Gouvea, 
e  Beatri^  de  Madureira.  M.  S.  in  4. 

ANTÓNIO  DAS  POVOAS  natural 
de  Lisboa  filho  de  António  das  Povoas  Co- 
mendador do  Eruedal  da  Ordem  de  Chriíto, 
e  de  fua  terceira  mulher  D.  Filippa  de  Aze- 
vedo, Fidalgo  da  Cafa  Real,  Doutor  em 
Leys,  Dezembargador  nas  Relaçoens  da 
Bahia,  Porto,  e  Cafa  da  Supplicaçaõ  de  que 
tomou  poíTe  a  3.  de  Janeiro  de  1622.  De- 
zembargador de  Aggravos  a  19.  de  Novem- 
bro de  1626.  e  Juiz  da  Coroa  a  30.  de  Mayo 
de  1633.  donde  paíTou  a  Confelheiro  da  Fa- 
zenda, e  Provedor  da  Alfandega,  Varaõ  de 


L  USITANA. 


36 1 


rumma  inteireza,  e  authoridade,  com  que  admi- 
niftrou  lugares  taõ  honorificos.  Foy  muito 
appllcado  ao  eíludo  da  Genealogia,  e  naô 
menos  perito  nas  linguas  mais  polidas  da  Eu- 
ropa merecendo  por  eftas  partes  grande  eíli- 
maçaõ  dos  eruditos  daquella  idade.  Gafou  na 
Villa  de  Midoens  junto  da  Commenda  de  feu 
Pay  com  D.  Luiza  de  Miranda  filha  herdeira  de 
Manoel  de  Miranda,  de  quem  teve  a  Manoel 
das  Povoas  de  Miranda,  cujo  fobrenome  tomou 
pelo  Morgado,  que  lhe  veyo  de  fua  Mãy.  Mor- 
leo  em  Lisboa  a  i6.  de  Agoílo  de  1642.  Jaz 
fepultado  no  Convento  do  Gurmo.  Eícreveo. 
Nobiliário  das  Fami/ias  defle  Keyrio  o  qual 
(diz  o  P.  D.  António  Caetano  de  Soufa  no 
Apparat.  à  Hiji,  Gen.  da  Cafa  Keal  de  Vortug. 
pag.  85.  n.  72.)  muitas  veí^es  acho  alienado  por 
Genealógicos  de  authoridade.  Dclle  havia  algu- 
mas copias  na  Livraria  do  Marquez  de  Angeja, 
c  que  agora  fe  conferva  na  Cafa  do  Excel- 
Icntiflimo  Duque  do  Cadaval.     Do  Autor,  e 

lefla  obra  fe  lembraõ  D.  Franc.  Manoel  na 

ia  I.  da  4.  Gentur.  das  fuás  Gart.  Famil. 

Joaõ  Soar.  de  Brit.  in  Theat.  hjifit.  Utter. 

t.  A.  n.  109.  Efcreveo  mais. 

Familia  de  Sylvas  dedicada  a  D.  JoaÔ  da  Sylva 
GapellaÕ  Mor  de  fua  Mageflade,  do  feu  Gonfelho,  e 
do  Geral  da  InquifiçaÕ  defle  Rejno  efcrito  em  18.  de 
Fevereiro  de  1632.  cujo  Original  conferva  na  fua 
Livraria  o  P.  Fr.  AfFonfo  da  Madre  de  Deos 
Guerreiro  Académico  da  Academia  Real. 

Fr.      ANTÓNIO      DOS      PRAZERES 

natural  de  Lisboa,  e  filho  de  Lourenço  de 
Mendoça  3.  Conde  de  Valdereis,  Depu- 
tado da  Junta  dos  três  Eftados,  Regedor 
das  Juftiças,  e  Confelheiro  de  Eílado.  Re- 
cebeo  na  idade  juvenil  o  Habito  da  Sagra- 
da Ordem  dos  Pregadores  no  Convento  de 
Goa  merecendo  pela  capacidade  do  feu  ta- 
lento naõ  fomente  exercitar  os  lugares  ho- 
norificos de  ComiíTario,  e  Vifitador  Geral 
da  fua  Religião  nas  Chriílandades  de  Ti- 
mor, e  Solor,  e  de  Vigário  Geral  no  Rey- 
no  de  Siaõ  pelo  Bifpo  de  Malaca,  mas  fer 
eleito  pelo  Senado  de  Macáo  para  repre- 
zentar  à  Mageílade  delRey  D.  Joaõ  o  V. 
noíTo  Senhor  algumas  dependências  concer- 
nentes à  confervaçaõ,  e  augmento  daquella 
Cidade.     Chegado    a    ella    Corte    dezempe- 


nhou,  como  deUe  fe  eíperava,  a  fua  comiT- 
faô.  No  anno  de  1722.  navegou  fegunda 
vez  para  a  índia  donde  rcílituido  ao  Rey- 
no  partio  para  Ronu.  Pela  diUtada  arTiT- 
tencia  que  teve  no  Reyno  de  Siaõ  obfer- 
vou  com  fumma  curiofidade  a  fua  íituaçaõ, 
e  o  methodo  do  feu  governo  E^lefiaílico,  e 
Gvil  efcrevendo  com  eíliio  claro  a  feguio- 
te  obra  que  vimos. 

Epitome  hiflorico,  e  noticia  breve  do  FJIado 
premente  do  Reyno  de  Siaõ  com  a  verdadeira 
fitua^aÒ,  deflrião,  e  difpofi^aõ  das  terras;  def- 
cripfaõ  dos  ires  liflados  do  Reyno  F^clefiaflico, 
e  popular,  pleno  conhecimento  das  três  matérias 
da  Republica,  Religião,  Guerra,  e  Jufliça  M.  S. 
in  foi. 

Confta  de  47.  Capítulos.  Começa  o  i. 
o  Reyno  de  SiaÕ.  Acaba  o  ultimo.  Que  naÕ  incline 
a  balança  para  a  parte  de  mais  ouro.  Eílai^ 
prompta  eíla  obra  com  todas  as  licenças  para 
a  impreíTaõ,  como  teftemunha  Fr.  Pedro  Mon- 
teiro no  Glaufl.  Domin.  Tom.  3.  f)ag.  157. 
fendo  hum  dos  Revcdores  que  pela  Religião 
o  approvou  affirmando  fer  digna  da  luz  publica 
que  ainda  até  agora  naõ  logrou. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  PRESENTAÇAM 
natural  de  Lisboa  filho  de  Joaõ  Carvalho,  e 
Antónia  da  Frota.  ProfeíTou  o  auílero  Inf- 
tituto  da  Seráfica  Provinda  da  Arrábida  em 
o  Convento  de  S.  Jozé  a  22.  de  Novembro 
de  1660.  onde  foy  refpeitado  de  tal  forte  o 
feu  talento  que  tendo  fomente  treze  annos  de 
Habito  foy  eleito  Guardião,  e  depois  Secre- 
tario da  Provinda,  Definidor,  e  ultimamente 
Provincial  no  anno  de  1697.  em  cujo  minif- 
terio  como  fummamente  zelofo  da  obfervan- 
cia  dos  Eílatutos  da  fua  penitente  Reforma, 
que  tinhaõ  fido  compoftos  pelo  Cuílodio  Fr. 
Francifco  da  Cruz,  para  ferem  exaâamente 
obfervados  diminuio  algumas  claufulas,  e 
acrecentou  outras,  alcançando  a  confirnaaçaõ 
delles  da  Santidade  de  Innocendo  XII.  por 
hum  Breve  expedido  em  4.  de  Mayo  de  1697. 
que  começa.  Nuper  pro  parte  dileãi  filij  Anto- 
nij  à  Prafentione  &c.  os  mandou  imprimir,  e 
fahiraõ  com  efte  titulo. 

Fflatutos  da  Provinda  de  Santa  Ma- 
ria da  Arrábida  da  mais  perfeita  ohfervan- 
cia  do  noffo  Seráfico   Padre  S.   Francifco.   Lis- 


3Ó2 


BIB  LIO  THE  CA 


boa  por  Miguel  Deslandes  ImpreíTor  de 
Sua  Mageftade  1698.  foi. 
Foy  Examinador  das  Ordens  Militares,  e  hum 
dos  mais  graves  Religiofos,  que  no  feu  tempo 
floreceraõ  nefta  Província.  Acabado  o  triennio 
do  Provincialado  fe  retirou  para  o  Convento 
de  Alferrara  donde  paíTou  para  o  deferto  da 
Arrábida,  em  cuja  afpera  habitação  aíTiftio 
pelo  efpaço  de  cinco  annos  fervindo  de  admi- 
ração aos  aufteros  moradores  daquella  The- 
baida,  até  que  chamado  pelos  Superiores  ao 
Convento  de  S.  Pedro  de  Alcântara  defta 
Corte,  fendo  acometido  da  ultima  infermidade, 
que  logo  fe  fez  mortal  pela  decrépita  idade 
de  86.  annos  recebendo  com  exceíTiva  pie- 
dade os  Sacramentos  falleceo  a  20.  de  Dezem- 
bro de  1724.  com  65.  annos  de  habito.  Fazem 
delle  memoria  Fr.  Joan.  à  D.  Anton.  in  Bib. 
Francifc.  Tom.  i.  pag.  123.  Fr.  Ant.  da  Pie- 
dad.  Chron.  da  Prov.  de  Santa  Maria  da  Arrab. 
Part.  I.  liv.  I.  cap.  29.  n.  176.  e  Fr.  Jozé  de 
Jef.  Mar.  Chron.  da  dita  Prov.  Part.  2.  liv.  5. 
cap.  25.  n.  1076. 

ANTÓNIO  PRESTES  natural  da  Villa  de 
Santarém,  e  nella  Enqueredor  do  Juizo  do  Ci- 
vel.  Foy  muito  inclinado  à  Poelia  Cómica  com- 
pondo nella  com  tanta  facilidade,  que  acabava 
em  poucos  dias  o  que  outro  naõ  acabaria  em 
muitos  mezes,  ainda  que  foíTe  muito  verfado  na 
mefma  faculdade.  Publicou  em  quanto  viveo. 
Comedias,  e  Autos  diverjos  em  folha.  Por 
fua  morte  fahio  por  diligencia  de  António 
Lopes  Moço  da  Capella  Real. 

Primeira  Parte  dos  Autos,  e  Comedias  Portu- 
guet^as.  Lisboa  por  André  Lobato.  1587.  4.  em 
cujo  livro  eftaõ  os  Autos  feguintes  compoílos 
por  António  Preíles. 

Auto  da  Ave  Maria  a  foi.  i. 

Do  Procurador  a  foi.  27. 

Do  Desembargador  a  foi.  61. 

Dos  dous  Irmãos  a  foi.  75. 

Da  Ciofa.  a  foi.  112. 

Do  Mouro  encantado  a  foi.  126. 

Dos  Cantarinhos.  a  foi.  163. 

P.  ANTÓNIO  DE  PROENÇA  Naceo  no 
lugar  do  Fundaõ  do  Bifpado  da  Guarda  fendo 
filho  de  Sylveftre  de  Proença,  e  Jeronyma  de 
Souza.  Na  idade  de  18.  annos  abraçou  o  Infti- 
tuto  da  Companhia  de  JESUS  no  Collegio  de 


Coimbra  a  17.  de  Outubro  de  1 574.  e  profeflbu 
folemnemente  a  10.  de  Março  de  1602.  Entre 
todas  as  virtudes  em  que  floreceo  a  mayor  foy  a 
da  charidade,  com  que  aíTiílio  em  Coimbra  aos 
feridos  da  peíle  no  anno  de  1599.  defprezando 
heroicamente  o  horror  de  taõ  fatal  contagio, 
que  devaílou  grande  parte  daquella  Cidade. 
Naõ  fatisfeito  o  ardor  do  feu  charitativo  peito 
com  eíle  exercício  afpirou  a  outro  mayor,  qual 
era  paíTar  ao  Oriente,  para  offerecer  em  obfe- 
quio  de  Chriílo  a  vida,  que  lhe  confervara  illeza 
entre  tantas  mortes.  Para  eíle  fim  fupplicou  ao 
Geral,  que  lhe  deíTe  faculdade,  e  pofto  que  por 
algum  tempo  lha  dificultou,  partio  no  anno 
de  1603.  para  a  índia,  onde  armado  de  Evan- 
gélico zelo  reformou  os  coftumes  dos  Chriílaõs, 
e  convenceu  os  erros  dos  Gentios  com  grande 
gloria  da  Religião  Catholica  até  que  foy  lograr 
na  eternidade  o  premio  dos  feus  merecimentos. 
Efcreveo  por  ordem  dos  fuperiores. 

Kelaçaõ  dos  Sucejfos  que  acontecerão  em  Coim- 
bra no  tempo  da  pejle  do  anno  de  1599.  a  qual 
imprimio  o  P.  António  Franco  na  Imag.  do 
Novic.  do  Colleg.  de  Coimb.  Tom.  2.  liv.  4.  cap. 
16.  atè  20.  onde  largamente  falia  do  Author 
deUa,  e  no  Ann.  glorio/.  S.  J.  in  JLuJit.  pag.  751. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  PURIFICAÇAM 
Naceo  na  Cidade  do  Porto,  e  foy  bau- 
tizado  na  Parochial  de  S.  Nicolao.  Teve 
por  Pays  a  Gonçalo  Coutinho,  e  Gracia 
de  Moraes.  Depois  de  completos  16.  an- 
nos entrou  na  Religião  dos  Eremitas  de 
Santo  Agoítinho,  e  no  Convento  de  Évora 
profeflbu  a  10.  de  Fevereiro  de  161 7.  Pela 
Uçaõ  de  Filofofia,  e  Theologia  com  que 
inílruio  aos  feus  domeílicos  foy  Meílre  ju- 
bilado, e  pela  noticia,  que  tinha  da  Hiílo- 
ria  Sagrada,  e  profana,  Chroniíla  da  fua 
Província,  cuja  fundação,  privilégios,  e 
illuílres  filhos,  que  produzio,  defcreveo  em 
dous  tomos  com  menos  fevera  critica  do 
que  pedia  efte  argumento  adoptando-lhe 
Conventos,  e  Religiofos  que  nunca  profef- 
faraõ  o  Inftituto  Eremitico  AuguíUniano, 
quando  baílavaõ  para  eterna  gloria  de  taõ 
illuílre  Província,  e  ainda  do  Reyno  de 
Portugal,  os  que  verdadeiramente  habitarão 
os  feus  Clauftros,  fendo  eíle  o  juizo  que 
formou  de  tal  obra  Joaõ  Soares  de  Brito  in 


f 


I 


L  USITANA. 


i6i 


'l'l)cut.  LMjit.  ÍJttir.  lit.  A.  n.  ii.  qm  non  ita 
jeliciter  à  cateris  aliorum  Ordinnm  monachis  txcep- 
tus  ejl,  propterea  qmd  multa  illic  in  dubiiim  revo- 
care  videaíiir,  qita  ipji  tamqiutm  certa,  et  explorata 
à  mayoribus  Jm  haufiffent  pro  injuria  própria 
accipientts,  qua  Autbor  ipfe  in  fui  Ordinis  j^/o- 
riam,  &  txaitionem  propalavit.  Para  dcfcan- 
far  da  laboríofa  appUcaçaõ,  que  em  obfequio 
da  fua  Religião  por  muitos  annos  fe  occupara, 
o  nomearão  os  Superiores  Parocho  da  Igreja 
de  S.  Joaõ  da  Foz  nos  arrebaldes  da  Cidade 
do  Porto,  que  he  da  adminiftraçaõ  dos  Agof- 
tinhos,  onde  fendo  convidado  pelos  fre- 
guezes  no  anno  de  1658.  para  pregar  os  Ser- 
moens  da  Quarefma,  e  eílando  jà  prepara- 
!  do  para  eftc  effcito,  convidou  outro  Prega- 
dor para  lhe  fubílituir  a  fua  falta  aflírman- 
do  que  certamente  morria  na  fefta  feira  da- 
quela Semana.  Parecia  incrível  efta  aíTe- 
xcraçaõ  a  todos  que  o  viaõ  fem  molcftia  al- 
guma, antes  com  tal  vigor  que  prometia 
muitos  annos  de  vida,  porém  chamando  ao 
(Coveiro  lhe  advirtio  naõ  fomente  o  lugar 
nidc  o  havia  de  fepultar,  mas  o  modo  como 
/icvia  fer  amortalhado  conforme  o  Ceremo- 
nial  da  fua  Religião.  Na  fefta  feira  que  fe 
contavaõ  19.  de  Abril  do  dito  anno  de  1658. 
recebidos  os  Sacramentos  com  fumma  pie- 
J.ade  defcanfou  em  o  Senhor,  e  foy  fepul- 
tado  na  Capella  Mór  da  Parochia  de  S.  Joaõ, 
c]ue  fora  o  lugar  que  elle  deftinara  para  feu 
jazigo.    Efcreveo. 

Theatrum  triumphale,  Jive  Index  rerum  nota- 
bilium  fua  'Provinda  'Lnjitana  fex  decim  Choris 
djftinãum.  UliíTip.  1634.  foi.  Sahio  aberta  em 
huma  lamina  efta  obra,  a  qual  era  o  defenho 
do  que  havia  tratar  na  Chronica  da  Província. 

De  viris  illujiribus  antiquijfima  Provinda 
Ljijitana  Ordinis  Hremitarum  S.  Patriarcha 
Aure/i/  Augíijiini  Hipponenjfis  Epifcopi,  et  Ecde- 
fia  Doãoris  libri  três.  UlyíTipone  apud  Domi- 
nicum  Lopes  Rofa.  1642.  4. 

Chronologia  Monaftica  iMfitana  in  qua 
omnes  Sanai  et  Beati,  ac  etiam  Venerabiles 
Perfona  Kegtdares,  qua  in  Ijufitania  regiis, 
ejufque  ditionibus  nata,  aut  fepulta  Junt,  perhi- 
bentur,  quoad  fieri  pottàt  fidelijjime,  ac  bre- 
vijfime  referuntur.  UlyíTipone  apud  Laurentium 
de  Anveres.  1642.  4. 

Chronica  da  antiqmjftma   Provinda  de   Por- 


tugal da  Ordem  dos  Eremitas  de  Santo  Agof- 
tinlx>  hifpo  de  Hiponia,  e  principal  Doutor 
da  igreja  Part.  i .  Lisboa  por  Manoel  da  Sylva 
1642.  foi. 

Chronica  da  antiquijfima  Provinda  de  Por- 
tugal da  Ordem  dos  Eremitas  ó^c.  com  huma 
adiçaõ  no  cabo  na  qual  fe  ref ponde  aos  principais 
lugares  da  benediílina  LMfitana  Part.  2.  Lisboa 
por  Domingos  Lopes  Roza.  16)6.  foi. 

Tinha  preparado  5.  Parte  defta  Oironica, 
como  efcreve  Cardofo  Affol.  Liéfit.  Tom.  j. 
no  Comment.  de  5.  de  Mayo  letr.  A.  e  medi- 
tava compor  Quarta  Parte. 

Memorial  de  diverfas  Miffas,  e  Oraçoens 
para  proveito  dos  Fieis  vivos,  e  defuntos  infli- 
tuidas  pelo  gloriofo  Patriarcha  Santo  Agoflinho 
Bifpo  de  Hipponia,  e  Doutor  da  Igjreja,  e  por  fua 
devotiffima  Mãy  Santa  Mónica,  e  outros  Keligiofos 
da  fua  Ordem  Eremitica  que  elle  fundou  em  Africa 
no  anno  de  590.  Lisboa  por  Domingos  Lopes 
Roza  1642.  8. 

Antídoto  Auguftiniano  em  o  qual  fe  conven- 
cem, e  desfat(em  as  f aliadas,  e  enganos  da  Apologia 
intitulada  Quinta  ejfencia  de  Verdades  efcritas 
pelo  Padre  Fr.  Gil  de  S.  Bento.  Q)imbra  por 
Thomé  Carvalho  1660.  4. 

Curfus  Philofophicus.  3.   Tom.  4.  Aí.  S. 

Promptuarium  triumphale,  in  quo  continentur 
vita  omnium  San^orum  Ljifitania,  ó^  ditionum 
ejus  foi.  M.  S. 

Confervaõ-fe  eftes  livros  na  Livraria  do 
Convento  da  Graça  de  Lisboa. 

Fazem  memoria  do  feu  nome  Nicol. 
Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  123.  D. 
Franc.  Manoel  na  Carta  efcrita  ao  Doutor 
Manoel  The  mudo  da  Fonfec.  que  he  a  i.  da 
4.  Centúria.  Joaõ  Franco  Barreto  Bib.  Lu- 
fit.  M.  S.  letr.  A.  n.  231.  e  o  P.  D.  Man. 
Caet.  de  Soufa  in  Exped.  Hifp.  S.  Jacob.  Tom. 
2.  pag.  1305. 

P.  ANTÓNIO  DE  QUADROS  na- 
tural de  Santarém  filho  de  Doutor  An- 
dré de  Quadros  Barreto  Provedor  das  Vai- 
las,  e  Lifirias,  e  D.  Joanna  Pereira  do  Quin- 
tal, e  Payva  ambos  defcendentes  de  famílias 
nobres,  e  irmaõ  de  D.  Manoel  de  Quadros 
Bifpo  da  Guarda.  Ao  tempo  que  na  adolef- 
cencia  eflxidava  na  Univerfidade  de  Coim- 
bra   as    fciencias    mayores,    obedecendo    à 


304 


BIB  LIO  THE  CA 


VÓ2  de  Deos  que  internamente  o  chamava 
para  a  Religião,  abraçou  a  da  Companhia  de 
Jefus  em  z.  de  Abril  de  1544.  quando  contava 
23.  annos  fendo  dos  primeiros  três  Noviços, 
que  foraõ  admitidos  ao  Collegio  de  Coimbra, 
onde  feita  a  profiíTaõ  folemne  no  i .  de  Outubro 
de  1553.  e  acabada  a  carreira  dos  eíludos  efco- 
laílicos  pedio  com  ferverofas  inftancias  aos  Pre- 
lados que  lhe  deíTem  licença  para  pregar  no 
Oriente  as  verdades  da  ley  Evangélica.  Alcan- 
çada faculdade  fe  embarcou  no  anno  de  1555. 
e  depois  de  exercitar  diverfas  obras  de  charida- 
de  em  beneficio  dos  paiTageiros  chegou  a  Goa, 
onde  fendo  conhecida  a  fua  grande  prudência, 
e  capacidade,  foy  eleito  Provincial,  cujo  lugar 
exercitou  por  efpaço  de  quatorze  annos  unindo 
ao  mefmo  tempo  outras  occupaçoens  incom- 
patíveis que  fomente  podia  fatisfazer  o  feu  pro- 
fundo talento  como  eraõ  a  de  Meílre  eniinando 
Filofofia,  e  Theologia,  de  Pregador  reprehen- 
dendo  vicios,  de  Catequiíla  doutrinando  Neó- 
fitos, e  de  Parocho  confeífando  penitentes,  e 
bautizando  gentios.  Todos  eftes  minifterios 
exercitava  com  tanta  fciencia,  charidade, 
e  madureza,  que  por  geral  acclamaçaõ  de 
todo  o  Oriente  naõ  havia  outro,  que  com 
elle  fe  pudeíle  igualar.  Ao  feu  incanfavel 
zelo  animado  pelo  efpirito  do  infigne  Vi- 
ce-Rey  D.  Conftantino  de  Bragança  fe  deve 
a  converfaõ  das  Ilhas  de  Choraõ,  Divar, 
e  das  terras  de  Salcete,  e  Baçaim.  Em  aten- 
ção a  eftes  trabalhos  apoílolicos  o  crearaõ  os 
Inquifidores  ComiíTario  do  Santo  Officio, 
e  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  ordenou  aos  feus  Vice- 
-Reys  que  naõ  tomaífem  refoluçaõ  alguma 
fem  o  feu  confelho.  Quando  eftava  refoluto 
auzentar-fe  de  Goa  para  difcorrer  por  todo  o 
Oriente  em  beneficio  da  Chriftandade  foy  ac- 
cometido  de  huma  aguda  febre,  que  fendo 
capitulada  pelos  Médicos  por  mortal,  recebeo 
eíla  noticia  com  plácido  femblante,  de  tal 
forte  que  vendo  aos  feus  Companheiros  ba- 
nhados em  lagrimas  pela  fua  auzencia,  os 
confolou  com  as  palavras  de  Chrifto  ditas  aos 
feus  difcipulos  nas  vefperas  da  fua  Afcençaõ. 
Si  diligeretis  me  gauderetis  utique  quia  vado  ad 
Patrem,  no  fim  das  quaes  foy  tomar  poíTe  deíle 
lugar,  como  piamente  fe  cré,  a  21.  de  Novem- 
bro de  1572.  As  heróicas  acçoens  que  obrou 
no  Oriente  relataõ  com  grandes  elogios  Or- 


land.  Hijl.  Societ.  Part.  i.  lib.  6.  n.  97.  lib. 
12.  n.  56.  lib.  15.  n.  129.  e  130.  Sachin.  Hijl. 
Societ.  Part.  i.  n.  51.  132.  139.  lib.  3.  n.  226. 
Part.  2.  lib.  8.  n.  179.  Maffeus  de  rebus  Indic. 
lib.  16.  pag.  mihi  330.  Godinho  in  Vita  P. 
Gund.  Sylv.  lib.  2.  cap,  8.  Bartol.  Hijl.  delia 
Afia  Part.  i.  liv.  7.  pag.  mihi  511.  e  512. 
Telles  Chron.  da  Comp.  de  Jej.  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  2.  lib.  6.  cap.  13.  Foy  homem  de  partes 
muito  avantajadas  porque  alem  do  bom  exterior 
era  dotado  de  grande  entendimento,  prudência^ 
authoridade,  e  gravidade  da  jua  peffoa,  de  bonij- 
jima  condição,  de  aguda  dijcriçaÕ,  e  de  juit^o  muito 
ajfentado,  e  na  Hijl.  da  Etiop.  Alta.  liv.  2.  cap.  3. 
VaraÕ  muy  abalizado  na  Comp.  Manoel  de  Faria, 
e  Soufa  Ajia  Portug.  Tom.  2.  Part.  4.  cap.  20. 
n.  9.  Card.  Agiol.  Ijujit.  Tom.  2.  pag.  685. 
e  695.  no  Comment.  de  23.  de  Abril  letr.  E. 
onde  diz  que  muitas  das  fuás  Cartas  fe  im- 
primirão. Franc.  in  Ann.  glorioj.  Societ.  jej.  in 
L.ujit.  pag.  693.  et  in  Sjnopj.  Annal.  Societ. 
jej.  in  L.ujtt.  pag.  44.  Poffin.  in  Vit.  V.  P. 
Ignatij  A^eved.  cap.  3.  n.  44.  e  Vafconc.  Hijtor. 
de  Santarém  Part.  2.  liv.  2.  cap.  23. 

Entre  muitas  Cartas  fuás  que  fe  confer- 
vaõ  no  Cartório  da  Cafa  profeíTa  de  S.  Ro- 
que eílaõ  três  muito  largas  efcritas  de  Goa 
aos  Padres  deíla  Província  de  Portugal. 

A  I.  ejcrita  ao  Padre  Diogo  MiraÕ  em 
8.  de  Dezembro  de  1555.  a  qual  fahio  ver- 
tida em  Latim  com  outras  Cartas  Indicas, 
Lovanij  apud  Rutgerum  Velpium  1570.  in 
8.  à  pag.  105.  ufque  ad  126.  et  ibi  apud 
eumdem  Typog.  1566.  in  8.  à  pag.  226.  ad 
259.  Traduzida  em  ItaUano  Venetia  per 
Michele  Tramezzino  1565.  8.  fahio  no  li- 
vro intitulado  Diverji  Aviji  particolari  dairin- 
die  de  Portugall.  Part.  3.  a  foi.  204.  v.o. 

Outra  ejcrita  a  18.  de  Det(embro  de  1555. 
a  qual  fahio  com  a  precedente  vertida  em 
Latim  cum  aUis  Epiji.  Indic.  et  japon.  Lo- 
vanij apud  Rutgerum  Velpium  1570.  à  p. 
135.  ufque  ad  182.  Traduzida  na  lingua 
Italiana  Venetia  por  Michele  Tramezzi  no 
1565.  fahio  no  dito  livro  Diverji  Aviji.  &c. 
a  foi.  215.  v.o. 

A  3.  ejcrita  a  19.  de  Novembro  de  1559. 
fahio  vertida  em  Italiano  com  outras  Ve- 
net.  por  Tramezzino.  1562.  8.  e  na  lingua 
Latina   in    Epijlol.    Ind.    et  japonic.    Lovanii 


I 


L  USITANA. 


365 


;^ad   Rutgenim  Velpium    i)66.    8.   á   pag. 
^o.  ufque  ad   355.    6c   ibi  apud  eumdem. 
IJ69.  8. 

ANTÓNIO  RABOLO  Prcsbytcro  Ulif- 
riponenfe  igualmente  perito  na  Gramática 
Latina,  que  cm  efcrever  perfeitamente  for- 
mando os  Caraéteres  com  a  penna,  como 
fe  foraõ  debuxados  com  o  pincel  tendo  por 
difcipulos  deíUs  artes  a  D.  Manoel  de  Mou- 
ra Cortereal  fegundo  Marquez  de  Caílello 
Rodrigo,  a  D.  Nuno  Alvares  Pereira  de 
Mello  I.  Duque  do  Cadaval,  e  a  fcu  irmaõ 
1).  Thcodoíío.  Por  alguns  annos  foy  Rey- 
tor  do  Collegio  dos  Meninos  Orfáos  de  Lis- 

)a,  Comiflario  da  Bulia  da  Cruzada  no  fcu 
icrritorio,  c  depois  Parocho  da  Igreja  da 
Villa  da  Barqueira.  Morreo  em  Lisboa  com 
a  mcfma  piedade  com  que  vivera,  a  5.  de 
Agofto  de  1655.  com  80.  annos  de  idade. 
1  by  fcpultado  no  Convento  dos  Carmelitas 
(alçados,  de  cuja  ordem  fora  Terceiro,  e 
Prior.    Imprimio. 

Breve  Kecopilaçaõ  da   doãrina  dos  Myfterios 

■ais  importantes  de  Nojfa  Santa  Fé  a  qual  todo 
( .hrijiaô  he  obrigado  faber,  e  crer  com  fé  explicita, 

•lero  dii(er,  e  conhecimento  diJlin£io  de  cada  hum. 
i.isboa  por  António  Alvares.  1646.  24.  et 
ibi  por  Domingos  Carneiro.  1681.  8. 

Fr.  ANTÓNIO  RAPOSO  ReUgiofo  da 
Ordem  da  Santiflima  Trindade,  e  hum  dos 
lilhos  mais  authorizados  deíla  illuílre  Religião. 
Pela  fua  grande  prudência  foy  Miniílro  do 
Convento  de  Santarém  donde  fubio  ao  lugar 
de  Provincial  no  anno  de  1544.  Sendo  muito 
douto  nas  fciencias  efcolafticas  o  naõ  foy  me- 
nos na  inveíligaçaõ  do  admirável  principio, 
e  fundação  do  Inílituto  que  profeíTava,  efcre- 
vendo  como  afíirmaõ  Fr.  Bernard.  à  D.  Ant. 
in  Epitom.  Kedemp.  Captiv.  lib.  2.  cap.  ult. 
n.  17.  e  Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Theat.  Ijufit. 
Litter.  lit.  A.  n.  112. 

De  revelatione,  et  infiitutione  Sacri  Ordinis  San- 
iiftma  Trinitatis,  cujo  Prologo,  e  os  primeiros 
cjuinze  Capitules  teílifica  ter  vifto  no  Convento 
tle  Lisboa  o  P.  Francifco  da  Cruz  Jefuita,  nas 
luas  Memorias  para  a  Bibliotheca  Portug. 

ANTÓNIO  RAPOSO  natural  da  Vil- 
la de  Aviz  na  Provinda  do  Alentejo,  e  filho 


de  António  Soeyro,  e  Beatriz  Martins.  Foy 
Doutor  em  Direito  Gvil,  Dezembargador 
da  Caía  da  SuppIicaçaT),  O)nfc!heiro  do  Tri- 
bunal Ultranurino,  Juiz  Cõferva<ior  da  Junta 
do  Comercio,  Secretario  da  Embaxada  de 
Olanda,  em  cuja  Republica,  como  na  Corte 
de  Inglaterra  foy  Enviado  manifeílando  em 
taô  diverfos  núníAerios  igual  fidelidade,  que 
zelo  para  com  o  fcu  Princepe,  e  merecendo 
pelas  negociaçoens  politicas  grandes  elogios 
do  Conde  da  Ericeira  D.  Luiz  de  Menezes 
na  Hifl.  de  Portug.  Keflaur.  Tool  i.  liv.  12. 
pag.  88  j.  e  de  Fr.  Gio.  Giufep.  di  S.  Teref. 
Jfloria  delia  Guer.  dei  Kefft.  dei  Brasil.  Part.  2. 
liv.  17.  pag.  185.  Foy  excellente  Poeta  taõ 
fácil  como  elegante  em  metrificar  na  lingua 
materna,  e  Caílelhana  fendo  no  tempo,  que 
aíTiílio  em  Madrid  venerado  pelos  mayores 
profeíTores  daquella  arte,  e  por  muitas  vezes 
conftituido  arbitro  nos  certames  poéticos,  e 
como  tal  he  celebrado  por  Manoel  de  Ga- 
Ihegos  no   Templo  da  Memor.  liv.  4.  EAanc. 

197. 

Penetre  os  Ceos  aquella  vÔ!(^  Serena 

O'  trágico  Kapofo  cujo  accento 

^Acreditando  a  bem  chorada  pena 

Adornou  de  Duarte  o  monumento: 

Suf penda  trijle  pai  lida,  e  confufa; 

Chore  ao  Key  Fernando  a  voffa  Mu/a. 
E  Jacinto  Cordeiro  no  EJog.  dos  Poet.   Por- 
tug. 

Aqui  António  Kapofo  me  defpena 

y  con  lyrico  eflilo,  me  enmudece 

Que  dura  roca,  que  intratable  pena 

A  la  vox  de  fu  canto  nó  enternece 

Si  tocando  la  Lyra  ai  arte  enfena 

Modo  de  efcribir,  que  la  guarnece 

Siendo  de  Avi^  con  peregHno  enfayo 

Ajf ombro  en  letras,  y  en  los  verfos  rayo. 

Das  muitas,  e  elegantes  obras  poéticas 
que  compoz  fomente  viraõ  a  luz  publica 
as  feguintes. 

Cançaõ  ao  tiro  que  o  Princepe  de  Caflel- 
la  fes^  em  huma  montaria  do  Pardo  a  hum 
javali,  que  matou.  He  em  Caftelhano.  Ma- 
drid, foi. 

Sjlva  Portuguef^a  à  morte  de  D.  Aíaria 
de  Attajde.  Sahio  nas  Memorias  Funeb.  defla 
Senhora.    Lisboa  na  Officina  Crasbeeck  1650.  4. 

Na   Bibliotheca  Real  fe   confervaõ   qua- 


Ò66 


BIB  LIOTHE CA 


tro  Romances  feus,  dous  em  applaufo  do 
SereniíTimo  Rey  D.  Joaõ  o  IV.  novamente 
elevado  ao  trono.  Começa  o  i.  Graças  ao  Ceo^ 
que  apparecem;  e  o  2.  Hum pafmo  do  antigo  L.ufo. 
o  3.  contra  os  confpiradores  delRey,  e  da 
Pátria.  Começa.  Que  prodígios,  que  portentos? 
o  4.  em  louvor  do  Illuftriflimo  Arcebifpo  de 
Lisboa  D.  Rodrigo  da  Cunha.  Começa.  Agora 
Prelado  illujlre. 

En  la  profefion  de  la  Serenijfima  Senora  Sor 
Maria  de  la  Cruti^  flor  divina  de  la  Cat^a  de  Me- 
dina Sidónia  a  la  Rejna  D.  Lui:^a  Nuejlra  Se- 
nora. He  Romance,  que  começa  Peregrina 
natural. 

Epithalamio  aos  auguftos  defpoforios  de  Car- 
los z.  e  a  Senhora  D.  Catherina  Kejs  de  Ingla- 
terra.   Verfo  heróico. 

Epicedio  à  morte  do  Serenijfimo  Infante  D. 
Duarte;  de  cuja  obra  faz  mençaõ  Manoel 
de  Galhegos  aíTima  allegado,  e  do  Author 
Joan.  Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  Eujit.  Litter. 
lit.  A.  n.  113.  Morreo  em  Lisboa  no  anno 
de  1674. 

ANTÓNIO  RAMIRES  DE  MELLO. 
Veja-fe  P.  MANOEL  MONTEYRO. 

ANTÓNIO  REBELLO  DE  BRITO 
natural  de  Braga,  e  Cidadão  do  Porto.  Foy 
iníigne  na  Arte  da  Poeíia  aíTim  vulgar  como 
Latina,  de  cuja  fecunda  vea  faõ  claros  teíle- 
munhos. 

Três  Sonetos,  e  hum  epigramma  em  lou- 
vor dos  Tratados  dos  Novijfimos,  e  da  Def- 
truiçaõ  de  Jerufalem  compoílos  por  Fr.  António 
Rozado  da  Ordem  dos  Pregadores,  e  impref- 
fos  ao  principio  deílas  obras. 

Poema  Latino  a  D.  Affonfo  Furtado  de  Men- 
doça  Arcebifpo  de  Braga,  impreflb  no  principio 
do  Tratado  dos  Novijftmos  de  Fr.  António  Ro- 
zado.  Porto  por  Joaõ  Rodriguez.  1622.  4. 

ANTÓNIO  REBELLO  CERVEY- 
RA  Naceo  em  a  notável  Villa  de  Santa- 
rém a  12.  de  Abril  de  1648.  e  foy  filho  de 
Joaõ  Rebello  Cerveira,  e  Dorothea  No- 
gueira Freyre.  Nos  primeiros  annos  rece- 
beo  na  fua  pátria  o  Habito  dos  Religiofos 
Terceiros  de  S.  Francifco  donde  fahio  por 
juílificadas    caufas,    e    paíTando    a    Coimbra 


applicando-fe  ao  eíludo  da  Sagrada  Theologia 
fe  formou  neíla  fublime  Faculdade  com 
grande  applaufo  do  feu  nome.  Partio  para 
Roma  levado  da  curiofidade  de  ver  os  magní- 
ficos Templos,  e  fumptuofos  Palácios  deíla 
famofa  Cidade  a  tempo  que  nella  era  ouvido 
com  geral  acclamaçaõ  o  P.  António  Vieyra 
Oráculo  da  eloquência  Concionatoria,  e  con- 
correndo com  taõ  iníigne  Orador  a  pregar 
de  tarde  na  Igreja  de  Santo  António  dos  Por- 
tuguezes  o  Sermaõ  deíle  admirável  Thau- 
maturgo  mereceo,  que  a  mayor  parte  do  audi- 
tório compoílo  das  PeíToas  mais  doutas  da 
Cúria  o  naõ  diftinguiíTem  do  grande  Vieyra, 
que  pregara  de  manhaã  aíTim  na  fineza,  e  pro- 
fundidade dos  penfamentos,  como  na  valentia, 
e  naturalidade  das  acçoens.  Deíles  dotes  de 
que  era  ornado,  foy  muitas  vezes  theatro 
o  Púlpito  da  Capella  Real,  onde  teve  por 
ouvintes  as  Mageftades  Portuguezas,  e  to- 
da a  Nobreza  applaudindo  os  feus  difcurfos 
fempre  elevados,  e  folidos,  difcretos,  e  elo- 
quentes. Falleceo  na  pátria  a  26.  de  Abril 
de  1730.  em  a  provefta  idade  de  82.  annos. 
Jaz  fepultado  na  Igreja  dos  Padres  Terceiros 
de  S.  Francifco  bufcando  com  eleição  ju- 
diciofa  para  centro  do  feu  defcanço  o  berço 
da  fua  educação. 
Tinha  difpoftos  para  a  impreíTaõ. 

Tre^e  Panegyricos  de  Santo  António  em 
memoria  da  fua  Tref^ena.  4.  M.  S. 

Jornada  que  fe^  a  Koma  com  a  defcripçaõ 
de  tudo  quanto  vio  digno  de  memoria  4.  M.  S. 

ANTÓNIO  REBELLO  DA  FON- 
SECA natural  da  Cidade  de  Lamego,  mul- 
to inítruido  no  eftudo  da  Hiíloria  Sagrada, 
e  profana,  e  principalmente  na  Genealogia 
efcrevendo  como  diz  o  P.  D.  António  Cae- 
tano de  Soufa  no  Apparat.  à  Hijl.  Geneal. 
da  Cafa  Real  Portug.  pag.  109.  n.  116. 

Nobiliário  das  familias  da  Comarca  de  luime^ 
principalmente  de  Fonfecas,  e  Kebellos.  M.  S.  foi. 

ANTÓNIO  REYNOSO  natural  da 
Cidade  de  Vifeu,  diverfo  de  outro  do  mef- 
mo  nome,  e  appellido.  Lente  de  Prima  da 
faculdade  de  Medicina  na  Univeríldade  de 
Coimbra  novamente  reílaurada  por  EIRey 
D.  Joaõ  o  III.  e  muito  verfado  nas  línguas 


LUSITANA. 


Arábica,  e  Grega  como  aííirma  MarÍ2  Dialog. 
^  \',ir.  Uifl.  Dial.  y  cap.  5.  mas  muito  mais 
iníjdcnio,  c  emulo  cia  fcicncia  do  antigo  ef- 
cvcndo. 

Tra£tatus  d$  lebribus. 

Fr.  ANTÓNIO  DOS  REYS  Profcf- 
fou  o  Sagrado  Inílituto  dos  Eremitas  de 
Santo  AgoíUnho  em  a  índia  fendo  hum 
(los  grandes  talentos  que  florcceraò  na  Tua 
>ngregaçaõ.  Foy  muito  douto,  e  verfa- 
lio  no  cftudo  de  Thcologia  Polemica  de  que 
deixou  por  tcílcmunhas  da  fua  fciencia. 

KeftitaçaÔ  das  heregms  modernas  fundada  fobre 
folida   ba^e   da  Sagrada  Efcrittn^a  2.  Tom. 
lol.  M,  S, 

P.  ANTÓNIO  DOS  REYS  naceo  no  lugar 
de  Pernes  diftantc  da  Vi  lia  de  Santarém  três  le- 
goas  para  o  Norte  em  23.  de  Setembro  de  1690. 
« teve  por  Pays  a  António  drdofo,  e  Anna  dos 
Reys,  pelos  quaes  foy  educado  com  efpecial  af- 
feôo,  e  fumma  vigilância  como  prevendo  o 
grande  credito,  que  lhes  havia  refultar  de  hum 
filho,  que  logo  na  idade  pueril  deu  claros  indi- 
cies dos  dotes  em  que  havia  fer  infigne  na 
adulta.    Aprendidos  os  primeiros  rudimentos 
lui  pátria  paflbu  a  eftudar  a  Lingua  Latina  com 
i  's  Padres  Jefuitas,  que  admirados  do  profundo 
talento,  e  excellente  perfpicacia  com  que  naõ 
fomente  difcorria  pelos  campos  da  eloquência, 
snas  o  velos  impulfo  com  que  fubia  ao  cume  do 
Pamafo,  o  quizeraõ  admitir  aos  feus  Clauftros 
[  com  a  certeza  de  que  augmentaria  com  o  feu 
I  admirável  engenho  novo  efplendor  a  taõ  eru- 
I  dita,  e  virtuofa  Religião,  porém  como  eílava 
dcftinado  fuperiormente  para  feguir  os  eftan- 
dartes  de  outra  fagrada  milicia  fe  aliílou  na 
[1  ExêplariíTima   Congregação    do    Oratório    de 
Lisboa   onde   com   beneplácito   deíla   Douta 
Comunidade  zelofa  dos  literários  progreíTos  do 
feu  Inílituto  recebeo  a  Roupeta  em  3 1 .  de  Ju- 
jllho  de  1707.  Nefta  Sagrada  Paleílra  fe  applicou 
li  com  igual  difvelo  à  cultura  das  virtudes,  que 
ijdas  fciencias,  fahindo  neílas  taõ  confummado, 
(que  fendo  ainda  Difcipulo  jà  parecia  Meftre. 
Pouco  tempo  exercitou  o  magifterio  da  Theolo- 
gia  Moral  a  que  foy  elevado  em  22.  de  May  o  de 
1725.  porque  outras  occupaçoens  de  mais  alta 
esfera  lhe  impedirão  continuar  eíle  laboriofo 


36; 

miniílerío  deixando  fem  a  ultima  lima  o  Tra- 
tado da  Bulia  da  Cruzada,  que  diâou  nefta 
Cadeira.  Foy  hum  dos  mais  exccllentes  cul- 
tores da  Lingua  Latina,  a  qual  fallou  com 
tanta  pureza,  e  elegância,  que  parecia  animavaõ 
a  fua  pcnna  a  eloquência  de  Tullio,  e  a  mageí- 
tade  de  Livio.  Igual  foy  o  génio,  e  afflucncia, 
que  teve  para  a  Poefia  vulgar,  e  Latina  princi- 
palmente para  a  compofiçaò  dos  Epigrammas 
cm  que  foy  único,  e  Angular  defpojando  a^m  a 
inexhaurivel  torrente  das  fuás  agudezas  aos 
Marciaes,  e  Aufonios  da  gloria,  que  nefte  gé- 
nero de  Poefia  lhe  tributou  a  venerável  antigui- 
dade. Nunca  o  feu  furor  poético  paíTou  a  deli- 
rio  ufando  de  algum  termo  indecorofo  i 
gravidade  Religiofa,  antes  confervou  taõ  inno- 
cente  comercio  com  as  Mufas,  que  as  fuás 
ideas  poéticas  eraõ  igualmente  puras  no  con- 
ceito, como  na  frafe.  Naõ  fomente  foy  peri- 
tiíTimo  no  idioma  Romano,  mas  muito  verfado 
nas  linguas  materna.  Italiana,  Caílelhana,  e 
Franceza  com  baílante  intelligencia  da  Grega, 
e  Ingleza.  Pradtícou  os  preceitos  da  Oratória 
Ecclefiaftica  com  admiração  do  augufto  Audi- 
tório, que  huma  vez  lhe  formou  a  Mageílade 
reinante  do  noíTo  Monarcha,  e  varias  occa- 
íioens  a  mais  erudita  Nobreza  da  Corte  reco- 
nhecendo nos  feus  difcurfos  unida  a  vehe- 
mencia  dos  afFeftos  à  delicadeza  dos  penfamen- 
tos.  Regei tou  com  heróica  humildade  a  Mitra 
de  Peckim,  e  o  governo  do  Arcebifpado  Prima- 
cial de  Braga  vago  pela  morte  de  feu  vigilantif- 
íimo  Paftor  Ruy  de  Moura  Telles  anhelãdo 
com  virtuofa  ambição  antes  obedecer,  do  que 
mandar.  Por  todos  eíles  grandes  dotes  de  que 
o  ornou  a  graça,  e  a  natureza,  mereceo  publi- 
cas, e  particulares  eílimaçoens  delRey  D.  Joaõ 
o  V.  NoíTo  Senhor  confiando  da  fua  prudente 
capacidade,  e  maduro  confelho  negócios  de 
graviflimas  confequencias.  Obrigado  do  pre- 
ceito Real  frequentou  muitos  annos  o  Paço, 
onde  nunca  o  fumo  da  vaidade  lhe  oíFufcou  o 
entendimento,  nem  o  veneno  da  lifonja  lhe 
contaminou  o  coração  para  naõ  fallar  livre- 
mente a  verdade  preferindo  fempre  com  efcru- 
pulofa  obfervancia  os  didames  do  Evangelho 
aos  aforifmos  de  Tácito.  Sendo  Chronifta 
Geral  das  Congregações  do  Oratório,  Qua- 
lificador do  Santo  Oíficio,  Examinador  das 
três  Ordens  Militares,  e  Synodal  do  Patriar- 


368 


BIBLIO  THE  CA 


chado  de  Lisboa,  Confultor  da  Bulia  da  Cru- 
zada, Académico,  e  Cenfor  da  Academia  Real, 
e  Chroniíla  Latino  deíle  Reyno  por  carta  de  6. 
de  Junho  de  1726.  naõ  eraõ  poderofas  taõ  di- 
verfas  occupaçoens  para  o  divertir  da  continua, 
e  multiplicada  compoíiçaõ  de  varias  obras,  com 
que  illuílrou  a  Republica  Literária  admiran- 
do-fe  em  todas  ellas  igual  elegância  de  eftillo, 
que  profundidade  de  juizo.  Foy  naturalmente 
benévolo,  e  aíFavel  para  todo  o  género  de  pef- 
foas,  ou  foíTem  da  primeira,  ou  Ínfima  Jerarchia 
defcubrindo-fe  no  feu  femblante  a  candura  do 
animo  com  que  dezejava  difirir  às  fupplicas  de 
humas,  e  patrocinar  as  pertençoens  de  outras. 
Venerou  com  terniíTimos  aífeâios  à  Virgem 
SantiíTima  procurando  com  quotidianos  obfe- 
quios  a  fua  protecção  na  hora  do  ultimo  perigo. 
Ao  feu  Patriarcha  S.  Filippe  Neri  amou  com 
taõ  ardente  exceíTo  que  pareceo  fer  participado 
daquelle  incêndio  em  que  fagradamente  fe 
abrazou  o  coração  de  taõ  infigne  Heroe  da 
Santidade.  Ao  tempo  que  eftava  no  vigor  da 
idade  varonil  foy  acõmettido  de  huma  febre, 
que  degenerando  em  maligna  o  avifou  de  fer 
chegado  o  ultimo  termo  da  fua  vida.  Para  taõ 
perigofa  batalha  fe  preparou  com  as  Armas  dos 
Sacramentos,  e  refignado  catholicamente  na 
vontade  Divina  conhecendo,  que  era  quafi 
inílantanea  a  fua  duração  pedio,  que  lhe  leííem 
a  Paixaõ  efcrita  por  S.  Joaõ,  e  beijando  com 
reverente  acçaõ  a  Sagrada  Biblia,  como  depo- 
íito  dos  Oráculos  de  hum,  e  outro  Teftamento 
entregou  placidamente  o  efpirito  a  feu  Creador 
a  19.  de  Mayo  de  1758.  quando  contava  47. 
annos  7.  mezes,  e  26.  dias,  e  de  Congregado  31. 
annos  10.  mezes,  e  2.  dias. 

Cathalogo  das  obras  impreíTas. 

B.pigrammatum  libri  quinque.  Ulyffipone 
apud  Jofephum  Antonium  da  Sylva  Aca- 
demiíe  Regiae  Typog.  1728.  4.  Tem  efta 
obra  por  Dedicatória  à  Mageftade  delRey 
D.  Joaõ  o  V.  hum  'Bnthufiafmo  'Poético,  que 
confta  de  1485.  Verfos  Heróicos  Latinos 
compoftos  com  elegante  furor,  e  fublime 
eMlo. 

Sahiraõ  os  Epigrammas  na  fegunda 
ediçaõ  UlyíTipone  apud  eumdem  Typog. 
1730.  8. 

Tradufidos  em  Portuguez  pelo  Doutor 
Joaõ   de   Souza  Caria  Corregedor  adhial  da 


Comarca  de  Évora  com  efte  titulo  Imagens 
conceituo/as  dos  Epigrammas  do  P.  Mejlre  Antó- 
nio dos  Keys  redujidas  do  metro  Latino  ao  metro 
Liujitano,  reflexoens  Johre  algumas  da  fuás  arr- 
eias. Lisboa  na  Officina  da  Mufica.  1731. 
4.  2.  Tom.  3.  edição.  Ultimamente  Lyíác 
Typis  Sylvianis.  1733.  12.  4.  ediçaõ. 

Epijiola  ad  Jametem  Ducem  Cadavalenfium 
in  qua  Ducis  Nonii  ejus  Patris  Apotheojis,  ut  in 
Templo  Fama  peraãa  ejl,  dejcrihitur.  Ulyfliponc 
apud  Jofephum  Antonium  da  Sylva  Regix 
Academise  Typog.  1731.  foi.  magno,  et  ibi 
apud  eumdem  Typog.  1733.  4.  Coníla  de  656. 
Dyílichos. 

Vaticinium  in  'Eleãione  Santijftmi  Domini 
Nojlri  Benediãi  Papa  XIIL  Ulyffipone  apud 
eumdem  Typog.  1726.  foi.  juxta  exemplar 
Romíe  impreílum.  He  hum  elogio  compofto 
em  eílillo  lapidario. 

Elogium  de  Statua  marmórea,  quam  magno  illi 
Carmelitarum  Parenti  ut  Patriarchatum  ejus  peni- 
tus  ajfereret;  adhuc  viventi  in  praclarijfima  família 
decus  aternum  Koma  in  Templo  D.  Petri  Bern- 
di£tus  Papa  XIIL  collocandam  decrevit.  Ulyífi- 
pone  apud  èumdèm  Typog.  1727.  foi.  Sahio 
reimpreíTo  nas  Memor.  Hijioric.  da  Ordem  de 
Nojfa  Senhora  do  Carmo  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  I.  efcritas  pelo  P.  Fr.  Manoel  de  Sà 
Académico  Supranumerário  da  Academia  Real. 
Pag.  545.  he  compoílo  em  eftilo  lapidario 
como  o  he  o  feguinte. 

Elogium  Santa  Clara  de  Monte  Falco.  Sahio 
impreíTo  no  Tomo  3 .  do  Fios  Sanâorum  Au- 
guftiniano  a  pag.  424.  compofto  por  Fr.  Jozè 
de  Santo  António  Eremita  de  Santo  Agof- 
tinho. 

Oratio  in  Laudem  Antonij  KodericiJ  Cofiij 
Ulyffipone  in  Palatio  Brigantino  coram  Cenfo- 
ribus,  <&  Sociis  Academia  Kegalis  Hijloria 
Lufitana  ex  fcripto  pronuntiata  anno  1732. 
die  28.  Februarij.  Ulyffipone  apud  Jofeph 
Ant.  da  Sylva  1732.  in  foi. 

Elogio  Fúnebre  recitado  nas  Exéquias 
da  Excellentijfima  Senhora  D.  Francifca  àe 
Mendoça  Condejfa  da  Atalaya  celebradas  pelos 
Padres  da  Congregação  do  Oratório  de  Lis- 
boa em  19.  de  Janeiro  de  1735.  Lisboa 
na  Officina  da  Congregação  do  Oratório. 
1735.  4.  Tradufido  na  Lingua  Italiana  por 
Domingos    Maria    Vaccari    Cavalleiro    pro- 


L  USITANA. 


A  fio  >!    n  r  rn  de  Chriílo.   Lisboa  por  Antó- 
nio III  i  Fonfcca  1738.4. 

Sermaõ  do  Apojloh  S.  Thomi  prigado  no  dia 
da  fua  Vejla  na  Iff^ya  da  CongrtgafaÕ  do  Oratório 
di  Lisboa.  Córdova  1755.  4*  ^"^  nome  do 
ImpreíTor,  e  Lisboa  por  Manoel  Fernandes  da 
Coíla  ImpreíTor  do  Santo  Oífício.   1754.  4. 

lixcellentijftmi     Dncís     di     Cadaval    Epi' 
taphitim.  Começa 
lllefnh  impofitá  tandem  qiti  mole  quiefco 

LJt   quis  fim   nofcas   te   rogo,  fifie  gjradum. 

Tõfta  de  18.  Dyftichos.  Depois  traz  outro 
10  em  eAilo  lapidado.  Ambos  foraõ 
Miipic-líos  nas  ultimas  Acções  do  Duque 
D.  Nuno  Alvares  Pereira  de  Mello.  Lisboa 
nn  Otlicina  da  Muíica  1730.  foi.  grande  def- 
(Ic  pag.  324.  atè  326. 

Jo:(epl}o  Comiti  de  Vimiofo  S.  ac  Zoilorum 
lontemptum.  Ulyflipone  apud  Michaclem 
Rodrigues  1732.  8.  He  huma  epiftola  que 
confta  de  86.  Dyílichos  em  applaufo  dos  Epi- 
grammas  do  Exccllcntinimo  Conde  do  Vimiofo 
D.  Jozè  Miguel  Joaõ  de  Portugal. 

Doíds  Epiff^ammas,  que  tem  por  aíTumpto 
efte  titulo  S.  Joannis  a  Cruce  facrificantis  latm 
utrumque  cândida  t^onâ  in  conceffa  à  Deo  Cafii- 
tatis  fignum  Angelus  cinfft.  Sahiraõ  impreíTos 
nas  Memor.  Hifior.  Paneg.  e  Metríc.  do  Sag-ado 
culto  com  que  o  Convento  do  Carmo  de  Usboa 
celebrou  a  Canoniv^açaÕ  do  Doutor  Myftico  S. 
Joaõ  da  Cru!^.  Lisboa  por  Miguel  Rodriguez 
1728.  4.  à  pag.  133. 

O  Marte  Lsifitano,  ou  Cançaõ  heróica 
Paneffrica  ao  Serenijftmo  Senhor  D.  Manoel 
Infante  de  Portugal.  Lisboa  por  Jozé  Lopes 
Ferreira  ImpreíTor  da  SereniíTima  Rainha 
171 7.  4.  Sahio  com  o  nome  de  feu  irmaõ 
Luiz  António  Cardofo  da  Gama,  e  depois 
no  feu  nome  na  tradução  Latina,  que  fez 
deíla  Cançaõ  em  verfos  heróicos  Felippe 
Jozé  da  Gama  com  eíle  titulo. 

Mars  Ijifitanus,  five  cantus  heroicus  Panegy- 
ricus  in  luiudem  Serenijftmi  Domini  D.  Emmanue- 
Bs  hufitania  Infantis  olim  lufitanis  verfibus  editus 
a  R.  P.  António  dos  Keys  Con^egationis 
Oratorif  UlyJJiponenfis,  Regis,  Repique  Hifiorio- 
ffapbo  iMtinOy  Regia  Academia  Sócio.  UlyíTi- 
pone.   1736.  8.  fem  nome  de  ImpreíTor. 

Motivos  para  acompanhar  o  Santiffimo 
Sacramento  propofios    a    todos    os    Fieis.     Lis- 


369 

boa  na  Offídna  Ferreíriana  172 1.  4.  Sahio 
em  nome  de  Luiz  António  Cardoso  da  Gama, 
e  depois  mais  acrecentado,  e  emendado  com  o 
nome  de  feu  Author.  Lisboa  na  mefma 
OfHcina,  e  anno  in  8. 

Arte  de  bem  morrer.  Lífboa  por  Paíchoal 
da  Sylva  ImpreíTor  de  Sua  Mageílade  171 7.  iz. 
et  ibi  por  Jozé  Lopes  Ferreira  1718.  24.  et  ibi 
por  Pedro  Ferreira  1727.  12.  Sahio  em  nome 
de  feu  Irmaõ  Luiz  Cardozo. 

Tributo  amorofo  em  obfequio  do  prodigiofo, 
e  admirável  iJeròe  Santo  António  de  Lisboa. 
ibi  por  Bernardo  da  Coíla  impreíTor  do  Sete» 
niíTímo  Infante  1707.  24.  que  deve  fcr  1717. 
Sahio  em  nome  do  P.  António  Cardofo  de 
Carvalho. 

Traduzio  de  Italiano  do  P.  Francifco  Maria 
Campione  Religiofo  Trino  em  Portug. 

Infiruçaõ  de  Ordinandos  tirada  do  Concilio 
de  Trento,  do  Ritual,  e  Pontifical  Romanos,  e  dos 
Decretos  de  S.  Carlos  Borromeo,  na  qual  em 
fumma  fe  infiruem  naõ  fó  os  Ordinandos  no  que 
devem  faber  f obre  cada  huma  das  Ordens,  mas  os 
Confeffores  em  todos  os  pontos  mais  effenctaes  da 
Theologia  Moral,  e  os  Pregadores  ruis  matérias 
predicativas  de  que  coftumaõ  fer  examinados. 
Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva.  172J. 
4.  O  traduâor  acrecentou  Methodo  para 
aprender  facilmente  as  Rubricas  da  Mijfa  Romana, 
o  qual  coníla  de  79.  paginas,  e  fe  imprimio 
no  fim  da  Infiruçaõ  dos  Ordinand. 

Traduzio  de  Caílelhano  do  P.  Bernardino 
Villegas  da  Companhia  de  Jefus  na  língua 
materna. 

Favores  de  Maria  Santiffima.  Lisboa  por 
Mathias  Pereira  da  Sylva  171 9.  8.  Sahio 
fem  o  feu  nome. 

Traduzio  da  lingua  Italiana  do  P.  D.  Luiz 
Novarino    Clérigo    Regular    na  Portugueza. 

Vida  de  Maria  no  Ventre  de  Santa  Anna. 
Lisboa  na  Officina  da  Congregação  1737.  12. 
fem  o  nome  do  Traduâor. 

Cathecifmo  ou  Breve  explicação  da  doutrina  Chrif- 
taã  8.  naõ  tem  lugar,  nem  anno  da  ImpreíTaõ. 

Introdução  Poética  à  Fénix  Rjenacida,  ou  Obras 
poéticas  dos  melhores  Ejjgenhos  Portugueses.    Lis- 
boa por  Jozé  Lopes  Ferreira  171 6.  8.  Coníla 
de  91.  Outavas,  que  prindpiaõ. 
Era  do  anno  a  EfiaçaÕ  primeira 

Em  que  de  Colcbos  o  Animal  Luzido 


29 


3/0 


BIBLIOTHEC  A 


Acaba  no  Zodíaco  a  carreira 

Depois  de  a  porta  ao  anno  ter  ahrido.  Ò'  c. 
Sahio  fem  o  feu  nome. 

Corpus  illufirium  Poetarum  ILujitanoruni ,  qtii 
Latine  fcripfermt.  Efta  CoUecçaõ  de  que  já  eftaõ 
impreflbs  7.  Tomos  de  4.  grande  UlyíTipone 
apud  Jozephum  Anton.  da  Sylva  Academias 
Regiae  Typ.  foy  feita  com  grande  difvelo,  e 
exame  efcrevendo  a  vida  em  Latim  de  cada 
Poeta  ao  principio  das  fuás  obras.  Naõ  foy 
menor  o  trabalho,  que  applicou  em  dar  a  ulti- 
ma perfeição  ao  Poema  de  Camoens  traduzido 
na  lingua  Latina  pelo  iníigne  Poeta  Fr.  Fran- 
cifco  de  Santo  Agoílinho  Macedo  o  qual 
fahirá  impreflb  nefta  famofa  CoUecçaõ. 

Tre^ena  de  S.  António,  ou  culto  devoto  para 
ferem  bufcados  os  treine  dias  em  que  o  celebra  a 
Igreja.  Lisboa  por  António  Manefcal  Impreílor 
de  Santo  António  171 5.  24.   Sem  o  feu  nome. 

Novena  da  glorioja,  e  efclarecida  Virgem 
Santa  Kofa  de  Viterbo  filha  da  Venerável  Ordem 
Terceira  da  Penitencia.  Lisboa  na  Ofíicina 
Ferreiriana.  1721.  24. 

Conta  dos  feus  ejiudos  Académicos  recitada 
no  Paço  a  -j.  de  Setembro  de  1723.  a  qual  confia 
de  vários  Juceffos  dos  Moradores  da  antigua  L,aconia, 
hoje  Lamego.  Sahio  no  Tom.  3.  da  Collec. 
dos  Documentos  da  Academia  Keal.  Lisboa  por 
Pafchoal  da  Sylva  1723.  foi. 

Conta  dos  feus  efiudos  Académicos  no  Paço  a 
22.  de  Outubro  de  1726.  No  Tom.  6.  da  Collec. 
dos  Documentos  da  Academia  Real.  Lis- 
boa por  Jozé  António  da  Sylva  1726. 
foi. 

Vita  D.  Ferdinandi  de  Menet^es  Comi- 
tis  da  Ericeira.  Sahio  no  principio  da  obra 
que  efte  Fidalgo  compoz  intitulada  Hifio- 
riar.  Lufitan.  ab  anno  MDCXL.  ufque  ad 
MDCLVIL  UlyíTipone  apud  Jozé  Ant.  da 
Sylva  1734.  4.  grande. 

Cathalogo  das  Obras  M.  S. 

Antifiites  Lborenfes.  Saõ  doze  vidas  de 
doze  Prelados  delia  Cathedral,  cuja  Hifto- 
ria  lhe  fora  cometida  pela  diiiribuiçaõ  da 
Academia  Real  para  efcrever  na  lingua  La- 
tina. A  vida  de  D.  Domingos  Jardo  Bifpo 
defia  Diocefe  efcrita  elegantemente  em  La- 
tim fahio  impreíla  na  Colleçaõ  dos  Documen- 
tos da  Acad.  Real  do  anno  de  1730.  Lisboa 
por   Jozé   António    da    Sylva   ImpreíTor   da 


Academia  Real.  1730.  foi.  e  he  a  única  das 
doze  vidas  que  tinha  compofto  que  tem  logrado 
o  beneficio  da  luz  publica. 

Labor  improbus,  féu  Regni  Calefiis  accurata 
defcriptio  per  aquivoca.  Obra  de  grande  enge- 
nho, e  nefte  género  íingukr. 

Hifioria  Generalis  Congregationum  Oratorij. 
Deixou  quafi  acabada  a  vida  de  S.  Felippe  Neri 
em  taõ  elegante,  e  puro  eftilo,  que  fendo  vilia 
em  Roma  mereceo  as  mayores  eftimaçoens  dos 
homens  mais  eruditos  daquella  grande  Corte. 

Traãatus  Bullce  Cruciata  Lufitana  o  qual 
ficou  imperfeito. 

De  fcitu  dignis  fui  temporis  libri  três  Eíla 
obra  he  de  Diogo  de  Payva  de  Andrade 
Sobrinho  do  grande  Varaõ  do  mefmo  nome, 
que  foy  ao  Concilio  Tridentino.  Coníla  de  72. 
Hiílorias  verdadeiras  efcritas  na  lingua  Latina 
elegantemente,  cujo  Original  fe  conferva 
na  Bibliotheca  Ericeiriana.  Acrecentou  o  P. 
António  dos  Reys  28.  hiftorias  de  fucceíTos 
memoráveis  em  Portugal  para  fazer  completa 
huma  Centúria.  4. 

Elogium  R.  P.  D.  Emmanuelis  Caetani  de  Soufa 
Clerici  Regularis  Pro  Comiffarij  Bulia  Cruciata, 
et  Academia  Regia  Cenforis.  4. 

Vita  Excellentijfimi  D.  D.  Ludovici  Menejg 
Comitis  Ericeria.  4. 

Elogium  in  funere  Serenijfimi  Infantis  D. 
Caroli  Augufiiffimorum  Regum  Joannis  V. 
<&    Mariana    Auftriaca  filij    quarto   geniti    4. 

Hifioria  Regni  Lufitania.  foi. 

Hifioria  Metallica.  Nella  fe  defcrevem  em 
Medalhas  as  acções  heróicas  da  Mageftade 
delRey  D.  Joaõ  o  V.  noíTo  Senhor  foi. 

Elogia  Sacra,  et  profana.  4. 

Duas  Elegias  Latinas  a  N.  Senhora  fobre 
os  dous  primeiros  verfos  dos  Cantares,  e  outras 
a  vários  affumptos.  4. 

Muitos  Epi^ammas  de  que  fe  pode  formar 
Segundo  Tomo.  4. 

Oraçoens  Latinas  da  Paixàõ  de  Chrijlo 
recitadas  domeíHcamente  nos  fabbados  de 
Quarefma.  4. 

Damonologia  five  de  damoniis.  Poílilla 
que    compoz    para    defender    publicamente. 

Sermoens,  e  Praãicas.  2.  Tom.  4. 

Expofiçaõ  Mifiica  da  SagraçaÕ  de  huma 
Igreja.  4. 

Vida    de    Chrifio    no     Ventre    de     'Maria. 


L  USITAN  A. 


tradução  de  Italiano  do  P.  D.  Lui2  Nova- 
I  ino  Clérigo  Regular  em  Portuguez.  8. 

ColleçaÕ  de  Hijloriadores,  Oradorts,  e  Autborts 
de  Cartas  latinas  Portt4^Me:(es, 

CollecçaÕ  dos  mais  infigtts  Poetas  PortNgfie!(es 
^  efcreveraõ  na  lingua  materna. 

Dons  Diálogos  ao  Menino  Jefta  no/eu  Prexfpio 
tom  vários  interlocutores,  cm  vcrfo  Portuguez. 

Cathecifmo  para  o  Eftado  do  hrajil  muito 
mais  acreccntado,  que  o  imprcITo. 

Fabula  do  Gigante  Polifemo  em  eftilo  joco- 
ferío  de  que  já  tinha  compoílo  52 j.  Outavas. 
4.  íicou  imperfeita. 

As  Metamorphofes  de  Ovidio  em  Verfo 
Portuguez  jocoferio,  de  que  deixou  grande 
parte  compoíla. 

Jornada  do  Ceo  pelo  caminho  do  Inferno,  fb^c.  4. 

Fazem  illuftre  memoria  dcile  o  P.  D. 
Manoel  Giet.  de  Souf.  Exped.  Hifp.  S.  Jacob. 
Tom.  I.  pag.  678.  n.  1558.  Fr.  Manoel  de  Sà 
Mem.  Hijl.  da  Ord.  do  Carm.  da  Prov.  de  Portug. 
pag.  544.  n.  18.  D.  Jozè  Barboza  na  Dedicat. 
Archiatb.  iMJitan.  onde  lhe  chama  Martialis 
hufitanus,  e  Fr.  Mart.  do  Amor  de  Deos  Chron. 
da  Prov.  de  Santo  Ant.  Tom.  i.  Liv.  2.  cap.  i.  §. 
513- 

D.  Fr.  ANTÓNIO  DA  RESUREIÇAM 
naceo  em  Lisboa,  e  foraõ  feus  Pays  Joaõ  Lopes 
Soares,  e  Maria  Fernandes.  Recebeo,  e  profef- 
fou  o  Habito  da  Illuílre  Ordem  dos  Pregadores 
no  Convento  da  Villa  de  Azeitão  diílãte  cinco 
legoas  de  Lisboa  a  8.  de  Abril  de  1588.  e  logo 
deu  íinaes  evidentes,  que  tinha  igual  propenfaõ 
para  as  virtudes,  que  para  as  fciencias.  No 
Convento  de  Évora  leo  Theologia  em  cuja 
faculdade  fe  laureou  Doutor  na  Univeríidade 
de  Coimbra  fendo  neíla  florentiíTima  Athe- 
nas  venerado  por  Oráculo  principalmente 
quando  fubio  a  regentar  a  Cadeira  de  Prima 
de  que  foy  fubftituto  no  anno  de  1620.  e  de- 
pois proprietário  de  que  tomou  a  poíTe  em 
19.  de  Outubro  de  1622.  Neíla  Cidade  fer- 
vio  o  Tribunal  do  Santo  Officio  com  o  lu- 
gar de  Deputado  provido  em  o  primeiro  de 
Outubro  de  1626.  havendo  aíTiílido  como 
Difinidor  no  Capitulo  Geral  celebrado  em 
Pariz  a  22.  de  Mayo  de  161 1.  fendo  Meftre 
Geral  da  Ordem  Fr.  Agoftinho  Galamino. 
Os   feus   grandes   merecimentos   o   elevarão 


37. 

à  dignidade  de  Bifpo  de  Angra  fendo  Sagrado 
em  10.  de  Julho  de  i655.enaôde  1658.  (como 
erradamente  efcreveo  o  P.  Fr.  Lucas  de  Santa 
Catharína  na  4.  Part.  da  HiJl.  de  S.  Domingos 
da  Prov.  de  Portug.  Liv.  i.  cap.  51.  pag.  184. ) 
pelo  Colleitor  Alexandre  Caílracane  na  Igreja 
de  S.  Braz  de  Lisboa.  Neíle  anno  entrou  na 
fua  Diocefe,  e  como  fe  lhe  foíTe  revelada  a 
breve  duraçaõ  do  feu  governo  fe  empenhou 
a  fazer  em  pouco  tempo  o  que  outros  naõ  exc- 
cutariaõ  em  dilatados  annos  pra£ticando  aquel- 
las  virtudes  próprias  de  hum  vigilante  Paílor 
aíTim  na  larga  repartição  de  efmolas,  como  nas 
continuas  vifitas,  que  fez  no  feu  Bifpado  dif- 
correndo  pelas  Ilhas  Terceira,  Gracioía,  Pico, 
S.  Jorge,  e  Fayal,  onde  introdufío  a  reforma 
dos  coílumes  com  fuavidade,  e  prudência,  e 
arrancou  muitos  abufos,  que  eílavaõ  efcan- 
dalofamente  praéticados,  atè  que  chegando  á 
Ilha  de  S.  Miguel  foy  alcançar  o  premio  das 
fuás  virtuofas  obras  em  4.  Feira  de  Trevas  8. 
de  Abril  de  1637.  e  naõ  a  7.  como  efcreve  Fr. 
Pedro  Monteiro  no  Catalogo  dos  Deputados 
da  Inquijiçaõ  de  Coimbra  §.  77.  que  efquecido 
de  ter  efcrito  neíle  lugar,  que  morrera  no  anno 
de  1637.  cahio  em  mayor  erro  afíirmando  no 
Claujlro  Dominicano  Tom.  3.  pag.  31.  fora  a  fua 
morte  no  anno  de  1654.  antecipando-lha  três 
annos.  Mais  enorme  anacronifmo  cõmeteo 
quando  na  pagina  30.  do  mefmo  Claujlro  Domi- 
nicano fronteira  à  pagina  onde  efcrevera,  que 
fora  a  morte  deíle  Prelado  no  anno  de  1634. 
diz  que  no  anno  de  1 500.  fendo  Geral  Fr.  Joaõ 
Clareè  (  que  certamente  naõ  era,  pois  foy  eleito 
em  1507.)  fe  fizera  hum  elogio  nas  Aâas  deíle 
Capitulo  à  memoria  de  taõ  illuílre  Prelado,  o 
que  naõ  podia  fer  fe  naõ  em  profecia,  por  fucce- 
der  a  fua  morte  cento,  e  trinta  annos  depois  da 
celebração  deíle  Capitulo.  O  elogio,  que 
fe  lè  efcrito  nas  Adas  Capitulares  foy  feito 
no  anno  de  1656.  o  qual  pudera  ler  Fr.  Pe- 
dro Monteiro  nos  Monumentos  Dominica- 
nos efcritos  por  Fr.  Vicente  Maria  Fontana 
pag.  666.  cujo  Author  allega  entre  os  que 
faUaraõ  de  D.  Fr.  António  da  Refurreiçaõ, 
e  he  neíla  forma.  Fr.  Antonius  de  Kefurre- 
ãione  Angrenjis  Epifcopus  non  minori  inte- 
gritatis  quam  doãrina  fama  celebris,  inter 
alias  virtutes  charitate  erga  pauperes  mira- 
bilis,    Infulam    Sanai    MicbaeUs  pro  ftio  paf- 


ò-ji 


BIB  LIO  THE  CA 


torali  munere  vlfitaturus ,  nec  mortis  quidem  denun- 
ciato  Jíbi  periculo,  abjlerreri  à  pio  opere  potuit;  ad 
tilam  ifftur  accejftt  (  quod  nemo  ex  aniecejforibus 
Epifcopis  prajliterat )  gregem  fibi  comijfum  invi- 
Jtmts,  ac  Verbi  Dei  pabulo  enutriturus,  ubi  in 
aãuali  vifitatione  animam  Juam  pro  ovibus  Juis 
pofuit,  omnium  lacrymis  in  tota  diacefi  comploratus. 
Foy  fepultado  na  Capella  do  SantiíTimo  Sacra- 
mento da  fua  Cathedral  por  eftar  impedida 
a  mayor  donde  para  ella  foy  tresladado 
no  anno  de  1652.  achando-fe  o  corpo  incor- 
rupto. O  P.  Fr.  Lucas  de  Santa  Catharina  na 
Hifi.  de  S.  Domingos  da  Vrov.  de  Portug.  jà 
allegada  efcreve  a  pag.  187.  que  eftà  fepultado 
efte  Prelado  na  mefma  fepultura  em  que  jaz 
o  Meftre  Fr.  André  de  Santo  Thomaz  feu  ante- 
ceííor  na  Cadeira  de  Prima  da  Univeríidade  de 
Coimbra,  cubrindo  a  ambos  huma  campa  na 
Capella  Mor  do  Collegio  de  Santo  Thomaz 
deíla  Cidade  com  efte  epitáfio. 

Pradicatores  Theologi  Academia  Primarij... 
D.  Fr.  Antonius  de  Kefurreãione  UliJJiponenJis 
Sanai  Officij  Deputatus,  €>*  Angria  Epifcopus. 

Efcrevem  defte  Prelado  Fontana  in  Mo- 
ntiment.  Dominican.  ad  ann.  1656.  e  no  Theaír. 
Dominic.  foi.  124.  Soufa  Hijl.  de  S.  Doming. 
da  Previne,  de  Portug.  Part.  2.  liv.  4.  cap.  7. 
Cavalier.  Galeria  Dominic.  Tom.  2.  pag. 
6.  n.  97.  Echard  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2. 
pag.  562.  c.  I.  Francifco  Affonfo  de 
Chaves  e  Mello  Vid.  da  Ven.  Margarid. 
de  Chaves  pag.  202.  Cordeiro  HiJl.  Inful. 
liv.  6.  cap.  II.  pag.  278.  Joan.  Soar. 
de  Brit.  in  Theatr.  laijit.  Utfer.  lit.  A.  n.  114. 
Souf.  Cathalog.  dos  Bi/p.  de  Angra.  §.  13. 
Compoz. 

Sermão  nas  "Exéquias  delKey  Filippe 
II.  de  Portugal  celebradas  na  Capella  Real 
da  Univerjidade  de  Coimbra,  em  %.  de  Junho 
de  i6zi.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  Impref- 
for  delRey.  1621.  4. 

Sermaõ  no  Auto  da  Fé,  que  fe  celebrou  na 
Cidade  de  Coimbra  a  6.  de  Mayo  de  1629.  Coim- 
bra por  Diogo  Gomes  de  Loureiro  ImpreíTor 
da  Univerfidade  1629.  4. 

Sermaõ  na  SolemniJJima  ProcifaÕ,  e  fef- 
tas  da  Keal  Univerfidade  na  Canoniv^açaõ,  da 
Rainha  Sanãa  no  Mofteiro  de  Santa  Clara 
da  mefma  Cidade  em  23.  de  Outubro  de  1625. 
Sahio    no    Poeticum    Certamen.      Conimbricae 


apud   Didacum   Gomes   de   Loureiro   Acad. 

Typ.  1626.  4. 

Deixou  eruditamente  compoftos 
Comentaria  in  Primam  Partem  D.  Tboma. 

foi.  M.  S. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  RESURREIÇAM 
Naceo  em  Lisboa,  onde  recebeo  a  graça  bau- 
tifmal  a  11.  de  Fevereiro  de  1621.  Na  pueril 
idade  de  dez  annos  foy  admitido  ao  Habito 
Seráfico  da  Terceira  Ordem  em  o  Convento  de 
N.  Senhora  de  JESUS  da  fua  pátria  pela  dcf- 
treza  da  Mufica,  e  fuavidade  da  voz  com  que 
cantava,  e  profeíTou  a  20.  de  Abril  de  1638. 
Com  o  progreíTo  dos  annos  fe  foy  de  tal  forte 
augmentando  em  a  fciencia  do  contraponto,  e 
no  eftilo  com  que  executava  os  preceitos  da 
faculdade  Mufica,  que  arrebatava  as  atençoens  | 
de  todos  os  ouvintes.  Em  remuneração  de  ter 
louvavelmente  exercitado  o  lugar  de  Vigá- 
rio do  Coro  do  Convento  defla.  Corte  por 
muitos  annos,  foy  eleito  Miniftro  do  Con- 
vento da  Villa  de  Viana  em  o  Alentejo,  e 
Definidor  da  Provinda.  Falleceo  no  Con- 
vento de  Santarém  a  17.  de  Janeiro  de  1686. 
com  65.  annos  de  idade.   Compoz 

Diverfas  Mijfas,  e  outras  obras  Mujicas. 
M.  S. 

ANTÓNIO  DA  RESURREIÇAM  VIL- 
LELA  natural  de  Lisboa  Cónego  Secular  da 
Congregação  do  Evangelifta  celebre  no  minif-     . 
terio  do  Púlpito  como  efcreve  o  feu  Chronifta 
Francifco  de  Santa  Maria  no  Ceo  Abert.  Liv.  2. 
cap.  40.  pag.  525.    Foy  Secretario  da  mefma 
Congregação,  e  Reytor  do  famofo  Convento 
de  Villar  de  Frades.   Morreo  no  Convento  de    j_ 
Santo  Eloy  de  Lisboa  a  29.  de  Mayo  de  1669.    í^ 
Efcreveo  no  anno  de  165 1.  e  deixou  prompta 
para  a  ImpreíTaõ 

Breve  Relação  da  vida  do  M.  Joaõ  Bi/po  de  La- 
mego, e  Vi/eu  recopilada  dos  notados  efcritos  pelo 
P.  Paulo  anno  1458.  que  eftaõ  em  Santo  Eloy 
de  Lisboa.  Confervava-fe  M.  S.  in  4.  na 
Livraria  do  Eminentiflimo  Cardial  de  Soufa. 

ANTÓNIO  RIBEIRO  Poeta  naõ  vulgar 
exercitando  efta.  nobre  Arte  com  felicidade 
principalmente  na  Poefia  Lyrica,  em  que 
compoz,  e  imprimio  fem  o  feu  nome. 


LUSITANA. 


373 


Bucólica  de  de!(^  Éclogas  Paflorií.  Lisboa 
I}86.  8. 

Ff.  ANTÓNIO  RIBEIRO  Natural  de 
Lisboa  teve  por  Pays  a  António  Sylveílre,  e 
Luiza  Ribeira.  ProfeíTou  o  Inílituto  da  Sagrada 
Ordem  cios  Pregadores  onde  exercitou  os  luga- 
res de  Lente  de  Prima  de  Tlieologia  Moral  no 
Collegio  de  N.  Senhora  da  Efcada  de  Lisboa, 
e  Meftre  do  numero  da  Província.  Foy  Quali- 
ficador do  Santo  Oflficio,  grande  Letrado,  e 
naõ  menor  Pregador  de  cujo  miniílerio  poden- 
do publicar  muitas  producçoens,  fomente 
vimos  a  feguinte  pofto  que  Fr.  Pedro  Monteiro 
affirme  no  Claufiro  Dominicano  Tom.  5.  pag. 
159.  que  imprimira  muitos  Scrmoens. 

Sermaõ  do  Pafriarcba  S.  Caetano  no  ultimo 
dia  do  Tridm  da  fua  Fejla.  Lisboa  por  António 
Rodrigues  de  Abreu.  1675.  4-  Morreo  no 
Convento  de  Lisboa  a  16.  de  Fevereiro  de  1668. 

Í ANTÓNIO  RIBEIRO  CHIADO  Na- 
em  hum  lugar  humilde  do  arrabalde  da 
ade  de  Évora.  Por  naõ  ter  validamente 
^__fcnado  o  Inílituto  Seráfico  o  largou  paf- 
fando  o  rcftante  da  fua  vida  no  eftado  do 
Celibato  veílido  em  habito  clerical.  O  apelido 
de  Chiado  lhe  ficou  pela  habitação,  que  por 
muitos  annos  teve  em  huma  rua  de  Lisboa 
aíTim  chamada.  Pofto  que  naõ  era  muito  douto 
tinha  fufficiente  noticia  das  boas  letras  veríifi- 
cando  mais  a  impulfos  da  natureza,  que  de  arte 
com  génio  taõ  jocofo,  e  prompto,  que  provo- 
cava aos  circunftantes  a  feftivos  applaufos 
todas  as  vezes,  que  metrificava  extemporanea- 
mente, ou  fingia  as  vozes,  e  geftos  de  diverfas 
PeíToas  com  tanta  propriedade,  e  galantaria, 
que  pareciaõ  ferem  as  próprias,  merecendo 
por  eftas  fingulares  partes  a  eflimaçaõ  geral 
que  confervou  atè  à  morte  fuccedida  em 
Lisboa  no  anno  de  1591.  Delle  fazem  me- 
moria Nic.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
123.  Draud.  in  Biblioth.  Clajfu.  Fonfec. 
Évora  glorio/,  pag.  410.  dizendo:  foj  de  face- 
tijfimo,  e  lepidijfimo  génio,  e  de  fingular  agtide^a  de 
engenho.  Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  in  Bih.  Franc. 
Tom.  I.  pag.  124.  e  o  P.  António  dos  Reys 
in  Enthuf.  Poet.  n.  219.  As  fuás  obras  impreíTas, 
e  M.  S.  faõ  as  feguintes. 

Pbilomena    dos    louvores    dos    Santos    com 


outros  cantos  dtvotos.     Lisboft    15S5.    12.    (â& 
vários  géneros  de  verfos. 

Auto  di  Gonçah  ChamhaS.  Lisboa  por 
Manoel  Carvalho  161 5.  4.  et  ibi  por  António 
Alvares  1650.  4. 

Auto  da  natural  invenção.  Foy  reprefentado 
na  prefença  delRey  D.  Joaõ  o  III.  e  íe  imprí- 
mio. 

letreiros  fentenciofos  os  qiutes  fe  acharaÕ  em 
certas  Jepulturas  de  Efpanha  feitos  em  trovas. 
Lisboa  por  António  Alvares  1602.  4. 

Kejira    efpiritual  dirigida   ao    Reverendijftmo 
em  Chriflo  P.  Fr.  André  da  Infoa  noffo  natura» 
Portuguev^  Miniftro  Geral  eU  toda  a  Ordem  do  Bema- 
venturado  S.  Francifco.  M.  S.   Começa 
A///y  catholico,  e  prudente 
De  encrinaçaõ  muy  real 
Pois  que  vos  Deosfet!^  Geral 
Day-lhe  graças  infinitas,  ó^c. 

Ainda  era  Frade  quando  compoz  eíla 
obra,  e  a  feguinte. 

Carta  que  mandou  ao  Geral  de  S.  Francifco 
com  huma  petição  aofeu  Comiffario,  e  a  repofla  delia 
feita  em  trovas.  Efta  obra  he  prohibida  no 
Expurgatorio,  que  mandou  fazer  o  Inquifidor 
Geral  D.  Fernaõ  Martins  Mafcarenhas.  Part.  2. 
pag.  93. 

Parvoíces  repartidas  em  cinco  jornadas  i.  das 
infofriveis.  2.  das  Mortalijftmas.  3.  das  Criadas. 
4.  das  Enfadáveis.  5.  das  Refinadas.  M.  S. 

Tratado,  e  reprefentaçaõ  de  alguns  erros,  e  par- 
voíces em  que  cõmumente  cahem  alguns  homens,  e 
pejfoas  entendidas  para  enfino  de  quem  nellas 
cahir,  repartido  em  duas  Centúrias  com  feu  Pro- 
logo. M.  S. 

Avifos  graciofos,  e  regras  do  Chiado.  M.  S. 
Confervava-fe  na  Livraria  do  Cardial  de  Soufa. 

Sete  cartas  jocofas  M.  S.  Eftaõ  na  Livra- 
ria do  Conde  de  Vimieiro. 

Quinze  cartas  jocoferias  com  varias  profe- 
cias para  o  anno  ífe  1 5  91 .  M.  S.  in  4.  Na  Biblioth. 
do  Card.  de  Soufa. 

Carta  que  efcreveo  de  Usboa  a  Coimbra 
da  entrada  do  Bifpo  D.  JoaÕ  Soares  em  Us- 
boa quando  foy  a  Raja  pela  Prince!(a  D.  Joanna. 
He  jocofa,  e  fe  confervava  na  Biblioth. 
do  Cardial  de  Soufa. 

Quintilhas  a  Affonfo  Alvares  mulato,, 
que  enfinava  em  Usboa  a  ler,  e  efcrever. 
Começa 


-574 


BIBLIOTHE  C  A 


Affonjo  Abres  amigo. 
Outras  ao  mejmo  cagando  com  a  filha  de  hum 
Alhardeiro    chamado     Pedro    Romho     Q)meça. 
Tom  afie  o  f ogro  rombo 
Outras  ao  mefmo  que  Começa. 
Quem  vivefempre  às  e/curas. 
E  outras. 

Caõfora  voffa  mercê. 

ANTÓNIO  RIBEIRO  RAYA  natural 
da  Cidade  de  Vifeu.  Na  idade  pueril  paíTou  à 
índia  onde  aíTentando  praça  de  Soldado  exer- 
citou os  poílos  de  Alferes,  e  Capitão,  affim  nas 
Armadas  de  Caílella,  como  nas  do  noíTo  Eílado 
por  efpaço  de  trinta  annos  naõ  havendo  perigo 
a  que  fe  naõ  expuzeíTe,  e  de  que  naõ  triumfaíTe. 
Com  a  experiência  adquirida  em  tantos  annos 
nos  exercícios  Militares  aíTiílindo  quando  jà 
era  Sargento  Mór  reformado  na  Cidade  de 
Macáo  efcreveo  no  anno  de  1643.  ^  dedi- 
cou à  Mageftade  delRey  D.  Joaõ  o  IV. 

Praãica,  e  Theorica  da  Guerra.  M.  S.  in  4. 
donferva-fe  na  Bib.  Real. 

P.  ANTÓNIO  RODRIGUES  Naceo  em 
Eisboa  donde  paflbu  como  Soldado  em  huma 
Armada  Caílelhana  ao  Rio  da  Prata  com  o 
de2ejo  de  accumular  riquezas,  porém  movido 
de  impuITo  fuperior  refoluto  aliílar-fe  em  outra 
milicia  nais  nobre,  e  alcançar  outros  thezouros 
em  que  naõ  tiveíTe  jurifdiçaõ  o  tempo,  e 
fazendo  arbitro  defta  determinação  ao  apofto- 
lico  Varaõ  o  P.  Manoel  da  Nóbrega  lha  appro- 
vou  fendo  admitido  à  Companhia  no  anno 
de  1553.  Querendo  aproveitar  o  tempo  em 
beneficio  do  próximo,  que  inutilmente  tinha 
confumido  no  Século,  penetrou  defcalço  as  fra- 
gozas  Serras  de  Piràtininga,  e  fem  algum  via- 
tico  para  fuílentar  a  vida  foy  admirável,  e 
copiofo  o  fruto  que  colheo  com  as  fuás  vozes 
daquella  inculta  vinha  reduzindo  ao  fuave 
jugo  do  Evangelho  a  infinitos  bárbaros  que 
viviaõ  mais  como  feras,  do  que  homens  em- 
brenhados na  efpeíTura  dos  matos,  domef- 
ticando  os  feus  coftumes,  illuílrando  feus  en- 
tendimentos, e  purificando  com  as  agoas  do 
bautifmo  as  fuás  manchas,  devendo-fe  ao  feu 
incanfavel  difvelo  a  cõverfaõ  de  quazi  cinco- 
enta  mil  Gentios,  e  a  edificação  de  todas  as 
Aldeyas  que  fe  aílentaraõ  defde  o  Camamú 


18.  legoas  da  banda  do  Sul  da  Cidade  athé 
quafi  o  Rio  Real  quarenta  legoas  delia  para 
o  Norte.  Voltando  da  Bahia  para  o  Rio  de 
Janeiro  em  companhia  do  Governador  Mendo 
de  Sá  no  anno  de  1567.  continuou  com  o 
mefmo  ardor  as  fuás  emprezas  apoílolicas  athé 
que  no  CoUegio  deíla  Cidade  no  mefmo  dia, 
que  foy  vifitar  a  Igreja,  recolhido  ao  Cubiculo 
depois  de  receber  os  Sacramentos  entre  fervc- 
rofos  colloquios  entregou  a  alma  a  feu  Creador 
em  20.  de  Janeiro  de  1568.  quando  tinha  52. 
annos  de  idade,  e  14.  de  Companhia.  Foy 
fempre  homem  (efcreve  delle  o  P.  Simaõ  de 
Vafconcellos  Chron.  da  Prov.  do  BrafiDiv.  3.  n. 
128.)  de  grande  coração,  e  igual  meie  tento,  e 
devoto.  Tinha  familiar  trato  com  Deos,  tra- 
tava ajperamente  feu  corpo,  e  ainda  quando  Sol- 
dado no  Século  era  exemplo  nefias  matérias  aos 
companheiros.    Efcreveo. 

Duas  Cartas  das  fuás  Mififoens  ao  Provin- 
cial da  Bahia,  e  outras  aos  Padres  da  Provinda 
de  Portugal;  as  quaes  foraõ  infertas  pelo  P. 
António  Blafques  nas  fuás  Annuas,  e  fahiraõ 
impreíTas  em  Italiano  Venetia  por  Michele 
Tramezzino  1562.  8. 

Quatro  Cartas  efcritas  ao  P.  Manoel  da 
Nóbrega.  Sahiraõ  com  outras  em  Italiano 
Venet.  pelo  dito  ImpreíTor.  1559.  As  Copias 
deílas  Cartas  fe  confervaõ  no  Cartório  da 
Cafa  profeíTa  de  S.  Roque  de  Lisboa. 

Carta  efcrita  da  Bahia  ao  P.  Geral  em  10. 
de  Setembro  de  1559. 

ANTÓNIO    RODRIGUES    BARRETO 

Theologo,  e  Aftronomo  em  cujas  faculdades 
era  baftantemente  verfado.  Compoz  vários 
Prognofticos  com  as  mudanças  das  Luas 
acomodados  no  meridiano  de  Lisboa,  dos 
quaes  fe  imprimirão  dous;  hum  para  o  anno 
de  1684.  Lisboa  por  Francifco  Villela  1683. 
8.  e  outro  para  o  anno  de  1686.  Lisboa  pelo 
mefmo  ImpreíTor.  1685.  8. 

ANTÓNIO  RODRIGUES  DA  COSTA 
Naceo  na  celebre  Villa  de  Setúbal  a  29. 
de  Dezembro  de  1656.  e  foy  bautizado 
a  7.  de  Janeiro  de  1657.  Teve  por  Pays 
a  Manoel  Rodrigues  Vieyra,  e  Izabel 
da  Cofta  Sardinha,  e  por  Irmãos  ao  Dou- 
tor Manoel  da  Cimha  Sardinha,  Colle- 
gial  do  Collegio  Real  de   S.   Paulo,   Lente 


LUSITANA. 


375 


do  Código  na  Univerfídade  de  G>iinbra 
Dezembargador  dos  Aggravos,  Procurador, 
e  Confelheiro  da  Fazenda,  Deputado  da  Bulia 
da  Cruzada,  e  a  Fr.  Theodozio  da  Cunha  Ere- 
mita de  Santo  Agoftinho  Doutor  na  Sagrada 
Thcologia,  e  Lente  de  Prima  na  Univerfídade 
de  Coimbra.  Sendo  de  idade  muito  tenra 
paíTou  a  eíla  Corte  onde  a  2.  de  Outubro  de 
1669.  principiou  a  eíludar  a  Lingua  Latina 
em  o  CoUegio  de  Santo  Antaõ  dos  Padres 
Jefuitas,  e  fahindo  nella  perfeitamente  inftruido 
fe  applicou  com  mayor  difvelo  a  penetrar  os 
feus  mais  occultos  myílerios,  de  tal  forte  que  fe 
equivocavaõ  as  fuás  compofiçòes  aíTim  na  pu- 
teza,  como  na  elegância  com  as  Hiílorias  dos 
Curdos,  e  dos  Livios.  Pela  profunda  fciencia 
que  alcançou  dcílc  idioma,  merecco  que  muitas 
PeíToas  grandes  da  Corte  foíTcm  inftruidas  com 
â  fua  difciplina  devendo  ao  feu  magiílcrio  as 
hizes,  com  que  fe  fizeraõ  mais  celebres,  e 
conhecidos  os  feus  talentos.  Naõ  foy  menor 
a  noticia,  que  teve  das  Linguas  Grega,  e  Ita- 
liana, Franccza,  e  Caftelhana,  das  quaes  quando 
contava  vinte  e  outo  annos  de  idade  foy  creado 
Official  Mayor,  na  Secretaria  de  Eftado  ao  i. 
de  Fevereiro  de  1684.  por  morte  de  Aleixo  Col- 
lotes  de  Jantillet.  A  grande  capacidade  que 
nelle  fe  admirava  para  os  negócios  politicos, 
que  aprendera  na  vaíla  liçaõ  da  hiftoria  o  habi- 
litou para  fer  eleito  em  17.  de  Outubro  de  1686. 
Secretario  do  Conde  de  Villar  Mayor  depois 
primeiro  Marquez  de  Alegrete  Manoel  Telles 
da  Sylva  quando  como  Embaxador  Extraordi- 
nário partio  defta  Corte  a  concluir  o  cafamento 
delRey  D.  Pedro  II.  com  a  SereniíTima  Senhora 
D.  Maria  Sofia  Izabel  de  Neoburg,  filha  do 
Eleitor  Palatino,  em  cuja  negociação  exercitou 
a  madureza  do  feu  concelho  unida  com  a  fideli- 
dade do  feu  coração.  Em  DuíTeldorp  Corte 
do  Palatino,  e  nas  outras  Gdades  por  onde 
difcorreo,  naõ  caufou  pequeno  aííombro 
aos  mayores  eruditos  a  natural  propriedade 
com  que  promptamente  fallava  a  Lin- 
gua Latina  conhecendo,  que  fem  o  profundo, 
e  continuo  eftudo  dos  Authores  do  Sé- 
culo de  Auguílo  fe  naõ  podia  faber  taõ  per- 
feitamente hum  idioma  árduo  por  eftranho, 
e  muito  mais  dificil  por  fer  já  morto.  Vol- 
tando ao  Reyno,  e  conhecido  o  feu  talento 
pela    prudência    dos    arbitrios,    e    madureza 


dos  votos  o  noniearaõ  OfHcial  Mayor  da  Se- 
cretaria de  Eftado  em  o  aono  de  1696.  por 
morte  de  Luiz  Teixeira  de  Carvalho,  e  breve- 
mente moftrou  quanto  acertada  fora  a  eleição 
comprehendendo  facilmente  os  eftílos  da  Se- 
cretaria, e  o  que  He  mais,  penetrando  os  inte- 
reíTes  politicos  de  todos  os  Princepes  da  Eu- 
ropa. Em  premio  dos  feus  ferviços  foy  remu- 
nerado a  24.  de  Janeiro  de  1702.  com  o  lugar 
de  Efcrivaò  da  Camará  da  Ordem  de  Aviz  na 
Mefa  da  Conciencia,  e  Ordens.  A  fidelidade, 
e  defmtereííe  com  que  fervira  ao  Reyno  oa 
Embaxada  do  Palatino  o  deftinou  para  em 
outra  femelhante  acompanhar  por  Secretario 
delia  em  o  anno  de  1707.  a  Fernaõ  Telles  da 
Sylva  Conde  de  Villar- Mayor,  e  depois  fegundo 
Marquez  de  Alegrete  quando  partio  a  Viena  de 
Auftria  ajuftar  com  o  Emperador  Jozè  os  feli- 
ciíTimos  defpoforios  dos  noífos  Monarchas 
reynantes.  Reftituido  à  pátria  foy  eleyto  De- 
putado do  Confelho  Ultramarino  em  15.  de 
Fevereiro  de  1709.  em  cujo  miniílerio  praâicou 
as  virtudes  moraes,  que  fempre  modeílamente 
occultara,  e  as  illuílres  qualidades  alcançadas 
pela  longa  diuturnidade  dos  feus  eíhidos, 
fendo  a  independência,  reftidaõ,  e  profundi- 
dade com  que  votava,  femelhante  à  prudência, 
zelo,  e  liberdade  com  que  acõfelhava  ao  feu 
Princepe  nas  matérias  em  que  era  confultado, 
chegando  a  lograr  a  preheminencia  até  entaõ  a 
ninguém  concedida,  de  fer  do  Concelho  del- 
Rey por  carta  paíTada  em  7.  de  Mayo  de  1728. 
A  eíla  mercê  fe  acumularão  outras  como  foraõ 
fer  Commendador,  Alcayde  Mór,  e  Fidalgo  da 
Cafa  Real.  Foy  hum  dos  primeiros  dncoenta 
Académicos  da  Academia  Real,  a  quem  fe  def- 
tribuio  efcrever  a  Hiftoria  Ultramarina  na  Lin- 
gua Latina  cuja  introducçaõ,  eftà  elegante- 
mente efcrita,  e  impreíTa  na  Collecçaõ  dos  Monu- 
mentos da  me/ma  Academia  do  anno  de  1721.  à 
qual  naõ  poz  o  dezejado  fim  por  lho  impedir  o 
numero  dos  annos,  e  occupaçoens.  Pelo  largo 
efpaço  da  fua  vida  fempre  obfervou  a  praéHca 
das  virtudes  vifitando  com  fumma  piedade  os 
Templos,  diftribuindo  largas  efmolas,  e  fre- 
quentando com  grande  compunção  os  Sacra- 
mentos. Chegado  o  termo  da  fua  peregrinação 
depois  de  executar  piamente  todos  os  aâos  de 
verdadeiro  CathoUco  morreo  em  Lisboa  a 
20.  de  Fevereiro  de   1732.  quando  contava 


76.  aiinos  de  idade,  e  foy  fepultado  na  Igre- 
ja da  Congregação  do  Oratório  de  S.  Fe- 
lippe  Neri,  onde  também  jaz  feu  Irmaõ  o 
Doutor  Manoel  da  Cunha  Sardinha.  Em 
obfequio  da  fua  memoria  recitarão  na  Aca- 
■demia  Real  duas  elegantiíTimas  Oraçoens 
o  P.  António  dos  Reys,  e  o  Excellentiffi- 
mo  Marquez  de  Alegrete,  o  i.  Académico 
<la  mefma  Academia  na  Lingua  Latina,  e 
o  2.  Secretario  delia  na  Lingua  Portugueza 
cujas  eloquentes  vozes  fuavizaraõ  a  aufen- 
-cia  de  taõ  amável  CoUega.  Além  deiles 
^ous  iníignes  Oradores  outros  muitos  eru- 
<litos  o  louvarão  como  mereciaõ  fuás  virtu- 
des fendo  entre  elles  o  mayor  o  P.  D.  Ma- 
noel Caetano  de  Soufa  in  Exped.  Hifpan. 
S.  Jacob.  Apojiol.  Tom.  2.  pag.  1431.  n.  i. 
nefta  forma.  Clarijftmus  Dominus  Antonius 
Kodiricius  Coflius  Chrifii  militiee  Eques  Tranf- 
marini  Senattis  Decanus  olim  in  rediviva  Genero- 
Jorum  Academia  HiJiorieB  Magifter,  vir  latinis 
gracifque  literis  inftruãijfimus ,  linguarum  peritia 
injignis,  omnigena  eruditione  clarus,  prudentiumque 
Criticorum  Coriphaus,  qui  peragrata  Hifpania, 
Gallia,  Belgio,  Germânia,  (ò*  Anglia  omnes 
traxit  in  fui  admirationem .  Vir  editis  volu- 
minihus  clarus  tam  pátria  quam  Romana  lin- 
_gua,  quippe  propter  hujus  elegantiam  videtur  in 
ipja  Koma  avo  Augujli  natus,  moratujque;  adeo 
pura  ejl  illius  Latinitas  ut  videatur  aurei  illius 
Jaculi.  Fr.  Manoel  de  Sà  nas  Mem.  Hiji.  da 
Prov.  do  Carm.  Part.  i.  pag.  321.  lhe  chama 
ErudifiJ/imo  e  pag.  332.  diz  com  a  fua  nativa  ele- 
_gancia:  o  P.  D.  António  Caetano  de  Soufa 
HiJl.  Geneal.  da  Cafa  Rea/  Portug.  Tom.  5. 
Liv.  6.  pag.  94.  o  Eruditijfimo  António  Rodri- 
gues da  Cojla  digno  Sócio  da  Academia  Real,  que 
depois  de  diverjos  empregos  em  que  Jervio  a 
pátria  foj  do  Concelho  Ultramarino  deixan- 
Jo  em  todos  do  feu  talento,  e  t^elo  admiráveis  pro- 
vas.   Efcreveo. 

Emhaxada  que  fe^  o  Excellentijfimo  Conde  de 
Villar-Mayor  {hoje  Marque:i  de  Alegrete)  dos  Con- 
'Celhos  de  Efiado,  e  Guerra  delRej  NoJJo  Senhor,  (ò^c. 
■ao  Serenijfimo  Princepe  Filippe  Wilhelmo  Conde 
Palatino  do  Rhim  Eleytor  do  S.  R.  J.  condução  da 
Rainha  Nojfa  Senhora  nejles  Rejnos,  fejias, 
£  applaufos  com  que  foj  celebrada  fua  felit^^ 
vinda,  e  as  augujias  vodas  de  Suas  Magefta- 
Âes.    Lisboa  por  Miguel  Manefcal.  1694.  foi. 


BIBLIOTHE  CA 


De  vita,  <&  rebus  geflis  Nonni  Alvarejij  Pjre- 
ria  Eujitania  Comitis  Stabilis  libri  duo.  Olyífi- 
pone  apud  Pafchalem  a  Sylva  Typog.  Reg. 
1723.  foi. 

Epiflolce  ad  Excellentijfimos,  ac  Sapientijfimos 
Cenfores,  <&  ad  Comitem  Yillar  mayorium  Scrinio 
Academia  Prapofitum.  ibi  apud  eumdem  Typog. 

1721.  foi.  A 

On^e  Cartas  Eatinas  efcritas  aos  Cenfores  da 
Academia  Real  as  quaes  fahiraõ  impreíTas  no  2. 
3.  4.  6.  7  e  II.  Tom.  da  Collecçaõ dos  Documen- 
tos da  mefma  Academia  Real. 

Conta  dos  f eus  ejludos  Académicos  no  Paço  a  7. 
de  Setembro  de  1723.  Sahio  no  Tom.  3.  da 
Collecçaõ  dos  Documentos  da  Academia.  Sem  o 
feu  nome. 

Jujia  Eufitanorum  arma  pro  vindicanàa 
Hifpanorum  Eibertate  Gallico  dominatu  oppreffa, 
ajjerendoque  Hifpania  Império  Serenijfimo,  ac 
potentiffimo  Principi  Carolo  III.  Regi  Catholico. 
UlyíTipone  apud  Valentinum  da  Coíla  Deslan- 
des  Reg.  Typ.  1704.  foi. 

Efte  manifello  fahio  por  outra  forma  na 
Lingua  Caílelhana  compoílo  por  elle  com  o 
titulo  feguinte. 

Jujlificacion  de  Portugal  en  la  refolucion  de 
ajudar  a  la  Ínclita  nacion  Efpanola  a  f acudir 
el  jugo  francês,  j  poner  en  el  Trono  Real  de 
fu  Monarchia  ai  Rej  Catholico  Carlos  III. 
Lisboa  por  Valentim  da  Cofta  Deslandes 
1704.  foi.  Sahio  vertido  em  Francez  com  efte 
titulo. 

Ea  Juflice  des  Armes  de  D.  Pedro  Roy 
de  Portugal  pour  delivrer  les  Efpagnols  de 
la  Servitude  des  Francois,  <&  pour  ajjeurer 
le  trone  d*  Efpagne  au  SereniJ/ime,  (Ò'  três 
puijjante  Prince  Caries  III.  Roj  Catholi- 
que.  Amílerdam  ches  Lovis  Renard. 
1704.  4. 

ConverfaÕ  delRej  de  BiJJau  confeguida 
pelo  Illuflrijfimo  Senhor  D.  Fr.  Viãorino 
Portuenfe  Bifpo  de  Cabo  Verde  do  Concelho 
de  Sua  Magejlade,  e  bautifmo  do  Príncipe 
D.  Manoel  de  Portugal  filho  primogénito 
do  mefmo  Rej  celebrado  na  Capella  Real 
defla  Corte  fendo  Padrinho  ElRej  Nojfo  Senhor. 
Lisboa  por  António  Manefcal.  1695.  4. 

Relação  dos  fucejfos,  e  gloriofas  acçoens 
militares  obradas  no  Efiado  da  índia  ordenar 
das,    e    dirigidas    pelo     Capitão,    e     Vice-Rey 


LUSITANA. 


General  do  me/mo  eftado  Vafco  Fernandes  Ce/ar 
de  Mene!^es  em  o  anno  paffado  de  171 3  •  Lisboa 
por  António  Pedrofo  Gftlraõ  171).  4. 

No  fim  tem  hum  epigramma  latino  em  lou- 
vor do  dito  Vice-Rey,  e  huma  Elegia  latina 
em  applaufo  do  Capitão  Jozè  Pereira  de  Brito 
por  ter  obrado  infignes  proezas  na  índia. 

Epigramma  latino  à  morte  do  EsccellentiJJimo 
Marqmz  de  Távora  Lm^  Alvares  di  Távora. 
Sahio  em  o  Panegírico  da  vida,  e  acçoens  dijle 
Heroe  a  pag.  150.  Lisboa  por  António  Rodri- 
gues de  Abreu  1672.  4. 

Deixou  efcrito  em  eílilo  elegante,  e  puro 
atè  o  Reynado  dclRey  D.  Fernando 

Epitomen  Hijloria  hnfitana.  foi.  que  bre- 
vemente fahirà  à  luz  publica,  de  cuja  obra, 
que  vimos  cfcrita  pela  própria  maõ  do  Author 
faz  illuftrc  memoria  o  P.  D.  Manoel  Gie- 
tano  de  Soufa  na  obra  aíTinu  allegada  a  pag. 
1452. 

ANTÓNIO  RODRIGUES  PORTUGAL 
Rey  de  Armas  muito  verfado  na  liçaõ  da  hif- 
toria,  e  na  Lingua  Franceza,  da  qual  verteo 
na  materna,  e  dedicou  à  Mageftade  delRey 
D.  Joaõ  o  III. 

Chronica  do  triumpho  dos  nove  da  fama,  e  vida 
de  Beltran  Cloquin  Condejlavel  de  França.  Lisboa 
por  Germaõ  Galharda  1550.  foi.  a  qual  tra- 
duíio  em  Caftelhano  o  Doutor  Lopes  de  Hoyos, 
e  fahio  com  eíle  titulo. 

Chronica  llamada  el  Triumpho  de  los  nueve 
màs  preciados  Varones  de  la  fama.  Alcalà  por 
Inigues  de  Liqueria.  1586.  foi.  Do  primeiro 
traduftor  faz  mençaõ  Nicolào  António  in 
Bib.  Hifp.  Tom.  i .  pag.  1 24. 

ANTÓNIO  RODRIGUES  DA  SYL- 
VEIRA  natural  de  Évora  onde  naceo  em 
o  anno  de  1570.  fendo  filho  de  Joaõ  Rodri- 
gues, e  Margarida  Fernandes,  Doutor 
em  Direito  Pontificio,  Cónego  Penitenciá- 
rio na  Cathedral  da  fua  pátria,  e  Vigário 
Geral  defta  Diocefe,  e  Provifor  na  aufen- 
cia  do  Arcebifpo  D.  Joaõ  Coutinho.  Foy 
Promotor  da  Inquifiçaõ  da  dita  Cidade  de 
que  tomou  poíTe  a  24.  de  Julho  de  1623. 
donde  paíTou  a  Deputado  em  15.  de  Feve- 
reiro de  1625.  Confervador  da  Univerfidade 
Eborenfe,  naõ  fomente  perito  nas  fciencias 


377 

mayores,  noas  nas  humanidades,  Oratória,  e 
Poetíca,  que  cultívou  atè  à  ultíma  idade  com- 
pondo admiráveis  Poemas  dos  quaes  a  nuyor 
parte  fe  naõ  imprímio,  fendo  teftenmnhas  do 
feu  efpirito  poético 

DoMS  Epigrammas  latinos  em  louvor  do 
Difcurfo  Politico  comporto  por  Jeronymo 
Freyre  Serraõ  impreíTo  em  Lisboa  por  Lou- 
renço Alvares  1647.  4. 

Ode  fobre  aquelle  provérbio  Veritas  odium 
parit. 

Fez  algunus  Cenfuras  à  Profodia  do  P. 
Bento  Pereira  da  Companhia  de  JESUS,  que 
fahiraõ  impreíTas  com  a  repofta  do  Author  em 
algumas  impreíToens  da  mcfnaa  Profodia. 

ANTÓNIO  RODRIGUES  VILHALVA 
natural  de  Vilhalva,  lugar  do  Território  da 
Villa  de  Fronteira  na  Provinda  do  Alentejo. 
Teve  por  Meíbre  da  Mufica  ao  iníígne  Manoel 
Rebello,  de  cuja  efcola  fahio  confumado  ncfta 
Arte.  Na  idade  da  adolefcencia  aflim  como 
levou  ventagem  a  todos  na  fuavidade  de  can- 
tar aíTim  os  excedeo  em  a  varonil  na  fciencia  de 
compor  pela  qual  mereceo  depois  de  fer  Meílre 
da  Capella  do  Hofpital  Real  de  Lisboa,  e  exer- 
citar eíle  miniílerio  com  grande  credito  da  fua 
Peflba  na  Cathedral  de  Évora.  Deixou  com- 
poftos 

Pfalmos,  Mijfas,  e  Hymnos,  que  fe  confervaõ 
na  Bibliotheca  Real  da  Mufica  como  fe  pôde  ver 
no  feu  Cathalogo  impreíTo  em  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck  1649.  4-  Sendo  a  principal 
obra  huma  Miíla  do  4.  Tom  a  8.  vozes,  que 
eílà  na  Eílante  28.  n.  703.  da  dita  Bibliotheca. 

Fr.  ANTÓNIO  DO  ROSÁRIO  natu- 
ral de  Lisboa,  e  filho  de  Joaõ  do  Couto, 
e  Maria  Luques.  Depois  de  ter  abraçado 
com  o  nome  de  Fr.  António  de  Santa  Maria 
o  Habito  dos  AgolHnhos  Defcalços,  em 
o  Convento  do  Monte  Olivete  fituado  nos 
fuburbios  defta  Corte  a  18.  de  Julho  de 
1671.  veítío  o  dos  Frades  Menores  na  Pro- 
vinda Capucha  de  Santo  António  do  Bra- 
íil,  donde  fendo  Lente  de  Filofofia,  Prega- 
dor, e  Vifitador  Geral  na  Religião  que  dei- 
xara, exerdtou  o  miniílerio  de  Miílio- 
nario  Apoílolico  trabalhando  com  incef- 
fante   difvelo  por   conduzir  ao   rebanho   de 


37^ 


BIBLIO THE  CA 


Chriílo  aos  bárbaros  que  vivem  difperfos  pelos 
Certoens  da  America,  e  efcrevendo  diverfos 
Livros  para  inílruir  com  faudaveis  documentos 
aos  Catholicos.  No  tempo  que  foy  Religiofo 
Agoílinho  Defcalço  imprimio. 

Martirologio  fingular  da  inviãijjima  ]aponet(a 
a  Venerável  Virgem  Maria  Magdalena  Man- 
tellata  dos  Agofiinhos  De/calços.  Lisboa  por 
António  Rodrigues  de  Abreu.  1675.  12. 

Deíla  obra  fe  lembra,  e  do  Author  a  Bib. 
Or/>«/íz/ novamente  acrecentada  tom.  i.  Tit.  8. 
col.  164. 

Sermão  das  Almas  pregado  em  Santo  EJle- 
vaõ  de  Alfama.  Lisboa  por  Joaõ  da  Cofta 
1678.  4. 

Depois  de  fer  Francifcano  publicou. 

Feira  Mjjlica  de  Lisboa  em  huma  Trefs^ena 
Myftica  do  Divino  Vortugue^  Santo  António.  Lis- 
boa por  António  Pedrozo  Galraõ   1691.  4. 

Sortes  de  Santo  António  celebradas  em 
huma  Tre^ena  hiftorica,  moral,  e  panegyrica. 
Lisboa  por  Miguel  Manefcal.  1701.  4.  No 
prologo  promete  outros  13.  Difcurfos,  e  hum 
Tomo  de  Sermoens  remetido  a  Lisboa  para 
fe  imprimir. 

Frutas  novas  do  Brajil  numa  nova,  e  ajcetica 
Monarchia.  Lisboa  por  António  Pedrozo 
Galraõ  1702.  4.  Do  Author,  e  da  Obra  fe 
lembra  o  moderno  addicionador  da  Bib. 
Occid.  Tom.  2.  Tit.  12.  pag.  917. 

Carta  de  Marear  Lisboa  pelo  mefmo 
ImpreíTor  1698.  8. 

Fr.  ANTÓNIO  DO  ROSÁRIO.  Naceo 
em  Lisboa  a  20.  de  Junho  de  1682.  fendo 
filho  de  Domingos  Nogueira  de  Aze- 
vedo, e  de  Catherina  Maria  da  Coíla. 
Quando  contava  vinte  annos  entrou  na 
Religião  de  S.  Jeronymo,  cujo  Sagrado 
Inftituto  profeíTou  no  Real  Convento  de 
Belém  a  17.  de  Janeiro  de  1702.  Naõ  he 
menos  capaz  o  feu  talento  para  o  Púlpito, 
que  para  o  Coro,  fendo  muito  perito  na 
Arte  da  Muíica,  em  que  tem  compofto  diver- 
fas  obras  nas  quaes  fe  admiraõ  felizmente 
unidas  a  fciencia  do  Contraponto  com  a 
novidade  do  invento  fendo,  as  principaes, 
que  conferva  em  feu  poder. 

8.  Magnificas  fobre  o  Canto-Chaõ  dos  outo 
tons. 


Lamentaçoens,  e  Motetes  da  Quarefma,  e 
Semana  Santa  a  S.  6.  c  4. 

Refpon/orios  das  Matinas  da  Conceição  da 
Senhora  a  4. 

Kefponforios  das  Matinas  de  S.  Jeronymo.  a  8. 

Villancicos  a  8.  e  a  4. 

A  re:^a  nova  de  S.  ]o^é  pojla  em  Canto  Chaõ. 

Fr.  ANTÓNIO  ROUSADO  Naceo  em 
Lisboa  a  11.  de  Novembro  de  1691.  e 
foy  filho  de  Joaõ  da  Cofta  Roufado,  e 
Mariana  Jozepha.  ProfeíTou  o  habito 
de  Eremita  Auguftiniano  no  Convento 
de  N.  Senhora  da  Graça  da  fua  Pátria 
a  29.  de  Setembro  de  1709.  Depois  de  ter 
eftudado  as  fciencias  efcolafticas  fe  dedicou 
ao  minifterio  do  Púlpito,  e  ao  eftudo  da 
Hiftoria,  em  que  tem  feito  grandes  progreílos, 
pelos  quaes  mereceo  fer  Pregador  Geral  da 
fua  Religião,  e  ter  governado  prudente- 
mente os  Conventos  de  Arronches,  no  anno 
de  1722.  e  de  Santarém  no  anno  de  1729. 
Publicou. 

Oraçaõ  do   Hercules  divino   Chrijlo  ]efu  na 
reprefentaçaõ  do  monte  Calvário  dita  na  Igreja 
Matri\  da  Villa  de  Arronches.    Lisboa  na  Offi- 
cina  Rita-CaíTiana  1736.  4. 
Tem  prompta  para  a  impreíTaõ  a  obra  feguinte. 

Pomar  Genealógico,  Hijlorico,  Chronologico, 
e  Critico  plantado  no  Ermo  Augujliniano  Luji- 
tano.  foi.  4.  Tom. 

Fr.  ANTÓNIO  ROZADO  natural  da 
Villa  de  Mertola  da  Comarca  de  Campo 
de  Ourique,  e  filho  de  Domingos  Rozado, 
e  Beatriz  Nunes.  Na  idade  da  adolef- 
cencia  eftudou  Direito  Pontifício  na  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  com  grande  fruto  da 
fua  applicaçaõ,  em  cuja  faculdade  recebido 
o  gráo  de  Bacharel  depois  de  ter  prova- 
dos nove  annos  contínuos  de  efludo  para 
nelle  fe  formar,  obedecendo  à  voz  de  Deos, 
que  interiormente  lhe  falava,  largou  os  ap- 
plaufos  merecidos  às  fuás  letras,  e  fe  reco- 
Iheo  na  iUuftre  Ordem  de  S.  Domingos 
onde  profeíTando  no  Real  Convento  da  Bata- 
lha a  15.  de  Mayo  de  1602.  naõ  cedeo  a 
primazia  a  algum  dos  feus  companheiros 
aflim  na  obfervancia  da  regra,  e  authori- 
dade  da  peíToa,  como  na  excellencia  da  dou- 


L  USITAN A. 


trina,  e  eloquência  do  Púlpito.  Depois  de  Ter 
Meftfe  jubikdo  na  Sagrada  Theologia,  e  Pre- 
fentado,  foy  Confultor  do  Santo  Oíficio,  Vifi- 
tador  das  náos  eílrangeiras  neíla  G)rte,  cujo 
miniílerio  também  exercitou  na  Gdade  do 
Porto.  Pa/Tou  ao  Brazil  por  Comi/Tario  do 
Santo  OfBcio  donde  voltando  morreo  no  Con- 
vento da  Batalha  no  qual  tinha  naddo  para  a 
Religião  pouco  antes  da  Acclamaçaõ  do  Sere- 
niífímo  Rcy  D.  Joaõ  o  IV.   Imprímio. 

Tratados  fobre  os  quatro  Novijfimos  com 
lugares  commtms  dos  Padres  fobre  a  me/ma  matéria. 
Porto  por  Joaò  Rodrigues,  1622.  foi. 

Tratados  em  louvor  do  Santijftmo  KoTia- 
rio  fobre  a  Oraçaõ  do  Padre  Nojfo,  e  Cânti- 
co da  Senhora.  Porto  pelo  dito  Imprcííor, 
e  no  mefmo  anno  4.  G>níla  de  6.  tratados,  o 
I.  contem  trcs  Scrmocns  do  Rofario,  o  2.  a 
explicação  do  Padre  NoíTo,  o  3.  da  Ave  Maria, 
o  4.  dos  Myftcrios  do  Rofario,  o  5.  das  graças 
concedidas  pelos  Summos  Pontífices  aos 
Confrades  do  Rofario,  o  6.  do  Cântico  da 
Senhora. 

Tratados  fobre  a  deflnàçaõ  de  Jerufalem,  lagri- 
mas de  Jeremias,  E:(echias,  S.  Pedro,  Santa  Mag- 
da/ena, Converfaõ  de  Dimas,  e  condenação  de  Judas. 
Porto  por  Joaõ  Rodrigues.  1 624.  4.  Na  Dedi- 
catória defte  livro  à  D.  AfFonfo  Furtado  de 
Mendoça  Arcebifpo  de  Braga  affirma  ter  já 
promptos  para  a  ImpreíTaõ  feifcentos  Ser- 
moens  de  todos  os  Domingos  do  anno,  Fef- 
tas,  e  Santos  principaes. 

Sermão  em  S.  Domingos  do  Porto  anno  do 
Senhor  1620.  nafejla  de  S.  Pedro  Martyr  Padroeiro 
da  Santa  InquiJiçaÕ  na  InJlituiçaÕ  dos  Fami- 
liares do  Santo  Officio.  Coimbra  por  Nicolao 
Carvalho.  1620.  4. 

Sermão  na  tresladaçaÕ  que  fea^  o  Senhor 
Bifpo  D.  Fr.  Gonçalo  de  Moraes  dos  Offos  dos 
Senhores  Bifpos  do  Porto  feus  Antecejjores  aos  20. 
de  Março  dia  de  S.  Martinho  Arcebifpo  de  Braga 
no  anno  de  16 14.  Porto  por  Joaõ  Rodrigues. 
1618.  4. 

Deixou  hum  grande  Volume  M.  S.  que  conf- 
tavade 

Vidas  dos  Santos  da  Ordem  de  Saõ  Domin- 
gos, de  cuja  obra  fazem  mençaõ  Fr.  Pedro 
Monteiro  Claufi.  Domin.  Tom.  3.  pag. 
160.  e  Fr.  Luc.  de  Santa  Catherina  Hifl.  de 
S.  Domingos  na  Prov.  de  Portug.  4.  Part.  pag.  927. 


379 

c  do  Author  Echard  Scrip.  Ordin.  Tom.  a. 
pag.  424.  col.  2.  e  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  124. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SA'  natural  da  Vílla 
de  Mogadouro  da  Província  Tranfmontana. 
Sendo  Doutor  na  faculdade  de  Cânones  pela 
Univerfidade  de  Salamanca,  e  Desembargador 
delRey  D.  Manoel  deixou  a  pátria,  e  o  mundo 
para  receber  a  cogulla  monachal  do  Príncepe 
dos  Patriarchas  S.  Bento  no  celebre  Convento 
de  Monferrate  fítuado  no  Principado  de  Cata- 
lunha em  cuja  reformada  efcola  tanto  creceo 
no  exercício  de  todas  as  virtudes,  que  occu- 
pando  o  lugar  de  D.  Abbade  do  Collegio  de  S. 
Vicente  de  Salamanca  o  chamou  ElRey  D. 
Joaõ  o  III.  para  Commendatario  do  Real  Con- 
vento de  Alcobaça,  o  qual  governou  com  taõ 
prudente  fuavidade  que  o  mefmo  Princepc 
ordenou  que  foíTe  Prelado  dos  Mofteiros  de 
Tibaens,  Carvoeiro,  e  Amoya  da  Ordem  de  S. 
Bento,  ornando  o  de  Tibaens  com  muitos,  c 
fumptuofos  edifícios  para  mais  commoda  habi- 
tação dos  Monges,  e  inífaruindo  os  Noviços 
com  os  documentos  próprios  da  vida  Monaf- 
tica,  difpondo  por  efta  forte  a  reftauraçaõ  da 
Congregação  Benedi£tína  nefte  Reyno.  Deze- 
jofo  de  acabar  a  vida  onde  a  dedicara  a  Deos 
deixou  o  governo,  e  partio  para  o  Convento 
de  Monferrate,  no  qual  morreo  a  10.  de  Agofto 
de  1550.  Fallaõ  deíle  Varaõ  Fr.  Leaõ  de  Santo 
Thom.  Bened.  Ijufit.  Tom.  i.  Part.  2.  cap.  23, 
§.  2.  pag.  387.  Cardozo  Agiolog.  'Lufit.  Tom.  3. 
pag.  455.  e  as  Conjlituiçoens  da  Con^eg.  Bened. 
Prolog.  44.  Deixou  efcrito  pela  própria  maõ 
como  affirma  o  já  allegado  Fr.  Leaõ  de  Santo 
Thom.  Tom.   i.  part.  2.  cap.  29.  pag.  412. 

Memorias  do  Mofkiro  de  SaÕ  Salvador  da 
Torre  da  Ordem  de  S.  Bento  M.  S. 

P.  ANTÓNIO  DE  SA'.  Naceo  na 
Cidade  de   S.   Sebaftiaõ  do  Rio  de  Janeiro 

a  26.  de  Julho  de  1627.  e  na  Cidade  da  Bahia 
cabeça  da  America  Portugueza  fendo  de 
tenra  idade  fe  aliftou  na  Companhia  de 
Jefus  em  o  anno  de  1639.  de  cuja  Mãy  foy 
benemérito  filho.  A  viveza  do  juizo  compe- 
tindo com  a  tenacidade  da  memoria  feliz- 
mente confpiráraõ  para  que  ou  cultivando 
as  Mufas  amenas,  ou  feveras,  foíTe  julgado 


38o 


BIBLIO THE  CA 


pelos  Mcílrcs,  e  condifcipulos  por  milagre  dos 
engenhos.  Com  a  mefma  agilidade  com  que 
voou  ao  cume  do  Parnafo,  e  colheo  as  flores  da 
eloquência,  penetrou  fendolhe  condutoras  a 
Filofofia,  e  Theologia,  o  San£hiario  das 
Efcrituras,  naõ  havendo  nellas  myílerio  recôn- 
dito que  naõ  foíTe  patente  à  fua  aguda  inveftiga- 
çaõ.  Ornado  com  eftes  lingulares  dotes,  nos 
quaes  excedia  a  todos  os  mayores  talentos  da 
fua  idade,  paíTou  a  Portugal  donde  por  ordem 
dos  Superiores  affiílio  alguns  annos  em  Roma 
com  a  occupaçaõ  de  efcrever  as  Cartas  para  a 
Província  do  Brazil.  Reílituido  ao  Reyno 
começou  a  exercitar  o  miniílerio  de  Orador 
Evangélico  tendo  por  theatro  a  Corte  de  Lis- 
boa, e  por  ouvintes  aos  feus  Monarchas,  e 
toda  a  Nobreza,  que  pendentes  da  fua  elegante 
energia  com  o  lilencio  mais  eloquente  que  a  voz 
o  acclamavaõ  por  Princepe  da  Oratória  Eccle- 
íiaftica.  O  ornato  das  palavras  mais  filho  da 
natureza,  que  da  arte,  a  viveza  das  acçoens 
reguladas  pela  vehemencia  do  efpirito,  a 
expreííaõ  da  voz  clara,  e  fonora,  a  delicadeza 
dos  difcurfos  fempre  folida,  a  profundidade 
dos  textos  nunca  imperceptível,  e  a  novidade 
das  ideas  inimitável  conciliarão  taes  applaufos 
ao  feu  fublime  engenho  que  chegou  a  brilhar 
com  toda  a  intenção  na  prefença  do  primeiro 
Aftro  da  esfera  Concionatoria  o  grande  Vieyra, 
que  muitas  vezes  aíBrmou  naõ  fer  fenfivel  a  fua 
auzencia  quando  tinha  por  fubílituto  a  António 
de  Sá.  Toda  eíla  fama  merecida  pelo  feu 
iníigne  talento  defprezou  heroicamente,  vol- 
tando para  a  Pátria  onde  querendo  a  Religião, 
que  deixaíTe  herdeiros  da  fua  profunda  fciencia 
o  mandou  ler  Letras  humanas,  que  já  tinha 
enfinado,  fendo  Mellre  da  primeira  em  o 
Collegio  da  Bahia,  onde  diétou  dous  annos 
Theologia,  de  cujas  faculdades  tantos  foraõ  os 
difcipulos,  quantos  os  Meftres  que  ouvirão 
a  fua  doutrina.  Renunciando  os  applaufos 
que  lhe  refultavaõ  da  Cadeira,  e  do  Púlpito  fe 
dedicou  à  Converfaõ  dos  bárbaros  que  habi- 
tavaõ  pelos  Certoens  do  Rio  de  Janeiro, 
em  cujo  apoilolico  minifterio  adquirio  mayor 
gloria  o  feu  nome  na  America,  do  que 
tinha  alcançado  na  Europa.  Como  era  de 
compleição  delicada  ainda  que  naõ  foíle  de 
idade  proveéb,  fe  foy  atenuando  de  forte 
com  o  trabalho  das  MiíToens  que  pollradas 


as  forças  para  as  profeguir  havendo  fido  Rey- 
tor  do  Collegio  da  Capitania  do  Efpirito  Santo 
três  annos,  fe  reílituhio  ao  Collegio  do  Rio  de 
Janeiro,  onde  acometido  da  ultima  infermidade 
fe  fortificou  com  os  Sacramentos,  e  abraçado 
com  hum  Crucifixo  entre  amorofos  Colloquios  ^ 
lhe  pedio  fervorofamente  que  fe  os  feus  pecca- 
dos  mereceíTem  a  condenação  eterna,  naõ  per- 
mitiíTe  que  blasfemaíTe  do  feu  Santo  nome, 
e  acabando  de  pronunciar  eftas  palavras  placi- 
damente  efpirou  ao  i.  de  Janeiro  de  1678.  com 
60.  annos  de  idade,  e  39.  de  Religião.  De 
muitos  Sermoens,  que  pregou  digniíTimos 
todos  da  luz  publica,  fomente  a  lograrão  os 
feguintes. 

Sermão  pregado  à  Jujliça  na  Santa  Sè  da  Bahia 
na  primeira  Outava  do  Efpirito  Santo.  Lisboa  por 
Henrique  Valente  de  Oliveira  1658.  4.  e 
Coimbra  por  Manoel  Carvalho  1672.  4.  et  ibi 
por  Manoel  Rodrigues  de  Almeida.  1686.  4. 

Sermão  no  dia,  que  fua  Magejlade  /«^ 
annos  em  21.  de  Agofio  de  1653.  Coimbra 
por  Manoel  Carvalho  ImpreíTor  da  Univer- 
fidade  1665.  4. 

Sermão  no  dia  de  Cintra  na  Capella  Real. 
Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla  1669.  4.  e  Coim- 
bra por  Rodrigo  de  Carvalho  Coutinho 
1673.  4. 

Sermaô  na  primeira  Sexta  feira  de  Quarefma 
na  Freguesa  de  SaÕ  Julião  o  anno  de  1674.  Lisboa 
por  Joaõ  da  Cofta  1 674.  4. 

Sermão  dos  Paffos  que  pregou  ao  recolher  a 
Prociffaõ.  Lisboa  por  Joaõ  da  Cofta  1675.  4. 
e  Coimbra  por  Jozé  Ferreira  ImpreíTor  da 
Univerfidade  1689.  4. 

Sermão  da  Conceição  da  Virgem  lalaria  N. 
Senhora  na  Igreja  Matri^  de  Pernambuco  anno 
de  1658.  Coimbra  por  Jozé  Ferreira  ImpreíTor 
da  Univerfidade.  1675.  4. 

Sermaõ  da  Quarta  Dominga  da  Quarefma 
na  Capella  Real  no  anno  de  1660.  Coimbra 
pelo  dito  ImpreíTor  1675.  4. 

Sermaõ  do  Gloriofo  S.  Jo:(é  Efpofo  da  Mãy 
de  Deos.  Coimbra  pelo  dito  ImpreíTor  1675. 
et  ibi  por  Joaõ  Antunes  1692.  4. 

Sermaõ  de  S.  Thome  Apofiolo  na  Capella 
Real.  Lisboa  por  António  Rodrigues  de 
Abreu.  1675.  4.  e  Coimbra  por  Jozé  Ferreira 
ImpreíTor  da  Univerfidade.  1686.  4. 

Cinco  Sermoens  nas  cinco  tardes  das  Domin- 


LUSITANA. 


38 1 


v//  da  Qmrtjma.  Sobre  o  Thcma  das  palflvnt 
tio  Pfalmo  6i.  vcrf.  9. 

Verumtamen  vani  filij  hominnM;  mtndaas 
j.Uj  hominum  in  jlateris  Pregados  na  Parochial 
Igreja  da  Magdalcna  de  Lisboa.  Sahitaõ 
impreíTos  fem  o  nome  do  Author  no  fim  da  5. 
Parte  dos  Sermoens  de  Fr.  Chriílovaõ  de 
Almeyda.  Lisboa  por  Miguel  Deflandes. 
1680.  4. 

Sirmad  de  N.  Senhora  das  Maravilhas  pregado 
na  Sè  da  Bahia  no  anno  de  1 660.  na  occafiaò  do  defa- 
€ato,  que  fe  feí^  à  me/ma  Senhora,  e  a  fen  amado 
Fi/ho.  Lisboa  por  Manoel  Fernandes  da  Coíla 
Impreflbr  do  Santo  Officio.  1752.  4. 

OraçaÕ  Fúnebre  nas  exéquias  da  Serenijftma 
Rainha  de  Portugal  D.  LuÍ!(a  tranci/ca  de  Gufmaõ 
tm  1666.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues 
Impreflbr    do    Senhor    Patriarcha    1739.    4- 

De  Venerabili  Patre  Joanne  de  Almeyda 
I  Oratío.  Sahio  imprefla  no  fim  da  vida 
deAe  fervo  de  Deos  comporta  pelo  Padre 
Simaõ  de  Vafconccllos  da  Companhia  de 
jefus.  Lisboa,  na  OFÍícina  Crasbeeckiana 
1658.  foi. 

P.  ANTÓNIO  DE  SA'  femelhante  ao 
precedente  aflim  em  o  nome  como  na  pro- 
liíTaõ  religiofa  de  quem  ignoramos  a  pátria, 
c  nome  dos  Pays,  e  dia  em  que  recebeo  a 
Roupeta  da  Companhia  de  JESUS  por  naõ 
conftar  dos  Cathalogos  dos  Três  Novicia- 
dos que  efta  grande  Religião  tem  nefte  Reyno 
nos  quaes  fe  fe2  fumma  deligencia  à  nofla 
inftancia.  Imprimio. 

SermaÕ  do  glorio/o  Santo  Amaro.  Coimbra 
por  Jozé  Ferreira  1697.  4.  o  qual  vimos,  e  no 
eftilo  he  totalmente  diverfo  do  iníigne  Ora- 
dor de  que  proximamente  fe  fez  mençaõ. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SA'  natural  do 
Porto,  filho  de  Sebaíliaõ  Martins  de  Sá, 
e  Maria  de  Soufa.  Deixada  a  pátria,  paflbu 
a  Lisboa  onde  recebeo  o  Habito  de  Ere- 
mita de  Santo  Agoftinho  no  Convento 
de  N.  Senhora  da  Graça  a  25.  de  Julho  de 
1670.  Pela  liçaõ  da  Filofofia,  e  Theologia 
fe  graduou  Meftre  neíla  faculdade,  fendo 
hum  dos  grandes  letrados  que  teve  a  fua 
Religião,  da  qual  depois  de  fer  Reytor  do 
Collegio    de    Santo    Agoftinho    de    Lisboa, 


fojr  Provincial  eleito  no  anno  de  1 706.  Como  re- 
ligioío  obfervante  praéticava  quotidianamente 
o  exercício  da  Otaçaõ,  e  reduzia  com  afpecas 
mortiâcaçoens  o  corpo  á  obediência  do  efpi- 
ríto.  Morreo  em  Lisboa  a  4.  de  junho  de 
1726.  Compoz. 

Traãatus  dê  Confcientia.  Aí.  S.  foL 
'1'raãatus  de  Scientia  Dei  Aí.  S.  foi. 
Confervaõ-fe  na  Livraria  do  Convento  da 
Graça  de  Lisboa. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SACAVÉM  natural  do 
Lugar  do  feu  appellido  diílante  duas  léguas  de 
Lisboa,  Monge  Ciílercienfe  no  Real  Convento 
de  Alcobaça  em  cuja  Bibliotheca  fe  conferva 
a  obra  feguinte  que  compoz  com  o  titulo. 

Sermones  de  Tempore.  Aí.  S.  foi. 

Fr.    ANTÓNIO    DO    SACRAMENTO 

natural  de  Coimbra,  baptizado  na  Parochlal 
de  S.  Bartholameo  aos  17.  de  Setembro  de 
1675.  e  filho  de  Manoel  Corrêa,  e  Maria  da 
Cofta,  Religiofo  da  Sagrada  Ordem  dos  Prega- 
dores, cujo  Habito  profeflbu  no  Convento  de 
Aveiro  a  4.  de  Abril  de  1680.  Def>ois  de  eftu- 
dar,  e  enfinar  as  fciencias  efcolaílicas  na  fua 
Religião  recebeo  o  gráo  de  Doutor  na  facul- 
dade Theologica  em  a  Univerfidade  da  fua 
pátria,  onde  foy  Prior  do  Convento  da  mefma 
Cidade  de  que  paííou  a  exercitar  femelhante 
minifterio  no  de  Lisboa,  até  que  fubio  ao 
lugar  de  Provincial  fendo  eleito  no  Convento 
de  Santarém  em  22.  de  Fevereiro  de  1721. 
Foy  Qualificador  do  Santo  Officio,  Exami- 
nador Synodal  do  Arcebifpado  de  Lisboa, 
e  Meílre  do  numero  da  Ordem.  Morreo  no 
Convento  de  Lisboa  a  30.  de  Novembro  de 
1739.  Delle  faz  mençaõ  Fr.  Pedro  Monteiro 
Claufi.  Dominic.  Tom.  3.  pag.  iii.  e  160. 
e  no  Cathal.  dos  Qualif.  do  Santo  Offic.  pag.  1 5 . 
Imprimio. 

SermaÕ  das  Exéquias  do  Illujlrijfimo,  e 
KeverendiJJimo  Senhor  D.  Fr.  Jo^é  de  Alencaflre 
Bifpo  Inquijidor  Geral  pregadas  no  Convento  de  S. 
Domingos  de  Coimbra  a  iS.  de  Outubro  de  1705. 
Lisboa  por  Miguel  Manefcal  Impreflbr  do 
Santo  Officio.  1706.  4. 

Fr.    ANTÓNIO    DO    SACRAMENTO 

filho  de  António  Joaõ,  e  Vicencia  Rodriguez 
natural  de   Lisboa   onde  recebeo   o  Habito 


382 


BIB  LIO  THE  CA 


da  lUuílre  Religião  da  Santiflima  Trindade 
na  qual  exercitou  os  lugares  de  Meílre  dos 
Noviços  por  duas  vezes,  Miniílro  do  Ganvento 
de  N.  Senhora  do  Livramento,  e  do  Convento 
de  Lisboa,  Definidor  duas  vezes,  Vifitador  da 
Província,  e  Pregador  Geral.  Pela  fciencia 
pradHca,  que  tinha  das  Ceremonias  Eccleíiafti- 
cas  o  elegeo  a  Ordem  por  Meílre  delias  no 
fumptuofo  Templo,  que  tem  nefta  Corte,  cujo 
miniílerio  juntamente  com  o  de  Sancriftaõ 
Mór  exercitou  pelo  efpaço  de  muitos  annos 
com  grande  perfeição,  e  para  que  aíTim  no 
Altar,  como  no  Coro  fe  obfervaíTem,  efcre- 
veo  fem  declarar  o  feu  nome. 

Manual  dos  Keligiofos  da  Santijfima  Trin- 
dade, e  Kedempçaõ  de  Cativos  dejle  Rejno  de  Por- 
tugal conforme  os  Ritos  do  Mijfal  Romano,  e  dos 
Ceremoniaes  da  me/ma  Ordè.  Lisboa  na  Ofíicina 
da  Muíica.  1730.  4. 

Parte  2.    Lisboa  em  a  dita  Offic.  1751.  4. 

Parte  3.  Lisboa  na  mefma  Ofíicina  1731. 
a  qual  foy  impreíTa  em  folha  para  melhor 
comodidade  do  Altar. 

Morreo  no  Convento  de  Lisboa  a  15. 
de  Janeiro  de  1740. 

P.  ANTÓNIO  DE  SALDANHA.  Naceo 
em  a  celebre  Praça  de  Mazagaõ  íituada  em 
Africa,  de  Pay  Portuguez,  e  Mãy  Italiana.  Para 
feguir  a  vida  militar,  e  exercitar  os  feus  mar- 
ciaes  efpiritos  parecendo-lhe  pequeno  theatro 
a  pátria,  que  lhe  dera  a  natureza,  paíTou  à  índia 
quando  contava  defefeis  annos  de  idade,  onde 
movido  de  fuperior  impulfo  fe  aliílou  na  Com- 
panhia de  JESUS  em  Goa  no  armo  de  165 1. 
Acabado  o  tempo  de  Noviço  fe  applicou  ao 
eftudo  da  Filofofia,  o  qual  naõ  pode  profeguir 
impedido  de  huma  grave,  e  penofa  moleilia, 
que  o  redufio  a  termos  de  cegar.  Ordenado  Sa- 
cerdote foy  mandado  pelos  Superiores  à  MiíTaõ 
de  Salcete  para  cujo  fim  apprendeo  com  tanta 
perfeição  a  lingua  Concanica,  que  a  fallava  com 
fumma  agilidade.  Pelo  dilatado  efpaço  de  qua- 
renta annos  cultivou  taõ  apoftolicamente  aquel- 
la  vinha  que  foraõ  innumeraveis  os  frutos,  que 
colheo  do  Paganifmo.  Mais  atenuado  com 
os  trabalhos,  do  que  com  os  annos  morreo 
no  Collegio  de  Rachol  a  15.  de  Dezembro 
de  1663.    Compoz  na  Lingua  Bramana. 

Tratado    dos    milanês,    que    pelos    mereci- 


mentos do  Glorio/o  Sanão  António  ajftm  em  vida 
do  Santo  como  depois  dafua  morte  foy  NoJJo  Senhor 
fervido  obrar,  com  a  vida  do  mefmo  Santo  tradufidos, 
e  compoflos  na  lingua  da  terra  corrente  para  ferem 
de  todos  mais  facilmente  entendidos.  No  Collegio 
de  Rachol.  1655,  4.  Hum  deíles  exèplares  im- 
preíTos  fe  conferua  na  Livraria  do  Excellen- 
tiífimo  Marquez  de  Abrantes,  onde  o  vimos. 

Rofas,  e  boninas  deleitofas  do  ameno  Roteai 
de  Maria,  e  feu  Rofario  tradufido,  e  compofio  com 
proveitofos  Moraes  para  bem  das  Almas.  Rachol. 
4.  fem  anno  da  ImpreíTaõ. 

¥ruto  da  arvore  da  vida  a  nojfas  Almas, 
e  corpos  falutifero  illuflrado  com  vários  moraes 
para  proveito  das  Almas,  e  honra  a  N.  Senhor 
Jefu  Chriflo.  Rachol  fem  anno  da  Impref- 
faõ.  4. 

Vocabulário  da  lingua  Concanica  M.  S. 

Benefícios  infignes  dos  Anjos  Cuflodios.  M.  S. 

Báculo  P aflorai  para  adminijiraçaõ  dos  Sa- 
cramentos, e  mais  obrigações  Parochiaes,  M.  S. 
foi. 

Fazem  memoria  defte  Author  a  Biblio- 
thec.  Societat.  pag.  84.  col.  i.  e  a  Bib.  Orient. 
de  Ant.  de  Leon  novamente  acrecentada 
Tom.  I.  Tit.  16.  col.  521. 

ANTÓNIO  SALEMA  natural  da  antigua 
Villa  de  Alcácer  do  Sal  da  Diocefe  de  Évora. 
Teve  por  Pays  a  Diogo  Salema,  e  a  Catherina 
Salema  fua  Prima.  Foy  Licenciado  em  Leys,  e 
hum  dos  primeiros  CoUegiaes  do  Collegio  Real 
de  S.  Paulo  admitido  a  2.  de  Mayo  de  1563. 
Depois  de  ler  huma  Cathedrilha  de  Inítituta 
fubio  à  Cadeira  do  Código  no  anno  de  1567. 
onde  diftou  a  Poílilla  ao  Tit.  Cod.  de  Fide  injlru- 
mentorum,  e  outra  ao  Tit.  Cod.  Plus  vale- 
re  quod  agitur,  quàm  quod  fimulate  concipi- 
tur.  Sendo  Dezembargador  da  Cafa  da  Sup- 
plicaçaõ  de  que  tomou  poíTe  por  feu  Procu- 
rador o  Dezembargador  Diogo  Lameira  a 
16.  de  Março  de  1570.  foy  mandado  com 
huma  Alçada  a  Pernambuco  por  ordem 
delRey  D.  Sebaíliaõ,  e  depois  de  concluida 
efta  incumbência  foy  Governador  de  S. 
Thomè,  e  do  Rio  de  Janeiro.  Voltando 
ao  Reyno  foy  nomeado  Dezembargador  dos 
Aggravos  a  19.  de  Fevereiro  de  1583. 
Cazou  com  D.  Luiza  de  Siqueira  filha  de 
AíFonfo  Bicudo,  e  de  Izabel  de  Siqueira,  a  qual 


L  USITANA. 


383 


por  morte  de  António  Salema  feu  primeiro 
1  >ri'l'>  puíluu  a  fegundas  vodas  com  rrancifco 
II  la  de  Vaíconcelios  Secretario  de 
iíllado  de  Portugal  em  Madrid.  Fallecco  em 
Lisboa  a  I).  de  Março  de  1586.  Jaz  fepultado 
no  Convento  de  S.  Francifco.  Fazem  memoria 
delle  Cabed.  de  Patronat.  Rej^io  cap.  44.  D.  Nic. 
de  Santa  Maria  Chron.  tios  Conej^.  Kej^.  \J\y.  10. 
cap.  7.  n.  9.  Sachin.  liiji,  Societ.  Part.  4. 
lib.  2.  n.  172.  e  meu  Irmaõ  o  P.  D.  jozè 
Barbof.  nas  Mtni.  Hijlor.  do  ColUg.  Real  de 
S,  Paul.  pag.  82.  n.  7.  e  no  Archiathan.  Ijufit. 
p.  ij. 

Impavidiis  Calema  levi  vada  falfa  carinà 
Trajiciet,  cinííofqNe  ar  mis  rmt  acer  in  hofles: 
Viribus  aí  fraíios,  vanoque  Jitrore  tumentes 
I  udittés  evertet,  patriafque  remittet  ad  auras 
j  Compoz 

Tratado  da  Conqtnfta,  que  fe^  do  Cabo  frio 
wntra  os  Francefes,  e  o  Gentio  Tamoyo,  que  nelle 
eftavaõ  fortificados.  M.  S.  De  cuja  obra  fc 
lembra  Maris  Dialog.  de  varia  Hifl.  Dial.  5. 
cap.  2. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SAMPAYO  natural  da 
Villa  de  Santarém,  onde  com  beneplácito  de 
feus  nobres  Pays  recebeo  o  habito  da  Ordem  da 
SantiíTima  Trindade,  na  qual  fe  fez  exemplar 
da  perfeição  religiofa.  Depois  de  eftudar  nefte 
Convento  Filofofia,  de  que  teve  por  Meftre 
.1  Fr.  Bartholameu  de  Payva  cuja  memoria  fe 
fará  em  feu  lugar,  paíTou  ao  Collegio  de  Coim- 
bra para  eftudar  Theologia  em  que  fahio  con- 
lummado.  Teve  natural  génio  para  a  Poefia 
líTim  Latina,  como  vulgar.  Foy  Prega- 
dor Geral  da  Província,  Miniftro  do  Convento 
de  Lagos,  duas  vezes  Difinidor,  e  Viíitador 
Geral.  Acõmettido  da  ultima  infermidade 
fe  preparou  como  obfervante  religiofo  para  a 
morte,  e  recebidos  devotamente  os  Sacra- 
mentos efpirou  no  Convento  de  Lisboa  a 
26.  de  Dezembro  de  1654.  quando  contava 
70.  annos  de  idade.  Deixou  compoftas  aíTim 
na  lingua  Latina,  como  Portugueza,  e  Cafte- 
I  lhana. 

Varias  Poefias. 

As  quaes  afíirma  o  P.  Ignacio  da  Piedade, 
c  Vafconcellos  Hifi.  de  Santar.  edificad  liv.  2. 
cap.  56.  pag.  477.  eraõ  cheyas  de  tanta  piedade, 
como  erudição,  e  armonia. 


ANTÓNIO  SANCHES  DE  NORONHA 
natural  de  Lisboa  alho  de  António  de  Noronha 
Freyre  ETcrivaô  dos  Maltezes,  e  de  íua  mulher 
D.  Maria  de  Noronha  filha  de  Manoel  de  Cer- 
queira, e  D.  Igncz  de  Noronha,  e  fobrinho  de 
Fr.  Joaò  Jozè  de  Santa  Thereza  Carmelita  Def- 
calço  elegante  ETcrítor  da  Hiftoria  do  Braíil 
na  Lingua  Italiana,  de  quem  faremos  memoria 
em  feu  lugar.  Inftruido  na  Lingua  Latina,  e 
Humanidades  ouvio  no  anno  de  1696.  Filofo- 
fia do  infigne  Meftre  o  P.  SebaíUaõ  Ribeiro  da 
Congregação  do  Oratório,  e  como  era  dotado 
de  agudo  engenho  de  tal  forte  penetrou  as 
mayores  dificuldades  defta  fciencia,  que  fahio 
nella  muito  perito  com  admiração  de  todos  os 
feus  Condifcipulos,  entre  os  quaes  me  poíTo 
numerar  devendo  à  fuavidade  do  feu  génio  a 
mais  fina  amifade  com  que  fempre  me  tratou. 
Ainda  naõ  tinha  paíTado  da  adolefcencia 
quando  naõ  fomente  difcorria  como  Filofofo, 
mas  metrificava  como  hum  dos  mais  antigos 
cultores  do  Parnafo,  a  cuja  Arte  fe  dedicou 
impellido  naturalmente  da  inclinação  com- 
pondo verfos  na  lingua  materna  fuaves,  caden- 
tes, e  elegantes  que  repetidas  vezes  foraõ  ouvi- 
dos com  geral  acclamaçaõ,  e  enveja  na  Acade- 
mia dos  Anonymos  inftituida  em  Lisboa  no 
anno  de  171  o.  do  qual  foy  hum  dos  feus  cele- 
bres alumnos.  Por  fer  mais  amante  da  modef- 
tia  que  do  applaufo,  nunca  publicou  as  fuás 
obras,  que  podiaõ  formar  hum  volume  de  jufta 
grandeza  dignas  certamente  da  luz  publica, 
fendo  poucas  as  que  tem  logrado  efte  beneficio, 
das  quaes  fe  pôde  conhecer  o  furor  do  feu 
efpirito.  Nox  Progreffos  Académicos  dos  Anony- 
mos de  "Lisboa  i.  Parte.  Lisboa  por  Jozè  Lo- 
pes Ferreira  ImpreíTor  da  SereniíTima  Rai- 
nha Noíía  Senhora  171 8.  4.  eftaõ  as  obras 
feguintes. 

Três  Sonetos.   Pag.  119.  173.  219. 

Cinco  Romances.  Pag.  42.  123.  249.  284.  348. 

Sylva  pag.  169, 

Romance  Endecafjllabo  à  morte  do  Duque 
do  Cadaval  D.  Nuno  Alvares  Pereira  de  Mello. 
Sahio  a  pag.  342.  das  ultimas  Acções  do 
mefmo  Duque.  Lisboa  na  Ofíicina  da  Mufica. 
1730.  foi. 

Outavas  ã  morte  do  Padre  D.  Rafael 
Bluteau  C.  R.  fahiraõ  em  o  Obfeqmo  fúne- 
bre  que   ao   mefmo    Padre   dedicou  a   Academia 


384 


BIBLIOTHECA 


dos   Applicados.     Lisboa   por   Jozé   António     ouíras  Oraçoens  devotas.    Lisboa  por  Domin- 
da  Sylva  1734.  4.  a  pag.  115.  gos  Carneiro  1665.  12. 


Fr.  ANTÓNIO  DOS  SANTOS  Naceo 
no  lugar  de  Moymenta  da  Provincia  da  Beyra, 
e  recebeo  o  Habito  dos  Frades  Menores  na  Pro- 
vincia de  Portugal.  O  feu  mayor  difvelo  foy 
mais  o  exercício  das  virtudes,  que  o  das  letras, 
para  cujo  fim  occupava  a  mayor  parte  do  tempo 
na  liçaõ  de  livros  afceticos,  donde  aprendia  a 
fciencia  dos  Santos  muito  mais  alta,  e  fublime 
que  a  das  efcolas.  Foy  exaâo  obfervador  da 
pobreza  Evangélica,  continuo  na  Oraçaõ 
Mental,  em  cujo  exercício  muitas  vezes  fe  via 
alienado  dos  fentidos,  e  fufpenfo  nos  ares. 
Afliílindo  na  Ilha  da  Madeira  avizou  a  ElRey  D. 
Joaõ  o  IV.  de  alguns  exceíTos  que  devia  promp- 
tamente  emendar  na  Corte,  os  quaes  lhe  foraõ 
patentes  pelas  luzes  de  fuperior  revelação. 
Defte  Monarcha,  como  de  feus  filhos  o  Prin- 
cepe  D.  Affonfo,  e  o  Infante  D.  Pedro,  mere- 
ceo  grandes  eílimaçoens  venerando  na  fua 
peíToa  huma  fiel  copia  do  Seráfico  Patriarcha. 
Acompanhou  por  Capellaõ  ao  Monteiro  Mòr 
Francifco  de  Mello  quando  no  anno  de  1641. 
paíTou  a  Pariz  com  o  Caraâer  de  Embaxador. 
Chegada  a  hora  de  receber  o  premio  das  fuás 
virtudes  entre  os  braços  de  Chriílo  Crucificado 
entregou  o  efpirito  a  30.  de  Março  de  1666. 
Para  evitar  o  tumulto  do  povo  foy  logo  fepul- 
tado,  cuja  acçaõ  foy  feveramente  reprehen- 
dida  por  huma  carta  de  ElRey  D.  Affonfo 
o  VI.  Delle  faz  memoria  Fr.  Fernando  da 
Soled.  Hiji.  Seraf.  da  Prov.  de  Vortug.  Part. 
5.  liv.  4.  cap.  30.  n.  II 37.  e  os  feguintes. 
Compoz 

Menfa  efpiritual  na  qual  offerecem  fete  igua- 
rias para  os  Jete  dias  da  f emana  conforme  ao  extá- 
tico, e  injigne  Doutor  Dyonijio  Carthujiano  com 
algumas  devoçoens  da  Senhora,  e  muitas  indulgên- 
cias de  nojja  Ordem,  e  outras  coujas  particulares,  e 
devotas.    Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla  1667.  4. 

Tradufio  de  Latim  em  Portuguez. 

Kevelaçoens  de  Santa  Brijida. 

Divididas  em  duas  partes,  das  quaes  a 
fegunda  tradufida  no  anno  de  1660.  confer- 
vava  em  feu  poder  a  Excellentiffima  Condeça 
de  Figueiró. 

Tradução  do  Cântico  Te  Matrem  Dei 
laudamus    compofio    por    S.     Boaventura     com 


Fr.  ANTÓNIO  SEGRE  natural  de  Lis- 
boa, onde  profeílou  o  habito  da  Ordem  Carme- 
litana  da  antigua  Obfervancia  em  5.  de  Mayo 
de  1625.  fendo  filho  de  Pedro  Francifco,  e 
Luiza  Segre.  Foy  muito  douto  na  arte  da  Mufi- 
ca,  e  como  tal  occupou  o  lugar  de  Meftre  da 
Capella  do  Convento  da  fua  pátria,  onde  foy 
Subprior,  e  nella  falleceo  em  Setembro  de  1638. 
Acrecentou,  e  em  muitas  partes  reformou. 

Procejftonario  de  que  ufaõ  os  Keligiofos,  e  Reli- 
giofas  da  Provincia  do  Carmo  de  Portugal.  Lisboa 
por  António  Alvares.  1642.  4.  e  Veneza  por 
Joaõ  Bautiíla  Recurto  171 7.  4. 

Delle  fe  lembra  Fr.  Manoel  de  Sá  nas  fuás 
Memor.  HiJl.  dos  Efcrit.  Portug.  da  Ord.  do 
Carmo.  cap.  12.  n.  71.  e  72. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SENNA,  cujo  appe- 
lido  deixando  o  da  CONCEYÇAM,  tomou  em 
obfequio  da  infigne  Virgem  Santa  Catherina  de 
Senna  da  qual  era  cordial  devoto.  Naceo  na 
celebre  Villa  de  Guimarães  da  Diocefe  Bra- 
charenfe,  e  na  adolefcencia  abraçou  o  Inílituto 
da  Sagrada  Ordem  dos  Pregadores  no  Con- 
vento de  NoíTa  Senhora  da  Mifericordia  da 
Villa  de  Aveiro.  Depois  de  eílar  inílruido  com 
os  eíhidos  Filofoficos  em  Lisboa,  e  com  os 
Theologicos  em  Coimbra,  diâou  Artes  no  Con- 
vento deíla  Corte  com  grande  efplendor  do  feu 
talento,  que  era  venerado  por  fublime.  PaíTou 
a  Lovanha  obrigado  do  preceito  dos  feus  Pre- 
lados, e  depois  de  regentar  varias  Cadeiras  neíla 
Univerfidade  pelo  efpaço  de  onze  annos  rece- 
beo neUa  o  gráo  de  Doutor  em  Theologia  a  25. 
de  Junho  de  1 571.  fendo  taõ  grande  a  fama  das 
fuás  letras,  que  no  Capitulo  Geral  celebrado 
em  Barcellona  no  anno  de  1574.  foy  eleito 
Regente  dos  Eíhidos  geraes  do  Convento 
de  Lovanha.  No  anno  feguinte  por  fer  do 
Jubileo  do  Anno  Santo  partio  a  Roma,  e 
difcorreo  por  toda  a  Itália  examinando  as 
Bibliothecas,  e  Archivos  dos  principaes  Con- 
ventos da  fua  Religião,  donde  extrahio 
com  incanfavel  trabalho  noticias  impor- 
tantes para  as  obras,  que  meditava  o  feu 
profundo  juizo.  Com  igual  inveíligaçaõ  exa- 
minou os  M.  S.  que  fe  guardavaõ  nas  Livra- 


L  USITANA. 


385 


rias  de  Inglaterra,  e  França  quando  peregrinou 
como  fugitivo  com  o  Senhor  D.  António, 
cujas  partes  acerrimamente  feguio  e  fielmente 
!   (Icfcndeo  no  tempo  que  a  ambição  de  Filippe 
'   Prudente   perfegula   aos    Sequazes   daquelle 
'   Princcpe  para  que  naõ  cingi/Te  a  Coroa  de  feus 
'   Avós.   Recolhido  á  Cidade  de  Nantes  morreo 
no  Convento  dos  Religiofos  Carmelitas  ao  i. 
de  Fevereiro  de  1 5  84.  ou  conforme  Fr.  Aflbnfo 
Femand.  in  Concert.  Prad.  cm  i)86.  c  na  Se- 
pultura tem  gravado  eíle  epitáfio. 
D.  O.  M. 
Frater  Antonius  Senenfis  I^fitanns  Ordinis 
Pradicatorum ,  Doâor  injigttis  LovaniJ  de  Kepu- 
bUca  Chrijliana  ubique  bemmeritus  patriam  nobi- 
Huffi  faâionibus  in  Jtrvitutem  mentem  ad  Janioreni 
mentem  revocare  Jruftra  conatus,  nec  alibi,  niji  hic 
I  úp$td   Carmelitas   Nannetenfes   hofpitalitatis  jus 
I  údeptiis  anno  MDLXXXIV.  Kalend.  Febrmr. 
òt  Chrijlo  obdormivit.  He  celebrado  o  fcu  nome 
I  em  todo  o  género  de  eftudos  principalmente 
na    fcicncia    da    Thcologia,    intelligencia    da 
Efcritura,  e  liçaõ  vaíla  da  Hiftoria  Sagrada,  c 
profana  por  Seraf.  Razzi  Hiji.  di  Ord.  de  Pred. 
a.  31.  Valer.  And.  Taxand.  in  Cathal.  Ciar. 
Hifpan.  Script.  Draud.  in  Bib.  Clajftc.  Poflev.  in 
Appar.  Sacr.  Tom.  i.  pag.  92.  Plodio  de  Vir. 
llluft.  Part.   2.  liv.  4.  Nic.  Ant.  Bib.  Hifpan. 
Tom.  I.  pag.  86.  Echard.  Script.  Ord.  Prad. 
Tom.  2.  pag.  271.  Manoel  de  Par.  e  Souf. 
Esdrop.  Portug.  Tom.  3.  part.  4.  cap.  6.  Joan. 
Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  'Lujif.  Litter.  lit.  A. 
n.   117.  chamando-lhe   Vir  eloqmntia,  et  eru- 
ditione    confpicuus.     Monteir.     Claujl.    Domin. 
Tom.  3.  pag.   50.  e  160.  Fr.  Luc.  de  Santa 
Cather.  Hi^.  de  S.  Domingos  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  4.  pag.  927. 

Cathalogo  das  obras  impreflas. 
Chronicon  Fratrum  Ordinis  Prcedicatorum, 
in  qno  tum  res  notabiles,  tum  perfona  doãrina, 
religione,  et  Sanãitate  confpicua  ab  exórdio 
Ordinis  ad  huc  ujque  nojlra  têmpora  compleãun- 
)  iMr.  Pariíiis  apud  Nicolaum  Nivellium 
1585.  8. 

Bibliotheca  Ordinis  Fratrum  Pradica- 
torum,  virorum  inter  illos  doãrina  injignium 
nomina,  et  qucB  Jcripto  mandarunt  opujculo- 
rum  titulos,  et  argumenta  compleãens.  ibi- 
dem apud  eumdem  Typographum  eodem 
anno,  et  forma.    Deíla  obra  fazem  memoria 


o  P.  Filippe  Labbe  in  B/i».  Bibliothec.  pag.  19.  e 
Lippenio    in    Bibliofh.    Real.    Theolope.    pag. 

545- 

In  Tbtolo^a  Summam  D.  Thoma  Aqmnatis 
marginalibus  noiis,  et  indicationibus  omnium  cujuf- 
cumque  gentris  authorum.  NeíU  obra,  a  que 
chama  Scoto  in  B/^.  Hifpan.  pag.  )  26.  Herculei 
plane  laboris,  et  induftria  confumio  três  anaoty  e 
meyo  bufcando  para  o  fim  que  intentava  com 
incanfavel  deligencia,  e  laboriofa  applicaçaõ 
as  authoridades  dos  Santos  Padres,  e  autho- 
res  profanos,  que  o  Angélico  Doutor  con> 
fufamentc  allegara,  c  na  margem  de  cada 
Capitulo  notou  as  ditas  authoridades,  empe- 
nhando-fe  neíle  trabalho  com  tanta  indivi- 
duação que  até  nas  partes  onde  o  Santo  Doutor 
diz  ut  Jupra  diíium  ejl,  ou  infra  dicetur  aponta 
à  margem  os  lugares  a  que  fc  remete.  Pofto 
que  para  eíla  obra  concorreflc  hum  Reli- 
giofo  natural  de  Bruxellas,  que  floreceo  pelos 
annos  de  1450.  fempre  o  noflb  Fr.  António 
de  Sena  fuprio  infinitas  citaçoens,  que  fugi- 
rão à  deligencia  do  Religiofo  que  lhe  precedeo 
neíle  trabalho,  acrecentou  muitas,  e  emendou 
outras  que  eftavaõ  erradamente  citadas.  Sahio 
efta  obra  primeiramente  dedicada  ao  Senhor 
D.  António.  Antuerpiac  ex  Oííicina  Planti- 
niana  1569.  com  humas  notas  de  Agoítínho 
Hunio  Theologo  Lovanienfe.  Depois  fahio 
na  dita  Oííicina  1575.  com  hum  fuple- 
mento  à  3.  Parte  de  Santo  Thomaz  dedi- 
cado ao  Commendador  Mór  de  Caftella 
Governador  entaõ  de  Flandes,  e  fendo  efta 
impreíTaõ  divulgada  fem  a  Dedicatória,  e 
Prologo  ao  Leytor  compoftos  por  Fr.  An- 
tónio de  Sena  que  tinhaõ  fahido  na  primei 
ra  ediçaõ,  tanto  fentio  efta  falta  da  qual 
também  fe  queixa  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hif- 
pan. Tom.  I.  pag.  87.  que  demandou  ao 
ImpreíTor,  o  qual  foy  obrigado  fuprir  o 
que  injuftamente  tinha  tirado  na  fegunda 
ImpreíTaõ. 

In  Quafliones  D.  Tòoma  difputatas  et  qua 
his  conjun^  folent  nota.  Antuerpiac  apud  Bel- 
lerum.  1571.  foi.  Eftas  Notas  mandou  a  Roma 
para  fe  imprimirem  em  a  nova  ediçaõ  das 
Obras  do  Santo  Doutor  que  fe  eftava  prepa- 
rando, e  com  effeito  fe  puzeraõ. 

Caiena  áurea  D.  Thoma  fuper  Quatuor 
Evangelia    ad   exemplaria    antiquijjima    M.    S. 


30 


386 


BIB  LIO  THE  CA 


collata,  et  repurgata,  et  indicationihus  marginalihus 
illuftrata.  Antuerpix  apud  Offic.  Plantin.  1575. 
foi.  Pariíiis  apud  Michaelem  Sonnium  161 1. 
foi.  et  ibi  apud  Dioniíium  Moreau.  1637. 
foi. 

Commentarius  D.  Thoma  in  Genefim  M. 
S.  Efta  obra  foy  defcuberta  por  Fr.  An- 
tónio de  Sena  em  o  Convento  dos  Francif- 
canos  de  FlelTinga.  Sahio  a  primeira  vez 
dedicado  ao  Duque  de  Medina  Celi.  An- 
tuerpiíe  apud  Bellerum.  1573.  et  Lugd.  apud 
Petrum  Landry  eodem  anno  in  8.  et  Antuerp. 
apud  Stelíium.  1575.  8. 

Traduzio  de  Portuguez  em  Latim  à  inf- 
tancia  de  Francifco  Giraldes  Embaxador  de 
Portugal  em  Inglaterra. 

Meditationes  aliquot,  Jeu  homilia  fuper 
aliquot  vita  Kedemptoris  nojlri  myfteriis,  et 
nonnullis  EvangeUi  locis;  às  quaes  acrecen- 
tou. 

V.  Fr.  Humberti  de  Komanis  Magijlri  Gene- 
ralis  Ord.  Prad.  epijlola,  feu  Traãatus  de  tribus 
ejfentialibus  votis  Keligionis,  et  alia  ducB  Con- 
ciones.  Lovanij  apud  Sernatium  SaíTenum 
1575.  12. 

Vita  Sanãorum  Vatrum  Ord.  Prad.  juffu 
Magijlri  Ordinis  Seraphini  Cavalli  ex  Surio 
Carthujiano  colleãce  eidem  Magiftro  dicatce. 
Sunt  autem  Sanãorum  Dominici,  Petri  Martyris, 
ThomcB  A.quinatis,  VincentiJ,  Catherina  de  Senis, 
Antonini,  Kaymundi,  Alberti  Magni,  Margaritha 
Hungarica,  et  Jacobi  Alemanni.  Lovanij  apud 
Hyeronimum  Wellseum  1575.  12. 

De  eruditione  religiojorum  univerja,  qua  ad 
abjolutam  religionis  formam  Jpeãant  exaãijjimè 
comprehendens.  Lovanij  apud  Rutgerum  Vel- 
pium.  1575.  12.  Eíla  obra  que  Fr.  António 
de  Sena  julgou  fer  do  Meftre  Geral  da  Ordem 
Fr.  Humberto  que  certamente  he  de  Fr. 
Guilherme  Peraldo,  a  conferio  com  os  exem- 
plares mais  verdadeiros,  e  a  illuftrou  com 
varias  notas. 

Index  prcBcipuorum  fere  Authorum  qui 
fpiritualia,  ac  moralia,  feu  afcetica  fcrip- 
ferunt  ex  familia  Pradicatorum.  Pariíiis 
apud  Antonium  Bertier.  1647.  4.  Naõ  fey 
fe  he  diferente  da  Bibliotheca  Ord.  Fratr. 
Prad. 

Commentarius  D.  Thoma  in  Machabaos. 
Eíla  obra  foy  defcuberta  pela  fua   deligen- 


cia  em  Middelburgo,  ou  Flexinga  no  Convento 
dos  Francifcanos,  a  qual  quiz  imprimir  em 
Pariz  no  anno  de  1584.  porém  fahio  com 
outras  obras  do  Santo  Doutor.  Antuerpije 
apud  Cofmam  Morelles.  161 2.  foi. 

Cathalogo  das  obras  naõ  impreíTas. 

CafariJ  Arelatenfis  Epifcopi  Sermones  XII. 
ad  Monachos.  Eíles  Sermoens  nunca  fahiraõ 
à  luz,  e  foraõ  tresladados  por  Fr.  António 
de  Sena  de  hum  M.  S.  que  fe  confervava  na 
Bibliotheca  do  Cardial  Seripando,  e  agoca 
exiílem  na  Bibliotheca  Carbonária  dos  Ere- 
mitas de  Santo  Agoftinho  em  Nápoles. 

Quafiiones  Theologica  prafertim  ad  materiam 
de  Fidefpeãantes. 

De  Quintuplici  flatu  hominis  in  quo  diftinãe  qua 
ejfe,  et  pojje  illius  in  quolibet  attinent,  quid  ve  ille 
cognofcere,  et  agere  pojjit,  difputat,  et  novas  quorum- 
dam,  prophanafque  impugnat  fententias. 

De  comparatione  virtutum,  et  vitiorum;  ainda 
incompleta. 

Opus    Theologicum.     Eílava    acabado    mas      , 
naõ  tinha  ainda  titulo. 

Vita  B.  Joanna  Alphonji  V.  et  Elifabetha 
PortugallicB  Kegum  filia  Sanãimonialium  Ord. 
Prad.  in  Monajierio  JESU  dião  Civitatis  Aveiro 
habitu  induta. 

Vita  Beatorum  Petri  Gundiffalvi,  (ò'  Gundi- 
falvi  de  Amarantho,  Petri  Laici  Eborenjis,  et  JE^- 
dij  Scalabitani.  Todas  eítas  vidas  efcritas  nas 
Chronicas  Portuguezas  verteo  em  Latim  Fr. 
António  de  Sena  as  quaes  vindo  ao  poder  de 
Fr.  Eílevaõ  de  Sampayo  feu  Companheiro  nas 
peregrinaçoens,  e  defterros,  novamente  as  tra- 
duzio em  Latim  mais  puro,  e  as  publicou  no 
feu  Thesaurus  arcanus  Eufitanis  gemmis  refid-  . 
gens.    Pariíiis  apud  Thomam  Perier.  1586.  8. 

Chronicon  generale  ab  anno  Chrifli  M.  ufque 
ad  fuam  atatem.  Deíla  obra  faz  memo- 
ria Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  87. 
col.  2. 

Hifloria  de  Portugal.  Foy  aprezentada 
depois  da  morte  do  Author  ao  Senhor  D. 
António  como  efcreve  Francifco  Galvaõ 
na  Bib.  Eufit.  M.  S.  onde  o  lemos. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SERPA  natural 
da  Villa  do  feu  appellido  a  qual  eílà  íituada 
na  Província  Tranílagana  onde  teve  por 
Pays  a  Joaõ  Bentes  Farto,   e  Maria  Prego. 


L  USITANA. 


38; 


Reccbeo  o  Hábito  Setafioo  ha  informada  Pro- 
víncia da  Piedade  onde  depois  de  aprender  as 
Iciencias  mayores  as  enfinou  aos  feus  domeíli- 
cos.  Na  intclligenda  das  Efcrituras  foy  infignc 
confumindo  todo  o  tempo,  que  lhe  reílava  das 
occupaçoens  Religiofas  nefte  eíhido.  Acompa- 
nhou ao  Marquez  de  Niza  D.  VaTco  Luiz  da 
Gama  por  feu  ConfeíTor  quando  no  anno  de 
1647.  foy  mandado  Embaxador  Extraordinário 
à  Mageílade  delRey  OiriílianiíTimo.  Voltando 
ao  Reyno  fendo  já  Qualificador  do  Santo  Offi- 
cio  foy  nomeado  Bifpo  de  Cochim,  cuja  digni- 
dade modeílamentc  rcgeitou.  G^m  prudência, 
e  fuavidade  governou  os  mayores  lugares  da 
Provinda  fendo  hum  delles  Guardião  do  Con- 
vêto  de  Sãto  António  dos  Olivacs  em  G:>imbra 
onde  morrco  no  anno  de  1664.  Dclle  fe  lem- 
braõ  Nic.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  126.  e 
Tom.  2.  pag.  285.  Wading.  de  Script.  Ord.  Min. 
pag.  37.  lhe  chama  Concionator  eruditus.  Fr. 
Joan.  à  D.  Ant.  in  lòib.  Franc.  Tom.  i.  pag.  127. 
Card.  Agiol.  Lufit.  Tom.  3.  pag.  442.  no  Cõ- 
mcnt.  de  28.  de  Mayo  letr.  G.  P.  D.  Emman. 
Caet.  de  Soufa  in  Exped.  Hifpan.  S.  Jacobi 
fom.  2.  pag.  1305.  Joaõ  Franco  Barret. 
Bib.  Lídjit.  M.  S.  letr.  A.  n.  245.  Compoz 
Eucharijlica  Chronologia  ab  ipfo  mundo  per  figu- 
ras legis  natura  depiãa,  eb*  ennarrata.  Pariíis 
apud   Sebaílianum  Cramoyíi.    1648.   foi. 

Efta  obra  foy  approvada  por  dous  famo- 
fos  Varoens  da  Ordem  Seráfica  quaes  foraõ 
Fr.  Joaõ  de  La  Haye,  e  o  noíTo  Fr.  Fran- 
cifco  de  Santo  Agoílinho  Macedo,  que  em 
louvor  do  Author  lhe  confagrou  a  fua  ele- 
vada Mufa  o  feguinte  epigramma. 
Te genuit  Serpa-,   €>*  doãam  dimijit  in  Urbem 

Stemmata,  cui  Jerpens,  hinc  dedit  inde  Leo. 
Serpenti  ingenio  fimilem  te  reddidit  illa: 

Serpenti  hacjludio,  confilioque  parem. 
U traque  ferpenti  voluit  te  opponere  mortem, 

Qtta  tulit  in  vetito  pernicioja  cibo. 
Sic  divina  tuam  fiimulat  Japientia  mentem 

Syderium  utfacra  condiat  arte  cibum. 
Ut  cum  Lathiferii  ferpens  dat  você  venenum, 

Vitales  pojfis  reddere  Serpa  dapes. 

ANTÓNIO  SERRAM     DE     CRASTO. 

Naceo  em  Lisboa  no  anno  de  16 10.  e 
foy  dotado  de  hum  génio  jocofo,  e  feftival 
para   a   Poeíia   fendo    hum    dos   principaes 


Académicos    da    Academia    dos    Singulares 
inílituida  no  anno  de  1663.  em  cuja  caía  fe 
faziaõ   as   conferencias,   onde   em   veríb,   e 
profa  deu  por  varias  vezes  claros  argumentos 
do    feu   engenho    merecendo    os    applaufos 
dos  feus  CoUegas  Luiz  de  Bulhaò,  António 
Marquez  Lesbio,  Pedro  Duarte  Ferraõ,  Joaõ 
Ayres   de   Moraes,   António   Lopes   GÚ>ral, 
e  ainda  do  infigne  Poeta  Ignado  Figueífa 
Duraõ  in  luiur.  Pamaf.  Ram.  2. 
Aut  te  pulfantem  cytharam  Serrane  coronam 
Crederet  effe   meios,   quo  cali  Jpbara   movetur. 
E  em  outra  parte 
Duraque  carminibus  Serranu  faxa  mopeníi. 

O  Doutor  Manoel  da  Sylva  LeitaÕ  Arte 
com  Vida,  e  Vida  com  Arte  cap.  2.  Advert. 
18.  §.  26.  o  intitula  Celebre  .  Imprimio 

Relação  das  grandiojas  feftas,  com  que  os  Keli- 
ffojos  da  Sagrada  Ordem  dos  Pregadores  do  Reat 
Convento  de  S.  Domingos  dejla  Corte  celebrarão  as 
Canonit(açoens  dos  Glorio/os  Santos  S.  Luiz  ^^~ 
traõ,  e  Santa  Kofa  Maria,  e  Beatificação  de  Santa 
Margarida  de  Saboya  no  anno  de  1671.  Lisboa 
por  Joaõ  da  Coíla  1671.  4.  He  efcrito  em 
Romance 

Por  eíla  obra  o  numerou  entre  o  Qoto  dos 
Poetas  Portuguezes  o  P.  António  dos  Reys 
in  Ejtthufiafm.  Poet.  num.  241. 
Crajlus  ubi  fejliva  Kofafolemnia  cantat 
Impofitãqm  aris  Beltranii^  eS>*  thura  S abatida 
Margaridi  conceffa  recens. 

Nos  dous  Tomos  das  Academias  dos  Sin- 
gulares de  Lisboa,  que  fahiraõ  impreíTos  no 
anno  de  1665.  e  1668.  em  4.  eílaõ  duas  Ora- 
çoens  de  António  Serraõ  de  Craílo  recitada 
a  primeira  em  27.  de  Janeiro  de  1664.  e  a  2. 
em  12.  de  Fevereiro  de  1665.  vinte  Sonetos 
trinte  e  fete  Romances  doze  Gloffas,  e  duas 
Decimas  a  diverfos  aíTumptos. 

No  Certame,  que  fe  fez  em  applaufo  da 
Canonização  de  Santa  Maria  Magdalena  de  Paz- 
zi  eílà  hum  feu  Romance  burlefco  em  a  terceira 
parte  do  Forajleiro  Admirado  impreíío.  Lisboa 
por  António  Rodrigues  de  Abreu  1672.  foi. 
Compoz  mais,  ainda  que  fe  naõ  imprimio. 

Relação  da  entrada,  que  fi^eraÕ  em  Usboa  os 
Serenijftmos  Rejs  D.  Affonjo  VI.  e  D.  Maria 
Francifca  Isabel  de  Saboya  em  29.  de  Agofio 
de  1666.  dividida  em  cinco  Romances.  4. 
Vivia  pelos  annos  de  1683.  e  1684. 


388 


BIBLIO THECA 


Fr.  ANTÓNIO  DE  SETUVAL  cujo 
apellido  indica  a  pátria  donde  era  natural.  Foy 
Religiofo  da  Ordem  Seráfica  da  Provincia  de 
Portugal,  a  quem  Hypolito  Marraccio  in 
Biblioth.  Marian.  Part.  i.  pag.  134.  intitula  Vir 
tnorum  prajlantia,  (âf  doãrina  praeminens,  muito 
verfado  nas  divinas  letras,  e  afFeâuofiíTimo 
devoto  de  Maria  SantiíTima  em  cujo  obfequio 
compoz  a  obra  feguinte. 

Coroa  de  do\e  ejlrellas  da  Virgem  Senhora 
Nojfa.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1632.  4. 
Neíle  volume,  que  comprehende  554.  folhas 
fomente  trata  de  quatro  eílrellas.  Do  Author, 
e  da  obra  fe  lembraõ  Nic.  Ant.  in  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  126.  Fr.  Fernand.  da  Soled.  Hifl. 
Seraf.  da  Prov.  de  Port.  Part.  3.  Liv.  i.  cap.  21. 
n.  132.  Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  in  Bib.  Franc. 
Tom.  I.  pag.  127.  Alva  y  Aílorga  in  Milit. 
Conception.  pag.  123. 

ANTÓNIO  DA  SYLVA  natural  de 
Évora  filho  do  Doutor  Manoel  da  Sylva  in- 
figne  Jurifconfulto,  e  Dezembargador  no 
Reynado  de  Filippe  III.  como  efcreve  o  P. 
Franc.  da  Fonfeca  na  Bvor.  Glorio/,  p.  410. 
Foy  igualmente  douto  nas  letras  humanas, 
e  Poefia  como  na  Hiftoria  Sagrada,  e  pro- 
fana, e  Genealógica  de  cujos  eíhidos  dei- 
xou diverfos  monumentos  em  que  eterni- 
zou a  fua  memoria  fendo  os  principaes. 

Uniaõ  dos  Rejnos,  e  Senhorios  da  Mo- 
narchia  Efpanhola  dividida  em  13.  Livros. 
O  I.  da  Geografia,  e  coufas  de  Efpanha.  O 
2.  do  Rejno  de  Leaõ.  O  ^.  do  Rejno  de  Caf- 
tella.  O  4.  do  Rejno  de  Aragão.  O  ^.  do  Rej- 
no de  Navarra.  O  6.  do  Rejno  de  Portugal. 
O  7.  dos  outros  Rejnos  de  menos  importância 
como  Jaen,  Murcia,  e  Granada.  O  %.  do  Rejno 
de  Nápoles.  O  9.  de  Milaõ.  O  10.  de  Borgonha. 
O  II.  dos  EJlados  de  F landes.  O  12.  das  índias 
Orientaes.  O  13.  das  índias  Occidentaes.  De  to- 
dos fomente  tinha  completo  o  i.  e  8.  M.  S. 

Dialogo  entre  dous  Caçadores  qual  tempo 
he  o  melhor  para  a  Caça,fe  o  Veraõ,fe  o  Inverno} 
M.  S.    Conftava  de  cinco  folhas. 

Arvores  Genealógicas  dos  Princepes  da 
Chriftandade ,  que  tem  Joberania.  Defta  obra 
faz  mençaõ  o  P.  D.  António  Caetano  de  Soufa 
no  Apparat.  à  Hift.  Geneal.  da  Gafa  Real 
Portug.p2ig.  105.  §.  3. 


Primeras  Tragedias  Efpanolas.  Ni/e  lajli- 
mofa,j  Ni/e  laureada  D.  Ignet^  de  CaJlro,j  Vala- 
dares Prince:(a  de  Portugal.  Madrid  por  Fran- 
cifco  Sanches  1597.  8.  Cuja  obra  louva  o  P. 
António  dos  Reys  no  feu  Enthufiafm.  Poef. 
n.  37.  eftranhando  a  Nicoláo  António,  que 
fizeíTe  ao  Author  natural  de  Galliza  quando 
certamente  he  de  Portugal. 

Do  Amor  bom,  e  mào.  Confiava  de  varias 
cançoens,  que  no  anno  de  1603.  tinha  jà 
promptas  para  a  ImpreíTaõ. 

Compoz  muitas,  e  diverfas  obras  poéticas  a 
vários  aíTumptos  aífim  fagrados,  como  profa- 
nos, e  delle  he  o  celebre  Soneto. 

Choraj  Nynfas  dos  rios  Eufitanos.  Aiíir- 
ma-fe  fer  fua  a  Praftica  com  que  foy  recebido 
em  Évora  Filippe  III.  como  também  as  inf- 
cripçoens  dos  Arcos,  que  neíla  occafiaõ  fe 
levantarão. 

P.  ANTÓNIO  DA  SYLVA.  Filho  de 
Manoel  Alvares  Figueira,  e  Izabel  da  Sylva, 
naceo  na  Villa  de  Aveiro  do  Bifpado  de  Coim- 
bra donde  paliando  a  Lisboa  entrou  quando 
contava  17.  annos  de  idade  na  Companhia  de 
JESUS  a  7.  de  Março  de  1622.  Pelo  largo 
efpaço  de  quatorze  annos  leu  Letras  Huma- 
nas, Rhetorica,  e  Theologia  Moral.  Morreo  no 
Collegio  de  Santarém  a  16.  de  Abril  de  1666. 
Delle  fe  lembra  o  P.  António  Franco  na  Imagem 
da  Virtude  em  o  Noviciado  de  Lisboa,  pag.  964. 
e  António  Carv.  da  Coíl.  Corog.  Portug.  Tom. 
2.  Trat.  3.  cap.  4.  e  a  Bib.  Orient.  moderna- 
mente acrecentada  Tom.  i.  Tit.  8.  Col.  154. 
compoz 

Sol  do  Oriente  S.  Franci/co  Xavier  da  Compa- 
nhia de  JESUS  do  qual  como  em  breve  Mappa  dejcre- 
ve  os  de^  annos  da  fua  milagrofa  vida  no  Oriente. 
Lisboa  por  António  Crasbeeck  de  Mello.  1665. 
12.    No  fim  traz  Novena  do  mefmo  Santo. 

ANTÓNIO  DA  SYLVA  natural  da 
Bahia  de  todos  os  Santos  Capital  da  Ame- 
rica Portugueza,  Licenciado  na  faculdade 
dos  Sagrados  Cânones,  e  Vigário  da  Par- 
rochial  Igreja  do  Corpo  Santo  do  Arrecife 
de  Pernambuco.  Naõ  fomente  foy  vigi- 
lante do  paílo  das  fuás  Ovelhas,  mas  muito 
applicado  ao  miniílerio  do  Púlpito  deixando 


LUSITANA. 


389 


pii  I  :irgumcnto  da  capacidade  que  pata  elle 
I  iiili.i. 

Scrnioens  das  Tardes  das  Dominas  da  Qjia- 

////(/  ('itiuidas  na  Ala/ri^  do  Arrtcift  d»  Pemam- 

ico  no  anno  de  1675.    No  fim  dcíles  cinco  Dif- 

.  urfos  traz  SermaÕ  do  Mandato.    Lisboa  por 

loaò  da  Coda  167).  4. 

OrafaÕ  fimehre  nas  lixeqiàas  da  Serenijfima 
Prinee^a  D.  lf(ahel  Ijàt^a  jot^epha  celebradas  na 
Mifericordia  da  Cidade  de  Olinda  aos  j.  de  teve- 
leiro  de  1691.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal 
ImprcíTor  do  Santo  Oflficio.  1691.  4. 

Memoria  da  vida,  e  acçoens  de  D.  EftevaÔ  dos 
\anfos  hijpo  do  Bra^i/,  e  religiojo  de  Santo  AgoJ- 
iinho  d»  Cónegos  Regrantes,  Dedicada  ao  Doutor 
JoaÕ  Carneiro  de  Moraes  do  Confelho  de  Sm 
Altet(a;  e  feu  De^^embargador  do  Paço  acabada 
t4.  de  Julho  de  1655.  foi.  Aí.  S.  Cujo  originai 
fe  confcrva  cm  poder  do  P.  D.  António 
Caetano  de  Souza  Clérigo  Regular,  e  Aca- 
démico Real  onde  o  vimos.  Efta  obra  chegou 
a  fer  imprefla  até  o  caderno  da  letra  D.  mas 
naõ  fe  continuou. 

SermaÕ  Jimebre  nas  Exeqirias  do  llluftriffimo 
l^ifpo  de  Pernambuco  D.  Matbeos  de  Figueiredo,  e 
Mello  affijlindo  Caetano  de  Mello,  e  Cajlro  Gover- 
nador da  Praça  de  Pernambuco.  M.  S. 

ANTÓNIO  DA  SYLVA  natural  de 
Lisboa  Ourives  da  prata,  e  Enfayador  da 
Cafa  da  Moeda.  Para  inílruir  aos  artifices 
deíla  fabrica  na  perfeição  com  que  deve 
fer  lavrada^   e  cunhada  a  moeda,   efcreveo. 

Direãorio  Praãico  da  prata,  e  ouro, 
em  que  fe  mojlraõ  as  condiçoens  com  que  fe 
devem  lavrar  efles  dous  nobilijftmos  metaes 
para  que  fe  evitem  nas  obras  os  enganos, 
e  nos  artífices  os  erros.  Lisboa  por  Miguel 
Manefcal  ImpreíTor  do  Santo  Ofíicio  ,  e 
da  SereniíTima  Cafa  de  Bragança.  1720. 
4.  Morreo  em  Lisboa  a  8.  de  Novem- 
bro de  1723.  Eftá  fepultado  no  Convento 
do  Carmo. 

ANTÓNIO  DA  SILVA  ALVARES 
natural  da  Cidade  do  Porto  muito  perito  nas 
efpecies  da  Arithmetica,  e  nas  regras  de 
Orthografia,  as  quaes  para  que  mais  facil- 
mente fe  percebeílem,  compoz. 

Regras    de    efcrever    certo,    e    exemplar    de 


contas  em  que  fe  etifina  com  toda  a  clareia  o  method» 
de  boa  Orthografia,  e  juntamente  a  praxe  das  qimtro 
efpecies  de  conta.  Coimbra  no  Real  Collcgio  das 
Artes  da  Companhia  de  Jefus  171  j.  12. 

ANTÓNIO  DA  SILVA  DE  BRITO 
traduzio  do  Caílelhano  de  Jeronymo  Cortèt 
em  a  lingua  materna. 

Fjfioffiomia  de  vários  Segredos  da  natureza. 
Lisboa  por  Miguel  Manefcal  ImprcíTor  do 
Santo  OíTicio.  1699.  8. 

Emendou,  e  reformou  conforme  o  Expur- 
gatorio  da  Inquifiçaõ,  e  veiteo  em  Portuguez 
do  mefmo  Jeronymo  Cortês. 

O  non  plus  ultra  do  L/tnario,  e  Prog^oflico  per- 
petuo geral,  e  particular  para  todos  os  Reynos,  e 
Provindas.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1705. 
8.  e  Coimbra  por  Jozé  Antunes  da  Sylva 
Impref.  da  Univeríid.  1730.  8. 

ANTÓNIO  DA  SILVA  PEREYRA 
natural  de  Lisboa  Commendador  da  Ordem  de 
Chrifto,  filho  de  António  da  Sylva,  e  de  Maria 
da  Coíla  Figueira.  No  tempo  que  Chriílovaõ 
de  Almada  era  Governador,  e  Capitão  General 
da  Praça  de  Mafagaõ  o  mandou  por  Embaxa- 
dor  ao  Reyno  de  Marrocos  cuja  incumbência 
executou  com  grande  credito  do  feu  talento. 
Foy  muito  applicado  ao  eíhido  da  Hiftoria,  e 
particularmente  da  Genealogia  extrahindo 
com  immenfo  trabalho  dos  melhores  Ge- 
nealogiílas  tanto  na  verdade,  como  na  ave- 
riguação. 

As  Famílias  illuflres  de  Porutgal.  11.  vol. 
em  folha. 

Os  quaes  efcritos  por  fua  maõ  os  difpoz 
pela  Ordem  Alfabética. 
Efcreveo  mais. 

Arvores  de  Cofiado  antigas,  foi. 

Todos  eíles  12.  Tomos  primorofamente 
encadernados,  e  com  as  folhas  douradas, 
que  muitas  vezes  temos  vifto,  conferva  em 
feu  poder  o  P.  D.  António  Caetano  de  Souía 
Clérigo  Regular,  e  Académico  do  numero 
da  Academia  Real  fazendo  deUes,  e  do  Author 
honorifica  mençaõ  no  Apparat.  à  Hifl.  Genea- 
log.  da  Cafa  Real  Portug.  pag.  144.  §.  168. 
Efcreveo  mais. 

lembrança  da  Carta  que  mandei  ao  Senhor 
Riry     Fernandes    de     Almada     em    repofla    de 


Jço 


BIB  LIO  THE  CA 


outra  em  que  o  dito  Senhor  me  ordenava  lhe  dejjfe 
conta  de  tudo  o  que  Je  tinha  paffado  de/de  que  daqui 
partimos.  Contem  ella  o  primeiro  anno  do  governo 
4o  Senhor  ChrifiovàÒ  de  Almada  feito  na  Praça  de 
Ma^agaõ  com  os  Jeus  Jucejfos,  e  também  os  da 
Jornada  do  mar,  arribada  ao  Algarve,  chegada 
Àquella  Fortalet^a,  Vijita  do  Alcayde  de  A^amor 
nella,  e  Embaixada  ao  Império  de  Marrocos, 
prociffaõ  do  Corpus  Chrijii,  refgate  de  Nojfa 
Senhora,  e  Sermão  do  me/mo  Re/gate.  4.  M.  S. 
cujo  original  conferva  na  fua  Livraria  Jo2é 
Freire  Montarroyo  Mafcarenhas  como  vimos. 
Foy  cafado  com  D.  Maria  Jacinta  de  Azevedo 
filha  de  Manoel  dos  Anjos  Heytor,  e  de  Luiza 
<de  Azevedo  de  quem  teve  huma  filha  .  Morreo 
■em  Lisboa  a  14.  de  Mayo  de  1704. 

ANTÓNIO  DA  SYLVA  DE  SAMPAYO. 
Naceo  em  Lisboa  a  5.  de  Mayo  de  1691. 
e  teve  por  Pays  a  Jozè  da  Sylva  de  Sam- 
payo,  e  Maria  da  Conceição,  e  Fonfeca. 
Apprendeo  as  Letras  Humanas  no  Col- 
legio  de  Santo  Antaõ  dos  Padres  Jefuitas, 
e  Filofofia  na  Congregação  do  Oratório  de 
fua  pátria  donde  paíTou  à  Univerfidade  de 
Coimbra,  e  applicando-fe  ao  elludo  do  Di- 
reito Pontificio  recebeo  nelle  o  Grào  de  Ba- 
charel a  7.  de  Abril  de  171 8.  Ordenado  de 
Presbytero  exercitou  o  minilterio  de  Patro- 
no de  Caufas  Forenfes  em  que  alcançou 
tanta  opinião  das  fuás  letras,  que  fendo  Pro- 
thonotario  Apoftolico  creado  pela  Santidade 
de  Clemente  XII.  em  21.  de  Junho  de  1734. 
foy  eleyto  Promotor  da  Juíliça  na  Relação 
Ecclefiaftica  do  Arcebifpado  de  Lisboa  a  27. 
de  Setembro  de  1737.  Em  obfequio  da 
infigne  Virgem  Santa  Maria  Magdalena  de 
Pazzi  de  quem  he  cordial  devoto  efcreveo 
com  eftilo  elegante. 

A  Flor  de  Florença,  ou  Vida  da  Extática 
Virgem  Santa  Maria  Magdalena  de  Pa^.  Lis- 
l)oa  por  Miguel  Rodrigues.  1730.  8. 

Compilação  do  Direito  Canónico  aos  cinco 
Eivros  das  Decretaes  illujlrado  com  o  Direito 
■das  Conjlituiçoens  dejie  Arcebifpado,  e  Ordenação 
do  Rejno.  2.  Tom.  4.  M.  S. 

Elogio  fúnebre  do  Doutor  Manoel  Pe- 
reira da  Sjlva  Eeal  Académico  da  Acade- 
mia Real.  M.  S.  Eftà  jà  com  as  Licenças 
para  a  ImpreíTaõ. 


Vida  de  S.  Vicente  de  Paulo  Fundador  da 
Congregação  da  MiffaÕ.  M.  S. 

Jozè  António  Monteiro  Bravo  in  Cen- 
tuaria  Epigramatum  lhe  dedica  os  epigram- 
mas  45.  e  46.  em  feu  applaufo. 

ANTÓNIO  DA  SILVA,  E  SOUSA 
Naceo  na  Villa  das  Caldas  da  Rainha  no 
Arcebifpado  de  Lisboa  em  o  anno  de  1601. 
filho  de  Henrique  da  Sylva,  e  Soufa,  e  An- 
tónia Nunes,  e  irmaõ  de  Joaõ  da  Sylva, 
e  Soufa  Vigário  perpetuo  do  Hofpital  da 
Villa  da  fua  pátria.  Na  Athenas  Conimbri- 
cenfe  fe  applicou  ao  eíhido  do  Direito  Ce- 
fareo,  onde  recebendo  com  applaufo  de  todos 
os  Académicos  o  gráo  de  Doutor,  naõ  foy 
menor  o  com  que  por  alguns  annos  fe  oppóz 
às  Cadeiras  da  mefma  Univerfidade.  Accla- 
mado  o  Sereniffimo  Rey  D.  Joaõ  IV.  que- 
rendo exercitar  as  fuás  letras  em  beneficio  do 
Reyno  mais  no  eftudo  pradtico,  que  no  efpe- 
culativo,  foy  defpachado  Provedor  de  Beja,  e 
Auditor  da  gente  de  guerra  donde  foy  trans- 
ferido a  Dezembargador  do  Porto,  e  à  Cafa  da 
Supplicaçaõ  em  13.  de  Janeiro  de  1660.  depois 
Dezembargador  de  Aggravos  em  10.  de 
Novembro  de  1661.  NeJftes  lugares  moílrou 
tanta  capacidade,  e  inteireza  que  mereceo  fer 
eleito  Enviado  a  Inglaterra,  porém  como  pela 
morte  de  Carlos  I.  fe  defvaneceífe  eíla  jor- 
nada foy  mandado  com  o  mefmo  caraâer  à 
Corte  de  Suécia  a  tratar  negócios  graviíTimos 
fendo  o  principal  a  Uberdade  do  Sereniffimo 
Infante  D.  Duarte  a  que  fortemente  fe  opunha 
o  Embaxador  de  Caftella  aífiílente  na  mefma 
Corte,  o  qual  paífando  das  negociaçoens  occul- 
tas  a  violências  manifeílas,  aífaltou  com  cin- 
coenta  homens  armados  a  Cafa  do  noíTo 
Enviado  que  acompanhado  fomente  de  dezoito 
homens  naõ  fomente  rebateo  efte  temerário 
infulto,  mas  o  caftigou  com  a  morte  de 
dous,  e  as  feridas  de  muitos  por  cuja  vale- 
rofa  acçaõ  confeguio  grandes  créditos  na- 
quella  Corte  merecêdo  que  a  Rainha  Chrif- 
tina  a  efcreveíTe  a  ElRey  D.  Joaõ  o  IV. 
Todo  o  tempo  que  aíTiílio  em  Suécia  acom- 
panhou em  varias  Campanhas  a  ElRey  Car- 
los a  quem  era  muito  aceito  por  feu  maduro 
juizo,  e  natural  afabilidade,  até  que  fe  reti- 
rou por  ordem  do  feu  Soberano  para  a  Cidade 


LUSITANA. 


(Ic  Hamburgo,  e  fendo  eleito  Embaxador  Ordi- 
II  III  t dos  de  Olanda  naô  exercitou  eíle 

niiiii  I  reprefentar a ElRey  naõ  Ter con- 

vcnu  Mtr  II 1  juella  occaíiaô  aos  intereííes  politi- 
oos  deíla  Monarchia.  Reílituido  á  Corte  aten- 
dendo o  Príncipe  Regente  D.  Pedro  aos  gran- 
des ferviços  que  tinha  feito  em  obfequio 
defta  G>roa  aíTim  no  Reyno,  como  fora  dclle 
o  fez  Corregedor  do  Crime  da  Corte,  e  Cafa 
em  7.  de  Janeiro  de  1668.  com  huma 
Commcnda  de  duzentos  mil  reis  na  Ordem 
I'  de  Chriílo  a  qual  nomeou  por  faculdade 
que  teve,  cm  fcu  filho  mais  velho  o  De- 
cnil)argador  Francifco  da  Sylva,  e  Soufa. 
Ultimamente  fendo  Deputado  da  Meza  da 
('onfciencia,  c  Ordens  que  exercitou  pelo 
cl  paço  de  três  annos,  morrco  cm  Lisboa 
a  26.  de  Abril  de  1676.  com  75.  annos  de 
idade.  Foy  fepultado  no  Cruzeiro  da  Igreja 
do  Convento  de  Santo  Eloy  ao  lado  do  Evan- 
gelho para  fer  transferido  à  Capella  de  Saõ 
Bíirtholameo  fituada  na  Villa  das  Caldas  com 
MiíTa  quotidiana.    Compoz. 

Jui:^o,  ou  Vaticinio  politico  ai  Keyno  de  Stiecia 
íiebaxo  dela  conduta  dei  muy  alto,y  poderofo  Prín- 
cipe Caríos  Gujlavo  Su  Rej.  Holmia  por  Juan 
Janflbnio.  1655.  12. 

Ifíjlrucion  politica  de  Legados.  Amburgo. 
1656.  12. 

Quejioens  Forenfes.  2.  Tom.  Conftavaõ 
dos  cafos  mais  celebres  que  fucederaõ  no 
tempo  que  foy  Dezembargador  dos  Aggra- 
vos,  os  quaes  fe  confervavaõ  em  poder  de  feu 
filho  o  Dezembargador  Francifco  da  Sylva, 
e  Soufa. 

Delle  fazem  mençaõ  Nic.  Ant.  in  Bib. 
Hi/p.  Tom.  I,  pag.  126.  e  Diogo  Henriques 
de  Villegas  no  livro  intitulado  El  Príncepe 
enfu  idea. 

ANTÓNIO  DA  SYLVA  VIEIRA. 
Para  teílemunhar  o  ardente,  e  affeftuofo 
culto  com  que  venerava  a  Imagem  da  Vir- 
gem SantiíTima  com  o  titulo  da  Oliveira 
que  eílá  coUocada  em  hum  mageílofo 
nicho  na  Confeitaria  da  Gdade  de  Lisboa, 
efcreveo. 

Oliveira  Mjjiica,  ou  devoção,  e  obfequios  a 
Mana  Santijfíma  Senhora  Nojfa.  Lisboa  por 
António  Pedrozo  Galraõ.  1721.  24. 


Fr.  ANTÓNIO  DA  SYLVEIRA.  Naceo 
em  Lisboa  a  25.  de  Janeiro  de  1709.  onde  foy 
educado  com  taô  virtuofos  documentos  por 
feus  Pays  Jozè  da  Sylva  de  Araújo,  e  Thereza 
Maria  Cerveira,  que  na  tenra  idade  de  14.  anflos 
deixou  o  mundo,  e  fc  recolhco  na  ílluftrc  Reli- 
gião da  SantiíTima  Trindade  profcíTando  o  feu 
Inílituto  no  Convento  pátrio  a  29.  de  Março  de 
1725.  Por  fcr  dotado  de  engenho  muito  pcrf- 
picaz  ao  tempo,  que  eíludava  as  fciencias  efco- 
laílicas  logo  foy  deílinado  pelos  feus  Meíbe» 
para  as  enfinar  com  applaufo,  cuja  laboríofa 
cmpreza  dczcmpcnhou  aíTim  no  Collegio  de 
Coimbra,  como  em  o  Convento  dcfta  Corte 
fcguindo  com  hum  methodo  fubtil  defcuberta 
pela  fua  aguda  comprehenfaò  as  opinioens 
menos  feguidas.  Naõ  fomente  he  bom  Theo- 
logo,  mas  inílgne  Efcriturario  de  que  he  mani- 
fefto  argumento  a  obra  feguintc. 

Di/cordia  concors,  feu  Sacra  Scriptura  Anti- 
logtce  brevi  calamo  conciliata.  UlyíTipone  apud 
Emmanuelem  Fernandes  da  Coíla  S.  Offici) 
Typ.  1738.  8.  Mais  4.  volumes  do  mefmo 
aíTumpto  M.  S. 

Cenjurafobre  a  quejlaõfe  devem  fer  admitidos  às 
Conefias  Doutoraes  das  Cathedraes  os  Profejfores 
de  Leys.  Sahio  no  Livro  intitulado  Fafciculus 
fententiarum  a  Petro  Villas-Boas  e  Sampayo  Col- 
leHus.  Conimbricae  apud  Antonium  Simoens 
Ferreira  1738.  4.  a  pag.  33.  atè  36. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SINDE  natural  do- 
Confelho  de  Sinde  do  Bifpado  de  Coimbra 
donde  tomou  o  appelido.  Antes  que  profeíTaflc 
o  penitente,  e  auílero  Inítituto  de  Frade  Capu- 
cho na  Seráfica  Provinda  da  Piedade,  era 
Licenciado  em  Cânones,  e  de  tal  forte  obfervou 
os  eftatutos  religiofos  que  fendo  eleito  Defini- 
dor no  anno  de  1617.  paflbu  a  fer  ComiíTario- 
Viíitador  da  Provinda  de  S.  Jozé  em  Caílella. 
onde  aíTilHo  o  reílante  da  vida  por  entender  o 
queriaõ  eleger  Provindal  da  Provinda  Por- 
tugueza.  Foy  ornado  de  grande  talento,, 
que  fe  fazia  mais  eítimavel  pela  innocencia 
da  vida  como  claramente  fe  infere  da  carta 
efcrita  de  Madrid  a  8.  de  Fevereiro  de 
1622.  ao  Provincial  pelo  Comiflario  Geral 
Fr.  Bernardino  de  Senna  em  que  lhe  diz. 
NtfÕ  objiante  que  o  Padre  Fr.  António  de  Sinde^ 
he  Guardião j  ponha   V.   P.  em  feu  lugar  bum 


392 

Prejidente,  e  mande  o  com  patente  Jua  a  ejla  Corte 
por  fer  Keligiofo  de  quem  tenho  muito  boa  infor- 
mação ajftm  de  Juas  letras,  como  de  feu  bom  proce- 
dimento, e  virtudes  para  que  me  ajude  delle  nos 
negócios  de  que  tiver  necejjidade,  por  ferem  de  muito 
pe^o  (à^c.  Foy  bom  pregador,  e  muito 
2elofo  dos  augmentos  da  fua  Provinda  da 
qual  com  grande  difvelo  trabalhou  em  com- 
por em  diálogos. 

Chronica  da  Provinda  da  Piedade  de  cujo 
trabalho  fe  aproveitou  Fr.  Manoel  de  Mon- 
forte na  que  efcreveo,  e  imprimio  no  anno  de 
1696.  como  elle  ingenuamente  confeíTa  no 
Prologo  ao  Leitor  dÍ2endo.  Valeo-me  muito  o 
^ue  nefie  particular  haviaõ  Jà  trabalhado  dous 
Keligiofos  defla  Provinda  Fr.  António  de  Sinde,  e 
Fr.  Manoel  de  Ni^a. 

ANTÓNIO  DE  SIQUEIRA  DA  GAMA 

natural  da  Villa  de  Campomayor  da  Província 
Tranftagana,  e  filho  de  Fernaõ  Martins  de 
Ayala  ComiíTario  da  Cavallaria  da  Corte,  e  de 
D.  Catherina  da  Gama,  e  Attayde,  que  o  edu- 
carão como  fe  efperava  da  nobreza  dos  feus 
nacimentos.  Teve  notável  génio  para  a  Poefia, 
e  Jurifprudencia,  de  cujas  Faculdades  deixou 
vários  monumentos,  admirandofe  em  huns 
a  profundidade  de  feu  talento,  e  em  outros 
a  jocofidade  da  fua  Mufa  fempre  difcreta, 
e  conceituofa,  e  nunca  pueril,  pela  qual 
mereceo  repetidos  applaufos  em  diverfas 
Academias.  Morreo  em  Lisboa  a  19.  de 
Novembro  de  1727.  e  jaz  fepultado  na  Paro- 
chia  da  Encarnação.  Como  era  fummamente 
devoto  das  Almas  do  Purgatório  para  acender 
eíle  pio  affeôo  nos  Coraçoens  dos  Catholicos 
naõ  fomente  publicou,  mas  graciofamente 
repartio. 

Novena  das  Almas  do  Purgatório.  Lisboa 
por  Pafchoal  da  Sylva  ImpreíTor  de  fua 
Mageftade  171 2.  24.  &  ibi  por  Miguel  Manef- 
cal  ImpreJTor  do  Santo  Officio.  171 8.  24. 
e  Coimbra  por  Jozé  Antunes  da  Sylva  Im- 
preíTor da  Univeríidade  171 9.  24. 

Fr.  ANTÓNIO  SOARES  natural  de 
Lisboa  filho  de  Lourenço  Soares  de  Mello 
Mordomo  Mòr  do  Cardial  Infante  D.  Af- 
fonfo.  Na  tenra  idade  de  nove  annos  vef- 
tio  a  Cogulla  Ciílercienfe  no  Real  Convento 


BIBLIO THECA 


de  Alcobaça  onde  completos  os  annos,  que  fe  re- 
querem para  a  profiíTaõ  folemne  a  fez  no  mefmo 
Convento  com  grande  fatiffaçaõ  de  todos  os 
Monges.  Com  a  continua  liçaõ  da  Sagrada 
Efcritura  concebeo  ferverofos  dezejos  de  tef- 
timunhar  com  os  olhos  os  Sagrados  Lugares 
onde  o  Redemptor  do  mundo  para  fua  reftau- 
raçaõ  padeceo  atrozes  tormentos.  Para  eíic 
effeito  a  que  fomente  o  eftimulava  a  devoção, 
e  naõ  a  curiofidade,  fem  dar  noticia  a  feu  Pay, 
e  unicamente  ao  Prelado,  e  Núncio  Apoílolico 
fahio  de  Portugal  no  anno  de  1554.  Entrou 
em  Roma  a  tempo,  que  era  Vigário  de  Chrifto 
Júlio  III.  de  quem  recebeo  particulares  favo- 
res, e  além  de  lhe  dar  faculdade  para  que 
vifitaíTe  os  Santos  Lugares  lhe  entregou 
huma  carta  para  o  Patriarcha  dos  Maronitas 
com  o  qual  havia  tratar  negócios  graves  de 
que  deu  boa  fatisfaçaõ.  Voltou  para  Portu- 
gal no  anno  de  1583.  em  companhia  do  P. 
Jeronymo  Rodrigues,  e  o  Irmaõ  Balthezar 
Dias  Jefuitas,  que  tinhaõ  hido  à  Terra  Santa 
cumprir  hum  voto,  que  o  Cardial  D.  Henrique 
deixara  declarado  no  feu  Teftamento,  de  que 
hum  Religiofo  da  Companhia  fizeíTe  por  elle 
aquella  jornada  a  que  deu  cumprimento 
ElRey  Filippe  acrecentando,  que  fofle  outro 
em  obfequio  delRey  D.  Sebaíliaõ,  como  efcre- 
ve  o  P.  António  Franco  in  Synopf.  Annal.  S.  J. 
in  L,uft.  pag.  129.  De  tudo  quanto  era  digno 
de  fe  obfervar  em  taõ  larga  peregrinação 
compoz. 

Itinerário  no  qual  fe  referem  os  fuccejfos  mais 
raros  da  fua  jornada,  narrando  as  varias  naçoens 
com  que  tratou  ajfim  da  Europa,  como  da  At(ia; 
os  feus  cojlumes,  ritos,  fuperjliçoens,  Provindas  por 
onde  paffou,  terras,  que  vio  de  Efpanha,  Itália, 
Grécia,  Palefiina,  Samaria,  Monte  Ubano  onde 
defcreve  os  fitios,  e  princípios,  que  tiveraõ,  e  o 
eflado  em  que  prefentemente  fe  confervavaõ. 
M.  S. 

Efta  obra  tinha  em  feu  poder  no  anno 
de  1688.  o  Doutor  Fr.  Diogo  de  Caftello- 
Branco  Chroniíla  Mòr  da  Religião  de  Cifter 
fendo  muito  digna  de  fe  imprimir  fe  naõ 
tivera  truncadas  algumas  folhas.  Delia  faz 
mençaõ  Fr.  Leaõ  de  Santo  Thomaz  na  P>ene- 
diã.  L.ufit.  Tom.  i.  Part.  2.  cap.  23.  §.  2. 
pag.  391.  dizendo,  que  do  mefmo  Itinerário 
liv.    8.   cap.   6.   conílava  eftar  o  Author  em 


LUSITANA. 


Monferrate  no  anno  de  1558.  e  a  dedicatm 
AO  Cardial  D.  Henrique.  Delle  também  fe 
lembra  Cardof.  Ágio/,  Lufit.  Tom.  1.  pag.  445. 
col.  I.  no  Cõment.  de  15.  de  Fevereiro  letr.  A. 
e  Tom.  5.  pag.  466.  col.  i.  no  G^ment.  de  50. 
de  Mayo.  letr.  D.  c  o  moderno  Addicíonador 
da  Bib.  Geogjraf.  de  António  de  Leaõ.  Tom.  5. 
Titul.  unic.  col.  1586. 

Fr.  ANTÓNIO  SOARES.  Naceo  em 
J^isboa  donde  paíTando  a  Caftella  recebeo  o 
monacal  habito  do  grande  Patriarcha  S.  Bento 
cm  19.  de  Março  de  1 569.  Applicado  aos  eftu- 
dos  filorofícos  manifeílou  com  tal  exceíTo  a 
fubtilcza  do  feu  engenho,  que  fem  demora  foy 
eleito  Mcftre  de  Artes,  que  diélou  no  Q>1- 
legio  de  Santo  Rftcvaõ  de  Ribas  de  Sil.  G)mo 
nelle  prcdominaíTc  mayor  génio  para  a  Thco- 
logia  Expofítiva,  que  Efcolaílica  antcpoz  o 
miniílcrio  do  Púlpito  ao  da  Cadeira  exerci- 
tando com  geral  acclamaçaõ  o  officio  de  Ora- 
dor Evangélico  no  celebre  Convento  de  Mon- 
ferrate. Por  uniformes  votos  de  todos  os 
Monges  fubio  ao  lugar  de  Abbade  do  Real 
Mofteiro  de  S.  Pedro  de  Cardena  porque  (  como 
delle  efcreve  Fr.  Francifco  de  Berganza  Anti- 
gmd,  de  Efpan.  Part.  2.  liv.  8.  cap.  12.  n.  85. ) 
fobre  la  prenda  de  fer  mtiy  virtuofo  era  fobre 
manera  afable,  y  fin  violentar-Je  a  ninguno  podia 
moftrar  cefio.  Depois  de  ter  com  larga  profu- 
faõ  feito  vários  edifícios  nefta  Abbadia  paflbu 
a  governar  a  de  S.  Vicente  de  Oviedo,  e  no 
Capitulo  feguinte  foy  eleyto  Vifitador  Geral 
em  cujo  miniílerio  terminou  a  carreira  da  vida 
mortal  para  principiar  a  eterna  no  Convento 
de  Lerez  a  27.  de  Dezembro  de  1606.  Efcreveo 

Tratado  em  forma  de  Dialogo  entre  Ulijfeo, 
e  Valério  fobre  fer  o  tempo  pressente  melhor,  q  o 
pajfado.  Em  cuja  obra  diô  a  entender  (  faõ  pala- 
vras do  jà  allegado  Berganza)  grande  ertidi- 
cion  de  letras  divinas,  y  humanas,  con  o  de  la  per- 
feãa  intelligencia  en  la  Filofofia  natural,  y  Moral. 
M.  S.  Conferva-fe  no  Archivo  do  Mofteiro 
de  S.  Pedro  de  Cardenã. 

Vida  de  S.  Bento  em  Outavas,  que  foraõ 
impreflas  com  as  eftampas,  que  reprefentaõ 
as  acçoens  mais  notáveis  do  mefmo  Santo 
Patriarcha,  no  anno  de  1597. 

Hymnos,  e  verfos  em  louvor  dos  Santos 
Martyres  do  Mofleiro  de  Cardenã.  M.  S. 


393 

Delle  fazem  illuílre  memoria  Berganza 
no  lugar  já  allegado,  e  Marangoni  The^aur. 
Parocò.  Tom.  z.  Ub.  5.  cap.  i.  n.  106. 

ANTÓNIO  SOARES  natural  de  Setu- 
val,  e  grande  profeíTor  de  Medecioa,  ou  foílie 
efpeculativa,  ou  praâica  de  cuja  fdeoda 
efcrevendo,  e  curando  deu  irrefxagaveis  teíle- 
munhos.  Compoz 

Bftpe  Compendium  quaflionum  pracipue  praâi- 
carum,  d^  particularium  remediorum  apuã  ^verfos 
Medecina  Authores  contentorum  in  ordinem  Alpha- 
beticum  redaúorum.  M.  S.  in  foi.  Eftava  na 
Livraria  do  Doutor  Manoel  Soares  Brandão 
iníigne  Medico. 

Colleííanea  ad  diverfos  morbos  utilis.  Item 
Tra£latus  de  Pleuritide. 


D.  ANTÓNIO  SOARES  DE  ALARCAM 
natural  de  Lisboa.  Foy  filho  primogénito  de  D. 
Joaõ  Soares  de  Alarcão,  e  Mello,  nono  Senhor 
defta  Cafa,  Alcayde  mór  de  Torres  Vedras, 
Meftre  Sala  da  Cafa  Real,  Commendador  de 
Saõ  Pedro  de  Torres  Vedras,  e  Santa  Maria  de 
Maçaõ  na  Ordem  de  Chrifto,  Senhor  de  Villa 
Rey,  Mordomo  das  Rainhas  de  Caftella  D.  Iza- 
bel  de  Borbon,  e  D,  Mariana  de  Auftria  que 
depois  da  gloriofa  Acclamaçaõ  do  SereniíTuno 
D.  Joaõ  o  IV.  aíTiftindo  em  Caftella  fe  intitulou 
Marquez  do  Trocifal,  e  Conde  de  Torres 
Vedras;  e  de  D.  Maria  de  Noronha  filha  de 
Joaõ  Fogaça  de  Eça  Governador,  e  Capitão 
General  da  Ilha  da  Madeira,  e  de  fua  mulher  D. 
Leonor  da  Camará,  Foy  muito  eftudiofo  da 
Hiftoria,  e  com  mayor  difvelo  applicado  a 
huma  das  fuás  mais  nobres  partes  qual  he  a  Ge- 
nealogia em  que  fez  grandes  progreflbs  naõ 
fendo  inferior  a  noticia  que  tinha  das  letras  hu- 
manas Poefia,  e  Mathematica,  e  outras  artes  di- 
gnas do  feu  claro  nacimento.  Morreo  em  Ma- 
drid, e  eftá  fepultado  no  Real  Convento  das  Re- 
ligiofas  defcalças  de  S.  Francifco.    Compoz. 

Commentarios  delos  hechos  dei  Senor  de  Alar- 
con  Marquer^  de  Valle  SicHiana,y  de  Kenda,y  delas 
Guerras  en  que  fe  halló  por  efpado  de  fincoenta,  y 
ocho  anos.  Madrid  por  Diogo  Dias  dela  Car- 
rera.    1665.  foi. 

Kelaciones  Genealoffcas  dela  Cafa  delos 
Marquefes     de     Truàfal,     Condes     de     Torres 


394 

Vedras  fu  varonta  Zevalos  de  Alarcon,  por  la 
Caja,y  prtmer  appellido  Suares.  Madrid  pelo  dito 
ImpreíTor.  1656.  foi. 

Arbol  Genealógico  dela  Varonta  de  D.  Fer- 
nando Telle^i  de  Faro,  y  Sylva  Conde  de  Arada. 
M.  S.  Delle  fe  lembraõ  com  grandes  elogios 
D.  Luiz  Salazar,  e  Caftro  em  diverf.  part.  das 
fuás  Obras.  Nic.  Ant.  in  Bih.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  601.  Franckenau  in  Bib.  Hifp.  Hiji.  Geneal. 
Herald,  pag.  46.  e  D.  António  Caetan.  de  Soufa 
no  Apparat  à  Hift.  Geneal.  da  Gafa  Keal  Portug. 
pag.  105.  §.  112. 

ANTÓNIO  SOARES  DE  ALBER- 
GARIA. Naceo  na  Villa  de  Caftellobranco 
no  Bifpado  da  Guarda  em  o  anno  de  15  81. 
e  foy  filho  de  Fernaõ  Rodriguez  de  Coimbra, 
e  Francifca  Soares  de  Albergaria  ambos  das 
famílias  mais  nobres  da  Villa  de  Veyros. 
Ordenado  de  Presbytero  obteve  hum  Bene- 
ficio na  Parochial  Igreja  de  Santo  Eílevaõ  de 
Lisboa,  e  foy  Capellaõ  das  Capellas  de  Santo 
Eutropio  cuja  vida  efcreveo,  e  de  S.  Matheos 
de  Lisboa.  Teve  bom  engenho,  feliz  memoria, 
e  continua  applicaçaõ  aos  livros  principal- 
mente hiíloricos,  e  Genealógicos  em  cuja 
noticia  diz  delle  Joaõ  Soares  de  Brito  in  Theatr. 
Ijufit.  Utter.  lit.  A.  n.  123.  rerum  Genealogi- 
carum  apud  h.ujitanos  peritijfimus.  Retiroufe  a 
huma  Quinta  que  herdou  junto  de  Almada, 
e  edificou  huma  Ermida  dedicada  a  Jefus 
Maria  Jozé  no  Caminho,  que  vay  de  Cafilhas 
para  N.  Senhora  do  Cabo  onde  viveo  parca- 
mente.  Compoz. 

Trofeos  'Lujitanos.  Lisboa  por  Jorge  Rodri- 
gues 1631.  4.  Confia  dos  brazoens  das  fami- 
lias  iUuílres  defte  Reyno. 

Kepojla  a  certas  objeçoens  fobre  os  Trofeos 
'L.ufitanos.  Lisboa  pelo  mefmo  ImpreíTor. 
1634.  4. 

Na  obra  precedente  a  eíla  fe  vè  o  feu 
Retrato  com  eíle  epigramma  na  parte  inferior. 

Vera   efl  Authoris  gravis  hac   quam   cernis 

imago 
Sat  notat  hac  maius  fronte  nitere  Deus. 
Antoni  entitulos  duplex  tibi  reddit  imago 
Hacfaciem  ingenij  flhemmata  reddit  opus. 

Triumfos  da  Nobreza  Lujttana,  e  ori- 
gem de  feus  brazoens.  6.  Tom.  Tratava  nelles 
de    quatrocentas    famílias    do    Reyno,    que 


BIB  LIO  THE  CA 


certamente  eftariaõ  acabados,  e  entregues  à 
Impreflaõ  porém  ( faõ  palavras  do  mefmo 
Author  no  Prologo  dos  Trofeos  Lufitanos  ) 
nenhuma  coufa  fe  começa  bem,  fe  naõ  he  depois  de 
Deos,  de  algum  grande  Príncipe  favorecida,  z. 
Tomos  deíla  obra  fe  confervaõ  efcritos  da 
fua  própria  maõ  na  Livraria  do  Convento 
da  Graça  de  Lisboa,  como  também 

Chronica  dos  Keys  de  Portugal  defde  o  Conde 
D.  Henrique  ate  Felippe  IV.  de  Caflella.  foi. 
M.  S. 

Titulo  de  Coutinhos  hijioriado.  M.  S.  da  fua 
própria    maõ    fe    guarda    na    dita    Livraria. 

l^ivro  de  Armaria  em  que  enjina,  e  declara 
todos  os  modos,  e  formas  de  efcudos,  e  fuás  Jignifi- 
caçoens.  M.  S. 

Tratado  dos  Santos  Portuguet^es.  Com 
licenças  para  a  ImpreíTaõ  no  anno  de  1639. 
Conferva-fe  M.  S.  na  Livraria  dos  Padres  da 
Congregação  do  Oratório  de  Lisboa. 

Adágios  em  luitim,  e  Portugue^.  M.  S. 
Delle  trataõ  D.  Franc.  Manoel  na  carta  i. 
da  Centur.  4.  efcrita  ao  Doutor  Manoel  da 
Fone.  Themudo,  o  P.  D,  António  Caeta- 
no de  Soufa  no  Apparat.  à  Hifl.  Gen.  da  Gafa 
Keal  Portug.  Pag.  74.  §.  59.  P.  D.  Emmanuel 
Caet.  de  Soufa  in  Exped.  Hifpan.  S.  Jacob. 
Tom.  2.  pag.  1305. 

ANTÓNIO  SOARES  DE  FARIA 
natural  da  Villa  de  Aviz  da  Diocefe  de  Évora 
onde  naceo  no  anno  de  1642.  Foraõ  feus 
Pays  o  Doutor  Manoel  Rodrigues  da  Vide 
defcendente  das  principaes  famílias  da  fua 
pátria,  e  Maria  Soares  de  Faria.  Appren- 
deo  a  faculdade  de  Medecina  na  Univerfi- 
dade  de  Coimbra  na  qual  foy  eminente  como 
feu  Pay,  e  feu  Tio  materno  exercitando  com 
fciencia,  e  fortuna  eíla  arte  na  fua  pátria 
onde  foy  Vereador,  e  Phyfico  Mòr  do  Exer- 
cito na  Província  do  Alentejo.  Com- 
poz 

Fafciculus  medicus  praãicus  ^x  quattuor  trac- 
tatibus  colleãus.  Primus  de  Fontanellis.  2. 
de  Thermis.  3.  de  Laãe.  4.  de  rifu,  recrea- 
tione,  (&  Vino.  UlyíTipone  apud  Michae- 
lem  Deslandes  1700.  4.  Tinha  prompto 
para  a  ImpreíTaõ  algumas  apologias  medi- 
cas, e  eruditas  adiçoens  às  obfervaçoens  de 
Lazaro  Riverio. 


L  USITANA. 


Fr.  ANTÓNIO  SOBRINHO  natural  da 
(  i (ladr  de  Bragança  na  Província  de  Trás  dos 
\lunics,  ou  de  Salamanca  como  efcrevcm  D. 
Nicolao  António  na  Bih,  Hifpan.  Tom.  i. 
pag.  127.  col.  X.  e  P.  Joaõ  de  Santo  António 
na  Francifc.  Tom.  i.  pag.  128.  col.  1.  ceru- 
mentc  filhu  de  António  Sobrinho  Portuguez 
natural  de  Bragança  como  confeíTa  o  nieímo 
D.  Nicolao  António  no  2.  Tom.  da  Bib/io//jeca 
pag.  542.  e  por  eíle  principio  juílamentc  admi- 
tido, e  numerado  entre  os  Authorcs  Portu- 
guezes.  Teve  por  Mãy  aquella  celebre  Matrona 
Cecilia  de  Morillas,  ou  Henriquez,  a  cuja 
virtuoía  doutrina,  com  que  vigilantemente 
educou  a  nove  filhos  nacidos  defte  conforcio, 
que  illuílráraò  a  Jerarquia  Hpifcopal,  e  Reli- 
giofa,  deve  o  exccflb  que  a  todos  fez  António 
Sobrinho,  ou  foíTc  pela  pcrfpicacia  do  juifo,  ou 
pela  praftica  das  virtudes.  Sendo  o  primeiro 
Official  da  Secretaria  de  D.  Gabriel  de  Zayas 
Secretario  de  Eílado  da  Catholica  Mageílade 
de  Filippe  II.  defprezando  as  eílimaçoens,  e  as 
efpcranças  do  Mundo  abraçou  o  auftero  Iníli- 
tuto  da  Reformada  Província  de  S.  Jozé,  pro- 
fcíTando  em  o  Convento  de  S.  Bernardino  de 
Madrid  onde  foy  admirável  exemplar  da  per- 
feição Evangélica.  Ainda  que  com  repu- 
i^nancia  do  feu  humilde  génio  adminíílrou  os 
mayores  lugares  da  Religião  como  foraõ 
Definidor  da  Província  de  Saõ  Paulo  em 
Medina,  quando  fe  dividio  da  de  Saõ  Jozè, 
Guardião  do  Convento  do  Calvário  de  Sala- 
manca, Commiflario  Geral,  trez  vezes  Guar- 
dião, e  Vigário  Provincial  da  Província  de  S. 
Joaõ  Bautiíla  do  Reyno  de  Valença,  e  em  taõ 
diverfas  Prelafias  fempre  confervou  exaâa- 
mente  a  difciplina  regular  uzando  para  eíle  fim 
mais  vezes  da  benevolência,  que  da  feveridade. 
Foy  na  Oraçaõ  cõtinuo,  na  abftinencía  rigo- 
rofo,  na  charidade  ardente,  e  na  falvaçaõ  dos 
próximos  vigilante.  Cheyo  mais  de  virtudes, 
que  de  annos  pois  naõ  paíTavaõ  de  68.  foy 
lugrar  o  premio  delias  a  10.  de  Julho  de  1622. 
Ao  feu  enterro  concorreu  innumeravel  povo 
implorando  o  feu  patrocínio  para  remé- 
dio de  diverfas  infermidades.  Fazem  illuf- 
tre  memoria  deíle  grande  varaõ  além 
dos  Authores  allegados  Fr.  António  Panes 
Chrofj.  de  S.  Franc.  Part.  i.  foi.  676.  até  850. 
onde  largamente  relata  as  fuás  Revelaçoens, 


395 

Extafís,  e  Riilagres,  pelos  quaes  fe  trata  na 
Guria  Romana  da  Tua  Beatificação  como 
efcrcvc  Fortunato  Hucvcr  in  Menol.  Pratic. 
§.  8.  Hifloric.  Proloq.  Wading.  tU  Script.  Ori. 
AU»,  pag.  58.  lhe  chanu  pir  eximia  pietatis,  et 
mtijfima  virtutis.    Compoz. 

De  la  vida  ejpiritual,  j  perfecion  Chriftiana, 
Tratado  de  Penitencia,  y  pstrj^torio.  Valência 
por  Juan  Chrifoílomo  Garriz  161 1.  4. 

Jn  D.  joannis  Apofloli  Apocalypfim  per  Fr. 
Antonium  Sohrino  Minoritam  S.  ]oannis  Baptijla 
lixcakeatorum  Fratrum  Provinda  minimum,  tt 
immeritijfimum  alumnum.  Accejfit  huic  operi 
eludicatio  per  eiimdem  Authorem  edita  in  Com- 
mentaria  Juper  Apocalypfim  Benediâi  Árias  Mon- 
tani.  4.  Eíle  Original  com  as  licenças  para  a 
impreíTaõ  do  Miniílro  Geral  da  Ordem  Será- 
fica Fr.  Benigno  de  Génova  fe  conferva  no 
Archivo  do  Convento  de  S.  Joaõ  Bautiíla  de 
Valença  com  as  obras  feguintes. 

Annotaciones  ai  Apocalypfe  2.  tom.  M.  S. 

Te/oros  de  Dios  revelados  a  la  Ven.  M. 
Francifca  Lapes  dividida  em  3.  Tomos  que 
efcreveo  no  anno  de  1609.  quando  era  Con- 
feíTor  deíla  Serva  de  Deos  M.  S. 

Sermoens  das  Domingas  que  comprehendem 
a  \.  do  Advento  ate  a  Dominga  6.  poft  Epipha- 
niam.  %.  M.  S. 

Sermoens  das  Domingas,  e  Ferias  da  Qua- 
refma.  2.  Tom.  8.  M.  S. 

Viridario  que  comprehende  Fabulas  dos  Gen- 
tios moralis^adas.  Emblemas  moralizados. 
Exemplos  vários  de  vritudes,  e  vicios.  Afo- 
rifmos  de  Hipócrates  redu^dos  ao  fentido  moral 
&c.  M.  S. 

Singular  privilegio  dei  Myfterio  dela  Im- 
maculada  Concepcion  dela  Virgen  Senora 
nueftra.  Defte  Tratado  fez  himia  recopila- 
çaõ  Fr.  António  Panez,  e  a  tranfcreveo  no 
Tom.  I.  da  Chronic.  de  Prov.  de  S.  Paulo  líb.  i. 
cap.  22.  n.  277. 

ANTÓNIO  SODRE  PEREIRA  DAS 
COBERTEIRAS  Senhor  do  Morgado 
da  Azoya  filho  de  Vafco  Sodre  da  Gama, 
e  de  D.  Luiza  de  Soufa  Pereira  das  Co- 
berteiras  naceo  na  Villa  de  Santarém, 
e  na  freguezia  de  N.  Senhora  de  Maravilla 
foy  bautizado  a  3.  de  Setembro  de  1663. 
fendo  verfado  na  liçaõ  da  Hiíloria  Sagrada,  e 


396 

profana  todo  o  feu  mayor  difvelo  applicou 
à  Theologia  Moral  como  fiel  diredora  da 
Conf ciência,  que  dezejava  trazer  fempre  bem 
regulada,  e  fahio  taõ  eminente  nefte  género 
de  eftudo,  que  Compoz. 

Mijcellanea  Moral.  4. 
Cuja  obra  por  andar  já  nas  maõs  dos  Cen- 
fores  fahirá  brevemente  à  luz  publica.  Def- 
pozoufe  em  o  i.  de  Janeiro  de  1714.  com  D. 
Brites  Bernarda  de  Vafconcellos  filha  de 
Jozè  Lucas  Pereira  da  Sylva  Fidalgo  da  Cafa 
Real,  e  de  fua  primeira  mulher  Jozepha 
Eufrazia  de  Vafconcellos  de  quem  teve  larga 
defcendencia.  O  exceíTo  com  que  fe  appli- 
cava  ao  eíludo  lhe  caufou  hum  eílupor  que 
o  privou  da  vida  na  fua  pátria  a  18.  de  No- 
vembro de  1728.  Jaz  fepultado  na  Igreja 
de  N.  Senhora  de  Maravilla  em  o  Jazigo  da 
fua  Cafa. 

D.  Fr.  ANTÓNIO  DE  SOUSA  Teve  por 
pátria  a  Cidade  de  Lisboa,  e  por  Pays  a  Martim 
Affonfo  de  Soufa  Governador  que  foy  da  índia, 
e  a  D.  Anna  Pimentel  dos  quaes  foy  o  Primogé- 
nito. Na  idade  mais  florente  defprezando  heroi- 
camente as  futuras  dignidades  que  lhe  prometia 
a  nobreza  do  feu  nacimento  fe  recolheo  na  il- 
luftre  Ordem  de  S.  Domingos  deixando  com  o 
feculo  o  nome  de  Pedro  Affonfo  de  Soufa  que 
nelle  tinha,  cuja  grande  refoluçaõ  querendo  feu 
Pay  impedilla,  e  naõ  podendo  triumfar  da  conf- 
tancia  de  feu  filho,  lhe  deo  faculdade  para  que 
fofle  Religiofo.  Feita  a  profifl"aõ  folemne  no 
Real  Convento  de  Lisboa  a  7.  de  Março  de 
1557.  foy  eíludar  à  Univerfidade  de  Lovanha, 
onde  fe  graduou  Bacharel  em  Theologia,  e 
depois  Meftre  da  mefma  faculdade  pela  Ordem. 
No  anno  de  1 5  80.  partio  a  Roma  para  aíTiílir  ao 
Capitulo  Geral  que  fe  celebrava,  no  qual  por 
morte  do  Meftre  Geral  Fr.  Serafino  CabaUi 
fahio  eleito  Fr.  Paulo  Conftabili  que  era  Meftre 
do  Sacro  Palácio.  Depois  de  ter  fido  Provincial 
nefta  Província  no  anno  de  1559.  e  exercitar 
com  grande  applaufo  o  miniílerio  de  Pregador 
delRey  o  nomeou  Vigário  Geral  de  toda  a 
Familia  Dominicana  a  Santidade  de  Clemente 
Vni.  a  22.  de  Agofto  de  1594.  Em  remune- 
ração da  prudência,  e  madureza  de  juizo 
com  que  tinha  exercitado  eítes  lugares  fubio 
a    occupar    outro    mais    fubUme,    qual    foy 


BIBLIO  THE  CA 


o  Bifpado  de  Vifeu  fendo  a  elle  aíTumpto  em  4. 
de  Dezembro  de  1595.  enchendo  as  obriga- 
çoens  de  Paftor  vigilantiíTimo  no  breve  tempo, 
que  governou  eíta  Diocefe,  da  qual  paíTando  a 
Lisboa  a  curarfe  de  huma  moleília,  eíla  fe  fez 
taõ  rebelde  à  efficacia  dos  medicamentos  que  o 
privou  da  vida  em  huma  Quinta  fituada  no 
Campo  Grande  nos  fuburbios  de  Lisboa  no 
mez  de  Mayo  de  1597.  Jaz  fepultado  no  Con- 
vento da  Caílanheira  dos  Religiofos  Capuchos 
da  Província  de  Santo  António  que  edificou 
D.  António  de  Attayde  i.  Conde  da  Caf- 
tanheira,  e  na  fepultura  lhe  gravou  o  epi- 
táfio feguinte  feu  grande  amigo,  e  parente 
D.  Jorge  de  Attayde  que  ao  depois  foy 
Bifpo  da  mefma  Diocefe. 

D.  O.  M. 

Fr.  António  de  Soufa  filio  Martini  Alphonfi 
de  Soufa^  et  D.  Anna  Pimentel profejf o  Ord.  Prad. 
in  quo  per  XL,.  annos  Religiofus  vixit  et  pro  variis 
muneribus  in  eo  adminifiratis  multas  Chriftiani 
Orbis  partes  peragravit,  ac  tandem  ad  Epifcopa- 
tum  Vifenfem  affumptus  annum  L.VI.  agens  decej- 
fit  Maij  CIjDXCVII. 

Georgius  Epifcopus  amico,  et  confanguineo 
charijfimo. 

Trataõ  deite  infigne  Prelado  Fr.  Manoel  da 
Efperanc.  Hiji.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2. 
liv.  II.  cap.  2.  n.  5.  Fernand.  in  Cert.  Pradic. 
ad  ann.  1590.  Echard  Scrip.  Ord.  Prad.  tom.  2. 
pag.  296.  col.  2.  Soufa  HiJi.  de  S.  Doming.  do 
Rejn.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  3.  cap.  2.  Fontan. 
in  Theatr.  Domin.  Part.  i.  cap.  5.  Titul.  640. 
n.  2.  Plodius  de  vir.  Illujlrib.  Part.  2.  liv.  4. 
Monteir.  Claujir.  Domin.  tom.  3.  pag.  57. 
164.  e  343.  P.  Joaõ  Col.  Cathalog.  dos  Bifpos 
de  Vifeu.  n.  57.  e  Fr.  Martinho  do  Amor  de 
Deos  Chron.  da  Provin.  de  Santo  António  Tom.  i. 
liv.  I.  cap.  18.  §.  148.  PubUcou  fem  o  feu 
nome. 

Manual  de  Epiãeto  Filofofo  traduzido  de 
Grego  em  linguagem  Portugue^.  Coimbra  por 
António  Mariz.  1594.  12.  e  Lisboa  por  Antó- 
nio Alvares  1595.  12. 

Traduzio  de  Italiano  em  Portuguez. 

Vida  de  S.  Jacinto,  a  qual  aífirma  que  fora 
impreíTa,  Francifco  Galvaõ  na  Bibliothec.  hnfit. 
M.  S. 


I 


L  USITANA. 


h? 


Verteo  em  Portuguez  para  fua  InsSa  a 

(  mikIcH.i  (Ic  Monfanto. 
fjaiwos  Ptnitinciaes. 
(  hrnnica  da  Provinda  di  Portugúl. 
l)riii     111  11/  mençaõ  Fr.  Pedro  Monteiro 
.  Claujl.  Domin.  c  Ixhard.  in  Script.  Ord. 
l  rad.  nos  lugares  citados. 

Memorias  para  a  Vida  do  Uhjlrijftmo   Arce- 

ípo  de  Braga  D.  Fr.  hartholameit  dos  Martyres, 

I  )c  Ha  ()l)rn  friz  mcnçaò  o  iníí^nc  cfcritor  Fr. 

i  111/  (k    Soiihi  na  Dedicatória  da  vida  dcftc 

\  ni.  I'ri  hido  dizendo.    Tomou  o  negocio  a  peito 

'i'ijJoa  digniffima  qual  era  o  Bifpo  de  Vi/eu  D.  Fr. 

\fttonio  de  Sou/a  por  letras  por  engenijo,  e  elo- 

.,  uncia,  bem  achado  Homero  para  tal  Achilles. 

Intentava   efcrever   a    vida    de    feu    Pay 

Martim  AíFonfo  de  Soufa  para  o  que  tinha 

junto  muitas  memorias. 

P.  ANTÓNIO  DE  SOUSA  natural  da 
Villa  de  Amarante  da  Diocefc  de  Braga,  filho 
ilc  Manoel  Ferreira,  c  Maria  de  Soufa,  c  Primo 
do  infigne  Varaõ  António  de  Soufa  de  Macedo 

orno  elle  efcreve  na  Ljijit.  Liberat.  in  append. 

sp.  I.  n.  45.  pag.  724.  e  na  Eva,  e  Ave  Part.  i. 

ip.  26.  n.  10.  Entrou  na  Companhia  de 
JIàSUS  em  Coimbra  no  i.  de  Julho  de  1606. 
quando  tinha  quinze  annos  de  idade  onde  foy 
lium  dos  mais  celebres  Meftres  de  humanida- 
des, que  venerou  aquelle  tempo,  ou  foíTe 
orando,  ou  poetizando.  Sendo  Meftre  de 
Rhetorica  no  Collegio  de  Santo  Antaõ  com- 
po2  no  anno  de  161 9.  huma  famofa  Tragedia 
cm  applaufo  de  Filippe  II.  quando  foy  rece- 
bido nefta  Corte  fendo  reprezentada  a  21.  e  22. 
de  Agoílo  na  auguíla  prezença  daquelle  Mo- 
narca, e  das  SereniíTimas  Senhoras  a  Princefa 
D.  Izabel,  e  a  Infanta  D.  Maria,  cujo  aíTumpto 
era  a  Conquiíla  do  Oriente  por  ElRey  D.  Ma- 
noel, em  que  entravaõ  trezentas,  e  cincoenta 
figuras  preciofamente  veftidas,  dizendo  deíla 
{grande  obra  António  de  Soufa  de  Macedo  nas 

^lor.  de  FJpan.  cap.  14.  Excel.  8.  n.  2.  aquella 

^amoja  Tragedia  qual  nunca  vió  el  Theatro  Komano 
compufo  com  fummo  ingenio  el  P.  An- 
'  fonio    de    Soufa    dela    Compafita    de  Jefus   infi- 

•:e  Poeta  de  nuefiros  tiempos,  y  de  muchos 
paffados.  Eílando  para  ler  Filofofia  em 
Coimbra  acompanhou  por  ordem  dos 
ieus    Superiores    aos    Soldados    Portuguezes 


que  navegarão  i  Bahia  no  anno  de  1624. 
para  a  libertarem  da  oppreíTaõ  dos  Olandezet 
cm  cuja  empreza  arvorando  a  imagem  de 
ChriAo  Crucificado  os  animou  com  tal  ardor, 
que  expulfados  os  inimigos  fe  coroarão  com 
a  mais  infigne  vitoria.  Voltando  para  a  Pátria 
no  anno  de  1625.  embarcado  cm  a  Náo  Santa 
Anua,  fendo  acommetido  junto  à  Ilha  do 
Fayal  de  huma  violenu  febre  o  privou  da  vida 
em  18.  de  Setembro  com  grande  faudade  dos 
fcus  Companheiros.  Delle  fazem  illuílre  me- 
moria Joan.  Soar.  de  Brito  in  Theat.  Lufit. 
JJíter.  lit.  A.  n.  118.  celeber  humaniorum  litte- 
rarum  Projeffor,  Khetorices,  et  Poefeos  peritia  cia- 
rus.  Alcgambc  in  hib.  Societ.  pag.  85.  Vir 
pracellenti  ingenio,  et  fcientia  politioris  littera- 
iura.  Fr.  Franc.  da  Nativid.  lunit.  da  dor 
pag.  519.  n.  286.  lhe  chama  erudito,  e  difcreto. 
Guerrcir.  Jomad.  da  Bahia  cap.  47.  Que  em  todo 
o  difcurfo  da  Viagem  fe^  eftremos  nas  obriga^oens 
da  fua  ProfiffaÕ.  Franc.  in  Synop.  Annal.  S.  J. 
in  Ljtfit.  pag.  531.  c  in  Ann.  Gloriof.  S.  J.  in 
hujit.  pag.  531.  c  na  Imag.  da  Virtud.  do  Novi- 
ciad.  de  Coimb.  Tom.  2.  pag.  613.  Bernard.  Flo- 
refl.  de  Var.  Apothem.  Tom.  i.  pag.  332.  Bib. 
Orient.  de  António  de  Leaõ  novamente  addi- 
cionad.  Tom.  i.  Tit.  3.  col.  53.  Sahio  a  Tragi- 
comedia  que  fe  reprezentou  a  Filippe  11. 
impreíTa  com  a  explicação  Caftelhana  feita  por 
Joaõ  Sardinha  Mimofo  com  efte  titulo. 

Relacion  dela  Real  Tragicomedia  dei  def- 
cubrimiento,  y  Conquifla  dei  Oriente  por  et 
felicijfimo  Rej  decimo  quarto  de  Portugal  D.  Ma- 
noel de  gloriof  a  memoria,  y  defcrípcion  dei  aparato 
delia.  Lisboa  por  Jorge  Rodrigues.  1620.  4. 
Começa. 

AJfueta  plantis  fortium  Regum  méis 

Calcare  faflus,  fceptra  cervices  premo 

Tragedia  do  Campo  de  Ourique. 

OraçaÕ  de  JLaudibus  Sapientia  no  anno 
de  161 8.  fendo  Meftre  da  2.  ClaíTe  do  Col- 
legio de  Santo  Antaõ. 

Sendo  Meftre  da  Terceira  Compoz. 

Quod  fit  fludio  tempus  aptiusl  Qmd  com- 
modius  Scholaflico}  Hyems,  an  ver  floridum? 
Era  em  profa,  mas  tinha  hum  Poema 
heróico,  huma  elegia,  e  quatro  ramos 
alcaicos.  Acabava  com  huma  Poeíia  heróica 
pro  Vere. 

Deixou     muitas,     e     excellentes     Poeíias 


398 

heróicas  entre  as  quaes  faõ  excellentes  Duas 
elegias,  huma  ad  montem  Oliveti  et  Chrijlum  ad 
Patrem  orantem;  a  outra  Nuntiat  Joames  Vir- 
gini  Matri  vin£tum  Dominum. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SOUSA  natural  de 
Lisboa,  filho  de  Pedro  Lopes  de  Soufa  Senhor 
de  Alcoentre,  e  de  fua  mulher  D.  Anna  da 
Guerra  filha  de  D.  Francifco  Pereira  Com- 
mendador  do  Pinheiro,  e  de  D.  Francifca  da 
Guerra,  Neto  de  Martim  AfFonfo  de  Soufa 
Governador  da  índia  Senhor  do  Prado,  e 
Alcoentre,  e  Sobrinho  de  D.  Fr.  António  de 
Soufa  Bifpo  de  Vifeu  de  quem  affima  fizemos 
memoria.  Na  idade  juvenil  recebeo  o  Habito 
da  Ordem  dos  Pregadores,  profeíTando  fole- 
mnemente  no  Convento  da  fua  pátria  a  5.  de 
Abril  de  1595.  para  fer  hum  grande  ornato 
delia  ou  foíTe  na  Cadeira  inftruindo  com  as 
fciencias  efcolaílicas  aos  feus  domefticos  por 
cuja  liçaõ  teve  o  gráo  de  Meftre  na  Provin- 
cia  ou  foíTe  no  Tribunal  do  Santo  Oííicio 
zelando  a  Fé  como  Deputado  da  Inquifiçaõ 
de  Lisboa  provido  em  7.  de  Abril  de  161 8. 
donde  fubio  a  fer  do  Confelho  Geral  de  que 
tomou  poíTe  em  8.  de  Junho  de  1626.  Foy 
muito  douto  no  Direito  Canónico  aíTim  como 
era  na  Theologia  como  o  publicaõ  as  fuás 
obras.  Morreo  no  Convento  de  Lisboa  no 
anno  de  1632.    Compoz. 

Aphorifmi  Inquifitorum  in  quattuor  libros  difiri- 
buti  cum  vera  hifioria  de  Origine  Sanãce  Inquijitio- 
nis  I^ujitana,  et  quajiione  de  tefiihus  jingularihus  in 
caujis  fidei.  UlyíTipone  apud  Petrum  Crasbeeck. 
1630.  8.  et  Turnoni  apud  Laurent.  Durand. 
1633.  8.  et  Lugduni  apud  Laurent.  Aniílon. 
1669.  8.  EruditiJJima  chama  a  efta  obra  Sebaf- 
tiaõ  Saleles  de  Mater.  Tribunal.  Sana.  InquiJ. 
Tom.  I.  Prologom.  6.  n.  3.  &  n.  5.  e  inti- 
tula ao  Author  exaãa  eruditionis,  et  dili- 
gentia. 

Keleãio  de  cajibus  Jive  Cenfuris  Bulia 
in  Cana  Domini.  UlyíTipone  apud  Petrum 
Crasbeeck.  161 5.  4.  et  Duaci  apud  Belle- 
rum.  1632.  8. 

Opujculum  circa  Pauli  V.  Confiitutio- 
nem  de  Confejfariis  faminas  ad  inhonejla  in 
ipfo  Fanitentia  Sacramento  Jolliciantibus,  in 
quo  nonnulla  aliqua  difficultates  ad  alia  apof- 
olica    decreta    contra    non    Prafbjteros    Mijfas 


BIBLIO THE  C  A 


celebrantes,  aut  Confeffiones  audientes  enodantur, 
UlyfTipone  apud  Gerardum  à  Vinea.  1623.  4, 

Sermão  no  Auto  da  Fé,  que  fe  celebrou 
na  Cidade  de  JLisboa  Domingo  5.  de  May  o 
de  1624.  Lisboa  por  Giraldo  da  Vinha. 
1624.  4. 

Joaõ  Soar.  de  Brito  in  Theat.  iMJit.  Ut- 
ter.  lit.  A.  n.  119.  lhe  chama  Vir  doãus,  nobi- 
lis,  et  pius.  Echard  in  Script.  Ord.  Pradic. 
Tom.  2.  pag.  464.  lhe  atribue  com  mani- 
feílo  engano  a  obra  intitulada  Decijioner 
l^ujitania  que  he  de  António  de  Soufa  de 
Macedo.  Fr.  Pedro  Monteiro  Claujl.  Do- 
min.  Tom.  3.  pag.  165.  e  no  Cathalog.  dor 
Deputad.  do  Confelh.  Geral  do  Santo  Officio 
Manoel  de  Faria,  e  Souf.  Europ.  Portug. 
Tom.  3.  Part.  4.  cap.  6.  Altamur.  Centur. 
4.  ann.  1594. 

P.  ANTÓNIO  DE  SOUSA  natural 
da  Villa  da  Covilhaã  no  Bifpado  da  Guarda, 
foy  filho  de  Paulo  Figueiredo  de  Almeyda, 
e  D.  Ignes  de  Soufa.  Aliíloufe  na  Compa- 
nhia de  Jefus  em  Coimbra  a  19.  de  Janeiro 
de  1604.  quando  contava  quinze  annos  de 
idade.  Abrazado  no  heróico  dezejo  da  Sal- 
vação das  almas  paíTou  à  índia  no  anno  de 
1609.  com  vinte,  e  quatro  Companheiros. 
Eftudou  em  Macáo  donde  em  o  anno  de 
161 6.  entrando  no  Japaõ  em  habito  disfar- 
çado confortava  aos  Chriílaõs,  e  os  inf- 
truhia  nos  pontos  mais  principaes  da  noíTa 
Religião,  até  que  fendo  conhecido  foy  prezo, 
e  levado  a  Nangazaqui  onde  tolerou  com 
invi£ía  conílancia  o  terrivel  tormento  das 
Covas  por  efpaço  de  nove  dias,  no  fim  dos 
quaes  voou  o  feu  efpirito  a  receber  o  premio 
dos  feus  apoJftolicos  trabalhos  em  26.  de  Outu- 
bro de  1633.  com  quarenta,  e  cinco  annos  de 
idade,  e  trinta  de  Religião  cujo  gloriofo 
triumpho  cantou  com  eftas  vozes  poéticas  o 
P.  Bartholameu  Pereira  no  Paciecid.  lib.  11. 
pag.  194. 

Nec  procul  injignem  faãis,  et  nomine  Soufam 
Confpice  dimiffum  fovea,  plantifque  fupeme 
Extantem,  et  Calo  veftigia  re£ta  tenentem, 
Cui  modo  lumificas  linquens  Covilania  telas 
Auro  intertextis,  multoque  rubentibus  ojlro 
Vejlibus  injudat,  Soufa  queis  latior  aras 
Induat,  et  natum  donis  felicibus  ornet. 


LUSITANA. 


.399 


Semelhantes  elogios  lhe  coníkgraô  Gird.  in 
li/oji.  Jítpon.  pag.  209.  Guerrcir.  Coroa  j^or. 
4I0S  Sold.  esforç.  da  CoMpanh.  Part.  4.  cap.  45. 
Nieremb.  Vid.  do  P.  Mareei,  cap.  ult.  Girard. 
Diar.  Part.  4.  a  24.  de  Outubro.  Alegamb. 
in  mortihus  lUuJl.  pag.  4J2.  Tanncr.  Soe,  Jef. 
jifqne  ad  Sang.  prof.  milit.  pag.  567.  Nadas. 
Ann.  dier.  Mem.  S.  J,  Part.  2,  pag.  245.  Franc. 
na  Iwag.  da  vir/,  em  o  Nov.  de  Cot  mb.  Part.  2. 
liv.  I.  cap.  48.  n.  14.  et  in  Ann.  Glor.  S.  J. 
in  Lujií.  pag.  650.  P.  Pedro  Francifco  Xavier 
I  de  Charlevoix  Hijl.  dti  Japon.  Tom.  2.  pag. 
585.  Sicardo  Chriftiandad  dei  japon.  liv.  3. 
cap.  21. 
lifcreveo. 

Car/a  annua  do  japaÕ  do  anno  1617.  efcrita 
no  Geral  Mticio  Viíelefchi  etn  8.  de  janeiro  de 
161 8.  a  qual  traduzio  em  Italiano  o  P.  Lou- 
renço delia  Pozze  com  eftc  titulo. 

Uttera  annua  dei  Collegio  de  Macáo  Porto 
dela  Cina  ai  M.  K.  P.  Mufio  Vitellefchi  Gener. 
dela  Compaffiia  de  Gieju  l'anno  1617.  Neapoli 
per  Lazaro  Scorriggio.  1621.  8. 

ANTÓNIO  DE  SOUSA  DE  MACEDO. 

Oriundo  da  nobre  Villa  de  Amarante,  mas 
nacido  na  Cidade  do  Porto,  e  bautizado  na 
Freguezia  de  N.  Senhora  da  Vidoria  a  15.  de 
Dezembro  de  1606.  bailando  efte  único  filho 
para  lhe  adquirir  immortal  gloria  ao  feu  nome. 
Teve  por  Pays  a  Gonçalo  de  Soufa  de  Macedo 
Fidalgo  da  Cafa  Real,  Dezembargador  dos 
Aggravos  na  Cafa  da  Supplicaçaõ  Juiz  da 
Coroa,  e  da  Fazenda,  e  Contador  Mór  do 
Reyno,  e  a  D.  Margarida  Moreira  defcen- 
dentes  ambos  de  familias  qualificadas.  Ainda 
contava  poucos  annos  quando  deixando  a 
pátria  paflbu  com  feu  Pay  a  Lisboa  que  conhe- 
cendo a  boa  Índole,  perfpicas  talento,  e 
aguda  comprehençaò  com  que  o  dotara  a 
natureza  o  mandou  eíbidar  no  Collegio  de 
Santo  Antaõ  naõ  fomente  a  Lingua  Lati- 
na, e  as  letras  humanas  mas  penetrar  os  mif- 
terios  da  Filofofia  Peripatetica  fazendo  taõ 
admiráveis  progreílos  a  fua  continua  appli- 
caçaõ  neftes  eíhidos  que  foraõ  certos  va- 
ticínios de  fer  venerado  em  idade  mais 
adulta  por  Oráculo  de  fciencias  mayores. 
Tendo  illuílrado  ao  Porto  com  o  nacimento, 
€   admirado   a   Lisboa   com   os    anticipados 


frutos  do  feu  fecundo  engenho  publicando 
na  florente  idade  de  vinte  e  dous  annos  aquella 
nudura  produçaÕ  intitulada  l'lores  de  líjpanha, 
t  hixcelUncias  de  Portugal,  fe  tcansferio  a  Coim- 
bra cm  cuja  Univcrfidadc  invcílígando  com 
incrivel  perfpicacia  as  íubtilczas  do  Direito 
Civil  e  recebendo  ncAa  Cezarea  faculdade  as 
infignias  doutotaes  mereceo  a  inveja,  e  a  ve- 
neração de  todos  os  Cathedraticos  daqueUa 
infignc   Athenas   por  nelle  ouvirem   renaci- 
dos  os  primeiros  Corifeos  da  Jurifpruden- 
cia  como  naõ  o  duvidou  de  afirmar,  e  ef- 
crever  a  Mufa  de  D.  Francifco  Manoel  nas 
Obras  Metric.  Viol.  de  Talia  6.  pag.  mihi  IJ7. 
Naõ  fey  eu  por  ventura,  que  nas  Artes 
Politicas,  naõ  fe  acha  em  muitas  partes 
Qual  ejje  teu  Macedo,  outro  Jogeito'i 
Nejfe,  que  em  breve  Código,  ou  Direito 
Kecopilou  da  /ciência, 
Qe  de  jus  fe  chamou  jurif prudência ; 
Dejfe  VaraÕ  taÕ  alto,  e  taõ  divino 
Que  quando  nos  parece  mais  humano 
Excede  na  jufliça  a  jufliniano, 
E  na  Modeflia  excede  a  Modeflino. 
Dezejofo  de  empregar  a  fua  capacidade  em 
obfequio  da  Republica  deixou  a  Univerfidadc 
que  o  refpeitava  como  Meftre,  c  veyo  para  a 
Corte  onde  começou  a  manifeftar  o  thezouro 
da  fciencia  legal  que  tinha  depofitado  na  fua 
vafta  comprehenfaõ  exercitando  com  fumma 
redtidaõ  fem  efcandalo  da  clemência  os  luga- 
res de  Dezembargador  de  Aggravos  na  Caía 
da  Supplicaçaõ,  de  que  tomou  poíTe  a  11.  de 
Janeiro  de  1646.  por  procuração  de  feu  Pay 
o  Dezembargador  Gonçalo  de  Soufa  de  Ma- 
cedo;   Confelheiro   da   Fazenda,   e   Juiz  das 
luftificaçoens  do  Reyno.    Por  fer  igualmente 
verfado   nos   aforifmos   de   Tácito,    que   nas 
Pandeótas    de    Juíliniano    foy    eleyto   Secre- 
tario  do  Embaxador  D.   Antaõ  de  Almada 
a    Inglaterra    no    anno    de    1641.    onde    af- 
fiftindo    por    Miniílro    naquella    Corte    naõ 
fomente   com  a  vòz,  mas  com  a  penna  fo- 
lidamente  defendeo  a  juítíça  do  feu  Sobera- 
no novamente  elevado  ao    trono   contra  as 
induílrias  fempre  cavillofas  de  Caftella.    Com 
a    mefma    fidelidade,    e    prudência   exercitou 
o    minifterio    de    Embaxador    aos    Eílados 
de    Olanda    em    o    anno    de    165 1.    zelando 
os     intereíles     deita     Monarchia,     e     opon- 


400 


BIB  LIOTHE CA 


do-fe  fagafmente  aos  ambiciofos  intentos 
dos  Olandefes.  Reftituido  à  pátria  com  a 
gloria  de  ter  concluido  felizmente  as  negocia- 
çoens  do  feu  miniílerio  o  elegeu  a  Mageílade 
delRey  D.  AfFonfo  VI.  feu  Secretario  de  Eílado 
no  anno  de  1663.  e  para  remuneração  dos  feus 
grandes  merecimentos  o  nomeou  Commen- 
dador  das  Commendas  de  Saõ-Tiago  de  Sou- 
2ellas  na  Ordem  de  Chriílo,  e  de  Santa  Eufe- 
mia de  Penella  da  Ordem  de  Aviz,  e  Alcayde 
Mór  de  ViUa  de  Freixo  de  Nemaõ.  Entre 
lugares  taõ  honoríficos  fempre  confervou 
o  animo  igualmente  urbano,  e  benévolo  para 
todos,  principalmente  para  os  mayores  emulos 
da  fua  fortuna  admirando-fe  a  imperturbável 
ferenidade  do  feu  coração  no  fatal  anno  de 
1668.  em  que  com  as  revoluçoens  da  Corte  foy 
tentada  com  rigurofo  exame  a  fua  virtuofa 
conílancia.  Nunca  enfermou  do  comum  acha- 
que dos  Sábios,  qual  he  o  defvanecimento, 
antes  aíFeâava  ignorância  fendo  huma  ani- 
mada Encyclopedia  de  todas  as  fciencias, 
como  o  publicaõ  as  fuás  diverfas  obras  pois 
foy  Eíladiíla  na  Armonia  Politica,  Hiíloriador 
na  Vida  de  Santa  Kofa;  Poeta  na  UljJJipo;  Ge- 
nealógica na  Genealogia  Kegum  'L.ufitanicB;  Filo- 
fofo  moral  no  Dominio  fobre  a  fortuna;  Jurif- 
confulto  nas  Decifoens,  e  na  Ijufitania  L,iberata; 
e  verfado  em  huma,  e  outra  Hiftoria  nas  Flor. 
de  Efpana;  e  na  Eva,  e  Ave.  Em  qualquer 
deftas  faculdades  era  taõ  profundamente  pe- 
rito que  parece  a  huma  fomente  fe  applicara 
podendo  controverterfe  fe  obfervava  mais 
exaftamente  as  leys  da  Poefia  que  da  Hiftoria, 
e  fe  penetrava  com  mayor  profundidade  os 
myfterios  da  Politica,  que  as  dificuldades  da 
Jurifprudencia.  Cafou  com  D.  Mariana  La- 
marier  de  quem  teve  a  António  de  Soufa 
de  Macedo  Baraõ  da  Ilha  Grande  mais  her- 
deiro dos  bens  da  fortuna  que  da  natureza  de 
taõ  illuílre  Pay  o  qual  conhecendo,  que  era 
chegado  o  termo  da  fua  vida  fe  preparou  com 
aquella  piedade  que  em  toda  ella  praéticara 
mais  própria  de  religiofo  que  fecular,  e  rece- 
bidos os  Sacramentos  começou  a  fer  immor- 
tal  no  I.  de  Novembro  de  1682.  quando 
contava  76.  annos  de  idade.  Jàz  fepultado 
em  hum  fumptuofo  jazigo  ornado  pelos  la- 
dos de  vários  Emblemas,  e  diftichos  latinos 
que  estaõ  indicando  a  brevidade  da  vida,  e 


a  certeza  da  morte,  o  qual  eílá  fituado  na 
Via-Sacra,  que  corre  da  parte  da  Epiílola 
do  GDnvento  de  N.  Senhora  de  Jefus  dos 
Religiofos  Terceiros  de  S.  Francifco,  e  na 
pedra  fepulchral  que  em  fi  encerra  fua  mu- 
lher, com  o  feguinte  epitáfio. 

Hic 
Dignitatem  Jplendorem    depojuit,    laborem  fuum 
reponit 

Antonius  de  Soufa  de  Macedo 
Quem   mortalitatis   elegit   occafum 
Immortalitatis  fpeãat  Orientem, 

Donec  veniat  immutatio  fua. 

Una  cum  Cônjuge  fua  clarijfima 

D.  Marianna  Lamarier 

Kequievit, 

Ille  I.  die  Novembris  anno.  1682. 

ília  4.  Decembris  ann.  1682. 
Fratres 
Orate  pro  eis,  Ji  vultis  alios  orare  pro  vobis. 

Seria  quafi  impoíTivel  tranfcrever  neftc 
lugar  os  elogios  que  a  efte  grande  Varaõ 
dedicarão  muitos  efcritores  dos  quaes  para 
que  totalmente  naõ  fique  defraudada  a  fua 
fama,  repitirey  os  que  lhe  fizeraõ  Fr.  Fran- 
cifco de  Santo  Agoílinho  Macedo  in  Pro- 
pugn.  L.ufit.  Gallic.  art.  20.  cap.  7.  pag.  182. 
Magni  nominis,  et  fummcB  eruditionis  author,  e 
no  art.  30.  ad  34.  pag.  200.  Acérrimo  ingenio, 
mira  eruditione,  fludio  invião  prudentia  fingulari, 
vir  cui  nihil  defuit  ad  omne  dignitatis  fajligium 
obtinendum,  nam  eum  Splendor  generis,  et  animi 
virtutes,  et  corporis  dotes  omnibus  numeris  abfo- 
lutum  reddunt.  P.  Ant.  de  Maced.  na  prefac.  da 
Eufit.  Infulat.  Summa  fidei,  et  authoritatis  fcrip- 
tor.  Franc.  Velafc.  de  Gouvea  Perfid.  de  Alem, 
liv.  2.  Tit.  5.  art.  8.  uno  delos  mayores  Minif- 
tros  que  tiene  efla  Corona...  fus  libros,  j  efcritos 
dan  tejlimonio  de  fus  grandes  letras.  Birago.  Iflor. 
di  Portug.  pag.  521.  uno  delli  piu  efquijiti  ingegni 
dei  nojiro  feculo.  Fr.  André  de  Chriílo  no 
Jui^o  Poet.  Varaõ  fapientijfimo,  e  univerfat 
em  todo  o  género  de  f ciência  no  feu  cabal,  e 
excelknte  Poema  que  intitula  UlyJJipo,  Ni- 
col.  Mont.  in  Você  Turt.  in  proaem.  art.  i. 
Scientia  omnigena,  et  judicio  acérrimo  {pro  ut 
teflantur  tot  litterarum  monumenta  qua  eri- 
git)  apprime  prceditus.  Pegas  na  Allegac, 
pelo  Duque  de  Aveiro  n.  513.  Naõ  menos 
authori-:(ado    em    letras    que     Gabriel    Pereira, 


LUSITANA. 


401 


reira,  e  muito  mais,  que  eJle  por  luj^ans  Luc. 
de  Andrad.  Jllitjlr.  Hít  Mijf.  Solemn.  llluftr. 
I  1.  n.  8.  Douto,  e  infinpt  jurifla,  l)onra  da 
Naçaõ  Portuejtf^a  pelos  muitos  livros  com  que 
a  tem  illufirado,  e  vay  illuftrando,  Ulhoa  de 
Lsgat.  et  Videi  com,  DiíTcrt.  i.  n.  10.  dodij- 
fimus,  acfemper  venerandus.  et  diíTert.  2.  n,  74. 
eruditijjimum,  ac  femper  pro  meritis,  et  animi 
fui  fuiiijdaris  dotihus  meworandtwt.  Bracam. 
no  Bufjquet.  de  ApoUo  pag.  6.  Delicias  de 
Portugal,  y  gloria  dela  ]urif prudência,  o  Mef- 
trc  Fr.  Joftõ  da  Sylvcira  Carmclitano  na 
Ccnfur.  à  Eva,  e  Ave  injijine  doutor,  peffoa 
miiy  conhecida,  e  de  gjrande  ejlimaçaô  em  todo 
o  mundo  por  fuás  obras,  P.  D.  Fmman.  Giiet. 
de  Soufa  in  íixped.  Ifi/p.  .V.  facohi  Tom.  2. 
pag.  1305.  Vir  fui t  eruditione,  et  pie  ta  te  injig- 
nis,  I'ranckcnau  in  tíib,  Hifp.  Geneal.  pag.  45. 

Klicol.  Ant.  in  hib,  Hifp,  Tom.  i.  pag.  127. 
tom.  2.  pag.  285.  o  P.  D.  António  Caetan. 
c  Soufa  no  Apparat.  à  Hifi,  Gen.  da  Cafa 
Real  Portug.  pag.  183.  §.  155,  P.  Ant.  dos  Reys 
in  linthujiafm»  Poet,  n.  34.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
in  Theatr.  Ljifit,  Utter.  lit.  A.  n.  120.  D.  Franc. 
Manoel  na  i.  Carta  da  4.  Centur.  efcrita  ao 
D.  Manoel  da  Fonfeca  Themudo, 

Cathalogo  das  fuás  obras. 

Flores  de  Ffpaiia,  Excelências  de  Portugal 
en  que  brevemente  fe  trata  lo  mejor  de  fus  Hif- 
torias,  y  de  todas  las  dei  mundo  defde  fu  prin- 
cipio hafla  nueflros  tiempos,  y  fe  defcubren  mu- 
chas  cofas  nuevas  de  provecho,  y  curiojidad. 
Lisboa  por  Jorge  Rodrigues  163 1.  foi.  Ro- 
drigo Mendes  Sylva  no  Catai.  Real  de  Efpan. 
pag.  218.  diz  defta  obra  digna  de  gran  efiimacion 
puesporfu  médio  gomamos  tantas  cofas  memorables ; 
que  ejlavan  en  la  fepultura  dei  olvido,  e  Joan. 
Klefeker.  in  Bibliothec.  Erudit.  Pracocium. 
P^g'  353'  Sahio  2.  vez  impreíTa  Coimbra 
por  António  Simoens  Ferreira  1737.  foi. 
juntamente  com  a  Armonia  Politica. 

Ulyjftpo.  Poema  heróico.  Coníla  de  13. 
Cantos  cujo  argumento  he  a  Fundação  de 
Lisboa  por  UlyíTes.  Lisboa  por  António 
Alvares.  1640.  8. 

Genealogia  Regum  Eufttania.  Londini  apud 
Richardum  Hearn.  1643.  4. 

Perfeãus  Doãor  in  quacumque  fcientia  ma- 
xime  in  jure  Canónico  et  Civili  Summorum 
Auãornm    circinis,     lineis,     coloribus,     et   peni- 

3i 


cillis  fiffiratus.  I.x>ndini  apud  eumdem  Typog. 
1645.  4. 

Kepetitiones  ad  Ijeg.  Corrupt.  penult.  Cod, 
de  ufu  frutlu,  et  habilitatione ,  et  aã  Leg.  Cetf- 
íurio  i^.  ff.  de  vulgari  et  pupillari  Subftitutione. 
I^ndini  per  eumdem  Typog.  1643.  4. 

Ljifitania  liberata  ab  injuflo  Caflellanorum 
dominio,  reflituia  legitimo  Prinâpi  Serenifftmo 
Joanni  IV.  ÍJtJitania  Algarbiorum,  Africa, 
Arábia,  Perfia,  índia,  lirafilia,  e^r.  Keff  po- 
tentijftmo,  Summo  Pontifici,  Império,  Kepbus, 
Rebíéfpublicis,  caterifque  Orbis  Cbrifliani  Prin- 
cipihus  demonflrata.  Ix>ndíni  cx  Oflíicina  Ri- 
chardi  Heron.  1645.  foi. 

Armonia  politica  dos  documentos  divinos 
com  as  conveniências  de  líflado;  Exemplar 
de  Princepes  no  governo  dos  glorioftffimos  Keys 
de  Portugal  ao  Serenijftmo  Princepe  D.  Tbeo- 
dofio.  Haya  do  Conde  por  Samuel  Broun. 
165 1.  4.  grande,  e  Coimbra  por  António 
Simoens  Ferreira  1737.  foi.  no  fim  das  Flores 
de  Efpanha. 

Decijiones  Supremi  Senatus  Juflitia  Eufi- 
tania,  et  Supremi  Concilii  Fifci.  UlyíTipone 
apud  Henricum  Valente  de  Oliveira.  1660. 
foi.  et  ibi  apud  Joannem  da  Coíla.  1677.  foi. 
Neíla  impreflaõ  traz  Apologeticom  Jurídi- 
cum  pro  Conceptione  immaculata  Virginis  in 
primo  inflanti.  et  Ulyflipon.  typis  Bemardi 
da  Cofta  de  Mello  1699.  foi.  et  ibi  apud  Ber- 
nardum  da  Cofta  de  Carvalho  eodem  anno. 
foi. 

Epitome  Panegírico  dela  vida  admirable,  j 
muerte  gloriofa  de  Santa  Rofa  Maria  Virgen 
Dominicana.  Lisboa  por  António  Crasbeeck 
de  Mello  1670.  8. 

Dominio  fobre  a  Fortuna,  e  Tribunal  da  refaJõ 
em  que  fe  examinaÕ  as  felicidades,  e  fe  beatífica 
a  vida.  Lisboa  por  Miguel  Deflandes  1682.  4. 
et  ibi  por  Pafchoal  da  Sylva.  1716.  foi.  no 
fim  da  Eva,  e  Ave. 

Juan  Caramuel  Eobkouvitv^  religiofo  de  la 
Ordem  de  Cifler  Abad  de  Melrofa  <&c.  conven- 
cido en  fu  libro  intitulado  Philippus  Prudens 
Caroli  V.  Imperatoris  jilius  Eufitania  legitimus 
Rex  demonflratus,  impreffo  en  el  anno  16^^.  y  en 
fu  repuejia  ai  Manifieflo  dei  Reyno  de  Portugal 
impreffo  nefle  ano  1642.  Londres  por  Richardo 
Herne.  1642.  4. 

Santiffimo     Domino     noflro     Papa     Urbano 


402 


BIBLIO THE  CA 


VIU.  in  Ecclejia  Dei  Vrajidi  VlanEius  Catho- 
licus  Júris  gentium  pro  'Legatione  Serenijfimi,  ac 
potentijfimi  Principis  Joannis  IV.  Regis  J^uji- 
tanicB  contra  Cafiellanorum  calumnias.  Londini 
apud  Guillielmum  Briíloliam  1643.  4. 

Carta  que  ejcrivio  a  un  Senor  dela  Corte  de 
Inglaterra  fobre  el  manifiefio,  que  por  parte  dei 
Key  de  Cajlilla  publico  fu  Chronijla  D.  Jo^ieph 
Pelli^er.  Pariz,  e  Lisboa  por  Lourenço  de 
Anveres  1641.  4.  et  ibi  por  António  Alvares 
impreíTor  delRey  no  mefmo  anno  4. 

Propofia  que  fendo  Secretario  de  miado  fe^ 
vocalmente  por  mandado  de  Sua  Magejlade  à  Junta 
dos  Ecclejiajlicos,  Cathedraticos,  e  outras  PeJJoas 
doutas,  e  Minijiros  de  Tribunaes  no  Convento  de 
Saõ  Francifco  de  Lisboa  em  8.  de  Março  de  1663. 
Lisboa  por  Henrique  Valente  de  Oliveira 
1663.  4. 
Sahio  vertida  em  Latim  com  eíle  titulo. 

Sermo  JuJJu  Serenijfimi  Lufitania  Kegis  in 
modum  propofitionis  habitus  coram  Ecclejiajlicis, 
Cathedraticis ,  aliifque  Kegni  LuJitanicB  do£írina 
celebrioris  viris  in  D.  Francifci  Canobium  Ulyf- 
fiponenfe  convocatis  die  8.  menfis  MartiJ  1663. 
UlyíTipone  apud  eumdem  Typograph.  eodem 
anno  4. 

Relação  Summaria  do  que  tinhaõ  pajfa- 
do  fobre  a  pertençaõ  de  fe  confirmarem  por 
fua  Santidade  os  Bifpos  de  Portugal,  e  fuás 
Conquifias  nomeados  por  ElRej.  Lisboa  por 
Henrique  Valente  de  Oliveira  1663.  4.  Sahio 
vertida  em  Latim  com  efte  titulo. 

Narratio  compendiofa  rerum  omnium,  qua 
acciderunt  fuper  confirmandis  à  Summo  Pontífice 
Regni  Ijufitani  Epifcopis  ad  nominationem  Se- 
renijfimorum  Regum  Joannis  Quarti  recordationis 
gloriofcB  Principis,  et  Alphonfi  Sexti  num  regnan- 
tis  quem  Deus  Opt.  Max.  tueatur,  ac  fortunet. 
UlyíTipone  apud  eumdem  Typog.  eodem 
anno.  4. 

Valia  que  fet^  no  Juramento  de  Rej  do 
muito  alto,  e  muito  poderofo  D.  Affonfo  VI. 
nojfo  Senhor  em  15.  de  Novembro  de  1656. 
Lisboa  na  Officina  Crasbeeckiana.  1656.  4. 
et  ibi  por  Henrique  Valente  de  Oliveira  1658. 
foi. 

Panegírico  fobre  o  milagrofo  fucejfo  com  que 
Deos  livrou  ElRey  NoJJo  Senhor  da  facri- 
lega  treiçaõ  dos  Caftelhanos.  Lisboa  por  Paulo 
Crasbeeck.  1647.  4. 


Difcurfo,  e  Praãica  que  fev^  aos  Eflados  Ge- 
raes  das  Provindas  unidas  efiando  todos  Juntos 
em  Cortes  por  morte  do  Princepe  de  Orange  fobre 
a  Pa^  com  Portugal  por  cuja  negociação  era  Em- 
baxador  a  d.  de  May  o  de  1651.;  Haya  no  mefmo 
anno  4. 

Solemnia  Parnajfi  Philippo  IV.  Hifpania- 
rum  Regi  pro  recuperata  falute  foteria.  Matriti 
1624.  Coníla  de  verfos  latinos  Caftelhanos, 
e  Portuguezes.  Tinha  18.  annos  de  idade 
quando  compoz  efla,  obra. 

Soneto,  e  Decima  com  titulo  de  Epitáfio  a 
D.  Maria  de  Attayde.  Sahiraõ  nas  Mem.  Funeb. 
defta  Senhora.  Lisboa  na  Officina  Crasbeeck. 
1650.  4. 

Eva,  e  Ave  Maria  triumphante  Theatro  de 
erudição  e  Filofofia  Chriflaã,  em  que  fe  reprev^entaõ 
os  dous  eflados  do  mundo  cabido  em  Eva,  e  levan- 
tado em  Ave.  i.  e  2.  Parte.  Lisboa  por  Miguel 
Def landes.  1676.  foi.  et  ibi  por  António  Cras- 
beeck. de  Mello  no  mefmo  anno  foi.  et  ibi 
na  Officina  Deflandeíiana  171 1.  foi.  3.  ediçaõ 
et  ibi  por  Pafchoal  da  Sylva  Impreílor  de  fua 
Mageftade  171 6.  foi.  juntamente  com  o  Do- 
minio  Sobre  a  Fortuna  4.  ediçaõ.  Sahio  efta 
obra  vertida  em  Caftelhano  por  Diogo  Sua- 
res de  Figueroa  Capellaõ  de  Honor  de  S. 
Mageftade.  Madrid  por  la  viuda  de  Fran- 
cifco dei  Hierro.  173 1.  foi. 

Obras    impreíTas    fem    o    feu    nome. 

Repofta  a  huma  pejjoa  que  pedia  fe  efcrevejfe 
a  vida  do  Princepe  D.  Theodofio.  Lisboa  na 
Officina  Crasbeeckiana  1653.  4. 

Re^aõ  da  guerra  entre  Portugal,  e  as  Provin-  . 
cias  unidas  dos  Pait^es  Baxos  com  as  noticias  da 
Caufa  de  que  precedeo.    Lisboa  por  Joaõ  Alva- 
res de  Leaõ.  1657.  4. 

Caramuel  ridiculus  Caramueli  convião.  Lon- 
dini 1645.  12.  fem  o  nome  do  ImpreíTor. 
Sahiraõ  com  o  fingido  nome  de  Pedro  Garcia. 

Publico  fentimento  da  injujliça  de  Alemanha 
a  ElRey  de  Ungria.  Londres  1641.  e  Lisboa. 
1642.  4.  He  hum  Manifefto  acerca  da  prizaõ 
do  Senhor  D.  Duarte. 

Relacion  delas  Fiejlas  que  fe  hi^eron  en  Eisboa 
con  la  nueva  dei  Cafamiento  dela  Serenijfima  Infanta 
de  Portugal  D.  Catalina  con  elRey  dela  gran  Bre- 
tana  Carlos  II.  y  todo  loque  fucedio  hafta  embar- 
carfe  para  Inglatierra.  Lisboa  por  Henrique 
Valente  de  Oliveira  1662.  4. 


i 


L  USITANA. 


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Mercurios  Portugtéê!((ís,  ou  Kelaçoens  dos  SuC' 
ceffos  militares  entre  Portugal,  e  Cajlella  refumidos 
a  cada  me^  de/de  o  principio  do  anno  de  i66}. 
ati  o  fim  do  anno  dt  1666.  Lisboa  pot  Henrique 
Valente  de  Oliveira.  4. 

Compoz,  e  naò  imprimio  para  o  Conde 
de  Caílello-Melhor  primeiro  Miniílro. 

Direção  politica  ao  bom  governo  com  documen- 
tos Católicos.  M.  S, 

Exercitacion  critica  en  las  Rimas  delos  Lu- 
percios.  Profa,  e  verfo.  Confervava-íe  na 
Livraria  de  D.  Pedro  Alvares  da  Cunha. 

Traífatus  Analyticus  dt  Servitiis  Vajfalo- 
rum  remmerandis  a  Príncipe,  et  aãione  pro  eis 
competente.  Aí.  S.  in  foi. 

Diverfos  Titulos  de  Vamilias  do  Keyno  fendo 
a  principal  a  dos  Macedos  donde  defcendia  por  varo- 
ma,  de  que  faz  menção  o  P.  D.  António  Cae- 
tano de  Soufa  no  Apparat.  á  Hijl.  Geneal. 
ia  Caf.  Real  Portug.  pag.  153.  §.  153, 

ANTÓNIO  DE  SOUSA  DE  MACEDO, 
E  AZEVEDO.  Foy  grande  cultor  da  Poe- 
íla  Latina  a  que  naturalmente  o  levava  o 
génio  de  cuja  arte  deo  hum  claro,  e  elegante 
teílemunho  na  obra  feguinte. 

Panegyricus  Philippo  IV.  Hifpaniarum  Regi 
carmine  heróico  Maus  M.  S.  confervafe  na  Li- 
vraria do  Conde  de  Vimieyro  como  teílifica 
O  Excellentiflimo  Conde  da  Ericeira  D.  Fran- 
cifco  Xavier  de  Menezes  Cenfor  da  Academia 
Real  no  exame,  que  por  ordem  da  mefma 
Academia  fez  nefta  Livraria,  cuja  noticia  ellá 
imprefla  no  tom.  4.  da  CollecçaÕ  dos  Documen- 
tos da  Academia  Real.  Lisboa  por  Pafchoal 
da  Sylva  1724.  foi. 

ANTÓNIO  DE  SOUSA  DE  NO- 
RONHA natural  de  Freixo  de  Nemaõ  na 
Província  da  Beira,  filho  de  André  de  Sou- 
za Diniz  de  quem  jà  fe  fez  memoria,  e  de 
fua  terceira  mulher  D.  Maria  de  Amaral, 
e  Aguilar.  Naõ  fomente  exercitou  com  va- 
lor, e  fortuna  as  Armas  fendo  Capitão  de 
Infantaria  na  Bahia  de  todos  os  Santos,  e 
depois  em  Catalunha,  mas  revolveo  os  li- 
vros com  grande  fruto  da  fua  eíbidiofa  ap- 
plicaçaõ  de  que  procedeo  fer  muito  verfa- 
do  na  Genealogia  fendo  numerado  entre  os 


feus  mais  celebres  profeíTotes  por  Ftanclce- 
nau  in  Bib.  Hifpan.  HiJl.  Gen,  pag.  46.  $.  84. 
e  o  P.  D.  António  Caetano  de  SouT.  no  Appa- 
rat, à  Hift,  Gen.  da  Caf.  Ktal  Portug.  pag.  84. 
§.75.    Compoz. 

Difcurfo  Geneatoffco  dela  dilatada,  efclarecida, 
y  antiqmffima  Vamilia  de  Soufas.  4.  1642.  Naõ 
tem  lugar  nem  nome  do  ImpreíTor  pofto 
que  fe  conhece  fer  impreíío  em  Madrid.  Dedi- 
cou efta  obra  a  íeu  Irmaò  Fr.  Feliciano  de 
Soufa  Diniz  Etemiu  de   Santo  Agoftinho* 

ANTÓNIO  DE  SOUSA  TAVARES. 
Naceo  na  Cidade  de  Lisboa,  e  recebeo  a  pri- 
meira graça  na  Freguezia  de  S.  Chtiílovaõ 
a  20.  de  Julho  de  1598.  Foraõ  feus  Pays  o 
Dezcmbargador  Sebaíliaõ  Tavares  de  Soufa 
Vereador  do  Senado  de  Lisboa,  e  D.  Maria 
de  Carvalho.  Tendo  aprendido  com  admi- 
rável percepção  as  letras  humanas  eftudou 
com  igual,  ou  mayor  facilidade  Direito  Civil 
na  Univerfidade  de  Coimbra  em  cuja  proâílaõ 
tomou  o  gráo  de  Doutor.  Mas  inclinado  à 
f ciência,  que  fe  praéHca  nos  Gabinetes,  que 
àquella  que  fe  exercita  nas  Relaçoens  fe  appli- 
cou  com  particular  difvelo  a  penetrar  os  inte- 
refes  dos  Princepes  para  confervaçaõ  de  feus 
Eftados,  e  fahio  defta  hçaõ  taõ  confummado 
Politico,  que  fendo  acclamado  por  Monarcha 
defta  Coroa  o  Sereniflimo  D.  Joaõ  o  IV. 
foy  eleito  por  Secretario  da  Embaxada  que  em 
nome  defte  Princepe  fez  Triftaõ  de  Mendoça 
aos  Eftados  de  Olanda  no  anno  de  1641.  na 
qual  dezempenhou  em  obfequio  defte  Reyno 
tudo  quanto  fe  efperava  da  fidelidade  do  feu 
coração,  e  prudência  do  feu  juizo  reprefen- 
tando  em  eruditos  Manifeftos  a  injufta  violên- 
cia com  que  Alemanha  por  induftria  de  Caf- 
tella  tinha  perfidamente  reclufo  no  Caftello 
de  Milaõ  ao  SereniíTimo  Senhor  Infante  D. 
Duarte.  Reflituido  ao  Reyno  exercitou  com 
grande  inteireza  o  lugar  de  Dezcmbargador 
dos  Aggravos  de  que  tomou  poíTe  a  3.  de  De- 
zembro de  1648.  e  de  Procurador  da  Coroa 
no  qual  entrou  a  13.  de  Janeiro  de  1652. 
Igual  foy  a  capacidade,  que  manifeftou  no 
exerdcio  de  Secretario  do  Infante  D.  Pedro 
quando  entrou  a  fer  Senhor  da  Cafa  de  Bra- 
gança, e  no  lugar  de  Dezcmbargador  do 
Paço.    Morreo  na  fua  pátria  a  17.  de  Janeiro 


404 


BIBLIOTHE  CA 


de  1667.  com  79.  annos  de  idade.  Jaz  fepul- 
tado  no  Convento  de  N.  Senhora  da  Graça. 
D.  Luiz  de  Menefes  Conde  da  Ericeira  no  Port. 
Kejlaur.  Tom.  i.  liv.  3.  pag.  153.  lhe  chama 
Minijlro  de  letras,  e  experiência,  e  D.  Francifco 
Manoel  na  Carta  i.  da  Quarta  Centúria  delias 
efcrita  ao  Doutor  Manoel  da  Fonfeca  The- 
mudo.  António  de  Sou/a  Tavares  que  naõ  fó 
ejcreveo,  efcreve,  profejfa,  e  ejluda  a  Politica,  mas  a 
obrou  na  parte,  que  lhe  coube  dos  negócios  públicos. 
Compoz  fem  o  feu  nome. 

Sentimento  da  Fè  publica  quebrantada  em  Ale- 
manha por  indujlria  de  Cajlella  na  injufta  retenção 
da  Pejfoa  do  Serenijfimo  D.  Duarte  Infante  de 
Portugal.  4. 
Naõ  tem  lugar,  nem  anno  da  ediçaõ 

Efte  Manifeílo  fahio  em  latim  com  eíle 
titulo. 

Dolor  fidei  publica  Cajiella  afiu  in  Alemania 
violata  pro  retentione  injuftijjima  Serenijfimi  Domini 
D.  Eduardi  Portugallia  Infantis.  4.  Sem  lugar 
nem  anno  da  ImpreíTaõ. 

Manifejlum  Regis  Hungaria  facinus  admijfum 
in  Dominum  Hduardum  germanum  fratrem  Joannis 
Portugallia  Regis  índia,  Guinea,  <&  Brajilia 
domini  flrenuijfimi  Fidei  propagatoris,  Jujiitia  vin- 
dicis,  libertatis  propugnatoris,  moribus  integerrimi, 
virtute  clarijfimi,  magnanimi,  bonarum  artium 
cultoris,  fuorum  amantiffimi  Patris  pátria 
vindiãam  à  Regibus,  Principibus,  Poteftati- 
bus,  terrarum  Dominis,  Djnajlis,  Civitatum 
Prafeãis,  (&  viris  illujlribus  pofiulat.  Ulyf- 
íipone  apud  Antonium  Alvares  Typ.  Reg. 
1643.  4. 

Devoção  da  Imagem  do  Santo  Chriflo,  que  eflà 
na  Capella  de  Santa  Cru^  do  Cajiello  de  Lisboa. 
Lisboa    por    Lourenço    de    Anveres.    1642. 

4- 

Poejias  varias.  Eftavaõ  promptas  para  a 
ImpreíTaõ. 

Fr.  ANTÓNIO  TAVARES  natural 
de  Lisboa,  e  filho  de  Luiz  Rodrigues  Ta- 
vares, e  Margarida  Gomes.  Recebeo  o 
Habito  Carmelitano  da  antigua  obfervan- 
cia  no  fumptuofo  Convento  da  fua  pátria  a 
13.  de  Janeiro  de  1606.  Depois  de  eftudar 
Filofofia,  e  Theologia  foy  eleito  Pregador 
Geral  cujo  miniílerio  exercitou  com  grande 
credito  do  feu  nome,  como  fe  vio  quando 


pregou  no  quarto  dia  do  Outavario,  que  os 
Padres  Jefuitas  dedicarão  na  Cafa  ProfeíTa  de 
S.  Roque  aos  dous  mais  famofos  Soldados  da 
Companhia  de  JESUS,  Santo  Ignacio,  e  S. 
Francifco  Xavier  novamente  efcritos  no  Catha- 
logo  dos  Santos.  Morreo  no  Convento  de 
Lisboa  no  anno  de  1626.  Delle  fe  lembraõ 
Nic.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  128. 
Cafanat.  Parad.  Carmel.  Dec.  Stat.  5.  iEtas  18. 
cap.  153.  pag.  485.  e  Fr.  Manoel  de  Sà  nas 
Mem.  Hijl.  dos  Efcrit.  Portug.  da  Ord.  de  N.  S. 
do  Carm.  cap.  13.  p.  49.    Imprimio. 

SermaÕ  pregado  em  S.  Roque  Cafa  Profejfa  da 
Companhia  de  JESUS  de  Lisboa  a  ^.  de  Agoflo 
de  1622.  na  Solemnijfima  Fefla,  que  fe  fe^  à  Cano- 
niv^açaÕ  dos  dous  Santos  Padres  Ignacio  de  Lqyola, 
e  Francifco  Xavier  Patriarchas  da  fua  Religião. 
Lisboa  por  Giraldo  da  Vinha.  1622.  4.  Do 
Author,  e  da  obra  fe  lembra  a  Bib.  Orient. 
modernamente  acrecentada  Tom.  i.  tit.  8. 
col.    159. 

ANTÓNIO  TAVARES  Presbytero  Bra- 
charenfe,  e  muito  douto  na  Theologia  Moral 
da  qual  teve  paleftra  publica.  Defejando 
inftruir  com  a  penna  áqueUes,  que  naõ  podia 
com  a  voz,  publicou 

Exame  de  Confejfores,  ou  breve  Tratado  em  que 
difcorrendo  por  todas  as  matérias  de  Theologia 
Moral  fe  inflrue  hum  Sacerdote  em  ordem  ao  como 
fe  deve  haver  no  Confejfionario.  Lisboa  por 
Manoel  Fernandes  da  Coíla  ImpreíTor  do 
Santo  Officio  1734.  4. 

ANTÓNIO  TAVARES  DE  TÁVORA 
natural  de  Lisboa  filho  de  Francifco  Ta- 
vares Senhor  de  Mira,  e  de  fua  fegunda 
mulher  D.  Joanna  de  Távora,  filha  de 
Bernardim  de  Távora  Repofteiro  Mòr.  Como 
foífe  inílruido  nas  fciencias  dignas  de 
hum  perfeito  Ecclefiaftico  obteve  o  Prio- 
rado de  Noíía  Senhora  da  Conceição  das 
Abitureiras  do  Arcediago  de  Santarém 
donde  foy  provido  no  Canonicato  de  Mafra 
na  Cathedral  de  Lisboa  por  fer  defcendente 
do  Inílituidor  D.  Joaõ  Martins  Soalhaens 
Arcediago  deíla  Diocefe.  No  tempo  que  a 
ambição  Caílelhana  dominava  eíla  Monar- 
chia  fendo  acufado  de  parcial  nas  juftas  per- 
tençoens  do  Senhor  D.  António  a  eíla  Co- 


L  USITAN A. 


4o5 


I  :i  tolerou  com  animo  heróico  adveríldades 
iti  1  lo  feueílado,  einjurioíasaoíeunaci- 

in  lido  à  inftancia  do  Duque  de  Seíía 

I  M  I  I      l<  )r  em  Roma  prezo  pot  ordem  de  Ge- 

II  Ml  VIII.  no  Caílello  de  Santo  Angelo  no 
tnii  (Ic  1605.  e  depois  de  fer  condenado  trez 
ti    u  .  a  vogar  nas  Galés,  o  teve  reduío  íeis 

mos  no  Caftello  de  S.  Lucar  de  Barrameda. 
\)c  \xò  graves  calamidades  machinadas  pela 
ni;ilc  volencia  dos  Teus  emulos,  e  padecidas  pelo 
Isurgo  efpaço  de  iz.  annos  fahio  triumfante 
alcãçando  cm  premio  da  fua  incorrupta  fide- 
lidade, que  a  Santidade  de  Paulo  V.  o  decla- 
taflc  innoccntc  por  hum  Breve  expedido  a  13. 
de  Agoílo  de  161 5.  cuja  memoria  para  que 
ficaííe  indelével  na  pofteridade  o  mandou 
gravar  junto  da  fua  fcpultura  em  huma  grande 
pedra  cercada  de  huma  cadeya  aberta  no 
mármore,  e  quebrada  na  parte  inferior  com 
efta  letra  extrahida  do  Pfalmo  123.  haqmus 
contritus  efi  alludindo  ao  triumfo  alcançado 
das  machinas  urdidas  pelos  feus  adverfarios. 
Atendendo  a  Mageílade  de  Filippe  III.  aos  feus 
merecimentos  examinados  com  taõ  rigorofas 
provas  o  nomeou  em  28.  de  Fevereiro  de  1618. 
Deputado  da  Mefa  da  Conciencia,  e  Ordens, 
que  naõ  aceitou  por  fer  incompatível  com  a 
tcfidencia  da  fua  Q>nefia.  Mayores  foraõ  as 
diftincções,  que  experimentou  quando  foy 
fublimado  ao  Trono  de  Portugal  o  SereniíTimo 
D.  Joaõ  o  IV.  pois  conhecendo  efte  Príncipe 
a  fina  lealdade  do  feu  coração  para  eíla  Coroa 
o  elegeo  Efmoler  Mòr,  e  Bifpo,  merecendo 
occupar  os  mayores  lugares  naõ  fomente  pelo 
illuílre  do  feu  nacímento,  mas  pela  fua  vafta, 
e  profunda  erudição  de  que  faõ  claras  teíle- 
munhas  Níc.  Ant.  ín  'Rih.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  128.  dizendo  Vir  multijcia  hifioriarum, 
&  honarum  artium  eruditione;  Cardof.  Agiol. 
hufit.  Tom.  2.  pag.  13.  no  Cõment.  do  i. 
de  Março  letr.  B.  ^ande  inveftigador  das  anti- 
ffiidades  de  Portugal  deixando  efcritas  muitas 
delias  com  grande  crítica.  Faleceo  a  18.  de 
Fevereiro  de  1642.  em  idade  muito  proveéía,  e 
eflà  fepultado  na  Capella  de  S.  Sebaílíaõ  da 
Jurifdiçaõ  do  Canonicato  de  Mafra  fituada  na 
Sè  de  Lisboa  ao  princípio  do  Qauílro  da  parte 
direita  de  quem  entra  neíle  Templo.  Impri- 
mío. 

Procejfo   de  la  cauja  dei  Canonigo  de  Lis- 


boa António  Tavares,  4.  Naõ  tem  lugar  nem 
anno,  e  nome  do  ImpreíTor. 

Cathalogo  dos  Prelados  da  Si  de  Lisboa,  e 
das  Antiguidades  da  me/ma  Cidade,  DeAa 
obra,  e  do  Author  como  feu  contemporâneo 
fez  illuílre  memoria  o  Doutor  Fr.  António 
Brandão  Qironiíla  Mòr  do  Reyno  no  Prologft 
da  3.  Mon.  Lujit.  dizendo:  Occupa  o  tempo  na 
liçaÕ  dos  Livros  com  tanta  continuação,  que  caufa 
inveja  aos  mais  curiofos  com  tanto  proveito  como 
fe  verá  das  fuás  obras  querendo-as  dar  à  lus^ 
entre  as  quaes  tem  o  primeiro  lugar  hum  excel- 
lente  Livro,  que  tem  compojlo  dos  Prelados  da  Sè 
de  Lisboa,  e  das  Antiguidades  dejla  Cidade,  que 
def cobre  bem  o  maduro  juis^o,  e  grande  talento  do 
feu  Author. 

Tratado  em  que  fe  prova  fer  o  celebrado  O  ff  et 
aonde  acontecia  o  milagre  da  agua  bautifmal 
em  vefpora  de  Pafchoa  de  que  trata  S.  Gregório 
Turonenfe,  a  Villa  de  Offolea  fituada  junto  ao 
Rio  Vouga,  como  também  fer  o  lugar  donde  efleve 
cercado  S.  Hermenegildo  por  feu  Paj  Leovigildo. 
Defta  obra  fe  lembra  Níc.  Ant.  in  Bib.  Hifp. 
e  Fr.  António  Brandão  Mon.  Lufit.  Part.  3. 
Liv.  10.  cap.  18. 

Tratado  em  que  fe  prova  fer  Santa  Antonina 
nacida,  e  mar ty rifada  em  a  Villa  de  Cea  junto 
da  Serra  da  EJlrella. 

Eíla  obra  comunicou  o  Author  a  Jorge 
Cardofo  como  elle  efcreve  no  Agiol.  Lufit. 
Tom.  2.  pag.  15.  no  Comentário  do  i.  de 
Março.  Let.  B. 

Difcurfo  em  que  fe  provava  fer  Portugue^  S. 
Joaõ  Guarino  Eremita.  Delle  faz  memoria  o 
dito  Cardof.  Agiol.  Lufit.  Tom.  3.  pag.  657. 
no  Comment.  de  12.  de  Junho  letr.  C. 

Tratado  fobre  a  origem  donde  defcendia 
o  Conde  D.  Henrique  Tronco  dos  Monar- 
chas  Portuguev^es  M.  S.  Efio  defcubriò  (faõ 
palavras  de  Manoel  de  Faria  e  Soufa  no  Cõ- 
ment. ás  Lttfiad.  de  Camoens.  Cant.  3.  ef- 
tanc.  25. )  con  gran  efludio  y  de  manera  que 
no  padece  duda,  António  Tavares  Canonigo  en 
la  Santa  Iglefia  de  Lisboa  fobre  que  tiene  efcrito 
mucho,y  bien. 

Comentários  ao  Nobiliário  do  Conde  D. 
Pedro  aos  quaes  chama  excellentes  o  P.  D. 
António  Caetano  de  Soufa  no  Apparat.  à 
Hijl.  Gen.  da  Gafa  Real  Portug.  pag.  96.  §.  92. 
donde   fe   infere,    que   fora   também   perito 


40Ó 


BIBLIOTHE  C  A 


neíla  f ciência  para  cujo  fim  teve  grande  comu- 
nicação com  os  mayores  Genealogiftas  do  feu 
tempo. 

Fr.  ANTÓNIO  TEYXEIRA  natural  de 
Villa-Real  na  Provincia  Tranfmontana  fendo 
feus  Pays  Afcanio  Teixeira  de  Azevedo,  e  D. 
Maria  de  Mendoça  filha  de  Joaõ  de  Lemos 
defcendentes  das  mais  qualificadas  famílias 
daquella  Villa.  Recebeo  o  Habito  da  illuílre 
ReUgiaõ  da  SantiíTima  Trindade  e  depois  de 
aprender  as  fciencias  Efcholaílicas  as  enfmou 
aos  feus  domefticos  até  que  jubilou  no  Magif- 
terio  da  Theologia.  Tendo  fido  Reytor  do 
Collegio  de  Coimbra,  e  Vifitador  Geral  ocu- 
pou por  três  vezes  o  fupremo  lugar  de  Pro- 
vincial; a  primeira  no  anno  de  1650.  az. 
no  anno  de  1654.  e  a  3.  no  anno  de  1671. 
fendo  manifefto  argumento  da  fuavidade  do 
feu  génio,  e  madureza  do  feu  juizo  a  repe- 
tida uniformidade  de  votos  com  que  era 
eleito  para  governar.  Alem  das  letras  Sagra- 
das que  profeíTava  foy  muito  douto  nas 
fciencias  da  Aftrologia,  e  Medicina.  Morreo 
no  Convento  de  Lisboa  a  22.  de  Novembro 
de  1678.  com  85.  annos  de  idade.    Imprimio. 

Hpitome  das  Noticias  Aftrologicas  para  a 
Medicina.    Lisboa  por  Joaõ  da  Cofta.  1670.  4. 

ANTÓNIO  TEYXEIRA  CHAVES 
Presbytero,  Theologo,  e  Pregador  de  nome 
como  moftrou  na  obra  feguinte. 

Sermão  em  a  primeira  Dominga  de  Qua- 
refma  na  Capella  Keal.  Lisboa  por  Manoel 
Lopes  Ferreira.  1693.  4. 

ANTÓNIO  TEYXEIRA  DE  MEN- 
DOÇA natural  da  Ilha  da  Madeira,  e  Meílre 
dos  filhos  do  Commendador  Mór  muito 
verfado  no  eftudo  da  Genealogia  de  que 
efcreveo. 

l^ivro  das  Geraçoens  do  Rejno  de  Vorttigal 
dedicado  a  D.  Margarida  Corte-Real  mulher 
de  D.  Chriílovaõ  de  Moura. 

Fr.  ANTÓNIO  TELLES  natural  da 
Cidade  de  Elvas  na  Provincia  do  Alentejo 
Teve  por  Pays  a  Ruy  de  Menezes,  e  Bea- 
triz Alvarez  igualmente  nobres  que  virtuo- 
fos.    Na  ReHgiaõ   de   S.   Paulo   i.   Eremita, 


cujo  habito  profeíTou  no  Convento  da  Serra 
de  Oíla  a  25.  de  Março  de  1632.  em  atenção 
à  fua  grande  capacidade  exercitou  os  lugares 
de  Reytor  dos  Conventos  de  Elvas,  Serra  de 
OíTa,  Secretario,  Definidor  duas  vezes,  Vifi- 
tador, e  ultimamente  Geral  da  fua  Congrega- 
ção, a  qual  adminiílrou  com  tanta  prudência 
que  foy  eleito  fegunda  vez  merecendo  as 
eílimaçoens  de  domefticos,  e  eftranhos.  Mor- 
reo em  o  Convento  de  Lisboa  a  7.  de  Março 
de  1677.  com  73.  annos  de  idade,  e  46.  de 
Religião.  Foy  muito  applicado  ao  eftudo 
da  Genealogia  deixando  compofto  com  fummo 
exame,  e  erudição. 

Famílias  do  Kejno  de  Portugal  foi.  M.  S. 

Do  Author  fe  lembra  como  Genealógico 
infigne  o  P.  D.  Anton.  Caetan.  de  Soufa  no 
Apparat.  à  Hiji.  Geneal.  da  Cafa  Ríal  Portug. 
pag.    117.   n.    127. 

ANTÓNIO  TELLES  DA  SYLVA. 
Naceo  em  Lisboa  a  11.  de  Mayo  de  1667.  e 
teve  por  Progenitores  a  Manoel  Tellez  da 
Sylva  primeiro  Marquez  de  Alegrete,  2.  Conde 
de  ViUar-Mayor,  Confelheiro  de  Eftado,  e 
Gentil-Homem  da  Camera  dos  Serenifiimos 
Monarchas  D.  Pedro  11.  e  D.  Joaõ  o  V.  N. 
Senhor,  e  a  D.  Luiza  Coutinho  filha  de  Nuno 
Mafcarenhas  Alcayde  Mór,  e  Commendador^ 
do  Caftello  de  Vide,  e  D.  Brites  de  Menezes.* 
Nos  primeiros  annos  deu  manifeftos  indiciosí 
da  fublimidade  do  talento  com  que  a  naturez^ 
fe  empenhou  a  ornar  os  filhos  defla.  illufixe  Caía  '1 
fendo  difcreto,  affavel,  liberal,  e  cortezaõ. 
Depois  de  receber  o  Militar  Habito  da  precla- 
rifiima  Ordem  de  Malta  paíTou  a  Coimbra  em 
cuja  Univerfidade  brilhou  com  tanto  exceíTo  a 
delicadeza  do  feu  juizo  unida  à  profundidade 
da  fua  efpeculaçaõ  que  foy  ornado  com  as  infi- 
gnias  doutoraes  na  faculdade  do  Direito  Pon- 
tifício fendo  Conduâario  com  privilégios  de 
Lente  a  6.  de  Março  de  1695.  Foy  Arcediago 
na  Cathedral  de  Lisboa,  e  Deputado  na  Inqui- 
fiçaõ  de  Coimbra  provido  a  4.  de  Fevereiro  de 
1693.  Cultivou  a  Poefia  vulgar,  e  Latina 
com  taõ  fuperior  elevação  que  merecerão 
os  feus  Epigrammas,  e  Sonetos  os  mayores 
applaufos  dos  mais  infignes  alumnos  do  Par- 
naíTo.  Envejofa  a  morte  dos  fublimes  dotes 
com  que  fe  illuftrava  o  feu  efpirito  o  privou 


L  USITAN A. 


407 


intempcí^i vãmente  da  vida  a  21.  de  Agoílo 
de  1699.  na  florente  idade  de  52.  annos  com 
grande  detrimento  das  mayores  dignidades 
EcclcfiaíUcas  a  que  certamente  o  deltinavaò 
o  efplendor  do  íeu  nacimento,  e  a  capaci- 
dade do  íeu  talento,  jáz  enterrado  na  San- 
criítia  do  Convento  do  Carmo  deíla  Corte 
que  he  o  jazigo  da  fua  illuílriíTima  Cafa. 
Compoz. 

Dyjlichos  Latinos,  que  eftaõ  gravados  íobre 
os  pórticos  dos  Geraes  da  Univerfídade  de 
Coimbra  quando  novamente  íe  edificarão  no 
anno  de  1696.  nos  quaes  compete  a  elegância 
do  metro  com  a  agudeza  do  conceito. 

Vários  Sonetos  Vortuguev^es,  t  Cajlelhanos,  que 
fe  confervaõ  com  outros  de  feus  ExccllentiíTi- 
tnos  Irmaõs  Fcrnaõ  Tcllcz  da  Sylva  2.  Marquez 
de  Alegrete,  c  JoaÕ  Gomcz  da  Sylva  Conde 
de  Tarouca  cm  hum  Volume  que  exiílc  na 
Livraria  deíla  grande  Cafa. 

ANTÓNIO  TENRREYRO  natural  de 
Coimbra,  Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  Mili- 
tar de  Chrifto,  e  filho  de  Pays  illuftres.  Na 
idade  da  adolefcencia  paíTou  à  índia,  onde 
fiaõ  fomente  obrou  acçoens  heróicas  contra  os 
inimigos  do  Eílado,  mas  como  foíTe  ornado 
de  grande  talento  acompanhou  a  Balthezar 
PdToa  quando  foy  mandado  Embaxador  ao 
Sophi  da  Perfia  por  D.  Duarte  de  Menefes 
Governador  da  índia  no  i.  de  Setembro 
de  1523.  Nefta  jornada  como  alcançaíTe  indi- 
vidual noticia  das  terras  por  onde  paíTara,  e  fe 
ía£Rç.  muito  fciente  nas  línguas  Turquefca, 
e  Pedlana  lhe  cometeo  outra  mais  difícil 
Chriílovaõ  de  Mendoça  Capitão  de  Ormus  con- 
fiando da  valentia  do  feu  animo  a  dezempe- 
nharia  com  toda  a  fatisfaçaõ,  pois  querendo 
avizar  a  ElRey  D.  Joaõ  o  III  de  como  Nuno 
da  Cunha  eftava  em  Melinde,  e  que  os  Rumes 
1  naõ  paíTavaõ  à  índia  lhe  ordenou  foíTe 
o  menfageiro  deíla  noticia.  Aceitou  promp- 
tamente  a  comiíTaõ  naõ  lhe  caufando 
horror  a  diílancia  do  caminho,  nem  os  gra- 
ves perigos  aíTim  das  feras,  como  dos 
Ladroens  que  o  efperavaõ.  Partio  em  20. 
de  Setembro  de  1528.  e  chegando  a  BaíTorá 
a  tempo,  que  ja  tinhaõ  partido  as  Cáfilas 
para  Alepo,  atraveíTou  todo  aquelle  dilatado 
deferto  levando  por  condu£lor  hum  Mouro, 


e  vencida  eíla  folidaõ  no  efpaço  de  vinte,  e 
dous  dias  entrou  em  Alepo  donde  paíTou 
a  Tripoli  de  Soria,  e  embarcaodo-fe  para 
Chipre  paíTou  a  Itália  até  que  felizmente  che- 
gou a  Portugal  em  Mayo  de  1)29.  onde  foy 
recebido  por  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  com  íin- 
gulares  demonílraçoens  de  aífeâo  louvan- 
do-lhe  o  valor  com  que  fe  ofíerecera  a  huma 
taõ  perigofa,  como  difícil  jornada  da  qual 
eícreveo  a  obra  feguinte. 

Itenerario  de  António  Tenrreiro  Cavaltiro  da 
Ordem  de  Chrijlo  em  qtie  Je  contem  como  da  índia 
veyo  por  terra  a  efles  Reynos  de  Portugal.  Coim- 
bra por  António  de  Maris.  1560.  4.  et  ibi  por 
Joaõ  de  Barreira  1565.  12. 

Delle  fazem  memoria  Barros  Dec.  4.  liv. 
I.  cap.  8.  Andrad.  Chron.  delKey  D.  JoaÕ 
o  III.  Part.  2.  cap.  49.  Maccd.  in  Propuffi.  h/ufit. 
Gallic.  ad  Art.  20.  cap.  7.  pag.  157.  Ant.  de 
Lcon  in  Bib.  Orient.  Tit.  2.  e  cm  a  moderna- 
mente addicionada.  Tom.  1.  Tit.  2.  col.  32. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  THOMAR  natu- 
ral da  Villa  do  feu  appellido  Religiofo  da 
Ordem  dos  Menores  da  Provincia  de  Por- 
tugal, onde  foy  Definidor  da  Provincia  no 
anno  de  1659.  do  qual  fazem  memoria  Fr. 
Fernando  da  Soled.  Hiji.  Seraf.  da  Vrov.  de 
Portug.  Part.  3.  liv.  i.  cap.  22.  n.  134.  c  Fr. 
Joan.  à  D.  Ant.  in  Bib.  Francifc.  Tom.  i. 
pag.   131.    Imprimio. 

Sermão  na  Santa  Sé  de  Usboa  em  18.  de 
Setembro  de  1628.  em  a  fejla  primeira,  que  o 
Reverendo  Cabbido  fei(^  na  dita  Sé  a  S.  Antónia 
em  memoria  do  milagre  do  rayo,  que  cahio  na  rua 
dos  Cónegos  defia  Cidade,  no  anno  de  1624.  Lis- 
boa por  António  Alvares.  1629.  4. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTO  THO- 
MAZ.  Natural  da  Villa  de  Óbidos  do  Pa- 
triarchado  de  Lisboa  filho  de  Francifco  da 
Sylva,  e  Maria  de  Faria  profeíTou  o  Inílituto 
Seráfico  no  Convento  Recoleto  do  Bom 
JESU  de  Peniche  da  Provincia  dos  Algar- 
ves  a  13.  de  Junho  de  1679.  Aprendeo  as 
fciencias  efcholaíUcas  com  tal  applicaçaõ 
como  quem  as  havia  didar  aos  feus  domef- 
ticos  fendo  o  mais  profundo  inveítígador 
das  fubtilezas  de  feu  grande  Meífare  Efcora 
merecendo   pela   fublimidade    do   talento,    e 


4o8 


BIB  LIO  THE  C  A 


vaílidaõ  do  eíhido  occupar  os  lugares  de  Qua- 
lificador do  Santo  Officio,  Examinador  das 
Três  Ordens  Militares,  e  Synodal  do  Arce- 
bifpado  de  Lisboa.  Naõ  teve  menor  capa- 
cidade para  as  Cadeiras,  que  para  as  Prelafias 
chegando  depois  de  fer  Guardião  do  Colle- 
gio  de  Coimbra,  e  Cuftodio  ao  lugar  de  Pro- 
vincial em  que  foy  eleito  no  Convento  de 
Eftremoz  a  30.  de  Novembro  de  1720.  fendo 
prefentemente  o  Padre  mais  digno,  que  tem 
a  Província  dos  Algarves.  Compoz  com  igual 
fubtileza,  que  novidade  para  beneficio  dos 
feus  Religiofos. 

Opujculum  Syllogiftkum  Vriorum,  Vofterio- 
rtim,  Topicorum,  et  Elenchorum  lihros  fideliter 
^oncludens,  acutimque  dilucidans.  foi.  M.  S. 

Em  cujo  preludio  diz  Omnis  hujus  Opusculi 
conatusy  nihil  aliud  eji,  quàm  hos  aperire  lihros, 
quos  Ji  non  perftmãorie,  immo  at tente  legerint  plu- 
rimas  in  venient  novitates  non  a  regulis  Arifiotelicis 
diffitas,  fed  ah  illis  noviter  evijceratas. 

ANTÓNIO  TRANCOSO  CORRÊA. 
Naceo  em  Lisboa,  e  foy  taõ  douto  no 
eíhido  da  Hiftoria,  como  verfado  em  todo 
o  género  de  Poefia  por  cujos  dotes  me- 
receo  os  elogios  de  alguns  efcritores,  quaes 
foraõ  Fr.  Jorge  Cotrim  nos  Kecuerd.  dei 
Carmelo  cap.  40.  e  Fr.  Manoel  de  Sá  nas  Mem. 
Hijlor,  da  Ord.  de  N.  Senhora  do  Carm.  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  i.  liv.  3.  cap.  2.  n.  374.  Jaz 
fepultado  na  Capella  do  Santo  Chriílo  Iituada 
na  Via-Sacra,  que  vay  para  a  Sancriftia 
do  Convento  de  Collares  dos  Carmelitas 
Calçados,  e  na  Sepultura  tem  gravado  eíle 
Epitáfio. 

EJla  Capella  he  de  António  Trancofo  Corrêa, 
€  de  fua  mulher  Maria  ]acome  a  qual  elles  fi^eraõ 
tf  fua  enfia,  e  a  dotarão  de  renda,  e  fabrica,  com 
ohrigaçaõ  defie  Convento  lhe  di^er  todas  as  Semanas 
do  anno  huma  Miffa  das  Chagas,  e  huma  cantada 
pelos  Santos  para  fempre.  Era  de  161 2 
Compoz,  e  naõ  imprimio. 

Poefias  nas  Ethicas  de  Arifioteles,  M.  S, 
foi. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  TRINDADE  Ere- 
mita Auguítiniano  bom  Letrado,  e  naõ 
menor  Pregador.  Traduzio  de  Latim  em 
Portuguez. 


Kiqueiias  da  alma  dedicado  ao  muy  religiofo 
P.  Fr.  Luiz  de  Montoja  Provincial  da  Ordem 
de  Santo  Agofiinho. 

Index  de  certas  matérias  commuas  difpofias 
pelo  A.  B.  C.  imprejfo  no  anno  de  1557. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  TRINDADE  ReU- 
giofo  profeflb  da  Ordem  Seráfica  da  Provín- 
cia de  Saõ  Thomé  da  índia  Oriental  nume- 
rado entre  os  Efcritores  Francifcanos  por 
Frei  Joan  à  D.  Ant.  na  Bih.  modem.  Franc. 
Tom.  I.  pag.  133. 
Imprimio. 

Sermaõ  de  S.  Francifco  no  feu  dia,  e  Convento 
de  Goa.   Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck.  1645.  4. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  TRINDADE 
da  Ordem  dos  Menores  da  Provinda  da 
Madre  de  Deos  de  Goa.    Compoz. 

Relação  da  Provinda  da  Madre  de  Deos 
de    Goa. 

A  qual  confervava  em  feu  poder  como 
elle  afíirma  Fr.  Pedro  de  Alva,  y  Aítorga  in 
Milit.  Concept.  col.  125.  Do  Author,  e  da 
obra  faz  memoria  Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  in  Bib. 
Franc.  Tom.  i.  pag.  133.  e  a  Bib.  Orient. 
modernamente  acrecentada  Tom.  i.  Tit.  3. 
col.   76. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  TRINDADE, 
E  TORRE  natural  de  Lisboa  onde  abra- 
çou o  Inílituto  da  religião  Trinitaria  cujas 
noticias  inveftigou  com  affefto  de  filho,  e 
com  exame  de  Sábio.  Foy  Pregador  de  fa 
e  Meftre  de  Noviços.    Efcreveo. 

Annaes  Sacros,  e  felices  empret^as  dos  gl 
riofos  Kedemptores  da  divina  Religião  da  Santijftm$ 
Trindade,  comprehendem  as  idades  do  prinápÍÊ 
do  mundo  até  a  vinda  de  Jefu  Chrifio  Redempt€r\ 
noffo,  de  como  deo  principio  à  fua  Religião  da 
Santiffima  Trindade  Militar,  e  de  Redempto- 
res;  dos  Santos,  que  nella  fe  exercitaõ,  e  de 
como  foy  reduí(ida,  e  approvada  com  regra 
própria  pelo  Summo  Pontífice  Innocencio  III. 
em  o  miraculofo  aparecimento,  que  o  mefmo 
Senhor  lhe  manifefiou  prementes  os  gloriofos 
Patriarchas  S.  Joaõ,  e  S.  Félix,  e  dos  mais 
fuceffos  da  mefma  Religião  da  Santiffima 
Trindade  de  Redemptores  refumidos  das  Bulias 
Apofiolicas,    Authores,    Chronicas,    e    Archivos, 


ízmsà 
r  A 


L  USITANA. 


409 


,fuâ  delia  trataõ.    Efcriíos  no  anno  de  1650.  foi. 
M.  S. 

Martirohsio  Trinifarío  tm  qm  fe  txpotm 
,it  Feflas  particulares,  que  celebra  a  Kiligíaõ  da 
Santijfma  Trindade,  t  das  que  antigamente  con- 
finhaõ  os  Breviários  delia  concedidos  pelo  Summo 
Pontifice  Innocencio  III.  e  approvados  por  feus 
Succeffores,  e  ultimamente  emendado  por  Alexan- 
dre IV,  em  o  anno  de  1495.  Contem  os  Santos 
./.'te  floreceraÕ  em  a  primeira  Ordem  Militar  de  Ke- 
dcmptores.  Os  da  Jegimda  approvada  com  regra 
própria  obfervantes,  e  os  da  terceira  De/calços,  e 
Keformados.  Os  Beatos,  Veneráveis,  e  Varoens 
illujlres  que  deraõ  as  fuás  vidas  pela  pregação  Evan- 
iidica,  e  exaltação  da  Santa  Igjreja  Catholica, 
os  Keligiofos,  e  Keliffofas,  IrmaÕs,  Irmaãs  da 
dita  Ordem  que  com  applata^o  commum  faõ,  vene- 
rados por  Servos  de  Deos,  e  os  Santos  cujos  corpos, 
e  relíquias  tem  os  feus  Conventos  de  que  re^aõ  em 
írus  dias,  e  Santuários  milagrofos,  recopilado  de 
Breviários,  e  Chronicas  da  mefma  Keligiaõ,  e  dos 
[utbores  approvados  que  delia  fav^m  menção, 
lifcrito  no  anno  de  1654.  foi.  M.  S. 

Ambos  eíles  livros  que  faõ  de  fumma 
grandeza  fe  confervaõ  efcritos  pela  nuõ  do 
Author  na  Livraria  do  Convento  defta  Q)rte, 
como  nella  vimos. 

ANTÓNIO  VAENA  cuja  pátria,  e  eftado 
de   vida   ignoramos.     Efcreveo. 

Chronica  delKey  D.  Sebajliaõ  4.  M.  S.  Delia 
confervo  em  meu  poder  huma  Copia,  cujo 
Original  fe  guarda  na  Livraria  do  Conde 
(lo  Vimieiro. 

ANTÓNIO  DO  VALLE  DE  MORAES. 
PaíTou  à  índia  como  Soldado  em  Com- 
panhia do  Vice-Rey  D.  Pedro  da  Sylva 
no  anno  de  1635.  Foy  bom  poeta  cuja 
arte  cultivou  entre  o  eftrondo  da  Guerra. 
Efcreveo  a  fua  jornada  de  Lisboa  até  Goa 
em  6.  Cantos  intitulada. 
Náutica    l^ufitana. 

A  qual  M.  S.  dedicou  ao  dito  Vice-Rey 
Confervavafe  efta  Obra  na  Livraria  de  Joaõ 
de    Saldanha    na    fua    quinta    da    Junqueira. 

ANTÓNIO  VANGUERVE  CABRAL 
natural  de  Lisboa.  Eftudou  Direito  Civil 
na     Univeríidade     de     Coimbra     em     cuja 


faculdade  recebeo  o  gráo  de  Baclurel.  Tendo 
adminiílrado  reâamente  alguns  lugares  naò 
querendo  continuar  no  exercício  de  Mlnlíbo, 
fe  Applicou  com  grande  difvelo  a  efcrever 
diverfas  obras  em  beneficio  dos  Juizes,  e 
Advogados  as  quaes  faõ  as  feguintes. 

Pra^ca  judicial  muito  útil,  e  necejfaria  para 
os  que  principiai  os  officios  de  julgar,  e  advogar, 
e  para  todos,  os  que  folicitaò  caufas  nos  auditorics 
de  hum,  e  outro  foro.  Parte  i.  Lisboa  por 
Jozé  Lopes  Ferreira  ImprcíTor  da  SereniíTuna 
Rainha.  1712.  foi.  et  ibi  na  OBicina  Ferrei- 
riana.   1726.  foi. 

Parte  2.  f  3.  Lisboa  pelo  dito  Impreífor. 
171 5 .   foi. 

Parte  4.  Lisboa  na  Officina  Fcrrciriana 
1721.  foi. 

Parte  5.  Lisboa  na  mefnu  Offidna. 
1727.  foi. 

Todas  eftas  cinco  Partes  fahiraõ  cm  Coim- 
bra por  António  Simoens  Ferreira.  1730.  foi. 

Traííatus  Praãicus  juridicus  de  Sacrileffo. 
UlyíTipone  apud  Bemardum  à  Coíla  Carva- 
lho.   171 5.   foi. 

Epilogo  jurídico  de  vários  cafos  cíveis,  e  crimes 
concernentes  ao  efpeculatívo,  e  praãico  com  humas 
annotaçoens  à  ley  novijftma  da  prohibiçaÕ  das  facas, 
e  mais  armas  promulgada  em  4.  de  Abril  de  171 9. 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ.  1729.  foL 

ANTÓNIO  DE  VARONA.  Prefby- 
tero  Ulyffiponenfe  filho  de  Gines  de  Va- 
rona,  e  Beatriz  Gomes  dos  quaes  herdou 
hum  grande  morgado,  profeíTor  dos  Sagra- 
dos Cânones,  e  ornado  de  muitas  virtudes, 
fendo  o  feu  principal  difvelo  que  o  incruento 
facrificio  do  Altar  fe  celebrafle  conforme  as 
regras  prefcriptas  pelo  ^liflal  Romano,  e 
para  que  com  toda  a  perfeição  o  executaííem 
os  Sacerdotes.    Compoz.  >-;••  - 

Kittial  da  Mijfa  ret^ada  conforme  ao  Msffeà 
Romano  reformado  pela  Santidade  de  Urbano 
VIIL  nojfo  Senhor.  Lisboa  por  António 
Alvares.  1640.  12. 

Foy  muito  afefto  aos  Padres  Jefuitas 
com  que  familiarmente  tratava  por  cuja  caufa 
deo  grandes  donativos  para  ornato  do  Templo 
da  Cafa  profeíTa  de  S.  Roque  de  Lisboa 
onde  morrendo  a  3.  de  Agofto  de  1657. 
foy  fepultado   como   ordenara  em  feu  Tef- 


4IO 


BIBLIO THE  CA 


tamento,    na    Capella    de   S.    Joaõ   Evange- 
liíla  que  era  jazigo  da  fua  familia. 

Fr.  ANTÓNIO  VARJAM  natural  da 
Torre  de  Moncorvo  da  Diocefe  Bracharenfe 
ReUgiofo  da  Sagrada  Ordem  dos  Pregadores 
onde  diftou  Artes,  e  Theologia  no  Convento 
de  Évora  até  que  jubilando  foy  Meftre  do 
numero.    Imprimio. 

Vrima  pars  diakãicat.  Sex  libris  abfoluitur.  i. 
de  Termino  2.  de  Propopione  3.  de  Propríetatibus 
qua  conjequmtur  términos,  et  componmt  propo- 
fttionem  4.  de  oppofitione,  aquipollentia,  et  con- 
verfionibus  propofitionum.  5-  àe  exponibilibus 
propofitionibus.  6.  de  Syllogijmis.  Eboras  apud 
Emmanuelem  de  Carvalho  1627.  foi.  Dedi- 
cada a  D.  Theodofio  2.  Duque  de  Bragança. 
No  prologo  prometia  outro  tomo  de  difpu- 
taçoens  dialeíticas. 

Varai^o  da  alma  traduzido  de  'Latim  em 
que  fqy  efcrito  por  Alberto  Magno  em  lingua 
Portugueza.  Lisboa  por  Lourenço  Cras- 
beeck.  165-6.  8.  Traz  no  principio  a  vida  de 
Santo  Alberto  Magno. 

Delle  trataõ  Joaõ  Soares  de  Brito  in 
Theatr.  hufit.  Utter.  lit.  A.  n.  125.  Echard 
Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2.  pag.  459-  ^  Fr. 
Pedro  Monteir.  Claujir.  Dom.  Tom.  3.  pag.  166. 


ANTÓNIO  VAZ   CABAÇO   natural  de 
Coimbra  onde  depois  de  receber  o  gráo  de 
Doutor  na  faculdade  de  Direito  Civil  foy  Lente 
de  Inftituta  em  o  anno  de  1565.  donde  fubio 
à  Cadeira  do  Código,  Digeílo  velho,  Vefpera 
até  à  de  Prima  de  que  tomou  poíTe  em  29.  de 
Novembro  de  15  81.  e  nella  jubilou  no  anno 
de   1588.    Foy  Deputado  do    Santo  Officio 
da  Inquifiçaõ  de  Coimbra  provido  em  19.  de 
Dezembro  de  15  81.  e  depois  do  Dezembargo 
delRey .  Falleceo  na  fua  pátria  no  anno  de  1 5  9  5 . 
Compoz    juntamente    quando    era    Lente    de 
Vefpera  de  Leys  com  o  Doutor  Luiz  Corrêa 
Lente  de  Decreto. 

Allegaçoens  de  Direito  que  fe  oferece- 
rão ao  muito  alto,  e  muito  poderoso  R^  D. 
Henrique  noffo  Senhor  na  cauja  da  Juceffaõ 
deftes  Keynos  por  parte  da  Senhora  D.  Cathe- 
rina  fua  fobrinha  filha  do  Infante  D.  Duarte 
feu  Irmaõ.  Ahneirim  por  António  Ribeiro, 
e    Francifco    Corrêa    1580.    foi.     Sahio    tra- 


duzida efta  obra  em  latim  por  Fr.  Francifco 
de  Santo  Agoftinho  Macedo  Parifús  apud 
Sebaílianum  Cramoyfi  1641.  foi. 

Do  Author,  e  da  obra  faz  illuftre  memo- 
ria o  D.  Francifco  Velafco  de  Gouvea  na 
Jufla  Acclam.  do  Serenifimo  Key  de  Portug, 
D.  Joaõ  o  IV.  pag.  77. 

ANTÓNIO     VAZ     DE     CASTELLO 
BRANCO.    Naceo  na  Cidade  de  Leiria  ao 
I .  de  Agosto  de  1 649.  Foy  filho  de  Heytor  Vaz 
de  Castello-Branco,  e  de  D.  Luiza  da  Sylva. 
Em  a  Univerfidade  de  Coimbra,  onde  com 
grande   applicaçaõ   eíludou   Direito   Cefareo, 
recebeo  neíla  faculdade  o  Grào  de  Doutor 
fendo  Opofitor  às  Cadeiras  quando  contava 
de  idade  defanove  annos.    Preferio  ao  eíludo 
da  Jurifprudencia,  em  que  jà  era  venerado  por 
infigne,  a  Liçaõ  da  Hiíloria  aíTim  fagrada  como 
profana,  e  principalmente  a  Genealogia  repe- 
tindo com  felicidade  de  memoria,  e  admiração 
dos  que  o  ouviaõ  a  ferie  de  muitas  famílias 
illuftres  da  fegunda  ClaíTe.    Foy  Comendador 
dos  Preílimonios  de  Santa  Maria  de  Caminha, 
e  de  S.  Pedro  de  Riba  de  Mouro  na  Ordem  de 
Chrifto,   e   Secretario   do   Senhor  Infante  D. 
Francifco.  Morreo  em  Lisboa  no  i.  de  Agofto 
de  1723.  fechando  perfeitamente  o  circulo  de 
74.  annos  por  falecer  no  mefmo  dia  em  que 
nacera.    Efcreveo 

Nobiliário  das  Familias  defie  Rejno  13.   Volu- 
mes foi.  i, 
Os  quaes  como  affirma  o  P.  D.  Antomo  ^  | 
Caetano  de  Soufa  no  Apparat.  à  Hijl.  Gen.  da 
Cafa  Real  Portug.  p.  147.  §•  i73-  ^e  confervaõ      , 
em  poder  de  Pedro  de  Soufa  de  Caftello-Branco 
Senhor  do  Guardaõ  Commendador  de  Santo 
André  do  Eruedal  na  Ordem  de  Chriílo,  Coro- 
nel do  Regimento  da  Armada,  Primo,  e  Genro 
do  Author. 


ANTÓNIO  VAZ  DUARTE  natural  de 
Lisboa  Presbytero  de  exemplar  vida,  e  fuífi- 
ciente  Uteratura.  Tradufio  da  Lingua  ItaUana 
do  P.  Lucas  Pinello  da  Companhia  de  JESUS, 
e  o  dedicou  ao  Bifpo  Inquifidor  Geral  Femaõ 
Martins  Mafcarenhas. 

Confejfionario     Geral    ajfim   para    todos    os 

EJlados   de  penitentes  fe  faberem    bem    confef 

far,    e    aparelhar,    como  também   para  todos    os 

Confeffores     exercitarem      dignamente     o     Sa- 


L  USITANA. 


411 


cramento   da    Penitencia.     Litboft  pOf   Pedro 
Crasbceck  161 8.  8. 

ANTÓNIO  VAZ  DE  SOUSA  natural 
de  Lisboa,  Theologo,  e  Pregador  muito  ver- 
fado  nfl  llçaõ  dos  Livros  afceticos  dos  quaes 
cxtrahia  documentos  foiidos  para  dirigir  as 
almas  pelo  caminho  da  perfeição.    Compoz. 

Confelheiro  celejlial  para  o  exercido  Santo 
da  vida  atíiva,  e  contemplativa  com  bufPi  interro- 
gatório dos  peccados  para  fa!(er  confijfaõ  geral, 
OM  dt  muito  tempo;  e  alimento,  e  thejottro  da  alma, 
que  confifte  no  myflico  comer,  e  dormir  da  Com- 
munbaõ  do  Santijftmo  Sacramento,  e  OraçaÕ 
mental,  e  no  exercido  interior  das  virtudes,  e  obras 
4le  Mifericordia.  Lisboa  por  Jorge  Rodrigues 
1627.  16.  et  ibi  por  Joaõ  Alvares  de  Lcaõ 
16  j  7.  16.  et  ibi  por  Domingos  Carneiro 
1679.   '^* 

Tradufio  da  lingua  italiana  do  Padre 
j  Lucas  Pinello  da  Companhia  de  JESUS  na 
Portugueza  as  duas  feguintes  obras. 

Hijioria  da  Vida  da  Virgem  Maria  Senhora 
Nojfa  tirada  dos  Santos  Padres  com  Jms  medi- 
/afoens,  e  acrecentada  com  Oraçoens,  e  Ladainhas, 
milanês  da  mejma  Virgem.  Lisboa  por  Antó- 
nio Alvares.  1626.  16.  et  ibi  pelo  dito  Impref- 
Ibr  163 1.  12  et  ibi  por  Domingos  Carneiro 
1679.   '2* 

Difciplina  Clauftral  em  praãica,  e  exercido 
dos  aãos  da  vida  reli^osa  para  os  faf(er  com  ef- 
pirito,  e  devaçaõ.  Lisboa  por  Giraldo  da  Vinha. 
1627.  16. 

Mandou  imprimir,  e  o  dedicou  a  Fr. 
Pedro  Fragofo  Carmelita. 

Officiiim  qidnque  Plagarum  Chrifii  Domini 
a  D.  Bonaventttra  concinnatum.  UlyíTipone  apud 
Antonium  Alvares  1627.  24. 

P.  ANTÓNIO  DE  VASCONCEL- 
LOS  Naceo  em  Lisboa  fendo  feus  Pays 
Bartholameu  Froes  Pereíbrello  Fidalgo  da 
Cala  Real  Efcrivaõ  da  Fazenda,  e  do  Af- 
fentamento,  e  D.  Sueyra  de  Vafconcellos. 
Na  idade  de  dezefeis  annos  deixou  o  mun- 
do, e  abraçou  o  IníUtuto  da  Companhia  de 
JESUS  no  Collegio  de  Évora  a  13.  de  Se- 
tembro de  1570.  Foy  iníigne  na  lingua  La- 
tina, e  humanidades,  e  naõ  menos  perito 
nas  fciencias  efcolaílicas  que  diílou  na  Uni- 


veríidade  Eborenfie  onde  depois  foy  Pce- 
feito,  e  Reytor.  Para  o  miniftcrio  do  Púlpi- 
to teve  natural  génio  onde  fempre  foy  ou- 
vido com  atenção  e  applauío.  Governou  a 
Cafa  profefTa  de  Faro  que  depois  fe  ttanf- 
ferio  para  Collegio,  os  Collegios  de  Por- 
talegre, e  do  Porto,  e  ultinumente  foy  Ví- 
fitador  das  Ilhas.  Os  últimos  dez  annos  que 
precederão  à  fua  morte,  tolerou  com  invic- 
ta paciência  as  dores  da  gota  que  o  tiveraõ 
fempre  prezo  na  cama,  e  quando  lhe  per- 
mitiaõ  alguma  paufa  occupava  o  tempo  em 
compor  os  livros  com  que  illuílrou  naõ  fo- 
mente a  fua  Pátria,  mas  toda  a  Republica 
litteraria.  Morreo  em  Évora  a  12.  de  Julho 
de  1622.  com  68.  annos  de  idade,  e  52.  de 
Religião.  Dcllc  fazem  mençaõ  Maced.  in 
Propugn.  hufit.  Gallic.  ad  art.  3.  chamando-lhe 
anthorem  gravijftmum,  e  na  pag.  174.  mafftijudidj 
et  prifci  nitoris  fcriptorem.  Telez  Chron.  da 
Companh.  de  Prov.  de  Port.  Part.  2.  liv.  4.  cap. 
28.  n.  3.  Keligiofo  de  muita  authoridade,  e  letras 
como  tejlificaõ  fuás  obras,  que  deixou  imprefjas. 
Souf.  de  Maced.  ¥lor  de  Efpan.  Cap.  8.  Excel. 
9.  Fuè  otrofi  Hijloriador  excelente  el  Padre  An- 
tónio de  Vajconcelos.  Alegamb.  in  "Rib.  Socitt. 
p.  87.  Vir  ob  infignem  doãrinam,  religionem, 
et  generis  claritatem  in  luufitania  notijftmus. 
Franc.  Imag.  da  Virtud.  em  o  Novidad.  de 
Bvor.  pag.  855.  e  no  Synopf.  Annal.  in  Lujitan. 
pag.  235.  Fonfec.  Evor.  glorio/,  pag.  427. 
Joan.  Soares  de  Brit.  in  Theatr.  hujit.  Utter. 
lit.  A.  n.  126.  Francken.  in  Bib.  Hifpan.  He- 
rald. Geneal.  pag.  411.  Girard.  Diar.  Part.  3. 
a  12.  de  Giulio  D.  Francifco  Manoel  na  Carta 
ejcrita  ao  D.  Themudo  que  he  a  i.  da  4.  Cen- 
tur.  delias.  P.  D.  Emman.  Caietan.  de  Soufa 
in  Exped.  Hifpan.  S.  Jacobi  Tom.  2.  pag.  1306. 
Compoz. 

Anacephalaofes,  id  efl  fumma  Capita  aão- 
rum  Kegum  Ljdjitania. 

Defcriptio  Regni  Luftani  cum  compendio 
rerum  illuflrium,  quee  in  eo  vifuntur  tam  ad  bu- 
manum   cultum  fpeãantium,    quam   ad  divinum. 

Philippi  II.  Luf fanica  expeditio.  An- 
tuerpias  apud  Petrum,  et  Joannem  Belle- 
ros.  1621.  4.  Hoc  opus  (faõ  palavras  de  Ma- 
noel Sueyro  Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem 
de  Chrifto,  e  Senhor  de  Voorde  na  Dedica- 
tória  que   fez   à   Mageftade   de   Filippe  IV. 


412 


BIB  LIO  THE  CA 


Rey  de  Caílella)  fore  confido  gratius  Majejlaíi 
veftra  quod  brevibus,  elegantijftmifque  elogiis  exor- 
natíim  fit  a  P.  António  de  Vafconcellos  è  So- 
cietate  Jefu  ob  injignem  doãrinam,  religionis, 
et  generis  claritatem  in  L,ujttania  notijftmo,  nuper 
etiam  in  celebri  Eborenji  Academia  ab  Henrico 
Rege  excitata  non  fine  magna  laude  Keãorem 
gejftt,  qui  etiam  alia  opera  molitur  propediem 
in  lucem  proditura,  qua  ingenij  felicitatem,  et 
in  Deum  pietatem  facile  indicabunt. 

Tratado  do  Anjo  da  Guarda  i.  Varte.  Évora 
por  Francifco  Simoens  1621.  4. 

Varte  2.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck. 
1622.  4.  Quod  opus  (diz  o  P.  Franc.  in  Anno 
glorio/,  S.  J.  in  Lufitan.  pag.  385.)  multum 
ofiendit  tum  ejus  pietatem,  tum  Jacram  eruditio- 
nem. 

Kelaçaõ  da  Perfeguiçaõ  do  Japaõ  pelos  annos 
de  1588.  e  1589.  Deíla  obra  faz  mençaõ  o 
Licenciado  António  de  Leaõ  na  Bib.  Orient. 
Tit.  8.  pag.  36. 

ANTÓNIO  VAZQUES.  Naceo  em  Por- 
tugal, e  querendo  renacer  para  Deos  entrou 
em  Madrid  na  Religião  dos  Clérigos  Meno- 
res cujo  Inftituto  obfervou  com  fumma 
exacçaõ.  Foy  muito  douto  nas  letras  Sagradas, 
e  profanas,  e  muito  fciente  na  lingua  Italiana. 
Pello  grande  affefto  com  que  venerava  àquelle 
raro  exemplar  do  Eftado  Clerical  S.  Filippe 
Neri,  efcreveo  com  bom  eílilo. 

San  Filippe  Neri.  Epitome  de  fu  vida  delo 
que  delia  han  ejcrito  authores  diverjos.  Madrid 
por  Gregório  Rodrigues  165 1.  4. 

Traduzio  de  Italiano  de  D.  Agoftinho 
Mafcardi  em  Caftelhano. 

1m  conjuracion  dei  Conde  Jmn  Lmíz  Fiefco. 
Madrid.  1640.  4. 

Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifpan.  Tom.  2.  pag. 
283.  efcreve  que  também  compuzera. 

Vida  do  Papa  Alexandre,  naõ  declarando 
qual  fora;  e  com  outro  nome. 

Vida  do  Capuchinho  Ef coces. 

ANTÓNIO  VASQUES  DE  CHAVES 
cujo  appellido  indica  a  fua  pátria  que  he  a 
Villa  deíle  nome  íituada  na  Província  de 
Trás  dos  Montes,  e  forte  Praça  de  Ar- 
mas. Foy  celebre  profeíTor  de  Jurifpruden- 
cia  como  o  acclamaõ  Nic.  Ant.  in  Bib.  Hif- 


pan. Tom.  I.  pag.  129.  Joan.  Soar.  de  Brito 
in  Theat.  iMfit.  Eitter.  lit.  A.  n.  127.  e  D. 
Francifco  Manoel  na  Carta  dos  Author.  Portug. 
ejcrita  ao  Doutor  Manoel  da  Fonjeca  Themudo 
que  he  a  I.  da  4.  Centúria.    Compoz. 

Biformis  traãatus  de  ujucapione,  et  prafcrip- 
tionibus  ad  Interpret.  C.  fi  diligenti  de  PraJ- 
criptionibus  et  exaãionibus,  et  de  exaãione,  et  re- 
petitione  dotis.  Madriti  apud  Andream  dela. 
Parra,  et  Gafparem  Garcia.  1617.  4. 

ANTÓNIO  DA  VEYGA  natural  de 
Villa- Viçofa,  Cavalleiro  da  Ordem  Mili- 
tar de  Malta,  onde  depois  de  ter  exercita- 
do diverfos  lugares  com  grande  credito  da 
fua  Peííoa  foy  Secretario  do  Graõ  Meílre,. 
e  poííuhio  huma  rendofa  Commenda.  Como 
era  ornado  de  viva  comprehenfaõ,  e  rara 
habilidade  fez  admiráveis  progreíTos  em  todas 
as  Artes  dignas  de  hum  CavaUiero  fendo 
iníigne  Humaniíla,  grande  Geometra,  e  Ma- 
thematico,  excellente  Poeta,  Muíico,  e  Tan- 
gedor  de  todo  o  género  de  inílrumentos 
de  tal  forte  que  compunha  a  letra,  e  poíla 
por  elle  em  Solfa  a  cantava  com  fumma  graça^ 
e  deílreza.  Vivia  em  Torres  Vedras  no  anno 
de  161 8.  quando  já  contava  a  proveâa  idade] 
de  75  annos.    Compoz. 

Tercetos  em  repofia  de  hum  Panegírico  que\ 
lhe  dedicarão.    Começavaõ. 

O  dextro  canto  da  Sonora  Eyra. 
Acabavaõ. 

Em  quanto  prevenis  o  heróico,  e  grave 

Delle  faz  honorifica  mençaõ  Francifco! 
de  Moraes  Sardinha  no  Pamaf.  de  VillaA 
Viçofa  liv.  2.  cap.  59.  e  no  Uv.  3.  traz  tres.j 
Sonetos  que  começaõ. 

Debaixo  defta  pedra  trifte,  e  efcttra. 

Fermofa  Júlia  mais  que  a  branca  Kofa. 

Apenas  a  quieta  noute  cobre. 
Intentava  fahir  com  hum  Poema  em  8.  Ri- 
ma, mas  naõ  teve  eífeito  como  efcreve 
Joaõ  Franco  Barreto  na  Biblioth.  Eufitana 
M.  S. 

Fr.  ANTÓNIO  VEL.  Naceo  em  Lis- 
boa. Foraõ  feus  Pays  Joaõ  Vel  de  na- 
ção Flamengo,  e  Beatriz  Bacaler  natural 
deíla  Corte.  Abraçou  o  Sagrado  Inftituto 
da  Ordem  dos  Pregadores  onde  depois  de 


l 


L  USITANA. 


413 


fer  CoUegial  do  CòU^gk)  de  Saoto  Tho- 
maz  de  Coimbra  diâou  Artes,  e  Theolo- 
gia  em  Évora  por  cuja  liçaõ  foy  Medre  da 
Ordem,  Qualificador  do  Santo  Ofíicio  crea- 
(io  cm  II.  de  Mayo  de  i6)o.  e  Pregador  de 
{<rande  nome  como  o  intitula  Fr.  Pedro  Mon- 
tei r.  no  ClaiijL  Dom.  Tom.  5.  pag.  166.  e  o 
Doutor  Manoel  Rodrigues  Ixytaò  no  Tratad. 
Analytic.  Apolog*  pag.  185.  na  margem  n.  400. 
lhe  chama  maffia  auíhonta/is,  el  eriíditioiíis 
virum.    Imprimic). 

SermaÕ  pregado  nas  lixeqnias,  que  o  Tri- 
htmal  do  Santo  Officio  fe:;^  na  morte  do  llliijlrijfwio 
Uiqttifidor  Geral  D.  brancifco  de  Caftro  em  50. 
de  janeiro  de  16 j  3.  no  Convento  de  S,  Dominjips 
de  Évora.  Lisboa  na  OHícina  Crasbecckiana. 
1654.  4. 


P.  ANTÓNIO  VELEZ  filho  de  Joaõ  Lo- 
,  c  Maria  Velez.  Naceo  na  Cidade  de  Por- 
igrc,  c  na  de  Coimbra  abraçou  o  Inílituto 
a  Companhia  de  JESUS  a  9.  de  Janeiro  de 
1569.  quando  contava  vinte,  e  três  annos  de 
idade.  Foy  dos  celebres  humaniílas  do  feu 
tempo,  e  naõ  menor  Poeta,  e  Orador.  Por  fete 
annos  continues  diftou  Rhetorica,  três  Theo- 
logia  Moral,  e  fete  exercitou  o  minifterio  de 
Prefeito  da  Univerfidade  de  Évora  aonde 
morreo  a  20.  de  Março  de  1609.  Com  grandes 
elogios  exaltaõ  o  feu  nome  Alegamb.  in  Bib. 
Societ.  pag.  87.  Franc.  in  Ann.  glorio/.  S.  J. 
jn  hujit.  pag.  163.  et  in  Synopf.  Annal.  S.  J. 
jn  Ljtfit.  pag.  199.  Joan.  Soar.  de  Brit.  in 
Theat.  Ijífit.  Litíer.  lit.  A.  n.  128.  Petr.  Angel. 
Sper.  de  Grammat.  Profef.  lib.  4.  pag.  486. 
Fonfec.  Evor.  Glorio/,  pag.  427.  P.  Anton. 
dos  Reys  in  Enthnjia/m.  Poet.  n.  141.  Compoz. 
Commentariíim  in  Emmanuelis  Alvari  Gram- 
maticam  Latinam,  Eboras  apud  Emmanuelem 
de  Lyra.  1 599.  4.  cuja  obra  chama  erudita  Nicol. 
Ant.  in  Bib.  Hi/p.  Tom.  i.  pag.  130. 

Ordenou  a  Arte  do  P.  Manoel  Alva- 
res na  forma  como  agora  fe  uza  nas  efco- 
las  acrecentandolhe  a  Syllaba  que  lhe  fal- 
tava, e  no  fim  hum  Diccionario  de  Nomes, 
Verbos;  e  o  que  he  mais  digno  de  eftima- 
çaõ  reduzindo  a  elegante  metro  todos  os 
preceitos  Grammaticos  com  tal  primor 
^  ^^  /n/pen/aõ  a  todos  (como  efcreve  o 
P.   António    Franco    na   Imagem    da    Virtud. 


em  o  NovU.  dt  Coimb.  Tom«  2.  pag.  613.)  os 
qm  entendem  da  /acuidade,  pela  qual  obra  pode 
com  re^aÕ  /er  o  Padre  Velez  contado  por  hum 
dos  melhores  Poetas  Latinos, 

Vida  do  P.  Gonçalo  da  Sylveira  martirizado 
em  Monomotapa.  compofto  em  verfo  que  fe 
naò  imprimio.  Deíla  obra  fazem  mençaô 
I^nnco  no  lugar  proximamente  allegado,  e 
I'onfcca  na  Uvor.  Glor.  p.  427.  Deixou  mais 
compofto. 

Orthoff-aphia. 

De  Nominibus  Nominalibus. 

ANTÓNIO  VELES  CALDEIRA  na- 
tural da  Cidade  de  Portalegre  na  Província 
do  Alentejo,  filho  do  Doutor  Pedro  Carrei- 
ras celebre  Advogado  na  fua  Pátria,  e  de 
Izabel  Velez  Caldeira.  Foy  Cavalleiro  pro- 
fcíTo  da  Ordem  de  Chrifto,  Desembargador 
da  Cafa  da  Supplicaçaõ  de  que  tomou  poíTe 
a  23.  de  Mayo  de  1669.  ornado  de  profundo 
talento,  pcrfpicaz  juízo,  e  natural  difcriçaõ 
igualmente  perito  na  pureza  da  lingua  Latina, 
e  noticia  das  letras  humanas,  como  na  pene- 
tração dos  myfterios  da  Jurifprudencia.  Todos 
eftes  dotes  o  habilitarão  para  fer  eleito  Secreta- 
rio da  Embaxada  que  no  anno  de  1670.  man- 
dou o  Princepe  D.  Pedro  Regente  defta  Mo- 
narchia  pelo  Marquez  das  Minas  D.  Francifco 
de  Soufa  à  Santidade  de  Clemente  X.  nova- 
mente aíTumpto  ao  Sólio  do  Vaticano  em  cuja 
prezença,  e  de  todo  o  Collegio  Apoftolico  re- 
citou em  22.  de  Mayo  de  1670.  a  Oraçaõ  Obe- 
diencial  em  nome  do  mefmo  Embaxador  com 
tanta  elegância  da  fraze,  e  viveza  da  reprefen- 
taçaõ  que  deixou  fufpenfos  a  todos  os  Expeâa- 
dores  como  fielmente  declara  a  Relação  Ita- 
liana eftampada  em  Roma  que  fe  fez  defta 
Embaxada  a  pag.  35.  nefta  forma.  Fatto  mi- 
ver/ale  Jilen  tio  Ji  udiva  per/et tamente  offii  exprejfwne 
delia  Oratione  che  concepita  in  termini  ben  compofti, 
Jle/a  con  ca/la  /ra^e,  e  /ublime  eloquen^a,  e  cir- 
con/crita  de  lie  veri  legi  delia  per/et  ta  Oratória  hora 
/eminando  fiori  retorici,  hora  racogliendo  /rutti  di 
/odijjime  riflejfioni,  recitate  con  intrepide^a,  gefto 
liberale,  e  compofto,  ri/petto,  e  amare  che  /pic- 
cavano  delle  parole,  e  dal  volto,  hebbe  Vuni- 
ver/ale  accetatione  di  tutti,  e  /ece  ri/orgere 
i  roftri  Komani  nel  Vaticano.  Em  melhor 
lingua,    e    com    mais    eloquente     expreíTaõ 


414 


BIB  LIOTH  E CA 


o  cantou  a  fublime  Muza  do  P.  Fr.  Fran- 
cifco  de  Santo  Agoílinho  Macedo  Vot.  Poet. 
in  Triumphal.  Pomp.  Excellent.  D.  D.  Fran- 
cifci  de  SouJ.  March.  Minar. 

=  DixH 

Pro  rojlris  Veles  Caldeira  Antonius,  ille 
Regius  à  Sou/a  fecretts,  áurea  fandi 
Copia    cui,    geftujque    decor,    vox    plena,    La- 
tina 
Diãio,  Romano  facúndia  digna  Theatro. 
Audires  flores  Hortenfl,  et  lumina  CraJJi, 
Gracchorum    nervos,    Ciceronis   fulmina:    punc- 

tum 
Omne  tulit,  docuit,  recreavit,  fuafit,  et  ar  tis 
Explevit  números:  cunãi  Jlupuére  tonantem. 

A  oraçaõ  fahio  impreíTa  com  efte  titulo. 

Pro  folemni  obedientia  quam  prafiitit  Sanc- 
tijjimo  D.  N.  Clementi  X.  nomine  Sereniflimi 
PortugallicB,  et  Algarhiorum  Principis  Petri  ejus 
legatus  Excellenfijftmus  D.  Francifcus  de  Soufa 
Marchio  de  Minas  oratio  habita  in  publico  Con- 
Jijiorio  22.  Maij  anni  1670.  Romae  ex  Typo- 
graphia  Vareíij  1670.  4. 

Foy  traduzida  em  Portuguez  com  o  titulo 
feguinte. 

Oraçaõ  na  folemne  Embaxada  da  Obediên- 
cia que  em  nome  do  Sereniflimo  Princepe  D.  Pedro 
Governador  dos  Rejnos  de  Portugal,  e  dos  Algar- 
ves  deu  o  feu  Embaxador  Extraordinário  o  Exce- 
lentijfimo  Senhor  D.  Francifco  de  Soufa  Marque:^^ 
das  Minas  ao  noffo  Santijflmo  Padre  Clemente  X. 
feita  em  Conjiftorio  publico  em  22.  de  Majo 
de  1670.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal. 
1671.  4. 

Reílituido  ao  Reyno  confervou  a  fa- 
ma, que  deixara  em  Roma,  do  feu  talento 
nos  lugares  de  Dezembargador  dos  Aggra- 
vos  de  que  tomou  poíTe  a  17.  de  Dezembro 
de  1672.  Procurador  da  Coroa  a  4.  de  No- 
vembro de  1677.  e  Juiz  da  Coroa  a  26.  de 
Março  de  1678.  Morreo  em  huma  quinta 
junto  de  Lisboa  a  15.  de  Mayo  de  1689.  e 
eílà  fepultado  no  Convento  de  N.  Senhora 
da  Penha  de  França.  Foy  cazado  com  D. 
Francifca  Mayor. 

P.  ANTÓNIO  VELOZO  natural  de 
Braga  donde  com  beneplácito  de  feus  Pays 
Amaro  Fernandes,  e  Catherina  Antónia, 
recebeo   em   Coimbra   a   Roupeta   da   Com- 


panhia de  JESUS  a  2.  de  Setembro  de  1615. 
em  idade  de  defefete  annos.  Navegou  à  ín- 
dia, e  no  CoUegio  de  Cochim  depois  de  ler 
Theologia  efpeculativa  muitos  annos  foy 
Reytor  da  mefma  Cafa  exercitando  no  fim 
deíle  miniílerio  o  de  Procurador  Geral  das 
Províncias  Orientaes.  Teve  grande  génio 
para  a  Cadeira  como  para  o  Púlpito  naõ  fen- 
do menos  perito  na  Uçaõ  da  hiíloria  fagrada, 
e  profana.    Imprimio 

Sermão  funeral  nas  exéquias,  que  o  Real  Col- 
legio  da  Companhia  de  JESUS  de  Coimbra  ce- 
lebrou ao  Serenijftmo  Princepe  de  Portugal  D.  Theo- 
dofio  em  17.  de  Junho  de  1653.  Lisboa  por  Paulo 
Crasbeeck  1653.  4. 

De  Primatu  Ecclejia  Bracharenjts  cuja  obra 
louva  muito  Jorge  Cardofo  no  AgioL  hujit. 
Tom.  2.  pag.  727.  dizendo,  que  tem  efgotado  a 
matéria  com  igual  credito  feu,  que  de  Braga  fua  pátria. 

De  Jujlitia,  (Ò"  Jure.  foi  M.  S.  Eílava  prompto 
efte  Tratado  para  a  ImpreíTaõ  como  affirma 
Joaõ  Franco  Barreto  na  Biblioth.  Eujtt.  M.  S, 

ANTÓNIO  VELOZO  DE  LIRA  na- 
tural de  Villa-Nova  de  Calheta  na  Ilha  da 
Madeira  onde  naceo  em  14.  de  Junho  de  161 6. 
Foy  filho  de  Manoel  Dias  de  Lira,  e  de  fua 
mulher  D.  Mecia  Rodrigues  do  Couto.  De- 
pois de  eíhidar  as  Letras  Humanas  na  pátria 
paíTou  a  Salamanca  onde  aprendendo  Filofofia, 
e  Theologia  recebeo  o  Grào  de  Doutor  neíla 
faculdade.  Ainda  aíTiftia  neíla  Univerfidade 
quando  foy  acclamado  o  SereniíTimo  Rey  D. 
Joaõ  o  IV.  e  tanto,  que  teve  Princepe  natural 
fe  reftituhio  a  eíle  Reyno  fendo  caufa  de  que  o 
feguiíTem  nefta  fiel  refoluçaõ  todos  os  Por- 
tuguezes,  que  eíludavaõ  naqueUa  Univer- 
fidade. Pelas  fuás  letras  foy  Cónego  Magif- 
tral  da  Sè  do  Funchal,  e  Governador  do 
Bifpado  por  nomeação  do  Bifpo  D.  Fr.  Jozè 
de  Santa  Maria.  Foy  muito  douto  em  todo 
o  género  de  eftudo  como  o  publicaõ  os  di- 
verfos  argumentos  das  fuás  obras.  Morreo 
na  Cidade  do  Funchal  a  3.  de  Janeiro  de 
1691.  e  eílà  fepultado  na  Capella  Mòr  da 
Cathedral  da  mefma  Cidade.  DeUe  fe  lem- 
bra com  naõ  pequeno  louvor  Henrique 
Henriques  de  Noronha  nas  Mem.  Secul.  e 
Ecclejiajl.  da  Diocef.  do  Funchal.  Tit.  3.  cap. 
10.  M.  S.  e  o  P.  D.  Man.  Caet.  de  Souf. 


1 


L  USITANA. 


4i5 


/  llifpan.  S.  Jacob.  Tom.  i.  pag.  1506. 

liipiimio  quando  tinha  vinte  c  fcis  annos  de 

1(1.11  Ic. 

lífpelbo  de  Ltifitanos  em  o  criflal  do  Pfal- 
mo  4^.  eu/a  vijla  em  Jumma  reprefenta  efle  Keyno 
em  três  Eflados.  O  i .  de/de  Jeus  princípios  com 
todas  as  felicidades,  e  grandezas  fitas  a  ti  a  morte 
ÂelKey  D.  JoaÕ  o  III.  O  1.  as  calamidades,  e 
jnforttmlos  começados  em  li/Rey  D.  SebafllaÕ,  e 
4ontimmàos por  todo  o  jipverno  Caflelhano.  O  ^.  cf- 
iado  as  maravilhas  obradas  por  Deos  em  a  fell:^ 
/tcclamaçaõ,  e  reftattraçaò  delRey  N.  S,  D.  JoaÕ 
<o  IV.  com  os  mais  raros  cafos  nella  fuccedldos 
<ajjím  em  efle  Keyno,  como  em  Caflella.  Lisboa 
por  Paulo  Crasbceck  1643.  4* 

Politica  Chrlfllana  dirigida  a  Filippc  IV. 
<lc  Caftclla.  Tratava  do  milagrofo  fucceíTo 
■com  que  Deos  livrou  a  Mageftade  delRey 
D.  JoaÕ  o  IV.  em  dia  de  Corpus.  M.  S.  Eftava 
jú  com  as  licenças 

Zodlacus  Ecclejia  no  qual  reduzia  todos 
os  Evangelhos  do  anno  a  doze  Domingos 
cm  que  fe  celebra  a  memoria  de  Chriílo  Sa- 
cramentado com  vários  difcurfos.  M.  S. 

Stella  matutina  In  médio  nebula.  Nefte  tra- 
tado explicava  todas  as  figuras,  que  fymbo- 
lizaraõ  a  Maria  SantiíTima  defde  o  Genefis 
atè  o  Apocalypfe.  M.  S. 

Domusfaplentue  dividida  em  fete  Aulas  onde 
■defde  a  hora  de  Prima  em  que  Deos  he  o  pri- 
meiro Lente  difcorre  por  varias  idades,  e  Mef- 
tres,  que  teve  a  Theologia  Sagrada  atè  noflbs 
tempos  concluindo  com  a  viltima  Gideira  de 
Theologia  Myftica  de  que  era  Lente  S.  Joaõ 
Lvangeliíla.  M.   S. 

Phllofofia  mtita.  Por  modo  de  Dialogo  ref- 
ponde  efta  fciencia  às  preguntas  da  curiofidade 
inquirindo  fobre  tudo  o  natural,  de  que  fe  fe- 
gue  o  bufcar  o  verdadeiro  fim,  que  he  Deos, 
naõ  fó  corporal,  mas  efpiritualmente.  M.  S. 

GloJJa  fobre  os  Evangelhos  na  qual  trata  maté- 
rias muito  curiofas  com  expofiçoens  myfticas. 
M.   S. 

Antiguidades  da  Ilha  da  Madeira  intituladas 
Campus  ubl  Troyafult.  Prompto  para  a  Impref- 
faõ  no  anno  de  1658.  quando  o  Author  tinha 
41.  de  idade. 

ANTÓNIO  VELHO  DE  GÓES.  Naceo 
na  Cidade  de  Elvas  da  Provinda  Tranftagana  a 


2.  de  Março  de  1670.  fendo  filho  de  Manoel 
Velho,  e  Luiza  Góes  de  Andrade.  Depois  de 
receber  o  Gráo  de  Meftre  em  Artes  na  Univer- 
fidade  de  Évora  curfou  dous  annos  a  faculdade 
da  Theologia.  Foy  Prior  Encomendado  na 
Igreja  de  N.  Senhora  da  Conceição  de  VíUar 
-Viçofa,  e  Capellaõ  Mòr  do  Exercito  da  Pro- 
víncia do  Alentejo.  Morreo  a  26.  de  Janeiro  de 
1754.  De  alguns  Sermoens,  que  pregou  fo- 
mente publicou  o  feguinte. 

SermaÕ  de  Santa  Rita  de  Cajfm  Keligfofa  da 
Ordem  de  Santo  Agofllnho  em  acçaõ  de  grafas,  que 
prometeo,  e  mandou  celebrar  pelo  bom  fucceffo  do 
fltlo  de  Campo-Major  a  Senhora  D.  Lul:(a  Clara 
d»  Meneses  mulher,  que  foy  do  Senhor  Comes  Freyre 
de  Andrade,  e  hoje  recolhida  em  o  Convento  de 
Santa  Cruv^  de  Vllla-Vlçofa,  e  nelle  pregado  na 
fegunda  Dominga  do  Advento  do  anno  de  ijii.  Lis- 
boa por  António  Pedrozo  Galraõ.   17 14.  4. 

ANTÓNIO  DE  VIANA  cujo  appcllido 
indica  fer  natural  defta  Villa.  Foy  inílgne 
Medico,  e  Cirurgião  cujas  Artes  exercitou  com 
os  Soldados  Efpanhoes,  que  andavaõ  embar- 
cados nas  galés  para  defender  as  coftas  de 
Efpanha  da  invafaõ  dos  Mouros,  e  no  Hofpi- 
tal  de  Sevilha  fundado  em  louvor  de  S.  Herme- 
negildo pelo  Cardeal  Joaõ  de  Cervantes. 
Imprimio 

Efpejo  de  Cirurgia:  Vrlmera parte en três exer- 
cltaclones  de  Theorlca  y  praãlca  que  tratan  de  los 
tlempos  dei  apoflema  fangulneo.    Lisboa  163 1.  4. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  VICENTE 
chamado  no  Século  António  Lopes  do  Quen- 
tal naceo  em  Santarém  donde  fe  aufentou 
para  Itália,  e  infpirado  fuperiormente  re- 
cebeo  a  CoguUa  Ciílercienfe  da  reformada 
Congregação  de  S.  Bernardo  no  Con- 
vento de  S.  Carlos  de  Nápoles  em  24.  de 
Julho  de  1641.  Foy  hum  dos  mais  authori- 
zados  Monges,  que  floreceraõ  naquella 
Comunidade  aíTim  na  profundidade  das  le- 
tras, como  no  exercido  das  virtudes  occu- 
pando  as  horas  vagas  da  obrigação  de  Reli- 
giofo  em  diverfos  eíhidos  como  o  manifef- 
taõ  as  obras,  que  compoz  dignas  certamente 
da  luz  publica.  Morreo  no  Mofteiro  de  S. 
Nicolào  da  Gdade  de  Santo  Angelo  da  Dio- 
cefe    Pignena    em    o    anno    de    1672.     Na 


4i6 


B IB  LIO  THE  CA 


famofa  Bibliotheca  de  Santa  Pudenciana  em 
Roma  fe  confervaõ  M.  S.  as  feguintes  obras. 

Vida  de  Santa  Romana  efcrita  em  S.  Syl- 
veftre  de  Monte  Oreíle  anno  1652.  foi. 

Scholia  in  Conjlitutiones  Monachorttm  S.  Ber- 
nardi  reformatar  um  cum  appendice.  foi. 

Appendix  ad  traãatum  de  opinione  proba- 
hili  in  quo  rejpondetur  dilucide,  (ò"  juxta  lógica 
regulas  ad  opujcula  IlluJiriJJimi  Fagnani,  (ò'  Ma- 
rinarij  circa  ujum  prohahilitatis  valde  à  veritate 
errantium:  mens  authoris,  d^  operis  fcopus.  foi. 

Traãatus  aliquot  dúbia  circa  materiam  de 
celebratione  Mijfarum  compleãens.  foi. 

Martjrio  di  S.  Bernardo  Abbate  di  Clara- 
valle  anno  1666.  4. 

Difcurfus  Theologicus  circa  quamdam  ordina- 
tionem,  (&  cenjuram  nuper  miffam  à  Keverendif- 
Jimo  Abbate  Generali  ad  Monajleria  nojlra  Con- 
gregationis  anno  1667.  foi. 

Summarium  totius  fcriptura.  foi. 

Deixou   outras  muitas   obras  imperfeitas. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  S.  VICENTE 
Religiofo  Eremita  de  Santo  Agoftinho  cujo 
Habito  profeíTou  no  anno  de  1600.  e  no  de 
1620.  partio  para  a  índia  onde  com  igual 
zelo,  que  fruto  exercitou  o  fagrado  minifte- 
rio  de  MiíTionario  principalmente  no  Rey- 
no  de  Gorgiílaõ.    Efcreveo. 

Memorial  das  coufas  dejle  Rejno.  foi. 
M.  S. 

ANTÓNIO  VIEIRA  natural  de  Vil- 
la-Viçofa.  Aprendeo  a  Arte  da  Mufica  com 
o  iníigne  Meílre  Manoel  Rebello,  e  che- 
gou a  competir  com  elle  na  excellencia 
defta  faculdade  da  qual  foy  Meílre  na  Igre- 
ja do  Loureto,  e  da  Cafa  da  Mifericordia  de 
Lisboa  donde  paíTou  a  exercitar  o  mefmo 
miniílerio  na  Villa  do  Crato  na  qual  morreo. 
Compoz  diverfas  obras,  que  faõ  muito  eíli- 
madas  pelos  profeíTores  da  Muíica  fendo  as 
principaes 

Mijfa  do  I.  Tom  a  iz.  vo^es. 

Miferere  a  8.  vo;(es  de  8.  Tom. 

Dixit  Dominus  a  8.  do  i.  tom  com  inílru- 
mentos 

Beatus  vir  a  12.  do  i.  tom 

Lauda  Hyerufalem  Dominum  a  8.  de  8. 
tom 


Motete  Pater  peccavi. 

Motete  de  Defuntos  Domine  quando  veneris^ 
Todas  eílas  obras  fe  confervaõ  na  Biblio- 
theca Real  da  Mufica  como  coníla  do  Index 
delle   impreflb   em   Lisboa   por   Paulo   Cras- 
beeck  1649.  4*  grande. 

P.  ANTÓNIO  VIEYRA  hum  dos  mais 
famozos  Varoens  que  produzio  Portugal  naceo 
na  Cidade  de  Lisboa  a  6.  de  Fevereiro  de  1608. 
e  em  15.  foy  bautizado  na  Igreja  Cathedral 
em  cuja  Pia  recebera  a  primeira  graça  o  infigne 
Thaumaturgo  Santo  António  .  Logo  na  pue- 
rícia fe  admirou  a  perfpicacia  do  juizo,  e  fubli- 
midade  do  talento  com  que  a  natureza  pro- 
digamente o  dotara  refpondendo  com  taõ 
difcreta  promptidaõ  ao  que  fe  lhe  preguntava, 
que  eraõ  veneradas  as  fuás  repoftas  como  fen- 
tenciofos  apothemas.  Na  tenra  idade  de  fete 
annos  partio  com  feus  Pays  Chriftovaõ  Vieyra 
Ravafco,  e  D.  Maria  de  Azevedo  para  a  Bahia 
Capital  da  America  Portugueza  onde  obede- 
cendo à  divina  vocação  defprezou  heroica- 
mente o  amor,  e  cafa  paterna  aufentando-fe 
furtivamente  delia  para  a  Companhia  de  JESUS 
em  cuja  fagrada  milicia  depois  de  repetidas 
inílancias  foy  aliftado  em  5.  de  Mayo  de  1623. 
quando  contava  1 5 .  annos  fazendo  a  ProfilTaõ 
Solemne  a  26.  de  Mayo  de  1644.  Defejofo  de 
illuítrar  com  o  feu  talento  a  Religião  de  que  era 
filho  fe  proílrou  deuotamente  na  prefença  de 
huma  Imagem  da  Virgem  SantiíTmia  fuppli-  ,fl 
cando-lhe  com  ferverofas  inílancias  o  fizeíTe  " 
digno  de  exercitar  o  miniílerio  de  Orador 
Evangélico,  e  para  manifeílo  argumento  do 
defpacho  deíla  fupplica  fentio,  que  fe  lhe  diíTi- 
pava  repentinamente  do  entendimento  huma 
fombra,  experimentando  daquelle  dia  por  dian- 
te penetrar  fem  dificuldade  os  myHerios  das 
fciencias  mais  profundas,  que  fielmente  depofi- 
tou  no  preciofo  thefouro  da  fua  memoria. 
Como  o  feu  engenho  era  agigantado  logo 
começou  a  frutificar  ao  tempo  de  florecer 
efcreuendo  de  defefete  annos  as  cartas  an- 
nuaes  do  Braíil  em  a  Lingua  Latina  com 
elegante  eílilo,  di£lando  no  feguinte  como 
Meílre  da  Primeira  aos  feus  domeílicos  as 
Tragedias  de  Séneca  eruditamente  iUuílra- 
das,  e  compondo  de  vinte,  hum  Commenta- 
rio  Literal,  e  Moral  fobre  Jofué,  e  outro  so- 


L  USITANA. 


417 


l)Tr       '  Ic  SalamaA  em  cinco  fentídos. 

l'<ti.i  iv  .....ii...  nas  fcicncias  efcolafticas  naA 
teve  outro  Mcílre  mais  que  a  fí  mefmo  com- 
pondo o  curfo  de  Fiiofofia,  e  Theologia  pelo 
qual  aprendeo  eílas  faculdades  cauíando  ao 
mefmo  tempo  enveja,  e  admiração  aos  mayo- 
res  profcíTores  delias  que  difputaíTe,  defendeííe, 
e  arguiíTc  com  profunda  fuhtilcza  nas  queílocns 
mais  difíceis  fcm  o  foccoro  de  inftruçaõ  alhea, 
mas  unicamente  pela  laboriofa  applicaçaõ  do 
feu  eíludo.  Admirados  os  Superiores  de  que 
nunca  fendo  difcipulo  foíTc  já  Mcftrc  confu- 
mado,  o  elegerão  com  maduro  confclho  l^nte 
efperando  que  da  fua  efcola  fahiíTem  iMeílres 
todos  os  fcus  difcipulos,  porém  naõ  teve  efeito 
efta  eleição  por  fcr  obrigado  a  acompanhar  a 
D.  Fernando  Mafcarcnhas  filho  do  Marquez 
de  Montalvão  Governador  do  Brafil  quando 
cm  nome  daquclle  Eílado  veyo  dar  obediência 
ao  Sereniffimo  Rey  D.  Joaò  o  IV.  novamente 
elevado  ao  trono  de  Portugal.  Tanto  que  che- 
gou à  Corte  no  anno  de  1641.  foy  recebido  por 
j^cfte  Monarcha  com  fingulares  demonílraçoens 
le  affefto,  e  certificado  occultamente  da  fua 
)rofunda  capacidade  naõ  fomente  o  elegeu 
feu  Pregador,  mas  lhe  cometeo  negócios  de 
iviíTimas  confequencias,  que  adminiílrou 
)m  igual  prudência,  que  fidelidade  affim  nas 
)rtes  de  Pariz,  e  Olanda  no  anno  de  1646. 
1647.  como  em  Roma  no  anno  de  1650.  ef- 
revendo  em  todas  eílas  negociaçoens  doutifli- 
los  Tratados  em  obfequio  do  feu  Princepe, 
zelando  como  verdadeiro  Portuguez  os  poli- 
tcos  intereíTes  delia  Monarchia  contra  as  cavil- 
>fas  máximas  das  outras  Coroas.  Entre  taõ 
iverfas  naçoens  por  onde  difcorreo  deo  claros 
timunhos  da  penetração  do  feu  juizo  adqui- 
ido  com  a  liçaõ  dos  livros  mais  raros  que 
ivolveu  nas  melhores  Bibliothecas,  e  com 
o  comercio  famiUar  dos  profeíTores  de  todo 
o  género  de  fciencias  tanta  copia  de  noti- 
cias que  era  refpeitado  como  Oráculo  da 
Sabedoria  Chriílaã,  e  Politica.  Com  igual 
gloria  da  Religião  Catholica  que  credito  da 
fua  profunda  fciencia,  convenceo  em  Amf- 
terdaõ  a  ManaíTes  Ben  Ifrael,  o  mais  iníigne 
Rabino  da  Synagoga,  e  em  Roma  trium- 
phou  da  impiedade  de  hum  Ateifta.  Naõ 
alcançou  menor  gloria  nas  continuas  difpu- 
tas  em  que  por  varias  vezes  altercou  com  os 


mais  doutos  Hereges»  que  com  apparentes 
fofírmas  queríaò  rebater  a  foUda  efficacia  dos 
feus  argumentos  contando  neíU  litteraría  cam- 
panha as  vitorias  pelas  difputas,  e  os  triumfos 
pelos  combates.  Soube  perfeitamente  as  lín- 
guas mais  polidas  da  Europa  fallando  a  Ita- 
liana, Franceza,  e  Efpanhola  com  proprie- 
dade, e  elegância:  principalmente  foy  íniígne 
na  materna  explicando  a  fublimidade  dos  feus 
conceitos,  e  a  fineza  dos  feus  difcurfos  com 
frazes  puras,  e  termos  próprios  fem  mendigar 
vocábulos  de  idiomas  eílranhos.  Foy  o  mayor 
Pregador  do  feu  tempo,  e  o  fera  com  enveja 
das  outras  naçoens  em  toda  a  poíleridade  veri- 
ficando em  fi  a  fabula  de  Hercules  Gallico 
pois  com  a  torrente  da  fua  áurea  eloquência 
atrahia  fuavemente  fufpenfa  a  atenção  dos 
feus  ouvintes.  Em  Roma  pátria  dos  Orado- 
res mais  famofos  fe  venerou  com  profundo 
refpeito  a  fublime  facúndia  da  fua  lingua,  e  ao 
mefmo  tempo  que  renovou  a  memoria  de 
Tullio,  lhe  diminuyo  a  gloria,  e  fepultou  o 
nome.  Neíla  grande  Corte  aonde  chegou 
fegunda  vez  por  ordem  delRey  D.  Pedro 
o  II.  a  16.  de  Novembro  de  1669.  pregou  os 
cinco  Difcurfos  das  pedras  de  David  na  pre- 
zença  da  celebre  Heroina  a  SereniíTima  Rainha 
de  Suécia  Chriílina  Alexandra,  que  como  outra 
Sabá  veyo  a  admirar  de  longe  a  difcreta  ele- 
gância deíle  Evangélico  Salamaõ,  fendo  as 
acclamaçoens,  e  applaufos  que  mereceo  deíla 
Princefa,  como  de  todos  os  Princepes  Eccle- 
fiaílicos,  e  Seculares  da  Cabeça  do  mundo 
pequeno  brado  à  fua  fama,  limitado,  premio  ao 
feu  talento.  Da  Oratória  Ecclefiaílica  teve  o 
principado  fallando  o  commum  com  íingula- 
ridade,  o  femelhante  fem  repetição,  o  vulgar 
com  novidade,  o  fublime  com  clareza,  e  o 
humilde  com  decoro,  fendo  difcreto  fem  afec- 
tação, copiofo  fem  redundância,  e  taõ  corrente 
o  eílilo  como  nacido  menos  da  arte,  que  da 
natureza.  Reprezentou  com  taõ  viva  energia, 
que  eraõ  efcufadas  as  palavras  por  ferem  elo- 
quentes as  acçoens.  Penetrou  com  profunda 
fubtileza  os  myílerios  mais  occultos  da  Sagrada 
Efcritura  que  toda  leu  por  diverfas  vezes  exa- 
minando as  fuás  mayores  dificuldades  com  as 
luzes  dos  Santos  PP.  e  Sagrados  Interpretes, 
em  que  foy  muito  verfado,  particularmente 
correndo  a  cortina  aos  Oráculos  dos  Profetas 


4i8 


BIB  LIO  THE  CA 


para  ferem  intelligiveis  os  feus  vaticínios.  Em 
todas  as  fciencias  foy  eminente,  fendo  infigne 
humaniíla,  confumado  Rhetorico,  e  elegante 
Poeta  vulgar,  e  Latino,  fubtil  Filofofo,  pro- 
fundo Theologo,  fublime  Efcriturario,  grande 
Chronologo,  e  completamente  douto  na  Hif- 
toria  Sagrada,  e  profana.  Ornado  de  tantos 
dotes  com  que  copiofamente  o  enriquecera  a 
divina  liberalidade  nunca  fe  defcubrio  no  feu 
animo  o  mais  leve  final  de  jaftancia,  antes  rece- 
bendo notáveis  honras,  e  eílimaçoens  de  muitos 
Princepes  aífim  naturaes,  como  eftranhos  naõ 
foraõ  poderofas  para  lhe  alterarem  a  humilde 
condição  do  feu  génio,  de  tal  forte,  que  efcre- 
vendolhe  em  12.  de  Setembro  de  1680.  o 
feu  Geral  Joaõ  Paulo  Oliva  de  eftar  eleito 
Confeílor  da  Rainha  de  Suécia  querendo  eíla 
Heroina  que  foíTe  o  feu  diredor  para  alcançar 
huma  Coroa  pela  qual  tinha  deixado  heroica- 
mente tantas,  fe  efcufou  com  fumma  modeítia 
de  minifterio  taõ  honorifico.  Toda  a  fua  am- 
bição era  da  gloria  divina,  e  naõ  da  humana 
deixando  por  ella  a  pátria,  e  o  declarado  aífeólo 
da  Mageílade  delRey  D.  Joaõ  o  IV.  partio 
para  o  Maranhão  a  procurar  com  indefeíTo 
trabalho  a  converfaõ  daquella  Gentilidade 
para  cuja  Sagrada  empreza  fe  obrigara  com 
voto  defde  a  idade  de  vinte,  e  fete  annos. 
Acompanhado  de  alguns  Varoens  Apoílolicos 
promovidos  do  feu  exemplo  chegou  ao  Mara- 
nhão a  22.  de  Novembro  de  1652.  onde  lan- 
çando os  primeiros  fundamentos  àquella  nova 
Miílaõ  de  que  era  o  Fundador,  foy  obrigado 
a  voltar  a  Portugal  a  16.  de  Julho  de  1653.  a 
folicitar  da  Mageftade  delRey  D.  Joaõ  o  IV. 
a  liberdade  dos  índios  como  totalmente  necef- 
faria,  e  conducente  para  a  fua  converfaõ.  Ven- 
cidos os  obftaculos,  que  contra  taõ  juiiificada 
reprezentaçaõ  fe  oppuzeraõ,  fegunda  vez  partio 
para  o  Maranhão  em  companhia  do  feu  novo 
Governador  André  Vidal  de  Negreiros,  fendo 
impoflivel  de  relatar  o  ardente  zelo  com 
que  pelo  efpaço  de  nove  annos  cultivou 
aquella  agreíle  vinha.  Para  converter  Gen- 
tios, doutrinar  Cathecumenos,  e  confervar 
Neófitos  vifitou  onze  vezes  as  Refidencias 
da  Miífaõ,  navegou  vinte,  e  duas  vezes  rios 
mais  extenfos  que  o  Mar  Mediterrâneo, 
difcorreo  a  pé  quatorze  mil  legoas  por  luga- 
res incultos,  fragofos,  e  folitarios,  tolerando 


exceíTivos  calores,  rigorofos  frios,  horroro- 
fas  tempeílades,  em  que  muitas  vezes  fe  vio 
quafi  engolido  das  ondas,  e  por  fuperior  auxi- 
lio livre,  e  falvo.  Em  beneficio  dos  novos 
convertidos  compoz  féis  Cathecifmos  em  diver- 
fas  linguas.  Levantou  defefeis  Igrejas  para 
cujo  ornato  difpendeo  mais  de  cincoenta  mil 
cruzados  fendo  tal  o  fervor  apoílolico  com 
que  enfinava  àquelles  bárbaros  o  caminho  da 
vida  eterna  que  parecia  fe  animavaõ  as  fuás 
palavras  do  efpirito  de  Paulo,  e  do  zelo  de 
Xavier.  A  taõ  laboriofa  cultura  correfpon- 
deo  abundãtemente  o  fruto,  pois  à  eficácia 
das  fuás  vozes  fe  converteu  infinita  multidão 
de  gentios  Inheigaras,  Tupinambas,  e  Poqui- 
guarás  habitadores  do  Seara,  Maranhão,  Pará, 
e  o  grande  Rio  das  Amazonas,  naõ  fendo 
menos  gloriofo  o  triumfo  com  que  a  16.  de 
Agoílo  de  1659.  foy  recebido  pelos  Nheengay- 
bas  em  agradecimento  de  os  ter  reduzido  à  Fé 
Catholica,  e  à  obediência  delRey  de  PortugaL 
Atendendo  o  Reverendiflimo  Geral  da  Compa- 
nhia Tyrfo  Gonzales  ao  incanfavel  difvelo  com 
que  tinha  aggregado  tantos  filhos  ao  grémio 
da  Igreja  o  nomeou  a  17.  de  Janeiro  de  1688. 
Vifitador  da  Província  do  Brafil,  e  Superior 
abfoluto  de  todas  as  MiíToens,  lugares,  que 
aceitou  conftrangido  como  quem  fempre  eíhi- 
dara  mais  obedecer,  que  mandar.  Os  últimos 
annos  da  fua  vida  aíTiíHo  na  Bahia  para  onde 
partira  no  anno  de  168 1.  elegendo  com  madura 
refoluçaõ  efta  Cidade  para  fepultura,  já  que 
fora  o  feu  berço  para  a  Religião.  Retirado  em 
huma  quinta  do  arrebalde  da  mefma  Cidade 
fe  occupou  como  outro  Cicero  no  feu  Tufcu- 
lano  preparando  as  fuás  obras  para  a  impreíTaõ, 
o  que  executou  por  expreíla  ordem  do  feu 
Geral  ordenando-lhe  que  também  acabaíle  o 
livro  intitulado.  Clavis  Prophetarum,  poílo  que 
eftiveíle  quafi  cego,  para  fazer  mais  meritória 
a  fua  obediência  fe  valia  dos  olhos  alheos  para 
lhe  lerem  os  livros,  cujas  paginas  apontava  de 
memoria  achando-fe  fielmente  o  que  nellas  pro- 
curava, fendo  efte  trabalho  muito  fuperior  às 
fuás  forças.  Praétícou  como  Religiofo  ob- 
fervante  todas  as  virtudes  próprias  daquelle 
Eítado.  Levantava-fe  muito  cedo  para  a 
Oraçaõ  cortando  pelo  defcanfo  neceílario  à  1 
fua  idade  para  ficar  expedito  para  o  eíhido. 
O  Uvro  efpiritual  de  que  mais  frequentemente 


L  USITANA. 


419 


u/ava  tn  o  de  Imitationt  Chrifii  efcutando 
como  vozes  divinas  as  Sentenças  que  nelle  lia. 
leve  hum  animo  imperturbável  fofrendo  com 
heróica  conílanda  o  ódio  diíTimulado  em  zelo 
de  muitos  emulos  que  armados  contra  a  fua 
peíToa  lhe  deraõ  grave  matéria  para  exame 
da  fua  paciência,  naõ  tendo  outro  motivo 
para  eíla  injuíliça  do  que  nacer  mais  Angular 
que  todos  em  tantos  dotes  de  que  abundante- 
mente o  ornou  a  graça,  e  a  natureza.  Rctri- 
buyo  fempre  benefícios  por  aggravos  íatisfa- 
zcndofc  com  taõ  nobre  vingança  dos  feus 
oíTcnforcs.  Nunca  no  fcu  fcmblante  fe  defcu- 
brio  o  menor  (ínal  de  alteração  ainda  quando 
fe  fentio  infamado  com  Satyras,  acuzado  em 
divcrfos  Tribunacs,  e  pcrfcguido  daqucllcs, 
que  lhe  craõ  mais  obrigados,  antes  como  fe 
fora  o  Olympo  que  goza  de  huma  inalterável 
tranquillidadc  diíTimulava  com  prudência,  c 
fofria  com  rcfignaçaõ  toda  cila  furiofa  tor- 
menta. Entre  tantas  Cortes,  e  paizes  por  onde 
ifcorreo,  nos  quaes  coftuma  reynar  licenciofa- 
lente  a  incontinência,  confervou  como  fe 
foflc  Anjo  illeza  a  pureza  com  tal  privilegio 
jue  nunca  teve  contra  eíla  angélica  virtude 
lateria  para  a  ConfiíTaõ.  Foy  exaétííTimo 
)bfervador  da  pobreza  Religiofa  uzando  fem- 
)re  dos  veílidos  mais  remendados,  confer- 
ido huma  Capa  pelo  largo  efpaço  de  qua- 
)rze  annos,  que  largou  violentado.  Igual  era 
^o  amor  à  pobreza  o  odlo  das  riquezas  regei- 
ido  heroicamente  vinte,  e  cinco  mil  cruza- 
los,  que  lhe  mandou  a  Pariz  ElRey  D.  Joaõ  o 
^.  para  comprar  livros  para  o  feu  uzo,  e  qua- 
ínta  mil  cruzados,  que  a  Ilha  Terceira  lhe  ofe- 
:eu  em  premio  de  patrocinar  com  a  fua 
^uthoridade  hum  grave  negocio.  Como  fem- 
)re  foy  fuperior  à  mais  alta  fortuna  fugio  das 
mayores  eílimaçoens  que  do  feu  talento  fizeraõ 
os  Summos  Pontifices  Innocencio  X.  e  Cle- 
mente X.  as  Mageílades  auguílas  de  Luiz  XIV. 
de  França  D.  Joaõ  o  IV.  e  D.  Pedro  II.  de  Por- 
tugal, e  o  Duque  de  Florença,  como  das  digni- 
dades a  que  o  deílinavaõ  eíles  foberanos  Prin- 
cepes,  aíTim  Eccleíiaílicas,  como  Seculares. 
Venerou  com  taõ  exceíTivo  affefto  a  Chriílo 
Sacramentado,  que  parece  em  premio  da 
fua  Fé  fe  fazia  vizivel  aos  feus  olhos  a  divina 
Mageílade  occulta  de  baixo  dos  acciden- 
tes  Euchariílicos.    Naõ  houve  género  algum 


de  culto  que  a  fua  fervoroíâ  devoção  naõ 
dedica/Te  em  obfequio  de  Maria  SantUTuxu  tri- 
butando-lhe  agradecido  de  lhe  falvar  a  vida  de 
hum  horrendo  naufrágio  trinta  Panegyricos  ao 
feu  Sacrati/Timo  Roíario  que  todos  os  dias  reci- 
tava meditado  pelo  efpaço  de  duas  horas, 
ornando  com  eílas  myíUcas  roías  o  augufto 
trono  de  taõ  divina  Princeza.  Na  ultima  infer- 
midade  padeceo  taõ  acerbas  dores  que  o  pri- 
vavaò  do  defcanfo,  e  taõ  reíignado  eílava  na 
vontade  divina,  que  quando  eraõ  mais  dgoto- 
fas  rompia  a  fua  aflicçaõ  neílas  palavras.  Domi- 
nus  ejl:  quod  bonum  eft  in  oculis  Juis  ftuiat.  Rece- 
beo  com  terniíTima  piedade  os  Sacramentos,  e 
efpirou  entre  a  meya  noute,  e  huma  hora  para 
o  dia  de  18.  de  Julho  de  1697.  em  idade  de  89. 
annos  5.  mezes  e  12.  dias,  e  de  Religião  74.  2. 
mezes  e  15.  dias.  Teve  a  eílatura  mais  que 
mediana;  o  roílro  grave;  a  teíla  dilatada;  o 
nariz  aquilino;  os  olhos  vivos;  a  còr  algum 
tanto  morena,  o  cabello  negro,  e  a  barba 
povoada.  Foy  nas  acçoens  circumfpedo,  no 
trato  affavel,  na  converfaçaõ  erudito,  no  dif- 
curfo  fubtil,  folido,  e  prompto  por  cujos  dotes 
conciliou  o  univerfal  affeóto  de  naturaes,  e 
eílranhos.  Extraordinário  fentimento  caufou 
em  todos  os  ânimos  a  fua  morte,  naõ  havendo 
peíToa  de  qualquer  qualidade  que  deixaíTe  de 
teílemunhar  com  lagrimas  copiofas  taõ  deplo- 
rável perda.  O  Cabido  da  Cathedral  da  Bahia 
lhe  officiou  o  Funeral  no  Collegio  da  Compa- 
nhia aíTiílido  de  toda  a  nobreza  Eccleíiaílica,  c 
Secular,  no  fim  do  qual  foy  levado  o  Cadáver  à 
Sepultura  aos  hombros  de  D.  Joaõ  de  Alencaf- 
tre  Governador  daquelle  Eílado,  feu  filho  D. 
Rodrigo  de  Alencaílre,  o  Bifpo  eleito  de  S. 
Thomé,  feu  Irmaõ  o  Vigário  Geral  Joaõ  Cal- 
mon,  o  Provincial  da  Religião  de  S.  Bento,  e  o 
Reytor  do  Collegio  dos  Jefuitas.  Naõ  fomente 
o  mundo  concorreo  para  as  ultimas  honras 
deíle  grande  Varaõ,  mas  até  o  Ceo  fe  empenhou 
em  canonizar  a  fua  memoria  aparecendo-lhe 
três  noites  antes  da  fua  morte,  e  três  depois 
huma  brilhante  Eílrella  de  extraordinária 
grandeza,  a  qual  perpendicular  fobre  o 
feu  Cubículo  foy  vifta,  e  admirada  do  mar, 
e  terra  affirmando  as  peíToas  mais  judi- 
ciofas,  que  aquelle  meteoro  era  huma  lumi- 
nofa  teílemxmha  com  que  o  Ceo  decla- 
rava as  virtudes  do  P.  Vieyra.     Tanto  que 


420 


B IB  LIO  THE  CA 


nefta  Corte  fe  recebeo  a  lamentável  noticia  de 
hum  feu  taõ  illuílre  filho,  fe  refolveo  o  Excel- 
lentiíTimo  Conde  da  Ericeira  D.  Francifco 
Xavier  de  Menezes  infigne  Mecenas  dos  eílu- 
diofos  dedicar  humas  fumptuofas  exéquias  à 
memoria  do  Princepe  dos  Oradores  Evangéli- 
cos, e  elegendo  para  Theatro  a  Cafa  profeíTa 
de  S.  Roque  naõ  perdoando  a  género  algum  de 
difpendio  a  fua  profufa  liberalidade  mandou 
levantar  huma  foberba  maquina  que  occu- 
pava  grande  parte  do  Templo  animada  de 
muitos  emblemas,  e  poefias  de  diverfos 
metros,  e  linguas,  e  illuminada  com  grande 
copia  de  luzes.  Cantou  o  officio  a  Mufica  da 
Capella  Real  a  que  fez  o  compaíTo  o  feu  grande 
Meílre  António  Marquez  Lesbio.  Naõ  houve 
peííoa  grave  de  huma,  e  outra  Jerarchia,  que 
naõ  aíTiíliííe  a  efte  fúnebre  obfequio,  o  qual 
coroou  o  P.  D.  Manoel  Caetano  de  Soufa  taõ 
illuílre  pelo  fangue,  como  pela  erudição  com 
huma  Oraçaõ  taõ  elegante  que  renaceo  nelle 
a  eloquência,  que  lamentava  defunta.  Seria 
impoífivel  repetir  os  elogios  com  que  celebres 
Efcritores  exaltarão  o  nome  defte  grande 
Varaõ,  e  fomente  tranfcreverey  alguns  para 
que  claramente  fe  conheça  a  fua  grandeza. 
Seja  o  primeiro  aquelle  que  o  foy  na  digni- 
dade o  Summo  Pontífice  Clemente  X.  no 
Breve,  que  lhe  expedio  para  que  pudeíTe  publi- 
car as  fuás  obras  fem  que  foííem  examinadas 
por  algum  Cenfor.  Começa.  Dileãe  Fili  Salti- 
tem, et  Apofiolicam  Benediãionem.  Keligioms 
^elus,  Sacrarum  litterarum  fcientia,  vi  ta,  ac  morum 
honeftas,  aliaque  laudahilia  probifatis,  ac  vir- 
tutum  merita  Juper  qua  apud  nos  fide  digno 
commendaris  tefiimonio.  Joaõ  Paulo  Oliva 
Geral  da  Companhia  congratulando-o  do 
Sermaõ  de  S.  Eftanisláo  em  huma  carta  efcrita 
a  13.  de  Março  de  1675.  Dou  gradas  a  Deos 
por  ter  dado  à  Cõpanhia  hum  homem  que  pode 
f aliar  taõ  divinamente,  e  que  f abe  proferir  ofeo  con- 
ceito, e  que  todos  confejfaõ  que  he  igualmente  mara- 
vilho/o ajji  no  que  entendemos,  como  no  que  naõ 
penetramos,  mas  igualmente  veneramos  nas  fuás 
intelligencias.  Cardofo  Agiolog.  'Lufit.  Tom.  3. 
pag.  238.  no  Comment.  de  13.  de  Mayo 
letr.  I.  o  intitula  Oráculo  dos  Pregadores 
defla  idade.  Ulhoa  in  Dijfert.  de  L.egat. 
et  Fideicom.  na  Dedicatória  ao  Graõ  Duque 
de    Tofcana     Venerabili    viro,    et    Portí/gallia 


Principis  Concionatore  difertijftmo,  facilique 
omnium  concionatorum  antefignano  five  verius 
dixerim  Príncipe  o  lUuílriíTimo  Barzia  Def- 
pert.  Chriflian.  Tom.  i.  Introd.  Exhortat. 
col.  3.  n.  30.  lhe  chama  Agudiffimo.  Fr. 
Gio:  Giufep.  de  Santa  Teref.  Jflor.  delle  Guerre 
dei  Brafile  Part.  2.  liv.  5.  pag.  129.  huomo  che 
ne  i  pergami  porto  il  vanto  nel  nojlro  Século. 
P.  Emman.  Lud.  in  Vita  Princip.  Theod» 
lib.  I.  cap.  19.  n.  238.  infignem  virum  ^'liguei 
de  Barrios  no  Prol.  do  Cor.  delas  Muf.  El 
pico  de  oro  Português.  Feijoó  Theat.  Critic. 
Tom.  I.  Difc.  16.  n.  115.  Aquel  homhre 
aquien  en  penfar  con  elevacion,  difcurrir  con  agu- 
deza, y  explicarfe  con  claridad  no  igualo  hafla  aora 
Predicador  alguno:  e  no  Tom.  4.  Difcurf. 
14.  n.  37.  Qíie  Sermon  dei  Padre  Vieyra  no  es 
un  ajf ombro?  Hombre  verdaderamente  fin  feme- 
jante  de  quien  me  atrevera  decir  loque  Velejo 
Paterculo  de  Homero.  Neque  ante  illum  quem 
imitaretur,  neque  pofi  illum  qui  eum  imitari  poffet, 
inventus  efl.  Bonucci  Iftor.  delRe  D.  Alfonf. 
Enriq.  liv.  3.  cap.  10.  Ben  noto  ai  mondo  per  il 
fuo  fingolare  ingegno,  profundità  di  fapere,  e  def- 
tre;it(a  ammirabile  in  maneggiar  le  divine  Scrit- 
ture.  Sor.  Joan.  Ignes  dela  Cruz  na  Cenfura 
que  fez  ao  Sermaõ  do  Mandato  impreíTa  no 
2.  Tomo  das  fuás  obras  diz  Siempre  admi- 
randome  de  fu  fin  igual  ingenio...  Las  pro- 
pojiciones  defle  fubtiliffimo  talento,  que  es  tal 
fu  fuavidad,  fu  vivera,  fu  energia,  que  ai  mifmo 
que  dijftente  enamora  con  la  bellet^a  dela  Ora- 
cion,  fufpende  con  la  dulçura,  hechit^a  con  la 
grada,  eleva,  admira,  y  encanta  con  el  todo... 
admirable  pafmo  delos  ingenios.  Joan.  Soar. 
de  Brit.  in  Theatr.  Lufit.  Utter.  lit.  A. 
n.  129.  Vir  magno  ingenio,  felicijjimoque 
Judicio  celeberrimus  omnium  concionator.  Sebaf- 
tiaõ  da  Rocha  Pitta  Hifi.  da  Amer.  Porfug. 
liv.  8.  n.  54.  O  feu  talento  foy  ainda  mayor 
que  o  feu  nome  com  o  qual  voou  por  todos  os 
Emisferios  a  fama  elevada  pela  fua  penna.  Foy 
em  Portugal  Pregador  dos  feus  Auguflijfimos 
Monarchas,  e  da  Sereniffima  Kainha  de  Sué- 
cia em  Koma,  cuja  Sagrada  Curta  o  ottvio 
com  admiração,  e  lhe  refpondera  com  o  premio 
de  altas  dignidades,  fe  a  fua  Keligiofa  modef- 
tia  o  naõ  obrigara  a  fugir  entre  os  Eftran- 
geiros  das  honras,  e  lugares,  de  que  ja  fe 
livrara  entre  os  naturaes,  onde  achando  na  vida. 


LUSITANA. 


421 


e  na  pojleridade  as  mayores  eflimafoensfaõ  ainda  infe- 
riores às  que  Icm  entre  as  outras  Nafoens,  andando  os 
Jeus  ef cri  tos  tradtt:(idos,  e  venerados  por  todo  o  mundo 
Catholico  com  jijrande  gloria  do  nome  Portugue:^^,  D. 
Emman.  Caiet.  de  Souf.  in  Exped.  Hi/p. 
Tom.  2.  pag.  1506.  Oratorum  Princepf,  Franco 
111  SynopJ.  Annal.  S.  J.  in  Ijtjitan,  pag.  401.  Con- 
cionator  Principum,  et  Princepf  fuo  tempore  con- 
ciomitoriím  vir  nulla  commendatione  aqiiandtis  Sor. 
Violante  do  Ceo  Religiofa  Dominica  no  Gsn- 
\  cnto  da  Roía  de  Lisboa,  e  celebre  Poetiíía  lhe 
tc2  em  feu  applaufo  a  fylva  feguinte  que  eftá 
UM  fuás  Rimas,  à  pag.  74. 

He  vojfo  entendimento 

Felice  fufpençaô  do  penf amento 

Vojfa  doce  elegância 

Cifra  da  mais  perfeita  confonancia 

Voffa  grafa  excejfwa 

A  pedra  de  Cevar  mais  atraãiva 

Vojfo  faber  profundo 

Portentofo  exemplar  de  todo  o  mundo 

1     Voffa  agudei(a  rara 
Dilicia  do  difcurfo  altiva,  e  clara 
Vojfo  eflilo  f a  mofo 
Agradável  motivo  do  envejofo 

Emjim  vofjo  juifo  foherano 

Credito  do  divino,  honra  do  humano. 

O*  vivey  para  ajjomhro  das  idades 

Gojio  das  Magejiades 

Extafis  dos  fen  tidos 

Prodígio  dos  nacidos 

Excejjo  dos  pajjados: 

Vivey  para  motivo  dos  agrados 

Objeão  de  louvores 

Archivo  de  favores, 

Compendio  de  excellencias 

Vivey  para  modello  de  eloquências 

The^ouro  de  elegâncias 

E  fe  minhas  grojf eiras  ignorâncias 

Tem  fido  dilatadas 

Deixa-as  caftigadas 

Mas  confejjay  doãijfimo  Vieyra 

Que  fe  ignorante  fou,  fou  verdadeira 

O  feu  Retrato  fahio  aberto  primorofa- 
mente  em  huma  lamina  na  Cidade  de  Bru- 
xellas  com  efte  Epigraphe  na  parte  inferior. 

Vera  effigies  celeberrimi  P.  Antonij  Vieyra  è  So- 
ctet,  Jefu  J-Jifitanicoriim  Kegum  Concionatoris,  et 
Concionatorum  Principis  quem  dedit  L^fitania 
mundo,  Ulyfipo  Lufitania,  Societati  Brafilia.  Obiit 


Rabia  prope  nonagenarius  die  Julij  18.  amii  1697. 
Quiefcit  in  Kiffo  Collegíj  Hahienfis  templo  ubi 
fepultus  frequentijftmo  urhis  concurfu  a  temo  orhir 
defiderio. 

Defte  retrato  fe  tirarão  varias  copias  que 
fahiraò  al^ertas  em  Roma,  Veneza,  e  Barce- 
lona com  o  mefmo  epigrafe. 

Cathalogo  das  Obras  impreíTas. 

Sermoens  1.  Parte,  Lisboa  por  Joaõ  da 
Q)(la.  1679.  o  I.  Sermaò  deíle  tomo  que  he 
da  Dominga  da  Sexagefima  fahio  vertido  em 
Italiano  Neapoli  per  Luca  António  Tufco  1688. 
como  também  fahio  traduzido  em  GUlelhano 
o  Sermaò  de  Santo  Ignacio  de  Lqyola  que  ellá 
impreíTo  no  mefmo  Tomo.  Valência  por 
Nicolao  Drogct.  1680.  4. 

Sermoens  2.  Parte.  Lisboa  por  Miguel 
Deflandes.  1682.  4. 

Sermoens  3.  Parte  Lisboa  pelo  mefma 
Impreflbr  1683.  4. 

Sermoens  4.  Parte  Lisboa  pelo  mefma 
ImpreíTor.  1685.  4. 

Sermoens  5.  Parte  Lisboa  pelo  mefma 
ImpreíTor.  1689.  4. 

Eíles  cinco  Tomos  fahiraõ  traduzidos 
em  Latim  pelos  Monges  da  Cartuxa  de  Coló- 
nia com  efte  titulo. 

Admodum  Rever endi  P.  Antonij  Vuyret 
e  Societate  JESU .  regij  in  hnfitemia  Pradicatorir 
Sermones  Seleãijfimi  facunditate  materiarum,  Subli- 
mitate,  Subtilitate,  et  acumine  conceptuum  admi- 
rabiles.  Pars.  i.  Colónias  Agripinae  apud  Her- 
manum  Demen.  1708.  4.  Pars.  2.  ibi  apud 
eumdem   Typograph.    1707.   4.    Pars.    3.   ibi 

1707.  4.    Pars.    4.    ibi.    1707.    Pars.    5.    ibi 

1708.  4. 

Sermoens  6.  Parte.  Lisboa  por  Miguel 
Deflandes  1690.  4. 

Sermoens  7.  Parte.  Lisboa  pelo  mefmo 
ImpreíTor  1692.  4. 

Xavier  dormindo,  e  Xavier  acordado;  dormindo 
em  três  oraçoens  Panegíricas  no  Triduo  da  fua 
Fejia:  Acordado  em  dov^e  Sermoens  Panegyricos, 
Moraes,  e  Afceticos,  os  nove  da  fua  Novena,  o 
Decimo  da  fua  Canonização;  o  Undécimo  do  feu 
Dia,  e  o  ultimo  do  feu  Patrocínio.  8.  Parte  Lisboa 
por  Miguel  Deflandes  1694.  Sahio  vertido  na 
língua  Latina  pelo  P.  Leopoldo  Fuess  da 
Companhia  de  JESUS  com  efte  titulo  Xave- 
rius    dormiens,    et    experreêtus    Auguft.     vin- 


422 


BIB  LIO  THE  CA 


dilicorum  apud  Joannem  Cufparum  Ben- 
card.  1704.  4.  e  na  lingua  Italiana  pelo  P. 
António  Maria  Bonucci  Jefuita  com  o  titulo 
//  Saverio  addormentato,  e  il  Saverio  Vegliante. 
Venetia  apreíTo  Paulo  Baglioni.  171 2.  8. 
Defta  obra  faz  mençaõ  o  moderno  Adiciona- 
dor  da  Bib.  Orient.  de  António  de  Leon 
Tom.  I.  foi.  546.  v.o  no  Apendix. 

Maria  Kofa  Mijlica,  excellencias,  poderes, 
e  maravilhas  do  Jeu  Kofario  compendiadas  em 
trinta  Sermoens  ajceticos  e  panegyricos  Jõhre 
CS  dous  'Evangelhos  defta  Solemnidade  i.  Parte. 
Lisboa  por  Miguel  Defíandes.  1686.  4. 

2.  Parte.  Lisboa  na  Officina  Crasbeeckiana. 
1688.  4. 

Elias  duas  partes  foraõ  traduzidas  na 
lingua  Latina  pelo  Padre  Leopoldo  Fuess 
ConfeíTor  da  Raynha  D.  Maria  Sofia  Izabel 
de  Neoburg  exceptos  os  cinco  Sermoens 
vltimos  que  faõ  traduzidos  pelo  P.  Jacobo 
Bofchio,  e  fahiraõ  com  efte  titulo. 

Kofa  Mjftica,  five  de  excellentia,  vi,  et  vir- 
tute  admirabili  ejus  precatória  Corona  vulgo 
KofariJ.  Auguílae  Vindic.  apud  Joan.  Cuf- 
parum Bencard.  1604.  4. 

Também  foraõ  traduzidas  tilas  duas  Par- 
tes na  lingua  Caftelhana  pelo  P.  Lucas  Sans 
Pregador  delRey  Catholico.  Madrid.  1688. 
4.  2.  Tom.  e  na  Italiana  por  Giovani  Antó- 
nio AHuri.    Venetia.  1697.  4.  2.  tom. 

Sermoens  11.  Parte»  Lisboa  por  Miguel 
Defíandes.   1696.  4. 

Sermoens  12.  Parte.  Lisboa  pelo  dito 
Impreílor.  1699.  4. 

Palavra  de  Deos  empenhada,  e  deí^empe- 
nhada.  "Empenhada  no  Sermão  das  Exéquias  da 
Kaynha  N.  Senhora  D.  Maria  Francifca  It^abel 
de  Sabqya.  Def^empenhada  no  Sermão  de  Acçaõ 
de  graças  pelo  nacimento  do  Príncipe  D.  Joaõ 
Primogénito  de  fuás  Mageftades,  que  Deos 
guarde,  pregado  o  primeiro  na  Igreja  da  Mit^e- 
ricordia  da  Bahia  em  11.  de  Setembro  de  1684. 
o  fegundo  na  Cathedral  da  mefma  Cidade 
€m  16.  de  Det^embro  de  1688.  Palavra  do 
Pregador  empenhada,  e  defendida:  empenhada 
publicamente  no  Sermão  de  Acçaõ  de  graças 
pelo  nacimento  do  Príncipe  D.  JoaÕ  Pri- 
mogénito de  Sua  Mageftade  que  Deos  guarde. 
Defendida  depois  da  fua  morte  em  hum  dif- 
curfo      apologético      offerecido     fecretamente      à 


Rajnha  N.  Senhora  para  alivio  das  faudades 
do  mefmo  Princepe.  Lisboa  por  Miguel  Defían- 
des.  1690.  4. 

Eas  cinco  piedras  de  la  Honda  de  David 
en  cinco  difcurfos  morales  predicados  en  Roma 
a  la  Rejna  de  Suécia  Chriftina  Alexandra 
en  lengua  Italiana,  y  por  el  mefmo  Autor 
tradu:(ido  en  Caftellano.  Madrid  por  Jozé 
Fernandes  de  Buendia  1676.  4.  et  ibi  por 
António  Gonçalves  1678.  4.  Na  lingua  Ita- 
liana Roma  preíTo  Ignatio  de  Lazaris.  1676. 8. 
e  com  faculdade  do  Author  fahiraõ  traduzidos 
na  lingua  Portugueza  pelo  ExcellentilTimo 
Conde  da  Ericeira  D.  Francifco  Xavier  de 
Menezes  no  Tomo  feguinte  pag.  76. 

Sermoens,  e  Vários  Difcurfos  Tomo  14. 
Lisboa  por  Valentim  da  Coíla  Defíandes 
1710.  4. 

Sermão  do  primeiro  dia  de  Janeiro  pregado 
na  Capella  Keal  anno  1642.  Lisboa  por  Domin- 
gos Lopez  Rofa.  1642.  et  ibi  por  Lourenço 
de  Anveres  fem  anno  da  ediçaõ.  4.  Coimbra 
por  Thomé  Carvalho  1671.  e  no  Tom.  11. 
dos  feus  Sermoens  pag.  399. 

Sermaõ  do  Efpo^o  da  May  de  Deos  S.  Jo!(é 
no  dia  dos  annos  delRej  N.  Senhor  D.  Joaõ  o  IV. 
na  Capella  Keal.  Lisboa  por  Domingos 
Lopez  Rofa.  1644.  4.  Coimbra  por  Thomé 
Carvalho  ImpreíTor  da  Univerfidade  1658.  4.  ' 
e   no  Tom.    7.   dos   feus    Sermoens   a    pag.     ' 

533-  ' 

Sermaõ  de  Santo  António  na  fefta,  que 
fe  fei^  ao  Santo  na  Igreja  das  Chagas  de 
Usboa  aos.  14.  de  Setembro  de  1642.  Tendo-fe 
publicado  as  Cortes  para  o  dia  feguinte.  Lisboa 
por  Domingos  Lopes  Roza  1645.  4-  Coimbra 
pela  Viuva  de  Manoel  de  Carvalho  1672.  e  no 
Tom.  II.  dos  feus  Sermoens  à  pag.  344. 
Sermaõ  de  S.  Koque.  Lisboa  por  Domin- 
gos Lopes  Roza  1645.  4. 

Sermaõ  nas  Exéquias  de  D.  Maria  de  ' 
Attayde  filha  dos  Condes  da  Attouguia  Dama 
do  Palácio  no  Convento  de  S.  Francifco  de 
Xabregas  Nas  Memorias  Fúnebres,  que 
fe  dedicarão  a  eíla  Senhora.  Lisboa  na 
Officina  Crasbeeckiana  1650.  4.  onde  eílaõ 
2.  Epigrammas  Latinos  do  mefmo  Padre  a 
efte  aílumpto.  Depois  fahio  o  Sermaõ.  Lis- 
boa por  Domingos  Lopes  Roza.  1650.  4. 
Coimbra  por  Thomè  de  Carvalho  Impreffor 


L  USITANA. 


423 


da  Univeríidade  1658.  4.  et  ibi  por  iManoel 
de  Carvalho.  1672.  4.  e  no  Tom.  4.  dos  Teus 
Sermoens  à  pag.  454. 

SermaÕ  de  S.  JoaÕ  Bautijla  na  profiffaõ  da 
Senhora  Maria  da  Cru^  filha  do  Excellentijfimo 
DwfM  de  Medina  Sidónia,  Religiofa  de  S.  Iran- 
eifco  no  Mojleiro  de  N.  Senhora  da  Quieía^aÕ  das 
Flamengas  em  Alcântara,  Lisboa  por  Domin- 
gos Lopes  Roza.  16 ji.  4.  Évora  na  OíBcina 
da  Univerfidade  16^9.  4.  c  no  Tom.  j.  dos  feus 
Sermoens  á  pag.  553. 

SermaÕ  na  Mifericordia  da  Bahia  em 
dia  da  VifitaçaÕ  da  Senhora  Orago  da  Caja, 
pref(ente  o  Vice-Key  Alarquez  de  Montalvão. 
IJsboa  por  Domingos  Lopes  Roza.  1655.  4. 
Coimbra  por  Thomé  Carvalho  Impreflbr  da 
Univcrfidadc  1658.  4.  e  no  Tom.  6.  dos  feus 
Sermoens  à  pag.  586. 

SermaÕ   Hijlorico,    e    Panegyrico   nos   Annos 

Rainha  D.  Maria  Francifca  Isabel  de  Saboya. 
jsboa  por  Joaõ  da  Cofta.  1668.  4.  Foy 
iduzido  na  língua  Franceza  pelo  P.  António 
Terjus  Jefuita,  e  fahio  com  efte  titulo. 

Difcours  hijiorique  pour  le  jotír  dela  Naijfance 
tia  SereniJJime  Reyne  de  Portugal  oá  il  ejl  traité  des 

ids  èvenemens  arrivés  V  année  demiere  en  ce  Rqy- 
vme  lã.  Pariz  chez  Sebaftien  Mabre-Cramoyfi. 
1669.  4.  Declara  o  traduítor  que  efte  difcurfo 
fahira  vertido  na  lingua  Italiana,  e  fe  impri- 
mira em  Roma  onde  mereceo  os  applaufos  de 
todos  os  eruditos.  Também  fe  imprimio  em 
Saragoça  por  Diego  Iturbi  1668.  4.  e  no 
Tom.  14.  dos  feus  Sermoens  à  pag.  i. 

SermaÕ  Gratulatorio,  e  Panegírico  na  menhaã 
de  dia  de  Reys  fendo  prét^ente  com  toda  a  Corte  o 
Princepe  N.  Senhor  ao  Te  Deum  que  fe  cantou 
na  Capella  Real  em  acçaõ  de  Graças  pelo  felice 
nacimento  da  Prince:(a  Primogénita  de  que  Deos 
fet^  mercê  a  efles  Reynos  na  madrugada  do  mefmo 
dia  defle  anno  de  1669.  Évora  na  Officina 
da  Univeríidade.  1669.  4.  e  no  Tom.  12. 
dos  feus  Sermoens  à  pag.  170.  Foy  traduzido 
em  Francez  pelo  P.  António  Verjus  Jefuita, 
e  fahio  com  efte  titulo. 

Difcours  de  conjovijfance  fur  la  Naiffance 
dei'  Infante  de  Portugal  pronome  le  jour  meme 
de  ceíte  naiffance  devant  toute  la  Cour  de  Portugal 
affemblèe  dans  la  Chapelk  Rqyale  pour  j 
chanter  le  Te  Deum.  Pariz  chez  Cramoyíi. 
1671.  4. 


SermaÕ  do  B.  S/amslao  Koska  da  Companhia 
dê  JESUS  premido  na  Ungia  Italiana  em  Roma  na 
Igreja  de  Santo  Andri  dê  Monte  Cavallo  Nopiâado 
da  Companhia.  Coimbra  por  Manoel  de  Carva- 
lho 1672.  4.  e  no  Tom.  1 1.  dos  feus  Sennoens 
á  pag.  2)0.  Traduzido  em  Latim  pelo  Padre 
Jaquez  Borch  Jeíuita  Alemaõ.  Cracovíae  ex 
Officina  Schedeliana.  1676.  4.  e  em  Italiano 
Roma  por  Ijslzato  Varefe  1675.  8. 

SermaÕ  das  Chagas  de  S.  Francifco  prégpdo 
em  Roma  na  Igreja  da  dita  invocação,  e  vertida 
em  Portugue:^  por  JoaÕ  de  Mefquita  Arroyo. 
Lisboa  por  Miguel  Manefcal.  1675.  4.  e  no 
Tom.  12.  dos  feus  Sermoens  à  pag.  541.  Na 
lingua  Italiana.  Roma  preíTo  il  Varefe  1672. 
4.  Milano  por  Francifco  Vigone  1672.  4.  c 
Roma  com  outros  Sermoens  por  Michaele 
Hercules.  1668.  e  na  lingiu  Caftelhana  por 
hum  Mercenário  Defcalfo  1675.  4.  fcm  lugar 
da  impreflaõ. 

SermaÕ  nas  Exéquias  da  Rjiinha  N.  Senhora 
D.  Maria  Francifca  I^ahel  de  Saboya  na  Miferi- 
cordia da  Bahia  em  11.  de  Setembro  de  1684. 
Lisboa  por  Miguel  Deflandes.  1685.  4.  e  na 
Palavra  de  Deos  empenhada,  e  dei^empenhada 
à  pag.  I. 

O  P.  Luiz  Vicente  Mamiani  delia  Rovere 
Jefuita  compoz  hum  Quarefmal  dos  Ser- 
moens das  Domingas,  e  Ferias  da  Quarefma, 
que  achou  difperfos  pelos  doze  Tomos  dos 
Sermoens  do  P.  Vieyra,  e  os  traduzio,  e  publi- 
cou em  ItaUano  com  efte  titulo. 

Prediche  fopra  gli  Evangelij  delia  Quarefima  dei 
P.  António  Vieira  raccolte  dá  dodici  tomi  dellefue 
Prediche  in  forma  d'  un  Quarefimale.  Roma  por 
Jorge  Placho.  1707.  2.  Tom.  4. 

Dos  Sermoens  Panegyricos,  e  Moraes 
do  P.  Vieyra  fez  huma  tradução  Italiana  o 
P.  Anibale  Adami  Jefuita,  em  duas  Partes 
com  o  titulo  feguinte. 

Prediche  dei  P.  António  Vieyra  dela  Com- 
pagnia  de  Giefu  tradote  in  Italiano  dei  P. 
Anibale  Adami  dela  medefima  Compagiia 
Part.  I.  Venetia  preíío  Niculao  Pezzana. 
1707.  4.  Part.  2.  pelo  mefmo  ImpreíTor,  e 
anno  4.  Bartholameo  Santinelli  traduzio 
vários  Sermoens  do  P.  Vieyra  em  Italiano,  e 
fahiraõ  impreíTos  Roma  apreíTo  Michaele 
Hercules  1663.  8. 

Sermoens    vários    dei    P.    António     Vieyra 


424 


BIB  LIO  THE  CA 


Tom.  I.  Madrid  por  Jo2é  Fernandes  de  Buen- 
dia  1662.  4. 

Tom.  2.  ibi  pelo  mefmo  Impreflbr  1664.  4. 

Tom.  3.  ibi  por  Paulo  de  Vai.   1678.  4. 

Eíles  Sermoens  traduzidos  em  Caílelhano 
(  como  diz  o  P.  Vieyra  na  Liíla  que  fez  dos 
que  correm  impreflbs  em  diverfas  linguas, 
e  eftá  ao  principio  do  i.  Tomo  dos  Seus 
Sermoens,  que  fahio  em  Lisboa  no  anno 
de  1679. )  faõ  totalmente  alheos,  e  fupojlos,  e 
outros  adulterados  por  cuja  caufa  naõ  mere- 
cem eftimaçaõ. 

Muito  diferente  foy  a  traducçaõ,  que  delles 
fez  o  Licenciado  Luiz  Ignacio  Prefbytero 
Caílelhano  vertendo  puramente  do  Portuguez 
no  feu  idioma  todos  os  Sermões  do  P.  Antó- 
nio Vieyra,  que  comprehendem  os  14.  Tomos 
da  ImpreíTaõ  de  Lisboa,  e  fahiraõ  em  21.  de  8. 
perfeitamente  impreíTos.  O  i.  e  2.  Madrid 
por  Manoel  Ruiz  de  Murga.  171 1.  3.  ibi  171 2. 
pelo  dito  ImpreíTor.  4.  5.  e  6.  ibi  pelo  dito 
ImpreíTor,  e  anno.  7.  ibi  por  Aguftin  Fernandes 
171 2.  8.  e  9.  ibi  por  Manoel  Ruiz  de  Murga 
1712.  10.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor  171 3.  11. 
e  12.  ibi  pelo  mefmo  ImpreíTor,  e  anno.  13. 
ibi  por  Jozé  Rodrigues,  y  Efcobar  ImpreíTor 
delRey  17 14.  14.  ibi  por  Manoel  Ruiz  de 
Murga  1714.  15.  16.  17.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor, 
e  anno  18.  19.  20.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor 
171 5.    21.   ibi  por  Gabriel  de  Barrio    171 5. 

Ultimamente  fahiraõ  traduíidos  na  mef- 
ma  Lingua  Caílelhana  em  4.  Tomos  de  folha. 
Barcelona    na    ImpreíTaõ    de    Maria    Marti 

1734. 

No  I.  Tomo  principia  pela  vida  do  P. 
António  Vieyra  elegantemente  efcrita  com 
o  feu  Retrato,  e  comprehende  todos  os 
Sermoens  das  Domingas,  e  Ferias  QjiareJ- 
maes,  e  féis  Sermoens  do  Mandato. 

No  2.  Sermoens  de  Chrijlo  Senhor  Nojfo, 
e  de  Maria  Santijftma  com  i^.  do  Rosário. 

No  3.  48.  Sermoens  de  Santos. 

No  4.  15.  Sermoens  do  Rosário,  vários 
Sermoens  de  affumptos  ejpeciaes.  Palavra 
■de  Deos  empenhada,  def empenhada ,  y  defen- 
dida. Hifloria  do  Futuro.  Crifis  da  Reve- 
renda Senhora  D.  Joanna  Igne^  da  Cru^ 
Religiofa  de  S.  Jeronymo  na  Provinda  do 
México.  Apologia  contra  efia  Crifis  pela 
Madre    Soror    Margarida    Ignacia    Religiofa    de 


Santo  Agoflinho  no  Convento  de  Santa  Mónica 
de  l^isboa.  Problema  das  lagrimas  de  Heraclito. 
Vov^  de  Deos  ao  Mundo,  a  Portugal,  e  à  Bahia. 
Todas  eílas  obras  fe  comprehendem  vertidas 
em  Caílelhano  neíle  4.  Tomo. 

Hifloria  do  Futuro,  Livro  Antiprimeiro, 
Prologomeno  a  toda  a  Hifloria  do  Futuro,  em  que 
fe  declara  o  fim,  e  fe  provaõ  os  fundamentos  delia. 
Matéria,  verdade,  e  utilidades  da  Hifloria  do  Fu- 
turo. Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ. 
171 8.  4.  Sahio  vertida  em  Caílelhano.  Bar- 
celona na  ImpreíTaõ  de  Maria  Marti  1755. 
foi. 

Copia  de  huma  Carta  para  ElRej  Nojfo 
Senhor  f obre  as  MiJJoens  do  Seara,  do  Maranhão, 
do  Pará,  e  do  grande  Rio  das  Amazonas  fendo 
o  P.  Vieira  Superior  dos  Religiofos  da  Compa- 
nhia naquella  Conquijla  no  anno  de  1660.  Lisboa 
por  Henrique  Valente  de  Oliveira.  1660.  4. 
e  no  Tom.  14.  dos  feus  Serm.  a  pag.  266. 

L.agrymas  de  Heraclito  defendidas,  Filofofo, 
que  llorava  fiempre  los  fucejjos  dei  mundo.  Va- 
lência. 1700.  4.  no  íim  do  livro  intitulado 
Vários  eloquentes  libros.  Eíle  Problema  de- 
dicou D.  Ignacio  Paravizino  a  D.  Gaf- 
par  Mercader  y  de  Cerbellon  Conde  de 
Cerbellon  y  Bunhol  onde  lhe  diz.  El  tan 
celebrado  eruditijfimo  Padre  António  Vieyra  que 
juflamente  veneran  los  Púlpitos,  j  que  hajla  aora 
hif(p  bien  cono^do  efle  empleo  pudo  manifejlarfe 
gloriofamente  competidor  de  fi  mifmo  en  el  de  letras 
humanas  por  la  obfequiofa  obediência  de  aquella 
Magefiad  que  quit^o  màs  tener  fu  cabeça  baxo  el 
Pie  de  S.  Pedro,  que  coronada  en  Suécia:  en  cuya 
real  presencia  j  con  ajfijlencia  de  las  màs  emi- 
nentes Romanas  Purpuras  no  fin  grande  aplau- 
fo  dixo  loque  con  fubtile^a  fumma,  y  erudi- 
cion  admirable  manifiejla  efle  premente  Pro- 
blema. Sahio  na  Lingua  Italiana  na  qual  o 
recitou  o  P.  Vieyra  em  hum  Hvro  intitula- 
do Raccolta  di  alcuni  Difcorfi  compofi  da 
alcuni  Oratori  de  la  Compagnia  de  Giefu  De- 
ca  1.  Neapoli  preíTo  Félix  Mofca.  1709.  12. 
e  he  o  5.  difcurfo.  Ultimamente  foy  tradu- 
íido  em  Portuguez  do  Italiano  pelo  Excel- 
lentiíTimo  Conde  da  Ericeira  D.  Francifco 
Xavier  de  Menezes,  e  fahio  no  Tom.  14. 
dos  Sermoens,  e  difcurfos  vários  do  P.  Viey- 
ra a  pag.  211.  Lisboa  por  Valentim  da  Cof- 
ta  Deslandes  1710.  4.  e  em  Caílelhano  Bar- 


L  USITAN A. 


425 


celona   na   Of!icina   de   Maria   Marti    1754. 
foi. 

Cartas  do  P.  António  Vityra  da  Compa- 
nhia de  JESUS  Tom.  i.  Lisboa  na  OBicina 
cia  G>ngregaçaõ  do  Oratório  1735.  4. 

Tow.  2.  ibi  na  mefma  Offidna,  e  anno.  4. 

Por  dcligcncia  do  P.  André  de  Barros 
da  Companhia  de  JESUS  Académico  da 
Academia  Real  fahiraõ  à  luz  publica  com 
o  titulo 

Vo:(es  fauàofas  da  eloquência,  do  efpirito, 
do  i(elo,  e  da  eminente  fabedoria  do  P.  An- 
tónio Vieyra,  €>*<•.  Lisboa  por  Miguel  Ro- 
drigues ImprelTor  do  Senhor  Patriarcha 
1736.  4.  as  obras  feguintes 

KelaçaÕ    da   MiJfaÕ   da   Serra   de   Ibiapaba. 

Informação  dada  por  ordem  do  Confelho 
Ultramarino  fobre  as  coufas  do  Maranhão 
ao  me/mo  Confelho.  Feita  em  Lisboa  a  31. 
de  Julho  de  1678. 

Carta  efcrita  ao  Provincial  do  Brafil  em  que 
relata  a  caufa  porque  deixou  a  Corte.  Usboa 
24.  de  Novembro  de  1652. 

Voto  fobre  as  duvidas  dos  moradores  de  S. 
Paulo  acerca  da  adminiflraçaõ  dos  índios,  efcrito 
na  Bahia  a  \i.  de  Julho  de  1694. 

Carta  ao  Serenijftmo  Key  D.  Pedro  II.  efcrita 
da  Bahia  ao  1.  de  Junho  de  1691. 

Carta  ao  Marquev^  de  Gouvea.  Bahia  23.  de 
Mayo  de  1682. 

Protefio  feito  à  Camera,  e  mais  Nobreza 
da  Cidade  de  Bethlem  do  Para  para  naÕ  ferem 
expulfos  daquella  Conqtàfla  os  Padres  Mijftonarios 
da  Companhia  de  JESUS. 

Poema    latino    a    huma    Cuflodia   de   cortiça 
primorofamente    fabricada    pelo     P.     Sebafiiaõ 
de    Novaes    da    Companhia    de    JESUS.     Co- 
meça 
Qud     me     Mufa     rapit?      Longumque     reliãus 

Apollo 
Extinãos  iterum  fttvems  quos  lufimus  i^es, 
Frigentemque     atate     jubet     recalefcere     fla- 
ma m} 

Carta  efcrita  ao  Serenijftmo   Key  de   Portu- 
gal D.  Affonfo   VI.  fobre  as  coufas  do  Mara- 
nhão.   Efcrita  a  20.  de  Abril  de  1657. 
Catalogo  das  obras  M.  S. 

Clavis  Prophetarum,  five  de  regno  Chrif- 
ti  in  terris  confummato.  foi.  Defta  obra  fa- 
zendo mençaõ  o  Author  no  Prologo  do  i. 


Tomo  dos  feus  Sermoens  diz.  Só  fentirei, 
que  o  tempo  me  falte  para  pór  a  ultima  maò 
aos  quatro  livros  Latinos  de  reffio  Chrifli  in 
terris  confummato,  por  outro  nome  Clmis 
Prophetarum  em  que  ft  abre  nova  tflrada  à 
fácil  intelligencia  dos  Profetas,  e  tem  fido  o 
major  emprego  dos  meus  efludos.  liftc  livro, 
que  para  fua  ultima  perfeição  lhe  faltavaõ 
ainda  íeis  mezes  de  trabalho,  como  affírmou 
feu  mefmo  Author,  deo  o  Geral  da  Com- 
panhia Miguel  Angelo  Tamburino  ao  Ezoel- 
lentiíTimo  Marquez  de  Fontes,  depois  de 
Abrantes,  quando  era  Embaxador  em  Roma 
como  fatisfaçaõ  das  muitas  obrigaçoens  de 
que  era  credor  á  Companhia,  conhecendo 
fer  o  mais  preciofo  donativo  para  a  eílimaçaõ 
do  Marquez,  que  muitas  vezes  fe  dignou 
de  que  eu  o  viííe,  e  hoje  fe  conferva  na  fua 
fclcétiíTima  Livraria. 

Pregador,  e  Ouvinte  ChriflaÒ  Defta  obra 
faz  mençaõ  no  Prologo  do  i.  Tom.  dos  feus 
Sermoens. 

DefcripçaÕ  de  hisboa. 

Epithalamio  a  Rainha  D.  Catherina  de  In- 
glaterra em  83.  verfos  Latinos. 

Commentaria  in  Séneca  Tragedias. 

Expofitio  litteralis,  et  moralis  in  lib.  Jo- 
fue. 

Expofitio  in  Cantic.  Canticorum  Salomo- 
nis. 

Avifos  para  a  morte. 

Cartas  annuaes  da  Provinda  do  Brar^il. 

Via  Sacra  por  outra  Via. 

Emblemas  moraes  à  Rainha  D.  Lut^^  Fran- 
cif  ca  de  Gufmàõ. 

Tratado  da  obrigação  de  f alvar  as  almas. 

Politica  do  Diabo. 

Sete  Decimas  Caflelhanas  ao  Javali  que  matou 
a  Senhora  Princesa  D.  Isabel. 

Modo  de  governar  os  índios  no  graõ  Pará. 

Cinco  Sermoens  de  Tarde  por  cinco  dilú- 
vios. 

Ladainha     de     N.     Senhora     Commentada. 

Promptuario  Concionatorio  9.   Tom. 

InftrucçaÕ,  e  repofta  fobre  o  negocio  de  Na-, 
polés. 

Formulário  breve  de  todos  os  Aãos  com 
que  em  falta  do  Sacramento  da  Penitencia 
fe  pôde  huma  alma  pór  em  Graça  de  Deos. 
Efta   obra   compoz   naõ    fomente   na   língua 


420 


BIBLIO  THE  CA 


Portugueza,  mas  em  a  geral  dos  índios  do 
Maranhão  para  que  qualquer  peflba  em 
cafo  de  neceflidade  pudeíTe  fuprir  a  falta  de 
Sacerdote. 

Formulário  para  fe  admtnijlrar  o  Sacra- 
mento do  Bautifmo  efcrito  pela  forma  do 
precedente. 

Injirucçaõ  como  fe  devem  haver  os  Mif- 
Jionarios  com  Deos,  comjigo,  e  com  os  próxi- 
mos, Foy  approvada  pelo  Geral  da  Compa- 
nhia Go2uvino  Nikel  fem  acrecentar,  nem 
diminuir  palavra  alguma. 

Divifaõ  do  Continente  do  Maranhão,  que  fe 
exíende  por  mais  de  600.  legoas  defde  a  Serra 
de  Hyaporrã  até  o  Rio  dos  Tapuyas  em  Colónias 
onde  fe  criaffem,  e  fahiffem  os  Mijfwnarios. 

Parecer  politico  em  que  fe  impugna  hu- 
ma  repojla  de  Pedro  Fernandes  Monteiro  Pro- 
curador da  Fazenda  em  que  concluía  efle  Mi- 
nijlro,  que  naõ  querendo  os  Olandet^es  ven- 
der Pernambuco  nos  convinha  mais  a  guerra, 
que  a  pat^.  He  chamada  eíla  impugnação  o 
Papel  forte. 

Memorias  em  que  com  o  titulo  de  duas  Cer- 
tidoens  refume  os  ferviços  que  em  38.  annos  fe^ 
à  Coroa  de  Portugal  para  o  requerimento  de  feu 
Sobrinho  Gonçalo  Kavafco  Cavalcante,  e  Albu- 
querque Secretario  de  Efado  do  Bra:(il. 

Parecer  fobre  as  coufas  do  Bra^^il  a  14.  de 
Março  de  1647. 

Informação  do  modo  com  que  foraÕ  tomados, 
e  fentenciados  por  cativos  os  índios  do  anno  de  1655. 
Confta  de  quatorze  Capítulos  com  grandes 
advertências. 

Efperanças  de  Portugal  Quinto  Império  do 
mundo  1.  e  z.  vida  delRej  D.  Joaõ  o  IV.  efcritas 
por  Gonçalo  Annes  Bandarra  com  hum  largo 
Commento  remetido  ao  Bifpo  do  Japaõ  o  P.  André 
Fernandes  em  29.  de  Abril  de  1659. 

Defeca  do  Livro  intitulado  Quinto  Império 
que  be  a  fegunda  Apologia  do  livro  Clavis  Pro- 
phetarum. 

Papel  feito  por  ordem  da  Rainha  D.  Lui- 
^a  Francifca  de  Gufmàõ  na  menoridade  de 
feu  filho  ElRej  D.  Affonfo  VI.  para  fe 
ler  ao  mefmo  Princepe  na  pret^ença  dos  Tri- 
bunaes  do  Rejno. 

Parecer  que  de  França  mandou  a  ElRej 
D.  Joaõ  o  IV.  Começa.  A  ejlas  partes  de 
França. 


Papel  politico  a  ElRej  D.  Pedro  II.  na  occa- 
fiaÕ  que  fe  convocarão  Cortes  para  fe  lançar  hum 
tributo  nos  povos  que  ferviffe  de  det^empenhar  o 
Reyno  efcrito  em  nome  dos  Ruflicos  da  Serra  da 
Eflrella.  Começa.  Se  parecer  out^adia  quererem 
os  Serranos  vejlir  trage  de  Confelheiros. 

Def engano  Catholico  fobre  o  negocio  da  NaçaÕ 
Hebrea.  Começa.  He  certo  que  os  Chrifiaôs 
novos  defcendentes  de  fangue  Hebreo. 

Papel  offerecido  ao  Serenijftmo  Rey  D. 
Joaõ  o  IV.  em  que  fe  moftra  fer  conveniente 
para  os  augmentos  do  Reyno  confervar-fe  nelle 
a  gente  da  NaçaÕ.  Começa.  Ainda  que  a 
particular    Providencia  (&c. 

Repojia  feita  a  ElRej  D.  Joaõ  o  IV.  a  favor 
da  Gente  da  Naçaõ  Começa.  Huma  das  mais 
ajfmaladas  mercês.  (Ò^c. 

Papel  proclamatorio  ao  Summo  Pontí- 
fice Innocencio  X.  na  occafiaÕ  que  a  Gen- 
te da  Naçaõ  confeguio  Breve  para  fe  avoca- 
rem a  Roma  certos  procejjos  do  Santo  Of- 
ficio  que  fe  duvida  remeter.  Começa.  Muito 
perturbada  fe  acha  a  Corte,  e  Rejno  de  Por- 
tugal. 

Papel  em  defenfa  da  Gente  da  NaçaÕ, 
e  a  favor  do  Difcurfo  que  intentava  ter  com 
Sua  Santidade  fobre  a  pretençaõ  da  nova  mu- 
dança dos  eftilos  do  Santo  Oficio  offerecido 
ao  Sereniffimo  Princepe  D.  Pedro.  Começa. 
Jã  que  V.  A.  ouve  a  quem  taõ  licenciofamente 
falia. 

Apologias  Eatinas  1.  e  z.  Part. 

Vários  Verfos  Eatinos,  e  vulgares. 

Fr.  ANTÓNIO  VIEYRA  natural  de 
Lisboa  filho  de  Gafpar  Vieyra,  e  Maria  de 
Oliveira,  ReHgiofo  Trino  cujo  habito  re- 
cebeo  no  Convento  da  fua  pátria  a  29.  de 
Novembro  de  1643.  F^Y  ^^õ  obfervante 
profeflbr  das  obrigações  do  feu  IníUtuto 
como  dos  preceitos  da  Mufica  fendo  hum 
dos  mais  celebres  tangedores  de  Orgaõ,  ; 
que  admirou  o  feu  tempo.  Exercitou  por  * 
muitos  annos  no  Convento  defta  Corte 
o  lugar  de  Vigário  do  Coro  onde  mor- 
reo  a  27.  de  Janeiro  de  1707.  com  80. 
annos  de  idade,  e  63.  de  Religião.  Deixou 
Compoílas. 

Diverças  obras  de  OrgaÕ  para  os  Tangedores 
dejle  injirumento.  foi  M.  S. 


L  USITAN A. 


427 


ANTÓNIO  VIEGAS  profcíTor  de  Direito 
Cefareo  na  Univerúdade  de  Coimbra,  nclla 
Lente  da  meíma  Faculdade  para  moílrar  que 
naõ  era  menos  verfado  na  Juníprudcncia 
pratica,  que  efpeculativa  Compoz. 

Kerniftones  in  lib.  IV.  Ordinat.  Kejifar.  M.  S. 
foi.  conícrvava-fe  na  Bib.  do  Gurdial  de  Souía. 

Fr.  ANTÓNIO  VIGO  natural  da  VilU 
de  Abrantes  do  Bifpado  da  Guarda,  Rcli- 
giofo  da  Militar  Ordem  de  NoíTa  Senhora 
<la  Mercê,  cujo  habito  recebeo  em  Caílella, 
c  pelas  fuás  grandes  letras  foy  Decano  da 
Univeríidade  de  Sevilha,  e  ConfeíTor  de  D.  Af- 
fonfo  de  Alcncaílre  Marquez  de  Porto  Seguro. 
Compoz. 

De  modo  orandi.  M.  S. 


i 


ANTÓNIO  DE  VILLAS  BOAS,  E 
SAMPAYO  filho  primogénito  de  Diogo 
e  Villas  boas  Caminha,  c  naõ  Queimado 
como  cfcrcvco  o  P.  D.  António  Caetano 
de  Soufa  no  Apparat.  à  Hijl,  Geneal.  da  Caja 
Ktal  Vortug.  pag.  140.  §.  165.  c  de  D.  Anna 
de  Carvalho,  e  Sampayo.  Naceo  a  27.  de 
Agoílo  de  1629.  na  Quinta  de  Fareja  termo 
da  Villa  de  Guimaraens.  Depois  de  eftudar 
as  primeiras  letras,  e  Filofofia  na  Cidade  de 
Braga  ainda  que  era  fuceflbr  do  antigo  Solar 
do  Paço  de  Villas  boas  confervado  há  muitos 
Séculos  na  fua  familia  impellido  da  incli- 
nação ao  eJftudo  das  fciencias,  paíTou  à  Uni- 
verfidade  de  Coimbra,  e  applicando-fe  ao 
Direito  Cefareo  recebeo  o  gráo  de  Bacharel 
nefta  faculdade.  Sérvio  os  lugares  de  Juiz 
de  Fora  da  Villa  de  Conde,  Cidade  de  Vifeu, 
Corregedor  da  Torre  de  Moncorvo,  Provedor 
de  Coimbra  até  que  foy  provido  em  Dezem- 
bargador  da  Relação  do  Porto  de  que  tomou 
poíTe  no  i.  de  Fevereiro  de  1689.  Em  taõ 
diverfas  Judicaturas  fempre  fe  venerarão 
unidas,  na  fua  peííoa  a  vafta  noticia  de  am- 
bos os  Direitos  com  a  incorrupta  inteireza, 
e  fumma  gravidade  digna  de  hum  Senador. 
Entre  as  feveras  occupaçoens  de  Miniftro 
nunca  interrompeo  a  liçaõ  das  letras  huma- 
nas exercitando  com  felicidade  a  Poeíia  La- 
tina, e  vulgar,  de  que  faõ  teftemunhas  mui- 
tas obras,  que  ainda  exiílem.  Foy  eíhidio- 
fo   da   Genealogia,   mas   de   tal  forte   uzou 


delia,  que  fempre  contribuhio  para  credito» 
e  naõ  infâmia  das  Familias.  Cafou  com 
D.  Maria  Ferra2  de  Almeida  filha  de  Baltha- 
zar  de  Faria  Machado,  e  de  fua  mulher  D.  Mag- 
dalena  Pereira  de  quem  teve  a  Diogo  de  Villas- 
boas,  e  Sampayo  Capitão  mór  de  Barcellos» 
e  Governador  do  Caílello  de  Villa  do  Coode» 
e  Balthazar  de  Faria,  e  Víllasboas  Doutor  em 
Cânones,  Inquifidor  Apoílolico  da  Inquiúçaõ 
de  Coimbra,  Pedro  de  Villasboas,  e  Sampayo 
Doutor  em  Leys  Lente  na  Univerfidade  de 
Coimbra,  Deputado  do  Santo  Oflficio,  Desem- 
bargador da  Relação  do  Porto,  e  da  Caía  da 
Supplicaçaò,  CoUegial  do  Collegio  de  S.  Pedro, 
os  quaes  ambos  faõ  prezentemente  Preladof 
da  Santa  Igreja  Patriarchal,  de  que  tomarão 
poflc  a  16.  de  Mayo  de  1739.  c  a  D.  Jofepha 
Francifca  Tereza  Religiofa  no  Convento  de 
S.  Bento  de  Barcellos.  Morreo  a  26.  de  No- 
vembro de  1701.  na  Villa  de  Barcello8,quando 
contava  82.  annos  de  idade,  foy  fepultado 
como  determinara  em  feu  Teftamento  na  Ca- 
pella  de  S.  Jofeph,  que  elle  edificara  na  fua 
quinta  do  Paço  de  Villasboas,  antepondo  para 
feu  jazigo  efte  lugar  ao  fepulchro  dos  feus  af- 
cendentes,  que  eftà  em  o  Mofteiro  de  Villar  de 
Frades.  Ordenou,  que  fe  lhe  naõ  efcreveíTe 
epitáfio  na  fepultura,  mas  a  hum  lado  da  Ca- 
pella  onde  jaz  o  feu  corpo,  tem  gravado  eftes 
verfos. 
Qui  tihi  pufillum  dicat,  Jofephe,  Jacellum, 

Calum  pro  dono,  te  auxiliante  petit: 
Eí  fi  magia  petit  parvo  pro  mtmere,  nojàt 
mfe  nihil  quod  dat,  quod  petit  omne  putat. 

Fazem  delle  memoria  D.  Rafael  Blut.  no 
Catai,  dos  Authores  Vortug.  impreíío  ao  prin- 
cipio do  I.  Tom.  do  Vocahul.  Vortug.  e  Latin. 
o  P.  António  Carvalho  da  Corog.  Vortug.  Tom. 
I.  Trat.  5.  cap.  3.  pag.  318.  e  o  Padre  D.  Antó- 
nio Caetano  de  Soufa  no  lugar  aíTima  citado. 
Compoz. 

Nobiliarchia  Portuguet(a  Tratado  da  Nobre:(a 
hereditária,  e  politica.  Lisboa  por  Francifco  Vil- 
lela  1676.  4.  &  ibi  por  Filippe  de  Soufa  Villela. 
1708.  4.  et  ibi  na  Ofíicina  Ferreyriana  1727.  4. 

Para  celebrar  o  monte  de  Ayró  (do  qual 
trata  Fr.  Pedro  Poyares  no  Trat.  Paneg.  de 
Villa  de  Barcellos  cap.  27.  pag.  67.  que 
efta  vifinho  ao  referido  folar  de  Villas-Boas 
de   cujo  fitio   goílava  fummamente  por  fer 


428 


BIBLIO THECA 


muito  ameno  compoz,  e  imprimio  com  o 
fupoílo  nome  de  Joaõ  Martins. 

A»ío  da  'Lavradora  de  Ayrò.  Coimbra  por 
Jozé  Ferreira.  1678.  4. 

No  qual  com  engenhofa  fabula  em  verfo 
Pottuguez  refere  os  amores  de  certo  Paílor, 
e  a  fua  transformação  em  o  monte  Ayrò,  e  a 
converfaõ  da  amada  Nimfa,  em  a  fonte  da 
Virtude,  da  qual  elle  fe  lembra  em  a  Nobiliar. 
Poríug.  cap.  9.  pag.  93. 

Traduzio  de  Italiano  em  Portuguez  fem 
declarar  o  feu  nome. 

Arte  de  bem  morrer,  indujlrias  para  fat^er 
huma  boa  morte.  Coimbra  por  Jozé  Ferreira 
1685.  8.  cuja  obra  dedicou  o  ImpreíTor  à  D. 
Maria  Ferraz  de  Almeyda  mulher  do  Tra- 
dutor. 

£/  baxel  de  Cupido  navegacion  entretenida  de 
Koberto,y  Cinthia.  M.  S.  Confta  de  três  novellas 
em  profa,  e  verfo  que  eftavaõ  com  as  licenças 
promptas  para  a  impreíTaõ;  mas  reparando 
com  mayor  reflexão  em  fer  eila  obra  ideada 
na  fua  adolefcencia,  e  como  tal  indigna  da 
madureza  dos  annos  que  contava,  a  reduzio 
a  pedaços. 

Saudades  de  Lisboa  na  au:(encia  da  Senhora 
D.  Catherina  Rainha  da  Gráa  Bretanha.  Poema 
heróico  M.  S.  de  que  elle  repete  a  Outava  89. 
em  a  Nob.  Portug.  cap.  5.  pag.  41. 

Genealogias  de  muitas  Familias  illujires,  e 
nobres  dejie  Rejno.  M.  S.  que  fe  confervaõ  em 
poder  de  feus  filhos. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  VISITAÇAM  natural 
da  Cidade  do  Funchal  Capital  da  Ilha  da  Ma- 
deira. Recebeo  o  Habito  Carmelitano  no  Con- 
vento de  Évora  a  13.  de  Abril  de  1568.  onde 
enfinou  por  muitos  annos  a  Ungua  Latina  aos 
feus  domeílicos  por  fer  antes  de  entrar  na  Reli- 
gião muito  perito  nefte  idioma.  Foy  ornado 
de  muitas  virtudes  pelas  quaes  mereceo  fer 
eleito  em  18.  de  Outubro  de  1584.  Meílre  dos 
Noviços,  e  de  tal  modo  educou  eílas  novas 
plantas  que  três  vezes  exercitou  efte  miniílerio 
temperando  o  rigor  com  a  brandura,  e  a  feve- 
ridade  com  a  clemência.  Copiofo  foy  o  fruto 
que  colheo  com  os  feus  Sermoens  pois  além 
das  Efcrituras,  e  Padres  com  que  os  illuftrava 
lhes  infundia  com  o  feu  efpirito  tal  efíicacia 
que  redufia  os  peccadores  ao  caminho  da  peni- 


tencia. Foy  Prior  do  Convento  de  Collares,  e 
fundador  do  que  tem  a  Província  na  Villa  de 
Setúbal.  Cheyo  de  virtuofas  obras  partio  a 
alcançar  o  premio  delias  no  Convento  de  Lis- 
boa a  13.  de  Mayo  de  1606.  quando  contava 
60.  annos  de  idade.    Compoz. 

Oraçoens,  e  Poemas  elegantijfimos  os  quaes  vio 
Jorge  Cardozo  como  teílifica  no  Agiol.  Lufit. 
Tom.  3.  pag.  237.  no  Commentar.  de  13.  de 
Mayo  letr.  G.  dizendo  Sere  cheyos  de  mui  Jolida 
doãrina,  e  efpirito,  e  o  Author,  hum  dos  mayores 
Latinos,  humaniftas,  e  Poetas,  que  teve  ejla  Pro- 
vinda. Semelhante  elogio  lhe  fazem  António 
Carvalho  da  Coíla  Corog.  Portug.  Tom.  3.  liv. 
2.  Trat.  8.  cap.  47.  pag.  626.  e  Fr.  Manoel  de 
Sá  nas  Mem.  Hijlor.  da  Ordem  do  Carmo  da  Pro- 
vim, de  Portugal  PzxX..  i.  liv.  4.  cap.  9.  pag.  365. 

Fr.  ANTÓNIO  DA  VISITAÇAM  Naceo 
na  Villa  de  Setuval,  fendo  feus  Pays  Joaõ 
Fero,  e  Beatriz  Gomes,  e  na  idade  juvenil 
abraçou  o  Inftituto  da  Ordem  dos  Pregadores, 
que  folemnemente  profeílou  no  Real  Convento 
de  Lisboa  a  2.  de  Fevereiro  de  1581.  Paílou 
à  índia,  e  por  muitos  annos  refidio  no  Con- 
vento de  Goa  lendo  Theologia  aos  feus  Com- 
panheiros. A  fua  prudência  o  fez  digno  de 
exercitar  os  lugares  de  Vigário  de  Malaca,  e 
das  Chriflãndades  do  Sul  até  que  foy  duas 
vezes  Prior  do  Convento  de  Santo  Thomaz 
de  Goa,  e  Pregador  Geral,  naõ  querendo 
aceitar  o  gráo  de  Prefentado  na  Ordem  por 
naõ  ter  Udo  os  annos  que  difpoem  os  Efta- 
tutos.  Occupou  o  lugar  de  Deputado  da 
Inquifiçaõ  de  Goa  de  que  tomou  poíTe  em 
7.  de  Janeiro  de  1605.  que  adminiílrou  com 
grande  zelo.  Entre  outras  heróicas  virtu- 
des em  que  foy  eminente  as  quaes  elegante- 
mente defcrevem  Fr.  Luiz  de  Soufa  na  Hifi. 
de  S.  Domingos  da  Prov.  de  Portug.  Part.  3. 
Uv.  4.  cap.  II.  e  Echard  in  Script.  Ord.  Prad. 
Tom.  2.  pag.  384.  confervou  a  pureza  vir- 
ginal até  a  morte  cuja  hora  fendo  por  elle 
pronoílicada  paílou  a  melhor  vida  a  16.  de 
Fevereiro  de  161 3.    Efcreveo. 

Relação  das  Chrijiandades  de  Solor.  Defta 
obra  fazem  mençaõ  Souza,  e  Echard  af- 
íima  allegados  Fr.  Pedro  Monteiro  no 
Clauft.  Domin.  Tom.  3.  pag.  167.  Cardof. 
Agiol.   Lujit.   Tom.    i.   pag.    290.   no   Com- 


L  USITANA. 


429 


ment.  de  30.  de  Janeiro  let.  F.  chamando- 
Ihe  por  equivocaçaõ  Fr»  An /orno  da  Prtv^tn- 
iitçaõ  e  Fontan.  in  Monum.  Dominic.  pag.  J75. 
col.  I.  hih.  Orient.  novamente  acrecentada 
Tom.  I.  Tit.  3.  col.  8j. 

Fr.  APPARICIO  DE  SANTO  ANTÓ- 
NIO natural  de  Lisboa.  Foy  admitido  ao 
auftero  Habito  da  Provinda  da  Arrábida, 
onde  pela  capacidade  de  que  era  doudo  exer- 
citou muitas  vezes  o  lugar  de  Guardião,  e  por 
duas  Definidor  da  Provincia  em  cujos  minif- 
terios  todo  o  fcu  difvelo  confiília  em  confcrvar 
o  primitivo  rigor  da  Regra  Seráfica.  A  mayor 
parte  do  tempo,  que  lhe  rcftava  das  occupa- 
^oens  da  Q)mmunidade,  fe  abílrahia  da  com- 
municaçaõ  naõ  fomente  dos  Seculares,  mas 
unda  dos  feus  mcfmos  Rcligiofos,  e  o  gaftava 
contemplação  dos  bens  Celeftiacs.  Naõ  lhe 
lufava  impedimento  o  grande  numero  de 
los  para  naõ  exercitar  rigorofas  penitencias 
ido  mais  exceíTivas  hum  anno  antes  da  fua 
)rte  que  fucedeo  no  Hofpital  de  Lisboa  a 
>.  de  Outubro  de  161 5.  Foy  fepultado  no 
mvento  de  S.  Francifco  da  Cidade.  Co- 
cra  muito  applicado  à  intelligencia  das 
lúbricas  do  Breviário,  e  MlíTal  Romano 
mfultando  as  duvidas  que  nelles  podiaõ 
:orrer  naõ  fomente  nos  Authores,  que 
is  efcreveraõ,  mas  as  peíToas  mais  dou- 
is  nefta  matéria,  compoz  para  inftrucçaõ 
tios  Sacerdotes,  e  Acolytos. 

Ceremonial  do  Coro,  e  do  Altar  M.  S.  NaÕ 
o  deixou  imprimir  (Saõ  palavras  do  moderno 
Chroniíla  da  Provinda  da  Arrábida  Fr.  An- 
tónio da  Piedade  Part.  i.  liv.  5.  cap.  11.  n. 
1 1 20.)  <7  nojfa  pobrez^,  copiou-Je  com  tudo  em  vários 
treslados  que  fe  repartirão  pelos  Conventos,  e  por 
tiles  fe  governarão  os  Frades. 

Taboas  dos  Capitulas,  e  Congregaçoens  que 
fe  celebrarão  na  Provincia.  Eíla  obra  defapa- 
receu  como  affirma  o  dito  Chroniíla,  e  da 
primdra  faz  mençaõ  Fr.  Joan.  à  D.  Ant. 
in  Bib.  Francifc.  Tom.  i.  pag.  135. 

Fr.  ANTÓNIO  DE  SANTA  ÚR- 
SULA natural  de  Lisboa  filho  de  Francif- 
co Gonçalves,  e  Domingas  Francifca,  e  Ir- 
mão do  Doutor  Luiz  Gonçalves  Pinheiro 
de  que  em  feu  lugar  fe  fará  mençaõ.    Re- 


cebeo  o  Habito  de  Agoftinho  DeTcalço  no 
Convento  do  Monte  Olivete  Cabeça  defia 
Congregação  a  19.  de  Outubro  de  17 10. 
onde  profeíTou  a  zj.  do  dito  mez  do  anno 
fegulnte.  Foy  Subprior  no  Convento  de  N. 
Senhora  da  Boa  Hora  deíla  Corte,  e  Prior 
do  Convento  da  A/TumpçaÕ  do  lugar  da 
Sobreda  eleito  em  o  anno  de  175 1.  Tem  fe- 
liz talento  para  o  Púlpito  de  que  he  argu- 
mento a  obra  feguintc. 

StrmaÒ  do  Preclarijfimo,  e  Adorado  Patriar- 
cha,  LMZf  i  Doutor  exímio  da  Iffeja  Santo  Af^f- 
tinlx>.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira  ImpreíTor  da 
ScreniíTima  Rainha  Noíía  Senhora   1752.  4. 

V.  D.  APPOLLINARIO  DE  AL- 
MEYDA.  Naceo  na  Cidade  de  Lisboa  a  22.  de 
Julho  de  1J87.  e  foraõ  feus  Pays  Joaõ  Gomes 
de  Coimbra,  Fidalgo  Cavalleiro,  e  Maria  Geor- 
ge  de  Almeida,  cujos  oíTos  jazem  na  Viafacra 
da  parte  do  Evangelho  do  Collegio  de  Santo 
Antaõ.  Na  pueril  idade  de  dnco  annos  ainda 
ignorando  ler,  e  efcrever  debuxou  com  admi- 
rável perfeição  o  feu  nome  no  frontifpicio  de 
hum  livro.  Como  lhe  amanheceo  taõ  anted- 
padamente  o  ufo  da  razaõ  naõ  caufou  grande 
efpanto,  que  no  efpaço  de  três  annos  apren- 
deíTe  naõ  fomente  os  primeiros  rudimentos, 
mas  tocaíTe  com  deftreza  vários  inílrumentos. 
Applicoufe  ao  eíhido  da  Língua  Latina  no 
Collegio  de  Santo  Antaõ  dos  Padres  Jefuitas 
onde  atrahidos  os  Meílres  da  agudeza  do  en- 
genho, felicidade  da  memoria,  candura  de 
animo,  e  modeftia  do  femblante  com  que  fe 
fazia  a  todos  fummamente  amável  o  receberão 
na  Companhia  a  5.  de  Novembro  de  1601. 
Depois  de  eíhidar  as  letras  humanas  em  Évora 
as  eníinou  por  féis  annos  na  mefma  Univer- 
fidade,  e  na  de  Coimbra  RJietorica  recitando 
por  três  annos  contínuos  a  Oraçaõ  da  Rainha 
Santa  Izabel  na  Lingua  Latina  com  applaufo 
de  todos  os  Académicos,  pois  poífuhia  em  grào 
fublime  todas  as  partes,  que  conítítuem  hum 
confummado  Orador  naõ  fendo  menos  iníigne 
Poeta.  Eníinou  Filofofia  em  Lisboa,  e  na 
Univeríidade  de  Évora  Efcritura,  em  cuja 
Cadeira  fubftítuhio  ao  Patriarcha  AiFonfo 
Mendes,  como  depois  de  graduado  Doutor 
em  Theologia  a  19.  de  Junho  de  1624.  Sen- 
do   nomeado  Bifpo  de  Nicea  lhe  fuccedeo 


43  o 


BIBLIOTHE CA 


na  Dignidade  Patriarchal.  Foy  Sagrado  no 
Collegio  de  Évora  pelo  feu  Arcebifpo  D.  Jozè 
de  Mello,  e  paíTando  a  Lisboa  exercitava  na 
Cafa  ProfeíTa  de  S.  Roque  os  miniílerios  de 
Religiofo  fem  que  lhe  alteraíTe  efte  virtuofo 
coíhime  a  dignidade  a  que  eftava  fublimado. 
Tanto  que  chegou  occaíiaõ  oportuna  partio 
para  a  índia  com  huma  efquadra  de  quarenta 
Soldados  da  Companhia  de  JESUS  no  anno 
de  1629.  em  a  Nào  Sacramento  em  que  hia 
embarcado  o  Conde  de  Linhares  D.  Miguel  de 
Noronha  com  o  lugar  de  Vice-Rey  do  Eílado. 
Chegando  a  Goa,  como  todo  o  feu  cuidado 
era  entrar  na  Etiópia  poJfto  que  quebrantado 
com  jornada  taõ  prolongada  fe  preparou  no 
breve  efpaço  de  hum  mez  para  outra  naõ  me- 
nos perigofa  na  qual  depois  de  padecer  vários 
infortúnios  chegou  à  Corte  de  Etiópia  a  10.  de 
Agoílo  de  1630.  que  era  o  defejado  termo  das 
fuás  anciãs.  Favorecido  do  Emperador  Sul- 
tão Segued  começou  a  trabalhar  na  reduc- 
çaõ  dos  Scifmaticos  quando  por  morte  deite 
Princepe  fuccedeo  no  Trono  Imperial  feu  filho 
Faciladas  acérrimo  inimigo  dos  dogmas  da 
Igreja  Romana  mandando  com  cego  furor  ex- 
pulfallo  da  Etiópia  por  temer,  que  com  a  fua 
aíTiftencia  fe  extinguiria  a  falfa  crença  da  Igreja 
de  Alexandria,  de  cujos  erros  era  obílinado  fe- 
quaz.  Naõ  cedeu  a  conílancia  do  feu  apofto- 
Hco  peito  à  violência  deíla  ordem  fulminada 
pela  cólera  do  Emperador,  antes  para  naõ  de- 
femparar  as  fuás  ovelhas  vivia  occulto  na  ef- 
peílura  dos  matos  onde  pelo  efpaço  de  alguns 
mezes  tolerou  com  heróico  valor  moleftias  fu- 
periores  à  humanidade.  Sabendo  o  Empera- 
dor, que  o  Varaõ  Apoílolico  reíidia  em  Tigre 
efcreveo  ao  feu  Vice-Rey  Barhanagais,  que  o 
remeteíTe  prezo  por  naõ  ter  fahido  do  Impé- 
rio, ou  que  o  entregaífe  aos  Turcos  de  Maçuâ, 
prometendo-lhe  grandes  donativos  fe  promp- 
tamente  executaíTe  o  que  lhe  ordenava.  Ren- 
dido o  bárbaro  com  a  ambição  das  promeíTas 
entregou  contra  as  leys  da  hofpitalidade  ao 
Venerável  Bifpo  com  feus  dous  Companhei- 
ros os  Padres  Francifco  Rodrigues,  e  Jacinto 
Francifco,  e  depois  de  tolerar  muitos  ludí- 
brios foy  fufpenfo  no  patibulo  no  lugar  de 
Oinadegà,  e  oprimido  de  hum  diluvio  de 
pedras  tiradas  pelo  furor  do  povo  voou  o 
feu   efpirito   a  coroar-fe  na  eternidade  com 


o  triplicado  diadema  de  Doutor,  Virgem, 
e  Martyr  a  9.  de  Junho  de  1638.  em  cujo 
género  de  morte  lhe  foraõ  companheiros 
aquelles  dous  Heroes,  que  o  tinhaõ  fido  nos 
feus  apoílolicos  trabalhos  por  toda  a  vida. 
Fazem  illuílre  memoria  defte  infigne  Pre- 
lado Cardofo  no  Agiol.  'L.ujit.  Tom.  3.  pag. 
603.  e  no  Cõmentr.  de  9.  de  Junho  letr.  F. 
Telles  Hifi.  da  Etiop.  Alt.  Liv.  6.  cap.  28. 
e  29.  Nadafi  Ann.  dier.  memor.  S.  J.  p.  177. 
Franco  Imag.  da  Virtud.  do  Nov.  de  Ejjor. 
Liv.  2.  cap.  12.  13.  14.  e  15.  e  no  Ann.  Glorio/. 
S.  J.  in  "Lufit.  pag.  327.  Tanner  Societ  Jef. 
u/que  ad  fang.  ó'  vit.  profuf.  mtlitans  pag.  197. 
P.  D.  Manoel  Caet.  de  Souf.  Cathal.  Uift.  dos 
Are.  e  Bi/p.  Porttig.  que  tiveraõ  Diocefe  fora  do 
Rejno.  pag.  119. 
Imprimio 

Sermão  na  fejla,  e  demonjiraçaõ  de  ale^a, 
que  fe:i  a  NaçaÕ  France:(a  refidente  na  Cidade 
de  Ushoa  pela  tomada  de  Arrochella,  e  glorioja 
Viãoria  delRey  ChriJiianiJJimo  Luif^  XIII.  o 
Jujlo  pregado  aos  ij.  de  Dezembro  de  1628.  Lis- 
boa por  Matheus  Pinheiro.  1629.  4. 

Efcreveo  varias  cartas  da  Etiópia  das 
quaes  huma  efcrita  de  Tigre  em  15.  de  Ju- 
lho de  1636.  para  o  Duque  de  Bragança  D. 
Joaõ,  que  depois  fubio  ao  Trono  de  Portu- 
gal, eílà  impreíla  no  Tom.  3.  do  Agiol.  hufit. 
pag,  612.    Começa 

Senhor.  De/de  o  anno  de  1629.  ate  o  pre- 
Jente  fempre  efcrevi  a  V.  Excel lenjfta 

Vida  do  P.  Francifco  de  Mendoça  a  qual 
confiava  de  trinta  e  duas  paginas  de  folha, 
acabada  em  Évora  a  2.  de  Setembro  de  1626. 
e  a  confervava  em  feu  poder  o  P.  Manoel 
Fernandes    ConfefTor    delRey   D.    Pedro   II. 

Elogium  Joannis  III.  o  qual  efcrito  da  fua 
mão  o  tinha  o  P.  Francifco  da  Cruz,  como  ef- 
creve  nas  Memorias  M.  S.  para  a  Bib.  Portug. 

Orationes  três  in  luiudem  Sanãa  Eli- 
fabetha  Portugallia  Kegina.  Confervaõ-fe 
no  Archivo  do  CoUegio  de  Coimbra  dos 
Padres  Jefuitas. 

Fr.  APPOLLINARIO  DA  CONCEI- 
ÇAM  natural  de  Lisboa  onde  naceo  a 
23.  de  Julho  de  1692.  fendo  feus  Pays  Do- 
mingos Alvares  da  Rocha,  e  Maria  Leytoa. 
Ainda  naõ  tinha  completos  treze  annos  de 


L  USITANA. 


401 


idade  quando  deixando  a  pátria  navegou 
para  o  Rio  de  Janeiro,  e  atrahido  da  fevera 
observância  dos  Religioíos  da  Provinda  da 
Immaculada  G^nceiçaõ  lecebeo  o  Habito 
Seráfico  no  Convento  da  Cidade  de  S.  Paulo 
.1  5.  de  Setembro  de  171 1.  cujo  Inítituto  pro- 
icííou  no  humilde  Eftado  de  Leygo.  Em 
ttcnçaõ  do  fummo  cuidado  com  que  exer- 
(itou  os  miniAerios  domcílicos,  que  lhe 
(Icllinara  a  obediência,  foy  clcyto  Procura- 
lor  Geral  do  Convento  do  Rio  de  Janeiro 
(.abeça  de  toda  a  Província  cujo  lugar  naõ  fo- 
mente adminiftrou  naqueUa  Cidade,  mas  neíla 
(brtc  onde  agora  aíTiftc  com  louvável  recomen- 
dação do  feu  religiofo  procedimento.  Pofto 
<juc  profcíTou  o  Kílado  de  Leygo  recufando 
com  profunda  humildade  o  de  Sacerdote  ao 
uual  o  queriaõ  promover  os  feus  Prelados, 
hIo  o  fcu  difvcllo,  c  applicaçaõ  foy  dcdicarfc 
Uçaõ  dos  livros,  c  alcançar  varias  noticias  em 
-ibfcquio  da  fua  Religião  de  cujos  Annaes,  c 
Chronicas  he  fummamente  verfado  cfcrevendo 
com  eílilo  claro,  e  corrente  diverfas  obras  naõ 
lhe  fervindo  de  obílaculo  para  empreza  taõ  la- 
lx)riofa  as  largas  jornadas,  que  tem  feito  naõ 
fomente  por  grande  parte  da  America,  mas  a 
Roma,  e  Madrid  duas  vezes  merecendo  mayor 
louvor  eíla  fua  incanfavel  applicaçaõ  por  naõ 
fer  ProfeíTor  de  Letras,  em  premio  da  qual 
o  nomeou  Chroniíla  da  fua  Provincia  o  Re- 
verendiíTimo  Geral  Fr.  Joaõ  Bermejo  em  o 
I.  de  Junho  de  1740.  cuja  eleyçaõ  confir- 
mou a  10.  do  dito  mez,  e  anno  feu  Succef- 
for  Fr.  Caetano  Laurino.  Fazem  mençaõ 
da  fua  peíToa  Fr.  Joan.  à  D.  António  Bib. 
Franc.  Tom.  i.  pag.  135.  Fr.  Joaõ  Bautifta 
Parai/o  Seráfico  na  Terra  Sant.  Liv.  8.  c.  5.  n.  48. 
Chron.  da  Provinda  da  Conceição  de  Cafiel.  i. 
part.  liv.  I.  n.  2.  Publicou. 

Pequenos  na  Terra,  Grandes  no  Ceo.  Memo- 
rias Hijioricas  dos  Keligiofos  da  Ordem  Seráfica, 
que  do  humilde  EJlado  de  T^ygos  JuhiraÕ  ao  mais 
■Ito  grào  de  perfeição.  Part.  i.  Lisboa  na  Offi- 
cina  da  Mufica.  1732.  foi. 

Pequenos  na  Terra,  <ò'c.  Part.  2.  ibi  na 
mefma  Officina.  1735.  foi. 

Pequenos  na  Terra,  <&c.  Part.  3.  ibi  na 
mefma  Officina  1738.  foi. 

Primav^ia  Seráfica  na  KegiaÕ  da  Ame- 
rica.   Novo    defcubrimento    de    Santos,    e    Ve- 


neropeis  Kiliffofot  da  Ordem  Seráfica  que  etuuh 
hrecem  o  mwo  mundo  com  frns  virtudes,  §  ae- 
çoens.  Lisboa  por  António  de  Soufa  da  Sylva. 

Stcidos  da  KeligfaÒ  Seráfica  Brilhante  em 
todos  com  feus  Keligiofos  L>eygos  dos  quats  fe 
põem  huns  illufhados  com  o  dom  da  f ciência,  de 
outros  fe  apontoo  os  efcritos,  dos  Canonizados, 
0  beatificados  os  nomes,  e  de  muitos  vários  apothe- 
mas  efpirituaes,  e  doutrinaes.  Lisboa  por  Antó- 
nio Ifídoro  da  Fonfeca.  17)6.  8. 

Viagem  devota,  e  feliv^  em  que  os  Navegfuttes 
exercendo  algumas  devoçoens,  e  difcorrendo  em 
coufas  efpirituaes,  que  abonarão  com  vários  exem- 
plos diftribuyaõ  o  tempo  o  que  tudo  fe  manifefia 
em  Diálogos.  Lisboa  por  Theotonio  Antunes 
de  Lima.  1737.  12. 

Clauftro  Francifcano  eretío  no  dominio  da 
Coroa  Portugue!(a,  e  eftabelicido  fobre  de:^efeis 
colunas,  expoemfe  fua  Origem,  e  eftado  pre:(ente, 
e  de  feus  Conventos  e  Mofieiros,  annos  de  fua  Fun- 
dação, numero  de  Hofpicios,  Prefeituras,  Reco- 
Ihimltos,  Parrochias,  e  Mifoens,  dos  quais  fe  dà 
individual  noticia,  e  do  numero  de  feus  Keligiofos, 
Keliffofas  Terceiros,  e  Terceiras  que  vivem  Colle- 
giadamente  tanto  em  Portugal,  como  em  fuás  Con- 
quiflas.  Lisboa  por  António  líidoro  da  Fon- 
feca  1740.  4. 

Inflruçoens  para  os  que  deixando  o  mundo 
procuraõ  o  Ceo  pelo  caminho  dos  Frades  Me- 
nores ás  qttaes  fe  dá  principio  com  a  P>jeg'a,  vida, 
e  Tefiamento  de  N.  Seráfico  Padre  S,  Francifco. 
Lisboa  por  Domingos  Gonçalves  1740.  32. 
Sahio  fem  o  feu  nome. 

Obras  M.  S. 

Louvores  divinos  difiribuidos  nos  fete  dias 
da  Semana  em  que  fe  defcrevem  vários  exer- 
cidos para  utilidade  das  almas  devotas  extrahi- 
das  de  outras  obras  efpirituaes  compofta  no 
anno  de  1714. 

Novenario  nas  Fefiividades  de  alguns  San- 
tos, e  Conceição  de  N.  Senhora  tradut^ido  dos 
idiomas  Italiano,  e  Ffpanhol  no  anno  de 
1716. 

Guia  de  Acólitos,  e  praãica  das  cerimo- 
nias, que  devem  fav^er  tanto  nas  Miffas,  como 
nos  mais  aãos  da  Communidade  da  nojfa  Santa 
Provinda,  recopilado  do  Cerimonial  de  que 
u^a  a  mefma  Provinda. 

Epitome  do  que  em  breve  fumma  contem  a 


432 


BIBLIO THECA 


Santa  Provinda  de  N.  Senhora  da  Conceição 
do  Rio  de  Janeiro  em  o  EJiado  do  Brajil.  No 
anno  de  1730. 

Kecordaçoens  de  huma  amoroja  Alãj  a  Santa 
Provinda  Capucha  da  immaculada  Conceição  do 
Rio  de  Janeiro  feita  a  feus  queridos  filhos  em  abono 
do  que  tanto  a  tem  acreditado  o  M. R.P.Fr.  Fer- 
nando de  Santo  António  exleytor  de  Theologia, 
Provincial,  que  foy  da  me/ma  Provinda,  Definidor 
Geral  de  toda  a  Ordem  Seráfica,  e  feu  univerjal 
Penitenciário,  Hxaminador  das  três  Ordens  Mili- 
tares, e  Qualificador  do  Santo  Officio  no  anno 
de  1736. 

Excellencias  do  Santijftmo  Nome  de  MA- 
RIA, e  devoção  ao  mefmo  dulcijfimo  Nome  dif- 
correndo  por  cada  huma  das  cinco  letras  que  com- 
prehende.  Efte  Livro  fendo  mandado  do  Brá- 
2il  a  Lisboa  para  fe  imprimir,  naõ  appareceo. 

Pequenos  na  Terra,  e  grandes  no  Ceo.  4.  Parte 
na  qual  acaba  a  noticia  de  dous  mil  fervos 
de  Deos  entre  Santos  Canonizados,  Beati- 
ficados, e  Veneráveis  da  Ordem  Seráfica, 
e  de  profiíTaõ  Leygos. 

Fr.  APPOLLINARIO  DE  JESU  Na- 
ceo  em  Lisboa  fendo  feus  Pays  Manoel  Pirez, 
e  Anna  Dias.  Deixou  a  Pátria,  e  no  Convento 
de  Roma  de  S.  Nicolao  Tolentino  recebeo 
o  habito  de  Agoílinho  Defcalço  a  6.  de  Mayo 
de  161 2.  quando  contava  vinte  annos  de  idade 
mudando  o  nome  de  António,  que  lhe  fora 
impofto  no  bautifmo  pelo  de  AppoUinario. 
Era  infigne  Letrado  antes  de  fer  Religiofo,  e 
vendo  que  os  feus  domeiiicos  para  ferem  nova- 
mente inftruidos  bufcavaõ  fora  dos  feus 
Clauílros  Meílres,  que  os  enfinaííem  fe  of- 
fereceo  ao  Prelado  com  toda  a  modeftia 
para  eíle  miniílerio  que  exercitou  com  ad- 
miração dos  mayores  talentos  da  Cúria,  co- 
mo claramente  fe  vio  quando  prefidindo  a 
humas  Conclufoens  que  fuftentava  Fr.  Igna- 
cio  de  Santa  Maria  de  quem  em  feu  lu- 
gar fe  fará  memoria,  refpondeo  com  tal 
fubtileza  a  hum  argumento  que  lhe  propoz 
o  infigne  Varaõ  Fr.  Joaõ  de  Cartagena  glo- 
ria da  familia  Seráfica,  que  admirado  rom- 
peo  o  Cardial  Bellarmino  Oráculo  naquelle 
tempo  do  Collegio  Apoftolico  que  eílava 
prezente  a  efte  a£to  neílas  palavras  O  digna 
plane  Augufiini  Doãoris  eximij  arboris  planta 


perpulchra  litterarum  Patris  veftigia  fequens  à 
Domino  femper,  et  iterum  patrocínio  Juffragari 
videbitur.  AíTim  como  teve  a  fortuna  de  fer 
o  I.  Meílre  de  toda  a  Congregação  de  ItaUa 
a  alcançou  igual  nos  famofos  difcipulos, 
que  fahiraõ  da  fua  Efcola.  Foy  Prefidente 
do  Capitulo  celebrado  em  Roma  a  4.  de  Mayo 
de  161 8.  e  nelle  eleito  primeiro  Definidor 
exercitando  o  mefmo  lugar  no  Capitulo  ce- 
lebrado em  3.  de  Mayo  de  1625.  Armoufe 
contra  o  feu  exemplar  procedimento  a  male- 
volencia  com  o  pretexto  de  obfervancia  por 
cuja  cauza  efteve  prezo  por  Ordem  do  Co- 
miíTario  Geral  de  Sicilia  Fr.  Fulgencio  de 
Santo  Agoílinho  em  o  Convento  de  S.  Do- 
mingos de  Palermo  onde  piamente  mor- 
reo  a  12.  de  Novembro  de  163 1.  Foy  de  af- 
pefto  grave,  parco  no  falar,  continuo  na 
Oraçaõ,  obfervante  das  Conftituiçoens,  e 
ultimamente  declarado  inocente  por  confif- 
faõ  de  quem  iniquamente  o  ofendeo.  Compoz. 

Conjlituiçoens  para  o  governo  efpiritual  da 
Congregação  de  Itália  dos  Agofiinhos  De/calços. 
Roma  na  ImpreíTaõ  da  Camará  Apoftolica. 
1732.  8.  e  Milaõ  1677.  O  original  fe  conferva 
no    Convento    Romano    de    JESU    MARIA. 

De  Primatu  F^cclefice  Romana  M.  S.  cuja 
obra  eftava  prompta  para  a  ImpreíTaõ,  que 
naõ    fe  efeituou   por  lho  impedir  a  morte. 

S.  APRIGIO  Bifpo  da  Cidade  de  Beja 
na  Provinda  Traftagana  que  lograva  eíla 
preeminência  na  antigua  Lufitania.  Flore- 
ceo  no  Século  6.  quando  dominava  Theudo 
o  Império  Gothico  no  anno  de  530.  como 
efcreve  Santo  Ifidoro  feu  grande  Panegy- 
riíla,  ou  no  anno  de  541.  como  affirma  Joaò 
de  Ferreras  Hift.  de  Efpan.  Part.  3.  pag.  ' 
160.  Foy  Varaõ  celebre  aíTim  na  fubti- 
leza do  juizo,  como  na  vafta,  e  profunda 
liçaõ  que  teve  das  letras  Sagradas,  e  pro- 
fanas como  teftemunhaõ  as  fuás  doutas  obras  ■ 
fendo  a  principal. 

Commentarium   in   Apocaljpfim.    que  prin-' 
cipia. 

Biformem  divina  legis  Hijloriam  duplicis  Sa- 
cramenti  myjierio  dijjerendam  non  noftra  humili- 
tatis  fragilitas  aliter  poterit  ennarrare  nifi  ab  eo 
auãore  fua  legis  Domino  Jefu  Chriflo  modum 
dicendi,  <ò'  fermonem  fumat  eloquij. 


L  USITAN  A. 


433 


I 


m^ 


Eíla  obra  louva  Santo  líidoro  di  Script. 
EccUfiúft,  c.  17  com  grandes  elogios  dando- 
Ihe  a  primazia  entre  todos  os  Eícritores,  que 
trabalharão  na  interpretação  dos  Miílerios  do 
Apocalypfc  ínferpretatns  tfl  Apocalypfin  D.  Joan- 
nis  ApoJIoli  JnhíHi  fenfu,  atque  illuftri  fer morte 
meims  pene  quám  veteres  licclefiaftiei  viri  expojmfft 
videtitiir.  Nunca  logrou  do  beneficio  da  luz 
publica  cAe  douto  Commentario,  que  muitos 
Authores  confundem  com  outro  eícrito  íobre 
a  mefma  matéria  por  S.  Beato  Presbytero  de 
Mcbana,  que  florccco  no  8.  Século.  Nicolao 
António  in  bib.  Hifpatt.  Vet.  lib.  4.  cap.  2. 
n.  24.  nota  com  judiciofa  critica,  que  eíla  obra 
de  Aprigio  tinha  em  feu  poder  prompta  para 
a  imprcíTaõ  Luiz  de  Saô  Llorcntc  Racionciro 
(la  Cathcdral  de  Sevilha  copiada  de  hum  G}- 
dice  gótico  de  Barcelona,  do  qual  confer- 
vava  outra  copia  D.  Joaõ  de  Ferreras  co- 
mo cfcrcvc  na  Hijl.  de  Efpan.  Part.  3.  e  nclla 
obfervara  eílar  perfeita  nos  cinco  Gipi- 
tulos  primeiros,  e  cinco  últimos,  mas  que 
os  Capítulos,  que  corriaõ  do  numero  7. 
do  Cap.    5.   até   o   numero   5.   do   Cap.    17. 

vaõ  naõ  fó  defordenados,  e  confufos  mas 
inferta  nelles  a  expofiçaõ  do  Commento 
do  Apocalypfc  compoíla  por  Viftorino  que 
foy  imprefla  Parifiis  apud  Mauricium  da  Porta 
1545.  juntamente  com  a  expofiçaõ  de  Theo- 
philato  aos  Profetas  Mayores.  Donde  fe 
colhe  eftar  adulterada  a  Obra  de  Santo  Apri- 
gio pela  malícia,  ou  ignorância  de  algum 
impoílor.  Ambrofio  de  Morales  na  Chron. 
Gen.  de  Efpan.  liv.  1 1.  cap.  49.  affirma  ter  viílo 
huma  Copia  defte  Commento  do  Apocalypfc 
extrahida  da  Bibliotheca  Vaticana,  c  que  S. 
Genadio  Bifpo  de  Aftorga  que  floreceo  pelos 
annos  de  895.  a  deixou  por  legado  de  grande 
eílimaçaõ  ao  Convento  de  S.  Pedro  de  Mon- 
tes. Outra  Copia,  como  affirma  Cardofo 
no  A^ol.  Ljíjit.  Tom.  i.  pag.  24.  no  Comment. 
de  5.  de  Janeiro  letr.  A.  fe  confervava  no 
Cartório  da  Cathedral  de  Braga  no  tempo  que 
era  feu  Prelado  D.  Fr.  Agoftinho  de  Caftro, 
a  qual  vio  Fr.  Jeronymo  Roman  como  ef- 
creve  no  Catalogo  dos  Arcebifpos  dejla  l^eja 
liv.  2.  cap.  6. 
Compoz  mais. 

Commentaria  in  Cantica  Canticorum. 
Defta   obra  como   de   Santo   Aprigio  fazem 


mençaõ  Thrítem.  de  Scrip,  EccUf.  pag.  95. 
Xíílo  Senenf.  in  Bibliot.  Sana.  liv.  4.  pag.  200. 
PoíTcvin.  in  Apparat.  Sacr.  Tom.  i.  pag.  iii. 
Taxander  in  Cathal.  Ciar.  Hifpan,  Script,  e 
Jacob.  Lelong.  in  hiblioth.  Sacra  pag.  612. 
col.  I.  Trataõ  deíle  Prelado  com  grandes  lou- 
vores devidos  á  fua  Santidade,  e  Sabedoria 
Xiílo  Senenfc  in  Bib.  dizendo  in  Sacularibus 
difciplinis  exaíie  doãtu,  eloquentia  eximius,  et 
Santlarum  Script urarQ  fui  faculi  peritijftmus ,  et  in 
explanatione  divinorum  voluminum  nulli  veterum 
Patrnm  Jecundus.  Matam,  de  Acad.  Hifpan. 
doílijfimus  litterarum  monumentis.  Moral.  Chron. 
de  Efpan.  liv.  11.  cap.  49.  Varon  excelente. 
Scoto  Rib.  Hifpan.  pag.  213.  ingenio  fubtilis,  tir 
lingua  difertids.  Mariet.  F^/  Sana.  de  Efpan, 
liv.  j.  cap.  ij.  Padilla  Hifl.  Ecclef.  de  Efpan. 
Cent.  6.  cap.  23.  Ávila  Theatr.  Ecclef.  de  Efpan. 
liv.  1.  cap.  I.  Ciacon.  de  Vi /is  Pontif.  Tom.  1. 
pag.  mihi  3  5  j .  Brito  Mon.  Eufit.  Part.  2.  liv.  6. 
cap.  7.  Jacob.  Gualt.  in  Tab.  Chronol.  Sxcul. 
IV.  pag.  275.  Dupin  Notwel.  Bibliotheq.  des 
Autheurs.  Ecclef.  Tom.  4.  pag.  mihi  174.  Joan. 
Soar.  de  Brito  in  Theat.  Eufit.  Eitter.  lit.  A. 
n.  130.  Francifco  de  S.  Maria  Anno  Hifl. 
Diar.  Portug.  pag.  20.  Alguns  Efcritores 
Efpanhoes  quizeraõ,  que  Santo  Aprigio  fofle 
Bifpo  de  Badajoz,  e  naõ  de  Beja  pertendendo 
com  fundamentos  pouco  folidos  defpojar 
defta  gloria  ao  noflb  Reyno  entendendo  íinif- 
tramente  Pax  Júlia,  ou  Pax  Augufla  por 
Badajoz,  e  naõ  Beja  cuja  controveríia  naõ 
queremos  novamente  agitar  por  eflar  erudita, 
e  nervofamente  tratada  pelo  iníigne  inda- 
gador das  noíías  antiguidades  Jorge  Car- 
dofo no  Commentario  de  i.  de  Janeiro  letr.  A. 
a  quem  remetemos  o  leitor,  onde  naõ  fo- 
mente eftabelece  a  fua  opinião  de  fer  Bifpo 
de  Beja  com  as  authoridades  dos  Efcritores 
Portuguezes  de  que  he  o  Corifeo  André  de 
Refende  lib.  4.  de  Antiquitat.  Eufitania 
mas  dos  mais  celebres  Authores  Caftelha- 
nos  como  faõ  Moral.  Chron.  de  Efpan.  liv. 
II.  cap.  49.  e  o  que  he  mais  para  eftimar  o 
P.  Joaõ  de  Mariana  pouco  affeâo  às  glorias 
defte  Reyno  que  no  liv.  5.  cap.  7.  da  Hifl. 
de  Efpan.  o  confefla  por  eflas  palavras  Apri- 
gius  Pacis  Júlia  Epifcopus  in  Eufitania  re- 
tratando-fe  do  que  efcrevera  no  liv.  3.  cap. 
24.    Efta  mefma  opinião  feguem  Roa  Santos 


53 


434 


BIB  LIO  THE  CA 


de  Córdova  foi.  117.  a  120.  Puent.  Conjervac. 
delas  dós  Monarch.  liv.  3.  cap.  7.  §.  3.  e  fora 
de  Efpanha  Dupin  no  lugar  affima  citado. 

ARCÁDIO  DE  ANDRADE  Medico  de 
profiflaõ.  Compoz  conforme  efcreve  Joaõ 
Franco  Barreto  na  fua  Bibliotheca  Luíitana 
M.  S. 

Kelaçaõ  dos  ejquadroens  da  gente  armada, 
e  outros  Jinaes  que  no  Ceo  fe  viràõ  no  dijlrião  de 
Barcellos  no  dia  da  infelice  batalha  de  Alcacere  da 
qual  tirou  hum  publico  infirumento. 

D.  ARCHANGELA  JOSEFA  DE  SOU- 
SA natural  de  Lisboa,  e  filha  de  Domin- 
gos António  Carvalho  de  Soufa,  illuílrou 
igualmente  a  Pátria,  e  o  fexo  pela  pro- 
digiofa  comprehençaõ  com  que  nos  primei- 
ros annos  fe  fez  infigne  nas  Artes  Liberaes. 
Ao  tempo,  que  contava  quinze  fabia  com  tal 
perfeição  a  Hiftoria  Romana  que  fazia  judi- 
ciofas  criticas  aos  feus  mais  celebres  efcritores. 
Com  a  delicadeza  do  juizo  competia  a  felicidade 
da  memoria  decorando  em  breve  tempo  os 
cinco  livros  dos  Triftes  de  Ovidio,  e  o  i.  e  2. 
livro  da  Eneida  de  Virgílio.  Quando  o  feu 
admirável  engenho  prometia  produzir  mayo- 
res  frutos  foy  intempeftivamente  arreba- 
tada pela  violência  da  morte  na  florente 
idade  de  vinte,  e  quatro  annos,  cuja  fciencia, 
e  compofiçoens  louvaõ,  e  relataõ  Diogo  Ma- 
noel Ayres  de  Azevedo  Portug.  Illujir.  pelo 
fex.  Vem.  pag.  75.  §.  11.  e  Damiaõ  Froes 
Perym  no  Theatr,  Heroin.  das  Mulher.  Illujl. 
Tom.  I.  pag.  113.    Compoz. 

Vida  de  Santa  Catherina  de  Sena.  foi.  2. 
tom.  M.  S. 

Kegras  para  confervar  a  Saúde  4.  M.  S.  eftava 
prompto  para  a  ImprelTaõ. 

Obras  do  famoso  Poeta  Lui^  de  Gongora 
vertidas  de  Caítelhano  em  Portuguez,  e  illuf- 
tradas  com  doutiflimas  notas. 

Sor  ARCHANGELA  MARIA  DA  AS- 
SUMPÇAM  Naceo  em  o  lugar  de  Sa- 
cavém duas  legoas  diftante  de  Lisboa  para 
a  parte  Oriental  onde  teve  por  Pays  a  Vi- 
cente Ferreira,  e  D.  Antónia  Maria  de 
Faria,  e  Soufa.  Na  primavera  dos  annos 
fe  defpozou  com  o  Divino  Cordeiro  em  o 


Convento  de  N.  Senhora  da  Conceição  das 
Religiofas  de  Santa  Brizida  no  fitio  de  Mara- 
villa  fuburbio  defta  Corte  onde  profeíTou  a 
22.  de  Agoílo  de  1730.  Sendo  dotada  de  enge- 
nho fubtil,  e  comprehenfaõ  admirável  fe  in- 
clinou a  cultivar  a  Poefia  em  que  fahio  emi- 
nente, dando  por  primicias  da  fua  appUcaçaõ. 
Fejlivo  applau:(o  em  que  huma  Keligiofa  como 
Pajlora,  e  os  Anjos  como  Mujicos  celebrarão  o  Naci- 
mento  do  Menino  JESU.  Lisboa  por  Jozé  Antó- 
nio da  Sylva  Impreílor  da  Academia  Real. 

1737-  4. 

Coníla  de  vario  género  de  metros  devotos, 
e  elegantes. 

Fr.  ARCHANGELO  DE  ARAGAM  na- 
tural de  Vinho  termo  de  Villa  de  Gouvea  na 
Provinda  da  Beyra.  Foy  filho  de  Francifco 
de  Aragaõ,  e  Pinna,  e  de  Maria  da  Fonfeca. 
Recebeo  o  Militar  habito  da  Ordem  de  Chrifto 
no  Real  Convento  de  Thomar  no  anno  de  1 644. 
Depois  de  diâar  Theologia  efpeculativa  no 
Collegio  de  Coimbra,  e  Moral,  onde  profef- 
fara  foy  Superior  no  mefmo  Convento  fendo 
Qualificador  do  Santo  Oíficio,  Examinador 
das  Ordens  Militares,  e  grande  Pregador. 
Morreo  em  3.  de  Janeiro  de  1694.  Impri- 
mio. 

Sermão  gratulatorio,  e  Panegyrico  na  profpera, 
e  fufpirada  vinda  da  Serenijfima  Senhora  Maria 
Sofia  I:(abel  Rainha  de  Portugal.  Lisboa  por 
Joaõ  Galraõ  1688.  4. 

Fr.  ARSÉNIO  DA  ASCENgVM  natural 
da  Villa  de  Torres  novas  do  Arcebifpado  de 
Lisboa  filho  de  Pedro  Dias,  e  Beatriz  Mendes. 
PaíTou  a  Itália,  onde  fendo  jà  graduado  com 
as  infignias  doutoraes  na  faculdade  de  Direito 
Civil  fe  recolheo  na  Religião  dos  Agoftinhos 
Defcalços  a  12.  de  Mayo  de  1619.  Feita  a  pro- 
fiíTaõ  folemne  eftudou  Theologia  em  que  fahio 
eminente.  Pela  fua  grande  capacidade,  e  ta- 
lento occupou  os  mayores  lugares  na  ReUgiaõ 
fendo  Definidor,  Procurador  Geral,  e  ultima- 
mente Provincial  da  Província  Romana 
no  anno  de  1634.  Foy  Pregador  de  Fer- 
nando n.  Duque  de  Florença,  e  feu  Con- 
felheiro,  fendo  o  medianeiro  da  Compofi- 
çaõ  defte  Princepe  com  Urbano  VIII.  que 
por  Uie  fer  muito  aífedo  o  fez  da  Congre- 


L  USITAN A. 


435 


gaçaõ  da  Víílta  Apoftolica  naõ  recebendo 
menores  eílimaçocns  dos  Cardeaes,  e  mais 
Prelados  da  Cúria.  Augmentou  com  grandes 
privilégios  a  Congregação  de  que  era  alho, 
até  que  fundou  o  Convento  de  Florença  no 
anno  de  1636.  dedicado  a  Santo  Agoftinho, 
c  Santa  Chriílina  em  obfequio  da  Duqueza 
de  Florença  ChriíUna  de  Lorena,  que  lhe 
alcançou  faculdade  para  eíU  fundação.  Mor- 
reo  neíle  Convento  a  29.  de  Fevereiro  de 
1648.  com  48.  annos  de  idade,  e  29.  de  Reli- 
gião. O  feu  Retrato  cílá  pintado  no  mefmo 
Convento  com  cila  infcripçaõ.  P.  Fr.  Arfe- 
nius  ah  AJctncione  Ijtfitanus,  vir  effregius,  €>*  Jin- 
gtlari  prudentia  praditus,  qui  in  multorum  Prin- 
cipunt  familiaritate  vivens,  omnibiis  tamen  omnia 
faííits  in  pacandis  animis,  hellijque  inter  ipfos  fe- 
dandis  fuit  mirabilis:  in  Apoftolicum  Vifitatorem 
ah  Urbano  VIU.  eleãus,  a  magna  Etruria  Du- 

Iàjfa  in  Concionatorem,  multijque  in  Congrega- 
^onibus,  et  Generalibus  funãus  officiis  decejfit  Fio- 
wttttia  anno  1648.  Na  circumferencia  tem 
pfta  letra.  Mens  mea  contemplata  eji  multa  fa- 
pienter,  et  didici.  Ecclef.  i.  Também  eílà  retra- 
tado no  Convento  de  JESU  Maria  de  Roma. 
Compoz. 

La  vita  deli*  ammirabile  Servo  di  Dio  Fra 
Giovanni  di  S.  Guglielmo  Agoftiniano  excalciato. 
Fermo  por  Giovanni  Francefco  de  Montibus 
1629.  8.  et  1630.  ibid  apud  híeredes  Joan. 
Franc.  de  Montibus.  8.  Defta  obra  faz  hono- 
rifica mençaõ  Fr.  Maurício  da  Madre  de  Deos 
Agoílinho  Defcalço  in  Sacr.  Eremo  Auguftinian. 
lib.  I.  cap.  2.  §.  6. 

Vita  di  Soror  Domenica  dei  Paradifo. 
Efta  Serva  de  Deos  foy  Fundadora  do  Con- 
vento de  Florença  das  Religiofas  Domini- 
cas  onde  morreo  a  5.  de  Agoílo  de  1553. 
Depois  da  morte  do  Author  fe  diz  a  imprimira 
hum  Religiofo  Dominico. 

Fr.  ARSÉNIO  DA  PAYXAM  natu- 
ral da  Villa  de  Sarzedas  no  Bifpado  da 
Guarda.  Recebeo  a  Cogulla  Ciftercienfe 
no  Moíleiro  de  Santa  Maria  de  Bouro  a 
13.  de  Janeiro  de  1584.  e  fez  a  profiíTaõ  fo- 
lemne  a  15.  do  dito  mez  do  anno  feguinte. 
A  fua  grande  prudência  o  habilitou  para 
exercitar  os  lugares  mais  honorificos  da  fua 
Congregação  fendo  o  primeiro  Abbade  trie- 


nal do  Mofteiro  de  Sanu  Nfaria  de  Fiaens 
em  1601.  e  do  Moíleiro  de  S.  Pedro  das 
Águias  em  1606.  D.  Abbade,  e  Reytor 
do  Collegio  de  Coimbra  em  1627.  e  duas 
vezes  Geral  de  toda  a  íamilia  CiAerdeníe 
neíle  Reyno,  a  i.  no  anno  de  1621.  e  a 
2.  no  de  1655.  Ornou  com  grandes  edi- 
fícios o  Real  Convento  de  Alcobaça  onde 
morreo  no  anno  de  1641.  Foy  Religiofo 
de  exemplar  vida,  muito  amante  da  pobreza, 
fummamente  cuidadoío  do  culto  Divino, 
para  cujo  fim  novamente  reformou,  emendou, 
e  acrecentou. 

Uvro  ordinário  do  Officio  Divino,  e  Ceremo- 
nias  da  Ordem  de  Cifter  da  Conffega^ad,  e  ohfer- 
vancia  de  Santa  Maria  de  Alcobaça.  Lisboa 
por  Manoel  da  Sylva.  1639.  8. 

Fr.  ARSÉNIO  DE  VOVSELLA.  Pro- 
feííou  o  Habito  Monacal  do  Mellifluo  Dou- 
tor S.  Bernardo  no  Convento  de  Lafoens. 
Foy  muito  verfado  na  liçaõ  da  Sagrada  Ef- 
critura,  e  dos  Santos  Padres,  como  o  publica 
o  livro  que  deixou  compoílo,  e  fe  conferva 
na  Bibliotheca  do  Real  Convento  de  Alcobaça 
com  eíle  titulo. 

Expojitio  in  Epijlolas  P.  Pauli  Apoftoli. 
M.  S.  infol. 

ASCENSO  LOPES  natural  de  Coim- 
bra em  cuja  Univeríidade  depois  de  receber 
o  Capello  de  Doutor  na  faculdade  de  Leys 
foy  Lente  de  Código  provido  por  oppoíi- 
çaõ  em  19  de  Mayo  de  1554.    Compoz. 

Concilium  fuper  Baronia  de  Quinto  pro  D.  Gar- 
cia de  Funes,  y  Villalpando.  CasfarauguibE 
apud  Laurentium  Robles  1596.  foi. 

]ttris  Allegatio  pro  Illuftrijftma  D.  Juliana 
Duce  Daveiro  in  bonis  de  Torres  novas  et  Infantado 
procedentibus  ex  donatione  Kegia  faãa  Magftro 
D.  Jacobi  ejus  Anteceffori.  foi.  Naõ  tem  anno, 
nem  lugar  da  ImpreíTaõ. 

ASCENSO  DE  SEQUEIRA,  filho  de 
Ruy  Vaz  de  Sequeira  Commendador  de 
S.  Vicente  da  Beira  Governador,  e  Capi- 
tão General  do  Eflado  do  Maranhão,  e  de 
fua  mulher  D.  Francifca  Freyre  filha  de 
D.  Martinho  de  Mello.  Foy  Commenda- 
dor de  S.  Vicente  da  Beyra,  muito  eíhidio- 


436 


BIB  LIOTHE  CA 


fo,  e  particularmente  inclinado  à  liçaõ  da  Ge- 
nealogia em  que  fez  notáveis  progreíTos  com- 
pondo. 

Livros  das  Familias  dejle  Reyno,  os  quaes  af- 
firma  o  P.  D.  António  Caetano  de  Soufa  no 
Apparat.  à  Hijl.  Gen.  da  Caja  Keal  Vortug. 
pag.  151.  §.  178.  ter  vifto,  e  ferem  excellentes 
com  muitas  notas  do  infigne  Jozé  de  Faria,  e 
fe  confervaõ  em  poder  do  filho  do  Author  Ruy 
Vaz  de  Siqueira  SucceíTor  da  fua  Cafa,  e  Com- 
mendador  da  Commenda  de  S.  Vicente  da 
Beira. 

ATHANAGILDO  CELTA  nome  fup- 
poílo  com  que  fe  pertendeo  occultar  o  próprio, 
mas  claramente  fe  conhece  fer  verfado  no 
eíludo  Genealógico  compondo,  e  imprimindo. 

Arvore  Genealógica  delKej  D.  Joaô  o  IV.  com 
largas  infcripçoens  na  lingua  "Latina  que  dedicou  a 
Portugal  fua  pátria.  Lisboa  por  Joaõ  Bredino 
1641.  O  nome  do  ImpreíTor  também  he  fup- 
poílo.  Delia  obra  faz  mençaõ  o  P.  D.  António 
Caetano  na  obra  aífima  allegada  pag.  83.  §.  71. 

Fr.  ATHANAZIO  DA  ENCARNAÇAM 
natural  da  Villa  de  Gouvea  do  Bifpado  de 
Coimbra  filho  de  Domingos  Lopes,  e  Fran- 
cifca  Lopes.  Profeílou  o  auílero  Inftituto  da 
reformada  Provinda  Seráfica  da  Arrábida  no 
Convento  do  Efpirito  Santo  do  Lugar  de 
Loures  termo  defta  Cidade  de  Lisboa  a  25.  de 
Março  de  1659.  Como  a  natureza  o  dotaíTe 
de  voz  muito  fonora  o  elegeo  a  SereniíTima 
Raynha  de  Inglaterra  D.  Catherina  para  Can- 
tor da  fua  Capella  de  Londres.  No  tempo  que 
aíTilHo  nefta  Corte  aprendeo  Filofofia,  e  Theo- 
logia  que  lhes  ferviraõ  para  melhor  intel- 
ligencia  dos  livros  Afceticos.  Por  fer  muito 
fciente  nas  Rubricas  do  Miííal,  e  Ceremo- 
nias  da  MiíTa  era  continuamente  confulta- 
do  em  qualquer  duvida  em  que  fempre  o 
feu  voto  fe  venerava  por  decifivo.  Reíli- 
tuido  ao  Reyno  exercitou  com  grande  pru- 
dência diverfas  Guardianias,  e  ultimamente 
o  lugar  de  Definidor.  Mereceo  publicas 
eílimaçoens  da  Mageftade  de  D.  Pedro  II. 
que  nunca  alterarão  a  modeftia  do  feu  fem- 
blante,  nem  a  humildade  do  feu  coração. 
Acometido  de  hum  accidente  apopletico 
que  lhe  impedio  receber  os  Sacramentos  fal- 


leceo  no  Convento  de  S.  Jozé  fituado  no 
Subúrbio  defta  Corte  a  25.  de  Junho  de  1710. 
Publicou  com  o  nome  de  Francifco  Janeanarea 
da  Matha  puro  anagramma  do  feu  Nomcj 

Pia  preces,  meditationes ,  ac  gratiarum\ 
aãiones  ad  DiviniJJimum  Chrifli  Corpus,  Jive\ 
in  tremendo  Altari  rite,  et  jruãuoje  facrifican^ 
dum,  five  fanãe,  devote  que  fufcipiendum  maximel 
idónea  per  hehdomada  dies  dijpofita  cum\ 
nonnullis  aliis,  qua  ex  Sanais,  piifque  AuthoA 
ribus  excerpta,  eb*  in  ordinem  redaãa.  i.  ParsA 
A  2.  Parte  he  em  Portuguez,  e  tem  eíJie| 
titulo. 

Da  Preparação  para  os  Sacerdotes  celehrareml 
o  Santo  Sacrifício  da  Miffa,  e  depois  darem  a  DeoA 
as  graças  de  taõ  grande  beneficio  recebido  ;com  a  refoA 
luçaõ  que  tra^  o  MiJJal  de  alguns  cat^os,  que  fe  pode f. 
oferecer  na  MiJJa,  com  a  declaração  dos  Myjle 
delia,  e  huma  breve  direcção  para  ajftflir  aos 
Agonizantes,  tudo  tirado  de  graves  AutoresA 
16.  Naõ  tem  lugar,  nem  anno  da  ImpreíTaõ,! 
nem  nome  do  ImpreíTor. 

Faz  memoria  do  Author,  e  da  obra  Frj| 
Jozé  de  Jefus  Maria  Chron.  da  Prov.  da  Arrab^ 
Tom.  2.  Liv.  5.  Cap.  7.  n.  958. 

Fr.  ATHANASIO  SANCHES,  filhe 
do  infigne  Poeta  Latino  Pedro  SancheSjj 
e  fua  mulher  Maria  de  Rofales  ambos  de 
igual  nobreza,  e  virtude.  Crioufe  na  idade 
pueril  no  Palácio  delRey  D.  Joaõ  o  III. 
com  o  foro  de  moço  Fidalgo,  e  fendo 
já  Cavalleiro  da  Ordem  de  Saõ-Tiago,  e 
venerado  de  toda  a  Corte  pela  fua  difcriçaõ, 
e  profundo  talento  renunciou  todos  os  ap- 
plaufos,  e  eftimaçoens  do  Século,  e  abra- 
çou o  Sagrado  Inftituto  da  Ordem  da  San- 
tiíTima  Trindade  donde  feita  a  profiíTaõ  paf- 
fou  a  Coimbra  a  eftudar  as  fciencias  efco- 
lafticas,  e  naõ  fomente  fahio  nellas  famofo,  1 
mas  com  a  liçaõ  continua  da  Sagrada  Efcri- 
tura,  e  Santos  Padres  hum  dos  celebres 
Oradores  Evangélicos  do  feu  tempo,  mere- 
cendo fer  eleito  Pregador  da  Rainha  D. 
Catherina.  Nefte  minifterio  exercitou  com 
eííicacia,  e  igual  fruto  o  feu  apoftolico  zelo 
fazendo  transformaçoens  prodigiofas  nos 
coftumes.  Naõ  era  menos  fervorofo  na  ob- 
fervancia  do  feu  Inftituto,  como  o  manifef- 
tou  no  Reytorado  do  Collegio  de  Coimbra, 


L  USITAN A. 


43/ 


c  not  G>nvent08  de  LisbcM,  Santarém, 
c  Ceuta,  quando  delles  foy  Míniílro,  princi- 
palmente no  Convento  da  Louza  fituado  na 
l^rovincia  TraTmontana  onde  introduzio  fua- 
vctiicnte  a  difciplina  regular  nos  principios 
(la  I  undaçiò  dcfta  Cafa.  Pregando  em  Villa- 
1  iur  us  Scrmoens  de  Quarefma,  e  fazendo 
em  hum  delles  huma  inveétiva  contra  os  Se- 
quazes de  Sinagoga  dos  quaes  fe  compunha 
alguma  parte  do  auditório,  em  ódio,  e  vin- 
gança do  promulgador  das  verdades  Evan- 
gélicas lhe  deraõ  veneno,  que  brevemente 
o  confumio  alcançando  a  coroa  de  Martyr 
merecida  pelo  feu  fcrvorofo  zelo  em  22.  de 
Níayo  de  1595.  e  naõ  de  1547.  como  efcreve 
Altuna  na  Chron.  Ger.  de  Trind.  liv.  4.  cap.  4. 
foi.  623.  quando  contava  73.  annos  de  idade. 
Dcllc  fazem  mençaõ  Figueiras  Cljron.  da  Trind. 
pag.  286.  Fr.  Bernard.  de  Santo  António. 
Epitom.  Kedemp.  liv.  2.  cap.  9.  c  no  livro  M.  S. 
que  deixou  dos  Varoens  illuftres  da  Ordem. 
Foy  infigne  Poeta  Latino,  e  neíle  dote  fahio 
muito  femelhante  a  feu  Pay,  de  cuja  arte  deo 
multiplicados  argumentos  nas  compofiçoens 
que  fez  em  louvor  dos  Princepcs  defte  Reyno, 
e  de  feu  Pay  Pedro  Sanches,  as  quaes  vio 
Jorge  Cardozo  como  affirma  no  Agiol.  'L.u- 
fitan.  Tom.  3.  pag.  373.  no  Commentario 
de  22.  de  Mayo  letr.  F.  Sendo  Miniílro  do 
Convento  de  Ceuta  fez  a  Pra£Hca  na  occaíiaõ 
em  que  nella  entrou  ElRey  D.  SebaíUaõ,  a 
qual  começava. 

Mí4Íto  alto,  e  muito  poderojo  Ríy,  e  Senhor 
NoJ[o  em  eftas  partes  taõ  der:^ejado  como  cremos, 
de  Deos  taõ  prometido,  a  ejle  Kejno  dado  por  ef- 
panto,  eftrago,  e  dejiruiçaõ  de  todos  nojjos  inimigos. 

S.  ATTO.  Naceo  em  a  Cidade  de  Beja 
na  Província  do  Alentejo  para  com  a  fua 
virtude  ennobrecer  a  Cidade  de  Piftoya 
de  que  foy  Bifpo  em  Itália.  PoíTuindo  hum 
Canonicato  em  Portugal  voluntariamente 
deixou  a  pátria  movido  do  piedofo,  e  fa- 
grado  dezejo  de  venerar  os  lugares  de 
Paleílina  onde  fe  confummara  a  redemp- 
çaõ  do  género  humano,  e  depois  de  os  ter 
vizitado  com  fumma  compunção  aborre- 
cendo o  comercio  dos  homens,  e  fomente 
anhelando  a  folidaõ  recebeo  no  anno  de 
1125-    o   Habito    Monachal   de   Valumbrofa 


de  que  foy  fundador  S.  joaô  Gualberto  onde 
fe  díAinguio  tanto  na  obíervancia  do  Inítí- 
tuto,  e  praâica  de  todas  as  virtudes  Reli- 
giofas,  que  por  voto  dos  Monges  foy  eleito 
Abbade  Getal  por  fer  transferido  á  Mitra  de 
Parma  S.  Bernardo  de  Ubertis  confiando 
aquella  exemplar  Communidade  que  feria 
verdadeiro  SucceíTor  de  taõ  virtuofo  Prelado. 
Tanto  que  entrou  neíle  lugar  começarão  com 
mayor  intenfaõ  a  luzir  a  prudência,  humildade» 
e  benevolência  de  que  era  ornado  fendo  o  feu 
mayor  difvelo  confervar  a  Religião  no  pri- 
mitivo rigor,  a  qual  amplificou  com  a  funda- 
ção de  nove  Abbadias,  augmentando  ou- 
tras, e  reparando  algumas  quafi  extinâas 
pela  injuria  dos  tempos  alcançandolhe  dos 
Summos  Pontifíces  Innocencio  II.  e  Celef- 
tino  II.  aos  quaes  era  muito  aceito,  infinitas 
graças,  e  íingulares  privilégios.  Eftando 
vaga  a  Cadeira  Epifcopal  de  Piíloya  Sufra- 
ganea  ao  Arcebifpo  de  Florença  foy  eleito 
por  voto  do  Clero  Bifpo  defta  Diocefe  em  que 
foy  confirmado  por  Innocencio  II.  no  anno  de 
1 1 3 3.  Obedeceo  ao  preceito  do  Summo  Paílor 
para  aceitar  eíla  dignidade  coníiderando  que 
obedecia  à  vóz  de  Deos  de  quem  o  Pontífice  era 
Orgaõ.  Neíte  Supremo  lugar  fomente  mudou 
os  hábitos  exteriores  exercitando  com  mayor 
perfeição  os  das  virtudes  epifcopaes  em  benefi- 
cio das  fuás  Ovelhas  pelo  efpaço  de  vinte  annos 
de  tal  modo  que  lhe  efcreveo  em  louvor  da  fua 
paftoral  vigilância  eíle  Elogio  a  Santidade  de 
Innocencio  11.  em  hum  Breve  expedido  em 
Pifa  a  21.  de  Janeiro  de  11 34.  no  5.  anno  do 
feu  Pontificado  o  qual  relata  Baronio  no  tom. 
12.  dos  Annaes  EcclefiaíUcos.  Gatidemus  eqm- 
dem  et  debita  juctmditate  latamur  quam  fupema 
difpojitionis  providentia  Te  Sapientem  vitee  verum, 
&  in  Keligione  probatum  ejufdem  loci  Pajlorem  conf- 
tituit,  <&  ad  gubemandum,  <ò^  inftruendum  doãri- 
na,  et  vitce  exemplo  populum  Juum  mifera- 
tio  divina  vocavit.  PaíTou  a  lograr  na  eter- 
nidade a  Coroa,  que  mereceo  pelas  fuás  vir- 
tudes a  22.  de  Mayo  de  1135.  obrando 
na  morte  eítupendos  milagres  femelhantes 
a  os  que  fizera  em  vida.  O  feu  Cadáver  foy 
fepultado  na  Igreja  de  S.  Miniato  in  Curte 
donde  foy  transferido  no  anno  de  1337.  para 
à  Igreja  Cathedral.  Qemente  VIU.  conce- 
deo  Oíficio,  e  Mifla  para  que  pudeííem  os 


438 


BIBLIOTH  ECA 


moradores  de  Piftoya  rezar  delle  como  de 
Beato  por  Breve  expedido  a  24.  de  Mayo 
de  1605.  do  feu  Pontificado  13.  Defte  Santo 
Prelado  efcrevem  graves  Authores  como 
faõ  Filip.  Ferrar.  Cathal.  Sana.  Ital.  foi.  302. 
Yepes  Chron.  de  S.  Bento  Tom.  7.  foi.  253. 
Wion  in  L/^«.  Vit.  Part.  i.  lib.  i.  cap.  34. 
Lucatelli  in  Vit,  S.  Joan.  Gmlberti  lib.  2. 
cap.  1 5 .  Velius  in  Vit.  S.  Bem.  de  Ubertis  cap. 
10.  Bucelin.  in  Monol.  Bened.  ad  diem  22.  Maij. 
Mich.  Angel.  Sal  vi  inHiJior.  Pijiorijltal.  Part.  2. 
lib.  2.  à  pag.  71.  ad.  87.  PoíTevin.  Appar.  Sacer. 
Tom.  I.  pag.  132.  Verhi  Dei  Concionator  in- 
Jignis  Ughellus  Ital.  Sacr.  tom.  3.  pag.  359. 
Dondori  no  livr.  intitulado  Delia  pietá  de 
Pijlojafua  Pátria  Part.  2.  à  pag.  209.  até.  214. 
Nicol.  Ant.  in  Bib.  Vet.  Hifpan.  lib.  7.  cap.  4. 
n.  82.  VoíTius  de  Hijior.  Laf.  lib.  2.  cap.  49. 
Magn.  Bib.  Ecclef.  pag.  698.  col.  2.  Forteguerra 
in  Vit.  B.  Attone  impreíTa  Florencia  preíTo 
Ceconccelli  1608.  dizendo  Fu  di  natione  Spag- 
nolo  dei  regno  di  Portugália  delia  cita  Mamata 
Pace  Júlia.  D.  Chrifoílomo  Talento  Monge 
de  Valumbrofa  na  Epiílola  Dedicatória  a 
Filippe  III.  de  Caftella  em  huma  Oraçaõ, 
que  recitou  no  Convento  PaíTinianenfe  em 
occafiaõ,  que  fe  tinha  erigida  huma  Capella 
ao  B.  Atto,  lhe  diz.  Qtiare  excelfiores  valum- 
hrojance  reipublica  Senatores  eximij  Pacenfis 
urbis  Pignoris  B.  Attonis  L,ujitani  regni  de- 
coris,  ac  totius  Hifpana  Monarchia  patroni 
gloriojam  vitam  augufiijfimo  nomini  tua  inj- 
cribendam  curarunt.  Poccianti  in  Cathal. 
Scriptor  Florentin.  Part.  2.  Infiituti  Vallis 
Umbro/a  Monachus  Venerabiãs,  Monajiica 
diJciplincB  moderator,  ac  injiaurator  celeberri- 
mus,  Juce  Congregationis  Generalis  Abbas  fa- 
pientijfimus,  Sacrarum  Scripturarum  cultor 
egregius,  probitate  denique  vitce,  ac  miraculo- 
rum  gloria  clarus.  Tamayo  in  Martyrol.  Hif- 
pan. Tom.  3.  pag.  379.  ad  diem  22.  Maij 
onde  infruduofamente  fe  cança  em  querer 
que  foíTe  natural  de  Badajoz,  e  naõ  de  Beja, 
e  ultimamente  o  P.  D.  Manoel  Caetano  de 
Souf.  no  Cathal.  HiJlor.  dos  Arceb.  e  Bi/p.  que 
tiverao  Diocejefora  de  Portugal,  pag.  121.  Com- 
poz. 

Vita  S.  Joannis  Gualberti  Abbatis  Con- 
gregationis Vallis  umbrojana  inftitutoris.  Ro- 
mãs  apud   Guillielmum   Facciotum.    161 2.  8. 


a  qual  traduzida  em  outava  Rima  Italiana 
por  Nicolao  Lorenzini  Medico  de  Monte- 
policiano  fahio  em  Florença  apreíTo  George 
Marefcotti  1599.  8. 

Vita  S.  Bernardi  monachi  Abbatis  Mo- 
najlerij  Sancti  Salvij  Vallis  Vmbrofa  etiam 
Generalis,  Parmenfis  Rpifcopi,  Sacre  Rom. 
Ecclef.  Cardinalis.  Sahio  dedicada  por  The- 
zauro  VeUio  Abbade  do  Convento  de  Santa 
Praxedes  de  Roma  da  Congregação  de  Va- 
lumbrofa ao  Cardial  Bento  Juíliniano,  e  im- 
preíío  juntamente  com  a  vida  de  S.  Joaõ 
Gualberto. 

Epiftolarum  liber  unus.  M.  S.  no  qual  fe 
contem  onze  cartas  e  fe  confervaõ  na  Bib. 
Vaticana  n.  4322.  como  efcreve  Montfaucon 
in  Bib.  Bibliothecar.  M.  S.  Tom.   i.  p.    116. 

De  Tran/latione  reliquiarum.  et  miraculis 
S.  Jacobi  Apojioli  cuja  obra  naõ  intitu- 
lou como  ella  he,  Arnoldo  Wion  in  L.igm 
vita  lib.  I.  cap.  34.  efcrevendo  De  TranJ- 
latione  Capitis  Sanai  Jacobi  Apojioli  adjuam 
Ecclef  iam  ex  Hifpania,  pois  confta  de  duas 
cartas  huma  de  Raynerio  Deaõ  da  Igreja 
de  Piftoya,  e  outra  de  D.  Diogo  de  Gel- 
mirez  Arcebifpo  de  Compoftella  efcrita 
ao  B.  Atto  as  quaes  fe  confervaõ  no  ar- 
chivo  da  Cathedral  de  Piftoya,  e  as  im- 
primirão Ughello  in  Itália  Sacra,  e  Luiz 
de  S.  Llorente  na  Vida  do  B.  Atto  im- 
preíía  Roma  apud  Stephanum  Paulinum 
161 3.  4.  que  naõ  mandara  o  Arcebifpo  de 
Compoftella  a  cabeça  mas  parte  delia  ao  B. 
Atto  por  lha  ter  pedido  com  grandes  inftan- 
cias  para  fer  collocada  na  fua  Cathedral  de 
Piftoya. 

Vita  S.    VerdiancB  Caflelli  Florentini.   Efta 
obra    he    atribuída    ao    B.    Atto    por    Sal- 
viano    Razzi,    Jozé    Dondori,    e    JeronymOL 
Setino  que  a  verteo  em  Italiano,  o  que  naõ 
parece    fer   certo    por   afíirmar    o    douto   P. 
BoUando  no  Tom.    i.   Februarij.  Aã.  Sanc- 
tor.  pag.   256.  que  o  Author  defta  vida  fo- 
brevivera  ao   B.   Atto   do   qual  he  também 
diverfo  Atto   Bifpo   de   VerceUi,   que  flore- 
ceo  no  decimo  feculo,  e  efcreveo  de  Pref 
furis    Ecclejiajlicis,    cuja    obra    publicou    Lu- 
cas   Dachery    Monge    da    Congregação    àt 
Santo  Amaro  de  Pariz  no  Tom.  8.  do  fei 
Specilegio. 


L  USITAN A. 


AVI  TO  illuílrou  com  o  fcu  feliz  naf- 
cimcntc)  a  Augufta  Cidade  de  Braga  onde  Te 
applicou  a  eíhidar  as  Línguas  latina,  e  Grega, 
e  depois  a  penetrar  a  intelligencia  das  Divinas 
letras,  c  como  era  dotado  de  hum  vivo,  e 
agudo  engenho,  fahio  perfeitamente  confum- 
mado  cm  todo  o  género  de  erudição.  Sendo 
naõ  menos  infigne  na  fciencia,  que  no  zelo 
la  verdadeira  Religião,  perfeguio  fortemente 
aos  fequazes  dos  erros  de  Prífcilliano,  e  Ori- 
genes,  os  quaes  infeílavaõ  a  toda  a  Hcfpanha 
com  a  falfa  doutrina  dos  feus  abomináveis 
logmas,  humiUundo  a  fua  foberba  com  as 
l^oderofas  armas  dos  feus  efcritos,  que  lhe 
alcançarão  repetidas  vi£lorias.  Inflamado  com 
o  picdofo  defcjo  de  vifitar  os  Lugares  da 
Palcftina,  que  tinhaõ  fido  fanftificados  com 
o  Sangue  do  Rcdemptor  do  Mundo,  c  junta- 
mente confultar  a  S.  Jcronymo  Oráculo  da- 
qucllc  tempo  fobre  a  intelligencia  diffícultofa 
de  alguns  Textos  da  Sagrada  Efcritura,  alcan- 
çou faculdade  de  Balconio,  que  entaõ  digna- 
mente occupava  a  Mitra  Primacial  de  Braga 
liondc  partio  para  Jerufalèm,  em  cuja  Cidade 
achou  o  feu  grande  Patrício  Paulo  Orofio,  o 
qual  por  mandado  dos  Bifpos  Africanos  tinha 
paflado  à  mefma  Terra  a  confultar  ao  Doutor 
Níaximo  fobre  a  origem,  e  immortalidade  da 
lima.  Neífe  tempo  permitio  a  Divina  Provi- 
dencia, que  fe  manifeílaíTem  a  26.  de  Dezem- 
bro as  Sagradas  Relíquias  dos  Corpos  do  Pri- 
mogénito dos  Martyres  Santo  Eftevaõ,  Nico- 
«.iemos  Difcipulo  de  Chriílo,  Gamaliel  Meílre  de 
S.  Paulo,  e  de  feu  filho  Abibon,  cujas  fepul- 
turas  havia  mais  de  500.  annos  eftavaõ  occultas 
à  noticia  humana,  revelando  Deos  ao  Presby- 
ero  Luciano  de  Naçaõ  Grego  o  lugar,  que  era 
teliz  depofito  de  taõ  preciofo  thefouro.  As 
maravilhas,  que  fuccederaõ  neíla  invenção 
toraõ  taõ  notáveis,  que  para  naõ  caducar  a 
lua  memoria  ordenou  a  Igreja  Catholica  fe 
lolemnifaflem  univerfalmente  em  3.  de  Agofto. 
Tendo  Avito  contrahido  eílreita  amifade  com 

i  Ladano,  lhe  pedio  alguma  parte  das  Relíquias 
do  Santo  Prothomartyr,  e  como  facilmente 
lhas  concedeíTe,  o  mefmo  Avito  as  entregou  a 
Orofio,  que  partia  para  Braga  encomendan- 

u  dolhe  as  entregafle  ao  Arcebífpo  Balconio 
fendo  taõ  preciofo  donativo  naõ  fó  para  or- 
nato, e  protecção   da  fua  Pátria,   mas  para 


agradecimento  áquelle  Prelado  pelo  ter  fubli- 
mado  ao  Eftado  Clerical,  efcrevendolhe  huma 
Carta  em  que  individualmente  relatava  todas 
as  circunílancías  daquella  prodigiofa  invenção. 
EÍUmou  Orofio  como  grande  felicidade  voltar 
da  Paleftina  para  Braga  com  aquelle  Sagrado 
Thezouro  que  fazia  fuave  a  moleília  de  taò 
prolongado  caminho.  Continuou  Avito  a 
fua  aíTiílcncia  em  Jerufalèm,  exercitando  aa 
virtudes  mais  heróicas  até  que  cumulado  de 
annos,  e  merecimentos  felizmente  acabou  a 
vida  em  17.  de  Junho  de  440.  fendo  Confules 
Valentiniano,  e  Anatolio.  No  tempo,  que 
Avito  aífiília  em  Jerufalèm  traduzio  da  lin- 
gua  Grega  na  Latina  a  Hiíloria  da  invenção 
das  Relíquias,  comporta  pelo  Presbytero  Lu- 
ciano com  eftc  titulo: 

De  inventiotte  reliquiarum  S.  Stephani  Pro- 
thomartyris,  Nicodemi,  et  Gamalielis. 

A  qual  mandou  juntamente  com  huma 
Carta  f)ara  o  Arcebífpo  Balconio,  e  todo  o 
Clero,  e  Povo  Bracharenfe.  Huma,  e  outra 
obra  fe  achaõ  infertas  em  Surio  de  Vif.  Sattã. 
a  5.  de  Agofto  Baron.  Tom.  5.  Annal.  Ecclef, 
ad  an.  41 5.  n.  5.  Brito  Monarch.  hjif.  p.  2.  lib.  6. 
Cap.  27.  e  o  Illuftriflimo  Cunha  Hift.  Eccl.  dt 
Braga  part.  i.  Cap.  57.  Defte  infigne  Varaõ 
fizeraõ  illuftre  memoria  todos  os  AA.  que  ef- 
creveraõ  de  Efcritores  Ecclefiafricos,  como 
foraõ  Genàd.  cap.  47.  Honor.  Auguftod.  ad  an. 
410.  n.  46.  Trithem.  in  Ijuian.  ad  an.  410. 
Bellarm.  e  Philip.  Labbe  tom.  2.  pag.  29. 
Add.  in  Chron.  atat.  6.  Sigibert.  ad  an.  495. 
Gerard.  Joan.  Voífius  de  Hifi.  lai.  lib.  i.  cap^ 
14.  Pofiev.  in  Appar.  Sacr.  Tom.  i.  pag.  141. 
Valer.  And.  Taxand.  in  Cathal.  Ciar.  Hifp^ 
Script.  lit.  A.  Ricciol.  in  Chronolog.  Keform. 
Tom.  4.  ad  an.  415.  Joan.  VaiTaeus  in  Chron^ 
Hifp.  ad  an.  388.  Nícol.  Ant.  ín  Bib.  Vet.  Hifp, 
Lib.  3.  cap.  2.  n.  41.  &  42.  &  cap.  i.  n.  2.  4.  e  5. 
Morales  Chron.  de  EJp.  Lib.  11.  cap.  17.  cha- 
mandolhe  Presbítero  notable  en  letras.  Vafc. 
in  Defcript.  iMJit.  n.  4,  o  intitula:  Magut 
authoritatis,  é^  eruditionis  authorem  in  Cra- 
ca, <ò'  "Latina  lingua  apprime  ver/atum.  Ef- 
taço  Antig.  de  Portug.  cap.  71.  n.  4.  Car- 
dofo  Agiol.  hj4jit.  Tom.  3.  pag.  709.  Gan- 
dara  Triunf.  Ecclef.  de  Galicia.  Tom.  2» 
lib.  6.  cap.  8.  D.  Gafpar  Ibanes  de  Segó- 
via   Marq.    de    Mondejar    Dijfert.    Exclejiajt^ 


440 


BIBLIOTHE  CA 


Dijfert.  I.  n.  z.  que  doutamente  defende  fer 
natural  de  Braga  contra  cuja  aíTeveraçaõ  fe 
oppoz  modernamente  com  argumentos  mais 
fubtis  de  que  folidos  D.  Paulo  Ignacio  de 
DalmaíTes  y  Ros  Chroniíla  do  Principado 
de  Catalunha  na  Dijfert.  Hijlor,  por  la  Pátria 
■de  Paulo  Orojto  cap.  i8.  e  19.  Fleury  Hijlor. 
Ecclejiajiiq.  Tom.  5.  lib.  23.  pag.  mihi  430. 
«  431.  Magna  Bibliofhec.  Ecclejiajl.  Tom.  i. 
p.   786.   onde  afíirma  fer  natural  de  Braga. 

SOR  AUTA  DA  MADRE  DE  DEOS 

natural  de  Coimbra  a  quem  a  natureza  com 
profufa  liberalidade  dotou  de  perfpicaz 
engenho,  admirável  comprehenfaõ,  e  pro- 
fundo talento.  Depois  de  eíhidar  domeiii- 
camente  humanidades,  e  Lingua  Latina, 
ambiciofa  de  fe  inílruir  nas  fciencias  mayo- 
res,  e  confiderando,  que  lhe  fervia  de 
impedimento  a  honeftidade  do  fexo  para 
frequentar  publicamente  a  Univeríidade 
foube  com  arte  fingir  o  que  lhe  negara  a 
natureza  eíludando  em  trage  de  Eíhidante 
Theologia,  e  Direito  Civil  de  que  feu  Pay 
era  Meílre  na  mefma  Univerfidade,  e  de 
tal  forte  penetrou  os  myílerios  deitas  facul- 
dades, que  por  voto  dos  feus  mayores  Pro- 
feíTores  a  julgarão  digna  de  fubílituir  na  Ca- 
deira a  feu  Pay.  Por  morte  delle  naõ  po- 
dendo confervarfe  o  fegredo,  que  por  tanto 
tempo  fe  tinha  obfervado,  a  mandou  chamar 
a  Rainha  D.  Leonor  mulher  delRey  D.  Joaõ 
o  II.  e  a  admitio  ao  numero  das  fuás  cria- 
das com  a  qual  refava  o  Officio  Divino, 
preferindo-a  a  todas  na  eíHmaçaõ  pela  fua 
profunda  fciencia,  e  agradável  génio.  Suc- 
cedeo,  que  eíla  Princeza  foíTe  na  fua  com- 
panhia ao  Convento  das  ReUgiofas  da  Ma- 
dre de  Deos  da  primeira  regra  de  Santa  Cla- 


ra fituado  fora  dos  muros  de  Lisboa  do  qual 
fora  Fundadora,  e  atrahida  daquelle  Sagra- 
do InHituto  defprefando  todas  as  efperanças 
com  que  a  lifongeava  a  vaidade  mundana 
pedio  com  grandes  inílancias  o  Habito  Se- 
ráfico, que  com  beneplácito  da  Rainha  lhe 
foy  lançado  onde  em  obfequio  de  Santa  Auta 
huma  das  Valerofas  Companheiras  de  Santa 
Urfula,  cujas  Relíquias  fe  veneraõ  no  Sanc- 
tuario  daquelle  Convento  fe  quiz  chamar 
com  o  nome  defta  Santa  Virgem.  Exerd- 
tou-fe  o  feu  efpirito  nefta  paleftra  de  virtudes 
com  tal  exceíTo,  que  fervio  de  exemplar 
às  fuás  Companheiras  fendo  taõ  clara  a  fama 
da  fua  Sabedoria  illuftrada  pela  fantidade 
dos  coíhimes,  que  era  domeílicamente  con- 
fultada  em  matérias  de  Theologia  Myftica, 
venerando  os  mayores  Letrados  como  Orá- 
culos as  refoluçoens,  que  dava  nas  queftoens 
mais  dificultofas  da  Theologia  Efcolaftica. 
Cheya  de  obras  heróicas  paíTou  a  receber  do 
feu  divino  Efpofo  o  merecido  premio  em  26. 
de  Mayo  em  cujo  dia  faz  delia  illuflre  memoria 
Jorge  Cardofo  no  Agiolog.  L.ujif.  Tom.  3. 
p.  410.  queixando-fe  de  naõ  poder  defcubrir 
o  anno  do  feu  feliz  tranfito.  Delia  fe  lembraõ 
Fr.  Fernando  da  Soledad.  Hiji.  Seraf.  da 
Prov.  de  Portug.  Part.  4.  Liv.  i.  cap.  22. 
n.  145.  e  Damiaõ  Froes  Perj^m  no  Tbeatr. 
Heroití.  de  mulher  illujir.  Tom.  i.  pag.  48. 
Compoz. 

Officium  S.  Auãa  V.  <&  M.  UlyíTipone 
apud  Petrum  Crasbeeck.  1621.  8.  Coníla 
eíle  Officio  de  Antífonas,  Oraçaõ,  e  lições 
próprias,  o  qual  foy  approvado  pela  Sè  Apof- 
tolica. 

Calenda  da  Fejla  de  Santa  Auta.  Deíla 
obra  faz  mençaõ  Fr.  Fernando  da  Soledade 
no  lugar  aíTima  citado. 


L  USITANA. 


441 


B 


BALTHEZAR  DO  AMARAL  natu- 
ral de  Cunha  Baxa  no  Bifpado  de 
Vifeu,  e  filho  de  Gafpar  Paes,  c  Ca- 
therina  do  Amaral.  Na  idade  da  ado- 
Icfcencia  abraçou  o  Sagrado  Inílituto  da  Com- 
panhia de  JESUS  em  o  Collcgio  de  Coimbra 
a  14.  de  Junho  de  1601.  Foy  igualmente 
perito  nas  letras  humanas  que  nas  fubtilezas 
filofoficas  que  di£lou  nos  Collegios  de  Lisboa, 
e  Coimbra.  Com  o  fupoílo  nome  de  Luiz  Dias 
Tranco  publicou. 

Doítrina  Philofophica.  i.  de  rebtts  natttralihus 
in  CO  mm  mi.  2.  de  calo,  et  mundo  3.  de  rerum  na- 
tiiralium  orin,  ò^  interitu.  4.  de  Meteoris.  j.  de 

I  Anima.  6.  de  Partis  naturalihus.  7.  de  anima 
(eparata.  8.  de  Ethicis.  UlyíTipone  apud  Pc- 
trum  Crasbeeck.  161 8.  4. 
Conferva-fe  o  Original  com  o  nome  pró- 
prio do  Author  na  Livraria  da  Cafa  ProfeíTa 
de  S.  Roque  de  Lisboa.  Delle  fe  lembraõ 
Ijoan.  Suar.  de  Brito  Theatr.  h/ifit.  Utter. 
lit.  B.  n.  2.  D.  Franc.  Manoel  na  Carta  dos 
Authores  Vortug.  efcrita  ao  D.  Manoel  da 
Fonfeca  Themudo  onde  por  equivocaçaõ  lhe 
chama  Gafpar,  e  D.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifpan. 
Tom.  2.  pag.  26.  col.  i. 

BALTHEZAR  DA  ANNUNCIAÇAM 
natural  de  Lisboa  Cónego  Secular  da  Con- 
gregação do  Evangeliíla  Amado,  onde  pela 
lua  prudência,  e  aíFabilidade  exercitou  os  lu- 
gares de  Provedor  das  Caldas  da  Rainha,  Rey- 
tor  do  Convento  de  Villar  de  Frades,  de  Santo 
Eloy  de  Lisboa,  e  ultimamente  de  Geral  da 
fua  Congregação  deixando  os  fubditos  fempre 
faudofos  do  feu  governo.  Morreo  no  Con- 
vento pátrio  a  20.  de  Mayo  de  1622.  Compo2. 

Vida  de  S.  luourenço  Jujliniano.  M.  S.  como 
teíUfica  o  P.  Francifco  de  Santa  Maria  Chron. 
dos  Coneg.  Seciil.  liv.  2.  cap.  4. 

Vida  de  D.  Agojiinho  Ribeiro  Bijpo  de  An^a, 
e  "Lamego  M.  S. 

Fazem  memoria  defte  Author  Cardofo 
A^ol.   Ijifit.   Tom.    2.   pag.    352.   no   Com- 


ment.  de  27.  de  Março,  e  Nicol.  Ant.  in  hib. 
Hifpan.  Tom.  i.  pag.  141. 

P.  BALTHEZAR  ALVARES  natu- 
ral da  Villa  de  Chaves  íítuada  na  Provin- 
da Tranímontana.  Focaõ  Teus  Pays  Jero- 
nymo  Gonçalves,  e  Leonor  Gonçalves. 
Quando  contava  defefete  annos  entrou  na 
Companhia  de  JESUS  em  o  primeiro  de 
Novembro  de  1578.  Eíhidadas  as  letras  hu- 
manas fe  applicou  à  cultura  dos  fciencias 
mais  feveras,  e  fahio  nellas  taõ  infigne  que 
diftou  na  Univerfidade  de  Évora  onde  de- 
pois foy  Cancellario,  outo  annos  FilofolSa, 
e  doze  Theologia,  em  cuja  Faculdade  rece- 
beo  o  gráo  de  Doutor  a  10.  de  Novembro 
de  1602.  Como  o  feu  génio  foíTe  mais  natu- 
ral para  inílruir  difcipulos,  que  governar 
fubditos  alcançou  do  Geral  a  efcufa  de  naõ 
fer  Reytor  do  Collegio  de  Santo  Antaõ,  em 
que  fora  eleito.  Em  o  de  Coimbra  em  que 
nacera  para  a  Religião  acabou  o  curfo  da 
vida  a  12.  de  Fevereiro  de  1630.  com  69. 
annos  de  idade,  e  52.  de  Religiofo.  Com- 
poz  por  ordem  do  Inquiíidor  Geral  D.  Fer- 
não Martins  Mafcarenhas. 

Index  Auãorum  damnata  memoria.  Tum  etiam 
librorum,  qui  vel  fimpUciter,  vel  ad  expttrgationem 
ufque  prohibentur,  vel  denique  expurgati  permittun- 
tur.  UlyíTip.  apud  Petrum  Crasbeeck.  1624.  foi. 

Traãatus  de  Anima  Separata  que  he  o  ultimo 
do  Curfo  Conimbricenfe,  e  fahio  fem  o  feu 
nome.  UlyíTipone  apud  Anton  de  Mariz  1598. 
4.  Lugd.  1627.  Cólon,  apud  Lazarum  Retzne- 
rum  1603.  4.  &  Venetiis  apud  Vincentium, 
&  Ricciardum  Amadinum  1606.  4. 

Problemata,  qua  in  Conimbricenjis  Collegif 
Commentariis  Phyficis  enodantur.  Mogimtííe 
apud  Joannem  Albinum.  1601.  8. 

Revio,  e  preparou  para  a  impreflaõ  as 
obras  poílhumas  do  Doutor  Exímio  o  P. 
Francifco  Soares  Granatenfe,  de  cujo  tra- 
balho lhe  faz  o  P.  António  Franco  in  Ann. 
Gloriof.    S.    J.    in    Ljifitania    pag.    81.    efte 


442 


BIBLIOTHECA 


Elogio.  Nolis  maius  de  Baltha!(are  elogium, 
quàm  quod  per  illum  tantus  quantus  ejl,  magna 
ex  parte  vivit  magnus  Suarias.  A  Bibliotheca 
Societ.  pag.  98.  col.  2.  e  Joaõ  Soar.  de  Brito 
in  Theatr.  h.ufit,  Utterat.  iit.  B.  n.  i.  o  inti- 
tulaõ  Vir  tnjigniter  doãus.  Com  femelhantes  elo- 
gios o  exaltaõ  Fonfeca  'Evor.  Glorio/,  pag.  427. 
Franc.  Ifnag.  da  Virtud.  em  o  Novic.  de  Coimb. 
Tom.  2.  pag.  613.6615.  Labbe  in  Bib.  Biblioth. 
pag.  102.  Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifpan.  Tom.  2. 
pag.  141.  e  a  Magn.  Bib.  Ecclef.  pag.  102. 

BALTHEZAR  DE  AZEREDO  filho  de 
Jorge  de  Azeredo,  e  Mecia  da  Fonfeca,  irmaõ 
de  Gafpar  de  Azeredo  Cónego  Doutoral  na 
Sé  de  Braga,  naceo  na  illuftre  Villa  de  Guima- 
raens  donde  paíTou  a  Coimbra  a  eíludar  a 
faculdade  da  Medicina  cujos  fegredos  pene- 
trou taõ  altamente  o  feu  profundo  juizo,  e 
admirável  comprehenfaõ  que  depois  de  receber 
as  iníignias  Doutoraes,  e  fer  admitido  ao 
Collegio  Real  de  S.  Paulo  a  4.  de  Mayo  de 
1579.  f^y  Lente  da  Univerfidade  diólando 
a  matéria  de  Crijibus  no  anno  de  1582.  donde 
tranferido  à  Cadeira  de  Avicena  em  24.  de 
Dezembro  de  1583.  fubio  à  de  Prima  em  12. 
de  Janeiro  de  1589.  em  que  jubilou  no  anno 
de  1604.  Foy  cavalleiro  profeíTo  da  Ordem 
de  Chrifto,  e  Phyfico  Mór  do  Reyno,  taõ 
infigne  na  Faculdade  Medica,  como  na  Ora- 
tória, e  Poética  exercitando  felizmente  eftas 
duas  Artes  na  lingua  Latina  de  que  foy  excel- 
lente  cultor.  Morreo  em  Lisboa  a  6.  de  Janeiro 
de  1631.  e  jaz  fepultado  na  Cafa  profeíla  de 
S.  Roque  dos  PP.  Jefuitas.  Foy  Cazado  com 
D.  Maria  de  Madureira  de  quem  teve  def- 
cendencia.  Agoílinho  Barbof.  de  Poteji.  Epif- 
cop.  Part.  3.  AUegat.  91.  n.  8.  lhe  chama  Eu- 
jitancB  gentis  decus,  <&  ornamentum;  Maced. 
Elor.  de  Efp.  Cap.  8.  Excel.  9.  Hipócrates,  y 
Galeno  de  nuejlros  tiempos.  Gabriel  Pereir. 
Decis.  113.  n.  2.  D.  Nicol.  de  Santa  Mar. 
Chron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  10.  cap.  7.  n.  13. 
Fr.  Ant.  da  Pied.  Chron.  da  Prov.  da  Arrab. 
Part.  I.  liv.  2.  cap.  12.  n.  270.  Barbof.  Cathal. 
Hift.  do  Colleg.  de  S.  Paul.  pag.  94.  e  no  Archia- 
them.  Eufit.  pag.  20. 
Gnarus  Appolineá  A^eredius  arte  micabit 
Quem  decorare  gradu  Juevit  Medicina  Supremo. 
Compoz. 


Funebris  Oratio  in  Sacris  Funeribus  Philippi 
fecundi  Regis  Catholici  Conimbrica  habita  in 
Régio  Academia  Canobio  quinta  die  Novembris 
M.  D.  XCVIII.  Sahio  no  fim  da  Relação 
das  Exéquias  delRey  D.  Filippe  2.  de  Cajlella. 
Lisboa  por  Pedro  Cresbeeck  1600.  Começa 
Trijle  fane,  €>*  peracerbum. 

Concordância  de  Queftoens  Filofoficas,  e  Me- 
dicas altercadas  entre  Filofofos,  e  Médicos.  M.  S. 
Acabou  eíla  obra  no  anno  de  1585. 

Comentarium  in  Primum  de  Caujis  Symp- 
tomatum.  M.  S. 

In  librum  Tertium  de  Simplicium  medica- 
mentorum  facultatibus.  M.  S. 

Poejias  Eatinas,  e  vulgares.  M.  S. 

P.  BALTHEZAR  BARREIRA  naceo 
em  Lisboa  de  Pays  nobres  chamados  Rodrigo 
de  Carmona,  e  Margarida  Fernandes  que 
conhecendo  a  viva  comprehenfaõ,  e  fublime 
talento  que  tinha  para  as  letras  o  mandarão 
eíhidar  a  Coimbra,  porém  penetrado  de  fu- 
perior  eftimulo  deixou  os  applaufos  que  lhe 
podiaõ  refultar  das  efcholas,  e  fe  recolheu 
em  o  Noviciado  de  Coimbra  dos  Padres 
Jefuitas  a  12.  de  Janeiro  de  1556.  quando 
contava  25.  annos  de  idade.  Ordenado  de 
Sacerdote  difcorreo  apoiiolicamente  pelas 
Villas  de  Moura,  Odemira,  e  Coruche  na 
Província  do  Alentejo  de  cuja  laboriofa  expe- 
dição colheo  copiofos  frutos.  Mayor  foy  o 
exceíTo  da  fua  charidade  no  fatal  anno  de  1569. 
em  que  ardia  Lisboa  fulminada  de  hum  terrível 
contagio  aífiílindo  aos  feridos  com  taõ  fervo- 
rofo  zelo  que  contrahindo  a  infermidade 
naõ  lhe  fervio  de  obftaculo  para  continuar 
neíle  charitativo  miniílerio.  Como  todo  o 
feu  difvelo  era  a  Salvação  das  almas  foy  man- 
dado pelos  Superiores  a  Angola  aonde  che- 
gou a  23.  de  Fevereiro  de  1580.  Para  atrahir 
com  mayor  facilidade  os  Gentios  ao  conhe- 
cimento do  verdadeiro  Deos,  aprendeo  a 
lingua  da  terra  que  brevemente  foube,  e 
mandou  levantar  huma  Igreja  dedicada  a 
S.  Paulo  em  obfequio  do  noíTo  Governador 
Paulo  Dias  de  Novaes  neto  de  Bartholameu 
Dias  de  Novaes  defcubridor  do  Cabo  de 
Boa  Efperança  devendo-fe  à  efficacia  das 
fuás  Oraçoens  grande  parte  da  vitoria  que 
aquelle  Capitão  alcançou  em  2.  de  Fe  verei- 


LUSITANA. 


44.3 


ro  de  1585.  de  hum  formidável  exercito  de 
Negros  deílroçados  mais  por  íuperior  auxi- 
lio, que  valor  humano.  Naò  he  fácil  de  relatar 
1)8  mares  que  navegou,  as  terras,  que  correo, 
e  as  tempeílades,  e  trabalhos  que  tolerou  eíle 
novo  Apoílolo  da  Africa  cm  benefício  da 
Gentilidade  bautizando  innumeraveis  alnias 
fendo  as  principaes  o  fílho  primogénito, 
e  o  irmaò  de  hum  Regulo.  Sendo  obri- 
gado a  juílifícarfc  de  culpas  machinadas  con- 
tra a  fua  PeíToa  paíTou  ao  Reyno,  e  che- 
gando À  prezença  de  Filippe  II.  lhe  fervio  no 
conceito  de  Príncipe  taõ  prudente  o  venerável 
afpcélo  de  muda  apologia  da  fua  innocencia. 
Para  que  nunca  eftiveflc  ociofo  o  feu  talento 
cm  beneficio  dos  próximos  foy  eleito  Meftrc 
dos  Noviços  cm  o  Q)llcgio  de  Évora  em  cujo 
miniílcrio  dco  novos  argumentos  da  fua  vir- 
tuofa  prudência.  Segunda  vez  por  obedecer 
aos  fcus  Prelados  partio  no  anno  de  1 604.  para 
:i  MifTaõ  de  Gibo  Verde  quando  contava  a 
proveóla  idade  de  feíTenta,  e  fcis  annos.  Logo 
jue  chegou  à  Ilha  de  Saõ-Tiago  fronteira  a 
lum  grande  Promontório  na  Cofta  de  Guiné, 
icm  reparar  que  o  clima  era  nocivo  à  faude 
fahio  pelas  praças  annunciando  o  Evangelho 
feus  moradores  donde  penetrando  até 
:rra  Leoa  com  manifeílo  perigo  da  vida  bau- 
EOU  os  Reys  de  Tora,  e  Tarma,  e  aos  Prince- 
;s  feus  filhos  com  huma  grande  multidão  de 
rbaros  transformados  de  brutos  em  racio- 
;s.  Atenuado  com  eftes  apoftolicos  trabalhos 
io  infermo,  e  conhecendo  fer  chegado 
termo  da  fua  peregrinação  entre  fuaves 
)lloquios  com  Chrifto  Crucificado  acabou  a 
ida  na  Qdade  da  Ribeira  Grande  da  Ilha  de 
5aõ-Tiago  a  4.  de  Junho  de  161 2.  com  74. 
annos  de  idade  e  56.  de  Religião.  Foy  geral- 
mente fentida  a  fua  morte  por  faltar  nelle  o 
univerfal  refugio  de  todas  as  PeíToas.  O  Ca- 
bido com  todo  o  Clero  lhe  dedicarão  fumptuo- 
fas  exéquias,  no  fim  das  quaes  orou  o  Cónego 
Rodrigo  Anes  Centeo  Provifor,  e  Vigário 
Geral  ponderando  grande  parte  das  fuás 
virtudes,  e  acçoens  largamente  efcritas  por 
Jorge  Cardofo  no  Agiol.  L^fit.  Tom.  3.  pag. 
525.  e  no  Comment.  de  4.  de  Junho  letr.  E. 
Franc.  Imag.  da  Virtud.  do  Novic.  de  Evor.  liv.  i. 
cap.  17.  até  24.  e  na  Imag,  do  Nov.  de  Coimh. 
Tom.  2.  liv.  4.  5.  6.  et  in  Ann.  GlorioJ.  S. 


J.  M  Lêifit.  pag.  $09.  Sandoval  Cathecifm- 
Eiiangel.  liv.  4.  cap.  10.  Guerreiro  Ktlac.  Armai 
das  confas  que  fii(eraÕ  os  PP.  da  Companb.  dê 
jlíSVS  nos  annos  de  1607.  e  1608.  liv.  4.  cap.  i. 
2.  e  5.  Rho  Hift.  virt.  tt  vitior.  liv.  2.  cap.  2. 
$.25.  onde  erradamente  lhe  chama  SebafliaÕ. 
Telles  Chron.  da  Comp.  de  JESUS'  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  2.  liv.  6.  cap.  26.  até  54.  Jarric. 
The^aitr.  Kerum  Indic.  Tom.  5.  cap.  28.  & 
Part.  2.  lib.  I.  cap.  6.  et  7.  Vafconcelos  Def- 
cripí.  Líijit.  pag.  ji8.  n.  7.  Gualter.  ia  TaiwJ. 
ChronoL  Saccul.  17.  pag.  815.  Fragozo  de 
Kepjtmine  Keipnb.  Chrift.  Part.  ).  lib.  10. 
difput.  22.  §.  4.  n.  48.  Virtute,  et  pietate  infi- 
fftis.    Efcreveo. 

KelaçaÔ  da  Vitoria,  que  alcançou  o  injiffte 
Capitão  Paulo  Dias  de  Novaes  de  hum  numero/o 
exercito  de  Neff^os  em  Angola  a  1.  de  Fevereiro 
de  1583.  da  qual,  como  do  Author,  faz  memo- 
ria Fr.  Agoílinho  de  Santa  Maria  Sanãuar.  Ma- 
rian.  Tom.  8.  liv.  i.  Tit.  101.  pag.  330.  e  331. 

Carta  efcrita  de  Angola  ao  Provincial  da 
Provinda  de  Portugal,  em  que  dà  conta  (faõ  pala- 
vras do  P.  Fernaõ  Guerreiro  na  Kelac.  Annal 
aíTima  ailegada  defde  folhas  223.  até.  264 
Lisboa  por  Pedro  Crafbeeck  161 1.  4. )  ^ 
difpojiçaõ  qm  achou  em  todos  aquelles  Keynos, 
que  elle  peffoalmente  foy  defcubrir,  e  do  mais  fruto, 
que  até  entaõ  fe  tinha  feito  na  ConverfaÕ  daquella 
gentilidade. 

Carta  efcrita  de  Angola  em  31.  de  Janeyro 
de  1582.  em  que  relata  o  Bautifmo  de  hum  Key, 
de  que  traz  alguma  parte  impreífa  o  P.  Bal- 
thezar  Tellez  Chron.  da  Companh.  Part.  2. 
Liv.  6.  cap.  58.  §.  5.  e  6. 

Carta  efcrita  em  Évora  a  16.  de  Março  de 
1 604.  ao  Provincial  António  hlafcarenhas.  Sahio 
impreíTa  pelo  P.  Tellez  no  lugar  aíTima 
allegado  cap.  30.  §.  7.  e  Franco  Imagem 
da  Virtud.  do  Noviciad.  de  Evor.  Liv.  i.  cap.  19. 
n.  5. 

Duas  Cartas  efcrita  huma  ao  Geral  em 
que  relata  a  fua  jornada  à  Serra  Eeoa  com 
a  converfaõ,  e  bautifmo  delReji  Filippe;  outra 
ao  Provincial  da  Provinda  de  Portugal  fobre 
o  progrejfo  defia  expedição.  Sahiraõ  vertidas 
em  Italiano  com  outras.  Roma  por  Ludovico 
Zanetti  1625.  8. 

Carta  efcrita  ao  P.  Manoel  de  Barros 
em   Biguba   terra   dos   Beafares     a    28.    de  Ja- 


444 


BIB  LIO  THE  CA 


neyro  de  1605.  em  que  narra  a  jornada  que  fet^ 
à  terra  firme  de  Guine.  Sahio  impreíTa  na 
KelaçaÕ  Annal  compofta  pelo  P.  Fernaõ 
Guerreiro  a  folhas  140.  Lisboa  por  Jorge 
Rodrigues  1605.  4. 

Fr.  BALTHEZAR  DO  BASTO.  Naceo 
em  Lisboa,  e  foy  filho  de  Manoel  do  Bailo, 
e  Theodofia  de  Faria.  Logo  na  infância  def- 
cubrio  os  dotes  de  que  o  ornara  a  natureza 
pelos  quaes  foy  recebido  na  Sagrada  Religião 
da  SantiíTima  Trindade  cujo  Inílituto  profeíTou 
no  Convento  da  fua  pátria  a  14.  de  Junho 
de  1642.  Aprendidas  as  fciencias  efcholaílicas 
com  grande  credito  do  feu  engenho  as  diétou 
com  mayor  applaufo  merecendo  laurear-fe 
Doutor  na  Faculdade  de  Theologia  em  a  Uni- 
verfidade  de  Coimbra.  Foy  Reytor  do  CoUegio 
deJfta  Cidade,  e  Viíitador  Geral  da  fua  Religião 
em  cujos  miniílerios  pradtícou  as  máximas 
do  feu  prudente  juÍ2o.  Entre  os  mais  famozos 
Oradores  Evangélicos  fe  diftinguio  com  mani- 
fefto  exceíío  por  fer  ornado  de  eloquente 
energia,  fuave  vóz,  e  natural  reprezentaçaõ. 
Morreo  no  Convento  de  Lisboa  a  15.  de  De- 
zembro de  1700.  quando  contava  74.  annos 
de  idade,  e  5  8.  de  Religião.  Deixou  promptos 
para  fe  imprimirem. 

Sermoens  Vários  M.  S.  Confervaõ-fe  na 
Livraria  do  Convento  de  Lisboa. 

BALTHEZAR  COELHO  cuja  Pátria, 
e  género  de  vida  ignoramos.    Compoz. 

Tratado  da  Antiguidade  de  N.  Senhora  de 
Machejde,  e  outras  do  Termo  de  Évora,  e  extraão 
de  hum  livro  antigo  dos  Milagres  de  N.  Senhora 
da  Sè  da  me/ma  Cidade.  M.  S.  foi.  Conferva-fe 
na  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Conde  de  Vi- 
mieiro. Da  Imagem  da  Senhora  de  Macheyde, 
e  da  fua  Capella  fer  reparada  no  anno  de  1484. 
efcreve  largamente  Fr.  Agoft.  de  Santa  Maria 
Sanãuar.  Marian.  Tom.  6.  Liv.  i.  Tit.  13. 

BALTHEZAR  CORRÊA  PINTO  natural 
da  Villa  de  Caílello-Branco  do  Bifpado  da 
Guarda  filho  de  Pedro  Dias,  e  Izabel  Rodri- 
gues, Freyre  da  Militar  Ordem  de  S.  Tiago  cujo 
Habito  recebeo  no  Real  Convento  de  Palmella 
a  15.  de  Fevereiro  de  1671.  Foy  bom  Pre- 
gador  de   cujo    miniíterio    deixou   impreíTo 


Sermão  do  Calvário.  Lisboa  por  Joaõ  da 
Coíla  1678.  4. 

P.  BALTHEZAR  DA  COSTA  natural  da 
Cidade  de  Goa  Cabeça  do  Império  Oriental 
Portuguez  onde  fendo  de  17.  annos  abraçou 
o  Inílituto  da  Companhia  de  JESUS  no  anno 
de  1555.  Depois  de  eftudar  Filofofia,  e  Theo- 
logia foy  mandado  pelos  Superiores  cultivar 
a  vinha  do  Japaõ,  e  para  defempenhar  taõ 
laboriofa  empreza  aprendeo  a  lingua,  que  bre- 
vemente foube,  com  a  qual  facilmente  atrahio 
os  ânimos  dos  Gentios  merecendo  particulares 
eftimaçoens  de  D.  Bartholameo  Senhor  de 
Firando  em  cuja  terra  juntamente  com  o 
P.  Joaõ  Fernandes  bautizou  quinhentas,  e 
cincoenta  peíloas,  e  exercitou  outros  apoíloli- 
cos  miniílerios  atè  o  anno  de  1570.  Ao  paíTar 
do  Japaõ  para  a  índia  morreo  naufragante  em 
o  anno  de  1 5  80.  Fazem  mençaõ  deíle  Operário 
Evangélico  Bih.  Societ.  pag.  100.  col.  2.  Hifior. 
Societ.  Part.  3.  Liv.  i.  n.  154.  Liv.  6.  n.  207. 
Ub.  7.  n.  178.  Gufman.  Hift.  de  las  Mijfwn.  de  la 
Compan.  Part.  2.  Liv.  7.  cap.  4.  Souf.  Orient. 
Conquijl.  Part.  2.  Conquiíl.  4.  Divif.  i.  §.  6. 
Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  l^ufit.  hiter.  lit.  B. 
n.  4.  o  P.  Pedro  Franc.  Xav.  Charlevoix  Hiji. 
du  Japon  Tom.  i.  pag.  mihi  298.  323.  e  430. 
Bib.  Orient.  novamente  adicionad.  Tom.  i. 
Tit.  8.  col.  179.    Efcreveo. 

Carta  de  Firando  aos  Portugue:(es  fobre  huma 
vitoria,  que  houveraõ  contra  o  me/mo  Kej  de  Firando 
em  outro  Porto  dali  perto  a  zz.  de  Outubro  de 
1565.  Sahio  com  outras  Évora  por  Manoel 
de  Lira  1 598.  i.  p.  foi.  202.  verf.  e  Coimbra  por 
Anton.  Maris  1 5  70.  4.  a  foi.  5  29.  tradufida  em 
Caftelhano  Alcalà  por  Juan.  Inigues  de  Le- 
querica  1575.  4.  a  foi.  237.  verf. 

Carta  Anua  de  Goa  ejcrita  aos  Padres  de  Portugai 
em  4.  de  Dezembro  dei^Gz.  Coníla de  23.  paginas. 

Carta  ejcrita  de  Goa  ao  feu  Provincial  em  que 
relata  a  morte  do  Patriarcha  Joaõ  Nunes  Barreto 
em  i.  de  Dezembro  de  1562. 

Duas  Cartas  efcritas  de  Goa  em  16.  de  No- 
vembro de  1560.  e  outra  de  1561. 

Eílas  quatro  Cartas  fe  confervaõ  M.  S. 
na  Cafa  Profeíla  de  S.  Roque  de  Lisboa. 

P.  BALTHEZAR  DIAS  filho  da  Sa- 
grada Companhia  de  JESUS,  e  hum  dos  gran- 


L  USITAN A. 


445 


(Ics  operários  do  ETiagelho  cm  o  Oriente, 
para  cuja  gloriofa  cmpreza  alcançada  faculdade 
los  Superiores  Te  embarcou  a  24.  de  Março 
1 5 )  5.  cm  a  Náo  Capitania  S.  Bento  de  que 
( i-a  Capitão  Mòr  Femaõ  Alvares  Cabral  filho 
(Ic  Pedralres  Cabral,  e  D.  Izabel  de  Caílro,  com 
outros  Religiofos  da  Companhia.   Chegado  i 
(  idade  de  Goa  o  nomeou  o  P.  Belchior  Nunes 
1  ^arreto,  Vigário  daquella  Província,  cuja  elei- 
to fendo  julgada  por  nulla,  taò  modcílo  fe 
loílrou   em   dinútilla,   como  obediente   em 
ícrcitalla.    Os  cuidados,  que  devia  applicar 
para  o  governo,  os  dedicou  à  Pregação  Evan- 
gélica fendo  tau  numcrofos  os  auditórios,  que 
t  ella  concorriaò,  que  era  neceíTario  pregar 
nos  Adros,  c  Campos  por  ferem  os  Templos 
<tinda  que  amplos,  pequenos  para  taò  grande 
)ncurfo.  A*  vehemcncia  do  cfpirito  com  que 
icrcpava  os  vicios  corrcfpondia  o  fruto  dos 
ac  verdadeiramente  arrependidos  deteílavaõ 
s  torpezas,  cm  que  jaziaõ  fcpultados  feguindo 
I  cfolutos  o  auftcro  caminho  da  virtude.   Sendo 
Cidade  de  Malaca  entre  todas  as  da  índia  a 
:aais  abominável  cm  coftumes,  e  como  tal 
iicccíTitaíre  de  hum  Varaõ  Apoftolico  para  a 
lua  reforma,   foy   nomeado   pelo   Provincial 
António  de  Quadros  Superior  daquella  refi- 
ciencia,  e  chegando  no  anno  de  1 5  56.  a  efta  Ci- 
ilade  foy  recebido  pelos  feus  moradores  com 
extraordinárias    demonftraçoens    de    alegria. 
(.)  primeiro  aíTumpto  das  fuás  declamaçoens 
evangélicas   fe  dirigio   contra   os   Apoílolos 
de  Mafamede,  que  disfarçados  em  mercadores 
concorriaõ  de  Meca,  Graõ  Cayro,  e  Conílan- 
t  inópia,  e  navegavaõ  de  Siaõ,  Borneo,  Java,  e 
Molucas  para  introduíir  a  falfa  ley,  que  profef- 
favaõ.    Com  os  brados  da  fua  voz  reprimio 
a  ufura  dos  contratos,  confundio  a  malicia  dos 
C^acizes,  introdufio  os  Sacramentos,  e  fe  confti- 
tuhio  Pay  dos  Orfaos.   Neíles  fagrados  minif- 
terios  paflbu  em  Malaca  quatro  annos  donde 
voltando    para    Goa    continuou    com    igual 
zelo  onze  annos  atè  que  foy  receber  a  coroa 
de  feus  apoílolicos  trabalhos  em  o  Collegio 
de  S.  Paulo  de  Goa  a  21.  de  Agofto  de  1571. 
Fazem   delle    memoria    Orland.    Hijl.    Societ. 
Ub.  14.  n.  138.  e  Lib.  16.  n.  81.  &  Part.  3. 
Lib.   8.   n.    156.   Telles   Chron.   da  Comp.  da 
Prov.  de  Portí4g.  Part.   2.  Lib.    5.  cap.  4.  n. 
e  na  HiJl.  da  Etiop.  Alt.  Lib.  2.  cap.  20.  Souf. 


Orient.  Corupàfl.  Part.  2.  Cooq.  ).  Dívií.  i. 
%.  59.  atè  45.  Gírard.  Dior,  PacL  ).  Efcte- 
veo 

Cm  ta  tf  cri  ta  de  Goa  a  i^,  dê  Det^imbro 
de  i))5.  a  Santo  Iffiaào.  Sahio  traduíida 
em  Italiano  no  Livro  intitulado  Diverfi  Atnfi 
particidari  deli'  Indie  di  Portugfillo,  Venetía 
por  Michele  Tramezzino.  i)6).  8.  a  foi.  220. 
verf. 

Carta  aos  Padres  da  Provinda  de  Portu- 
jlfil  efcrita  de  Malaca  a  i^.  de  Novembro  de  1556. 
em  que  largamente  de/creve  o  terreno,  fruto  da 
PrègafaÕ,  cafos  prodigiofos,  e  o  cafligo,  que  veyo 
fobre  os  moradores  de  Tolo  na  Ilha  de  Moro  por 
apoflatarem  da  Fè  recebida.  Conferva-fe  no 
Cartório  da  Cafa  ProfeíTa  de  S.  Roque,  e  coníla 
de  I).  paginas. 

Carta  para  o  P.  Belchior  Nunes  Barreto 
em  que  relata  o  martyrio  do  V.  P.  Ajfonfo  de 
Caflro,  e  trinta  Chriflãos  em  1558. 

Carta  ao  Provincial  de  Goa  efcrita  de  Malaca 
a  ^.  de  De:(embro  de  15J9.  em  que  expende  como 
eflavaõ  difpoflas  as  Ilhas  de  Solor,  e  Timor  para 
receber  a  Fè  Catholica.  Sahio  tradufida  em 
Latim  com  outras  Lovanii  apud  Rutgenim 
Velpium.  15  70*  8.  pag.  172. 

Capituli  d*alcune  lettere  dei  P.  Balthe!(ar 
Dias  Kettore  dei  Collegio  di  Goa  delli  ly  di  De- 
v^mbre  a  ^.  de  Genaro.  Sahio  impreíTo  no  Livro 
intitulado  Avifi  deli'  índia  di  Portugallo  havuti 
V  anno  1553.  Roma  por  António  Bladio 
1556.  8. 

Carta  ao  Provincial  da  Provinda  de  Portu- 
gal efcrita  de  Goa  em  o  anno  de  1554.  Outra  efcrita 
aos  PP.  feus  Companheiros  em  15.  de  Dev^em- 
bro  de  1554.  Outra  ao  Provincial  da  Provin- 
da de  Portugal  efcrita  a  /^.  de  Janeiro  de  1555. 
Outra  efcrita  aos  Padres  da  Provinda  de  Por- 
tugal efcrita  a  i.  de  Dea^embro  de  1564.  To- 
das eftas  fe  confervaõ  na  Cafa  Profeíía  de 
S.  Roque. 

BALTHEZAR  DIAS  natural  da  Q- 
dade  de  Braga  onde  teve  por  Pay  a  Álvaro 
Dias,  e  a  Margarida  AiFonfo.  Sendo  de  17. 
annos  entrou  na  Companhia  de  JESUS  por 
Coadjutor  temporal  em  o  Collegio  de  Évo- 
ra a  4.  de  Outubro  de  1562.  A  mayor  parte 
da  vida  occupou  no  Oííicio  de  Enfermei- 
ro em  cujo  miniílerio  foy  muito  vigilante. 


440 


B  JBLIO  THE  CA 


e  charitativo  naõ  perdoando  a  algum  género  de 
trabalho  para  reftituir  os  doentes  à  faude 
perdida.  Mayor  zelo  pra£tícou  na  aíTiílencia 
que  fez  nos  annos  de  1569.  e  1579.  aos  feridos 
da  peíle  chegando  a  tal  exceíTo  que  contrahindo 
o  contagio  naõ  ceíTou  de  lhes  aíTiílir  com  fum- 
ma  charidade.  Por  fer  inílgne  Boticário  acom- 
panhou a  ElRey  D.  Sebaíliaõ  na  infeliz  jornada 
de  Africa  onde  perdida  a  batalha  ficou  cativo, 
e  fendo  levado  a  Tituaõ  padeceo  exceíTivas  afli- 
çoens  até  fer  refgatado  do  poder  dos  bárbaros. 
Entre  os  legados  pios  que  deixou  no  feu  Tefta- 
mento  o  Cardial  D.  Henrique  foy  hum  delles 
que  foíTe  hum  Peregrino  vifitar  em  feu  nome 
os  Santos  Lugares  de  Jerufalem,  e  querendo 
Filippe  Prudente  executar  a  vontade  de  feu 
Tio  ordenou,  que  foíTe  outro  em  nome  delRey 
D.  Sebaíliaõ.  Foraõ  nomeados  para  eíla  devota 
peregrinação  o  P.  Jeronymo  Rodriguez,  e  por 
feu  companheiro  o  Irmaõ  Balthezar  Dias,  e 
partindo  a  5.  de  Dezembro  de  15 81.  dirigirão 
a  jornada  a  Roma  onde  depois  de  beijarem 
o  pé  ao  Supremo  Pallor  paíTaraõ  a  Veneza 
em  cujo  porto  fe  embarcarão  para  Jerufa- 
lem. Chegados  a  eíla  Cidade  teftemunharaõ 
com  os  olhos,  e  muito  mais  com  os  aííeólos 
as  fuaves  memorias,  que  o  Redemptor  do 
mundo  deixou  impreíTas  em  tantos  lugares, 
quantos  fanftificou  com  a  fua  prezença.  Refli- 
tuido  ao  Reyno  quizeraõ  os  Superiores  em 
premio  das  fuás  virtudes  promovello  ao  ERado 
Sacerdotal,  que  elle  humildemente  recufou. 
Retirado  ao  Collegio  de  Évora  fe  exercitou 
com  grande  fervor  em  todo  o  género  de  exer- 
cidos efpirituaes  onde  morreo  a  14.  de  Abril 
de  161 8.  com  73.  annos  de  idade,  e  56.  de 
Companhia.    Efcreveo. 

Diário  da  viagem,  que  fe^  de  Évora  à 
Terra  Santa;  a  qual  (diz  o  P.  António 
Franco  Imag.  da  Virtud.  do  Noviciad.  de 
Évora  Liv.  3.  cap.  i.  §.  17.)  temos,  e  li  em  o 
noffo  Cartório  de  Coimbra.  Huma  copia  deíle 
Diário  fe  guarda  na  Livraria  do  ExceUentiífimo 
Conde  de  Vimieiro. 

Parte  de  huma  Carta  fua  efcrita  de  Te- 
tuaõ  traz  vertida  em  Latim  o  dito  P.  Franco 
in  Ann.  Glor.  S.  J.  in  Eujitan.  pag.  212.  onde 
lhe  faz  hum  grande  elogio,  como  tam- 
bém o  fazem  Tellez  Chron.  da  Comp.  da 
Prov.   de    Vortug.    Part.    2.    liv.   4.    Cap.    44. 


§.  II.  e  Liv.  5.  cap.  32.  §.  7.  e  9.  Cardozo 
Agiol.  Eujit.  Tom.  2.  pag.  577.  e  no  Coment. 
de  15.  de  Abril  letr.  L.  e  Nadaíi  Ann.  Dier. 
Memor.  S.  J.  Part.  i.  pag.  209. 

BALTHEZAR  DIAS  natural  da  Ilha  da 
Madeira,  e  hum  dos  celebres  Poetas  que  flore- 
ceraõ  no  Reynado  delRey  D.  Sebaíliaõ  princi- 
palmente na  compofiçaõ  de  Autos  em  que 
moílrou  a  grande  erudição  que  aprendera  pelos 
ouvidos  por  fer  cego  de  nacimento.  Das  fuás 
obras  poéticas  que  lograrão  o  beneficio  da  luz 
publica  as  principaes  faõ  as  feguintes. 

Auto  delRej  Salamaõ.  Évora  por  Francifco 
Simoens  161 2.  e  Lisboa  por  António  Alvares 
1613.  4. 

Auto  da  Paixaõ  de  Chrijlo  metrificada.   Lis- 
boa por  Vicente  Alvares  161 3.  &  ibi  por  Anto-    ' 
lúo  Alvares  1617.  4.  &  ibi  por  Jorge  Rodri- 
gues. 1633.  4. 

Auto  de  Santo  Aleixo.  Lisboa  por  Antónia  \ 
Alvres.  161 3.  4.  Évora  por  Francifco  Simoens  ' 
1616.  4.  e  Lisboa  por  António  Alvares  1638.  4. 

Auto  de  Santa  Catherina  V.  e  M.  Évora 
por  Francifco  Simoens  161 6.   Lisboa  por  An-   \ 
tonio   Alvares    1633.   et  ibi  por  Domingos   ' 
Carneiro.   1659. 

Auto  da  Feira  da  luidra.  Lisboa  por  Antó- 
nio Alvares  1619.  4. 

Conjelho  para  bem  ca^ar.  Lisboa  por  Antó- 
nio Alvares  1633.  4. 

Auto  da  Malicia  das  Mulheres.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor  1640.  4. 

Hijloria  da  Emperatri^  Porcina  mulher  do 
Emperador  Eodonio  de  Koma.  Lisboa  por 
Domingos  Carneiro  1660. 

Tragedia  do  Marque^  de  Mantua,  e  do  Empe- 
rador Carloto  Magno.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for  1665.  4. 

Auto  do  Nacimento  de  Chrijlo.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor  1665.  e  muitas  vezes  reimpreíTo. 

Trovas  de  Arte  major  fobre  a  morte  de  D. 
Joaõ  de  Cajlro  Vice-Rej  da  índia  dirigidas  u 
fua  mulher  D.  Anna  de  Attayde.  4.  fem  anno 
da  ImpreíTaõ  que  he  em  letra  Gótica  como 
vimos  na  Livraria  do  Excellentiffimo  Conde 
do  Vimieiro. 

Fr.  BALTHEZAR  DE  S.  DOMIN- 
GOS natural  da  Villa  de  Palmella  filho  de 


LUSITANA. 


447 


António  Rodriguez  Reymaõ,  e  Maria  Fer- 
reira, Rcligiofo  da  Ordem  dos  Pregadores, 
( iijo  habito  profeíTou  no  Gsnvento  de  Lisboa 
I  21.  de  Outubro  de  1)75.  He  numerado 
(.iitre  os  Efcritores  Portuguezes  por  Manoel 
(Ic  Faria,  e  Soufa  Epitom,  das  Hijl.  PortHg, 
l'art.  4.  cap.  18.  e  na  Enrop.  PortHg.  Tom.  ). 
l'art.  4.  cap.  6.  e  JoaÕ  Soar.  de  Brit.  in  Thtatr. 
\Mfit,  Litter.  aos  quais  fe  remete  Jacobo 
l-chard  Script,  Ord.  Prad.  Tom.  i.  pag.  900. 
col.  I.  íem  que  algum  dellcs  declare  as  obras 
que  compoz,  as  quaes  até  agora  naõ  chegarão 
á  noíTa  noticia. 

P.  13y\LTllIiZAR  DA  ENCARNAÇAM. 
Nacco  cm  a  Viila  de  Serpa  fítuada  na  Provin- 
i  ia  Tranílagana,  c  em  a  Igreja  Matriz  da  mefma 
Vilia  rcccbco  a  graça  bautifmal  a  24.  de  Agoílo 
tic  1684.  Orfaõ  de  fcus  Pays  Pedro  Alvares, 
t  Brites  Corrêa  o  educou  fua  Tia  em  vários 
Kcrcicios  de  piedade,  e  devoção  até  que  fen- 
i.indo  praça  de  Soldado  começou  a  degenerar 
ilc  taò  virtuofa  educação  precipitando-fe  em 
todo  o  género  de  vícios  que  ferviaõ  de  uni- 
\erral  efcandalo.  Penetrado  da  eífícacia  da 
Divina  Graça  que  tomou  por  inílrumento 
:i  vóz  do  Venerável  P.  António  da  Cruz  da 
Congregação  do  Oratório  Varaõ  eminente 
cm  virtudes  feu  ConfeíTor  pelo  efpaço  de 
ilous  annos  fe  retirou  em  o  anno  de  171 3. 
i^iuando  contava  28.  annos  de  idade  para  a 
olitaria  habitação  das  Covas  de  Monte  furado, 
cujo  horror  lhe  deo  o  nome  de  Infernaes 
lltuadas  na  Província  do  Alentejo  diftantes 
huma  legoa  de  Monte  Mór  o  novo  onde  para 
íazer  penitencia  de  fuás  culpas,  e  elegendo 
por  feu  Tutelar  a  S.  Paulo  primeiro  Ermitão 
começou  com  outros  companheiros  a  obfer- 
var  por  particular  Inftituto  todos  os  dias  os 
exercidos  de  cinco  horas  de  Oraçaõ  mental, 
duas  de  liçaõ  efpiritual,  duas  difciplinas,  e  em 
três  dias  da  Semana  jejum  de  paõ,  e  agua,  e 
fdencio  com  outras  mortificaçoens  muito  fu- 
periores  às  forças  da  natureza.  Como  deze- 
jifle  chegar  ao  Eílado  Sacerdotal  começou 
com  grande  applicaçaõ  quando  tinha  qua- 
renta annos  eíhidar  a  lingua  Latina  que  foube 
lem  Meftre  particular  celebrando  o  pri- 
meiro Sacrifício  no  Altar  da  Senhora  Ma- 
dre de   Deos   do   Convento   das   Religiofas 


Ftancifcanas  íituado  nos  Subúrbios  defta  G- 
dade  a  17.  de  Junho  de  1732.  IníUtuhio  em 
Lisboa  Setúbal,  e  Leyria  huma  Irmandade 
intitulada  da  Charidad»  para  focorro  dos  prezos, 
e  remédio  de  peíToas  neoeíntadas.  Peb  efpaço 
de  quatro  annos  tem  pregado  em  diverú» 
partes  do  Reyno  mais  de  outocentos  Sermoeos 
como  Mi/Tionario  Apoílolico  que  he  por  Breve 
de  fua  Santidade  com  os  quaes  tem  colhido 
copiofo  fruto  dos  ouvintes,  e  delies  fomente 
publicou  os  feguintes. 

SermaÕ  do  ]uit(p  pregado  na  Paroehial  Igreja 
de  S.  Cens  termo  de  Monte  Mór  em  pre^en^a  de 
innumeravel  auditório  de  diferentes  eflados  com 
grande  fruto  das  Almas,  e  major  Gloria  de  Deos. 
Lisboa  por  Domingos  Gonçalves   1754.   4. 

SermaÕ  da    PayxaÕ  pregado   na    Igreja   das 
Covas  de  Monte  furado,    Lisboa  pelo  dito  Im- 
prcíTor.  1754.  4. 
Tem  prompto  para  a  impreíraõ. 

Chave  do  inferno.  4.  M.  S. 

Praãicas  doutrinaes,  4.  4.  Tom.  Aí.  S. 

BALTHEZAR  ESTACO.  Naceo  na  G- 
dade  de  Évora  em  o  anno  de  1)70.  para 
augmentar  a  gloria  da  fua  nobre  familia  igual- 
mente fecunda  de  Varoens  iníignes  em  Letras, 
e  armas.  Defde  a  adolefcencia  fe  applicou  ao 
eíhido  da  Poeíia  a  que  naturalmente  o  impellia 
o  génio,  e  de  tal  modo  alcançou  os  preceitos 
deíla  divina  Arte  que  mais  pareciaõ  infpira- 
dos,  que  aprendidos  produzindo  em  annos 
verdes  frutos  fazonados  como  elle  affirma. 
na  Carta  ultima  com  que  dá  fim  aos  feus 
Poemas. 

Nos  meos  annos  tende  o  tento 

Os  quaes  naÕ  sey  fe  ajfomais 

Com  eu  ter  vinte  naõ  mais. 
Com  a  mefma  applicaçaõ  eíhidou  FUofofia, 
e  Theologia  aíTun  Efcholaílica,  como  flo- 
ral em  que  fahio  egregiamente  inílniido. 
Ordenado  de  Sacerdote  pelo  lUuílriflimo 
Bifpo  de  Vifeu  D.  Joaõ  de  Bragança  mere- 
ce© deíle  nobiUíTuno  Prelado  o  mais  fino 
affefto  nacido  da  communicaçaõ  que  com 
elle  tivera  quando  antes  de  fer  aííumpto  no 
Bifpado  era  Cónego  de  Évora.  Para  mayor 
demõílraçaõ  de  quanto  o  eítimava  o  fez  Có- 
nego Penitenciário  de  fua  Cathedral,  e  lhe 
perfuadio  publicaííe  os  feus  Verfos  os  quaes 


448 


BIBLIOTHE  CA 


em  final  de  agradecimento  dedicou  a  eíle 
grande  Mecenas  com  eíle  titulo. 

Sonetos,  Cançoens,  Eglogas,  e  outras  Rimas. 
Coimbra  por  Diogo  Gomes  de  Loureiro. 
1604.  4. 

Dialogo  chamado  Governo  de  Deos  com  as 
almas,  e  concórdia  entre  os  Doutores  modernos 
feita  com  a  mente  de  Santo  Agojlinho  fobre  o 
auxilio  Jufficiente  e  eficaf^  da  graça  Divina.  Dedi- 
cado ao  mefmo  Santo.  Saõ  Interlocutores 
do  Dialogo  Flaminio  Theologo,  Feliciano 
Juriíla.  M.  S. 

Kofario  da  Kainha  dos  Anjos.  Dedicado  à 
mefma  Senhora  M.  S. 

Eíles  dous  livros  fe  confervaõ  na  Livra- 
ria do  Convento  dos  Carmelitas  Defcalços 
da  Cidade  de  Évora. 

Menino  perdido.  Dialogo  em  ver/o.  Interlo- 
cutores JESUS  MARIA,  JOZE'  Dedicado 
ao  mefmo  Santo  em  cujo  frontefpicio  tem 
eíle  Diílicho. 

Et  Reges  mundi,  (0°  mundus  tihi  cedat  Jojeph 
Nam  mundum,  <&  Reges  qui  regit,   ipje  regis. 

Confia  de  175.  folhas  em  4.  compoílo 
em  Outava  Rima,  e  nas  margens  citados 
os  lugares  da  Sagrada  Efcritura  que  na  tal 
obra  fe  allegaõ,  a  qual  conferva  M.  S.  em 
feu  poder  o  P.  Fr.  Aílònfo  da  Madre  de 
Deos  Académico  Real  que  nos  comuni- 
cou eHa  noticia. 

Vários  remédios,  e  confolaçoens  a  todos 
os  trabalhos,  e  molejlias,  que  coftumàõ  ter  os 
homens  de  vários  ejiados  entre  os  quaes  fe 
propõem  os  remédios,  e  confolaçoens  que 
pôde  ter  hum  Prelado  das  moleílias  que  na- 
cem  do  governo  das  fuás  ovelhas.  Eíla  obra 
compoUa  por  modo  de  cartas  confolatorias 
eílava  quaíi  concluída  ametade  no  anno  de 
1602.  M.  S. 

Fazem  mençaõ  deíle  Author  Nicolào 
Ant.  Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  142.  col.  2. 
Joaõ  Franc.  Barret.  Bib.  Eujit.  M.  S.  Fonfec. 
Evor.  Glorio/,  pag.  406.  e  410.  e  ultimamente 
o  P.  António  dos  Reys  in  Enthujiafm.  Poet. 
n.  82. 

Par  operi  pleãrum  puljans  Balthajar  honóra 
Quem  non  doãa  cohors,  nec  Cynthius  ipfe  coronat 
Fronde,   fed    è    Superis    lapfum    diadema    per 

auras 
Non   niji  Sacra   canens  folio   refidebat   in   alto. 


P.  BALTHESAR  DE  FIGUEIREDO 
Religiofo  profeíTo  da  Companhia  de  JESUS 
fendo  Miniílro  do  CoUegio  de  S.  Paulo  de 
Braga  efcreveo,  como  teílifica  Jorge  Cardofo 
Agiol.  Lujít.  Tom.  3.  pag.  742.  no  Comment. 
de  18.  de  Junho  letr.  M. 

Vida  do  IrmaÕ  Manoel  de  Av^evedo  Eflu- 
dante  da  Companhia  de  JESUS  dedicada  ao 
P.  Francifco  de  Mendoça  Reytor  de  Coimbra.  M.  S. 

P.  BALTHEZAR  GAGO  famofo  Miffio- 
nario,  que  illuílrou  o  Oriente,  naceo  em  Por- 
tugal no  anno  de  1515.  e  abraçou  o  Sagrado 
Inílituto  da  Companhia  de  JESUS  em  o  de 
1546.  quando  eílava  na  idade  adulta  de  trinta 
e  hum  annos.  Abrazado  em  o  zelo  de  con- 
verter Almas  a  Chriílo,  e  mover  guerra  contra 
o  Inferno  pedio  com  multiplicadas  inílancias 
aos  Superiores  o  fizeíTem  participante  de  taõ 
heróica  empreza,  e  tanto  que  a  alcançou, 
partio  de  Lisboa  em  a  Nào  S.  Pedro  a  17.  de 
Março  de  1548.  acompanhado  do  Inligne 
Varaõ  o  Meílre  Gafpar  Barzeo.  Chegado  a 
Goa  a  4.  de  Setembro  foy  benevolamente 
recebido  por  S.  Francifco  Xavier  que  conhe- 
cendo o  incêndio  que  lhe  abrazava  o  coração 
lhe  deílinou  para  theatro  das  fuás  apoílolicas 
acçoens  ao  Reyno  de  Bungo  fendo  em  Funay 
fua  Metrópole  tratado  pelo  Princepe  que  a  go- 
vernava com  fmgulares  demonílraçoens  de 
aíFedto,  e  veneração,  concedendo-lhe  faculdade 
para  poder  pregar  o  Evangelho  na  fua  Corte. 
Com  a  grande  efficacia  da  fua  doutrina  che- 
gou brevemente  o  numero  dos  convertidos  a 
mil,  e  quinhentos,  de  cuja  admirável  transfor- 
mação envejofos  os  Bonzos  fe  armarão  de 
injurias,  e  muitas  vezes  de  pedras  contra  o  pre- 
goeiro Evangélico,  e  ainda  que  foraõ  reprimi- 
dos deíles  iníultos  por  ordem  Real,  novamente 
fe  levantarão  para  impedir  os  progreíTos  do 
Chriílianifmo  valendo-fe  de  hum  diabólico 
artifício,  qual  foy  aífirmarem  publicamente 
que  confrontadas  a  Ley  de  Chriílo,  e  a  do  Japaò 
fomente  fe  diílinguiaõ  em  alguns  ritos,  fendo 
na  fubílancia  idênticas.  Contra  eíle  abomi- 
nável erro  fe  oppoz  o  zelozo  Miífionario 
clamando  pelas  Praças  ferem  taõ  femelhantes 
os  erros  Japonezes  às  verdades  Catholicas, 
como  eraõ  as  trevas  com  a  luz.  Naõ  fatis- 
feito     de     confutar    eíle     erro     vocalmente, 


L  USITAN A. 


449 


cfcrcvco  hum  douto  Tratado  em  que  cla- 
ramente moftrava  a  oppofíçaô  que  huma 
Icy  tinhn  A  outra,  e  de  tal  modo  foy  aceito 
p<»i  I  ll\c\  que  mandou  imprimir  no  Ori- 
.innl  o  Scllo  das  Tuas  Armas  em  fmal  authen- 
ii(<>  1i  fua  approvaçaô.  Naò  podia  a  ma- 
li(  I  !  Bon208  tefiftir  à  virtude  deíle  Uvan- 
,cli>  <  )perario  principalmente  quando  vi- 
rão que  dous  delles  venerados  por  mais  dou- 
tos abjurarão  os  feus  erros  pedindo  o  Bau- 
tifmo,  que  lhe  conferio  com  os  nomes  de 
Paulo,  e  Bamabè.  Admirável  foy  o  donu- 
nio  que  tinha  fobre  o  demónio  cxpulfando-o 
dos  corpos  de  dous  Irmaòs  dcfccndcntes  de 
huma  familia  tyranizada  em  três  geraçoens 
continuadas  pelo  infernal  efpirito.  Scmelhan- 
j  tes  foraõ  as  obras  que  o  feu  ardente  zelo  exer- 
citou em  Pirando,  Pacata,  c  SaJfetc  padecendo 
incríveis  trabalhos,  formidáveis  tempcftades, 
horrorofos  perigos  até  fer  condenado  à  morte 
por  encher  as  obrigaçoens  do  miniílerio 
\poftolico  a  que  deo  gloriofo  fim  no  CoUegio 
de  S.  Paulo  de  Goa  em  9.  de  Janeiro  de  1585. 
Grandes  faõ  os  Elogios  que  diverfos  Efcri- 
torcs  deraõ  a  eíle  infigne  Varaõ  Bib.  Societ. 
pag.  loi.  col.  I.  Vuit  è primis  illis  Societatis  colu- 
minihm,  qui  Indiam,  univerfumque  Orientem  evan- 
gélica pradicatione  illuftrarunt.  Franco  Ann. 
Glorio/.  S.  J.  in  LjíJíL  pag.  14.  Vir  giganteo  ple- 
nus  fpiritu,  €5>*  nati4s  rcbus  grandibus  agffrediendis, 
e  na  Imag.  da  Virt.  em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i . 
liv.  3.  cap.  49.  Imitou  muito  a  S.  Francifco  Xavier 
nos  glorio/os  trabalhos,  que  padeceo.  Faria  Afia 
Portug.  Tom.  2.  Part.  4.  cap.  20.  n.  9.  Fue- 
ron  famofos,  y  aun  Santos  difcipulos  dei  Santo 
Xavier,  y  companeros  de  Jus  trabajos,  y  Predi- 
cacion  Baltòef^ar  Gago,  Lmí^  Mendes.  <&€.  Joan. 
Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  iMfit.  LJtter.  liter  B. 
n.  6.  infignis  verbi  Dei  operarius  apud  Japonês 
ubi  femel,  nec  uno  in  loco  vitam  objecit  pro  Fide 
prafentijftmo  difcrimine.  Nadafi  Ann.  Dier. 
Mem.  S.  J.  Part.  i.  pag.  18.  multifariam  ve- 
xatus,  nuditate,  contumeliis,  mortis  minis  Evan- 
;:ielium  felicijjime  propagavit  fignis  quoque  Je- 
cntis  ad  fidei  firmitatem.  Telles  Chron.  da 
Comp.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  2. 
cap.  25.  n.  5.  e/colhido  com  particular  pro- 
videncia para  hir  criar  a  nova  Chrifiandade 
que  o  Santo  Xavier  plantava  no  Japaõ.  Guf- 
man  Hift.   delas  Mijfton.  liv.    5.   cap.    3.   foi. 

34 


459.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifpatt.  Tonu  i.  pag.. 
142.  Soufa  Orient.  Conq.  Part.  i.  G>nq.  i. 
Divif.  2.  §.  84.  e  Conq.  4.  Div.  2.  $.  6.  7. 
8.  e  9.  e  Part.  2.  Conq.  i.  Divif.  2.  $.  71.  Gicardi 
Diar.  Part.  i.  ad  9.  Januar.  Cra/Tet  Hift, 
dtVEffiffe  dii  Japon.  Tom.  i.  liv.  4.  §.  i.  e  2. 
pag.  mihi  224.  Qurlevoix  Hift.  du  japon. 
Tom.  I.  pag.  255.  2)6.  247.  249.  254.  262. 
Compoz  na  lingua  Japoneza. 

Tratado  em  que  fe  moftra  claramente  a  grande 
differença  que  há  entre  a  ley  de  Chrifto,  e  a  do 
japaõ.  Deíla  obra  fazem  mcnçaò  a  bib.  Societ. 
pag.  loi.  col.  2.  e  Soufa  Orient.  Conq.  Part.  i. 
Conq.  4.  Divif.  2.  §.  8. 

Carta  efcrita  de  Goa  em  o  anno  de  15)2. 
aos  IrmaÕs  de  Portugal.  Sahio  vertida  em 
Italiano.  Venetia  por  Michaele  Tramezzino. 
1J59.  8. 

Carta  efcrita  de  Firando  a  20.  de  Set- 
tembro  de  1555.  a  ElRey  D.  JoaÕ  o  III.  Co- 
meça, Senhor  porque  /abemos.  Sahio  com 
outras.  Évora  por  Manoel  de  Lyra  1598.  foi. 
41.  v.o  e  Coimbra  por  António  Mariz  1570. 
4.  foi.   108. 

Carta  efcrita  de  Firando  a  23.  de  Set- 
tembro  de  1555.  aos  IrmaÕs  da  Companhia 
de  JESUS  da  índia,  e  Portugal.  Évora  por 
Manoel  de  Lyra  1598.  foi.  38.  v.o  Co- 
meça o  Anno  pajjado  de  cincoenta,  e  dous. 
Coimb.  por  António  de  Maris  1570.  4. 
foi.  99.  Vertida  em  Caftelhano  por  Cypriano 
Soares  Coimb.  por  Joaõ  Alvares,  e  Joaõ 
Barreira.  1565.  4.  pag.  iii.  e  Alcalà  por 
Juan  Iniguez  de  Lequerica.  1575.  4.  foi.  70. 
Traduzida  em  Latim  pelo  P.  Manoel  da 
Coíla  Ker.  à  Soe.  Jef.  in  Ind.  Geftar.  lib.  2.  pag. 
210.  Colónias  apud  Gervinum  Calenium  1574. 
8.  &  Dilingae  apud  Sebaldum  Mayer  1571.  8. 
foi.  103. 

Carta  efcrita  de  Firando  a  Santo  Ignacio 
a  23.  de  Setembro  de  1555.  Sahio  Vertida  em 
Latim  in  Epifiol.  Japanicis.  pag.  121.  Lova- 
nij  apud  Rutgerum  Velpium.  1570.  8.  &  ibi 
pelo  dito  ImpreíTor  1569.  8.  a  pag.  73.  Tra- 
duzida em  Italiano  Venetia  por  Michaele 
Tramezzino   1559.   8.  e  1565.  8. 

Carta  efcrita  de  Bungo  em  o  1.  de  No- 
vembro de  1559.  aos  IrmaÕs  da  Companhia 
da  índia.  Começa.  Na  entrada  defte  Setem- 
bro pajjado    &c.    Sahio    com    outras.    Evo- 


45o 


BIB  LIO  THE  CA 


ra  por  Manoel  de  Lyra  1598.  a  foi.  63.  He 
muito  larga.  Sahio  em  Latim  Lovanij  apud 
Rutgerum  Velpium  1569.  8.  a  pag.  197. 
&  ibi  pelo  dito  Impreflbr  1570.  8.  a  pag.  179. 
e  em  Italiano.  Venetia  por  Michaele  Tramez- 
zino.  1562.  8.  a  foi.  260.  v.o  com  outras  em 
o  livro  intitulado  Diverji  Aviji  deli'  índia  de 
Porfugallo. 

Carta  efcrita  de  Goa  a  10.  de  De^^emhro 
de  1562.  aos  Ir m aos  da  Companhia  de  "Portugal. 
Começa.  O  anno  de  1559.  efcrevy  do  JapaÕ. 
Évora  por  Manoel  de  Lyra  1598.  foi.  a  folhas 
95.  He  larga,  e  nella  trata  de  varias  feitas  do 
JapaÕ. 

De  algumas  deftas  Cartas  faz  mençaõ  a 
Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ  moderna- 
mente acrecentada  Tom.  i.  Tit.  6.  col.  100. 

BALTHEZAR  GONÇALVES  LO- 
BATO natural  da  Cidade  de  Tavira  em  o 
Reyno  do  Algarve  muito  verfado  na  liçaõ 
da  Hiíloria,  principalmente  da  fabulofa,  em 
a  qual  efcreveo,  e  dedicou  a  D.  Diogo  da 
Sylva  I.  Conde  de  Portalegre  Mordomo  Mòr 
delRey  D.  Manoel  a  feguinte  obra. 

Chronica  do  Famofo  Príncipe  D.  Clarifol 
de  Bretanha  Filho  do  Príncipe  D.  Duardos  de 
Bretanha  na  qual/e  contaÕ  fuás  grandes  Cav aliarias, 
e  dos  Princepes  'L.indamor,  Clarifebo,  e  Beliandro 
de  Grécia  filhos  de  Vafperado,  e  de  outros  muitos 
Princepes,  e  Cavalleiros  famofos  do  feu  tempo. 
Lisboa  por  Jorge  Rodrigues.   1602.  foi. 

Quinta,  e  Jexta  parte  do  Palmeirim  de  Ingla- 
terra, foi. 

P.  BALTHEZAR  GUEDES.  Naceo  em 
a  Cidade  do  Porto  em  quinta  feira  6.  de  Feve- 
reiro de  1620.  e  foy  filho  de  Luiz  da  Cofta 
Roza  homem  de  negocio,  e  de  Lourença  Gue- 
des de  Moura.  Recebeo  o  Sacramento  do 
Bautifmo  na  Freguefia  de  S.  Nicolào  a  11.  do 
dito  mez,  e  anno,  que  lhe  conferio  feu  Tio 
Pantaleaõ  da  Cofta  de  Vafconcellos  Abbade  de 
Santa  Marinha  de  Cortegaça,  e  Cónego  na 
Cathedral  do  Porto.  Defde  a  puerícia  começou 
a  moílrar  a  inclinação,  que  tinha  para  o  exer- 
cício das  virtudes  mais  heróicas,  fendo  com- 
paíTivo,  humilde,  e  modeílo,  de  tal  forte,  que 
fervia  em  idade  taõ  tenra  de  exemplar  aos  annos 
mais  proveâos.    Amante  da  pobreza  evan- 


gélica, e  inimigo  jurado  das  riquezas  naõ  quiz 
feguir  a  vida  do  comercio,  que  feu  Pay  exer- 
citava, antes  afpirando  a  outros  mais  nobres 
lucros,  que  lhe  prometia  o  Eílado  Ecclefiaftico 
para  beneficio  dos  próximos  fe  ordenou  de 
Presbytero  em  o  anno  de  1644.  e  tanto  que  fe 
fez  domeílico  da  Cafa  de  Deos  fe  acendeo  o 
feu  coração  em  mais  aftivo  incêndio.  Pene- 
trado das  innocentes  lagrymas,  que  derrama- 
vaõ  os  Meninos  Orfaõs  heroicamente  empren- 
deo,  e  felizmente  confeguio  edificar-lhes  hum 
Collegio,  que  foíTe  o  refugio  do  defamparo, 
e  a  efcola  da  virtude.  Para  confeguir  taõ  fanto 
intento  que  bailava  fer  imaginado  para  merecer 
o  mayor  premio,  alcançou  faculdade  delRey 
D.  Joaõ  o  IV.  a  30.  de  Janeiro  de  165 1.  e 
elegendo  para  a  nova  fabrica  huma  Ermida 
confagrada  à  Rainha  dos  Anjos  com  o  titulo 
de  N.  Senhora  da  Graça  fituada  fora  dos 
muros  da  Cidade  do  Porto  para  a  parte  do 
Norte  em  fitio  plano,  e  agradável,  que  tinha 
fido  erefta  no  Reynado  delRey  D.  Aifonfo  Hen- 
riques, e  reedificada  pela  piedade  da  Rainha 
D.  Catherina  Mulher  delRey  D.  Joaõ  o  III.  lhe 
lançou  a  primeira  pedra  em  21.  de  Novembro 
de  165 1.  Fernando  de  Freitas  de  Mefquita 
Chantre  da  Cathedral  do  Porto  a  cuja  plaufivel 
funçaõ  afliftiraõ  o  Cabido  Sede  Vacante,  os  Mi- 
niftros  da  Relação  com  o  feu  Governador  D. 
Rodrigo  de  Menezes,  e  o  Senado  da  Camará. 
Vencidas  algumas  contradicçoens,  que  o  inimi- 
go comum  armou  para  impedir  o  progreíTo  do 
novo  edificio,  como  prevendo  a  formidável 
guerra,  que  lhe  haviaõ  mover  os  feus  alumnos 
começou  o  Fimdador  a  meditar  os  meyos  com 
que  fe  pudeíTe  erigir  naõ  fomente  o  edificio 
para  habitação  dos  Orfaõs,  que  brevemente 
chegarão  ao  numero  de  cincoenta,  mas  o  Tem- 
plo para  a  Mãy  de  Deos  hum  dos  mais  fump- 
tuofos  com  que  fe  ennobrece  a  Cidade  do 
Porto.  Para  alcançar  o  que  defejava  difcorreo 
a  pè  acompanhado  de  dous  Meninos  Orfaõs  os 
Arcebifpados  de  Lisboa,  Braga,  e  Évora,  e  os 
Bifpados  de  Coimbra,  Leiria,  Vifeu,  Lamego, 
e  Guarda  de  cuja  larga  peregrinação  colheo 
muitas  efmolas  fendo  a  mais  copiofa  a  que  lhe 
adquirio  feu  Irmaõ  Pantaleaõ  da  Cniz,  que 
vivendo  retirado  do  comercio  humano  paf- 
fou  ao  Brafil  onde  fazendo-fe  perceptível 
pelas  acçoens  jà  que  naõ  podia  com  as  pa- 


L  USITAN  A. 


45 1 


lavras  por  fer  mudo  de  nacimcnto  alcançou 
da  gencrofa  piedade  de  fetu  habitadores  qua- 
torze  mil  cruzados,  que  remeteo  paia  a  fabrica, 
que  havia  fer  o  afylo  da  Orfandade.    Sendo 
grande  o  difvelo  com  que  procurava  o  aug- 
mento  material  do  Q>llegio,  era  muito  mayor 
a  vigilância  com  que  íolicitava  o  eípiritual  dos 
feus  alumnos  inílruindo-os  ao  mefmo  tempo 
em  as  Virtudes  Qiriílâas,  Artes  Liberaes,  de  que 
foraõ  felices  confequencias  fahirem  de  taõ 
fagrada  palcílra  atè  o  dia  da  Tua  morte  cento 
e  noventa  e  fete  para  Religiofos  de  diverfas 
Ordens,  e  trinta  c  nove  para  o  Eftado  Clerical. 
A*  fua  fcrvorofa  charidadc  deve  a  Cidade  do 
Porto  a  Cafa,  que  fc  edificou  para  recolhimento 
dos  Meninos  Expoílos  evitando  deftc  modo  a 
infelicidade  de  muitos,  que  fe  achavaõ  mortos 
pelas  ruas  com  cfcandalo  da  piedade.    Em 
)bfcquio,  c  mayor  veneração  da  Mageíladc 
>ivina  inílituhio  trcs  Confrarias  formadas  duas 
Clérigos  quaes  foraõ  a  de  S.  Filippc  Neri 
fcrcvendo-lhe  os  Eílatutos,  e  a  de  S.  Pedro, 
a  3.  de  Seculares,  e  a  mais  celebre,  de  que 
Tutelar  a  Senhora  da  Boa  morte.    Reedi- 
)u  a  Igreja  do  Hofpital  de  S.  Lazaro  do  qual 
o  tinha  nomeado  Provedor  o  Senado  da  Ca- 
mará em  atenção  ao  zelo  com  que  infatigavel- 
mente promovia  tudo,  que  refpeitava  a  bene- 
ficio dos  próximos.    Como  fe  fora  infeníivel 
tolerou  confiantemente  huma  furiofa  tormenta 
de  adverfidades  quando  deo  principio  ao  feu 
Collegio  pois  além  de  lhe  lançarem  por  terra  o 
primeiro  edifício,  foy  injuriado  com  afrontozos 
nomes,  e  acometido  de  hum  diluvio  de  pedras. 
Mais  terrível  foy  a  perfeguiçaõ  que  padeceo  de 
algumas  PeíToas  Eccleíiaílicas  que  com  pre- 
texto de  zelofas  interpretavaõ  íiniílramente  as 
fuás  inculpáveis  acçoens  julgando  que  mais 
para   conveniência  própria,   que  refugio   da 
Orfandade  excogitara  induftriofamente  aquella 
fabrica.    Todas  eílas  injurias,  que  lhe  feriaõ  o 
credito,  foportava  com  incrível  paciência  fa- 
zendo delias  oblação  entre  lagrimas,  e  fufpiros 
a  Chríílo  Crucificado  em  memoria  das  que  no 
Calvário    recebera    da    ingratidão    humana. 
Todos  os  Domingos,  e  dias  Santos  fazia  Prac- 
ticas  com  tanto  efpiríto,  e  fciencia  que  por 
confiíTaõ  dos  Varoens  mais  doutos  era  a  fua 
doutrina  fuperíormente  infpirada,  e  naõ  ad- 
quirida   por    eítudo,    fendo    principalmente 


profundo  na  íntelligencia  da  Sagrada  ETcrí- 
tura  que  animada  de  huma  zelofa  effícacía  co- 
lhia abundante  fruto  dos  ouvintes.  A  fama  das 
Tuas  virtudes  dilatada  por  todo  o  Reyno  obri- 
gou à  SereniíTima  Rainha  da  Grai  Bretanha 
D.  Catherina  a  lhe  infínuar  a  acompanhaííe  a 
Inglaterra  de  cuja  honra  modcílamcnte  fc 
efcufou,  como  também  de  fer  Reytor  do  Col- 
legio dos  Orfaõs  de  Lisboa.  Toda  a  íua  comu- 
nicação era  com  Varoens  abalizados  em  íanti- 
dade  como  fotaõ  o  P.  Joaõ  Vitoria  taõ  conhe- 
cido cm  Portugal,  como  em  Roma,  o  Ven. 
P.  Bartholameo  do  Quental  Fundador  da  Con- 
gregação do  Oratorío  neíle  Reyno,  o  P.  Joaõ 
do  Sacramento  que  morreo  Bifpo  eleito  de 
Pernambuco,  c  Fr.  Luiz  de  S.  Francifco,  Co- 
miflario  da  Venerável  Ordem  Terceira  da  qual 
foy  fete  vezes  Miniílro  aos  quaes  confultava 
como  Oráculos  nos  pontos  mais  dificultofos 
da  Thcologia  Myftica,  fendo  igual  o  goílo 
que  recebia  a  fua  alma  com  eíle  efpirítual  co- 
mercio ao  horror  que  tinha  de  converfar  com 
mulheres  ainda  que  foflem  de  conhecida  vir- 
tude, como  lhe  fucedeo  com  a  Ven.  Madre 
Soror  Lcocadia  da  Conceição,  cfcuíando-fc 
muitas  vezes  de  lhe  fallar  quando  era  chamado 
por  eíla  infigne  Efpofa  do  divino  Cordeiro. 
Muitas  das  fuás  palavras  foraõ  profecias  fendo 
entre  ellas  a  mayor  acerca  da  fua  morte  afHr- 
mando  que  em  huma  rua  da  Cidade  do  Porto 
havia  fer  morto,  cujo  varícinio  fe  cumprio, 
pois  recolhendo-fe  depois  de  ter  folicitado 
o  remédio  para  hum  pobre,  antes  de  entrar  no 
Collegio  foy  acometido  de  hum  acddente  que 
no  fim  de  três  dias  o  privou  da  vida  a  6.  de 
Outubro  de  1693.  quando  contava  73.  annos  de 
idade.  Concorreo  grande  multidão  de  povo  a 
venerar  o  feu  Cadáver  que  foy  fepultado  com 
univerfaes  lagrimas,  pois  tinhaõ  perdido  na 
fua  PeíToa  os  Orfaõs  o  amparo,  as  Viuvas,  e 
Donzellas  o  refugio,  os  afliélos  o  foccorro,  e 
todos  o  remédio.  Jaz  no  pavimento  da  porta 
traveíTa  que  fahe  da  Igreja  do  Collegio  para  o 
Clauílro,  e  na  parede  próxima  à  fepultura 
fe  gravou  em  mármore  efte  breve  epitáfio. 

Aqui  Ja:^  o  primeiro  Keytor,  e  Fundador  defie 
Collegio  dos  Orfaõs  Balthef(ar  Guedes  a  d.  de 
Outubro  de  1693. 

As  acçoens  deíle  apoílolico  Varaõ  re- 
lata mais  largamente  Fr.   Fernando  da   So- 


452 


BIB  LIO  THE  CA 


ledade  na  Hijl.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  5.  liv.  5.  cap.  17.  n.  1432.  e  feg.  e  na 
Part.  4.  liv.  3.  cap.  32.  n.  686.  Piijftmo  Fun- 
dador do  Recolhimento  dos  Meninos  Orfaõs 
he  intitulado  por  meu  Irmaõ  D.  Jozé  Bar- 
bof.  Mem.  do  Colleg.  Real  de  S.  Paul.  pag. 
213.  Tradu2Ío,  e  publicou  as  obras  feguin- 
tes. 

Epitome  da  vida  de  S.  Filippe  Neri  efcrita 
pelo  P.  Joaô  Eíí/ebio  da  Companhia  de  JESUS 
vertida  em  Portugue:^.  Lisboa  por  Domingos 
Carneiro.  1667.  24. 

Cajos  raros  da  ConfiJfaÕ.  Tradução  de  Cajle- 
Ihano  do  P.  ChriJlovaÕ  da  Vejga  da  Companhia 
de  JESUS.  Coimbra  por  Jozé  Ferreira  Im- 
preflbr  da  Univeríid.  1673.  ^• 

Retrato  do  P.  Fr.  Joaõ  da  Cru^  companheiro 
de  Santa  There^a  tradução  de  Cajlelhano  de  Fr.  Je- 
ronymo  de  S.  Joi(é  Carmelita  De/calço.  Coim- 
bra pelo  dito  Impreflbr.  1675.  8. 

Efcola  de  Oração,  e  Contemplação,  mor- 
tificação das  Paixoens,  e  outras  matérias  prin- 
cipaes  da  doutrina  efpiritual  tradur^ida  de  Caf- 
telhano  de  Fr.  Joaõ  de  Jefus  Maria  Carmelita 
De/calço.  Coimbra  pelo  dito  ImpreíTor 
1678.  8. 

Epitome,  e  breve  explicação  das  Cere- 
monias  da  Mijfa  tradu^do  de  Cajlelhano  de 
Fr.  Belchior  de  Helumo  Francifcano.  Lisboa 
por  Domingos  Carneiro  1671.  16.  e  Coim- 
bra por  Jozé  Ferreira  Impreflbr  da  Univeríid. 
1693.  12. 

Deixou  M.  S.  as  obras  feguintes. 

Compendio  da  Vida  da  V.  Sor.  Eeocadia  da 
Conceição  Freyra  de  Monchique  junto  do  Porto 
natural  de  Freixo  de  E/pada  na  Cinta  4. 

A^nnaes  em  que  com  notável  individuação  ef- 
creveo  os  trabalhos  que  padeceo,  e  as  ef molas,  que 
adquirio  para  a  Fabrica  do  feu  Collegio  de/de  o 
anno  de  165 1.  até  o  de  1693.  foi. 

EJiatutos  para  objervarem  os  alumnos  do  Col- 
legio. foi.  Ambas  eílas  duas  obras  fe  con- 
fervaõ  no  dito  Collegio. 

BALTHEZAR  HENRIQUES  natu- 
ral da  Villa  da  Loufaá  do  Bifpado  de  Coim- 
bra, e  Prior  da  Igreja  Matriz  da  fua  Pátria. 
Igualmente  douto  na  Theologia  Moral,  que 
fciente  na  Miftyca  traduzio  para  inílruçaõ 
de   Parochos,    e  direcção  das  fuás  Ovelhas, 


da  lingua  Latina  do  P.  Vicente  Bruno  da 
Companhia  de  Jefus  em  a  materna. 

Tratado  breve  do  Sacramento  da  Penitencia. 
Dedicado  a  Martim  Affonfo  Mexia  Bifpo 
de  Lamego.  Lisboa  por  António  Mariz. 
1618.  16. 

Da  lingua  Latina  do  Eminentiflimo 
Cardial   Roberto   Bellarmino  na  Portugueza. 

E/cada  para  fubir  ao  conhecimento  do  Crea- 
dor  pelo  conhecimento  das  Creaturas.  Dedi- 
cado a  Senhora  D.  Juliana  de  Alencaftro, 
e  Giron  Duqueza  de  Aveiro.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  161 8.  8. 

Fr.  BALTHEZAR  DE  S.  JOAM  11- 
luílre  filho  da  Ordem  dos  Pregadores  cujo 
talento  fe  admirou  igualmente  infigne  na 
Cadeira  como  no  Púlpito,  naõ  fendo  me- 
nos eftimavel  pela  prudência,  e  madureza 
do  juizo,  pelo  qual  foy  eleito  Provincial 
da  Província  de  Aragaõ,  e  naõ  de  Por- 
tugal, como  efcreve  Fr.  Pedro  Monteiro 
no  Claujl.  Domin.  Tom.  3.  pag.  169.  Com- 
poz. 

Vida  de  S.  Fr.  Gil  Dedicada  ao  Mef- 
tre  Fr.  Jorge  Vogado  no  anno  de  15  28.  a 
qual  fe  conferva  no  Convento  de  Santarém, 
onde  aíTma  a  morte  do  Santo  em  o  anno 
1379.  e  naõ  1479.  como  tranfcreveo  Ja- 
cob Echard  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2. 
pag.  II.  col.  2.  o  que  deve  fer  erro  da  im- 
preflaõ  por  fucceder  certamente  a  14.  de 
May  o  de  1265.  cujo  reparo  advertio  Fr. 
António  de  Senna  quando  falia  de  Fr.  Bal- 
thezar  de  S.  Joaõ  in  Bib.  Frat.  Ord.  Pradi- 
cat.  pag.  38.  onde  lhe  chama  Vir  ingenio  praj- 
tans,  eloquio  comptus,  in  humanis  litteris  verjatus, 
ac  divinarum  non  ineruditus. 

Officium  B.  ^gidij  do  qual  uza  o  Convento 
de  Santarém  onde  o  Santo  eftá  fepultado,  e 
fe  reza  no  dia  da  fua  Feita  que  he  na  Do- 
minga feguinte  à  Afcençaõ  de  Chrifto, 
o  qual  Ofíicio  dedicou  feu  Author  ao 
Meftre  Fr.  Jorge  Vogado  como  efcreve 
Jorge  Cardofo  Agiol.  Eufit.  Tom.  5.  pag. 
251.  no  Comment.  de  14.  de  Mayo  letr.  D. 
Deíla  obra  como  da  precedente  faz  mençaõ 
o  P.  António  Poflevino  Apparat.  Sac.  Tom.  i. 
pag.  166. 

Summa     de     Grammatica.     M.     S.     Deíla 


LUSITANA. 


453 


í)bra  faz  mcnçaò  Fr.  Pedro  Monteiro  no  lugar 
lífima  allcgado,  e  do  Author  Nicol.  Anc. 
lUh.  llifpan.  Tom.  i.  pag.  142.  e  Fr.  Affonf. 
1  crnand.  in  Notit.  Script.  Ord.  hNmanis  Hl- 
ttris  perpolitus,  et  Tbeologicis  conjpictuts. 

D.  Fr.  BALTHEZAR  LIMPO.  Nacco 
na  Villa  de  Moura  da  Província  do  Alentejo 
em  o  anno  de  1478.  fendo  feus  Progenitores 
Ruy  IJmpn,  e  Ignes  da  Rocha  taõ  illuílres 
\\o  fanguc  como  na  piedade.  A  gravidade, 
c  modeília  que  nos  primeiros  annos  moílrou 
no  fcmblante  foraõ  claros  indícios  de  que  na- 
ccra  mais  para  a  Religião,  que  para  o  mundo, 
l-lntrc  todas  clcgco  a  Carmclitana  recebendo  o 
I  labito  em  o  Q>nvento  da  fua  Pátria  no  anno 
cie  1494.  c  ao  fcguintc  fez  a  Profiflaõ  folcmne 
com  grande  fatisfaçaõ  de  todos  os  Rcligiofos. 
A  boa  Índole,  que  tinha  para  as  virtudes,  naõ 
foy  diffcrentc  da  que  era  ncceflaria  para  as  letras 
as  quaes  foy  aprender  para  depois  enfinar 
cm  a  celebre  Univerfidade  de  Salamanca,  e 
de  tal  forte  fahio  eminente  na  comprehenfaõ 
(los  Myílerios  Theologicos,  que  voltando 
para  Portugal  mereceo  levar  por  oppofiçaõ 
a  Cadeira  de  Prima  defta  fublime  Faculdade 
a  II.  de  Abril  de  15 21.  diftando-a  em  a  Uni- 
verfidade  que  entaõ  refidia  em  Lisboa,  por 
efpaço  de  nove  annos  até  24.  de  Março  de 
1330.  cujo  magiílerio  renunciou  a  feu  fubfti- 
tuto  o  Doutor  Pedro  Margalho.  Naõ  mereceo 
menor  applaufo  o  feu  talento  no  Púlpito 
que  na  Cadeira,  pois  fendo  Pregador  da  Ma- 
geftade  delRey  D.  Joaõ  o  IIL  e  ConfeíTor 
da  Rainha  D.  Catherina  reprehendia  na  fua 
prezença,  e  de  toda  a  Corte  com  feveridade 
apoílolica  os  vidos  que  para  ferem  praéHca- 
dos  bufcavaõ  o  Palácio  por  afylo.  Depois 
de  ter  governado  duas  vezes  a  fua  Província 
a  primeira  no  anno  de  1523.  e  a  fegunda  em 
1533.  deixando  gravada  a  memoria  da  fua 
magnificência  nas  fumptuofas  obras  que  fez, 
e  da  fua  prudência  nas  exemplares  acçoens 
que  pra£tícou,  foy  aíTumpto  ao  Bifpado  do 
Porto  em  o  anno  de  1536.  e  confirmado  pela 
Santidade  de  Paulo  III.  a  15.  de  Novem- 
bro do  dito  anno  moftrando  na  adminiítra- 
çaõ  de  taõ  alto  Officio  qual  he  o  Paftoral, 
que  poíTuya  todos  aquelles  dotes  dignos  de 
hum    perfeito    Prelado    celebrando    Synodo 


em  2.  de  Outubro  de  1540.  reformando  o 
CenTual  do  Cabido,  e  creando  novamente  a 
dignidade  de  Arciprefte.  Entre  os  infigoes 
Prelados  que  ElRey  D.  Joaõ  o  IIL  mandou 
ao  Concilio  Tridentino  foy  elle  eldto  no  anno 
de  1 545.  para  aHiílir  a  taõ  Venerável  CongtdTo» 
onde  vendo  as  exceíTivas  demoras  om  que  fe 
procedia  em  hum  negocio  de  que  dependia  a 
confervaçaõ  da  Igreja  Catholica,  fe  deliberou 
paliar  a  Roma,  e  com  palavras  diâadas  pela 
vehemencia  do  feu  zelo  exhortou  a  Paulo  IIL 
ordena/íe  a  condufaõ  do  Concilio,  e  junta- 
mente foy  hum  dos  principaes  inílrumentos 
que  facilitarão  a  eíle  Pontífice  a  conceííaõ  do 
Tribunal  do  Santo  Officio  nefte  Reyno  cuja 
negociação  era  das  mayores  que  na  Cúria  por 
aquelle  tempo  tratava  o  noíío  Embaxador 
Balthezar  de  Faria.  Reílituído  a  Portugal  foy 
elevado  em  premio  do  que  tinha  obrado  em 
obfequío  da  Igreja,  e  defta  Monarchia,  à  Ca- 
deira Primacial  de  Braga  que  vagara  por  morte 
de  D.  Manoel  de  Soufa,  em  cuja  dignidade  foy 
confirmado  a  25.  de  Mayo  de  1550.  pela  San- 
tidade de  Júlio  IIL  com  quem  contrahira 
grande  amizade  fendo  Prefidente  do  Concilio 
de  Trento.  Tanto  foy  o  fenti  mento  que  mof- 
trou  o  Porto  na  fua  auzencia,  como  alvoroço 
Braga  com  a  fua  poíTe  conhecendo  as  virtudes 
que  o  ornavaõ  para  governar  taõ  illuílre  Dio- 
cefe.  A  primeira  acçaõ  memorável,  que  obrou, 
foy  a  trafladaçaõ  do  corpo  de  S.  Pedro  de 
Rates  da  humilde  fepultura  em  que  jazia  para 
hum  fumptuofo  Mauzoleo  que  edificou  na 
Capella  de  S.  Pedro  Apoftolo  fituada  no  Cru- 
zeiro à  parte  do  Evangelho  da  Cathedral  de 
Braga.  Emendou  os  vidos  mais  com  a  fua- 
vidade,  que  com  o  rigor.  Difpendeo  com  gene- 
rofa  maõ  o  património  de  Chrifto  de  que  fez 
depofitarios  os  pobres  principalmente  aquelles 
que  a  nobreza  do  nacimento  lhe  fechava  a  boca 
para  folidtar  o  feu  remédio.  Amparou  como 
Paílor  benigno  as  Viuvas,  e  donzellas,  liber- 
tando a  humas  da  miferia,  que  padeciaõ,  e  a 
outras  do  perigo  a  que  eftava  condenada  a 
fua  honeftidade.  Completos  outo  annos  do 
governo  deík  augufta  Diocefe  partio  a  rece- 
ber na  eternidade  o  premio  das  fuás  vir- 
tudes paftoraes  a  31.  de  Março  de  1558. 
na  proveâa  idade  de  80.  annos.  Jàz  fepultado 
em  lugar  humilde  à  entrada  da  Capella  de  S. 


454 


BIB  LIO  THE  CA 


Pedro  de  Rates  teftemunhando  ainda  de- 
pois de  morto  a  cordial  devoção  que  tivera 

2.  eíle  gloriofo  Martyr.  As  acçoens  deíle 
grande  Prelado  efcreveraõ  com  eftilo  mais 
difufo  o  liluftrinimo  D.  Rodrigo  da  Cunha 
Cathal.  dos  Bi/p.  do  Port.  Part.  2.  cap.  35.  e 
na  Hijl.  Ecclef.  de  Braga  Part.  i.  cap.  18.  e 
Part.  2.  cap.  80.  81.  e  82.  Jorge  Cardofo  Agiol. 
L,ujit,  Tom.  2.  pag.  265.  e  no  Comment. 
de  31.  de  Marc.  let.  B.  Fr.  Manoel  de  Sá 
Mem.  Hijlor.  dos  Bifp.  e  Efcrif.  Vorhig.  da 
Ord.  do  Carm.  cap.  14.  pag.  51.  o  IlluílriíTimo 
D.  Martinho  de  Portugal  Legado  à  Latere 
neíles  Reynos  no  Breve  expedido  em  Janeiro 
de  1528.  pelo  qual  o  conflitue  Reformador 
da  fua  Ordem  entre  outros  louvores  com 
que  exalta  o  feu  merecimento  dÍ2:  non  minori 

Jludio,  <&  Jollicitudine,  quàm  vitce  Sanãimonia 
dileãi  in  Chrijlo  FiliJ  Fr.  Balthafaris  Ord.  B. 
MaricB  Virginis  de  Monte  Carmelo  ad  prajens 
Provincialis  in  Sacra  Theologia  Magifiri,  <&  Verbi 
Dei  Praconis  celeherrimi,  divini  cultus  in  Monajie- 
riis,  domihus,  ac  locis  di£íi  Ordinis  maximum 
Jujcepit  incremenUim.  Gafpar  Alvares  Lou- 
zada  de  Ver.  Primai.  Brachar.  Sucejfion.  ad 
xinn.  1549.  Fiiit  vir  profeão  nunquàm  Jatis  laudà- 
íus,  Jive  mores,  Jive  religionem,  jive  doãrinam,  <& 
■eloquentiam  in  concionando,  Jive  jujlifiam  in  guher- 
nando  confideres.  Francifc.  de  Santa  Maria 
A.nn.  HiJl.  pag.  409.  Foy  naõ  menos  agudo  nos 
Jitos,  que  profundo  nas  /ciências.  Cadaval  Gravio 
no  fim  da  obra  intitulada  In  L,ujifan.  Reg. 
Commendation.  lhe  faz  huma  elegante  Elegia 
que  principia. 
Salve  virtutum  Splendor  placidijfime  Prajul, 

Quem  calo  mijit  Maximus  ille  Deus. 

Cafanat.  Parad.  Carmel.  Decor.  Stat.  4. 
jíEtas  17.  cap.  437.  Coria  Maldonad.  De 
Jucid.  das  Chron.  da  Ord.  liv.  17.  cap.  7. 
pag.  511.  Fr.  Daniel  à  Virg.  Mar.  Spe- 
£ul.  Carmelit.  Part.  2.  Tom.  2.  Part.   5.  lib. 

3.  pag.  912.  n.  3174.  Eílaço  Antiguid.  de 
Portug.  Cap.  25.  pag.  107.  e  108.  Fr.  Man. 
Rom.  Antiguid.  do  Carm.  Trat.  2.  Elucid. 
27.  foi.  308.  Leaõ  Defcripc.  de  Portug. 
cap.  72.  Purificac.  Chron.  Monaft.  L,ujit. 
pag.  49.  D.  Nicol.  de  S.  Maria  Chron. 
dos  Coneg.  Kegul.  liv.  4.  cap.  12.  n.  11. 
Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  'Lujit.  Litter. 
letr.    B.    n.    7.    Tamayo    Martyrol.    Hifpan. 


Tom.  5.  ad.  diem  17.  Oâob.  Diogo  de  Gou- 
vea  Barrad.  Antiguid.  de  Beja  liv.  3.  cap.  34. 
Leytaõ  Not.  Chronol.  da  Univerjid.  de  Coimb. 
pag.  464.  n.  995.  996.  e  997.  &  pag.  478. 
n.  1024.  e  1025.    Compoz. 

Conjlituiçoens  Sjnodaes  do  Bi/pado  do  Porto. 
Porto  por  Vafco  Dias  Tanquo  do  FrexenaL 
1541.  foi. 

Eflatutos  do  Collegio  de  Coimbra  fundado 
por  elle  no  anno  de  1547.  com  a  invocação 
de  N.  Senhora  da  Piedade  compoftos  com 
authoridade  do  Papa  Júlio  III.  em  18.  de 
Setembro  de  1555.  aceitos  no  Capitulo  cele- 
brado na  Cidade  de  Beja  a  6.  de  Janeiro  de 
1556.  Conftaõ  de  18.  Capítulos  no  fim  eflà 
aíTinado  feu  illuílriflimo  Author,  e  fe  con-  | 
fervaõ  no  dito  CoUegio  de  Coimbra  para  cujo 
regimen  foraõ  feitos. 

EJlatutos  do  Noviciado  do  Convento  de  Eisboa 
que  nelle  fe  guardaõ  com  grande  eílimaçaõ. 

Miffale  Bracharenfe  reformado  por  elle  no 
4.  anno  do  feu  governo  neíla  Diocefe,  e  fahio 
Lugduni.  1558.  4. 

Fr.  BALTHEZAR  LIMPO  Sobrinho  do  , 
IlluílriíTimo  Arcebifpo  Primaz  de  que  íizemos 
a  precedente  memoria,  e  filho  de  Joaõ  Limpo 
Fidalgo  da  Cafa  Real,  Alcayde  Mòr  do  Couto 
de  Ervededo,  e  de  Catherina  de  Oliveira  naceo 
para  o  mundo  na  Villa  de  Moura  em  o  anno  j 
de  1592.  e  para  a  Religião  Carmelitana  em 
6.  de  Agofto  de  1608.  cujo  Sagrado  Inftituto 
profeíTou  a  7.  do  dito  mez  do  anno  feguinte. 
Applicou-fe  ao  eíbido  da  Filofofia  no  Convento 
de  Évora,  e  à  Theologia  nos  de  Lisboa,  e  , 
Coimbra,  e  fahio  taõ  profundo  Letrado,  como 
celebre  Pregador.  Foy  Prior  do  Convento 
da  Vidigueira,  e  Évora,  e  duas  vezes  Sócio,  e 
Secretario  dos  Provinciaes  Fr.  Francifco  da 
Sylva,  e  Fr.  Martinho  Moniz.  O  mefmo  mi- 
niHerio  exercitou  quando  foy  nomeado  no 
anno  de  1635.  pelo  Geral  Fr.  Theodoro  Strazo 
o  Meílre  Fr.  Joaõ  Coelho  para  Reformador,  , 
Vifitador,  e  Prefidente  do  Capitulo  da  Provin- 
da de  Caílella  a  Nova.  Ultimamente  fendo 
eleyto  Provincial  a  2.  de  Mayo  de  1637.  antes  , 
de  acabar  o  lugar  morreo  acometido  de  hum 
accidente  a  17.  de  Julho  de  1639.  em  o  Con- 
vento de  Lisboa  quando  contava  47.  annos 
de  idade,  e  31.  de  Religião.    Compoz. 


L  USITANA. 


455 


/  ^oí^â  Fugas  de  David  dê  ftu  inimigo  SauL    Lií- 

l>oa  por  António  Alvares.  1642.  foi. 

Fazem  dcllc  memoria  Nicol.  Ant.  B//>.  lUfp. 

lom.    2.   pag.   519.   Carvalh.   Corog.   Portt4g. 

1)111.  5.  liv.  2.  Trat.  8.  cap.  47.  Joan.  Soar. 
Bb  Brit.  Tbeatr.  Ijifit.  Liter.  Lít.  B.  n.  8.  Fr. 
^Çfan.  de  Sà  Me  mor.  HiJI.  dos  Efcrit.  Portug. 

(lo  Carm.  Cap.  ij.  pag.  72. 

l| 

BALTHRZAR       MARINHO       celebre 

Soldado  da  índia  Oriental  onde  por  varias 
!  vezes  deu  heróicas  provas  do  feu  valor  fendo 

a  mayor  quando  foy  à  expedição  de  Mom- 
I  baça  no  anno  de  i  j  89.  Governando  o  Eftado 

Manoel  de  Soufa  Coutinho    Efcreveo 

Re/açaõ  da  expedição  de  Mombaça.   M.    S. 

foi.  a  qual  fe  confcrva  na  Bibliothcca  dclRey 

Tatholico  como  afífirma  o  moderno  addicio- 
idor  da  Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ 

Tom.  I.  Tit.  3.  col.  77. 

Fr.  BALTHEZAR     PAES     natural     de 
Lisboa,    onde   na   Parochia   de   N.    Senhora 
do    Loreto    recebeo    a    primeira    graça    em 
6.  de  Janeiro  de   1571.    Foraõ  feus  Proge- 
nitores  Gafpar  Paes,   e  Auta  Rodrigues   da 
Cunha,    que    para    cumulo    das    felicidades, 
que  poíTuiaõ,  procedidas  humas  da  nobreza 
de  feus  afcendentes,   e  outras   da  abundân- 
cia dos  bens  da  fortuna  lhe  concedeo  be- 
nignamente o  Ceo  hum  tal  filho,  que  logo 
no  primeiro   crepufculo   da  idade  lhe  ama- 
[oheceo    claro    o    entendimento    para  brilhar 
iicntre   os    mayores    aílros    dos    Firmamentos 
iRdigiofos.     Entre     todos     elegeo     quando 
^contava  19.  annos  de  idade  o  da  SantiíTima 
Trindade,    cujo    Habito    profeíTou   no    Con- 
vento da  fua  pátria  a  20.  de  Mayo  de  1590. 
^Applicado    ao    eíhido    das    Sciencias    Efcho- 
lafticas    era    venerado    Meftre    ainda    fendo 
jiDlfcipulo,   ou  fe  coníiderafle  a  viveza  com 
^que  comprehendia  as   mayores   dificuldades, 
^ou  a  fubtileza,  e  promptidaõ  com  que  pro- 
punha,   e    refpondia    aos    argumentos    mais 
nervofos  merecendo  por  taõ  fingulares  do- 
tes diâar  as  mefmas  faculdades  com  grande 
emolumento   dos   feus   ouvintes,   e   domeítí- 
cos,  que   nelle  veneravaõ   hum   monftro   de 
erudição    fagrada,    e    humana.     Depois    de 
receber  na  Univerfidade  de  Coimbra  as  in- 


fignias  doutoraes  na  Faculdade  Theologica 
desejando  com  virtuoCi  ambição  alcançar 
mayores  thefouros  literários  fe  dedicou  to- 
talmente à  efpeculaçaõ  da  Theologia  Pofí- 
tiva  revolvendo  para  eíle  fim  com  indefeflb 
trabalho  todos  os  Santos  Padres  como  elle  cla- 
ramente teílifica  no  prologo  do  feu  doudíTuno 
Gimento  fobre  a  Epiftola  de  S.  Tiago  Menor,  e 
deíle  continuo  eíhido  fahio  taõ  profunda- 
mente inílruido  nos  myfterios  da  Sagrada  Bí- 
blia, que  foy  acdamado  por  hum  dos  mais  ce- 
lebres Efcriturarios  do  feu  tempo.  Defta  pro- 
funda fciencia  alcançou  taõ  valias  notidas, 
que  Filippe  III.  o  nomeou  Lente  da  Efcritura 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra,  que  elle  bene- 
volamente agradeceo,  e  promptamcntc  regei- 
tou.  Igual  applaufo  colheo  a  eminência  do  feu 
talento  no  Púlpito,  que  na  Cadeira,  fendo 
nomeado  Pregador  delRey,  em  cujo  fagrado 
minifterio  foube  com  artificio  novo  unir  a 
vehemencia  dos  affeftos  com  a  elegância  das 
palavras,  e  a  profundidade  dos  conceitos  com 
a  verdadeira  intelligencia  das  Efcrituras  me- 
recendo o  elogio  que  Fr.  Pedro  Lopez  de 
Altuna  lhe  forma  na  Chron.  dela  Ord.  dela  Sant. 
Trind.  pag.  628.  Puedefe  le  dar  la  aureola  de  uno 
de  los  mayores  predicadores  de  nueftros  tíempos, 
y  fue  el  primero,  que  enfenó  a  predicar  con  penfa- 
mientos  Jubtiles,  y  delgados,  apoyados  con  Santos 
como  aora  fe  w^a.  Foy  Reytor  do  Collegio  de 
Coimbra,  Miniílro  do  Convento  de  Santarém, 
Provincial  eleito  em  o  anno  de  1620.  Exa- 
minador do  Padroado  Real,  Prothonotario 
Apoftolico,  Juiz  Apoftolico  do  Tribunal  da 
Legada,  e  em  taõ  diferentes  lugares  fempre 
moílrou  que  a  prudência  naõ  era  inferior  à 
fua  fabedoria  antes  para  fer  mais  amado  per- 
mitia que  à  clemência  cedeíTe  a  feveridade. 
Na  obfervancia  dos  Eílatutos  foy  muito  exafto, 
e  de  concienda  taõ  timorata  que  offerecen- 
dolhe  a  Mageftade  de  Filippe  III.  a  Mitra  de 
Ceuta  a  regdtou  como  pezo  infoportavel  aos 
feus  hombros.  Cheyo  mais  de  merecimentos 
que  annos  pois  naõ  excediaõ  de  67.  terminou 
o  curfo  da  vida  no  Convento  de  Lisboa  a  13. 
de  Março  de  1638.  O  feu  retrato  fe  con- 
ferva  na  Livraria  deíle  Convento  em  cujo 
lugar  parece  que  ainda  depois  de  morto  en- 
fina.  Muitos  Efcritores  affim  domeíticos, 
como  eítranhos  celebraõ  o  feu  nome  fendo 


456 


BIB  LIOTHE  CA 


OS  principaes  D.  Francifco  Manoel  na  Car- 
ta I.  da  4.  Centuria  ao  Doutor  Manoel  The- 
mtido  da  Fonfeca  chamando-lhe  Pay  das  Ef- 
crituras  Joan.  Soar.  de  Brito  Theat.  L,ujit. 
Lítter.  lit.  B.  n.  9.  Sacrarum  litterarum  inter- 
pres  acutijfimus  D.  Fr.  Thom.  de  Par.  Decad.  i. 
lib.  10.  cap.  5 .  Fios  eft,  et  totius  religionis  Venujlas. 
Fr.  Ant.  Corrêa  Vid.  do  Ven.  Fr.  Anton.  da 
Cone.  Part.  i.  cap.  6.  Grande  gloria  defta  Keli- 
paõ,  e  credito  defies  Reynos.  Fr.  Bernard.  à  D.  Ant. 
in  Epit.  Kedempt.  lib.  2.  cap.  11.  §.  2.  Sacra 
Scriptura  interpres  praclarijftmus.  D.  Nic.  de 
Sant.  Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Reg.  liv.  4.  cap.  7. 
n.  21.  infigne  expojitor  das  Sagradas  letras  como 
moftraõjuas  obras.  Hypolit.  Marrac.  Bib.  Marian. 
Part.  I.  pag.  179.  Vir  prater  religiofarum 
virtutum  ápices  ob  prcefiantem  doãrinam,  ac  mul- 
tifariam  eruditionem  nunquàm  Jatis  noftro  Jaculo 
laudatus,  (â^  à  pofierioribus  Jemper  laudandus. 
Franc.  de  Santa  Mar.  Ann.  Hijl.  pag.  332. 
doutijfimo,  e  Jubtilijfimo  interprete  da  Sagrada 
Efcritura,  e  dos  mais  celebrados  Pregadores  do 
feu  tempo.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  143.  in  Ecclejiajlen  fui  temporis  clarijfimum, 
<&  in  doãijfimum,  (&  Jubtilijfimum  Sacra  Scriptura 
interpretem  evajerit.  Henao  in  Scient.  Med.  hifiorice 
propugnat.  Event.  44.  pag.  320.  n.  1193.  Drau- 
dius  in  Bib.  Clajfic.  Petr.  Alva,  y  Aftorg.  in 
Milit.  Concep.  Jacob.  Lelong.  Bib.  Sacr.  pag.  890. 
€ol.  I.  Moreri  Diccion.  Hijloriq.  Verb.  Balthe^ar 
Paes. 
Compoz. 

Commentarij  in  Epijiolam  B.  Jacobi  A.poJloli. 
UlyíBpone  apud  Petrum  Crasbeeck  161 3. 
foi.  Lugd.  apud.  Horat.  Cardon  161 7.  4. 
&  apud  eumdem  Typ.  et  Petrum  Cavillat. 
1620.  4.  et  Antuerpias  apud  Guilielmum  de 
Tongris.  1623.  4. 

Commentarij  ad  Canticum  Moijis  Exod. 
XV.  cum  annotationibus  moralibus.  UlyíTipone 
apud  Petrum  Crasbeeck.  Typ.  Reg.  161 8. 
foi.  Antuerp.  apud  Belleros  161 9.  4. 

Commentarij  in  Canticum  magnum  Mqyjis 
Audite  cali  qua  loquor.  Tom.  i.  UlyíTipone 
apud  Petrum  Crasbeeck  1620.  foi.  Antuer- 
piae  apud  Guilielmum  de  Tongris  1623.  4. 
&  ibi  apud  Petrum,  &  Joannem  Belleros 
1622.  4. 

Tomus  2.  UlyíTipone  apud  Petrum  Cras- 
beeck 1628.  foi. 


Commentarij  in  Canticum  Er^echia,  Ifaia  38. 
UlyíTip.  apud  Petrum  Crasbeeck  1622.  foi. 
Lugd.  apud  Ludovicum  Proíl.  1622.  4. 

Todos  eíles  Commentarios  fahiraõ  em 
2.  Tomos  primorofamente  impreíTos  Pariíiis 
apud  Joanem  Petit,  Martinum  &  Adrianum 
Tampinart.   163 1.  foi. 

Marial,  ou  Sermoens  nas  Fejlas  de  Maria 
Santijftma.  Lisboa  por  Manoel  da  Sylva. 
1649.  4. 

Sermoens  da  Quarefma  i.  Part.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck  ImpreíTor  delRey   163 1.  4. 

Sermoens  da  Quarefma  2.  Part.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor.  1633.  4. 

Sermoens  da  Semana  Santa.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.  1630.  4.  novamente  acrecentaãa  com 
alguns  Sermoens  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor 
1634.  4. 

Sermão  no  Convento  da  Ordem  da  Santijftma 
Trindade  dejla  Cidade  de  Lisboa  em  hum  Oficio 
que  os  Irmaõs  da  Irmandade  de  todos  os  Santos 
dos  Officiaes,  e  Criados  de  Sua  Magejlade  fit^eraõ 
conforme  ao  feu  Compromijfo  pela  Magejlade 
Catholica  delKey  D.  Filippe  II.  de  Portugal. 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.   1621.  4. 

Sermão  das  excellentes  virtudes  do  V.  P.  Fr. 
Simaõ  de  Roxas  Religiofo  da  Ordem  da  Santijftma 
Trindade,  e  Confejfor  da  Serenijftma  Rainha  de 
Efpanha  D.  Isabel  de  Borbon.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.  1625.  4.  Sahio  na  Summaria  Relação 
da  vida,  e  morte  do  mefmo  Servo  de  Deos  compoíla 
por  Fr.  Bernardino  de  Santo  António. 

Commentarij  in  Canticum  Marianum  Ma^- 
ficat  que  deixou  imprefeito  impedido  pela 
morte. 

Fr.  BALTHEZAR  PINTO.  Naceo 
na  Villa  de  Caílro  Dayro  a  13.  de  Mayo 
de  1621.  e  foraõ  Teus  Pays  Francifco  Pinto 
da  Motta,  e  D.  Guiomar  Machado  de  Vaf- 
concellos  dos  quaes  com  a  nobreza  do  fan- 
gue  herdou  a  piedade  dos  coftumes.  Na  idade 
de  vinte  annos  recebeo  o  Monachal  Ha- 
bito do  Princepe  dos  Patriarchas  S.  Bento 
no  Moíteyro  de  Pombeiro  a  6.  de  Mayo  de 
1641.  Neíla  douta,  e  virtuofa  paleílra  fahio 
verfado  em  todo  o  género  de  Iciencias, 
como  foraõ  Filofofia,  Theologia,  Direito 
Canónico,  e  Civil,  Hiíloria  profana,  e  Sa- 
grada,    Mathematica,     Náutica,     e     Muíica. 


L  USITAN A. 


457 


G)mo  foíTe  Provincial  do  Bnííl  no  luino 
(Ic  1668.  fe  reílituhio  ao  Reyno  onde  foy 
duas  vezes  eleito  Abbade  do  Moíleyro  de 
Lisboa;  a  i.  no  anno  de  1674.  e  a  íeguxida 
na  de  1685.  deixando  em  ambas  faudoías 
memorias  do  Teu  governo  em  benefício  da 
Religião,  e  dos  feus  fubditos.  {'oy  Mc  Are 
jubilado,  Doutor  em  Theologia,  Qualifí> 
cador  do  Santo  Offício,  Examinador  das  três 
Ordens  Militares.  Morreo  no  Convento 
de  Tibaens  a  5.  de  Agofto  de  1696.  com 
75.  annos  de  idade,  e  55.  de  Religião.  Com- 
poz. 

No/idas  de  Vários  MoJIeiros  da  Congre- 
^açaÕ  dt  S.  Bento  de  Portugal,  e  vários  Monges 
delia  Aí.  S.  4. 

Cathalogo  Hijlorico  de  todos  os  Keys,  e  Capi- 
taens  que  governarão  Portugal  de/de  o  diluvio  até 
o  feu  tempo.  Aí.  S, 

Cathalogo  Hijlorico  de  todos  os  Pontífices 
de/de  o  diluvio  até  o  Nacimento  de  Chrifto  Senhor 
noffo.  Aí.  S,  4. 

Summario  do  que  fe  contem  em  vinte  volumes 
que  mandou  Juntar  dos  Titulos,  doaçoens,  e  privi- 
leffos  concedidos  ao  Alojleiro  de  S.  Bento  de  Lis- 
boa. Aí.  i".  foi. 

Emblemas  que  ejlaõ  pintados  no  Te£to  da  Igreja y 
e  Lavraria  de  S.  Bento  de  Lisboa. 

De/cripçaô  do  Brafil  de/de  o  Rio  da  Prata 
até  o  Pará  demarcando  todos  os  baxos  da  Cojla, 
ajftnando  o  Jundo  de  todas  as  barras,  declarando  a 
Altura  do  Polo,  e  apontando  os  Surgidouros.  Aí.  S. 
foi.  Efte  livro  fe  conferva  na  Livraria  do  Con- 
vento de  Lisboa  o  qual  compoz  quando  era 
Provincial  no  Braíil  examinando  com  grande 
exacçaõ  tudo  quanto  nelle  efcreveo,  e  deli- 
neou em  excellentes  Mappas. 

Fr.  BALTHEZAR  DOS  REYS  natu- 
ral de  Fareginhas  termo  da  Villa  de  Caftro 
Dayro  Monge  Ciílercienfe  cuja  cogulla  veílio 
no  Convento  de  Santa  Maria  de  Salcedas 
em  o  anno  de  1585.  Naquellas  horas  vagas 
das  obrigaçoens  de  Religiofo,  as  occupava 
em  beneficio  do  Convento  de  que  era  filho 
examinando  todo  o  feu  Cartório  com  grande 
exacçaõ,  de  cuja  laboriofa  deUgencia.  Com- 
poz. 

Livro  da  Fundação  do  Mojieyro  de  Santa  Maria 
de  Salcedas  em  o  anno  de  161 2.  foi.  M.  S. 


Fundarão,  e  regalia  do  Mojieyro  dê  Santa 
Maria  dt  SaUedas,  em  qu»  fe  trata  das  prttmi- 
neneias,  padroados,  e  Jurifdiçoens  do  dito  Mojieyro 
particularmente  da  Epijcopal,  e  Ordinária,  qu9 
os  Abbadtt  delle  tem  em  feu  Couto,  e  Território, 
o  qual  confia  dt  cinco  Fregfu^ias.  Acabado  no 
anno  de  1617.  M.  S.  4. 

Morreo  no  Convento  de  Salcedas  em  o 
anno  de  1621. 

BALTHEZAR  SOEYRO  DE  AL- 
BERGARIA natural  de  Lamego,  e  oa 
mcfma  Gdade  Advogado  de  grande  nome. 
Em  benefício  dos  moradores  de  Lisboa  ef- 
creveo, e  dedicou  a  D.  Diogo  da  Sylva  de 
Mendoça  Marquez  de  Alenquer  Duque  de 
Franca-villa  do  Confelho  de  Eftado  de  Fi- 
lippc  IIL  Capitão,  Governador,  e  Vice-Rcy 
dcftc  Rcyno. 

Declaração  fobre  a  matéria  da  agua  para  efia 
Cidade  de  Lisboa  por  fervir  a  Sua  Magefiade 
a  quem  promete  outros  majores  em  ferviço  de  Deos, 
e  feu,  e  do  bem  Comum  das  Kef publicas  do  mundo. 
Lisboa  por  Jorge  Rodrigues.  161 8.  4. 

BALTHEZAR  DE  TEYVE  natural 
de  Braga  igualmente  infigne  na  fcienda  de 
hum,  e  outro  Direito,  como  na  Arte  Poé- 
tica numerando-o  com  grandes  elogios  entre 
os  Poetas  Latinos  que  produzio  o  noflb 
Reyno,  Pedro  Sanches  in  Epifiol.  ad  Ignatium 
de  Aloraes. 

Dicendus  majore  tuba  Jam  Tevius  alter  ^c. 
Por  fer  taõ  perito  na  Poética  lhe  cometeo 
à  fua  judiciofa  Cenfura  o  grande  Jeronymo 
Cardofo  a  Egloga  de  que  faõ  interlocutores 
Mopfo,  e  Dorylas  onde  na  Elegia  11.  do 
lib.  I.  Eleg.  o  louva  com  eftas  expreíToens 
métricas. 
Jiuiicium,    mihi  crede,    tuum   deterret,    et  ingens 

IngeniJ  fplendor,  dexteritafque  tui.  &c. 
Cândida  Laurigeri  petis  penetralia  Febi 

Qua  nullo  cunãis  tempore  claufa  patent. 
Et  licet  innumeris  prapolleat  artibus  unus 

Non  tamen  illius  peãore  fafius  inefi. 
Balthezar    de    Teyve    lhe    refpondeo    com 
hum  elegante   Epigramma   deixando  grande 
copia  delles,  e  de  outras  obras  poéticas    La- 
tinas Aí.  S.  merecedoras  da  luz  publica. 


458 


BIBLIO THECA 


P.  BALTHEZAR  TELLES.  Naceo  em 
Lisboa  em  o  anno  de  1595.  de  Pays  nobres, 
e  virtuofos  quaes  foraõ  Joaõ  Telles,  e  Fran- 
cifca  de  Moraes.  Na  tenra  idade  de  quinze 
annos  fe  dedicou  a  Deos  na  Sagrada  Religião 
da  Companhia  de  JESUS  cujo  habito  recebeo 
no  CoUegio  de  Coimbra  a  24.  de  Março  de 
16 10.  Entre  os  feus  condifcipulos  foy  conhe- 
cido por  eminente  o  talento  de  que  era  ornado 
excedendo  a  todos  aíTim  na  amenidade  das 
letras  humanas,  como  na  feveridade  das  fcien- 
cias  Efcholafticas.  Teve  por  theatros  da  fua 
erudição  Poética,  e  Oratória  as  primeiras 
ClaíTes  dos  CoUegios  de  Braga,  Évora,  Lisboa, 
e  Coimbra  em  que  confumio  o  largo  efpaço 
de  nove  annos.  Com  o  mefmo  applaufo  leo 
Filofofia  quatro  annos  tendo  a  gloria  de  ferem 
feus  ouvintes  D.  Francifco  Manoel  de  Mello 
taõ  iníigne  na  paleftra  de  Marte  como  na  de 
Minerva,  e  ao  Doutor  Manoel  dos  Reys  Ta- 
vares de  que  faz  agradecida  memoria  no  feu 
livro  de  duohus  Artis  mediccB  auxiliis.  cap.  6. 
art.  4.  pag.  161.  Explicou  Theologia  Efpecula- 
tiva,  e  Moral  por  outo  annos  nos  CoUegios  de 
Coimbra,  e  Lisboa,  e  quando  era  tempo  de 
defcanfar  de  occupaçaõ  taõ  laboriofa,  mais 
obediente  ao  preceito  dos  Superiores,  que 
folicito  da  própria  quietação  paíTou  de  Theo- 
logo  a  Hiftoriador  compondo  a  Chronica  da 
fua  Província  que  fendo  taõ  fecunda  de  Va- 
roens  iníignes  eílavaõ  fepultados  com  in- 
grato lilencio  de  feus  Companheiros.  Efta 
continua  applicaçaõ  aíTim  aos  eftudos  efcho- 
lafticos,  como  hiíloricos  o  naõ  eximirão  de 
que  fofle  Reytor  do  Seminário  dos  Irlan- 
dezes,  e  do  CoUegio  de  Santo  Antaõ,  don- 
de fubio  ao  lugar  de  Provincial,  e  ultima- 
mente de  Propoíito  da  Cafa  profefla  de  Lis- 
boa, em  cujas  Prelazias  moftrou  a  candura 
de  feu  animo,  e  prudência  do  feu  jmzo,  a 
qual  fe  admirou  mais  claramente  quando  pa- 
cificou as  difcordias  movidas  entre  os  Có- 
negos do  Porto,  e  Braga  fendo  o  arbitro  da 
concórdia  entre  eftes  dous  graviíTimos  Ca- 
bidos. Recebidos  os  Sacramentos  com  grande 
piedade  faUeceo  na  Cafa  profefla  de  S.  Ro- 
que a  20.  de  Abril  de  1675.  com  80.  annos 
de  idade,  e  65.  de  Companhia.  Fr.  Franc. 
Macedo  in  Theatr.  Metereolog.  cap.  7.  lhe  chama 
hominem  ingeniojum,  €>•  eruditum  &  in  2.  Sent. 


CoUat.  9.  Differ.  2.  Seâ:.  2.  nohilem  Philo- 
fophia  Authorem.  D.  Franc.  Man.  na  Cart. 
dos  AA.  Portug.  efcrit.  ao  Doutor  Manoel 
da  Fonfec.  Themud.  Clarijfimo,  e  eloquente 
fazendo-lhe  mayor  elogio  na  Carta  efcrita 
intitulada  Antidoron  que  fahio  imprefla  no 
principio  da  Hijlor.  da  Etiop.  Alta  do  mefmo 
P.  Tellez  Franc.  Imag.  da  Virtud.  do  Colleg. 
de  Coimh.  Tom.  2.  pag.  613.  e  no  SynopJ.  Ati- 
nai. S.  J.  in  'Lufit.  pag.  360.  n.  5.  eminuit  in 
Jludiis  humanioris  litteratura.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  145.  Vir  probus,  elegantij- 
qite  doãrince,  ac  Jermonis,  Joan.  Suar.  de  Brit. 
Theatr.  'L.ujit.  Utter.  lit.  B.  n.  10.  Cardofo 
Agiolog.  iMJit.  Tom.  3.  pag.  41.  no  Comment. 
de  2.  de  Mayo  letr.  M.  eruditijfimo.  Franc.  de 
Santa  Mar.  Ann.  Hijl.  pag.  495.  V ar aõ  eminente 
em  divinas,  e  humanas  letras,  e  naÕ  menos  em  puret^a 
de  vida,  e  integridade  de  coftumes.  Fonfec.  "Evor. 
Glorio/,  pag.  427.    Compoz 

Summa  univerfa  Philofophia.  UlyíTip.  apud 
Laurent.  Anvers  1642.  foi.  Parifiis  Sumpti- 
bus  Antonij  Bertier.  1644.  4.  2.  tom.  e  nova- 
mente illuílrada  pelo  Author.  UlyíTipone 
ex  Officina  Crasbeeckiana   1652.   8.  4.  Tom. 

Chronica  da  Companhia  de  JESUS  na 
Provinda  de  Portugal,  e  do  que  fi^eraõ  nas 
Conquijias  dejle  Rejno  os  Religio/os  que  na 
mejma  Provinda  entrarão  nos  annos  em  que 
viveo  Santo  Ignado  de  Lojola  nojfo  Fundador  i. 
Part.  Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck.  1645.  foi. 

Parte  2.  com  o  Summario  das  vidas  dos 
Serenijfimos  Reys  D.  Joaõ  o  III.  e  D.  Hen- 
rique Fundadores,  e  injignes  Bemfeitores  dejia 
Provinda.  Lisboa  pelo  dito  Impreflbr  1647. 
foi.  Deíla  obra  fazem  memoria  o  P.  Fi- 
lippe  Labbe  in  Bib.  Bib.  pag.  25.  e  o  novo 
addicionador  da  Bib.  Orient.  de  Ant.  de  Leaõ 
Tom.  2.  Tit.  20.  col.  757. 

Hijloria  Geral  da  Etiópia  Alta,  ou  Prefte 
Joaõ,  e  do  que  nella  obrarão  os  Padres  da 
Companhia  de  JESUS.  Coimbra  por  Ma- 
noel Dias  Impreflbr  da  Univeríidade  1660. 
foi.  A  eíla  Hiíloria  intitula  celeberrima 
Cardofo  Agiol.  Eujit.  Tom.  3.  pag.  41. 
no  Comment.  de  2.  de  Mayo  letr.  M.  e  Jobo 
Ludolpho  in  Comment.  ad  HiJl.  Mtiopic, 
in  Procsm.  pag.  11.  affirmando-lhe  fer  fijh 
florido,  é^  jucundo  conjcripta,  porém  cen- 
fura    ao    feu    Author    de    pouco   critico,   e 


LUSITANA, 


459 


vcrfado  fia  Philologia,  e  intelligencia  da  lin- 
tuia  Hebtaica,  e  Etiópica,  por  cuja  caufa 
cahiu  em  vários  erros,  e  contradicçocns  ma- 
niíeílas  intitulando  a  eíla  CriTe  Raltbafaris 
Tellejij  ptccata  Philohsfca,  &  Hijlorica.  Sahio 
traduzida  eíla  Ilií^oria  na  lingua  Franceía 
por  Melchifedech  Tlievenot  Paris  ches  André 
Cramoyfi  1674.  no  i.  Tom.  das  fuás  Viagens. 
Meditava  fazer  huma  Sumnu  de  toda 
.1  Thculogia,  de  que  já  tinha  prompto  o  i. 
I  in.  in  Print.  Part.  D.  Tboma,  á  qual  naõ 
p>)(lc  dar  o  ultimo  complemento  por  fe  appli- 
v.ir  por  ordem  dos  Superiores  à  compoúçaõ 
<l.i  Chronica  da  Provinda,  como  efcreve  o 
Author  da  Biblioíb.  Societ.  p.  105. 

Fr.  BARTHOLAMEU  Monge  Cifter- 
cienfe  muito  douto,  e  exercitado  nos  Ritos, 
c  Cerimonias  da  fua  Ordem.    Ainda  quando 

('  equentava  as  Clafles  da  Theologia  Efpecula- 
va,  e  Moral  em  o  feu  Collegio  de  Coimbra, 
16  fomente  compoz,  mas  em  muitas  partes 
formou. 
Uvro  Ordinário  do  Officio  Divino  Jegtmdo 
ú  Ordem  de  Cijler.  Coimbra  por  Joaõ  Alvares, 
c  Joaõ  Barreira.  1550-8.  Foy  dedicado  a 
1t.  António  Moniz  Prior  do  Convento  de 
Thomar,  Adminiílrador  de  toda  a  Ordem 
de  Chrifto,  Viíitador,  e  Reformador  Geral  da 
Ordem  de  S.  Bernardo  neftes  Reynos. 


Fr.  BARTHOLAMEU  DE  AZEVEDO 

natural  de  Évora  filho  de  António  Rodriguez 
de  Azevedo,  e  D.  Antónia  Pereira  os  quaes  o 
educarão  com  taõ  virtuofos  documentos,  que 
na  idade  da  adolefcencia  deixou  o  mundo,  e  fe 
recolheo  à  Religião  dos  Eremitas  Auguftinia- 
nos  profeflando  efte  Sagrado  IníUtuto  no  Con- 
vento de  Lisboa  a  4.  de  Abril  de  1595.  Foy 
Reytor  do  Collegio  da  Graça  de  Coimbra  no 
anno  de  1632.  Obfervou  com  grande  exaçaõ 
as  obrigaçoens  de  Religiofo  fervindo  de  exem- 
plo aos  feus  domeílicos,  e  de  terror  aos  demó- 
nios bailando  a  efíicacia  das  fuás  vozes  para 
os  expulfar  de  mmtos  corpos.  Morreo  no  Con- 
vento de  Lisboa  a  6.  de  Agofto  de  1640.  Ef- 
creveo. 

Re/açaÔ  breve  de  alguns  Santos  de  EJpanha,  e 
Portugal,  cujas  hiftorias  fe  naÕ  podem  achar  inteiras 
por  livros,  e  foraõ  tiradas  de  Uvrarias  antigas,  e 


varias  relafoens.  foL  Aí.  S,  ConAa  de  202.  folhas, 
e  fe  coofcrva  oa  magnifica  Livraria  de  S.  Do- 
mingos de  Lisboa  onde  a  vimos.  He  dedicado 
a  Chriâo  Sacramentado  cuja  dedicatória  he 
efcrita  na  lingua  Latina,  a  qual  acaba  com  efisf 
verfos. 
Dkm  pita  in  media  convertitur  anxia  lullu 

Imploro  Superi  Numinis  ager  opem. 
Tu  Deus,  atque  hominum  reitor  miferere  precantis 

EJ  patulã  querulas  aure  reconde  preces. 

Tê  o  Index  Gerai  de  todas  as  PeíToas  de 
que  efcreve  nefta  obra,  e  parece  fer  Original. 

Chronica  Geral  da  Ordem  de  Santo  Agojíinbo. 
foi.  Aí.  J'. 

Sermoens  Vários,  foi.  Aí.  S. 

Eíles  dous  Volumes,  que  íaõ  de  juAa 
grandeza  fe  confervaõ  na  Livraria  do  Convento 
da  Graça  de  Lisboa. 

BARTHOLAMEU  CACELLA  DO 
VALLE  natural  da  Gdade  de  Évora  filho  de 
Fernaõ  do  Valle  Cacelk,  e  D.  Frandfca  de 
Figueiredo.  Foy  igualmente  infigne  na  efpc- 
culaçaõ  da  Sagrada  Theologia  de  cuja  fciencia 
recebeo  o  gráo  de  Doutor  na  Academia  Co- 
nimbricenfe,  como  nos  preceitos  da  Oratória 
aflim  Sagrada  como  profana  de  que  deo  hum 
plauzivel  argumento  na  Oraçaõ  que  recitou 
fendo  Cónego  Magiftral  da  Sé  de  Elvas  quando 
entrou  nefta  Cidade  em  o  anno  de  1619.  Fi- 
lippe  IL  a  qual  fahio  impreíTa  a  foi.  3.  da  Viage 
que  efte  Princepe  fez  a  Portugal  efcrita  por 
Joaõ  Bautifta  Lavanha,  e  impreíTa  em  Madrid 
por  Thomaz  Junti  Impreflbr  delRey  1622. 
foi.  começa  a  Oraçaõ. 

A  Nobreza,  e  povo  dejla  vojfa  Cidade  pri- 
meira na  venturofa  forte  dejla primeira  entrada.  &c. 
Publicou  mais. 

Sermão  na  P  roei  ff  ao,  que  o  Cabbido,  e  Ca  mera  or- 
denarão em  f  alimento  cU  Graças  a  Noffo  Senhor  por 
fer  eleito  em  feu  Bifpo  o  Illufiriffimo,  e  Keverendif- 
Jimo  Senhor  Sebafliaõ  de  Mattos  de  Noronha.  1625. 
4.  Naõ  tem  lugar,  nem  nome  do  ImpreíTor. 

BARTHOLAMEU  DE  FAJOA  na- 
tural de  Lisboa  filho  de  Matheus  de  Aze- 
vedo Pereira  Fidalgo  da  Cafa  Real,  e  de  fua 
mulher  Guiomar  de  Faria  recebeo  a  graça 
bautifmal  na  Freguefia  do  Real  Convento 
de  S.  Vicente  de  Fora  a  31.  de  Agofto  de 


460 


BIBLIO  THE  CA 


1629.  Foy  de  génio  muito  jovial,  difcreto  na 
converfaçaõ,  e  hum  dos  celebres  Poetas,  e 
Oradores  de  que  fe  compoz  a  Academia  dos 
Singulares  inftituida  na  fua  pátria  no  anno  de 
1663.  Cazou  com  D.  Anna  Maria  de  Siqueira  de 
quem  teve  diverfos  filhos,  que  foraõ  Religiofos 
nas  mais  authorifadas  Comunidades,  como  fo- 
raõ os  Cónegos  Regrantes,  Clérigos  Regulares, 
Dominicos,  e  as  duas  reformadas  Províncias 
da  Arrábida,  e  Santo  António.  Falleceo  em 
Lisboa  a  26.  de  Janeiro  de  1709.  com  88.  an- 
nos  de  idade.  Jaz  fepultado  na  Parochial  Igreja 
de  S.  Mamede.    Compoz 

Oraçaõ  recitada  em  30.  de  Dezembro  dexdd^.na 
Academia  dos  Singulares.  2.  Komances,  6.  Madri- 
gaes,  huma  Kedondilha  glojfada.  4.  Sylvas.  Sahiraõ 
eílas  obras  na  i.  P.  da  Academia  dos  Singul.  Lis- 
boa por  Henrique  Valente  de  Oliveira  1665. 4. 
&  ibi  por  Manoel  Lopes  Ferreira  1692.  4. 

JVo  2.  Tomo  Lisboa  por  António  Crasb.  de 
Mello  1668.  4.  &  ibi  por  Manoel  Lopes  Fer- 
reira. 1698.  4.  fahiraõ  huma  Sylva,  e  hum  R<?- 
mance. 

BARTHOLAMEU  FERNANDES  Pres- 
bytero  do  Habito  de  S.  Pedro  igualmente 
eftimado  pela  fciencia,  que  virtude.  Efcreveo 
com  eftilo  fincero 

Carta  em  que  dà  conta  do  que  Juccedeo  na  Ilha 
de  Santa  Maria  com  três  Náos  de  Mouros,  como  a 
roubarão,  e  hoftilidades,  que  fif^eraõ  de/de  3.  de  Junho 
ate  14.  do  dito  me^  do  anno  de  161 6.  M.  S.  foi. 
Conferva-fe  na  Livraria  do  ExcellentiíTimo 
Marquez  de  Abrantes. 

BARTHOLAMEU  FERRAZ  DE  AN- 
DRADE natural  de  Lisboa  filho  de  Thomaz 
de  Andrade,  e  Neto  de  Bartholameu  Ferraz  de 
Andrade  Coronel  General  neJie  Reyno.  Mili- 
tou pelo  efpaço  de  quinze  annos  na  índia  onde 
em  vários  combates  moílrou  a  valentia  do  feu 
braço.  O  tumulto  das  armas  lhe  naõ  impedio  o 
comercio  das  Mufas  fendo  igualmente  exerci- 
tado na  efcola  de  Bellona,  e  de  Minerva.  Ao 
tempo,  que  contava  44.  annos  morreo  na 
Pátria  no  univerfal  contagio,  que  a  inficionou 
no  anno  de  1599.  Compoz 

The/ouro  'L.ufitano.  Poema  heróico  cujo 
argumento  era  o  Cerco  de  Goa,  e  Chaul 
no  tempo,  que  governava  o  Eftado  o  infigne 


Vice-Rey  D.  Luiz  de  Attaide.  Dedicado 
a  D.  Francifco  Mafcarenhas  Conde  de  Santa 
Cruz.  M.  S.  Eftava  com  todas  as  Licenças 
prompto  para  a  ImpreíTaõ. 

Cerco  de  Ma^agaõ.     Poema  Heróico. 

Parecer  a  ElRej  D.  Joaõ  o  III.  fobre  a  guerra 
de  Africa  mojlrando-lhe  com  ra:^oens  concludentes 
Jer  conveniente  aofeuferviço  confervar  nas  fuás  Pra- 
ças duas  mil  lanças,  e  quatro  mil  pioens.  M.  S. 

Parecer  ao  mefmo  Key  fobre  a  difpofiçaõ  com 
que  fe  devia  levantar  hum  exercito,  e  de  que  Offi- 
ciaes  havia  confiar  para  fer  perfeito  .  M.  S. 

Parecer  ao  mefmo  Princepe  moflrando-lhe  a 
caufa  porque  fe  perdia  a  Mina,  e  como  fe  podia 
remediar.  M.  S. 

Fr.  BARTHOLAMEU  FERREYRA 
natural  de  Lisboa  onde  profeflbu  o  Sagrado 
Inílituto  da  Ordem  dos  Pregadores.  Depois 
de  diftar  muitos  annos  Theologia  em  que  fe 
fez  venerado  pela  profundidade  das  letras 
com  que  enfinou  aos  domeílicos,  e  dirigio 
aos  eílranhos  foy  elevado  ao  lugar  de  Depu- 
tado da  Inquifiçaõ  de  Lisboa  a  3.  de  Novem- 
bro de  1576.  cujo  minifterio  ainda  exerci- 
tava no  anno  de  1588.  em  o  qual  approvou  o 
Livro  de  Concórdia  Liberi  arbitrij  cum  gratia 
donis,  divina  prafcientia,  pradefiinatione,  <&  repro- 
batione.  UlyíTip.  apud  Anton.  Riberium  1 5  88. 4« 
compoílo  pelo  P.  Luiz  de  Molina  da  Com- 
panhia de  JESUS,  e  como  nelle  fe  propu- 
gnava a  Sciencia  Media,  de  que  fempre  foy 
Antigoniíla  a  Efchola  Thomiftica,  em  agra- 
decimento de  que  Fr.  Bartholameu  Ferreira 
fendo  Dominico  a  approvaíle,  o  intitula- 
rão os  Padres  Alonfo  de  Andrade,  e  Gabriel 
Henao  ambos  Jefuitas,  o  primeiro  no  Tom.  5. 
de  los  Var.  Ilufl.  de  la  Comp.  §.  5.  pag. 
y^8.  religiojijftmo,  e  doutijfimo,  e  o  2.  in 
Scient.  Media  hiflor.  propugnat.  Event.  11. 
n.  239.  Doãijftmum  Dominicanum,  poílo  que 
como  notou  Jacob  Jacinto  Serry  Hifi.  Con- 
greg.  de  auxiliis  Divina  Gratia  Lib.  i.  cap. 
13.  naõ  foy  approvado  por  Fr.  Bartholameu 
Ferreira  o  appendix,  que  Molina  fez  à  Con- 
córdia impreflb  no  anno  de  1589.  o  qual 
fahio  fem  licença  alguma.  Compoz  confor- 
me efcreve  Fr.  AíFonfo  Fernandes  in  Con- 
cert.  Prad.  ainda  que  fe  enganou  dizendo 
que  florecera  pelo  anno  de  1500. 


LUSITANA. 


4Ó1 


De  his,  qiii  de  Fide  CathoHca  male  Jtntientes 
iiliquid  fcripferimt,  vel  inter  Ca/holicos  íraãatus 
liquid  de  Jm  interpo/iurt.  M.  S. 

Vida  de  Fr.  António  Freyre  Keligjiofo  Domi- 
nico  Confejfor  de/Rej  D.  Joaà  o  III.  a  qual  (  faò 
l^ilavras  de  Jorge  Cardoío  Affolog,  Lufit. 
Tom.  3.  pag.  129.  no  Cõment.  de  8.  de  Mayo 
letr.  E )  por  mais  diligencia  qm  filemos  por  ella 
tiaõ  tivemos  ventura  de  nos  chegar  às  mãos. 

Fr.  Pedro  Monteiro  no  Claiift.  Domiti. 
1  om.  5.  pag.  17).  faz  deíle  Author  dous  atri- 
buindo ao  primeiro  a  obra  latina  aíTima  efcrita, 
c-  ao  fegundo  a  vida  de  Fr,  António  Freyre,  mas 
<  crtamente  fe  enganou  porque  afirmando  de 
linhos,  que  eraõ  Deputados  do  Santo  OíHcio, 
c  examinados  todos  os  Qthalogos,  que  ellc 
icrcvco  das  trcs  Inquifiçocns  dcftc  Reyno, 
u')mcntc  fc  acha  em  o  Tribunal  de  Lisboa  Fr. 
Bartholamcu  Ferreira  cm  o  anno  de  1576.  e 
outro  do  mefmo  nome  taõ  moderno,  que  con- 
tcíTa  o  conhecera  por  tomar  poffe  do  lugar  na 
iquisiçaõ  de  Évora  a  16.  de  Março  de  1667. 
naõ  podendo  fer  eíle,  pois  he  poílerior 
|uaíi  hum  feculo  aos  que  elle  fingio  evidente- 
lente  fe  conclue  fer  hum  o  que  multiplicou 
dous  por  fe  naõ  achar  defte  nome  nos 
ithalogos  dos  Deputados  daquelle  tempo 
is  que  hum  de  que  fazem  memoria  Soufa 
ron.  de  S.  Dormng.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i . 
Liv.  4.  cap.  37.  Faria,  e  Souf.  Epitom.  das  Hijl. 
l^ortng.  Part.  4.  cap.  18.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Theatr.  LMjit.  Litter.  letr.  B.  n.  14.  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hijpan.  Tom.  i.  pag.  151.  Echard  Script. 
Ord.  Prad.  Part.  2.  pag.  281.  col.  i. 

BARTHOLAMEU  FERREIRA  LA- 
(jARTO  a  quem  intitula  Doutor  o  novo 
;iddicionador  da  Bihic.  Occident.  de  Antó- 
nio de  Leaõ  Tom.  2.  Tit.  12.  col.  683.  efcre- 
veo  como  elle  affirma. 

Advertências  pertencentes  ao  Socorro  do  EJlado 
do  Brai(iL  M.  S.  foi.  Conferva-fe  na  Biblio- 
theca  delRey  Catholico. 

BARTHOLAMEU  HLIPPE  naceo 
em  Lisboa  onde  aprendidas  as  primei- 
ras Letras  paíTou  a  Salamanca  em  cuja  Uni- 
verfidade  fe  formou  Bacharel  na  Faculdade 
dos  Sagrados  Cânones  com  geral  applaufo 
de    todos     os     Cathedraticos    venerando    a 


fua  fcíencía  naô  fomente  ouvida  nos  aâof 
Licteraríos,  mas  impreíTa  em  douti/runos 
livros.  Depois  de  illuílrar  Salamanca  fe  trans- 
ferio  a  Coimbra,  onde  recebendo  as  ínfígnias 
doutoraes  cm  o  Direito  Pontifício  a  7.  de 
Outubro  de  1)58.  começou  a  brilhar  o  tca 
profundo  talento  nas  Cadeiras,  a  que  foj 
fubindo,  lendo  huma  Cathedrílha  de  Cânones 
a  1 5.  de  Outubro  de  i  j  39.  donde  pa/Tou  a  Lente 
do  Decreto  em  3.  de  Novembro  de  1547.  e 
ultimamente  à  Cadeira  de  Vefpera  em  1)54. 
Naõ  fomente  foy  verfado  na  Jurifprudencia 
Canónica,  e  Civil,  mas  nos  documentos  da  Filo- 
foíia  Moral,  e  da  Politica  regulada  mais  peUw 
diétames  do  Evangelho,  que  pelos  Aforifmos 
de  Tácito.  Para  a  impreííaõ  das  fuás  Obras  lhe 
foy  confignada  huma  penfaõ  de  cem  mil  reis, 
em  o  anno  de  1581.  que  cobrou  até  o  armo 
de  1589.  Foy  cafado  com  huma  Sobrinha 
de  quem  naõ  teve  defcendencia.  Morreo 
em  Coimbra  na  larga  idade  de  cento,  e  dez 
annos,  como  efcreve  Francifco  Galvaõ  Mal- 
donado na  fua  Bib.   Port.  Aí.  S.  imprimio. 

Traâatfís  de  Fiãionibus.  Salmantica:.  1 5  36.  4. 

Repititio  in  Cap.  Scindite  corda  veflra 
de  Panitentia.  Dift.  i.  OlyíTip.  apud  Ludo- 
vicum  Rodrigues.  1539.  4-  Na  Prefação 
defta  obra  dedicada  à  Univeríidade  de  Coim- 
bra ( a  qual  louva  com  grandes  elogios 
o  infigne  Jurifconfulto  D.  Diogo  de  Covar- 
ruvias  de  Matrim.  2.  Part.  cap.  3.  §.  j. 
n.  8.  )  diz  feu  Author  Abhinc  quinquénio  indo- 
lem,  Jpecimenque  qualis  qualis  futurce  doãrina 
edito  de  Clericali  dignitate  libello  prcemifi.  Abhinc 
triénio  in  Sfficili,  atque  fenticofo  fiãionum  Campo 
ingenij  vires  exercui:  próximo  vero  anno  per 
omne  Doãorum  genus  circumvolitans  communium 
Opinionum  Centúrias  decem  concinnavi. 

Tratado  dei  Confejo,  y  delos  Confejeros 
delos  Princepes.  Coimbra  por  António 
Mariz.  1584.  4.  Dedicado  ao  Cardial  Alberto 
de  Auftria  em  cuja  Dedicatória  faz  a  feguinte 
Relação  das  fuás  Obras.  JE«  efte  exer- 
cido de  componer  Ubros  ha  cincoenta  anos 
que  me  ocupo,  y  defpues  de  haver  leido  viente 
anos  en  las  Univerjidades  de  Usboa,  Sala- 
manca, y  Coimbra  há  trinta  que  7ne  reco- 
gi  à  imitacion  de  San  Auguftin,  que  en  libro 
delas  Ketrataciones  ha^e  mendon  de  todas 
Jus    Obras,   y    dei   glorio/o    S.    Jeronymo    que 


4Ó2 


BIBLIO THECA 


refiere  nô  Jolamente  los  Ithros  que  tenia  ejcri- 
tos,  mas  tamhien  lof  que  efiava  ejcreviendo,  di^e 
las  obras,  que  ejloj  ponienào  en  Orden  para  impri- 
mir 20.  lihros  de  regias,  doãrinas,  y  communes 
Opiniones  en  derecho  Civil,  y  Canónico  con  muchas, 
y  muy  varias  anotaciones  mias.  5 .  Lihros  de  Conjec- 
turas in  utroque  jure  en  que  pongo  los  entendimien- 
tos,  que  los  Do£íores  dan  aios  Textos  que 
interpretan,  y  allen  delos  que  ellos  dan,  inter- 
preto nuevamente^  muchos  Textos.  2.  Lihros  de 
Prohlemas,  y  Queftiones  Jurídicas.  4.  Lihros 
de  Epijiolas  Jurídicas.  2.  Lihros  de  Confejos. 
4.  Lihros  de  Kepeticiones  in  Utroque  Jure. 
6.  Lihros  de  Tratados  en  Derecho  Civil,  y 
Canónico,  un  Lihro  de  Concordância  delos  4. 
Evangelijlas.  un  Lihro  dela  elegância,  y  pro- 
priedad  dejlos  Vocahulos.  En  Komance  tengo 
efcrito.  4.  Tratados  a  cerca  dei  regimiento 
de  una  hien  injiituida  Kepuhlica.  20.  lihros 
dela  Difciplina  Militar.  4.  Lihros  dei  Amor 
Divino,  humano,  y  Cajlo.  4.  Lihros  dei  Oficio 
delos  Emhaxadores.  2.  lihros  de  Prohlemas 
naturales,  y  mor  ales.  2.  Lihros  de  cofas  naturales, 
y  morales.  2.  lihros  de  comparaciones,y  paraholas.  2. 
Lihros  de  Confejos  ajiutos,  y  prudentes.  2.  Lihros 
de  refpuejlas  dijcretas,  y  ingeniofas  Ji  fe  anda 
mucho  camino,  ò  en  mucho  ejpacio  de  tiempo 
o  de  prijfa  en  poço  (  como  diz  Ariíloteles  lib. 
de  Mechanicis  )  el  tiempo  em  que  compufe  ejlos 
lihros  es  de/de  el  ano  1536.  hajia  el  de  1584. 
en  que  publico  ejie  lihro.  Foy  traduzido  em 
Italiano  por  Júlio  Cefar  Piovano  di  Carpento. 
Venetia    preíTo     Societá    Minima.     1599.    4. 

Epijlola  ad  Hieronymum  Cardoso  data 
Conimhrica  4.  Kalend.  Martij  1539.  ^'  ^  ^e 
a  vigeíTima  primeira  entre  as  de  Cardofo,  o 
qual  na  refpoíla  que  he  a  vigeíTima  fegunda 
Carta  lhe  diz  entre  outros  elogios.  Eã  doãri- 
narum  omnium  peritia  prapolles  utquo  cum  refferre 
audeat  non  invenies. 

Além  das  Obras  de  que  fez  relação  na  De- 
dicatória ao  Cardial  Alberto  deixou  compofto. 

Tratado  da  Criação  dos  filhos.  Dedicado 
ao  Conde  de  Portalegre.  M.  S. 

Tratado  da  Milicia.  M.  S. 

Carta  efcrita  ao  Senhor  D.  António  defen- 
ganando-o  da  pertençaõ  do  Reyno.  M.  S. 

Tratado  da  SuceJJaõ  do  Reyno  de  Por- 
tugal de  que  faz  mençaõ  no  Difc.  18.  e  ultimo 
do  Tratad.  dei  ConJejo,y  Conjejero. 


Todas  eílas  obras  que  deixou  M.  S.  por 
ferem  taõ  úteis  à  Republica  literária  deter- 
minava imprimir  a  Univerfidade  de  Coimbra 
para  cujo  effeito  encomendou  ao  Doutor 
Diogo  de  Brito  as  ordenafle  por  fer  muito 
inteligente  em  a  letra  do  Author  que  era 
difícil  de  fe  ler.  Celebraõ  o  feu  nome  Car- 
dozo  de  Jure  acrefcendi  ad  §.  Si  eadem  Injtitui. 
de  Legat.  in  Prabend.  chamandolhe  injignis. 
Pinei.  Sele£i.  Jur.  Interp.  lib.  i.  cap.  5.  §.  63. 
multijcice  eruditionis  vir.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
in  Theatr.  LuJit.  Li f ter.  lit.  B.  n.  21.  Jurijcon- 
Jultus  egregius,  <&  magna  eruditionis  vir  M.  S. 
Maced.  Flor.  de  Efpan.  cap.  8.  Excel.  9.  Nico). 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  156.  col.  2. 
Pinei,  ad  Kuh.  de  Bonis  maternis.  z.  Part.  n.  36. 
Coíl.  ad  L.  Si  ex  Cautione  §.  14.  n.  6.  Velafco 
de  Jure  Emphyteutico  Quaeft.  27.  n.  2.  e  4. 
Prasb.  Decis.  Tom.  2.  Decis.  162.  n.  45. 
et  Decis.  192.  n.  27.  Verder  in  Bib.  Gefnerían. 
Epitom.  o  faz  Author  Confultationum  Júris. 
Franc.  Leitaõ  Ferreira  Not.  Chronol.  da  Um-  j 
verjid.  de  Coimb.  pag.  572.  n.  121 2.  Varaõ 
Sapientijfimo  et  pag.  575.  n.  1219. 

BARTHOLAMEU  GALVAM  natural  de  , 
Lisboa,  e  filho  de  Garcia  Lopes  Valdovinos  I 
Rey  de  Armas.  Foy  infigne  Poeta  Lyrico,  e 
Cómico  de  que  faõ  claro  argumento  as  diver- 
fas  Poeíias,  e  Comedias  que  produzio  o  feu 
fecundo  engenho.  Vivia  na  índia  pelos  annos 
de  1602.  e  1603.    Imprimio. 

PoeJias  Varias  como  afíirma  Francifco 
Galvaõ    Maldonado    na   Bib.    Portug.   M.   ^. 

Fr.  BARTHOLAMEU  GUERREYRO 
Religiofo  da  Ordem  Seráfica  da  Província  de  S. 
Miguel  em  Caítella,  a  Velha  Collegial  do  infignc 
CoUegio  dos  Santos  Apoftolos  Pedro,  e  Paulo 
da  Cidade  de  Alcala,  e  depois  no  Convento 
de  Placencia  Lente  de  Prima  de  Sagrada 
Theologia  a  quem  intitula  Hypolito  Marrado 
in  Bib.  Marian.  Tom.  i.  pag.  190.  Vir  doc- 
trina,  et  religiojis  morihus  conjpicuus.  Foy 
acérrimo  defenfor  do  Immaculado  Myfterio 
da  Conceição  da  Senhora  efcrevendo  douta- 
mente contra  os  feus  impugnadores. 

ExpoJitio  in  ControverJiam  de  immacu- 
lata  Virginis  Maria  Conceptione  breviter, 
et   copio/e    ambiens   omnia    qua    Sanai    Paires, 


L  USITANA. 


463 


#/  altj  Doííores  ujqut  adeo  fcripfére.  Matrití 
apud  Diclacum  Flamenco.  1620.  4. 

Fazem  dclle  memoria  Wadingo  de  Script. 
Ord.  Min.  pag.  jo.  col.  2.  Fr.  Joan.  á  D. 
Ant.  in  liib.  hranc.  Tom.  i.  pag.  187.  col.  i. 
Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  iji. 
col.  2.  e  Marrado  no  lugar  citado  em  que 
claramente  affirma  fer  Portuguez. 

P.     BARTHOLAMEU     GUERREIRO. 

Maceo  na  Villa  de  Almodouvar  no  Campo 

(Ic   Ourique,   e   teve   por   Pays   a   António 

I  crnandes    Corrêa,    e    Maria    Guerreira    de 

(.íufmaõ.    Cumprindo  18.  annos  de  idade  fe 

Icdicou  a  Dcos   na  Companhia  de  JESUS 

ccebendo  a  Roupeta  no  CoUegio  de  Évora 

1  7.  de  Dezembro  de  1578.  onde  leo  letras 

tiumanas,    e    foy    Perfeito    da    Univcrfidadc. 

\bundante    fruto    colhco    o    fcu    apoftolico 

cio  nas  MiíToens,  que  fez  pelo  efpaço  de  17. 

iinos  por  grande  parte  do  Rcyno,  principal- 

iiiente  na  Villa  de  Caílello  de  Vide  obrigando 

com  a  efHcacia  das  fuás  vozes  a  muitos  dos 
feus  moradores  que  abominaíTem  as  torpes 

ocazioens  da  fua  mina  efpiritual,  e  feguiíTem 
o  caminho  da  penitencia  para  alcançarem  o 
perdaõ   de   culpas   inveteradas.     Foy   muito 

1  «ftimado  dos  SereniíTimos  Duques  de  Bragança 
D.  Theodoíio,  e  D.  Joaõ  venerando  unidas 
iia  fua  Peflba  todas  as  virtudes  próprias  do 
I.ftado  Religiofo.  Morreo  na  Cafa  profefla 
tlc  S.  Roque  a  24.  de  Abril  de  1642  com.  78. 
innos  de  idade,  e  60.  de  Companhia.  Vir 
rudifijftmus  lhe  chama  o  P.  Manoel  Luiz  in 
lOV.  Princip.  Theodof.  lib.  i.  cap.  14.  n.  156. 
^^ib.  Societ.  pag.  106.  col.  2.  Concionator 
ximitis.  Franco  Ann.  Glor.  S.  /.  in  Ijiftt.  pag. 
225.  col.  2.  non  minus  pradicavit  exemplo,  quam 
irrbo;  e  na  Ima^.  da  Virtttd.  do  Nov.  de  Evor. 
liv.  3.  cap.  5.  e  pag.  857.  Ant.  de  Leon.  Bib. 
Occiden.  Tit.  12.  Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr. 
\Mfit.  JJtter.  lit.  B.  n.  15.  Fonfec.  Evor. 
Cloriof.  p.  427.  D.  Frãc.  Manoel  na  Cart. 
dos  Autor.  Vortug.  efcrita  ao  Doutor  The- 
inudo.    Nicol.    Ant.    Bib.    Hifpan.    Tom.    i. 

.  pag.  132.  col.  2.    Compoz. 

Sermão  de  S.  Thomé  pregado  na  Capel- 
l-i  Keal  anno  de  1623.  cuja  Fejla  como  de 
Padroeiro    da    índia    celebra    por    Ordem    dos 

•  ^fys    o    Tribunal    daquelle    EJlado    com    offer- 


tas  piébikas  das  Drogou  dilU.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  1624.  4. 

SermaÕ  nas  Exéquias  do  anno  qut  fe  fn^ertUl 
ao  HxcelUntiJfimo  Princepe  D.  Theodojio  z. 
Daqui  dê  Bragança  em  Villa-Vifofa  na  igreja 
dos  Kiligiofos  de  S.  Paulo  primeiro  ErmitaÕ 
onde  o  dito  Senhor  ejld  depofitado,  em  29.  de  No- 
vembro de  1632.  Lisboa  por  Mathias  Rodii- 
gue.t.  4. 

jornada  dos  Vajfalos  da  Coroa  de  Portugal  para 
fe  recuperar  a  Cidade  do  Salvador  na  Bahia  de  todos 
os  Santos  tomada  pelos  Olandev^es  a  %.  de  May  o  de 
1624.  e  recuperada  no  i.  de  Mqyo  de  1625.  Lis- 
boa por  Matheos  Pinheiro.  1625.  4. 

Gloriofa  Coroa  de  esforçados  Keligiofos  da  Com- 
panhia de  JESU  mortos  pela  Feé  Catholica  nas 
Conquistas  dos  Reynos  da  Coroa  de  Portugal.  Lis- 
boa por  António  Alvares.  1642.  foi.  Efta 
obra  fahio  poílhuma,  e  delia  fe  lembra  o  novo 
addicionador  da  Bib.  Orient.  de  António  de 
Leon.  Tom.  2.  Trat.  23.  col.  838. 

Fr.  BARTHOLAMEU  DE  LISBOA 
cujo  appelido  indica  o  lugar  do  feu  nacimento, 
filho  de  Gafpar  de  Viana,  e  Antónia  Lourenço, 
Religiofo  de  S.  Jeronymo  cujo  habito  pro- 
feíTou  no  Real  Convento  de  Belém  a  26.  de 
Agofto  de  1601.  onde  foy  Prior  defta  Caía 
em  o  anno  de  1640.,  e  Vifitador  Geral  da  Con- 
gregação. Foy  muito  obfervante  do  feu  Inf- 
tituto,  e  naõ  menos  verfado  em  as  noticias 
da  fua  Religião.  Morreo  em  o  Convento 
de  Belém  a  22.  de  Fevereiro  de  1641.  Compoz. 

Vida  do  gloriofo  Padre  S.  Jeronymo,  e  Santa 
Paula,  a  qual  eftava  prompta  com  as  licenças 
para  a  ImpreíTaõ,  e  ficou  em  poder  de  hum 
Religiofo  irmaõ  do  Author. 

BARTHOLAMEU  LOURENÇO  DE 
GUSMAM  Fidalgo  Capellaõ  da  Cafa 
Real,  e  irmaõ  de  Alexandre  de  Gufmaõ 
Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  de  Chrifto,  e 
Cenfor  da  Academia  Real  de  quem  fizemos 
mençaõ  em  feu  lugar,  naceo  na  Villa 
de  Santos  da  Capitania  de  S.  Paulo  na 
America  Portugueza,  e  logo  nos  primeiros 
annos  deo  manifeftos  indicios  do  grande 
talento  que  lhe  concedeu  liberal  a  natureza, 
aíTim  na  admirável  promptídaõ,  com  que 
comprehendeo  as  dificuldades  da  Filofofia,  e 


464 


BIBLIO  THE  CA 


Mathematica,  como  na  prodigiofa  memoria 
com  que  confervava  as  noticias  mais  recôn- 
ditas da  Hiftoria  Sagrada,  e  profana.  Inftruido 
na  Oratória,  Poética,  e  Mythologia  fe  lhe 
acendeu  o  dezejo  de  penetrar  os  myfterios 
das  Leys  Imperiaes,  e  Cânones  Pontifícios 
para  cujo  fim  preferindo  o  amor  da  fciencia 
ao  da  pátria  paíTou  à  Univerfídade  de  Coimbra 
em  cuja  sapientiíTima  Paleftra  brilharão  mais 
intenfamente  os  rayos  do  feu  claro  engenho 
com  admiração  de  todos  os  Cathedraticos 
que  fendo  expeâadores  dos  feus  aâos  litte- 
rarios  refolveraõ  fer  digno  de  receber  as  infi- 
gnias  doutoraes  na  Faculdade  do  Direito 
Canónico.  Igualmente  fe  admirou  a  fubtileza 
do  feu  juizo  em  as  Oraçoens  Evangélicas  reci- 
tadas nos  Púlpitos,  como  em  os  Difcurfos 
Académicos  de  que  foraõ  theatros  a  Aca- 
demia Real  inílituida  em  o  anno  de  1720. 
debaixo  dos  Soberanos  aufpicios  da  augufta 
Mageílade  delRey  D.  Joaõ  o  V.  noíTo  Senhor 
fendo  elle  hum  dos  primeiros  cincoenta  Aca- 
démicos de  que  fe  formou  eíle  eruditiíTimo 
congreíTo,  e  lhe  foy  cometido  efcrever  as 
Memorias  Ecclefiafticas  do  Bifpado  do  Porto, 
como  na  Academia  Portugueza,  de  que  era 
Secretario  o  ExcellentilTimo  Conde  da  Eri- 
ceira D.  Francifco  Xavier  de  Menezes.  Foy 
verfado  nas  linguas  mais  principaes,  fabendo 
com  pureza  a  Latina,  fallando  com  prompti- 
daõ  a  Francefa,  e  Italiana,  e  tinha  grande 
intelligencia  da  Grega,  e  Hebraica.  Sendo 
taõ  douto  em  varias  fciencias  nunca  fe  lhe 
defcubrio  o  menor  final  de  vaãgloria,  antes 
fem  afeâaçaõ  era  taõ  modeílo  no  femblante, 
como  affavel  no  génio  parecendo  muitas 
vezes  a  quem  o  naõ  conhecia  que  naõ  era 
depofito  de  tantos  thezouros  fcientificos  dos 
quaes  nos  deixou  as  feguintes  obras. 

Vários  modos  de  ejgotar  Jem  gente  as  Nãos 
que  fa^em  agua.  Lisboa  na  Officina  Real 
Deflandefiana.  171  o.  4.  Sahio  efta  obra 
juntamente  em  Latim  com  efte  titulo. 

Varia  rationes  Antlias  pro  navihus  Automa- 
tas  conftruendi.  Ulyflipone  ex  Officina  Regali 
Deflandefiana.  1710.  4.  com  eílampas. 

Sermão  da  Virgem  Maria  N.  Senhora  em  huma 
Fejia,  que  a  devoção  de  Sua  Magefiade  lhe  dedicou  em 
Salvaterra  aos  26.  de  Abril  defte  premente  anno  de 
171 2.  Lisboa  na  Officina  Real  Defland.  171 2.  4. 


Sermão,  na  ultima  Tarde  do  Triduo  com  que 
os  Académicos  ultramarinos  fejlejaõ  a  Nojfa 
Senhora  do  Dejlerro  pregado  na  Parochial  de 
S.  Joaõ  de  Almedina  a  ^.  de  Janeiro  de  1718. 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ. 
1718.  4. 

Sermão  pregado  na  FeJla  do  Corpo  de  Deos 
da  Fregue:(ia  de  S.  Nicoláo  dejla  Cidade.  Lisboa 
na  Officina  da  Mufica.  1721.  4. 

Conta  dos  feus  eftudos  Académicos  em  a  Aca- 
demia Keal  a  16.  de  Setembro  de  1723.  Sahio 
no  Tom.  3.  da  ColleçaÕ  dos  Documentos  da 
mejma  Academia.  Lisboa  por  Pafchoal  da 
Sylva.  1723.  foi. 

D.  Fr.  BARTHOLAMEU  DOS  MAR- 
TYRES  perfeita  copia  dos  Prelados  da  pri- 
mitiva Igreja,  immortal  credito  da  Jerarchia 
Ecclefiaftica,  e  fublime  ornato  da  Religião 
Dominicana  illuílrou  com  o  feu  nacimento 
a  Cidade  de  Lisboa  em  o  anno  de  1 5 14.  e  exal- 
tou o  nome  de  feus  Pays  Domingos  Fernan- 
des, e  Maria  Corrêa  taõ  abundantes  dos  dons 
da  graça,  como  dos  bens  da  fortuna.  Tanto 
que  fahio  do  ventre  materno  fe  lhe  defcobrio 
na  parte  fuperior  da  maõ  direita  huma  Cruz 
relevada  fobre  a  carne  dividida  em  quatro 
pontas  femelhante  à  que  forma  o  efcudo  das 
Armas  da  Ordem  dos  Pregadores,  indicando 
a  natureza  com  taõ  claro,  e  antecipado  final 
a  Religião,  de  que  havia  fer  illuftre  filho.  O 
tempo,  que  na  idade  pueril  fe  paíTa  com  jogos, 
e  outros  innocentes  divertimentos  o  confomia 
em  exercícios  de  piedade  affiílindo  com  tanta 
reverencia  ao  Sacrificio  da  MiíTa,  e  frequen- 
tando com  igual  difvelo  os  Sermões,  que  fe 
faziaõ  na  fua  Parochia,  que  parecia  penetrar  os 
altos  myfterios,  que  teftemunhavaõ  os  feus 
olhos,  e  ouvidos.  Inftruido  na  Grammatica 
Portugueza,  e  Latina  quando  contava  14.  annos 
pertendeo  com  repetidas  inftancias  fer  admi- 
tido à  Religião  de  S.  Domingos,  e  vencidos  os 
obftaculos,  que  fe  lhe  opunhaõ  a  taõ  heróica 
refoluçaõ  recebeo  o  habito  de  taõ  illuftre  famí- 
lia no  Real  Convento  da  fua  pátria  a  11.  de 
Novembro  de  1528.  e  fez  a  profiíTaõ  folemne 
a  20.  do  dito  mez  do  anno  feguinte.  A  boa 
Índole,  que  em  o  Noviciado  moftrou  para 
as  virtudes  foy  igual,  e  ainda  fuperior  para 
as  letras  admirando  os  Meftres,  e  Condifci- 


L  USITAN A. 


465 


pulos  a  viveza  da  compfehenllõ»  e  a  excel- 
lencia  do  talento  com  que  fondava  as  maté- 
rias mais  profundas  da  Filofofía,  e  Theología, 
em  cujas  fcicncias  fahio  eminente,  de  que 
foraõ  primicias  os  aélos  litterarios,  que  fuf- 
tentou  nos  Gtpitulos  celebrados  em  Guima- 
racns  no  anno  de  1552.  e  poucos  annos  depois 
cm  Lisboa.  I^ntre  a  crpcculaçaò  deílas  Facul- 
dades a  que  applicava  o  entendimento,  fe  lhe 
acendeo  o  coração  em  ardentes  dezejos  de  fcr 
pra£^ico  nos  Myílerios  da  Theologia  Myílica, 
cujos  altiffimos  documentos  aprendeo  da 
afcctica  liçaõ  dos  Bernardos,  Boaventuras,  e 
Thaulcros.  Chegou  o  tempo  de  fubirà 
Gideira  para  formar  McArcs  aos  feus  Difcipu- 
los  aílim  na  Sciencia  dos  Santos,  como  na  das 
Efcholas,  c  para  cftc  fim  diftou  dous  Curfos 
de  Artes,  c  as  principacs  matérias  de  Theolo- 
gia Efpcculativa  pelo  dilatado  efpaço  de  vinte 
annos  nos  Rcacs  Conventos  de  Lisboa,  e  da 
Batalha  com  tal  fubtilcza  nos  argumentos,  c 
facilidade  nas  refpoftas,  que  parecia  fe  illuf- 
trava  o  fcu  entendimento  com  os  rayos  de 
fcu  Angélico  Meftre.  Sendo  nomeado  no 
anno  de  1551.  Companheiro  do  Provincial  Fr. 
Francifco  de  Bovadilha  para  votar  no  Capitulo 
Geral,  que  fe  celebrava  no  Convento  de  Santo 
Eílcvaõ  de  Salamanca  defendeo  humas  Conclu- 
foens  com  tanto  credito  da  Religião,  e  applaufo 
do  feu  nome,  que  o  Geral  da  Ordem  Fr.  Fran- 
cifco Romeo  lhe  deu  a  patente  de  Meftre  com 
grandes  elogios.  O  primeiro,  e  único  lugar  que 
teve  na  Província  foy  o  Priorado  do  Convento 
de  S.  Domingos  de  Bemfica  diílante  huma 
legoa  de  Lisboa,  que  aceitou  com  grande 
repugnância.  Nelle  leu  terceiro  curfo  de  Artes 
em  que  teve  por  Difcipulo  ao  Senhor  D.  Antó- 
nio filho  do  Infante  D.  Luiz.  Corria  o  anno  de 
1558.  em  que  vagara  a  Cadeira  Primacial  de 
Braga  por  morte  do  feu  Prelado  D.  Fr.  Balthe- 
zar  Limpo  da  Ordem  do  Carmo,  e  defejofa  a 
Rainha  D.  Catherina,  que  governava  eíla 
Monarchia  pela  menoridade  de  feu  Neto  ElRey 
D.  Sebaftiaõ  de  prover  taõ  grande  dignidade 
em  PeíToa  benemérita  em  cuja  eleyçaõ  naõ 
ficaíTe  culpada  a  fua  conciencia  a  nomeou  em 
Fr.  Luiz  de  Granada  Varaõ  muito  eílimado  de 
todos  os  Princepes  por  fua  exemplar  vida,  e 
grande  fciencia,  o  qual  efcufando-fe  como  inca- 
paz de  taõ  alto  miniílerio  perfuadio  à  Rainha 


In 


elegeire  para  elJe  a  Fr.  Bartholanieu  por 
coníidcrar,  que  poííuia  todas  as  partes  dignas 
de  hum  vigilante  Paílor.  Foy  chamado  á  pre- 
fença  da  Rainha  taõ  alheyo  da  honra,  que  o  buf- 
cava,  como  merecedor  de  outra  mayor  que 
naò  pertcndia,  e  tanto  que  lhe  declarou  a 
nomeação  da  dignidade,  que  tinha  feito  na  fua 
PeíToa,  hc  incrível  o  pafmo,  e  enleyo  que  con- 
cebeo  o  fcu  entendimento  conhecendo  que 
era  totalmente  opp<jAa  à  humildade  do  feu 
génio  taõ  fuprenu  Prelafia,  e  podo  que  por 
alguns  dias  eíleve  conftante  neíU  refoluçaõ  obri- 
gado do  preceito  do  Prelado  aceitou  o  Arce- 
bifpado  de  tantos  pertendido,  e  fomente  por 
elle  regeitado.  Depois  de  fer  Sagrado  na 
Igreja  de  S.  Domingos  de  Lisboa  a  5.  de 
Setembro  de  1  j  J9.  recebeo  a  8.  do  dito  mez  o 
Pallio  das  mãos  do  Arcebifpo  de  Lisboa  D. 
Fernando  de  Vafconcellos,  e  Menezes,  e  a  4. 
de  Outubro  fez  a  publica  entrada  na  Cidade  de 
Braga  onde  foy  recebido  pelas  fuás  ovelhas 
com  exceíTivas  demonílraçoens  de  jubilo  como 
certos  vaticínios  da  fumma  benevolência  com 
que  haviaõ  fer  regidas  por  taõ  infigne  Paílor 
fundando  para  beneficio,  e  inílruçaõ  delias  o 
Collegio  de  S.  Paulo  aos  Padres  Jefuitas  com 
obrigação  de  lerem  quatro  ClaíTes  de  Gram- 
matica,  e  Rhetorica,  e  huma  Cadeira  de  Filofo- 
fia  confignando-lhe  annualmente  duzentos  mil 
reis  em  premio  defte  trabalho  litterario.  Por 
ordem  delRey  D.  Sebaíliaõ  foy  obrigado  a  dei- 
xar o  feu  rebanho  a  24.  de  Março  de  1 561.  para 
aíTiíUr  ao  Concilio  Tridentino,  em  cuja  Sagrada 
Aflemblea  fe  diílinguio  entre  os  Veneráveis 
Prelados  de  que  fe  compunha,  o  feu  ardente 
zelo  clamando  com  apoftolica  liberdade,  que  fe 
devia  reformar  o  Eílado  Ecclefiaftico,  e  purifi- 
car o  ouro  do  Sanóhiario  de  Chriílo  das  fezes 
com  que  eílava  manchado  naõ  fe  eximindo 
defta  reforma  a  Eminência  das  Purpuras  Roma- 
nas das  quaes  como  fontes  fe  devia  derivar  a 
agua  mais  pura  para  beneficio  da  Chriílandade. 
Armado  da  authoridade  da  PeíToa,  e  da  pro- 
fundidade da  fabedoria  foy  author  de  que  fe 
decretaíTe  fer  a  refidencia  dos  Bifpos  nas  fuás 
Diocefes  de  direito  divino,  e  de  outras  graves 
determinaçoens  fundadas  nas  folidas  bazes  das 
Efcrituras,  e  Concílios  de  que  refultaraõ  ím- 
mortal  gloria  à  Igreja  Catholíca,  e  fatal 
ruína  aos  feus  Antígoníílas.    Para  íatísfazet 


35 


466 


BIBLIO  THE  CA 


aos  dezejos  de  Pio  IV.  que  anciofamente  lhe 
queria  fallar,  entrou  em  Roma  onde  foy  rece- 
bido pelo  fummo  Paftor  com  ílngulares 
demõítrações  de  affefto,  e  veneração,  principal- 
mente quando  o  ouvio  increpar  com  zeiofa 
efíicacia  o  luxo  praâicado  pelos  Ecclefiafticos 
na  Cabeça  do  Mundo  como  impróprio  do 
Eftado,  que  profeíTavaõ,  de  que  fe  feguio  refor- 
mar o  Pontífice  o  faufto  da  fua  Familia,  e  de 
todos  os  Princepes  Purpurados  da  Cúria  Ro- 
mana. Entre  elles  contrahio  eftreita  amifade 
com  S.  Carlos  Borromeo,  e  Miguel  Ghislerio, 
que  pouco  depois  fubio  ao  Sólio  do  Vaticano 
com  o  nome  de  Pio  V.  a  cujo  peito  fe  tresladou 
o  fogo  de  Elias  para  zelar  a  caufa  de  Deos,  e 
promover  a  obfervancia  da  difciplina  Ecclefiaf- 
tica  dos  primeiros  Séculos  da  Igreja.  Concluído 
o  Concilio  fe  reftituhio  à  fua  Diocefe  onde 
entrando  a  27.  de  Fevereiro  de  1 5  64.  foy  rece- 
bido com  feíHvos  applaufos  pelas  fuás  ovelhas 
convertendo  em  alvoroço  o  grave  fentimento, 
que  padecerão  com  a  aufencia  de  taõ  beni- 
gno Paftor.  Refoluto  a  executar  exaftamente 
os  Decretos  do  Concilio  edificou  o  Seminário 
confagrado  ao  Princepe  dos  Apoftolos  para 
nelle  eftudarem  quarenta  e  quatro  CoUegiaes 
as  fciencias  neceíTarias  com  que  dirigiíTem  as 
almas  aíTim  nos  Púlpitos,  como  nos  Confef- 
fionarios.  Difcorreo  por  toda  a  Diocefe  refor- 
mando abufos,  extirpando  vicios,  plantando 
virtudes,  conciliando  ânimos  difcordes,  evi- 
tando efcandalos  públicos,  enxugando  as 
lagrymas  das  Viuvas,  zelando  a  honeftidade  das 
Donzellas,  reprimindo  a  infolencia  dos  pode- 
rofos,  e  abatendo  o  orgulho  dos  Violadores 
da  immunidade  Ecclefiaftica.  Contra  eftas 
virtuofas  acções  próprias  da  Dignidade,  que 
occupava,  fe  armarão  fortifiimas  oppofiçoens 
aífim  de  Ecclefiafticos,  como  de  Seculares  inter- 
pretando com  o  fimulado  pretexto  de  zelo, 
ferem  muitas  delias  procedidas  de  hum  animo 
fummamente  auftero,  e  totalmente  alheyo 
da  benevolência  paftoral.  De  todas  eftas 
contradiçoens  triumfou  intrepidamente  o  feu 
coração  temperando  com  tal  arte  a  feve- 
ridade  com  a  clemência,  e  o  rigor  com  a 
piedade,  que  foy  univerfalmente  conhecida 
a  re6ta  intenção  com  que  obrava.  Para  efta- 
belecer  mais  folidamente  a  frequência  dos 
Sacramentos,  e  a  reforma  dos  coftumes  ceie- 


I 


brou  Synodo  Provincial  na  Sè  a  8.  de  Setêbro 
de  1566.  com  a  aíTiftencia  dos  feus  Bifpos 
fuffraganeos,  cujos  decretos  foraõ  com  grandes 
elogios  approvados  pela  Sé  Apoftolica.  Naõ 
foy  menos  celebrada  a  fua  ardente  charidade 
na  aíTiftencia  aos  feridos  do  contagio,  que  fatal- 
mente fulminou  o  Ceo  contra  efte  Reyno  no 
anno  de  1 5  69.  fendo  o  mais  vigilante  em  lhes 
miniftrar  peíloalmente  os  remédios  do  corpo, 
e  da  alma  fem  que  fofle  poderofa  a  ordem 
delRey  D.  Sebaftiaõ  para  fe  apartar  do  perigo 
a  que  eftava  expofta  a  fua  vida.  Sendo  taõ 
exceffivo  o  cuidado  com  que  exercitava  o 
minifterio  Paftoral,  ainda  era  mayor  a  anciã 
com  que  fufpirava  aliviarfe  de  taõ  grave  pezo 
infoportavel  aos  feus  hombros  antepondo  a 
humildade  do  Clauftro  donde  fahira  a  todos  os 
titulos  honoríficos  da  Primacial  Dignidade, 
que  lograva.  Defta  heróica  refoluçaõ  fez  par- 
ticipante a  Filippe  II.  quando  aíTiftio  nas  Cortes, 
que  efte  Princepe  cõvocou  na  Villa  de  Tho- 
mar  no  anno  de  1581.  fupplicando-lhe  com 
enternecidas  inftancias  quizeíTe  aceitar-lhe  a  re- 
nuncia do  Arcebifpado,  e  interpor  a  fua  real  S 
authoridade  para  que  o  Pontífice  benevola- 
mente a  confirmaíTe.  A  efta  fupplica  repugnou 
Gregório  XIII.  (  como  jà  o  tinhaõ  feito  feus 
dous  Predeceílores  Pio  IV.  e  S.  Pio  V. )  e  a 
mayor  parte  do  Confiftorío  confiderando,  que 
privavaõ  a  Igreja  de  hum  Prelado  acérrimo 
defenfor  da  immunidade  Ecclefiaftica,  e  imiver- 
fal  refugio  da  pobreza,  e  orfandade,  porém 
conhecendo  o  Pontífice  a  vontade  declarada 
delRey  condefcendeo  na  renuncia,  que  foy 
juridicamente  intimada  ao  Arcebifpo  a  20.  de 
Fevereiro  de  1 5  82.  Tanto  que  recebeo  efta  noti- 
cia foy  igual  no  feu  coração  o  jubilo  com  que 
depoz  o  pezo  da  Prelafia  ao  fentimento  com 
que  conftrangido  a  tomara  fobre  feus  hombros. 
Partio  para  o  Convento  de  Santa  Cruz  que  elle 
fundara  em  a  ViUa  de  Viana  onde  pelo  efpaço 
de  outo  annos,  que  nelle  viveo  obfervou  a  dif- 
ciplina regular  com  tal  feveridade,  como  fe  naõ 
eftivera  delia  izento  pelos  privilégios  de  velho, 
e  ainda  mais  de  Primaz.  Todo  o  feu  difvelo  era 
obedecer  taõ  promptamente  ao  Superior  como 
fe  fora  Noviço,  naõ  confentindo,  que  o  diftin- 
guiííe  dos  outros  Religiofos  para  qualquer 
afto  da  Comunidade.  Pregava  todos  os  Do- 
mingos, e  dias  Santos  nas  Igrejas  dos  Arra- 


LUSITANA. 


4Ó7 


baldes  de  Viana  explicando  aos  adultos  os 
myílerios  da  noíía  Religião,  e  aos  innocentes 
cníinandoos  com  a  própria  maõ  a  formarem 
i>  íinal  da  Cruz.  E  na  verdade  (exclama  o 
Illuí^rinimo  D.  Rodrigo  da  Cunha  fcu  Suceííor 
na  iVtitra  de  Braga  defcrevendo  as  fuás  acçoens 
na  Hijlor.  Ecclef.  dejla  Diocef,  Tom.  2.  cap.  86. 
§.  13.)  (jue  outro  efpeúaculo  podia  haver  mais 
grato  ao  Ceo,  mais  ejpantofo  aos  homens  qiie  hum 
?rima7^  das  E/ponhas,  enfinando  paflorinhos  depois 
de  tantos  annos  de  Cadeiras,  depois  de  com  fuás 
letras,  e  prudência  ejpantar  aquelle  gravijftmo 
ajuntamento,  que  na  Cidade  de  Trento  o  oiwio, 
e  feffdo  com  tanto  applaufo,  como  fe  nelle  vira 
refufcitados  os  mayores  lumes  da  Jff^eja  Catholica? 
Cumulado  de  todo  o  gcncro  de  virtudes  aíTim 
Religiofas,  como  paíloracs  chegou  o  tempo  de 
ferem  eternamente  premiadas,  e  fentindo-fe 
acometido  de  huma  Dyfuria  que  a  fua  ho- 
ncftidadc  fez  mortal,  foraõ  inúteis  todos 
os  remédios  applicados  pela  fciencia  dos 
Médicos,  e  afFedo  dos  Religiofos.  Tolerava 
.1  acerbidade  das  dores  com  animo  taõ  conf- 
iante que  fe  conheciaõ  pelos  defmayos,  e  naõ 
pelas  vozes,  antes  no  fembknte  moílrava  indi- 
cies de  exceflivo  jubilo  por  conhecer,  que  eílava 
próximo  o  termo  da  fua  peregrinação.  Che- 
gou a  noticia  do  perigofo  eílado  da  infermi- 
dadc  ao  Illultriflimo  D.  Fr.  Agoiiinho  de 
Caftro  feu  fegundo  Suceflbr  na  Cadeira  de 
Braga,  e  fem  demora  partio  para  lhe  aíTiílir,  o 
que  executou  com  grande  ternura,  conferin- 
do-lhe  o  Sacramento  da  Extrema-Unçaõ  que 
o  moribundo  recebeo  com  tanto  acordo,  e 
piedade,  que  alternava  os  Pfalmos  Peniten- 
ciaes  com  os  circunílantes.  Ultimamente 
levantando  as  maõs,  e  os  olhos  ao  Ceo  entre- 
gou placidamente  o  efpirito  ao  feu  Creador 
.1  16.  de  Julho  de  1590.  entre  as  fete,  e  outo 
horas  da  tarde  com  76.  annos,  e  dous  mezes 
de  idade,  de  Religiofo  62.  de  Arcebifpo  23.  e  8. 
depois  da  renuncia  deíla  Dignidade.  Re- 
colhido o  Cadáver  a  hum  preciofo  Cai- 
xão foy  conduzido  ao  Cruzeiro  por 
entre  a  multidão  de  povo  que  lamen- 
tavaõ  com  fentidas  expreflbens  a  falta 
do  feu  inligne  Bemfeitor,  e  fe  lhe  fi- 
2eraõ  fumptuofas  Exéquias  a  que  pre- 
íidio,  e  cantou  a  MiíTa  o  Arcebifpo  D. 
Fr.   Agoílinho    de   Caftro,   no   fim   da   qual 


fez  a  Otaçaô  fúnebre  Fr.  Jorge  Queimado 
da  Ordem  dos  Pregadores  que  depois  foy 
BiTpo  de  Fez  elegendo  para  Thema  as  pala- 
vras que  ferviaõ  de  empieza  ao  Arcebifpo 
defunto,  que  eraô  Ardtre,  e^  huere:  nolite 
conformari  huic  Jaculo.  Paciiicada  a  contenda 
que  fe  moveo  entre  o  Cabido  de  Braga,  e  o 
Senado  de  Viana  fobre  o  lugar  que  havia  fer 
depofito  do  corpo  do  Vener.  Arcebifpo  fe 
fepultou  no  Presbyterío  da  parte  da  Epiílola 
do  Convento  de  Santa  Cruz  até  24.  de  Mayo 
de  1609.  que  foy  trefladado  com  magnifica 
pompa  pelos  moradores  de  Viana  a  hum 
fumptuofo  Maufoleo  no  Presbyterío  da  parte 
do  Evangelho  em  que  fe  gravou  o  feguinte 
epitaíio. 

Deo  Óptimo  Máximo 

Frater  Bartholomaus  de  Martyrihus  Olyf- 
jiponenfis  Dominicanus,  Hifpaniarum  Primas 
Adam  ter  magnus  hic  fitus  eft;  qui  ad  Bra- 
charenjem  fedem  à  cella,  ut  aiebat,  tanquam 
à  Kegno  ad  Crucem  raptus  cum  fecunda  pojl 
Apojlolos  difpenfanda  Ecclefa  gratia  inter 
alios,  ut  Sol  inter  minores  Jlellas  divinitus 
fulfijfet,  Summis  Pontificibus,  ConciliJ  Triden- 
tini  fpeãabilis  Patribusq,  probatus,  e^  charus, 
ing-avefcente  atate  f ponte  abdicata  fede  Cellam 
Monajlerij  hujus,  quod  condiderat,  libens  repetiit, 
ubi  et  San£te  vixit  dileãus  Deo,  €>•  hominibus,  Ò^ 
divina  patiens  ab  ofculo  Domini  ajfumptus  ejl; 
heu  pauperum  Pater,  ÇÍT  Keligioforum,  ama- 
tor  pudicitia,  amulatione  Martyr,  profejfwne 
Doãor,  Sal  terra,  Eucema  ardens,  ó^  Etuens, 
rarum  verorum  Epifcoporum  exemplar,  (Ò" 
velut  adeps  feparatus  à  carne.  Vixit  annos 
76.  a  profejfione  Dominicana  62.  à  confecratione 
Epifcopi  32.  à  regrejfu  ad  Ordinem  8.  Obiit 
anno  Domini  1590.  die  16.  Julij.  Kequiefcat 
in  pace.   Amen. 

As  acçoens  inUgnes  deíle  Venerável  Pre- 
lado foraõ  aíTumpto  de  diverfias  pennas 
em  varias  linguas,  efcrevendo-as  na  Portu- 
gueza  o  iníigne  Fr.  Luiz  de  Soufa  com  eítílo 
elegantiflimo,  o  UluftriíTimo  D.  Rodrigo 
da  Cunha  Arcebifpo  Primaz  de  Braga, 
e  Duarte  Nunez  de  Leaõ  na  DefcripçaÕ 
do  Rejno  de  Portug.  cap.  60.  na  Caíle- 
Ihana  Fr.  Luiz  de  Granada,  e  Luiz  Mu- 
nos:  na  Franceza  Ifaac  le  Maiílre  de  Sacy 
em  nome  dos  Noviços  da  Ordem  dos  Pré- 


408 


BIBLIO THE  CA 


gadores  do  Convento  de  Pariz.  na  Italiana 
D.  Malachias  de  Imguibert  Arcebifpo  de 
Theodoíia,  e  na  Latina  o  P.  Joaõ  Bautiíla 
le  Beau  da  Companhia  de  JESUS  por  ordem 
do  Bifpo  de  Montpellier  Francifco  de  Bof- 
quet,  e  ultimamente  no  mefmo  idioma 
D.  Malachias  de  Imguibert  jà  nomeado. 
Aos  elogios  com  que  eftes  efcritores  orna- 
rão o  nome  defte  Ven.  Arcebifpo  fe  po- 
dem juntar  os  de  outros  famofos  Varoens 
como  faõ  o  Cardial  S.  Carlos  Borromeo 
em  huma  Carta  que  lhe  efcreveo  de  Roma 
a  3.  de  Abril  de  1565.  Ouid  enim  eft  tam  expio- 
ratum  qmm  Keverendijftma  Dominationis  tua 
aut  integritas,  aut  prudentia,  aut  in  Cafholica  Fide 
conftantia...  nam  quid  dicam  de  me  cui  in  conjpeíiu 
animi  Jemper  ades,  <&  propter  excellentem  in 
omni  genere  virtutis  laudem  unus  mihi  ad  imitan- 
dum  propofitus.  O  Cardial  Pallavicin.  Hift.  dei 
Concil.  di  Trent.  liv.  15.  cap.  11.  n.  4.  Huomo 
riguardevole  per  Santità,  e  per  dotrina.  Aug.  Bar- 
bof.  de  Pojief.  Epifcop.  i.  Part.  Tit.  3.  cap.  8. 
n.  82.  Vir  ille  eminenti  virtute,  ac  Jumma  vi  ta 
integritate  praclarus,  Jpeãata  fide,  fingulari  que 
prudentia  infignis.  Sachin.  Hiji.  Societ.  Part.  2. 
lib.  4.  n.  150.  Praful  omnihus  Evangélica  Sa- 
pientia  lumnibus  clarus.  Joan,  à  Cruce  in 
Praefat.  Direã.  Conf.  §.  6.  n.  16.  Adfuit 
inter  alios  Tridentino  tanquàm  dux  Jirenuus, 
(&  fortijfimus  Achilles,  Janãitate  ac  t^elo  pracla- 
rus, qui  crehris  dijputationihus ,  ac  infatigahili 
cura  fanam  Catholica  Ecclejia  doãrinam  va- 
lidijjime  defendit.  Jacob.  Echard  Script.  Ord. 
Prad.  Tom.  2.  pag.  296.  col.  2.  vir  apojiolici 
plane  peãoris  omnium  confenfu  inter  illuftriora 
Ecclejta  Século  XVI.  lumina  numeratur.  Fer- 
nand.  in  Concerf.  Prad.  Magna  in  eo  erat 
rerum  dejpecientia,  magna  laudis,  <&  aura 
popularis  contemptio,  humilitatis,  <&  modejlia 
eximia,  ardens,  ac  vigens  fiudium  Orationis, 
ac  meditationis,  Jumma  in  cibo,  ó"  potu  par- 
citas,  paupertatis  evangélica  rigida  obferva- 
tio.  IlluílriíTimus  Cunha  in  Decret.  Dift. 
40.  n.  2.  Ecclejia  Bracharenjis  lúmen,  <&  co- 
lumen,  ac  inter  Hifpaniarum  Prafules  non  digni- 
tate  tantum,  fed  virtute,  ac  meritis  vere  Primas, 
et  Idem  de  Primat  Bracharenf.  cap.  27.  §.  4. 
infignis  vir  litteris,  <&  Janãitate...  hujus  Eccle- 
fia  fulgentijfimus  fplendor.  Imago  Primi  Saculi  S. 
J.  lib.  5.  cap.  II.  pag.  676.    Clarus    admij[a. 


fed  clarior  depofita  dignitate.  Soufa  Vid.  do 
mefmo  Arceh.  liv.  5.  cap.  7.  Era  de  engenho 
fútil,  claro  entendimento,  e  firme  memoria, 
livre  em  di^er  a  cada  hum  o  que  entendia, 
{o  que  he  rarijfimo  no  mundo)  fofrido,  e  hu- 
milde em  ouvir  o  que  cada  hum  lhe  di^ia  de 
avit^os,  e  advertências:  animofo  em  acometer 
as  coufas  da  fua  obrigação,  acre,  e  deligente 
na  execução  delias,  confiante  em  as  levar  ao 
Cabo,  porque  nenhuma  acometia  fem  muito 
efiudo,  e  confelho,  parte  de  verdadeira  prudên- 
cia. GraveíTon  Hifi.  Ecclef.  Tom.  7.  coUoq. 
5.  ad  Sascul.  XVI.  In  obeundis  pafioralibus 
Officiis  ajfiduus  fingulis  annis  totam  Dicece- 
fim  fuam  pedibus  per  invia  montium  juga,  per 
abruptas  cautes,  per  acervos  nivium,  per  lapfus 
horrendos  torrentium  vifitabat  magnus  ille  venator, 
auceps  que  animarum,  in  egenos  homines,  in  loca 
Sacra  opes  fuás  efufifiima  liberalitate  profunde- 
hat,  (&  in  ejus  menfa,  veftibus,  familia,  modefiia 
fumma,  <&  prifcis  Ecclefia  temporibus  confen- 
tanea  relucebat.  Joan.  Suar.  de  Brit.  Theatr. 
Eufit.  Eitterat.  lit.  B.  n.  16.  Vir  vera  virtutis 
opinione  celebratijfimus.  Sena  Bib.  Frater.  Prad. 
pag.  48.  Vir  in  Philofophicis,  (&  Theologicis 
doãijfimus,  <&  in  Sacrarum  litterarum,  (&  Sanc- 
torum  Patrum  leãione  exercitatus.  Fontan.  Monu- 
ment.  Dominic.  pag.  506.  Praclarijfimus  vir 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  154. 
col.  2.  Tridentum  advocatus  ad  Concilium  eam 
doãrina,  integritatis,  ac  religionis  famam  ibi  ^ 
collegit,  ut  in  Supremo  Ecclefia  confeffu  nulB  Jj| 
Congregatorum  ex  foto  Orbe  Chrifiiano  Theolo- 
gorum  five  litteris,  five  Sanãitate  quam  plurium 
opinione  concederei.  Nat.  Alexand.  Hifi.  Ecclef. 
Ssecul.  XVI.  Synopf.  cap.  5.  art.  3.  §• 
21.  Joan.  Hallevord.  in  Bib.  Curiof.  pag. 
410.  col.  I.  Draud.  in  Bib.  Clafiic.  Taxand. 
in  Cathalog.  Ciar.  Hifp.  Script.  e  Fr.  Pe- 
dro Mont.  Claufi.  Domin.  Tom.  3.  pag. 
169. 

Cathalogo  das  obras  que  compo2. 
Compendium  S piri  tua  lis  Doãrina  ex  va- 
rijs  Sanãorum  Patrum  fententijs  magna  ex 
parte  colleãum.  OlyíTipone  apud  Antonium 
Riberium.  1582.  8.  Sahio  efta  obra  por 
deligencia  de  Fr.  Luiz  de  Granada  onde 
lhe  faz  o  feguinte  elogio.  Inter  varias  paf- 
toralis  Officij  fui  curas  nanquam  Kachehs 
fiuB    amplexum    deferuit,    fed    diem    Pafioralu 


LUSITANA. 


469 


'^fftcij  curls,   mtUtM   Deo  offertbat.    Qm  ttm- 

Iwre    (inidqnid    de    Myflica    Thtolo^ia    à    Sum- 

ff/is  viris,  hoc  efl,   Dyonijio,   Bernardo,  BofUttWh 

ínra,    (lerfone  Jcripíum   efi,  Jlndiofe   UgtHS,   bas 

ffmmas  Juper    aurum,    €>*    topa^ion   pretiofas 

mhis  miniftravit.    Quibus  egp  Itgmdis  tanfopere 

ptUííattés  /um,  uí  vere  afjtrmart  pofim  me  haíle- 

mu  in  vi/a  lejíijfe,  qnod  acriores  piis  hominibití 

jkniMhs  ad  calejlis  Philofopbia  amorem  adderet, 

majoremque  Imem  iis,  qMt  hiiic  ftudio  dediti  fimt, 

pra ferrei.    Igual,  ou  mayor  encómio  dedicou 

a  cila  obra  o  Mcftre  Geral  da  Ordem  Fr.  Je- 

tonymo   Xavierre  exhortando  à   liçaô   delia 

los  fcus  fubditos  nefta  forma.    Hic  igititr  tan- 

r    Antijles    totus    in    divinarum    medi/ationum 

impes  evoliitus  longo  reriim  m/h  exerci  tus  pretio- 

jirni  ijiud  monile  ex  diverjis  Margari/is,  gemmifque 

velnt  Nobile  emblemma  admirabili  pietate  contexvit. 

ihio  em  fegundo  lugar  Matriti   apud  Lu- 

dovicum    Sanches    1594.    24.    Parifiis    apud 

Guiliclmum  Chaudiere.   1601.   16.  Romx  per 

Gurolum     Vulliettum.      1603.     8.     Colonise 

ipud  Quental.   1622.  Venetiis  apud  Petrum 

de  Orlandis   171 1.   8.  por  deligencia  de  Fr. 

Ildefonfo    Manrique    Dominico.     Traduzido 

cm  Caílelhano  por  Fr.  Plácido  Pacheco  de 

,  Ribera  Monge  Benediélino.    Valladolid  por 

'  Scbaílian  Cano.   1601.   8.    Na  lingua  Portu- 

:ue2a  por  Francifco  Oforio  Prior  da  Igreja 

[de  S.  Vicente  de  Villa-Franca.    Lisboa  por 

'António    Alvares.    1653.    8.    e    na   Francefa 

com  eílilo  elegante  por  D.  de  Godeau  Rey- 

tor  da  Univerfidade  de  ParÍ2,  e  Parocho  da 

Tgreja  de  S.  Cofme  intitulando-o  Abregé  des 

Maximes  delia  vie  Spirituelle  recueilli  des  Senti- 

mens  des  Peres.    ParÍ2  per  Delaulne  1699.  12. 

Nefta  ediçaõ  eftá  hum  elogio  ao  Arcebifpo 

D.  Fr.  Bartholameu  dos  Martyres  compofto 

por  Monfiur  Godeau  Bifpo  de  Vence. 

Stimnlus  Pafiorum  ex  Sententiis  Patrum 
concinatus,  in  quo  agititr  de  Vita,  €>"  mo- 
ribus  Epifcopornm,  aliorumque  Prctlatorum. 
Efta  obra  (que  mereceo  a  approvaçaõ  do 
grande  Meftre  da  Theologia  Myftica,  e 
exemplar  de  Prelados  S.  Francifco  de  Sales 
perfuadindo  a  fua  liçaõ  a  hum  Bifpo  feu  amigo 
no  liv.  I  das  fuás  Cartas  Gut.  34.  como 
neceíTaria  para  fe  exercitar  exaílamente  as 
obrigaçoens  Paftoraes)  foy  primeiramente 
impreíía    Romãs    1564.    por    deligencia    de 


I 


S.  Carlos  Borromeo  do  qual  recebendo  hum 
exemplar  Fr.  Luiz  de  Granada  o  publicou 
UlyíTipone  apud  Franciícum  Corrêa  1)65. 
Como  no  frontifpício  defta  ediçaõ  naò  eíli- 
vtRt.  o  titulo  de  Primaz  das  Efpanhas  advertio 
feu  venerável  Author  a  Fr.  Luiz  de  Granada 
daquella  omi/íaò  que  refultava  em  prejuizo 
da  dignidade  Bracharenfe,  o  que  logo  emen- 
dou fahindo  o  írontifpicio  com  o  título  que 
faltara  no  primeiro  que  fe  divulgou.  Sahio 
fegunda  vez  Romx  apud  Ha:re<ies  Julij  Accolti 
I J82.  8.  Parifiis  apud  Jacobum  Kerver  1)85.  8. 
&  ibi  apud  Michaelem  Somnium  1586.  &  ibi 
apud  Petrum  Areche  1644.  12.  &  ibi  apud 
eumdem  1667.  12.  Romx  apud  Salvioni. 
171 5.  8.  Traduzido  em  Francês  por  G.  de 
Mello  com  o  titulo  Yjb  devoir  des  Pafiettrs. 
Pariz  ches  Michel  le  Petit  1672.  12.  o  P.  Fran- 
cifco Nunes  Jefuita  na  Dedicatória  das  Rm- 
pre^as  facras.  ao  Cardial  D.  Francifco  Por- 
tocarreiro  Arcebifpo  de  Toledo  impref- 
fas  em  Leaõ  de  França  1682.  4.  fallando  def- 
ta  obra  lhe  faz  o  feguinte  elogio.  Aquel  li- 
bro de  oro,  que  de  varias  f entendas  delos  Santos 
junto  el  injigne  Arcobijpo  de  Braga  D.  Fr.  Bar- 
tholamé  delos  Martyres  Joio  en  orden  a  dejpertar 
con  ellas  fu  efpirito,  le  ejlimó.  como  un  mila^o 
S.  Carlos  Borromeo  que  liberal  de  tan  preciofo 
theforo  con  nombre  de  ejlimulo  de  Pajlores  para 
que  todos  le  goa^ajfen,  a  Jus  expenjas  le  dió  ala 
ejlampa. 

Cathecifmo  da  doutrina  Cbriftaà  com  al- 
gumas praãicas  efpirituaes  em  as  Fejlas  principaes, 
e  alguns  Domingos  do  anno  para  os  leitores,  e  Curas 
do  feu  Bi/pado  lerem  à  ejlaçaõ  nas  Parochias, 
em  que  naõ  bouvejfe  Préga^aõ.  Braga  por  Antó- 
nio de  Mariz.  1 564.  4.  &  ibi  por  António  Alva- 
res. 1594.  4.  Évora  por  Manoel  de  Lira.  1605. 
4.  ibi  por  Jorge  Rodriguez  1617.  4.  et  ibi  pelo 
dito  ImpreíTor  1628.  4.  e  ultimamente  com 
a  vida  do  Ven.  Arcebifpo  efcrita  pelo  Illuf- 
triíTimo  D.  Rodrigo  da  Cunha.  Lisboa  por 
Henrique  Valente  de  Oliveira  1656.  4.  Tra- 
duzido em  Caftelhano  por  Fr.  Manoel  Ro- 
driguez da  Ordem  Seráfica  iníigne  Theo- 
logo  Portuguez.  Salamanca  por  Diego  Cuf- 
íio.  1602.  4.  e  na  mefma  lingua  por  Joaõ 
ArLftizaval  Cavalleiro  da  Ordem  de  Saõ- 
Tiago.  Madrid.  1564.  4.  e  no  idioma  Lati- 
no  por   Fr.    Jacob    Quetif   da   Ordem   dos 


470 


BIBLIOTHE  CA 


Pregadores  com  efte  titulo  Cathecijmi,  Jive 
Àoãrina  ChrifliancB  cum  infiruãionihus  pajlora- 
libus  libri  duo,  quorum  primus  continet  explana- 
tiones  articulorum  Videi;  alter  vero  homilias,  feu 
Sermones  Sacros  in  Yivangelia  pro  Fejlis  Jolemni- 
hus  ordinati  ad  u/um,  eb*  commodum  Parochiarum 
Archiepijcopatus  Bracharenjis,  qua  concionatori- 
hus  indigent.  Romae  apud  Hyeronimum  May- 
nardum.  1735.  foi. 

Summa  Conciliorum  omnium  tam  generalium, 
•quam  Vrovincialium  additis  plurimis  locis,  qucB 
xid  Hijloriam  Juccedentium  temporum  attinet  col- 
Je£ía  per  Fr.  Bartholamaum  Archiepifcopum , 
<&  Dominum  Bracharenfem,  Hifpaniaque  Prima- 
tem  dum  ageret  in  Concilio  Tridentino. 

Annotationes  in  Davidicos  PJalmos,  uhi  pra- 
Jertim  ohjcuriora  ad  illuminationem  intelle5ius, 
c^  inflamationem  afeãus  dum  ejjet  in  Concilio 
Tridentino  anno  Domini  1561.  menfe  Septembri. 
Defta  obra  fe  lembra  Jacob  le  Long  in  Bib. 
Sacra  Tom.   i.  pag.  mihi  626.  col.  2. 

Petitiones     quas     in      Concilio      Tridentino 
Jacere      intendebat.     Efcritas    da   fua   própria 
maõ  fe  confervavaõ  na  Livraria  do  Cardeal 
Soufa. 

Colleãa  ex  gejiis  Concilij  Tridentini  anno 
Domini  1562.  quando  fub  Pio  IV.  iterum  Con- 
■àlium  Tridentinum  congregatum  efi. 

Ifinerarium  ex  Brachara  ad  Tridentinum, 
<&  ex  Tridentino  ad  Bracharam.  Foy  traduíido 
da  Lingua  Portugueza  na  Latina  por  Fr. 
Jacobo  Quetif  Dominico. 

Elias  outo  Obras  do  Venerável  Arce- 
bifpo  fahiraõ  magnificamente  impreílas  em 
2.  Tom.  in  foi.  Romse  Typis  Hieronymi 
Mainardi.  1734.  e  1735.  por  induftria  do  II- 
luftriíTimo  D.  Malachias  de  Imguibert  Ab- 
bade  Ciílercienfe,  Arcebifpo  de  Theodofia, 
Bifpo  de  Carpentorafto,  Prelado  domeíli- 
■co  da  Santidade  de  Clemente  XIL  AíTiíten- 
te  do  Sólio  Pontifício,  Confultor  da  Inqui- 
fiçaõ  Univerfal  Romana,  e  do  Confelho  do 
noíTo  AuguftiíTimo  Monarcha,  a  cujo  Sobe- 
rano Nome  dedicou  efta  grande  collecçaõ 
das  obras  do  Vener.  Arcebifpo  D.  Fr.  Bar- 
tholameu  dos  Martyres  de  quem  tendo  ef- 
crito  elegantemente  a  fua  vida  na  Lingua 
Italiana,  a  efcreveo  fegunda  vez  no  idioma 
Latino,  que  ferve  de  Prefação  a  dita  col- 
lecçaõ. 


Carta  efcrita  de  Bragança  a  28.  de  Março 
de  1561.  a  Fr.  JoaÕ  de  l^iria  quando  par  tio 
para  o  Concilio.  Sahio  impreíTa  na  vida  do 
mefmo  Arcebifpo  por  Fr.  Luiz  de  Soufa. 
liv.  2.  cap.  2. 

Carta  efcrita  de  Trento  a  zz.  de  May  o  de 
1561.  a  Fr.  JoaÕ  de  Leiria.  Na  mefma  vida. 
liv.  2.  cap.  5. 

2  Cartas  efcritas  de  Trento,  huma  a  zz.  de 
Setembro  de  1561.  e  outra  a  z.  de  Novembro  de 
1 561.  a  Fr.  JoaÕ  de  'Leiria.  Na  dita  vida  liv.  2. 
cap.  7. 

Carta  efcrita  de  Trento  4.  feira  de  Cin:^a 
de  1562.  a  Fr.  Joaõ  de  "Leyria.  Na  dita  vida 
liv.  2.  cap.  9. 

Carta  efcrita  de  Trento  a  20.  de  Fevereiro 
de  1563.  ao  Vigário  do  Convento  de  Santa  Cru:^ 
de  Viana.    Na  dita  vida  liv.  2.  cap  14. 

Carta  Latina  efcrita  a  Pio  IV.  em  favor  do 
Clero  Bracharenfe.    Na  dita  vida  liv.  3.  cap.  2. 

Carta  Latina  efcrita  a  Pio  IV.  fobre  o  Sy- 
nodo  que  tinha  celebrado  em  Braga.  Na  dita  vida 
liv.  3.  cap.  22. 

Carta  efcrita  de  Braga  a  ó^.  de  Março  de  1570. 
a  ElRey  D.  Sebajliaõ.  Na  dita  vida  liv.  3. 
cap.  29. 

Carta  efcrita  de  Braga  a  iz.  de  Março  de  1^66. 
á  Rainha  D.  Catherina.  Na  dita  vida  liv.  4. 
cap.  12. 

As  cartas  efcritas  na  lingua  Portugueza 
de  que  fe  fez  a  mençaõ  precedente  foraõ  tra- 
duzidas na  Latina  pelo  IlluílrilTimo  D. 
Malachias  de  Imguibert,  e  fahiraõ  impref- 
fas  na  Collecçaõ  das  obras  de  que  aíTima 
fe  fez  memoria,  em  o  i.  Tomo  defde  pag. 
96.  até  108. 

Carta  efcrita  de  Braga  a  7.  de  Janeiro 
de  15  61.  ã  Rainha  D.  Catherina  em  que  lhe 
perfuade  com  effica^es  re^oens  naõ  deixe  a 
regência  da  Monarchia  na  menoridade  de  feu 
Neto  D.  Sebajliaõ.  ImpreíTa  nas  minhas 
Memor.  Hiít.  e  Militar.  delRey  D.  Sebaft. 
Part.  I.  liv.  2.  cap.  3.  §.  30. 
Cathalogo  das  Obras  M.  S. 

Collationes  Spirituales  centum,  <&  quinqua- 
ginta.  Cada  huma  tem  feu  Thema  comforme 
a  matéria  de  que  trata.  A  primeira  que  he 
do  Amor  Divino  tem  por  thema  Ofculetur  me 
ofculo  orisfui.  A  2.  de  Fatore  pecati.  he  o  thema 
Putruerunt  jumenta  in  Jiercore  fuo. 


L  USITANA. 


47 


i 


Annotationes   in   Jeremiam,    &   altos    P/v- 

phetas.    Começou    cfta    Obra    quando    aíTif- 

ii<>  (Ml   Ircnto,  e  o  feu  original    confervava 

jbr.  IViiiliolinieu  Nobre  Dominlco  de  quem 

!f  logo  ic  i.ii.i  mençaõ. 

?mSta  tangentia  jura,  et  Cajus  Conjcientia, 
■1  Principia  Intentio  dicitur  Lumen, 
■        Varia  Senteníia  ad  Saeram  Scripturam  per- 
tinentes.    G^meça.     Ahraam  prius   Mlus    efi 
Kam, 

Doârina,  &  reQÚa  Menfa  Keligjofa. 
ILpitome  Chronicorum  Mmdi.   Começa  Prima 
Monarcbia  AJftriorum  &. 

Compendiam  Hijloriarum  Ecclejiafticarum, 
Principia  Pilatus  qmdam  noíie  Jubintulit  in  Ur- 
bem  jerufalem. 

Traâatus  de  Superflitionihus,     He  allcgado 

pelo  Doutor  Manoel  do  Valle,  e  Moura  in 

Traã.  de  Curat.  per  Enfalm.  cap.  i.  n.  i. 

IIb   Traãatus  de    Trinitate.     Confervava-fe   na 

livraria  de  Manoel  de   Faria  e   Soufa  em 

Hi^uimaraens. 

IH  Rela/io  impedimentorum  à  Pralatis  in  Con- 
I^Hro  circa  Kejidentiam  allatorum  in  Congrega- 
I^Bgwtf  Generali  menfe  Aprili  i;62. 
1^1  Kequijitiones  aliqmrum  Itália  Epifcoporum 
hegatis  Apojlolicis  in  Concilio  menfe  Febr/tario 
1562.  faâa,  ut  in  Ecclejia  reformarentur. 

Petitio  L^gatis  Apojlolicis  in  Concilio 
faãa  per  Bartbolamanm  à  Martiribus,  et  D. 
Petrum  Guerreiro  Granatenfem  Arcbiepif- 
copum  à  Pralatis  Hijpaniarum  die  17.  Au- 
o#  1562. 

Articuli  Ferdinandi  Cafaris  nomine  ad  Eccle- 
jia rejormàtionem  in  Concilio  Tridentino  ab  ejus 
Oratoribus  anno  1562.  prafentati. 

Epitome  das  vidas  dos  Summos  Pontiji- 
ces  com  os  SuceJJos  mais  notáveis,  que  em  tempo 
de  cada  hum  ouve  no  mundo  começando  de 
S.  Pedro  até  o  tempo  de  Xijlo  V.  O  ori- 
ginal deíla  obra  fe  confervava  na  Bib. 
do  EminentiíTimo  Cardial  de  Soufa  hoje 
do  Excellentiffimo  Duque  de  Alafoens. 

Compendio  Geral  das  Hijiorias  de  EJpanha. 
Começa  Havendo  quim^e  annos  que  Adaõ  era 
criado. 

Compendio  dos  Keys  de  Aragão,  e  Condes 
de  Barcelona.  Principiava,  No  tempo  premente 
três  Regioens  fe  ajuntaÕ  no  Rejno,  que  chamamos 
de  Aragão, 


Compendio  dos  Keys  de  Navarra  começando 
do  primeiro  que  Joy  D,  Garcia  Ximenes  ath  Fi' 
lippe  II.  NeíU  obra  trata  da  SuceíTaõ  dos  Reys 
Mouros  que  reinarão  em  Efpanha. 

Breve  RelaçaÕ  dos  Reys  de  Portugfd  do  tempo 
que  viverão,  e  reynaraõ  até  ElRiy  D.  Sêbafiiai, 

Artigos  pre:(entados  ao   Concilio   Tridentino 
pelo  Reverendo   Vigfsrio  Capitular  da  Igreja  de 
Valença  do  Reyno  de  AragaÕ. 

Injlruçoens  que  FemaÕ  Martins  Mafcart- 
renbas  Umbaxador  delRey  D.  Sebajliad  apre- 
sentou ao  Concilio  Tridentino  em  26.  de  Fevereiro 
de  1)62. 

Tratado  de  Praãicas  devotas  para  os  Prela- 
dos quando  daÕ  Ordens. 

Conjideraçoens  efpirituaes  para  rejijlir  às  ten- 
taçoens.  O  original  confervava  com  grande 
veneração  o  exemplariflimo  Arccbifpo  de  Évora 
D.  Theotonio  de  Bragança  o  qual  vinda 
ao  poder  do  Chantre  defta  Cathedral  Ma- 
noel Severim  de  Faria  o  deo  como  thezourc> 
preciofo  a  feu  Irmaõ  D.  Bafdio  de  Faria  Monge 
Cartuxo. 

A  diverfidade  de  argumentos  de  todas 
eftas  Obras  aíTim  impreíTas,  como  Aí.  S.  cla- 
ramente manifeíla  a  vaíla  liçaõ,  e  profunda 
fciencia  que  o  noíío  Venerável  Arcebifpo  ti- 
nha naõ  fomente  da  Theologia  Efpecula- 
tiva,  Poíitiva,  Moral,  e  Myftica,  mas  dos 
Cânones  Pontifícios,  Hiftoria  Sagrada,  e  Pro- 
fana deixandonos  o  jufto  fentimento,  que 
fe  todas  (como  efcreve  o  infígne  Chroniíla 
da  fua  vida  Fr.  Luiz  de  Soufa  liv.  5.  c.  23) 
chegarão  à  imprejjaõ,  ouveraõ  de  fer  ejlimadas, 
e  bem  vijlas,  porque  feu  dono  tinha  partes  para 
illujirar  tudo  o  que  tomava  entre  maõs,  e  naÕ  fa:(ia 
nada  por  ociofidade,  fe  naÕ  fó  para  proveito  doT 
próximos,  mas  como  elle  fe  naõ  applicou  a  impri- 
millas  por  naõ  defraudar  os  pobres  da  contia  qut 
nijjo  podia  difpender,  ficamos  defraudados  os  eflu- 
diofos  de  bum  grande  thefottro,  e  utilidade  prin- 
cipalmente nas  obras  pertencentes  á  doutrina,  e 
Sagrada  Efcritura. 

Fr.  BARTHOLAMEU  NOBRE  natural 
da  Gdade  de  Évora,  e  Religiofo  da  Ordem  dos 
Pregadores  muito  douto  na  intelligencia  da 
Sagrada  Efcritura,  e  naõ  menos  verfado  na 
liçaõ  dos  Santos  Padres,  e  Sagrados  Inter- 
pretes, como  o  teílemunhaõ  as  obras  feguintes^ 


472 


BIBLIO THE  C  A 


Commentaria  in  Genefim.  M.  S. 

Commentaria  in  Evangelium  D.  Mathm  M.  S. 

Efta  ultima  obra  foy  imprefla  em  Itália, 
por  deligencia  de  Fr.  Francifco  da  Piedade 
Dominico  como  efcrevem  Joaõ  Franco  Bar- 
reto na  Bib.  Portug.  M.  S.  e  Fr.  Pedro  Mon- 
teiro Clauft.  Dominic.  Tom.  3.  pag.  176.  cujo 
Original  fe  conferva  na  Bibliotheca  de  S.  Do- 
mingos de  Lisboa.  Faz  mençaõ  do  Author 
o  P.  Francifco  da  Fonfeca  Évora  Glorio/. 
pag.  410. 

BARTHOLAMEU  PACHAM  natural  da 
marítima  Villa  de  Peniche  do  Patriarchado 
de  Lisboa.  Foy  Meftre  de  Humanidades 
na  fua  Pátria,  e  profundamente  inftruido  no 
eftudo  da  Mythologia,  e  Hiíloria  Romana 
de  quem  fe  lembra  no  Theat.  L.ujit.  Utter. 
lit.  B.  n.  18.  Joaõ  Soar.  de  Brito.    Compoz. 

Fabula  dos  Planetas  f?2orali^ada  com  varia 
doutrina  politica,  ethica,  e  económica.  Lisboa 
por  Domingos  Lopes  Rofa.  1643.  8. 

Fr.  BARTHOLAMEU  DE  PAYVA 
Naceo  em  Lisboa,  e  fendo  de  idade  tenra 
abraçou  o  Inílituto  da  Ordem  da  Santif- 
fima  Trindade  onde  depois  de  aprender  as 
fciencias  efcholaílicas  as  eníinou  com  tal 
fama  do  feu  nome  que  baila  para  eterno  cre- 
dito do  feu  magifterio  ter  fido  feu  ouvinte  o 
infigne  Efcriturario,  e  grande  Theologo  Fr. 
Balthezar  Paes  de  que  jà  fizemos  mençaõ. 
Formado  Bacharel  em  Theologia  pela  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  foy  Definidor  da  fua 
Provinda.  Cultivou  entre  a  feveridade  das 
fciencias  Mayores  a  amenidade  das  letras 
humanas  fendo  hum  dos  celebres  Poetas 
Latinos  da  fua  idade.  Falleceo  no  Convento 
pátrio  a  31.  de  Dezembro  de  161 9.  Com- 
poz em  verfo  Latino,  e  dedicou  ao  Reve- 
rendiflimo  Geral  da  Ordem  Fr.   Luiz  Petit. 

Hijioria  Injlitutionis  Ordinis  Sanãijftma  Tri- 
nitatis,  da  qual  imprimio  grande  parte  Fr. 
Bernardino  à  D.  António  in  Epit.  Geral  Ke- 
demp.  Ulyífipone  apud  Petrum  Crasbeeck 
1623.  4.  lib.  I.  cap.  4.  foi.  16.  até  19.  v.o  e 
lib.  2.  cap.  8.  foi.  III.  e  cap.  9.  foi.  114.  v.o 
cap.  10.  foi.  120.  e  cap.  11.  foi.  126. 

Elegia  in  laudem  Illujlrijfimi  Domini  Al- 
phonfi  Furtado  de  Mendoça  Archiepijcopi  Ulyf- 


Jiponenfis.  He  muito  extenfa.  Conferva-fe 
em  hum  livro  que  contem  muitas  Poefias 
a  eíle  Prelado  em  a  Livraria  do  Cardial  de 
Soufa. 

Poefias  "Latinas,  Portuguesas,  e  Caftelhanas, 
M.  S.  guarda-fe  na  Livraria  do  Convento 
da  Trindade  de  Lisboa. 

Fazem  mençaõ  do  Author  Cardofo  Agiol. 
Eufit.  Tom.  3.  pag.  158.  no  Comment.  de  10. 
de  Mayo  letr.  F.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifpan. 
Tom.  I.  pag.  156.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
Eufit.  Eitter.  lit.  B.  n.  19. 

P.  BARTHOLAMEU  PEREYRA  Naceo 
na  Villa  de  Monçaõ  do  Arcebifpado  de  Braga 
em  o  anno  de  1598.  fendo  filho  de  Joaõ  Pe- 
reira Mefquita  Cavalleiro  profeífo  da  Ordem 
de  Chriílo,  e  Helena  Gomes,  irmaõ  de  Fillippe 
de  Mefquita  Soares  Secretario  de  Eftado  em 
cujo  Officio  fucedeo  a  feu  Tio  Chriílo vaò 
Soares.  De  Pays  taõ  qualificados  fahio  inf- 
truido  nas  máximas  Chriílaãs,  que  o  inclinarão 
na  tenra  idade  de  quinze  annos  a  antepor  o 
eílado  Religiofo  ao  Secular  entrando  na  Com- 
panhia de  JESUS  no  Collegio  de  Coimbra  a 
20.  de  Março  de  161 3.  onde  leo  Rhetorica, 
e  depois  Efcritura  pelo  efpaço  de  8.  annos.  Na 
Poefia  Latina  mereceu  alcançar  o  principado 
particularmente  no  eílilo  Épico  em  que  fe  aíTe- 
melhou  taõ  vivamente  a  Virgílio  que  parece 
fora  patrício  de  Mantua  feliz  berço  deíle  Prin- 
cepe  da  Poefia  Heróica.  Naõ  foy  menos  infigne 
o  feu  talento  no  Púlpito  atrahindo  com  as  fuás 
vozes  a  muitos  peccadores  ao  caminho  da 
penitencia.  Depois  de  fer  Reytor  do  Collegio 
de  S.  Paulo  de  Braga  acabou  de  fer  mortal  em 
Coimbra  a  18.  de  Novembro  de  1650.  com  52. 
annos  de  idade,  e  47.  de  ReUgiaõ.  Defcreveu 
em  hum  elegante  Poema  o  martyrio  de  feu  Tio 
paterno  o  V.  P.  Francifco  Pacheco  que  mor- 
reo  confiantemente  em  Nangazaqui  a  20.  de 
Junho  de  1626.  abrazado  em  fogo  lento  pela  Fé 
de  Chriílo,  o  qual  publicou  com  eíle  titulo. 

Padecidos.  Eibri  duodecim.  Decantatur  cla- 
rijfimus  P.  Francijcus  Paciecus  Eufitanus  Pon- 
tilimenfis  è  Soe.  JESU  Japonia  Provincialis 
ejufdem  Ecclefia  gubernater,  ibique  vivus  pro 
Chrifii  fide  lento  igne  concrematus  anno  1626. 
Conimbricae  apud  Emmanuelem  de  Carvalho 
Univerfit.  Typ.  1640.  12. 


LUSITANA. 


47^ 


A  efte  Poema  chama  admirável  ]ot%t  Cardof. 
Affol.  hujit.  Tom.  3.  pag.  765.  no  Commcn- 
tario  de  20.  de  Junho  letr.  M.  aiireum  o  inti- 
tula Franco  in  Anm  Glorio/.  S.  J.  in  Ljéfit. 
pag.  689.  e  eUc/tn/ifimo  na  Imaj^.  da  Virtude 
do  Colleg,  de  Coimbra,  Tom.  1.  liv.  1.  cap.  55. 
n.  21.  e  no  Tom.  2.  pag.  614.  o  P.  António 
Francifco  Cardim  in  Prafat,  ad  Vafcicul.  è 
Japonicis  florihtis  o  exalta  dizendo  uhi  quot  car- 
mina, tot  gernma  interlncent  qiiibus  perlellis  affir- 
mahis  Mantitã  plurcs  tidiffe  Marones.  Defta 
obra  faz  memoria  o  moderno  addicionador 
da  Bib.  Orient.  de  Ant.  de  Leon.  Tom.  i.  Tit.  8. 
col.  174.  c  na  Bib.  Occid.  Tom.  2.  Tit.  23. 
col.   838. 

In  Apotheofi  SanStíJftma  EJifabetha  hujitania 
Kiffnat  Oratio  encomiajlica.  Conimbricsc  apud 
Didacum  Gomes  de  Loureiro  1626.  4.  no  prin- 
cipio do  Certame  Académico,  que  a  Univerfi- 
dade  de  Coimbra  dedicou  à  Canonização  da 
Santa  Rainha,  a  qual  foy  recitada  na  Sala  da 
mefma  Univerfidade  a  todos  os  Académicos. 

Cacus  oculatíis  fivt  Argos  centociilus  Commen- 
taria  in  Tobiam.  Aí.  S.  in  foi.  Efta  obra  de 
que  fazem  mençaõ  Bib.  Socief.  pag.  107.  col.  2. 
D.  Franc.  Manoel  na  Carta  dos  AA.  Portttg. 
cfcrita  ao  Doutor  Manoel  da  Fonfeca  The- 
mudo,  Jacob  Lelong.  in  Bib.  Sacr.  pag.  898. 
col.  2.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  156. 
col.  2.  Joan.  Soar.  de  Brito  Tbeat.  iMJit.  Utter. 
lit.  B.  n.  20.  Franco  Ann.  Glorio/.  S.  J.  in  Lj/it. 
pag.  689.  chamando-lhe  eruditij/tma,  e  na  Imag. 
da  Virtud.  em  Noviciad.  de  Coimb.  Tom.  2. 
pag.  614.  fendo  mandada  para  fe  imprimir 
em  França  fe  perdeu  por  incúria  da  peíToa  a 
quem  foy  entregue. 

D.  Fr.  BARTHOLAMEU  DO  PILAR. 
Naceo  na  Villa  das  Vellas  da  Ilha  de  S.  Jorge 
em  o  Bifpado  de  Angra,  e  na  Igreja  Matriz  re- 
cebeo  a  primeira  graça  a  21.  de  Setembro  de 
1667.  Foraõ  feus  Pays  Joaõ  de  Ávila  Betancor, 
■e  Maria  da  Sylveira  dos  quaes  aprendeo  vir- 
tuofos  coftumes,  que  fuavemente  o  difpuzeraõ 
a  bufcar  a  Religião  Carmelitana  para  nella 
os  exercitar  com  mayor  obfervancia  receben- 
do na  idade  de  19.  annos  o  habito  de  taõ 
illuílre  como  antiga  Familia  no  Convento 
da  Villa  da  Horta  íituada  na  Ilha  do  Fayal 
a  31.  de  Outubro  de   1686.  onde  profeíTou 


folemnementc  em  o  primeiro  de  Novembro 
do  anno  feguinte.   Tendo  eíludado  nefta  Caía 
Filofofía,  c  dous  annos  Theologia  pa/Tou  a 
Coimbra  a  continuar  cíb  Sagrada  Faculdade 
no  Teu  Collegio  onde  foy  admitido  por  Col- 
legial  a  21.  de  Outubro  de  1691.    Paca  de- 
monílraçaõ  do  admirável  progreíTo  que  o  íea 
grande    engenho    fizera    neíla    Faculdade    a 
defendeu   toda  problematicamente  no  aimo 
de  1694.  na  prezcnça  do  feu  Geral  o  Meftre 
Fr.  Joaõ  Fcixó  de  Villalobos  hum  dos  nuyoces 
Ixtrados   do   feu   tempo   que   admirado   da 
prompta  fubtileza  com  que  rebatia  os  mais 
nervofos  argumentos  o  conílituhio  Meftre  de 
taõ  fublime  fciencia.    Por  fer  taõ  conhecido 
o  feu  talento  na  profunda  efpeculaçaõ  das 
fciencias  efcholafticas  foy  eleito  com  beneplá- 
cito do  V.  P.  Bartholameu  do  Quental  Fun- 
dador nefte  Reyno  da  exemplariíTima  Congre- 
gação do  Oratório  para  Meftre  dos  Congre- 
gados de  Pernambuco,  onde  leo  por  efpaço  de 
12.  annos  Filofofia,  e  Theologia  com  tanto 
credito  do  feu  nome  como  abundante  fruto 
dos   feus   difcipulos   que   brevemente   foraõ 
Meílres.    Em  16.  de  Março  de  1702.  recebeo 
no  Convento  do  Carmo  de  Lisboa  as  iníignias 
doutoraes  de  Theologo  conferidas  pelo  Emi- 
nentiíTimo  Cardeal  Conti  Núncio  Apoftolico 
nefte  Reyno,  que  depois  de  coroado  com  a 
Tiara  do  Vaticano  fe  chamou  Innocencio  XUI. 
Tendo   fido    Qualificador   do    Santo   Offido 
Comiflario  defte  reétiíTimo  Tribunal  no  Ef- 
tado    de    Pernambuco,    Examinador    Syno- 
dal  do  mefmo  Bifpado,  e  Vifitador  dos  Con- 
ventos da  fua  Ordem  em  toda  aquella  vafta 
conquifta    foy   elevado    em    9.    de    Novem- 
bro  de    171 7.   à  Mitra   do   Gráo   Para  fen- 
do o  primeiro  Bifpo  defta.  nova  Igreja  divi- 
dida do  Maranhão  por  fer  dilatado  o  reba- 
nho para  o  difvello  de  hum  fó  Paftor.    Foy 
Sagrado    nefta.    Dignidade    pelo    Eminentif- 
fimo    Patriarcha    D.    Thomaz    de    Almeyda 
na   Santa  Igreja  Patriarchal      a   22.   de  De- 
zembro de  1720.    PraíHcou  na  fua  Diocefe 
todas   as   virtudes   próprias    de   hum   zelofo 
Prelado    inftxuindo    aos    ignorantes,    favore- 
cendo  aos    neceífitados,    miniftrando    os    Sa- 
cramentos,    e     aíTiftindo     aos     moribimdos. 
Havendo   completos   66.   annos   6.   mezes,  c 
18.  dias  de  idade,  e  12.  annos  de  Governo 


474 


BIB  LIO  THE  CA 


paíTou  de  caduco  a  eterno  em  9.  de  Abril 
de  1733.  Os  Alumnos  da  Academia  Portu- 
gueza,  e  Latina  lhe  dedicarão  por  obfequio 
fúnebre  varias  Poefias  com  huma  elegante 
Oraçaõ  Portugueza  recitada  em  24.  de  Fe- 
vereiro de  1734.  por  Filippe  Jozé  da  Gama 
Académico  deíla  Academia,  e  Académico 
Supranumerário  da  Academia  Real.  Deíle 
Prelado  faz  larga  memoria  Fr.  Manoel  de 
Sà  nas  Memor.  dos  Arceh.  e  Bi/p.  Vortug.  da 
Ordem  do  Carm.  cap.  16.  pag.  75.  Fr.  Agof- 
tinho  de  Santa  Maria  Sana.  Marian.  Tom.  9. 
liv.  2.  Titul.  54.  pag.  380.  e  Sebaíl.  da  Roch. 
Pitta  Hifi.  da  Amer.  Vortug.  Liv.  2.  n.  39. 
Publicou. 

Exéquias  do  lllufirijfimo  D.  Francifco  de 
Uma  terceiro  Bifpo  de  Pernambuco  celebradas 
najua  Cathedral  de  Olinda  em  2.  de  Junho  de  1704. 
Lisboa  por  Manoel  Lopes  Ferreira.  1707.  4. 

Sermão  na  Beatificação  do  B.  P.  JoaÕ  Fran- 
cifco Kegis  pregado  no  Collegio  da  Companhia 
da  Villa  do  Recife  na  Capitania  de  Pernambuco 
em  24.  de  Mayo  de  171 7.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ.  171 8.  4. 

Sermão  na  Fejla,  que  fe  celebrou  na  Matriti  da 
Villa  do  Arrecife  de  Pernambuco  em  acçaõ  de 
graças  pela  erecção  da  nova,  e  Real  Metropoli  Pa- 
triarchal.   Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1720.  4. 

V.  P.  BARTHOLAMEU  DO  QUEN- 
TAL Naceo  no  lugar  dos  Fenaes  pouco  dif- 
tante  da  Cidade  de  Ponte  Delgada  Capital 
da  Ilha  de  S.  Miguel  a  22.  de  Agollo  de  1626. 
Foraõ  feus  Pays  Francifco  de  Andrade 
Cabral,  e  Anna  do  Quental  de  Novaes 
defcendentes  ambos  da  mais  antigua,  e 
qualificada  nobreza  daquella  lUia.  Na  idade 
pueril  deu  evidentes  finaes  das  virtudes 
ChriTtãas,  que  na  adulta  havia  exercitar 
convocando  muitos  meninos  para  os  Tem- 
plos, e  enfinando-lhes  o  Cathecifmo  com 
modeftia,  e  gravidade  muito  fuperior  a  esfera 
dos  feus  annos.  Inílruido  na  pátria  com 
os  documentos  da  Grammatica  defejando 
feus  Pays,  que  aprendeíTe  as  fciencias  mayo- 
res  para  as  quaes  prometia  grandes  progreíTos 
a  vivefa  do  feu  engenho  o  mandarão  no 
aimo  de  1643.  quando  contava  17.  de  idade 
à  Univerfidade  de  Évora  onde  fe  applicou 
de  tal  forte  a  penetrar  os  myíterios  da  Filo- 


fofia,  que  com  geral  acclamaçaõ  dos  Cathe- 
draticos  fe  graduou  Meílre  em  Artes  a  30. 
de  Junho  de  1647.  O  mefmo  applaufo  con- 
feguio  o  feu  grande  talento  na  efpeculaçaõ 
da  Sagrada  Theologia  pelo  efpaço  de  três 
annos,  no  fim  dos  quaes  fendo  Collegial  do 
celebre  Collegio  da  Purificação  paíTou  à  Uni- 
verfidade de  Coimbra  a  continuar  o  eftudo 
de  taõ  fublime  Faculdade  onde  deixou  admi- 
rados, e  envejofos  aos  feus  mayores  Profef- 
fores.  Ordenado  de  Presbytero  determinou 
voltar  para  a  pátria,  e  oppondo-fe  em  hum 
grande  concurfo  de  pertendentes  à  Vigairaria 
da  Igreja  Matriz  de  NoíTa  Senhora  da  Eílrella 
da  Villa  da  Ribeira  Grande  foy  nella  provido 
com  geral  fatisfaçaõ  dos  Miniílros  do  Tribu- 
nal da  Mefa  da  Conciencia  naõ  fomente  pela 
fciencia  com  que  excedia  a  todos  os  Oppofito- 
res,  mas  pela  virtude,  que  ornava  o  feu  efpirito; 
porém  como  Deos  o  tinha  deíUnado  para  mais 
alta  empreza  de  que  havia  refultar  grande  glo- 
ria ao  feu  nome  lhe  infpirou  largar  o  governo 
da  Igreja.  Conhecendo  a  Mageílade  delRey  D. 
JoaÕ  o  IV.  a  integridade  da  vida  unida  à  pro- 
fundidade da  fciencia  com  que  fe  dilHnguia 
entre  todos  os  Ecclefiaítícos  o  nomeou  em  o 
anno  de  1654.  ConfeíTor  da  Capella,  e  Cafa  Real, 
e  feu  Pregador,  minifterio,  que  exercitou  com 
geral  acclamaçaõ  da  Corte,  pois  na  vehemencia 
dos  aíFeftos,  eloquência  das  palavras,  e  energia 
das  acçoens  fe  naõ  excedia,  certamente  igua- 
lava ao  grande  Vieyra,  que  no  mefmo  tempo 
era  ouvido  como  Oráculo  da  Rhetorica 
Ecclefiaftica.  Afpirando  o  feu  ardente  zelo  a 
promover  o  exercício  das  virtudes,  iníiituhio 
huma  Congregação  (  que  foy  o  primeiro  defe- 
nho  da  que  ao  depois  fimdou  neíle  Reyno,  e 
fuás  Conquiílas )  em  huma  Cafa  fituada  na 
Capella  Real  com  faculdade  da  Rainha  Regente 
a  SereniíTima  Senhora  D.  Luiza  Francifca  de 
Gufmaõ  com  outros  Ecclefiafiicos  de  exem- 
plar vida,  entre  os  quaes  fe  diftinguiaõ  o  P. 
JoaÕ  Duarte  do  Sacramento,  que  depois  foy 
Fundador  da  Congregação  de  Pernambuco,  e 
Bifpo  eleito  deíle  Eílado,  e  Nicolào  Monteiro 
Meílre  de  Suas  Altezas  o  Princepe  D.  Affonfo, 
e  o  Infante  D.  Pedro,  donde  fubio  à  Mitra 
do  Porto,  e  neíle  domiciUo  fe  praíticavaõ 
com  grande  fervor  os  exercidos  da  Oraçaõ 
Mental,    e    conferencias    efpirituaes.     PaíTa- 


L  USITANA. 


dos  14.  annos  como  t  Gtfii  fbíTe  pequena  para 
í)  numeto  das  peíToas,  que  a  ella  concorríaõ, 
fc  bufcou  outro  fitio  mais  amplo  qual  eta  o 
Collegio,  que  tinhaò  habitado  os  Religiofos 
Dom i nicos  Hybernios,  mas  receando  pruden- 
temente, que  pelo  difcurfo  do  tempo  fc  poderia 
extinguir  tmm  Inílituto  de  que  fora  o  princi- 
pal Author  fem  ter  os  fundamentos  folidos 
para  a  fua  confervaçaõ  alcançou  do  IlIuílriíTimo 
Cabido  de  Lisboa  Sede  Vacante  em  8.  de 
Janeiro  de  1668.  e  do  Princepe  D.  Pedro 
Regente  deda  Monarchia  em  3.  de  Mayo  do 
dito  anno  faculdade  para  fundar  a  Congrega- 
çiõ,  e  no  dia  16.  de  Julho  veftio  a  Roupeta 
juntamente  com  o  V.  P.  Francifco  Gomes 
Sacerdote  de  taõ  alta  virtude,  que  jà  os  feus 
milagres  fc  vem  authenticados  pelo  Ordinário 
tio  Patriarchado  de  Lisboa.  Lançados  os  pri- 
meiros fundamentos  da  Congregação  do  Ora- 
tório, e  compoftos  os  Eftatutos  para  o  feu 
governo  ao  tempo,  que  eílavaõ  confirmados 
pelo  Cabido  cm  o  i.  de  Fevereiro  de  1670.  fe 
armou  huma  terrível  tormenta  movida  pelo 
inimigo  commum  como  prevendo  os  efpiri- 
tuaes  frutos,  que  fe  haviaõ  colher  com  a  nova 
Congregação,  porém  brevemente  fe  diíTipou 
fendo  confirmada  pela  Santidade  de  Clemente 
X.  a  6.  de  Mayo  de  1671.  à  femelhança  de  que 
tinha  fundado  em  Roma  o  abrazado  efpirito 
de  S.  Filippe  Neri,  expedindo  o  mefmo  Pon- 
tífice outro  Breve  a  24.  de  Agofto  de  1672. 
em  que  confirmava  efpecificamente  os  Eílatu- 
tos  particulares,  que  o  V.  P.  efcrevera  para 
direcção  dos  Congregados,  os  quaes  crecendo 
o  numero  para  o  qual  era  o  lugar  em  que  aíTif- 
tiaõ,  pouco  cõmodo,  fe  transferirão  para  a 
Igreja  do  Efpirito  Santo,  que  liberalmente  lhe 
concedeo  a  Irmandade  dos  Homens  de  Nego- 
cio, em  14.  de  Agofto  de  1674.  com  huma  So- 
lemne  ProciíTaõ  em  que  levou  o  Sacramento  o 
Bifpo  Capellaõ  Mòr  Luiz  de  Soufa,  que  depois 
foy  Arcebifpo  de  Lisboa,  e  Cardial  da  Igreja 
Romana,  a  quem  immediatamente  feguia  acom- 
panhado de  toda  a  Corte  o  Princepe  Regente 
D.  Pedro.  Nefte  fagrado  domicilio  ampliado 
pela  fua  incanfavel  deligencia  profeguio  o  V. 
Padre  a  pradtica  dos  exercicios  efpirituaes  diri- 
gidos para  cultura  das  virtudes,  e  extirpação 
de  vicios.  As  primeiras  peíToas  de  huma,  e 
outra    Jerarchia    Ecclefiaflica,    e    Secular    o 


procuravaõ  como  Oráculo  para  a  decifaõ  das 
duvidas  da  conciencia  achando  na  prudência 
dos  feus  concelhos  o  mais  feguro  Norte  por 
onde  dirigíaõ  as  acçoens.  No  Tribunal  da 
penitencia  depoíla  a  feverídade  de  JuÍ2  infla- 
mava com  tal  brandura  a  dureza  dos  cora- 
çoens,  que  repentinamente  fe  liquidavaõ  em 
lagrymas.  Foy  com  exceíTo  inimigo  jurado  da 
gloria  humana  defprefando  heroicamente  os 
honoríficos  lugares  de  ConfeíTor  delRey  D. 
Pedro  II.  e  de  Bifpo  de  Lamego,  e  unicamente 
aceitando  o  lugar  de  Deputado  da  Junta  das 
Miííoens  por  Ter  conducente  á  falvaçaõ  das 
almas.  Sendo  varias  vezes  confultado  pela 
Mageftade  de  D.  Pedro  II.  em  matérias  de  gta^ 
vifTimas  confequencias  nunca  o  refpeito  da 
foberania  lhe  fez  alterar  a  inteireza  do  voto, 
antes  fallava  com  taõ  apoílolica  liberdade,  que 
por  confiflaõ  do  mefmo  Princepe  lhe  cauíáva 
temor  a  fua  prezença.  Com  o  mais  religiofo  culto 
venerou  a  Chrifto  Sacramentado  explicando  efte 
aífeélo  pela  magnifica  pompa  com  que  cele- 
brou o  dia  da  Inftituiçaõ  defte  amorofo  Myf- 
terio.  Naõ  era  inferíor  a  ternura  com  que  cor- 
dialmente amava  a  Maria  SantiíTima  mandando 
em  perpetuo  argumento  defte  piedofo  affedo 
aos  Congregados,  que  com  juramento  fe 
obrigaíTem  a  defender  a  Immaculada  Pureza 
defta  Senhora,  e  a  rezar  quotidianamente  o  feu 
Rozario,  e  Ladainha,  e  que  nas  fuás  MiíToens 
fempre  encõmendaíTem  efficazmente  a  fua 
devoção  aos  ouvintes  como  penhor  certo  de 
confervarem  a  graça  divina.  Prévio  profetica- 
mente muitos  fuceíTos  entre  os  quaes  fe  cum- 
prio  infallivelmente  hum  que  vaticinou  a 
minha  Mãy  D.  Catherina  Barbofa  fua  filha 
efpiritual  pelo  efpaço  de  vinte  annos.  Abra- 
zado o  feu  coração  pelo  fogo  que  alimentava  o 
do  feu  grande  Patríarcha  S.  Filippe  Neri  dif- 
corria  em  perpetuo  movimento  para  beneficio 
dos  próximos  vifitando  aos  infermos  nos  Hof- 
pitaes,  evitando  a  proftituiçaõ  das  donzelas, 
focorrendo  a  miferia  das  Viuvas,  e  dirigindo 
para  o  caminho  da  eternidade  todo  o  género 
de  almas  aífim  na  Cadeira,  como  no  Confef- 
fionario.  Em  premio  de  virtudes  taõ  he- 
róicas mereceo  ver  reproduzido  o  feu  efpi- 
rito nas  Congregaçoens  fundadas  em  Fre- 
xo  de  Efpada  cinta.  Porto,  Braga,  Vifeu, 
Eftremos,    e   Pernambuco,   das   quaes   reful- 


47Ó 


BIBLIO THE  CA 


tou  igual  gloria  ao  Fundador  que  efpiritual 
emolumento  aos  feus  moradores.  Chegada  a 
hora  de  receber  o  premio  por  toda  a  vida 
merecido  adoeceu  de  hum  Pleuriz,  e  conhe- 
cendo fer  a  infermidade  mortal  exhortou  com 
alegre  afpefto  aos  feus  Congregados  que  naõ 
fentiíTem  a  fua  auzencia,  mas  que  perfeveraíTem 
fempre  promptos,  e  fervorofos  para  beneficio 
dos  próximos.  Recebidos  os  Sacramentos 
com  igual  ternura  que  refignaçaõ  na  divina 
vontade  pronunciando  as  palavras  de  David 
In  te  Domine  Jperavi  non  confundar  in  atermim 
exhalou  o  efpirito  em  hum  Sabbado  20.  de 
Dezembro  de  1698.  as  6.  horas  da  noute 
quando  contava  72.  annos  de  idade,  e  50. 
depois  de  fundada  a  Congregação.  Foy  notá- 
vel a  conílernaçaõ  que  houve  na  Corte  com  a 
fua  morte  concorrendo  grande  copia  de  Gente 
a  venerar  o  feu  Cadáver  levando  como  relíquias 
algumas  partes  dos  feus  veíUdos.  A  Mageílade 
da  SereniíTima  Rainha  D.  Maria  Sofia  Izabel  de 
Neoburg  que  muito  o  refpeitara  vivo,  o  vene- 
rou defunto  beijando-lhe  com  fumma  humil- 
dade os  pés.  Recolhido  o  corpo  em  hum  Cai- 
xão foy  depofitado  em  huma  Tribuna  fobre  a 
Capella  Mór  da  Igreja  donde  a  8.  de  Dezem- 
bro de  1708.  fendo  trefladado  para  huma  das 
fepulturas  do  Cruzeiro  foy  achado  incorrupto, 
e  fem  a  menor  diminuição  em  todas  as  partes 
do  corpo,  cuja  incorrupçaõ  fe  fez  mais  admi- 
rável quando  por  authoridade  do  Ordinário 
fe  fez  nova  infpecçaõ  a  26.  de  Abril  de  1727. 
em  ordem  à  fua  Beatificação  aíTiílindo  a  efte 
Aâ:o  o  Arcebifpo  de  Lacedemonia  D.  Joaõ 
Cardofo  Caftello  Provifor  do  Patriarchado  de 
Lisboa,  os  Juizes  da  Caufa  Fr.  Jozé  de  Lima 
Carmelita  Calçado,  e  Joaõ  Gomes  Monteiro, 
os  Médicos  Cypriano  de  Pinna  Peíiana  hoje 
Phifico  Mór,  e  António  Fragofo  de  Siqueira, 
António  Francifco  de  Oliveira,  e  Francifco 
da  Sylva  Cirurgiaens,  e  dous  Notários  Apof- 
tolicos  António  Bautiíla  Viçofo,  e  Jozè  das 
Neves. 

Na  parede  da  efcada  que  fobe  do  Clauf- 
tro  para  o  Coro  da  Congregação  do  Ora- 
tório defta  Corte  eílá  retratado  o  V.  Padre 
em  hum  grande  quadro  que  reprefenta  a 
fua  natural  eílatura,  e  ao  lado  delle  eíla 
hum  Génio  fuftentando  na  maõ  efquerda 
huma  targe,  e  apontando  com  a  direita  para 


a  infcripçaõ  feguinte  compoíla  pelo  P.  Antó- 
nio de  Faria  filho  da  mefma  Congregação, 
e  Varaõ  muito  infigne  em  letras  Divinas,  e 
humanas. 

Elegit  Philippum,  &  Baríholomaum, 
ille  huic  eripuit  ne  effet  primus;  hic  illi  ne 
ejfet  Jolus. 

Na  parte  inferior  do  Retrato  fe  lè  o  Epi- 
gramma  de  Marcial  lib.  10.  Epig.  32.  ventu- 
rofamente  applicado. 
Ars  titinam   mores,   animumque   effingere  pojfet, 

Pulchrior  in  terris  nulla  tabeliã  foret. 

Junto  do  mefmo  Retrato  eílà  poíla  hu- 
ma Targe  quafi  de  forma  ovada  na  qual 
fe  lé  o  feguinte  elogio  que  compendiofa- 
mente  expõem  algumas  virtudes  deíle  grande 
Varaõ. 

V.  P.  hartholomaus  Qitentalius  cujus 
veram  intueris  effigiem  ex  praclaro,  fpeãabili- 
que  genere  in  D.  Michaelis  Infula  natus:  celeber- 
rimus  nova  Congregationis  Oratorii  Injlitutor, 
vel  potius,  novis  additis  minijleriis,  Auãor,  doãus 
proinde  in  Kegno,  coelorum,  quia  Jimilis  bomini 
patrisJamiUas  qui  proferi  de  ther^auro  fuo  nova, 
et  vetera:  Occulijfimus  omnium  in  hoc  Kegno 
ejujdem  Congregationis  Domuum  Vijitator  gene- 
ralis:  Regii  MiJJionum  concilii  Confiliarius  Sapien- 
tijjimus,  nmc  vero  Afia,  Americaque  Gentibus 
defideratijfimus :  Olim  a  Serenijfimo  Regi 
a  concionibus  Jacris,  et  unus  ex  Sacrorum 
Concionatorum  principibus  primis,  cujus  in  ore, 
ficut  in  Periclis  labris,  Suada  quadam  infidens, 
aculeos  in  auditorum  mentibus  relinquebat: 
indefejfus  poenitentia  Pradicator,  cujus  Sermo 
vere  vivus,  et  efficax,  et  penetrabilior  omni 
gladio  ancipiti  u/que  ad  divijionem  anima, 
ac  Spiritus  pertingebat.  Eximius  Spiritualis 
vita,  et  mjfiica  Theolo^  Doãor,  quo  Au- 
thore,  et  Magifiro  Regia  pars  Aula  diu 
publico  mentalis  orationis  exercitio  dedicata 
efi:  Scriptor  afceticus  igniti  eloquii  vehemen- 
ter,  qui  vero  mijcuit  utile  dulci:  mirabilis 
cogitationum ,  et  intentionum  cordis  {ut  multi 
aftefiantur)  Direãor;  infignis  panitentia 
Sacramenti  Adminifier,  qui  innumeras  Chrifio 
animas  lucrifecit:  vir  omnino  magnus,  in 
quo  totus  pene  Chriftianus  orbis  raram 
inventu  prudentiam,  et  miram  confiUorum 
gratiam  Jujpiciebat:  Qui  infulas  ita  dex- 
tere      rejecit,      ut     vel     rejeãionis     gloria     Je 


LUSITANA. 


477 


f'/f mi/is  fubdnxerif:   qw   tx   tbefaiiris  fidei  ftia 
inrcdihilia  Jiibfidia  tninimis   Chrifli  fiémit lenda 
depromehat:  cujtis  mafftarum  viriuttim  pradarum 
Jptcirutn  humilílas  cordis,  tt  mentis  ah  orbe  in 
urbe   md/ip/ici/er  bonoraía:   qrn   vivens,    Chrifli 
\  honus  odor  Juit  Deo  in  omni  loco,  fed  pofl  mor  tem 
fmninibus,    qni   qmd  Jeniiiint   narrent,  ftutvior: 
pojl  immmera    Kegali  Solto   exhibi/a   minifttria, 
pofl    Midía    Apoflolica    Sedi   praflita    objeqma, 
(fita    Saníía    recordadonis    Jnnoceníitts    XI.    ver- 
lis  amplijftmis  per  li/eras  ornavit,  híc  ciim  pie- 
'.ite    ( ///    pie     credititr )     dormitionem    accepit 
.lie   20.    Decembris  an.    1698.   atatis  vero   72. 
Para  eternizar  a  memoria  de  taò  virtuofo 
Pay  mandou  o   P.   Diogo  Curado  filho  da 
(longregaçaõ  do  Oratório  de  Lisboa  grande 
1'heologo,   c   mayor   Pregador  cm  o  anno 
ilc  1713.  em  que  aíTiília  em  Roma  abrir  em 
huma  lamina  outro   Retrato   do   P.   Bartho- 
lameu  do  Quental  com  o  titulo  de   Venerá- 
vel concedido    pela    Santidade    de    Clemente 
ÉNa  parte  inferior  da  Lamina  eftá  gra- 
L  a  feguintc  infcripçaõ. 
eterna    ne    flflas    facie,     introjpice     quod 
latet.     Qjfem    híc    intueris    clarus   fuit 
e,  fed  longe  clarior  virtute,   infigni  pruden- 
lia,     fervida      Charitate,      mirabili     patientia, 
hitmilitate  profunda,    oratione   ajfldíia,    cujus   Ò' 
'htdij  promotor  mirificits,  t^elo  animarum  afluans 
:  mumeris  profuit  verbo,  faão,  et  fcripto.    A*Kegi- 
bus,   quorum    Concionator   e^egius,   eJ?*   à    Prin- 
ipibus  magni  fa£íus.    Ab  Innocentio  XI .  felicis, 
&  fan£ia  recorda  tionis  litteris  decora  tus:  in  omnium 
tandem  aflimatione,  quem  mortuus  Philippus  Pater 
uís  fimilem  reliquit  fibi  pofl  fe.     Obiit  Ulyjftpone 
die  20.  Decembris  anno  Salutis  1698.  atatis  72. 
Fazem   honorifica   mençaõ    do   V.    Padre 
joaõ  Marciano  da  Congreg.   de  Napol.  nas 
Mem.     Hifloric.     dela     Congreg.     dei     Orafor. 
Tom.   5.  liv.   3.  cap.   15.  Fr.  Manoel  de  Sá 
Mem.    Hifl,    dos    Arceb.    e    Bifp.    Portug.    da 
Ord.  do  Carm.  cap.  16.  n.  127.  até  133.  Cor- 
deiro Hifl.  Infulan.  pag.    205.   Franc.   AfFon- 
lo   de   Chav.    e   Mello    Vid.     de   Margar.   de 
Chaves  pag.    351.    Franco   Ann.    Glor.    S.   J. 
in  Luflt.  pag.   676  e  Joaõ  Catalano  Doutor 
cm  ambos  os  Direitos  ProfelTor  de  Theolo- 
gia  na  Vida  que  compoz  do  V.  P.  na  lingua 
Latina    impreíTa    Romae    typis    Antonij     de 
Rubeis  1734.  8.  Compoz. 


MtdJtafoens  da  Infância  de  Chriflo  Senhor 
noffo  da  ííncama^ad  ati  os  trinta  annos  da  fm 
idade  com  huma  direfaõ  para  a  Orafaõ  mental. 
Lisboa  por  Domingos  Cunieiro.  1666.  8. 
IJsboa  por  Miguel  Deílandes  1682.  8.  e  3. 
vez  íbí  na  Oflíicina  da  Congregação  do  Ota- 
torio.  1752.  8.  Traduzidas  na  língua  Italiana 
por  Ferrantc  Orfelli  da  Porli.  Roma  por 
Nicolao  Angelo  Tínani.  167).  8. 

Meditafoens  da  Sturatijftma  PayxaÕ,  e  morte 
de  Chriflo  Senhor  noffo  com  a  direfaõ  para  a  Ora- 
ção mental,  e  mais  exercidos  efpirituaes,  e  dous 
qmtidianos,  Lisboa  por  António  Rodriguez 
de  Abreu  1675.  8.  ôc  ibi  por  Joaô  da  Coíla 
1679.  ^'  ^  5*  ^^  Lisboa  na  OfHcina  da  Congre- 
gação do  Oratório  1734.  8.  Traduzidas  na 
lingua  Caílelhana  fem  o  nome  do  Traduâor. 
Madrid  por  Roque  Rico  de  Miranda.  1686.  8. 
c  na  Italiana  por  Fr.  Joaõ  Jozé  de  Santa 
Thereza  Carmelita  Defcalço.  Roma  apreíTo 
RoíTati  et  Borgiani  1733.  8. 

Meditaçoens  da  gloriofa  KefurreiçaÕ  de 
Cliriflo,  de  fua  AfcençaÕ,  vinda  do  Efpirito 
Santo,  e  Santifftmo  Sacramento.  Lisboa  por 
Miguel    Deslandes    1683.    8. 

Meditaçoens  das  Domingas  do  anno  i.  Part. 
Lisboa  por  Miguel   Deflandcs    1695.    8. 

2.  Part.  Lisboa  pelo  dito  Imprcflbr. 
1696.   8. 

3.  Part.  Lisboa  pelo  dito  Impreflbr. 
1699.    8. 

Sermoens  i.  Part.  Lisboa  por  Miguel 
Defland.  Impreflbr  de  Sua  Mageftade  1692. 
4.  Confta  de  16.  Sermoens. 

Sermoens  2.  Part.  Lisboa  pelo  dito 
Impreflbr.  1694.  4.  Coníla  de  16.  Sermoens. 
Sahiraõ  eftes  dous  Tomos  reimpreflbs  Lisboa 
na  Regia  Officina  Sylviana,  e  da  Academia 
Real.  1741.  4. 

Sermão  Fúnebre  nas  Hxequias  da  Ex- 
cellentijjima  Senhora  D.  Leonor  Alaria  de 
Meneses  Condeça  de  Attouffa  pregado  no 
Convento  de  S.  Francifco  de  Xabregas  no  anno 
de  1664.  Lisboa  por  Henrique  Valente  de 
Oliveira.   1665.  4. 

BARTHOLAMEU  RODRIGUES 
CHORRO  natural  da  Villa  de  Maçaõ  na 
Província  da  Beyra  muito  douto  nos  pre- 
ceitos  da  Grammatica  Latina,  e  quantidade 


478 


BIBLIOTH  E CA 


das  Syllabas  para  a  compoíiçaõ  de  Verfos,  co- 
mo o  manifeílou  na  obra  feguinte,  que  pelas 
multiplicadas  ImpreíTões,  que  delia  fe  fizeraõ 
claramente  publica  a  fua  grande  utilidade. 
Curiofas  advertências  da  boa  Grammatka 
do  P.  Manoel  Alvares.  Contem  annotaçoens, 
regras  univerjaes  das  primeiras,  e  meyas  Syllabas, 
regras  particulares  de  Orthografia,  mudança  nas 
letras  da  compojiçaõ,  modo  para  contar  Kalendas, 
Nonas,  e  Idus.  Lisboa  por  Jorge  Rodriguez. 
1619.  8.  &  ibi  pelo  dito  ImpreíTor  1623.  ibi 
por  António  Crasbeeck  de  Mello  1665.  8.  & 
ibi  por  António  Rodrigues  de  Abreu.  1675. 
8.  Lisboa  por  António  Alvares  1671.  &  ibi 
por  Joaõ  da  CoJia  1677.  8.  &  ibi  por  Joaõ 
Galraõ  1694.  8.  Lisboa  por  Miguel  Ma- 
nefcal  17 10.  8.  Coimbra  por  Jozé  Antu- 
nes da  Sylva  Impref.  da  Univeríid.  171 3. 
8.  e  Lisboa  por  Manoel  Fernandes  da  Cof- 
ta  ImpreíTor  do  Santo  Ofíicio  1736.  8. 

BARTHOLAMEU  SOARES  DA  FON- 
SECA natural  da  Villa  de  Fornos  do  Bif- 
pado  de  Vifeu  filho  de  Manoel  Rodriguez,  e 
Izabel  da  Fonfeca  ConfeíTor  da  Santa  Igreja 
Patriarchal  de  Lisboa,  e  Meílre  de  letras 
humanas  neíla  Corte  onde  afiíle  nefle  prezente 
anno  de  1740.  naõ  fendo  menos  douto  na 
Theologia  Moral,  que  na  Grammatica,  e  Poefia 
Latina,  imprimio. 

I^ucerna  Grammatical  em  que  Je  explica 
com  brevidade,  e  clareia  o  modo  de  efcrever,  pro- 
nunciar, e  compor  as  partes  da  Oração.  Lisboa 
por  Pedro  Ferreira.  1728.  8. 

DecuriaÕ  injiruido  na  praxe  de  enjinar  ao 
dijcipulo  a  declinar  os  nomes,  e  conjugar  os  Verbos: 
dajelhe  taõbem  a  noticia  das  linguagens  Sjnonymas, 
que  vulgarmente  Je  chamàò  trocadas.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor.  173 1.  8. 

"Elegia  pecatoris  cupientis  vitia  deferere,  femi- 
tamqucB  virtutis  arripere  in  qua  etiam  dejcribitur 
Pajfio  Salvatoris.  UlyíTip.  apud  Petrum  Fer- 
reira AuguftiíTimae  Reginas  Typ.  1733.  8. 
Confia  de  nove  Elegias. 

Elegia,  Jeu  Cantus  Eugubris  in  iMmentabiles 
Obitus  Serenijftmorum  Principum  domus  Eujitana 
Caroli,  <&  Francifca  quos fatum  praceps  nuper  abri- 
puit,  Carolum  fcilicet  Tertio  Kalendas  Aprilis, 
Francifcam  vero  Idibus  Julij  labentis  anni  qui  eji 
milkjfimus    SeptingenteJJimus    trigejfimus   Jextus 


a  partu  Virginis.  UliíTipone  apud  Emma- 
nuelem  Fernandes  à  Coíla  Sanfti  Officij  Typ. 
1736.  4. 

Epithalamium  Hijloricum  in  faujlijfimam 
permutationem  Serenijfimarum  Principum  Bra- 
filia,  <ò'  Afiuris  Juper  Caiam  fluvium  concele- 
bratam  decima  nona  die  Januarij  anni  à  Naíi- 
vitate  Domini  millejftmi  Jeptingentejfimi  vigejjimi 
noni.  4.  M.  S.    Confta  de  171.  Dyílichos. 

P.  BARTHOLAMEU  DE  VASCON- 
CELLOS  natural  de  Lisboa,  e  filho  de  Troillo 
de  Vafconcellos  da  Cunha  Secretario  da  Junta 
dos  Três  Eílados  de  quem  fe  fará  memoria 
em  feu  lugar,  e  de  D.  Mónica  da  Sylva  Cou- 
tinho. Na  idade  da  adolefcencia  deixando 
o  mundo,  e  o  nome  de  Francifco  recebeu  a 
Roupeta  da  Companhia  em  o  Noviciado  da 
fua  pátria  a  14.  de  Dezembro  de  1692.  cha- 
mando-fe  Bartholameu  em  obfequio  de  feu 
Avó  paterno.  Foy  taõ  infigne  nas  letras 
humanas,  como  nas  fciencias  Efcholafticas 
fendo  Meílre  de  humas,  e  outras  nos  Collegios 
de  Évora,  e  de  Coimbra,  e  da  Cadeira  de  \ 
Controverfia  no  Seminário  dos  Irlandezes 
deíla  Corte.  Entre  os  primeiros  cincoenta 
Académicos  de  que  fe  formou  a  Academia 
Real  da  HiHoria  Portugueza,  foy  eleito  para 
efcrever  as  Memorias  Ecclefiaílicas  do  Bif- 
pado  de  Miranda  em  a  lingua  Latina  de  que  , 
he  obfervantiíTimo  cultor.  As  fuás  grandes 
letras  unidas  à  benevolência  do  génio,  e 
urbanidade  do  trato  o  elevarão  a  fer  Con- 
feíTor do  EminentiíTimo  Cardial  Patriarcha 
D.  Thomaz  de  Almeyda.    Compoz. 

Conta  dos  feus  efiudos  Académicos  reci- 
tada na  Academia  a  28.  de  Mayo  de  1722. 
Sahio  no  2.  Tom.  da  Collec.  dos  Documentos 
da  dita  Academia.  Lisboa  por  Pafchoal  da 
Sylva  ImpreíTor  de  Sua  Mageílade,  e  da  Aca- 
demia Real.  1722.  foi. 

Conta  dos  feus  efiudos  Académicos  reci- 
tada no  Paço  a  zz.  de  Outubro  de  1724.  em 
que  defcreve  a  vida  de  D.  Toribio  Lopes 
primeiro  Bifpo  de  Miranda.  Sahio  no  Tom. 
4.  da  Collec.  dos  Documentos  da  Academia 
Real.  Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva  ImpreíTor 
de  fua  Mageílade,  e  da  Academia  Real. 
1724.  foi. 

Conta    dos   feus    efiudos    Académicos    reci- 


L  USITAN  A. 


479 


/(ida  no  Paço  a  22.  dt  Outubro  de  1726.    Nella 

icrcve  o  elogio  da  vida  de  D.  Rodrigo  de 

Carvalho  fc^ndo  Bifpo  de  Miranda.    Sahio 

110  iofN.  6.  da  Collec.  dos  Document.  da  Academia. 

li  Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva.  1726.  foi. 

Conta  dos  Jeus  ejludos  Académicos  recitada 

m  Paço  a  iz.  de  Outubro  de  1730.   NcUa  cfcrcvc 

>  elogio  da  vida  de  D.  Juliaõ  de  Alva  5. 

I^ifpo  de  Miranda.    Sahio  no   Tom.   10.  da 

( 'rJ!rr.  dos  Docum.  da  Academia   Real  ibi  pelo 

M  1^1  mo  ImprcíTor.  1750.  foi. 

BARTHOLAMEU  DE  VASCONCEI^ 
LOS  DA  CUNHA  Commendador  das  Com- 
incndas  de  S.  Chriílovaõ  de  Nogueira,  e  de 
\inta  Maria  de  Torre  Dorta  da  Ordem  de 
hriílo  teve  por  Pays  a  Francifco  de  Vafcon- 
cUos  da  Cunha  Governador  de  Angola  o  qual 
com  fidelidade  digna  do  fcu  nacimcnto  dei- 
xou cm  o  anno  de  1640.  a  Corte  de  Caftella 
*  >ndc  cfteve  defpachado  com  o  titulo  de  Conde 
de  Porto  Santo  por  vir  reconhecer  a  feu  Prin- 
t  cpe  natural  o  SereniíTimo  Rey  D.  Joaõ  o  IV. 
o  por  Mãy  a  D.  Izabel  de  Brito  filha  de  Jero- 
nymo  Diaz  Cardofo,  Fidalgo  da  Cafa  Real, 
Commendador  da  Ordem  de  ChriJfto,  e  de 
1).  Guiomar  da  Gama.  Profeflbu  defde  os 
primeiros  annos  a  vida  militar  fendo  o  mar, 
c  a  terra  theatros  de  feu  heróico  valor  ou  foffe 
j-ielejando  com  o  poílo  de  Meftre  de  Campo  em 
(Olivença  no  anno  de  1648.  ou  de  Capitão  Mór 
das  Nàos  da  índia,  e  General  de  Murmugaõ, 
terras  de  Salfete,  Bardes,  e  Forte  da  Aguada 
na  Barra  de  Goa  deixando  em  todas  as  partes 
immortal  credito  do  feu  nome,  naõ  o  mere- 
cendo menos  pela  prudência  com  que  exerci- 
tou o  lugar  de  Governador  da  Ilha  da  Madeira. 
Foy  cafado  com  D.  Julianna  de  Mello  filha 
de  feu  Tio  materno  Jo2é  de  Mello  de  quem 
teve  vários  filhos.  Entre  os  horrores  de 
Marte  cultivou  as  delicias  das  Mufas  como 
icílemunhaõ  algumas  produçoens  métricas 
cm  que  fe  admira  naõ  ter  menor  efpirito  para 
>s  verfos,  que  para  as  armas. 

Dons    Sonetos    ao    Nacimento    do    Infante 

/^.    Pedro.     Sahiraõ    com    outras    Poefias    a 

ite  aíTumpto.    Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck 

Fr       Doíis    Sonetos    hum     Português^,     e     outro 
Cafielbano  á  morte  de  D.   Maria  de  Attajde. 


Sahiraõ  nas  Memor.  Funeb.  dedicadas  a  efia 
Senhora.  Lisboa  na  Oíficina  Crasbeeckiana. 
i6)o.  4. 

Soneto  em  louvor  de  Manoel  de  Galbegu 
Author  do  Templo  da  Memoria  em  cuja 
obra  liv.  4.  Eílanc.  186.  o  convoca  paia 
applaudir  com  a  fua  poefia  o  Ilymeneo  dot 
ScreniíTimos  Duques  de  Bragança,  dizendo. 

Cante  fublime,  affombre  o  univerjo 

hartfjolameu  de  Vaf conceitos,  dififl. 

O  que  faltou  dos  IJeráes  a  meu  per/o, 

li  da  memoria  a  narração  projigfl ; 

Acabe  o  Poema  com  Talia  alterno, 

Que  fe  por  elle  acabar,  vivirá  eterno. 
Delle   faz   mençaõ   Carvalho    Corog.    Portug. 
Tom.  3.  Trat.  33.  Tit.  j. 

Fr.  BARTHOLAMEU  DA  VEYGA  ReU- 
giofo  da  Ordem  dos  Pregadores  de  quem 
fe  lembraõ  Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr. 
Lííftt.  Utter.  lit.  B.  n.  22.  Echard  Script.  Ord, 
Pradicat.  Tom.  2.  pag.  281.  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  159.  Altamura  ad 
ann.  1588.  e  Fr.  Pedro  Monteiro  Claufl. 
Dominic.  Tom.  3.  pag.  176.    Compoz. 

De  Computo  Ecclefiaflico.  Pamplona.  1588.  4. 

BARTHOLAMEU      VIEYRA      Sendo 

muito  perito  no  eftudo  da  Hiíloria  principal- 
mente da  America  Portugueza  efcreveo  con- 
forme diz  o  novo  addicionador  da  Bib.  Occid. 
de  António  de  Leaõ  Tom.  2.  Tit.  12.  coL 
676. 

Nova  Ijufitama.  M.  S. 

Fr.  BASÍLIO  DE  ALMEYDA  natural 
da  Villa  do  feu  appellido  na  Provinda  da 
Beyra  Monge  Ciftercienfe  cuja  Cogulla  rece- 
beo,  e  profeíTou  no  Convento  de  Santa  Maria 
de  Aguiar.  Foy  muito  douto  na  Liçaõ  da 
Efcritura,  e  Santos  Padres.   Compoz. 

De  Verbo  Abbreviato  M.  S.  foi.  cujo 
Original  fe  conferva  na  Bibliotheca  do  Real 
Convento  de  Alcobaça  Cabeça  defta  illuílrif- 
fima  Congregação. 

D.  BASÍLIO  DE  FARIA  chamado 
no  Século  Balthezar  de  Faria  Severim  naceo 
na  Gdade  de  Lisboa  a  15.  de  Mayo  de  1569. 


48o 


BIBLIOTHE CA 


Foy  filho  de  Duarte  Frade  de  Faria  Fidalgo  da 
Cafa  do  Infante  D.  Duarte,  e  de  fua  mulher 
Maria  Severim  filha  herdeira  de  Afcenfio 
Severim  como  efcreve  Manoel  de  Faria,  e 
Soufa  em  as  Notas  ao  Nobiliário  do  Conde  D. 
Pedro.  Sendo  entre  doze  Irmaõs  o  ultimo 
mereceo  fer  o  primeiro  pela  excellencia  do 
engenho,  e  felicidade  da  memoria  com  que  fe 
diftinguio  de  todos  na  comprehenfaõ  das 
letras  Divinas,  e  humanas,  inteligência  das 
linguas  Franceza,  Italiana,  e  Latina,  praftica 
de  Geometria,  e  Arithmetica,  e  efpeculaçaõ 
do  Direito  Canónico,  e  Civil,  à  qual  deu  feliz 
principio  em  a  Univeríidade  de  Coimbra  em  o 
anno  de  1582.  Deixando  o  applaufo  que  lhe 
podia  refultar  dos  feus  eftudos  Académicos 
aceitou  a  renuncia  do  Chantrado  de  Évora 
que  nelle  fez  D.  Francifco  de  Lima  cujo  ren- 
dofo  emolumento  diílribuia  largamente  com 
os  pobres  naõ  confentindo  que  algum  fe 
apartaíTe  defconfolado  da  fua  prezença  expe- 
rimentando com  mais  ardente  zelo  a  fua  chari- 
tatiua  profufaõ  os  infernos  do  Hofpital,  e  os 
feridos  do  contagio  que  no  anno  de  1599. 
devaftou  grande  parte  da  Cidade  de  Évora. 
Acompanhado  de  feu  Sobrinho,  o  celebre 
antiquário  Manoel  Severim  de  Faria  partio 
no  anno  de  1604.  a  render  as  graças,  e  cum- 
prir o  voto  que  o  feu  Cabido,  e  toda  a  Cidade 
de  Évora  fizera  ao  Santuário  da  Senhora  de 
Guadalupe  por  ter  fufpendido  o  fatal  açoute 
da  pefte,  oíFerecendolhe  huma  caçoula  de 
prata  em  que  eílá  gravada  efta  Infcripçaõ. 
Capittilum,  Senatus,  populus  Elvorenjts  pro  fervata 
ã  grajfante  pejiilentia  Urbe  anno  1599.  votum 
Virgini  Jolvit  anno  1604.  Ao  feu  incanfavel  dif- 
velo  encomendou  o  Arcebifpo  defta  Diocefe 
D.  Theotonio  de  Bragança  o  novo  regimento 
do  Coro,  e  das  diílribuiçoens  das  Horas  Canó- 
nicas. Naõ  foy  menor  o  feu  cuidado  quando 
por  morte  deíle  Prelado  foy  eleito  Governador 
do  Arcebifpado  obfervando  fempre  inviolá- 
vel a  juftiça  em  todas  as  fuás  acçoens  de  que  fe 
feguia  grande  reforma  no  Effcado  Ecclefiaítico 
introduzida  menos  à  impulfos  da  feveridade, 
que  da  clemência.  Chegado  à  noticia  de  Filippe 
II.  de  Portugal  o  grande  talento  que  tinha 
para  negócios  politicos  o  nomeou  Agente 
na  Cúria  Romana  de  cujo  miniílerio  fe  efcu- 
fou  por  huma  carta  diólada  pelo  defengano. 


e  defprezo  das  honras  mundanas  que  alta- 
mente eílava  radicado  no  feu  coração,  e  para 
totalmente  fechar  a  porta  à  menor  inquietação 
do  feu  efpirito  renunciando  o  Chantrado  de 
Évora  em  feu  Sobrinho  Manoel  Severim  de 
Faria  fe  recolheo,  no  Convento  de  Scala  Cali 
de  Monges  Cartuxos  fituado  pouco  diílante 
da  Cidade  de  Évora,  a  25.  de  Janeiro  de  1610. 
onde  entre  o  horror,  e  filencio  do  Clauílro 
fervia  de  exemplar  aos  profeflbres  de  taò 
auílero  Inílituto.  Ao  terceiro  anno  de  pro- 
feíTo  foy  eleito  Prior  do  Convento  de  Laveiras 
junto  de  Lisboa  ao  qual  com  donativos  de 
diverfas  peffoas  illuftres,  e  devotas  ampliou 
com  edificios  novos.  Por  fer  taõ  conhecida  a 
fua  benevolência  para  o  governo,  e  pru- 
dência para  a  reforma  foy  mandado  no  anno 
de  161 5.  pelo  Geral  da  Ordem  D.  Bento 
de  Affligens  vifitar  as  Covas  de  Salamanca, 
e  o  Convento  de  Miraflores  junto  da  Cidade 
de  Burgos  deixando  aos  Monges  documen- 
tos admiráveis  da  fua  religiofa  obfervancia. 
Reftituido  ao  Reyno  foy  Prior  do  Convento 
de  Évora  onde  erigio  o  magnifico  pórtico 
da  Igreja;  fechou  o  Clauftro  grande,  e  abrio 
huma  fonte  de  agua  taõ  pura  como  copiofa. 
Cheyo  de  merecimentos  praclicados  pelo 
difcurfo  de  56.  annos,  e  naõ  de  66.  como 
efcreve  Jorge  Cardofo  Agiol.  l^ufit.  Tom.  2. 
pag.  440.  dos  quaes  quafi  16.  viveo  na  Reli- 
gião, paflbu  da  vida  mortal  à  eterna  a  5.  de 
Abril  de  1625.  Para  a  fua  fepultura  em  que 
também  jàz  Manoel  Severim  de  Faria  lhe 
compoz  o  feguinte  epitáfio. 
Ccelum  animum,  corpus  rapuit  Cartbufia, 
tandem  hic 

Umbra  patet   tanti,  fed  Jatis    umbra   viri. 

Louvaõ  a  fua  memoria  o  Illuílriflimo  Bifpo 
de  Targa  Fr.  Thomé  de  Faria  Decad.  i.  Part. 
lib.  10.  cap.  41.  Moritur  jam  faculo  mortuus, 
vivit  in  calis,  ttt  par  eft  credere,  cujus  converjatio 
ibi  erat  dum  fuperjles  effet  tranquillamque  Jua- 
vijfimam  ac  caleftem  vitam  cum  Jociis  tranfi- 
gebat.  Nicol.  Agoft.  Vid.  de  D.  Theoton.  de 
Brag.  cap.  5.  com  grande  exemplo  de  virtudes, 
e  defprezo  do  mundo  deixando  fuás  dignidades, 
e  tantas  rendas  fe  recolheo  na  Cartuxa.  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  160.  col.  i. 
Latine  admodum  difertus,  Gallice,  ac  Italice 
doãus,  politicarum  rerum  non  mediocriter  gnarus. 


L  USITANA. 


481 


Morcry  Diccion.  Hijloriq.  Vcrb.  Faria  {BafUé) 
Compoz. 

Vida  do  Patriarcba  S,  Bruno  Fundador 
da  KeligiaÕ  da  Cartuxa.  Lisboa  por  Domin- 
gos Lopes  Roía.  1649.  4*  ^^  ^*  ^*f' 
€urJo  do  vaò  temor  da  morte,  9  desejo  da  vida, 
t  reprit(entafaÕ  da  Gloria  do  Ceo,  Tradução 
de  Caíleihano  de  Pedro  de  Valles. 

Reffmento  do  Coro  da  Cathedral  de  Évora. 
M.S. 

Livro  das  Dijhibtàçoens  quotidianas  da  me/ma 
em  3.  Tom.  no  qual  fe  vò  como  era  douto 
fia  Arithmetica.  M.  S. 

Arte  Latina  com  preceitos  breves  para  fe 
aprender  com  mqyor  facilidade  M.  S. 

Arte  da  lingm  Fortunfte^^a,  a  qttal  compara 
com  as  outras  lingtms.  M.  S. 

Advertências  dos  meyos  mais  efica:^es,  e  con- 
venientes que  há  para  o  de^^empenho  do  Matrimo- 
nio Rea/,  e  rejlauraçaõ  do  bem  politico  defies 
Rejnos  de  Portugal  fem  oprejfaõ  do  povo,  e  comum 
utilidade  de  todos,  cuja  i.  Parte  foy  acabada 
no  anno  de  1607.  M.  S. 

Tratado  em  que  mojlrava  ter  achado  a  Qua- 
dratura do  Circulo  M.  S. 

Tratado  de  moedas  aníiguas  fobre  o  Capitulo 
das  Ordenaçoens  Velhas.  M.  S. 

Relação  certa  da  Cahida  do  monte  de  Santa 
Catherina  em  Lisboa  com  tret^entas  cafas  fem 
perigar  peffoa  alguma  fucedida  em  28.  de  Julho 
de  1597.  No  fim  eílaõ  muitos  verfos  do 
Author.  M.  S. 

Vidas  de  alguns  Varoens  illujires  em  virtude 
com  hum  Sumario  da  Hijloria  da  Cartuxa.  M.  S. 
Eíla  obra  como  diz  Cardofo  no  lugar  aíTima 
allegado,  ficou  imperfeita  comprehendendo 
fomente  o  governo  de  12.  Geraes. 

Tratado   das    Ceremonias   da   Aíijfa   M.    S. 

A  mayor  parte  deílas  obras  fe  confervaõ 
na  Livraria  do  Excellentiflimo  Conde  do 
Vimieiro  que  foy  do  Chantre  de  Évora  Manoel 
Severim  de  Faria  Sobrinho  do  Author  delias. 

Fr.  BASÍLIO  DE  S.  FRANCISCO. 
Naceo  em  a  notável  Villa  de  Santarém  fendo 
feus  Pays  António  Dias  da  Franca,  e  Lucré- 
cia Nunes.  Deixada  a  Pátria,  e  o  Mundo 
paíTou  a  Itália,  e  no  Convento  Tufculano 
de  S.  Sylveftre  recebeo  o  Habito  de  Car- 
melita  Defcalço   a    24.    de   Julho   de    161 8. 

36 


Dcfejoío  de  promulgar  o  Evangelho  oz 
Perfia  alcançou  faculdade  dos  Supedoies,  e 
foy  abundante  o  fruto,  que  colheo  com  as  íuas 
declamações  em  taõ  dilatada  vinha.  Que- 
rendo o  Geial  da  Ordem,  que  fe  edificane 
hum  Convento  em  BaíTori  fíttiada  na  Ará- 
bia Deferta,  e  fe  converteíTcm  ao  grémio  da 
Igreja  Romana  os  Chriíbiòs,  que  fe  intitu- 
lavaõ  de  S.  Joaõ  o  chamou  em  o  anno  de 
1625.  do  Convento  de  Afpaò  onde  a/TiíUa, 
e  foy  eleyto  para  Capitan  (faõ  palavras  de 
Pr.  Francifco  de  Santa  Maria  na  Chron.  de 
los  Carmel  De/calf.  Tom.  i.  Lib,  j.  cap.  46. 
n.  31.)  defia  grandiofa  ha^aiia  el  P.  Fr.  Bajilio 
hombre  de  tan  grande  coraçon  que  parece  haver  fido 
defiinado  de  la  alta  providencia  para  vencer  impof- 
fibles.  Naõ  foraõ  pequenos  os  de  que  triumfou 
a  conílancia  do  feu  animo  padecidos  por  mar, 
e  terra  domeíUcando  a  ferocidade  dos  Mouros, 
e  atrahindo  fuavemente  a  vontade  do  Baxà  de 
Baííorà,  que  lhe  concedeo  ampla  faculdade 
para  erigir  o  Convento,  que  governou  pelo 
efpaço  de  13.  annos  fendo  o  primeiro,  que 
naquelle  lugar  celebrou  o  incruento  Sacrificio 
do  Altar,  e  explicou  os  dogmas  da  Religião 
Chriílãa  em  três  idiomas  Perfiano,  Arábico,  e 
Turquefco,  moílrando-fe  na  participação  da 
multiplicidade  das  linguas  verdadeiro  fucceíTor 
dos  Heroes  do  Apoílolado.  Voltando  a  Roma 
para  affiíUr  no  Capitulo  Geral  celebrado  no 
anno  de  1 644.  depois  de  fer  Prior  do  Convento 
Catanfarenfe  na  Calábria  foy  nomeado  Prior 
do  Monte  Carmelo,  hum  dos  feus  primeiros 
Refiauraàores,  e  Jegundo  Prelado  delle,  como 
diz  Fr.  Joaõ  do  Sacramento  Chron.  dos  Carmel. 
Defcalç.  da  Prov.  de  Portug.  Tom.  2.  Liv.  5. 
cap.  27.  Neíle  fantificado  domicilio,  que  fora 
o  Oriente  de  fua  Religião  teve  o  feu  Ocafo 
a  29.  de  Dezembro  de  1654.  cujas  virtudes 
efcreveraõ  compendiofamente  Fr.  Joaõ  Chry- 
foftomo  do  Menino  Jefus  feu  ConfeíTor, 
Fr.  Lud.  à  D.  Theref.  Annal.  Gallic.  Cap.  118. 
pag.  619.  Fr.  Martial.  à  S.  Joan.  Bapt.  Bibliot. 
Script.  utriufque  Congreg.  <&  Sex.  Carmel. 
Excalc.  Pag.  45.  Faria  Afia  Portug.  Tom.  3. 
Part.  4.  cap.  2.  n.  15.  Fr.  Profper.  do  Efpirito 
Santo  Relaç.  da  Perf.  e  modernamente  o 
P.  Ignac.  da  Piedad.  Vafconcel.  Hifi.  de 
Santar.  Part.  2.  Liv.  2.  cap.  30.  Compoz 
em  Italiano. 


482 


BIBLIO THECA 


Re/açaõ  hijlorica  da  Fmdaçaõ  do  Convento 
de  BaJJorá  ejcrita  a  z.  de  Fevereiro  de  1636. 
a  qual  fendo  dedicada  ao  EminentiíTimo 
Cardeal  Barberino,  eftava  prompta  para  a 
ImpreíTaõ  pela  deligencia  de  Diogo  Lopes  da 
Franca  Irmaõ  do  Author.  Foy  tradufida  em 
Portuguez  por  outro  feu  Irmaõ  o  Licenciado 
Miguel  da  Franca  Presbytero  de  vida  exem- 
plar aíTiliente  em  Lisboa,  a  qual  communicou 
a  Joaõ  Franco  Barreto  como  elle  afirma  na 
Bib.  Portug.  M.  S. 

D.  BASÍLIO  DE  SANTA  MARIA 
Natural  dos  Arcos  de  Valdevez  do  Arcebif- 
pado  de  Braga  Cónego  Regular  de  Santo 
Agollinho  cujo  Sagrado  Inílituto  profeíTou 
no  Real  Convento  de  Santa  Cruz  de  Coim- 
bra a  7.  de  Março  de  1626.  Foy  bom  Theo- 
logo,  e  infigne  Pregador  do  feu  tempo.  Mor- 
reo  a  17.  de  Setembro  de  1685.    Imprimio 

Sermaõ  no  Prejlifo,  que  a  Univerjidade  de 
Coimbra  fa^  aos  7.  de  Junho  para  dar  a  Deos  as 
devidas  graças  pelo  Nacimenfo  do  Serenijfimo 
R^  o  Senhor  D.  Joaõ  o  III.  feu  Injiifuidor.  Coim- 
bra  por   Diogo   Gomes   Loureiro    1641.   4. 

Sermaõ  pregado  na  Igreja  do  Rea/  Mof- 
teiro  de  Santa  Cru^  de  Coimbra  na  ProciJJaõ, 
que  em  dia  de  S.  Sebajliaõ  coftuma  todos  os 
annos  fat^er  a  Cidade.  Coimbra  pelo  dito 
ImpreíTor.  1642.  4. 

D.  BASÍLIO  DA  SYLVA  natural  de 
Coimbra  Irmaõ  de  António  da  Sylva  Secre- 
tario da  Univerfidade  da  fua  pátria  Prior  de 
Villa-Boa  do  Bifpo  em  a  Província  de  Entre 
Douro,  e  Minho.  Sendo  Beneficiado  da  Paro- 
chial  Igreja  de  Saõ-Tiago  de  Coimbra  defen- 
ganado  dos  bens  tranfitorios,  e  anhelando  os 
eternos  recebeo  em  idade  madura  o  Canónico 
Habito  de  Santo  Agoftinho  no  Real  Convento 
de  Santa  Cruz  onde  depois  de  fer  Prior  dos 
Conventos  de  Villa-Nova  do  Porto,  e  de  S. 
Salvador  de  Grijò  foy  eleyto  duas  vezes  por 
uniforme  acclamaçaõ  dos  Votantes  Geral  da 
fua  Canónica  Congregação,  a  primeira  no 
anno  de  1558.  e  a  fegunda  no  anno  de  1572. 
em  cujo  governo  obrou  acçoens  dignas  de 
eterna  memoria.  Amou  extremofamente  a 
pobreza  ordenando,  que  nenhum  fubdito 
tiveíTe  pecúlio  particular,  mas  comum.   Repre- 


hendia  com  fumma  liberdade  a  alguns  abufos 
que  por  inércia  de  feus  anteceflbres  fe  tinhaõ 
infenfivelmente  introdufido  com  grave  pre- 
juízo da  obfervancia  regular.  Para  defender 
os  privilégios  da  fua  Congregação  fe  oppoz 
valerofamente  contra  a  violência  de  podero- 
fos  emulos  triumfando  com  fagacidade  dos 
feus  temerários  intentos.  Ornou  com  pre- 
ciofos  paramentos  o  Templo  de  Santa  Cruz 
para  o  qual  mandou  fazer  o  Orgaõ  pelo 
infigne  artífice  Heytor  Lobo.  Foy  igualmente 
douto  na  Theologia  Efcholaílica,  que  na 
Myílica,  cuja  fublime  doutrina  aprendeo  dos 
Rusbrochios,  e  Kempis  immortaes  ornatos 
do  feu  Canónico  Inítituto.  Todo  o  tempo, 
que  lhe  reftava  das  occupaçoens  de  Prelado 
o  confumia  na  contemplação  dos  divinos 
atributos  nos  quaes  tanto  fe  elevava,  como  fe 
delles  fora  já  comprehenfor.  Poftrado  por 
terra  venerava  com  taõ  ardente  affeéto  pelo 
efpaço  de  muitas  horas  a  Chrifto  Sacramen- 
tado, que  parecia  eílar  adorando  a  Divina 
Mageílade  patente,  e  naõ  occulta  com  o  veo 
das  Efpecies  Sacramentaes.  PaíTada  a  longa 
idade  de  cem  annos  dos  quaes  57.  foy  Reli- 
giofo  em  o  exercício  de  folidas  virtudes  partio 
a  receber  o  premio  eterno  a  17.  de  Abril 
de  1597.  Fazem  deUe  memoria  Cardofo 
Agiol.  L,ujit.  Tom.  2.  pag.  616.  e  621.  no  Cõ- 
ment.  de  17.  de  Abril.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  161.  col.  i.  e  D.  Nicol.  de  Santa 
Maria  Chron.  dos  Coneg.  Reg.  Liv.  10.  cap.  15. 
€21.   Deixou  compoílo. 

Tratado  de  Oraçoens,  e  Solilóquios  para 
antes,  e  depois  da  Comunhão.  M.  S. 

Louvores  do   Santijfimo   Sacramento.   M.    S. 

Fr.  BAUTISTA  DE  ALENQUER 
cujo  appelUdo  denota  a  pátria  em  que  naceo, 
a  qual  diíla  de  Lisboa  fete  legoas.  Rece- 
beo a  Cogula  Cillercienfe  no  Real  Convento 
de  Santa  Maria  de  Alcobaça.  Foy  muito 
inclinado  à  liçaõ  dos  livros  afceticos  cujo 
fruto  dezejando,  que  cedeíTe  em  beneficio 
dos  próximos  tradufio  da  lingua  Latina  na 
Portugueza. 

Collaçoens  dos  Santos  Padres  compofias 
pelo  Abbade  Joaõ  Cajfiano.  O  original  fe 
conferva  na  Bibliotheca  do  Convento  de 
Alcobaça. 


L  USITAN A. 


483 


Fr.  BAUTISTA  DO  CARVALHAL. 
Naceo  na  Villa  de  Santarém,  e  foy  filho  de 
António  do  Carvalhal,  e  Vitoria  de  Aguiar. 
ProfeíTou  o  Habito  da  Illuílre  Ordem  da 
SantiíTima  Trindade  no  Convento  de  Lisboa 
a  29.  de  Junho  de  1)90.  Aprendidas  as  fcien- 
das  de  Filofofia,  e  Hieologia  recebeo  o  gráo 
de  Bacharel  neíla  Faculdade  em  a  Univerfi- 
dade  de  Coimbra.  Foy  pelo  prudente  zelo 
da  regular  obfervancia  duas  vezes  Reytor 
do  Collegio  de  Coimbra,  Prefentado,  e  Vifi^ 
tador  Geral  no  anno  de  1626.  Falleceo  no 
lugar  do  Seixal  fronteiro  a  Lisboa  a  ij.  de 
Junho  de  1628.  c  foy  fcpultado  no  Convento 
ilcfta  Corte.   Deixou  cfcrito 

Cowpettdio  de  mortes,  em  que  fe  ejcrevem  as 
vidas  brevemente  dos  Keligiofos  da  Santijftma  Trin- 
dade, e  KedempçaÕ  de  Cativos  da  Provinda  de  Portu- 
gal, que  acabarão  a  fua  vida  debaixo  da  obediência 
comutando  o  jugo  da  KeligiaÕ  com  o  defcanjo  da 
'  ■' I  celejiial.  Foi.  M.  S.  O  original,  que 
\  i  aos,  fe  conferva  na  Livraria  do  Convento 
de  Lisboa.  Continuou  cila  obra  Fr.  Ber- 
nardino de  Santo  António  da  mcfma  Reli- 
gião. 

P.  BAUTISTA  FRAGOSO.  Naceo  no 
lugar  da  Alagoa  termo  da  Cidade  de  Sylves  no 
Rcyno  do  Algarve  em  o  anno  de  1559. 
Quando  contava  dezoito  de  idade  deixando  a 
cafa  de  feus  Pays  Joaõ  Ferreira,  e  Catherina 
Fragoza  abraçou  o  Inílituto  da  Sagrada  Com- 
panhia de  JESUS  no  Collegio  de  Évora  a  9. 
de  Janeiro  de  1577.  O  engenho  grande,  de 
que  liberalmente  o  ornou  a  natureza,  lhe  fez 
patentes  em  breve  tempo  as  letras  humanas 
de  que  foy  Meílre  féis  annos,  e  a  Theologia 
Moral  que  com  grande  applaufo  do  feu  pro- 
íundo  talento  diftou  nas  famofas  Cidades  de 
Lisboa,  Évora,  e  Braga.  Naõ  teve  menor 
capacidade  para  efpecular  as  dificuldades  de 
hum,  e  outro  Direito  em  que  foy  infigne 
como  moílraõ  os  doutiffimos  Volumes  que 
publicou  em  beneficio  dos  ProfeíTores  de 
ambas  aquellas  Faculdades,  pelos  quaes  me- 
receo  os  elogios  de  diverfos  Efcritores  como 
faõ  o  P.  Fagundes  in  lib.  in  Quinq.  Pra- 
cept.  cap.  1.  n.  18.  chamando-lhe  Vir  pla- 
ne noftra  Societatis  doãijftmus,  Alegamb. 
m  Vit.  P.  Joan.  Cardim  cap.   15.  pag.   105. 


Vir  Japientia  prafians,  Souíâ  de  Macedo 
Eftf,  e  Ave  Part.  i.  cap.  11,  n.  ij.  Doutor 
ciarijfimo.  Ulhoa  de  Legfttis,  &  Fidei  comit, 
Diííert.  5.  n.  2.  Optime,  «>•  erudite  Fragp:(p. 
Franc.  Mar.  Prat.  in  Addit.  aã  Pajchal.dêvirib, 
pátria  Poteflat.  in  cap.  10.  5.  Part.  Viri  fam 
de  nojlra  legali  Philofophia  appríme  meriti, 
maximaque  apud  omnes  authoritatis.  D.  Luiz 
de  Salvatierra  Antheol.  Jurid.  foi.  98.  v.** 
n.  469.  dodijfimo  Jefuita  Bib,  Societ.  pag.  105. 
col.  2.  Vir  appríme  doííus,  ó^  júris  tam  divini, 
quãm  humani  valde  \  conjultus.  Franco  Imag. 
da  Virtud,  em  o  Nov.  de  Epora.  pag.  856. 
Homem  de  innocentes  cojlumes,  e  fabedoria 
admirável;  e  no  Anno  Cior.  S.  J.  in  Lufit. 
P^S*  57<^*  ^'  2.  docuit  maffux  fama  Theolo- 
giam  Moralem,  in  hujujmodi  fcientia  aqua- 
vit  excellentes  fui  temporis,  ôc  in  Sjnopf. 
Annal.  S.  J.  in  iMJit.  pag.  276.  n.  10. 
Sapientijftmi  Magijlrí  nomine  quod  tejlantur  ejus 
volumina  in  lucem  edita.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hijpan.  Tom.  i.  pag.  145.  col.  i.  vir  nojlra 
hac  atate  litterarum,  totiufque  Júris  Scientia  mérito 
eruditijfímos  quofque  è  veteribus  provocans, 
Portug.  de  Donationib.  Keg.  Tom.  i.  lib.  i. 
cap.  2.  n.  14.  luitijftme,  <&  eleganter  P.  Fragoi(p, 
e  Tom.  2.  hb.  5.  cap.  28.  n.  53.  56.  e  J9.  o 
P.  António  Leite  da  Companhia  de  Jefus  na 
Cenfura  que  fez  ao  i.  Tom.  de  Rigimine 
Keipublica  diz  com  elegantes  expreflbens  em 
feu  applaufo  Decocta  maturitate  veluti  à  Nejlore 
fententia  profluunt;  nihil  enim  fenile  Japit 
judicium.  Quandoquidem ,  <ò'  Theoloffa  libraia 
examine,  €>•  utriufque  júris  trutina  cajligata 
plaudunt  quajliones,  Affattir  Baldus,  docet 
Bartholiis,  excutit  Ulpianus,  dirimit  Pcuãus, 
omnefque  Juríjconfulti  antiquioris  avi  pojitis  exu- 
viis  novo  dicendi  genere  fe  mirantur  efflorefcere. 
Frugifero  tuo  labore  utriufque  litteratura  Antifles 
doãijfime  inflar  phcenicis  Júris  fenium  revirefcit. 
Ingenij  lúmen,  memoria  facunditas,  vetuftas  recôn- 
dita, profunda  eruditio,  rerum  locupletata  fupellex 
quãm  emineat,  quám  fe  oflentet,  nulla  nonvoluminis 
ad  vitam  beate  traducendam  pa^na  decantai.  Fon- 
feca  Fj^ora  Glor.  pag.  427.  D.  Franc.  Man.  na 
Carta  dos  Author.  Portug.  efcrita  ao  Doutor 
Manoel  da  Fonfec.  Themud.  Joan.  Soar.  de 
Brito.  Tbeatr.  Lup.  Utter.  lit.  B.  n.  12. 
Morreo  no  Collegio  de  S.  Paulo  de  Braga 
a  3.  de  Outubro  de  1639.  com  80.  annos  de 


fii  A. 


484 


BIBLIO  THE  CA 


idade,  e  naõ  88.  como  efcreveo  Nicol.  Ant. 
na  Bib.  Hifp.  e  62.  de  Religião  confervando 
o  juizo  perfeito  atè  a  ultima  hora.    Compoz. 

Kegiminis  'Keipuhlica  Chrijliana  ex  Sacra  Theo- 
logia,  €>•  ex  utroque  Jure  ad  utrumque  fórum 
coakjcentis  Tomus  primus,  in  quo  qua  ad  Magif- 
tratuum  Civilium  guhernationem ,  potejlafem,  jurij- 
diãionem,  Ó'  ohligationes  pertinent,  fufe  expo- 
nuntur.  Lugduni  Sumptibus  Gabrielis  Bouflat, 
&  Laurentij  AniíTon.  1641.  foi.  &  ibi  apud 
AniíTon.  1667.  foi. 

Kegminis  Keipublica  Chrijiianee  ex  Sacra 
Theologia,  d^  ex  utroque  jure  (Ò'c.  Tomus 
2.  qui  Principum,  ac  Pajiorum  Ecckjiajli- 
corum  ohligationes,  ac  jurifdi£tionem  compleãi- 
tur;  ubi  etiam  multa  de  religiofa  gubernatione 
continentur.  Lugd.  apud  Laurent.  AniíTon. 
1648.  foi.  &  ibi  apud  eumd.  Typ.  1668.  foi. 

Kegiminis  Keipublicís  Chriftiance  (0'c. 
Tom.  3.  qui  Mconomicam  continet,  ac  Pa- 
trum  famílias  in  filios,  et  domeflicos,  <&  filio- 
rum,  ac  domejlicorum  in  Parentes,  ac  Dominós 
ohligationes  explicat.  Lugduni  apud  Philip- 
pum  Borde,  Laurent.  Arnaud,  &  Claud. 
Rigaud.  1652.  foi. 

Eíles  três  Tomos  fahiraõ  reimpreíTos  ter- 
ceira vez.  Colónias  Allobrogúm  fump- 
tibus  Marci  Michaelis  Bousquet,  &  Socior. 
1737.  foi. 

Decijiones  Bracharenfe.  M.  S.  foi.  Efta- 
vaõ  promptas  com  todas  as  licenças  para 
a  impreíTaõ. 

Fr.  BAUTISTA  DE  JESU  natural  da 
Villa  de  Alvito  na  Província  do  Alentejo. 
Na  idade  da  Adolefcencia  profeíTou  o  Inf- 
tituto  da  Sagrada  Ordem  da  SantiíTima 
Trindade  em  o  Convento  de  Lisboa  a  13.  de 
Novembro  de  1547.  e  procedeo  com  tanta 
edificação  que  foy  hum  dos  doze  Reli- 
giofos  mandados  educar  no  Real  Moíteiro 
dos  Cónegos  Regulares  de  S.  Vicente  ex- 
tramuros defta  Cidade  por  ElRey  D.  Joaõ 
o  IIL  debaixo  da  difciplina  de  D.  Francifco 
de  Mendanha  Prior  daquella  Real  Cafa 
para  reformar  a  Religião  Trinitaria,  e  re- 
duzilla  à  fua  primitiva  obfervancia.  De  taõ 
virtuofa  educação  fahio  de  tal  modo  con- 
fumado  em  todo  o  género  de  virtudes,  que 
foy  depois  da  Reforma  o  primeiro  Miniftro 


dos  Conventos  de  Santarém,  e  Cintra,  e  Rey- 
tor  do  Collegio  de  Coimbra  até  fubir  ao  lugar 
de  Provincial  que  para  teftemunho  da  fumma 
prudência,  e  grande  vigilância  com  que  o 
exercitava,  foy  nelle  trez  vezes  eleito  a  pri- 
meira no  anno  de  1564.  a  2.  em  1570.  e  a  3. 
em  1576.  Sendo  o  principal  Inftituto  da  fua 
Religião  refgatar  os  Cativos  do  duro  poder 
dos  Bárbaros  procurou  com  grande  difvelo 
libertar  todos  os  Portuguezes  que  gemiaõ 
em  taõ  miferavel  eítado  fazendo  para  eíle  fim 
dous  refgates,  executando  o  primeiro  no  anno 
de  1565.  pelo  V.  P.  Fr.  Roque  do  Efpirito 
Santo,  e  Fr.  Manoel  de  Santa  Maria  em  que 
foraõ  reftituidos  à  liberdade  duzentos,  e  trinta 
cativos  dos  Reynos  de  Fez,  e  Marrocos,  e  o  fe- 
gundo  no  anno  de  1579.  P^^  F^*  L^  ^ 
Guerra,  e  Fr.  Francifco  do  Trocifal  em 
Tetuaõ  donde  foraõ  libertados  cento,  e  dezafeis 
Chriliaõs.  Pelas  religiofas  virtudes  de  que  era 
ornado  mereceu  a  eftimaçaõ  dos  Princepes  do 
feu  tempo,  efpecialmente  do  Cardial  D.  Hen- 
rique que  muitas  vezes  lhe  efcrevia.  Falleceo 
no  Convento  de  Lisboa  a  30.  de  Mayo  de  1 591. 
proferindo  eílas  palavras,  que  continuamente 
repetia  Spes  mea  Chrijlus  Jefus,  as  quaes  man- 
dou efculpir  na  Campa  da  fepultura.  Fez 
huma  Colleçaõ  das  Bulias  Pontificias,  e 
Alvarás  Reais  concedidos  à  Religião  da  San- 
tiíTima   Trindade,    a    que    poz    por    Titulo. 

Pulcher  'Libellus.  Sem  lugar  nem  anno 
da  ImpreíTaõ,  pofto  que  Nicol.  Ant.  in  Bih. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  145.  col.  i.  efcreva  que 
fora  impreíTo  em  Lisboa. 

Fazem  mençaõ  delle  Cardof.  Agiol.  Lfí- 
fit.  Tom.  3.  pag.  459.  e  468.  no  Comment. 
de  30.  de  Mayo.  Fr.  Pedro  Lopes  de  Altu- 
na  Chron.  Ger.  da  Ord.  liv.  2.  pag.  220.  Fr. 
Bernardin.  à  D.  Ant.  Epitom.  Redempf. 
lib.  2.  cap.  8.  §.  3.  e  cap.  10.  §.  2.  Joan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  L^fit.  Utterat.  lit. 
B.   n.    13. 

BAUTISTA  RABELLO  Presb>tero 
do  Habito  de  S.  Pedro.  Naceo  na  Fregue- 
zia  de  S.  Joaõ  de  Villa  Chàa  termo  da  Vil- 
la da  Barca  do  Arcebifpado  de  Braga  onde 
teve  por  Pays  a  Domingos  Rabello,  e  Maria 
Ferreira  Lavradores  honrados.  Foy  or- 
nado  de   todas   as   virtudes   que   conflituem 


1 


LUSITANA. 


485 


WK? 


bum  perfeito  Ecclefíaítíco  pelas  quies  quando 
occupava  o  lugar  de  Capellaô  do  Convento 
de  N.  Senhora  dos  Remédios  de  Carmelíus 
Dcfcalças  fituado  na  Gdade  de  Braga  paíTou 
a  lograr  o  premio  eterno  a  ).  de  Mayo  de  1755. 
quando  contava  55.  annos  de  idade.  Publi- 
cou. 

Ktftmio  de  Tbeologia  Myftica,  Lisboa 
por  Pedro  Ferreira.  1728.  8. 

Defpertador  quotidiano  para  ter  bons 
dias.  Lisboa  por  António  Pcdrofo  Galraõ. 
1751.  12. 

hemhrança  da  boa  morte. 

BELCHIOR  DO  AMARAL.  Cavalleiro 
profcíTo  da  Ordem  militar  de  Chrifto,  natural 
de  Lisboa  filho  do  Doutor  Francifco  Diaz  do 
Amaral  Dc2cmbargador  do  Paço,  c  muito 
aceito  à  Mageílade  da  Rainha  D.  Cathcrina 
mulher  dclRcy  D.  Joaõ  o  IIL  Eftudou  na 
Univcrfidadc  de  Coimbra  a  Jurifprudcncia 
Qvil  em  que  fez  taes  progreflbs  o  feu  felix 
gcnho  que  recebido  o  gráo  de  Doutor  ncfta 
Faculdade  paíTou  a  exercitar  praticamente 
o  que  ncUa  tinha  efpeculado  a  fua  incanfavel 
applicaçaõ,  ou  fendo  Senador  na  Cafa  da 
Supplicaçaõ  de  que  tomou  poíTe  a  4.  de 
Dezembro  de  1 5  64.  ou  de  Corregedor  da  Corte, 
e  ultimamente  de  Dezembargador  do  Paço. 
Nas  Cortes  celebradas  em  Lisboa  a  30.  de 
Janeiro  de  1583.  em  que  foy  jurado  SucceíTor 
defta  Coroa  o  Princepe  D.  Filippe  filho  de 
Filippe  Prudente  orou  como  Procurador 
da  mefma  Cidade,  em  nome  do  Eílado  Secu- 
lar. Foy  igualmente  perito  na  Poefia  Latina, 
que  na  fciencia  legal  como  metricamente  def- 
creve  Pedro  Sanches  in  Epijl.  ad  Ignatium 
de  Moraes. 

Et  nos  Te  mérito  miram/zr  candide  Amaral 
Munere   Pratoris,   qui  fulgens  Regis  in   Aula; 
Et  qtiamvis,  nec  você  reos,  nec  fronte  minaci 
Terres,  fed  blande  exerces  tua  munia  vultu 
Te   tamen,    afque    tuos  fafces,   (&  peãora  fleãi 
Ne/cia,    nec   prece,    nec    lacrymis    timuere    no- 

centes 
Ni  doãa  Italicus  foluiffet  Silius  ora 
Carmine    tu    poteras     Cannas    ceciniffe    cruen- 
tas 
Ardentiy     et     Paulum    generofo    fanguine     fer- 
ram 


Fadatittm,    Ó^    torvo    obtutu,    quem    Lentului 

ultrò 
O  ff  erre  t  quo  terga  fufff  commitere  poffet 
Quaàrupedem  contemnentem  ne  Pana  videret 
Affiti/ia  magjtanimum  fugientem  pralia  Paulum. 

Morreo  em   Lisboa  a   21.   de  Setembro 
de   1606.  com  80.  annos  de  idade,  jaz  m> 
Convento  de  S.  Francifco.    Foy  cazado  com 
D.  Anna  de  Abreu. 
Compoz. 

OrafaÕ  no  Juramento  do  Princepe  D. 
Filippe  filho  de  Filippe  Prudente  no  Aão 
das  Cortes  celebradas  em  Lisboa  a  50.  de 
Janeiro  de  1583.  Sahio  Imprefla  nas  Cor- 
tes celebradas  na  Villa  de  Thomár  em  o 
anno  de  1)84.  foi.  fem  nome  do  ImpreíTor» 
nem  lugar  da  Impreííaõ.  Começa  a  Oraçaõ. 
Em  taõ  grande  Sentimento  &cc. 

Concilium    malignantium.      Inveétíva    con- 
tra os  Cathedraticos  de  Coimbra  na  ocaíiaô 
que    julgarão    a    Cadeira    a    Pedro    Barbofa 
que  fe  oppoz  com  o  celebre  Jurifconfulto 
Álvaro  Valafco.  começa 
Trijlia   terribili  ver/u  parat  arma   Charontis 
Prodere  Calliope  &c. 
Coníla  de  200.  verfos. 

Outra  obra  poética  em  applauzo  da 
Chronologia  Sacra,  feu  ratio  Temporum  com- 
pofta  por  Fr.  Nicolao  Coelho  do  Ama- 
ral Religiofo  Trino  que  fahio  impreíTa  Co- 
nimbricas  apud  Joan.  Barrerium  Typ.  Reg. 
1554.  Começa. 
Accipe   fudantem   facra    compáge    laborem 

EJl  di^us  raro  rarus  honore  coli.  &c. 

BELCHIOR  DE  ANDRADE  LEY- 
TAM  natural  de  Lisboa  Cavalleiro  profeíTo 
da  Ordem  de  Chrifto,  Fidalgo  da  Cafa  de  Sua 
Mageftade  Efcrivaõ  dos  Filhamentos,  e  The- 
foureiro  da  Cafa  Real  filho  do  Dezembarga- 
dor Joaõ  de  Andrade  Leytaõ  Corregedor  do 
Crime  da  Corte,  e  Cafa,  e  de  fua  molher  D. 
Catherina  Maria  Quifel.  Foy  pio,  e  devoto, 
urbano,  e  affavel,  e  fummamente  uerfado 
na  liçaõ  da  Hiftoria  profana,  de  que  teve  huma 
copiofa  Livraria  com  muitos  eftimaveis  M.  S. 
No  eftudo  da  Genealogia  foy  muito  inftruido 
efcrevendo  por  ordem  alphabetica  com  inda- 
gação critica. 

Familias  do  Keyno  de  Portugal. 


486 


BIB  LIO  THECA 


Acrecentando  nellas  muitas  noticias  parti- 
culares extrahidas  dos  livros  dos  Filhamentos 
<le  que  era  Efcrivaõ  como  affirma  o  P.  D. 
António  Caetano  de  Souf.  no  Apparat.  à 
Hiji.  Geneal.  da  Cafa  Real  Por/ug.  pag.   i6i. 

§.  197- 

Morreo  em  Lisboa  a  12.  de  Mayo  de 
1717.  e  eílà  fepultado  na  Igreja  do  Convento 
da  Madre  de  Deos  de  Religiofas  Francif- 
■canas  extramuros  deila  Cidade. 

Fr.  BELCHIOR  DOS  ANJOS  natural 
de  Lisboa  Eremita  Auguftiniano  cujo  habito 
profeíTou  no  Convento  de  Goa  no  anno  de 
1587.  Pela  prudência,  de  que  era  ornado  foy 
mandado  no  anno  de  1608.  Embaxador  à  Períia 
pelo  Vice-Rey  do  Eílado  D.  Joaõ  Pereira 
Conde  da  Feira  onde  obrou  acçoens  que  tefte- 
munharaõ  a  fua  fidelidade  em  obfequio  da 
Naçaõ  Portugueza.  AíTiiHndo  na  Corte  de 
Madrid  no  anno  de  1643.  o  nomeou  feu  Prega- 
dor a  Mageftade  de  Filippe  IV.    Efcreveo. 

Hijioria  do  Martyrio  de  Fr.  Nicoláo  de 
Mello;  e  Fr.  Guilherme  de  Santo  Agojiinho 
com  a  Relação  das  coujas  notáveis  que  na  Perjia 
Ji^eraõ  os  Keligiofos  de  Santo  Agojiinho  pelo 
£fpaço  de  quator^e  annos.  Compofta  em  Afpaõ 
<i  20.  de  Fevereiro  de  161 6.  Confta  de  23.  Capí- 
tulos, e  fe  conferva  na  Livraria  do  Convento 
da  Graça  de  Lisboa. 

Relação  da  Jornada  que  fe^i  à  Índia  D. 
Garcia  da  Sylva  Embaxador  da  Perjia.  foi. 
M.  S.  Conferva-fe  na  Bibliotheca  delRey 
Catholico  como  efcreve  o  moderno  addi- 
cionador  da  Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ 
Tom.  I.  Tit.  3.  col.  54. 

Fr.  BELCHIOR  DE  SANTA  ANNA 
<:hamado  no  feculo  Belchior  Corrêa.  Naceo  em 
o  lugar  do  Garajal  da  Província  da  Beira  em  o 
Bifpado  de  Lamego  em  o  anno  de  1602.  e  teve 
por  Pays  ao  Doutor  Gafpar  de  Soufa,  e  a  D. 
Maria  Corrêa,  e  por  irmaõ  a  Gafpar  Pinto  Cor- 
rêa Cónego  de  Barcellos  excellente  Poeta 
Latino,  e  fingular  humaniíla  de  quem  fe  fará 
memoria  em  feu  lugar.  Aprendidos  os  primei- 
ros elementos  que  facilitaõ  o  eíludo  das  fcien- 
cias  defprezou  as  vaidades  do  mundo  na  flo- 
rente idade  de  quinze  annos  recebendo  o  habito 
de    Carmelita    Defcalço    no    Convento    de 


Lisboa  a  9.  de  Fevereiro  de  161 7.  e  profeíTou 
folemnemente  a  11.  do  dito  mez  do  anno 
feguinte.  Nefta  penitente,  e  douta  efcola  taõ 
grandes  foraõ  os  progreíTos  que  fez  nas  vir- 
tudes, como  nas  letras,  e  para  fugir  aos  applau- 
fos  que  delias  lhe  podiaõ  refultar  pedio  com 
repetidas  inílancias  aos  Prelados  que  o  man- 
daíTem  para  o  dezerto  de  Batuecas  em  cuja 
afpera  folidaõ  viveo  algum  tempo  com  exem- 
plar edificação  dos  anachoretas  que  neEe 
habitavaõ,  porém  confiderando  prudente- 
mente os  Superiores  que  era  prejudicial  à 
Religião  naõ  occupar  o  feu  grande  talento 
em  o  exercício  de  Meílre  o  nomearão  Lente  de 
Artes  para  o  Collegio  de  Figueiró  donde  paíTou 
para  o  de  Coimbra  a  didar  Theologia  pelo 
efpaço  de  doze  annos  com  igual  efplendor  do 
feu  nome  que  fruto  dos  feus  ouvintes.  Como 
era  profundamente  verfado  naõ  fomente  na 
Hiftoria  Sagrada,  mas  em  a  univerfal  do  Reyno 
de  Portugal,  e  particular  da  fua  antigua  Reli- 
gião o  elegeo  o  Provincial  Fr.  André  da  An- 
nunciaçaõ  Chroniiia  deíla  Província  em  cujo 
aíTumpto  dezempenhou  o  alto  conceito  que  fe 
tinha  formado  do  feu  talento  para  femelhante 
obra,  aíTim  na  inveftigaçaõ  das  noticias,  como 
na  verdade  da  Chronologia,  e  elegância  do 
eílilo.  Foy  Confiliario  da  Província,  Prior  do 
Convento  de  Adolhalvo,  e  Reytor  do  Collegio 
de  Coimbra  onde  naõ  tendo  chegado  a  gover- 
nar anno,  e  meyo  falleceo  a  9.  de  Novembro 
de  1664.  com  63.  annos  de  idade  incomple- 
tos, e  47.  de  Religião.  Faz  delle  honorifica 
memoria  Fr.  Martial.  à  D.  Joan.  Baptiíl. 
in  Bib.   Carmel.   Excalc.  pag.   294.   Compoz. 

Chronica  de  Carmelitas  Dejcalços  particular 
do  Rejno  de  Portugal,  e  Provinda  de  S.  Filippe. 
Primeiro  Tomo.  Lisboa  por  Henrique  Valente 
de  Oliveira.  1657.  foi. 

Hijioria  Portugue;(a  dejde  o  Nacimento  de 
Chrijlo  até  os  nojjos  tempos.  7.  Tom.  M.  S. 
Defta  obra  fazem  mençaõ  Joaõ  Franco  Barreto 
na  Bib.  Portug.  M.  S.  e  Joaõ  Soar.  de  Brito 
in  Theatr.  L.ujit.  Utter.  lit.  B.  n.  23.  efcrevendo 
ambos  que  feu  Author  lhes  affirmara  a  tinha 
jà  completa  para  a  ImpreíTaõ. 

D.  BELCHIOR  BELLIAGO  Natu- 
ral do  Porto,  e  bautizado  na  Freguezia 
de   S.   Nicolào   deíla   Qdade   filho   de   Joaõ 


LUSITANA. 


487 


Alvarez  Belliago  ETctivaÕ  da  receita  da  Alfan- 
dega, e  de  Qtherina  Alvarez  de  G>uro8  filha 
de  Álvaro  Rodrigues  de  Couros.    Entre  os 
talentos  grandes  que  ElRey  D.  Joaõ  o  III. 
mandou  eíhidar  à  Univeríidade  de  Pariz  foy 
hum  delles  pela  conhecida  viveza  de  engenho 
que    nos    primeiros   annos    logo    defcubrio, 
fazendo  taes  progre/Tos  aíTtm  em  as  letras  ame- 
nas, como  feveras,  que  mereceo  fer  dos  infí- 
gnes  Meílres  que  illuílraraõ  a  Athenas  Conim- 
briccnfe,  onde  naõ  fomente  leo  Humanidades 
fendo  nefta  Cadeira  feu  anteceíTor  Ignacio  de 
Moraes,  c  fuccflbr  o  grande  André  de  Rcfcndc, 
mas  fer  Meílre  de  Filofofía  em  o  anno  de  1 548. 
revelando  com  tal  agudeza  os  myfterios  da 
Efcola  Peripatetica  que  das  fuás  inílruçoens 
paíTaraõ   os    difcipulos   a   fer   Cathedraticos. 
Na  Cadeira  de  Thcologia  que  rcgcntou  fendo 
ainda  Bacharel  nas  Vacaçoens  do  anno  de  1 5  54. 
foy  venerado  por  Oráculo  defta  Princeza  de 
todas  as  Faculdades.  Quando  orava  eftava  toda 
^  a  Academia  pendente  da  fua  vóz  admirando 
HB^izmente  unidas  a  elegância  da  fraze  com  a 
■"pureza  da  Latinidade.    Depois  de  fer  Cónego 
da  Cathedral  de  Lisboa  foy  eleito  Bifpo  de 
Fez  para  fazer  os  Pontificaes  na  Capella  Real. 
Hntre  as  fuás  acçoens  epifcopaes  he  digna  de 
memoria  a  Sagraçaõ  da  Igreja  de  N.  Senhora 
lo  Paraizo  defta  Cidade  feita  em  9.  de  Mayo 
li  4e  1562.    Para  evitar  o  contagio  que  fatal- 
mente devaftava  grande  parte  de  Lisboa  fe 
retirou   para   a   Amora   lugar   no   termo    da 
Villa  de  Almada  aonde  ferido  da  fua  vio- 
lência acabou  a  vida  a   19.   de  Outubro  de 
„  ,  1569.    Deixou  por  Teftamenteiro  a  feu  fo- 
I  [  htinho  Miguel  Pereira  de  Miranda.    Jàz  na 
Capella  Mór  da  Parochia  de  N.  Senhora  de 
Sion  do  lugar  da  Amora  cuja  fepultura  cobre 
huma   grande   pedra   na   qual   por   falta   de 
epitáfio  fe  lhe  podem  gravar  eftes  verfos  que 
à   fua   memoria   dedicou   Pedro    Sanches   in 
Epiji.  ad.  Ignat.   de  Moraes  em  que  elogiou 
os  Poetas  Latinos  de  Portugal. 
Quis  Belliage   Umm   non   defleat   optíme    Praful 
Inter itum,  cui  prcsduras  injecit  acerba 
Parca  manus:    ah  qtianta  bonis  jaãura  camanisl 
Fazem    mençaõ    defte    Prelado    D.    Ni- 
col.   de    Santa   Mar.    Chron.   dos   Coneg.    Keg. 
liv.  10.  cap.  15.  n.  II.  pag.  302.  Souf.  Chron. 
de  S.  Domingos.  Part.   i.  liv.  3.  cap.  30.  D. 


Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  2.  pag.  95. 
D.  Thom.  de  Faria  DecaJ.  i.  lib.  9.  cap. 
5.  P.  D.  Manoel  Caet.  de  Souía  Catbah^ 
Hiflor.  dos  Hum,  Poníif,  9  Cará.  Ó^c,  pag.  194. 
Compoz. 

De  difciplinarum  omnium  Jlndiít  ad  ttniver- 
Jam  Academiam  Conimbricenjem  habita  KaUndir 
Oííobris  1J48.  Conimbricac  apud  Joannem 
Barrerium,  6c  joannem  Alvares  Typog.  tegíos 
1548.  4.  Dedicada  a  D.  Joaõ  Aflbnfo  de  Vaf- 
concellos,  e  Menezes.  Começa.  Bene  ac 
Japienter  KeHor  amplijfme,  PP.  Sapientijftmi, 
óptima  fpei  adolefcentes.  Acaba  Neminem  acufate,. 
nifi  vos  ipfos  pojfttis. 

De  Dialeâica  iiber.  Conimbríca:  apud  Joan. 
Barrerium,  &  Joan.  Alvares.  1549.  4.  Eíbi 
obra  que  allega  com  o  nome  de  Sumulas, 
Jorge  Cardofo  Agiol.  iMJitan.  Tom.  3.  pag. 
323.  no  Commcnt.  de  19.  de  Mayo  fe  allu- 
cinou  cfcrcvcndo  que  fe  diélaraõ  na  Univer- 
fidade  de  Lisboa  pois  fendo  imprelTas  na 
anno  de  1549.  havia  doze  annos  que  a  Uni- 
verfídade  fe  tinha  transferido  defta  Cidade 
para  a  de  Coimbra  que  foy  no  anno  de  1537. 

Do  esforço,  e  animo  dos  Portuguev^es.  Obra 
compofta  cm  vcrfo  Latino  de  que  faz  me- 
moria Fr.  Bernardo  de  Brito  Mon.  Ijufit. 
Part.  I.  liv.  2.  cap.  12.  intitulando  ao  Author 
Bifpo  do  Porto,  equivocaçaõ  em  que  cahi- 
raõ  outros  Efcritores,  fendo  fomente  titular 
de  Fez. 

BELCHIOR  BRAZ  FRADE  Cape- 
lão delRey,  e  Meftre  Efchola  em  a  Ca- 
thedral de  Goa.  Acompanhou  ao  lUuftrif- 
íimo  Primaz  da  índia  Oriental  D.  Fr.  Alei- 
xo de  Menezes  na  jornada,  que  fez  em  o 
anno  de  1599.  ás  Serras  do  Malabar  para  re- 
dufir  os  Chriftlos  chamados  de  S.  Thomé 
efcrevendo  com  grande  curiofidade,  e  dif- 
tinçaõ  os  fucceflbs,  que  nella  obfervou  com 
efte  titulo. 

Itinerário  de  tudo  o  que  paffou  de/de  que^ 
o  Senhor  Arcebifpo  Prima^  D.  Fr.  A/eixa 
de  Meneses  Jahio  de  Goa  at>-  que  voltou  a  ejfa 
Cidade.  M.  S. 

Defta,  obra  confefla  Fr.  António  de  Gou- 
vea  Eremita  de  Santo  Agoftinho  no  prologo- 
defta  Jornada,  que  largamente  efcreveo,  e 
fe    imprimio    Coimbra    por    Diogo    Gomes 


488 


BIBLIO  THE  CA 


I^oureiro.  1606.  foi.  que  extrahira  muitas,  e 
particulares  noticias  para  a  fua  compofiçaõ. 
Do  Author  do  Itinerário  fazem  memoria 
António  de  Leaõ  Pinello  Bib.  Ind.  Orient. 
Tit.  3.  e  Nicoláo  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  2. 
pag.  95.  col.  2.  perfuadido  falfamente,  que 
o  appellido  de  Frade  havia  fer  Freyre. 

D.  BELCHIOR  CARNEIRO.  Naceo  na 
Cidade  de  Coimbra  de  Pays  nobres  quaes  foraõ 
Pedro  Carneiro  Leitaõ  parente  do  Thauma- 
turgo  Portuguez  S.  Gonçalo  de  Amarante,  e 
Maria  Nunes.  Ao  tempo,  que  na  fua  pátria  era 
applaudido  pelas  fciencias,  que  profeíTava, 
defprezando  a  gloria,  e  os  lugares  honorífi- 
cos, que  ellas  lhe  prometiaõ  fe  recolheo  na 
Companhia  de  JESUS  a  25.  de  Abril  de  1543. 
onde  unindo  o  eíludo  das  virtudes  ao  das  letras 
fahio  taõ  confumado  em  humas,  e  outras,  que 
depois  de  fer  o  primeiro  Reytor,  que  teve  o 
Collegio  de  Évora  paíTando  a  Roma  em  com- 
panhia do  P.  Meílre  Simaõ  Rodrigues  o  ele- 
geo  Santo  Ignacio  por  feu  Confellor,  que 
conhecendo  experimentalmente  a  prudência 
para  o  governo,  e  tolerância  para  os  trabalhos 
de  que  era  ornado,  foy  o  principal  inílrumento 
de  que  foíTe  nomeado  Bifpo  de  Nicea,  e  futuro 
SucceíTor  do  Patriarchado  de  Etiópia.  Nave- 
gou para  a  índia  ao  primeiro  de  Abril  de  1555. 
em  a  Náo  Saõ-Tiago  de  que  era  Capitão  Fran- 
cifco  Figueira  de  Azevedo  filho  do  Alcayde 
Mòr  de  Benavente  em  cuja  viagem  exercitou 
obras  de  ardente  charidade  em  obfequio  dos 
paíTageiros  até  chegar  a  Goa  em  10.  de  Setem- 
bro do  mefmo  anno,  e  no  Collegio  de  S.  Paulo 
deíla  Cidade  foy  o  primeiro  Lente  de  Moral, 
que  inílruio  aos  feus  domeíHcos.  Na  Cidade  de 
Cochim  fe  armou  o  feu  zelo  contra  os  fequazes 
do  Judaifmo  moftrando-lhes  com  textos  ex- 
preíTos  do  Teílamento  Velho  a  Divindade  do 
MeíTias,  e  a  Trindade  das  PeíToas  com  unidade 
da  EíTencia,  e  refiftindo  efta  obftinada  gente  aos 
clamores  da  fua  voz  evangélica  foy  ca  ufa  de  que 
naõ  fomente  muitos  foíTem  prezos,  mas  de  que 
fe  introduziíTe  na  índia  o  Tribunal  da  Inquifi- 
çaõ  para  total  extinção  dos  defcendentes  do 
povo  Ifraelitico.  Com  femelhante  fervor  apof- 
tolico  difcorreo  pelas  Serras  do  Malabar  buf- 
cando  a  Mar  Jozé  Bifpo  Neíloriano,  que  efcol- 
tado  de  dous  mil  Amoucos  femeava  entre  os 


Chriftãos  de  S.  Thomé  os  fcifmaticos  dogmas 
de  Alexandria  para  o  convencer  publicamente 
da  peftifera,  e  falfa  doutrina,  que  enfinava,  po- 
rém receando  o  Patriarcha  da  Etiópia  Joaõ  Nu- 
nes Barreto  o  inevitável  perigo  a  que  fe  expu- 
nha o  chamou  a  Goa  onde  o  Sagrou  Bifpo  de 
Nicea  a  1 5 .  de  Dezembro  de  1 5  60.  Depois  de 
Sagrado  fez  voto  folemne  de  voltar  para  a 
Companhia  tanto,  que  o  Pontífice  lhe  defle 
faculdade.  Sendo  conílituido  Bifpo  da  China,  e 
Japaõ  pela  Santidade  de  Pio  V.  no  anno  de 
1567.  com  claufula  de  que  fe  naõ  efeituafle  a 
MiíTão  da  Etiópia,  como  efta  naõ  refpondefle 
às  efperanças,  que  delia  fe  tinhaõ  concebido  na 
Europa,  foy  obrigado  a  partir  de  Goa  para  Ma- 
laca no  anno  de  1 568.  fem  lhe  fervirè  de  obfta- 
culo  os  graves  achaques,  que  padecia.  Chegado 
a  Macáo  começou  a  governar  a  fua  Diocefe 
fendo  o  primeiro  Bifpo  do  Japaõ,  e  China, 
onde  obrou  acçoens  dignas  do  officio  paíloral. 
Sufpirando  pela  quietação  do  feu  Cubiculo 
alcançou  por  intervenção  do  Geral  Everardo 
Mercuriano  licença  para  renunciar  o  Bifpado, 
e  voltar  fegunda  vez  para  a  fua  amada  Reli- 
gião, onde  viveo  até  19.  de  Agoílo  de  1583. 
em  que  paíTou  a  lograr  o  premio  da  vida 
immortal.  Foy  fepultado  na  Igreja  da  Compa- 
nhia de  Macáo  fervindo-lhe  de  honorifico  epi- 
táfio os  elogios,  que  fazem  à  fua  memoria 
Andrade  Chron.  delKey  D.  Joaõ  o  III.  Part.  4. 
cap.  120.  Faria  Afia  Portug.  Tom.  2.  Part.  2. 
cap.  12.  n.  5.  e  Part.  3.  cap.  3.  n.  5.  e  Tom.  3. 
Part.  3.  cap.  23.  n.  10.  Gouve2i  Jornad.  do  Arceb. 
D,  Fr.  A/eix.  de  Men.  Liv.  i.  cap.  7.  Nadaf. 
Ann.  dier.  mem.  S.  J.  Part.  2.  pag.  112.  col.  i. 
Jarric.  T&ef^.  rer.  Ind.  Part.  2.  Lib.  i.  cap. 
19.  e  Liv.  2.  cap.  22.  Tanner.  in  Praf. 
Societ.  African.  Godinho  de  Kebus  Abyjfin. 
Lib.  2.  cap.  2.  Tellez  Chron.  da  Comp.  da 
Prov.  de  Port.  Part.  i.  Liv.  3.  cap.  21.  Soufa 
Orient.  Conquift.  Part.  i.  Conq.  i.  Divif.  2 
§.  29.  e  35.  Part.  2.  Conq.  4.  Divif.  2 
§.  14.  104.  e  105.  Franco  Imag.  da  Vir/ 
do  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i.  Liv.  2.  cap.  8 
e  9.  e  no  Ann.  Glor.  S.  J.  in  Ijufit.  pag.  475 
Fonfeca  Ej^ora  glorio/,  pag.  340.  D.  Manoel  Caet 
de  Soufa  Catai,  dos  Sum.  Pontif.  Card.  e  Bijp 
Portug.  pag.  199.  P.  Pedro  Franc.  Xavier  Charle- 
voix  Hiji.  de  l'~Etablijfem.  e  decad.  dii  Chriftianijm. 
dans  rEmpire  du  Japon.  Tom.  2.  pag.  273.  e  na 


LUSITANA. 


489 


////?.  à/  Japon,  Tom.   2.   pag.   j.  Efcrcvco. 

Carfa  ejcrita  de  Moçambique  no  amo  de  1^)^.00 

P.  Geral  em  que  relata  a  boa  difpofifad  que  bá  na 

Ilha  de  S.  lj)urenço  para  receber  a  Fé  offerecmdo-Ji 

para  ejla   Mijfam,   e  de  Imma    Vitoria  qttt  os 

Port$égfíe!(es    alcançarão   dos    Turcos    na    índia. 

Carta  efcrita  de  Goa  a  24.  de  Dezembro 
de  IJJ7.  ao  Provincial  dejia  Provinda  na  qual fa^ 
menfaõ  de  que  lhe  ejcrevera  no  anno  antecedente,  e 
narra  a  MiffaÕ  que  Jet:^  nas  Serras  do  Malabar 
para  difpuíar  com  o  tiijpo  Nejloriano. 

Eílas  duas  Cartas  fahiraõ  com  outras  ver- 
tidas em  Italiano  Vcnctia  apreíTo  Michaele 
Tramczzino.    1559.   8. 

Carta  efcrita  de  Macao  a  20.  de  Novembro 
de  IJ72.  ao  P,  Geral  em  que  refere  o  fruto  que 
f^era  no  Japaõ,  e  das  efperanças  que  fe  tinhaõ 
do  que  fe  havia  de  colher  na  China.  Vertida 
cm  Italiano  com  outras  Roma  por  Francifco 
Zarmeti  1378.  8. 

Carta  efcrita  em  o  primeiro  de  Julho  de 
1 582.  í7  D.  Gonçalo  Konquillo  Governador  das  Fili- 
ppinas  em  que  relata  como  fora  aclamado 
em  Macao  pelos  Portuguei^es  Filippe  II.  Sahio 
ImpreíTa  na  Hifloria  dos  Minijlerios  Apoflolicos 
de  los  Obreros  de  la  Conpania  de  Jefus  compoíla 
pelo  P.  Francifco  Colin,  liv.  2.  cap.  25.  n.  23. 
Deíla  Carta,  e  do  Author  delia  faz  mençaõ  o 
moderno  addicionador  da  Bib.  Occident.  de 
António  de  Leaõ  Tom.  2.  Titul.  7.  col.  641. 

BELCHIOR  DE  CASTRO  MACE- 
DO Pela  larga  aífiftencia  que  teve  nas  ín- 
dias Occidentaes  como  era  dotado  de  viveza 
de  engenho  aprendeo  com  os  olhos,  e  com 
a  liçaõ  dos  livros  as  íituaçoens  das  fuás  prin- 
cipaes  Provindas  efcrevendo  com  noticias 
juntamente  Typograficas,  que  politicas  a 
feguinte  obra  que  dedicou  a  D.  Joaõ  da  Cunha 
Preíidente  de  índias. 

Defcripcion  delas  Provindas  dei  Peru, 
Tierra  Firme,  Chile,  j  otras;  y  dei  modo 
con  que  deven  gobernarfe.  M.  S.  foi.  De 
cuja  obra,  e  Author  nos  dà  noticia  o  mo- 
derno addicionador  da  Bib.  Occid.  de  Ant. 
de  Leaõ  Tom.  2.  Tit.  51.  col.  810.  affirmando 
conferv^alla  na  fua  Livraria. 

Fr.  BELCHIOR  DA  CONCEYÇAM  cha- 
mado no  Século  Belchior  de  Soufa  naceo  em  a 


Villa  de  Mondim  Comarca  de  Villa-Real  do 
Arcebifpado  de  Braga,  e  foy  filho  de  Joaõ 
Gonçalve2,  e  Maria  Francífca  peíToas  princi- 
paes  deíbi  Villa.  Eíhidou  Grammatica  na 
Cidade  de  Lamego  aíTiílindo  em  Cafa  de  feu 
Tio  Clemente  Gonçalves  Carneiro  Cónego 
deíla  Cathedral.  Dezejofo  de  augmentar  a  fua 
pcíToa,  deixou  a  pátria,  c  paíTando  a  Lisboa 
aííentou  praça  de  Soldado  donde  partio  para 
o  Alentejo,  porém  naõ  fatisíeito  da  vida 
militar  teve  induílria  de  fe  reílituir  á  fua  pátria, 
c  dezenganado  do  mundo  pertendeo  o  Habito 
de  Carmelita  Defcalço  o  qual  profeíTou  em  o 
Convento  de  N.  Senhora  dos  Remédios  deíla 
Corte  a  15.  de  Dezembro  de  1667.  Paliados 
dez  annos  de  profeíío  fe  retirou  para  o  Dezerto 
do  Buífaco  com  refoluçaõ  de  permanecer 
neíla  folidaõ  toda  a  vida,  porém  depois  de 
aífiílir  nella  vinte,  e  trez  mezes  perfuadido  das 
inílancias  de  Fr.  Joaõ  de  Jefus  que  convocava 
Miflionarios  para  o  Reyno  de  Angola  preferio 
o  laboriofo  miniílerio  de  operário  Evangélico 
à  tranquillidade  que  gozava  em  Buífaco. 
Partio  de  Lisboa  para  Angola  a  5.  de  Abril  de 
1676.  em  Companhia  do  Governador,  e 
Capitão  General  daquelle  Reyno  Ayres  de 
Saldanha,  e  chegou  felizmente  à  Gdade  de 
Loanda  a  20.  de  Agofto  do  dito  anno  donde 
ao  principio  de  Fevereiro  de  1677.  paíTou  às 
terras  de  Sova  Bamgo-Aquitamba  fendo  rece- 
bido com  grandes  demonftrações  de  alegria 
por  aquelles  bárbaros  que  por  fua  direcção  dei- 
xarão os  fuperfticiofos  coíhimes  que  praéHca- 
vaõ,  e  edificarão  hum  Templo  em  que  fe  ado- 
rava o  verdadeiro  Deos.  Era  incanfavel  no 
miniílerio  apoílolico  atrahindo  com  a  efficacia. 
das  fuás  vozes  inumeraueis  Gentios  ao  grémio 
da  Igreja  Romana  bautizando  em  huma  occa- 
fiaõ  500.  e  outra  900.  dif correndo  pelo  efpaço 
de  doze  annos  fem  interpollaçaõ  pelos  preíi- 
dios  de  Mafangano,  Ambaça,  e  das  Pedras,  de 
cujo  trabalho  colheu  copiofos  frutos.  Ex- 
ercitou o  officio  de  Capitão  Mór  em  hum 
exercito  de  fetecentos  Soldados  brancos, 
e  vinte  mil  negros  para  caftigar  a  rebeldia 
de  alguns  Potentados  contra  a  Coroa  de 
Portugal.  No  armo  de  1694.  paíTou  a  eíle 
Reyno  trazendo  huma  authorizada  certi- 
dão do  Governador  de  Angola  Gonçalo  da 
Coíla  de  Menezes  da  qual  conílavaõ  os  he- 


490 


BIB  LIO  THE  CA 


roicos  ferviços  que  tinha  feito  em  obfequio 
da  Fé,  e  deíla  Monarchia.  Certificado  El- 
Rey  D.  Pedro  II.  do  zelo  com  que  promovera 
os  augmentos  da  Religião  lhe  infinuou  fer 
feu  goílo  que  paflaíTe  outra  vez  a  cultivar 
aquella  vinha,  cuja  empreza  aceitou  com 
prompta  obediência.  Voltou  terceira  vez  para 
Angola  onde  continuou  com  igual  fervor 
as  fuás  apoftolicas  MiíToens  até  que  acabou 
a  vida  em  taõ  fagrado  miniílerio.    Efcreveo. 

Kelaçaõ  da  primeira  Mijfaõ  que  fe^  pelos 
Rejnos  de  Angola,  e  do  que  lá  obrou  Deos  Nojffo 
Senhor  por  meyo  de  fua  ajjijlencia  nos  certoens,  e 
desertos  de  fuás  Conquijlas  em  ordem  à  converfaÕ 
daquelles  Gentios.  M.  S.  4. 

Kelaçaõ  que  fei^  na  Jegunda  Viagem  de  Angola 
em  ferviço  de  Deos,  e  bem  de  fuás  almas  em  o  anno 
de  1692.  M.  S.  4. 

Breve  relação  da  vida,  e  morte  do  fervo 
de  Deos  o  Irmaõ  Francifco  da  Natividade 
Keligiofo  Carmelita  Defcalço  companheiro 
pelo  efpaço  de  do^e  annos  das  fuás  Miffoens 
do    Gentio    do    Kejno    de    Angola.    M.    S.    4. 

Todas  eítas  três  obras  fe  confervaõ  na  Li- 
vraria do  Convento  dos  Remédios  deíla  Corte. 

BELCHIOR  CORNEJO  natural  de 
Lisboa,  e  filho  de  Balthezar  Cornejo  Guarda- 
repofta  da  Rainha  D.  Catherina  mulher  delRey 
D.  Joaõ  o  III.  Foy  hum  dos  famozos  talentos 
que  illuftrou  a  Univerfidade  de  Coimbra  onde 
recebendo  o  gráo  de  Doutor  na  faculdade  de 
Direito  Pontifício,  leo  huma  Cathedrilha  de 
Cânones  em  que  foy  provido  a  8.  de  Outubro 
de  1547.  e  deita  palTou  à  Cadeira  de  Decreto 
em  9.  de  Julho  de  1555.  e  a  regentou  até  o 
anno  de  1560.  Naõ  foy  menos  infigne  em  a 
noticia  das  letras  humanas,  e  fciencia  da  lingua 
Latina  cujos  preceitos  obfervou  com  igual 
elegância,  que  pureza.  Do  mefmo  applau- 
fo  foy  acredora  a  fua  grande  eloquência, 
quando  orava,  ou  foíTe  na  occafiaõ  que  re- 
citou a  Oraçaõ  fúnebre  nas  Exéquias  que 
no  anno  de  1557,  dedicou  a  Univerfidade 
de  Coimbra  a  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  feu  au- 
guílo  Fundador,  ou  na  folemne  Embaxada 
que  ElRey  D.  Sebaíliaõ  mandou  ao  Con- 
cilio Tridentino  por  Fernaõ  Martins  Maf- 
carenhas,  em  cujo  venerável  CongreíTo  por 
fer   Secretario   da   Embaxada  fez   a   Oraçaõ 


obediencial  a  9.  de  Fevereiro  de  1562.  com 
tanta  facúndia,  e  reprezentaçaõ  que  arrebatou 
a  atenção  de  todos  parecendo-lhes  que  tinha 
renacido  TuUio,  ou  Demofthenes.  Foy  Prior 
da  Igreja  de  S.  Pedro  do  Souto  no  termo  da 
Villa  da  Covilhãa  Bifpado  da  Guarda  de  que 
tomou  poíTe  a  5.  de  Dezembro  de  1558. 
Publicou. 

Oratio  habita  Serenijftmi  Portugallia, 
Algarbiorumque  Regis  Sebafliani  nomine  in  Concilio 
Tridentino  die  9.  FebruariJ  1562.  unã  cum  refpon- 
fione  Sandia  Sjnodi.  Ripas  ad  inílantiam  Petri 
Antonij  Alciatis.  1562.  4.  e  Lisboa  por  Jozé 
António  da  Sylva  Impreflbr  da  Acad.  1737.  4. 
nas  Mem.  Hijlor.  delRej  D.  Sebajl.  liv.  i.  cap.  i. 
n.  7.  Traduzida  em  Portuguez  pelo  Doutor 
António  Pinheiro,  cuja  tradução  eftà  impreíTa 
nas  ditas  Memorias  n.  8. 

BELCHIOR  ESTACO  DO  AMARAL 
natural  de  Évora,  e  muito  experimentado  na 
fciencia  Náutica  pelas  muitas  Viagens  maríti- 
mas que  fez,  efcrevendo  com  grande  curiofi- 
dade  a  obra  feguinte  que  dedicou  ao  Serenif- 
fimo  Duque  de  Bragança  D.  Theodofio  2. 
com  eíle  titulo. 

Tratado  das  batalhas,  e  fuceffos  do  Galiaõ  Saõ~ 
Tiago  com  os  Olandeí(es  na  Ilha  de  Santa  Elena,  e  da 
Náo  Chagas  com  os  Ingleses  entre  as  Ilhas  dos 
AJfores  ambas  Capitanias  da  Carreira  da  índia, 
e  da  caufa,  e  defaflres  porque  em  vinte  annos  fe  per^- 
raõ  38.  Náos  delia.  Lisboa  na  Officina  de  An- 
tónio Alvares  1602.  4.  e  na  Hijl.  Tragico- 
-Maritim.  Tom.  2.  defde  pag.  441.  até  538. 

Fazem  mençaõ  deUe  António  de  Leon 
Bib.  Orient.  Tit.  13.  e  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifp.  Tom.  2.  pag.  98. 

BELCHIOR  FEBOS  natural  de  Lis- 
boa donde  paíTando  a  Coimbra  fe  applicou 
ao  eíludo  do  Direito  Cefareo  fendo  difcipu- 
lo  dos  mayores  Cathedraticos  deíla  Facul- 
dade os  Doutores  Luiz  Corrêa,  Chriílovaò 
de  Azevedo,  e  António  da  Cunha  de  que 
faz  agradecida  memoria  nas  fuás  obras  prin- 
cipalmente no  Tom.  i.  Decif.  15.  n.  10. 
Tom.  2.  Decif.  161.  n.  12.  Recebido  o  grào 
de  Bacharel  voltou  para  a  Pátria  onde  fen- 
do Advogado  da  Cafa  da  Supplicaçaõ  patro- 
cinou  as    caufas    mais    graves,    e    dificulto- 


L  USITAN A. 


491 


fas  com  igual  fcienda,  que  integridade.  Por 
ler  muito  verfado  no  Direito  praftico  fup- 
1^1  içou  à  Filippe  IV.  fe  lhe  deííe  huma  Cadeira 
cm  a  Univerfidade  de  Coimbra  com  predica- 
mento de  grande  em  que  explicaíTe  a  Ley 
municipal  do  noíTo  Reyno,  ou  ao  menos 
huma  (Ic  Leys  por  mercê,  e  expedindo  ElRey 
duas  Provifoens  em  que  fe  incluyaò  eftas 
Supplicas  refolveo  o  Clauílro  da  Univerfidade 
a  27.  de  Janeiro  de  1623.  naõ  fer  neceíTaria, 
nem  conveniente  a  Cadeira  de  Pra£tíca,  e  que 
para  à  de  Leys  naõ  faltavaõ  Medres  na  Uni- 
verfidade que  as  regentaíTem.  Morreo  em 
]  jsboa  a  8.  de  Julho  de  1652.  Jà2  fepultado 
no  Convento  de  S.  Domingos.  Joan.  Soar. 
de  Brito  in  Theatr.  Lujif.  Litter.  lit.  M.  n.  26. 
o  intitula  nominatiffimtis  J.  C.  D.  Francifco 
Manoel  na  Carta  dos  Author.  Portug.  efcrita  ao 
Doutor  Thcmudo  o  numera  entre  os  cele- 
bres profcíTorcs  da  Jurifprudencia  como  tam- 
bém Nicol.  Ant.  Bib.  Hifpan.  Tom.  2.  pag.  99. 
I  Imprimio. 

Decijiones  Senattis  Regni  L^fi/ania  in  quihf/s 

\jnu/fa    qua    in    Controverfia    qmtidie    vocantur 

ravijfimo    illuftrium    Sanatortim  judicio   decidtm- 

\tur.  Tom.   i.  UlyíTipone   apud  Petrum  Crasb. 

I1619.  foi. 

Tomus  2.  ibi  apud  eumdem  Typ.    1625. 

foi.    Efte  tomo  dedicou  o  Author  ao  Serenif- 

Ifimo    Duque    de    Bragança    D.    Theodoíio 

[2.   de   quem   fe   confeíla   muito   favorecido. 

Sahiraõ  os  dous  Tomos  UliíTipone  fump- 

Itibus  Francifci  de  Soufa,  &  Antonij  Leyte  Pe- 

Iteira.  1672.  foi.    Addicionados  com  eruditif- 

fimas    iiluílraçoês    pelo    Doutor    Jozé    dos 

Sãtos  Palma  (de  quem  faremos  mençaõ  em  feu 

lugar )  fem  expreíTar  o  feu  nome.    UlyíTipone 

apud  Jozéphum  Lopes  Ferreira  Reginse.  Typ. 

1713.  foi.  2.  Tom.  &  Conimbricíe  apud  Fran- 

cifcum   de   Oliveira   Acad.    Typ.    1756.   foi. 

Kepetitio  ad  L.  Panthonius  ff.  de  adquirenda 

hareditate.    Na  DeciJ.  199.  n.  i.  promete  dar 

brevemente  à  luz  publica  eíla  obra. 

BELCHIOR  FERNANDES  GATO  natu- 
ral da  ViUa  de  Arrayolos  na  Província  do 
Alentejo,  e  dos  celebres  Poetas  vulgares  do 
feu  tempo  deixando  eternizada  a  memoria 
da  fua  Mufa  no  Poema  heróico  que  com- 
prehendia    12.    Cantos   cujo   argumento   era. 


"Ptftas,  9  Tomeyos  do  Sireniffimo  Duqm  ât 
Brapm^a.  como  efcreve  Joaõ  Franco  Barreto 
na  Rib,  Portug,  Aí.  S.  por  informação  do 
celebre  antiquário  Manoel  Severim  de  Faria* 

BELCHIOR  FERNANDES  SOARES. 
Naceo  na  Villa  de  Setúbal  no  anno  de  1608. 
fendo  filho  do  Doutor  Francifco  Soares  pro- 
feííor  de  Medicina,  e  de  Maria  da  Efperança. 
Eftudou  na  Univerfidade  de  Coimbra  Direito 
Civil  em  que  fahio  eminente,  e  como  tal  mete- 
ceo  fer  venerado  entre  todos  os  nuyones 
Meílres  defta  faculdade.  Foy  na  fua  Pátria 
Juiz  dos  Direitos  Reaes,  Ouvidor,  e  Chanceller 
Mór  das  terras  do  Ducado  de  Aveiro,  e 
Miniílro  deputado  em  Lisboa,  para  o  ajuíle 
da  Paz  de  Olanda  com  eíla  Coroa.    Compoz. 

Allegofad  de  Direito  por  o  Senhor  D. 
Pedro  fobre  a  SuceffaÕ  do  EJlado,  Cafa,  e 
Titulo  de  Aveiro.  Lisboa  por  Domingos 
Carneiro  1666.  foi.  Sahio  fem  o  feu  nome 
por  deligencia  de  Bibiano  Pinto  da  Sylva 
Notário  do  Santo  Officio. 

AllegaçaÕ  fobre  o  morgado  de  Oliveira.  M.  S. 

Allegaçaõ  fobre  as  pertençoens  de  D.  Diogo 
de  Faro.  M.  S. 

Peculium  omnis  Júris  Civilis,  quo  duo- 
decim  mille,  et  ultra  Leges  comprehendun- 
tur.  M.  S.  foi.  2.  tom.  Ficou  em  poder  de 
Thomaz  Pacheco  de  Sá. 

P.     BELCHIOR     DE     FIGUEYREDO 

natural  da  Cidade  de  Goa  Cabeça  do  Im- 
pério Oriental  Portuguez,  onde  abraçou  o 
Inílituto  da  Companhia  de  JESUS  em  o 
anno  de  1554.  quando  contava  25.  annos 
de  idade.  O  primeiro  theatro  das  fuás  Mif- 
foens  ApoftoUcas  foraõ  as  Ilhas  Molucas 
convertendo  ao  grémio  da  Igreja  grande 
numero  de  Brâmanes.  Depois  de  inílruir 
com  os  feus  documentos  aos  Noviços  em 
Goa  partio  no  anno  de  1360.  para  o  Japaõ 
em  cuja  dilatada  vinha  derramou  copiofos 
fudores  pelo  efpaço  de  muitos  annos  ref- 
pondendo  o  fruto  à  deligencia  da  cultura. 
Naõ  foraõ  menos  gloriofas  as  vitorias  que 
no  Império  de  China  alcançou  da  Gentili- 
dade fendo  a  principal  a  converfaõ  admirá- 
vel de  hum  famofo  Medico  que  contando 
fetenta  annos  de  idade  era  Sócrates  nas  vir- 


492 


BIB  LIOTH  E CA 


tudes  moraes,  e  Plataõ  nas  fciencias  naturaes, 
e  Divinas,  cuja  doutrina  ouviaõ  na  Cidade 
de  Macáo  outocentos  difcipulos  ao  qual  pro- 
curando para  lhe  dar  a  faude  do  corpo  lhe 
comunicou  por  efpecial  favor  do  Ceo  o  remé- 
dio da  alma.  No  largo  difcurfo  deílas  apof- 
tolicas  fadigas  padeceo  confiantemente  graves 
afrontas,  e  horrorofos  perigos  a  que  efteve 
expoíla  a  fua  vida  pela  malicia  dos  Bonzos, 
e  infidelidade  dos  Ladroens.  Attenuado  com 
tantos  trabalhos  depois  de  fer  Reytor  do  Col- 
legio  de  Funay  fe  reílituhio  a  Goa  para  expe- 
rimentar clima  mais  benigno  à  fua  faude 
afliâa  com  diverfos  achaques,  dos  quais 
fentindo  por  dez  annos  moleftiflimos,  eífeitos 
paliou  a  gozar  do  defcanfo  eterno  a  3.  de 
Julho  de  1607.    efcreveo. 

Carta  efcrita  do  Porto  de  Facunda  a  22. 
de  Outubro  de  1565  aos  Padres,  e  IrmaÕs  da  Com- 
panhia. Começa.  Ainda  que  polas  cartas  de 
todos  nojfos  carijfimos  Padres,  Évora  por  Manoel 
de  Lira.  1598.  foi.  Part.  i.  a  foi.  203.  v.o  Ver- 
tida em  Caftelhano.  Alcalá  por  Juan  Iniguez  de 
Lequeriqua.  1575.  4.  a  foi.  238.  v.<*  e  Coimb. 
por  Anton.  de  Mariz.  1570.  4.  a  foi.  531.  v.o. 

Carta  efcrita  do  Cochinocu  a  25.  de  May  o 
de  1566.  aos  Padres,  e  Irmaõs  das  Cida- 
des de  Sacay,  e  Bungo.  Começa.  De  Xima- 
bara  depois  daquella  primeira  monção  &c.  Évora 
por  Manoel  de  Lyra  1598.  foi.  a  foi.  204.  v.o. 

Carta  efcrita  do  JapaÕ  a  13.  de  Setem- 
bro aos  Irmaõs  da  Companhia  de  JESUS 
da  índia.  Começa.  Depois  que  fe  fi^eraõ  os 
Chrijiaõs  de  Ximabara.  Évora  por  Manoel 
de  Lira  1598.  foi.  a  foi.  224.  v.o  vertida 
em  Caftelhano.  Alcalá  por  Juan  Iniguez 
de  Lequeriqua  1575.  4.  a  foi.  161.  e  Coim- 
bra por  Ant.  de  Mariz.  1570.  4.  a  foi. 
584.  v.o. 

Carta  efcrita  de  Bungo  a  z-j.  de  Setem- 
bro de  1567.  Começa  O  anno  paffado  efcrevi 
&c.  Évora  por  Manoel  de  Lyra  1598.  foi. 
a  foi.  242.  v.o. 

Carta  efcrita  de  Bungo  a  11.  de  Outu- 
bro de  1569.  aos  Padres,  e  Irmaõs  da  Com- 
panhia. Começa.  O  anno  pajfado  efcrevi  do 
Rejno  de  Bungo.  Évora  por  Manoel  de  Lyra 
1598.  foi.  a  foi.  276.  v.o  vertida  em  Cafte- 
lhano. Alcalá  por  Juan  de  Iniguez  de  Leque- 
rica  1575.  4.  à  foi.  274.  v.o. 


Carta  efcrita  do  JapaÕ  a  21.  de  Outubro 
de  1570.  aos  Padres,  e  Irmaõs  da  Companhia 
de  JESUS  de  Portuga/.  Começa.  Deos  nojjo 
Senhor  por  fua  bondade  infinita  &c.  Évora  por 
Manoel  de  Lyra  1598.  foi.  a  foi.  296.  Ver- 
tida em  Caftelhano.  Alcalá  por  Juan  Iniguez 
de  Lequerica.  1575.  4.  foi.  280.  v.o. 

Carta  efcrita  de  Vomura  a  16.  de  Outu- 
bro de  i^-ji.  Começa.  As fejlasfe  celebrarão.  &í.z. 
Évora  por  Manoel  de  Lyra  1598.  foi.  a  foi. 
316.  v.o. 

Carta  efcrita  de  F acata  a  28.  de  Setembro 
de  1576.  Começa.  Os  annos  pajjados  quando 
tinha  cuidado  da  Chrijlandade  &c.  Évora  por 
Manoel  de  Lyra.  1598.  foi.  a  foi.  368.  v.o. 

Do  feu  minifterio  Apoftolico  exercitado 
em  Ximabara,  Bungo,  Omura,  Facata,  e 
outras  Cidades,  e  Reynos  aíTim  do  Japaõ, 
como  da  China  fazem  illuftre  memoria  Guf- 
man  Hijl.  delas  MiJJion.  dela  Comp.  Part.  7. 
liv.  7.  cap.  10.  e  16.  Hijlor.  Societat.  Part.  3. 
lib.  4.  n.  289.  270.  e  273.  e  lib.  6.  n.  207.  e 
Part.  4.  lib.  3.  n.  259.  Faria  Afia  Portug.  Tom. 
2.  Part.  4.  cap.  20.  n.  9.  Bibli.  Societ.  pag.  607. 
col.  2.  Soufa  Oriente  Conq.  Part.  2.  conq.  4 
Divif.  2.  §.  100.  e  loi.  Ant.  de  Leon  Bib. 
Ind.  Tit.  8.  Charlevoix  HiJl.  del'Etablifiment, 
e  decad.  du  Chrifiianifm.  dans  VEmpire  du  Ja- 
pon.  Tom.  i.  pag.  322.  e  na  Hif.  du  Japon.  : 
Tom.  I.  pag.  298.  230.  381.  e  477.  i 

BELCHIOR  DA  FONSECA  DE  i 
ALMEYDA  natural  de  Coimbra  cujo  en-  1 
genho  verfado  na  Mythologia,  e  letras  hu- 
manas fe  diftinguio  entre  os  feus  patridos  I 
na  Arte  de  Poeíia,  em  que  foy  eminente,  ' 
como  fe  admira  na  Oraçaõ  impreíla  no  livro 
intitulado. 

Jardim  de   Apollo   Academia  celebrada  por 
diferentes  Ingenios.    Madrid  1655.  4.    Foy  de- 
dicado   pelo    Author    da    Oraçaõ    a   Duarte    I 
de  Albuquerque  Coelho  Marquez  do  Bafto,    . 
e  Senhor  de  Pernambuco. 

No  anno  de  1686.  em  que  vivia  em  Fa- 
lência compoz. 

Sueno  Politico.  M.  S. 

BELCHIOR  DA  GRAÇA  natural  do 
lugar  de  Matofinhos  fituado  nos  Subúr- 
bios da  Cidade  do  Porto  fiUio  de  Joaõ  Mon- 


LUSITANA. 


K 


N 

i 


tciro  de  Lesiõ  Coronel  de  hum  Regimento 
de  Infantaria,  e  de  Beatriz  de  Brito  Soares, 
c  Irmaõ  do  Doutor  Joaõ  Soares  de  Brito 
Abbade  de  Saõ-Tiago  Dantas  de  quem  fare- 
mos mençaõ  em  feu  lugar.  Com  a  educação 
(ic  Pays  taõ  nobres  fe  augmentou  tanto  a  boa 
Índole,  que  tinha  para  as  fciencias,  que  mais 
parcdaõ  infpiradas  pela  natureza,  que  adqui- 
ridas pelo  eíludo.  Na  idade  da  adolcfccncia 
teve  taõ  frequente  comercio  com  as  Mufas, 
que  lhe  concederão  beber  com  larga  copia  as 
aguas  da  Caballina  compondo  elegantemente 
todo  o  género  de  verfos  Latinos,  Portuguezes, 
c  Caílclhanos.  Com  a  mefma  felicidade,  que 
tinha  cultivado  as  flores  do  Pamafo,  penetrou 
as  dificuldades  da  J  urifprudencia  merecendo 
receber  na  Univcrfidadc  de  Salamanca  duplica- 
das borlas  cm  hum,  c  outro  Direito  com  admi- 
ração de  todos  os  Cathcdraticos.  Ao  tempo, 
ue  era  venerado  o  feu  profundo  talento  na 
palcftra  de  Apollo,  fe  refpeitou  o  feu  heróico 
valor  em  a  de  Marte  fendo  Capitão  de  huma 
Nào  da  Armada,  onde  depois  de  dezempenhar 
s  obrigaçoens  militares  fe  aliílou  em  outra 
ais  illuftre  milicia  recebendo  o  habito  Cano- 
ico  na  Congregação  do  Evangelifta  Amado 
na  qual  inftruio  aos  feus  Companheiros  nas 
fciencias  amenas,  e  feveras,  como  foraõ  Gram- 
matica,  Rhetorica,  Poeíia,  e  Theologia  Moral. 
Concluida  eíla  laboriofa  applicaçaõ  foy  eleyto 
Chronifta  para  com  a  fua  pena  eternizar  as 
memorias  da  fua  Congregação,  cujo  eftudo  in- 
terromperão graves  negócios  pertencentes  a 
ella,  fendo  mandado  para  eíle  fim  três  vezes  a 
Roma  onde  vencidos  innumeraveis  obílaculos 
felizmente  o  confeguio.  Neíla  famofa  Corte 
empório  de  todas  as  fciencias  naõ  permitio, 
que  eíliveíTe  ociofa  a  fua  inclinação  ao  eíhido 
ainda  que  divertido  com  outras  occupaçoens, 
aprendendo  as  Línguas  Orientaes  de  Joaõ 
Bautiíla  Sabbatino  Romano,  Abraham  Efche- 
lenfe  Maronita,  e  Canachio  RoíTio  Grego 
infignes  ProfeíTores  dos  idiomas  Hebraico, 
Caldaico,  Syriaco,  e  Arábico.  Por  eftes  dotes 
alcançou  a  eítimaçaõ,  e  amifade  das  mayores 
PeíToas  da  Cúria  Romana  principalmente 
da  Santidade  de  Urbano  VIIL  a  cujo  Nome 
confagrou  cem  Anagrammas  engenhofa- 
mente  compoílos.  Os  mefmos  applaufos 
conciliou    o    feu    talento    nos    Reynos    de 


Fiança,  e  ETpanha  fendo  celebrado  com  gran- 
des elogios  por  Pr.  António  Carneiro  Monge 
Benediâino  Abbade  dos  Conventos  do  Porto, 
e  de  S.  Tyrfo,  e  Procurador  da  fua  Monaf- 
tica  Religião  em  Roma  em  Elogio  hum  im- 
preíTo  no  principio  da  obfa  dof  Anagramas, 
que  he  eleganti/Tmio,  Jacob.  Filippe  Tho- 
nufín.  Afinal.  Canon.  Secul.  P.  705.  e  70J. 
Aufonio  Noflinot  na  Dedicatória,  que  lhe 
fez  da  Summa  P.  Antontni  Diana  C,  R.  Ve- 
netiis.  1648.  e  Franc.  de  Santa  Maria  Ceo 
aberto  na  Terra  Liv.  2.  cap.  40.  Morreo  no 
Convento  de  Santo  Eloy  de  Lisboa  a  20.  de 
Abril  de  1650.   Compoz 

Centum  Anagrammata  in  haudem  S.  D.  N. 
Urbani  VIIL  Pontificis  Optimi  Maximi.  Wc- 
litris   apud   Alphonfum   de  Infula.   1644.  8. 

Vida  do  Ven.  P.  António  da  Conceição 
Cónego  Secular  da  Congregação  do  Evange- 
lijla,  qm  deixou  M.  S.  em  bum  Tom.  grande 
de  4.  (como  efcreve  Franc.  de  Sant.  Mar. 
Chron.  dos  Coneg.  Secul.  Liv.  2.  cap.  40.) 
obra  igual  ao  feu  engenho,  e  fama,  e  verdadeira- 
mente digna  de  que  por  meyo  da  eflampa  fe  per- 
petuajfe  na  memoria. 

Votum  in  gavi  caufa  de  Jurifdiâione  Me- 
tropolitana in  fuffraganeos.  ImpreíTo  nas  De- 
cifoens  do  Doutor  Manoel  da  Fonfeca  The- 
mudo  Part.  2.  Decif.  245.  à  n.  12. 

Parecer  contra  os  Keligofos  Dominicos  que- 
rendo contra  o  interdi£io  poflo  no  anno  de  1659. 
em  Usboa  pelo  Colleitor  Alexandre  Caflracani 
ut^ar  dos  feus  privilegos,  quaes  eraõ,  naÕ  ligar  o 
interdião  nas  Fejias  principaes  da  Igreja,  e  dos 
Santos  da  fua  KeligiaÕ.  Conferva-fe  M.  S.  na 
Bib.  que  foy  do  Cardial  de  Soufa. 

Praxis  Penjionum  exigendarum.  M.   S. 

Commentaria  ad  Titulum  de  Eleãione.  M.  S. 

Deftas  duas  obras  faz  memoria  feu  Ir- 
maõ Joaõ  Soares  de  Brito  in  Theatr.  Ljifit. 
Liter.  Lit.  M.  n.  24.  aífirmando  eftarem  promp- 
tas  para  a  ImpreíTaõ,  e  fer  feu  Author  Va- 
riarum  Linguarum  peritus,  (ô"  in  negotiis  foren- 
fibus  verfatijftmus. 

BELCHIOR  DA  GRAg\  natural  da 
Villa  de  Barcellos  na  Provinda  de  Entre 
Douro,  e  Minho  do  Arcebifpado  de  Braga, 
Cónego  Secular  da  Congregação  do  Evan- 
gelijfta,    e    hum    dos    celebres    Theologos,    e 


494 


BIB  LIO  THE  C  A 


Canoniílas  da  fua  idade.  No  Collegio  de  Coim- 
bra foy  Meílre  de  Theologia  donde  retirado 
ao  Convento  de  Santo  Eloy  de  Lisboa  fe 
applicou  ao  eftudo  do  Direito  Pontifício  em 
que  fahio  taõ  eminente,  que  era  confultado 
nas  matérias  mais  graves,  e  controverfas,  e 
chamado  às  Jimtas  onde  o  feu  voto  por  fer 
livre,  e  conforme  aos  diâames  da  conciencia 
era  venerado  como  Oráculo.  Naõ  foy  digno 
de  menor  eftimaçaõ  no  Púlpito  em  cuja  fa- 
grado  minifterio  era  aclamado  por  iníigne 
Orador  Evangélico  como  fe  vio  em  19.  de 
Outubro  de  1622.  orando  no  Outavario,  que 
na  Cidade  do  Porto  dedicou  a  Companhia 
de  JESUS  à  Canonização  de  Santo  Ignacio  de 
Loyola,  e  S.  Francifco  Xavier.  Applicou-fe 
com  igual  difvelo  á  pratica  das  virtudes,  que 
á  efpeculaçaõ  das  fciencias  fendo  obfervan- 
tiíTimo  das  fuás  Conftituiçoens,  e  das  Ceremo- 
nias  Eccleíiaílicas,  afável  com  os  fubditos 
em  duas  vezes,  que  foy  Geral  da  Congregação, 
charitativo  com  os  infermos,  e  continuo  em 
todos  os  aftos  da  Comunidade.  Regeitou 
com  profunda  humildade  o  Bifpado  do  Fun- 
chal ofFerecido  pela  Mageftade  de  Filippe  IV. 
Morreo  no  Convento  de  Lisboa  a  2.  de  Agofto 
de  1646.  com  80.  annos  de  idade.  Jaz  fepul- 
tado  no  Clauftro  com  eílas  letras  iniciaes 
gravadas  na  campa.    B.  D.  G. 

De  Panitentia  Traãatus.  M.  S.  foi.  Ohra 
doutijfima  (faõ  palavras  de  Franc.  de  S.  M. 
Chron.  dos  Coneg.  Secul.  Liv.  2.  cap.  39.)  e  muito 
efiimado  de  grandes  Moralijias,  que  a  viraõ.  He 
laftima,  que  naõ  fe  perpetue  por  meyo  da  Imprenja. 

Conjultas  Moraes,  e  Canónicas.  M.  S.  foi. 
Eílavaõ  promptas  para  a  ImpreíTaõ  como 
diz  Joaõ  Franco  Barreto  na  'Bih.  Portug.  M.  S. 

BELCHIOR  LOPES  DE  SOUSA 
natural  de  ViUa-Nova  de  Portimão  no  Reyno 
do  Algarve,  Licenciado  na  Faculdade  dos 
Sagrados  Cânones,  e  Beneficiado  na  Igreja 
de  Santa  Maria  de  Beja.  Teve  grande 
génio  para  a  Poefia  compondo  em  a  ma- 
terna. Latina,  e  Italiana  muitos  verfos,  que 
chegarão  a  fazer  volumes  como  afirma  Joaõ 
Franco  Barreto  na  Bib.  Portug.  M.  S.  de 
cuja  fecunda  veya  fomente  fe  fez  publico  na 
grande  Obra  do  A£ía  Sanãorum  Tom.  4. 
Mênfis  Maij  pag.  291. 


Poema  de  vita  B.  Fe/icis  Capuccini. 

Coníla  de  mais  de  quinhentos  verfos,  que 
a  fua  devoção  confagrou  a  S.  Félix  de  Canta- 
licio  immortal  gloria  da  auílera  Reforma  dos 
Capuchinhos,  o  qual  morreo  em  Roma  em 
1 8.  de  Mayo  de  1587.  fendo  pelas  fuás  heróicas 
virtudes  Beatificado  por  Urbano  VIII.  no 
anno  de  1625.  e  Canonizado  por  Clemente  XI. 
a  22.  de  Mayo  de  171 2.  Começa  o  Poema. 
Felicem  in  terris,  felicemque  in  athere  vitam 
Felicis  rejeram.  Tu  qui  fplendentia  Cali 
Teãa  colis  mecum  ipfe  tuas  ediffere  Laudes. 

BELCHIOR  LOUREYRO  natural  da 
Cidade  de  Beja  da  Província  do  Alentejo, 
ProfeíTor  de  Direito  Civil,  infigne  Patrono 
de  Cauzas  Forenfes,  e  profundo  inveftigador 
de  Subtilezas  jurídicas.  Morreo  na  Pátria 
em  o  anno  de  1665.    Compoz. 

Glojfa  fobre  as  Kemiçoens  de  Barbo/a,  e  à 
Ordenação  com  todas  as  ampliaçoens,  e  L,imitaçoens 
que  há  fobre  a  Ordenação,  como  fobre  o  que  efcreveo 
o  mefmo  Barbofa.  M.  S.  foi.  Confervava  eíla 
obra  com  grande  eftimaçaõ  Diogo  Lopes 
Crafto  infigne  Advogado  nefta  Corte. 

BELCHIOR  DE  MORAES  natural 
de  Tavira  no  Reyno  do  Algarve  mmto  fciente, 
e  experimentado  em  a  Náutica  pelas  repi- 
tidas  vezes  que  exercitou  o  Officio  de  Piloto 
em  a  dilatada  carreira  da  índia,  o  qual  deze- 
jando  que  foíTe  mais  fácil  aos  profeíTores 
defta  Arte  efcreveo. 

Roteiro  de  Portugal  para  a  Índia,  e  da  índia 
para  Portugal  em  a  Não  de  Santo  António  Nebry 
aos  3.  de  A.gofto  de  1576.  cujo  Original  con- 
ferva  meu  Irmaõ  D.  Jozé  Barbofa  na  fua 
feleâa  Livraria. 

BELCHIOR  DE  MORAES  DE  MES- 
QUITA Naceo  na  Villa  de  Caftro  Vi- 
cente Comarca  da  Torre  de  Moncorvo  do 
Arcebifpado  de  Braga  a  8.  de  Junho  de  1692. 
fendo  filho  de  Nicoláo  de  Mefquita,  e 
Sá,  e  de  Luiza  de  Moraes  Pinto.  Eftudou 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra  os  Sagrados 
Cânones  em  cuja  faculdade  fe  formou  a  22. 
de  Julho  de  1722.  Com  igual  fciencia  que 
integridade  exercita  o  Officio  de  Advogado 
em  a  Villa  de  Frexo  de  Efpada-cinta,  e  jun- 


L  USITAN A. 


495 


tamcntc  o  de  Sindico  da  Camará,  e  Procura- 
<ior  Fifcal.  Entre  as  contínuas  ocupaçoens 
ilcílcs  miniílcrios  querendo  aproveitar  algu- 
mas horas  vagas  compoz  em  beneficio  dos 
dpiritos  devotos. 

Pajlo  da  Alma  no  amarepfo  banquete  da  Pay- 
saÕ  de  Chrijio  nojfo  Salvador  dividido  em  qmn:(e 
pratos  glo:(ados  com  Jeus  reflexos  mentaes.  Vida 
Chrijlãa  ou  pra£lica  fácil  de  aproveitar  com  meyos, 
t  verdades  fmdamentaes  contra  iji/iorancias,  ou  def- 
cuidos  comuns  tradtn^do  do  Cajlelhano  do  P.  Jeró- 
nimo Dutari  da  Companhia  de  Jefus.  DevofoÕ 
do  nome  Santijpmo  de  Maria  para  todos  os  dias  do 
<tmo.  Hxorcifmos  contra  mordeduras  veneno/as, 
Ijombrigjs,  e  outros  bichos,  malefícios,  pejle,  e 
tempeftades.  M.  S.  4.  Entre  cíles  tratados  eftaõ 
muitos  Romances,  c  outros  verfos  devotos 
que  faõ  obra  do  Traduílor. 

P.  BELCHIOR  NUNES  BARRETO 
Naceo  na  Cidade  do  Porto  em  o  anno  de  1 5  20. 
de  Pays  taõ  illuftrcs  no  fangue  como  na  vir- 
tude chamados  Femaõ  Nunes  Barreto  Senhor 
dos  Coutos  de  Freriz,  e  Penagate  e  D.  Izabel 
Ferraz,  Tio  paterno  de  D.  Jerónimo  Bar- 
reto Bifpo  do  Funchal,  e  do  Algarve.  Ao 
tempo  que  com  grande  efplendor  do  feu 
talento  tinha  confummado  o  tempo  que  as 
l^ys  académicas  prefcrevem  para  receber  o 
gráo  de  Doutor  na  Faculdade  dos  Sagrados 
Clones  antepondo  a  humildade  Religiofa 
ao  applauzo  litterario  pedio  a  roupeta  da 
Companhia  de  JESUS  ao  P.  Simaõ  Rodrigues 
o  qual  llie  iníinuou  que  antes  de  confeguir  a 
fua  pertençaõ  recebeíTe  as  infignias  doutoraes, 
a  cuja  iníinuaçaõ  obedecendo  como  fe  fofle 
preceito  fe  graduou  com  grande  folemnidade 
no  fim  do  qual  foy  admitido  à  Companhia 
a  II.  de  Março  de  1543.  quando  contava  25. 
de  idade.  Logo  que  nella  fe  vio  aliílado  pa- 
recendo-lhe  pequena  esfera  para  o  feu  agi- 
gantado efpirito  o  Reyno  de  Portugal  fu- 
plicou  com  repetidas  iniiancias  aos  Superio- 
res, que  o  mandaílem  à  índia  para  onde  par- 
tio  no  anno  de  15  51.  embarcado  em  a  Náo 
Efperança,  de  que  era  Capitão  Diogo  Lo- 
pes de  Soufa  Tavares.  Com  fingulares 
tiemoftraçoens  de  affeéto  foy  recebido  em 
Goa  por  S.  Francifco  Xavier  que  conhe- 
cendo a  grande  prudência  de  que  era  ornado 


o  nomeou  em  Fevereiro  de  1552.  Supedor 
da  Reúdencia  de  Baçaim  onde  convertes- 
teu  Gentios,  reformou  ChriAaòs,  e  expul- 
fou  hereges  que  com  praça  de  artilheiros  paT- 
íavaõ  das  Partes  Scptcntrionaes  áquellas  Re- 
gioens  para  íemear  o  peftifero  veneno  dos  Teus 
erros.  Por  morte  do  V.  P.  Gafpar  Barzeo  foy 
eleito  Provincial  da  índia  em  o  anno  de  15)). 
cujo  cargo  o  obrigou  voltar  a  Goa  donde  paT- 
fou  ao  Japaò  levando  em  fua  companhia  ao 
celebre  viageiro  Fernaò  Mendes  Pinto.  Tole- 
radas conílantemente  varias  tempeftades  í4>or- 
tou  a  Malaca  a  5.  de  Junho  de  1554.  e  depois 
de  obrar  acçoens  dignas  do  feu  apoílolico  zelo 
entrou  em  Cantaõ  metrópole  de  huma  das 
Provindas  da  Chiiu  fendo  o  primeiro  Ope- 
rário evangélico  que  promulgou  a  Fé  de 
Chrifto  em  taõ  dilatado  Império.  Vizitou 
cõ  grande  utilidade  dos  Neófitos  as  Igrejas 
das  Coílas  de  Travancor,  Pefcaría,  e  Choto- 
mandel.  AífiíUdo  de  quarenta  Portuguezes 
preciofamente  veftidos  deo  huma  folemne  Em- 
baxada  a  elRey  de  Bungo  que  já  tinha  recebido 
outra  femelhante  do  grande  Xavier,  para  que 
profeíTaíTe  publicamente  a  Ley  Chriílãa,  e  poílo 
que  foy  tratado  benevolamente  por  efte  Prin- 
cepe  receofo  dos  ânimos  de  feus  VaíTalos  naõ 
fe  rezolveo  a  aceitar  a  propoíla  do  Evangélico 
Embaxador.  Convenceo  em  publica  difputa 
a  Mar  Jozé  Bifpo  Neftoriano  que  pelas  Serras 
do  Malabar  andava  femeando  a  perniciofa,  e 
falfa  doutrina  dos  feus  fcifmaticos  dogmas 
obrigando-o  a  abjurar  folemnemente  por  ef- 
crito  na  Sé  de  Cochim  os  erros  que  profeflava. 
Cheyo  de  acçoens  virtuofas  obradas  em  tantas 
peregrinaçoens  apoftolicas  partio  em  Goa 
a  receber  o  premio  preparado  aos  Juftos  em 
10.  de  Agofto  de  1571.  com  51.  annos  de 
idade,  e  28.  de  Religião,  cuja  memoria  he 
celebrada  pelas  penas  dos  mais  celebres  efcri- 
tores  Jefuitas,  como  faõ  Orland.  Hift.  Societ. 
Tom.  I.  lib.  15.  n.  154.  lib.  4.  n.  56.  lib.  11. 
n.  82.  lib.  12.  n.  85.  lib.  13.  n.  79.  lib.  14.  n.  130. 
Tom.  2.  lib.  I.  n.  558.  &  lib.  2.  n.  172.  Tellez 
Chron.  da  Comp.  de  Jef.  na  Prov.  de  Portug. 
Part.  I.  liv.  3.  cap.  21.  Nadaf.  Ann.  Dier.  Mem. 
S.  J.  Part.  2.  pag.  92.  Girardi  Diário  Part.  3. 
a  10.  de  Agoft.  Godinh.  de  Rebus  AbyJJin. 
lib.  2.  cap.  2.  Bib.  Societ.  pag.  609.  col.  i. 
Soufa    Orient.    Conqtáft,    Part.    i.    Conq.    i. 


496 


B IBLIO  THE  CA 


Divif.  I.  §.  6o.  Divis.  2.  §.  7.  8.  c  32.  Conq. 

3.  Divis.  2.  §.  4.  Conq.  4.  Divis.  2.  §.  10.  11. 
até  15.  Part.  2.  Conq.  i.  Divis.  i.  §.41.  atè  44. 
Franco  Imag.  da  Virt.  em  o  Nov.  de  Coimh. 
Tom.  I.  Liv.  2.  cap.  49.  até  59.  e  no  Ann. 
Glorio/.  S.  J.  in  'L.ujit.  pag.  458.  CraíTet  H^. 
deV  Eglis.  du  Japon.  Tom.  i.  liv.  3.  §.  35.  pag. 
188.  e  Charlevoix  Hijl.  dei'  Etablis.  e  Decad. 
du  Chrijl.  dans  VEmpire  du  Japon.  Tom.  i. 
pag.  148.  152.  154.  e  158  e  Hijt.  du  Japon. 
Tom.  I.  p^  238.  240.  244.  e  245.  Pinto  Hift. 
dajua  Peregrin.  cap.  219.  e  225.  Ant.  de  Leon. 
Bíb.  Orient.  Tit.  7.  e  8.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Theatr.  iMJit.  Utter.  lit.  M.  n.  25.  dizendo  Yuit 
viraquepius,  acdoãus.  As  cartas  em  que  relatou  os 
fucceíTos  das  fuás  peregrinaçoens  apoftolicas  faõ 
as  feguintes  expoílas  por  ordem  Chronologica. 

Carta  ejcrita  de  Goa  a  9.  de  Dezembro  de 
15  51.  em  que  relata  a  fua  Viagem.  M.  S.  Con- 
ferva-fe  na  Cafa  profeíTa  de  S.  Roque. 

Carta  ejcrita  de  Baçaim  a  7.  de  Dei(embro 
de  1552.  aos  PP.  de  Portugal.  M.  S.  Confer- 
va-fe  na  mefma  Cafa. 

Carta  ejcrita  de  Goa  no  anno  de  1554.  a  Santo 
Ignacio  em  que  relata  a  morte  de  S.  Francijco 
Xavier,  e  Jeu  enterro.  Sahio  vertida  em  Latim 
in  Epijl.  Japanicis.  Lovanij  apud  Rutgerum 
Velpium  1570.  12.  a  pag.  86.  até  102.  e  em 
Italiano  Roma  por  António  Bladio.  1556. 
e  Venetia  por  Michele  Tramezzino  1565.  8. 
no  livro  intitulado  Diverji  Aviji  dalVIndie  de 
Portugallo.  Part.  3.  foi.  161. 

Carta  ejcrita  de  Malaca  a  ^.  de  Dezem- 
bro de  1554.  Começa  O  Mayo  pajjado  dejle 
anno  de  1554.  Évora  por  Manoel  de  Lyra. 
1598.  foi.  Part.  I.  a  foi.  30.  v.o.  Vertida  em 
Caftelhano  pelo  P.  Cypriano  Suar.  Coim- 
bra por  Joaõ  Barrer.  e  Joaõ  Alvares  1567. 
a  pag.  71.  e  no  livr.  intitulad.  Copia  de  las 
Cart.  que  los  PP.  de  la  Compan.  ejcrevier. 
Alcalá  per  Juan  Iniguez  de  Lequerica  1575. 

4.  a  foi.  61.  vertida  na  lingua  Latina  pelo 
P.  Manoel  da  Coíla  in  Ker.  a  S.  J.  in  Ind.  Geji. 
Cólon,  apud  Gervinum  Calenium  1574.  8. 
à  pag.  188.  até  190.  &  Delingae  apud  Sebal- 
dum  Mayer  1571.  8.  a  foi.  87.  até  94.  e  em 
Italiano  com  outras  Venetia  apreílo  Michaele 
Tramezzino.  1559.  8. 

Carta  ejcrita  de  Mac  ao  em  23.  de  No- 
vembro  de    1555.    aos  Irmaõs   da   índia,    Por- 


tugal, e  Koma.  Começa.  O  anno  pajjado  de 
1554.  Évora  por  Manoel  de  Lyra  1598. 
foi.  Part.  I.  a  foi.  32.  v.®.  da  qual  traz  grande 
parte  o  P.  António  Franco  na  Imag.  da  Vir- 
tude do  Colleg.  de  Coimb.  Tom.  i.  pag.  366. 
até  374.  Traduzida  em  Latim  in  EpiJ.  tol.  Ja- 
panic.  Lovanij  apud  Rutgerum  Velpium  1569. 
8.  p.  131.  até  159.  &  ibi  per  eumd.  Typ. 
1570.  8.  pag.  127.  até  144.  em  Caílelhano. 
Alcalá  por  Juan  Iniguez  de  Lequerica.  1 575.  4. 
foi.  63.  v.o.  e  em  Italiano  Venetia  preíTo  Mi- 
chaele Tramezzino.  1565.  8.  a  pag.  263.  v.o. 

Carta  ejcrita  de  Macao  a  z\.  de  Novembro 
de  1555.  aos  Padres  de  Goa.  Confta  de  nove 
paginas,  e  fe  conferva  no  archivo  da  Cafa 
profeíTa  de  Lisboa.  Sahio  vertida  em  Cafte- 
Ihano  pelo  P.  Cypriano  Suar.  Coimbra  por 
Joaõ  Alvares,  e  Joaõ  Barreira  1565.4.  pag.  123. 

Carta  ejcrita  a  1^.  de  Janeiro  de  1558.  ao 
Geral  com  a  informação  de  China,  e  JapaÕ  para 
receber  a  Fé.  Traduzido  em  Caftelhano  pelo 
dito  P.  Cypriano  Coimbra  por  Joaõ  Bar- 
reira 1565  4.  pag.  187.  e  em  Italiano  Venetia 
preíTo  Tramezino.  1559.  8. 

Carta  ejcrita  de  Cochim  a  \o.  de  Janeiro 
aos  Irmaõs  da  Companhia  de  JESUS  de  Por- 
tugal. Começa.  No  anno  de  1555.  lhes  ejcrevi. 
Évora  por  Manoel  de  Lyra  1598.  Part.  i. 
a  foi.  47.  até  51.  da  qual  traz  grande  parte 
impreíTa  o  P.  Franco  Imag.  da  Virtud.  do  Novic. 
de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  2.  cap.  57.  e  58.  Tradu- 
zida em  Latim  pelo  P.  Maffeo  Seleã.  EpiJ. 
ex  Ind.  lib.  i.  e  por  o  P.  Manoel  da  Cofta  in 
Ker.  à  S.  J.  Gejlar.  Coloniae  apud  Gervinum 
Calenium  1574.  8.  a  pag.  247.  até  252  e  em 
Caftelhano.  Alcalá  por  Juan  Iniguez  de  Le- 
querica 1575.  4.  foi.  76. 

Carta  ejcrita  de  Cochim  a  16.  de  AgoJlo  de 

1558.  aos  Padres  de  Goa.  M.  S.  Conferva-fe  na 
Cafa  profeíTa  de  S.  Roque. 

Carta  ejcrita  de  Cochim  a  z^.  de  Fevereiro  de 

1559.  aos  PP.  de  Portugal.  ImpreíTa,  em  a 
Imagem  da  Virtude  do  Nov.  do  Colleg.  de  Coimb. 
Tom.  I.  liv.  2.  pag.  58. 

Carta  ejcrita  de  Cochim  a  25.  de  Fevereiro  de 
1559.  ao  Geral  M.  S.  Conferva-fe  na  Cafa 
profeíTa  de  S.  Roque. 

Carta  ejcrita  de  Cochim  a  31.  de  De- 
zembro de  1561.  aos  PP.  de  Portugal.  Sahio 
na    Imag.     da     Virt.    do    Nov.     de     Coimb. 


LUSITANA. 


497 


Tom.  1.  liv.  2.  pag.  $9.  Traduzida  cm  Latim 
Lovanij  apud  Rutgcrum  Velpium  1)69.  8. 
in  lipij/.  Japon.  Part.  2.  pag.  125.  &  ibi  apud 
cumdcm  1570.  8.  pag.  261.  c  em  Italiano  em 
o  livro  Diverji  Aviji  dali*  hidie  ái  Vortugallo 
Parf.  4.  foi.  225.  Vcnctia  prcíTo  Michele 
Tramezzino  1565.  8. 

Carta  efcrita  de  Cochim  a  20.  de  l'epereiro 
de  1 5  64.  a /uns  Irmaús  Keliji^iofas  em  que  lhes  dà  no- 
ticia da  morte  de  feu  Irmaõ  o  Patriarcha  D.  Joaõ 
Nunes  Barreto.  M.  S.  Confcrvafc  na  Gifa  pro- 
feíTa  de  S.  Roque. 

Carta  ejcrita  de  Cochim  a  20.  de  Fevereiro 
de  ij66.  ao  P.  LeaÕ  HenriqMe;(.  Aí.  S. 

Carta  efcrita  de  CouIaÕ  a  20.  de  Janeiro  de 
1567.  ao  me/mo  P.  Aí.  S, 

Carta  efcrita  de  Goa  a  26.  de  Novembro  de 

1367.  Coníla  de  7.  paginas.  M.  S.    Eftas  duas 

cartas  fe  guardaõ  no  Archivo  da  GJ"a  profeíTa 

Lisboa.   De  algumas  dcílas  Cartas  faz  men- 

o  moderno  addicionador  da  Bib.  Orient. 

António  de  Leaõ  Tom.  i.  Titul.  6.  col.  96. 

Tit.  8.  col.  177. 

Vida  compendiofa  do  lUuflrifftmo  Patriarcha 

Etiópia  D.  Joaõ  N/mes  Barreto  feu  Irmaõ, 

ijo   Original   fe   conferva   no   Collegio    de 

Lvora  como  efcreve  o  P.  Franco  Imag.  da 

^irtud.  do  Noviciad.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  2. 

ip.  7.  n.  15. 

BELCHIOR  DA  PIEDADE  Cónego  Se- 
cular da  Congregação  do  Evangeliíla  Lente  de 
Theologia,  e  Pregador  iníigne  do  feu  tempo,  e 
naõ  inferior  Poeta  vulgar,  e  Latino.  PubUcou. 

Sermão  de  Santo  Thomat^  de  Aquino  pregado  na 
Sé  de  Braga.  Coimbra  por  Thomé  Carvalho  Im- 
preflbr  da  Univerfidade  1655.  4.  De  quem  temos 
(falia  delle  Francifco  de  Santa  Maria  Chron.  dos 
Coneg.  Sec.  liv.  2.  cap.  40.  pag.  5  29.)  alguns  Ser- 
moeus  imprejjos,  e  o  mereciaõ  fer  todos.  Naõ  che- 
gou à  noíTa  noticia  mais  que  o  Sermaõ  que  vay 
aflima  pofto, 

BELCHIOR  DE  PINNA  DA  FONSECA 

natural  da  Cidade  da  Guarda  Prior  da  Igreja  de 
N.  Senhora  da  AiTumpçaõ  de  Vinho  do  Bifpa- 
do  de  Coimbra,  Notário  Apoftolico,  e  Secreta- 
rio do  Synodo  que  celebrou  o  IlluílriíTimo 
Bifpo  da  Guarda  D.  Francifco  de  Caftro  a  20. 
de  Novembro  de  1621.   Igualmente  foy  douto 


nos  SagtadcM  Cânones,  como  nas  Antiguida- 
des da  Tua  Pátria  cTcrevendo. 

Chronologia  dos  Bifpos  da  Guarda.  M.  S.  4. 

llifloria  de  todas  as  Imagjnu  milaffofeu  do 
Bifpado  da  Guarda,  foi.  M.  S. 

BELCHIOR  DO  REGO  DE  ANDRADE 

natural  de  Villa-viçofa  em  a  Provinda  Tranf- 
tagana  filho  de  Ignacio  do  Rego  de  Andrade 
Moço  da  Guardaroupa  do  ScreniíTimo  Duque 
de  Bragança  D.  Theodoílo  II.  e  D.  Innoccnda 
Cacella  filha  de  Belchior  Mendez  Cacclia  Moçr> 
da  Guardaroupa  do  Sereni/Timo  Duque  de 
Bragança  D.  Joaõ  o  I.  Eíhidadas  na  Pátria  as 
letras  humanas  paíTou  a  Coimbra  para  fe  appli- 
car  à  fciencia  dos  Sagrados  Cânones,  na  qual 
tanto  fe  diíUnguio  entre  os  feus  Condifdpulos 
que  recebido  o  gráo  de  Doutor  a  exerdtou 
com  fumma  inteireza  em  os  honoriâcos  luga- 
res de  Dezembargador  dos  Aggravos  na  Cafa 
da  Supplicaçaõ  de  que  tomou  poíTe  a  15.  de 
Outubro  de  1661.  de  Chanceller  da  mefma 
Cafa  a  14.  de  Junho  de  1668.  e  ultimamente  de 
Dezembargador  do  Paço.  Ordenado  de  Pres- 
bytero  foy  por  muitos  annos  Cónego  da  iníigne 
Collegiada  da  Villa  de  Barcellos  donde  foy 
promovido  para  Prior  da  Parochial  Igreja  de 
Saõ-Tiago  deíla  Corte  moílrando  que  o  feu 
talento  era  igual  para  a  decifaõ  das  Cauzas, 
como  para  o  paílo  das  ovelhas.  A  grave  pru- 
denda  acompanhada  do  profundo  eíhido  de 
ambos  os  Direitos  o  habilitarão  para  Secreta- 
rio da  Rainha  D.  Luiza  Francifca  de  Gufmaõ, 
cujo  miniílerio  exerdtou  fuceíTivamente  com 
geral  approvaçaõ  nos  reynados  das  SereniíTimas 
Senhoras  D.  Maria  Francifca  Izabel  de  Saboya, 
e  D.  Maria  Sofia  Izabel  de  Neoburg.  Foy 
muito  eíhidiofo  da  Hiíloria  Sagrada,  e  profaiu 
prindpalmente  na  inveftigaçaõ  das  Antigui- 
dades do  noíTo  Reyno  de  que  deixou  à  pofte- 
ridade  doutiíTimos  monumentos.  Morreo  em 
Lisboa  a  14.  de  Março  de  1690.  em  idade 
muito  proveéla.  Jàz  fepultado  na  Capella 
Mòr  da  Igreja  de  que  foy  Prior.  Efcreveo. 
Antiguidades  de  Villa-viçofa  fua  Pátria  que 
por  humildade  naõ  quiz  imprimir  como  diz 
Jorge  Cardozo  Agiol.  Ijufit.  Tom.  3.  pag.  593. 
no  Comment.  de  8.  de  Junho  letr.  G.  fazendo 
fegunda  mençaõ  deíla  obra  no  Tom.  2.  pag. 
320.  no  Comment.  de  26.  de  Março  letr.  G. 


37 


498 


BIBLIO THE  CA 


Antiguidades  da  Villa  de  Barcellos.  M.  S. 
Saõ  allegadas  pelo  mefmo  Cardozo  Agiol. 
l^ujit.  Tom.  3.  pag.  59.  no  Comment.  de  3.  de 
Mayo.  letr.  D. 

Tratado  da  Antiguidade  da  Villa  de  Ourem,  e 
Juas  grandezas,  M.  S.  de  que  faz  memoria 
Cardofo  Agiol.  ILuJit.  Tom.  2.  p.  90.  no  Com- 
ment. de  7.  de  Março  letr.  G. 

Vida,  e  milagres  da  B.  Tareja  filha  delKej 
D.  Affonfo  Henriques.  M.  S.  como  afirma 
Ant.  Carvalho  da  Coíla.  Corog.  Portug.  Tom.  3. 
Trat.  5.  cap.  i.  pag.  230. 

Além  dos  Authores  allegados  fazem  me- 
moria defte  Author  Nicol.  Anton.  Bib.  Hifp. 
Tom.  2.  pag.  100.  col.  i.  Catajlroph.  de  Portug. 
pag.  79.  e  Joaõ  Franco  Barreto.  Bib.  Por- 
tug. M.  S. 

Fr.  BELCHIOR  DOS  REYS  Religiofo 
profeflb  da  Seráfica  Provincia  de  S.  Thomé 
da  índia  Oriental  para  onde  partio  deíle  Reyno 
onde  nacera.  Foy  bom  letrado  principalmente 
na  Theologia  Moral  de  que  deixou  hum  eterno 
teílemunho  na  obra  feguinte. 

Kefoluçoens  Moraes  mifcellaneas  pertencentes 
às  Mijfoens.  M.  S.  foi. 

Fr.  BELCHIOR  DOS  REYS  Monge  Cif- 
tercienfe  do  Real  Convento  de  Alcobaça  cabeça 
da  illuftre  Congregação  defte  Reyno.  Sendo 
muito  applicado  aos  eftudos  efcholafticos  o 
naõ  era  menos  à  liçaõ  da  Genealogia  efcre- 
vendo  com  eftilo  claro,  e  fincero. 

Familia  dos  Lucenas.  M.  S. 

BELCHIOR  DA  SYLVA  Sacerdote  Brâ- 
mane, e  Vigário  da  Igreja  de  Santa  Anna  da 
Cidade  de  Goa  que  adminiftrou  muitos  annos 
com  louvável  procedimento,  fendo  intitulado 
Homem  douto,  e  de  grande  virtude  pelo  P.  Balthe- 
zar  Tellez  Hijl.  da  Etiop.  Alt.  lib.  3.  cap.  11. 
Pregador,  e  bom  Tbeologo  de  bom  exemplo,  e  vida 
por  Fr.  António  de  Gouvea  Jornad.  do  Are. 
D.  Fr.  Aleix.  de  Men.  liv.  i.  cap.  8.  e  infigni 
Sacerdos  pietate  pelo  P.  Nicoláo  Godinho  de 
Kebus  Abyjfm.  lib.  3.  cap.  16.  onde  com  mani- 
fefta  equivocaçaõ  lhe  chama  em  diverfas  partes 
Miguel.  Dezejando  com  zelo  paftoral  o  Illuf- 
triíTimo  Primaz  do  Oriente  introduzir  Sacerdo- 
tes na  Etiópia  para  que  em  taõ  vafto  império 


adminiftraíTem  os  Sacramentos,  o  nomeou  para 
taõ  grande  empreza  conhecendo  da  integridade 
dos  feus  coftumes  a  dezempenharia  com  toda  a 
fatisfaçaõ.  Partio  no  anno  de  1598.  disfarçado 
em  trages  de  Guzarate  para  naõ  fer  conhecido 
dos  Mouros  que  com  fumma  vigilância  impe- 
diaõ  efta  introducçaõ,  e  chegando  a  Dio  paíTou 
á  Cidade  de  Daleca  donde  entrou  no  Prefte 
Joaõ,  e  nelle  foy  recebido  com  inexplicável 
jubilo  pelos  Chriftaõs  por  ter  paflado  quarenta 
annos  que  naõ  tinhaõ  Sacerdote  que  lhes  minif- 
traíTe  os  Sacramentos  reduzindo  a  muitos  que 
tinhaõ  abraçado  os  fcifmaticos  dogmas  de 
Alexandria  em  cujos  apoftolicos  minifterios 
trabalhou  pelo  efpaço  de  féis  annos,  e  em  todo 
ejle  tempo  (faõ  palavras  do  P.  Telles  no  lugar 
aflima  citado)  procedeo  com  muito  bom  exemplo 
tendo  muito  cuidado  de  acudir  às  almas  dos  Portu-  j 
guet^es,  e  Catholicos,  e  para  lhes  adminifirar  os  I 
Sacramentos  andou  continuamente  em  largos,  e  mtrf  ; 
trabalho/os  caminhos  por  ejlarem  os  Portuguev^es 
muy  remontados,  e  ejpalhados  em  vários  Reynos 
dejle  Império.    Compoz. 

Cathalogo  dos  imperadores  da  Etiópia.  M.  S. 

BELCHIOR  DE  TEYVE  natural  da  G- 
dade  do  Funchal  Capital  da  Ilha  da  Madeira 
filho  ultimo  de  Gafpar  de  Teyve,  e  fua  fegunda 
mulher  D.  Anna  de  Brito  naturaes  da  mefma 
Ilha.  Foy  Lente  de  Direito  Civil  na  celebre 
Univerfidade  de  Salamanca  pelo  largo  efpaço  , 
de  vinte,  e  féis  annos  de  cuja  difciplina  fahiraõ 
infignes  Letrados.  Depois  de  fer  fuperinten- 
dente  da  Fazenda  Real  nos  Reynos  de  Caftella 
em  o  anno  de  1607.  e  occupado  lugares  hono- 
ríficos foy  do  Confelho  de  Filippe  III.  e  hum 
dos  quatro  Ouvidores  da  fua  Camará.  Appli- 
cou-fe  com  grande  curiofidade  ao  eftudo  da 
Genealogia,  em  que  efcreveo  largamente, 
fendo  a  principal  obra. 

Genealogia  da  Cafa  de  "Lerma.  M.  S. 

Da  qual  faz  efpecial  memoria  D.  Luiz 
Salazar,  e  Caftro  na  Hift.  dejla  Cafa  Tom.  3. 
pag.  491.  e  Henrique  Henriquez  de  Noronha 
nas  Mem.  Secul.  e  Ecclef.  da  Diocef.  do  Fun- 
chal M.  S.  Tit.  12.  cap.  3.  cujo  Original  ti- 
vemos em  noíTo  poder. 

BENTO  DE  ARAÚJO  LEAL  Pres- 
bytero  do  Habito  de  S.  Pedro,  e  Meftre  de 


L  USITANA. 


499 


IFKba 


Grammatica  neíla  Corte  o  qual  para  facili- 
tar aos  feus  difcipulos  os  preceitos  da  liogua 
Latina,  efcreveo. 

Mifcellanea  Grammatical  na  qual  fe  txplicaõ 
as  partes  du  OraçaÕ  com  iodas  as  fuás  etymologias, 
e  circmjl anciãs  para  perfeita  intelligencia  da  litifféa 
íuitina.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira  Impreflbr 
da  ScrcniíTlma  Rainha  1734.  8. 

Fr.  BENTO  DA  ASCENÇAM  natural 
da  Villa  da  Arrifana  de  Soufa  do  Bifpado  do 
Porto  onde  em  a  Matriz  de  S.  Martinho  foy 
bautizado  a  23.  de  Agoílo  de  1675.  Foraõ 
ícus  Pays  Diogo  de  Almeyda,  e  Catherina  de 
Lemos  pcíToas  nobres,  c  virtuofas.  Na  idade 
de  18.  annos  elegeu  entre  todas  as  Religioens 
a  de  S.  Bento  cuja  Monaílica  Cogulla  vellio 
no  Convento  de  Tibaens  a  24.  de  Mayo  de 
1693.  Tal  foy  o  progreíTo  que  fez  nos  cftudos 
Thcologicos  que  foy  admitido  em  a  Uni- 
vcrfidade  de  Coimbra  ao  numero  dos  Dou- 
de  taõ  alta  Faculdade.    Duas  vezes  foy 

fcade  do  Convento  de  Pombeiro,  a  primeira 
no  anno  de  171 9.  e  a  2.  no  de  1724.  Viíitou 
a  fua  Congregação  com  igual  prudência,  que 
integridade.  Morreo  a  14.  de  Janeiro  de  1728. 
com  53.  annos  de  idade,  e  36.  de  Religião. 
Compoz. 

Vida,  e  Martyrio  da  infixe  Virgem,  e  Martyr 
prodiffoja  Santa  Quitéria  Serenijftma  Infanta  de 
"Portugal  no  monte  de  Pombeiro  Interamnenfe 
Lisboa  na  Officina  Ferreiriana.  1722.  8. 

Novena  da  infigne,  e  gloriofa  Virgem  Santa 
Quitéria  Serenijftma  Infanta,  e  Prothomartir  de 
Portugal  no  monte  de  Pombeiro  Interamnenfe,  ou 
em  outro  qualquer  lugar,  que  o  feu  devoto  a  quii:(er 
fa^er.  Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva. 
1727.  8. 

Entre  os  illuftres  filhos  que  produzio  a  fua 
Pátria  he  numerado  por  António  Carvalho  da 
Cofta  Corog.  Portug.  Tom.  i.  Trat.  6.  cap.  10. 
pag.  585. 

Fr.  BENTO  DE  S.  BERNARDO.  Na- 
ceo  na  Villa  de  Caftro  Dayro  do  Bifpado  de 
Lamego  a  13.  de  Mayo  de  1621.  e  teve  por 
Pays  a  Francifco  Pinto  da  Motta,  e  D.  Guio- 
mar Machado  de  Vafconcellos  de  igual 
nobreza,  e  piedade,  e  por  Irmaõ  gémeo  a  Fr. 
Balthezar  Pinto  Monge  Bento  de  quem  fizemos 


já  nnemoría.  Quando  contava  a  idade  de 
20.  annos  recebeo  o  habito  Monachal  da  Sa- 
grada Ordem  de  Ciíler  no  Convento  de  Sanu 
Maria  de  Salcedas  a  4.  de  Outubro  de  1641. 
Depois  de  eíludar  as  fciencias  próprias  do 
elbulo  Religíofo  exercitou  com  geral  aclama- 
ção diverfos  Lugares,  como  foraõ  Preíidente 
in  Capite  em  o  anno  de  1663.  ConfeíTor  das 
Religiofas  do  Convento  de  N.  Senhora  da 
Piedade  de  Tavira  em  1666.  Secretario  do 
Geral  Fr.  SebaAiaò  de  Sottomayor  em  1675.  e 
Abbade  Reytor  do  Collegio  de  Coimbra 
em  1678.  e  Abbade  do  Convito  de  Salcedas 
em  1684.  Em  tantas,  e  taõ  varias  ocupa- 
çoens  nunca  deixou  de  fervir  a  fua  Religião 
efcrevendo  para  beneficio  delia  as  obras  fe- 
guintes. 

Colleâaneo  efcrito  em  pergaminho  pelo  qual 
fe  Capitula  no  Choro  do  Convento  de  Salcedas; 
o  qual  fez  fendo  Noviço  nefta  Cafa. 

Fundarão  do  Convento  de  S.  Bernardo  de  Tavira, 
e  da  vida  das  fuás  Preladas,  e  de  algumas  advertên- 
cias f  obre  o' exercido  dos  Confeffores  do  dito  Con- 
vento M.  S. 

Summario  do  Cartório  do  Real  Mofleiro  de 
Alcobaça  em  o  anno  de  i6-jz.  fendo  Carturario 
delle.  M.  S. 

Formulário  de  varias  Cartas,  Alvarás,  e  Pro- 
vifoens  com  advertências  fobre  as  ditas  formas  cuja 
expedição  pertence  ao  Cartório  de  Alcobaça,  em 
o  anno  de  1674.  M.  S.  4. 

Todos  eftes  Livros  fe  confervaõ  no  Archivo 
do    Real    Convento    de    Alcobaça    letra    A. 

Reformou  o  Breviário  da  Ordem,  e  íahio 
com  eíle  titulo. 

Breviarium  Ciflercienfe  ad  ufum  Congrega- 
tionis  D.  Bemardi  Portugallia.  Antuerpix  Sump- 
tibus  Joannis  à  Coíla,  et  Didaci  Soares  Biblio- 
polarum  UlyíTiponeníium.  1677.  4. 

Summario  do  Cartório  do  Real  Collegio  de 
Coimbra  de  S.  Bernardo  no  anno  de  1680.  M.  S. 

Sendo  Bibliothecario  do  Real  Convento 
de  Alcobaça  collocou  todos  os  livros  por  hum 
numero  geral  fazendo  hum  Cathalogo  dos 
Authores  com  o  titulo  do  Livro,  e  a  matéria 
de  que  trata,  ao  qual  intitulou. 

Kadius  Bibliofheca  regalis  Archicanohij 
Alcobacienfis  ex  quo  bis  duodecim  radiant 
radioli  breviter,  ac  fubtiliter  radiati  a  Fra- 
tre  Anonjmo  anno  Domini   1684.   foi.   M.   S. 


5oo 


BIBLIOTHE  CA 


Compoz  outro  volume  defte  mefmo  af- 
fumpto  com  24.  Alfabetos  intitulado. 

Kadiolus  radiolorum  radij  Bibliotheca  regalis 
ArchicanobiJ  Alcohacienjis  irradiatus  à  Fr.  Ano- 
nymo  amo  Domini.  1684. 

De  oratoriis,  Eremitis,  feu  Capellis  Mona- 
chorum,  et  eorum  exceptione.  foi.  M.  S.  em  1687. 
Foy  approvada  efta  obra  por  todos  os  Dou- 
tores da  Univerfidade. 

Indulta  Apojlolica  pro  Kegali  Alcohacienfi 
Monafterio,  <&  ejufdem  Congregatione.  Fez  efta 
coUeçaõ  no  anno  de  1688.  e  eftava  prompta 
para  a  impreíTaõ. 

Fr.  BENTO  CALDEIRA.  Foy  muito 
inftruido  nas  letras  humanas,  e  principalmente 
nos  preceitos  da  Arte  Poética.  Deixando 
a  Pátria  fe  recolheu  à  Religião  dos  Erimitas  de 
Santo  Agoftinho  profeíTando  o  feu  Inftituto 
no  Real  Convento  de  S.  Filippe  de  Madrid. 
Pela  grande  aíTiftencia  que  fez  em  Caftella 
foube  com  fumma  perfeição  a  lingua  Cafte- 
Ihana  em  a  qual  traduzio. 

l^as  h.njiadas  de  'L.ui^  de  Camoens.  Alcala 
1 5  80.  4.  Do  Author,  e  da  Obra  fazem  mençaõ 
Ant.  de  Leaõ  Bib.  Orient.  Tit.  2.  pag.  8.  Nicol. 
Ant.  Bih.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  164.  col.  i.  Ma- 
noel de  Faria,  e  Soufa  Vida  de  Camoens  im- 
preíTa  no  principio  do  Coment.  às  Kimas  defte 
grande  Poeta  §.  39.  e  o  P.  António  dos  Reys 
no  Enthujtaf.  Poetic.  n.   151. 

BENTO  CARDOSO  OSÓRIO.  Naceo 
em  a  Freguezia  de  S.  Joaõ  da  Fóz  no  Confelho 
da  Maya  do  Bifpado  do  Porto  donde  paííados 
os  annos  da  puerícia  em  que  defcubrio  grande 
viveza  de  engenho  o  mandou  feu  Pay  Pafchoal 
Rodrigues  Oforio  eftudar  a  Coimbra  em  cuja 
Univeríidade  fez  tantos  progreííos  a  fua  rara 
comprehenfaõ  que  recebeo  o  gráo  de  Bacharel 
em  hum,  e  outro  Direito  com  univerfal  ap- 
plaufo  de  todos  os  Cathedraticos.  Voltando 
para  a  pátria  com  grande  opinião  de  Letrado 
occupou  os  lugares  de  Promotor,  e  Procurador 
da  Mitra  do  Porto,  e  Vigário  Geral  de  Villa- 
-Real  com  tanta  integridade,  e  obfervancia  da 
juftiça  que  paíTou  a  Procurador  da  Mitra  Pri- 
macial de  Braga,  Dezembargador  da  fua  Rela- 
ção, Syndicante  dos  feus  Coutos,  e  Juiz  do 
Tribunal  da  Legacia.   Por  caufa  de  graves  de- 


pendências da  Mitra  Bracharenfe  foy  obrigado 
a  vir  à  Corte,  onde  conhecendo  a  Mageftade 
delRey  D.  Joaõ  o  IV.  a  fua  grande  capacidade 
o  nomeou  em  22.  de  Outubro  de  1647.  Pro- 
curador Geral  da  SereniíTima  Cafa  de  Bra- 
gança, occupaçaõ  que  tinha  exercitado  os  De- 
zembargadores  André  Cardofo  Coutinho,  e 
António  de  Soufa  Tavares  a  qual  exercitou 
pelo  largo  efpaço  de  dezafeis  annos  até  o  fim 
de  Fevereiro  de  1663.  com  tanto  zelo,  e  credito 
das  fuás  letras  que  alcançou  quarenta,  e  huma 
fentenças  a  favor  defta  SereniíTima  Cafa  contra 
partes  muito  refpeitadas  pela  nobreza  de  feus 
nacimentos,  fendo  elle  o  que  unicamente  alle- 
gava  em  taõ  diverfas  caufas  ou  foíTem  Secula- 
res, ou  Ecclefiafticas.  A  Rainha  D.  Francifca 
Luiza  de  Gufmaõ  como  Regente  defta  Monar- 
chia  o  elegeo  a  15.  de  Setembro  de  1657. 
Procurador  de  fua  filha  a  Sereniífima  Senhora 
D.  Catherina,  cuja  eleição  o  empenhou  a  trium- 
far  da  forte  opofiçaõ  que  Gafpar  de  Abreu,  e 
Luiz  de  Mello  fizeraõ  ao  Paul  de  Magos  de 
que  era  a  dita  Senhora  Donatária.  Falleceo 
em  o  anno  de  1665.  fem  Teftamento  deixando 
huma  filha  imica  chamada  D.  Maria  António 
de  Sages  Oforio,  que  teve  de  fua  mulher 
D.  Anna  Monteira  de  Sages  as  quaes  como  def- 
cendentes  de  nobres  progenitores  lhes  paíTou 
ElRey  D.  AfFonfo  VI.  hum  Alvará  em  29.  de 
Outubro  de  1665.  para  ferem  ReUgiofas  no 
Convento  de  N.  Senhora  da  Encarnação  da 
Ordem  de  S.  Bento  de  Aviz,  fituado  nefta 
Corte.  Compoz  muitas,  e  doutiíTimas  obras 
em  Direito  Civil,  e  Canónico,  das  quaes  fahio 
pofthuma  a  feguinte. 

Praxis  de  Patronatii  Kegio,  et  Sacidari.  Opus 
plane  neceffarium  Judicibus  Corona  ad  fimiles  can- 
jas Patronatus  ^egij,  et  Sacularis  decidendas. 
Summorum  Pontificum  decretis,  Sacra  Kota  Deci- 
Jionibus,  et  com  muni  Do£íorum  authoritate  fulcitum, 
pluribus  Judiei/  Corona  Regni  Portugallia  fententiis 
roboratum.  UlyíTipone  apud  Jozephum  Anto- 
nium  da  Sylva  Typ.  Reg.  1726.  foi. 

BENTO  DE  CASTRO  pofto  que  na- 
cido  na  Cidade  de  Hamburgo  filho  de  Ro- 
drigo de  Caftro  noíío  Portuguez,  e  infigne 
Medico  de  quem  fe  fará  memoria  em  feu  lu- 
gar. Applicoufe  ao  efludo  defta  Faculdade, 
e  fahio  nella  taõ  eminente  que  fe  naõ  diftin- 


L  USITAN  A. 


5o  I 


guia  do  Pay  herdando  com  a  natuteza  a  fcien- 
da  medica  com  que  na  fua  Pátria  triumfava 
das  infermidades  mais  perigofas  de  tal  forte 
que  a  Rainha  de  Suécia  ChriAina  Alexandra 
•quella  famofa  Heroina  do  Século  paíTado  o 
elegeu  para  Teu  Medico  chamado  txcelhntif' 
fmo,  e  eruditijftmo  pela  pcnna  de  Zacuto  Lufi- 
tano  in  Prax.  Med.  Obferv.  85.  e  86.  naò  lhe 
dando  menores  elogios  Bafnage  Hijl.  des  jmfs. 
Vlv,  7.  cap.  51.  e  Wolf.  Bib,  Hehraap^g.  1015. 
n.  1910.  Morreo  na  fua  Pátria  no  anno  de 
1684.   Compoz. 

Monomachia,  fivt  certamen  Medicorum  circa 
Vttm  Sediomm.  Amburgi  apud  Jacobum 
Rebenlinum.  1647.  4. 

Com  o  fuppoílo  nome  de  Philotheo  Gif- 
I  tello  publicou  huma  Apologia  pela  fciencia 
dos    Médicos    Portuguczcs    com   cfte    titulo. 

"Plagellum  caluniniantium ,  feu  apoloffa  in  qua 
Anonymi  cuja/dam  calumnia  rejutantur;  ejufdem 
mentiendi  libido  detegitur:  clarijfimorum  'Lufitano- 
rum  Medicorum  legitima  methodus  commendatur,  <& 
EjupyricorMm  infcitia,  et  temeritas  tamquam  perni- 
àojareipublica  damnatur.  Amftelodami.  1681.  8. 

Fr.  BENTO  DA  CRUZ.  Naceo  na  augufta 
Qdade  de  Braga,  fendo  filho  de  Domingos 
Gonçalves,  e  Maria  Fernandes,  e  em  a  de  Lis- 
boa profeíTou  o  monaílico  Inftituto  do  Prín- 
cipe dos  Patriarchas  S.  Bento  a  3.  de  Mayo  de 
1592.  Depois  de  lér  aos  feus  domeílicos  a 
Sagrada  Theologia  recebeu  neíla  faculdade  o 
gtáo  de  Doutor  em  a  Univerfidade  de  Coim- 
bia.  Foy  Abbade  do  Collegio  defta  Qdade  em 
o  anno  de  1626.  e  do  Convento  defta  Corte  em 
1632.  Naõ  tinha  menor  talento  para  as  fcien- 
cias  amenas,  que  para  as  feveras  fendo  muito 
douto  affim  na  lingua  latina  como  no  artificio 
Oratório  de  que  foy  teftemunha  toda  a  Acade- 
mia Conimbricenfe  quando  orou  em  applaufo 
da  Canonização  da  Rainha  Santa  Izabel  prin- 
cipiando. 

Solent,  qua  mediis  cali^nofcB  noãis  fenebris 
ajlra  (&€. 

Sahio  impreíTa  efta  Oraçaõ  no  livro  inti- 
tulado Sanãijfima  Regina  Eli/abetòa  poeticum 
certamen.  Conimbrioe  Typis  Didaci  Gomes 
do  Loureiro  Acad.  Typ.  1626.  4. 

Morreo  no  Mofteiro  de  Rendufe  a  5.  de 
Agofto  de  1639. 


Fr.  BENTO  DA  CRUZ  femclhante  ao 
precedente  aíTim  em  o  nome,  como  na  pro> 
fillaõ  religiofa.  Naceo  na  Villa  de  Arrífana 
de  Soufa  do  Bifpado  do  Porto.  Recebeo  o 
Habito  Benedi^no  no  Convento  de  Penuun- 
buco,  e  exercitou  com  grande  madureza  os 
lugares  que  occupou  na  Religião,  ou  foíTe 
fendo  Abbade  dos  Conventos  do  Rio  de  Ja- 
neiro, e  Pernambuco  nos  annos  de  1647. 
e  16)6.  ou  de  Definidor  no  anno  de  1659. 
Com  zelofa  fidelidade  contribuyo  para  a  expul- 
faõ  dos  Olandezes  que  injuftamente  domina- 
vaõ  as  praças  da  America.  Foy  Pregador  de 
nome,  cuja  evangélica  vòz  fe  ouvio  com  geral 
applaufo  no  Brafil,  índias  de  Caftella,  Porto, 
e  Lisboa  deixando  para  argumento  do  génio 
que  tinha  para  o  Púlpito. 

Sermão  do  inviâijftmo  Marfyr  S.  SebafliaÕ 
Padroeiro  do  Convento  de  S.  Bento  da  Bahia  pre- 
gado no  me/mo  Convento  premente  a  Camará  da 
dita  Cidade,  e  com  Mijfa  nova.  Lisboa  por  Paulo 
Crasbeeck.    1646.  4. 

BENTO  FERNANDES  natural  do  Porto 
onde  exercitou  a  mercancia,  fendo  hum  dos 
mais  celebres  Arithmeticos  do  feu  tempo  com- 
pondo, e  dedicando  ao  Serenifiimo  Infante 
D.  Luiz. 

Arte    de    Arithmetica.     Porto    1555.    foi. 

P.  BENTO  FERNANDES.  Naceo  na  Villa 
de  Borba  do  Arcebifpado  de  Évora  em  o  anno 
de  1563.  fendo  filho  de  Miguel  Fernandes,  e 
Izabel  Aifonfo,  e  irmaõ  do  V.  P.  Bento  Fer- 
nandes que  em  Nangazaqui  offereceo  a  vida  em 
obfequio  de  Chrifto  a  2.  de  Outubro  de  1653. 
Efliidando  em  a  Univerfidade  de  Évora  Huma- 
nidades fe  afeiçoou  tanto  ao  Inftituto  da  Com- 
panhia de  Jefus,  que  o  abraçou  a  20.  de  Janeiro 
de  1578.  quando  contava  quinze  annos  de 
idade.  Na  mefma  Univerfidade  em  que  fora  dif- 
cipulo  fubio  a  fer  Meftre  de  Letras  humanas,  e 
Filofofia  de  cuja  difciplina  fahiraõ  os  feus  ou- 
vintes taõ  inftruidos  na  fciencia,  como  na  vir- 
tude. Deixando  o  applaufo  da  Univerfidade  fe 
dedicou  totalmente  ao  beneficio  efpiritual  dos 
próximos  dirigindo  a  huns  com  faudaveis  do- 
cumentos em  o  Confeffionario,  e  reprehen- 
dendo  a  outros  com  prudente  energia  em  o  Púl- 
pito. Era  exceffiva  a  charidade,  e  continuo  o 


5o  2 


BIBLIO THE  C  A 


difvelo  com  que  aíTiília  aos  prezos,  acompa- 
nhava os  condenados  ao  fuplicio,  e  convertia 
a  muitos  Mouros,  e  Judeos  da  cegueira  dos 
feus  erros  para  abraçarem  a  Lcy  Evangélica. 
Foy  cordial  devoto  da  Rainha  dos  Anjos  expli- 
cando o  feu  afFedo  pelos  elogios  que  em  todas 
as  fuás  obras  lhe  dedicou  recebendo  em  remu- 
neração deíles  obfequios  repetidos  benefícios, 
fendo  o  principal  morrer  em  dia  confagrado 
ao  feu  culto  como  lhe  tinha  fupplicado,  o  que 
felizmente  fucedeo  em  hum  Sabbado  7.  de 
Dezembro  Vefpera  da  fua  puriífima  Conceição 
do  anno  de  1630.  e  naõ  8.  como  efcreve  o 
Author  da  Bib.  Societ.  pag.  109.  col.  i.  em  a 
Cafa  profeíla  de  S.  Roque  quando  contava 
•67.  annos  de  idade,  e  naõ  64.  como  diz  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  164.  col.  z.  c  ^z. 
-de  Religião.  Foy  hum  dos  famofos  Efcritu- 
rarios  que  venerou  o  feu  tempo  penetrando 
•com  indefeílo  eíludo  as  mais  profundas  difi- 
culdades de  hum,  e  outro  Teftamento,  que  dei- 
xou reveladas  em  as  fuás  doutas  obras  pelas 
quaes  he  intitulado  por  Fr.  Francifco  de  Santo 
Agoílinho  Macedo  Collat.  D.  Thom.  <â>'  Scoti 
3.  Part.  Collat.  4.  DiíFer.  3.  Seâ:.  4.  pag.  436. 
vir  eruditijjimus,  e  no  Vropugn.  'Lujit.  Gallic. 
pag.  III.  Clarijfimum  Scripturarum  interpretem, 
e  na  Filip.  Portug.  cap.  21.  pag.  100.  Grave, 
■e  douto  Efcriturario,  Soufa  de  Macedo  Eva,  e 
Ave  Part.  i.  cap.  4,  n.  8.  Grave  Doutor,  e  cap. 
12.  n.  I.  Efcriturario  doutijftmo.  D.  Fr. 
Thom.  de  Far.  Decad.  1.  lib.  9.  cap.  9. 
^ui  primum,  (ò'  Jecundum  Genefeos  caput  doc- 
Jijfime  extricat,  ita  ut  nemo  melius,  Joan. 
5oar.  de  Brit.  Theatr.  L.ujit.  l^itterat.  lit. 
B.  n.  27.  Vir  egregie  pius,  et  eruditus  Azc- 
vedo  Fundac.  de  Lisboa  i.  Part.  liv.  i.  cap. 
2.  gram  doão  na  Efcritura  Marrac.  Bib. 
Marian.  Part.  i.  pag.  210.  virtute,  €>"  Sa- 
pientia  clarijfimus.  Franco  Imag.  do  Nov. 
de  Evor.  liv.  3.  cap.  26.  doutijftmo  nas  divi- 
dias letras.  D.  Franc.  Man.  na  Carta  dos 
Auth.  Vortug.  efcrita  ao  Doutor  Themudo 
Claro  E^pofitor.  Tellez  Chron.  da  Compan. 
Je  JESUS  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv.  4. 
cap.  47.  n.  7.  infigne  Efcriturario,  e  na  Etió- 
pia Alta  liv.  i.  cap.  10.  doutijftmo.  Jacob.  Le- 
long.  Bib.  Sacr.  pag.  mihi  723.  col.  i.  Compoz. 
Commentariorum ,  atque  obfervationum  mo- 
ralium    in    Genejim    Tomus  primus.    Lugduni 


apud  Horatium  Cardon.    161 8.    &   ibi  apud 
Jacobum  Cardon,  &  Petrum  CaviUat.  1633.  foi. 

Tomus  2.  ibi  apud  eofdcm  Typog.  1621. 
foi. 

Tomus  3.  ibi  apud  eofdem  Typog.  1627. 
foi. 

Oratio  funebris  in  Exequiis  Beatijfimi  Papa 
GregoriJ  XV.  habita  in  Templo  Virginis  Eau- 
retancB  Ulyjftponenjis,  30.  Augujli  1623.  Ulyífip. 
apud  Petrum  Crasbeeck.  1623.  4.  Faz  memo- 
ria defta  oraçaõ  no  Tom.  3.  Commentar.  in 
Genef.  cap.  45.  Se£l.  2.  n.  8. 

Commentarij  in  Eucam.  M.  S.  quos  in  Eu-  í 
Jitania  fervatos  ad  Keipublica  Chrijliana  utilita-  I 
tem  quantocius  in  lucem  edi  fummis  votis  expeãa- 
mus  efcreve  Marracio  in  Bib.  Marian.  Part.  i. 
pag.  210.    Deíla  obra  confervada  no  Collegio 
de  Évora  fe  lembraõ   Nicoláo  Anton.   Bib.  ' 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  164.  col.  2.  e  Franco  in  1 
Ann.  Gloriof.  S.  J.  in  Eujit.  pag.  729.  coL  2.  • 
e  a  Bib.  Societ.  pag.  109. 

BENTO  FERREYRA  DE  ANDRADE. 
Naceo  na  Cidade  do  Porto,  e  teve  por 
Pays  a  Francifco  Ferreira  de  Andrade,  e 
D.  Izabel  Barbofa  Sodre  igualmente  no- 
bres, que  opulentos.  Foy  ornado  de  claro 
juizo,  fumma  urbanidade,  vaíla  liçaõ  da 
hiftoria  Sagrada  e  profana,  e  de  admi- 
rável génio  para  a  Poefí^.  Soube  com  per- ' 
feiçaõ  a  lingua  Latina,  Efpanhola,  e  Ita- 
liana cõpondo  com  promptidaõ  em  qual- 
quer deíles  idiomas.  Exercitou  na  Pátria 
o  lugar  de  Vereador  com  grande  cre- 
dito do  feu  talento  onde  morreo  a  13.  de 
Junho  de  17 14.  Para  teílemunho  da  felici- 
dade da  fua  Mufa  fe  imprimirão  nos  Acroa- 
mas  Panegíricos  com  que  a  Santa  Igreja  Ca- 
thedral  de  Coimbra  recebeo,  venerou,  e  ap- 
plaudio  a  Sagrada  Keliquia  do  novo  Thauma- 
turgo  Efpanhol  Santo  Thoma^  de  Villa-nova. 
Coimb.  por  Jozé  Ferreira  1690.  4.  as  feguin- 
tes  obras. 

Vida,  y  milagros  de  Santo  Thoma^  de 
Villa-nueva  delos  Infantes.  Quintilhas  de  Ciego 
faõ  89. 

Tranfporte  da  relíquia  de  Santo  Thomasi 
de  Villa-nova  de  Valença  para  Portugal,  e 
collocaçaÕ  delia,  e  da  Imagem  do  Santo  na 
Sè    de    Coimbra.    Romance    de    64.    Coplas. 


L  USITANA. 


5o5 


"        Tres  Sonetos,  dous   Portuguezes,   e  hum 
Italiano  com  hum  Moíe  gloíTado  ao  meTmo 

aíTumpto. 

HI'NTO  GIL  Nacco  na  antigua  Qdadc 
.1  I  r|  I  li  Irovincia  do  Alentejo  de  Paysvir- 
tuoíos  <{iu  M  ( <]  tcaraô  na  efcola  do  temor  de 
Deos  1  Mil  li  i.iliio  ornado  de  excellentes  vir- 
tudes ijur  |)ui  ixil.i  .1  vida  rcligiofamente  exer- 
citou. Na  Univerfidade  de  G^imbrafeapplicou 
•O  cftudo  da  Jurifpriulcnria  Civil  cm  que  o  feu 
•gudo  engenho,  c  tat.i  comprchcnfaò  íízeraò 
tiõ  famozos  progreiTos  que  pela  aclamação 
de  todos  os  Cathedraticos  recebeu  na  mefma 
faculdade  os  gráos  de  Bacharel,  e  Licenciado. 
^Éia  amparar  a  orfandade  de  íuas  Irmaãs  dei- 
lou  a  Univeríidade,  e  o  Magiílerio,  a  que 
podia  aípirar  a  fua  fciencia  Legal,  e  paliando 
à  Corte  de  Lisboa  começou  a  exercitar  o  Offi- 
tío  de  Advogado  com  tanto  ódio  ao  intereflc 
como  amor  à  verdade  fervindo  taõ  nobres  eíli- 
ffiulos  de  concorrerem  a  fua  Caía  os  mais 
gtaves  Litigantes  admirados  de  que  ainda 
quando  queriaõ  fatisfazer  com  maõ  mais  gene- 
fofa  o  eftudo  das  fuás  Allegaçoens  Forenfes 
ttcebefle  o  premio  que  a  fua  inteireza  julgava 
jèr  fufficiente.  Nunca  paílou  inílante  ociofo 
pois  nas  horas  que  tinha  vagas  do  tumulto 
das  caufas  as  occupava  efcrevendo  livros  afce- 
ticos  em  que  o  feu  efpirito  achava  fumma 
deleitação.  Foy  grande  devoto  de  Maria  Sanétif- 
íima,  e  affeftuofo  venerador  do  Sacramento  do 
Altar  em  cuja  oculta  prezença  eílava  repetidas 
vezes  profundamente  proftrado.  As  virtu- 
des, de  que  era  depoíito  a  fua  alma  fe  defco- 
briaõ  na  modeília  do  femblante,  de  tal  modo 
que  chegou  o  IlluftrifTmio  Arcebifpo  de  Lis- 
boa D.  Miguel  de  Caibro  a  dizer  a  Manoel 
de  Vafconcellos  Regedor  da  Cafa  da  Sup- 
plicaçaõ  que  fua  Senhoria  tinha  hum  Advo- 
gido,  que  naõ  fó  era  Santo,  mas  que  o  parecia. 
Como  fe  fora  infeníivel  tolerou  com  paciência 
Chriílaã  algumas  injurias  com  que  feus  emulos 
quizeraõ  manchar  a  pureza  do  feu  incorrupto 
procedimento.  Precedendo  huma  prolongada 
infermidade,  em  que  repetio  os  aftos  heróicos 
das  virtudes  exercitadas  por  toda  a  vida,  e  rece- 
bidos com  fimima  piedade  os  Sacramentos  paf- 
fou  de  caduco  a  eterno  a  4.  de  Mayo  de  1625. 
Jàz  fepultado  diante  do  Altar  de  N.  Senhora 


da  Conceição  da  Parochial  Igreja  de  Santa 
Juâa  deíU  Cidade.  Com  grandes  elogios  o 
exaltaõ  giaviíTimos  Authores  como  íaõ  Pinei. 
Sêle£f.  ]ur.  Jnterp.  lib.  i.  cap.  5.  §.  5.  vir  in  Ugftli 
peritia,  eb*  morum  inteff-itate  eximius,  6c  lib.  2. 
cap.  20.  $.15.  àoãifftmus,  joan.  Soar.  de  Bnt. 
Theatr,  LmJíí.  IJtterat.  lit.  B.  n.  2).  celeber  advo- 
catus,  «y  Jurifperitus,  Carvalh.  in  Cap,  Kay- 
naud.  Part.  4.  n.  191.  Satis  ertuUíus,  Gabnel 
Per.  Decif.  10.  n.  7.  doãijfmus.  Pinheiro  de 
Teflament.  Concil.  200.  infiffiis  doãor.  Barbof. 
de  Potefl.  Epifcop.  Part.  i.  Tit.  3.  cap.  2.  n.  46. 
omnium  litterarum  fcientia  egreffe  praditus,  multi- 
juga  virtute  pracellens.  Cardof.  Affol.  hafit. 
Tom.  3.  pag.  69.  devoto,  pacifico,  honeflo,  cajlo,. 
fobrio,  caritativo,  eftudiofo,  e  inimigo  da  ociofidade. 
Nicol.  Ant.  Bih»  Hifp.  Tom.  2.  pag.  284.  col.  2» 
magis  Chriftianis  virtutihus  quam  civilis  doãrince 
mérito,  e^  operum  in  lucem  ab  eo  editorum  pojle- 
ritatis  memoria  commendandus.  Diogo  Gouvea. 
Barradas.  Antig.  de  Beja  hv.  3.  cap.  40.  ajji 
por  Jus  letras,  como  por  Jus  conocidas  virtudes,  e 
exemplar  vida,  que  en  ambas  cojas  fue  exemplo, 
y  admiracion  delos  que  le  conocian.  Fr.  líidor. 
à  Luce  de  Concept.  Ub.  3.  n.  1460.  doãijfimusy 
pariterque  piijfimus,  cujus  Sanãitatis  plurima 
exempla  habemus  pracipue  in  continuis  eleemofinis, 
Templorum  frequentatione,  aÍT  pauperum  patro- 
cínio.  Phxb.  tom.  I.  Decif.  Decif.  56.  n.  10. 
Jurifconfultijftmus,    Compoz. 

Releãio  in  L.  Titia  ^  non  nup/erit  100.  j^.  de- 
condit.  <ò'  demonfi.  OlyíTipone  apud  Petrum 
Craesb.  1608.  4. 

Commentaria  ad  L..  i.  C.  de  S acrof anais 
Exclejiis  fex  partibus  diftributa,  opus  praãicis,. 
ac  difputationibus  fcholajlicis  contextum  i.  parr 
agit  de  perfonis,  que  teftari  poffunt  2.  de  Tejla- 
mentorum  folemnitatibus.  3.  de  perfonis  quibus^ 
tejiamento  aliquid  relinquitur.  4.  de  tempore  Tef- 
tamenti  condi  ti.  5.  de  quibus  bonis  tejiator  pojfif 
difponere.  6.  de  tefiandi  arbítrio.  OlyíTipone 
apud  eumd  Typog.  1609.  foi.  &  Conim- 
bricae  apd  Jofephum  Ferreira  Acad.  Typ. 
1700.  foi. 

Traãatus  de  Jure,  (Óf  privilegiis  honeflatis  in 
duo  deviginti  artículos  dijlribufus  quibus  univerfint 
honejli  jus  ac  quod  ad  Jingulos  perfonarum  ftatus^ 
pertlnet,  explicatur.  OlyíTipone  apud  Petrum 
Craesb.  161 8.  4.  Colónias  Agripinae  per  Petrum 
Henning.  1620.  8. 


5o4 


BIBLIOTHE CA 


Commentaria  in  L.  ex  hoc  jure  D.  de  Jujliíia, 
<Ò'  jure,  hoc  ejl  de  univerfa  contraãuum  matéria. 
In  prima  parte  agit  de  jure  gentium,  de  dominio, 
comerciis,  emptionibus,  venditionihus ,  locationibus, 
conduãionihus ,  ohligationihus ,  lus titia,  (ò"  de  quibuf- 
dam  contraãibm  àjure  civili  introdu£lis,  Jcilicet  de 
Stipulatione:  de  lata  litterarum  obligatione :  <& 
non  numeraíoe  pccunia  exceptione.  De  Emphy- 
teuji,  <&  cenju,  de  Sponfalitia  Largitate.  Tomus 
primus.  OlyíTiponc  apud  Petrum  Crasbceck 
1619.  foi. 

Tomus  2.  ibi  apud  eumdcm  Typograp. 
1621,  foi.  Sahiraõ  ambos  os  Tomos  Conim- 
brica;  apud  Jozephum  Ferreira  Acad.  Typ. 
1696.  foi.  2.  Tom. 

Direãorium  Advocatorum,  (ò'  de  privilegiis 
eorum.  Ulyffip.  apud  Petrum  Crasbeeck. 
1613.  4. 

Da  excellencia  da  Sagrada  Oração  da  Ave 
Maria  com  declaração  das  fuás  palavras  breve  Tra- 
tado.   Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.   161 3.  8. 

Hortulus  anima  tripartitus.  Prima  pars  Ma- 
rice  Virgini  facrata  ejl  z.  Mijericordia  Dei  in 
converjione  peccatoris.  3.  Santijftmo  Eucharijlia 
Sacramento.  UiyíTipone  apud  Petrum  Cras- 
beeck. 161 5.  8. 

Expojiçaõ  fobre  o  Padre  Nojfo.  Lisboa  pelo 
<lito  Impreflbr  161 6.  8. 

Tratado  da  Sagrada  Oração  da  Salve  Rainòa 
com  pias,  e  devotas  Oraçoens  fobre  fuás  palavras. 
JJsboa  pelo  mefmo  ImpreíTor.   161 7.  8. 

BENTO  DE  GÓES.  Naceo  em  Villa- 
-Franca  diftantc  cinco  legoas  ao  Lefte  de 
Ponte  Delgada  Capital  da  Ilha  de  S.  Mi- 
guel em  o  anno  de  1562.  Na  idade  da  ado- 
lefcencia  paíTou  à  índia  onde  aíTentando 
praça  de  Soldado  fe  entregou  aos  exceflbs 
de  huma  vida  taõ  licenciofa  que  fervia  de 
geral  efcandalo  aos  feus  companheiros.  Pe- 
netrado dos  eftimulos  da  confciencia  entrou 
em  hum  Templo  de  Travancor  dedicado  à 
Virgem  Santiffima  em  cuja  prezença  coníi- 
<ierando  com  mayor  reflexão  a  enormidade 
das  fuás  culpas  as  começou  a  deteftar  com 
taõ  copiofas  lagrimas  que  fez  voto  de  fe  alif- 
tar  em  outra  mais  reformada  milicia.  Firme 
nefta  heróica  refoluçaõ  depois  de  purificar 
as  manchas  da  fua  alma  com  o  lavatório  do 
Sacramento   da   Penitencia,   foy   admitido   à 


ij88.- 
)tad(» 

leteJ 

-r T 


Companhia  de  JESUS  em  o  anno  de  ij88, 
quando  contava  26.  de  idade.  Sendo  dot 
de  talento  capaz  para  todas  as  fciencias  detcN 
minarão  os  Superiores,  que  de  coadjutor  Tem- 
poral paflaflc  a  cultivar  os  eftudos  para  chegar 
a  dignidade  Sacerdotal,  porém  elegendo  com 
fumma  humildade  a  forte  de  Martha  perfevc- 
rou  no  eílado  com  que  entrara  na  Religião. 
Como  no  feu  peito  ardia  o  zelo  da  converíaõ 
da  Gentilidade,  e  tiveííe  obrado  em  obfequio 
de  Chriílo  acçoens  apoílolicas  na  Corte  do 
Mogor  foy  deílinado  para  explorar  a  parte 
onde  eftava  fituado  o  graõ  Catayo  concor- 
rendo para  taõ  alta  empreza  o  beneplácito  do 
Vice-Rey  Ayres  de  Saldanha,  e  do  Uluílriffimo 
Arcebifpo  Primaz  D.  Fr.  Aleixo  de  Menezes, 
e  a  faculdade  do  P.  Jeronymo  Xavier  Superior 
da  MiíTaõ  do  Mogor.  Partio  de  Agra  a  6.  de 
Janeiro  de  1603.  disfarçado  em  traje  de  Armé- 
nio para  naõ  fcr  conhecido  por  Europeo, 
levando  por  companheiros  a  dous  Gregos 
Leaõ,  e  Demétrio,  e  a  Ifac  Chriftaõ  Arménio 
que  lhe  affiftio  até  o  fim  da  fua  vida.  Tendo 
paíTado  Papur,  Cafriftaõ,  e  Zedeli  chegou  a 
14.  de  Novembro  de  1604.  à  Cidade  de  Chalis 
depois  de  ter  tolerado  com  heróica  conftancia 
vários  perigos,  c  graves  afrontas  da  infideli- 
dade dos  Mouros,  e  cobiça  dos  Ladroens, 
atraveflado  caminhos  inacceffiveis,  experimen- 
tado climas  nocivos,  c  padecido  fedes  intole- 
ráveis. De  Chalis  entrou  em  Camul  a  17.  de 
Outubro  de  1605.  donde  chegando  breve- 
mente aos  muros  da  China  conheceu  que  ella 
era  o  Catayo,  c  fer  falfa  a  informação,  que  os 
Mouros  tinhaõ  dado  na  Corte  do  Mogor.  Al- 
cançada faculdade  do  Tutam  entrou  em  Sube- 
cheo  donde  efcrevendo  aos  Padres  Jefuitas 
que  aíTiíliaõ  em  Pequim  da  fua  chegada  àquella 
Cidade  foy  logo  vifitado  pelo  Irmaõ  Joaõ  Fer- 
nandes que  o  achou  lançado  na  cama,  e  taõ  des- 
feito, c  attenuado  que  imaginou  fer  mais  cadá- 
ver, que  homem.  Cheyo  de  hum  inexplicável 
jubilo  que  fe  liquidava  pelos  olhos  em  copiofas 
lagrimas  paíTou  com  elle  toda  a  noute  dando 
graças  ao  AltiíTimo  de  lhe  ter  confervado  a 
vida  em  huma  taõ  prolongada  peregrinação 
que  pela  honra  de  Deos,  e  falvaçaõ  das  almas 
intrepidamente  intentara,  e  felizmente  con- 
feguira.  Chegado  o  termo  dos  feus  apoíto- 
licos    trabalhos    entre    amorofos    coUoquios 


i 


L  USITANA. 


5o5 


i 


com  Giriílo  Crucificado  foy  lograr  do  pre- 
mio eterno  a  ii.  de  Abril  de  1607.  com  4). 
annos  de  idade,  e  19.  de  Religião.  A  Tua 
vida  efcreveo  na  lingua  flamenga  o  P.  Luiz 
Jacobi  da  Companhia  de  JliSUS,  e  fahio 
impreíTa  Antuerpix  apud  Arnoldum  Van 
Honhel.  1659.  12.  Dclle  fazem  illuílre  memoria 
Nicol.  Trigault.  de  lixped.  ChriJIian.  apud  Sinas 
lib.  j.  cap.  II.  ia.  e  15.  Jarric.  Thet(aur.  Ker. 
Ind.  Part.  2.  lib.  3.  cap.  17.  Bagata  Mirand 
Orb.  Chriji.  Tom.  2.  lib.  j.  cap.  2.  n.  14.  Gou- 
vea  Afia  Extrema  Part.  i.  lib.  4.  cap.  7.  8.  e  9. 
Gxxcrtút.  Relac.  Annal  do  que  fi^ier.  os  PP.  da 
Comp.  de  ]ef.  tia  Ind.  nos  ann.  de  1606.  e  1607. 
liv.  I  cap.  8.  Faria  Afia  Port.  Tom.  3.  Part.  3. 
cap.  6.  n.  26.  Cardof.  Agiol.  Ldifit.  Tom.  2 
pag.  511.  e  no  Comment.  de  11.  de  Abril  letr. 
G.  Rho  Var.  virt.  Hifi.  lib.  4.  cap.  6.  n.  13. 
Semedo  Hifi.  da  Chin.  Part.  3.  cap.  4.  Chaves, 
c  Mello  Vid.  da  Ven.  Margarid.  de  Chav.  pag. 
290.    Efcreveo. 

Carta  efcrita  de  haor  a  ^o.  de  De:(em- 
l/ro  de  1602.  ao  P.  Vice- Provincial  de  Goa 
em  que  trata  da  fua  partida  para  o  Catayo. 
Sahio  no  livr.  3.  cap.  9.  a  foi.  62.  v.o  da 
Kelac.  Anal.  das  coufas  que  fi^eraõ  os  PP.  da 
Companh.  de  Jef.  nas  partes  da  índia  nos  ann. 
de  1603.  compofia  pelo  P.  Fernão  Guerreiro  Lis- 
boa por  Jorge  Rodrigues.  1605.  4. 

Carta  efcrita  de  Lutor  a  14.  de  Fevereiro 
de  1603.  ao  P.  Jerónimo  Xavier.  Imprefla 
na  dita  Relação  liv.  3.  cap.  9.  a  foi. 
63.  v.o 

Carta  efcrita  ao  P,  Manoel  Pinheiro  da 
Companhia  de  JESUS  em  que  lhe  da  noticia  de 
ter  jà  andado  cento,  e  duas  milhas.  Impreflb  na 
dita  Relação  a  foi.  64.  v.o 

Carta  efcrita  de  Hircande  Corte  delKey 
de  Cafcar  em  2.  de  Fevereiro  de  1604.  ao 
P.  Jerónimo  Xavier  Superior  da  Mijjaõ  de 
Mogor.  A  fumma  deíla  Carta  eíla  impreffa 
na  P^elac.  Annal  dos  ann.  de  1606.  e  1607. 
efcrita  pelo  P.  Fernão  Guerreiro,  no  liv.  3. 
cap.  9.  foi.  162.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beeck.   1609.  4. 

Relação  da  fua  jornada  defde  Goa  até 
defcubrir  o  Catayo  M.  S.  Da  qual  fazem 
mençaõ  Nicol.  Godinh.  de  Rehus  Abyjfin. 
lib.  I.  cap.  5.  Bib.  Societ.  pag.  109.  col. 
2.   Ant.   de   Leon.   Bib.  Ind.   Orient.   Tit.   2. 


pag.    14.   e    Nicol.    Ant.    M.    Hifp.   Tom, 
I.  pag.  165.  col.  I. 

Fr.  BENTO  DE  LISBOA  cujo  appcl- 
lido  denota  a  pátria  onde  naceo.  ProfeíTou 
o  Sagrado  Inílituto  dot  Eremitas  de  Santo 
Agoftinho  no  Convento  de  Santarém  a  5.  de 
Mayo  de  1442.  Rccebeo  o  gráo  de  Doutor 
na  Faculdade  Theologica  em  a  Uníverfidade 
de  Lisboa  em  o  anno  de  1482.  e  nela,  efcreve 
Fr.  António  da  Purificação  de  Vir  Illufirib, 
Ord.  Eremit.  lib.  2.  cap.  13.  fora  Lente  de  Vef- 
pera  no  anno  de  i)o6.  e  que  deixara  o  exer- 
cido da  Cadeira  por  impedimento  de  (eus 
achaques,  e  na  Chron.  dos  Eremit.  de  Santo  Agpf- 
tinhodefia  Provinda  liv.  7.  Tit  i.  $.  5.  foi.  214.  v.® 
diz  que  morrera  no  anno  de  i  J09.  Fr.  António 
da  Natividad.  em  os  Mont.  de  Coroas.  Mont.  2, 
Coroa  8.  §.  2.  num.  52.  pag.  443.  aflirma  que 
regentara  a  mefma  Cadeira  até  o  anno  de  15 16. 
no  qual  morrera.  Deíla  taõ  manifefta  contra- 
dição entre  dous  Efcritores  da  mefma  Ordem 
fe  colhe  claramente  a  ignorância  que  ambos 
tiveraõ  do  tempo  do  Magifterio  de  Fr.  Bento 
de  Lisboa  principalmente  quando  o  Benefi- 
ciado Francifco  Leytaõ  Ferreira  dignilTimo 
Académico  da  Academia  Real  nas  fuás  doutif- 
fimas  Notícias  Chronolog.  da  Univerfidade  de 
Coimb.  pag.  448.  n.  955.  efcreve  firmado  nas 
informaçoens  extrahidas  do  Cartório  da  Uni- 
verfidade que  no  anno  de  1506.  era  Lente  de 
Prima  de  Theologia  o  Meftre  Fr.  Joaõ  da 
Magdalena,  e  o  foy  até  o  i.  de  Setembro 
de  1 5 1 5.  em  que  falleceo,  e  da  Cadeira  de  Vef- 
pera  era  Lente  Fr.  Joaõ  Claro  por  Provizaõ 
delRey  D.  Manoel  no  anno  de  1504.  em  que  a 
inftituhio,  e  o  foy  até  o  de  1 5 1 5.  em  que  a  dei- 
xou vaga  por  fubir  à  de  Prima;  dõde  evidente- 
mente fe  conclue  que  naõ  podia  fer  Lente  de 
huma,  ou  outra  Cadeira  Fr.  Bento  de  Lisboa 
falecendo  no  anno  de  IJ09.  como  efcreve  o 
P.  Purificação,  e  fomente  no  de  15 16.  em  que 
o  P.  Natividade  o  fuppoem  Lente,  e  fallecido, 
poderia  fubílituir  a  Cadeira  de  Vefpera  em  que 
foy  provido  por  oppofiçaõ  o  Meílre  Joaõ  Fran- 
cez  em  1 2.  de  Julho  de  1 5 1 7.  Foy  Fr.  Bento  de 
Lisboa  Provincial  no  anno  de  1 507.  e  Reforma- 
dor de  toda  a  Religião  em  1 509.  pelo  Reveren- 
difíimo  Geral  Fr.  Egidio  Viterbienfe.  Efcreveo. 

//;   primum    librum    Sententiarum.    M.    S. 


5oó 


BIBLIOTHECA 


foi.  2.  Tom.  Do  author  fazem  mençaõ  Joan. 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  h.ufit.  Utterat.  lit.  B. 
n.  28.  Nicol.  Ant.  Bih.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.    165.   col.  I. 

Fr.  BENTO  DE  S.  LUIZ  Naceo  na 
Cidade  de  Braga,  e  na  Cathedral  recebeo  a 
graça  bautifmal  a  27.  de  Fevereiro  de  1697. 
Foraõ  feus  Pays  Amaro  Ferreira,  e  Magda- 
lena  Marques.  Na  idade  adulta  de  26.  annos 
recebeo  o  habito  Monachal  de  S.  Bento  em 
o  Convento  do  Porto  a  27.  de  Janeiro  de  1723. 
Eíbidou  Filofofia  no  Mofteiro  do  Bailo,  e 
Theologia  em  o  de  S.  Joaõ  do  Ermo,  em  cujas 
fciencias  fahio  fuficientemente  inftruido.  A 
fua  natural  inclinação  foy  para  a  Poeíia  vul- 
gar cómica  de  que  tem  compofto. 

Trinta  Operas  das  quaes  faõ  argumento 
HiHorias  Sagradas,  e  Profanas. 

Komaria  ao  monte  Santo,  ou  nova  Jerufalem 
rejlaurada  pelo  Arcehijpo  Primai^  D.  Rodrigo 
de  Moura  Telle:^^  repartida  em  dof^e  EJlaçoens  a 
do^e  Pajfos  de  Chrifio  que  naquelle  lugar  Je  veneraõ 
em  do^e  Capellas.  M.  S.  Confta  de  diverfos 
metros,  e  Oraçoens  devotas. 

Tradu2Ío  de  Latim  em  Portuguez  fem 
declarar  o  feu  nome. 

Officio  de  Santa  Getrudes.    Lisboa  1739.  16. 

Fr.  BENTO  DE  MACEDO  eho  de 
Gregório  Gomes,  e  Guiomar  de  Macedo 
naceo  em  Lisboa,  e  no  Convento  do  Carmo 
defta  Cidade  recebeo  o  habito  a  16.  de  Março 
de  1626.  onde  depois  de  efhidar  Artes  paf- 
fou  aprender  Theologia  em  o  CoUegio  de 
Coimbra  em  cuja  Univeríidade  com  uni- 
verfal  aclamação  foy  admitido  ao  numero 
dos  Doutores  Theologos  a  29.  de  Junho  de 
165 1.  Injigne  Pregador  o  intitula  António 
Carvalho  da  Coíla  Corog.  Portug.  Tom.  3. 
liv.  2.  Trat.  8.  cap.  47.  pag.  633.  Falleceo  no 
Convento  pátrio  em  o  anno  de  1654.  Compoz. 

Curjus  Phylofoficus  in  três  Tomos  dijiinãus 
M.  S.  a  qual  obra  fe  conferva  no  Convento 
de  Évora  como  efcreve  Fr.  Manoel  de  Sà 
nas  Mem.  Hijl.  dos  EJcrit.  Portug.  do  Carm. 
cap.  17.  n.  134. 

P.  BENTO  DE  MACEDO  natural 
de   Borba   na   Provincia   Tranílagana    onde 


teve  por  Pays  a  Bento  Fernandes,  e  Maria 
Franca.  Entrou  na  Companhia  de  JESUS  no 
CoUegio  de  Évora  a  23.  de  Fevereiro  de  1692. 
onde  depois  de  fer  Lente  de  Rhetorica,  Filo- 
fofia, e  Theologia  fe  graduou  Doutor  nefta 
Univerfidade  a  29.  de  Outubro  de  1724.  A 
fua  grave  prudência  acompanhada  da  fcien- 
cia  das  letras  humanas,  e  divinas  o  fizeraõ 
Reytor  de  Évora,  e  Coimbra,  e  Prepofito 
da  Cafa  profeíTa  de  S.  Roque  cujo  lugar  exer- 
cita nefte  anno  de  1739.   Compoz. 

Pharus  Dialeãica,  five  lógica  univerfce  brevis 
elucidatio.  Eboras  ex  Officina  Univeríit. 
1720.  8. 

Delle  faz  memoria  o  P.  Francifco  da  Fon- 
feca  Bvor.  Glorio/,  pag.  427. 

BENTO  DE  S.  MARIA  UlyíTiponenfe 
filho  de  Luiz  Pereira,  e  Antónia  da  Cunha. 
Recebeo  o  Canónico  habito  da  Congrega- 
ção do  Evangelifta  em  o  Convento  de  Évora 
a  16.  de  Abril  de  1702.  Igualmente  fe  appli- 
cou  ao  eíhido  da  Theologia,  que  da  Sagrada 
Efcritura  em  que  fahio  fufficientemente  inf- 
truido.  Pelo  cordial  affedo  com  que  vene- 
rava a  Maria  SantiíTima  pubUcou  em  feu  obfe- 
quio  as  obras  feguintes. 

Diadema  Marianum  in  laudem  ejufdem  Sane- 
tijfimce  Virginis  Maria,  Deique  Matris.  UlyíTip. 
apud  Mathiam  Pereira  da  Sylva,  &  Joannem 
Antunes  Pedrozo.  1720.  24. 

Arbor  Mariana,  id  ejl  Maria  Sanãijftma, 
vitalis  arbor,  et  fruãifera  producens  fruãus 
oppofitos  nocivis  fruãibus  illius  Paradifienjis 
arboris,  quce  in  Genefi  vocatur  Ugnum  vita. 
UlyíTip.  ex  Typograph.  AuguHiniana. 
1730.   12. 

Panegyrica  Oratio  de  Cruce  exaltata  M.  S.  4. 

Funebris  Oratio  de  Chrijio  fepulto  M.  S.  4. 

BENTO  MORGANTI.  Naceo  na  fa- 
mofa  Cidade  de  Roma  a  13.  de  Outubro 
de  1709.  donde  em  idade  muito  tenra  paf- 
fou  a  eíle  Reyno  com  feus  Pays  Lourenço 
Morganti  natural  da  Cidade  de  Luca,  e 
D.  Clara  de  Azevedo  natural  de  Coimbra. 
Aprendeo  os  rudimentos  gramaticaes  no 
CoUegio  de  Santo  Antaõ  defta  Corte,  e  as 
fubtilezas  Filofoficas  em  a  Congregação 
do   Oratório.    Depois   de   frequentar   em  a 


LUSITANA. 


507 


Univerfidade  de  Coimbra  pelo  efpaço  de 
quatro  anno8  a  fcienda  dos  Sagrados  Câno- 
nes fe  deliberou  a  íeguir  a  vida  Religiofa, 
como  mais  conducente  para  a  Salvação  eterna 
reccbcrulo  o  habito  de  Cónego  Regrante  de 
Santo  Agoílinho  no  Real  Convento  de  Santa 
Cruz  cm  o  anno  de  1750.  porém  impedido  de 
graves  moieílias  aíTiílio  fomente  fcis  mezes  em 
taõ  grave  comunidade;  e  continuando  os 
fcus  eíludos  Académicos  tomou  o  gráo  de 
Bacharel  na  faculdade  de  Direito  Pontifício 
a  j.  de  Julho  de  1756.  e  de  Licenciado  a  18.  de 
Julho  de  1738.  Provada  a  fua  fcicncia  Legal 
cm  o  Dczcmbargo  do  Paço  para  fcrvir  os 
lugares  da  Republica  prcfcrio  a  eílc  eílado  o 
de  EcclefiaíUco  ordcnando-fc  de  Presbytero 
a  zi.  de  Setembro  de  1739.  Naõ  fomente  he 
douto  em  hum,  c  outro  Direito,  mas  muito 
verfado  na  liçaõ  da  Hiíloria  Sagrada,  e  Pro- 
fana principalmente  em  a  intelligcncia  das 
Medalhas  Romanas  podendo  com  virtuofa 
jaélancia  gloriarfe  de  fer  o  primeiro  que  em  a 
língua  Portugueza  efcrevefle  defte  aíTumpto 
que  occupou  a  infatigável  applicaçaõ  de  Va- 
roens  infignes  como  foraõ  D.  António  Agof- 
tinho  Bifpo  de  Tarragona,  Fulvio  Urfino, 
Ezechiel  Spanheim,  Vicente  Joaõ  de  Lafta- 
nófa,  Carlos  Patin,  o  Cardial  Henrique  de 
Noris,  Joaõ  Foy  Vaillant,  e  outros  muitos 
de  que  formou  a  Bibliotheca  Numária  D.  An- 
felmo  Bandurio  Monge  Benedi6tino  Biblio- 
thecario  do  Graõ  Duque  de  Tofcana,  e  Aca- 
démico Supranumerário  da  Academia  das 
Infcripçoens  de  Pariz  que  fahio  impreíTa 
Hamburgi.  17 19.  4.    Compoz. 

Nummijmalogia,  ou  breve  recopilaçaõ  de 
algumas  Medalhas  dos  Hmperadores  Koma- 
nos  de  ouro,  prata,  e  cobre  que  ejlaõ  no  Mu- 
Jeo  de  'Lourenço  Morganti  Bibliothecario  do 
llluftrijfimo,  e  Keverendijftmo  Senhor  D.  Tho- 
maz  primeiro  Patriarcha  de  Lisboa.  A  que 
Je  ajunta  huma  Bibliotheca  de  todos  os  Autho- 
res  que  efcreveraõ  de  Medalhas,  e  Infcripçoens 
antigas.  Part.  i.  Lisboa  por  Jozé  António  da 
Sylva  ImpreíTor  da  Academia  Real.   1757.  4. 

Additiones  novijfime  auãcc,  et  correãa  ad 
Tra£íatum  de  reprefentatione  Blafij  Kobles  Sal- 
^edi  J.  C.  Matritenfis,  <&  in  Juprema  Hifpania- 
Tum  Cúria  advocati.  M.  S.  foi. 

Additiones    varia    ad    Traãatum    de    Con- 


ftrvatoribus    Ktfftlarium    Fr.    Kaymtmdi   Nido. 
M.  S.  foU 

Fr.  BENTO  DE  MUGEM  cujo  appel- 
lido  indica  a  pátria  onde  naceo  que  he  huma 
Villa  diílante  da  Villa  de  Santarém  duas  le- 
goas  para  o  Naícente,  e  doze  de  Lisboa. 
Recebeo  o  Habito  Monachal  da  familia  CiAer- 
denfe  em  o  Real  Convento  de  Alcobaça  em 
cuja  Bibliotheca  fe  conferva  a  feguinte  obra 
Aí.  S.  em  que  moílra  quanto  era  douto  na 
liçaõ  da  Sagrada  Efcritura,  e  Santos  Padres. 

Sermones  Dominicarum  totius  anni.  foL 

BENTO  NUNES  PEGADO  celebre  dif- 
cipulo  do  famofo  António  Pinheiro  Meílre 
de  Mufica  da  Cathedral  de  Évora  com  quem 
competio  nas  Compofiçoens  deíla  armonica 
faculdade  deixando  para  teílemunhas  claras 
do  grande  génio,  e  profunda  fciencia  que  teve 
para  eíla  Arte  as  feguintes  obras  confervadas 
na  Bib.  Real  da  Mufica  como  coníla  do  feu 
Index  impreíTo  em  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beeck  1649.  4*  grande. 

Parce  Domine  a  7.  vozes.  Motete  para 
a  Quarefma. 

Hei  mihi  Domine  a  6.  vozes  Refponforio 
de  Defuntos. 

Hifunt  qui  cum  mulieribus  nonfunt  coinquinati. 
Motete  dos  Santos  Innocentes. 

Ad  te  Jujpiramus.    Motete  a  N.  Senhora. 

Fr.  BENTO  PAEZ  Vigário  Provin- 
cial da  Ordem  de  S.  Joaõ  de  Deos,  efcre- 
veo. 

R£lafaÕ  da  vida  de  Antaõ  Martins  Con- 
verjo  da  Ordem  de  S.  Joaõ  de  Deos  efcrita  em  1^. 
de  Março  de  1645.  Deíla  Obra  faz  mençaõ 
George  Cardofo  Agiolog.  Lufit.  Tom.  i.  pag. 
444.  no  Comment.  de  15.  de  Fever.  Letr.  J. 

P.  BENTO  PEREIRA.  Naceo  na  Q- 
dade  de  Valença  Capital  do  Reyno  de  Va- 
lença fituado  entre  Catalunha,  Caftella  nova, 
e  Aragaõ,  em  o  anno  de  1535.  de  Pay 
Caftelhano,  e  Mãy  Portugueza  por  cuja 
caufa  o  admitimos  a  eíla  Bibliotheca  fendo 
numerado  entre  os  Varoens  da  noíTa  Na- 
ção   pelo    infigne    Fr.    Francifco    de    Santo 


5o8 


B  IBLIO THE  C  A 


Agoftinho  Macedo  Collat.  doar.  D.  Thom. 
éf  Scot.  Tom.  2.  collat.  6.  difíer.  2.  Sect.  5. 
pag.  296.  chamando-lhe  Semi  'Lujitanus,  <ò' 
ex  integro  doãtis  António  de  Soufa  de  Ma- 
cedo ^va,  e  Ave  Part.  i.  cap.  2.  n.  10.  erudi- 
tijfimo  Portuguet^,  e  o  celebre  Jurifconfulto 
AgoíUnho  Barbofa  no  Elencho  dos  Authores 
impreflb  no  principio  de  fua  obra  de  Officio, 
et  potefiate  Epijcopi.  Na  florente  idade  de 
17.  annos  abraçou  na  fua  Pátria  o  Sagrado 
Inftituto  da  Companhia  de  JESUS  no  anno 
de  1552.  onde  logo  começou  a  dar  claros  indí- 
cios dos  infignes  dotes  com  que  a  natureza 
liberalmente  o  ornara  comprehendendo  com 
facilidade,  difcorrendo  com  fubtileza,  e  expli- 
cando com  claridade  as  fciencias  que  fendo  dif- 
cipulo  podia  eníinar  como  Meftre.  Em  Roma 
foy  lente  de  Rhetorica  em  cujo  magiílerio  fez 
renacer  a  memoria  de  Tullio.  Pelo  largo 
efpaço  de  doze  annos  explicou  os  myfterios  da 
Filofofia  Peripatetica  com  igual  applaufo  do 
feu  nome,  como  fruto  dos  feus  ouvintes. 
Subindo  das  fciencias  humanas  às  divinas 
interpretou  com  admirável  delicadeza  ao  Prin- 
cepe  da  Theologia  Efcholaílica  Santo  Thomaz, 
e  com  a  mefma  profundidade  revelou  os 
myileriofos  arcanos  da  Sagrada  Efcritura 
em  que  foy  eminente  a  fua  vaíla  erudição, 
ut  in  tis  omnibus,  quas  traãavif,  doãrince  partibus 
nobiliorem  eo  alium,  aut  praftantiorem  vix  tu- 
lerit  haãenus  feracijfima  hujus  mercis  Hifpania 
efcreveo  em  feu  louvor  Nicol.  Ant.  in  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  165.  col.  2.  e  a  Bib.  Societ. 
pag.  112.  Ubique  doãus,  ubique  difertus,  <&  Jui 
fimillimus.  In  hujus  autem  viri  Jcriptis  tantum 
apparet  ingenium,  tanta  doãrina,  atque  eloquentia, 
tanta  rerum  omnium  comprehenjio,  ut  fuperva- 
caneum  Jit  lucernam  falis  lumini  inferri.  Em  Roma 
onde  paílou  a  mayor  parte  da  vida  a  acabou 
com  fumma  piedade  a  6.  de  Março  de  1610. 
quando  contava  75.  annos  de  idade,  e  58.  de 
Companhia.    Compoz. 

Vhyjicorum  Jive  de  Vrincipiis  rerum  naturalium 
libri  XV.  Romae  1562.  4.  Pariíiis,  Colónias, 
&  Argentorati. 

Commentaria  in  Danielem  Prophetam  li- 
bri XVI.  Romãs  1586.  Lugd.  apud  Juntas 
1588.  &  Antuerpias  1594.  o  4.  livro  deita  obra 
foy  impreíTo  feparadamente  Treviris  apud 
Joan.   Scholeuter   161 8.   12.  com  eíle  titulo. 


"Theatrum  rerum  creatarum  em  o  qual  fe 
contem  a  explicação  do  Cântico  dos  Meninos 
na  fornalha  de  Babilónia. 

Commentariorum,  <&  difputationum  in  Ge- 
nejim  Tom.  IV.  Romãs  1589.  até  1598.  4.  Lug- 
duni  apud  Juntas.  1599. 

A-dverfus  fallaces,  <&  fuperjlitiofas  artes, 
hoc  ejl  de  Magia,  <&  obfervatione  Somniorum,  (& 
de  divinatione  Aftrologica  libri  III.  Ingolfta- 
dij  apud  Davidem  Sartorium  1591.  8. 

Seleãarum  Difputationum  in  Sacram  Scrip- 
turam  Tomi  V.  Contem  o  1.  Difputationes 
137.  fuper  Exodum,  Ingolíladij  apud  Davi- 
dem Sartorium.  1601.  4. 

Tom.  2.  continet  188.  Difputationes  fuper 
Hpijlolam  Pauli  ad  Komanos.  ibi  apud  eumd- 
Typog.   1603.  4. 

To  mus  3.  continet  183.  Difputationes  fuper 
Apocalypjim.  Ad  calcem  accejfit  liber  adverfus 
eos  qui  putarunt  Mahometum  ejfe  Antichriflum. 
Lugd.  apud  Horatium  Cardon.  1606.  4. 

Tomus  4.  continet  214.  Difputationes  fuper 
priora  9.  Capita  Evangelij  Sanai  Joannis.  Lugd. 
apud  eumd.  Typ.  1608.  4. 

Tomus  5.  continet  144.  Difputationes  fuper 
quinque  fequentia  Capita  ejufdem  Evangelij  ibi 
apud  eumdem  Typ.  16 10.  4. 

Todas  eílas  obras  fahiraõ  impreíTas  Co- 
lónias Agrippinas  ex  Officina  Antonij  Hierati. 
1620.  1621.  e  1622.  foi.  4.  Tom. 

Em  a  Bibliotheca  Ambroíiana  como  affirma 
Nic.  António,  e  a  Bib.  Societ.  fe  confervaõ 
deíle  grande  Author  as  obras  feguintes  M.  S, 

Eucubrationes  in  Evangelia. 

De  Avaritia. 

In  Decalogum. 

Propojitiones  ex  i.  et  11.  Phyjicorum. 

In  libros  Metaphyjicorum. 

Ratio  brevis  Jludendi. 

In  libros  de  Anima. 

De  Trinitate,  Angelis,  Creatione,  (Ò'  Incar- 
natione. 

In  primam  partem  D.  Thoma. 

lógica  Injiitutio. 

P.  BENTO  PEREIRA.  Naceo  na  Villa 
de  Borba  da  Provinda  do  Alentejo,  no 
anno  de  1605.  em  cujo  louvor  como  agra- 
decido à  May  que  lhe  dera  o  berço,  e  a 
dous  feus  Tios  maternos  o  P.   Bento  Fer- 


L  USITANA. 


Soç 


nandes  iníigne  Efcriturario,  de  que  jà  fe  fez 
tncnçaò,  e  o  P.  Bento  Fernandes  valerofo 
Martyr  confagrou  a  íua  MuTa  eílc  elegante 
Ivpigramma  em  que  recopila  parte  das  obras 

<|uc  compoz. 

If/c/y/a  ires  celebres  lUnedUlos  Borba  tMliJIi, 

Sanguine  conjunítos,  Re/igione  parti, 
Interpres  Genejis  fenior  BenedUíns,  ttbiqne 
LMudibi4s  immenfis  dotla  per  ora  volat. 
Pro  Chrijlo  nuper  Japonia  fceva  Secundam 
Crndeli  extintlum  rmfit  in  aflra  nect, 
r|i    Tertiits  eft  author  Pereira  Palladis  armis 
■|l      Indiita  horrendis,  pacificaque  toga. 
^Hf/r  Mores  Jcripfit  popidorum,  et  Carmina  Horati 
^B     Fecit  ApolJineã  lucidiora  face. 
^^mlius  indoÚos  divina  Profodia  vates 
^B    Edocmt  certis  pangere  metra  modis. 
^Kr  tot  Palladios  flores  in  flore  Juventa 
^^     Uberis  ingenij  tot  monumenta  ttdit: 
Ouot  reddet  frtiíliis  matura  atatel  Minerva 
Cunífa  voluminibus  fcrinia  plena  dabit. 
Vertilitate  foli  dudum  Ínclita  Borba  fuifti: 

At  nunc  es  celebris  fertilitate  virum. 
lirgo  fume  novum  nomen,  Benediâa  uocare: 
Sic  tribus  bis  natis  ter  benediãa  manes. 
Deixada  a  Cafa  de  feus  Pays  Francifco  Pe- 
reira, e  Catherina  Rodrigues  bufcou  na 
tenra  idade  de  15.  annos  a  Companhia  de 
JESUS  na  qual  fe  aliítou  em  Lisboa  a  27.  de 
Junho  de  1620.  donde  paíTando  ao  Collegio 
<.le  Évora,  e  aprendendo  as  letras  humanas, 
c  Filofofia,  em  o  de  Coimbra  didou  com 
iiniverfal  applaufo  naõ  fomente  eftas  fcien- 
cias,  mas  a  mayor  de  todas  qual  he  a  de  Theo- 
logia  por  efpaço  de  vinte  annos  em  cuja 
Sagrada  Faculdade  fe  graduou  Doutor  em 
a  Academia  Eborenfe  a  24.  de  Fevereiro  de 
1647.  Sendo  Qualificador  do  Santo  Officio 
paílou  a  Roma  para  fer  Revifor  dos  livros 
dos  Authores  da  Companhia  donde  voltando 
foy  Reytor  do  Collegio  dos  Irlandezes  em 
Lisboa,  aos  quaes  inftruyo  com  a  Theolo- 
gia  efpeculativa,  e  Moral.  Naõ  fomente 
foy  infigne  neíla  faculdade  mas  na  Jurifpru- 
dencia  Civil,  e  Canónica  por  onde  fe  dila- 
tou a  fua  penna  com  igual  profundidade,  e 
erudição.  AíTim  como  era  incanfavel  no  ef- 
tudo,  era  inculpável  na  vida  regulando  as 
acçoens  pelas  feveras  máximas  do  feu  Inf- 
tituto.    Na  ultima  idade  perdeu  de  tal  forte 


a  memoria »  que  até  ignorava  muitas  vezes 
o  feu  cubiculo,  e  fomente  refpondia  com 
acerto  quando  lhe  fallavaõ  em  matérias  eí- 
pirituaes.  Ao  tempo  de  cumprir  76.  annos 
de  idade  e  61.  de  Religião  paíTou  deíU  vida 
caduca  para  a  eterna  em  o  Collegio  de  Évora 
em  4.  de  Fevereiro  de  x68i.  Vir  fiát  immor- 
taliter  meritus  de  Republica  litteraria  diz  o  P. 
Franco  Ann.  Gloriof.  S.  J,  in  Lufit.  pag.  61. 
e  no  Synopf.  Annal.  S.  ].  in  Lufit.  pag. 
368.  n.  2.  floruit  plurimiim  tum  virtutibus, 
tum  litteris,  e  ultimamente  na  Imag.  da  Virt. 
do  Novic.  de  Évora.  pag.  96  j.  Homem  de 
coflumes  inculpáveis,  P.  Francifc.  de  Fonf. 
"Ejvor.  Gloriof.  pag.  427.  Heróe  benemérito 
da  Republica  litteraria  pelo  muito,  que  a  illuf- 
trou,  e  enriqueceo  com  os  feus  multiplicados, 
e  eruditos  efcritos.  Portug.  de  Donat.  Reg. 
Part.  2.  liv.  I.  cap.  22.  n.  4.  doãijftmus.  Na 
Allegac.  de  direit.  pelo  Senhor  D.  Pedro  de 
hancaflr.  n.  52.  Com  feu  infatigável  efludo 
benemérito  dos  naturaes,  e  eflranhos.  Paulo  Igna- 
cio  de  DalmaíTes  Dijfertac.  Hiflor.  por  la  Pá- 
tria de  Orofio.  cap.  5.  §.  3.  e  cap.  11.  §.  j.  o 
intitula  doãiffimo.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
Lufit.  Litter.  lit.  B.  n.  29.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  166.  e  Tom.  2.  pag.  28  j. 
e  a  Bib.  Societ.  pag.  113.  coL  i.  Compoz. 

Profodia  in  Vocabularium  trilingue  La- 
tinum,  Lufitanum,  et  Caftellanum  digefta.  Eborae 
apud  Emanuelem  Carvalho.  1634.  foL 
UlyíTip.  apud  Paulum  Crasbeeck  1645. 
foi.  &  ibi  per  eumdem.  1656.  foi.  No  fim 
defta  ediçaõ  eftà  a  Oração  ftmebre  que  fe:^  na 
lingua  Latina  em  a  Univerfidade  de  Évora  em 
as  exéquias  do  Serenijfimo  Princepe  D.  Theo- 
dofio  a  if.  de  Novembro  de  1653.  Sahio  a  Pro- 
fodia correâa,  e  muito  addicionada  Ulyífi- 
pone  apud  Antonium  Crasbeeck  de  Mello. 
1669.  foi.  &  ibi  per  eumdem  1661.  e  1674. 
foi.  e  Eborae  Typis  Academicis.  1697.  foi. 
&  ibi  apud  eamd.  Offidn.  1723.  foi. 

Palias  Togata,  et  Armata  documentis  poli- 
ticis  in  Problemata  humaniora  digefiis.  Eborae 
1636.  4. 

Academia,  feu  Refpublica  Litteraria  uti- 
liter,  €>*  nobiliter  fundata  legibus,  ac  mori- 
bus  infiituta,  privilegiis  munifa,  ludis,  ac  cer- 
taminibus  litterariis  exercita,  Reãoris,  Can- 
cellarij,     Confervatoris,     Officialium,     Doãorum, 


5io 


BIBLIOTH  E CA 


Magijlrorum ,  et  Scholajlicorum  prasidio  inflruãa, 
Collegiis,  Collegarum,  (Ò'  Vrabendatorum,  Jeu 
'Portionijlarum  apparatu  amplificata.  UlyíTipone 
ex  Officina  Antonij  Crasbeeck  de  Mello. 
1662.  foi. 

Promptmrium  Juridicum,  quod  fcilicet  in 
promptu  exhihet  quarentihus  omnes  Kefolutiones 
circa  univerjum  jus  Pontificium,  Imperiak,  ac 
Kegium  Jecundum  quod  in  Tribunalibus  'L.ujitanicí 
cauja  decidi  Jolent. 

UlyíTip.  apud  Dominicum  Carneiro.  1664. 
foi.   &  Eboras  Typis  Academicis.   1690.  foi. 

Negras  Geraes  breves,  e  comprehenfivas  da 
melhor  Orthografia  com  que  fe  podem  evitar  erros 
no  ejcrever  da  lingua  Latina,  e  Portuguesa.  Lis- 
boa por  Domingos  Carneiro  1666.  8. 

'Blucidarium  S.  Theologice  Moralis,  (ò"  Júris 
Utriujque  exponens  idioma,  id  eft  proprietatem 
Sermonis  Theologici,  Canonici,  &  Civilis  Ulyf- 
íipone  apud  Dominicum  Carneiro.  1668.  foi. 

Promptuarium  Theologicum  Morak  Je- 
cundum Jus  commune,  (ò"  Lujitanum,  Jeu  alio 
nomine  explicatius.  Summa  ex  univerja  Theolo- 
gia  Morali  continens  quinquaginta  Traãatus.  Pars 
prior  conjlans  25.  traãatibus.  UlyíTip.  apud 
Joannem  da  Cofta.  1671.  foi.  &  Eboras  ex 
Officin.  Acad.  1705.  foi. 

Pars  pojlerior.  UlyíTipone  apud  Anton. 
Crasb.  de  Mello  1676.  foi.  &  Eborae  ex  Offic. 
Acad.  1707.  foi. 

Ars  Grammatica  pro  lingua  'Lujttana  addij- 
cenda.  Lugduni  apud  Laurentium  AniíTon. 
1672.  8. 

Obras  M.  S.  promptas  para  a  ImpreíTaõ. 

Philojofia  in  três  partes  dijiributa. 

Arcana  Theologica  de  Deo  fecundUm  Je,  (0° 
quo  ad  nos,  Jeu  in  ordine  ad  nojlram  falutem, 
Incarnato,  h,egislatore,  Pramiatore  <ò'c. 

De  moribus  omnium  Gentium  veteribus, 
<Ò'  recentioribus.  Conferva-fe  no  Collegio 
dos  PP.  Jefuitas  da  Cidade  de  Portalegre 
como  diz  Franco  na  Imag.  da  Virtude  do 
Nov.  de  Evor.  pag.  965.  de  cuja  obra  faz 
mençaõ  o  novo  addicionador  da  Bib.  Ori- 
ent.  de  António  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  14. 
col.  451. 

Commentaria  in  Horatium.  2.  Tom. 
Conferva-fe  no  Collegio  de  Santo  Antaõ 
como  efcreve  Franco  no  lugar  aíTima  alle- 
gado. 


Concionabilia.  Trata  de  Matérias  Predi- 
cáveis.   Eílá  em  o  Collegio  de  Beja. 

Compendium  Traãatus  de  Matrimonio 
concinnati  a  P.  Thoma  Sanches  S.  J. 

Protjpus  Judieis  perfeãi,  five  laici,  jive  Eccle- 
Jiajlici  tam  in   Civiibus,    quam    in   criminalibus^ 

BENTO  PINHEL  natural  de  Lisboa  filho 
de  Duarte  Pinhel,  e  fobrinho  de  Ayres  Pinhel 
celebre  Jurifconfulto  de  quem  em  feu  lugar 
fe  fez  merecida  mêçaõ.  Inílruido  na  lingua 
Latina  paflbu  à  Univerfidade  de  Coimbra  a  eftu- 
dar  Direito  Civil  de  que  teve  por  Meftre  a  Ruy 
Lopes  da  Veyga  famofo  interprete  das  Leys 
Imperiaes,  e  taes  foraõ  os  progreíTos  que  a  fua 
viva  penetração  fez  neíle  género  de  eíhido  que 
depois  de  receber  o  gráo  de  Bacharel  fe  oppoz 
por  varias  vezes  às  Cadeiras  com  geral  admira- 
ção de  todos  os  Cathedraticos.  Por  fer  de 
mayor  esfera  o  feu  talento  naõ  podendo 
conterfe  nos  limites  da  pátria  paíTou  a  Itália,  e 
na  Univerfidade  de  Pifa  foy  Lente  de  Direito 
Cefareo  onde  com  a  fua  doutrina  fubtilmente 
explicada  fahiraõ  os  feus  difcipulos  Meílres 
deíla  vaftifiima  Faculdade.  De  Itália  paíTou  a 
Praga  em  cuja  Univerfidade  mereceo  regentar 
a  Cadeira  de  Prima,  e  ter  por  expeétadores  da 
fua  profunda  litteratura  aos  mais  infignes  Pro- 
feíTores  da  Jurifprudencia,  que  floreciaõ  em 
taõ  celebre  Academia.  Com  diverfos  elogios 
he  exaltado  por  Carvalho  in  Cap.  Kaynaud, 
Part.  2.  n.  373.  et  380.  e  Part.  3.  n.  40.  D. 
Franc.  Manoel  na  Cart.  dos  Author.  Portug.  ao 
Doutor  Manoel  da  Fonf.  Themudo.  Joaò 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  Lujit.  JLitter.  lit.  B. 
n.  30.  e  n.  45.  onde  o  intitula  Jorge  em  lugar 
de  Bento.    Compoz. 

Seleãarum  Júris  interpretationum  con- 
ciliationum,  ac  Variarum  rejolutionum  Tomus 
primus.  Venetiis  apud  Dominicum  Imber- 
tum.  161 3.  foi.  Dedicado  a  Cofme  11.  Graõ 
Duque  de  Florença  onde  lhe  diz  Spero  namque, 
ut  quos  Patruo  meo  Ario  Pinello  Hifpania 
detulit  honores,  eojdem  Itália  mihi  tua  benignitate 
motrice  indulgeat.  Sahio  fegunda  vez  Lugd. 
apud  Petrum  Chevallier  1670.  4.  grande, 
&  ibi.  1680. 

P.  BENTO  RODRIGUES  natural 
da  Villa  de  Olivença  na  Província  do  Alentejo, 


i 


L  USITANA. 


5ii 


«  Religiofo  da  Companhia  de  JESUS  cuja  Rou- 
peta veílio  no  Collegio  de  Évora  a  3.  de  Abril 
(ic  1644.  Foy  I^nte  de  Filofoíia  no  G>llegio  de 
i  .isboa,  e  de  Theologia  Moral,  e  Efcolaílica  na 
Univcrfídadc  de  Évora  onde  rccebeo  o  gráo  de 
Doutor.  Na  gravidade  exterior  indicava  a 
prudência  de  que  era  ornado.  Foy  aHedhiofo 
devoto  da  Virgem  Santiffima  inAituindo  em 
leu  obfequio  Irmandades  em  todas  as  Cafas  em 
que  aíTiAio.  Era  taò  humilde  que  faltando  o 
Meftre  que  cnfinava  os  primeiros  elementos 
aos  meninos,  fendo  Cancellario  da  Univerfí- 
tladc  de  Évora  fe  offercceo  para  fubftituto,  cujo 
tnagiftcrio  com  admiração  univcrfal  exercitou. 
No  púlpito  eraõ  taõ  vehementes  as  expreíToens 
tio  fcu  cfpirito  acompanhadas  de  copiofas 
lagrimas  que  reduzia  a  dureza  mais  inflcxivcl 
dos  peccadorcs.  Sendo  Reytor  do  Collegio 
de  Santarém  expirou  com  fumma  piedade  a  10. 
de  Outubro  de  1685.  Delle  fe  lembra  o  P. 
intonio  Franco  in  Ann.  G/or.  S.  J.  in  Ljtjit. 
lg.  586.  e  no  SynopJ.  Annal.  S.  J.  in  l^Jit. 
lg.  579.  n.  7.  Compoz. 

OraçaÔ  fúnebre   em   as   Exéquias   do   muito 

{.everendo     Padre    Fr.     Bento    Madeira    Re/i- 

iofo  do   Carmo  qtu  fe  celebrarão  no  feu  Con- 

ívento  de  Évora.     Lisboa   por   Francifco   Vil- 

'Icla  1671.  4. 

P.  BENTO  DE  SEQUEIRA.  Naceo  em 
a  Villa  de  Arronches  do  Bifpado  de  Portalegre 
da  Província  Tranílagana  em  o  anno  de  1588. 
€  na  idade  de  16.  annos  entrou  na  Companhia 
de  JESUS  em  o  Collegio  de  Évora  a  16.  de 
Fevereiro  de  1602.  Depois  de  eníinar  as  letras 
humanas  exercitou  com  grande  applaufo  o 
minifterio  de  Orador  Evangélico  para  o  qual 
tinha  todas  as  partes  neceflarias.  Com  grave 
prudência  governou  os  Collegios  do  Porto, 
Funchal,  Lisboa,  e  Coimbra  fendo  ultima- 
mente Provincial  da  Provincia  do  Alentejo. 
.'VíTiftio  na  outava  Congregação  celebrada 
em  Roma.  Foy  amado  dos  domeílicos,  ef- 
timado  dos  eftranhos  principalmente  dos 
SereniíTimos  Duques  de  Bragança  D.  Theo- 
dofio  2.  e  feu  filho  D.  Joaõ  gloriofo  liberta- 
dor da  Coroa  Portugueza.  Aborreceo  como 
perniciofo  veneno  a  detracçaõ;  diíTimu- 
lou  com  paternal  aíFeâo  os  defeitos  alheos 
fendo  rigido  cenfor  dos  próprios.    Promoveo 


com  o  feu  exemplo  a  obíervancía  da  diTd- 
plina  regular  até  que  chegando  à  idade  de  76. 
annos,  e  60.  de  Companhia  falleceo  no  Colle- 
gio de  Évora  a  20.  de  Junho  de  1664.  Fazem 
delle  merecida  lembrança  Bib.  Socitt.  pag.  115. 
col.  2.  Franco  Imag.  da  Virtud.  do  Novitiaã. 
di  Evor.  pag.  856.  e  no  Ann.  Gloriof  S.  J.  in 
Lufit.  pag.  $48.  col.  2.  e  no  Synopf,  Annal. 
S.  ].  in  lj4fit.  pag.  ))6.  n.  6.  Fonfcc.  Evor.  Glo- 
riof, pag.  428.  Dos  muitos  Scrmoens  que 
pregou  fomente  fe  publicarão  os  fe- 
guintes. 

SermaÕ  do  Auto  da  Té  qm  fe  celebrou  no 
Terreiro  do  Pafo  defla  Cidade  de  IJsboa  em  6.  de 
Abril  de  1642.  Lisboa  por  Domingos  Lopes 
Rofa.  1642.  4. 

SermaÕ  em  Santa  Clara  de  Coimbra  à  pri- 
meira pedra  do  Templo,  e  Convento  Keal, 
que  a  Real  Mageflade  delKey  D.  JoaÕ  o  IV. 
levantou  à  Rainha  Santa  Ir^abel  fua  Apò 
no  monte  da  Efperança,  e  trefladaçaÕ  das 
fuás  relíquias,  e  mudança  das  Religiofas  para 
o  Templo,  e  Convento  novamente  levantado. 
Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck  1649.  4. 

Oração  funeral  em  as  honras  do  Serenif- 
fimo  Infante  D.  Duarte  IrmaÕ  da  Sacra, 
e  Real  Mageflade  delRey  N.  Senhor  D. 
Joaõ  o  IV.  de  Portugal  aos  15.  de  Dezem- 
bro de  1649.  Coimbra  Na  oíHdna  Crasbe- 
eckian.  1650.  4. 

SermaÕ  na  Fefla  do  Anjo  Cuflodio  do  Rey- 
no  de  Portugal  na  occafiaõ,  e  dia  em  que  a  Sacra 
Mageflade  delRey  D.  JoaÕ  o  IV.  Nojfo  Senhor 
pajjou  em  Alentejo  contra  Caflella  em  Lisboa 
o  terceiro  Domingo  de  Julho  de  1642.  Lisboa 
por  Paulo  Crasbeeck.  165 1.  4. 

SermaÕ  de  S.  Francifco  no  feu  Convento 
da  Ponte  em  Coimbra  a  4.  de  Outubro  de  1648. 
Lisboa  pelo  dito  Impreflbr.  165 1.  4. 

SermaÕ  no  Auto  da  Fé,  quefe  celebrou  na  Praça 
da  Cidade  de  Évora  em  27.  de  Julho  de  1636. 
Évora  na  Officina  da  Univeríidade  1659.  4. 

BENTO  TEIXEIRA  FEYO.  Depois 
de  ter  padecido  hum  horrorofo  naufrágio 
em  Nào  N.  Senhora  da  Atalaya  de  que  era 
Capitão  António  da  Camará  de  Noronha 
juntamente  com  a  Capitania  chamada  Sa- 
cramento que  mandava  como  Capitão  Mór 
Luiz  de  Miranda  Henriques  as  quaes  íahi- 


5l2 


BIBLIO  THE  CA 


raõ  de  Goa  a  20.  de  Fevereiro  de  1647.  fendo 
Vice-Rey  do  Eílado  D.  Filippe  Mafcarenhas, 
chegando  a  eíla  Corte  naõ  fomente  deu  à 
Mageílade  de  D.  Joaõ  o  IV.  a  noticia  indivi- 
dual deíle  trágico  fucceflb,  mas  por  ordem  do 
mefmo  Princepe  a  efcreveo  com  eílilo  claro,  e 
íincero  intitulando-a. 

Re/açaõ  do  Naufrágio  que  fit^eraõ  as  Náos 
Sacramento,  e  N.  Senhora  da  Atalaya  vindo  da 
índia  para  o  Rejno  no  Cabo  de  Boa  EJperança. 
Lisboa  na  Oííicina  de  Paulo  Crasbeeck. 
1650.  4. 

BENTO  TEIXEIRA  PINTO  Natural  de 
Pernambuco  igualmente  perito  na  Poética  que 
na  Hiftoria  de  que  faõ  argumentos  as  feguintes 
obras. 

Vrojopopeya  dirigida  a  Jorge  de  Albuquerque 
Coelho  Capitão,  e  Governador  de  Pernambuco  nova 
'L.ufitania.  Lisboa  por  António  Alvares  1601.  4. 
Saõ  Outavas  juntamente  com  a  Relação  do  Nau- 
frágio que  fe^  o  mefmo  Jorge  Coelho  vindo  de  Per- 
nambuco em  a  Não  Santo  António  em  o  anno 
de  1565.  Sahio  2.  vez  impreíla  na  Hijlor. 
Tragico-Marit.  Tom.  2.  defde  pag.  i.  até  59. 

Dialogo  das  grandezas  do  Brafil  em  que 
faõ  interlocutores  Brandonio,  e  Alviano.  M. 
S.  Coníla  de  106.  folhas.  Trata  de  muitas 
curioíidades  pertencentes  à  Corografia,  e 
hiftoria  natural  daquellas  Capitanias.  Con- 
ferva-fe  na  Livraria  do  Conde  de  Vimieiro. 
Deíla  obra,  e  do  Author  faz  memoria  o 
moderno  addicionador  da  Bib.  Geog.  de  An- 
tónio de  Leaõ  Tom.  3.  Tit.  unic.  col.  17 14. 

Fr.  BENTO  DE  S.  THOMAZ  natu- 
ral da  Cidade  do  Porto,  filho  de  Marcos 
Joaõ  Diniz,  e  Francifca  Ferreira.  Na  ida- 
de da  adolefcencia  recebeo  o  habito  da  pre- 
clariíTima  Ordem  dos  Pregadores  no  Real 
Convento  de  Lisboa  a  4.  de  Agofto  dia 
confagrado  ao  culto  de  feu  illufbre  Patriar- 
cha,  do  anno  de  1644.  Aprendeo  com  tan- 
ta comprehenfaõ,  e  viveza  de  engenho  as 
fciencias  Efcholafticas  que  as  diftou  plauzi- 
velmente  aos  feus  domelHcos.  Depois  de 
alcançar  o  gráo  de  Meftre  da  Ordem  foy 
Qualificador  do  Santo  Officio  recuzando  o 
lugar  de  Inquifidor  de  Goa  em  que  o  no- 
meara   o    EminentiíTimo    Inquifidor    Geral 


D.  VeriíTimo  de  Lancaílro.  Foy  Prior  do  Con- 
vento de  Aveiro,  e  hum  dos  celebres  Theo- 
logos  que  no  feculo  paíTado  floreceraõ  nefte 
Reyno.  Falleceo  no  Convento  de  Lisboa 
a  18.  de  Janeiro  de  1687.   Imprimio. 

OraçaÕ  em  louvor  da  Bemaventurada  Kofa 
de  Santa  Maria  da  Terceira  Ordem  de  S.  Domin- 
gos na  fefla  que  fe  fe:^  à  fua  Beatificação  no  Con- 
vento de  S.  Domingos  de  Coimbra.  Coimbra 
por  Thomé  Carvalho  ImpreíTor  da  Uni- 
verfidade  1669.  4. 

Sermaõ  do  Desagravo  de  Chriflo  Sacramen- 
tado na  Igreja  de  Santa  Engracia.  Lisboa  por 
Joaõ  da  Cofta  1671.  4. 

Sermaõ  do  Aão  da  Fé  celebrado  em  Coim- 
bra na  quarta  Dominga  de  Quarefma  12. 
de  Março  de  1673.  Coimbra  por  Manoel 
Diaz    ImpreíTor    da    Univerfidade.    1673.    4. 

Contra  a  perfídia  Hebraica  M.  S.  foL  Efta 
obra  depois  de  efiar  approvado  pela  Ordem  (  como 
efcreve  Fr.  Pedro  Mont.  Claufi.  Dominic. 
Tom.  3.  pag.  174)  e  pela  Inquijiçaõ,  eflando 
a  rever  pela  Me^a  do  Paço  por  morte  do  dito 
Author  ficou  na  maõ  de  algum  Minifiro  defle 
Tribunal  deixando  aos  que  conhecerão  o  feu 
talento  com  o  pev^ar  de  que  naÕ  fahiffe  à  lus^. 

Fr.  BENTO  DE  S.  THOMAZ  natu- 
ral da  Villa  da  Arrifana  de  Soufa  do  Bifpado 
do  Porto.  Recebeo  o  habito  Monachal  do 
Princepe  dos  Patriarchas  S.  Bento  a  7.  de 
Março  de  1644.  onde  eftudou  com  tal  applica- 
çaõ  as  fciencias  efcholafticas  que  depois  de  as 
di6b,r  aos  feus  domefticos  mereceo  fer  laureado 
com  as  infignias  doutoraes  em  a  Univerfidade 
de  Coimbra.  Naõ  fatisfeito  o  feu  profundo 
talento  de  ter  penetrado  as  mayores  difficul- 
dades  da  Theologia  Efpeculativa  paíTou  a 
inveftigar  os  myfteriofos  arcanos  da  Pofitiva, 
os  quaes  revelou  fendo  Cathedratico  de  Efcri- 
tura  em  a  Athenas  Conimbricenfe  de  que 
tomou  pofi!e  a  27.  de  Novembro  de  1670. 
donde  fubio  à  Cadeira  de  Vefpera  em  10.  de 
Outubro  de  1693.  Igual  capacidade  moftrou 
governando,  como  enfinando  quando  em  o 
anno  de  1689.  foy  eleito  Geral  da  fua  Monal- 
tica  Congregação.  Falleceo  a  5.  de  Junho  de 
1695.  Deixou  compoftas  as  feguintes  obras 
dignas  certamente  da  luz  publica. 

De  Peccato  Originali. 


L  USITANA. 


5i3 


De  Abraham 

De  Jofeph. 

In  ithrutu  Jitdicnm. 

Pe  Jítcoh. 

De  Kníh.  Dcfta  obra  faz  illuílre  mc- 
tnoria  o  Medre  Fr.  Joaõ  dos  Prazeres 
Monge  Bcnediétíno  em  a  vid,  do  Princep. 
iíos  Patriarcb.  S,  Benf.  Tom.  2.  limprcz. 
27.  pag.  5j8. 

BENTO      DA      VICTORIA      Vcja-fe 
VICTORINO   DE    S.    GETRUDES. 

D.  BERNARDA  FERREIRA  DE  LA- 
CERDA illuílrou  com  o  feu  nacimento  a 
('idade  do  Porto  cm  o  anno  de  IJ95.  e  com  os 
(ingularcs  dotes  de  que  liberalmente  a  ornarão 
;i  graça,  c  a  natureza  a  fcus  nobres  progeni- 
tores Ignacio  Ferreira  Leytaõ  Givalleiro  da 
Ordem  de  Saõ-Tiago  Dezembargador  do  Paço, 
Chanceller  Mór  do  Reyno,  e  D.  Paula  de  Sà 
Pereira  filha  de  Gomez  Corrêa  de  Lacerda,  e  D. 
lez  de  Sà,  e  Menezes.  Na  idade  pueril  deu 
)go  manifeftos  finaes  do  raro  engenho,  e  agu- 
comprehenfaõ  com  que  na  adulta  havia  fer 
ido  o  feu  talento  principalmente  unindo- 
-fe  nella  o  que  raras  vezes  fucede  a  difcriçaõ,  e 
fermofura  com  que  roubava  as  atençoens  dos 
dous  mais  nobres  fentidos.  Com  o  progreíTo 
dos  annos  fe  foy  augmentando  no  exercicio  das 
\rtes,  e  fciencias  fendo  gloriofo  exceíTo  das 
Segeas  de  Efpanha,  das  Safos  da  Grécia,  e  das 
Falconias,  Lavras,  e  Polas  de  Itália.  Penetrou 
com  fubtileza  os  myílerios  da  Filofofia,  obfer- 
vou  com  profundidade  os  arcanos  da  Mathe- 
matica,  e  pradtícou  com  perfeição  os  preceitos 
da  !Níufica  tocando  com  igual  graça,  que  def- 
treza  todo  o  género  de  inílrumentos  armonicos. 
Entre  as  nove  Mufas  teve  o  principado  mere- 
cendo pela  métrica  elegância  das  fuás  compo- 
fiçoens  fer  aclamada  Princeza  de  taõ  Divina 
Arte  pelos  feus  mais  celebres  Profeííores  Joaõ 
Perez  de  Montalvão,  e  Lope  da  Vega  Car- 
pio.  Igualmente  foy  perita  nas  fciencias  Sa- 
gradas difcurfando  profundamente  por  efpa- 
ço  de  huma  hora  no  altiíTimo  Myílerio  da 
SantiíTima  Trindade  na  prezença  dos  mayo- 
res  Corifeos  deíla  fublime  Faculdade  con- 
feflando  que  o  feu  entendimento  fe  illuf- 
traua  com  luzes  fuperiores.    Fallou  elegante- 


mente as  lingiias  Latina,  Italiana,  e  Eípanhola 
parecendo  pela  perfeição  com  que  as  dearticu- 
lava, que  naceca  onde  ellas  tinhaô  o  feu  berço. 
A  fama  deftes  dotes  fcientificos  que  fe  fazia 
mais  cAimavel  pelo  fexo,  moveo  a  Fíljppe  III. 
quando  veyo  a  eíle  Reyno  nomeaUa  para 
Medra  dos  Princepes  feus  filhos  D.  Carlos,  e 
D.  Fernando  de  cujo  honorifico  miniderío 
humildemente  fe  efcufou.  Sendo  taõ  íníígnc 
nas  letras,  ainda  foy  mayor  nas  virtudes.  Suf- 
tcntava  quotidianamente  com  largas  efmolas 
a  muitos  pobres,  fendo  o  feu  primeiro  difvelo 
focorrer  àquelles  a  quem  o  pejo  lhes  fechava  a 
boca  para  o  remédio  da  fua  neccíTidade.  Fre- 
quentava todas  as  Semanas  o  Sacramento  da 
Penitencia,  e  cada  féis  mezes  fe  confeííava 
geralmente  fcm  nunca  ter  manchado  a  alma 
com  culpa  mortal  como  aíTirmaraõ  os  fcus 
Direâores  efpirituaes.  Era  cordialmente  de- 
vota de  Maria  Santiflima  cujo  Officio  fe  obri- 
gou por  voto  rezar  todos  os  dias  o  qual  cum- 
prio  com  grande  ternura,  e  naõ  menor  aten- 
ção. Sofreu  heroicamente  aggravos  de  quem 
lhe  devia  obrigaçoens,  e  com  paciência  chriílaã 
como  fe  fora  infeníivel  padeceo  continuos 
achaques  que  lhe  afligiaõ  o  corpo,  e  o  efpiríto. 
Ainda  que  era  taõ  difcreta,  e  fabia,  fempre  fe 
confiderava  ignorante  naõ  podendo  a  vanglo- 
ria infeparavel  companheira  do  fexo  feminino 
fazer  no  feu  coração  a  impreíTaõ  mais  leve. 
Foy  cazada  com  Fernaõ  Corrêa  de  Soufa 
digno  efpofo  de  tal  conforte  aflim  em  a  no- 
breza do  fangue,  como  na  praâica  das  vir- 
tudes de  quem  teve  defcendencia  que  naõ 
degenerou  de  taõ  qualificados  Progenito- 
res. Com  catholica  refignaçaõ  tolerou  a 
morte  de  feu  efpofo,  e  de  alguns  filhos, 
que  terniíTimamente  amava  fervindo-lhe  eftes 
funeílos  annuncios  de  fe  preparar  para  a 
Eternidade  de  que  foy  tomar  poíTe  o  feu  ef- 
pirito  no  primeiro  de  Outubro  de  1644.  Jàz 
fepultada  com  feu  marido  em  hum  nobre 
Maufoleo  de  porfido,  e  alabaftro  fituado 
ao  lado  do  Evangelho  da  CapeUa  de  S.  Jo- 
zé  em  o  Convento  de  N.  Senhora  dos  Re- 
médios deíla  Corte  de  Carmelitas  Defcal- 
ços  dos  quaes  foy  muito  devota,  e  nelle  fe 
lè  gravado  efte  difcreto,  e  elegante  epitáfio. 
Fernaõ  Corrêa  de  Soufa 
D.  Bernarda  Ferreira  de  hacerda 


5i4 


BIB  LIO  THE  CA 


Ojferecem    aqui    mortos   quotidiano  facrificio. 

E  ejperaõ  o  dia  da  immortalidade. 
Naceraõ  com  honra, 
Viverão  com  applaufo, 
Morrerão  com  exemplo. 

Felices  fingularmente  ambos. 

Elle  na  forte  de  taÕ  infigne  mulher, 

Ella  nos  dotes  de  huma  alma  tàõ  fuhlime, 
Que   fem    igual    na    idade    prejente    venceo    a 
fama  das  paffadas. 

Sua  erudição,  jui^o,  engenho,    ■ 
£  a  grandeza  de  feu  ef pirita 
Cantou  com  heróico  eftilo  _ 

Hefpanha  'Libertada. 
Sua  piedade,   devoção,   e  virtude  para  cõ  Deos, 

Dejpre^^o,  e  efquecimento  do  mundo 
K.epetem  com  faudofa,  e  celefiial  armonia 

Os  eccos  das  Soledades  do  Bujfaco. 

Seus  ejcritos  fdò  Jeu  detrato 

Suas  Cincas  nojfo  de/engano. 

Fqy  laureada  no  Parai;^o  do  Ceo 

Em  o  primeiro  de  Outubro  de  1 644. 
Compoz. 

E/pana  Eibertada  i.  Parte.  Poema  em 
8.  Rima.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  161 8.  4. 
Obra  certo  excelente  (  como  efcreve  Miguel  Lei- 
tão de  Andrade  Mifcellan.  de  Var.  Hijl.  Dialog. 
20.  pag.  617.)  e  tal,  que  fe  naõ  fabe  outra  de 
mulher,  que  poffa  fer  fua  comparação,  e  Fr. 
Franc.  da  Nativid.  Lenit.  da  Dor  pag.  311. 
n.  201.  fe  Juperou  a  ji  mefma  no  Jeu  maravilho/o 
livro  de  Efpanha  Eibertada. 

Segunda  Parte.  Lisboa  por  Joaõ  da  Colla 
1673.  4.  Sahio  por  deligencia  de  fua  filha  D. 
Maria  Clara  de  Menezes,  cazada  com  Júlio 
Cefar  de  Eça,  e  jaz  fepultada  defronte  do  lugar 
em  que  defcanfaõ  feus  Pays.  Naõ  acabou  a  3. 
Parte  impedida  pela  morte. 

Soledades  de  Bujfaco.  Lisboa  por  Ma- 
thias  Rodriguez  1634.  12.  Confta  de  verfos 
Caftelhanos,  Portuguezes,  e  Italianos. 

Kithmo  Eatino,  e  cinco  Decimas  Por- 
tuguesas em  applauzo  do  Poema  Heróico 
intitulado  Malaca  Conquijlada  por  Francifco 
de  Sá,  e  Menezes,  fendo  os  argumentos  defte 
Poema  compofiçaõ  de  D.  Bernarda  Ferreira, 
de  que  faz  memoria  o  addicionador  da  Bib. 
Orient.  de  António  de  Leaõ.  Tom.  i.  Titul.  3. 
col.  56. 

Soneto     Portugue^    em    louvor    de     Ga/par 


Pinto  Corrêa  no  feu  Livro  Eacryma  Eujita- 
norum  in  obitu  Serenijfimi  Principis  Theodofij 
Brigantini  Ducis.  UlyfTipone  apud  Petrum 
Crasbeeck  1631.  8. 

Soneto  Portugue:(^  em  Eouvor  da  Ulyffea  de 
Gabriel  Pereira  de  Cajlro,  cujos  argumentos  faõ 
obra  de  D.  Bernarda  Ferreira.  Sahio  Lisboa 
por  Pedro  Crasbeeck  1630.  4. 

Três  Decimas  en  applauv^o  de  la  Cancion 
Keal  ai  Ave  Maria  de  Juan  Bautifta  Alexandre. 
Lisboa  1635.  4. 

Soneto  a  morte  de  Joaõ  Peres  de  Montalvão  nas 
Eagrimas  Panegyricas  a  eftegran  de  Poeta.  foi.  134. 

Sextilhas,  e  hum  Soneto  na  Fama  Pofthuma 
de  Eope  da  Vega  Carpio.  Madrid  1636.  4.  a  pri- 
meira obra  a  foi.  42.  até  4^.  a  2.  foi.  133.  v.o. 
Obras  M.  S. 

Comedias  varias  entre  as  quaes  eraõ  celebres 
el  Caçador  dei  Cielo  Santo  Eujiachio.  da  qual  faz 
mençaõ  Miguel  de  Andrade  Leytaõ  no  lugar 
aflima  allegado,  e  outra  intitulada.  1m  buena, 
y  mala  fortuna. 

Poejias  varias,  e  Diálogos  diverfos. 

Trágica  converfaõ  dos  Chrijlãos  de  S.  Thomé,  ou 
Prejie  Joaõ.  Conftava  de  80.  Capítulos,  cuja 
obra  ficou  em  poder  de  fua  filha  D.  Maria 
Clara  de  Menezes,  e  deUa  faz  mençaõ  o  moder- 
no addicionador  da  Bib.  Orient.  de  António 
de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  3.  col.  55. 

Eyras  à  Aclamação  delKej  D.  Joaõ  o  IV. 
Começavaõ. 

Tinha  roubado  inverno  a  fermofura. 

Confervavaõ-fe  na  Bibliotheca  do  Cardial 
de  Soufa. 

A  taõ  celebrada  PoetiíTa  fe  empenharão  os 
Cifnes  do  ParnaíTo  a  confagrar-lhe  elogios  dif- 
tinguindo-fe  entre  todos  Lope  da  Vega  Carpio 
pois  alem  de  lhe  ter  dedicado  a  Egloga  F/7/^ 
impreíía  em  Madrid  1635.  lhe  canta  em  feu 
applauzo  no  Laurel  de  Apollo  Sylv.  3.  foi.  27. 
eílas  vozes. 

Si  pudiera  tener  la  Fama  aumento 

Y  gloria  Lujitana, 

D.  Bernarda  de  Ferrejrafuera 
A  CUJO  Português  entendimiento, 

Y  pluma  Cajle liana 

La  E/pana  libertada  E/pana  deve: 
Porque  fola  pudiera 
Partir  entre  los  Rejnos  ejla  gloria, 
Tan  poderoja  inteligência  mueve 


L  USITANA. 


5i5 


Eflos  dos  Orbes  conftt  Me  JVfloria, 
Con  tanta  eriídicion  con  tanto  lujlre, 
Que  ella  queda  immortal,  y  Espafla  iluflre, 
António    Figueira    Duraõ   in   haur,    Pamaf. 
Rani.  2.  pag.  55. 

Afpice  ut  injifftis  pleClro  Bernarda  canoro 
Pinaitiar,  titqtte  Uli  Polia  Argentaria  cedit: 
Wac  Jeciim  in  Patriam  Parnajji  è  culmine  montis 
Deditxit  Mu/as,  nimc  Pfjabns  reffiat  in  illa. 
E  logo  acrccenta. 

kSi  diffimdis  poéticos  nitores 
Dum  tuba  canis  bellica,  ó^fonora 
p///  Hifpani  fiadores: 
f^on  férrea  tibi  fimt  Verreira  ora 
Tu  noftram  nempe  decoras  atatem. 
Dum  carminibits  vincere  contendis 
X.neida  Maronis, 

iií  dum  Hifpania  cantas  libertatem : 
Cárcere  admirationis 
IJbertates  alti/ona  prcebendis. 
Manoel  de  Faria,  e  Soufa  Fueníe  de  Aganipe 
Part.    2.   Eftanc.    3.   dedicando-lhe   a   Tabula 
de  Pan,y  Appolo. 

Tu  Bernarda  já  no  decima  Mufa^ 
Antes  toda  la  clajfe  ò  gran  Matrona 
De  las  nueve,  que  en  ti  Je  mira  inclufa 

Y  quando  menos  delias  la  Patrona; 
De  Pan  oye  lafijlula  confufa, 

Y  de  Apolo  la  vo:^;  que  màs  te  abona; 

Oye,    que    eres    Tu  /obre  una,  y  otra  cuerda 
De/u  Lyra  con  masjar^pn  la  Cuerda. 

Manoel  de  Gallegos  no   Templ.  da  Memoria 

liv.  4.  Eílanc.  193. 
D.  Bernarda  engenho  Joberano, 
One  cantando  de  E/panha  a  liberdade 
Deu  que  admirar  ã  Efpofa  de  h,ucano, 
E  feii  mais  venturofa  a  nojfa  idade: 
Nos  heróes  de  Bragança,  e  de  Medina 
Grandes^as  tem  de  mil  Poemas  digna. 

Sor.   Violante  do   Ceo   R/>/.    Var.  pag.    34. 

J)e  los  jardines  dei  celefte  Apolo 
nativa  planta  celefiial  contemplo 
efia  nueva  Deidad,  ejia  Minerva 
por  única  dei  uno  ai  otro  Polo 
de  la  immortalidad  le  ofrece  el  Templo 
el  a  Imo  Dios  que  fu  beldad  preferva 

Y  tanto  la  conferva 
Que  con  el  agua  de  Helicon  la  bana 
con  que  el  divino  fruto  que  produ^e 
a  tanta  gloria  a  tanto  bien  condifí^ 


Que  qual  la  plãta,  el  fruto  admira  Efpaãa, 

verdad  averigfiada 

de  la  fumma  verdad  acreditada. 
P.  António  dos  Rcys  no  lintufiafm.  Poet.  n.  268. 
Certabant  magna  vi  coram  judice  Phabo 
Euterpe,  Clioque  fimul,  qua  fede  l^acerda 
Digfta  foret  meritis  pro  tantis:  ifla  fedile 
Se  prope  deberi  tot  bellica  falia  canenti, 
Sub  la  to  cia  more  docet;  docet  illa  locari 
Cum  Ly ríeis  debere  fuis,  et  carmina  tefles 
Dulcia  producit  queis  árdua  culmina  Montis 
Quem  colit  Ileliadum  Cens,  calo  próxima  canta  t. 
Judkium    Phabi   tandem  fuit:    u traque   vincunt, 
U traque  Bernarda m  fibi  fumant;  una  duabus 
Sufficit. 

Semelhantes  applaufos  lhe  dedicarão  os 
Hlftoriadores  chamando-lhe  Fr.  Leaõ  de 
Santo  Thom.  Bened.  "Lufit.  Tom.  i.  Part. 
2.  cap.  12.  pag.  348.  llluflre  Portuguesa, 
Poeta  famofa.  Girdof.  A^ol.  l^fit.  Tom. 
2.  pag.  495.  no  Gímment.  de  9.  de  Abril 
let.  H.  TaÕ  aplaudida,  e  decantada  dos  Poe- 
tas de  feu  tempo  por  fuás  Jingulares  habilida- 
des. Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
167.  col.  I.  muliebris  fexus  hoc  noflro  tem- 
pore  non  parum  infixe  decus  extitit.  Fr. 
Bclch.  de  S.  Ann.  Chron.  de  Carm.  Defcalf. 
da  Prov.  de  Portug.  Tom.  1.  liv.  2.  cap.  55. 
Gloria  de  Portugal  por  feu  raro,  e  Jingular 
talento  bem  manifefiado  nas  obras,  que  com- 
pot(.  Macedo  Flor.  de  Efpan.  cap.  18.  ex- 
cel.  9.  La  Decima  Mufa,  y  quarta  Grada. 
D.  Franc.  Man.  na  Carta  dos  Autb.  Por- 
tug. ao  Doutor  Manoel  da  Fonfeca  The- 
mudo.  Em  repetidos  Poemas  guardou  doçu- 
ra, e  igualdade.  Fr.  Bent.  Jeronym.  Feijoo 
Theatr.  Crit.  Tom.  i.  Difc.  16.  n.  113.  So- 
bre entender,  y  hablar  con  facilidad  varias 
lengoas  fupo  la  Poefia,  la  Rhetorica,  la  Pbi- 
lofofia,  y  las  Mathemaficas.  A2eved.  Por- 
tug. Illuflrad.  pelo  fex.  femin.  pag.  80.  n.  16. 
difcretijjima  em  todo  o  género  de  matérias. 
Damiaõ  de  Froes  Perym  Theatr.  Heroin.  das 
Mulher.  IlluJIr.  em  f ciência.  Tom.  i.  pag. 
154.  Em  todos  os  EJlados  foy  exemplar  de 
boneflidade,  e  economia  fendo  exercido  comum  defla 
Matrona  a  liçaõ  dos  livros,  e  ti^o  da  Poefia. 

Fr.    BERNARDINO  DE  S.  ANTÓNIO 
natural  de  Lisboa,  e  illuíbre  filho  da  Sagrada 


5ió 


BIBLIO THECA 


''  Ordem  da  SantiíTima  Trindade  de  cuja  anti- 
guidade, noticias,  e  privilégios  foy  deligen- 
tiíTimo  inveftigador.  Depois  de  fer  Prezentado 
na  Sagrada  Theologia  que  diélou  profunda- 
mente aos  feus  domefticos,  os  governou  duas 
vezes  como  Provincial,  a  primeira  no  anno 
de  1617.  e  a  fegunda  no  anno  de  1626.  dando 
fempre  claros  argumentos  da  fua  natural  bene- 
volência, e  fumma  gravidade,  por  cujos  dotes 
mereceo  os  louvores  de  vários  Efcritores 
como  foraõ  D.   Fr.   Thom.   de  Far.   Decad. 

1.  lib.  10.  cap.  5.  Fr.  Ludovic.  à  Concept. 
Exam.  Verit.  Theol.  Moral.  Part.  i.  Traâ;.  3. 
caf.  I.  n.  2.  Hipolit.  Marrac.  Bib.  Marian. 
Part.  I.  pag.  222.  Altun.  Chron.  de  Sant.  Trind. 
lib.  4.  Petr.  Alv.  de  Aílorga  in  Milit.  Im- 
macul.  Concep.  Magn.  Bih.  Ecc/ef.  pag.  496. 
col.  I.  Morreo  no  Convento  de  Santarém 
a  5.  de  Junho  de  1642.  e  naõ  de  1638.  como 
efcreve  Nicol.  Ant.  Bih.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
167.  col.  2.    Compoz. 

Epitome  Generalium  Kedemptionum  Cap- 
tivorum,  qiM  a  Fratribus  Ord.  Santijfima 
Trmitatis  fmt  faãa.  UlyíTipone  apud  Petrum 
Crasbeeck  1624.  4. 

Summaria  relação  da  vida,  e  morte  do  grande 
Servo  de  Deos  o  Keverendijftmo  P.  Mejlre  Fr.  SimaÕ 
de  Kojas  religiofo  da  Ordem  da  Santijfima  Trindade, 
e  Confejfor  da  Serenijftma  Raynha  de  E/panba 
D.  I;(abel  de  Borbon,  e  das  vidas  dos  Bemaventura- 
dos  Padres  Fr.  Bernardo  de  Monroj  Mejlre  na 
Sacada  Theologia,  Fr.  Joaõ  de  A.guila, 
Fr.  Joaõ  de  Palácios  Redemptores  de  Ca- 
tivos, que  padecerão  em  Argel.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor.  1625.  4. 

Devocionario  de  Nojfa  Senhora  que  con- 
tem o  modo  de  reatar  a  fua  Coroa  naquella 
forma,  que  a  mefma  Virgem  Santijfima 
a  enfinou  ao  Ven.  P.  Mejire  Fr.  Simaõ 
de  Rojas.  Lisboa  por  Jorge  Rodriguez 
1626.  8. 

Chronica  da  Ordem  da  Santijfima  Trin- 
dade da  Provinda  de  Portugal,  foi.  4.  Tom. 
M.  S.  de  que  faz  memoria  o  mefmo  Au- 
thor  in  Epitom.  Kedemp.  lib.   i.  cap.   10.  §. 

2.  pag.  49.  e  o  Illuílriflimo  D.  Rodrigo  da 
Cunha  Hif.  Ecclef.  de  Lisb.  Part.  2.  cap. 
83.  aííirmando  a  tivera  em  feu  poder.  Bran- 
dão Mon.  Lujit.  Part.  5.  lib.  16.  cap.  44.  e 
Fr.  Joaõ  do  Sacram.  Chron.  dos  Carm.  Def- 


calf.  da  Prov.  de  Portug,  Tom.  2.  liv.  5.  cap.  22. 
§.  525.  e  liv.  I.  cap.  5.  §.  80. 

Conjlituiçoens  da  Ordem  acrecentadas,  e  con- 
jirmadas  pela  Santidade  de  Paulo  V,  em  o  anno 
de  161 8.  como  elle  efcreve  in  Epit.  Redempf. 
lib.  I.  cap.  15.  §.  7.  foi.  74. 

Dos  varoens  illujlres  da  Ordem  da  Santijfima 
Trindade,  foi.  2.  Tom.  M.  S.  Faz  menção 
delia  obra  Cardof.  Agiol.  Eujtt.  Tom.  3.  pag. 
220.  no  Comment.  de  12.  de  Mayo  letr.  F. 
e  Tom.  2.  pag.  567.  no  Comment.  de  14.  de 
Abril  letr.  I. 

Preciojo  The^ouro  da  Ordem  da  Santijfima 
Trindade.  M.  S.  Conferva-fe  no  Archivo  do 
Convento  de  Lisboa  como  diz  Cardofo  Agiol. 
Eujit.  Tom.  2.  pag.  567.  no  Comment.  de 
14.  de  Abril  letr.  I. 

Vida  do  Ven.  Fr.  Roque  do  Efpirito  Santo  da 
Ordem  da  Santiffima  Trindade.  Volume  grande  M. 
S.  como  affirma  Cardofo  Agiol.  Eufit.  Tom.  3. 
pag.  193.  no  Comment.  de  1 1.  de  Mayo  letr.  C. 

Defcripçaõ  do  Rejno  de  Portugal.  M.  S.  Deíla 
obra  fazem  memoria  Cardofo  Agiol.  Eujit. 
Tom.  2.  pag.  760.  no  Comment.  de  29.  de  Abril 
letr.  B.  e  o  moderno  addicionador  da  Bib.  Geo- 
graf.  de  Ant.  de  Leaõ  Tom.  3.  Tit.  imic.  col. 
1415. 

D.  Fr.  BERNARDINO  DE  SANTO  AN- 
TÓNIO natural  da  Villa  de  Serpa  em  a  Provin- 
da Tranílagana  filho  de  Marcos  Aífonfo  Can- 
çado,  e  Maria  Corrêa.  Na  idade  mais  florente 
profeíTou  o  Sagrado  IníHtuto  dos  Religiofos 
Menores  no  Convento  de  S.  Francifco  de  Ta- 
vira da  Provincia  dos  Algarves  a  12.  de  Junho 
de  1641.  Depois  de  diâar  com  applauzo  Filo- 
fofia,  e  Theologia  aos  feus  domefticos,  e  fer 
Lente  Jubilado,  foy  Guardião  de  Coimbra, 
Cuftodio  da  Provincia,  e  Guardião  do  Con- 
vento de  S.  Francifco  de  Évora  donde  foy  af- 
fumpto  a  Bifpo  Coadjutor  com  o  titulo  de 
Targa  do  Arcebifpo  de  Évora  D.  Diogo  de 
Soufa,  e  de  feus  dous  SuceíTores  D.  Fr.  Do- 
mingos de  Gufmaõ,  e  D.  Fr.  Luiz  da  Sylva. 
Foy  Deputado  do  Santo  Ofíicio  de  Évora  de 
que  tomou  poííe  em  3.  de  Julho  de  1675. 
FaUeceo  no  Real  Convento  de  S.  Francifco  da 
mefma  Cidade  em  o  anno  de  1699.  Foy  iníigne 
Pregador,  e  entre  muitos  Sermoens  dignos  da 
luz  publica  que  deixou  M.  S.  he  o  mais  celebre. 


L  USITANA. 


5.7 


Sermad  do  Au/o  da  Fé  celebrado  em  Évora  no 
imo  de  1682.  quando  chegou  a  Bulia  contra 
os  Chiiíbiõs  novos.  Fazem  delle  memoria 
It.  Pedro  Monteiro  Catbal.  dos  Deputad.  da 
luqtnf.  dê  Évora,  e  o  P.  D.  Manoel  Caetan.  de 
SouTa  Cathalog.  llijlor,  dos  Are,  «  IMJp,  Por- 
(ug.  pag.  122. 

Ir.  BERNARDINO  DE  SANTO  AN- 
TÓNIO filho  de  SebaíUaõ  Paulos,  e  Ignez 
Alvares  fcmclhante  ao  precedente  aíTim  na 
[v.itria  que  lhe  deu  u  l>crço,  como  na  Reli- 
•iao  cm  que  profeflbu  no  Convento  de  Monte 
inór  a  3.  de  Agofto  de  1684.  Foy  Lente  de 
Artes,  e  Thcologia,  Qualificador  do  Santo  Offi- 
cio.  Ao  tempo  que  era  Guardião  do  G^nvento 
i  ic  Coimbra  paflbu  a  Serpa  fua  pátria  onde  mor- 
ico  cm  o  anno  de  1709.  Foy  eloquentinimo 
Pregador  deixando  capazes  da  ImprcíTaõ. 

Sermoens  Vários  M.  S. 

Os  quais  confcrvaõ  os  fcus  Rcligiofos 
com  grande  cílimaçaò.  Por  fua  deligencia  fe 
reimprimirão    as    famofas    Q)ndufocns    que 

ÍQ  Veneza  defendeo  o  grande  Fr.  Francifco 
;  Santo  Agoftinho  Macedo. 
Fr.  BERNARDINO  DE  S.  ANTÓNIO, 
aceo  em  Moimenta  da  Serra  do  Bifpado  de 
Coimbra  Comarca  da  Guarda  a  13.  de  Feve- 
reiro de  1660.  fendo  filho  de  Manoel  Gomes 
!'  Carqueja,  e  Mariana  de  Sequeira.  Na  idade  da 
ftdolefcencia  recebeo  o  habito  Seráfico  em  o 
Convento  de  S.  Francifco  da  Covilhàa  a  19.  de 
Junho  de  1677.  onde  profeíTou  a  20.  do  dito 
mez  do  anno  feguintc.  No  Collegio  de  Saõ 
Boaventura  de  Coimbra  eíhidou  as  fciencias  ef- 
cholaílicas  em  que  fahio  bom  letrado,  e  prefe- 
rindo o  exercido  dos  Púlpitos,  ao  das  Cadeiras 
jubilou  no  minifterio  de  Pregador  no  anno  de 
171 7.    Publicou. 

Septena  dedicada  às  Sete  majores  trifieti^as,  ejete 
alegrias,  que  teve  em  todo  o  dijcurfo  dajua  vida  San- 
tijftma  o  Senhor  S.  Jof^é.  Lisboa  por  Domingos 
Gonçalvez.  1739. 

Fr.  BERNARDINO  DE  AVEIRO  natural 
da  Villa  do  feu  appelido  fituada  no  Bifpado  de 
Coimbra,  Religiofo  Menor  da  reformada  Pro- 
vinda da  Piedade,  Varaõ  de  fumma  contem- 
plação, e  rigorofa  penitencia.  Para  acender  os 


coraçoeos  em  píedofos  afifeâos  traduzio  de 
Latim  em  Portuguez  de  Joaõ  Thaulero. 

Medi/a^oens  da  PaixaÕ  de  Cbrifio  com 
14.  exercidos  ejpirituaes  de  Nicoláo  Eftio. 
Hvora  por  André  de  Burgos.  1)54.  4.  Sahio 
eAa  tradução  por  ordem  do  Cardial  Infante 
D.  Henrique. 

BERNARDINO  BOTELHO  DE  OU- 
VEYRA  natural  de  Lisboa  ornado  de 
indinaçaõ  para  a  Poética,  como  de  pro- 
funda efF>eculaçaõ  para  a  Filofofia,  e  de  fununa 
habilidade  para  todas  as  Artes  Mechani- 
cas  em  que  fez  admiráveis  inventos,  com- 
pondo. 

Sentimento  lamentável,  que  a  dor  mais  fen tida 
em  lagrimas  tributa  na  intempejliva  morte  da 
Serenijftma  Rainha  de  Portugal  Noffa  Senhora 
D.  Alaria  Sofia  Isabel  de  Neoburg.  Lisboa 
por  Bernardo  da  Coíla  1699.  4.  Coníla  de 
huma  GloíTa  ao  Soneto  de  Camoens  que 
começa.  Choraj  Nimfas  os  fados  poderov^s. 
Três  Sonetos,  e  huma  Decima. 

Refutarão  dos  Canos  chamados  de  três  tempos, 
e  abono  dos  reãos,  ou  de  Cana  por  igual  com  algu- 
mas ret^oens  tocantes  ao  repucho,  que  daJÕ  as  efpin- 
gardas,  e  duas  demonjlrafoens  de  def acerto,  e  acerta- 
do ponto,  e  mira.  Lisboa  por  António  Pedrozo 
Galraõ.  17 14.  4. 

Efcudo  apologético  Phyfico,  Óptico  oppojlo- 
a  varias  objeçoens,  onde  fe  mojlra  como,  e  de  que 
parte  fe  fa^,  ou  fe  determina  a  fenfa^aõ  do  Objeão 
vifivo.  Lisboa  por  Mathias  Pereira  da  Sylva^ 
e  Joaõ  Antunes  Pedrozo.  1720.  4. 

Fr.  BERNARDINO  DE  JESUS.  Na- 
ceo  na  Villa  de  Vimieiro  na  Provinda, 
do  Alentejo,  e  na  idade  da  adolefcencia  obe- 
decendo à  voz  de  Deos  que  o  chamava  do 
tumulto  do  Século  para  a  tranquilidade  da 
Religião  entre  todas  efcolheo  a  auílera  Pro- 
vinda da  Arrábida  onde  pelo  efpaço  de 
quarenta,  e  cinco  annos  fempre  fez  fangui- 
nolenta  guerra  ao  corpo  para  que  o  feu  ef- 
pirito  lograíTe  de  paz  inalterável.  Nunca 
comeo  carne,  nem  peixe,  nem  bebeo  vinho, 
e  ainda  que  era  acometido  de  hvms  terrí- 
veis accidentes  admitio  difpenfaçaõ  alguma 
em  taõ  rigurofa  abftinencia.  No  confef- 
fionario     aíTiília     frequentemente     atrahindo 


5i8 


BIBLIO THEC  A 


com  fuavidade  ao  caminho  da  penitencia  os 
mais  inflexiveis  coraçoens.  Sentia  no  fublime 
exercido  da  Oraçaõ  em  que  paíTava  muitas 
horas  tantas  confolaçoens  efpirituaes  que  fe 
manifeílavaõ  no  femblante  por  mais  que  a 
modeftia,  e  o  íilencio  as  queriaõ  occultar. 
No  afpeâo  era  grave,  no  veftido  defprezivel, 
na  obediência  prompto,  e  em  todas  as  acçoens 
mortificado.  Ultimamente  atenuado  mais  pela 
auíleridade  da  vida,  que  pelo  numero  dos  annos 
cahio  enfermo  no  Hofpicio  do  Hofpital 
Real  de  Lisboa  onde  depois  de  receber  com 
grande  ternura  os  Sacramentos  paíTou  a 
lograr  o  premio  de  tantas  virtudes  a  22.  de 
Setembro  de  1609.  Efcreveo  com  eftilo 
mais  pio,  que  elegante. 
Verfos  vários. 
Os  quaes  eraõ  (como  diz  Fr.  António  da  Pie- 
dade Chronic.  da  Prov.  da  Arrábida.  Part.  i. 
liv.  5.  cap.  10.  §.  II 12.  pag.  877.  col.  i.)  para 
recrear  feu  efpirito,  e  também  para  ejpiritual 
alivio  dos  amigos,  e  pessoas  devotas,  que  o  procuravaõ. 

Fr.  BERNARDINO  DE  JESUS,  ou  de 
SENA.  Naceo  em  Lisboa  onde  recebeu  a 
graça  bautifmal  a  29.  de  Agofto  de  1599. 
Na  idade  da  puerícia  por  cantar  com  fuavidade, 
e  deftreza  foy  admitido  à  Religião  Seráfica 
da  Terceira  Ordem  da  Penitencia,  e  no  Con- 
vento de  S.  Francifco  de  Vianna  diílante  cinco 
legoas  da  Cidade  de  Évora  profeílou  a  16.  de 
Julho  de  161 5.  Por  muitos  annos  exercitou 
com  grande  zelo  o  lugar  de  Vigário  do  Coro 
do  Convento  de  N.  Senhora  de  JESUS  deíla 
Corte,  e  de  Miniílro  do  Convento  de  S.  Fran- 
cifco de  Vianna,  e  de  Definidor  em  o  anno 
de  1659.  í^oy  muito  efUmado  pelo  SereniíTimo 
Rey  D.  Joaõ  o  IV.  naõ  fomente  pela  excellen- 
cia  da  vóz  com  que  cantava,  mas  pela  pro- 
fundidade da  f ciência  do  contraponto,  em 
que  compoz. 

Diverfas  Obras  M.  S. 

Falleceo  em  o  Convento  de  Lisboa  a 
10.  de  Abril  de  1669.  ao  tempo  que  contava 
70  annos  de  idade  e  54.  de  Religião. 

BERNARDINO  RIBEYRO  natural  da 
Villa  do  Torraõ  na  Província  do  Alen- 
tejo, Moço  Fidalgo  da  Cafa  delRey  D.  Ma- 
noel, Capitão  Mór  das  Armadas   da  índia. 


Commendador  de  Villa  Cova  na  Ordem  de 
Chrifto,  e  Governador  de  S.  Jorge  da  Mina. 
Teve  por  Pays  a  Luiz  Efteves  Ribeiro  The- 
zoureiro  do  Infante  D.  Fernando  filho  do 
SereniíTimo  Rey  D.  Manoel,  e  a  D.  Izabel 
Pacheco  filha  do  Dezembargador  Diogo 
Pacheco  Secretario  das  Embaxadas  que  eíie 
Monarcha  mandou  aos  Summos  Pontífices 
Leaõ  X.  e  Júlio  II.  e  de  D.  Izabel  Pacheco  filha 
de  Gonçalo  Lopes  Pacheco.  Depois  de  ter 
eíludado  Jurifprudencia  em  que  fahio  infignc, 
cultivou  a  Poética  com  tanto  applaufo  do  feu 
nome,  que  mereceo  as  eílimaçoens  do  Prin- 
cepe  deíla  divina  Arte  o  divino  Camoens 
chamando-lhe  o  feu  Enio,  fendo  o  primeiro 
que  em  toda  Efpanha  compoz  Sextinas  em 
Redondilhas,  e  as  Elegias  em  verfos  menores. 
Arrebatado  de  impulfos  amorofos  paílava 
muitas  noutes  entre  a  efpeílura,  e  folidaõ  dos 
bofques  explicando  junto  à  corrente  das  aguas 
com  fufpiros,  e  lagrimas  a  vehemencia  de  pai- 
xão taõ  violenta  que  o  obrigou  a  emprender 
impoífiveis  dedicando  os  feus  aíFedos  à  In- 
fanta D.  Beatriz  filha  do  SereniíTimo  Rey 
D.  Manoel  como  elegantemente  o  cantou 
Manoel  de  Faria  e  Soufa  na  3.  Part.  da  Fuente 
de  Aganip.  Centur.  2.  Madrig.  33. 

Bocado  'L.ujitano 

En  la  empret^a  amorofa 

De  bella  humana  Diofa 

Te  confiituje  el  hado  Soberano 

Alfon  de  acorde  Lyra 

Adonde  jiempre  en  vano 

Tu  coraçon  fufpira 

Viviendo  de  vanijfimos  amores 

Morijle  de  dexarlos  con  dolores. 

O'  Bernardin  feli^ !    Feli^  tu  fuerte 

Qtte  un  morir  largo  te  atajo  la  muerte. 
Cafou  com  D.  Maria  de  Vilhena  filha  de  D.  Ma- 
noel de  Menezes  fíilho  de  D.  Jorge  de  Menezes 
quinto  Senhor  de  Cantanhede,  e  de  D.  Brites  de 
Vilhena  filha  de  Joaõ  de  Mello  da  Sylva,  de 
quem  teve  huma  única  filha,  e  para  teílemunhar 
o  exceffivo  affeâio  que  teve  a  fua  efpofa,  nimca 
quiz  paílar  a  fegundas  vodas  alludindo  a  eíla  re- 
foluçaõ  aquelles  feus  verfos  i.  Part.  cap.  21. 

Penfandovos  ejlou  filha, 

Voffa  May  me  ejlã  lembrando. 

Do    feu    talento    poético    fazem    illuílre 
memoria  Faria   i.   Part.    da   Fuente  de  Aga- 


If 


L  USITAN A. 


519 


nip.  no  Dife.  dos  Sonetos  ao  principio;  e  na 
5.  Part.  no  Dijcurf,  das  Sextinas.  n.  20.  na  4. 
I^art.  das  Eltffos.  n.  10.  e  no  Com  meti  t.  as  Rim. 
de  Camoens  Tom.  5.  pag.  160.  c  Tom.  2.  p.  44. 
na  liurop.  Por  (Mg,  Tom.  j.  Part.  4.  cap.  8. 
n.  22.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Tbeaír.  Liifit. 
l  j/ter.  lit.  B.  n.  55.  P.  Ant.  dos  Rcys  in 
Ijiíhuf.  Poet.  n.  158. 

/  lunc  prope  Kiberitts  Jlat  quondam  notus  in  Aula 
Dum  Lyjia  populis  SanHifftma  jura  beatus 
Rex  dabat  Hmmamiel. 

Por  deligcncia  de  feu  parente  Manoel  da 
Sylva  Mafcarenhas  fidalgo  da  GJa  delRey,  e 
Governador  da  Fortale2a  de  Outaõ  fe  im- 
primio. 

Primeira  Parte  de  Menina,  e  Moça  ou  fauda- 
éu  de  Bernardim  Ribeiro.  Évora  por  André  de 
Burgos.  IJ57'  8.  &  ibi  pelo  dito  ImpreíTor 
[J78.  e  Lisboa  por  Pedro  Crasbceck.  1645.  8. 

Écloga.  Interlocutores  Egejlio,  Dalio,  e  Lau- 
to, 

Tem  no  fim  eftas  letras  iniciaes^D.  B.  R. 

io    imprefla    com    as    Rimas   de    lifievaõ 
'iguev^.    Florencia   por   Zenobio   Pignoni. 
1623.    8. 

No  Cancioneiro  do  P.  Pedro  Ribeiro  ef- 
crito  no  anno  de  1577.  que  fe  confervava  na 
Bibliotheca  do  Cardial  de  Soufa  efta  huma  fua 
excellente  obra  de  eccos  que  começa. 

^co  pois  pelo  meu  mal. 

Fr.  BERNARDINO  DA  SYLVA.  Na- 
ceo  em  Lisboa  de  Pays  nobres  aos  quaes 
illuílrou  com  mayores  brazoens  quando  dei- 
xando a  fua  amável  companhia  recebeo  a 
Cogulla  Ciílercienfe  em  o  Real  Convento 
de  Alcobaça  em  o  anno  de  1585.  Apren- 
didas as  Faculdades  Efcholaílicas  em  taõ 
famofa  Paleftra  as  eníinou  em  o  Convento 
de  Santa  Maria  de  Ceiça  aos  feus  domeílicos 
com  grande  applaufo  do  feu  talento  que 
mereceo  fer  coroado  com  as  doutoraes  iniig- 
nias  de  Theologo  em  a  Univeríidade  de 
Coimbra  em  o  anno  de  1622.  Naõ  teve  infe- 
rior capacidade  para  varias  occupaçoens  em 
que  o  nomeou  a  fua  Congregação,  como  foraõ 
Procurador  Geral  na  Cidade  do  Porto,  Con- 
feíTor  das  Religiofas  de  Arouca,  Abbade 
do  Convento  de  Odivellas,  Prior  de  Al- 
cobaça,    e     Definidor.      A     fua    incanfavel 


erpeculaçaõ  depois  de  ter  largamente  difcor- 
rido  pelas  dificuldades  Theologicas,  e  Eícrí- 
turarias  fe  dilatou  pelos  vaílos  campos  da 
Hiíloria  Sagrada,  e  profana,  como  claramente 
o  nooílrou  na  erudita,  e  nervoía  Apologia 
dividida  em  duas  partes  com  que  defendeu  a. 
primeira  parte  da  Monarchia  hufitana  com- 
poAa  por  feu  Tio  o  infigne  Fr.  Bernardo  de 
Brito  Chroniíla  Mór  do  Reyno  criticada  por 
Diogo  de  Payva  de  Andrade  no  feu  Exame 
de  Antiguidades  o  qual  mais  por  impuLfo  da 
paixaõ  que  amor  da  Verdade  fe  declarou  anti- 
goniíla  de  algumas  opinioens  daquella  obra* 
No  Real  Convento  de  Alcobaça  em  que  deu 
principio  à  vida  religiofa  acabou  a  mortal  a  8. 
de  Fevereiro  de  1641.  Jàz  fepultado  no  Capi- 
tulo, e  o  feu  Retrato  fe  conferva  entre  os 
Varoens  mais  infignes  da  fua  Religião,  e  como 
tal  o  celebraõ  Nicol.  Ant.  hib.  Hifp.  Tom.  i, 
pag.  171.  e  Tom.  2.  pag.  285.  D.  Franc  Ma- 
noel na  Cart.  dos  Author.  Portug.  efcrita  ao  D. 
Themudo.  Carol.  Vifch.  Bib.  Cifterc.  Joan. 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  Lufit.  Utter.  lit.  B. 
n.  34.  Joan.  Hallevord.  Bib.  Curiof.  pag.  34. 
col.  I.  e  Agoft.  Sartor.  Cift.  Bifterc.  Jett 
Hift.  EJogial.  Ord.  Cijlerc.  Tit.  20.  pag.  522. 
Compoz. 

Defenfaõ  da  Monarchia  hujitana  Primeira 
Parte.  Coimbra  por  Nicoláo  Carvalho.  1620. 4. 

Segtmda  Parte.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beeck.  1627.  4. 

Polyanthea  iMfitana.  M.  S.  foL  volume 
grande  o  qual  tinha  prompto  com  as  licenças 
para  a  impreíTaõ  Fr.  Bernardino  Sottomayor 
Confeflbr  das  Religiofas  Ciílerciences  de  Cellas. 
Conftava  de  Difcurfos  Panegíricos,  e  doutrinaes 
fobre  os  Evangelhos  das  Fejias  dos  Santos.  Defta 
obra  faz  repetida  memoria  o  Author  na  pri- 
meira Parte  da  Defenfaõ  da  Monarchia  "Lufit, 
cap.  II.  foi.  37.  e  59.  cap.  16.  foi.  57.  cap.  26. 
foi.  98.  e  cap.  51.  foi.  130. 

BERNARDINO  SOARES  OSÓRIO 
natural  de  Lisboa  Credenciario  da  Capella 
Real,  cordial  devoto  da  Raynha  dos  Anjos, 
e  fuficientemente  inllruido  na  lingua  Italiana 
da  qual  traduzio  na  Portugueza  em  obfe- 
quio  da  mefma  Senhora. 

O  ef cravo  da  Virgem  Santiffima  Senhora 
Nojfa,   ou  praãica   de  como  fe  devem   oferecer 


520 


BIBLIO  THE  CA 


por  ef cravos  da  mejma  Senhora  para  alcançarem  por 
fua  interceffaõ  huma  boa,  e  Janta  morte  com  hum 
exercido  muy  útil  para  ajjijlir  ao  Sacrifício  da  Mijfa. 
Lisboa  na  Officina  Crasbeeckiana.  1655.  12. 
Évora  na  Impreflaõ  da  Academia.  1659.  12. 
e  Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla.  1676.  12. 

Fr.  BERNARDO  DE  ALCOBAÇA  cujo 
appellido  declara  o  lugar  onde  naturalmente 
naceo  para  o  mundo,  e  efpiritualmente  para 
Deos  recebendo  o  habito  monachal  da  famí- 
lia Ciftercienfe  em  o  Real  Convento  íltuado 
na  mefma  Villa  onde  fahio  taõ  inftruido  nas 
virtudes,  como  nas  fciencias  exercitando  por 
toda  a  vida  com  louvável  procedimento,  e 
exaâa  obfervancia  a  Abbadia  do  Convento 
de  S.  Paulo  diílante  huma  legoa  de  Coimbra 
cuja  renda  eíla  hoje  annexa  ao  Collegio 
Conimbricenfe  de  S.  Bernardo.  Por  infinua- 
çaõ  da  Infanta  D.  Izabel  mulher  do  Infante 
D.  Pedro  filho  delRey  D.  Joaõ  o  I.  Princeza 
dotada  de  fumma  piedade,  e  Religião  tradu- 
zio  da  lingoa  Latina  em  a  Portugueza  a  Vida 
de  Chrifto  Senhor  Noflb  compoíla  pelo  afce- 
tico  Varaõ  Rodolpho  de  Saxonia  fingular 
efplendor  da  Ordem  de  S.  Bruno  cuja  tra- 
dução fe  conferva  efcrita  em  pergaminho,  e 
<lividida  em  quatro  partes  no  Cartório  do 
Real  Convento  de  Alcobaça.  No  fim  da 
primeira  Parte  eiiaõ  efcritas  da  própria  maõ 
do  traduftor  eftas  palavras.  Aquejie  livro 
mandou  trejladar  à  honra  de  Jefu  Chrifto, 
MO  muy  indigno,  e  pobre  de  Virtudes  Fr. 
Bernardo  Monge  do  Mofteiro  de  S.  Paulo 
anno  de  1445.  o  Abbade  de  Alcobaça  D.  Ef- 
tevaõ  de  Aguiar  que  mo  mandou  fa^er,  fe 
finou  no  ano  do  Senhor  de  1446.  Idibus  Fe- 
bruarij  em  dia  da  Jeptuagejfíma.  PaíTados  cin- 
coenta  annos  defta  tradução  fahio  impreíla 
em  4.  Tomos  de  folha  muito  grade  e  em  admi- 
rável carafter  por  ordem  delRey  D.  Joaõ  o  II. 
e  fua  mulher  D.  Leonor,  e  no  fim  do  Primeiro 
Tomo  como  lemos  em  hum  exceUente  exem- 
plar que  fe  conferva  na  Seleítiffima  Livra- 
ria dos  Padres  Theatinos  deíla  Corte  eílaõ  eftas 
palavras  que  efcrevemos  com  a  mefma  Ortho- 
grafia  em  que  fe  lem  impreíTas. 

Acaba-Je  ho  primeiro  livro  infitullado  da 
vida  de  Chrifto  em  lingoagem  Português. 
JSÍom    aquelle    que  fe    chama    da    meninice    do 


Salvador  ,  o  qual  he  aprocrifo  XV.  Di.  Aias 
efte  que  compov^  ho  Venerable  Meeftre  'Ludoífo 
prior  do  Moefteiro  muy  honrrado  de  argentina 
da  ordem  muy  exceUente  da  Cartuxa,  e  foy 
tyrado  fegundo  a  ordem  da  hyftoria  evangelical. 
O  qual  mandou  treslladar  de  Latym  em  lin- 
goagem português  a  muyto  alta  Princejfa 
Infanta  Dona  Yfabel  duquejja  de  Coymbra,  y 
Senhora  de  monte  moor.  Ao  muy  pobre  de 
virtudes  dom  abade  do  moefteiro  de  Sam  paullo, 
e  foy  impreffo,  em  a  muy  nobre,  e  fempre 
leal  Cidade  de  Lixboa  a  principal  dos  regnos 
de  portugal.  Per  hos  honrrados  meeftres,  e 
parceyros  Nicólào  de  Saxonia,  e  Valentyno 
de  Moravia  por  mandado  do  muy  ylluftrijftmo 
Senhor  elKey  dom  Joham  ho  fegundo.  E  da 
muy  ef  clareada  Rainha  dona  Lyanor  fua  molher. 
Alouvor,  e  gloria  de  nojjo  Senhor  Jhefu  Chrifto 
nofto  Deos,  e  redemptor,  e  da  fua  intemerada,  e 
fempre  Virgem  madre  gloriofa  Sanãa  Maria 
em  cujo  nome,  e  louvor  ho  dião  livro  foe,  e  he  com- 
pofto,  cujo  louvor,  e  gloria  regne  emfeusfíees  Xpaaos 
para  fempre  Amen.  Em  no  anno  do  nafci- 
mento  do  dião  Salvador  de  mill,  e  quatrocentos, 
e  noventa,  e  cinco  A  XIIII.  do  me^  de  Agofto. 
Coníla  de  61.  Capítulos. 

O  fegundo  Tomo  que  comprehende  51. 
Capítulos  tem  no  fim  eftas  palavras.  Aca- 
bafe  o  fegundo  livro  intitulado  da  vida  de 
Chrifto  em  lingoagem  português  em  que  trác- 
ia que  o  Senhor  fe^  em  XXXII.  anno  por 
mandado  do  muy  ylluftrijftmo  Senhor  elKey  Dom 
Joham.  E  da  muy  efclarecida  Seiiora  dona 
Lyonor  fua  molher.  E  emprejjo  em  a  mirf 
nobre  Cidade  de  Eisboa  por  Nicoláo  de  Saxo- 
nia, e  Valentino  de  Moravia  parceiros.  Anno 
de  Mil  qtrocentos  noventa,  e  cinco  a  VII.  dias 
do  mes  de  Setembro. 

O  Terceiro  Tomo  que  confta  de  50.  Capí- 
tulos tem  no  fim  as  palavras  feguintes.  Aca- 
bafe  a  terceira  parte,  ou  livro  terceiro  intitulado 
da  vida  de  Chrifto  em  lingoagem  português.  Ho  qual 
libro  compo^  ho  Venerable  Meeftre  Eudolfo  prior 
do  moefteiro  muy  honrrado  de  argentina  da 
Ordem  mtry  exceUente  da  Cartuxa,  e  foy 
tirado  fegundo  a  ordem  da  Hiftoria  evangelical. 
Ho  qual  mandou  tresladar  de  Eatym,  em  lingoa- 
gem português  a  muyto  alta  Princesa  Infanta 
Dona  Yfabel  Duquet(a  de  Coimbra,  e  Seiio- 
ra  de   monte   moor.     Ao   muy  pobre   de  virtu- 


L  USITANA. 


521 


dfí  Dom  abade  do  moefleiro  de  Sam  paullo, 
li  foy  corre  ff  do,  e  revijlo  com  mir/ta  dil li- 
cencia por  os  rtvtrendos  padres  da  Ordem 
de  Sam  Francifco  de  enxohregfU  da  ohjer- 
vancia,  chamados  menores.  E  foy  empreffo 
em  a  muy  nobre,  e  Jempre  leal  Cidadã  de 
JJsboa  a  principal  dos  regnos  de  Vortugal. 
Por  hos  honrrados  meejíres,  e  parceiros  Valen- 
tino  de  Moraria,  e  Nicoláo  de  Saxonia  por 
mandado  do  mity,  illuftrijfimo  SeHor  elKey 
Dom  Jobam  o  Jeffindo  cuja  alma  Dtos  haja. 
11  da  mtçf  efclarecida  Rainha  Dona  I^janor  ftia 
muji  nobre  molher.  Alouvor,  e  gloria  de  nojfo 
SeHor  Jhefu  Chrijlo  noffo  Deos,  e  remijdor,  e 
da  Jua  yntemerada,  e  Jempre  Virgem  madre 
glorio/a  SanSía  Maria  em  cujo  nome,  e  loiwor 
ho  dião  livro  foe,  e  be  compojlo  cm  louvor, 
e  gloria  reffte  em  feus  fieis  Xpaaos  pêra  fempre 
amen.  Em  no  anno  do  na/cimento  do  di£ío 
Salvador  de  Mill,  e  quatrocentos,  e  noventa,  e 
finco.  A  XX.  dias  do  mes  de  "Novembro.  Kegnan- 
te  bo  mtfy  yllujlrijftmo,  e  poderofo  Key,  e 
Senhor  Dom  Manuel  Key  dos  di£ios  Regnos 
de  Portugal,  e  dos  algarves. 

O  quarto  Tomo  que  contem  59.  Capí- 
tulos acaba  com  eílas  palavras.  Acaba/e 
o  quarto  livro,  ou  a  pojlumeira  parte  intitulado 
da  vida  de  Xpo  en  lingoagem  português  que  traãa, 
ou  falia  da  payxam  de  nojfo  Senhor,  e  remijdor 
jhefu  Xpo.  E  das  coufas,  que  fe  depois  ella 
feguirom.  Ho  qual  livro  compo!^  ho  venerable 
Meejlre  I^udolfo  prior  do  moefleiro  mtry  honrrado 
de  argentina  da  ordem  mtty  excellente  da  Car- 
tuxa, e  foy  tirado  fegundo  a  ordem  da  hyf- 
toria  evangelical.  Ho  qual  mandou  trefladar 
de  Latim  em  lingoagem  português  a  muyto 
alta  Princefa  Infanta  Dona  It^abel  Duqueffa 
de  Coimbra,  e  Senhora  de  Monte  moór.  Ao 
pjíty  pobre  de  virtudes  D.  Abbade  do  moejleyro 
de  Sam  paullo.  E  foy  corregido,  e  reviflo  com 
mu)ita  dilligencia  por  os  reverendos  padres  da 
ordem  de  Sam  Francifco  de  emxobregas  de  obfer- 
vancia  chamados  menores.  E  foy  emprejfo  em  a 
muy  nobre,  e  fempre  leal.  Cidade  de  Lisboa  a 
principal  dos  regnos  de  Portugal.  Per  hos  borra- 
dos Meejires,  e  parceiros  Nicoláo  de  Saxonia, 
e  Vakntino  de  Moravia  por  mandado  do  muy 
Illujirijfimo  Senhor  ElRey  Jobam  o  fegundo. 
E  da  muy  efclarecida  Rainha  dona  Leonor 
fua    fmiy    nobre    molher    <&  c.      Em    no   anno 


do  naf cimento  do  diíio  Salvador  de  Mill,  e  cpéa- 
trocentos,  e  noventa,  e  cinco.  A  XIIII.  dias  do 
mes  dê  mayo,  Eílc  quarto  tomo  devia 
fer  imprcíTo  antes  do  terceiro  pelo  tempo 
em  que  fc  publicou. 

Faz  mençaõ  deíle  Author  D.  NicoL 
Anton.  Bib.  Vet.  Hifp.  lib.  10.  cap.  8.  tu  45). 

BERNARDO  DE  ALMEYDA  filho  de 
Bento  de  Almeyda,  e  Anna  G>rdeira,  e  natu- 
ral de  G)imbra  donde  paíTando  a  Lisboa 
entrou  quando  tinha  17.  annos  de  idade  na 
G^mpanhía  de  JESUS  a  4.  de  Dezembro 
de  165 1.  Moleílado  de  alguns  achaques  que 
lhe  prohibiaõ  a  exaéla  obfcrvancia  de  taõ 
fagrado  Inftituto  o  deixou  com  beneplácito 
dos  Superiores,  e  reftituindofe  à  fua  pátria 
continuou  o  cíhido  da  Theologia  em  que 
rcccbeo  o  grào  de  Doutor  com  univerfal 
applaufo  dos  Cathedraticos  que  igualmente 
cclebravaõ  o  feu  engenho  capaz,  c  agudo  para 
as  dificuldades  Theologicas,  como  para  as 
delicias  Poéticas  em  que  era  eminente,  prin- 
cipalmente na  Poefia  Latina  de  que  deu  claros 
argumentos  quando  pelos  annos  de  1662. 
aíTiílio  em  Roma  merecendo  nefta  grande 
Corte  as  eíHmaçoens  dos  homens  mais  erudi- 
tos por  fer  hum  dos  mayores  Sábios  que  nella 
floreciaõ  como  affirma  D.  Francifco  Manoel 
de  Mello  no  Prologo  das  fuás  Obras  Métri- 
cas impreíTas  em  Leaõ  de  França  1665.  4. 
Para  eterno  padraõ  da  vaíla  noticia  que 
tinha  da  Arte  da  Rhetorica,  Mythologia, 
e  Poefia  Latina,  publicou. 

Fons  eloquentice  ad  maiorem,  ac  facilio- 
rem  Scholajlicorum  quacumque  de  re  omate, 
(&  appofite  loquendi  ufum  Romx  Typis  Fa- 
bij  de  Falco  1664.  8.  Dedicado  a  D.  Francifco 
Manoel  que  elle  intitula  Cefar  Lufitano. 

Minerva  Panóplia  ad  majorem,  ac  faci- 
liorem  Scholaficorum  quacumque  de  re  lo- 
quendi ufum,  omata  ex  variis  Auãorum 
floribus.  Romíe  Typis  Jacobi  Dragondelli. 
8.  Dedicada  ao  EminentiíTimo  Cardial  Pro- 
todatario  da  Santidade  de  Alexandre  VII. 
D.  Jacobo  Conrado. 

D.  BERNARDO  DE  ATAYDE  na- 
tural da  illuftre  Villa  de  Guimaraens,  como 
efcreve  o  P.  D.  Manoel  Caetano  de  Souf.  no 


522 


BIB  LIOTHE  C  A 


Cathal.  Hijl.  dos  Bi/p.  que  tiveraõ  Diocefe  fora  do 
Keyno  pag.  123.  ou  da  Villa  de  Alcobaça  do 
Arcebifpado  de  Lisboa,  como  afíirma  o  Dou- 
tor Manoel  Pereira  da  Sylva  Leal  no  Cathalog. 
dos  Colleg.  do  Colkg.  de  S.  Pedro  pag.  16.  §.  59. 
Foy  filho  de  D.  António  de  Atayde  quinto 
Conde  da  Caílanheira  primeiro  de  Caílro 
Dayro,  Alcayde  Mór  de  Guimaraens,  Gentil 
homem  da  boca  de  Filippe  IL  e  IIL  Vicerey 
defte  Reyno,  e  Embaxador  a  Alemanha,  e  de 
D.  Anna  de  Lima  filha  herdeira  de  D.  Antó- 
nio de  Lima  Senhor  de  Caílro  Dayro,  e  de  D. 
Maria  de  Vilhena  filha  de  Chriílovaõ  de  Mello 
herdeiro  da  Ilha  de  S.  Thomé.  Ainda  naõ  paf- 
fava  da  idade  pueril  quando  feu  Pay  lhe  vatici- 
nou que  havia  fer  fublimado  à  dignidade 
epif copal,  cujo  vaticínio  felizmente  fe  cumprio. 
Applicou-fe  ao  eíhido  dos  Sagrados  Cânones 
em  que  fez  taes  progreflbs  a  delicadeza  do  feu 
engenho,  que  por  uniforme  voto  dos  Cathe- 
draticos  da  Univerfidade  de  Coimbra  recebeo 
naquella  Faculdade  as  infignias  doutoraes.  Foy 
admitido  ao  CoUegio  de  S.  Pedro  a  19.  de 
Outubro  de  161 5.  e  a  Deputado  da  Inquifiçaõ 
de  Lisboa  a  8.  de  Agoílo  de  1625.  Sendo 
Cónego  nas  Cathedraes  de  Leiria,  Elvas,  e 
Lisboa  foy  eleito  Prior  mór  da  infigne  Col- 
legiada  de  Guimaraens,  de  que  tomou  poíTe 
a  1 5.  de  Julho  de  1629.  onde  inítituhio  a  Capella 
da  Mufica  de  Canto  de  Orgaõ,  e  féis  Clérigos 
para  rezarem  as  horas  Canónicas.  Como  affif- 
tiííe  em  Caílella  a  tempo  que  em  Portugal 
fe  aclamou  por  feu  legitimo  Soberano  ElRey 
D.  Joaõ  o  IV.  o  nomeou  Filippe  IV.  Bifpo  de 
Portalegre,  e  naõ  tendo  eíFeito  eíla  nomeação 
foy  eleito  em  o  anno  de  1645.  Bifpo  de  Aftorga 
donde  foy  promovido  no  anno  de  1654. 
ao  Bifpado  de  Ávila  que  adminiiirou  como 
vigilante  Prelado  até  o  anno  de  1659.  em  que 
morreo  nomeado  Arcebifpo  de  Burgos.  Fa- 
zem delle  honorifica  mençaõ  Fr.  Gregório 
Argaiz  Soled.  Lauread.  Tom.  5 .  cap.  26.  Barbof. 
de  Jure  Ecclejiaji.  lib.  i.  cap.  30.  n.  15.  Cardof. 
AgioL  'L.ufit.  Tom.  3.  pag.  611.  no  Com- 
ment.  de  8.  de  Junho.  letr.  Fr.  D.  Nicol. 
de  Sant.  Mar.  Chron,  dos  Coneg.  Keg,  liv. 
10.  cap.  19.  n.  9.  Franc.  Xav.  da  Serra 
Cathal.  dos  Prior,  de  Guimar.  pag.  65. 
Soufa  Hift.  Geneal.  da  Cafa  Real  Porfug. 
Tom.  2.  Liv.  3.  pag.   535.  §.   18.  efcreveo. 


Carta  pajloral  aos  feus  Súbditos.  Madrid. 
1655.  8. 

BERNARDO  BORGES  Presbytero 
UlyíTiponenfe,  e  muyto  verfado  na  Theologia 
Moral   como   o   manifefta   a   obra   feguinte. 

Explicação  dos  defafeis  cat^os,  que  fe  refervaõ 
nas  Conflituiçoens  do  Arcebifpado  de  L.isboa. 
Lisboa  por  António  Rodriguez  de  Abreu. 
1673.  8. 

Fr.  BERNARDO  DE  BRAGA  natural  da 
augufta  Cidade  do  feu  appellido,  e  filho  de 
Manoel  Pires,  e  Catherina  Gonçalves.  Recebeo 
a  Cogulla  Benediftina  em  o  Convento  de  S. 
Tyrfo  em  o  anno  de  1 5  60.  onde  depois  de  ter 
defcuberto  o  profundo  talento  de  que  a  natu- 
reza o  dotara  para  a  penetração  da  Filofofia,  e 
Theologia,  o  manifeftou  mayor  para  a  invefti- 
gaçaõ  das  antiguidades,  e  privilégios  da  fua 
Monaftica  Congregação,  da  qual  foy  Chronifta 
difcorrendo  pelos  Cartórios  de  Portugal,  e 
Galliza  donde  extrahio  noticias  muito  re- 
cônditas. Elevado  pelo  feu  merecimento 
exercitou  diverfos  lugares  da  Ordem  com 
fumma  prudência,  como  foraõ  fer  Abbade 
do  Convento  de  Santa  Maria  de  Carvoeiro 
no  anno  de  15  81.  Definidor  em  1584.  Vifi- 
tador  em  1587.  Abbade  do  Convento  de  Pom- 
beiro  em  1590.  e  fegunda  vez  Definidor  em 
1593.  Morreo  no  Convento  de  Tibaens  a  14. 
de  Março  de  1605.  cuja  memoria  celebraõ  Fr. 
Franc.  a  D.  Aug.  Maced.  in  Dom.  Sadic.  pag.  9. 
chamando-lhe  virum  eruditum.  Fr.  Leaõ  de 
Santo  Thom.  Bened.  Eufit.  Tom.  i.  Trat.  2. 
Part.  2.  cap.  31.  infigne,  e  Tom.  2.  Trat.  i. 
cap.  10.  §.  2.  mtfy  viflo  nas  hiforias  ajfim  Ecclefiafii- 
cas  como  Seculares.  Fr.  Anton.  da  Purif.  Chron, 
da  Prov.  de  S.  Agofl.  de  Portug.  Part.  2.  liv. 
4.  Tit.  13.  douto  Chronifia.  Argais  Perla 
de  Catalun.  pag.  450.  §.  109.  Sugeto  dig- 
no de  toda  eflimacion  por  fu  inclinacion  ai 
efludio  de  la  Hijioria.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  173.  col.  i.  e  Tom.  2. 
p.    286.    col.    I.   Compoz. 

Hijioria  das  Grandezas,  e  principias 
dos  Mofleiros  de  Saõ  Bento  em  Portugal. 
foi.  M.  S.  Deíla  obra  faz  mençaõ  Cardof. 
Agiol.  Eujit.  Tom.  3.  pag.  808.  no  Com- 
ment.  de  24.  de  Junho,  e  pag.  821.  no  Com- 
ment.  de  25.  do  dito  mez. 


L  USITANA. 


523 


HiJIoria  Monaftica  dividida  em  7.  Livros 
i.  Origem  do  BJlado  Keliffofo  2.  Genealogia 
de  S.  Ben/o  por  /eus  Pajs.  3.  Nobreza  de  Santo 
Amaro,  e  SaÕ  P/acido,  fuás  vidas,  e  mortes. 
4.  Reformação  monaflica  de  S.  Bento  em  toda  a 
Ijtropa,  5.  Keformaçad  da  Re/igiad  de  S.  Bento 
em  Vfpanha,  e  Portugal.  6.  Congregaçoens  que 
militaò  debaixo  da  Santa  Kigra,  7.  Cathahgo 
dos  Pontífices  da  KeligiaÕ,  Efta  obra  unha 
licenças  da  Ordem  em  o  anno  de  M99.  para 
Ic  imprimir,  mas  naõ  teve  ventura  (  como  efcrcvc 
l''r.  Leaõ  de  Santo  Thonuz  Bened.  LMfit. 
Trat.  I.  cap.  10.  pag.  76.)  para  ver  feus 
trabalhos  efiampados.  Delia  fe  lembra  Fr. 
Círegorio  Argaes  Perla  de  Catalim.  pag.  4JI. 
%.  109. 

Tratado  da  precedência  entre  o  Embaxador 
de  Portugal,  e  o  de  Nápoles.  M.  S.  o  qual  allega 
Gafpar  Eftaço  Antiguid.  de  Portug.  foi.  3. 
^coL  2.  e  no  Cap.  25.  n.  i.  e  Martinho  Lipe- 
nio  Biblioth.  Realis  J/aidic.  pag.  407.  col.  i. 
citando-o  como  imprcíTo  em  Braga. 

Tratado  em  que  prova  fer  S.  Damafo 
natural  de  Citania  no  termo  de  Guimaraens. 
de  que  fe  lembra  o  mefmo  Eftaço  Antig. 
\Je  Port.  foi.  53.  col.  i. 

Origem  do  Rejno  de  Portugal,  e  Genealogias 
'\-da  fua  Nobret(a  os  Godos,  Suevos,  e  Romanos 
até  o  nojfo  tempo  com  os  progreffos  das  Gafas, 
e  Solares  foi.  2.  Tom.  M.  S.  Confervaõ-fe 
no  Mofteiro  de  Pombeiro,  cuja  obra  feria 
com  muito  acerto  pelo  génio  do  Author  que 
foy  muito  exaão,  e  como  a  tal  o  achamos  allegado 
em  matérias  importantes  à  Hifloria  efcreve  em 
feu  louvor  o  P.  D.  António  Caetano  de  Soufa 
\iio  Apparat.  à  Hifl.  Geneal.  da  Caf.  Real  Portug. 
*?•  97*  §•  93*  onde  o  faz  Provincial 
do  Braíil  fendo  equivocaçaõ  com  outro 
Monge  da  fua  Ordem,  e  do  mefmo  nome 
de  que  logo  fe  tratará. 

Breviarium  Sanãorum  Ord.  D.  Benediãi  ad 
Jtfum  Congregationis  Lufitance  Juffu  Reverend. 
Patris  Fr.  Balthafaris  de  Braga  ejufdem  Gon- 
p-egationis  Generalis. 

Apontamentos  Hifloricos.  8.  M.  S.  cujo 
Original  fe  conferva  na  Livraria  do  Con- 
vento de  Tibaens. 

Fr.  BERNARDO  DE  BRAGA,  ou 
DA     PURIFICAÇAM     filho     de     Manoel 


Diaz,  e  Catherína  Lopez  fcmclhante  ao  pre 
cedente  aíTim  na  pátria  que  lhe  deu  o  berço 
onde  foy  bautízado  ao  primeiro  de  Agodo 
de  1604.  como  no  inílituto  Monaftico  que 
profeíTou  no  Convento  de  S.  Tyrfo.  Inílrui- 
do  com  as  fciencias  neceíTarías  para  o  púl- 
pito fahio  hum  dos  celebres  Prégadoces  do 
feu  tempo,  e  foy  jubilado  na  Religião.  De- 
pois de  fer  Abbade  do  Convento  de  Tibaens 
no  anno  de  1629.  e  de  S.  Salvador  de  Gafey 
em  1632.  e  Procurador  Geral  em  1635.  paT- 
fou  ao  Brafd,  onde  diâou  Filofofia,  e  Theo- 
logia  aos  feus  Monges  com  credito  do  íeu 
talento  que  o  naõ  teve  inferior  na  adminif- 
traçaõ  da  Abbadia  do  Convento  da  Bahia  no 
anno  de  1644.  e  de  Pernambuco  no  de  1648. 
até  que  fubio  a  Provincial  no  de  1653.  ^ 
fendo  fegunda  vez  eleito  em  1661.  falleceo  com 
grande  faudade  dos  feus  fubditos  a  8.  de 
Março  de  1662.  antes  de  cumprir  o  primeiro 
anno  do  feu  governo  quando  contava  j8. 
de  idade  Fr.  Gregório  Argaes  Perl.  de  Gatalun. 
pag.  466.  §.  163.  Predicador  de  nombre...  en  que 
moflrò  la  ocupacion  de  fus  efludios,  y  el  delgado 
hilo  de  fu  ingenio  con  lo  mucho  de  fu  comprehenfwn. 
Compoz. 

Sermão  que  pregou  na  Sé  da  Bahia  em  a  nova 
publicação  da  Bulia  da  Grut^ada  a  \%.  de  Junho 
de  1644.  Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck.  1649,  4* 
No  prologo  defte  Sermaõ  diz:  fendo  que  tinha 
eu  mais  próximos  à  imprejfaS  outros  trabalhos, 
que  o  governo  a  que  ajfiflo  tem  em  fufpençaõ,  até 
que  o  focego  os  manifefie,  ou  a  morte  os 
defengane. 

Sermaõ,  que  fe^  a  N.  Senhora  de  Nav^areth  o 
Mefire  de  Gampo  André  Vidal  de  Negreiros  na 
fegunda  Outava  de  Natal  eflando  o  Senhor  expoflo. 
Lisboa  pelo  dito  Impreííor  1649.  4* 

Sentimentos  públicos  de  Pernambuco  na 
morte  do  Serenijfimo  Infante  D.  Duarte  na 
Igreja  de  N.  Senhora  de  Nar^areth  4.  feira 
6.  ^  Abril  de  1650.  Lisboa  por  Domingos 
Lopes  Rofa.  165 1.  4. 

Sermaõ  de  N.  Senhora  do  Monte  do  Garmo  no 
Mojleiro  do  Garmo  do  Rio  de  Janeiro.  Lisboa 
por  António  Crasb.  de  Mello.  1658.  4. 

Sermaõ  de  nojja  gloriofa  Madre,  e  Vir- 
gem  Santa  EfcholafHca  profejjando  no  feu 
dia  o  Irmaõ  Fr.  Mathias  de  S.  Bento  pre- 
gado    no    Mofleiro    de    S.    Sebafliaõ   da    Bahia, 


5  24 


BIBLIO  THE  CA 


Do  mingo    lo.    de   Fevereiro   de    1658.     Lisboa 
por     António  Crasbeeck  de  Mello.    1659.   4. 

Prima:(ia  Monarchica  do  Paj  commutn  dos 
Mo  nges  S.  Bento  na  tarde  do  dia  do  feu  tranjito. 
Ru  an  por  Joaõ  Bertelin.  1662.  8.  He  hum 
dif  curfo  apologético  pela  Religião  Beneditina. 

Segunda  parte  da  Prima:(ia  Monarchica 
do  Pay  comrmim  dos  Monges  N.  P.  S.  Bento 
na  tarde  do  dia  do  feu  tranjito.  21.  de  Aíarço 
de  1661.  no  feu  Mojleiro  da  Bahia.  Ruan  por 
Lo  urenço  Maurry.  1662.  8.  Ambas  eílas  duas 
par  tes  fahiraõ  Lisboa. 

Auroras  de  Fr.  Bernardo  de  Braga.  M.  S. 
Conferva-fe  no  Convento  de  Tibaens. 

S  endo  Collegial  de  Theologia  compoz 
hum  Soneto  em  louvor  do  Meílre  Fr.  Gre- 
gori  o  Bautifta  ao  livro  que  compoz  intitu- 
lado Completas  da  vida  de  Chrijlo  que  fahio  im- 
preíT  o  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1623.  4. 

F.  BERNARDO  DE  BRITO  chamado 
no  S  eculo  Balthazar  de  Brito  de  Andrade 
naceo  na  Villa  de  Almeyda  íituada  na  Provinda 
da  Be  yra  a  20.  de  AgoUo  de  1 5  69.  fendo  feus 
Proge  nitores  o  Capitão  Pedro  Cardofo  de 
Andra  de,  que  nas  Campanhas  de  Flandes,  e 
Itália,  deo  do  feu  valor  heróicos  argumentos, 
e  Mar  ia  de  Brito  de  Andrade  igual  ao  feu  con- 
forte em  a  nobreza  do  nacimento,  a  qual  com 
fumm  a  vigilância  educou  a  eíle  filho  em  cuja 
pueri  cia  conhecendo  a  viveza  do  engenho 
de  q  ue  liberalmente  o  dotara  a  natureza  o 
mand  ou  a  Roma  para  que  neíla  Metrópole 
do  m  undo  aprendeííe  as  fciencias  dignas  de 
hum  mancebo  nobre.  Em  taõ  famofa  palef- 
tra  f  ahio  egregiamente  inílruido  aíTim  nos 
prece  itos  da  Poefia,  e  Oratória,  como  na 
intell  igencia  das  línguas  mais  polidas,  fa- 
bend  o  a  Latina  com  perfeição,  fallando  a 
Itália  na,  e  Franceza  com  naturalidade,  e 
tend  o  fufficiente  noticia  da  Grega,  e  He- 
braic  a.  Applicou-fe  ao  eíludo  da  Hiíloria 
em  que  na  idade  adulta  fez  mayores  pro- 
greíl  os  naõ  fendo  inferiores  os  que  a  fua  Mufa 
CO  m  o  nos  primeiros  annos  publicou  com- 
po  n  do  verfos  fuaves,  e  cadentes,  que  compe- 
tiaõ  cõ  os  celebres  Poetas  Lyricos  de  Hef- 
pan  ha.  Para  mais  nobremente  illuílrar  eíles 
dot  es  com  que  fe  ornava  o  feu  efpirito,  re- 
fol  veo    confagrallos    a    quem    liberalmente 


lhos  concedera,  e  advertindo  com  myíle- 
riofa  circunftancia,  que  o  dia  em  que  nacera 
para  o  mundo  fora  dedicado  a  S.  Bernardo, 
elegeu  entre  todas  as  Famílias  religiofas  para 
renacer  para  Deos  a  do  Doutor  Mellifluo 
naõ  fomente  fatisfeito  de  veftir  a  fua  Cogulla 
no  Real  Convento  de  Alcobaça  em  o  anno 
de  1585.  mas  chamarfe  com  o  nome  defte 
Príncipe  Ciftercienfe.  Querendo  feu  Pay  que 
foíTe  herdeiro  dos  feus  grandes  ferviços, 
que  efperava  ferem  generofamente  remunera- 
dos pela  beneficência  Real,  alcançou  facul- 
dade Pontificia  para  que  paíTaíTe  da  Religião 
de  Cifter  para  a  Militar  de  S.  Joaõ  de  Malta 
cujo  effeito  por  fua  morte  fe  defvaneceo.  Com- 
pleto o  anno  do  Noviciado  começou  a  fre- 
quentar as  Efcolas  com  tanta  comprehenfaõ,  e 
delicadeza  de  engenho  que  admirados  os  Mef- 
tres  confeíTavaõ  fer  o  feu  talento  fuperior  à 
natureza  pois  ao  mefmo  tempo  que  aprendia 
enfinava,  de  que  refultou  naõ  fomente  diâar  as 
fciencias  Efcolaílicas  aos  feus  domefticos  com 
immortal  gloria  do  feu  magifterio,  mas  lau- 
jiarfe  com  as  infignias  doutoraes  da  Faculdade 
Theologica  na  Athenas  de  Coimbra  no  anno 
de  1606.  O  efhido,  que  profundamente  tinha 
dedicado  à  efpeculaçaõ  das  fciencias  naõ  impi- 
dio  appHcar-fe  às  amenas  principalmente  à 
Hiíloria  Sagrada,  e  profana  emprendendo  para 
gloria  da  Pátria,  e  eterno  brazaõ  defte  Reyno 
efcrever  a  fua  Hiftoria  geral,  penfamento, 
que  fendo  intentado  pelos  heróicos  efpiritos  de 
Joaõ  de  Barros,  e  André  de  Rezende  o  exe- 
cutou com  tanta  felicidade,  como  incanfavel 
deligencia  revolvendo  todos  os  Carthorios,  e 
Archivos  para  delles  extrahir  as  noticias  con- 
ducentes para  empreza  taõ  árdua.  Defte  inde- 
feíTo  trabalho  foraõ  as  primícias  o  primeiro 
Tomo  da  Monarchia  Lufitana  publicado  na  flo- 
rente idade  de  27.  annos,  com  o  qual  deixou 
admirada  a  Republica  Litteraria  de  produção 
taõ  fazonada  em  idade  taõ  verde  lendo-fe  em 
eflilo  claro,  corrente,  defafeftado,  e  elegante 
as  antiguidades  da  noífa  Lufitania  defde  o 
principio  do  mundo,  fendo  o  primeiro,  que 
venturofamente  rompeo  aquelle  tenebrofo 
Chãos  em  que  eftavaõ  fepultados  os  fucef- 
fos,  e  acçoens  dos  antigos  Portuguezes,  de- 
vendofe  aos  impulfos  da  fua  penna  patentes 
aquellas   noticias,    que    o    mundo   ignorava* 


L  USITANA. 


525 


Bfta  grande  obra  que  dedicara  á  Mageftade 

de  Filippe  11.  naõ  fomente  lhe  agradeoeo 

com  particulares  ílgnifícaçoens  de  aíTeâo,  mas 

lhe  ordenou  a  continuaíTe  por  Carta  efcríta 

cm  Madrid  a  5.  de  Abril  de  i  J97.  e  pofto  que 

I  hc  podia  retardar  o  progreíTo  a  critica  de  algims 

cmulos  armada  contra  as  Tuas  opinioens,  mais 

atento  á  gloria  do  Reyno,  que  à  reputação  do 

icu  nome  naõ  deíiíUo  de  profeguir  o  illuílrc 

argumento  que  cmprendera.   Nomeado  Qiro- 

lifía  da  Tua  G^ngregaçaõ  dcfempenhou  como 

Icllc  fe  efperava,  efta  incumbência  cfcrcvcndo 

.1  Chronica  de  Ciíler  com  taò  elegante  frazc, 

c  critico  exame  que  mereceu  o  applaufo  do 

•rande  Githcdratico  de  Salamanca  Fr.  Joaò 

Marquez    Eremita   Auguftiniano    chamando- 

Jhe    Hijloriador    infigte,    e    de    Fr.    António 

^'epcs    honorifico    cfplcndor    da    Monaftica 

Religião   BencdiíHna  que  a  tranfcrcvco  cm 

os  fcus  Annaes.  Vagando  o  lugar  de  Chroniíla 

lòr  do  Reyno  por  morte  de  Francifco  de 

idradc  foy  nomeado  feu  fuccíTor  em  o  anno 

le  1616.  de  cuja  litteraria  occupaçaõ  era  credor 

Cde  a  fua  adolefcencia  em  que  tanto  fe  dif- 

iguia  de  todos  affim  no  eíUlo,  como  em  a 

ta  liçaõ  da  Hiíloria.    Por  varias  vezes  foy 

leyto   Bifpo,   cuja  dignidade   humildemente 

ígeitou  confiderando  que  naõ  podia  vigilan- 

ímente   cuidar  da  faude   alheya   quando   fe 

itia  privado  da  própria.    Efta  fe  foy  com 

ito  exceíTo  diminuindo  que  chegando  de 

[adrid    à    Villa    de   Almeyda    fummamente 

loleftado  da  jornada  fe  preparou  com  todos 

>s  Sacramentos,  e  aâios  de  obfervante  Reli- 

iofo  para  a  morte,  que  fuavemente  o  trans- 

irio  para  o  defcanfo  eterno  a  27.  de  Fevereiro 

ie  161 7.  quando  contava  47.  annos  6.  mezes, 

fete  dias  de  idade,  e  32.  annos  de  Religião. 

'oy  levado  o  feu  corpo  ao  Convento  de  Santa 

[ária    de    Aguiar    da    Ordem    Ciftercienfe 

ituado   três   legoas   diftante   de   Almeyda,   e 

)bre   a    fepultura   fe    gravou   efte   epitáfio. 

Aqui  jat^  o  mtty  doão    'Padre  Fr.   Bernardo 

Brito    Chronijia   Môr   que  foy   defie   Rejno. 

lorreo  no  anno  de  1617. 

PaíTados  trinta,  e  dous  annos  foy  trans- 
indo o  feu  Cadáver  do  Mofteiro  de  Aguiar 
ca  o  de  Alcobaça,  onde  jàz  fepultado  na 
fa  do  Capitulo  com  efte  epitáfio. 
Zondita     'L.ufiadum    tumulo,    qui    gejia    revelai 


Bernardus  Briíto  condi fttr  hoc  tumulo. 
Inter  Scriptores  mafftus,  Chronijlaqm  major 

Ktffus,  ó^Jlylo  maximus  ipfofmt. 
Teve  Agradável  prezença,  corpo  bem 
organizado,  compleição  robuíla,  convería- 
çaÕ  a£Bivel,  memoria  feliz,  e  juizo  pene- 
trante. Excedeo  o  numero  das  íuas  obras  ao 
dos  feus  annos.  Applicou-fe  pelo  difcurfo  da 
fua  vida  breve  pela  duração,  mas  dilatada 
pela  fama  em  beneficio  do  Reyno  illuílrando 
aos  feus  Princepes,  e  a  Nobreza  com 
indeléveis  memorias  que  o  feu  incanfavel  dif- 
velo,  e  continua  inveftigaçaõ  refufcitou  como 
novo  Deucaleaò  das  pedras  defpedaça- 
das,  e  carcomidas  pela  voracidade  do  tempo 
merecendo  fer  celebrado  pelas  pennas  de 
diverfos  Efcritores  com  grandes  elogios  como 
foraõ  Manoel  de  Soufa  Coutinho  taõ  illuf- 
tre  pelo  fangue,  como  pelo  eftilo  hiftorico, 
e  poético  em  o  Poema  impreíTo  na  Prefação 
do  I.  Tomo  da  Mon.  Lufit. 
Arte    potens,    opihujque    animi    Bernardus    ah 

alto 
Ducet   Lyjiadíém   famam,    (Ò'    monumenta   tuo- 


rum. 


Bx  quo  prima  novis  Aurora   inveãa   quadriffs 
Splendtiit    humano    generi:    de    bine    arma    tri- 

umphis 
Inclyta,  tunc  Santos  repetens  ah  origine  mores 
Ijonga  vetuftatis,  rerumque  arcana  movehit. 
Nicol.  Ant.  Bib.  Vet.  Hifp.  lib.  6.  cap.  4. 
§.  75.  Portugallia  clarijjimus  Hiftoriographus,  c 
lib.  8.  cap.  5.  §.  288.  Ijifitania  ma^us  hiftoricus 
Ant.  Coelho  Gafco  Antiguid.  de  Usb.  Part.  i. 
cap.  46.  Varaõ  illufire  em  letras  divinas,  e  huma- 
nas, que  deu  honra,  e  immortal  gloria  com 
feus  nobilijfimos  efcritos  a  Portugal.  Manoel 
de  Faria,  e  Soufa  no  Prolog,  do  Epit.  das  Hijl. 
Portug.  Fue  ver/ado  grandemente  en  toda  fuerte 
de  hijiorias,  el  hombre  mas  deligente  para  efcrevir, 
que  conocio  E/pana;  apenas  en  toda  ella  le 
quedo  lugar,  ò  ruina  que  no  vieffe  en  Portugal,  ni 
monte,  ni  valle  que  no  midiejfe  a  palmos,  ar- 
chivos,  o  piedras  que  no  revolvieffe  dando  noti- 
cia aios  próprios  Portuguev^s  de  Ji  próprios. 
E  no  prologo  da  i.  Parte  da  Europ.  Portug. 
No  lè  falto  fi  no  tener  nacido  en  Greda,  o 
en  Itália  figlos  antes  que  no  le  excedieran 
los  Tucidedes,  los  Uvios,  los  Herodotos,  los 
Salujlios  en  la  fujlancia  quando  nò  en  eflilo,  y 


52Ó 


B  IB  LIO  THE  CA 


en  la  orden.  Fr.  António  da  Nativid.  Mont. 
de  Cor.  Mont.  2.  Coroa  2.  §.  9.  n.  5.  injigne  Chro- 
nijla.  Maced.  Flor.  de  Efpan.  cap.  8.  exceli.  9. 
en  CUJOS  libros  nò  facilmente  fe  echa  de  ver  Ji 
ttwo  màs  de  lahoriofo,  ò  de  ingeniofo,  fimas 
de  doão,  o  de  curiofidad,  e  na  h.tifit.  hiberat. 
Prosem.  §.  2.  n.  6.  magnus  Hifioricus.  Car- 
dof.  Agiol.  'L.ufit.  Tom.  3.  pag.  449.  no 
Commentar.  de  29.  de  Mayo  letr.  A.  A.  quem 
os  noffos  devem  as  noticias  mais  cabaes,  e  deligencias 
mais  exalas  de  fuás  coufas,  que  eflampou 
em  fuás  obras  pelas  quais  vieraõ  os  EJiran- 
geiros  em  conhecimento  das  hijiorias,  e  antigui- 
dades defle  Kejno.  Nicol.  Agoft.  Vid.  de  D. 
Theot.  de  Brag.  Honra,  e  lujire  em  feus  efcri- 
tos  dos  Vortugue^es.  P.  Ant.  Maced.  'L.ufit. 
Inf.  <&  Purpur.  in  Prolog.  Gravijfimus 
h.ujitania  hijloricus  qui  pátrio  fermone  à  diluvio 
initium  ducens  'L.ufitanos  jínnales  texuit  Jlylo 
culto,  máximo,  et  accurato.  D.  Franc.  Man. 
de  Mel.  Epanaph.  de  Var.  Hijí.  pag.  zG^.famofo 
Hiforiador.  Carol.  Vifch.  Bib.  Cijierc.  Vir 
ingenij  fummi,  memoria  firmijfimce,  Jludiique  con- 
tinui,  <&  infatigabilis  quem  nemo  laboribus 
fraãum,  nec  fatigatum  vidit.  Franckenau. 
Bib.  Hifpan.  Hif.  Geneal.  Herald,  p.  72.  Certe 
( falia  da  obra  da  Monarchia  Luíitana ) 
monumentum  ea  efl  Hifiorioe  'Lujitanicce  are 
perennius.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
L,ujit.  Liitter.  lit.  B.  n.  35.  Kegni  'Lufitani 
non  titulo  folum  fed  re  ipfa  maximus  hiflorio- 
graphus,  vir  cumprimis  eloquens,  (&  eruditus, 
non  in  tis  tantum,  quce  ad  I^uJitanicR  antiquitafes 
fpeãant  ( ut  non  nemo  exiflimavit )  fed  in 
omni  prorfus  Encjclopedia,  quin  non  in  foluta 
dumtaxat  oratione,  fed  in  ligata  etiam.  Fr. 
Oirifoíl.  Henriq.  'Phan.  Kevivis.  lib.  2.  cap.  12. 
Tam  prceteriti,  quàm  noftri  temporis  eximium 
ornamentum,  <&  decus.  Caramuel  Philip.  Prud. 
pag.  118.  Auãor  effumme  diligens,  cui  debet  anti- 
quitas  rerum  plurium  notitiam,  quce  Eeibais 
fubmerfa  aquis  fugiebant  univerforum  óculos.  EJi 
hercule  de  rethorica  optime  meritus,  cujus  perenne 
fludium,  atque  felicem  deligentiam  vulgata  opera 
tejtatam  faciunt.  Auguíl.  Sartor.  Ciferc.  Bif 
terc.feuHiJl.  Elogiai.  Ord.  Cif.  Tit.  20.  pag.  521. 
Ingenio  valens,  vaftiffimaque  praflans  memo- 
ria fcientias  propemodum  omnes  abforpfit. 
In  antiquitatibus  tamen  e  cinere  veluti  e  bufo 
ad   novum  fplendorem    eruendis  fuit  prcecipuus. 


P.  Meneftrier  Art.  du  Bla:(on  pag.  74.  Joan, 
Hallevord.  Bib.  Curiof.  pag.  34.  col.  2.  Franco 
Imag.  da  Virtud.  em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2. 
liv.  I.  cap.  18.  n.  9.  a  quem  a  Monarchia  Eufitana^ 
e  outras  obras  fatiem  bem  conhecido  no  mundo. 
P.  D.  Ant.  Caet.  de  Soufa  no  Apparat.  à  Hijl, 
Genealog.  da  Cafa  Keal  Portug.  pag.  69.  n.  38. 
de  grande  talento,  letras,  e  erudição  como 
teftemunhaõ  as  fuás  obras. 
Compoz. 

Monarchia  Eufitana  Parte  Primeira  que  con- 
tem as  Hiflorias  de  Portugal  defde  a  Criação  do 
mundo  té  o  nacimento  de  NoJJo  Senhor  ]efu  Chrijlo. 
Dirigida  ao  Catholico  R^  D.  Filippe  2.  do  nome 
Kej  de  Efpanha,  Emperador  do  novo  mundo.  No 
iníigne  Moíleiro  de  Alcobaça  por  Alexandre 
de  Siqueira,  e  António  Alvares,  e  acabada 
a  10.  de  Janeiro  de  1597.  foi.    No  fim  tem 

Geografia  antigua  da  Eufitania.  Alcobaça 
por  António  Alvares  1597.  foi.  Deita  obra, 
e  do  Author  faz  mençaõ  o  moderno  addicio- 
nador  da  Bib.  Geograf.  de  António  de  Leaõ 
Tom.  3.  Tit.  unic.  col.  13 16. 

Segunda  Parte  da  Monarchia  Eufitana 
em  que  fe  continuaÔ  as  Hifiorias  de  Portu- 
gal defde  o  nacimento  de  nojjo  Salvador  Jefu 
Chrifto  até  fer  dado  em  dote  ao  Conde  D.  Hen- 
rique. Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck  1609. 
foi.  Sahiraõ  eílas  duas  Partes  reimpreíTas 
Lisboa  na  Officina  Crasbeeckiana   1690.  foi. 

Elogios  dos  Kejs  de  Portugal  com  os 
mais  verdadeiros  Ketratos  que  fe  poderão 
achar.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1605. 
4.  Efia  obra  (dis  o  infigne  Manoel  Severim 
de  Faria  no  Elogio  que  dedicou  à  memoria 
de  Fr.  Bernardo  de  Brito  em  as  Notic.  de 
Portug.  pag.  284.  )  ainda  que  breve,  he  de  grande 
confideraçaõ,  porque  na  lingoagem,  e  juii(o  pode 
fervir  de  modello  a  toda  a  boa  hiftoria  abre- 
viada, e  na  perfeição  com  que  fe^  abrir  em 
bronze  os  retratos  dos  P>.eys,  e  alcançou  os 
Originaes  mais  apurados  mandando  vir  alguns  de 
partes  remotas  com  grande  cufio,  e  defpe^a,  excedeo 
muito  fuás  forças,  e  moftrou  o  grande  f(elo 
que  tinha  de  engrandecer  a  Pátria,  e  de  etemi- 
f^ar  a  memoria  dos  Keys  Portuguev^es  a  quem 
nefie  livro  levantou  hum  honrofo  trofeo.  Sahi- 
raõ addicionados  eftes  Elogios  com  as  vi- 
das de  Filippe  IV.  e  dos  Serenijfimos  Kejs 
D.   Joaõ  o   IV.    D.    Affonfo    VI.    D.    Pedro 


I 


L  USITANA. 


li.  e  D.  JoaÕ  o  V.  Noffo  Senijor  por  meu  Irmaò 
I).  Jozó  Barboía  Clérigo  Regular  Chronií^a 
<la  SereniíTima  GUa  de  Bragança,  c  Acadé- 
mico da  Academia  Real.  Linhoii  na  Oií»- 
lina  Ferreiriana.  1726.  4. 

Primtira  Parte  da  Chronica  dt  Cijltr  onde  Jt 
amtaò  as  cou:^as  prhicipaes  defta  Ordem,  e  mtdtas 
.  \níigNÍdades  do  Reyno  de  Portugal.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck  1602.  foi.  et  ibi  por  Pafchoal 
lia  Sylva  ImprcíTor  de  Sua  Magcftade.  foi.  1720. 

Sylvia  de  U^ardo.  Lisboa  por  Alexandre 
cIc  Siqueira  1)97.  52.  õc  ibi  por  Pedro  Cras- 
l)eeck  1652.  12.  Conda  de  vario  género  de 
verfos,  c  ainda  que  naõ  fahio  com  o  nome  do 
Author,  lho  declara  Manoel  de  Faria,  e  Soufa 
110  Comment.  da  i.  Cenítir.  dos  Sonet.  de  Camoens. 
Sonet.  14.  pag.  40.  col.  2.  Tomando  efle  wifnío 
ver/o  primeiro,  y  el  penfamiento  de  mi  Poeta  dixo 
Brito,  d  Li^ardo  en  Ju  Sylvia  E^hg.  2. 
Iv  mais  claramente  no  Comment.  do  Sonet.  32. 
lio  mcfmo  Camoens.  Fr.  liernardo  de  Brito 
i  n  fu  Sylvia   de   hy fardo   Eglog.    2.   ( que  Juyo 

Hs  aquel  librillo  aimqrn  anda  eftampado  Jin  nombre 
k  Author,  porque  en  Portugal  faben  los  Religio- 
os  hí4yr  de   nombrarfe  en  ejcritos  agenos  de  Ju 
infiituto,  por   mas  que  fean   tan   honejios   como 
aquel.   Por  efta  obra  o  numera  entre  os  Poetas 
Portuguezes  o  P.  António  dos  Reys  no  Ejithu- 
Jiafm.  Poetic.  n.  120.  e  o  aplaude  Jacinto  Cor- 
deiro no  Elog.  dos  Poet.   Portug.  Eílanc.  43. 
¥ray  Bernardo  de  Brito  a  Ljffo  gloria 
Qite  Hora  muerto  con  piedad  eftraiia 
De  tan  altivo  ingenio  la  memoria 
I  Dexando  en  muerta  pluma  viva  havana 

Deve  el  Laurel  honrarle  por  la  Hijloria 
Veneracion  le  deve  toda  E/pana 
Siyá  retrata  enel  tiempo  efquivo 
Un    Fénix    muerto  para    honramos    vivo. 
Obras  M.  S. 
j  Hijloria    de    Noffa    Senhora    de    Na^areth 

em    que    fe     trata    da    Invenção     defia    Santa 
Imagem,     privilégios,    e    graças,    que     lhe    con- 
cederão   os    Reys,    e    milagres,    que    a    Senhora 
tem   obrado,   e   no  fim   a  familia,    e   defcenden- 
cia    daquelle    em    que   fora    obrado    o    milagre. 
I      Efta  obra  moftrou  acabada  o  Author  em  o 
I      anno  de  161 1.  ao  Chantre  de  Évora  Manoel 
!       Severim  de  Faria  como  aííirma  em  as  No- 
tic.    de    Portug.    pag.    285.    a    qual    levava    a 
Madrid  para  ofFerecer  à  Rainha  de  Caílella 


D.  Margarida  de  Auílría.  O  P.  António  de 
Vafconcellos  in  Dtjcript,  hufit.  pag.  9)4. 
julga  eíle  livro  dig^ijfimttm  afftdtut  pervolutatione,  o 
qual  tcílemunha  ter  viAo  I-'r.  Bernardino  da 
Sylva  na  2.  Part.  da  Defenf.  da  Mon.  Lufi/.  cap.  6. 
cm  poder  de  Fr.  Belchior  de  Abreu  Monge 
CiAercienfe,  e  o  louvaò  com  grandes  elogios 
I'r.  Anton.  Brand.  Mon.  Lufit.  4.  Part.  liv.  12. 
cap.  20.  Fr.  JoaÕ  Marquez  Orig.  deiot  Ermit. 
de  S.  Augufl.  cap.  11.  e  ij.  e  Cardofo  Affol. 
Etifit.  Tom.  I.  pag.  85.  col.  2.  no  Com- 
ment. de  8.  de  Janeir.  letr.  A. 

Republica  antigua  da  Utfitania  em  que  fe 
trata  dos  Ritos,  e  cuflumes  dos  antigos  Portugue^i^s. 
Dedicada  a  Serenijftma  Senhora  D.  Isabel  Clara 
Eugenia  de  Auflria  Infanta  de  Efpanha,  Duquev^ 
de  Brabante,  e  Eombardia.  Eftava  efcrita  em  10. 
Capitulos,  e  acabada  em  21.  de  Março  de  1596. 
Obra  excellente  a  intitula  o  Licenciado  Francifco 
Galvaò  de  Mendanha  na  fua  Bib.  Portug.  M.  S. 

Chronica  delRey  D.  SebaftiaÕ  continuada  até 
a  Embaxada  de  D.  JoaÕ  de  Borja.  Naõ  chegou 
a  porlhe  a  ultima  maõ,  que  fe  a  acabara  fora 
hum  illuftre  ornamento  da  lingua  Portugue:(a  diz 
Severim  no  Elogio  de  Fr.  Bernard.  de  Brit. 
pag.  288.  Delia  fazem  memoria  Manoel  de 
Faria,  e  Soufa  Advert.  ao  i.  Tom.  da  Afia 
Portug.  n.  35.  e  Jorge  Cardof.  Affol.  Eufit. 
Tom.  3.  pag.  442.  no  Comment.  de  28.  de 
Mayo  letr.  E.  e  Nos  em  o  Prologo  das  Aíemor. 
para  a  Hiflor.  delRey  D.  Sebafl.  que  fahiraõ  im- 
preflas  Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva 
1736.  4. 

Apologia  a  certas  duvidas  enviadas  pelo 
Arcebifpo  de  Braga  D.  Fr.  Agoftinho  de 
Caflro  em  pontos  pertencentes  à  i.  Parte  da 
Monarchia  Eufitana.  No  fim  eftava  huma 
Carta  do  mefmo  Arcebifpo  em  que  fe  dava 
por  fatisfeito  das  repoftas  às  fuás  duvidas. 
Efta  obra  moftrou  o  Author  ao  Chantre  de 
Évora  Manoel  de  Faria  como  efcreve  em 
as  Notic.  de  Portug.  pag,  285. 

Privilégios  da  Congregação  de  Alcobaça 
de  cuja  obra  affirma  no  prologo  da  2.  Part. 
da  Mon.  Eãífit.  me  cuflou  alguns  tempos  de 
peregrinação,  e  muitos  dias  de  efludo. 

Terceira  Parte  da  Monarchia  Eufitana 
de  que  faz  mençaõ  feu  fuceíTor  nefta  obra 
Fr.  António  Brandão  no  prologo  do  3. 
Tom.  da  Mon.  Eufit. 


528 


BIBLIO THE  C  A 


Commentaria  in  Prophetas  Minores.  Dos 
quaes  fe  lembra  Jacob.  Lelong.  in  Bib.  Sacra 
pag.  mihi  652.  col.  i.  onde  lhe  chama  Trium 
linguarum  peritus. 

De  duahus  Hebdomadibus,  Creationis  una, 
Kedemptionis  altera.  Eílas  duas  obras  Efcri- 
turarias    eftavaõ  promptas  para  a  impreíTaõ. 

Fundação  do  Convénio  de  Arouca,  foi. 

Htjloria  de  Sertório,  e  fua  mulher  Rorea, 
fundação  da  Cidade  de  Évora,  e  derivação  do  feu 
nome;  efcrita  em  4.  Cantos,  e  acabada  em  o 
anno  de  1591. 

Disfra^e  de  amor;  cuentafe  la  guerra  de  Por- 
tugal, j  el  derecho,  que  la  Magejlad  delRej  Filippe 
II.  nuejlro  Senor  tiene  àquel  Rejno.  Deíla  obra 
dà  noticia  Franckenau  in  Bib.  Hi/p.  Gen. 
Herald,  pag.  62.  §.  179.  dizendo  confervarfe 
na  Real  Bibliotheca  do  Convento  do  Efcurial 
Plut.  P.  Serie  V.  n.  17. 

Livro  de  Famílias  que  poíTuya  Luiz 
Vieyra  da  Sylva  infigne  Genealógico,  e  Va- 
rão digno  de  geral  veneração  por  feu  pru- 
dente juizo,  e  vida  exemplar,  em  cujo  poder  o 
vio  o  P.  D.  Ant.  Caet.  de  Souf.  como  efcreve 
no  Apparat.  à  Hijl.  Geneal.  da  Caf.  Real. 
Portug.  pag.  69.  §.38. 

BERNARDO  DE  BRITO  BOTELHO 

natural  da  Cidade  de  Miranda  na  Província 
Tranfmontana,  Bacharel  formado  na  faculdade 
dos  Sagrados  Cânones,  e  Juiz  dos  Órfãos 
na  fua  Pátria.  Em  agradecimento  à  Cidade 
em  que  fora  iniiruido,  e  recebera  o  gráo  em 
Direito  Pontifício,  publicou. 

Hijioria  breve  de  Coimbra,  fua  funda- 
ção, armas.  Igrejas,  Collegios,  Conventos, 
e  Univerjidade.  Lisboa  na  Officina  Ferrei- 
riana  1732.  4. 

BERNARDO  DE  BULHOENS  DE 
ARAÚJO  natural  do  lugar  de  Porco 
termo  da  Villa  de  Celorico  da  Beyra  do  Bif- 
pado  da  Guarda,  naceo  a  5.  de  Abril  de 
1701.  de  Pays  de  conhecida  nobreza  quaes 
foraõ  o  Capitão  Jofeph  Bulhoens  de  Araújo, 
e  D.  Maria  Thereza  de  Efcobar,  e  Soufa. 
Eíhidou  Filofofia,  e  Theologia  na  Con- 
gregação do  Oratório  de  Freixo  de  Ef- 
pada  àcinta  onde  naõ  fomente  foy  Con- 
gregado, mas  didou  as  mefmas   Faculdades 


aos  feus  domefticos.    Por  juílas  caufas  deixou 
a  Congregação  fendo  jà  Presbytero,  e  como 
tiveíTe  talento  capaz  para  o  Púlpito  exercitou] 
em   varias   partes   efte   evangélico    minifterií 
com  credito  da  fua  peíToa,  dando  por  argu«j 
mento  publico  da  fua  capacidade  nefte  generoj 
de  compoílçaõ  a  feguinte  obra. 

SermaÕ  do  Santijftmo  Sacramento  roubadtA 
em  Santa  Engracia  no  anno  de  1630.  e  defa- 
gravado  no  Convento  da  Rofa  de  Usboa 
Occidental  nejle  anno  de  1738.  recitado  no 
ultimo  dia  do  feu  Triduo.  Lisboa  por  Jozé 
António  da  Sylva.  1738.  4. 

Fr.  BERNARDO  DE  CASTELLO- 
BRANCO.  Naceo  no  lugar  de  Guardaõ  Con- 
felho  de  Befteiros  da  Comarca  de  Vifeu  fendo 
filho  de  António  Gouvea  de  Lemos,  e  D. 
Maria  de  Caftellobranco,  ambos  defcendentes 
das  principaes  famílias  da  Província  da  Beyra. 
A  nobreza  do  nacimento  fez  mais  illuílre 
entroncando-fe  por  beneficio  da  graça  com  a 
preclariffima  Familia  Ciftercienfe  recebendo 
a  Cogulla  no  Convento  de  S.  Joaõ  de  Tarouca 
primogénito  deíla  Congregação  em  o  noíTo 
Reyno,  a  11.  de  Dezembro  de  167 1.  A  grande 
comprehenfaõ,  e  agudo  engenho  de  que  era 
ornado  naõ  fó  lhe  facilitarão  penetrar  as  difi- 
culdades mayores  das  fciencias  efcholaílicas 
mas  explicallas  aos  feus  domefticos  com  tanta 
gloria  do  feu  Magifterio  que  de  doze  difcipulos 
que  teve  fubiraõ  três  a  graduar-fe  Doutores 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra,  e  hum  fer 
Chronifta  geral  da  Ordem,  e  depois  defte 
Reyno.  Laureado  com  as  infignias  Doutoraes 
na  Athenas  Conimbricenfe  ao  tempo  que  era 
oppofitor  as  Cadeiras  foy  nomeado  pela  fua 
Religião  Procurador  Geral  a  Roma  para  alcan- 
çar o  Breve  do  culto,  e  Beatificação  das  Santas 
Raynhas  Sancha,  e  Thereza  foberanos  Aftros 
da  Esfera  Portugueza,  e  immarcefciveis  flores 
do  Jardim  Ciftercienfe,  o  qual  fe  expedio  a  23. 
de  Dezembro  de  1705.  Naquella  grande 
Corte,  onde  aíTiftio  onze  aimos,  mereceo  pela 
fuavidade  do  feu  génio  as  eftimaçoens  de 
todos  os  Princepes  Purpurados,  e  a  fupre- 
ma  protecção  dos  Summos  Pontifices  Inno- 
cencio  XII.  e  Clemente  XI.  Com  os  irrefra- 
gaveis  teftemunhos  do  immemorial  culto 
das  Santas  Raynhas  produzidas  pela  fua  in- 


L  USITAN  A. 


529 


canfavcl  indagação  emendou  o  P.  G)nrado 
Janíngo  Continuador  da  grande  obra  do 
A£ía  Santhrum  cfcrita  pelo  eruditííTimo  Daniel 
Papebrochio  as  erradas  noticias  que  efte  tinha 
impreíTo  a  17.  de  Junho  como  fe  pódc  ver 
mais  diílindlamente  no  6.  Tom.  das  lUuf- 
traçoens  deAe  me:t.  Na  Corte  de  Florença 
foy  recebido  com  particulares  fignificaçoens 
de  aíTedto  pelo  Graò  Duque  de  Tofcana 
Cofmc  III.  RcAituido  a  Portugal  foy  eleito 
Chronifta  Mór  do  Rcyno,  c  dos  primeiros  cin- 
cocnta  Académicos  da  Academia  Real  para 
efcrever  as  Memorias  Miftoricas  dos  SereniíTi- 
mos  Rcys  D.  Pedro  I.  c  D.  Fernando.  Naò 
tendo  occupado  na  Religião  mais  que  o  lugar 
de  Reytor  do  Collegio  de  Coimbra,  em  aten- 
ção aos  feus  grandes  merecimentos  confpirou 
toda  a  fua  Congregação  para  o  eleger  a  3.  de 
Mayo  de  1723.  D.  Abbadc  Geral,  e  fer  do 
Confclho  delRcy,  Efmoler  Mór,  Donatário,  e 
Capitão  mór  de  14.  Villas  nos  Coutos  de  Alco- 
baça. Governou  eíla  illuftre  família  dous 
annos,  e  fcte  mezes  confervando  com  vigilante 
cxacçaõ  a  obfervancia  regular  até  que  avizado 
pela  repetição  de  alguns  accidentes  de  que 
eílava  próximo  a  pagar  o  indifpenfavel  tri- 
buto de  mortal  fe  preparou  devotamente  refi- 
gnado  na  vontade  divina,  e  recebidos  os  Sacra- 
mentos com  repetidos  aftos  de  Fé,  e  piedade 
Chriftaã  aplicando  a  boca  ao  lado  de  hum 
Crucifixo  que  lhe  dera  a  Santidade  de  Clemente 
XI.  com  indulgência  plenária  para  aquella  fatal 
hora,  efpirou  placidamente  no  Real  Convento 
de  Alcobaça  a  7.  de  Dezembro  de  1725.  com 
70.  annos  de  idade,  e  54.  de  Religião.  Compoz. 

Difcítrfos  vários.  Roma  por  Roque  Bar- 
nabó.  1706.  4.  Saõ  impreíTos  na  lingoa  Por- 
tugueza  em  huma  Coluna,  e  em  outra  na 
lingua  Italiana. 

Sermão  do  Auto  da  Fé  que  fe  celebrou 
publicamente  no  Terreiro  de  S.  Miguel  da 
Cidade  de  Coimbra  em  d.  de  Agofio  de  171 3. 
Coimbra  na  Offic.  do  CoUeg.  das  Artes  da 
Companhia  de  Jefus  17 14.  4. 

Sermão  de  Acçaõ  de  graças  pela  felice 
Aclamação  DelRej  D,  Joaõ  o  IV.  prega- 
do no  Collegio  de  S.  Bernardo  ao  Prejlito, 
que  fa^  o  Corpo  da  Univerjidade  de  Coimbra 
todos  os  annos  no  dia  anniverfario  da  dita  Ac- 
clamaçaõ.    Coimbra  na  dita  Officina.  17 14.  4. 


Kepofla  a  huma  inveãiva  que  lhe  fe^  Jo^é  da 
Cunha  Brochado  acerca  de  huma  prefftnía  que 
fit(tra  ft  havia  chamar  a  HIRiy  D,  Ptáro  l. 
di  Portugal  Cruel,  ou  ]ufli(ofo  nas  Memorias 
Hifloritas,  que  efcrevia  defle  Princepe  por  ordem 
da  Academia  ReaJ.  Sahío  no  2.  Tom.  da  Collec, 
dos  Doe  um.  da  Acad.  Real.  Lisboa  por  Paf- 
choal  da  Sylva  Impref.  de  Sua  Mageílade,  e  da 
Acad.  Real.  1722.  foi.  He  muito  douta,  e 
concludente. 

BERNARDO  DE  CHRISTO.  Nacco 
na  Cidade  da  Guarda,  e  logo  defde  a  puerícia 
o  difpoz  a  graça  para  o  exercício  das  virtudes 
de  que  na  idade  mayor  foy  iníigne  cultor. 
Aprendeo  com  incrível  brevidade  os  preceitos 
da  Grammatica  de  hum  exemplar  Sacerdote,  c 
paíTando  aos  eíhidos  das  fciencias  feveras  fe 
admirou  a  viveza  do  feu  engenho  acompa- 
nhada de  huma  fuma  modeília.  Dezejando 
fugir  do  mundo  para  fegurar  o  premio  pro- 
metido aos  Juílos  entrou  na  Congregação 
illuftre  dos  Cónegos  Seculares  do  Evangelifta 
no  anno  de  1501.  onde  praétícou  com  exaéla 
obfervancia  todo  o  género  de  virtudes  obede- 
cendo naò  fomente  ao  preceito  expreífo  mas  à 
vontade  conjefturada  do  Prelado,  reduzindo 
com  afperas  penitencias  o  corpo  às  leys  do 
efpirito,  e  obfervando  taõ  rigorofa  abftinencia 
que  paíTava  muitos  dias  com  pouco  paõ,  e 
nenhum  vinho.  Era  continuo  em  a  Oraçaõ 
onde  arrebatado  do  impulfo  do  fogo  divino 
em  que  interiormente  fe  abrazava,  fe  via 
muitas  vezes  fufpenfo  no  ar,  e  banhado  de  ref- 
plandores.  Tanto  fe  elevava  na  contemplação 
quanto  fe  abatia  na  humildade  que  exada- 
mente  obfervou  até  quando  foy  Geral  da  fua 
Congregação,  que  governou  com  igual  reâi- 
daõ,  que  fuavidade.  Pelo  continuo  efpaço  de 
trinta  annos  foy  ouvido  no  Púlpito  como 
Clarim  do  Evangelho,  increpando  os  vidos,  e 
convertendo  obftinados  cujo  fagrado  minifterio 
exercitava  pelas  praças,  e  vários  lugares  do 
Reyno,  aonde  o  levava  o  ardor  do  feu  efpirito. 
A  grande  prudência  de  que  era  ornado  unida  às 
fuás  virtudes  o  fizeraõ  muito  eftimado  dos 
Monarchas  D.  Joaõ  III.  e  D.  Catherina,  e  dos 
Infantes  D.  Luiz,  e  Cardial  D.  Henrique 
que  repetidas  vezes  fe  confeíTavaõ  com  elle 
bufcando  na  fua  direcção  o  focego  das  fuás 


39 


53o 


BIBLIO THE  CA 


confciencias.  Nos  últimos  annos  fe  recolheo 
ao  Convento  de  S.  Joaõ  de  Enxobregas  onde 
viveo  mais  como  Anjo,  do  que  homem  fre- 
quentando continuamente  o  Coro,  e  naõ  fe 
izentando  de  todos  os  aftos  da  Communidade 
de  que  a  larga  idade  de  8o.  annos  o  tinha 
privilegiado.  Na  ultima  doença  foy  viíitado 
pela  Rainha  D.  Catherina,  e  ElRey  D.  Sebaf- 
tiaõ  feu  Neto  que  devotamente  lhe  pedirão 
a  fua  bençaõ,  e  depois  de  receber  com  fumma 
piedade  os  Sacramentos  falleceo  a  8.  de 
Novembro  de  1570.  com  69.  annos  de  habito. 
Ja2  fepultado  no  Clauftro  de  Santo  Eloy  com 
eftas  letras  iniciaes  abertas  na  Campa  da  Sepul- 
tura. 

O.  P.  B.  D.  Chrijio  1570. 
Compoz. 

Varias  Meditaçoens  da  vida,  Morte,  VajxaÕ 
de  Nojfo  Salvador.  De  cuja  obra  diz  Francifco 
de  Santa  Maria  no  Ceo  Abert.  liv.  4.  cap.  19. 
fez  tirar  muytas  copias,  e  as  repartia  pelos  Noviços, 
e  procurava  que  asjouheffem  de  còr. 

Fr.      BERNARDO      DE      COIMBRA 

natural  da  Cidade  do  feu  appellido  Monge  Cif- 
tercienfe  em  o  Convento  de  Santa  Maria  de 
Alcobaça  iníigne  Efcriturario,  profundo  Theo- 
logo  efpeculativo,  e  Moral  como  declaraõ  as 
feguintes  obras  M.  S.  no  Carthorio  do  mefmo 
Convento   juntas    em   hum   groíTo   Volume. 

No  I.  Livro.  T)e  Calo  et  Terra,  de  luce, 
Aquis,  Sole,  l^una,  (&  Stellis;  de  pijcihus, 
(&  avihus;  de  Paradifo;  de  formatione  primí 
hominis,  De  Adam,  Eva,  (ò"  Serpente.  De 
fex  diebus,  (0°  Jeptimana.  De  Adam,  <&  Eva, 
<&  filiis  eorum:  De  Enos,  Enoch,  (&  Noe: 
De  Arca,  é^  Diluvio:  de  Corvo,  &"  Columha: 
de   Iride:   de   vinea   Noe,    <&   inehriatione   ejus. 

No  2.  livro.  De  exitu  Abraham  de  terra 
fua. 

No  3.  livro  De  Nativitate  Moijis,  <& 
exitu  de  Egypto. 

No  4.  livro  De  Jofue  <&  exitu  Jorda- 
nis:  de  Helcana,  €S>*  uxoribus  ejus:  de  pallio 
S amue  lis:  de  Salomone,  <à^  Templo:  de  Cj- 
ro,  (ò*  Solutione  Captivitatis.  De  Eccleji- 
ajlicis  Sacramentis.  liber  Profperi  de  vera 
innocentia.  de  Fide,  Spe  (&  Charitate:  de 
Confejfione  Profperi:  de  Statu  Angeli  in 
principio     Creationis:     de    excellentia     Eucife- 


ri,  &  pana  pojl  Eapfum:  de  operibus  fex 
dierum:  de  Statu  hominis  ante  pecatum:  de 
libero  arbitrio.  quare  pecatum  primi  ho- 
minis impute tur  poferis?  Quis  fit  caufa  pec- 
cati,  eb*  quod  Jit  peccatum?  De  decem  praceptis, 
(&  dile£iione  proximi:  De  Sacramentis.  Utrum 
peccata  redeant?  De  duabus  clavibus.  De 
exórdio  conjugij.  De  corporali,  <ò'  fpirituali 
fornicatione.  Quare  data  lex?  De  duodecim 
abfcifionibus.  De  lapfu  cujufdam  virginis. 
De  Violatore  Virginis.  De  Septem  gradibus 
anima.      De    Beatitudine    caleflis    Pátria. 

Fr.  BERNARDO  DA  COSTA.  Naceo 
em  Coimbra  a  30.  de  Dezembro  de  1702. 
fendo  filho  de  António  da  Coíla  Caetano,  e 
D.  Maria  Thereza  de  Carvalho.  ProfeíTou 
a  militar  Ordem  de  Jefu  ChriUo  no  Real  Con- 
vento de  Thomar  a  9.  de  Abril  de  171 9. 
onde  depois  de  frequentar  as  aulas  de  Filofofia, 
e  Theologia  fe  applicou  com  mayor  difvelo 
ao  minifterio  do  púlpito  publicando  como 
primícias  deíle  género  de  eJftudo. 

Oração  fúnebre  nas  exéquias  da  Serenijfima 
Infanta  D.  Francifca  que  fe  celebrarão  em  o 
Keal  Convento  da  Ordem  ^  Chriflo  na  Villa 
de  Thomar  a  8.  de  Agojlo  de  1736.  Lisboa 
por  Jozé  António  da  Sylva  Impreílor  da 
Academia  Real.  1736.  4. 

BERNARDO  FIGUEYRA  Aífiílente  na 
Corte  de  Pariz  onde  adquirio  profimda  intel- 
ligencia  da  lingua  Franceza  na  qual  traduzio 
da  materna  a  Peregrinação  do  celebre  Viageiro 
Fernaõ  Mendes  Pinto,  e  a  dedicou  ao  Emi- 
nentiíTimo  Cardial  de  Rechilieu,  em  cuja  de- 
dicatória efcreve,  que  aquelles  nobres  ef- 
piritos  que  fe  deleitaõ  com  a  leitura  de  fuceíTos 
raros  fem  fahirem  dos  feus  Gabinetes,  nem 
experimentarem  a  trágica  fortuna  dos  nau- 
frágios, com  a  liçaõ  deíle  livro  atraveíTaraõ 
os  mares  fem  perigo,  difcorreraõ  por  varias 
Províncias  fem  incommodo,  nem  moleftía,  e 
alcançarão  individual  noticia  dos  ritos,  e  cuíhi- 
mes  dos  feus  habitadores  diametralmête  op- 
poftos  aos  Europeos,  mas  conducentes  para 
a  fua  confervaçaõ.  Sahio  a  Tradução  com 
eíle  titulo. 

Ees  Vojages  advantureux  de  Fernand 
Mende:^  Pinto  fidellement  traduits  de  Por- 
tugais     en    François.      Pariz    chez     Arnould 


L  USITAN A. 


53 1 


Cotinct,  &  Jcan  Rogcr  164J.  4.  No  revcrfo 
cio  frontifpicio  do  livro  tem  cilas  palavras. 
Ijt  la  prejente  Hijloire  Jont  continues  plufieurs 
chofes  ejlranjifis,  0  prodíff  eu/es  par  itty  veves,  e 
ouyes  mx  Rqyaumes  de  Ia  Chim,  de  Tar- 
tarie,  de  Somau  vulgairement  appeliè  Siam, 
de  Calàminham  de  Pegu,  de  Mar/abane,  e  en 
diverfautres  endroiíis  des  contries  Oríentaies, 
dont  noNs  n^avons  prejque  pointe  de  coffioif' 
Jance  en  noftre  Occident.  Avec  un  ample 
relation  des  parliciilariles,  les  plus  remar- 
quables  advemies  tant  a  luy  qu*  à  beaucoup 
d*autres  perfones,  £/  m  abbregi  dela  pie 
miraculenfe,  e  de  la  mort  dn  S.  P.  Aí.  Fran- 
çois  Xavier,  ttniqne  Inmiere  de  ces  contries 
d^Orient  et  Keãetar  untverjel  dela  Compaffiie 
dê  JESUS,  Faz  memoria  do  Tradutor 
o  moderno  addicionador  da  Bib.  Orient, 
de  António  de  Leaõ  Tom.  i.  Titul.  2.  col.  34. 
c  Bcugheu  Bib.  Hijloric.  foi.  500.  c  J48. 

BERNARDO  DA  FONSECA.  Naceo 
na  Qdade  de  G)ulaõ  íituada  na  GDÍla  do 
Malabar  na  índia  Oriental.  Ainda  contava 
poucos  annos  quando  paflbu  com  feus  Pays 
Bernardo  da  Fonfeca  Oforio  Fidalgo  da  Cafa 
Real  Capitão  Mór  de  Coulaõ,  e  D.  LuÍ2a  Lopes 
Peftana  para  efte  Reyno,  e  na  Univeríidade  de 
Coimbra  aprendeo  as  letras  humanas,  e  fcien- 
cias  Sagradas  debaixo  da  tutela  de  feu  Irmaõ 
mais  velho  Jeronymo  Oforio  da  Fonfeca  de 
quem  fe  fará  memoria  em  feu  lugar.  Naõ 
degenerou  o  feu  talento  dos  celebres  engenhos 
que  floreceraõ  na  fua  família  bailando  para 
credito  immortal  delia  aquelle  iníigne  Varaõ 
D.  Jeronymo  Oforio  Bifpo  do  Algarve 
que  privou  a  Tullio  de  fer  único  Corifeo  da 
lingua  Latina.  Paílou  a  Roma  onde  se  appUcou 
ao  eíludo  da  lingua  Hebraica  em  que  fahio  emi- 
nente merecendo  pela  afabilidade  do  feu  génio, 
e  profundidade  do  talento  as  eftimaçoens 
das  peíloas  mais  doutas  daquella  celebre 
Corte  diíHnguindofe  entre  todas  aíTim  no 
affefto,  como  na  dignidade  o  EminentiíTimo 
D.  Pedro  Dezza  Cardial  do  Titulo  de  Santa 
Prifca,  e  Proteâior  do  Collegio  de  Bolonha  dos 
Hefpanhoes.  Voltando  para  Portugal  no  anno 
de  1603.  foy  Thezoureiro  Mór  em  a  Cathedral 
de  Faro   do   Reyno   do   Algarve.     Compoz. 

Itenerario    que  fe^    de    Koma    ate   Monfer- 


rate.  Dedicado  a  feu  Irmaõ  Jeronymo  Ofo- 
rio  da  Foníeca.  Começa.  Parti  de  Koma  em 
companhia  de  hum  mancebo  6cc,  Acaba.  E 
naõ  faltarão  outros  que  com  milhor  ejlilo,  e 
linguagem  a  tratem.  Dcílc  Itinerário  fazem 
mcnçaõ  Jorge  Cardof.  Affol,  Lujit.  Tom. 
2.  pag.  585.  no  Commcnt.  de  15.  de  Abril 
let.  E.  Nicol.  Ant.  Bib,  Hijp,  Tom.  i.  pag. 
175.  col.  2.  e  o  novo  addicionador  da  Bib. 
Orient,  de  António  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit. 
2.  col.  36.  onde  erradamente  lhe  di  o  nome 
de  Itinerário  Oriental  allcgando  a  Car- 
dofo,  e  a  Nicol.  Ant.  os  quaes  fomente  fallaò 
defta  obra  com  o  nome  de  Itinerário,  que 
lhe  deu  feu  Author,  pois  a  Jornada  que  elle 
fez,  foy  de  Ronu  para  Portugal,  e  naõ  do 
Oriente,  e  como  tal  naõ  podia  entrar  em  a 
addiçaõ  da  Bib.  Orient.  que  o  moderno  ad- 
dicionador confundio  imaginando  que  era 
Itinerário  da  Aíla  quando  eile  era  da  Europa. 

Vida  de  Jeronymo  Oforio  da  Fonfeca 
Cónego  de  Évora  feu  Irmaõ.  Começa.  Ber- 
nardo da  Fonfeca  Fidalgo  da  Cafa  de  Sua 
Mageflade.  Acaba.  Da  noffa  vifla^  que  be 
a  verdadeira  Bemaventurança.  M.  S. 

Vida  de  D.  Jeronymo  Oforio  Bifpo  do 
Algarve  compofia  em  Latim  por  feu  Irmaò 
Jeronymo  Oforio  da  Fonfeca  tradu:(ida  em  Por- 
tugue^  e  dedicada  a  Gafpar  da  Motta  Cónego 
na  Sé  de  Faro  no  anno  de  1 5  97.  M.  S. 

Pfalmos  Penitenciaes  tradu:(idos  na  lin- 
gua  Portuguet(a.   M.   S. 

Summa  dos  Sacramentos,  e  Cenfuras.  Occu- 
pava  hum  livro  de  jufta  grandeza,  e  eftava 
prompto  para  a  ImpreíTaõ. 

Breve  Summario  de  que  el  Chrifliano  deve 
confiderar  qyendo  Miffa.  OfFerecido  de  Sala- 
manca a  1 1.  de  Abril  de  161 5.  à  ExcellentilTima 
Senhora  D.  Guiomar  Pardo  de  Lacerda 
Marqueza  de  Flechilla,  y  Malagon  com  huma 
douta  approvaçaõ  do  celebre  Cathedratico 
de  Salamanca  Fr.  Bafilio  Ponce  de  Leon 
Eremita  Auguftiniano.  Começa  a  obra.  £] 
alttffimo  MyJlerio  dei  Sacrifício  dela  Miffa. 
&c.  Acaba.  Como  es  eflar  entre  nos  otros 
para  mantimiento,  y  fatrificio  nueflro. 

BERNARDO  DA  FONSECA  SARAY- 
VA  natural  da  Qdade  de  Braga  de  cuja 
Primacial      Diocefe      foy      digniflimo      Vi- 


532 


BIBLIOTHE  CA 


gario  Geral.  A  grande  noticia  que  tinha  das 
letras  humanas  acompanhada  com  a  profunda 
fciencia  de  hum,  e  outro  Direito  def- 
creve  elegantemente  feu  contemporâneo  o 
grande  Agoftinho  Barbofa  de  Voteftat.  Epif- 
cop.  Part.  I.  Tit.  3.  cap.  8.  n.  18.  Vir  legalis,  <& 
Pontificij  Júris  fcientia  conjpicuus,  et  dijciplinarum 
omnium  cognitione  ita  inclyttis,  ut  ejus  ingenium, 
comitatem,  et  in  litteris  humanis  Jcientiam  nulla 
fatis  aquare  poteft  admiratio;  oh  cujus  maximam 
eruditionem  ajfidiiamque  negotiorum  experientiam 
Vicarij  generalis  honore  Brachara  eft  infignitus. 
Naõ  foy  menos  douto  nos  preceitos  da  Poeíia, 
que  nas  dificuldades  da  Jurifprudencia,  como 
moílrou  com  enveja  dos  mayores  Poetas  no 
Certame  que  a  Univerfidade  de  Coimbra  con- 
fagrou  em  o  anno  de  1625.  à  Canonização  da 
Rainha  Santa  Izabel  compondo  por  infinua- 
çaõ  do  Bifpo  deíla  Cidade  D.  Joaõ  Manoel 
que  muito  o  eftimava  hum  Poema  Latino  que 
confta  de  759.  verfos  heróicos  acabado  no 
termo  de  onze  dias,  que  pofto  naõ  levou  o 
primeiro  premio  lhe  foy  julgado  outro  igual 
pelos  Juizes  do  Certame.  O  aíTumpto  do 
Poema  era  o  feguinte. 

Bella  inter  Kegem  Dyonijittm,  <&  Vrincipem 
A.lphonJum  filium  impie,  et  temere  Jujcitata  à 
Santijfima  'Kegina  Elifabetha  per  miraculum  glo- 
riojejedata.   Começa. 

Quid  figmenta  juvat  viãuris  tr adere  chartis! 

Sahio  impreíTo  fem  o  nome  do  Author 
a  foi.  37.  do  livro  intitulado  Sanãijtmce  Ke- 
gina Elifabethce  poeticum  Certamen.  &c.  Conim- 
bricae  apud  Dominicum  Gomes  do  Loureiro 
Acad.  Typ.  1626.  4.  Defta  obra,  e  do  Author 
fe  lembra  o  P.  António  dos  Reys  in  Enthuf. 
Poet.  n.  177. 

Dous  epigrammas,  e  huma  elegia  L,atina 
em  applau^o  de  Gabriel  Pereira  de  Cajlro,  que 
fahiraõ  no  principio  do  primeiro  Tom.  de  Manu 
Regia  UlyíTip.  apud  Petrum  Crasb.  1622.  foi. 

Epijiola  heróica  in  Eaudem  Gabrielis  Pereira 
de  Cajiro  Começa 

Vos  quibus  e  vulgo  non  eft  mens  dicite  qui  fit 
Cogitai  ut  de   libris  quem  anxia  detenet  uxor. 

Sahio  no  principio  do  2.  Tomo  de  Manu 
Regia  UlyíTip.  apud  eumdê.  Typ.    1625.  foi. 

BERNARDO  GOMES  DE  BRITO 
Naceo  em  Lisboa  a  20.  de  Mayo  de  1688.  e 


teve  por  Pays  a  Domingos  Gomez,  e  Mariana 
de  Brito.  Ainda  que  naõ  frequentou  as  efcolas, 
como  a  natureza  o  dotaíTe  de  feliz  memoria, 
e  boa  comprehenfaõ,  taes  foraõ  os  progreíTos 
que  a  fua  eíhidiofa  applicaçaõ,  fez  com  a  liçaõ 
da  Hiíloria  Sagrada,  e  profana  que  compoz 
as  obras  feguintes. 

Hiftoria  Tragico-maritima,  em  que  Je  ejcrevem 
chronologicamente  os  naufrágios,  que  tiveràÕ 
as  nãos  de  Portugal  depois  que  Je  pov^  em 
exercido  a  navegação  da  Índia.  Tom.  i.  Lis- 
boa na  Officina  da  Congregação  do  Orató- 
rio 1735.  4. 

Tom.  2.    Lisboa  na  dita  Officina  1736.  4. 

Tom.  3.  4.  e  5.  eftaõ  promptos  para  a 
ImpreíTaõ,  como  taõbem  eftaõ. 

Virtudes  pelas  acçoens  dos  Portugueses  obra- 
das em  todas  as  quatro  partes  do  mundo 
authori^adas  por  vários  Authores  Portuguet^es. 
M.    S. 

Sentenças,  Máximas,  e  Apothegmas  moraes, 
e  políticos  efcritos  por  Eugares  comuns.  10.  Tom.  4. 
M.  S. 

Fr.  BERNARDO  DE  S.  JOAM  EVAN- 
GELISTA. Naceo  em  Lisboa  onde  foy  bau- 
tizado  na  Parochia  de  Santa  Catherina  a  18. 
de  Mayo  de  1690.  Foy  filho  de  Joaõ  Pereira 
Peftana,  e  D.  Antónia  Coutinho  de  Andrade. 
Sendo  de  pouca  idade  fe  aliftou  na  milicia 
Seráfica  profeíTando  a  Terceira  Regra  da 
Penitencia  no  eftado  de  Secular,  porém  que- 
rendo fazer  a  Deos  mais  grato  facrificio,  e  ao 
Patriarcha  Seráfico  mayor  obfequio  fe  ligou 
com  os  três  votos  eílenciaes  em  o  Convento 
de  N.  Senhora  de  JESUS  defta  Corte  a  30.  de 
Outubro  de  171 2.  Depois  de  eftudar  Artes,^ 
e  Theologia  em  que  defendeo  com  applaufc 
Conclufoens,  fe  dedicou  ao  minifterio  de 
Púlpito  no  qual  moftrou  a  grande  capacidade 
que  tinha  para  elle.  Em  o  Capitulo  celebradc 
no  anno  de  1728.  foy  nomeado  Meftre  das 
remonias  do  Convento  defta  Corte  em  cujs 
occupaçaõ  emendou  muitos  abufos  que  o  deCi 
cuido  tinha  introduzido,  e  para  que  houvefl*^ 
uniformidade  nas  Ceremonias  efcreveo. 

Epitome  de  Cerimonias  foi. 

O  qual  eftando  para  lhe  pór  a  ultima  maõ 
o  naõ  fez  impedido  pela  morte  que  o  privou 
da  vida  a  7.  de  Março  de   1735.  Faz  men- 


I 


L  USITANA. 


533 


caõ  do  Author,  e  da  obra  Fr.  Joan.  i  D.  Ant. 
pib/iof.  Fraticifc.  Tom.   i.  pag.  216.  col.  i. 

BERNARDO  JOSEPH  PESSOA  DE 
CASTRO  natural  de  Monte  mór  o  velho 
do  Bifpado  de  Coimbra,  Presbytero  do 
habito  de  S.  Pedro,  igualmente  douto  na 
Theologia,  como  na  Oratória  EcclefiaTtica. 
Imprimio. 

SermaÕ  nas  exéquias  Ho  Excellentijftmo 
Senhor  D.  Ntmo  Alvares  Pereira  de  Mello 
Duque  do  Cadaval  celebradas  na  l^eja  da 
Santa  Miv^ericordia  da  famoja  Villa  de  Ten- 
túgal à  dijpojiçaõ,  e  difpendio  do  Senado  da 
me/ma  Villa.  Sahio  imprcíTo  nas  Ultimas 
Acçoens  do  me/mo  Duque.  Lisboa  na  Officina 
da  Mufíca.  1730.  foi.  à  pag.  iii.  até  126. 
e   Coimbra   por   António   Alvares    1727.   4. 

Fr.  BERNARDO  DA  MADRE  DE 
DEOS  natural  de  Lisboa  onde  profeflbu  o 
Sagrado  inílituto  da  Ordem  da  SantiíTima 
Trindade  a  25.  de  Janeiro  de  1557.  Foy 
ornado  de  todas  aquellas  virtudes  que  confti- 
I  tuem  hum  perfeito  Religiofo  principalmente 
na  exaéla  obfervancia  da  Regra,  e  incan- 
Ikvel  zelo  com  que  exercitou  o  Ofíicio  de 
Procurador  geral  da  Religião.  Falleceo  no 
Convento  pátrio  a  8.  de  Agofto  de  1587. 
Compoz. 

Vergel  de  Sacerdotes.  4.  M.  S. 

Doutrina  para  bem  morrer  4.  M.  S. 

Eftas  duas  obras  fe  confervaõ  na  Livra- 
ria do  Convento  de  Lisboa. 

Tratado  da  Injlitiiiçaõ  da  Irmandade  da 
Mifericordia  de  Lisboa  ordenada  pela  Rainha 
D.  Leonor  mulher  delKei  D.  Manoel;  e  Fr. 
Miguel  de  Contreiras  Trinitario.  M.  S. 


le  BERNARDO      DE     MEYRELLES 

0  FREYRE    filho    do     Licenciado    Joaõ    da 
:•       Rocha    Teixeira    que    morreu    fendo    Corre- 

1  gedor  de  Caílellobranco,  e  D.  Thereza  Ma- 
ria de  Brito,  naceo  na  Cidade  do  Porto  a  19. 
de  Agoílo  de  1681.  Na  idade  juvenil  entrou 
na  Companhia  de  JESUS  onde  eíhidou  le- 
tras humanas,  e  as  f ciências  efcholaílicas, 
com  tanto  progreflb  da  fua  applicaçaõ  que 

ij       defendeo    Conclufoens    da    Ethica    em  Evo- 
j.       ra,  e  de  Direito  Cefareo  em  Coimbra.    Dei- 


xando a  Religião  por  juílas  cauías  levou 
por  oppoíiçaõ  a  Abbadia  de  Sita  Eulália  de 
Conílance,  onde  procedeo  taõ  louvavelmente 
que  foy  eleito  Vifitador  da  Comarca  da  Feira, 
cuja  cominaõ  executou  com  íumma  prudên- 
cia. Teve  grande  génio  para  a  Poeíia  Latina 
como  modrou  nas  obras  que  compoz,  prin- 
cipalmente a  vida  do  Irmaô  Lui2  Soares 
natural  do  Porto  da  Companhia  de  Jefus 
de  quem  faz  larga  memoria  o  P.  Franca 
Imag.  da  Virt.  do  Noviciado  de  Lisboa  liv.  4. 
cap.  49.  o  qual  morreo  em  Évora  a  29.  de 
Julho  dei  70  j.  Começava. 

Praclarum  vir  tu  te  virum  florenlibus  annis  Ó^c. 

Na  obra  intitulada  Lnftíania  coronata  que 
fahio.  UlyíTipone  apud  Valentinum  da  Cofta 
Deflandes  Ser.  Reg.  Typ.  1708.  a  qual  con- 
fagrou  o  Collegio  da  Companhia  de  Jefus 
de  Coimbra  à  Coroação  do  auguílo  Monarcha 
D.  Joaõ  o  V.  noflb  Senhor.  Saõ  feus  dous 
Poemas;  o  delRey  D.  AfTonfo  primeiro  que 
começa. 
Condi tor  Imperij  generofa  Jlirpis  origo 

Cui  fa£ta    eximium   promeruere    decus    e^f. 
E  o  delRey  D.  Pedro  IL  cujo  Principio  he. 
Qmm  Kegum  hcec  Juerint  geftamina  clara  poten- 
tum. 

Qualiaque  omarint  têmpora  Nate  vides.  <&c. 

Intentava  publicar  alguns  dos  feus  Ser- 
moens  juntamente  com  os  de  feu  Irmaõ 
Luiz  de  S.  Bernardo  Cónego  Secular  do 
Evangeliíla  Lente  jubilado,  e  Examinador 
das  Ordens  Militares,  e  grande  pregador 
dos  noíTos  tempos  cuja  obra  por  fer  parta 
de  dous  irmaõs  intitulava. 

Caftor,  e  Pollux. 

A  qual  naõ  logrou  da  luz  publica  por 
defaparecer    com    a    morte    de    feu    Irmaõ. 

Fr.  BERNARDO  DE  S.  MIGUEL 
natural  de  Villa  nova  de  Cerveira  da  Pro- 
vinda de  Entre  Douro,  e  Minho.  Na  idade 
da  adolefcencia  entrou  no  Real  Convento 
de  Alcobaça  a  13.  de  Dezembro  de  1650. 
onde  profeílou  o  Inílituto  Monachal  Ciíler- 
cienfe  a  13.  de  Fevereiro  de  1652.  Ainda 
que  fe  applicou  às  letras  fendo  Meíbre  de 
Theologia  Moral  em  Alcobaça,  mayor  foy 
fempre  o  feu  eftudo  para  as  virtudes,  que 
cultivou    como    Monge    obfervantiflimo    de 


534 


BIB  LIO  THE  CA 


íal  modo  que  o  Ven.  P.  Fr.  António  das 
Chagas  celebre  MiíTionario  Apoílolico  o  pedio 
iio  Geral  Fr.  Sebaftiaõ  de  Sottomayor  para 
companheiro  das  fuás  Evangélicas  MiíToens. 
Querendo  dedicarfe  com  mayor  fervor  à 
contemplação  fe  retirou  ao  Solitário  Con- 
vento de  S.  Chriílovaõ  de  Alafoens  onde 
paíTava  muitas  horas  meditando  na  Paixaõ 
do  Redcmptor,  e  na  excellencia  dos  atributos 
divinos.  Morreo  com  evidentes  íinaes  de 
predeílinado  no  Convento  de  Alcobaça  em 
o  anno  de  1697.    Compoz. 

EJpelho  da  re^àõ,  amor  acertado.  Propõem 
a  reãa  re:(aÕ  à  vontade  vários  documentos,  e  acer- 
tados concelhos  com  que  injlruida  fe  defvie  de  amar 
Mquillo  que  à  alma  fa^  mayor  damno,  e  ame  fó 
o  que  lhe  ferve  de  merecimento.  Lisboa  por 
Domingos  Carneiro.    1690.   8. 

P.  BERNARDO  NOGUEYRA.  Naceo 
«m  Fremona  Cidade  famofa  da  Etiópia  fendo 
feu  Pay  por  origem  Portuguez,  e  por  geração 
nobre,  defcendente  daquelles  celebres  Solda- 
dos que  acompanharão  a  D.  Chriílovaõ  da 
Gama  quando  paílou  àquelle  vafto  império. 
Defde  a  primeira  idade  fe  criou  no  Seminário 
da  Companhia,  onde  teve  por  Meílre  ao  P.  Ma- 
noel de  Almeyda  erudito  author  da  Hiftoria 
da  Etiópia  o  qual  naõ  fomente  lhe  eníinou  a 
Eingua  Portugueza,  e  Latina  nas  quaes  fahio 
perfeitamente  inílruido,  mas  o  elegeu  por  feu 
Interprete  quando  foy  por  Embaxador  ao 
Emperador  Soltaõ  Segued  em  o  anno  de  1624. 
Ao  tempo  que  o  Patriarcha  D.  Aifonfo  Men- 
des achou  aquella  vinha  da  Etiópia  taõ  agreiie 
o  admitio  por  feu  companheiro  para  que 
ambos  a  cultivaíTem,  empreza,  que  executou 
com  taõ  apoílolico  zelo  que  fendo  expulfos 
daquelle  Império  todos  os  Operários  Evangé- 
licos com  o  Patriarcha  no  anno  de  1632.  elle 
encheo  as  obrigaçoens  de  Vigário  Geral  da- 
quella  Igreja  padecendo  intoleráveis  fomes,  e 
fedes;  atraveíTando  diverfas  terras,  e  fobindo 
ferras  innaceíTiveis  para  fuílentar  a  Fé  Romana 
contra  os  fcifmaticos  dogmas  de  Alexandria. 
Chegando  à  noticia  do  Geral  da  Companhia  o 
P.  Francifco  Picolomini  as  acçoens  apoílolicas 
que  tinha  exercitado  em  obfequio  da  Religião 
Chriílaã  mandou  em  anno  de  1650.  que  foífe 
admitido  à  Companhia,   e  tanto   que  veHio 


a  Roupeta  fe  lhe  infundio  mais  ardente  efpi- 
rito    para    infantigavelmente    promover    os 
augmentos  da  Fé,   até  que  fendo   mandado 
pelo  Patriarcha  AiFonfo  Mendes  ao  Reyno  de 
Gojaõ  para  alivio  de  alguns  Catholicos  que 
eílavaõ,  havia  largo  tempo,  fem  Sacerdote, 
que  lhe  miniílraíTe  os   Sacramentos  foy  de- 
latado ao  Vice-Rey  em  cuja  prezença  pro- 
teílando  heroicamente  a  Fè  que  profeíTava, 
ordenou  o  bárbaro  que  foífe  condenado  à 
morte  que  padeceu  fufpenfo  em  huma  ar- 
vore com  grande  conílancia  em  o  anno  de 
1653.  Celebraõ  a  fua  memoria  Mathias  Tannef  j 
Societ.  Jefu  ufque  ad  Sang.  <&  Vit.  profuf.  mili-  1 
tans  pag.  205.  Tellez  Hifl.  da  Etiop.  Alt.  liv.  6.  | 
cap.  40.  e  pag.  706.  Nadas.  Ann.  dier.  Mem.  S.  J.  'i 
Part.  2.  pag.  351.  Andrad.  Hijl.  delas  Varon. 
illufi.  dela  Comp.  Tom.  6.    Efcreveo. 
Diverfas  Cartas. 

Que  o  Padre  Telles  no  lugar  aíTima  allegado  ' 
intitula  doutijfimas,  e  eloquentijfimas  nas  quaes 
relata  o  eílado  calamitofo  da  Igreja  da  Etiópia, 
e  delias  imprimio  duas  o  mefmo  Telles  no  , 
Uvr.  6.  cap.  40.  e  cap.  41.  da  Hifi.  da  Etiópia 
Alta. 

Kalendario  de  alguns,  que  morrerão  pela  Fé  em 
Etiópia  na  perfeguiçaõ  do  Emperador  Faciladas 
em  que  fe  conta  a  morte  gloriofijfima  do  in- 
viãijjimo  Príncipe  Kã^  Cela  Chrifiós.  Eíla  obra, 
que  compoz  por  ordem  do  Patriarcha 
D.  Aifonfo  Mendes  fahio  impreíla  na  Hifi. 
da  Etiópia  Alta.  p.  703.  e  a  mandou  o 
mefmo  Patriarcha  ao  P.  Telles  com  huma  carta 
efcrita  de  Goa  a  29.  de  Setembro  de  165  5.  que  , 
eftà  impreífa  na  prefação  da  Hifi.  da  Etiop.  em  a 
qual  lhe  diz  entre  outras  coufas  o  P.  Bernardo 
Nogueira  Governador  daquella  Igreja  em  noffo 
nome  teve  partes  taõ  avantajadas  para  efie  minif- 
terio,  que  fe  lhe  faltou  a  dignidade  fobejou-lhe 
a  fuficiencia  para  fer  hum  famofo  Bifpo,  e  Pa- 
triarcha. 

Cartas  ao  Patriarcha  D.  Affonfo  Mendes  efcri- 
tas  da  Etiópia  em  11.  de  Junho  de  1646.  as  quaes 
publicou  o  dito  Patriarcha  in  Expedit.  Mtiopic. 
lib.  4.  cap.  21. 

Cartas  efcritas  aos  Padres  da  Companhia  da 
Etiópia  em  11.  de  Majo  de  1647.  Na  dita  Exped. 
JEtiop.  cap.  23.  e  outras  muitas  dos  annos  de 
1650.  165 1.  e  1652.  copiadas  nos  Capitul.  32. 
e  33.  Exped.  Mtiop. 


1 


L  USITANA. 


535 


BERNARDO  PEREYRA.  Nacco  na 
Cidade  de  Miranda  em  a  Provincia  Tranfmon- 
Huift  a  II.  de  Dezembro  de  1681.  onde  teve 
ir  Pays  ao  Doutor  Manoel  Lopes  Pereira 

idico  daquella  Gdade,  e  de  Teus  Excellen- 
Imos  Bifpos  D.  Fr.  Lourenço  de  Caílro, 

Fr.  António  de  Santa  Maria,  D.  Manoel 

Moura  Manoel,  e  D.  Joaõ  Franco  de  Oli- 
,,  de  quem  faremos  memoria  em  feu  lugar, 
e  Antónia  de  Oliveira.  Depois  de  ter  apren- 
didos os  rudimentos  Grammaticaes  na  fua  Pá- 
tria paíTou  á  Univerfídade  de  G>imbra,  e  nella 
fe  applicou  à  Arte  da  Medicina  em  que  feu 
Pay  fora  infigne  recebendo  o  gráo  de  Bacharel 
em  20.  de  Mayo  de  1709.  Como  o  feu  talento 
fbflc  de  mayor  esfera  naõ  fatisfcito  com  a  appli- 
àiçaõ  de  huma  faculdade  paííou  fcgunda 
fez  a  Gjimbra,  c  cftudando  Direito  Cc- 
fiueo  fez  tacs  progreflbs  a  fua  applicaçaõ 
^e  fe  formou  ncíla  Faculdade  a  27.  de  Ju- 
fiho  de  1739.  He  Medico  na  Villa  de  Sar- 
doal onde  a  fua  fciencia  triunfa  das  infermi- 
dades  mais  rebeldes  fendo  verfado  em  todo 
o  género  de  erudição  como  publicaõ  as  obras 
feguintes. 

PraãJca  de  Sangradores  reformada.  Coim- 
bra no  Collegio  das  Artes  da  Companhia 
de  JESUS  1719.  8.  Sahio  com  o  nome  de 
Leonardo  de  Priílo  da  Barreira. 

Difciírfo  Apologético,  em  defenja  dos  prodígios 
ia  naturev^a  viftos  pela  experiência,  qualificados 
por  força  de  hum  fuceffo  para  conhecimento  de  muitos 
efeitos,  e  ocultas  qualidades.  Coimbra  na  dita 
Officina.  1719.  4.  Efte  Difcurfo  he  acerca 
de  hum  monílro  que  naceo  na  Villa  de  Caf- 
tcllobranco  em  que  fe  moftra  o  Author  fumma- 
mente  verfado  em  a  erudição  Sagrada,  e 
profana. 

Anacephaleufis  Medico-Theologica,  Magica,  Ju- 
rídica, e  Politica  f obre  a  cura  das  doenças  dos  fei- 
tiços, e  o  feu  conhecimento.    Coimbra  por  Fran- 
cifco  de  Oliveira.     1734.  4. 
Obras  Medicas.  M.  S. 

Difcurfo  Racional  fobre  o  ufo,  e  applicaçaõ 
dos  pós  de  Quintilio. 

Abufo  emendado  de  hum  ufo  introdut^do  fobre 
as  féis  caufas  naõ  naturaes. 

Tyrocinio  Medico  Pra£Hco  fobre  as  enfermi- 
dades do  corpo  humano,  e  fua  Cura. 

De    morbis    mulierum,    eorumque    curatione 


Calenica,  Chymica,  €>•  Hypocratica. 

Traílatus  de  Pleuriíide 

Annotationes,  addiíiones,  et  refleãiorui  aà 
Kiveríj  praxim,  et  ohfervaliones. 

De  morbis  complicaíis,  eorumque  rationali 
methodo  pro  eorum  curatione. 

Obras  varias  Medico-Politicas  Aí.  S. 

Applaufo  affe^uofo  na  vinda  do  Excellentif- 
fimo  Marque^  de  Abrantes  à  Villa  do  Sardoat 
em  II,  de  Novembro  de  1719.  depois  de  fe  ter  rejli- 
tuido  da  Corte  de  Roma  à  de  Usboa. 

Sobre  poderem  as  molheres  fer  fecundas,  e 
parir  depois  de  cincoenta  annos. 

Sobre  hum  Veto  de  três  me!(es,  e  vinte  dias  fer 
vital,  e  legitimo. 

Sobre  fe  poder  gerar  veneno  dentro  do  corpo 
humano,  e  que  huma  morte  que  quii(eraÕ  atribuir 
a  veneno  propinado  podia  proceder  de  veneno  nativo 
fe  a  defunta  era  morbofa,  e  valetudinária. 

QueftaÕ  politica.  Qual  feja  mayor  felicidade 
dos  Pays  na  pojfeffaõ  dos  filhos,  fe  deixallos  opu- 
lentos de  morgados,  fe  criallos  com  inclinação  às 
letras? 

Obfervaçoens  de  vários  cafos  de  Medicina. 

Varias  cartas,  confultas,  e  pareceres  Médi- 
cos, foi. 

BERNARDO  PEREIRA  DA  SYLVA. 
Naceo  em  Lisboa  fendo  filho  de  Joaõ  Pe- 
reira da  Sylva  Cavalleiro  profeíTo  da  Or- 
dem de  Chriílo,  e  de  D.  Urfula  da  Sylva 
Lobo.  A  viveza  de  engenho,  que  defcubrio 
nos  primeiros  annos  foy  certo  vatidnio 
dos  excellentes  progreíTos  que  faria  nos 
mayores  de  que  foy  plauzivel  theatro  a  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  onde  recebeo  o  gráa 
de  Meílre  em  Artes,  e  de  Doutor  na  Facul- 
dade de  Direito  Cefareo  cujas  dificuldades  de- 
pois de  fer  admitido  a  CoUegial  do  Collegia 
Real  de  S.  Paulo  a  11.  de  Fevereiro  de  1698. 
fubtilmente  interpretou  como  Meílre  em  2l 
Cadeira  do  Código  em  o  anno  de  1707. 
donde  paíTou  para  a  do  Digefto  Velho  com 
igualaçoens  à  de  Vefpera  em  171 6.  Teve 
igual  engenho  para  a  Poefia  Latina,  e  vul- 
gar, como  para  a  Oratória,  de  cujas  ele- 
gantes, expreíToens  ainda  fe  confervaõ  na. 
Athenas  Conimbricenfe  faudofas  memorias. 
Foy  Cavalleiro  da  Ordem  de  Chriílo,  De- 
zembargador    da    Relação    do    Porto,    e    da 


536 


BIBLIOTHE CA 


Cafa  da  Supplicaçaõ  de  que  tomou  poíTe  por 
feu  Procurador  o  Doutor  Manoel  da  Cunha 
Sardinha  a  26.  de  Setembro  de  171 1.  e 
de  Dezembargador  titular  de  Aggravos  com 
exercicio  nas  Ferias  a  14.  de  Novembro  de 
171 5.  Falleceo  na  Pátria  em  Domingo  de 
Pafchoa  28.  de  Março  de  1723.  e  jaz  fepul- 
tado  na  Ermida  dos  Fieis  de  Deos.  Diftou 
huma  Poílilla  ao  Tit.  Cod.  de  Petitione  hare- 
ditatis,  e  outra  a  L.  2.  Cod.  de  Evi£íionibus. 
Da  fua  veya  poética  podendo  deixar  muitos 
argumentos,  fomente  fe  publicou. 

Dous  Epigrammas  'Latinos  hum  em  applaufo 
do  Dezembargador  Diogo  Guerreiro  Ca- 
macho de  Aboim  com  hum  elogio  latino 
que  fe  imprimio  no  feu  Tratado  de  Ke- 
cíífationibus  omnium  Judicum.  Conimbricae  apud 
Joan.  Antunes  1699.  foi.  e  outro  ad  Zoy- 
lum. 

Também  he  obra  fua  o  Epitáfio  que  eftà 
gravado  na  Sepultura  do  celebre  Advogado, 
e  grande  Jurifconfulto  Manoel  Alvares  Pegas, 
o  qual  começa. 
Eximus  Themidis  cujlos  hác  conditur  urna. 

Maximm  Emmanuel  Alvarus  tile  Pegas.  &c. 
Confta  de  6.  Dyftichos. 

Faz    delle    muito   diílinta    memoria    meu 
Irmaõ   D.  Jozé   Barbofa  nas  Memorias  Hiji. 
do  Colleg.  Keal  de  S.  Paul.  pag.  236.  e  no  Archia- 
then.  Eufit.  pag.  62. 
Urhis  Ulyjfea  'Bernardus  gloria  júris. 
Hic  vivus  the^^aurus  erit;  Jociare  camenis 
Jura  Jciet  latio,  pátrio  ve  canentihus  ore. 
Hic  dejiderium  immatura  morte  relinquet 
Omnihus,  at  vivet  volitantis  munere  fama. 

BERNARDO  PIMENTA  DO  AVEL- 
LAR  natural  da  Villa  de  Abrantes  do  Bifpado 
da  Guarda  chamado  antigamente  Bernardo 
Corrêa  da  Sylva  cujos  appellidos  mudou  em  os 
de  Pimenta,  e  Avellar  por  fucceder  a  feu  Irmaõ 
no  Morgado  de  Rio  torto  o  qual  tem  exprefla 
claufula  de  que  o  herdeiro  uze  deíles  appelli- 
dos. Foy  filho  de  Gonçalo  Pimenta  de  Avellar 
Sargento  Mór  da  Villa  de  Abrantes,  e  de  fua 
mulher  D.  Maria  Corrêa  da  Sylva.  He  Fidalgo 
da  Cafa  Real,  Capitão  Mór  da  Villa  de  Thomar, 
Guardaroupa  delRey  D.  Joaõ  o  V.  e  Eftribeiro 
Mór  que  foy  dos  Senhores  D.  Miguel,  e  D. 
Jozé  fiilhos  do  SereniíTimo  Rey  D.  Pedro  II.  e 


Efcrivaõ  dos  Filhamentos  da  Cafa  ReaU 
Sendo  muito  verfado  na  liçaõ  da  hiftoria 
profana  o  naõ  he  menos  em  huma  das  fuás 
mais  nobres  partes  qual  he  a  Genealogia 
efcrevendo  vários  Tomos  de 

Familias  dejle  Keyno.  M.  S. 
fundado  nas  habilitaçoens  que  fe  fav^aõ  para 
os  foros  de  Fidalgo  (faõ  palavras  do  P.  An- 
tónio Caetano  de  Soufa  no  Apparat.  à 
HiJl.  Geneal.  da  Caf.  Keal  Portug.  pag.  iiz^\ 
§.  216.)  com  que  me  parece  nefla  conformidade 
fer   obra    exa£ía. 

BERNARDO  DE  PINNA,  E  MELLO 
Tenente  de  hum  Regimento,  taõ  nobre 
por  nacimento,  como  pela  fciencia  mili- 
tar, e  naõ  menos  pela  Poeíia  Cómica  em 
que  foy  infigne,  como  moftrou  na  obra  fe- 
guinte. 

El  Eu^ero  dei  Oriente  S.  Francifco  de 
Xavier.  Coimbra  por  Thomè  Carvalho 
1657.  4. 

Cuja  obra  louva  o  P.  António  dos  Reys 
Enthujtafm.  Poet.  n.  238.  com  eílas  elegan- 
tes vozes. 

=       Orientis  lumina  Phabi 
Qm    prius    afpiciunt    Gangetica     rura,    peten- 

tem 
Xaverium,    populofque    facro    de    rore    maden- 

tes 
E'  tumuloque  foras  revocata  cadavera,  rurfus 
Perfruitura  die,  tantos  fuper  aera  nimbos 
Nec  ruere  audentes  in  terras,  murmura  venti 
Voeis  ad  imperium  fubitó  reticentia,  moti 
Sedati  pelagi  rabiem,  tangente  Saporem 
Vix  pede  mutatas  in  dulcem  marmoris  undas 
Pinna  docet. 

BERNARDO  PINTO  DOS  S.\N- 
TOS  Presbytero  do  Habito  de  S.  Pedro  Ca- 
pellaõ  da  Capella  do  Santiflimo  Sacramento 
da  Santa  Bafilica  Patriarchal.  Para  acen- 
der os  aífeftos  Catholicos  em  obfequio,  e 
veneração  da  Imagem  de  N.  Senhora  da 
Piedade  que  eftà  excellentemente  pintada 
em  hum  quadro  de  huma  Capella  do  mefmo 
Templo,  efcreveo. 

Novena  de  Maria  Santiffima  com  o  titulo 
da  Senhora  da  Piedade,  e  Boa  Morte.  Lisboa 
na  Officina  da  Mufica  1720.  12. 


L  USITAN A. 


BERNARDO  RODRIGUEZ  cujo  U- 
lento  foy  admirável  em  todo  o  género  de 
compofiçoens  métricas,  de  que  íc  puderaõ 
formar  vários  volumes  fendo  entre  ellas  a 
mais  elegante  os  Tercetos  ao  SantiíTimo 
Nome  de  JESUS  dos  quaes  tranfcreveo  eftes 
verfos  Joaò  Pinto  Ribeiro  no  LmJI.  ao  Dei(tmb. 
éo  Paço.  cap.  ).  n.  34. 

Trabalhos  lhe  cujlou  nome  taõ  nobre 
Vtyo  ao  mimdo,  morreo,  venceo  o  imigo 
Deixou  o  inferno  dejpojado,  e  pobre. 
Morreo   cm    Lisboa   a    20.    de   Outubro 
de  163 1.  e  cílà  fcpuitado  na  Igreja  velha  de 
Santo   Antaõ  o   novo.     Dellc   faz   memoria 
Jacinto  Cordeiro  BJog.  dos  Poet.  Portug.  Out.  59. 
De  "Bernardo  Rodriff4et(^  hn^e  el  fruto 
De  verfos,  de  conceptos,  y  de  flores 
Coronas  dei  haitrel  por  atributo 
A  tal  ingenio  quedan  inferiores. 

BERNARDO  DA  SYLVA  MOURA  Ca- 
valleiro  profeíTo  da  Ordem  de  Chrifto,  Familiar 
do  Santo  Officio  naceo  em  a  Viila  da  Torre  de 
Moncorvo  em  a  Provincia  Tranfmontana  a 
4.  de  Julho  de  1693.  fendo  filho  de  Jozé  de 
Araújo,  e  Maria  da  Sylva.  Aprendidas  as 
primeiras  letras  na  pátria  paíTou  à  Univerfi- 
dade  de  Coimbra,  e  nella  fe  applicou  ao  eftudo 
da  Medicina,  em  cuja  faculdade  fe  formou  a 
19.  de  Julho  de  171 8.  Affiílio  muitos  annos  em 
a  Corte  de  Madrid,  onde  alcançou  taõ  grande 
opinião  a  fua  a  fciencia  medica  que  fe  lhe  deu 
ampla  licença  a  6.  de  Julho  de  1724.  para  que 
uzaíTe  delia  em  todos  os  Reynos  de  Caftella. 
Voltando  para  Portugal  de  tal  forte  confervou 
a  mefma  fama  que  foy  eleyto  a  7.  de  Junho 
de  1733.  Medico  da  Camera  do  SereniíTimo 
Senhor  Infante  D.   António.    Compoz. 

Differfaçaõ  Medica  em  defenfa  da  Sangria 
da  Salvatella  direita  oferecida  aos  profejfores  da 
Medicina.  Lisboa  na  Officina  da  Congregação 
do  Oratório  1735.  4. 

DiJJerfaçaÕ  Medica  illuflrada,  ou  Sangria  da 
Salvatella  defendida  dividida  em  4.  Partes.  Lis- 
boa em  a  dita  Offic.  1739.  4. 

Com  o  anagrama  puro  do  feu  nome  "Nar- 
bredo  da  Savil  Sangrador  approvado,  e  Medico 
intrometido. 

Efcrupulos  Medicas,  e  Keparos  Chirur- 
gicos.     Lisboa    na    mefma    Officina    1739.    4. 


Ff.  BERNARDO  TELLES  natural  de 
IJsboa  filho  de  Manoel  Telles  da  Sylva  pri- 
meiro Marquez  de  Alegrete,  2.  Conde  de  ViUar- 
-mayor  Gentil  homem  da  Cameta  dos  SeieniT- 
fimos  Monarchas  D.  Pedro  II.  e  D.  Joaõ  o  V. 
e  Confelheiro  de  Eftado  de  quem  faremos  em 
feu  lugar  merecida  memoria.  Querendo  re- 
nacer  por  beneficio  da  graça  mais  illuftre  do 
que  fora  pela  liberalidade  da  natureza  recebeo 
a  Cogulla  Ciílercienfe  no  Real  Convento  de 
Alcobaça  a  8.  de  Outubro  de  1689.  onde  ít 
adiantou  a  todos  os  feus  domeílicos  na  praâica 
das  virtudes,  e  comprehenfaò  das  fdendas. 
Depois  de  diâar  Theologia  em  que  moftrou 
a  fubtileza  do  feu  engenho,  recebeo  o  gráo  de 
Doutor  deíla  Faculdade  em  a  Univerfídade 
de  Coimbra  na  qual  foy  Conduâario  com  privi- 
légios de  I^nte  em  16.  de  Outubro  de  1706.  e 
igualado  à  Cadeira  de  Gabriel  por  Provizaõ  de 
25.  de  Outubro  de  1725.  Foy  Qualificador 
do  Santo  Officio,  Abbade  Reytor  do  Collegio 
de  S.  Bernardo  de  Coimbra,  e  ornado  de  hum 
génio  affavel,  e  fummamente  cortezaõ  pelo 
qual  conciliava  os  afeâos  de  todos  que  o 
tratavaõ :  fendo  fogeito  (como  em  feu  applauzo 
efcreveo  o  Meílre  Fr.  Manoel  dos  Santos  Mon- 
ge de  Ciíler  Chronifta  da  Ordem,  e  defte 
Reyno  em  a  Alcob.  Illujlrad.  Part.  i.  p.  81.  no 
Appar.  à  Hifl.)  em  todo  o  fentido  excellentijfimo, 
no  fangue,  e  nas  prendas  pejfoaes,  infigne  Theologo, 
confumado  Philofopho,  Orador  Ciceroniano,  Hu- 
manifia  florido ;  na  Predica  com  applau!(o,  e  Poeta 
mni  elegante.  Falleceo  no  Collegio  de  Coimbra 
a  22.  de  Dezembro  de  1716.    Publicou. 

Sermão  do  Auto  da  Fé  que  fe  celebrou  no  Pjocío 
de  L.isboa  em  Domingo  30.  de  Junho  de  1709. 
Lisboa  por  Manoel,  e  Jozé  Lopez  Ferreira 
1709.  4. 

BERNARDO  VIEYRA  RAVASCO. 
Naceo  na  Cidade  da  Bahia  Capital  da  Ame- 
rica Portugueza,  e  teve  por  Pays  a  Chrif- 
tovaõ  Vieira  Ravafco,  e  D.  Maria  de 
Azevedo,  e  por  Irmaõ  ao  infigne  P.  An- 
tónio Vieyra  Oráculo  da  eloquência  Ec- 
clefiiaftica,  do  qual  fenaõ  diílinguio  na 
fubtileza  do  engenho  com  que  a  natu- 
reza liberalmente  o  enriqueceo.  Defde  a 
adolefcencia  até  a  ultima  idade  fe  exer- 
citou com  fummo   valor,   e   naõ   menor  fi- 


538 


BIBLIO THE  CA 


delidade  em  obfequio  da  Pátria,  ou  foíTe  como 
Toldado,  ou  como  politico.  Pelo  largo  efpaço 
de  quatorze  annos  occupando  os  poftos  de 
Alferes,  e  Capitão  da  Infantaria  moílrou  os 
heróicos  efpiritos  que  lhe  animavaõ  o  cora- 
ção, achando-fe  nas  mais  perigofas  occaíiões, 
principalmente  quando  o  Conde  Nazau  em 
o  anno  de  1638.  aflaltou  as  trincheiras  do 
Forte  de  Santo  António  onde  com  morte  de 
muitos  Olandezes  recebeo  huma  penetrante 
ferida  na  maõ  efquerda.  Ainda  foy  mayor 
a  valentia  com  que  no  anno  de  1647.  impedio 
que  na  Ilha  de  Itaparica  fe  fortificaíTe  o  Ge- 
neral Sigifmundo,  e  ultimamente  já  quando 
por  eílar  reformado  no  anno  de  165 1.  parecia 
naõ  ter  obrigação  de  empunhar  as  armas,  fe 
embarcou  animofamente  em  huma  Canoa, 
naõ  obílante  a  furiofa  tempeftade  que  corria, 
e  foccorreo  ao  Meílre  de  Campo  Nicoláo 
Aranha  para  que  quatro  Náos  Olandezas 
naõ  infeftaíTem  os  Engenhos  de  PeragaíTu. 
Iguaes,  ou  mayores  foraõ  os  feus  ferviços 
quando  exercitou  até  a  morte  o  lugar  de  Secre- 
tario de  Eílado,  e  Guerra  do  Brazil,  em  cujo 
miniílerio  em  que  foy  provido  pela  Mageftade 
delRey  D.  Joaõ  o  IV.  a  7.  de  Março  de  1650. 
encheo  as  obrigações  de  taõ  grande  oííicio 
com  fummo  deíintereíTe,  e  grande  capacidade, 
merecendo  em  premio  que  ElRey  D.  Pedro  II. 
o  fizefle  Fidalgo  de  Sua  Caza,  e  Alcayde 
mòr  da  Cidade  de  Cabo  Frio.  Foy  orna- 
do de  prezença  agradável,  entendimento 
agudo,  e  memoria  feliz.  Retribuhio  ag- 
gravos  com  benefícios  fem  que  nunca  em 
o  femblante  fe  defcobriíTe  o  menor  fínal 
de  indignação.  Como  era  naturalmente 
generofo  difpendeo  o  que  poílubia  mais 
em  remédio  da  pobreza,  que  oítentaçaõ 
da  vaidade.  Teve  natural  génio  para  a  Poe- 
zia  que  praétícou  com  tanta  felicidade  que 
os  feus  verfos  eraõ  conhecidos  pela  elegân- 
cia do  metro,  e  fineza  dos  penfamentos, 
fem  que  tiveílem  o  feu  nome.  Naõ  teve 
menor  inftrucçaõ  da  Hiíloria  Sagrada,  e 
Profana,  e  da  Geografia.  Accommetido 
da  ultima  infirmidade,  e  preparado  com 
os  Sacramentos  falleceo  a  20.  de  Julho 
de  1697.  dous  dias  depois  da  morte  de  feu 
Irmaõ  o  P.  António  Vieyra,  e  naõ  hum, 
como  efcreve  Sebaíliaõ  da  Rocha  Pitta  Hifi. 


da  America  Portug.  liv.  8.  §.  56.  onde  refleéle 
como  myíleriofa  circunílancia  que  morreílè 
da  mefma  infermidade  que  privou  da  vida 
a  feu  Irmaõ.  Jaz  fepultado  na  Capella  do  San- 
tiíTimo  Sacramento  Collateral  da  parte  do 
Evangelho  em  o  Convento  do  Carmo  da 
Bahia,  da  qual  era  Padroeiro.  Teve  dous 
filhos  naturaes;  o  primeiro  chamado  Chrif- 
tovaõ  Vieyra  Ravafco,  que  foy  Capitão  de 
Infantaria,  e  o  fegundo  Gonçalo  Ravafco 
Cavalcanti,  e  Albuquerque,  Commendador 
da  Ordem  de  Chriílo,  e  herdeiro  do  lu- 
gar de  Secretario  de  Eftado  por  Provi- 
zaõ  do  SereniíTimo  Príncipe  Regente  D.  Pe- 
dro, paíTada  a  22.  de  Mayo  de  1676.  e  da 
Alcaydaria  de  Cabo  Frio,  o  qual  foy  ca- 
zado  com  D.  Leonor  Jozepha  de  Me- 
nezes filha  do  Sargento  mór  Diogo  Moniz 
Barreto,  de  quem  naõ  deixou  fucceíTaõ. 
Compoz 

Defcripçaõ  Topographica,  'Exckjiafiica,  Civil, 
e  natural  do  EJiado  do  Brat^il  M.  S.  foi.  da  qual 
confervo  em  meu  poder  alguma  parte  efcrita 
da  própria  maõ  do  Author  com  eftylo  dif- 
creto,  e  elegante,  cujo  principio  he.  Def- 
cuherta  ejia  parte  da  America  em  ^.  de  Mayo 
de  1500.  pela  myfierioja  porfia  das  tempeftades 
que  impedirão  a  derrota  a  tre^e  Náos  com  que  o 
Serenijfimo  ^ey  D.  Manoel  mandava  Pedro  Al- 
vares Cabral  a  Jnceder  no  Governo  da  Índia  ao 
feu  primeiro  Defcubridor  Vafco  da  Gama:  arre- 
batando-as  a  Providencia  Divina  por  mares  igto- 
rados  a  hum  porto  {cuja  altura  do  fundo,  e  tran- 
quillidade  de  aguas  lhe  deo  o  nome  de  Seguro)  para 
ao  me/mo  tempo  ferem  os  Portugueses  os  que 
levaffem  a  lu^  Evangélica  à  Gentilidade  das  Rf- 
giões  mais  Septentrionaes  da  Aurora,  e  mais 
Aujiraes  do  Occidente. 

Poefias  Portuguesas,  e  Caftelhanas  de  vá- 
rios metros,  das  quaes  fe  podiaõ  formar 
4.  Tomos  de  jufta  grandeza,  efcritas  da 
própria  maõ  do  Author^  como  as  vio 
meu  Irmaõ  o  Doutor  Ignacio  Barboza 
Machado,  quando  exercitava  o  lugar  de 
Juiz  de  fora,  e  Provedor  da  Cidade  da 
Bahia. 

Três  Decimas  à  Senhora  D.  Ifabel  Prin- 
cesa de  Portugal  tendo  morto  em  Salvaterra 
de  hum  tiro  a  hum  Javali.  Sahiraõ  im- 
prelfas    no    Tom.     5.     da    I^enis    Kenacida, 


L  USITAN  A. 


OH  Obras  Poéticas  dos  melfjores  wg/mbos  Portu- 
gne^ts.  Lisboa  por  António  Pedro2o  GaU 
raõ.  1728.  8.  a  pag.  268. 

Para  fe  conhecer  claramente  a  facilidade 
da  fua  Mufa  tranfcreverey  hum  Soneto  extem- 
porâneo que  fe2  eftando  no  Paço  á  petição 
de  Domingos  de  Aguiar  Porteiro  da  Camará 
da  Raynha,  acerca  de  hum  Papagayo  que  fe 
oHerecia  á  mefma  Senhora,  em  o  qual  compete 
a  difcriçaõ  com  a  elegância,  c  fahio  imprcíTo 
na  CollecçaÕ  Politica  de  Apophtbemas  Memora' 
veis,  Part.  i.  liv.  2.  pag.  80. 
Íris  par  lera,  Abril  organizado, 

Kamillete  de  plumas  con  fentido, 

Hybla  con  alma,  irracional  florido. 

Primavera  con  pies,  Jardin  alado. 
Qmn^  en  el  ayre  libre  enamorado 

Barbaramente   hablavas:   oy  polido 

Prefo  te  veo,y  en  vano  divertido 

Con  la  tema  de  nunca  ejlar  callado. 
Tu  en  Palácio  bien  vifto,y  con  cadenaX 

Quantos  lloran  la  lajlima  que  tocol 

Si  hablas  bien  fer  difcreto  te  condena. 
Porque  nò  buelas,  gritas  como  loco; 

Qiíexate  pues,  que  de  Palácio  es  pena 

Qtiexarje  mucho  los  que  buelan  poço. 

BIBIANO  PINTO  DA  SYLVA  Pres- 
bytero  do  habito  de  Saõ  Pedro,  formado  na 
Faculdade  dos  Sagrados  Cânones,  Notário 
do  Santo  Officio,  e  Familiar  da  Caza  do  Ex- 
cellentiffimo  D.  Pedro  de  Lencaílro  Duque 
de  Aveiro,  em  cujo  obfequio  para  que  fe 
fizeíTe  mais  manifefto  o  direito  que  tinha  à 
fucceflaõ  de  taõ  grande  Caza,  e  Eftado  pu- 
blicou 

Allegaçaõ  de  Direito  por  o  Senhor  D. 
Pedro  fobre  a  Juceffaõ  do  EJlado,  Cat^a,  e 
Titulo  de  Duque  de  Aveiro.  Lisboa,  por  Do- 
mingos Carneiro.  1666.  foi. 

Satisfação,  que  fe  dã  ao  que  a  favor  do  Senhor 
Marque;!^  de  Gouvea  efcreveraõ  os  Lentes,  Bacha- 
réis, e  Advogados  contra  o  Direito  folido  do  llluf- 
trijfimo,  e  Excellentijftmo  Senhor  o  Senhor  D.  Pe- 
dro trefneto  por  Varonia,  e  quarto  neto  do  Se- 
renijfimo  Key  D.  JoaÔ  o  II.  filho,  Irmaõ,  e 
Tio  dos  Duques  de  Aveiro,  e  Torres  Novas, 
Prefidente  que  foy  das  JuJHças  em  efles  Reynos, 
e  do  Confelho  do  Eftado,  í&c.  Lisboa:  por 
Joaõ  da  Coíla.  1667.  foi. 


Fr.  BOAVENTURA  DA  ASSUMPÇAM. 
natural  da  Villa  de  Aveiro  do  Biípado  de 
G^imbra  Cónego  Secular  da  Congregação  do 
Evangeliíla,  infigne  Pregador,  e  oaõ  menos 
douto  inveíligador  das  antiguidades  de  fua 
Pátria  efcrevendo 

Topographia  da  Villa  de  Aveiro,  obra  Ecclê' 
fiaflica,  e  Secular  com  huma  breve  defcripfoÕ  da 
Comarca,  foi.  M.  S. 

Fr.  BOAVENTURA  DAS  CHAGAS  na- 
tural da  Cidade  de  Cochim  na  índia  Orien- 
tal, Religiofo  profeíío  da  Seráfica  Ordem  da 
Província  da  Madre  de  Deos,  Lente  de  Thco- 
logia,  e  Guardião  do  Convento  de  Noíla 
Senhora  do  Pilar,  eleito  no  primeiro  Capitulo 
Provincial  defta  Provincia  celebrado  em  7.  de 
Fevereiro  de  1625.   compoz 

ExpoJiçaÕ  da  Kegra  de  SaÕ  Francifco  M.  S. 
Como  a  Author  defta  Obra  o  allega  Fr.  Ja- 
cinto de  Deos  no  livro  intitulado  Caminho 
dos  Frades  Menores  para  a  Vida  eterna  Prelud.  2. 
§.  7.  e  delle  faz  mençaõ  no  Vergel  de  Plant,  e 
Flor.  da  Prov.  da  Madre  de  Deos.  pag.  459. 
e  Fr.  Joan.  a  D.  Anton.  Bib.  Francifcan.  Tom.  i, 
pag.  238. 

Fr.  BOAVENTURA  DAS  CHA- 
GAS naceo  em  Lisboa,  donde  paliando  à 
índia  Oriental  recebeo  o  habito  de  Ere- 
mita de  Santo  Agoílinho  no  Convento  de 
Goa,  em  o  anno  de  1624.  e  neUe  leo  Fi- 
lofofia  aos  feus  Religiofos.  Voltando  para 
Portugal  em  o  anno  de  1634.  depois  de 
exercitar  alguns  lugares  da  Ordem  com 
prudência,  e  affabilidade  foy  eleito  Pro- 
vincial no  anno  de  165 1.  cujo  governo  exer- 
citou peio  efpaço  de  féis  annos.  Sendo 
mandado  a  Roma  affiítir  ao  Capitulo  Ge- 
rai celebrado  em  o  anno  de  1661.  foy  no- 
meado AíTiftente  do  Geral  feparado  das 
Provindas  de  Caílella  onde  falleceo,  em  1664. 
Compoz 

Curfus  Philofophicus.  foi.  grande. 

Compendium  totius  Theoloffce.  foi. 

Eíles  dous  volumes  fe  confervaõ  na  Li- 
vraria do  Convento      da  Graça  defta  Corte 

Fr.  BOAVENTURA  MACHADO  na- 
tural  de    Lisboa   onde   inftruido   nas   letras 


540 


BIBLIOTHE  CA 


humanas,  e  Poeíia  fahio  hum  dos  mais  ce- 
lebres cuhores  defta  divina  Arte.  Movido 
de  fuperior  impuLfo  deixou  a  Pátria,  e  o 
nome  de  Simaõ  Machado  com  que  fe  cha- 
mava no  Século,  e  no  Convento  Seráfico  da 
Cidade  de  Barcelona  Capital  do  Principado 
de  Catalunha  fe  aliílou  neíla  penitente  Familia 
onde  foy  grande  Theologo  infigne  Pregador 
e  prudente  Definidor.  A  natural  inclinação, 
que  tinha  para  a  Poefia  o  moveo  a  que  nunca 
deixaíTe  a  fua  cultura  ainda  quando  era  Reli- 
giofo  celebrando  em  hum  Poema  as  acçoens 
da  vida,  e  gloriofa  morte  do  P.  Pedro  Dias 
da  Companhia  de  JESUS  padecida  a  13.  de 
Setembro  de  1571.  em  obfequio  da  Fè  junto  as 
Ilhas  Canárias,  o  qual  fahio  com  eíle  titulo. 

Primera  parte  dei  libro  llamado  Sjlva  de  efpiri- 
tuaksyj  morales  penjamientos ,  Sjmholos,y  Gerogli- 
ficos  fobre  la  vida,j  dichoja  muerte  dei  P.  Maefiro 
Pedro  Dias  religiojo  dela  Compania  de  JESUS.  Bar- 
celona por  Sebaftian  Jayme  Matevad.  1632.  4. 

Coniia  de  32.  cantos  compoílos  de  vários 
géneros  de  verfos  de  que  temos  hum  exemplar 
em  cujo  principio  eílà  o  Soneto  feguinte  com- 
pofto  por  D.  Francifco  Manoel  de  Mello  em 
applaufo  do  Author. 
Nò  dei  cândido  cifne  melodia 

Es  lo  que  ejcuchas  en  morir  Juave; 

'Ni  Jon  ejios  los  números  dei  Ave 
Dulciffimo  pronofiico  dei  dia 
Vo^es  divinas  fon,  que  ai  cielo  embia 

La  grande  vo^,  que  en  una  xerga  cave 

Que  de  un  padre  atento  el  nombre  grave 

Se  de/ata  en  Seráfica  armonia. 
De  un  Soldado  de  Chrijio  una  Vitoria 

Un  Soldado  de  Chrijio  oy  te  def  crive 

Entre  las  flores  defta  culta  Hiftoria. 
L^e,  lee,  y  verás  como  apercive 

Eftatuas  para  entrambos  la  memoria 

Por  lo  que  el  uno  obro,  y  el  otro  ef crive. 

Fazem  mençaõ  defta  obra,  e  do  Author 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  180.  e  Fr. 
Joan.  a  D.  Ant.  Bib.  Francifc.  Tom.  i.  pag.  235. 
e  o  moderno  addicionador  da  Bib.  Occident.  de 
António  de  Leon  Tom.  2.  Tit.  12.  col.  675. 

Dous  Sonetos  em  louvor  de  Fr.  Dimas  Serpi  no 
principio  do  Tratado  do  Purgatório  Barcelona. 
1604. 

Com  o  nome  de  Simaõ  Machado  quando 
era  Secular. 


Comedias  de  Dio  i.  e  z.  Part.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  1601.  4.  He  o  argumento 
o  primeiro  Sitio  que  os  Mouros  puzeraõ  a 
efta  Fortaleza  no  anno  de  1558.  governando 
D.  António  da  Sylveira,  da  qual  obra  diz 
Manoel  de  Faria,  e  Soufa  Comment.  às  Luziad. 
de  Camoens  Cant.  2.  Eftanc.  50.  pag.  466. 
col.  I.  En  la  traça  delas  que  entonces  fe  ut^avan, 
y  en  la  gravidad  con  muchas  ventajas  aloque  oy  Je 
u:(a  con  gran  prefuncion  de  que  Je  vence  lo  pajfado, 
nó  fiendo  ajfi.  E  no  Cant.  10.  Eftanc.  25.  pag. 
558.  col.  I.  En  las  veras  dignas  de  eftima,  y  en 
las  burlas  tan  excellentes,  que  creemos  fin  duda 
no  ay  cofa,  que  Je  le  aventaje  en  lo  antigo,  y  en  lo 
moderno.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theat.  Eufit. 
Eitter.  lit.  S.  n.  19.  as  intitula.  Eepediflimas, 
e  delias,  e  do  Author  faz  memoria  o  novo 
addicionador  da  Bib.  Orient.  de  Ant.  de  Leon. 
Tom.  I.  Tit.  3.  col.  60. 

Comedias  da  P aflora  Aljea  1.  e  z.  Part. 
Lisboa  por  António  Alvares  163 1.  4.  &  ibi 
por  António  Pedrozo  Galraõ  1706.  4. 

Soneto  Caftelhano  às  Relíquias  que  foraõ 
levadas  à  Igreja  de  S.  Roque  a  25.  de  Julho 
de  1588.  Sahio  impreíío  na  Relação  defte 
folemne  recebimento  &c.  a  foi.   125. 

Sete  Novellas  Caftelhanas  que  conforme 
efcreve  Joaõ  Franco  Barreto  na  Bib.  Portug. 
M.  S.  fe  imprimirão  em  Caftella. 

BOAVENTURA  MACIEL  ARANHA 
Naceo  no  lugar  de  Darque  fronteiro  à  Villa 
de  Viana  em  a  Provinda  de  Entre  Douro, 
e  Minho  Contador  da  Fazenda  da  Mitra  Pri- 
macial de  Braga,  e  Secretario  da  Cafa  do 
Defpacho  da  Relação  Ecclefiaftica  do  mefmo 
Arcebifpado.  Teve  por  Pays  a  Lourenço 
Maciel  Aranha,  e  Izabel  Rodriguez  que 
fendo  por  elles  educado  com  virtudes  fahio 
inftruido  mais  para  feguir  a  vida  Reli- 
giofa,  que  a  fecular  que  profeíTa,  revol- 
vendo continuamente  os  livros  afceticos 
de  que  tem  refultado  efcrever  as  feguintes 
obras. 

Conjolaçaõ  de  atribulados,  gemidos,  e  affeãos 
EJpirituaes  de  huma  Alma  a  Jeu  EJpoJo  Jeju 
Chrifto,  e  vários  documentos  para  quem  quiser 
Jeguir  a  vida  ejpiritual.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ  1728.  8. 

Breviflima    introdução,    e    modo   fácil  para 


L  USITAN A. 


541 


fe  aprender,  e  ajudar  a  btm  morrer.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor  1728.  12. 

Novo  ratnilhtte  de  divinas  jlores  para  fe  apro- 
veitarem de  fitas  odoríferas,  e  celefliats  fragpncias 
nas  principaes  horas,  e  occHpa^oens  da  vida  as 
Almas,  que  defprev^ando  a  terrefle  de!(ejarent 
líjradar  a  Deos,  e  alcançar  a  celeflial.  Gjímbra 
110  Real  CoUegio  das  Artes  da  Companhia 
le  Jcfus.  1728.  8. 

Exercidos  admiráveis  para  os  dias  do  Reco- 
Jbimento  interior,  que  cojltimaõ,  e  devem  as  pejfoas 
Ifiliffofas,  e  as  que  dezejaô  falvarfe;  defcrevem-fe 
ss  prerogativas  da  Oraçaõ:  moflrafe  que  a  OraçaÕ 
èt  para  todos,  e  que  ninguém  fe  pode  efcufar  delia 
porque  naò  fabe,  ou  porque  naò  pôde;  expri- 
mefe  bum  breve  methodo  para  os  que  a  quit(e- 
ftm  ter,  e  fe  daõ  os  pontos  mais  importan- 
tes para  ifjo;  tratafe  da  necejfidade  da  mor- 
tificação, e  quantas  maneiras  hà  delia;  e  tudo 
I  Je  exoma  com  os  mais  importantes  documen- 
tos, e  com  as  mais  fingulares  fentenças.  Lis- 
boa por  António   Pedrozo   Galraõ    1728.  8. 

Novo  efpelho  do  efpelbo  em  que  fe  deve 
ver,  e  compor  a  Alma  devota,  que  afpira  ao 
perfeito  amor  de  Deos,  e  à  fua  divina  uniaõ: 
margarita  efpiritual,  na  qual  fe  verá  engaf- 
tada  a  vida  de  Chriflo,'  e  exornada  de  amo- 
rofas  Jaculatórias,  e  de  admiráveis  obfequios: 
dous  meíbodos  para  fe  exercitar  a  Via  Sacra 
Crucis.  RxplicaçaÕ  da  Doutrina  Cbrifiaã 
compendiofa ;  Sentenças  de  muitos  Santos  a 
diverfos  intentos:  confelbos  de  Santa  Therefa. 
Novena  das  Almas,  e  bum  devotijftmo  Aão 
de  Contrição.  Lisboa  na  Officina  de  Pedro 
Ferreira  1729.  8. 

Cuidados  da  morte,  e  defcuidos  na  vida 
representados  nas  vidas  dos  Santos,  e  dos  Va- 
roens  illufires  em  Santidade  que  tem  floreado 
no    Reyno    de    Portugal   foi.    Aí.    S. 

Cuidados  na  vida,  e  defcuidos  da  morte  difcur- 
fados  em  três  epijiolas  efpirifuaes,  moraes,  e  poli- 
ticas em  correfpondencia  dos  três  Efiados  de 
Cafado,  Keligiofo,  e  Clérigo,  foi.  Aí.  S. 

Fr.  BOAVENTURA  DA  PAYXAM 
natural  do  lugar  do  Trocifal  do  Patriarchado 
de  Lisboa,  Monge  Ciftercienfe,  cujo  Inf- 
tituto  profeflbu  no  Real  Convento  de  Alco- 
baça a  9.  de  Julho  de  1609.  Depois  de  fe 
graduar    Doutor    na    Faculdade    Theologica 


fe  applicou  mais  ao  cíhido  das  virtudes,  qoe 
das  íciencias  fervindo  de  exemplar  de  per- 
feição aos  Teus  domeítíoos  que  debcou  fau- 
dozos  da  Tua  amável  companhia  em  o  anno 
de  1657.  no  qual  fallecco  no  Convento  de 
Alcobaça.    Compoz. 

Tratados  efpiri/uaes,  e  moraes  foi.  e  4.  que  fe 
confervaõ  efcritos  da  fua  própria  maõ  no 
Archivo  do  dito  Convento.  O  feu  Retrato 
eílà  coUocado  em  o  Dormitório  entre  os 
Varoens  iníignes  defta  Monacal  Congregação. 

BONIFÁCIO  natural  de  Lisboa,  e  fUho 
de  Pedro  Garcez.  Foy  dos  celebres  Jurif- 
confultos  do  feu  tempo,  e  como  tal  Ouvidor 
da  SercniíTinu  Rainha  D.  Joanna  mulher  de 
Henrique  IV.  de  CaftcUa,  c  filha  de  noíTo  Rey 
D.  Duarte  a  qual  acompanhou  quando  foy 
defpozarfc  com  aquclle  Monarcha.  Compoz 
huma  Obra  jurídica  que  hc  hum  Index  de 
Lcys,  c  Conclufocns  a  que  cUc  chama  Gloflas 
ao  qual  poz  o  titulo  feguinte. 

Peregrina  íive  Peregrina  Glojfa  Bonifaciana. 
No  fim  tem  eílas  palavras.  Exaãum,  abfo- 
lutumque  hoc  praclarum,  atque  infiffte  opus  Pe- 
regrina;, mandato,  opera,  et  impenfis  La:(ari 
de  Ga^anis,  fociorumque  imprejfum  per  nos 
Meinardum  Ungut  Alemannum,  et  Stanislaum 
Polonum  Sócios  anno  Incarruitionis  Salutifera 
MCDXCVII.  die  XX.  Decembris. 

Lembraõ-fe  do  Author,  e  da  Obra  Ni- 
col.  Ant.  Bib.  Vet.  Hifp.  lib.  10.  cap.  12. 
§.  645.  pag.  200.  et  lib.  10.  cap.  16.  §.  910. 
e  911.  pag.  228.  Franc.  Alvar,  de  Riber.  in 
Refponf.  pro  fucejfion.  Regn.  Portug.  Part. 
I.  n.  41.  pag.  22.  v.o  &  Part.  3.  art.  6.  &  ul- 
tim.  n.  176.  pag.  98.  Joaõ  de  Barros  Def- 
cripc.  de  Entr.  Dour.  e  Minb.  cap.  11.  Con- 
fervava-fe  hum  exemplar  em  a  Livraria  do 
Cardial  de  Soufa. 

Fr.  BONIFÁCIO  DE  THOMAR  natural 
defta  nobre  Villa,  e  Monge  Ciftercienfe  pro- 
feíío  no  Convento  de  Santa  Maria  de  Tama- 
raens  íituado  no  Bifpado  de  Leiria.  As  vir- 
tudes que  praéticava  ferviaõ  de  perpetuo 
eftimulo  aos  feus  domefticos  para  ferem  feus 
imitadores.  Nas  horas  vagas  dos  exerddos 
da  Religião  fe  occupava  na  liçaõ  dos  Santos 
Padres  de  cujas  obras  compoz  as  feguintes. 


542 


BIB  LIO  THE  CA 


Sententia  colleãa  ex  operibus  Salonit 
Epifcopi  Vienenjis,  S.  Gregorij  Thauma- 
turgi,  S.  Marttni  'Epifcopi  Turonenjis;  Petri 
Blejfenjis,  EnnodiJ  Epifcopi  Tijfinenfis,  Eau- 
rentij  Novarienfis,  Edmmdi  Epifcopi  Can- 
tuarenfis,  &  Jufii  Abbatis.  foi.   M.  S. 

Sententicí  colleãce  ex  operibus  S.  Eeonis 
Papce;  Idiota;  Petri  Abbatis  Cellenfis  Epif- 
copi Carnotenfis;  Gregorij,  Carthujiani,  Seve- 
rini  Epifcopi,  (&  Kichardi  Eremita,  foi. 
M.  S.  Confervaõ-fe  eíles  dous  volumes  na 
Bibliotheca  do  Real  Convento  de  Alcobaça.. 

BRAZ  DE  ABREU  natural  da  Cidade 
de  Elvas  na  Província  do  Alentejo.  Apren- 
deu na  adolefcencia  a  Arte  da  Pintura 
a  que  o  inclinava  o  génio,  e  poílo  que  nella 
fahio  perito  eftudou  com  mayor  difvelo 
copiar  no  feu  efpirito  as  virtudes  heróicas  com 
que  floreceu  por  toda  a  vida.  Dezejofo  de 
viíitar  os  lugares  da  Paleílina  fanétificados 
com  o  fangue  do  Redemptor  do  mundo 
pedio  faculdade  ao  Ven.  P.  Bartholameu  do 
Quental  feu  efpiritual  direâor  para  execu- 
tar eíle  pio  intento,  o  qual  lho  impedio  fegu- 
rando-lhe  que  eílava  deJftinado  por  Deos 
para  mayores  obras  do  feu  ferviço,  e  aíTim 
fuccedeo  pois  dando  com  profufa  liberali- 
dade ao  Hofpital  Real  de  Lisboa  quinze 
mil  cruzados  que  era  quanto  poíluya  para 
cura  dos  enfermos,  abrazado  em  mais  ar- 
dente charidade  deixando  o  mundo  fe  reco- 
Iheo  ao  mefmo  Hofpital  onde  exercitando 
o  Oííicio  de  Enfermeiro  fez  acçoens  taõ 
cheyas  de  ardente  zelo  do  próximo  que  me- 
receo  fer  premiado  na  gloria,  e  concorrer 
grande  multidão  de  povo  a  venerar  o  feu 
cadáver  levando  parte  dos  feus  cabellos,  e 
veítidos  como  preciofas  relíquias.  AíTim  o 
efcreve  o  P.  Jozé  Catalani  in  Vit.  V.  P. 
Bartbo/.  do  Quental  impreíla  Romãs  1734. 
à  pag.  119.  Qui  rei  famliaris  elargitione , 
<Ò'  eximio  charitatis  fiudio  agrotos  adeo  pro- 
fecutus  efl,  ut  hac  via  altum  perfeãionis  gradum 
fuerit  adeptus,  habitufque  ab  omnibus  in  ea  Sanãi- 
monia  opinione,  ut  pofi  ipfius  obitum  ad  vifen- 
dum,  ac  venerandum  cadáver  pajjim  concur- 
rerent,  recifofque  Capillos,  ac  vefles  tamquam 
Sacras  reliquias  ajjervarent.  Traduzio  de 
Caílelhano  em  Portuguez. 


Eu:^  para  vifitar  as  Eflaçoens  da  Via-Sacra 
que  a  piedade  Chriflaã  tem  introdu:(ido  por  alguns 
povos,  e  Conventos  com  algumas  devoçoens  acre- 
centadas.  Lisboa  por  Joaõ  Galraõ  1670. 
12.  &  ibi  por  Miguel  Manefcal.  1679.  &  ibi 
1718. 
Deixou  imperfeita 

Vida  do  Ven.  Servo  de  Deos  Gregório  Lopes. 
M.S. 

Fr.  BRAZ  DE  ALCÂNTARA  natural  de 
Lisboa  Monge  Ciílercienfe  em  o  Real  Convento 
de  Alcobaça  muito  douto  na  Theologia  Pofi- 
tiva,  e  Moral,  e  naõ  menos  em  a  liçaõ  da  Hif- 
toria  Sagrada,  e  profana.  Efcreveo  as  feguin- 
tes  obras  que  fe  confervaõ  na  Bibliotheca  de 
Alcobaça  em  hum  volume  M.  S, 

Speculum  Sanãoralis  Fr.  Joannis  Guidonis 
Epifcopi  Eugdunenfis.  Traãatus  nominum  Apof- 
tolorum,  (&  Difcipulorum  Chrifli.  Officium  Mijfa 
a  D.  N.  Jefu  Chrijlo,  e>*  Sanais  Apoflolis, 
ac  demúm  per  Komanos  Pontífices  ordinatum. 
Traãatus  in  quo  continentur  duodecim  teflamenta 
Patriarcharum  filiorum  Jacob.  Vita  Secundi 
Philofophi,  qui  floruit  tempore  Adriani  Impe- 
ratoris.  Traãatus  de  Articulis  Fidei,  et  de 
praceptis  Ecclefia,  et  Decalogi.  Varij  Su- 
cejfus  ab  anno  11 27.  ad  1272.  Vita  Epif- 
coporum  Eemovicenfium. 

D.  Fr.  BRAZ  DE  BARROS  naceo  na 
auguJfta  Cidade  de  Braga,  e  teve  por  Pays  a 
Valentim  de  Barros  Morgado  de  Amoreira, 
que  obrou  militares  proezas  nas  Campanhas 
de  Africa,  e  Caílella,  reynando  os  SereniíTimc^ 
Reys  D.  Aifonfo  V.  D.  Joaõ  o  11.  e  D.  Manoel ; 
e  a  Donna  Brites  Pereira,  Primo  do  inJQgne 
Joaõ  de  Barros,  e  Tio  do  Cónego  Gaf- 
par  Barreiros,  dos  quaes  em  feus  lugares 
fe  fará  diftinta  memoria.  Com  refoluçaò 
heróica  antepoz  às  delicias  da  caza  paterna 
os  rigores  do  Clauftro  Religiofo,  rece- 
bendo o  Habito  de  Saõ  Jeronymo  em  o 
Convento  de  Penha-longa,  onde  profeíTou 
a  30.  de  Setembro  de  15 16.  Para  viver 
mais  retirado  do  comercio  humano,  ele- 
geo  por  domiciHo  o  Convento  da  Pena, 
em  o  qual  ratificou  a  Profiílaõ  folemne  a 
15.  de  Agoílo  de  1525.  Querendo  inílruir- 
fe    em    as    Sciencias    Sagradas    partio    com 


LUSITANA. 


543 


Fr.  Diogo  de  Murça  a  Lovanha,  em  cuja 
celebre  Univerfidadc  eftudou  Thcologia  donde 
partio  para  o  Reyno  com  grande  fama  de 
Jxtrado.  Como  foíTc  diíficil  de  diftinguir  fc 
era  mais  eminente  nas  virtudes,  que  em  as 
Kl!  IS,  o  nomeou  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  para 
Kciormador  da  Congregação  dos  Cónegos 
Regulares  de  Santo  Agoííinho,  cuja  árdua 
cmpreza  começou  a  15.  de  Outubro  de  1527. 
c  a  concluhio  no  anno  de  1544.  com  igual 
l^rudencia,  que  fuavidade  reduzindo  os  Cone- 
xos à  primitiva  obfervancia,  que  eílava  algum 
tanto  relaxada.  Com  a  eílicacia  das  fuás 
pcrfuaíTocs  fundou  aqucllc  Monarcha  a  Uni- 
vcrfidadc  de  Coimbra  de  que  refultou  tanta 
loria  a  efte  Reyno,  e  naõ  menor  applaufo 
o  Author  de  taõ  maduro  confclho,  pelo 
uai  o  congratula  Jeronymo  Cardofo:  liJegiar. 

.  1.  Eleg.  12.  com  eftas  métricas  cxprcíToens. 

'tcropia  decus,  <à>'  Latia  tutela  Minerva 

Blaji,  qtn  nobis  Phabus  ut  alter  adefi. 
7//  Sacra  Mujarum  longis  abfiriija  tenebris 

hampade  Phabea  lucidiora  facis. 
Prajide   te  ftudia   ha£íenus   intertnijfa   rejurgunt, 

Et  Jublime  ferunt  fydera  ad  alta  caput. 
Te  duce  barbáries  noftras  bachata  per  oras 

In  Geticas  rediit,  Cymeriajque  domos. 
Hu  facis  ut  doíHs  non  invideamus  Athenis 

Ne  ve  tibi  Aufonia,  Gallia  ne  ve  tibi. 
lEthere  demijfum  fas  eft  te  credere  ab  alto 

Império  Stimmi,  Concilioqm  Dei. 
Neíle  tempo  erigindo  a  Mageílade  del- 
Rey  D.  Joaõ  o  III.  a  Cidade  de  Leiria 
em  Cathedral,  o  elegeo  por  primeiro 
Bifpo  deíla  Diocefe,  confiando  do  feu  ta- 
lento defempenharia  as  obrigações  de  vi- 
gilante Paílor.  Expedidas  as  Bulias  pelo 
Papa  Paulo  III.  a  22.  de  Mayo  de  1545. 
tomou  poíTe  da  nova  dignidade  a  28.  de 
Julho  do  dito  anno,  em  a  qual  executou 
em  beneficio  do  feu  rebanho  tudo  quanto 
prometia  a  fua  inculpável  vida,  aíTim  em 
o  ornato  dos  Templos,  como  no  foccorro 
dos  pobres,  até  que  lembrado  do  íilencio 
•da  fua  Cella  renimciou  o  Bifpado  no  anno 
de  1 5  5  o.  e  fe  recolheo  ao  Convento  da  Pena, 
onde  aíTiílido  de  hum  fó  criado  vivia 
com  fumma  pobreza,  e  profunda  humil- 
dade de  tal  forte,  que  fendo  algumas 
vezes    chamado    ao    Paço,    e   paflando   pelo 


real  Convento  de  Bellem  hia  tomar  a  ben- 
ção ao  Prelado,  e  fe  era  dia  de  Capitulo  dizia 
a  Tua  culpa  na  prczcnça  de  toda  a  Comunidade. 
No  Convento  onde  habitava  nundou  abrir 
a  fua  fepultura  em  a  qual  como  efcolla  do 
ultimo  defengano  entrava  muitas  vezes  para 
aprender  a  preparação  para  a  morte  que  teve 
feliz  a  51.  de  Março  de  1559.  a  cujas  exéquias 
aífííUo  o  Cardial  D.  Henrique.  Sobre  a 
campa  da  fepultura  mandou  gravar  cAe 
breve,  e  humilde  Epitáfio. 

Fr.  Braz  ^  Barros  primeiro  Bifpo  de  luiria. 
Vários  elogios  lhe  deraõ  diverfos  Ef- 
critores  fendo  os  principaes,  Jorge  Car- 
dofo Affol.  Lufit.  Tom.  2.  pag.  565.  cha- 
mando-lhe  Exemplar  efpelho  de  Prelados. 
Fr.  Manoel  Leal  Cryfol  Purif.  pag.  472. 
n.  12.  VaraÔ  verdadeiramente  Apoftolico, 
e  confummado  em  todas  as  virtudes.  Joan. 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  Lujit.  Utter.  Ut. 
B.  n.  36.  Vir  pietate,  prudentiaque  conf- 
picuus.  Illuítóf.  Cunha  Hifl.  Ecclef.  de 
Brag.  Part.  2.  cap.  78.  a,  5.  Religiofo  de 
prudência,  capacidade,  e  virtude.  Joan.  Vaíieus 
Chron.  Hifpan.  cap.  12.  Virum  integritate 
vita  omnibus  valde  commendatum,  ^  feverum 
monaflica  obfervantia  injlauratorem.  Siguença 
Hijl.  dela  Ord.  de  S.  Jeron.  Part.  3.  Liv.  2. 
cap.  42.  Excelente  Varon.  Fr.  Franc.  de 
Barcellos  in  Prolog.  Triumph.  Cruc.  bonarum 
litterarum  in  hoc  Kegno,  <&  monaflica  reli^oms 
reparatio  huic  pracellenti  viro  máximo  Jure 
adfcribenda  eft.  Fr.  Ant.  à  Purif.  Chronol. 
Monaft.  pag.  65.  Ob  egrégios  dotes  primus 
Epifcopus  "Leirienfis.  D.  Nicol.  de  Santa 
Maria  Chron.  dos  Coneg.  Regul.  Liv.  4. 
cap.  5.  n.  16.  e  Liv.  6.  cap.  ult.  n.  26. 
Severim  Difc.  Var.  foi.  24.  D.  Fr.  Thom. 
de  Faria  Decad.  Lib.  9.  cap.  10.  &  Lib.  10. 
cap.  3.  Carvalho  Corog.  Portug.  Tom.  i. 
Trat.  2.  cap.  i.  Compoz. 

ConftituiçÕes  do  Bifpado  de  Leiria,  aceitas 
em  o  Synodo  pelo  Cabido  approvadas,  e  con- 
firmadas pelo  Núncio  Apoftolico  Joaõ  de 
Monte  Policiano  em  Lifboa  no  i.  de  Jimho 
de  1549.  Sahiraõ  impreíTas,  e  accrecentadas 
por  feu  fucceíTor  no  Bifpado  D.  Pedro  de 
Caftilho.  Coimbra  1601.  foi.  Delias  faz  mençaõ 
o  UluftrifTmao  Cunha  na  Hift.  Ecclef.  de  Brag. 
Part.  2.  cap.  78. 


544 


BIBLIO THE  CA 


Traduzio  de  Latim  de  Fr.  Henrique 
Harphio  Provincial  dos  Religiofos  Francif- 
canos  da  Provinda  de  Colónia,  em  Portuguez, 
e  dedicou  a  ElRey  D.  Joaõ  o  III. 

Efpelho  da  Perfeição.  Coimbra  no  Convento 
de  Santa  Cruz  de  Coimbra.  1533.  4. 

ConJlituiçÕes,  e  coftumes  reformados  dos 
Cónegos  Regrantes  de  Santa  Crut(^  de  Coimbra. 
ImpreíTo  no  mefmo  Convento.  1534.  que  era 
o  fetimo  de  fua  Reformação.  Sahio  2.  vez 
no  dito  Convento  em  1544.  4.  no  fim 
da  qual  ediçaõ  fe  juntou  a  Regra  de 
Santo  Agoftinho  vertida  em  Portuguez, 
fendo  efte  anno  o  decimo  fetimo,  e  ultimo 
da  fua  Reformação. 

D.  BRAZ  DE  CASTRO.  Naceo 
em  Lisboa,  e  teve  por  progenitores  a  D. 
Rodrigo  de  Caílro,  e  D.  Anna  de  Eça,  filha 
de  Luiz  de  Brito  Pagem  do  Cardial  D. 
Henrique,  e  de  D.  Ignez  de  Caftro.  Depois 
de  ter  obrado  acções  dignas  de  me- 
moria as  eclypfou  injuriofamente  quando 
em  o  anno  de  1652.  atendendo  mais 
aos  impulfos  da  ambição,  que  à  nobreza 
do  feu  nacimento  aceitou  o  Governo  da 
índia,  a  que  o  elevou  huma  fublevaçaõ 
popular  mandando  prender  ao  Conde  de 
Óbidos  D.  Vafco  Mafcarenhas  eleito  Vi- 
cerey  do  Eftado  pela  Mageílade  delRey 
D.  Joaõ  o  IV.  de  que  fe  originou  a  deca- 
dência fatal  da  índia,  e  fendo  mandado 
prezo  pelo  Conde  de  Sarzedas  Vicerey  do 
Eftado  antes  de  chegar  ao  Reyno  morreo 
na  viagem  em  o  anno  de  1655.  Foy  cazado 
com  D.  Antónia  da  Sylveira  filha  de  Fran- 
cifco  da  Sylveira  Claveiro  da  Ordem  de 
Chrifto,  e  Capitão  de  Dio,  e  de  D.  Cecilia 
Henriques  filha  de  D.  Jorge  de  Caílello- 
-Branco  Capitão  mór  do  Norte,  e  D.  Maria 
Henriques.    Efcreveo. 

A-pologia  pelo  Conde  de  Óbidos  Vicerey 
da  índia.  M.  S.  4.  Conferva-fe  na  Livra- 
ria do  Excellentiffimo  Conde  de  Vimi- 
eiro. 

Do  Author  faz  mençaõ  o  Conde  da 
Ericeyra  D.  Luiz  de  Menezes  Portug. 
Kefl.  Tom.  i.  Liv.  11.  pag.  782.  e  859. 
&  D.  Fernand.  de  Menezes  Hiflor.  Luft. 
Lib.  10.  pag.  827. 


Fr.  BRAZ  DA  COSTA  Religiofo 
da  Ordem  dos  Pregadores,  cujo  Habito 
recebeo  na  Cidade  de  Lima  nas  índias  Occi- 
dentaes  onde  exercitou  por  muitos  annos  o 
Officio  de  Orador  Evangélico  com  grande 
applaufo  do  feu  talento  deixando  para  me- 
moria do   génio   que   tinha  para  o  púlpito. 

Sermaõ  de  SaÕ  Domingos. 

Sermão  de  Santo  Thomav^  de  Aquino. 

Sermaõ  de  NoJJa  Senhora. 
Que   todos   fahiraò   impreíTos   na   Cidade 
de     Lima.      Morreo    em    Chiclana    diftante 
duas  legoas  de  Cadiz. 

Fr.  BRAZ  DO  ESPIRITO  SANTO. 
Naceo  em  Lisboa  onde  pela  educação  de  feus 
Pays  Sebaftiaõ  Joaõ,  e  Maria  de  Mattos,  e 
muito  mais  pelo  feu  génio  moílrou  em  annos 
verdes  acções  próprias  de  huma  idade 
muito  madura.  Applicado  aos  eftudos 
era  taõ  efcrupulofo  de  gaftar  o  tempo 
inutilmente,  que  até  fe  negava  aos  diverti- 
mentos licitos  para  mais  profundamente  pene- 
trar os  myfterios  da  Filofofia,  e  Theologia,  em 
cujas  faculdades  fahio  eminente.  Illuílrado  o 
feu  entendimento  com  o  conhecimento  efpecu- 
lativo  de  Deos  fe  lhe  inflamou  a  vontade  para 
finamente  o  amar,  e  difcorrendo  qual  feria  o 
caminho  mais  certo  para  confeguir  efte  fim 
refolveo  abraçar  o  eftado  Religiofo  onde  livre 
de  cuidados  mundanos  totalmente  fe  dedicaíTe 
ao  feu  Creador.  Firme  em  taõ  fanta  refolu- 
çaõ  elegeo  entre  as  Familias  Regulares  a 
auftera  Província  da  Arrábida,  e  propondo 
o  feu  intento  ao  Provincial  Fr.  Martinho 
dos  Reys  lhe  mandou  recebeííe  o  Habito 
Seráfico  no  Convento  de  Saõ  Jozé  de  Ribamar, 
onde  profeíTou  a  19.  de  Mayo  de  1625.  Todo  o 
feu  eftudo  era  imitar  aos  Religiofos  mais  exem- 
plares, e  para  que  fenaõ  efqueceííe  das  Scien- 
cias  que  adquirira  com  tanto  difvello,  lhe 
foy  permitido  contra  o  cofliime  ordinário  o 
uzo  de  alguns  livros  Theologicos.  Ordenado 
de  Sacerdote,  e  alcançando  patente  de  Prega- 
dor exercitou  efte  apoftoHco  minifterio 
com  grande  fruto  dos  ouvintes  principal- 
mente nas  ViUas  de  Santarém,  Benaven- 
te, e  Salvaterra.  Attenuado  com  o  excef- 
fo  das  penitencias,  lhe  fobreveyo  huma 
aguda    febre   pela    qual    conheceo    fer    che- 


i 


L  USITAN A. 


545 


I 


gado  o  termo  da  fua  vida»  e  tecebendo  os 
Sacramentos  com  grande  piedade  falleceo 
no  Hofpital  de  Lisboa  a  21.  de  Setembro 
de  1658.  com  quarenta  annos  de  idade, 
e  ij.  de  Religião.   G^mpoz. 

Tratado  Th^ologico,  que  fe  imprimio  con- 
forme cfcrcve  Fr.  Jozé  de  Jezu  Maria  Chron. 
(la  Prov.  da  Arrab.  Part.  2.  Liv.  i.  cap.  17. 

Kepojla  a  mil,  e  qttatroantas  dttvidas,  que  fe 
podem  formar  no  Janto  exercido  da  OraçaÕ. 
Cuja  obra  como  affirma  o  Chroniíla  allcgado 
na  mcfma  parte,  tendo  jà  as  licenças  neceffarias 
para  fe  imprimir,  a  fua  morte,  e  a  nojfa  pobre:^a, 
ou  omiffaò  priváraô  as  almas  de  doutrina  taõ 
importante,  e  a  Provinda  dejfe  luflre. 

BRAZ  DA  FRANCA.  Nacco  cm  Roma 
tlc  Pays  Portuguczes,  onde  como  na  palcftra 
da  mayor  politica  fahio  inftruhido  iníigncmcntc 
nos  diíkmcs  dcfta  Arte,  fendo  naõ  menos 
verfado  na  liçaõ  da  Hiíloria  profana.  Entre 
muitos  difcurfos  políticos  em  que  fe  admirou 
a  profundidade  do  feu  talento  he  o  mais  digno 
de  eílimaçaõ  o  que  publicou  no  anno  de  1645. 
com  efte  titulo  fem  o  feu  nome. 

Difcftrfo  dei  Duque  de  Alva  ai  Catholico 
Felippe  IV.  f obre  el  confejo  que  fe  le  diò  en  Abril 
paffado  para  la  recuperadon  de  Portugal  con 
su  parecer  en  la  mifma  matéria.  4.  Naõ  tem 
lugar  nem  nome  do  ImpreíTor,  e  fomente 
na  parte  inferior  de  cada  pagina  as  letras 
iniciaes  B.  F.  que  faõ  as  do  nome  do  Author. 
Delle,  e  da  obra  faz  mençaõ  Joaõ  Franco 
Barreto  na  Bib.  Portug.  M.  S. 

BRAZ  FREYRE  DE  PINA.  Veja-fe  o 
P.  FRANCISCO  FREYRE. 

BRAZ      GARCIA      MASCARENHAS. 

Naceo  na  Villa  de  Avò  pouco  diftante 
da  Serra  da  Eílrella  na  Província  da  Beyra 
a  5.  de  Fevereiro  de  1596.  Teve  por 
Pays  a  Marcos  Garcia,  e  Helena  Madeira 
defcendentes  das  famílias  mais  nobres 
da  fua  Pátria.  Depois  de  eíhidar  nella 
a  língua  Latina,  paííou  a  Coimbra  movido 
de  ver  humas  feílas  que  nefta  Gdade 
fe  celebravaõ,  onde  por  caufa  de  huma 
paixaõ  amorofa  que  defculpava  a  ver- 
dura  dos   feus   annos  foy  prezo  na  cadeya 


da  Portagem,  da  qual  valendo-fe  de  hum  arti- 
fício fugio  para  Madrid,  e  depois  de  a/Tiílir 
alguns  mexes  nefta  Corte  atrahido  das  íau- 
dades  da  Pátria  veyo  a  hum  porto  de  mar, 
e  fe  embarcou  em  hum  Pataxo  que  fendo 
accommettido  por  huma  poderoía  Náo  de 
Turcos  no  tempo  que  eílava  para  fe  tender, 
a  aíTaltou  por  barlavento  hunu  Fragata  de 
Corfarios,  dos  quaes  efcapando  os  Turcos 
íicou  prízioneíro  dos  piratas,  que  o  lança- 
rão em  hum  porto  de  Itália.  Depois  de 
difcorrer  por  Itália,  França,  e  Efpanha, 
em  cuja  peregrinação  alcançou  muitas,  e 
importantes  noticias,  fe  reílituhio  ao  Reyno 
donde  eílimulado  da  gloria  militar  fe  embar- 
cou para  o  Brazil,  e  pelo  efpaço  de  nove 
annos  com  o  poílo  de  Alferes  obrou  acções 
heroycas  em  benefício  do  Eílado,  e  ruína  dos 
Olandezes.  Voltando  a  Portugal  no  feliz 
tempo  em  que  por  feu  Soberano  fe  tinha 
acclamado  o  Sereniffimo  D.  Joaõ  o  IV.  que- 
rendo publicar  a  fidelidade  do  feu  coração, 
e  o  valor  do  feu  efpirito  em  obfequio  do 
novo  Princepe,  levantou  huma  Companhia 
de  mancebos  nobres  em  a  praça  da  Villa 
de  Pinhel,  de  que  elle  foy  Capitão,  donde 
paíTou  a  fer  Governador  da  Praça  de  Alfayates, 
e  em  hum,  e  outro  poílo  fentíraõ  os  Caílelhanos 
os  golpes  da  fua  efpada  triunfante,  principal- 
mente quando  com  duzentos  mofqueteiros 
embofcados  fobre  o  rio  Águeda  em  o  porto 
de  S.  Martinho  os  obrigou  com  morte  de  mui- 
tos a  deixarem  a  preza  de  mais  de  vinte  mil 
cabeças  de  gado,  que  vangloriofos  levavaõ  dos 
noíTos  campos.  Havendo  com  tanta  gloria 
tríumfado  dos  inimigos  eílranhos,  experimen- 
tou mais  forte  reíiílencia  em  os  domeílícos 
acufando-o  falfamente  do  feyo  crime  de  incon- 
fidência pelo  qual  foy  reclufo  na  Torre  do 
Sabugal.  Querendo  juítíficar  a  fua  ínnocenda 
fe  valeo  da  índuítria  de  pedir  hum  livro  para 
com  a  fua  liçaõ  divertir  alguma  parte  da  melan- 
colia que  o  atormentava,  e  juntamente  farinha 
para  hum  medicamento,  linhas,  e  tízoura 
para  reparar  os  feus  veítidos.  Tanto  que 
recebeo  o  que  pedia,  compoz  em  verfo  hu- 
ma Carta  a  ElRey  D.  Joaõ  o  IV.  formada 
das  letras  que  cortara  do  livro  que  lhe  fora 
dado,  e  as  imio  com  a  maíTa  que  fizera 
da     farinha     relatando     com     notáveis     ex- 


40 


546 


BIBLIO THEC  A 


preíToens  diftadas  pela  efficacia  da  fua  opref- 
faõ  a  injuftiça  com  que  fora  prezo,  e  a  fide- 
lidade que  fempre  confervara  incorrupta 
para  o  feu  Princepe;  e  efperando  o  mais 
alto  filencio  da  noute  a  lançou  da  muralha 
pendente  das  linhas  a  hum  Soldado  feu  con- 
fidente para  que  a  entregaíTe  a  feu  Irmaõ; 
o  qual  apre2entando-a  a  ElRey  ordenou 
logo  que  vieííe  a  Corte  onde  juftificada  a  fua 
innocencia  o  premiou  com  o  habito  da  Ordem 
militar  de  Aviz,  e  foy  reílituido  ao  governo 
da  Praça  de  Alfayates.  Nomeado  Superin- 
tendente da  Cavallaria  da  Comarca  de  Efgueira, 
para  evitar  a  infolencia  dos  feus  emulos  de 
quem  taõ  gloriofamente  triumfara,  fe  retirou 
à  Pátria  onde  livre  de  penofos  cuidados  fe 
dedicou  ao  eftudo  da  Poefia  que  defde  os  pri- 
meiros annos  cultivara  até  que  acabou  a 
vida  a  8.  de  Agoílo  de  1656.  quando  contava 
60.  annos  de  idade.   Compoz. 

Viriato  Trágico  em  Poema  heróico.  Coim- 
bra por  António  Simoens  ImpreíTor  da 
Univerfidade  1699.  4.  Coníla  de  20.  Cantos. 
Sahio  poftumo.  A  efta  obra  como  a  feu 
Author  louva  o  P.  António  dos  Reys  no 
Enthujiafm.  Poef.  n.  108.  dizendo. 

=     Viria  tum  laudibus  effert 
BlaJiuS)    atque   gemens    pereuntis  fata,    dolentes 
Imbre  rigat  vultus,  et  trifti  carmine  duras 
In  planãum  filices  cogit. 

A.U!(encias  Brajilicas.  M.  S.  Efta  obra 
fez  quando  voltou  do  Brafil. 

Labirintho  do  Sentimento  na  morte  do 
Serenijfimo  Princepe  D.  Duarte.  Efta  obra 
poética  que  fe  lia  com  diverfos  fentidos  por 
todos  os  lados  levou  o  primeiro  premio  na 
Univerfidade  de  Coimbra  onde  fe  fez  hum 
Certame  a  efte  lamentável  aílumpto. 

Komances  Sacros,  e  profanos  4.  M.   S. 

P.  BRÁS  GOMES  ReUgiofo  da  Com- 
panhia de  JESUS,  e  Meftre  dos  Noviços 
em  o  Collegio  de  Coimbra.    Efcreveo. 

Vida  do  Irmaõ  Francifco  de  Andrade 
da  Companhia  de  JESUS  que  morreo  em 
Coimbra  a  16.  de  Fevereiro  de  1569.  fendo 
noviço.  Do  Author,  e  da  obra  faz  memo- 
ria o  P.  António  Franco  Imag.  da  Virt. 
em  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  3.  cap.   54. 


BRAZ  JOSEPH  REBELLO  LEYTE. 
Naceo  em  Lisboa  fendo  filho  de  Pedro  Gomes 
Bravo  Rcbello,  e  D.  Luiza  Viftoria  Pereira 
da  Cunha.  Depois  de  eftar  inftruido  na  Gram- 
matica  Latina,  Rhetorica,  e  Humanidades 
frequentou  a  Aula  da  Filofofia  em  a  Cafa  de 
N.  Senhora  da  Divina  Providencia  dos  PP. 
Theatinos  defta  Corte,  em  que  teve  por  Meftre 
ao  P.  D.  Celeftino  Seguineau,  de  que  bre- 
vemente faremos  mais  diftinéla  memoria; 
e  a  da  Theologia  no  Collegio  de  Santo  Antaõ 
dos  ReUgiofos  Eremitas  de  Santo  Agofti- 
nho,  e  fahindo  em  ambas  eftas  Faculdades 
muito  perito  paíTou  à  Univerfidade  de  Coim- 
bra para  fe  applicar  ao  Direito  Pontificio 
no  qual  com  applaufo  dos  Cathedraticos 
recebeo  o  grào  de  Bacharel  em  o  anno  de 
1738.  Entre  a  feveridade  deftas  fciencias 
fempre  cultivou  o  ameno  cume  do  ParnaíTo 
donde  colheo  abundantes  frutos  metrifi- 
cando com  grande  fuavidade,  e  naõ  menor 
afluência  em  as  linguas  Latina,  Portugueza, 
e  Caftelhana,  fendo  muito  intelligente  da 
Franceza,  e  Italiana.  Na  Academia  Latina, 
e  Portuguesa,  e  na  dos  j^pplicados  de  que 
foy  Collega,  e  muitas  vezes  Prefidente, 
mereceo  a  geral  acclamaçaõ  dos  feus  alumnos 
venerando  felizmente  unida  em  o  feu  pene- 
trante engenho  a  Arte  da  Oratória  com  a 
Poética,  da  qual  tem  dado  ao  publico  os 
feguintes  argumentos. 

Romance  Endecafjllabo  á  morte  da  Se- 
renijftma  Senhora  Infanta  D.  Francifca.  Sahio 
nos  Sentimentos  Métricos.  Lisboa  por  Miguel 
Rodriguez.  1736.  4. 

Soneto  e  he  o  44.  ao  mefmo  aíTumpto. 
Sahio  na  2.  ColleçaÕ  dos  Sentim.  Aletric.  Lis- 
boa pelo  dito  ImpreíTor  4. 

Três  Sonetos  que  faõ  20.  21.  e  22.  ao 
mefmo  aíTumpto.  Sahiraõ  na  3.  Collec.  dos 
Sent.  Mefric.    Lisboa  pelo  dito  Impreffor  4. 

Romance,  e  Decimas  A.croflicas  ao  mefmo 
aíTumpto.  Sahiraõ  nos  A.ccentos  Saiidofos  das 
Mufas  Portuguesas,  i.  Part.  Lisboa  por 
Ant.  Ifidoro  da  Fonfeca.  1736.  4. 

Gloffa  ao  Soneto  Que  choras  Portugal? 
A.  Sorte  impia,  e  hum  Soneto  ao  mefmo 
aíTumpto.  Sahio  na  2.  Part.  dos  Accentos 
Saudof.    Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 

Romance     Fjndecafyllabo     ap     P.     D.     Ra- 


fl 


L  USITANA. 


Jael  hluteau  à  pag.  72.  Sottito  à  pag.  78.  Epi- 
fframmn  Cap lhano  à  pag.  83.  Ettdecbas  i  pag. 
1 27.  líhgitm  Sepulchrale  cm  cftilo  lapídario  que 
nca))a  com  hum  lipi^amma  Latino  á  pag.  1 54. 
Todas  cilas  obras  fahiraõ  no  Ohftqiáo  Fmebre 
dedicado  à  Jaudofa  mtmoria  do  P.  D.  Kafatl 
Nuteaii  pela  Academia  dos  Applicados,  Lisboa 
por  António  jozé  da  Sylva.  1754.  4.  No  fím 
cílà  á  pag.  169.  Decimas,  e  Soneto  em  applaufo 
de  Diogo  Kangel  de  Macedo. 

Romance  lindecajyllabo  no  qualfe  comprehendem 
as  acçoens  da  vida,  e  morte  do  Senhor  D.  Manoel 
Caetano  de  Soiifa.  Sahio  no  fim  da  Oraçaô  fúne- 
bre que  na  morte  do  mcfmo  P.  recitou  na  Aca- 
demia I^atina,  e  Portugue2a  Fiiippe  Jozé  da 
Gama.  Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva 
ImprcíTor  da  Academia  Real.  1756.  4. 

Ljra  afinada,  e  de/acorde  por  ohfeqtáo 
fmebre  às  Jaudojas  memorias  do  Hxcellen- 
tijftmo,  e  Keverendijftmo  Senhor  D,  Caetano 
Cavalieri  Arcebifpo  de  Tarjo,  e  Núncio 
Apojlolico  dos  Keynos  de  Portugal,  Lisboa 
por  Pedro  Ferreira  ImpreíTor  da  Auguílif- 
fima  Rainha.  1739.  4* 
Traduzio  de  Italiano  em  Portuguez. 

Dialogo  Sacado  fobre  o  Genejis  efcrito  pelo 
Doutor  Paulo  Mediei  Sacerdote,  e  heytor  publico 
de  Theologia  Pofitiva  em  Florença.  Lisboa  por 
Domingos  Gonçalvez.  1739.  4* 

Parte  2.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor,  e 
anno.  4. 

BRAZ  LUIZ  DE  ABREU  filho  de 
Francifco  Luiz  de  Abreu,  e  Francifca  Ro- 
driguez  de  Oliveira  naceo  na  Villa  de  Ou- 
rem em  a  Provinda  da  Extremadura  do 
Bifpado  de  Leyria  a  3.  de  Fevereiro  de 
1692.  Applicoufe  à  faculdade  da  Medicina 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra  onde  de- 
pois de  receber  o  gráo  de  Bacharel  a  exerci- 
tou com  fortuna,  e  fciencia.  Com  bene- 
plácito de  fua  mulher  que  fe  retirou  com 
fuás  filhas  ao  Recolhimento  de  S.  Bernar- 
dino de  Terceiras  de  S.  Francifco  fituado 
na  Villa  de  Aveiro  paíTou  ao  Eftado  Eccle- 
íiaftico,  em  que  fe  conferva  com  louvável 
procedimento.  Além  de  fer  douto  na  fua 
Faculdade  he  verfado  em  todo  o  género  de 
erudição,  como  também  da  Poefia  vulgar. 
Compoz. 


547 

Affiilas  hijas  dei  Sol,  que  buelan  fobre  la 
Lu/u,  Keprefentacion  cómica  Traffca  Triumphal 
dela  memorable  viííoria  gloriofamente  akançaáa 
por  las  agfdlas  imperiales  contra  las  noãwmas 
aves  Ottomanas  en  el  Campo  de  Peter-varadim 
dia  ^.  de  Agpflo  anão  1716.  Coimbra  por 
Bento  Seco  Ferreira  171 7.  4. 

Sol  nacido  no  Occidente,  e  poflo  ao  nater  do  Sol, 
S,  António  Portugue:^  epitome  hiflorico,  e  panegh 
rico  de  fua  admirável  vida,  e  prodigiofas  acçoens, 
Coimbra  por  Jozé  Antunes  da  Sylva  ImpreíTor 
da  Univerfidade  1725.  foL 

Portugal  Medico,  ou  Monarchia  medico 
hsifitana  Hiflorica,  Pratica,  Symbolica,  Ethica, 
e  Politica  fundada,  e  comprehendida  no  dilatado 
âmbito  dos  dous  mundos  creados  Macrocofmo,  e 
Microcofmo.  Part.  i.  Coimbra  por  Joaõ 
Antunes.  1726.  foi. 

F«f/^  hifa.  Contem  a  vida,  e  acçoens  do 
Sereniflimo  Senhor  Infante  D.  Manoel  Aí.  S, 

hufiada  Sacra.  Poema  heróico  cujo 
argumento  he  a  Origem,  e  fuceíTos  do  Im- 
pério Lufitano  aíTim  Ecclefiaílico  como  fecu- 
lar.  M.  S. 

Vida,  e  acçoens  do  primeiro  Princepe 
do  Brafil  para  exemplar  do  noffo  Serenijftmo 
Princepe  D.  Joa^.  Tem  por  titulo  efte  ana- 
grama  Theodofio.  Todo  ]o!(é.  Aí.  S. 

Fr.  BRAZ  DE  SANTA  MARIA  Ere- 
mita de  Santo  Agoftinho,  e  ConfeíTor 
do  Illuíbiflimo  Arcebifpo  de  Goa  D.  Fr. 
Aleixo  de  Menezes,  a  quem  acompanhou 
na  Jornada  que  fez  às  Serras  do  Malabar  em 
o  anno  de  1598.  efcrevendo. 

Informaçoens  da  Viagem  às  Serras  do 
Malabar.  M.  S. 

Das  quaes  fe  aproveitou  D.  Fr.  Antó- 
nio de  Gouvea  para  a  compofiçaõ  da  Hif- 
toria  deíla  Jornada,  que  imprimio  em  Coim- 
bra por  Diogo  Gomez  Loureiro  ImpreíTor 
da  Univerfidade  1606.  foi.  e  o  confeíTa  no 
Prologo  deíla  obra.  Do  Author  das  Infor- 
maçoens faz  mençaõ  o  moderno  addicio- 
nador  da  Bib.  Orienf.  de  António  de  Leon. 
Tom.  I.  Tit.  5.  col.  62. 

BRAZ  DE  MATTOS  Ulyífiponen- 
fe  a  quem  como  Varaõ  verfado  nas  maté- 
rias de  Theologia  Myítíca  louva  Joan.  Sua- 


548 


BIB  LIOTHE  CA 


res  de  Brit.  in   Theatr.    "Lufit.  Utter.  lit.  B. 
n.  37.   Compoz. 

Pratica  ejpiritual  do  de/prei^o  do  mundo 
chamado  efpelho  de  peccadores.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  1620.  4. 

BRAZ  MENDES  DA  BARCA  Theo- 
logo  Moralifta.  Eftudou  em  a  Univeríi- 
dade  de  Évora  com  o  eftipendio  Real.  Com- 
poz em  26.  de  Abril  de  1622. 

Compendium  Scah  Ca  li.  M.  S.  %. 

BRAZ  NUNES  MAISÍANAS  natural 
da  Villa  de  Alter  do  Chaõ  da  Provinda  de 
Alentejo  Medico  da  Mageílade  delRey  D. 
Joaõ  o  IV.  taõ  infigne  nefta  profiíTaõ  como 
em  a  Poeíia  de  que  fez  muitas  obras,  fendo 
a  mais  celebre  hum  Romance  Satyrico  contra 
o  Medico  António  da  Motta  por  lhe  preferir 
em  tomar  o  pulfo  à  Rainha  D.  Luiza  Fran- 
cifca  de  Gufmaõ.    Começava. 

Tiene  B/as  condicion  dura 
o  qual  naõ  fe  lhe  permitio  que  o  imprimiíTe. 

Soneto  em  applaujo  de  Diogo  Ferreira  de 
Figueiroa  impreíTo  no  principio  de  feu  livro 
Defmayos  de  May  o  &c.  Villa  viçofa  por  Manoel 
Carvalho.  1635.  8. 

Epigramma  L,atino  à  morte  da  Senhora  D. 
Maria  de  Attayde.  Sahio  nas  Memorias  Fúnebres. 
Lisboa  na  Officina  Craesbeeckiana.   1650.  4. 

BRAZ  PEREYRA  DE  MIRANDA. 
Naceo  na  Cidade  do  Porto  onde  teve  por  Pays 
a  Joaõ  Alvarez  Pereira,  e  D.  Bernardina  de 
Soufa.  Entre  os  eftudos  a  que  fe  applicou 
com  mayor  difvelo  foy  o  da  Genealogia  em 
que  fez  grandes  progreíTos  efcrevendo. 
Familias  defte  Rejno. 

Com  grande  curiojidade,  e  verdade  como 
affirma  o  P.  D.  António  Caetano  de  Soufa 
no  Apparat.  à  Hift.  Geneal.  da  Cat^a  Real 
pag.  60.  §.  40. 

Além  da  Obra  referida  fez  notas  impor- 
tantes fobre  o  eíhido  Genealógico  que  ficarão 
em  poder  de  feu  Neto  D.  Jorge  Henriques 
Senhor  das  Alcáçovas,  e  Vedor  da  Sere- 
niíTima  Raynha  D.  Mariana  de  Auítria. 
Fazem  illuftre  memoria  do  feu  nome 
Franc.  Bib.  Portug.  M.  S.  Joan.  Soar. 
de     Brit.     Theat.     Lujit.     Litterat.     lit.     B. 


n.  38.  e  D.  Francifco  Manoel  na  Cart.  dos 
Author.  Portug.  efcrita  ao  D.  Manoel  da 
Fonfeca  Themudo. 

BRAZ  PINTO.  Foy  muito  perito  no 
eíludo  da  Alveitaria,  de  que  compoz  hum 
Livro  que  confervava  feu  filho  Manoel 
Pinto,  como  efcreve  Joaõ  Franco  Barreto 
na  Bib.  Portug.  M.  S. 

Fr.  BRAZ  DE  RESENDE  natural  de 
Évora  filho  de  Jorge  de  Refende,  irmaõ  de 
André  Falcaõ  de  Refende,  de  quem  jà  fizemos 
memoria,  e  fobrinho  de  Garcia  de  Refende 
Chroniíla  delRey  D.  Joaõ  o  II.  Deixado  o 
nome  de  Jorge  que  confervava  no  feculo 
entrou  na  Religião  Dominicana  na  qual  foy 
taõ  infigne  em  letras,  como  em  virtudes,  pelas 
quaes  mereceo  particulares  eílimações  do 
Duque  de  Aveiro  D.  Joaõ  de  Lencaílre  filho 
do  fenhor  D.  Jorge  Duque  de  Coimbra.  Com- 
poz varias  obras  Poéticas  mais  devotas, 
que  elegantes  fendo  as  principaes. 
Auto  do  pranto  da  Magdalena. 
Auto  do  pranto  de  S.  Pedro. 

Delles,  e  do  Author  fazem  memoria  Fr. 
Pedro  Monteiro  Claujl.  Domin.  pag.  177. 
Fonfec.  Evor.  Glorio/,  pag.  411.  e  Joaõ  Franco 
Barreto  Bib.  Portug.  M.  S. 

Fr.  BRAZ  SOARES.  Naceo  na  Cidade  de 
Ponte-Delgada  Capital  da  Ilha  de  S.  Miguel,  e 
foy  filho  de  AfFonfo  Nunes,  e  de  fua  terceira 
mulher  Joanna  Soares.  Deixando  a  pátria  paf- 
fou  às  Ilhas  Filippinas,  onde  recebeo  o  Habito 
da  Ordem  dos  Pregadores,  e  de  tal  modo  fe 
conílituhio  hum  vivo  exemplar  de  todo  o  gé- 
nero de  virtudes,  que  defejando  os  Religiofos 
mais  obfervantes  reformar  a  Província,  que  ef- 
tava  fummamente  relaxada,  o  mandarão  a  Ro- 
ma para  executar  eíla  empreza  de  que  refultava 
tanto  credito  à  Religião.  Chegado  à  Cúria  foy 
prezo  por  finiftras  informaçoens  de  alguns  emu- 
los  que  fe  opunhaõ  à  Reforma,  e  depois  de  pa- 
decer diverfas  moleftias  achando  occafiaõ  op- 
portuna  de  fahir  do  cárcere  fe  lançou  aos  pés  do 
Santo  Pontífice  Pio  V.  a  quem  fielmente 
expoz  a  caufa  porque  fora  mandado  àquella 
Corte,  e  conhecendo  o  Summo  Paílor  muito 
mais    da    modeftia    do    femblante    que    da 


te« 


L  USITANA. 


549 


eíficacia  das  palavras  a  innocencia  da  Tua 
vi(i:i,  o  nomeou  Vifítador,  c  Reformador  da 
ditii  Província  de  cuja  commiíTaõ  modeíla- 
mcnte  fe  eícufou  fupplicando-lhe  a  faculdade 
cIc  paHar  para  a  Religião  dos  Eremitas  de 
Santo  Agoílinho,  onde  com  fumma  tran- 
quillidadc  queria  acabar  a  vida.  Defirio  bene- 
volamente o  Pontífice  a  efta  fupplica,  e  foy 
admitida  à  Ordem  Auguíliniana  pelo  feu 
Geral  Thadeo  Perufino  com  grande  fatisfa- 
çaõ  por  venerar  na  fua  peíToa  as  virtudes 
de  hum  perfeito  Religiofo,  conccdcndo-lhc 
licença  de  que  viveííe  na  fua  pátria  para 
foccorro  de  alguns  parentes  neceíTitados.  Naõ 
foy  pequeno  o  jubilo  com  que  os  naturaes  de 
Ponte- Delgada  o  receberão,  e  bufcando  por 
domicilio  a  Krmida  de  Santa  Anna  fe  occu- 
pava  na  direção  efpiritual  de  muitas  almas 
fendo  as  principacs  a  Vcn.  Matrona  Mar- 
garida de  Chaves,  e  Ifabel  de  Miranda,  de  que 
rcfultou  nomeallo  em  attençaÕ  de  feus  vir- 
tuofos  coftumes,  ConfeíTor  das  Religiofas 
do  Convento  de  Santo  André  o  Bifpo  D. 
Pedro  de  Caílilho  que  depois  paflando  à  Mitra 
de  Leiria  foy  Inquifidor  Geral,  e  duas  vezes 
Governador  defte  Reyno.  Erigindo-fe  a 
aj.  de  Julho  de  1606.  o  primeiro  Convento 
de  Eremitas  Auguílinianos  na  Cidade  de 
Ponte-Delgada  foy  eleito  para  primeiro  Pre- 
lado, que  elle  humildemente  regeitou,  onde 
cheyo  de  virtudes,  e  naõ  menos  de  annos  que 
chegarão  a  100.  paíTou  deíla  vida  caduca 
para  a  eterna  a  11.  de  Mayo  de  161 5.  O 
feu  cadáver  foy  trefladado  no  anno  de  161 8. 
para  o  novo  Convento  de  Santo  Agoftinho 
edificado  junto  da  Parochia  de  Saõ  Pedro 
por  faculdade  do  Bifpo  D.  Agoftinho  Ribeiro 
e  o  depofitaraõ  debaixo  do  Altar  môr.  Fazem 
delle  mençaõ  Herrera  in  Alpbab.  Auguftin. 
Sgnus  plane  vir,  qui  in  memoria  hominum 
wntatur,  non  minus  propter  infigiia  merita, 
jwàw  propter  illujlrijftmas  filias.  Ant.  à 
Purif.  Chronol.  Monaji.  pag.  55.  Franc. 
A£bnf.  de  Chav.  e  Mello  Vid.  da  Ven.  Mar- 
garid.  de  Chaves  pag.  287.  Elíio  Encom. 
Auguft.  pag.  129.  Cardofo  A^ol.  LmJíí. 
Tom.  3.  pag.  166.  e  no  Comment.  de  11. 
de  Mayo  letr.  D.  Fr.  Ant.  da  Natividad. 
iémte  de  Coroas  Coroa  8.  §.  2.  num.  40. 
Compoz. 


Vida  da  Ven,  Marj^rida  de  Chavts 
fua  Confeffada,  da  qual  grande  parte  íahio 
impreíTa  na  vida  defta  Serva  de  Deos  efcríta 
na  lingua  Italiana.  Roma  por  Bartholomeu 
Zannetto.  161 2.  e  fe  conferva  na  Livraria 
do  Convento  da  Graça  de  Lifboa.  8. 

Vida  da  Ven.  l/abel  de  Miranda  fua 
Confeffada.  Fr.  Luiz  do»  Anjos  no  Jardim 
de  Por/ug.  cap.  180.  fallando  defta  Serva 
de  Deos  faz  mençaõ  do  Efcritor  da  fua 
vida  dizendo:  A  gféiou  no  caminho  da  perfei- 
ção como  quem  tinha  dom  de  Deos  para  feme- 
Ihantes  obras  de  virtude  por  fer  experimentado 
em  tratar  com  almas  temerofas,  e  de  boa  concien- 
cia,  o  qual  efcreveo  huma  larga  hijioria  defta  Serva 
de  Deos.  Conferva-fe  no  Convento  da  Graça 
de  Lifboa.  8. 

Vida  de  Martha  Soares  fua  Confeffada. 
M.  S.  Defta  Obra  faz  memoria  Cardofo 
Agiol.  Lufit.  Tom.  3.  pag.  193.  no  Comment. 
de  II.  de  Mayo.  Letr.  D. 

P.  BRAZ  VIEGAS  natural  de  Évora 
onde  inftruido  com  virtuofos  documentos 
por  feus  Pays  Pedro  Palha,  e  Violante  Viegas 
deixou  a  fua  companhia  para  fe  aliftar  em  a  de 
JESUS  no  Collegio  da  fua  Pátria  a  15.  de 
Fevereiro  de  1569.  quando  contava  defefeis 
annos  de  idade.  Aprendidas  as  letras  Huma- 
nas, e  Divinas  com  enveja  de  feus  condifcipu- 
los  as  diftou  com  admiração  de  todos  os 
Meftres  principalmente  quando  explicou  com 
fohda  fubtileza  em  as  Univerfidades  de  Coim- 
bra, e  Évora,  onde  recebeo  o  gráo  de  Doutor 
em  Theologia  a  24.  de  Julho  de  1594.  os 
profundiíTimos  arcanos  da  Sagrada  Efcri- 
tura  que  fe  lhe  fizeraõ  mais  patentes  pela 
grande  intelligencia  que  tinha  da  lingua 
Hebrayca,  naõ  fendo  menos  eminente  em 
a  fciencia  da  Grega,  e  Latina.  Foy  Ora- 
dor elegante.  Poeta  iníigne,  Pregador  ex- 
cellente,  e  Efcriturario  famofo.  Todos 
eftes  fcientificos  dotes  fe  illuflxavaõ  com  a 
innocencia  da  vida,  affabilidade  do  génio, 
obfervancia  do  Inftituto,  fendo  venerado 
por  todos  como  perfeito  exemplar  aflim 
de  letras  como  virtudes.  Morreo  no  Col- 
legio de  Évora  a  22.  de  Agofto  de  1599. 
com  46.  annos  de  idade,  e  30.  de  Reli- 
gião.   O    feu    nome    exaltaõ   Nicol.   Anton. 


I  ..L. 


55o 


B  IB  LIO  THE  CA 


Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  140.  Ingenuarum 
omnium  artium  eruditione  perpolitus.  Ribada- 
neir.  Cathal.  lllujl.  Script.  S.  J.  Vir  non  ingenio 
tantum  magno,  facili,  prompto,  atque  ad  omnia 
paratOf  fed  etiam  plácido,  affabili,  <&  beni- 
gno. Fr.  Franc.  à  D.  Aug.  Maced.  Vro- 
pugnacpil.  'Luf.  Gallic,  pag.  iii.  Clarijfimum 
Scripturarum  Interpretem,  &  p.  118.  Sacra- 
rum  litterarum  infignem  profejjorem,  e  'Phi- 
lip. Portug.  cap.  21.  p.  iio.  Grave,  e  douto 
Efcriturario.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
L.ujif.  Utterar.  lit.  B.  n.  39.  Vir  hatinis, 
-ey  Gracis  litteris  apprime  eruditus.  Franco 
Ann.  Glorio/.  S.  J.  in  hujit.  pag.  487. 
Eminuit  facultate  Oratória,  (ò"  Conciona- 
íoria;  e  na  Imagem  do  Novic.  de  Evor.  pag.  857. 
Homem  em  tudo  grande  particularmente  na  S ciência 
Jas  Divinas  hetras.  PoíTevino  Appar.  Sac. 
Tom.  I.  pag.  229.  Marrado  P>ib.  Marian. 
Part.  I.  pag.  238.  Biblioth.  Societ.  p.  123. 
col.  2.  Fonfec.  Évora  Glor.  pag.  428.  e  411. 
Nat.  Alex.  Hifi.  Ecclejiafi.  Tom.  7.  pag.  mihi. 
123.  col.  I.  Lelong.  Bib.  Sacr.  pag.  mihi 
1003.  col.  2.  IlluílriíTim.  Cunha  in  Decret. 
ad  C.  Archidiac.  i.  Diíl.  85.  n.  3.  Tof- 
cano  Paralel.  de  var.  lllujl.  cap.  86.  Taxand. 
Cathalog.  ciar.  Hifp.  Script.  Hallevord.  Bib. 
Curiof.  p.  38.  col.  I.    Compoz. 

Commentarii  exegetici  in  Apocalypjim 
Joannis  Apojioli.  Eboríe  apud  Emmanue- 
lem  de  Lyra.  1601.  foi.  A  eíla  Obra,  de 
<^ue  fazia  fumma  eftimaçaõ  o  Doutor  Exí- 
mio o  Padre  Francifco  Soares  Granatenfe 
lhe  fez  o  feguinte  Elogio  o  IlluílriíTimo 
Arcebifpo  de  Évora  D.  Theotonio  de  Bra- 
gança na  faculdade  que  deo  para  imprimirfe, 
dizendo:  Ea  eji  Doãoris  fapientijftmi  doutrina, 
(&  Chriftiani  pajloris  pietas,  atque  in  erudiendis 
4ifficillimis  Sacra  Pagince  fenjibus  felicitas,  atque 
ingenium,  ad  animofque  in  rerum  fupernatura- 
lium,  ac  caleflis  Hyerufalem  dejiderium  infla- 
mandos  vis,  (ò"  efficacia,  ut  non  folum  illi 
concedamus  facultatem  hofce  commentarios 
imprimendi,  fed  nojirce  etiam  Academia  gra- 
tulamur,  quod  tam  doãos,  pios,  (&  infignes 
mros  (&  aluerit,  eb"  confummatos  viderit. 
Sahio  reimpreíTa  Lugd.  apud  Jacobum 
Cardon  1602.  Venetiis  apud  Societatem 
Venetam  1602.  4.  Pariíiis  apud  Dyoni- 
fium  Dinet.    1606.   4.   Turnoni  apud  Hora- 


tium  Cardon  16 14.  Colónias  apud  Arnoldum 
Mylium.  161 7.  4.  &  Coloniae.  Agrippinac 
apud  Crithium  161 7.  4.  Foy  traduzido 
efte  Commento  na  lingua  Etiópica  pelo  Pa- 
triarcha  AfFonfo  Mendes,  no  anno  de  16 14» 
como  elle  efcreve  in  Expedi t.  JEtiop.  Lib.  i. 
cap.  12.  fervindo-lhe  de  grande  foccorro 
para  convencer  os  erros  dos  Abexins. 

Commentaria  in  Ifaiam,  Habacuc,  Agaum, 
Zachariam,  Et^echielem,  €>*  in  Epiflol.  D, 
Paul.  ad  Hebrceos.  foi.  M.   S. 

Explanatio  in  Exodum.  foi.  M.  S. 

De  Viãoria  Mejftce.  Deíle  tratado 
faz  mençaõ  Carlos  Jozé  Imbonati  Bib.  Latin. 
Hebraic.  pag.  329.  n.  1032. 

Traduzio  de  Italiano  do  P.  Vicente  Bruno 
da    Companhia    de    JESUS    em    Portuguez. 

Meditações  fobre  os  Myflerios  da  Pai- 
xão, KefurreiçaÕ,  e  Afcenfaõ  de  Chriflo  Nojfo 
Senhor,  e  Vinda  do  Efpirito  Santo  com  figu- 
ras, e  profecias  do  Teflamento  Velho,  e  docu- 
mentos tirados  de  cada  hum  dos  pajjos  do 
Evangelho,  recolhidos  de  diverfos  Santos  Padres, 
e  outros  devotos  Authores,  acrefcentadas 
com  muitos  Eugares  da  Sagrada  Efcrittu- 
ra.  Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck. 
1601.  8. 

BRÍGIDA     DE     ALARCAM.    Foy 

inílruida  na  Poética,  e  Rhetorica,  e  na  ' 
lingua  Latina  que  foube  com  grande  per- 
feição. Teve  noticia  de  hum,  e  outro  Di- 
reito, da  Theologia  Efcholaftica,  e  Moral, 
da  Hiftoria  Eccleíiaftica,  e  Profana.  Dif- 
curfava  com  agudeza,  fallava  com  ele- 
gância, e  tanta  afluência  de  palavras  que 
em  huma  occaíiaõ  orou  fem  interrupção 
pelo  efpaço  de  cinco  horas.  Faleceo  a  18. 
de  Novembro  de  1622.  quando  contava 
cincoenta  annos  de  idade.  Nunca  quiz  fo- 
geitarfe  ao  Eílado  Conjugal  ainda  que  para 
efle  eíFeito  fe  lhe  offereceraõ  opportunas 
occaíioens.    Compoz. 

Vida,  acçoens,  e  morte  da  Famigerada 
Judith.  M.  S. 

Vida,  acçoens,  e  morte  do  Famofo  San- 
faõ.  M.  S. 

Faz  memoria  defta  Authora  Diogo  Ma- 
noel Ayres  de  Azevedo  Portug.  Illujirad. 
pelo  Sex.  Fem.  pag.  86.  §.  25. 


L  USITAN A, 


55 1 


BRÍGIDA  DE  S.  ANTÓNIO  chamada 
no  Século  D.  Leonor  de  Mendanha,  teve  por 
berço  a  famofa  Cidade  de  Lisboa  onde  naceo 
a  28.  de  Janeiro  de  1)76.  e  por  progenitores 
a  Jorge  Vaz  de  Campos,  e  D.  Izabel  de  Men- 
danha igualmente  nobres,  e  opulentos,  como 
(Icfccndcntes  das  famílias  mais  qualificadas 
(la  Vil  la  de  Abrantes,  e  do  Reyno  de  Caílella. 
Logo  na  primeira  infância  dcfcubrio  huma 
rcóhi  inclinação  para  a  virtude,  de  tal  forte, 
que  a  madureza  das  fuás  acçoens  era  naõ 
fomente  admiração,  mas  cenfura  dos  annos 
mais  adultos.  Por  morte  de  hum  irmaõ 
único  ficando  herdeira  da  cafa  fe  rcfolveo 
fua  Mãy  a  defpozala  com  peíToa  digna  do 
fcu  nacimento,  porém  como  tinha  confagrado 
ao  divino  Efpofo  fua  virginal  pureza  diíTimu- 
lava  prudentemente  a  repugnância  que  tinha 
ao  Eftado  conjugal.  Para  confeguir  os  arden- 
tes dczejos  em  que  fe  abrazava  de  fe  aliftar 
em  alguma  Communidadc  Religiofa  elegeu 
para  dircftor  de  taõ  fanto  intento  ao  V.  P. 
António  da  Conceição  Cónego  Secular  da 
Congregação  do  Evangeliíla,  cuja  virtude 
era  univerfalmente  venerada,  o  qual  lhe  per- 
fuadio  fe  recolheíTe  ao  domicilio  das  Reli- 
giofas  Inglezas  da  Ordè  de  Santa  Erigida, 
que  naquelle  tempo  tinhaõ  chegado  a  eíla 
Corte  fugitivas  das  perfeguiçoens  dos  Here- 
ges, aonde  entrou  a  23.  de  Setembro  de  1601. 
havendo  valerofamente  triunfado  das  pode- 
rofas  deligencias,  com  que  a  authoridade  dos 
parentes,  e  a  ternura  da  Mãy  intentarão  opporfe 
à  fua  heróica  refoluçaõ.  Admitida  ao  Novi- 
ciado mudou  o  nome  de  Leonor  em  Brígida  por 
obfequio  à  fua  iníigne  Matriarcha,  e  o  appel- 
lido  de  Santo  António  em  memoria  do  Vene- 
rável direftor  da  fua  conciencia,  começando 
a  refplandecer  em  todo  o  género  de  virtudes 
pelas  quaes  fe  fez  digna  de  profeíTar  a  28. 
de  Outubro  de  1602.  A  fua  grande  prudência 
acompanhada  de  natural  benevolência,  e 
fumma  charidade  a  conítituiraõ  capaz  de  exer- 
citar todos  os  Officios  da  Communidade  fendo 
Provifora,  Sancriftaã,  Zeladora,  Enfermeira, 
Meftra  de  Noviças,  e  ultimamente  Abba- 
deíTa.  Em  taõ  diferentes  miniílerios  exer- 
citados por  ordem  da  obediência  repartia 
com  tanta  igualdade  o  tempo,  que  nunca 
as   occupaçoens    de   Marta   a   privavaõ    das 


contemplaçoens  de  Maria.  Ardia  o  (eu  cora- 
ção em  taô  vivas  chamas  do  amor  Divino 
quando  orava,  que  paca  mitigar  efte  celeílíal 
incêndio,  naõ  eraô  baftantes  as  copioíâs  lagri- 
mas que  derramava.  Abforta  pelo  largo 
efpaço  de  quarenta  horas  o  feu  efpírito,  e 
fufpenías  em  doce  calma  as  potencias  parecia 
o  corpo  cadáver,  de  tal  forte,  que  perceben- 
dofe  algumas  vezes  a  refpiraçaõ  intercadente 
fe  lhe  adminiílrou  o  Sacramento  da  Extrema 
Unçaõ,  de  cujo  fuave  delíquio  defpertava 
com  ays  enternecidos.  Como  Medra  da  mais 
fublime  efcola  era  confultada  pelos  mayores 
Iletrados  fobre  matérias  graviíTimas  vene- 
rando por  Oráculos  fuás  repoftas,  naõ  fendo 
inferior  a  fua  inteligência  para  penetrar  os 
fegredos  do  coração  humano,  e  ferenar  as 
conciencias  efcrupulofas.  Foy  infigne  em  o 
dom  da  Profecia,  vaticinando  muitos  fuceflbs 
naõ  fomente  de  peíToas  particulares,  mas  de 
toda  a  Monarchia,  de  cuja  inílalivel  certeza 
fe  conhecia  evidentemente  a  fuperior  luz  que 
lhe  íUuftrava  o  entendimento.  Para  domar  o 
corpo,  e  reduzillo  às  leys  do  efpírito  inventou 
vários  géneros  de  penitencias,  que  feríaõ  jul- 
gados como  exceflbs  da  tirania  fe  os  naõ  regu- 
lara pelos  impulfos  do  coração  fempre  ambi- 
ciofo  de  extraordinárias  mortificaçoens.  De 
todas  eftas  virtudes  teve  por  teftemunhas,  e 
imitadoras  as  Religiofas  do  Seráfico  Convento 
de  NoíTa  Senhora  da  Efperança  deíla  Corte 
quando  aíTiílio  entre  ellas  pelo  efpaço  de  fete 
mezes  por  caufa  do  incêndio  que  devaílou  em 
17.  de  Agoílo  de  165 1.  o  Convento  em  que 
habitava.  A'  fua  incanfavel  deligencia  fe  deve 
a  fundação  do  Convento  de  NoíTa  Senhora  de 
Marvilla  fituado  nos  arrebaldes  de  Lisboa 
em  o  qual  fe  obferva  o  Inftituto,  que  ella  pro- 
feíTava.  Sendo  fummamente  humilde  naõ 
podia  efcuzar-fe  das  vifitas  das  mayores  pef- 
foas  do  Reyno,  como  eraõ  a  Sereniffima  Rainha 
D.  Luiza  Francifca  de  Gufmaõ,  os  Duques  de 
Aveyro,  o  Marquez  de  Marialva  D.  António 
Luiz  de  Menezes,  e  feu  Irmaõ  D.  Rodrigo 
de  Menezes,  o  Inquifidor  Geral  D.  Fran- 
cifco  de  Caftro  refpeitando  imidos  no  feu 
efpirito  todos  aquelles  dotes  com  que  a  di- 
vina Graça  ornou  as  Claras  de  AíTiz,  e  as 
Magdalenas  de  Pazzi.  Chegado  o  tempo 
de  ferem  premiadas  tantas  virtudes  adoeceu 


552 


B  IB  LIO  THE  CA 


da  ultima  infermidade  que  pelo  largo  tempo 
que  durou  lhe  fervio  de  fevero  exame  à  fua 
invifta  paciência.  Abrazada  mais  intenfamente 
com  o  fogo  do  amor  divino  que  com  o  ardor 
da  febre  fufpirava  pelo  inftante  que  a  havia 
fazer  participante  da  viíla  do  feu  Amado,  até 
que  repetindo  a  Antífona  Regina  Ca/i  Lafare 
voou  o  feu  efpirito  a  coroarfe  na  eternidade 
gloriofa  a  29.  de  Junho  de  1655.  com  78. 
annos  5 .  mezes,  e  dous  dias  de  idade.  As  Reli- 
giofas  vendofe  defpojadas  de  Mãy  taõ  amorofa, 
e  Meftra  taõ  prudente  defafogaraõ  a  fua  dor 
com  exceíTivas  expreíToens  de  fentimento. 
Pelo  efpaço  de  quatro  dias  efteve  o  cadáver 
expofto  no  Coro  confervando  tal  fermofura  no 
femblante,  e  flexibilidade  em  todos  os  membros 
que  parecia  eftar  entregue  a  hum  plácido  sono. 
Depois  de  fe  repartir  pelo  povo  parte  dos  feus 
veftidos  como  relíquias  fe  excitou  huma  con- 
troverfia  entre  o  Cabido  da  Cathedral  de  Lis- 
boa, e  os  Cónegos  Seculares  da  Congregação 
do  Evangeliíla  fobre  qual  das  duas  Commu- 
nidades  havia  levar  o  corpo  para  fe  lhe  dar 
decente  fepultura,  e  allegadas  as  rezoens  de 
huma,  e  outra  parte  fe  decidio  por  ordem  del- 
Rey  D.  Joaõ  o  IV.  foíTe  o  feu  Convento  depo- 
íito  de  taõ  preciofo  thezouro  o  qual  foy  poílo 
em  hum  Caixaõ  que  mandou  fazer  com  todo 
o  primor  o  Marquez  de  Gouvea  D.  Joaõ  da 
Sylva.  Paliados  três  mezes  foy  trefladado  a  3. 
de  Outubro  para  o  Convento  já  reparado  do 
incêndio,  que  o  devaílara,  e  fobre  a  pedra  da 
fepultura  fe  gravou  o  feguinte  epitáfio. 

Sepultura  da  V.  Madre  Soror  Brií^ida 
de  Santo  António  Keligiofa  profejja  da  Ordem 
de  Santa  Bri^ida  LIV.  Abbadefa  das  Re/i- 
giojas  Inglesas  IV.  Annos,  VI.  me^es,  cetatis 
Juce  LXXIX.  Faleceo  a  XXIX  de  Junho 
de  M.DCLV. 

A  fua  vida  efcreveo  difufamente  Fr. 
Agoílinho  de  Santa  Maria  Eremita  defcalço 
de  Santo  Agoftinho  que  fahio  impreíTa  por 
António  Pedrofo  Galraõ  1701.  4. 

Faz  larga  memoria  das  fuás  virtudes 
Jorge  Cardofo  Ágio/,  l^ujit.  Tom.  3.  pag. 
864.  no  Commentario  de  29.  de  Junho  let. 
I.  Francifca  da  Conceição  Religiofa  no  Con- 
vento da  Efperança  na  Re/açaÕ  da  fua 
vida  M.  S.  que  dedicou  à  Rainha  D.  Luiza 
Francifca    de    Gufmaõ;    e    Franc.    de    Santa 


Maria  no  Jacinto  Vortuguet^  Liv.  4.  cap.  84. 
e  António  Carvalho  da  Cofta   Corog.  ^ortugX 
Tom.    3.   Trat.    55.   pag.    519.   chamando-lhc 
Re/igiofa  de  coníoecida  virtude.     Efcreveo. 

Memorias  para  defpertar  o  feu  efpirito  aos\ 
/ouvores  de  Deos. 

Documentos  efpirituaes  extra})idos  dos  Santos] 
Padres,  e  Doutores  da  Igreja. 

Defefeis  Cartas  efcritas  a  Panta/eaõ  Rodri'\ 
guet(^  Pac/jeco  Bifpo  e/eito  de  E/vas. 

Carta  a  fjumafua  Sobrinha  moradora  na  Cidade 
de  Porta/egre. 

Todas  eílas  obras  eftaõ  impreíTas  na  vida 
deíla  Venerável  Madre  efcrita  por  Fr.  Agof- 
tinho  de  Santa  Maria  de  que  aíTima  falíamos 
defde  pag.  268.  até  285. 

Carta  efcrita  a  E/Rej  D.  Joaõ  o  IV.  Im- 
preíTa à  pag.    213.   da  vida  aíTima  allegada. 

Carta  efcrita  a  Fr.  Pedro  de  Maga/haens  da 
Ordem  dos  Pregadores  Deputado  do  Confe/ho  gera! 
do  Santo  Officio  direãor  da  fua  Conciencia.  Im- 
preíía  à  pag.   266.  da  mefma  vida. 

Re/açaÕ  breve  das  Re/igiofas,  que  floreceraJò 
no  Convento  de  Santa  Bri^ida  com  opinião  de  co- 
nhecida virtude.  M.  S.  Delia  obra  faz  memoria 
Jorge  Cardofo  Ágio/.  Eufit.  Tom.  3.  pag.  881. 
e  a  allega  varias  vezes. 

Quando  fe  fentia  mais  inflamada  no  Amor 
divino  defabafava  taõ  aítívo  incêndio  can- 
tando alguns  verfos  devotos  dos  quaes 
copiarão  hum  Romance  Jorge  Cardofo 
no  lugar  citado,  e  Fr.  Agoílinho  de  Santa 
Maria  à  pag.  187. 

SOR  BRITES  DO  ESPIRITO  SANTO 
chamada  no  feculo  D.  Brites  de  Mene- 
zes, cujo  apellido  tomou  de  fua  Avó  pa- 
terna. Naceo  na  Villa  de  Maçans  Bifpado 
de  Coimbra,  e  teve  por  Pays  a  D.  Chrif- 
tovaõ  Manoel  de  Vilhena  Commendador 
de  S.  Paulo  de  Maçans  da  Ordem  de  Chriílo, 
e  de  fua  fegunda  mulher  D.  Joanna  de 
Faria  filha  de  Gafpar  Gil  Severim  Exe- 
cutor mór  do  Reyno,  e  D.  Juliana  de 
Faria;  e  por  irmaõ  a  D.  Sancho  Manoel 
primeiro  Conde  de  Villa-Flor  General 
das  Provindas  da  Beira,  e  Alentejo,  Com- 
mendador das  Commendas  de  Saõ  Nico- 
láo  de  Cabeceiras  de  Bailo,  Saõ  Pedro 
de     Calvelos,     Santo     Adriaõ     de     Penafiel, 


LUSITANA. 


553 


c  Santa  Maria  de  Marmeleiro  da  Ordem 
de  Qiriílo,  a  cuja  valeroía  efpada  deve  Por- 
tugal grande  parte  da  Tua  Reílauraçaõ.  Na 
primavera  dos  annos  defprezou  as  delicias, 
com  que  o  mundo  lÍ2ongeiro  a  convidava 
fugindo  occultamente  para  o  Convento  de 
Santa  Clara  de  Évora,  em  cuja  religiofa  Clau- 
fura  profe/Tou  o  Seraíico  Inílituto  com  inex- 
plicável jubilo  de  feu  coração.  Emtaõfagrada 
efcolla  aprendeo  os  documentos  da  mais  alta 
perfeição  fendo  continua  nos  exercidos  da 
Oraçaõ  Mental,  c  Vocal,  e  naõ  menos  nas 
rigorofas  penitencias  com  que  fugeitava  o 
corpo  às  icys  do  efpirito.  Foy  igualmente 
caritativa    para    os    próximos,    como    conf- 


iante nas  adverfidades.  Sendo  Abbadeíía  fe2 
prudentemente  obfervar  os  preceitos  da  Re- 
gra, valendo-fe  para  empreza  taõ  árdua  mais 
da  clemência  de  Mãy,  que  da  feveridade  de 
Prelada.  Cumulada  de  mayor  copia  de  virtu- 
des que  do  largo  numero  de  90.  annos  que 
contava,  foy  receber  o  premio  delias  a  15. 
de  Agoílo  de  1696.   Efcreveo. 

Memoria/  de  aljiumas  Keliffofas  eminentes 
em  virtude,  que  floreceraõ  no  Convento  de  Santa 
Clara  de  Livora.  M.  S.  o  qual  confervava 
entre  outros  muitos  com  particular  eílimaçaô 
o  doutiíTimo  Antiquário  Manoel  Severim 
de  Faria  Chantre  da  Cathcdral  de  Évora, 
e  Tio  materno  da  Authora. 


554 


BIB  LIO  THE  CA 


c 


CAETANO  ALBERTO  Presby- 
tero  UlyíTiponenfe  fuficientemente 
inílruido  na  Theologia  Myftica, 
e  Moral  traduzio  da  língua  Caíle- 
Ihana  em  a  materna. 

Convento  efpiritual,  ou  e/cola  de  perfeição  Chrif- 
taã  na  qual  metaforicamente  fe  enfina  aos  que  pro- 
fejfaõ  a  vida  Keligiofa  a  doutrina  mais  importante 
aofeu  ejlado.  Lisboa  por  Manoel  Fernandes  da 
Coíla  Impreflbr  do  Santo  Oííicio.  1737.  8. 

Efta  obra  foy  compoíla  por  huma  Reli- 
giofa  Francifcana  do  reformado  Convento 
de  Granada,  e  a  cada  Capitulo  acrecentou 
o  Traduftor  huma  explicação  muito  douta. 

Fr.  CAETANO  DE  ALBUQUER- 
QUE natural  de  Lisboa,  e  filho  de  Tho- 
maz  Pereira  de  Albuquerque,  e  D.  Barbara 
Francifca  Xavier.  Na  idade  juvenil  recebeo 
o  habito  do  Doutor  Máximo  S.  Jeronymo 
em  o  Real  Convento  de  Belém  onde  pro- 
feíTou  a  13.  de  Setembro  de  1721.  De- 
pois de  frequentar  os  eíludos  de  Filofo- 
fia,  e  Theologia  em  que  deu  claros  indí- 
cios do  feu  talento,  naõ  foraõ  menores  os 
applaufos  que  confeguio  no  miniílerio  do 
Púlpito  como  teílemunhaõ  as  feguintes  pro- 
duçoens. 

Sermão  na  fefia  do  Santiffimo  Sacramento  com 
a  profiffaõ  da  Madre  Soror  Anna  Joaquina  de  Santa 
Theref^a  pregado  no  Real  Convento  da  mefma  Santa 
de  Carnide  a  26.  de  Julho  de  1728.  Lisboa  por 
Miguel  Rodriguez.  173 1.  4. 

Sermão  Panegyrico  do  Princepe  dos  Patriarchas 
o  Máximo  Doutor  da  Igreja  S.  Jeronymo  pregado 
no  Keal  Mofieiro  de  Santa  Maria  de  Belém  aos 
30.  dias  do  me^i  de  Setembro  de  1733.  Lisboa  na 
Officina  Auguftiniana.  1734.4. 

D.  CAETANO  DE  S.  ANTÓNIO  na- 
tural da  Villa  marítima  de  Buarcos  na  Provín- 
cia da  Beyra  diftante  fete  legoas  da  Cidade 
de  Coimbra.  Foy  admitido  ao  Canónico  habito 
de  Santo  AgoíHnho  no  Real  Convento  de 
Santa  Cruz  cabeça  delia  illuílre  Congregação 
nefte  Reyno  a  26.  de  Outubro  de  1698.  Appli- 


cou-fe  ao  eftudo  da  Botânica,  e  manipulação 
dos  medicamentos  em  que  fahio  eminente 
exercitando  o  Oííicio  de  Boticário  no  Real 
Convento  de  S.  Vicente  de  fora  deíla  Corte 
pelo  largo  efpaço  de  vinte  annos  com  grande 
credito  da  fua  fciencia  atè  que  falleceo  em 
o  mefmo  Convento  a  10.  de  Outubro  de  1730. 
Para  deixar  difcipulos  da  fua  Arte  compoz, 
e  imprimio. 

Pharmacopea  L.ujitana  reformada,  methodo 
praãico  de  preparar  os  medicamentos  na  forma 
Galenica,  e  Chymica.  Lisboa  no  Real  Con- 
vento de  S.  Vicente.  171 1.  foi.  e  Coimbra 
por  Joaõ  Antunes.  1714.  4. 

Traduzio  da  lingua  Latina  em  a  Portugueza. 

Pharmacopea  Bateana  na  qual  fe  contem  quaji 
outocentos  medicamentos  tirados  da  praãica  de  Jorge 
Bateo  Protomedico  de  Carlos  11.  Rej  de  Inglaterra. 
Lisboa  na  Officina  Real  Deflandefiana.  171 3.  8. 

D.  CAETANO  BARBOSA  chamado  no 
Século  Conílantino.  Naceo  na  Villa  de 
Redondo  da  Província  Tranílagana,  fi- 
tuada  entre  Villa-viçofa,  e  a  Cidade  de  Évora 
a  8.  de  Fevereiro  de  1660.  Teve  por  Pays 
a  Vicente  Barbofa  de  Carvalho  Capitão 
Mór  de  Redondo,  e  D.  Maria  de  Mira. 
Na  tenra  idade  de  quinze  annos  deixando 
a  pátria  recebeo  a  roupeta  de  S.  Caetano 
em  a  Cafa  de  N.  Senhora  da  Divina  Provi- 
dencia deíla  Corte  onde  profeíTou  a  18.  de 
Fevereiro  de  1676.  Aprendidas  em  taõ  douta 
paleílra  as  letras  humanas,  e  divinas,  naõ 
fomente  eníinou  como  Meílre  aos  feus  do- 
mefticos,  mas  os  governou  como  Prelado 
merecendo  faudades  dos  fubditos  pela  fua 
natural  benevolência.  Foy  hum  dos  bons 
Oradores  Evangélicos  do  feu  tempo  em 
cujos  difcurfos  competia  a  fubtileza  com  a  dif- 
criçaõ.  Para  teítemunhar  o  amor  que  tinha 
à  fua  Sagrada  familia  difpendeo  para  ornato 
da  Igreja  grande  copia  de  dinheiro.  Na 
Cafa  onde  naceo  para  a  Religião  acabou 
a  vida  em  25.  de  Janeiro  de  1736.  quando 
contava  76.  annos  de  idade,  e  60.  de  reli- 
giofo.    Imprimio. 


L  USITANA. 


555 


Sermaõ  da  SoUdadi  prígado  no  Convénio 
de  Santa  Anna.    Lisboa  por  Miguel  Mancfcai 

1691.  4« 

Sermaõ  Panej^rico  de  N.  Senhora  da  Divina 
Providencia  prijitído  em  Lisboa  na  Jua  Iff^eja  dos 
Clérigos  Kegulares  na  Fefia,  que  lhe  fav^  a  illujlrij- 
Jima  Irmandade  das  V.f cravas  da  me/ma  Senhora 
na  Segunda  Dominga  depois  da  lipifania.  Lis- 
boa por  António  Pedrofo  Galraõ    1695.  4. 

Rhe/orica  Ecclejiajlica  acttrate,  cogitateque  exa- 
rata  Aí.  S,  4.  Confcrva-fc  na  Livraria  dos 
PP.  Thcatinos  dcíla  Cottc  como  nclla  vimos. 

Fr.  CAETANO  DE  BELÉM  natural  do 
Porto  Rcligiofo  profcíTo  da  Seráfica  Provinda 
da  Immaculada  Conceição  do  Rio  de  Janeiro. 
Teve  Igual  talento  para  a  Oratória  Eccle- 
fiaftica,  como  para  a  Pocfia  aíTim  vulgar  como 
Latina  compondo. 

lutbyrinto  Poético,  6.  Emblemas,  e  dous  Epi- 
gramas em  applaufo  de  Fr.  Fernando  de  Santo 
António  Provincial  da  Provinda  da  Conceição. 
Efta  obra  M.  S.  conferva  em  feu  poder  Fr. 
Apolinário  da  Conceição  Religiofo  do  mefmo 
Inítituto  de  quem  fizemos  larga  memoria 
em  feu  lugar. 

CAETANO  DE  BRITO  DE  FIGUEI- 
REDO.   Naceo  em  Lisboa,  e  na  Freguezia 
da  NoíTa  Senhora  da  Encarnação  foy  bautizado 
a  4.  de  Janeiro  de  1671.   Foraõ  feus  Pays  Ma- 
noel Soares  de  Brito  Efcrivaõ  da  Fazenda  do 
Infantado,  e  D.  Anna  Maria  de  Figueiredo. 
Depois  de  ter  aprendidos  os  preceitos  da  Lati- 
nidade,  Rhetorica,  e  Poética  em  que  fahio 
muito  perito  paíTou  a  Univerfidade  de  Coim- 
bra onde  fe  applicou  ao  eftudo  do  Direito  Ce- 
fareo  no  qual  recebido  o  gráo  de  Bacharel  fe 
reftituhio  à  Corte.    Com  igual  fciencia  que 
inteireza  adminiílrou  os  lugares  de  Juiz  de  fora 
de  Óbidos,  e  de  Sylves,  Ouvidor  de  Faro, 
Dezembargador  da  Relação  da  Bahia,  e  ulti- 
mamente Vereador  do  Senado  de  Lisboa,  onde 
morreo  a  17.  de  Outubro  de  1732.   Jaz  fepul- 
tado  na  Parochia  de  N.  Senhora  do  Socorro. 
Foy  Cavalleiro  da  Ordem  de  Chriílo  de  génio 
muito  aíFavel,  e  cortezaõ  bom  poeta  vulgar, 
e  elegante  orador  de  que  foraõ  theatros  varias 
Academias.    Compoz. 

Diário    Panegyrico    das   Fejlas,    que   na  fa- 


mofa  Cidade  da  Bahia  fe  fii(eraÕ  em  applaufo 
do  faujlo,  e  felix,  Natalício  do  Excellentijftmo  Se- 
nhor D.  Pedro  de  Noronha  gforUifo  Primogénito 
dos  Ibccellintijftmos  Senhores  Condes  d»  Villa- 
-verde.  Lisboa  por  Miguel  Mancfcai  ImpreíTor 
do  Santo  Offício,  e  da  SereniíTuna  GUa  de 
Bragança.  171 8.  4. 

P.  CAETANO  DA  FONSECA  Naceo  em 

Lisboa  a  17.  de  Novembro  de  1694.  fendo  filho 
de  Pedro  Corrêa  da  Sylva,  e  Maria  de  Santo 
António.  Ainda  naõ  tinha  completos  1 6.  annos 
quando  em  o  Noviciado  da  fua  pátria  recebeo 
a  roupeta  da  Companhia  de  JESUS  a  19.  de 
Março  de  1710.  Foy  Meftre  de  letras  huma- 
nas, e  Rhetorica  em  a  Univerfidade  de  Evoía 
onde  leu  Filofofia,  e  Thcologia  Moral,  e  anual- 
mente he  fubílituto  de  Theologia  efpeculativa. 
Imprimio. 

Sermaõ  do  CoraçaÕ  de  JESUS  pregado  com  o 
Sacramento  expojlo  no  mefmo  CoraçaÕ  na  fexta 
feira  im mediata  ã  Outava  do  Corpo  de  Deos  i^.  de 
Julho  de  ij^S.  fazendo  no  mefmo  dia  afua profijjad 
Sor  Rita  Faujliniana  do  Sacramento  Religiofa  mi- 
litar de  S.  Joaõ  Bautijla  em  a  Villa  de  Eflremos,  e 
dev^endo  juntamente  a  fua  primeira  Mi  ff  a  o  P.  Pe- 
dro Joaquim  da  Cofia  irmaõ  da  mefma  Senhora, 
Lisboa.    1738.   4.   fem   nome   do   ImpreíTor. 

D.  CAETANO  DE  GOUVEA.  Naceo 
no  lugar  de  Riudades  termo  da  Villa  de  Pare- 
des Comarca  de  Pinhel  do  Bifpado  de  Lamego 
a  20.  de  Novembro  de  1696.  fendo  filho  de 
Manoel  de  Gouvea  Pacheco  Capitão  mór  da 
Villa  de  Paredes,  e  de  fua  mulher  D.  Maria  de 
Soufa  RebeUo.  Depois  de  eíhidar  na  Univer- 
fidade de  Coimbra  Filofofia  hum  anno,  e 
outro  Inítituta  paífou  a  efta  Corte  onde  atrahido 
do  exemplar  procedimento,  e  imiverfal  littera- 
tura  dos  Clérigos  Regulares  Theatinos  veftio 
a  fua  Roupeta  a  3.  de  Abril  de  1714.  e  a  7. 
do  dito  mez  do  anno  feguinte  profeífou  fo- 
lemnemente.  O  agudo  talento  de  que  o  do- 
tara a  natureza  lhe  facilitou  comprehender 
brevemente  as  dificuldades  Theologicas,  e 
naõ  menos  as  noticias  de  huma,  e  outra 
Hiftoria  em  que  fahio  taõ  doutamente  ver- 
fado  que  mereceo  fer  eleito  Qualificador  do 
Santo  Offido,  Examinador  das  Três  Or- 
dens  ^Militares,   e  Académico   da   Academia 


556 


BIBLIO  TH E  CA 


Real  Portugue2a  em  o  anno  de  1735.  para 
efcrever  as  Memorias  Ecleíiaílicas  do  Bif- 
pado  de  Coimbra.  Paflbu  a  Roma  em  o  anno 
de  1734.  para  votar  no  Capitulo  geral  da  Con- 
gregação Theatina,  e  naquella  grande  Corte 
conciliou  as  eílimaçoens  das  peíToas  mais 
eruditas.  Reílituido  ao  Reyno  exercitou 
por  algum  tempo  o  lugar  de  Prepofito 
em  que  fora  eleito  o  qual  por  fer  mais  amante 
do  defcanfo  que  ambiciofo  do  governo  di- 
mitio  com  univerfal  fentimento  dos  feus 
fubditos.  Os  púlpitos  mais  authorizados 
delia  Corte  faõ  os  theatros  da  fua  eloquên- 
cia fagrada,  em  cujos  difcurfos  fe  vem  unidos 
a  elegância  das  palavras  com  a  fubtileza  dos 
conceitos.    Tem  publicado. 

Fanegyrico  fúnebre  nas  exéquias  de/Rej  D.  Ma- 
noel na  Santa  Caja  da  Mifericordia  a  13.  de 
Dezembro  de  ijz^.  Lisboa  na  Ofíicina  da 
Mulica.  1730.  4. 

Sermaõ  da  Canoni^ai^àÒ  de  S.  JoaÕ  Francifco 
Kegis  da  Companhia  de  JESUS  pregado  a  10.  de 
Novembro  de  1737.  no  Keal  Collegio  de  Évora 
da  me/ma  Companhia.  Lisboa  por  António 
líidoro  da  Fonfeca.  1738.  4. 

Sermaõ  da  Canonif^açaõ  de  S.  Joaõ  Francifco 
Regis  pregado  a  29.  de  Setembro  de  1737.  no  dia 
ultimo  do  folemne  Outavario,  que  fe  celebrou  na 
Igreja  da  Cafa  profejja  da  Companhia  de  JESUS. 
Lisboa  na  Ofíicina  da  Muíica,  e  Sagrada  Re- 
ligião de  Malta  1739.  4-  ^  i^i  P°^  António 
líidoro  da  Fonfeca  1739.  4* 

Praãica  com  que  congratulou  a  Academia 
Keal  de  eflar  eleito  feu  Collega,  recitada  no  Paço. 
Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva  Impreflbr 
da  Academia  1735.  4. 

Elogio  fúnebre  de  Jo^é  Contador  de  Argote 
Académico  do  numero  da  Academia  Real  recitado 
no  Paço  a  31.  de  Março  de  1735.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor,  e  no  mefmo  anno  4. 

Breve  Relação  da  Santa  Cafa  do  Eoureto  com 
hum  Cathalogo  de  todas  as  joyas,  pedras  preciof as, 
peças  de  ouro,  e  prata  do  feu  riquijfimo  the- 
^puro  com  os  nomes  de  todos  os  Princepes,  e 
mais  peffoas  que  as  deraõ.  Lisboa  por  Manoel 
Fernandes  da  Coita  ImpreíTor  do  Santo 
Ofíicio.  1736.  4. 

Elogio  fúnebre  do  P.  D.  Manoel  do  Tojal 
da  Silva  C.  R.  recitado  na  Academia  Real  em  i^.de 
Janeiro  de  1739.  ^'  ^* 


InflrucçaÕ,  que  hum  antigo  Official  deu  a  feu 
filho,  quando  o  mandou  ajjentar  praça  no  prefente 
anno  de  1735.  Lisboa  na  Ofíicina  de  António 
Corrêa  Lemos  1735.  4. 

Oraçaõ  em  acçaÕ  de  Graças  pela  felicijfima 
exaltação  ao  Throno  Pontifício  do  Santijfimo  Padre 
Benedião  XIV.  celebrada  na  Igreja  de  Nojfa  Senho- 
ra do  Eoreto  da  NaçaÕ  Italiana  de  Lisboa  Oc- 
cidental a  12.  de  Setembro  de  1 740.  Lisboa  por 
António  Ifidoro  da  Fonfeca  1740.  4. 

Com  o  nome  do  Irmaõ  Alberto  Gomes 
Leigo  dos  Clérigos  Regulares  traduzio  na 
Lingua  Portugueza. 

Myflerios  de  nojfa  Santa  Fé  Catholica  efcritos 
na  lingua  Caflelhana  pelo  Doutor  Jeronymo  Pe- 
res, ConfeJJor  do  Real  Convento  da  Encarnação 
de  Madrid.  Lifboa  na  Ofíicina  da  Muíica. 
1732.  24. 

Com  o  nome  de  Luiz  de  Soufa  Rebello 
formado  na  Sagrada  Theologia,  traduzio  de 
Italiano  em  Portuguez 

Sermaõ  que  pregou  em  dia  de  Santa  Eut^ia,  o 
Eminentijfimo,  e  Reverendijfimo  Senhor  Cardial 
Cajfmi  na  Sala  do  Palácio  Apofiolico  diante  do 
Summo  Pontífice  Clemente  XI.  e  do  Sacro  Collegio 
dos  Cardiaes,  e  dos  Prelados  Romanos,  em  o  qual 
perfuade  a  grande  obrigação,  que  tem  os  Bifpos 
de  pregar  o  Evangelho.  Lisboa  por  António 
líidoro  da  Fonfeca  1739.  4. 

Relação  da  fabrica  na  Igreja  de  NoJfa  Senhora 
do  Eoreto,  para  nella  fe  depofitar  o  Santijfimo 
Sacramento  nas  Endoenças  dejie  prefente  anno  de 
1735.  mandado  fat^er  pelo  Senhor  Paulo  Jeronymo 
de  Medicis,  Provedor  da  mefma  Igreja.  Coim- 
bra 1735.  4.  fahio  fem  o  feu  nome. 

Fr.  CAETANO  DE  S.  JOZE'  cha- 
mado no  feculo  Caetano  de  Faria  Mau- 
riz,  naceo  em  Lisboa  a  7.  de  Agoílo  de  1657. 
fendo  filho  de  Agoftinho  Faria  de  Mau- 
riz,  e  Serafina  de  Oliveyra.  Aprendeo 
as  letras  humanas  com  o  iníigne  Mef- 
tre  António  Fernandes  de  Barros,  de  cuja 
Efcola  fecunda  de  Varoens  eminentes  fahio 
profundamente  inílruido,  conhecendo-fe 
neíle  prologo  dos  feus  eííudos  os  pro- 
greíTos  litterarios,  que  havia  fazer  nas 
Sciencias  mayores.  Na  tenra  idade  de 
quinze  annos  abraçou  o  auílero  Inílituto 
dos    Carmelitas    Defcalços,    profeílando    no 


L  USITANA. 


{Convento  pátrio  de  NoíTa  Senhora  dos  Re- 
jledios  u  IO.  de  Agofto  de  1675.  Depois  de 
[«ftudar  oaõ  fomente  a  Filoíofia,  mas  Theo- 
logia  Eícholaílica,  Moral,  Pofitiva,  e  Myílica 
I  ubio  às  Guieiras  para  com  a  fua  rara  agudeza, 
profunda  efpeculaçaõ,  e  novo  methodo  illuf- 
tiar  eílas  grandes  Faculdades  de  tal  forte, 
4fie  eftando  occulta  entre  os  Clauftros  da  Re- 
ligião a  fua  fabedoria,  rompeo  como  brilhante 
rayo  para  fcr  univcrfalmcntc  npplaudida, 
naõ  fomente  dos  primeiros  Qthcciraticos 
lia  Univcrfidadc  de  Coimbra,  mas  das  prin- 
cipaes  peíToas  dcíla  Corte,  aíTim  Hcclcfiaílicas, 
como  Seculares,  procurando  na  madureza 
(lo  feu  talento,  os  confelhos  mais  prudentes 
para  ferenar  as  conciencias  feguindo  como 
((.quro  Norte  as  fuás  refoluçoens,  por  ferem 
I  Ululadas  na  Theología  mais  folida,  e  nos 
Textos,  e  Cânones  de  hum,  e  outro  Direito, 
cm  que  era  profundamente  verfado.  Naõ 
teve  menor  applaufo  pelo  minifterio  do  Púl- 
pito, em  que  teve  por  Meftre  ao  grande  Vieyra, 
imitando  com  cores  taõ  vivas  efte  Oráculo  da 
eloquência  Ecclefiaítíca,  que  muitas  vezes 
Ic  equivocava  a  copia  com  o  original;  por 
cuja  caufa  he  intitulado  por  Fr.  Marçal  de 
Saõ  Joaõ  Baptifta  m  Bib.  Script.  Carmel.  Excalc. 
pag.  65.  celebris  Theologus,  celebris  (ò*  concionator. 
Naõ  podendo  pela  feveridade  do  feu  IníUtuto 
aceitar  miniílerio  honorifico,  exercitou  conf- 
t  rangido  pela  obediência  os  lugares  de  Quali- 
ficador do  Santo  Oííicio,  e  Examinador  das 
Três  Ordens  Militares,  de  cuja  eleição  reful- 
tou  igual  credito  à  fua  peíToa,  que  utilidade 
a  eftes  dous  graviíTimos  Tribunaes.  Entre 
a  applicaçaõ  dos  eíludos  feveros,  naõ  deixou 
de  cultivar  os  amenos  fendo  Poeta  Latino,  e 
Vulgar,  com  tanta  facilidade,  e  cadencia, 
que  extemporaneamente  vertia  em  Outavas 
Portuguezas  as  Italianas  do  Poema  da  morte 
dos  Innocentes,  compofto  por  Joaõ  Bau- 
tiíla  Marini,  celebre  alumno  do  ParnaíTo. 
Na  liçaõ  da  Hiftoria  Sagrada,  e  Profana 
toy  muito  verfado,  como  em  a  Geogra- 
tia,  e  na  intelligencia  das  linguas  Cafte- 
Ihana,  Franceza,  e  Italiana,  Todos  eftes 
dotes  fcientificos  lhe  conciHaraõ  a  eftima- 
çaõ  dos  noíTos  Monarchas,  e  Princepes, 
e  a  veneração  das  primeiras  peflbas  da  Je- 
rarchia   Eccleíiaftica,    e    Secular,    cujas   hon- 


557 

ras  nunca  fizenõ  a  menor  in^>renaõ  no 
feu  génio  fempre  auílero,  e  inimigo  jurado 
da  adulação  com  que  eftranhava,  c  mui- 
tas vezes  reprehcndia  as  acções,  que  oaò 
etaõ  reguladas  pelos  diftamct  do  Evan- 
gelho. Moleíbulo  de  vários  achaques  que 
fe  faziaõ  incuráveis  pelos  annos,  fc  reti- 
rou da  Corte  pata  o  Convento  de  Figueiró, 
com  o  defejo  de  experimentar  alivio  nas 
fuás  queixas,  onde  vive  na  proveâa  idade 
de  85.  annos  taõ  atenuado  no  corpo,  como 
vigorofo  no  efpirito.    Publicou 

SermaÕ  Geneíhliaco,  Uuchariflico,  e  Cratu- 
latorio,  na  menhãa  de  \^.  de  Outubro  de  1712. 
ajfíflindo  com  ioda  a  Corte  na  Capella  Keal  Sua 
Mageftade,  e  Altev^as,  na  Jolemne  Aeçad  de  Gradas 
pelo  nacimento  felicijfimo  do  Serenijfimo  Princepe 
D.  Pedro,  de  que  Deos  nos  fe^  mercê  na  madru- 
gada do  me/mo  dia.  Lisboa  na  OfHcina  Real 
Deflandefiana.  1713.  4.  &  ibi  per  Jozé  Lopes 
Ferreira    Impreífor    da    Sereninima    Rainha. 

1714.  4. 

SermaÕ  no  Aão  publico  da  Fè,  que  fe  celebrou 
na  Praça  do  Rocio  defla  Corte,  em  Domingo 
14.  de  Outubro  de  1714.  Lisboa  por  Jozé  Lo- 
pes Ferreira  Impreífor  da  SereniíTima  Rainha. 

1715.  4. 

Cenfura  Juper  Quaftionem.  Utrum  Confii- 
tutio  Urbani  VIII.  qua  incipit,  In  fpecula, 
interdicens  Kegularibiis  ufum  Cruciata  quoad  re- 
fervata,  officiat  pro  nunc,  objietque  ne  bodie  Regu- 
lares à  rejervatis  abjolvantur  virtute  ejufdem 
Cruciata.  Sahio  no  Tom.  2.  Quaftion.  Seleã. 
Bulia  Cruciata  D.  La/^ent.  Pires  de  Carvalho 
2l  pag.  928.  até  949. 

Parecer  fobre  a  QueJlaÕ  fe  os  DD.  Ljegiftas 
faÕ  capat^es  de  pojfuirem  as  Conefias  Doutoraes 
das  Cathedraes,  dado  em  Figueiró  dos  Vinhos  a 
25.  de  Avril  de  1738.  Sahio  no  Livro  inti- 
tulado Fafciculus  Sententiarum  à  Petro  de  Vil- 
las-Boas,  e  Sampayo.  Conimbricse  apud  Anto- 
nium  Simões  Ferreira  1738.  4.  à  pag.  54. 
até  57. 

P.  CAETANO  JOZE'  chamado  no 
feculo  Caetano  Jozé  de  Abreu  do  Ama- 
ral. Naceo  na  Freguezia  de  Saõ  Juliaõ  de 
Azurara  da  Villa  de  Mangoalde  em  o  Bif- 
pado  de  Vizeu  a  7.  de  Setembro  de  1689. 
onde   teve  por  Pays   a  Belchior  de  Abreu 


558 


BIBLIO THE  C  A 


do  Amaral,  e  Catharina  Lopes  Tangere. 
laftmido  na  pátria  com  os  preceitos  da 
Gramática,  paíTou  à  Univerfidade  de  Coim- 
bra, na  qual  tendo  frequentado  por  efpaço  de 
dous  annos  o  eíludo  do  Direito  Pontifício, 
recebeo  a  Roupeta  da  Companhia  de  Jefus 
em  o  Noviciado  de  Coimbra  a  19.  de  Janeiro 
de  1707.  Por  fer  muito  douto  nas  letras  huma- 
nas as  diâou  nos  celebres  CoUegios  de  Évora, 
Coimbra,  e  Lisboa.  Por  ordem  dos  Superio- 
res foy  Perfeito  dos  Eíhidos  no  CoUegio  da 
Ilha  Terceira,  onde  leo  Theologia  Moral  qua- 
tro annos,  e  depois  Filofofia  em  o  de  San- 
tarém. Exercitou  com  applaufo  o  minif- 
terio  de  Orador  Evangélico  nefta  Corte, 
naõ  o  merecendo  menor  fendo  Meftre  da  Ca- 
deira de  Controveríias  em  o  Collegio  de  Saõ 
Patrício  dos  Irlandezes,  e  ultimamente  Lente 
de  Prima  de  Theologia  Moral.  A  fua  grande 
capacidade  acompanhada  de  todo  o  género  de 
erudição,  o  fez  digno  de  fer  eleito  em  o  anno 
de  1739.  Académico  da  Academia  Real  da 
niftoria  Portugueza,  publicando. 

Praãica  recitada  na  Academia  Keal  da 
Hijioria  Vortugue^a,  em  agradecimento  à  me/ma 
Academia  pela  honra  de  o  eleger  Académico  do 
Numero.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues  Im- 
preíTor  do  EminentiíTimo  Senhor  Patriar- 
cha  1739.  4* 

CAETANO  JOZE'  DA  SYLVA 
SOTTO-MAYOR.  Naceo  na  ViUa  de  Oli- 
vença celebre  Praça  militar  em  a  Província  de 
Alentejo,  e  teve  por  Pays  a  Gafpar  da  Sylva 
Moniz  Doutor  na  Faculdade  de  Leys,  e  Prove- 
dor dos  Reíiduos,  e  a  D.  Ifabel  Thereza  Sotto- 
-mayor  Dona  da  Camera  da  SereniiTima  Rai- 
nha Noíía  Senhora  D.  Marianna  de  Auílria. 
Depois  de  eíiudar  os  rudimentos  Gramaticaes 
com  Manoel  de  Abrantes  Presbytero  de 
inculpável  vida,  e  publico  Meílre  de  La- 
tinidade  nefta  Corte  paílou  à  Univerfidade 
de  Coimbra  onde  recebeo  o  gráo  de  Ba- 
charel na  faculdade  do  Direito  Pontifício. 
Provada  a  fua  fufíciencia  a  14.  de  Abril  de 
1721.  no  exame,  que  fe  coítuma  fazer  em 
o  Dezembargo  do  Paço  aos  Bacharéis,  que 
haõ  de  fervir  os  Lugares  da  Republica,  o 
primeiro  que  teve  foy  o  de  Juiz  dos  Orfaõs 
do  Termo  deíla  Cidade,  donde  paíTou  a  Juiz 


do  Crime  do  Bayrro  da  Mouraria,  que  exer- 
citou pelo  largo  tempo  de  doze  annos.  Deíle 
miniílerio  foy  promovido  a  Corregedor  do 
Bayrro  do  Rocio  de  que  tomou  poíTe  a  3.  de 
Outubro  de  1737.  havendo-a  tomado  em 
23.  de  Abril  de  1735.  de  Executor  da  Sere- 
niiTima Caza  de  Bragança.  Pela  natural  affluen- 
cia  que  teve  para  a  Poefia  pareceo,  que  na- 
cera  à  fombra  dos  Loureiros  do  ParnaíTo, 
e  das  Aguas  da  Hipocrene  merecendo, 
que  os  Alumnos  da  Academia  Conimbri- 
cenfe  o  intitulaíTem  com  a  antonomafia  de 
Camões,  como  fe  foííe  emulo  na  felicidade 
do  metro  deíle  Virgílio  Portuguez.  Sendo 
os  feus  verfos  ferios  dignos  de  grande 
eftimaçaõ,  naõ  fomente  pela  fuavidade 
das  vozes,  mas  pela  delicadefa  dos  con- 
ceitos, naõ  mereciaõ  menor  applaufo  os 
jocofos  em  que  competia  a  agudeza  com 
a  mordacidade.  Soube  com  perfeição  a 
lingua  Caftelhana,  e  da  Italiana  teve  baf- 
tante  intelligencia,  de  que  deo  claros  ar- 
gumentos na  traducçaõ  que  fez  de  algu- 
mas Operas  de  Pedro  Metaílafio.  Foy 
hum  dos  primeiros  cincoenta  Académicos 
da  Academia  Real  da  Hiíloria  Portugueza, 
a  cuja  pena  foraõ  commettidas  as  Memo- 
rias Ecclefiafticas  do  Bifpado  de  Leiria.  In- 
fermando  de  huma  febre  catarral,  que  fe 
fez  rebelde  às  operaçoens  da  Medicina, 
recebidos  os  Sacramentos  com  fumma  pie- 
dade morreo  em  Lisboa  a  18.  de  Agoílo  de 
1739.  e  foy  fepultado  na  Igreja  do  Convento 
dos  Religiofos  Capuchos  de  Santo  António. 
Compoz. 

Cathalogo  dos  Bifpos  de  Leiria.  Sahio 
no  Tom.  2.  das  ColleçÕes  dos  Docum.  da  Acaâ. 
Keal.  Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva  Im- 
preílor  de  Sua  Mageílade,  e  da  Acad.  Real. 
1722.  foi. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  no  Paço 
a    22.  de  Outubro  de  1724.    Sahio  no  Tom.  4.   p 
da  Collec.  dos  Docum.  da  Acad.  Keal.    Lisboa  ' 
pelo  dito  Impreííor  1724.  foi. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  no   Paço  < 
a  22.  de  Outubro  de  1726.    Sahio  no  Tom.  6.  da  I 
Collec.    dos   Docum.    da   Acad.    Keal.     Lisboa 
por  Jozé  António  da  Sylva.   1726.  foi. 

Conta  dos  feus  ejiudos  Académicos  no 
Paço  a   22.   de   Outubro  de    1730.     Sahio  no 


L  USITANA. 


559 


ÍJom.  10.  da  Collec.  dos  Doeum.  da  Acad.  KtaJ, 
lisboft  pelo  dito  ImprcíTor.  1730.  foi. 

Epicedios  na  morte  da  Serenijfima  Senhra 
a  Senhora  D.  hrancifca  Infanta  de  Portii- 
Hfll.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues  Im- 
prcíroc  do  Senhor  Patriarcha.  1756.  4.  G>nfta 
<le  huma  Sylva,  e  dous  Sonetos,  e  humas 
líndechas   EndecaíTyllabas. 

Sylva  PortuffétT^a,  e  hum  Romance  afer  reeleita 
Ibhadefa  de  Santa  Clara  de  ÍJsboa  a  Madre 
I).  Margarida  Bautifla.  Lisboa  por  Jozé  An- 
tónio da  Sylva.  1736.  4. 

Glorias  de  Erice  Epithalamio  no  felicijjimo 
Ca/amento  dos  Senhores  D.  Vrancijco  Xavier 
If  Mene!(es  6.  Conde  da  Ericeira,  e  D.  Maria 
]o7(i  da  Graça,  e  Noronha  filha  dos  llluflrijftmos, 
•  Excelkntijfimos  Senhores  Marquet^es  de  Cafcaes. 
I  .isboa  por  António  Ifidoro  da  Fonfcca. 
1740.  4.    Obra  poílhuma. 

Panegírico  fúnebre  do  Doutor  Alexandre 
Verreira  Deputado  da  Me^a  da  Conciencia,  e 
Académico  do  numero  da  Academia  Keal  recitado 
no  Paço,  M.  S. 

Panegyrico  fúnebre  de  JoaÕ  Couceiro  de  Aureu, 
Caftro,  Guarda  môr  da  Torre  do  Tombo,  e  Aca- 
wmico  do  numero  da  Academia  Keal,  recitado 
m  mefma  Academia,  M.  S. 

CAETANO  MALDONADO  DA  GAMA 
Vcjafe  D.  JERONYMO  CONTADOR  DE 
ARGOTE 

Fr.  CAETANO  ROQUETE  filho  do 
Capitão  JoaÕ  Roquete  da  Sylva,  e  D.  Vi- 
toria de  Jefus  naceo  na  Villa  de  S.  Mar- 
tinho em  os  Coutos  de  Alcobaça  do  Pa- 
triarchado  de  Lisboa.  Sendo  de  idade 
muito  tenra  entrou  na  Religião  do  Carmo, 
onde  recebendo  o  habito  a  30.  de  Mayo 
de  1719.  profeflbu  a  9.  de  Junho  de  1720. 
Concluidos  os  eftudos  efcholaíUcos  veyo 
por  Conventual  do  Carmo  de  Lisboa  no 
qual  naõ  fomente  foy  fubprior  três  annos, 
mas  Melbre  das  Ceremonias.  He  Con- 
Xultor  da  Bulia  da  Crufada.  Imprimio. 
Oração  na  Tresladaçaõ  dos  Ojfos,  que  fe 
/<K^  em  29.  de  Novembro  de  1734.  na  Paro- 
tbial  Igreja  de  S.  Paulo  dejia  Cidade  de  Lis- 
í  hoa.    Lisboa  na  Oílicina  da  Mufica.  1739.  4. 


Fr.  CAETANO  XAVIER  natural  de 
Lisboa  filho  de  Jozè  Pinheiro  Mariz,  e 
D.  Anna  Maria  Jozé  da  Cunha.  Aprendi- 
das as  letras  humanas  dezejofo  de  fe  illuf- 
trar  com  as  Sagradas  entrou  no  Real  Convento 
de  Belém  onde  proícíTou  o  Inftituto  de  S.  Je- 
ronymo  a  20.  de  Agoílo  de  171 7.  Applicou-(e 
ao  edudo  das  Cerimonias  Ecdefiaílicas»  e  he 
MeAre  delias  no  Real  Convento  de  Belém. 
Como  taõ  douto  neíle  género  de  eíVudo  deter- 
mina publicar. 

Ceremonial  de  Belém. 

Hm  cuja  obra  fundado  nos  melhores 
Authores  emenda  muitos  abufos  que  eílaõ 
introduzidos  em  os  Ritos  Ecclefíaílicos. 

CARLOS  FERREYRA  natural  de  Lis- 
boa traduzio  de  Caftelhano  em   Portuguez. 

Hifloria  da  Dont^ella  Theodora.  Lisboa 
por  Pedro  Ferreira  ImpreíTor  da  SeremíTuna 
Rainha   1735.  4. 

Fr.  CARLOS  DE  S.  FRANQSCO  cha- 
mado no  Século  Francifco  Oforio  de  Almada 
naceu  em  Lisboa  fendo  filho  do  Dezembar- 
gador  Francifco  Cabral  de  Almada,  e  de  Chrif- 
tina  de  Almeyda.  Depois  de  eftar  inílruido 
na  Grammatica  Latina  entrou  na  Religião  de 
S.  Jeronymo,  cujo  Inílituto  profeíTou  no 
Real  Convento  de  Santa  Maria  de  Belém  a 
26.  de  Setembro  de  1666.  Foy  Religiofo 
muito  obfervante,  e  taõ  amante  do  Coro, 
como  inimigo  do  governo,  exercitando  fo- 
mente o  lugar  de  Procurador  geral,  e  Vifitador 
da  fua  Congregação.  Morreo  a  4.  de  Março 
de  1727.    Imprimio. 

Sermão  da  PayxàÕ  pregado  no  Keal  Con- 
vento de  Belém.  Lisboa  por  Domingos  Car- 
neiro. 1679.  4-  ^  Coimbra  por  Joaõ  Antu- 
nes.   1692.   4. 

Sermão  da  exhortaçaõ  à  penitencia  no  Keal 
Convento  de  Belém  na  fegunda  fexta  feira  à  tarde 
de  Quarefma  no  anno  de  1684.  Lisboa  por  Joaõ 
Galraõ  1686.  4. 

Fr.  CARLOS  DE  LISBOA  cujo  ap- 
pellido  indica  a  pátria  onde  naceo  para  o 
mundo,  renacendo  para  Deos  em  a  Mona- 
chal    Familia    CiJftercienfe    cujo    habito    re- 


56o 


BIBLIO THECA 


cebeo,  e  profeíTou  em  o  Real  Convento  de 
Santa  Maria  de  Alcobaça.    Compoz. 

Cajlello  ejpiritual,  em  que  explica  em  199. 
Capítulos  o  Evangelho  Intravit  JESUS  in 
quoddam  Caftellum  com  reflexoens  doutas,  e 
piedofas.  O  original  M.  S.  em  folha  fe  con- 
ferva  na  Bibliotheca  do  dito  Convento. 

Fr.  CARLOS  DE  MELLO  natural  da 
Villa  de  Soure  íituada  entre  as  Cidades  de 
Leyria,  e  Coimbra  da  Província  da  Extre- 
madura.  Foraõ  feus  Pays  Pedro  de  Brito 
de  Attayde,  e  D.  Maria  da  Sylva,  e  Mello, 
dos  quaes  naõ  fomente  foy  herdeiro  de  fua 
qualificada  nobreza,  mas  da  piedade  Chriílaã 
com  que  vigilantemente  o  educarão,  de  que 
felizmente  fe  feguio  deixar  o  mundo,  e  veílir 
o  habito  de  Eremita  Auguítiniano  em  o  Con- 
vento de  N.  Senhora  da  Graça  de  Lisboa 
profeíTando  a  7.  de  Março  de  1685.  Pela  liçaõ 
da  Sagrada  Theologia  com  que  inflruyo  aos 
feus  domeílicos,  foy  Prefentado  nefta  Facul- 
dade como  também  Prior  do  Convento  de 
N.  Senhora  da  Penha  de  França  onde  morreo 
a  5.  de  Dezembro  de  1732.    Imprimio. 

Águia  na  penha  renovada  nas  memorias  de 
feus  principias  achadas  na  Uvraria  da  mejma 
Senhora  da  Venha  de  frança,  Lisboa  por  Valen- 
tim da  Coíla  Deflandes  ImpreíTor  de  Sua 
Mageílade  1707.  8. 

Fr.  CARLOS  DA  MOTTA  natural  de 
Lisboa,  filho  de  Gonçalo  da  Sylva,  e  Helena 
da  Motta.  Foy  femelhante  ao  precedente 
affim  no  habito  eremitico  que  profeíTou  no 
Convento  da  Graça  deíla  Corte,  como  na 
fciencia  Theologica  em  que  foy  infigne  Mef- 
tre.  Cultivou  com  felicidade  a  Arte  Poética 
compondo  na  lingua  Latina,  e  materna  mui- 
tas Poefias  fendo  as  mais  celebres. 

In  ohitum  immaturum  Serenijftmi  Joannis  IV. 
Ijufitanorum  Kegis  epicedium.  Poema  heróico. 
M.  S. 

Saudades  de  D.  Ignes  de  Caftro.  Outa- 
vas.  M.  S. 

Morreo  no  Convento  de  Santarém  a 
20.  de  Janeiro  de  1670. 

D.  CARLOS  DE  NORONHA  Na- 
ceo   em   Lisboa,   e   foraõ   feus   progenitores 


D.  António  de  Menezes  que  morreo  va 
rofamente  na  infeliz  batalha  de  Alcácer, 
D.  Joanna  de  Caftro  filha  de  D.  Jeronyr 
de  Caftro  Senhor  do  Paul  de  Boquilol 
Na  primeira  idade  deu  claros  argument 
do  grande  engenho,  que  tinha  para  as 
trás  às  quaes  fe  applicou  em  a  Univerfidade 
de  Coimbra  eftudando  Direito  Cefareo  em 
que  fahio  eminente.  Depois  de  exerci- 
tar com  grande  zelo  o  lugar  de  Depu- 
tado da  Meza  da  Conciencia,  e  Ordens  paf- 
fou  a  fer  Prefidente  defte  Tribunal,  onde 
defendeo  acerrimamente  com  a  vóz,  e  com 
a  penna  a  jurifdicçaõ,  e  izençaõ  das  Ordens 
Militares.  Foy  Cavalleiro  da  Ordem  de 
Aviz,  Commendador  de  Marvaõ,  e  hum 
dos  quarenta  Acclamadores  da  Liberdade 
Portugueza  em  o  faufto  anno  de  1640.  Q- 
fou  duas  vezes;  a  primeira  com  D.  Maria 
de  Vilhena  filha  de  Nuno  da  Cunha,  e  D.  Leo- 
nor de  Soufa  de  Refoyos  de  quem  naõ 
teve  defcendencia.  A  fegunda  com  D.  Antó- 
nia de  Menezes,  filha  de  D.  Miguel  de  Menezes 
primeiro  Duque  de  Caminha,  da  qual  teve  a  D. 
Miguel  Luiz  de  Menezes  primeiro  Conde  de 
Valladares,  titulo  que  deu  ElRey  D.  Pedro  II. 
no  anno  de  1702.  por  concerto  da  acçaõ  que 
tinha  à  grande  Cafa  de  Villa-Real.  Morreo  na 
pátria  em  o  anno  de  1645.  Joaõ  Soares  de 
Brito  in  Theat.  L,ujit.  JLiffer.  lit.  C.  n.  2.  o  inti- 
tula Egregius  Juri/con/uUus  Manoel  de  Far.  e 
Souf.  Cathal.  Keal  de  E/p.  foi.  94.  v.o  Perfona  m 
quien  rejplandecen  gran  noble:(a,  prudência  heredada 
de  Jus  progenitores.  O  P.  D.  Ant.  Caetan.  de 
Souf.  Hift.  Geneal.  da  Cafa  Keal  Vortug.  Tom.  2. 
liv.  3.  cap.  8.  pag.  521.  Por  ordem  de  Filippe 
III.  quando  celebrou  Capitulo  Geral  da  Ordem 
Militar  de  Aviz  na  Igreja  de  Santa  Maria  da 
Graça  da  Villa  de  Setúbal  a  2.  de  Outubro  de 
1619.  reduzio  D.  Carlos  de  Noronha  a  melhor 
methodo,  e  publicou  como  fe  colhe  do  Pro- 
logo. 

Conjlituiçoens  da  Ordem  Militar  de  S.  Bento  de 
Avis.   Lisboa  por  Jorge  Rodriguez  163 1.  foi. 

Allegaçaõ  de  direito  em  favor  da  jurif- 
dicçaõ, e  exempçaõ  das  Ordens  Militares, 
e  Cavalleiros  delias.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor 
1641.  foi. 

Na  Dedicatória  a  ElRey  D.  Joaõ  o  IV. 
diz    que    compuzera,    e    imprimira    outros 


L  USITANA. 


56 1 


papeis    em    deíenfa   dat   Ordens    Milita- 
res. 

AlltgafaÕ  de  Direito  em  que  mojirava  qual 
era  o  que  lhe  afftfiia  para  herdar  o  Mar  queimado 
de  Villa-Keal  AU  S.  foi. 

D.  CARLOS  DE  NORONHA  DH  ME- 
NESES Neto  do  precedente  fegundo  Conde  de 
Valladares  Gcntilhomem  da  Camará  dcIRey 
D.  Joaõ  o  V.  Commendador  das  Commcndas 
de  S.  Joaõ  da  Caftanheira,  S.  Juliaõ  de  Monte 
negro,  Santa  Maria  de  Viadc,  e  Santa  Maria  de 
Locorcs  cm  a  Ordem  de  Chrifto  naceo  cm  Lis- 
boa a  8.  de  Janeiro  de  i6j8.  e  foy  filho  de  D. 
Miguel  Luiz  de  Menezes  primeiro  Conde  de 
Valladares,  e  de  D.  Magdalcna  de  T^ncaftrc, 
c  Abranches,  filha  herdeira  de  D.  Álvaro  de 
Abranches  da  Camará,  Confclhciro  de  Eftado 
Governador  das  Armas  da  Província  do 
Minho,  c  Beira,  e  de  D.  Maria  de  Lencaftrc 
filha  de  D.  Joaõ  Lobo  fexto  Baraõ  de  Alvito. 
Na  puerícia  moílrou  igual  propenfaõ  para  as 
virtudes,  que  para  as  fciencias  principalmente 
aquellas  que  faõ  mais  próprias  de  hum  Cava- 
Ihero,  fendo  muito  verfado  na  liçaõ  da  Hiftoria 
profana.  Geografia,  e  Poética,  cuja  Arte  feliz- 
mente cultivou  quando  foy  Prefidente  da  cele- 
bre Academia  dos  Genero/os.  Teve  grande 
piedade  para  com  Deos,  natural  affabilidade 
para  todo  o  género  de  peflbas,  exceíTiva  comi- 
feraçaõ  para  os  pobres.  Morreo  em  Lisboa  a 
8.  de  Fevereiro  de  175 1.  e  jaz  fepultado  no 
Cruzeiro  da  Igreja  de  S.  Francifco  defta  Corte, 
de  cuja  Ordem  Terceira  tinha  fido  Miniíbo 
muito  zelofo.  Foy  calado  com  fua  Prima  com 
Irmaã  D.  Maria  de  Lencaftre,  filha  de  Luiz  da 
Cunha  Senhor  de  Povolide,  e  de  D.  Guiomar 
de  Lencaftre,  de  quem  teve  à  D.  Miguel  Luiz  de 
Menezes  3.  Conde  de  Valladares,  e  três  filhas. 
Das  muitas  obras  poéticas  que  compoz 
fomente  publicou. 

Romance  muito  largo  aos  annos  de  ElRey 
D.  Joaõ  o  V.  fem  nome  do  Author,  e  fem 
lugar  da  impreíTaõ.  foi. 

D.  CATHARINA  Infanta  de  Portugal  filha 
dos  SereniíTimos  Monarchas  D.  Duarte,  e  D. 
Leonor,  neta  DelRey  D.  Joaõ  o  I.  Irmaã  de  D. 
iVíFonfo  V.  e  Tia  de  D.  Joaõ  o  II.  naceo  em  Lis- 
boa a  25.  de  Novembro  de  1436.  Naõ  fatisfeita 
a  natureza  de  lhe  dar  taõ  foberano  berço  a 


ornou  de  todos  aquelles  inúgoet  dotes, 
que  raramente  fc  vem  unidos  como  foiaõ  £er- 
mofura,  modeília,  engenho  fublime,  difcdçaõ 
aguda,  e  liberalidade  gcnerofa.  DeCejando  íua 
M2y,  que  foííe  educada  com  doutrina  virtuoía 
lhe  deíUnou  por  Aya  a  D.  Violante  Nogueiía 
irm2a  do  ArcebiTpo  de  Lisboa  D.  Aífonío  No" 
gueira,  que  depois  foy  Commendadeira  do 
Real  Convento  de  Santos,  e  por  Meftre,  e 
ConfeíTor  a  D.  Jorge  da  Coda,  que  deíles  hono- 
ríficos miniílcríos  fez  degráos  para  fubir  a 
dignidade  Cardinalícia,  e  ao  grande  numero  de 
Prelafias,  c  rendas  licclcfiafticas,  que  poíTuio. 
Do  nugiílerio  de  taõ  famofo  homem  fahio  a 
Infanta  naõ  fomente  inílruida  no  idioma 
Latíno,  mas  em  todas  as  fciencias  próprias  do 
feu  fcxo,  e  naci  mento.  Na  idade  de  quinze 
annos,  acompanhou  montada  a  cavallo  (  cujas 
rédeas  levava  o  Infante  D.  Henrique  feu 
Tio)  a  fua  Irmãa  a  EmpcratrÍ2  D.  Leonor, 
quando  cm  20.  de  Outubro  de  145 1.  foy  à 
Cathedral  de  Lisboa  com  toda  a  Corte  Por- 
tugueza  donde  partío  a  embarcarfc  em  hiuna 
foberba  Armada,  que  a  conduzio  a  Liorne,  c 
nas  portas  da  Cidade  de  Sena  foy  congratu- 
lada por  feu  Augufto  Efpofo  o  Emperador 
Federíco  III.  Como  no  real  animo  da  Infanta 
fe  admiraíTem  as  virtudes  com  exceflb  aos 
annos,  foy  pertendida  para  Efpofa  por  diverfos 
Princepes,  fendo  entre  elles  o  mais  empenhado 
D.  Carlos  Princepe  de  Navarra  feu  Prímo 
com  Irmaõ,  filho  de  D.  Joaõ  o  II.  Rey  de 
Aragaõ,  e  Navarra,  e  de  fua  primeira  mulher 
a  Rainha  D.  Branca  filha  de  Carlos  IH.  Rey  de 
Navarra,  porém  naõ  teve  effeito  efte  confordo 
pela  intempeíliva  celeridade,  com  que  a  morre 
arrebatou  ao  Princepe,  cujo  infaufto  fucceíTo 
penetrou  taõ  altamente  o  coração  da  Infanta, 
que  julgando  por  caducas  todas  as  glorias  do 
mundo  fe  retirou  para  o  Convento  de  Santa 
Clara,  onde  fe  exercitava  em  aftos  reli- 
giofos  naõ  querendo  admitir  aquellas  ve- 
nerações, que  a  vaidade  enfinou  tributar 
às  PeíToas  Soberanas.  Por  eftar  deílinada 
para  conforte  de  thalamo  mais  fublime  fe 
defvaneceo  o  fegimdo  Cazamento  intenta- 
do com  Duarte  IV.  Rey  de  Inglaterra, 
pois  ao  tempo  que  fe  tratava,  adoeceo  a 
Infanta  de  hum  agudo  pleurís,  e  conhe- 
cendo fer  chegado  o  termo  da  fua  vida  fe 


41 


502 


BIB  LIOTHE  C  A 


preparou  com  aftos  de  Fé,  piedade,  e  reíi- 
gnaçaõ  na  vontade  Divina,  e  recebidos  os 
Sacramentos  efpirou  placidamente  a  17.  de 
Junho  de  1463.  deixando  taõ  illuftre  fama 
das  fuás  virtudes,  que  Fr.  António  de  Silis 
nas  Chron.  da  Teu.  Ordem  Tom.  2.  pag.  47. 
a  intitula  com  o  nome  de  Bemaventurada. 
Foy  fepultada  na  Capella  de  N.  Senhora  da 
AíTumpçaõ  fituada  no  Convento  de  Santo 
Eloy  deita  Corte  de  Cónegos  Seculares  do 
Evangeliíla,  em  hum  Maufoléo,  que  lhe 
mandou  levantar  o  Cardial  D.  Jorge  da  Cofta 
feu  Teftamenteiro,  em  o  qual  eftava  gravada 
efta  infcripçaõ. 

Aqui  jás  a  Infanta  D.  Catharina  Filha 
de/Rej  D.  Duarte,  e  da  Rainha  D.  Leonor, 
Neta  De/Rey  D.  JoaÕ  o  I.  Irmãa  delRey 
D.  Affonfo  V.  Tia  DelRej  D.  Joaõ  o  11. 
a  qual  eftando  Efpofada  com  Carlos  Prin- 
cepe  de  Navarra,  e  Aragão,  e  com  Duarte 
IV.  Rej  de  Inglaterra  fem  fe  effeituar  algum 
dos  Casamentos  falleceo  de  z-j.  annos  fejla 
feira  a  ij.  de  Junho  de  146^. 

Com  a  nova  reedificaçaõ  defte  Tem- 
plo antes  que  fe  transferiíTe  a  Sepultura  foy 
aberta  a  17.  de  Dezembro  de  1695.  e  nel- 
la  foy  achado  o  cadáver  da  Infanta  refo- 
luto. 

Sendo  muito  erudita  na  Lingua  Latina, 
e  outras  Sciencias,  compoz  diverfas  Obras 
de  que  fomente  fahio  à  luz  publica,  a  Tra- 
ducçaõ  que  fez  na  lingua  materna  do  Tratado 
de  Difciplina  Monajlica,  compofto  por  S. 
Lourenço  Juftiniano,  e  fe  publicou  com  efte 
Titulo: 

Regra,  e  perfeição  da  converfaçaõ  dos  Mon- 
ges. Ho  qual  Livro  foj  copilado  per  ho  Reverendo 
Senhor  Lourenço  Jufiiniano  primeiro  Patriar- 
cha  de  Veneza,  que  foy  dos  primeiros  Fun- 
dadores da  Congregação  de  Saõ  Jorge  em  Alga. 
No  fim  tem  eílas  palavras.  Vqy  imprimida 
a  prefente  Obra,  em  ho  infigne  Moefleyro  de 
Sanãa  Cru^,  da  muj  nobre,  e  fempre  leal 
Cidade  de  Coimbra.  Por  Germã  Galharde. 
Em  o  ano  de  NoJJo  Senhor  Jefu  Chriflo  mil 
e  quinhètos  e  trinta,  e  huú  a  XXVIII.  dias 
de  Abril.  foi. 

Na  primeira  folha  defta  tradução,  fe 
lem  as  palavras  feguintes,  que  aqui  tranf- 
creveremos    com    a    mefma    Orthografia,    e 


pontuação  com  que  eílaõ  impreíTas:  Nam 
he  pequena  a  obrigaçam  de  Louvor,  que  teem 
os  pret^entes,  e  futuros  aos  defuncios  Scriptores. 
Os  quáes  antepoendo  ho  proveito  comum  ao  próprio : 
guarnecidos  de  Feè:  Efperança.  e  Caridade, 
perdido  ho  cuidado  de  ft,  martjrit^ando  fuás 
carnes,  confumindo  fuás  vidas  com  continuo 
efludo,  e  occupaçam  de  fpirito:  foomente  fe 
contentarem  por  refrigério  de  feus  trabalhos: 
com  o  fruão  que  delles  a  nós  avia  de  fer  taÕ 
proveitofo.  Em  numero  dos  quaes  foy  ho  glo- 
riofo  Jufiiniano  Author  da  obra  prefente 
que  aos  monges,  e  folitarios  defcobrio  tam 
geitofo  caminho:  para  apr aferem  a  feu  Criador: 
Remidor,  e  Glorificador.  E  nom  menos  digna  de 
louvor  he  a  Senhora  Iffante  Dona  Catherina 
irmàa  delRej  dom  Afofo  ho  V.  a  qual  tanto 
refplandeceo  em  feu  tempo  em  virtude,  e  fabidoria: 
que  efquecida  dos  cuidados  das  outras  fêmeas 
fe  affirma  aver  tirado  ho  veeo  a  ejla  obra: 
para  que  pudeffe  fer  cobiçada  dos  Simplices, 
e  fem  trabalho  entendida  dos  doãos  tornandoa 
de  Latim  em  noffo  Portugue^:  e  dandoa  em 
offerta  aos  religiofos  de  Santo  Eloy:  onde  o 
feu  corpo  he  fepultado.  E  fabendo  ho  Padre  dom 
Dionifio  Prior  crajiéro  do  moejleiro  de  Santa  Cru:^ 
de  Coymbra:  por  ho  Senhor  Ifante  dom  Anri- 
que,  que  tanto  thefouro,  e  tam  neceffario  a  às  almas 
dos  devotos:  eflava  ajjy  encerrado,  e  ignoto 
por  falta  da  imprefjam  ( com  confelho  do 
Convento )  o  mandou  correger,  e  emprimir  em 
ho  quarto  anno  de  fua  reformaçam.  A  agloria, 
e  louvor  de  noffo  Senhor  Jefu  Chriflo  que  com 
ho  Padre,  e  Efpirito  Sanão:  vive  e  regna 
em  ho  Segre  dos  Segres.  Amen.  Eíle  Prior  era 
D.  Dionifio  de  Moraes  primeiro  Prior  de 
Santa  Cruz  depois  da  Reforma  eleito  a  17. 
de  Fevereiro  de  1530. 

Fazem  memoria  defta  illuftre  Infanta 
Damiaõ  de  Góes  Chron.  do  Princep.  D. 
Joaõ  cap.  17.  Pedro  de  Maris  Dial.  de  Va- 
ria Hifl.  Dial.  4.  cap.  3.  Duart.  Nunes  de 
Leaõ  Chron.  delRey  D.  Duart.  cap.  19.  D. 
Rodrig.  da  Cunha  Hif.  Ecclef.  de  Brag. 
Part.  2.  cap.  64.  §.4.  5.  e  6.  Manoel  de  Far. 
e  Souf.  Europ.  Portug.  Tom.  2.  Part.  3. 
cap.  2.  e  no  Epit.  das  Hifl.  Portug.  Part. 
3.  cap.  12.  Franc.  de  Sant.  Mar.  Ceo  Aberto 
na  Terra  liv.  i.  cap.  42.  e  liv.  2.  cap.  22. 
Cardof.   Agiol.   Lufit.   Tom.    3.   pag.    718.   e 


LUSITANA. 


563 


no  Commcnt.  de  17.  de  Junho  letr.  F.  Ni- 
col.  Ant.  Bih.  Vtf.  Hi/pan,  Tom.  2.  lib. 
10.  §.  505.  Fr.  Luiz  dos  Anjos  Jardim  de 
Portug.  cap.  10 1.  Barbofa  Catbal.  Crono- 
/og.  das  Kaynb.  de  Portug.  pag.  555.  SouTa 
Hifl.  Ceneai.  da  Cafa  Ktal  Portug.  Tom. 
2.  liv.  5.  cap.  10.  Froes  Pcrym  Theat.  He- 
roin.  Tom.  1.  pag.  250. 

D.  CATHERINA  Duquc2a  de  Bragança 
nncco  cm  Lisboa  a  1 8.  de  Janeiro  de  1 540.  e  foy 
bautizada  em  o  Palácio  de  feus  auguílos  proge- 
nitores o  Infante  D.  Duarte  Duque  de  Gui- 
maracns,  e  a  Infanta  D.  Izabel  filha  de  D.  Jay- 
mc  único  do  nome,  e  quarto  Duque  de  Bra- 
gança, e  de  fua  primeira  mulher  D.  Leonor 
de  Mendoça,  fendo  Padrinhos  feus  Tios  os 
ScreniíTimos  Infantes  D.  Luiz,  D.  Henrique, 
e  D.  Maria.  Foy  ornada  daquellas  virtudes, 
que  conflituem  huma  Heroina,  e  inílruida  cm 
todas  as  artes  dignas  do  feu  alto  nacimento, 
c  muito  fuperiores  ao  fexo  feminino.  Com 
profunda  politica  diffimulou  a  violência  com 
que  fora  privada  da  Coroa  Portugueza  fendo 
taõ  inflexivel  às  repetidas  perfuafoès  do  Cardial 
D.  Henrique  para  que  cedeíTe  do  feu  Direito, 
como  às  cavillofas  inílancias  com  que  Filippe 
Prudente  a  convidava  com  o  thalamo  para 
lhe  ufurpar  o  trono.  Defpo20u-fe  com  D. 
Joaõ  o  L  do  nome,  e  fexto  Duque  de  Bra- 
gança a  8.  de  Dezembro  de  1563.  de  cujo  con- 
forcio  naceraõ  D.  Theodofio  fegundo  do 
nome,  e  fetimo  Duque  de  Bragança,  D. 
Duarte,  D.  Alexandre  Arcebifpo  de  Évora,  e 
Inquifidor  Geral,  D.  Filippe,  D.  Maria,  D. 
Seraíina  que  cafou  com  o  Duque  de  Efcalona, 
D.  Cherubina,  D.  Maria,  D.  Angélica,  e  D.  Iza- 
bel, aos  quaes  educou  com  a  pradHca  das  virtu- 
des, noticia  das  linguas  Latina,  e  Grega,  e  as 
fciencias  da  Aftronomia,  e  Mathematica  em 
que  era  iníigne  como  teftiíicaõ  Chriílovaõ  da 
Coíla  Trat.  en  loor  delas  Miiger.  foi.  98.  §.  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  z.  pag.  341.  col.  2.  e 
Petr.  Paul.  Riber.  Delle  glorie  immortali  d*  tri- 
onfi,  et  heroiche  imprefe  de  Donne  illujlri 
lib.  13.  art.  375.  Em  Villaviçofa  Solar  defta 
Sereniffima  Cafa  paíTou  defta  vida  caduca 
à  eterna  a  15.  de  Novembro  de  16 14.  quando 
contava  74.  annos  de  idade,  e  muitos  Sé- 
culos  de   acçoens   virtuofas   fendo   as   prin- 


típaes  a  inílituiçaõ  do  morgado  para  do  feu 
rendimento  fe  ornar  com  todo  o  género  de 
pedras  precíofas  hunu  Cruz  em  que  fe  con- 
ferva  huma  grande  parte  daquclla  em  que 
Chriílo  confummou  a  redeii^>çaÕ  do  mun- 
do, e  a  fundação  do  Convento  dos  Reli- 
gíofos  Carmelitas  Defcalços  na  Villa  de  Al- 
ter do  Chaõ,  onde  eternizou  a  fua  devota 
piedade  para  com  a  Seráfica  Madre  Santa 
Thereza.  Jaz  fepultada  no  Seráfico  Con- 
vento das  Chagas  de  Villaviçofa.    Efcreveo. 

Diverfos  papeis  em  que  defendia  o  Direito 
que  tinha  à  Coroa  de  Portugfll.  M.  S. 

Dos  quaes  faz  memoria  o  Theat.  Heroin. 
Tom.  I.  pag.  285.  e  das  fuás  acçoens  Fr.  Bel- 
chior de  Santa  Anna  Chronic.  de  Carm.  Defcalç. 
da  Prov.  de  Portug.  liv.  2.  cap.  23.  dizendo  em 
quem  os  dons  da  Graça,  :(elo  da  Fé,  culto  da  KeligiaÕ, 
e  excellencia  de  todas  as  virtudes  verdadeiramente 
Keaes  fe  aventa] avaõ  muito  à  realeza  do  Sangfu,  à 
potencia  do  afiado,  e  a  todas  cu  mais  grande:(as,  que 
nella  ajuntara  a  nature:(a.  Fonfec.  Evor.  Gloriof. 
pag.  1 54.  tf  quem  as  virtudes  deraô  no  Ceo  o  Keyno, 
que  a  injujliça  lhe  tirou  na  terra.  Monfort. 
Chron.  da  Prov.  da  Pied.  liv.  4.  cap.  42.  §.  4. 
Moreir.  Theatr.  Geneal.  dela  Caf  de  Souf. 
pag.  751.  e  752.  Scevol.  et  Lou.  de  Sainâ. 
Marth.  Hifi.  Geneal.  dela  Mais.  de  ¥ranc.  liv.  2. 
liv.  44.  cap.  6.  Souf.  Hifl.  Geneal.  da  Caf, 
Real  Portug.  Tom.  3.  liv.  4.  cap.  11. 

Sor.  CATHERINA  DE  CHRISTO  Naceo 

na  Cidade  de  Angra  Capital  da  Ilha  Terceira, 
fendo  filha  de  Vital  de  Bentacurt  Fidalgo 
da  Cafa  Real,  e  Cavalleiro  da  Ordem  de  Chrifto, 
e  de  fua  terceira  mulher  D.  Izabel  Pacheco 
filha  de  Francifco  Fernandes  Redovalho  Pro- 
vedor da  Fazenda  Real  na  mefma  Ilha.  Para 
fazer  mais  nobre  o  nacimento  que  lhe  dera  a 
natureza  fe  defpozou  com  o  divino  Cordeiro 
no  Seráfico  Convento  de  S.  Gonçalo  íituado 
na  fua  Pátria  onde  foy  exemplar  de  todas  as 
virtudes.  Teve  natural  génio  para  a  Poeíia 
que  fempre  dedicou  a  aíTumptos  Sagrados,  e 
devotos.    Efcreveo. 

Carta  a  Infanta  D.  Isabel  gratifican- 
dolhe  o  querer  occupalla  no  feu  Keal  ferviço.  M.  S. 
He  muito  difcreta. 

Conte  mplaçoens  efpirituaes.  M.  S.  Obra 
Poética. 


5Ó4 


BIBLIOTHE  CA 


D.  CATHERINA  DAMASIA  BORGES 
TEYXEIRA.  Naceo  em  Lisboa  a  ii.  Dezem- 
bro de  17 14.  e  teve  por  Pays  a  Joaõ  Pereira 
Alvares,  e  Arina  Maria  Borges  Teixeira  def- 
cendentes  das  familias  mais  nobres  de  Villa 
Real  fua  Pátria.  Sendo  cazada  com  Manoel 
António  da  Sylva  Cirurgião  mór  da  Praça 
de  Mazagaõ  naõ  lhe  fervio  o  eftado  conjugal 
de  impedimento  para  fe  applicar  ao  eíludo 
da  Poeíia  vulgar,  que  continuou  defde  os  pri- 
meiros annos  produzindo  a  fua  Mufa  varias 
obras  em  diverfos  metros  dos  quaes  fomente 
tem  vifto  a  luz  publica. 

'Komance  heróico  em  applaufo  do  Reverendo 
Doutor  Theodojio  de  Santa  Martha  Cónego  Secu- 
lar do  Evangelijia  quando  fqy  eleito  Geral  da  fua 
Congregação,  foi.  1737.  Naõ  tem  lugar,  nem 
nome  do  impreflbr. 

A!morte  da  Illujlrijfima  e  'Excellentijfima 
Senhora  Marque/a  de  Marialva.  Soneto  4.  fem 
lugar,  anno,  nem  nome  do  ImpreíTor. 

Lahjrinto  Cubico  aos  annos  do  IlluJlriJJimo 
Senhor  Jofeph  António  de  Sou/a  Coutinho  Dignif- 
fimo  Correyo  mór  do  Rejno  de  Portugal,  foi. 
por  António  líidoro  da  Fonfeca   1740.  foi. 

SOR  CATHERINA  DO  SALVADOR 
natural  de  Villaviçofa,  filha  de  António  Dias 
Couteiro  mór  da  Sereniífima  Cafa  de  Bragança, 
e  de  D.  Francifca  de  Almada.  Nos  primeiros 
annos  em  que  reyna  a  innocencia  começou  a 
caftigar  feveramente  o  corpo,  como  fe  fora  reo 
de  enormes  deliftos.  Refoluta  a  continuar 
com  mayor  exceíTo  as  afperas  mortificaçoens 
de  que  era  artífice  o  feu  efpirito  fe  recolheo 
no  Seráfico  Convento  da  Efperança  fituado  na 
fua  Pátria,  a  12.  de  Fevereiro  de  16 14.  em 
cuja  virtuofa  paleftra  fervio  de  exemplar, 
e  aílombro  a  todas  fuás  companheiras.  Ainda 
que  moleftada  de  contínuos  achaques 
nunca  ceifava  de  orar  mental,  ou  vocal- 
mente fendo  eílas  as  armas  com  que  por  di- 
verfas  vefes  triunfou  das  aílucias  do  demó- 
nio. Cumulada  de  infignes  virtudes  depois 
de  receber  com  ardente  piedade  os  Sacra- 
mentos proferindo  as  palavras  do  Pfalmo:  4. 
in  pace  in  id  ipfum  dormiam,  et  requiefcam 
paíTou  ao  defcanfo  eterno  a  4.  de  Março 
de  1621.  quando  eftava  na  florente  idade 
de  24.  annos.    Compoz 


Oração  com  que  gratificava  a  Deos  os  bene- 
fícios que  da  fua  liberal  maõ  tinha  recebido.  Sahio 
impreífa  no  Tom.  2.  do  Agiol.  'Lufit.  pag.  47. 
onde  Jorge  Cardofo  faz  mais  larga  memoria 
da  Authora  deíla  obra. 

SOR  CEQLIA  DO  ESPIRITO  SANTO. 

Ainda  contava  poucos  annos  de  idade,  e 
muitos  de  defengano  quando  deixou  a  Lisboa 
fua  Pátria,  e  a  amável  companhia  de  feus  Pays 
Domingos  Antunes,  e  Maria  Lopes  de  Bitan- 
curt  para  receber  o  habito  Seráfico  no  Con- 
vento das  Chagas  de  Villaviçofa  o  qual  pro- 
feíTou  a  2.  de  Janeiro  de  1652.  Praticou  com 
fumma  obfervancia  todas  as  virtudes  que 
conflituem  huma  perfeita  Religiofa  pelas 
quaes  foy  lograr  o  premio  eterno  a  30.  de 
Janeiro  de  1727.  Foy  muito  inclinada  à  Poefia 
compondo  alguns  verfos  em  que  era  mayor  o 
aíFefto  da  devoção,  que  a  elegância  do  eftilo, 
dos  quaes  publicou. 

Colloquios  com  Chrifio  Crucificado,  de 
hum  peccador  arrependido.  Lisboa  por  Mi- 
guel Manefcal  Impreííor  do  Santo  Officio 
1688.  4.    He  hum  Romance  muito  extenfo. 

SOR     CECÍLIA     DA     NATIVIDADE. 

Naceo  em  Valladolid  em  o  anno  de  1570. 
filha  de  António  Sobrinho  Portuguez,  e  natu- 
ral de  Bragança,  e  da  celebre  matrona  Cedlia 
de  Morillas,  e  naõ  Maria  como  fe  efcreve  no 
Theatr.  Heroin.  das  Mulher.  Illujl.  Tom.  i. 
pag.  285.  e  irmaã  de  Fr.  António  Sobrinho 
de  quem  em  feu  lugar  fe  fez  mençaõ.  Logo 
na  infância  moílrou  inclinação  à  virtude,  que 
illuftrada  com  os  dotes  da  fermofura,  e  dif- 
criçaõ  lhe  conciliarão  as  atençoens  dos  dous 
mais  nobres  fentidos.  Por  morte  de  fua  Mãy 
fucedida  a  31.  de  Outubro  de  15  81.  de  quem 
aprendera  os  primeiros  rudimentos  da 
Grammatica  fe  applicou  com  grande  dif- 
velo  a  eíhidar  os  preceitos  da  Rhetorica, 
e  penetrar  as  dificuldades  da  Filofofia,  e 
querendo  fantificar  o  feu  eíhido  começou 
a  revolver  a  fagrada  Biblia,  em  cuja  liçaõ 
fe  lhe  inflamou  de  tal  forte  o  coração  que 
defprezando  as  delicias  com  que  o  mundo 
a  convidava  recebeo  o  habito  de  Carmelita 
Defcalça  no  Convento  da  fua  pátria  em 
o  anno  de   1589.   fervindo-lhe  de  exemplar 


L  USITANA. 


565 


Ur 


para  cfte  deTengftno  Tua  Irmai  Soror  Maria  de 
Santo  Alberto,  que  no  mefmo  Qauftro  fe  dif- 
lin^^uia  entre  as  outras  Religiofas.  Tanto 
([uc  fc  vio  agregada  a  taõ  venerável  Q>mmu- 
niciade  começou  a  praticar  as  virtudes  com  tal 
cxceíTo,  que  muitas  vezes  mereceo  alcançar 
extática  os  mais  recônditos  myfterios  da  Theo- 
loi.ui  myílica.  G>nrefvou  taõ  pura,  e  inno- 
ccntc  a  fua  conciencia  que  por  ateíbçaõ  do 
leu  G^nfeíTor  nunca  a  manchou  com  peccado 
venial  commetido  com  plena  advertência. 
A  taõ  fantificada  vida  correfpondeo  femelhante 
morte  que  a  transfcrio  à  eternidade  glorioía 
,1  7.  de  Abril  de  1646.  quando  contava  76.  de 
idade.  Deixou  muitas  obras  cheyas  de  fa- 
!'r;ula  doutrina,  e  erudição,  que  teftemu- 
nhiiò  a  fciencia  com  que  fuperiormente  fora 
uftrado  o  feu  cfpirito  as  quaes  fe  confervaõ  no 
nvento  donde  profeíTou,  fendo  a  principal. 
Canfoens  divididas  em  18.  Ef tacões  em 
que  Je  defcreve  a  myjlica  uniaõ,  e  amoroja  identi- 
dade da  Alma  com  Deos  pela  Fé,  e  Charidade. 
M.  S. 

O  Author  do  Theatr.  Heroin.  jà  alle- 
gado  efcreve,  que  efta  ferva  de  Deos  de- 
pois de  Religiofa  tomara  o  apellido  do  E/pi- 
rito  Santo,  quando  Nicoláo  António  in 
\Mh.  Hifpan.  Tom.  2.  pag.  345.  a  intitula 
com  o  da  Natividade ,  cuja  aíTeveração  por  fer  de 
Author  de  taõ  grande  authoridade  feguimos, 
principalmente  em  noticia  pertencente  à  fua 
Pátria. 


D.  CELESTINO  SEGUINEAU,  cha- 
mado no  feculo  António  Luiz,  naceo  em 
Baçaim  Cidade  da  índia  Oriental,  íituada 
no  Reyno  de  Decan  a  7.  de  Mayo  de  1675. 
fendo  filho  de  Joaõ  Seguineau  de  naçaõ 
Francez,  e  por  profiíTaõ  Medico,  cuja  arte 
exercitou,  quando  foy  eleito  Phyfico  mór 
em  a  Cidade  de  Goa,  com  grande  applaufo 
da  fua  fciencia,  e  de  D.  Leonor  Tenreira 
natural  da  Gdade  de  Columbo  Capital  da  Ilha 
de  Ceylaõ  filha  de  Pays  Portuguezes,  como 
expreíTou  o  mefmo  D.  Celeftino  neíles  dous 
elegantes  verfos: 

Índia   me  gemnt,   dedif  inclyta   Gallia  Pa- 

trem 
Ma  trem  Taprobane  Ijijorum  Janguine  creiam. 


AíTiílindo  pelo  efpaço  de  alguns  annos 
com  feus  Pays  em  Goa  paíTou  em  fua 
companhia  a  eíU  Corte,  onde  quando  con- 
tava 16.  annos  de  idade  profeíTou  o  Inf- 
tituto  dos  Qerigos  Regulares  Theatinos 
a  27.  de  Mayo  de  1691.  Tendo  enfinado 
aos  feus  domefticos  Filofofía,  e  Theo- 
logia,  foy  Meftre  dos  Senhores  D.  Mi- 
guel, e  D.  Jozé  Filhos  naturaes  da  Se- 
reniíTima  Mageftade  de  D.  Pedro  IL  aos 
quaes  inílruhio  aíTim  nas  letras  Humanas» 
como  nas  fubtilezas  Filofoficas.  Exercitou 
pelo  efpaço  de  féis  annos  o  lugar  de  Mef- 
tre dos  Noviços,  e  por  três  o  de  Propofi- 
to,  em  cujos  minifterios  moílroo  a  capa- 
cidade do  feu  talento,  merecendo  por  ella 
fer  eleito  Examinador  das  Três  Ordens 
Militares.  He  muito  perito  na  intelligenda 
da  lingua  Latina,  como  nos  preceitos  da  Rhe- 
torica,  e  Poética,  de  que  faõ  teftemunhas  as 
Obras  feguintes. 

OraçaÕ  Fúnebre  nas  Exeqtdas  Reaes  do  Chrif- 
tianijftmo  Key  de  França  ljiit(^  XIV.  celebrada r 
na  fua  Capella  Keal  defta  Cidade  de  Lisboa  aoT 
três  de  Abril  de  171 6.  Lisboa  por  António- 
Pedrozo  Galraõ.   1716.  4. 

In  obitu  Duas  de  Cadaval  Epiff^am- 
mata  quatuor.  Sahiraõ  nas  ultimas  Acções 
do  mefmo  Duque.  Lisboa  na  Oílicina  da. 
Mufica    1750.    foi.    a   pag.    308. 

Vio,  €>•  magnifico  Kegi  Joanni  V.  Elo- 
ffa  quibus  pracipuce  ejus  virtutes  explicantur^ 
Ulyflipone  apud  Antonium  Pedrozo  Galraõ^ 
1737.  4.  Coníla  de  13.  Elogios  de  Obra. 
Lapidaria,  e  três  Epigrammas. 

Obras  M.  S.  promptas  para  a  Impref- 
fam. 

Epigrammatum  Ubri  três. 

Panegvris  Divo  Michaeli  épico  carmine. 

Sermões  Vários  cincoenta. 

Injlitutiones  Dialeãica. 

Inflitutiones  'Retórica. 

Ars  celandi  Artem.  Obra  muito  util 
para  os  Oradores,  e  até  o  prefente  por  nin- 
guém excogitada. 

Fr.  CHRYSOSTOMO  DA  VISITA- 
ÇAM  natural  de  Vifeu  Cidade  Epifco- 
pal  na  Província  da  Beira,  onde  teve 
por   Pays    a   Pedro    AíFonfo,    e   Mana   Ma- 


566 


BIBLIO  THE  C  A 


theos.  Recebeo  o  Habito  Monachal  da  Famí- 
lia Ciílercienfe  no  Real  Convento  de  Alcobaça, 
onde  aprendendo  as  Sciencias  Efcolafticas 
foube  enfinar  as  virtudes.  Coníiderando 
os  Prelados  a  grande  vigilância  com  que 
zelava  os  augmentos  da  Religião,  o  elegerão 
por  Procurador  Geral  na  Cúria  Romana, 
cujo  lugar  exercitou  pelo  largo  efpaço  de 
quinze  annos.  Movido  da  fidelidade  de  ver- 
dadeiro Portuguez  defendeo  com  a  voz,  e 
com  a  pena  o  direito,  que  à  Coroa  Pprtugueza 
tinha  o  Senhor  D.  António  Filho  do  Infante 
D.  Luiz,  contra  a  injuíla  pertençaõ  de  Fi- 
lippe  II.  que  naquelle  tempo  fortemente 
fe  altercava,  por  cuja  caufa  padeceo  varias 
tribulações  fomentadas  pela  authoridade 
deíle  Monarcha,  fendo  a  mais  fenfivel  para  a 
fua  reputação  o  fer  exterminado  de  Roma. 
Para  evadir  do  perigo,  que  o  ameaçava, 
bufcou  por  afylo  a  Cidade  de  Veneza,  onde 
afTiftio  alguns  annos,  e  paííando  ao  Convento 
de  Saõ  Martinho,  junto  dos  muros  da  Cidade 
■de  Parma  foy  reílituido  a  Roma  pela  Santi- 
dade de  Clemente  VIII.  de  quem  recebeo 
grandes  favores,  merecidos  às  acçoens  de 
fua  inculpável  vida.  Para  acabar  a  carreira 
da  fua  peregrinação,  elegeo  o  Convento  Va//is 
Exclefiarum  da  Ordem  de  Ciíler,  íituado 
•em  Caílella  onde  fe  exercitava  em  continuas 
penitencias,  e  frequentes  aâos  de  piedade,  e 
mortificação,  até  que  eftando  recitando  as 
Horas  Canónicas,  como  chegaíTe  àquelle  Verfo 
do  Pfalmo  126.  Cum  dederit  dileãis  fuis  fomnum 
ecce  hareditas  Domini,  ouvio  huma  voz 
angélica,  que  lhe  fegurava  tomaria  poíle 
defta  herança  paíTado  hum  mez,  o  que 
felizmente  fe  cumprio  a  17.  de  Outubro 
de  1604.  Vir  Japientia  illuftris,  ac  clara  vir- 
tutum  fobole  clarijjimus,  lhe  chama  Marra- 
do Bih.  Marian.  Tom.  i.  pag.  283.  Pietatis, 
<Ò'  eruditionis  eximice  Vifch  in  Bib.  Cifierc. 
pag.  70.  onde  lhe  dà  o  nome  de  Chrifiovaõ 
por  equivocaçaõ,  em  que  o  fez  cahir  D.  Fr. 
Angelo  Manrique  Bifpo  de  Badajoz.  Chri- 
foft.  Henriq.  Phanix  revivi/cens.  Lib.  2. 
cap.  28.  e  no  Menolog.  Cifierc.  p.  353. 
onde  por  engano  o  apellida  da  Conceição. 
Petr.  Alv.  de  Aftorg.  in  Milit.  Immacul. 
Concept.  Caftro  Dijc.  da  Vid.  de  D.  Se- 
bafi.    cap.     17.    Carol.    Jozé    Imbonati    Bib. 


Lat.  Hebraic.  pag.  335.  num.  1054.  Joan. 
Hallev.  Bib.  Curiof.  pag.  48.  col.  2.  e  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  196.  Compilou, 
e  illuftrou  com  algumas  nottas. 

Privilegia  Congregationis  Saneia  Maria 
de  Alcobaça  Cifiercienfis  Ordinis  Regnorum 
PortugallÍ€£  per  nonnullos  Romanos  Pontífices 
prajertim  a  Pio  IV.  u/que  ad  dementem  VIU. 
eidem  Congregationi  conceffa  i.  Pars.  Venetiis 
apud  Joannem  Dominicum  de  Imbertis  1593. 
4.  Dedicado  ao  Geral  Fr.  Gerardo  das  Chagas 
onde  promete  2.  Part. 

De     Verbis    Domina,    hoc    efi,    de     Verhis 

qua    Deipara    Maria    ad    Angelum,    e5>*    JE//- 

fabeth     cognatam     loquuta     efi.      Ad     Paulum 

V.  L,ibris  X.   Tom.  I.    Segue-fe  o  feguodo 

com  eíle  Titulo. 

De  Verbis  Domina  ad  Filium  in  Templo, 
(&  in  Nuptiis,  <&  ad  Minifiros  in  Nuptiis  ad 
Kanutium  Farnefium  Parma,  <&  Placentia  Ducem, 
Venetiis  apud  Jacobum,  &  Ricciardum  Ama- 
dinum.  1600.  4.  Paliando  deita  Obra,  e  de  feu 
Author  Agoílinho  Sartorio  in  Cifierc.  Bifierc. 
feu  Hifi.  Elogiai.  Sacri  Ord.  Cifierc.  Tit.  20. 
pag.  550.  diz  eflas  elegantes  palavras  em 
feu  applaufo:  ^ui  laurea  fua  flores,  inge- 
niique  labores  conjecravit  amplijfimo  hono- 
ri  Augufia  Deipara  conjcripto  eleganti  volii- 
mine  in  duodecim  Ubros  difiinão,  in  qiio 
alma  Parentis  Verba,  qim  Diva  in  Sacro 
códice  prolucuta  efi  gratijjimus  interpres  dottif- 
fimis  commentariis  explanavit. 

Fr.  CHRISTOVAM  DE  ABRAN- 
TES natural  da  Villa  do  feu  apellido 
fituada  em  a  Provinda  da  Beira  do  Bifpado 
da  Guarda.  Tanto  que  chegou  a  conhe- 
cer a  apparencia  dos  bens  do  mundo,  para 
fegurar  as  felicidades  eternas  abraçou  o 
penitente  Inftituto  de  Religiofo  Menor,  pro- 
feílando  no  Convento  do  Bofque  junto 
a  Villa- Viçofa  da  Reformada  Provin- 
da da  Piedade.  Nefta  virtuofa  efcoUa  foy 
admirável  Meftre  de  Theologia  MyíHca, 
tendo  por  exemplares  das  fuás  açoens  os 
Rusbroquios,  Arphios,  e  Efchios,  Orácu- 
los de  taõ  fublime  Sciencia  de  que  naceo, 
que  os  feus  companheiros  atrahidos  do  feu 
exemplo  occupavaõ  a  mayor  parte  do 
tempo  no  fuave  exercido  da  Oraçaõ,  onde 


L  USITAN A. 


56j 


rccchiaõ  admiráveis  illuftraçôes.  Foy  o 
decimo  fcxto  Provincial  da  Tua  Provinda, 
eleito  cm  o  Convento  da  Vidigueira  no  pri- 
meiro de  Novembro  de  1560.  Vifitador  da 
Província  de  Saõ  Gabriel  em  Caílella,  e  G^m- 
inilíario  Geral  de  toda  a  Ordem  Seráfica  neAe 
Rcyno  em  o  anno  de  x)66.  por  deligencia 
(lo  (^ardial  D.  Henrique,  que  lhe  era  muito 
.ilicòto.  Neftes  authorizados  lugares,  íempre 
confervou  fumma  afabilidade  para  os  fub- 
(litos  fem  permitir  a  menor  relaxação  na 
ohfcrvancia  dos  Inftitutos,  de  tal  forte  que 
fcntlo  Provincial  ordenou,  que  nenhum  Reli- 
'.iofo  fem  exceptuar  os  velhos,  uzaflc  de  fan- 
dalias,  o  que  exadtamcntc  praílicou  vifitando 
dcfcalço  três  vezes  a  Provinda.  Retirado  ao 
Gjnvento  do  Bofque,  lhe  mandou  fazer 
hum  apozento  para  fua  habitação  a  Infanta 
D.  Ifabel  mulher  do  Infante  D.  Duarte,  da 
<jual  era  ConfeíTor,  onde  exerdtando  as 
virtuofas  obras  que  fizera  por  toda  a  vida, 
paíTou  a  lograr  o  premio  da  eterna  a  7.  de 
Abril  de  IJ74.  como  efcreve  Fr.  Manoel  de 
Monforte  na  Chron.  da  Prov.  da  Piedad.  Liv.  3. 
cap.  55.  §.  4.  e  naõ  de  1572.  como  diz  Jorge 
Gurdof.  AgioL  hufit.  Tom.  2.  pag.  466.  no 
Coment.  de  7.  de  Abril  letr.  C.  Por  ordem 
do  Cardial  D.  Henrique,  traduzio  de  Latim 
cm  Portuguez : 

Obras  de  Nicoláo  E/chio.  Évora  em 
Caza  de  André  de  Burgos  impreflbr,  e 
Givalleiro  do  Cardial  Infante.  Acabou-fe 
a  féis  de  Setembro  de  1554.  Sahio  fem  o 
nome  do  Traduftor. 

Compoz  fendo  Provincial 

Cerimonial,  ou  Ordinário  para  os  Fra- 
des fe  governarem  em  a  celebração  do  Officio 
Divino.  De  cuja  Obra  faz  memoria  Fr. 
Manoel  de  Monforte  na  Chron.  aíTima  alle- 
gada  Liv.  3.  cap.  46.  §.  3.  e  cap.  55.  §.  3. 

Nas  horas  vagas,  que  lhe  f>ermitiaõ  as 
obrigações  do  feu  Inílituto,  compunha  al- 
guns verfos  nos  quaes  era  mayor  a  ternura 
dos  affeélos,  que  a  elevação  dos  conceitos, 
fendo  a  principal  Obra  que  deixou  efcrita 
defte  género 

Trijles  Lamentaçoens  do  Padre  A.daÕ 
por  feu  filho  Abel.  M.  S. 

Faz  memoria  deíle  Author  Fr.  Joan. 
à  D.  Ant.  in  Bib.  Franc.  Tom.  i.  pag.  260. 


col.  2.  com  o  nome  de  Fr.  QmAovaõ  de  Al- 
meida natural  de  Abrantes,  cujo  ^llida 
mudou  pelo  da  fua  Pátria  na  Províoda  da 
Piedade,  onde  he  cofhime  deixar  os  do  fe- 
culo,  e  intitularfe  com  os  das  terras  que  lhes 
deraõ  o  berço. 

CHRISTOVAM  ALA'0  DE  MORAES. 
Naceo  na  Fregueíia  de  Saõ  Joaõ  da  Madeira 
na  Comarca  da  Feyra  do  Bifpado  do  Porto» 
diílante  cinco  legoas  deíla  Gdade  a  25.  de 
Março  de  1630.  Foy  filho  legitimado  de 
Balthezar  de  Moraes  Alaõ,  que  em  premia 
das  açoens  militares,  que  fez  nas  Armadas 
do  Reyno,  foy  nomeado  Capitão  de  mar,  e 
guerra  que  naõ  exercitou  por  morrer  intcm- 
peflivamente  na  florente  idade  de  trinta 
annos.  As  Scicncias,  que  todos  compre- 
hendem  na  idade  adulta,  as  foubc  perfeita- 
mente na  pueril,  pois  naõ  contando  onze 
annos,  jà  era  confummado  na  Gramática 
Latina,  e  de  doze,  frequentou  no  Real  Collegio 
das  Artes  em  Coimbra  as  Efcolas  de  Filofofia, 
e  Mathematica  donde  paíTou  a  matricularfc 
na  Faculdade  de  Direito  Pontifício.  Para  fe 
livrar  de  hum  homiddio  em  que  fora  injuíla- 
mente  culpado  interpollou  por  algum  tempo 
a  carreira  dos  feus  eíhidos  Académicos,  atè 
que  reftituido  à  Univerfidade  fe  formou  Ba- 
charel em  Direito  Cefareo  a  15.  de  Abril  de 
1658.  Depois  de  provada  a  fua  fdencia  legal 
em  o  Dezembargo  do  Paço  a  20.  de  Julho  de 
1661.  fervio  os  Lugares  de  Juiz  de  Fora  de 
Torres  Vedras,  dos  Orfaõs  da  Cidade  do 
Porto,  Corregedor  das  Comarcas  de  Pinhel,, 
e  Ribacoa;  da  Figueira,  e  de  Coimbra,  Supe- 
rintendente das  Decimas  da  mefma  Cidade, 
Ouvidor,  e  Provedor  da  Villa  de  Odemira^ 
Corregedor,  e  Provedor  da  Comarca  do  Porto,. 
Confervador  dos  Moedeiros  da  mefma  Cidade,, 
e  nella  Dezembargador,  e  Corregedor  do 
Qvel.  Em  taõ  diverfas  Judicaturas  fempre 
fe  moftrou  taõ  amante  da  juftiça  como  ini- 
migo do  intereííe,  fazendo  que  fem  offen- 
fa  das  Leys  triunfaíTe  muitas  vezes  a  de- 
menda  da  feveridade.  Foy  doutamente  ver- 
fado  nas  linguas,  Latina,  Grega,  Tof- 
cana,  Caílelhana,  e  Franceza,  e  naõ  me- 
nos perito  nas  letras  Humanas,  Mytholo- 
gia,  e  Poética,  de  que  faõ  irrefragaveis  tef- 


568 


BIBLIOTHECA 


temunhas  as  fuás  compoíições,  cm  as  quaes 
fuaviíaya  a  feveridade  de  eftudos  mayorcs. 
Nas  Academias  era  ouvido  como  Oráculo  prin- 
ci|>almente  quando  preíldio  duas  vezes  em  a 
^ebie  dos  Gmwtfos,  de  que  era  Secretario 
D.  António  Alvares  da  Cunha>  e  Meíbres,  o 
Doutor  Joaõ  de  Albuquerque,  Luiz  Serraõ 
Pimentel,  o  P.  Fr.  André  de  Qirifto,  e  o  Dou- 
tor Gafpar  de  Meri,  onde  orou  em  Latim,  e 
Português.  Foy  iníigne  GenealogiAa,  para 
cujo  eíludo  difcorreo  por  muitos  Cartórios  dos 
Moíleiros,  e  Camarás  da  Provinda  do  Minho, 
^e  que  extrahio  importantes  noticias  condu- 
centes às  Familias  de  que  fallava,  onde  o  amor 
da  verdade  lhe  faz  defcobrir  alguns  defeitos 
indignos  de  que  os  foubelTe  a  poftcridade. 
Morreo  na  Qdade  do  Porto  a  19.  de 
yLkyo  de  1695.  quando  contava  65.  annos 
de  Idade*  Jas  fepultado  em  a  Cathedral, 
<em  o  antigo  jatigo  da  fua  Familia,  que  cftá  em 
a  Capella  da  Vera-Cruz  inítituida  em  o  anno 
«k  i)8i.  por  Domingos  Giraldes  Alaõ  Có- 
nego da  dita  Cadiedial,  e  Prior  de  Permeiam. 
Foy  caiado  com  D.  Joanna  Thereza  de  Carva- 
lho filha  de  António  Solteiro,  e  de  D.  Catharina 
de  Carvalho  de  quem  teve  defcendenda  nume- 
tofa,  que  hoje  ílorece  na  Qdade  do  Porto. 
D.  Francifco  Manoel  nas  Obrms  Metrk^  VtoL 
Ji  T«&i  p.  mihi  XJ5.  o  applaude  defte  modo. 

Dm  mtf,  éãsfimms  Amk  mtnm 
Tmku  ãt  NimpiM,  fw  •  muêntíêS 

j2<>*  a  •  mtrmr  Mêrmu  ifv  •   mmfâi; 

O>nyoz. 

^  knM  EpòfMtã  l  ãffw9  ã  JMT/Sf  éh  ExttOtÊtíMãtê 

Súào  com  o  Pmujjifin  im  \Hã,  e  «^pfier  lá^flr 
H&M.  Lisboa  por  António  Rodngoes  de 
Avroi  167a.  4.  a  pag.  51. 5^.  165. 

Hum  j^iÊiontãfãf  ihMt  Stttfit,  t  àumã 
AKHMt  em  appbnfo  do  Poema  D^km- 
fmS  ék  E/^tmka,  ooopofto  pelo  Doutor 
André  da  S]^va  Mascaienkas.  Lisboa  por 
António  Craesbecck  de  Mdk>  1671.  4. 


Praãka  Jmifpmdmtm  NncUus,  M.  S. 
He  hum  Vocabulário  de  Condufoens,  c  luga- 
res communs  de  Dirdto. 

Ordenafoõ  do  Riytio,  cottada  com  dou- 
tiífimas    notas,    que    faõ    muito    eítimadas. 

GrinaUã  dt  ApoUo  compofia  de  varias  fkns 
pottkas  no  Jardim  das  Mnjas,  Coníbi  de  122. 
Sonetos  a  diverfos  aíTumptos.  M.  S, 

O  Ciclopt  tummraiú.  Poema  em  Outava 
Rima;  em  que  relata  os  amores  de  Polifcmo 
e  Galatea.  M,  S, 

Foati  pertmu  do  Parnajjío,  deliria  das  not" 
Mufas^    Confia  de  diverfos  géneros  de  Poeíia. 

Commmt9  às  Obras  Pottitas  de  Franrijco 
dt  Sá,  *  Mtramla,  M.  S. 

Commeato  i  Ufyffea  dt  Gabritl  Ptrtira  d» 
Cafiro,  M.  S. 

Emhhmmatmm  ctatteria,  com  efiampas 
No  fim  tem  Cmtttritt  priwm  firns,  donde  k 
colhe  ficar  efta  Obra  imperfleita. 

AítHfmt  lafmptíoHts,  €>*  tpitapbia  vana 
LtÊdrica,  Gtmaí^ica,  Htrma  IC/pmuta,  & 
Latàta  1.  e  a.  Part.  M,  S.  Nefta  Obra 
defcobre  o  fentido  pouco  pcrceptivd  de 
muitas  Infcripções,  e  epitáfios  com  grande 
erudição. 

Exmrifmos  da  MtkmtSa.  4.  M.  S. 

Ca^a  dt  Prt^,  t  Briria  dt  tattmdidtí. 
M.  S.  Confiaõ  eftes  dous  Livros  de 
galantarias     difcretas,     e    jocofos    apothcg 

Ptdatma    R^   ^^^^^fi/^  Lmjitam,   M.   S 
Trata  da  Genealogia  dos  noflòs  MonardL^ 
com  todos  os  ramos,  que  deUes  procedem 
por  Varonia. 

Ctmal^a     das     FaatiSas     it     Portt^. 
S.    r««r.    M.    S.    Parte   defia   Obra   aífinna 
ter  vifto  o  P.  D.  Anton.  Cact.  de  Soali, , 
no  Apparmt,   à  Hi/L   GtmaL   da   Ca^,  Sm/ 
PtrAgM^.  pag.   125.  §.   154.  onde  faz  me- 
moria de  feu  Author;  como  também  a  fa 
o  P.  Fr.  Manod  de  Saõ  Damof.    Verde*. 
Efmidad,  «  Fatíd,  Cmmmid.  pag.  190.  §.  2ji 
e  pag.  i«a.  §.  540. 

LtíTÊdÊÊfmS  Stammaria  das  R^pas  da  Ar- 
maria, dmãií  tm  4.  OfUtelês.  O  i. 
«M^lfif  dtitdt  Jt  rèamarwi  Btm^gttms,  t  Ar- 
atas,  t  fK»  ài/KitdU»  as  Eçer  dtUas,  2. 
Das    reinas    §m  fe    èmtm   geardar    m    hU- 


L  USITAN A. 


569 


i^^onar,  e  compor  os  tfcudot  das  Armas.  5.  Dos 
Corpos,  e  Vijiftras,  qut  Je  tn;aÕ  na  Armaria,  e  fuás 
fifipificaçoens.  4.  Mstaes,  t  eorts,  qm  fervem 
na  Armaria,  e  o  que  nella  dtnotaò.  4.   M.   S. 

Compendio  das  Armas  dos  Reynos  de 
Porhtgfll,  e  Algflrve,  t  das  Cidades,  e  Vil' 
ias  principaes  delias.  Uvr.  i.  de  Portugfli. 
IJvr.  1.  do  Aljiflrve. 

Varias  Lifoens  Académicas  fobre  a  Poefica 
de  Arifloteles. 

D.  Fr.  CHRISTOVAM  DE  ALMEYDA. 
Naceo  na  Villa  da  GoUegaá  do  Arccbiípado 
de  Lisboa,  c  teve  por  Pays  a  Manoel  Tavares 
de  Almeyda,  e  Sofia  Pinto.  Na  idade  juvenil 
recebeo  o  habito  de  Eremita  Auguíliniano 
em  o  Q>nvento  de  Évora  a  8.  de  Julho  de  16)7. 
c  profeíTou  aio.  do  dito  mez  do  anno  fe- 
guinte.  A  viveza  do  engenho  acompanhada 
de  hum  génio  para  as  letras  lhe  facilitarão 
comprehender  brevemente  as  mayores  difi- 
culdades da  Filofofía,  e  Theologia,  que  com 
grande  gloria  do  feu  nome,  c  emolumento 
dos  Teus  difcipulos  explicou  por  muitos  annos 
até  chegar  a  Ter  Lente  de  Prima  em  o  G)llegio 
de  Santo  Antaõ  de  Lisboa,  fendo  venerado 
por  hum  dos  mayores  Letrados  do  feu  tempo, 
de  cuja  decifaõ  pendiaõ  as  mais  celebres 
controverfias  pertencentes  à  Theologia  Moral. 
Depois  de  fcr  Qualificador  do  Santo  Offi- 
cio,  e  Examinador  das  Três  Ordens  Mi- 
litares, atendendo  aos  feus  grandes  mere- 
cimentos o  Princcpe  D.  Pedro  Regente 
deíla  Monarchia  o  nomeou  em  6.  de  Ja- 
neiro de  1669.  Bifpo  G>adjutor  do  Arce- 
bifpo  de  Lisboa  D.  António  de  Mendoça, 
cuja  nomeação  confirmou  a  Santidade 
de  Clemente  X.  com  o  titulo  de  Bifpo  de 
Martyria,  e  foy  Sagrado  na  Igreja  dos  Agof- 
tinhos  Defcalços  do  Monte  Olivete  íi- 
tuada  nos  Subúrbios  deíla  G)rte  a  5.  de 
Janeiro  de  1672.  Exercitou  o  lugar  de  Pro- 
vifor  do  Arcebifpado  de  Lisboa  em  tempo 
dos  Arcebifpos  D.  António  de  Mendo- 
ça, e  D.  Luiz  de  Souía.  Foy  hum  dos  mais 
celebres  Oradores  Evangélicos,  que  teve 
Portugal,  cujos  Scrmoens  excellentes  em  ele- 
gância, e  erudição  Sagrada  como  os  inti- 
tula o  P.  D.  Manoel  Caetano  de  Souía 
no    Cathalog.    Hiflor.    dos    Arcebifp.    e    Bi/p. 


Portug.  pag.  1x7.  foraó  ouvidot  com  ad- 
miração dos  Princepet,  e  Nobreza  deíle 
Reyno,  que  muitas  vezes  lhe  formarão  o 
auditório.  Para  fe  curar  de  hum  accidente 
de  parlezia,  que  o  privou  de  huma  parte 
do  corpo,  paíTou  á  Villa  dat  Caldas  da  Rai« 
nha,  efperaxido  da  virtiide  medicinal  deflat 
aguas  o  remédio  de  taò  grave  queixa  onde 
terminou  a  carreira  da  fua  vida  a  26.  de  Ou- 
tubro de  1679.  Defla  ViJb  fe  trefladaraò 
ot  (eus  ofTofl  para  o  Convento  dos  Eremitas 
de  Santo  Agoflinho  da  Cidade  de  Jjtyriz, 
e  fobre  a  campa  da  fepultura  fe  lhe  gravou 
efle  epitáfio. 

Sepultura  do  Senhor  D.  Fr.  ChriflovaÕ  de 
Almejda  Relig/ofo  de  Santo  Agoflinho,  Meflre 
em  Sagrada  Theoloffa,  infigpe  Prigfidor  dos 
Serenifftmos  Keys  D.  JoaÕ  o  IV.  D.  Ajfonfo 
VI.  e  D.  Pedro  II.  Pal/eceo  fendo  Bifpo 
de  Martyria  na  Villa  das  Caldas  donde  foy 
tresladado  para  efle  lugfir  a  -j,  di  Agoflo  de 
1698. 

Fazem  memoria  defle  Prelado  Fr.  Manoel 
íxal  Cryfol.  Purific.  CrifoL  j.  Exam.  11.  n.  7. 
a  quem  feus  efludos,  feu  púlpito,  fuás  virtudes, 
dignidades,  e  ferviços  fav^em  bem  notório  nefte 
Keyno,  e  ainda  nos  eflranhos.  Morery  Diccion. 
Hifloriq.  Verb.  Almeyda,  Magna  Bibliotheca 
Hcclef.  Tom.  i.  pag.  539.  col.  2.  D.  Jeremias 
Brugnoli  Cler.  Reg.  no  Prolog,  da  Traduc 
Italiana  do  i.  Tom.  das  Primicias  Evangélicas 
do  P.  D.  Rafael  Bluteau. 
Imprimio. 

SermaÕ  da  Quinta  Domingas  da  Quarefma 
na  Capella  Keal.  Lisboa  por  Domingos 
I^pcs  Roía.  i6jo.  4.  5c  ibi  por  Joaõ  da 
Cofta  1671.  4. 

OrafaÕ  fúnebre  nas  Exéquias  annuaes 
do  Serenijftmo  Rey  de  Portugal  D.  Manoel 
na  Cafa  da  Mifericordia  de  Lisboa.  Lis- 
boa por  Domingos  Lopes  Roía  16)6.  Sc 
ibi  por  Ant.  Crasbeeck  de  MeUo   i66j.  4. 

SermaÕ  do  Santiffimo  Sacramento  em  acçaJí 
de  graças  na  Dedicação  do  Templo,  que  lhe  edificou 
a  Rainha  N.  Senhora  no  lug/ir  em  cp4e  a  Mageflade 
delRey  D.  JoaÕ  foy  livre  milagrofamente  da 
morte  que  lhe  intentava  dar  a  Sacrileg/i  treição 
Caflelhana  hindo  acompanhando  a  Chriflo  Sacra- 
mentado na  prociffaõ  de  Corpus  atmo  de  1647. 
Lisboa   por   Henrique   Valente   de   Oliveira 


5jo 

1661.  4.  e  Coimbra  por  Jozé  Ferreira  Im- 
preíTor  da  Univeríidade  1672.  4. 

Sermão  do  Auto  da  Fé,  que  fe  celebrou 
no  Terreiro  do  Paço  dejla  Cidade  de  Lisboa 
a  17.  de  Agojlo  de  1664.  Lisboa  por  Hen- 
rique Valente  de  Oliveira  ImpreíTor  del- 
Rey.  1664.  4. 

Oraçaõ  fúnebre  nas  Exéquias,  que  mandou 
fa^er  na  Santa  Cafa  da  Mifericordia  deJla  Cidade 
de  Lisboa  o  muito  Alto,  e  poderofo  Rej  D.  Affonfo 
VL  nojfo  Senhor  aos  Soldados  Portugueses,  que 
morrerão  gloriojamente  em  defenfaõ  da  Pátria 
no  fitio  de  Villa-vicofa,  e  na  batalha  de  Montes 
Claros  efte  anno  de  1663.  Lisboa  por  An- 
tónio Crasbeeck  de  Mello  1665.  4. 

Sermão  nas  Exéquias  do  Conde  de  Soure 
no  Collegio  de  Santo  Agojlinho  de  Lisboa  no  anno 
de  1664.    Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1665.  4. 

Sermão  dos  Paffos  de  Chrijio  nojjo  Kedemptor, 
que  comprehende  a  jornada,  que  fet^  de/de  a  Cafa 
de  Pilatos  até  o  monte  Calvário.  Lisboa  por 
Joaõ  da  Cofta  1666.  4.  e  Coimbra  por  Ro- 
drigo de  Carvalho  Coutinho  1673.  4. 

Sermaõ  da  Soledade  da  Virgem  Santif- 
fima  Mãy  de  Deos,  e  Senhora  nojfa  prega- 
do na  Capella  Real.  Lisboa  por  Domin- 
gos Carneiro  1666.  4.  e  Coimbra  pela 
Viuva  de  Manoel  Carvalho  ImpreíTor  da 
Univeríidade  1676.  4. 

Oraçaõ  fúnebre  nas  Exéquias  da  Senhora 
D.  Ignacia  da  Sjlva  que  fe  fi^eraõ  no  Con- 
vento de  S.  Bento  de  'Xabregas.  Lisboa 
por  Joaõ  da  Coíla  1668.  4. 

Sermaõ  do  Sabbado  Sexto  da  Quarefma  pre- 
gado no  Convento  de  N.  Senhora  da  Graça  em  as 
Completas  que  nelle  folemnemente  fe  fi^eraõ. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1671.  4. 

Sermaõ  do  Defagravo  de  Chriflo  Sacra- 
mentado na  Solemnijfima  fefla,  que  no  me^ 
de  Janeiro  lhe  fa:^  todos  os  annos  a  No- 
bref^a  de  Portugal,  na  Igreja  de  Santa  Engra- 
cia.  Lisboa  na  Oííicina  Crasbeckiana  1656.  4. 
&  ibi  por  Joaõ  da  Cofta  1671.  4. 

Sermaõ  da  Canonização  de  Santa  Ma- 
ria Magdalena  de  Pa^Z^  pregado  no  Con- 
vento do  Carmo  de  Lisboa  no  1.  dia  do  Ou- 
tavario  que  lhe  confagrou  a  dita  Religião 
ajfiflindo  o  muito  alto,  e  Serenijftmo  Prin- 
cepe  D.  Pedro  Regente,  Governador,  e  Su- 
cejfor  do  Reyno.     Sahio  na   2.   Parte   do   Eo- 


BIBLIOTHE  C  A 


rafleiro  Admirado  à  pag.  5.  Lisboa  por  An- 
tónio Rodrigues  de  Abreu  1672.  foi. 

Sermaõ  do  gloriofo  S.  Jo^é  Efpofo  da 
Virgem  Santiffima  na  Capella  Real  no  dia 
dos  annos  delRey  NoJJo  Senhor  D.  Joaõ  o  IV. 
Coimbra  pela  Viuva  de  Manoel  de  Carvalho 
ImpreíTor  da  Univeríidade  1673.  4. 

Sermoens  Vários  Tom.  i.  Lisboa  à  cuíla 
de  António  Leyte  Pereira  1673.  4. 

Tom.  2.    Lisboa  1680.  4. 

Tom.  3.    Lisboa  1680.  4. 

Tom.  4.    Lisboa  por  Joaõ  Galraõ  1686.  4. 

Sahiraõ  eíles  4.  Tomos  augmentados  com 
outros  Sermoens.  Lisboa  por  Bernardo  da 
Coíla.  1725.  4. 

Muitos  dos  feus  Sermoens  foraõ  tradu- 
zidos em  Caftelhano,  e  fahiraõ  na  Laurea 
Lufitana  Madrid  por  André  Garcia  1679.  4- 

Hifloria  do  Capucinho  Efcofés  2.  Parte, 
e  compendio  da  primeira  efcrita  em  Fran- 
ceZ'  Lisboa  por  Domingos  Carneiro  1667. 
8.  &  ibi  por  Bernardo  da  Cofta  Carvalha 
1708.  8. 

Vida  de  Santo  Thomaz  de  Villa-nova 
que  ficou  imperfeita,  a  qual  queria  publi- 
car com  os  Sermoens,  e  narração  das  Fef- 
tas  que  Te  fizeraõ  pela  Tua  Canonização. 

Fr.  CHRISTOVAM  DE  ALMEIDA. 
Naceo  na  Cidade  do  Porto  a  10.  de 
Março  de  1636.  Tendo  filho  de  FranciTco 
de  Almeyda,  e  Domingas  da  Cruz.  Rece- 
beo  o  habito  Monaftico  do  Príncipe  dos 
Patriarchas  S.  Bento  no  Mofteiro  da  Vito- 
ria da  Tua  pátria  a  25.  de  Fevereiro  de 
1658.  Nos  eftudos  Tahio  eminente,  no  exer- 
cício do  púlpito  infigne.  Tendo  Pregador 
Geral  da  Tua  Religião,  e  Abbade  do  MoT- 
teiro  de  GaTey.  Morreo  no  Mofteiro  de 
Saõ  Miguel  de  Buftelo  na  DioceTe  do  Por- 
to em  o  mez  de  Abril  de  1704.  com  68. 
annos  de  idade,  e  56.  de  ReUgiaõ  ETcre- 
veo. 

Diário  de  tudo  quanto  fucedeo  na  Corte 
os  annos,  que  nella  ajjiflio.  Cujo  M.  S.  Te 
conTerva  na  livraria  do  Convento  do  BoT- 
telo  onde  falleceo. 

Fr.  CHRISTOVAM  DE  ALVOR- 
NINHA    cujo    appeUido    denota    a     pátria. 


L  USITAN A. 


571 


orulc  naoeo,  que  he  huma  Villa  dos  Cou- 
tos de  Alcobaça  de  que  he  Senhor,  e  Dona- 
tário o  Abbade  Geral  da  Congregação  de 
C.iílcr,  cujo  habito  profeíTou  no  Convento 
de  Santa  Maria  de  Aguir.  Foy  muito  douto 
aíTim  na  Sagrada  Rfcritura,  como  na  Thco- 
logia  Ffcholaftica  deixando  para  argumento 
infallivcl  da  fciencia  que  tinha  em  ambas 
cilas  Faculdades  a  íeguinte  obra. 

De  Verbo  Abbreviato.  Aí.  S.  foi.  o  qual  fe 
conferva    no    Real    Convento    de    Alcobaça. 

CHRISTOVAM  DE  ANDRADE  na- 
tural de  Lisboa  Commendador  da  Or- 
tlcm  de  Chrifto,  Eftribeiro  do  Senhor  D. 
Alexandre  Arcebifpo  de  Évora,  filho  dos 
ScrcniíTimos  Duques  de  Bragança  D.  Joaõ, 
c  D.  Cathcrina.  Dcfcmpcnhou  as  obriga- 
çoens  do  Teu  honrado  nacimento  nas  Cam- 
panhas de  Flandcs  afnílindo  com  o  pofto  de 
Sargento  mór  na  famofa  empreza  cm  que 
os  Efpanhoes  fe  fi2eraõ  com  a  violência 
das  Armas  Senhores  da  Cidade  de  Anve- 
rcs  a  17.  de  Agoílo  de  1585.  Para  moftrar 
que  naõ  era  menos  valerofo  com  a  efpada, 
que  infigne  com  a  penna  efcreveo,  e  de- 
dedicou  à  Senhora  D.  Cathcrina  Duqueza  de 
Bragança 

DefcripçaÕ  de  OJanda,  e  Zellanda,  e  Saco 
Je  Anveres  em  que  fe  achou.  Efta  obra 
eftava  prompta  para  a  ImpreíTaõ. 

CHRISTOVAM  DE  BARROS  ce- 
lebre Poeta  do  feu  tempo,  de  quem  efcreve 
Joaõ  Franco  Barreto  na  Bib.  Portug.  M. 
S.  que  o  ouvira  proferir  verfos  difcretos, 
elegantes,  e  fuaves  com  tanta  agilidade  que 
ninguém  por  mais  veloz  que  fofle  os  podia 
efcrever  cuja  fublime  Mufa  exaltaõ  Antó- 
nio Figueira  Duraõ  in  Laur.  Pamaf.  Ram.  2. 
Si  forte  accideret  {quod  calum  differet  ometi) 

Ut  vates  totó  nullus  in  orbe  foret. 
Non  fecus  atque  bominem  de  cano  protulit  olim 

Qjii     maré,     qui     terras,     qui     refft    afira 
Parens. 
Chrijiophorus  fiquidem  reddit  co^omine  canum 

Cano  ex  hoc  vates  pojje  reor  fieri. 
E  mais  adiante. 

Proximus  ille   lutum   lufo   cognomine   reddens 
^ui  do£fa  quid  quid  tentabit  dicere  profá 


VerfiéS  erit  Latia  facunda  efl  j^oria  gentis 

Huic  decorai  piâas  incifio  fui  ff  da  plantas. 

E  Manoel  de  Galhegos  no   Templo  da  Mi- 

moria  liv.  4.  F.Aanc.  184. 

Agora  injigne  Bairros  que  no  folio 
Do  Key  das  Mufas  admirais  a  Itália 
O  grande  Nimo  a  quem  o  Capitólio 
Suffito  admira  de  única  V ar  falia: 
Sufpenfo  o  canto  do  emulo  de  Chrijlo 
Fa!(ey  que  ao  polo  fubá  de  Califlo. 

Deixou. 

Varias      Poefias      Portuguesas,      e      Cafle- 

lhanas.  M.  S. 

Fr.  CHRISTOVAM  CARNEYRO  natural 
de  Lisboa  Religiofo  profeíTo  da  penitente  famí- 
lia Seráfica  da  Provinda  de  Portugal.  Eíhidou 
Filofofia  no  Convento  de  Leyria  para  o  qual 
fendo  Guardião  trefladou  o  corpo  do  Vea.  Fr. 
Simaõ  da  Vifitaçaõ  feu  Meftre  neíla  Faculdade, 
que  eftava  depofitado  no  Real  Convento  da 
Ordem  de  Chrifto  fituado  na  Villa  de  Thomar. 
No  Capitulo  celebrado  em  Lisboa  em  o  anno 
de  161 7.  foy  eleito  Guardião  do  Collegio  de  S. 
Boaventura  de  Coimbra  onde  era  Lente  de  Ef- 
critura,  e  alcançou  delRey  que  fofle  feriado 
em  a  Univerfidade  o  dia  da  trefladaçaõ  defte 
Seráfico  Doutor.  Foy  grande  Letrado,  e  infi- 
gne  Pregador  de  que  foraõ  claros  argumentos 
os  muitos  Sermoens  que  recitou  em  os  maiss 
authorizados  púlpitos,  fendo  hum  dos  que  lhe 
alcançarão  mayor  fama  ao  feu  talento  o  que 
pregou  na  i.  Dominga  de  Advento  29.  de  No- 
vembro de  1609.  quando  os  feus  Religiofos 
fe  mudarão  em  Coimbra  do  Convento  Velho 
para  o  novo  que  hoje  exifte,  e  lhe  ferve  de  Coroa 
o  Real  Mofteiro  de  Santa  Clara  baflando  para 
elogio  feu  o  thema  que  tomou  extrahido  do 
Cap.  19.  dos  Juizes.  Profeãi  fumus  de  Bethlem 
Juda,  et  pergimus  ad  locum  noftrum,  qui  efl  in  latere 
montis  Ephraim.  Fazem  delle  memoria  Efper. 
Hifl.  Seraf.  Part.  i.  liv.  2.  cap.  53.  Fr.  Femand. 
da  Soled.  Hijl.  Seraf.  Part.  3.  liv.  i.  cap. 
21.  e  Part.  5.  liv.  2.  cap.  29.  n.  459.  e  Fr. 
Joan.  a  D.  Ant.  Bib.  Francifc.  Tom.  i.  pag. 
262.  Publicou. 

Sermon  predicado  en  la  Capilla  real  def~ 
ta  Univerjidad  de  Coimbra  en  9.  de  Aíarço 
Mier coles  dela  Qtmrefma  de  161 1.  Era  das  Tra- 
diçoens.     Salamanca   por   Francifco    de    Cea 


5/2 


BIBLIO  THE  CA 


Tefa  1611.  4.  Dedicado  ao  IlluílriíTimo  Bifpo 
de  Coimbra  D.  Affonfo  de  Caftello  branco 
pelo  Author,  e  por  elle  vertido  de  Portuguez 
em  Caílelhano. 

Sermão  da  Purificação  de  N.  Senhora  pregado 
na  Igreja  de  Santa  Maria  da  Vejga  Collegio  dos 
Cónegos  Regrantes  de  Santo  Agojlinho  da  Univer- 
Jidade  de  Salamanca  na  Fejla  da  Confraria  dos 
EJludantes  Portugueses  em  o  anno  de  161 2.  Sala- 
manca pelo  dito  ImpreíTor  161 2.  4. 

Fr.  CHRISTOVAM  CARVAM  da  Ordem 
dos  Pregadores  Pregador  celebre  do  feu  tempo, 
Meílre  jubilado  na  Theologia,  e  Qualificador 
do  Santo  Officio:    Imprimio. 

Sermoens  Vários.  Florença  1629.  como 
efcreve  Fr.  Pedro  Monteiro  no  Clauft.  Domin. 
Tom.  3.  pag.  179. 

CHRISTOVAM  DA  COSTA.  Naceo 
na  Cidade  de  Tangere  como  querem  huns,  ou 
na  de  Ceuta,  como  efcrevem  outros,  ambas 
celebres  colónias  dos  Portuguezes  na  Regiaõ 
Africana.  Foy  infigne  Botânico  a  cujo  eftudo 
fe  applicou  com  incanfavel  difvelo  na  fua 
pátria,  e  depois  paíTando  à  Aíia  com  o  partido 
de  Medico  do  celebre,  e  claro  Varaõ  D.  Luiz 
de  Attayde  Vice-Rey  da  índia  para  adquirir 
mayor  conhecimento  das  virtudes  medicinaes 
das  ervas,  e  plantas  que  produz  aquella  vafta 
Regiaõ,  peregrinou  por  diverfos  Climas, 
onde  padecendo  fomes,  e  cativeiros  naõ 
lhe  ferviraõ  de  obftaculo  para  defiUir  de  in- 
veftigar  em  beneficio  dos  homens  os  mayores 
fegredos  da  natureza,  aíTim  como  o  ti- 
nhaõ  feito  Plataõ,  e  Ariftoteles  obfervando 
a  fabrica  do  univerfo.  Naõ  fomente  exer- 
citou com  felicidade,  e  fciencia  as  facul- 
dades da  Medicina,  e  Cirurgia,  mais  ainda 
para  defender  o  Eílado  da  invafaõ  dos  ini- 
migos defempenhou  as  obrigaçoens  do  Sol- 
dado mais  difciplinado  moílrando  em  varias 
occafioens  que  naõ  era  menos  inftruido  na 
paleílra  de  Efculapio,  que  na  de  Marte.  De- 
pois de  ter  difcorrido  pela  mayor  parte 
do  mundo  em  que  alcançou  grande  fama 
o  feu  nome,  voltou  a  Portugal  donde 
paííou  a  Caílella,  e  vendo-fe  livre  do  vin- 
culo  conjugal  fe  recolheo  à   Solitária  Serra 


de  Tyrfes,  onde  efcreveo  as  felicidades  do 
eílado  da  Sohdaõ,  podendo  juílamente  glo- 
riarfe  de  ter  illuílrado  com  a  fua  fciencia, 
e  peíloa  as  mayores  três  partes  do  mundo 
como  elegantemente  o  epilogou  nefte  Dyfti- 
cho  huma  difcreta  Mufa. 
Africa  te  genuit,  te  fertilis  Afia  pavit; 

Te  nunc  "Europa  Doãor  Acofla  tenet. 
He  celebrado  por  Famofo  Medico  pelas 
penas  de  Gafpar  Reys  Franco  Camp.  Elyf. 
Jucund.  Quafl.  Quaeft.  67.  n.  27.  Zacut.  Lufit. 
de  Med.  Princip.  Hijlor.  lib.  2.  Hiíl.  45.  Chriílian. 
Mentzelio  in  Ind.  nom.  Plant.  Celeh.  Ant.  de 
Leon.  Bih.  Orient.  Tit.  14.  Sever,  de  Faria 
Vid.  de  Joaõ  de  Barros  pag.  51.  D.  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  185.  coL  2. 
Joan.  Suar.  de  Brito  Theatr.  Eufit.  Utte- 
rat.  lit.  C.  n.  3.  No  livro  intitulado  Quin- 
quaginta  virorum  DD.  qui  hene  de  fludiis  litte- 
rarum  meruerunt  cum  eorum  elogiis.  &c.  eílá  o 
feu  retrato,  e  na  parte  inferior  tem  eíies  qua- 
tro verfos. 
Nofcendis  multiim  tu  Cofia  excellis  in  herhis 

Nominis  at  pajfim  haud  cognita  fama  tui  efl, 
Sed  mentis  ut  fpero  tuis  tua  gloria  crefcet, 

Et  per  te  hortenfi  crefcit  honor  fludio. 
Compoz. 

Tratado  delas  drogas,  y  medicinas  delar 
Índias  Orientaks.  Burgos  por  Martin  de 
Viftoria.  1578.  4.  Alguma  parte  defta  obra 
foy  extrahida  da  que  neíle  mefmo  argu- 
mento tinha  efcrito  Garcia  de  Horta,  de 
quem  em  feu  lugar  fallaremos,  como  o 
mefmo  Chriftovaõ  da  Cofta  ingenuamente 
confeíTa.  Sahio  traduzido  eíle  Tratado  por 
Carlos  Clufio  natural  da  Cidade  de  Arraz 
com  o  titulo  feguinte. 

Chrifiophori  à  Cofia  Mediei,  et  Chirur^ 
aromatum,  et  medicamentorum  in  Orientali  ín- 
dia nafcentium  liher  plurimum,  lucis  afferens  iis, 
qua  à  D.  Garcia  ah  Horto  in  hoc  genere  f cripta 
funt.  Caroli  Clufii  Atrehatis  opera  ex  Hifpam 
Latinus  faãus  &c.  Antuerpise  ex  Officina 
Plantiniana  apud  Joannem  Moretum  1582.  8. 
&  ibi  na  mefma  Officina  1593.  Traduzido 
em  Italiano  Venetia  por  Ziletti  1585.  e  em 
Francez  juntamente  com  a  obra  de  Garcia 
de  Orta  a  quem  o  traduftor  chama  du  Jardin 
Lugd.  1619.  8. 

Tratado    en    loor    delas    ISilugeres,   y    dela 


LUSITANA. 


573 


^ 


ly 


Cajlidad,  Conjlancia,  SiUnào,  y  ]njlida  con 
atras  muchas  particularidades,  y  varias  hiftorUu, 
Vcnetia  por  Giacomo  Cometti  1592.  4. 
\'()  principio  dcílc  livro  fe  lé  huma  advcr- 
(luii  <lc  hum  amigo  do  Author  em  que 
<liz  ter  viílo,  e  examinado  as  feguintes 
<)bras  de  Chriílovaõ  da  Coíla  de  cuja  li- 
<-»b  fe  podiaõ  cxtrahir  muitos  documen- 
tos,  as   quaes   tinhaõ   os   titulos   feguintes. 

Tratado  en  contra,  y  pro  dela  vida  So- 
litaria  con  oiros  dós  tratados,  mo  dela  R*- 
Jiffon,  y  Keligiofo;  otro  contra  los  hombres 
jjm  mal  viven.  Vcnetia  por  Giacomo  Cor- 
nctti  1592.  4. 

Del  Amor  divino,  dei  natural,  y  humano 
4m  un  difcurjo  dei  amor  natural,  y  delo  que  de- 
temos aios  animales.  Três  diálogos  Theriacales, 
imo  delos  animales  con  la  Jujlicia;  otro  dela  Abeja 
lon  la  Jujlicia;  otro  dela  verdad  con  la  jujlicia, 
K  con  los  vivos;  otro  entre  el  Mo/quito  Arador, 
)•  llormiga  con  la  Jujlicia. 

Dijcurfo  dei  Viage  delos  índios  Orientales, 
]•  lo  que  fe  navega  por  aquellas  partes. 

Tratado  dela  Vida  Solitária,  y  Religiofa 
de  Mugeres,  y  otro  dela  Keliffon,  y  dei  Reli- 
j^/o. 


Fr.  CHRISTOVAM  DA  CRUZ  Pro- 
feíTou  o  In/Htuto  da  Sagrada  Ordem  dos 
Pregadores,  onde  depois  de  eftudar  as 
rdencias  da  Filofofia,  e  Theologia  fe  appli- 
cou  à  liçaõ  da  Genealogia  em  que  fahio  muito 
fciente  efcrevendo. 

Nobiliário  das  Famílias  nobres  dejle  Reyno 
M.  S.  foi. 

De  cuja  obra  como  do  Author  faz  me- 
moria o  P.  D.  António  Caetano  de  Soufa 
no  Apparat.  à  Hijl.  Geneal.  da  Ca/a  Real  Por- 
'*<?•  pag.  99-  §•  97. 


Fr.  CHRISTOVAM  DE  ÉVORA  cujo 
appellido  indica  a  pátria  que  lhe  deu  o 
berço,  Monge  Ciílercienfe  no  Real  Con- 
vento de  Alcobaça.  Como  foíTe  muito  douto 
nas  Ceremonias  Ecclefiaítícas  efcreveo. 

Ordinário  do  Oj^cio  Divino  fegundo  o  u^o 
•Cijlercienfe.  M.  S.  foi.  No  fim  tem  Doa- 
{aõ,  e  Fundação  do  Convento  de  Alcobaça. 
Conferva-fe  na  Bibliotheca  deíle  Real  Mof- 
teiro. 


CHRISTOVAM  FALCAM  natural  da 
Qdade  de  Portalegre  em  a  Provinda  do  Alen- 
tejo Commendador  da  Ordem  de  Chríílo, 
Governador  da  Ilha  da  Madeira,  e  CapitaÕ 
de  huma  Armada,  foy  filho  de  joaõ  Vaz  de 
Almada  Falcaõ  Capitão  da  Mina,  e  de  D.  Bdtet 
Pereira,  filha  de  Ruy  Fernandet  Pereira; 
e  irmaõ  de  Damiaõ  de  Souía  Falcaõ  Capitaõ 
de  Salfete  na  índia  Oriental.  Teve  notá- 
vel génio  para  a  Poefia  de  que  (aõ  claras 
provas  aquelles  amorofos  verfos  que  a  fua 
Mufa  dedicou  a  D.  Maria  Brandão  taò  illuf- 
tre  por  nadmento,  como  celebre  pela  £et- 
mofura,  a  qual  havendo  cílado  recolhida 
no  Convento  Ciílercienfe  de  Lx^rvaõ  fc  def- 
pozou  na  Cidade  de  Elvas.  Para  naõ  fer 
conhcddo  o  Author  defta  obra  occultou  o 
fcu  nome  com  o  de  Crisfal  primeiras  Syl- 
labas  do  feu  nome,  c  appellido,  o  qual  co- 
meça. 

Entre  Cintra  muy  pregada, 

E  ferra  de  ribatejo 

que  Arrábida  he  chamada, 

perto  donde  o  rio  Tejo 

fe  mete  na  agua  falgaãa. 
Acaba. 

O  que  fe  fe:^  do  Chriffal 

naõ  f abe  certo  ninguém, 

mas  quem  vive  em  tanto  mal 

tarde  vé  tamanho  bem. 

A  efta  obra,  e  a  feu  Author  louvaõ  Diogo 
de  Couto  Decad.  8.  da  índia  cap.  34.  Manoel 
de  Faria,  e  Souf.  Comment.  às  Rim.  de  Cam. 
Tom.  4.  Part.  2.  pag.  256.  col.  2.  e  Joan.  Suar. 
de  Brit.  Theatr.  ÍMfit.  Utter.  lit.  C.  n.  4.  e  o 
P.  Anton.  dos  Reys  no  Enthufiafm.  Voet.  n.  140. 
Compoz  mais. 

Criação,  e  cura  que  fe  deve  Jat^er  aos  Falcoens, 
e  Gavioens  M.  S. 

CHRISTOVAM  FERNANDES.  Foy 
muito  perito  na  língua  Latina  como  confta 
das  cartas  efcritas  nefte  idioma  a  feu  amigo, 
e  contemporâneo  Jeronymo  Cardofo  celebre 
Meílre  de  Grammatica,  as  quaes  eíiaõ  à  pag.  40. 
Epijlolar.  Familiar.  Hieronymi  Cardofo.  Olyf- 
fipone  apud  Joannem  Barrerium  Typ.  Reg. 
1556.  8.  Faz  memoria  de  Chriílovaõ  Fer- 
nandes, Joaõ  Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  Ljifit. 
Utter.  lit.  C.  n.  7. 


574 


BIB  LIO  THE  CA 


P.  CHRISTOVAM  FERREYRA  natu- 
ral do  Lugar  da  Zibreira,  termo  da  Villa  de 
Torres  Vedras  do  Patriarchado  de  Lisboa, 
filho  de  Domingos  Ferreyra,  e  Marta  Lou- 
renço. Foy  admitido  ao  Noviciado  de  Coim- 
bra da  Companhia  de  JESUS  a  27.  de  Novem- 
bro de  1596.  quando  contava  17.  annos  de 
idade.  Inflamado  com  o  defejo  de  lucrar 
almas  para  Chriílo  pedio  a  MiíTaõ  do  Oriente, 
para  onde  partio  em  o  anno  de  1600.  com 
defenove  Companheiros.  Tanto  que  chegou 
a  Goa  partio  fem  demora  para  o  Japaõ,  deíli- 
nada  baliza  dos  feus  apoftolicos  trabalhos, 
onde  pelo  largo  efpaço  de  vinte,  e  três  annos 
exercitou  com  admirável  zelo  as  obrigaçoens 
de  Operário  Evangélico,  fendo  Superior  de 
todos  os  Miniílros  que  a  Companhia  tinha 
occupados  na  fagrada  empreza  da  Converfaõ 
da  Gentilidade,  Corria  o  anno  de  1633.  em 
que  fe  levantou  huma  furiofa  tormenta  con- 
tra os  fequazes  do  Evangelho,  em  a  qual 
fendo  muitos  mortos,  e  outros  prezos,  entrou 
em  o  numero  deíles  o  P.  Chriftovaõ  Ferreyra, 
que  foy  condennado  ao  formidável  martyrio 
das  covas,  em  que  pendentes  pelos  pés  os 
Martyres  com  a  cabeça  quaíi  fepultada  eílaõ 
agonizando  muitos  dias,  até  exahalarem  o 
efpirito.  Depois  de  ter  tolerado  algumas 
horas  taõ  medonho  fupplicio  attendendo 
mais  ao  amor  da  vida,  que  à  confiíTaõ  da  Fé, 
em  que  devia  períiílir  confiante,  deo  íinal 
de  que  a  abjurava.  Correrão  logo  os  bárbaros 
a  extrahilo  da  cova  com  grande  alvoroço, 
vendo  que  hum  Meftre  da  Ley  Evangélica 
feguia  os  erros  da  fua  falfa  crença.  De  Apof- 
tolo  convertido  em  Apoílata  fervio  pelo 
dilatado  efpaço  de  defenove  annos  de  abo- 
minável efcandalo,  tanto  à  Religião  em 
que  nacera,  como  à  que  o  educara  até 
que  moUificada  a  dureza  do  feu  coração, 
com  o  fangue  de  muitos  Martyres  que  via 
derramar  em  obfequio  da  Fé,  de  que  fora 
ímpio  defertor,  querendo  purificar  com  o 
próprio  a  fua  culpa,  começou  a  clamar,  que 
a  Fé  do  Crucificado  era  fomente  a  verda- 
deira, pela  qual  eílava  refoluto  a  facrifi- 
car  a  vida.  Pareciaõ  eílas  vozes  aos  bár- 
baros delírios  de  quem  contava  74.  annos 
de  idade,  mas  elle  mais  confiante  na  con- 
fiíTaõ   da  Fé   Catholica  pregava,   que   unica- 


mente nella  havia  falvaçaõ.  Chegando  aos 
ouvidos  do  Governador  eftes  clamores  Evan- 
gélicos mandou,  que  fofle  condennado  ao 
mefmo  tormento  que  naõ  poderá  tolerar, 
onde  viveo  três  dias  no  fim  dos  quaes  falleceo 
em  Nangazaqui  em  o  anno  de  1652.  Fazem 
delle  memoria  Bib.  Societ.  pag.  140.  coL  2. 
Tanner  Societ.  JESU  ujq.  ad  Janguin.  (&  vit. 
profufion.  militans  p.  427.  Alegamb.  Mortes 
lllujl.  p.  701.  P.  Sebaft.  da  Maya  Carta  ej- 
crita  de  Macáo  a  29.  de  Dezembro  de  1655. 
P.  Alonf.  de  Andrad.  Varon.  Illujlr.  de  la 
Comp.  Tom.  6.  Nadaf.  Ann.  dier.  Societ. 
Part.  I.  p.  229.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
'Lujit.  luitter.  lit.  C.  n.  5.  Franco  Imag.  da 
virt.  em  o  Novic.  de  Lisb.  Liv.  2.  cap.  29.  e  30. 
e  no  Afifí.  Glor.  S.  J.  in  iMjit.  pag.  251. 
Efcreveo. 

Kelaçaõ  da  Perfeguiçaõ  contra  a  Fé,  levantada 
no  Rejno  de  Taicu  no  anno  de  i6zj.  e  da  morte 
que  nella  padecerão  muitos  Chrifiãos  ejcrita  em 
14.  de  Settembro  do  dito  anno.  No  fim  tem  'Kelc- 
çaÕ  do  Martyrio  de  'Leonardo  Majjudaden^o  de 
gollado  na  Cidade  de  Ximabara  a  i^.  de  Settem- 
bro de  1627.  Sahio  vertida  em  Italiano  com 
efie  titulo 

Kelatione  delia  perfecutione  follevata  nel  Tacacii 
contra  la  Santa  Fede  nel  ano  1627.  e  delia  morte 
di  molti  Chrijiiani  che  in  quella  hanno  dato  glo- 
riojamente  la  vita  per  la  confejfione  dei  Santo  nom 
de  Chrijlo.  Roma  por  Francefco  Corbolletti 
1631.  8. 

CHRISTOVAM  FERREYRA  natu- 
ral do  Lugar  da  Carvoeira  termo  da  Villa 
de  Torres  Vedras.  Foy  Cirurgião  mór 
e  igualmente  douto  na  Medicina,  que  na 
Poética,  principalmente  Cómica,  compondo  \ 
muitas,  e  difcretas  Comedias,  merecendo 
entre  todas  mayor  applaufo  a  que  com- 
poz  à 

AcclamaçaÕ  delKey  D.  JoaÔ  o  IV.  M.  S. 

CHRISTOVAM  FERREYRA  DE  SAM 
PAYO.  Foy  taõ  infiruido  nos  preceitos 
da  Hifioria  como  da  Poefia,  muito  pe- 
rito na  lingua  materna,  e  naõ  menos  em 
a  Cafielhana,  a  qual  foube  com  perfei- 
ção   pela    grande    aíTifiencia    que    fez    em 


LUSITANA. 


em  Madrid.  Querendo  efcrever  as  acçoens 
(Ic  hum  Monarcha  Portuguez,  efcolheo  entre 
todos  como  modello  da  arte  de  Reynar  a 
lURey  D.  Joaõ  o  II.  compondo  com  eílilo 
incthodlco,  e  elegante  como  diz  Joaõ  Soar. 
(Ic  lirit.  in  Thea/.  Ltifitan.  Litttrat.  lit.  C.  n.  6. 

Vida,y  hechos  dei  Princept  Perfe£ío  D.  Jimn 
Rey  de  Portugal  II.  dejle  rtombre.  Madrid  por  la 
Viuda  de  Alfonío  Martin  1626.4.  Sahio  tra- 
duzida cm  Francez.  Lugd.  por  Joaõ  António 
liuguetan,  c  Guilielm.  Barbier.    1670.   4.  8. 

Traduzio  de  Portuguez  do  V.  P.  Fr.  Thomé 
Ic  JESUS  em  Caftclhano. 

Trabajos  de  JESUS.  Dedicado  a  Fr.  Joaõ 
(ie  Peralta  Arcebifpo  de  Saragoça.  Saragoça 
por  Joaõ  de  Lanoya.  1631.  4. 

Nas  Feitas  que  fc  confagraraò  cm  Madrid 
.1  Ginonizaçaõ  de  Santa  Thcrcza  imprcflas 
.m  Madrid  161 5.  no  Certam.  3.  foi.  35.  eítá 
huma  Obra  fua  Poética. 

Cartas  efcritas  a  diverfas  Pejfoas.  M.  S.  foi. 
(bnfervavaõ-fc  na  Livraria  de  D.  António 
Alvares  da  Cunha. 

Fr.  CHRISTOVAM  DE  FOYOS  na- 
tural da  Villa  da  Attouguia  do  Patriarchado 
Ic  Lisboa,  filho  de  Pedro  de  Toar  Henriques, 
^  Brites  de  Foyos.  Depois  de  profeíTar  o 
Inftituto  de  Eremita  Auguíliniano  no  Convento 
de  Nofla  Senhora  da  Graça  de  Lisboa  a  6.  de 
Janeiro  de  1656.  aprendeo  Filofofia,  e  Theo- 
logia,  em  que  fahio  taõ  doutamente  inílruido, 
que  diftou  eftas  Faculdades  aos  feus  domef- 
ticos,  em  o  Collegio  de  Coimbra  fendo  a 
matéria  Theologica,  que  mais  profunda- 
mente tratou  a  de  Vijione  Beata,  que  fe  con- 
lerva  com  grande  eftimaçaõ  na  Livraria  do 
Convento  de  Lisboa.  Afliftio  alguns  annos 
cm  a  Cúria  Romana,  onde  foy  muito  acceito 
à  Santidade  de  Alexandre  VIII.  o  qual  que- 
^i  xendo  premiar  os  feus  merecimentos  com  a 
■'  -dignidade  Epifcopal  fe  efcufou  com  fumma 
modeília  de  taõ  alto  minifterio.  Reílituhido 
a  Portugal  foy  Qualificador  do  Santo  Officio, 
e  delle  faz  mençaò  no  Cathalogo  dos  Revedores 
^  defie  Tribuna/,  Fr.  Pedro  Monteiro  n.  8.  e  Exa- 
minador das  Três  Ordens  Militares.  Cheyo 
de  annos  falleceo  no  Collegio  de  Santo  Agof- 
tinho  defta  Corte  em  o  primeiro  de  Março  de 
3723.    Imprimio 


575 

OrafoÕ  pathetica  do  Defcendimento  da  Crus^ 
no  Kial  CoUeffo  dt  Nojfa  Senhora  da  Grafa 
de  Coimbra.  Coimbra  pela  Viuva  de  Manoel 
de  Carvalho  ImpreíTor  da  Univerfidade  1669. 4. 
&  ibi  por  Joaõ  Antunes  17 16.  4. 

SermaÕ  do  Glorio/o  SaÕ  ¥ranàfco  de  horja, 
pregado  no  Rea/  Collegio  da  Companhia  de 
JUSUS  de  Coimbra  no  quarto  dia  do  /eu  Ou- 
tavario,  em  que  fe  celebrou  a  fua  Canoni^^ofaÕ 
no  anno  de  1671.  Coimbra  por  Jozé  Ferreyia 
1672.  4. 

SermaÕ  da  Quinta  Dominga  da  Qua- 
refma  na  Capella  Real.  Lisboa  por  António 
Craesbeeck  de  Mello  ImpreíTor  delRey 
1674.  4. 

D.  Fr.  CHRISTOVAM  DA  FONSECA. 
Naceo  em  a  Cidade  de  Lisboa,  fendo  feus 
Progenitores  Diogo  da  Fonfeca,  Cavalleíro  da 
Ordem  de  Chrifto,  e  D.  Ifabel  da  Palma  pef- 
foas  muito  refpeitadas  pela  qualidade  da  fua 
nobreza.  Quando  jà  tinha  dado  manifeílas 
provas  do  feu  talento  na  Faculdade  do  Direito 
Pontifício,  a  que  fe  applicara  na  Univcríidade 
de  Coimbra,  deixou  o  mundo,  e  fc  reco- 
Iheo  à  Religião  da  Santiflima  Trindade  pro- 
feíTando  o  feu  Inftituto  no  Convento  de 
Lisboa  a  24.  de  Julho  de  15  70.  onde  ef- 
tudada  Theologia  recebeo  as  iníignias  Dou- 
toraes  defta  Sciencia  na  Academia  Conim- 
bricenfe,  fendo  Padrinho  defte  aélo  Litterario 
o  Senhor  D.  António  Prior  do  Crato. 
Como  foíTe  ornado  de  génio  dócil,  e  ta- 
lento maduro  exercitou  na  Religião  com 
geral  fatisfaçaò  dos  fubditos  os  lugares 
de  Reitor  do  Collegio  de  Coimbra,  duas 
vezes  Miniftro  do  Convento  de  Lifboa, 
e  ultimamente  Provincial  eleito  em  o  anno 
de  1389.  em  cujo  governo  edificou  a  caza 
da  Livraria  do  Convento  defta  Corte,  para 
a  qual  concorreo  com  grande  copia  de 
Livros,  mandando  imprimir  os  Hymnos, 
e  Antifonas  em  Canto  Chaõ,  para  que 
uniformemente  fe  cantaiTem  em  toda  a 
Provinda.  Foy  creado  Inquifidor,  e  De- 
putado do  Confelho  Geral  do  Santo  Of- 
fido,  a  3.  de  Janeiro  de  161 2.  pelo  Inqui- 
fidor Geral  D.  Pedro  de  Caftilho,  em  cujo 
lugar  provada  a  reóHdaõ  do  feu  proce- 
dimento   moveo    ao    UluftriíTimo    Arcebifpo 


5/6 

de  Évora  D.  Theotonio  de  Bragança 
para  alcançar  faculdade  do  Doutor  Fr.  Ber- 
nardo de  Mettis  Vigeflimo  fexto  Miniílro 
Geral  da  Ordem  Trinitaria  para  fer  Provifor, 
e  Prefidente  na  fua  Relação  Eccleíiaílica;  e 
depois  o  nomeou  feu  Bifpo  Q)adjutor,  fendo 
confirmado  pelo  Pontífice  Saõ  Pio  V.  com  o 
titulo  de  Nicomedia,  Cidade  Archiepifcopal 
de  Bithinia,  e  foy  fagrado  pelo  mefmo  Arce- 
bifpo  na  Igreja  do  CoUegio  de  Coimbra. 
Governou,  e  ,Vifitou  o  Arcebifpado  de 
Évora  no  tempo  deíle  Prelado,  e  no  de 
feus  fucceíTores  D.  Alexandre  de  Bragança, 
e  D.  Diogo  de  Soufa,  com  tanta  prudência, 
e  reéHdaõ,  que  nunca  fez  acçaõ  que  podeíTe 
fer  acufada  de  reprehenfivel.  Attendendo 
a  Mageftade  de  Filippe  II.  aos  feus  mereci- 
mentos, que  creciaõ  em  competência  dos 
annos,  o  nomeou  Prelado  de  Thomar,  e  Vi- 
fitador,  e  Reformador  do  Real  Convento 
de  Santos  das  Commendadeiras  da  militar 
Ordem  de  Saõ  Tiago.  Por  eftar  incapaz  pe- 
las fuás  infirmidades  do  minifterio  Paftoral 
Ruy  Pires  da  Veiga  Bifpo  de  Elvas  o  elegeo 
o  mefmo  Princepe  Coadjutor,  e  futuro  Suc- 
ceífor  deita  Dignidade,  de  que  naõ  chegou 
a  tomar  poíTe  por  lho  impedir  a  morte  em  Lis- 
boa a  28.  de  Janeiro  de  1616.  Foy  fepultado 
na  Capella  mór  do  Convento  da  Trindade 
onde  defcanfaõ  as  cinzas  de  feus  Pays.  O  feu 
Retrato  eftá  collocado  entre  os  dos  Varões 
infignes  defta  Religião  na  caza  do  Antecoro. 
Fazem  delle  illuílre  memoria  Nicol.  Agof- 
tinh.  Vid.  de  D.  Theotonio  de  Braganç.  cap. 
7.  Pejfoa  merecedora  por  fuás  letras,  partes, 
e  virtude,  de  huma  Prelajia  grande  no  Rejno. 
Altun.  Chron.  Ger.  da  Ord.  Liv.  4.  cap. 
4.  foi.  620.  Fr.  Bernard.  à  D.  Ant.  Chron. 
M.  S.  da  Ordem  Liv.  i.  cap.  14.  §.  14.  e 
Liv.  2.  cap.  8.  §.  10.  e  no  Epitom.  Kedempt. 
Lib.  2.  cap.  II.  §.  I.  Fr.  Ant.  Corrêa  Fama 
Fojihuma  Part.  i.  cap.  2.  foi.  8.  Soufa  Apho- 
rijm.  Inquijit.  de  Origin.  Inquifit.  'L.ujit.  §.  2. 
n.  28.  Fr.  Pedro  Monteir.  Cathal.  dos  De- 
put.  do  Conjelh.  Ger.  do  Santo  Officio  n. 
28.  Cardof.  Agiol.  'Lujit.  Tom.  2.  pag. 
151.  no  Comment.  de  12.  de  Março  letr. 
E.  Fonfec.  Évora  Glorio/,  pag.  314.  §.  554. 
Joan.  Soar.  de  Brit.  Theat.  hujitan.  Lit- 
terat.  lit.  C.  num.  9.  com  o  nome  de  Fr.  ChriJ- 


BIBLIO THECA 


tovaõ  de  JESUS,  como  muitos  o  apellidaõ, 
e  o  P.  D.  Manoel  Caetano  de  Souf.  Catai, 
dos  Bi/pos  Portug.  pag.  1 27. 

Compoz,  e  reformou  juntamente  com 
Fr.  Bartholomeu  de  Paiva. 

Confiitutiones  Ordinis  Sanãijftmce  Triniíatis 
pro  Provinda  Eujitana,  as  quaes  fendo  confir- 
madas pelo  Cardial  Alberto,  Archiduque 
de  Auftria,  Legado  à  Latere  nefte  Reyno 
a  12.  de  Novembro  de  1591.  fahiraõ  impref- 
fas,  Ulyffipone  apud  Emmanuelem  de  Lira 
1591.  8. 

Ceremonial  antigo  da  Ordem,  Keformado. 
M.  S. 

Kegimento  dos  Inquijidores.  M.  S. 

Chronologia  Temporum.  M.  S. 

Delias  duas  Obras  faz  mençaõ  Joaõ  Franco 
Barreto  na  Bib.  Eujit.  M.  S.  e  o  P.  D.  Manoel 
Caetano  de  Soufa  no  Cathalogo  acima  alle- 
gado  pag.  128.  Outras  Obras  deixou  ef- 
critas,  que  ficarão  em  poder  de  feu  fobrinho 
o  Licenciado  AgoíHnho  Botelho  da  Fonfeca, 
Cónego  na  Cathedral  de  Lisboa. 

P.  CHRISTOVAM  DA  FONSECA 
natural  de  Évora,  filho  de  Joaõ  Duarte, 
e  Luiza  da  Fonfeca,  e  irmaõ  naõ  fomente 
pela  natureza,  mas  pela  Religião  do  P. 
Francifco  da  Fonfeca,  da  Companhia  de 
JESUS,  de  quem  fe  fará  mençaõ  em  feu 
lugar,  fendo  admittido  nella  em  o  Novi- 
ciado da  fua  Pátria.  Com  igual  compre- 
henfaõ  penetrou  as  letras  amenas,  e  as 
feveras,  fahindo  em  humas,  e  outras  egre- 
giamente  inflruido.  No  Púlpito  foy  ou- 
vido com  applaufo,  e  na  converfaçaõ  com 
divertimento,  a  qual  fendo  muitas  vezes 
jovial  nunca  degenerou  em  pueril.  Prac- 
ticou  com  fumma  profundidade  a  Scien- 
cia  do  Contraponto,  fendo  hum  dos  mais 
famofos  Compofitores  de  Mufica  da  pre- 
fente  idade,  em  cujas  Obras  fe  admira- 
rão unidas  a  novidade  da  idea,  com  o 
gofto  da  confonancia,  fempre  regulada 
pelos  rígidos  preceitos  defta  armonica  Arte, 
fendo  as  principaes  Obras  que  lhe  con- 
ciliarão grande  opinião  ao  feu  nome  o 
Te  Detim,  que  fe  cantou  no  ultimo  de 
Dezembro  na  Caza  profeíTa  de  Saõ  Ro- 
que,  ao   qual  fez   elle   o    compaílo,   e  teve 


L  U  SITA  NA. 


fl  a/Tiílencia  dos  Príncepes,  e  Nobre2a  dcíla 
G>rte,  compoílo  com  vario  género  de  inftru- 
mentos,  como  também  os  Pfalmos,  e  Magni- 
ficat  das  Vefperas,  que  a  mefma  Caía  pro- 
feíía  dedicou  em  9.  de  Agofto  de  1727.  à 
Canonização  de  Saò  Luiz  Gonzaga,  c  Santo 
Staniflao  Kofcka,  cuja  fuave  confonancia 
aíTim  de  vozes,  como  de  inílrumcntos,  arre- 
batou as  attençocns  do  innumeravel  concurfo, 
que  alTiíliu  a  eí^a  folemnidade.  Para  curarfe 
de  hum  cílupor,  partio  para  as  Gildas  da 
Rainha,  donde  voltando  como  foíTe  nova- 
mente accommcttido  de  outro  accidcntc  fc 
rccolhco  à  Quinta  da  Torrc-bclla  onde  fal- 
Icceo  a  19.  de  Mayo  de  1728.  quando  contava 
46.  annos  de  idade.  Jaz  fepultado  no  Collegio 
dos  Padres  Jcfuitas  da  Villa  de   Santarém. 

P.  CHRISTOVAM  FREYRE  natural  de 
illa  celebre  Praça  na  Rcgiaõ  Africana, 
10  de  António  Freire,  e  Maria  de  Abreu. 
Entrou  na  Companhia  de  JESUS  em  o  No- 
viciado de  Lisboa  a  18.  de  Abril  de  1555. 
donde  partio  para  o  Oriente,  e  nelle  foy  grande 
Operário  Evangélico.    Efcreveo 

Cartas  anntias  do  Japaõ  no  anno  de  1627. 
como  affirma  o  moderno  Addicionador  da 
Bih.  Orient,  de  António  de  Leaõ.  Tom.  i. 
tit.  8.  col.  183. 

CHRISTOVAM  GARCIA  FROES  na- 
mral  de  Lisboa,  e  Beneficiado  da  Parochial 
Igreja  de  Saõ  Juliaõ  da  fua  Pátria.    Compoz. 

Vida  de  Francifco  Fernandes  Galvão  'Pregador, 
e  Theologo  infigne,  Sahio  impreíTa  no  princi- 
pio dos  Sermões  da  Quarefma  deíle  Author. 
Lisb.  por  Pedro  Crasbeeck.  161 5.  4. 

P.  CHRISTOVAM  GIL.  Naceo  na  Qdade 
de  Bragança  cabeça  do  Ducado,  cujo  Duque 
foy  fublimado  ao  Trono  no  faufto  anno  de 
1640.  Na  tenra  idade  de  17.  annos,  deixando 
a  cafa  de  feus  Pays  Sylveftre  Gil,  e  Leonor 
OrtÍ2,  abraçou  o  Inílituto  da  Companhia  de 
JESUS  em  o  Collegio  de  Coimbra  a  10.  de 
Novembro  de  1569.  Applicado  aos  eíhidos 
começou  a  diítinguir-fe  entre  os  feus  condifci- 
pulos  na  profunda  penetração  das  mayores  dif- 
ficuldades  da  Sagrada  Theologia,  que  àlem  da 
viveza  do  engenho  de  que  era  felifmente  do- 


577 

tado,  lhas  facilitava  o  comercio  mental  que 
tinha  todos  os  dias  com  Deos.  Depois  de  ler 
letras  Hununas,  Rhetorica,  e  Fílofoíia,  nos 
CoUegios  da  Ilha  Terceira,  e  Coimbra,  diâou 
Theologia  neíle  Collegio,  e  na  Univerfidade 
de  Évora,  pelo  largo  efpaço  de  muitos  annos, 
onde  recebeo  o  gráo  de  Doutor  a  4.  de  Julho 
de  1596.  Neíla  fublime  Faculdade  mereceo 
lograr  o  principado  entre  os  Cathedraticos  do 
feu  tempo,  de  tal  forte,  que  querendo  graduarfe 
o  P.  Francifco  Soares  Granatenfe,  em  o  anno 
de  I  )97.  para  regentar  a  Cadeira  de  Prima  na 
Academia  Conimbricenfe,  c  argumentando-lhe 
o  P.  ChriftovaÕ  Gil,  confeíTou  aquelie  Oráculo 
da  Theologia  Efcholaílica,  que  efcuzado  fora 
fer  chamado  de  Caílella,  quando  Portugal 
creava  talentos  de  taõ  alta  esfera,  para  credito 
naõ  fomente  de  huma  Univerfidade,  mas  de 
todo  o  mundo.  Eílando  em  Roma  com  o 
lugar  de  Revifor  dos  Livros  da  Companhia, 
voltou  ao  Reyno  para  fubílituto  da  Cadeira 
de  Prima,  pela  auzencia  do  feu  Proprietário 
o  Doutor  Exímio,  que  era  chamado  à  Cúria, 
em  cuja  fubftituiçaõ  foy  provido  por  duas 
Provifoens  paíTada  huma  a  29.  de  Fevereiro, 
e  outra  a  9.  de  Abril  de  1604.  Todos  os  applau- 
fos  que  lhe  refultavaõ  da  profundidade  das 
fuás  letras,  naõ  eraõ  poderofos  para  lhe  in- 
troduzir a  menor  fombra  de  vangloria,  antes 
olhava  com  tal  aborrecimento  para  os  feus 
efcritos,  que  rogou  à  hora  da  morte  foíTem 
reduzidos  a  cinzas.  Sempre  feguio  as  opi- 
niões comuas  ainda  que  com  alguma  no- 
vidade, fogindo  de  queftões  extravagantes, 
em  que  tem  mayor  parte  a  fubtileza,  que 
a  verdade,  de  tal  forte,  que  perfuadido  pelo 
P.  Paulo  de  Carvalho  Lente  em  a  Uni- 
veríidade  de  Évora,  a  que  fe  apartaíTe 
em  certas  matérias  da  doutrina  de  Santo 
Agoftinho,  e  Santo  Thomaz,  lhe  eftra- 
nhou  o  confelho  affirmando,  que  fem  as 
luzes  daquelles  dous  brilhantes  Aílros  cer- 
tamente fe  havia  precipitar  o  juizo  em  hum 
abyfmo  de  graviíTimos  erros.  Tendo  paf- 
fado  hum  anno  com  a  penofa  moleítía 
de  dores  nefriticas  com  que  Deos  lhe  quiz 
provar  a  paciência,  e  fazendo-fe  mais  into- 
leráveis com  a  applicaçaõ  dos  remédios  pe- 
dio  os  Sacramentos,  que  recebeo  com  fumma 
piedade,     e     ternura,     e     depois     de    reco- 


42 


578 

mendar  aos  circunílantes  a  virtude  da  obe- 
diência, como  meyo  mais  meritório  para 
alcançar  a  Vida  Eterna,  foy  tomar  poíTe 
delia  a  7.  de  Janeiro  de  1608.  em  56.  annos 
de  idade,  e  37.  de  Companhia.  A  Uni- 
verfidade  de  Q)imbra  como  a  feu  Lente 
lhe  fez  hum  pompofo  Funeral.  Vários  fo- 
raõ  os  elogios,  que  dedicarão  os  Authores 
à  fua  memoria  Bib.  Societ.  pag.  141.  col.  i. 
Ingenio  fuit  perfpicaci  promptoque,  judicio  peracri; 
omnigena  doãrina  inftru£íus,  multis  rehus  magnus, 
(ò'  fui  dimijfione  vere  maximus.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  187.  col.  2.  Vir  utique  doãij- 
Jimus,  vitaque  nujquam,  ut  creditur,  delibata  inno- 
centia  venerabilis.  MaíTeo  Vif.  dei  P.  Suar. 
cap.  10.  'Lettore  famojo  di  Theologia.  Rho  Hijl. 
virt.  (&  vit.  Lib.  7.  cap.  10.  num.  19.  Admiror 
Gillium,  qui  de  Dei  natura  acutijfima  [cripta  reli- 
quit.  Girardi  Diar.  a  7.  de  Genar.  Joan.  Soar. 
de  Brit.  Theatr.  'Lufit.  I^itter.  lit.  C.  n.  8.  Bir. 
certe  fuit  injignis  eruditionis,  atque  doãrince,  quam 
non  folúm  viva  você  in  publicis,  frequentijfimifque 
difputationibus,  fed  fcriptis  editis,  (âf  ineditis 
abunde  comprobavit.  D.  Franc.  Man.  Cart.  dos 
A  A.  Portug.  Doutijfimo  Efcritor.  Cardof.  Agiol. 
LMJit.  Tom.  I.  pag.  69.  deixando  por  fua  morte 
illuftrada  a  Univerjidade  com  fua  excelkn- 
te  doutrina,  e  a  Companhia  naõ  menos  rica 
de  feus  doutos  efcritos,  que  de  illujlres  exem- 
plos de  religiofas  virtudes.  Franco  in  Ann. 
Glor.  S.  J.  in  JLuJtt.  pag.  9.  Grande  Lú- 
men Societatis,  &  in  Synopf  Annal.  S.  J. 
in  Lufit.  p.  194.  n,  6.  Vir  Sapientijfimus,  e 
na  Imag.  da  Virt.  do  Novic.  de  Coimb.  Tom. 
I.  Liv.  2.  cap.  81.  Grande  nas  letras,  e  mayor 
nas  virtudes.  Fonfec.  E.vor.  Gloriof  p.  428. 
De  engenho  taõ  fubido,  que  mereceo  os  encó- 
mios do  P.  Soares  Granatenfe.  Draudius  Bib. 
Claffic.    Compoz. 

Comentariorum  Theologicorum  de  Sacra 
Doãrina,  e^  EJfentia,  atque  virtute  Dei,  li- 
bri  duo.  Lugd.  apud  Horatium  Cardon  16 10. 
foi.  &  Coloniae  apud  Antonium  Hieratum 
16 10.  foi.  &  ibi.  161 9.  foi.  2.  Tom. 

Commentaria  Theologica  de  Attributis. 
M.  S.  dos  quaes  faz  mençaõ  Cardofo  Agiol. 
Lufit.  Tom.  I.  pag.  73.  no  Comment.  de  7.  de 
Janeiro  letr.  C. 

De  divina  Perfeãione. 

De  Pradejlinatione. 


BIBLIO THEC  A 


De  Incarnatione. 

Adverfaria  Theologica  in  Tert.  Parf. 
D.  Thomct. 

De  Vijtone  Beata. 

De  Sacramentis,  <&  Matrimonio, 

De  Legibus. 

Todos  eftes  Tratados  Theologicos  fe  con- 
fervaõ  M.  S.  em  o  Collegio  de  Coimbra  da 
Companhia  de  JESUS,  como  afíirma  o  P.  An- 
tónio Franco  na  Imag.  da  Virtud.  defle  Collegio. 
Tom.  2.  p.  615. 


Fr.  CHRISTOVAM  GODINHO  natural 
de  Évora,  e  filho  de  Jeronymo  Pereira,  e  Eufe- 
bia  Godinha.  ProfeíTou  o  Inftituto  do  Dou- 
tor Máximo  Saõ  Jeronymo,  em  o  Convento 
do  Efpinheiro  a  17.  de  Junho  de  1617.  onde 
foy  duas  vezes  Prior,  a  primeira  em  o  anno 
de  1647.  e  a  fegunda  no  anno  de  1658.  O 
mefmo  lugar  adminiílrou  no  Convento  de 
Penhalonga.  Foy  muito  verfado  na  liçaõ  dos 
Poetas,  e  Hiíloriadores,  da  qual  fahio  con- 
fummado  em  todo  o  género  de  erudição. 
Morreo  no  Convento  de  Penhalonga  a  7.  de 
Julho  de  1671.  Compoz,  e  imprimio,  como 
efcreve  o  P.  Francifco  da  Fonfeca  Evor.  Glo- 
riof. pag.  410.  com  o  nome  de  António  Pe- 
reira da  Fonfeca. 

Poderes  de  amor  em  geral,  e  horas  de  converfaçaÕ 
em  particular.  Lisboa  na  Officina  Craesbeec- 
kiana.  1657.  4. 

P.  CHRISTOVAM  DE  GOUVEA.  Naceo  . 
na  Cidade  do  Porto  a  8.  de  Janeiro  de  1542. 
fendo  filho  de  Henrique  Nunes  de  Gouvea,  e 
Beatriz  Madureira,  igualmente  illuítres  pelo 
fangue,  que  pela  piedade.  Quando  contava 
14.  annos  entrou  em  o  Noviciado  da  Compa- 
nhia de  JESUS  de  Coimbra  a  10.  de  Janeiro  de 
1556.  onde  eftudou  letras  Humanas,  e  Filofofia 
em  que  tomou  o  gráo  de  Meftre.  Recebidas  as 
Ordens  de  Presbytero,  que  lhe  conferio  o  Arce- 
bifpo  de  Évora  D.  Joaõ  de  Mello,  aíTiflio  qua- 
tro annos  neíla  Cidade,  em  que  foy  Reytor  do 
Collegio  dos  Porcioniftas,  entre  os  quaes  eiia- 
vaõ  peíloas  da  primeira  qualidade,  como  eraõ 
Fernaõ  Martins  Mafcarenhas,  e  D.  Antó- 
nio Mafcarenhas,  fendo  depois  o  primeiro, 
Bifpo  do  Algarve,  e  Inquifidor  Geral,  e 
o   fegundo,   Deaõ    da   Capella   Real.     Exer- 


I II 


L  USITANA. 


579 


citou  por  dous  annos  o  lugar  de  McAre  dot 
Noviços  em  o  Collegio  de  Eyora,  merecendo 
que  rahiíTcm  da  fua  efcola  quinze  companhei- 
ros do  V.  P.  Ignado  de  Azevedo,  que  com  o 
Tangue  derramado  teílemunliaraõ  as  verdades 
da  Ley  Evangélica.  G>m  o  mefmo  miniílerio 
paíTou  para  o  G)llegio  de  Coimbra  em  o  anno 
de  1572.  e  depois  de  o  exercitar  cinco  annos, 
foy  eleito  Viíitador  da  Ilha  da  Madeira,  donde 
reíUtuido  ao  Reyno,  depois  de  fer  Reytor 
do  Collegio  de  Braga  o  foy  do  Collegio  de 
Santo  Antaõ  de  Lisboa,  lançando  a  primeira 
pedra  a  efte  edifício  no  anno  de  1579.  debaixo 
dos  aufpicios  íempre  favoráveis  à  Compa- 
nhia do  Cardial  Rcy  D.  Henrique.  Sendo 
companheiro  do  Provincial  Scbaíliaõ  de  Mo- 
raes Confcflbr  da  Senhora  D.  Maria  Princcza 
de  Parma,  foy  nomeado  pelo  Geral  Cláudio 
Aquaviva,  para  Vifitador  do  Brazil.  Naõ 
pode  refiftir  a  efta  ordem,  c  embarcado  com 
o  Governador  daqucllc  Eftado  Manoel  Telles 
Barreto,  chegou  à  Bahia,  e  nella  foy  be- 
nevolamente recebido  pelo  Provincial  o 
V.  P.  Jozé  de  Anchieta,  celebre  Thauma- 
turgo  da  America.  Tantas  foraõ  as  acçoens 
que  obrou  em  beneficio  deíla  Provinda, 
que  certamente  fe  podia  chamar  feu  Fun- 
dador, jà  na  perfeição  com  que  ordenou 
fe  celebraífem  os  Officios  Divinos,  jà  em  os 
vários  edifícios  que  levantou  para  mais  cómoda 
habitação  dos  Religiofos.  Voltando  do  Brazil 
foy  prizionado  pelos  Francezes,  que  por 
feguirem  as  partes  do  Senhor  D.  António 
contra  Filippe  Prudente,  infeílavaõ  aquelles 
mares,  fendo  tratado  com  fumma  deshuma- 
nidade,  que  tolerou  com  grande  conftancia. 
Voltando  a  Portugal  foy  Prepofito  da  Caza 
de  Saõ  Roque,  e  Provincial,  moftrando  em 
tantos  lugares  que  teve  na  Religião,  prudência 
rara,  aííabilidade  fumma,  e  obfervancia  exaóta. 
Nas  palavras  foy  parco,  nas  obras  magnifíco, 
nos  concelhos  prudente,  por  cujos  dotes  o 
propôs  à  Mageftade  de  Filippe  II.  de  Portugal, 
o  Geral  da  Companhia  para  Bifpo  do  Japaõ, 
e  attendendo  efte  Príncipe  a  taõ  judiciofa 
inlinuaçaõ  o  nomeou  neíla  dignidade,  de 
que  naõ  chegou  a  tomar  pofle  impedido 
pela  morte,  que  o  privou  da  vida  em  Lif- 
boa  a  15.  de  Fevereiro  de  1622.  com  80. 
annos  de  idade,  e  66.  de  Companhia.   Grandes 


elogios  lhe  fazem  Telles  Chron.  da  Comp. 
d$  JES,  da  Prw.  dt  ?ortug.  Part.  1.  Liv.  2. 
cap.  I X.  iL  4.  e  Franco  Aim.  Ghr.  S.  ]»  in  Lufit. 
pag.  87.  &  in  Synopf,  AnnaL  S,  ]»  m  Lufit, 
p.  254.  n.  9.   Efcreveo. 

Hiftoria  do  Brafil,  9  cofiumis  dos  Jtus 
habitadores  M.  S.  Deíle  livro  faz  memo- 
ria Jorge  Cardofo  Affol.  Lujit.  Tom.  i. 
nas  Advertências  $.  2.  e  no  Comment.  de 
25.  de  Fever.  letr.  B.  e  o  allega  pag.  47.  como 
quem  o  vira  dizendo  fe  confervava  no  Col- 
legio de  Coimbra. 

Commentario  das  occupa^otns  que  teve, 
e  do  que  nellas  fe:(^.  Delia  Obra  efcreve  o  P. 
António  Franco  na  Imag.  da  Virtud.  em  o 
Novic.  de  Evor.  liv.  i.  cap.  51.  §.  7.  eílas 
palavras.  Vou  metendo  nefia  narração  algftmas 
coujas,  que  parece  as  pudera  ejcufar  por  ferem 
noticias  particulares  que  o  mefmo  P.  ChriflovaÕ 
de  Gouvea  deixou  efcritas  em  hum  Commentario, 
que  por  fua  curiofidade  foy  far(endo  das  occupa- 
(oens,  que  teve,  e  do  que  nellas  fe:^. 

Summario  das  armadas  que  fe  fi!(eraõ,  e 
guerras  que  fe  deraõ  na  Conquijla  do  Rio  da 
Paraiba.  M.  S.  Eíla  obra  compoz  quando 
era  Vifitador  da  Provinda  do  Brafil  da  qual 
vimos  huma  copia  Aí.  S.  na  SeleâilTima 
Livraria  da  Hiíl.  de  Portugal  de  meu  Irmaõ 
D.  Jozé  Barbofa  Clérigo  Regular,  e  outra 
fe  conferva  em  a  do  Excellentiflimo  Conde 
de  Vimieiro. 

Fr.  CHRISTOVAM  DE  JESU  Religiofo 
Menor  da  Provinda  de  S.  Thomé  da  índia 
Oriental.  Sendo  muito  perito  na  lingua 
Canarina,  e  dezejando  inftruir  nella  aos  feus 
companheiros  para  o  fim  de  conduzirem  ao 
grémio  da  Igreja  a  muitos  bárbaros,  efcreveo. 

Arte  Gramatical  da  lingua  Canarina  de 
cuja  obra,  e  do  Author  deUa  fazem  mençaõ 
Fr.  Jacinto  de  Deos  Vergel  de  Plant. 
e  Flor.  cap.  i.  pag.  10.  e  o  moderno  addi- 
cionador  da  Bib.  Orient.  de  Ant.  de  Leaõ 
Tom.  I.  Tit.  16.  col.  528. 

Fr.  CHRISTOVAM  DE  JESU  MA- 
RIA Naceo  na  Quinta  de  Monte  deixo  de 
que  eraõ  Senhores  feus  Pays  o  Capitão  Joaõ 
Trigudros  Sottomayor,  e  D.  Leonor  Franca 


58o 


BIBLIO  THE  CA 


da  Sylva,  íituada  na  Freguezia  de  S.  Pedro 
de  dous  portos  termo  da  Villa  de  Torres 
Vedras  do  Patriarchado  de  Lisboa.  Depois 
de  aprender  letras  humanas  aíTentou  praça 
de  Soldado  em  cujo  exercido  fe  diílinguio 
tanto  dos  feus  companheiros  que  brevemente 
fubio  a  Capitão  de  Granadeiros  paíTando  com 
efte  pofto  ao  Rio  de  Janeiro  em  o  anno 
de  171 1.  onde  movido  fuperiormente,  naõ 
fomente  deixou  a  vida  militar,  mas  o  Morgado 
dafua  Cafa  que  hoje  poíTue  fua  Irmaã  D.  Cathe- 
rina  Magdalena,  e  fe  recolheo  na  Seráfica 
Província  da  Immaculada  Conceição  profef- 
fando  o  humilde  eílado  de  Leygo,  e  ainda 
que  tinha  baftante  fciencia  para  o  Sacerdócio 
fempre  fe  julgou  indigno  delle  por  mais  que 
foy  perfuadido  dos  Prelados.  Como  era  ini- 
migo do  ócio  fe  occupava  continuamente 
em  beneficio  da  Religião  em  diverfos  minif- 
terios  como  eraõ  de  Architeâo,  e  Eftatuario, 
e  em  outros  mecânicos  de  Pedreiro,  e  Carpin- 
teiro pois  para  todos  tinha  génio,  e  habilidade. 
Ao  tempo  que  era  Procurador  da  fua  Pro- 
vinda em  a  Cidade  da  Bahia  paíTou  a  Por- 
tugal para  fer  curado  de  hydropezia,  e  depois 
de  aíTiílir  féis  mezes  nefba  Corte  falleceo  a  15. 
de  Janeiro  de  1736.  Jàz  fepultado  no  Con- 
vento de  N.  Senhora  das  Portas  do  Ceo  do 
lugar  de  Tilheiras  fuburbio  deíla  Cidade  o  qual 
he  da  Provinda  Seráfica  de  Portugal.  Com- 
poz. 

Hijioria  Inopina  h.ujifana.  Succejfos  notáveis 
do  valor  de  nojfos  antigos  continuando  nos  prementes, 
e  futuros  Vortugue^^es  com  os  Jucejfos  concernentes 
aos  tempos.  A.ttenuaçaÕ  da  decima  fexta  geração, 
e  na  mefma  com  o  Refpiciam  do  Senhor  eftabeli- 
cido  o  Quinto,  e  Univerfal  Império  do  mundo. 
Dedicado  ao  illuftre,  e  invião  Capitão  da  Infan- 
taria, Vroteãor  de  Portugal,  Advogado  contra  a 
pefie,  e  Martjr  de  Chriflo  S.  Sehafliaõ.  4. 
M.  S.  Foy  compofta  no  anno  de  1734.  e  fe 
conferva  em  poder  do  Alferes  Jozé  Pinheiro 
de  Oliveira  Cunhado  do  Author. 

Kecreaçaõ  efpiritual  M.  S.  16. 

CHRISTOVAM  JOAM  natural  de 
Coimbra  em  cuja  florentiflima  Univerfida- 
de  foy  famofo  Cathedratico  de  Direito  Pon- 
tificio  fendo  provido  na  Cadeira  de  Clemen- 
tinas  a  15.  de  Fevereiro  de  1578.  de  Sexto 


em  27.  de  Março  de  1579.  do  Decreto  a  16. 
de  Novembro  de  15  81.  e  de  Vefpera  a  30. 
de  Outubro  de  1586.  Em  todas  eílas  Cadd- 
ras  defcubrio  os  thezouros  fcientificos  da 
fciencia  Canónica,  e  Civil  que  eílavaõ  depofi- 
tados  na  fua  grande  memoria,  e  profunda 
comprehenfaõ  por  onde  mereceo  os  elogios 
dos  mais  infignes  Jurifconfultos  como  faõ 
feu  difcipulo  Gabriel  Pereira  de  Caftro  que 
eíle  fó  bailava  para  eterno  brazaõ  do  feu 
Magiílerio,  Decif.  61.  n.  3.  Prceceptor  meus 
doãijfimus,  et  femper  memorandus.  Francifco 
de  Caldas  Pereir.  ad  L.  Ji  Curator,  verb,  Implo- 
rand.  n.  5.  rari,  <&  excellentis  ingenii,  acerri- 
mique  jtidicii,  et  exquifitiffima  doãrina  viro 
utriufque  júris  fcientia  clarijfimo,  e  in  Traã. 
Oper.  Emphyt.  Part.  4.  cap.  17.  n.  20.  Sapien- 
tijfimo,  acutijfimoque  Chriflophoro  Joanni  Vef- 
pertinoe,  Cathedrce  moderatori  eximio.  AtíL.  de 
Souf.  de  Macedo  I^ufit.  lÀherat.  Lib.  i. 
cap.  14.  n.  46.  quem  prceterita  facula  prodi- 
derunt  Superiorem  vix  ullum,  aquales  paucos, 
e  nas  Flor.  de  Efpan.  cap.  8.  excel.  9.  Foy 
Cónego  Doutoral  de  Refidencia  na  Cathedral 
de  Coimbra  de  que  tomou  poíle  a  18.  de  No- 
vembro de  15  81.  em  cuja  Cidade  morreo  a 
17.  de  Fevereiro  de  1598.  Efcreveo. 

A-llegaçaÕ  de  Direito  na  caufa  da  Suc- 
cejfaõ  dejles  Rejnos  por  parte  da  Senhora 
D.  Catherina  filha  do  Infante  D.  Duarte. 
da  qual  fez  a  ateftaçaõ  feguinte  impreíTa  na 
A.llegaçaÕ  de  Direito  fohre  a  mefma  SucceJJaÕ. 
Almeirim  por  António  Ribeiro,  e  Fran- 
cifco Corrêa  1580.  foi.  Ego  quoque  de  Regni 
Sucejfione  confultus  inter  eos  omnes,  qui  ad 
judicium  potètijfimi,  ac  Santiffimi  Kegis  vocati 
funt  de  Succejfíone  pradiãa  contendentes  potiorem 
effe  D.  Catherina  caufam  exiflimavi:  idque  non 
folum  humanarpim  legum,  Doãorumque  authoritate 
prohavi,  fed  multis  à  natura  ipfa  depromptis 
rationihus  ( ni  fallor )  apertijfime  demonftravi: 
ad  hucque  in  eadem  confians  perfevero  fententia. 
Chriflophorus  Joannis  Doctor. 

Entre  as  Poílilas  que  diâou  em  a  Uni- 
verfidade,  faõ  as  mais  celebres. 

De  Suplenda  Negligentia  Pralatorum  diítada 
em  1579. 

De  Sacramento  Matrimonii  em  15  81. 

De  Judiciis  começada  em  1593.  e  acabada 
a  29.  de  Mayo  de  1595. 


li 


L  USITANA. 


58 1 


De  ride  injlrimientorum  cm  159J. 

D»  Foro  (otMpetenti. 

h    Cie men tinas    ad    Ti/,    de    Sequeftratione. 

De  Mutuis  petitionibiis. 

De  ultimis  vohmtatibiis. 

De  Precariif. 

De  Secundis  Niéptiis. 

De  Siicejftone  ah  intefla/o. 

D.    Fr.    CIIRISTOVAM    DE    LISBOA 
ou  DI'^  SA*  natural  da  illuftrc  Qdade  com 
que  fc  appclidou,  filho  de  Henrique  de  Sà 
de  Menezes,  e  neto  de  Joaõ  Rodriguez  de  Sà 
Senhor  de   Baltar,   e   Payva   Fronteiro   mór 
de  Entre  Douro,  e  Minho,  c  Vedor  da  Fa- 
zenda do  Porto.    Dcfprezando  com  heróica 
rcfoluçaõ  as  vaidades  do  Século  bufcou  os 
rigores  do  Clauftro  em  o  Real  G^nvento  de 
Bcicm   onde   profeflbu   o   fagrado   Inftituto 
do  Doutor   Máximo   S.   Jeronymo   a   9.   de 
Junho  de  1385.  e  foraõ  tantos  os  progreíTos 
que  fez  igualmente  nas  letras,  e  nas  virtudes 
que  mercceo  fcr  elevado  por  morte  de  D.  Joaõ 
Ribeiro  Gayo  ao  Bifpado  de  Malaca  fendo 
Sagrado   no   G^nvento   de   Belém  a   21.   de 
Novembro   de    1604.     Depois    de    lançar   a 
primeira  pedra  na  Igreja  do  Noviciado  da 
Cotovia   defta   Corte   dos   Padres   Jefuitas   a 
20.  de  Março  de  1605.  partio  na  armada  de 
que  era  Capitão  mór  Braz  Telles  de  Menezes 
para  a  fua  Diocefe  em  que  encheo  as  obriga- 
çoens  de  folicito  Paílor.   Paflados  cinco  annos 
foy  transferido  no  de  161  o.  para  a  Primacial 
dignidade  de  Arcebifpo  de  Goa  na  qual  naõ 
fomente  fucedeo  em  a  Cadeira  ao  lUuílriíTimo 
D.  Fr.  Aleixo  de  Menezes,  mas  em  o  zelo  com 
que  atendeo  pelo  ornato  da  fua  nova  Efpofa. 
A  primeira  MiíTa  folemne  que  nella  fe  celebrou 
foy  em  dia  da  illuílre  Martyr,  e  Sabia  Doutora 
Santa    Catherina    Orago    da    mefma    Cathe- 
dral  cujo  edifício   mageftofo   fe  acabou  por 
fua  cuidadofa  induílria.    Foy  devotiíTimo  do 
amorofo  Myílerio  da  Euchariftia  a  cujo  ob- 
fequio    inftituhio    huma    Confraria,    acompa- 
nhando-o   com  fumma   modeflia,   e   ternura 
todas   as   vezes   que   era   levado   aos   enfer- 
mos, como  também  as  Prociíloens  que  to- 
dos os  annos  fe  fazem  a  S.  Thomé  Padro- 
eiro da  índia  Oriental,  e  a  Chriílo  Crucifi- 
cado milagrofamente  apparecido  na  Cruz  do 


Sido  da  Boa  víAa  em  Goa  que  fucedeo  no 
tempo  do  feu  governo.  Pela  auzenda  do 
Vice-Rcy  D.  Jeronymo  de  Azevedo  gover- 
nou o  Eftado  em  o  anno  de  161 5.  em  cujo 
lugar  moílrou  que  naõ  tinha  menor  talento 
para  o  miniílerio  Sagrado  que  politico.  Mais 
cheyo  de  virtudes,  que  de  annos  paíTou  a 
melhor  vida  em  Goa  a  51.  de  Março  de  i6z2. 
Jaz  fepultado  na  Githedral  com  eíle  epitáfio. 
Sepultura  de  Fr.  ChriJIovaõ  de  Lisboa  Frade 
]eronymo,  filho  de  Belém  5.  Bifpo  dê  Malaca, 
e  8.  Arcebifpo  defta  Cidade.  Faleceo  no  derradeiro 
de  Março  de  1622. 

Fazem  memoria  dcftc  Prelado  Faria  Afta 
Fortug.  Tom.  3.  Part.  3.  cap.  4.  §.  7.  e  Part.  2. 
cap.  7.  §.  21.  c  cap.  8.  §.  2.  Franco  Imag.  da 
Virtud.  do  Nov.  da  Companh.  de  Usboa  Liv.  1. 
cap.  3.  §.  2.  Anton.  Bocarro  Decad.  da  índia 
cap.  84.  D.  Anton.  Caetano  de  Souf.  Cathal. 
dos  Bifp.  de  Malac.  e  no  Cathal.  dos  Arcebifp. 
de  Goa  §.  9.   Compoz. 

Tratado  do  aparecimento  de  Chrifto  Cru- 
cificado na  Crff^  da  Boa  vifta  em  a  Cidade 
de  Goa  Jucedido  a  zy  de  Fevereiro  de  161 9. 
o  qual  conforme  affirma  Jorge  Cardofo 
Agiol.  Ijiftt.  Tom.  3.  pag.  60.  no  Com- 
ment.  de  3.  de  Mayo  letr.  D.  he  copio/o,  e 
largo,  e  fe   conferva   na   Cathedral   de   Goa. 

Officium  S.  Catharina  Virginis,  et  Mar- 
tyris  que  fe  reza  na  Cathedral,  da  qual  he  a 
Santa  o  Orago,  por  indulto  Pontificio. 

Tratado  fobre  as  Miffoens  de  Madure  acerca 
do  que  refolveo  Gregório  XV.  em  a  Conf- 
tituiçaõ  que  principia  Komana  Sedis. 

Defta  obra  faz  mençaõ  o  moderno  ad- 
dicionador  da  Bib.  Orient.  de  António  de 
Leaõ  Tom.  i.  Tit.  3.  col.  84.  onde  fe  en- 
ganou efcrevendo  que  era  da  Ordem  de  S. 
Joaõ,  fendo  de  S.  Jeronymo  como  também 
o  appellido  de  Sà  que  traz  efcrito  por  erro 
da  impreíTaõ  Voa. 

D.    Fr.    CHRISTOVAM    DE    LISBOA 

cujo  appellido  indica  a  pátria  que  lhe 
deo  o  berço,  fendo  filho  de  Gafpar  Gil 
Severim,  Executor  mór  do  Reyno,  e  de 
Juliana  de  Faria,  e  irmaõ  do  celebre  An- 
tiquário Manoel  Severim  de  Faria,  Chan- 
tre da  Cathedral  de  Évora.  Na  idade  da 
adolefcencia     recebeo     o     Habito     Seráfico,. 


582 


BIB  LIO  THE  CA 


na  reformada  Provinda  da  Piedade,  donde 
paíTados  quatro  annos  fe  transferi©  para  a  de 
Santo  António,  e  depois  de  inftruido  com  a 
Theologia  Efcolaílica,  e  Pofitiva,  fahio  hum 
dos  famofos  Letrados,  e  grandes  Pregadores 
do  feu  tempo,  por  cujas  partes  foy  muito 
acceito  à  Mageílade  delRey  D.  Joaõ  o  IV. 
Foy  Qualificador  do  Santo  Officio,  Guardião 
do  Convento  de  Santo  António  de  Lisboa, 
Definidor  da  Provincia,  CommiíTario  da  Pro- 
vincia  de  Portugal,  e  primeiro  Cuílodio  da 
Provincia  do  Maranhão,  em  cujo  miniílerio 
padeceo  innumeraveis  trabalhos  pela  converfaõ 
dos  Gentios.  Amou  com  exceflb  a  pobreza, 
e  de  tal  forte  obfervou  a  caftidade,  que  naõ 
podia  ouvir  palavra,  que  oíFendefle  eíla  angé- 
lica virtude.  Sendo  obrigado  a  aceitar  a  Mitra 
de  Angola,  a  naõ  chegou  a  poíTuir  morrendo 
em  Lisboa  a  14.  de  Abril  de  1652.  O  feu 
Retrato  eílá  na  Caza  do  Capitulo  do  Convento 
de  Santo  António  deíla  Corte  entre  os  Bif- 
pos  que  teve  nefte  Reyno  efta  Santa  Re- 
forma. Fazem  delle  breve  memoria  Joan. 
Soar.   de   Brit.   in    Theatr.   L,ujit.   LiUer.   lit. 

C.  num.  10.  Wadingo  de  Script.  Ord.  Min. 
pag.  90.  col.  I.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
p.  188.  col.  2.  D.  Anton.  Caet.  de  Souf.  no 
Cathalog.  dos  Bifp.  de  Angola.   Compoz. 

Sermão  de  SaÕ  Jo^é.  Évora  por  Manoel 
de  Carvalho  1625.  4. 

Sermão  da  quarta  Dominga  da  Quarejma. 
Lisboa  por  Paulo  Craesbeeck.  1641.  He 
allufivo  ao  eftado  em  que  naquelle  tempo 
fe  achava  efte  Reyno.  4. 

Sermàõ  da  terceira  Dominga  do  Advento 
na  Mifericordia  de  l^isboa,  quando  fe  jurou  E/Rej 

D.  Joaõ  o  IV.  por  Rej  dejle  Rejno.  Lisboa 
por  António  Alvares  1641.  4. 

SermaÕ  pregado  em  Santo  António  dos 
Capuchos  de  que  era  Guardião,  por  ordem 
da  Rainha  a  18.  de  Setembro  de  1643.  Lis- 
boa por  Lourenço  de  Anvers.   1644.  4. 

SermaÕ  da  Immaculada  Conceição  da 
SacratiJJima  Virgem  Nojfa  Senhora  Padroeira 
do  Rejno  pregado  na  Cape  lia  Real  a  %.  de 
De:(embro  de  1645.  Lisboa  por  Paulo 
Crasbeeck  1646.  4. 

SermaÕ  pregado  na  Capella  Real  na  Ter- 
ceira Sexta  Feira  da  Quarejma  2.  de  Março 
de  1646.   Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck  1646.  4. 


SermaÕ  da  Quinta  Jexta  Feira  da  Qua- 
refma  na  Capella  Real  a  z-j.  de  Março  de 
1648.  Lisboa  por  Manoel  Gomes  de  Car- 
valho 1648.  4. 

SermaÕ  de  S.  Gonçalo.  Coimbra  por 
Manoel  Rodriguez  de  Almeyda  1694.  4. 
Obra  poílhuma. 

Manifejlo  da  injujliça,  cegueira,  e  decli- 
nação prejente,  e  futura  ruina  de  Caflella,  e 
do  abono,  patrocínio,  e  amparo  divino  da  JuJHça 
de  Portugal,  verdades  todas  eflampadas  no 
maravilhofo  cafo,  que  fucedeo  em  a  Cidade  de 
Lisboa,  dia  do  Corpo  de  Deos  em  que  o  Senhor 
livrou  com  a  fua  omnipotência  a  Alagejlade  delKey 
D.  Joaõ  o  IV.  da  morte,  que  á  traiçaõ  lhe  inten- 
tarão dar  os  Cafielhanos.  Lisboa  por  Paulo 
Crasbeeck.  1647.  4' 

Santoral  de  vários  Sermoens  de  Santos. 
Lisboa  por  António  Alvares.  1638.  4.  No 
prologo  defte  livro  affirma  ter  compofto 
dous  grandes  volumes  de  lugares  Comuns 
da  Efcriptura. 

Jardim  da  Sagrada  Efcritura  difpojlo  em 
modo  alphabetico  com  hum  elencho  de  difcurfos, 
e  conceitos  fobre  os  Evangelhos  das  Domingas, 
Quartas,  e  Sextas  Feiras  da  Quarefma,  e  Do- 
mingas  de  Advento,  utiliffimo  para  Pregadores, 
e  Curas  de  almas.  Lisboa  por  Paulo  Cras- 
beeck 1653.  foi.  Sahio  por  induftria  de 
Fr.  Gabriel  do  Efpirito  Santo  Provincial 
da  dita  Provincia  de  Santo  António  pro- 
metendo no  Prologo  publicar  a  Segunda 
Parte. 

Hifioria  natural,  e  moral  do  Maranhão, 
e  GraÕ  Pará  M.  S.  da  qual  fazem  memoria 
Duarte  Madeira  Nova  Philofojia  i.  Part 
Tom.  2.  Difp.  8.  n.  33.  Nicol.  Ant.  B^. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  189.  e  o  moderno  ad- 
dicionador  da  Bib.  Occid.  de  Ant.  de  LeofL 
Tom.  2.  Tit.  13.  col.  687. 

Tratados     Predicativos.     M.      S.      Confei- 
vaõ-fe  na  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Cou- ' 
de  de  Vimieiro. 

Dialogo    do  juflo,    e    devido  fentimento    nas 
adverfidades  humanas.     Interlocutores    Vaeriço,  e 
Pontonio.   M.    S.    8.     Na  mefma  Livraria  Í3e; 
guarda,  que  foy  do  Irmaõ  do  Author. 

Fr.   CHRISTOVAM   DA   MADRE  DE| 
DEOS  LUZ  naceo  em  a  Cidade  de  S.  Sebaf- 


L  USITANA. 


583 


kõ  Capital  do  Rio  de  Janeiro  na  America, 
'oraõ  feus  Pays  Francifco  Dias  da  Luz  natu- 
ll  da  Cidade  da  Tavira  em  o  Reyno  do 
%lgarve,    e    hum    dos   alentados    Capitaens, 
t  em  companhia  do  General  Mendo  de  Sá 
apulfaraõ  do  Rio  de  Janeiro  aos  Francezes 
aoiligados   com   os   Tamoyos,   e   Domingas 
Sylveira  filha  dos  primeiros  conquiílado- 
•és,  e  povoadores  deAa  Colónia.     Recebeo 
)  habito  de  S.  Francifco  na  Provinda  de  Santo 
Xntonio   do    Brafil    onde   foy   varias   vezes 
funrdiaò,  Definidor,  c  hum  dos  dous  Procu- 
idores  Geraes,  que  vieraõ  a  eíla  Corte  folicitar 
crccçaò  da  Provincia  da  Immaculada  Con- 
ciçaò  cuja  cmprcza  felizmente  confcguio  em 
)    anno    de    1675.     Nclla    mcrccco    occupar 
iclo  fcu  grande  talento  os  mayores  lugares 
jomo  foraõ  duas  vezes  Provincial,  e  Vifita- 
J^.    Foy  por  muitos  annos  Comiflario  do 
|Blto    OfHcio    que    exercitou    com    fumma 
^■tídaõ.   Na  Religião  era  exemplar,  no  eíludo 
^Btinuo,  e  na  devoção  da  Senhora  fervorofo. 
HUeceo    no    Convento    de    Santo    António 
Hl  fua  pátria  em  o  anno  de  1720.    Compoz. 
'    Cuidado  contra  o  tempo.   M.    S.   4.    Nefta 
)bra  defcreve  varias  noticias  do  Eftado  do  B  ra- 
li! defde  o  feu  defcobrimento,  e  da  Seráfica 
Religião  no  mefmo  continente.    Confervava 
cfte  livro  Fr.   Salvador  da  Conceição  Gayo 
Exdefinidor    da    mefma    Provincia    do    qual 
confeíTa   Fr.    AppoUinario   da   Conceição   de 
quem    jà    fizemos    particular    memoria,    ter 
extrahido  varias  noticias  para  as  fuás  compofi- 
çoens  com  que  tem  utilizado  a  curioíidade 
publica. 

Cartório  da  Provincia  da  Immaculada  Conceição 
do  EJlado  do  Brafil  que  fez  quando  era  Provincial 
no  anno  de  1683.  Coníla  de  10.  Capítulos,  nos 
quaes  recopilou  a  Origem  deíla  Provincia  com 
todos  os  Breves,  e  varias  noticias  pertencentes 
a  ella  atè  o  tempo  que  a  efcreveo. 

Fr.     CHRISTOVAM    DE     S.     MARIA 

natural  de  Lisboa.  Depois  de  eftar  inílrui- 
do  com  as  letras  humanas,  e  Filofofia  foy 
admitido  à  Religião  de  S.  Jeronymo  pro- 
feíTando  o  feu  Inílituto  no  Real  Convento 
de  Belém  a  7.  de  Junho  de  1667.  Em  pre- 
mio dos  progreíTos  que  fez  a  fua  applicaçaõ 
em  os  eíludos   Theologicos,   recebeu   em   a 


Univerfídade  de  Coimbra  as  iníignias  Douto- 
raes  fendo  nella  Lente  de  Cadeira  pequena 
de  Eícrítura  de  que  tomou  poíTe  a  9.  de 
Junho  de  1696.  donde  paíTou  para  a  de  Gur 
briel  em  10.  de  Janeiro  de  1701.  e  para  a  de 
Durando  a  2.  de  Outubro  de  1706.  Foy 
Reytor  do  CoUegío  de  Coimbra,  em  o  anoo 
de  1686.  Qualificador  do  Santo  Oflicio,  bum 
dos  mais  celebres  Theologos  do  feu  tempo, 
e  naõ  menos  infigne  Pregador,  de  cuja  arte 
deixou  por  argumento. 

SermaÒ  no  Auto  publico  da  Fè  qm  fe 
celebrou  em  o  Terreiro  de  S,  Migful  da  Ci- 
dade de  Coimbra  Domingo  25.  de  Julho  de 
1706.  Coimbra  por  Jozé  Ferreira  Impref- 
for  do  Santo  Officio,  e  da  Univerfidade 
1706.  4. 

Calejlis  cithara  antilogici  concentus  ex  apparen- 
ter  dijjonis  conjonantiis  fuaviffimum  edentes  Jonum. 
M.  S.  foi.  Neíla  Obra  concilia  os  Textos  da 
Efcritura  antinomicos,  e  depois  difcorre  no 
fentido  moral,  a  qual  ficou  imperfeita. 

Traãatus  de  gratia  Chrifti.  M.  S.  Eftc 
Tratado  como  a  obra  precedente  fe  confer- 
vaõ  no  Collegio  de  Coimbra  onde  morreo 
a  6.  de  Março  de  171 2. 

CHRISTOVAM  MARTINS  Presby- 
tero  UlyíTiponenfe  Capellaõ  da  Igreja  do 
Efpirito  Santo,  muito  douto,  e  veríado  nos 
ritos,  e  Cerimonias  Eccleíiaílicas,  por  cuja 
applicaçaõ  o  louvaõ  com  grandes  elogios 
Lucas  de  Andrade  Illujlraçaõ  ao  Man.  da  Mijfa 
Illuftr.  7.  n.  8.  e  D.  Leonard.  de  S.  Jozé  Suonom. 
Sacr.  cap.  2.  Tit.  3.  §.  18.  Morreo  na  Pátria 
em  o  anno  de  1668.  Compoz. 

De  Kitibtís  Sacris  dúbia  feleãa  in  Ru- 
bricas Mijfalis  Komani  Sanãijftmi  Domini 
nofiri  Urbani  VIII.  autboritate  recoffíiti 
Pars  prima  in  quattuor  traãatus  divifa.  Ulyf- 
íipone  ex  Ofíicina  Crasbeeckiana  1652.  foi. 
Na  Dedicatória  ao  Bifpo  de  Targa  promete 
explicar  o  Pontifical  Komano. 

De  Rjtibus  Sacris  2.  Pars.  Eílava  prompta 
para  a  impreíTaõ,  o  que  naõ  executou  impe- 
dido pela  morte. 

Apologia  das  Rubricas  do  Aíijfal  Ro- 
mano contra  a  infiancia  do  Ucenciado  Joaõ 
Campello  de  Macedo.  M.  S.  Efta  Obra  fe 
confervava    na    Bibliotheca    do    Cardial    de 


584 


BIBLIO  THE  C  A 


Soufa   juntamente  com  a  inftancia  do  Cam- 
pello. 

P.  CHRISTOVAM  DE  MATTOS  da 
Companhia  de  JESUS  Doutor  na  Sagrada 
Theologia  efcreveu,  e  publicou  conforme 
affirma  Joan.  Soar.  de  Brit.  TòeaL  Lujif. 
JLitter.  lit.   C.   n.    ii. 

Cathecijmo    "Portugue^. 

CHRISTOVAM  DE  MELLO  Porteiro 
mór  da  Cafa  Real,  e  Alcayde  mór  de  Serpa 
filho  de  Joaõ  de  Mello  Alcayde  mór  de  Serpa, 
e  de  D.  Ignes  de  Caftro  filha  de  D.  Fernando 
de  Caftro  Governador  da  Cafa  do  Civel. 
Foy  muito  applicado  ao  eftudo  de  Genealo- 
gia efcrevendo  com  grande  curiofidade  como 
affirma  o  P.  D.  António  Caetano  de  Soufa 
no  Apparaf.  à  Hijl.  Geneal.  da  Cafa  Keal  Portug. 
pag.  104.  §.  109. 

Familias  do  Keyno  de  Portugal.  M.  S. 

Fr.  CHRISTOVAM  OSÓRIO  natural 
de  Lisboa  filho  de  Aifonfo  Gomez,  e  Maria 
Oforio.  Sendo  admitido  á  Sagrada  Religião 
•da  Santiífima  Trindade  profeííou  no  Convento 
pátrio  a  27.  de  Mayo  de  1590.  onde  fe  appli- 
cou  ao  eftudo  da  Hiíloria  principalmente  da 
fua  Ordem,  e  à  cultura  da  Poefia  em  que  fahio 
muito  verfado.  Padeceo  com  grande  paciência 
vários  achaques  procedidos  de  huma  infermi- 
dade  que  teve  nos  primeiros  annos  de  Reli- 
giofo,  dos  quaes  recebia  algum  alivio  com  a 
liçaõ  dos  Uvros  que  continuamente  revolvia 
até  que  a  morte  o  fufpendeo  deíla  applicaçaõ 
a  27.  de  Janeiro  de  1634.    Compoz. 

Pancarpia,  Profas  hijioricas,  e  Titula- 
res de  Varoens  collocados,  e  illujires  da  Or- 
dem da  Santijfima  Trindade  KedempçaÕ  de 
Cativos  com  algumas  excellencias  delia.  Lisboa 
por  Pedro  Crasbeeck  1628.  8.  Em  applaufo 
deíla  obra  lhe  cantou  a  elevada,  e  difcreta 
Mufa  do  infigne  Poeta  Lope  da  Vega  Carpio 
«íla  Decima. 

De  roxo,  y  a^ul  colores 

Que  el  A.ngel  haxo  dei  Cielo 

Hjeroglificos  dei  f(elo, 

Y fé  de  fus  profejfores  ; 

Pancarpia  texe  de  flores 

Oforio  en  tan  doãa  Summa, 

Que  de  "Laurel  la  prefuma, 


Pues  delas  impirias  salas 
Fénix  celefle  en  las  alas 
Le  truxo  tanbien  la  pluma. 
Da  obra,  e  do  Author  faz  memoria  o  PT 
António  dos  Reys  no  Enthufiafm.  Poet.  n.  179. 

D.  CHRISTOVAM  DE  PORTUGAL 
filho  illegitimo  do  Senhor  D.  António  Prior 
do  Crato,  e  neto  do  Infante  D.  Luiz  filho  do 
Sereniffimo  Rey  D.  Manoel  naceo  na  Cidade 
de  Tangere  no  mez  de  Abril  de  1573.  quando 
feu  Pay  governava  eíla  Praça.  Todos  aquelles 
dotes,  que  fervem  de  ornato  aos  Princepcs 
repartio  com  elle  taõ  pródiga  a  natureza  que 
podia  fer  o  exemplar  por  onde  fe  regulaíTem 
as  acçoens  affim  moraes,  e  politicas,  como  paci- 
ficas, e  militares.  O  afpefto  era  gentil,  e  grave, 
o  coração  magnânimo,  e  deílemido,  o  en- 
tendimento perfpicaz,  e  prudente,  o  génio 
affavel,  e  compaffivo,  merecendo  por  taõ 
fingulares  partes  o  admirável  conceito,  que 
formarão  do  feu  profundo  talento  as  Naçoens 
por  onde  difcorreo,  fendo  feu  Pay  o  pri- 
meiro que  conheceo  a  fua  grande  capacidade 
pois  vendo  fruftradas  as  negociaçoens  que 
intentara  com  os  Princepes  da  Europa  para 
cingir  a  Coroa  de  feus  Avós  o  mandou 
quando  contava  a  florente  idade  de  quinze 
annos  por  Embaxador  ao  Emperador  de 
Marrocos  pedindo-lhe  empreílados  trezentos 
mil  cruzados  com  que  confeguiíTe  a  nobre 
empreza  de  libertar  a  Pátria  do  dominio 
Caílelhano,  e  ficaíTe  elle  em  reféns  defta 
quantia.  Partio  D.  Chriftovaõ  de  Gravezende 
a  25.  de  Outubro  de  1588.  acompanhado  de 
muitas  peíToas  entre  as  quaes  fe  diftinguiaõ  o 
P.  António  Fernandes  Pinheiro  feu  ConfeíTor, 
e  Efmoler,  Manoel  de  Brito,  e  Almeyda 
Camareiro,  e  Governador  da  Cafa,  Balthezar 
Paez  de  Cáceres  Thezoureiro  mór,  SebaíUaõ 
Gonçalves  Lima  Guardaroupa,  e  depois  de 
vencidos  vários  perigos  em  a  nào  Hercules 
de  que  era  Capitão  Duarte  Perim  Corrca, 
dezembarcou  em  Çafim  a  7.  de  Janeiro  de 
1589.  Foy  recebido  com  honras  de  Prín- 
cipe pelo  Alcayde  BellaíTon  em  quanto  naõ 
chegava  o  Baxa  Mahamet  Zarcaõ,  que  o 
conduzio  à  Corte  acompanhado  de  fetecen- 
tos  arcabuzeiros  preciofamente  veftidos. 
Com  inexplicável  alvoroço  o  tratou  o  Prin- 


LUSITANA. 


585 


cipe  Muley  Buferet  filho  do  Emperador  de 
Marrocos,  que  por  eílar  neíle  tempo  em  o 
Reyno  de  Fez,  naõ  aíTiftio  a  eíle  folemne 
aâo,  ao  qual  certificou  logo  da  fua  chegada 
remetendo  a  carta  de  crença  que  o  bárbaro 
recebeo  com  particular  eílimaçaõ.  AfTmou-lhe 
o  Emperador  cm  fmal  da  magnifica  hoípita- 
lidade,  que  com  cUc  queria  uzar,  fcíTenta  arca- 
buzeiros para  fua  Guarda,  e  mil  quatrocentas 
e  oitenta  Livras  cada  mez,  com  outros  dona- 
tivos que  augmentavaõ  o  efplendor,  e  regalo 
da  Mcza.  Como  lograva  a  fua  caza  da  immu- 
nidade  de  Princcpc  Soberano,  concorriaõ  a 
cila  como  feguro  afylo  todos  os  Chriílaõs  rece- 
bendo naõ  fomente  os  Sacramentos  para  ali- 
mento das  almas,  mas  copiofas  efmolas  para 
refgate  dos  corpos.  Nas  Fedas  mais  folemnes 
do  dlendario  Romano  dava  mcza  a  duzentas 
pcflbas,  com  taõ  fumptuofa  profufaõ,  que  bem 
moílrava  os  gcncrofos  cfpiritos  que  lhe  ani- 
mavaõ  o  coração.  Dezenganado  de  concluir 
a  negociação  com  o  Emperador  de  Marrocos 
partio  cm  o  anno  de  1590.  para  Londres 
onde  confcrvou  taõ  grande  correfpondencia 
com  o  Xarife  que  lhe  ofFereceo  por  huma 
carta,  e  a  feu  Irmaõ  D.  Manoel  de  Portugal 
a  fua  Corte,  na  qual  feria  tratado  com  a 
mefma  grandeza  que  feus  próprios  filhos, 
por  eílar  lembrado  da  heróica  acçaõ  que 
obrara  ElRey  de  Portugal,  quando  paíTou 
a  Africa  a  amparar  hum  Princepe  da  fua  Caza. 
A  fumma  fidelidade,  e  natural  inclinação 
que  fempre  obfervou  em  obfequio  dos 
Monarchas  Portuguezes,  o  moveo  paíTar  a 
Veneza  a  28.  de  Novembro  de  1599.  ^°"^ 
Manoel  de  Brito,  e  Pantaleaõ  PeíToa,  feus  Con- 
fidentes, para  perfuadir  àquelle  Eftado  como 
era  o  verdadeiro  Princepe  D.  Sebaftiaõ  aquelle 
homem,  que  por  fua  ordem  eílava  prezo,  e 
fendo  recebido  pelo  Doge  a  11.  de  De- 
zembro do  dito  anno,  com  honorificas 
demonílraçoens  lhe  prometeo,  atenderia  à 
fua  reprezentaçaõ.  Naõ  foy  eíle  o  único 
argumento  que  deo  do  aiFeâ:o,  que  tinha 
a  Portugal,  pois  aíTiílindo  em  Pariz,  ef- 
creveo  huma  carta  a  D.  Chriílovaõ  de 
Moura  Vice-Rey  deíle  Reyno,  em  que 
o  exhortava  com  efficazes  fundamentos, 
para  libertar  a  Monarchia  Portugueza  do 
violento    domínio    de    Caftella.    Os    últimos 


annos  da  fua  vida  aíTiítio  na  Corte  de  Pariz 
com  hunu  peníaô  que  lhe  dava  ElRey  ChriT- 
tiani/Timo,  de  cujos  interefles  foy  fempre 
muito  pardal.  Ao  tempo  que  contava  6j. 
annos  de  idade  foy  accommettido  de  hum 
accídente  de  parlefia,  que  o  privou  da  vida 
a  5.  de  Junho  de  16)8.  Jaz  fepultado  no 
Convento  dos  Francifcanos  de  Pariz,  pró- 
ximo i  fepultura  de  feu  Pay.  Em  dous  re- 
tratos abertos  nefta  Corte,  íe  ve  copiada  a 
fua  figura.  Em  o  primeiro  fe  lè  na  fua  cir- 
cumferencia  Chrtflophorus  Dei  gratia  Prímeps 
Por/ugallia;  e  na  parte  inferior:  Filius  D.  An- 
tonii  XVIII.  Portugallia  Keffs,  com  eftes  dous 
vcrfos : 

Hic  vultu,  €>•  meritis  Princeps  de  Sanguine 
Kegum 

Qtio  magis  atterittar,   tanto   virtute  refur^t. 

A  hum  lado  eílaõ  as  Armas  Reaes  de 
Portugal,  e  a  outro  huma  Palmeira  coroada 
do  Sol  com  cila  letra:  Te  rasante  vireho. 

No  2.  retrato  tem  por  circumferencia 
eílas  palavras:  Chrijlophorus  Princeps  D.  An- 
tonii  Portugallia  Kegis  filius  atatis  52.  e  na  parte 
inferior  eftes  dous  verfos. 

Viribtis  ingenitis,  ni  fors  inimica  refij- 
tat 

Et  Sceptra,  e^  pátrios  oculis  infcripfit  ho- 
nores. 

Fazem  illuftre  memoria  da  fua  peíToa 
D.  Joaõ  de  Caftro  Dijc.  da  Vid.  de/Rfy 
D.  Seb.  cap.  19.  Caram.  Philip.  Prud.  p. 
71.  165.  173.  296.  e  299.  Scevol.  e  Lov. 
de  Sain£l.  Marth.  Hijl.  Gemai,  de  U  Mai- 
fon  de  Franc.  Tom.  2.  Liv.  43.  cap.  9. 
P.  Anfelm.  HiJl.  Geneal.  <òr  Chronol.  dela 
Maif.  Rqyal.  de  Franc.  Tom.  i.  p.  611. 
Dupleix  Hift.  de  Franc.  ad  ann.  1580. 
n.  19.  Imhof.  Stem.  Reg.  Lufit.  pag.  19. 
Menezes  Hijl.  de  Tanger.  Liv.  2.  p.  80. 
§.  58.  Soufa  Hijl.  Genealog.  da  Cat(a  Real 
Portug.   Tom.   3.   Liv.   4.   cap.   8.     Compoz. 

Briefue,  €>"  fommaire  defcription  de  la 
vie,  (ò"  mort  de  Don  Antoine  primier  du  nom, 
aíy  dix-hui£tiefme  Rqy  de  Portugal  avec  plu- 
Jiurs  lettres  fervantes  à  V  Hijloire  de  Temps» 
Pariz  ches  Gervais  Alliot.  1629.  8.  De- 
dicou efta  Obra  à  Mageftade  Chriftianif- 
íima  de  Luiz  XIII.  o  qual  no  Privile- 
gio que  lhe  concede  a   5.   de  Fevereiro  de 


586 


BIB  LIO  THE  CA 


1629.  para  a  mefma  Obra,  o  trata  com  eftas 
palavras :  Nojire  tres-cher,  <&  ami  coujin  D.  ChriJ- 
tofie  de  Portugal. 

CHRISTOVAM  RODRIGUES  AZI- 
NHEIRO. Naceo  na  Cidade  de  Évora  em 
o  anno  de  1474.  e  depois  de  receber  o  gráo 
de  Bacharel  em  Direito  Civil,  exercitou  por 
muitos  annos  na  fua  pátria  o  officio  de  Advo- 
gado com  credito  do  feu  talento.  A  natural 
inclinação,  que  tinha  ao  eftudo  da  Hiíloria, 
principalmente  à  deíle  Reyno  o  eftimulou 
a  revolver  as  Chronicas  antigas,  e  extrahir 
delias  com  fummo  difvelo  as  noticias  prin- 
cipaes,  de  que  formou  a  Obra  feguinte,  efcrita 
como  elle  afirma  em  o  anno  de  1535.  quando 
contava  61.  de  idade. 

Compendio  das  Chronicas  de  Portugal.  M.  S. 
foi.  cujo  prologo  começa.  EJiaõ  em  ejle 
pret(ente  volume  recopilladas ,  fumadas,  abre- 
viadas, todas  as  lembranças  dos  R^j  de  Por- 
tugal das  Caronicas  velhas,  e  novas  fem  mudar 
Jufiancia  da  verdade,  rejnante  ElRej  Dom 
Joaõ  o  terceiro  do  nome,  quin^^eno  dos  Reys 
de  Portugal,  (à^c.  Fazem  memoria  defta 
Obra,  e  do  Author  Brandão  Mon.  Eufit. 
Tom.  3.  Liv.  8.  cap.  12.  Cardof.  Agiol.  hufit. 
Tom.  3.  pag.  733.  no  Comment.  de  17.  de  Ju- 
nho letr.  F.  Joaõ  Franco  Barret.  Bib.  L.ujit. 
M.  S.  Nicol,  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  191. 
e  o  P.  Fonfec.  Evor.  Glorio/,  pag.  411. 
chamando-lhe  homem  erudito  na  matéria 
hiftorica,  e  que  imprimira  o  Compendio  das 
Chronicas,  o  que  me  parece  fer  engano, 
pois  delle  fe  confervaõ  varias  copias  M.  S. 
e  huma  tem  meu  Irmaõ  D.  Jozé  Barbofa 
na  fua  feleók  Livraria  da  Hiíloria  Portu- 
gueza,  onde  o  Author  chega  até  o  Rey- 
nado  delRey  D.  Joaõ  o  III.  Naõ  ignoro 
que  fahio  impreíTo  fem  o  nome  de  Author, 
em  4. 

Sumario  das  Chronicas  dos  Keys  de  Portugal 
revifio,  accrefcentado ,  e  em  parte  emendado  nefia 
Jegunda  impreffaõ,  em  que  foy  apurado  pelas  pró- 
prias Chronicas,  em  ho  qual  fe  contém  muitas 
coufas  dignas  de  memoria,  e  feitos  heróicos  dos 
ditos  Keys.  Coimbra  por  Joaõ  Alvares  Impref- 
for  delRey  NoíTo  Senhor  1570.  4.  E  que 
fendo  efta  a  fegunda  ediçaõ,  certamente 
houve    primeira,    mas    nunca    podia    fer    o 


Compendio  de  Chriílovaõ  Rodrigues  Azi- 
nheiro, pois  efte  chegou  a  efcrever  a  Vida 
delRey  D.  Joaõ  o  III.  em  que  o  Author 
vivia,  e  o  Summario  impreíTo  de  que  tenho 
hum  exemplar,  chega  a  ElRey  D.  Manoel, 
e  para  claramente  fe  conhecer,  que  he  dife- 
rente o  M.  S.  he  hum  Tomo  de  folha,  e  efte 
Summario  impreíTo  coníla  de  13.  quartos 
de  papel. 

CHRISTOVAM  RODRIGUES  DE 
OLIVEYRA  natural  de  Lisboa,  Guar- 
daroupa  de  D.  Fernando  de  Menezes,  e 
Vafconcellos,  Arcebifpo  de  Lisboa,  e  Ca- 
peUaõ  mór  delRey  D.  Joaõ  o  III.  fendo 
muito  verfado  na  Hiíloria  Profana,  e  prin- 
cipalmente nas  grandezas,  e  noticias  da  fua 
famofa  Pátria  efcreveo  em  o  anno  de  15  51. 
por  ordem  de  feu  Amo. 

Summario  em  que  brevemente  fe  contem  algu- 
mas coufas  ajfim  Ecclefiafiicas ,  como  Seculares,  que 
ha  na  Cidade  de  Eifboa.  Por  Germaõ  Galharde 
ImpreíTor    delRey    NoíTo    Senhor.    1551.    4. 

Efta  Obra,  que  fahio  fem  o  nome  do  feu 
Author,  louvaõ  Nicol.  Anton.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  191.  Cardof.  Agiol.  Eufit.  Tom.  3. 
pag.  733.  col.  I.  no  Comment.  de  17.  de  Junho 
letr.  F.  e  Franc.  Leit.  Ferreir.  Noti.  Chronolog.  da 
Univerjid.  de  Coimb.  pag.  583.  n.  1234. 

Fr.  CHRISTOVAM  DO  ROSÁRIO 
natural  da  Cidade  de  Évora,  filho  de  Diogo 
da  Cunha,  e  Gracia  Dias.  Na  idade  da  adolef- 
cencia  recebeo  o  Habito  da  Ordem  dos  Prega- 
dores, em  o  Real  Convento  de  Bemfica,  em 
o  primeiro  de  Novembro  de  1628.  Igualmente 
foy  admirado  o  feu  talento,  ou  foíTe  difcipulo, 
ou  Meílre,  cujo  minifterio  exercitou  até  fer 
do  numero  que  tem  efta  illuftre,  e  douta 
Religião.  No  anno  de  1662.  em  que  par- 
tio  para  Inglaterra  a  SereniíTima  Senhora 
D.  Catharina,  a  defpozarfe  com  Carlos  II. 
o  elegeo  por  feu  ConfeíTor,  e  Pregador, 
lugares  que  adminiftrou  com  grande  fa- 
tisfaçaõ  defta  Princeza,  e  naõ  menos  cre- 
dito da  fua  capacidade,  que  fe  fazia  mais 
eftimavel  pela  natural  benevolência,  de 
que  era  dotado.  Depois  de  aíTiftir  mui- 
tos annos  em  a  Corte  de  Londres,  defejofo 
de    acabar    a    vida    entre    os    feus    Religio- 


L  USITANA. 


fos  alcançou  faculdade  da  Rainha  para 
fe  reílituir  ao  Reyno,  onde  por  eftar  vago 
o  lugar  de  Deputado  do  Concelho  Geral  do 
Santo  Oflficio,  por  morte  de  Fr.  Vicente  de 
Santo  Thomaz,  e  naõ  de  Fr.  Valério  de  Saõ 
Raymundo,  como  efcreve  Fr.  Pedro  Monteir. 
no  C/a/f/I.  Domin.  Tom.  5.  pag.  178.  contra 
o  que  tinha  efcrito  no  Cathalog.  dos  Deput. 
do  Conjelbo  Gerai;  o  nomeou  nclle  o  F.minen- 
ti/Timo  Cardial  D.  VcriíTímo  de  I^cncartro 
Inquifidor  Geral,  de  cujo  heróico  miniílcrio 
humildemente  fe  efcufou  impedido  dos  an- 
nos,  e  achaques  que  brevemente  o  privarão 
da  vida,  cm  o  Convento  de  Lisboa  a  24.  de 
Janeiro  de  1691.    Publicou. 

Sermaò  em  a  Capella  do  Excellentijfwto 
Senhor  D.  Francifco  de  Mello  Embaixador  de 
S.  A.  R.  de  Portugal  a  fm  Mageftade  britânica, 
no  primeiro  dia  em  que  a  me/ma  Capella  fe  abrio, 
ajjijiindo  os  mais  Minijlros,  e  a  principal  gente 
Catholica  dejla  Corte.  4.  Sem  lugar,  nem  nome 
da  ImpreíTaò,  mas  do  caraóler  fe  conhece  fer 
em  Londres. 

Sermões  M.  S.  2.  Tom.  foi.  os  quaes  eraõ 
doutijftmos,  e  que  naÕ  chegarão  ao  Prelo,  afíirma 
Fr.  Pedro  Monteiro  Claufi.  Domin.  Tom.  3. 
pag.  179. 

CHRISTOVAM  SARDINHA  natural 
da  Qdade  de  Elvas,  e  hum  dos  celebres 
profeíTores  da  Medicina,  que  floreceraõ  no 
Reynado  de  D.  Joaõ  o  IIL  Depois  de  ouvir 
nefta  Faculdade  ao  infigne  Meftre  Thomaz 
Rodrigues  da  Veiga,  Cathedratico  de  Prima 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra,  fe  graduou 
nella  com  applaufo  dos  feus  condifcipulos, 
que  jà  vaticinavaõ  o  grande  credito  que  havia 
alcançar  o  feu  talento,  quando  a  exercitaíTe, 
cujo  vaticinio  fe  vio  cumprido  fendo  Me- 
dico do  SereniíTimo  Duque  de  Bragança, 
e  nas  admiráveis  curas,  que  obrou  nas  Vil- 
las  de  Villa  Viçofa,  e  Monfaraz,  parecendo 
fer  fuperior  às  forças  da  natureza  o  me- 
thodo  com  que  triumfava  das  infermida- 
des  mais  rebeldes.  Naõ  fomente  era  pe- 
rito neíla  Arte,  mas  muito  douto  em  dic- 
tames  afceticos,  e  politicos,  como  publi- 
caõ  as  feguintes  Obras. 

Compendium  totius  Medicina,  i.  Pars 
compk^ens    lihros    duodecim,    in    quibus    Medi- 


58; 

cina  omnia  fundamenta,  gtneralijftmaque  cogwf- 
cendi,  prafagiendi,  atque  prafervandi  documenta 
traduntur.  M.  S.  foi. 

2.  Pars  de  curandis  mor  bis  in  particulari 
eompletlens  lihros  três.  Primus  de  curandis  mor- 
bis  ã  capite  ufque  ad  pedes.  Stcundm  de  curandis 
febrihus.  Tertius  de  curandis  morhis  extemis  ad 
Chirurgum  pertinentibus.  M.  S.  foi. 

Colloquio  primeiro  dirigido  a  feu  filho  mais 
velho;  onde  trata  dos  trabalhos,  e  mi  ferias,  que 
padece  o  perfeito  Medico  para  que  vendo-as  dei- 
xaffe  de  fer  Medico,  e  efludaffe  a  Sagrada  Theo- 
logia.  M.  S. 

Colloquio  fegundo  dirigido  a  feu  filho  fegundo; 
onde  trata  da  bondade  da  vida  do  Campo,  e  dos 
males  da  vida  corte:(aâ  perfuaMndo-o,  que  naõ 
seguiffe  a  vida  do  Paço.  M.  S. 

Efcada  do  Ceo.  Nella  inflrue  a  quatro  fi- 
lhas Keligiofas  como  devem  praãicar  no  Claufhro 
os  exercidos  efpirituaes.  Eftava  prompto  para 
a  impreíTaõ  com  faculdade  do  IlluAriíTimo 
Arcebifpo  de  Évora,  D.  Thcotonio  de  Bra- 
gança. 

Traííatus  de  Animalibus.  M.  S. 

D.  Fr.  CHRISTOVAM  DA  SYL- 
VEIRA.  Naceo  na  Cidade  de  Angra,  Capital 
da  Ilha  Terceira  a  13.  de  Março  de  16 14.  Teve 
por  progenitores  a  Chriílovaõ  de  Lemos,  c 
Mendoça,  c  a  D.  Igncs  da  Sylveira  Borges, 
defcendentes  das  familias  mais  qualificadas. 
Quando  contava  18.  annos  de  idade,  profef- 
fou  o  fagrado  Inftituto  de  Eremita  de  Santo 
Agoílinho,  em  o  Convento  de  Noíía  Senhora 
da  Graça  de  Lisboa,  a  14.  de  Outubro  de 
1632.  onde  naõ  fomente  adquirio  fama  cm 
as  Cadeiras,  como  em  os  Púlpitos.  Foy 
Re3rtor  do  Collegio  de  Coimbra  no  anno 
de  1656.  Attendendo  o  Principe  D.  Pedro 
Regente  deftes  Reynos  às  fuás  grandes  le- 
tras acompanhadas  de  folidas  virtudes,  o 
nomeou  Arcebifpo  Primaz  do  Oriente,  em 
cuja  dignidade  foy  fagrado  no  Convento 
da  Graça  deita  Corte  a  7.  de  Junho  de  1671. 
Partio  para  Goa  em  o  anno  feguinte,  na 
Armada  de  que  era  Capitão  mòr,  Joaõ 
Corrêa  Deça,  em  cuja  viagem  fendo  ac- 
commettido  de  huma  grave  enfermidade, 
que  o  privou  da  vida  foy  levado  o  feu 
qadaver    à    Cathedral    de    Goa,     onde    na 


588 


BIBLIO  THE  CA 


CapeUa  mór  fe  fepultou  com  efte  epi- 
táfio : 

Aqui  ja:(^  D.  Fr.  ChriJlovaÕ  da  Sjlveira  Re- 
ligiojo  Agojiinho  natural  da  Ilha  Terceira  XII. 
Arcebifpo  de  Goa,  e  Prima^  da  índia,  e  do  Con- 
Jelho  de  S.  Altev^a.  Falleceo  vindo  para  ejle  Ef- 
tado  aos  9.  de  Abril  do  anno  de  iSj^.  tendo  de 
idade  59.  annos.    Compoz. 

Curfus  totius  Philojophia  ad  mentem  D.  Au- 
gujlini.  M.  S. 

Traãatus  de  Scientia  Dei.  M.  S. 

Eftes  dous  Volumes  fe  confervaõ  na  Livra- 
ria do  Convento  de  Lisboa. 

Fr.  CHRISTOVAM  SOARES  natural 
do  Porto,  filho  de  Manoel  Soares  de  Carvalho, 
e  de  Maria  Rebello;  Religiofo  da  illuftre 
Ordem  da  Santiflima  Trindade,  onde  foy 
Mtnifl-rn  do  Convento  de  Cintra,  e  Prega- 
dor geral,  de  cujo  minifterio  como  era  muito 
fciente,  querendo  inílruir  nelle  aos  Pregadores 
Evangélicos,  efcreveo  em  o  anno  de   1726. 

Arte  Concionatoria,  em  que  Je  expõem 
o  methodo  mais  fácil,  para  o  feu  exercido. 
M.  S.  4. 

CHRISTOVAM  SOARES  DE  ABREU 

Cavalleiro  profeíTo  na  Ordem  de  Chrifto, 
naceo  em  a  nobre  Villa  de  Ponte  de  Lima, 
em  a  Província  de  Entre  Douro,  e  Minho, 
e  foy  filho  de  Francifco  Soares  de  Abreu,  e 
de  fua  mulher  Catharina  Brandão,  natural 
do  Eftado  do  Brazil,  e  defcendente  de  huma 
das  mais  nobres  Famílias  delle.  Eftudou 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra  Direito  Ce- 
fareo,  e  depois  de  fer  graduado  neJla  facul- 
dade fervio  alguns  lugares,  até  que  de  Desem- 
bargador do  Porto,  paííou  para  a  Caza  da 
Suplicação  em  23.  de  Novembro  de  1646. 
Entre  a  feveridade  da  Jurifprudencia  cul- 
tivou as  flores  da  Poefia,  fendo  numerado 
entre  os  famofos  Poetas,  que  produzio  eíte 
Reyno,  por  Jacinto  Cordeiro  nos  Elog.  dos 
Poet.  Portug.  Eftanc.  26. 

Para  Chriftoval  Soares  de  Abreu  gloria 
Quijiera  pluma  jo  que  le  igualara 
La  fuja  ilufire  la  memoria 
Del  Dueno  que  eterniza,  Ji  es  tan  rara: 
Qiie  bien  puede  atrever/e  a  la  vitoria 
Del  laurel  con  la  mano,  que  la  ampara; 


Y  el  con  ella  atrever/e  en  nueftro  polo 
A  quitarle  el  laurel  ai  mi/mo  Apolo. 

Sendo  o  mais  antigo  Senador  da  Cidade 
de  Lisboa,  na  occafiaõ  que  os  SereniíTimos 
Monarchas  D.  Affonfo  VI.  e  D.  Maria  Fran- 
cifca  Izabel  de  Saboya  deraõ  a  publica  entrada 
na  Cidade  de  Lisboa  a  29.  de  Agoílo  de  1666. 
os  congratulou  em  nome  da  mefma  Cidade 
com  a  Obra  feguinte: 

OraçaÕ  em  nome  da  Camera  de  Lisboa  a  EJKey 
D.  Affonfo  VI.  e  à  Rainha  D.  Maria  Francifca 
Ii^abel,  entrando  na  dita  Cidade  em  29.  de  Agojh 
de  1666.  Lifboa  por  Joaõ  Leite  Pereira  Im- 
preííor  da  SereniíTima  Rainha.  1666.  4.  e  no 
Portug.  Reílaurad.  Tom.  2.  p.  838. 

A  efta  OraçaÕ  applaude  Jacinto  Cordeiro  em 
o  Triumf  Lujit.  foi.  9.  com  eftas  vozes  métricas. 

Cerrando  ejie  fecreto  la  elegância 
Valor,  cordura,  agrado,  y  experiência 
Del  fenor  {juflo  amor)  Chrijloval  Suares 
A  quien  Apollo  en  celebres  altares 
Sacrifício  ofreciò  como  lo  di^en 
Las  Mufas,  j  Academias. 
EJie  raro  ingenio  altivo,  j  claro 
Gof^o  la  placa  Jin  difcurfo  vario 
De  elegante,  y  perfeto  Secretario 
Siendo  por  fu  noble:(a,  y  por  fu  at^ero 
Del  habito  de  Chrifo  Cavallero. 

Publicou  em  feu  nome. 

Officium  in  Laudem  Sacrofanãi  Euchariftioe 
Sacramenti  cum  Litania,  Precibus,  &  Hymnis 
in  ufum  privatum  devotorum.  UlyíTipone  apud 
Petrum  Craesbeeck  Typ.  Reg.  1630.  24. 

Morreo  em  Lisboa  a  4.  de  Junho  de 
1684.  e  eílá  fepultado  em  a  CapeUa  de  S.  Fran- 
cifco do  Convento  de  Santa  Anna  de  Reli- 
giofas  Francifcanas.  Foy  cazado  com  D.  Ma- 
ria de  Almeida. 

Fr.  CHRISTOVAM  DE  S.  TIAGO. 
Naceo  na  Freguezia  de  NoíTa  Senhora 
de  Figueiró  da  Serra  Curado  de  Malta, 
junto  da  Serra  da  Eílrella  em  a  Provin- 
da da  Beira  do  Bifpado  da  Guarda.  Pro- 
feflbu  o  Inílituto  CiUercienfe  no  Convento 
de  Santa  Maria  de  Salzedas,  e  eftudou  as 
Sciencias  Efcolafticas  no  CoUegio  de  Coim- 
bra. Sendo  eleito  Abbade  do  Convento  onde 
profeíTara,  em  o  anno  de  161 5.  emprendeo 
com   fumma    curiofidade,  e  mayor  trabalho 


I 


mi 


L  USITANA. 


589 


evolver  todo  o  Cartório  do  dito  G>nvento 
que  refultou,  efcrever  com  toda  a  indivi- 

e  clareza. 
KecopilaçaÕ  das  Doafoéns,  privihffos,  e  mais 
)ticias  pertencentes  ao  Convento  de  Santa  Maria 
U  Salcedas  Aí.  S,  foi.  Eíle  Volume  que  he 
puito  grande,  fe  confenra  no  mefmo  Cartório 
\  qual  ferve  como  de  Index  a  todos  os  papeis, 
|ue  nelle  fe  guardaõ. 

P.  CHRISTOVAM  VALENTP.  ReU- 
^ofo  profcíTo  da  Sagrada  Companhia  de 
JESUS  naõ  fomente  grande  Theologo,  mas 
inúgne  Meílre  da  Lingua  Brafilica  cm  a  qual 
para  inílrucçaõ  catholica  da  puerícia  compoz. 

Cantigas  pêra  os  Mininos  da  Santa  Doãrina. 

Saò  comportas  cm  louvor  do  Nome  de 
JESUS,  Sacramento  do  Altar,  N.  Senhora, 
c  Anjo  da  Guarda.  Sahiraõ  impreflas  ao 
principio  do  Catecifmo  da  lingua  Braíilica 
addicionado  pelo  P.  António  de  Araújo  da 
Companhia  de  JESUS.  Lisboa  por  Pedro 
Crasbeck  161 8.  8. 

Fr.  CYPRIANO  natural  da  ViUa  de 
Eílremós  em  a  Provinda  de  Alentejo,  e 
Rcligiofo  profeíTo  da  Seráfica  Provincia  dos 
Algarves.  de  grande  talento  para  o  Púlpito, 
c  naõ  menor  habilidade  para  a  fciencia  das 
lifcolas.  Compoz  em  o  anno  de  1619.  e  eftava 
prompto  para  a  impreíTaõ. 

Tratado  da  Oração  combinada  com  os  paffos 
da  vida  de  Chrifto  Senhor  Nojfo  M.  S. 

CYPRIANO  DE  FIGUEYREDO,  E 
VASCONCELLOS  natural  de  Lisboa, 
c  hum  dos  mais  fieis  fequazes  do  Senhor 
D.  António  filho  do  Infante  D.  Luiz  quando 
pertendeo  cingir  a  Coroa  Portugueza  de 
que  deu  hum  illuftre  argumento  occupando 
o  lugar  de  Corregedor  da  Ilha  Terceira, 
c  fendo  a  fua  Capital  invadida  a  25.  de 
Julho  de  1582.  pela  armada  de  Caftella 
governada  por  Diogo  Valdez  fe  oppoz 
com  tanta  refoluçaõ,  e  valor  aos  inimi- 
gos que  fendo  a  mayor  parte  derrotada, 
poucos  reílaraõ  para  narrar  o  eftrago  pa- 
decido, em  cuja  gloriofa  acçaõ  fe  moílrou 
que  igualmente  era  verfado  em  a  efpecula- 
çaõ    da    Jurifprudencia,    como    na    pradica 


da  milícia.  Com  o  mefmo  zeb  aíTiíUo  em 
França,  e  Inglaterra  ao  Senhor  D.  Amó- 
nio dandolhe  prudentes  Coníelhos,  e  ef- 
crevendo  doutos  tratados  em  que  moíhava 
o  inconcuíTo  direito  que  lhe  aHiílía  para  fu- 
bir  ao  trono  de  feus  Avós  merecendo  pot 
taò  repetidas  demoílraçoens  de  fidelidade 
para  com  eíle  Príncepc  que  elle  lhe  fizeífe 
o  elogio  fegulnte  na  Carta  que  efcreveo  a 
Gregório  XIII.  Scipio  ¥igueiredius  Vafcon- 
cellius  vir  nohilis,  Cafareiqw  jitris  Do£lor  earum 
ttiam  Injularum,  quas  Vertias  vocant,  Sebajliani 
Regis  nomine  Gubernator  integerrimus.  Ibme 
praclarum  virum  poftqiiam  ad  fe  promijftonibus, 
blanditiijque  allicere  Philippus  non  potuit,  ut 
fibi  comiffas  urbes,  atque  arces  proderet  in  bona 
illius  {ut  folet)  irruit,  atque  invafit.  At  conflan- 
tijfimus  vir  in  fide,  et  officio  populos  continuit 
gloriofam  de  Cajlellanis  vitoriam  ex  nojlris  ipfe 
primus  eo  tempore  reportavit,  fidijfimi  Duas  no- 
men  adeptus  ejl,  €>  talem  fe  hoflibus  exhibmt 
militem,  ac  Ducem,  ut  in  illo  non  minus  littera- 
rum  f pendor,  quàm  militaris  gloria  elucere  videatur. 
Para  eterno  teílemunho  do  aíFedlo  com  que 
o  tinha  fervido  o  inftituhio  o  Senhor  D.  An- 
tónio feu  Teftamenteiro  confiando  da  fua 
fidelidade  tantas  vezes  experimentada  exe- 
cutaria promptamente  os  legados  que  dei- 
xava. Fazem  memoria  de  Cypriano  de  Fi- 
gueiredo que  muitos  por  equivocaçaõ  o 
intitulaõ  ScipiaÕ  Luiz  de  Bavia  Hifl.  Pontif. 
Part.  3.  cap.  65.  D.  Joaõ  de  Caftr.  Difcurf  da 
vid.  de  D.  Sebafi.  cap.  13.  e  14.  Wfl.  Secret. 
de  D.  Ant.  p.  135.  e  Joaõ  Pinto  Ribeiro  Pref. 
das   letras   às   Arm.     Efcreveo,    e   publicou. 

Carta  em  que  fa^ia  publicas  as  caufas  a  Fi- 
lippe  II.  porque  defendia  o  direito  do  Senhor  D.  An- 
tónio. 

Apologia  pelo  Senhor  D.  António  contra 
D.  Joaõ  de  Cafiropor  deixar  o  feu  partido,  efeguir  o 
da  Senhora  D.  Catherina  Duquesa  de  Bragança. 

Deftas  duas  obras  fazem  mençaõ  Cara- 
muel  in  Proam.  lib.  5.  Philip.  Prud.  e  Filippe 
Jacobo  Spener  Oper.  Herald.  Part.  2.  lib.  i. 
cap.  22.  pag.  287. 

Fr.  CYPRIANO  DE  MENDOÇA  Na- 
ceo  na  Freguizia  de  Santa  Marinha  de 
Arcuzello  fituada  no  termo  da  nobre  Villa 
de    Ponte    de    Lima,    em    a    Provincia    de 


5c}0 


BIB  LIO  THECA 


Entre  Douro,  e  Minho  em  o  anno  de  1598. 
filho  pela  natureza  de  Pays  nobres  quaes 
eraõ  Gafpar  dos  Reys  Antas  Barbofa  Caval- 
leiro  da  Ordem  de  Aviz,  e  D.  Leonor 
Corrêa  de  Mendoça,  e  pela  Religião,  do 
illuftriíTimo  Princepe  dos  Patriarchas  S.  Bento, 
cujo  Monachal  habito  recebeo  no  Moíleiro 
de  S.  Tyrfo  a  3.  de  Novembro  de  161 3.  onde 
foy  Meílre,  e  Abbade  do  Convento  de  Lis- 
boa. AíTiUio  em  Roma  para  negociar  varias 
dependências  da  fua  Monaftica  Congregação 
que  tratou  com  zelo,  e  confeguio  com  feli- 
cidade. Reftituido  ao  Reyno  por  uniforme 
confpiraçaõ  dos  votantes  fubio  em  o  anno 
de  1676.  ao  lugar  de  Geral  que  exercitou 
prudentemente.    Efcreveo. 

Itinerário  da  Jornada,  que  /^í^  a  Koma 
em  que  trata  das  audiências  que  teve  do  "Papa, 
de/pachos,  que  alcançou,  e  tudo  quanto  vio  digno 
de  obfervaçaõ  até  fe  rejlituir  a  ejie  Rejno.  M.  S. 
4.  Conferva-fe  na  Livraria  do  apozento  dos 
Geraes. 

Cathalogo  dos  Efcritores  da  Monajiica  Con- 
gregação de  S.  Bento  do  Rejno  de  Portuga/  que 
remeteu  para  CaTtella  a  Fr.  Gregório  de  Argaiz 
Chronifta  Geral  da  Religião  o  qual  como 
aífirma  na  Per/a  de  Catalunha,  ou  Hifi.  de  N.  S. 
de  Monferrate  pag.  466.  §.  173.  en  que  nó  he 
puejlo  mas  cuidado  que  el  traduziria  de  Portugue^ 
en  Cafielhano. 

Morreo  em  o  Moíleiro  de  Tibaens  a 
13.  de  Janeiro  de  1679.  com  81.  annos  de 
idade,  e  75.  de  Religião. 

CYPRIANO  DE  PINNA  PESTANA 
natural  de  Lisboa  donde  paliando  a  Madrid 
aíTiUio  nefta  Corte  até  que  nella  morreo  no 
anno  de  1736.  com  eflimaçaõ  de  infigne 
Poeta,  de  cuja  Arte  deixou  por  teftemunhas 
as  obras  feguintes. 

'Entrada  da  SereniJJima  Rainha  de  Portugal 
D.  Mariana  de  Aufiria  que  fe^  pela  barra  de 
Lisboa  condut^ida  da  armada  Inglesa  em  o  felicij- 
fimo  dia  de  26.  de  Outubro  de  1708.  Lisboa 
por  António  Pedrofo  Galraõ  1708.  4.  Confta 
de  40.  Outavas,  e  hum  Soneto. 

Sylva  ala  celebridad  delos  felices  A.nos 
dela  Reyna  Nuejira  Senora  D.  Mariana  Jo- 
qypha  de  Aujiria  que  fe  representa  a  Jus  Ma- 
gefiades    en    el  fejiin,    que  fe    hi^o    en    Palácio 


el  dia  7.  dei  me:^^  de  Setiembre  dejle  prefente  ano 
de  1709.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal  Im- 
preflbr  do  Santo  Officio  1709.  4. 

Imagem  dei  Princepe  Perfeão  iluftrada  con 
las  qualidades  de  Sábio,  Poderofo,  y  Jujlo.  Ma- 
drid 1723.  4.  Sem  nome  de  Impreflbr.  He 
dedicado  ao  SereniíTimo  Princepe  do  Brafil 
o  Senhor  D.  Jozé. 

Poema  Heróico  ai  nuevo  Natalício  dei  Sere- 
nijftmo  Senor  D.  Alexandro  Infante  de  Portugal. 
Madrid  1723.    Confta  de  66.  Outavas. 

CYPRIANO  DE  PINNA  PESTANA 
Fidalgo  da  Cafa  Real  naceo  na  Villa  de 
Penella  do  Bifpado  de  Coimbra  a  5.  de 
Fevereiro  de  1665.  Depois  de  eftudar  Fi- 
lofofia  em  a  Univerfidade  de  Évora,  e  re- 
ceber nella  o  gráo  de  Meftre  em  Artes  em 
17.  de  Junho  de  1685.  paíTou  à  Univerfi- 
dade de  Coimbra  onde  fe  applicou  ao  eftudo 
da  Medicina  em  que  fahio  taõ  eminente, 
que  mereceo  fer  numerado  entre  os  Licen- 
ciados defta  Faculdade.  Sendo  Medico  da 
Camará  do  nosso  SereniíTimo  Monarcha 
D.  Joaõ  o  V.  o  nomeou  em  6.  de  Abril  de 
1740.  Phyfico  mór.  Sempre  cultivou  a  Poe- 
íia  Latina  verificando  no  feu  talento  fer  Apollo 
igualmente  Proteétor  da  Poética,  que  da  Me- 
dicina.   Publicou. 

Excellentijftmi,  Inclyti,  Magnifici  Vimino- 
cenfis  Djnajlce  fceleratum  enarrans  cafum  Poefis. 
Ulyífipone  apud  Michaelem  Manefcal  Sanai 
Officii  Typog.  1709.  4. 

In  faufiijfimas  Nuptias  Praclarijftmi,  & 
Excellentijfimi  Domini  D.  Jofephi  Michaelis 
Joannis  de  Portugal  noni  Comitis  Vimiofenjis 
cum  clariffima  Domina  D.  Aloyjia  à  L/)tharingia 
Marchionum  Alegretenjium  filia.  Epithalamium. 
Ulyffip.  apud  Jozeph  Antonium  da  Sylva  Regia: 
AcademiíeTyp  1729  foi.  Confta  de  674.  verfos 
heróicos. 

Varias  elegias,  e  epigrammas  à  morte  do  Ex- 
cellentijfimo  Duque  do  Cadaval  D.  Nuno  Alvares 
Pereira  de  Mello.  Sahiraõ  nas  Ultimas  Acçoens 
do  mefmo  Duque.  Lisboa  na  Officina  da  Mu- 
fica  1730.  foi.  defde  pag.  319.  até  324. 

Fr.  CLEMENTE  DE  SANTO  AN- 
TÓNIO filho  de  Filippe  Serraõ,  e  Maria 
de  Macedo  naceo  em  Lisboa  onde  foy  bau- 


L  USITAN A. 


591 


tUado  a  25.  de  Doembro  de  i6oz.  Profer- 
^  o  Habito  da  Terceira  Ordem  Seráfica 
4pi  o  G>n vento  de  NoíTa  Senhora  de  JESUS 
^bfta  Corte  a  27.  de  Dezembro  de  1620.  c 
^(hidou  as  Sciencias  EfcolaíUcas,  em  o  G>1- 
^io  de  Saõ  Pedro  da  Univeríldade  de  Coim- 
1^  Pelo  grande  talento  de  que  era  ornado, 
4oy  eleito  pelos  Superiores  para  defender  na 
^liiia  Romana  hum  grave  pleito  controver- 
tido entre  a  fua  Religião,  c  a  Provincia  de 
Portugal,  querendo  cl^a  impedir,  que  os  Ter- 
ceiros ReguUures  confcriíTem  os  Hábitos  aos 
Seculares,  e  depois  de  altercada  cila  contro- 
vcrlla  pelo  cfpaço  de  muitos  annos,  deter- 
minou o  Gurdial  Francifco  Darberino,  Pro- 
icílor  da  Ordem  Seráfica,  por  fentcnça  dada 
;i  21.  de  Abril  de  1640.  que  igualmente  podef- 
icm  ambas  as  Rcligiocns  conferir  os  Hábitos 
los  Terceiros  Seculares.  Rcílituido  ao  Reyno 
i  \crcitou  os  lugares  de  Miniftro  de  dous 
c  Conventos,  Cuílodio  da  Provincia,  e  Reytor 
lio  Collegio  de  Gaimbra,  em  o  qual  antes 
de  acabar  o  governo  fallecco  a  24.  de  Mayo 
<lc  1648.  com  46.  annos  de  idade,  e  29.  de 
Religião.    Efcreveo. 

Stuceffos  memoráveis  da  Provincia  da  Terceira 
Ordem  de  Portugal.  M.  S. 

Chronica  da  Provincia  Seráfica  da  Ordem 
Terceira  da  Penitencia.  Eftava  muito  no  prin- 
cipio, e  defappareceo  com  a  fua  morte. 

Fa2  mençaõ  delle  Fr.  António  da  En- 
carnação Religiofo  da  mefma  Ordem  na 
z.  Parte  dos  Fajios  da  Provincia,  em  o  Cathalog. 
dos  Efcritores. 

Fr.  CLEMENTE  DA  CRUZ.  Na- 
ceo  em  Lisboa  a  23.  de  Novembro  de 
1685.  e  teve  por  Pays  a  Balthazar  Borges 
da  Sylva,  e  a  Maria  dos  Reys  Freyre.  Re- 
cebeo  o  Habito  Seráfico  no  Convento  de 
Santa  Maria  de  JESUS  de  Xabregas,  da 
Provincia  dos  Algarves,  a  23.  de  Feve- 
reiro de  1702.  e  profeíTou  em  dia  de  Saõ 
Mathias  do  anno  feguinte.  Depois  de  ter 
fido  Secretario  de  diverfos  Provinciaes,  foy 
Guardião  dos  Conventos  de  Sines,  Crato, 
Torraõ,  e  ultimamente  de  Saõ  Francifco 
de  Beja,  donde  paflbu  a  Vigário,  e  Con- 
feíTor  das  Religiofas  Capuchas  de  Santa 
Clara   do   Convento   de   NoíTa   Senhora   dos 


Martyres  de  SacavenL  He  Pregador  Jubi- 
lado, e  muito  fciente  em  a  Mufica,  e  naÕ 
menos  defiro  em  tocar  Orgaô. 

Traduzio  de  Caflelhano  de  Fr.  António 
de  Arbiol,  em  Portuguez. 

Novena  ejpiritiial  do  Glorio/o  Padrt  Saõ 
Diogo  de  A /ca/à  Mejire  de  Sábios,  remédio  dt 
pobres,  confo/açaõ  de  afliffdos,  e  refugfo  podtrofo 
de  pequenos,  e  glandes,  Potentados,  Príncipes, 
e  Keys.   Lisboa  na  Officina  Ferreiriana  1725.  8. 

Vida  admirave/  do  Santijftmo  Padre  Bene- 
dido  XIII.  amantijffimo  fi//)o  da  efc/arecida  Reli- 
gião de  Nojfo  Padre  SaÕ  Domingos,  extra/tida 
da  fuceJJaÕ  Pontificia,  e  pojla  na  nojja  /ingua 
vii/gar.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira  ImpreíTor 
da  SerenirTima  Rainha.  1739.  4* 

Promptmrio  de  Cerimonias,  e  Officios  Di- 
vinos de  toda  a  Semana  Santa,  com  a  Jo/fa  de  tudo 
quanto  fe  canta  nejles  dias.  M.  S.  4.  Eflà  prompto 
para  a  impreíTaõ. 

CLEMENTE  FÉLIX  Presbytero  Ulyf- 
fiponenfe,  Prothonotario  Apoílolico,  Be- 
neficiado da  Parochial  Igreja  da  Mag- 
dalena  da  fua  Pátria,  eíhidou  Direito  Ce- 
fareo  na  Academia  Conimbricenfe  em  que 
fez  exame  privado,  e  foy  hum  dos  gran- 
des Letrados  do  feu  tempo,  cuja  fciencia 
legal  admirarão  as  Cortes  de  Roma,  e  Madrid, 
e  a  noíTa,  onde  exercitou  muitos  annos  o 
Oflicio  de  Advogado,  em  o  qual  nunca  pa- 
trocinou caufa  criminal,  fendo  incorrupto 
nos  coíhimes,  fmgular  na  affebiUdade,  amante 
da  verdade,  inimigo  da  ambição,  regeitando 
lugares  honoríficos  para  os  quaes  fe  tinha 
habilitado  pelas  suas  letras.  Morreo  na  pátria 
a  31.  de  Março  de  1656.  quando  contava  75. 
annos  de  idade.  Jaz  fepultado  na  Parochia 
de  Santa  Maria  Magdalena  em  o  Cruzeiro 
ao  lado  da  Epiftola.  InlHtuhio  por  fua  herdeira 
a  NoíTa  Senhora  do  Loreto  de  quem  era 
cordial  devoto,  e  deixou  muitos  legados 
pios,  entre  os  quaes  mandou,  que  per- 
petuamente ardeíTem  dous  cirios  na  Igreja 
de  Saõ  Tiago  de  Lisboa.  Joan.  Soar.  de 
Brit.  in  Tfjeatr.  'Lufit.  Utter.  lit.  C.  n.  12. 
lhe  chama  Nominatijftmus  advocatus,  e  Ga- 
briel de  Almeyda  Informac.  por  D.  Joaõ 
JL/dZ  de  VaJconce//os,  e  Menet^es,  num  2. 
muito     douto,     e     muito     conhecido    por    fuás 


592 

Juas  letras.  Das  muitas,  e  doutiíTimas  Al- 
legaçoens  de  Direito  que  compoz,  as  que 
chegarão  à  minha  noticia,  faõ  as  feguin- 
tes: 

Informação  de  Direito  em  favor  de  Ruy 
de  Moura  Telles,  na  caufa  que  com  elle  trás 
D.  Felipa  de  Meneses,  fobre  os  morgados, 
que  vagarão  por  Álvaro  Gonfalves  de  Moura 
feu  filho,  Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck. 
1615.  4. 

Informação  de  Direito  a  favor  de  Manoel 
de  Moura  Corte  Keal,  Marque!^  de  Cajiel- 
-Rodrigo  na  caufa  que  lhe  moveo  o  Duque  de 
Alcalá  feu  cunhado.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for.  1621.  foi. 

Allegaçaõ  de  Direito,  a  favor  de  JoaÕ  Ro- 
drigues de  Vafconcellos,  e  Soufa,  Commenda- 
dor,  e  Alcaide  mór  da  Villa  do  Pombal,  na 
caufa  que  lhe  moveo  a  Condeça  da  Calheta 
D.  Maria  de  Vafconcellos,  em  que  fe  oppu- 
f^eraõ  o  Conde  da  Calheta  Joaõ  Gonfalves  da 
Camará  feu  filho,  e  o  Procurador  da  Coroa 
de  Sua  Magejiade.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for.  1629.  foi. 

Repofta  que  fe^  aos  Oppofitores  da  Ca^a 
de  Mafra,  em  favor  do  Conde  de  Figueiró 
D.  Francifco  de  Vafconcellos.  Lif  boa  por  Antó- 
nio Alvares.   1645.  foi. 

Expojiulaçaõ  Apologética,  em  defenfa  da  re- 
pojia  que  deo  aos  Oppofitores  da  Ca^a  de  Mafra 
a  favor  do  dito  Conde  de  Figueiró.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor.  1647.  foi. 

AllegaçaÕ,  na  qual  fe  mofira  por  Direito, 
por  Breves  dos  Summos  Pontífices,  por  Alvarás 
dos  Senhores  Reys,  por  fentenças  em  jui^o  con- 
tenciofo,  por  confultas  da  Me^a  da  Concien- 
cia,  pela  Regra,  Ffiatutos,  e  definiçoens  da 
Ordem,  e  por  juramento  como  o  dinheiro  dos  três 
quartos  da  Ordem  de  Chrifio,  fenaõ  pôde  gaftar 
mais  que  nas  obras,  e  fabrica  do  Convento  de  Tho- 
mar,  e  fuás  Caf^as.  Confta  de  34.  folhas.  Sahio 
efta  allegaçaõ  no  Livro  intitulado  Memorial  do 
Geral  da  Ordem  de  Chrifio,  e  dos  Religiofos  delia, 
&c.  Lif  boa  por  Manoel  da  Sylva.  1648.  foi. 

Allegaçaõ  em  favor  do  Duque  de  Aveiro 
D.  Raymundo,  contra  o  Marquei^  de  Porto- 
-Seguro.  He  allegada  por  Francifco  Valafco 
de  Gouvea,  na  AUegaçam  que  fez  a  favor 
do  dito  Duque  num.  267.  onde  o  intitula 
Jurifconfulto  doufijfimo. 


BIB  LIOTH  E CA 


Brevis  refolutio  eorum,  quce  opponuntur 
in  favorem  jurifdiãionis,  quam  Illufirijfimus 
Archiepifcopus  Ulyjftponenfis  pertendit  fibi  com- 
petere  in  Monafierio  S.  Clara  oppidi  de  Santa- 
rém ejufdem  Diacefis.  Naõ  tem  o  nome  do 
Author,  nem  anno  que  foy  certamente  1621. 
nem  lugar  da  ImpreíTaõ.  Começa:  Caufa 
de  qua  agitur.    Acaba:  Redintegrare  debere. 

Allegaçaõ  fobre  o  Morgado  da  Cav^a  de  Bel- 
las. 

Deliberatio  in  caufa  Thefauraria  majoris  Sedis 
Ulyfiiponenfis.  In  Tom.  3.  Decif.  Doâ;.  Em- 
man.  Themudo  da  Fonfeca,  Decif.  334. 

Repofta  em  nome  do  Jui:(j  e  vinte,  e  quatro 
de  Lisboa,  às  cartas  delRej  Felippe  de  31.  ár 
De:(embro  de  1631.  e  de  21.  de  Mayo,  e  z.  de 
Agofto  do  dito  anno,  fobre  quinhentos  mil  crtK^ados 
que  pedia  em  o  anno  de  1632.  M.  S.  Conferva- 
va-fe  na  Bib.  do  Cardial  de  Soufa. 

Alegacion  por  Diego  Lopes  de  Soufa,  contra 
el  Conde  de  Villa-mayor,  j  el  Duque  de  Medina 
Celi.  foi. 


CLEMENTE  FERNANDES  natu- 
ral do  Lugar  dos  Moinhos,  junto  da  Vil- 
la de  Figueiró  dos  Vinhos  do  Bifpado 
de  Coimbra.  Foy  profeíTor  de  Direito 
Canónico,  Freire  da  Ordem  Militar  de 
Chriílo,  Vigário  da  Igreja  da  Ega,  onde  | 
morreo  a  2.  de  Outubro  de  1674.  Jaz  \ 
fepultado  na  Igreja  Matriz  de  NoíTa  Se- 
nhora   da    Graça    da    dita    Villa.     Efcreveo. 

Addiçoens    à    Explicação     dos     Caf(ps    re- 
fervados,    compofta  por   Manoel   Lourenço    Soa- 
res,  a    cuja    Obra,    além   das    addiçoens   lhe  |j 
fez     hum    Index    muito     copiofo.      Lisboa    ' 
por  Henrique  Valente  de  Oliveyra.  1665.  8. 

De  Jure  acrecendi.  M.  S. 

Adágios  Moraes.  M.  S.  í 

Eftavaõ    eftes    dous    Volumes    promptos  " 
para  a  ImpreíTaõ. 

CLEMENTE  FRANCISCO  XAVIER 
Presbytero  do  habito  de  S.  Pedro  naceo 
em  Lisboa  a  23.  de  Novembro  de  1702. 
e  teve  por  Pays  a  Chriftovaõ  Alvares  da 
Sylva,  e  Urfula  Maria  Thereza.  Appli- 
cou-fe  ao  eítudo  da  lingua  Latina  em  que 
fahio  taõ  profundamente  verfado  que  abrio 


L  USITANA. 


paleílra  ncíla  Corte  para  oella  inílruir  a  mui- 
tos que  com  grande  aproveitamento  a  fre- 
quentaò.    Publicou. 

Sítíisfaçau  (iptílo^ellca  a  favor,  e  em  defenfa 
de  hum  ponto  fifatHmalico  da  doutrina  do  injig^e 
Padre  Meflre  o  minto  Reverendo  Cónego  Manoel 
de  Abrantes  impugnado  por  certo  Padre  Meftre 
dejla  Corte  de  cia  ff e  particular.  Lisboa  por  Mau- 
rício Vicente  de  y\lmeyda.  1757.  8. 

CLr.MI<NTl'    LOPES   natural   da   Villa 
de  Torres  novas  do  Arcebifpado  de  Lisboa, 
Presbytero   muito   fcientc   nos   preceitos   da 
Pocfia   principalmente   Cómica,   de   que   pu- 
blicou fem  o  feu  nome. 
Auto  do  Nacimento. 
Comedia  de  Santo  António. 
Compoz    outras    muitas    obras    poéticas 
que  naõ  lograrão  o  beneficio  da  luz  publica. 

CLEMIiNTE  RODRIGUES  MON- 
TANHA natural  de  Villa viçofa  filho  de 
Domingos  Pinheiro,  e  Izabel  Rodriguez. 
Foy  Collegial  do  Collegio  da  Purificação  de 
Évora,  em  cuja  Univerfidade  recebeo  o  gráo 
de  Meftre  em  Artes,  e  de  Bacharel  em  Theo- 
logia.  Atendendo  às  fuás  grandes  letras 
D.  Francifco  Lobo  da  Sylveira  Prior  mór 
do  Real  Convento  de  Palmella  da  Ordem 
Militar  de  Saõ-Tiago  o  admitio  a  efta  Sagrada 
Milicia  a  15.  de  Dezêbro  de  1696.  Sendo 
Beneficiado  de  S.  Sebaftiaõ  de  Setúbal  foy 
eleito  Prior  da  Parochial  Igreja  de  S.  Juliaõ 
da  mefma  Villa,  onde  exercitou  com  grande 
prudência,  e  adividade  os  lugares  de  Juiz 
da  Ordem  em  aquella  Comarca,  e  de  Comif- 
fario  do  Santo  Officio,  e  da  Bulia  da  Crufada. 
Podendo  imprimir  os  Sermoens,  que  com 
applaufo  pregou  em  diverfas  partes,  fomente 
publicou  o  feguinte. 

Sermão  nas  'Exéquias  delKey  D.  Pedro  11. 
na  Mifericordia  da  Villa  de  Setuval  em  17.  de 
Janeiro  de  1707.  Lisboa  por  Valentim  da  Cofta 
Deflandes   1707.  4. 

Epigramma  Latino  em  lotwor  de  Lou- 
renço Pire:^  Carvalho  Comiffario  Geral  da 
Bulia  da  Crufada.  Sahio  no  principio  do  i. 
Tom.  Qmft.  Sele£tar. 

CLEMENTE  RODRIGUES  MONTA- 
NHA natural  da  Villa  de  Moura  em  a  Pro- 


593 

vinda  de  Alentejo  filho  de  Bento  K^utiat 
Montanha,  e  Beatriz  Vaz,  e  Sobrinho  do 
precedente.  Recebeo  o  habito  militar  da 
Ordem  de  SaÔ-Tiago  no  Real  Convento 
de  Palmella  cabeça  defta  Sagrada  Milicia 
a  7.  de  Março  de  1712.  das  maõs  do  Prior 
mór  D.  jozé  Pereira  de  Lacerda,  que  depois 
foy  Cardial  da  Igreja  Romana.  Sendo  em 
a  Univerfidade  de  Coimbra  Collegial  do  Colle- 
gio das  Ordens  Militares  fe  applicou  ao  eíludo 
dos  Sagrados  Cânones  em  cuja  faculdade  fe 
formou  com  grande  applaufo  dos  Cathedra- 
ticos.  PoíTuindo  hum  Beneficio  úmples  na 
Igreja  de  S.  Tiago  de  Almada,  foy  provido 
em  o  Priorado  da  Igreja  da  Annunciada  da 
Villa  de  Setúbal,  onde  enche  as  obrigaçoens 
de  perfeito  Parocho.  Como  todo  o  feu  mayor 
eíludo  foy  nos  privilégios,  e  izençoens  que 
gozaõ  as  Ordens  Militares  de  Portugal, 
compoz  humas  Conclufoens  divididas  em 
quatro  Certames  que  comprehendiaõ  qua- 
trocentas queftoens  nas  quaes  fe  involvia 
tudo  quanto  diíTeraõ  os  Authores  nefta  ma- 
téria, acrecentando  com  profunda  efpecula- 
çaõ,  e  naõ  menor  engenho  novas  diíTertaçoens 
que  nunca  tinhaõ  fido  tratadas,  e  as  publicou 
com  eíle  titulo. 

Pro  primo  Togatce  militia  certamine  fubeundo, 
litterata,  ó^  armata  Palladis  Theoremata  de 
Exclefia  Militante  ab  injuria  temporum  trium- 
phante,  feu  de  Ordinibus  Militaribus  Lufitanis. 
Conimbricíe  ex  Typog.  Regai.  Art.  Colleg. 
1720.  4. 

COLLEGIO  DE  COIMBRA  DA  COM- 
PANHIA DE  JESU  Primogénito,  ou  Primar^^ 
como  o  intitula  o  P.  Balthezar  Tellez  Cbron.  da 
Companh.  da  Prov.  de  Portug.  Tom.  i.  Liv.  2. 
cap.  20.  de  todos  quantos  tem  eíla  doutiíTima 
Familia  em  o  Mundo,  foy  fundado  pela  Real 
magnificência  delRey  D.  Joaõ  o  III.  Lan- 
çoulhe  a  primeira  pedra  em  14.  de  Abril 
de  1547.  o  P.  Simaõ  Rodrigues  Fundador 
defta  Provinda,  e  Companheiro  de  Santo 
Ignacio,  que  nefte  tempo  era  Meftre  do  Prin- 
cepe  D.  Joaõ  fendo  os  Religiofos  que  mais 
fe  diftinguiraõ  em  abrir  os  aliceíles  para  a. 
nova  fabrica,  D.  Gonçalo  da  Sylveira  filho 
do  Conde  da  Sortelha,  D.  Rodrigo  de  Me- 
nezes  filho   do   Regedor   da   Cafa   do   Qvel, 


43 


594 


BIBLIOTHECA 


D.  Leaõ  Henriques  filho  de  D.  Joaõ  Henri- 
ques, Luiz  Gonçalves  da  Camará  irmaõ  do 
Conde  da  Calheta,  D.  Ignacio  de  Azevedo 
irmaõ  de  D.  Jeronymo  de  Azevedo  Vice-Rey 
da  índia,  e  Manoel  da  Nóbrega  Sobrinho  do 
Chanceller  mór  do  Reyno.  Com  o  tempo  foy 
crecendo  o  edifício  a  taõ  larga  extenfaõ  como 
era  o  efpirito  do  Real  Fundador,  aggregan- 
dolhe  o  Collegio  das  Efcolas  Menores  que  era 
da  Univerfídade  do  qual  tomou  poíTe  o  Provin- 
cial Diogo  Miraõ  das  maõs  do  Reytor  Diogo 
de  Teyve  celebre  profeíTor  de  Letras  humanas 
em  o  primeiro  de  Outubro  de  1555.  Foraõ  os 
primeiros  Meílres,  que  fubílituhiraõ  aos  Secu- 
lares o  P.  Marçal  Vaz  do  primeiro  Curfo  de 
Filofofia;  do  fegundo  o  P.  Jorge  Serraõ;  do  3. 
o  P.  Pedro  da  Fonfeca  conhecido  pela  antono- 
mafia  de  Ariftoteles  L.ujifano,  e  por  fubíUtuto  o 
P.  Sebaíliaõ  de  Moraes  que  depois  foy  Bifpo 
do  Japaõ.  Para  Meílres  da  lingua  Latina,  e 
Rhetorica  os  Padres  Cypriano  Soares,  e  Pedro 
Perpinhaõ,  e  para  Subftituto  das  letras  huma- 
nas o  P.  Manoel  Alvarez  Author  da  Arte  da 
Grammatica.  He  habitado  de  duzentos  Reli- 
giofos  para  cuja  fuftentaçaõ  tem  annexas  ren- 
das fufficientes.  Occupaõ  vinte,  e  duas 
ClaíTes  as  Faculdades  que  nella  fe  dictaõ 
fendo  onze  de  Latim,  Rhetorica,  e  Letras 
humanas;  quatro  de  Filofofia;  e  huma  da 
lingua  Grega,  e  Hebraica,  cujos  eílipendios 
paga  a  Univerfidade.  Duas  Cadeiras  de  Theo- 
logia  Moral  por  conta  do  Bifpo  de  Coim- 
bra. Três  de  Theologia  Efpeculativa,  e  huma 
da  Sagrada  Efcritura  para  enfinar  os  do- 
mefticos,  as  quaes  naõ  faõ  publicas  como  as 
outras  de  que  fe  fez  mençaõ.  Para  eterna 
recomendação  de  taõ  infigne  Collegio,  e  da 
profunda  f ciência  que  nelle  fe  profefla, 
feja  baftante  teftemunho  a  obra  que  publicou 
com  o  titulo  de  Curjus  Conimbricenjts  o  qual  he 
exaltado  com  grandes  elogios  de  graves  Efcri- 
tores,  como  faõ  o  P.  António  PoíTevino  in 
Bib.  Sele£i.  lib.  i.  cap.  5.  Colkgium  Societatis 
noftriz  Conimhricenje  in  L.ujifania  Philofophia 
curriculum  novijfime  edidif,  qui  nefcio,  an 
quidquam  vel  acriori  judicio,  vel  aptiore  dicen- 
di,  vel  jinceriori  philojophandi  genere  unquam 
ad  nos  manarit.  Emman.  dos  Reys  Tavar. 
de  duob.  magn.  Art.  Med.  auxil.  pag.  314. 
Conimhricenjes     communes     Magijlros.      Duart. 


Madeir.  Nova  Philof.  i.  Part.  difp.  i. 
Seâ.  3.  n.  6.  Omnium  fere  receniium  Philo- 
Jophorum  Magiftrum.  Suar.  Lufit.  in  Praf. 
Curf.  Philof.  ad  Leâ:.  Curfus  PP.  Conimhricen- 
fium,  qui  cum  eruditionis  laude  tum  miri  flyli 
elegantia  tofius  orbis  plaufum  concitarunt:  o 
grande  Martim  Afpilcueta  Navarro  na  Dedica- 
tória que  lhe  fez  na  Relação  Sup.  Cap.  Ita  quo- 
rumdam  de  Judais.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
'Lufit.  L.itter.  lit.  C.  n.  13.  Keligione,  pietate, 
et  doãrina  celeberrimum.  D.  Nicol.  de  Santa 
Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Keg.  Liv.  10.  cap.  6. 
n.  II.  O  major  Collegio  que  tem  a  Companhia 
Maced.  Lufit.  Uberat.  Lib.  3.  cap.  3.  n.  26. 
Clariffimum  Collegium,  Bib.  Societ.  pag.  155. 
ut  nullum  par  illi  habuerit  Societas.  Taxand.  in 
Cathal.  Ciar.  Hifp.  Script.  Draudius  in  Bib. 
Claffic.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  196. 
Franco  Imag.  do  Nov.  da  Companh.  de  Coimb. 
Tom.  2.  pag.  614.  Publicou  em  feu  nome 
fendo  obra  dos  PP.  Manoel  de  Góes,  Sebaíliaõ 
do  Couto,  e  Balthezar  Alvares,  como  em  feus 
lugares  fe  verá. 

Collegii  Conimbricenfis  Lógica,  feu  in  Univer- 
fam  Dialeãicam.  Conimbricas  apud  Didàcum 
Gomes  de  Loureiro  1606.  4.  Eíla  he  a  primeira 
impreííaõ,  a  qual  fahio  contra  a  que  fe  tinha 
publicado  em  Hamburgo  apud  Frobenium 
1604.  com  o  nome  do  Collegio  de  Coimbra 
indigna  certamente  de  tal  nome  como  adverte 
a  Bib.  Societ.  e  Franco  no  lugar  aíTima  allegado. 
Depois  foy  reimpreíTa  Lugd.  apud  Horatium 
Cardon.  1607.  4.  Colónias  apud  Greven- 
bruch.  1607.  4.  e  Venetiis  apud  Andream 
Baba.  161 6.  4. 

Curfus  Conimbricenfis  in  Oão  libros  Phy- 
ficorum.  Coloniae  fumptibus  Lazari  Retz- 
neri  1599.  4.  Lugd.  Sumptibus  Joannis 
Baptifbe  Buyífen.  1594.  4.  &  Coloniae  1596. 
4.    Lugd.    apud   Joan.   Phillehote.    1602.   4. 

Curfus  Conimbricenfis  in  quattuor  libros  de 
Calo,  Metereologicos,  et  parva  naturalia.  Colo- 
niae apud  Lazarum  Retznerum  1596.  &  ibi 
per  eumdem.  1599.  &  ibi.  163 1.  Venetiis 
apud  Jacobum  Vincentium,  &  Recciardum 
Amadinum  1606.  4. 

Curfus  Conimbricenfis  in  duos  libros  de  Gene- 
ratione,  et  Corruptione.  Conimbricae  apud  An- 
tonium  Maris.  1597.  4.  &  Moguntiae  per 
Joannem  Albinum  1600.  4. 


L  USITAN A. 


Cttrjus  Conimhricenfis  i»  Anima,  Ulyfli- 
pone  apud  Antonium  Mariz.  1598.  4.  Colonisc 
apud  Laxarum  Rctxnerum.  160).  4.  Vcnetiis 
apud  Jacobum  Vinccntium.  &  Recciardum 
Amadinum.  1606.  4.  Lugd.  1627.  4.  & 
Argentorati.  1627.  4. 

Curftés  Conimhrmnfis  in  Ubros  Ethicorum, 
Vcnetiis  apud  junébs.  1595.  4. 

Lséjitama  Coronata  fub  ftlUi  Sereniffimi, 
Au^jlijfimiqm  Keffs  Joamis  V,  reiítmndi  inau- 
fftrafione  duplici  fcUicet  corona;  una  priorum 
Kegum  virtuíibus,  «>•  fanguine  rubt/centi,  altera 
aftrorum  luminibiis  wterpim£ía.  UlyíTjponc  apud 
Valcntinum  da  Q)fta  Deslandes  Typ.  Rcg. 
1708.  4.  Coníla  de  vários  géneros  de  verfos 
Latinos. 

Concors  difcordia,  Jive  amicum  de  gloria  pri- 
mahi  dijftdium  Cajlilionem  inter,  €>•  Kojlkovam 
fortunatijfimas  SS,  Alqyjii  Gonv^aga,  ó*  Stanislai 
Koftkm  Soe.  JES.  pátrias  in  eorum  apotheofi  tri- 
plici  cómica  Actionis  aãu  circunjcriptum.  Datum 
puhlice  in  Theatro  à  Rhetorica  Vrofefforibus  in 
Kegal.  Artium  Collegio  Conimbricenji  ejufdem 
Societatis.  Conimbricx  ex  Typ.  Reg.  Artium 
CoUcg.  1727.  4. 

COLLEGIO  DE  ÉVORA  DA  COM- 
PANHIA DE  JESUS,  cujo  tutelar  he 
o  Efpirito  Santo,  deve  a  fua  fundação 
ao  real,  e  piedofo  animo  do  Cardial  D. 
Henrique,  em  o  anno  de  15  51.  Abri- 
raõ-fe  as  fuás  Efcolas  em  28.  de  Agofto 
de  1553.  e  em  taõ  plaujQvel  afto,  orou 
eloquentemente  o  P.  Pedro  Perpinhaõ, 
tendo  por  ouvintes  ao  Real  Fundador,  e 
toda  a  Nobreza  de  Évora.  Coníiderando 
o  Cardial  Infante  o  grande  fruto,  que  fa- 
ziaõ  os  novos  Meftres  que  fomente  liaõ 
Theologia  Moral,  e  letras  humanas,  fe 
refolveo  a  erigir  huma  Univerfídade,  que 
competiíTe  com  a  de  Coimbra,  cuja  idéa 
foy  fortemente  contrariada  pela  Academia 
Conimbricenfe,  de  que  era  fautor  ElRey 
D.  Joaõ  o  III.  até  que  por  morte  defte 
Princepe  fe  facilitou  o  intento  do  Cardial 
alcançando  da  Santidade  de  Paulo  IV.  hu- 
ma Bulia  expedida  em  18.  de  Setembro  de 
1558.  pela  qual  fe  erigio  a  nova  Univer- 
lidade,  em  que  fe  eaGnariaõ  as  Sciencias 
Sagradas,    excepto    Direito    Gvil,    e  Cano- 


595 

nico  00  foro  contendoro,  e  Medicina,  e  tt 
giAdua/íem  nella  Bacharéis,  Lioendadot,  e 
Doutores.  Os  primeiros  Meíbes  que  teve 
fotaõ  Pedro  Paialo  Ferrer,  e  Femaõ  Pe- 
res, diícipulos  do  apoftolico  eTpiríto  do 
Venerável  Padre  JoaÕ  de  Ávila,  manda- 
dos de  Caftella  por  SaÕ  Francifco  de  Borja 
à  inílancia  do  Gurdial  D.  Henrique.  A  ef- 
tes  fe  feguiraõ  outros  famofos,  que  flore- 
oeraõ  nas  mayores  Sdendas,  íendo  os  prin- 
dpaes  aquelles  dous  Oráculos  de  Filofoâa, 
e  Theologia  Pedro  da  Foníeca,  e  Luiz  de 
Molina.  O  numero  de  Religiofos,  que  habí- 
taõ  eíle  Collegio,  chega  a  duzentos,  onde  fe 
lem  três  Cadeiras  de  Theologia  Efcholaâica, 
huma  da  Pofitiva,  duas  de  Moral;  quatro  de 
Filofoíia,  huma  de  Mathematica,  duas  de  Rhe- 
torica, duas  de  Letras  Humanas,  quatro  de 
Grammatica,  e  duas  para  enílnar  aos  meninos 
os  primeiros  rudimentos.  O  Reytor  que  tam- 
bém he  do  Collegio,  he  fenhor  da  Villa  do 
Monte  Agraço,  D.  Abbade  do  Mofteiro  de 
PaíTo  de  Soufa  no  Bifpado  do  Porto,  Prior 
do  Mofteiro  de  Saõ  Jorge  junto  a  Coim- 
bra, e  Conigo  da  Sé  de  Évora.  Goza  efta 
Univeríidade  de  todos  os  privilégios,  e  izen- 
çoens  que  poíTue  a  de  Coimbra,  por  Alvará 
delRey  D.  Sebaftiaõ  expedido  a  4.  de  Abril  de 
1562.  Fazem  memoria  illuftre  delia  Bib.  Societ. 
pag.  181.  Jacob.  Menet.  de  EJbora  Mtmicip. 
Middendorp.  de  Academ.  Lib.  7.  Fonfeca 
Êfor.  Glorio/,  pag.  416.  Franco  Imag.  da  Virtud. 
em  o  Nov.  de  Bvor.  Liv.  i.  cap.  i.  e  na  Prac£ 
Annal.  S.  J.  in  'Lufit.  Barbof.  Mem.  delKey  D. 
Seb.  Part.  i.  Liv.  i.  cap.  9.  Telles  Cbron. 
da  Comp.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2. 
Liv.  5.  cap.  19.  Em  remuneração  do  ex- 
ceíTivo  affefto  com  que  o  Cardial  D.  Hen- 
rique fe  moftrou  profuzamente  benéfico  para 
efte  Collegio,  traduzirão  os  feus  alumnos 
as  Meditaçoens  do  mefmo  Cardial  em  a  hn- 
gua  Latina,  com  mais  elegância  do  que  as 
tinha  vertido  em  o  mefmo  idioma  Fr.  Antó- 
nio de  Sena  da  Ordem  dos  Pregadores. 
Sahiraõ  com  efte  titulo : 

Meditationes,  ^  homilia  in  aliquot  myfteria 
Salvatoris,  (ò"  in  nonnulla  Evangelii  loca  quas  Jibi 
privatim  conjcripjit  Serenijfimus,  (&  Keverendijji- 
mus  Cardinalis  D.  Henricus  potentijftmi ,  Ó'  in- 
viãijjimi  Emmanuelis  quondam  Vortugallia  Re^s 


596 


BIB  LIO  TH  E  CA 


filius.  UlyíTipone  apud  Francifcum  Corrêa. 
1576.   12. 

Quando  a  Sereniflíma  Senhora  D.  Catha- 
rina  Rainha  da  Graõ-Bretanha  fe  reftituhio 
a  efte  Reyno  em  o  anno  de  1699.  celebrou 
a  fua  vinda  eíle  CoUegio  com  huma  magnifica 
Tragedia  da  qual  publicou  o  feu  argumento 
neíla  forma: 

Agilulphus  Serenijfima,  <â>°  Augujlijfima  Magna 
BritanicB  extraãus  Dramatis  Tragicomici  ah  Acade- 
mia Eborenjí  in  CoUegio  S.  J.  Eborae  Ex  typog. 
Academiae.  1699.  4. 

COLLEGIO  DE  LISBOA  DA  COMPA- 
NHIA DE  JESUS,  intitulado  de  Santo  Antaõ, 
teve  o  feu  principio  no  Convento  que  foy 
dos  Religiofos  defte  Santo,  fituado  na  raiz 
do  monte  do  Caílello  defta  Cidade,  o  qual 
agora  he  habitado  pelos  Erimitas  de  Santo 
Agoítinho.  Entrou  neíla  Caza  com  titulo  de 
Reíidencia  o  P.  Simaõ  Rodrigues  a  5.  de 
Janeiro  de  1542.  com  os  Padres  Gonçalo  de 
Medeiros,  e  Bernardino  Efcalceato.  Paífados 
dez  annos,  conhecendo  Santo  Ignacio  o 
fruto  que  prometia  em  obfequio  dos  pró- 
ximos eíla  nova  habitação  a  nomeou  Col- 
legio,  aíTinando-lhe  por  primeiro  Reytor 
ao  Venerável  P.  Ignacio  de  Azevedo,  mais 
illuílre,  pelo  fangue  derramado  por  Chrifto, 
que  pelo  que  herdou  de  feus  nobres  Progeni- 
tores. Abriraõ-fe  as  Efcolas,  em  o  primeiro 
de  Outubro  de  1552.  que  foraõ  as  primeiras 
que  teve  a  Companhia  nefte  Reyno,  fendo 
Meftre  de  Rhetorica  o  P.  Cypriano  Soares,  pe- 
rito nas  linguas  Latina,  e  Grega;  de  Humani- 
dades o  P.  Joaõ  Perpinhaõ,  orador  eloquen- 
tiíTimo;  de  Gramática  o  P.  Manoel  Alvares, 
cuja  Arte  he  a  Meftra  univerfal  em  diverfos 
Reynos;  de  Theologia  Moral  o  P.  Francifco 
Rodrigues,  que  também  explicava  a  Ef- 
fera  por  fer  muito  verfado  em  as  difcipli- 
nas  Mathematicas.  A  grande  inclinação, 
que  o  Cardial  D.  Henrique  tinha  aos  Pa- 
dres Jefuitas,  o  eftimulou  a  fundar-lhe  Col- 
legio  em  Lisboa,  depois  de  lhe  ter  funda- 
do a  Univeríidade  em  Évora,  e  julgando 
o  lugar  em  que  aíTiftiaõ,  fer  limitado  para 
a  fabrica  que  ideava,  fe  elegeo  o  íitio 
em  que  hoje  exiíle,  aífinando-lhe  para  fuf- 
tentaçaõ   dos  feus  moradores  por  Bulia   de 


Saõ  Pio  V.  paflada  a  18.  de  Janeiro  de  1567. 
naõ  fomente  o  rendimento  da  Igreja  de 
NoíTa  Senhora  da  Serra  da  Enxara  do  Bifpo, 
e  da  Terça  da  Collegiada  de  Ourem  feparada 
da  Meza  Archiepifcopal,  mas  alcançou  de 
feu  Sobrinho  o  SereniíTimo  Rey  D.  Sebaftiaõ, 
por  Alvará  dado  a  10.  de  Janeiro  de  1574. 
pagarem  aquelles  que  defpachaíTem  na  Caza 
da  índia  de  cada  quintal  de  pimenta  cincoenta 
reis,  e  de  cada  quintal  de  canela,  cravo,  gen- 
givre,  MaíTa,  Noz  mofcada.  Anil,  e  Lacre 
cem  reis  para  rendimento  do  novo  CoUegio. 
Vencidas  muitas  controverfias  fe  deo  prin- 
cipio ao  CoUegio  a  11.  de  Março  de  1579. 
para  o  qual  fe  fez  mudança  do  antigo  a  8. 
de  Novembro  de  1593.  He  dos  magefto- 
fos  edifícios  que  ennobrecem  eíla  Corte, 
cujo  Templo  he  dos  mais  magníficos  que 
nella  fe  admiraõ,  de  que  foy  fundadora  a 
generofa  piedade  da  Condeça  de  Linhares 
D.  Filippa  de  Sà,  filha  de  Mendo  de  Sà, 
Terceiro  Governador  do  Eílado  do  Bra- 
zil,  ao  qual  fe  lançou  a  primeira  pedra  em 
o  primeiro  de  Janeiro  de  161 3.  As  Claffes 
que  tem,  faõ  cinco  de  Gramática,  duas  de 
Rhetorica,  duas  de  Humanidades,  duas  de 
Filofofia,  huma  de  Mathematica^  duas  de 
Theologia  Efpeculativa,  e  huma  de  Moral. 
Publicou. 

Tergemina  Auftriaca  Aquilce  corona,  five 
Sanãus  'Leopoldus  Aufiriaciis  Cupidinis,  Hojiiíwi, 
<&  fui  ter  viãor.  Triplici  comece  aãionis  aãu 
proclamatus  in  plaufu  nuptiali  Auguftijfimarum 
Majejlatum  Joannis  V.  Vortugallice,  ac  Algar- 
hiorum  ^egis,  <&  Mariance  Aujlriacce  'L.eopoldi 
magni  filia.  Ulyffipone  apud  Valentinum  à 
Coíla  Deflandes.  1709.  4. 

R(?g/íZ  Epirotarum  Principis  gemma,  in  qua 
novem  Muja,  (0°  Apollo  cjtharam  tenens  fpecta- 
hantur  non  artis  fed  natura  indufiria  ita  dij- 
currentihus  maculis,  ut  fingula  Mujarum  Oficia 
per  injignia  difcriminarent,  five  pracellentijfima 
Gemmarum  gemma,  qua  calum  donavit,  ac 
ditavit  D.  D.  Jofephum  Serenijfimum  Bra- 
filia  Vrincipem,  id  efi  D.  D.  Maria  Anna 
Viãoria  Serenijfimo  I^ufitanorum  Principi 
in  mairimonium  calo  aufpice  tradita,  cujus 
obfequio  Ulyjfiponenfis  Collegii  D.  Antonii 
Magni  S.  J.  fuum  fingula  mwius  Mufa  attempe- 
rant.  O.    V.   C.    UlyíTipone  apud  Jofephum 


!i 


L  USITANA. 


I  i 


<í 


Antonium  da  Sylva  Regue  Acadcmix.  Typ. 
1729.  8. 

Lufi/ania  augmentum  viÚoria  coronalum  Trí- 
plià  Dramáticos  aílionis  a£íu  circmjcriplum  in 
plauju  mptiali  Serenijftmorum  Principum  D,  D. 
Jofiphi  hrafilia  Principis,  &  D.  D.  Maria 
Attna  Vitoria  Catholici  Reí^is  Philippi  V.  fiJice 
tottflafuM  in  debiii  obfeqtm  Officina  PP,  Wj/- 
fponenfis  ColUffi  D.  Antonii  Maffti  S.  J.  Ulyf- 
fiponc  per  eumdem  Typ.  1729.  4. 

P.  CONSTANTINO  BARRETO  natu- 
ral da  Villa  de  Gintanhcdc  na  Província  da 
Hcira  do  Bifpado  de  Coimbra,  filho  de  Thomé 
{'fancifco  Xiílo,  e  de  Maria  Rodrigues,  e 
irmaõ  naõ  fomente  pela  natureza,  mas  pelo 
Inflituto  Rcligiofo  do  P.  Gregório  Barreto, 
lie  quem  faremos  menção  em  feu  lugar.  Na 
tenra  idade  de  16.  annos  entrou  em  a  Com- 
panhia de  JESUS  a  18.  de  Abril  de  1691. 
onde  depois  de  eíludar  Filofofia,  e  Theologia, 
leu  Humanidades  em  o  Collegio  de  Coimbra. 
Foy  mandado  a  Roma  para  fer  Peniten- 
ciciro  na  Bafilica  de  Saõ  Pedro,  donde  vol- 
tando foy  Reytor  do  Collegio  de  Setúbal. 
Compoz. 

Exercidos  efpirituaes  do  maravilho/o  Patriar- 

fòa  Santo  Inácio  de  Ijyyola,  redic^idos  a  huma 

^  f emana,  e  acomodados  a  toda  a  forte  de  pejjoas, 

particularmente  Keligiofas.    Lisboa  na  Officina 

•daMuíica.  1726.  8. 

D.  CONSTANTINO  DE  SA*,  E  NO- 
RONHA. Naceo  em  Lisboa,  em  o  anno 
de  1586.  para  immortal  credito  affim  da 
Pátria  que  lhe  deo  o  berço,  como  da 
Illuílre  Caza  de  que  defcendia.  Por  morte 
de  feu  Pay  Martim  Lourenço  de  Sá,  e  Me- 
nezes celebre  Fronteiro  em  a  Praça  de 
Ceuta,  que  intempeftivamente  morreo  na 
florente  idade  de  trinta  annos,  foy  educa- 
do por  feu  Avo  Francifco  de  Sá  de  Me- 
nezes, cujo  nome  fera  fempre  refpeitado 
pelas  heróicas  façanhas,  que  obrou  no 
Oriente,  e  com  a  inftrucçaõ  de  taõ  grande 
Cavalhero,  fahio  difciplinado  em  aquel- 
las  artes  dignas  do  feu  nacimento.  Depois 
de  fe  applicar  ao  eíhido  da  lingua  Latina, 
e  Humanidades,  no  Collegio  de  Santo 
Antaõ  dos  Padres  Jefuitas,  levado  do  génio 


597 

que  tinha  para  as  Armas,  deixou  as  Letras,. 
ttnào  o  feu  mayor  diívelo  defprezar  a  fa- 
zenda, para  confeguir  a  honra.  Quando 
contava  18.  annos  fe  defpozou  com  D.  Luiza 
da  Sylva,  filha  de  Duarte  de  Mello  da  Sylva 
fexto  Senhor  de  PovoUde,  e  Caílroverde,  c 
de  D.  Margarida  de  Mendonça,  filha  de  D. 
Duarte  da  Coíla  Armeíro  mór  do  Reyno» 
e  preferindo  com  huma  heróica  refoluçu> 
os  perigos  da  guerra  às  delicias  do  thalamo, 
fe  embarcou  em  o  primeiro  anno  de  cazado 
em  huma  Armada,  onde  contrahio  huma 
grave  infermidade,  que  o  teve  quazi  três 
annos  inhabil  para  os  exerdcios  militares,  que 
felizmente  profeguio  em  a  Praça  de  Mazagaõ, 
quando  a  governava  Henrique  Corrêa  da 
Sylva,  deixando  nella  do  feu  valor  aíTmalados- 
argumentos.  Chegado  o  mez  de  Março  de 
1614.  fe  refolveo  a  ennobrecer  a  Aíia  com  a& 
fuás  açoens,  aíTim  como  tinha  illuílrado  a 
Africa,  e  partindo  na  Almiranta  de  que  era 
Capitão  Paulo  Rangel  de  Caftellobranco,  com 
outros  Fidalgos,  naõ  podendo  ferrar  Goa,. 
chegou  à  Ilha  de  Mombaça,  e  delia  arribou 
a  Cidade  de  Magadaxó  fituada  na  Coíla  da 
Etiópia,  donde  depois  de  ter  difpendido  em 
foccorro  dos  Soldados  tudo  quanto  levava, 
entrou  em  Goa  no  anno  de  161 5.  em  que  era 
Vice-Rey  do  Eftado,  D.  Jeronymo  de  Aze- 
vedo. Nefte  empório  do  Oriente  fenaõ  deixou 
inficionar  com  os  vicios,  que  licenciofamente 
nelle  dominavaõ,  fugindo  com  cautela  daquel- 
las  occafioens,  em  que  podia  perigar  a  conti- 
nência, e  conciliando  com  a  fua  natural 
benevolência,  e  profiiza  liberalidade  os  cora- 
çoens  de  todos.  Depois  de  concluir 
felizmente  varias  expediçoens  navaes,  foy 
nomeado  Capitão  General  da  Coíla  de  Co- 
morim,  reduzindo  a  obediência  do  Ef- 
tado  a  elRey  de  Porca,  que  havia  quator- 
ze  annos  que  delle  fe  rebellara,  entregan- 
dolhe  eíle  Princepe  em  linal  da  fua  recon- 
ciliação dous  Parós,  que  fe  tinhaõ  ampa- 
rado nos  feus  portos.  Succedendo  no  Vi- 
ce-Reynado  da  índia  a  D.  Jeronymo  de 
Azevedo,  o  Conde  de  Redondo  D.  Fran- 
cifco Coutinho,  a  primeira  açaõ  que 
obrou,  foy  nomeallo  Governador,  e  Ca- 
pitão General  da  Ilha  de  Ceylaõ,  para  que 
com  a  fua  prudência,   e  valor  a   defendef- 


SçS 

fe  de  todos  os  Potentados  da  Aíia,  que  ambi- 
ciofamente  pertendiaõ  fenhorealla.  Nefte 
governo  manifeítou  os  infignes  dotes  de  que 
era  ornado  o  feu  efpirito,  inveíligando  com 
prudente  aftucia  a  potencia  dos  feus  confinan- 
tes, deílruindo  ao  infiel  Madune,  com  morte 
de  outo  mil  Chingalás,  e  levantando  as  Fortale- 
zas de  Sufragan  em  o  Reyno  das  fette  Corlas, 
■e  a  de  Gale  para  confervaçaõ  da  Ilha  que  gover- 
nava. Naõ  foraõ  menos  gloriofas  as  proezas 
que  obrou  em  Jafanapataõ,  derrotando  por 
duas  vezes  ao  tyranno  Chingali,  colligado  com  o 
Nayque  de  Tangaor,  e  defcercando  a  Fortaleza 
de  Manar,  e  para  que  ao  mefmo  tempo  exten- 
deíTe  o  Império  de  Chriílo,  com  o  do  Eftado, 
«rigio  mais  de  quarenta  Templos,  cuja  admi- 
niftraçaõ  commetteo  aos  Religiofos  de  Saõ 
Francifco,  e  da  Companhia  de  JESUS,  os 
quaes  com  apoíloUco  zelo,  agregarão  mais 
de  cem  mil  almas  ao  grémio  da  Igreja.  Sendo 
reftituido  em  o  anno  de  1623.  pelo  Vice- 
E.ey  D.  Francifco  da  Gama,  Conde  da  Vidi- 
gueira, ao  Governo  da  Ilha  de  Ceilaõ,  de  que 
injufbamente  o  privara  Fernando  de  Albu- 
querque, foy  nelle  recebido  com  publicas 
acclamaçoens.  Para  reprimir  a  potencia  del- 
Rey  de  Candea  fundou  huma  Fortaleza 
em  o  Reyno  de  Triquilimale,  fobre  as  cinzas 
de  hum  famofo  Pagode,  muito  venerado 
pela  fuperíliçaõ  dos  bárbaros;  fortificou  a 
de  Gale;  erigio  outra  na  Ilha  de  Cardiva, 
«  reparou  a  de  Columbo.  Perfuadido  de  que 
a  comunicação  dos  Mouros  inficionava  aos 
naturaes  de  Ceylaõ,  os  expulfou  no  anno 
de  1626.  extirpando  taõ  perniciofa  zizania 
que  impedia  fruíHficar  as  novas  plantas  do 
Chriftianifmo,  por  cuja  acçaõ  mereceo  eter- 
nos applaufos  o  feu  catholico  zelo.  Ha- 
vendo por  diverfas  vezes  triumfado  das  ca- 
viUaçoens  delRey  de  Candea,  receando  eíle 
bárbaro,  que  o  feu  Reyno  folie  defpojo 
das  armas  Portuguezas,  lhe  pedio  com 
aftuta  diflimulaçaõ  pazes,  em  quanto 
maquinava  huma  conjuração  contra  D. 
Conftantino,  a  qual  teve  fatal  eífeito, 
quando  refoluto  eíle  grande  Heroe  entrou 
armado  em  Columbo,  para  extinguir  a  me- 
moria de  inimigo  taõ  pérfido,  como  orgu- 
Ihofo.  Travou-fe  o  conflito  defronte  da 
Cidade  de  Rutile,  e  ainda  que  os  inimigos 


BIBLIO THE  CA 


eraõ  em  numero  muito  fuperiores  aos  noflbs, 
certamente  feriaõ  deílroçados,  fenaõ  foíTem 
foccorridos  pelos  Chingalás,  que  perfidamente 
fe  rebellaraõ  contra  os  Portuguezes,  cujas 
bandeiras  até  aquelle  inílante  feguiaõ.  Vendo 
o  noíTo  General,  que  era  infallivel  a  derrota 
inflamado  com  efpiritos  novos  fe  refolveo 
acabar  gloriofamente  entre  os  feus  Soldados, 
e  abrindo  com  a  efpada  caminho  para  a  immor- 
talidade,  depois  de  ter  mortos  feílenta  bárba- 
ros, fendo  atraveflado  com  duas  balas  pelo 
peito,  e  com  huma  fetta  pela  tella  voou  a 
coroarfe  no  celeftial  Capitólio  a  20.  de  Agof- 
to  de  1630.  quando  contava  a  varonil  idade 
de  quarenta  e  quatro  annos.  Foy  univerCd- 
mente  lamentado  o  trágico  fim  deiie  infigne 
Heróe,  digno  de  immortal  fama  pelas  virtudes 
moraes,  e  politicas,  que  exercitou  em  todo  o 
tempo  do  feu  governo,  as  quaes  elegantemente 
defcreveo  feu  filho  Joaõ  Rodrigues  de  Sá, 
e  Menezes,  em  o  Livro  que  compoz,  intitu- 
lado Kebelion  de  Ceylatj,  y  los  progrejfos  de  Ju 
Conquijla,  do  qual  tranfcreveremos  eílas 
palavras  para  que  lhe  firvaõ  de  honorifi- 
co epitáfio  às  fuás  cinzas.  Era  muj  ChriJ- 
tiano,  verdadero,  liberal,  fácil,  apa:(ible,  dij- 
creto,  prudente,  limpio,  Jin  interes,  ni  cor- 
eia, ambiciojo  Joio  de  Ju  honra,  y  Jobre  todo 
de  Jumma  bondad,  y  muy  f^elojo  dei  augmento 
de  la  Keligion,  y  dei  Jervicio  delRey  en  que 
hi^o  fine:(as  pouco  acojlumbradas  de  otros 
Juditos;  anadiale  rejpeto,  autoridad,  y  ejlima- 
cion  de  grande  ornamento  a  los  dotes  dei  animo 
la  gallarda  dijpojicion  dei  talle,  y  Jorma  con- 
veniente dei  cuerpo,  la  ejlatura  grande,  y  ro- 
bujia,  Jenblante  alegre,  y  varonil,  Jortak^a 
natural,  y  de  muchas  Juerças,  y  de  Jalud  en- 
tera...  Varon  Jin  duda  g-ande,  y  compara- 
ble  aios  mayores,  que  celebran  nuejlras  hijlo- 
rias  dei  Afia  igualando  en  la  dijciplina,  y 
virtud  militar  a  todos,  excedio  a  muchos 
en  la  conjlancia,  valor,  y  prudência  con  que 
Je  porto  en  la  pa:(j  y  en  la  guerra  Jujien- 
tando  la  reputacion  Portugues^a  quando  màs 
caida  ejlava,  &c.  Defte  Heróe  faz  men- 
ção D.  Luiz  de  Salazar,  e  Caílr.  Hiji.  da 
Ca^.  de  Sylva.  Part.  2.  Liv.  12.  cap.  25. 
Efcreveo. 

Dejcripçaõ     dos      Rios,      Plantas,      Portos 
do    mar,    e   Jorma    da    Fortificação    da    Ilha 


L  USITANA. 


599 


de  CeilaÕ  enviada  a  Portugal  em  o  anno  de  1624. 
com  as  Vortalev^as  exceileníemenfe  delineadas. 
IVÍ.  S.  4.  Coníerva-re  na  Bibliotheca  delRey 
Católico,  como  aflirma  o  moderno  addicio- 
nador  da  tíib.  Orient.  de  Ant.  de  Leaõ  Tom.  1. 
Tit.  14.  col.  479. 

Fr.  CONSTANTINO  DE  SAMPAYO 
natural  do  lugar  de  Freches  no  termo  da  Villa 
de  Trancofo.  Foy  admitido  á  Monaílica  Con- 
gregação de  Ciíler  no  Convento  de  Santa  Maria 
de  Salccdas,  a  qual  illuftrou  como  Mcftre,  c 
como  Prelado.  Depois  de  receber  o  gráo  de 
Doutor  cm  a  Univerfidade  de  Coimbra,  e  fcr 
Definidor  da  Ordem,  e  Secretario  do  Geral 
Fr.  Lourenço  Botelho,  foy  eleito  Abbade 
do  Convento  do  Defterro  em  o  anno  de  1660. 
donde  fubio  a  Geral  de  toda  a  Congregação 
cm  o  anno  de  1669.  deixando  eternizada  a 
memoria  do  feu  governo  no  fumptuofo 
Santuário  que  para  depofito  das  infignes 
Relíquias  que  fe  confervaõ  em  o  Real  Con- 
vento de  Alcobaça,  mandou  edificar,  em  cuja 
obra  compete  a  preciofidade  da  matéria  com  o 
primor  da  architeftura.  Sendo  nomeado 
Arcebifpo  da  Bahia,  onde  era  Chanceller  da  Re- 
lação feu  fobrinho  Sebaíliaõ  Cardofo,  naõ  che- 
gou a  Sagrarfe  impedido  pela  morte  que  o  pri- 
vou intempeílivamente  da  vida  em  o  Convento 
do  Defterro  a  9.  de  Março  de  1675.   Compoz. 

Re/açaÔ  das  Re/iquias  que  fe  confervaõ  no 
Santuário  defle  Real  Convento  de  Alcobaça. 
M.  S.  foi.  a  qual  fe  guarda  em  o  mefmo 
Convento. 

COSME  BAENA  FERREYRA  na- 
tural de  Évora  em  cuja  Cathedral  foy  moço 
do  Coro,  e  hum  dos  famofos  profeííores  da 
Mufica  do  feu  tempo  de  que  deu  manifef- 
tos  argumentos  quando  foy  Meftre  da  Sé 
de  Coimbra,  e  Prior  de  S.  Joaõ  de  Alme- 
dina na  mefma  Cidade.    Compoz. 

Enchiridion  Miffarum,  <&  Vefperarum. 

Officium  Hebdomadce  Sanãa. 

Refponforios  do  Officio  de  Defuntos  a  4. 
vozes.  M.  S. 

COSME  DELGADO  natural  da  Vil- 
la do  Cartaxo  do  Arcebifpado  de  Lisboa 
Bacharel  na  Cathedral  de   Évora  onde  por 


muitos  annos  ezetdtou  o  lugar  de  Meíbe  da 
Capella  por  fer  iníigfie  Profenbr  de  Muíica,  e 
hum  dos  mais  celebres  Cantores  de  Eftante» 
naõ  fomente  pela  deftreza  com  que  cantava» 
mas  pela  fuavidade  da  yóz  que  confervou  até  a 
ultima  idade.  Deixou  no  feu  Teftamento  por 
legado  ao  Convento  do  Efpinheiro  de  Religio- 
fos  de  S.  Jeronymo  as  fuás  Obras  de  Mufíca» 
que  conftavaõ  de  MlíTas,  Motetes,  e  Lamenta- 
çoens,  as  quaes  vio  o  Licenciado  Frandfco 
Galvaõ  Maldonado,  como  aíTirma  nas  Memo- 
rias, que  juntava  para  a  Bibliotheca  Portu- 
gueza.  Entre  eftas  obras  eílava  a  feguinte. 
Manual  da  Mufica  dividido  em  três  Parter 
dirigido  ao  muito  alto,  e  efclarecido  Princepe  Car- 
deal Alberto  Archiduque  de  Auftria  Regente  defler 
Reynos  de  Portugal.  Começa.  Os  Gregos  que 
nos  deixarão  a  Mufica.  Acaba.  Vive,  e  reyrut 
para  fempre.  Amen. 

Fr.  COSME  DO  ESPIRITO  SANTO 
Religiofo  da  Seráfica  Província  de  Santo 
António  do  Brafil  onde  pela  integridade  dos 
coftumes,  foy  duas  vezes  Miniftro  Provincial 
igualmente  amante  do  progreíTo  dos  eftiidiofos^ 
como  compaíTivo  das  moleftias  dos  infermos, 
Falleceo  no  Convento  de  Santo  António  de  Pe- 
raguaílú  em  15.  de  Junho  de  1722.   Compoz. 

Eftatutos  da  Provinda  de  Santo  Antó- 
nio do  Brafil  tirados  de  vários  JEflatutos  da 
Ordem,  acrecentando  nelles  o  mais  útil,  e 
neceffario  â  reforma  defta  Provinda.  Lis- 
boa por  Jozé  Lopes  Ferreira  1717.  foL 

COSME  FERREYRA  DE  BRUM 
Cavalleiro  profeílo  da  Ordem  de  Chrifto 
naceo  em  Lisboa  a  17.  de  Março  de  1608. 
e  foraõ  feus  Progenitores  António  Ferreira 
de  Brum,  cuja  afcendencia  he  de  Inglaterra, 
e  muito  nobre,  e  D.  Mecia  de  Fontes^ 
Defde  a  puerícia  começou  à  applicarfe  à  li- 
ção dos  livros  com  taõ  continuado  efliido, 
que  quando  chegou  à  idade  varonil  eftava 
perfeitamente  inftxuido  na  Hiftoria  Sagra- 
da, e  profana,  letras  humanas,  e  Genealo- 
gia. Sendo  dotado  de  grande  íincerídade 
tolerou  confiantemente  varias  injiirías  fa- 
brícadas  pela  malevolencia  de  feus  emulos. 
Foy  cazado  com  D.  Joanna  de  Azevedo 
Pereira,   filha   de   Joaõ   de  Azevedo   Pereira 


6oo 


BIBLIO THE  CA 


fidalgo  da  Caza  Real,  e  de  fua  fegunda  mulher 
D.  Izabel  de  Oliveira.  A  grande  vaftidaõ  dos 
feus  eíludos  fe  conhece  da  variedade  das 
obras,  que  deixou  efcritas  certamente  dignas 
da   luz   publica,   as   quaes   faõ   as   feguintes. 

Cathalogo  dos  ^eys  de  Portugal  com  as  fuás 
afcendencias,  e  dejcendencias  majculinas,  e  outras 
muitas  curiojidades.  Dedicado  a  ElRey  D. 
AfiFonfo  VI.  onde  moJftrava  como  efte  Monar- 
cha  era  o  Encuberto,  de  que  fallavaõ  os  Vati- 
cínios. 

Como  o  nome  de  JoaÕ  he  propicio  a  Portugal, 
e  fatal  a  Cajlella.  Dedicado  ao  mefmo  Prin- 
cepe. 

Relação  Summaria  da  exemplar  vida,  e  illufire 
afcendencia  de  Fernaõ  Tellef<^  de  Meneses  Conde  de 
Unhaõ.  Compoz  efte  papel  para  fervir  de  noti- 
cias para  o  Sermaõ  que  nas  honras  funeraes 
defte  Cavalhero,  fez  em  Santarém  o  feu  afi- 
lhado o  grande  P.  António  Vieyra. 

Afcendencias  da  Cafa  de  UnhaÕ.  Dedicado 
a  Ruy  Telles  de  Menezes  fegundo  Conde 
defta  Cafa. 

Famílias  de  Portugal  com  outras  mui- 
ías  de  outros  Rejnos  illujlrados  com  diver- 
Jas,  e  curiofas  noticias  dignas  de  memoria 
colhidas  de  diverfos  livros  de  Efpanha,  e  di- 
vididas por  ordem  Alfabética.  M.  S. 

Relaçoens  annuaes,  e  diárias  de  tudo  o 
que  fucedeo  nefe  Reyno,  e  os  de  Europa  def- 
Âe  o  anno  de  1640.  até  o  feu  tempo. 

Relaçoens  de  tudo  o  que  achou  digno  de 
Je  notar  em  todas  as  fornadas,  que  fe^  com 
as  noticias  das  terras  por  onde  paffou. 

Annaes  de  Portugal  em  que  fe  efcre- 
vem  os  fucejjos  dignos  de  memoria  ajfim  def- 
te Reyno,  como  de  fuás  Conquijlas  defde  o 
anno  de  1495.  em  que  começou  a  Reynar 
ElRey  D.  Manoel  ate  o  premente. 

Noticias  de  todas  as  Cidades,  e  Villas 
defle  Reyno  com  todas  fuás  particularidades  dignas 
•de  faberfe. 

Afcendencias,  e  defcendencias  da  Familia  dos 
Brums.  Dedicado  a  feu  Sobrinho  Manoel  de 
Brum,  e  Frias  Senhor  do  morgado,  e  Caza 
dos  Bruns,  Padroeiro  do  Convento  de  Santo 
j\ndré,  e  S.  Joaõ  Evangelifta  da  Cidade  de 
Ponte  Delgada,  e  Capitão  mór  da  Villa  da 
Ribeira  Grande  na  Ilha  de  S.  Miguel. 

Job  Lujttano.     Epitome   da  fua  vida   em 


que  trata  principalmente  das  perfeguiçoens 
que  padeceo. 

Elogio  do  celebre  Det^embargador  Thomé  Pi- 
nheiro da  Veyga. 

Fez  os  argumentos  em  Outava  Rima 
à  Eneida  Portugue:(a  compofta  por  Joaõ  Franco 
Barreto,  e  os  Sonetos  que  nella  vaõ  em  feu 
nome,  fendo  unicamente  o  que  fe  imprimio 
defte  Author,  do  qual  fe  lembra  o  P.  D. 
António  Caetano  de  Soufa  no  Apparat.  à 
Hiji.  Gen.  da  Caf.  Real  Portug.  pag.  57.  §.  34. 

D.  COSME  DE  FREYTAS.  Teve  por 
pátria  a  illuftre  Cidade  de  Coimbra,  e  por 
Pays  a  Joaõ  de  Freytas,  e  Eftefania  de  Moraes 
também  illuftres.  Recebeo  o  habito  Canónico 
de  Santo  Agoftinho  no  Real  Convento  de 
Santa  Cruz  em  o  anno  de  1550.  quando  era 
Prior  Geral  defta  florente  Congregação  D. 
Filippe  Pegado.  Foy  muito  fciente  na  intelli- 
gencia  das  linguas  Latina,  Grega,  e  Hebraica, 
como  verfado  nas  efpeculaçoens  da  Filofofia, 
e  Theologia  que  por  muitos  annos  diâou 
aos  feus  domefticos.  Mereceo  a  primazia 
entre  os  Poetas  Latinos  do  feu  tempo,  ou 
foíTe  pela  elegância  do  metro,  ou  pela  agudeza 
do  conceito.  Sempre  procedeu  com  exemplar 
procedimento  até  que  falleceo  piamente  em 
Coimbra  a  11.  de  Dezembro  de  16 10.  Dei- 
xou compofto  em  verfo  heróico. 

Infelix  bellum  Regis  Sebajiiani.  M.  S. 

Vitce  Regum  Eufitanorum.  M.  S. 

Varia  Dyjiicha  in  laudem  Sanãorum  Ordinis 
Canonici.  M.  S. 

Reduzio  a  metro  Latino  a  Arte  de  Gramática 
do  P.  D.  Máximo  de  Soufa  Cónego  Regular. 
De  todas  eftas  Obras  faz  diftinda  memoria 
D.  Nicoláo  de  Santa  Maria  na  Chron.  dos  Coneg. 
Reg.  Liv.  10.  cap.  29.  n.  15.  e  no  Liv.  8.  cap.  4. 
n.  10.  e  II.  tranfcreve  dous  Epigrammas  La- 
tinos em  que  fe  conhece  claramente  a  valen- 
tia da  fua  Mufa  faõ  dedicados  à  memoria  do 
famofo  Cavalleiro  D.  Henrique  que  ajudou 
com  a  fua  efpada  ao  noíTo  primeiro  Rey  a  con- 
quiftar  Lisboa  do  poder  Mauritano,  onde  feliz- 
mente acabou,  e  dos  outros  Portuguezes 
que    morrerão    em    taõ     Sagrada    empreza. 

COSME  DA  GUARDA  natural  de  Mur- 
mugaõ.    Publicou  com  efte  aífeâado  nome. 


L  USITAN A. 


óoi 


Vida,  e  acçoens  do  famofo,  e  felicifmo  Swagf 
(la  índia  Oriental.  Lisboa  na  Ofiídna  da 
Mufica  1730.  8. 

COSME  LAFETA*  AíTiftindo  muitos 
annos  em  o  Oriente  como  foíTe  dotado  de 
baftante  comprehenfaõ  efcreveo  no  anno  de 
1605. 

Informação  do  EJlado  da  índia.  Aí.  S.  G)n- 
rcrva-fc  na  Livraria  do  Exceilentinimo  Mar- 
quez de  Gouvca. 

P.  COSME  DE  MAGALHAENS.  Naceo 
cm  o  anno  de  1 5  j  i .  na  auguíla  Cidade  de  Braga, 
onde  teve  por  Pays  a  Joaõ  de  Magalhaens,  e 
Anna  de  Barros  taõ  nobres  em  o  fangue  como 
na  piedade  os  quacs  o  educarão  com  taõ  vir- 

I\  tuofos  documentos  que  na  tenra  idade  de  deze- 
■  fcis  annos  deixou  o  mundo,  e  fe  recolheo  na 
■  Sagrada  Companhia  de  JESUS  recebendo  a 
*  Roupeta  em  o  Collegio  de  Coimbra  a  6.  de  Ju- 
lho de  1567.  Admirável  foy  a  comprehenfaõ 
com  que  velozmente  fe  adiantou  nas  efcolas 
a  todos  os  feus  condifcipulos  merecendo  fer 
entre  elles  Meflre  antes  de  fubir  à  Cadeira.  De- 
pois de  ler  Rhetorica,  e  Theologia  Moral  pelo 
efpaço  de  dez  annos  diftou  Efcritura  no  Col- 
legio de  Coimbra  com  univerfal  applaufo  de 
toda  a  Univeríidade,  valendo-fe  das  luzes  dos 
Santos  Padres  em  que  era  fummamente  ver- 
fado  para  penetrar  o  myíleriofo  Chãos  dos  Va- 
ticinios  dos  Profetas,  dos  quaes  revelou  grande 
parte  com  fublime  profundidade,  e  folida  fub- 
tileza.  Falleceo  em  Coimbra  a  9.  de  Outubro 
de  1624.  quando  contava  73.  annos  de  idade, 
e  59.  de  Religião.  Alegambe  in  Bib.  Societ.  pag. 
61.0  intitula  Vir  non  virtute  miniis,  quàm  do£trina 
clarus.  Girardi  Diário.  Part.  3.  a  6.  de  Giuglio. 
Huomo  illuftre  per  molti  lihri  ftampati.  Joan. 
Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  L,ujit.  Lifter.  lit.  C. 
n.  24.  Virfuit  non  humaniorihus  dutaxat  difciplinis 
infigniter  injiruãus  Marrac.  Bib.  Mar.  Part.  i. 
p.  306.  Petr.  Angel.  Sper.  de  Profejforib. 
Gramai,  lib.  4.  pag.  491.  Joan.  Hallevord.  Bib, 
Clajftc.  pag.  56.  col.  i.  Jacob.  Lelong.  Bib. 
Sacr.  pag.  mihi  840.  col.  i.  Draudius  Bib. 
ClaJJic.  D.  Francifc.  Manoel  na  Carta  dos 
AA.  Portug.  efcrita  ao  Doutor  Manoel 
Themudo  da  Fonfeca.  Franco  Imag.  da 
Virt.    no    Colkg.    de    Coimb.    Tom.    2.    pag. 


61  j.  c  no  Ann.  glorio/.  S.  J.  in  Lufit.  pag. 
582.  vixit  moribus  inculpatis  &  in  Sjnopf, 
Armai  S.  J.  in  I^fit.  pag.  240.  o.  8.  Nm 
minòs  litteris  quam  Kiligiojis  moribus  ixcêl- 
Itbat.  Pet.  Alv.  de  Aílorg.  in  Milit.  Concep. 
Compoz. 

Commentarinm  in  Canticum  primum  Moyjis, 
Lugduni  apud  Horatium  Cardon.    1609.   4. 

Operis  Hierarchici,  five  de  Ecclejiaflico  Prin- 
cipatu  libri  ires,  in  quibus  epiflola  três  B.  PauU 
Apofloli,  nempe  dua  ad  Timotheum,  e^  prima 
ad  Titum  commentarijs  explicantur.  Lugduni 
apud  eumdem  Typog.  1609.  4.  2.  Tom. 

Commcntaria  in  Sacram  Jofue  Hijloriam, 
Tumoni  fumptibus  Horatii  Cardon  161 2. 
foi.  2.  Tom. 

Commentariorum  in  Moyjis  Cantica,  ç^  Bene- 
diãiones  Patriarcharum  libri  quattuor  Lugduni 
fumptibus  Cardon  16 19.  foi. 

Explanationes,  €>•  annotationes  morales  itt 
Sacram  Judicum  Hijloriam.  Lugduni  Sump- 
tibus  Jacob.  Cardon,  &  Petri  Cavillat  1626. 
foi. 

Obras  M.  S. 

Primatus  Hifpania  de  quo  litigatum  eji 
tempore  Concilii  Lateramnjis  fub  Eugénio  iii. 
€>•  pojiea  fub  Honório  iii.  4.  He  dedicada 
efta  obra  ao  Arcebifpo  de  Braga  D.  Fr. 
Agollinho  de  Caílro.  No  fim  tem  vários 
Epigrammas  em  louvor  da  Qdade  de  Braga 
fua  pátria,  e  de  feus  Prelados,  e  antiguidade, 
cujo  Original  fe  confervava  na  Bibliotheca  do 
Cardial  de  Soufa  como  efcreve  Cardofo 
Agiol.  'Lujií.  Tom.  3.  pag.  519.  col.  i.  no 
Comment.  de  3.  de  Junho,  e  lhe  chama 
Hijloria  de  Braga.  Defta  mefma  obra  faz  repe- 
tida memoria  o  Illuílrinimo  Cunha  na  Hijl. 
Ecclef.  de  Brag.  Part.  i.  cap.  22.  n.  3.  e  cap.  39. 
n.  14.  e  Part.  2.  cap.  35.  n.  6.  e  cap.  40.  num.  i. 
o  P.  Ant.  de  Maced.  Ijifit.  Infulat.  pag.  58. 
e  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  2.  pag.  286. 
col.  2.  Defta  obra  tinha  huma  Copia  efcrita, 
em  Coimbra  anno  de  161 8.  féis  annos  an- 
tes da  morte  do  Author  o  P.  D.  Manoel 
Caetano  de  Soufa  como  aífirma  in  Expedif. 
Hifpan.  S.  Jacobi  Tom.  2.  pag.  13 10.  n. 
328. 

Sylva  dos  Authores   Seleãos  para  infbrucçaõ 
dos  EJludaníes. 

Cathecifmo  Japonês  2.  Tom. 


6o2 


BIBLIO  THE  C  A 


In  Ariftotelis  Vrohkmata. 

Explanatio  Panegyrica  in  Cap.  12.  Apo- 
calypf.      Signum    magnum    apparuit    in    Calo. 

Dous  Difcurfos  da  Conceição  de  N.  Senhora. 

De  Homicidio. 

De  Sujpenjione,  (ò'  interdião. 

Eftes  dous  Tratados  Theologicos  fe  con- 
fervaõ  no  Collegio  de  Évora. 

Fr.  COSME  DA  PRESENTAÇAM  natural 
de  Lisboa,  filho  de  Fernaõ  Alvares  de  Andrade, 
e  de  Izabel  de  Payva  irmaõ  daquelle  exemplar 
da  paciência  Chriftãa  o  Venerável  Fr.  Thomé 
de  JESUS,  e  daquelle  Oráculo  da  Theologia 
Efcolaftica  Diogo  de  Pajrvra  de  Andrade 
dos  quaes  fe  fará  illuftre  memoria  em  feus 
lugares.  Na  idade  juvenil  recebeo  o  habito 
de  Eremita  Auguftiniano  no  Convento  da  fua 
pátria  onde  mereceo  graves  eftimaçoens  pela 
nobreza  do  nacimento  viveza  do  engenho, 
modeftia  do  femblante,  aifabilidade  do  génio, 
erudição  das  letras  Sagradas,  e  profanas,  e 
talento  fublime  para  o  púlpito.  Todos  eiies 
grandes  dotes  que  fe  admiravaõ  unidos  na 
fua  peíloa  moverão  ao  Geral  da  Ordem  Fr. 
Chriítovaõ  Patavino  para  que  o  chamaíTe 
a  Roma  onde  o  nomeou  companheiro  de  Fr. 
Agoftinho  de  Caílro,  que  depois  fubio  à 
Cadeira  Primacial  de  Braga  o  qual  fora  eleito 
por  ordem  de  Gregório  XIII.  para  reformar  os 
Convêtos  de  Alemanha,  que  eftavaõ  fumma- 
mente  relaxados.  Obedeceu  prompto  ao 
preceito  do  Geral,  e  antes  de  entrar  em  Ale- 
manha adoeceo  taõ  gravemente  em  Bolonha, 
que  em  breves  dias  acabou  a  vida  a  15.  de 
Junho  de  1580.  quando  contava  a  florente 
idade  de  36.  annos.  Fazem  delle  memoria 
ElíTio  Encom.  Auguft.  pag.  157.  Camargo 
E.pit.  Hiftor.  foi.  313.  Herrer.  Alphab.  Augujl. 
letr.  C.  Fr.  And.  de  S.  Nicol.  Hijl.  delos  Agoft. 
Def calços.  Introd.  Proem.  cap.  8.  Cardof. 
Agiol.  hujit.  Tom.  3.  pag.  694.  e  no  Com- 
ment.  de  15.  de  Junho  letr.  D.  e  no  Com- 
ment.  de  17.  de  Abril  letr.  D.  Traduzio  de 
Portuguez  em  Latim  por  Ordem  do  Car- 
dial  D.  Henrique. 

Sermoens  de  Diogo  de  Payva  de  Andra- 
de, de  cujo  trabalho  efcreve  Fr.  Manoel  da 
Conceição  Eremita  de  Santo  AgoíHnho  no 
Prologo    impreíTo    deftes    Sermoens    de    feu 


tio  as  feguintes  palavras.  Começou  o  Padre 
Fr.  Cojme  a  trefladaçaõ  com  "Latim  muito  excel- 
lente,  e  taÕ  acomodada  ao  ejlilo  portugue:^  do  próprio 
Author  que  quem  lho  conhecia  pelo  luitim  entendia 
fer  pregação  fua.  Tendo  tradui^ido  algumas  Préga- 
çoens  fqy  chamado  a  Roma  &c. 

Tratado  /obre  os  Myjlerios  do  Kofario.  Deíla 
obra  faz  mençaõ  Joaõ  Franco  Barreto  na 
Bih.  Luftt.  M.  S. 

Queftoens  Económicas  que  fe  naõ  impri- 
mirão por  morrer  o  Author. 

Fr.  COSME  DE  TORRES  natural 
da  Villa  de  Torres  Vedras  do  Patriarcha- 
do  de  Lisboa,  Monge  Ciílercienfe,  e  mo- 
rador no  Real  Convento  de  Alcobaça  onde 
fe  conferva  a  obra  feguinte. 

Sermoens  de  Tempore  M.  S.  foi. 

CRISPIM  DE  ANDRADE  natural  de 
Lisboa  Capellaõ  da  Capella  Real,  e  depois 
fubchantre  da  Cathedral  de  Lisboa  que 
muitos  annos  exercitou  por  fer  muito  fciente 
no  Canto  chaõ,  e  ter  a  voz  igualmente  pro- 
funda, que  fonora.  Pella  grande  devoção 
que  tinha  ao  Príncipe  da  MiHcia  Angélica 
traduzio  de  Latim  do  P.  Fr.  António  Freyre 
Religiofo  Trino  em  Portuguez. 

Oficio  particular  em  louvor  do  Príncipe  dos 
Anjos  o  glorio/o  Archanjo  S.  Miguel.  Lisboa 
por  FiUippe  de  Soufa  Villela  1701.  24. 

Fr.  CRISPIM  DE  OLIVEYRA  natural 
da  Villa  de  Azeitão  do  Patriarchado  de  Lisboa 
filho  de  Joaõ  de  Oliveira,  e  Maria  Gomes. 
No  Convento  pátrio  recebeo  o  habito  da 
illuftre  Ordem  dos  Pregadores  a  6.  de  Novem- 
bro de  1695.  onde  fez  tantos  progreílos  nas 
fciencias  efcolaílicas,  que  naõ  fomente  as 
diftou  aos  feus  domeílicos,  mas  mereceo 
jubilar  nellas  com  grande  credito  do  feu 
talento.  He  Qualificador  do  Santo  Oíficio, 
e  Pregador  do  SereniíTimo  Senhor  Infante 
D.  Francifco.  Sendo  Prior  do  Convento 
de  Évora  pregou,  e  imprimio. 

Sermão  de  S.  Lui^  Gonzaga  pregado 
no  3.  dia  do  Outavario  que  celebrarão  os  Re- 
ligiofos  da  Companhia  de  JESUS  no  feu 
Collegio,  e  Univerjidade  de  Évora  na  Ca- 
noni:(açaõ   de    S.    Euit^   Gonzaga,  e    Santo  EJ- 


L  USITAN  A. 


6o3 


/anislao  Kofcka.    Évora  na  Officina  da  Uni- 
vcrfidadc  1750.  4. 

Fr.  CUSTODIO  DE  ARGANIL  cujo 
appellido  denota  a  pátria  onde  naceo  fítuada  na 
Provinda  da  Beyra  no  Bifpado  de  G>imbra, 
<ie  que  faõ  G^ndes  os  feus  Bifpos.  Foy  Monge 
(Ic  Ciíler,  c  muito  douto  na  lingua  Grega,  como 
claramente  fe  colhe  da  obra  feguinte,  que  fe 
conferva  cm  o  Real  Convento  de  Alcobaça. 

Gefta  Bar/aam,  et  Jofapbat  à  Joanne  Damaf- 
ceno  è  Graco  translata.  foi. 

Smaragdus  Abbas  in  lihrum  qui  vocatttr  Dia- 
dema M.  S.  foi. 

Fr.       CUSTODIO       LOBO      UlyíTipo- 
ncnfe    filho    de    Domingos    Vicente,    e    An- 
_í_  tonia    Gonçalves.     Ainda    contava    poucos 
■■annos    quando    foy    admitido    à    Religião 
IH  da    SantiíTima    Trindade    recebendo    o    ha- 
■Hf  bito    no    Convento    de    Lisboa    a    14.    de 
Pf  ^   Abril  de   1588.    Os  feus  virtuofos  coftumes 
o  habilitarão  para  exercitar  os  lugares  mais 
honoríficos    da    Ordem,    fendo    Meftre    dos 
Noviços,    aos    quaes    inftruyo    com   os    pre- 
ceitos da  lingua  Latina,  em  que  era  eminen- 
te,   Miniílro    dos    Conventos    da    Louza,    e 
Lagos,    Definidor,     e    Vifitador    Geral    da 
Ordem,  e  Prefidente  do  Capitulo  por  fer  o 
Decano  de  toda  a  Provincia.    Foy  Exami- 


nador das  Três  Ordens  Militares,  e  Depu- 
tado da  BuUa  da  Crufada.  Como  era  mui- 
to douto  na  Mathematica,  e  Aílrologia  com- 
poz  vários  Lunarios  que  foraõ  impref- 
fos  fem  o  feu  nome,  fendo  a  principal  obra 
deíle  género  a  feguinte. 

Compendium  AJlrologia,  in  qm  omitia, 
qua  neceffaria  ftmt  tam  ad  conjlituendum , 
quàm  ad  ju^candum  qmdcumque  Thema  C9' 
lefle    facillime    inveniun/ur    explicata.     Aí.     S, 

4.  Conferva-fe  na  Bibliotheca  do  Excellen- 
tiíTimo  Marquez  de  Gouvea  Mordomo  Mór 
da  Caza  Real. 

Morreo  em  o  Convento  de  Lisboa  a 
1.  de  Fevereiro  de  1654. 

Fr.  CUSTODIO  DO  ROSÁRIO  Monge 
Ciílercienfe,  e  profeíTo  no  Real  Convento 
de  Santa  Maria  de  Alcobaça  Cabeça  defta 
illuílri/Tima  Congregação  nefte  Reyno.  Foy 
muito  applicado  ao  eíhido  da  Hiftoria  Sagrada, 
e  profana  efcrevendo  em  o  anno  de  ijoo. 

Noticias  varias.  Aí.  S.  foL 

Cuja  obra  fe  conferva  no  Cartório  do 
Convento  de  S.  Francifco  defta  Gdade  de 
Lisboa,  como  certifica  o  P.  Fr.  Manoel  de 

5.  Damafo  Religiofo  do  mefmo  Conven- 
to, e  Académico  da  Academia  Real  no  feu 
livro  intitulado  Verdade  EJucidada,  e  fal- 
jidade    convencida,     pag.     207.     na     Margem, 


6o4 


BIBLIOTHE CA 


m 


D 


S      DÂMASO  primeiro  em  o  nome,  e  tri- 
geflimo  outavo  na  Serie  dos  Pontifices 
•  Romanos  teve  por  berço  a  Villa  de 
Guimaraens  íituada  em  a  Provincia  de 
Entre  Douro,  e  Minho  alcançando  pela  produc- 
çaõ  de  taõ  grande  filho  o  illuftre  tymbre  de 
preferir  às  mais  famofas  Cidades  do  mundo. 
No  primeiro  crepufculo  da  idade  brilhou  com 
tal  intenfaõ  a  viveza  do  feu  engenho  animado 
por  hum  efpirito  capaz  de  emprezas  heróicas, 
que  perfuadido  feu  Pay  António  fer  a  pátria 
limitada  esfera  para  o  feu  talento  paíTou  com 
elle  a  Roma  celebre  empório   de   todas   as 
Naçoens,    onde   iruftruido    com   as    fciencias 
pudeíle  em  algum  tempo  fervir  de  mageílofo 
ornato  à  Igreja  Catholica.    Admirável  foy  o 
progreíTo,  que  brevemente  fez  a  fua  profunda 
capacidade    aíTim    no    eftudo    das    mayores 
Faculdades  como  na  praétíca  de  excellentes 
virtudes,  por  cujos  dotes  conciliou  os  ânimos 
de   todos    os    Princepes    da    Cúria    Romana 
principalmente  do  Pontífice  Liberio,  que  fendo 
defterrado  de  Roma  para  Trácia  por  impio 
decreto  do  Emperador  Conftancio  acérrimo 
fautor  do  Arrianifmo  o  deixou  por  feu  Vigário 
para  governar  a  Igreja  como  vaticinado,  que 
havia   de  fer  feu   Suceííor  em  taõ  fuprema 
Dignidade.    A  mayor  acçaõ  que  obrou  em 
quanto   exercitava  eile   minifterio   poJfto  que 
contra  ella  fe  oppoz  inutilmente  o  Presbytero 
Fauftino  fequaz  da  feita  de  Luceferiano,  foy  a 
reconciliação  com  a  Igreja  Romana,  de  algims 
Bifpos,  que  ou  conflrangidos  por  temor,  ou  en- 
ganados   por    ignorância    fobfcreveraõ    nas 
Aâas  do  Concilio  de  Rimini.    Morto  o  Papa 
Liberio  a  24.  de  Setembro  de  366  quando  con- 
tava a  madura  idade  de  fefenta  annos  fubio  à 
Cadeira  de  S.  Pedro  concorrendo  para  taõ  acer- 
tada eleyçaõ  a  mais  nobre  parte  do  Clero,  e 
Povo  Romano.   Foy  fagrado  em  Domingo  pri- 
meiro   de  Outubro  em  a  Baíilica  de  Lucina, 
que  depois  foy  chamada  de  Saõ  Lourenço. 
PaíTados  poucos  dias  fe  armou  contra  o  novo 
Pontífice     Urficino     Diácono,     o     qual    fa- 
vorecido   de   huma   multidão    de   fedeciofos 


refolveo  temerariamête  arrogar  afia  Digni- 
dade Pontificia  para  cujo  effeito  perfuadio  a 
Paulo  Bifpo  de  Tivoli,  que  o  SagraíTe  Bifpo  de 
Roma  o  que  executou  facrilegamente  na  Bafili- 
ca  de  Liberio,  que  hoje  he  de  Santa  Maria 
Mayor.    Para  evitar  as  trágicas  confequencias 
do    Scifma   levantado   em   Roma   ordenarão 
Juvencio    Prefeito    deíla    Cidade,    e   Juliano 
CommiíTario    Geral   dos    mantimentos,   que 
foíTe   defterrado    o    Antipapa   Urficino   com 
os  Diáconos  Amâncio,  e  Lopo  feus  princi- 
paes   fequazes.    Refugiado    Urficino    à    Bafi- 
lica  de  Liberio  com  grande  numero  de  gente 
armada,  e  de  outra  que  feguia  as  fuás  par- 
tes, conceberão  tal  cólera  os  que  tinhaõ  con- 
corrido para  a  eleição  do  verdadeiro  Pontí- 
fice,   que    valendofe   ao   mefmo    tempo    do 
ferro,  e  do  fogo  efcalaraõ  o  lugar  que  fervia 
de    afylo   aos    Scifmaticos,    onde   fe   travou 
hum  furiofo   combate,  em  que  foraõ  mortos 
cento  e  trinta  pefibas  de  hum,  e  outro  fexo 
atè   que  defterrado  Urficino  para  as  GaUias 
por  decreto  de  Valentiniano  primeiro,  e  Pre- 
textato  Prefeito  de  Roma  fe  ferenou  a  formi- 
dável tempeftade  que  ameaçava  naufrágio  à 
Barca  de  S.  Pedro.  Para  juftificar  a  fua  inno- 
cencia   impiamente    acuzada    do   feyo   crime 
de  adultério  pela  maledicência  de  Concordio, 
e  Califto  fummamente  affeâos  a  Urficino  con- 
vocou em  Roma  hum  Concilio  de  quarenta 
Bifpos,  e  na  prezença  de  taõ  authorizadas  tef- 
temunhas  fahio  purificado  de  taõ  infame  calu- 
mnia.     Como  vigilante  Propugnador  da  Fè 
eftabelicida  em  o  Concilio  NyíTeno  juntou  nefta 
mefma  Cidade  outro  Concilio  em  que  foraõ 
condenados  Urfacio  de  Singidon,  e  Valente  de 
Murfe  Bifpos  da  Illyria,  principaes  fautores  do 
Arrianifmo,  e  acérrimos  antigoniftas  do  grande 
Athanafio,    invencível  Athlante   da   Religião 
Catholica,  o  qual  depois  de  receber  huma  carta 
de  Saõ  Damafo  em  que  lhe  fignificava  o  que 
tinha    obrado    em    obfequio    da  Fè   congre- 
gou em  Alexandria  em  o  anno  de  371  outro 
Concilio    compofto    de    noventa    Bifpos    do 
Egypto,    e    da    Libia,    que    todos    congra- 


LUSITANA. 


6o5 


tularau  ao  Santo  PontiHce  da  condenação 
Ar  IJrfacio,  c  Valente,  porém  que  devia  pade- 
í  Cl  a  fcveridadc  de  femelhante  caíligo  Auxen- 
cic)  facrilcgo  ufurpador  da  Mitra  de  Nfllaõ, 
o  qual  fendo  verdadeiro  Arriano,  e  fimulado 
Catholico  publicara  huma  Confi/Taõ  da  Fè 
aparentemente  conforme,  e  realmente  oppofta 
aos  Decretos  do  Concilio  NyíTeno.  Para 
defcobrir  cíle  engano  chegou  a  Milaò  Santo 
Hilário  Bifpo  de  Poiâou  taõ  claro  em  fciencia 
com  cm  virtude,  a  quem  como  a  inimigo  da 
tranquilidade  publica  mandou  fahir  da  Cidade 
o  Empcrador  Valcntiniano  grande  fautor  de 
Auxcncio.  Já  grande  parte  do  Eílado  de 
Milaõ,  e  algumas  Províncias  circunvizinhas 
cftavaô  inficionadas  com  o  veneno  da  hcrcfia, 
c  para  que  fe  naõ  propagaíTc  taõ  pcrniciofa 
pcftc  convocou  Saõ  Damafo  no  anno  de  372. 
hum  Concilio  de  noventa,  e  trcs  Bifpos,  em 
o  qual  foy  condenado  Auxencio  com  os  fcus 
fcquazcs;  confirmados  os  Decretos  do  Con- 
cilio Nyflcno,  e  declarado  nuUo  o  de  Rimini. 
Contra  as  maquinas  de  outros  herefiarchas, 
<ic  que  era  fecunda  mãy  aquella  idade,  fe 
armou  eíle  fagrado  Alcides  debellando  a  tantos 
monftros,  que  das  fuás  entranhas  vomitara 
o  abifmo,  quaes  eraõ  os  Luceferianos,  Mani- 
-cheos,  e  Donatiílas,  cujos  erros  tinhaõ  inficio- 
nado grande  parte  de  Africa,  como  também 
a  Apollinario  com  feus  difcipulos  Thimotheo, 
c  Vital  condemnados  em  outro  Concilio 
celebrado  em  Roma  em  o  anno  de  375.  onde 
foraõ  fulminados  os  erros  de  Arrio,  Sabelio, 
Runomio,  e  Fotino.  Com  a  protecção  do 
grande  Emperador  Theodofio  mandou  con- 
gregar em  Conftantinopla  hum  Concilio  Eco- 
menico  compofto  de  cento  e  cincoenta  Padres 
entre  os  quaes  fe  diílinguiaõ  como  Aftros  da 
primeira  grandeza  S.  Gregório  Nazian- 
2eno,  S.  Gregório  Nyfleno,  e  Milecio  An- 
tiocheno,  fendo  em  taõ  grave  aflemblea 
anathematizado  Macedónio,  que  impiamente 
negava  a  Divindade  do  Efpirito  Santo. 
Outro  Concilio  celebrou  em  Roma  no 
anno  de  382.  para  o  qual  convocou  das  Pro- 
vi ncias  do  Occidente  veneráveis  Prelados 
entre  os  quaes  afTiftiraõ  Santo  Ambroíio  de 
Milaõ,  S.  Valério  de  Aquilea,  e  S.  Afcolo 
de  TheíTalonica  fendo  a  principal  caufa  pa- 
cificar   as    efcandalofas    difcordias    do    povo 


de  Antiochia,  que  dividido  em  diverfas  âu:- 
çoenf  (ieguiaõ  huns  como  a  feu  Bifpo  a  Milecio, 
e  outros  a  Flaviano.  Depois  de  ter  eAabele- 
cida  a  Religião  Catholica  contra  eíles  acérrimos 
ímpugnadores  da  Tua  incontraftavel  firmeza 
merecendo  por  taò  illudre  caufa  o  honorifico 
epiâeto  de  Diaman/e  da  Fé  que  lhe  deu  o 
Concilio  ConílantinopoUtano  fexto  convocado 
por  S.  Agatho  fe  applicou  com  o  mayor  difvelo 
a  refornur  o  corpo  myílico  da  Igreja  extir- 
pando os  vicios  que  infenfivelmente  fe  tinhaõ 
introduzido,  e  plantando  as  virtudes  para  fru- 
tificarem cm  copiofa  abundância.  Coarâou 
a  authoridadc  dos  Corcpifcopos  que  eraõ  os 
coadjutores  dos  Bifpos  fem  o  poder  de  orde- 
nar por  terem  com  cxcelTo  paílado  os  limites 
da  fua  jurifdicçaõ.  Exhortou  aos  Bifpos  de 
Africa  para  que  as  fuás  controverfías  foíTem 
decididas  pelo  Pontífice  Romano.  Elegeo 
por  feu  Secretario  ao  Doutor  Máximo  S.  Jc- 
ronymo,  de  cuja  elegante  pcnna  quiz  dcpen- 
deíTc  a  decifaõ  das  queíloens  mais  dificultoías 
em  que  era  confultado  como  Cabeça  da  Igreja, 
fendo  Author  de  que  emendaíTe  o  Teílamcnto 
Novo  pelos  Originaes  Gregos.  Ordenou 
por  Ley  univerfal  o  que  era  coíhime  particular 
em  algumas  partes  que  fe  cantaiTem  alternada- 
mente os  Pfalmos  em  o  Coro,  e  que  fe  termi- 
naíTe  cada  hum  com  o  verfo  de  Gloria  Patri 
&c.  como  também  fe  diíTeíTe  a  Alleluya  por 
todo  o  anno  o  que  fomente  fe  coíhimava 
no  tempo  Pafchal.  Para  fazer  mais  refpei- 
tada  a  authoridade  Pontificia  a  augmentou 
com  a  pompa  Real  caufando  tal  inveja  aos 
Gentios  eíle  ornato  exterior  que  temeraria- 
mente  o  interpretavaõ  por  luxo  efcanda- 
lofo.  Foy  o  primeiro  que  nas  Bulias  Apoílo- 
licas  fe  intitulou  Servus  Servorum  Dei,  de  cujo 
titulo  uzaraõ  depois  nos  Diplomas  Pontifí- 
cios S.  Gregório  Magno,  e  feus  Succeflbres. 
Edificou  duas  Bafilicas,  que  ornou  com  pre- 
ciofos  donativos,  huma  junto  do  Theatro  de 
Pompeyo  dedicada  a  S.  Lourenço  que  depois 
teve  o  feu  nome,  e  lhe  fundou  próxima  a  ella 
hum  Collegio  de  Cónegos  para  celebrarem  os 
Ofíicios  Divinos;  outra  na  via  Ardeatina 
onde  mandou  depofitar  as  cinzas  de  Sua  Mãy, 
e  Irmãa  Irene,  que  morreo  Virgem  na  flo- 
rente idade  de  vinte  annos  cujas  fepulturas 
ornou   com  elegantes   epitáfios.     Reduzio    à 


6o6 


B IBLIO  THE  C  A 


ultima  perfeição  a  Bafilica  de  Santa  Ru- 
fina,  e  Secunda  íituada  fora  de  Roma  na 
Sylva  Cândida,  que  principiara,  e  deixara 
imperfeita  Júlio  I.  Ornou  com  preciofos 
mármores  o  lugar  das  Catacumbas,  em  que 
jaziaõ  fepultados  os  Corpos  dos  Príncipes 
do  Apoftolado  S.  Pedro,  e  S.  Paulo,  e  trans- 
ferio  para  mageftofos  depoíitos  as  trium- 
faes  cinzas  de  muitos  Martyres,  que  animou 
com  elegantiíTimas  infcripçoens.  Renouou 
os  aqueduâos  arruinados  pela  violência  do 
tempo  da  Fonte  do  Bautifterio  junto  da 
Baíilica  Vaticana  para  que  as  fuás  aguas  co- 
piofamente  manaíTem  em  beneficio  do  Povo 
Romano.  Tendo  chegado  à  proveâa  idade 
de  quali  8o.  annos,  e  governado  como 
experto  Piloto  a  Nào  da  Igreja  pelo  ef- 
paço  de  i8.  annos,  dous  mezes,  e  lo.  dias 
cumulado  de  virtudes  heróicas  canonizadas 
com  alguns  milagres,  paíTou  do  Sólio  do 
Vaticano  a  fer  coroado  na  pátria  celeíle  a 
II.  de  Dezembro  de  384.  Foy  fepultado  na 
Bafilica  que  edificara  na  Via  Ardeatina 
donde  fe  transferio  para  a  Bafilica  de  S. 
Lourenço  que  por  fer  depofito  de  taõ  grande 
thezouro  fe  intitulou  com  o  feu  nome, 
de  cuja  Bafilica  fendo  Proteftor  o  Cardial 
Francifco  Barberino  Vicecancellario  da 
Igreja  Romana  o  trefladou  em  30.  de  Se- 
tembro de  1645.  4^^  c^^  o  ^3.  anniverfario 
da  Dedicação  defta  Bafilica,  de  huma  arca 
de  Madeira  para  outra  de  Bronze  primoro- 
famente  fabricada,  e  lhe  gravou  huma  ele- 
gante infcripçaõ.  Entre  as  profundas  fcien- 
cias  dignas  de  hum  Pontífice  Máximo  de 
que  foy  infigne  ProfeíTor  S.  Damafo  fe 
diJftinguio  em  a  fuave  afluência  da  Poefia 
que  cultivou  com  fumma  elegância,  e  pu- 
reza, de  cuja  Arte  deixou  vários  monumen- 
tos fendo  o  mayor  o  epitáfio  que  ele  com- 
poz  para  fe  gravar  na  fua  Sepultura  que  he 
o  feguinte. 

Qui  gradiens  pelagt  fluãus  comprejfit  amaros 
Vivere  qui  prajlat  morientis  Jemina  vitce 
Soluere  qui  potuit  l^^aro  fua  vincula  mortis 
Poji  tenebras  frafrem,  pqft  tertia  lumina  Solis 
A.d  Superos  iterum  Maria  donare  Sorori 
Pojl    cineres    Dama/um    faciet,     quia    Jurgere 
credo. 
A  fua  vida  foy  efcrita  por  Anaílafio  Bi- 


bliothecario,    e    Luitprando,    além    de    ou- 
tras   três,    que    extrahio    de    Códices    muito 
antigos,    que    exiíliaõ    em   Roma,    e    fahiraò 
impreílas  ao  principio  das  obras  deíle  Santo 
Pontífice    a    deligencia    de    Mareio    Milecio 
Sarazanio    Jurifconfulto    Romano.     As   fuás 
heróicas,  e  prudentes  acçoens  relataõ  difufa- 
mente    todos    os    Efcritores    dos    Pontífices 
Romanos;  os  feus  elogios  fe  lém  em  os  Con- 
cílios, e  nas  pennas  dos  Padres  mais  graves, 
e  Authores  mais  celebres  da  Igreja  Catholica. 
O  Concilio  fexto  Conftantinopolitano  o  inti- 
tulou Videi  Adamas  o  Ecuménico  de  Calcedo- 
nia  Romana  urbis  decus  ad  jufiitiam.    S.    Jero- 
nymo  de   Vir.  llluftrib.   cap.    103.   Elegans  in    ' 
verjibus  componendis  ingenium  habuit  e  na  Apolog. 
ad  Pamachium  vir  egregius,  et  eruditus  in  Scriptu- 
ris;  virgo,  €>*  Ecclejia  virginis  Doãor.     Theo-    ' 
doret.  lib.  2.  Hijl.  Ecclef.  cap.  22.  vir  plurimis    ' 
virtutibus  injignibus  exime   ornatus    &    lib.    5. 
cap.  2.  Vir  fane  propfer  vita  prajlabilis  ornamenta 
infignis,   &   cap.    10.   vir  in  omni  genere  laudis 
florentijfimus.  S.  Ambrofio  Epijl.  30.  ad  Valen- 
tinum.     Damafus  Ecclejice  Dei  Sacerdos  judicio 
Dei  eleãus.  S.  Athanafio  in  Epift.  ad  African. 
Epifcop.    ann.    367.    Sufficiunt   quidem    Scripta 
Damaji  Comminijiri  noftri  dileãi,  ac  magna  Ro-    ' 
ma     Epifcopi.     Nicef.      Calíxt.    HiJl.    Ecc/e- 
Jiajl.  Lib.    II.   cap.    13.  neque  vita,  neque  eru- 
ditione,     et    doãrina     Sanãitate     Liberio     infe- 
rior,   &c    cap.    44.    mu/ta    Veritatis  luce  coruf- 
cavit.    Cafliod.    Hifl.    Tripart.    Lib.     5.    cap. 
29.  multis  virtutum  ornatus  injignibus.  &  Lib.  9. 
cap.   I.  Eaude  dignus,  vir  mirabilis  Adrian.  i. 
ad  Carol.  Imperat.  pro  Concil.  2.  Njjfen.  ann. 
787.    elegantijftmus    Papa    Suidas    ann.    980. 
Verjificator  ingeniofus  S.  Antonin.  Hijl.  Part.  2. 
Tit.  9.  cap.  2.  Sanãus  homo,  (&  multum  eruditus 
in  Scripturis.  Petrarcha  in  Chron.  ann.   1350- 
Vir  optimi  ingenii.   Mart.   Polon.   in  Chron. 
ann.   1252.  elegans  in  verjibus  componendis  inge- 
nium habuit.  Petr.  Crinit.  de  Poet.  anno  1500.  in- 
genium     eruditum      in     faciendis      carminibus. 
Trithem.    de    Script.    Ecclef.    ann.    1504.    vir 
in     divinis     eruditijjimus,     <&     in    facularibus 
litteris    egregie    doãus,    BJjetor,    (ò'    Poeta  cele- 
berrimus,     e>*     in     componendis    verjibus    peri- 
tijfimus,     ingenio    fubtilis,     vita    devotus,    atqut 
Sanãijftmus.     Lilio    Girald.    de    Poetar.    HiJl. 
Dialog.     3.     ann.     1550.     elegans    habuit    in 


L  USITANA. 


607 


i 


nmpomndis  verfibus  ingmum.  Wcrncr.  Wcft- 
i>hal.  Vajcic,  'letnpor.  unno  IJ04.  in  verfibus 
ditlatidis  excellentijfimm  fuit.  Ant.  Auguft. 
in  Prafat  antiquar.  Colleít.  Deere  t.  ann. 
1J76.  Damafus,  Caleflinus,  Innocentim,  Ó* 
\âo  Mafftus,  In  his  enim  Jumma  Sapientia, 
^  ãivinarum,  humanariimque  rerum  cognitio 
mm  fingulari  pietate,  a/que  eloqtuntia  maffUh 
pere  contendere  vija  eft.  Vt.  Angcl.  Rocca 
de  Bib,  Vatíe.  ann.  1590.  tn  pangendis  ver- 
fibus fuit  peritus,  PoíTcvin.  Apparat.  Sacr, 
Tom.  I.  pag.  409.  Vir  SanHus,  virgo,  €>• 
4>ptimus,  ac  SanãijfitHits  Pontifex.  Nat.  Ale- 
xand.  Hift.  Ecclef.  Sxcul.  4.  cap.  3.  §.  8. 
<  cap.  4.  Art.  18.  §.  3.  Franc.  Pagi  Breviar. 
Hiji.  Cbronol.  Crit.  Pontif.  Koman.  Tom.  i. 
pag.  mihi  57.  Baillct  Viés  des  Saints.  Tom.  3. 
g.  mihi  176.  a  II.  de  Dezembro  GraveíTon 
Hfi.  Ecclef.  Quart.  Ecclef.  Sxcul.  CoUoq. 
f.  Urbano  VIII.  feu  fucceflbr  aíTim  na  Dig- 
nidade Pontifícia  como  na  elegância  poéti- 
ca ad  Ant.  Barberin.  S.  RE.  Cardinal. 

Sacra  quibus  Pindus  pracinxit  têmpora  lattro 
Pontifices  alios  inter  fe  Damafus  offert. 
Ambrozio    Novid.    in    Sacr.    Fajl.    anno 
.1538. 

Quarta    dies    oritur.      Damafus   fua    tem- 
pla  recludit 
Hic,    ubi    ceifa  fuo    nomine    te£ía    tenet. 
Pieridum    ut    taceam    fiudiis,    quod    doãus 

adegit 
Magnaque    facundas    fama    potatur     aquce. 
Palat.    Geft.    Pontif.    Roman.    Tom.    i. 
pag.  172. 

Laurece  inferens  laurum 
Fidei  praceptor,    <&  fidium 
Ucet     poetam     ageret     fingere     nefciens 
Ipfa  in  fcena  Templa  erexit. 
D.    Jofeph.    Silos    Maufol.    Koman.    Pon- 
Jif.  p.  56. 

Natales     Damafo    generofa     Hifpania     cu- 
nas, 
Et  Tagus  aurífero  nobilis  amne  dedit. 
Mente     capax     grandi:    formai    fapientia 
doãum 
Peãus,   <&  ingenio  vis  operofa  fuit. 
Aureus     eft     lingua:     Mufoe    placuere     di- 
ferta 
Qiios     docuit    Sacris     tendere     pleãra 
modis. 


O  P.  Anton.  dos  Reyt  no  Entbufiafm' 
Pott.  Ti.  283. 

Damafus   ilh,  fuum   quem  faãat   Brochara 

eivem 
Hoc    titulo    cunífis    Jtraflantior    urbibus    orbis. 
Têmpora     non     viridans     laurus,     rum    paJlida 

neáit 
Frons   hedera:    cingi t    rutilans   adamante    Tiara 
Ter    veneranda    caput :    manibus    qmbus    ar  dm 

Cali 
Kegia  fape  patet,  fecretaque  clauflra  per  iffus 
Felices  animas  recoquentia  fape  patefcunt, 
Tinnula  pleãra   tenet;   ver  um    bac  non   hórrida 

Martis 
Pralia,    non   homines,    non   numina   vana    Dto- 

rum 
Concelebrant ;    uni    Domino  qui  cunãa  Supremo 
Temperai    imperío;    fuperàque    in    Sede    loca- 

tis 
Civibus  impendunt  meríta  praconia  laudis» 
Obras  de  Saõ  Damafo. 
S.  Damafi  opera  qua  extant  ex  codici- 
bus.  M.  S.  Sahiraõ  com  as  Notas  de  Mardo 
Sarrazanio  Milezio  Jurifconfulto  Romano. 
Romac  Typis  Vaticanis.  1638.  4.  &  Parifíis 
apud  Ludovicum  Billaine.  1672.  8.  ConAa 
efta  Colleçaõ  de  12.  Epiftolas  de  Saõ  Da- 
mafo efcritas  a  varias  peíloas,  e  de  40. 
Poeíias  de  diverfos  metros  a  vários  aíTump- 
tos,  fendo  a  mayor  parte  Sagrados.  Mui- 
tas deílas  Poefías  fahiraõ  impreílas  na  Bi- 
blioth.  SS.  PP.  e  na  Colleçaõ  Veter.  Poet. 
Chríftian.  feita  por  Jorge  Fabrido,  além  de 
algumas  fe  lerem  tranfcriptas  nos  Annaes 
Ecclefiafticos  de  Baronio,  e  na  P^ma  fubter- 
ranea  de  Aringhio. 

De  Fide  contra  Hoereticos.  Efta  Obra,  de 
que  faz  mençaõ  Trithemio,  he  julgada 
por  duvidofa,  pelo  íilendo  que  delia  teve 
Saõ  Jeronymo  em  o  Cathalogo  dos  Ef- 
critores  Ecdefiafticos,  compofto  depois  da 
morte  de  Saõ  Damafo,  a  quem  era  impof- 
fivel  ferlhe  occulta. 

De  Trinitate.  Efte  Tratado,  como  af- 
firma  António  Verdier,  fe  confervava  em 
Conftantinopla. 

De  Vir^nitate.  Efta  Obra  certamente 
he  do  Santo  Pontifice,  por  teftemunho 
de  Saõ  Jeronymo,  o  qual  efcrevendo  a  fua 
difdpula    Euftochio,     lhe     diz:     De     Virff- 


6o8 


BIB  LIOTHE CA 


nitate  lihellos  legas  Papce  Damaji  verfu,  profa- 
que  compojitos.  O  eruditiflimo  Jozé  Maria 
Suarezio  Bifpo  de  Vaifon  na  Gallia  Narbo- 
nenfe,  e  Vigário  do  Eminentinfimo  Cardial 
Barberino  na  Bafilica  Vaticana,  eílava  deter- 
minado publicar  eíla  Obra,  como  affirmaõ 
Fr.  Luiz  Jacob,  de  S.  Carlos  Bib.  Pontif.  pag.  6o. 
e  Nicol.  Anton.  Bib.  Vet.  Hifp.  Lib.  2.  cap.  6. 
§.  189.  e  certamente  fe  fahiíTe  à  luz  publica, 
competeria  com  as  que  efcreveraõ  deíle  ar- 
gumento Saõ  Baíilio,  Saõ  Gregório  Nyfleno, 
Saõ  Jeronymo,  e  Saõ  Fulgencio. 

Epiftolce  varia.  Sahiraõ  algumas  impref- 
fas  na  CoUeçaõ  dos  Concilios  de  Severino 
Binio,  e  Lucas  Holílenio  juntamente  com  as 
Epiílolas  de  Saõ  Jeronymo  a  Eftevaõ  Arce- 
bifpo  da  Mauritânia,  e  em  outras  CoUeçoens 
impreíTas  Pariíiis.  1555.  Coloniae.  1570.  e 
Baíilea  1576.  A  mayor  parte  delias  he  jul- 
gada apocryfa  pela  fevera,  e  douta  Critica 
de  Nicol.  Anton.  in  Bib.  Hifp.  Vet.  Lib.  2. 
cap.  6.  §.  192.  até  208.  e  fomente  faõ  admittidas 
como  legitima  producçaõ  do  Santo  Pontífice 
duas  efcritas  a  Saõ  Jeronymo,  que  princi- 
piaõ:  Dormienfem  te,  &c.  e  outra  Commen- 
taria  cum  legerem;  huma  efcrita  de  Roma 
aos  Bifpos  do  Illirico,  que  eftaõ  infertas  nas 
Hiftorias  Ecclefiaílicas  de  Theodoreto  Lib.  2. 
cap.  22.  e  de  Sozomeno,  Lib.  6.  cap.  27.  e 
duas  a  Paulino  Bifpo  de  Antiochia,  de  cuja 
opinião  he  erudito  defenfor  Luiz  Elias  Du- 
pin  Nouvel.  Bib.  des  A.utheurs  Ecclef.  Tom.  2. 
des  Autheurs  du  TV.  Siecle.  e  Tillemont  Me- 
moir.  pour  Jervir  a  VHifioire  Ecclejiaji.  Tom.  8. 
Art.  15.  pag.  mihi  422.  e  423.  Em  diverfas 
Bibliothecas,  conforme  efcreve  D.  Bernardo 
Montfaucon  Monge  Benediâino  na  Bib. 
Bibliothec.  M.  S.  nova  Tom.  i.  pag.  278.  col.  i. 
pag.  421.  610.  951.  e  Tom.  2.  pag.  745.  e 
922.  fe  confervaõ  varias  copias  deitas  Epif- 
tolas,  como  faõ  na  Bibliotheca  Laurent, 
Medicea  num.  18.  na  Florentina,  num.  65. 
na  Bafilienfe,  na  delRey  de  Inglaterra,  na 
Colbertina  codic.  1572.  e  na  Real  de  Pariz 
num.  3758. 

Paffionis  Sanãomm  Marcellini,  <&  Petri 
relatio.  Conferva-fe  no  Archivo  da  Baíi- 
lica  de  Saõ  Pedro.  A  eftes  Santos  Mar- 
tyres  confagrou  o  mefmo  Santo  Pondfice 
huma  infcripçaõ  que  começa. 


Marcelline  tuos  pariter  Petre  nofce  trium- 
phos,   &c. 

Vita  S.  Nico/ai  Epi/copi  Myrenfis.  Ef- 
crita em  verfo,  a  qual  annualmente  fe  re- 
cita na  vefpera  defte  Santo  em  a  Igreja 
do  feu  nome  in  Cárcere  Tulliano,  como  efcreve 
Fr.  Luiz  Jacob,  de  Saõ  Carlos  Bib.  Pontif. 
pag.  60. 

Summa  quorumdam  Voluminum  utriujqm  TeJ- 
tamenti  hexametris  verjibus  breviter  comprehenfa. 
Conferva-fe  no  Archivo  da  Igreja  de  Saõ 
Pedro  como  refere  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Vet.  Lib.  2.  cap.  2.  §.  214.  pela  aííeveraçaõ 
de  hum  Author  da  Vida  do  Santo  Pontífice. 

In  PJalterium  Carmina.  Defta  Obra  fazem 
memoria  Gefnero  in  Bib.  e  Fr.  Luiz  Jacob, 
de  Saõ  Carlos,  no  lugar  acima  allegado,  c 
delia  fe  conferva  huma  copia  na  Bib.  Vatican. 
num.  4228.  como  efcreve  Montfaucon  in 
Bib.  Bib.  M.  S.  nov.  Tom.  i.  pag.  129.  col.  u 
e  na  pag.  223.  diz,  confervarfe  outra  na  Bib. 
Cafinenfe  num.  467. 

De  atithoritate  Concilii  Capuenjis.  Efta 
Obra  efcreve  Theofilo  Spizelio  in  Sacris 
Bibliothecarum  illuftrium  arcanis  reteãis.  con- 
fervarfe na  Bib.  de  Bafilea,  e  o  mefmo  aííirma 
Montfaucon,  no  lugar  acima  citado  Tom.  i. 
pag.  610.  col.  2.  mas  naõ  pode  fer  compofta 
por  Saõ  Damafo  por  fer  efte  Concilio  cele- 
brado depois  da  fua  morte,  quando  governou 
a  Igreja  o  Papa  Sericio  feu  fucceíTor. 

De  Vitis  Pontificum  Komanorum.  Efta 
Obra,  que  he  intitulada  por  huns  Pontifi- 
cale,  e  por  outros  Aãa  Summorum  Pon- 
tificum,  e  Gejla  Pontificum  Komanorum,  de 
que  fe  confervaõ  diverfas  copias.  Aí.  S, 
em  a  Bibliotheca  Vaticana,  num.  2039. 
na  Anglicana,  num.  2464.  na  Ambrofiana 
efcrita  em  pergaminho,  e  na  Real  de  Pariz 
codic.  736.  como  efcreve  Montfaucon  in 
Bib.  Bib.  M.  S.  Tom.  i.  pag.  105.  679. 
512.  e  Tom.  2.  pag.  736.  Sahio  a  pri- 
meira vez  impreíTa,  Venetiis  1347.  foi.  E 
depois  em  1600.  com  o  nome  de  Saõ  Da- 
mafo, a  quem  reconhecerão  por  feu  legi- 
timo Author,  Marineo  Siculo,  Trithemio, 
Platina,  Floravancio  Martinello,  Genebrardo, 
Marco  António  SabbeUico,  Paganino  Gau- 
dêncio, Guilhekno  Hyfeigrenio,  e  ou- 
tros    muitos,     porém    pelo    bárbaro    eílillo 


L  U  SITANA. 


Ó09 


totalmente  alheyo  da  pureza  com  que  eícre- 
via  Saõ  Damafo,  e  pelos  enormes  ana- 
croniímos,  e  falUdades,  de  que  cílá  cheya 
efta  Obra,  naõ  hc  comporta  pelo  Santo  Pon- 
tífice, mas  por  Anaftafio  Bibliothecario,  em 
cujo  nome  a  publicou  o  Padre  Joaõ  BuíTeo 
jefulta  Moguntix  1602.  cuja  opinião  feguem 
Bellarmino  de  Serip/.  EccUf.  Auberto  Mireo 
in  No/,  ad  D.  Hieron.  de  Script.  Eccief.  Joaõ 
Gerardo  VoíTio  de  Uijlor.  íutthi.  Lib.  i.  cap.  8. 
c  3J.  e  o  Padre  Filippc  I.ahbc  Dijfert.  llijl.  de 
Eccief.  Script.  ou  por  Damafo  Bifpo  Portuenfe, 
como  feguem  Papirio  MaíTonio,  Fr.  Af- 
fonfo  Chacon,  e  Fr.  LuÍ2  Jacob,  de  Saõ  Car- 
los Bib.  Pontif.  pag.  296.  o  qual  Damafo 
Portuenfe  defende  erudita,  c  nervofamcnte 
fcr  o  Papa  Fcrmofo,  Cafimiro  Oudin  in  Com- 

Itfiení.  de  Script.  Eccief.  antiq.  Tom.  2.  cap.  8. 
lad.  ann.  890.  pag.  389. 
I  ^f  fiftgulis,  qua  Prasbyteris  licere  non  ccepe- 
rmt  pojlquam  ab  epifcopali  excellentia  feparati 
fmt.  Confervafe  eíle  tratado  M.  S.  na  Bib. 
Vatican.  Cod.  1324.  como  efcreve  Montfauc. 

ITom.  I.  pag.  150.  col.  2. 
Diíia  ad  Epifcopos.  M.  S.  Na  Bib.  Real  de 
Pariz  Codic.  736.  como  diz  o  allegado  Mont- 
foucon.  Tom.  2.  pag.  1039.  col.  i. 
Carmina  in  D.  Paulum,  <Ò'  in  Danielem 
Prophetam.  M.  S.  na  Bib.  CaíTinenfe  n.  197. 
e  na  Ambrofiana  por  aíTeveraçaõ  de  Mont- 
faucon.  Tom.  i.  pag.  223.  col.  2.  e  312. 
col.  I. 

O  nobilitarfe  o  noíTo  Reyno  de  Portu- 
gal com  a  produção  de  hum  tal  filho  como 
S.  Damafo  de  que  lhe  refulta  immortal  glo- 
ria, he  aíTeveraçaõ  dos  mayores  Authores 
que  venera  a  Republica  litteraria,  dos  quaes 
como  eílranhos  fazem  menos  fofpeitofa  a 
verdade  de  fer  Portuguez,  como  faõ  Comelio 
Hazart  in  Triunf.  Pontif.  Koman.  Tom.  i. 
^tas.  2.  Joaõ  Francifco  Boudino  Arcebifpo 
de  Avinhaõ  Sum.  Pontif.  Urb.  et  Orb.  Series 
ad  an.  Chriíl.  367.  Filisbert.  Thomafin.  in 
Ver.  effigieb.  Pontif.  Panvino  Hifl.  Eccief.  Lud. 
Jacob,  a  S.  Carol.  Bib.  Pontif.  pag.  59.  Papir. 
MaíTon.  de  Epifcop.  Urbis  Komce  in  Vita  Joan. 
22.  Joan.  Bapt.  Riccioli  Chronolog.  Keformat. 
Tom.  3.  pag.  12.  Jeronymo  Bardi  in  Mta- 
tib.  mimd.  ad  an.  Chriíl.  366.  Balduino  Ju- 
nio    in    Chronol.    Morali    Tom.    2.    ad    an. 


Chriíl.  567.  Guilhenne  dela  Croíx  na  Serie 
dos  Bifpos  de  Cahors  ad  an.  Chriíl,  367. 
Bartholameu  Dionifío  Fanenfe  Virid.  omn. 
liifl.  Part.  2.  cap.  52.  Beyerlinck.  Thtatr. 
Vit.  Uuman.  lit.  E.  Tit.  Epifcopus  Tom.  3. 
pag.  mihi  137.  Francifco  Sanfovino  Caiba- 
log,  de  Pontif.  Romani  foi.  12).  NicoL  An- 
geL  Caferrío  Sjnthaj^m.  Vetitflat.  pag.  56). 
Pcrt.  Frizon.  Gallia  Purpurat.  Joan.  Gualter. 
Chronic.  llifl.  Polit.  pag.  205.  Franc.  Lúpus 
Coriolan.  Brev.  Chronolog.  atl  an.  376.  Bol- 
land.  in  Aãis  Sana.  mení.  Jan.  Tom.  i. 
pag.  641.  André  Scoto  Bib.  Hifp.  pag.  183. 
e  336.  Vafeo  in  Chron.  Hifp.  ad  an.  367. 
Silos  Maufolea  Koman.  Pontif.  pag.  56.  Pala- 
tio  Gefla  Pontif.  Kcman.  Tom.  1.  pag.  172. 
Fr.  Angelo  Rocca  Bib.  Vatican.  anno  IJ90. 
Guilherme  Burio  Kom.  Pontif  brevis  notitia 
pag.  56.  Entre  o  grande  numero  de  Authores 
referidos  fomente  alguns  Caílelhanos  quizeraõ 
defpojar  a  Guimaraens  de  fer  o  feliz  berço 
de  S.  Damafo  pertendendo  darlhe  por  Patna 
a  Madrid,  e  outros  a  Tarragona  cujas  opi- 
nioens  por  ferem  fundadas,  fobre  a  caduca, 
e  apócrifa  authoridade  de  Flávio  Dextro 
defprefaraõ  os  mais  graves,  e  críticos  Ef- 
panhoes  feguindo  como  folida,  e  verdadeira 
a  de  fer  Portuguez  efte  Santo  Pontifice  como 
para  feu  defengano  podem  ver  em  Ambroíio 
de  Morales  Hijl.  de  Efpan.  lib.  10.  cap.  40. 
Franc.  de  Padilha  Hifl.  Eccief.  de  Efpan.  Tom.  i. 
Cent.  4.  cap.  56.  Fr.  Joaõ  de  Pineda  Mon. 
Eccief.  Part.  2.  Liv.  13.  cap.  23.  Eílevaõ  de 
Garibay  Compend.  Hifl.  Part.  i.  liv.  7.  cap.  52. 
D.  Mauro  Caftellà  Ferrer  Hifl.  de  Compoflel. 
Liv.  2.  cap.  23.  Gonçalo  Ilhefcas  Hifl.  Pontif. 
Tom.  I.  Liv.  2.  cap.  6.  Fr.  A£Fonf.  Chacon 
Vit.  'Koman.  Pontif.  Tom.  i.  pag.  mihi  250.  e  D. 
Nicol.  Anton.  Bib.  Hifp.  Vet.  Lib.  2.  cap.  6. 
§.  181. 

Fr.  DÂMASO  DA  PRESENTAÇAM. 
Naceo  em  a  Villa  de  Punhete  do  Arce- 
bifpado  de  Lisboa  em  o  anno  de  1577. 
Quando  chegou  a  idade  de  18.  annos  rece- 
beo  o  habito  de  frade  Menor  na  reformada 
Província  de  Santo  António,  onde  depois 
de  eíludar  as  fciencias  neceíTarias  para  o 
Púlpito,  e  ConfeíTionario  foy  Guardião  do 
Convento    de   Lisboa,    duas    vezes   Cuílodio 


44 


ÓIO 


BIB  LIO  TH  E  CA 


da  Provinda,  e  Qualificador  do  Santo  Officio. 
Morreo  no  Convento  de  Lisboa  a  19.  de 
Novembro  de  1642.  com  65.  annos  de  idade, 
e  47.  de  Religião,  do  qual  fazem  mençaõ 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  201. 
Fr.  Joan.  a  D.  Ant.  na  Vrancijc.  tom.  i.  pag. 
288.  c.  I.  onde  o  intitula  magna  pietatis  vir, 
e  Fr.  Martinh.  do  Amor  de  Deos  Chronic. 
da  Prov.  de  Sant.  Anton.  Tom.  i.  pag.  529. 
Compoz. 

Obrigação  do  Frade  Menor  em  o  qual  fe  tocaõ 
as  cou:(as,  que  eftà  obrigado  a  guardar  affim  por 
fua  regra,  como  por  h,ey  divina.  No  Convento 
da  Carnota  por  António  Alvares  1627.  aos 
50.  de  fua  idade,  e  32.  de  Religião.  Sahio 
fegunda  vez  Lisboa  por  Pedro  Ferreira 
1727.  8. 

DÂMASO  VILLELA.  Veja-fe  P.  MA- 
NOEL DA  SYLVA  da  Congregação  do 
Oratório. 

Fr.  DAMIAM  Religiofo  profeíTo  da  Mi- 
litar Ordem  de  Chriílo,  e  o  fegundo  Prior 
trienal  do  Real  Convento  da  Villa  de  Tho- 
mar  eleito  a  23.  de  Agoíto  de  1554.  Dou- 
tor em  a  Sagrada  Theologia  de  quem  fazem 
memoria  Ant.  Carol.  Vijch.  in  Bib.  Cifter- 
cienj.  e  Longelino  in  Nofitiis  Canobiorum 
Ord.  Ciji.  lib.  10.  foi.  11.  Ordenou,  e  im- 
primio. 

Compendio  da  Kegra,  e  Definiçoens  dos  Cava- 
leiros da  Ordem  de  Nojfo  Senhor  Jefu  Chrifio 
com  alguns  Breves  apojlolicos,  e  Privilégios  Reaes 
a  me/ma  Ordem  concedidos.  Lisboa  por  Jorge 
Rodrigues.  1606.  4. 

DAMIAM,  cujo  appellido  fe  ignora,  na- 
ceo  na  Villa  de  Odemira  da  Comarca  de  Beja 
em  a  Província  Tranílagana.  Foy  Boticário, 
e  celebre  nas  regras  do  jogo  do  Xadrez  as 
quaes  querendo  fazellas  mais  praéticas  efcreveo 
a  feguinte  obra  que  fahio  na  lingua  Italiana. 

L.ibro  de  impar  are  giocare  a  Scachi,  e  de  par  ti  ti 
per  Damiano  Portoghefe  8.  Naõ  tem  lugar 
da  impreíTaõ.  Ruy  Lopes  de  Segura  Vi- 
íinho  do  lugar  de  Safra  que  compoz  fobre 
efta  matéria,  e  fahio  impreílo  Alcalà  por 
André  de  Angulo  1561.  4.  o  allega  muitas 
vezes,  e  quafi  o  commenta  em  diverfos  lu- 
gares venerando-o  como  infigne  Meftre. 


DAMIAM  DE  AGUIAR  filho  do 
Doutor  Joaõ  de  Aguiar  Ouvidor  do  Mar- 
quez de  Ferreira,  e  de  D.  Antónia  Bor- 
ges Ribeira  filha  de  Gonçalo  Ribeiro  Se- 
nhor de  Villarinho  naceo  em  a  Cidade 
de  Évora  a  14.  de  Abril  de  1535.  Na 
tenra  idade  de  dez  annos  paíTou  a  Coim- 
bra onde  naõ  fomente  eíhidou  os  primeiros 
rudimentos  de  Grammatica,  e  letras  hu- 
manas, mas  fe  applicou  à  Faculdade  do  Di- 
reito Cefareo  com  tal  viveza  de  engenho 
que  ainda  naõ  contava  vinte  annos  quando 
nella  recebeo  o  gráo  de  Doutor.  Deixando 
a  Univerfidade  fervio  alguns  Lugares  com 
fumma  integridade  até  que  chegou  a  fer  De- 
zembargador  dos  Aggravos  na  Cafa  da  SuppU- 
caçaõ  de  que  tomou  poíTe  a  19.  de  Agoílo 
de  1577.  Sendo  Vereador  do  Senado  de 
Lisboa  juntamente  com  Manoel  Tellez 
Barreto,  Francifco  de  Sà,  e  António  da 
Gamma  deu  a  poíTe  delia  Cidade  por  fer 
Capital  do  Reyno  de  Portugal  a  11.  de  Se- 
tembro de  1580.  a  D.  Fernando  Alvares 
de  Toledo  Duque  de  Alva  como  Procura- 
dor da  Mageftade  de  Filippe  II.  a  quem  fe 
tinha  julgado  a  SuceíTaõ  delia  Monarchia. 
Jà  occupava  o  lugar  de  Dezembargador  do 
Paço  quando  como  Procurador  da  Cidade 
de  Lisboa  orou  no  Auto  folemne  em  que 
na  Villa  de  Thomar  a  16.  de  Abril  de  1581. 
foy  jurado  efte  Princepe  Rey  de  Portugal, 
exercitando  efte  mefmo  minifterio  naõ  fo- 
mente nas  Cortes  celebradas  na  dita  Villa 
a  20.  de  Abril  de  15  81.  mas  em  o  Ju- 
ramento do  Princepe  D.  Diogo  a  23. 
do  dito  mez,  e  armo.  Foy  Commendador 
das  Commendas  de  S.  Cofme  de  Gonde- 
mar  no  Bifpado  do  Porto,  e  de  S.  Matheos 
em  o  de  Coimbra  ambas  da  Ordem  de 
Chriílo,  premio  que  além  de  o  merecerem 
os  feus  grandes  ferviços  foy  follicitado 
pela  authorizada  intervenção  do  Summo 
Pontífice  Clemente  VIII.  o  qual  quando  veyo 
a  Lisboa  com  o  Cardial  Alexandrino  con- 
trahio  com  Damiaõ  de  Aguiar  grande  ami- 
zade, efcrevendo  eíle  Breve  à  Mageftade  de 
Filippe  III.  que  he  o  mais  honorifico  pa- 
drão da  fua  peíToa.  Charijfime  in  Chrijio  Fili 
nojler  Jalutem,  (&  apofiolicam  benediãionem. 
Anni  jàm  plurimi   effluxére,    ex   quo  primum 


LUSITANA. 


óii 


cogmvimiis  in  Ijijitania  dileítum  filium  Damia- 
nmn  de  Ajijàar  Militia  ChriJIi  eqiiittm  majcfia- 
tis  ttm  Jubditum.  Tunc  en'wi  cum  loco  inferiori 
tffetNUs  {juffu  Sanita  recordaíionis  PU  Papa  V. 
pradecefforis  tiojlri  cum  Alexandrino  Cardinal i 
Apoftolico  l^jiflto  pia  memoria  Hijpaniarum, 
rtffia  amplijftma  ohibamtis)  vifus  ejl  autem  nobis 
idem  Damianus  vir  priidens,  et  prajlanti  virtu- 
te,  eumque  amore  Jummo  profecuti  fnmns,  ve- 
terijqite  nojlra  cum  eo  conciliata  amicitia  Jem- 
per  memores  fui  mus,  et  nimc  plane  Jumus; 
Jed  eo  imprimis  nomine  illum  amamus  quod 
Majeftati  tua,  ut  audivimus,  ^  Corona  ifti 
feliciíer  infervierit,  ac  nominatim  Philippo  Regi 
inclyta  memoria  patri  tuo  in  illis  h^fitanis 
tumultibus  e^egie  fidelem  (ut  nobis  relatum 
ejl)  operam  navaverit;  quare,  e^  //  tua  regia 
fatia  digftus  ejl,  €>•  nos  illi,  e  jufque  domui 
ímnia  commoda  jam  pridcm  optamus,  cb*  nunc 
ipfa  id  tandem  efficaciter  praftare  Te  au- 
\ibore  cuperemus:  Jed  hoc  expeâamus,  ut  is, 
w  nobis  ante  tam  muitos  annos  notus,  €>•  cha- 
fuit,  nofira  etiam  commendationis  intuitu 
'4m  aliquem  infignem  capiat  benignitatis 
At  rationes,  (&  modi  Majeftati  tua  deejje 
íon  pojjunt  quibus  illum  ornes,  c>*  augeas,  (Ò" 
yjubleves,  ut  je,  ó^  domum  juam  commodius, 
<&  decentius  pro  jui  ftatus  conditione  juftinere 
vakat;  fit  tamen  exiftimamus  {quando  in  ea 
vocatione  ejl)  pojje  à  Majeftate  tua  Commenda 
aliqua  cujujvis  Militaris  Ordinis  augeri,  cujus 
uberiores  jruãus  utilitatem  cum  dignitate  et 
afferant:  etiam  igitur,  atque  etiam  illum  Maief- 
tati  tua  commendamus ;  eritque  nobis  Jane  per- 
^atum  ut  hoc  nobis  petentibus  tribuas,  quod 
tua,  <&  Patris  tui  Regis  gloria,  <&  tui  ipftus 
magnijicentia  jure  óptimo  poftulat,  (&  Da- 
miani  erga  utrumque,  parentem  fcilicet,  €>*  na- 
tum  jidelis,  (ò"  devota  jervitus  non  immerito 
requirit.  Datum  Roma  die  ultima  Augufti 
1602.  Pontijicatus  noftri  anno  fecundo.  Foy 
ca2ado  duas  vezes,  a  primeira  com  D.  Ju- 
liana Pedroza  de  quem  naõ  teve  fuccef- 
faõ,  e  a  fegunda  com  D.  Francifca  de 
Mendoça,  e  Vafconcellos,  filha  de  Ma- 
noel Mendes  de  Vafconcellos  Senhor  do 
Morgado  das  Vidigueiras,  e  de  D.  Catha- 
rina  de  Mendoça  de  quem  teve  cinco  fi- 
lhas, das  quaes  a  herdeira  chamada  D.  An- 
tónia   de    Aguiar,    e    Vafconcellos,     cazou 


com  Tríílaõ  da  Cunha  de  Attayde  Senhor 
de  Povolide.  Falleceo  em  Lisboa  a  27.  de 
Julho  de  1618.  com  85.  annos  de  idade. 
Jaz  fepultado  na  Capella  mór  do  Con- 
vento de  Santo  António  dos  Capuchos  de 
quem  era  Padroeiro,  onde  ao  lado  da  EpíT- 
tola  tem  gravado  em  huma  pedra  eíle  Le- 
treiro : 

lifta  Capella  he  de  DamiaÕ  de  Aguiar  que 
foy  do  Confelho  de  Sua  bAageftade,  e  feu  Chanceller 
mór  neftes  Reynos  de  Portugal,  e  de  D.  Francifca 
de  Mendoça  de  Vafconcellos  fua  mulher,  e  de  f eus 
herdeiros.  Falleceo  a  27.  de  Julho  da  era  de  1618. 
Compoz. 

OrafaÕ  no  Auto  do  levantamento,  e 
juramento  de  Filippe  II.  em  16.  de  Abril 
de  1581.  Começa.  He  taJÒ  grande  o  contenta- 
mento, e  alegria,  (Ó^c. 

Orofaõ  no  Auto  das  Cortes  de  Thomar 
celebradas  a  20.  de  Abril  de  1581.  Começa. 
A  vojjajempre  leal  Cidade,  ^c. 

Oração  ao  Auto  do  juramento  do  Prin- 
cepe  D.  Diogo  a  23.  de  Abril  de  ij8i. 
Começa.     Querendo    Deos    Nojjo   Senhor,    (è^c. 

Sahiraõ  eftas  três  Oraçoens  impreíTas, 
nos  Inftrumentos,  e  Efcrituras  dos  Autos 
das  Cortes  de  Thomar,  1584.  foi.  Sem  lu- 
gar, nem  nome  de  Impreflbr. 

Fr.  DAMIAM  BOTELHO  natural 
da  Cidade  de  Lamego,  filho  de  Damiaõ 
Botelho,  e  de  Anna  Teixeira,  irmaõ  de 
D.  Marcos  Teixeira  Collegial  do  Collegio 
de  Saõ  Pedro  da  Univerfidade  de  Coim- 
bra, Inquifidor  da  Inquifiçaõ  de  Évora, 
e  Bifpo  da  Bahia  de  todos  os  Santos.  De- 
pois de  aíTiIHr  muitos  annos  em  a  Compa- 
nhia de  JESUS,  onde  leu  com  appkufo 
letras  Humanas,  e  as  Sciencias  Efcholaf- 
ticas,  paíTou  com  faculdade  do  Geral  Mu- 
do Vitelefchi  para  a  ReUgiaõ  de  Saõ  Je- 
ronymo,  e  no  Real  Moíleiro  de  Belém  pro- 
feííou  a  24.  de  Dezembro  de  1632.  Nunca 
quiz  aceitar  Prelafia,  e  fomente  exer- 
citou o  lugar  de  Procurador  geral.  Foy 
dos  grandes  Pregadores  do  feu  tempo, 
como  moílraõ  féis  volumes  de  folha, 
que  tinha  dos  feus  Sermoens  promptos 
com  todas  as  licenças  para  fe  imprimirem, 
refoluçaõ    que    fufpendeo    a    morte    privan- 


ÓI2 


BIBLIO THE  C  A 


do-o  da  vida  a  26.  de  Mayo  de  1645.  cujos 
Títulos  faõ  os  feguintes: 

Maria/.  Dedicado  a  ElRey  D.  Joaõ 
o  IV.  foi. 

Argumentos  de  Fejlas  de  Chrijlo,  e  Apof- 
tolos.  Dedicado  ao  Príncipe  D.  Theodozio. 
foi. 

Argumentos  de  Fejlas  dos  Martyres,  e  Confef- 
fores.    Dedicado  ao  Infante  D.  Duarte,  foi. 

Argumentos  predicáveis  fobre  as  Fejlas  de 
todos  os  Santos,  dos  Bifpos,  e  de  algumas  Virgens 
fnais  celebres.  Dedicado  à  Rainha  D.  Luiza 
Francífca  de  Gufmaõ.  foi. 

Argumentos  para  todos  os  Domingos  do 
Advento,  e  Fejlas  principaes  que  immediatamente 
Je  Jeguem,  de  Chrijlo  Senhor  Nojfo.  Dedicado 
ao  Inquííidor  Geral  D.  Francifco  de  Caílro. 
foi. 

Argumentos  fobre  todos  os  Domingos  da  Qua- 
refma,  e  Sermoens  da  Semana  Santa.  Dedicado 
ao  Bifpo  Conde  D.  Joaõ  Mendes  de  Távora, 
foi.  Confervaõ-fe  eftes  6.  Tomos  na  Livra- 
ria do  Real  Convento  de  Belém. 

Fr.  DAMIAM  DAS  CHAGAS.  Na- 
ceo  na  Cidade  do  Funchal  Capital  da  Ilha 
da  Madeira,  onde  fendo  de  poucos  annos 
aprendeo  Gramática,  em  que  fahio  pe- 
rito pelo  engenho  de  que  era  dotado. 
Naõ  paíTou  a  mayores  efhidos  por  querer 
feu  Pay,  que  feguiíTe  a  vida  do  comercio, 
que  exercitava,  porém  elle  ambiciofo  de 
outros  mais  nobres  lucros,  refolveo  entrar 
em  a  Religião  Seráfica,  para  cujo  eífeito 
três  vezes  fe  embarcou,  e  pofto  que  por 
duas  foy  impedido,  e  violentado  por  feu 
Pay  para  que  naõ  executaíle  o  feu  inten- 
to, ultimamente  triunfante  de  tantos  obf- 
taculos  chegou  a  Lisboa,  e  no  Convento 
de  Saõ  Francifco  da  Província  de  Portu- 
gal recebeo  o  Habito,  fervindo  de  exem- 
plar em  o  Noviciado  aos  feus  companhei- 
ros. Quando  parecia  lograr  a  fua  alma  de 
huma  paz  inalterável,  levantou  o  comum 
inimigo  huma  tormenta  a  que  dava  mayor 
força  certa  mulher,  que  o  obrigava  para 
fer  feu  marido.  Para  desfazer  efta  falfida- 
de  ainda  que  a  própria  innocencia  lhe  fe- 
gurava  a  vitoria,  foy  precifo  largar  a  Re- 
ligião em  que  naõ  profeílava  por  eílar  taõ 


1 


gravemente  impedido.  Depois  que  fe  vio 
livre,  e  defembaraçado  do  impedimento  que 
lhe  maquinara  a  malicia,  bufcou  prompta- 
mente  o  centro  da  fua  efpiritual  tranquillidade, 
qual  era  a  Religião,  elegendo  a  Província  da 
Arrábida,  onde  foy  admitido  por  patente  do 
Provincial  Fr.  Jacome  Peregrino,  ao  Novi- 
ciado do  Convento  de  Saõ  Jozé  de  Ribamar, 
e  nelle  fe  conílituhio  hum  perfeito  exemplar 
da  mais  rigorofa  penitencia.  Nunca  comeu 
carne,  nem  peixe,  fendo  o  feu  continuo  ali- 
mento ervas,  temperadas  taõ  infipidamente, 
que  ferviaõ  de  afpera  mortificação  ao  gof- 
to.  Naõ  ceifava  de  fazer  guerra  ao  corpo 
com  as  armas  dos  cilícios,  e  difciplinas, 
para  nunca  fe  rebellar  contra  o  efpirito. 
Ainda  que  naõ  tinha  frequentado  as  efcoks 
era  dotado  de  taõ  fubtil  engenho,  que 
penetrava  as  Queíloens  mais  dificultofas 
da  Theologia  Moral,  pofto  que  nunca  as  quiz 
praticar  em  o  ConfeiTionario,  pelos  muitos 
efcrupulos  de  que  era  combatido.  Na  Myílica 
foy  infigne  Meílre,  deixando  por  teílemunho 
da  fua  fciencia  em  taõ  alta  Faculdade. 

Tratado  Efpiritual  dividido  em  dous  volumes. 
M.  S. 

Em  o  qual  naõ  fomente  compendiava 
mas  expunha  as  fentenças  de  vários  Au- 
thores  que  efcreveraõ  em  matérias  MyíH- 
cas.  Pela  nojja  pobreza  ( faõ  palavras  de 
Fr.  António  da  Piedade  Chron.  da  Prov. 
da  Arrab.  Part.  i.  Liv.  5.  cap.  5.  §.  1064.) 
Jicaraõ  privados  da  ejlampa,  e  fe  fatisfe^ 
com  lhe  dar  o  Supremo  Tribunal  licença  para 
os  poderem  ler  todas,  e  quaefquer  pejfoas  que 
quiserem. 

Ao  tempo  que  contava  quafi  fetenta  annos 
de  idade,  adoeceo  de  hum  Pleuriz  a  que  naõ 
pode  refiítir  por  eftar  fummamente  attenuado 
com  penitencias.  Recebeo  os  Sacramentos 
com  grande  ternura,  e  abraçado  com  hum 
Crucifixo,  falleceo  placidamente  em  o  Con- 
vento de  Torres  Novas  a  29.  de  Março  de 
1600.  Jaz  fepultado  no  Capitulo  do  mefmo 
Convento.  Fazem  delle  larga,  e  honorifica 
mençaõ  o  Chroniíla  allegado,  Jorge  Cardo- 
fo  Agiol.  h.ujit.  Tom.  2.  pag.  349.  e  no 
Comment.  de  29.  de  Março  letr.  D.  e  Fr. 
Joan.  a  D.  Anton.  in  Bib.  Francifc.  Tom. 
I.  pag.  289.  col.  I. 


L  USITANA. 


ói3 


I).  DAMIAM  DA  COSTA  natural  de 
I  I  l)oa,  e  Cónego  Regrante  de  Santa  Cruz 
de  Coimbra,  onde  depois  de  ler  Filoíofía 
aos  feus  domeílicos,  paíTou  em  o  anno  de 
i)3u.  eíludar  Theologia  cm  a  Univcríidadc 
(ic  Pariz,  na  qual  rccebeo  o  gráo  de  Doutor 
ini  ijjj.  cIc  cujo  Aílo  Litterario  foy  feu 
]';uirinh()  Ruy  Ixrnandcs  de  Almada  Hmbaxa- 
(lor  nac|uclla  Corte  dclRey  D.  Joaõ  o  III. 
Conhecendo  eftc  Princepe  o  grande  talento 
de  que  era  ornado,  lhe  commetteo  eleger 
naquclla  Univerfidade  os  Meílrcs,  que  ha- 
viaõ  fer  os  primeiros  lentes  de  Theologia  em 
a  de  Coimbra,  que  novamente  erigira.  Obede- 
ceo  promptamcntc  à  ordem  do  feu  Soberano, 
mandando  para  Meftres  de  Gramática,  e  das 
Línguas  Grega,  c  Hebraica  a  Pedro  Henriques, 
c  Gonçalo  Alvares  ambos  Portuguezcs,  e 
alumnos  da  Univerfidade  de  Pariz.  Logo  que 
fe  rcftituhio  ao  Rcyno,  foy  nomeado  pelo  mef- 
mo  Monarcha,  hum  dos  primeiros  Lentes 
de  Theologia  da  nova  Univerfidade  de 
Coimbra,  em  quanto  teve  o  feu  aflento  no 
Moíleiro  de  Santa  Cruz,  que  foy  defde  o 
anno  de  1557.  até  1544.  em  que  fe  mudou 
para  os  Paços  delRey,  e  neíle  tempo  deixou 
a  Cadeira  preferindo  a  obfervancia  da  Clau- 
fura  ao  applaufo  do  magiílerio.  Nos  últi- 
mos annos  fe  dedicou  com  mayor  difvelo 
à  contemplação  dos  bens  eternos,  de  que  foy 
tomar  pofle  a  9.  de  Abril  de  1563.  Fazem 
delle  memoria  D.  Nicol.  de  Sant.  Mar.  Còron. 
dos  Coneg.  Re^ant.  Liv.  7.  cap.  15.  num. 
17.  e  Liv.  10.  cap.  5.  num.  2.  e  Franc. 
Leyt.  Fer.  Notíc.  Chronolog.  da  Univ.  de  Coimh. 
p.  472.  §.  1012.  e  pag.  556.  §.  1186.  e  1187. 
Compo2. 

Traãatus  de  Incarnatione  in  Tert.  Part. 
D.  Tòom.  compoílo  no  anno  de  1538. 
o  qual  affirma  Joaõ  Franco  Barreto  na 
Bib.  Porttíg.  M.  S.  fe  imprimira  Conim- 
bricae.  1544. 

Fr.  DAMIAM  DIAS  filho  da  efcla- 
recida  Religião  Dominicana,  cujo  Habi- 
to profeílou  no  Convento  de  Valença  em 
o  Reyno  de  Caílella.  Foy  Meíbre  de  Theo- 
logia, e  grande  devoto  do  infigne  Thau- 
maturgo  da  fua  Ordem  Saõ  Vicente  Fer- 
rei,   cuja    vida    efcreveo,    e    imprimio    no 


prindpio  dos  Semioeas  do  mefmo  Santo» 
que  illuílrou  com  doudíTimas  notas  as  quaet 
fahiraô  com  os  Títulos  feguintes: 

Sermones  SanÚi  Vinceníii  Ferrerii  aftwaUr 
denuò  Jumma  citrà  per  Daniianum  Dias  LmJí- 
tanum  Theologia  projefforem  recoffiili.  Locu- 
lenta  adnotaíiones  in  margine  accejferimt,  An- 
tuerpix  per  Viduam  &  hxrcdes  joannis. 
Stelii.  1572.  8.  &  ibi  1)70.  per  Phílippum 
Nutium.  8.  &  Venetiis  apud  Bartholonueum 
Rubinum.  1575.  4. 

Sermones  híyemales  S.  Vinceníii  Pir- 
rerii,  &c.  Venetiis  per  Bartholomxum 
Rubinum.  1575.  8. 

Sermones  de  SanHis.  ibi  per  eumdem  Typog. 
1573.  ^*  I^Azem  mençaõ  deíle  Author  joan. 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  Lufit.  Utterat.  lit.  D. 
n.  3.  Echard  Script.  Ordin.  Prad.  Tom.  2. 
pag.  209.  col.  2.  Poflcvino  Apparat.  Sacer 
pag.  410.  Altamura  Cent.  4.  p.  347.  Faria 
Eíirop.  Portug.  Tom.  3.  Part.  4.  cap.  6.  Drau- 
dius  in  Bib.  Clajfic.  Fr.  Pedro  Monteir.  Claufir. 
Domin.  Tom.  3.  pag.  179. 

Fr.  DAMIAM  DA  FONSECA.  Naceo 
em  Lisboa  a  27.  de  Abril  de  1573.  Foraõ  feus 
Pays  Duarte  da  Cofta,  que  pela  madureza 
do  juizo  mereceo  as  eftimaçoens  delRey 
D.  Sebaftiaõ,  e  D.  Anna  da  Fonfeca,  filha 
efpiritual  do  infigne  Varaõ  Fr.  Luiz  de  Gra- 
nada, a  quem  ofFereceo  efte  filho  recemnaddo, 
para  que  com  a  fua  bençaõ  crefceííe  em  vir- 
tudes heróicas.  Defde  a  infanda  moftrou 
a  natural  propenfaõ  que  tinha  para  as  letras, 
pois  chorando  em  huma  occafiaõ  com 
grande  exceíTo,  e  procurando  fua  Mãy 
com  varias  caricias  fufpenderlhe  as  lagri- 
mas, o  confeguio  dando-lhe  huma  Carti- 
lha, em  cujo  frontifpicio  eJftava  imprefla 
a  Cruz  que  reverentemente  beijou,  e  co- 
meçando a  maiiigar  o  Livro,  certamente 
o  engoliria,  fenaõ  foíTe  impedido  para  o 
naõ  executar.  Aprendeo  com  os  Padres 
Jefuitas  os  primeiros  rudimentos,  e  íahio 
nelles  taõ  confumado,  que  ninguém  lhe 
difputava  a  primazia.  Em  quanto  naõ  ti- 
nha chegado  à  idade  capaz  de  fer  Religio- 
fo,  foy  amanuenfe  do  Ven.  Fr.  Luiz  de 
Granada,  que  por  exhortaçaõ  fua  partio 
para   Valença   em   o   anno    de    1588.    e   no 


ÓI4 


BIBLIO  THE  CA 


Convento  da  Ordem  dos  Pregadores,  onde 
ainda  fe  confervava  muito  viva  a  memoria 
de  Saõ  Luiz  Beltrão  recebeo  o  Habito  Domi- 
nicano, com  faculdade  do  Meílre  Geral  Fr. 
Xiílo  Fabro,  que  nefte  tempo  aíTiília  em  Lis- 
boa, por  andar  vifitando  as  Províncias  de 
Efpanha.  Teve  por  Meílre  em  o  Noviciado 
a  Fr.  Pedro  Gamboa  Varaõ  de  inculpável 
vida  como  companheiro  que  fora  em  feme- 
Ihante  paleílra  de  Saõ  Luiz  Beltrão,  e  nelle 
affiílio  nove  annos.  Depois  de  aprender 
Filofofia,  e  Theologia  neíle  Convento,  em 
que  fahio  profundamente  inílruido  diâou 
Artes  com  tanto  applaufo  dos  domeílicos, 
e  eftranhos,  que  fe  compravaõ  por  grande 
preço  as  fuás  poftillas  para  fe  di£larem  em  va- 
rias partes  de  Efpanha.  Sendo  nomeado  para 
defender  Conclufoens  no  Capitulo  Geral  cele- 
brado em  Nápoles,  em  o  anno  de  1600.  antes 
de  chegar  a  efta  Cidade,  padeceo  varias  tormen- 
tas, que  o  obrigarão  a  faltar  na  Ilha  de  Mayorca, 
até  que  entrando  em  Nápoles  foy  logo  buf- 
car  a  D.  Francifco  de  Caílro,  fobrinho  do 
Duque  de  Lerma  feu  grande  amigo,  que  nefte 
tempo  governava  eíle  Reyno,  e  que- 
rendo que  affiftiííe  no  feu  Palácio,  fe  defcul- 
pou  com  religiofa  modeítia  de  taõ  honori- 
fica hofpedagem,  e  para  naõ  fer  julgado  por 
ingrato  a  efte  favor,  habitando  no  Convento 
do  Efpirito  Santo  junto  do  Palácio  do  Vice- 
-Rey,  continuamente  o  vifitava,  de  que  fe 
feguio  naõ  fomente  ellegelo  por  feu  ConfeíTor, 
mas  paíTar  com  elle  a  Roma,  onde  foy  caufa 
de  que  contrahiíle  intima  amizade  com  o 
Cardial  Burghefi.  Reftituido  a  Valença,  rece- 
beo o  gráo  de  Doutor  em  Theologia,  e  para 
que  a  leíle  fe  criou  huma  nova  Cadeira 
defta  faculdade,  o  que  executou  com  uni- 
verfal  admiração.  Por  inílancias  de  D. 
Francifco  de  Caftro  Embaixador  de  Caf- 
tella  em  a  Cúria,  paííou  fegunda  vez  a 
Roma,  e  fendo  levado  à  prefença  de  Cle- 
mente Vin.  de  quem  recebera  quando  era 
Cardial  particulares  eílimaçoens,  as  expe- 
rimentou mayores  vendo-o  companheiro 
do  Meílre  do  Sacro  Palácio  Fr.  Luiz  Yf- 
tella  Aragonez,  que  moUrando-lhe  o  Pa- 
lácio que  tinha  em  Belvedere,  ornado  de 
amenos  jardins,  e  caudelofas  fontes,  lem- 
brado   das    moleflias    padecidas    na   jornada 


diíTe  ao  Pontífice:  Dulcia  non  meruit,  qui 
non  gitftavit  amara.  Attendendo  a  Provinda 
de  Aragaõ  ao  feu  merecimento,  fuplicou  ao 
Geral  Fr.  Agoílinho  Galamino,  que  o  creaíTe 
Meílre  da  Ordem,  cujo  gráo  recebeo  das 
mãos  do  Meílre  do  Sacro  Palácio,  do  qual 
era  muitas  vezes  fubílituto  examinando  os 
Livros  que  haviaõ  fer  impreíTos,  nomeando 
os  Pregadores  da  Capella  Pontificia,  e  appro- 
vando  aquelles  que  haviaõ  receber  as  infi- 
gnias  Doutoraes  em  Theologia,  aos  quaes 
como  Cancellario  lhes  conferia  os  gráos.  Na 
celebração  do  Capitulo  do  anno  de  161 2. 
em  que  fahio  eleito  Geral  da  Ordem  Fr. 
Serafino  Sicco  prefidio  a  humas  Conclu- 
foens, que  lhe  alcançarão  grande  credito  ao 
feu  talento,  principalmente  na  repoíla  com 
que  rebateo  o  argumento  propoílo  por  Fran- 
cifco Diotevello,  depois  Núncio  Apoílolico 
em  Polónia,  contra  a  efficacia  efFe£liva  da 
Graça,  o  qual  como  difcipulo  da  Efcola  Jefui- 
tica  defendia  acerrimamente  a  parte  contraria. 
Por  huma  geral  epidemia  que  inficionou  a 
toda  a  Cúria,  contrahio  tal  infirmidade  que  o 
reduzio  ao  ultimo  perigo,  do  qual  certificado 
pelo  Medico  eftar  já  livre  exclamou:  Hei 
mihi  quia  incolatus  metts  prolongatus  eft.  Em 
fatisfaçaõ  do  lugar  de  Meílre  do  Sacro  Palá- 
cio, que  lhe  prometera  o  Pontífice,  e  por  cer- 
tas razoens  politicas  o  naõ  cumprira,  lhe  affinou 
huma  pençaõ  de  cem  ducados  de  ouro 
em  huma  Conezia  de  Coimbra,  além  de 
expedir  hum  Breve  para  que  podeíTe  cobrar 
cada  anno  feifcentos  ducados  de  Camera  dados 
por  ElRey  de  Caftella.  Por  ordem  do  Geral 
fahio  de  Roma  a  25.  de  Settembro  de  161 6. 
com  o  titulo  de  Corniílario,  e  Vifitador  geral 
para  pacificar  as  difcordias,  e  reduzir  ao  eílado 
primitivo  da  Religião  as  Províncias  de  Po- 
lónia, e  Ruflia,  e  vencidas  varias  contro- 
verfias,  introduzio  com  igual  prudência, 
que  fuavidade  a  reforma.  Difcorrendo 
pela  Lithuania,  e  Pruífia,  reílituhio  à  fua 
antigua  obfervancia  os  Moíleiros  de  Vilna, 
e  Lublin,  donde  voltando  a  Ruflia,  vifitou  o 
Convento  Leopolienfe,  e  o  Collegio  de 
Santa  Maria  Magdalena,  cuja  empreza  foy 
taõ  agradável  à  Santidade  de  Paulo  V. 
que  efcreveo  a  ElRey  de  Polónia,  grati- 
ficando-lhe   a   benevolência   que   uzara   com 


L  USITANA. 


6i5 


O  Coniifínrio  delia.  Entrando  fegunda  vez 
em  IJthuania,  edificou  o  Moíleiro  Mirchenfc 
com  a  invocação  do  Doutor  Angélico,  e  refor- 
mou  o  Moíleiro  de  Varfavia.  Concluida  toda 
rOa  incumbência  no  cfpaço  de  trcs  annos, 
(jucrcndo  reílituirfe  a  Ronu  entrou  em  Lens- 
l)crg  primeira  Cidade  de  Saxonia,  onde  foy 
benevolamente  recebido  pelo  feu  Duque, 
com  o  qual  eílando  à  me7.a  fe  altercou  huma 
qucftaõ,  fobre  a  Real  prcfença  de  Chrifto  no 
Sacramento  do  Altar,  entre  hum  Qlvinifta,  e 
hum  Luthcrano,  e  a  ambos  convenceo  com 
.1  ciHcacia  dos  fcus  argumentos.  Depois 
de  difcorrer  por  Trento,  Pádua,  Ferrara, 
Bolonha,  Pifauro,  e  a  Santa  Caza  de  Lorcto, 
onde  rcndeo  as  graças  à  Virgem  SantiíTima 
de  o  ter  livrado  de  tantos  perigos  em  jornada 
ttò  dilatada,  entrou  na  Cúria,  c  nclla  o  rcccbco 
O  Geral  com  inexplicável  jubilo,  e  para  lhe 
Ibuvar  a  prudência  com  que  tinha  em  Poló- 
nia triunfado  de  tantas  contradiçoens,  lhe 
Implicou  com  propriedade  as  palavras  do 
Ecclejiajl.  c.  45.  verbis  ftiis  monftra  placavit. 
Sendo  Creado  Cardial  Roberto  Ubaldino 
Núncio  de  França,  cuja  purpura  lhe  tinha 
"vaticinado  o  elegeo  por  feu  Theologo.  Pre- 
gou o  Advento  na  Cathedral  de  Bolonha, 
com  a  aíTiftencia  das  principaes  peíToas  daquella 
Qdade,  e  querendo  o  Duque  de  Paílrana, 
quando  hia  para  Vice-Rey  de  Sicília,  que 
fofle  feu  Confeílor  prometendo  alcançar-lhe 
hum  Bifpado  delRey  Catholico  fe  efcufou 
por  eílar  exercitando  o  minifterio  de  Theologo 
do  Cardial  Ubaldino.  No  anno  de  1627. 
foy  mandado  à  Província  de  Lombardia, 
onde  fufpendeo  ao  Provincial  por  defobe- 
diente  às  ordens  do  Geral.  Para  defender  a 
joítíça  com  que  ElRey  de  Efpanha  expulfara 
aos  Mouros  dos  feus  Reynos,  contra  a  male- 
dicência que  íiniílramente  interpretava  eíla 
fefoluçaõ  como  feita  mais  a  impulfos  da  con- 
veniência, que  do  zelo  da  Religião,  efcreveo 
no  breve  efpaço  de  hum  mez  com  igual 
elegância,  que  fciencía. 

]ufia  exptiljion  de  los  niorijcos  de  Ef- 
paiia  con  la  injirucion,  apojlajia,  y  trai- 
cion  de  lios:  y  repuejia  a  las  dudas,  que  fe 
ofrecieron  acerca  dejla  matéria.  Roma  por 
Jacomo  Mafcardo  161 2.  8.  Dedicou  eíla 
Obra    a    D.     Francifco    de    Caílro    Ete- 


baxador  em  Roma  de  Filippe  III.  feu  grande 
Patrono;  a  qual  fahio  com  feu  coníentimenco 
traduzida  na  Língua  Italiana,  por  Coíme 
Gaci,  antes  que  (ahi/íe  em  Caílelhano,  com 
eíle  Titulo: 

Del  fftéflo  Jceuciamtnto  d»  Mortfcbi  da 
fpaffta  lihri  fei  dal  Padre  Damiano  Fonfeca 
deir  Ordine  de  Predicaíori  tradoto  dei  Jpa- 
ffiolo  en  Itálico  da  Cofimo  Gaci.  Roma 
por  Bartholomeo  21annetti.  161 1.  4. 

Oratio  habita  in  Comitiis  Gefteralibuf  Or- 
dinis  Pradicatorum  Komce  celebratis  anno 
1601.   Roma:  1601.  4. 

Fazem  memoria  delle  JoaÕ  Bautiíla  Reg- 
giano,  que  lhe  efcreveo  a  vida  na  língua 
Latina,  de  quem  extrahimos  todas  as  noticias 
da  fua  peíToa.  Fernandes  Notitia  Ordin. 
Prad.  chamando-lhe  eruditione  confpictmm.  Fr. 
Jayme  Bleda  Coron,  de  los  Mor.  de  Efpan. 
Liv.  8.  cap.  20.  pag.  946.  Varon  muy  doão 
y  por  Jus  ntuchas  partes  eflimable.  Echard 
Script.  Ordin.  Pracd.  Tom.  2.  pag.  424.  col.  2. 
Tantum  ingenio,  moribufque  claruit  ut  ad  prceci- 
puos  in  Ordine  gradm,  (£t  honores  promoveri 
facile  promeruerit.  Joan.  Soar.  de  Brít. 
Theatr.  Lujit.  Eitter.  lít.  D.  num.  4.  NícoL 
Ant.  Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  201.  Fada 
EMrop.  Portug.  Part.  4.  cap.  6.  e  no  £/>//.  das 
Hiji.  Portug.  Part.  4.  cap.  18.  Leo  Al- 
lat.  in  Apib.  Urban.  p.  104.  Fr.  Pedro  Mon- 
teir.  Claujlr.  Domin.  Tom.  3.  pag.  179. 

DAMIAM  DE  GÓES.  Naceo  na  VíUa  de 
Alanquer,  diílante  fette  legoas  para  o  Norte 
da  Cidade  de  Lisboa  em  o  anno  de  i5oi* 
e  foy  bautizado  na  Igreja  Matriz  de  NoíTa 
Senhora  da  Várzea.  Teve  por  Pays  a  Ruy 
Dias  de  Góes,  e  Izabel  Límí  fua  quarta  mulher, 
ambos  igualmente  nobres,  elle  defcendente 
de  Aniaõ  de  EJftrada  Fidalgo  Aíhiríano,  e 
ella  de  Nícolao  de  Límí,  a  quem  pela  fua 
grande  capacidade  conimetteo  a  SerenííTima 
Infanta  D.  Izabel  filha  do  noíTo  Monarcha 
D.  JoaÕ  o  I.  e  Efpofa  de  Filippe  o  Bom 
Duque  de  Borgonha,  graves  negócios  que 
veyo  tratar  nefte  Reyno.  Defde  a  tenra 
idade  de  nove  annos  aíTiítío  no  Palácio  del- 
Rey D.  Manoel  de  quem  foy  Camareiro,, 
e  Guardaroupa,  e  nefta  política  paleílra, 
moílrou  que  tinha  taõ   boa  índole  para  as 


ÓIÓ 


BIB  LIO THEC  A 


virtudes,  como  profundo  talento  para  as 
fciencias.  Afpirando  o  feu  efpirito  a  exa- 
minar com  os  olhos  o  que  aprendera  pelos 
Livros,  fahio  a  difcorrer  pelas  mais  famofas 
Cortes  do  mundo,  fervindo-lhe  os  coílumes  de 
Naçoens  taõ  varias  de  mudos  direftores  para 
regular  as  fuás  açoens.  Certificado  ElRey 
D.  Joaõ  o  III.  da  fumma  capacidade  de  que 
era  ornado,  o  nomeou  feu  Miniílro  para  tra- 
tar diverfas  negociaçoens  com  os  Reys  Sigif- 
mundo  de  Polónia,  Federico  de  Dinamarca,  e 
Guftavo  de  Suécia,  as  quaes  concluio  com 
igual  gloria  do  feu  Soberano,  como  immortal 
credito  do  feu  nome.  A  fuavidade  do  génio, 
perfpicacia  de  juizo,  e  eloquência  da  frafe, 
principalmente  em  a  lingua  Latina  de  que  foy 
obfervantiírimo  cultor  o  infinuaraõ  na  fami- 
liaridade dos  mayores  Príncipes,  como  foraõ 
Paulo  III.  Carlos  V.  Fernando  Rey  dos  Ro- 
manos, Henrique  VIII.  de  Inglaterra,  e 
Francifco  I.  de  França,  naõ  fendo  menor  a 
amizade,  que  contrahio  com  os  mais  celebres 
profeíTores  das  Sciencias,  que  venerava  aquel- 
la  idade,  como  eraõ  Pedro  Bembo,  que 
depois  foy  Cardial,  Lazaro  Bonamico  de 
quem  ouvio  Filofofia  em  Pádua  quatro 
annos,  os  Cardiaes  Jacobo  Sadoleto,  e 
Chriílovaõ  Madrucio,  Bifpo  hum  de  Car- 
penftorato,  e  outro  de  Trento,  Joaõ  Magno 
Arcebifpo  de  Upfalia,  e  feu  irmaõ  Olao 
Magno,  Erafmo  Rhoteredamo  com  quem 
aíTiftio  cinco  mezes  em  Fribourg,  Conrado 
Goclenio,  Henrique  Glariano,  e  Pedro  Nanio, 
-dos  quaes  recebia  repetidas  cartas  em  que  teíte- 
munhavaõ  a  eftimaçaõ  com  que  veneravaõ  a  fua 
peííoa,  dedicando-lhe  alguns  delles  as  fuás 
Obras,  para  que  protegidas  com  a  fua  fombra, 
pudeíTem  fer  benevolamente  aceitas  em 
todo  o  mundo  Litterario.  Depois  de  ter 
feito  hum  largo  circulo  por  toda  a  Euro- 
pa onde  vio  como  curiofo,  e  obfervou 
como  Sábio  os  Reynos,  e  Cidades  mais 
celebres  defta  illuftre  parte  do  mundo,  em 
cuja  peregrinação  confumio  quatorze  an- 
nos, difcorrendo  em  Flandes  pelos  Duca- 
dos de  Brabante,  e  Lucemburg,  em  Ale- 
manha Alta,  e  Baixa,  pelas  Cidades  de 
Bafilea,  Argentina,  Vormes,  Efpira,  e  Co- 
lónia: em  França  pelas  Províncias  de  Pi- 
cardia,    Normandia,     Bourbon,     e    Delfina- 


do,  e  em  Itália  pelo  Ducado  de  Milaõ,  e 
Lombardia,  as  Cidades  de  Ferrara,  Pádua, 
Veneza,  e  Roma,  fe  reftituhio  a  Flandes  onde 
elegeo  por  domicilio  a  Cidade  de  Lovanha 
Capital  do  Ducado  de  Brabante,  para  com 
mayor  tranquillidade  cultivar  os  feus  eíhidos, 
e  enriquecer  a  pofteridade  com  as  fuás  Obras, 
a  que  o  eftimulava  continuamente  o  infigne 
André  de  Refende.  Porém  fendo  eíla  Cidade 
cercada  em  o  anno  de  1542.  por  vinte  e 
cinco  mil  Francezes,  de  que  eraõ  Gene- 
raes  Martinho  de  RoíTen,  Marichal  de  Guel- 
dres,  e  Nicoláo  de  Beufut,  Senhor  de  Longe- 
val,  tal  foy  a  conilernaçaõ  de  feus  habitadores, 
que  grande  parte  delles  defempararaõ  as  fuás 
cazas;  e  conhecendo  o  Senado  os  efpiritos 
que  animavaõ  a  Damiaõ  de  Góes,  o  elegerão 
Capitão,  e  por  feus  adjuntos  a  Conrado  Conde 
de  Vernemburgo,  Filippe  de  Dorlay,  Bai- 
lio de  Brabante,  e  Jorge  de  Rolyn,  Senhor 
de  Emery,  que  julgando  a  empreza  por  difi- 
cultofa,  naõ  quizeraõ  ter  parte  nella.  Com 
hum  efquadraõ  de  efhidantes,  que  capita- 
neava Damiaõ  de  Góes,  fe  determinou 
oppor  aos  intentos  do  inimigo,  a  tempo 
que  tinha  mandado  pedir  pelo  refgate  do  faço 
da  Cidade  duzentos  e  vinte  mil  Coroas  de 
ouro,  toda  a  artelharia,  e  pólvora  que  nella 
houveíle,  cujos  pactos  fem  elle  o  faber 
tinhaõ  quafi  aceito  os  cercados.  Perturbado 
com  efta  noticia  fahio  ao  campo  com  Adriaõ 
Blehemo,  Governador  da  Cidade  a  conferir 
com  o  General  Francez  ( que  tinha  aíTinado 
o  breve  efpaço  de  huma  hora  para  ultima 
refoluçaõ  dos  íitiados )  o  modo  menos  vio- 
lento com  que  fe  devia  concluir  aquelle  nego- 
cio, e  voltando  para  eíle  fim  à  Cidade  o  Go- 
vernador delia,  ficou  Damiaõ  de  Góes 
com  Longeval,  quando  fem  ninguém  o 
efperar  foou  hum  grande  eftrondo  de  arti- 
lharia difparado  dos  feus  muros,  de  que  fe 
feguio  tal  confternaçaõ  nos  Francezes  que 
muitos  fugirão  arrebatadamente  do  campo, 
e  interpretando  Longeval  fer  infraçaõ  das 
tregoas  em  que  eftava,  voltou  a  fua  cóle- 
ra contra  Damiaõ  de  Góes,  mandando-o  ;  ; 
prezo  para  Vermandois,  Capital  da  Ci-  |^ 
dade  de  Saõ  Quintino  da  Provinda  de  Pi- 
cardia, onde  depois  de  padecer  terríveis 
moleftias,    fe    refgatou    de    taõ    dura    prizaõ 


I 


LUSI  TANA. 


por  dous  mil  ducados  de  ouro.  Em  o  anno 
<lc  1538.  precedendo  facilidade  delRey  D. 
)oaõ  o  III.  fe  defpozou  na  Haya  com  Joanna 
<lc  Hargcn,  filha  de  André  de  Hargen,  natural 
<lc  Utrech,  Senhor  de  Aftorch,  do  Confelho 
(lo  Empcrador  Carlos  V.  em  os  Eftados  de 
Olanda,  defcendentc  dos  Condes  de  Arem- 
berg,  Herne,  e  Monfort,  cujo  illuftre  conforcio 
celebrou  com  hum  elegante  Rpithalamio  feu 
grande  amigo  Alardo  Amftelredamo,  o  qual 
principia: 
Non  me  Um  Unms  jmgtmtur  vitihus  VI  mi 

Nec    plus     Lotos    aqiuu    littora     Myrtus 
amat: 
Quem  GofiO  lépida  ejl  fociata  Joanna  marito 
Qimm  generofa  fiium  deperit  Harga  virum. 
Ao   primogénito,    que   naceo   deftc    ma- 
trimonio, lhe  impoz  o  nome  de  Manoel  cm 
obfequio  do   Monarcha  que  governava  cftc 
Reyno   o   qual   depois   foy   Monge   de   Cif- 
ter  com  o   nome  de  Fr.   Filippe  de   Sion. 
Efte    Genethliaco    applaudio    Pedro    Nanio 
com    huma    elegante    Poefia    que    começa. 
Tandem  lata  dies  Erythrao  digna  'Lapillo 

Advenit,    ò'   pairem    te,     Damiane    facit. 
Antes    de    fe    reílituir    a    Portugal    teve 
mais  dous  filhos  chamado    hum   Ambrofio, 
e  outro  António,  que  profeíTou  o  Inftituto 
CLftercienfe     no     Convento     de     Alcobaça. 
y\íriíUndo   jà   neíle   Reyno   com   fua  mulher 
teve  delia  a  Ruy  Dias  de  Góes,  que  morreo 
no  cerco  de  Chàul,  André  de  Góes,  Fruc- 
tuofo  de  Góes  que  acabou  infelizmente  na 
batalha   de   Alcaçar,   António   de   Góes,   D. 
Catherina,    e    D.    Izabel    de    Góes.     Aten- 
dendo   ElRey    D.    Joaõ    o    III.    aos    Servi- 
ços que  tinha  feito  em  obfequio  deíla  Coroa, 
o  nomeou  Guarda  mór  da  Torre  do  Tombo, 
e    Chroniíla    mór    do    Reyno    dezempenhan- 
do   a   primeira   incumbência   com   reduzir  a 
boa   ordem   os    papeis,    e   documentos,    que 
eftavaõ   confufos   no  Archivo  Real,   e  a  fe- 
gunda,    efcrevendo    a    Chronica    delRey    D. 
Manoel   em   o   anno   de    1558.    dedicada  ao 
Cardial   D.    Henrique,   cuja   obra   tinha  fido 
laboriofa    empreza    dos    Chroniftas    Ruy    de 
Pina,    Fernaõ    de    Pina,    e    D.    António    Pi- 
nheiro Bifpo  de  Miranda.    Soube  com  per- 
feição  as   línguas   mais   polidas   da   Europa, 
e    teve    baftante    intelligencia    da    Arábica, 


617 

e  AbyíTifVi.  Foy  hum  dot  mais  iníigoes  Mu- 
fícos  da  fua  idade  compondo  os  verTos  que 
acomodava  i  Solfa,  de  que  era  eminente  pro- 
feíTor,  cantando-os  com  grande  fuavidade  ao 
íom  de  díverfos  iníhumentos,  que  deflm- 
mente  tocava.  Muitas  deftas  obras  que 
fe  cantavaõ  com  íummo  applaufo  nos  Tem- 
plos, fe  confervaõ  na  Bibliotheca  Real  da 
Mufica  em  a  Eílante  21.  n.  592.  como 
confta  do  feu  Cathalogo  impteíTo  em  Lis- 
boa. Por  fer  Mufico,  e  juntamente  Poe- 
ta, lhe  fez  em  feu  louvor  eíle  epigranuna  o 
infigne  Rezende. 
BJige  utro  mavis  horum  te  nomine  dici 

An  Phabi,  an  Orphei  dulcis  uterqtie  modis, 
Aut  {Ji  non  /pernis  genus  )  à  quo  Mufica  primitm 
Inventa  eft  nobis,  fis  Damiane  Tubal. 
Na  hiíloria  Sagrada,  e  profana  foy  ver- 
fadiflimo,  principalmente  em  a  Genealogia, 
efcrevendo   de   algumas   Famílias   do   noífo 
Reyno  em  cuja  obra  feguindo  mais  os  impul- 
fos  da  vingança,   que  o  decoro  da  verdade, 
diminuhio  grande  parte  da  fua  fama  quando 
fe  fez  maledico  cenfor  da  alhea.   Foy  fempre 
inimigo  do  interefle,  como  moílrou  recufando 
o  Officio  de  Efcrivaõ  da  Caza  da  índia  ofife- 
recido  em  o  anno  de  1553.  por  ElRey  D.  Joaõ 
o  III.    Amou  com  fumma  fidelidade  a  fua 
Pátria  focorrendoa  com  abundância  de  Trigo 
na   occafiaõ,    que   efte   Reyno   padecia   delle 
grande  falta,  o  qual  mandou  de  Flandes  a  feu 
Irmaõ  Fruftos  de  Góes  com  ordem  que  fe 
vendeíTe  pelo  preço  que  cuftàra  a  fua  condução. 
Tendo    chegado    a    idade    proveâa    falleceo 
na  fua  pátria  deixando  duvidofa  a  pofteridade 
aíTim  da  caufa  da  fua  morte,  como  do  dia,  e 
anno  em  que  fucedeo,  porque  ainda  que  o 
P.  Fr.  Manoel  de  S.  Damafo  na  Verd.  'EJuc. 
p.  197.  §.  367.  aífina  a  fua  morte  em  o  anno 
de   1560.  fundado  no  epitáfio  da  fua  fepul- 
tura,  cuja  opinião  feguio  o  P.  D.  António 
Caetano  de  Souf.  no  Apparat.  à  Hijl.  Gen.  da 
CaZ'   Real  Portug.   pag.    31.    §.    11.   acrecen- 
tando   que   fora  em  4.   de   Outubro,   certa- 
mente fe  enganarão,  pois  confia  da  4.  Part. 
da    Chronica    delRey    D.    Manoel    imprefla 
a  25.  de  Julho  de  1367.  e  rubricada  pela  fua 
própria   maõ,   que   ainda   vivia   nefte   anno. 
Corroborafe   mais   efta  verdade   com  o  Pri- 
vilegio impreíTo  ao  principio  da  dita  Chro- 


6i8 


BIB  LIO  THE  CA 


nica  concedido  por  ElRey  D.  Sebaftiaõ  a 
29.  de  Março  de  1566.  ao  mefmo  Damiaõ  de 
Góes,  em  que  lhe  ordena,  que  todos  os  exem- 
plares impreíTos  dcfta  obra  feraõ  aíTinados  por 
elle,  donde  fe  infere  evidentemente  que  até  o 
anno  de  1567.  ainda  eftava  vivo,  e  aíTim  lhe 
anteciparão  a  morte  fete  annos  aquelles 
dous  Efcritores  aíTinando-lha  em  o  anno  de 
1560.  Jaz  fepultado  no  pavimento  da  Capella 
mór  da  Parochial  Igreja  de  N.  Senhora  da 
Varfea  da  Villa  de  Alanquer,  e  na  parede  da 
parte  da  EpiTtola  fe  lé  gravado  efte  elegante 
epitáfio  compoílo  pela  fua  penna. 
D.  O.  M. 

Damianus  Góes  Eques  'Lufitanus  olim  fui, 
Europam  univerjam  rebus  agendis  peragravi,  Mar  tis 
vários  cajus,  labore/que  Jubivi,  Mu/a,  Príncipes, 
Doãique  virí  merító  me  amarunt,  modo  Alano- 
kerccR  ubi  natus  Jum,  hoc  Jepulchro  condor,  donec 
puluerem  hunc  excitei  dies  illa. 

Obiit  an.  Salutis  M.  D.  LX. 
H.  M.  H.  N.  S. 

Na  parte  do  Evangelho  eílaõ  abertas  em 
pedra  as  Armas  da  Familia  dos  Góes,  e  de  fua 
illuílre  Conforte.  Para  naõ  caducar  com  o 
tempo  a  memoria  de  feus  Pays,  e  Avós,  man- 
dou com  igual  piedade,  que  magnificência 
trefladar  os  feus  ollos  donde  jaziaõ  para  hum 
maufoleo  edificado  na  primeira  Capella  do 
Cruzeiro  do  Convento  de  S.  Francifco  da 
Villa  de  Alanquer,  que  ellà  da  parte  do  Evan- 
gelho animando  eílas  cinzas  com  eiia  eloquente 
infcripçaõ. 

D.  O.  M. 

Ob  Jummam  in  Juos  pietatem  Gomejio  Proavo, 
Eupo  Avo,  Roderico  Patri,  Elifabethce  matri  Da- 
mianus Góes  Eques  Eujitanus  pofuit  anno  Domini 

1555- 

Os  elogios  com  que  os  mais  celebres  profef- 
fores  das  fciencias  celebrarão  o  nome  de  Da- 
miaõ de  Góes  aíTim  emprofa,  como  em  verfo,  fe 
naõ  podem  facilmente  transcrever,  dos  quaes  re- 
lataremos alguma  parte,  para  que  fe  conheça 
a  grande  eílimaçaõ  que  efte  infigne  homem  al- 
cançou no  conceito  dos  mayores  Sábios.  O 
Cardial  Jacobo  Sadoleto  em  huma  Carta  que  lhe 
efcreveo  de  Roma  15.  Kalend.  Julii  1537.  Nam 
de  ingenio,  deque  nobilitate  tua,  nec  non  deftudiis  ar- 
tium  optimarum,  de  rerum  ufu,  de  prudentia,  de  hu- 
manitatejic  copio/e  locutus  eji  Petrus  Bohemus,  ut  non 


Jolum  fidem  mihi  fecerit  ejus  pradicatio  plena  auão- 
ritatis,  fed  me  in  amorem  quoque  tui  compulerit. 
O  Cardial  Pedro  Bembo  em  huma  Carta  efcrita 
de  Roma  3.  Idus  Januarii  1541-  Perge  igitur, 
(&  quanto  ingenio,  ac  ufu  vales  ad  gentis  tua  faãa 
Jcriptis  illuftranda  aggredere,  nec  enim  e  ftmajor, 
atque  uberior  ocii  fruãus  tibi  conftare  pojfit  cum 
hiftoria  nihil  fere  fit  ad  nominis  memoriam 
ftabilius,  aut  ad  poflerorum  cognitionem  aptius,  aut 
ad  omnium  deleãationem  jucundius.  O  Cardial 
Chriílovaõ  Madruccio  Bifpo  de  Trento  em 
huma  Carta  que  lhe  efcreve  defta  Cidade 
a  21.  de  Mayo  de  1541.  Vicijftm  te  amare 
incepi,  <&  magis,  magifque  diligo,  non  propter 
Jiemma  tuum  antiquum  quod  longa  ferie  proa- 
vorum  laudabiliter  ducis.  Sed  aliud  quiddam 
in  te  animadverti,  tibi  magis  proprium  quod 
me  in  tui  amorem  pellexit.  Imo  vi  quadam 
occulta  traxit  ut  te  amarem  exquijita  fcilicet, 
(&  abjltrufa  eruditio,  genuina  integritas,  peãuf- 
que  illud  tuum  omni  virtutum  genere  refertijfimum. 
Joan.  Vafasus  in  Epijl.  data  Eborce  15.  Calend. 
Nove  mb.  ann.  1541.  Ut  enim  Jilentio  pra- 
teream  tuam  humanitatem,  probitatem,  eru- 
ditionem  eximiam,  editifque  jam  libris  cele- 
brem, caterofque  animi  tui  dotes  in  tam  claro, 
nobilique  fajligio  conjlitutas,  quce  adamantinum 
plane,  ac  ferreum  pojftnt  hominem  ad  amorem 
tuum  pertrahere.  Cornelio  Grapheo  Secre- 
tario da  Cidade  de  Anveres  o  pintou  defta 
forte. 
Cujus    imago    ifi    hac  plácido  fub  pallida  vultu 

Kidet  purpúreo  fuavis  in  ore  rubor 
Frons  lata,  exporre£ía,  alacris  dulcedine  quadam 

Prce  fe  fert  puri  peãoris  indicium. 
Blandi    oculi,     bene    nigri    oculi,     coma    nigra, 
capillis 

Subcrifpis  nigro  barba  colore  decens 
Nil  eJi  candidius:  nil  eJi  humanius  illo, 

Nil  civile  magis,  nil  magis  eJi  lepidum. 
Omnibus  efl  charus  nulli  non  gratus,  ubique 

Omnibus  expofitus  nil  nifi  delitioe. 
Joachim  Polites. 

Inclyta,     quce     magnum     volitant     tua    fcripta 
per  orbem 

Dum  legimus  claris  nobilitata  viris. 
Prcelia  longinquis  Gangetica  gefiafub  oris 

Indus    ubi    rápidas    in    maré    volvit    aquas. 
Dum  Eufitanas  acies,  inimicaque  caflra 

Turcarum  ferro  depopulata  refers. 


L  USITANA. 


i 


Divinnw  Dantitie  btros  miramur  acuvien 
Mentis,  Ó*  ingemi  máxima  figna  lin. 
Ao  íeu  Retrato  aberto  por  Filippe  Galle 
entre    outros    Varoens    infígnes   em   Letras 
lhe  fez  a  fcguintc  infcrípçaò  Árias  Montano. 
Cmtis    'llmciáides   enarrat  gefta    Pelafgfz 

Romana  claret  IJvíms  HiJIoria: 
I  lie  alia,  ut  taceà,  fera  data  f cripta  fem£!a 
iWtiopum  accepit  nomen  ab  bijioria. 

Bivar  in  Commntt,  Dex/rí  ann.  Chrifl, 
66.  n.  6.  lhe  chama  Equts,  €^  hiftoricm  nohilis. 
Andrad.  Chronic.  delKey  D»  JoaÕ  o  III.  Part.  4. 
cap.  115.  DoMtiJfimo  VaraS.  Faria  na  Advert. 
á  Afia  Portug.  Tom.  i.  Perfona  de  notória 
nob/e^a,  /ciência,  elegância,  credito.  Brandão 
Mon.  htifit.  Part.  3.  Liv.  10.  cap.  19. 
Author  grave  Maced.  Flor.  de  Efpan.  Excel. 
9.  cap.  8.  Deligente  Chronifta  Fr.  Franc. 
à  S.  Aug.  Dom.  Sadic.  pag.  50.  vir  in  omni  dif- 
ciplinarum  genere  verfatijftmus.  Brito  Mon. 
hufit.  Part.  I.  Lib.  2.  c.  24.  tit.  22.  Famofo 
Chronifta.  Franckenau  Bib.  Hifp.  Geneal.  Herald. 
p.  8 1 .  Vir  aulicis  negotiis,  multisq  peregrinationi- 
btis  inclittís,  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifpan.  Tom. 
I.  pag.  201.  col.  2.  in  co^itionem  hominum 
do£iiJfimornm  adeóque  in  univerjam  pofteritatis  me- 
moriam pervenit.  Joan.  Dried.  de  Ecclef.  Scriptur. 
em  a  Dedicatória  a  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  gene- 
rofum  virum,  ac  litterarum  cultorem,  fatitoremque 
candidijfimum.  Scoto  Bib.  Hifp.  pag.  491.  fama 
clarus,  litterifqm  dives,  (ò'  priidentia  inflruííus. 
Anton.  Galvaõ  Trat.  dos  Defcnb.  pag.  mi- 
hi  74.  Correo  a  mor  parte  da  Europa  coufa 
diffia  de  louvor,  e  memoria  pois  deu  lu^  à 
Jua  pátria  de  muitas  coufas  occultas  a  ella. 
Paulo  Freher.  Theatr.  viror.  erudif.  Ciar. 
pag.  145 1.  Muficce  à  pueritia  deditus  ufque 
eo  hufitanicce  gentis  ritu  excelluit,  ut  ea  com- 
ponere  qua  in  Templis  alii  modularentur.  Ant.  de 
Leon  Bib.  Orient.  Tit.  5.  e  novamente  acrecen- 
tada  Tom.  i.  col.  61.  388.  390.  e  no  appen- 
dix  foi.  542.  Fr.  Man.  de  Saõ  Damaf.  Verdad. 
Elucid.  pag.  180.  §.  337.  illuftre  Hiftoriador. 
Niceron.  Mem.  des  Hom.  Illuftr.  Tom.  26.  pag. 
loi.  Valer.  Taxand.  in  Cathal.  Claror.  Hifp. 
Scriptor.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  Latfit. 
Litter.  lit.  D.  num.  5.  CapaíTi.  Hift.  Phi- 
lofof.  p.  453.  Kenigio  Bib.  Vet.  (ò"  Nov. 
P^g*  351'  col.  2.  Haraeus  Annal.  Brabant. 
Tom.    I.   p.    625.   Joan.   Pint.   Ribeir.    Pref. 


619 

das  Ijttr,  às  Armas,  Papadop.  Wft.  Gjm- 
nac,  Patopin.  lib.  2.  cap.  17.  Leytaõ  Mimor, 
Cbrotiol.  da  Univ.  d»  Coimb.  p.  425.  D.  Ant. 
Caet.  de  Souf.  Apparat.  i  Hifl.  Geneal.  da 
Ca:(.  Keal  Portug.  pag.  51.  §.   11.    Q)mpoz. 

Fides,  religio,  morefque  Aítiopum  fub  im- 
pirio  Prttiofi  Joannis  {/piem  vulgo  Prafbite- 
rum  Joannem  vocant)  degentium,  una  cum  ennar- 
ratione  confaderationis,  ac  amicitia  inter  ipfos 
JEtiopum  Imperatores,  ^  Regts  L/ffitanke 
inita.  Accejfernnt  aliquot  Epiftola  ipfi  operi 
infertct  ac  le£íu  dignijfima  Helena  Avia  Denfi- 
dis  Pretiofi  Joannis,  ac  ipjius  etiam  Datn- 
dis  ad  Pontificem  Komanum,  €>•  Emmanue- 
lem,  ac  Joannem  Eufitania  Reges.  Dedicou 
eíla  Obra  ao  Pontifice  Paulo  III.  Antucrp. 
apud  Martinum  Nuntium.  161 1.  12.  PaníUs 
apud  Qiriílianum  Wechelum.  1541.  8.  Lo- 
vanii  apud  Rutgerum  ReíTium.  1544.  4.  G>- 
lonix  apud  Gervinum  Calenium  1574.  8. 
juntamente  com  a  Obra  de  Rebus  Occea- 
nicis  Petri  Martyris  ab  Angleria  p.  449. 
até  521.  Cólon.  Agrippinac  ex  Officin.  Bir- 
ckmanica  1602.  8.  defde  p.  155.  até  246. 
e  no  Tom.  2.  Hifpan.  Illufhat.  à  p.  1290. 
até  13 12.  Francof.  apud  Claudium  Mamium 
1603.  foi. 

Eegatio  magpi  Imperatoris  Presbiteri  Joan- 
nis ad  Emmanuelem  Eufitania  Kegem  anno  Do- 
mini  M.  D.  XIII.  Item  de  Indorum  fide,  coere- 
moniis,  religione,  &c.  de  illorum  Patriarcha, 
ejufque  officio,  de  regno,  ftatu,  potentia,  maief- 
tate,  ab'  ordine  Cúria  Presbiteri  Joannis  per  Ma- 
thaum  illius  Eegatum  coram  Emmanuele  Rege 
expofita.  Lovanii  apud  Joan.  Grapheum. 
1532.  8.  &  Drodaci  apud  Joan.  Leonardi 
Berewout.  161 8.  8.  Dedicado  a  Joaõ  Magno 
Godo,  Arcebifpo  de  Upfalia  em  o  Reyno 
de  Suécia. 

Deploratio  Eappiana  gentis.  Genevac  apud 
Joannem  Tomaeíium.  1520.  12.  Pariíiis 
apud  Chriítíanum  Wechelum.  1541.  8.  G>- 
loniíe  apud  Gervinum  Calenium.  1574.  8. 
com  o  Livro  de  Kebus  Occeanicis,  defde 
pag.  522.  até  527.  Lovanii  apud  Rutge- 
rum Refcium  1544.  4.  Colónias  Agrip- 
piníe  ex  Officina  Birckmanica.  1602.  8. 
a  pag.  247.  até  254.  e  no  Tom.  2.  Hifp. 
llluflrat.  Francof.  apud  Claudium  Marnium 
1603.  foi.  a  p.  1313.  até  1315. 


Ó20 


BIBLIO  THE  CA 


Commentarii  rerum  geftarum  in  índia  citra 
Gangem  à  Ijufitanis  anno  1538.  Lovanii  apud 
Rutgerum  Refcium.  1539.  4*  Dedicado 
ao  Cardial  Pedro  Bembo.  Sahio  eíla  Obra 
fegunda  vez  com  alguma  diveríidade  com 
efte  Titulo. 

Dienjts  nohilijfima  Carmania,  feu  Cam- 
baia urbis  oppugnatio.  Lovanii  apud  Rutge- 
rum Refcium.  1544.  4.  Cólon,  apud  Ger- 
vinum  Calenium.  1574.  8.  com  a  Obra  de 
'Kebus  Occeanicis  Pefri  Mar ty ris,  a  pag.  528. 
até  559.  Colónias  Agrippiníe  ex  Officina 
Birckmanica.  1602.  8.  à  pag.  270.  até  310. 
e  no  Tomo  2.  Hifp.  Illujirat.  Francof.  apud 
Claudium  Marnium.  1603.  foi.  a  pag.  13 19. 
até  1327. 

De  bello  Cambaico  ultimo  Commentarii  três. 
Dedicado  ao  Infante  D.  Luiz.  Lovanii  apud 
Servatium  SaíTenium.  1549.  4.  Coloniíe  apud 
Gervinum  Calenium.  1574.  8.  a  pag.  563. 
até  614.  Cólon.  Agrippinse  ex  Officina  Bir- 
ckmanica 1602.  8.  a  pag.  311.  até  376.  e  no 
Tom.  2.  mjp.  Illujirat.  &  pag.  1329.  até  1345. 
Nicolao  António  na  Bib.  Hi/pan.  Tom.  i. 
p.  202.  confundio  eíla  Obra  com  a  precedente 
efcrevendo  que  era  a  mefma  com  diíFerente 
Titulo,  porém  miferavelmente  fe  enganou  pois 
a  hiftoria  do  primeiro  íitio  intitulada  Commen- 
tarii rerum  geftarum  in  Índia,  &c.  he  a  relação 
do  íitio  de  Dio,  em  o  anno  de  1538.  quando 
governava  aquella  Praça  D.  António  da  Syl- 
veira;  e  a  Obra  com  o  Titulo  de  Bello  Cam- 
baico, he  a  narração  do  fegundo  íitio  daquella 
Praça,  em  o  anno  de  1546.  fendo  feu  Gover- 
nador D.  Joaõ  Mafcarenhas  mediando  entre 
hum,  e  outro  o  efpaço  de  outo  annos. 

Urbis  UljJJiponis  defcriptio  in  qua  ohiter  traãan- 
tur  nonnulla  de  Indica  navigatione  per  Gracos,  (Ô" 
Panos,  &  Laufitanos  diverfis  temporibus  inculcata. 
Dedicada  ao  Cardial  Infante  D.  Henrique. 
Eborae  apud  Andrseam  Burgenfem  Typo- 
graphum  lUuftriíTimi  Principis  Henrici  Infantis 
Portugallias  S.  R.  E.  Cardinalis,  ac  Apoftolicas 
Sedis  Legati  a  Latere  menfe  Oâobri.  1554.  4. 
Cólon.  Agrippinae  ex  Officina  Birckmanica. 
1602.  8.  à  p.  55.  até  94.  e  no  Tom.  2.  Hijp. 
Illuftrat.  a  p.  879.  até  889. 

De  rebus,  <à^  império  l^ufitanorum  ad  Pau- 
lum  Jovium  Difceptatiuncula.  Lovanii  apud 
Rutgerum  Refcium.   1554.  4.  Cólon.  Agrip- 


pinae ex  Officin.  Birckmanica.  1602.  8.  a 
p.  303.  até  310.  e  no  Tom.  2.  Hifp.  Illuftrat. 
à  p.  890.  até  891. 

Hifpania.  ConHa  da  fua  extenfaõ,  e  fer- 
tilidade contra  as  calumnias  de  Sebaíliaõ 
Munílero,  que  na  fua  Cofmograíia  com  igno- 
rante petulância  efcreve  contra  os  coftu- 
mes  dos  Efpanhoes.  Dedicou  eíla  Obra 
a  feu  grande  amigo  Pedro  Nanio,  iníigne 
Profeílor  de  Humanidades  em  a  Univer- 
íidade  de  Lovanha,  o  qual  refpondeo  a 
Damiaõ  de  Góes,  com  huma  carta  cheya 
de  afFe£hiofas  expreíToens,  a  qual  começa 
l^ibellum  tuum  amplijfime  Damiane  eo  animo 
accepi  ut  fi  mihi  ingens  thet^aurus  oblatus  fuijjet, 
nec  alacrior,  nec  hilarior  effe  potuijjem.  Sahio 
eíla  Obra  Lovanii  apud  Rutgerum  Refcium, 
1544.  4.  Col.  apud  Gervinum  Calenium. 
1574.  8.  a  pag.  615.  até  655.  &  Cólon.  Agrip- 
pinae ex  Officina  Birckmanica.  1602.  8.  à 
pag.  I.  até  52.  e  no  Tom.  i.  Hifp.  Illuftrat. 
Francof.  apud  Claudium  Marnium.  1603. 
foi.  à  pag.  II 60.  até  1173.  Joaõ  Vafeo  Chronic. 
Hifpan.  cap.  4.  louva  muito  eíla  Obra,  dizendo. 
Commentarium  illud  non  magnum  quidem,  fed 
accurate  fcriptum,  <&  rerum  varietate  jucun- 
dum. 

Urbis  hovanienfts  obftdio.  Ulyffipone  apud 
Lodovicum  Rhoterigium  Typographum  1546. 
4.    Dedicado  a  Carlos  V. 

Epiftola  aliquot  ad  Cardinaks  Petrum  Bem- 
bum,  Jacobum  Sadoletum,  Nicolaum  Clenardumy 
Joannem  Vafaum,  (ò'  illorum  refponftones.  Lo- 
vanii apud  Rutgerum  Refcium.  1544.  4. 

Epiftola  ad  Hieronymum  Cardofum.  He  a. 
ultima  entre  as  deUe  Author.  Ulyffipone 
apud  Joannem  Barrerium  Typog.  Reg.  1 5  56.  8> 

Chronica  do  felicijjimo  Kej  D.  JBmma- 
nuel,  dividida  em  quatro  partes.  Lisboa  por 
Francifco  Corrêa  Impreílor  do  SereniíTmio 
Cardial  Infante  aos  XVII.  dias  do  mez  de 
Julho  de  1566.  foi.  Segunda  Parte.  Lisboa 
pelo  dito  Impreílor  a  hos  dez  dias  de  Sep- 
tembro  de  1566.  Terceira  Parte.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor  aos  XXIV.  dias  do 
mez  de  Janeiro  de  1576.  Quarta  Parte^ 
Lisboa  pelo  mefmo  Impreílor  a  hos  XXV. 
dias  do  mez  de  Julho  de  1567.  Todas  eílas 
4.  Partes,  eílaõ  aíTinadas  por  Damiaõ  de 
Góes  em  a  primeira  folha.    Sahio  eíla  Chro- 


L  USITANA. 


Ó2I 


I» 


nica  fcgunda  vez  ímprcrTa.  Lisboa  por  An- 
tónio Alvares  1619.  foi.  e  neíla  ediçaõ  Te 
tirarão  algumas  coufas  que  tinhaõ  caufado 
j^raves  difgoftos  a  ícu  Author. 

Cbronica  do  Princepe  Dom  joam  Kty  que  foy 
diftts  Keynos  fegimdo  do  nome,  em  que  Jummaria- 
mente  Je  tratam  has  coufas  fiihjl anciães,  que  nelles 
acontecerão  do  dia  de  Jeu  na/cimento  até  ho  em  que 
elKey  dom  AJonJo  Jeu  Pai  faleceo.  Lisboa  por 
l'rancirco  Corrêa  ImpreíTor  do  SercniíTimo 
(jirdeal  Infante  a  hos  XI.  dias  do  mes  de  Abril 
de  1567.  c  Lisboa  na  Offtcina  da  Mufica 
1724.  8. 

Uvro  de  Marco  Túlio  CiceraÕ  chamado  CataÕ 
major,  ou  da  Velhice  dedicado  a  Tito  Pomponio 
Attico.  Efta  traducçaõ  de  Latim  cm  Por- 
tuguez,  que  tem  varias  notas  marginaes  do 
Traduftor,  da  qual  faz  mcnçaõ  cm  huma 
Gurta  cfcrita  de  Pádua  a  14.  de  Agofto  de 
557.  a  dedicou  ao  Conde  do  Vimiofo  D.  Fran- 
cifco  de  Portugal  com  quem  tinha  particular 
anúzade.  Sahio  imprcíTa  Veneza  por  Stevaõ 
Sábio  1534.  8. 

Avisos  que  deve  guardar  hum  Cortet^aÕ,  M.  S. 

Hijloria  dos  Xarifes  allegada  por  Pedro  de 
Mariz,  como  confervada  em  feu  poder. 

Tratado  da  Theorica  da  Mufica.  M.  S. 

Nobiliário  de  Portugal  cuja  Obra  deixou 
imperfeita,  fendo  nefte  género  a  mais  efti- 
mavel  depois  da  que  efcreveo  o  Conde  D.  Pe- 
dro. O  original  fe  confervou  M.  S.  por  muitos 
annos  na  Torre  do  Tombo  como  coníla  do 
Inventario  feito  pelo  Doutor  Manoel  Jacome 
Bravo  a  15.  de  Fevereiro  de  1622.  fervindo 
por  auzencia  de  Diogo  de  Caílilho  de  Guarda 
Mór  o  Licenciado  Gafpar  Alvares  Louzada 
a  folh.  12.  diz  o  aíTento.  Uvro  das  Linhages 
novas  de  Damiaõ  de  Góes,  que  Jegue  ao  Conde 
D.  Pedro,  que  tem  cento,  e  noventa,  e  cinco 
folhas  com  feu  alfabeto  encadernado  como  os 
de  mais.  Eíle  Original  defapareceo  do  qual 
fe  tinhaõ  dado  algumas  copias  por  Provi- 
faõ  Real  ao  Duque  de  Bragança,  e  a  D.  Ma- 
noel de  Moura  Marquez  de  Caftello  Rodrigo, 
€  efta  que  foy  authenticada  pelo  Guarda 
Mór  Diogo  de  Caftilho  em  4.  de  Outu- 
bro de  161 6.  a  conferva  em  feu  poder 
o  P.  D.  António  Caetano  de  Soufa  como 
efcreve  no  Apparat.  à  Hift.  Gen.  da  Caf. 
Real   Portug.    pag.    35.    §.    11.   Outra   copia 


aíHnna  Nicol.  Ant.  na  Bib.  Hifpatt.  pag.  202. 
col.  I.  ter  viílo  em  Madrid  na  Dibliotheca 
de  D.  jeronymo  MaTcarenhas  BiTpo  de  Se- 
góvia. Fazem  memoria  deíla  obra  D.  Luiz 
Salazar  y  Caftr.  Hift,  da  Caf,  dos  Sjh.  Part.  2. 
liv.  6.  cap.  5.  §.  5.  Cardof.  Agfol.  Ljifit,  Tom.  5. 
pag.  72.  no  Comment.  de  4.  de  Mayo  ietr.  B. 
Brandão  Mon.  Luftt.  Part.  5.  liv.  16,  cap.  17. 
e  Faria  Europ.  Portug.  Tom.  5.  Part.  4.  cap.  7. 
n.  2. 

Fr.  DAMIAM  DE  SOUSA  natural 
da  Viila  de  Borba  na  Província  Tranftagana, 
e  filho  de  Joaõ  Rodrigues  Homem,  e  D.  Ma- 
ria de  Mello.  Sendo  de  poucos  annos  abraçou 
o  Inftituto  de  S.  Paulo  primeiro  Ermitão, 
o  qual  profeíTou  no  Convento  da  Serra  de 
OíTa  a  17.  de  Abril  de  1644.  O  feu  talento 
o  fez  digno  de  occupar  vários  lugares  na  Reli- 
gião, como  foraõ  Reytor  dos  Conventos  de 
Serpa,  Setúbal,  e  Serra  de  Ofla,  duas  vezes 
Definidor,  e  Procurador  Geral  nefta  Corte, 
c  em  a  de  Roma.  Falleceo  na  fua  Pátria  a 
16.  de  Fevereiro  de  1684.  No  tempo,  que 
aíTiftio  na  Cúria,  compoz,  e  procurou  que  íc 
approvafle. 

Officium  proprium  cum  Oãava  D.  Pauli  primi 
Eremita.  Romac  ex  Typographia  Reverendac 
Camerae  Apoftolicse  1669.  4. 

DAMIAM  VAZ  natural  de  Lisboa, 
e  Presbytero  profeflb  da  Ordem  Militar  de 
S.  Bento  de  Aviz.  Afliflio  alguns  annos  na 
Cúria  Romana  onde  contrahio  grande  ami- 
zade com  o  Eminentinimo  Cardial  Burghefi, 
que  depois  foy  fublimado  à  Cadeira  de  S.  Pe- 
dro com  o  nome  de  Paulo  V.  Em  o  anno 
de  1605.  voltou  para  a  Pátria  em  com- 
panhia do  UluítriíTimo  Colleitor  Carachioli. 
Como  era  muito  perito  nos  ritos  Ecclefiafti- 
cos  efcreveo. 

Tratado  das  Ceremonias  Ecclefiafticas.  M.  S. 

Fr.  DANIEL  DOS  ANJOS  natural 
da  Villa  nova  da  Rainha  em  a  Comarca 
de  Alanquer,  e  hum  dos  mais  penitentes 
Religiofos  da  Seráfica  Provinda  da  Arrá- 
bida, onde  exercitou  os  lugares  de  Sancrif- 
taõ,  Meftre  dos  Noviços,  e  Guardião  de 
dous   Conventos   em  cujos   minifterios   mof- 


022 


BIB  LIOTH  E  C  A 


trou  igual  zelo  para  o  culto  divino,  como 
prudência  para  o  governo.  Pela  efpecial 
graça  que  tinha  para  attrahir  almas  ao  cami- 
nho da  penitencia,  aíTiília  frequentemente  em 
o  ConfeíTionario,  de  que  naceo  compor. 

Summa  de  Ca/os  da  Conciencia. 

A  qual  como  efcreve  Fr.  Jozeph  de  Jefu 
Maria  na  Chronic.  da  Prov.  da  Arrábida  Part.  2. 
liv.  I.  cap.  26.  §.  207.  era  muito  útil  pela  vajlidaõ 
das  fuás  noticias  a  qual  tresladaraõ  muitos  Confef- 
fores  para  fe  aproveitarem  das  fuás  Kefoluçoens. 

Quando  contava  65.  annos  de  idade  foy 
acometido  de  hum  accidente,  do  qual  fendo 
reftituido  pela  efficacia  dos  medicamentos 
aos  fentidos  depois  de  receber  os  Sacramen- 
tos com  aquella  preparação  que  prafticara 
por  toda  a  vida,  falleceo  na  Enfermaria  de 
Lisboa  a  3.  de  Dezembro  de  1644.  Jàz  fepul- 
tado  no  Clauílro  do  Convento  de  S.  Jozé 
de  Ribamar. 

DANIEL  DA  COSTA  cuja  pátria,  e 
género  de  vida  ignoramos,  efcreveo. 

Vida  de  D.  Lui:^  de  Figueiredo  de  lu^mos 
Sétimo  Bifpo  do  Funchal  que  morreo  no  anno 
de  1608.  à  qual  póz  o  titulo  de  Contraponto. 
Eílá  inferta  no  Livro  3.  da  Hifloria  das  Ilhas. 
compoíla  por  Gafpar  Fruftuofo,  e  delia  fe 
conferva  huma  copia  na  Livraria  do  Excel- 
lentiífimo  Conde  do  Vimieiro. 

Fr.  DANIEL  DOS  REYS  filho  de 
Manoel  Pirez  Godinho,  e  Luiza  Maria  de 
Barros  naceo  em  a  Villa  de  Setúbal,  e 
profeíTou  no  Convento  de  S.  Francifco  de 
Eftremós  da  Província  dos  Algarves  o  Será- 
fico Inílituto  em  o  primeiro  de  Novembro 
de  1686.  Foy  ornado  de  fubtil  engenho, 
profundo  talento,  e  feliz  memoria.  Dic- 
tou  com  applaufo  as  matérias  principaes 
da  Sagrada  Theologia  feguindo  novo  me- 
thodo  em  muitas  Queftoens  em  que  fe  apar- 
tou da  fua  Efcola  Efcotiílica.  Muitos  annos 
que  precederão  à  fua  morte  perdeo  a  vifta 
naõ  fendo  taõ  fatal  calamidade  obílaculo 
para  deixar  de  profeguir  a  Leitura  que 
Uie  era  precifa  para  a  jubilaçaõ  diftando  de 
cor  com  fumma  profundidade,  e  allegando 
os  Authores  com  infallivel  certeza.  Foy 
infigne   Poeta   Latino,   e   muito   verfado   na 


Hiíloria  Sagrada,  e  profana,  e  em  ambos 
os  Direitos,  de  que  faõ  teftemunhas  os  vá- 
rios tratados,  e  pareceres,  que  compoz  fendo 
confultado  em  graviflimas  matérias.  Foy 
Lente  Jubilado,  Qualificador  do  Santo  Of- 
ficio.  Guardião  do  CoUegio  de  Coimbra, 
e  ConfeíTor  dos  Mofteiros  da  Efperança, 
e  Chagas  fituados  em  Villa-Viçofa,  e  das 
Maltezas  de  Eftremós.  Em  feu  obfequio 
confagrou  o  feguinte  elogio  o  P.  D.  Ma- 
noel Caetano  de  Souf.  in  Exped.  Hifp.  D.  Ja- 
cob. Part.  I.  Sed.  i.  Aflert.  51.  §.  1740.  Vir 
doãijfimus,  qui  tamquam  Oraculum  à  pluribus 
confuli  folet  ad  folvendas  difficillimas  quaflionesy 
affuetus  omnes  facillime,  <&  eruditijfime  enodare, 
in  quo  illud  maxime  mirandum,  nempe  hominem 
oculis  captum  dictare  Dijfertationes  eruditiffimas, 
(&  pangere  elegantia  carmina  luitine. 
Compoz. 

Preparação  Evangelico-Hifpanica  do  Apof- 
tolo  SaÕ-Tiago  Major  revendicada  em  o  anno 
de  1724.  a  cuja  obra  fez  o  feguinte  Ap- 
pendix. 

Auãarios     à      Pregação      Evangelico-Hifpa- 
nica   do    Apojiolo    SaÕ-Tiago    Major  jã    reven- 
dicada.   M.    S.     De    ambas    eftas    obras    faz 
mençaõ  o  P.  D.  Manoel  Caetano  no  lugar     ' 
affima  citado. 

AllegaçaÕ  Apologética  da  Jurifdiçaõ  do  R.  Pro- 
vincial da  Provinda  dos  Algarves,  e  feus  privi- 
légios em  repojla  de  duas  Pafloraes  que  à  Santi- 
dade de  Clemente  X7.  representou  o  llluflrijfimo 
Bifpo  de  Portalegre,  e  outros  Ediãos  fupplicando 
ao  mefmo  Santijfimo  Padre  o  mandaffe  executar 
nefles  Rejnos. 

Primórdios    elucidados    do    Mojleiro    de    i".     j 
JoaÕ  da  Penitencia  da   Villa  de  Eflremos.    Mof-    J 
tra-fe  que  as  Keligiofas  delle  profeJJaÕ  a  Keg^a 
que  fundou  a  Santa  Irmaã  Ignes  Komana  Ab- 
badeffa    que  foj    do    Hofpital   de    Santa   Maria     , 
Magdalena    em   Jerufalem.     Eflas    duas    obras    | 
M.    S.    conferva    em    feu    poder    o    P.    Fr.     i 
JoaÕ   de   N.    Senhora   Chronifta   da  Provin- 
da   dos    Algarves,    que    nos    communicou, 
como    outras,   efta   noticia,    e   no  fim  delias 
eftaõ     as     feguintes. 

Keal  difpojiçaõ,  e  ultima  vontade  do  SereniJJimo 
Infante  D.  L///^  filho  delRej  D.  Manoel  impug- 
nada pelos  Reverendos  Malteses,  e  defendida  por 
Fr.  Daniel  dos  Rejs  &c.  M.  S. 


L  USITANA. 


Antilogia  acerca  da  Apologia  que  efcre- 
veo  o  Prior  dt  Santo  André  da  Viila  de  Ef- 
irtfNós  o  Doutor  Fr.  Manoel  Mexia  Vouto 
na  qual  pertendt  defender  os  procedimentos  ju- 
rídicos do  R.  Vigário  Geral  de  livora  im- 
pHfftados  pelo  author  do  ManifeJIo  Jobre  a  exe- 
íNfaÕ  do  Motu  próprio  Speculatores  domus 
Ifracl  do  N.  Santijftmo  P.  Clemente  XI.  ex- 
pedido CM   i8.  de  Novembro  de   1717.   M.   S. 

DAVID  COHEN  DE  LARA  cele- 
bre profeíTor  dos  Ritos  de  Sinagoga  de 
que  foy  Meílre  pelo  efpaço  de  muitos  annos 
cm  Amfterdaõ,  e  Hamburgo  onde  mor- 
rco  em  o  anno  de  1674.  com  grandes  in- 
dícios de  ter  abjurado  a  Ley  Moyfaica, 
c  abraçado  a  Evangélica  como  cfcreve 
Joaõ  Jacobo  Schudtio  in  Compend.  Hijl.  ]u- 
daic.  pag.  564.  Ex  ore  excellentijfimi  Domini 
}id:(ardi  Praceptoris  mei  numquam  fine  ve- 
neratione  nominandi  refero  celeberrimum  ]u- 
daum  David  Cohen  de  Lara  L.ufitanum  La- 
tina lingua  non  i^arum  ipfum  aliquando  domi 
fuce  convenijfe  ac  de  rebus  fidei  cum  ipfo  dif- 
putajje,  abeuntem  vero  cum  Dominus  Ed^ar- 
dus  eum  cum  voto  hoc  dimitteret.  Deus  te 
illuminet,  rejpondiffe:  Deus  illuminet  caecos. 
Secunda  vice  cum  dijputatione  finita  abiret  Cohen 
Âe  Lara  domino  Eduardo  votum:  Deus  te  illu- 
minet, repetenti  respondit.  Deus  me  illumi- 
net íi  fim  cíecus.  Hic  ut  pofiea  in  morbiim 
incidit  ad  Chrifii  fidem  ex  duplici  illo  colloquio 
pronior  Dominum  Edv^ardttm  ad  fe  invitavit, 
cum  quo  ad  leãum  agroti  fiantes  doãores  Judao- 
rum  Lufitanorum  de  rebus  fidei  difceptarunt, 
^aviterque  agrotum  ut  confianter  in  Sacris 
jiidaorum  decederet  urferunt,  quem  cum  dubius 
haret,    hafitantem    mors    occupavit.      Compoz. 

JEnigma  Aben  Efra  de  quattuor  libris 
Ehevi  traduzido  em  Latim  com  doutiíTi- 
mas  notas  Lugd.  Bat.  1658.  4.  Sahio  na 
língua  hebraica  ibi  1658.  8.  com  o  titulo 
Verba  Davidis,  hoc  eft  explicatio  JEnigmatis 
K.   Aben,   Efra.     Dedicado  a  Diogo  Pinto. 

Corona  Sacerdotum,  feu  Lexicon  Talmu- 
dico-Rabinicum  amplifiimum,  <&  locupletif- 
fimum  de  convenientia  vocabulorum  Talmud.  <ò' 
Kahbinic.  cum  lingíia  Caldaica,  Syra,  Arábica, 
Perfica,  Turcica,  Graça,  Latina,  Itálica,  Hif- 
pana,     Eufitana,     Gallica,     Germânica,     Saxo- 


623 

nica,  helgiea,  &  Anglicana.  Hamburgi  apud 
Georgium  Rebenlinum  1667.  foi.  Tra- 
balhou neíla  obra  quarenta  annos,  e  naõ 
a  deixou  completa. 

Civitas  David.  Eíla  obra  he  como  appa- 
rato  á  precedente,  onde  moílra  a  corteí- 
pondencia,  que  tem  os  Vocábulos  Rabínicot 
com  os  Gregos.  Amílelod.  1658.  4.  Hottín- 
gero  na  hih.  Orient.  pag.  47.  numera  efta  obta 
entre  os  Léxicos  nuis  exactos. 

Traduzio  do  Rabino  Maimonides  as  íe- 
guintes  obras  em  Caílelhano. 

Kegras  Morales.    Hamburgo   1662.  4. 

Artículos  dela  Ley  divina  reduzidos  a  dez 
Capítulos.  Amfterd.  1654.  4. 

Tratado  dela  Penitencia..  Lugd.  Batav. 
1660.  4. 

Tratado  dei  Temor  de  Dios.  extrahido  do 
Livro  Kefchith.  Chocbma.  Amílelod.  163}.  4. 
Deftas  traduçoens  faz  mençaõ  Bafnage  Hift. 
des  ]uifs.  Tom.  5.  pag.  21 17.  Menaflc  ben 
Ifrael  in  Traã.  de  Kefurreã.  no  principio. 
Wolfio  Bib.  Hebraic.  pag.  318.  e  319.  n.  501. 
Júlio  Bartoloci  Bibli.  Rabinic.  Part.  2.  pag.  276. 
n.  430.  o  qual  com  engano  manifefto  attribue 
eftas  obras  a  dous  Authores  do  mefmo  nome, 
quando  certamente  faõ  de  hum  fó,  qual  hc 
David  Q)hen  de  Lara,  de  quem  brevemente 
fe  lembra  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  2. 
pag.   320. 

DAVID  JACHIA  filho  de  Ghedalia  Aben 
Jachia  illuftre,  e  celebre  familia  de  Rabinos, 
que  tiveraõ  o  feu  berço  na  Cidade  de  Lisboa. 
Tendo  nacido  no  anno  de  131 5.  partio  para 
Caftella  quando  contava  a  tenra  idade  de  dez 
annos  onde  aífiílio  a  mayor  parte  da  fua  vida, 
que  acabou  em  Lisboa,  para  onde  voltou 
em  o  anno  de  1390.  na  idade  de  75.  annos. 
Foy  muito  douto,  como  teílemunhaõ  as  fe- 
guintes  obras. 

Commentarium  de  rebus  Judicialibus. 

Traãatus  de  animalibus  illicitis  pro  cibo,  do 
qual  fe  lembra  o  Rabino  Karo  no  principio 
do  Livro  foré  deá. 

Fazem  memoria  defte  Author,  e  fuás 
obras  o  Rabino  Ghedalia  Jachia  in  Scialf- 
célet  Hakkabala  pag.  62.  Bartoloc.  Bib.  Rabin. 
Tom.  3.  pag.  22.  n.  418.  e  Wolf.  Bib.  Hebraic. 
pag.  295.  n.  482. 


Ó24 


BIBLIO  THE  CA 


DAVID  JACHIA  filho  de  Salamaõ 
Jachia  naceo  em  Lisboa,  onde  morreo  em 
o  anno  de  1465.  efcreveo. 

Língua  eruditorum  ex  I/aia  50.  v.o.  4 
Conílantinopli  1506.  4.  e  1542.  4.  Pifauri.  4. 
cuja  impreíTaõ  quer  Wolfio  in  Bib.  Heh.  pag. 
329.  feja  a  que  também  Bartoloci  in  Bih. 
Kabin.  Part.  2.  pag.  280.  n.  446.  afíirma  fer 
impreíTa  na  mefma  parte.  Coníla  eíle  Livro 
de  duas  partes.  A  primeira  trata  da  Gram- 
matica  Hebrea,  e  a  fegunda  fahio  com  o  titulo. 

Siclus  Sanãtíarii  ex  L,evit.  7.  v.  13.  Trata 
dos  preceitos  da  Ley  poftos  em  verfo.  A 
mayor  parte  deíle  Livro  tranfcreveo  Buftorfio 
in  The^aur.  Grammat.  de  re  Hebraor  metric. 
onde  fe  lembra  do  feu  Author  pag.  302. 
Os  dous  últimos  Livros  que  faõ  o  17.  e  18. 
publicou  Genebrardo  em  Latim,  e  Hebraico 
Pariíiis  1562.  8.  os  quaes  depois  fahiraõ  na 
IJagoge  ad  Kabinorum  L,eãionem.  1578.  8. 

L,aus  Davidis  ex  'PJalm.  145.  v.  i.  cuja 
obra  naõ  acabou,  mas  feu  filho  Jacob  Jachia, 
como  efcreve  o  Rabino  Ghedalia  in  Scialjcekt 
pag.  65.  Trata  dos  Artigos  da  Fé,  e  fahio 
Conftantinopoli  4.  a  qual  ediçaõ  confeíTa  Wolfio 
in  Bib.  Heb.  pag.  329.  que  nunca  a  vira.  O  P. 
Joaõ  Morino  in  Exerci f.  Biblic.  lib.  2.  pag.  245. 
fegue  a  opinião  que  efte  livro  he  de  Meííer 
David,  ou  de  David  ben  Ichuda,  ou  Leo 
como  quer  Wolfio  no  lugar  citado. 

DAVID  JACHIA  filho  de  Jozé  Ja- 
chia naceo  em  Lisboa  no  anno  de  1465. 
onde  na  idade  de  16.  annos  celebrou  ma- 
trimonio com  conforte  igual  à  fua  idade, 
e  condição.  Por  morte  do  noíTo  Monar- 
cha  D.  AíFonfo  V.  a  quem  pela  fua  grande 
fciencia  fora  muito  aceito  fucedendo  em 
a  Coroa  Portugueza  ElRey  D.  Joaõ  o  II. 
e  obrigando-o  a  que  abjuraíTe  os  erros  da 
Sinagoga  de  que  era  acérrimo  profeíTor, 
fe  embarcou  clandeílinamente  com  fua  mu- 
lher em  o  anno  de  1482.  e  chegando  a  Pifa 
depois  de  paííar  por  Florença,  Ferrara,  e 
Ravena  aíTentou  o  feu  domicilio  em  Imola 
Cidade  da  Provinda  de  Romandiola  donde 
fendo  chamado  pelas  Sinagogas  de  Nápoles 
exercitou  nellas  pelo  efpaço  de  vinte,  e  dous 
annos  o  magiJfterio  de  Rabino  explicando 
os  ritos,   e  ceremonias   do  Talmud.    Sendo 


expulfos  de  Nápoles  em  o  anno  de  1540. 
os  fequazes  da  Sinagoga  foy  obrigado  a  vol- 
tar para  Imola,  quando  contava  quafi  78. 
annos  de  idade,  onde  morreo  em  o  anno 
de  1543.  Foy  muyto  douto  aíTim  nos  pre- 
ceitos da  Ley  Judaica,  como  nas  Faculdades 
de  Filofofia,  Grammatica,  e  Poefia.    Efcreveo. 

Epitomen  Grammatices,  que  confervava  em 
feu  poder  o  Rabino  Ghedalia  Jachia.  Deftc 
Author  faõ  os  verfos  compoílos  em  applaufo 
de  Moyfes  Bar  Maimonis  que  fahiraõ  impref- 
fos  no  fim  das  obras  defle  Rabino.  Conftan- 
tinopoli 1509.  foi. 

De  Khythmicis  carminibus.  Defla  obra  o 
faz  Author  Buftorfio  in  Traã.  de  Vrojod.  Metric. 
pag.  302.  porém  Wolfio  na  Bib.  Heb.  pag.  299. 
fegue  contra  Buftorfio,  e  Bartoloci  fer  com- 
pofta  por  David  Jachia  filho  de  Salamaõ 
Jachia,  de  quem  aífima  fe  fez  memoria. 

DAVID  NUNES  TORRES  naceo  na 
Cidade  de  Amfterdaõ  de  Pays  Portuguezes, 
onde  foy  Pregador  da  Irmandade  dos  Orfaõs 
da  fua  pátria,  cujos  Sermoens  imprimio  nella 
em  o  anno  do  mundo  5430.  e  de  Chrifto  1649. 
Joaõ  Chriftovaõ  Wolfio  in  Bib.  Heb.  pag.  321. 
n.  510.  faz  mençaõ  de  hum  Author  do  mefmo 
nome  o  qual  parece  fer  diferente  defte  pela 
grande  diftancia  que  aífina  nas  obras  que 
imprimio  as  quaes  faõ. 

Bibliotheca  Hebraica  cum  Commentario  fin- 
gulis  paginis  fubjeão.  Amftelodam  i-joo.  4. 
2.  Tom. 

Fr.  DESIDERIO  DE  LUMIARES 
natural  da  Villa  do  feu  appellido  fituada 
duas  Léguas  ao  Nacente  da  Cidade  de  La- 
mego na  Província  da  Beira,  Monge  Cif- 
tercience,  cujo  habito  profeíTou  em  o  Ivlof- 
teiro  de  Santa  Maria  de  Macereydam  em 
o  Bifpado  de  Vifeu.  Foy  muito  verfado  na 
liçaõ  da  Sagrada  Efcritura,  e  dos  Santos 
Padres  efcrevendo. 

Genejis  cum  Gloffa.  M.  S.  cuja  obra  fe  con- 
ferva  no  Real  Convento  de  Alcobaça. 

D.  DINIZ  único  em  o  nome,  e  Sexto 
em  a  ordem  dos  noíTos  Monarchas  na- 
ceo em  Lisboa  a  9.  de  Outubro  de  1261. 
para  immortal  gloria  da  Monarchia  Portugue- 


LUSITANA. 


025 


za,  e  eterno  btsoAÒ  de  íeus  auguAos  Pro- 
genitores D.  AfTonfo  III.  e  D.  Brites  filha 
cicIRcy  D.  Aflbnfo  X.  de  Caftclla,  e  de  D.  Ma- 
ria Guilhen  de  GuímaÕ,  Senhora  de  Alcocer» 
Viena,  c  Azanhon.   Foy  cuidadofamente  edu- 
(ulo   pela   prudente   direcção  de   Lourenço 
Cioiíçalvcs  Magro  terceiro  neto  de  Egas  Moniz 
Ayo  ilclRoy  D.  Affonfo  Henriques;  c  inftruido 
nas  fciencias  neceíTarias  ao  efplendor  do  íeu 
nacimcnto  por  D.  Américo  que  depois  fubio 
á  Cadeira  Êpifcopal  de  Coimbra.    Ao  tempo 
que  contava  a  florente  idade  de  i8.  annos 
dngio  a  Coroa  em  16.  de  Fevereiro  de  1279. 
para  idéa  da  foberania,  c  exemplar  da  Magef- 
tadc,  unindo  felizmente  ao  feu  peito  todas 
aqucllas    virtudes,    que    canonizarão    a    me- 
moria  dos   mais   celebrados   Ilcróes   da  an- 
tiguidade.    Huma   das    mayores   felicidades, 
que   liberal   lhe   concedco   a   Divina   Provi- 
dencia, foy  o  auguílo  defpoforio,  que  cele- 
brou a  24.  de  Junho  de  1282.  com  a  Infanta 
D.  Ifabcl  filha  de  D.  Pedro  III.  Rey  de  Ara- 
gão, e  D.  Confiança  filha  de  Manfredo  Rey 
de  Nápoles,  e  Sicilia,  e  D.  Brites  de  Saboya, 
a  qual  efmaltando  a  foberania  do  nacimento 
com  os  rayos  da  fantidade  mereceo,  que  das 
veneraçoens  do  throno  paíTaíTe  a  fer  adorada 
com  religiofos   cultos  em  os  Altares.     Tri- 
unfante  da   rebeldia   de   feu   irmaõ   D.   Af- 
fonfo   que    como    inimigo    domeílico    lhe 
caufava   mayor    difvelo,    voltou    a    fua    ful- 
minante    efpada     contra     Sancho     IV.     de 
Caílella    feu    Tio,    pela    infracção    da    pala- 
vra que   lhe   dera,   aíTolando-lhe   muitos   lu- 
gares    dos     feus     dominios,     cujo     eílrago 
continuou     com     mayor     violência     contra 
Fernando    IV.    que    com    a    Coroa    herdara 
a  infidelidade   de   feu   Pay   D.    Sancho   de- 
funto   em    Toledo.      Serenou-fe    toda    eíla 
fatal    tempeftade    de    que    foy    íris    pacifico 
a   Rainha    Santa   Ifabel   com    os    recíprocos 
cafamentos,     celebrados     entre     eftas     duas 
Coroas,     dando     o     noíío     Monarcha     fua 
filha  a  Infanta  D.   Confiança  por  efpofa  a 
Fernando    IV.    e    dando    eíle    Príncipe    fua 
Irmãa   D.    Brites    para    conforte    do    Infan- 
te   D.    Affonfo    herdeiro    da    Coroa    Portu- 
gueza.     A    prudente    capacidade,    e    madu- 
ro juízo  de  que  era  ornado,  o  conílituiraõ 
arbitro    entre    as    graves    diíTenfoens,    que 


havia  entre  os  Reys  de  Caílella,  e  Aragam, 
para  cujo  effeito  entrou  oeíles  Reynos  com  a 
pompa  mais  magnifica,  que  admirou  aquella 
idade,  e  poAo  que  D.  Fernando  IV.  era  íeu 
Primo,  e  Genro,  D.  jayme  de  Atagaò  Primo, 
e  Cunhado,  e  D.  A/ronfo  de  Lacerda  primo 
com   irmaõ,   naò   prevaleceram   os   eílreitot 
vínculos  do  parentefco  para  fer  pardal  de  tam 
illuílres  contendores,  antes  valendo-íe  da  íua 
natural  capacidade  fem  efcandalo  da  juíUça, 
os  reduzio  a  perpetua  concórdia.    Para  fazer 
o  Reyno  impenetrável  às  armas  dos  Teus  con- 
finantes,  o   fortificou   com   os   Caílellos   de 
Serpa,  Moura,  Olivença,  Campo-mayor,  Ou- 
guella,    Monforte,    Arronches,    Villa-viçofa, 
Portalegre,    Almeida,    e    Mirandella,    reedi- 
ficando   muitas    Villas,    e    erigindo    outras, 
como    foraõ    Villa-real,    Salvaterra,    e    Ata- 
laya.    A  liberalidade  que  nos  Prindpes  hc 
huma  das  principaes  virtudes,  que  lhe  efmal- 
taò  a  Coroa,  nelle  paíTou  a  profuíaõ  exce- 
dendo o  numero  das   dadivas  ao  dos  dias 
que    viveo,    das    quaes    foraõ    partidpantes 
feu    cunhado    D.    Jayme    Rey    de    Aragam, 
dando-lhe  vinte  mil  dobras  de  ouro,  quan- 
do lhe  pedia  prefladas  dez  mil,  e  a  fua  mulher 
a  Rainha  D.  Branca  muitas  joyas  de  inefti- 
mavel  preço,  e  a  todos  os  Cavalheros  Caf- 
telhanos,  de  que  fe  compunha  aquella  Corte 
na  occafiam  que  nella  aíTiflio  para  pacificar 
as   difcordias,   que  havia  entre  os  Reys  de 
Caílella,  e  Aragam;  ufando  da  mefma  gene- 
rofidade  com  fua  filha  D.   Confiança,  e  os 
Infantes  D.  Joaõ,  e  D.  Pedro.    Mereceo  o 
honorifico  titulo  de  Pay  da  Pátria  pela  vigi- 
lante  providencia,    com   que   attendeo    pela 
confervaçam    de    feus    VaíTallos,    mandando 
abrir  terras  incultas,  e  concedendo  grandes 
privilégios    aos    Lavradores    como    laborio- 
fos    inílrumentos    da    abundância    univerfal, 
de   que   naceo  a  feliddade  de  fer  extermi- 
nada  do   Reyno   a   pobreza,   que   a   torpeza 
do     ócio     fomentava.       Promulgou     varias 
leys,  em  as  quaes  fielmente  copiou  o  zelo 
da   juíliça,    que    lhe    animava    o    peito,    ful- 
minando   em    humas    caíligos    conforme    a 
gravidade    dos    crimes,    e    emendando    em 
outras   a   ordem   judicial   para   que   as   cau- 
fas   correfTem   com   brevidade   em   benefido 
dos   litigantes.     Eternamente  feraõ   Panegy- 


45 


020 


BIBLIOTHEC  A 


riftas  do  feu  auguílo  nome  todos  os  Sábios 
que  produzio  efte  Reyno,  fendo  elle  o  que 
altamente  meditou,  e  gloriofamente  confe- 
guio  a  primeira  Univerfidade,  que  foy  o  feliz 
Oriente  donde  fahiraõ  tantos  rayos  que  illuf- 
traraõ  com  a  fua  fabedoria  diverfos  emisferios. 
Coníiderando  com  madura  reflexão,  que  para 
eftabilidade  de  huma  Republica  naõ  eraõ 
menos  neceflarias  as  armas  que  as  letras, 
fupplicou  à  Santidade  de  Nicoláo  IV.  a  22. 
de  Novembro  de  1288.  lhe  concedefle  a 
erecção  de  huma  Univeríidade  na  Capital 
do  Reyno,  à  cuja  Supplica  condefcendeu  o 
Pontifice  a  13.  de  Agofto  de  1290.  para  a  qual 
convocou  Meíires  infignes  nas  faculdades 
de  Direito  Canónico,  e  Civil,  Medicina, 
Dialeâica,  e  Grammatica.  PaíTados  18.  annos 
a  transferio  de  Lisboa  para  Coimbra  em  o 
anno  de  1308.  por  concefl"aõ  de  Clemente 
V.  onde  permaneceo  até  o  anno  de  1338. 
Celebrou  acçaõ  taõ  heróica  o  Príncipe  dos 
Poetas  de  Hefpanha  o  divino  Camoens  com  efte 
épico  elogio  no  Cant.  3.  das  L,ujiad.  Eftanc.  97. 
Fe^l  primeiro  em  Coimbra  exercitar/e 
O  Valerofo  officio  de  Minerva 
E  de  Helicona  as  Mu/as  fe^  pajjarfe, 
A.  pi^ar  do  Mondego  a  fértil  erua. 
Ouanto  pôde  de  Athenas  de^ejarfe 
Tudo  o  foberbo  A.pollo  aqui  referva; 
A.qui  as  Capellas  dà  tecidas  de  ouro 
Do  Bacaro,  e  do  fempre  verde  l^uro. 
Extinta  a  Ordem  Militar  dos  Templários  pelas 
ambiciofas  diligencias  de  Filippe  o  Fermofo 
Rey  de  França,  das  copiofas  rendas,  que 
poííuiaõ  em  Portugal,  inftituyo  a  Ordem  de 
N.  Senhor  Jefu  Chrifto,  confirmada  pelo 
Summo  Paftor  Joaõ  22.  no  anno  de  1320. 
da  qual  foy  o  primeiro  Meftre  D.  Gil  Martins, 
e  deftinou  para  Cabeça  da  nova  Milicia  a  Villa 
de  Caftro  Marim  no  Reyno  do  Algarve  como 
fronteira  aos  Mouros,  contra  os  quaes  por 
ferem  inimigos  da  Cruz  foy  a  principal 
caufa  da  fua  inftituiçaõ.  PaíTados  muitos 
annos  fe  transferio  o  feu  domicilio  para  o 
Real  Convento  da  Villa  de  Thomar,  onde 
até  o  tempo  prezente  exifte.  Naõ  foy  menos 
benéfico  para  a  Ordem  Militar  de  Saõ-Tia- 
go  eximindo-a  da  fogeiçaõ  do  Convento 
de  Veles  por  faculdade  de  Nicoláo  IV.  no 
anno    de    1290.    da    qual    foy    feu   primeiro 


Meftre  independente  de  Caftella  D.  Lou- 
renço Anncs,  que  tendo  o  feu  aíTento  na 
Villa  de  Alcácer  do  Sal,  fe  paíTou  para  a  Villa 
de  Palmella,  hoje  Cabeça  defta  illuftre  Ordem. 
A  piedade  que  he  virtude  natural  dos  Prin- 
cepes  Portuguezes,  teve  no  feu  peito  o  prin- 
cipado, de  que  faõ  indeléveis  argumentos  as 
multiplicadas  doaçoens  que  fez  de  Igrejas 
muyto  rendofas  aíTim  às  Ordens  Militares  de 
Chrifto,  Saõ-Tiago,  e  Aviz,  como  a  todas  as 
Cathedraes  do  Reyno.  Foy  o  primeiro  que 
ordenou  fe  rezaflem  as  Horas  Canónicas  na 
fua  Real  Capella  dedicada  ao  Princepe  da 
Milicia  Angélica,  e  fe  cantaíTe  quotidiana- 
mente MilTa  Solemne  ainda  quando  elle  naõ 
eftiveíTe  prezente.  Para  fmal  da  fua  rendi- 
da obediência  aos  Oráculos  do  Vaticano  con- 
cluyo  em  o  anno  de  1289.  e  aceitou  as  Con- 
cordatas fobre  a  Jurifdicçaõ  Ecclefiaftica,  e 
Secular  obftinadamente  controvertida  pelo 
animo  mais  politico  que  Catholico  de  feu 
Pay  D.  Aifonfo  III.  Entre  tantas  felicidades  de 
que  foy  abundante  o  feu  Reynado  lhe  quiz 
Deos  provar  a  conftancia  nos  últimos  annos 
com  os  defgoftos  de  que  era  Author  o  in- 
quieto animo  do  Infante  D.  Affbnfo  feu  filho, 
cuja  ambiciofa  temeridade  reprimio  como  Rey, 
perdoou  como  Pay.  Sabendo  que  era  chegado 
o  termo  da  fua  vida  ordenou  o  Teflamento, 
em  cujas  claufulas  refpiráraõ  igualmente  a  pie- 
dade como  a  magnificência,  deixando  por 
legatários  a  miferia  dos  pobres,  a  Orfandade 
das  donzellas,  e  a  educação  dos  meninos 
expoftos.  Recebidos  com  fumma  ternura 
os  Sacramentos,  e  refignado  em  o  divino 
beneplácito  efpirou  placidamente  em  a  Villa 
de  Santarém  a  7.  de  Janeiro  de  1325.  com 
63.  annos,  três  mezes,  menos  dous  dias  de 
idade,  e  quarenta,  e  cinco  annos  dez  mezes, 
e  vinte,  e  dous  dias  de  reynado.  Teve  eftatura 
proporcionada,  o  cabello  lizo,  barba  caftanha, 
olhos  negros,  rofto  corado  mais  cheyo  da 
mageftade,  que  gentileza.  Jaz  fepultado  no 
magnifico  Mofteiro  de  S.  Diniz  de  Odivellas 
de  Religiofas  Ciftercienfes  diftante  duas 
léguas  de  Lisboa,  o  qual  fundara  em  obze- 
quio  do  Santo,  em  cujo  dia  nacera,  e  fobre 
o  Maufoleo  digno  de  fer  depofito  de  taõ 
auguftas  cinzas,  tem  por  epitáfio  o  feu 
vulto    primorofamente    figurado    em    pedra. 


L  USITANA. 


627 


Teve  <lc  fua  Real  Qjnforte  a  Infanta  D.  G>nf- 
tança,  c|uc  cafuu  com  Fernando  IV.  de  GUlella, 
e  o  Infante  D.  AfTonfo,  que  lhe  fuccedeo  na 
Coroa.  Os  filhos  illigitimos,  que  teve  de 
varias  mulheres,  foraõ  D.  AíTonfo  Sanches 
Senhor  da  Villa  do  Conde,  Campo  mayor, 
JUbuquerque  Mordomo  Mór  delRey,  que 
CftTou  com  D.  Thereza  Martins,  de  quem  já 
fizemos  larga  memoria:  D.  Pedro  AfTonfo 
Conde  de  Barcellos  Alferes  Mór  do  Reyno,  e 
Author  do  Nobiliário,  primeiro  fundamento  de 
todas  as  Hiílorias  Genealógicas  de  Ilefpanha 
do  qual  fe  fará  diílinta  memoria  em  feu  lugar. 
D.  Joaò  Affonfo  Senhor  da  Louzaá,  e  Arouca, 
Mordomo  Mór  da  Rainha  Santa  Izabel,  o 
qual  cafou  com  D.  joanna  Ponce  filha  de 
D.  Pedro  Ponce,  Adiantado  Mór  de  Andalu- 
zia. D.  Urraca  Affonfo,  que  cafou  com  D.  Ál- 
varo Perez  de  Gufmaõ  Senhor  de  Olvcra, 
Arizucla,  Mançanedo  &c.  D.  Urraca  Leonor 
caiada  com  Gonçalo  Martins  Portocarreiro. 
Femaõ  Sanches,  que  fe  defpofou  com  D.  Froi- 
Ihe  Annes  de  Briteiros.  D.  Maria  Affonfo 
Fundadora  da  Igreja  de  Santa  Marinha  de 
Lisboa,  que  cafou  com  D.  Joaõ  de  Lacerda 
Senhor  de  Gibraleon,  e  D.  Maria  Affonfo, 
que  morreo  no  Convento  de  Odivellas, 
com  opinião  de  Santa.  Cultivou  defde  os 
primeiros  annos  com  tanta  afluência  a  Poe- 
iia  vulgar,  que  nelle  foy  natureza,  e  naõ 
a  arte  os  verfos  que  compoz,  fendo  o  pri- 
meiro que  em  Hefpanha  à  imitação  dos 
Poetas  Provençaes  metrificou  em  rimas  dei- 
xando para  immortal  documento  do  fami- 
liar comercio,  que  fempre  confervara  com 
as    Mufas    affim    Sagradas    como    profanas. 

Cancioneiro  de  Nojfa  Senhora.  De  cuja 
obra  fazem  memoria  Duarte  Nun.  de  Leaõ 
Chron.  defte  Princepe  pag.  mihi  154.  col.  i.  e 
Brandão  Mon.  "Lufit.  Part.  5.  Liv.  16.  cap.  3. 

Cancioneiro  de  varias  Obras,  o  qual  appa- 
receo  em  Roma  quando  reynava  em  Portugal 
D.  Joaõ  o  III.  como  afíirmaõ  os  dous  referidos 
Authores  nos  lugares  allegados. 

Dos  Officios  principaes  da  milicia,  e  de 
outras  coufas  pertencentes  a  ella.  Conferva-fe 
no  Archivo  Real,  como  efcreve  o  Dou- 
tor Pedro  Barbofa  Homem  Dijc.  dela  ju- 
rid.  y  verdad.  ra^n.  de  'Eftad,  Difc.  7.  foi. 
106. 


Como  fautor  que  foy  das  Artes,  e  fden- 
cias,  naô  fomente  as  praticou  com  profun- 
didade, mas  as  promoveo  com  diívelo  man- 
dando traduzir  alguns  Livros  na  Lingua 
materna  para  que  a  fua  liçaô  fofíe  univerfal- 
mente  proveitofa,  como  foraò  a  HiAoria  do 
Mouro  Rafis  Chroniíla  delRey  AInunçor  de 
Córdova,  e  outro,  De  concordantia  Sybillinorum 
carminum  cum  Prophetarum  Oroíulis,  efcrito  em 
lingua  Arábica,  como  o  precedente  com- 
poílo  pelo  noíTo  Portuguez  Gaílaõ  de  Fox, 
cuja  traducçaõ  feita  á  inílancia  deíle  Princepe 
vio  Flávio  Jacobo  Eborenfe  como  afHrma 
in  hxplicat.  Epigram.  VIU.  Juor.  Carmin. 
lib.  2.  pag.  126.  em  Roma  na  Bibliotheca 
do  Cardial  D.  Miguel  Da  Sylva. 

Exaltaõ  ao  feu  grande  nome  com  mere- 
cidos encómios  os  mais  celebres  Efcritores, 
como  faõ  Fr.  Bernard.  de  Brito  Elogios  dos 
Kejs  de  Portug.  pag.  mihi  49.  Teve  muyto  conheci- 
mento das  linguas;  e  lia  com  muyta  confidera^aõ 
os  Poetas  Latinos  como  aquelle  que  tinha  grande 
inclinarão  à  Poefia,  em  que  Jet^  grandes  obras. 
Vafconc.  Anacephal.  Keg.  Eufit.  pag.  79.  Eatince 
Poefeos  adeó  Jludiofus,  ut  propenfionem  a  natura 
ipja  congenitam  facile  infpiceres,  quám  cum  mira 
arte,  e^  indujlria  excoluerit  nihil  ex  iis  qua  poe- 
tam omnibus  numeris  abfolvunt  in  fummo  Rege 
dejidera  tum  ejl.  Eufitanas  porro  Mufas  illo  tem- 
poris  rudes,  e5>*  incultas  ab  agrejli  iruoncin- 
nitate  ad  floridos,  ac  lépidos  rytbmos  vendi- 
care  tentavit,  neque  captis  ingenium  abftát. 
António  Ferreir.  na  Carta  10.  do  Livr. 
2.  foi.  193.  efcrita  a  D.  Simaõ  da  Syl- 
veira. 

Santo  Diniz  fta  Fé,  na  fama  claro 

Da  Pátria  Pay,  da  fua  lingua  amigo 

Daquellas  Mufas  ruflicas  amparo. 

O  mefmo  lhe  faz  eíle  epitáfio  nos  feus 
Põem.  Eufit.  foi.  20.  v.o. 
Quem  he  ejle  de  infignias  differentes 

Cetro,  e  picaõ,  e  livro,  e  efpada,  e  arado? 
Efte  foy  pa^  de  Keys,  e  amor  das  Gentes 
Grande  Dini^  Rey  nunca  ajfás  louvado. 
Outros  foraõ  nua  fó  coufa  excellentes 
EJle  com  todas  nobreceo  feu  Eflado. 
Regeo,  edificou,  laurou,  venceo 
Honrou  as  Mufas,  poetou,  e  leo. 

E    Duarte    Nun.    in     Ver.    Reg.    Portu- 
gal.   Geneal.    pag.     14.      Fuit    amcenijpmi    in- 


Ó28 


BIBLIOTHE  C  A 


genij,  <Ò'  à  Utteranim  ftudiis  non  ahhorrens 
€0  rudi  Jaculo.  Poetkes  autem  Jludium  ma- 
xime  dilexit,  e5>*  fere  primus  in  Vortugallia 
carmina  lingua  vulgari  Jcripfit  D.  Miguel  da 
Sylveira  Macabeo  liv.  15.  Eftanc.  20. 
Advierte  la  progénie  milagrofa 
Que  en  el  tronco  de  J tipi  ter  fe  ef malta 
Es  el  Jexto  milagro  en  quien  glorio/a 
Minerva  el  mundo  Ju  facúndia  exalta; 
Si  la  Toga  purpúrea  en  el  repofa 
Con  túnica  de  Marte  el  orbe  ajfalta. 
Mariz  Dial.  de  Var.  Hijl.  Dial.  3.  cap.  i. 
muito  afeiçoado  às  letras,  e  f ciências,  das  quaes 
€xercitando-fe  muito  na  Voefia  fqy  havido  naquelle 
tempo  por  excellente  Poeta.  Fonfeca  Évora 
Gloriofa  pag.  54.  A's  Mufas,  e  às  letras  que 
andavaõ  como  fugitivas,  e  deflerradas  da  'Lufi- 
tania  levantou  régio  domicilio,  e  fumptuofo  palá- 
cio nas  frefcas  margens  do  Mondego  fundando 
a  Univerfidade  de  Coimbra,  e  fqy  o  primeiro 
que  com  aquellas  reaes  maõs,  com  que  empu- 
nhava o  Cetro,  tomou  a  penna  para  autho- 
ri^ar  as  Mufas.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
L.ufit.  Utter.  lit.  D.  n.  37.  Scripfit  aliquot 
Poemata,  (ò"  in  fuo  cevo  venufiijfima,  <&  ele- 
gantijfima;  quceque  è  primis  apud  Hifpanos 
editis  enumerantur.  D.  António  Caetano  de 
Soufa  iiifl.  Geneal.  da  Caf.  Real  Portug. 
Tom.  I.  Liv.  2.  cap.  i.  Foj  dignijfimo  da 
Coroa,  ditofo,  valerofo,  entendido,  de  animo 
grande,  liberal,  amigo  da  verdade,  e  da  jufiça, 
favorecedor  das  fciencias,  e  das  boas  letras, 
a  que  teve  natural  propenfaÕ,  o  que  lhe  faci- 
litava o  fublime  do  feu  engenho  efpecialmente 
na  Poejia  em  que  compo^  com  primor.  Bar- 
bud.  Empre;(.  Milit.  de  'Lujif.  foi.  16.  v.o. 
Fuifle  jujlo,  verdadero,  liberal,  ^elador  dela 
Keligion  Chrijliana,  j  augmentador  delia,  fuerte, 
e  de  grande  coraçon  en  lo  que  emprendias,  grande 
L.egislador,  famofo  entre  los  eftrangeros,  j  amado 
dellos. 

DIOGO  AFFONSO  Secretario  do  Car- 
dial  Infante  D.  AíFonfo  filho  do  Serenif- 
íimo  Rey  D.  Manoel,  e  muito  verfado 
na  liçaõ  da  Hiíloria.  Verteo  de  Caftelhano 
em  Portuguez. 

Hijloria  da  vida,  e  Martyrio  de  Santo  Tho- 
ma^  Arcebifpo  de  Cantuaria.  Coimbra  por 
Joaõ  Alvares  1554.  4. 


Vida,  e  milagres  de  Santa  Ii^^abel  Rainha 
de  Portugal  à  infância  da  Abbadefa  de  Santa 
Clara  de  Coimbra  D.  Anna  de  Mene:(es,  e  outras 
Religiofas  do  dito  Convento.  Coimbra  pelo  dito 
ImpreíTor.  1560.  4. 

Vida  de  Santo  Amaro  dedicada  à  Commen- 
dadeira  do  Convento  de  Santos  a  qual  obra  af- 
firma  fer  impreíTa  Francifco  Galvão  Maldo- 
nado na  fua  hib.  Portug.  M.  S. 

DIOGO  AFFONSO  Piloto  da  Carreira 
da  índia,  e  muito  perito  na  fciencia  Náutica. 
Para  facilitar  aos  feus  naturaes  eíla  taõ  dila- 
tada   como    perigofa    navegação,    efcreveo. 

Roteiro  de  Portugal  para  a  Índia.  M.  S.  foi. 

DIOGO  AFFONSO  MANGA-AN-  \ 
CHA  Meftre  em  Artes,  e  Doutor  em  am-  I 
bos  os  Direitos,  e  Lente  da  faculdade  de  ; 
Leys  em  a  Univerfidade  de  Lisboa.  Foy  ' 
hum  dos  celebres  Letrados,  e  eloquentes 
Oradores  do  feu  tempo.  Havendo  afiiíUdo  ' 
a  12.  de  Outubro  de  145 1.  em  nome  da  Uni-  i 
verfidade  à  poíTe  das  Cafas  que  lhe  doara 
o  Infante  D.  Henrique,  filho  do  Serenif- 
fimo  Rey  D.  Joaõ  o  I.  partio  por  ordem 
delRey  D.  Duarte  em  21.  de  Janeiro  de  1435. 
em  companhia  do  Conde  de  Ourem  Emba- 
xador  ao  Concilio  geral  de  Bafilea,  que  depois 
fe  transferio  para  Ferrara,  onde  deixou  das 
fuás  letras  naõ  vulgares  acclamaçoens.  Reíli- 
tuido  ao  Reyno  recitou  huma  Oraçaõ  fúnebre 
junto  do  Convento  de  S.  Domingos  na  occa- 
fiaõ  que  foy  transferido  o  Real  Cadáver  de 
D.  Joaõ  o  I.  da  Cathedral  de  Lisboa  ao  Mof- 
teiro  da  Batalha.  Nas  Cortes  celebradas  em 
Lisboa  em  o  anno  de  1439.  ^^  4^^  ^*°y  j^" 
rado  Governador  do  Reyno  o  Infante  D.  Pe- 
dro na  menoridade  de  feu  Sobrinho  D* 
AíFonfo  V.  orou  por  três  vezes  moílrando 
com  rezoens  concludentes  fer  prejudicial  à  con- 
fervaçaõ  da  Monarchia  o  governo  da  Rai- 
nha D.  Leonor.  Foy  cafado  duas  vezes, 
a  primeira  com  Branca  Annes,  e  a  fegunda^ 
com  Maria  Dias  que  lhe  fobreviveo,  e  de 
nenhua  teve  filhos.  Mandou  como  tinha 
padlado  com  fua  primeira  mulher  de  quem 
ficou  herdeira,  que  fe  fundaíTe  hum  Col- 
legio  em  humas  Cafas  fituadas  junto  da 
Igreja    de    S.    Jorge    em    Lisboa,    para    dez 


■. 


L  USITAN A. 


Ó29 


Collcgiaes  já  grammaticos,  que  foíTem  po- 
bres, e  excedcíTcm  a  idade  de  defcrds  annos, 
l>  utn    fendo    Sacerdotes,    ainda    que    naõ 

i( Mídi)  Onmmaticos,  feriaõ  admitidos  por 
flcK^.K.  li  Univcrfidadc,  declarando  que 
eíU  diípoíiçaõ  nunca  poderia  fer  alterada 
pela  auti)  liliic  dclRey,  nem  do  Arce- 
^po.  I  (  ollegio  pofto  que  fe  fun- 
dou pcln  de  14J1.  de  que  foy  o  pri- 
flaeiro  Collegiai  Ruy  Valdez  filho  natural 
4o  Inílituidor,  já  cm  o  anno  de  1459.  fe  achava 
fartin^o,  cujas  rendas  fe  applicaraõ  à  Uni- 
ferúdade.  Morreo  em  o  anno  de  1448. 
e  jaz  Tcpuitado  na  Capclla  de  S.  Joaõ  da  Sé 
de  Lisboa.    Compoz. 

s  OraçaÕ  fúnebre  na  tresladaçaõ  do  corpo  delKey 
D.  Joaõ  o  I.  da  Sé  de  Lisboa  para  o  Mofteiro  da 
Batalha.  Tomando  por  thcma.  Et  nos  moria- 
inur  cum  eo;  e  nella  (como  cfcrcvc  Ruy  de  Pina 
Cbron.  delKey  D.  Diiort,  M.  S.  de  que  andaõ 
imprcíTos  dous  Capitules  no  fim  da  3.  Part. 
ila  Cbron.  delKey  D.  Joaõ  o  I.  compofta  por 
rcmaõ  Lopes  pag.  290.  col.  z.)  trouxe  para 
o  cafo  coufas  mify  notáveis,  e  affas  benditas.  Deíla 
obra,  e  do  Author  fazem  memoria  Duart. 
Nun.  de  Leaõ  Cbron.  delKey  D.  Duart.  cap.  2. 
pag.  5 .  col.  I .  onde  o  intitula  grande  Letrado, 
$  eloquente,  e  Jozé  Soar.  da  Sylv.  Memor.  delKey 
D.  Joaõ  o  I.  Tom.  i.  pag.  275.  §.  345.  chaman- 
dolhe  o  mayor  Theologo,  e  Orador  daquelle  Sé- 
culo, fuppoílo  que  a  fua  profiílaõ  era  de  Ju- 
riíla. 

Três  Oraçoens  nas  Cortes  celebradas  em  Usboa 
no  anno  de  1439.  ^^  quaes  duas  foraõ  recitadas 
.1  10.  de  Novembro,  e  a  30.  de  Dezembro  do 
dito  anno,  fazendo  delias  mençaõ  Duarte 
Nun.  de  Leaõ  Cbron.  delKey  D.  Affonfo  V. 
cap.  6.  pag.  19.  col.  i.  e  cap.  7.  pag.  25.  col.  2. 
e  pag.  26.  col.  2.  Lembraõ-fe  do  Doutor 
Diogo  Affonfo  Manga-ancha  largamente  o 
Beneficiado  Francifco  Leitaõ  Ferreira  Not. 
Chronol.  da  Univerjid.  de  Coimb.  pag.  348.  §.  764. 
e  feg.  António  Carvalho  da  Coíla  Corog.  Portug. 
Tom.  2.  Trat.  i.  cap.  5.  pag.  18.  onde  com 
erro  manifefto  fe  equivocou  em  o  nome, 
e  eílado,  que  profeflbu  chamandolhe  Fernando, 
e  devoto  Sacerdote,  cuja  allucinaçaõ  feguio 
inculpavelmente  o  P.  D.  Rafael  Bluteau  no 
Vocab.  Portug.  e  iMtin.  Tom.  8.  letr.  V.  ver. 
Univerjid.  pag.  558. 


Ff.  DIOGO  DE  ALMEYDA  natu- 
ral da  Cidade  de  Ceuu  em  a  Regiaõ  Afri- 
cana celebre  Praça  dot  Portuguezcs.  ReoebcO' 
o  habito  Monachal  do  Príncipe  dos  Patríar- 
chas  S.  Bento  no  Mofteiro  de  S.  Martinho 
de  Compoftella  no  Reyno  de  Galliza.  De- 
pois de  eíludar  as  íciencias  HfchoIaíUcas, 
em  que  fahio  muyto  douto»  fe  applicou 
ao  exercido  do  Púlpito,  com  o  qual  con- 
ciliou tanto  applaufo  na  Corte  de  Madríd 
que  Filippe  IV.  o  nomeou  feu  Pregador 
em  o  Reyno  de  Portugal.  Morreo  em 
Madríd  deixando  (como  delle  efcreve  Fr. 
Gregório  Argaiz  Perla  de  Catalun.  pag. 
461.  §.  144.)  llenos  de  ejperan^as  aios  que  le 
conocian  el  ingenio,  y  facilidad  en  la  Oratória, 
Publicou. 

Hpitome  Sacro  en  eftilo  de  Euangelico,  j 
Panegyrico.  Oracion  hecha  ai  Princepe  dei  Clauftra 
Monachal  Padre  delos  Padres,  Doãor  delos  Doão- 
res,  único  Patriarcha  delas  Keligiones  todas  S. 
Benito,  y  aios  Santos  de  fu  Keligion  ctr/as  gran- 
dev^as  Je  celebran.  Madrid  por  Vicente  Alvares 
1651.  4. 

Dedicou  efta  obra  ao  Conde  de  Torres 
Vedras  onde  lhe  diz.  Yo  me  hallé  Senor  en 
el  Capitulo  General  de  mi  Keligion  en  el  qual  la 
obediência  me  mando  que  predicajje  de  mi  glorio/o 
Patriarcha,  y  de  todas  las  Keligiones,  S.  Benito,  j 
delos  Santos  innumerables,  que  dio  ai  Cielo. 

Votum,  feu  Juramentum  pro  immaculata  Vir- 
ginis  Conceptione.  Ceptac  1653.  foi.  Defta 
obra,  e  do  Author  falia  Fr.  Pedro  de  Alva^ 
y  Aftorg.  in  Milit.  Immac,  Concep. 

DIOGO  ALVARES  CORRÊA  natu- 
ral da  Villa  de  Celleiro  de  Rofes  na  Pro- 
vinda de  entre  Douro,  e  Minho.  Militou 
pelo  efpaço  de  vinte,  e  três  annos  nas 
Campanhas  de  Flandes,  Itália,  e  Africa  oc- 
cupando  os  poftos  de  Sargento,  e  Alferes 
em  que  deu  de  feu  valor  heróicos  argu- 
mentos. Para  moílrar  o  como  era  perito 
no  exerddo  de  taõ  nobre  Arte,  efcreveo,. 
e  dedicou  ao  Infante  D.  Duarte  Condef- 
tavel  do  Reyno. 

InJirucçaÕ,  e  Ordenança  da  gente  de  Guerra.. 
4.  M.  S.  Conferva-fe  na  Bib.  Real.  ConJfta 
de  três  Tratados  i.  da  Ordem  que  hade 
haver     para     caminhar     huma     Companhia 


<S3o 


B  IBLIO THE  CA 


•do  apozento  donde  houver  de  partir  2. 
de  como  fe  hade  ordenar,  e  o  que  fe 
hade  fazer  no  efquadraõ.  3.  da  Conta,  que 
fe  hade  ter  entre  os  piques,  e  arcabuzes,  e  na 
repartição  dos  baílimentos. 

Fr.  DIOGO  DE  S.  ANNA  natural  da 
Villa  nova  de  Lampazes  diftante  quatro  legoas 
da  Cidade  de  Bragança  em  a  Provincia  Tranf- 
montana  onde  teve  por  pays  a  Manoel  de 
Moraes,  e  a  Izabel  de  Moraes.  Depois  de  eftu- 
dar  na  pátria  as  fciencias  amenas,  e  as  feveras 
em  a  Univeríidade  de  Salamanca  profeíTou  o 
Inftituto  de  Eremita  Auguftiniano  no  Con- 
vento da  Graça  de  Lisboa  a  21.  de  Outubro 
de  1594.  e  no  anno  feguinte  partio  para  a 
índia  em  companhia  do  IlluftriíTimo  Arcebifpo 
de  Goa  D.  Fr.  Aleixo  de  Menezes.  O  grande 
talento  de  que  era  ornado  o  fez  digno  de  fer 
eleito  Prior  do  Convento  de  Afpaõ  na  Perlia, 
onde  com  a  efficacia  dos  feus  argumentos 
reduzio  à  obediência  da  Igreja  Romana  a 
David  Patriarcha  da  Arménia  com  cinco 
Bifpos  feus  Suífraganeos,  e  cento,  e  três  Sacer- 
dotes abjurando  todos  os  erros  fcifmaticos 
que  profeíTavaõ  em  12.  de  Mayo  de  1607. 
De  tal  modo  conciliou  o  affefto  do  Emperador 
da  Períia  Xa-Abbas,  que  muitas  vezes  comeo 
com  elle  em  o  mefmo  prato  convencendo  na 
fua  prezença  a  muitos  Cacizes,  que  naõ  podiaõ 
reíiílir  à  folida  vehemencia  das  fuás  propoíi- 
çoens.  Sendo  chamado  a  Goa  pelo  Arcebifpo 
D.  Fr.  Aleixo  de  Menezes  o  nomeou  Confeííor, 
e  adminiftrador  do  Convento  das  Religiofas 
de  Santa  Mónica  daquella  Cidade,  ao  qual 
reedificou  defde  os  fundamentos,  depois  de 
fer  confumido  pela  voracidade  de  hum  incên- 
dio a  24.  de  Dezembro  de  1636.  para  cuja  obra 
padeceo  graves  contradicçoens  de  que  foube 
triumfar  a  fua  prudente  capacidade.  Com 
igual  zelo  que  madureza  exercitou  o  lugar  de 
Deputado  da  Inquifiçaõ  de  Goa  de  que  to- 
mou poíTe  em  19.  de  Agoíto  de  1621.  Foy 
trez  vezes  Meílre  dos  Noviços,  Reytor  do 
CoUegio  de  Santo  Agoílinho,  e  ultima- 
mente Provincial  da  Congregação  da  índia, 
cujo  lugar  naõ  quiz  aceitar  fegunda  vez, 
nem  a  Mitra  de  Meliapor  .  Morreo  piif- 
íimamente  em  Goa  a  6.  de  Outubro  de 
1646.    e    foy    fepultado    no    Convento    das 


Religiofas,  que  fantamente  adminiftrou.  Fa- 
zem delle  illuílre  memoria  Cardof.  Ágio/. 
Lujíí.  nas  Advert.  ao  i.  Tom.  do  Agiol. 
§.  8.  Faria  AJia  Portug.  Tom.  3.  Part.  4, 
cap.  I.  n.  15.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theat. 
L.ujií.  Litter.  Litter.  D.  n.  6.  Purif.  de  Vir. 
lllufirih.  Ord.  S.  Aug.  Lib.  2.  cap.  2.  & 
Lib.  3.  cap.  4.  Fr.  Agoft.  de  S.  Mar.  Hift. 
do  Conv.  de  S.  Monic.  de  Goa  Liv.  i.  cap.  12. 
13.  14.  18.  19.  e  Liv.  2.  cap.  2.  3.  11.  Com- 
poz. 

Kepojia  por  paríe  do  injigne  Mofteiro  de  Freiras 
de  Santa  Mónica  de  Goa,  e  fatisfaçaõ  com  acordo, 
e  queixa  ,  e  requerimento,  que  a  Veriaçaõ  da  me/ma 
Cidade  de  Goa  Metropoli  do  EJlado  da  Índia  Orien- 
tal em  10.  de  Fevereiro  de  1632.  fe:^  contra  o 
próprio  KeligioJtJJimo  Mojleiro,  e  por  papel  feu 
apresentou  a  D.  Miguel  de  Noronha  Conde 
de  L.inhares  aãual  Viforey  do  mefmo  EJlado. 
M.  S.  4.  Confta  de  90.  folhas.  Deíla  obra 
faz  memoria  Fr.  Agoílinho  de  Santa  Mar. 
Hi^.  do  Conv.  de  S.  Mon.  Liv.  2.  cap.  2. 
§.   20. 

Narração  das  novas  perfeguiçoens  depois  de 
outras  que  as  Veriaçoens  da  Cidade  de  Goa  do 
anno  de  1634.  e  1635.  contra  o  Keligiojijftmo  Mof- 
teiro das  Freiras  de  S.  Mónica  de  Goa  fulminarão 
M.  S.  4.  Coníla  de  19.  Capítulos  e  151.  folhas. 
M.  S. 

Verdadeira  Kelaçaõ  do  muito  grande,  e  por- 
tentofo  milagre  que  aconteceo  em  o  Santo  Crucifixo 
do  Coro  da  Igreja  das  Freiras  do  Mojleiro  de  S. 
Mónica  de  Goa  em  8.  de  Fevereiro  de  1636.  M.  S.  4. 
Sahio  impreíTa  efta  relação  Lisboa  por  Manoel 
da  Sylva  1640.  4.  a  qual  traduzio  em  Caf- 
telhano,  e  a  pubUcou  em  o  dito  anno  Fr. 
Fernando  Camargo  Eremita  de  S.  Agoíli- 
nho como  efcreve  no  Epitom.  Hijlor.  p.  338. 

EHas  três  obras  eílaõ  encadernadas  em 
hum  Volume  que  fe  conferva  na  Livraria 
da  Graça  de  Lisboa  como  as  feguintes. 

Sermoens  Vários  2.  Tom.  M.  S. 

Vocabulário  da  Eingua  Perjiana.  M.  S.  4. 

InJlrucçaÕ  para  a  Oraçaõ.  M.  S.  4. 

Sermão  pregado  na  Dedicação  da  Igreja 
das  Keligiofas  de  S.  Mónica  de  Goa  a  15. 
de  Dezembro  de  1627.  M.  S.  Eítá  firmado 
com  o  final  de  D.  Fr.  SebaHiaõ  de  S.  Pe- 
dro Arcebifpo  de  Goa,  e  Eremita  de  San- 
to Agoílinho,   que  neíTe   dia  celebrou  Pon- 


I 


L  USITAN A. 


63 1 


tifical  atteílando  que  tudo  que  no  Sermaõ 
fe  relata  he  verdade.  Vinha  para  fe  impri- 
mir, e  fe  conferva  M.  S.  na  dita  Livnuia. 

Satisfação  a  ordtm  qut  fe  lhe  intimou  da  Parte 
do  Provincial  Fr.  Gafpar  de  Amorim  para  fe 
embarcar  para  o  Reyno.  Sahio  impreífa  na 
lli^.  do  Convento  de  S.  Monic.  de  Goa  de  Fr. 
AgoA.  de  Santa  Maria  Liv.  2.  cap.  i  x.  pag.  295. 

Kepofla  que  deu  ao  Vife-Rey  do  Eftado  o 
Conde  de  Unhares  mandando  que  fe  embarcajfe 
para  o  Reyno.  ImprcíTa  na  Uijl.  aíTinu  alle- 
gada  liv.  2.  cap.  15.  pag.  505. 

DIOGO  DE  ANDRADE  natural  da 
Villa  de  Celorico  diílante  três  legoas  para  o 
Poente  da  Cidade  da  Guarda  na  Provincia  da 
Beyra  muyto  douto  cm  o  Direito  Cefareo,  e 
Pontifício,  que  eftudou  em  a  Univerfidade  de 
Coimbra  por  cuja  fciencia  mereceo  fer  Vigário 
Cicral  do  IlluílriíTimo  Bifpo  da  Guarda  D. 
Joaõ  de  Portugal,  e  Prior  da  Igreja  de  NoíTa 
Senhora  de  AíTores  do  mefmo  Bifpado.  Efcre- 
veo. 

Commentarios  á  Ordenação  do  Reyno 
1.  Tom.  grandes  AI.  S.  que  ficarão  a  feu 
herdeiro    o    Licenciado    Manoel    da    Cofta. 

DIOGO  DE  ANDRADE  LEYTAM  natu- 
ral de  Lisboa,  e  filho  de  Belchior  de  Andrade, 
que  depois  de  fervir  com  valor  nas  campanhas 
de  Flandes  foy  Efcrivaõ  dos  Filhamentos  da 
Cafa  Real.  Aprendeo  as  letras  humanas,  e  Poe- 
lia  em  que  fahio  infigne  na  pátria,  donde  paf- 
fando  a  Univerfidade  de  Coimbra  moftrou  que 
naõ  tinha  menor  engenho  para  as  fciencias  fe- 
veras  que  amenas.  Laureado  com  as  infignias 
doutoraes  na  Faculdade  de  Direito  Cefareo  foy 
admitido  ao  Collegio  de  S.  Pedro  a  12.  de  Feve- 
reiro de  1 666.  donde  fubio  a  regentar  as  Cadei- 
ras como  foraõ  a  da  Inílituta  de  que  tomou 
poíTe  a  25.  de  Junho  de  1668.  do  Código  a  13. 
de  Janeiro  de  1672.  dos  Três  livros  a  30.  de 
Outubro  de  1676.  de  Vefpera  a  3.  de  Ou- 
tubro de  1686.  e  de  Prima  a  16.  de  No- 
vembro de  1690.  em  que  jubilou  a  15.  de 
Fevereiro  de  1694.  Foy  Cónego  da  Ca- 
thedral  de  Coimbra,  Dezembargador  dos 
Aggravos  na  Cafa  da  Supplicaçaõ,  de  que 
tomou  poíTe  a  13.  de  Outubro  de  1678. 
Concelheiro     da     Fazenda,     Chanceller     das 


Ordens  Militares.  Em  taõ  diferentes,  e  gta- 
viíTimos  lugares  fempre  manifeflou  a  reâidatV 
do  feu  animo  unido  com  a  profundidade  dx 
fua  Littcratura.  Morreo  em  Lisboa  a  25.  de 
Julho  de  1710.  com  80.  annos  de  idade.  Jar 
fepultado  no  Convento  de  S.  Francifco.  Como 
foíTe  iníigae  Poeta  Latino  publicou  na  idade 
juvenil  a  feguinte  obra,  cujo  a/Tumpto  era  a 
RefurreiçaÔ  de  Chriílo  Senhor  noíTo  com  eíle 
titulo. 

Lúcifer  fpoliatus.  Cármen.  UlyfTipooe 
apud  Antonium  Alvares  Typog.  Regiam» 
16J1.4. 

D.  DIOGO  DA  ANNUNQAÇAM  JUS- 
TINIANO. Naceo  cm  Lisboa,  e  na  Parochial 
Igreja  de  S.  Lourenço,  foy  bautizado  a  26.  de 
Julho  de  1654.  fendo  filho  de  Pafchoal  Alva- 
res, e  Izabel  Rodriguez.  Na  idade  florente  de 
16.  annos  recebeo  o  Canónico  habito  da  Con- 
gregação do  Evangeliíla  amado,  onde  apren- 
deo para  depois  enfinar  as  fciencias  efcolaíli- 
cas  no  Collegio  de  Coimbra,  cm  cuja  Uni- 
verfidade fe  laureou  com  as  infignias  douto- 
raes em  a  Faculdade  de  Theologia.  Por  cauía. 
de  negócios  graves  em  que  era  intereflada  a 
fua  Congregação  paíTou  a  Roma,  e  em  taã 
famofo  theatro  foy  venerado  o  feu  talenta 
aífim  pela  profundidade  das  fuás  letras,  como 
pela  elegância  com  que  na  lingua  Italiana,  como 
fe  fora  materna,  pregou  repetidas  vezes  a. 
numerofos  auditórios.  Em  premio  da  pru- 
dente a£tividade  com  que  tratou  diverías 
dependências  deíla  Coroa  o  nomeou  ElRey 
D.  Pedro  Segundo  Bifpo  da  Serra,  e  Arce- 
bifpo  de  Cranganor,  em  cuja  dignidade  foy 
Sagrado  na  Cúria  pelo  EminentiíTmio  Cardial 
Leandro  Colloredo  a  2.  de  Mayo  de  1692. 
Reftituido  ao  Reyno  fe  lhe  agravarão  com 
tanto  exceíTo  os  achaques  que  naõ  poden- 
do partir  para  o  feu  Arcebifpado  foy  ab- 
foluto  delle  em  o  anno  de  1695.  Nas 
Cortes  celebradas  em  o  primeiro  de  De- 
zembro de  1697.  em  que  foy  jurado  por 
SucceíTor  deíla  Monarchia  o  Sereniífmio 
Princepe  D.  Joaõ,  hoje  Reynante,  orou 
em  nome  do  Eftado  Ecclefiaftico  com 
taõ  eloquentes  expreflbens  que  arrebatou 
a  atenção  de  taõ  Mageftofo  congreífo. 
Attendendo   o   Arcebifpo   de   Évora  D.    Si- 


632 


BIBLIO THE  CA 


maõ  da  Gama  às  fuás  grandes  letras,  e  talento, 
o  nomeou  feu  Coadjutor,  Provifor  do  Arce- 
bifpado,  e  Prefidente  da  Relação  Eccleíiaílica 
cujos  lugares  adminiílrou  como  fe  efperava 
■da  reéHdaõ  da  fua  inculpável  vida,  a  qual  aca- 
bou com  fumma  piedade  na  Cidade  de  Évora 
<^uando  contava  59.  annos  de  idade  a  28.  de 
Outubro  de  171 3.  e  naõ  a  8.  de  Novembro 
como  erradamente  efcreveo  o  P.  Francifco 
da  Fonfec.  Évora  Glorio/,  pag.  315.  como  tam- 
bém affirmando  que  elle  em  o  anno  de  1703. 
trouxera  o  pallio  Archiepifcopal  a  D.  Simaõ  da 
Gama,  quando  havia  mais  de  doze  annos, 
que  fe  tinha  auzentado  da  Cúria.  Jaz  fepul- 
tado  no  Átrio  da  Igreja  de  S.  Joaõ  Evan- 
geliíla  de  Cónegos  Seculares  da  Cidade  de 
Évora  com  efte  epitáfio. 

A.qui  jat(^  por  fua  humildade  D.  Diogo  da 
yímunciaçaõ  Jujliniano  Cónego  dejia  Congregação, 
Bifpo  da  Serra,  Arcebifpo  de  Cranganor,  Provifor, 
e  Bifpo  coadjutor  dejle  Arcebifpado.  Falleceo 
<aos  zS.  de  Outubro  de  171 3. 

Fazem  delle  memoria  Franc.  de  San- 
ta Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Secul.  Liv.  2. 
cap.  40.  pag.  531.  Fonfec.  Évora  Gloriof. 
pag.  315.  Foj  infigne  no  Púlpito  ouvindo-o 
€om  admiração  a  Cabeça  da  Eujitania  Lis- 
boa, e  a  do  mundo  Koma.  D.  Emman. 
Caiet.  de  Souf.  in  Exped.  Hifpan.  S.  Ja- 
cob. Tom.  2.  pag.  13 II.  §.  330.  Magna 
Biblioth.  Ecclef.  Tom.  i.  pag.  476.  col.  2. 
Jozeph.  Catai.  Vit.  Ven.  P.  Barthol.  do 
Quental  pag.  148.  n.  73.  Vir  egrégia  vir- 
tute  Praful  religiojijftmus. 
Compoz. 

Trofeo  Evangélico  expojlo  em  quinze  Ser- 
moens  hifloricos,  moraes,  e  Panegjricos.  Pri- 
meira Parte.  Lisboa  por  Miguel  Deflandes 
1685.  4. 

Trofeo  Evangélico  <&c.  2.  Part.  ibi  pelo 
dito  ImpreíTor  1699.  4. 

Trofeo  Evangélico  (ò'c.  3.  Part.  ibi  pelo 
dito  Impreílor  1699.  4- 

Trofeo  Evangélico  4.  Part.  ibi.  Na 
Officina  Deflandefiana  171 3.  4. 

Sermão  das  Chagas  de  S.  Francifco  pre- 
gado de  tarde  no  Keal  Convento  da  Madre 
de  Deos  em  a  Cidade  de  Lisboa.  Lisboa 
por  Domingos  Carneiro.  1680.  4. 

Sermão  da  Trefladaçaõ  gloriof  a  de  S.  Vicente 


pregado  na  Sé.  Lisboa  por  Joaõ  Galraõ 
1682.  4. 

Sermão  da  Converfaõ  do  Bom  LadraÕ 
pregado  em  Santa  Clara  de  Coimbra.  Lis- 
boa por  Miguel  Deflandes.  1683.  4. 

E' Oriente,  giro,  <&  agonia  dei  Sole.  Dif- 
corfo  Panegírico  dela  Santijfima  Nafciíá  di 
Chrijlo  detto  in  Koma  nella  Chiefa  di  S.  Girolamo 
deW  lllirici  detti  Schiavoni.  Roma  nella  Officina 
dela  Reverenda  Camera  Apoftolica.  1689.  4. 

Oração  fúnebre  nas  Exéquias  Reaes  da 
SereniJJima  Rainha  de  Portugal  D.  Maria 
Sofia  I^^abel  N.  Senhora  celebradas  na  Real 
Cafa  da  Misericórdia  de  Lisboa  aos  11.  de 
Setembro  de  1696.  Lisboa  por  Miguel 
Deflandes  ImpreíTor  de  Sua  Mageftade 
1699.  4. 

Sermão  do  Auto  da  Fé,  que  fe  celebrou 
na  Praça  do  Rocio  defia  Cidade  de  Lisboa 
junto  dos  Paços  da  InquiJiçaÕ  em  6.  de  Setem- 
bro de  1705.  Lisboa  por  António  Pedrozo 
Galraõ  1705.  4. 

Sermão  do  Auto  da  Fé  que  fe  celebrou  no 
Taboleiro  da  Parochial  Igreja  de  Santo  AntaÕ 
de  Évora  em  Domingo  20.  de  Julho  de  17 10. 
Lisboa  pelo  dito  Impreííor  1710.  4. 

Praãicas,  que  nos  dous  Adtos  de  Cor- 
tes que  ElRej  N.  Senhor  mandou  convo- 
car, e  fe  celebrarão  na  Cidade  de  Lisboa 
em  o  primeiro,  e  a  â^.  de  Dezembro  de  1697. 
Lisboa  por  Miguel  Manefcal  ImpreíTor  de 
Sua  Mageftade  1697.  4. 

Turris  Davidica,  contra  Judaos.  M.  S.  foi.  3. 
Tom.  Nefta  obra,  que  era  demonftrativa  da 
vinda  do  MeíTias,  confumio  grande  parte 
do  feu  eftudo  onde  fe  via  quanto  era  verfado 
na  intelligencia  da  Efcritura,  e  na  liçaõ  dos 
Rabinos,  e  Sagrados  Interpretes. 

Volatus  Aquila,  Jtve  expofitio  litteralis, 
moralis,  <&  allegorica  in  Epijlolas  S.  Joannis 
Apoftoli.  M.  S.  foi.  da  qual  obra  me  leo  a 
expoíiçaõ  do  primeiro  capitulo  feu  illufiriíTimo 
Author,  e  era  ornado  de  todo  o  género  de 
erudição. 

P.  DIOGO  ANTVNES  natural  da 
Villa  do  Crato  em  a  Provinda  do  Alen- 
tejo. Na  idade  de  18.  annos  recebeo  a  Rou- 
peta da  Companhia  de  JESUS  no  Colle- 
gio    de    Évora    a    4.    de    Março    de    1570. 


LUSI  TANA. 


633 


Ainda  naõ  fendo  Sacerdote  navegou  para  a 
índia  em  o  anno  de  1)79.  com  animo  de 
lucrar  almas  para  Chriílo  onde  foy  coadju- 
tor efpiritual.  AíTiftio  muytos  annos  na 
Cidade  de  Macáo  da  qual  como  afHrmaõ 
a  Bih.  Societ.  pag.  167.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Thtafr.  L^fit.  Li//er.  lit.  D.  n.  7.  o  P. 
Franc.  da  Fonfec.  Evor.  Glorio/,  pag.  428. 
l'ranco  Imaj^.  da  Virfnd.  em  o  Novic.  de 
Evor,  pag.  858.  c  o  moderno  addicionador 
tia  Bib.  Orient.  de  Ant.  de  Lcaõ  Tom.  i. 
Tit.  7.  col.  148.  cfcreveo. 

Carias  Annuas  da  Coina  do  anno  de  1603. 

Fr.  DIOGO  ARANHA  DA  PAY- 
XAM  natural  da  Cidade  de  Braga,  filho  de 
Thoma2  Gibneos,  e  Helena  Cale  de  naçaõ 
Hybcrnios,  e  Rcligiofo  profcíTo  da  Ordem 
Seráfica  da  Provinda  de  Portugal.  Foy  Pré- 
,,:;ador  da  ScreniíTima  Rainha  de  França 
Maria  de  Medices,  da  qual  recebeo  grandes  efti- 
maçoens  aíTim  pelo  feu  talento,  como  pela 
profundidade  da  fua  fciencia.  Augmentou,  e 
difpoz  em  melhor  forma  a  obra  feguinte  que 
compuzera  Francifco  Gemma  Presbytero 
Theologo  natural  de  Capua,  e  a  dedicou 
à  mefma  Rainha  de  França  com  efte  titulo. 

Cantica  centum  quinquaginta  cum  hymnis  trigtn- 
ía,  toHdemque  Orationihus  in  D.  Jof^eph  Deipara 
fcmper  Virginis  Maria  Sponfum  ad  inflar  Pfal- 
vwrum  Davidicorum.  Pariílis  apud  Viduam  Dal- 
lin  in  monte  S.  Hilarii.   1624.   52.  cum  fig. 

Lembraõ-fe  do  Author  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hi/p.  pag.  205.  col.  2.  Fr.  Joan.  à  D.  Ant. 
Bib,  Franci/c.  Tom.  i.  pag.  293.  col.  2. 

P.  DIOGO  DE  AREDA  natural 
da  Villa  de  Arrayolos  em  a  Provincia  do 
Alentejo.  Na  idade  de  16.  annos  abraçou 
o  Inílituto  de  Jefuita  em  o  Collegio  de 
Flvora  a  25,  de  Mayo  de  1584.  e  logo  def- 
cubrio  em  annos  taõ  tenros  a  viveza  do 
engenho  de  que  o  dotara  a  natureza.  Inf- 
truido  nas  Humanidades,  e  fciencias  feve- 
ras  enfinou  com  applaufo  Filofofia  no  Col- 
legio de  Lisboa,  e  Theologia  em  o  de  Co- 
imbra. O  feu  mayor  difvelo  empregou  em 
penetrar  os  myfterios  da  Sagrada  Efcritura 
fervindo-lhe  de  direâores  os  Santos  Padres 
em   cuja  liçaõ   era   continuo,   de   que  naceo 


fahir  hum  dos  mais  íamofos  Oradores  Evan- 
gélicos do  feu  tempo.  A  profunda  noticia 
que  tinha  de  ambos  os  Direitos,  o  £udaõ 
fer  confultado  nas  matérias  mais  graves  per- 
tencentes a  hum,  e  outro  Foro,  íeguindo- 
fe  fempre  a  fua  refoluçaõ  como  mais  foli- 
da,  e  fegura.  Deixou  huma  copioíâ  livra- 
ria i  Cafa  profeíía  de  S.  Roque  onde  aca- 
bou a  carreira  da  vida  mortal  a  12.  de  De- 
zembro de  164T.  com  73.  annos  de  idade 
e  57.  de  Religião.  A  Biblioíh.  Societ.  pag. 
167.  col.  I.  entre  muitos  louvores  que  dcllc 
forma  diz  ob  frequentes  conciones,  oír  fana  in 
rebus  arduis  con filia  fapientijfimus  eft  habitus,  Ó^ 
ftàt  eo  tempore  confultijftmus.  D.  Fr.  Thom. 
de  Faria  Decad.  i.  lib.  9.  cap.  9.  Nec  fuper- 
fedebo  laudibus  P.  Jacobi  de  Areda  qui  tanto  pollet 
ingenio,  ut  in  conficiendis  concionibus  primus  fit, 
Franc.  Imag.  da  Virt.  em  o  Novic.  de  Évora  pag. 
858.  O  feu  efludo  em  todo  o  género  de  erudi^aÕ 
ajjim  nos  livros  Theologicos,  Cafuiflas,  Canónicos, 
e  "Legiftas,  como  nos  Efcriturarios,  Santos 
Padres,  e  Hifloricos  foy  taÕ  continuo,  que  fe 
pode  di:(er  delle  que  viveo  efluàando,  e  no 
Ann.  Gloriof.  S.  J.  in  hnfit.  pag.  755. 
Docuit  fcientias  praclari  Magiflri  nomine  & 
in  Annal.  S.  J.  in  Ljdfit.  pag.  281.  n.  14. 
Vir  praditus  infiffti  fapientia.  Fonfec.  Euor. 
Gloriof.  pag.  428.  infigne  Letrado,  e  Orá- 
culo de  todos  os  Tribunaes  da  Lufitania. 

Das  fuás  obras  fomente  fe  fizeraõ  pu- 
blicas. 

Sermaõ  nas  Exéquias,  que  o  Santo  Officio 
mandou  fa:(er  na  l^eja  de  S.  Koque  de  Lisboa 
da  Companhia  de  JESUS  ao  IlluflriJJimo 
Senhor  D.  FemaÕ  Martins  Mafcarenhas  Inqui- 
fidor  Geral  nefles  Reynos,  e  Senhorios  de 
Portugal.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck  Im- 
preflbr  de  Sua  Mageftade  1628.  4. 

Sermaõ  em  Santa  Engracia  no  Outavario 
do  Defacato.  Lisboa  por  António  Alvares 
1630.  4. 

Sermaõ  na  Iff^eja  de  Santa  Enfada 
eflando  o  SantiJJimo  Sacramento  em  publico 
pelo  cafo  que  fucedeo  na  mefma  Igreja.  Lisboa 
por  Pedro  Crasbeeck  Impreflbr  delRey 
1630.  4. 

Manifeílo  na  Acclamaçaõ  delRey  D. 
Joaõ  o  IV.  Começa  A  nobreza,  e  Reyno 
de     Portugal.     (á>'c.     Acaba     Nmca    o    Jura- 


634 


BIBLIOTHECA 


mento  que  encontrava  efte  direito  podia  Jer  fuh- 
Jifiente.  M.  S. 

Conferva-fe  na  Biblioth.  do  Cardial  de 
Soufa. 

Parecer  acerca  dos  vários  meyos  que  fe 
oferecerão  a  Filippe  III.  para  permitir  que 
os  ChriJlaÕs  novos  ajfifiiffem  nefie  Rejno.  Conf- 
iava de  19.  paginas  de  folha,  e  o  tinha  em  feu 
poder  o  P.  Sebaíliaõ  de  Magalhaens  ConfeíTor 
delRey.  D.  Pedro  II.  como  affirma  o  P.  Fran- 
cifco  da  Cruz  nas  Memorias  M.  S.  para  a  Bib. 
Portug. 

Parecer  fobre  o  morgado  da  Caja  de 
Aveiro.  Sahio  na  Allegaçaõ  de  Direito 
que  fez  neíla  matéria  o  Doutor  Francifco 
Valafco  de  Gouvea. 

D.  DIOGO  DE  AREDA  Sobrinho  do 
precedente  natural  da  mefma  Pátria  de  feu  Tio, 
e  também  Religiofo  da  Companhia  de  JESUS 
cuja  Roupeta  veftio  em  o  Collegio  de  Évora 
a  27.  de  Mayo  de  161 5.  Acabados  os  eítudos 
aíTim  amenos,  como  feveros  paliou  com  facul- 
dade dos  Superiores  à  índia  com  o  dezejo  de 
pregar  o  Evangelho  àquellas  barbaras  na- 
çoens,  porém  foy  obrigado  a  ler  Theologia 
em  Goa  por  alguns  annos.  Sendo  ConfeíTor 
do  Vice-Rey  de  Eftado  o  mandou  a  Portugal 
com  negócios  de  grande  importância  confiando 
da  fua  capacidade  o  feliz  fucceílo  delles,  os 
quaes  concluídos  voltou  para  a  índia,  onde  foy 
Reytor  do  Collegio  de  Chàul,  e  Companheiro 
do  Provincial.  Segunda  vez  navegou  para 
Portugal,  e  intentando  terceira  jornada  para  a 
índia  Uie  impedirão  a  determinação  os  acha- 
ques, e  annos.  Foy  o  primeiro  Reytor  do  Col- 
legio de  Setúbal,  e  hum  dos  infignes  Pregado- 
res que  teve  o  feu  tempo.  Exercitou  por  mui- 
tos annos  o  minifterio  de  Doutrineiro  em  a 
Cafa  profeíTa  de  S.  Roque  onde  paílou  a  me- 
lhor vida  em  18.  de  Dezembro  de  1671.  com 
72.  annos  de  idade,  e  56.  de  Religião.  Lem- 
braõ-fe  delle  a  Bih.  Societ.  pag.  167.  col.  2. 
Franc.  Imag.  da  Virtud.  do  Nov.  de  Evor. 
pag.  859.  e  no  Ann.  Glorio/.  S.  J.  in  'Lufit.  pag. 
743.  &  in  Annal.  S.  J.  in  l^ujtt.  pag.  351.  n.  3. 
Fonfec.  Évora  Glorio/,  pag.  428.  Joan. 
Soar.  de  Brito  Theat.  Eujit.  Eitter.  lit. 
D.  n.  8.  Magn.  Biblioth.  Eccle/  pag.  540. 
col.  2.   Imprimio. 


Sermão  do  Auto  da  Fè  pregado  em  Goa 
anno  1644.  Goa  1644.  4.  Deíla  Obra  faz 
mençaõ  Carlos  Jozé  Imbonati  Bib.  Eaí. 
Heb.  pag.  34.  n.  117. 

Sermão  do  Apojlolo  SaÔ  Thomé  pregado 
na  Cape  lia  Keal  de  Sua  Magejlade  a  zi.  de  De:(em- 
bro  de  1645.  Lisboa  por  Domingos  Lopes 
Roza  1646.  4.  A  efte  Sermaõ  chama  Vida  com 
erro  manifefto  o  novo  addicionador  da  Bib. 
Orient.  de  António  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  14. 
col.  446. 

Sermaõ  Fúnebre  na  Santa  Sé  de  Évora  nas  Hon- 
ras, que  o  Cabido  delia  celebrou  à  piedo/a  memoria 
do  Serenij/imo  In/ante  D.  Duarte.  Lisboa  na 
Ofíicina  Crasbekiana  1650.  4. 

Exame  de  Conciencia,  e  modo /acil  para /e /av;er 
Confijfaõ  Geral.  Lisboa  por  Domingos  Car- 
neiro 1670.  24.  Sahio  2.  vez  inferto  nas  Horas 
Portugue^^as,  e  Kamilhete  manual  de  diver/as  Ora- 
çoens.    Lifboa  pelo  dito  Impreílor.  1673.  12. 

DIOGO  DE  AZAMBUJA  natural 
da  Villa  do  feu  appelido,  a  qual  he  do  Ar- 
cebifpado  de  Lisboa,  donde  paíTando  ao 
Oriente    efcreveo    com    obfervaçaõ    curiofa. 

Memorias  do  que  vio  pela  índia  perten- 
centes e/pecialmente  a  cou/as  naturaes.  M.  S. 
Confervaõ-fe  na  Livraria  do  ExcellentiíTimo 
Marquez  de  Abrantes. 

DIOGO  BARBOSA  MACHADO  filho 
do  Capitão  Joaõ  Barbofa  Machado,  e  D.  Catha- 
rina  Barbofa  naceo  em  Lisboa  a  31.  de  Março 
de  1682.  e  a  12.  de  Abril  foy  bautizado  na  Real 
Igreja  de  N.  Senhora  da  Conceição  dos  Freyres 
da  Ordem  de  Chrifto.  Aprendeo  os  primeiros 
rudimentos  com  o  P.  Ignacio  Preftes  Frey- 
re  da  Ordem  de  Chrifto,  e  Beneficiado  da 
dita  Igreja,  e  a  lingua  Latina  com  o  P. 
Manoel  Soares  Presbytero  de  inculpável 
vida  de  quem  fe  fará  mençaõ  mais  larga 
em  feu  lugar.  Ouvio  pela  efpaço  de  três 
annos  Filofofia  do  P.  Sebaftiaõ  Ribeiro  da 
Congregação  do  Oratório,  e  por  dous 
Theologia  efpeculativa,  e  Moral  dos  Mef- 
tres  Diogo  Curado,  e  António  de  Faria 
da  mefma  Congregação.  PaíTou  a  Coimbra 
em  o  anno  de  1708.  onde  fe  matriculou  na 
Faculdade  do  Direito  Canónico,  que  naõ 
profeguio   por   caufa   de   algumas   moleítias. 


II 


LUSITANA. 


635 


Depois  de  obter  hum  Beneficio  ílmples  na 
Igreja  de  Santa  Cruz  de  Alvarenga  em  o 
Bifpado  de  Lamego  em  que  o  collara  o  II- 
luflriíTimo  Difpo  defta  Diocefe  D.  Nuno 
Alvares  Pereira  de  Mello,  recebeo  Ordens 
de  Presbytero,  que  lhe  conferio  a  2.  de  Ju- 
lho de  1724.  o  IlluílriíTimo  Bifpo  de  Tagafte 
D.  Manoel  da  Sylva  Francez  Provifor,  e  Vigá- 
rio Geral  do  Arcebifpado  de  Lisboa.  Por 
nomeação  do  ExcellentiíTimo  Marquez  de 
Abrantes  D.  Rodrigo  Annes  de  Sá,  e  Almcyda 
(^vallciro  da  Ordem  do  Tufaõ,  Gentil  homem 
da  Camará  de  Sua  Mageílade,  e  Embaxador 
extraordinário  a  Roma,  e  Madrid  foy  collado 
cm  4.  de  Novembro  de  1728.  Abbade  da  Paro- 
chial  Igreja  de  Santo  Adriaò  de  Sever  no  Con- 
fclho  de  Penaguião  Comarca  de  Sobre  Tamaga 
tio  Bifpado  do  Porto.  Foy  eleito  Académico  da 
Academia  Real  da  Hiíloria  Portugucza, 
fendo  dos  cincoenta  primeiros  Académicos 
de  que  fe  formou  efta  eruditiíTima  Socieda- 
de para  efcrever  as  Memorias  Hiftoricas  dos 
Reynados  dos  Princepes  D.  Sebaíliaõ,  D. 
Henrique,  Filippe  I.  II.  e  III.  de  cuja  ap- 
plicaçaõ  tem  publicado  o  feguinte. 

Con/a  dos  Jem  eftudos  Académicos  recitada 
m  Paço  a  -j.  de  Setembro  de  1722.  Sahio  no 
Tom.  2.  da  Collecçaõ  dos  Docnm.  da  Acad.  Keal. 
Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva  ImpreíTor  de  Sua 
Mageftade,  e  da  Acad.  Real  1722.  foi. 

Conta  dos  feus  efiudos  Académicos  no 
Paço  a  zz.  de  Outubro  de  1724.  Sahio  no 
[4.  Tom.  da  Colleçaõ  dos  Documentos  &c. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1724.  foi. 

Conta  dos  feus  eftudos  Académicos  no 
Paço  a.  zz.  de  Outubro  de  1726.  Sahio  no 
Tom.  6.  da  Collecçaõ  dos  Documentos  &c. 
Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva  1726.  foi. 

Conta  dos  feus  Eftudos  Académicos  no 
Paço  a  -j.  de  Setembro  de  i'jz-i.  Sahio  no 
7.  Tom.  da  Colleçaõ  dos  Documentos  &c. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1727.  foi. 

Conta  dos  feus  Eftudos  Académicos  no 
Paço  a  -}.  de  Setembro  de  175 1.  Sahio  no 
Tom.  II.  da  Collecçaõ  dos  Documentos 
&c.    Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor   175 1.  foi. 

Elogio  Fúnebre  do  Beneficiado  Francifco  Leytaõ 
Ferreira  Académico  da  Academia  Real  da  Hiftoria 
Portugue:(a  recitado  no  Paço  a^i.de  Março  íÍ?  1 73 5 . 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1735.  4.  grande. 


Memorias  para  a  Hiftoria  tU  Porh^t 
que  comprehendem  o  governo  dtlKey  D.  Sebaftiaõ 
mico  tm  o  nomt,  e  decimo  fex  to  entre  os  Monarchas 
Porti^féti^es  do  arnio  dt  15)4.  atè  o  anno  de  1561. 
Tom.  I.  Lisboa  por  jozé  António  da  Sylva 
ImpreíTor  da  Academia  Real  17)6.  4.  Gtaode 

Memoriai  para  a  Hiftoria  de  Portugal  ó^c. 
defde  o  anno  de  1^61.  até  o  anno  de  1)67.  Tom.  2. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1757.  4.  grande. 

Memorias  para  a  Hiftoria  de  Portugfd 
Ó^c.  defde  o  anno  de  1567.  até  o  anno  de  i)74* 
Tom.  5.  M.  S. 

Memorias  para  a  Hiftoria  de  Portugal  ó^c, 
defde  o  anno  de  1574.  até  1579.  Tom.  4.  M.  S, 

Traduzio  da  lingua  Italiana  de  Moníe- 
nhor  Mucio  Dandini  Bifpo  de  SinigagUa 
em  a  Portugueza,  fem  o  feu  nome. 

As  verdades  principais,  e  mais  impor- 
tantes  da  Fè,  e  da  ]uftiça  Chriftaã  expli- 
cadas clara,  e  methodicamente  fegundo  a  dou- 
trina da  Efcritura,  dos  Concílios,  e  dos  Padres, 
e  Doutores  da  Igreja  com  muitos  exemplos  tirados 
da  Hiftoria  Eccleftaftica,  e  disftribuidas  em  cin- 
coenta, e  duas  inftrucçoens  pelas  cincoenta,  e  duas 
Domingas  do  Anno.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ.  1729.  4. 

Bibliotheca  Eufitana  Hiftorica,  Critica, 
e  Chronologica,  na  qual  fe  comprehende  a 
noticia  dos  Authores  Portuguev^es,  e  das  Obras 
que  compuv^eraÕ  defde  o  tempo  da  Promulga- 
ção da  Ley  da  Graça  até  o  tempo  prefente, 
foi.  3.  Tom. 

DIOGO  BARRASSA  famofo  Me- 
dico, iníigne  Aitrologo,  e  perito  Herbo- 
lario.  AíTiílio  muitos  annos  em  Caítella, 
donde  paíTou  a  Amfterdaõ,  em  cuja  Qda- 
de  era  Regente  da  Academia  do  Talmud, 
e  como  a  tal  lhe  dedicou  MenaíTa  Ben  If- 
rael  a  fegimda  Parte  do  Livro  intitulado 
De  fragilitate  humana.  Foy  muyto  dou- 
to nas  línguas  Arábica,  e  Syriaca.  Com- 
poz    diverfos    Lunarios    fendo    o    principaL 

Prognoftico,  e  Eunario  do  anno  de  1635. 
conforme  as  Noticias,  que  ficaraõ  do  tem- 
po de  Noe  regulado  aos  Meridianos  de  Évo- 
ra de  38.  ^ãos,  e  outras  partes  da  Euftta- 
nia  antiga  com  as  influencias  naturaes,  ífe^ 
dias  da  Eua,  e  qual  dos  Planetas  reyna, 
e    tem    dominio   fobre    cada   figru)    com    outras 


636 


BIBLIO  THE  CA 


curiojidades  tirado  do  Arábigo  que  tradu:(io 
do  Syriaco  de  Jonathas  Abeni:(el  Rabbi  I/raei 
de  Ulmafia.  Sevilha  por  Simaõ  Fajardo. 
1630.  4.   No  prologo  promete 

Traãatus  in  loca  difficilia  S.  Scriptura 
a  D,  Hieronymo  traduãa. 

Traãatus  de  virtute  herbarum,  <&  Jecretis 
aquarum  ab  ipjo  expreffarum,  (Ò"  difiillatarum, 

Fr.  DIOGO  DE  BARROS  ReHgio- 
fo  Menor  Obfervante  da  Província  de  Por- 
tugal efcreveo  conforme  affirma  Jorge  Car- 
dofo  Agiol.  L,ujit.  Tom.  3.  p.   519.  letr.  D. 

Kelaçaõ  breve  das  Keligiofas  que  flore- 
ceraõ  em  virtude  no  Convento  de  Santa  Iria 
de  Thomar.  M.  S. 

Fr.  DIOGO  BAUTISTA.  Naceo  no 
Lugar  de  Alamede  junto  à  Cidade  de  Coimbra, 
e  profeíTou  o  Inftituto  Seráfico  na  Província 
de  Portugal.  Ouvio  Filofofia  do  R.  Fr.  Ber- 
nardino de  Senna,  que  de  Miniílro  Geral  da 
Ordem  Seráfica  fubio  à  Cadeira  Epifcopal  de 
Vifeu,  em  o  Convento  de  Santa  Chriftina,  cuja 
faculdade  enfinou  depois  no  Convento  de 
Leyria  em  o  anno  de  1606.  com  tanta  gloria 
do  feu  magifterio,  que  teve  por  difcipulos 
a  Fr.  Lucas  Wadingo,  celebre  AnnaUíta  da 
Religião  Francifcana,  e  Fr.  Diogo  do  Salvador, 
Lente  Jubilado,  e  Provincial  da  Província, 
e  Fr.  António  de  JESUS,  igualmente  claro 
nas  fciencias,  que  nas  virtudes.  Na  Con- 
gregação Geral  celebrada  na  Cidade  de 
Segóvia,  em  o  anno  de  1621.  votou  como 
Cuftodio  defta  Província,  e  voltando  ao 
Reyno  foy  Vifitador  da  Província  da 
Ordem  Terceira  da  Penitencia,  em  o  anno 
de  1623.  Sendo  Lente  Jubilado,  e  Qua- 
lificador do  Santo  Officio,  foy  eleito  na 
Congregação  celebrada  em  Lisboa  a  19. 
de  May  o  de  1623.  Guardião  do  Conven- 
to de  S.  Francifco  de  Santarém  onde  falle- 
ceo  a  28.  de  Setembro  de  1624.  Sobre  a 
fua  fepultura,  que  eílá  no  Clauítro  da  parte 
do  Norte,  mandou  gravar  o  M.  Fr.  António 
das  Chagas  chamado  o  E/coto,  fendo  Miniílro 
Provincial  o  feguinte  Epitáfio: 

Sacrce  Theologice  Magijier  injignis,  Sanãa 
Inquijitionis  Conjultor  R.  P.  Fr.  Dida- 
cus    Baptijla    Umedenjis   ante   hum   iacet  lapi- 


dem. Obiit  die  28.  Septembris  anno  Do  mini 
1624.  poftquam  Segobienfibus  Ordinis  Comitiis 
interfuerat  Cufios.  R.  P.  Fr.  Antonius  à 
Plagis  Minijler  Provincialis  hoc  Monumentum 
eidem  exaravit.  Anno  Domini  1624.  Dos  feus 
efcritos  fomente  exifte : 

Commentaria  in  Dialeãicam  Ariftotelis.  Prin- 
cipia: Cum  nihil  adeo.  M.  S.  4.  Conferva-fe 
no  Collegio  novo  de  S.  Boaventura  de  Coim- 
bra. Fazem  delle  memoria  Haroldo  Vit.  P. 
L.UC.  Wadingi  cap.  5.  e  Fr.  Joaõ  de  Deos  nas 
Me  mor.   M.  S.   da   Prov.  de   Portug.   foi.   91, 

DIOGO  BERNARDES  natural  da  Villa 
de  Ponte  da  Barca  fituada  em  a  Provinda  de 
Entre  Douro,  e  Minho,  filho  de  Diogo  Ber- 
nardes Pimenta,  neto  de  António  Bernardes,  e 
Anna  Dias  Pimenta,  e  irmaõ  de  Fr.  Agoftinho 
da  Cruz  Religiofo  Arrabido,  de  quem  fe  fez 
larga  memoria  em  feu  lugar.  Na  primeira 
idade  deu  manifeílos  argumentos  do  fubUme 
engenho  de  que  o  dotara  a  natureza,  porém 
debaixo  do  fatal  horofcopo  com  que  por 
difpofiçaõ  da  forte  infaufta  coftumaõ  na- 
cer  os  Sábios,  como  elle  de  fi  mefmo  laf- 
timofamente  affirmou  na  Carta  2.  do  feu 
'Lima  foi.  125.  v.o  efcrita  a  Jorge  Bacarrao 
Alferez  em  Ponte  de  Lima. 
Alpunto  que  naci  luego  fortuna 

EJiendiò  fobre  mifu  manofiera 
Diome  amarga  leche,  dura  ama 

L,a  trifie:{a  por  ama,y  companera. 
Entre  as  Artes,  e  fciencias  em  que  foy 
verfado,  mereceo  o  Principado  da  Poeíia 
Paftoril  expreíTando  com  aíFeâos  taõ  pró- 
prios a  natural  finceridade  dos  ruílicos  que 
depois  do  Theocrito  infigne  neíle  género 
de  metro  entre  os  Poetas  Gregos  ninguém 
lhe  difputou  a  primazia.  Depois  de  con- 
trahir  matrimonio  com  efpofa  digna  do 
feu  nacimento,  lhe  fobrevieraõ  taes  cuida- 
dos, que  lhe  impedirão  o  continuo  comer- 
cio das  Mufas,  fempre  amantes  do  ócio, 
como  elle  efcreve  a  D.  Manoel  Coutinho 
na  Cart.  24.  do  feu  Uma. 
Pajfou  aquelle  tempo  em  que  fobia 

Cantar  verfos  alegres,  e  fuaves 

Junto  do  pátrio  L.ima  à  fombra  fria : 
Carregarão  em  mim  cuidados  graves 

Depois  que  me  entreguej  ao  Hymineo 


I 


LUSITANA. 


(>37 


Que  Jecha  a  liberdade  com  mil  chaves. 
Ando  das  brandas  Mnfas  íaõ  alheyo 

Taõ  longe  d'l\ypocrene,  e  do  Pamafo, 
TaÕ  Jnmido  nas  aguas  do  hetheyo, 
Que  tenho  pouco  gojlo,  e  menos  ajo 

Vara  poder  formar  hum  culto  ver/o 

SenaÕ  fahe  da  penna  algum  acafo. 
A  grande  esfera  do  fcu  engenho  naõ  fo- 
mente voava  ao  cume  do  ParnaíTo,  mas  vagava 
pelos  campos  da  Hiftoria  de  tal  modo,  que  cm- 
prcndeo  efcrever  as  acçoens  dos  Monarchas 
Portuguezes,  de  cujo  heróico  intento  o  fufpcn- 
deo  a  falta  de  Mecenas,  que  remuneraííe  taõ 
illuftre  empreza.  AfTim  o  canta  ao  mefmo 
tempo  que  fe  laílima  na  Carta  14.  efcrita  a 
António  de  Cadilho. 
Pe!(ame  naÕ  poder  em  nova  Hijloría 

Dos  hjtfitanos  Keys  a  origem  clara 

"Levar  ao  Templo  da  immortal  memoria 
laô  por  falta  de  engenho,  e  invenção  rara 

Eflillo,  e  arte,  que  Febo  em  tal  fogeito 

Defecados  conceitos  me  infpirara. 
\Masfabes  de  que  nace  ejie  defeito 

De  naõ  ver  nefie   tempo  hum  novo   Auguflo 

A  quem  taÕ  bom  trabalho  feja  aceito. 
Quando  aíriílio  na  Corte,  foy  muito  aceito 
10  Infante  D.  Duarte  filho  do  Sereniflimo  Rey 

).  Joaõ  o  III.  e  recebeo  alguns  favores  do  Se- 
rretario  de  Eílado  Pedro  de  Alcáçova  Carneiro, 

quem  acompanhou  a  Caftella,  quando  foy  por 
jEmbaxador  delRey  D.  SebaíUaõ  a  Filippe  II. 
Achou-fe  na  infaufta  batalha  de  Alcácer  Seguer, 
onde  depois  de  obrar  acçoens  muito  valerofas, 
ficou  cativo,  cuja  horrorofa  tragedia  expõem 
neftas  fentidas  expreíToens  a  Jorge  Bacarrao  na 
Carta  iS.  do  L.ima. 
Defpues  de  aquel  horrible ,  y  fiero  dia 

Que  con  mis  qjos  vi  de  fan^e  humana 

Hartarfe  la  fedienta  Berbéria; 
Siempre  me  pareciò  la  gloria  vana 

Que  di  ãl  pátrio  Uma  con  mi  canto 

Entre  gente  plebea,  y   corte^ana. 
E   na   Elegia   i.    das  Rim.    Var.   foi.    67. 
E/i  que  livre  cantey  ao  fom  das  agtias 

Do  faudofo,  brando,  e  claro  Uma 

Hora  goflos  de  amor,  outr'hora  magoas 
Agora  ao  fom  do  ferro,  que  laflima 

O  defcuberto  pée  choro  cativo 

Onde  choro  naõ  vai,  nem  amor  fe  efHma. 
E  na  Eleg.  2.  foi.  70. 


Sobre  hum  alto  rochedo  em  Berbéria 

O  fem  ventura  Alcido  fe  fentava 

Quando  o  cruel  Senhor  lho  concedia,  êcc 
A'vifla  dos  frutíferos  outeiros 

Dos  chriflallinos  lagos,  e  das  fontes 

Fat(ia  de  feus  olhos  dous  ribeiros 
IjtmbravaÕ-lhe  outros  valles,  outros  montes 

Outras  agidas  mais  claras,  outros  rios 

Outros  mais  af afiados  Orifontes. 
Reftituldo  à  Pátria,  e  a  liberdade  foy 
provido  em  o  Offício  de  Moço  da  toalha, 
que  exercitou  cm  tempo  que  o  Cardial  Al- 
berto de  Auíbria  governava  eíle  Reyoo  até 
que  falleceo  em  Lisboa  em  o  anno  de 
1)96.  Jaz  fepultado  no  Seráfico  Convento 
das  Reiigiofas  de  Santa  Anna,  onde  def- 
canfaõ  as  cinzas  do  feu  grande  amigo,  o 
infigne  Luiz  de  Camoens  Príncipe  da  Poc- 
fia  Épica.  A*  fua  morte  dedicou  huma 
Elegia  Fr.  Agoftinho  da  Cruz  fcu  irmaõ,  que 
começa: 
Claras  aguas  do  noffo  doce  Uma 

Secou  no  Tejo  já  vojfa  corrente 

Onde  ncw  feca  a  dor,  que  me  laflima,  &c. 
António  de  Soufa  de  Maced.  Flor.  de  Efp. 
cap.  8.  Excel.  9.  lhe  chama  Suave  Poeta,  e  na 
Ejva,  e  Ave  Part.  i.  cap.  26.  ForaJÕ  exaltando 
a  Poefia  António  Ferreira,  Diogo  Bernardes, 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  1.  pag.  208. 
col.  I.  pofl  Camoefium,  ^  Saam  vulgares  pangenM 
verfus  laudem  concedit  nemini.  Severim  Dif- 
curf.  var.  pag.  131.  v.o  Celebre  Poeta, 
que  no  eflilo  Pafloril  naÕ  reconhece  fuperior, 
e  pag.  82.  v.o  o  infigne  Poeta  Upe  de  Vega  confejfa, 
que  os  efcritos  de  Diogo  Bernardes  o  enjinaraõ 
a  fa:(er  verfos  pajloris.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Theatr.  Utfit.  Utter.  lit.  D.  num.  9.  Oh 
lenitatem,  fuavitatemque  fuorum  carminum 
celebratijfimus :  in  Bucolicis  prafertim  excelluit 
ita  ut  in  hoc  poematis  genere  facile  Prin- 
ceps  exiftimatur.  Lope  da  Vega  Uzuret 
de  Apol.  Sylv.  3.  pag.  26. 

A  Bernardes  ofrece 
Y   di^e,    que  fer    Príncipe    merece. 
Manoel  de  Faria,  e  Soufa,  Fuent.  de  Aga- 
nip.  Part.  2.  Põem.  3.  Eftanc.  3. 
Entre  rebanos  de  torcidos  cuemos 
Uís  humildes,  y  ruflicas  camenas 
Suenan    con  propríedad  que    el   Pindo    eflima 
U)bo  en  el  Liz,  Bernardes  en  el  Lima. 


638 


BIBLIO THE  CA 


Ant.    Ferreir.    Liv.    71.    das    Cart.    Cari. 
12.  efcrita  a  Diogo  Bernardes. 
Fe^i  força  ao  meu  intento  a  doce,  e  branda 
Mu/a  tua  'Remardes,  que  a  meu  peito 
Dá  novo  Jpirito,  novo  fogo  manda. 
E  no  JL;V.  2.  dos  Sonet,  Sonet.  26.  pag.  22. 
L.imiano  tu  ao  fom  do  claro  L,ima 
Inda  por  ti  mais  claro  àfomhra  fria 
A.  branca  Ninfa,  que  te  deo  por  guia 
Amor  fat(es  foar  na  doce  rima. 
E  em  quanto  cantas,  flores  mil  decima 
Derrama  Cytherea,  e  hum  louro  cria 
Para  as  tuas  frentes  Phebo,  e  em  companhia 
D' outros  teu  nome  leva  Já  a  outro  clima. 
Jorge    Bacarrao    em    huma    Carta,    que 
he  a  19.  impreíTa  no  l^ima  pag.   125. 
^ue  quando  L,ujitania  no  tuviera 

Mas  prendas  de  valor,  que  ferte  Madre 
Por  ejia  fola  el  Isauro  mereciera 
Del  roxo  Apolo,  y  de  fu  hermana,  j  padre. 
P.  Ant.  dos  Reys  Enthujiafm.  Poet.  num.  2. 
Proximus    adjijiit    Didacus    Bernardius    ille 
Cujus  franarunt  dulciffima  carmina  l^ima 
Pracipites   quondam,  plácidas   nunc,  fiuminis 

undas; 
Cujus    ut    audiret    queruli    modulamina    pleãri 
Sape    caput    médio    traxit    de    gurgite    pifeis. 
Sapeque  detinuit  volucris  modulamen  in  ulmo. 
Compoz : 

O  L.ima,  em  o  qual  fe  contém  Eglogas, 
e  Cartas.  Dirigido  ao  Excellentiffimo  Se- 
nhor D.  Álvaro  D'  Alancafiro  Duque  D'a- 
veiro.  Lisboa  por  Simaõ  Lopes.  1596.  4. 
Kimas  Varias,  Flores  do  Eima.  Lif- 
boa  por  Manoel  de  Lyra.  1597.  8.  <&  ibi 
por  Lourenço  Craesb.  1633.  32. 

Varias  Kimas  ao  Bom  JESUS,  e  à 
Virgem  gloriofa  fua  Mõy,  e  a  Santos  par- 
ticulares, com  outras  mais  de  honefla,  e  pro- 
veitofa  liçaÕ.  Lisboa  por  Pedro  Craf- 
beeck.  161 6.  8.  E  por  António  Alvares. 
1622.  8. 

Elegia  à  morte  do  Doutor  António  Ferreira 
efcrita  a  Pedro  de  Andrade  Caminha.  Começa: 
Com  quem  pojjo  chorar,  fenaõ  contigo.  &c. 
Sahio  impreíTa  no  fim  dos  Poemas  Eufita- 
nos  de  António  Ferreira.  Lisboa  por  Pe- 
dro Crasbeeck.  1698.  4.  a  foi.  137.  v.o  a 
qual  tinha  fido  impreíTa  no  Eima  Cart.  21. 
a  foi.  128. 


Quatro  Sonetos  hum  em  Caílelhano,  outro 
em  Italiano,  e  dous  em  Portuguez,  a  foi. 
96.  118.  125.  e  188.  do  Livro  intitulado: 
KelaçaÕ  do  folemne  recebimento,  que  fe  fen^  em 
Eisboa  às  Santas  Keliquias  que  fe  levarão  à  I^eja 
de  S.  Koque,  compoílo  pelo  Licenciado  Ma- 
noel de  Campos.  Lisboa  por  António  Ri- 
beiro. 1588.  8. 

Sonetos  116.  Eglogas  26.  Cinco  Cartas,  4. 
Cançoens,  e  huma  Ode  de  Diogo  Bernar- 
des, eílaõ  em  o  Cancioneiro,  que  no  anno  de 
1577.  juntou  o  Padre  Pedro  Ribeiro,  e  fe 
conferva  M.  S.  na  Livraria  que  foy  do  Car- 
dial  de  Soufa. 

Intentava  publicar  as  Obras  Poéticas  de 
alguns  Portuguezes  como  fe  infere  da  Carta 
30.  efcrita  a  Gafpar  de  Soufa  fobrinho  de 
D.  Chriílovaõ  de  Soufa,  impreíTa  no  Uma 
a  foi  155.  onde  lhe  diz: 
Se  vejo,  como  efpero  refponderme 

De  maneira  que  pofja  a  mais  quieto 

Co  as  Mufas  em  ócio  recolherme 
De  Juntar  os  bons  verfos  vos  prometo 

Dos  Poetas  infignes  Eufitanos 

Aprovados  por  Febo  em  feu  decreto. 

DIOGO  BORGES  natural  de  Lifboa, 
e  Medico  do  Cabido  da  fua  Pátria,  igualmente 
douto  na  Arte  Medica,  como  na  Sciencia 
Aílrologica,  de  que  faõ  claros  argumentos 
as  Obras  feguintes: 

Difcurfo  AJirologico,  e  Prognoflico  Diário 
para  o  anno  de  1604.  Lisboa  por  Jorge  Rodri- 
gues.   1603.   8. 

Difcurfo  Aflrologico  para  o  anno  de  1605.  No 
fim:  Breve  Itinerário  da  Monarchia  delKey  D.  Fi- 
lippe  II.  de  Portugal.  Lisboa  1 604.  e  Évora  por 
Manoel  de  Lyra.  1604.  8. 

Tratado  contra  os  Afirologos,  que  daõ  o  fenhorio 
do  anno  ao  Planeta,  que  he  fenhor  do  dia  em  que  o 
anno  começa.  M.  S. 

Tratado  da  Conjunção  Máxima  de  Saturno, 
Júpiter,  e  Marte,  que  aconteceo  a  24.  de  Outubro 
de  1603.  como  dos  muitos  Ecclypfes  do  anno  de 
1605.  M.  S. 

Bónus  Medicus  opor  te  t  eJJe  bónus  AJlrologus.  Pro- 
va efta  Conclufaõ  em  hum  largo  volume.  M.  S. 

Votos  em  varias  matérias,  em  que  foy 
confultado.  Sahiraõ  impreíTos  nas  De- 
cifoens     do     Doutor     Manoel     da     Fonfeca 


LUSITANA. 


Thcmudo,  principalmente  na  DeH/.  84.  e  18$. 
Faz  dcllc  mcnçaò  Joan.  Soar.  de  Brito  in 
'Vheatr.  Lufit.  Utttr.  Lit.  D.  num.  10.  jaz 
(cpultado  na  Cathedral  de  Lisboa  junto  do 
Altar  de  NoíTa  Senhora  de  Betancurt  fituado 
no  Cruzeiro  da  parte  do  Evangelho. 

DIOGO  BORGES  PACHECO,  natural 
de  Braga  onde  foy  bautlzado  na  Freguezia 
de  S.  Joaõ  do  Souto  a  24.  de  Fevereiro  de  16)8. 
Teve  por  Pays  a  Jacome  Borges  Pacheco, 
f  D.  Francifca  Machado.  Depois  de  receber 
cm  a  Univerfidade  de  Coimbra  o  gráo  de 
hucharel  na  Faculdade  dos  Sagrados  Cânones 
obteve  hum  Canonicato  em  a  Cathedral  da 
lua  Pátria,  que  renunciou  cm  Domingos  de 
Araújo  Pontes  caiando  com  fua  irmãa  D.  Ma- 
rianna  de  Araújo.  Foy  Dczcmbargador 
Rclaçaò  de  Braga,  pelo  largo  efpaço 
trinta  c  fcis  annos,  e  ChanccUer  por 
ds  de  trinta.  Morreo  na  pátria,  a  16.  de 
>ezcmbro  de  1735.  com  77.  annos  de  idade. 
)mpo2 : 

Triumpho  do  Amor  Divino,  e  exíraão  das 

*tfias  que  na  Cidade  de  Braga  conf  agrou  ao  San- 

Mjftmo  Sacramento  o  IlluJiriJJimo,  e  Excellentif- 

10  Senhor  D.  Rodrigo  de  Aloura  Tei/e^,  Arce- 

Wpo,  e  Senhor  de  Braga  Prima^  das  Hfpanhas 

Conjelho  de  EJlado  de  Sua  Magejlade,  e  feu 

^umilher    da    Cortina.      Lisboa    na     Officina 

Real    Deílandefiana,    17 14.    4.      A   primeira 

parte  he  em  proza,  e  a  fegunda  em  verfo 

que   coníla    de    105.     Outavas    Portuguezas. 

DIOGO  BOTELHO  naceo  em  Lis- 
boa onde  teve  por  Pays  a  Francifco  Bote- 
lho Capitão  de  Tangere  Eílribeiro  mór  do 
Infante  D.  Fernando  filho  do  SereniíTimo 
Rey  D.  Manoel,  e  Embaxador  a  Saboya, 
e  a  D.  Brites  da  Caílanheda  filha  de  Ruy 
Dias  da  Caílanheda.  Sendo  Commenda- 
dor  das  Commendas  da  Serra  na  Beira,  e 
Gentilhomem  da  boca  de  Filippe  IIL  o 
elegeo  no  anno  de  1602.  Governador  do 
Eílado  do  Brafil,  que  adminiftrou  pelo 
efpaço  de  cinco  annos  com  igual  zelo, 
que  defintereíle.  Foy  cafado  com  D.  Ma- 
ria Pereira  filha  de  Nuno  Alvares  Pereira 
Secretario   do   Confelho   de   Eftado   de   Por- 


639 

tuga!  em  Madrid,  e  de  D.  Ifabel  Mariz 
fílha  de  Lopo  Mariz,  de  quem  teve  para  ím- 
níu>rtal  credito  da  fua  pofteridade  aquelle 
famofo  Heròe  Nuno  Alvares  Botelho  quadca- 
gefimo  nono  Governador  da  índia  digno 
pelas  fuás  gloriofas  façanhas,  obradas  em 
obCequio  da  pátria  de  fim  mais  venturofo. 
Efcrcveo: 

Succeffo  da  fua  viagem  ao  RrafiJ,  e  de  mmtas 
coufas,  que  obrou  nelle,  e  como  as  achou  em  7.  de 
Mayo  de  1602.  He  papel  largo,  e  fe  conferva 
Aí.  S.  na  Livraria  do  Excellenti/Timo  Marquez 
de  Abrantes.  Faz  breve  memoria  do  Author 
Sebaíliaõ  da  Rocha  Pitta  Americ.  Portug. 
Liv.  5.  §.  100.  pag.  201. 

DIOGO  BOTELHO  PEREIRA.  Naceo 
na  índia  Oriental  fendo  filho  illegitimo  de 
António  Real  Capitão  de  Cochim  no  tempo, 
que  governava  o  Eftado  D.  Francifco  de 
Almeida,  e  de  Iria  Pereira.  Como  naceííe 
ornado  de  fingular  habilidade  p>ara  todas  as 
fciencias  fe  applicou  com  mayor  difvelo  à 
Náutica,  Mathematica,  e  Geografia,  em  que 
fahio  muito  perito.  Tendo  militado  por 
alguns  annos  com  grande  diftinçaõ  de  valor 
entre  os  melhores  Soldados  da  índia,  e  que- 
rendo a  remuneração  devida  a  taõ  aíTmala- 
dos  ferviços  paíTou  a  Portugal,  onde  ElRey 
D.  Joaõ  o  III.  lhe  deo  o  foro  de  Fidalgo  da 
fua  Cafa,  e  como  lhe  negaíTe  a  Capitania  de 
Chàul,  que  pertendia,  rompeo  em  algumas 
palavras,  que  arguia  de  menos  reda  a  juftiça 
defte  Príncipe  o  qual  perfuadido  pelas  finif- 
tras  informaçoens  de  alguns  emulos  de  Diogo 
Botelho  de  que  eílava  refoluto  fervir  a  ElRey 
de  França,  o  mandou  degradado  para  a  índia 
na  Armada,  em  que  Martim  Affonfo  de 
Soufa  partio  no  anno  de  1554.  como  efcrevem 
Fernaõ  Lopes  da  Caílanheda  Hijl,  da  índia 
Liv.  8.  cap.  105.  e  Joaõ  de  Barros,  De- 
cad.  4.  da  Ind.  Liv.  6.  cap.  14.  ou  na  Ar- 
mada em  que  foy  D.  Vafco  da  Gama  como 
affirmaõ  Diogo  do  Couto  Decad.  5.  Liv. 
I.  cap.  2.  e  Francifco  de  Andrade  Chro- 
nic.  de  D.  JoaÕ  o  IIL  Part.  3.  cap.  13.  Tanto 
que  chegou  à  índia  começou  a  meditar 
o  modo  com  que  juílificaíTe  a  fua  fide- 
lidade falfamente  accufada  como  crimi- 
nofa     no     conceito     do     feu     Soberano,     e 


Ó40 


BIBLIO THE  CA 


depois  de  lhe  fugerir  a  idea  vários  meyos, 
elegeo  hum  que  parece  exceder  a  esfera  do 
coraçam  mais  animofo  arrojando-fe  a  empren- 
der  com  temerária  oufadia  huma  empreza,  em 
que  era  infallivel  o  perigo.  Sabendo  o  grande 
alvoroço,  que  teria  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  com 
a  certeza  de  eílar  fundada  pelo  Governador 
Nuno  da  Cunha  a  Fortaleza  de  Dio,  por  fer 
a  chave  do  comercio  da  Arábia,  e  Períla,  e 
o  freyo  do  Reyno  de  Cambaya,  determi- 
nou fer  o  precurfor  de  taõ  feliz  noticia,  para 
cujo  eíFeito  fabricou  em  Cochim  huma  Fufta 
com  vinte  e  dous  palmos  de  comprimento, 
doze  de  largo,  e  féis  de  alto,  e  embarcando-fe 
nella  acompanhado  de  cinco  Portuguezes, 
e  alguns  feus  efcravos  partio  de  Dàbul  em 
o  primeiro  de  Novembro  de  1535.  fem  decla- 
rar para  onde  dirigia  a  jornada;  até  que  engol- 
fado em  o  mar  alto  lhes  defcobrio  fer  a  fua 
derrota  para  Lisboa.  Depois  de  dobrar  o 
Cabo  de  Boa-Efperança  a  20.  de  Janeiro 
de  1536.  naõ  he  fácil  de  explicar  os  hor- 
rorofos  perigos  a  que  fe  expoz  em  viagem 
que  além  de  fer  taõ  dilatada,  prometia 
hum  trágico  fim  pela  embarcação  fer  taõ 
pequena,  vendo-fe  humas  vezes  engolido 
das  ondas,  outras  defpedaçado  nos  ca- 
chopos, e  ultimamente  accomettido  dos 
feus  companheiros,  que  vexados  da  fo- 
me, e  fede  fe  refolveraõ  a  tirar-lhe  a  vida, 
antes  que  perdeífem  as  fuás  recebendo  neíie 
tumulto  huma  ferida  na  cabeça,  e  ficando 
mudo  por  muitos  dias  do  exceíTo  com  que 
clamou  para  o  pacificar,  governando  por  ace- 
nos a  embarcação  até  que  fe  lhe  reílituhio  a  voz. 
Triunfante  dos  perigos  do  mar,  e  da  infide- 
lidade dos  companheiros  chegou  a  Lisboa 
em  Mayo  de  1536.  e  fabendo  que  ElRey  af- 
fiflia  em  Almeirim  navegou  na  Fuíla  pelo 
Tejo  acima  até  Salvaterra,  e  apparecendo 
na  prefença  Real  lhe  fignificou  com  vivas 
expreíToens  a  caufa  que  o  movera  a  inten- 
tar huma  jornada  com  manifefto  perigo 
da  vida,  fora  para  fe  purificar  da  feya 
mancha  de  traydor  com  que  os  feus  emu- 
los  o  tinhaõ  falfamente  accufado,  pois  fe 
eUe  quizera  preferir  o  ferviço  delRey  de 
França  ao  de  Portugal,  aflim  como  viera 
a  Lisboa  proteftar  a  fua  obediência  na 
prefença   de    Sua   Alteza,   pudera   dirigir   a 


fua  jornada  para  aquelle  Reyno.  Depois 
lhe  moftrou  delineada  pela  fua  maõ  a  For- 
taleza edificada  em  Dio  por  Nuno  da  Cunha, 
e  os  capítulos  das  Pazes,  que  celebrara  com 
Sultaõ  Badur  Rey  de  Cambaya,  cuja  noticia 
lhe  agradeceo  ElRey  com  fignificaçoens  de 
grande  jubilo  louvando-lhe  o  heróico  animo 
com  que  em  taõ  breve  embarcação  fe  entre- 
gara a  huma  taõ  prolongada  viagem,  e  lhe 
deo  por  premio  a  Capitania  de  S.  Thomé, 
donde  paíTou  para  a  de  Cananor.  A  narração 
defte  fucceíTo  como  o  magnânimo  coração 
de  quem  a  emprendeo  fe  pôde  ler  em  todos 
os  nolTos  Chroniftas  da  índia,  e  além  dos  refe- 
ridos Anton.  de  Soufa  de  Macedo  Flor. 
de  Efpan.  cap.  13.  excel.  10.  e  cap.  14.  excel.9. 
num.  34.  Roman.  Hift.  dela  Ind.  Orient.  Liv.  3. 
cap.  18.  Faria  Afia  Vortug.  Tom.  i.  Part.  4. 
cap.  6.  n.  14.  Tofcan.  Varal,  de  Var.  lllufi. 
cap.  116.  Oufadia,  e  façanha  que  efcurece,  e 
põem  em  efquecimento  a  celebrada  fama  da  Nào 
Argos.  Mariz  Dialog.  de  var.  Hifi.  Dialog.  5. 
cap.  I.  Maf.  Hifi.  Ind.  Lib.  11.  pag.  mihi 
213.  Quod  fi  paria  iam  fortibus  aufis  vir  for- 
titus  ejfet  fcriptorum  ingenia,  fcilicet  Argo  illa 
tot  Poetarum  carminibus  inclyta  prce  Botel- 
liana  biremi  haud  immerito  rideretur.  Maced. 
Propug.  Lufit.  Gallic.  pag.  157.  Unus  Ja- 
cobus  Bofellius  paruo  lembo  aufus  efi  trajicere, 
qui  diu  in  memoriam  admiranda  andada  fuf- 
penfus  palam  fuit,  donec  femporis  injuria  periit. 
Fonfec.  Evor.  Gloriof.  pag.  137.  e  138.. 
Compoz. 

Carta  de  Marear,  em  que  eílava  def- 
crito  o  Mundo  até  aquelle  tempo  defcuberto, 
a  qual  aprefentou  a  ElRey  D,  Joaõ  o  III. 
a  primeira  vez  que  veyo  a  Portugal,  da 
qual  faz  mençaõ  Barros  Dec.  4.  da  India^ 
Liv.  6.  cap.  14. 

Defcripçaõ  da  Fortaleza  de  Dio,  fundada 
pelo  Governador  Nuno  da  Cunha,  e  Relação 
das  Pa^es  celebradas  com  ElRej  de  Cambaya 
Sultaõ  Badur.  Eíla  Obra  relata  Francifco 
de  Andrade  Chron.  delKej  D.  Joaõ  o  IIL  || 
Part.  3.  cap.  13.  na  forma  feguinte:  Como 
era  futilijjimo  de  engenho  (falia  de  Diogo  Bo- 
telho) tomou  todas  as  medidas  da  Fortalet^a 
da  altura,  da  largura,  e  do  comprimento  dos 
muros,  e  da  cava,  e  po:(^  em  lembrança  muito 
miudamente    todas   as  particularidades    delia,    e 


L  USITANA. 


Ó41 


o  numero  das  peças  de  artelharia,  que  eftavaò  af- 
Jentadas,  e  de  tudo  o  mais,  que  lhe  pareceo,  qiu 
poderia  fer  neceffario  para  dar  inteira  relaçaÕ 
a  lURey  fe  a  qiiit^ejfe  faber  de  lie,  e  ouve  à  maÕ 
o  tresliido  das  condiçoens  com  que  Je  fi^eraò  as 
Pazes,  para  naõ  ficar  couja  de  que  naÒ  Joubeffe 
dar  rev^aò. 

DIOGO  DE  BRAGANÇA  de  naçaô  Brâ- 
mane, c  natural  de  QucloíTim  cfcreveo  no 
anno  de  1642.  e  dedicou  à  MageAade  delRey 
D.  Joaò  o  IV. 

feitos  heróicos  de  D.  hemando  de  Mendoça 
Vurtado,  obrados  na  índia.  M.  S.  Conferva-fe  na 
IJvraria  do  ExcellentiíTimo  G)nde  de  Vimieiro. 

DIOGO  BRANDAM  natural  do  Porto, 
___  Senhor  da  Quinta  de  Corexas,  e  Peruzello, 
■■■Givalleiro  dclRey  D.  Manoel,  e  Contador  da 
IHjAlsenda  Real  da  Comarca  do  Porto.  Teve  por 
■™rays  a  Joaõ  Brandão,  e  Brites  Pereira  filha  de 
Diogo  Peixoto  Adail  mòr  do  Reyno,  e  Senhor 

Ide  Penafiel.  Soube  com  perfeição  a  Lin- 
gua  Latina,  e  praéHcou  com  grande  fua- 
YÍdade,  e  cadencia  os  preceitos  da  Poefia. 
^cvc  muyto  familiar  correfpondencia  com 
Joaõ  Rodrigues  de  Sá  Senhor  de  Sever, 
c  Matozinhos  Alcayde  mór  do  Porto,  o 
qual  tanta  eílimaçaõ  fazia  do  feu  talento, 
que  lhe  mandava  as  fuás  obras  para  as 
cenfurar,  como  confta  de  hum  Poema  que 
lhe  remeteo  com  huma  carta  em  que  lhe 
dizia.  Ego  enim  incultos  hos,  é^  vulgares, 
fed  pios  Kythmos  in  utriufque  vejlrum  recon- 
ciliatorem  (fallava  de  Gafpar  de  Figueiredo 
também  muyto  douto  na  Latinidade,  e  Poe- 
fia) volui  componere  mi  Diogue  emendandos,  <ó>' 
fortajfe  penitus  extinguendos.  Lourenço  Gracian 
Art.  de  Ingen.  Difc.  24.  Son  ejlos  ejcritos  unos 
agudijftmos  fofifmas  para  declarar  con  una  extra- 
vagante exageracion  el  fentimiento  dei  alma;  tal 
fue  ejle  de  Diogo  Brandan  entre  los  antigos  Por- 
tugueses. 

Pois  tanto  gofto  levais 
Com  minha  morte  fabida 
Para  me  matardes  mais 
Me  deveis  dar  efta  vida. 
No    Cancioneiro    de    Garcia   de    Rezende 
impreíTo  em  Lisboa  por  Hermaõ   de   Cam- 


pos 1 5 1 6.  foi.  eftaô  vanas  obras  poéti- 
cas Tuas  à  morte  delRey  D.  Joaõ  o  II. 
defde  foL  90.  v.^  até  97.  112.  114.  144. 
146.  169.  e  170.  Morreo  cm  o  anno 
de  1550.  Jaz  fepultado  no  Convento  de 
S.  Fraodíco  do  Porto  em  hum  Maufoleo, 
fobre  o  qual  eíli  o  feu  vulto  de  pedra  ar- 
mado. 

DIOGO  DE  BRITO  DE  CARVALHO. 

Naceo  em  a  Vi  lia  de  Almeyda  Praça  de  Armas 
fituada  na  Província  da  Beira,  onde  teve  por 
Pays  a  Diogo  de  Brito  Alcayde  mór  do  Caftello 
da  dita  Villa,  e  a  Izabel  Carvalha.  A  brevi- 
dade com  que  aprendeo  os  primeiros  rudi- 
mentos foy  certo  vaticínio  dos  progrcflbs, 
que  fez  nas  fciencias  mayores,  fendo  o  thea- 
tro  onde  luzio  mais  o  feu  engenho,  e  pro- 
funda applicaçaõ  a  Univcrfidadc  de  Coim- 
bra na  qual  def)ois  de  receber  o  gráo  de  Doutor 
em  Direito  Canónico,  e  fer  admitido  ao  Col- 
legio  de  S.  Pedro  a  2.  de  Junho  de  1J89. 
foy  eleito  Lente  de  Clementinas  a  19.  de  De- 
zembro de  1593.  da  Cadeira  de  Sexto  a  15.  de 
Janeiro  de  1597.  e  de  huma  Cadeira  extraor- 
dinária do  Decreto  a  15.  de  Fevereiro  de  1605. 
fahindo  para  credito  do  feu  magiílerio  o 
Doutor  Joaõ  de  Carvalho,  que  de  feu  difcipulo 
paíTou  a  fer  Meftre,  como  o  confeíTa  com 
agradecida  memoria  in  Cap.  Kaynaud.  Part.  2. 
n.  159.  doãijftmus,  e^*  infignis  Prcueptor  meus,  cujus 
laudes  altiorem  requirunt  praconem,  Didacus  de 
Brito  aliquando  Decretorum  Projeffor.  Foy  Có- 
nego Doutoral  de  refidencia  em  Coimbra 
provido  a  13.  de  Fevereiro  de  1599.  donde 
paíTou  para  a  Cathedral  de  Lisboa  a  14.  de 
Março  de  1 609.  e  ultimamente  para  a  de  Évora 
a  6.  de  Mayo  de  1624.  Em  diverfos  Tribu- 
naes  moílrou  fempre  a  fua  fciencia  acompa- 
nhada de  fumma  redtídaõ  fendo  Inquifidor 
da  Inquifiçaõ  de  Coimbra  de  que  tomou 
poíTe  a  29.  de  Agofto  de  1596.  onde  fervio 
de  Juiz  do  Fifco,  de  Dezembargador  da 
Cafa  da  Supplicaçaõ  a  13.  de  Fevereiro  de 
161 3.  e  dos  Aggravos  a  26.  de  Janeiro  de 
1627.  e  ultimamente  Deputado  da  Meza 
da  Conciencia,  e  Ordens.  Morreo  na  Villa 
de  Cos  do  Bifpado  de  Leiria  em  o  anno  de 
1635.  quaíi  de  outenta  de  idade.  Joan. 
Soar.   de  Brito   Theatr.  Ljíjít.  Utter.  lit.  D. 


46 


642 


BIBLIO THECA 


n.  II.  o  intitula  J»ns  Pontificii  Do£{or  egre- 
gius,  atque  ejujdem  facultatis  in  Conimbricenfi 
A.cademia  celebris,  nominatijftmufque  profef- 
Jor.  Phebo  Tom.  2.  DeciJ.  133.  n.  41.  "Pra- 
ceptor  meritijfimus.  Gab.  Per.  de  Caíl.  i. 
Vart.  DeciJ.  2.  n.  i.  ]uris  Canonici  profef- 
for  meritijfimus.  Decif.  13.  in  principio  Sa- 
pientijfimus.  Decif.  33.  n.  5.  mimqmm  Jatis 
laudatus  excelji  ingenii,  e^  eruditionis.  D.  Ni- 
çol.  de  Santa  Mar.  Chron.  dos  Coneg.  V^eg. 
Liv.  10.  cap.  19.  n.  9.  Manoel.  Pereir.  da 
Sylva.  Cathal.  dos  Colkg.  de  S.  Pedr.  pag.  9. 
§.  24.  D.  Franc.  Man.  na  Carf.  dos  AA.  Por- 
tug.  Franckenau  P>ih.  Hifpan.  Hijl.  Geneal. 
pag.  83.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
208.  col.  I.  Simon  Nouvel.  Bib.  HiJl.  des  prin- 
cipaux  autheurs  du  Droite  Civil.  Tom.  2.  pag.  5 1. 
Publicou. 

Compendium  diverjorum  Titulorum  Júris  Pon- 
tificii,  &  variarum  Kefolutionum  utriufque  júris 
Tomus  primus  in  quo  continentur  Commentaria 
in  Rub.  <á^  Tit.  de  Lacato,  (&>'  Conduão,  de  Em- 
phyteuji  Tra£íatus,  e^*  alia  Qiiafiiones.  UlyíTi- 
pone  apud  Petrum  Crasbeeck  161 9.  foi. 

Confilium  in  caufa  majoratus  Kegia  Corona 
Kegni  'L.ufitanioi  pro  Didaco  à  Sylva  Comité  Sali- 
narum  adverfus  ejus  nepotem  Kodericum  Gome- 
^ium  à  Sjlva  Pafirana  Ducem.  Olyflipone  apud 
eumdem  Typog.  161 2.  4. 

Confilium  in  Caufa  majoratus  de  Cifuen- 
tes  Regni  Cafielh  pro  illuftri  Domino  D.  Di- 
daco da  Sylva  Marchione  de  Alenquer,  Duce 
de  Francavilla  'L.ufitania  Prorege.  ibi  apud 
eumdem  Typ.  161 8.  4.  Deixou  M.  S.  as 
feguintes  obras. 

De  Kegul.  Júris  in  6. 

In  Decretum. 

De  Voto 

De  Hareticis 

De  Refiitutione 

De  u/uris 

In  6.    Decretai  de  Procuratoribus. 

Fr.  DIOGO  CARLOS  natural  de  Lis- 
boa, e  Religiofo  profeíTo  da  Ordem  Se- 
ráfica da  Provincia  de  Portugal.  Depois 
de  ter  diftado  hum  Curfo  de  Artes  no 
Convento  de  S.  Francifco  de  Santarém, 
preferio  o  exercício  do  Púlpito  ao  da  Ca- 
deira,  em   que   adquerio   grande   fama    naõ 


fomente  pela  fua  natural  eloquência,  mas 
pelo  apoílolico  efpirito,  com  que  atrahia 
muitas  almas  ao  caminho  da  penitencia. 
Como  foíTe  tio  do  Senhor  D.  António  fi- 
lho do  Sereniflimo  Infante  D.  Luiz  deixou 
a  pátria,  e  Reyno  para  acompanhar  a  feu 
Sobrinho,  que  fe  auzentou  para  França  af- 
fiílindolhe  com  o  affefto  de  parente  taõ  che- 
gado até  o  fim  dos  feus  infortúnios  eterni- 
zando a  fua  memoria  com  hum  elegante  epi- 
táfio, que  ellá  gravado  na  Sepultura  daquelle 
Príncipe  em  o  Convento  grande  de  S.  Fran- 
cifco de  Pariz.  Outra  infcripçaõ  fepulchral 
compoz  para  o  jazigo  de  Diogo  Botelho 
grande  privado  do  mefmo  Senhor  D.  António. 
Tendo  alcançado  em  a  Univerfidade  de  Pariz 
grandes  acclamaçoens  de  profundo  Theologo, 
e  infigne  Orador  morreo  neíla  Cidade  em  o 
anno  de  1603.  e  jaz  no  dito  Convento  de  S. 
Francifco.  Delle  fe  lembraõ  Fr.  Fernand.  da 
Soled.  Hifi.  Seraf.  Part.  5.  n.  429.  Fr.  Joan. 
à  D.  Ant.  Bib.  Franc.  Tom.  i.  pag.  295.  col.  2. 
Faria  Europ.  Portug.  Tom.  3.  Part.  i.  cap.  4. 
n.  41.    Efcreveo. 

In  Pfalmum  Quinquageffimum  Commentaria. 
Mantuae  1603.  foi. 

V.  P.  DIOGO  CARVALHO  filho  de 
Álvaro  Fernandes,  e  Margarida  Luiz  naceo 
para  o  mundo  na  Cidade  de  Coimbra,  e  para 
Deos  em  o  Noviciado  da  Companhia  de  JE- 
SUS da  mefma  Cidade  a  14.  de  Novembro  de 
1594.  na  idade  de  16.  annos.  Dezejofo  de  pro- 
mulgar o  Evangelho  nas  Regioens  Orientaes 
alcançada  faculdade  dos  Superiores  partio  com 
dezenove  Companheiros  para  a  índia  em  o 
anno  de  1600.  e  chegando  a  Goa  paíTou  no 
anno  feguinte  a  Macáo,  onde  acabou  os  eftudos 
das  fciencias  efcholaíticas.  Como  o  Japaõ 
era  o  alvo  dos  feus  apoftolicos  trabalhos  entrou 
nelle  em  o  anno  de  1609.  e  para  que  colheífe 
mayor  fruto  com  as  fuás  MiíToens  aprendeo  a 
lingua  Japoneza,  em  que  fahio  infigne.  A  fatal 
perfeguiçaõ  que  a  impiedade  de  Daifufama  fo- 
mentava contra  os  Pregadores  Evangélicos  o 
obrigou  a  fahir  deílerrado  em  o  anno  de  16 14. 
de  Macáo  donde  partio  para  a  Cochinchina 
com  o  P.  Francifco  Buzoni  Neapolitano 
para  abrir  nova  ellrada  ao  progreflb  do 
Chriftianifmo,     mas     como    fempre     o    feu 


J 


LUSITANA. 


643 


mayor  diívelo  era  a  cultura  do  Japaõ,  íe  in- 
troduzio  nelle  com  traje  diíTimulado»  e  no 
Rcyno  de  YeíTo  foy  o  primeiro,  que  celebrou 
o  incruento  Sacrifício  do  Altar.  Naõ  podendo 
tolerar  Date  Mafcamune  Governador  da 
Gdade  de  Xanday,  o  incanfavel  zelo  com  que 
aggregava  filhos  à  Igreja,  o  mandou  prender 
com  alguns  difcipulos  da  íua  doutrina,  e  de- 
pois de  tentada  a  fua  conílancia  com  diverfos 
argumentos  para  que  abjuraíTc  a  fé  que  profef- 
fava,  foy  lançado  em  hum  tanque  de  agua  con- 
gellada,  que  pelo  efpaço  de  dez  horas  naõ  pode 
entibiar  o  fogo,  que  lhe  abrazava  o  coração, 
até  que  foy  receber  o  premio  na  eternidade 
a  22.  de  Fevereiro  de  1624.  Os  elogios  deíle 
infigne  Martyr  fe  podem  ler  em  Alonfo  de 
Andrade  Tom.  5.  delos  Var.  lllujl.  dela  Comp. 
Alegambe   in    mortih.    llluft.    Tanncr.    Societ. 

}JESU  ufqm  ad  fanffàn.  €^  vita  profuf.  mili- 

^tms.   pag.    315.    Cardim.    Kamalhet.    de   Flor. 

Ipag.    105.    Elog.    38.   Franco   Imag.   da  virt. 
em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i.  Liv.  i.  cap.  39. 

I  até  48.  e  no  Ann.  Gloriof.  S.  J.  in  Lufit.  pag.  106. 

'  Efcrevco : 

Carta  em  qm  relata  a  fua  Mijfaõ  no  Rejno 

\do  Yejfo,  onde  trata  dos  cojlumes  dos  feus  habita- 
ts,   He  muito  larga,  e  eílà  imprefla  em  a 

\lmag.    da    Virtud.    aíTima    allegada,    defde    o 

[cap.  40.  até  44. 

DIOGO  CARVALHO  DE  HGUEI- 
REDO.  Naceo  na  illuílre  Villa  de  Santarém 
a  26.  de  Julho  de  1685.  e  foy  filho  de  António 
de  Figueiredo  da  Coíla,  Capitão  da  Ordenança, 
e  Vereador  do  Senado  de  Santarém,  e  de  fua 
mulher  Domingas  Marinha.  Applicou-fe  em 
a  Univeríidade  de  Coimbra  ao  Direito  Gvil 
a  tempo,  que  era  já  muito  perito  em  a  My- 
thologia,  Poética,  e  Oratória,  de  cujas  fcien- 
cias  deo  manifeílos  argumentos  em  muitas  Aca- 
demias, onde  era  ouvido  com  geral  applaufo. 
Falleceo  na  pátria  a  7.  de  Julho  de  1706.  na 
florente  idade  de  21.  annos  quando  prometia 
mais  fafonados  frutos  a  fua  grande  habilidade, 
e  raro  engenho  deixando  as  Obras  fegxiintes 
dignas  da  luz  publica. 

lenitivos  da  dor  na  morte  da  SereniJJima 
Infanta  de  Portugal  a  Senhora  D.  There^a 
filha  dos  Monarchas  D.  Pedro  II.  e  D.  Ma- 
ria  Sofia  Ifabel  de   Neoburg,   M.   S.  4. 


Obras  fon  amores,  j  nò  buenas  ra^ones,  G>- 
media  Aí.  S.  além  de  muitas  Loas,  Autos,  e 
outras  Obras  Poéticas. 

Fr.  DIOGO  DA  CASTANHEIRA  natu- 
ral da  Villa  do  feu  apellido  diAante  oito  legoas 
de  Lisboa,  Monge  Gílerdenfe  em  o  Real 
Convento  de  Alcobaça,  muito  fciente  nos  ritos 
EcdeííaíUcos,  principalmente  daquelles,  que 
exercitava  a  fua  MonaíUca  Congregação  eí- 
crevendo  em  o  anno  de  1497. 

Ordinário  do  Officio  Divino  fegundo  o  ufo 
Ciflercienfe.  M.  S.  4.  Conferva-fe  na  Bib. 
do  Convento  de  Alcobaça. 

Fr.     DIOGO     DE    CASTELBRANCO 

natural  da  Cidade  de  Vifeu  filho  pela  na- 
tureza de  Pays  nobres,  e  pela  graça  da  ílloT- 
triíTima  Congregação  Ciflercienfe,  cuja  Cogulla 
recebeo  em  Alcobaça  a  16.  de  Mayo  de  1663. 
e  profeíTou  a  17.  do  dito  mez  do  anno  feguinte. 
A  fua  prudência  o  fez  Abbade  do  Mofleiro 
de  S.  Pedro  das  Águias,  Viíitador,  e  Difini- 
dor  da  Religião;  a  fua  fciencia  Meflre  da Theo- 
logia  Moral  em  o  Real  Convento  de  Alco- 
baça; a  fua  liçaõ  da  Hiíloria  Chronifla 
da  Ordem.  Foy  ornado  de  todas  as  vir- 
tudes, que  conílituhem  hum  perfeito  Re- 
ligiofo.  Morreo  em  o  Convento  de  Al- 
cobaça a  12.  de  Março  de  1707.  a  tempo, 
que  eílava  compondo. 

Hijloria  Alcobaàenfe,  e  geral  dos  Mof- 
teiros  da  Con^egaçaõ  de  S.  Bernardo.  M.  S. 
foi. 

Fr.  DIOGO  DE  CASTILHO.  Na- 
ceo na  Villa  de  Thomar,  filho  de  Joaõ 
de  Caílilho  famofo  Architefto  do  feu  tem- 
po, que  defenhou  os  celebres  Conventos 
de  Thomar,  e  Bellem,  e  a  Fortaleza  de 
Mazagaõ,  e  de  fua  terceira  mulher  Maria 
Fernandes  de  Quintanilha,  irmaõ  pela  parte 
paterna  de  António  de  Cafíilho  Guarda 
mór  da  Torre  do  Tombo,  e  Chronifla 
mór  do  Reyno,  de  quem  já  fizemos  men- 
ção, e  tio  do  Illuftriffimo  Inquifidor  Ge- 
ral D.  Pedro  de  Cafíilho,  Governador  deíle 
Reyno.  Foy  muito  verfado  na  liçaõ  da 
Hiíloria  Secular  efcrevendo  na  occafiaõ  em 


Ó44 


BIBLIO  THE  CA 


que  os  Turcos  vieraõ  cercar  Vienna  de  Auílria 
no  tempo  de  Carlos  V. 

Bjpitome  de  los  Turcos,  y  Jus  Emperadores. 
Dedicado  a  Manoel  Cirne  Fidalgo  da  Cafa 
delRey,  e  feu  Feitor  em  Flandes.  Lovanha. 
1538.  4.  E  naõ  em  Lisboa  no  anno  de  1568. 
como  efcreve  Nicol.  Anton.  Bib.  Hifpan.  Tom. 
I.  pag.  209.  col.  2.  a  quem  feguem  Echard 
Script.  Ord.  Pmd.  Tom.  2.  pag.  199.  col.  2.  e 
Fr.  Pedro  Mont.  Claufir.  Dom.  Tom.  3. 
pag.  186.  querendo  que  foíTe  da  fua  Or- 
dem Dominicana,  fupofto  fer  mais  prová- 
vel, que  fora  Monge  Ciílercienfe,  naõ  fomente 
porque  da  dita  fua  obra  confta  profeílar 
no  Convento  de  Alcobaça,  mas  por  ter  o 
feu  retrato  entre  os  Varoens  iníignes  defta 
illuftre  Congregação  em  o  Dormitório  do 
dito  Convento. 

DIOGO  DE  CASTRO  natural  de  ViUa- 
-Viçofa  filho  do  Doutor  André  de  Caftro, 
Lente  de  Vefpera  de  Medicina  em  a  Univer- 
íidade  de  Coimbra,  e  Medico  dos  Sereniflimos 
Duques  de  Bragança.  Foy  CavaUeiro  pro- 
feílo  da  Ordem  de  Chriílo,  e  femelhante  a 
feu  Pay,  naõ  fomente  em  a  Faculdade  Medica, 
mas  na  afluência,  e  fuavidade  Poética  de  que 
deixou  por  argumentos. 

Cinco  Sonetos.  2.  Motes  gloffados.  Huma 
Oitava,  e  hum  Romance,  que  copiou  em  o  feu 
Parnafo  de  Villa-viçofa  Francifco  de  Moraes 
Sardinha  Liv.  2.  cap.  54.  e  Liv.  3.  foi.  36. 
Do  Author  fe  lembra  Joan.  Soar.  de  Brito 
in  Theat.  l^ujtt.  Litter.  Lit.  D.  n.  13. 

Fr.  DIOGO  CEZAR.  Naceo  em  Lis- 
boa, e  teve  por  Pays  a  Vafco  Fernandes  Cefar, 
Provedor  dos  Armazéns,  e  Alcaide  mòr  de 
Alamquer,  e  a  D.  Maria  de  Menezes  filha 
de  D.  Manoel  Pereira,  Senhor  da  Cafa  da  Feira, 
e  por  irmaõ  a  Sebaftiaõ  Cefar  de  Menezes, 
Arcebifpo  eleito  de  Lisboa.  Na  tenra  idade 
de  16.  annos  preferio  com  judiciofa  eleição 
os  rigores  do  Clauílro  às  delicias  da  fua  illuf- 
tre Cafa,  profeíTando  o  Inílituto  Seráfico 
no  Real  Convento  de  Saõ  Francifco  da 
Villa  de  Eílremós  da  Província  dos  Al- 
garves  a  15.  de  Dezembro  de  1621.  Eíhi- 
dou  as  fubtilezas  de  feu  Meftre  Efcoto  no 
Convento    de    Varatojo,    em    que    fahio    taõ 


perito,  como  infigne  na  Arte  Concionatoria. 
Havendo  occupado  os  lugares  de  Secretario 
do  Provincial  Fr.  Simaõ  da  Refurreiçaõ, 
Guardião  de  Monte-mòr  em  o  anno  de  1637. 
e  do  Real  Convento  de  Santa  MARIA  de 
JESUS  de  Enxobregas,  em  1641.  fahio  eleito 
Provincial  em  1645.  em  cujo  prudente  go- 
verno fe  expoz  às  indifcretas  violências  de 
Fr.  Martinho  do  Rozario,  ou  de  Alencaftro, 
irmaõ  de  D.  Vafco  Mafcarenhas  primeiro 
Conde  de  Óbidos,  conftituido  CommiíTario 
Geral  de  todas  as  Províncias  de  S.  Francifco 
neíle  Reyno,  por  patente  do  Geral  Fr.  Joaõ  I 
de  Nápoles,  paliada  a  21.  de  Junho  de  1646. 
a  quem  declaradamente  protegia  o  Cardial 
Afonfo  dela  Cueva,  do  Titulo  de  Santa  Bal- 
bina,  por  fer  Fr.  Martinho  feu  fobrinho, 
como  filho  de  fua  irmãa  D.  Ifabel  dela  Cueva. 
Para  moftrar  a  nuUidade  defta  eleição  paflbu  ' 
a  Roma,  onde  com  tanta  efficacia  reveftida 
de  profunda  litteratura  propoz  os  fundamen- 
tos da  fua  caufa,  que  lhe  nomearão  por 
Juizes  delia  aos  Eminentiffimos  Cardiaes 
Marco  António  Francioto,  e  Joaõ  Bautifta 
Pallota,  que  examinando  com  madura  refle- 
xão o  que  allegava,  fentenciaraõ  a  favor  do 
Cefar,  podendo  gloriarfe  como  o  primeiro, 
que  adorou  Roma  que  viera,  vira,  e  vencera. 
Reílituido  a  Portugal  fez  magnificas  obras 
no  Convento  de  Enxobregas  como  distadas 
pelo  feu  generofo  coração,  donde  retirado  | 
ao  Convento  de  Évora  falleceo  em  o  anno 
de  1661.  com  57.  annos  de  idade,  e  40.  de 
Religião.  Delle  fazem  honorifica  memoria  ^ 
Fr.  Joan.  a  D.  Ant.  Bih.  Franc.  Tom.  i. 
pag.  293.  col.  I.  &  2.  efcrevendo  com  erro 
manifefto,  que  fora  da  Provinda  dos  Tercei- 
ros de  S.  Francifco,  fendo  certamente  dos 
Algarves,  e  Fr.  Jozé  de  JESUS  MAR.  Chron. 
da  Prov.  da  Arrab.  Part.  2.  Liv.  2.  cap. 
II.  n.  298.    Compoz: 

Sermão  pregado  no  Auto  da  Fé,  que 
fe  celebrou  em  a  Cidade  de  Évora  em  28. 
de  Fevereiro  de  1649.  Lisboa  por  Paulo 
Craesbeeck.  1649.  4- 

Sermão  da  Bulia  da  Santa  Cruzada  na 
Sé  Metropolitana  de  Lisboa  Domingo  20. 
de  Novembro  de  1644.  Lisboa  por  Domin- 
gos Lopes  Roza.  1644.  4. 

Sermão    da  Jolemnijfima   Fejla,   e   def agravo. 


L  USITANA 


645 


11 


qM  ft  faz  ao  Jacrikfip  ãefacato,  qut  no  Ttm- 
ph,  e  Jjl^eja  de  Santa  Enjoada  fe  fe^.  Lisboa 
por  António  Alvares,  ImpreíTor  delRey. 
1655.4. 

Sermad  do  Mandato  prigado  na  Santa 
Si  Metropolitana  de  IJsboa,  Lisboa,  por 
António  Alvares.  1655.  4. 

SermaÕ  da  huUa  da  Cr  invada  na  Si  Metropo- 
litana de  IJshoa,  Domingo  23.  de  Novembro  de 
1653.    Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.   16)3.  4. 

Sermaõ  na  Vefta  de  Nojjfa  Senhora  das  Neves 
em  o  Colleffo  da  Companhia  de  JESUS.  G)imbra 
por  Rodrigo  de  Gurvalho  Q>utinho,  ImpreíTor 
lia  Univeríidade.  1673.  4. 

Canfa,  procejfo,  y  /entenda  dada  en  favor 
dei  Reverendo  Padre  Fray  Diego  Ce/ar,  Provincial 
dela  Provinda  delos  Algarves  contra  el  Reverendo 
Padre  Fray  Martin  de  Lancajho,  Comiffario 
General  dela  Orden  de  S.  Francifco  delas  Pro- 
vindas dei  Reyno,  y  Conqnijlas  de  Portugal. 
Leon  de  Francia.  1653.  4. 

Sahio  traduzido  em  Latim  com  o  fu- 
poílo  nome  de  Fr.  Joaõ  Quingentono 
Francifcano,  natural  de  Hybemia.  Lugd. 
1653.8. 

Fr.  DIOGO  DAS  CHAGAS  natu- 
ral da  Ilha  das  Flores,  huma  das  fete  dos 
AíTores,  e  Religiofo  Menor  deíla  Provinda, 
onde  foy  Meílre  jubilado  em  a  Sagrada  Theo- 
logia,  e  Vigário  Provincial.  Vivia  pelos 
annos  de  1661.   Compoz: 

Fundação  da  Provinda  de  SaÕ  Joaõ  Ej/ange- 
Mfia  das  Ilhas  dos  AJJores.  foi.  M.  S.  Confer- 
va-fe  na  Bib.  do  Cardial  de  Soufa. 

Meditação  da  luta  do  Diabo  com  Adam, 
pela  qual  fahio  Chrijlo  Senhor  Nojfo  a  lutar 
com  o  Diabo. 

Confolaçaõ  da  pobrei(a,  e  remédio  para 
qualquer  muito  pobre,  fer  muito  rico. 

De  como  fe  bufca,  e  acha  a  Bemaven- 
turança. 

Todas  eílas  Obras  Afceticas  fe  guar- 
davaõ  M.  S.  na  Livraria  do  douto  Anti- 
quário Manoel  Severim  de  Faria,  Chantre 
da  Cathedral  de  Évora. 

DIOGO  DE  CONTREIRAS  natural 
da    Cidade    de    Évora    iníigne    profeíTor    de 


Medicina,  que  depois  de  a  eíludar  em  a 
Univcrfidade  de  Pariz  paíTando  â  de  Coim- 
bra, naò  fomente  foy  Lente  de  Filofofía  or> 
Collegio  das  Artes,  mas  de  Cadeira  da  Terça 
de  Medicina,  de  que  tomou  poíTe  a  15.  de 
Fevereiro  de  1556.  Atendendo  a  Mageftade 
delRey  D.  Scbaíliaò  ao  feu  profundo  talento, 
e  experimentai  fciencia  o  nomeou  Medica 
da  fua  Camará  em  o  anno  de  1J69.  cujo 
miniílerio  naõ  aceitou  preferindo  o  def- 
canfo  da  fua  cafa  aos  mayores  emolumentos. 
Cafou  na  Villa  de  Monte-mòr,  onde  quando- 
contava  60.  annos  de  idade  morreo  depois 
do  anno  de  1580.  Medico  infigne  o  intitula 
Fonfec.  Ejvot.  Gloriof.  pag.  411.  Compoz: 
Annotationes  quadam  perbreves  in  Dialec- 
ticam  Georgii  Trape:(pntii.  Conimbricac,  apud 
Joan.  Barrerium,  &  Joannem  Alvarum  Typ. 
Reg.  1551.  8. 

DIOGO  CORRÊA  DE  SA*  Terceiro 
Vifconde  de  AíTeca,  Commendador  de  Saõ 
Salvador  da  Lagoa  no  Arcebifp>ado  de  Braga,, 
e  de  Saõ  Joaõ  de  Cacia  na  Ordem  de  Chriílo> 
Alcaide  mòr  da  Cidade  de  Saõ  Sebaítíaõ  do 
Rio  de  Janeiro;  filho  de  Martim  Corrêa  de 
Sá,  primeiro  Vifconde  de  AíTeca,  e  Mef- 
tre  de  Campo  do  Terço  de  Moura,  e  de  Se- 
túbal, e  de  D.  Angela  de  Mello  Dona  de 
honor  da  SereniíTima  Rainha  D.  Maria 
Sofia  Ifabel  de  Neoburg,  filha  de  D.  Diogo 
de  Almeida,  e  de  D.  Luiza  da  Sylva,  na- 
ceo  em  Lisboa  onde  foy  inílruido  com. 
aquelles  documentos  dignos  do  feu  naci- 
mento.  Igualmente  he  admirado  o  feu 
talento,  ou  feja  na  elegância  poética,  ou 
na  eloquência  oratória,  merecendo  fempre 
os  feus  verfos,  em  que  compete  a  delica- 
deza dos  conceitos  com  a  armonia  das 
vozes,  os  mayores  applaufos.  Cafou  com 
D.  Ignez  de  Lancaftro  filha  de  Luiz  Cefar 
de  Menezes,  Alferes  mòr  do  Reyno,  e 
Governador  que  foy  do  Rio  de  Janeiro, 
Angola,  e  Bahia,  e  de  D.  Marianna  de  Lan- 
caftro filha  de  D.  Rodrigo  de  Lancaífaro,. 
Commendador  de  Curuche,  Claveiro  da  Or- 
dem de  Aviz,  e  de  D.  Ignez  de  Noro- 
nha fua  Prima,  de  cujo  conforcio  tem  nu- 
merofa  defcendencia,  que  naõ  degenera 
da   fua    difcreta   capacidade.     Entre   os   pri- 


Ó46 


BIBLIO THECA 


meiros  cincoenta  Académicos,  de  que  fe 
formou  a  Academia  Real  da  Hiítoria  Por- 
tugueza  em  o  amio  de  1721.  foy  eleito 
para  efcrever  as  Memorias  Hiíloricas  do 
Reynado  de  D.  Sancho  II.  de  Portugal, 
cuja  empreza  defempenhará  como  fe  efpera 
da  fua  profunda  indagação,  e  elegante  fraze, 
de  que  tem  dado  por  argumentos  defta 
laboriofa  applicaçaõ  as  feguintes  produc- 
çoens. 

Confa  dos  feus  eftudos  Académicos  recitada 
no  Paço  a  7.  de  Setembro  de  ijzz.  Sahio  no  2. 
Tom.  da  Colleç.  dos  Docum.  da  dita  Acad.  Lis- 
boa por  Pafchoal  da  Sylva,  ImpreíTor  delRey. 
1722.  foi. 

Conta  dos  feus  eftudos  Académicos  no  Paço  a 
-22.  de  Outubro  de  1724.  Sahio  no  Tom.  4.  da 
Colleç.  &c.  Lisboa  por  Jozé  António  da 
Sylva,  ImpreíTor  da  Academia  Real.  1724. 
foi. 

Conta  dos  feus  eftudos  Académicos  no  Paço 
a  -j.  de  Setembro  de  1728.  Sahio  no  Tom.  8. 
da  Colleç.  <&c.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1728.  foi. 

Conta  dos  feus  eftudos  Académicos  no  Paço 
a  -j.  de  Setembro  de  173 1.  Sahio  no  Tom.  11. 
da  Colleç.  (â^c.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1731.  foi. 

Fiefta  de  Zar^ttela,  con  que  el  Keal  Convento 
de  Santa  Clara  de  Lisboa,  celebra  lafeli^  eleccion 
de  fu  Excelentijfima  Prelada  la  Seiiora  D.  Mar- 
garita de  Portugal.  Lisboa  por  Miguel  Manef- 
cal,  ImpreíTor  do  Santo  Oííicio,  y  dela  Sere- 
niíTima  Cafa  de  Bragança.  171 6.  4.  Coníla 
de  vários  metros,  e  fahio  fem  o  nome  do 
Author. 

Soneto  em  applaufo  de  Manoel  de  Soufa  Mo- 
reira, Author  do  Theatr.  Geneal.  da  Cafa  de 
Soufa.    Sahio  no  principio  defte  Livro. 

DIOGO  DA  COSTA  DA  SYLVEI- 
RA.  Naceo  em  Lisboa,  e  na  Parochial 
Igreja  de  Saõ  Paulo  foy  bautifado  a  9. 
de  Fevereiro  de  1675.  Foraõ  feus  Pays 
Manoel  da  Colla,  Thezoureiro  das  três 
Ordens  Militares,  e  Alcaide  mòr  de  Pavia, 
e  D.  Mariana  da  Sylveira.  Sempre  fe  con- 
fervou  no  eftado  do  celibato  publicando 
para  íinal  da  fua  devota  piedade: 

Novena    do     Gloriofo     Marfyr    S.     Sebaf- 


tiaõ.  Lisboa  na  Officina  Real  Deslande- 
íiana.  24.    Naõ  tem  anno  da  impreíTaõ. 

Novena  do  Gloriofo  Patriarcha  S.  Jot^è,  que 
começa  a  11.  de  Março,  e  acaba  nofeu  dia,  em  quefe 
pedem  ao  Santo  nove  augmentos  efpirituaes.  Lisboa 
por  Miguel  Manefcal,  ImpreíTor  do  Santo  Offi- 
cio,  e  da  SereniíTima  Cafa  de  Bragança.  171 1.  24. 

Suavijfimo  Ramilhete,  compofto  das  nove  bri- 
lhantes Ro:(as,  rubicundas  pelo  fangue  do  martyrio 
colhido  do  Jardim  da  Igreja,  que  confta  das  vidas,  e 
milagres  das  Gloriofas  Infantas  Santa  Quitéria, 
e  de  fuás  oito  Irmãas,  naturaes  da  Cidade  de  Braga, 
e  de  Santa  Sita  V.  e  M.  Lifboa  por  Miguel 
Manefcal.  171 5.  24. 

Oraçoens  devotas  para  fe  revoarem  todos  os 
dias.  Lisboa  por  Valentim  da  Coíla  Deslan- 
des,  ImpreíTor  de  Sua  Mageftade.  12.  Naò 
tem  anno  da  impreíTaõ. 

DIOGO  DO  COUTO.  Naceo  em  Lis- 
boa em  o  anno  de  1542.  fendo  bautifado  na 
Parochia  de  Santa  Juíla,  onde  teve  por  Pays 
a  Gafpar  do  Couto,  e  a  Ifabel  Serrãa  de  Calvos. 
Defde  os  primeiros  annos  fe  lhe  anticipou  de 
tal  forte  a  madureza  do  juizo  à  verdura  da 
idade,  que  quando  contava  dez  entrou  em 
o  ferviço  do  SereniíTimo  Infante  D.  Luiz, 
que  conhecendo  a  boa  Índole,  que  tinha  para 
as  Letras,  o  mandou  eíhidar  em  o  Colle- 
gio  dos  Padres  Jefuitas  a  Lingua  Latina, 
e  Rhetorica,  de  que  foraõ  feus  Meftres  os 
Padres  Manoel  Alvares,  e  Cypriano  Soa- 
res, iníignes  ProfeíTores  deílas  Faculda- 
des, em  as  quaes  fahio  egregiamente  inf- 
truido.  Vendo  o  Infante  o  progreíTo,  que 
o  feu  engenho  fizera  nas  Letras  amenas, 
refolveo,  que  cultivaíTe  as  feveras,  man- 
dando-o  com  feu  íilho  o  Senhor  D.  An- 
tónio ouvir  Filofoíia  em  o  Convento  de 
Bemíica  do  celebre  Varaõ  Fr.  Bartho- 
lomeu  dos  Martyres,  que  igualmente  com 
a  fua  doutrina  lhe  illuílrou  o  entendi- 
mento para  penetrar  as  Sciencias,  e  lhe 
inflamou  a  vontade  para  feguir  as  virtu- 
des. Ao  tempo  que  acabava  o  curfo  da 
Filofoíia  acabou  o  da  vida  o  Infante  D. 
Luiz,  e  coníiderando  defvanecidas  as  ef- 
peranças,  que  tinha  fundado  em  taõ  Au- 
guílo  Mecenas,  fe  deliberou  a  preferir  o 
exercício    das    Armas    ao    das    Letras,    para 


L  USITANA. 


■^íirma 


o  qual  o  inclinava  naturalmente  o  feu 
gcrno,  elegendo  para  thcatro  de  feus  mar- 
ciacs  efpiritos  ao  Oriente,  famofa  paleT- 
tra  vm  ciuc  tantos  Heròes  Portuguezes  ti- 
nhao  dado  illuílres  argumentos  de  valor  he- 
t  ( >ic().  Partio  para  a  índia  em  o  anno  de  15)6. 
onde  militou  pelo  efpaço  de  átz  annos  com 
tanta  diílinçaõ,  que  mercceo  a  honrada  enveja 
dos  Toldados  mais  veteranos  do  Eftado,  naõ 
havendo  facçaõ  alguma  gloriofa,  em  que  naõ 
tivcíTc  parte  a  fua  cfpada,  até  que  voltou  para 
o  Reyno  procurar  o  premio  dos  feus  ferviços, 
dos  quaes  recebendo  a  merecida  remuneração 
fe  reílituhio  a  Goa.  Tanto  que  fe  vio  na  vida 
pacifica  de  Cidadão  para  naõ  paííar  o  tempo  em 
torpe  ócio  começou  a  renovar  os  feus  primei- 
ros eíludos,  que  interrompera  o  tumulto  das 
s  compondo  vários  Poemas,  aíTim  na 
ngua  Latina,  e  Italiana,  em  que  foy  eminente, 
como  em  a  materna,  c  comentando  os  Lu- 
liadas  do  infigne  Luiz  de  Camoens,  com 
quem  teve  particular  amifade,  confultan- 
do-o  como  Oráculo,  que  fó  podia  fer  de 
li  mefmo  em  algumas  dificuldades  do  feu 
Poema.  Logo  que  foy  jurado  Filippe  Pru- 
dente Principe  defta  Monarchia  hum  dos 
mais  nobres  penfamentos  que  teve  foy,  que 
fe  profeguiíTe  a  Hiíloria  da  índia  defde  o 
tempo  em  que  a  deixou  efcrita  o  Livio  Por- 
tuguez  Joaõ  de  Barros.  Era  taõ  grande 
a  fama  do  talento  de  Diogo  do  Couto, 
que  aíTiílindo  taõ  diílante  da  prefença  delRey 
o  julgou  digno  de  empreza  taõ  illuílre  a  qual 
lhe  commetteo  com  o  titulo  de  Chroniíla 
mòr  da  índia.  Aceitou  promptamente  efta 
laboriofa  incumbência  a  que  deo  principio 
pela  Decima  Década,  em  obfequio  do  mefmo 
Principe  fer  jurado  naquelle  Eílado  em  o  dia 
em  que  começava  aquella  Obra,  que  concluio 
com  o  Governo  de  Manoel  de  Soufa.  Agrade- 
ceo  efte  Principe  com  particulares  honras  o 
primeiro  fruâ:o  da  fua  applicaçaõ,  e  lhe  infi- 
nuou  por  carta,  que  voltando  com  a  narra- 
ção da  Hiíloria  onde  ficara  interrupta  por 
morte  de  Joaõ  de  Barros  a  continuaíle  com  o 
eftilo,  e  exacçaõ  com  que  compuzera  a  De- 
cima Década  o  que  promptamente  executou 
efcrevendo  a  Quarta,  Quinta,  Sexta,  Sé- 
tima, Undécima,  e  Duodécima.  A  ou- 
tava,    e    Nona,    que    acabara    no    anno  de 


647 

16 14.  ao  tempo,  que  as  mandava  para  o  Reyoo» 
enfermou  taÕ  gravemente  que  eíleve  deplo- 
rado, por  cuja  caufa  defaparecefaõ;  porém 
reftituldo  à  faude  das  eípedes  que  confervava 
na  memoria;  que  eta  felidnima,  reduzío  a 
hum  volume  o  que  tinha  efcríto  em  dous, 
os  fucceíTos  mais  dignos  de  memoria  aconte- 
cidos naquelle  tempo.  O  eAilo,  que  obfervou 
neíla  grande  obra  ainda  que  fíncero,  he  muyto 
judiciofo  cenfurando  com  Uberdade  as  acçoens 
rcprcheníiveis,  e  referindo  com  fumnu  ver- 
dade, e  cxaâa  Geografia  os  coílumes  daquel- 
les  povos,  e  a  fítuaçaõ  das  terras  como  quem 
a  aprendeo  mais  com  os  olhos,  que  com  os 
livros.  Como  tiveíTe  dczempenhado  com 
tanto  credito  do  feu  nome  o  lugar  de  Chroniíia 
mór  foy  nomeado  Guarda  mór  da  Torre  do 
Tombo  do  Eftado  da  índia,  quando  Filippe 
Prudente  mandou  ordenar  efte  Archivo  pelo 
Vice-Rey  Mathias  de  Albuquerque,  em  cujo 
minifterio  naõ  applicou  menor  deligcnda, 
que  no  primeiro  recolhendo  todos  os  Contra- 
tos de  Pazes,  Provizocns,  Refiftos  da  Chanccl- 
laria,  e  outros  papeis  importantes  ao  governo 
do  Eftado,  que  andavaõ  difperfos.  Foy  exccl- 
lente  no  eftilo  Oratório,  fendo  fempre  eleito 
para  recitar  as  Praticas  com  que  a  Cidade  de 
Goa  cabeça  do  Império  Oriental  recebia  aos 
feus  Vice-Reys,  e  Governadores,  onde  muitas 
vezes  os  vaticínios,  com  que  augurava  a 
felicidade  das  fuás  acçoens  infallivelmentc  fc 
cumpriaõ.  Foy  cazado  com  D.  Luiza  de  Mello 
defcendente  de  nobre  familia,  de  quem  teve 
huma  única  filha  que  morreo  donzella  dei- 
xando eternizada  a  fua  pofteridade  em  mais 
illuftres  partos,  como  faõ  os  produzidos 
pelo  entendimento,  e  naõ  pela  natureza. 
Teve  a  eftatura  mediana,  a  prezença  ve- 
nerável, os  olhos  vivos,  o  nariz  aquilino. 
A  madureza  do  juÍ2o,  e  a  prudência  do 
talento  o  fez  capaz  de  que  fempre  foííe 
confultado  pelos  Vice-Reys  em  matérias 
muito  graves  feguindo  fempre  o  feu  voto 
como  regulado  mais  por  didames  Catho- 
Hcos,  que  políticos.  Foy  inimigo  declara- 
do do  intereííe,  querendo  fer  mais  abun- 
dante de  merecimentos,  que  de  riquezas. 
Morreo  em  Goa  em  hum  Sabbado  10.  de 
Dezembro  de  161 6.  quando  contava  74. 
annos    de    idade.     Ao    feu    Retrato    aberta 


648 


BIBLIO THE  C  A 


«m  huma   Lamina  fe   lhe   gravou  na  parte 

inferior  eíle  Dyílicho. 

Exprimit  effigies  quod  Jolum  in   Ca/are  vijum 

eft; 
Hijioriam  calamo  traãat,  (ò'  arma  manu. 

Efcreveo  a  fua  vida  o  douto  Antiquá- 
rio Manoel  Severim  de  Faria  nos  Dijc.  Var. 
•defde  p.  148.  até  157.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  215.  col.  i.  fallando  delle  diz: 
Studiis  denuo  fe  rejlituens  rehus  quidem  per 
totós  quinquaginta  annos  terra,  marique  in  ijlo 
Orientis  orbe  gejiis  Jive  miles  prius,  Jive  Pro- 
regum  Jamiliaris,  <&  ad  negotiorum  momenta 
Jubinde  admijfus  non  fine  magno  rerum  "Lufi- 
tanarum  incremento  haud  minus  animo,  at- 
tentaque  objervatione ,  quam  prajentia  interfuit. 
Joan  Soar.  de  Brit.  in  Theatr.  l^iifit.  'L.it- 
ter.  lit.  D.  num.  12.  Hifioriographus  dili- 
^entijftmus.  Telles  Hift.  da  Etiop.  Alt.  Liv. 
I.  cap.  27.  e  Liv.  2.  cap.  7.  infigne  Hifio- 
riador.  Niceron  Memor.  pour  Jervir  a  l'Hifi. 
■des  Hom.  Illuft.  Tom.  12.  pag.  94.  Soufa 
Flor.  de  Efpan.  cap.  8.  exceli.  11.  num.  7. 
Morery  Diccion.  Hifioriq.  Verb.  Couto.  Ant. 
de  Leaõ  Bib.  Ind.  Tit.  3.  Faria  Elencho 
dos  AA.  Portug.  no  principio  do  i.  Tom. 
da  Afia  Portug.  D.  Franc.  Manoel  na  Carta 
dos  AA.  Portug.  efcrita  ao  Doutor  The- 
mudo.    Compoz : 

Década  4.  da  Afia  dos  feitos,  que  os  Portu- 
guet^es  fif^eraõ  na  conquifia,  e  defcobrimento  das 
terras,  e  mares  do  Oriente,  em  quanto  gover- 
narão a  Índia  L.opo  Vas  de  Sampayo,  e  parte 
Je  Nuno  da  Cunha.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beeck  no  Collegio  de  Santo  Agoftinho. 
1602.  foi. 

Década  5.  da  Afia,  (&c.  em  quanto  go- 
vernarão a  índia  Nuno  da  Cunha,  D.  Garcia 
■de  Noronha,  D.  Efievaõ  da  Gama,  e  Martim 
Affonfo  de  Soufa.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for.  161 2.  foi. 

Década  6.  da  Afia,  (0'c.  em  quanto  governarão 
zi  Índia  D.  Joaõ  de  Caftro,  Garcia  de  Sá,  Jorge 
Cabral,  e  D.  Affonfo  de  Noronha.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor.  16 14.  foi. 

Década  7.  da  Afia,  <&c.  em  quanto  governarão 
D.  Pedro  Mafcarenhas,  Francifco  Barreto,  D. 
Confiantino,  o  Conde  de  Redondo,  D.  Francifco 
Coutinho,  e  JoaÕ  de  Mendoça.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.    161 6.   foi. 


Década  8.  da  Afia,  <Ò'c.  em  quanto  governarão 
a  Índia  D.  AntaÕ  de  Noronha,  e  D.  I-mí:^  de 
Attayde.  Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla,  e  Diogo 
Soares.  1673.  foi. 

Cinco  Livros  da  Década  iz.  da  Hifioria  da 
Índia.  Pariz.  1645.  foi.  Comprehende  o 
governo  do  Vice-Rey  D.  Francifco  da  Gama 
Conde  da  Vidigueira,  que  fahio  à  luz  publica 
por  deligencia  do  Capitão  Manoel  Fernandes 
Villa-real,  Conful  dos  Portuguezes  na  Corte 
de  Pariz. 

Todas  eftas  Décadas,  com  a  Nona, 
e  Decima,  que  nunca  foraõ  impreíTas  fahi- 
raõ  novamente  à  luz  publica  em  3.  Tomos 
com  Índices  muito  copiofos  na  Officina  da 
Mufica.    Anno  1736.  foi. 

Falia  que  fe^  em  nome  da  Camará  de 
Goa,  a  André  Furtado  de  Mendoça,  hindo 
por  Governador  da  Índia  em  fucceffaõ  do  Conde 
da  Feira  D.  JoaÕ  Pereira,  dia  do  Efpirito 
Santo  de  1609.  Lisboa  por  Vicente  Alvares. 
1610.  foi. 

Kelaçaõ  do  Naufrágio  da  Não  SàÕ  Thomé 
na  terra  dos  Fumos  no  anno  de  1589.  e  dos 
grandes  trabalhos  que  paffou  D.  Paulo  de  Uma 
nas  terras  da  Cafraria  até  fua  morte.  Sahio 
imprefla  na  Hifior.  Tragico-Maritima.  Tom.  2. 
a  pag.  155.  até  214.  Foy  efcrita  efta  Re- 
lação em  o  anno  de  161 1.  à  inílancia  de 
D.  Anna  de  Lima,  irmãa  de  D.  Paulo  de 
Lima. 

Obras  M.  S. 

Fpilogo  da  Hifioria  da  Índia.  Nelle  trata  de 
cada  Fortaleza  noíTa,  e  o  que  fuccedeo  mais 
digno  de  memoria.  Nefie  Volume  (como 
diz  Manoel  Severim  de  Faria  na  Vid.  de  Diogo 
de  Couto  p.  154.  v.°.)  efiá  fummariamente  tudo  o 
que  toca  à  Hifioria,  comercio,  e  policia  Oriental, 
accomodando  o  efiilo  a  efie  Compendio  com  muita 
clare^^a,  e  brevidade. 

Soldado  perfeito.  Neíla  Obra  introduz 
por  modo  de  Dialogo  hum  Vice-Rey  no- 
vamente eleito  fallando  com  hum  Soldado 
veterano  da  índia,  que  andava  na  Corte 
requerendo  para  fe  informar  de  tudo,  que 
pertence  à  arrecadação  da  Fazenda  Real, 
e  milicia  daquelle  Eílado,  fendo  huma 
excellente  inftrucçaõ  para  o  que  deve 
obrar  hum  Vice-Rey.  Antes  de  por  a 
ultima  maõ  a  eíla  Obra  lhe   defapareceo  o 


LUSITANA. 


Odgioftl,  o  qual  chegando  a  eíle  Reyno  Tem 
nome  do  feu  Author  fe  extrahiraõ  delle  al- 
gumas copias,  porém  fendo  advertido  por 
hum  feu  amigo  a  reformou  em  o  anno  de 
1610.  e  fahio  com  cílc  título: 

Dialogo  entre  biitn  IHdalgo,  e  bum  Soldado 
da  índia»  Dedicado  ao  Marquez  de  Alamquer. 
O  Original  fc  conferva  na  Livraria  do  G)nde 
do  Vimieiro. 

Vida  de  D.  Paulo  de  IJwa.  foi.  M.  S. 

Hijloria  do  Reyno  da  Htiopia,  chamado 
vulgarmente  PreJle-]oaÕ  contra  as  faljidades 
que  nefta  matéria  ejcreveo  Pr.  I^iz  Urreta 
Dominicano.  G)mpoz  eíla  critica  á  inílan- 
cia  dos  PP.  Jcfuitas,  c  poílo  que  tinhaõ 
efcrito  contra  o  dito  P.  Urreta  doutiíTimas 
apologias  os  PP.  Fcrnaõ  Guerreiro,  e  Ni- 
coláo  Godinho  da  Companhia  de  JESUS, 
a  fua  era  muito  concludente,  cujo  trabalho 
cftando  quaíi  moribundo,  emprcndeo  em 
obfequio  da  verdade.  Foy  offerecida  efta 
Obra  pelos  PP.  Jcfuitas  ao  Arcebifpo  D.  Fr. 
Aleixo  de  Menezes. 

Commento  às  L.Njiadas  de  Lj4Ít(^  de  Ca- 
moens  feito  à  petição  defte  incomparável 
Poeta,  em  cuja  empreza  naõ  paffou  do 
quinto  Canto,  que  confervava  D.  Fernando 
de  Caftro  Cónego  de  Évora  por  lho  ter 
deixado  feu  Tio  D.  Fernando  de  Caftro 
Pereira  a  quem  o  Author  o  tinha  reme- 
tido. 

Poejias  Varias.  Conftavaõ  de  Elegias, 
Eglogas,   Sonetos,   Cançoens,   e  Glofas. 

Falia,  que  fe^  na  Camará  de  Goa  ao  Conde 
D.  Francifco  da  Gama  quando  nella  puferaõ 
o  retrato  de  feu  Bi/avo  D.  Vafco  da  Gama.  Co- 
meça :  A  coufa  de  que  fe  prefavaõ  aquellas  fa- 
mofas  Republicas,   &c. 

Falia  que  fen^  ao  Vice-Rejy  Ayres  de  Saldanha, 
(luando  entrou  em  Goa  a  rogo  da  Cidade.  Começa. 
Aquelle  grande  Theopompo  Rey  dos  Lacedemo- 
nios,  &c. 

Oração  que  tinha  feito  para  o  dia,  que  fe  le- 
vantajfe  a  Eflatua  do  Conde  Almirante,  a  fe- 
gunda  ve:^  que  fe  rejiituhio  a  feu  lugar  donde  a 
tirarão,  a  qual  naõ  houve  effeito.  Começa.  Aquelle 
Príncipe  de  toda  a  eloquência  Latina  M.  Tullio 
CiceraÕ,  &c. 

OraçaÕ  que  fe^  a  rogo  da  Cidade  de  Goa 
ao    Vice-Rej    D.    Martim    Affonfo    de  Caflro, 


649 

quando  entrou  na  Cidade  d»  Goa.  Começa. 
DaqMlU  grande  AUxatidre  Monarcba  do  mundo, 
&c. 

OrofaÕ  que  fe^  ao  Arcebifpo  D.  Fr,  Aleixo 
de  Mene^tt,  quando  por  morte  do  Vice-Key  D.  Mar- 
tim  Affonfo  de  Caflro,  fuccedeo  na  gppemanfa 
da  índia  em  11.  de  Fevereiro  de  1608.  Começa. 
FLfcrevem  gravifftmos  Autboret,  8cc 

OrafaÕ  que  fe^  ao  Vice- Rey  Lourenço  Pires 
de  Távora,  quando  entrou  na  Cidade  de  Goa, 
Começa.  Hoje  que  me  era  neceffario  bum  animo 
arrebatado,  bum  efpirito  fervorofo,  &c. 

Oraçad  que  tinha  feito  para  o  dia  da  entrada 
do  Vice-Rey  D.  Jeronymo  de  Azevedo.  Todas 
eftas  Oraçoens  confervava  na  fua  grande  Bi- 
bliotheca  o  infígne  Antiquário  Manoel  Se- 
vcrim  de  Faria. 

De  todos  os  tempos,  e  monçoens,  em  que  fe 
navega  para  todas  as  partes  do  Oriente,  e  dos 
peados,  medidas,  e  moedas,  com  tudo  o  mais  per- 
tencente a  efle  argumento.  Efta  Obra  naõ  a  aca- 
bou impedido  pela  morte. 

DIOGO  DA  CRUZ,  natural  de  Coim- 
bra, e  filho  de  Pedro  da  Cruz.  Depois 
de  efliidar  na  Univerfidade  da  fua  Pátria 
a  Faculdade  de  Medicina,  em  que  íahio 
grande  Letrado,  recebeo  as  infignias  dou- 
toraes  fendo  Lente  do  Methodo  de  que 
tomou  poíTe  a  4.  de  Abril  de  1633.  de 
Crifibus  em  o  primeiro  de  Julho  de  1656. 
da  Cadeira  de  Avicena  em  30.  de  Setembro 
de  1659.  e  ultimamente  de  Prima  a  24.  de 
Abril  de  1662.    Compoz: 

De  methodo  medendi  explanationes  ad  Lib. 
Non.  M.  S.  Confervava-se  na  Livraria 
de  Manoel  Soares  Brandão,  infigne  Me- 
dico. 

P.  DIOGO  CURADO,  natural  de  Lis- 
boa onde  foy  educado  com  taõ  virtuo- 
fos  documentos  por  feus  Pays  Francifco 
Rodrigues  Curado,  e  Maria  Teixeira,  que 
na  idade  juvenil  deixou  o  mundo,  e  re- 
cebeo a  Roupeta  de  Saõ  Filippe  Neri, 
em  a  Congregação  do  Oratório  da  fua 
Pátria  a  19.  de  Março  de  1671.  Depois 
de  efliudar  as  Sciencias  Efcholafticas  as 
diftou  aos  feus  domeflicos,  e  eftranhos 
com    grande    aplaufo    do    feu   nome   alcan- 


ó5o 


BIBLIO THE  CA 


çando-o  ainda  mayor  em  o  púlpito  quando 
tinha  por  expeâadores  das  fuás  Orações 
Evangélicas  os  principaes  ouvintes  de  huma, 
e  outra  Jerarchia  admirados  da  fubtileza 
do  difcurfo  animada  pela  energia  da  re- 
prefentaçaõ.  Sendo  Qualificador  do  Santo 
Officio,  e  Examinador  das  Ordens  Militares 
paíTou  a  Roma,  e  neíla  famofa  Corte  foy  vene- 
rado o  feu  talento  naõ  fomente  pela  profun- 
didade da  fciencia,  mas  ainda  muito  mais  pela 
docilidade  do  génio.  Reftituido  ao  Reyno 
falleceo  em  Lisboa  a  21.  de  Abril  de  1756. 
Publicou. 

Sermoens  Vários,  i.  Tomo.  Roma  por  An- 
tónio RoíTi.  171 9.  4.    Grande. 

Sermoens  Vários,  2.  Tom.  Roma  pelo 
dito  ImpreíTor.  1719. 

Sermoens  Vários.  3.  Tom.  Roma  pelo 
dito  ImpreíTor.  1720.  4. 

Compromiffo  das  obrigaçoens,  que  devem 
cumprir,  e  obfervar  pontualmente  as  E/cra- 
vas de  NoJJa  Senhora  da  Conceição,  da  Irman- 
dade fundada,  e  fita  na  Igreja  do  Efpirito 
Santo  dos  Padres  da  Congregação  do  Oratório 
de  'Lisboa.  Lisboa  por  Jozé  António  da 
Sylva.  1734.  4.    Sahio  fem  o  feu  nome. 

Itinerário  Hifiorico,  dividido  em  três  par- 
tes. A  primeira  da  Jornada  de  Li/boa  a 
Roma.  A  z.  da  Jornada  de  Koma  a  varias 
terras.  A  ^.  da  volta  de  Koma  a  Lisboa. 
M.  S.  4. 

DIOGO  DIAS  natural  da  Villa  do 
Crato  em  a  Provincia  do  Alentejo.  Sen- 
do moço  do  Coro  da  Cathedral  de  Évora 
eftudou  a  Arte  da  Muíica  para  a  qual  teve 
taõ  grande  propenfaõ,  que  fubio  a  fer  Mef- 
tre  delia  em  a  Matriz  da  fua  Pátria, 
deixando  para  teftemunho  da  fua  fcien- 
cia: 

Varias  Obras  Muficas.  M.  S. 

DIOGO  DIAS  DE  VILHENA  cele- 
bre Contrapontiíla,  e  hum  dos  famofos 
difcipulos  da  efcola  do  grande  Meílre  António 
Pinheiro.  Compoz. 

Arte  de  Canto  chão  para  principian- 
tes. M.  S.  4.  Conferva-fe  na  Bibliothe- 
ca  Real  da  Mufica  com  outras  fuás 
Obras. 


Fr.  DIOGO  ESTELLA  oriundo  da  Ci- 
dade do  feu  apellido,  fituada  em  o  Reyno 
de  Navarra,  porém  nacido  em  o  de  Portu- 
gal, como  affirmaõ  Joaõ  Hallevordio  Bib. 
CurioJ.  pag.  60.  col.  i.  Poífevino  Apparat.  m 
Sac.  lit.  D.  pag.  463.  Manoel  de  Faria,  e  Souf.  " 
Lpit.  das  Hifi.  Portug.  Part.  i.  cap.  18. 
André  Scoto  Hifp.  Bib.  pag.  252.  Wadingo 
Script.  Ord.  Min.  pag.  102.  Ricciolo  ChronoL 
Keform.  Tom.  4.  Ind.  2.  Nicol.  Anton. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  217.  Joan.  Soar. 
de  Brit.  Theatr.  Lufit.  Utter.  lit.  D.  n.  34. 
Natal.  Alexand.  Uift.  Ecclef.  Tom.  8. 
Síecul.  XV.  cap.  5.  e  cap.  3.  Devendo 
à  fortuna  nacimento  iUuftre  fe  nobilitou  mais 
por  beneficio  da  Graça  com  o  exercício  das 
virtudes,  que  exa£lamente  praticou  na  Reli- 
gião Seráfica  profeífando  taõ  fagrado  Inílituto  I 
na  Provincia  de  Saõ  Tiago.  Depois  de  eftudar 
as  fciencias  neceílarias  para  o  púlpito,  e  confef- 
fionario,  fe  dedicou  ao  minifterio  da  Pregação 
Evangélica,  convertendo  com  a  vehemenda 
das  palavras  innumeraveis  almas  ao  cami- 
nho da  penitencia.  Como  todo  o  feu  dif- 
velo  era  a  converfaõ  dos  peccadores, 
quando  algumas  vezes  interrompia  o  labo- 
riofo  exercício  do  púlpito,  occupava  o 
tempo  em  efcrever  Livros  afceticos,  va- 
lendo-fe  deílas  mudas  vozes  para  defper- 
tar  aos  que  jaziaõ  fepultados  no  lethargo 
das  culpas.  Foy  muito  verfado  na  Uçam 
da  Sagrada  Efcritura,  e  Santos  Padres, 
como  teílemunhaõ  as  fuás  compofiçoens, 
merecendo  pela  grave  prudência,  e  fum- 
ma  litteratura  de  que  era  ornado,  fer  di- 
reâor  da  conciencia  do  EminentiíTimo  Car- 
dial  António  Perennoto  Granvellano,  valido 
de  Filippe  Prudente.  Mais  cheyo  de  mereci- 
mentos, que  annos,  paíTou  à  eternidade  em  o 
de  1590.  Compoz: 

In  Evangelium  Ljicce.  Eíle  Commen- 
tario  depois  de  explicar  com  fubtileza  o 
fentido  Htteral,  o  illuftrou  com  diverfas  re- 
flexoens  moraes.  Sahio  a  primeira  vez  Com- 
pluti  apud  Andream  de  Angulo  1578. 
foi.  2.  Tom.  Como  foíle  prohibido  pelo 
Index  Romano,  e  pela  Cenfura  de  alguns 
Theologos  Efpanhoes,  fahio  expurgado 
Venetiis  apud  Francifcum  Zilletum  1582. 
4.    2.    Tom.    Lugd.    apud   Joannam   Jacobi 


r« 


LUSITANA. 


65 1 


Junti  filiam.  1)83.  foi.  Antuerpiae  apud 
Fetrum  Bellcrum.  1607.  foi.  Pariíiis,  êc 
Lugd.  M92.  Antucrp.  apud  Guíllielmum 
I.icncnium.  1654.  foi. 

De  raiione  concionandi,  Jhe  K})efori(a  Eceh- 
jiaftica.  Salmanticac  apud  Joan.  Baptiftam 
À  Terra  nova.  1576.  8,  c  1J96.  Vcnctiis  1J84. 
16.  Cólon,  apud  Arnoldum  Myllium.  1586. 
I.ugd.  1592.  no  fim  do  Commcntario  fobre 
S.  Lucas. 

Commentaria  fiiper  Pfalmttm  1 56.  Super 
flumina  habilonis  Salmant.  apud  joan.  Bapt.  á 
Terra  nova.  1J76.  8.  Sahiraõ  juntamente  com 
a  FJjttorica  Ecclefiaflica.  Coloniac  apudArnold. 
Myllium.  1586.  8.  e  1587.  &  Vcnetiis.  1J98. 

Dela  Vanidad  dei  Mundo.  Efta  Obra  he  lou- 
vada por  Saõ  Francifco  de  Sales  na  Part.  i .  das 
fuás  Girtas  Liv.  2.  Girt.  31.  num.  14.  c  das 
muitas  impreíToens  que  delia  fe  íÍ2eraõ  reco- 

Imenda  a  fua  utilidade  fendo  a  primeira  Sala- 
manca por  Mathias  Gaft.  1574.  8.  Lisboa  por 
António  Ribeiro.  1576.  3.  Tom.  8.  Salamanca 
por  Juan  Fernandes.  1581.  8.  Alcalá  por  Juan 
Garcia.  1582.  Foy  traduzida  em  Italiano  pelo 
Padre  Joaõ  Bautiíla  Perufco  Jefuita.  Florentia. 
1585.  Verona  1604.  e  Venetia  por  Giovani 
Guerigli.  1626.  Sahio  augmentada  efta  traduc- 
çaõ  pelo  P.  Pedro  Buenfanti  Piovano  de  Be- 
biena.  Venetia  por  Mathia  Valentino.  1606.  4. 
Tom.  16.  e  pelos  herdeiros  de  Francifco  Zilleti. 
1598.  Traduzida  em  Francez  por  Guilhi- 
elmo  Chaudiere.  1578.  16.  e  1601.  8. 
e  na  Lingoa  Latina  pelo  P.  Pedro  Bur- 
gundo  Jeiuita.  Antuerp.  apud  Arnol- 
dum Myllium.  1585.  e  1594.  Na  Lingua 
Alemãa,  Colónias  apud  Loriolium.  1586. 
8.  e  1617.  8. 

Tabula  rerum  omnium  qtue  in  Ubris 
de  vanitate  mundi  continentttr  ad  Ejvange- 
Jia  totius  anni  dijlributa.  Compoílas  por 
Fr.  AiFonfo  de  Sanzolas  Francifcano  da 
Provinda  de  Saõ  Tiago.  Salnunticae.  1585. 
&  Veroníe.  1594.  16. 

Meditaciones  devotijjimas  dei  Amor  de 
Díos.  Salamanca  por  Mathias  Gaft,  1578. 
8.  Lisboa  por  António  Ribeiro.  1578.  8. 
Salamanca  por  Pedro  LaíTo.  1582.  8.  Al- 
calá por  Juan  Garcia.  1597.  4.  Sahiram 
vertidas  em  Italiano  pelo  P.  Joaõ  Bautif- 
ía   Perufco    com   a    Obra   dela    Vanidad  dei 


Mmdo;  cm  latim  por  Joaõ  Governerío  com 
cíle  Titulo:  Dhini  Amoris  imentiva.  Coloniac 
apud  Burgeríum  1605.  12.  e  em  Franoez  por 
Gabriel  Chapuys.  Anverfa  por  Pedro  BeUeto. 
I59J.  12. 

Defprecio  dei  Mundo.  Lisboa  por  N^moel 
de  Lyra.  1)84.  3.  Tom.  8.  Vertido  em  Ita- 
liano por  Jeremias  ForeftL  Parma  por  Seth 
Vlotto.  1577.  16. 

Dela  Vida,  loores,  y  excelências  dei  Bienapen- 
titrado  Evangelijla  S.  Juan.  Lifboa  por  Germaõ 
Galhard.  1)54.  4.  Foy  mandado  imprimir 
por  ordem  da  SereniíTima  Rainha  D.  Catha- 
rina  mulher  delRey  D.  Joaõ  o  III.  Sahio 
augmentada  efta  Obra  por  Fr.  Chriftovaõ 
Moreno  Francifcano.  Valença  pelos  herdeiros 
de  Joaõ  Navarro.  1595.  4. 

O  feu  nome  cclebraõ  diverfos  Authores, 
como  íaõ  NicoL  Ant.  Bib,  Hifp.  p.  2x7. 
peritus  valde  ad  populum  dicendi,  acque  in  Chrif- 
tianis  orationibus  exerciíaíijjimus.  Taxand.  in 
Cathal.  ciar.  Hifp.  Script.  celebris  concionator. 
Scoto  Hifp.  Bib.  p.  2  5  2.  rarus  Dei  concionator. 
Natal  Alexand.  Hift.  Ecclef.  Tom.  8.  SsecuL 
XV.  cap.  5.  art.  i.  Concionator  egreffus.  Jacob 
Lc  Long.  Bib.  Sacr.  Tom.  2.  pag.  mihi  972. 
Joaõ  de  Córdova  do  Collegio  de  Alcalá  entre 
vários  elogios,  que  lhe  dedica  em  metro  ele- 
gante no  principio  do  Commentario  fobre  S. 
Lucas: 

Ní7W  cnm  plena  loco  fun^s  feu  Paulus  ab  alio 
Fulmina  doãrince  quis  non  flupefaãus  ab  ore 
Vende  ti  €>•  attonitus,  cpmmvis  fit  ferreus  intus 
Divina  fentit  fe  fe  molefcere  fiam  ma  ? 
Ecquis  in  Hifpania  tota  efl  cui  cedere  poffts 
EJoquio  fanão,  (Ò'  mixto  gravitate  lepore 
Corde  gerit  filicem  qiHfquis  tua  fulmina  fentit,  çi>'c. 

DIOGO  ESTEVES  DA  VEIGA, 
E  NÁPOLES,  filho  de  Henrique  Efte- 
ves  da  Veiga,  e  de  D.  Francifca  Pereira 
filha  de  Diogo  Lobo,  e  Joanna  Pereira, 
naceo  em  Lisboa  a  2.  de  Julho  de  15  51. 
Foy  Fidalgo  da  Cafa  Real,  Senhor  da  Honra 
de  Nandufe  na  Comarca  de  Vifeu,  Capi- 
tão mòr  dos  Confelhos  de  Bèfteiros,  Frei- 
xedo  de  Mouros,  e  S.  Joaõ  de  Monte 
Guardaõ.  Era  muito  verfado  na  liçaõ  da 
Hiftoria,  e  principalmente  em  a  Genealo- 
gia, efcrevendo : 


652 


BIBLIOTHECA 


Nobiliário  das  Famílias  dejie  Reym,  parti- 
cularmente das  de  Vifeu.  M.  S.  foi. 

Notas  ao  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro. 
M.  S.  foi. 

Falleceo  em  o  anno  de  1655.  com  84. 
de  idade.  Jaz  fepultado  na  Capella  mòr 
da  Igreja  de  Nandufe.  Delle  faz  mençaõ  o  P. 
D.  Ant.  Caet.  de  Soufa  no  Aparat.  à  Hijl. 
Geneal.  da  Caf.  Real  Portug.  pag.  78.  num.  62. 

Fr.  DIOGO  DE  FARIA,  de  cujo  Infti- 
tuto  Religiofo  naõ  dá  noticia  Joaõ  Franco 
Barreto  na  Bib.  Lufit.  M.  S.  dando  a  da  tra- 
ducçaõ,  que  fizera  em  Portuguez  do 

Dialogo  da  alma  com  a  carne  eftando 
infermo  Sócrates.  M.  S.  Confervava-fe  na 
Livraria  do  Chantre  de  Évora  Manoel  Seve- 
rim  de  Faria. 

DIOGO  FERNANDES  natural  de 
Lisboa,  ou  como  outros  querem,  da  Ci- 
dade de  Tavira  em  o  Reyno  do  Algarve. 
Foy  muito  douto  na  Uçaõ  da  Hilioria  profa- 
na, principalmente  da  fabulofa,  efcrevendo: 

Terceira,  e  quarta  Parte  do  Palmeirim  de  In- 
glaterra, na  qual  Je  tratàõ  as  grandes  cavallarias  de 
Jeu  filho  o  Príncipe  D.  Duardos  II.  e  dos  mais 
Príncipes,  e  Cavalleiros,  que  na  Ilha  deleito/a  Je 
criáraõ.  Lisboa  por  Marcos  Borges.  1587. 
foi.  <&  ibi  por  Jorge  Rodrigues.   1604.  foi. 

Fr.  DIOGO  FERNANDES,  natural  da 
Cidade  de  Braga.  ProfeíTou  o  Inítítuto 
Seráfico  em  a  Provincia  de  Saõ  Tiago  em 
Caftella,  onde  tantos  progreíTos  fez  na  fcien- 
cia  das  Efcolas,  que  fubio  a  fer  Lente  de  Prima 
de  Theologia  em  a  Univerfidade  de  Sala- 
manca.  Efcreveo : 

Additiones  ad  opera  Joannis  Duns  Scoti.  M.  S. 

Do  Author,  e  da  Obra  faz  memoria 
Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  in  Bib.  Franc.  Tom. 
I.  p.  197.  col.  I. 

D.  DIOGO  FERNANDES  DE  AL- 
MEIDA. Naceo  em  Lisboa  a  21.  de 
Abril  de  1698.  onde  teve  por  Progenito- 
res a  D.  Joaõ  de  Almeida  Conde  de  Af- 
fumar.  Vedor  da  Cafa  Real,  Embaxador 
extraordinário  a  Carlos  III.  em  Barcelona, 
Confelheiro     de     Eftado,     e     Gentil-homem 


da  Camará  delRey  D.  Joaõ  o  V.  e  a  D.  Ifabcl 
de  Caftro  filha  de  D.  Joaõ  Mafcarenhas, 
fegundo  Conde  da  Torre,  e  primeiro  Marquez 
de  Fronteira,  Confelheiro  de  Eílado,  e  de  D. 
Magdalena  de  Caftro.  Depois  de  aprender  os 
preceitos  da  Lingua  Latina  paíTou  à  Univer- 
fidade de  Coimbra,  onde  foy  admitido  a  Por- 
cionifta  do  Collegio  Real  de  Saõ  Paulo,  de 
que  tomou  pofle  a  21.  de  Outubro  de  1716. 
Aplicou-fe  ao  eftudo  do  Direito  Pontifício, 
em  que  recebeo  as  infignias  Doutoraes  no  anno 
de  1722.  com  geral  acclamaçaõ  de  todos  os 
Cathedraticos.  Sendo  Thezoureiro  mòr  da  Ca- 
thedral  de  Leiria,  e  Beneficiado  de  Saõ  Miguel 
de  Torres  Vedras,  de  Saõ  Pedro  de  Torres 
Novas,  Santa  Maria  de  Góes,  e  de  Aguas  San- 
tas, Deputado  da  Inquifiçaõ  de  Lisboa, 
provido  a  23.  de  Junho  de  1724.  foy  eleito 
em  o  de  1727.  Académico  da  Academia 
Real  para  efcrever  as  Memorias  Hiftoricas 
do  Bifpado  de  Miranda,  donde  paíTou  a  Cenfor 
da  mefma  Academia  no  anno  de  1737.  e  em 
taõ  douta  AíTemblea  fe  admirou  o  feu  talento 
em  vários  difcurfos  em  que  competia  a  fcien- 
cia  da  Hiftoria,  com  a  elegância  do  eftilo. 
Eftes  dotes,  com  que  fe  ornava  o  feu  efpi- 
rito,  o  habilitaram  para  fer  aílumpto  a  digni- 
dade de  Principal  da  Santa  Igreja  Patriarchal 
de  Lisboa,  de  que  tomou  poíTe  a  13.  de  Ja- 
neiro de  1739.  fendo  pelo  feu  merecimento 
acredor  de  outros  mayores  lugares.  Da  fua 
illuftre  peíToa  faz  repetida  memoria  meu  irmaõ 
D.  Jozé  Barbofa  nas  Memor.  do  Colleg.  Real 
P^g-  395'  ^  í^o  Archiath.  I^ufitan.  p.  142. 
e  199.   Compoz. 

Pratica  com  que  congratulou  a  Academia 
Real,  de  ejlar  eleito  feu  Collega.  Sahio  no 
Tom.  7.  da  CollecçaÕ  dos  Documentos  da 
Academia.  Lisboa  por  Jozé  António  da 
Sylva  1727.  foi. 

Conta  dos  feus  ejiudos  Académicos  n& 
Paço  a  -j.  de  Setembro  de  ^i^rj.  No  Tom» 
7.  da  CollecçaÕ  dos  Documentos,  &c.  Lisboa 
pelo  dito  Impreflbr  1727.  foi. 

Conta  dos  feus  Ejiudos  Académicos  no 
Paço  a  7.  de  Setembro  de  173 1.  No  Tom. 
II.  da  CollecçaÕ  dos  Documentos,  &c.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor  173 1.  foi. 

Dijfertaçaõ  hijiorica.  Jurídica,  e  Apologética 
na    Conferencia    da    Academia    Real    da    Hif~ 


L  USITAN A. 


653 


íoria  Portufifiet^a  de  14.  dt  Fwireiro  dê  1752. 
em  defev^a  da  conta  qm  deo  dos  feus  tfiuàos 
no  JeHcijjimo  dia  dê  i,  dt  Setembro,  em  qm 
fe  ceiebravaõ  os  annos  da  Kainha  Noffa  Senhora. 
Usboa,  por  Jozé  António  da  Sylva,  ImprcíTor 
da  Academia  Real.  175a.  4.  e  no  Tom.  11. 
da  Collec,  dos  Documentos  da  Acad.  Keal,  Ó'c. 
pelo  dito  Imprc/Tor.  1751.  foi. 

OrafaÕ  recitada  na  Conferencia  de  )i.  dt 
janeiro  de  1757.  fendo  eleito  Cenfor.  Lisboa 
por  Jozé  António  da  Sylva.  1757.  4.  grande. 

DIOGO  FERNANDES  FERREIRA. 
filho  de  Pedro  Ferreira,  Moço  da  Camará 
do  Infante  D.  Luiz,  e  feu  Caçador,  de  cujo 
exercício  foy  profcíTor  infigne  como  feu  Pay, 
cfcrevcndo  quando  contava  a  idade  de  70. 
annos: 

Arte  da  Caça  da  Altenaria,  dedicada  a  D. 
1'rancifco  de  Mello  II.  Marquez  de  Ferreira, 
de  quem  foy  Moço  da  Camará,  e  feu  Caçador. 
Lisboa  161 6.  4.  Do  Author,  e  da  Obra  faz 
memoria  Nicol.  Ant.  hib.  Hifp.  Tom.  1. 
p.  218.  col.  I. 

DIOGO  FERNANDES  FRANCO,  cele- 
bre profeíTor  de  Grammatica  em  a  Univerfi- 
dadc  de  Alcalà,  publicando  para  claro  tefte- 
munho  da  fua  fciencia: 

Pratica  menor  dela  Grammatica.  Alcalà 
por  Joaõ  Inigues  de  Lequerica.  1585.  8. 

DIOGO  FERRAZ  natural  de  Coimbra,  e 
defcendente  de  familia  nobre.  No  tempo  que 
governava  eíla  Cidade  como  feu  Paftor  o  Bifpo 
Conde  D.  Fr.  Joaõ  Soares,  infigne  efplendor  da 
Religião  dos  Eremitas  de  Santo  Agoílinho,  lhe 
entregou  huma  Obra  pia,  e  devota  intitulada: 

Kegra  de  viver  em  pav^. 
A  qual  com  o  Cathecifmo  compoílo  em 
verfos  pelo  dito  Bifpo  para  mais  facilmente 
fer  decorado  pelos  mininos,  fahio  em  Coim- 
bra por  Joaõ  Barreira.  1560.  12.  E  Lisboa 
por  Domingos  Carneiro.  1672.  8. 

DIOGO  FERREIRA  DE  HGUEI- 
ROA  natural  da  Villa  da  Arruda  dif- 
tante  fete  legoas  para  o  Norte  da  Gda- 
de  de   Lisboa.     Pela  nobreza  do   feu  naci- 


mcnto  meceoeo  fer  hum  dos  mais  eftimft- 
dos  criados  dos  SereniíTimos  Duques  de  Bar- 
gança  D.  JoaÔ  o  II.  e  D.  Luiza  Fcanciíca  de 
Gufmaõ,  que  depois  fe  coroarão  Príncipes 
deíla  Monarchia.  Pela  profunda  fciencia  das 
duas  famofas  Artes  da  Poeíía,  e  Muíica,  alcan- 
çou fer  venerado  pelos  mais  celebres  Poetas 
do  feu  tempo,  e  fer  admitido  por  Cantor 
da  Capella  Real  em  5.  de  Junho  de  1648. 
Falleceo  em  Lisboa  a  19.  de  Mayo  de  1674. 
quando  contava  70.  annos  de  idade.  Delle 
fazem  honorifica  lembrança  D.  Franc.  Ma- 
noel na  Cart.  dos  A  A.  Portug.  dizendo  fer  de 
igual  v^elo,  que  armonia.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
in  Iheatr.  Lufit.  IJtter.  lit.  D.  n.  14.  Sor 
Violant.  do  Ceo  Kim.  Var.  p.  92.    Compoz: 

hpitome  das  ¥eflas,  qm  fe  fiv^eraò  no 
Cafamento  dt  D.  JoaÕ  o  II.  Duque  de  Bra- 
gança com  a  Senhora  D.  hiâ^a  Francifca 
de  Gufmaõ,  filha  única  do  Duque  de  Medina 
Sidónia.  Évora  por  Manoel  Carvalho. 
1633.8. 

Defmayos  de  Mayo,  em  fombras  do  Mon- 
dego. Villa-viçofa  no  Paço  do  Duque 
por  Manoel  Carvalho  ImpreíTor  de  Sua 
Excellencia.  1635.  8.  Dedicado  ao  Senhor 
D.  Alexandre.  Contém  hum  enredo  fau- 
dofo  de  hum  Eftudante  de  Coimbra  natu- 
ral de  Lisboa.  He  compoílo  de  verfo,  e 
profa,  onde  o  Author  fe  moílra  judidofo 
elegante,  e  humaniíla.  No  fim  promete 
Segunda  Parte,  com  o  titulo: 

Notabilidades  do  fucedido  nas  cortes  de  Amor. 
Efcrito  em  o  anno  de  1634.  Conferva-fe 
na  Bib.  Real.  4. 

Jardim  de  Finamor,  Panegírico  ao  Na- 
cimento  do  Infante  D.  Pedro.  Lisboa  por 
Manoel  Gomes.  1648.  8.  He  efcrito 
em  8.  Rima. 

Theatro  da  mayor  façanha,  e  gloria  Por- 
tuguesa. Lisboa,  por  Domingos  Lopes 
Roza.  1642.  4.  Conlla  de  6.  Cantos  em  8. 
Rima  feitos  à  gloriofa  Aclamação  delRey 
D.  Joaõ  o  IV. 

Vida  de  Santa  Theret^a,  em  8.  Rima. 
Confervava-fe  em  poder  do  Padre  Manoel 
Fernandes  da  Companhia  de  JESUS,  ConfeíTor 
delRey  D.  Pedro  IL 

Queixofa  demonflraçao  de  magoas,  na  intempef- 
tiva  morte  do  Sereniffimo  Infante  de  Portugal,  o  Se- 


654 


BIB  LIO  THE  CA 


nhor  D.   Duarte,  irmàõ  do  Serenijfimo  V^ey  D. 
Joaõ  o  IV.    Cançaõ.    Começa: 

Memorias,  que  em  prejagios  da  efperança 
yís  leys  do  Jentimento  adulterando,  &c.  M.  S. 
Delia  confervo  huma  copia. 

DIOGO  FREIRE  PINHEIRO.  Naceo 
na  Provinda  do  Alentejo,  e  militou  com  o 
pofto  de  Capitão  em  Flandes.  Para  moftrar, 
que  igualmente  era  iníigne  na  efpada  como  na 
penna  efcreveo,  e  imprimio  conforme  afíirma 
Joaõ  Franco  Barreto  na  Bib.  Portug.  M.  S. 

Diário  das  Guerras  de  Flandes. 

Fr.  DIOGO  GIL  Religiofo  Carmelita 
Calçado,  de  cuja  Ordem  tendo  íido  Prior  do 
Convento  de  Lisboa,  fubio  no  anno  de  1335. 
ao  lugar  de  Provincial.  Naõ  teve  menor  pru- 
dência para  o  governo,  que  capacidade  para 
efcrever  das  antiguidades  da  fua  Religião, 
compondo  como  dizem  D.  Nicol.  Ant.  in 
Bib.  Vet.  Hijp.  Lib.  9.  cap.  4.  §.  217.  e  a  Bib. 
Magn.  Ecclef.  Tom.  i.  pag.  123.  col.  2. 

De  Fundatione  Ordinis  Carmelitarum.  M.  S. 

DIOGO  GOMES  CARNEIRO  natural 
do  Rio  de  Janeiro  verfado  em  todo  o  género 
de  Hiftoria,  e  naõ  menos  na  intelUgencia 
das  lingoas  mais  polidas,  e  na  fciencia  das 
letras  humanas,  Poefia,  e  Rhetorica.  Foy 
Secretario  de  D.  AíFonfo  de  Portugal  Marquez 
de  Aguiar,  que  pela  nobreza  do  feu  naci- 
mento,  e  capacidade  do  talento  o  tratava  com 
particular  eftimaçaõ.  Como  era  muito  perito 
na  Hiíloria  da  America  onde  tivera  o  berço 
foy  eleito  Chronifta  geral  do  Braíil,  aíTi- 
nando-lhe  ElRey  300U000.  reis  de  orde- 
nado, que  naõ  tiveraõ  eíFeito.  Era  fum- 
mamente  charitativo  applicando  com  feliz 
fucceíTo  muitos  remédios  a  varias  peíToas 
pobres,  que  elle  mefmo  manipulava.  Morreo 
em  Lisboa  a  26.  de  Fevereiro  de  1676.  e  eftá 
fepultado  no  Collegio  de  Santo  Antaõ  dos 
Padres  Jefuitas.  Vir  Jatis  eloquens,  (ò" 
eruditus,  humanifque  fimul,  eb*  Jacris  litteris 
aprime  verjatus  o  intitula  Joan.  Soar.  de 
Brit.  in  Theatr.  L.ujit.  Litter.  liter.  D. 
num.  15.  e  D.  Francifc.  Manoel  na  Cart. 
dos  AA.  Portug.  efcrita  ao  D.  Themudo 
efcreveo. 


Oraçaõ  Apodixica  aos  Scijmaticos  da 
Pátria.  Lisboa  por  Lourenço  de  Anvers. 
1641.  4.  Nefta  Obra  fe  intitula  Doutor, 
e  aíTim  delle  como  do  Author  fe  lembra  o 
moderno  addicionador  da  Bib.  Occid.  de  Antó- 
nio de  Leaõ  Tom.  2.  tit.  12.  col.  676. 

Traduzio  de  Latim  do  Padre  Martim 
Martines  da  Companhia  de  JESUS  em  Por- 
tuguez : 

Hijioria  da  guerra  dos  Tártaros,  em  que 
fe  refere  como  nejles  noffos  tempos  invadirão 
o  Império  da  China,  e  o  tem  quafi  todo 
occupado.  Lisboa  por  Henrique  Valente  de 
Oliveira.  1637.  16. 

Traduzio  de  Italiano  de  Joaõ  Bautiíb 
Ranuccio  Arcebifpo  de  Fermo,  em  Por- 
tuguez : 

Hijioria  do  Capuchinho  Ffcoce:^.  Dedi- 
cada a  D.  Ignez  Antónia  de  Távora.  Lisboa 
pelo  dito  Impreflbr.  1657.  12. 

Injiruçaõ  para  bem  crer,  bem  obrar,  e  bem 
pedir  em  cinco  Tratados  do  Padre  JoaÕ  Eufebio 
Nieremberg  da  Companhia  de  JESUS,  em  que 
fe  juntaÕ  dous  mais  das  regras  de  viver  Chrijlãa- 
mente.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1658. 
Nefta  traducçaõ  fe  diz,  que  eftes  Tratados  naõ 
andaõ   inclufos    nas    Obras    do   P.    Eufebio. 

Nas  Memor.  Funeb.  de  D.  Maria  de 
Attayde,  Lisboa  na  Ofíicin.  Crasbeeckian. 
1650.  4.  a  pag.  85.  eftá  hum  Epigramma 
feu  latino  por  epitáfio  a  efla  Senhora. 

DIOGO  GOMES  DE  nGUEIREDO, 
filho  de  Joaõ  Gomes  Quarefma  Efcrivaõ  dos 
Armazaens  Reais,  naceo  em  Lisboa,  e  foy 
igualmente  infigne  na  fciencia  militar,  e  poli- 
tica. Na  arte  de  jogar  a  efpada  naõ  houve 
quem  Uie  difputaííe  a  primazia  merecendo  para  : 
immortal  credito  do  feu  magifterio  ter  por 
difcipulo  ao  SereniíTimo  Príncipe  D.  Theo- 
dofio.  Como  o  génio  o  inclinava  para  as 
armas  fe  dedicou  defde  os  primeiros  annos  ao 
exercício  da  guerra,  fendo  o  preludio  das 
fuás  acçoens  militares  o  embarcarfe  com 
a  praça  de  Aventureiro  na  Armada  Real, 
de  que  era  General  D.  Manoel  de  Me- 
nezes, o  qual  fahindo  de  Lisboa  a  24. 
de  Setembro  de  1626.  fez  laftimofo  nau- 
frágio a  12.  de  Janeiro  do  anno  feguinte  oa 
cofta   de   Gafcunha.     Já   occupava   o   pofto 


L  USITANA. 


655 


<Ie  Mcílre  de  Campo  no  anno  de  1658.  na 
(]ual  com  o  fcu  Regimento  guarnecendo 
:i  Praça  de  Elvas  a  defendeo  atentadamente 
contra  a  invafaõ  dos  Caftelhanos.  Sendo  Ge- 
neral da  Artilharia  fe  deveo  á  fua  vigilante 
providencia,  e  heróica  valentia,  livrar  a  Praça 
(ie  Almeida  da  interpreza  com  que  determi- 
nava levalla  o  Duque  de  Oííuna  em  o  anno  de 
1663.  e  ultimamente  na  famofa  Batalha  de 
Montes  Caros,  alcançada  a  17.  de  Junho  de 
1665.  occupando  o  pofto  de  Sargento  mór  de 
Batalha  deo  de  feu  valerofo  animo  aíTinalados 
argumentos.  G^nfervou  entre  o  tumulto 
das  armas  familiar  comercio  com  as  Mufas 
alternando  os  feus  cuidados  entre  Marte  beli- 
cofo,  e  Apollo  pacifico  fendo  hum  dos  melho- 
res alumnos  da  Academia  dos  Infiantaneos  inf- 
tituida  cm  cafa  de  Fernão  Corrêa  de  Lacerda, 
que  depois  foy  Bifpo  do  Porto,  onde  eraõ 
ouvidos  os  feus  verfos  com  univerfal  applaufo. 
Como  a  grande  Poeta  o  convida  Manoel  de 
Galhegos  a  celebrar  as  Vodas  dos  SereniíTimos 
Duques  de  Bragança,  no  Templo  da  Mem. 
Liv.  4.  Eílanc.  190. 

Mufas  ejle  fojeito,  ejle  portento 

A  Diogo  Gomes  day  de  Figueiredo 

Qtte  de  Jeu  pleãro  vive  o  efqueci mento 

TaÕ  longe  como  do  feu  peito  o  medo, 

E  o  fez  o  Ceo  Khetorico,  e  Valente 

Vorque  de  feu  valor  cante  eloquente. 
Mereceo  as  eílimaçoens  das  principaes 
Peflbas  defte  Reyno  tanto  pela  afabilidade 
do  génio,  como  pela  madureza  do  juÍ2o. 
Foy  Commendador  de  huma  das  Commendas 
da  Cafa  da  índia  da  Ordem  de  Chriílo.  Falleceo 
na  pátria  a  30.  de  Setembro  de  1685.  e  jaz 
fepultado  no  Convento  da  SantiíTima  Trinda- 
de. Fazem  illuftre  memoria  do  feu  nome  o 
Excellentiffimo  Conde  da  Ericeira  D.  Luiz 
de  Menezes  Fortug.  Kefiattrad.  Tom.  2.  Liv. 
3.  pag.  139.  e  Liv.  8.  pag.  585.  e  586.  e 
liv.  10.  pag.  710.  P.  Emman.  Lud.  Vit. 
Princip.  Tbeod.  Liv.  i.  §.  128.  Virum 
eximium,  atque  in  omni  fcientia  militari, 
bellicaque  virtutis  editis  pajftm  monumentis 
injignem.  D.  Ant.  Caet.  de  Souf.  Apparat. 
à  Hiji.  Geneal.  da  Caf  Real  Portug.  pag. 
136.  §.  157.  Difcreto,  Poeta,  e  Cortev^aõ, 
c  pelas  fuás  partes  foy  muito  efimado.  Com- 
poz: 


Ode  Funeral  ã  morte  da  Senhora  D,  Maria 
de  Atayde.  Sahio  impreíla  a  pag.  55.  dis 
Memor.  Fmeh.  dedicadas  a  dia  Senhora. 
Lisboa  na  Offícina  Crasbeeckían.  1650.  4. 
Caiifàd  ã  morte  do  Meflre  de  Campo  General 
André  de  Albuquerque  com  hum  mote  g/ojfado 
ao  mefmo  AJfumpío.  Sahio  impreíTo  no  Pane- 
gyrico  que  a  eíle  Heróe  coníagrou  o  Doutor 
Joaò  de  Medeiros  Corrêa.  Lisboa  por  Do- 
mingos Carneiro.  1661.  4. 

Defire^a  das  Armas  M.  S.  A  efta 
Obra,  que  eftava  prompta  para  a  impreílaõ, 
fez  huma  elegante  Cançaõ  o  inúgne  Poeta 
António  Barbofa  Bacellar,  que  principiava: 

Detende  hum  pouco  o  eflilo  foherano 

Mavorte  Ljijitano 

Kayo    de    Apollo    armado 

Paray  hum  pouco  o  pleííro  fublimado 

Que  da  pena  envejofa 

A  efpada  vos  contemplo 

E  com  rar^àÔ  queixofa 

Que  fe  hoje  a  penna  vos  fabrica  hu   Templo 

Já  da  primeira  idade 

Se  abrio  caminho  pela  eternidade. 
D.    Francifco    Manoel    nas    Obras    Mé- 
tricas   Tuba    de    Calliope    Sonet.    28. 
Quando  eflas  regras  de  d€jlre:(a  enfinas 

Parmeno  de  ti  creyo,  que  es  de  forte 

Que  naõ  por  dextra  a  morte,  mas  por  morte 

Mais  certos  golpes  tê,   que   taes  doutrinas» 
E  quando  nas  palejlras  peregrinas 

Te  vejo  confiado,  aftuto,  e  forte, 

Parece  certo,  que  a  contraria  forte 

Entre  a  vontade,  e  o  braço  determinas. 
Efpada,  e  penna  pois  que  com  verdade 

O  mefmo  que  huma  intrépida  peleja, 

A  outra  f cientifica  derrama: 
Ambas  chaves  feraS  da  eternidade, 

Efta  para  cerrar  bocas  da  enveja 

Aquella  para  abrir  bocas  da  Fama. 
Poefias    Varias    3.    Tom.    4.    M.    S.    que 
deixou   a   feu    grande   amigo   D.    Francifco 
de  Soufa  Confelheiro  de  Eílado,  e  Preíidente 
da  Mefa  da  Condencia. 

Sejfenta  Caprichos.  M.  S.  Confta  elia 
Obra  de  Difcurfos  ornados  de  todo  o  gé- 
nero de  erudição  fendo  o  argumento  de 
cada  Difcurfo  hum  contraditório  como 
Amor,  e  O^o;  Uberalidade,  e  Avareza, 
e  o  ultimo  he    Vida,  e  Morte.     O  original 


656 


BIBLIO THE  CA 


com  as  licenças  para  fe  imprimir  fe  conferva 
na  grande  Livraria  do  Excellentiífimo  Conde 
da  Ericeira. 

DIOGO    GOMES    DE    HGUEIREDO 

natural  de  Lisboa  filho  do  precedente,  e  feme- 
Ihante  a  elle,  naõ  fomente  em  o  nome,  mas  em 
a  fciencia  militar,  pela  qual  chegou  a  fer 
Tenente  General  da  Artilharia  do  Reyno, 
por  cuja  caufa  efcreveo  em  obfequio  de  ambos 
o  Soneto  feguinte  o  Doutor  André  Nunes 
da  Sylva  nas  Rm.  Sacr.  e  Prof. 
Em  nome,  e  acçoens  equivocados  ~~" 

Vos  notàõ  os  affeãos,  e  os  Jentidos 

Nas  palefiras  da  pa^  fempre  entendidos, 

Nos  empenhos  da  guerra  fempre  oufados. 
Igualmente  dijcretos,  e  Soldados 

Sendo  os  mejmos  nas  obras,  e  apellidos 

Naõ  ficaes  cabalmente  conhecidos 

Ficando  cabalmente  venerados. 
Dijlinguirvos  pertende  com  ejiudo 

O  me/mo  ajf ombro,  e  vendo  a  gloria  altiva 

Em  ambos  de  admirado  fica  mudo; 
Abonando  na  lui(^  fempre  excejfiva 

Se  ao  Pay  original  do  filho  em  tudo 

Copia  ao  filho  do  Pay  em  tudo  viva, 
Foy  muito  verfado  na  liçaõ  da  Hiftoria 
fecular,  principalmente  em  huma  das  fuás 
mais  nobres  partes,  qual  foy  a  Genealogia 
efcrevendo  com  judiciofa  critica,  e  profunda 
indagação. 

Famílias  do  Rejno  de  Portugal,  foi.  6.  Tom. 
Cujo  Original  fe  conferva  com  grande 
eiiimaçaõ  na  Livraria  do  Excellentiífimo  Du- 
que do  Cadaval,  e  delle  faz  honorifica  mençaõ 
o  P.  D.  António  Caetano  de  Soufa  no  Apparat. 
à  Hifi.  Geneal.  pag.  136.  §.  157.  chamando  a  feu 
Author  Grande  Genealógico,  do  qual  conferva 
2.  Tomos  de  Famílias,  que  comprehendem  a 
letra  M.  e  S.  dizendo  fer  Obra  efcrita  com 
cuidado  fucintamente  hifioriado  de  forte,  que 
naõ  faltando  ao  effencial  poupa  o  can- 
gado, com  verdade,  e  averiguação,  e  quanto 
ao  meu  parecer  hum  dos  melhores,  que 
nefte  género  fe  tem  efcrito.  Morreo  em 
Lisboa  a  12.  de  Fevereiro  de  1684. 
Eílá  fepultado  no  Convento  da  San- 
tiíTima  Trindade.  Foy  cafado  com  D. 
Maria  de  Menezes,  de  quem  naõ  teve  defcen- 
dencia. 


DIOGO  DE  GOUVEA.  Naceo  em  a 
Cidade  de  Beja  celebre  folar  defta  eruditi/fima 
familia,  onde  teve  por  Pay  a  Antaõ  de  Gou- 
vea  Cavalleiro  profeífo  da  Ordem  de  Chrifto, 
e  por  irmaõs  a  Manoel  de  Gouvea  Prior  da 
Igreja  de  Saõ  Nicoláo  de  Lisboa,  e  o  Doutor 
Gonçalo  de  Gouvea  Dezembargador  da  Cafa 
da  Supplicaçaõ.  Depois  de  eftar  fufficiente- 
mente  inílruido  nas  letras  amenas  paíTou  a 
eftudar  as  feveras  em  a  Univerfidade  de  Pariz, 
e  tal  foy  o  progreíTo,  que  nelles  fez  o  feu  fubli- 
me  engenho,  que  naõ  fomente  recebeo  o  gráo 
de  Doutor  em  a  Faculdade  de  Theologia 
com  geral  aclamação  de  todos  os  Cathedrati- 
cos,  mas  fubio  pela  fua  prudência  a  fer  Rei- 
tor da  mefma  Univerfidade,  onde  fora  dif- 
cipulo,  em  cujo  governo  mereceo,  que  o  foíTe 
do  feu  magifterio  o  grande  Patriarcha  Santf> 
Ignacio  de  Loyola,  ao  qual  conhecida  a 
fua  innocencia  livrou  do  caftigo  a  que  ef- 
tava  condennado  pelas  leys  Académicas,  |X)r 
atrahir  alguns  dos  alumnos  da  Univerfi- 
dade para  a  nova  Companhia,  que  entaõ 
levantava,  e  perfuadio  a  ElRey  D.  Joaõ 
o  III.  que  efcrevendo  ao  mefmo  Santo  lhe 
pediíTe  alguns  dos  feus  companheiros  para 
promulgar  a  Ley  Evangélica  nas  Regioens 
Orientaes,  fendo  a  principal  caufa,  de  que  eíle 
Sagrado  Inftituto  fe  introduziíTe  em  Portu- 
gal. A  madureza  do  juizo,  e  a  profundidade 
do  talento  o  fizeraõ  digno  de  que  os  noííos 
Monarchas,  e  os  de  França  o  conftituiíTem 
arbitro  em  os  mayores  negócios,  em  que 
eraõ  intereíTadas  eftas  duas  Monarchias,  de- 
vendo-fe  à  fua  perfpicaz  vigilância,  e  poli- 
lita  fagacidade  a  feliz  conclufaõ  delles.  Tanto 
que  voltou  para  o  Reyno  foy  provido  em 
hum  Canonicato  em  a  Cathedral  de  Lisboa, 
onde  em  idade  muito  prove£ía  morreo 
a  8.  de  Dezembro  de  1557.  e  jaz  fepultado 
no  Cruzeiro  da  mefma  Cathedral  com  eíle 
Epitáfio : 

Aqui  jati  Diogo  de  Gouvea  Doutor  en: 
Theologia,  e  Reitor  da  Univerfidade  de  Parit(, 
Cónego  nefia  fanta  Sé,  que  alcançou,  e 
fervio  a  cinco  Rejs  de  Portugal,  e  qua- 
tro de  França.  Tratou,  e  negociou  por 
bem  da  Fé,  e  honra  defie  Reyno.  Falle- 
ceo  a  8.  dias  de  Dezembro  de  1557.  Defte 
grande     Varaõ     fazem     memoria     Orland. 


L  USITAN  A. 


llijl.  Societ.  JESU,  Lib.  i.  n.  71.  chamando- 
Ihc  Vir  prudens.  Telles  Cbron.  da  Comp. 
de  JPS.  da  Prov.  de  PortN^.  Part.  i.  cap.  4. 
n.  2.  PeJJoa  de  grande  authoridade,  Joan.  Soar. 
de  Brit.  Thtatr.  Lséfit.  Litter.  lit.  D.  n.  16. 
Belchior  Bclliago  in  Orat.  ad  Conimb.  habita 
ann.  ij68.  Vir  ffraviftmus  omni  litterarum 
gtnere  ornatijfimus  Jacobas  ã  Gouvea  Doítor 
praftantijfimus,  qui  Utteras  excolmt,  jwtntu- 
temque  ad  earum  fludia  capefcenda  fie  incen- 
di/, nt  mdlnm  fit  Gymnafium  à  qm  Doãores 
Gramatici,  Poeta,  Hiftorici,  Oraíores,  ó"  Pbi' 
lojopbi  prodire  foleant.  Franc.  Annal.  S.  ], 
in  Ljéfit.  pag.  I.  num.  1.  Jorge  Card.  Agiol. 
Ljéfit,  Tom.  2.  pag.  380.  no  Commcnt. 
de  2.  de  Abril  lit.  C.  Leitão  Notic.  Chronolog. 
da  {Jniverfid.  de  Coimb.  pag.  452.  §.  966.  967. 
968.  e  969.   Compoz: 

Traãatus   Tbeologico  dogmaticus  contra   Lu- 
tberum.  M.  S. 

DIOGO  DE  GOUVEA  natural  da 
Freguefia  de  S.  Pedro  de  Arrifana  no  termo 
da  Villa  de  Santarém,  e  naõ  de  Coimbra, 
como  efcreveraõ  Pedro  de  MarÍ2  Dial.  de  Var. 
Hifi.  Dialog.  5.  cap.  3.  Jorge  Cardofo  Agiol. 
Ijufit.  Tom.  2.  p.  393.  e  D.  Nicol.  de  S.  Maria 
Chron.  dos  Coneg.  Kegrant.  Liv.  10.  cap.  5. 
Foy  filho  do  Doutor  Gonçalo  de  Gouvea 
Dezembargador  da  Cafa  da  Supplicaçaõ,  e 
de  D.  Joanna  Velho  de  Caílellobranco. 
Na  idade  juvenil  paíTou  a  Pariz,  e  no  GdI- 
legio  de  Santa  Barbara  de  que  era  Rei- 
tor feu  tio  pela  parte  paterna  Diogo  de 
i  Gouvea  de  quem  fizemos  a  precedente  me- 
k  moria  eftudou  as  letras  humanas,  e  Divi- 
^  nas,  em  que  fahio  taõ  confumado,  que  re- 
^  cebeo  a  borla  doutoral  da  Theologia  em 
a  Univerfidade  de  Pariz.  Por  fer  muito 
conhecida  a  fua  profunda  litteratura  o  no- 
meou ElRey  D.  Joaõ  o  III.  feu  Theolo- 
go  no  Concilio  de  Trento  em  29.  de  Se- 
tembro de  15  51.  para  onde  partio  com  o 
Embaxador  Diogo  da  Sylva  do  Confelho 
delRey  filho  de  Joaõ  da  Sylva  Senhor  de 
Vagos,  e  de  fua  mulher  D.  Joanna  de  Caf- 
tro  iuntamente  com  Joaõ  Paes  Doutor  em 
ambos  os  Direitos,  e  Diogo  Mendes  de 
Vafconcellos,  de  quem  brevemente  fe  fa- 
rá diílinta   memoria.   Depois   de   dar   claros 


47 


657 

argumentos  do  £eu  talento  em  taô  grave 
CongreíTo,  voltou  para  a  pátria,  onde  rece- 
beo  por  premio  das  Tuas  virtuofas  acçoens 
algumas  dignidades  Ecclefiafticas,  como  fotaò 
a  Abbidk  de  Vinho  na  Provinda  da  Beira, 
o  Beneficio  de  Saõ  joaõ  de  Deza,  em  o 
qual  o  coUou  o  Cárdia!  D.  Henrique  a  11.  de 
Julho  de  1)57.  ^  àc^  collaçaò  coníU  a  fua 
naturalidade,  como  também  a  Conezia  da 
Sé  de  Lifboa,  que  nelle  renunciou  feu  Tio 
Diogo  de  Gouvea.  Ultimamente  de  Depu- 
tado da  Meza  da  Conciencia,  foy  aííumpto 
por  morte  de  D.  Joaõ  de  Olmedo  a  Prior 
mór  de  Palmela  Cabeça  da  Militar  Ordem 
de  Saõ  Tiago,  a  qual  para  que  fe  confervade 
na  primitiva  obfervancia  a  viíitou  muitas 
vezes,  e  lhe  efcreveo  utiliíTunos  Eílatu- 
tos  com  que  fe  governou  muitos  annos. 
Cumulado  de  virtudes  heróicas  e  Chrillãas 
falleceo  no  Convento  de  Palmella  a  2.  de 
Abril  de  1576.  Jaz  fepultado  na  Capella 
mór  com  efte  Epitáfio : 

Aqui  ja:(^  D.  Diogo  de  Gouvea  Prior 
mór  que  foy  dejle  Convento,  e  Ordem  de  S. 
Tiago,  e  do  Confelho  de/Rey  D.  Sebaftiaõ 
Nojfo  Senhor,  que  primeiro  foy  Embaxador 
delKey  D,  JoaÕ  o  III.  ao  Concilio  de  Trento. 
Falleceo  nefte  Convento  a  z.  de  Abril  de   1576. 

AíTiílindo  no  Capitulo  da  Ordem  Mi- 
litar de  Saõ  Tiago,  que  celebrou  o  Sere- 
niíTimo  Rey  D.  Sebaftiaõ  a  14.  de  Novem- 
bro de  1564.  em  a  Cafa  CapituJar  do  Con- 
vento de  São  Frandfco  defta  Corte  recitou 
na  prefença  de  taõ  authorifado  CongreíTo 
a    Oraçaõ    feguinte,    que    principia: 

A  nobre,  e  muito  antigua  KeligiaÕ,  e  Ordem 
da  Cavallaria  do  Bemaventurado  Apofiolo  S, 
Tiago,  &c.  Sahio  impreíTa  nas  minhas  Me  mor. 
Hifi.  delKey  D.  Sebafi.  Part.  2.  Liv.  i.  cap.  5. 
num.  50.  p.  435. 

Deixou  compoftas  muitas  Poftillas  de 
Theologia,  e  doutas  Annotaçoens  fobre 
os  Evangelhos,  cujas  Obras  fe  confervaõ 
no  Archivo  do  Real  Convento  de  Pal- 
mella como  efcreve  Jorge  Cardofo  Agiol. 
Ljdfit.  Tom.  2.  pag.  380.  col.  2.  no  Com- 
ment.  de  2.  de  Abril.  Letr.  C. 

DIOGO  DE  GOUVEA  BARRA- 
DAS natural  de  Beja,  e  filho  de  Francifco 


658 


BIBLIOTHEC  A 


Barradas  de  Gouvea,  e  Cecília  Gaga  de  Oli- 
veira. AíTiílio  muitos  annos  na  índia  Oriental, 
fendo  Juiz  da  Alfandega  de  Goa,  e  compa- 
nheiro em  varias  jornadas  de  feu  Tio  paterno 
o  IlluílriíTimo  Bifpo  de  Cirene  D.  Fr.  António 
de  Gouvea  de  quem  já  fe  fez  larga  memoria. 
Foy  muito  verfado  na  liçaõ  da  Hiíloria  Sa- 
grada, e  Profana,  a  qual  o  eílimulou  a  efcre- 
ver: 

Antiguidades  da  Cidade  de  Beja.  M.  S. 

Cuja  Obra  allega  muitas  vezes  o  Pa- 
dre Francifco  da  Cruz  nas  fuás  Memorias 
para  a  Bib.  Portugueza,  afíirmando  fer 
muito  eílimavel  pela  variedade  de  erudi- 
<çaõ  Latina,  e  vulgar,  de  que  ellá  cheya. 
No  Liv.  I.  cap.  20.  delia  Obra  faz  mençaõ 
de  outra,  que  eftava  prompta  para  a  im- 
preflaõ  com  efte  titulo: 

Apologia  por  Beja,  ou  Pax  Júlia  illuf- 
trada.  Nella  moftrava  fer  fomente  Vax  Jú- 
lia, ou  Vax  Augufia,  e  naõ  a  Cidade  de  Ba- 
dajoz. 

DIOGO  GUERREIRO  CAMACHO 
DE  ABOIM.  Naceo  na  Quinta  dos  Guer- 
reiros folar  da  fua  família  no  Territó- 
rio do  Campo  de  Ourique,  em  a  Pro- 
víncia do  Alentejo,  no  anno  de  1663.  onde 
teve  por  Pays  a  Diogo  Guerreiro  Cama- 
cho de  Aboim,  e  Mónica  Guerreiro  Ca- 
macha,  filha  de  André  Guerreiro  Cama- 
cho, e  Maria  Filíppa  da  Sylva,  a  cuja  vi- 
gilante educação  deveo  o  progreílo,  que 
fez  aíTim  nas  virtudes,  como  nas  letras. 
Depois  de  eiludar  na  Uníverfidade  de 
Coimbra  Direito  Cefareo,  em  que  rece- 
be© o  gráo  de  Bacharel  com  applaufo 
de  Meftres,  e  dífcípulos,  exercitou  vários 
Lugares  como  foraõ.  Juiz  de  fora  de  Monte 
mòr  o  velho.  Juiz  dos  Orfaõs  de  Lis- 
boa, Juiz  do  Fifco  do  Território  de  Évora, 
Dezembargador  do  Porto,  donde  paílou 
à  Cafa  da  Supplicaçaõ  a  17.  de  Novem- 
bro de  1703.  e  ultimamente  a  Dezembar- 
gador dos  Aggravos  a  20.  de  Abril  de 
1709.  Em  taõ  diverfos  miniTterios  fempre 
confervou  inviolável  a  juíliça,  fem  que 
pudeíTe  o  foborno  por  menos  nobre,  ou  o 
refpeito  por  mais  authorifado  fazer  a  mais 
leve    impreííaõ    em    feu   incorrupto    animo. 


Continuamente  tinha  patentes  as  portas 
para  ouvir  aos  Utigantes,  achando  na  fua 
natural  benevolência  disfarçada  de  tal  forte 
a  feveridade  de  Juiz,  que  fe  apartavaõ  da 
fua  prefença  fatisfeitos  ainda  aquelles,  que 
receavaõ  alcançar  o  defpacho  defejado. 
Entre  a  laboríofa  occupaçaõ  de  Senador 
para  que  naõ  foíTe  accufado  de  paíTar  al- 
gum inftante  ociofamente,  efcreveo  Obras, 
em  que  moftrou  naõ  fomente  a  profunda 
fciencia  de  hum,  e  outro  Direito,  que 
profeíTava,  mas  a  vaíla  liçaõ  das  Letras 
Sagradas,  e  humanas,  em  que  era  infígne. 
Foy  cafado  com  D.  Maria  Luiza  de  Foyos, 
de  quem  teve  a  Manoel  Guerreiro  Ca- 
macho Foyos,  Dezembargador  da  Cafa 
da  Supplicaçaõ,  e  nas  virtudes,  e  letras 
muito  femelhante  a  feu  Pay,  o  qual  mor- 
reo  íntempeíUvamente  no  anno  de  1740. 
Falleceo  em  Lisboa  a  15.  de  Agofto  de 
1709.  quando  contava  48.  annos  de  idade, 
e  fendo  tresladado  a  11.  de  Junho  de  171 1. 
da  fepultura  em  que  jazia,  na  Parochial 
de  Saõ  Tiago  para  outra  nova,  foy  achado 
incorrupto.  Sobre  a  campa  fe  lhe  gravou 
efte  epitáfio: 

Sepultura  do  Doutor  Diogo  Guerreiro  Ca- 
macho de  Aboim,  Det(embargador  dos  Aggravos, 
e  de  fua  mulher  D.  Maria  JLui:(a  de  Fojos,  e  feus 
legitimos  defcendentes.  Falleceo  em  15.  de  Agofio 
de  1709.  Foy  tresladado  para  ejla  fepultura  a 
II.  de  Julho  de  171 1.    Compoz: 

De  munere  Judieis  Orphanorum  opus  in  quinque 
Traãatus  divifum,  quorum  primus  eji  de  Inventario. 
Conimbrícae  apud  Emmanuelem  Roderícum 
de  Almeida.  1699.  foi. 

De  munere  Judieis  Orphanorum  Traãatus 
fecundus  de  Divijionibus.  Ibi  apud  Joannem 
Antunes.   1700.  foi. 

De  munere  Judieis  Orphanorum  Traãatus 
tertius  de  Datione,  eb*  obligatione  Tutorum,  ó" 
Curatorum  in  oão  Ubros  dijlributus,  <&  in  duos 
Tomos  divifus.  Primus  Tom.  UlyíTipone  apud 
Antonium  de  Soufa  da  Sylva.  1733.  foi. 

Tomus  feeundus.  Ibi  apud  eumdem.  Typog. 
1733.  foi. 

De  Munere  Judieis  Orphanorum  Trae- 
tatus  quartus  de  Rationibus  reddendis  diflra- 
hendifque  in  oão  'Libros  diflributus.  Tom.  i. 
UlyíTipone    apud    eumdem    Typ.    1734.   foi. 


li 


LUSITANA. 


659 


Tom.  fecmdus.  Ibi  per  eumdem  Typ. 
cuílcm  anno.  foi. 

O  Index  geral  deftes  féis  Tom.  fahio 
comporto  pelo  Licenciado  Manoel  Alvares 
Solano  do  Vallc.  UlyíTip.  apud  cumtlem 
Typ.  17)6.  foi. 

Opiifculum  de  privilegiis  Familiarium  Sanãa 
ínquiftfionis  in  qm  tota  privile^iorum  matéria 
prajlringitur,  <Ò^  omnium  priviUf^iorum  jus  ff- 
nerice  examitta/ur,  pleneque  difcutiimínr  privi- 
hsia  omnia  Familiarium,  Officialiumqiie  Sanita 
Jnquijiíionis,  Senatorum,  Monetariorum ,  ScholaJ- 
licorum,  vidttartim,  ^  aliorum;  poteftas  etiam 
eorum  Confervatorum  ventilatur,  ^  plures  alia 
jitris  matéria  involvmtur.  Conimbricsc  per 
Joanncm  Anmncs.  1699.  foi.  &  UlyíTipon. 
apud  Antonium  de  Soufa  da  Sylva.  1755.  foi. 
Sahio  ncfta  imprcíTaõ  com  o  Regimento  do  Fifco. 

Traífatus  de  Kectifationibtis  omnium  Ju- 
Mcum,  Officialiumque  tam  jufiitia  commutativa 
quam  diftrihutiva  utriufque  fori  tam  facularis, 
qitàm  Ecclejiajlici,  Jtve  Kegularis  à  nemine,  ut 
par  erat,  in  lucem  editus.  Conimbricsc  apud 
Joan.  Antunes.  1699.  foi. 

Decijíones,  ^  quaftiones  Forenjes  ah  am- 
plijftmo,  integerrimoque  Vortuenfi  Senatu  de- 
cifa  partim  exarata,  partim  colle£ía.  Ulyf- 
íip.  apud  Anton.  de  Soufa  da  Sylva.  1738. 
foi. 

Efcolla  Moral  Politica  Chriftãa,  e  Ju- 
rídica, dividida  em  quatro  Palejlras  nas  quaes 
km  de  Prima  as  quatro  Virtudes  Cardiaes. 
A  i.  a  Prudência,  na  Cadeira  do  Enten- 
dimento. Na  2.  a  Jujliça,  na  Cadeira  da 
Vontade.  Na  5.  a  Fortaleza,  na  Cadeira 
do  Irafcivel.  Na  4.  a  Temperança,  na  Ca- 
deira do  Concupifcivel.  Dando  lejs  a  todas 
as  virtudes,  que  delias  procedem,  e  confutando 
todos  os  vicios  que  fe  lhe  oppoem,  e  dirigindo 
todos  os  aãos  das  quatro  Faculdades  da  alma 
capa:(es  de  virtudes,  e  vicios,  &c.  Lisboa 
por  António  de  Soufa  da  Sylva.  1733.  foi. 

DIOGO  HENRIQUES  BASURTO, 
filho  de  António  Henriques  Gomes  de 
quem  fizemos  mençaõ  em  feu  lugar,  e 
herdeiro  de  feu  efpirito  poético,  e  erudi- 
ção Sagrada,  e  profana.  AíTiftio  a  mayor 
parte  da  fua  vida  em  a  Cidade  de  Ruaõ, 
onde  na  idade  juvenil  publicou: 


El  Triumpbo  dtla  Virtuã,  y  paciência  de  Job. 
Dedicado  ala  Magejlad  Cbrijlianiffima  de  D.  Atma 
de  Auftria,  Reina  Madre  dei  Cbriftianiftmo 
Monarcba  Luiz  XIV.  Rey  de  Francia,  j  de 
Navarra.  Roan  por  Lourenço  Maurry.  1646. 4. 
G>nlbi  de  vários  géneros  de  metro.  Delle 
fe  lembra  Joan.  Soar.  de  Bnt.  Theat.  Ltifit, 
Litter.  lit.  D.  n.  17. 

Soneto  em  aplaufo  do  Sigjo  Pjtbagprico, 
compoílo  por  feu  Pay  onde  declara  fer  fea 
filho. 

DIOGO  HENRIQUES  VILHEGAS. 
Naceo  em  Lisboa,  e  foy  Cavalleiro  da  Ordem 
Militar  de  Chriílo  taõ  agigantado  no  corpo, 
como  no  engenho,  fendo  muito  erudito  na 
liçaõ  da  Hiftoria,  Filofofia  Moral,  Poetíca, 
e  fciencia  militar,  que  exercitou  com  credito 
do  feu  valor  no  poílo  de  Capitão  de  Cou- 
raças Efpanholas.  Por  muitos  annos  teve 
o  feu  domicilio  em  a  Corte  de  Madrid,  onde 
mereceo  as  eílimaçoens  das  primeiras  pef- 
foas,  ou  foííe  pela  fua  natural  urbanidade 
ou  pela  fublime  erudição  de  que  era  ornado» 
Morreo  na  pátria  a  14.  de  Outubro  de  1671, 
Jaz  fepultado  no  Convento  de  Santo  Eloy. 
Compoz : 

"Levas  dela  gente  de  ffterra.  Sirve  de  itt- 
troducion  aios  Militares,  ò  primeros  princi- 
pias de  todas  las  Matbematicas  de  que  necef- 
fita  el  exercido  militar.  Madrid  por  Carlos 
Sanches  Bravo.  1647.  4. 

Elementos  militares.  Madrid  pelo  dito 
ImpreíTor.  1647. 

Aula  militar,  y  politicas  Ideas  deducidas 
delas  acciones  de  C.  Júlio  Ce/ar  executadas 
en  las  guerras  dela  Gália,  Civiles  de  Ale- 
xandria, de  Africa,  de  EJpana.  Dedicada  a 
Filippe  IV.  Madrid,  por  Julian  de  Paredes. 
1649.  4. 

Academia  dela  fortificacion  de  Placas,  y 
nuevo  modo  de  fortificar  una  Placa  real,  di- 
ferente en  todo  delos  demos  que  efcrivieron 
efla  arte.  Madrid,  pelo  dito  ImpreíTor. 
1651.  4. 

E/  Advertido.  Madrid,  por  Domingos 
Garcia.  1653.  ^6* 

FJ  Sahio  en  fu  retiro.    Madrid,   1652.   16. 

E/  Príncipe  en  la  Idea.  Madrid,  en  la  Im- 
prenta  Real.  1656.  4. 


66o 


B  IB  LIO  THE  C  A 


El  Dejpertador  ai  Jueno  dela  Vida.  Ibi,  em 
a  dita  ImpreíTaõ.  1667.  8. 

Pyramide  Natalício,  j  baptijmal,  ala  Johe- 
rana,  augujia,  excelfa  Magejlad  dela  Serenijfima 
Reyna  D.  Maria  Francifca  Ifabel  de  Sabqya 
Princefa  de  Portugal.  Lisboa,  por  Anton. 
Craesb.  de  Mello.  1670.  4. 

L,eer  fin  l^ibro.  Direciones  acertadas  para 
el  govierno  Ethico,  Económico,  y  Politico.  Lis- 
boa, pelo  dito  ImpreíTor.  1667.  4. 

Elogio  à  memoria  de  Eui^  de  Camões.  Sahio 
na  2.  Part.  das  Rimas  deíle  Poeta,  que 
elle  emendou.  Lisboa  na  Officina  Craesbee- 
ckiana.    1665.  12. 

El  Anticromuel,  en  que  defiende  los  Juf- 
tos  títulos  dei  dominio  deíKej  delas  índias  Oc- 
cidentaks,  y  que  como  legitimo  dueno  de  ellas 
puede  impedir,  y  prohibir  el  Trato,  Nave- 
gacion,  y  Conquijia,  a  todos  los  Príncipes,  y 
Reys,  cajligando  como  piratas  aios  eftrangeros 
agreffores  manifejiando,  que  nò  hà  havido  ar- 
tículo de  Pa^es  de  Efpana,  e  Inglaterra  en 
que  Je  permita  aios  Inglet^es  poder  navegar, 
ni  comerciar  en  las  índias  contra  el  Manifejio 
publicado  en  Londres  a  26.  de  Oãubre  de 
1645.  foi.  M.  S.  Defta  Obra  faz  memo- 
ria o  novo  Addicionador  da  Bib.  Occi- 
dent.  de  Ant.  de  Leaõ  Tom.  2.  titul.  21. 
col.  776. 

P.  DIOGO  JACOME,  Coadjutor  ef- 
piritual  da  Sagrada  Companhia  de  JESUS, 
cujo  habito  recebeo  em  Coimbra  a  12.  de 
Novembro  de  1548.  Abrazado  em  o  de- 
fejo  de  agregar  almas  ao  conhecimento 
do  Verdadeiro  Deos,  deixou  a  pátria,  e 
partio  para  o  Braíil,  onde  em  o  anno  de 
1549.  fendo  Companheiro  do  iníigne  Va- 
rão o  P.  Manoel  da  Nóbrega,  padeceo 
incríveis  trabalhos  atraveíTando  terras, 
paíTando  rios,  e  difcorrendo  por  vaftif- 
íiinas  folidoens  para  doutrinar  os  gentios, 
e  transformalos  de  feras  em  racionaes. 
O  mayor  theatro  do  feu  zelo  apoftolico 
foy  a  Capitania  do  Efpirito  Santo,  quando 
huma  geral  epidemia  devorou  a  mayor 
parte  dos  feus  habitadores,  exercitando 
fem  ter  horror  à  morte  os  Oííicios  de 
Medico,  Cirurgião,  e  ConfeíTor,  com  os 
quaes     ao     mefmo     tempo     lhes    applicava 


remédios  para  o  corpo,  c  para  a  alma. 
Defte  incanfavel  exercício  contrahio  a  infir- 
midade,  que  o  privou  da  vida  a  15.  de 
Abril  de  1565.  e  foy  fepultado  na  Igreja 
de  Saõ  Tiago  dos  Padres  Jefuitas  da  Villa 
do  Efpirito  Santo.  Fazem  honorifica  me- 
moría  delle  Sachin.  Hijl.  Societ.  Part.  3. 
Liv.  I.  num.  158.  Telles  Chron.  da  Comp. 
de  JES.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  Liv.  3. 
cap.  10.  num.  6.  Vafconc.  Chron.  da  Comp. 
de  JES.  da  Prov.  do  Bra:(il  Liv.  3.  a  num. 
68.  até  71.  Franco  Imag.  do  Novic.  da  Comp. 
de  Coimb.  Tom.  2.  Liv.  2.  cap.  13.  e  no 
Ann.  Glorio/.  S.  J.  in  Lujit.  pag.  216.  Ef- 
creveo : 

Carta  e/crita  do  Brajil  em  15  51.  em  que  trata 
dos  coftumes  dos  índios,  e  trabalhos,  que  os  PP.  da 
Companhia  padecem  na  Jua  converfaõ.  M.  S. 
Conferva-fe  no  Cartório  da  Cafa  ProfeíTa  de 
Saõ  Roque  em  Lisboa.  Sahio  vertida  em 
Italiano  com  outras.  Venetia,  por  Michele 
Tramezzino.  1559.  12. 

Fr.  DIOGO  DE  JESUS.  Naceo  em  a 
Villa  da  Atalaya  diftante  três  legoas  da  notável 
Villa  de  Thomar  para  o  Poente,  em  o  anno 
de  1597.  e  foy  filho  de  Bento  Bernini  Italiano, 
e  Barbara  Thomé  Portugueza.  Na  infância  ' 
deo  íinaes  evidentes  das  virtudes,  que  havia 
pra£íicar  na  idade  varonil.  ProfeíTou  o  Inf- 
tituto  do  Doutor  Máximo  Saõ  Jeronymo  no 
Real  Convento  de  Belém  a  21.  de  Dezembro 
de  161 8.  onde  applicado  ás  letras  divinas, 
e  humanas,  as  foube  com  toda  a  perfei- 
ção. Foy  Meftre  de  Theologia  Moral,  e  de 
Ceremonias,  Vifitador  geral  da  Ordem,  que 
reformou  com  o  exemplo  da  fua  inculpável 
vida.  Em  todas  as  virtudes,  que  conftitxihem 
hum  perfeito  Religiofo  foy  infigne,  merecendo 
por  ellas  vaticinar  o  dia  da  fua  morte,  pois  ' 
acabando  de  dizer  MiíTa  no  dia  antecedente  ^ 
pedio  ao  Prelado  com  grande  inílancia  lhe  r 
conferiíTe  a  Extrema  Unçaõ,  pois  certamente 
morria  ao  dia  feguinte,  que  foy  a  29.  de 
Abril  de  1672.  no  Convento  de  Bellem 
com  75.  annos  de  idade,  e  54.  de  Religião. 
Compoz : 

Exercido  efpiritual  de  meditaçoens  Di- 
vinas para  os  dias  da  Semana.  Dedicado 
a    D.    Brites    de    Aíene^es    Condeça    do    Sabu- 


li 


L  USITANA. 


óói 


^a/.  J.isboa,  na  Oíficina  Qaesbccckiana. 
i6)6.  24. 

A  d  vir  os  Ecclejiajlicos  admonitio  Juptr 
divtrfis  rehus  in  ordine  ad  recitationem  Officii 
Vivini.  UlyíTip.  1672.  4. 

Wreve  compenso  de  Ceremonias,  tn/erros,  t 
preparação  dt  Sacerdotts  para  celebrar  fuás  Mi  ff  as. 
8.  Sem  anno  de  impreíTaõ. 

Memoriale  Keligioforum  Ordinis  S,  Hiero- 
nymi  pro  Monajieriis  Poríuji/jJlia  divifum  in 
quatmr  Vercula.  Primum  de  Caremoniis.  Secun- 
dum  de  Myjleriis  Horarum,  e^  Miffa,  Ter- 
fium  de  Keligione  S,  P.  Hieronymi.  Qmr- 
tum  de  Monafteriis  S.  Hieronymi  pro  Regno 
Portugallia.  M.  S.  Deíla  Obra  faz  mcnçaõ 
Jorge  Gurdofo,  Affol.  "Lufit.  Tom.  5.  pag.  467. 
no  Commcnt.  de  50.  de  Mayo  letr.  E,  e  no 
Tom.  2.  pag.  16.  no  Comment.  do  i.  de 
Março  letr.  H.  onde  lhe  chama  Curiofo 
invejligador  das  Antiguidades  da  Ordem, 
e  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  225. 
col.  2. 

Amplificação  da  Ordem  de  S.  Geronymo. 
M.  S. 

Tbeoloffa  Speculativa  Seleãce  QuaJHones. 
M.  S. 

Eílas  três  Obras  ultimas  fe  confervaõ 
na  Bibliotheca  do  Real  Convento  de  Bellem. 

.  Fr.  DIOGO  DE  S.  JOZE'  chama- 
do no  feculo  Diogo  Sobrinho,  filho  de 
António  Sobrinho  Portuguez,  natural  da 
Qdade  de  Bragança,  e  da  celebre  Ma- 
trona Cecilia  de  Morillas,  e  irmaõ  de  Fr. 
António  Sobrinho  Francifcano,  e  Cecilia 
da  Natividade,  Carmelita  Defcalça,  dos 
quaes  fe  fez  em  feus  lugares  merecida 
memoria.  Naceo  em  a  Cidade  de  Valha- 
dolid  em  o  anno  de  1562.  dotado  de  gen- 
til prefença,  engenho  agudo,  condição  af- 
favel,  difcriçaõ  natural,  intelligencia  da 
Hiíloria,  Pintura,  Muíica,  Poeíia,  e  das 
linguas  mais  polidas  da  Europa,  cujos  íin- 
gulares  dotes  lhe  conciliarão  a  eítimaçaõ 
univerfal,  principalmente  do  Eminentif- 
fimo  Cardial  D.  Rodrigo  de  Caftro,  Ar- 
cebifpo  de  Sevilha,  que  o  convidou  para 
feu  domeftico  fendo  feu  Companheiro  nas 
jornadas  que  fez  a  Barcelona,  conduzindo 
até  Madrid  a   Emperatriz  D.   Maria,  irmãa 


de  Filippe  Prudente,  e  a  Saragoça  00  anno 
de  1585.  oa  occaíiaõ,  que  o  Duque  de  Saboya 
vinha  derpofarfe  com  a  Infanta  D.  Catharina. 
Com  o  mefmo  Príncipe  purpurado  paíTou  a 
Roma,  onde  alcançou  rendofos  benefícios,, 
que  renunciou  em  feu  irmaõ  FranciTco  So- 
brinho, que  depois  foy  Bifpo  de  Valhadolid. 
Defenganado  do  mundo  pelas  mudas  vozes, 
de  alguns  infortimios,  que  confiantemente 
tolerou,  fe  recolheo  com  beneplácito  de 
feu  Amo,  fendo  já  Sacerdote,  à  reformada. 
Família  dos  Carmelitas  Defcalços,  em  o 
anno  de  1594.  onde  foy  claro  exemplar  de 
todas  as  virtudes  religioías  de  tal  forte,  que 
foy  hum  dos  primeiros  Fundadores  da  Tbe- 
baida  de  Batuecas.  Deíla  amável  folidaò 
em  que  unicamente  fallava  com  Deos,  fahio 
conílrangido  por  ordem  dos  Superiores,  por 
naõ  permitirem,  que  eftiveíTe  odofo  o  feu 
talento  em  beneficio  da  Religião.  Depois 
de  fer  Prior  do  Convento  de  Segóvia,  18. 
annos  Secretario  do  Provincial  de  Caílella 
Velha  Fr.  Thomaz  de  JESUS,  e  dos  Geracs 
Fr.  Jozé,  e  Fr.  AfTonfo  de  JESUS  MARIA, 
foy  Difinidor  Geral,  diftinguindo-fe  neftes 
lugares  em  multiplicados  ados  de  humil- 
de, penitente,  e  charitativo,  pelos  quaes 
mereceo  paíTar  piiflimamente  defta  vida  mor- 
tal para  a  eterna  no  Convento  de  Vdes  a  10. 
de  Junho  de  1623.    Compoz: 

Compendio  delas  fieftas  folemnes,  que  en  toda 
B/pana  fe  hit^ieron  en  la  Beatificaàon  de  nueflra 
Madre  Santa  There\a.  Madrid,  por  la  Viuda. 
de  Alonfo  Martin.  161 5.  4. 

Deixou  M.  S.  as  feguintes  Obras. 

Formulário    de    Secretários. 

Difcurfos  de  bum  perfeito  Superior. 

Hifloria  da  Keli^aõ  dos  Carmelitas  Def- 
calços, a  qual  fe  conferva  no  Conven- 
to de  Valladolid.  Delle  fazem  mençaõ 
larga  Fr.  Jozé  de  Santa  Thereza  Cbron^ 
delos  Carmel.  Defcalf.  Part.  3.  Liv.  9.  cap. 
5.  num.  4.  e  Liv.  16.  cap.  6.  e  mais  fudn- 
ta  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  p.  226. 
col.  I. 

DIOGO  DE  LEAM  PINELLO, 
filho  de  Diogo  Lopes  de  Lisboa,  e  Leaõ, 
e  irmaõ  de  António  de  Leaõ  Pinello,  de 
quem   fe   fez   larga   mençaõ   em   feu   lugar. 


6Ó2 


BIBLIO  THE  CA 


naceo  na  Cidade  de  Lima  nas  índias  Occi- 
dentaes,  em  cuja  Univerfidade  foy  Lente  de 
Prima  da  Faculdade  de  Leys.  Publicou: 
Epitome  dela  Vida,  j  muerte  de  D.  Fer- 
nando Árias  Ugarte,  eleão  Obijpo  de  Panamá. 
Sahio  impreíla  no  principio  da  Vida  deíle 
Prelado,  efcrita  por  feu  Pay  Diogo  Lopes 
de  Lisboa,  e  Leaõ.  Lima,  por  Pedro  Cabrera. 
1633.4. 

Fr.  DIOGO  DE  LEIRIA,  filho  da 
Cidade,  que  lhe  deo  o  apellido,  e  Monge 
Ciftercienfe,  profeíTou  no  Real  Convento  de 
Alcobaça.  Foy  infigne  Efcriturario,  e  famofo 
Theologo,  deixando  por  teílemunhas  da  fua 
profunda  fciencia  em  huma,  e  outra  Facul- 
dade, as  Obras  feguintes,  que  fe  confervaõ 
M.  S.  no  Archivo  do  Real  Convento  de  Alco- 
baça. 

Expojitio  in  Canticum  B.  MARIJE  Vir- 
pnis.  foi. 

Expojitio  in  Genejim.  foi. 

Proverbia  Salomonis  cum  gloffa.  foi. 

De  prceceptis  Decalogi.  foi. 

De    creatione,    <&    reparatione    hominis.    foi. 

Fr.  DIOGO  DE  LEMOS,  da  Sa- 
grada, e  lUuílre  Ordem  dos  Pregadores, 
cujo  habito  profeíTou  no  Real  Convento 
de  Bem-fica  diílante  huma  legoa  de  Lif- 
boa,  merecendo  pela  profundidade  do  ta- 
lento fer  Doutor  na  fagrada  Theologia,  e 
pela  madureza  do  juÍ2o  Prior  do  Convento 
deíla  Corte.  A'  inílancia  de  D.  Joanna  da 
Sylva,  Prioreza  do  Convento  da  Annun- 
ciada  de  Lisboa,  traduzio  de  Latim  em 
Portuguez,  com  vários  documentos  concer- 
nentes ao  eftado  Religiofo  a  feguinte  Obra, 
da  qual  tranfcrevemos  o  titulo  com  a  mefma 
Ortografia  com  que  fahio  à  luz  publica, 
cuja  defpeza  fez  a  SereniíTima  Rainha  D.  Leo- 
nor, irmãa  de  Carlos  V.  e  3.  mulher  delRey 
D.  Manoel. 

Começa/e  ha  livro  da  vida  do  glorio/o  Padre 
Sam  Domingos  Patriarcha  dos  Pregadores  em 
lingoagem  tresladada  por  Fr.  Diogo  de  L,emos 
frade  da  mefma  Ordem  a  requerimento  da 
muito  virtuofa  Madre  Dona  Johanna  da  Silva 
priorefa  do  moejleiro  da  Anunciada  de  Lisboa. 
No  fim  tem  as  palavras  feguintes : 


Prafens  opufculum  translatum  exijleníe  Pro- 
vinciale  Sacri  Ordinis  Pradicatorum  Venerabili 
Patre  Fratre  Emmanuele  EJlaço  in  Sacra 
Theologia  Profejjore,  nec  non  dignijjimo  Magif- 
tro;  ex  cujus  mandato  folerti  cura  a  doais 
PP.  Fr.  Geórgia  Vogado  priore  Ulyxbonenji, 
Fr.  Ambrojio  de  Oliveira  priore  de  Bemfiqua, 
(ò"  Fr.  Francifco  de  Eemos  Sacra  Theologia 
doãoribus  revifum,  atque  correãum.  Impreffum 
in  Ínclita  Urbe  Ulyxbone  per  Germanum  Galharde 
impenfis,  fumptibufque  ferenijfima  regina  dane  Lia- 
nore  ano  ã  partu  Virginis  falutifero  milejfimo 
quingentifimo  vicejimo  v.  die  oãavo  Julii. 

Fazem  memoria  da  Obra,  e  do  Author 
Souf.  Hijl.  de  S.  Doming.  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  2.  Liv.  2.  cap.  11.  e  Part.  3.  Liv.  3. 
cap.  4.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theat.  Eujit.  , 
Eitter.  lit.  D.  n.  19.  Manoel  de  Faria, 
e  Souf.  Europ.  Portug.  Tom.  2.  Part.  4. 
cap.  6.  Echard  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2.  \ 
pag.  61.  col.  1.  Cardof.  Agiol.  Eujit.  Tom.  5. 
pag.  789.  no  Comment.  de  22.  de  Junho  letr. 

C.  onde  fe  enganou  dizendo  fora  imprefla 
a  Vida  de  S.  Domingos  no  anno  de  1524. 
fendo  certamente  em  1525.  como  vimos 
em  hum  exemplar,  que  conferva  meu  irmaõ  , 

D.  Jozé  Barbofa  na  fua  Livraria.  Fernand. 
in  Concert.  Pradic.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  226.  Monteir.  Claujlr.  Dom. 
Tom.  3.  p.  188, 

D.  DIOGO  DE  LIMA,  natural  de 
Lisboa,  fexto  filho  de  D.  Lourenço  de  Brito  ; 
Nogueira,  e  Lima,  e  de  D.  Luiza  de 
Távora,  fetimos  Vifcondes  de  Villa- 
nova  de  Cerveira.  Inftruido  nas  artes  pró- 
prias do  feu  nacimento  paíTou  à  Univerfi- 
dade  de  Coimbra,  onde  recebendo  o  gráo 
de  Meftre  em  Artes,  foy  admitido  ao  Col- 
legio  Real  de  Saõ  Paulo,  a  22.  de  Dezem- 
bro de  1632.  e  fe  graduou  na  Faculda- 
de da  Sagrada  Theologia.  Por  morte  de 
feu  irmaõ  fuccedeo  na  Cafa  fendo  o  nono 
Vifconde  de  Villa-nova  de  Cerveira,  por 
cuja  caufa  preferio  o  exercício  das  armas, 
ao  das  letras,  e  foy  Governador  delias  em 
a  Província  de  Entre  Douro,  e  Minho. 
Pela  prudência  do  feu  juizo  foy  Confelhei- 
ro  de  Eftado,  e  Guerra,  Prefidente  da 
Junta   do   Comercio,   e   Eílribeiro   mòr   dei- 


li 


L  USITANA. 


663 


Rcy  1^.  Afíonío  VI.    Cafou  com  D.  Joanna 
(ic  Vafconcellos,  e   Menezes,   filha  herdeira 
(k-  D.  Joaõ  Luiz  de  Vaíconcellos,  e  Menezes, 
Senhor  de  Mafra,  e  de  D.  Maria  de  Noro- 
nha,  de   quem   teve   defcendencia.     Morreo 
em  Lisboa  a  24.  de  Abril  de  1686.    Jaz  na 
Parochial  Igreja  de  Saõ  Lourenço,  que  he 
do  Paciroado  da  fua  Caía.   Faz  iiluílrc  memo- 
ria do  feu  nome  meu  irmaô  D.  Jozé  Barbofa 
nas  Me  mor,  do  ColUg.  Keal  dt  S.  Paul.  pag.  1)5. 
e  no  Archialb.  \jifit.  pag.  36. 
Uma  per  antiqua  ducetis  ab  origine  nomen 
Pallade  pojlhabita  Mavortia  caftra  Jequetur. 
AJpera  viriutem  poterit  Montijia  pugna 
Dicere,  nam  fujo  validus  rigat  arva  cruore. 
Armorum  Prafeífus  erit  quà  flumine  longo 
Et  Minius,  Dttriufque  petunt  vafla  aquora  ponti. 
Dum    regit    hic  populos,    Martis    movet    arma 

ferocis, 
Oppida    multa  jacent  flamma  populata    voraci, 
At  que   aquata  Joio   qua    mania  Jlruxit   Iberus, 
Viribus  ut  cemat  non  effe  repagula  LmJís. 
Prapojitus     Regis    Jlabulo,    Jimul    atque     Tri- 
bunal 
Arbítrio    reget    ille  Juo,    quo   pinguia   prudens 
Diriget  ignoti  quondatu  commercia  mundi. 

Compoz : 

Genealogia  de  alemãs  Famílias  Portu- 
iftfíias. 

Por  cuja  applicaçaõ  o  numera  entre  os 
Authores  Genealógicos  o  P.  D,  António 
detono  de  Soufa,  no  Aparai,  á  HiJlor.  Geneal. 
da  Caja  Keal  Portug.  pag.  123.  §.  135. 

Fr.  DIOGO  DE  LISBOA,  cujo  apel- 
lido  denota  a  pátria,  que  lhe  deo  o  ber- 
ço. Efcreveo  conforme  affirma  o  novo 
Addicionador  da  Bib.  Occid.  de  António  de 
Leaõ  Tom.  2.  tit.  23.  col.  858. 

Vida  dei  Padre  Fr.  Diego  Romero. 
México.  1684.  4. 

P.  DIOGO  LOBATO,  natural  da 
Villa  das  Alcáçovas  diílante  cinco  legoas 
da  Qdade  de  Évora  em  a  Província  do  Alen- 
tejo, e  no  Collegio  Eborenfe  recebeo 
a  roupeta  da  Companhia  de  JESUS  a  26. 
de  Abril  de  1669.  Foy  verfado  nas  letras 
Sagradas,   e   humanas,    e   dos    grandes    Pre- 


gadores do  feu  tempo.  Morreo  em  Évora 
a  4  de  Novembro  de  1725.  deixando  como 
efcreve  o  P.  Francifco  da  FonTec.  Epor. 
GlorioJ.  pag.  428.  promptos  para  a  imprenaõ: 
Hermoens  Vários,  5.  Tom.  4. 

P.  DICX}0  LOBO,  natural  da  Gdade 
de  Tangere  fituada  na  Regiaò  Africana» 
filho  de  Joaõ  Lobo  de  Saõ  Payo,  e  líâbel 
Alvares  Pereira,  defcendentes  de  famílias 
muito  nobres.  Em  a  tenra  idade  de  qtiinze 
annos  em  que  já  defcobria  a  viveza  de  enge- 
nho de  que  profufamente  o  dotara  a  natureza» 
foy  admitido  em  o  Noviciado  de  Lisboa  à 
Comp>anhia  de  JESUS,  e  em  taõ  douta  palef- 
tra  fe  diftinguio  dos  feus  Companheiros  na 
breve  comprchenfaõ  das  fciencias  a/Tim  ame- 
nas, como  feveras.  Enfínou  em  o  Collegio 
de  Lisboa  Humanidades,  e  Rhetorica,  fendo 
infigne  em  a  Eccleílaílica,  pela  qual  mc- 
receo  fer  Pregador  dos  SereniíTimos  Monar- 
chas  D.  AfTonfo  VI.  e  D.  Pedro  II.  Neftc 
fagrado  exercício  conciliou  as  atençoens  de 
numerofos  auditórios,  formados  dos  mayo- 
res  engenhos,  que  floreciaõ  na  Corte, 
e  nas  Univerfidades  de  Coimbra,  e  Évora, 
ou  fofle  pela  natural  difcriçaõ,  e  elegante 
energia,  com  que  explicava  os  feus  agudos 
penfamentos,  ou  pela  profunda  intelligen- 
cia  das  Efcripturas,  vaíla  liçaõ  dos  SS.  PP. 
e  a  immenfa  copia  de  erudição  íkgrada, 
e  profana,  com  que  ornava  os  feus  difcurfos. 
Foy  iníigne  Poeta  Latino,  e  vulgar,  unindo 
nos  feus  verfos  a  cadencia  do  metro  com  a 
fubtileza  do  conceito.  Ao  tempo  que  tinha 
paflado  ao  Collegio  de  Coimbra  para  pregar 
o  Advento,  e  as  Domingas  da  Quarefma,  fe 
lhe  agravou  a  infermidade  procedida  de 
hum  eftupor,  que  padecera  em  hum  bra- 
ço, de  que  falleceo  a  20.  de  Março  de 
1691.  quando  contava  62.  annos  de  idade, 
e  47.  de  Religião.  Foy  geralmente  fenti- 
da  a  fua  morte,  principalmente  pelos  AIu- 
mnos  da  Univeríidade,  confiderando  ex- 
tinfta  a  Oratória  Eccleíiaftica  da  qual  por 
tantos  annos  foraõ  ouvintes,  e  expeâado- 
res.    Publicou 

Sermão  da  ViJitaçaÕ  de  NoJJa  Senhora,  pre- 
gado em  a  Janta  CaJa  da  Mijericordia  de  Usboa,. 
com  atençam  asjunçoens  da  dita  CaJa. 


664 


BIBLIOTHE  CA 


Sermão  na  ProfiJJaõ  da  Madre  Soror  Maria 
■da  Anunciação  Evangelijla,  em  dia  de  S.  Joaõ 
ante  portam  "Latinam,  pregado  no  Keal  Con- 
vento de  JESUS,  da  Villa  de  Setúbal  anno  1685. 
Sahiraõ  eftes  dous  Sermoens  na  Laurea  Por- 
tuguesa, e  Viridario  de  varias  flores  Evangeli- 
zas, plantado  por  alguns  infignes  Oradores  Por- 
fugue:(es.  Lisboa  por  Miguel  Deslandes. 
1687.  4.  defde  pag.  77.  até  iii. 

Sermon  delas  lagrimas  de  JESU  Chrijlo 
nueftro  Senor,  que  cajo  la  fiefia  de  la  Encarnacion 
^n  Viernes  de  Lazaro.  Madrid,  por  Juan 
Garcia  Infançon.  1692.  4.  Foy  traduzido 
^m  Caftelhano  pelo  Author. 

Sermoens  Vários.  2.  Tom.  Preparados  para 
XI  impreffàõ  (como  afíirma  o  P.  António  Franco 
Imag.  da  Virtud.  do  Novic.  de  Lisboa,  pag. 
966.)  por  caufa  da  morte  de  feu  Author  naõ 
Jahiraõ  á  lu:(.  O  mefmo  Franco  in  Annal. 
S.  J.  in  Lufit.  pag.  388.  num.  10.  fallando 
delle  diz:  Ad  Sacrum  Juggefium  plenijjimos 
Jotes  habuit. 

D.  DIOGO  LOBO  DA  SYLVEI- 
RA.  Naceo  em  Lisboa  onde  teve  por 
Pays  a  D.  Joaõ  Lobo  fexto  Baraõ  de  Al- 
vito, Commendador  da  Repreza  na  Or- 
dem de  Saõ  Tiago,  e  Sargento  mòr  de  Ba- 
talha, e  a  D.  Magdalena  de  Lancaílro 
filha  de  D.  Luiz  de  LancaTtro,  Commen- 
dador mòr  de  Aviz,  e  D.  Filippa  de  Me- 
nezes. Em  a  Univerfidade  de  Coimbra  fe 
applicou  ao  eíhido  da  Sagrada  Theologia 
em  que  fez  taes  progreíTos  a  perfpicacia 
do  feu  talento,  que  recebido  o  gráo  de 
Doutor  neíla  Faculdade  foy  Collegial  em 
-o  Collegio  de  S.  Pedro,  de  que  tomou 
poíTe  a  8.  de  Dezembro  de  1639.  Depois 
de  fer  Cónego  da  Sé  de  Lisboa,  e  Sumi- 
Iher  da  Cortina  delRey  D.  AíFonfo  VI.  foy 
eleito  por  efte  Príncipe  Prior  da  infig- 
ne  CoUegiada  de  Guimaraens,  cujo  ho- 
norifico lugar  adminiftrou  com  igual  zelo, 
que  magnificência,  dando  huma  preciofa 
Cuítodia  com  a  Relíquia  de  Saõ  Torquato 
para  ornato  do  Altar  em  que  fe  venera 
a  Senhora  da  Oliveira,  Orago  daquella 
CoUegiada.  Em  o  anno  de  1664.  lançou 
a  primeira  pedra  no  Convento  dos  Reli- 
^iofos    Capuchos    da    Provinda    de    Santo 


António  em  Guimaraens.  Sendo  nomeado 
Bifpo  de  Vifeu  naõ  logrou  eíla  dignidade, 
fallecendo  infelifmente  em  Lisboa  a  7.  de 
Setembro  de  1666.  fepultado  antes  de  morto 
debaixo  das  minas  de  huma  varanda,  que 
repentinamente  cahio.  Jaz  no  Convento 
das  Religiofas  de  Santa  Clara.  Delle  fazem 
mençaõ  Carvalho  Corog.  Portug.  Tom.  i. 
pag.  27.  o  Doutor  Manoel  Pereir.  da  Sylv. 
Leal  Cathalog.  dos  Coll.  de  S.  Pedr.  §.  88. 
o  P.  Joaõ  Col,  Académico  da  Acad.  Real 
no  Cathalog.  dos  Bifpos  de  Vifeu.  Compoz 
em  o  anno  de  1662. 

EJlatutos  da  infigne  Colleffada  de  Guima- 
raens, os  quaes  fe  confervaõ  no  feu  Ar- 
chivo,  como  efcreve  o  Doutor  Francifco 
Xavier  da  Serra  Crasbeeck,  Académico  Su- 
pranumerário da  Academia  Real,  no  Ca- 
thalog. dos  D.  Priores  da  Colleg.  de  Guimar. 
pag.  69. 

DIOGO  LOPES,  natural  da  Villa 
de  Penamacor,  fituada  entre  Caftello- 
branco,  e  Monfanto,  em  a  Província  da 
Beira.  Foy  infigne  Filofofo,  e  grande  Me- 
dico, e  como  tal  he  numerado  entre  os 
mayores  ProfeíTores  deila  Faculdade  por 
Zacuto  Lib.  i.  de  Med.  Princip.  Hijior.  Hift. 
84.  Joan.  António  Vander.  Linden  de  Scriptis 
Medicis.  D.  Franc.  Manoel  na  Carta  dos  AA. 
Portug.  efcrita  ao  Doutor  Themudo,  e  Joan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  Lufit.  Litter.  litter.  D. 
num.  22.  Aprendeo  Medicina  na  famofa 
Univerfidade  de  Salamanca,  onde  teve  por 
Meftre  ao  celebre  Doutor  Joaõ  Bravo,  e 
tanto  fe  adiantou  a  viveza  do  feu  enge- 
nho nella  Faculdade,  que  naõ  contando 
ainda  21.  annos  de  idade,  efcreveo  com 
novo  methodo  apartando-fe  das  opinioens 
commuas,  a  feguinte  Obra: 

Traãatus  de  elementis,  d^  rerum  om- 
nium  mixtione.  Conimbriae,  apud  Emma- 
nuelem  Dias  de  Araújo.  1602.  4.  Com  eíle 
Tratado 

Quaftiones  de  loco  igiis,  &  aeris  tempe- 
ratura. 

Em  o  Cathalogo  da  Livraria  de  Gui- 
lherme Heukelon,  e  Jacobo  Akersloot,  que 
fe  vendeo  na  Haya  em  o  anno  de  1730. 
eftava  o  Livro  feguinte: 


LUSITANA.  665 

Heróe  da  l^Jiíama,  compoflo  pelo  Bacharel  xandrinum,    Zenonem    Verorunfem:  fi  maturum 

Diogo   Ijopes.     Na    incerteza   de   que    feja   o  cum  Juhtilitate  judicium,    Auffijlinum,    Ambro- 

Author  dcfta  Obra  o  mcrmo  de  que  fc  fez  Jwm,    Cyrillum,    Gregorium    Nyfftnum:  fi  elo- 

a   memoria   precedente,   femprc   como   Por-  quentia  Occeanum,  Chryfoflomum;  fi  flumen  Ni- 

tugucz  o  admitimos  a  cila  Bibliotheca.  lum;   fi    majeftatem  Jententiarum,    Leonem;  fi 

atumen,     Chryjologum,     Kupertum;    fi    pie  ta- 

P.    DIOGO    LOPES,    natural    da    Vil-  iem,     Bernardum,     Guerricum,     Arnoldum; 

h  (Ir  Bcringcl,  diftante  duas  legoas  da  Q-  /    moralia     Magnum     Gregprium;    fi    alUgfh 

il.idt    tle    Beja,   em   a   Província   do   Alcn-  rica,    Anaftafium;   fi   litteram,    c^   perpehmm 

tejo.    Frequentando  na  idade  de  17.  annos,  commentarium,   Hieronymum,    Hugonem,  Carthu' 

a  primeira   claíTe   de   Humanidades  no  Col-  fianum,     Abulenfem,     Caietanum,     Lyram.     Et 

Icgio  da  Companhia  de   JESUS  de  Lisboa  inter   horum   nohilijfimas   Doâorum    vocês  ipfitu 

foy   admitido   a   efte    fagrado   Inílituto    em  Harmonia  author  identidem  auditur,  qui  acutea 

l',vora  a  4.   de  Abril  de    1608.     Depois  de  itn  premit  ut  Juperare;  fÍT  graves  ita  feqiàtur, 

laber  com  perfeição  as  letras  humanas,  co-  ut  excedere  videatur.   Breviter  clarus,  acute  foliduf, 

nieçou    a    eníinar    as    divinas,    fendo    Lente  mature  elegans. 

de    Prima    de    Theologia,    e    Efcritura    em  SermaÕ  efiando  expofio  o  Santijftmo  no  fim  de 

a    Univerfidade    de    Évora,    onde    foy    mui-  huma  Novena,  que  os  Religiofos  da  Companhia 

tos   annos   Cancellario.     O  feu   grande   zelo  do  Collegio  de  Évora  fi:(eraÕ  na  Igreja  do  dito 

o  levou  por  diverfas  partes  do  Reyno,  pré-  Collegfo,  pelo  felice  Jucceffo   das  armas  delK/y 

gando     apoftolicamente,      de     que     colheo  Nojfo  Senhor,  em  15.  de  Agofio  de  1643.    Lis- 

copiofo  fruto.  Cheyo  mais  de  merecimen-  boa,  por  Domingos  Lopes  Roza.  1644.  4. 
tos,   que   de   annos,   pois    naõ   excediaõ   de 

58.  falleceo  na  Cafa  ProfeíTa  de  Saõ  Ro-  D.  Fr.  DIOGO  LOPES  DE  AN- 
que  a  10.  de  Agoílo  de  1649,  com  41.  de  DRADE.  Naceo  na  Villa  da  Azambu- 
Rcligiaõ.  A  Bib,  Societ.  p.  171.  o  intitu-  ja  do  Arcebifpado  de  Lisboa  a  28.  de  De- 
la Vir  praftantiffimo  ingenio.  Petr.  Alv.  de  zembro  de  1569.  e  naõ  em  Lisboa,  como 
Aftorga  in  Aí/7//.  Immacul.  Concept.  Franc.  efcreve  Jorge  Cardofo  Affol.  hufit.  Tom. 
in  Annalib.  S.  J.  in  Lufif.  pag.  298.  num.  3.  pag.  325.  col.  2.  letr.  A.  Gim  heróica 
14.  na  Imag.  da  Virtud.  do  Noviciad.  de  Evor.  refoluçaõ  deixou  a  pátria  onde  fe  tinha 
pag.  859.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  Ljifit.  inftruido  com  os  rudimentos  da  latinida- 
Litter.  lit.  D.  num.  21.  Fonfec.  Evor.  Glorio/,  de,  e  cultivado  as  flores  da  Rhetorica,  c 
pag.  428.  e  Jacob  Le  Long  Bib.  Sacr.  pag.  no  Convento  dos  Eremitas  Auguítínia- 
mihi  833.  col.  2.   Compoz:  nos    da    Qdade    de    Perpinhaõ,    Capital    do 

Harmonia  Scriptura  Divina  emodulans  aãio-  Condado    de    Ruifelhon,    recebeo    o    habito 

fies    laudabiles,    vel    vituperabiles    virorum,     ac  de    taõ  authorifada  Familia  a  4.  de    Junho 

Jctminarum  antiquo,  aut  novo  relatas  Teftamento  de    1590.    quando   contava   a   florente   idade 

expofitas  ad  mores  à   XXIV.    Doãoribus  per  de    21.    annos.     A    fublimidade    do    enge- 

/onos  alphabetico  ordine  dijpofitos  indicantes  viro-  nho     lhe    fez     comprehender    taõ     profiin- 

rum,  ac  Jaminarum  nomina  cum  conceptibus,  feu  damente     as     fciencias     Efcholafticas,     que 

concentibus  propriis  authoris.    UlyíTipone  apud  com    incrível    brevidade    paflou    de    difd- 

Laurentium  de  Anveres.   1646.  foi.   &  Pari-  pulo  a  Meftre,  diâando  Theologia  em  Le- 

fiis,     apud     Sebaílianum     Cramoyíi.      1646.  rida,    com    tal    applaufo,    que    obrigou    ao 

foi.    Na   cenfura,   que   por   ordem   do   De-  UluUtiflimo    Arcebifpo    de    Braga    D.    Fr. 

zembargo   do   Paço  fez  a  efta   Obra  o  in-  Agoflinho    de    Caibo,    a    que    o    convidaíTe 

íigne    Padre    António    Vieira,    Oráculo    da  para  a  ler  neíla  Augufta  Qdade,  o  que  exe- 

Eloquencia    Ecclefiaítíca,    entre    outros    elo-  cutou     com     igiial     fruto     dos     ouvintes, 

gios    que    lhe   faz,     diz   as   feguintes   pala-  que    gloria    do    feu    magifterio.     Deixando 

vras:    Si    qmras    alta    mentis   profunditatem,  fegunda    vez    Portugal,    fez    o    feu    domid- 

habes  TertuUianum,   Philonem,   dementem  Ale-  lio   na   Corte   de   Madrid,    onde   pelo   largo 


óóó  BIBLIOTHE  CA 

efpaço    de    dezoito    annos    exercitou    o    mi-  gens    'Lujitanorum  gloria.     Herrera  in   Alphab. 

niílerio  de  Orador  Evangélico,  para  o  qual  Augujtiman.    Pradicatorum  fui    temporis  Jacile 

concorreo    a    natureza    com    tanta    liberali-  Princeps.     O    Licenciado    LuÍ2    Munòs  Vid. 

dade,    que   mereceo  alcançar  as  aclamaçoens  de  D.  Fr.  Barthol.  delos  Maríyr.  Liv.  2.  cap.  10. 

do    mayor    Pregador    do    feu    tempo,    por  pag.     225.    Admiro    la    gran    Corte    de     Ef- 

cuja   caufa   o   nomeou   da   fua   Real   Capella  pana   por    muchos    anos  fu    doãrina,    erudicion, 

a    Mageílade    de    Filippe    IV.      Competiaõ  fuhtile^a,     que    nò     admitio     igualdades,     como 

nelle    a    profundidade    do    difcurfo,    com    a  ni   fu    efiilo     inimitahle     competências.      Igualo 

elegância  da  frafe;  a  vehemencia  dos  afFedlos,  fu  virtud  a  fu  eloquência,  que  fue    tan    aventa- 

com   a   viveza   das   acçoens ;   difcriçaõ   natu-  jada,  y  grande,  que  ella  como  el  Sol  fe  acredi- 

ral,  e  naõ  affeftada;  intelligencia  das  Efcri-  tava   con  fus   lu:(es.     Competian  fus   cojlumbres 

turas    clara,    e    naõ    confufa;    allegaçaõ    dos  con  fu  fabedoria  ambos  admirables:   rayos  eran 

Santos    Padres    copiofa,    e    naõ    redundante,  fus  palabras  encendidas  en  el  fuego  de  fu  ^^elo 

Todos  eíles  dotes  lhe  conciliarão  naõ  fomente  alumbravan,  abrat^avan,  movia,  perfuadia  vivamente. 

os  aplaufos  dos  ouvintes,  que  em  numero-  Difcurria    con  felicidad   en    el   efpaciofo    campo 

fos  auditórios  eftavaõ  pendentes  da  fua  voz  dela    Sagrada    Efcritura    con    leccion    profunda 

Evangélica,  mas   de  iníignes    Efcritores,  que  delos    Santos.      La    accion    de    fu    movimiento 

na  poíleridade  immortalizaraõ   o  feu  nome,  amable,    apacible,   y    nervofa    la    pronunciacion, 

como    foraõ    Lope    da    Vega    Carpio    ^elac.  fonoro  el  metal  dela  vo\,  maravillofa  la  fuerça, 

delas    Fiejl.     de    Madrid    a    Santo    Ifidro    no  y    energia    en    las     ra:(pnes;  jâmas  fe    le    oyò 

Prolog.      Cuja    doãrina,  y    eloquência    compiten  una  palabra  dijjonante,   ò   menos  grave.    Nicol. 

en  alabança  de  fu  divino  ingenio  fértil,  abundante,  Anton.     Bih.     Hifp.     Tom.     i .     pag.     227. 

V    inexhaujlo,  y  fupo    bien  fu    lut^,    que  pu^o  col.    2.    ingeniofus,    <&    eloquens,   Ji   quis    alius 

en  fu    P aflorai  aios    Predicadores   S.    Gregório:  in    concionandi    opere;    planeque    omnium    quos 

Ut    ipji   vivendo    illuminent,   quod  fuadere  fefli-  habere    ad  populum    Sermones    illa    atas    vidit, 

nant;    non    loquendi    authoritas    perditur    quin  facile     Princeps.      Joan.      Soares     de     Brito 

vox     opere     non     adjuvatur.       Fr.     Francifco  Theatr.  Lufit.  Litter.  lit.  D.  num.  23.  dijfer- 

Henriques   no    Prolog,   do    i.    Tom.   das   Ora-  tijftmus    Ecclejiajles.    o    P.    D.    Manoel    Giet. 

çoens    Paneg.      Famofo    luufitano    eminente    en  de  Souf.   Cathal.  dos  Bifp.   Portug.  pag.   130. 

todas  letras,  fan£ío,  y  doão    Predicador.     Lou-  Príncipe   dos    Pregadores.     Ughello   Ital.    Sacr. 

renço     Gracian.       Arte     de     Ingenio.     Difc.  Tom.  9.  p.  66.  col.  2.    Sui  oevi  concionatorum 

31,     Aquel    que     entre      Predicadores     mereciò  facile   Princeps.     Atendendo   a   Mageílade   de 

la   antonamafia   de  fubtil.    e    Difcurf.    62.    El  Filippe  IV.  aos  feus  grandes  merecimentos, 

ejlilo     dei   fubtil    Diego     Lopes    de     Andrade  illuílrados    pela   profunda   fciencia,    e   religi- 

Augufiniano     es     todo     delicadeza     và    fienpre  ofa  obfervancia  de  que  era  ornado,   o  no- 

concetuando  como  fu  P.  S.  Auguflin.  e  no  Difc.  meou     Bifpo     de  Otranto,     no     Reyno     de 

52.    el  primer  ingenio   delos  figlos  el  futilijjimo  Nápoles,     cuja    acertada    nomeação     confir- 

Padre    Fr.    Diego    Lopes    de    Andrade.      Gil  mou    Urbano    VIII.    a    20.    de    Novembro 

Gonzalves    de     Ávila     Theatr.     de     Madrid  de    1623.     Naõ   houve  virtude   Paíloral  que 

pag.  246.    Predicador  infigne.    Hypolit.  Marrac.  naõ   exercitaíTe   em   beneficio   das   fuás   ove- 

Bib.   Marian.   Tom.    i.   pag.    325.     Vir  certe  lhas,    das   quaes   fe   apartou   para   receber  o 

virtutum    omnium    decore  fpeãabilis,    ac   immor-  premio   na   eternidade   a   22.    de   Agofto   de 

tali      memoria      dignijfimus,      cujus      ingenium,  1628.   quando   contava   58.   annos   7.   mezes, 

eloquentiam,     doãrinam,     df     facrarum     litte-  e  25.  dias  de  idade,  e  42.  de  Religião.    Sir- 

rarum    peritiam     opufcula     divulgata     teflantur.  va-lhe    de    honorifico    epitáfio,    o    feguinte 

Camargo    Chronolog.    Sacr.    pag.     223.      Fue  epigramma,    que    à    fua    memoria    dedicou      ; , 

entre    quantos    hà    havido    profundijfimo    en    el  Fr.    Nicephoro    Sebafto    Milefano,    Eremita      |^ 

púlpito    en  quien    concurrieron    todas    las  partes  Auguftiniano. 

ejfenciales    de    un    Predicador    Evangélico.    Petr.  Mane   Lupus    Verbi  rapuifli  hanc  Didace  pra- 

de    Alva,    y    Aílorga    Milit.    Concept.    in-  dam 


à 


LUSITANA. 


Qluí  paflurus  eras  Vtfpere  larffts  oves. 
Mc  ad  Judicium  viíiornm  ^  face  rever  Jus 

hxtremum  ante  diem,  uí  dt    tumklo    ujqw 
cies. 
Si  tu  longçtvus  Jueras  Orbi  haud  opus  efftt 

Sett  você  Angélica,  fwe  manente  tuba. 
Imprimio: 

Primera  parte  delos  Tratados  fobre  los 
livangelios  dela  Quarejma.  Madrid,  por 
la  Viuda   de   Alonío   Martines   de    Balboa. 

1615.  4.   e    Lisboa,    por   Jorge   Rodrigues. 

1616.  4. 

Segunda  Parte.  Madrid,  por  la  Viuda 
de  Aionfo  Martines.  1617.  4.  c  Lifboa,  por 
Jorge  Rodrigues.  161 8.  4.  e  Pamplona, 
por  Juan  de  Bonilla.  1620.  4. 

Primera  Parte  delos  Tratados  fobre  los 
lívangelios,  que  div^e  la  Iglefia  en  la  fejli- 
vidad    delos    Santos.      Pamplona,    por    Nico- 

IJas    AíTiain.     1620.     4.    e     Barcelona,     por 
Eftevan   Liberos.    1622.   4.    &    ibi,   por  Se- 
baílian     Cormellas.      1622.     4.     e     Madrid, 
por  Aionfo  Martines.  1622. 
Seffmda   Parte   delos   Tratados,   eS^f.     Pam- 
plona,  por   Nicolao   AíTiain.    1621.   4.     Bar- 
celona,   por    Sebaftian    Cormellas.    1622.    4. 
Sermones      dela      Concepcion      Immaculada. 
Nápoles,    por    Lazaro    Scorrigio.     1649.    4- 
Todos     eftes     Difcurfos     Concionatorios 
fahiraõ  addicionados   por   Fr.   Jeronymo   de 
Andrade,  Religiofo  Carmelita,  irmaõ  do  Au- 

I\  thor,  em  3.  Tomos  de  folha,  e  fe  impri- 
i  miraõ  em  Madrid,  por  Gregório  Rodri- 
I  ^ues.  1656.  No  primeiro  fe  comprehendem 
os  Sermoens  da  Quarefma;  no  2.  os  dos 
Santos,  e  no  3.  os  da  Conceição  PuriíTima 
da  Senhora. 

DIOGO  LOPES  CRASTO,  natural 
de  Lisboa,  e  hum  dos  celebres  Advo- 
gados de  caufas  Forenfes,  que  florece- 
raõ  no  feu  tempo.  A  vafta  noticia,  que 
tinha  de  hum,  e  outro  Direito,  e  fubti- 
leza  do  juizo  com  que  interpretava  os 
Textos  mais  dificultofos,  e  prompta  faci- 
I  lidade  com  que  allegava  os  Authores,  de 
'  que  era  feliz  depoíito  a  fua  memoria,  o  fi- 
zeraõ  fer  bufcado  das  principaes  peíToas 
da  Corte,  procurando  humas  no  feu  con- 
felho    a    mais    prudente    direcção,    e    alcan- 


Ó67 

çando  outras  com  o  feu  pfttrodnio  a  vitoria 
nas  caufas  mais  controverías.  Foy  caiado 
com  D.  Maria  Marques,  de  quem  naõ  teve 
defccndencía.  Morreo  na  pátria  a  27.  de 
Fevereiro  de  1698.  Jaz  fepultado  no  G>n- 
vcnto  de  Santo  António  dos  Capuchos. 
Compoz: 

Allegfl^aÕ  d*  Direito,  feita  a  favor  do  Prior, 
e  mais  Keligiofos  do  Convento  de  Nojfa  Senhora 
do  Monte  do  Carmo  de  Lisboa,  em  a  caufa  que 
pende  por  apellaçaò  no  Tribunal  da  Legfuia, 
e  lhe  moverão  os  IrmaÕs  da  Venerável  Ordem 
Terceira,  fobre  a  fagrada,  e  milagrofa  Ima- 
gem  de  Nojfo  Senhor  JESU  Chriflo.  Lif- 
boa, por  António  Pedrozo  Galraò.  1697. 
foi.  No  ultimo  paragrafo  defta  Ailega- 
çaõ  diz:  F<^  Sua  Mageflade  fervido  per- 
mitir me  a  glojfa  do  Livro  5.  das  Ordena- 
ções illuflrada  com  as  Decifoens  do  Senna- 
do.  Eíla  Obra  que  tinha  muito  adiantada, 
e  era  muito  douta,  naõ  lhe  poz  a  ultima 
maõ  impedido  pela  morte. 

Nova  Keforma  Judicial,  para  que  as 
caufas  fe  acabem  em  breve,  fem  que  o  Kto 
deixe  de  allegar,  e  deferir-fe-lhe  a  tudo  o 
que  tiver  em  fua  defev^a.   M.    S.   foi. 

AllegaçaÕ  de  Direito  fobre  a  Cafa  de  Bo- 
badella,  a  favor  de  Bernardim  Freire.  Eftava 
prompta  para  a  impreíTaõ. 

DIOGO  LOPES  DA  FRANCA,  natural 
de  Santarém,  filho  de  António  Dias,  e  de 
Lucrécia  Nimes,  e  irmaõ  de  Fr.  Bafilio  de 
Saõ  Francifco,  Carmelita  Defcalço,  de  quem 
fe  fez  mençaõ  em  feu  lugar.  AíTiftio  muitos 
annos  em  Roma,  onde  poíluio  alguns  bene- 
fícios rendofos.  Pra£ticou  todas  as  virtudes 
em  gráo  eminente,  merecendo  pela  fua 
inculpável  vida  univerfal  veneração.  Morreo 
em  Roma  a  25.  de  Março  de  1649.  e  foy 
fepultado  na  Igreja  de  Santo  António  dos  Por- 
tuguezes,  e  fobre  a  campa  fe  lhe  gravou 
eíle  epitáfio. 

D.  O.  M. 

Hic  jacet  Didacus  Lopes  da  Franca,  Prces- 
biter  UlyJJiponenfis  Diacefis  Lufitanus  fibi, 
<&  fuis  pofuit.    Obiit  die  25.  Martii  1649. 

Publicou  na  lingua  Italiana : 

Guida  de  perfettione,  e  Jpechio  delV ara- 
ma.    Roma,    por    Andrea    Feo.     1628.    16. 


668 


BIBLIOTHE  CA 


Dedicada  à  Excellentiífima  Senhora  D.  Conf- 
tancia  Magalloti  Barberina.  Nefte  Tratado 
moftra  hum  caminho  fácil  para  ter  Oraçaõ 
mental,    e    exercitar    as    virtudes    Chriftãas. 

DIOGO  LOPES  DE  LEAM,  natural  da 
Villa  de  Alter  do  Chaõ,  íituada  entre  Villa- 
-viçofa,    e    Portalegre,    em   a   Provinda    do 
Alentejo.     Foy  dos  iníignes   Poetas   do  feu 
tempo,  e  como  a  tal  o  louva  Jacinto  Cordeir. 
E/og.  dos  Poet.  Portug.  Outav.  65. 
Y  a  Diego  "Lopes  Leon  honrar  podria 
El  mijmo  Apolo,  que  el  laurel  reparte 
Quando  con  tanto  ingenio  admira  el  arte. 
Publicou : 

Fabula  de  Alfeo,  e  Arethufa.  Dedicada  a 
D.  Cláudio  Pimentel,  filho  dos  Condes  de 
Benavente,  Reitor  da  Univerfidade  de  Sala- 
manca, onde  fahio  imprefla. 

Decimas  à  morte  de  D.  Maria  de  At- 
tayde.  Saõ  10.  e  fahiraõ  impreflas  nas  Me- 
mor.  Funeb.  defta  Senhora.  Lisboa,  na  Offi- 
cina  Craesbeckiana.  1650.  4. 

DIOGO  LOPES  DE  LISBOA,  E 
LEAM,  natural  de  Lisboa,  donde  paíTou 
às  índias  Occidentaes,  e  na  Cidade  de  Lima 
fez  o  feu  domicilio  na  qual  cafou,  e 
teve  por  filhos  a  António  de  Leaõ  Pinei- 
lo,  Relator  do  Confelho  de  índias,  de 
quem  fizemos  já  larga  memoria.  Joaõ  Ro- 
drigues de  Leaõ,  Cónego  da  Cathedral 
de  Lima,  e  a  Diogo  de  Leaõ  Pinello,  Lente 
de  Prima  da  Faculdade  de  Leys  em  a 
Univerfidade  de  Lima,  do  qual  fe  fez 
próxima  mençaõ.  Como  foíTe  muito  ver- 
fado  na  Sagrada  Theologia,  e  praâicaíTe 
as  virtudes  próprias  do  Eftado  Ecclefiafd- 
co,  ao  qual  paíTou  depois  de  fe  ver  livre 
do  vinculo  do  matrimonio,  o  eftimou 
muito  o  Illuftriífimo  Arcebifpo  de  Lima 
D.  Fernando  Árias  Ugarte,  de  quem  naõ 
fomente  foy  feu  ConfeíTor,  e  Efmoler,  mas 
em  agradecimento  à  memoria  deíle  Prelado, 
efcreveo : 

Vida  dei  llufirijfimo  Doãor  D.  Fernando 
Árias  Ugarte,  Auditor  General,  que  fue  dela 
guerra  de  Aragon,  Oydor  delas  Chancillarias 
de  Panamá,  Plata,  Eima:  Corregidor  do  Potoji, 


Governador  de  Guancavelia,  Vifitador  dei  Tri- 
bunal dela  Santa  Cruzada,  eleão  Obifpo  de 
Panamá,  Obifpo  de  Quito,  Arçobijpo  dela  Plata, 
Arçobifpo  que  muriò  dela  injigne  Metropoli  delos 
Keys.  Lima,  por  Pedro  de  Cabrera.  1633. 
Fazem  memoria  da  Obra,  e  do  Author,  Ni- 
col.  Ant.  Bib.  Hijp.  Tom.  i.  pag.  228.  col.  i. 
e  o  moderno  Addicionador  da  Bib.  Occid. 
de  António  de  Leaõ.  Tom.  2.  tit.  23.  coL  853. 

DIOGO  LOPES  REBELLO,  Capellaõ, 
e  Meftre  do  Sereniflimo  Rey  D.  Manoel, 
a  quem  na  puerícia  inílruio  com  os  primeiros 
rudimentos,  e  depois  em  a  idade  mais  adulta 
com  os  preceitos  grammaticaes.  Por  ordem 
deite  Príncipe  foy  eíhidar  as  fciencias  Efcho- 
laiiicas  em  a  famofa  Univerfidade  de  Pariz, 
onde  depois  de  afliftir  nella  pelo  efpaço 
de  dez  annos,  recebeo  o  gráo  de  Meílre  em 
Artes,  e  de  Bacharel  na  Sagrada  Theologia, 
fendo  naõ  fomente  infigne  Letrado  neílas 
Faculdades,  mas  em  a  intelligencia  da  Sa- 
grada Efcritura,  e  nas  máximas  da  Poli- 
tica, regulada  pelos  diâames  do  Evange- 
lho, de  que  faõ  teftemunhas  as  Obras  fe- 
guintes : 

Traãatus,  qui  dicitur  Fruãus  Sacra- 
menti  Panitentice.  No  fim  tem  eftas  pala- 
vras: Explicit  Tr aratus  intitulatus  Fru- 
ãus  Sacramenti  Panitentice  editus,  (&  com- 
pilatus  per  doãijfimum  Virum  Magijirum- 
Jacobum  Lupi  Rebello  in  artibus  Magif- 
trum,  <&  Sacra  Theologia  Bachalarium  bene- 
meritum  in  quo  continentur  propojitiones  peru- 
tiles  ad  mentem  Scoti,  (&  aliorum  Sacrorum 
Doãorum  de  ifta  matéria  loquentium.  Parifiis, 
apud  Georgium  Mittel.  1495.  8.  &  ibi^ 
per  MagiJftrum  Guidonem  Mercatorem  in 
Campo  Gaillardo  anno  Domini  1498.  die  18. 
Decembris. 

De  Affertionibus  Catholicis  Apofioli  Pauli. 
Parifiis.  1497.  8.  Dedicado  a  D.  Fernando 
de  Almeida,  Bifpo  de  Ceuta.  Começa  a 
Dedicatória:  Quamquam  omnes  artes,  dignijftme 
Prajul.  Coníla  efta  Obra  de  feíTenta  Con- 
clufoens,  extrahidas  de  Saõ  Paulo.  He  a 
primeira:  "Nemo  poteft  Jibi  arrogare  dignitatem 
Ecclejiajlicam,  niji  Jit  le^time  ad  illam  eleãus,  & 
vocatus. 

Liber  de  Republica  magna  doãrina,  (Ò'  eru- 


LUSITANA. 


ÓÓ9 


flitíone  refertus  neeejfaríus  ctHlibet  bomini  vohnti 
vírtute  uti,  in  qua  graves  feníeníia,  nec  non 
praclarijfima  di£la  à  vifctrihm  moralis  Pbilofo- 
(leprompta  pUniJfime  digtfla  Junt.  4.  grande. 
si  >  tem  anno  da  impreíTaÕ,  nem  lugar, 
l-oy  dedicado  a  ElRcy  D.  Manoel,  em  cuja 
Obra,  aíTim  como  inílruio  a  eftc  Príncipe 
lu  adolcfccncia  com  os  preceitos  da  Gram- 
inatica,  intenta  doutrinallo  depois  de  ter 
cingido  a  Coroa,  com  os  preceitos  poli- 
ticos.  Começa  a  Dedicatória:  Cogjítanti  mihi 
jnviíiijfinje  Prínceps,  &c. 

DIOGO  LOPES  DE  SAM  TIAGO, 
natural  do  Porto,  e  Mcftre  de  Gramática 
cm  Pernambuco,  onde  efcreveo  com  cftilo 
linccro: 

Hijloria  da  Guerra  de  Pernambuco,  e 
(eitos  memoráveis  do  Mejire  de  Campo  Joaô  Fer- 

ts  Vieira,  Heráe  digno  de  eterna  memoria, 
imeiro  aclamador  da  guerra.  Contém  cinco 
ivros,  em  que  comprehende  a  guerra  dos 
?ortugue2es,    com    os    Holandezes    naquclle 

ido,  dcfde  o  anno  1630.  até  a  celebre 
^itoria  dos  Montes  Gararapes,  alcançada 
A  17.  de  Fevereiro  de  1649.  pofto  que  fe 
dilate  em  contar  brevemente  alguns  fucceflbs 
-da  mefma  guerra  até  o  anno  de  1655.  Come- 
ça o  i.  cap.  do  Liv.  I.  Como  quer  que  a  me- 
moria dos  homens  he  frágil,  e  de  pouca  dura, 
&c.  Acaba  o  9.  e  ultimo  capitulo  do  5. 
Livro:  Por  haver  chegado  a  ejle  defejado  ter- 
mino com  a  Chronica. 

DIOGO  LOPES  DE  SOUSA,  fegundo 
Conde  de  Miranda,  Senhor  de  Podentes,  Fol- 
gozinho.  Oliveira  de  Bairro,  Julgado  de 
Vouga,  Avellans,  Caminha,  e  Germello,  Al- 
caide mòr  de  Arronches,  Commendador  de 
Santa  MARIA  de  Villa-nova  de  Alvito,  na 
Ordem  de  Chrifto,  naceo  em  Lisboa  a  17.  de 
Julho  de  1582.  Foy  filho  de  Henrique  de 
Soufa,  primeiro  Conde  de  Miranda,  Confe- 
Iheiro  de  Eílado,  Governador  da  Relação  do 
Porto,  Commendador  de  Alvalade  na  Ordem 
de  Chriílo,  e  de  D.  Mecia  de  Vilhena,  filha 
herdeira  de  Fernaõ  da  Sylva  Commen- 
dador de  Alpalhaõ,  e  Capitão  da  Torre 
de  Belém.  Educou-fe  na  Qdade  do  Porto 
com  aquella   difciplina   neceflaria   ao   carac- 


ter da  fua  peflba,  donde  paliou  a  Madtid 
em  companhia  de  feu  Pay  a  tempo,  que  oefta 
Corte  aíTiíUa  Filippe  IIL   e  como  defejaíTe 
imitar  o  erpiríto  militar  de  íeus  Avós,  ele- 
geo  para  Theatro  das  Tuas  operaçocns  mar- 
daes  em  o  anno  de  1606.  a  Flandes,  em  cujas 
Campanhas  debaixo  da  conduâa  do  iníigoe 
Heròe  o  Marquez  Ambrofio  Spinola,  Meftre 
de  Campo  General  daquelles  Eíbuios,  obrou 
juntamente  com  feu  irmaõ  Manoel  de  Souía, 
acçoens  memoráveis,  nas  celebres  expugoa- 
çoens  das  Praças  de  Grol,  hunu  das  mais 
fortes   da   Provinda   de   Gueldres,   e  a  de 
Rhimberg,  fituada  á  parte  efquerda  do  Rhim. 
Reílituido  a  Madrid,  e  à  companhia  de  feu 
Pay,  voltou  com  elle  para  a  Pátria,  e  dei- 
xando aquelle  todos  os  minillerios  politioos 
que  exercitava,  foy  nomeado  por  ElRey  em 
o  anno  de  1613.  Governador  do  Porto,  em 
cujo  authorifado  lugar  naõ  fomente  emen- 
dou  muitos  abufos  fatalmente  introduzidos 
na  aufencia  de  feu  Pay,  mas  edificou  a  Caía 
da   Relação   do   Porto,   merecendo   por  taõ 
infigne  Obra  a  gratificação  Real,  expreílada 
em  huma  carta  de   26.  de  Junho  de   161 3. 
Affiílio   nas   Cortes,   celebradas   no   anno  de 
16 19.  em  que  foy  jurado  SucceíTor  deíla  Coroa 
FiHppe  IV.  e  nellas  fe  lhe  deo  o  titulo  de 
Conde  ainda  vivendo  feu  Pay.    Acabada  efla 
mageílofa  funçaõ  voltou  ao  Porto,  continuar 
no  exercido  do  governo  deíla  Qdade,  agora 
novamente  augmentado  com  o  das  Armas, 
em  que  moílrou  tinha  igual  talento  para  os 
miniílerios  políticos,  que  militares.    A  mayor 
a6tívidade,    que    manifeftou    o    feu    grande 
efpirito  em  obfequio  da  Pátria,  foy  apreílar 
no  breve  efpaço   de  fds   mezes   onze    náos 
petrechadas    de    tudo    quanto    era    predfo 
para    a    recuperação    da    Bahia    conquiílada 
pelos   Olandezes   a   30.   de   Mayo   de    1624. 
donde    foraõ    gloriofamente    expulfos    pelas 
noíTas  vitoriofas  armas  a  30.  de  Abril  de  1625. 
Informado    Filippe    IV.    com  repetidas  ex- 
periências   do    zelo,    prudência,    e    authori- 
dade  da  fua  peíToa  o  nomeou  em  o  anno 
de    1632.    com   única,   e   nova   eleição   Pre- 
fidente    do    Confelho    da    Fazenda,    empleo 
( como    elegantemente    efcreveo    o    difcreto 
Panegyriíla   da   grande   Cafa   de   Soufa   Ma- 
noel  de   Soufa   Moreira,   no    Tbeatr.    Gema- 


Ó70 

log.  pag.  820. )  tan  Jtn  exemplo,  que  ni  antes, 
ni  dejpues  le  ocupo  ja  mas  ninguno  de  tantos,  y  tan 
grandes  Cavalleros,  que  de/de  fu  erecion  le  exer- 
cieron  en  Portugal  Jino  con  el  nomhre  de  Veadores 
dela  Haf(ienda.  Para  defempenhar  as  obri- 
gaçoens  de  lugar  taõ  grande,  que  fempre 
jfora  adminiílrado  por  três  Fidalgos  da  pri- 
meira Jerarchia,  deixou  por  fubílituto  do 
Governo  do  Porto,  a  feu  irmaõ  Manoel  de 
Soufa,  e  paíTando  a  Lisboa  moiirou  que 
naõ  fomente  igualava,  mas  excedia  o  difvelo 
do  Triumvirato,  que  lhe  precedera  na  prompta 
expedição  de  tantas  armadas,  aíTim  para 
defenfa  dos  noíTos  portos,  como  para  ruina 
total  dos  inimigos  defta  Coroa.  Receofo 
Filippe  IV.  de  que  Portugal  oprimido  com 
innumeraveis  extorfoens  executadas  pelos  Mi- 
nijftros  Caílelhanos  facudiíTe  jugo  taõ  pezado, 
de  que  eraõ  fataes  anúncios  os  tumultos  de 
Évora  valendo-fe  do  aparente  pretexto  das 
fublevaçoens  de  Catalunha  convocou  a  Ma- 
drid as  principaes  peflbas  de  huma,  e  ou- 
tra Jerarchia,  que  tinha  eíle  Reyno,  entre  as 
quaes  foy  chamado  Diogo  Lopes  de  Soufa, 
por  huma  carta  efcrita  por  ElRey  a  19.  de 
Abril  de  1638.  o  qual  tanto  que  chegou 
aquella  Corte  lhe  deraõ  por  conferente  ao 
Conde  de  Caftrilho  Preíidente  de  índias,  e 
do  Confelho  de  Eftado,  fervindo-lhe  a  pró- 
pria cafa  de  tribunal  onde  juftificou  a  fua  inno- 
cencia.  Ao  tempo  que  retumbavaõ  em  Ma- 
drid os  gloriofos  ecos  da  feliz  acclamaçaõ  do 
Rellaurador  da  Coroa  Portugueza,  fuccedida 
no  I.  de  Dezembro  de  1640.  cheyo  de  hum  ex- 
traordinário jubilo  por  ver  a  fua  pátria  liber- 
tada do  dominio  Caiielhano,  partio  a  receber 
na  celeftial  o  premio  das  fuás  heróicas  acçoens 
a  27.  de  Dezembro  de  1640.  quando 
contava  59.  annos  de  idade.  Foy  depo- 
íitado  o  feu  cadáver  no  Convento  de 
Santo  Ildefonfo  de  Trinas  Defcalças,  Pa- 
droado da  Cafa  de  Miranda,  inTtituido  por 
fua  Prima  com  irmãa  D.  Maria  de  Vilhe- 
na Marqueza  de  Laguna.  Defte  religiofo 
depoíito  foy  transferido  em  Junho  de  1646. 
ao  Convento  de  Santa  Catharina  de  Reli- 
giofos  Arrabidos,  até  que  por  deligencia 
de  feu  dignilfimo  filho  o  EminentiíTimo 
Cardial  D.  Luiz  de  Soufa,  Capellaõ  mór, 
e  Arcebifpo  de  Lisboa,  foy  trasladado  a  24. 


BIB  LIO  THE  CA 


de  Mayo  de  1691.  para  a  Capella  de  Saõ 
Miguel  do  Real  Mofteiro  da  Batalha,  onde 
defcanfaõ  as  fuás  cinzas  em  hum  foberbo 
Maufoleo,  compofto  de  preciofos  mármores 
com  eíle  elegante  epitáfio: 

X.    R.    P.    M. 
H.     S.    E. 

Didacus  "Lopes  de  Soufa  Mirandenjis  Comes, 
Regi  ã  Sanãiorihus  confilns,  univerfo  Fifco  per 
Triumviros  olim,  <&  nunc  adminifirato  unicus 
Prafeãus:  Ur  bis  Portucalenfis  ar  ma  tus,  toga- 
tujque  Moderator:  Atavis  editus  Kegibus:magnis 
{Ji  fas  eji  difere)  Maior i bus  major:  fibique 
Joli  par.  In  fuperos  religione,  in  Regem  fide, 
in  Patriam  charitate,  in  omnes  profufa,  vel  comi- 
tate  vel  beneficentia;  vivente  m  nulla  non  vir  tus 
fecuta;  nulla  pro  meritis  honores,  nec  laudes  ulke 
confequentur.  Emortui  cineres  inter  Régios  mérito 
quiefcentes,  (Ò"  gloriam  adhuc  Jpirantes  immor- 
talem  expeãant,  opera  filii  Archiprajulis 
Ulyjftponenjis  Regiique  Sacrifici  Maximi 
Parentis  Optimi  memoris  huc  traduãi  e  Man- 
ttia  Carpentanorum  ubi  decejftt  ann.  LIX. 
falutis  M.  DC.  XL. 

Foy  cafado  com  D.  Leonor  de  Mendoça, 
filha  de  Joaõ  Rodrigues  de  Sá,  e  Menezes, 
primeiro  Conde  de  Penaguião,  Camareiro 
mòr.  Alcaide  mòr  da  Cidade  do  Porto,  e  de 
D.  Ifabel  de  Mendoça,  filha  de  D.  Joaõ  de 
Almeida,  Senhor  do  Sardoal,  e  Alcaide  mòr 
de  Abrantes,  de  quem  teve  a  Henrique  de 
Soufa  Tavares,  terceiro  Conde  de  Miranda, 
e  primeiro  Marquez  de  Arronches;  a  Luiz  de 
Soufa,  de  que  acima  fe  fez  mençaõ,  e  fe  fará 
mayor  em  feu  lugar.  D.  Ifabel  de  Men- 
doça, que  viveo  menos  de  hum  anno,  e 
a  D.  Maria  de  Mendoça,  que  cafou  com 
D.  Manoel  da  Camará,  primeiro  Conde 
da  Ribeira  Grande,  de  quem  teve  nume- 
rofa  defcendencia.  Foy  muito  difcreto,  e 
elegante  na  fraze;  muito  erudito  na  Hiílo- 
ria,  aíTim  Sagrada,  como  profana;  muito 
verfado  no  eíhido  da  Genealogia,  de  cujas 
partes  deixou  por  argumentos: 

Reporá  ao  IlluJlriJJimo,  e  Reverendif- 
Jimo  Senhor  D.  Rodrigo  de  Acunha  Bifpo 
do  Porto,  do  Confelho  de  Sua  Magefade. 
Porto,  por  Joaõ  Rodrigues.  1623.  foi. 
Eílá  no  principio  do  Cathalogo  dos  Bif- 
pos    do    Porto,    que    eíle    Prelado    compoz. 


L  USITANA. 


671 


c  lhe  dedicou.  DeíU  Obra  faz  elegante 
memoria  Manoel  de  Soufa  Moreira  Tòtatr, 
(.eneal.  dci  Oif.  de  SouJ,  pag.  8*3. 

Vamilias  do  lieyno  de  Portugal,  foi.  M.  S. 

Cartas  fobre  pontos  CUmalogicos,  as  quaes 
allírma  o  P.  D.  António  Cact.  de  Souf.  no 
\pt^iirat.  ã  Uift.  Gemai,  da  Cafa  Rea/  Por/ug. 
|).ii',.  83.  §.  69.  ter  viílo,  c  que  no  Author 
•concorrerão  talento,  prudência,  e  outras  vir- 
(udcs,  cm  c]uc  fobre  u  fcu  illuílre  nacimento 
adquirio  reputação.  DcUe  fc  lembraÕ  com 
honorifica  memoria  D.  Franc.  Manoel  Cart. 
dos  A  A.  Portug.  e  Joaõ  Soar.  de  Brit.  Theatr, 
Ijufit.  Uttarat.  lit.  D.  n.  24. 

DIOGO  LOPES  DE  ULHOA,  E 
ROBOREDO,  natural  de  Lisboa,  onde  aprcn- 
ilco  as  letras  humanas,  c  lingoa  Latina  no 
(^ollcgio  dos  Padres  Jcfuitas.  Depois  de  rece- 
ber as  infignias  doutoracs  na  Faculdade  de  Di- 
reito Ccfareo  cm  a  Univerfidade  de  Coimbra, 
bufcando  mayor  theatro  para  o  feu  engenho, 
i|ue  era  igualmente  fubtil,  e  profundo,  paíTou 
i  Univerfidade  de  PÍ2a,  na  qual  naõ  fomente 
toy  Lente  de  Vefpera  de  Leys,  mas  Caval- 
ieiro  da  Ordem  de  Santo  Eftevaõ.  Im- 
primio: 

Florentina  Hypoteca.  Juridicum  Confultum 
in  favorem  Keverendijfimi  D.  Anjani  Marcheti 
infiéis  Collegiata  S.  Andraa  Emporii  Archi- 
prctsbiteri,  <&  Keverendarum  Monialium  D.  Hie- 
rotiymi  Florentia,  (Ò'  S.  Crucis  Emporii  adverfus 
llltiftrijftmum  D.  Kodulphum  de  O/ardis  è  Co- 
mitibtis  Vemii.  Lucae,  per  Hyacinthum  Pa- 
cium.  1680.  foi. 

Dijfertationes  in  Materiam  de  'Legatis  cum 
Keleãione  ad  Tx.  in  L.  pojl  morte m  12. 
Cod.  de  Fidei  comijfis.  Florentiíe,  1682.  foi. 
Promete  no  Prologo  defta  Obra  publicar 
a  Matéria  de  Verborum  obligationibus.  Tem 
no  principio  a  Oraçaõ  latina,  que  recitou 
na  occafiaõ  que  tomou  poíTe  da  Cadeira  de 
Vefpera  na  Univerfidade  de  Pifa. 

DIOGO  LUIZ  DE  LIMA,  celebre 
Advogado  de  caufas  Forenfes  na  Corte 
<le  Madrid,  e  dos  grandes  Jurifconfultos 
do  feu  tempo,  como  moflrou  na  Obra  fe- 
ííuinte: 


AJditiones,  feu  lllufirationes  áurea  ad  doãif- 
fimi  Ludotfid  de  Molina  dê  Hijpaniarum  Prinnh 
gentis  celebrem  Traãatum,  Lugduni,  fumptibos 
Jacobi  Proíl.  1634.  foi. 

DIOGO  MANOEL  AIRES  DE  AZE- 
VEDO. Veja-fe  o  P.  MANOEL  TAVA- 
RES   da   Congregação   do   Oratório. 

DIOGO  MANOEL  DE  ORTA.  Apieo- 
deo  na  Cidade  de  Lisboa  fua  pátria  as  fcien- 
cias  amenas,  e  na  de  Coimbra  as  feveras, 
como  foraõ  Filofoíia,  e  Direito  Gvil,  em  que 
fahio  muito  douto,  merecendo  alcançar  grande 
nome  pelo  patrocínio  das  caufas  mais  gra- 
ves, que  fe  altcrcavaõ  em  o  Foro  Eccleúaf- 
tico,  e  fecular.  Para  deixar  hum  claro  tefte- 
munho  da  fua  fciencia  Jurídica,  publicou 
no  anno  de  1639. 

Allegofaõ  de  Direito  por  D.  Carlos 
de  Noronha,  e  D.  Anna  de  Meneses  fua 
mulher,  fobre  a  fuccejfaõ  da  Cafa,  e  Rflaão 
de  Villa-real,  e  morgados,  que  vagarão  por 
falecimento  do  Duque  de  Caminha  Marquev^ 
de  Villa-real  D.  Miguel  de  Meneares,  Pay 
da  dita  D.  Anna  de  Menev^s.  foL  Naõ 
tem  anno  nem  lugar  da  impreílaõ.  Coníla 
de  467.   §. 

Fr.  DIOGO  DE  SANTA  MARIA, 
Religiofo  profeíTo  da  Ordem  dos  Eremi- 
tas de  Santo  Agoílinho,  da  Congregação 
da  índia  Oriental,  onde  exercitou  em  be- 
neficio de  muitos  enfermos  a  arte  de  Me- 
dicina, em  que  era  perito,  deixando  efcritos: 

Tratados  vários  de  Medicina.  M.  S. 

DIOGO  MARQUES  SALGUEIRO, 
Freyre  da  Ordem  Militar  de  Saõ  Tia- 
go, Prior  da  Igreja  Matriz  da  Villa  de 
Mertola,  e  Capellaõ  no  Real  Convento 
das  Commendadeiras  de  Santos  delia 
Corte,  de  quem  fazem  memoria  NicoL 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  2.  pag.  520.  Ma- 
ragoni  Thefaur.  Paroch.  pag.  226.  e  o 
novo  Addicionador  da  Bib.  Orienf.  de  An- 
tónio de  Leaõ  Tom.  i.  tit.  8.  col.  158.  Com- 
poz: 

KelaçaÕ     das     Feflas,     que    a     Sagrada 


Ó72 

Keligiaõ  da  Companhia  de  JESUS  fez,  em 
a  Cidade  de  Ushoa  na  'beatificação  de  SaÕ 
Francifco  Xavier  Padroeiro  da  Companhia,  e 
primeiro  Apojlolo  dos  Rejnos  do  JapaÕ,  em 
Dezembro  de  1620.  Lisboa,  por  Joaõ  Rodri- 
gues. 1621.  8. 

DIOGO  MARTINS  DA  VEIGA,  natu- 
ral de  Braga,  e  muito  douto  aífim  nas  obfer- 
vaçoens  da  Aftrologia,  como  na  liçaõ  da 
Hiíloria    Sagrada,    e    profana,    publicando: 

]uizp  Afirologico  Prognojiico,  e  Lunario 
para  o  anno  de  1604.  tirado  ao  Meridiano 
de  Lisboa.    Lisboa,  por  Pedro  Craesbeeck.  8. 

JLunario  para  o  anno  de  1605.  com  hum 
fummario  breve  no  cabo  dos  'K.ejs  mais  po- 
derofos,  que  hoje  ha  no  mundo,  Lisboa,  pelo 
dito  ImpreíTor.  8. 

Jui^p  Afirologico,  <&c.  para  o  anno  de  1606. 
calculado  ao  Meridiano  da  Cidade  de  Braga,  com 
huma  relação  breve  no  cabo  das  grandezas  de  Lis- 
boa, e  dos  Bifpos,  e  Senhores  de  Titulo  defte 
Rejno  de  Portugal,  e  Juas  Conquijlas.  Lisboa, 
pelo  dito  ImpreíTor.     1606.  8. 

Prognofiico,  e  Lunario  do  anno  de  1607. 
calculado  ao  Meridiano  da  muy  antigua,  e  augufta 
Cidade  de  Braga,  e  no  cabo  huma  lijia  dos  Offi- 
ciaes  da  Caja  Real  de  Portugal,  e  quem  os  tem,  e 
outras  curiofidades.  Lisboa,  pelo  dito  Impref- 
for.     1607.  8. 

Prognofiico,  e  Lunario  do  anno  de  1608. 
calculado  ao  Meridiano  da  Cidade  de  Lis- 
boa, com  hum  fummario  das  grandezas,  e 
coufas  notáveis  da  Comarca  de  Lntre  Douro, 
e  Minho,  com  outras  curiofidades  tocantes 
a  efte  Rejno.  Lisboa,  pelo  dito  ImpreíTor. 
1608.  8. 


P.  DIOGO  DE  MATOS.  Naceo 
na  Quinta  chamada  Saõ  Joaõ  da  Ribeira 
fregueíia  de  Barcouços,  em  o  termo  da 
Qdade  de  Coimbra,  e  em  o  Noviciado  da 
Companhia  de  JESUS  deíla  Cidade,  quan- 
do contava  16.  annos  de  idade  recebeo 
a  Roupeta  a  16.  de  Fevereiro  de  1602. 
Inflamado  com  o  zelo  da  propagação  do 
Evangelho  fe  embarcou  com  faculdade 
dos  Superiores  para  a  índia,  em  o  anno 
de   1607.   onde  depois  de  eíludar  as  fcien- 


BIBLIOTHE  CA 


cias  neceíTarias  para  a  inftrucçaõ  da  gentili- 
dade, paíTou  à  Etiópia  cm  1619.  e  nella 
foy  hum  dos  mais  infignes  operários,  que 
teve  aquella  MiffaÕ,  como  efcreve  o  P. 
Balthezar  Telles  Hifi.  da  Etiop.  Alt.  Apend. 
prim.  §.  5.  pag.  680.  padecendo  into- 
leráveis moleftias  procedidas  da  fome, 
fede,  frio,  e  calor  exceíTivos.  Pela  fua 
natural  benevolência  era  muito  aceito  ar; 
Emperador  Sultaõ  Segued,  a  quem  acom- 
panhava em  todas  as  campanhas,  fucce- 
dendo  muitas  vezes  controverteremfe  na  fua 
prefença  algumas  matérias  pertencentes  à 
Religião  CathoUca  moílrando  com  tal  evi- 
dencia a  folida  verdade  dos  feus  princi- 
pios  contra  os  fcifmaticos  erros  de  Ale- 
xandria, que  muitos  dos  feus  fequazes  ab- 
jurava© taõ  falfa  crença,  e  abraça vaõ  a 
Ley  Evangélica.  Por  morte  do  Empera- 
dor lhe  fuccedeo  feu  filho  herdeiro  da  Coroa,  c 
naõ  do  aíTefto  para  com  o  Padre,  mandando 
com  barbara  precipitação,  que  foíTe  expulfo  da 
Corte  juntamente  com  o  Patriarcha  AíFonfo 
Mendes,  donde  fendo  levado  a  Suaquem 
foy  reclufo  em  hum  cárcere  taõ  eílreito,  pelo 
efpaço  de  hum  anno,  que  defpojando-o  da 
pelle  o  reduzio  a  hum  efpedtaculo  hor- 
rorofo.  Depois  de  ter  tolerado  heroicamente 
tantas  tribulaçoens  em  obfequio  da  Reli- 
gião, fe  retirou  para  Goa,  onde  tendo  fido 
Reytor  do  Collegio  de  Salfete,  Meílre  dos  No- 
viços, Companheiro  do  Provincial,  e 
Reytor  do  Collegio  de  Saõ  Paulo,  aca- 
bou a  carreira  de  vida  mortal,  para  come- 
çar a  eterna  em  4.  de  Junho  de  1633. 
com  49.  annos  de  idade,  e  31.  de  Compa- 
nhia. Delle  fe  lembraõ  Cardof.  AgioJ. 
Lufit.  Tom.  3.  pag.  528.  e  no  Comment. 
de  4.  de  Junho  letr.  F.  Franco  Ann.  Glor. 
S.  J.  in  Lufit.  p.  313.  e  o  moderno  Addi- 
cionador  da  Bib.  Orient.  de  Anton.  de  Leaõ 
Tom.  I.  Tit.  2.  col.  435.    Efcreveo: 

Copia  de  una  Carta  efcrita  ai  P.  General  dela 
Compania  de  JESUS,  en  que  dã  cuenta  afu  Pater- 
nidad  dei  eftado  dela  converfion  ala  verdadera 
Religion  Chrifiiana  CathoUca  Romana  dei  ^arr 
Império  dela  Etiópia,  cuyo  Emperador  es  el  Prefie 
Juan,  efcrita  en  la  Ciudad  de  Fremona  fu  j 
fecha  en  20.  de  Junio  de  1621.  Madrid.  1 
por  Luiz  Sanches.  1624.  foi. 


L  USITAN A. 


Copia  de  huma  Carta  em  que  àã  conta  dos 
fttccejjos  da  jornada  do  limperador  da  Etiópia 
contra  os  villoens  de  \jtftà,  ImpreíTa  na  llift. 
da  Ltiopia  Alt,  do  P.  Tcllc»  Liv.  4.  cap.  26. 

p.  475- 

I^r.  DICXjO  de  MELLO,  cujo  nome  lhe 
foy  impofto  em  obfequio  de  feu  Avo  paterno 
Diogo  de  Mello,  Meílre  fala  da  Empcratriz 
D.  Ifabel,  filha  do  SerenilTimo  Rey  D.  Manoel, 
c  cfpofa  do  limperador  Qrlos  V.  naceo  na 
Vi  lia  de  Serpa  da  Província  Tranílagana,  e 
teve  por  Pays  a  Pedro  de  Mello,  e  a  D.  Luiza 
Pereira,  e  por  irmaõs  a  D.  Martinho  Af- 
fbnfo  de  Mello,  e  a  D.  Jorge  de  Mello,  o  pri- 
meiro, Bifpo  de  Lamego,  e  o  fegundo  de 
Miranda,  e  Coimbra.  A  tam  qualificado  na- 
cimento  correfpondeo  a  boa  Índole  com  que 
aprendeo  as  primeiras  letras,  que  cultivou  mais 
vigilantemente  em  a  Religião  Carmelitana, 
recebendo  o  Habito  no  Convento  de  Lisboa 
a  17.  de  Setembro  de  1563.  onde  depois  de 
didar  Filofofia  paflbu  ao  Collegio  de  Coimbra, 
c  nelle  leo  Theologia  com  applaufo  de  toda 
a  Univerfidade.  Foy  muito  douto  na  Theo- 
logia Moral,  na  qual  era  confultado  frequen- 
temente por  peflbas  da  mayor  graduação 
fcguindo  fempre  o  feu  voto  como  fundado 
na  mais  folida  doutrina.  Tendo  fido  eleito 
no  anno  de  1595.  primeiro  Sócio  para  o  Ca- 
pitulo Geral,  e  Vigário  do  Provincial  Fr. 
Thomé  de  Faria,  que  depois  foy  Bifpo  de 
Targa,  foy  Prior  do  Convento  de  Lisboa, 
cujo  governo  acabou  no  Capitulo  celebrado 
em  Évora  a  10.  de  Agofto  de  1602.  Ao  tempo 
que  era  hofpede  de  feu  irmaõ  D.  Jorge 
de  Mello,  Prior  mòr  do  Convento  de  Pal- 
mella,  lhe  fobreveyo  a  enfermidade,  que 
o  privou  da  vida  a  9.  de  Outubro  de  1609. 
e  foy  fepultado  no  mefmo  Convento.  Fa- 
zem deUe  mençaõ  Carvalho  Corog.  Portug. 
Tom.  5.  Liv.  2.  Trat.  8.  cap.  47.  Fr.  Luiz 
de  Mertol.  Vid,  do  Ven.  Fr.  EJIevaÕ  da  Purif. 
cap.  3.  pag.  22.  num.  10.  e  mais  difu- 
famente  Fr.  Manoel  de  Sá  Mem.  Hift.  dos 
Efcrit.  Portug.  da  Ord.  do  Carm.  cap.  19. 
n.  142.  até  146.    Imprimio: 

Sermão  do  Santijfimo  Sacramento  pregado 
no  Convento  do  Carmo  de  Ushoa.  Lisboa,  por 
Pedro  Craesbeeck.  1607.  4. 


DIOGO  DE  MELLO  PEREIRA,  Prioc 
da  Igreja  de  Noda  Senhora  da  A/íumpça5 
Matriz  da  Villa  de  Tentúgal,  díílante  duas 
legoas  da  Gdade  de  Coimbra  para  o  Poente, 
e  Meílre  de  D.  Francifco  de  Mello,  fegundo 
Marquez  de  Ferreira,  e  de  feu  irmaô  D.  Ro- 
drigo de  Mello.  Foy  muito  verfado  na  língua 
Latina,  Rhetoríca,  Humanidades,  Theologia 
lífcholaílica,  e  Moral,  e  principalmente  in- 
figne  Genealogííla,  cícrevendo: 
Nobiliário  de  Portugal. 

O  qual  fe  imprimio  até  folhas  80.  como 
vimos  em  hum  exemplar,  que  conferva  em 
a  íua  Livraria  da  Hííloria  de  Portugal  meu 
irmaô  D.  Jozé  Barbofa,  e  principia  pelo 
Capit.  I.  que  tem  por  titulo:  Donde  Je  deri- 
vou, e  naceo  efte  nome  de  Portugpl}  Compre- 
hendia  o  que  eílava  impreíTo  as  Genealogias 
da  Caia  Real,  da  SereniíTuna  de  Bragança, 
Marquezes  de  Ferreira,  Condes  do  Vimiofo, 
Duques  de  Aveiro,  &c.  mas  por  jujlos  ref- 
peitos  ( como  efcreve  Manoel  Severim  de 
Faria  Not.  de  Portug.  Difc.  5. )  í  defeitos,  que 
tinha  na  compojifaô  foy  mandado  tirar  da 
imprenfa.  Falleceo  depois  do  anno  de  1606. 
como  afíirma  o  P.  D.  Ant.  Caet.  de  Souf. 
no  Apparat.  à  Hift.  Geneal.  da  Caf.  Real 
Portug.  pag.  43.  §.  22. 

DIOGO  DE  MELLO  DE  SAMPAYO, 
Moço  fidalgo  da  Cafa  Real,  Cavalleiro  pro- 
feíTo  da  Ordem  de  Chriílo,  filho  de 'Luiz  de 
Mello  de  Sampayo,  que  morreo  alentada- 
mente  no  anno  de  1659.  fendo  General  no 
cerco,  que  a  Damaõ  tinha  pofto  o  Graõ  Mogor, 
e  de  D.  Urfula  de  Mello,  filha  de  Duarte  de 
Mello  Pereira,  Capitão  da  Fortaleza  de  Dio, 
e  de  D.  CeciUa  de  Brito.  Havendo  fervido 
em  obfequio  do  Eftado  da  índia,  com 
grande  diílinçaõ,  aflim  na  terra,  como  no 
mar,  recebeo  huma  ferida  no  fitio  de  Da- 
maõ de  que  ficou  lezo.  Depois  de  fer 
nomeado  pelo  Vice-Rey  Joaõ  da  Sylva 
Tello,  Capitão  de  hum  navio,  partio  pa- 
ra Portugal  em  o  anno  de  1642.  e  logo, 
que  beijou  a  maõ  ao  Sereniflimo  Rey  D. 
Joaõ  o  IV.  para  manifeJfto  argumento  da 
fua  fidelidade,  paíTou  com  quatro  folda- 
dos  pagos  à  fua  cuíla  à  Fronteira  do  Alen- 
tejo,   onde    depois    de    obrar    acçoens    dig- 


48 


074 

nas  do  feu  nacimento,  foy  eleito  em  remu- 
neração delias,  Capitão  das  Fortalezas  de 
Sofala,  e  Moçambique.  A  grave  prudência 
de  que  era  ornado,  moveo  aos  moradores 
de  Baçaim,  para  que  ao  tempo  que  chegou 
por  Vice-Rey  do  Eftado  o  Conde  de  Sarze- 
das,  o  elegeííem  para  tratar  os  negócios  mais 
importantes  daquella  Cidade.  Conhecendo 
o  Vice-Rey  o  feu  talento  politico  naõ  con- 
fentio,  que  partifle  com  quinze  Toldados  ao 
foccorro  de  Ceilaõ,  para  cuja  expedição 
voluntariamente  fe  oífereceo,  querendo  antes 
valerfe  do  feu  Confelho,  que  do  feu  valor. 
Por  fer  culpado  na  morte  de  Joaõ  Alvares 
Carrilho,  Ouvidor  Geral  nas  partes  do  Sul, 
que  injuílamente  lhe  fequeftrara  as  fuás  Al- 
deyas,  fe  paílou  com  feu  irmaõ  Francifco  de 
Mello  de  Sampayo,  Capitão  da  Fortaleza  de 
Baçaim  ao  Mogor,  onde  foraõ  recebidos 
benevolamente  por  Auraugazeb,  intitulado 
Emperador  deile  Império,  por  ter  a  feu  Pay 
prezo,  e  os  nomeou  Umbràos,  titulo  de 
grande  honra  naquella  Corte,  e  fendo  man- 
dado Diogo  de  Mello  a  tratar  com  o  Sevàgy 
negócios  de  grande  importância,  foy  caufa 
de  que  as  terras  do  noíTo  Príncipe  naõ  foíTem 
tributarias  ao  Graõ  Mogor,  e  que  naõ  moveíTe 
guerra  nas  terras  de  Baçaim,  em  tempo  que 
era  muito  prejudicial,  por  eftarem  invadidas 
das  armas  Olandezas.  Tendo  triunfado  dos 
inimigos  eílranhos,  e  domefticos,  nos  quaes 
teve  mais  que  vencer,  fe  retirou  a  Baçaim, 
donde  foy  chamado  por  huma  carta  muito 
honorifica  do  Vice-Rey  Joaõ  Nunes  da 
Cunha,  Conde  de  S.  Vicente,  e  chegando  à  fua 
prefença  depois  de  o  receber  com  benévolas 
expreíloens  o  nomeou  Embaxador  ao  Graõ 
Mogor,  de  cuja  expedição  fe  eximio  por  fer 
infrudhiofa  aos  intereííes  do  Eftado.  Que- 
rendo defcanfar  dos  exercícios  militares  em 
que  tinha  confumido  a  mayor  parte  da  vida, 
fe  retirou  para  a  Aldeya  de  Siam  lituada  na 
Ilha  de  Bombaim,  onde  depoíla  a  efpada 
pegou  da  penna,  efcrevendo  a  Obra  feguinte, 
que  dedicou  em  lo.  de  Novembro  de  1682. 
a  Jozé  de  Mello  de  Caftro,  Cavalleiro  pro- 
feílo  da  Ordem  de  Chrifto,  filho  do  Vice-Rey 
da  índia  António  de  Mello  de  Cailro,  para 
que  a  oífereceíTe  ao  Príncipe  Regente  o  Sere- 
nifíimo  D.  Pedro,  a  qual  intitulou: 


BIB  LIOTHE CA 


Frutifico  Poema.  Confta  de  29.  Cantos, 
que  comprehendem  1826.  Oitavas.  4.  M.  S. 
He  o  feu  argumento  os  Frutos,  que  fe  colhiaõ 
da  Arvore  da  Cruz  de  Chriílo.  O  Author 
confeíTa  na  prefaçam  defta  Obra,  que  a  com- 
puzera  em  diverfas  terras,  aíTim  de  Chriftaõs, 
como  de  infiéis.  Moftra  fer  muito  verfado 
na  Sagrada  Efcritura,  e  Santos  Padres,  pelas 
allegaçoens  que  trás  á  margem,  e  também 
na  Hiíloria  Sagrada,  e  Profana.  Começa 
a  I.  Oitava  do  i.  Canto. 

Dos  frutos  doces  da  arvore  amargo/a 
Do  fruto  bento  da  arvore  bendita 
Dos  frutos  fuaves  d' arvore  penofa 
{Antes  tida  por  vil,  e  por  maldita^ 
E  agora  por  triunfante,  e  vitoriofa 
Declarando  ejle  prologo  recita 
Brevemente  os  proveitos,  e  as  doçuras 
Das  fuás  contempladas  amarguras. 

No  fim  tem  huma  larga  Apologia  efcrita 
em  proza,  em  que  largamente  relata  as  grandes 
perfeguiçoens,  e  notáveis  perdas  que  tolerou 
de  alguns  Fidalgos,  que  viviaõ  no  Oriente, 
e  moftra  a  fua  innocencia  injuftamente  per- 
feguida.  Acaba  com  algumas  Gloíías,  e  Can- 
çoens,  que  alludem  a  algumas  claufulas  deíla 
Apologia.  Tudo  M.  S.  cujo  original  tive- 
mos em  noíTo  poder. 

DIOGO  MENDES.  Poeta  infigne  do 
feu  tempo,  de  cuja  Arte  fe  lém  no  Can- 
cioneiro do  P.  Pedro  Ribeiro,  feito  em  o  anno 
de  1577.  e  fe  confervava  M.  S.  na  Bi- 
blioth.  do  Cardial  de  Soufa,  quatro  Sone- 
tos, os  quaes  principiavaõ :  EJlava  o  bravo 
mar  affofegado.  Outro.  Eurotas  foy  de  mui- 
tos celebrado.  Outro.  Dum  penfamento  grave 
combatido.  Outro.  Febo  ao  fom  da  voffa 
agua  Caballina. 

DIOGO  MENDES  QUINTELLA, 
Presbytero,  e  Licenciado  na  faculdade  dos 
Sagrados  Cânones.  Cultivou  defde  os  pri- 
meiros annos  a  Poezia,  na  qual  a  piedade 
dos  affeélos  excedia  a  elegância  das  vozes, 
publicando : 

Converfaõ,  e  lagrimas  da  gloriofa  Santa  Maria 
Magdalena,  e  outras  Obras  efpirituaes.  Dirigidas 
ao  Illufirijfimo,  e  Keverendijfimo  Senhor  D.  Miguel 


L  USITANA 


de  Caftro,  Metropolitano  Arcebifpo  dt  Lis- 
boa. Lisboa,  por  Vicente  Alvares.  1615.  4. 
O  Poema  coníla  de  7.  Cantos,  e  as  Obras 
cípirituaes  de  Sonetos,  Cançoens,  e  Ele- 
gias. 

DIOGO  MENDES  DE  VASCON- 
CELLOS.  Naceo  na  Villa  de  Alter  do 
Qiaõ  na  Provinda  do  Alentejo,  em  o  pri- 
meiro de  Mayo  de  IJ25.  como  elle  ele- 
gantemente efcreveo  em  hum  dos  feus 
Poemas : 

Antiqtn  retinem  vefligia  nominis  Alter 
Difit/ir,  atque  Juo  ditlutn  quoque  nomine, 

cemit 
Non  proa/l  oppidiilum  faxoji  in  vértice  montis. 
Hac  domm,  hac  pátria  ejl,  hac  incmabula  uoftra 
Hoc  natale  folum,  prima  hic  exordia  vita. 

Teve   por   Pays   a   Gonçalo   Mendes   de 

ftfconcellos,  ornado  de  fumma  piedade 
com  Dcos,  c  de  heróico  valor  contra  os 
inimigos  do  nome  Portuguez  em  as  cam- 
panhas de  Afia,  e  Africa;  e  a  D.  Beatriz  Pi- 
nheira, irmãa  de  D.  Gonçalo  Pinheiro  Bifpo 
de  Vifeu,  que  o  educou  com  grande  vigilância 
até  o  anno  de  1537.  em  o  qual  fendo  mandado 
cfte  Prelado  por  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  com  o 
^arafter  de  Embaxador  a  França,  para  decidir 
pumas  controverfias,  que  fe  tinhaõ  altercado 
entre  a  noíía  Naçaõ,  e  a  Franceza,  e  como 
fe  demoraíTe  na  Gdade  de  Bayona  por 
çaufa  deíla  negociação,  mais  do  que  efpe- 
inva,  ordenou  que  partiíTe  da  pátria  Dio- 
go Mendes,  e  chegando  no  anno  de  1538. 
à  fua  prefença,  acompanhado  de  feus  fo- 
brinhos  Joaõ  Pinheiro,  e  Miguel  de  d- 
bedo,  lhe  deftinou  para  primeira  efchola 
do  feu  eíhido  o  Collegio  de  que  era  Rey- 
tor  o  celebre  André  de  Gouvea,  em  a  Ci- 
dade de  Bordeux.  Depois  de  aprender  nefta 
paleílra  as  letras  humanas  em  que  fahio 
muito  perito,  paíTou  à  Univerfidade  de 
Tolofa,  onde  ouvio  interpretado  hum,  e 
outro  Direito,  pela  profunda  fubtileza  de 
António  Maria  Corafio,  Arnoldo  Ferre- 
rio,  e  Fernando  Berengario,  famofos  pro- 
feíTores  da  Jurifprudencia,  cujas  faculda- 
des rellituido  ao  Reyno  no  anno  de  1543. 
continuou  pelo  efpaço  de  três  annos  em  a 
Univerfidade  de   Coimbra,   fendo  feus  Mef- 


675 

ties  o  iníigne  Martim  Arpilcueta  Navarro, 
e  António  Soares  UlyíTipooeofe,  ambot  Orá- 
culos, hum  dot  Cânones  Errlrfiaftirot,  e 
outro  das  Leys  Imperíaes.  Chamado  íeguoda 
vez  a  França  por  íeu  Tio,  vifitou  a  Univer- 
fidade de  Orleuis,  em  que  era  Lente  Jacobo 
Pamello  de  naçaõ  Flamengo,  e  grande  Jurif- 
confulto,  donde  paíTou  a  Pariz,  em  cuja 
Univerfidade  ouvio  algumas  liçoens  do  fa- 
mofo  Canoniíla  Pedro  Rebuío.  Voltando 
ao  Reyno,  como  foíTe  taõ  conhecida  a  fua 
profunda  fciencia,  o  mandou  ElRey  D.  joaô 
o  III.  em  29.  de  Setembro  de  15)1.  ao  Con- 
cilio Tridentino  em  companhia  do  feu  Emba- 
xador D.  Joaõ  da  Sylva,  Joaõ  Paes,  e  Diogo 
de  Gouvea,  que  depois  foy  Prior  mòr  de 
Palmella,  de  quem  acima  fe  fez  larga  memoria, 
e  chegando  a  Trento  a  5.  de  Mayo  de  1552. 
como  fe  interrompeííe  o  Concilio,  fe  retirou 
a  Veneza,  e  depois  de  difcorrer  por  Verona, 
Ferrara,  Ravena,  e  Urbino,  entrou  em  Roma, 
onde  conciliada  a  amifade  das  principaes 
peíToas  deíla  grande  Corte  fe  reftituhio  ao 
noflb  Reyno  com  D.  Diniz  de  Alencaftro, 
filho  de  D.  Affonfo  de  Alencaftro  Emba- 
xador defta  Coroa  naquelle  tempo  em  a  Cúria. 
Foy  benevolamente  recebido  por  ElRey, 
de  quem  alcançou  faculdade  para  tomar 
pofle  de  hum  Canonicato  na  Cathedral  de 
Évora,  que  nelle  renunciara  feu  Tio  D.  Gon- 
çalo Pinheiro.  Em  atenção  á  fua  grande 
fciencia,  e  inculpável  vida  o  nomeou  o  Car- 
dial  D.  Henrique  Inquifidor  da  Inquifiçaõ 
de  Évora,  de  que  tomou  poíTe  a  11.  de  Ou- 
tubro de  1564.  cujo  minifterio  exercitou 
com  fumma  reftidaõ  até  o  anno  de  1573. 
Todos  cftes  dotes  com  que  fe  ornava  o 
feu  efpirito  lhe  merecerão  as  eftimaçoens 
delRey  D.  Sebaftiaõ,  e  de  Filippe  Pru- 
dente, quando  veyo  a  Portugal  cingir  a 
Coroa  defte  Reyno.  Foy  infigne  cultor 
da  lingoa  Latina  compondo  nefte  idioma, 
ou  foíTe  em  proza,  ou  em  verfo  com 
tanta  pureza,  que  parecia  ter  nacido  no 
feculo  de  Augufto.  Na  Hiftoria  Sagrada, 
e  profana  era  muito  verfado,  principal- 
mente na  invefligaçaõ  das  Antiguidades 
Portuguezas,  em  cujo  eftudo  competio 
com  o  famofo  André  de  Refende,  de 
quem    efcreveo    a    vida,    e    addicionou    as 


Ó76 


BIBLIO  THE  CA 


Obras.  Falleceo  em  Évora  a  24.  de  De- 
zembro de  1599.  quando  contava  76.  an- 
nos  7.  mezes,  e  24.  dias  de  idade.  Jaz  fe- 
pultado  na  Cathedral  em  a  nave  do  Le- 
nho junto  da  efcada  do  Coro,  onde  fobre 
a  campa  da  fepultura  debaixo  das  fuás  ar- 
mas lhe  gravou  feu  fobrinho  Gonçalo 
Mendes  de  Vafconcellos  o  feguinte  epi- 
táfio : 

D.        O.        M. 

Jacobo  Mendes  de  Vafconcellos  Doãorali  hujus 
Ecclejice  Canónico,  (&  in  hac  Civitate  Inqui- 
fitori  Apojlolico,  atque  utriujque  Júris  Con- 
fulto  humanarum  litterarum  peritijfimo  Gon- 
çalus  Mendes  de  Vafconcellos  Avurnulo  meri- 
tijfimo  pofuit.  Ohiit  anno  falutis  nojira  1599. 
die  24.    Decembris. 

Vários  elogios  dedicarão  à  fua  memo- 
ria diverfos  Efcritores,  fendo  os  principaes 
Joan.  Soar.  de  Brit.  Theat.  L.ujit.  Utter.  Ut. 
D.  num.  25.  óptima  fui  fama,  nomineque  relião. 
Nicol.  Anton.  Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  230. 
col.  2.  Cum  infigni  ejfet  eruditione  antiquarum 
rerum,  ac  tofius  humanitatis.  Emman.  Conflant. 
in  Vit.  Alfonf.  Prim.  Vir  in  Jure  Cafareo, 
cceterifque  fcientiis  apprime  verfatus.  Eduard. 
Nun.  de  Leon.  De  ver.  ^eg.  Portug.  Orig. 
foi.  3.  Tam  omnium  litterarum,  quám  júris  fcien- 
tijftmus,  (&  in  carmine  cum  veteribus  illis  compa- 
randus.  Faria  fatisf.  Apolog.  no  principio  da 
Europ.  Portug.  num.  24.  Doutijfimo.  Fonfec. 
Evor.  Gloriof  pag.  407.  Eruditijfimo,  e  eterna- 
mente benemérito  da  Cidade  de  Evor.  Ta- 
xand.  in  Cathal.  Ciar.  Hifp.  Script.  Car- 
dof.  Agiolog.  Eujit.  Tom.  2.  pag.  22.  no 
Comment.  de  2.  de  Março  lit.  A.  Ludovic. 
Pyrrhus  em  huma  carta,  que  lhe  efcreveo 
que  eftá  inferta  entre  os  feus  verfos  o  louva 
com  eftas  elegantes  vozes: 

Attamen  ut  mentis,  quce  fit  fententia  noflm 
Eloquar:  Aonides  viridi  tua  têmpora  lauro 
Cinxere,  (à^  teneris  admorunt  ubera  labris. 
Attica  prceceptis,  fophice  tua  peãora  Valias 
Imbuit,  Arpinas  quoque  facundijfimus  ille, 
Et  pater  eloquii  dicendi  contulit  artem: 
Quippe  parem  invenias  nullum,  vix  nempe  fecun- 

dum, 
Qui  conferre  pedem  valeat,  feu  carmina  culta 
Scribere,  feu  cupis  hijlorias  fermone  foluto : 
Seu  Terrarum  orbem  radio  defcribere  malis; 


Quis  rogo  te  melius  terra,  pontique  recejjus 
Eruit  è  tenebris?   Alta  quce  merfa  ruina 
Tempore  delevit  penitus  longava  vetujlas 
Quis  Sacra  Pontijicum  melius  decreta,  patrumque 
Keãias  explicuit  nodos?    Sacr ataque  jura? 
Compoz : 

Scholia  in  quatuor  Libros  Re/endii  de  Anti- 
quitatibus  Eujitania. 

Vita  Jacobi  Menetii  Vafconcellii  ab  ipfo  conf- 
cripta. 

De  Município  Eborenfi  Commentarius. 
Todas  eftas  Obras  fahiraõ  com  o  Livro  de 
Antiquitatibus  Eujitanice,  compofto  por  André 
de  Refende.  Eborae  apud  Martinum  Bur- 
genfem  Acad.  Typog.  1593.  foi.  &  Roma: 
apud  Bernardum  BaíTam.  1597.  8.  defde 
pag.  247.  até  320.  Coloniíe  Agrippinac  ex 
Officin.  Birckmanica.  1600.  8.  Tom.  i. 
à  pag.  242.  e  pag.  304.  e  no  Tom.  2.  Hifpan. 
Illujirat.  Francof.  apud  Claudium  Marnium. 
1603.  foi.  a  pag.  385.  &  Francof.  apud  eumd. 
Typog.  1608.  4.  na  Bib.  Hifpan.  Andreae 
Scoti  onde  a  pag.  518.  traz  fomente  Vita 
Jacobi  Menetii,  &c. 

Vita  Gondifalvi  Pinarii  Epifcopi  Vi- 
fenfis  Serenijfimo  Principi  Alberto  Archidm 
Aujirice  S.  K.  E.  Cardinali  dicata.  Eborae 
apud  Martinum  Burgenfem.  1591.  foL  & 
Romse  apud  Bernardum  Bailam.  1597.  8. 
a  pag.  321.  &  Francof.  apud  Claudium 
Marnium.  1608.  4.  in  Hifpan.  Bib.  Andreae 
Scoti  a  p.  495. 

Vita  L.  Andrece  Refendii.  Eborae  apud 
Martinum  Burgenfem  Acad.  Typog.  1595. 
foi.  Cólon.  Agryppin.  ex  Offic.  Birckmanica. 
1600.  8. 

Vita  clarijfimi  viri  Michaelis   Cabbedii  Se- 
natoris  Regii.     Romse  apud  Bernardum  Baf- 
fam.   1597.  8.  a  pag.  392.   &  Francof.  apud_ 
Claud.  Marnium.  1608.  4.  na  Hifp.  Bib.  Andicscj 
Scoti.  p.  509.  I 

De  fuo  ex  Ebora  difcefu  anno  M.  D. 
LXXVIII. 

In  Laudem  Clarijftmce  Civitatis  Olyjfiponenjis^ 
Hendecafyllabi  anno  M.  D.  LXXV. 

Cum  Patriam  longo  tempore  à  fe  non  vifam 
adiret  anno  M.  D.  EXXX. 

Eftas  três  Obras  Poéticas  com  vários. 
Epigrammas  a  diverfos  aíTumptos,  e  duas 
Cartas   Latinas,    efcrita   a   primeira   ao   Du- 


#% 


L  USITAN A. 


i  inte 


<|uc  de  Saboya  Carlos  Manoel,  no  anno  de 
i)K;.  e  a  fegunda  ao  Cardial  D.  Matheut 
(ontarelio  em  1581.  SahiraÕ  impreíTos. 
Komx  apud  Bcrnardum  BaíTam.  1J97.  8. 
•  Icftlc  pag.  3j6.  até  384. 

Etiíditijftmo  Viro  Petro  Marifto  S.  P.  D.  Epif- 
lola  data  Hbone  10.  Martii  1595.  Sahio 
imprcíTa  ao  principio  dos  Diálogos  de  varia 
Wifioria  ilcftc  Author.  Coimbra,  por  António 
de  Mariz.   1597.  4. 

OraçaÕ  do  Padre  Nojfo,  e  Ave  Maria  em 
rerfo  Latino,  e  Portugufí(^.  Évora,  por  André 
de  Burgos. 

Panegyricns  Principi  Tranfilvania  diííus.  Conf- 
Mva  de  duzentos  verfos  o  qual  deo  ao  Pa- 
riarcha  de  Jcrufalem,  quando  hia  para  Roma. 

Oratio  fmebris  in   obiíti    Principis  Joannis, 
Kon/a  habita. 
^    Difcwrjos  da  Agricultttra.  Évora,  por  André 

Burgos. 

DefcripçaÕ  larga  da  Cidade  de  Lisboa,  a  qual 
intentava  que  foíTe  o  fexto  Livro  das  Anti- 
idades  de  Portugal.    M.  S. 

Mappa  de  Portugal  dedicado  a  EJRey  D.  Se- 
hajliaõ,  em  verfo.  Deílas  duas  ultimas  Obras 
le  lembra  o  moderno  Addicionador  da  Bib, 
Geograf.  de  Ant.  de  Leaõ  Tom.  3.  col.  171 9. 
onganando-fe,  quando  pela  identidade  dos 
;ippellidos  o  confunde  com  Luiz  Mendes 
de  Vafconcellos,  Author  do  Sitio  de  Lisboa. 

DIOGO  DE  MENDOÇA  CORTE- 
-REAL.  Naceo  na  Imperial  Villa  de  Madrid 
\  tempo  que  feu  Pay  Diogo  de  Mendoça 
Corte-real,  era  neíla  Corte  Enviado  Extraordi- 
nário da  Mageílade  delRey  D.  Pedro  IL  de 
quem  foy  Secretario  das  Mercês,  e  Expediente, 
e  depois  do  Eílado  do  NoíTo  SereniíTimo 
Monarcha  Reynante.  Inílruido  em  a  lingua 
Latina,  e  letras  humanas,  fe  aplicou  em  a  Uni- 
veríidade  de  Coimbra  ao  eftudo  do  Direito 
Pontifício,  e  tal  foy  o  progreíTo,  que  a 
viveza  do  feu  engenho  fez  nefta  Facul- 
dade, que  laureado  com  as  iníignias  douto- 
raes  foy  admitido  ao  Collegio  de  Saõ  Pe- 
dro a  12.  de  Novembro  de  171 6.  A  capa- 
cidade do  feu  talento  o  fez  digno  de  fer 
eleito  no  anno  de  1722.  Enviado  Extraor- 
dinário a  Olanda,  onde  renovou  a  faudo- 
ia  memoria  do  minifterio  de  feu  Pay,  que 


677 

com  tanta  gloria  defta  Coroa  tinha  cta^- 
tado.  Sendo  Thefoureiro  mòr  da  CoUe- 
giada  de  Barceilos,  Coníelheiro  da  Fazen- 
da Real,  Provedor  da  CmSz  da  índia,  e  De- 
putado da  Sereni/Tima  Cala  de  Bcagaoça, 
foy  nomeado  em  9.  de  Março  de  1729.  Aca^ 
demico  da  Academia  Real  da  liiíloria  Portu- 
gueza.    Compoz: 

PraBica  com  que  cottffatulou  a  Acalmia- 
dê  eflar  eleito  feu  Collegfl.  Sahio  no  Tom.  9. 
da  Collec.  dos  Docum.  da  Acaã.  Keal,  c^r.  Lis- 
boa, por  jozé  António  da  Sylva.  1729.  foL 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  em  8.  à*^ 
Fevereiro  de  1730.  No  Tom,  10.  da  Collec. 
dos  Docum.  da  Acaã.  &c.  Lisboa,  pelo  dita 
Impreflbr.  1730.  foi. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  em  7.  de 
Junho  de  1731.  No  Tom.  11.  da  Collec.  dos 
Docum.  &c.  Lisboa,  pelo  dito  Impreflbr. 
1751.  foL 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  no  Pafo 
a  29.  de  Outubro  de  1731.  No  Tom.  11.  da 
Collec.  dos  Docum.  <Òrc.  Lisboa,  pelo  dito 
Impreflbr.  1731.  foL 

Examen,  <&  reponfe  a  un  ecrit  publii  par 
la  Compagnie  des  Indes  Occidentales  fous  le  Titre 
de  refutation  des  Argumens,  e  raifons  alleguèes 
par  Mr.  Diego  de  Mendoça  Corte-real  Envoie 
Extraordinaire  de  Portugal  ala  Haye  dans  fon 
Memoire,  <&  V  Ecrit  annexe  prefente  a  leurs  Hautes^ 
PuiJJances  le  15.  Septembre  1727.  Impreflb 
no  anno  de  1727.  fem  lugar  da  impref- 
faõ,  nem    nome    do    Impreflbr.    4.    grande» 

Lettre  d'un  Catholique  deVEglife  Ro- 
maine  a  un  Ruften  deVEglife  Grecque  fe- 
paree  deVEglife  Komaine  au  fuget  de  Pttr- 
gatoire.  8.  Naõ  tem  anno  nem  lugar  da 
impreflaõ,  mas  do  carafter  fe  conhece  fer 
em  Amílardaõ. 

D.  DIOGO  DE  MENESES,  Ckveira 
da  Ordem  de  Chrifto,  filho  de  D.  Fer- 
nando de  Menezes,  chamado  o  Nariv^Sy 
por  lho  dividirem  em  dous  os  Mouros, 
em  hum  combate  de  Tangere,  e  de  D.  lía- 
bel  de  Caftro,  filha  de  D.  Diogo  de  Caf- 
tro.  Capitão  da  Qdade  de  Évora.  Ca- 
fou  com  D.  Cecilia  de  Siqueira,  filha  de 
Joaõ  Lopes  de  Siqueira,  de  quem  teve 
defcendencia.      Foy     inclinado     à     Arte  da 


6yS 


BIB  LIO  THE  C  A 


Poeíia  de  que  deixou  varias  Obras,  logrando 
unicamente  do  beneficio  da  lu2  publica  as 
que  fe  lem  no  Cancioneiro  de  Garcia  de  Kefende. 
Lisboa,  por  Herman  de  Campoz.  1516.  a 
foi.  144.  v.o  145.  146.  v.o  147.  149.  v.o  153.  v.o 
e  182.  v.o 

D.  DIOGO  DE  MENESES,  filho  de 
D.  Fernando  de  Menezes,  Commendador,  e 
Alcaide  mòr  de  Caílello-branco,  e  Embaxador 
Extraordinário  ao  Pontífice  Saõ  Pio  V.  e  de 
D.  Filippa  de  Mendoça,  filha  de  D.  Francifco 
de  Soufa,  e  D.  Brites  de  Mendoça;  foy  igual- 
mente ornado  de  agradável  afpeâo,  como 
de  fublime  engenho,  do  qual  deo  hum  claro 
argumento  quando  na  tenra  idade  de  doze 
annos  recitou  a  22.  de  Abril  de  1566.  huma 
Oraçaõ  gratulatoria  na  prefença  do  CoUegio 
Apoílolico,  a  tempo  que  feu  Pay  exercitava 
em  Roma  o  carafter  de  Embaxador  delRey 
D.  Sebaíliaõ,  arrebatando  as  atençoens  defte 
graviflimo  CongreíTo  a  eloquência  da  fraze, 
a  pureza  da  lingua,  e  a  energia  da  reprefen- 
taçaõ  do  Orador.    Sahio  com  efte  titulo: 

Oratio  Gratulatoria  habita  Koma  in  Sacro 
Conjeffu  Eminentijfimorum  Cardinalium.  XXII . 
Aprilis  anno  M.D.LXVL  Romíe,  apud  Ju- 
lium  Bolanum  de  Accolitis.  1566.  4.  Começa: 
Et  fi  propter  atatem  nondum  confilto  ratione, 
<ò°  viribus  confirmatufn ,  (â^c. 

Como  afiiítifle  na  Cúria  foy  o  Conduc- 
tor  do  Chapeo,  e  Eftoque,  que  o  Summo 
Pontífice  S.  Pio  V.  mandou  a  ElRey  D. 
Sebaftiaõ  em  o  anno  de  1568.  fahindo  para 
efta  religiofa  funçaõ  montado  em  hum 
Cavallo  pombo  preciofamente  ajaezado,  le- 
vando o  Eíloque  levantado,  e  na  ponta 
o  Chapeo,  a  quem  fazia  pompofa  comi- 
tiva D.  AíFonfo  de  Lancaftro,  o  Conde  de 
Portalegre,  o  Marquez  de  Torres-novas, 
e  feu  irmaõ  D.  Pedro  Diniz  de  a  Lancaf- 
tro, e  outros  Fidalgos  feus  parentes,  e 
amigos.  Chegando  ao  Paço  entregou  a 
ElRey  as  dadivas  Pontificias,  que  ao  dia 
feguinte  recebeo  em  a  Igreja  de  S.  Do- 
mingos de  Lisboa,  com  as  circunHancias  que 
prefcreve  o  Ceremonial  Romano.  Acom- 
panhou a  efte  Príncipe  na  jornada  de  Africa, 
onde  acabou  na  florente  idade  de  24.  annos 
infauftamente    a    4.    de    Agofto    de     1578. 


Foy  cafado  com  D.  Margarida  de  Vilhena, 
filha  de  D.  Francifco  de  Portugal,  Com- 
mendador da  Fronteira  de  quem  naõ  teve 
defcendencia.  Faz  memoria  do  Author,  e 
da  Obra  D.  Ant.  Caetan.  de  Souf.  Hijl. 
Geneal.  da  Caf.  Keal  Portug.  Tom.  3.  Liv.  4. 
cap.  17. 

D.  DIOGO  DE  MENESES,  primeiro 
Conde  da  Ericeira,  naceo  em  Lifboa  pelos 
annos  de  1553.  onde  foraõ  feus  progenitores 
D.  Diogo  de  Menezes,  fegundo  Senhor  do 
Louriçal,  Commendador  de  Mendo-Marquez, 
e  de  Saõ  Tiago  de  Cacem,  do  Confelho  del- 
Rey D.  Joaõ  o  III.  e  D.  Violante  de  Caftro, 
filha  de  Simaõ  de  Miranda,  Camareiro  do 
Cardial  Infante  D.  Henrique.  Acompanhad' 
de  três  irmaõs  D.  Simaõ,  D.  Fernando 
de  quem  defcendem  os  Condes  da  Eri- 
ceira, e  D.  Henrique  paíTou  em  o  anno 
de  1578.  a  Africa,  e  na  infaufta  batalha  de 
Alcácer  feguer,  em  que  acabarão  glorioía- 
mente  D.  Simaõ,  e  D.  Henrique,  ficou 
cativo  com  D.  Fernando,  de  cujo  cati- 
veiro fe  refgatou  à  fua  cufta  naõ  acei- 
tando o  dinheiro,  que  para  eíle  efFeito  lhe 
levava  Francifco  da  Cofta  por  ordem  delRe\ . 
Hum  defgofto  que  teve  com  feu  irmaõ  D.  Fer- 
nando o  obrigou  a  deixar  a  Pátria,  e  fazer 
o  feu  domicilio  na  Corte  de  Madrid,  onde 
pela  fua  grande  prudência,  e  natural  affabili- 
dade  mereceo  particulares  atençoens  de  Fi- 
lippe  IV.  o  qual  naõ  fomente  o  fez  feu  Mor- 
domo, e  Gentilhomem  de  boca,  mas  lhe  deo 
o  titulo  de  Conde  da  Ericeira,  por  carta  paf- 
fada  em  o  primeiro  de  Março  de  1622.  cuja 
mercê  alcançou  para  feu  fobrinho  D.  Fer- 
nando de  Menezes,  neto  de  feu  irmaõ 
D.  Fernando,  e  filho  de  feu  fobrinho  D. 
Henrique,  o  qual  hindo  a  Madrid  o  achou  já 
faUecido,  deixando-lhe  no  feu  teftamento, 
que  conftou  de  mais  de  fetecentos  mil  cru- 
zados em  moveis  preciofos,  fomente  o  Pa- 
droado da  Capella  mòr  do  Convento  de 
Noíía  Senhora  da  Graça  de  Lisboa,  com 
quatro  MiíTas  quotidianas,  e  quatro  Oífi- 
cios.  Morreo  com  mais  de  80.  annos  de  1 
idade  em  o  de  1635.  Para  que  fe  fizeíTem 
mais  patentes  as  façanhas  que  feu  Avo  D. 
Henrique   de   Menezes    obrou   no   Governo 


L  USITANA. 


\ák  índia,  traduzio  em  Caílelhano,  e  de- 
^  (ficou  ao  Conde  Duque  de  OUvares: 

Los  cinco  Uhros  dela  3.  Década  de  Juan 
íle  fíarros,  que  contiene  la  vida  de  D.  Hetiríq/ée 
de  Mem:(es.  Madrid,  por  Juan  Delgado. 
1628.  4. 

Fr.  DTOGO  DE  S.  MIGUEL,  na- 
tural   da    Viila    de    Caftello-bnmco,    fituada 

>na  Provinda  da  Beira  do  Bifpo  da  Guarda, 
lilhf)  de  Joaõ  Rodrigues  Homem,  c  joanna 
1  rafoa.  ProfcíTou  o  Inílituto  dos  Eremitas 
(Ic  Santo  Agoftinho  no  Convento  de  Lisboa 
lis.  de  junho  de  1558.  onde  por  fua  grave 
prudência  foy  três  vezes  Rcytor  do  CoUegio 
de  (>)imbra,  c  duas  vezes  Provincial,  a  pri- 
meira no  anno  de  1 565.  e  afegunda  no  de  1 576. 
lançou  os  primeiros  fundamentos  ao  Con- 
\cnto  de  NoíTa  Senhora  da  Luz  da  Villa  de 
Arronches  em  o  anno  de  1370.  fendo  o  pri- 
meiro Prior  que  teve  efta  religiofa  Cafa.   Mor- 

'  reo  no  Convento  de  NoíTa  Senhora  da  Af- 

'  fumpçaõ  de  Pena-fírme.  Delle  fe  lembraõ 
Purif.  de  Vir.  illnji.  Ord.  D.  Aug.  lib.  3.  cap.  4. 

!pag.  88.  v.o.  Herrera  Alphab.  Augujl.  Nicol. 
Anton.  hih.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  250.  col.  2. 
l'r.  Anton.  da  Nativid.  Mont.  de  Cor.  letr.  D. 

f  §.  4.  n.  5 .  e  Joaõ  Soar.  de  Brito  Theat.  Lufitan. 

'  IJtter.  lit.  D.  num.  26.    Publicou: 

ExpoJiçaÕ  da  Re^a  do  glorio/o  Padre  Santo 
Agoftinho   colkgida   de   diverfos   Authores.     De- 

\  dicada  à   Rainha   D.    Catharina.     Lisboa,   por 

'Joaõ  Blavio.   1563.  foi. 

DIOGO  DE  MONROY,  E  VASCON- 
CELLOS,  Cavalleiro  da  Ordem  Militar  de 
Chrifto,  e  Governador  do  Caftello  de  Saõ 
Joaõ  Bautiíla  da  Ilha  Terceira,  naceo  em  a 

'  Villa  de  Campo-mayor  a  5.  de  Abril  de  1680. 

'  fendo  filho  de  Francifco  da  Sylva  de  Moura, 
c  Azevedo,   Meftre   de  Campo,   Governador 

1  da  Praça  de  Campo-mayor,  Commendador 
da  Comenda  de  Santa  MARIA  de  Caftello- 
-bom,  e  de  D.  Anna  Maria  Jozefa  de  Vafcon- 
cellos,  filha  de  Luiz  Mendes  de  Vafcon- 
cellos.  Governador  da  Ilha  de  S.  Miguel, 
Vedor  da  Fazenda  da  índia,  e  de  D.  Guio- 
mar Palha.  Defde  a  puerícia  começou 
a  cultivar  os  eíhidos,  em  que  logo  deo 
claros    argumentos    da    capacidade    do    feu 


079 

talento,  fendo  mayores  quando  na  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  recebeo  o  gtio  de 
Bacharel  na  faculdade  de  Direito  Canónico. 
Na  ultima  guerra  que  efta  Coroa  teve  com 
a  Caílelhana,  deixou  as  letras,  e  feguio  as 
armas,  obrando  acçoens  dignas  do  feu  hon- 
rado nacimento.  Teve  natural  inclinação 
para  a  Poefia,  de  cuja  Arte  tem  compofto 
tanta  copia  de  verfos,  que  podem  formar 
cinco  volumes,  dos  quacs  fomente  tem  logrado 
da  luz  publica: 

Vários  Romances,  Decimas,  e  Oitavas  a 
diverfos  aíTumptos,  que  fahiraõ  impreíías 
no  4.  Tomo  da  Fénix  renacida,  ou  Obras  "Poé- 
ticas dos  melhores  engenhos  Portuguer^es.  Lisboa, 
por  Mathias  Pereira  da  Sylva,  e  Joaõ  Antunes 
Pedrofo.  1721.  8.  defde  p.  313.  até  372. 

DIOGO  MONTEYRO  natural  da 
Cidade  de  Lamego  Presbítero,  e  Licenciado 
na  Faculdade  dos  Sagrados  Cânones.  Defde 
a  primeira  idade  cultivou  a  poeíla  a  que  o 
inclinava  o  génio  deixando  para  teftemunho 
da  fua  veya  poética. 

Poema  de  S.  Gonçalo  de  Amarante  Lisboa 
1620.  4.  Coníla  de  vários  cãtos  em  verfo 
heróico,  de  cuja  obra  como  do  feu  Author  fc 
lembra  Cardozo.  Agiol.  'Lufit.  Tom.  2.  pag. 
607.  no  Coment.  de  16.  de  Abril  letr.  E  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  231.  coL  i. 

Expoftçaõ  dos  primeiros  cincoenta  Pfal- 
mos  de  David  em  Outavas,  e  Tercetos,  do 
qual  fe  naõ  permitio  a  impreíTaõ  por  fer  na 
língua  vulgar. 

DIOGO  MONTEIRO  Presbítero  Ulif- 
íiponenfe,  iníigne  Theologo  Moralilia  cuja 
Faculdade  aprendeo  no  Collegio  de  Santo 
Antaõ  dos  PP.  Jefuítas  traduzindo  em  obfe- 
quio  deftes  Religiofos  da  língua  Caftelhana 
do  P.  Thomaz  de  Villa-Caftim  da  Companhia 
de  JESUS  em  a  portugueza,  acrecentando-lhe 
muitas  noticias. 

Compendio  da  Vida,  virttíde,  e  milagres  da 
B.  P.  Francifco  Xavier  Apoftolo  da  índia  Oriental. 
Lisboa  por  Anton.  Alvares.   1620.  8. 

P.  DIOGO  MONTEIRO,  chamado 
no  feculo  Diogo  Banha,  filho  de  Fran- 
cifco Rodrigues  Banha,  e  Brites  Lopes, 
naceo   em  o  anno   de    1562.   em  a  Fregue- 


'ó8o 


BIB  LIO  THE  CA 


Cia,  de  NoíTa  Senhora  da  Graça  do  termo 
da  Cidade  de  Évora,  em  cuja  Univerfidade 
eíhidou  os  primeiros  Rudimentos  da  lingua 
Latina.  Atrahido  do  Sagrado  Inftituto,  que 
profeíTavaõ  os  feus  Meílres,  fe  refolveo  a 
entrar  na  Companhia  de  JESUS  e  poílo  que 
contra  taõ  fanto  intento  machinafle  o  inimigo 
commum  vários  impedimentos,  de  todos 
heroicamente  triunfou  recebendo  a  Roupeta 
no  Collegio  de  Évora  a  6.  de  Janeiro  de  1577. 
quando  contava  quinze  annos  de  idade.  Con- 
tinuou o  Noviciado  em  o  Collegio  de  Coimbra 
debaixo  do  magiílerio  do  piiíTimo  Varaõ  o 
P.  Vafco  Pires,  no  fim  do  qual  aprendeo 
as  fciencias  mayores.  Por  fer  muito  infigne 
nas  letras  humanas,  as  enfinou  pelo  efpaço 
de  oito  annos  na  primeira  ClaíTe  dos  Collegios 
de  Coimbra,  e  Évora,  em  cujas  Univerfidades 
leo  Filofofia,  Theologia  Efpeculativa,  e  Moral, 
e  Efcritura  Sagrada,  com  grande  proveito 
dos  feus  ouvintes.  Ao  exercício  das  fcien- 
cias correfpondia  o  das  virtudes,  pelas  quaes 
chegou  com  exemplo  raramente  prafticado 
.a  adminiílrar  o  lugar  de  Meftre  dos  Noviços 
quatro  vezes,  devendo-fe  à  fua  vigilante 
cultura  frutificarem  aquellas  novas  plantas, 
como  herdeiras  do  feu  efpirito,  naõ  fomente 
em  beneficio  da  Religião,  mas  de  todo  o 
Reyno.  Na  contemplação  dos  divinos  atri- 
butos confumia  quotidianamente  o  largo 
efpaço  de  cinco  horas,  aprendendo  ncíla  altif- 
fima  efchola  a  Arfe  de  Orar,  que  efcreveo  para 
inílrucçaõ  dos  efpiritos,  que  quizerem  fre- 
quentar taõ  fagrado  exercício,  em  o  qual 
muitas  vezes  era  viílo  fufpenfo  em  os  ares, 
como  bufcando  com  mayor  velocidade  o 
centro  de  fuás  amorofas  anciãs;  e  em  outras 
derramando  copiofas  lagrimas,  que  lhe  acen- 
diaõ  o  fogo  em  que  fuavemente  fe  abra- 
zava.  Naõ  havia  género  algum  de  morti- 
ficação de  que  naõ  ufaíTe  para  reduzir  a  re- 
beldia do  corpo  às  leys  do  efpirito,  dif- 
ciplinando-fe  todos  os  dias  com  tanto  ri- 
gor, que  fenaõ  foíle  moderado  pela  pru- 
dência dos  Superiores,  certamente  lhe  abre- 
viaria a  morte.  Obfervava  taõ  inviolável 
filencio,  que  fomente  o  rompia  quando 
era  obrigado  a  fallar  nas  matérias  perten- 
centes ao  governo  da  Comunidade,  como  fe 
•experimentou  quando  foy  Reytor  dos   Col- 


legios de  Braga,  e  Lisboa,  Prepofito  de  Saõ 
Roque,  e  Provincial.  Querendo  Filippe  IV. 
no  anno  de  163 1.  fazer  Bifpo  ao  P.  Salazar, 
foy  eleito  entre  os  Padres,  que  por  ordem 
do  Geral  Mucio  Vitelefchi  foraõ  deputados 
para  impedir  efta  eleição,  como  contraria 
ao  Inílituto  da  Cõpanhia,  e  neíla  grande  Corte 
deixou  impreíTas  as  memorias  das  fuás  raras 
virtudes.  Em  todas  as  jornadas,  que  fez 
pelo  Reyno,  fempre  andava  a  pé,  naõ  o  dif- 
penfando  de  taõ  laboriofo  exercido  nem  a 
idade  proveéta,  e  menos  a  authoridade  dos 
lugares  que  occupava.  Prévio  muitos  fuccef- 
fos,  huns  profperos,  outros  infauftos,  de  cuja 
infallivel  certeza  fe  conhecia  a  fuperior  luz, 
que  lhe  illuftrava  o  efpirito.  Dedicava  ter- 
niíTimos  obfequios  a  MARIA  Santiffima, 
e  ao  Menino  Deos  nacido  em  o  Prezepio 
a  quem  em  a  Noute  do  Natal  cantava  alguns 
verfos  di6íados  pelo  innocente  impulfo  dos 
feus  affeélos.  Chegado  à  idade  de  72.  annos 
fe  retirou  de  Lisboa  ao  Collegio  de  Coimbra, 
que  fora  a  primeira  paleílra  dos  feus  virtuofos 
progreíTos,  e  conhecendo  eítar  propinqua 
a  morte  ouvio  MiíTa  a  25.  de  Mayo  em  que 
fe  celebrou  a  Fefta  da  Afcençaõ  de  Chrifto 
no  fim  da  qual  comungou  com  fumma  pie- 
dade, e  recolhendo-fe  ao  feu  Cubículo  fe  lançou 
na  cama  por  ter  huma  perna  gravemente 
inflamada,  e  depois  de  paíTar  os  dias  de  quin- 
ta e  Seíla  feira,  em  o  Sábado  que  fe  con- 
tava 27.  de  Mayo  de  1634.  foy  achado  morto. 
Concorreo  a  Cidade  de  Coimbra  a  ve- 
nerar o  feu  Cadáver,  a  cujas  exéquias  af- 
fiítio  o  Cabido,  e  toda  a  Univerfidade,  e 
fendo  depofitado  em  fepultura  particular 
foy  trafladado  no  anno  de  1641.  da  Igreja 
velha  para  a  nova  para  a  Capella  de  Santo  | 
António  junto  da  portaria  do  Collegio.  Foj} 
de  feiçoens  miúdo  (aífim  defcreve  a  fua  figura  \ 
o  P.  António  Franco  Imagem  da  virttide  àa\ 
Noviciad.  de  Evor.  liv.  3.  cap.  46.)  de  comprei^aõ^ 
fanguinho,  de  eftatura  alta,  e  bem  proporcionada;^ 
o  rojlro  comprido,  alvo,  e  algum  tanto  corado^ 
mas  com  a  muita  oração,  e  continua  peniten- 
cia muj  atenuado,  os  olhos  grandes,  e  alegres. 
O  naris  fem  deformidade  comprido,  e  aqui- 
lino; a  barba  eftreita,  e  afilada  &c  A  fua 
vida  efcreveo  o  P.  Nuno  da  Cunha,  que 
foy    feu     Noviço,     e     depois     companheiro 


LUSITANA. 


ó8i 


f  quando  foy  Provincial,  e  AíTiftente  em  Roma, 
^  a  qual  fahio  impreíía  no  principio  das  Aí^ir- 
íafOâfts  dos  Atributos  Divinos  do  P.  Diogo 
Monteiro,  onde  fe  vè  o  feu  retrato  aberto 
em  huma  Lamina  com  eíla  infcripçaõ.  P,  Di- 
àúcus  Monteiro  Soe,  JESU  Aíajpjier  Novi- 
tiorum  an.  17.  c^  Provincialis  in  LMfittaúa, 
vir,  atnahili  virtute,  orandi  ajftduitate,  Ò'  mira  in 
hqtiendo  de  divinis  rehus  Jttavilale  praditiu,  exi- 
mieque  affeHus  erga  Chrijlm/  Infantem  pofi- 
íum  in  prafepio.  Ad  caleftem  patriam  evocatus 
ohiit  Conimbrica  27.  MaiJ  1654.  atat  72.  Societ.  J2. 
As  fuás  virtudes,  e  infignes  acçoens  rela- 
taõ  o  P.  Franco  já  allegado,  e  no  Ann. 
glor.  S.  J.  in  Ljifit.  p.  288.  micuit  abfolutijfimis 
virtutibus.  E  no  Sjnops.  Annal.  S.  J.  in  Lufit. 
pag.  265.  vir  ilk  ftdt  nullis  aqmndus  laudibus 
Cardof.  Agiol.  Lufit.  Tom.  3.  pag.  424.  Jm 
vida  fora  inctdpavel,  fita  virtude  effencial,  e  Jua 
pttre:(a  muy  folida.  Nicrcmberg.  Var.  llufi. 
dela  Compan,  Tom.  1.  foi.  562.  Nicol.  Ant. 
\Mh.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  251.  Vita  Sanãimonia 
nobilis.  IlluftriíTim.  Cunha  Hifi.  de  Brag.  Part.  2. 
cap.  106.  n.  I.  Infiffte  VaraÔ.  Nadaf.  Ann. 
dier.  memorab.  S.  J.  Part.  i.  pag.  286.  col.  2. 
Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  Ijtfit.  Utte- 
rat.  litter.  D.  n.  27.  quoadufque  latins,  len- 
tiusque  clarijftmi,  juftifftmique  viri  vitam,  fi 
non  ut  par  efi,  ut  mihi  certe  licebit,  praj- 
cribo.  Franco  Évora  glorio/,  pag.  428.  fio- 
receo  em  todo  o  género  de  virtudes.  Tellez 
Chron.  da  Comp.  de  JESUS  da  Prov.  de 
Portug.  Part.  2.  liv.  4.  cap.  26.  n.  5.  Varaõ  de 
mtry  Janta  vida,  e  de  muy  faudofa  lembrança. 
D.  Franc.  Manoel  na  Carta  dos  Author. 
Portug.  Entre  os  profejfores,  e  Meftres  de  ejpi- 
rito  o  P.  Diogo  Monteiro.  Compoz. 

Arte  de  Orar.  Coimbra  por  Diogo 
Gomez  Loureiro  1650.  4.  A  eíla  obra  cha- 
ma a  Bib.  Societ.  p.  172.  omnibus  numeris 
abfolutum. 

Devoto     exercido     da     PaixaÕ    de     Chrifio 
repartido  por   horas,    que    a    alma    devota    deve 
Ja^r  entre  dia.    Lisboa  por  Manoel  Carvalho. 
1632.  8. 

Meditaçoens  dos  Atributos  Divinos  Roma 
por  Angelo  Barnabó  1671.  8. 

Cartas  ejpiritnaes;  as  quais  pertendia  fa- 
zer publicas  Fr.  Manoel  da  Refurreiçaõ  Agof- 
tinho   Defcalço   aíTiítente   em   Roma.    Trinta 


conTervavft  em  íeu  poder  o  Doutor  Joad 
I^pez  Rapozo  da  Caftanheda  e  as  vio  o 
P.  Frandfco  da  Cruz  como  afBrma  nas  fuás 
Memorias  Aí.  S.  para  a  Bíbliotheca  Portu- 
gueza* 

Fr.  DIOGO  DE  MORAES  ReUgiofo 
da  Sagrada  Ordem  dos  Pregadores  em  cuja 
douta  paleílra  depois  de  eníinar  Filoíofia, 
e  Tbeologia  recebeo  o  gráo  de  Doutor  neíbi 
Faculdade  na  Academia  Conimbricenfe,  onde 
foy  Lente  de  Cadeira  de  Veípera,  de  que  tomou 
polTe  a  II.  de  janeiro  de  1562.  Foy  Qualifi- 
cador do  Santo  Officio,  ornado  de  feliz  me- 
moria, exaâa  obfervanda  do  feu  IníUtuto, 
e  de  profunda  intelligencia  da  Sagrada  Efcri- 
tura.  Cantou  a  Miíla  folemne  na  abertura 
do  Real  Collegio  de  Saõ  Paulo,  a  2.  de  Mayo 
de  1563.  Fazem  do  feu  talento  honorifica 
memoria  Fr.  Anton.  de  Sen.  Chron.  Ord. 
Prad.  p.  331.  Fr.  Pedro  Monteir.  Clauft. 
Dom.  Tom.  3.  pag.  188.  e  D.  Jozé  Barbof. 
Memor.  Hifi.  do  Real  Colleg.  de  S.  Paul.  pag.  19. 
Deixou  doutiflimos  Tratados  fobre  a  Efcritura, 
e  Theologia,  em  que  fe  admira  a  profundidade 
da  fua  fciencia. 

DIOGO  MOURAM,  natural  da  Villa  da 
Covilhãa  em  a  Comarca  do  Bifpado  da  Guarda, 
em  a  Provincia  da  Beira,  e  grande  profeíTor  de 
Medicina,  pela  qual  he  ch2itD2ido peritijpmus,  eru- 
ditijftmus,  (ò"  eximius,  por  Zacuto  Lufitano  in 
Med.  Princip.  Hifi.  Lib.  3.  hift.  13.  &  Lib.  2. 
Hift.  116.  &  in  Prax.  Med.  Lib.  2.  Obfervat. 
94.  Exercitou  eíla  Arte  com  fortuna,  e  applaufo 
na  Cidade  Archiepifcopal  de  Aix  da  Provincia 
de  Provença,  em  o  anno  de  1639.  Delle  fe  lem- 
braõ  Joan.  Anton.  Vander.  Linden  de  Scripf. 
Med.  Hallevordio  in  Bib.  Curiof.  p.  59.  coL  2. 
Joan.  Soares  de  Brito  Theatr.  Eufit.  Utter.  lit. 
D.  num.  28.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  231.  col.  I.  e  2.  Publicou  três  Apologias: 

Prima  de  Epilepfia  Hyfierica.  2.  De  vence 
Jeãione  in  flúor e  nimio  Hnmorroidum.  3.  De 
Ventris  tumore.  Ortheíii,  apud  Abrahamum 
Rovicrium.   1626.  4. 

Fr.  DIOGO  DAS  NEVES,  natu- 
ral   de    Lisboa,    filho    de    Luiz    Ribeiro,    e 


682 


BIB  LIO  THE  CA 


Maria  Gomes,  Religiofo  Eremita  Auguf- 
tiniano,  cujo  habito  profeíTou  no  Convento 
pátrio  a  16.  de  Agoílo  de  1619.  Foy  muito 
eftudiofo  da  Hiíloria  profana,  e  da  Mytho- 
logia,  como  também  infigne  em  efcrever 
Livros  do  Coro  com  vários  debuxos,  que 
pareciaõ  mais  formados  com  o  pincel,  que 
com  a  penna.  Falleceo  em  Lifboa  a  29.  de 
Março  de  1649.    Compoz: 

Epilogo  de  varias  hijlorias,  no  qual  fe  trata 
dos  principaes  Deofes  Gentilicos  com  alguma  dou- 
trina, e  moralidades y  que  os  antigos  qui^eraõ  mof- 
trar  debaixo  da  Jomhra  das  fuás  fabulas;  e  fe 
apontaõ  os  mais  notáveis  feitos  de  Varoens  fa- 
mofos,  e  mulheres  generofas,  que  houve  no  mundo, 
com  outras  muitas  curiojidades ,  e  em  efpecial 
dos  nojjos  Illuftres  Vice-Kejs,  e  Capitães  Orien- 
taes,  e  Africanos.  M.  S.  4.  Conferva-fe  na  Bi- 
bliotheca  do  Convento  da  Graça  de  Lisboa. 

Fr.  DIOGO  DE  NORONHA.  Naceo 
em  Lisboa  de  Pays  illuftres,  e  profeíTou  o 
InJftituto  Carmelitano  na  fua  pátria,  onde  foy 
Subprior  no  Convento  de  Saõ  Romaõ  duas 
vezes  no  anno  de  1602.  e  1608.  e  Meílre  dos 
Noviços  defde  o  anno  de  1610.  até  161 2. 
PaíTou  a  França,  e  na  Cidade  de  Elna  da  Pro- 
vinda do  Roíilhon  diftante  duas  legoas  de 
Perpinhaõ,  foy  Examinador  Synodal,  e  exer- 
citou o  minifterio  de  Orador  Evangélico, 
com  grande  applaufo  naõ  fomente  neíle 
Reyno,  mas  em  Hefpanha,  por  fer  dotado  de 
agudo  engenho,  e  fumma  erudição,  como 
afíirma  Fr.  Marcos  António  Alegre  de  Cafa- 
nate  Parad.  Carmel.  Decor.  Stat.  5.  iEft. 
18.  cap.  125.  pag.  472.  Voltando  de  Roma 
por  Perpinhaõ  tinha  prompto  hum  Livro 
para  imprimir,  o  que  já  defejara  executar  em 
Tolofa.  Falleceo  no  anno  de  1631.  Publi- 
cou: 

Sermon  delas  Bodas  de  Lui;^  XIII,  Rej  Chrif- 
tianijftmo  de  Francia,  j  'Navarra  con  D.  Anna 
de  Aufiria  Infanta  Catholica  de  Efpana.  Tolofa, 
por  Raymundo  Colomier,  Impreííor  Ordiná- 
rio delRey.  1616.  4. 

Fazem  memoria  delle  o  Licenciado 
Francifco  Galvaõ  Maldonado  na  Bib. 
Portug.  M.  S.  e  Fr.  Manoel  de  Sá,  Me- 
mor.  Hiftor.  dos  Efcrit.  Portug.  da  Prov. 
do  Carm.  cap.  20.  §.  147.  e  148. 


DIOGO  NUNES  HGUEIRA.  Naceo 
na  Villa  de  Mertola  do  Arcebifpado  de 
Évora  em  a  Província  Tranílagana  onde  teve 
por  Pays  a  Fernando  Dias,  e  Violante  Nunes 
de  Negreiros,  e  por  irmaõ  a  Manoel  Figueira 
de  Negreiros,  iníigne  Jurifconfulto,  com  o 
qual  eftudou  em  a  Univerfidade  de  Coim- 
bra Theologia,  e  elle  Direito  Civil,  como 
elegantemente  o  exprimio  neílas  métricas 
vozes : 
Nonte   prateream    cordis  pars    máxima    nofíri, 

Et  nojlri   confors  fanguinis   Emmanuel. 
Stirps  eadem  nobis,  eadem  quoque  pátria  fratres 

Júlia  germanos  Myrtilis  alma  tulit. 
Una  magijlra  duos  aluit  Conimbrica  tradens 

Jus  tibi  Cafareum,  Caliça  jura  mihi. 
Tendo  recebido  com  applaufo  de  to- 
dos os  Académicos  o  gráo  de  Bacharel 
em  a  Faculdade  Theologica  foy  admitido 
ao  Collegio  Real  de  Saõ  Paulo,  de  que  to- 
mou poíTe  a  16.  de  Novembro  de  in^* 
naõ  fomente  para  ornato  defta  illuílre  fo- 
ciedade,  mas  de  toda  a  Academia  Conim- 
bricenfe.  Sendo  Cónego,  e  Thefoureiro  mòr 
da  Cathedral  de  Évora,  e  Deputado  da 
Inquiíiçaõ  da  mefma  Cidade,  eleito  em 
13.  de  Dezembro  de  1578.  como  os  feus 
merecimentos  creceflem  com  os  annos,  foy 
promovido  à  Mitra  de  Congo  por  ElRey 
D.  Sebaftiaõ,  que  promptamente  regeitou, 
como  a  do  Japaõ  ofFerecida  pelo  Cardial 
Rey,  e  a  de  Angra  por  FiUppe  II.  que  o 
deftinava  para  feu  Agente  na  Cúria  Ro- 
mana, como  também  o  Priorado  mòr  de 
Aviz,  naõ  fendo  poderofas  taõ  authorifadas 
dignidades  em  que  o  nomearão  três  Mo- 
narchas  fucceflivos  para  alterar  o  feu 
animo  incontraílavel  às  batarias  da  ambi- 
ção, e  vaidade  humana.  Obrigado  das 
contínuas  inílancias  do  IlluítriíTimo  Arce- 
bifpo  de  Évora  D.  Theotonio  de  Bragan- 
ça aceitou  fer  feu  Secretario,  e  depois  Go- 
vernador duas  vezes  do  Arcebifpado,  em 
cujo  minifterio  defempenhou  a  eleição  de 
taõ  virtuofo  Prelado,  de  quem  confiava  os 
feus  mayores  fegredos,  e  venerava  como 
Oráculos  os  feus  diftames.  Ambiciofo  da 
vida  folitaria  na  qual  fe  tem  a  Deos  por 
Companheiro,  renimciando  o  Canonicato, 
e    Thezouraria    mòr,     em    dous    fobrinhos. 


LUSITANA. 


683 


fc  retirou  \  Pátria,  e  em  huma  Tua  Quinta 
edificou  hum  Convento  para  os  Religiofos 
cie  Saõ  Francifco  da  Província  de  Xabregas, 
em  o  anno  de  1612.  entre  os  quaes  viveo 
nté  que  paíTou  a  Ter  immortal  a  28.  de  Junho 
de  1613. 

Fazem  delle  illuílre  memoria  Nicol.  Agoít 
I  Id.  de  D.  Tòeof.  de  Braj^.  foi.  24.  v.o  Fr.  Agoft. 
<lc  S.  Mar.  //(/?.   'Vripartit.  Trat.  2.  §.   500. 
pag.   530.   P.   D.   Anton.   Caetan.   de  Soufa 
Cathal.  dos  hifpos  de  Angra.    D.  Jozé  Barbofa 
Memor.  Hijlor.  do  Colleg.  de  S.  Paul.  pag.  188.  c 
no  Arcbiat.  \jifit.  pag.  18. 
Qui   modo  furgit,    erit   celfihris  pietate    Fi- 
gueira, 
Cujus  tema  volef  froníem  decorare  facrata 
Infula,  fed  [preto  maior  fulgebit  honore. 
Duibis  amore  poli  fugiet  commercia  wundi 
Exquiret  natale  Jolum,  quo  Ten/pla  dicabit 
Quino    Kedemptoris,    qui  Jligmata   corpore  por- 
tat. 

Foy  infigne  Poeta  Latino,  obfervantif- 
fimo  cultor  deílc  idioma,  e  muito  douto  no 
Grego,  e  Hebraico.    Compoz: 

Paraphrajis  poética  in  Canticum  Can- 
ticoruM.  Dicata  SereniíTimo  Domino  Ale- 
xandro  Archiepifcopo  Eborenfi.  Principia: 
Expeêíafa  diu  longos  dilata  per  annos 

Ofcula  jam  Jponja  da  mihi  fponfe  tua,  (ò^c. 

Nefta  Obra  eftaõ  infertos  muitos  capi- 
tulos  dos  Cantares  de  Salamaõ,  em  diverfos 
Metros,  e  ultimamente  huma  Poefia  intitulada: 

Zephyrus  de  divino  Amore. 
Começa : 
Cajialii  procul  hinc,  Veterum  deliria  Jontis 

Árdua     ParnaJJi     culmina,     Cyrrha    pro- 
cul, ó'c. 

No  fim  deíla  Colleçaõ  dos  feus  verfos 
cujo  Original  como  vimos,  fe  conferva 
na  Livraria  do  ExceilentiíTimo  Marquez 
de  Abrantes,  acaba  com  eftas  palavras: 
Hcec  manu  própria  Juhjcripji,  fignavi,  (& 
Jiffllo  quo  utor  roboravi  apud  Juliam  Myr- 
tilem  Idibus  Mênfis  Junii  1607.  anno  D. 
N.  Salvatoris  JESU  Chrifii  cui  cum  Pa- 
ire, <ò'  Spiritu  Sanão  benediãio,  &'  clari- 
tas,  <&  fapientia,  €>*  gratiarum  a£tio  in 
Jacula  Jaculorum  Amen.  Ao  tempo  que 
fe  eftava  imprimindo  efta  Obra,  fe  fuf- 
pendeo   pela   prohibiçaõ   de   Paulo   V.    com 


a   qual    impedia    fe    fízeíTem   Parafrazes   em 
verfo  fobre  a  lífcritura. 

Di  Vaffmine  Epifcoporum.  Nefte  Tratado 
manifeílava  a  fua  grande  Litteratura  aíTim 
Canónica,  como  Theologica« 

DIOGO  NOVAES  PiACHECO.  Vc- 
jft-fe  JOZÉ  XAVIER  VALLADARES.  E 
SOUSA. 

DIOGO  PACHECO,  filho  do  Doutor 
Álvaro  Pires  Corregedor  da  Corte,  e  Chanceller 
da  Cafa  do  Cível,  e  de  D.  Ifabel  Pacheco,  filha 
de  Gonçalo  Lopes  Pacheco,  mereceo  pela  íua 
profunda  fcíencia  em  hum,  e  outro  Direito, 
de  que  deo  manifeílos  argumentos  em  os 
Tríbunaes,  em  que  foy  Senador,  e  pella  fua 
grave  prudência,  e  natural  elegância  particu- 
lares eftimaçoens  do  Sereniflimo  Rcy  D.  Ma- 
noel, naõ  havendo  funçaõ  politica,  em  que 
naõ  foflc  ouvido  com  geral  aclamação.  Que- 
rendo efte  Monarcha  congratular  ao  Pontífice 
Júlio  II.  por  ter  fubido  ao  Sólio  do  Vaticano 
o  nomeou  Secretario  deíla  Embaxada,  de  que 
foy  Embaxador  o  Bifpo  do  Porto  D.  Diogo 
de  Soufa,  em  o  anno  de  1 505.  c  na  prefença  do 
Pontífice,  e  todo  o  Collegio  Apoílolico, 
recitou  a  Oraçaõ  Obediencial  com  tanta 
pureza,  e  elegância  da  Latinidade,  que  dei- 
xou fufpenfo  taõ  grave  Congreflb.  Mayor 
applaufo  alcançou  a  fua  eloquência  Orató- 
ria, quando  no  mefmo  Theatro  proteftando 
o  noíTo  Príncipe  a  fua  obfequiofa  veneração 
a  Leaõ  X.  por  feu  Embaxador  Triftaõ  da 
Cunha  em  12.  de  Março  de  15 14.  exprimio 
o  profundo  rendimento  dos  Monarchas  Por- 
tuguezes  para  com  os  SucceíTores  de  Saõ 
Pedro,  confirmado  com  os  mais  predofos, 
e  raros  donativos  do  Oriente.  Naõ  fomente 
affiílio  em  o  anno  de  15  21.  aos  paftos  ma- 
trimoniaes  celebrados  entre  a  Infanta  D. 
Brites  com  Carlos  III.  Duque  de  Saboya, 
mas  orou  na  plaufivel  funçaõ  em  que  foy 
jurado  Succeflbr  deíla  Coroa  em  19.  de  De- 
zembro de  15  21.  ElRey  D.  Joaõ  o  IH.  de 
cuja  oraçaõ  tranfcreveo  grande  parte  Fran- 
cifco de  Andrade  na  Chronica  deíle  Príncipe, 
Part.  I.  cap.  8.  dizendo:  Que  por  Juas 
muitas  letras,  e  ^ande  eloquência  fora  ej- 
colhido  para    aquelle    a£to.     Foy    cafado    com 


684 


BIBLIO  THECA 


D.  Guiomar  Cardofa  filha  de  Pedro  Affonfo 
de  Carvalho,  e  de  Brites  Cardofa  filha  de 
Azuil  Cardofo  Senhor  da  Honra  de  Cardofo, 
de  quem  teve  defcendencia.  Oforio  de  reb. 
Eman.  lib.  4.  in  princip.  lhe  chama  Virum 
júris  Civilis  fcientia,  (&  dicendi  etiam  facultate 
non  vulgari  praditum  e  lib.  9.  Jurifconfultus 
magna  authoritatis.  lUuílriffim.  Cunha  Cathal.  dos 
Bi/p.  do  Port.  Part.  2.  cap.  32.  PeJJoa,de  quali- 
dade, e  letras,  e  na  Hijl.  Ecclef.  de  Brag.  Part.  2. 
cap.  69.  homem  de  letras,  e  valor.  Faria  Europ. 
Portug.  Tom.  2.  part.  4.  cap.  i.  n.  51.  e  74. 
Góes  Chron.  delKej  D.  Man.  Part.  3.  c.  55. 
Lud.  Jacob,  à  S.  Carol.  Bib.  Vontif.  pag.  298. 
Stephan.  Eques  in  Prolog.  Art.  Gram.  Egregii 
Doãores,  pracipue  Jacobus  Pachecus,  Eudovicus 
Teixeira  (ó^c.  Oratores  dijfertijftmi,  nec  non  poetes 
clarijfimi,  qui  Latinam  linguam  non  folum  optime 
callent,  fed  etiam  <&  docuerunt,  et  docere  ho- 
die  optime  pojfunt.  Catald.  Sicul.  lib.  3.  Suar. 
Vijion. 
Komanam  nuper  Pacequus  mijfus  ad  Urbem 

JLegatus  Lingua  clarus,  (0°  ingenio. 
Publicou. 

Obedientia  potentijjimi  Emmanuelis  Eufitanice 
Regis  per  clarijfimum  Júris  V.  Conjultum  Die- 
ghum  Paciecum  Oratorem  ad  Julium  II.  Ponti- 
ficem  Maximum  anno  Domini  1505.  pridie  Non. 
Jun.  4.  Naõ  tem  lugar  nem  anno  de  Im- 
preíTaõ. 

In  prwjlanda  obedientia  pro  Emmanuele 
Eufitanorum  Rege  inviãijimo  Leoni  X.  Pon- 
tifici  Máximo  diãa  Oratio.  4.  Naõ  tem 
anno,  nem  lugar  de  ImpreíTaõ.  O  P. 
Joaõ  de  Mariana  de  Kebus  Hifpan.  lib.  30. 
c.  23.  tranfcreveo  eília  Oraçaõ  narrando  a 
pompa  da  Embaxada  em  que  fora  recitada. 

Falia  que  fef<^  quando  entrou  em  Lis- 
boa a  Rainha  D.  Catherina  mulher  de  D. 
Joaõ  o  III.  M.  S.  Conferva-fe  na  Livra- 
ria do   Excellentiflimo   Conde   de  Vimieiro. 

DIOGO  DE  PAYVA  DE  ANDRA- 
DE. Naceo  em  Coimbra  a  26.  de  Julho 
de  1528.  como  para  eterna  gloria  defta  Q- 
dade  o  expreíTou  neílas  métricas  vo2es  feu 
irmaõ  Fr.  Cofme  da  Prefentaçaõ  Eremita 
Auguftiniano. 

Te  celebris   celebrem  genuit  Conimbrica  tellus 
Sed  germana    tuum   nomen   in   ajlra    tulit. 


ília  rudem  {fateor")  tenera  formavit  in  alvo, 
ília  dedit  claros  qui  docuere  viros. 
Foraõ  feus  progenitores  Fernaõ  Alvares 
de  Andrade  Thefoureiro  mór  delRey  D.  Joaõ 
o  III.  e  do  feu  Confelho,  cuja  nobreza  fe  deriva- 
va por  defcendencia  legitima  dos  Condes  de 
Andrade  de  Galliza,  e  a  D.  Izabel  de  Payva 
igual  ao  feu  conforte  no  efplendor  do  naci- 
mento.  Tanto  que  chegou  a  idade  de  dez  annos 
recebeo  em  o  Convento  de  N.  Senhora  da 
Graça  cabeça  da  Provinda  dos  Eremitas  de 
Santo  Agoftinho  defte  Reyno  pelo  efpaço  de 
quatro  annos  as  inftrucçoens  do  Ven.  P.  Fr. 
Luiz  de  Montoya  Varaõ  em  quem  competiaõ 
as  virtudes  com  as  letras,  e  poílo  que  no  prin- 
cipio parecia  inhabil  para  as  fciencias  fahio  com 
a  difciplina  de  taõ  infigne  Meílre  capaz  de  com- 
prehender  as  mais  difficultofas,  como  clara- 
mente fe  vio  quando  ao  contar  quatorze  annos 
de  idade  paíTou  ao  Collegio  Auguftiniano  da 
fua  Pátria  onde  fez  taes  progreíTos  a  fublimi- 
dade  do  feu  engenho  na  intelligencia  das  lin- 
guas  Latina,  e  Grega,  letras  humanas,  e  Filo- 
fofia  em  que  recebeo  o  gráo  de  Meftre  que  era 
envejado  dos  mayores  talentos  de  toda  a  Uni- 
verfidade  principalmente  em  os  aâos  lit- 
terarios  que  precederão  ao  laurear-fe  Dou- 
tor na  Faculdade  da  Theologia  em  os  quais 
confiderada  a  verdura  dos  annos  unida  com 
a  fubtileza  das  refpoftas  accuzava  de  menos 
aguda  a  madureza  dos  primeiros  Cathedrati- 
cos.  Do  eftudo  da  Theologia  Efcholaftica  fez 
degrao  para  a  Expofitiva  aprendedo  funda- 
mentalmente a  lingua  Hebraica  como  neceíTa- 
ria  para  a  penetração  dos  feus  profundos  arca- 
nos que  fe  lhe  fizeraõ  mais  patentes  com  a  con- 
tinua liçaõ  dos  Santos  Padres,  e  Sagrados  Inter- 
pretes. Ornado  com  tantos  dotes  fdenti- 
ficos  fe  dedicou  por  muitos  annos  ao  exer- 
cício do  Púlpito  concorrendo  para  o  fazer 
o  mayor  Orador  Evangélico  do  feu  tem- 
po a  grave  authoridade  da  peíToa,  o  regu- 
lado movimento  das  acçoens,  o  fonoro 
metal  da  voz,  a  efficaz  vehemencia  dos  af- 
feétos,  com  que  penetrava  os  coraçoens 
mais  duros,  e  a  liberdade  apoftolica  com  que 
fem  individuar  peíToas  reprehendia  os  vidos 
de  tal  forte  que  fendo  rogado  fizeíTe  huma 
inveâiva  contra  a  fenfualidade  por  fer  o  peca- 
do  mais   tranfcendente,   refpondeo,   que  re- 


LUSITANA. 


685 


ceava  fallando  dcílc  vicio  of&nder  mais  os 
ouvidos  gUIos,  que  emendar  os  profanos. 
Para  que  dos  Teus  difcurfos  predicativos  colhef- 
fc  o  fruto  que  anciofamente  dezejava,  antes  de 
fubir  ao  Púlpito  celebrava  Miíía,  e  no  fím 
proílrado  por  terra  pedia  a  Deos  lhe  illuftraíTe 
u  entendimento»  e  acendeíTe  o  coração  para  def- 
pertar  aos  pecadores  do  lethargo  da  culpa  em 
que  jaziaõ  fepultados.  A  fciencia  Theologica 
unida  com  a  eloquência  Ecclenailica  o  fizeraò 
digno  para  que  entre  os  famofos  Varoens  que 
clRey  D.  Sebaíliaõ  mandou  no  anno  de 
ij6i.  aíTiftir  em  feu  nome  ao  Concilio  Tridcn- 
tino  foíTe  ellc  hum  dos  nomeados,  em  cujo 
mageftofo  congreíTo  quando  contava  a  florente 
idade  de  trinta  annos  caufou  enveja,  e  admira- 
ção a  todos  os  Padres  Veneráveis  pela  idade, 
c  muito  mais  pela  fabidoria  de  que  fe  com- 
punha aquella  fagrada  AíTemblea  ouvindo  as 
fuás  refoluçoens  como  Oráculos  eftabelicidas 
com  os  Cânones  Pontifícios,  e  Sentêças  das 
mayores  luzes  da  Igreja  Catholica,  de  tal  forte 
que  tendo  votado  em  huma  queftaõ  perten- 
cente ao  Sacramento  do  Matrimonio,  refol- 
veo  o  Concilio  que  para  mais  diffufamente 
explicar  o  feu  voto  de  que  dependia  a  ultima 
decifaõ  na  matéria  que  fe  ventilava,  fe  depu- 
taíTe  huma  Congregação,  o  que  fe  executou 
com  aíTombro  de  todos  os  circunílantes.  Contra 
a  herética  petulância  de  Martinho  Kemnicio 
fe  armou  a  fua  pena  defendendo  o  Sagrado 
Inílituto  da  Companhia  de  Jefus  das  impof- 
turas  com  que  aquelle  herege  o  intentou  fal- 
famente  manchar  por  terem  feus  illuftres 
filhos  cenfurado  por  ordem  da  Univerfidade 
de  Colónia  o  Cathecifmo  de  Joaõ  Mohemio 
cheyo  de  dogmas  contrários  a  Igreja  Ro- 
mana. EÍUmulado  Kemnicio  da  apologia 
em  que  nervofamente  fe  confutava  a  fua 
petulância  voltou  contra  feu  author  o  ódio 
que  tinha  à  Companhia  efcrevendo  hum  livro 
em  que  naõ  fomente  injuriava  o  nome  de 
Diogo  de  Payva,  mas  impugnava  os  prin- 
cipaes  dogmas  eílabelicidos  no  Concilio  de 
Trento.  Para  defender  a  pureza  da  Efpo- 
za  do  divino  Cordeiro  fegunda  vez  pegou 
da  pena  com  a  qual  femelhante  à  Clava  de 
Hercules  degollou  eíla  infernal  Hidra  para 
nunca  mais  vomitar  o  peílifero  veneno 
dos  feus  erros.     Concluido  o  Concilio  par- 


tio  para  Roma,  e  ncAa  famofa  Metrópole 
do  mundo  foy  igualnoente  conhecido,  e  vene- 
rado o  feu  talento;  e  podendo  alcançar  as 
mayores  dignidades  EccIcfiaíVicas  que  certa- 
mente lhe  feguravaõ  os  fetu  metecimentos 
illuArados  com  o  efplendor  do  feu  nad- 
nKnto,  como  era  naturalmente  inimigo  da  am- 
bição voltou  para  a  Pátria  com  a  gloria  de  is 
merecer  ainda  que  fem  a  fortuna  de  as  poííuir. 
Rcílituido  ao  Reyno  continuou  no  officio  apof- 
tolico  de  Pregador  fendo  o  emolumento  de  taõ 
laboriofa  emprcza  a  direcção  de  muitas  almas 
para  o  caminho  da  eternidade.  Nunca  teve 
remuneração  dos  grandes  ferviços  que  fez  á 
pátria,  injuria  que  tolerou  como  benefício  por 
fer  o  feu  coração  fuperior  ao  mayor  premio. 
Diffímulou  com  generofo  defprezo  a  maledi- 
cência de  alguns  emulos  obrigando-os  a  que  íe 
converteflcm  em  panegiriílas  da  fua  inculpável 
vida.  Por  fer  mais  abundante  dos  dotes  da  gra- 
ça que  dos  bens  da  fortuna  nunca  pode  fatisfa- 
zer  as  dividas  contrahidas  em  a  jornada  que  fez 
a  Trento,  para  cujo  effeito,  e  para  limar  algu- 
mas das  fuás  obras  determinava  retirarfc  a 
huma  Quinta  junto  ao  Convento  do  Varatojo 
diílante  fete  legoas  de  Lisboa  que  era  do  mor- 
gado de  feu  irmaõ  Álvaro  Perez  de  Andrade; 
porem  ao  tempo  que  meditava  eíla  refoluçaõ 
foy  acometido  da  ultima  enfermidade,  que 
parecendo  ao  principio  leve  fe  aggravou  de 
forte  que  pedio  os  Sacramentos  os  quaes 
recebidos  com  fumma  piedade,  e  difpofto 
o  feu  teílamento  efpirou  placidamente  em 
Lisboa  ao  primeiro  de  Dezembro  de  157J. 
quando  contava  47.  annos  de  idade.  Foy 
fepultado  na  Capella  de  S.  Nicoláo  Tolen- 
tino  do  Mofteiro  de  N.  Senhora  da  Gra- 
ça onde  fe  educara,  a  qual  mandou  ornar 
fua  Sobrinha  D.  Joanna  de  Noronha  filha 
de  Sua  Irmaã  D.  Violante  de  Andrade 
Condefla  de  Linhares  com  huma  MiíTa  quo- 
tidiana pela  fua  akna.  A  taõ  infigne  Varaõ 
dedicarão  grandes  elogios  os  mayores  Ef- 
critores,  como  foraõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp, 
Tom.  I.  pag.  235.  col.  i.  Hjgus  doãrince 
virum  manere  domi  laboris,  ac  meriti  expertem 
non  decuit  tempore  qrio  ad  infirnendam  imiver- 
falis  Ecclejia  Synodtim  Tridenttim  indiãam  ceie- 
briores  Theolo^  ex  omnibus  Hijpaniarum  regnis 
evocabantur  Eo  igitur  in  loco,  €>"  doãijfimortim  Pa- 


686  BIBLIOTHE  CA 

trum  confejfu  re  graviter,  d^  inãujlrie  geJla,jliloque  Chrijliani  Orbis  regiones  penetraverit.  Si- 
propugnandis  illius  Concilii  Decretis  commodato,  quidem  fingularis  tua  integritatis,  eruditionie 
tandiu  laudahitur,  quandiu  Tridenttnarum  rerum  plane  incomparahilis  in  Chrijli  Ecclejia  pie- 
memoria  permanehit.  Eifengreinius  in  Caíhal.  tatis  argumenta  Jane  quam  illujlria  publi- 
Teji,  Verit.  Fidei  Chrtftiana  defenforem  injignem  eis  difputationibus,  concionibm  que  dedijli; 
omnes  fui  temporis  magiftros  litterarum  Sacrarum  illujlriora  etiam  daturus  cum  dociijjimos  libros 
fcientia,  eruditione,  <&  do^rina  fuperaffe.  Gregor.  quibus  Sacras  litteras  plurimum  illujlras,  rem- 
Nun.  Coronel  de  Ver.  Chrijli  Ecclef.  Virum,  que  ecclefiafticam  promoves,  in  vulgus  edi  per- 
to' Sanguine  clarum,  <&  doãrina,  <ò'  pietate  mijeris  Fr.  Fernand.  da  Soled.  Hijl.  Seraj. 
perillujlrem.  Cardof.  Agiol.  hujit.  Tom.  2.  da  Prov.  de  Port.  Part.  3.  Liv.  13.  cap.  38. 
pag.  620.  no  Comment.  de  17.  de  Abril  n.  276.  Grande  Theologo,  e  Pregador.  Gra- 
letr.  D.  cuja  virtude,  e  /ciência  fqy  muy  aplau-  veffon  Hift.  Ecclef.  Tom.  7.  Colloq.  4. 
dida  no  Concilio  Tridentino  onde  ajjijlio  pelo  pag.  mihi.  84.  injignis  Theologus,  &  Colloc 
muito  que  honrou  a  Jt,  e  a  Jua  pátria.  Ripald.  5.  pag.  105.  inter  Concilii  Tridentini  Theo 
de  Ente  Supernal.  Tom.  i.  Diít.  30.  Seâ:.  20.  logos  celebris.  Bib.  Societ.  pag.  177.  Pro- 
n.  105.  Hareticorum  flagellum  acerrimum,  (&  pugnator  Socie tatis.  Soufa  Exped.  Hi/p.  S. 
egregium  Tridentince  doãrina  ajfertorem.  Henao  Jacob.  Part.  3.  Seft.  i.  AíTert.  51.  5. 
in  Scient.  med.  hijlor.  propugnat.  Eventil.  1538.  vir  clarijfimus  Jpkndore  Janguinis,  Sa- 
16.  n.  466.  celebris  Dodtor  Conimbricenjis.  pientia  prajtantia ,  (ò"  morum  probitate  in- 
Rofweid.  in  Leg.  Talion  Cauf abono  reta-  Jignis.  CapaíTi  Hijl.  PhilofoJ.  pag.  453.  Ko- 
liata.  Tabal.  i.  Virum  longe  doãijfimum,  nig.  Bib.  Vet.  <&  nov.  pag.  37.  col.  2.  Pof- 
qui  ad  Concilium  Tridentinum,  <&  profundif-  fev.  Apparat.  Sacer.  Tom.  i.  pag.  463.  Com- 
Jimi     Theologi    mentem,     (ò'     linguam     eloquen-  poz. 

tijfimi      Oratoris      attulit.      Paul.      Scherlog.  Orthodoxarum      explicationum      libri     X. 

ad    expojlul.     contra    Scient.     Med.     Part.     2.  Primus    eji    de    Origine    Societatis   Jefus    2.  a 

Seâ:.   18.  n.  99.  cujus  injignis  extitit  authoritas  Scriptura     Sacra     3.     de    peccato     4.     de    li- 

in    Concilio    Tridentino,    &    Seft.    19.    n.    104.  bero     arbítrio.     5.     de     Eege,     <&     Evangelio. 

injignem  admodum  virum  Fr.    Egidius   à   Prze-  6.     de    Jujiijicatione ,     <&     Fide     7.     de     Cana 

fent.  T>e  Concept.  Ub.  3.  Quasft.  i.  Part.  única  §.  Domini.      8.      de      Confejftone,      Confirmatione, 

2.    n.     20.    Eujitanorum,    <&    Conimbricenjium  (&      Extrema      imãione.      9.      de    veneratione 

Doãorum  decus.     Crufen  in   Monaji.   A.ugujlin.  Sanãorum,     <&     imaginibus.     10.     de     Caliba- 

Part.     3.    cap.    48.    vir    celeberrimus.      Purif.  tu.      Colónias     apud     Martinum     Cholinum 

de  vir.  illujlrib.  lib.   3.  cap.   11.  magno  Catho-  1564.    8.    e    Venetiis    apud    Jordanum    Zil- 

licorum  plaufu,    <ò'    hareticorum    terrore  floruit  lettum    1594.    4.    Na    prefação    deite    Uvro 

in    Tridentino.    Joan.    Soar.    de    Brit.    Theatr.  lhe   faz   o   feguinte   elogio   o   eloquentiflimo 

Eujit.  Eitter.  lit.   D.   n.    29.     Vir  fuit  excel-  Jeronymo    Oforio    Bifpo    de    Sylves.     Erat 

lenter    doãus,     <&     Eujitana     etiam     eloquentia  in     illo    Jummum     ingenium,     ardens    JluMum, 

Juo     tempore     celebratijftmus,     in     Concilio     vel  Jingularis    indujlria;     quibus    muneribus    naturte 

inter   orbis   lumina  Jplendere   vijus   eJi   doãrina,  prajlantis,     <&     virtutis     eximia     locupletatus, 

<&  pietate.    Hieron    Magio    in    Epiji.    Dedi-  cum   Je    ad    artes   praclaras    inflamato    anim(f 

cat.     Oper.    de    Quadripartita    Jujiit.    D.    Fr.  contulijjet,   ubérrimos  fruãus  conjecutus  eJi;  elo- 

Gafpar     do     Cafal     Epifcop.     Conimb.     Tu  quentia  vero    difciplinam    egregie    coluit:   linguas 

enim    ab     dolejcentia     ipfa    praclaris     omnibus  quas  vidit  ejje  ad  clariorem  Sacrarum  litterarum 

artibus      imbutus      Hebraica,      Craca,      Eati-  intelligentiam     necejjarias     acri    fiudio     didicit. 

naque      lingua     peritijfimus ;      inque      Philojo-  Hifque     opibus     injiruãus     ad    divina     mjjleria 

phia,      <&      Sacra      Theologia   Jiudiis     egregie  perfcrutanda   totam   mentem  aplicuit. 
verfatus     (^ut     reliquas     virtutes     tuas  filentio  De      Societatis      JESU      origine      libellus 

involvam)     tantos     in     his    progrejjus    fecijli,  contra     Kemnicii     cujufdam    petulante  m     auda- 

ut    tui   fama    Eujitania    Jinibus    non    circunf-  ciam.      Lovanii     apud     Rutgerum    Velpium 

cripta  Jit,  fed  ad  nos   quoque,    atque   ad  alias  1566.  8.    Sahio  traduzido  em  Francez  Lugd. 


L  USITANA. 


por  Miguel  Jove  i)6).  8.  Eftc  Tratado  he 
>  primeiro  do  Livro  precedente  intitulado 
)rthodosaritNi  expHcationum,  flcc. 

Def enfio  'Vridenlina  Videi  Catholica,  ^  intt' 

mima  quinqne  lihris  comprehenfa  adverjiu  dtíe- 

liahiles  intreticoriim  cahmmas,  (&  prafertim  Mar- 

lini  Kemnitii  C.ermani.    Primus  /iber  conftat  de  ge- 

rralis  ConciiiJ  authoritatt,   2.  de  attthoritate  S. 

\criptnra,  ò*  tradiíiormm.  5.  de  lihris  Canonicis. 

\.   de   authoritate  vulgata  Latina  editionis  j.  in 

fres  partes  dividi ttnr.   i,  eft  dê  Piccato  Oriffnis. 

.    de  peccati   Originalis   reliquiis,  ftve   de   con- 

ifiifcentia    qiia   pojl    baptifmum    in    mente    ejl 

liqntt.     3.    de    Virginis    Deipara    Conceptione. 

( )lynipone  apud  Antonium  Riberium.   1)78. 

l.  Colonix  apud  Martinum  Cholinum  1580.  & 

IngolftacJii    apud    Davidcm  Sartorium    1580. 

&    Vcnctiis    apud    Jordanum    Zillctum 

1Í92.  4. 

Oratio     habita     ad     PP.     Tridentina     Sy- 

nodi      Dominica     fecunda     pofi     Pafcha     anni 

1562.    Sahio  com  outras  Lovanii  1567.  Ve- 

iictiis    apud    Joan.    Baptifta    Bo2olIa    1562. 

\.    A  efta  oraçaõ   chama  Jeronymo   Magio 

110    lugar    aflima    citado    Vere  piam,  foJida 

oârina   friige    referiam,    atque     elegantijftmam. 

Sermoens    Primeira   Parte.    Começa  no  pri- 

eiro  Domingo  de  Advento,  e  acaba  na  Fejla  do 

\SãHtiJftmo  Sacramento.   Lisboa  por  Pedro  Cras- 

'beeck  1605.  4. 

Sermoens  fegunda    Parte.     Contem    os    Ser- 

oens  de   Nojfa   Senhora,    e   dos   Santos  poflos 

•peia  ordem  dos  me:(es.    Lisboa  pelo  dito  Im- 

'•^reflbr  1605.  4.    Sahio  efta  Parte  vertida  em 

iftelhano  por  Fr.  Bento  de  Alarcão  Monge 

c  ^iftercienfe.    Madrid.  161 7.  4. 

Terceira     Parte     dos     Sermoens     de     varias 
aterias    com     a    parafrafe    de     alguns     Pfal- 
fnos    os    quaes    elle    commentava.     Lisboa    por 
r  Pedro   Crasbeeck    161 5.    4.     Eftes    três    To- 
amos  fahiraõ    á   lu2    pubUca    por   deligencia 
lie  Fr.   Manoel   da   Conceição   Eremita  Au- 
guftiniano  Sobrinho  do  Author. 

DIOGO  DE  PAYVA  DE  ANDRA- 
SDE  Sobrinho  pela  parte  paterna  do  prece- 
dente naceo  em  Lisboa  a  13.  de  Dezem- 
bro de  1576.  onde  foy  educado  por  feus 
Pays  Francifco  de  Andrade  Chronifta  mòr 
do    Reyno,    e    Commendador    de    S.    Payo 


687 

de  Trogoes  no  BiTpado  do  Porto,  e  D. 
Stelena  da  Cofta  com  aquellcs  documen- 
tos, que  o  fízetaõ  digno  da  eftímaçaò  unl- 
veríaL  Aprendeo  com  incrivel  brevidade,  e 
mayor  comprchenfaõ  a  língua  latina,  Rhe- 
torica,  Poefia,  e  letras  humanas,  em  que 
fahio  muyto  eminente,  principalmente  na 
Arte  Poética  em  que  fielmente  imitou  o  eT* 
tilo  dos  mais  infígoet  Poetas  que  veoerou 
o  feculo  de  Auguílo,  como  em  Teu  applauíb 
cantarão  as  Muías  de  Jacinto  Cordeiro,  Ma- 
noel de  Galhegos,  e  António  Figueira  Du- 
rão. O  primeiro  no  Elog.  dos  Poet.  Ijifit. 
lift.  45. 

Mas  ya  Diegp  de  Paiva  reflitirj/e 
Loque  en  los  dos  perdio,  que  el  folo  ptude: 
Quando  con  tanta  gala  fubfiituye 
Su  pluma   a    Ubio,  porque    Libio   excede: 
Y   de  Homero  retrato  y  dei  Mantuano 
Séneca    Portugue!(^   nuevo    Claudiano 
O  fegundo  no  Templ.  da  Memor.  liv.  4. 
Eftanc.    203. 

£  vòs  Payva  erudito,  que  no  Oriente 
Solemni^^ais  a  Portuguev^a  efpada 
Fa:(ey  que  em  vojfo  exametro  eloquente 
Soe  por  Nuno  a   Pátria  libertada 
Ouça  o  Ganges  feu  nome,  e  leve-o  donde 
O   Paraiv^o  terreal  fe  ef conde. 
E  o  terceiro  in  haur.   Parnaf.   Ram.    2. 
Multum  Roma  pavef  canente  Payva 
Ne   laudes  hebetet  fui  Maronis 
Majli  oblivio  non  amanda  L^thes 
Nec  falfum  efl^  quoniam  novum  Maronem 
Si    Payvam    afpiceret  diferia    Roma 
EJfe    Virgilium  fuum  putaret. 
Quò  fejfos  óculos  rapit  argentata  verendi 
Effigies  vatis:  tu  denique  Didacus  ille  es 
Unus,  qui  nobis  cantando  moenia  Chaul 
Keflituis,    meritamque    ideo    tibi   gloria  famam 
Dedicai,    e>*   doais   decoraiur  flemma   Phaleucis. 
Semelhantes    Elogios    lhe    fizeraõ    Joaõ 
Soar.     de    Brit.     Theatr.     Ijifit.     Utier.    lit. 
D.    n.     30.    humanioribus    difciplinis,    omnimo- 
daque       eruditione      probe       excultus      poética 
vero     laudis,     atque     artis    prajlaniia     eminen- 
iiftmus.      Nicol.     Ant.     Bib.     Hifp.     Tom. 
I.    pag.    236.    col.    I.    Vir  politiori   litieratu- 
ra,     €>•    poética    faculiate    commendatus    pofle- 
riiati.    Ant.    de    Souz.    de    Maced.    ¥lor.    de 
Efpan.    cap.    24.    Excel.    3.    n.    7.    Excellenie 


688 


BIBLIO THECA 


Poeta  de  los  tiempos.  Naõ  foy  menos  efti- 
mado  pelo  eíludo  da  Hiftoria  aíTim  Sagrada, 
como  profana  em  que  confumio  o  tempo 
particularmente  na  inveíligaçaõ  de  algumas 
difficuldades  pertencentes  ao  noflb  Reyno 
diílinguindo  com  judiciofa  critica  o  falfo 
do  verdadeiro,  por  cuja  applicaçaõ  parecen- 
do-lhe  que  fubftituhiria  a  feu  Pay  no  lugar 
de  Chroniíla  mòr,  e  vendo  que  lhe  fora  pre- 
ferido Fr.  Bernardo  de  Brito  concebeo  tal 
payxaõ  contra  elle,  que  a  defafogou  com  a 
inveâdva  intitulada. 

Exame  de  Antiguidades  Part.  i.  contem  dof^e 
tratados  onde  Je  apuraõ  hijlorias,  opinioens,  e  curio- 
Jidades  pertencentes  ao  Rejno  de  Portuga/,  e  a 
outras  partes  de/de  a  Criação  do  mundo  até  o  anno  de 
3403.  Lisboa  por  Jorge  Rodrigues.  161 6.  4. 
A  eíle  livro  nervofamente  impugnou  Fr. 
Bernardino  da  Sylva  Monge  Ciftercienfe  So- 
brinho do  Fr.  Bernardo  de  Brito  fahindo  com 
dous  livros  que  intitulou  Defenfaõ  da  Monarchia 
L^ujitana,  onde  corrobora  com  graves  funda- 
mentos as  opinioens  que  feu  Tio  feguio  na 
Monarchia  L.ujitana.  Falleceo  Diogo  de  Payva 
na  Villa  de  Almada  a  21.  de  Dezembro  de 
1660.  com  84.  annos  de  idade  deixando  com- 
poftas  alem  da  obra  precedente  as  feguintes. 
Casamento  perfeito  em  que  Je  contem  adver- 
tências muito  importantes  para  viverem  os  Cat^ados 
em  quietação,  e  contentamento,  e  muitas  hijlorias, 
e  acontecimentos  particulares  dos  tempos  anti- 
gos, e  modernos:  diverfos  cojlumes,  JLeis,  e 
ceremonias,  que  tiveraô  algumas  Naçoens 
do  mundo:  com  varias  Sentenças,  e  documentos 
de  Authores  Gregos,  e  ILatinos  declarados 
em  Portugue:(^  tudo  em  ordem  ao  me/mo  intento 
Lisboa  por  Jorge  Rodrigues  1630.  4.  &  ibi 
por  Miguel  Rodrigues  1726.  8. 

Doãijftmo  y  muy  provechojo  tratado  lhe 
chama  António  de  Souza  de  Macedo  Vlor. 
de  Efpan.  Cap.  3.  excel.  3.  D.  Francifco 
Manoel  Obras  Metric.  Tub.  de  Calliop.  Sonet. 
36.  lhe  faz  em  applauzo  delia  obra  o  feguinte 
Soneto. 
Clarijfimo   Diogo   quem  cuidara 

Sem  que  gajlajfe  em  vaÕ  toda  a  eloquência 

Kedui^ir  ao  Império  da  prudência 

O  mando  que  a  fortuna  lhe  ufurparal 
Tu  fô  cuja  doutrina  fempre  clara 

Eximindo  a  re^aõ  da  contingência 


Do  que  antes  era  cafo  fev^  f ciência 
Documento  geral  da  forte  avara. 
Hoje  o  mundo  que  ordenas,  de  admirado 
Os  louvores  confunde  em  alegria 
Quando  hum  dourado  feculo  prefume: 
Pois  vê  que  a  perfeição  de  tal  ejlado 
Se  antes  por  maravilha  fucedia 
Agora  fe  exercita  por  coflume. 

Chauleidos  libri  duodecim.  Canitur  memoranda 
Chaulenfis  Urbis  propugnatio,  e^*  celebris  vicioria 
Eufitanorum  adverfus  Copias  Ini^a  Maluci.  Uly- 
ffipone  apud  Georgium  Rodrigues.  1628.  4. 

Eíle  Poema  he  louvado  pela  elegância  do 
metro  por  iníignes  authores,  como  faõ  Joaõ 
Soares  de  Brito  Apolog.  por  Camoens  Ccn- 
fur.  3.  n.  14.  dÍ2endo  que  por  viver  ainda  o 
Author  naõ  fe  lhe  deue  menos  credito,  e  ejlimaçaõ 
que  a  muitos  dos  antigos  aos  quais  na  minha  opi- 
nião naõ  bafla  para  fer  melhores  a  forte  de  primeiros 
e  na  Cenf.  12.  ISla  minha  opiniaõ  nunca  ajjás 
louvada  Chauleida;  e  no  Theatr.  Eufit.  Eitter. 
lit.  D.  n.  30.  in  qua  muitos  ex  antiquioribus 
Poetis  prorfus  exuperat,  primos  exaquaí, 
fie  enim  judicavit  Ericius  Puteanus.  Ant. 
de  Souf.  de  Maced.  Eva  e  Ave  Part.  i. 
cap.  26.  n.  10.  valente  imitador  de  EJlacio, 
e  affim  naõ  he  fua  liçaõ  vulgar.  Faria  no 
Com.  às  Eufiad.  de  Cam.  Cant.  10.  Eílanc. 
29.  Delas  guerras,  que  los  Portugueses  tuvieron 
en  Chaul  y  acciones  bizarras  militares  íj.i.ly 
un  Poema  Eatino  vendendo  a  fu  Padre  en  el  que 
efcrivio  de  Dio  con  que  fe  parecio  a  Torquato 
que  vencio  alfuyo  confus  obras. 

De  Scitu  dignis  libri  quattuor.  4.  M. 
S.  Contem  80.  Cafos  prodigiofos  fuccedi- 
dos  em  Portugal.  Começa  o  i.  Livro.  Qu'> 
tempore  grajfabatur  illa  atrox  Eues. 

Compendium  recentis  hiflorice  Eufitanorwn 
adverfus  Hifpanico-poteflatem.  Começa  Pofi  repo- 
fitam  in  libertate  Eufitaniam. 

Joannes  Baptifla  tragedia.  Começa  o  pri- 
meiro afto. 

Quoe    Sors,     quod    ajirum,    quod    vé    Tar-i 
tareum    Scelus    Eftà    compofta    no    eílilo    de 
Séneca  Trágico.  ' 

Eduardus  Tragedia.    Começa. 
Quifquis  meorum  nomem  Aufiriadum  colit.  &c. 

Ad  Theodofium  Brigantinum  Ducem  cum  Faf- 
tis    Joannis     Tertii     Portugallice    Regis    mif 
Panegyris  161 3.    Começa. 


L  USITANA. 


689 


m 


1 


Sape    ego    virtutum  ferie    meritifqm    tttortim 
Diiííns. 
Acaba. 

Conjilio,  ó*  patriis  foveat  virtutibiu  aulam. 

lífcrita  no  eítilo  de  Claudiano.  A  eíle 
Pancgyrico  chama  JoaÔ  Soares  de  Brito  in 
Theafr.  Ijifií.  \Jtter.  littcr.  D.  n.  30.  U- 
ff/aíijfw/d. 

Todas  cHas  obras  fe  comprehcndem  em 
hum  volume  com  muitos  verfos  Heróicos, 
Elegíacos,  Saíicos,  Jambicos,  e  Alcaicos  com 
varias  cartas  Latinas,  o  qual  fe  confcrva 
na  vaílirTima  Bibliotheca  do  Excellenti/Timo 
Conde  da  Ericeira. 

ínftrncfaõ  politica  em  dialogo  em  que 
faõ  interlocutores  hum  Anjo,  e  o  Corpo. 
Confta  de  nove  Livros  M.  S.  foi.  Confer- 
va-fc  na  mefma  Bibliotheca. 

Hpijlola   Latina    efcrita    a    JoaÔ    Rodrigues 

Sà  Camareiro  mór,  Sahio  imprefla  em 
Lisboa  1641.  ao  principio  da  Defenfa  de 
Camoens  compofta  por  Joaõ  Soares  de  Brito. 


DIOGO  PARDO  DE  OSÓRIO  Ca- 
itaõ,  que  militou  com  valor,  e  difciplina  na 
guerra  que  Caftella  moveo  a  Portugal  no 
anno  de  1640.   Efcreveo. 

Extraâío  Icbnographico.  Dedicado  ao  llluf- 
trijftmo  Senhor  D,  Miguel  de  Portugal  Conde 
do  Vimiojo  Senhor  de  Pernambuco  do  Confelho 
de  guerra.  Na  Dedicatória  confefla  que 
fora  feu  ofíicial  menor  na  Campanha 
em  que  militava  o  mefmo  Conde.  Coníla 
de  diverfas  Fortificaçoens  primorofamente 
rifcadas.  8.  M.  S.  cujo  Original  fe  con- 
ferva  na  Livraria  do  Excellentinimo  Marquez 
de  Valença. 


DIOGO  PEREYRA  Floreceo  no  Rey- 
nado  delRey  D.  Manoel,  e  foy  iníigne 
Poeta  Latino  deixando  varias  obras  como 
efcreve  Manoel  de  Faria,  e  Souf.  no  Cathal. 
dos  Efcritor.  Portug.  e  Joaõ  Soares  de 
Brit.  Theatr.  Lufit.  'Litter.  lit.  D.  n.  31. 

DIOGO  PEREYRA  natural  da  Vil- 
la  de  Souzel  íituada  entre  Villaviçofa,  e 
Eílremós,  e  morador  na  Cidade  de  Elvas, 
celebre    profeíTor    de    Medicina.     Efcreveo. 


Tratado  contra  o  Itpro  de  Inttntiombut 
Chirurgicis.  Compofto  pelo  Doutor  Joaô 
Bravo  CharniíTo  jubilado  na  Cadeira  de 
Vefpera  de  Anatomia  em  a  Univeríidade 
de  Coimbra,  onde  excita  a  queíbõ  fe  pôde 
curarfe  por  Enfalmos,  e  refolve  que  fím. 
Contra  eíla  aíTeveraçaA  fez  a  fua  impugna- 
ção o  Doutor  Diogo  Pereira. 

DIOGO  PEREIRA  SOTO-MAYOR  na- 
tural do  lugar  chamado  dos  Muchachos  fite- 
guezia  de  Saõ-Tiago  de  Cayola  termo  da 
Cidade  de  Portalegre  em  a  Provinda  do 
Alentejo  Licenciado  na  faculdade  dos  Sagra- 
dos Cânones.  Compoz. 

Tratado  da  Cidade  de  Portalegre,  fuás  Anti- 
guidades, Fundação,  Bifpos,  que  nella  houve,  e 
outras  curiofidades.  Dedicado  ao  IlluftriíTimo  D. 
Rodrigo  da  Cunha  Bifpo  defta  Diocefe, 
donde  paíTou  para  a  de  Porto  no  anno  de  161 9. 
Aí.  S.  4.  Conferva-fe  no  Cubiculo  do  P. 
Doutrineiro  da  Cafa  profefla  de  S.  Roque. 
Do  Author,  e  da  obra  faz  mençaõ  Jorge 
Cardof.  Agiol.  "Lufit.  Tom.  i.  pag.  429.  00 
Comment.  de  13.  de  Fever.  letr.  D. 

DIOGO  PIRES  QNZA  natural  da  Villa 
de  Alpedrinha  no  Bifpado  da  Guarda  em  a 
Provinda,  da  Beyra  Presbytero,  e  verfado 
igualmente  na  Hiftoria  Sagrada,  e  profana, 
como  em  a  Genealogia,  de  quem  fazem 
mençaõ  Jorge  Cardofo  Agiolog.  LmJíí.  Tom.  i. 
pag.  223.  no  Comment.  de  22.  de  Janeir. 
letr.  A.  e  Anton.  Paes  Vleg.  Princip.  de  Por- 
tug. foi.  136.  v.o  Compoz. 

Vida,  martírio,  e  ultima  treflada^aõ  do 
Martyr  Saõ  Vicente.  Dedicada  a  D.  Lj)po 
de  Azevedo,  e  Mendonça  Almirante  de  Portugal. 
Lisboa  por  Pedro  Craesbeck.  1620,  8. 

Profapia  dos  Rejs  de  Portugal.  Lis- 
boa por  Giraldo  da  Vinha  1622.  foi. 

Antiguidades  da  Provinda  da  Beyra  com 
a  noticia  da  derivação  dos  nomes  de  muitas 
Serras,  Rios,  e  povoaçoens,  e  particularida- 
des muy  curiofas.  foi.  M.  S. 

Memorias  Genealopcas  da  familia  dos 
Cofias  de  Alpedrinha.  Confta  de  dnco  Diá- 
logos. M.  S. 

Vida  do  Cardial  D.  Jorge  da  Cofia. 
M.    S.    conferva-fe    na    Livraria    do    erudi- 


49 


óço 

tiflimo    Jozé    Freire     Montarroyo    Mafcare- 
nhas. 

Fr.  DIOGO  DA  PORCIUNCULA  ReU- 

giofo  Menor  da  Seráfica  Provinda  da  Madre 
de  Deos  da  índia  Oriental.    Compoz. 

Exercido  praãico  para  vifitar  os  Sagrados 
Pajfos  de  N.  S.  Jefu  Chrijlo,  que  a  devoção  Catho- 
llca  tem  introduv^do  pelo  Santo  tempo  da  Quarejma 
com  mais  alguns  exercidos  efpirituaes.  Lisboa 
por  Manoel  Lopes  Ferreira  1691.  24. 

DIOGO  RANGEL  DE  MACEDO  Moço 
fidalgo  da  Cafa  Real,  Commendador  de  Santa 
Marinha  de  Lisboa  da  Ordem  de  Chriílo, 
Provedor,  e  Guarda  mòr  da  Saúde  do  Porto 
de  Belém  naceo  em  Lisboa  fendo  filho  de 
Cofme  Rangel  de  Macedo  Moço  fidalgo, 
Cavalleiro  da  Ordem  de  Chriíio,  e  de  D.  Maria 
Jozefa  Lobo  filha  do  Dezembargador  Joaõ 
Cordeiro  Leitaõ,  e  D.  Joanna  Lobo  da  Gama. 
O  génio  que  tinha  para  os  eíhidos  o  appli- 
cou  defde  a  primeira  idade  a  cultivar  as  letras 
humanas.  Poética,  e  Mythologia,  Hiftoria 
profana,  e  Genealogia,  em  que  fahio  douta- 
mente verfado  merecendo  fer  ouvido  com 
univerfal  applauzo  em  diverfas  Academias 
principalmente  em  a  dos  Applicados  onde 
era  Meftre  dos  Preceitos  da  Hiftoria.  Cazou 
com  D.  Angela  Luiza  Lobo  filha  de  Antó- 
nio Marchaõ  Themudo  Dezembargador  dos 
Aggravos  Juiz  dos  Cavalleiros,  e  de  D. 
Catherina  de  Siqueira  Lobo  de  quem  teve  três 
filhas,  e  a  Diogo  Rangel  de  Macedo,  e  Albu- 
querque Marchaõ,  que  naõ  degenerou  de  feu 
Pay  na  applicaçaõ  dos  eftudos.  Compoz. 

Apologia  pelas  Cortes  celebradas  em  iMmego 
por  ElRej  D.  Affonfo  Henriques  impugnando  os 
fundamentos  que  contra  ellas  defcubrio  D.  L.uit(^  de 
Salazar,  e  Cafiro  Commendador  de  Zurita  na  fua 
obra  intitulada  índice  delas  Glorias  dela  Cafa 
Farnefe  defde  pag.  419.  até  433. 

A  efta  obra,  em  que  o  Author  manifef- 
ta  o  zelo  da  Pátria,  e  a  vafta  noticia  da 
Hiftoria  Portugueza,  compoz  em  feu  ap- 
plaufo  o  P.  António  dos  Reys  o  feguinte 
Epigramma  que  he  o  25.  do  liv.  5.  dos  que 
publicou  em  o  anno  de  1728. 
Quce  dedit  Alphonfus  fanãijfima  jura  Lameci 
Cum  voluit  Regnis  confukijfe  fuis. 


BIBLIO  THE  CA 


Perdere  multimodis  tentavit  nuperus  hoflis. 

Sunt  at  in  author  em  tela  retorta  fuum 
Nam  Didacus  Rangel  Macedo,  tablina  revolvens 

Afferuit  pátria  jura  negata  fua 
EJfet,    (ò'    ifla    licet   nulli    res  pervia,    quippe, 

Qua     veluti     Nodus     Gordius     alter     erat, 
Stri£ia,  diu  nodi  latitantia  vincula  traãans 

Soluit,  e^  Hifpanis  mox  manifefla  dabit:    , 

Na:     Gracum     Macedo     Eufus    fuperavit. 

Ab  illo 
EJi    nodus    gladio   fe£íus;    ab    hoc    calamo 
Compoz. 

Oração  fúnebre,  e  Panegyrica  com  ueà 
deu  fim  ao  obfequio  fúnebre  que  dedicou  q 
faudofa  memoria  do  Reverendijfimo  P.  D. 
Rafael  Bluteau  Clérigo  Regular  a  Aca- 
demia dos  Applicados  de  que  era  expojitor 
dos  diãames,  que  fe  devem  obfervar  na  compo- 
fiçaõ  da  Hifloria.  Lisboa  por  Jozé  António 
da  Sylva  1734.  4. 

Carta  efcrita  em  11.  de  Dezembro  de 
1728  ao  P.  Fr.  Simaõ  António  de  Santa 
Catherina  efcrevendo  a  Relação  métrica  das 
folemnijjimas  Fejlas  com  que  os  Religiofos 
Carmelitas  de  Lisboa  celebrarão  a  Canoni- 
:(açaõ  de  S.  JoaÕ  da  Cru^.  Lisboa  na  Pa- 
triarchal  Officina  da  Mufica  1729.  4. 

Familia  dos  Saldanhas  hijloriada.  M. 
S.  e  outras  muitas  de  que  fez  mençaõ  o  P. 
D.  António  Caetano  de  Soufa  no  Appa- 
rat.  à  Hifl.  Gen.  da  Caf.  Real  Portug. 
pag.  173.  §.  218.  e  do  Author  António  Car- 
valho da  Cofta  Corog.  Portug.  Tom.  3. 
pag.  654. 

P.  DIOGO  REBELLO  ReRgiofo 
profeíTo   da   Companhia   de   Jefus   efcreveo. 

Vida  do  P.  António  de  Moraes  da  Com- 
panhia de  JESUS,  cujo  M.  S,  fe  conferva  no 
Collegio  de  Coimbra,  como  affirma  o  P. 
António  Franco  Imag.  da  Virtud.  do  Novi- 
ciad.   de  Coimbra.   Tom.    i.   liv.    i.   cap.  40. 

P.  DIOGO  RIBEYRO  natural  de 
Lisboa,  e  naõ  de  Thomar,  como  fe  efcre- 
ve  na  Bib.  Societ.  pag.  173.  recebeo  a 
Roupeta  em  Goa  no  anno  de  1580.  qiian- 
do  contava  vinte  annos  de  idade,  e  pelo 
largo    efpaço    de    outros   tantos   cultivou  a 


L  USITANA. 


Ó91 


tal 


vinha  de  Salfcte  com  tanto  zelo,  que  juAa- 
mcnte  fe  podia  intitular  o  Apoftolo  daquella 
MlíTaò,  para  cujo  eíTeito  aprendeo  a  língua 
Concnnica  em  que  traduzio,  e  acrefentou 
muytos  livros.  Qieyo  de  annos,  e  mereci- 
mentos partio  a  receber  o  premio  eterno  no 
G}llegio  de  Rachol  a  18.  de  Junho  de  163). 
Compoz  na  língua  Cõcaníca. 

Explicação  da  Doutrina  Cbriftaà  colU^ 
ffda  do  Cordial  Roberto  Btllarmino,  e  de  outros 
Autbores.  No  collcgio  de  Rachol  1652.  4.  de 
cuja  obra  faz  mençaõ  Nicol.  Ant.  Bib,  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  239. 

Arte  da  lingua  Canarina  compojla  pelo 
P.  Thomavi  Efteves  da  Companhia  de  Jefus,  e  acre- 
centada  pelo  P.  Diogo  Ribeiro  da  me/ma  Compa- 
nhia, &c.  Em  Rachol  no  Q>Ilegio  de  Santo 
Ignacio  da  Companhia  de  JESU.  1640.  4. 
Dcíle  additamcnto  fe  lembra  Bib.  Orient.  de 

t.  de  Leaõ.  Tom.  i.  Tit.  16.  col.  523. 


DIOGO  RODRIGUES  FALCAM  natu- 
ral de  Santarém,  e  filho  de  Álvaro  Rodrigues 
Falcaõ.  Paflbu  a  Roma  onde  exercitou  o 
officio  de  Advogado  com  grande  applauzo 
naõ  o  merecendo  menor  pela  erudição  Sa- 
grada, e  intelligencia  da  Língua  Latina  como 
elegantemente  o  moílrou  na  obra  feguinte. 

In  Serenijftmi  Regis  Sebafiiani  funere  Oratio 
habita  ad  Sanãijftmum  Gregorium  XIII.  llly/fi- 
pone  apud  Antonium  Riberium  1574.  4. 
Começa.  Erepto  nobis  Sebajiiano  Rege.  Acaba. 
Neq//e    validijftmi    exercitus    tueri    nos  pojfunt. 

DIOGO  RODRIGUES  ZACUTO  na- 
tural de  Évora,  e  Avo  do  celebre  Za- 
cuto  Lufitano.  Floreceo  em  os  Reynados 
dos  noflbs  Monarchas  D.  Joaõ  o  II.  e  D. 
Manoel  com  opinião  de  famofo  Medico, 
e  iníigne  Mathematico,  de  quem  faz  hono- 
rifica mençaõ  o  P.  Francifco  da  Fonfeca 
Évora  Glorio/,  pag.  411.  Efcreveo. 
Taboas  Afirologicas.  M.  S. 

Do  clima,  e  Sitio  de  Portugal.  Defta 
obra,  como  do  Author,  fe  lembra  Fr.  Ber- 
nardo de  Brito  Geogr.  Antig.  da  Ijijit.  liv.  3. 
e  o  moderno  addicionador  da  Bib.  Geo- 
SraJ.  de  António  de  Leaõ  Tom.  3.  pag. 
1719. 


DIOGO  DE  ROSALES  numetado 
entre  ot  Medicot  Portuguezes  por  Zacuto 
cuja  Arte  exercitou  muitos  annot  em  Ham- 
buirgo  fendo  grande  Filofofo,  e  Mathema- 
doo.  Compoz. 

Armatura  Medica,  Jkft  moduí  addifceih 
di  Medicinam  per  Zacutinas  Hiflorias,  iaruMh 
que  praxim.  Sahío  no  principio  do  íeg;iiodo 
Tomo  de  Zacuto. 

Poculum  Poeticum  in  Zacutinai  Laudes.  Efti 
eíla  obra  inferu  nas  de  Zacuto  líb.  4.  et  5. 
de  Medíc  Princip.  Híílor.  Amílelod.  1637. 
e  1638.  8.  6c  Lugduni  1657.  foi.  Tom.  i. 

Cármen  intelUííuale  de  vitce  termifu. 
Amílelodamí  1639.  8. 

No  anno  de  1644.  tinha  prompto. 

Supplementum  Chirurffcum  ad  Opera 
protjlantijimi  Zacuti. 

Delle  fazem  memoria  Bartoloc.  Bib.  Rabbin. 
Tom.  3.  pag.  865.  n.  897.  c  Zacuto  líb.  2. 
Hift.  140.  Obfervat.  27.  intitulando  o  lllufirem 
Doãorem. 

Fr.  DIOGO  DO  ROSÁRIO  natural  da 
Cidade  de  Évora,  e  hum  dos  graves  Religiofos 
da  Ordem  dos  Pregadores  cujo  caraâer 
defcreve  Jacobo  Quetif.  Script.  Ord.  Prad» 
Tom.  2.  pag.  257.  com  eílas  elegantes  palavras. 
Vir  omnino  pius,  ac  eruditus,  omnique  difciplina- 
rum  genere  clarus,  morum  gravitate,  Jpiritu  pra- 
Jertim  apoftolico  maxime  commendatus  apud  Juos, 
quo  Jcilicet  ajluans  peccatores  ad  panitentiam 
facile,  melioremque  frugem  emolliret,  tepediores 
etiam  ad  arduum  virtutis  culmen  inflamaret.  Para 
eterno  teftemunho  das  fuás  virtuolas  acçoens 
baila  faber-fe  que  foy  muyto  aceito  ao  Venerá- 
vel Arcebifpo  de  Braga  D.  Fr.  Bartholameu 
dos  Martyres  confiando  da  fua  prudência,  e 
zelo  grande  parte  dos  feus  cuidados  paftoraes, 
e  fendo  algumas  vezes  Governador  do  Arce- 
bifpado  na  fua  auzencia.  Foy  Prior  do  Con- 
vento de  Guimarães,  em  cujo  governo  reno- 
vou o  primitiuo  rigor  do  Inftituto  com  gran- 
de fuavidade.  Ao  terceiro  dia,  que  tinha 
acabado  elia  Prelafia  foy  lograr  o  premio 
das  fuás  ReUgiofas  virtudes  em  o  anno 
de  1580.  por  ter  fupplicado  a  Deos  que 
naõ  morreíTe  em  quanto  govemaíle.  Jaz  fe- 
pultado  no  Convento  de  Guimaraens.  Del- 
le fazem  illuílre  memoria  Fr.  Affonf.  Fem. 


692 

Notít.  Script.  Sena  Wih.  Frat.  Prad.  pag. 
67.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theat.  'Lufit.  Ut- 
ter,   lit.   D.   n.    32.   Altamur.    Cent.   4.   pag. 


BIB  LIOTHE CA 


DIOGO  DE  SAA'  taõ  illuftre  por  naci- 
mento,  como  iníigne  nas  Faculdades  da  Theo- 
logia,  Jurifprudencia,  e  Mathematica,  e  ainda 


331.     Faria    Europ.     Portug.     Part.     4.     cap.  muito  mais  pelas  acçoens  militares,  que  obrou 

6.    PoíTev.    Apparat.    Sacr.    Tom.     i.    pag.  o  feu  valerofo  braço  em  todo  o  Oriente  no 

463.  D.  Franc.  Man.  na  Cart.  dos  A  A.  Por-  dilatado    efpaço    de    doze    annos.     Ao    feu 

ttig.    Fonfec.    Evor.    Glorio/,    pag.    411.    Fr.  intrépido    valor    he    acredora    a    memorável 

Pedro     Mont.     Claujlro     Domin.     Tom.     3.  viftoria,   que   em   Chaul   no   anno   de    1528. 

pag.    188.    Fr.    Luc.    de   Sant.    Cather.   Hifi.  alcançarão    vinte    Galeotas    Portuguezas    de 

de    S.    Doming.    da    Prov.    de    Portug.    Tom.  fetenta    e    três    Paraos    de    Cambaya    fendo 

4.   pag.   930.   D.   Man.   Caet.   de   Souf.   Hx-  elle  o  que  alcançou  o  premio  propofto  pelo 

ped.    Hifp.    D.    Jacob.    Tom.    2.    pag.    1311.  noíío    General    ao    primeiro    que    inveíliíTe 

§.   332.    Compoz  por  ordem  do  Illuílriffimo  aos    inimigos.      Com    a    morte    que   a   fua 


Arcebifpo  de  Braga. 

Summa  Caetana  tresladada  em  Portugue^  com 


triunfante   efpada    deu    no    i.    de    Abril  de 
1529.  ao  General  Alixà  que  governava  dez 


muitas  annotaçoens,  e  cafos  de  Conciencia,  e  Deere-     mil    combatentes    em    a    Praça    de    Baçaim 
tos  do  Sagrado  Concilio  Tridentino.  Coimbra  por     facilitou  a  fua  conquifta  com  o  defigual  nu- 


Antonio  de  Mariz  1573.  8- 


mero  de  trezentos  Portuguezes.    Nefte  anno 


Hijloria  das  vidas,  e  feitos  heróicos,  e  obras  foy  deputado  para  celebrar  pazes  com  elRey 

infignes  dos  Santos  com  muitos  Sermoens,  e  prac-  de  Adem,   de   cujas   condiçoens  fe   feguiraõ 

ticas    ejpirituaes    que  fervem    a    muitas    Veflas  grandes  conveniências  ao  Eílado.   Ainda  na 

do  anno:  reviflas,  e  cotejadas  com  [eus  originaes  Ilha    de    Beth    chamada    dos    Mortos    pelos 

authenticos  de  mandado  do  muy  illufire  D.   Fr.  innumeraveis   que   o   ferro   Portuguez    facri- 

Bartbolameu     dos     Martyres     &c.       Coimbra  ficou  a  2.  de  Fevereiro  de  1531.  à  fua  vin- 

por  António  de  Mariz   1577.   foi.   2.   Tom.  gança,    permanecem    as    memorias    do    feu 

Eíla  he   a  primeira  impreíTaõ   como   coníla  magnânimo   coração.     Por  fua  induílria  fo- 

do   Privilegio   Real.     Depois   fe   reimprimio  raõ    em    Choromandel    abrazadas    duas   Ci- 

varias  vezes  fahindo  Lisboa  1622.  &  ibi  por  dades,    e    rendidas    doze    Náos    de    Mouros 

Lourenço  Anvers  1 647.  &  ibi  por  Ant.  Cras-  que  infeftavaõ  os  noíTos  portos.     Efte  con- 

beeck  de  Mello  1680.  foi.    Eíle  foy  o  primeiro  tinuado    exercício    da  guerra  lhe  naõ  inter- 

Flos  San6í:orum  que  fahio  em  toda  Efpanha  rompeo    o    comercio    das   letras   de  que  era 

como  affirma  Manoel  de  Faria,  e  Souf.  Europ.  infigne  profeíTor  unindo  na  fua  peíloa  Marte 


Portug.  Tom.  3.  Part.  3.  cap.  11.  n.  50. 


com   Apolo,   e  Bellona   com  Minerva.    Foy 


Tratado  de  avií^os  de  Confejfores  ordenado  por     profundo   Jurifconfulto,    e   muito  perito  nas 
mandado  do  Arcebifpo  Primas.    Braga  1578.  e     difciplinas   Mathematicas,   principalmente  em 


Coimbra  por  Jozé  Ferreira  1681.  4. 


a    Náutica,    de    cuja    fciencia    lhe    enfinou 


Determinationes     quorumdam     Do£íorum     de     muitos  fegredos   a   experiência.  Teve  de  fua 
Hfferentia   inter   Eugenium   IV.    Pontif.    Maxi-     conforte    defcendencia,    que    naõ    degenerou 


mum,  é^  Concilium  Bajilienji.  M.  S.  Confer-  de  feu  natural  valor,  a  qual  deixou  abun- 
va-fe  na  Bibliotheca  do  Cardial  Afcanio  dante  dos  bens  da  fortuna,  que  com  elle 
Colona  conforme  efcreve  Fr.  Luiz  Jacob,  largamente  repartira.  Fazem  illuftre  me- 
de S.  Carlos  Bib.  Pontif.  pag.  298.  Jacobo  moria  do  feu  nome  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Quetif  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2.  pag.  257.  Tòeatr.  Lujit.  Litterat.  Lit.  J.  n.  2.  ex 
naõ  duvida  que  eíta  obra  feja  do  mefmo  Fr.  familia  praclara,  et  vetufia  miles  egregius,  et 
Diogo  do  Rofario  Author  das  vidas  dos  quod  rarum  efl,  in  omni  proeterea  Eitterarum 
Santos,  a  qual  poderia  compor  para  inílruc-  genere  injlruãus.  Joaõ  Pinto  Ribeiro  Prefer. 
çaõ  do  Illuílriffimo  Arcebifpo  Primaz  D.  Fr.  das  letr.  as  Arm.  Valer.  And.  Taxand.  de 
Bartholameu  dos  Martyres  quando  caminhava  ciar.  Hifp.  Script.  Draud  in  Bib.  clajfic. 
para  o  Concilio  de  Trento.  Ant.  de  Leaõ  Bib.  Naut.  Tit.  3.  Georg. 
Chronica  da  Ordem.  M.  S.  foi.  Math.     Konig.     Bib.     Vet.     <&    Not>.    pag. 


L  USITANA. 


693 


711,  col.  2.  I^ytaô  No/.  Chronol..  da  Uni- 
vtrjid.  (Ir  Coiwhra  pag.  jo8.  n.  1092.  Com- 
poz. 

De    Ntwixu/ione   libri   Ires.     Parifíis    apud 

Kaynaldum    Oaldcrium.    1J49.    8.     Efcrcvco 

cftc    tratado    contra    Pedro    Nunes    infignc 

Mailicmatico    como    declara    na    Dedicatória 

I    I  lUrv   D.   Joaò   o   III.     ligo  qmwt  lií feris 

.    ////   /;/   operam   dederim,   qiiippe   expt- 

rientiíi    fnfftJtns  Jttre    opfimo,    in    naviíiflnluim 

libo  connumerari  poffum,   qiiod  totiim  fere  vita 

empus   hac   in   re   confnmpferim,    duos   íraííaíMs 

Petri  Nonii  Doíioris  confutare  apud  me  decrevi. 

sQfnrum  alter  de  qitadam  inferron/i/ione  efty  ///- 

<w  qtta  interrogai us  fiiit:  alter  vero  de  Hydo- 

raphia. 

De  primogenitura,  €>*  an  filius  fecundo 
\emtns  pmferendiís  fit  nepoti.  Parifíis  apud 
Martinum  Juvencm  1552.  8.  Sahio  tam- 
isem no  Volume  X.  Traít.  DD.  Part.  1. 
tol.  524;  c  juntamente  o  livro  de  Primogenijs 
I  Aidovici  Molina — Compluti  1 5 83.  foi.  Coloniac 
1588.  foi.  Geneva:  1601.  foi.  Hanoniac  apud 
(lonradum  Biermanum,  161 2.  foi.  &  ibi  apud 
|oan.  Jacob.  Henei  161 2.  foi. 

Nicoláo  António  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  241.  aíTina  a  cada  tratado  deftes  feu 
luthor,  fendo  de  ambos  hum  fomente.  Ef- 
creveo  mais. 

Tratado  dos  E/lados  Ecclejiajlicos,  e  Se- 
dares. Prohibido  no  Expurgatorio  de 
D.  Fernaõ  Martins  Mafcarenhas  Part.  2. 
pag.  113. 

Seff-edos  da  Fé  contra  os  Judeos,  Gen- 
tios, e  Hereges  M.  S.  compoílos  por  Diogo 
de  Sá,  que  certamente  naõ  poíTo  affirmar 
fc  he  differente  daquelle  de  que  temos 
feito  mençaõ. 

Fr.  DIOGO  DE  SANDE  Eremita 
Auguíliniano,  e  Prior  do  Convento  de 
Villaviçofa,  o  qual  floreceo  pelos  annos  de 
1440.  conforme  o  computo  de  Fr.  António 
da  Purificação  de  Vir.  Illnflr.  Ord.  Eremit. 
D.  Aug.  lib.  3.  cap.  4.  e  Joaõ  Soares 
de  Brit.  Theatr.  Lufit.  Eitter.  lit.  D.  n.  33. 
Compoz. 

De  bonis  morihus,  cuja  obra  efcrita  em 
pergaminho  fe  guardava  na  Bibliotheca  dos 
Sereniflimos  Duques  de  Bragança. 


Fr.  DIOGO  DE  SANDE  natural  da 
VíIIa  de  Moura  em  a  Província  do  Alen- 
tejo, onde  profeíTou  o  Habito  Carmelitano 
no  anno  de  1604.  Eíhidou  Artes  no  Col- 
legio  de  Évora,  cuja  faculdade  diâou  em 
o  de  Coimbra,  e  Theologia  em  Lisboa.  Foy 
Prior  do  0)nvento  de  Beja  cm  o  anno  de 
162).  Cuílodio  da  Província  cm  16)4.  e 
Regente  dos  Eíhidos  em  o  G>nvento  de  Lisboa 
cm  1657.  no  qual  fallcceo.  Conciliou  as  eíli- 
maçocns  das  pcfToas  da  primeira  diAincçaA 
pelas  fuás  rcligiofas  virtudes,  c  grande  talento, 
que  teve  para  o  Púlpito  deixando  hum  tomo 
prompto  para  a   imprcííaô  que  conílava  de 

Sermoens  Vários  Panegyricos,  e  Moraes.  M.  S. 
foi.  o  qual  fe  conferva  na  Livraria  do  Con- 
vento de  Lisboa,  c  dcUcs  faz  hum  individual 
Cathalogo  Fr.  Manoel  de  Sà  nas  Mem.  Hiflor. 
dos  Efcrit.  Portug.  da  Ordem  do  Carmo  pag. 
103.  Fazem  memoria  do  Author  Carvalho 
Corog.  Portug.  Tom.  3.  liv.  2.  Trat.  8.  cap.  47. 
Coria  Delucid.  das  Chron.  da  Ord.  Liv.  12. 
cap.  21.  Juzart.  Jardim  de  Var.  Flor.  cap.  9. 
Mertol.  Vid.  do  Ven.  Fr.  Eftev.  da  Purificação 
cap.  3.  pag.  16. 

D.  DIOGO  SECO  natural  da  Villa 
da  Covilhaã  em  a  Província  da  Bcyra  filho 
de  Manoel  Seco,  e  Maria  Jorge.  Foy  admi- 
tido ao  Noviciado  de  Coimbra  da  Companhia 
de  JESUS  a  23.  de  Março  de  1591.  quando 
contava  16.  annos  de  idade,  e  no  mefmo  Col- 
legio  aprendeo  as  letras  humanas,  e  Poefia 
Latina,  em  que  fahio  eminente,  de  tal  forte 
que  fendo  Meftre  da  terceira  ClaíTe  no  Colle- 
gio  de  Lisboa  reprefentou  no  anno  de  1604. 
na  prezença  do  Illuílriínmo  Bifpo  de  Coimbra 
D.  AíFonfo  de  Caftellobranco  quando  che- 
gou a  Lisboa  eleito  Vice-Rey  de  Portugal 
huma  Tragedia,  cujo  aíTumpto  era  a  vida 
de  Santo  Antaõ  em  que  fizeraõ  as  figuras 
os  filhos  dos  primeiros  Fidalgos  do  Reyno, 
cuja  obra  lhe  conciliou  univerfal  applaufo. 
Depois  de  ter  diélado  duas  vezes  em  Coim- 
bra a  primeira  ClaíTe  de  Humanidades, 
enfinou  Filofofia,  e  Theologia  moftrando 
em  huma,  e  outra  faculdade  engenho  agudo, 
e  talento  profundo.  Partio  para  Roma 
no  anno  de  16 18.  para  revifor  dos  Li- 
vros   da    Companhia,    onde    com    fucceíTo 


Ó94 


BIBLIOTHE  C  A 


raras  vezes  prafticado,  leu  fendo  Portuguez 
Theologia,  admirando  toda  a  Cúria  unida 
a  profundidade  Theologica  com  a  elo- 
quência Latina.  Como  na  fua  peíToa  con- 
corriaõ  tantos  dotes,  foy  eleito  Bifpo  de 
Nicea  para  SucceíTor  do  Patriarcha  da 
Etiópia  o  P.  AíFonfo  Mendes,  e  chegando 
a  Lisboa  foy  Sagrado  a  li.  de  Março 
de  1623.  Pouco  tempo  correo  que  fe  naõ 
fizeíTe  à  vela  para  o  deílinado  termo  das 
fuás  evangélicas  fadigas  embarcando-fe 
a  25.  do  dito  mez  em  a  Náo  Santa  Iza- 
bel  de  que  era  Almirante  D.  Diogo  de  Caf- 
tellobranco.  As  infermidades  que  com 
peíUfera  brevidade  extinguiaõ  grande  parte 
dos  navegantes  chegou  a  privar  da  vida 
ao  Almirante,  de  cuja  morte  ficou  taõ  pe- 
netrado, que  paíTados  poucos  dias  o  acom- 
panhou em  taõ  funeíla  calamidade  a  4. 
de  Julho  de  1623.  As  fuás  virtuofas  acçoens, 
e  o  caraâer  da  fua  pelloa  fe  podem  ler  na 
Etiop.  Alt.  do  P.  Tellez  liv.  4.  cap.  33.  e  35. 
Franco  Imag.  da  Virtud.  do  Nov.  de  Coimh. 
Part.  I.  Liv.  2.  cap.  42.  e  Ann.  Glorio/.  S.  J. 
in  L,ujit.  pag.  377.  Faria  AJia  Vortug.  Tom.  3. 
Part.  4.  cap.  i.  n.  9,  D.  Fr.  Thom.  de 
Faria  Decad.  i.  lib.  8.  cap.  i.  Ver  muitos 
■annos  in  Collegiis  Societatis  Jefu  publice  Theologiam 
projeffus  efi  tanta  cum  laude,  ut  omnes  cujujque 
nationis  homines  oh  excellens  illius  ingenium, 
innatamque  Jimul  in  dicendo,  docendo,  (&  arguendo 
modefiiam  ohfiupejcerent :  Komce,  Conimhrica, 
Eborce  fuit  hoc  encomium  audientihus  manijef- 
íum.  Marrac.  Biblioth.  Marian.  Part.  i.  pag.  330. 
Vir.  prater  infignem  doãrinam,  compofitis  ad 
cmnem  virtutem  moribus  illujiris.  Fr.  Petr.  de 
Alv.  y  Aílorg.  in  Milit.  Immacul.  Concept.  e 
D.  Manoel  Caet.  de  Souf.  Cathalog.  dos  Bifp. 
Vortug.  pag.  131.  Eoy  injigne  Poeta  Eatino 
de  cujas  Poejias  conjervava  grande  parte  o  P.  Bal- 
thef^ar  Telle^i,  como  ejcreve  na  Etiop.  Alt.  pag. 
389.  dizendo,  me  JuJpenderaÕ  o  jui^o,  e  me 
occuparaõ  a  memoria,  porém  com  a  variedade 
dos  tempos,  diverfidade  de  terras,  e  diverjàõ 
de  negócios  perdi  ejle  rico  the^ouro,  e  fendo 
que  devo  muyto  à  faudo^a  lembrança  de  tal 
Author,  muitas  defias  fuás  obras  perdi  da 
memoria,  mas  nenhuma  do  coração,  ainda  me 
ficou  hum  defpojo,  e  única  reliquia  de  tanta 
perda    que    he    huma    Poefia   que   compof^  fendo 


Meflre  da  primeira  Clajje  de  Lisboa:  fobre 
a  frefcura  da  Serra  da  Arrábida,  e  Mojleiro 
dos  Seráficos  Keligiofos  ^c.  He  dedicado  cfte 
Poema  a  D.  Álvaro  de  Lancaílro  terceiro 
Duque  de  Aveyro,  e  tem  por  titulo. 

Arrábida  mons. 
Começa. 

Qual  foi  occiduo  mergit  fuh  gurgite  currus 
Et    Pater   Occeanus   terra   qua  fluãibus   obftat, 
Efi   locus    (ò    Regum  foboles   numerofa  paren- 

tum 
Eujiadumque  decus   Princeps)   quo   Numinis  alti 
Cura  tibi  mérito  terrarum  ab  origine  fervat        ' 
Naturce  gaudentis  opes  <ò'c. 

Sahio  impreíTa  na  Etip.  Alt.  defde  pag. ' 
309.  até  392. 

De  Immaculata  Conceptione  difputatio- 
nes  duce.  as  quaes  leu  Hypolito  Marra- 
do como  aíTevera  na  Bib.  Marian.  aíTima 
allegada,  e  as  julgou  digniíTimas  da  luz 
publica,  as  quaes  confervava  D.  Bernardo 
de  Toro. 

Vida   do    P.    SebaJliaÕ   Barradas   da   Com- 
panhia  de  JESUS.    foi.    M.    S.    a   qual  víq: 
o    P.    Francifco    da   Cruz    da   mefma   Com- 
panhia   como    affirma    nas    Memor.    M.    S. 
para  a  Bib.  Portug. 

DIOGO  SERRAM  DE  MEDEY- 
ROS  Presbytero  natural  da  Villa  de  Mer- 
tola  em  a  Provinda  do  Alentejo.  Para  eter- 
nizar as  glorias  da  fua  Pátria  efcreveo  com 
eftilo  claro,  e  íincero. 

Relação  da  Villa  de  Mertola.  M.  S.  Faz' 
memoria  da  obra,  e  do  Author  Joaõ  Franca 
Barreto  na  Bib.  Portug.  M.  S. 

D.  Fr.  DIOGO  DA  SYLVA  Nacec 
no  lugar  da  Aldeya  nova  do  cabo  termc 
da  Villa  da  Covilhaã  diftante  três  legoaí 
da  Serra  da  Eftrella  do  Bifpado  da  Guard? 
em  o  armo  de  1585.  onde  teve  por  Pays  ^ 
Joaõ  Gomes  da  Sylva  Cavaleiro  da  Or- 
dem de  Chriílo  irmaõ  de  Ruy  Gomez  dí' 
Sylva  primeiro  Senhor  da  Chamufca,  < 
Ulme,  e  a  Beatriz  Barreiros  de  Oliveira  d< 
geração  nobre.  A  capacidade  do  talento 
que  logo  moílrou  na  primeira  idade,  im 
pellio  a  feu  Pay,  para  que  o  mandaíTe  cul 
tivar  as  letras,  nas   quaes  fez  taes  [progref 


li 


L  USITAN  A. 


fos  aíTim  em  u  Humanidades,  como  em  o 
Direito  Canónico,  e  Gvil  recebendo  as  in- 
fignias  de  Doutor  em  ambas  eftas   Facul- 
diides  em  a  Academia  Conimbrícenfe,  que 
foy  crcado  por  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  feu  Con- 
fisíheiro,   e   Desembargador   dos   Aggravos. 
Meíle  laboriofo  miniílerio  adminiílrou  rcâa- 
incntca  juíliça  Tem  que  o  roborno,  ou  a  autho- 
iiciade   dos    Litigantes   pudeíTe   em   alguma 
'((   hnõ   abalar   a   inteireza   do   feu   animo, 
rcacirado  de  huma  vifaõ  noéhirna  em  que 
ilhe  ílgnifícava  Deos  naõ  Ter  do  feu  agrado 
>  OíTicio  que  exercitava,  o  renunciou  bufcando 
I  ir.i  tranquillidadc  do  feu  efpirito  a  penitente 
I  iiuilia  dos  Rcligiofos  da  Província  da  Pie- 
dade onde  fervio  de  exemplar  aos  mais  vete- 
mos   profcflbres    dcfte    Seráfico    Inílituto. 
\trahido  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  das  virtudes 
que  exercitava  o  nomeou  naõ  fomente  di- 
célor  da  fua  Confciencia,  mas  o  fez  Bifpo  de 
t  outA  Primaz  de  Africa,  em  que  foy  confir- 
in.ulo  pela  Santidade  de  Clemente  VII.  a  4.  de 
I Março  de  1533.    Naõ  fatisfeito  eíle  Princepe 
com  a  dignidade  que  lhe  conferira,  o  creou 
Inquifidor  Geral  fendo  o  primeiro  que  teve 
o  Tribunal  da  Inquifiçaõ  na  forma  que  agora 
cftá   eftabelicido,    de    cujo    honorifico    lugar 
lhe  expedio  a  Bulia  Paulo  III.  a  23.  de  Mayo 
de  1556.    Ultimamente  com  beneplácito  do 
,  mefmo  Monarcha  foy  aíTumpto  em  o  anno 
(de  1540.  à  Cadeira  Primacial  de  Braga  por 
fcr  delia  transferido  para  a  de  Évora  o  Cardial 
Infante  D.  Henrique  em  quem  tinha  renun- 
ciado D.  Fr.  Diogo  da  Sylva  o  lugar  de  Inqui- 
j  íidor  Geral  a  3.  de  Julho  de  1536.   Ao  tempo 
I  que  as  fuás  ovelhas  experimentavaõ  a  benigni- 
dade do  feu  governo,  lamentarão  a  fua  falta 
j  no  breve  efpaço  de  nove  mezes,  que  as  apa- 
«  centou    efpirando    com   evidentes   finaes   de 
predeílinado    em   19  de   Setembro  de   1541. 
quando   contava    56.   annos   de  idade.     Foy 
trefladado  o  feu  Cadáver  por  D.  Fr.  Agof- 
tinho  de  Caílro  feu  fucceíTor  na  Dignidade 
Primacial  para  a  Capella   de   S.   Giraldo,   e 
lhe  mandou  gravar  o  feguinte  letreiro. 

D.     Fr.     Didaco     à     Sylva    Archiepijcopo 
Vrimati 

D.  Fr.  Aug.  M.  P. 
O    feu    nome    celebraõ    diverfos    Efcri- 
tores,  como  faõ  D.   Luiz  Salazar  H//?.  de/a 


695 

Ca/,  de  Sjlv.  Part.  2.  Uv.  11.  cap.  18.  Efle 
Pnlado,  <pm  por  mucbot  tituios  es  uno  de  los  más 
iluflres  hijús  de  la  Cafa  de  Sylva.  La  memoria 
de  Jus  virtudes  permanecerá  debidamente  para 
exemplo  de  varones  grandes.  D.  Rodríg.  da 
Cunha.  Hift.  Ecclef.  de  Brag.  Part.  2.  cap.  76. 
Fr.  Manoel  de  Monforte  Còron.  da  Pro- 
vint.  da  Pied.  liv.  5.  cap.  19.  e  20.  Fr.  Manoel 
de  S.  Damaf.  Verd.  Elucid.  EJucid.  i.  o.  6. 
onde  o  intitula  preclarijfimo  Varai,  em  cuja 
obra  nervofamente  defende,  e  evidentemente 
moílra  fer  elle  o  primeiro  Inquifidor  Geral 
da  Inquífiçaõ  novamente  ereâa  diílinguindo-o 
de  outro  Inquífídor  Geral  D.  Fr.  Diogo  da 
Sylva  Religiofo  de  S.  Francifco  de  Paula. 
Fr.  António  de  Souf.  Aphorifm.  Inquifit. 
De  Orig.  Inquif.  Lujit.  n.  5.  Daza  Cbron. 
de  S.  Franc.  Part.  4.  liv.  i.  cap.  12.  n.  58. 
e  cap.  17.  D.  Nicol.  de  Santa  Mar.  Cbron, 
dos  Coneg.  "Ktg.  liv.  4.  cap.  9.  o.  11. 
llluftre  por  fangue,  e  muito  mais  por  virtu- 
des, e  liv.  10.  c.  7.  n.  3.  Gonzag.  De  orig. 
Serapb.  Relig.  Part.  3.  pag.  945.  Param. 
de  Orig.  Inquijit.  lib.  2.  titul.  2.  cap.  15. 
Fonfec.  Evor.  Glorio/,  pag.  319.  Deixou 
imperfeito. 

Traãatus  de  Oh/curiorihus  ex  mani/e/lio- 
rihus  probandis,  de  cuja  obra  fazem  men- 
ção Nicol.  Ant.  Bib.  Hi/p.  Tom.  i.  pag.  244, 
col.  I.  e  Fr.  Joan.  a  D.  Ant.  Bib.  Frami/c. 
Tom.  I.  pag.  307.  col.  i. 

DIOGO  DA  SYLVA  celebre  prc- 
feíTor  de  Medicina  cuja  arte  exercitou  com 
grande  applauzo  em  Roterdão,  e  depois 
em  Pariz,  fendo  mayor  o  que  alcançou  com 
as  fuás  obras  em  que  eternizou  na  poíleri- 
dade  a  fua  fciencia  Medica,  fendo  as  prin- 
cipaes. 

Joannis  Mejfue  Dama/ceni  de  re  medica 
libri  3.  Parifiis  apud  ChriiHanum  Weche- 
lum  1542.  foi.  &  ibi  apud  iEgidum  Gorbi- 
num.  1561. 

In  Hippocratis  EJementa  Commentarius 
lihris  duobus.  Parifiis  apud  Jacobum  Gaz- 
zeUium.  1548.  foi. 

In  Hippocratis y  eS^  Galeni  Pbijiologia  partem 
anatomicam  I/agoge.     Bafilese  1556.  16. 

Verteo  do  Grego  em  Latim,  e  iUuftrou 
com  varias  notas. 


6c,6 

De  menfibus  mulierum,  c5^  hominum  gene- 
rattone  Commentarius.  Bafileae  1556.  4.  Cafti- 
gatus  per  Alexandrum  Arnaudum  Venetiis 
1556.  8. 

Depuljto  vejani  cujujdam  calumniarum  in  Hip- 
pocraíis,  <&  Galeni  rem  anatoniicam.  Pariíiis 
apud  eumdem  Typ.  1561.  8. 

De  Medicamentorum  Simplicium  deleãu,  pra- 
parationihus  (Ò'  mtxtionis  modo  lihri  três.  Pariíiis 
apud  iEgidum  Gorbinium  1562.  8. 

De  febribus.    Pariíiis.   1562.   8. 

De  Sftudiojorum ,  <&  eorum,  qui  corporis 
exercitationibus  adduãi  nonjunt,  tuenda  vaktudine. 
Duaci.   1574.  8. 

ConfiUa  varia  Medica.  Sahiraõ  com  os 
Confelhos  de  outros  Médicos  de  que  foy 
colleftor.  Schokio  Francofurt.  1598.  e  1610. 
foi. 

Morborum  internorum  prope  omnium  curatio 
ex  Galeno  pracipue,  (&  Mário  Gattinara.  Lug- 
duni  1620.   12. 

Todas  eílas  obras  fahiraõ  diílribuidas  em 
quatro  Partes  Coloniíe  Allobrogum  1630.  foi. 

Na  Bibliothec.  Real  Philofophic.  Martin. 
Lipenii  Tom.  i.  pag.  555.  eílà  huma  obra 
intitulada  GalUca  L,ingua  Inftitutiones  Jacobi 
Sjlvij.  Pariíiis.  15  31.  4.  a  qual  naõ  fey  certa- 
mente fe  he  do  noíTo  Diogo  da  Sylva  que  flo- 
receo  por  eíle  tempo,  e  pela  grande  aíTiílencia 
que  fez  na  Corte  de  Pariz  poderia  compor 
efta  Arte  da  lingua  Franceza. 

D.  DIOGO  DA  SYLVA.  Naceo  na 
Imperial  Villa  de  Madrid  onde  teve  por 
Progenitores  a  D.  Manrique  da  Sylva 
primeiro  Marquez  de  Gouvea  fexto  Con- 
de de  Portalegre  Gentilhomem  da  Camera 
de  Filippe  IV.  Confelheiro  de  Eftado,  e 
Mordomo  mór  delRey  D.  Joaõ  o  IV. 
e  D.  Maria  de  Lancaílro  fua  terceira  mu- 
lher filha  de  D.  Álvaro  de  Lancaílro  ter- 
ceiro Duque  de  Aveiro,  e  D.  Juliana  de 
Lancaílro  filha  herdeira  de  D.  Jorge  de 
Lancaílro  fegundo  Duque  de  Aveiro.  Foy 
ornado  de  tal  viveza  de  engenho  que  po- 
dia competir  com  o  efplendor  do  feu  na- 
cimento,  com  o  qual  fez  admiráveis  pro- 
greíTos  aíTim  nas  letras  humanas,  Poefia 
Latina,  e  preceitos  da  eloquência  como 
nas    efpeculaçoens    da    Filofofia,    e    Theolo- 


B IBLIO THE  CA 


gia,  em  cuja  fublime  Faculdade  recebeo 
as  infignias  doutoraes  em  a  Academia  Co- 
nimbricence  fendo  admittido  ao  CoUegio 
de  S.  Pedro  a  22.  de  Julho  de  1660.  para 
ornato  de  taõ  douta  Sociedade.  Obteve 
hum  Canonicato  na  Cathedral  de  Lis- 
boa, onde  morreo  em  idade  muyto  florente 
deixando  para  teílemunha  da  fua  Mufa 
Latina  a  Elegia  feguinte  compoíla  quando 
eíludava  Humanidades,  em  que  fe  admira 
a  elegância  das  vozes  unida  com  a  ternura 
dos  affeâos. 

Fletus  Maria  Magdalena  ad  Sepulcrum.  Ulyf- 
fipone  apud  Antonium  Alvares  165 1.  4. 

D.  DIOGO  DA  SYLVA,  E  MEN- 
DOÇA  Marquez  de  Alenquer  Duque  de  Fran- 
cavilla,  Cõde  de  Salinas,  e  Ribadeo  naceo 
em  a  Corte  de  Madrid,  e  a  23.  de  Dezembro 
de  1564.  recebeo  a  graça  bautifmalem  a  Paro 
chia  de  S.  Gil.  Foy  terceiro  filho  de  Ruy 
Gomes  da  Sylva  Principe  de  Eboli,  Conde 
de  Melito,  e  Marquez  de  Diano,  primeiro 
Duque  de  Eílremera,  e  Paílrana,  quarto  Se- 
nhor da  Villa  da  Chamufca  do  Arcebifpado 
de  Lifboa  (onde  naceo  em  o  anno  dei  516.) 
Ulme,  e  Reguengos  de  Nefpereira,  do  Con- 
celho de  Eílado  de  Felippe  II.  e  feu  Sumilher 
de  Corps,  e  de  D.  Anna  de  Mendoça  de  La- 
cerda fegunda  Princeza  de  Melito  Duqueza 
de  Francavilla  filha  única  de  D.  Diogo  Furtado 
de  Mendoça,  Principe,  e  Conde  de  Melito, 
Duque  de  Francavilla,  Marquez  de  Algezilla, 
Vice-Rey,  e  Capitão  General  de  Aragaõ,  e 
Catalunha,  e  Prefidente  dos  Concelhos  de 
Ordens  em  Itália,  e  de  D.  Catherina  da  Sylva 
filha  de  D.  Fernando  quinto  Conde  de 
Cifuentes  Alferes  mór  de  Caílella.  A  for- 
tuna querendo  para  gloria  deíle  Cava- 
Ihero  fer  emula  da  natureza,  que  o  ornara 
de  juizo  prudente,  capacidade  profunda, 
e  animo  generofo,  o  elevou  aos  mayores 
lugares  aíTim  poUticos,  como  Militares 
fendo  Capitão  General  das  fronteiras  de 
Samora  quando  em  o  anno  de  1580.  en- 
trou armado  por  Portugal  Filippe  II.  cujo 
poUo  exercitou  por  nomeação  deíle  Prin- 
cipe em  Andalufia  na  auzencia  de  feu 
cunhado  o  Duque  de  Medina  Sidónia, 
na      occafiaõ      em      que     paílou    a     Ingla- 


L  USITAN A. 


terra  pur  General  da  Armada  Catholica, 
c|ue  teve  infeliz  fucceíTo  no  anno  de  1588. 
lím  remuneração  de  feus  ferviços  o  fez  Fe- 
lippe  III.  Vedor  da  Fazenda  Real  neíle  Reyno, 
Confelheiro  de  Eílado,  e  Marquez  de  Alan- 
quer  com  o  fenhorio  dcfta  Villa.  O  mefmo 
Monarcha  no  anno  de  1615.  o  nomeou  Vice- 
-Rey,  e  Qpitaò  General  dcíla  Coroa,  e  lhe 
aíTiftio  na  entrada  publica,  que  fez  em  Lisboa 
no  anno  de  161 9.  e  nas  G>rte8  de  Thomar 
cm  que  foy  jurado  fucceíTor  dcíla  Monarchia. 
Por  procuração  que  teve  de  l*'clippc  IV.  tomou 
cm  feu  nome  poíTc  deíle  Rcyno  em  8.  de 
Agoílo  de  162 1.  e  deixando  fubílituido  o 
Vice-reinato  cm  D.  Diogo  de  Caftro  Q>nde 
de  Bailo,  D.  Nuno  Alvares  de  Portugal,  c 
O.  Affonfo  Mexia  Bifpo  de  Coimbra  partio 
para  Madrid  a  14.  de  Março  de  1622.  onde 
foy  Prcfidcntc  do  Concelho  de  Portugal. 
Foy  cazado  trcs  vezes  com  herdeiras  de  gran- 
des Cazas,  fendo  a  primeira  D.  I>uiza  de  Car- 
denas  Cabrillo,  e  Albornoz  Senhora  de  Col- 
menar  de  Oreja,  Torralva  filha  de  D.  Bernar- 
dino de  Cardenas  Senhor  de  Colmenar,  e 
Mochares,  e  de  D.  Jgnez  de  Zuniga  Mar- 
queza  de  Laguna,  cujo  matrimonio  fe  anuUou. 
Contrahio  fegundas  vodas  com  D.  Anna 
Sarmiento  de  Villadrando,  e  de  Lacerda 
quinta  CondeíTa  de  Salinas  e  Ribadeo  filha  de 
D.  Rodrigo  Sarmiento  de  Villadrando  quarto 
Conde  de  Salinas  e  de  fua  mulher  D.  An- 
tónia de  Ulhoa  de  quem  teve  hum  filho 
único  chamado  D.  Pedro  Sarmiento  de  Vil- 
ladrando fexto  Conde  de  Salinas.  Cazou 
terceira  vez  com  D.  Marina  Sarmiento  de 
Villadrando  fua  cunhada  irmãa  de  fua  2.  mu- 
lher de  quem  teve  a  D.  Rodrigo  Sarmiento 
de  Villadrando  8.  Conde  de  Salinas.  Falleceo 
em  Madrid  a  15.  de  Junho  de  1630.  e  foy 
fepultado  no  Mofteiro  de  Benevivere  de  Cóne- 
gos Regrantes  de  Santo  Agoftinho  Padroado 
muito  antigo  da  Caza  de  Salinas.  A  fua 
memoria  eternizarão  vários  Efcritores  como 
foraõ  Pedro  de  Salazar  Vid.  do  Card.  Alendoc. 
liv.  2.  cap.  77.  pag.  456.  Fr.  Andr.  de  S.  Nicol. 
Hijl.  de  los  Agíiji.  D  efe.  Part.  1.  Decad.  2. 
cap.  I.  pag.  554.  cap.  8.  pag.  436.  cap.  9. 
pag.  446.  Herrer.  Hift.  Gen.  dei  Mund.  Part. 
3.  Liv.  9.  cap.  23.  e  Liv.  12.  cap.  15.  Lava- 
nha    ]omad.    de    Filip.     3.     foi.     15.    Cefpe- 


697 

dcs  HiJI.  di  Filip.  IV,  Liv.  i.  cap.  7.  Salaz. 
mjl.  da  Caf,  dê  Sjlv.  Part.  a.  Liv.  11.  cap.  4. 
Foy  hum  dos  mais  farru)fos  alumnos  do 
Parnafo  Caftelhano  merecendo  os  feus  verfos 
o  nuyor  applaufo,  c  preferencia  entre  os 
mayores  Poetas  do  feu  tempo,  conK>  eiaõ 
D.  Luiz  de  Gongora,  o  Conde  de  Villame- 
diana,  o  Principc  de  Efquílade,  D.  Jozé  de 
ValdevieíTo,  e  Lope  da  Vega  Carpío  dizendo 
en  cl  Laurel  de  Apolo  Sylv.  6. 

Mira  que  dulce,  y  ffave 

líl  Marque:^  de  Alenquer  honrar  le  pueds 

Quando  tiemo,  y  fuave 

A  fi  mefmo  fe  excede 

Di:(iendo,  a  quien  tan  alto  honor  merece 

Alabeos  el  callar,  que  nó  enmudece; 

Y  ajft  lo  mifmo  en  fu  alaban^a  ofrefco 

Pues  callando  le  alabo,y  no  enmudefco 

Que  quando  en  fu  alabança   hablar  quii^iera 

Aias  mudo,  que  callando  pareciera. 
Deixou.  M.  S. 

Poefias  Varias,  as  quaes  confervavaõ 
com  grande  eftimaçaõ  feus  SucceíTores  os 
Duques  de  Ixar,  e  Salinas  como  afHrma 
Nicol.  Ant.  in  Bib.  Hifp.  Tom.  2.  pag. 
321.  col.  I.  efcrevendo  do  Author.  Vir 
utique,  quem  jure  dixeris  totius  urbanitatis, 
eb*  gratiarum  florem,  ingenio  fummus,  judi- 
cio, prudentiaqm  in  paucis  flylo  difertijftmus, 
ftve  carmina  five,  profam  orationem  fcribe- 
ret.  Efte  volume  de  Verfos  fe  conferva 
na  Livraria  do  Duque  de  Alafoens. 

Introduccion  ala  Hifloria  delRey  D.  Fi- 
lippe  III.  con  los  principias  de  fu  Monarchia 
a  qual  julgou  digna  de  equiparar-fe  com 
as  dos  Gregos,  e  Latinos,  D.  Jozé  Pel- 
lizer  Chroniíla  mór  de  Caftella  en  la 
Informac.  dela  Cafa  de  Sarmiento,  y  Villa 
mayor. 

P.  DIOGO  SOARES  Religiofo  da 
Companhia  de  JESUS  Meftre  de  Mathe- 
matica  no  CoUegio  de  Santo  Antaõ  de 
Lisboa,  de  Filofofia  em  o  de  Évora,  e  em 
ambas  eílas  Faculdades  muito  perito.  Publi- 
cou fem  o  feu  nome. 

Pobref(a  vencedora,  e  aplaudida,  ou  triumfo 
com  que  os  Terceiros  pobres  da  nobre,  e 
fempre  illuflre  Villa  do  Redondo  na  Pro- 
vinda   do    Alentejo    celebraõ   a   nova   trefladaçaõ 


698 


BIBLIO THE  CA 


do  feu  grande  Patriarcha,  e  Paj  de  pobres  Saõ 
Francifco.  Évora  na  Ofíicina  da  Univeríi- 
dade.  1723.  4. 

DIOGO  SOBRINHO  natural  de  Mon- 
temor o  novo  em  a  Provinda  do  Alentejo 
criado  de  D.  Fernaõ  Martins  Mafcarenhas 
Alcayde  mòr  da  dita  Villa,  o  qual  acompanhou 
a  efte  Cavalhero,  quando  por  ordem  delRey 
D.  Sebaftiaõ  foy  com  o  caraéter  de  feu  Emba- 
xador  ao  Concilio  Tridentino  fahindo  de 
Monte-Mòr  a  16.  de  Outubro  de  1561.  e 
reílituindo-fe  a  eíle  Reyno  a  14.  de  Fevereiro 
de  1564.    Efcreveo. 

Itinerário  do  que  fucedeo  nejla  Jornada  o  qual 
confervava  Fr.  André  Sobrinho  Eremita 
de  Santo  AgoíHnho  filho  do  Author,  de  quem 
fizemos  memoria  em  feu  lugar. 

P.  DIOGO  DO  SOVERAL  natural 
da  Villa  do  feu  appelido  fituada  no  Bifpado 
de  Vifeu.  Recebeo  a  Roupeta  da  Companhia 
de  JESUS  no  CoUegio  de  Coimbra  a  11. 
de  Julho  de  1546.  Ainda  naõ  fendo  Sacer- 
dote paíTou  com  outros  companheiros  ao  Reyno 
do  Congo  onde  depois  de  aíliítir  alguns  annos 
na  cultura  de  taõ  agreíle  vinha  voltou  para 
Portugal.  Refoluto  a  pregar  o  Evangelho 
em  terra  que  correfpondeííe  abundantemente 
aos  feus  trabalhos  apoílolicos  navegou  ja 
Presbytero  para  a  índia  com  o  P.  Fran- 
cifco Vieyra,  e  chegando  a  17.  de  Setem- 
bro de  1554.  foy  mandado  para  o  Cabo  de 
Camorim,  onde  ajudou  muito  aos  Padres 
Henrique  Henriquez,  e  Francifco  Peres  em 
todos  os  exercícios  de  MiíTionario  até  que 
navegou  para  S.  Thomè,  e  fazendo  nau- 
frágio a  embarcação  em  que  hia,  acabou 
infelizmente  a  vida  a  31.  de  Dezembro  de 
1585.  quando  contava  33.  annos  de  Reli- 
giofo.    Efcreveo. 

Carta  efcrita  aos  PP.  da  Provinda  de  Portu- 
gal, acerca  da  fua  Viagem  a  Goa  a  ^.  de  Novem- 
bro de  1554. 

Carta  efcrita  de  Cochim  aos  mejmos  PP.  a  20. 
de  Janejro  de  1555.  Sahio  com  outras  Venetia 
apreíTo  Michele  Tramezzino.  1559.  8. 

Carta  efcrita  de  Cochim  a  2.  de  Janeiro 
de  1556. 


Carta  efcrita  do  Cabo  de  Camorim  a  10.  de 
Det^embro  de  1559. 

Todas  eílas  Cartas  M.  S.  fe  confervaõ 
no  Archivo  da  Cafa  profeíTa  de  S.  Roque 
como  affirma  o  P.  Francifco  da  Cruz  nas 
fuás  Memorias  M.  S.  para  a  Bib.  'Lufit. 

D.  DIOGO  DE  SOUSA.  Naceo  na 
Cidade  de  Évora  em  o  anno  de  1460.  e  naõ 
em  1457.  como  efcreve  o  P.  Francifco  da  Fon- 
feca  na  'Ejvor.  Gloriof.  pag.  318.  onde  teve 
por  progenitores  a  Joaõ  Rodriguez  Ribeiro 
de  VafconceUos  Senhor  de  Figueiró,  e  Pe- 
drógão, e  a  D.  Branca  da  Sylva,  filha  de  Ruy 
Gomes  da  Sylva  Alcayde  mòr  de  Campo 
Mayor,  e  Ouguella,  e  por  Avo  materno  a 
D.  Lopo  Dias  de  Soufa  8.  Meílre  da  Ordem 
de  Chriílo.  A  boa  Índole  que  moílrou  nos 
primeiros  annos  vaticinou  o  grande  progreíTo 
que  havia  nellas  fazer  quando  chegaífe  aos 
mayores.  Eftudou  as  fciencias  amenas  na 
pátria,  e  as  feveras  em  Salamanca,  e  Pariz, 
fahindo  taõ  confummado  em  todo  o  género 
de  erudição  que  mereceo  fer  venerado  como 
Oráculo  na  Cabeça  do  mundo,  de  tal  forte 
que  mandando  ElRey  D.  Joaõ  o  II.  por  feu 
Embaxador  D.  Pedro  da  Sylva  Commendador 
de  Aviz  à  Santidade  de  Alexandre  VI.  nova- 
mente aíTumpto  à  Cadeira  de  S.  Pedro,  ordenou 
que  regulaíTe  as  fuás  acçoens  pela  prudente  di- 
recção de  D.  Diogo  de  Soufa.  Querendo  efte 
Princepe  fervirfe  do  feu  talento,  o  mandou  cha- 
mar de  Roma,  e  logo  que  chegou,  o  fez  Deaõ 
de  fua  Real  Capella,  donde  fubio  por  nomeação 
do  mefmo  Monarcha  ao  Bifpado  do  Porto  em 
o  anno  de  1495.  fendo  huma  das  principaes 
acçoens  que  fez  no  tempo  do  feu  governo  tref- 
ladar  para  a  Cathedrál  as  Relíquias  do  infigne 
Martyr  S.  Pantaleaõ  Tutelar  daquella  Cidade. 
A  mefma  eftimaçaõ  que  fez  da  fua  peíToa  ElRey 
D.  Joaõ  o  n.  experimentou  da  generofidade 
delRey  D.  Manoel  nomeando-o  naõ  fomente 
Capellaõ  mòr  de  fua  fegunda  mulher  a  Rainha 
D.  Maria,  mas  Embaxador  ao  Pontífice 
Júlio  II.  para  o  congratular  da  aílumpçaõ 
ao  folio  do  Vaticano,  de  quem  foy  recebido 
com  fumma  benevolência  alcançando  com 
promptidaõ  todas  as  negociaçoens  em  que 
era  intereíTada  efta  Coroa.  Pela  renuncia 
que  fez   do   Arcebifpado   de   Braga   o   Car- 


í 


LUSITANA. 


699 


dial  D.  Jorge  da  Cofta  foy  promovido  a  eíU 
Primacial  Cadeira  onde  depois  de  celebrar 
Synodo  no  anno  de  i)o6.  ornou  eíla  Ci- 
dade com  magnificas  obras  em  que  eterni- 
zou a  fua  piedade,  e  magnificência  podendo 
juramente  intitular-fe  feu  Amplificador.  Edi- 
ficou a  Capella  mór  da  Cathedral  com  âmbito 
capaz  para  a  magcílofa  celebração  dos  Ponti- 
ficaes  trefladando  para  ella  as  auguflas  cinzas 
do  Conde  D.  Henrique  tronco  illuílre  dos 
Monarchas  Portuguezes  juntamente  com  as  de 
Tua  Erpoía  a  Rainha  D.  Tarcja.  Abrio  novas 
portas  na  Cidade  com  huma  caudalofa  fonte 
para  beneficio  dos  feus  moradores,  c  reílau- 
rou  as  de  N.  Senhora  a  Branca,  c  S.  Pedro 
de  Maximinos.  Cingio  com  baluartes  novos 
o  Cafteilo,  e  reedificou  a  Igreja  de  Santa  Anna, 
cm  que  mandou  collocar  por  ordem  as  pedras, 
c  columnas,  que  os  Romanos  no  tempo  que 
fcnhoriaraõ  Braga  levantarão  aos  feus  Empe- 
radores  para  que  naquelles  veneráveis  monu- 
mentos leíTem  os  curiofos  as  antiguidades 
da  fua  Pátria.  Laurou  para  depofito  das  fuás 
cinzas  a  Capella  de  JESUS  na  Igreja  da  Mi- 
fericordia  affinando-lhe  renda  capaz  para  fuf- 
tento  de  vários  Capellaens  que  rezaíTem  todos 
os  dias  o  Ofíicio  divino  de  que  fez  Adminif- 
trador  o  Arcediago  de  Vermoim  Digni- 
dade da  Cathedral  de  Braga.  Naõ  fatisfeito 
de  ennobrecer  efta  Cidade  com  edifícios,  a 
quiz  eternizar  com  a  gloria  de  que  lhe  def- 
creveíTe  as  fuás  grandezas  o  famofo  André 
de  Refende  o  que  executou  no  breve  termo 
de  dez  dias  mandandolhe  hum  Poema  de 
trezentos  Verfos  Latinos  em  que  elegantemente 
defcreveo  a  fundação,  e  privilégios  de  taõ 
illuílre  Cidade.  Na  Carta  em  que  lhe  offe- 
rece  efte  Poema  o  intitula  Pontíficum  decus, 
Hi/paniaque  Sjdus  fulgentijfimum ,  honarum  vigi- 
Uaritm  fautor,  unicum  Jcrihentium  confugium. 
Como  taõ  inligne  Mecenas  dos  Eftudiofos, 
foy  o  primeiro  que  abrio  efcolas  publicas 
para  nellas  fe  aprenderem  as  fciencias.  De- 
fendeo  com  heróica  liberdade  a  jurifdicçaõ 
da  fua  Igreja,  cujo  zelo  apoftolico  mere- 
ceo  a  approvaçaõ  delRey  D.  Manoel.  A 
familia  da  fua  Cafa  competia  com  a  Real 
affim  em  o  numero,  como  na  qualidade 
dos  Criados  fendo  os  Capellaens,  Letra- 
dos,  e   os   pagens,   nobres,   que   todos   fica- 


laõ  no  ferviço  do  Cardial  D.  Henrique  feu 
SuccefTor  na  dignidade  Primacial  afirmando 
eíle  Princcpc  qm  tal  amo  foube  ftmpre  ter  Cria" 
dos,  qui  o  podudf  fer  na  Cafa  do  mefmo  Rsy. 
Os  Desembargadores  que  compunhaõ  a  fua 
Relação  eraõ  dotados  de  tanta  fdenda,  e 
integridade  que  as  Tuas  Dedíoens  eraõ  vene- 
radas como  Oráculos.  A  piedade  do  animo, 
e  obfervancia  das  virtudes  correfpondia  á 
mageílade  exterior  com  que  fe  tratava,  fendo 
naturalmente  humilde,  e  fummamente  amante 
dos  pobres.  Dezejando  renunciar  o  Arcebif- 
pado  para  mais  livremente  fe  preparar  para 
a  eternidade,  e  confultando  efle  fanto  in- 
tento com  o  Ven.  Fr.  Francifco  da  Serra 
de  Gata  Religiofo  Capucho  da  Província 
da  Piedade  o  avizou  que  fe  difpuzefíe  para 
a  morte  porque  fomente  havia  de  viver 
quatro  dias,  o  que  certamente  fe  cumprio, 
pois  accometido  de  hum  acddente  de  par- 
lefia  efpirou  a  18.  de  Julho  de  1532.  Foy 
taõ  exceíTivamente  fentida  a  fua  falta  por 
todo  o  género  de  gente,  que  fe  chegarão  a 
ouvir  os  feus  laflimofos  clamores  na  Villa 
do  Prado  diftante  huma  legoa  de  Braga. 
Foy  fepultado  na  Capella  que  edificara  para 
feu  jazigo,  em  hum  maufoleo  de  pedra,  fobre 
o  qual  fe  vè  a  fua  figura  veílida  com  as  in- 
fignias  Pontificaes,  e  no  circuito  tem  efcrito 
o  feguinte  epitáfio. 

Aqui  jàs  D.  Diogo  de  Sour^a  Arcebifpo 
de  Braga  filho  de  Joaõ  Kodrigues  de  Vafcon- 
cellos  Senhor  de  Figueiró,  e  do  Pedrógão,  e 
de  D.  Branca  da  Sylva  fua  mulher  o  quad 
ElRej  D.  Joaõ  o  II.  mandou  por  Embaxador 
a  Alexandre  Papa  VI.  a  lhe  dar  fua  obe- 
diência, e  elRey  D.  Manoel  tendo  o  feito  Capei- 
laõ  mor  da  Rainha  D.  Maria  fua  mulher  o  man- 
dou dar  fua  obediência  ao  Papa  Júlio  II.  e 
elRejf  D.  Joaõ  o  III.  ofe^  Capellaõ  mor  da  Rai- 
nha D.  Catherina  fua  mulher  o  qual  fev^  efla 
Capella  para  fua  fepultura.  Viveo  LXXII. 
annos  e  faleceo  a  18.  dias  do  me^  de  Julho 
de   1532. 

Fazem  illuílre  memoria  deíle  Prelado, 
D.  Rodrigo  da  Cunha  Cathalog.  dos  Bifp. 
do  Port.  Part.  2.  cap.  32.  e  na  Hifi.  de  Brag, 
Part.  2.  cap.  69.  70.  71.  e  72.  Ofor.  de  Reb. 
Emman.  lib.  4.  in  principio.  Refende  Chron. 
deíRey  D.  Joaõ  o  II.  cap.   190.  Tellez  de  reb. 


700 


BIBLIO THE  C  A 


Gefi.  Joan.  II.  pag.  mihi  237.  D.  Ant.  Caet.  de 
Souf.  Hijl.  Geneal.  da  Cat(^,  Rea/  Porttig.  Tom. 
I.  Liv.  I.  cap.  I.  Fonfec.  Evor.  Glorio/. 
pag.  318.  A  eíle  Prelado  dedicou  o  feu 
Compendio  de  Fifica  impreíTo  em  Salamanca 
em  1520.  Pedro  Margalho  Lente  de  Prima 
de  Theologia  em  a  Univerfidade  de  Coimbra. 

Emendou,  e  mandou  imprimir  duas  vezes. 

Breviariíim  Bracharenfe.  Salmanticse  apud 
Joannem  Porras   15 12. 

Conjliíuiçoens  do  Arcebijpado  de  Braga.  M.  S. 
e  nellas  fe  conhece  a  profunda  fciencia  que 
tinha  igualmente  da  Theologia,  como  dos 
Sagrados  Cânones. 

DIOGO  DE  SOUSA  natural  da  Villa 
de  Pereira  diílante  duas  legoas  da  Cidade 
de  Coimbra  para  a  parte  do  Poente,  def- 
cendente  de  familia  nobre,  e  ornado  de 
hum  fublime  génio  para  a  Poeíia  de  cuja 
divina  Arte  deixou  varias  obras  fendo  a 
que  vio  a  luz  publica  com  o  nome  fuppoílo 
de  Diogo  Camacho. 

Jornada  que  fe\  às  Cortes  do   ParnaJJo   em 
que  Apollo  o  laureou.    Começa. 
Sahio  o  Sol  a  vinte  e  três  de  Mayo 
Num  coche  de  fri^oens  com  grandes  garras 
Vinha  diante  a  aurora  por  L,acajo. 
Eílá  impreíTa  no   5.  Tom.  da  Fenis  rena- 
cida,    ou   obras    Poéticas   dos   melhores   engenhos 
Portugueses.     Lisboa    por    António    Pedrozo 
Galraõ  1728.  8.  defde  pag.  i.  até  37. 

D.  Fr.  DIOGO  SOARES  DE  SAN- 
TA MARIA  Naceo  na  Cidade  de  Lis- 
boa- no  principio  de  Dezembro  de  1 5  5 1 . 
fendo  feus  progenitores  André  Soares  Fi- 
dalgo da  Cafa  delRey  D.  Joaõ  o  III.  do 
feu  Confelho,  e  Secretario  da  Rainha  D. 
Catherina,  e  D.  Maria  Botelha  de  igual 
nobreza  à  de  feu  Conforte.  Renunciando 
a  Beca  de  Porcioniíla  do  Real  Collegio 
de  S.  Paulo  da  Univerfidade  de  Coim- 
bra que  recebera  a  23.  de  Abril  de  1567. 
abraçou  no  mefmo  anno  com  refoluçaõ 
mayor  que  a  fua  idade  que  naõ  paífava  de 
dezefeis  annos,  o  Inílituto  Seráfico  em  o 
Real  Convento  de  S.  Francifco  da  Cidade 
tomando  na  profiílaõ  o  fobrenome  de  Santa 
Maria.     Na    carreira    dos    eíhidos    efcolaf- 


ticos,  aíTim  filofoficos,  como  Theologicos 
fe  diílinguio  com  tal  exceíTo  dos  feus  condif- 
cipulos,  que  chegou  cauzar  enveja  aos  Meftres. 
Mayor  applaufo  confeguio  o  feu  grande 
talento  quando  começou  a  exercitar  o  Officio 
de  Orador  Evangélico  para  o  qual  felizmente 
fe  uniraõ  fumma  erudição,  elegante  facúndia, 
e  efpirito  apoílolico  com  que  intimava  as 
verdades  folidas  dos  feus  difcurfos  dirigidos 
à  reforma  das  vidas,  extirpação  dos  vicios,  e 
obfervancia  das  virtudes.  Todos  eíles  dotes, 
que  publicava  a  Fama,  defpertaraõ  a  male- 
dicência dos  emulos  da  fua  eloquência  con- 
cionatoria,  e  querendo  evitar  a  caufa  de  taõ 
vil  paixaõ  deixou  com  prudente  refoluçaõ 
a  Corte  de  Lisboa  em  o  anno  de  1580.  e  paf- 
fou  à  de  Pariz,  onde  o  feu  merecimento  lhe 
tinha  preparado  hum  ampliflimo  theatro  para 
oílentar  a  fua  univerfal  litteratura.  Depois 
de  fe  laurear  com  as  infignias  de  Doutor 
em  as  Univerfidades  de  Pariz,  e  de  Lovanha, 
diftou  nellas  Theologia  Polemica  com  tanta 
gloria  do  feu  magifterio,  que  repetidas  vezes 
triunfou  dos  fofifticos  argumentos  de  hereges 
doutiflimos  contando  as  viétorias  pelos  com- 
bates alcançadas  pela  concludente  efficacia 
das  fuás  propofiçoens,  de  tal  forte  que  foy 
antonomaílicamente  intitulado  por  graves  Au- 
thores  Vehemens  hareticorum  flagellum.  Para 
coroar  os  feus  merecimentos  de  que  eraõ 
pregoeiros  os  Púlpitos,  e  as  Cadeiras,  o  elegeu 
Henrique  IV.  feu  Pregador,  e  Confelheiro, 
donde  fubio  por  nomeação  de  Luiz  XIII. 
ao  Bifpado  da  Cidade  de  Sais  da  Província 
de  Normandia  Suífraganeo  do  Arcebifpado 
de  Ruaõ,  em  cuja  dignidade  foy  confirmado 
pelo  Pontífice  Paulo  V.  no  anno  de  161 2. 
Exercitou  com  fummo  difvelo  as  obriga- 
çoens  do  Officio  Paítoral  pelas  quaes  par- 
tio  a  receber  o  premio  na  eternidade  a  50. 
de  Mayo  de  1614.  quando  contava  62.  an- 
nos, e  meyo  de  idade  e  45.  de  Religião.  Jaz 
fepultado  no  Convento  de  S.  Boaven- 
tura de  Pariz,  onde  aíTiíHo  defde  o  anno 
de  1580.  até  o  de  161 2.  em  que  foy  pro- 
movido ao  Bifpado.  O  Illuftriffimo  Jacobo 
Camus  feu  SucceíTor  em  a  dignidade  Epif- 
copal  lhe  mandou  gravar  eíle  epitáfio. 
Jacobo  Soares  à  Santa  Maria 
Uljjftponenji  Ordinis  S.  Francifci 


m% 


L  USITAN  A. 


701 


Theologo  exímio 

Epifcopo  Safftnji 

Ctijus  concionts  Chriftianijfimm  popiilus 

Aàvtnaratione  mulía 
&  conctnrju  JrtqHentifftmo  comprohavit 
]acohus  Camus  hpijcopiis  Decefforíjno  B.  Aí. 
Secmdum    Volwitattm    Tcjlamenti   1'.    C, 
Vixit  amos  LXIL  Mtft/es  VI. 
Pontíficatus  ann.  III. 
•yi  ^       Dtpojitêis  in  Pact  III.  Kalen.  J/m. 
^^  Anno  AL  DC.  XI V. 

Dcíle  infigne  Varaõ  fazem  memoria 
loan.  Chcnu  in  Chronol.  lipifcop.  Gallia 
pag.  102.  magnus  ac  doâijfimus  Pradicator. 
(  ardof.  Agiol.  L^fit.  Tom.  5.  pag.  462. 
\imio  Theologo,  e  afamado  Pregador.  Marrac. 
Wtb.  Marian.  Part.  i.  pag.  645.  vir  virtu- 
tlbus  non  minits,  qiiám  Jcientia  probaíijftmus. 
Samarth.  Frat.  Gallia  Chrijlian.  Tom.  3. 
^pifcop.  Sagienf.  pag.  974.  Eff^egists  concio- 
•Mor,  ac  in  myjlica,  pojitivaque  Theologia 
mire  verfatus,  in  Jiiam  Ecclejiam  benejicus, 
hctreticoruni  hojlis  acerrimus.  Gualt.  in  Tab. 
Chronol.  Sxcul.  17.  pag.  216.  doHrina,  eí?* 
ioncionanài  facultate  celebris.  Nicol.  Ant. 
IMb.  Hi/p.  Tom.  i.  pag.  245.  Harelicorum, 
iiíque  harejum  hofiem  fe,  ac  maftigem  accer- 
rtmum  verbo,  ó^  Jcriptis  prabnií.  Fr.  Fer- 
iiand.  da  Soled.  Hiji.  Seraf.  da  Prov.  de 
Portug.  Part.  3.  liv.  i.  cap.  21.  por  Jms 
'^ofides  virtudes,  e  letras  memoráveis.  Ant. 
PoíTev.  Apparat.  Sacr.  letr.  I.  pag.  793. 
Draud.  in  Bibliot.  Clajfic  P.  D.  Manoel 
C-aet.  de  Soufa.  Cathalog.  HiJl.  dos  Bi/p. 
Port.  pag.  131.  Wadingo  Script.  Ord.  Min. 
pag.  186.  Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  Bib.  Fran- 
ci/c.  Tom.  I.  pag.  306.  D.  Jozé  Barbof. 
Cathal.  HiJl.  do  Colleg.  de  S.  Paul.  pag.  253. 
c  no  Archiath.  l^ifit.  pag.  71. 
Mlecebras,  quas  mundus  amat,  fuperabit  inanes 
Vrancifcique  premei  vejligia  Sacra  Soares. 
Compoz. 

Cofmopceia  in  duo  priora  Capita  Genejis. 
Nannetis  apud  Blafium  Petrail.  1585.  4. 

Conciones  XXIII.  in  prima  tria  Apo- 
fdlypfis  Capita  habitcjB  in  celeberrima  Ecclejia 
\MgdunenJi,  quibus  accejjerunt  Sermones  VI. 
pro  diebus  Dominicis  Adventus,  ac  Fejli  Con- 
ceptionis  B.  Vir^nis,  <&  Nativitatis  Domini. 
Lugduni    apud    Horatium    Cardon    1598.    8. 


Na  faculdade  que  concede  para  íe  imprimir 
eíla  obra  o  UluAriíTimo  Pedro  de  Efpinac 
Arcebifpo  de  LeaÕ»  e  Primaz  de  França  diz 
eílas  palavras  em  applaufo  do  Author.  Cum 
txploratum  nobis  fit  quàm  ubtrit  fruam  protu- 
lerint  conciones  in  B.  Joannis  Apocalypfim,  quas 
R.  P.  Fr,  Jacobus  Soares  a  Sanãa  Maria  Ord. 
Min,  boc  próximo  elapfo  Aàwitus  ttmpcrt  in 
primaria  noflra  hug^itminfis  EccUfia  Catbtára 
incredibili  concurfu,  plaufuqm  omnium  Cípí- 
tatis  Ordinum  habuit;  nofque  non  lateat  ube- 
riores,  et  auãiores  ad  pietatis,  ^  morum 
inflitulionem  eruditiffimorum  etiam  hominum  eru- 
ditionem;  nec  non  ad  vera,  (&  orthodoxa 
Ksligionis  affertionem  adverfus  noflri  temporis 
Ixtrefes  edituras,  fi  excufa  in  publicam  lucem 
prodeant,  earum  editionem  fuafimus,  permijimus, 
ò"  ã  doãijftmis  Theologis  approbatam  compro- 
bamus,  c>*  commendamus.  Datum  apud  Sanãum 
Regnibertum  Idibus  Januarii  1J97.  Sahio  2. 
vez  Lugd.  apud  Horat.  drdon  160).  Nefta 
ediçaõ  fahio  acrecentado  com  dous  Sermoens 
hum  de  Santo  Eílevaõ,  e  outro  de  S.  Joaõ 
Evangeliíla. 

Conciones  oâo  Solemnitatis  Corporis  ChriJli 
in  quibus  etiam  oão  caufa  deducuntur  ob 
quas  ã  Domino  JESU  Sacramentum  "Eucba- 
rijlia  fuit  injiitutum.  Lugd.  apud  Horat. 
Cardon    1607.   8. 

Thefaurus  Quadragefimalis  plttribus  dipi- 
norum  eloquiorum,  ac  SS.  PP.  fententijs 
plenus.  Sahio  primeiramente  na  lingua 
Franceza  em  2.  Tomos.  Pariz  ches  Ni- 
colas  dela  FoíTe  1607.  8.  e  depois  em  La- 
tim traduzido  pelo  mefmo  Author.  Lug- 
dun.    apud    Horat.    Cardon    1610.    8. 

Sermons  fur  les  Dimanches  de  tout 
1'Anné.  2.  Tom.  Pariz  ches  Robert  Fa- 
ciet.  1622.  8.  No  2.  Tom.  traz  8.  Sermoens 
do  SantiíTimo  Sacramento  differentes  dos 
que  imprimio  Horácio  Cardon  de  que 
aíTima   fe   fez   mençaõ. 

Sermones  in  laudem  B.  Virginis.  Lugd. 
apud.  Horatium  Cardon.  1607.  8.  Defta 
obra  fazem  memoria  Pedro  de  Alva  y  Af- 
torga  in  Milit.  Immacul.  Concept.  e  Hy- 
polit.  Marrac.  in  Bib.  Marian.  Part.  i. 
pag.    645. 

Sermon  fúnebre  fait  aux  obfeques  de  Henri 
IV.     Roy     de     F rance,     et    de     Navarre    k 


702 


BIBLIO THE  C  A 


22.  de  Juin  1610.  dans  VEgliJe  de  S.  Jaques 
de  la  Boucharie,  Pariz  ches  Nicolas  de  la 
FoíTe.  1610.  8. 

DIOGO  DE  TEYVE  natural  da  Auguíla 
Cidade  de  Braga,  e  hum  dos  mais  celebres 
profeíTores  de  letras  humanas,  que  floreceo 
neíle  Reyno.  Para  fe  inílruir  nas  Sciencias 
aíTim  amenas,  como  feveras  paíTou  à  Corte  de 
Pariz  onde  pela  natural  viveza  do  engenho, 
e  penetrante  comprehenfaõ  de  juizo  fe  adian- 
tou com  tal  exceflb  a  todos  os  feus  condif- 
cipulos,  que  recebido  o  gráo  de  Doutor  na 
Faculdade  do  Direito  Cefareo  regentou  huma 
Cadeira  de  Humanidades  na  Univeríidade 
de  Bordeaux  competindo  na  Sciencia  da  lín- 
gua Latina,  afluência  Poética,  e  facúndia 
Oratória  com  Jorge  Buchanano,  e  Marco 
António  Moreto,  que  no  anno  de  1526. 
eraõ  refpeitados  como  Oráculos  deftas  faculda- 
des que  eníinavaõ  na  mefma  Univeríidade. 
Querendo  a  Mageftade  delRey  D.  Joaõ  o  III. 
prover  de  Meftres  a  Univeríidade  de  Coimbra 
novamente  por  elle  edificada  o  mandou  con- 
vidar para  taõ  nobre  miniílerio  com  largo  eítí- 
pendio.  Obedeceo  promptamente  à  iníinua- 
çaõ  do  feu  Príncipe  como  fe  fora  preceito,  e 
acompanhado  de  André  de  Gouvea,  e  feu 
irmaõ  Marçal  de  Gouvea,  chegou  a  Coimbra 
no  anno  de  1 547.  onde  foy  provido  na  fegunda 
Cadeira  de  Humanidades  fendo  Meftre  da  pri- 
meira Jorge  Buchanano  de  naçaõ  Efcocez. 
Tendo  exercitado  alguns  annos  o  magifterio 
com  igual  gloria  do  feu  talento,  como  intereíTe 
da  mocidade  eíhidiofa  fubio  a  fer  Reytor  do 
Collegio  das  Artes,  onde  era  Meftre  a  tempo 
que  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  por  carta  ef- 
crita  a  10.  de  Setembro  de  1555.  lhe  or- 
denou entregaíTe  o  governo  daquelle  Col- 
legio aos  Padres  Jefuitas,  o  que  executou 
no  principio  do  mez  de  Outubro.  Para  re- 
munerar eíte  Príncipe  os  feus  grandes  me- 
recimentos lhe  deu  hum  Canonicato  na 
Cathedral  de  Miranda,  onde  vivia  pelos 
annos  de  1565.  augmentando  a  fama  do 
feu  nome  com  a  excellencia  dos  feus  ef- 
critos.  Foy  infigne  na  lingua  Latina,  ou 
foíTe  efcrevendo  em  Oraçaõ  folta,  ou  li- 
gada merecendo  applaufos  a  fua  elegante 
penna    como    Poeta,    e    como    Hiftoriador. 


Joaõ   Soar.   de  Brit.   in  Theatr.   Lufit.   Lit- 
ter.  lit.  I.  n.  3.  in  fitidijs  eloquentia  tantos  fecit 
progreffus,    ut    non    modo    aquales   fuperaverit, 
verum     etiam     praceptoris    perjonam    Jujlinere 
aufus    eft.     Cadab.     Grav.     De     obitu.    Joan. 
III.  na  Dedicatória  à  Rainha  D.  Catherina. 
Egrégias    laudes   pro    mea    tenuitate    defcribere 
tentarem,  ni  omatijfimos  viros  Jacobum   Tevium, 
&  Martialem  Goveanum  ingenij  duo  luminária... 
ex    his   duobus    Hifpanienjium    latinorum    Prin- 
cipibus    Nicol.    Ant.    Bib.    Hijp.    Tom.    i, 
pag.    246.    ad   injiruendam    novam    Academiam 
Conimbricenjem     adfcitus,     non     minorem     at- 
que    inter    Gallos    olim    doãrina   famam    col- 
legit.    Scoto    mjp.    Bib.    pag.    475.    Ije^tur  < 
(falia  da  Hiíloria  do  Sitio  de  Dio )  ab  eru- ! 
ditis     hominibus     non    fine     laudis     commenàa-  ■ 
tione.     Angel.     Spera.     de     Gram.     Profejfor. 
Lib.  4.  foi.  458.  Tellez  Chron.  da  Companb.  \ 
de  Jefus  da  Prov.  de  Portug.   Part.  2.   Liv.  6. ' 
cap.    18.    n.    8.    CapaíTi   Hift.    Philofof.   pag.  = 
452.    Ant.    de    Leaõ    Bib.    Orient.    Tit.    3. 
e   novamente  addicionada   Tom.    i.   Tit.   3. 1 
col.  62.  Ant.  Ferreir.  Eglog.  5.  pag.  83. 
Eis  vem  o  nojjo  Tevio,  que  a  viãoria 
Julgará  jufiamente :  Tevio  às  Mu/as 
Novo    Apollo,    nova   honra   à  fua   memoria,  i 
Cà  fe  vejo  mudado:  Jà  as  efcufas 

Naô  te  aproveitarão.    Tevio  a  contenda 
Ouve,  e  julga  entre  nos,  como  bem  ufas. 
Ouve-me  Tevio,  e  dame  defte  a  emenda 
Da  fua  vam  oufadia,  que  eu  efpero 
Que  a  vó^  lhe  fuja,  e  Palias  o  reprenda. 
E  na  Cart.  4.  do    Liv.  2-pag.  179.  v.o 
Mas  com  quanto  taÕ  alto  te  pofefie 

Das  brandas  Mufas  defce,  e  outra  ves  prwa^ 
A  doce  Eyra  a  que  tal  fom  já  defte. 
No  teu  verfo  Eatino  nos  renova  \ 

Hora    outro    Horácio,    hora    outro    grande 
Mar  o: 
Na  grave  pro^a    Pádua,    Arpino    em   rumj^ 
Por  ti  começou  jà  fer  grande,  e  claro 
O  Portuguez  Império:  igual  aos  feitos 
No  mundo  raros  teu  eftilo  raro. 
Enchefte  de  efperanças  nojjos  peitos 
NaÕ  nos  detenhas  encobertos  tanto 
Altos  exemplos  de  obras,  e  conceitos. 
Em  quanto  ajji  eftàs  livre,  Teive  em  quanto 
Te  naõ  chama  tua  forte  ao  que  mereces 
Cria  no  Portugue^  nome  amor,  e  efpanto 


L  USITAN A, 


I  ureia j    e    confiado    do    que    em    ti    conhtcêS, 
<  >inp02. 

Cotnmentarins     de     rehus    à     hufitanis     in 
''idia    aptid    Ditim   gejlis    anno    Saiu  tis    nojlra 
Í.D.XLVI.  Conimbricx  apud  Joannem  Bar- 
ita, e  Joannem  Alvares   1548.  4.    Romc 
>ucl  Aloyfíum  2^nnetum.  1608.  8.  G^lonix 
\i;rip.    ex    OíBcin.    Birkmmanica    1602.    8. 
no  livro  De  rebus  Lufit.  Uifp.  índic.  JLthiop, 
icftlc  \x\\\.  585.  até  443.  c  no  Tom.  2.  Hifp. 
^iliijir.  i  rancof.  apud  Claud.  Marnium  1605. 
)l.  à  pag.  1547.  até  1372.     Na  Dedicatória 
clRey  D.  Joaõ  o  III.  promete  a  Hijioria 
fie  Portugal,  de  cuja  obra  como  da  precedente 
rfcrevc  Joaõ  Vafeo  in  Chron.  Hifpan.  cap.  4. 
lias  palavras  em  feu  applaufo.  \Jt  fi  d»  íota 
Hijioria  LMjitana  quod  pollicetur  ad  rem  contu- 
lerit  àíbio  procul  effe£íurus  Jit,  uti  quemadmodum 
íjifitana  rerum  gejtarum  gloria  nulli  província 
Wjame^t,  sic  neque  Hijoria  venustate  cedere  cuiqtiam 
^^nrito  debet.  Na  imprcflaõ  da  Hiftoria  do  Cerco 
de  Dio  feita  em  Coimbra,  que  he  a  primeira, 

K[  no  fim. 
Oratio  in  Laudem  Nuptiarum  Joannis,  e^ 
tnce  lllufirijfimorum  Vrincipum  Keãoris,  Con- 
iilijque  juffu  Conimbrica  habita,  atque  edita 
imdecimo  Calend.  Janmrij.  4.  Segue-fe  a  efta 
obra  em  proza  a  feguinte  em  verfo  com 
"eftc  titxilo. 

Cármen  in  Nuptias  eorundem  Principum  publice 
Conimbrica  pronuntiatum.  Confta  de  193.  ver- 
íos  heróicos.  Eftas  duas  obras  fahiraõ  reim- 
preíTas  Salmanticx  apud  haeredes  Joannis  à 
Junta  1538.  12. 

Opufcula  aliquot  in  Laudem  Joannis  TertiJ 
.ujitania  Regis,  (ò'  Principis  ejus  Jilij,  et  fratris 
Ijidovici,  atque  item  SebaJliani  primi  Regis 
ejufdem  nepotis.  Salmantiae  apud  Joannem  à 
í Junta  1358.  12.  Dedicado  ao  Cardial  Infante 
O.  Henrique,  coníla  de  verfo,  e  profa. 

Ad  Joannem  AlencaJlrum  Serenijfimum  AveriJ 
Ducem  Mortis  meditatio  in  funus  Theodojii  Bri- 
gantice  Ducis.  OlyíTipone  apud  Joannem  Bar- 
reira. 1363.  4. 

Deploratio  conjolationi  admixta  in  mor- 
m  Ferdinandi  Menejij  Archiepiscopi  Ulyf- 
fiponenfis  ad  Jacrum,  &  venerabile  Canoni- 
corum  Ulyjftponenjium  Collegium.  OiyíTipo- 
ne  apud  eumdem  Typ.  1364.  coníla  de  verfos 
heróicos. 


JOÒ 

Tumulus  in  mor  tem  MUhaelis  Mine:(ij  Mar- 
chionis  Villa  regftlis,  Oly^ipone  apud  eum- 
dem Typog.  136).  4.  No  fim  Deprecatio 
ad  Cbrijlum  Crucifixum  in  dÍ4  Para/ceves,  He 
em  verfo  heróico. 

Epodon,     Jive     Jambicorum     carmen     libri 
ires,     OlyíTipone    apud    Prancifcum    Corrêa. 
1365.  8.   ConíU  o  primeiro  livro  entre  outras 
couzas  dê  Injlitutiom  Boni  Prinàpis;   a   qual 
verteo  em   Sextinas   Portuguezas   feu   difd- 
pulo  Frandfco  de  Andrade,  e  na  Dedicatória 
que  lhe  fez,  o  louva  com  eílas  vozes  métricas. 
Lymphas  bibijje  te  putant  Agpnippidos 
Pamajfi,  e>*  altis  fomniajje  montibus 
Hac  erudita,  quce  tua  legant  carmina 
Meri toque  eorum  Principem  te  Judicant 
Vlorere  nojlro  quis  peroptet  faculo 
Claros  poetas,  quos  facer  liquor  rigat 
Fontis  Heliconis,  quos  ad  ajlra  fulffda 
Ventura  f um  mis  tollat  atas  laudibus. 

O  2.  livro  coníla.  Hymni  13.  ad  Jejum 
ChriJlum  pro  Salute  Reffs  SebaJliani,  et  felici 
Reffii  Jlatu.  Hymni  ad  Divos  Regni  LMjitanici 
patronos.  Eíla  obra  allega  Jorge  Cardofo 
Agiol.  iMjit.  Tom.  3.  pag.  233.  coL  i.  inti- 
tulando a  de  Rebus  Divinis  o  3.  livro  coníla 
de  Perfeão  Epifcopo  ad  Cardinalem  Henricum. 
Congratulatio  ad  Fr.  Ljfdovicum  Granatenfem 
de  Serenijfimo  Príncipe  Henricuo  dum  UlyJJi- 
ponem  Archiepifcopatum  accepit  relião  Eborenfi. 
Ode  in  illa  EvangeliJ  Verba.  Domine  fi 
vis  potes  me  mundare.  E.pithalamium  in 
laudem  Nuptiarum  Alexandri,  e>*  Maria 
Principum  Parma,  e^  Placentia  &c. 

Oratio  in  obitu  Principis  Joannis  in  Templo 
Sanãa  Crucis  habita.  No  fim  Oratio  ad  Deum 
pro  defunão  Príncipe,  pro  Parente  Rege, 
€>•  Nepote  SebaJliano.  4.  M.  S.  Confervava-fe 
na  Livraria  do  Cardial  Souza. 

Traduzio  da  língua  Grega  na  Portugueza 
por  ordem  delRey  D.  Joaõ  o  IH. 
Cyropedia  de  Xenofonte. 

Fr.  DIOGO  DE  TORRES  natu- 
ral da  Villa  de  Torres  novas  do  Arcebif- 
pado  de  Lisboa  Monge  Ciílerdenfe  efcre- 
veo  as  feguintes  obras  que  fe  confervaõ  no 
Real  Convento  de  Alcobaça. 
GloJJa  in  Hieremiam 
Bxplanatio  Rufini  in  Sjmbolum 


704 

Liher  San£ii  HilariJ  contra  harefes. 
Pajfto  S.   'Laurentij  carmine  de/cripta. 
Líber  Prognojlicorum  futuri  Sactili. 

DIOGO  VAZ  CARRILHO  natural  de 
Lisboa  Presbytero  da  Congregação  do  Ora- 
tório de  S.  Felippe  Neri,  e  Prepoíito  da  Cafa 
de  Santa  Helena  da  Cidade  de  Cadiz,  Varaõ 
iníigne  em  virtudes  que  exercitou  pelo  largo 
efpaço  da  fua  vida.  Em  beneficio  das  Almas 
que  fe  querem  adiantar  no  caminho  da  per- 
feição evangélica  tradu2Ío  de  vários  Authores 
Afceticos  na  lingua  Materna  fem  declarar  o 
feu  nome  os  livros  feguintes. 

Exercícios  divinos  das  três  vias  Purga- 
tiva, llluminativa  e  Unitiva  compoftos  em  Im- 
tim  pelo  Ven.  Doutor  Nicoláo  E/chio.  Lisboa 
por  Ant.  Crasbeek  de  Mello.  1669.  12. 

Imitação  de  Chrifto  que  vulgarmente  fe 
intitula  Contemptus  mundi  dividida  em 
quatro  Livros  efcrita  em  Latim  pelo  Venerável 
Thomatl  de  Kempis  Cónego  Kegular  de  Santo 
Agoftinho.  Lisboa  por  Joaõ  da  Cofta  1670. 
8.  &  ibi  pelo  dito  ImpreíTor  1673.  &  ibi  por 
Domingos  Carneiro  1679.  8. 

Manual  de  exercidos  efpirituaes  para 
ter  Oração  do  P.  Thoma^  de  Villa  Caftim 
da  Companhia  de  JESUS.  Lisboa  por  An- 
tónio Crasbeeck.  1672.  8. 

Hijloria  das  vidas  de  Santa  Maria  Egyp- 
ciaca,  Santa  Tbais,  e  Santa  Theodora  peniten- 
tes do  P.  Pedro  da  Rihadaneira.  Lisboa 
por  Domingos  Carneiro  1673.  4. 

DIONÍSIO  Medico  infigne  aíTim  na 
efpeculaçaõ,  como  na  praética,  compoz 
antes  do  anno  de  1555.  a  obra  feguinte 
allegada  por  Nicoláo  Monardes  grande 
Medico  Sevilhano  in  Dialog.  de  Vena  Se- 
canda  in  Pleuritide  foi.  5. 

An  in  Pleuritide  deheat  Sanguis  emitti  ah 
eodem  latere,  unde  dolor  pungit,  an  ex  oppojito? 

Fr.  DIONÍSIO  DOS  ANJOS.  Na- 
ceo  no  lugar  de  Leomil  em  o  Bifpado  de 
Lamego  de  Pays  nobres  quaes  eraõ  Luiz 
Tavares,  e  Helena  Ferreira.  ProfeíTou  o 
Inftituto  de  Eremita  de  Santo  Agoftinho 
no  Convento  da  Graça  de  Lisboa  a  10.  de 
Agofto  de   1606.    Enfinou  aos  feus  domef- 


BIB  LIO  THE  CA 


ticos  as  Sciencias  efcholafticas,  em  que  foy 
muyto  douto.  Os  feus  merecimentos  o  habi- 
litarão para  exercitar  os  honoríficos  lugares 
de  ConfeíTor  delRey  D.  Joaõ  o  IV.  e  feu  filho 
o  Princepe  D.  Theodofio,  de  ProcomiíTario 
da  Bulia  da  Crufada  por  fer  o  Deputado  mais 
antigo  defte  Tribunal,  Qualificador  do  Santo 
Officio,  e  Examinador  das  três  Ordens  mili- 
tares. Foy  nomeado  Bifpo  do  Algarve, 
cuja  dignidade  naõ  poíTuyo  por  fallecer  em 
Lisboa  a  24.  de  Novembro  de  1654.  Fazem 
delle  memoria  Joan.  Soar.  de  Brit.  Tòeat. 
Lujít.  Litter.  lit.  D.  n.  38.  Fr.  Ant.  da  Puii-  1 
ficaçaõ  Chron.  da  Prov.  de  S.  Agojl.  de  Por- 
tug.  Part.  2.  liv.  6.  Tit.  6.  ^.  11.  e  de  Vir. 
Illujirib.  Ord.  Eremit.  D.  Aug.  Lib.  2.  cap.  11. 
Herrer.   in  Alphab.   Augujlin.     Publicou 

Sermaõ  no  Convento  da  Graça  de  Lisboa 
nas  demonjlraçoens  que  fe  fiv^eraõ  pelo  roubo  do 
SantiJJimo  Sacramento  da  Parochia  de  Santa 
Engracia  da  mefma  Cidade.  Braga  por  Fruc- 
tuofo  Lourenço  de  Bafto  1630.  4. 

Traduzio    de    Latim    em   Portuguez. 

Sufpiros  do  grande   Doutor  da  Igreja  Santo  i 
Agoftinho.    Lisboa  por  Henrique  Valente  de 
Oliveira.  1656.  12. 

Annotationes  ad  aliqua  privilegia  Mm-  1 
dicantium,  <&  ad  alias  matérias  morales,  }, 
M.  S.  Confervafe  na  Livraria  do  Con- ' 
vento  da  Graça  defta  Corte. 

Traãatus     de     Eucharijlia.       Defta     obra 
fazem    mençaõ     Joaõ     Franco     Barreto    oa 
Bib.   Lufit.  M.   S.   e  Fr.  Manoel  de  Figuei- 
redo   Elos    Sana.    Augujlin.    Tom.    4.    pag. ' 
150.   n.    103.   affirmando   ambos   que  fe  im-! 
primira.  • 

Fr.  DIONÍSIO  DOS  ANJOS  natural  de- 
Lisboa,  e  Religiofo  de  Saõ  Jeronymo,  cujo 
Inftituto  profeíTou  no  Real  Convento  de: 
Belém  a  6.  de  Janeiro  de  1656.  Foy  infigoc) 
na  Arte  do  Contraponto,  e  naõ  menos  deftrof 
tangedor,  de  Arpa,  e  Viola.  Obfervou  com; 
fumma  exaçaõ  as  obrigaçoens  do  feu  lofti-l 
tuto  pelas  quaes  mereceo  acabar  a  carreira  da 
vida  com  boa  opinião  em  o  Convento  de 
Belém  a  19.  de  Janeiro  de  1709.  Deixou- 
compofto. 

Kefponforios  para  todas  as  Fejlas  da  primar» 
ClaJJe.  ' 


L USITA NA. 


7o5 


P/a/mos  de  Vtf peras,  e  Maffiificas. 
Diverfas  Mijfas,  Vilhattcicos,  e  Motetes. 
Todas  dias  obras  fe  confervaô  com  grande 
cflimaçaò  no  Convento  de  Bclem. 

DIONÍSIO  BERNARDES  DE  MORAES 

natural  de  Lisboa  filho  do  Doutor  Joaõ 
Bernardes  de  Moraes,  Phifico  mór,  Fidalgo 
da  Caía  de  Sua  MageíUde,  Cavalleiro  da  Ordem 
de  Chriílo,  e  de  D.  Ignez  Rufína  da  Eílrella 
filha  de  Henrique  Ayquc,  e  de  Jeronima 
Rufina.  Inílruido  nos  rudimentos  da  Latini- 
(iaclc,  e  nos  preceitos  da  Rhetorica  ouvlo 
l'iI()fofia  em  o  anno  de  1696.  cm  que  tive  a 
gloria  de  fer  feu  condicipulo,  do  Padre 
Sebaíliaõ  Ribeiro  immortal  credito  da  Con- 
gregação do  Oratório,  e  logo  moílrou  a 
viveza  do  engenho,  c  prcfpicacia  do  talento, 
com  que  havia  fazer  agigantados  progreflbs 
em  outra  mayor  faculdade,  qual  foy  a 
dos  Sagrados  Cânones,  recebendo  nella  as 
iníignias  doutoraes  na  Univerfidade  de  Coim- 
ita.  Admitido  ao  Collegio  das  Ordens  Mili- 
o  indefeflb  eftudo  unido  com  a  facili- 
"^dade  da  comprehenfaõ  o  habilitarão  para 
tomar  poíTe  em  13.  de  Janeiro  de  1730.  de 
huma  Cathedrilha  de  Cânones  até  chegar  à 
Cadeira  de  Vefpera,  donde  foy  aíTumpto  a 
Prelado  de  Santa  Igreja  Patriarchal  em  16. 
de  Mayo  de  1739.  Na  controveríia  que  fe 
altercou  em  a  Univerfidade  fe  os  Doutores 
Legiílas  podiaõ  obter  as  Conezias  Doutoraes 
das  Cathedraes  do  Reyno,  efcreveo  fem  de- 
clarar o  nome  as  feguintes  obras  em  que  com 
argumentos  concludentes  authorizados  com 
todo  o  género  de  erudição  defende  ferem 
os  Canoniílas,  e  naõ  os  Legiílas  hábeis  para 
os  Canonicatos  Doutoraes. 

Anti-logijia  critico  Apologético,  ou  Gloffa- 
rio  Ana/y  tico  em  que  Je  critica,  ref ponde,  convence, 
e  refuta  hum  manifefto  que  a  favor  dos  Doutores 
hegiflas  fe^  hum  Anonymo  pertendendo  mofirar 
que  eraõ  hábeis  para  as  Conet(ias  Doutoraes  da 
Univerfidade  de  Coimbra.  Pariz  chez  Pierre 
Prault.    1735.   foi. 

Com  o  fuppofto  nome  de  Viftoriano 
Guerreiro  de  Bulhoens. 

Cenfura,  five  judicium  inofficiofa  Cen- 
fura  á  qua  liber  Antilegifta  vindicatur,  tri- 
na   veliit    are    triplici    Apologética    demonfhra- 


tiofu  cotiflat.  Salamanca  por  António  Jozé 
Villagordo,  y  Alçaras,  foi.  Sem  anno  da 
ImprdbÕ. 

AtttUpitomt,  ou  AntiUfffla  disfarçado. 
Dialogps  Críticos,  ou  Colloquios  jocoferios 
fohre  a  Controverfia  entre  Canoniflas,  9  Léffftas 
acerca  das  Conevjas  Doutoraes  da  Univerfidade 
dê  Coimbra.  Salamanca  por  la  víuda  de 
António  Ortiz  Gallardo.  1757.  4. 

Com  o  nome  de  Ixonardo  Luiz  de 
Queirós. 

Pradiéíiones  Apologética,  five  flofculi  pra- 
curfores  ad  futurum  fafciculum  Sententiarum ; 
additio  ad  Cenfuram  inofficiofa  Cenfura,  çÍT 
demonfiratio  novijjima  in  qua  prceveniuntur, 
e>*  reconveniuntur  aliqua  quibus  Epitomes 
Author,  et  Jurís  Civilis  Doãores  pro  jure 
fuo  fuadendo  novum  ceríamen  inire  moliuntur, 
e>*  pracipue  difceptatur  de  veritate,  eí^  validi- 
tate  Bullarum  circa  Canonicatum  luimecenfem 
obtinendum.  Hifpali.  foi.  fem  anno  da  Impref- 
faõ,  nem  nome  do  ImpreíTor. 

Fr.  DIONÍSIO  DE  S.  BOAVEN- 
TURA. Naceo  no  lugar  de  Unhos  do 
Arcebifpado  de  Lisboa  a  20.  de  Janeiro  de 
1599.  fendo  filho  de  Francifco  Gomez  Ri- 
beiro Gdadaõ  deíla  Corte.  Na  juvenil  ida- 
de de  defefeis  annos  defprezou  com  herói- 
ca refoluçaõ  o  mundo  procurando  a  Re- 
ligião Seráfica,  da  qual  recebeo  o  Habito 
no  Convento  de  S.  Francifco  da  Gdade  a 
23.  de  Novembro  de  161 5.  Ainda  que  fa- 
hio  confummado  Letrado  em  a  Theolo- 
gia  efpeculativa,  e  Moral,  e  verfado  na 
intelligencia  das  linguas  Latina,  Grega,  He- 
braica, e  Italiana,  naõ  feguio  as  Cadeiras 
donde  podia  adquirir  grande  applaufo  ao 
feu  nome,  mas  todo  fe  dedicou  ao  minif- 
terio  de  MiíTionario  Apoftolico  com  o  qual 
atrahia  muitas  almas  ao  caminho  da  peni- 
tencia. Por  fer  muito  douto  em  a  Theolo- 
gia  Polemica  converteo  com  a  efficada  dos 
feus  argumentos  muitos  Hereges  à  noíTa 
Religião  fendo  entre  elles  o  mais  ce- 
lebre Lourenço  Shite  Enviado  delRey  de 
Suécia  neíla  Corte,  que  naõ  fomente  abju- 
rou os  feus  erros  mas  fuavemente  o 
perfuadio  a  profeíTar  o  IníHtuto  Seráfico,  que 
promptamente    executou    com    o    nome    de 


50 


7o6 


BIBLIOTH  E CA 


Fr.  Lourenço  de  S.  Paulo.  Foy  CommiíTario 
dos  Terceiros  da  Villa  de  Thomar  eleito  no 
anno  de  1634.  e  de  S.  Francifco  de  Santarém 
cm  1629.  naõ  querendo  aceitar  outros  lugares 
de  que  eraõ  dignos  os  feus  merecimentos. 
Recolhido  ao  Convento  de  Alanquer  fez 
muitos  progreíTos  nas  virtudes  confirmados 
com  prodigios  na  fua  morte  que  felizmente 
fuccedeo  a  15.  de  Fevereiro  de  1665.  Jaz 
fepultado  junto  do  ultimo  degráo  da  efcada, 
que  defce  do  Coro  para  o  Clauftro.  Faz  delle 
memoria  Fr.  Fern.  da  Soled.  Hiji.  Seraf.  da 
Prov.  de  Portug.  Tom.  5.  n.  11 11.  Efcreveo. 
Kelaçaõ  da  vida,  e  progrejfos  do  P.  Mejlre 
Fr.  JoaÕ  de  S.  Bernardino  L,ejfor  jubilado,  e 
Minijiro  Provincial  da  Provinda  de  Portugal. 
M.  S.  4. 

Fr.  DIONÍSIO  DO  COUTO  natural  da 
Villa  de  Alfeizaraõ  dos  Coutos  de  Alcobaça 
Monge  Ciftercienfe,  e  filho  do  Real  Mofteiro 
de  Alcobaça.  Foy  muito  douto  em  Direito 
Pontificio  compondo. 

Cafus  abbreviati  fuper  Decrefales.  foi.  M.  S. 
Confervafe  na  Bibliotheca  do  Convento  de 
Alcobaça. 

Fr.  DIONÍSIO  DE  ESTREMOZ  cujo 
appellido  tomou  da  Villa  que  lhe  deu  o  berço, 
fituada  na  Província  do  Alentejo.  ProfeíTou 
o  Inilituto  Monachal  de  S.  Bernardo  em  o 
Real  Convento  de  Alcobaça  onde  fe  conferva 
a  feguinte  obra  que  compoz. 

Flores  Sanãorum.  foi.  M.  S. 

DIONÍSIO  GOMES  PESSOA  natural  de 
Lisboa  donde  paíTou  a  Macáo  celebre  Colónia 
dos  Portuguezes  nos  confins  da  China.  Vol- 
tando a  Portugal  a  cobrar  huma  opulenta  he- 
rança que  lhe  deixara  feu  Tio,  partio  fegunda 
vez  para  Macáo  no  anno  de  1729.  e  antes  de 
chegar  ao  fim  da  jornada  acabou  a  vida. 
Era  muito  verfado  na  liçaõ  da  Hiftoria 
Sagrada,  e  profana,  e  naõ  menos  inclinado 
aos  exercícios  da  piedade,  e  devoção.  No 
tempo  que  aíTiUio  na  fua  pátria  collegio,  e 
publicou. 

Diagoge  Chrifiiana  continens  exercitium  quoti- 
dianum:  modus  pie  audiendi  Mifjam,  <&  alia 
exercitia  pietatis,    omnia   ex    Variis    Authori- 


bus  colleãa.     UlyíTipone  apud  Bernardum  da 
Coíla  1726.  12. 

DIONÍSIO  DE  PINNA  natural  da  Villa 
de  Linhares  diftantc  três  legoas  da  Cidade 
da  Guarda  na  Província  da  Beira.  Entrou  na 
Congregação  do  Oratório  de  Lisboa  a  15. 
de  Agofto  de  1682.  e  nella  perfeverou  no 
eftado  de  Leygo  exercitando  as  virtudes  de 
hum  perfeito  Congregado  até  fallecer  a  9. 
de  Fevereiro  de  171 2.   Compoz. 

Pecúlio  ejpiritual  colhido  de  alguns  lugares  da 
Santa  Ffcritura,  doutrina  dos  Santos  Padres, 
e  de  outros  Santos,  e  Varoens  doutos  <&c.  M.  S.  4. 
Conferva-fe  na  Livraria  da  Congregação  do 
Oratório  deíla  Corte. 

DOMINGOS  DE  ABRANTES  na- 
tural da  Villa  de  Setuval,  e  muyto  exercita- 
do em  contínuos  aâos  de  perfeito  Chriílaõ, 
publicou. 

'Exercidos  de  devoçoens  para  ajudar  a 
vivos,  e  defuntos.  Lisboa  por  Pedro  Cra- 
esbeeck.  1628.  12.  Conlla  do  modo  que 
fe  deve  rezar  o  Rofario,  fazer  exame  de 
Conciencia,  Oraçaõ  para  antes,  e  depois 
da  Comunhão,  e  motivos  para  focorrer  as 
Almas  do  Purgatório. 

DOMINGOS  AFFONSO  morador 
em  Goa  Capital  do  Eftado  Afiatico  Por- 
tuguez,  e  infigne  artífice  de  machinas  de 
fogo,  efcrevendo. 

Artifícios  de  fogo  que  fe^  na  índia  no  anno 
de  1684.  4.  M.  S.  Conferva-fe  na  Livraria 
do    Excellentiffimo    Marquez    de    Abrantes. 

P.  DOMINGOS  ALVARES  natural 
da  Villa  da  Covilhaã  em  a  Comarca  da  Guarda 
da  Província  da  Beira,  e  Religiofo  de 
Companhia  de  JESUS  onde  foy  Coadju- 
tor efpiritual.  Partio  para  a  índia  em  o 
anno  de  1576.  e  foy  Reytor  do  Collegio 
de  Dámaõ.   Efcreveo. 

Carta  aos  Padres  da  Provinda  de  Portugal 
efcrita  em  Goa  a  20.  de  Novembro  de  1576. 
em  que  lhe  narra  a  fua  jornada.  M.  S. 

DOMINGOS  ANTUNES  PORTU- 
GAL   Cavalleiro    profeíTo     da    Ordem    de 


L  USITANA. 


707 


QiríAo  natural  da  ViUa  de  Penamacor 
íituada  entre  Caílcllobranco,  e  Moníaoto 
em  a  Provincia  da  Bcyra.  Depois  de  eíUr 
fuHícicntcmcnte  inAruido  na  língua  Latina, 
e  letras  humanas  paíTou  à  Univerfídade  de 
Salainiiu  I  onde  teve  por  Medres  da  ju- 
rirptu(l(iiMi  Tcfarea  aquelles  dous  iníignes 
Jurihoiiiulio:.  ['rancifco  de  Amaya,  e  Bel- 
chior (ic  Valença  celebres  pelos  feus  ef- 
adtos,  dos  quacs  hz  clle  agradecida  me- 
moria no  Tom.  de  Donaf,  Reg.  lib.  i. 
Pnelud.  2.  §.  4.  n.  5.  e  Part.  2.  lib.  i.  cap. 
23.  n.  139.  G}m  a  difciplina  de  taõ  famofos 
Lentes  fahio  taÕ  confumado  na  pene- 
tração das  mayores  difBculdadcs  de  taõ  vaT- 
ta  fciencia,  que  fendo  ainda  difcipulo  pu- 
dera exercitar  o  ofiTicio  de  Meftre.  Voltan- 
do para  o  Reyno  aíTiílio  como  Procurador 
da  fua  Pátria,  c  Definidor  de  Caftcllo- 
bríinco  nas  Cortes  celebradas  cm  Lisboa 
no  anno  de  1641.  e  nellas  aíTmou  a  5.  de 
Março  do  dito  anno.  Depois  de  adminif- 
trar  vários  lugares  em  beneficio  da  Repu- 
blica foy  Confervador  da  Univerfidade  de 
Coimbra,  Dezembargador  da  Relação  do 
Porto,  e  da  Cafa  da  Supplicaçaõ,  de  que 
tomou  pofle  a  3.  de  Novembro  de  1661. 
e  dos  Aggravos  a  24.  de  Mayo  de  1664. 
e  ultimamente  Deputado  do  Confelho  Ul- 
tramarino. Morreo  em  Lisboa  em  o  primei- 
ro de  Fevereiro  de  1677.  e  jaz  fepultado 
no  Convento  de  Santo  António  dos  Capu- 
chos deíla  Corte.  Foy  cazado  com  D.  Izabel 
Taborda  filha  de  Salvador  Taborda  de  Ne- 
greiros de  quem  teve  a  Salvador  Taborda 
Portugal  Enviado  à  Corte  de  Pariz,  e  Con- 
felheiro  da  Fazenda  Real  de  quem  fe  fará 
mençaõ  em  feu  lugar.    Compoz. 

Traãatus  de  Donationibus  Keffis  Ju- 
rium,  (ò'  bomrum  Kegice  Corona  Tom.  i. 
UlyíTipone  apud  Joan.   da  Coíla.    1673.  foi. 

Tom.  z.  ibi  per  eumdem  Typog.  1675.  foi. 

Sahiraõ  mais  correios  em  hum  volume 
Lugd.  apud  Joan.  Anton.  Huguetan  1680.  foi. 
&  ibi  apud  AniíTon,   &   PoíTuel.   1699.  foi. 

DOMINGOS  DE  ARAÚJO  natural  da 
Villa  de  Alenquer  do  Arcebifpado  de 
Lisboa,  Bacharel  formado  pela  Univer- 
fidade de  Coimbra  em  os   Sagrados   Câno- 


nes, e  muito  perito  em  os  preceitos  da 
língua  Latina.  Compoz* 

Crammatica  luitina  novamente  ordinada,  e 
convertida  em  Portugfécq;,  Lisboa  por  Pedro 
Crasbeeck  1627.  8.  Dedicada  a  D.  Duarte, 
e  D.  Franciíco  de  Caílellobranco  oetos  do 
primeiro  Conde  do  Sabugal,  Meirinho  mór 
deftes  Reynos,  Embaxador  a  CAfielia,  e  Vedor 
da  Fazenda  Real.  Sahío  reformada,  e  acrecen- 
tada  por  António  Feliz  Mendes  Mefixe  de 
Latinídadc.  Lisboa  por  Manoel  Fernandes 
da  Cofta  1737.  8.  Compoz  mais: 

Prognojlico  Geral  da  vida,  e  coflumes  do 
Excelleníijftmo  Senhor  Duque  de  Barcellos  feito 
em  Évora  a  i.  de  Abril  de  1634.  M.  S.  Eftc 
Duque  era  o  Princepe  D.  Theodoíio  filho 
dclRey  D.  Joaõ  o  IV. 

Anacepbalaofis  introduãionis  in  praxim  artifi- 
cialis  memoria.  M.  S.  4.  Conferva-fe  na  Livra- 
ria do  Excellentinimo  Marquez  de  Abrantes. 

D.  Fr.  DOMINGOS  BARATA.  Naceo 
no  Lugar  da  Arada  fitiiado  na  Serra  da  ET- 
trella  da  Provincia  da  Beyra  fendo  filho  de 
Domingos  Fernandes  Gonçalues  Lavrador 
nobre  da  mefma  terra.  Na  idade  juvenil  buf- 
cou  como  mais  gloriofa  a  vida  militar 
aíTentãdo  praça  em  a  Cavallaria  até  que 
cõprindo  vinte,  e  hu  anno  preferio  o  exer- 
cido das  letras  ao  das  armas,  e  na  Gdade  de 
Évora  depois  de  eftudar  Grammatica,  Filo- 
fofia,  e  Theologia,  em  cujas  faaildades  íahio 
taõ  confummado,  que  levou  por  oppofiçaõ  hum 
lugar  em  o  Collegio  da  Purificação  com  grande 
applauzo  do  feu  nome.  Ordenado  de  Pres- 
bytero  bufcou  a  illufixe  Religião  da  Santiílima 
Trindade  como  feguro  afylo  para  a  tranquili- 
dade da  fua  conciencia  profeíTando  taõ  fagrado 
Inítituto  em  o  Convento  de  Lisboa,  quando 
era  Provincial  deíla  Provincia  o  Meftre  Fr. 
António  Corrêa,  Lente  que  foy  de  Prima 
da  Univerfidade  de  Coimbra.  Enfinou  aos 
feus  Domefticos  as  fciencias  Efcolafticas 
pelo  efpaço  de  14.  annos,  cujo  tempo  pa- 
ra a  jubilaçaõ  prefcrevem  as  Conftituiçoês 
da  Ordem,  e  querendo  deixar  mayor  numero 
de  fubftitutos  da  fua  profundidade  Theo- 
logica,  depois  de  fe  laurear  em  a  Univerfi- 
dade de  Coimbra  com  as  infignias  dou- 
toraes  fubio  a  regentar  a  Cadeira  de  Du- 


7o8 


BIB  LIO  THE  CA 


rando,  de  que  tomou  poíTe  a  4.  de  Mayo 
de  1696.  Tendo  fido  Reytor  do  CoUegio  de 
Coimbra,  Secretario  do  Provincial  Fr.  Ro- 
drigo de  Lancaftro,  Qualificador  do  Santo 
Officio,  e  Examinador  das  três  Ordens  Mili- 
tares, conhecendo  o  IllufiriíTimo  Bifpo  da 
Guarda  D.  Fr.  Luiz  da  Sylva  com  domefti- 
cas  experiências  por  fer  filho  do  mefmo  Inf- 
tituto  Trinitario,  o  raro  talento,  de  que  era 
ornado,  o  convidou  para  diftar  Theologia 
Moral  ao  Clero  do  feu  Bifpado  onde  foy 
Miniftro  da  Relação  Ecclefiallica,  e  Exami- 
nador Synodal.  O  mefmo  Prelado  fendo 
aíTumpto  à  Cadeira  Archiepifcopal  de  Évora, 
o  nomeou  feu  Bifpo  Coadjutor  a  9.  de  Mayo 
de  1699.  e  foy  confirmado  pela  Santidade  de 
Innocencio  XII.  com  o  titulo  de  Micenia 
Cidade  do  Reyno  da  Morea.  No  Templo 
da  Santiífima  Trindade  defta  Corte  foy  fagrado 
pelo  Illuílriífimo  Bifpo  Inquifidor  Geral  D. 
Fr.  Jozé  de  Lancaílre  a  29.  de  Junho  de  1699. 
dedicado  às  Illuílres  memorias  dos  Prince- 
pes  dos  Apoftolos,  como  prognoíUco  de  fer 
fiel  imitador  dos  exemplares  mais  foberanos 
do  Officio  paftoral,  fendo  Affiftentes  deíle 
aâo  D.  Álvaro  de  Abranches  Bifpo  de  Lei- 
ria, e  D.  Fr.  Pedro  de  Foyos  Bifpo  de  Bona. 
Ao  tempo  que  affiftio  em  Évora  foy  creado 
Deputado  do  Santo  Officio  deíla  Cidade 
em  15.  de  Setembro  de  1700.  dõde  foy  promo- 
vido por  nomeação  delRey  D.  Joaõ  o  V. 
noíTo  Senhor  a  Bifpo  de  Portalegre  a  22. 
de  Fevereiro  de  1707.  cuja  Diocefe  governou 
com  zelo,  vigilância,  e  reétidaõ  até  que  falle- 
ceo  a  25.  de  Abril  de  1709.  Jaz  fepultado  na 
Capella  mór  da  Cathedral  junto  dos  degráos 
da  parte  da  Epiítola  em  hum  jazigo,  que  para 
fi  tinha  mandado  fazer  feu  AnteceíTor  D.  Fr. 
Richardo  Ruílel.  Foy  ornado  de  admirável 
engenho,  fublime  capacidade,  profunda  efpe- 
culaçaõ,  e  de  taõ  feliz  memoria  que  nunca 
fe  efqueceo  do  que  tinha  eítudado  chegando 
a  allegar  as  folhas,  e  parágrafos  de  muitos 
Authores  affim  Theologicos  como  Canoniftas, 
e  Legiftas  por  fer  verfado  em  todas  eftas  Facul- 
dades, e  ainda  dos  livros  de  erudição  profana  de 
que  uzara  quando  era  Soldado.  Fazem  delle 
memoria  o  P.  D.  Manoel  Caetano  de  Soufa 
Cathal.  Hijl.  dos  Bi/p.  Portug.  pag.  132  VaraÕ 
doutijfimo    em    todas    as    letras  /agradas.     O 


Excellentiffimo  Conde  de  Monfant.  Ca- 
thal, dos  Bi/p.  de  Portalegre  §.  17.  P.  Franc. 
da  Fonfec.  Evor.  Glorio/,  pag.  315.  Exemplo 
de  /uhditos,  e  exemplar  de  Prelados.  Fr.  Pedr. 
Mont.  Cathal.  dos  Deput.  da  Inquijic.  de  Evor. 
n.  104.  Sahio  poílhumo  por  deligencia  de 
feu  Sobrinho  o  P.  António  Duarte  Rombo 
Notário  da  Inquifiçaõ  de  Évora. 

Sermaõ  do  Aão  da  Fé  pregado  na  Cidade  de 
Coimbra  em  14.  de  Junho  de  1699.  Évora  na 
Officina  da  Univerf idade  17 17.  4. 

Os  Tratados  Theologicos  diftados  aíTim 
na  ReHgiaõ,  como  em  a  Univerfidade  de  Coim- 
bra fe  confervaõ  efcritos  com  a  ultima  per- 
feição no  Collegio  deíla  Cidade,  e  Convento 
de  Lisboa  promptos  para  a  impreíTaõ.  | 

Pi.  DOMINGOS  BARBOSA  filho 
de  António  Tavares,  e  Martha  Barbofa 
naceo  na  Villa  de  Arouca  do  Bifpado  de 
Lamego,  e  em  a  Cidade  de  Coimbra  rena- 
ceo  para  Deos  recebendo  a  Roupeta  da 
Companhia  de  JESUS,  a  23.  de  Dezem- 
bro de  161  o.  quando  contava  quinze  an- 
nos  de  idade.  Foy  infigne  profeíTor  de  le- 
tras humanas,  e  grande  Poeta  Latino,  como 
moílra  a  Poefia  Alcaica,  que  compoz  fendo  , 
Meftre  da  7.  ClaíTe  do  Collegio  de  Lisboa,  e 
fe  publicou  fem  o  feu  nome  com  eíle  titulo. 

Triumphus  B.  Franci/ci  Xaverii  Ulj/ 
Jipone  celehratus.  Sahio  em  o  livro  das  Fef- 
tas  da  Beatificação  do  Santo  Xavier.  Lis- 
boa por  Joaõ  Rodriguez  1621.  8.  I 

Quando  era  Meftre  de  Rhetorica  em  o 
mefmo  Collegio  imprimio. 

Panegyris  Sapientice  UlyJ/ipone  in  Académico 
Collegio  S.  J.  habita  Kalend.  Octobs  1622. 
pro  litterarum  Jiudiis  au/picandis.  Ulyffipone 
apud  Gerardum  à  Vinea  1622.  4. 

P.     DOMINGOS     BARBOSA     natural 
da    Cidade    da    Bahia    Capital    da     America , 
Portugueza   Sendo  já  Meftre  em  Artes  en-  í 
trou  na  Companhia  de  JESUS,  onde  vivco  | 
com  exemplar   procedimento.     Diftou   mui-  ■ 
tos  annos  no  Collegio  da  fua  pátria  Theolo- 
gia, e  exercitou  o  lugar  de  Meftxe  dos  No- 
viços   deixando    aos    feus    domefticos   igual-! 
mente   herdeiros   da   fua  fciencia,   como  daí 
fua  virtude.    Foy  a  Roma  por  Procurador 


LUSITANA. 


709 


Geral  cia  Província  do  Bflfil,  donde  voltando 
vizitou  duas  vezes.    Depois  de  íer  compa- 

:I  i  I  'lis  Provinciaes,  c  Reytor  do  Col- 
i(  ,  nambuco  falleceo  de  hum  acci- 

Icntc  lie  parlczia  a  iz.  de  Novembro  de  1685. 
(juniuiu  exercitava  o  Reytontdo  do  Collegio 

l.i  iiahia,  com  62.  annos  de  idade,  e  quarenta 

lo   Companhia.     Deixou    efcrito    em    verfo 

[■k-:'i;lCO. 

I'í/fio  Servatoris  noftri  JESU  Cbrifli.  em 
cuja  obra  compete  a  elegância  do  metro  com 
i  ternura  cio  aíícdo. 

Ir.  DOMINGOS  DE  S.  BERNAR- 
DINO natural  da  índia  Oriental,  c  Reli- 
iofo  profeíTo  da  Seráfica  Provincia  de  S. 
Ihomé.  Foy  Comminario  do  Santo  Of- 
icio, e  efcrcvco  na  lingua  Canarina. 

ExpoJiçaÕ  do  Credo.  M.  S. 

Fr.    DOMINGOS    DA    CONCEYÇAM 

'^aceo  em  Lisboa  no  anno  de  1 586.  e  foy  edu- 

.iJo  no  Collegio  dos  Meninos  Orfaõs,  onde 

iprendeo  a  lingua  Latina,  c  a  Faculdade  da 

■uMufica,  em  que  fahio  peritiíTimo.     Ornado 

mbm  eíles  dotes,  e  muito  mais  com  a  inno- 

cncia  dos  coftumes  foy  admitido  à  Religião 

Seráfica  em  a  Provincia  de  Portugal  na  qual 

cftudou  as  Sciencias  efcholaílicas  merecendo 

por   feu   exemplar   procedimento   fer   eleyto 

Meílre  dos  Noviços,  e  Vigário  do  Coro  no 

reformado  Convento  de  S.  Francifco  de  Alan- 

quer  cujos  miniílerios  exercitou  com  grande 

zelo.    Cumulado  de  obras  virtuofas  morreo 

í  no  Convento   de   Lisboa   a    12.    de   Dezem- 

'  bto  de  1647.    Compoz. 

Vida  do  Ven.  IrniaÕ  l^ygo  Fr.  Ga/par  do  Ef- 

I  Júrito  Santo.  M.  S.   Defta  obra  fazem  memoria 

f  Jorge  Cardofo  AgioL  L//Jií.  Tom.  2.  pag.  762. 
no  Comment.  de  23.  de  Abril  letr.  G.  Fr.  Ma- 
noel da  Efper.  Hifi.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug. 

5  Part.  I.  Liv.  2.  cap.  21.  n.  6.  e  Nicol.  Ant.  Bib. 

■  Hi/p.  Tom.  I.  pag.  255.  col.  2.  Fr.  Jacobo 
Echard  ScrtpL  Ord.  Prad.  Tom.  2.  p.  755.  col.  i. 
efcreve  de  Fr.  Domingos  da  Conceição  Domi- 

i  nico  Author  da  vida  de  Fr.  Gafpar  do  Efpirito 

f  Santo  que  pela  identidade  do  nome,  e  da  obra 
certamente  fe  enganou  querendo  attribuir  a 

;  hum  feu  Religiofo,  o  que  certamente  he  com- 

\  poíiçaõ  de  Fr.  Domingos  da  Conceição  Fran- 
cifcano. 


Vida  do  Vm,  Fr,  ChriftovaÕ  da  Cofifeifoõ,. 
M.  S.  a  qual  louvam  Cardofo  j4ffc/,  lat/U. 
Tom.  5.  pag.  146.  no  Comment.  de  9.  de 
Mayo  Ixtr.  M.  e  Fr.  Manoel  da  Efperaoc 
Hijl.  .Seraf.  Part.  i.  Liy.  i.  cap*  5).  n.  ). 

Vida  do  Ven.  Fr.  António  de  Chrifto  M.  S. 
a  qual  eftá  compofta  (  como  diz  Fr.  Fernando 
da  Soled.  Hift.  Seraf.  Part.  5.  liv.  1.  cap.  21,) 
com  muito  efpirito,  e  contem  admiráveis  reflixoens, 
e  exemplos  moraes  para  a  direcção  da  vida  KeU- 
giofa.  Eí\c  Livro  que  he  de  folha  acabou  feu 
Author  em  16.  de  Novembro  de  1642.  e  íe 
conferva  na  Bibliotheca  de  S.  Frandfco  da 
Gdade.  Começa.  O  Doutor  da  Igreja  Santo 
Amhrofio  nos  dá  huma  doutrina,  e  he  que  havendo 
de  efcrever  as  vidas  dos  que  fe  finguIari:(araÕ  em 
virtudes  &c.  dcAa  obra  fazem  taõbem  men- 
ção o  P.  Fr.  Manoel  da  Efpcranc.  Hifl.  Seraf. 
Part.  I.  liv.  I.  cap.  27.  n.  i.  e  Cardozo  AgioL 
Ijifit.  Tom.  5.  pag.  581.  no  Comment.  de  51. 
de  Mayo  Letr.  G. 

Tratado  da  Fundarão  do  Convento  de 
Alanquer.  M.  S.  Efta  obra  allegaõ  Car- 
dofo Agiol.  Ljífit.  Tom.  2.  pag.  J19.  col- 
I.  no  Comment.  de  11.  de  Abril  Ictr.  B. 
onde  por  equi vocação  lhe  chama  Fr.  Diogo; 
e  Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  Bib.  Francifc.  Tom,  i. 
p>ag.  315.  col.  I . 

Fr.  DOMINGOS  DA  CONCEY- 
ÇAM. Naceo  na  Freguezia  de  Nofla 
Senhora  da  Expeâaçaõ  de  Villar  ter- 
mo da  Villa  do  Cadaval  do  Patriarcha- 
do  de  Lisboa  a  16.  de  Mayo  de  1669. 
fendo  filho  de  Domingos  Dias,  e  Izabel 
Carvalha.  ProfeíTou  o  habito  da  Terceira 
Ordem  Seráfica  da  Penitencna  no  Con- 
vento de  S.  Francifco  da  Villa  do  Moga- 
douro em  a  Provincia  Tranfmontana  a  30. 
de  Setembro  de  1687.  Acompanhou  com 
o  lugar  de  Capellaõ  de  hum  Terço  ao  nof- 
fo  exercito  quando  penetrou  até  o  Reyno 
de  Catalunha  por  caufa  da  pertençaõ,  que 
à  Coroa  de  Efpanha  fez  o  Archiduque  de 
Auílria  contra  o  Duque  de  Anjú,  efcre- 
vendo  com  curiofa  obfervaçaõ  as  Gdades, 
Villas,  e  lugares,  em  que  poftou  o  exerci- 
to Portuguez  com  todas  as  circunftancias- 
dignas    de    narração,    cnija    obra    intitulou^ 

Diário  Bellico.  M.  S. 


yio 


BIBLIO THE  C  A 


A  qual  conferva  em  feu  poder  o  Author 
•que  prefentemente  aíTifte  no  Convento  de 
Almodouvar  em  o  Campo  de  Ourique. 

DOMINGOS  DA  CUNHA  chamado  o 
Cabrinha  pelas  feiçoens,  e  cor  morena  que 
tinha,  naceo  em  Lisboa,  e  logo  nos  primeiros 
annos  moílrou  tal  inclinação  à  Pintura,  que 
feus  Pays  Gregório  Antunes,  e  Margarida 
Pereira  o  mandarão  aprender  taõ  iníigne 
Arte,  na  qual  para  fazer  os  progreíTos  que 
admirou  aquella  idade,  paíTou  a  Madrid  onde 
teve  por  Meílre  a  Eugénio  Cajés  Pintor  de 
Filippe  Prudente  fendo  o  mayor  difcipulo  que 
fahio  da  fua  efcola.  Voltando  para  a  Pátria 
começou  a  conciliar  pela  excellencia  do  feu 
pincel  as  eílimaçoens  das  primeiras  Peííoas  da 
Corte,  diílinguindo-fe  entre  ellas  o  Inquiíi- 
•dor  Geral  D.  Francifco  de  Caftro,  D.  Manoel 
da  Cunha  Capellaõ  mór,  e  o  Conde  Camareiro 
mòr  Joaõ  Rodriguez  de  Sá.  Os  grandes 
lucros  procedidos  de  taõ  primorofa  arte  os 
diftribuya  com  fumma  profufaõ  em  efcandalo- 
fas  profanidades  que  o  precipitarão  em  hum 
tal  abifmo  de  peccados,  que  para  fahir  delle  fe 
empenhou  a  divina  Graça  com  repetidas  inf- 
piraçoens  valendo-fe  da  morte  dos  amigos, 
e  da  moleftia  das  infermidades  para  o  defper- 
tar  do  letargo  em  que  jazia  miferavelmente 
fepultado.  Rendido  a  taõ  forte  bataria  refol- 
veo  largar  o  mundo,  e  aliílarfe  na  Compa- 
nhia de  JESUS,  o  que  felizmente  executou 
em  o  Noviciado  da  fua  Pátria  a  30.  de  Março 
de  1632.  Neíla  fagrada  paleftra  exercitou 
todas  as  virtudes  heróicas  que  o  fizeraõ  digno 
de  huma  Santa  morte  fuccedida  a  11.  de  Mayo 
de  1644.  quando  contava  46.  annos  de  idade, 
e  1 2.  de  Companhia.  Deixou  em  o  Noviciado 
de  Lisboa,  onde  morreo  para  eternas  teílemu- 
nhas  do  primor  do  feu  dibuxo,  e  valentia  do 
feu  pincel  mais  de  cincoenta  quadros,  em  que 
fe  reprezentaõ  as  vidas  de  N.  Senhora,  Santo 
Ignacio,  e  S.  Francifco  Xavier.  Efcreveo  por 
preceito  do  feu  Superior  o  P.  Bernardino 
de  Sampayo. 

Vida   do   Irmaõ   Domingos   da    Cunha. 

Nella  defcreve  largamente  todos  os 
cazos  que  precederão  à  fua  converfaõ,  e 
vários  fuceíTos  da  fua  vida  depois  de  pro- 
feííar    o    Inílituto    da    Companhia,    de    cuja 


obra,  e  do  Author  fazem  larga  memoria  Car- 
dozo  Agiol.  "Lufit.  Tom.  3.  pag.  182.  e  no 
Comment.  de  11.  de  Mayo  letr.  M.  Franco 
Imag.  do  Novic.  da  Comp.  de  'L.ish.  liv.  3.  cap.  15, 
até  22.  e  Ann.  Glorio/.  S.  J.  in  l^ujit.  p.  265. 
e  Nadaíi  Ann.  Diermem.  S. }.  Part.  I.  pag.  261. 

Fr.  DOMINGOS  DO  ESPIRITO 
SANTO  natural  de  Lisboa  filho  de  Bal- 
thezar  Ferreira,  e  Anna  PeíToa.  Profeflbu 
o  Inftituto  de  Eremita  Auguftiniano  no  Con- 
vento pátrio  a  2.  de  Outubro  de  1601.  e  no 
feguinte  partio  para  Goa  onde  depois  de  eftu- 
dar  Filofofia  em  o  CoUegio  delia  Cidade 
foy  Reytor  delle  por  duas  vezes.  Igual- 
mente era  verfado  na  Theologia  Moral, 
como  na  Hiíloria,  e  privilégios  da  fua 
Ordem.  Morreo  em  Goa  no  anno  de  1628. 
Compoz  diverfas  obras  dignas  da  luz  publica, 
as  quaes  faõ  as  feguintes. 

Chronica  da  Keligiaõ  de  Santo  Agoftinbo. 
M.  S.  Coníla  de  quatro  livros.  Começa  o 
primeiro  Foj  o  glorio/o,  e  hemauenturado  Padre 
Santo  Agoftinho  de  Africa  natural  da  Cidade 
de  Tagajle.  Conferva-fe  na  Livraria  do 
Convento  da  Graça  deíla  Corte,  como  nella 
vimos. 

Manual  de  Vijitadores.  4.  M.  S.    He  obra  ■ 
erudita   em   que  moftra  a  profunda  noticia 
da  Theologia  Moral,  e  Cânones. 

Manual  Eremitico.  4.  M.  S.  Contem  fum-l! 
mariamente  as  principaes  noticias  da  Ordem- 
de    Santo   Agoftinho    defde   a   fua   Origem. 

Origem,  progrejfos,  e  i^ençoens  das  Rí- 
ligiofas  Mantellatas  Augujlinianas.  4.  M.  S. 
Todas  eftas  obras  fe  guardaõ  na  Livraria  do 
Convento  de  Lisboa. 

Expojtçaõ  fobre  as  Conjliíuiçoens  da  Ordem^ 
de  Santo  Agoftinho.  4.  2.  Tom.  M.  S.  Efta' 
obra  fe  guardava  na  Província  da  índia,  e  fe! 
perdeo  laftimofamente  com  a  morte  de  FcJ 
Domingos  da  Encarnação  Provincial  da  Con-| 
gregaçaõ  da  índia  fuccedida  na  Bahia  no; 
anno  de   1714.  que  a  trazia  para  a  imprimirJI 

Hiftoria  da  fundação  do  Convento  de  Santa 
Mónica  de  Goa  4.  M.  S.  da  qual  tranfcre-' 
veo  grande  parte  na  fua  Fr.  Agoftinho  dé 
Santa  Maria  Agoftinho  Defcalço. 

Privilégios  dos  Milionários.  4.  M.  S. 

Erros  dos  Arménios  impugnados.  4.  M.  S, 


LUSITANA. 


7" 


EAes  dous  livros  fe  guardaõ  na  G>ngre- 

içaõ  da  índia. 
Tratado   He   Contratos  em   que    fc   achaõ 
..irins  rcíoiuçocns  dos  contratos  de  toda  a 
Indiíi.  M.  S. 

Dúbia  Regularia.  M.  S. 

DOMINGOS  FERNANDES  Piloto  mór 
<la  Armada  Real  muyto  fciente  em  a  Náutica 
i^rincípalmcntc  nos  Portos  onde  coílumavaõ 
iiicurar    as    náos    deíle    Reyno.     Efcreveo. 
Roteiro  da  Cofia  de  Angola,  e  altura  de  quint^e 
f^ara  hoanda  de  como  fe  corre  a  Cofia,  e  das 
iurimicnfas   delia,    dos    Portos,    Bahias,    Enfea- 
das,   llheos,    Arracifiz,   o   que    tudo  fqy   vifio, 
demarcado  pelo    conquifiador    Manoel    Corrêa 
\reira,    e  pelo    me/mo    CapitaÕ   mór    Domin- 
gos Fernandes  no  anno  de   1617.  M.  S.    G)n- 
1  ferva va-fc  na  Livraria  do  Chantre  de  Évora 
Manoel  Scvcrim  de  Faria. 

DOMINGOS    FERNANDES    FREYRE 
.ivalleiro  fidalgo  da  Cafa  delRey,  compoz. 
Memorial  da  Lingua  Arábiga.  M.  S. 

DOMINGOS  FRANCO  natural  da 
maritima  Villa  de  Peniche  do  Arcebifpado 
de  Lisboa  infigne  Piloto  o  qual  defcubrio, 
c  efcreveo. 

Nova  derrota  para  a  Navegação  do  Mara- 
,  nbaõ,    Sahio  impreíTa  por  additamento  em  o 
Regimento  de  Pilotos. 

Fr.  DOMINGOS  FREYRE  Naceo 
na  Gdade  do  Porto  onde  teve  por  Pays 
a  António  Ferreira  de  Lima,  e  Maria  Frey- 
re,  e  por  irmaõ  a  Fr.  António  Freyre  Ere- 

i  mita  Auguíliniano,  do  qual  fe  fez  mençaõ 
em  feu  lugar.  Na  idade  da  adolefcencia 
abraçou  o  Inílituto  da  Sagrada  Ordem  dos 

^  Pregadores  onde  depois  de  aprender  as  fcien- 
das  efcholaíUcas  as  eníinou  com  grande 
applaufo  até  chegar  a  fer  Meílre  do  nu- 
mero.   Exercitou  com  zelo  o  lugar  de  De- 

í  putado    da    Inquifiçaõ    de    Coimbra    de    que 

,  tomou  poííe  em  17.  de  Março  de  1667. 
donde  fendo  promovido  pelo  Inquiíidor 
Geral  D.  VeriíHmo  de  Lancaftre  ao  lugar 
de  Deputado  do  Confelho  Geral  vago  pela 
promoção    de   D.    Fr.    Valério    de    S.    Ray- 


mundo  ao  BiTpado  de  Elvas  chegando  a 
Lisboa  naõ  chegou  a  tomar  pofle  por  lho 
impedir  a  morte  que  fucccdeo  a  6.  de  Ja- 
neiro de  1685.  Fqy  muyto  eloquente  na  lingfut 
Latina  (eícreve  delle  Fr.  Pedro  Monteiro 
Claufi,  DominU,  Tom.  5.  pag.  190.)  gravijfimo 
Poeta,  e  bum  dos  mayores  Tbeologos,  que  teve  efie 
Reyno  no  Jeculo  paffado.  Faz  dcUc  repetida  noe- 
moría  no  Catbal.  dos  Deput.  da  Jnquifi.  de 
Coimb,  §.  109.  c  no  dos  Deput.  do  Cone 
Geral.  Ttaduzio  da  lingua  latina  em  a 
Portugueza. 

Vida  admirável,  e  morte  preciofa  da  bema- 
venturada  Santa  Rofa  de  Santa  Maria  natural 
da  Cidade  de  Uma  Religioja  da  Terceira  Ordem 
de  S.  Domingos  recopilada  pelo  muito  Reverendo 
Padre  Mefire  Fr.  Leonardo  Hafen  Provincial 
de  Inglaterra,  e  companheiro  do  Reverendijftm(/ 
Mefire  Geral  da  Ordem  dos  Pregadores.  Lisboa 
por  Joaõ  da  Coíla  1669.  4. 

Vários  Officios  próprios  dos  Santos  da  Ordem 
Dominicana,  e  outras  obras  dignas  da  eílima- 
çaõ,  c  da  luz  publica  como  affirma  Fr.  Pedro 
Mont.  Clauftr.  Dom.  aíTmia  allegado. 

DOMINGOS  GARCIA  Varaõ  pio, 
e  devoto  traduzio  da  lingua  T^tina  cm  a 
Portugueza  conforme  efcreve  Joaõ  Franco 
Barreto  na  Bib.  Portug. 

Meditaçoens  de  Santa  Brígida. 

DOMINGOS  HOMEM  LEYTAM  na- 
tural do  lugar  de  S.  Pedro  do  Sul  do  Bif- 
pado  de  Vifeu.  Depois  de  receber  o  gráo 
de  Bacharel  em  a  Faculdade  de  Direito 
Cefareo  pela  Univeríidade  de  Coimbra  fer- 
vio  os  lugares  de  Juiz  de  fora  da  Villa  de 
Amarante,  e  da  Cidade  de  Lagos  no  Rey- 
no do  Algarve,  Corregedor  de  Pinhel,  e  da 
Cidade  de  Évora,  donde  paíTou  a  Senador  da 
Relação  do  Porto,  e  da  Cafa  da  Supplicaçaõ 
adminiítrando  reâamente  a  juítiça  com  animo 
mais  inclinado  à  clemência,  que  ao  rigor.  Mor- 
reo  em  Lisboa  em  o  primeiro  de  Abril  de  1644. 
Jaz  fepultado  no  Convento  de  Santo  Eloy. 
DeUe  fazem  memoria  D.  Franc.  Man.  Cart. 
dos  AA.  Portug.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Tbeat. 
Ljifit.  Utt.  lit.  D.  n.  33.  Nicol.  Ant.  Bib.  Uijp. 
Tom.  2.  pag.  673.  col.  2.    Compoz. 

Analjfis  excellentiarum  in  jure  numeri  quina- 


7 


12 


BIBLIO THECA 


rij.  Accefferunt  nonmdla  alkgationes  Juper  varijs 
Júris  quajliomhus.  UlyíTip.  apud  Ant.  Alvares 
Typ.  Reg.  1643.  &  Coimbricas  apud.  Jofep. 
Antunes  da  Sylva.  1726.  foi. 

Fr.  DOMINGOS  DE  SANTO  IGNA- 
CIO  chamado  no  feculo  Domingos  Montês 
naceo  na  illuílre  Villa  de  Santarém  no  pri- 
meiro de  Fevereiro  de  1668.  fendo  filho 
de  Pedro  Fernandes  Cortes,  e  de  fua  mulher 
Maria  Montes.  Logo  nos  annos  juvenis 
deo  evidentes  íinaes  da  perfpicacia  do  engenho 
com  que  o  dotara  largamente  a  natureza 
excedendo  em  a  Poefia  Latina  aos  mayores 
profeíTores  defta  arte,  de  tal  forte,  que  fe  na 
ClaíTe  do  feu  Meftre  entrava  alguma  peíToa 
authorizada  lhe  mandava,  que  em  obfequio 
delia  fizeífe  hum  Poema,  o  que  executava 
com  fumma  promptidaõ.  Por  eíla  grande 
habilidade,  e  o  talento  que  tinha  para  mayo- 
res fciencias  foy  admitido  à  Religião  dos  Ere- 
mitas de  Santo  Agoftinho  cujo  habito  pro- 
feíTou  no  Convento  da  Graça  de  Lisboa  a 
19.  de  Fevereiro  de  1691.  onde  pelo  ex- 
ceílo  com  que  fe  applicou  aos  eftudos  mais 
feveros  contrahio  huma  febre,  que  lenta- 
mente o  confumio  em  Villaviçofa,  falle- 
cendo  em  o  mez  de  Dezembro  de  1692. 
com  22.  mezes  de  Religiofo.  Deixou  para 
argumento  da  fecundidade  da  fua  Mufa 
Latina. 

Fafciculus  Parnaji,  five  flores  poetici  in 
(ítate  florejcente  colleãi  anno  Domini  1687.  4. 
M.  S.  que  conferva  em  feu  poder  o  Reve- 
rendo Padre  Luiz  Montes  Mattozo  fo- 
trinho  do  Author,  a  quem  devemos  eíla 
noticia,  como  outras  muitas  que  vaõ  neíla 
Bibliotheca. 

P.  DOMINGOS  JOAM  natural  do 
lugar  do  VaUe  freguezia  de  S.  Miguel  de 
Bodiofa  termo  da  Cidade  de  Vifeu  na  Pro- 
vinda da  Beira.  Recebeo  a  Roupeta  da 
Companhia  de  JESUS  em  o  Collegio  de 
Évora  a  21.  de  Outubro  de  1649.  ^'^  ^ 
qual  foy  Lente  de  Theologia  deixando 
para  teftemunho  da  fua  grande  efpeculaçaõ, 
e  fciencia. 

Tra£tatus  de  Ecclejia  Ponríficia,  ab'  Concilio 
jM.   S.     Conferva-fe  no   Collegio   de  Évora. 


Fr.  DOMINGOS  DE  S.  JOAM  BAU- 
TISTA.  Naceo  no  Confelho  de  MoíTaõ 
diftante  cinco  legoas  da  Cidade  de  La- 
mego para  o  Poente  onde  teve  por  Pays 
a  António  Fernandes,  e  Maria  Diaz.  Pro- 
feíTou  o  Inftituto  Seráfico  em  o  Convento 
de  S.  Francifco  de  Setuval  da  Provinda 
dos  Algarves  a  11.  de  Janeiro  de  1705.  Foy 
infigne  Vedor  de  aguas  conhecendo  pela 
cor  da  terra,  e  qualidade  das  pedras  a  al- 
tura em  que  certamente  a  havia  como  fe 
experimentou  nas  que  defcubrio  em  Ma- 
fra, Villaviçofa,  Alcântara,  e  lugar  de  Bel- 
las.  Fitava  os  olhos  no  Sol  por  muito 
tempo  fem  que  os  feus  rayos  lhe  offendef- 
fem  a  viíla,  de  cuja  perfpicacia  era  confe- 
quencia  a  virtude  de  penetrar  corpos  opa- 
cos com  admiração  dos  circundantes.  Mor- 
reo  com  finaes  de  exemplar  Religiofo  em 
o  Real  Convento  de  Enxobregas  a  31.  de 
Outubro  de  1740.    Deixou  efcrito. 

Noticia  dos  Jitios  em  que  fe  confervaÕ  aguas 
neftes  Rejnos  de  Portugal  com  as  fuás  alturas, 
e  demarcaçoens.  M.  S.  a  qual  obra  conferva 
em  feu  poder  o  Reverendo  Padre  Meftre 
Fr.  Joaõ  de  NoíTa  Senhora  Chroniíla  da  Pro- 
víncia  dos   Algarves,   como   nos   participou. 

Fr.  DOMINGOS  DE  S.  JOSEPH 
Naceo  na  Cidade  de  Saõ  Paulo  Capital 
do  Reyno  de  Angola  onde  recebeo  o  ha- 
bito de  Religiofo  Capucho  em  a  Provín- 
cia de  Santo  António  da  Bahia,  e  depois 
fe  paíTou  para  a  Provinda  da  Arrábida. 
Foy  Confeílor  do  Arcebifpo  da  Bahia  D. 
Joaõ  Franco  de  Oliveira,  com  o  qual  fe 
embarcou  no  anno  de  1700.  quando  fe  ref- 
tituhio  a  efte  Reyno  promovido  ao  Bifpado 
de  Miranda,  onde  foy  Examinador  SynodaL 
Compoz. 

Sermàõ  em  a  feftiva  acçaõ  de  Graças  com  ^ 
os  pajfageiros,  e  navegantes  da  Náo  S.  JoaÕ  de 
Deos  gratificarão  ao  dito  Santo  na  fua  Igreja,  o 
favor  de  os  haver  livrado  das  grandes  tempefiades, 
que  no  anno  de  1700.  padecerão  na  navegação  da 
Bahia  para  ejle  Rejno.  Lisboa  por  Valentim 
da  Coíla  Deslandes  1708.  4. 

Sermão  da  Soledade  de  N.  Senhora  Lisboa 
por  António  Pedrofo  Galraõ  1722.  4. 

Faz    memoria    do    Author    Fr.    Joan.    à 


LUSITANA. 


D.   Ant.    Bib.    Francifc.   Tom.    i.   ptg,    5x7. 
col.  I. 

DOMINGOS  JOSEPH  MIGUEL  na- 
tural da  Cidade  de  Braga.  Igualmente 
pio,  e  curiofo  defcreveo  a  montanha,  que 
diíla  meya  legoa  daquella  Gdade  na  qual  o 
7eIo  unido  com  a  generozidadc  do  Illuf- 
triíTimo  Arcebifpo  Primaz  Ruy  de  Moura 
Telles  edificou  varias  Capellas  em  que  fe 
vcneraõ  os  PaíTos  da  PaixaÕ  do  Rcdcmp- 
tor,  cuja  obra  intitulou. 

Jardim  dolorofo  compojlo  de  dov^e  retratos 
do  monte  da  Payxaõ  de  Chrijlo  fingular mente  dibth 
xados  no  monte  do  fíom  Je/N  junto  à  antigm,  e 
auffijla  Cidade  de  Braga  Primaa^  das  BJpanhas. 
Lisboa  na  OfHcina  Patriarchal  da  Mufica 
1728.  8. 

DOMINGOS  LOPES  COELHO  na- 
tural de  Lisboa  ornado  de  hum  gcnio 
particular  para  a  Poefia  de  que  deu  por  ma- 
nifefto  argumento  da  inclinação  a  efta  nobre 
arte  a  feguinte  Obra. 

Bxco  faudofo,  que  no  coração  do  mayor  Monar- 
(ha  jujlamente  Jentido  ref ponde  ao  rigor  com  que  a 
Parca  a  impulfos  da  tyrania  o  deftituhio  da  poffe 
do  feu  mayor  bem  na  morte  da  auguftijftma,  e  Sere- 
nijfima  Senhora  D.  Maria  Sofia  Isabel  Kainha  de 
Portugal.  Lisboa  na  Officina  dos  herdeiros 
de  Domingos  Carneiro.  1699.  4.  Confta  de 
huma  glofla  ao  Soneto  de  Camoens  Alma 
minha  gentil,  que  te  partijies. 

DOMINGOS  MACIEL  PREGO  na- 
tural da  Villa  de  Viana  em  a  Província  do 
Minho.  Ordenado  de  Presbytero  reíidio  mui- 
tos aimos  em  Pernambuco  onde  quando 
contava  a  idade  de  cincoenta,  e  quatro  annos 
traduzio  de  Latim  em  Portuguez. 

Racional  de  Ceremonias,  e  interprete  cuidado/o, 
matéria  muito  útil,  e  proveito/a  naõ  taÕ  fomente 
para  todo  o  Ecclejiajlico,  mas  também  para  todo 
o  Catholico,  e  curiofo  colhido  do  Racional  Latino 
compojlo  pelo  Doutor  Guilherme  Durando  Bifpo 
Mimatenfe.  Lisboa  por  Domingos  Carneiro 
1679.  8. 

DOMINGOS  MARTINS  REYS  na- 
tural   do    lugar    de    Matozinhos    Subúrbio 


71Ò 

da  Gdade  do  Porto,  Piloto  muito  fciente, 
e  experimentado  nas  codas,  e  portos  da  Ame- 
rica de  que  efcreveo  no  anno  de  1628. 

Roteiro  da  Cofia  do  Brafil,  do  Rio  grande, 
e  de  toda  a  Cofia  do  Maranhão  ati  o  CraÕ  Para, 
foi.  M.  S.  Conferva-fe  o  Original  na  Livra- 
ria do  Excellentintmo  Conde  de  Caftelmelhor. 

P.  DOMINGOS  NUNES  natural  da 
Villa  da  Idanha  onde  pelos  annos  de  Chrifto 
de  569.  refidia  a  Cadeira  Epifcopal  que  fojr 
transferida  para  a  Guarda  por  D.  Sancho  I. 
com  faculdade  do  grande  Pontífice  Inno- 
cencio  III.  Teve  por  Pays  a  Marçal  Nunes, 
e  Catherina  Nunes.  Na  tenra  idade  de  13. 
annos  recebeo  a  Roupeta  da  Companhia 
de  JESUS  em  o  Collegio  de  Coimbra  a  28. 
de  Julho  de  1657.  Foy  Meílre  de  letras  hu- 
manas, Rhetorica,  e  Filofofia,  e  Theologia 
em  Coimbra,  e  Lente  de  Prima  em  Évora, 
onde  recebeo  as  inílgnias  doutoraes  a  20.  de 
Junho  de  1688.  Exercitou  os  lugares  de 
Reytor  do  Collegio  de  Lisboa  duas  vezes, 
e  huma  de  Coimbra,  Prepofito  da  Cafa  Pro- 
fefla  de  S.  Roque,  Provincial,  e  Qualificador 
do  Santo  Officio.  Morreo  em  Coimbra  a 
30.  de  Abril  de  171 3.  com  68.  annos  de  idade, 
e  46.  de  Religião.  Delle  fazem  memoria 
Franco  Imag.  da  Virtud.  do  Nov.  de  Coimb. 
pag.  615.  e  Fonfec.  Bvora  Olor.  pag.  429. 
Compoz. 

Regula  honefie  vivendi,  five  brevis  injhruãio 
ad  reãe  operandum  tradita.  Eborae  ex  Typog. 
Acad.  1696.  12.  He  hum  Epitome  da  obra, 
que  fez  o  Reverendinimo  Geral  da  Companhia 
o  P.  Tyrfo  Gonzales  intitulado  .  Fundamentum 
Theologia  Moralis,  five  Traãatus  Theoloffcus  de 
reão  ufu  opinionum  probabilium. 

DOMINGOS  NUNES  PEREYRA 
natural  de  Lisboa  filho  de  Diogo  Ri- 
beyro,  e  Brizida  da  Cofta,  Presbytero  de 
inculpável  vida,  infigne  profeíTor  de  Mu- 
fica principalmente  daquella  que  fe  coftuma 
cantar  na  Igreja  merecendo  pela  fdencia 
aíTim  pra£Hca  como  efpeculativa  de  taõ  fo- 
nora  Arte  fer  Meílre  da  Cafa  da  Miferi- 
cordia  de  Lisboa  donde  paflbu  a  exerci- 
tar o  mefmo  minifterio  na  Cathedral  por 
muitos  annos  donde  retirado  alguns  antes  da 


714 


BIB  LIO  THE  CA 


fua  morte  ao  lugar  de  Camarate  do  termo 
defta  Corte  efpirou  placidamente  a  29.  de 
Março  de  1729.  Jaz  fepultado  na  Capella 
mór  da  Ermida  de  S.  Pedro  da  Freguezia 
de  Saõ-Tiago  de  Camarate,  onde  deixou 
huma  MiíTa  quotidiana  pela  fua  alma  em 
todos  os  Domingos,  e  dias  Santos.  Entre 
as  obras  Muíicas  que  deixou  faõ  as  prin- 
cipaes. 

Kefponforios  da  Semana  Santa  a  8.  vot(es. 

Kefponforios  do  Oficio  dos  Defuntos  a  8. 
vo^es. 

Uçoens  de  Defuntos  a  4. 

Confitebor  a  8.  vot^es. 

Laudate  Pueri  Dominum  a  8. 

Laudate  Dominum  omnes  gentes  a  4.  Vilhan- 
cicos,  e  Motetes  a  4.  6.  e  8.  vozes. 

Fr.  DOMINGOS  DA  PAZ  natural 
de  Lisboa  donde  jà  inftruido  com  as  letras 
humanas  paíTou  a  Itália,  e  na  Vniveríidade 
de  Bolonha  fe  applicou  ao  eíludo  de  hum,  e 
outro  Direito,  em  que  naõ  fez  pequenos  pro- 
greíTos  o  feu  perfpicaz  engenho,  porem  pene- 
trado de  fuperior  illuftraçaõ  largou  os  applau- 
20S  que  lhe  conciliavaõ  as  fuás  grandes  letras, 
e  veílio  o  illuílre  Habito  da  Ordem  dos  Prega- 
dores, em  cuja  Sagrada  efcola  aprendeo  a  arte 
de  Orador  Evangélico  em  que  fahio  taõ  iníigne 
que  era  chamado  antonomaílicamente  o  Pre- 
gador Efpanhol  fendo  o  theatro  das  fuás  Sagra- 
das Declamaçoens  a  Cathedral  de  Bolonha,  onde 
teve  por  ouvinte,  e  admirador  a  feu  Emminen- 
tiffimo  Arcebifpo  o  Cardial  Gabriel  Paleoto. 
Com  o  mefmo  applauzo  era  ouvido  das  prin- 
cipaes  Naçoens  da  Europa  por  fer  doutamente 
verfado  em  diverfas  linguas.  Na  idade  pro- 
veja para  fazer  mais  univerfal  a  doutrina 
que  inculcava  nos  feus  Sermoens  os  traduzio 
da  lingua  Italiana,  em  que  foraõ  pregados, 
em  a  Latina  com  eíle  titulo. 

Sermonum  in  quihus  verum  Chrifiiani  ho- 
minis  fpecimen  exhihetur  Tom.  i.  Venetijs 
apud  Francifcum  ZiUetum.   1580.  4. 

Pars  fecunda  Tomi  primi  De  Amore  Dei 
(0°  proximi.  ibi  apud  eumdem  Typog.  eodem 
anno.  4. 

Tomus  2.  de  amore  fpecialiter  quid  cui  que 
hominum  fiatui  conveniat. 

Tomus  3.  Qm  fint  fugienda,    aut  fuftinenda 


mala.   Conferva-fe  M.  S.  no  Convento  de  S, 
Domingos  de  Bolonha. 

Summa  Cafuum  Confcientia.  M.  S.  Deíla 
obra  faz  mençaõ  Fr.  André  Roveta  in  B/^. 
Chronol.  illuflr.  Vir.  Prov.  Tamhard.  Soa. 
Ordin.  Prad.  e  do  Author  a  fazem  Altamur 
Cent.  4.  pag.  377.  Fernand.  Not.  Script.  Ord. 
Prad.  Anton.  PoíTev.  Appar.  Sacr.  pag.  485. 
Taxand.  Cathal.  Ciar.  Hifp.  Script.  NicoL 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  255.  Faria  Europ, 
Portug.  Part.  4.  cap.  6.  Echard  Script.  Ord, 
Prad.  Tom.  2.  pag.  238.  col.  i.  Joan.  Soar. 
de  Brit.  Theatr.  hujit.  Utter.  Ut.  D.  n.  41. 
Monteir.   Clauflr.  Domin.  Tom.   3.  pag.   191. 

DOMINGOS  PEREYRA  BRACA- 
MONTE  Naceo  em  a  Villa  de  Amarante 
da  Província  de  Entre  Douro,  e  Minho 
em  o  mez  de  Settembro  de  1606.  e  teve  por 
Pays  a  António  Pereira  Bracamonte,  e  Maria 
Tejrxeira.  AppUcou-fe  à  Faculdade  da  Medi- 
cina em  a  Univeríidade  de  Coimbra,  onde 
fe  diílinguio  entre  os  feus  condifcipulos, 
cuja  arte  exercitou  muitos  annos  na  fua 
Pátria  com  igual  fortuna  que  fciencia.  Teve 
génio  feílivo  para  a  Poeíia  em  que  compoz 
diverfas  obras  merecedoras  de  univerfaes 
applauzos.  Statura  erat  parva,  gibbofus  ipfe, 
fed  acutum  ingenium,  falefque  plurimi  Medicus, 
<ò'  Poeta  {quod  de  Apolline  narratur)  non  contem- 
nendus;  aíTim  o  defcreve  Joaõ  Soar.  de  Brit. 
in  Theatr.  l^ufit.  I^itter.  Ut.  D.  n.  42.  Morreo 
na  fua  Pátria  em  o  anno  de  1658.    Compoz. 

Banquete  que  Apolo  hi^o  aios  Embaxa- 
dores  delRej  de  Portugal  D.  Juan.  IV.  en 
CUJOS  platos  hallaràn  los  Senores  convidados 
mefclada  con  lo  dulce  de  alguna  poefia,  y  po- 
litica la  confervacion  dela  Salud  humana.  Lis- 
boa   por    Lourenço    de    Anvers.     1642.    4. 

Nefta  obra  a  pag.  8.  faz  mençaõ  de 
hum  Hvro,  que  tinha  compoílo  em  verfo 
heróico,  que  chamava  filius,  feu  error  juven- 
tutis  fua  o  qual  tinha  por  titulo. 

Velocino  de  oro. 

Fr.  DOMINGOS  DA  PIEDADE  Ere- 
mita de  Santo  Agoílinho  da  Congregação  da 
índia  Oriental  muito  douto  na  Theologia  Mo- 
ral da  qual  deixou  compoílo. 

Summa  Moral.  foi.  M.  S. 


L  USITAN  A, 


DOMINGOS  DO  PORTO,  cujo  appel- 
liiio  indica  a  Pátria  onde  naceo.  Foy  grande 
jurifconfulto,  como  fe  manífeíla  na  douu 
illuílraçaõ  que  fez. 

Ad  L.  fi  alij  D.  de  Vfti,  &  u/n  frní1i4  legato. 
Da  obra,  e  do  Author  fe  lembra  Nícol.  Ant. 
Wib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  zjj.  col.  i.  Taxand. 
iii  Cathal.  Ciar.  Hifp.  Script.  e  Lipcnio  bih. 
Keal.  Jurid.  pag.  557. 

P.  DOMINGOS  RAMOS  Nacco  em 
■A  Cidade  da  Bahia  a  27.  de  Abril  de  1655. 
onde  teve  por  Pays  a  Manoel  Ramos  Parente, 
c  Andrcza  Cazada,  e  por  irmaõ  a  Fr.  Ignacio 
Ramos,  Prior  que  foy  do  Convento  do  Carmo 
dcíla  Corte,  de  quem  em  feu  lugar  fe  fará 
diftint.i  lembrança.  Na  florente  idade  de  treze 
annos,  e  trez  mezes  fe  aliftou  na  Companhia 
<lc  JESUS  em  o  Collcgio  da  fua  pátria  a  30. 
ác  Julho  de  1666.  onde  aprendeo  letras  hu- 
mas,  c  as  fcicncias  cfcholaílicas,  e  em  todas 
cftas  Faculdades  fahio  eminente  por  fer  dotado 
<ie  huma  rara  comprehenfaõ,  e  admirável 
fubtileza.  Depois  de  enfmar  humanidades, 
Filofofia,  e  Theologia  pelo  largo  efpaço  de 
doze  annos  com  applauzo  do  feu  nome,  e 
efplendor  da  Religião  fez  a  profiíTaõ  do  quarto 
voto  a  15.  de  Agofto  de  1686.  Foy  eleito 
Procurador  geral  da  fua  Provincia  à  Corte 
de  Roma  em  o  anno  de  1694.  onde  conciliou 
grandes  eftimaçoens  devidas  ao  feu  profundo 
talento,  e  vafta  litteratura,  principalmente 
do  ReverendiíTimo  Geral  Tyrfo  Gonfalves. 
Reftituhido  a  Pátria  diftou  fegunda  vez  Theo- 
logia fendo  Decano  dos  Eíludos  Geraes 
do  Collegio  da  Bahia  vinte  annos.  Naõ  teve 
menor  engenho  para  o  Púlpito  que  tinha  para 
à  Cadeira  merecendo  as  acclamaçoens  de 
infigne  Orador  Evangélico.  Falleceo  na 
pátria  a  11.  de  Julho  de  1728.  com  75. 
annos  de  idade,  e  62.  de  Religião.  Pu- 
blicou. 

Sermão  nas  Exéquias  da  Kainha  N.  Se- 
nhora D.  Maria  Sofia  It(abel  celebradas  na  Ca- 
thedral  Metropolitana  da  Cidade  da  Bahia  aos 
^i.  de  Março  de  1700.  Lisboa  por  Bernardo 
da  Cofta  de  Carvalho  1702.  4. 

Sermão  nas  Exéquias  delRey  D.  Pedro  II. 
Senhor  nojfo  celebradas  na  Cathedral  Metropo- 
.litana  da  Cidade  da  Bahia  aos  20.  de  Outubro 


7.5 

ie  1707.  Lisboa  por  Valentim  da  Cofta  Def- 
landes.  1709.  4« 

Curfus  PhilofophicMs  foi.  Al  S. 

Qmflioms  Seleãa.  Aí.  S. 

Dâ  OphuoM  probabili.  Aí.  S.  Cujo  Tratado 
efcreveo  por  infinuaçaõ  do  feu  Geril  Tyrfo 
Goniales. 

DOMINGOS  RODRIGUES.  Naoeo 
em  Villa  Cova  da  Coelheira  em  o  Bifpado 
de  Lamego  em  o  anno  de  1657.  AppUcoofe 
á  Arte  de  Cozinheiro,  em  que  íahio  taõ  iníigne, 
que  depois  de  a  exercitar  nas  Cafas  dos  Ex- 
cellentiíTimos  Marquezes  de  Valença,  e  Gouvea, 
paíTou  a  fer  Meftre  da  Cozinha  da  Caía  ReaL 
Morreo  em  Lisboa  a  20.  de  Dezembro  de 
171 9.  com  82.  annos  de  idade.   Compoz. 

Ar/e  de  Co:(inha  dividida  em  duas  partes, 
A  primeira  trata  do  modo  de  co:(inhar  vários 
pratos  de  toda  a  cafla  de  carne,  e  defa^er  conf ervas, 
pafieis,  tortas,  e  empadas.  A  2.  trata  de  peixes, 
marifco,  frutas,  hervas,  laãicinios,  confervas,  e 
doces  com  a  forma  dos  banquetes  para  qualquer 
tempo  do  anno.  Lisboa  por  Joaõ  Galraõ  1680.  8. 
&  ibi  pelo  dito  Impreííor  1683.  8.  Sahio 
addicionada  com  a 

Terceira  Parte  da  forma  dos  Banquetes  para 
qualquer  tempo  do  anno,  e  do  modo  com  que  fe 
hofpedaraõ  os  Embaxadores,  e  como  fe  guarnece 
huma  Me^a  redonda  à  Eflrangeira.  Lisboa  por 
Manoel  Lopes  Ferreira  1698.  8.  e  Lisboa 
na  Officina  Ferreiriana.  1732.  8. 

DOMINGOS      RODRIGUES      FAYA 

natural  da  Cidade  de  Portalegre,  Presby- 
tero  do  habito  de  S.  Pedro  muito  douto 
na  Theologia  Moral.  Traduzio  do  Cafte- 
Ihano  de  Fr.  Jayme  Corelha  em  Portuguez 
acrecentando  muitas  doutrinas  importan- 
tes extrahidas  dos  melhores  Authores  com 
as  Propoíiçoens  condenadas  por  Alexandre 
Vllí.  e  os  Cafos  rezervados  nos  Bifpados 
deíle  Reyno  com  as  fuás  explicaçoens. 

Praãica  do  ConfeJJionario,  e  explicaçaS  das 
Propofiçoens  condemnadas  pela  Santidade  de  Inno- 
cencio  XI.  e  Alexandre  VIL  fua  matéria,  os 
cafos  mais  feleãos  da  Theolo^a  Moral,  fua  forma, 
hum  Dialogo  entre  o  Confejfor,  e  o  PenitetJte. 
Part.  I.  Lisboa  por  Gabriel  Soares  1736. 
foi. 


BIB  LIO  THE  CA 


Parte  z.  Lisboa  pelo  dito  Impreflbr 
1757.  foi. 

Fr.  DOMINGOS  DOS  SANTOS  na- 
tural de  Lisboa  chamado  no  Século  Do- 
mingos Diaz  Pinto  Religiofo  Mercenário 
Defcalço  irmaõ  de  Fr.  Joaõ  de  Chrifto  da 
mefma  Ordem  onde  exercitou  com  grande 
prudência  o  lugar  de  Provincial  três  ve- 
zes, e  foy  hum  dos  Varoens  mais  graves 
deíla  Religião,  como  efcreve  Fr.  Pedro  de 
S.  Cecilio  Chron.  dela  Merced.  2.  Part.  cap  2. 
foi.  513.  Compoz,  e  publicou  em  nome  da 
Religião. 

Ceremonial,  y  infirucion  de  Officios  delos 
Keligiofos  Defcalfos  de  N.  Senora  dela  Merced 
Kedempcion  de  Cautivos,  en  que  fe  contiene  lo 
tocante  ai  refado,  j  celebracion  delos  Officios  Di- 
vinos en  el  Altar,  j  Coro  Jegun  el  Breviário,  j 
Mijfal  Komano  reformado  por  Clemente  VIU. 
de  Pablo  V.  y  ajfi  mijmo  loque  pertenece  a  cada 
uno  delos  Keligiofos  fegun  fus  Officios  y  minif- 
terios.    Ronda  por  André   Grande    1630.   4. 

Manual  dei  Coro.  ibi  pelo  dito  Impref- 
for.  4. 

Fr.  DOMINGOS  TEYXEIRA  na- 
tural do  Confelho  de  Celorico  do  Bailo  dif- 
tante  para  a  parte  do  Nafcente  duas  le- 
goas  da  Villa  de  Amarante  em  a  Província 
de  Entre  Douro,  e  Minho,  filho  de  Do- 
mingos Teixeira,  e  Serafina  de  Andrade, 
Religiofo  Eremita  de  Santo  Agoílinho, 
cujo  Habito  profeíTou  no  Convento  de  Lis- 
boa a  30.  de  Novembro  de  1695.  Teve 
baílante  noticia  da  Hiítoria,  de  cuja  appli- 
caçaõ  publicou  as  producçoens  feguintes. 
Morreo  no  Convento  de  Lisboa  a  17.  de  Fe- 
vereiro de  1726. 

Vida  de  Nuno  Alvares  Pereira  fegundo 
Condefiavel  de  Portugal  Conde  de  Ourem,  Arrayo- 
los,  e  Barcellos,  Mordomo  mór  delRey  D.  Joaõ 
o  primeiro  Progenitor  da  Cafa  Kealpela  Sereniffima 
de  Bragança  em  Portugal  afcendente  das  de  Caf- 
tella,  França,  Auflria,  Sahoya,  e  dos  mais 
Monarchas  Soberanos,  Princepes,  Potentados, 
Senhores,  e  illujlres  Famílias  de  Europa.  Lis- 
boa na  Officina  da  Mufica  1723.  foi.  Efta 
obra  diz  Fr.  Manoel  de  Sá  Mem.  Hifl.  da  Prov. 


do  Carm.  de  Portug.  Part.  i.  pag.  322.  que 
eílá  efcrita  com  elegante  eílilo. 

Vida  de  Gomes  Freyre  de  Andrade  General 
da  Artilharia  do  Reyno  do  Algarve,  e  Capitão 
General  do  Maranhão,  Pará,  e  Rio  das  Amai^onas 
no  Eflado  do  Brafil.  Primeira  Part.  Lisboa 
na  Officina  da  Mufica  1724.  8. 

Segunda  Parte.  Lisboa  por  António  Pc- 
drozo  Galraõ.  1727.  8. 

Novena  da  Conceição  da  V.  Maria  Senhora 
Nojfa.  Lisboa  por  Mathias  Pereira  da  Sylva, 
e  Joaõ  Antunes  Pedrozo.  1720.  24. 

Fr.  DOMINGOS  DE  SANTO  THO- 
MAS  Naceo  em  Lisboa  onde  teve  por 
Pays  a  Domingos  Carvalho,  e  Barbara  Go- 
mes. Na  idade  da  adolefcencia  preferio 
com  judiciofa  eleição  ás  outras  Famílias  ReU- 
giofas  a  illuílre  Ordem  dos  Pregadores 
profeíTando  o  feu  Sagrado  Inftituto  a  6.  de 
Março  de  1623.  Nefta  doutiffima  paleftra 
fe  anticipou  com  tal  exceíío,  quando  cur- 
fava  as  fciencias  efcholaílicas,  a  todos  os 
feus  condifcipulos,  que  chegou  a  fua  rara 
comprehenfaõ  illuílrada  pela  viveza  do 
engenho  a  caufar  admiraçoens,  e  ainda  en- 
vejas  aos  Meftres.  Eíla  fublimidade  de  ta- 
lento que  movia  tantos  aflbmbros  domef- 
ticos  os  mereceo  públicos  quando  fubio  à 
Cadeira  para  formar  dos  difcipulos  Meftres 
didtando  Filofofia,  e  Theologia  com  tanta 
fubtileza,  e  profundidade,  que  bem  parecia 
lhe  illuftrava  o  entendimento  a  angeUca  luz 
do  Sol  de  Aquino.  Efta  vafta  fabedoria  que 
fe  dilatava  por  hum,  e  outro  Direito,  o 
conftituhiraõ  Oráculo  da  fua  idade  naõ  ha- 
vendo controverfia  grave,  ou  negocio  im- 
portante em  que  naõ  foíTe  confultado  pe- 
las primeiras  peíToas  da  Jerarchia  Eccle- 
fiaflica,  e  Secular  venerando  os  feus  votos, 
como  Decifoens,  de  tal  forte  que  a  Ma- 
geftade  delRey  D.  Joaõ  o  IV.  o  mandou 
chamar  na  ultima  infermidade  para  direc- 
tor da  fua  confciencia,  em  a  hora  do  mayor 
perigo.  As  acclamaçoens,  que  alcançou 
pelo  magifterio,  ainda  que  grandes,  fo- 
raõ  inferiores  às  que  confeguio  pelo  mi- 
nifterio  do  púlpito  chegando  a  fer  Prega- 
dor de  três  Princepes  fucceffivos,  quaes  fo- 
raõ  os  Sereniffimos  D.  Joaõ  o  IV.  D.  Af- 


LUSITANA. 


717 


líjnfo  VI.  c  o  Princqjc  Regente  D.  Pedro, 

(lo  qual  foy  íeu  Padrinho  quando  recebeo 

'   rramcnto  da  Confirmação.    Nefte  evan- 

>    theatro    reprczcntou    com  taõ   vivas 

ores   a   imagem   de   hum   Pregador   confu- 

I  liado,  que  conciliou  a  attençaò  de  numerofos 

luditorios  atrahidos  da  natural  graça»  com 

.|uc  fc  explicava,  e  da  fumma  clareza  com  que 

patentes,  e  perceptíveis  á  comprehenfaõ 
nais  rude  os  textos  mais  dificultofos  de  hum, 
t  outro  Teftamento.  O  mayor  argumento 
(i.i  vaí^idaõ  da  fua  fciencia,  e  da  promptidaõ 
do  fcu  talento  era  quando  por  muitas  vezes 
pré(»ou  extemporaneamente  em  os  mayores 
l'nl]Mtos  da  Corte  parecendo  aos  juizos  mais 
<lilcictos  ferem  os  feus  difcurfos  produc- 
(ociís  de  hum  cftudo  muito  meditado,  e  naõ 
de  hum  acafo  repentino.  Soube  com  perfeição 
.1  lingua  Latina,  e  foy  igualmente  inclinado 
1  Mufica  como  à  Pocfia  cm  que  fez  algumas 
obras  cm  vulgar.  Cumulado  de  tantos  dotes 
de  c]ue  a  natureza  liberalmente  o  ornara  lhe 
negou  a  fortuna  com  injuriofa  avareza  os 
prémios  de  que  era  acredor,  porém  como 
o  feu  animo  foíTe  fuperior  a  todo  o  género 
<le  ambição  confiderando  que  naõ  era  atendido 
pelo  Reyno,  nem  pela  Religião  para  algum 
lugar,  coílumava  dizer  com  difcreta  galan- 
taria. j2w  /be  davaÕ  todos  o  que  lhe  tiaõ  podia 
dar  nenhum,  porque  E/Rey  lhe  preguntava  por- 
que o  naõ  fa:(iaÕ  os  Frades  Provincial;  e  os  Fra- 
des lhe  preguntavaÕ  porque  o  naÕ  fav^a  EJRey 
Bifpo  ?  E  que  nem  os  Frades  o  podiaô  eleger  Bifpo, 
mm  ElRey  Prelado.  Ao  tempo  que  foy  Prior 
do  Convento  de  Lisboa  difpendeo  com 
liberal  maõ  do  que  tinha  lucrado  com  os 
léus  Sermoens  em  ornato  da  Igreja  mandando 
dourar  o  Coro,  e  fobre  as  Cadeiras  reprezen- 
tar  em  vinte,  e  quatro  quadros  os  Santos 
da  Ordem  dos  Pregadores  pintados  pelo 
infigne  Pintor  Bento  Coelho  o  qual  o  retra- 
tou naturalmente  na  Imagem  do  B.  Ambroíio 
de  Senna.  Também  mandou  fazer  hum  pre- 
ciofo  ornamento  de  tella  para  as  Feílas  dos 
Santos  Dominicos.  Nos  últimos  aimos  da 
fua  idade  quando  era  Regente  dos  Eftu- 
dos  de  S.  Domingos  de  Lisboa  confervava 
com  tanta  felicidade  de  memoria  as  primei- 
ras queftoens  que  eíhidara,  que  com  pafmo 
dos  circunftantes  fe   alguma   delias  fe  ven- 


tilava, arguia,  e  inftava  como  fe  aâualmente 
a  eíliveíTe  diâaodo.  Morreo  no  Convento 
de  Lisboa  a  50.  de  Junho  de  167).  Fazem 
illuílre  memoria  do  íeu  nome  NicoL  Ant. 
Bih.  lUfp.  Tom.  i.  pag.  258.  e  Toul  2.  pag. 
289.  Echard  Stript,  Ori,  Prad.  Tom.  2.  pag. 
6)4.  col.  I.  Fr.  Pedro  Mont.  ClauJI.  Dom. 
Tom.  I.  pag.  129.  e  144.  havido  ntjh  Ktytio 
afim  na  Cadeira  como  no  Púlpito  por  Oracido, 
c  Tom.  ).  pag.  19).  O  majfor  Tbiolo^  dos 
Jtus  tempos,  Fr.  Luc.  de  Sant.  Cather.  lUft. 
di  S.  Doming.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  4. 
Liv.  I.  cap.  ).  Confumado,  e  gjratide  Tbeo- 
logo,  e  facilmente  Feni^  do  feu  tempo.  D.  Luiz 
de  Menez.  Portug,  Keftaur,  Tom.  i.  pag. 
900.  Sor  Violante  do  Ceo  Kim.  Var. 
pag.    32. 

Tan  fingular,  en  fin  tan  peregrino 

Thev^oros   de    elegância    communicas 

Que  parece  que  Spirito  Divino. 

Te  diâa  aquello  mi/mo  que  predicas: 

De/uerte  en  fin  explicas 

Tus  fuhtiler^as  raras 

Que  por  rav^nes  muchas 

Imagino  talvev^  que  nó  te  ejcuchas; 

Porque  fi  te  efcucharas 

Elevado  en  ti  mi/mo  te  quedaras. 
Compoz. 

Tyrocinium  Theologia  in  triplex  compendium 
tripartitum  Tom.  i.  Ulyflipone  apud  Ant. 
Crasbeeck  de  Mello  1668.  foi. 

Tom.  2.  €>•  3.  ibi  apud  eumdem  Typog. 
1670.  foi. 

Efcreveo  mais  difufamente  toda  a  Theo- 
logia em  7.  Tomos  de  folha  grandes  com  o 
titulo  de 

Maniiale  Thomifiicum 

Obra  (como  efcreve  Fr.  Lucas  de  Santa 
Catherina  no  lugar  aíTmia  citado)  que  exami- 
nada por  grandes  Theologos  da  Ordem  fahio  com 
o  credito  de  confumada,  e  legitimo  parto  de  tanto 
talento.  Conferva-fe  no  Archivo  de  Roma 
para  onde  os  mandou  pedir  o  ReverendiíTimo 
Meftre  Geral  da  Ordem  Fr.  Antonino  Qo- 
che.  Defta  grande  obra  fe  imprimio  hum 
tratado  que  eftá  inferto  na  Controverfia  i^-j.  de 
Ecclefia,  €>*  de  aliis,  qua  pertinent  ad  Ecclefiam, 
em  o  Tom.  10.  da  Bibliotheca  'Máxima  Pon- 
tificia  à  pag.  145.  que  publicou,  e  collegio 
o    IlluílriíTimo    Arcebifpo    de    Valença    D. 


7i8 


BIBLIO THE  C  A 


Fr.  Joaõ  Thomaz  de  Rocaberti  Geral  que 
tinha  fido  da  Ordem  dos  Pregadores. 

Triduo  de  Sermoens  'Panegíricos  do  grande 
"Pontífice  Pio  V.  na  Jua  Beatificação.  Lisboa 
por  Joaõ  da  Coíla  1673.  4. 

Predica  Sacramental,  e  hymno  'E.ucharijlico 
fundado  em  huma  Sequencia  do  D.  Angélico  Santo 
Thomat^  no  Opufculo  57.  das  Juas  Obras  Tom.  i. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1675.  4.  Coníla 
de  12.  Sermoens,  dos  quaes  o  primeiro  fahio 
traduzido  em  Caftelhano  pelo  Doutor  Eíle- 
vaõ  de  Aguilar,  y  Zuniga  Deaõ  da  CoUegiada 
de  Efcalona  no  2.  Tomo  da  l^aurea  Portug. 
Madrid  por  André  Garcia  dela  Iglefia  1 679.  4. 

Tom.  2.  Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla 
1676.  4.  Coníla  de  12.  Sermoens,  em  cujo 
Prologo  fe  promete  que  brevemente  fahi- 
raõ  á  luz  outros  muitos  que  o  Author  dei- 
xou limados. 

Fr.  DOMINGOS  DE  SANTO  THO- 
MAZ.  Naceo  na  Villa  de  Vianna  do  Alen- 
tejo onde  recebeo  a  primeira  graça  a  25. 
de  Março  de  1640.  fendo  filho  de  Do- 
mingos Lopes,  e  Ignes  Martins.  Eíbi- 
dou  Grammatica  em  Évora,  e  amante  da 
vida  Religiofa  profeíTou  o  fagrado  Iníli- 
tuto  da  Terceira  Ordem  da  Penitencia  em 
o  Convento  de  Santarém  a  21.  de  Fevereiro 
de  1658.  quando  contava  18.  annos  de  idade. 
No  Collegio  de  S.  Pedro  de  Coimbra  apren- 
deo,  e  enfinou  as  fciencias  efcolafticas  chegando 
a  receber  as  infignias  de  Doutor  em  a  Univer- 
fidade  de  Évora  em  o  anno  de  1674.  Foy 
Qualificador  do  Santo  Officio  Examinador 
das  Três  Ordens  Militares,  e  Reytor  do  Col- 
legio de  S.  Pedro  de  Coimbra.  O  Illuílrif- 
fimo  D.  Veriífimo  de  Lancaftro  Inquifidor 
Geral  confirmando  o  conceito  que  formara 
das  fuás  grandes  letras  quando  vio  o  parecer 
que  fizera  pelo  reélo  procedimento  do  Santo 
Officio  contra  as  calumnias  dos  Chriílaõs 
novos  o  nomeou  Inquifidor  da  Cidade  de 
Goa,  de  cujo  honorifico  miniílerio  fe  ef- 
cufou  pelos  achaques  que  padecia,  os  quaes 
o  privarão  da  vida  no  Convento  de  Lis- 
boa quando  era  Lente  de  Prima  a  27.  de 
Abril  de  1679.  ^'^  florente  idade  de  trinta, 
e  nove  annos.  Foy  cordial  devoto  da  Ima- 
gem do  Santo  Chriílo  dos  Cardaes,  que  fe 


venera  na  Igreja  de  N.  Senhora  de  JESUS 
deíla  Corte,  a  qual  fendo  levada  a  Miílãõ 
da  Ilha  de  Palmide  em  o  anno  de  1664.  pelos 
Religiofos  Miflionarios  Fr.  Jozè  de  Santa 
Maria  chamado  o  Canarim,  e  Fr.  Manoel  da 
Penitencia,  compoz. 

Romance  ao  Santo  Chrifto  dos  Cardaes.  Lis- 
boa  1673.  4.   Naõ  tem  nome  do  ImpreíTor. 

Fr.  DOMINGOS  DA  VEYGA  na- 
tural da  Villa  de  Eílremós  na  Provinda 
do  Alentejo  íilho  de  António  da  Veyga, 
e  Maria  Mendes,  Eremita  Auguíliniano, 
cujo  Habito  recebeo  no  Convento  de  Lis- 
boa a  28.  de  Outubro  de  1684.  Ao  tempo 
que  exercitava  o  lugar  de  Prior  do  Con- 
vento de  Évora  como  fofle  ornado  daquellas 
partes  que  conftituhem  hum  Orador  Evan- 
gélico pregou,  e  imprimio. 

Sermão  da  Beatificação  do  B.  Joaõ  Francijco 
Regis  pregado  em  o  primeiro  dia  do  folemne  triám 
que  celebrou  o  Collegio  da  Companhia  de  JESUS 
da  Cidade  de  Évora  em  11.  de  Outubro  de  1716. 
Évora  na  Oíficina  da  Univerfidade  171 7.  4. 

DOMINGOS      VELHO      igualmente  1 
douto    na    Faculdade    dos    Sagrados    Câno- 
nes, em  que  recebeo  o  gráo  de  Bacharel  na  | 
Univerfidade    de    Coimbra,     como    veríado , 
nos  exercícios  da  piedade,  e  devoção  efcre- 
vendo. 

Principio  do  Divino  Amor,  e  confideraçoms 
de   JESUS.     Lisboa    por    António    Alvares  j 
1625.  8.  Contem  cinco  Tratados  o  i.  da  Ora- ,^ 
çaõ,  e  Meditação,  o  2.  Confideraçoens  de  JESUS, , 
e  de  Jua  Payxaõ.   3.   Confideraçoens  dos  Novif-^ 
Jimos.  4.  de  alguns  remédios,  e  advertências  para 
o  exercido  da  Oração.   5.  T>o  Santijfimo  Sacra- 
mento.    Fazem    memoria    do    Author,    e   da^ 
Obra  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  258.  j 
e  Joaõ  Franco  Barreto  na  Bib.  Eufit.  M.  S. 

Fr.     DONATO     DE     VISEU     natuialj 
da  Cidade,  que  tomou  por  appelido  Monge  j 
Ciítercienfe,  e  muyto  douto  na  intelligenda 
da  Sagrada  Efcritura.    Compoz. 

Glop  in  Epiftolas  B.  Pauli  ApofioU  aà 
Romanos,  foi.  M.  S.  Volume  grande  que- 
fe  conferva  no  Archivo  do  Real  Convento 
de  Alcobaça. 


L USITANA 


719 


D.    DUARTE    único    em    o    nome,    e 
irulccimo  Rey  de  Portugal  illuílrou  com  o 
11  auguílo  nacimento  a  Qdade  de  Vifeu  a 
. ;.  cie  Outubro  de  1591.  fendo  a  terceira  pro- 
liK(,.io   do   feli2   thalamo   dos   SereniíTimos 
vionarchas  D.  |oaÕ  o  I.  e  D.  Filippa  de  Lan- 
iHro,  que  lhe  impuzeraõ  o  nome  de  Duarte 
lu    ubfequio    de    feu    Vifavo    materno    D. 
)uarte  III.  Rey  de  Inglaterra.    A  perfpicacia 
lo  juízo,  c  fublimidade  do  talento  que  logo 
1.1  puerícia  dcfcubrio  foraõ  infalíveis  vati- 
iiiios  da  cultura  dos  eíludos,  e  da  protecção 
i.is   fcíencias   com   que   fe   diílinguio   entre 
.odos  os  Prínccpcs  que  adorou  a  Monarchia 
'*ortuguc2a.     Quando    contava    dez    annos 
-  idade  foy  jurado   SucceíTor  dcíla  Coroa 
:2.  de  Março  de  1401.  nas  Cortes  celebradas 
II    Leiria    moílrando    já    naqucllc    prologo 
,v)  feu   rcynado  fcr  efcufada  a  liberalidade 
fortuna  para  merecer  a  Coroa.    Afpirando 
(fcr   herdeiro   mais   das   virtudes   que   dos 
nios  de  feu  grande  Pay  o  imitou  com 
ica  emulação  em  a  primogénita  de  todas, 
he  o  valor  de  que  deu  gloriofos  argumen- 
|tos  quando  o  acompanhou  juntamente  com 
Teus   Irmaõs   D.   Henrique,   e   D.   Fernando 
1  celebre  expedição  de  Ceuta  a  qual  por  im- 
pulfo  do  feu  braço,  e  direcção  do  feu  confelho 
íe  rendeo  a  14.  de  Agoílo  de  141 5.  às  invenci- 
\eis  armas  Portuguezas.    Na  madura  idade 
de  quarenta,  e  dous  annos  cingio  a  Coroa 
'em  15.  de  Agoílo  de  1433.  ^  ainda  que  foy 
'advertido  de  hum  perito  Aftrologo  dilataíTe 
^quella    politica    ceremonia    para    outro    dia 
^r  ter  obferv^ado  na  configuração  dos  Aftros 
que  dominavaõ  aquella  hora,  fer  infauiio  o 
ífeu  Reynado,  aflim  em  os  fucceífos,   como 
■'em  a  duração,  defprezou  com  catholica  refo- 
^uçaõ  o  prefagio  que  infailivelmente  fe  cum- 
Ipno.    Para  argumento   da  obediência  obfe- 
jquiofa  aos  Vigários  de  Chriílo  mandou  huma 
folemne   Embaxada   ao   Concilio   de   Bafilea 
de  que  nomeou  por  Embaxador  a  feu  Sobri- 
nho D.  AíFonfo  primeiro  Marquez  de  Valença, 
So  qual  foy  recebido  a  24.  de  Junho  de  1435. 
jpor  Eugénio   IV.   com  paternal  benevolen- 
•'da,    e    querendo    moftrar-fe    agradecido    ao 
^noíTo  Princepe  lhe  concedeo  o  privilegio  de 
'fer  coroado,   e   ungido   conforme   o   antigo 
Ceremonial    dos    Reys    de    França.     Perfua- 


dido  das  iníUncias  de  feu  irmaõ  o  Infante 
D.  Henrique  refolveo  cooquiftar  Tangete 
nomeando-o  Geoend  defia  empreza,  e  por 
companheiro  a  feu  irmaõ  o  Infante  D.  Fer- 
nando.  ApreíUiufe  hunu  armada  em  o  anno 
de  1457.  guarnecida  de  quatorze  mil  Solda- 
dos, a  qual  teve  infauílo  fuccenò  pois  fendo 
a  Praça  combatida  pelo  efpaço  de  trinta,  e 
dous  dias  contínuos  a  que  íe  deu  principio 
a  1 5.  de  Setembro,  naõ  fomente  foy  derrotado 
o  noíTo  exercito  mas  entre  os  paâos  que  cele- 
brarão como  viâoriofos  os  Mouros,  foy  o 
mais  fatal,  e  laíUmofo  para  Portugal  deixar 
ao  Infante  D.  Fernando  em  reféns  da  Cidade 
de  Ceuta,  tolerando  eíle  Heróe  com  heróica 
paciência  os  horrores  do  cárcere,  e  os  ludí- 
brios do  cativeiro  até  que  delle  fubio  trium- 
fante  a  coroarfe  com  as  infígnias  de  Martyr 
no  Impirio.  Eíla  luâuofa  calamidade  pene- 
trou taõ  altamente  o  coração  do  noíTo  Mo- 
narcha,  que  o  reduzio  a  huma  profunda 
melancolia  que  mais  vigorofamente  fe  augmen- 
tou  quando  vio  fulminado  o  Reyno  com  o 
fkgello  da  pefte  fendo-lhe  precifo  para  efcapar 
da  fua  violência  difcorrer  como  peregrino 
por  vários  lugares  até  que  recebendo  na  Villa 
de  Thomar  huma  Carta  inficionada  do  conta- 
gio fechou  o  circulo  da  vida  merecedora  de 
mais  profpero  reynado  a  9.  de  Setembro  de 
1438.  a  tempo  que  o  foi  padecia  hum  grande 
eclypfe,  com  46.  annos,  dez  mezes,  e  nove  dias 
de  idade,  e  de  governo  cinco  annos,  e  vinte 
féis  dias.  Jaz  fepultado  no  Real  Convento  da 
Batalha  fundado  por  feu  augufto  Pay,  e  por 
falta  de  epitáfio  fe  lhe  podem  gravar  no  Mau- 
foleo  eftas  expreíToens  métricas  do  infigne 
Luiz  de  Camoens  LMfiad.  Cant.  4.  eílanc.  51. 
Naõ  foy  do  Key  Duarte  taõ  ditofo 
O  tempo  que  ficou  na  Summa  alte:(a; 
Que  ajft  vay  alternando  o  tempo  iro/o 
O  bem  com  o  mal,  o  gofto  com  a  trifie^a. 
Quem  vio  fempre  hum  EJlado  deleito/o? 
Ou  quem  vio  em  fortuna  haver  firme:^a? 
Pois  inda  nefie  Rejno,  e  nejie  Key 
Naõ  ufou  ella  tanto  defla  ley. 
Foy  cafado  com  a  Rainha  D.  Leonor 
Infanta  de  Aragaõ  filha  de  D.  Fernando  I. 
Rey  de  Aragaõ,  e  de  D.  Leonor  Con- 
deíía  de  Albuquerque  filha  de  D.  Sancho 
de    Albuquerque,    e    D.    Brites    Infanta    de 


720 


BIBLIO THE  C  A 


Portugal  filha  de  D.  Pedro  I.  Rey  de  Por- 
tugal, cujos  auguílos  defpozorios  fe  celebra- 
rão a  22.  de  Setembro  de  1428.  de  que  naceraõ 
o  Infante  D.  Joaõ,  que  morreo  de  tenra  idade, 
D.  Filippe  que  de  nove  annos  paíTou  à  vida 
immortal,  D.  Aífonfo,  que  herdou  a  Q)roa, 
D.  Maria,  que  naõ  logrou  mais  que  hum  dia 
de  vida,  o  Infante  D.  Fernando  Duque  de 
Vifeu,  e  Pay  do  SereniíTimo  Rey  D.  Manoel, 
a  Infanta  D.  Leonor,  que  fe  defpozou  com 
o  Emperador  de  Alemanha  Federico  III.  o 
Infante  D.  Duarte  que  morreo  na  Infância, 
a  Infanta  D.  Catherina,  que  eílando  contra- 
tada para  cafar  com  Carlos  Princepe  de  Na- 
varra feu  Primo  com  irmaõ,  e  depois  com 
Duarte  IV.  Rey  de  Inglaterra  defvanecidos 
eíles  defpozorios  falleceo  com  opinião  de 
virtuofa  em  o  Convento  de  Santa  Clara.  A 
Infanta  D.  Joanna  que  cafou  com  Henrique  IV. 
de  Caftella.  Fora  do  matrimonio  teve  a  D. 
Joaõ  Manoel  de  quem  defcendem  os  Condes 
da  Atalaya.  Foy  de  eílatura  proporcionada, 
e  de  afpefto  fummamente  agradável  pois  tinha 
os  olhos  caílanhos,  e  alegres,  a  boca  pequena, 
e  corada,  o  cabello  da  barba  louro,  e  o  da 
cabeça  comprido  conforme  o  u2o  daquelle 
tempo.  Veília  com  pompa  fendo  mayor 
quando  apparecia  publicamente.  Foy  muito 
zelofo  do  culto  divino,  e  das  ceremonias 
Ecleíiaílicas,  de  tal  forte  que  naõ  diffimulava 
a  menor  negligencia  em  os  Miniftros  do  Altar. 
Venerou  com  profundo  refpeito  o  final  da 
noíTa  Redempçaõ  naõ  permitindo  que  efti- 
veííe  efculpido,  ou  entalhado  em  lugar  inde- 
cente. Sem  defraudar  a  juíliça  de  que  foy 
obfervantiflimo  cultor,  como  era  de  condição 
naturalmente  benigna  fe  inclinava  menos  vezes 
para  o  rigor,  que  para  a  piedade.  Amou 
com  taõ  inviolável  obfervancia  a  verdade 
que  nunca  fe  experimentou  a  menor  infrac- 
ção na  fua  palavra.  Foy  doutiffimo  na  arte 
da  Cavallaria  cujos  preceitos  prafticava  ayro- 
famente  em  ambas  as  cellas  fazendo  parar 
o  cavallo,  e  continuar  as  voltas  de  huma 
efcaramuça  fem  freyo,  nem  filhas.  Oc- 
cupava  algumas  horas  na  Caça  da  Mon- 
taria naõ  fó  para  divertimento  do  ani- 
mo, mas  para  exercido  do  corpo.  Era 
naturalmente  eloquente  uzando  de  pala- 
vras taõ  elegantes   que   conciliava  o  aíFedo 


de  todos.     Eílimava  a  converfaçaõ   de  pef- 
foas    eruditas,    as    quaes    admittia  benévolo, 
premiava   magnifico.     Para   indeléveis   argu- 
mentos   do   difvelo    que    dedicara   à   cultuia 
das  fciencias,   deixou  efcritos  vários   Livros 
em    profa,    e    verfo.     Mandou    compilar  as 
leys,    que    andavaõ    difperfas,    e    reduzidas 
com    bom    methodo    a    hum    volume    para 
que  foíTem  obfervadas,   e  entre  ellas  publi- 
cou a  8.  de  Abril  de  1434.  a  Mental  de  que  fov 
Legislador    feu    grande    Pay,    pela    qual   fc 
prohibe  poderem  as  filhas  fucceder  nos  bens 
da  Coroa.    Tomou  por  empreza  huma  lança 
em  que  eftava  enrofcada  huma  cobra  em  forma 
de   Caduceo   com  efta  letra  loco,  (ò'  tempore  1 
fymbolizando  na  lança  a  guerra,  e  na  cobra  a 
prudência  com  que  a  havia  de  romper.   Ulti- 
mamente a  natureza  o  ornou  de  tantos  dotes,  . 
e   virtudes   excellentes,   que   naõ   deixou  hi-  : 
gar  para  que  a  fortuna  Lhe  difpenfaíTe  as  fe-  ' 
licidades,  que  naõ  logrou.     Os  elogios  que  '. 
à    fua    memoria    confagraraõ    os    Efcritoies  1 
faõ  innumeraveis,  fendo  os  principaes  Vaf- 
concellos    Anacephal.    Keg.    'Lufit.    pag.    165. 
Vuit  Juhlmi  E.ÍX  ingenio,   <&  quod  f ponte  Jua  ■ 
in    alíijjimas  fapientia    cogitationes    rapiebatur, . 
e ar  um  que  ar  Hum,  qum  fiudiojum  Juapte  Índole  Prih  l 
cipem  decent  non  limina  modo  Jalutavit,  verum 
adyta  adiit  penitiora.    Brito  B,log.  dos  Reys  de . 
Portug.  pag.  mihi  93.  dotado  de  hum  animo  fublime,  \ 
e  amigo  de  alcançar  os  fegredos  de  cada  /ciên- 
cia que  podia  caber  em  hum   Key  curiofo  par-\ 
ticular mente     de      Filofofia      moral     em     que 
teve    muita    liçaÕ.      Duart.    Nun.     de    Lcaõ: 
Chron.   de   D.    Duart.    cap.    19.    como  na  cla- 
reira   do  Jui^o    elle    era    injigne,    naÕ  fomente: 
aprendeo  para  fi,  mas  para  doutrinar  a  outrosA 
Faria  E^urop.  Portug.  Tom.  2.  Part.  3.  cap.  2, 
n.  22.    Sobre  la  arte  dela  elegância  que  Jabia,  jri 
exercitava  bien,  era  naturalmente  elegante,  e  no! 
'Epit.    delas   Hijt.    Portug.    Part.    3.    cap.    i: 
Fue  aficionadijjimo  a  las  fciencias,  y  en  algunas,i^ 
principalmente    en    la    Filofofia,     muy    verfado^. 
Marian.    de   reb.    Hifp.  lib.    21.  cap.  3.  UtteÀ 
ris    valde    deditus.     Le    Clede    Hifl.    de    Pflr-| 
tug.    Tom.    I.    pag.    mihi    422.    col.    2.    Jh 
pajfoit     des    jornees     entieres     ala     leãure    des\ 
livres  de   Poefie,   <&   de   Philofophie.     II  fit  à 
fi    grands    proles     dans    l'  etude     dei'  un,    < 
de    r  autre,    qu"    il    compofa    quelques   ouura- 


LUSITANA. 


721 


^ffs  oíi  r  ejprií,  U  hon  fens,  i  le  fcatfoir  bril- 
loient  e^ilement,  Mariz  Dialog»  ét  Var, 
llijl.  Dialog.  4.  cap.  5.  com  o  Jeu  florido 
ptgenho  alcançou  tanto  de  litras,  e  /ciências, 
fu  naõ  fomente  teve  conhecimento  de  muitas 
twfas,  que  he  a  verdadeira  profijfaõ  da  fabi- 
doria,  mas  também  foy  author  de  muitos  tra- 
fados  de  erudição,  e  engenijo.  Nun.  de  Ver. 
IfLig.  Port,  àeneal,  pag.  27.  v.o  litterarum 
ioãrina  tantum  valuit  ut  non  modo  multa 
ngwrit,  Jed  cíy  Htteris  mandaverit.  Sainft. 
Marth.  Hift,  Geneal.  dela  Mais.  de  Vranc. 
Liv.  42.  cap.  5.  //  ioiffiit  beureufement  l*  exer- 
cice  des  armes  avec  la  connoijfance  des  letres, 
e  Jciences.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Tbeat.  Lujit. 
Lítter,  lit.  E.  n.  1.  Ribeir.  Pref.  das  letr. 
.is  Arm.  Jacq.  L.cnfant.  Hijl.  dela  Guer. 
des  liujftt.  e^  dií  Concil.  de  basle  Liv.  19.  n.  12. 
Catam.  Philip.  Prud.  pag.  55.  Fonfcc.  l^or. 
Glorio/,  pag.  82.  Fcrrcr.  HiJl.  de  E/pan. 
Tom.  9.  pag.  336.  n.  12.  Garibay  Comp. 
Hijl.  de  E/p.  Liv.  35.  cap.  11.  pag.  178.  Barbud. 
EmpreZ'  Milit.  de  Lu/it.  Liv.  3.  pag.  64.  Lcy- 
taõ  Not.  Chronol.  da  Univ.  de  Coimb.  pag.  366. 
§.  740.  até  750.  Barbofa  Cathal.  Hijl.  das 
Rajnh.  de  Portug.  pag.  346.  Anfelm.  Hijl. 
Gen.  e  Chronol.  de  la  Mais.  Kqyale  de  Franc. 
Tom.  I.  pag.  mihi  595.  Souf.  Hijl.  Ge- 
neal. da  Ca/.  Real  Portug.  Tom.  2.  Liv. 
3.  cap.  7.  pag.  492.    Compoz. 

O    leal    Concelheiro    Dedicado    à    Rainha 
D.   Leonor  fua   Efpofa.     Deíla   obra  fazem 
mençaõ    todos    os    Efcritores    da   fua   vida, 
I   como  das  feguintes 

Do  Regimento  da  Ju/liça,  e  Officiaes 
delia.  Do  qual  fe  confervava  huma  parte 
na  Cafa  da  Supplicaçaõ,  como  efcrevem  Duart. 
Nun.  de  Leaõ  Chron.  delRey  D.  Duart.  cap.  19. 
e  Manoel  Faria,  e  Soufa  Europ.  Port.  Part.  3. 
cap.  2.  n.  22.  Fr.  Bernardo  de  Brito  nos  Elog. 
dos  Reys  de  Portug.  pag.  93.  aííirma  ter  vifto 
alguns  fragmentos  deíla  obra  em  hum  livro 
antigo  como  do  precedente,  e  de  outro  que 
tratava. 

Da  Mi/ericordia  M.  S. 

De  todos  eUes  faz  exprefla  mençaõ  Ni- 
col.    Ant.    in    Bib.    vet.    Hisp.    lib.    10.  cap. 
5.  §.  288. 
Da  Arte  de  domar  os  Cavallos.  M.  S. 

Defte   tratado   fe   lembraõ   Fr.    Bernardo 


de  Brito,  c  Nicolao  António  nos  lugares  já 
ftllegadot. 

Memorias  varias,  cujo  original  fe  con- 
ferva  na  Lívcaria  do  G)nvento  de  Scala 
Geli  dos  Cartuxot  de  Évora,  do  qual  mandou 
exttahir  huma  copia  o  Exoeilentíhimo  GMide 
da  Ericeira  D.  FranclTco  Xavier  de  Meacaes 
quando  governava  aquella  Cidade,  e  fe  guflfdt 
na  fua  numerofa  Bibliotheca.  As  principacf 
matérias,  de  que  trataõ  efias  Memorias,  íâò 
as  feguintes. 

Concelho,  ou  avi:(p  e/piritual  contra  a 
intemperança  dos  det^ejos.  Q>meça  Todo  o 
homem  pela  gra^a  de  Deos  deve  ter  íençaõ. 
Acaba.  De  algumas  peffoas  que  de  toes  /eitos 
tem  pequeno  conhecimento. 

Concelho  /endo  In/ante  para  /eu  IrmaÕ  D. 
Pedro  quando  /e  partio  para  \Jngria.  Começa 
Con/elho  para  vós  /obejo  me  parece  Ó^c. 

Con/elho,  ou  avi:(p  e/piritual.  Começa. 
Ainda  que  Deos  por  /ua  ff^ande,  ab/oluta, 
e  Saff-ada  vontade  cí^c. 

Summario,  que  /endo  In/ante  deu  a  Me/Ire 
Franci/co  para  pregar  do  Conde/lavei  D.  Nuno 
Alvares  Pereyra  Começa.  Gloria  et  honore 
corona/li  eum  Domine.  Acaba.  Onde  perpe- 
tuamente há  gloria,  e  honra  para  /empre  /e  coroe. 

Memorial  para  Fr.  Fernando  ordenar 
a  Pregação  das  Exéquias  deíRey  D.  Joaõ 
/eu  Pay.  Começa.  Fr.  Fernando  pen/ei 
na  atenção  do  Sermão,  que  no  /aimento  Deos 
querendo  me  di/fe/les,  que  havieis  de  /a^er, 
e  ocorreume,  o  que  /e  /egue. 

Ordem  de  como  os  In/antes  haviaÕ  de  pro- 
ceder com  /eu  Pay.  Começa.  Muy  pregados 
irmãos  <&c. 

Repojla  /endo  Príncipe  ao  In/ante  D.  Fer- 
nando /obre  certas  queixas,  que  elle  tinha  de 
/eu  Pay. 

Declaração  da  intenção,  que  havemos  ter 
para  nos  /alvar. 

Da  Maneira  de  ler  os  livros.  Começa.  Algu- 
ma hora  naõ  leais  muito. 

Regimento  para  aprender  a  Jogar  as  ar- 
mas. 

D.  DUARTE  filho  illegitimo  del- 
Rey D.  Joaõ  o  in.  que  o  teve  fendo  Prín- 
cipe de  Ifabel  Moniz  Moça  da  Camera  da 
Rainha  D.  Leonor  terceira  mulher  del- 
Rey   D.     Manoel,    naceo    em    Lisboa    no 


51 


7 


22 


BIBLIO  THE  CA 


anno  de  15  21.  Aprendeo  os  primeiros  rudi- 
mentos no  Mofteiro  de  Santa  Marinha  da 
Cofta  junto  a  Guimaraens,  onde  foy  direâor 
da  fua  puericia  Fr.  Diogo  de  Murça  Religiofo 
de  S.  Jeronymo,  ornado  de  igual  prudência, 
que  litteratura.  Ao  comprir  quator2e  annos 
fe  applicou  juntamente  com  o  Senhor  D. 
António  filho  do  Infante  D.  Luiz  às  letras 
humanas,  que  lhe  diftou  Ignacio  de  Moraes. 
Ouvio  Filofofia  do  Meftre  Henrique  Cayado, 
Theologia  dos  Doutores  Marcos  Romeiro,  e 
Pedro  Margalho  iníignes  neftas  faculdades, 
que  depois  as  leraõ  com  grande  applaufo 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra.  Com  a  dif- 
ciplina  de  taõ  doutos  varoens  fahio  confum- 
mado  aíTim  nas  fciencias  amenas,  como  em 
as  feveras.  Soube  com  perfeição  os  preceitos 
da  Mufica,  e  tocava  os  inftrumentos  com 
igual  fuavidade,  que  deftreza.  Foy  infigne 
na  Arte  da  Cavallaria,  e  muito  ayrofo  em 
ambas  as  fellas.  Todos  eftes  dotes  fe  illuf- 
travaõ  com  hum  génio  fuave,  e  condição 
aíFavel  com  que  conciliava  os  ânimos;  huma 
prudência  mais  própria  de  annos  proveâos, 
que  da  florente  idade  que  contava,  hum 
juizo  claro,  e  capaz  de  emprender,  e  confe- 
guir  acçoens  heróicas.  Ao  tempo  que  poíTuya 
o  Priorado  de  Santa  Cruz  de  Coimbra,  e 
as  Abbadias  de  S.  Miguel  de  Refoyos,  S. 
Martinho  de  Caramos,  e  S.  Joaõ  de  Longa- 
vares  o  nomeou  feu  Pay  Arcebifpo  de  Braga, 
e  querendo  que  fe  fagrafle  na  fua  prezença 
lhe  ordenou  paflaíTe  a  Lisboa,  e  antes  de  obe- 
decer a  efte  preceito  entrou  em  Braga  a  12. 
de  Agofto  de  1543.  onde  deixou  eternas  fau- 
dades  da  fua  PeíToa.  Logo  que  chegou  à 
Corte  foy  recebido  por  feu  Pay  com  extraor- 
dinárias íignificaçoens  de  jubilo  que  breve- 
mente fe  transformou  em  profundo  fenti- 
mento  caufado  da  fua  morte  a  11.  de  Novem- 
bro de  1543.  em  o  Palácio  dos  Eliáos  quando 
tinha  22.  annos  incompletos.  Efta  intempeíliva 
fatalidade  naõ  fomente  penetrou  o  coração 
das  Peflbas  Reaes,  mas  de  toda  a  Corte. 
Foy  fepultado  no  Real  Convento  de  Be- 
lém em  huma  fepultura  pouco  levantada 
do  pavimento,  e  fobre  ella  eilá  gravado  o 
feguinte  epitáfio. 

Regia  tantillo  proles  Eduardus  humatur 
Nec  juveni  voluit  parcere  Parca,  loco. 


Primatem,   Dominumque   eleãum  Brachara  deflet 
Quem     virtus    poterat     reddere     legitimum. 
O  infigne  poeta  Francifco  de  Sá,  e  Mi- 
randa na  Carta  3.  efcrita  a  feu  Irmaõ  Mem 
de  Sá  diz  fallando  deíle  Princepe. 

Viftes  huma  claridade 

Que  de  cà  te  lá  correo 

Como  rajo  em  tal  idade 

Tanto  faber,  tal  bondade 

Num  momento  ejcureceo. 

Alma  Bemaventurada 

Daquelle  moço  taÕ  nobre 

Chegafte  a  alta  ajfomada. 

Tudo  te  pareceo  nada 

Quanto  dali  fe  def cobre. 
Semelhantes  elogios  lhe  dedicarão  D. 
Rodrigo  da  Cunh.  Hift.  Ecclef.  de  Brag.  Tom.  2. 
cap.  77.  bom  Filofofo,  e  Theologo,  e  nas  letras 
humanas  teve  tanto  cabedal  que  começou  a 
ejcrever  na  lingua  Latina  a  Hijloria  dos 
Kejs  de  Portugal.  Eduard.  Noru  de  Ver. 
Keg.  Portug.  Genealog.  pag.  38.  Juvenem 
óptima  indolis,  bonarum  litterarum,  Philojo- 
phia,  (&  Theologia  ftudiis  aprime  eruditum, 
(Ò'  omnibus  corporis,  (ò*  animi  dotibus  oma- 
tijfimum.  Efperanc.  Hift.  Seraf.  da  Prov.  de 
Portug.  Part.  2.  Liv.  9.  cap.  33.  n.  ^.  por  fuás 
muitas  partes  chamado  as  delicias  da  Corte  dt  y 
Portugal.  Vafconc.  Anaceph.  Keg.  hujit.  '. 
pag.  302.  animi  vere  regii  pietate  inferis, 
animarum  fiudio  fervens,  humanioribus  litteris 
Philofophia,  ac  Theologia  luminibus  exor- 
natus.  Le  Clede  Hifl.  Gen.  de  Portug.  Tom.  i. 
pag.  mihi  709.  II  entendoit,  (ò*  parloit  par- 
faitement  bien  le  Grec,  <&  le  Latin:  il  avoit  ' 
une  grande  connoiffance  dei'  Hijioire,  e  travail- 
loit  a  celle  de  Portugal.  Faria  Europ.  Portug. 
Tom.  2.  Part.  4.  cap.  2.  Princepe  piedofo, 
y  doão.  Saind.  Marth.  Hifi.  Gen.  e  Chro- 
nol.  dela  Mais.  rojai  de  Franc.  Liv.  43. 
cap.  4.  //  ejloit  bien  verfe  en  la  Philofofie,  Theo- 
logie,  e  aux  letres  humaines.  D.  Nicol.  de  | 
Santa  Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Keg.  Liv. 
9.  cap.  35.  Andrad.  Chron.  delKej  D. 
Joaõ  o  III.  Part.  3.  cap.  95.  Joan.  Soar. 
de  Brit.  Theatr.  L^fit.  Litter.  lit.  E.  n. 
2.  Soufa  Hijl.  Gen.  da  Cafa  Keal  Por- 
tug. Tom.  3.  Liv.  4.  cap.  14.  AnfeLm. 
Hijl.  Gen.  e  Chronol.  dela  Majs.  Kojal  de 
France   Tom.    i.    pag.    mihi    605.    Efcreveo. 


LUSITANA. 


7^3 


lUJloria  Kegtim  Vorliigallia  da  qual  rcmc- 
teo  a  vida  delRey  D.  AfTonío  Henriquez 
( (otiK •  i.i  I  tinha  efcrito  no  meímo  idioma  feu 
liu  u  iiu  inic  Cardial  D.  AfTonfo)  ao  Emba- 
lor  deíla  Coroa  que  aíTiAia  em  Roma,  enco- 
daodo-lhe  a  oHereceíTe  á  ceníura  dos 
ores  proíeíTores  da  língua  Latina,  e  podo 
e  occultou  o  feu  nome  para  que  foííe  fem 
adulnçaõ  criticada  mcreceo  os  elogios  de  todos 
que  a  leraõ,  e  fomente  alguns  repararão  fer  o 
eftilo  exceíTivamente  elegante,  como  pro- 
ducçaõ  de  annos  juvenis.  Nicoláo  António 
na  hib.  hlifp.  Tom.  i.  pag.  258.  col.  2.  aííirnia 
que  lhe  moRrara  o  Original  deíla  obra  Bento 
Mcllino  Bibliothecario  em  Roma  da  Sere- 
niííima  Rainha  de  Suécia  Chriílina  Alexandra, 
c  ciuc  o  achara  com  muitas  palavras  rifcadas, 
c  acrcccntadas  outras  fobrc  as  regras  do  Ori- 
'inal,  donde  fe  perfuadira  que  foraõ  emendas 
Ic  algum  homem  erudito,  a  quem  fc  cometera 
ii  fua  correçaõ. 

OraçaÕ  em   lotwor  da    FUofofia   recitada  no 
w/  Collegio   da   Cofia,    dia   de   S.   Jeronymo. 
leça    PlataÕ   excellentijfimo    Paj   da    Grega 
'a  eloquência,  e  de  toda  a  FUofofia  primário 
ntijfimo.    Conferva-fe  o  Original  na  Li- 
ia  da  Cartuxa  de  Évora,  e  fahio  imprefla 
Tomo  das  Prov.  da  Hifi.  Geneal.  da  Cafa 
Portug.   compoíla  pelo  P.   D.  António 
tano  de  Soufa  Clérigo  Regular.  Prova  138. 
sboa    Na    Officina    Sylviana    Real,    e    da 
Academia  1741.  4.  grande. 

D.  DUARTE  irmaõ  do  SereniíTimo 
Rey  de  Portugal  D.  Joaõ  o  IV.  e  filho  de 
D.  Theodofio  fegundo  do  nome,  fetimo 
Duque  de  Bragança,  e  de  D.  Anna  de 
Velafco  filha  de  D.  Joaõ  Fernandes  de 
Velafco  fetimo  Condeftavel  de  Caílella 
Camareiro  mór  de  Filippe  III.  e  feu  Co- 
peiro mór,  do  Confelho  de  Eílado,  Prefi- 
dente  de  Itália,  3.  Duque  de  Frias  8.  Con- 
de de  Haro,  e  de  Caílel  novo,  e  de  D.  Maria 
Giron  filha  de  D.  Pedro  Giron  primeiro 
Duque  de  OíTuna,  6.  Conde  de  Urenha, 
Camareiro  mór,  e  do  Confelho  de  Eftado 
de  Filippe  II.  e  de  D.  Leonor  de  Guf- 
maõ  filha  de  D.  AíFonfo  de  Gufmaõ 
4.  Duque  de  Medina  Sidónia.  Naceo 
em     Villa-viçofa     folar     delia     SereniíTima 


Cafa  a  30.  de  Março  de  1605.  e  na  CapcUa 
Ducal  recebeo  a  pdmdra  graça  coofèrída 
por  feu  Tio  o  Senhor  D.  Akxaodre  Arce- 
bifpo  de  Evoca.  Aprendeo  a  iiogua  Latina, 
e  letras  humanas  com  o  Doutor  Manoel 
do  Valle  de  Moura  Varaõ  de  inculpável  vida, 
e  grande  litteratura,  de  cuja  difcipUna  lahio 
naô  fomente  inílruido  neíbs  faculdades,  mas 
amante  de  todas  as  fciencias,  das  quaes  jtintou 
com  eHudiofa  applicaçaò  huma  Livraria  mais 
eílimavel  pela  qualidade  que  pelo  numero 
de  livros,  a  qual  celebrou  com  eftas  vozes 
métricas  o  elegante  Poeta  Manoel  de  Galhc- 
gos  no  Templo  de  Memor.  Liv.  4.  Eftanc. 
ji.  j2.  e  J3. 
He  regalo  efia  Cafafoberana 

Do  generofo  Princepe  Duarte, 

Nella  como  na  Salla   Vaticana 

Se  honra  o  efiuào,fe  acredita  a  arte: 

E  illufires  livros  de  ouro  guarnecidos 

"Em  muitos  Orbes  Iw^em  divididos. 
Aqui  em  vários  idiomas,  e  em  diverfos 

Efiilos  a  Poefia  insigne  foa; 

Doutos  volumes  de  galhardos  ver/os 

CercaÕ  a  Ca/a  a  modo  de  Coroa. 

E  a  major  parte  de  huma,  e  outra  Efiante 
Honra  da  Hifioria  o  numero  elegante. 
Aqui  glorio/a   a   Afirologia   impera 

Aqui  a  Mufica  reyna;  aqui  jucunda 

Tem  a  FUofofia  a  fua  esfera, 

E  a  f ciência  Sacada  alta,  e  profunda: 

Em  fim  tem  nefia  Cafa  illufire  ajfenfo 

Tudo  que  objeão  he  do  entendimento. 
Anhelando  o  feu  heróico  efpirito  a  illuf- 
trar  com  tymbres  novos  o  efplendor  do 
feu  nacimento  refolveo  feguir  o  exercido  das 
Armas  para  o  qual  achava  em  o  feu  génio  incli- 
nação, e  em  feus  Auguílos  Avós  exemplo. 
Para  executar  taõ  nobre  defignio  fahio  da 
Pátria  no  anno  de  1634.  com  beneplácito  de  feu 
Irmaõ  que  lhe  deftinou  por  feu  Apozentador 
mór  Francifco  de  Soufa  Coutinho  que  depois 
em  diverfas  Embaxadas  deu  a  conhecer  ao 
mundo  a  profunda  politica  de  que  era  ornado 
o  feu  talento,  com  feíTenta  criados  de  di- 
ferentes foros  levando  créditos  abertos  em 
as  Qdades  mais  famofas  de  Alemanha,  Itá- 
lia, e  França.  Tendo  recebido  notáveis 
fignificaçoens  de  benevolência  da  Archidu- 
queza  Claudia  de  Medicis  Viuva  do  Archi- 


7^4 


BIBLIOTHE  C  A 


duque  Leopoldo,  que  aíTiília  na  Cidade  de 
Infpruch  junto  do  Tirol  profeguio  a  jornada 
até  Nuílerf  diílante  huma  legoa  da  Corte  do 
Emperador,  que  fem  atender  às  oppofiçoens 
do  Conde  de  Onate  Embaxador  de  Caftella 
lhe  deu  o  tratamento  de  Princepe  do  Império. 
Gemia  nefte  tempo  opprimida  toda  Alemanha 
debaixo  das  viéloriofas  armas  de  Guílavo 
Adolfo  Rey  de  Suécia,  e  para  moftrar  que  naõ 
viera  para  expeâador  daquelle  fanguinolento 
theatro,  mas  para  o  mayor  inftrumento  da 
liberdade  Germânica,  empunhou  as  Armas 
achandofe  na  tomada  da  Praça  de  Amelaõ 
na  Pomerania,  de  Caminis  em  Saxonia  onde  os 
Magiftrados  lhe  entregarão  as  chaves  implo- 
rando a  fua  proteção,  e  a  de  Saverne,  em  que 
deu  os  mais  aíTinalados  argumentos  de  feu 
valor  principalmente  na  batalha  de  Biíloch, 
na  qual  como  General  de  Batalha  caufou 
envejas  ao  Conde  Mathias  Galea22o  Coman- 
dante do  Exercito  Imperial  aíTim  na  difci- 
plina,  como  no  ardor  com  que  acometeo,  e 
derrotou  os  inimigos.  Com  o  dezejo  de  ver 
feu  irmaõ,  cuja  auzencia  ainda  que  era  de  qua- 
tro annos  lhe  era  muito  faudofa,  paílou 
a  Portugal  no  anno  de  1658.  e  depois  de  fer 
recebido  com  exceíTivo  aíFefto  partio  breve- 
mente a  13.  de  Dezembro  do  dito  anno  cha- 
mado pelo  Emperador  para  continuar  a  Cam- 
panha. Tanto  que  chegou  lhe  deu  o  Regi- 
mento da  Banda  Negra,  e  o  fez  General  da 
Artilharia,  poílos  da  mayor  eílimaçaõ  nas 
ordenanças  Militares  do  Império,  e  conti- 
nuando com  o  mefmo  ardor  a  guerra,  aca- 
bada a  Campanha  em  Dezembro  de  1640. 
ficou  aquartelado  em  Suevia  três  legoas  de 
Ulma.  Nefte  anno  fatal  para  Caftella,  e  fauf- 
tiíTimo  para  Portugal  fe  aclamou  legitimo 
Soberano  da  Coroa  Portugueza  o  Senhor 
D.  Joaõ  o  IV.  cuja  noticia  chegando  primei- 
ramente aos  Miniftros  de  Efpanha,  que  ao 
Infante,  reprezentaraõ  ao  Emperador  que 
logo  o  prendeíTe,  pois  privava  a  Portugal  de 
hum  General  para  a  fua  defenfa,  e  de  hum 
Succeflbr  mais  para  a  Coroa.  De  taõ  pér- 
fido confelho  foy  Author  D.  Francifco  de 
Mello  Plenipotenciário  delRey  Catholico 
em  Viena,  o  qual  degenerando  do  Real 
Sangue  da  Cafa  de  Bragança,  que  lhe  circu- 
lava nas  veyas,  fe  declarou  com  eterna  in- 


juria do  feu  nome  mais  afFefto  aos  feus  inte- 
reíTes  políticos,  que  aos  vínculos  de  parentefco 
taõ  illuftre.    Irrefoluto  com  taõ  feya  execução 
Fernando  III.  refiftio  por   algum   tempo  às 
continuadas  inftancias  com  que  o  ódio  Caf- 
telhano  pertendia,  que  elle  ofFendeíTe  a  inno- 
cencia,   e  caftigaíTe  o  merecimento,  até  que 
por  deligencia  do  Marquez  de  Caftello  Rodrigo 
que  fuccedera  em  negociação  taõ  indigna  a  D. 
Francifco  de  Mello,  condefcendeo  atrahido  da 
ambição  de  quarenta  mil  cruzados  para  que 
fem  refpeito  à  liberdade  do  Império,  às  leys 
da  hofpitalidade,  e  o  que  he  mais  à  infracção 
da  fua  palavra  tantas  vezes  ratificada  mandafle 
prender   ao  Infante   em   Ratisbona   a  4.  de 
Fevereiro    de    1641.    onde    depois    de    eftar 
dezoito  mezes  foy  conduzido  por  duzentos, 
e  cincoenta  Soldados  ao  Caftello  de  Milaõ, 
e  na  Torre  da  Roqueta  deftinada  para  os  aggref- 
fores  dos  deliâios  mais  atrozes  foy  reclufo 
onde  fofreo  com  heróico  animo  pelo  largo 
efpaço  de  fete  annos  todo  o  género  de  tor- 
mentos, e  ludíbrios,  que  pode  idear  a  tyra- 
nia,     pois     naõ     fomente     o     privarão    da  1 
comunicação  dos  feus   Criados,  e  da  efpifi- 
tual    confolaçaõ    do    feu    ConfeíTor,    mas   o 
prenderão    com    huma    forte    cadeya,    que 
fervia    de    perpetuo    defpertador    do    fono  . 
único   alivio   das   infelicidades   até   que  ren- 
dida   a    humanidade    à    violência    de    tanta 
tribulaçoens  voou  o  feu  efpirito  a  coroar-fe 
no  eterno  defcanço  a  3.  de  Setembro  de  1649.  . 
quando  contava  44.  annos  5.  mezes,  e  4.  dias 
de  idade.    Teve  a  eftatura  grande,  mas  pro- 
porcionada, a  prezença  gentil,  a  cor  do  rofto  _ 
branca,  e  rozada,  o  cabello  louro,  os  olhos  , 
grandes,  e  alegres,  e  o  corpo  ayrozo,  cujas 
partes  lhe  conciliavaõ  tal  bizaria,  e  gravidade, 
que    affirmou    o    Emperador    Fernando    U. 
a  primeira  vez  que  o  vio,  fer  digno  de  hum  \ 
Império.    Naturalmente  era  dotado  de  con- 
dição   afFavel,     e    animo     generofo,     donde , 
procedia     naõ     haver     neceíTidade     a     que  j 
promptamente     naõ     focorreíle     merecendo 
a    amável    Antonomafia    de    Pay    de    Solda-  \ 
dos,    aos    quaes    pofto    que    obfervantiíFimo . 
da    difciplina    militar    tratou    como    compa- 
nheiros,   e    naõ    como    fubditos.     O    valor 
regulado   pela   prudência   lhe  fez   obrar  ac- 
çoens    dignas    de   eterna   recomendação,    de 


L  USITAN A. 


725 


que   foraò   envejofos   expeâadores   os   mais 
(lilíiplinados    Generaes    de    Alemanha.     No 

Iíeu  religiofo  coração  teve  a  piedade  per- 
petuo domicilio,  naô  deixando  entre  o  eí- 
tfondo  das  armas,  e  continuas  marchas  do 
exercito  de  aíTiílir  ao  Sacrifício  da  MiíTa, 
recitar  as  Horas  Canónicas,  e  fazer  outras 
(Icvoçoens  quotidianas.  Foy  inftruido  nas 
letras  humanas,  e  Artes  liberaes  failando  com 
>urcza,  e  defembaraço  as  iingoas  Latina,  Fran- 
^  cza,  Italiana,  Hefpanhola,  e  Tudefca,  com 
^jue  fe  fazia  amável  aos  feus  naturaes.  Ao  Teu 
retrato  aberto  em  huma  lamina  em  Pariz 
iidc  fc  rcprczcnta  prezo,  fc  lhe  gravou 
a.i  parte  inferior  eíle  epigramma. 
Pro  meritis  carcer,  pro  lavro  vincula  dantur 

Vir  tus  crimen  hahet,  gloria  Jupplicium: 
Vi£írices  onerant  immania  pondera  palmas, 

At  nequeunt  palmas  pondera  deprimere. 
Venditus   argento    tandem    das   inclyte    Princeps 

Effigiem  Chrijli  non  Eduarde  tuam. 
D.  Luiz  de  Menezes  Port.  Rejl.  Tom. 
I.  liv.  3.  pag.  197.  cfcreve  cm  feu  applau- 
l'o.  Era  valerojo  em  gráo  muito  fupremo,  e 
tra^^ta  unidos  na  esfera  mais  fuperior  o  enten- 
dimento, e  a  prudência.  Efmaltava  ejlas  partes 
com  huma  liberalidade  taô  afável,  que  pare- 
cia ficava  obrigado  a  todos  os  que  fa:(ia  bene- 
^cios.  Soufa  de  Macedo  Lufit.  lib.  lib.  3. 
•.  7.  n.  20.  ^uem  lux  praflantijftma  forma 
iid  imperandum  edidit  venuflo  cum  ^avitate 
vultu,  procero  corpore  cum  venuflate;  quem 
pietas,  prudentia,  fortitudo,  urbanitas,  libera- 
litas  dotes  animi  comitantur;  quem  ars  ita 
perfecit  ut  eum  ab  Appolline,  ac  Marte 
credas  educatum.  Mend.  Sylva  Cathal.  de 
Efpan.  foi.  98.  Cuya  virtud,  prudência,  y 
iialor  es  bien  conocida  en  el  Império  de  Ale- 
mana.  Luiz  Marinho  de  Azevedo  Exclam. 
Polit.  p.  5.  Qitien  ignora  loque  nuejiro  In- 
fante bifo  ai  Emperador  Ferdinando  III?  Qtáen 
nó  tiene  bajlante  noticia  de  aver  confagrado 
fu  juventud  florida  a  la  etemidad  de  fama 
immortal?  Quien  dexa  de  faber,  que  el  ini- 
migo le  tembló  armado  en  la  campana?  Que 
fu  difcurfo  fe  adelantó  a  las  mas  veteranas  expe- 
riências? Menezes  Hijl.  Eufit.  Tom.  1.  lib. 
3.  pag.  228.  Erat  praflanti  formot  diffii- 
tate  praditus,  flatura  militari,  pecunioe  liberalis, 
gloria  cupidtis,  animi,   (&  corporis  viribus  acer, 


fiAlimiqut    ingenio.      Souf.     lUft,    dtual.    ia 
Caf.   Keal  dt   Portug.   Tom.   6.   liv.   6.   cap. 
19.  e  M.  Le  Qede  Hifl.  Cen.  dê  Portug.  Tom.  2. 
pag.  mihi44}.  até4ji. 
G>mpoz. 

Ktflauracion  dei  Império  y  relacion  abre- 
viada dt  todo  lo  fucedido  tn  ios  exércitos 
Ctfartos,  en  que  perfonalmente  bá  afftfiido 
el  Condi  Matbias  Galeav^o,  dtfprns  que  gh 
vema  las  armas  d»  Ju  Maffftad  Cefarts, 
foi.  M.  S.  Eíla  relação  como  efcreve 
D.  Luiz  de  Menezes  Portug.  Ktft.  Tom.  i. 
liv.  3.  pag.  186.  he  de  eftilo  taõ  levantado, 
de  lingmgem  taÒ  excellente,  de  termos  Mili- 
tares taõ  próprios,  e  dt  jui^ps,  e  conceitos 
taõ  fuperiores,  que  naÕ  fó  pôde  competir, 
mas  exceder  a  tudo  quanto  tem  efcrito  as 
pennas  melbor  aparadas.  Confervafe  efle  papel 
da  própria  letra  do  Infante  na  Livraria  de 
Lui^  de  Soufa  filho  2.  do  Conde  de  Miranda 
CapellaÕ  mor  do  Príncipe  D.  Pedro,  Arce- 
bifpo  de  Lisboa  &c.  A  eíla  obra  intitula  Annaes 
de  Alemanha  D.  Fernando  de  Menezes 
in   HiJl.   Lufit.   Tom.    i.    liv.    j.   pag.    228. 

Varias  Poefias.  Sahiraõ  impreílas  em 
Milaõ  com  o  nome  fupoílo  de  Joaõ  Bau- 
tiAa  de  Leaõ  Secretario  do  Infante  de  quem 
certamente  era  eíla  obra,  como  affirma  o 
Padre  Francifco  da  Cruz  nas  Mem.  Aí.  5". 
para  a  Bib.  Port.  dizendo,  que  aíTim  o 
ouvira  a  peflbas  graves  no  tempo,  que  afliítíra. 
em  Roma. 

Arvore  Genealógica  da  Cafa  de  Bra- 
gança. M.  S. 

Do  modo  como  fe  devem  fortificar  as  Cidades. 
M.  S. 

Vários  papeis  de  ff  ande  erudição,  e  im- 
portantes documentos  de  que  fe  valeo  para 
diverfas  occaíioens  feu  irmaõ  ElRey  D. 
Joaõ  o  IV.  Confervaõ-fe  na  Secretaria  de 
Eftado,  como  dizem  Menezes  Port.  Ref- 
taur.  Tom.  i.  pag.  297.  e  Soufa  no  lugar 
aíTima  citado  pag.  628. 

Carta  efcrita  de  Alemanha  a  feu  trmaÕ 
ElRey  D.  Joaõ  o  IV.  a  3.  de  Setembro 
de  1635.  em  que  relata  os  fucceffos  da  Cam- 
panha. Sahio  impreíTa  nas  Exclamac.  Polit. 
do  Capitão  Luiz  Marinho  de  Azevedo  pag. 
12.  e  no  Tom.  6.  da  Hifl.  Cen.  da  Caf.  Real 
Portug.  pag.  596. 


7 


20 


BIBLIO THE  C  A 


DUARTE  DE  ALBUQUERQUE  COE- 
J.HO  Marquez  do  Bailo,  Conde,  e  Senhor  de 
Pernambuco,  das  Villas  de  Olinda,  S.  Fran- 
cifco,  Magdalena,  Bom  SucceíTo,  Villa  Fer- 
mofa,  e  Igaraçú,  Gentilhomem  da  Camará 
-de  Filippe  IV.  e  do  feu  Confelho  de  Eftado 
•em  Portugal,  naceo  em  Lisboa  a  zz.  de 
Dezembro  de  15  91.  e  a  29.  do  dito  mez  rece- 
beo  a  graça  bautifmal  na  Parochia  de  S.  Nico- 
láo  fendo  feu  Padrinho  D.  Diniz  de  Lan- 
caftro  Commendador  mòr  de  Aviz.  Teve 
por  progenitores  a  Jorge  Coelho  de  Albu- 
<juerque.  Senhor,  e  Governador  da  Capitania 
<le  Pernambuco,  e  D.  Anna  de  Menezes  fua 
2.  mulher,  filha  de  D.  Álvaro  Coutinho  irmaõ 
de  D.  Francifco  Coutinho  Conde  do  Re- 
<iondo,  e  Vice-Rey  da  índia.  Foy  ornado  de 
juizo  prudente,  valor  heróico,  condição  aíFa- 
vel,  e  liberalidade  profufa.  Vendo  inuadida 
a  Capitania  de  Pernambuco  no  armo  de  1630. 
pelas  armas  Olandezas  paíTou  com  exemplo 
poucas  vezes  praticado  a  America,  querendo 
ter  por  companheiros  na  infelicidade  aquelles 
que  na  paz  o  reconheciaõ  por  Superior.  Neíla 
Guerra,  que  durou  o  largo  efpaço  de  nove 
annos,  obrou  façanhas  dignas  do  feu  illuf- 
tre  nacimento,  e  para  que  o  mundo  conhe- 
ceíle  que  igualmente  era  verfado  na  paleftra 
■de  Marte  que  na  de  Minerva  efcreveo  com 
eílilo  claro,  e  fuccinto. 

Memorias  Diárias  dela  guerra  dei  Brajil 
por  difcurfo  de  nueve  anos  empeçando  defde  el 
Je  1630.  Madrid  por  Diego  Dias  dela  Car- 
rera  ImpreíTor  dei  Reyno.  1654.  4. 

Manoel  de  Faria,  e  Soufa  Fuent.  de  Aganip. 
Part.  4.  lhe  dedica  a  Egloga  6.  celebrando  o 
feu  nome  com  eftas  vozes  métricas. 

Vós  digna  dejcendencia 

Das  lut(es  de  Coelho,  e  Albuquerque, 

Por  quem  de  Jove  a  Jumma  Omnipo- 
tência 

Quer  que  a  Fama  fonora  o  mundo  cerque; 

Se  amais  fonante  a  Jeus  elogios  hafia 

Dignijfimo  Dinafia 

Na  'Lujitania  nova 

Do  Empório  mais  notório 

Ao  mais  notório  Empório 

Dos  que  fatiem  a  Europa  mais  foberba; 

Donde  vojfos  Avos  illujlre  prova 

Do  feu  valor  fazendo 


Contra  gente  felvatica,  e  proterva 

Se  foraõ  no  dominio  Jucedendo; 

Até  que  os  ca/os  vários 

Qite  na  Roda  fatal  faõ  ordinários 

Lã  vos  levarão  a  tomar  a  Lança 

Contra  a  fua  mudança 

Onde  claro  mojlrajles 

Que  nada  de  tal  lut^  degenerafles. 

Vós  que  a  lança  deixando 

NaÕ  fem  felices  glorias 

A  pena  ejiais  tomando 

Para  deixar  ao  mundo 

As  Diárias  Memorias 

Do  que  obrajles,  e  vijles 

Em  quanto  vei^es  nove  andou  girando 

Polo  cinto  rotundo 

Dos  Animaes  luzentes 

O  Carro  luminofo 

Ornado  de  topav^os,  e  amatifles. 
Compoz  mais 

Compendio  delos  Reys  de  Portugal.    Efcrito 
no  anno  de  1652.  cujo  Original  em  folha  fe 
conferva  na  Livraria  do  Excellentiífimo  Mar-  , 
quez  de  Valença.    Começa  em  o  Conde  D. 
Henrique,  e  acaba  com  a  morte  do  Cardial  Rey 
D.  Henrique.   Principia  Aunque  avemos  de  efcri- ; 
vir  recopiladamente  las  vidas  delos  Keys  de  Portugfd,  j 
Acaba   Hajia   que   ElRey   D.    Felippe  fegundo . 
de  Cajiilla,  j  primero  de  Portugal  entro,  j  fucedio 
en  efios  Rejinos.   EM  compoilo  eíle  Compendio 
com  muitas  circimftancias  dignas  de  memoria 
que  fe  naõ  achaõ  nas  Chronicas  dos  Reys  de 
que  efcreve,   e  certamente  he  obra  capaz  de 
fe  imprimir. 

Compendio  delas  Vidas  delos  Rejs  de  Aragtn, 
Navarra,  Nápoles,  Sicilia,  y  Condes  de  Barce-y 
lona.     foi.    M.    S.     Conferva-fe   na   Liviamí 
do    ExcellentiíTimo    Marquez    de    Abrantes*  j 

Morreo  em  Madrid  a  24.  de  Setembro  de 
1658.  com  67.  annos  de  idade,  e  jàz  fepultado 
no  Convento  de  Santa  Barbara  de  Mercenários 
Defcalços.  Foy  cazado  com  D.  Joanna  de 
Caftro  filha  de  D.  Diogo  de  Caftro  II.  Conde  do, 
Bailo,  Capitão  de  Évora,  Commendador  de  Al-j 
modouvar,  e  Garvaõ  na  Ordem  de  Saõ-Tiago,j 
Regedor  das  Juftiças,  Prezidente  do  Dezem^i 
bargo  do  Paço,  do  Confelho  de  Eílado,  cj 
Guerra,  e  Vice-Rey  de  Portugal,  de  quem  tevíjl 
unicamente  a  D.  Maria  Margarida  de  Caftro, 
e  Albuquerque,   que  cafou  com  D.   Miguel 


LUSITANA. 


7^7 


lli^  Portugal  VII.  Conde  do  Vimiofo,  Senhor 
(Ia  Ca2a  do  G>ndado  do  Bafto,  e  da  Capitania 
<lc  Pernambuco,  Governador  de  Évora,  do 
Confclho  de  Guerra,  Eílribeiro  mòr  da  Rainha 
O.  Maria  Francifca  Izabcl  de  Saboya,  de  quem 
tiaõ  teve  defcendcncia. 

Ir.    DUARTE    ALVARES    natural    de 
Villa  viçofa  Eremita  de  Santo  Agoílinho,  e  ce- 
lebre Theologo  cm  o  Convento  de  Salamanca, 
donde  o  mandou  o  Geral  Fr.  Jerónimo  Seri- 
j^ando  em  o  anno  de  1545.  quando  vifitou  eíle 
Convento,  ler  Thcologia  em  o  de  Pariz  cujo 
1 11:1  !Mrt crio  exercitou  com  applauzo  univerfal 
iciulo  Regente  dos  Teus  eíludos  pelo  largo  ef- 
paço  de  treze  annos.  Depois  de  fe  laurear  Dou- 
tor cm  a  Univerfidadc  Parifienfe  foy  pregar 
no  anno  de  1546.  os  Sermoens  da  Quarefma 
cm  a  Cathedral  de  Anveres,  onde  mereceo  as 
acUmaçocs    de    infigne    Orador    Evãgelico. 
Foy  muito  eílimado  da  Rainha  de  França  D. 
Leonor  mandando-o  por  Embaxador  a  fcu 
■UÉnaõ  Carlos  V.  no  anno  de  1550.   Ao  tempo 
■IÇte  era  Vigário  Geral  das  Provincias  de  França 
fe  reftituhio  à  de  Portugal  em  o  anno  de  1552. 
(-•  conhecida  a  fua  grave  prudência,  e  profunda 
fabedoria   a   Rainha  D.   Catherina   o   elegeu 
'no  anno  de  1560.  feu  ConfeíTor.    Eftes  do- 
Nes  o  fizeraõ   digno   de   vifitar  a   Provinda 
'no   anno    de    1565.'  por  patente  do  V.    P. 
:Fr.  Luiz  de  Montoya  Vigário  Geral,  e  pre- 
sidio  ao    Capitulo    celebrado    no    Convento 
ide  N.  Senhora  da  Graça  de  Évora  em  o  anno 
de    1574.    em    o    qual   falleceo    em    Lisboa. 
Fazem  delle  memoria  Camargo  Epif.  Hijlor. 
|fol.  209.  e  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.   i. 
p.  258.  col.  2.   Compoz. 

Traãatíís  Varij  Theologici  foi.  2.  tom. 
M.  S.  de  cuja  obra,  e  do  Author  fe  lem- 
braõ  ElíTio  Encom.  Augufi.  e  Herrer  Alpha- 
'■cf.AuguJ}. 

Fr.  DUARTE  DE  ARAÚJO  na- 
tural da  Villa  de  Thomar,  e  digniíTimo  a- 
lumno  da  Militar  Ordem  de  Chriílo,  da 
*qual  naõ  fomente  foy  Geral  eleito  a  22. 
de  Abril  de  1580.  mas  o  mayor  inftrumento 
da  fua  confervaçaõ,  pois  havendo  o  Car- 
dial  D.  Henrique  alcançado  hum  moto 
próprio    de    Gregório    XIIL    para    a    fua 


extinção,  niovido  do  zelo,  e  amor,  que  pro- 
feííava  a  taô  illuílre  May,  paíTou  a  Roma» 
onde  pela  actividade  da  fua  deligencia  autho- 
rizada  com  aa  letras  que  tinha,  fez  que  o 
Summo  Pontífice  levogaíle  a  Bulia  que  man- 
dam npfdindo  ontim  em  que  oaõ  íómeote 
ooníervivm  a  Religkõ  00  eflado  em  que  petma- 
neda  mas  ampliou  com  larga  beneficenda  o» 
feus  Privilégios.  Nefta  famofa  Corte  conciliou 
as  atençoens  das  principacs  Peflbas,  que  oella 
floredaõ,  diftinguindo-fe  entre  todas  o  IníigDe 
Doutor  Martim  Afpilcueta  Navarro  efcte- 
vcndo  no  C.  Statmmuí  n.  52.  Cum  in  tuis  omni- 
bm  fibi  quam  fimilUmo  D.  liduardo  de  Araújo- 
negotia  ceUberrimi,  ^  etiam  quoaã  claujuram 
reformaiijftmi  Monajierij  Thomarienfis  OrdinU 
Cijlercienfis  in  Urbe  agenti,  qui  mihi  multis  nomi- 
nibus  eft  fujpiciendm.  Tanta  era  a  fua  authori- 
dade,  prudência,  e  litteratura,  que  mereceo- 
quando  era  Prior  mòr  o  levaííe  à  maõ  direita 
Filippe  Prudente  cm  a  Prociííaõ  de  Corpus 
Chriíli,  que  acompanhou  em  Lisboa,  e  à  ef- 
querda  o  Commendador  mòr.  Cheyo  de  vir- 
tuofas  obras  paflbu  à  vida  eterna  em  o  Con- 
vento de  Thomar  a  17.  de  Abril  de  1599.  cm 
cujo  dia  faz  delle  memoria  Jorge  Cardozo 
Agiol.  "Ltifit.  Tom.  2.  pag.  617.  c  no  Com- 
ment.  de  17.  de  Abril  letr.  G.  Nicol.  Ant.  J5/^» 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  259.  col.  i.  c  Tom.  2. 
pag.  290.  col.  I.  Soveral  Hift.  de  N.  Senhor, 
da  Luz  Liv.  i.  cap.  11.  foi.  29.  Fr.  Ant.  Ycpes 
Chron.  Gen.  de  S.  Benit.  Tom.  2.  Cent.  2.  cap.  2. 
foi.  220.  v.o  e  a  Bib.  Magn.  Ecclef.  Tom.  i» 
pag.  530.  col.  2.   Compoz. 

Vida  de  Santa  Iria  V.  e  Aí.  Coimbra 
1597.  4.  a  qual  efcreveo  mais  difiizamente 
Fr.  Ifidoro  Barreira  Religiofo  da  mefma 
Ordem  Militar  de  Chriílo. 

DUARTE  BARBOSA  natural  de 
Lisboa  filho  de  nobres  Pays,  ornado  de 
efpiritos  generofos,  que  o  moverão  o  dei- 
xar a  pátria,  e  difcorrer  por  todo  o  Oriente, 
obfervando  com  curiofo  exame  as  íitua- 
çoens  das  terras,  os  coftumes  das  gen- 
tes, as  virtudes  das  plantas,  e  a  predofi- 
dade  das  pedras  daquellas  vaítííTimas  regioens^ 
efcrevendo  com  grande  individuação 
tudo  quanto  tinha  viílo,  e  examinado  em 
huma    larga    Relação,    que    conduio    em    o 


728 


BIBLIO THE  C  A 


armo  de  15 16.  da  qual  fazem  honorifica 
lembrãça  Damiaõ  de  Góes  Chron.  delKey 
D.  Man.  Part.  i.  cap.  24.  Gonfal.  HiJ.  dela 
Chin.  liv.  I.  cap.  10.  e  Sandoval.  Hijl.  da  Etiópia 
Part.  2.  liv.  3.  cap.  9.  Sahio  traduzida  em  ita- 
liano no  primeiro  volume  Delle  Navigationi, 
et  Viaggi  de  Giovani  Battijia  Kamujio.  Venetia 
nella  Stamparia  de  Giunti  1563.  foi.  defde 
pag.  288.  atè  323.   Tem  por  titulo 

L,ibro  di  Odoardo  Barbo/a  Portugiie:(e. 

Começa.  Havendo  io  Odoardo  Barbo/a  gentil 
hm  mo  delia  molto  nobile  Citta  di  Lisbona.  &c. 

Sendo  Efcrivaõ  da  Feitoria  de  Cananor 
por  fer  muito  perito  na  lingua  dos  Malava- 
res,  foy  nomeado  pelo  Governador  da  índia 
Nuno  da  Cunha  para  ajuftar  as  pazes  com  o 
Samorim,  como  efcreve  Joaõ  de  Barros 
Decad.  4.  da  índia  Uv.  4.  cap.  3.  Voltou  ao 
Reyno  onde  naõ  recebendo  premio  de  que 
eraõ  dignos  os  feus  merecimentos,  paíTou  a 
Caílella,  e  fe  embarcou  em  Sevilha  no  armo 
de  15 19.  com  o  iníigne  Argonauta  Fernaõ  de 
Magalhaens,  e  depois  de  huma  larga  nave- 
gação foy  juntamente  com  elle  morto  na 
Ilha  Zebú  huma  das  Filipinas  em  o  primeiro 
de  Mayo  de  15  21.  Zacuto  lib.  4.  HiJl.  49. 
Quaeít.  49.  o  intitula  novi  orbis  hiftoriogra- 
phus,  e  delle  fe  lembraõ  com  louvores 
Joaõ  Soares  de  Brito  Theatr.  L,ujitan.  Litt. 
lit.  E.  n.  3.  D.  Jozé  Pellicer  no  Com- 
ment.  ao  Folif.  de  Gongor.  Eílanci.  14.  n.  3. 
col.  104.  Draud.  Bib.  Claftc.  Tit.  Ind. 
Orienf.  Ant.  de  Leon.  Bib.  Orient.  e  o  feu 
moderno  Addicionador  Tom.  i.  Tit.  14. 
x:ol.  450. 

DUARTE  DE  BARROS  natural  da  Villa 
de  Santarém,  filho  de  Belchior  de  Barros, 
e  Joanna  Bautifta.  Eíhidou  na  Univerfidade 
de  Coimbra  Direito  Cefareo  em  o  qual  depois 
de  receber  o  grào  de  Bacharel  fe  reftituhio 
á  fua  pátria,  onde  exercitou  com  grande 
applaufo  da  fua  fciencia  jurídica  o  Officio  de 
Patrono  de  Caufas  Forenfes.  Falleceo  em 
idade  muito  proveâa  de  hum  accidente 
de  parlezia  a  4.  de  Janeiro  de  171  o.  Jaz 
fepultado  na  Igreja  dos  Carmelitas  Def- 
calços  da  fua  pátria.  Entre  varias  obras, 
que  tinha  promptas  para  a  impreíTaõ,  eraõ  as 
principaes. 


De  Jure  faminarum.  foi. 

Qmfliones  Júris  Civilis.  2.  Tom.  foi. 

DUARTE  BRANDAM  Naceo  em  Lisboa 
onde  teve  por  Pays  a  Bento  Dias,  e  Izabel 
Brandão.  Foy  infigne  profeíTor  dos  Sagra- 
dos Cânones  em  a  Academia  Conimbricenfc, 
onde  tomou  poíTe  de  Condudlario  com  privi- 
légios de  Lente  a  4.  de  Mayo  de  i6i6.  e  de 
Lente  da  Cadeira  de  Sexto  a  14.  de  Dezembro 
de  1623.  Na  Corte  de  Madrid  exercitou  o 
miniílerio  de  Advogado  patrocinando  as 
Caufas  de  mayor  importância,  e  gravidade, 
onde  morreo  pelos  annos  de  1644.  He  inti- 
tulado por  Belchior  Febos  Tom.  2.  Deàf. 
Decif.  126.  n.  29  dignijfimus  praceptor  Sa- 
crorum  Canonum,  e  por  Clemente  Félix  Allegac. 
por  Bjíj  de  Mour.  Telles  Part.  i.  n.  29. 
foi.  18.  magni  nominis  vir.  Joan.  Soar.  de 
Brit.  Theatr.  Ljtjit.  Litter.  lit.  E.  n.  4. 
Compoz. 

Alegacion  por  el  Conde  de  Linares  con 
el  Senor  Fifcal  dei  Confejo  de  Cajlilla  Johrt 
la  remijfion  ai  jui^^io  delas  Ordenes  Milita- 
res dei  Rejno  de  Portugal.  Madrid  1639. 
foi. 

AllegaçaÕ  de  Direito  por  parte  do  Se- 
nhor D.  Carlos  de  Noronha  em  nome  da 
Senhora  D.  Antónia  de  Meneses  fua  mu- 
lher filha  do  Duque  de  Caminha,  Aíarque^ 
de  Villa-Real,  e  de  feu  filho  D.  Mifful 
de  Noronha  fobre  a  fuccejjaõ  do  titulo,  e  RJ- 
tado  de  Villa-Real,  e  morgado  da  dita  Cafa. 
Em  Madrid  a  5.  de  Mayo  de  1639.  ^°^-  ^*^ 
tem  nome  do  Impreílor. 

Parecer  por  D.  Affonfo  de  Lancafirc 
filho  da  Senhora  D.  Juliana  de  L^ncaflre 
Duquesa  de  Aveiro  com  D.  Raymunào  de 
Lencajlre  feu  Sobrinho  filho  do  Senhor  D.\. 
Jorge  Duque  de  Torres  novas,  que  falleceo 
em  vida  da  Senhora  D.  Juliana  fobre  a  fuc- 
cejjaõ do  Ejlado,  e  Cafa  de  Aveiro,  e  titulo 
de  Duque  depois  dos  largos  dias  da  Senhora  Du^ 
que^a.  foi.  fem  lugar  nem  anno,  e  nome  doj 
ImpreíTor.   Coníla  de  115.  §. 

AllegaçaÕ  pela  Senhora  Infanta  D.  Maria 
que  efiá  em  gloria  deixando  algumas  tenças  a  criadoi 
feus  em  fuás  vidas,  entre  ellas  ficaraõ  a  D.  Pedrc 
de  Menef^es  neto  de  D.  Confiança  de  Gufmai 
Camareira    mór    da    dita    Senhora    trezentos,  < 


LUSITANA. 


729 


frítn/a  mil  reis.   foi.     Naõ   tem  anno,   nem 
lugar  da  ediçaõ. 

Por  la  Keligion  dê  S,  ]uan,  y  Ju  AJjftmblia 

dtl  Reyno  de  Portugal  fobn  la  eaufa  dt  jitrifdicion 

entre  los  juev^es  dela  Keliffon,  y  los  Miniflros  dela 

jujHcia  Seglar,  foi.  fem  nome,  nem  lugar  da 

Impreííaõ.    Conda  de  dez  folhas. 

DVARTE  DR  BRITO  Poeu  ainda 
que  jovial  muyto  fentenciofo,  do  qual  fa- 
hiraõ  algumas  obras  impreíTas  no  Cancio- 
neiro de  Garcia  de  Refende.  Lisboa  por 
Herman  de  Gimpos  15 16.  foi.  defde  foi. 
57.  até  48.  fendo  as  mais  celebres. 

Suceffo  que  teve  com  hum  Kouxinol 

Inferno  dos  Namorados. 

DVARTE  CABREYRA  infigne  Pi- 
loto pelas  varias  navegaçoens  que  fez  prin- 
cipalmente à  índia  Oriental  efcrevendo. 

Roteiro  para  o  Porto  pequeno  de  bengala. 
foi.  Aí.  i".  Confervafe  na  Livraria  do  Excel- 
Icntifllmo  Conde  de  Caftellomelhor. 

DUARTE  CALDEIRA  natural  de  Lis- 
boa donde  inílmido  com  as  letras  humanas, 
€  língua  Latina  querendo  dilatar  a  fama  do 
feu  nome  com  a  proíiíTaõ  de  Jurifconfulto 
paíTou  a  Salamanca,  e  na  fua  Univerfidade 
teve  por  Meftres  daquella  Faculdade  aquelles 
<lous  famofos  Oráculos  do  Direito  Ponti- 
fício, e  Cefareo,  hum  Caílelhano,  e  outro 
Portuguez  os  Doutores  Diogo  de  Covar- 
ruvias,  e  Manoel  da  Coíla,  de  que  elle  faz 
agradecida  memoria  Variar.  Leã.  Lib.  2. 
cap.  5.  e  lib.  4.  cap.  10.  Na  Univerfidade 
de  Lovanha  ouvio  interpretados  os  myfterios 
da  mefma  Faculdade  pelo  celebre  Cathedra- 
tico  Joachim  Hoppero,  fahindo  com  a  dif- 
ciplina  de  taõ  infignes  Meftres  confummado 
na  efpeculaçaõ,  e  pra6tíca  de  taõ  vafta  fciencia. 
Por  fer  muito  verfado  na  lingua  Grega  extra- 
liio  com  indefeíTo  trabalho  de  muitos  Ju- 
rifconfultos  Gregos,  cujos  Originaes  fe  con- 
fervaõ  na  Bibliotheca  do  Convento  de  S. 
Lourenço  do  Efcurial,  muitas  refoluçoens 
que  publicou  nas  fuás  obras.  Pela  grande 
aíTiftencia  que  fez  em  Caftella  o  nomeou 
Filippe  Prudente  Ouvidor  Geral  dos  Caf- 
telhanos,    e    com    efte    lugar    fe    embarcou 


em  a  Armada  que  laftimoíameote  k  per- 
deo  na  Corunha.  Delle  (e  lembraõ  com 
elogios  NicoL  Anc.  Bilf,  HifpoH.  Tom.  i. 
pag.  259.  coL  I.  Manoel  Barboía  in  Eluub. 
A  A,  das  Ktmiffoens  do  4,  i  ^.  Lípto  das  Orden. 
Solor/.  de  Jur.  Parricid.  Liv.  2.  cap.  9.  Dcaud. 
hib.  Clajftc. 
Publicou. 

Variarum  Ledionum  Jtiris  libri  quattiwr 
optimis  quihujque  Vtriufque  Júris  ftudiofis  admo- 
dàm  utiles.  Pincix  apud  Bemardinum  a  D. 
Dominico  1595.  4. 

De  errorihus  Pragmaticorum  libri  (psat- 
tuor.  Matriti  apud  Cofmam  Delgado  16 10. 
Eftas  duas  obras  fahiraõ  juntas  Aotuerpiae 
apud  haeredes  Martini  Nuntii  161 2. 

Na  Dedicatória  do  Livro  Variarum  luãio- 
num  faz  mençaõ  de  outra  obra  que  já  tinha  pu- 
blicado que  fe  intitulava  Kerum  quotidianarum 
&c.  e  em  outra  parte  in  Jus  lucubrationes  as 
quaes  naõ  poíío  aiHrmar  fe  faõ  diííerentes  das 
que  imprimio. 

Traãatus  de  Jurifconfulto.  Efta  obra  dividida 
em  três  Livros  he  compofta  em  Dialogo  de  que 
faõ  interlocutores  Eduardus,  Hopperus,  Covar- 
ruvias.  Conferva-fe  hum  exemplar  Aí.  S. 
na  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Conde  de  Vi- 
meiro. 

Fr.  DUARTE  DA  CONCEYÇAM  Naceo 

em  Villa-viçofa  a  1 3.  de  Outubro  de  1 595.  e  de- 
pois de  ter  frequentado  as  Clafles  da  latinidade, 
e  letras  humanas  em  que  moftrou  a  felicidade 
do  feu  engenho  recebeo  na  idade  de  19.  annos  o 
habito  da  Sagrada  Ordem  da  Penitencia  no 
Convento  de  N.  Senhora  de  JESUS  defta  Corte 
a  29.  de  Abril  de  16 14.  e  nelle  fez  a  profiflaõ  fo- 
lemne  a  30.  do  dito  mez  do  anno  feguinte. 
Aprendeo  Artes,  e  Theologia  com  tal  applica- 
çaõ  como  quem  de  difcipulo  paíTou  a  Meftre 
deftas  Faculdades  que  diâou  no  Collegio  de  S. 
Pedro  de  Coimbra  até  jubilar  no  anno  de  1641. 
Occupou  na  Religião  os  lugares  de  Reytor  do 
Collegio  de  Santa  Catherina,  Definidor,  Comif- 
fario  Provincial  na  auzencia  que  fez  a  Roma 
para  aífiftir  ao  Capitulo  Geral  o  Provincial  Fr. 
Fernando  da  Camará,  Reytor  do  Collegio  de  S. 
Pedro  de  Coimbra,  Miniftro  do  Convento  de  N. 
Senhora  de  JESUS  de  Lisboa  até  que  pelo 
governo    económico,    e    zelo    da    difciplina 


yóo 


B IBLIO THE  CA 


regular  prafticados  neftes  lugares,  fubio  ao 
de  Provincial  no  Capitulo  celebrado  a  28.  de 
Outubro  de  1645.  Foy  Qualificador  do  Santo 
Oííicio,  e  Examinador  das  três  Ordens  Milita- 
res. Morreo  no  Convento  de  N.  Senhora  de 
Jefus  deíla  Corte  a  26.  de  Setembro  de  1662. 
com  71.  annos  de  idade  e  48.  de  Religião. 
Publicou. 

Co//ecçaÕ  de  EJiatutos  ejlabelicidos  em  diverfos 
Capítulos  antecedentes,  e  decretos  no  tempo  do  Jeu 
Provincialado,  approvados  pelo  Definitorio,  e  Vice- 
-Colleãor  do  Rejno.  foi.  1646.  naõ  tem  lugar, 
nem  nome  do  Impreflbr. 

DUARTE  CORRÊA  natural  da  Villa  de 
Alanquer,  e  Familiar  do  Santo  Officio.  Dei- 
xando a  pátria  paíTou  ao  Oriente,  e  na  Cidade 
de  Macáo  fe  recebeo  com  huma  conforte  de 
virtuofos  procedimentos.  Eftimulado  da 
curiofidade  fe  introduzio  em  o  Japaõ,  e  dif- 
correndo  por  efte  vaílo  Império  chegou  a  Nan- 
gazachi,  cujos  Governadores  fabendo  que  elle 
profeflava  a  Fé  do  Crucificado,  o  mandarão 
prezo  para  Vomura  a  4.  de  Novembro  de  1637. 
Depois  de  tentada  a  fua  conftancia  com  varias 
promeíías  para  que  abjuraíTe  a  Ley  Evangé- 
lica admirados  os  bárbaros  da  incontrafta- 
vel  firmeza  da  fua  ConfiíTaõ  foy  levado  a 
Nangazachi,  e  condenado  a  fogo  lento  que 
tolerou  com  animo  inalterável  por  largo  tempo 
até  que  voou  o  feu  efpirito  a  coroarfe  na 
eternidade  com  a  laureola  de  Martyr  em  o  mez 
de  AgoJfto  de  1639.  Delle  fe  lembra  o  P. 
António  Francifco  Cardim  Elog.  dos  Relig. 
da  Comp.  pag.  330.    Efcreveo. 

Kelaçaõ  do  Alevantamento  de  Ximabarà, 
e  do  feu  notável  Cerco,  e  de  varias  mortes 
dos  noffos  Portugueses  pela  Fé  Lisboa  por 
Manoel  da  Sylva  1643.  4- 

DUARTE  DIAS  natural  da  Cidade 
do  Porto.  AíTiftio  muitos  annos  em  Hef- 
panha  com  o  pofto  de  Soldado  por  cuja  cau- 
za  foube  com  perfeição  a  lingua  Caílelha- 
na,  e  teve  baftante  noticia  da  Italiana.  Cul- 
tivou fempre  as  Mufas  para  cujo  eíhido  o 
inclinou  o  génio  defde  a  primeira  idade, 
publicando. 

Uarias  obras  em  ver/o  Cajlelhano,  e  Por- 
tugue^'      Madrid    por    Luiz     Saches.     1692. 


4.   e   Çaragoça   por   Pedro   Bermudes    1596. 
4.  dedicadas  a  D.  Margarida  Cortereal. 

Lm  Conquijla  que  hi:(ieron  los  Rejs  Católicos 
en  el  Rejno  de  Granada.  Madrid  por  la  Viuda 
de  Alonfo  Gomes  1598.  8.  Coníla  efte  Poema 
em  8.  rima  de  21.  Cantos,  e  he  dedicado  a  D. 
Chriílovaõ  de  Moura  Corte-real  Commen- 
dador  mòr  de  Alcântara,  do  Confelho  de 
Eftado,  e  Sumilher  de  Corps  do  Príncipe  de 
Efpanha. 

DUARTE  FERNANDES  efcreveo 
conforme  affirmaõ  Ant.  de  Leon.  Bib.  Orient. 
Tit.  3.  e  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
259.  col.  2. 

Kelaçaõ  do  Reyno  de  Pegu.  M.  S. 

DVARTE  GALVAM  natural  de  Évora 
filho  de  Ruy  Galvaõ  Secretario  dos  Serenif- 
fimos  Reys  de  Portugal  D.  Joaõ  o  primeiro,  e 
D.  Aífonfo  V.  e  Efcrivaõ  da  fua  Fazenda,  e  do 
feu  Confelho,  e  de  fua  mulher  Branca  Gonçal- 
ves, irmaõ  de  D.  Joaõ  Galvaõ  Efcrivaõ  da 
puridade  delRey  D.  Aífonfo  V.  Bifpo  de 
Coimbra,  e  Legado  à  Latere  de  Papa  Pio  2. 
neíle  Reyno,  e  nomeado  Arcebifpo  de  Braga. 
Foy  educado  com  aqueUas  inílrucçoens  dignas 
do  feu  nacimento  fahindo  doutamente  ver- 
fado  nas  letras  humanas  como  na  intelligen- 
cia  das  línguas,  que  lhe  facilitou  a  liçaõ  da  Hif- 
toria  Sagrada,  e  profana.  A  madureza  do 
juizo  unida  à  capacidade  do  talento  o  fez  mere- 
cedor de  fubftituir  no  anno  de  1460.  a  Fernaõ 
Lopez  em  o  lugar  de  Chroniíla  mór  do  Reyno 
em  que  o  nomeou  ElRey  D.  Aífonfo  V. 
e  que  D.  Joaõ  o  fegundo,  o  elegeíle  por  feu 
Secretario,  cujo  minifterio  exercitou  com  fatis- 
façaõ  de  taõ  grande  Princepe.  Naõ  permitio 
o  SereniíTimo  D.  Manoel  que  efHveífe  reduzida 
em  os  limites  da  pátria  a  profunda  comprehen- 
faõ  de  Vaífalo  taõ  benemérito,  e  para  que  fe 
íizeíre  patente  ao  mundo  o  mandou  com  o 
caraéler  de  feu  Embaxador  a  Alexandre  VI.  ao 
Emperador  Maximiliano,  e  a  ElRey  de 
França  fendo  em  taõ  famofas  Cortes  ref- 
peitadas  as  máximas  da  fua  politica  fempre 
regulada  pelos  diâames  do  Evangelho. 
Recebendo  efte  Monarcha  em  o  anno  de 
15 14.  huma  Embaxada  de  Helena  Rainha 
da   Etiópia   em   nome   de  feu  filho  o  Em- 


LUSITANA. 


pcrador  David  com  alguns  precioros  dona- 
tivos que  lhe  entregou  íeu  Embaxador  Ma- 
theos  de  naçaõ  Airmenio  o  nomeou  com  o 
mcfmo  caraâer  a  efte  vaílo  Império  para 
congratular  aquella  Princcza  do  obfequio 
c|uc  com  cllc  prafUcara.  Partio  Duarte 
(ralvaõ  a  7.  de  Abril  de  15 15.  na  armada 
cm  que  hia  por  Governador  da  índia 
Lopo  Soares  de  Alvarenga,  acompanhado 
de  Francifco  Alvares  Capellaõ  delRey  D.  Ma- 
noel, c  chegando  com  profpero  fucccíTo  i 
Índia  paíTou  ao  Eftreito  do  mar  roxo  onde 
como  já  foíTe  de  idade  muito  proveâa  naõ 
permitio  a  fortuna  que  concluiíTe  aquella 
embaxada  com  a  gloria  que  alcançara  nas 
Gjrtcs  dos  Princepes  Européos,  fallccendo 
na  Ilha  de  Camarão  a  9.  de  Junho  de  IJ17. 
Os  fcus  oíTos  foraõ  conduzidos  por  Francifco 
Alvares  fcu  companheiro  quando  voltou  da 
Corte  do  Preíle  Joaõ  à  índia  donde  os  trouxe 
fcu  filho  António  Galvaõ  Capitão,  e  Apof- 
tolo  de  Maluco,  de  quem  fizemos  larga 
memoria  cm  feu  lugar,  a  efte  Reyno,  e  dcf- 
cançaõ  no  Real  Convento  de  S.  Fran- 
cifco de  Enxobregas.  Foy  Alcayde  mór 
de  Lcyria,  e  cafado  com  D.  Catherina  de 
Soufa  filha  de  Femaõ  de  Soufa  Alcayde 
mòr  de  Leiria,  e  de  D.  Izabel  de  Albuquer- 
que filha  de  Joaõ  Gonçalves  de  Gomide 
Senhor  de  Villa-verde  de  quem  teve  defcen- 
dencia.  O  feu  nome  he  celebrado  pelos  efcri- 
tores  mais  celebres,  como  faõ  Barros  Decad. 
5.  da  índia  Liv.  i.  cap.  i.  Homem  de  grande  pru- 
dência, e  no  cap.  4.  homem  douto  nas  letras  da 
humanidade.  Caftanheda  Hijl.  do  defcob.  da  índia. 
Liv.  3.  cap.  152.  Fidalgo  de  muito  merecimento 
por  muito  ferviço,  que  tinha  feito  aos  Keys 
de  Portugal  no  tempo  delKey  D.  Affonfo  V. 
até  aquelkj  ajfi  em  tomadas  dos  lugares  dalém, 
como  em  hir  por  Capitão  em  armadas  de 
focorros  que  eftes  ^eys  mandarão  a  feus 
amigos,  como  em  hir  por  Embaxador  muitas 
t>e;ys  aos  Rejs  da  Chrijlandade,  e  ao  impe- 
rador fobre  coufas  de  muita  importância  em 
que  moftrou  fer  muito  prudente  negociando  fempre 
a  muito  contentamento  dos  Kejs,  que  o  manda- 
vaõ.  Góes  Chron.  delRej  D.  Man.  Part.  3. 
cap.  77.  Homem  muito  prudente  e  Part.  4. 
cap.  15.  e  na  Chron.  do  Vrincep.  D.  Joaõ 
cap.     63.    Refend.     in     Refponf.     ad    Kabed 


73i 

piro  nobili,  &  tmâitionis  varia.  Faria  AJia 
Vortug.  Part.  j.  cap.  i.  n.  i.  ptrfona  de 
leiras,  authoridad,  y  prudência.  Cunha  Hift, 
Eccle.  de  Jirag.  Part.  2.  cap.  6z.  dot/ío  nas 
letras  humanas,  e  VaraÔ  infiffu.  CardoC 
A^L  Lnfit.  Tom.  2.  pag.  140.  no  Co- 
mem, de  II.  de  Março  let.  C.  Homem 
muy  verfado  em  letras  humanas,  Soufa  de 
Macedo  Vlor,  de  lijpan,  cap.  8.  cxceL  9. 
deligenti  Chronijla,  Tellez  Hsfl,  da  Etiop. 
Alt.  Liv.  1.  cap.  j.  Peffoa  de  grande  talento, 
e  nobre^^a,  prudência,  e  valor.  Guer.  Glor.  Cor. 
Part.  I.  cap.  7.  homem  de  muita  prudência,  e 
Chrijlandade.  e  no  cap.  9.  Gravijtmo  Varaò. 
Salaz.  Hift.  da  Cafa.  de  Sjlv.  Liv.  12.  cap.  ij. 
Fonfec.  Ejvor.  Glorio/,  p.  404.  Sapientijftmo. 
Brandão  Mon.  Lufií.  Part.  5.  Liv.  8.  cap.  i. 
Pejfoa  de  grande  authoridade.  Fr.  Jacinto 
de  Deos  Verg.  de  Plant.  e  Flor,  cap.  4. 
Art.  I.  pag.  121.  JoaiL  Soares  de  Brito. 
Theatr.  Lap.  Utter,  lit.  E.  n.  5.  NicoL  Ant. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  259.  col.  2.  Por  ordem 
delRey  D.  Manoel  reduzio  a  melhor  methodo, 
e  mais  claro  eftilo  as  Chronicas  dos  Reys  de 
Portugal  como  o  mefmo  Duarte  Galvaõ 
declara  no  Titulo  do  Prologo  da  Chronica 
delRey  D.  AiFonfo  Henriques  neíla  forma. 
Prologo  do  Autbor  deriffdo  a  bo  Serenijftmo, 
e  muito  poderofo  ElRey  D.  Manoel  nojfo 
Senhor  fobre  has  vidas,  e  excellentes  feitos 
dos  Kejs  de  Portugal  feus  ant ece ff  ores  &c. 
no  fim  do  mefmo  Prologo.  Mandar-me  V.  A. 
mw/  aficadamente  que  hos  notáveis  feitos  dos 
m/fy  ef clareados  P>jeys  vojfos  antecejfores  ef- 
critos,  e  poflos  por  negligencia  dos  efcritores, 
ou  culpa  dos  tempos  nom  foo  em  menos  polida, 
mas  ainda  em  defordenada,  e  acerqua  nem 
achada  memoria  bos  qui:(ejfe  ordenar,  e  efcre- 
ver,  e  quafi  trefpajfar  ha  mais  honrados  Jai(i- 
guos,  e  fepulturas  como  hee  meu  de:^efo  para 
vojfo  Servido  &c.  Por  efta  caufa  Manoel 
de  Faria,  e  Soufa  nas  Advertências  à  Afia 
Portug.  n.  23.  allega  dez  Chronicas  ef- 
critas  por  Duarte  Galvaõ  defde  D.  Affonfo 
Henriques  até  ElRey  D.  Fernando,  e  que 
foraõ  recopiladas  das  que  deixou  compollas 
Fernaõ  Lopes,  e  com  o  título  de  Summario 
dos  Reys  de  Portugal  as  allega  Gafpar  Eftaço 
nas  Antiguid.  de  Portug.  foi.  186.  A  Chro- 
nica   que    certamente    reduzio    Duarte    Gal- 


vaõ  a  melhor  eftilo  foy  a  de  D.  AíFonfo  Hen- 
riques como  affirmaõ  Barros  Decad.  3.  da 
Jnd.  Liv.  I.  cap.  4.  apurou  a  linguagem  antigua, 
em  que  ejlava  ejcrita,  e  Góes  Chron.  de  D.  Ma- 
me/ Part.  4.  cap.  38.  dizendo  que  afe^  de  novo. 
O  Original  delia  Chronica  fe  conferva  no 
Archivo  Real  da  Torre  do  Tombo,  da  qual 
extrahio  huma  Copia  fiel  Miguel  Lopes 
Ferreira,  e  a  publicou  em  noíTos  tempos 
com  eíle  titulo. 

Chronica  do  muito  alto,  e  muito  ejclarecido 
Príncipe  D.  Ajfonjo  Henriquet(^  primeiro  Kej  de 
Portugal.  Lisboa  na  Oííicina  Ferreiriana. 
1726.  foi. 

Exhortaçaõ  feita  por  Duarte  GalvaÕ  do  Con- 
Jelho  do  Serenijftmo  Kej  D.  Manoel  aos  que  por  f  eu 
mandado  vaõ  à  conquifia  da  Índia  porque  faibaõ,  e 
folguem  muito  mais  de  faber  que  bem  ,  e  ferviço  de 
Deos  vaõ  fa^er.  Efta  exhortaçaõ  eftava  junta 
com  outra  que  compoz  na  occaíiaõ  em  que  foy 
por  Embaxador  ao  Prelle  Joaõ  a  qual  co- 
meçava. Pois  Deos,  e  ElRej  me  ordena,  que  vã 
com  vos  outros  Senhores  à  índia  &c.  Deíla  obra 
faz  mençaõ  Barros  Decad.  3.  da  Ind.  Liv.  i. 
cap.  4.  Ambas  eftas  exhortaçoens  fe  con- 
fervaõ  M.  S.  na  Livraria  do  Excellentiffimo 
Conde  de  Vimieiro. 

Difcurfo  do  Amor,  e  Defamor.  M.  S. 

Nobiliário  de  varias  famílias  do  Rejno  à 
imitação  do  Conde  D.  Pedro,  o  qual  também 
anda  viciado  como  aííirma  Manoel  de  Faria, 
e  Souza  nas  A.dvert.  à  Afia  Portug.  n.  69.  e 
o  tivera  em  feu  poder. 

DUARTE  DA  GAMA  celebre  Poeta  da 
fua  idade  cujas  obras  fe  imprimirão  no  Cancio- 
neiro de  Garcia  de  Kefende  Lisboa  por  Herman 
de  Campos.  15 16.  foi.  a  foi.  94.  v.»  132.  v.° 
135.  v.o  143.  144.  169.    170.  175.  v.o  e  181. 

DUARTE  GOMES  SOLIS  fidalgo 
da  Cafa  Real,  e  natural  da  Cidade  de  Lis- 
boa donde  paíTou  à  índia  Oriental  para 
melhorar  da  fortuna,  que  fempre  fe  de- 
clarou infaufta  aos  feus  defignios.  Quatro 
vezes  dobrou  o  Cabo  da  Boa  Efperança 
onde  trez  padeceo  laftimofo  naufrágio  cahin- 
do  nas  maõs  dos  Cafres  que  deshumanamente 
o  tratarão.  Sérvio  ao  Eílado  naõ  fomente 
com     importantes      arbitrios      que      cediaõ 


BIBLIO  THE  CA 


em  beneficio  da  fua  confervaçaõ,  mas  com 
grandes  empreílimos  de  dinheiro  merecendo 
por  taõ  aíTmalados  ferviços  eílimaçoens  do 
Vice-Rey  D.  Jerónimo  de  Azevedo,  e  do 
Governador  Manoel  de  Soufa  Coutinho. 
Sendo  Feitor  do  Contrato  da  Canella  o  defter- 
rou  da  índia  o  Vice-Rey  Mathias  de  Albu- 
querque pelo  crime  de  ligar  a  prata,  e  para 
defender  a  fua  innocencia  injuftamente  culpada 
efcreveo  hum  douto  Memorial.  Vindo  embar- 
cado em  a  náo  Madre  de  Deos  de  que  era 
Capitão  mór  Fernando  de  Mendoça  para  o 
Reyno  em  o  armo  de  1591.  foy  prizioneiro 
dos  Inglezes  na  Ilha  do  Corvo.  Cheyo  de 
annos,  e  de  achaquez  fez  o  feu  domicilio  na 
Corte  de  Madrid,  onde  publicou. 

Difcurfos  fobre  los  comércios  delas  dós 
índias,  donde  fe  tratan  matérias  importantes 
de  miado,  y  guerra.  Dirigido  ala  facra,  j 
catholica  Magejlad  delRej  D.  Filippe  Quarto 
nuejlro  Senor.  1622.  4.  Naõ  tem  lugar 
nem  nome  do  ImpreíTor.  No  fim  tem  as 
obras  feguintes. 

Contrato  propuejio  por  el  Author  cerca 
delas  fabricas  de  las  naves  dela  Carrera  de 
la  índia.  Efcrito  em  L.isboa  a  10.  de  No- 
vembro de  161 2. 

Succejfos  delas  naves,  y  armadas  defde  el  oito 
de  560.  en  que  vino  la  nave  l^lagas  que  el  Virey 
D.  Conjlantino  hi:(p  en  Goa  por  los  libros  dela 
Cafa  dela  índia  jda,  j  venida.  En  el  principio 
fe  declaran  los  tiempos  en  que  partieron  las  naves 
de  Lisboa,  j  en  elfn  quando  llegaron. 

Carta  efcrita  de  Lisboa  ai  Duque  de 
Ler  ma  en  20.  de  Novembro  de  161 2. 

Allegacion  en  favor  dela  Compania,  dela 
índia  Oriental,  j  Comércios  Ultramarinos, 
que  de  nuevo  fe  inflituyo,  en  el  Reyno  de  Por- 
tugal. Dedicado  ai  Conde  Duque.  Lisboa 
1628.  4.  fem  nome  do  Impreílor. 

Fr.  DUARTE  DE  LISBOA  natu- 
ral da  Cidade  do  feu  appellido  Eremita  de 
Santo  Agoílinho  o  qual  com  eftilo  fincero 
efcreveo. 

Compendio  fucinto  dos  Santos  da  Or- 
dem de  Santo  Agojiinho,  de  cuja  obra,  e 
feu  Author  fazem  mençaõ  Fr.  Ant.  da 
Purif.  Chron.  da  Prov.  de  Santo  Agojl.  de 
Portug.    Part.    2.    liv.    7.    Tit.    7.    pag.    267. 


L  USITANA. 


rol.  I.  e  de  Vir,  Wujlr.  Ord.  D.  Ang.  lib. 
:.  cap.  5.  e  Joan.  Soar.  de  Brit.  Tbtatr.  Lttjit. 
\  Mter.  lit.  E.  n.  7. 

DUARTE  LOBO  natural  de  Lisboa,  e 
•  lilVipulo  da  Arte  do  Contraponto  do  iníigoe 
Manoel  Mendes  Meílre  da  Cathedral  de  Evofa 
rom  quem  competio  na  profundidade  da 
ciência  Mufíca  ou  foííe  na  Theorica,  ou  na 
l'nidica,  pela  qual  depois  de  fcr  Meftrc  do 
I  lofpital  Real  de  Lisboa  fubio  a  exercitar  o 
incimo  miniílerio  na  Githedral  deíla  Gdade 
{>cIo  cfpaço  de  quarenta,  e  cinco  annos,  onde 
loy  Cónego  de  quarta  Prebenda,  e  pela  pru- 
«Icncia  do  feu  talento  Reytor  do  Seminário 
\rchicpifcopal.  António  Fernandes  Meílre  de 
Mufica  lhe  dedicou  a  fua  Arte  que  publicou 
iu>  anno  de  162;.  onde  lhe  faz  muitos  elogios, 
naõ  menores  lhe  confagraõ  D.  Franc.  Man. 
11:1  Cíirta  dos  A  A.  Portug.  efcrita  ao  Doutor 
Manoel  da  Fonfeca  Thcmudo,  Man.  de  Far. 
o  Souf.  Fuent.  de  Aganip.  Part.  2.  Põem.  10. 
I''ftanc.  72.  e  73.  Joan.  Soar.  de  Brito  Tbeat. 
\j4Jit.  Utter.  lit.  E.  n.  8.  Aríis  mufica  peri- 
íiftmtis.  Morreo  com  cento,  e  três  annos  de 
idade  deixando  para  teílemunhas  da  fua  fcien- 
cia  as  obras  feguintes. 

Canticum  Mafftificat  quattuor  vocihus.  An- 
luerpias  ex  Officina  Plantiniana  Balthafaris 
Moreti  1605.  foi.  grande.  Coníla  de  16. 
Magnificas  de  diverfos  Tons. 

Natalitía  mais  rejponforia  quattuor,  <& 
oHo  vocihus.  Mijfa  ejujdem  noãis  oão  vocihus. 
li.  V.  Maria  Antiphona  oão  vocihus.  Ejuf- 
dem  Virginis  Salve  choris  trihus,  (ò*  vocihus 
mdenis.  Antuerpiae  apud  Joan.  Morettum 
1611.  foi.  grande 

MiJfa  quattuor  quinque,  fex,  (Ò'  oão  voci- 
iuis.  ibi  apud  Balthafarem  Moretum  1621.  foi. 
i^rande. 

MiJfa  quattuor  quinque,  <Ò^  fex  vocum  ibi 
per  eumdem  Typ.  1639.  foi.  grande.  No  prin- 
cipio tem  AJperges,  e  Vidi  Aquam  a  4.  vozes. 

Officium  Defunãorum  em  canto  cbaõ.  Lisboa 
por  Pedro  Crasbeeck  1603.  4. 

L.iher  Procejftonum,  (&  Stationum  Ec- 
<'lejia  Olyjftponenjis  in  meliorem  formam  redaãus 
ibi  apud  Petrum  Crasb.  1 607. 

Na  Bibliotheca  Real  da  Mufica  fe  con- 
fervaõ  as  obras  feguintes. 


733 

Dt^  PfaJmos  dê  vtf peras  de  dherfas  vo^es. 
Eíbmt.  56.  n.  814. 

Cimo  Mijfas  a  4.  Ufoe/u  de  Defuntos,  9  a 
Sequencia  da  MiJfa  a  4.  6.  8.  9.  e  mais  voxes. 
Eftant.  36.  n.  806. 

Motetes  de  Defuntos,  n.  810. 

Dous  VHhaticieos  ao  Satitijftmo  Sacramento. 
Eíbuu.  28.  n.  705. 

DUARTE  LOPES  natural  da  Villa  de 
Benavente  do  Arcebifpado  de  Lvora,  donde 
partio  em  Abril  de  i  $78.  embarcado  em  a  oáo 
Santo  António  para  Loanda  Ilha  fituada  na 
Coíla  do  Reyno  do  Congo  onde  pela  aíTiftencia 
que  fez  nefta  regiaõ  defcreveo  naõ  fomente 
a  fua  jornada,  mas  relatou  com  fumnu  indi- 
viduação o  clima  daquelle  Paiz,  os  coíhi- 
mes  de  feus  habitadores,  e  todo  o  género  de 
plantas  que  produz  o  feu  terreno,  cuja  relação 
traduzio  na  lingua  Italiana  Filippe  Pigafetta, 
e  fahio  com  eíle  titulo. 

Kelatione  dei  Keame  di  Congo,  €>  delle  cir- 
cumvicine  contrade  trata  dalli  Scritti  e  raffona- 
menti  di  Odoardo  Lopes  Portoghefe.  Roma 
apreíTo  Bartholameo  GraíTi.  4.  Sem  anno  da 
impreflaõ.  Sahio  vertida  cm  Latim  por 
Agoílinho    Cafliodoro    Reinio    neíla    forma. 

Vera  defcriptio  regni  Africani  quod  tám 
ah  incolis,  quám  Lujitanis  Congus  apellatur 
per  Philippum  Pigafettam  olim  ex  Edoardi 
Ijopes  acroamatis  lingua  Itálica  excerpta. 
Francofurti  apud  Wolffgangum  Richtcr  1598. 
foi.  com  eílampas : 

Do  Author,  e  da  obra  fe  lembraõ  Ant. 
de  Leaõ  Bih.  Ind.  Tit.  2.  e  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  260.  col.  i. 

DUARTE  LOPES  ROSA  natural  da 
Gdade  de  Beja  em  a  Província  do  Alentejo 
infigne  Medico,  e  naõ  menor  Poeta  de  cujas 
faculdades  deu  repetidos  argumentos  na  Corte 
de  Roma,  e  Gdade  de  Amíierdaõ  onde 
aíTiftia  pelos  annos  de  1699.    Compoz. 

Panegírico  de  Guilielmo  III.  e  da  Se- 
renij/ima  Aíaria  Reys  de  Gram  Bretanba. 
Amfterdam  1690.  4. 

Elogios  ao  felice  nacimento  do  SereniJJimo 
Infante  de  Portugal  D.  Francifco  Xavier 
filbo  das  Ínclitas  magefades  de  D.  Pedro  11.  e 
D.  Maria  Sofia.  1691.  4. 


734 


BIBLIOTHE  C  A 


Soneto  dedicado  à  Magejlade  da  Serenijfima 
Prifíceí^a  de  Niuburgo  D.  Maria  Sofia  agora 
Kainha  de  Portugal  em  Jua  felicijfima  uniaõ 
com  E/Rej  D.  Pedro  II.  foi.  Naõ  tem  lugar  da 
ImpreíTaõ,  porém  certamente  he  Amílerdaõ, 
nem  o  anno. 

Ao  Excellentijftmo  Senhor  Princepe  Senefcal 
de  Ligne  Marquet^  de  Arronches  em  louvor  do 
Panegyrico  que  Sua  Excellencia  dedicou  à  Real 
Magejlade  delRej  D.  Pedro  II.  nojfo  Senhor 
que  Deos  guarde.  4.  Coníla  de  8.  Outavas. 
Naõ  tem  anno,  nem  lugar  da  ediçaõ. 

Novellas  Efpanholas.  M.  S. 

Luí^es  dela  Idea,  y  académicos  difcurfos,  que 
fe  propot(ieron  en  la  ilufire  Academia  de  Amjier- 
dan  en  el  ano  1685.  intitulados  los  floridos  de  la 
Almendra  con  otras  flores  dei  ingenio  a  dijferentes, 
y  vários  affumptos.  M.  S. 

DUARTE  MADEYRA  ARRAES  natu- 
ral da  Villa  de  Moimenta  íituada  quatro 
legoas  ao  Nacente  da  Cidade  de  Lamego  na 
Provinda  da  Beyra.  Inftruido  com  as  letras 
humanas,  e  Poeíia  eíludou  na  Univerfidade  de 
Coimbra  as  faculdades  de  Filofofia,  e  Medicina, 
nas  quaes  recebeo  os  gráos  de  Meílre,  e  Licen- 
ciado com  a  univerfal  acclamaçaõ  do  feu 
engenho  alcançando  mayor  applaufo  quando 
fendo  Phyíico  mór  da  Mageftade  delRey 
D.  Joaõ  o  IV.  naõ  havia  infermidade,  que  naõ 
cedeíTe  à  efficacia  dos  feus  medicamentos, 
triunfando  dos  achaques  mais  inveterados 
por  methodo  novo,  e  unicamente  prati- 
cado pela  fua  profunda  efpeculaçaõ.  Por 
eftes  milagres  da  arte  Medica  com  que  arre- 
batava as  admiraçoens  de  todos  lhe  cantou 
em  feu  obfequio  a  difcreta,  e  elegante  Mufa 
de  Sor  Violante  do  Ceo  eíle  Soneto  nas  Rim. 
Var.  pag.  15. 

O'  tu  que  oppojio  Jempre  à  dura  Parca 
Conf  ervas  em  teu  fer  o  Jer  humano, 
Pois  por  Jer  Efculapio  foberano 
Menos  por  feu  refpeito  a  morte  abarca. 
Tu  que  Arraes  deves  fer  da  vital  barca 
Que  navega  no  mar  do  mal  tirano 
Novo  Galeno,  Apolo  I^ujitano 
Medico  em  fim  do  Portugue:^  Monarca. 
Ij)gra  de  Jingular  a  feli^i  forte 

Tanto  a  pe^ar  da  intrépida  homicida 
Que  fejas  do  mais  douto  immortal  Norte. 


Pois  vitoria  fera  bem  merecida 
Que  quem  opporfe  fabe  à  mefma  morte 
Saiba  dar  a  feu  nome  immortal  vida. 

Naõ  fomente  foy  infigne  Medico,  tms 
peritiflimo  Cirurgião  executando  com  for- 
tuna, e  agilidade  as  mais  violentas  oppera- 
çoens  deíla  arte.  Morreo  em  Lisboa  a  9. 
de  Julho  de  1652.  Jaz  fepultado  junto 
da  Sancriftia  do  Convento  de  NoíTa  Senhora 
de  Jefus  deíla  Corte.   Compoz. 

Apologia  em  que  fe  defendem  humas  fangrias 
de  pés  dadas  em  huma  inflamação  de  olhos  compli-  . 
cada  com  gonorrhea  purulenta  de  féis  dias.  Dedi- 
cada ao  Conde  de  Villanova  D.  Gregório  de 
Cajlellobranco.  Lisboa  por  António  Alvarc^ 
1658.4. 

Methodo  de  conhecer,  e  curar  o  morbo  gallico  1 . 
Parte.  Propoem-fe  definitivamente  a  effencia, 
efpecies,  caufas,  finaes,  pronojlicos,  e  cura  do 
morbo  gallico,  e  todos  feus  effeitos,  e  fe  trata  do 
açougue,  falfaparrilha,  GuaiaçaÕ,  pao  fanto,  rá^ 
da  China,  e  de  todos  os  mais  remédios  dejla  enfer-  . 
midade.  Lisboa  por  Lourenço  de  Anvca.  \ 
1642.  4. 

Part.  2.  DifputaÕ-fe  largamente  por  quej- 
toens,  e  argumentos  em  forma  todas  as  du- 
vidas, que  fe  podem  mover  fobre  a  ejjencia, 
efpecies,  caufas,  finaes,  e  pronojlicos  da  cura  \ 
do  morbo  gallico,  e  as  que  pode  haver  fobre 
o  açougue  &c.  Lisboa  pelo  dito  Impreífor ; 
1642.    4. 

Sahiraõ  eílas  duas  Partes  em  hum  tomo 
de    folha.     Lisboa    por    António    Crasbeek 
de  Mello  1683.  e  a  primeira  illuftrada  comi 
varias  annotaçoens  pelo  D.  Francifco  da  Fon- 
feca  Henriquez  Mirandella.    Lisboa  por  An-  \ 
tonio  Pedrozo  Galraõ  171 5.  foi. 

Nova   Philofophia,  €>*  Medicina  de  occultis- 
qualitatibus    á    nemine    unquam     exculta    parsi 
prima    Philofophicis,    (&    Medicis  perneceffam,\ 
Theologis  vero  aprime   utilis.     Accedit  inau£ta\ 
Philofophia   de   Arbore    Vita    Paradifi  qualita-^ 
tibus;  de  viribus  Mufica,  de  Tarântula,  ac  qualita-\ 
tibus  eleãricis,  e^  magneticis.  Serenijfimo  Lufitofiki,^ 
(ò'  Brafilioe  Principi  Theodojio.    UlyíTipone  apudj 
Emmanuelem  Gomes   de  Carvalho    1650.  4.: 
Deíla    obra  faz   mençaõ   Vander-Linden    de 
Script.  Medic.  Na  Difput.  9.  Seft.  i.  Dubit.  3. 
deíla  obra  allega  a  2.  Parte  como  já  compofla, 
e  prompta  para  a  impreílaõ. 


L  USITANA. 


735 


l 


Cttratio,  &  Confultatio  de   Ter/ia/ta  Spuria 

:im  Jiijpicatlone  niallgmtatis  qm  in  quinta  acctj- 

mt,  <&  nona  die  terminata  fmt  M.  S.  4.   G)n- 

rva-fc  n5i  Hib.  Real. 

Anaton/ia  do  Cavallo  2.  Tom.  foi.  Aí.  S, 

I  onfcrvava-fe  na  Livraria  do  Medico  Manoel 

oares  Brandão. 

Obfervaçotns   Medicas   M.    S.    que    íicaraò 

n  poder  de  Tua  mulher  D.  Antónia  da  Sylva, 

parte  delias  tinha  o  Doutor  Manoel  de  Pinna 

l.irurgiaõ  Mór  do  Reyno.    Eílavaõ  promptas 

(lara  a  impreííaõ. 

Fazem  memoria  de  Duarte  Madeira  Arraez 

IJoan.   Soares  de  Brit.    Theatr.   Ljéjit.   IJfter. 

it  E.  n.  9.  intitulando-o  Medicus  clarijfimus 

D.    Francifco    Manoel    na    Carta   dos   AA. 

'ortiig.   e   o    moderno  addicionador  da  Bib, 

Orient.  de  António  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  14. 

DUARTE  DE  MELLO  DE  NORONHA 

uõ  nobre  por  nacimento,  como  iníigne  pela 

Íòeíia  de  cuja  divina  Arte  produzio  fazona- 
bs  frutos  o  feu  florido  engenho  fendo  o 
líco  que  logrou  da  luz  publica. 
f  Batalha    de    Montes    Claros.      Lisboa    por 
Domingos    Carneiro     1665.    4.      He    huma 
i  Sylva  muito  larga  em  que  celebra  o  famofo 
[triumfo  que  alcançarão  as  Armas  Portuguezas 
Mas  Caftelhanas  nos  campos  de  Montes  Claros 
i  17.  de  Junho  de  1665. 

D.  DUARTE  DE  MENESES  Naceo  na 
jfQdade  de  Tangere  íituada  na  Regiaõ  Africana 
»a  6.  de  Dezembro  de  1537.  quando  governava 
•efta  Praça  feu  Pay  D.  Joaõ  de  Menezes  Senhor 
da  Cafa  de  Tarouca,  Commendador  de  Albu- 
^fcira  na  Ordem  de  Chrifto,  fendo  fua  Mãy  D. 
ULuiza  de  Caílro  filha  de  D.  Pedro  de  Caftro  ter- 
kciro  Conde  de  Monfanto.    Com  o  nacimento 
perdou  o  efpirito  militar  de  feus  afcendentes, 
\àt  que  foy  o  primeiro  theatro  a  fua  Pátria, 
"onde  fendo  feu  trigifTimo  Governador,  teve 
entre  os  triunfos  que  alcançou  dos  bárbaros,  a 
'gloria  de  receber  por  hofpede  a  ElRey  D.  Se- 
baftiaõ  que  impellido  do  dezejo  da  conquiíla  de 
Africa    fe    embarcou    arrebatadamente    com 
pequeno    numero    de    embarcaçoens,    e    Sol- 
dados,  e  chegando   àquella  Praça  com  me- 
nos   authoridade,     que    era    devida    à    fua 


PeíToa  disíarçou  a  impnideock  da  jocaada 
com  o  ptetexto  de  vífitar  as  Praças  de  Afdca, 
alentar  os  Soldados,  e  atemonzar  aos  inimigos. 
Naõ  deixou  a  prudência  de  D.  Duarte  de 
rcprezentar  a  ElRey  as  infelicidades,  que  (e 
podiaõ  efpetar  de  reíoluçaô  taõ  precipitada, 
porém  como  efte  Príncepe  fomente  obededa 
ao  feu  appetite,  e  naõ  á  madureza  dos  G>aíe- 
Ihos  de  Va/lalo  taõ  fiel,  o  trouxe  em  Tua 
companhia,  e  com  elle  paíTou  aos  Campos  de 
Alcácer  Seguet  onde  com  o  pofto  de  Mef- 
tre  de  Campo  General,  fez  acçoens  de  eterna 
memoria,  mas  como  eftava  decretada  a  fatal 
ruina  deíle  Reyno  cfcapando  da  morte  fe  naõ 
pode  livrar  do  Cativeiro.  Reílituido  á  liberdade 
foy  Governador  do  Reyno  do  Algarve  donde 
os  feus  merecimentos  que  credaõ  com  os 
annos  o  elevarão  a  Vice-Rey  do  Eíbulo  da 
índia  fendo  na  ordem  o  decimo  quinto. 
Partio  de  Lisboa  em  a  Náo  Chagas,  e  che- 
gando a  Cochim  a  5.  de  Outubro  de  1^84. 
foy  recebido  por  trezentos  Eíludantes  que 
mudando  o  habito  efcolaíUco  pelo  militar 
lhe  celebrarão  a  fua  chegada  com  diverías 
Oraçoens  Gratulatorias.  No  tempo  do  feu 
Vicereynato  triunfou  do  Naique  de  Sc- 
guicer  no  Idalcaõ,  do  tyrano  Rajú  em 
Columbo,  de  Mir  Alibet  no  porto  de  Am- 
paza,  dei  Rey  Ujantana,  em  a  Cidade  de 
Jor  pela  invencível  efpada  de  D.  Paulo 
de  Lima,  coroando  todas  eftas  vitorias 
com  a  memorável  que  alcançou  do  Rajú 
em  Malaca.  Falleceo  em  Goa  em  o  prin- 
cipio de  Mayo  de  i;88.  quando  contava 
51.  annos  de  idade,  e  quatro  de  Vice-Rey. 
De  cuerpo  era  pequeno  (aflim  lhe  defcreve  a 
figura,  e  o  caraâer  Manoel  de  Faria,  e  Souía 
Afia  Portug.  Part.  i.  cap.  5.  n.  zz.)  pêro  ayrofo: 
de  animo,  j  de  confejo,  y  de  authoridad  grande: 
buen  latino,  y  Italiano  y  aficionado  ala  Poefia, 
tanto  que  ejcrihio  buenos  ver/os.  Foy  caiado 
com  D.  Leonor  da  Sylva  filha  de  Diogo 
da  Sylva  herdeira  da  Cafa  de  Vagos  Regedor 
das  Juíliças,  e  Embaxador  ao  Concilio  Tri- 
dentino,  e  de  fua  mulher  D.  Antónia  de 
Vilhena,  de  quem  teve  entre  outros  filhos  à 
D.  Luiz  de  Menezes  fegundo  Conde  de 
Tarouca,  Commendador  de  Albufeira.  Fa- 
zem memoria  da  fua  peíToa  D.  Fernando 
de  Menezes  Hifi.  de   Tanger  pag.   8c.   Souf. 


JÒ6 


BIBLIOTHE  CA 


Ortent.  Conq.  Part.  2.  Gjnq.  5.  Divif.  2.  §.  92. 
e  o  moderno  addicionador  da  hib.  Ortent. 
de  Ant.  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  8.  col.  176. 
Efcreveo. 

Carta  efcrita  de  Goa  no  anno  de  1587.  a 
Camhacundono  Hmperador  da  China  chamado 
depois  Taicujama.  Sahio  impreíTa  na  Yiifi.  delas 
MiJJion.  dela  Comp.  de  JESUS  en  los  Rejnos  dei 
Japon  por  el  P.  Lui:^^  de  Gufman  Keligiofo  dela 
mijma   Compartia.   Part.    2.    Liv.    12.    cap.    3. 

Provijaõ  dada  em  Goa  a  \z.  de  Abril  de  1 5  86. 
a  Domingos  Monteiro  Capitão  do  mar  da  China, 
e  Viagem  do  Japaô  para  que  Je  ohjervajje  que  fe 
guarda-fe  o  Breve  de  Gregório  XIII.  em  que  man- 
dava fomente  prêgajjem  no  Japaõ  os  PP.  da  Com- 
panhia com  hum  a  Carta  efcrita  de  Goa  a  1.  de 
Mayo  de  1586.  ao  Bifpo  da  China.  Sahiraõ 
impreíTas  eílas  duas  coufas  no  Livro  aíTima  alle- 
gado  à  pag.  656.  657.  e  658. 

DUARTE  DE  MORAES  Presby- 
tero,  e  Reytor  do  Collegio  dos  Maronitas 
em  Roma  no  Pontificado  de  Xiílo  V.  Foy 
muito  douto  em  diverfas  Faculdades,  e 
Theologo  do  Cardial  Scipiaõ  Gonzaga. 
Padecendo  a  Cúria  huma  grande  careítia 
de  paõ  lhe  pedio  o  Cardeal  Palleoto  que 
efcrevefle  a  caufa  donde  procedia  aquella 
efterilidade,  e  obedecendo  a  eíla  iníinua- 
çaõ  efcreveo  dous  tomos.  Em  o  primeiro 
moílrava  por  hiftorias,  e  authores  anti- 
gos, e  modernos,  que  a  mayor  parte  das 
Naçoens  do  mundo  fe  naõ  alimentavaõ 
com  paõ  de  trigo,  e  da  diverfidade  de 
mantimentos  que  comiaõ.  No  fegundo 
moilrava  as  caufas  donde  procedia  a  caref- 
tia,  e  como  era  mais  efpiritual  o  argumento 
permitio,  que  eíla  fegunda  parte  fe  publicaííe 
a  qual  fahio  com  efte  titulo. 

Difcorfo  intorno  le  carifiie,  nel  quale  fi  conten- 
gono  le  cagioni  perche  Iddio  le  manda,  e  Vutile,  che 
daquelle  i  Chrifliani  pojfono  ricevere.  Roma  per 
Afcanio  Hieronymo  Dragoneli  1591.  8. 

Fr.  DUARTE  DE  NAZARETH  na- 
tural da  Villa  da  Pederneira  do  Patriar- 
chado  de  Lisboa  Monge  Ciílercienfe  cujo 
Inílituto  profeíTou  no  Real  Convento  de 
Alcobaça  em  cuja  Livraria  fe  confervaõ 
as  obras  feguintes  que  efcreveo. 


Hijloria  de  expugnatione  Santarém  ab  Alphonfo 
Henriquei^. 

Liber  de  Jide  Incarnationis  S,  Fulgentii. 

Libér  Septem  hifloriarum  B.  Orojii  Presbiteri 
cum  defcriptione  terrarum,  <&  eventibus  ante 
urbem  conditam  1300.  ufque  ad  11 69.  ab  urbt 
condita. 

DUARTE    NUNES    DE    LEAM    Na- 
ceo  na  Gdade  de  Évora  onde  teve  por  Pay 
ao    Doutor    Joaõ    Nunes    iníigne    profeflbr 
de  Medicina  que  fendo  chamado  a  Caftelk 
para  curar  huma  grave  infermidade,  ao  voltar 
para  a  pátria  morreo  infauílamente  fumergido 
no  rio  Digebe.    A  natureza  o  dotou  de  enge- 
nho perfpicaz  naõ   fomente  para  em  breve 
tempo    comprehender    as    fciencias    amenas 
fahindo  infigne  Latino,  e  naõ  menor  Poeta, 
e  Mythologico,  mas  ainda  as  mais  fevetas, 
como   admirou  a   Univerfidade   de  Coimbra  ; 
quando   recebeo   o   gráo   de   Licenciado  em 
Direito  Civil,  que  o  habilitou  para  fer  Dezem-  : 
bargador  da  Cafa  da  Supplicaçaõ,  onde  ma-  1 
nifeílou  os  dotes  que  conítituhem  hum  pet-f 
feito  Miniílro.     Nas  horas  vagas  de  miniftc-  ( 
rio  taõ  laboriofo    fe    dedicou   impellido   do , 
affefto  para  a  Pátria  reduzir  a  melhor  mc-J 
thodo    as    Chronicas    dos    Monarchas    Por- ' 
tuguezes   efcritas   pelos   Chroniftas,    que  lhe 
precederão,  nas  quaes  refutou  alguns  fuccef- ; 
fos  apocryfos  que  manchavaõ  o  decoro  dos^ 
Soberanos,    e    defendeo    outros    que    cediaõ' 
em  mayor  authoridade  das  fuás  Peííoas.    Cri-: 
ticou  com  graves  fundamentos  a  Genealogia; 
dos   mefmos  Princepes   que  em  Pariz  com-; 
puzera,  e  imprimira  Fr.  Jozé  Teixeira  da  Or- 
dem dos  Pregadores  que  para  juíUficar  a  per- 
tençaõ  ao  trono  de  Portugal  do  Senhor  D.  An-j 
tonio  Prior  do  Crato  de  quem  era  acérrimo; 
Sequaz,   intentou   perfuadir   que   a  fucceíaõ; 
deíle  Reyno  naõ  era  hereditária,  mas  eleâiva. 
Defcreveo  com  exacçaõ  o  fitio  do  noíTo  Reyno^ 
relatando  os  coíhimes  dos  feus  naturaes,  e  as, 
acçoens    dignas    de    memoria  obradas   aíTuii' 
na     paz,  como     na     guerra;     recopilou    as 
leys    que    para    fua    confervaçaõ    promulga- 
rão  os   Princepes;    defcubrio   as   fontes  dos, 
Vocábulos    de    que    uzaõ    os    Portuguezes 
para    que    naõ    fomente   fallalTem    com   pu-| 
reza,     mas     efcreveíTem     com     pontuação. 


L  USITAN A. 


Querendo  livrar-íe  do  conugio  que  faul- 
mcntc  devaílava  efta  Corte  no  anno  de 
1599.  fe  retirou  á  Villa  de  Alverca,  e  nem 
o  temor  da  morte,  e  menos  as  moleíUas 
da  ancianidadc  lhe  impedinõ  continuar 
nas  Tuas  litterarias  compofíçoens  tolerando 
com  animo  conílante  a  adverfídade  da 
fortuna  que  nau  correfpondeo  benigna  a 
tantos  difvclos  intentados,  e  profeguidos 
em  obfequio  da  Pátria  até  que  falleceo  em 
IJslíoa  no  mcz  de  Mayo  de  1608.  O  fcu 
nome  celebrarão  Nicol.  Ant.  hib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  260.  col.  i.  Patriam  vidi- 
licet  Hifloriam,  eí^  qmdqtàd  iMfttanum  con- 
tinet  nornen  celebrandi,  atque  exomandi  curam 
avidijfime  ampkxus  clara  admodum  hujus  Jludii 
atque  in  eo  pofitct  indiiftria  qtmm  plurima 
dedit,  emanareque  Jecit  in  vtdgus  documenta. 
Salaz.  Ind.  delas  Glor.  dela  Caf.  Farn.  pag. 
669.  llujhre  entre  todos  los  Clajftcos  Efcrito- 
res  de  Efpaiia  con  las  grandes  Itc^s  que  tuuo 
dela  Hijloria  univerfal.  Fr.  Nicol.  de  Oliv. 
Grand.  de  Usb,  Trat.  2.  cap.  5.  muito  douto. 
Franckenau  Bib.  Hifp.  Hijl.  Gen.  pag.  102. 
Hijloria  pátria  vindex.  Barbof.  de  Potejl. 
Epifcop.  Part.  3.  Allegat.  78.  n.  18.  rara 
facúndia,  ^  exquijita  eloquentia  Vir.  Barbof. 
Kemiff.  ad  Ord.  Kegn.  Portug.  Lib.  4.  Tit.  21. 
n.  6.  9.  10.  &  Lib.  5.  Tit.  50.  Fr.  Ber- 
nard.  à  D.  Ant.  Epit.  Kedempt.  Lib.  i. 
cap.  12.  §.  5.  diligentijftmus  rerum,  ac  veri- 
tatis  indagator,  de  Kegum  Portugallia  geflis  cele- 
bris  Hi^oriograpbus.  Maced.  Flor.  de  E/p. 
cap.  8.  excel.  11.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theat. 
Eufit.  Utter.  lit.  E.  n.  10.  humanioribus  dif- 
ciplinis  non  leviter  eruditus,  (ò*  fatis  eloquens, 
Advocatus  egregius,  Optimus  Jurifconfultus.  D.  An- 
tónio Caetano  de  Souf.  Apparat.  à  Hi^.  Gen. 
de  Portug.  pag.  46.  §.  24.  Sciente  na  Hijloria. 
Compoz. 

Repertório  dos  cinco  livros  das  Ordenaçoens, 
e  Leys  ejlravagantes.  Lisboa  por  Joaõ  Blavio 
de  Colónia  1560.  foi. 

Eejs  ejlravagantes  collegidas,  e  relatadas 
por  mandado  delRej  D.  Sebajliaõ.  Lisboa 
por  António  Gonçalves  1569.  foi.  Deíla 
coUecçaõ  faz  elle  diílinâa  memoria  in 
Vera  Keg.  Portug.  Geneal.  pag.  45.  fal- 
lando  do  Cardial  D.  Henrique  que  era 
Tutor    de    feu    Sobrinho    ElRey   D.    Sebaf- 

52 


737 

tiaò  dif per/as,  &  fidkibus  ob  iá  igiotas  in 
methodum,  e^  Ubrot  rediff,  e^  alias  correp- 
tas  emtndari  aaravit,  êa  fm  hi  rt  fiojlra  optrá 
ujus    tft,    maffut    Keip$élica    utilitatt. 

Orthografia  da  linffía  Portugftn^a,  Obra 
utii,  i  mceffaria  ajft  para  bem  ifcrwir  tm 
Ungfêa  Hijpanhol,  como  a  Latina,  e  (puus 
quer  outras,  que  da  Latina  teem  origem.  Ittm 
bum  Tratado  dos  pontos  das  Claujuias,  Lis- 
boa por  Joaô  Barreira  ImpreíTor  delRey 
1576.  4. 

Cenjura  in  libellum  de  Ke^fim  PortufflUia 
origine  qui  Vratris  Jofepbi  Teixera  nomim  circum- 
ferimtur.  Ita  de  vera  Kegum  Portugallia  Oripne 
liber.  Ad  Serenijftmum  Principem  Albertum 
Archidiuem  Aujlria  S.  R.  E.  Cardinalem. 
OlyíTipone  ex  Oífícina  Antonii  Riparii  Ty- 
pog.  Reg.  ijSj.  4.  e  no  Tom.  2.  Hi/p.  Illuf- 
trata.  Francofiirti  apud  Claudium  Mamium 
1603.  foi.  á  pag.  1221.  até  1227. 

Genealogia  verdadera  de  los  Reys  de  Por- 
tugal con  Jus  elogios,  y  fummario  de  Jus  vidas. 
Lisboa  por  António  Alvares  1590.  8.  &  ibi 
por  Pedro  Crasb.  1608.  8.  He  traducçaõ 
da  obra  precedente,  que  fez  para  inílruc- 
çaõ  do  Princepc  de  Caftclla  D.  Filippc  a  quem 
a  dedicou. 

Primeira  parte  das  Chronicas  dos  Reys  de  Por- 
tugal. Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck  1600.  foi. 
Coníla  defde  a  fundação  do  Reyno  até  ElRcy 
D.  Fernando.  Sahio  fegunda  vez  imprefla 
Lisboa  por  Filippe  Villela  1677.  foi. 

Origem  da  lingua  Portuguer^a.  Dirigida 
a  D.  Filippe  o  U.  de  Portugal.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck  1606.  4. 

DefcripçaÕ  do  Reyno  de  Portugal.  Lisboa 
por  Jorge  Rodriguez  16 10.  4.  Publicou 
eíla  obra  Gil  Nunes  de  Leaõ  Contador  dos 
Contos  do  Reyno,  e  Cafa  Sobrinho  do  Author 
que  a  dedicou  ao  Duque  de  Francavilla  Conde 
de  Salinas,  e  Ribadeo  Preíidente  do  ConfeUio 
de  Portugal. 

Chronicas  delRey  D.  JoaÕ  de  glorio/a  memoria 
o  primeiro  dejle  nome,  e  dos  Reys  de  Portugal 
o  decimo,  e  as  dos  Reys  D.  Duarte,  e  D.  Af- 
fonfo  V.  Lisboa  por  António  Alvares  1645. 
foi.  Sahiraõ  por  diligencia  do  Illuíbiírimo 
D.  Rodrigo  da  Cunha  Arcebifpo  de  Lisboa. 
Obras  M.  S. 

Vida     delRey     D.     Sebajliaõ.      He     alie- 


738 

gada  por  D.  Rodrigo  da  Cunha  Cathalog. 
dos  Bi/p.  do  Port.  Part.  2.  cap.  37. 

Vocabulário  Portuguei^  muy  copio/o  com  decla- 
ração da  Origem  de  cada  Vocábulo,  e  de  que  lin- 
goa  emanou. 

Tratado  de  Varoens  illuftres  que  houve  em  o 
Reyno  de  Portugal.  Defta  obra  faz  mençaõ 
na  Defcripçaõ  de  Portugal  cap.  60. 

Doutrina  de  Notários  em  que  dá  regras  aos 
Taballiaens  como  deviaõ  fazer  os  Teílamentos. 
Eftava  para  publicar  eíla  obra  quando  em  o 
anno  de  1 5  76.  fahio  com  a  Orthografia  da  lingua 
Portuguesa. 

DUARTE  NUNES  DA  SYLVEYRA 
natural  de  Lisboa  criado  de  D.  Lucas  de  Por- 
tugal Meftre  Sala  da  Cafa  Real,  fidalgo  muito 
difcreto,  e  judiciofo,  de  cujos  apothegmas 
fez  huma  Collecçaõ  com  efte  titulo. 

Ditos  do  Senhor  D.  Lucas  de  Portugal  ofere- 
cidos ao  me/mo  Senhor.  4.  M.  S.  Conferva-fe 
efte  Livro  na  Livraria  dos  Padres  Theatinos 
defta  Corte. 

Fr.  DUARTE  PACHECO  natural  de 
Lisboa  filho  de  Bernardim  Ribeiro  Pacheco 
Commendador  da  Ordem  de  Chrifto,  Capi- 
tão mór  das  náos  da  índia,  e  de  huma 
Armada  que  foy  à  Cofta  da  Mina,  e  Provedor 
das  Fortalezas  do  Reyno,  e  de  fua  mulher 
D.  Maria  de  Vilhena  filha  de  D.  Manoel 
de  Menezes.  Ainda  contava  poucos  annos 
de  idade  quando  com  refoluçaõ  heróica  dei- 
xou as  delicias  da  Cafa  paterna  por  abraçar 
os  rigores  do  Clauftro  Religiofo  profeíTando 
o  Inftituto  de  Eremita  Auguftiniano  no  Con- 
vento de  N.  Senhora  da  Graça  a  13.  de  Março 
de  1599.  Manifeftou  a  fabidoria  nas  Cadei- 
ras, e  a  prudência  nas  Prelafias  fendo  Meftre 
jubilado  na  Sagrada  Theologia,  e  Prior 
dos  Conventos  de  Leiria  em  16 14.  de 
Monte  mór  o  velho  em  161 8.  de  Torres 
Vedras  em  1620.  e  ultimamente  Reytor 
do  Collegio  de  Coimbra  em  1626.  Falle- 
ceo  no  Convento  de  S.  Filippe  o  Real  de 
Madrid  no  anno  de  1638.  Vir  accurate  doc- 
tus,  (Ò'  multarum  virtutum  prarogativa  conf- 
picuus  o  intitula  Hypol.  Marrac.  Bib.  Ma- 
rian.  Part.  2.  pag.  189.  Leo  Allat.  Apef. 
Urban.     pag.      370.     Cardof.     Agiol.     Lujit. 


BIB  LIO  THE  CA 


Tom.  2.  pag.  424.  no  Comment.  de  4.  de 
Abril  letr.  B.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hi/p.  Tom.  i. 
pag.  260.  col.  2.    Compoz. 

Vida,  virtudes,  e  milagres  de  Santa  Clara 
de  Monte  Falco.  Lisboa  por  António  Alva- 
res 1628.  12.  He  traduzida  da  que  compoz 
Fr.  Miguel  Sólon  Valenciano. 

Epitome  da  Vida  apojlolica,  e  milagres  de 
Santo  Thoma:(^  de  Villa-nova  com  hum  tratado 
da  vida  do  V.  P.  Fr.  Lui;^^  de  Montoya,  e  hum 
epitome  dos  Keligiofos  feus  que  em  ambas  as  Pro- 
vindas de  Portugal,  e  Cajlella  tiveraõ  nome.  Lis- 
boa por  Pedro  Crasbeeck  1629.  4. 

Sermon  dela  Santijfima  Trinidad.  Córdova 
por  Salvador  de  Cea.  1636.  4. 

Triumfos  do  SantiJJimo  Sacramento,  e  de  Jua 
devida  adoração,  e  culto,  e  muitos  Sermoens  de 
Santos  da  Jua  Ordem.  M.  S. 

Sermoens  das  Fejlividades  de  Maria  Santif- 
Jima  M.  S.  dos  quaes  faz  memoria  Marrado 
Bib.  Mar.  Part.  2.  pag.  189. 

Vida  da  B.  Verónica  de  Binafco  traduv^iàa 
de  luitim  de  Fr.  IJidoro  de  Iffolanis  Dominica, 
em  Portugue^. 

Fez  duas  traducçoens  diíFerentes,  e  ambas 
fe  confervaõ  na  Livraria  do  Convento  da 
Graça  de  Lisboa. 

DUARTE  PACHECO  PEREYRA  cujo   ^ 
nome  fera  eternamente  memorável  em  os  Aa-   |j 
naes  da  Heroicidade,  ennobreceo  com  o  foi   jj 
nacimento  a  Villa  de  Santarém,  onde  o  produ-    , 
ziraõ  feus  Pays  Joaõ  Pacheco,  e  D.  Izabel  Pe- 
reira filha  de  Martim  Gonçalves  Pereira,  e 
D.  Violante  de  Vafconcellos  Senhores  da  Bem- 
pofta,  Panoyas,  e  Caftro  Vicente  na  Provinda  i 
Trafmontana.    Aquelles  famofos   dotes  com  1 
que  os  Efpiritos  grandes  fe  diftinguem  na  idade 
varonil  dos  outros  homens  lhos  comunicou  em 
os  primeiros  annos  a  natureza  com  tanta  pro-  , 
digalidade,  que  logo  naceo  Heróe  ornado  de  \ 
profundo  juizo,  grave  prudenda,  fumma  afíãbi- 
lidade,  boa  indole  para  as  letras,  e  natural  génio 
para  as  armas.    Efte  nobre  exercido  o  efti- 
mulou  a  que  deixando  o  odo  como  injuriofo 
à  nobreza   do   feu  coração  bufcaíle  a  cam- 
panha para  com  o  fangue  próprio  rubricar 
as   heróicas   façanhas   que   obrou   o   feu  in- 
vencível braço  no  Oriente  partindo  de  Lis-  |j| 
boa  no  anno  de  1503.  com  o  pofto  de  Ca- 


LUSITANA. 


ih 


aitaõ  de  huma  Nio  em  companhia  daquclle 
Marte  Portuguez,  o  grande  Albuquerque  de 
cuja  militar  eícola  fahio  taÕ  difciplinado  que 
o  excedeo  na  rápida  velocidade  com  que  no 
breve  circulo  de  hum  anno  digno  de  fer  co- 
toado  com  o  da  Eternidade  humilhou,  e  aba- 
teu o  orgulho  delRey  de  Calicut  alcançando 
de  taô  poderoío  como  formidável  inimigo 
fete  vitorias  continuadas»  que  feriaõ  incriveis 
à  pofteridade,  fe  naõ  foííe  o  gloriofo  inílru- 
mento  delias  a  fua  fulminante  efpada.  Acom- 
panhado de  cento,  c  cincoenta  Portugueses, 
em  que  dividio  o  feu  efpirito,  derrotou  exér- 
citos numerofos  capitaneados  por  cinco  Reys, 
fumergio  armadas  compoílas  de  duzentas 
embarcaçocns,  e  triunfou  de  monílruofas 
machinas  que  a  arte  ajudada  da  violência  do 
fogo  levantou  para  noíía  ruina,  as  quaes  con- 
verteu cm  fatal  cílrago  de  fcus  próprios  artí- 
fices. O  fauíUíTimo  ceco  de  taõ  cfpantofos 
triunfos,  de  que  foraõ  theatros  os  dous  mayo- 
tcs  elementos,  retumbou  em  Portugal  com 
taes  applaufos  que  rcfolveo  a  Mageíladc 
delRey  D.  Manoel  vieíTe  o  Author  delles 
icceber  na  pátria  a  Coroa  que  com  tanta 
gloria  do  feu  nome  lavrara  no  Oriente.  Antes 
que  fe  auzentafle  do  Malabar  querendo  ElRey 
de  Cochim  gratificarlhe  as  acçoens  que  obrara 
em  beneficio  da  fua  peflba  contra  ElRey  de 
Gdicut  lhe  oífereceo  grande  copia  de  dinheiro, 
|oyas  preciofas,  e  algumas  terras  do  feu  do- 
mínio, cuja  generofa  oferta  urbanamente 
agradeceo,  heroicamente  regeitou;  porém 
naõ  querendo  fer  acufado  de  menos 
atento  à  liberalidade  daquclle  Príncipe  fo- 
mente recebeo  para  eterno  brazaõ  das  fa- 
çanhas obradas  em  feu  obfequío,  hum  ef- 
cudo  em  cujo  campo  pintado  de  vermelho 
pelo  muito  fangue  derramado  dos  inimi- 
gos lhe  gravou  cinco  Coroas  poftas  em 
Quina  que  fymbolizavaõ  outros  tantos 
Reys  vencidos,  e  a  cercadura  cuberta  de 
ondas  com  outo  Caílellos  armados  fobre 
dous  navios  com  fete  bandeiras  por  tantos 
combates  em  que  tríumfou  da  formidável 
potencia  delRey  de  Calicut.  Acompanhado 
do  Capitão  mór  Lopo  Soares  chegou  a 
Lisboa  em  huma  armada  de  quatorze  náos 
a  22.  de  Julho  de  1505.  e  tanto  que  ElRey 
D.  Manoel  foy  certificado  da  fua  chegada, 


quereodo  ^^(Wwgtii»  taõ  grande  Vaílailo  nai 
honns,  aífím  como  tinha  excedido  a  todoa 
nas  acçoenf  mandou  &zer  huma  folemniíTima 
prodílâõ,  que  díToorieo  deCde  a  Sé  até  o  Con- 
vento de  S.  Domingos,  e  no  fim  delia  foy 
levado  por  elle  Prinoepe  ao  Teu  lado  debaixo 
do  pallio.  Acabada  a  prociílaô  fubio  ao  Púl- 
pito D.  Diogo  Oftiz  de  Vilhegas  Biípo  de 
Vifeu,  e  com  elegantes  expceílbens  na  pcezença 
de  taò  authorízado  auditório  rendeo  as  gra- 
ças ao  arbitro  das  Vitorias  pelas  infígnes,  que 
alcançara  o  invencível  biaço  de  Duarte  Pa- 
checo contra  os  inimigos  da  fua  Cruz.  Naõ 
fatisfeito  ElRey  de  huma  taõ  publica,  e  hono- 
rifica oAentaçaò  dos  metednoentos  defte  Heróe 
parecendolhe  que  eta  pequeno  theatro  pata 
tanta  gloria  o  Reyno  de  Portugal  a  fez  patente 
a  todos  os  Princepes  da  Europa,  e  ao  Summo 
Pontífice  a  quem  entregou  a  carta  D.  joaõ 
Sutil  Bifpo  de  Safinu  Naõ  foy  menos  fa- 
tal a  fua  efpada  aos  inimigos  deíla  Coroa 
na  Afia,  que  na  Europa  reprimindo  o  atre- 
vimento do  CoíTario  Mondragon  que  in- 
feílava  as  noUas  Cofias  ao  qual  em  hum 
bem  dífputado  combate  na  altura  do  Cabo 
de  Vinis  terra  a  18.  de  Janeiro  de  1509.  naõ 
fomente  o  prizionou  com  três  náos,  mas 
lhe  meteo  a  pique  outra  que  eraõ  os  inílru- 
mentos  dos  feus  infultos.  Em  remuneração 
dos  grandes  ferviços  que  tinha  obrado  para 
inmiortal  fama  do  nome  Portuguez  o  nomeou 
ElRey  D.  Manoel  Governador  do  Caílello 
de  S.  Jorge  da  Mina  onde  triunfando  dos  ini- 
migos eftranhos  naõ  pode  vencer  os  domeftí- 
cos  que  confpirados  contra  a  fua  peíToa  o 
acuzaraõ  falfamente  a  ElRey  D.  Manoel  de 
que  efquecido  da  arrecadação  da  fazenda  Real, 
e  unicamente  cuidadofo  da  própria  fe  occupava 
com  efcandalofa  ambição  em  augmentar  hum 
preciofo  cabedal  com  que  voltaíTe  opulento 
para  a  Pátria.  Eftas  finiílras  informaçoens 
acharão  taõ  benévola  entrada  nos  ouvidos 
daquclle  Princepe  que  preocupado  de  huma 
indifcreta  precipitação  mandou  que  vieíTe 
para  o  Reyno  prezo  aquelle  Varaõ  mais 
digno  do  trono,  que  do  cárcere,  no  qual 
eíleve  reclufo  por  alguns  annos  até  que 
juílificou  a  fua  innocencia  injuílamente 
acufada  pela  malevolenda  dos  feus  emu- 
les.    A   eíle   infortúnio,    que   altamente   lhe 


740 


BIBLIO  THE  CA 


penetrou  o  coração,  pois  lhe  ofFendera  a  no- 
breza do  feu  defintereíTe  de  que  fempre  tinha 
dado    clariíTimos    argumentos,    fe    feguio    o 
deplorável  eftado  com  que  reduzido  à  ultima 
pobreza,  e  toda  a  fua  familia  paíTou  infaufta- 
mente  a  vida,  a  cujas  miferias  póz  termo  a 
morte  para  dar  principio  ao  premio  das  fuás 
obras  que  coroou  a  eternidade.     Foy  cafado 
com  D.   Antónia   de   Albuquerque  filha   de 
Jorge  Garcez  Secretario  delRey  D.  Manoel,  e 
de  D.  Izabel  de  Albuquerque  filha  de  Duarte 
Galvaõ  Alcayde  mór  de  Leiria,  e  Secretario 
delRey  D.  Joaõ  o  II.  e  de  D.  Catherina  de 
Soufa  filha  de  Fernaõ  de  Soufa  Alcayde  mór 
de  Leiria  de  quem  teve  a  Joaõ  Fernandes 
Pacheco  Commendador  do  Banho  da  Ordem 
de  Chriílo,   Jeronymo  Pacheco  que  morreo 
em  hum  combate  de  Tangere,  e  a  D.  Maria 
de   Albuquerque    que    cafou    com    Joaõ    da 
Sylva  Alcayde  mór,  e  Commendador  de  Soure 
de  quem  teve  defcendencia.    Para  immortal 
brazaõ  defte  Ínclito  Heróe  lhe  gravou  a  Fama 
no  feu  Maufoleo  o  feguinte  epitáfio  efcrito 
pela  fublime   penna   do   Virgílio   Portuguez 
L.ujiad.  Cant.  lo.  Elianc.  13.  e  feguintes. 
Mas  ja  chegado  aos  fins  Oríentaes 
E  deixado  em  ajuda  do  Gentio 
R^  de  Cochim,  com  poucos  naturaes 
Nos  braços  do  f a/gado,  e  curvo  rio; 
Desbaratará  os  Nqyres  infernaes 
No  pajfo  Cambalam  tornando  frio 
De  efpanto  o  ardor  immenfo  do  Oriente 
Que  verá  tanto  obrar  tam  pouca  gente. 
Chamará  o  Samorim  mais  gente  nova 
ViraÕ  Kejs  de  Bipur,  e  de  Tanor 
Das  Serras  de  Narfinga,  que  alta  prova 
Bfiaram  prometendo  a  feu  Senhor. 
Vara  que  todo  o  Nayre  em  fim  fe  mova 
Que  entre  Calicut  ja^,  e  Cananor, 
De  ambas  as  lejs  imigas  para  a  guerra 
Mouros  por  mar,  Gentios  pela  terra. 
E  todos  outra  vet^  desbaratando 

Por  terra,  e  mar  o  graõ  Pacheco  ouf(ado 
A.  grande  multidão  que  irá  matando 
A  todo  o  Malabar  terá  admirado. 
Cometerá  outra  ve^,  naõ  dilatando 
O  Gentio  os  combates  apreffado. 
Injuriando  os  feus,  fazendo  votos 
Em  vaõ  aos  Deofes  vaòs,  furdos,  e  tmmotos. 
Já  naõ  defenderá  fomente  os  pajjos. 


Mas  queimarlhe  há  lugares,  templos,  Cafas 
Acefo  de  ira  o  CaÕ  naõ  vendo  lajjos 
Aquelles,  que  as  Cidades  fa^em  rat^as. 
Fará  que  os  feus  de  vida  pouco  efcajfos. 
CometaÕ  o  Pacheco,  que  tem  afãs 
Por  dous  paffos  num  tempo :  mas  voando 
De  hum  noutro,  tudo  irá  desbaratando. 

Virá  ali  o  Samorim,  porque  em  pejfoa 
Veja  a  batalha,  e  os  seus  esforce,  e  anime 
Mas  hum  tiro,  que  com  i^onido  voa 
De  fangue  o  tingirá  no  andor  fublime. 
Jã  naõ  verá  remédio,  ou  manha  boa 
Nem  força  que  o  Pacheco  muito  efiime 
Inventará  treiçoens,  e  vaòs  venenos 
Mas  fempre  {o  Ceo  querendo)  fará  menos. 

Que  tornará  a  vea^  fetima,  cantava 

A  pelejar  com  o  invião,  e  forte  Eufo 

A  quem  nenhum  trabalho  pefa,  e  agrava    j|^H 

Mas  com  tudo  efie  fó  o  fará  confufo.  ^^\ 

Trará  para  a  batalha  horrenda,  e  brava 

Maquinas  de  Madeiros  fora  de  u:(p 

Para  lhe  abalroar  as  Caravellas 

Que  ate  ali  vaõ  lhe  fora  commetellas  ' 

Pela  agua  levará  ferras  de  fogo 

Para  abra^arlhe  quanta  armada  tenha 
Mas  a  militar  arte,  e  engenho  logo 
Fará  fer  vaá  a  braveza  com  que  venha. 
Nenhum  claro  VaraÕ  no  Mareio  jogo 
Que  nas  a^as  da  Fama  fe  foftenha. 
Chega  a  efie,  que  a  palma  a  todos  toma 
E  perdoeme  a  illufire  Grécia,  ou  Roma. 
A  eílas   fublimes   vozes   métricas   corref- 

pondem    acordemente    Gabriel    Pereira    de 

Caftro    na    Eisboa    Edificad.    Cant.    7.    EÍL 

89.  e  94. 

Nada  teme  Pacheco,  nada  o  efpanta 
Podendo  toda  a  índia  fó  temello 
Com  pouca  gente  fe  arremeffa  a  quanta 
Virá  na  terra,  e  mar  acometello. 
Sahindo  hum  trovaõ  negro  da  garganta 
Bramindo  pela  boca  de  hum  Camelo 
Os  paraos  defirojfa,  onde  o  efpumofo 
Neptuno  ardendo  entrava  furiofo 

Oh  Alcides  Eufitano,  honra  de  Efpanha 
Digno  de  eterna,  e  foberana  hifioria 
A    que    o    trabalho   próprio,   e  terra  efira- 

nha 
O  fruto  rendem  de  envejada  gloria 
A  pátria,  a  quem  tu  dás  honra  tamanha 
E  ao  mundo,  onde  efpalhafie  tua  memoria 


L  USITANA. 


74' 


lixeniplo,  e  ejpelho  deixas,  ondt  veja 
Que  alta  virtude  dá  pro  fruito  emeja. 
\\    António   de    Souf.    de    Maced.    HlyJ- 
Up.  Cam.  12.  Eílanc.  50.  e  51. 
No  que  fe  fefféê  Acbilhs  refucita 

Com  dobrado  valor  com  mayor  gloria 
Qual  o  mundo  já  tuais  verá  efcrita 
lim  verdadeira,  ou  em  fingida  hlijloria. 
líjie  â  verdade  o  credito  limita 
Sendo  a  lu:^  dti  verdade  taò  notória; 
Taes  JeraÒ  feus  triumfos,  que  parece 
Que  credito  a  verdade  naõ  merece. 
S'e  reparais  na  palma  aventajada 
Na  Coroa  que  mojlra  mais  lut(ida 
Sabei  que  nefíe  Templo  a  tem  dobrada 
Porque  lhe  hade  faltar  com  ella  a  vida, 
Efla,  ó  ff  ande  Pacheco,  he  mais  honrada, 
Pois  fô  fe  alcança  avendo  merecida 
E  fundada  em  virtudes  por  coluna 
l!(enta  das  mudanças  da  fortuna. 
Naõ   faõ   menores   os   applaufos   que   ao 
fcu  nome  dedicarão  os   Hiíloriadores  como 
faõ  Ofor.   de  reb.   Emman.  lib.   4.  Illius  enim 
in  gerendo    bello   celeritatem,   in  periculis  animi 
mafftitudinem,     in     laboribtis    perferendis    conf- 
tantiam,   in   exitu  praliorum  felicitatem.    Joan. 
Pctr.    Maf.    Hifl.    Ind.    Lib.    i.    pag.    mihi 
45.   viro  fortifftmo  Maris   Dial.   de    Var.   Hifl. 
Dialog.     4.     cap.     8.     da    primeira    ediçaõ. 
Deu  clara   moflra   do   invencível  animo  com  que 
depois    encheo    o    mundo    da   gloriofa  fama    de 
.fuás  heróicas  obras,  as  quaes  foraÕ  taÕ  infifftes, 
\^  nem   o   numerofo   exercito   delRey   de    Cali- 
cut,    nem    todas    as  fuás    ajlucias,    e    maquinas 
de  guerra  puderaõ   contra    elle    mais   que  fa^er 
feu    nome    immortal,     e     triunfante    efcurecendo 
a  preclara  fama   do    Troyano   Heitor,   e   de   to- 
dos   os    mais,    que    em    grandes,    e    dificultofas 
empret^as   fe    fignalaraõ    no     mundo.     Barbud. 
Empref.    Milit.    de    I^fit.    foi.     127.    §.   fa- 
mofo    Aquiles    Ljtjitano.    Faria    Ajia    Portug. 
Tom.    I.    part.    i.    cap.    7.    e    no    Comment. 
das    Lj4fiad.    de    Cam.    Tom.    4.    pag.     319. 
até    346.    Barros    Decad.    da    Ind.    Part.    i. 
Liv.    7.    cap.    2.    até    8.    Góes    Chron.   delRey 
D.  Man.  Part.  i.  cap.  85.  86.  87.  88.  e  100. 
Caftanhed.   Hijl.   do   Defcob.   da  Ind.    Liv.    i. 
cap.    59.   60.   e  feg.   Fr.   Ant.   de  S.   Rom. 
Hifl.  dela  Ind.  Orient.  Liv.  i.  cap.  16.  Martin. 
Compend.  dela  Ind.  Orient.  Liv.  3.  cap.  5.  e  6. 


Tofom.  Paralil.  dê  Var.  Uluft.  cap.  )8.  de 
cujo  nome  toda  a  índia  tremia  e  cap.  12.  UUf 
celebre  por  feus  feitos  que  a  fer  Portugfit^ 
e  guardar  lealdade  a  feu  Rey  fe  efcufou  da 
digftidade  Real.  Ijc  Clede  Hi^.  de  Portug. 
Liv.  15.  pag.  míhí  977.  Paebeeo  acqmmt 
beaucoup  de  gloire  datu  les  Indes:  /ou/  /rem- 
bloit  devant  lui.  SouT.  Pior.  dê  Efpan.  cap. 
14.  excel.  6.  famofo.  Duperron  de  CaAerá 
Remar q.  fur  la  l^fiad.  de  Cam.  Tom.  5. 
pag.  226.  'Vous  Heros  tant  Grecs  que  Rtf- 
mains  n'  ont  rien  fait  de  comparable  aux  ex- 
ploits  de  Duart.  Pacheco.  D.  Luiz  de  Salaz. 
Hifl.  dela  Caf.  de  Syl».  Liv.  12.  cap.  ij. 
cuyas  valerofas  hat^aHas  executadas  en  favor 
delas  Armas  Por/ugf4e^as  m  la  índia  han 
fido  gloriofo  affump/o  de  doHifftmas  plumas, 
y  fiu  mal  premiados  fervidos  eviden/e  exemplo 
de  lo  poço  que  baflan  los  méritos  para  opojiãon 
de  una  defffaciada  fortuna.  P.  Lafítav.  Conq. 
des  Portugais  dans  le  nouveau  Aíond.  Tom.  1. 
pag.  mihi  203.  failando  de  quando  entrou 
em  Portuga]  a  receber  os  applaufos  dos 
feus  triumfos.  Aíais  quelque  gloire  qu'  il  eut 
acquife,  e  quelques  honneurs  qu'  on  lui  renàit 
ce  n*  etoit  rien  en  comparaifon  dei' admiration  qu*on 
avoit  pour  Pacheco.  Tous  les  yeux  ètoin/  ou- 
verts  ft4r  lui  come  ceux  des  filies  d'  Ifrael 
fur  David  apres  la  defaite  de  Goliat.  On  ne  pou- 
voit  fe  laffer  de  voir,  d'  entendre  de  par  ler,  e  de 
fe  faire  raconter  les  faits  prodi^eux  de  cet  hommt 
qui  etoit  lui  meme  un  prodige. 
Q)mpoz. 

Principio  do  Efmeraldo  de  fito  orbis  feito, 
e  compofto  por  Duarte  Pacheco  Cavalleiro  da 
Cafa  delRey  D.  JoaÕ  o  II.  de  Portugal  que 
Deos  tem  derigido  ao  Msáto  Alto  poderofo 
Princepe,  e  Serenijftmo  Senhor  o  Senhor  Rey 
D.  Manoel  Nojfo  Senhor  o  primeiro  defte  nome 
que  regtou  em  Portugal.  Coníla  de  quatro 
Livros.  O  primeiro  tem  33.  Capitulos 
o  2.  71.  o  3.  9.  e  o  4.  6.  com  16.  Mappas  illu- 
minados,  e  algumas  eftampas  pequenas  em 
folha.  Efte  original  fe  conferva  como  o 
mais  preciofo  M.  S.  em  a  Livraria  do 
Excellentinimo  Marquez  de  Abrantes,  e  delle 
tinha  huma  copia  o  IlluítóíTimo  D.  Rodrigo 
da  Cunha  na  fua  Bibliotheca  como  coníla 
do  Cathalogo  delia  impreíTo  no  Porto  no 
anno  de  1627. 


742 


BIBLIO THE  CA 


DUARTE  PINHEL  foy  igualmente 
■douto  nos  preceitos  da  Grammatica  Latina, 
e  computação  dos  tempos,  como  na  intelli- 
gencia  da  lingua  Hebraica,  da  qual  fez  tra- 
duzir na  Caftelhana  a  Sagrada  Efcritura  que 
fahio  com  efte  titulo. 

Bíblia  en  lengua  E/panola  traduzida  palavra 
por  palavra  dela  verdad  hebraica  por  muy  exce- 
lentes letrados,  vijia,  y  examinada  por  el  Officio 
•dela  Inquijicion.  Ferrara  ano  dei  mundo  5313. 
que  he  de  Chrifto  1553.  Na  primeira  impreíTaõ 
que  fe  fez  nefta  Cidade  tem  no  fim.  Con  in- 
duftria  de  Duarte  Pinei  Portugue^  Stampata 
a  cofia,  y  dejpe^^a  de  Jeronymo  Vargas  EJpanhol 
>em  1.  de  Março  de  1553.  e  Amílerdam  1556.  foi. 

Eíla  traducçaõ  fuppofto  que  he  feita  por 
Abrahaõ  Ufque  Portuguez,  como  já  fe  diíTe 
«m  feu  lugar,  trabalhou  na  fegunda  impreíTaõ 
Duarte  Pinhel  para  que  com  mayor  perfeição 
fahiíTe  ao  publico  como  efcrevem  Wolfio 
Bib.  Hebraic.  pag.  287.  n.  466.  e  Jacob.  Lelong. 
Bib.  Sacr.  Tom.  i.  pag.  mihi  365.  col.  i.  Com- 
poz  mais. 

Latince  Gramatices  compendium.  Tra£ía- 
ius  de  Calendis.  UlyíTipone  apud  Lodovicum 
Rhoterigium  1543.  4.  Defta  obra  que  vimos, 
«  do  Author  fazem  memoria  Joan.  Soar. 
de  Brit.  Theat.  hufit.  Litter.  lit.  E.  n.  11. 
e  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  261. 
col.    I. 

DUARTE  DE  RESENDE  natural 
da  Cidade  de  Évora,  fidalgo  da  Cafa  Real 
muito  fciente  na  lingua  Latina,  Náutica,  e 
Geografia.  Ao  tempo  que  era  Feitor  da  For- 
taleza de  Ternate,  efcreveo. 

Tratado  da  Navegação  que  Fernaõ  de  Maga- 
Jhaens,  e  feus  Companheiros  fi^eraõ  às  Ilhas  do 
Maluco.  Efta  obra  (de  que  fe  lembra  Joaõ  de 
Barros  Decad.  3.  da  Ind.  Liv.  5.  cap.  10.  Sever. 
Difc.  de  Varia  Hifi.  pag.  27.  v.^.  e  28.  e  o  novo 
addicionador  da  Bib.  Geograf.  de  Ant.  de  Leaõ 
Tom.  2.  Tit.  II.  col.  667.  foy  efcrita  em 
o  anno  de  1522.  hum  anno  depois  em  que 
kftimofamente  foy  morto  na  Ilha  Zebu 
aquelle  infigne  Argonauta  com  feus  com- 
panheiros, e  a  dedicou  o  Author  a  feu 
parente  o  grande  Joaõ  de  Barros  em  re- 
compenfa  de  elle  lhe  ter  oíFerecido  a  "Bàjo- 
pica    Pneuma    que    he    o    mefmo    que    Mer- 


cadoria efpiritual,  que  fahio  impreíTa  em 
Lisboa  no  anno  de  1532.  Traduzio  em  Por- 
tuguez. I 

Marco  Tullio  Cicerom  de  Amicicia,  Paradoxos, 
e  Sonhos  de  Scipiaõ.  Coimbra  por  Germaõ 
Galharde  aos  trinta  dias  de  Agofto  do  anno 
de  Noflb   Senhor  Jefu  Chriílo  de   1531.  4. 

Fazem  mençaõ  do  Author  Góes  Chron. 
delRey  D.  Man.  Part.  4.  cap.  37.  CaftanhecL 
Hifi.  da  Ind.  Liv.  6.  cap.  41.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  261.  e  Fonfec.  Evor. 
Glorio/,  pag.  411. 

DUARTE    RIBEYRO    DE    MACEDO  ' 
Naceo  na  Villa  do  Cadaval  do  Patriarchado 
de  Lisboa,  e  na  Igreja  Matriz  dedicada  à  Con-  ' 
ceiçaõ  de  Maria  SantiíTima  recebeo  a  Graça 
bautifmal  a  10.  de  Fevereiro  de  161 8.  fendo 
filho   de  Fernando  Duarte,   e  D.   Maria  de 
Abreu.   A  naturefa  benéfica  o  ornou  de  enge- 
nho agudo,  e  entendimento  claro  para  breve- 
mente  penetrar   as   fciencias   feveras,   como 
foraõ  a  Filofofia  em  que  recebeo  o  gráo  de  ' 
Meftre  na  Univerfidade  de  Évora,  e  na  de 
Coimbra  o  de  Bacharel  em  Direito  Cefareo. 
Depois  de  fervir  com  igual  redidaõ  que  2S&-  '■ 
bilidade  os  lugares  de  Juiz  de  fora  da  Cidade 
de  Elvas,  e  Corregedor  da  Torre  de  Mon- 
corvo,  foy   Senador   na   Relação    do   Porto 
donde  paíTou  à  Cafa  da  Supplicaçaõ  a  12.  de 
Junho  de  1666.  e  a  Dezembargador  dos  Aggra- 
vos  a  II.  de  Fevereiro  de  1668.    O  feu  pro- 
fundo talento  cultivado  com  a  liçaõ  da  Hiíloria  ■ 
fagrada,  e  profana,  e  nas  máximas  dos  mais  li 
celebres  Políticos  o  habilitou  para  fer  Secre-' 
tario  da  Embaxada  que  à  Mageílade  Chrifida- 
niflima  de  Luiz  XIV.  mandou  dar  o  Sere- 
niífimo   Monarcha  D.   AíFonfo   VI.   por  D. 
Joaõ    da    Coíla    primeiro    Conde    de    Soure 
chegando  à  Corte  de  Pariz  a  4.   de  Junho' 
de    1659.     Reílituido   a   Lisboa   em    13.   de 
Novembro    de    1660.    foy    eleito    Enviado 
ordinário    à    França    onde    no    primeiro    de 
Março  de  1668.  foy  recebido  na  fua  grande 
Capital    com    particulares    fignificaçoens    de^ 
alvoroço     pelas     faudofas     memorias     que 
nella   fe   confervavaõ    da   fua   natural   bene- 
volência,   e    judiciofa    converfaçaõ.     Depois 
de  aífiflir  pelo  largo  efpaço  de  nove  annos 
nefta    Corte    com    eíle    miniílerio,    em    que 


L  USITANA. 


743 


fcmpre  xelou  com  grande  vigiUncia  ot  ia- 
icrcílcs  deíU  Monarchia  paliou  com  o  ca- 
lu^tcr  de  Enviado  Extraordinário  á  Corte 
<lc  Madrid  onde  defempenhou  as  obrigaçoent 
•  Ic  hum  perfeito  Minidro.  Sendo  mandado 
I  exercitar  o  mefmo  miniílerio  na  Corte  de 
>.ihoya  ao  entrar  na  Cidade  de  Alicante  enfer- 
111  >ii  taõ  gravemente  que  conhecendo  fer 
(lu  ido  o  termo  da  íua  vida  recebeo  com 
luniMKi  piedade  os  Sacramentos  aífiílíndo-lhe 
( ni  líora  tau  pcrigofa  por  diredtor  da  fua  Con- 
vencia o  P.  D.  Rafiael  Bluteau  Qerigo  Re- 
nhir, Varaõ  bem  conhecido  pelas  fuás  obras 
na  Republica  das  letras,  até  que  placidamente 

[eTpirou  a  lo.  de  Julho  de  1680.  com  62. 
innos  de  idade.  Foy  Cavalleiro  da  Ordem 
de  Chrifto,  Confclheiro  da  Fazenda,  e 
do    Confclho    dclRcy:    infignc    Poeta    vul- 

Igtr,  elegante  Hiíloríador  ornado  de  hum 
cftilo  claro,  e  difcrcto,  como  fe  admira  nas 
luas  obras,  que  fendo  pequenas  no  corpo, 
liiõ  agigantadas  no  efpirito  com  que  explica 
os  fcus  conceitos,  das  quacs  os  titulos  faõ 
os  fcguintes. 

Jm:(P  Hiftorico,  e  juriàico  fobre  a  pav^  cele- 
brada entre  as  Coroas  de  França,  e  Caftella  no 
".no   de    1660.     Lisboa   por   Joaõ    da   Cofta 
1666.  12. 

Arijiippo,    ou   Homem   de   Corte  efcrito  em 

\tíi^ia  France:(a  por  Monfieur  Balfac.  ParÍ2  por 
Eftcvaõ  Maucroy.   1668.   12. 

;       Panegírico    hijiorico    Genealo^co    da    Serenif- 

\folia  Cafa  de  Nemurs  offerecido  à  Senhora  Rainòa 
de  Gram  Bretanha.  ParÍ2  pelo  dito  Impreflbr. 
1669.  i^' 

Nacimento,  e  Genealogia  do  Conde  D.  Hen- 
rique Pay  de  D.  Affonfo  L  Rey  de  Portugal.  ParÍ2 
por  Roberto   Covillion.    1670.    12. 

Advertências  ai  addicionador  dela  Hif- 
toria  dei  Padre  Juan  de  Mariana  imprejfa  en 
Madrid  en  el  anno  1669.  Pariz  1676.  12.  fem 
nome  do  Impreflbr.  Sahio  com  o  fupoílo 
nome  de  Moníiur  de  Cohon  Truel  Gentilho- 
mem  Francez  Cavalleiro  da  Ordem  de  Saõ- 

i  Tiago,    Tenente    General    de    Artilharia,    e 

I  Engenheiro  mòr  das  Fortificaçoens  da  Beyra 
em  o  Reyno  de  Portugal. 

Vida  da  Imperatriz  Theodora.  Lisboa  por 
Joaõ  da  Cofta  1677.  i^* 

Dijcurjos  Políticos,  e  Obras  Métricas    Lis- 


boa por  Mathifls  Peretca  da  Syiva,  e  Joa6 
Antunes  Pedroso.  17x1.  t. 

Nas  memorias  Pimtbrtí  ék  D.  Maria  dê 
Atktfie,  Lisboa  na  Oflfícina  Ctasb.  1650. 
4«  eftaõ  a  foL  22.  hum  Somto  (Sm  em  Por- 
tuguês, e  hum  MaárigfU  a  foL  26.  vfi  hum 
Madri^  em  Italiano,  e  t  foL  99.  buma  EJega 
Portugfttxa, 

Delle  como  Poeta  hz  iUuíbe  memoda  o 
P.  António  dos  Reys  ia  EmíBus.  Poetic, 
n.  61. 

Nte  tu  Jaetmdt  Macedo 
Inferior  a  tuo  pro  carmine  dona  ferebas. 

E  como  Genealógico  o  P.  D.  António 
Caet.  de  Sousa  Apparat.  á  Hijl.  Gen.  da  Caf» 
Real  Portug.  pag.  129.  $.  148.  Entre  diverfas 
obras  que  compo^  de  grande  ejlimaçaõ  pelo  efiilo,  & 
admirável  talento  de  feu  Author,  efcreveo  a  Genea- 
logia do  Conde  D.  Henrique  &c. 

DUARTE  RODRIGUES  DA  ROCHA 

muito  applicado  ao  eíhido  da  Genealogia,  e 
como  profeflbr  defta  illuílre  parte  da  Hiíloria 
o  numera  entre  os  Genealógicos  o  P.  António 
Caetano  de  Souza  no  Apparat.  á  HiJl.  Gen.  da 
Caf.  Real  Portug.  pag.  119.  §.  129.  Efcreveo^ 
e  dedicou  ao  Doutor  Gonçalo  Alvo  Godinho 
Lente  de  Prinu  de  Cânones  em  a  Univerli- 
dade  de  Coimbra  de  que  tomou  políe  em 
2.  de  Outubro  de  1646. 

Arvore  Genealoffca  da  muito  alta,  e  clarijftma 
AJcendencia  da  Rjiinha  D.  Lui^a  de  Gu/maÕ,. 
e  delRey  D.  Joaõ  olV.U.  S. 

P.  DUARTE  DE  SANDE  natural 
da  Villa  de  Guimaraens  da  Diocefe  Bra- 
charenfe  aliftou-fe  na  Companhia  de  JE- 
SUS em  a  Cafa  profefla  de  S.  Roque  de 
Lisboa  em  o  mez  de  Junho  de  1562.  Apren- 
deo  as  letras  humanas,  em  que  fahio  taõ 
eminente,  que  foy  Meftare  de  Rhetorica  em 
o  Collegio  de  Coimbra.  Ambiciofo  de 
lucrar  almas  para  Chrifto  navegou  com 
beneplácito  dos  fuperiores  ao  Oriente  no- 
anno  de  1578.  onde  cheyo  de  zelo  apoftx>- 
lico  encheo  as  obrigaçoens  de  Miflionario. 
Foy  Reytor  dos  Collegios  de  Baçaim,  e 
Macáo,  e  Superior  de  Miflaõ  da  China, 
Cumulado    de    merecimentos    acabou    pia- 


744 


BIB  LIO THECA 


mente  a  vida  no  CoUegio  de  Macáo  a  22. 
de  Junho  de  1600.  Delle  fazem  memoria 
Bib.  Societ.  pag.  186.  Franco  Imag.  da  Virt. 
do  Nov.  de  Lish.  pag.  967.  e  no  Am.  Glor. 
S.  J.  in  Lup.  p.  355.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  261.  col.  e  o  novo  addicionador 
da  Bib.  Orient.  de  Ant.  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  8. 
col.  172.  Trigaultius  de  Chrijtian.  exped.  apud 
Sinas  lib.  2.  cap.  8.  Virum  prudentia  laude  ad 
^aterás  animi  dotes  injignem,  e  lib.  4.  cap.  i. 
magnum  ingenium,  <&  praclaras  animi  dotes  in 
Doãoris,  Concionatoris  ,  ac  Superioris  Officiis  con- 
tinuo exercuit.  Petr.  Jarric.  Thei^aur.  rer.  Ind. 
Part.  2.  lib.  2.  cap.  26.  e  27  Semedo  Imper. 
de  la  Chin.  Part.  3.  cap.  2.  e  4.  mereciò  ejli- 
mable  nombre  Faria  Afia  Portug.  Tom.  3.  part. 
I.  cap.  10.  n.  13.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
L,ufit.  lÀtter.  lit.  E.  n.  12.  Vacultatis  Oratória 
nominatijfimus  profejjor,  <ò'  poftmodum  in  Índia 
Orientali  egregius  operarius.  Gouvea  Afia  Ex- 
trem.  Part.  i.  liv.  3.  cap.  3.  n.  17.   Compoz. 

Carta  ejcrita  de  Macáo  em  28.  de  Setembro 
de  1588.  ao  Padre  Geral  em  que  trata  da  Mijfaõ 
da  China.  Sahio  na  Relação  da  Perfeg.  do 
JapaÕ  do  P.  António  de  Vafconcellos  em  1588. 
vertida  em  Italiano  com  outras  Roma  por 
Francifco  Zannetti  1591.  8. 

Itinerário  de  quatro  Principes  Japone- 
:^es  mãdados  à  Sãtidade  de  Gregório  XIII. 
e  de  tudo  quanto  lhe  fucedeo  na  jornada  até 
Je  refiituhirem  as  fuás  terras.  Macáo  no 
CoUegio  da  Companhia  1590.  4.  Sahio  ver- 
tida em  Caílelhano  pelo  Doutor  Bruxeda 
de  Leyva  Hifi.  dei  Japon;  e  em  Latim  An- 
tuerpiíe  apud  Martinum  Nutium.  1593.  12. 
Os  Reys  de  Bungo,  e  Arima  e  o  Príncipe 
<le  Omura  querendo  moílrar  a  fua  obediên- 
cia à  Sé  Apoílolica  refolveraõ  mandar 
huma  Embaxada  a  Roma,  e  para  efte  fim 
elegeu  ElRey  de  Bungo  por  Embaxador 
a  feu  Primo  Maneio  Ito.  ElRey  de  Ari- 
ma, e  o  Príncipe  de  Omura  nomearão  por 
feu  Embaxador  a  Miguel  Cingiva  Sobri- 
nho de  hum,  e  Primo  de  outro,  aos  quais 
acompanharão  dous  Princepes  Juliaõ  de 
Nacaura,  e  Martinho  de  Fará.  Sahiraõ  de 
Nangazachi  a  20.  de  Fevereiro  de  1582. 
cm  hum  navio  Portuguez  de  que  era  Ca- 
pitão Ignacio  de  Lima,  e  chegarão  a  Ma- 
laca a  27.  de  Janeiro  de  1583.  e  depois  de 


vencerem  vários  contratempos  aportarão  a 
Lisboa  a  10.  de  Agoílo  de  1584.  onde  peio 
efpaço  de  vinte,  e  cinco  dias  que  aíTiftiraõ  nefta 
Corte,  receberão  particulares  eftimaçoens  do 
Cardial  Alberto  Governador  do  Reyno,  do 
Sereniflimo  Duque  de  Bragança  em  Villa- 
-viçofa,  e  do  IlluílriíTimo  Arcebispo  de  Évora 
D.  Theotonio  de  Bragança  em  a  dita  Cidade. 
Semelhantes  fignificaçoens  de  jubilo  experi- 
mentarão na  Corte  de  Roma  onde  benevola- 
mente foraõ  tratados  pelo  Pontífice  Gregó- 
rio Xin.  quando  a  23.  de  Março  de  1585.  os 
admitio  à  fua  prezença.  Depois  de  difcorre- 
rem  por  diverfas  Cidades  de  Itália  fe  reftitui- 
raõ  a  Portugal  donde  voltarão  para  o  Japaõ 
chegando  às  fuás  Pátrias  fem  a  menor  moleftia 
com  geral  admiração  dos  feus  VaíTalos. 
Efta  Jornada,  de  que  efcreveo  o  Itinerário 
o  P.  Duarte  de  Sande,  defcrevem  largamente 
o  P.  Luiz  de  Gufman  Hifi.  delas  Miffon.  liv.  9. 
cap.  2.  3.  e  4.  e  o  P.  Charlevoix  Hifi.  et  defcript. 
Gen.  du  Japon.  Tom.  i .  Hv.  6.  §.  4.  Compoz 
mais. 

Cathecifmo  Chinenfe.  M.  S. 

DUARTE  DA  SYLVA  Coadjutor  ef- 
piritual  da  Companhia  de  JESUS  cujo  2clo 
apoílolico  era  taõ  ardente  para  a  converfaõ 
da  Gentilidade,  que  o  elegeo  S.  Francifco 
Xavier  no  anno  de  1552.  para  cultivar  a 
vinha  no  Japaõ  juntamente  com  os  Padres 
Balthezar  Gago,  e  Pedro  de  Alcáçova.  Foy 
hum  dos  incançaveis  operários  em  promover 
o  augmento  da  Religião  já  difcorrendo  por 
vaítas  folidoens  fem  género  algum  de  viatico 
para  fuílento  da  vida;  já  pregando  de  dia,  e 
de  noute  fem  interrupção,  aprendendo  as 
linguas  Japonica,  e  Chinenfe,  em  que  foy 
muito  fciente  para  fe  fazer  mais  intelligivel 
aos  ouvintes  que  dezejava  agregar  ao  reba- 
nho do  divino  Paftor.  Efte  contínuo,  e  labo- 
riofo  difvelo  lhe  contrahio  huma  grave  infer- 
midade  em  o  lugar  de  Cavacari  fituado  no 
Reyno  de  Bungo  em  o  anno  de  1562.  onde 
jazia  taõ  falto  de  remédios  humanos,  como 
abundante  dos  divinos.  Fruftradas  todas  as 
medicinas  que  lhe  applicou  o  Irmaõ  Luiz  de 
Almeyda  dezejava  anciofamente  ver  ao  P. 
Cofme  de  Torres  antes  de  partír  defte  mundo, 
cujo     dezejo     fe     lhe     cumprio     fendo     le- 


LUSITANA. 


745 


vado  ao  Caftello  de  Taouce,  que  eftá  en- 
tre os  confins  dos  Reynos  de  Aiima,  e 
Bungo,  onde  o  P.  Torres  aíTiília  depois  de 
fatisfazer  a  fua  íaudade  pelo  efpaço  de 
dez  dias  efpirou  com  claros  fmaes  de  pre- 
dcíUnado  a  5.  de  Janeiro  de  1)64.  quando 
contava  57.  annos  de  idade  deixando  aos 
feus  Companheiros  muitos  exemplos  de 
virtudes  heróicas.  Fazem  delle  illuílre  me- 
moria Biif.  Societ,  p.  186.  col.  I.  Manoel 
de  Faria,  e  Souf.  Afia  Por/.  Tom.  2.  part. 
4.  cap.  20.  n.  7.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Thea/r. 
\jifit.  Uiter.  lit.  E.  n.  13.  Nicol.  Ant. 
bib,  Hi/p.  Tom.  I.  pag.  261.  Nadafí  Amt, 
DUr  Mem.  S»  J.  Part.  i.  pag.  10.  Guf- 
man.  Hifi.  delas  Miffon.  dela  Comp.  de  ]ef. 
liv.  6.  cap.  27.    Compoz. 

Carta  ejcrita  do  Japaõ  aos  Irmaôs  da  Com- 
panhia da  índia  a  20.  de  Setembro  de  1575. 
Começa.  Depois  que  o  IrmaÕ  CariJJimo  Pedro 
de  Alcáçova.  Sahio  impreíTa  com  outras 
Kvora  por  Manoel  da  Sylva  1598.  foi. 
a  pag.  42.  v.o.  c  Coimbra  por  António  de 
Maris  1570.  4.  foi.  iii.  vertida  em  La- 
tim pelo  P.  Manoel  da  Coíla  no  feu  livro 
Ker.  Societ.  i/t  Ind.  Gejl.  lib.  2.  epift.  i.  Delingx 
apud  Sebaldum  Mayer  1571.  8.  a  pag.  93. 
até  103.  et  Coloniae  apud  Gervinum  Calenium. 
1674.  8.  a  pag.  199.  até  210.  et  in  Epift.  Japanic. 
apud  Rutgerum  Welpium  1570.  8.  a  pag.  103. 
até  108.  &  ibi  apud  eumdem  Typog. 
1569.  8.  à  p.  85.  atè  93.  e  por  Mafíeo  Epift. 
Ind.  lib.  I.  Florentias  apud  Philip.  Junâam. 
1588.  foi.  em  Caílelhano  pelo  P.  Cypriano 
Soares.  Coimb.  por  Joaõ  Alvares,  e  Joaõ 
Barreira  1565.  4.  pag.  95.  e  Alcalà  por  Juan 
Iniguez  de  Lequerica  1575.  4  .  foi.  75.  e  em 
Italiano  no  livro  intitulado  Diverft  avifi  parti- 
cidari  deli'  Indie  Part.  3.  Venetia  per  Michela 
Tramezzino.  1565.  8.  a  pag.  250. 

Summario  de  algumas  Cartas  que  efcre- 
veo  de  Amanguchi  efcrito  de  Bungo  a  20. 
de  Setembro  de  1555.  Principia  Começarão 
os  pobres  a  fa^erem-fe  ChriftaÕs  &c.  Sahio  com 
outras  cartas.  Évora  por  Manoel  da  Sylva 
1598.  foi.  vertida  em  Latim  in  Epift.  Japan. 
Lovanij  apud  Rutgerum  Welpium  1569.  8. 
a  pag.  III.  até  131.  &.  ibi  apud  eumdem 
Typog.  1570.  8.  a  pag.  109.  até  121. 

Arte  da  lingua  ]aponei(a.  M.  S. 


Vocabulário  da  lififfia  J apontoa 

Deílas  obras  fazem  memoria  hib,  So- 
ciet. pag.  186.  coL  2.  Souía  Oriení.  Conqtáft, 
IHut.  2.  Conquift.  4.  Divif.  i.  $.  2.  GuíhMÕ 
Hifl.  delas  Miffton.  liv.  6.  cap.  27.  e  o  moderno 
addicionador  da  bib.  Orient.  de  Ant.  de  Leaô 
Tom.  I.  Tit.  8.  col.  177. 

DUARTE  DA  SYLVA  natural  de 
Coimbra  onde  depois  de  inUruido  com  as  le- 
tras humanas,  Rhetorica,  e  Mythologia  fre- 
quentou o  eíludo  de  Direito  Pontifício  em 
cuja  faculdade  reccbco  o  gráo  de  Licenciado. 
Foy  Prothonotario  Apoílolico,  e  famofo  pto- 
feííor  da  Arte  da  Pocfia,  e  como  a  tal  o  vene- 
rarão os  melhores  alumnos  do  Pamafo  Por- 
tuguez,  como  foraõ  António  Figueira  Duxaõ 
in  L^ur.  ParnaJ.  Ram.  2.  fallando  com  Apollo. 
Armonicum  Sylva  torrentem  fi  aura  bibiffet 
Neíiare  juraret  non  caruiffe  fuo. 
Jacinto  Cordeiro  EJog.  dos  Poetas  Portug, 
Eftanc.  13. 

Puede  Duarte  da  Sylva  {oh  que  talento!) 
Honrar  la  pátria  con  fu  pluma  fola 
Que  a  divina  Deidaã  figue  Ju  aliento 
Mueftra  en  lo  efcrito,  y  mueftra  que  acrifola: 
Delas  Mu/as  fu  pluma  el  movimiento 
Que  es  la  fuya  latina,  y  Efpanola; 
En  cw/a  admiracion  vendendo  el  arte 
Del  Í-Murel  Portuguei:^  tiene  gran  parte. 
Manoel  de   Galhegos    Templo  da  Memor, 
liv.  4.  eft.  178. 

Nymfas,  que  enchendo  as  flores  de  rocio 
Paffeais  de  Coimbra  o  verde  prado 
Chamay  do  Sylva  a  foberana  Clio 
Por  quem  vive  o  Mondego  eternizado 
E  pois  elege  hum  rio  por  fogeito 
Nuno  mares  abrio  no  Hifpano  peito. 
Compoz. 

DefcripçaÕ  da  Serra  da  Eftrella,  e  a  fabula 
dos  rios,  que  delia  nacem.    Começa. 
Donde  el  feli^  terreno  iMfitano 
Armado  de  nativa  fortaleza 
Acaba. 

Ya  conferva  en  los  liquidas  criftales 
De  fus  antigas  formas  las  Senãles. 
Soneto  à  Eftatua  do  filencio.    Começa. 
Detente  ó  caminante  aios  reflexos  Ó^c. 
Huma,   e   outra  obra  fe   confervava   M. 
S.  na  Livraria  do  Cardial  de  Soufa.    Defte 


74Ó 

mefmo  Author  he  o  Soneto  51.  em  o  Cer- 
tame do  Conde  de  Linhares,  outro  em  applaufo 
da  Gigantomachia  de  Manoel  de  Galhegos,  e 
duas  Decimas  em  louvor  das  Poejias  de  Paulo 
Gonçalves  de  Andrade  que  fahiraõ  impreíTas 
no  principio  das  obras  deftes  Authores. 

DUARTE  SIMOENS  natural  de  Lis- 
boa filho  do  Doutor  Simaõ  de  Leaõ  Ca- 
valleiro  do  habito  de  Saõ-Tiago,  e  Medico 
delRey.  Foy  muito  eloquente  na  lingua 
Latina,  e  verfado  na  liçaõ  dos  Authores 
antigos,  por  cujos  dotes  era  domeftico  da 
Cafa  do  UluftriíTimo  Bifpo  do  Algarve 
D.  Jeronymo  Oforio,  e  muito  eftimado  delie 
infigne  Prelado,  o  qual  atendendo  à  inte- 
gridade dos  feus  coíhimes  unida  com  a  eru- 


BIBLIO  THE  CA 


diçaõ  Sagrada,  e  profana  o  nomeou  Cónego 
Penitenciário  na  Cathedral  de  Faro.  Morreo 
em  Sabbado  a  6.  de  Fevereiro  de  1599.  Coni- 
po2. 

De  perfeão  Clerico,  Jive  de  Clerici  inftitu- 
tione,  <ô'  difciplina  libri  quinque.  M.  S.  Eílava 
prompto  para  a  impreíTaõ. 

Epijiola  de  rebus  Ecclejiajlicis  ad  Ca/arem 
Baronium  do  qual  teve  repofta.  Fazem  me- 
moria delle  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  261.  e  antes  a  tinha  feito  Jeronymo 
Oforio  na  vida  de  feu  Tio  o  IlluílriíTimo 
Bifpo  do  Algarve  dizendo  vir  fuit  non  medio- 
cris  eloquentia,  ^  Scriptorum  antiquorum  litte- 
rafe  peritus  cujus  Scripta  propediem  in  lucem 
prodibmt  é  quibus  fingularis  ejus  ingenii  vis 
cognojci  poterit. 


L  USITANA. 


747 


FR.     EDMUNDO     DE     ALJUBAR- 
ROTA natural  dcfta  Villa  celebre  pela 
famofa  batalha  que  as  armas  Portugue- 
zas  alcançarão  das  Caílcihanas  a  14.  de 
Agofto  de  1585.  ProfeíTou  o  Inftituto  Qfter- 
cicnfe  no  Real  Gínvento  de  Alcobaça  onde 
fc  confcrva  a  feguinte  obra  que  efcreveo. 

Keformatio  libelli  judiciarij  à  D.  Graparedo 
íompofiti  anno  1526.  M.  S. 

Fr.  EDMVNDO  DE  CO*S  Villa  dif- 
íante  huma  legoa  da  Villa  de  Alcobaça 
que  lhe  deu  o  berço.  Recebeo  a  Q>gula 
Monachal  do  Doutor  Mcllifluo  S.  Ber- 
nardo no  Real  Convento  de  Alcobaça  onde 
fe  guarda  efta  obra  em  que  moílra  a  vafta 
noticia  que  tinha  dos  ritos,  e  Cerimonias 
da  fua  Congregação. 

Keffmen  Officiorum  Ecclejiajiicorum  fecm- 
Âum  UJum  Cijlercienfem.  4.  M.  S. 

Fr.  EDMUNDO  DE  MONTARGIL 
Naceo  em  a  Villa  do  feu  appelido  íituada 
na  Comarca  de  Santarém  do  Arcebifpado 
de  Lisboa.  Foy  Monge  Ciftercienfe  em  o 
Convento  de  Alcobaça  onde  depois  de  eíhi- 
dar  as  fciencias  efcolaílicas  fe  applicou  à 
liçaõ  da  Sagrada  Efcritura,  e  Santos  Padres 
em  que  fez  a  fua  comprehenfaõ  grandes 
progreíTos.    Compoz. 

Varij  Sermones  Fejlorum  M.  S.  cuja  obra 
fe  conferva  na  Bib.  do  Convento  de  Alco- 
baça. 

Fr.  EGÍDIO  DE  GAMBOA  natu- 
ral da  nobre  Villa  de  Setúbal  filho  de  An- 
tónio Mouro  de  Andrade,  e  Anna  de  Gam- 
boa, que  o  educarão  com  taõ  virtuofos  do- 
cumentos, que  deixando  o  mundo  elegeo  o 
Clauliro  da  Militar  Ordem  de  Chrifto  pro- 
feíTando  no  Real  Convento  de  Thomar  a 
4.  de  Abril  de  1685.  Foy  bom  Theologo, 
e  grande  Pregador.    Exercitou  com  fatisfa- 


çaõ  de  domeíUcos,  e  eílranbos  os  lugues 
de  Reytor  do  Collegio  de  Coimbra,  e  Pro- 
curador Geral  da  Ordem  nefta  Corte.  Mor* 
reo  a  15.  de  Julho  de  171 5.   Imprimio. 

OrofaÕ  funeral  nas  exéquias  do  muito  alto, 
e  poderofo  Key  de  Portugal  o  Senhor  D.  Pedro  11. 
que  celebrou  o  Real  Convento  de  Thomar  da  Ordem 
de  Chrifto  em  22.  de  De:(embro  de  1706.  Lisboa 
por  Jozé  Lopes  Ferreira.  1707.  4. 

Sermad  dos  OJfos  dos  Enforcados  pregado 
na  Mifericordia  de  Lisboa.  Lisboa  por  Mi- 
guel Manefcal  ImpreíTor  do  Santo  Offício 
1711.  4. 

Fr.  EGÍDIO  DA  PRESENTAÇAM 
Naceo  na  Villa  de  Caftello  branco  do  Bif- 
|>ado  da  Guarda  em  a  Provincia  da  Beyra 
no  anno  de  1559.  bailando  a  producçaõ  de 
taõ  grande  homem  para  eternamente  lhe 
ennobrecer  o  nome.  Teve  por  Pays  ao 
Doutor  Francifco  Martins  da  Cofta  iníigne 
Jurifconfulto,  de  cuja  Faculdade  recebeo 
as  infignias  doutoraes  em  a  Univeríidade 
de  Pari2,  e  a  Perpetua  da  Fonfeca  que  ti- 
nha eftreito  parentefco  com  o  P.  Pedro 
da  Fonfeca  da  Companhia  de  Jefus  cha- 
mado antonomafticamente,  Ariftoteles  Lm- 
fitano  de  quem  fe  fará  larga  memoria  em 
feu  lugar,  e  por  irmaõs  ao  Ven.  Fr.  Ro- 
que do  Efpirito  Santo  immortal  ornato 
da  Ordem  Trinitaria,  e  a  Bartholameu 
da  Fonfeca  Collegial  do  Collegio  Real  de 
S.  Paulo,  e  Inquifidor  da  Inquifiçaõ  de 
Goa,  Lisboa,  e  Coimbra,  e  ultimamente 
Deputado  do  Confelho  Geral.  Ainda  con- 
tava poucos  annos  de  idade  quando  feus 
Pays  o  mandarão  aprender  em  Coimbra 
naõ  fomente  as  letras  humanas,  mas  Filo- 
fofia,  e  Direito  Cefareo,  em  cujas  faculda- 
des fahio  taõ  confumado,  que  fendo  dif- 
cipulo  competia  com  os  Meftres  na  pro- 
funda agudeza  com  que  explicava  os  tex- 
tos mais  antinomicos.  Paliados  fete  annos 
no  eíhido  da  Jurifprudenda  ao  tempo  que 


748 

podia  receber  o  premio  das  fuás  eftudiofas 
vigilias  infpirado  de  fuperior  impulfo  fe  reco- 
Iheo  à  iiluftre  Religião  dos  Eremitas  de  Santo 
Agoílinho  profeíTando  o  feu  Inílituto  em  o 
Convento  de  N.  Senhora  da  Graça  de  Lis- 
boa a  25.  de  Abril  de  1558.  quando  contava 
defenove  annos  de  idade.  Depois  de  eníinar 
aos  feus  domeílicos  as  fciencias  das  Efcolas 
com  igual  fruto,  que  applaufo,  fe  laureou 
Doutor  na  Faculdade  Theologica  em  a  Aca- 
demia Conimbricenfe  a  22.  de  Fevereiro  de 
1572.  A  profundidade  da  fua  litteratura,  e 
a  noticia  das  fciencias,  de  que  era  depoíito 
a  fua  feliz  memoria,  o  elevarão  às  Cadeiras 
da  Univeríidade  fendo  Lente  de  Gabriel  a 
14.  de  Julho  de  1582.  de  Efcoto  a  10.  de  No- 
vembro de  1586.  de  Vefpera  a  29.  de  Janeiro 
de  1597.  onde  jubilou  a  21.  de  Agofto  de  1607. 
Impoífibilitado  pelos  annos,  e  pelos  achaques 
naõ  chegou  a  regentar  a  Cadeira  de  Prima 
de  cujo  titulo  teve  a  mercê  por  carta  de  Filip- 
pe  in.  paíTada  em  Lisboa  a  13.  de  Outubro 
de  161 6.  Foy  Deputado  da  Inquiíiçaõ  de 
Coimbra  de  que  tomou  poíTe  a  27.  de  Fe- 
vereiro de  1597.  Vicereytor  da  Univeríidade 
muitas  vezes,  e  Reytor  pelo  efpaço  de  féis 
mezes,  em  cujos  lugares  manifeílou  a  reda 
intenfaõ  do  feu  animo.  Sendo  taõ  conhecido 
o  feu  nome  pelas  letras  ainda  merecia  que  o 
foíTe  mais  pelas  virtudes,  de  que  foy  obfer- 
vantiíTimo  cultor.  Na  continência  foy  taõ 
iníigne  que  para  rebater  huma  vehemente 
fugeílaõ  contra  a  pureza  applicou  huma  maõ 
ao  fogo,  e  com  elle  extinguio  o  que  lhe  abra- 
zava  o  peito.  Com  heróico  defprezo  naõ  acei- 
tou o  Bifpado  de  Coimbra  oíTerecido  pela 
Mageílade  de  Filippe  II.  e  até  o  lugar  de  Pro- 
vincial em  que  fora  eleito  a  6.  de  Mayo  de 
161 8.  o  renunciou  querendo  antes  go- 
vernar as  paixoens  próprias  que  as  aUieas. 
Tolerou  com  admirável  reíignaçaõ  a  ce- 
gueira que  padeceo  nos  últimos  annos  ren- 
dendo graças  ao  AltiíTimo  como  outro  To- 
bias de  o  privar  da  vifta  corporal  para  fe 
fazer  digno  da  Vifaõ  beatifica.  Venerou 
com  profundo  refpeito  a  Chrifto  occulto 
debaixo  das  efpecies  Sacramentais,  com 
terniíTimo  affefto  a  Rainha  dos  Anjos,  e 
com  devotos  obfequios  aos  Santos  feus 
Tutelares.      Mereceo     as     eftimaçoens     das 


BIBLIO  THE  CA 


principaes  peíToas  da  Jerarchia  Ecclefiaf- 
tica,  como  craõ  os  IlluítriíTimos  Primazes 
D.  Fr.  Aleixo  de  Menezes,  e  D.  Fr.  Agof- 
tinho  de  Caftro,  e  o  Bifpo  de  Coimbra. 
D.  Affonfo  de  Caftello-branco.  Cumulado 
de  heróicas  virtudes,  e  vaticinada  a  hora 
da  morte  paílou  da  vida  caduca  para  a 
eterna  em  Coimbra  a  8.  de  Fevereiro  de 
1626.  com  87.  annos  de  idade  e  68.  de 
Religião.  Na  fepultura  fe  lhe  gravou  efte 
epitáfio. 

Fr.  JEgidius  de  Prefentatione  Doãor  Theo- 
logus,  fidei  ^elo,  ac  vita  Janãimonia  injignis 
in  hac  Academia  primarius  Profejfor  emeritus. 
Obiit  8.  Februarij  anno  Domini  1626.  ataíis^ 
fua  87. 

O  feu  nome  celebraõ  Nicol.  Ant,  Bib.  Hifp. 
tom.  I.  pag.  4.  col.  2.  inter  pracipua  Eremtica 
familia  decora  Jingularis  doãrina  mérito  venit 
conumerandus.  Fr.  Ant.  à  Purif.  de  Vir.  llluftrih. 
Ord.  Erem.  D.  Auguji.  lib.  2.  c.  2.  in  virtutibus, 
tum  inftudiis  mirifice  profecit,  Brand.  Mon.  Ijufit. 
Part.  6.  liv.  19.  cap.  23.  grande  Mejlre.  Sama- 
niego  Prim.  de  E/cot.  n.  208.  Varon  dela  pri- 
mera  erudicion.  Plenevaalx  in  prafat.  ad  Primata 
Aug.  injignem  Heroem  ex  primarijs  totius  iMJita- 
ni(£  ante  Ordinem  Philofophum  (&  Júris  confultum, 
in  Ordine  fui  avi  Theologum  Primarium.  Marra- 
cius  Bib.  Marian.  Part.  i.  pag.  17.  vir  multis  no- 
minibus  colendus  <&  Jcriptis  in  lucem  editis  clarijji- 
mus.  Auguíl.  Barbof.  de  Poteji.  Epijcop, 
Part.  3.  Allegat.  50.  n.  iii.  Praceptor  colendijft- 
mus.  Franc.  de  S.  Mar.  Diar.  Portug.  pag.  174. 
Cheyo  de  merecimentos,  e  virtudes.  Camargo  Chro- 
nol.  Sacra  p.  4.  Varon  do£íiJJimo,j  el  major  ingenio, 
que  en  nueftros  tiempos  entre  los  mas  aven- 
tajados  hà  floreado  en  doãrina,  y  erudicion 
efcolajiica,  j  pojitiva  con  admiracion  de  todos,  que 
faben,  j  profejfan  letras  Divinas,  e  humanas. 
Figueired.  Fios  Sana.  Auguji.  Tom.  4.  pag.  1 34. 
§.  34.  Foy  grande  ^elador  do  ferviço  de  Deos, 
Varaõ  Jincero,  e  por  extremo  cajio.  Joan.  Soar. 
de  Brito  Theatr.  Eufit.  Litter.  lit.  A.  D.  Fr. 
Thom.  de  Faria  Decad.  i.  liv.  9.  D.  Franc. 
Man.  na  Carta  dos  AA.  Portug.  admi- 
rável. Mafeo  Vita  dei  P.  Franc.  Soar. 
cap.  23.  magno  Theologo.  Fr.  Ant.  de  Na- 
tivid.  Mont.  de  Coroas  Mont.  2.  Cor.  8. 
§.  2.  n.  40.  e  Mont.  3.  Coroa  unic.  §. 
I.   n.    5.    Gratian.   in   Anajiaf.   Auguji.   Her- 


LUSITANA. 


749 


icr  Alphabet.  Aug.  MclíTius  lincom.  Aug. 
Publicou  as  obras  feguintcs  para  cuja  Im- 
prcríaõ  lhe  mandou  dar  Feiippe  III.  quatro- 
centos mil  reis. 

De  Immaculata  Beata  Virfijnis  Conceptione 
ab  omni  Originali  peccato  immimi  Jihri  qmtuor. 
Dica/i  Sacra  Maiejlati  Philippi  III.  Hi/paniarum 
Kegis.  Conimbricae  apud  Didacum  Gomez 
de  Loureiro.  1607.  foi. 

Difputationes  He  anima,  eb*  corporis  bea- 
iitudine  ad  priores  quinqne  Quaftiones  prima 
Secunda  D.  Thoma,  e^*  ad  Qimft.  1  z.  prima 
partis  in  três  tomos  dijlributa  in  quorum  primo, 
^fecundo  agitur  de  Beaíitudine  corporis  Tom.  i. 
Conimbricx  apud  eumdem  Typog.  1609.  foi. 

Difputationes  de  Beafitudine  anima,  (&  cor- 
poris feptem  libris  abfoluta  in  quibus  agitur  de 
beatitudine  anima  in  ordine  ad  objectum  beatificum, 
€y  de  iis,  qua  beatitudinem  anima  aut  antecedimt, 
aut  comitantur,  aut  conjequuntur.  Tomus  2.  ibi 
per  eumdem  Typog.  1616.  foi. 

Difputationes  de  beatitudine  anima,  c^  cor- 
poris quinque  libris  abfoluta  Tom.  3.  ibi  per 
eumdem  Typog.  161 5.  foi. 

Commentationes  Phyfica,  ^  Methaphysica. 
Urfellis  apud  Cornelium  Suttorium  1604.  4. 
Sahio  em  nome  de  Fr.  Egidio  Romano  fendo 
feu  verdadeiro  Author  o  noflb  Egidio  Lufi- 
tano  como  affimraõ  Nicoláo  Plenevaalx,  Fr. 
Thomaz  Herrera,  e  Fr.  António  da  Nativi- 
dade nos  lugares  aíTima  citados. 

Primas  Anguflinianus ,  five  prarogativa 
fixcellentia  Ord.  Eremit.  D.  Auguflini  in 
Jibros  novem  dijfeítus.  Coloniae  apud  An- 
tonium  Boètzerum.  1627.  8.  Sahio  em 
nome  de  Fr.  Nicoláo  Plenevaalx  Ere- 
mita Auguíliniano  como  efcreve  Fr.  Ma- 
noel de  Figueiredo  no  lugar  aíTima  alle- 
gado  pag.  135.  cuja  obra  com  o  titulo 
de  Defenforio  da  Ordem  fe  conferva  na  Li- 
vraria do  Convento  da  Graça  de  Lisboa, 
e  delia  fe  lembraõ  Fr.  António  da  Nati- 
vidade Mont.  5.  Cor.  unic.  §.  i.  n.  5. 
e  Fr.  Ant.  da  Purif.  de  Vir.  Illuflrib.  Ord.  Eremit. 
D.  Aug. 

De  voluntário,  e  involuntário  libri  duo. 
Eíla  obra  fendo  vifta  pela  Santidade  de 
Paulo  V.  affirmou  naõ  fe  ter  efcrito  def- 
te  argumento  outra  mais  folida,  e  pro- 
funda. 


De  Incarnatione  Divitti  Verbi. 
Dt  Euchariflia. 
Di  Sacrificio  Miffa, 

Eíles  Tratados  Theologicos  com  outros 
muitos  fe  confervaô  na  Livraria  do  CoUegío 
de  Coimbra  aíTim  como 

De  Peccato  Orifftutli.  M.  S,  foL  em 
o  Convento  da  Graça  defta  Corte. 

ELIAS  DE  LEMOS  cuja  pátria  ignora- 
mos. Na  primeira  idade  abraçou  o  IniUtuto 
da  illuílre  Ordem  dos  Pregadores  onde  teve 
a  fortuna  de  fer  feu  Meíbe  o  V.  Fr.  Bartho- 
lamco  dos  Martyres  eterno  efplendor  da 
Jerarchia  Ecclefiaílica,  de  cuja  difciplina  íahio 
igualmente  inftruido  na  fciencia  dos  Santos,  e 
das  Efcolas.  Obrigado  de  varias  moleítias  que 
lhe  impediaõ  a  obfervancia  da  vida  religioía 
deixou  o  Clauílro,  e  como  era  muito  veríado 
na  Theologia  Moral  foy  provido  em  o  Prio- 
rado da  Igreja  Matriz  do  Salvador  da  Villa  de 
Pombeiro  Cabeça  de  Condado  cm  o  Bif- 
pado  de  Coimbra  onde  exercitou  as  obriga- 
çoens  de  vigilante  Paftor.  Traduzio  da  lingua 
Italiana  em  a  materna. 

Vida   da   h.    Catberina   de   Génova   M.    S. 

ELOY  DE  ABREU  Cónego  Secular 
da  Congregação  do  Evangeliíla  amado  grande 
Theologo  moralifta.  Efcreveo  no  anno  de 
1603.  conforme  diz  Jorge  Cardozo  nas  Memor. 
M.  S.  para  a  Bib.  Portug. 

Summa  de  Theologia  Moral.  M.  S. 

Fr.  ELOY  DE  FERREYRA  natural  da 
Villa,  que  tomou  por  appellido  íituada  em  a 
Provinda  do  Alentejo  entre  a  Villa  do  Torraõ, 
e  a  Qdade  de  Beja.  Recebeo  o  habito  Mona- 
chal  da  Ordem  Ciftercienfe  no  Real  Convento 
de  Alcobaça  onde  applicado  à  liçaõ  de  livros 
afceticos,  e  hiftoricos  efcreveo. 

Exercidos  efpirituaes  M.  S. 

Vida  de  Santa  Maria  Egipciaca,  e  outros 
Santos  M.  S. 

Confervaõ-fe  na  Bibliotheca  de  Alcobaça. 

ELOY  DE  SAA'  SOTOMAYOR 
natural  de  Lisboa,  Bacharel  formado  na  Fa- 
culdade dos   Sagrados  Cânones  em  a  Uni- 


75o 


BIBLIO  THE  CA 


verfidade  de  Coimbra  ornado  de  fublime 
génio  para  a  Poeíia  que  cultivou  com  applaufo 
dos  mais  celebres  ProfeíTores  deíla  Arte  fendo 
hum  delles  Jacinto  Cordeiro  que  no  Elog. 
dos  Poetas  Portugueses  Out.  63.  aíTim  o  louva. 

Venga  Elojo  de  Sá,  que  le  obedece 

£/  Mondego  que  alaba,  fi  nó  apoja; 

Porque  hai(iendo  en  fu  Occajo  primaveras 

Los  Palores  canto  de  Jus  ri  beras. 
Publicou. 

Jardim  do  Ceo,  Poemas  vários  Sagrados. 
Lisboa  por  Vicente  Alvarez  1607.  4.  Coníla 
de  Sonetos,  Cançoens,  Elegias,  Mottes  Glof- 
fados,  e  Romances. 

Cancion  a  la  entrada  de  Ju  Magejlad  en  Lisboa. 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1619.  4. 

Ribeiras  do  Mondego  Dedicado  a  Duarte 
Coelho  de  Albuquerque.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor  1623.  4.  Coníla  de  proza,  e  verfo. 
Elegia  Latina  feita  de  vários  fragmen- 
tos de  diverfos  Poetas  em  louvor  do  Dou- 
tor Belchior  Febos,  e  fahio  impreíTa  no 
principio  do  i.  Tomo  das  fuás  Decifoens; 
e  no  2.  eftá  hum  Epigramma  feu  Latino 
em  applaufo  do  mefmo  Jurifconfulto.  Del- 
le  faz  mençaõ  o  P.  António  dos  Reys  no 
Enthujiafm.  Poet.  n.  112. 

=  Sadius  Hortum 

Facundabat    aquis    liquido    de  fonte    refumptis. 

ESTAQO     DE     FARIA     Fidalgo     da 
Cafa  Real,   e  Avo  materno   do  iníigne  Ef- 
critor    Manoel    de    Faria,    e    Soufa.     Igual- 
mente fe  admirou  o  feu  valor  quando  mili- 
tou  em   obfequio   da   Pátria,    e   o   feu   zelo 
na  adminiílraçaõ  da  fazenda  Real  na  Ame- 
rica,  como   o   feu   talento   para  a  Poefia  a 
qual  cultivou  com  tanta  elevação  que  che- 
garão os  feus  verfos  a  equivocarfe  com  os 
do   Princepe   da   Poética   Luiz  de    Camoens 
feu     particular     amigo,     e     contemporâneo. 
Manoel    de    Faria    na    i.    Part.    da    Fuente 
de    Aganip.     Cant.     6.     Sonet.     83.     efcrito 
a    feu    filho    Pedro    de    Faria    o    aplaude 
com  eílas  vozes. 
Aquelle  que  me  fqy  Avó  primeiro 
E  ficou  fendo  para  tifegundo 
Do  brando  Apollo,  e  Marte  furibundo 
Foy  venturofo  efpirito,  e  ventureiro 
Eu  nas  artes  do  métrico  lu^^iro 


Com  imitallo  minha  gloria  fundo  &c. 
E  na  Part.   2.  em  que  lhe  dedica  à  fua 
memoria  a  Fabula  de  Apollo,  e  Dafne  Eílanc.  4. 
Efpirito  Gentil,  que  en  nueflra  Hefperia 

Ganajle  dei  laurel  fecunda  rama 
Fertilit^ando  con  igual  matéria 
Elogios  en  el  bront^e  de  la  fama. 
Pues  me  oprime  fin  ti  noche  Cimeria 
Hurta  ai  Sol  para  mi  bajlante  lia  ma, 
A  hav^er  tu  ingenio,  que  heredè  fublime 
Y  en  vano  fi  lo  alcanço,  ella  me  oprime. 
Deixou  compoílo 

Varias  Obras  de  Verfo,  e  Profa.  M.  S.  das 
quaes  fallando  o  mefmo  Faria  na  Vida  de  Ca- 
moens impreíTa  ao  principio  do  Commento  das 
Rimas  que  fez  a  eíle  Poeta  diz.  Fue  honbre  de 
lu:(ido  ingenio,  y  efcrevio  con  buena  dicha  vários 
Poemas;  por  fu  muerte  quedaron  a  mi  madre 
algunos  papeies,  e  entre  ellos  un  libro  de  aquartilla 
de  hafia  una  mano  de  papel  M.  S.  j  era  de  Profas, 
y  verfos  obra  continuada  &c.  Lope  da  Vega 
no  Elog.  de  Manoel  de  Faria  y  Souf.  impreflb 
ao  principio  do  Comment.  das  Lufiad.  §.  12. 
Sérvio  ElRey  militarmente,  y  defpues  en  oficio 
de  ha^ienda  en  el  Brafil,y  computo  varias  obras  poé- 
ticas con  acierto.  Joan.  Soar.  de  Brito  Theat, 
Lufit.  Litter.  lit.  S.  n.  25.  Sobre  todos  o 
aplaude  o  divino  Camoens  no  Soneto  92, 
da  Cent.  2.  aífim  pelo  valor  militar,  como 
pelo  efpirito  Poético. 
Agora  toma  a  efpada,  agora  a  penna 

Efiacio  nojfo  em  ambas  celebrado 
Sendo  ou  nofalfo  mar  de  Marte  amado 

Ou  na  agua  doce  amante  da  Camena. 
Cifne  fonoro  por  Ribeira  amena 

De  mim  para  cant  ar  te  he  cubicado; 

Porque  naõ  podes  tu  fer  bem  cantado 

De  ruda  fraufa,  nem  de  agrefte  avena. 
Se  eu  que  a  penna  tomey,  tomey  a  efpada 

Para  poder  jugar  licença  tenho 

Defia  alta  influição  de  dous  Planetas 
Com  huma,  e  outra  lu^  delles  locada 

Tu  com  pujante  braço,  ardente  engenho 

Serás  Faro  a  Soldados,  e  a  Poetas. 

Fr.  ESTACIO  DA  TRINDADE  cha- 
mado no  Século  Eftacio  Pinheiro  de 
Vargas.  Naceo  em  Lisboa  a  20.  de  Feve- 
reiro de  1676.  onde  teve  por  Pays  a  Fran- 
cisco   Pinheiro    de   Vargas,    e    Luiza   Maria. 


II 


LUSITANA. 


75i 


que  dezejando  feguine  o  Eftado  EccleíaT- 
ii(()  Secular  elegeo  com  refoluçaõ  mftyor 
<|UL-  a  Tua  idade  o  Religiofo  abraçando  o 
indituto  dos  Eremitas  Defcalços  de  Santo 
AgoíUnho,  o  qual  profeíTou  no  G>nvento  de 
N.  Senhora  da  G>nceiçaò  do  Monte  Olivete, 
lituado  no  fuburbio  defta  Corte  a  29.  de  Junho 
de  1694.  Diélou  Artes,  e  Theologia  aos  feus 
domeílicos  até  que  jubilou  neíla  Sagrada 
Faculdade  com  tanta  gloria  do  fcu  magiílerio 
que  o  habilitou  para  fer  Qualificador  do  Santo 
Officio,  Confultor  da  Bulia  da  Crufada,  Exa- 
minador das  Ordens  militares,  do  Priorado 
(lo  Crato,  e  Synodal  do  Arcebifpado  de  Lis- 
boa. Depois  de  exercitar  duas  vezes  o  lugar 
de  ComifTario  Geral  foy  eleito  no  Capitulo 
celebrado  cm  Monte  mòr  a  11.  de  Mayo  de 
1731.  Vigário  Geral  da  fua  Congregação, 
cm  cujo  governo  moílrou  a  prudência  do 
feu  talento.  He  igualmente  douto  na  Theo- 
logia Moral  que  na  Miftica,  taõ  verfado 
na  liçaõ  da  Hiíloria  como  na  cultura  da 
Poefia  vulgar  de  que  tem  impreíTo  com 
nome  fuppofto  algumas  obras  a  aíTumptos 
Sagrados.  Publicou  com  o  nome  de  Fr. 
Agoftinho  da  SantiíTima  Trindade. 

Promptuario  Augujiiniano,  ou  dejpertador  diá- 
rio para  os  majores  lucros  das  almas,  e  remijjaõ 
mais  efficat(^  de  culpas  com  que  no  fértil  campo 
da  Iff^eja  Catholica  Jem  muito  trabalho  achaõ 
o  thefouro  mais  rico  todos  os  negociantes  da  divina 
^aça.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira  Impreflbr 
da  AuguíliíTima  Rainha  N.  Senhora  1737.  8. 

Summa  totius  Philofophia  ex  doãrina 
D.  Thoma  extraia,  et  extruãa,  nec  non 
Sententiis  Magni  Parentis  Augujlini  firmijftme 
rohorata.  foi.   M.    S. 

Brevis  Summa  Theologice  Speculativoe  ex 
]\ía^i  P.  Augujlini,  D.  Thoma,  Concilio- 
rnm,  (&  Sanãorum  Patrum  doãrina  conftruãa. 
foi.  M.   S. 

ESTELLA  cujo  nome  próprio  encubrio, 
aíTim  como  publicou  fer  Portuguez.  Foy 
celebre  Poeta  da  fua  idade  de  que  he  teftemu- 
nha  o  Poema  que  publicou  com  efte  titulo. 

1m  Machabea  en  do^e  Cantos  heróicos. 
Leaõ  por  Pedro  Gevardo  1604.  4.  Em 
feu  applaufo  tem  no  principio  hum  Soneto, 
que  começa: 


E/lrella  ciara,  Mia  matutina 

Qm  $Jelarte$  la  pátria  Ijéfitana 

Las  ^  nmftro  orbt  alumbra  con  lo^ana 

Matma,  y    artt    qual   la    lu^    divina. 

êcc. 

ESTEVAM  Chantre  da  Cathedral  de  Lis- 
boa, em  cuja  dignidade  o  proveo  D.  Álvaro 
de  Frdtai  decimo  quinto  Bifpo  delia  Díocefe, 
o  qual  como  tinha  proíeííado  o  Inftituto  Ca- 
nónico AuguíUniaoo,  em  o  Real  Convento 
de  Santa  Cruz  de  Coimbra  pedio  no  anuo 
de  II 68.  a  D.  Joaò  Theotonio  fegundo  Prior 
do  dito  Convento  lhe  mandaíTe  dous  Cónegos 
Regrantes  para  o  feu  Cabido  fendo  hum 
delles  D.  Eílevaõ,  o  qual  como  floreceííe  no 
anno  de  1173.  em  que  fucedeo  a  Trefladaçaõ 
do  inviélo  Mártir  S.  Vicente  do  Promon- 
tório Sacro  para  a  Cathedral  de  Lisboa 
onde  defcanfaõ  as  fuás  triumfaes  cinzas,  ef- 
creveo  com  toda  a  individuação  os  prodígios 
que  fuccederaõ  neíla  occafiaõ,  cuja  obra  tem 
por  titulo. 

Incipiunt  miracula  Sanai  Vincentii  Martyris 
edita  Ulixbone  à  Mafffhro  Stephano  Sedis 
LJlyxbonenJis  pracentore.  O  original  fe  con- 
ferva  no  Cartório  da  Sè  de  Lisboa,  e  huma 
copia  no  Real  Convento  de  Alcobaça  em 
hum  livro  que  tem  por  titulo  Tertia  Pars 
Pafftonum,  a  qual  imprimio  o  Doutor  Fr. 
António  Brandão  Chronifta  mór  do  Reyno  em 
a  3.  Parte  da  Mon.  hjifit.  pag.  298.  havendo 
já  eUe  feito  memoria  do  Author,  e  da  obra 
na  mefma  Monarch.  Liv.  11.  cap.  23.  e  D. 
Nicol.  de  Santa  Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Ke- 
gul.  Liv.  8.  cap.  6.  n.  9.  e  liv.  9.  cap.  7.  n.  5. 
O  IlluítóíTimo  D.  Rodrigo  da  Cunha  tradu- 
2Ío  efta  obra  de  Latim  em  Português,  e  a 
imprimio  na  Ihfl.  Ecclef.  de  Usb.  Part.  2. 
cap.  9.  10.  II.  e  12. 

Fr.  ESTEVAM  DE  SANTO  AN- 
GELO Naceo  em  Lisboa  a  3.  de  No- 
vembro de  1671.  onde  teve  por  Pays  ao 
Capitão  Luiz  da  Sylva,  e  D.  Vicencia  Fer- 
reira. Na  idade  de  16.  annos  entrou  na 
Religião  Carmelitana,  cujo  Sagrado  Infti- 
tuto profeílou  no  Convento  pátrio  a  30, 
de  Setembro  de  1688.  Depois  de  ter  inf- 
truido   aos   feus    domefticos   com  as   Facul- 


752 

dades  de  Filofofia,  e  Theologia  jubilou  por 
patente  do  Reverendiffimo  Geral  Fr.  Pedro 
Thomaz  Sanches  a  12.  de  Junho  de  171 1. 
e  recebeo  o  gráo  de  Doutor  na  Religião  a  24. 
de  Agofto  do  dito  anno.  A  fua  prudente  capa- 
cidade o  fez  digno  de  que  depois  de  fer  Pro- 
curador Geral  da  Provincia,  e  Prefidente  no 
Capitulo  celebrado  em  o  Convento  de  Lisboa 
a  3.  de  May  o  de  1721  fubiíTe  ao  lugar  de  Pro- 
vincial a  7.  de  Mayo  de  1724.  e  de  ComiíTa- 
rio  Viíitador  Geral  a  27.  de  Julho  de  1725. 
No  Capitulo  Geral  celebrado  na  Cidade 
de  Ferrara,  que  principiou  em  5.  de  Mayo 
de  1728.  foy  Definidor  Geral.  Igualmente 
zelofo  da  cultura  das  virtudes  que  da  glo- 
ria da  fua  Religião  publicou  as  obras  fe- 
guintes  traduzidas  da  lingua  Italiana  em  a 
materna. 

Manjar  da  alma,  e  verdadeira  pratica 
da  Oração  mental  ordenada  à  Payxaõ  de 
Chrifto  Senhor  noffo  por  todos  os  dias  do  mef^ 
e  outros  devotos  exercidos,  e  meditaçoens.  Lisboa 
por  Miguel  Rodrigues.  1726.  8. 

Devotijftmos  exercidos  de  preparação,  e  acçaõ 
de  graças  para  antes,  e  depois  da  confijfaõ,  e 
comunhão  tirados  dos  M.  S.  de  S.  Francifco  de 
Sales  Bifpo,  e  Princepe  de  Genebra.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor.  1732.  12.  e  Anveres 
por  Jacobo  Bernardo  Jouret.   1732.   12. 

Jardim  Carmelitano,  Hijloria  Chronologica, 
e  Geográfica  Noticias  Sagradas  domejlicas,  e 
eftranhas  de  vários  Jucceffos  da  KeligiaÕ  Carme- 
litana.  Oferecido  a  Maria  Santijfima  May  de 
Deos,  e  dos  Carmelitas.  Compojio  na  lingua 
Italiana  pelo  Reverendo  P.  Fr.  Egidio  Leoin- 
delicato;  novamente  cultivado,  traduzido,  e  addi- 
cionado  no  idioma  Lufitano  pelo  Reverendo  P. 
Fr.  EfievaÔ  de  Santo  Angelo  (à^c.  Primeira  Parte. 
Lisboa  na  Regia  Officina  Sylviana,  e  da 
Academia  Real  1741.  foi. 

Parte  Jegunda  oferecida  ao  Senhor  S.  Jo;(é  Lis- 
boa pelo  dito  ImpreíTor,  e  no  mefmo  anno. 

Fr.  ESTEVAM  DE  SANTA  ANNA 
Naceo  na  Villa  de  Campomayor  da  Pro- 
vincia do  Alentejo  fendo  filho  de  Fran- 
cifco Rodrigues,  e  Brites  Vaz.  Recebeo 
o  habito  Carmelitano  no  Convento  de  Lis- 
boa a  8.  de  Julho  de  1584.  e  profeífou  a 
26.  do  dito  mez  do  anno  feguinte.    Eíludou 


BIB  LIOTHECÁ 


com  tanta  applicaçaÕ  as  fciencias  efcho- 
lafticas,  que  as  diâou  com  igual  applauzo 
aos  feus  domeílicos.  Completos  os  annos  da 
jubilaçaõ  fe  laureou  Doutor  na  Faculdade 
Theologica  na  Academia  Conimbricenfe.  Exer- 
citou com  louvável  fatisfaçaõ  os  lugares  de 
Cuftodio,  primeiro  Definidor,  Reytor  do  Col- 
legio  de  Coimbra,  Vigário  Provincial,  Prefi- 
dente de  Capitulo,  e  nelle  foy  eleito  Provincial 
a  18.  de  Abril  de  1621.  Foy  Qualificador  do 
Santo  Ofíicio,  e  hum  dos  celebres  Pregadores 
do  feu  tempo  como  efcrevem  Joan.  Soar.  de 
Brit.  Theat.  Ijdfit.  L-itter.  Ht.  S.  n.  26.  Carvalho 
Corog.  Portug.  Tom.  3.  liv.  2.  Trat.  8.  cap.  47. 
e  Fr.  Manoel  de  Sá  Mem.  Hift.  dos  Efcrit. 
Portug.  da  Ordem  do  Carm.  pag.  104.  Morreo 
no  Convento  de  Lisboa  a  26.  de  Julho 
de  1630.  com  72.  annos  de  idade  e  46.  de 
Religião.  Publicou. 

Sermão  do  Aão  da  Fe,  que  fe  celebrou  na 
Cidade  de  Coimbra  na  Jegunda  Dominga  da  Qua- 
rejma  anno  161 2.  Coimbra  por  Nicoláo  Car- 
valho ImpreíTor  da  Univerfidade  161 2.  4. 
e    Lisboa    por    António    Alvares.    161 8.    4. 

Fr.  ESTEVAM  ANNES  natural  da 
Villa  de  Óbidos  do  Patriarchado  de  Lis- 
boa Monge  CiRercienfe  cujo  inftituto  pro- 
feífou no  Real  Convento  de  Alcobaça;  Varaõ 
de  vida  inculpável  applicando  aquelks  horas 
que  vagavaõ  dos  exercícios  ReUgiofos  a  o 
eftudo  dos  Authores  Afceticos,  e  hiHoriadores 
Sagrados  compoz. 

Vida  de  Santo  Aleixo.  M.  S. 

Vida  do  Monge  cativo.  M.  S. 

Traduzio  de  Latim  em  vulgar. 

Diálogos  de  S.  Gregório  Magno  M.  S.  Todas 
eílas  obras  fe  confervaõ  na  Bibliotheca  do 
Real  Convento  de  Alcobaça. 

Fr.  ESTEUAM  BOTELHO  natural 
de  Évora  filho  de  nobres  Pays  chama- 
dos Domingos  Botelho  de  Vilhena,  e  Ma- 
ria Botelho  de  Aragaõ.  Ainda  contava 
poucos  annos  de  idade  quando  com  ma- 
dura eleição  deixou  a  cafa  paterna  para 
abraçar  o  Inílituto  dos  Eremitas  de  Santo 
Agoílinho  que  profeíTou  no  Convento  pá- 
trio a  29.  de  Junho  de  1650.  Foy  Prior  do 
Convento   de   Arronches,   e  Loulé,  e  muyto 


LUSITANA. 


V  '  M  '     'ifrada   Efcritura,   c 

I  promptos    pua   a 

impre/íaõ. 

Sermoens  vários  j .  Tom.  foi.  e  2.  de  4.  Aí,  J*. 
Apontamentos  concionatorios.  foi.  A/,  i'. 

ESTEVAM  DE  BRITO  infignc  pro- 
feíTor  de  Mufica,  aíTim  Thcorica,  cGtno  praélica 
chegando  com  a  grande  fcicncia  que  teve  dcíla 
Faculdade  a  competir  com  feu  famofo  Medre 
rilippe  de  Magalhaens»  de  quem  fe  fará 
memoria  cm  feu  lugar.  Foy  mcílre,  e  Benefi- 
ciado em  a  Cathedral  de  Badajos,  cujo  minif- 
terio  também  exercitou  na  Cathedral  de  Málaga 
alcançando  pelas  fuás  obras  grande  applaufo 
em  toda  Efpanha,  das  quaes  fe  confervaõ  as 
feguintes  na  Bibliotheca  Real  da  Mufica, 
como  confta  do  feu  Index  imprcflb  em  Lis- 
boa por  Pedro  Crasbecck  1649. 

Tratado    de   Mufica.     Eftant.    18.    n.    513. 

Motetes  a  4.  5.  6.  vo:(es.  Eftant.  20.  n. 
569. 

Motete.  'Bxurge  qmre  obdormis  Domine 
a  4.  Eftant.  36.  n.  809. 

Vilbancicos  de  Navidad.   Eftant.  28.  n.  697. 

Fr.  ESTEVAM  DE  BUARCOS  cujo 
appellido  tomou  da  marítima  Villa  diftante 
fete  legoas  de  Coimbra  para  o  Poente. 
ProfeíTou  o  Inftituto  Ciftercienfe  no  Con- 
vento de  Santa  Maria  de  Ceiça  no  Bifpado 
de  Coimbra  onde  applicado  aos  Ritos, 
e  Ceremonias  Ecclefiafticas  efcreveo  a 
feguinte  obra,  que  fe  conferva  no  Real  Con- 
vento de  Alcobaça. 

De  divino  Oficio  peragendo.  M.  S. 

P.  ESTEVAM  CARDEIRA  natural 
da  Villa  de  Alvito  diftante  da  Qdade 
de  Évora  féis  legoas  para  o  Sul  na  Pro- 
vinda do  Alemtejo.  Recebeo  a  Roupeta  da 
Companhia  de  JESUS  em  o  Noviciado  de 
Évora  a  18.  de  Dezembro  de  1634.  onde 
enfinou  letras  humanas,  Filofofia,  e  Theo- 
logia  Moral.  Depois  de  receber  o  gráo  de 
Doutor  em  a  Univerfidade  de  Évora  a  19. 
de  Dezembro  de  1658.  fe  dedicou  ao  minif- 
terio  do  Púlpito  em  que  alcançou  naõ  peque- 
no applau2o.  Morreo  no  CoUegio  de  Évora 
a  9.   de  Março  de   1694.    Delle  fe  lembraõ 


753 

Franco  Jmag.  ia   Virtud.  do  Nop.  dt  Etw, 
p.  860.  e  Fonfec  Epor,  Ghricf.  pag.  429. 
Tinha  promptos  para  a  ImpreíTaõ. 
Sermoins  vários.  M.  S.  4. 

P.  ESTEVAM  DE  CASTRO  Naceo  cm 
Lisboa  onde  foy  vírtuofamentc  educado  por 
feus  oobres  Pays  António  Vidal  de  Vafcon- 
cellos,  e  D.  Maria  de  Caftro,  de  que  rcfultou 
abraçar  o  Sagrado  Inftituto  da  Companhia  de 
jefus  em  o  Collegio  de  Coimbra  a  10.  de  Agoílo 
de  1)89.  quando  contava  defefeis  annos  de 
idade.  Enfinou  as  letras  humanas  em  que  era 
infigne  pello  largo  espaço  de  outo  annos. 
Difcorreo  por  diverfas  partes  do  Reyno 
pregando  apoftolicamente,  de  cujo  trabalho 
colheo  copiofo  fruto.  Foy  Procurador  da 
Província  da  índia.  Morreo  no  Collegio  do 
Porto  a  12.  de  Agofto  de  1639.  Delle  fe  lêbraõ 
Bib.  Societ.  p.  749.  col.  2.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Theatr.  Ijifit.  Litter.  lit.  S.  n.  28.  D.  Franc. 
Manoel  Cart.  dos  AA.  Portug.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hi/p.  Tom.  2.  pag.  235.  Franco  Imag.  da  Virt. 
do  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2.  pag.  616.  e  no  Ann. 
Glorio/.  S.  J.  in  Ijifit.  pag.  465.    Efcreveo. 

Breve  aparelho,  e  modo  fácil  para  ajudar  a  bem 
morrer  hum  ChriftàÕ;  com  a  recopilaçaõ  da  matéria 
de  Tefiamentos,  e  penitencia,  varias  oraçoens  devotas 
tiradas  da  Efcritura  Sagrada,  e  do  Ritual  Romano 
de  noffo  Santo  P.  Paulo  V.  Lisboa  por  Joaõ  Ro- 
driguez  1 621.  8.  e  na  dita  Cidade  por  António 
Alvares  1639.  8.  Dedicado  ao  Illuftriflimo  D. 
Rodrigo  da  Cimha  Arcebifpo  de  Lisboa  fendo 
Provedor  da  Mifericordia.  Lisboa  por  Domin- 
gos Carneiro  1663.  8.  &  ibi  por  Miguel  Manef- 
cal  1677.  Coimbra  por  Jozé  Antunes  da  Sylva 
1705.  8.  e  Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ 
1725.  8. 

ESTEVAM  CAVALLEIRO  Presbí- 
tero, e  peritilTmio  profeUor  de  Grammatica 
Latina,  e  naõ  menos  verfado  em  a  fcíen- 
cía  da  Grega.  Eftiidou  na  Univerfidade  de 
Lisboa  os  primeiros  rudimentos  donde  paf- 
fando  a  Itália  fe  fez  taõ  infigne  no  idio- 
ma Romano  que  reflituido  à  Pátria  foy 
Meftre  defla,  eloquentiíTima  lingua  na  Uni- 
verfidade de  Lisboa,  onde  teve  para  im- 
mortal  gloria  do  feu  Magifterio  por  difci- 
pulo   ao   grande  André   de   Refende,   como 


53 


754 

cUe  confefla  na  Oraçaõ  que  recitou  na  mefma 
Univeríidade  em  o  primeiro  de  Outubro 
de  1534.  Nofí  tranjibo  Stephanum  virum  fine 
controverfia  Gramatiffimum  quem  ego  puer  adhuc 
oííenis  audivt.  Foy  o  primeiro  que  efcreveo 
Arte  de  Grammatica  a  qual  pela  dedicar  a 
NolTa  Senhora  a  intitulou. 

Ars  Virginis  Maria  in  quinque  libros  dif- 
tributa.  OlyíTipone  per  Valentinum  Fernan- 
dum  natione  Germanum  regnante  Emma- 
nuele  Rege  anno  Virginei  partús  fexdecimo 
fupra  fexquimilleíTimum  Sole  in  feptima  Can- 
cri  parte  exiftente.  foi.  No  prologo  diz: 
imitati  quidem  in  hac  re  Jumus  Quintilianum , 
Diomedem,  Donatum,  Prifcianumque,  qui  curio- 
fijfime,  reãijfimeque  figuras  ipfas  expofuerunt. 
Quorum  do^rinam,  reãamque  Jententiam  ita  Poe- 
tarum  carminibus  fulcitam,  ita  copiofam  explana- 
tam  ante  nos  {quodfciam)  expofuit  nemo  prajertim 
Hifpanus. 

Antes  de  fahir  com  efta  Arte  publicou. 

Profodia  Grammatica  cum  Jumma  dili- 
gentia  correcta.  Olyffipone  per  Venera- 
bilem  Johanem  Petri  de  bonis  hominibus 
de  Cremona  1505.  foi.  Nella  illuftrava  com 
doutos  Commentarios  a  Arte  latina  de  Joaõ 
de  Paftrana  que  fora  impreíTa  no  anno  de 
1505.  pelo  dito  ImpreíTor.  Da  Arte  de  Ef- 
tevaõ  Cavalleiro  fazem  memoria  Joaõ  Fran- 
co Barreto  na  Bib.  'Lufit.  M.  S.  e  o  Bene- 
ficiado Francifco  Leitaõ  Ferreira  dignif- 
fimo  Académico  da  Academia  Real  Va- 
rão de  eterna  memoria  pela  integridade  dos 
feus  coítumes,  e  erudição  Sagrada,  e  pro- 
fana em  as  fuás  doutiíTimas  Notic.  Chronol. 
da  Univerf.  de  Coimb.  pag.  551.  §.  1178. 
onde  affirma  tivera  no  tempo  que  eíludava 
Humanidades    hum    exemplar    delia    Arte. 

P.  ESTEVAM  COELHO  natural 
da  Villa  de  Abrantes  do  Bifpado  da  Guar- 
da na  Provinda  da  Beira  filho  de  Pedro 
Fernandes  Rebotim,  e  Brites  Coelha,  e  Re- 
ligiofo  da  Companhia  de  Jefus  cuja  Rou- 
peta recebeo  em  o  Noviciado  de  Évora  a 
30.  de  Mayo  de  1604.  donde  paílou  à  Chi- 
na com  faculdade  dos  Superiores,  e  depois 
de  difcorrer  por  taõ  vafto  Império,  efcre- 
veo. 

Kelaçaõ  das  cousas  da  China.  M.  S. 


B IBLIO THE  CA 


Fr.  ESTEVAM  DE  COIMBRA  cujo 
appellido  denota  a  Cidade  que  lhe  deu  o  berço. 
ProfeíTou  o  Inílituto  Seráfico  na  Provinda 
dos  Capuchos  da  Soledade  onde  de  Cuílodio 
da  Provinda  foy  eleito  Provincial  no  Convento 
de  Santo  António  de  Valle  da  Piedade  junto 
do  Porto  a  1 1.  de  Outubro  de  172 1.  Imprimio. 

Sermaõ  do  grande  Doutor  da  Igreja  Santo 
Agofiinho  pregado  no  Mofieiro  da  Serra  dos 
Cónegos  Regulares  de  Santo  Agofiinho  da  Cidade 
do  Porto.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal.  1718.  4. 

ESTEVAM  DA  COSTA  Jurifconfulto 
infigne  em  Direito  Canónico,  e  Civil, 
cujas  obras  faõ  allegadas  com  louvor 
por  Fernando  Paez  in  Cap.  MiJJas.  n.  119. 
o  IlluílriíTimo  Cunha  in  Decret.  ad  C.  Mi- 
ramur  diíl.  61.  n.  5.  Manoel  Barbof.  Rí- 
mis.  ad  Ord.  Keg.  lib.  5.  Tit.  82.  Lipe- 
nio  Bib.  Keal  Jurid.  p.  176.  e  307.  e  Brau- 
dius  Bib.  Clafic.  Efcreveo. 

In  Kubric.  de  Sententia  Excomunicationis 
lib.  6.  &  in  varias  leges.   Venetijs  1 587. 

De  L,udo.  Eíle  tratado  fahio  impreíTo  in 
Tom.  7.  Tra£í.  Doctor.  foi.  161.  v.o. 

De  Conjanguinitate,  <Ò'  affinitate.  Sa- 
hio  no  mefmo  Traã.  DD.  Tom.  9.  foi. 
132. 

Fr.  ESTEVAM  DE  CHRISTO  na- 
tural da  Villa  de  Torres  novas  do  Arcebif- 
pado  de  Lisboa,  e  Religiofo  profeíTo  da 
Ordem  Militar  de  Chriílo  em  o  Real  Con- 
vento de  Thomar,  celebre  profeííor  da  Ar- 
te de  Contraponto,  o  qual  foy  chamado  a 
Madrid  pelo  Capellaõ  mòr  D.  Jorge  de 
Almeyda  para  que  ordenaíTe,  e  acentuaf- 
fe  pela  Cantoria  da  Capella  do  Papa  as  Pa- 
xoens  que  a  Igreja  canta  na  Semana  Santa 
o  que  executou  com  tanta  fatisfaçaõ  da- 
quelle  Prelado  que  o  perfuadio  a  que  as  im- 
primiíre.  Morreo  no  Convento  de  N.  Se- 
nhora da  Luz  da  fua  Ordem  Militar  fitua- 
do  em  o  Subúrbio  deíla  Corte  em  o  anno 
de  1609.   Publicou. 

Procejfionario.  Coimbra  por  António  de 
Maris.  1593.  4. 

L.iber  Pajfionum,  <&  eorum,  qua  ã  Domi- 
nica in  Palmis  u/que  ad  Vefperas  Sabbati 
Sanai     inclufive     cantari    Jolent     deligentijfime 


LUSITANA. 


755 


correíltis,  &  locupktijfimt  úmíIus,  inprimis  fin- 
yjdorum  Verhorum  accentu  ftudiofijfime  fpeílato, 
Ulyiipunc  apud  Simoncm  Lopes  1)95.  foL 
Deíla  obra  faz  mençaõ  com  louvor  Pedxo 
Thalcfio  Art,  dê  Cant.  CbaÕ  foi.  jj. 

ManuaU  pro  commmicandis,  «y  iMfffidit, 
^  Jtptliendis  Y^ratribits.  UlyíTiponc  per  Pctrum 
Graesbeeck  1625.  4. 

Introdução  facilijfwia,  e  novijftma  do  canto 
fermo,  e  jigitrado  Jimples,  e  em  concerto  com  regras 
geraes  para  diferentes  figuras  fobre  o  canto  fermo 
a  1.  ^.  4.  e  compofiçoens,  e proporçoens  em  o  gemro 
Diatónico,  e  Hnarmonico.  Confcrva-fc  na  Bib. 
Real  da  Mufic.  Eílant.  18.  n.  524.  como 
coníla  do  fcu  Index  impreíTo  em  Lisboa 
por  Pedro  Craesbccck  1649.  4* 

P.  ESTEVAM  DO  COUTO  filho  de 
Sebaíliaõ  Gallego,  c  Izabel  Rodrigues  do 
Gjuto  naceo  para  o  mundo  em  a  Villa  de  Oli- 
vença do  Bifpado  de  Elvas  na  Provincia  do 
Alentejo,  e  renaceo  para  Deos  recebendo  na 
dfa  profeíTa  de  S.  Roque  a  Roupeta  de  Jefuita 
quando  contava  14.  annos  de  idade  a  6.  de 
Junho  de  1569.  Eíludou  as  letras  humanas, 
e  divinas  na  Univerfidade  de  Coimbra  onde 
naõ  fomente  as  didou  com  applaufo  fendo 
hum  dos  mayores  letrados  do  feu  tempo, 
mas  recebeo  o  gráo  de  Doutor  em  Theologia 
a  24.  de  Junho  de  1596.  em  a  Univerfidade 
de  Évora,  onde  foy  Cancellario.  Pella  fua 
prudência,  e  affabilidade  mereceo  parti- 
culares eftimaçoens  do  SereniíTimo  Duque 
de  Bragança  D.  Joaõ,  que  depois  fubio  ao 
trono  de  Portugal.  Falleceo  no  Collegio  de 
Évora  a  17.  de  Setembro  de  1658.  com  85. 
annos  de  idade  e  69.  de  Religião.  Fallaõ  delle 
Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  hujit.  'Litter. 
lit.  S.  n.  29.  Sacrarum  litterarttm,  <à^  bu- 
maniorum  laudatijfimus  profejjor  ingenioque 
amomijfimo,  &  lepidifww.  Franco  Ann. 
Gloriof.  S.  J.  in  luujit.  pag.  531.  Scientia- 
rum  illujlris  profejjor,  e  no  Annal.  S.  J.  in 
loifit.  pag.  274.  Compoz  as  feguintes  obras 
de  que  a  mayor  parte  eílava  prompta  para 
a  ImpreíTaõ. 

In  Lib.  8.  Pòjjic. 

In  lib.  de  Calo 

In  Methaphijicam 

In  I.  Sc  z.  lib.  Spòara 


Epitomt  Kbttoricet 

AíMotationes  in  Artem  hlebraicam 

Optra  Tbeologfca, 

Três  feus  Epigtammas  Latinos  á  me- 
moria do  P.  FrBndfco  de  Mendoça  da  G>m- 
panhia  de  JESUS  fahicaô  imprcííos  no  prin- 
cipio do  Viridario  defte  Author. 

P.  ESTEVAM  FAGUNDES  natural  da 
celebre  Vilia  de  Viamu  do  Arcebiípado  de 
Braga  filho  de  Pays  nobres,  e  virtuofos,  e  hum 
dos  eminentes  Theologos  Moralííbs,  que  teve 
a  Companhia  de  JESUS,  cuja  Roupeta  veftio 
no  Collegio  de  Évora  quando  contava  17. 
annos  de  idade  a  15.  de  Janeiro  de  1594. 
Pelo  efpaço  de  dez  annos  leo  Theologia  Moral 
no  Collegio  de  Braga,  e  dous  em  o  de  Por- 
talegre, de  cuja  folida  doutrina  firmada  na 
authoridade  dos  Sagrados  Cânones,  e  refolu- 
çoens  dos  mais  profundos  Theologos,  c  Jurif- 
confultos  fahiraõ  taõ  doutos  os  feus  difcipu- 
los  que  paíTaraõ  com  gloria  immortal  de  tal 
Meílre  a  regentar  as  primeiras  Cadeiras.  Foy 
muyto  obfervante  dos  Inítitutos  da  Companhia 
naõ  permitindo  que  algum  dos  feus  compa- 
nheiros o  excedelTe  na  exaâa  praética  das  virtu- 
des religiofas.  Todo  o  tempo  que  lhe  rcílava 
das  precifas  obrigaçoens  da  Comunidade  o 
dedicava  ao  eíhido  em  que  fez  admiráveis 
progreíTos  a  fua  grande  comprehenfaõ,  pro- 
fundo talento,  e  feliz  memoria.  Cheyo  mais 
de  merecimentos,  que  annos  morreo  na  Caía 
profeíTa  de  S.  Roque  a  13.  de  Janeiro  de 
1645.  com  68.  annos  de  idade  e  51.  de  Com- 
panhia. As  Univerfidades  de  Coimbra,  Évora, 
e  Salamanca,  o  intitularão  Sapientijfimus,  clarif- 
fimus,  gravijftmus,  erttditijjimus.  Fr.  Lud.  à  Con- 
cept.  Exam.  Verit.  Tbeol.  Part.  i.  Traâ.  1. 
caf.  6.  n.  17.  doãiffimus.  Franco  Imag.  da  Vir- 
tud.  em  o  Novic.  de  Évora  p.  860.  Todas  as 
fuás  obras  merecem  nome  ^ande  e  no  Ann. 
Gloriof.  in  Eufit.  p.  23.  Ejus  libri  typo  vul- 
gati  authorem  im  omnibus  Academiis  com- 
mendant  &  in  Annal.  S.  J.  in  L//fif.  f>ag. 
289.  n.  6.  Sapientíjffimus  vir.  Bib.  Societ. 
pag.  749.  col.  2.  Joan.  Soares  de  Brito. 
Theatr.  Utterar.  Ljifit.  lit.  S.  n.  30.  D. 
Franc.  Manoel  Carta  dos  AA.  Portug. 
Morery  Diccion.  Hifloriq.  Verb.  Fagun- 
des,  Fonfeca   Evor.    Gloriof.    p.    429.    Nicol. 


756 

Ant.  Bih.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  234.  col.  2. 
Compo2. 

Quajiiones  de  Chrijlianis  Officiis,  <&  cajibus 
Conjcientia  in  quinque  Ecclejia  pracepta  Tomus 
iinicus.  Lugd.  Sumptibus  Jacobi  Cardon,  & 
Petri  Cavillat.  1626.  foi.  &  Moguntix  apud 
Hermanum  Myllium  1628.  foi.  Efte  livro 
foy  prohibido  no  anno  de  1627.  pela  Inquiíiçaõ 
de  Caftella  por  feguir  no  Liv.  \.  Qtiart.  Vracept. 
de  Jejmio  cap.  2.  n.  6.  e  principalmente  do  n. 
10.  atè  15.  a  opinião  de  que  fe  podiaõ  co- 
mer ladHcinios  no  tempo  da  Quarefma.  Para 
fuftentar  eíla  opinião  fahio  com  a  feguinte 
Apologia. 

Informatio  pro  opinione  efus  ovoriim,  <&  Laãi- 
ciniorum  tempore  Quadragejfima.  1630.  foi.  Naõ 
tem  nome  de  ImpreíTor,  mas  declara  fer  aca- 
bada no  Real  CoUegio  de  Salamanca  da  Com- 
panhia de  JESUS,  a  4.  de  Fevereiro  de  1630. 
Sahio  reimpreíTa  com  efte  titulo. 

A.pologeticu5  traãatus  ad  quajlionem  de  I^aãi- 
ciniorum,  ovorumque  efu  tempore  Qiiadragejfimali. 
Lugduni    apud    Jacobum    Cardon    163 1.    8. 

Foraõ  taõ  concludentes  as  rezoens  defta 
Apologia  que  por  ordem  da  mefma  Inquiíiçaõ 
de  Hefpanha  fendo  Inquiíidor  Geral  o  Cardial 
António  Zapata,  fahio  approvado  o  livro  a  18. 
de  Abril  de  1630.  cuja  faculdade  vimos 
impreíTa. 

In  decem  pracepta  Decalogi  Tom.  i.  Lugduni 
per  Jacobum  Cardon  1632.  foi.  &  ibi  per 
Laurentium  Aniílon,  et  hseredes  Gabrielis 
BouíTat  1640.  foi. 

In  quinque pofteriora  Prcecepta  Decalogi  Tom.  2. 
Lugd.   apud  AniíTon,    &   BouíTat   1640.   foi. 

De  Jujiitia,  item  de  Contraãihus,  de 
acquijitione,  <&  translatione  dominij.  ibi  apud 
eofdem  Typog.  1641.  foi. 

ESTEVAM  DA  GAMA  DE  MOU- 
RA, E  AZEVEDO  filho  de  Francifco 
da  Silva  de  Moura,  e  Azevedo  Governa- 
dor da  Praça  de  Campo  mayor,  e  Com- 
mendador  da  Comenda  de  Santa  Maria  de 
Caftello-bom,  e  de  D.  Anna  Maria  Jofeph 
de  Vafconcellos,  e  irmaõ  de  Diogo  de 
Monroy,  e  Vafconcellos,  de  quem  fe  fez 
mençaõ  em  feu  lugar.  Naceo  na  Villa  de 
Campo  mayor  fituada  na  Provinda  do 
Alentejo  a  6.  de  Março  de  1672.    Por  naõ 


BIB  LIO  THE  CA 


degenerar  dos  efpiritos  marciaes  de  feu 
Pay  feguio  a  vida  militar,  em  que  obrou 
acçoens  taõ  dignas  de  applaufo,  que  che- 
gou a  fer  Sargento  mór  de  Batalha  dos  Exér- 
citos de  Sua  Mageftade,  Governador  da  Praça 
de  Campo  mayor,  e  Commendador  da  Com- 
menda  de  S.  Miguel  de  Villaboa  da  Ordem  de 
Chrifto.  Unio  ao  exercício  das  armas  a  cultura 
das  fciencias  fendo  pela  vafta  noticia  que  tem 
da  Hiftoria  profana  admitido  ao  numero  dos 
Académicos  fupranumerarios  da  Academia 
Real  Portugueza.   Efcreveo. 

Theatro  Bellico,  em  que  fe  repret^entaõ 
as  obrigaçoens  de  todos  os  Pojlos  nas  Jeis  fac- 
çoens  militares  de  marchar,  alojar,  fortificar, 
peleijar,  expugnar,  e  defender.  M.  S. 

Fr.  ESTEVAM  LEYTAM  natural  de  Lis- 
boa filho  de  Balthezar  Leitaõ  fidalgo  da  Cafa 
Real,  e  de  fua  fegunda  mulher  Antónia  Velloza 
prima  com  irmaã  de  Fr.  Francifco  Foreiro 
infigne  efplendor  da  Ordem  dos  Pregadores. 
Na  idade  pueril  deu  evidentes  finaes  dos  dotes 
que  manifeftou  em  a  mais  adulta,  fervindo-lhe 
de  theatro  a  Cafa  do  Infante  D.  Luiz,  em  cujo 
ferviço  paliou  os  primeiros  annos  com  tanta 
innocencia  de  coftumes,  que  bem  pareceo 
nacera  mais  para  o  Clauftro,  que  para  o  Século. 
Deixando  efte,  e  a  Cafa  paterna  elegeo  entre 
todas  as  Religioens  a  Dominicana,  cujo  Inf- 
tituto  profeíTou  no  Convento  de  Lisboa  a  30. 
de  Novembro  de  1540.  Frequentou  as  Efco- 
las  com  applicaçaõ  fahindo  grande  Letrado 
fendo  o  feu  mayor  eftudo  a  obfervancia  das 
virtudes  nas  quaes  fez  mayores  progreíTos 
que  nas  letras.  Inflamado  no  dezejo  da  con- 
verfaõ  da  GentiUdade  fe  embarcou  duas  vezes 
para  a  índia,  e  de  ambas  fe  Uie  fruftou  por 
difpofiçaõ  de  mais  alta  providencia  taõ  fagrado 
intento.  Naõ  teve  tempo  vago,  que  naõ 
occupaíTe  nos  mayores  lugares  da  Religião, 
pois  a  fua  grave  prudência  unida  a  huma  natu- 
ral affabilidade  o  fizeraõ  digno  de  fer  Meftre 
dos  Noviços,  e  depois  Prior  em  o  reformado 
Convento  de  Bemfica,  e  de  exercitar  com 
exemplo  nunca  praótícado  quatro  vezes  o 
Priorado  do  Convento  de  Lisboa  donde 
fubio  a  fer  Provincial  no  anno  de  1554' 
e  fegunda  vez  eleito  em  o  de  1574.  Com 
heróica  liberdade  defendeo  pertencer  a  fuc- 


L  USITAN A. 


7^7 


ceííaõ  da  G>roA  Portugucza  á  SereniíTima 
Caía  de  Bragança  contra  as  ambiciofas, 
e  injuílas  pertençoens  de  Fílippe  Prudente, 
o  qual  em  vingança  de  lhe  difputar  o  direito 
que  imaginava  infallivel,  o  mandou  deílerrar 
acabando  a  vida  com  fofpeita  de  veneno. 
Jaz  fepultado  no  Convento  de  AxcitaÕ  À 
porta  do  Coro  com  efte  epitáfio. 

Aq$d  jas^  Fr.  Efievam  Lei/aÔ  Paj  dejla  Pro- 
vinda. 

Dclle  Íaz6  memoria  Fr.  Pedro  Calvo  La- 
\ g/rim.  dos  ]t4ji.  Part.  2.  cap.  15.  Foy  VaraÒ  m$ty 
tfpiriíNal,  devoto,  e  amigo  da  OraçaÕ,  e  do  culto 
divino.  Fr.  Luiz  de  Souf.  I  lift.  de  S.  Doming. 
da  Prov.  de  Portug.  Part.  5.  cap.  7.  Foj  mtáto 
cuidado/o  do  culto  divino,  grandemente  ^elo:(p  da 
guarda  da  KeligiaÔ,  gj-ave  na  peffoa,  brando,  e  macio 
no  trato.  Echard.  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2. 
pag.  2J0.  col.  2.  is  pietate,  doíírina,  prudentiaque 
evafit,  ut  ad  majora  regiminis  munia  in  fua  Pro- 
vinda quamtumvis  ea  Jolitudinis  cultor  ex  animo 
refugeret,  adleííus  fit.  Fr.  Pedr.  Mont.  Clauftr. 
Dom.  Tom.  5.  pag.  197.  mu^  douto,  e  de  vida 
exemplar.  Maccd.  latfit.  lib.  lib.  2.  cap.  2.  §.  13. 
gravijftmus.  O  Senhor  D.  António  na  Carta 
efcrita  à  Santidade  de  Gregório  XIII.  pag.  mihi 
65.  Venerabilem  Fratrem  Stephanum  Leitaõ  qui 
bis  apud  Dominicanos  Provincialis  Officium 
gejftt,  terque  Vicarium  Generalem,  virum 
làf  virtute,  (Ò*  nobilitate,  (&  authoritate  infi- 
gnem.  Nicol.  Ant.  hib.  Hifp.  Tom.  2. 
pag.  235.  col.  I.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
Ljijit.  Litter.  lit.  S.  n.  32.  Faria  Europ. 
Portug.  Tom.  3.  Part.  4.  cap.  6.  Jacob. 
Lelong.  Bib.  Sacra.  Tom.  2.  pag.  mihi  825. 
col.  I.  Compoz. 

De  Laudibus  Montis  CalvariJ.  M.  S. 

L.iber  Conjiderationum  fuper  Concórdia  Cor- 
nelii  JanfeniJ  Gandavenfis  Epifcopi.  M.  S. 

ESTEVAM  LOPES  MORAGO  grande 
profeflbr  de  Muíica,  e  Meftre  defta  fonora 
faculdade  na  Cathedral  de  Vifeu.  Deixou 
varias  obras  que  daõ  a  conhecer  a  profun- 
didade da  fua  fciencia  neíla  armonica 
Arte,  as  quaes  fe  confervaõ  na  Bib.  Real 
da  Muíica. 

D.  ESTEVAM  DE  MENESES  Se- 
nhor   da    Cafa    de    Tarouca,    Penalva,    Gul- 


far,  Lalim,  e  Tararim,  Commcndador,  e 
Alcayde  móf  de  Albufeira  da  Ordem  de 
Aviz  naceo  em  Lisboa,  e  foy  Alho  de  D.  Duarte 
Luiz  de  Menezes  terceiro  Conde  de  Tarouca, 
e  primeiro  Marquez  de  Penalva  em  Caílella, 
CJentil-homem  da  Canura  de  Filippe  IV. 
fem  exercicio,  Confelheiro  de  Guerra,  e  Ge- 
neral da  Cavallaria  do  Exercito  de  Andaluzia; 
e  de  D.  Luiza  de  Caílro  íilha  de  D.  Eílevaõ 
de  Faro  primeiro  Conde  de  Faro,  Vedor  da 
Fazenda,  e  Confelheiro  de  liíhulo,  e  D. 
Ciuiomar  de  Caftro  filha  de  D.  Joaõ  Lobo 
quarto  Baraõ  de  Alvito.  Ainda  contava 
poucos  annos  de  idade  quando  pa/Tou 
com  feu  Pay  a  Caílella  no  anno  de  1641. 
onde  aíTiílindo  pelo  largo  efpaço  de  vinte 
annos  fe  reílituhio  a  eíle  Reyno  protef- 
tando  a  fidelidade,  que  fempre  confer- 
vara  ao  feu  Soberano.  Foy  Deputado  da 
Junta  dos  Três  Eílados,  em  cujo  lugar 
moílrou  que  a  fua  aâividade  era  igual  ao 
feu  defmtereífe.  Morreo  em  Lisboa  a  20. 
de  Novembro  de  1677.  e  jaz  fepultado  no 
Convento  da  Santi/Hma  Trindade  da  Villa 
de  Santarém.  Foy  cafado  com  D.  Helena 
de  Borbon  filha  de  D.  Thomaz  de  Noro- 
nha terceiro  Conde  dos  Arcos,  e  D.  Magda- 
lena  de  Borbon  filha  herdeira  de  D.  Luiz 
de  Lima  de  Brito  primeiro  Conde  dos  Arcos, 
de  quem  deixou  por  herdeira  a  filha  mais  velha 
D.  Joanna  Rofa  de  Menezes  que  cafou  com 
Joaõ  Gomez  da  Sylva  4.  Conde  de  Tarouca, 
Plenipotenciário  à  Paz  de  Utrech,  Embaxador 
ao  Emperador  Carlos  VI.  e  Mormodo  mór 
da  SereniíTima  Rainha  D.  Mariana  de  Auftria, 
de  quem  faremos  larga  memoria  em  feu  lu- 
gar, de  qual  deixou  larga  poíleridade.  Pu- 
blicou. 

Copia  delas  Cartas  que  dexò  e/critas  en  Caf- 
tilla  D.  EJievan  de  Mene:(es  bijo  fegundo  dei  Conde 
de  Tarouca  paffando  a  Portugal  en  las  quales 
declara  la  rat^pn  de  fu  paffage,  que  es  cumplir  con 
la  devida  obligcuion  de  bufe  ar  el  fervido  de  fu  Ul- 
timo Rçy  y  Senor:  gtdado  dei  verdadero  conod- 
miento  de  la  jufla  feparacion  delas  Coronas,  y  el 
mayor  derecho  de  EJKey  D.  Affonfo  VI. 
nueflro  Senor  en  la  Succeffton  dela  Corona  de 
Portugal.  Lisboa  por  Henrique  Valente 
de  OHveira  Impreílor  delRey  1663.  4. 
Saõ   duas  Cartas,  a  primeira  efcrita  ao  Ar- 


758 

cebifpo  de  S.  Tiago  Governador  de  Galiza, 
e  a  fegunda  ao  Duque  de  Medina  delas  Tor- 
res fendo  eíla  muito  douta,  e  larga. 

ESTEVAM  DAS  NEVES  CARDEYRA 
natural  da  Villa  de  Ferreira  do  Arcebifpado 
de  Évora  em  a  Provinda  do  Alentejo  donde 
paíTou  a  Itália,  e  na  Univeríidade  de  Pádua 
fe  applicou  ao  eftudo  da  Filofofia  em  que  re- 
cebeo  o  gráo  de  Bacharel.  Com  igual,  ou 
mayor  difvelo  ouvio  interpretadas  as  mayores 
difficuldades  de  hum,  e  outro  Direito,  e  fez 
taes  progreíTos  a  fua  profunda  efpeculaçaõ,  e 
penetrante  engenho  neftas  Faculdades,  que 
depois  de  receber  em  ambas  as  iníignias 
doutoraes  foy  elevado  a  regentar  as  mayo- 
res Cadeiras  daquella  Univeríidade,  fendo 
Lente  de  Inílituta  de  que  tomou  poíTe  a  5. 
de  Janeiro  de  1685,  de  Pandeétas,  e  Código 
a  23.  de  Julho  de  1692.  de  Vefpera  a  7.  de 
Mayo  de  1695.  e  ultimamente  quando  jà  lo- 
grava o  titulo  de  Conde  Palatino,  a  de  Prima  a 
22.  de  Setembro  de  1703.  Na  ultima  idade 
ainda  que  privado  dos  dous  mais  nobres  fen- 
tidos  quais  eraõ  ver,  e  ouvir  nunca  interrom- 
peo  o  laboriofo  exercício  das  Cadeiras,  até  que 
contando  80.  annos  falleceo  em  Pádua  a  1 5 .  de 
Julho  de  1720.  Jaz  fepultado  na  Baíilica  de 
Santo  António  onde  em  hum  magnifico  Mau- 
foleo  eílaõ  depofitadas  as  cinzas  defte  Thauma- 
turgo  Portuguez.  Foy  cazado  com  conforte 
digna  da  fua  peíToa,  de  quem  teve  a  André 
das  Neves  Cardeira  herdeiro  da  fua  fcien- 
cia  jurídica  fendo  Lente  na  mefma  Univer- 
íidade de  Pádua.  Nicoláo  Comneno  Papa- 
dopoli  Hijl,  Gimnaf.  Patav.  liv.  2.  pag.  158. 
o  intitula  vir  plane  doHus.   Compoz. 

Clava  pontificia,  Jeu  authoritas  in  Conciliis 
tum  Generalibus,  tum  Provincialibus  cum  Scholiis 
in  aliquot  Decretales  inde  emanantes.  Patavij 
apud   Sebaílianum   Spera  in  Deo.    1697.   4. 

ESTEVAM  NUNES  DE  BARROS 
naceo  em  a  Villa  de  Santarém,  e  recebeo  a 
graça  bautifmal  na  Parochia  de  N.  Senhora 
de  Maravilla  em  o  primeiro  de  Janeiro  de 
1638.  Foy  filho  de  Joaõ  Antunes  de  Barros 
e  Maria  Nunes,  e  Sobrinho  de  Fr.  André  de 
Chriílo  Mercenário  Defcalço,  de  quem  fe  fez 
mençaõ  em  feu  lugar.    Na  Univerfidade  de 


BIBLIOTHE  C  A 


Coimbra  eíhidou  Direito  Cefareo  no  qual 
recebendo  o  gráo  de  Bacharel  fe  reftituhio  à 
Pátria,  onde  exercitou  por  muitos  annos  o 
Oíficio  de  Advogado.  Como  era  muito  vcr- 
fado  nas  letras  humanas,  Mithologia,  e  Poé- 
tica foy  alumno  das  Academias  dos  Generofos  - 
de  Lisboa,  e  dos  Solitários  de  Santarém  me-  I 
recendo  univerfaes  applauzos  as  fuás  com- 
pofiçoens.  Morreo  na  Pátria  a  7.  de  Outubro 
de  1675     Compoz. 

Poejias  Varias  4.  M.  S.  cujo  volume  con- 
ferva  em  feu  poder  Rodrigo  Xavier  Pereira 
de  Faria  patrício  do  author,  o  qual  com  a  fua 
erudição,  e  natural  benevolência  nos  comuni- 
cou eíla  noticia,  como  outras  muitas  perten- 
centes à  fua  Pátria.  Compoz  três  Comedias 
que  tem  os  titulos  feguintes. 

L,os  Apoftoles  de  Chrifto  S.  Simon,y  S.  Judas. 

Lm  virtud  vence  el  poder. 

£/  honor  vence  el  poder. 

ESTEVAM  DE  PINA  Presbytero  de 
inculpável  vida,  e  Capellaõ  do  Altar  da  Senhora 
da  Luz  que  fe  venera  no  Convento  da  Ordem 
de  Chriílo  fituada  em  o  fuburbio  de  Lisboa. 
Efcreveo  com  fumma  curiofidade,  e  deli- 
gencia  no  anno  de  1565. 

Milagres  aprovados  de  N.  Senhora  da  Lu!^ 
obrados  em  vários  enfermos,  cujo  livro  tinha  em 
feu  poder  Fr.  Roque  do  Soveral  Rehgiofo  da 
Ordem  Militar  de  Chriílo  como  elle  affirmou 
no  liv.  2.  cap.  13.  foi.  96.  da  Hijl.  do  infign. 
aparecim.  de  Nojfa  Senhora  da  L»:^. 

ESTEVAM  PRETO  Doutor  em  Di- 
reito Civil,  Dezembargador  da  Cafa  de  Sup- 
plicaçaõ.  Procurador  da  Cidade  de  Lis- 
boa nas  Cortes  que  nella  celebrou  o  Sere- 
niffimo  Rey  D.  Sebaítiaõ  a  13.  de  Dezem- 
bro de  1562.  Depois  de  orar  neíle  politico 
aâo  pela  parte  do  Eílado  Eccleíiaítico  o 
Doutor  António  Pinheiro  cujo  grande  mere- 
cimento fe  vio  depois  premiado  com  as  Mitras 
de  Miranda,  e  Leiria,  recitou  a  Oraçaõ  fe- 
guinte  pela  parte  do  Eílado  Secular,  a  qual 
fahio  com  eRe  titulo. 

Kepojla  do  Doutor  EJlevaõ  Preto  De- 
f^embargador  da  Cafa  da  Supplicaçaõ,  e  Pro- 
curador de  'Lisboa  Lisboa  por  António  Al- 
vares   1563.    4.    e   nas    minhas    Mem.    Polit. 


LUSITANA. 


e  Milit.  DelKey  D.  Sebajliad  Part.   i.  liv.    i. 
rap.  12.  deíde  pag.  i8).  até  188. 

V.  Fr.  ESTEVAM  DA  PURinCA- 
ÇAM  Naceo  na  Villa  de  Moura  fituada  na 
1'ruvincia  do  Alentejo  a  14.  de  Fevereiro  de 
1)71.  de  Pays  igualmente  nobres,  e  virtuofos 
chamados  António  Rodriguez  Cotei,  e  Marga- 
rida Rodriguez  Sortelha.  Na  infância  deu 
claros  indícios  das  virtudes  que  havia  pra£licar 
em  toda  a  vida.  Na  adolefcencia  como  quem 
conhecia  as  falfas  apparencias  do  mundo  buT- 
cou  por  afylo  certo  da  Salvação  a  Religião 
Girmelitana,  cujo  habito  recebeo  no  Convento 
da  Vidigueira.  Eftudada  Filofofia  cm  Lis- 
boa, c  Theologia  cm  Coimbra,  c  alcançada 
Patente  de  Pregador  c  ConfcíTor  fe  refolveo 
a  fazer  mayores  progrcíTos  nas  virtudes,  que 
nas  letras.  Era  na  Oraçaò  extático,  na  peni- 
tencia rigorofo,  na  humildade  iníigne,  na 
obediência  prompto,  na  continência  admirável, 
no  zelo  da  honra  de  Deos  folicito,  e  no  amor 
dos  próximos  ardente.  Com  fè  heróica,  e 
veneração  profunda  adorou  a  Chriílo  occulto 
debaixo  das  efpecies  Sacramentaes.  A  Maria 
SantiíTima  dedicava  quotidianamente  mul- 
tiplicados obfequios  principalmente  na  de- 
vota meditação  dos  Myfterios  do  feu  Ro- 
fario,  fendo  cada  oraçaõ  huma  Myílica 
Rofa  com  que  coroava  taõ  foberana  Prin- 
ceza.  A  modeftia  do  femblante,  e  a  gravi- 
dade das  acçoens  eraõ  tacita  cenfura  dos 
defeitos  dos  feus  domeílicos  fervindo  de 
exemplo,  e  exemplar  para  a  obfervancia 
do  feu  Inílituto.  Eíle  cumulo  de  virtudes 
lhe  conciliou  as  veneraçoens  das  principaes 
peíToas  da  Corte  diíUnguindo-fe  entre  ellas 
aquelles  dous  Princepes  da  Jerarchia  Ec- 
clefiaíUca  D.  Fr.  Aleixo  de  Menezes,  e  D.  Mi- 
guel de  Caílro,  o  primeiro  Arcebifpo  de 
Braga,  e  o  2.  de  Lisboa.  Com  anciofo 
difvelo  procurou,  e  confeguio,  que  na 
Provinda  houveíTe  hum  Convento  reco- 
leto  para  nelle  exaftamente  fe  obfervar 
o  primitivo  rigor  da  regra  Carmelitana, 
e  fendo  refoluto  que  foíTe  o  de  Santa  Anna  de 
CoUares,  deu  principio  a  taõ  fagrado  deíignio 
a  2.  de  Mayo  de  161 7.  Neíle  domicilio  pro- 
feguio  com  tanto  fervor  todo  o  género  de 
virtudes   moraes,   e   Religiofas   que   naõ   era 


759 

juílo  fe  lhe  dilataíTc  por  mais  tempo  o  premio 
que  foy  lograr  na  eternidade  a  17.  de  No- 
vembro de  1617.  quando  contava  47.  de  idade. 
Fpy  dê  mtâ  tflatwra  (a/Tim  lhe  defcreve  a  fi- 
gura Fr.  Manoel  de  Sá.  Mtm.  Hijlor.  dor 
Efcrit.  Por/nj^.  do  Carm.  pag.  ijo.)  t  dt  mmío 
poucas  canuí,  mmto  calvo,  o  pomo  cabello  cpu 
tinha  era  delgado,  t  tendia  para  cor  ca  (lanha;  teve 
poucas  brancas;  o  rojio  era  algum  tanto  comprido, 
e  feco;  o  nariz  proporcionado  com  elle  alto,  $  del- 
gado, os  olhos  íiravaõ  a  pretos  ainda  que  naÕ  muyto, 
a  barba  bajlantemente  povoada,  a  cor  do  roflo 
miàto  pálida,  e  bem  dava  a  conhecer  as  fuás  peni- 
tencias. O  feu  Retrato  fe  abrio  em  diverías 
laminas  das  quaes  fahiraõ  duas  em  Lisboa 
com  efta  infcripçaõ  na  parte  inferior  Vera 
effigies  V.  P.  Fr,  Stephani  à  Purificatiom  Car- 
melita Obiit.  anno  Domini  1617.  atatis  Jua  47. 
Outra  foy  aberta  em  Anveres  com  eftas  pa- 
lavras que  brevemente  explicaõ  as  fuás  virtuo- 
fas  acçoens.  Vera  effigies  V.  P.  Fr.  Stephani 
à  Purificatione  Lujitani  ex  Moura  Carmelita 
ajfiduis,  dirtjque  panitentiis  extenuati,  Chrijli 
Crucifixi  cultoris  Jerventijftmi ;  erga  egenos,  ^ 
agros  charitate  eximij,  in  convertendis  peccatoribus 
fingularis,  calejlibus  revelationibus,  ac  prophetica 
Jpiritu  illuftris,  D.  Virffnis  frequentibus  fa- 
voribus  infigtiíi,  mortis  Jua  prafcij,  &  pofi 
eam  uti  in  vita  miraculis  clari.  Obiit  17. 
Novembris  1617.  atatis  47.  Ad  dejunãi  vero 
aspeãum  Turca  repente  faãus  ftát  Catholicus. 
Foy  fepultado  em  hum  jazigo  que  man- 
dara fazer  António  Trancofo  Corrêa  ho- 
mem nobre  da  Villa  de  Collares,  o  qual 
atendendo  que  o  lugar  era  muito  humilde 
para  depofito  de  taõ  iníigne  Varaõ  lhe 
mandou  fabricar  hum  maufoleo  de  finos, 
e  preciofos  mármores  para  onde  foy  tref- 
ladado  a  22.  de  Outubro  de  1625.  Os  mi- 
lagres, que  Deos  obrou  por  interceíTaõ  defte 
feu  Servo,  e  as  fuás  heróicas  Virtudes  re- 
latadas na  fua  vida  compoíla  por  Fr.  Luiz 
de  Mertola,  e  no  livro  da  fua  trefladaçaõ 
efcrito  por  Fr.  Pedro  da  Cruz  Juzarte, 
o  íizeraõ  digno  de  que  no  Pontificado 
de  Urbano  VIII.  fe  recorreíTe  à  Sagrada. 
Congregação  dos  Ritos  para  fer  collo- 
cado  no  Cathalogo  dos  Santos,  como  ef- 
creve  Fr.  Joaõ  Bautiíb.  Lezana  AtmaL 
Carmel.   Tom.  4.  pag.   894.  n.   6.   e  o  Me- 


7ÓO 


BIBLIO THE  CA 


morial,  que  para  efte  fim  fe  fez,  o  traz  co- 
piado Fr.  Dan.  à  Virg.  Mar.  Specul.  Car- 
mel.  Tom.  2.  Part.  5.  pag.  988.  n.  3463. 
e  pag.  1084.  n.  3802.  Celebraõ  a  fua  me- 
moria Fr.  Ant.  à  Purif.  Chronol.  Monaft. 
pag.  iio.  Qui  charitatis  amore  inflamatus  Jex- 
centas  fere  utriujqne  Jexus  perfonas  difcordes 
conciliavit,  plujquam  mille  ah  inferni  faucihtis 
ad  falutis  viam  Juis  concionihus ,  (ò"  privatis 
colloquiis  revocavit.  Fr.  Miguel  dela  Fuente 
Cathal.  de  los  Var.  dela  Ord.  Varon  exce- 
lentijfimo,  j  gran  penitente  rejplandecio  en  vida, 
y  muerte  en  milagros.  Fr.  Manoel  Roman. 
Elucid.  foi.  321.  Keligiofo  de  excelente  virtud, 
y  fantidad  Varon  contemplativo.  Fr.  Pedro 
Calvo  Def.  das  Seg.  Relig.  Part.  2.  cap.  13. 
foi.  73.  v.°  grande  penitente,  e  contempla- 
tivo. Munos  Propugn.  Elice  lib.  2.  Tit.  2. 
cap.  I.  art.  2.  pag.  322.  n.  17.  Vir  celebris 
Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  hujit.  L,itter. 
lit.  S.  n.  34.  Vir  injigniter  pius.  Cardof.  Agiol. 
LMjit.  Tom.  I.  pag.  142.  no  Comment.  de  14. 
de  Janeir.  letr.  D.  Viva  imagem  da  perfeição 
religiofa.  Carvalho  Corog.  Portug.  Tom.  3. 
liv.  2.  Trat.  8.  cap.  47.  pag.  626.  VaraÕ  in- 
figne  em   Virtudes.    Efcreveo. 

Exercidos  efpirituaes,  em  que  gafiava  o 
dia. 

Do^e  cartas  a  diverfas  pejjoas. 

Huma,  e  outra  obra  fahio  impreíTa  no 
Livro  da  Trefladaçaõ  defte  fervo  de  Deos 
compofto  por  Fr.  Pedro  da  Cruz  Juzarte. 
Lisboa  por  Henrique  Valente  de  Oliveira 
1662.  8.  As  dozes  Cartas  também  fahiraõ 
impreíTas  na  Vid.  e  mort.  defie  fervo  de  Deos 
efcrita  por  Fr.  Luiz  de  Mertola.  Lisboa  por 
Pedro  Cresbeeck.  1621.  4.  Deitas  obras  faz 
memoria  Fr.  Marcos  António  Alegre  de  Cafa- 
nate  Parad.  Carmel.  Decor.  Stat.  5.  iEtas  18. 
cap.  133.  pag.  474. 

ESTEVAM  RIBEYRO  cuja  pátria, 
e  eílado  de  vida  ignoramos,  efcreveo  com 
eftilo  íincero. 

Chronica  delKey  D.  Sebafliaõ.  M.  S.  a 
qual  allegaõ  Fr.  Ant.  à  Purif.  de  vir.  II- 
lujlrib.  Ord.  Eremit.  D.  Aug.  lib.  3.  cap. 
14.  e  Cardof.  Agiol.  Eujit.  Tom.  2.  pag. 
621.  no  Commient.  de  17.  de  Abril 
Ict.  D. 


ESTEVAM  RODRIGUES  DE  CAS- 
TRO Naceo  na  Cidade  de  Lisboa  no  anno 
de  1559.  fendo  hum  dos  mais  celebres  fi- 
lhos que  produzio  efta  famofa  Cidade.  A 
natureza  o  ornou  de  engenho  agudo,  com- 
prehenfaõ  admirável,  e  juizo  penetrante 
para  alcançar  a  noticia  das  fciencias  ame- 
nas, e  feveras,  nas  quaes  fahio  taõ  con- 
fumado  que  ninguém  no  feu  tempo  fe 
atreveo  a  difputar-lhe  a  primazia.  Soube 
com  pureza  a  lingua  Latina;  teve  natural 
cadencia  para  a  Poefia  vulgar,  e  na  Oratória 
foy  taõ  infigne  que  arrebatava  a  attençaõ 
dos  ouvintes  mais  pela  viveza  das  acçoens, 
do  que  ainda  pela  elegância  das  palavras. 
Praétícou  com  igual  efpeculaçaõ,  que  novi- 
dade as  experiências  Phyficas,  e  interpretou 
com  fumma  profundidade  os  aforifmos  da 
Medicina  como  Lente  Primário  em  a  Uni- 
verfidade  de  Pifa.  Todos  eíles  dotes  fcienti- 
ficos  naõ  fomente  lhe  adquirirão  a  eftimaçaõ 
do  graõ  Duque  de  Florença  que  o  elegeo 
por  feu  Phyfico  mór,  mas  os  applaufos,  e 
elogios  dos  mais  celebres  efcritores,  como 
foraõ  Zacuto  de  Med.  Princip.  Hifl.  lib.  3. 
hifi:.  9.  Quíeft.  18.  intitulando-o  Medicines  Pha- 
nix,  e  hift.  25.  eruditiffimus  e  lib.  5.  hiíl.  i.  author 
inter  clajjicos  celeberrimus,  e  Lib.  2.  hiíl:.  102. 
Vir  excellenti  ingenio,  <&  doãrina,  medicus,  €^ 
Philofophus  celeberrimus.  Eman.  dos  Reys  de 
duob  magn.  Art.  med.  auxil.  cap.  3.  art.  2.  pag. 
99.  doãijfimus.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theat. 
Eufit.  Eitter.  lit.  S.  n.  55.  clarifimus  Poeta, 
<à^  medicus  egregius.  Nicol.  Ant.  Bih.  Hifp. 
Tom.  2.  pag.  235.  col.  2.  eam  quippe  artem 
(falia  da  Medicina)  infigni  rerum  antiquarum 
eruditione  fie  exornavit,  ut  omnia  ejus  opera 
non  minus  doceant,  quâm  jucunde  ânimos  legen- 
tium  pafcant.  Faria  Fuent.  de  Aganip.  Part.  3. 
no  Prolog,  n.  13.  las  Rimas  de  EJlevan  Rodri- 
gue\  aunque  poças,  muy  huenas  e  no  Comment. 
às  Rim.  de  Camoens.  Tom.  3.  pag.  i.  Ef- 
tevan  Rodrigue^  tiene  una  cancion  ala  immortalidad 
dei  alma,  que  no  deve  nada  alas  mejores.  Georg. 
Math.  Konig.  Bib.  Vet.  ó"  nov.  pag.  697.  col. 
I.  Morery  Diccion.  Hiftoriq.  Verb.  Cafiro  Ro- 
drig.  D.  Franc.  Manoel  na  Carta  dos  A  A.  Por- 
tug. Abrah.  Mercklin.  in  Eind.  renov.  No  li- 
vro in  Viror.  Eitter.  imagin.  impreflb  Romíe 
1641.  eftá  o  feu  Retrato  com  eíles  verfos. 


LUSITANA. 


761 


Pinjaiàa  quadra  tá  qm  prof pieis  ora  iabella 

Non  pene  Iam  pinjifn  mente  fuijje  puíts» 
Nam  media  fácies  CaJIrcnJis  fie  erat  avi 
Quim  mérito  noftri  dixeris  híypocratem. 

Outro  retrato  fcu  fahio  na  obra,  que  elle 
compoz  intitulada  PhHomena,  c  na  parte  infe- 
rior tem  gravado  cílc  dyílico. 
lixprimit  aHthoris  viiltii  piítitra,  fed  atétljor 
Ipfe  fui  vires  exprimit  inffinij. 

Morreo  na  Gdade  de  Pifa  em  o  anno 
de  1657.  quando  contava  74.  annos  de  idade 
deixando  para  eterno  hrazaò  do  feu  nome 
as  obras  feguintcs. 

De  Meteoris  Microcofmi  iibri  IV.  Floren- 
tisc  apud  Juntas  1621.  foi.  Sahio  mais  cor- 
rcílo  por  induftria  de  Valério  Nervio  ibi 
1624.  foi. 

RJmas  Florença  por  Zanobio  Pinhoni. 
1632.  12.  Confta  de  Sonetos,  Odes,  Eglogas, 
Portuguezas,  e  Giílelhanas.  Sahio  à  luz  eíla 
obra  por  dcligencia  de  Francifco  de  Giílro 
filho  do  Author. 

De  complexu  morhorum.  Florcntiac  apud 
Zenobium  Pignonium  1624.  8.  e  Norimbergx 
per  Hironymum  Dumlerum   1646.   12. 

Ejunenius,  feu  de  Vero  amico.  Florcntiac. 
1626.   12. 

Opujculum  de  Mutatione  aliorum  morhorum  in 
alios  in  quattuor  libros  divifum  Medicina  fiudiofis 
valde  utiky  (&  recôndita  doãrina  refertum.  Floren- 
tiíe  apud  Petrum  Cecconcellium.  1627.  12.  & 
Francof.  apud.  Joan.  David.  Zanerum  1646. 12. 
u&  ibi  1667.  A  eíle  tratado  chama  áureo  Zacuto 
^Luíitano. 

Philomela,  Florentias  apud  Petrum  Ceccon- 
cellium 1628,  4.  Coníla  de  Diálogos  cheyos 
de  muyta  erudição,  e  poefia  fendo  o  principal 
argumento  a  Amizade. 

Afitia,  hoc  ejl  de  cauja  cur  multi  non  man- 
ducent,  vel  in  tota  vita,  vel  muliis  diebus.  Flo- 
rcntiac apud  Zenobium  Pignonium  1630.  8. 
&  Taurini  apud  Joannem  Sinibaldum. 
1647.  8. 

De  Sero  Laãis  fraãatus.  Florcntiac  apud 
Sarmatellium  163 1.  8.  &  Norimbergac  apud 
Hyeremiam  Dumlerum  1646.  12. 

//  curiofo  nel  qiiale  in  dialogo  fi  difcorre 
dei  mal  delia  pejle.  Pifa  por  Francefco  Ta- 
nagli  163 1.  4. 

Commentarius   in   Hypocratis      Coi   libellum 


dê  Alimfnto  in  qm  multiplici  didafcalia  varia 
amtroverfia  inter  utramque  partem  àijputantur,  Ó^ 
áTffimentorum  funibus,  aiéíJorumqm  Jecurihiu  Sa- 
tyro  comiéa  iigftntitr,  conflrinfímtur ,  opus  in  quat- 
tuor partes  divifum.  Ilorentíac  apud  Scrma- 
tcUium.  165).  foi. 

Di  Simulato  Kige  Sebafliano  PotmatioH 
juvenili  atate  conflatum.  Florcntiac  apud  Ama- 
torem  Maííam  16)8.  4.  F.íla  obra  publicou 
feu  íilho  Francifco  de  Caílro,  onde  00  Pro- 
logo a  o  leitor  aífínna  ter  extrahido  eíle  Poema 
de  huma  copia  já  em  partes  confumida,  e 
por  eíla  caufa  fahia  imperfeito  havendo  de- 
dicado feu  Pay  a  tal  obra  ao  Cardial  Al- 
berto em  cujo  poder  fe  confervava  per- 
feito. O  P.  Ant.  dos  Reys  no  línthufiafm. 
Poet.  n.  25.  louva  a  o  Author  deíb  obra  com 
cilas  vozes. 

Hunc  prope  confidit  Stephanus  Kodericius,  ora 
Qui  mérito  rifit  fimulantem  pulchra  Sebafli 
Ut  ne  ridiculi  fieret  Kex  fabula  Vulgi 
Inclytus  ille  fui  quem  Regni  in  fede  locarat 
Omnipotens. 

Pofthuma  varietas.  Florentix  apud  Ama- 
torem  Maííam,  et  Laurentium  de  Lan- 
dis. 1639.  4-  Coníla  de  Cartas  latinas  a  di- 
verfas  pcíToas;  Oraçoens  recitadas  na  Univer- 
fidade  de  Pifa  ao  conferir  os  gráos  dos  Douto- 
ramentos; vários  Epigrammas,  c  muitos  So- 
netos cm  Portuguez,  c  Italiano.  Sahio  cila 
obra  por  dcligencia  de  feu  filho  Francifco 
de  Caílro. 

Caftigationes  exegética,  qtábtis  "Variorum  dog- 
matum  veritas  elucidatur.  Florentix  apud  cos- 
dem  Typ.  1640.  foi. 

De  Epilepfia  difceptatio  pofthuma.  Florcntiac 
apud  cofdem  Typog.   1640.  4. 

De  Pleuritide  difceptatio.  Florcntiac  ex 
eadem  Typ.   1641.   8. 

Katio  confultationis  an  poft  variolas  purga- 
tione  corpus  egeat.  ibi  1642.  4. 

Medica  Confultationes.  ibi  apud  eundem 
Typog.  1644.  4. 

Syntaxis  pradiãionum  medicarum  ctà  accejfit 
Triplex  elucubratio.  Prima  de  Cbirurgicis  admi- 
niftrationibus.  2.  de  Potu  refrigerato.  3.  de  Am- 
malibus  Microcofmi.  Vcnetiis  apud  Frandfc. 
Bragiolum.  1656.  8.  &  Lugduni  apud  Philip. 
Borde  &  focios  1661.  4. 

Pythagoras     Lugduni     fumptibus     Philip. 


■j6: 


BIB  LIOTHECA 


Borde,  Arnaud,  et  Rigaud.  165 1.  12.  Q)nfta 
dos  coílumes,  doutrina,  e  preceitos  defte 
Filofofo,  e  no  fim  traz  hum  tratado  de 
Ke  ciharia. 

Varies  Exercitationes  medica,  eb*  expojitiones 
in  aliquos  agrotos  Hypocratis.    Venetiis  1653.  8. 

Traãatus  de  natura  muliehri,  Jeu  dijpu- 
tationes,  <&  lesiones  Pifance.  Hanovias  1 664. 4. 
&  Francof.  apud  Hermanum  à  Sunde 
1668.  4. 

Na  Re/açaõ  do  Recebimento  das  relíquias 
para  a  Cafa  de  S.  Roque,  que  fahio  em 
Lisboa  por  António  Ribeiro  1588.  8.  a  foi. 
94.  v.o.  eílà  huma  Poefia  Latina  e  a  foi.  95. 
v.o.  outra  Portugueza  com  o  nome  de  An- 
tónio de  Atayde  que  levarão  o  premio,  e 
faõ  do  Eílevaõ  Rodriguez  de  Caílro. 

ESTEVAM   RODRIGUES   DE   TOAR 

taõ  infigne  na  intelligencia  da  lingua  La- 
tina, e  preceitos  da  Oratória,  como  na 
efpeculaçaõ  da  Theologia  Sagrada,  e  liçaõ 
da  Efcritura,  e  dos  Santos  Padres.  AíTiftindo 
na  Cúria  Romana  orou  na  Capella  Ponti- 
fícia em  prezença  do  Summo  Pontífice  Paulo  V. 
e  do  Collegio  dos  Cardeais  em  o  dia  do 
Evangelifta  Amado,  cuja  obra  publicou 
com    eíle  titulo. 

Oratio  habita  Romce  in  fejlo  S.  Joannis  Evan- 
gelijla  coram  fummo  Pontifice  Paulo  V.  ac  Illuf- 
trijfimorum  Cardinalium,  nec  non  DD.  Prcela- 
torum  Senatu,  anno  MDCX.  Romse  apud  Guliel- 
mum  Facciotum  161 1.  4. 

Fr.  ESTEVAM  DE  SAMPAYO  na- 
tural da  Villa  de  Guimaraens  fituada  Entre 
Douro,  e  Minho  do  Arcebispado  de  Braga 
recebeo  o  habito  Dominicano  no  Conven- 
to de  Lisboa  em  cuja  religiofa  paleJftra  fa- 
hio taõ  eminente  nas  letras,  como  nas  vir- 
tudes. Eílimulado  do  Amor  da  Pátria,  e 
da  natural  fidelidade  Portugueza  fe  decla- 
rou parcial  do  Senhor  D.  António  no  tem- 
po que  para  cingir  a  Coroa  de  feus  Avós 
fe  oppòz  à  injufta  violência  com  que  fe  apo- 
derou deíle  Reyno  Filippe  Prudente,  por 
cuja  caufa  foy  prefo  em  hum  cárcere  hor- 
rorofo,  e  carregado  de  pezadas  cadeas,  do 
qual  fogindo  clandeftinamente  paííou  com 
outros   Religiofos   companheiros  no  habito. 


e  nas  moleílias  da  prizaõ  à  Cidade  de  Toloza. 
Depois  de  receber  nella  o  gráo  de  Doutor 
Theologo  diftou  taõ  fublime  Faculdade  com 
applauzo  de  todos  os  Cathedraticos  como  ef- 
creve  Fr.  Joaõ  Jacobo  Percin.  in  Monum.  Tolof. 
Traâat.  de  Academ.  pag.  191.  e  197.  Rece- 
bendo no  anno  de  1598.  a  noticia  de  ter  appa- 
recido  em  Veneza  ElRey  D.  Sebaftiaõ,  vinte 
annos  depois  da  fatal  derrota  nos  campos  de 
Alcácer,  impellido  do  fiel  aífefto  para  com  os 
feus  Princepes  nacionaes  partio  com  fumma 
brevidade  àquella  Cidade  a  certificarfe  com 
os  olhos,  do  que  eílava  informado  pelos  ouvi- 
dos, e  achando  que  o  Senado  pelas  inílancias 
do  Embaxador  de  Caílella  tinha  reduzo  aquelle 
Príncipe  o  naõ  pode  ver,  ainda  que  para  eíle 
fim  repetio  efficazes  reprezentaçoens  a  Marcos 
Quirini  hum  dos  quatro  Deputados  para  o 
exame  de  negocio  taõ  grave,  o  qual  o  defpe- 
dio  dizendo-lhe  fer  precifo  que  de  Portugal 
fe  remeteílem  documentos  authenticos  por 
que  conílaíTe  fer  aquelle  homem  que  o 
Senado  tinha  reclufo,  o  verdadeiro  Príncipe 
D.  Sebaftiaõ.  Como  todo  o  feu  empenho 
era  contribuir  para  que  eíla  Monarchia  foíTe 
dominada  por  Príncipes  Portuguezes  paíTou 
fem  demora  de  Veneza  à  Portugal  em  habita 
disfarçado  para  naõ  fer  defcuberto  pelos  Mi- 
niílros  de  Caftella,  e  informando  aos  Fidalgos 
de  tudo  quanto  tinha  obrado,  fe  reíUtuhio 
velozmente  a  Veneza,  onde  fem  perdoar  a 
todo  o  género  de  deligencia  fez  fortes  inílan- 
cias ao  Senado  dirigidas  à  Uberdade  daquelle 
Princepe,  que  fuppunha  fer  o  feu  Rey,  de  que 
refultou  fer  folto  por  intervenção  de  Henrique 
IV.  de  França,  a  Rainha  de  Inglaterra,  e  Repu- 
blica de  Olanda  com  ordem  expreíTa  que  no 
mefmo  dia  da  foltura  fahiíle  da  Cidade  de 
Veneza,  e  em  três  de  todo  o  Eftado.  A  eRe 
imaginado  Princepe  feguio  Fr.  Eílevaõ  com 
fumma  fidelidade,  e  chegando  a  Florença  o 
entregou  o  feu  Duque  contra  todas  as  leys  da 
hofpitalidade  a  ElRey  de  Caílella,  acaban- 
do Fr.  EHevaõ  violentamente  a  vida  em 
faõ  Lucar  de  Barrameda  a  30.  de  Agof- 
to  de  1603.  O  Senhor  D.  António  na 
Carta  efcrita  à  Santidade  de  Gregório 
XIII.  na  lingua  Francefa,  e  traduzida, 
na  Latina  pag.  mihi  68.  lhe  fez  o  feguinte 
elogio.     Fr.     Stephanuus    de    Sampajo    Theo- 


L  USITANA. 


763 


logus  do&us,  ae  U&or  truditus  poft  diutumum 
carcerh  fuplicium  in  Ijifttama  in  Kepntim  Cajlella 
inde  dclatus,  ac  ferreis  virtculis  omijluSp  acerbijfi- 
maqtde  ibidem  cuflodia  reciufiu.  Ff.  Jofeph 
Teixeira  Religiofo  Dominico,  e  também  fe- 
qua2  do  Senhor  D.  António  em  huma  carta 
cfcrita  no  anno  de  1601.  a  hum  fcu  amigo.  Fr. 
Stephanus  de  Sampayo  Do&or  regens  in  Tino- 
Joffca  Vacultate  veflra  Dominationi  probe 
notus,  qtà  in  objeqmum  Kegis  Sebaftiani  oculte 
profeãus  in  Portugallia  certo  fitam  expofmt 
vitam,  ó^  manifeflo  difcrimini.  Ikhard.  Script. 
Ord,  Prad.  Tom.  2.  pag.  550.  col.  2.  Vir 
f$àt  eruditione,  religione,  moribm,  ó*  pietate 
eommendatus.  D.  Joaõ  de  GUlr.  Difcurf.  da 
Vid.  delKey  D.  Seb.  pag.  15.  15.  c  18.  Mont. 
C/at{P.  Dow.  Tom.  3.  pag.  198.  Re/igiofo 
de  grande  erudição,  engenho,  e  virtude.  Por 
fcr  muito  perito  na  Lingua  Latina  lhe  come- 
terão os  Superiores  tradu2Íflc  as  Chronicas 
da  Ordem  efcritas  em  Portugucz  naquellc 
idioma,  o  que  executou  publicando  a  feguintc 
obra,  que  dedicou  quando  aíTiftia  em  Tolofa 
ao  IlluílriíTimo  Bifpo  de  Anjú  D.  Guilherme 
Rufeo  Pregador,  e  Efmoler  dos  Reys  Chriftia- 
niíTimos  Carlos  IX.  c  Henrique  III.  a  qual 
fahio  com  eíle  titulo. 

Thefauriis  arcanus  iMfitanis  gemmis  re- 
fulgens  in  quo  JEgidiJ  magi  olim  Theurff- 
r>  fiupenda  hifioria  varijs  exculta  dialogis, 
atque  aliorum  Sanãorum  Vatruni  Ordinis 
Pradicatorum  ex  eadem  L^fitania,  multaque 
alia  fcitu  digna  continentitr.  Pariíiis  apud 
Thomam  Perier.  1586.  8. 

Coníla  eíle  liv.  da  Vida  de  S.  Fr.  Gil 
compofta  em  Portuguez  pelo  infigne  An- 
dré de  Refende;  Vida  de  S.  Gonçalo  de 
Amarante  a  qual  tranfcreveo  in  Aãa  SS. 
ad  diem  X  Januarij  o  Padre  Joaõ  Bollando. 
ConverfaÕ  de  S.  Pedro  Gonf alves  que  fqy  DeaÕ 
da  Cathedral  de  Afiorga.  Vida  de  Fr.  Pajo 
primeiro  Prior  de  Coimbra.  Vida  do  D.  Lou- 
renço Mendes,  e  de  Fr.  Pedro  porteiro  do  Con- 
vento de  Fjvora,  que  taõbem  efcreveo  em 
Portuguez  o  grande  Refende.  No  fim 
defte  livro,  que  inclue  as  vidas  já  nomea- 
das, traz  a  obra  feguinte,  que  allega  Car- 
dofo  Agiol.  'Lufit.  Tom.  2.  pag.  225.  col.  2. 
no  Comment.  de  18.  de  Março  letr.  B. 
a    qual    como    adverte    Echard    in    Script. 


Ord.  Prad.  pag.  551.  coL  2.  eílá  cheya  de 
muitas  equivocaçoens,  aíTim  em  os  oomet 
das  peíToas,  como  nas  (Utiaçocos  das  terras, 
e  Qironología  dos  tempos. 

Sttmma  feUtíiJfimum,  omatifimumqm  Sacri 
Ordinit  Vratrum  Pradicatorum  in  quo  D.  Peh 
triarcha  Dominici  Socij  primi  patres,  Sucetf' 
fores  Magffiri  Kiverendijfimi,  Comitia  Centralia, 
Summi  Pontífices,  Cardinales,  Patriarcha,  atque 
alij  omnet  viri  diffiitate,  Sanílitaíe,  €>*  ///- 
teris  infiffies,  q/d  à  primi  exorientis  Ordi' 
nis  initiis  ad  noflra  ufque  têmpora  floruerunt, 
non    minus    exaãe,    quàm   fuccinBe    recenfentur, 

jiaramentum  Regis  Aldephonfi  primi  Por- 
tugallia  fuper  approbatione,  e£y  eonfirmatiom 
vifionis  quam  vidit  anno  1140.  in  Campo  Au' 
riquij,  ç!t  teflimonium  Vaffalitij,  ac  Feudi 
Kegis  Por  tugallia  Aldephonfi.  PariTiis  1600.  4. 
Coníla  de  8.  folhas  em  que  traz  varias  profecias 
com  feu  Prologo. 

Por  fua  induílria  fahio  à  luz  publica  em 
Pariz  no  anno  de  1596.  in  8. 

D.  Thoma  Aquinatis  expofitio  áurea  in 
libros  duos  Machabaorum.  Cuja  obra  fc  rcim- 
primio  no  Tom.  18.  das  obras  do  Santo 
Doutor  da  ediçaõ  de  Antuérpia  no  anno 
de  161 2.  e  no  Tom.  19.  da  impreflaõ  de 
Pariz  anno  1641.  e  1660.  com  a  preÊa- 
çaõ  de  Fr.  Eítevaõ  de  Sampayo,  e  ainda 
que  Egidio  Colona  difcipulo  do  Angé- 
lico Meftre  affirma  in  4.  Sentent.  difl.  45. 
que  o  Santo  expufera  os  Livros  dos  Ma- 
cabeos  naõ  admitem  efta  obra  por  legi- 
tima producçaõ  da  penna  defte  grave  ef- 
critor  Xifto  Senenfe  dizendo  fer  de  Tho- 
maz  Anglico  da  Ordem  dos  Pregadores, 
e  Cardial  do  Titulo  de  Santa  Sabina  cuja 
opinião  feguem  o  P.  Filippe  Labbe  Dif- 
fert.  Philolog.  de  Script.  Ecclef.  Tom.  2. 
pag.  437.  e  ultimamente  Cafimiro  Oudin 
Comment.  de  Script.  Fxclef.  Tom.  3.  pag. 
329.  col.  2.  arguindo  com  nimia  feveridade 
ao  noíTo  Sampayo  de  publicar  huma  obra 
indigna  de  taõ  claro  Doutor.  Miror  fane 
quam  guflu  depravatus  fuerit  Stephanus  de  Sam- 
payo qui  tam  infipidum  opus  Doãori  Angélico 
ad  fcribere  voluerit,  ubi  nulla  doãrina,  nulla 
unãio,  fed  infantilis  quadam  partitio,  Ó^  divi^ 
fio  in  cadentes  pbrafes,  qua  corruptionem  fonant, 
(Ò"  ingenium  fejunum. 


764 


BIBLIO  THE  CA 


ESTEVAM  SOARES  DE  MELLO 
duodécimo  Senhor  da  Villa  de  Mello  íi- 
tuada  na  Beyra  do  Bifpado  da  Guarda 
onde  teve  o  berço,  e  por  Progenitores  a 
Manoel  de  Oliveira  Freyre  filho  de  Bel- 
chior de  Oliveira  Freyre  Senhor  de  Mo- 
ruja;  e  a  D.  Antónia  de  Mello  herdeira  deíla 
illuftre  cafa.  Seguio  a  vida  militar,  em 
que  deu  claros  argumentos  do  feu  va- 
lor em  obfequio  da  Pátria  aífim  na  Reftau- 
raçaõ  da  Bahia  em  o  anno  de  1625.  como 
na  Campanha  de  1640.  com  o  poílo  de 
Meílre  de  Campo  da  Província  da  Beira. 
Cafou  com  D.  Angela  de  Caftro  filha  de 
Lopo  Alvarez  de  Moura  Commendador 
de  Santa  Luiza  de  Trancofo  na  Ordem  de 
Chrifto,  e  Senhor  do  Morgado  da  Corte 
do  Serraõ,  e  de  fua  mulher  D.  Maria  de 
Caftro  filha  de  D.  Rodrigo  Manoel  Com- 
mendador das  Alcáçovas,  de  quem  teve 
numerofa  defcendencia.  Foy  muito  douto 
nas  Difciplinas  Mathematicas,  liçaõ  da 
Hiíloria  profana,  e  eítudo  de  Genealogia, 
pelo  qual  o  louva  o  P.  D.  António  Cae- 
tano de  Soufa  Apparat.  à  Hiji.  Gen.  da 
CaJ.  Keal  Portug.  pag.  62.  §.  44.  Efcre- 
veo. 

Cojmografia  univerjal  de  todos  os  Portos 
marítimos  do  univerjo  com  todas  as  fuás  def- 
crípçoens,  Jituaçoens,  demarcaçoens,  e  navega- 
çoens.  M.  S.  foi.  He  obra  de  grande  tra- 
balho, eíludo,  e  erudição. 

Tratado  de  todos  os  modos  de  caçar,  e  tudo 
o  necejjario  para  ejie  exercido,  ajfim  de  inf- 
trumentos,  como  fegredos  particulares  em  dia- 
logo. M.  S.  4. 

Familia   dos   Mellos   hifioriada.   M.    S.   foi. 

Fazem  memoria  do  feu  nome  Joaõ  Franco 
JB/^.  'Lujit.  M.  S.  Carvalho  Corog.  Portug. 
Tom.  2.  Trat.  8.  cap.  12.  pag.  372.  e  o  mo- 
derno addicionad.  da  Bih.  Geograf.  de  An- 
tónio de  Leaõ.  Tom.   3.  col.   1729. 

D.  ESTEVAM  SOARES  DA  SYLVA 
illuftre  por  nacimento,  e  muito  mais  vene- 
rado pelas  virtudes,  foy  filho  de  D.  Sueiro 
Pires  Efcacha,  e  de  D.  Froyle  Viegas,  defcen- 
dente  hum  da  familia  dos  Sylvas,  e  outra  da 
familia  dos  Souzas.  Tanto  que  chegou  à  idade 
de  cultivar  os  eftudos  fe  applicou  a  elles  em  o 


Mofteiro  de  Santa  Cruz  de  Coimbra  onde 
atrahido  da  religiofa  obfervancia  dos  feus  mo- 
radores pedio  no  anno  de  1 1 84.  o  habito  Ca- 
nónico Auguftiniano,  que  recebeo  com  geral 
fatisfaçaõ  de  taõ  illuftre  Comunidade.  Como 
era  refpeitado  por  hum  dos  mayores  Theolo- 
gos,  e  infignes  Pregadores  do  feu  tempo,  o 
pedirão  os  Cónegos  da  Cathedral  de  Coimbra 
para  feu  Meftre  Efcola,  cuja  dignidade  aceitou 
por  preceito  de  D.  Pedro  Alfarde  Prior  do 
Convento  de  Santa  Cruz,  donde  fubio  a  Pri- 
maz de  Braga  fendo  o  feptuageíTimo  fegundo 
Arcebifpo,  que  fe  fentou  nefta  augufta  Cadeira. 
Vencidas  varias  controverfias,  e  oppofiçoens 
contra  a  fua  Jurifdicçaõ  foy  chamado  pelo  Pon- 
tífice Innocencio  IIL  para  aíTiftir  no  Concilio 
Lateranenfe  publicado  no  anno  de  121 5.  onde 
entre  os  Prelados  de  que  fe  compunha  taõ 
authorizada  Aílemblea  era  hum  D.  Rodrigo 
Ximenes  Arcebifpo  de  Toledo  que  favorecido 
do  Pontífice,  e  dos  Reys  de  Leaõ,  e  Caftella 
intentou  preceder  ao  noíTo  Primaz,  o  qual  naõ 
fomente  com  a  voz,  mas  com  a  penna  nervofa- 
mente  fe  oppoz  a  taõ  grande  emulo,  de  que 
refultou  depois  de  controvertida  a  cauza  por 
huma,  e  outra  parte,  mandar  pòr  filencio  nella 
o  fummo  Pontífice  Honório  IIL  Reftdtuido 
ao  Reyno  mayores  foraõ  as  contendas  que  ani- 
mofamente  fuftentou  contra  a  refoluçaõ  de 
AíFonfo  II.  o  qual  fem  refpeito  à  Jurifdiçaõ 
Ecclefiaftica  entrou  por  Braga  devaftando 
Cafas,  e  herdades,  e  impondo  tributos  ao  Clero, 
de  cuja  violenta  oppreíTaõ  recorreo  o  Arce- 
bifpo ao  fummo  Paftor,  para  que  applicafle 
remédio  opportuno  a  excefíos  taõ  efcanda- 
lofos.  Serenoufe  toda  efta  tormenta  com  a 
morte  daquelle  Príncipe,  cujo  fuceíTor  D.  San- 
cho II.  ajuftou  com  fatisfaçaõ  do  Arcebifpo 
as  controverfias  de  que  fora  author  o  animo 
pouco  religiofo  de  feu  Pay.  Pela  apoftolica 
Liberdade,  e  ardente  zelo  com  que  efte  Prelado 
defendeo  a  immunidade  da  fua  Igreja  lhe  fez 
o  feguinte  elogio  Honório  III.  de  quem  foy 
Legado  à  Latere  nefte  Reyno:  Zelatorem 
EccleJiaJliccB  lihertatis,  reãitudinis  ^elo  Jerventem, 
nokntemque  vererí  faciem  hominis  plufquam 
Dei,  virum  litteratum,  <&  honeftate  conjpi- 
cuum;  e  no  Breve  expedido  a  4.  de  Ja- 
neií^o  de  1221.  aos  Bifpos  de  Falên- 
cia,   Afturias,    e  Tuy.      Venerahilem  Fratrem 


LUSITANA. 


mftrum  hr achar enjem  Arcbiepljcopum  virum 
utiqu9  litteratt4ra,  ac  boneflatis  própria  mtrilii 
honorandum.  Fallccco  na  Villa  de  Trancofo 
a  27.  de  Agoílo  de  1228.  e  eftà  fepultado 
na  Tua  Cathedral.  O  Doutor  Fr.  António 
Hrandaõ  Mon.  Ijtfit.  Part.  5.  liv.  14.  cap.  8. 
Voy  o  Arcehifpo  D.  EJIevad  {altm  de  outras 
partts  naturaes  de  fattffte,  e  animo)  cultivado 
4:om  boas  letras,  e  /ciências,  e  exemplar  na 
vida»  D.  Nicol.  de  Santa  Maria  Chron.  dos 
Coneg.  Keg,  liv.  ii.  cap.  6.  Voy  ejle  grande 
Prelado  illujlre  por  gerafaÔ,  e  illuflrijfimo  por 
Juas  letras,  e  virtudes.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Tbeatr.  L/íJit.  IJtter.  lit.  S.  n.  36.  Vir  ge- 
nere,  doutrina,  d^  conftantia  illuftris.  Efcre- 
veo. 

Tratado  em  defenfa  da  Prima;(ia  de  Braga 
(ontra  D.  Rodrigo  Ximenes  Arcehifpo  de  Toledo. 
Aí.  S,  Defta  obra  fallando  o  Illuftriflimo 
Cunha  Hift.  Ecclef.  de  Brag.  Part.  2.  cap.  21. 
n.  8.  diz.  Animo  tivemos  depor  aqui  as  refoens  com 
qu»  o  Arcehifpo  D,  E/levaÕ  fe^  claro  diante 
do  Summo  Poníifice  pertencer  à  fua  Igreja  a  Pri- 
Mat(ia  de  Hefpanha,  e  a  facilidade,  e  energia 
com  que  refpondeo  às  que  por  ft  allegava  o  Arce- 
hifpo D.  Rodrigo  Ximenes:  mas  como  ellas  faõ 
iodas  para  doutos,  e  na  lingua  vulgar  perdem 
grande  parte  da  fua  efficacia,  e  embaraçaÕ  a  lei- 
tura com  os  textos,  e  Authores  que  fe  allegaõ, 
de  força  havemos  de  remeter  os  curiofos  ao  nojfo 
Tratado  que  dejia  matéria  fis^emos  em  lingua 
Latina. 

ESTEVAM  DE  VILLA-LOBOS  muito 
perito  na  Arte  Poética,  e  Mythologia  compoz, 
e  imprimio  conforme  affirma  Joaõ  Franco 
Barreto  na  Bib.  iMfit.  M.  S. 

The^ouro   da  divina   Poefia.     Lisboa    1598. 

Sor.  EUGENIA  DOS  REYS  filha  de 
D.  Jorge  de  Menezes  Senhor  de  Alcon- 
chel,  e  Fermofelhe,  e  de  fua  fegunda  mu- 
lher D.  Guiomar  da  Sylva,  filha  de  An- 
tão de  Faria,  Alcayde  mór  de  Palmella,  e 
D.  Leonor  de  Vilhena.  Profeífou  o  IníU- 
tuto  Seráfico  no  Real  Convento  de  Santa 
Clara  de  Coimbra  no  anno  de  1604.  onde 
pela  fua  natural  difcriçaõ,  prudência,  e 
aííabilidade  depois  de  exercitar  vários  lu- 
gares    da     Communidade     foy     Abbadeíía, 


765 

de  cujo  goveroo  ddsrou  íkudoíâs  memo- 
rias, e  ainda  mayofet,  quando  paíTou  defia 
vida  caduca  paca  a  eterna  ao  anno  de  1664. 
Efcreveo. 

Vida  da  Vm.  Madre  Sor.  Helena  da  Cru^ 
chamada  no  ftaiío  D,  Hiltna  da  Syba  fUba  ét 
D.  Álvaro  da  Cofia,  Rtliffofa  no  Comwito  ii 
Santa  Clara  dt  Coimbra;  a  qual  compoz  por 
infínuaçaõ  de  Fr.  Manoel  da  Efpcrança, 
como  efcreve  na  Part.  2.  da  Hift,  Strafi.  da 
Prov.  dê  Portug,  liv.  6.  c^.  55.  n.  6. 

D.  EUGÉNIO  DO  CASAL  natural 
de  Lisboa,  e  fobrinho  do  liluílri/Timo  Bifpo 
de  Coimbra  D.  Fr.  GaTpar  do  Caíâl  illuíbe 
credito  da  familia  dos  Eremitas  de  Santo 
Agoílinho,  de  quem  em  feu  lugar  fe  fará  larga 
memoria.  Eíhidando  Theologia  em  a  Univer- 
fidade  de  Coimbra  deixou  as  efperanças  que 
lhe  prometiaõ  o  feu  nobre  nacimcnto,  c  agudo 
engenho  recebendo  o  habito  de  Cónego  Re- 
grante no  Real  Convento  de  Santa  Cruz  de 
Coimbra,  onde  profeguindo  o  eftudo  da 
mefma  Faculdade  a  diâou  com  applaufo 
aos  feus  domeíticos,  alcançando-o  mayor 
p>elo  Púlpito  onde  era  ouvido  com  admiração 
de  toda  a  Univerfidade.  O  continuo  eftudo 
o  fez  cahir  em  hunu  febre,  que  lentamente 
o  confumio  fallecendo  a  19.  de  Jimho  de  1 590. 
Deixou  efcrito. 

Sermoens  de  Quarefma  i.   Tom,  M.  S. 

Sermoens  das  Feflas  dos  Santos  i.  Tom.  M.  S. 

Do  author,  e  das  obras  £iz  mençaõ  D.  Ni- 
col. de  Santa  Maria  Cbron.  dos  Coneg.  KeguJ. 
liv.  10.  cap.  27.  n.  22. 

EUGÉNIO  FERREYRA  ROQUE 

natural  da  Cidade  de  Évora  filho  de  André 
Ferreira,  e  Helena  Rodriguez,  Sangrador 
approvado  de  quem  fe  lembra  o  P.  Francifco 
da  Fonfeca  na  Evor.  Gloriof.  pag.  411.  Com- 
poz. 

Tratado  da  Pblehotamia.  Praãica  racional, 
e  direãorio  de  Principiantes.  Évora  na  Offidna 
da  Univerfidade  1722.  8. 

Fr.  EUSÉBIO  DA  CELLA  Vilk  fi- 
tuada  nos  Coutos  de  Alcobaça,  onde  naceo, 
e  Monge  profeíío  no  Real  Convento  de  Santa 
Maria  de  Alcobaça.    Efcreveo. 


766 


BIBLIO THE  CA 


Hora  Sanãa  Crucis 
Hora  de  Spiritu  Sanão 
Hora  de  D.  Virgine 
Hora  pro  Def unais 
Tudo  fe  conferva  M.  S.  no  Archivo  do 
mefmo  Real  Convento. 

Fr.  EUSÉBIO  DE  SANTA  MARIA 
natural  de  Lisboa  onde  na  Parochia  de  S.  Pe- 
dro de  Alfama  recebeo  a  primeira  graça  a  1 5.de 
Dezembro  de  1675.  Foraõ  feus  Pays  Francifco 
da  Sylveira,  e  Maria  da  Cofta.  Depois  de  apren- 
der a  lingua  Latina  com  o  P.  Manoel  Soares 
Presbítero  de  inculpável  vida,  em  cuja  claíTe 
tive  a  fortuna  de  fer  feu  condifcipulo,  abraçou 
na  idade  de  vinte  annos  o  Inílituto  Seráfico 
no  Convento  de  S.  Francifco  da  Cidade  a 
13.  de  Dezembro  de  1695.  Ouvio  Filofofia 
de  feu  Irmaõ  Fr.  Thome  da  Refurreiçaõ, 
de  quem  fe  fará  memoria  em  feu  lugar,  a 
qual  diftou  no  anno  de  171 3.  Depois  de  ler 
Theologia  nos  Conventos  de  Santarém,  e  Lis- 
boa, jubilou  no  anno  de  1728.  He  Qualificador 
do  Santo  Officio,  Examinador  das  Três  Or- 
dens Militares,  e  Confultor  da  Bulia  da  Crufada. 
Sendo  CuJftodio  vifitou  os  dous  Seminários 
de  Varatojo,  e  Brancanes,  e  em  ambos  pre- 
íidio  aos  feus  Capítulos.    Publicou. 

Sermão  do  Santijfimo  Sacramento  expojlo  no 
Real  Convento  de  S.  Francifco  da  Cidade  de  L,isboa 
no  terceiro  dia  do  Carnaval  13.  de  Fevereiro  de 
1725.  Lisboa  pelos  herdeiros  de  Pafchoal 
da  Sylva  1725.  4. 

Fr.  EUSÉBIO  DE  MATOS  Naceo  na 
Cidade  da  Bahia  Capital  da  America  Portu- 
gueza  em  o  anno  de  1629.  onde  na  juvenil 
idade  de  15.  annos  entrou  na  Companhia  de 
JESUS  a  24.  de  Março  de  1644.  e  depois  de 
aprender  as  letras  humanas,  e  fciencias  efco- 
lafticas,  em  que  fahio  profundamente  inftruido, 
diftou  aos  feus  domefticos  três  annos  Filofofia, 
e  dez  Theologia  Efpeculativa,  e  Moral  dei- 
xando tantos  difcipulos  quantos  foraõ  os 
Meítres,  que  leraõ  eílas  Faculdades.  Tendo 
feito  a  profiíTaõ  do  quarto  voto  a  1 5 .  de  Agoílo 
de  1664.  fe  paííou  para  a  Religião  Carme- 
litana  em  o  anno  de  1677.  mudando  o 
apellido  de  Matos  em  o  da  Soledade,  na 
qual  profeíTou  taõ     fagrado     Injftituto     com 


grande  gloria  dos  feus  alumnos,  aos  quaes 
inftruio  com  as  fubtilezas  da  Filofofia,  e  Theo- 
logia fazendo  taes  progreíTos,  que  competiaõ 
com  os  difcipulos,  que  tivera  na  Companhia. 
Foy  infigne  Pregador  aíTim  em  a  fubtileza 
dos  difcurfos,  como  na  vehemencia  dos  af- 
feâos:  Poeta  vulgar,  e  Latino,  cujos  verfos 
eraõ  taõ  difcretos,  como  elegantes:  Muíico 
por  arte,  e  natureza  compondo  as  letras  que 
acomodava  aos  preceitos  da  Solfa:  Arithme- 
tico  grande  fendo  fempre  eleito  para  arbitro 
das  mayores  Contas:  Pintor  engenhofo  do 
qual  fe  confervaõ  com  eftimaçaõ  particular 
muitos  dibuxos:  difcreto,  jovial  na  conver- 
façaõ;  e  ultimamente  taõ  confumado  em  to- 
das as  partes,  que  conflituem  hum  homem 
perfeito  que  affirmava  delle  o  P.  António 
Vieyra  Oráculo  da  eloquência  Ecclefiaftica 
que  Deos  fe  apoftara  em  o  fazer  em  tudo 
grande,  e  naõ  fora  mais  por  naõ  querer. 
Falleceo  no  Convento  pátrio  no  anno  de 
1692.  com  65.  annos  de  idade  35.  de  Jefuita, 
e  15.  de  Carmelita.  Quando  efteve  na  Com- 
panhia.   Imprimio. 

Praãicas  pregadas  no  Collegio  da  Bahia 
nas  fejlas  feiras  de  Quarefma  à  noite  mof- 
trandofe  em  todas  o  Ecce  homo.  Lisboa  por 
Joaõ  da  Cofta.  1677.  4. 

Depois  de  fer  Religiofo  Carmelita  publicou. 

Sermão  da  Soledade,  e  lagrimas  de  Maria 
SantiJJima  Senhora  Nojfa  pregado  na  Sè  da 
Bahia  no  anno  de  1674.  Lisboa  por  Miguel 
Manefcal.   1681.  4. 

Sermoens  do  P.  Mefre  Fr.  Eufebio  de  Mattos 
Keligiofo  de  Nojfa  Senhora  do  Carmo  da  Provin- 
da do  Brajil  i.  Part.  que  contem  15.  Sermoens. 
Lisboa  pelo  dito  Impreflbr  1694.  4. 

Oração  Fúnebre  nas  exéquias  do  Illujlrijftmo,  e 
Keverendijftmo  Senhor  D.  EJievaÕ  dos  Santos  Bifpo 
do  Brajil  celebradas  na  Sé  da  Bahia  a  14.  de  Julho 
de  1672.  Lisboa  por  Miguel  Rodriguez  Im- 
preíTor  do  Senhor  Patriarcha.  1735.  4. 

Sermoens  do  Kofario.  M.  S.  que  por  fua 
morte  defappareceraõ. 

Faz  delle  memoria  Fr.  Manoel  de  Sà 
Mem.  Hifl.  dos  Efcrit.  Portug.  do  Carm.  cap.  24. 
pag.  140. 

Fr.  EUSÉBIO  DE  SA'  Naceo  em 
Lisboa  a  15.  de  Agollo  de  1704.  fendo  filho 


L  USITANA. 


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<lc  Manoel  Bernardes,  e  Qaudina  Maria  de 
Sá.  Quando  contava  16.  annos  recebeo  o 
habito  de  Carmelita  Calçado  das  maõs  de  feu 
Tio  materno  Vt.  Manoel  de  Sá  (de  quem  faz 
mençaõ  nas  Memor.  aíTima  allegadas  cap.  2). 
pag.  141.)  em  o  Convento  de  Lisboa  a  5.  de 
Novembro  de  1720.  e  depois  de  profeíTo 
foy  admittido  a  CoUegial  de  Coimbra  a  50.  de 
Setembro  de  1722.  Para  acender  mais  vi- 
vamente nos  Coraçoens  Cathoiicos  a  devoção 
de  Maria  SantiíTima  com  o  titulo  do  Carmo, 
(Ic  que  pela  profiíTaõ  era  filho,  traduzio  da 
língua  Caflclhana  de  Fr.  Joaõ  de  Santo  An- 
gelo Chronifta  da  Provinda  do  Carmo  de 
Caftella  em  a  materna. 

Novena  da  Sacratijfima  Virgem  Maria  Mãy 
de  Deos,  e  do  Carmo,  e  offerecimento  da  Coroa, 
é  Terço  da  me/ma  Senhora.  Lisboa  por  Joaõ 
Antunes  Pcdrozo,  e  Francifco  Xavier  de 
Andrade   1722.   12.   &  ibi  por  Pafchoal  da 


Sylva.  1722.  12.  e  ibi  Na  OfBcina  Ferreiriana. 
X724.  12. 

NúPina  da  Sacratifftma  Virgem  Maria  Se- 
nhora Nojfa  com  o  titulo  da  Madre  de  Deos.  Lis- 
boa por  Pedro  Ferreita.  1724.   12. 

EZIiClilEL  DE  CASTRO  iníigne  Me- 
dico, e  Tubtil  Filofofo,  de  cujas  Faculdades 
deu  clariníroos  argumentos  na  Cidade  de 
Verona,  onde  aíTiíUo  muitos  annos  do  qual 
fazem  particular  memoria  Jorge  Abrahaõ 
Merck  Uno  in  Und.  Ktnov.  e  JoaÕ  Chriílovaõ 
Wolfío  in  hib.  Heb.  pag.  )75.  n.  98).  Compoz. 

Ijl^  Lambefu.  Hijhria  medita,  Prolujio 
Pbyfica,  rarum  pulchrejcentis  natura  fpecimen. 
Veronx  apud  Franciícum  Rubcum   1642.  8. 

Amphitheatrum  medicum,  in  quo  morbi  omnes 
quibus  impofita  Junt  nomina  ah  animalibus  raro 
fpeãaculo  debellantur  ibi  per  eumdem  Typog. 
1646.  8. 


F  I  M. 


H8TA  NOVA  BOIÇAO  DA  BIDtJOTHECA  LUSITANA,  COMBCTA 
REPRODUÇÃO  DA  EDIÇAO  cPRINCEPS*.  rOl  REVISTA  POR 
M.  LOPES  DE  ALMEIDA.  DIRECTOR  DA  BIBUOTECA  GEKAL 
DA  UNIVERSIDADE  DE  COIMBRA.  nZERAM-SB  TODAS  AS 
EMENDAS  PROPOSTAS  PELO  AUTOR.  E  AQUELAS  QUB  NO 
DECORRER  DA  REVISAO  SURGIRAM  COMO  ERROS  TIPOGRA- 
nCOS.  FOI  COMPOSTA  E  IMPRESSA  NAS  OFICINAS  GRAFICAS 
DA  tATLANTIDA  EDITOXA»,  EM  COIMBRA.  NA  RUA 
COMBATENTES  DA  GRANDE  GUERRA,  «7.  SOB  A  DIREC- 
ÇÃO DO  MESTRF^TIPÓGRAFO  JOSÉ  ABRANTES  MACHADO 
E  ACABOU  DE  SE  IMPRIMIR  EM  4  DE  JULHO  DE  1965. 
FESTA    DIOCESANA    DA    RAINHA    SANTA    ISABEL. 


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BINDING  SECT.    SEP  2 1  «W 


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2722 
B233 
17^1 
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Barbosa  Machado,  Diogo 
Bibliothaca  lusitana 


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