BIBLIOTHECA
LUSITANA
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Desta edição fe^-se uma tiragem especial de loo exem-
plares, em papel Kegisto 120, numerados e rubricados
por Manuel Lopes de Almeida.
BIBLIOTHECA
LUSITANA
Hiftorica, Critica, e Cronológica.
NA QUAL SE COMPREHENDE A NOTICIA DOS AUTHa
rcs Pbrtuguczcs , c das Obras , que compuíèrtô dcfde o tempo
da promulgação da Lcy da Graça até o tempo prezcnte.
OFFERECIDA
À AUGUSTA MAGESTADE
D. JOÀÒ V.
A^;'r"'' NOSSO SENHOR,-^'"
DIOGO BARBOSA
MACHADO
V^lfipon^t Ahbéde ds Tdrochiéd Jffrejã de Ssnto Aãrixô de Sever , e Acadé-
mico do Numero dd jécademid BjcmI.
TOMO I
LISBOA OCCIDENTAL,
Na Offidna de ANTÓNIO ISIDORO DA FONSECA
Anno de M. D. CC. XXXXI
Com todas as íicenças neceJfarUs.
BREVE
AD FAVOREM BIBLIOTHECARUM.
CLEMENS PAPA XL
AD FUTURAM RCIMBMORIAAL
CONSBRVATIONf, & manutentlutíl librorum Ribliuihc
cinim IXMDorum ReguUrium Fratrum Oi 'Unis SunCii Au-
guftini Difcalccdicorum nuncupatQrum GongregttioiíU Por*
tugalHc , quantum cum Domino poíTunius b«nigne con»
fulcrc i WC DilcAuno íílium moJernum Frocuratorem Ge-
ocralem in Romana Cúria diâx Cungregaiiotiis fpeclalibat favor ihus«
& gratíii prufequi vol«ntes » 6C à quiburvis excomidUDicatiunís , luf-
penficnis , & interdiâi , aliisque Ecclefiaílicls fcncemiii cenluris , 8c
pceoii à jure « vel ab h'>mine quavíj occafione , vfl caufa lacis i Ç\ qui«
bus quo:nodolibcc innuJatus exiilic , aJ cXtCtwm pricteutíunf dumu*
xat cunfequeiiJum « harum ferie ablòlveiites « & abfoiutuno fore ocn-
ftnces fupplicacionibus ejus nomine Noliís faper hoc humilicer por*
fedtis ínclinati , ne de cetero qiiifqjatn , five l!«culari$ , fj»c ciijdf-
vts Ordinis Rtfgularis etiam aut^oritate , oFBcio, & fup^fiurttate fua>
Sens , Libros i Ouinteriia , Fulia five impreíTa , ftve manufcripia , um
âdlenus dít5ti$ BÍbliothecis doiuta , comparata , 6c aifignata , suàni
in pofteruin duiuiida i cumparanda^ Sc affígnanda Uibquovis pracicxtu »
kigenio , caufa» colore, racione , asii occafione è Dumibus Regula*
ribus* 6c fxcuWribus « quacu nque auc1orici-.é fungfmibns commo*
dare , donare , vel alio quovis mudo dldritliere , & alienare , fril
ut eitrahanturt & afportentur , aut conimodentur , dunentur , difira*
hantur « Sc aliencntur permittere , aiic coiifeiuirc auJcat , (eu prsc«
fumac fub excommunicationis f ac priratiuníj vocii adtívx , S: paffive
pisnls per concrafaciences eo ípfo incurrendis Ai^ondica audorirace
tenore prcfentium interdicímus , & probibemds. Perruiitentcs tameii
Superioribus diAarum Domorum Rcgulariurrt pro Cempore exiftrnii*
baSf uc de licentia Definlitírii Gencralis, vel annualis prxdi»ílar Cott*
fregacionis aliquoU tx libris praedi^is Fratribus ejuíJeni Congrega tio*
nis, etiam in aliis Domibas tomniorantíbus , cumcautelis t;<men ne*
cenàriís , ac Inventario i PriftTibus , & Difcretis fuarum refpeAivè
Domorum fubfcríbcfndís ad tempus dctcrminaium commadarí pofiintv
^uo elapfo ad fuás quafque Domos rcponari , fuiíqoe Biblioihcds ref-
tituí fub eiídem poínis debeant : Noii obftantibus Cou(liiationibus#
& Ordinationibus ApoítoliciSf ac Domorum , Sc Ordinum priedic^o*
rum , etiam juramento conãrmatione Apoftolica , vel quavisfirmita-
te anàs roboratis flatutis , & confuetudínibus , ceterísiiue contrarii*
qiiibufcumquc. Volumus autem > quod piKfentis prohfbitionis copia
m
fn valvis rujuslibet didlarum Biblluthecavum , tcI alio confpícao loco ,
quo ab omnibus cerni poflli continuo aíiixa remaneat ; quodquepiaE-
lentium tranfumptis ciiani impreills manu aiicujus Notarii publiciíub*
fciiptís» ta fi^WUi aiicujus pcfíonae in dignítate Ecckr>aflica conAitu*
ta: , te) Procuratoris Genetalis Cungregaiionis hujufmcdi munitisea*
dcm fides ubíque adhibeatur, qux ipíis prxfentibys habcretur « fi fo*
rcnc cxhibitx , vcl vReníx. Oatum Konise apud S. Mariam Maiorero
íub AnnuloPifcatorlsdieXXin. Januarii M. DCC.XXl. FoniiÍ€»Uls
Noilri anno vige fimo-pr imo. — F. Caid. 01iv«iius. —
Concordai caai fuo originali.
J«annn VominUus Mamttfft PubUcusNot.Apo(l«
Ff.UmmãmttlãS.EUfahetht PrKurator Generalh»
SENHOR
OM myjierioja dijpojiçaõ da Providencia ejperou a Bibliotheca
hufitana ideada hà mais de hum Século pelo laboriojo dijvelo de varoens eruditos o jeliv^
Rejnado de V. Magejlade para Jahir ao theatro do Mundo como prevendo, que nofaujiij-
fimo tempo em que no trono de Portugal Je admirajje a uniaõ da S ciência com a Soberania,
mais difícil, que a do Amor com a Mageftade, alcançariaõ os Sábios que fecundamente
produi(io efla Monarchia na larga diuturnidade de tantos Séculos a merecida remuneração
às fuás doutas, e incanfaveis vigílias. Vara fer V, Mageflade o mais fabio Príncipe
entre os f eus Soberanos Predecejjores fe empenhou a Graça em competência da Naturev^a
a illujlrarlhe com luv^es taõ antecipadas o entendimento, que jà na idade pueril fe admirou
adulta a comprehençaõ para o efiudo das Artes dignas do feu alto nacimento, donde
emanou a innatapropençaõ, com que fe declarou benéfico Protector dos "Eruditos; afublime
idea com que erigio na Academia Keal hum famofo Capitólio no qual f obre os defpojos
da ignorância fe celebraffem os triunfos da Sabedoria; e a generofa profufaõ com que
convertendo o feu Palácio em domicilio de todas as f ciências formou a mais numerofa,
e magnifica Bibliotheca compofla dos majores Oráculos da Kepublica litteraria vanglo-
riofos de ferem frequentemente confultados pelo perfpica!ifuit(p de V, Mageflade. Debaixo
dos benévolos aufpicios de hum Príncipe taõ amante das I^etras, e Fautor dos fabios
pertende fer admitida a Bibliotheca l^ufitana por comprehender a fublimidade de tantos
efpiritos, que emulos das Intelligencias Angélicas ennobreceraõ a Pátria com os nomes,
dilatarão afama com aspennas. Que agradável efpectaculo fera para os olhos de V. Magef-
tade obfervar nefie Theatro "Litt erário as majores figuras, que venerou a fer ar chia Eccle-
fiaftica, e Secular, e que com igual decoro illufiraraõ o Sacerdócio, e o Império, como
foraõ hum Damafo fabricando dos fete montes de Koma degraos para fubir ao Parnafo
onde foj laureado fobre a Tiara Pontificia com as victoriofas inftgnias de infigne Poeta;
hum Joaõ XXI. que antes de empunhar as chaves de Pedro lhe foraõ patentes os pro-
fundos arcanos da Dialéctica, e Medecina; muitos Princepes Purpurados do Vaticano
mais eminentes pela Sabedoria, que pela dignidade; grande numero de Prelados taõ vigi-
lantes no paflo das Ovelhas, como na cultura das f ciências; e innumeraveis Kegulares
aliftados de baixo dos Sagrados EJiendartes de diverfos Infiitutos fahindo dos Clauflros
como de Praças fortificadas contra a ignorância armados de f o lida doutrina para inflruc-
çaõ dos Catholicos, e total ruina dos Hereges. Naõ feraõ menos dignos da atenção de
V. Mageftade os fublimes voos com que nas a^as das fuás pennas fe remontarão à esfera
da eternidade feus gloriofos Predecejjores dominando igualmente os Aftros como Sábios,
e os Bftados como Princepes, e dividindo com judiciofa diftribuiçaõ os feus vigilantes
cuidados, entre Palias armada, e Minerva Pacifica. Hum Affonfo Fundador defta
Monarchia que tendo alcançado heroicamente a Coroa mural na celebre expugnaçaõ de San-
tarém, para dignamente narrar as façanhas que nellafe obrarão a tinta com que as efcreveo
foj o balfamo que as immortalifou : hum Dini:^ depondo o Cetro para tocar a Ljra
de cuja acorde confonancia atrahidas as Mufas deixarão as aguas de Hipocrene pelas
preciofas correntes do Tejo : hum Sebaftiaõ que depois de fulminar como animado rajo
aos Sequa!(es de Mafoma na primeira expedição Africana para que naõ caducajje acçaõ
taõ heróica napofteridade lhe firmou o privilegio de immortal com apenna: hum joaõ IV.
9m o Nome, e primeiro na S ciência da Arte Mufica cujos armonicos preceitos Jahiamente
praãicou, e acerrimamente defendeu. Competindo com efies Monarchas na profijfaõ
das letras verá V. Magejlade a muitos Princepes, e Infantes Portugueses como foraõ os
Pedros, Henrique!(j Lui^es, e Theodofios fervindo a huns de contemplação deleitavel o
diáfano volume das esferas, e a outros de innocente occupaçaõ o familiar comercio das
Mufas. Verá a muitos Heróes militares concebendo entre os furores de Marte, e incêndios
de Bellona ardentes efpiritos para profundas, e elegantes compoftçoens, e a muitos Minif-
tros de Eflado revelarem nas fuás obras as ideas politicas que meditarão em beneficio
defla Coroa. Verá reduzido a hum Sucinto Mappa a elegante facúndia dos Oradores,
a fuave afluência dos Poetas, a armonia fem dijjonancia dos Muficos, e a explicação das
fabulas nos Mythologicos ; aos Interpretes Sagrados correndo o veo ao Sanãuario das
Efcrituras; aos Theologos decifrando os myfierios dos divinos Attributos; aos furif-
confultos penetrando as dificuldades dos Cânones Ecclefiafiicos, e das Lejs Imperiaes;
aos Hifloriadores referindo os Sucefjos das idades pajjadas; aos Chronologos computando
o tempo por huflros, e Olympiadas, aos Aflronomos compajjando o movimento dos
Ceos, e obfervando os afpeãos dos Planetas; aos Anatómicos examinando a organia^açaò
dos corpos, e os Médicos defcubrindo faudaveis remédios para confervaçaõ da vida. Com
toda efia immenfa copia de eflrellas fe orna, e ef malta efle literário Firmamento ambi-
ciofas de que V. Mageflade as illufire com a fua benéfica fombra. Ao excelfo trono do
Salamaõ Portugue^ igual na magnificência, e fuperior na Keligiaõ ao da Palefiina, fe
pojlra reverente, e obfequiofa qual outra Rainha Sabà a Bibliotheca Eufitana feguramente
confiada na augufia protecção de hum Monarcha cuja coroada Sabedoria hade benevola-
mente amparar aos cultores de todas as Artes, e Faculdades, os quaes como Portuguei^es
faõ vajjalos da fua Coroa, como Sábios pregoeiros da fua gloria. Renaçaõ a nova vida
animados pelo fublime efpirito de V, Mageflade no feculo mais gloriofo, que computou
a Monarchia Portuguev^a por nelle fe admirar dominando a Sabedoria com enveja dos
Auguftos, Vefpafianos, e Conflantinos dos quaes taõ foberbamente fe vangloriou Roma
Gentilica, e Catholica. A natural benevolência com que V. Mageflade protege aos Eflu-
diofos me animou a offerecer-lhe efia Encyclopedia compofla de todas as f ciências culti-
vadas pelos engenhos Portugueses mais eflimavel pela matéria que pela forma que lhe
deu a grojjaria do meu eflilo, e adijfonancia das minhas vo^es. Naõ afpira a mayor
premio o incanjavel difvelo que appliquei para taõ alta emprega do que fer patente á
alta comprehenfaõ de V. Mageflade que tudo fe dedicou em obfequio defla Monarchia,
Jempre ref peitada pelas Armas, e agora mais gloriof a pelas letras, da qualfeja V. Magef-
tade Soberano Arbitro por tantos annos quantos faõ os Vajjalos, que lhe obedecem nas
quatro partes do Mundo medindo-fe a duração do feu Reynado pela fuavidade do feu
dominio.
Diogo Barbofa Machado.
PROLOGO
A' BIBLIOTHECA
LUSITANA
1 V K todas as producçoens litterarias, com que os mayores Sábios eter-
nizarão a fua fama nos Annaes da Poíleridade, nenhuma lhes mereceo
mais gloriofos elogios, e celebres applaufos que o laboriofo eítudo de huma
Bibliotheca, onde pelo impulfo das fuás pennas renacem a nova vida os Efcri-
tores, que a tinhaõ alcançado immortal na Republica das Letras. Saõ as Biblio-
thecas ou dipoftas por ordem Alphabetica, como obferváraõ huns, ou Chro-
nologica, como feguiraõ outros, aquelles eruditos Amphitheatros em cuja
efpaçofa circumferencia apparecem animados os Oráculos de todas as fciencias,
que para nunca emmudecerem deixarão impreíTa nos fecundos partos dos feus
engenhos a mais nobre de todas as potencias. Nellas se fazem patentes as Pátrias,
que illuílràraõ com os feus nacimentos, como os lugares que foraõ Religiofos
depoíitos das fuás cinzas. Relataõ-fe as acçoens memoráveis das fuás vidas
para documentos exemplares da vida moral, e politica. Com a luz fempre
clara da Chronologia fe deíterraõ as fombras dos Anacronifmos, que confun-
dem a verdadeira Epocha dos Annos. ReíUtuefe ao feu verdadeiro Author
a obra injuílamente uzurpada pela afectada fciencia dos Plagiários. Defen-
de-fe com fundamentos folidos o berço em que fe animarão algims de feus
illuítres filhos contra a opinião mal fundada de outras Naçoens ambiciofas de
taõ grande gloria. Apparece juílificada a innocencia de outros falfamente
acufada no Tribunal da maledicência. Declarafe o nome de muitos modeíla,
ou maliciofamente occulto, e com enigmáticas figuras de anagrammas, e letras
iniciaes disfarçado. Refufcitaõ das urnas dos Archivos as Obras M. S. a quem
a Arte Typographica negou o beneficio da luz publica. Ultimamente fe aíTmaõ
as diverfas impreííoens de cada livro, e qual delias feja a mais correcta, e eíH-
mavel. Eíla he a univerfal Anatomia de huma Bibliotheca dividida nas partes
orgânicas, que lhe formaõ o corpo, de cujo eíludo foraõ profeííores em todas
as idades os primeiros Varoens da Republica Litteraria, efcrevendo huns
genericamente a noticia dos Authores eminentes em diverfas Faculdades, e i
naturaes de diferentes PaÍ2C8; outros contrahindo-fc a menor esfera applicáraõ
as fuás vigílias nos Elogios de huma Sagrada Familia, ou illuílre NaçaÕ querendo
com efte obfequio eternizar as glorias da Mãy, de que naceraõ efpiritualmente
para o Ceo, e temporalmente para o mundo.
Innumeravel foy a multidão de Authores, que feguiraõ a vaíbi idea das
Bibliothecas Geraes extcndendo os voos das fuás pennas pela dilatada circumfe-
rencia de todos os Reynos, c Univerfidades do mundo, fendo os principaes
Jeremias Paduano i. Conrado Gefner 2. addicionado com dous mil efcritores
por Jofias Simler 3. Joaõ Jacobo Friz 4. e Roberto Gjnftantino 5. Guilherme
Paftregio 6. Conrado Lycoílhenes 7. Paulo Jovio 8. JoaÕ Jacobo Boiflardo 9.
Heningio Groflio 10. Júlio Cefar CapaíTi 11. Marchardo Leo 12. Jorge Drau-
dio 13. Valério André de Defchel 14. Vicente Paravicino 15. Jacobo Filippe
Opicello 16. Henrique Oreo 17. Thomaz Erpenio 18. Jacobo Filippe Thoma-
fino 19. Joaõ Imperial 20. Jodoco à Dudinck 21. Jano Nicio Erithreo, aliás
Joaõ Vitorio de RoíTis 22. Jeronymo Ghilino 23. Jacobo Gaddi 24. Filippe
Labbe 25. Joaõ André Queftad 26. Joaõ Henrique Hottinger 27. Pedro Lam-
becio 28. Lourenço CraíTo 29. Theophilo Spizelio 30. Joaõ Henrique Boe-
clero 51. António Reifero 32. Vicente Placcio 33. Joaõ Hallevordio 34. Joaõ
Jorge Schialen
I. De Auãoribus Scientiarum. Venetiis. 1505. 4. 2. Bibliotheca Univerfalis. Tiguri 1545.
foi. 3. Tiguri 1555. foi. 4. ibi 1585. foi. 5. Nomenclator injignium Scriptorum. Paris. 1555. 4. 6.
De Scriptis virorum illuftrium. Venetiis. 1547. 8. 7. Elenchus Scriptorum omnium veterum, e^ recen-
tiorum. Baíileíe. 1551. 4. 8. 'Elogia virorum litteris illufirium. Baíileíe. 1 5 77. foi. 9. ícones virorum
illufirium doãrina, (& eruditione prajiantium. Francof. 1592. 1593. 1599. 4. Tom. 4. Bibliotheca, Jive
Thefaurus compleãens illufirium doãrina virorum effigies, & vitas. Francof. 1628. 1651. 4. Tom. 4. 10.
Elenchus librorum ab an. i')()^.ufque ad 1600. in Komano Império novorum vel auãorum. Lipfije 1604.
4. II. Illufirium mulierum, eb* illufirium litteris virorum elogia. Neapoli 1608. 4. 12. Ennumeratio
methodica Scriptorum totius Occidentis Meridiei^ <ò' Orientis Ecclefiarum. Ingolíladii 1610. 13, Biblio-
theca Exótica Clafica Francof. 1610. 4. 2. Tom. 14. Imagines DD. virorum elogiis illufirata. Antuerp.
1616. 8. 15. De viris eruditione claris. Baíil. 161 3. 8. 16. Monumenta Bibliotheca Ambrofiana.
Mediolan. 1618. 17. Nomenclator pracipuorum Scriptorum. Hanoviae 1619. 12. 18. Cathalogus
librorum Orientalium. Lugd. Bat. 1625. 4. 19. Elogia virorum litteris, €^ Sapientia illufirium
Patavii. 1630. 4. 20. Mufaum Hifioricum Venet. 1640. 4. 21. Bibliothecariog-aphia. Cólon. 1643.
4. 22. Pinacotheca Imaginum ilufirium virorum. Coloniae Agrip. 1643. 8. 23. Theatro d' huomini
letterati. Venet. 1647. 4. 24. De Scriptoribus non Ecclefiafiicis Gracis, (ò* Latinis. Florentias. 1648.
foi. 25. Specimen nova Bibliotheca. M. S. PariQis 1653. Bibliotheca Bibliothecarum. ibi. 1666. 8. 26.
De Patriis illufirium doãrina, (& Scriptis virorum. Witembergae. 1645. 4. 27. Promptuarium. five
Bibliotheca Orientalis. Heldeberg. 1658. 4. Bibliotecarius Quadripartitus. Tiguri 1664. 4. 28.
Prodromus Hifioria litteraria. Hamburgi 1669. foi. 29. Elogii d* huomini letterati. Venetia. 1666.
4. 2. Tom. 30. Theatrum Honoris referatum. Aug. Wind. 1673. 4- Bibliographia critica. Lipíix
171 5. 4. 32. Index M. S. Bibliotheca Augufiana. Aug. Vindel. 1675. 4. 33. Theatrum Anonj-
morum, et PJeudonjmorum Hamburgi. 1608. foi. 34. Bibliotheca Curioja. Regiomonti 1676.
35. Ifaac BuUart 36. Pedro Bayle 37. Martinho Lipenio 38. António TeiíTier 39.
Joaõ le Clerc 40. Henrique Bafnage 41. Jorge Mathias Konig 42. Daniel Jorge
Morhof 43. Paulo Frehero 44. Thomaz Pope Blount 45. Gafpar Thurmano 46.
Federico Salburgio 47. Joaõ André Schimidio 48. Belchior Adaõ 49. Marcardo
Gudio 50. Carlos Ancillon 51. Burchardo Gotofredo 52. Joaõ Bautifta Rollio 53.
Joachim Mantzel 54. AiFonfo Lazor de Varea 55. Chriftiano Henrique 56.
Richardo Simon 57. Joaõ Alberto Fabrício 58. Ernefto Cypriano 59. Joaõ
Henrique Sallengre 60. Joaõ Kalefero 61. Jozeph Simaõ Afleman 62. Joaõ
Conrado Zeltnero 63. Joaõ Jacobo Mofero 64. Tobias Echard 65. Joaõ Bur-
chard Mencke 66. António BaldeíTarri 67. Adriaõ Ballet 68. Joaõ Marangoni
69. Fr. AiFonfo Chacon 70. e D. Bernardo Montfaucon Monge da Congregação
de Santo Amaro.
35. Bibliotheca enucleata, feu Aurifodina artium omnium. Viennae 1679. 4. 36. Kcademie des
Sciences, <& des Arts contenant les viés, (& les Eloges hiftoriques des Hommes llluftres. Amílerd. 1682.
foi. 37. Nouvelles dela Republique des letres. Amílerd. 1684. até 171 8. 40. Tom. 12. 38. Biblio-
theca realis Theologica Jurídica Medica &c. Francof. 1685. foi. 5. Tom. 39. Cathalogus AA qui
librorum Cathalogos Índices Bibliothecas viror. litterat. elogia vitas fcripfis conjignarunt. Genevíe 1 686. 4.
Eloges des Hommes Scavans. Leiden 171 5. 12. 4. Tom. 40. Bibliotheque univerjelle, e Hijlorique.
Amft. 1686. 12. 26. Tom. Bibliotheque ancienne, e moderne. Amít. 1714. 12. 29. Tom. 41. Hijloire
des Ouvrages des Scavans. Amíl. 1687. 12. 25. Tom. 42. Bibliotheca vetus, eb* nova. Altoríij 1678.
foi. 43. Polyhijior. Lubeccae. 1708. 4. 44. Theatrum virorum eruditione clarorum. Norimbergse
1688. foi. 45. Cenfura celebriorum Auãorum. Genevas 1694. 4. 46. Bibliotheca Académica. Habe.
1700. 4. 47. Cathalogus codicum Gracorum M. S. olim Bibliotheca Palatince, nunc Vaticana. Francof.
1701. 4. 48. Commentationes de Scriptis, &" Bibliothecis Antediluvianis. Helmíl. 1702. 3. Tom. 4. 49.
Dignorum laude virorum quos Mufa vetat mori immortalitas. Francof. 1706. foi. 2. Tom. 50. Biblio-
theca omnium Jiudiorum genere inftruãijfima. Hamburgi 1706. 4. 51. Memoires concernant les viés
e les ouvrages de plujivrs modernes celebres dans le Kepublique des "Lettres. Amílerd. 1709. 12. 52. Biblio-
theca antiqua Jenze. 1710. 4. 2. Tom. Bibliotheca librorum rariorum ibi 1719. 4. 53. Bibliotheca nobilium
Theologorum, Philofophorum, Oratorum Poetarum f&c. Roílochij 1709. 8. 2. Tom. 54. De Georgiis
fama, <& eruditione claris. Guftrovias. 171 2. 4. 55. Univerfus terrarum orbis Scriptorum calamo
delineatus. Patavii. 171 3. foi. 2. Tom. 56. Vita eruditijfimorum in re litteraria virorum Uratis-
laviíe. 171 1. 8. 57. Nouvelle Bibliotheque Choijie. Amílerd. 1714. 2. Tom. 12. 58. Bibliographia
antiquaria. Hamburgi. 1713. 4. 59. Cathalogus codicum M. S. Bibliotheca Gothana. Lipíias. 1714.
4.60. Memoires de L.itterature. Haye 1715. 8. 3. Tom. 61. Bibliotheca eruditorum pracocium. Ham-
burgi. 1717. 8. 62. Bibliotheca Orientalis Clementino Vaticana. Romae 1719. foi. 4. Tom. 63.
Theatrum virorum eruditorum. Norimbergae 1720. 8. 64. Bibliotheca M. S. anedoãorum, eorumque
hifioricorum. Norimbergíe. 1722. 4. 65. Cathalogus codicum. M. S. Quodlimburgenjium. Quodlim-
burgi 1723. 4. 66. Bibliotheca Menckeniana. Lipíiae. 1723. 8. 67. Compendio/o PJfireto delle vite
de perfonagi alcuni illuftri per la Scien^a. Venet. 1724. 8. 68. Jugemens des Scavans fur les principaux
Ouvrages des Auteurs. Pariz 1725. 4. 7. Tom. 69. Thesaurus Parochorum Jcriptis, aut editis operibus
illujlrium. Romãs 1730. 4. 70. Bibliotheca libros, & Scriptoresfermh cunãos ah initio mundi adann. 1583.
ordine alphabetico comple£íens. Pariíiis 1731. foi.
71. alem de outros Autores que naÕ declararão os feus nomes, como faõ o
fournal des Scavans, 72. Giomale de Letterati, 73. Aãa truditorum Lipfuí 74. Memoi-
res pour P Hijloire des Ouvrages des Scavans 75. Hijloire critique dela Kjepublique des
I .r/res 76. Journal Litterarie 77. Biblioíheque raijonnée des Ouvrages des Scavans
dei' Tlurope 78. J^ttres Serieujes Jur les Ouvrages des Scavans 79. Nouvelle de la Kipu-
blica delle lettere 80.
A mais fublime esfera fc remontarão os Authores das Bibliothecas
que comprehendem os Interpretes de hum, e outro Teftamento, e a Venerável
Serie dos Efcritores Ecclefiafticos. Dos Expofitores da Palavra de Deos efcrita
compuzeraõ Fr. Angelo Rocca 81. Fabiaõ Juftiniano 82. André Scoto 83.
Pedro Daniel Huet 84. Cláudio Lancelloto 85. Richardo Simon 86. JoaõFederico
Mayer 87. Carlos Arndio 88. Joaõ Federico Wildes haufen 89. AdaÕ Rechem-
bergio 90. Jacobo Lelong. 91. Pedro Zornio 92. Nicolào Alardi 93. Paulo Bol-
duano 94. e D. Agoftinho Calmet Monge Benedictino 95. A efta claíTe perten-
cem as Bibliothecas Rabbinicas compoftas por Joaõ Buxtorfio 96. Joaõ Plan-
tavi 97. Joaõ Henrique Ottinger 98. D. Júlio Bartolocci 99. D. Carlos Jozeph
Imbonati 100. ambos Monges Ciílercienfes, Scabtai Ben Jozeph loi. Joaõ
Chriítovaõ Wolfio 102.
Dos Efcritores Eccleíiaílicos o primeiro que intentou efta empreza, e
gloriofamente a confeguio, foy Eufebio Cefarienfe, cuja idea imitou S. Jeronymo
efcrevendo daquelles Authores, que floreceraõ depois da morte de Chriílo
Senhor NoíTo até o anno decimo quarto do Império de Theodoíio o Velho
feguindo a Bruto no Dialogo dos Oradores, e a Suetonio em os dous livros
71. Bibliotheca Bibliothecarum M. S. nova. ParÍ2 1759. foi. 2. Tom. 72. Amílerd. 1665. até 1733.
12. 100. Tom. 73. Roma. 1663. 3. Tom. 4. 74. Lipíix 1682. até 1733. 4. 65. Tom. 75. Trevonx
1701. 12. 118. Tom. 76. Amfterd. 1712. 12. 15. Tom. 77. Haye. 1713. 8. 30. Tom. 78. Amfterd.
1728. 8. II. Tom. 79. Haye 1729. 8. 8. Tom. 80. Venetia 1729. 4. 5. Tom. 81. Bibliotheca Theo-
loffca, Jive Scripturalis Epitome. Romae 1594. 8. 82. Index univerfalis Alphabeticus. Romae 1612.
foi. 83. Cathalogus Catholicorum Sacra Scriptura interpretum qui Serie librorum veteris, ac novi Tefta-
menti fcripferunt. Jenae. 16 14. 4. 84. De claris Interpretibus. Pariíiis 1661. 4. 85. Chronoloffa Sacra
cum Sjnopfi Scriptorum Veteris, ac novi Teftamenti. Pariíiis 1662. foi. 86. Hijloire critique des prin-
cipaux Commentateurs du N. T. Roterdam 1693. 4. 87. Bibliotheca Biblica. Francof. 1709. 4. 88.
Bibliotheca Biblica. Rollochij 171 3. 4. 89. Bibliotheca difputationum in vetus, €>• Novum Tefta-
mentum. Hamburgi 1710. 4. 90. Hiero L^xicon Biblico-Theologicum. Lipíia2 1724. 4. 2. Tom. 91.
Bibliotheca Sacra. Pariíiis 1723. foi. 2. Tom. 92. Bibliotheca antiquaria, <& exegética in univerjam
Scripturam Sacram. Francof. 1724. 8. 4. Tom. 93. Bibliotheca Harmonico-Biblica. Hamburgi 1725.
8. 94. Elenchus Scriptorum qui in Sacros Bíblicos libros veteris ac novi Tefiamenti fcripferunt. Jenae
16 14. 4. 95 . Bibliotheque facre, ou Cathaloge des meilleurs livres que V on peut lire pour acquerir /' intel-
ligetice dei' Ecriture. Pariz. 1730. foi. 96. Bibliotheca Rabbinica. Baíileae. 1604. 8. 97. Bibliotheca
Rabinica. Tolofíc 1644. 4. 98. Bibliotheca Orientalis. Heidelbergae 1658. 4. 99. Bibliotheca magia
Kabinica. Romãs 1672. foi. 4. Tom. 100. Bibliotheca Latino-Hebraica. Romae 1694. foi. loi. Lábia
Dormientium. Amftelod. 1680. 4. 102. Bibliotheca Hebraa. Hamburgi 171 5. 4.
de Grammaticis, <& Khetoricis. Continuarão com louvável emulação efte aíTumpto
Genadio, Santo Ifidoro, Santo Ildefonfo, Sigisberto, Honório, Henrique de
Gandavo, o Abbade Joaõ Trihemio 103. criticado de vários defeitos aflim
na Hiíloria, como na Chronologia por Gafpar Sciopio de Origine domús AuJlriaccB
a quem addicionou Balthezar Werlino 104. Suíírrido Pedro 105. Fr. Xiílo
Senenfe 106. cuja obra foy julgada pela fevera critica de Richardo Simon
Hijioir. Critiq. du Veaux Tejiam, Liv. 3. cap. 17. digna de contribuir muito para
a intelligencia dos Livros Sagrados. O P. António PoíTevino 107. louvado de
fummamente erudito por VoíTio Lib. 3. de Hijioricis hatinis. O Cardeal Roberto
Bellarmino 108. illuftrado pelo P. Filippe Labbe 109. e André de Saufay iio.
André Riveto iii. que na critica, que fez aos Authores dos primeiros féis
Séculos cahio em muitos erros hallucinado com a cega paixaõ que profeíTava
contra os Catholicos. O P. Pedro Halloix 112. Auberto Mireo 113. addicionado
por Auberto Vandeneede 114. Fr. Luiz Jacobo de Saõ Carlos 115. Jacobo
Gronovio 116. Gerardo de Quodlimbourg. 117. Pedro Labbe 118. O Cardial
Joaõ Bona 119. Guilherme Eiíigrein, e Mathias Flack 120. Luiz Elias Dupin 121.
cuja obra foy doutamente criticada por D. Matheos Pititdidier Monge Bento 122.
e Richardo Simon 123. arguindoa de defeituofa aíTim na intelligencia de algu-
mas authoridades, como na fidelidade das allegaçoens. Sahio illuftrada pelo
Abbade Goujet 124. continuando a noticia dos Efcritores do Século Decimo
Outavo. Severo Walton 125. D. Nicolào de Nourry
103. De Scriptoribus Exclejtajlicis. Moguntiae. 1494. 4. 104. Colonise 1545. 4. 105. De illufirihus
Ecclejiee Scriptoribus. Coloniae. 1580. 8. 106. Bibliotheca Sanãa. Coloniae 1586. foi. 107. Bibliotheca
Seleãa. Romae 1595. foi. 2. Tom. Apparatus Sacer de Scriptoribus 'Ecclefiafticis. Cólon. 1607. foi. 2.
Tom. 108. De Scriptoribus Ecclejtajiicis. Coloniae 161 2. 8. 109. De Scriptoribus Ecclejiajiicis Philo-
logica, (ò" Hijiorica Dijfertatio. Pariíiis 1660. 8. 2. Tom. iio. TuUi Leucorum 1665. 4. iii.
Criticus Sacer, five Specimen de Scriptis Patrum. Dordrefti 1619. 8. 112. De illufiribus Ecclejia
Orientalis Scriptoribus. Duaci. 1633. foi. 2. Tom. 113. Bibliotheca Ecclejiajlica. Antuerp. 1639.
foi. 114. Antuerp. 1649. foi. 115. Bibliotheca Vontificia, feu de omnibus Komanis Pontificibus, qui
Scriptis claruerunt. Lugduni 1643. 4. 116. Objervationes in Scriptores 'Exclefiafticos. Daventriae 1652.
12. 2. Tom. 117. Patrologus,five de Primitiva Ecclejia Chrisjliana Doãorum vita. Jenae. 1653. 8. 118.
Bibliotheca Chronologica SanHorum Patrum Theologorum, Scriptorumque Ecclejiajlicorum ab orbe condito
ad ann. Chrijiiana MrcB 1500. Pariíiis 1659. 24. 119. Divina PJalmodia. Romãs 1663. onde traz
hum Cathalogo dos Autores Litúrgicos 120. Cathalogus Teftium Veritatis ab anno 1563. adan. 1666.
Moguntiae. 1666. 4. 121. Nouvelle Bibliotheque des Autheurs Ecclejiajliques. Pariz 1686. 8. Biblio-
theque des Autheurs Ecclejiajiiques du if. Siecle. Pariz 1708. 8. 3. Tom. Biblioth. des Autheurs 'Ecclef.
du 18. Siecle. ibi. 171 8. 8. Table univerfel des Autheurs Ecclef. difpofes par Ordre Chronologique.
Pariz 1704. 8. 5. Tom. Bibliotheque des Autheurs Ecclef. Separes dela comunion deV Eglife ibi 171 8.
8. 4. Tom. 122. Remarques fur V Biblioth. des Autheurs de Mr. Dupin Pariz 1691. 8. 3. Tom. 123.
Critique dela Bibliotheque des Autheurs Ecclef. publies per Mr. Elias Dupin. Pariz. 1730. 8. 4. Tom.
124. Bibliotheque des Autheurs Ecclef. du Dix-huitieme Siecle. Pariz 1736. 8. 3. Tom. 125. Propy-
hum Hijloria Chriftiana Jijiens ennarrationem Scriptorum veterum, atque recentiorum. Lipíiae. 1696. 4.
126, Guilherme Cave 127. Joaõ Gotofredo Olearío 128. Thoma2lttígio 129. JoaÕ
Alberto Fabrício 130. Jorge Jozcph Egss 131. Fr. Natal Alexandre 132. Gtfi-
miro Oudin 133. obra certamente douta fe a naõ manchara com alguns vitu-
périos contra os Santos Padres procedidos da duplicada apoílafia que fez das
Religioens Catholica, c Premonílratenfe em que era profeflb. D. Edmundo
Martene, e Urfmo Durand Monges da Congregação de Santo Amaro 134.
Fr. Ignacio Jacinto Amat de Graveflbn 135. D. Rcmigio Ceilliers 136. e a Nova
Bibliotheca, Jive Notitia Scriptorum Eccleftajlicorum veterum, ac recentiorum moder-
namente publicada 137. em hum grande volume de folha que unicamente
contem a letr. A.
Entre cila famofa Clafle das Bibliothecas dos Efcritores EccleílaíUcos
brilhaõ como Aftros da primeira grandeza as das Famílias Rcligiofas, cujos
Qauítros foraõ em todos os Séculos as Efcolas da mais pura, e folida doutrina.
Eternizarão as Obras dos Authores da augufta,e monaftica Religião de S. Bento
o Abbade Joaõ Trithemio 138. Pedro Ricordato 139. Arnoldo Wion 140.
I Martinho Martier 141. Pedro Diácono 142. Gabriel Bucelino 143. Matheos
Weiss 144. Bernardo Pez 145. Felippe le Cerf 146. Mariano Armellino 147. e
Erafmo Gattula 148. Da Familia Ciílercienfe frondofo ramo de taõ fecunda
I arvore efcreveraõ Gafpar Jongellino 149. Chrifoftomo Henriques 150. Ber-
tando TiíTier 151. Carlos Vifch.
126. Apparatus ad Bihliothecam maximam Patrum Veterum, <& Scriptorum Ecclejiajlicorum. Lug-
duni. 1703. foi. z. Tom. 127. Scriptores Ecclef. Hiftoria litteraria a Chrifto nato u/que ad Sacu-
lum XIV. Genevas 1705. foi. 128. Bibliotheca Scriptorum Ecclejiajlicorum Jenae. 171 1. 4. 2. Tom. 129.
De Scriptoribus, <à>' Scriptis Ecclejiajlicis. Lipíiae. 1709. 4. 130. Sjllabus Scriptorum de veritate
Keliffonis Chrifiiana. Hamburgi 1725. 4. Bibliotheca Ecclejiajlica, Jive Nomenclatores de Scriptorib.
EccleJ. colleãi, (Ò' notis illujirati. ibi 1718. foi. 131. Vontificium doãum. Coloniae 171 8. foi. Purpura
doãa, Jive vitce S. R. Ê. Cardinalium eruditione, (Ò" fcriptis clarorum. Aug. Vind. 1714. foi. 4.
Tom. 132. Hijloria Ecclejiajl. Veteris, atque Novi Tejlamenti PaúGls 171 9. foi. 8. Tom. 133. Commen-
tarii de Scriptoribus Ecclejia antiquis. Lipíiae 1722. foi. 3. Tom. 134. Veterum Scriptorum monumenta
hijlorica. Pariz. 1724. foi. 9. Tom. 135. Hijloria Ecclef. variis colloquijs digejla Auguíbe. Vind.
1727. foi. 136. Hijloire general des Autheurs Sacrés Ecclejiajliques. Pariz. 1729. 4. 5. Tom. 137.
Coloniae. 1734. foi. 138. De viris illujlrib. Ord. S. Bened. Colonix 1575. 4. 139. Hijloria Monajlica.
Roma 1575. 4. 140. Lignum vita in quo viri dignitate doãrina Sanãitate, ac principatu clari ex Ordine
Benediãino defcribuntur. Venetiis. 1595. 4. 141. Bibliotheca Cluniacenjis. Pariíiis. 1614. foi. 142. De
viris illujlribus Cajfmenjib. Romãs. 1655. 8. 143. Aquila Imperii Benediãina cujus ordinatijfima
pennarum ferie Monachorum Ord. S. Bened. de Império univerfo amplijfima, <& immortalia merita
adumhrantur. Venetiis 165 1. 4. Monologium Benediãinum. Veldkirchii. 1655. foi. 144. Eyceum
Benedi£íinum. Pariíiis 1661. 8. 145. Bibliotheca Benedião-Mauriana. Aug. Vind. 1716. 8. 146. Biblio-
theque hiforique, & Critique des Autheurs dela Congregation de S. Maur. Haye 1726. 8. 147. Biblio-
theca Benediãino-Cajftnenjis. Aíifíii 173 1. foi. 148. Hiftoria Abbati a Cajfmenfs per faculorum
feriem difributa.Yencúis 1733. foi. 149. Eloffa Cijlercienjium Monachorum. Coloniae 1640. foi. 150.
Phcsnix revivijcens, feu Scriptores Ord. Ciflerc. Bruxellae. 1626. 4. 151. Bibliotheca PP. Cijlercien-
jium. Bonofonte 1660. 3. Tom.
152. Cláudio Chalmot 153. Angelo Manrique 154. D. Carlos Jozeph Morot. 155.
e D. Agoftinho Sartorio 156. Da Congregação Camaldufenfe, Archangelo
Haílivillo 157. da de Valumbrofa; Venantio Simio 158. e dos Celeílinos hum
author Anonymo 159. Dos Cartuxos Pedro Dorlando 160. Theodoro Pétreo 161.
e Carlos Morot 162.
Da Religião Canónica Auguítiniana D. Gabriel Pennoto 163. e D. Ceifo
Roíino 164. efcreveraõ os Cathalogos dos feus Authores. Illuftraraõ os nomes
dos Sábios filhos da Ordem Dominicana de que fempre foy fecunda Mãy
Fr. António de Senna 165. Leandro Alberti 166. Ambrofio Gozzeo 167. AiFonfo
Fernandes 168. António Mallet 169. Ambrofio Almatura 170. e Jacobo Quetif
com Jacobo Echard 171. cuja obra he digna da mayor eítimaçaõ pelo immenfo
trabalho, e judiciofa critica com que eftà compoíiia. Da immenfa Familia Será-
fica manifeílaraõ os Scientificos Thezouros Henrique Willot 172. Henrique
Sedulio 173. Lucas Wadingo 174. Angelo de S. Francifco 175. e modernamente
Fr. Joaõ de Santo António 176. como também Fr. Dionifio de Génova da
auftera Reforma dos Capuchinos 177. e dos Conventuaes Fr. Joaõ Franchini
de Modena 178. Das Obras dos Eremitas de Santo Agoílinho foraõ Panegy-
riftas Fr. Thomaz Gratiano 179. Nicolào Crufen 180. Cornelio Curtio 181.
Filippe Elfio
152. Bibliofheca Scriptorum Sacri Ord. Cifterc. Coloniae 1656. 4. 153. Series vir. illuftr. Ord. Cifterc.
Pariíiis 1666. 4. 154. Annaks Cifiercienjes. Lugd. 1642. foi. 4. Tom. 155. Ciftercii reflorefcentis
Chronologtca Hijioria. Auguílse Taurinorum 1690. foi. 156. Cifiertium Bis-Tertium, feu Hijloria
elogialis Ord. Cijlerc. Pragas 1700. foi. 157. Komualdina, feu Eremitica Camaldujenfis Ord. Hijloria
Parifiis 163 1. 12. 158. Cathalogus vir. illuftr. Congreg. Vallis umbrofa. Romãs 1695. 4. 159.
Cakftinorum Congregationis vir. illuftr. elogia hiftorica. Pariz 1719. foi. i6o.Chronicon Carthufienfe.
Cólon. 1608. 8. 161. Bibliotheca Carthufiana. Cólon. 1609. 8. 162. Theatrum Chro-
nolog. Ord. CarthuJ. Taurini. 1681. foi. 163. Generalis totius Sacri Ordinis Clericorum Canonicorum
Hiftoria Tripartita Romae 1624. foi. 164. 'Lyceum L,ateranenfe illuftrium Scriptorum Sacri Apofto-
lici Ordinis Clericorum Can. ^eg. Caefenae. 1652. foi. 2. Tom.., 165. Bibliotheca viror. infignium
Ord. Fratr. Prad. Pariiíis 1585. 8. 166. De viris illuftribus Ordinis Dominicani. Bononise
15 17. foi. 167. Cathalogus virorum ex familia Pradicatorum in litteris infignium. Venetiis
1605. 8. 168. Concertatio Pradicatoria cum notitia Scriptorum ejujdem Sacra Familia Salman-
ticae 1615. foi. 169. Hiftoria virorum illuftrium Conventus S. Jacobi Parifienfis Ord. Prad. Pariíiis.
1634. 4. 170. Bibliotheca Dominicana. Romae 1677. foi. 171. Scriptores Ord. Prad. recen-
fiti. Pariíiis 1719. foi. 2. Tom. 172. Athena Orthodoxorum Sodalitii Francijcani. Leodii.
1598. 8. 173. Hiftoria Seraphica Antuerpias 161 3. foi. 174. Scriptores Ordinis Minorum.
Romãs 1650. foi. 175. Cathalogus Scriptorum Illuftrium Seraphici Ordinis Yi\x2xi\(>^<). 4. 176.
Bibliotheca univerfa Francifcana. Madriti. 1732. foi. 3. Tom. 157. Bibliotheca Scripto-
rum Ord. Min. S. Francijci Capuccinorum. Genuae. 1691. foi. 178. Bibliofofia, e Memorie
L^tterarie de Scrittori Francijcani Conventuali. Modena 1693. 4. 179. Anaftafis Auguftiniana
in qua Scriptores Ord. Bremit. S. Aug. prifci ftmul, €>* Neoterici in feriem digefti funt. Antuerp.
161 3. 8. 180. Monafticum Auguftinianum. Monachii 1623. foi. 181. Virorum illuftrium '
exOrdine Eremitarum D. Auguftini Elogia. Antuerpiae 1636. 4. cum íig. |
i82. Thomaz Hcrrcra 183. AgoíUnho Maria Arpe 184. c Domingos António
(iundolfi 185.
Formarão os Cathalogos dos Authorcs da Religião Girmelitana Joaõ
Irithemio 186. Fr. Pedro Lúcio 187. Fr. Joaõ Maria Penfa x88. Marco António
\1 1 de Cafanate 189. Fr. Daniel da Virgem Maria 190. Fr. André de Saõ
\i( < 1.10 191. Joaõ Groflb 192. e do Carmelo reformado modernamente Fr. Mar-
çal de Saõ Joaõ Bautifta 193. Dos Premonílratenfes Pedro de Vuachenare 194.
Dionizio Mudzaert 195. e Joaõ Chrifoftomo Vander Steerre 196. Dos Míni-
mos Francifco Lanoy 197. Com eílilo elegante, e difcreto relatou o P. D. Jozé
Silos 198. os Efcritores da Congregação dos Clérigos Regulares Theatinos,
cuja emprcza profeguio D. Caetano Maria Cottono 199. fendo o ultimo ornato
dcfte numerofo efquadraõ de homens Sábios a Companhia de JESUS, cujas
pennas acrecentàraõ as azas da fama para efpalhar por todo o mundo a pro-
funda Sabedoria dos fcus alumnos de que foraõ interpretes os Padres Pedro da
Ribadancira 200. Filippe Alegambe 201. e Nathanael Sottuel 202. nas fuás
doutas Bibliothecas.
A efta numerofa ClaíTc de Bibliothecas, em que fe comprehendem os
Varoens fabios, que floreceraò em diverfas fciencias, fc feguem aquellas que parti-
cularmente tratarão dos ProfeíTores de cada Faculdade, como foraõ dos Theolo-
gos Joaõ Engerdo 203. Joaõ Zanachio 204. Paulo Bolduano 205. Belchior Adaõ
182. Ejicomiafticon Auguftinianum in quo perfona Ord. Eremit. S. Auguft. Sanãitate, Pralatura,
Legaríombíií, Scriptis prajiantes ennarrantur. Bruxellis 1654. foi. 183. A.lphahetum A.ugufii-
niantim, Matriti 1654. foi. 184. Pantheon Augufiinianum Jive Elogia virorum llluftrium Ord.
Eremit. S. P. Augufiini ara chronologica, (ò" criji illujtrata. Genuae 1709. 4, 185. Differtatio
hijtorica de ducentis Auguftinianis Scriptorihus. Romze. 1704. 4. 186. Cathalogus Scriptorum
Ordinis de Monte Carmelo. Antuerpise 1570. 8. 187. Carmelitana Bibliotheca, Jive illuftrium
aliquot CarmelitancB Keligionis Scriptorum, (ò* eorum operum Cathalogus. Florentias 1593. 4. 188.
Theatro degli huomini piu illuftri dela Familia Carmelitana. Mantova 1628. 4. 189. Paradifus
Carmelitici Decoris. In eo virorum illuftrium elogia, <&" nonnullorum Carmelitarum , qui resgeftas
fui Ordinis fcripfere, anacephalcBotica colleãio. Lugduni 1659. foi. 190. Speculum Carme-
litanum, feu Hiftoria Eliani Ordinis Fratrum B. M. V. de Monte Carmelo. Antuerpiíe 1680. foi.
4. Tom. 191. Catalogue des tous les Ouvrages des religieux de Jon Ordre. Befançon. 1701.
4. 192. De viris illufirihus Ord. Carmelitarum. Venetiis 1507. foi. 193. Bibliotheca Scrip-
torum utriujque Congregationis, (& fexus Carmelitarum Excalceatorum. Burdigalx 1730. 4. 194.
Vita S. Norberti, <à>' aliorum. Duaci 1637. 8. 195. Hiftoria Ecclefiaftica Bélgica. Antuerpias
1624. foi. 2. Tom. 196. Hagiologium PrcBmonJlratenfe. Antuerp. 1627. 8. 197. Chro-
nicon generale Ord. Minimorum in quo recenfentur illuflres ex eo Ordine Scriptores. Pariíiis. 1635.
foi. 198. Cathalogus Scriptorum Congregationis ClericorumKegularium. Panormi 1666. foi. 199.
De Scriptorihus Venerabilis domús Divi fo^ephi Clericorum Kegularium urbis Panormi ibi 1733. foi.
200. llluflrium Scriptorum Keligionis Societatis JESU Cathalogus. Antuerpias 1608. 8. 201.
Bibliotheca Scriptorum Societatis JESU. Antuerpiae 1643. foi. 202. Bibliotheca Scriptorum Societ.
JESU. Romae 1676. foi. 203. De Theologia ProfeJJoribus in Acad. Ingoljladienji. Ingolftadii 1581.
4. 204. Bibliotheca Theologica. Serveíte 1606. 4. 205. Bibliotheca Theologica. Jenae 1614. 4.
2o6. Pedro Labbe 207. Martinho Kempio 208. Henrique Witen 209. Chriílovaõ
Chriíliano Sande 210. Martinho Lipenio 211. Gotofredo Arnoldo 212. Henrique
Peping 213. Egidio Strauchio 214. Henrique Rollio 215. Pedro Poiret 216.
Jorge Henrique Goetzio 217. Joaõ Chriílovaõ Blumio 218. Joaõ Gafpar Zeu-
mero 219. Bibliotheca Hijiorico Philologico Theologica 220. Bibliotheque Janfe-
niílique 221. Bernardo Pez Monge Benedictino 222. Guílavo Jozeph Zeltnero
223. Jacobo Verheiden 224. Joaõ Tillemano Schenck 225. D. Joaõ de Sianda
226. Joaõ Molano 227. Belchior Fifchlin 228. Joaõ António Strubberg. 229.
Dos ProfeíTores da Jurifprudencia Pontifícia, e Cefarea efcreveraõ Joaõ
Fichardo 230. Bernardino Gafnero 231. Joaõ Lorichio 232. Marcos Mantua
233. António Morné 234. Belchior Adaõ 235. Chriíliano Gottel 236. Theodoro
Eberto 237. David Doringo 238. Guido Pancirolo 239. M. H. Winten 240.
Diniz Simaõ 241. Brocardo Gotofredo Struvio 242. Bibliotheca Júris Imperan-
tium 243. e António OuíTelio
206. VitcB Germanorum V feudo Theologorum. Heidelbergse 1620. 8. 207. Bibliotheca
Anti-Janfeniana, Jive Cathalogus pioriim, eruditonmque Scriptorum qui Cornelii Janfenii harefes,
errores f ineptiafque oppugnarunt. Pariíiis 1654. 4. 208. Bibliotheca A.nglorum Theologica.
Regiomonti 1667. 4. 209. Memoria Theologorum noftri faculi clarijfimorum renovata. Fran-
cof. 1674. 8. 2. Tom. 210. Bibliotheca A.nti-Trinitariorum. Freiftad. 1684. 8. 211. Biblio-
theca Kealis Theologica. Francof. 1685. foi. 212. De Scriptoribus Mjjlicis, (& Afceticis.
Francof. 1702. 8. 213. Sacer Decadum Septenarius memoriam Theologorum exhibens. Lipíias
1705. 8. 214. Bibliotheca Scriptorum Theologia Moralis confcientiaria. Lipíiae 1705. 8.
215. Bibliotheca nobilium Theologorum. Lipíiíe 1708. 8. 216. Bibliotheca Mjjticorum
Seleãa. Amftelod. 1708. 8. 217. elogia Germanorum quorum dam Theologorum. Lubec-
cae 1709. 4. 218. Jubilaum Theologorum emeritorum. Lypíias 1710. 8. 219. Vi ta pro-
fefforum Theologia Jenenjium. Jenas 1711. 8. 220. Bremae. 1719. 8. 10. Tom. 221.
ou Cathalogue alphabetique des principaux livres ]anjeniftes, ou Jujpeãs de Janfenifme. 1722. 12.
222. Bibliotheca Afcetica antiquo-nova Ratisbonas. 1723. 8. 9. Tom. 223. Vita Theolo-
gorum Altorphinorum. Norimbergae. 1722. 4. 224. Imagines, <& elogia praftantium Theolo-
gorum. Hagae Comdt. 1725. foi. 225. Vita Profejforum Theologia qui in Academia Marpurgenfi
docuerunt Msit^utgi i-} Z-] . 4. 226. Bibliotheca Polemica. Romae. 1733. foi. 2. Tom. 227.
Bibliotheca Materiarum Theologica. Coloniae. 1618. 4. 228. Memoria Theologorum Witem-
bergenjium. Ulmae. 1710. 8. 229. Index Theologorum Evangelico-L,utheranorum Chronologicus.
Longon. 1727. 8. 230. Periocha vitarum Jurifconfultorum. Baíileae 1539. ^' ^3^* Nomen-
clatura D D. in utroque jure Aug. Vind. 1543. 4. 232. Cathalogus Jurifconfultorum Veterum
quotquot aut vità, aut fcriptis celebres funt. Baíileae. 1545. 4. 233. Epitome virorum illujlrium
qui vel fcripferunt, vel jurifprudentiam docuerunt. Patavii 1556. 4. 234. Elogia illujirium Toga-
torum Gallia. Pariíiis 1619. 8. 235. Vita Germanorum Jurifconfultorum. Heidelbergae.
1620. 8. 236. Vita clarijfimorum Jure confultorum. Jenas. 1622. 8. 237. Elogia Jurif-
confultorum. Lipíias 1628. 12. 238. Bibliotheca Jurifconfultorum. Francof. 1629. foi. 239.
De claris legum interpretibus. Venetiis 1637. 4. & Francof. 1721. 4. 240. Memoria Jurif-
confultorum. Francof. 1674. 8. 241. Bibliotheque des Autheurs du Droit. ParÍ2. 1692. 2.
Tom. 12. 242. Bibliotheca Júris Seleãa. Jenae 1709. 8. 243. Commentarius de Scriptoribus
Jurium quibus fummi Imperantes utuntur. Norimbergae 1727. 4.
244* Dos íilofofos Joaõ Jacobo Frifio. 245. Ifracl Spachio 246. Belchior AdaÒ
247. Paulo Bolduano 248. Joaõ Jonfio 249. Jacobo de Rochebourg. 250. c
Joaõ BautiAa CapaíTi 251. Dos Médicos AfíonTo Lupeo 252. Remalchio Fuf-
chio 253. Pafchoal Gallo 254. Ifracl Spachio 255. JoaÕ Jorge Schenchio 256.
Pedro Caftellano 257. Belchior AdaÕ 258. Renato Moreau 259. Joaõ EftevaÕ
Stobelbergero 260. Joaõ António Vander-Linden 261. addicionado por Jorge
Abrahaõ MercKlino 262. Pedro Borcl 263. Bartholameu G>rte 264. Profpero
Mandofio 265. Cornelio a Beughen 266, Dos Mathcmaticos Joaõ Blancano 267.
Hugo Sempilio 268. Jozé Hebreo 269. André Gíllario 270. Gjrnelio Beughen
271. Dos Hiftoriadores Nicolào Vigier 272. Paulo Bolduano 273. Gerardo
Joaõ VoíTio 274. Cornelio Beughen 275. Burchardo Gulholfo Struvio. 276.
Chriftiano Gryphio 277. Dos Grammaticos, e Poetas Pedro Crinito 278.
Joaõ Pedro Lotichio 279. Pedro Angelo Spera 280. Honório Domingos Cara-
mella 281. Joaõ Alberto Fabrício 282. Mr. Gibert. 283. Da Pintura, e Efta-
tuaria Francifco Junio.
244. De advocatís fuprema curta Parijienjis. Pariz. 1654. 4. 245. Bibliotheca Chronologica
Pbilofopborum. Tiguri 1592. 4. 246. Nomenclator Scriptorum Philofophorum. Argentina:
1598, 8. 247. Vita Germanorum Philofophorum. Heidelbergse 161 5. 8. 248. Bibliotheca
Pbilofophica. Janae 161 6. 4. 249. De Scriptoribus Hijloria Philofophica. Francof. 1659.
4. 250. Ultima verba Philofophorum virorum,ac faminarum illuftrium. Aniílelod. 1721. foi. 2.
Tom. 251. Hifloria Philofophia Sjnopjis, five de origine, (ò" progreffu Philofophia. Neapoli.
1728. 4. 252. Cathalogus Auãorum qui pofl Galem avum Hipocrati, (òf Galeno contradixerunt.
Valentias Edetanorum 1589. 12. 253. Cathalogus Neotericorum Medicorum. ParÍ2 1541. 8.
254. Bibliotheca Medica. Baílleje 1590. 8. 255. Nomenclator Scriptorum Medicorum. Francof.
1591. 8. 256. Bibliotheca Medica Maãa, continuata, confummata <ò'c. Francof. 1609. 8. 257.
Vitee illuflrium Medicorum. Antuérpia: 1618. 8. 258. Vitce Germanorum Medicorum. Heidel-
berg. 1620. 8. 259. Pariíiis 1622. 8. 260. Norimberga: 1626. 4. 261. De Scriptis
Medicis. Amílelod. 1637. 8. 262. Lindenius renovatus. Norimbergíe 1686. 4. 263. Biblio-
theca Chj mica. Pariz 1654. 12. 264. Noticie Ifioriche intorno a Mediei Scrittori Milaneji. Milano
1718. 4. 265. OEATPON in qua Chrijiiani Orbis Pontificum Archiatros &c. Romac 1696.
4. 266. Bibliographica Medica, (Ò' Phjjica. Amílelod. 1681. 12. 267. Clarorum Mathema-
ticorum Chronologia. Bononiíe 161 5. 4. 268. De difciplinis Mathematicis. Antuérpia: 1635.
4. 269. Bibliotheca Mathematica. Francof. 1635. 4. 270. Cathalogus variorum Mathemati-
corum ab initio mundi ad nojira têmpora. Amílelod. 1661. 271. Biblioff^aphia Mathematica.
Amílelod. 1688. 12. 272. Bibliotheque Hifioriale. Pariz 1600. foi. 3. Tom. 273. Biblio-
:beca HiJIorica. Lipíias 1620. 4. 274. De Hijloricis Gracis. Lugd. Batav. 1624. 4. De
Hijloricis Latinis. ibi 1627. 4. 275. Biblio^aphia Hiflorica, Chronologica, ó" Geographica.
Amílelod. 1685. 12. 276. Seleãa Bibliotheca Hiflorica. Jena: 1705. 8. 277. Differtatio
Ifagogica de Scriptoribus Hijioriarum ScbcuU XVII. Lipíiae 171 o. 8. 278. De Poetis Latinis.
Pariíiis 1513. 4. 279. Bibliotheca Poética. Francof. 1625. 280. De nobilitate Profefforum
GrammaticcB. Neapoli 1641. 4. 281. hítifceum illuflrium Poetarum. Venetiis 1651. 12. 282.
Bibliotheca Latina five notitia Authorum Veterum Latinorum. Londini 1703. 4. Bibliotheca
Graça, five notitia Scriptorum Gracorum &c. Hamburgi 1707. 8. 283. Jugemens des Scavaíis
fur les Autheurs qui ont traité dela Rhetorique. Pariz 171 3. 3. Tom. 12.
284. Das Moedas antigas Filippe Labbe 285. e D. Anfelmo Bandurio 286.
Da Milícia Gabriel Naudé 287. Da Náutica, e Geografia António de Leaõ
Pinello 288. e modernamente addicionada 289.
Eílimuladas da ambição da gloria as mais celebres Naçoens do mundo
querendo extender a fua fama com as pennas aíTim como a tinhaõ dilatado
com as efpadas perpetuarão nos monumentos litterarios das Bibliothecas os
admiráveis progreíTos que fizeraõ em todas as Faculdades. Principiando pelo
ameniíTimo Jardim da Europa, Itália, depois de efcrever geralmente delia Antó-
nio Francifco Doni 290. Fr. Angélico Aprofio de Ventimiglia 291. e Jacinto
Gimma 292. publicarão com particular narração os Authores que produzio a
Cabeça do mundo Profpero Mandofio 293. De Kavena Serafino Pafolini 294.
Jeronymo Fabri 295. e Thomaz Tomai 296. De Umbria, EJpoleto, e Perugia
Cefar Crifpolti 297. Luiz Jacobilli 298. e Agoftinho Oldoino 299. De Ferrara
Fr. Agoílinho Superbo 300. Jeronymo BaruíFaldo 301. e o Abbade António
Libanori 302. De Bolonha Bartholameu Galleoti 303. Joaõ Nicolào Pafchoal
Alidofi 304. Joaõ António Bumaldo 305. António Paulo Mafini 306. e Pere-
grino António Orlandi 307. De Florença Miguel Poccianti 308. Jacobo Rillio
309. e Júlio Negri 310. De Veneza Fr. Jacobo Alberico 311. Nicolào CraíTo
312. Fr. Agoílinho Superbo 313. Jacobo Filippe Thomafino 314. e Francifco
Sanfovino 315. De Brejcia Octávio RoíTi.
284. De Piãura Veterum libri três. Accedit Cathalogus Architeãorum , Piãorum, Statuariorum <&c.
(ò' operum, qu(B fecerunt Jecundum feriem litterarum digejlus. Roterodami. 1694. foi. 285. Biblio-
theca Nummaria. Pariíiis 1664. 8. 286. Bibliotheca Niimmaria, jive Auãorum, qui de re num-
maria fcripferunt. Hamburgi 1719. 4. 287. Bibliographia militaris. Jenae 1683. 12. 288.
'Epitome dela Bibliotheca Oriental 'Náutica, j Geográfica. Madrid. 1629. 4. 289. Madrid. 1737.
e 1738. foi. 3. Tom. 290. Bibliotheca Itálica. Venetia 1550. 8. 291. A.thenas Itálica.
1647. 292. Idea delia Storia deir Itália letter ata. Neapoli 1723. 4. 2. Tom. 293. Biblio-
theca Komana. Romje 1682. 4, 2. Tom. 294. Huomini illujiri di Kavena. Bologna 1703.
foi. 295. Sacre memorie di Kavenna antiqua. Venetia. 1664. 4. 296. Hifioria di Ravena. Pefaro
1574. 4. 297. Perugia augufia defcrita. Perugia 1648. 4. 298. Bibliotheca Umbria. Fulgineas 1658.
4. 299. De Scriptoribus Verufinis. Peruíiae 1678. 8. 300. De viris illujiribus Ferrarienfibus. Ferrariae
1620. 4. 301. De Poetis Ferrarienfibus. Ferrarias 1698. 4. 302. Flogij di piu famofi e illuftri Scrittori
di Ferrara. Ferrara 1674. foi. 303. Trattato de gli huomini illufiri di Bologna. Ferrara 1590. 4.
304. De doãoribus Bononienfibus in Theologia, Philojophia, Medicina, (& artibus liberalibus. Bononias
1620. 4. 305. Minervalia Bononienfium Civium Anademata, five Bibliotheca Bononienfis. Bononiae
1641. 24. 306. Bologna perlufir ata. Bologna 1666. 4. 3. Tom. 307. Notit^ie degli Scrittori Bolo-
gnefi. Bologna. 1714. 4. 308. Cathalogus Scriptorum Florentinorum. Florentias 1589. 4. 309.
Noti:(ie letterarie di huomini illufiri deW Academia Florentina. Firenza. 1700. 4. 310. Ifioria degli
Scrittori Fiorentini. Fiorenza 1722. foi. 311. Catalogo breve degli illufiri e famofi Scrittori Vene-
tiani. Bologna 1605. 4. 312. F.logia Patriciorum Venetorum. Venet. 1612. 4. 313. Trionf o glo-
rio/o d'Heroi illufiri, e eminenti di Venetia. ibi 1629. 4. 314. Bibliotheca Veneta Aí. S. Utini. 1650.
4. 315. Venetia defcritta. Venet. 1663. 4.
51 6. De Triejle P. Irinco da Cruz 517. De Ber^mo Donato Gd vi 318. de BaJJano
Lourenço Marucini 319. De Pádua Bernardino Scardeonio 320. António
Ricoboni 321. Angelo Portenarc 322. Jacobo Filippe Thomafino 323. Jacobo
Zabarclla 324. Carlos Patino 325. Nicolào Comneno Papadopoli 326. De Verona
Torcllo Sarayna 327. Francifco Tinto 328. Andrò Chioco 329. Onofre Panvino
330. c Júlio dei P0220 331. De Nápoles Nicolào Toppi 332. addicionado por
Leonardo Nicodcmo 333. Cefar Eugénio Caracciolo 334. Fr. Theodoro Vallc
de Pipcrno 335. e o Dele^us Scriptorum Neapolitanorum 336. De Salertw Domin-
gos de Angclis 337. e António Mazza 338. De Calábria JoaÕ Fiorc 339. De
KoJJano Jacinto Gimma 340. Dos Marjos Pedro António G)rfignani 341. De
Chiete Jcronymo Nicolini. 342. De Sannio Joaõ Vicente Giarlanti 343. De
Milaô Ericio Putcano 344. Joaõ Bautiíla Selvático 345. Salvador Vital 346.
c Filippe Piccinelli 337. De Pavia António Gatti 348. De Cremona Francifco
Arifio 349. Do Piemonte André Rofletti 350. e Francifco Agoftinho dela Chiefa
551. De Génova Jacobo Bracelli 352. Uberto Foglieta 353. Rafael Soprani 354.
c Miguel JuíUniano 355. De Sicília Joaõ Renda-rapufa.
316. 'E.logii hiftorici di Brefciani illuftri. Brefcia 1620. 4, 317. Hijloria antica, e moderna Sacra, e pro-
fana di Triejie. Venet. 1698. foi. 318. Scena letteraria degli Scrittori Bergomafchi. Bergamo 1666.
4. 319. BaJJanum, Jive differtatio de urhis antiquitate , (ò' de viris ejujdem illuflrihus. Venet. 1577.
4. 320. De Antiquitate nrbis Patavii, <& claris civibus Patavinis. Baíileae 1 560. foi. 321. De Gymnafio
Patavino. Patav. 1598. 4. 322. Felicita di Pádua. Padou. 1623. foi. 323. Bibliothecce Patavina
M. S. publica, <& privata. Patavii 1639. 4. Gymnafium Patavinum. Utini 1654. 4. 324. EJogia
iUufiriuf» Patavinorum. Patavii 1670. 4. 325. Lyceum Patavinum. Patavii 1682. 4. 326. Hijloria
Gymnajii Patavini Venetiis 1726. foi. 327. De Civitatis Verona origine, (ò' viris illujlribus. Vero-
nae. 1540. foi. 328. Veronx 1590. 4. 329. De Collegii Veronenjis illujlribus Medicis, ^ Philofophis.
Veronas 1623. 4. 330. De viris doãrina, & bellica virtute illujlribus. Veronae 1648. foi. 351. Col-
hei Veronenjis Judicuw, advocatorum doãrina, natalibus, honoribufque illujlrium elogia. Veronse.
1659. ^o^- 33^- Bibliotheca Neapolitana. Neapoli 1678. foi. 333. Neapol, 1683. foi. 334. Napoli
Sacra. Napol. 1623. 4. 335. Breve compendio de gli piu illujlri Padri nela vita, dignità, ujicii, e lettere
. // há prodoto la Prov. dei Regno di Napoli ibi 165 1. 4. 336. Neapoli. 1735. foi. 337. Vite di lette-
rati Salentini. Neapoli 1713. 4. 338. De rebus Salernitatis. Neapoli 1671. 4. 339. Calábria illuf-
trata. Neapoli 1691. foi. 340. B-logit Academia dela Società degli Spenjierati diKoJfano. NeapoL
1703. 4. 2. Tom, 341. De viris illujlribus Marforum. Romãs 171 2. 4. 342. Hijloria delia Città
di Chieti. ibi 1657. 4. 343. Iferna 1644. foi. 344. De PJ)etoribus,<Ò' Scholis MeSolanenJium. Mediei.
1603. 8. Idem de Bibliotheca Ambrojiana ibi 1606. 8. 345. Collegij Mediolanenjium Medicorum
origo, antiquitas (&c. (& viri illujlres. Mediol. 1607. 4. 346. Theatrum triumphale Mediolanenjis
urbis. Mediol. 1644. foi. 347. Ateneo dei 'Letterati Milaneji. Milano 1670. 4. 548. Hijloria Gymnajii
Ticinenjis. Mediol. 1706. 4. 349. Cremona litterata. Parmae 1702. foi. 2. Tom. 350. Syllagus
Scriptorum Pedemontii. Montis Regai. 1667. 4. 351. Catalogo di tutti li Scrittori Piemontefi, e
Nit(ardi. Carmagnola 1660. 4. 352. De Claris Genuenjibus. Pariliis 1520. 4. 553. Clarorum Ugu-
rum Elogia. Romãs 1574. 4. 354. L/ Scrittori dela 'Ligttria. Génova 1667. 4. 355. Gli Scrittori
Uguri Roma 1667. 4.
356. António Mongitore 357. e Joaõ Bautiíla Caruíio 358. De Siracuja Jacobo
Bonani 359. De Carthago Agoílinho Inveges 360. De Motuca Plácido Carafa
361. e de Galatina Alexandre Thomaz Arcudi 362.
A florcntiíTima Monarchia de França fempre fecunda de Varoens inílgnes
eternizou as fuás memorias litterarias pelas pennas de Francifco Grude Senhor
dela Croix du Mayne 363. António Verdier 364. Scevola de Saincte Marthe 365.
André Duchefne addicionado por Fr. Jacobo Luiz de S. Carlos. 366. André
de SauíTay Bifpo de Toul 367. Paulo Colomies 368. Carlos Sorel 369. Jacobo
Lelong. 370. Bibliotheque Francoije 371. e ultimamente o P. D. Rivet Monge
da Congregação de Santo Amaro, cuja obra de que até o prezente tem publi-
cado 5. Tomos, he completa neíle género pela judiciofa critica, e vafta erudição
com que he compoíla 372. De Pari:(^ Clemente Hemero 373. Joaõ de Lau-
noy. 374. e Cefar EgaíTe du Boulay 375. Dos Authores do Delfinado Guido
AUard 376. De Guiena, e Gajconha Gabriel de Lurbe 377. de Provença Joaõ de
Notre Dame 378. de Chalon Fr. Luiz Jacob de S. Carlos 379. de Artois Ferri
•de Locre 380. De Chartres D. Joaõ Liron Monge de S. Bento 381. e de hiaõ
o P. Domingos Colónia Jefuita 382. Dos Poetas Francezes modernamente
Titon de Tillet 383.
Publicarão os Litterarios partos dos engenhos fempre penetrantes, e
profundos da Monarchia de Efpanha AfFonfo Garcia Matamoros 384. Valério
André Taxandro 3 8 5 . o P. André Scoto Jefuita
356. Sicília Bibliotheca vetus continens elogia Veterum Siculorufn qui litterarum fama claruerunt. Romae
1700. 4. 357. Bibliotheca Sicula. Panormi. 1707. foi. 2. Tom. 358. Bibliotheca Hijlorica Kegni
SicilicB Panormi 1723. foi. 2. Tom. 359. Antica Siracuja illujlrata. MeíTma 1684. 4. 360. la Car-
thagine Siciliana Hijloria. Palermo 165 1. 4. 361. Motuca defcriptio. Panormi 1653. 4. 362. Gala-
iina letterata. Génova 1709. 8. 363. Cathalogue general de toutes fortes de A.uteurs qui on écrit en
François. Pariz 1584. foi. 364. Bibliotheque contenant le catalogue de tous ceux qui on écrit, ou traduit
m François. Lion. 1585. foi. 365. Gallorum doãrinà illuflrium, qui noflra, Patrumque memoria
jloruerunt. Lutetiae 1616. 8. 366. Bibliotheque des A.utheurs, qui ont écrit la Hijioire, e Topographie
dela France. Pariz 1627. 12. 367. De Myjiicis Gallia Scriptoribus. Pariíiis 1639. 4. 368. Gallia
Orientalis, Jive Gallorum, qui linguam Hebraicam, vel alias Orientales excoluerunt. Hag. Comit. 1665.
4. 369. Bibliotheque Françoife Paris. 1667. 12. 370. Bibliotheque Hijlorique dela France. Paris. 1719.
foi. 371. ou Hijloria litteraria dela France. Amílerd. 1723. 18. Tom. in 8. 372. Hijioria litteraria
■de la France. Paris. 1733. 4. 4. tom. 373. De Academia Parijienji. Lutetix. 1639. 4. 374. KegiJ
Gjmnajij Navarra Parijienjis Hijioria. Paris. 1677. 4. 2. Tom. Idem. Academia Parifenjis illujlrata.
Paris 1682. 2. tom. 4. 375. Hijioria Univerjitatis Parijienjis. Pariíiis. 1665. foi. 6. Tom. 376.
Grenoble 1680. 12. 377. De illujiribus Aquitania viris. Burdigalas. 1591. 8. 378. De vitis Poe-
tarum Provincialium. Lugduni 8. 379. De claris Scriptoribus Cabilonenjibus. PariGis 1652. 4.
380. Aquitania 1616. 4. 381. Bibliotheque des Autheurs Chartrains. Pariz 1719. 4. 382. Hijioire
litterarie delia Ville de 'Lion. ibi 1728. 4. 2. Tom. 383 Le ParnaJJe François. Pariz 1732. foi. 384.
de Academiis, <ò^ claris Hifpania Scriptoribus. Francof. 1603. foi. 385. Cathalogus clarorum Hif-
pania Scriptorum. Moguntise 1607. 4.
386. cm cuja obra naõ declarou o fcu nome, mas no fim da Dedicatória efcrevcu
as letras iniciacs A. S. a quem ajuntou Peregrwus pTLto, fignificar que por fer natural
de Anveres era Eílrangeiro no Paiz da Naçaõ de que compuzera a Bibliotheca.
Nicoláo António Cavalleiro da Ordem de Saõ-Tiago, e Cónego de Sevilha 387.
cm quatro Tomos que faõ tantas colunas em que eftabeleceu o Templo da fua fama
cm toda a pofteridade. Efta grande obra fe efpera ver brevemente continuada pelo
infatigável eftudo do Doutor André Gonzalvcs de Barzia G)nfclheiro dclRey
Catholico, e Sobrinho daquelle Varaõ Apoftolico o llluílriíTimo Bifpo de Cadiz
D. Jozeph de Barzia, e Zambrana conhecido na Republica das letras pela exccl-
Icnte obra afcetica que intitulou Dejpertador Chriftiano vertida nas principaes
línguas da Europa. Gerhardo Erncfto de FrancKenau 388. e Paulo Colo-
miès 389.
Imitou efte illuftre argumento Alemanha genérica, e efpecificamentc
pelas pennas do Abbade Trithemio 390. Henrique Pantaliaõ 391. Egidio
Periandro 392. Cornelio Loos Callidio 393. Gafpar Sagittario 394. Bibliotheque
Gtrmaniqtie 395. e Jorge Lizclio 396. Efcreveraõ dos Authores de Suevia, e
Vittemherga Joaõ Ulrico Pregizero 397. de Brandebttrg Chriílovaõ Hendreich
598. de Staden Joaõ Henrique von Seelen 399. de Lubec Joaõ Henrique 400.
c Jacobo Melle 401. de ]ena Adriaõ Beiero 402. B. C. Richardo 403. e Joaò
Gafpar Zeumero 404. de Francofort Joaõ Chriílovaõ Becmanno 405. de Koftock
hum Anónimo 406. de Altorf Guílavo Jorge Zeltnero 407. de Brunjuic Goto-
firedo Guilherme de Leibnitz 408. de Hamburgo Joaõ Alberto Fabrício.
j86. Hifpania Bibliotheca. Francof. 1608. 4. 387. Bibliotheca Hifpana Vetus, five Hijpanorum
fm ufquam, unquámve Jcripto aliquid confignaverunt , notitia. Compleãens Scriptores omnes qui ah
Oãaviani Augujii império ufque ad annum M. florueverunt ; (Ò' ab anno M. u/que ad M D. Romjc
1696. foi. 2. Tom. Idem Bibliotheca Hifpana, Jive Hijpanorum qui Latine, vel populari lingua Scripto
aliquid confignarunt. Romãs 1672. foi. 2. Tom. 388. Bibliotheca Hifpanica Hijiorico-Genealogica
Heráldica. Lipíiae 1724. 4- 389. Hifpania Orientalis. Hamburgi 1730. 4. 390. De luminaribus
Germânia^ five Cathalogus illufirium virorum fuis ingeniis, (ò* lucubrationibus omnifariam exoman-
Hum. Moguntiae 1495. foi. 391. Profopographia Heroum, atque illufirium virorum totius Germânia.
Bafileas. 1565. foi. 392. Germânia, in qua doãijfimorum virorum elogia, <& judicia continentur.ltiTiíicoL
1567. 8. 393. Illufirium Germânia Scriptorum Cathalogus. Moguntise 15 81. 8. ^^4. de pra-
cipuís Scriptoribus Hifioria Germânica. Jenas. 1675. 4. 395. ou Hifioire litterarie de Alemagne. Amf-
terd. 1720. 12. 26. Tom. 396. Hifioria Poetarum Gracorum Germânia. Francof. 1730. 8. 397.
Suevia, (ò" Wittembergia Sacra. Tubingíe 171 7. 4. 398. Pandeãa Brandenburgica. Berolini 1699.
foi. 399. Sfada litterata. Stadas 171 1. 4. 400. A.thena Lubeccenfes. Lubeccas 1719. 8. 2. Tom. 401.
Notitia Lubecenfium clarorum virorum. Lipíias. 1707. 4. 402. Nomenclator Reãorum, (ò" profejforum^
Jenenfium. Jenas 1658. 12. 403. í/í? vita, (& Scriptis. Profejforum Academia Jenenfis. Jenas 1710. 8. 404.
Vita Profejforum Theologia, Júris, Med. €>* Philojoph. Acad. Jenenfis unà cum Scriptis á quolibet
editis. Jenae 171 1. 8. 405. Memoranda Francojurtana. Francof. 1676. 4. 406. Kofiochium JLittera-
tum. Roílochii 1708. 8. 407. Vita Theologorum Altorphinorum unà cum Scriptorum recenjione. Norim-
berga; 1722. 4. 408. Hannoveras 1707. foi.
409. de Strashurgo Ferreolo Locrio 410. de Khecia Fortunato Sprechero 411.
de Zurich Joaõ Henrique Ottingero 412. de Silefia Joaõ Henrique Cunrado 413.
€ Martinho Hanchio 414. De Viandes Auberto Mireo 415. Guilherme Gazzeto
416. António Sandero 417. Francifco Suvert 418. Valério André Dexel 419.
Joaõ Francifco Foppens 420. a Bibliotheque Belgique 421. De Henaut Filippe
BraíTeur 422. De O landa, Zelanda, e Utrech Pancracio de Caftricome 423. De
Frif(ia Suffrido Pedro 424. de Daventria Jacobo Revio 425. De Gante, e Bruges
António Sandero 426. de Lejden André Clouveq. 427. Joaõ Meurfio 428. e o
Cathalogus lihrorum tam imprejjorum, quàm M. S. Bibliotheca publica Univerjitatis.
ILugduno Batavce 425. De Polónia Simaõ Starovolfcio 430. e Samuel Joachim
Hoppio 431. de Dant^ic Ephraim Pretório 432. e André Charitio 433. de Hun-
gria David Czuittingero 434. de Suécia Joaõ ScheíFero 435. e Memoria virorum
in Suécia eruditorum rediviva 436. de 'Efiolchome Holmia litterata 437. de Dinamarca
Nicoláo Pedro Sibbern 438. Alberto Bartolino 439. Joaõ Mullero 440. e Alberto
Thura 441. Ultimamente de Inglaterra Joaõ Bale 442. Thomaz James 443.
Joaõ Pits 444. Hoorologia Anglica 445. António à Wood.
409. Memoria Hamhurgenjes. Hamburgi 1710, 8. 6. Tom. 410. De Scriptis Atrehatenjis Civitatis.
Atrebati 1616. 4. 411. Palias Khatica armata, <& Togata. Baíileas 1617. 4. 412. Schola Tigurinorum.
Tiguri 1664. 4. 413. Silefia Togata, five Silefiorum doãrina, <& virtutihus clariffimorum elogia. Lignicii
1706. 4. 414. De Silefiis indigenis eniditis poft litterarum culturam cum Chriftinianijmi fitidiis anno
965. fujceptam ah anno 1165. ujque ad 1550. Lipíias 1707. 4. 415. 'Elogia Bélgica, five illufirium
Gallice Scriptorum. Antuerp. 1609. 4. 416. Bibliotheque Sacreé des Pajs Bas. Strasbourg. 1610.
4. 417. Bibliotheca Bélgica. Infulis 1641. 4. 2. Tom. Idem de Scriptorihm Flandria. Antuerp.
1624. 4. 418. Athena Bélgica, five nomenclator inferioris Germânia Scriptorum. Antuerp. 1638.
foi. 419. Bibliotheca Bélgica. Lovanii 1643. 4. 420. Bibliotheca Bélgica. Bruxellis 1738. 4. 2. Tom. 421.
Leiden. 1731. 12. 2. Tom. 422. Sidera illufirium Hannonia Scriptorum. Montibus Hanonias 1637
8. 423. Nomenclator Scriptorum Hollandia, Zelândia, (ò° Ultrajeíii. Lugd. Batav. 1601. 424. Di
Scriptoribus Frifia decades XVI. Cólon. 1593. 8. 425. Daventria illufirata. Lugdun. Batav. 1650
4. 426. de Gandevenfibus, (0° Brugenfibus eruditionis fama claris. Antuerp. 1624. 4. 427. A-cademi
I^ugduno Balava, id efi virorum clariffimorum ícones, elogia, (& vita qui eam fcriptis fuis illufirarunt.
Lugd. Batav. 161 3. 4. 428. Athena Balava. Lugd. Bat. 1625. 4. 429. Lugd. Bat. 171 6. foi. 43
Gentum illufirium Polónia Scriptorum elogia, e>° vita. Francof. 1625. 4. 431. de Scriptoribus Hifioriá
Polonica Schediafma litterarium. Dantifci 1707. 4. 432. Athena Gedanenjes. Lipíiae 171 3. 8. 435
De viris eruditis Gedani ortis. Witemberg. 171 5. 4. 434. Specimen Hungaria litterata. Francof. 171 1
4. 435. Suécia litterata. Hamburgi 1698. 8. 436. Roílochii. 1730. 8. 437. Holmias 1701. 4. 438
Bibliotheca Hifiorica Dano-Noruegica. Hamburg. 1716. 8. 439. De Scriptis Danorum. Hafnias 1666
12. 440. Hamburgi 1699. 8. 441. Idea Hifioriá litteraria Danorum. Hamburg. 1723. 8. 442. Di
Scriptoribus illufiribus majoris Britania. Pariz. 16 19. 4. 443. Écloga Oxonio-Cantabrigenfis, five Catha-
logus M. S. in utraque Academia. Londini. 1600. 4. 444. de illufiribus Anglia Scriptoribus. Pariíiis 161 9
4. 445. Arnhemii 1620. foi. 446. Hifioriá, & antiquitates Univerfitatis Oxonienfis. Oxonii 1674
foi. 2. Tom.
44^. Joaõ Ic Lande 447. c Miguel dela Rothc 448. De Efcocia Thomaz Dcmp-
ílcro 449. c Jorge Machenzie 450. e de Hibemia Jacobo Vare 451.
447. Commeníarii de Scriptoribus BrUanicis. Oxonii 1709. 8. 2. Tom. 448. BMothequt An^ife.
Amfterd. 1717. 12. 15. Tom. O meímo Mtmoires litttraires dela grandt Bretaffu. Haye 1620. 12. 16.
Tom. 449. Scotúrum Scriptorum Nomenclatura. Bononix 1619. 4. 4J0. Edimbourg. 1708. 2.
Tom. 45 1. Dt Scriptoribus iiibernia. Dublini 1639. 4*
Entre todos os Rcynos, c Cidades da Europa que com gloriofa emulação
compuzeraÕ Bibliothecas para perpetuar na Republica das letras os nomes
de feus Naturaes, unicamente Portugal fe naÕ jactava de femelhante Brazaõ
merecendo os fcus infignes filhos, que o mundo conhecefle pelos mudos carac-
teres da Impreflaõ os frutos da Sabedoria, que em todo o tempo com porten-
tofa fecundidade tinhaõ produzido; pois fendo pelo feu belicofo génio, e efpi-
ritos marciaes refpeitados como famofos Heróes no exercício das Armas, de
que faõ eternos padroens as quatro partes do Mundo, onde fobre defpojos
de feus habitadores taõ vários nos ritos, como diverfos nas linguas arvorarão
os tremolantes Eftandartes das Sagradas Quinas, naõ faõ menos dignos de
veneração pela cultura das letras, e eftudo das Sciencias aflim fagradas como
profanas. Em toda a vaíla extençaõ de Efpanha foraõ os mais celebres profef-
fores das Artes confervando para teílemunho da fua fciencia vários volumes
da venerável Antiguidade como efcreveu Eftrabo de/"/// Orhis liv. 3. H/ inter
Híjpama populos (falia dos Turdetanos antigos povos da Lufitania) Japientia
putantur excellere, (â^ litterarnm Jludiis titwítur, <& memorandce vetujiatis volumina
habent, Naõ foy poderofa a arrebatada inundação dos Árabes para arrancar
dos Campos de Portugal a arvore da fciencia fempre vigilantemente cultivada,
nem a numerofa invafaõ de tantas Naçoens barbaras confpiradas para a fua
conquifta puderaõ interromper com os horrorofos eftrondos de Marte, e Bellona
o erudito comercio eílabelecido com Apollo, e Minerva. Em todas as idades
foraõ os feus montes deliciofa habitação das Mufas, e as fuás Academias os
exemplares dos Liceos de Ariftoteles, e das Stoas de Zenon.
Com o progreíío dos annos fe foy augmentando nos Portuguezes o
amor às Sciencias, até que chegarão ao Apogeo da mayor gloria no feliz Rey-
nado do grande Monarcha D. Diniz fazendo com a erecção da Univeríidade
de Coimbra, a primeira, que teve Efpanha, numeraíTe tantos alumnos a Sabe-
doria, como VaíTallos a fua Coroa. Eíta illuílre, e famofa Paleftra foy o ventu-
rofo berço donde fe educarão os mayores Gigantes de todas as Faculdades,
para cuja defmedida grandeza fendo pequena esfera a Pátria, fahiraõ como
animados rayos illuftrar com as luzes da fua doutrina por diverfos emifferios
as mais celebres Univerfidades do mundo onde as Naçoens mais polidas foraõ
difcipulas do feu Magiílerio. Ainda na Univerfidade de Pari:(^ eílaõ foando
as vozes do EminentiíTimo D. Joaõ Froes, D. Pedro Sardinha, e Fr. Joaõ da
Cruz Agoftinho, Lentes de Theologia. Na de Tolo!(a explicarão com univerfal
applaufo as Leys Imperiaes António de Gouvea celebre propugnador da
Filofofia Peripatetica; e os aforifmos de Hipócrates Pedro Vaz Caiiello, e Fran-
cifco Sanches quando contava a florente idade de vinte, e quatro annos. Na de
Mompilher foraõ interpretes da faculdade Medica Fernaõ Mendes, e h^Z2ito
Ribeiro. Em Salamanca occupàraõ a primeira Cadeira de Theologia Fr. Diogo
Fernandes da Ordem Seráfica; de Cânones Fernando Árias de Meza, e D. Joaõ
Altamirano: de Leys Ayres Barbofa, António Gomes, Amador Rodriguez,
e fuceíTivamente aquelle celebre Triumuirato da Jurifprudencia Cefarea Manoel
da Coíla, Ayres Pinhel, e Heytor Rodriguez; da lingua Latina, Rhetorica,
e Letras humanas Rafael Nogueira da Silva, Francifco Homem de Abreu,
Manoel de Azevedo; de Medicina foy Lente de Vefpera Ambrofio Nunes,
e de Filofofia natural Joaõ Soares de Brito, e Sebaíliaõ Gomes de Figueiredo.
Em a Univerfidade de Alcalà dictou Theologia na Cadeira de Prima Fr. Joaõ
de Santo Thomaz grande credito da Ordem dos Pregadores, Fr. Thimoteo
Ciabra Carmelita, e Paulo Corrêa. Em a de Valhadolid foy Cathedratico de
Prima da Efcritura Fr. Gafpar de Mello Agoílinho, e de Theologia Fr. Nicolào
Coelho do Amaral Trinitario; de Direito Canónico Fr. Serafino de Freitas
Mercenário. Em Sevilha leu Anatomia Dionifio Velho, em Gandia explicou
os fentidos da Sagrada Biblia o P. Manoel de Sà Jefuita. Em OJJuna foy Cathe-
dratico de Efcritura Fr. Alberto de Faria Carmelita, de Theologia Fr. Pedro
de Abreu, e de Medicina regentou a primeira Cadeira AfFonfo Nunes de Caftro.
Em Saragojja enfinou Theologia como primeiro Mefire Fr. Pedro de Alverca
Trino, em Barcelona exercitou o mefmo miniílerio Fr. Thomaz Toílado Car-
melita, e em I^erida Fr. Agoítinho Oforio Eremita Auguítiniano.
Na Sapiência de Roma foraõ Meílres de Theologia os Padres Francifco
da Coíla, e Diogo Secco Jefuitas, e Fr. Gregório Coronel, Agoílinho; de Di-
reito Pontificio Jorge Calhandro, do Cefareo Paulo Calhandro, e Gabriel
Falcaõ: da Hiítoria Ecclefiafiica, e Controverfia Fr. Francifco de Santo Agof-
tinho Macedo, Varaõ verdadeiramente Encyclopedico ; de Rhetorica, e Lógica
Joaõ Vaz da Motta, Achilles Eftaço, e Manoel Conftantino. Na Univerfidade
de Bolonha foraõ Lentes dos Cânones Pontificios D. Fr. Álvaro Paes, e Manoel
Rodrigues Navarro; de Theologia Moral Fr. Luiz de Beja Perefirello, Agof-
tinho, e de Rhetorica Thomé Corrêa, que no Collegio Romano com enveja
de António Muretto feu CoUega tinha exercitado o mefmo magiílerio. Em
Fija interpretarão as Ethicas de Ariíloteles Martinho de Mefquita, Filippe
Montalto, e Gabriel da Fonfeca; e os Aforifmos de Hippocrates Jorge Moraes,
c Rodrigo da Fonfcca. Em Ferrara foraõ Lentes de Direito Gvil Luiz Tei-
xeira, c de Medicina Joaõ Rodriguez de GUlelIo-branco, mais conhecido com
o nome de Amato Lufítano. Em Vadua foraÕ Cathedraticos de Prima da Cadeira
de Hippocrates Rodrigo da Fonfeca, c Duarte Madeira. Em Lovanha revelarão
os myfterios da Theologia Efcholaftica Fr. Luiz de Sotto-mayor, Fr. António
de Scnna Dominicos, e Fr. Agoftinho da Graça Eremita Auguftiniano; da
Polemica D. Fr. Diogo Soares de Santa Maria, c de Medicina Filippc Mon-
talto. Em Delinga leu a Cadeira de Prima da primeira faculdade de todas, qual
he a Theologia, o Padre Manoel da Veyga da Companhia de Jefus; e na de
Oxonia foy Lente defta fagrada Scicncia Fr. Joaõ Sobrinho naõ pequeno efplen
dor da Ordem Carmelitana.
Neftes celebres Empórios da Sabedoria, e primeiros Moueis das
mayores Faculdades foraõ Intelligencias motoras os engenhos Portuguezes
manifeftando como eterno credito da fua fama os fcientificos erários, que alta-
mente eftavaõ depofitados em feus peitos, merecendo pelo indcfeflb eíludo com
que cultivaõ as Mufas amenas, e feveras a primazia entre os mais excellentes
Efcritores de Efpanha, como elegantemente o teftemunhou Juílo Lipíio a
Manoel Corrêa na Epijlol. 96. da Centur. ad ItaL <& Hijpams. Gentem illam vej-
tram dico, id eji Ljufitanos jàm o Hm ar mis, &" li t ter is inclytos, quas primus Sertorius
intuUty (& Gracis iis, hatinisque (Vlutarchus auãor) imhuit vefiram juventutem.
Crede mihi, Corrêa, Jemina ejus inftituti etiam num jruãificant: (& ardet in animis
vefiris Jemel accenjus honefiior ille ignis. Audimus certe non in alio Hijpania traãu
magis V éteres artes coli: <& exempla, acj cripta junt, qtm adnos quoque manant, & tej-
tantur, Iguaes, ou mayores elogios lhes confagraraõ os Varoens mais doutos
venerando-os profundamente verfados em todo o género de Sciencias. Nas
Humanidades, e eloquência os aclama iníignes o P. Joaõ Mariana de reh, Hijp.
lib. 10. cap. 14. Gens dedita pietati, Japienticeque Jiudiis, <& omnis humanitatis, <& ele-
gantia. Na Poética, e na Muíica o Padre André Scoto HiJp. Biblioth. pag. 346.
hufitani in Poética ut <& in Mujica regnare Jeruntur mira animi propenjione velut
Enthujiajmo rapti; e na pag. 472. Efl Eujitanica genti pene proprium, ut Mujicis
fere omnes artibus dediti fint: humaniores, cultiorejque poeticam etiam adjungant. Na
Theologia, e ambos os Direitos D. António Diana Kejolut, Moral Tom. 4. de Hor.
Canon. Refolut. 27. § I. Lujitania Jemper ferax fuit doãorum bominum tam in Legali
quám in Theologica profejjione. Na Medicina D. Nicoláo António Bib, HiJp, Tom. 2.
pag. 251. no Elogio de Thomaz Rodriguez da Veyga. Medicus Doãor, inter Luji-
tanos, qui veluti arcem hujus ftudii tenent; e em a Náutica o P. Boflio de Sign. EccleJ,
Tom. 3. liv. 8. cap. L Excellentes Junt in Arte Navali, cuja arte facilitarão com o
Aftrolabio, celebre invento da fua profunda efpeculaçaõ pelo qual lhe eftà
acredora toda a Europa como efcreveo Auberto Mireo in Chonic. ad ann. 1481.
Sendo a Naçaõ Portugueza taõ refpeitada em todo o Orbe litteratio
pela profundidade com que he inílruida em todas as fciencias, fomente lhe
faltava para ultimo complemento da fua gloria publicar a Bibliotheca dos
Authores, de que foy fecundiíTima Mãy, e fer notório aos outros Reynos lhes
naõ era inferior Portugal, aflim em o numero, como na qualidade dos Efcri-
tores. Naõ faltarão doutiíTimos Portuguezes que com grande difvelo empren-
deraõ eíle grande aflumpto, de que logo darey huma breve relação, mas como
as laboriofas vigílias, que dedicarão a efte eíludo, naõ lograrão o beneficio da
luz publica, naõ fe comunicou a fua utilidade à Republica Litteraria. O pri-
meiro que fe applicou à compofiçaõ da Bibliotheca Portugueza foy o Licen-
ciado Francifco Galvaõ de Mendanha Beneficiado da Igreja de S. Pedro de
Évora onde morreu a 5. de Novembro de 1627. compondo hum Cathalogo
de féis centos, e fetenta, e fete Authores por cuja obra, de que fe lembra Fr. Fer-
nando da Soledade Hift. Seraf, Part. 4. liv. 5. cap. 9. §. 529. lhe chama o infigne
Antiquário Manoel Severim de Faria Chantre de Évora em as Notic. de Portuga
Difc. 8. pag. 285. grande benemérito dos Hjcritores Vortugue^^es. O original fe con-
ferva na SelectiíTima Livraria do Conde de Vimieiro, donde fe me participou
no anno de 1722. Naõ eftà difpofta por ordem alphabetica, porém delia fe colhe
a grande curiofidade com que juntou as memorias para o intento, que medi-
tava. Naõ permitio o famofo Hiíloriador Manoel de Faria, e Soufa que efti-
veíTe ociofa a fua penna neíle aíTumpto em que era taõ intereílada a gloria da
fua Naçaõ efcrevendo Cathalogo delos EJcritores Portugueses em 4. cujo original
efcrito todo da fua própria maõ tive em meu poder, e nelle fe comprehende
a noticia de outocentos, e vinte, e três Authores muito mais diffufa, e copiofa
aíTim no caracter, como em o numero das PeíToas que o Cathalogo impreílo
na 4. Part. cap. 18. do Epitome delas Hiji. Portug. que unicamente coníla de
duzentos, e féis Efcritores.
Profeguio com grande applicaçaõ eíta empreza o Doutor Joaõ Soares
de Brito Abbade de S. Pedro de Rebordaens, e depois de Saõ-Tiago Dantas
igualmente verfado na lingua Latina, como na liçaõ da Hiíloria compondo
no anno de 1635. Theatrum l^ufitanicB L.itterarium , five Bibliotheca Scriptorum
omnium hujitanorum onde feguindo o methodo, como elle aíFirma, do Cardeal
Bellarmino de Scriptoribus Ecclejiajiicis relata as memorias de outocentos, e
fetenta e féis Authores. O original deíla obra foy mandado no anno de 1655.
a Pariz para fe imprimir, e naõ fe executando fe conferva na Bibliotheca delRey
CbriítianiíTimo, de que extrahio huma Copia o ExcellentiíTimo Vifconde de
Villa nova de Cerveira Thomaz Tellez da Sylva no tempo que afliiHo naquella
Corte, o qual benignamente me communicou. Eíla obra he muitas vezes
allegada na Bibliotheca dos Dominicos compoíla por Fr. Jacobo Quetif, e
Fr. Jacobo Echard imprcfla cm Pariz no anno de 17 19. D. Francifco Manoel
de Mello Commendador de Santa Maria da Aííumpçaõ do lugar de Efpinhel,
c Oyam, bem conhecido pela copia das fuás obras, em que deixou eftampado
o feu ef pi rito femprc heróico aíTim na paleftra de Marte, como de Minerva,
efcreveo huma fuccinta noticia dos principaes Authores, que floreceraÕ cm
Portugal diílribuidos pelas faculdades, e a mandou em eílilo epiílolar ao Doutor
Manoel da Fonfeca Thcmudo Vigário Geral do Arcebifpado de Lisboa, que
hc a I. da 4. Cent. das fuás Cartas Familiares onde antes de fazer a narração
dos Efcritorcs, diz. Levado dejle penj amento procurei por mi mejmo, e depois perjuadi
ú algumas pejjoas doutas publica fje mos huma Wihliotbeca hufttana dos Authores modernos,
novamente eftimulado da falta, que padecemos nefla parte, com a qual Je de] culpa o Author
dos Commentarios da Republica l?ortuguev^a imprejja em Leiden anno 1641. Efte
mefmo pcnfamcnto declarou com mais diftincta expreíTaõ na Carta 25. da Cent. 5.
1 cfcrita aos Varoens doutos de Portugal onde diz : Hà poucos annos que na Cidade
\MgdunenJe de Ba t avia na Offlcina El!(everiana Je imprimio a Republica de Portugal
lotide havendo de tratar ] eu Author dos EJcritores Portuguei^es antigos, e modernos,
põem taõ poucos, e com taõ Jalja informação que alli mais fe vê Portugal o ff endido, que
i^abado, Efie agravo feito ã noffa Naçaõ, e aos fugeitos que nelle floreceraõ a que Je
imitarão algumas outras confideraçoens me fervio de motivo para me difpor a ajudar
que fe efcreveffe hum Ca t ha logo de todos os Efcritores defle Rejno em qualquer f ciência,
arte, faculdade, e difciplina, e porque obra tamanha requere muito fundados alicerfes
pois fe fabrica para toda a pofler idade, peço a v. m. affeãuofamente da parte do beneficio
publico, e da minha me queira fa^^er mercê de tomar o trabalho de me mandar informau
dos Sugeitos que conhecer filhos de ff a Cidade que hajaõ ejcrito, ou ejcrevaõ: quer publi-
caffem Juas obras, quer naõ, nejle Reyno ou Jora delle, particularÍ!(ando de cada hum
tudo quanto houver alcançado ajfi da obra como do Author, como do anno, lugar em que
ejcreveo, a quem dedicou; que calidades havia no tal sogeito, em que idioma compo^ e
fe em mais matérias, que applaufo teve, e finalmente tudo o que v.m. Julgar he conve-
niente à Jua noticia, e elogio. Donde fe conhece claramente o dezejo que tinha
de fe occupar para gloria da Naçaõ Portugueza em o Cathalogo dos feus Efcri-
tores procurando com tanta individuação as noticias pertencentes a eíle argu-
mento.
Perfuadido das inftancias do Chantre de Évora Manoel Severim de
Faria Varaõ doutiíTimo nas Antiguidades Portuguezas emprendeo efte aíTumpto
Joaõ Franco Barreto Beneficiado na Igreja Matriz da Villa de Redondo, onde
lançou os primeiros fundamentos à Bibliotheca Portugueza, como elle efcreve
no Elogio de Achilles Eílaço, e eftando já approvada para a impreíTaõ, naõ
logrou efte beneficio, merecendo em obfequio do fummo trabalho que para
' efta obra applicou os elogios do P. António de Macedo in Prcejat. ad 'Leã,
L.ujit. Vurpur, e Jorge Cardofo Agiol. 'Lufit. Tom. 3. no Comment. de 4. de
Mayo letr. J. Delia vi huma copia extrahida do Original, que fe conferva na
Livraria do EminentiíTimo Cardial de Soufa a qual forma hum livro de folha
grande, onde fe comprehende vaílamente a noticia dos Authores Portuguezesj
poílo que muitas vezes fe dilata em narraçoens impróprias deíle aíTumpto.
Naõ fatisfeito o incanfavel eíludo do Licenciado Jorge Cardofo de eternizar!
nos feus Agiologios os Varoens Portuguezes iníignes em virtude, fe applicoa
a efcrever as memorias dos que foraõ celebres na Sciencia juntando com grande
cuidado noticias para a compoíiçaõ da Bibliotheca Vortugue:(a da qual repetidas
vezes fe lembra principalmente no I. Tom. do Agiologio l^ufitano pag. 24. na
Coment. de 3. de Janeiro letr. A. e pag. 214. no Coment. de 21. de Janeiro
letr. J. e no Tom. 3. pag. 74. no Coment. de 4. de Mayo letr. J. cuja obra quí
nunca pude alcançar, teílemunha Nicolao António Bih. Vet. Hijp. Ub. 9. cap. 4,
n. 201. que a vira. Ultimamente quem com mayor empenho intentou concluii
taõ gloriofa empreza, foy o P. Francifco da Cruz Jefuita, Meílre, e Confeííoi
do noíTo SereniíTimo Monarcha D. Joaõ o V. o qual depois de ter collegid(
todas as noticias difperfas pelas obras dos que lhe precederão neíle aílumpto,
adquirio outras muito copiofas na Cúria Romana, quando nella aíTiílio pel(
efpaço de fete annos com o lugar de Revifor dos livros da Companhia de JESUS^j
Naõ chegou a concluir elta obra, porque a morte envejofa do applaufo, qu(
delia lhe havia refultar, o privou da vida na Cafa profefla de S. Roque a 29. d(
Janeiro de 1706. O ardente dezejo de que eíla obra fe continuaíTe, impelli(
ao ExcellentiíTimo Conde da Ericeira D. Francifco Xavier de Menezes digniíTimc
Cenfor da Academia Real, cujo nome fera fempre memorável nos Faítos dí
erudição Sagrada, e profana para pedir inUantemente aos Padres Jefuitas lh(
quizeílem dar os M. S, do P. Francifco da Cruz, que benignamente concederac
por retribuição ao íingular affecto, de que a Companhia era devedora a eíl(
Cavalhero, de cuja generofa dadiva fazem illuftre memoria os Padres Antoni(
Franco, e Francifco da Fonfeca; o primeiro na Imag. do Nome. de Coimhé
Tom. 2. pag. 681. e o fegundo na 'Évora Gloriofa pag. 408. §. 719. Pela natural
benevolência deíle iníigne Mecenas dos Eítudiofos me foraõ comunicadoí
eítes M. S. que fe comprehendem em quatro Volumes efcritos da própria maõ^
do Author, onde confufamente eílaõ lançadas as noticias, e muitas vezes em
diverfos lugares repetidas. Em hum delles fe lém quinhentos elogios Latinos
dos Authores que principiaõ pela letra A. que ficou incompleta, onde fe admira
igualmente a pureza, e elegância do eílilo, como a vaUa liçaõ, e profundo
exame com que efcrevia eíta obra digna do ultimo complemento.
Eíles foraõ os Varoens infignes que gloriofamente trabalharão em hum
argumento taõ nobre como era a noticia dos Efcritores do noíTo Reyno, mas
naõ alcançarão o merecido premio das fuás laboriofas applicaçoens por fe naõ
fazerem patentes ao mundo pelas vozes da ImpreflaÕ. Chegou o Século decimo
outavo, c como fe foflc o termo decrctorio para fe manifeftar ao mundo a
Hiíloria Litteraria da Naçaõ Portugueza, começarão a fahir alguns Cathalogos,
ainda que fuccintos, dos noflbs Efcritores, que foraÕ Prelúdios da Bibliotheca
Portugueza, que agora publicamos. Dos Religiofos Menores da Província
de Portugal fez huma breve narração o P. Fr. Fernando da Soledade Chroniíla
da fua Religião, e Académico Supranumerário da Academia Real, que fahio
impreíTa no anno de 1705. na 3. Part. da Ilijl. Seraf. liv. i. cap. 21. e 22. Dos
Efcritores Jcfuitas que foraõ filhos pela profiflaõ dos Noviciados de Évora,
Lisboa, e Coimbra, compoz os Cathalogos o P. António Franco, e sahiraõ
impreíTos no fim dos três volumes dos mefmos Noviciados em os annos de
1714. 1717. c 1719. Na obra intitulada Annales S. J. in 'Lufitania Auguft. Vind.
1726. compoíla pelo dito Padre traz no fim Index Materiarum de quihus traãa-
rmt hujitania Vrovincice S captores ah initio Societatis ad annum 1J24. Semelhante
idea feguio o P. Francifco da Fonfeca na Évora Glorioja impreíTa em Roma
1728. onde à pag. 409. efcreveo o Cathalogo dos Authores Eborenjes, e pag. 425.
a Bibliotheca Eborenje Académico-] ejuitica. Com exame critico, e fummo difvelo
*f digno de fer imitado por todas as Famílias Religiofas publicou o P. Fr. Manoel
de Sá Académico Supranumerário da Academia Real, e Chronifta Geral da
fua Ordem as Memorias hiftoricas dos Efcritores Portuguef^es da Ordem de NoJJa
Senhora do Carmo da Vrovincia de Portugal redui^idas a Cathalogo Alphabetico im-
preíTas em Lisboa anno de 1724. Semelhante no argumento, mas diíFerente
no exame imprimio no anno de 1734. com o titulo de Clauflro Dominicano o
P. Fr. Pedro Monteiro da Ordem dos Pregadores Académico da Academia
Real o Cathalogo alfabético dos Efcritores da Provincia de Portugal para o
qual contribuimos com algumas noticias pedidas pelo Author que mais appli-
cado aos eíludos da Theologia, que da Hiítoría, cahio em alguns erros indif-
culpaveis que facilmente pudera evitar. Efte Cathalogo mais abbreviado tinha
íaliido no anno de 1733. no fim da 4. Parte da Hiftor, de S. Domingos da Vrovin-
cia de Portugal compofta pelo P. Fr. Lucas de Santa Catherina Chroniíta Geral
da fua Religião, e Académico do numero da Academia Real. Das Obras Métri-
cas dos noílos Poetas formou hum largo Cathalogo na Epiítola Dedicatória
:i ElRey N. Senhor, que ferve de prefação aos feus agudos Epigrammas no
anno de 1728. o P. António dos Reys da Congregação do Oratório Chronifta
Latino deíle Reyno, Académico, e Cenfor da Academia Real, que intempeíH-
vamente nos roubou a morte em 19. de Mayo de 1738. o P. D. António Caetano
de Soufa Clérigo Regular, e Académico do numero da Academia Real impri-
niio no anno de 1735. huma Bibliotheca dos Authores Genealógicos Portu-
guezes que ferve de Prologo á fua grande obra da Hijloría Genealógica da Caja
Keal Portuguesa, e ultimamente o P. Fr. Manoel de Figueiredo Eremita de Santo
Agoftinho, e Chronifta da fua Religião, a cuja generofa benevolência devemos
a noticia dos Authores que ella nefte Reyno produzio, publicou no anno de
1737. a 4. Part. do Fios Sanãorum Augujlmano, onde folhas 127. eftá o Cathalogo
dos Lentes públicos, 'e Doutores da Univerjidade de Coimbra que floreceraõ no Jeu Col-
legio da mejma Cidade, no qual fe lém as Obras de muitos affim impreíTas,
como MS.
Seguindo os veítigios de taõ grandes Varoens me animey em obfequio
da Pátria efcrever a Bibliotheca Univerfal de todos os noílos Efcritores abrindo '
os aliceíTes de taõ fublime edifício no fauftiíTimo dia de 31. de Mayo de 171 6.
dedicado a amorofa vinda do Efpirito Santo fobre o Collegio Apoftolico, e
poílo que para fuílentar taõ immenfa machina eraõ pouco robuftos os meusj
hombros, enfmado de que Deos com altiíTima providencia fe ferve de inílru-l
mentos humildes para emprezas heróicas, permitio que illuílrada a minha j
ignorância com a continua applicaçaõ a eíle género de eíludo, gloriofamente
concluiíTe liuma obra, que fora laboriofo empenho de iníignes talentos defta.
Monarchia. Depois de examinados com efcrupulofa obfervaçaõ naõ fomentei
os noíTos livros hiítoricos, mas grande parte dos eftranhos, e extrahidas dellesl
as noticias pertencentes a eíla Bibliotheca, as procurey com difvelo em varias
livrarias que eraõ depoíitos de muitos Efcritores Portuguezes, cujas obras
naõ lograrão o beneficio da luz publica, onde colhi copiofo fruto, como tam-
bém de pefToas eruditas, que zelozas da immortal fama da Naçaõ Portugueza.
fe intereíTaraõ em taõ illuílre empreza. Seria juftamente accufado do feyal
crime de ingrato, fe naõ confeíTaíIe publicamente quanto eHa obra he devedora!
às incanfaveis deligencias dos Reverendos Padres Fr. Marcelliano da Afcenfaõ]
Monge Benedictino ; Fr. Manoel dos Santos Monge Ciftercienfe, Chronifta deftc
Reyno, e Académico Supranumerário da Academia Real, Fr. Jacinto de S. Migue|
da Ordem de Saõ Jerónimo, Fr. Gonçalo RouíTado da Ordem dos Pregadores,
feu irmaõ Fr. António RouíTado Eremita Auguíliniano, Fr. Manoel de Saõ Damafc
da Ordem dos Menores da Província de Portugal, e Académico Supranume-
rário da Academia Real, Fr. Joaõ de NoíTa Senhora da Província de Xabregas,
e feu Chroniíla, Fr. Francifco da Conceição da Ordem Terceira da Penitencia;
Fr. Simaõ de Brito da Ordem da SantiíTima Trindade, o P. André de Barros
da Companhia de JESUS, e Académico da Academia Real, Fr. António das
Chagas Carmelita Defcalço, e Fr. Francifco de Santa Maria Chroniíla deita
exemplariíTima Reforma, os quaes atendendo igualmente pela gloria da Pátria,
e da fua Religião fe empenharão com louvável emulação a communicarme
benevolamente as noticias dos Religiofos, que nos feus Clauílros foraõ vigi-
Í Jantes cultores das fcicncias, cujo erudito efquadraõ pelo numero, e quali-
idade fcrvio de mageílozo ornato a cila Bibllothcca. Determinado eílava a
cfcrcvclla na língua Latina, na qual naÕ pequena parte tinha compofto, mas
arrcpcndimc da rcfoluçaõ, confiderando que feria iníructuofo efte meu trabalho
para muitos Portuguezcs, que ignoraõ aqucllc idioma, o qual poíTuindo indu-
bitavelmente entre todos o principado, lhe preferem com indifcreta eleição
o eftudo de outras línguas, que ainda que polidas, lhe faõ fummamente infe-
riores, aíTim na magcftadc da Origem, como na energia da locução. Efta foy
a caufa que me moveo a que mudando de eíUlo, e de língua antepuzeíTe a ma-
terna à Latina, para que a utilidade, que fe pôde colher da líçaõ deíla obra,
foíTe a todos patente. Entre muitas que tem logrado da luz publica mereceo
a diílincçam de fer allegada, antes de imprcfla, por celebres Efcritores, como
Ibraõ o P. António dos Reys in lltithuftajm, Poettc, n. 202. o Excellen-
tiflimo Conde da Ericeira Cenfor da Real Academia cm a Notic, da Conjerenc,
ia Acad. Real de 27. de Julho de 1724. e na Biblioth, Souv^ana pag. 79. e 80. Fr.
Pedro Monteiro Académico da Academia Real Claujl. Domin, Tom. 3. pag. 317.
e 322. e o Beneficiado Francifco Leytaõ Ferreira Académico Real em as Notic,
Cronolog. da Univ. de Coimh, pag. 551. §. 1178. fendo taõ honorificas memorias
nobres eftimulos para que fatisfizeíTe aos feus dezejos rompendo todos os obíla-
Culos, que fatalmente fe confpiravaõ contra efte fim. Para naõ fer tediofa a
fua liçaõ me abftive de diíTertaçoens, que ainda que breves, fempre faõ impor-
tunas, principalmente fobre matérias, em que por eftarem nervofamente con-
trovertidas por doutiíTimas pennas, era fuperfluo tranfcrever o que jà eílava
I folidamente difcutido. Entre a numerofa multidão de Authores julguey que
deviaõ fer admitidos aquelles, que efcreveraõ obras pequenas por ferem partos
de homens grandes das quaes fe publicarão no feculo paíTado, e no prezente
muitas Collecçoens para eternizar a fua memoria, como faõ a Bibliotheca Vatrum,
as hiçoetts antiguas de Henrique Canifio, o Specilegio de D. Joaõ Lucas D' Achery,
o The^oí4ro dos Anecdotos de D. Edmundo Martene ambos Monges Benedictinos,
a Vallade Bambina de Carlos Cartari, e a Bibliotheca Volante de Joaõ Cinelli. Bem
conheço que pudera fahir eíla Bibliotheca ornada de mayor copia de Efcritores,
cujos nomes, e compofiçoens eílaõ occultos à minha noticia, porém como efte
género de eftudo pela fua vaftidaõ he inexhaurivel, e fempre eftá admitindo
novos fuplementos, deixo aos fublimes efpiritos, que continuarem taõ illuftre
empreza, a gloria de a augmentarem defcubrindo como os Aftronomos novas
eftrellas para ornato defte Firmamento literário. Os defeitos de que poíTo fer
arguido pela feveridade dos Ariftarchos, faõ mais dignos de clemência, que
cenfura, por fe originarem de tantas informaçoens alheyas, que fatalmente
conduzem a inevitáveis erros, dos quaes fe naõ pode livrar o Author mais
perfpicàz Quam oh rem (acabo com a íincera proteilaçaõ do inílgne Efcritor da
Bibliotheca Sancta Fr. Xiílo Senenfe tn Frafat.) hortor pios l^eãores, in quorum
fatiam hunc qualemcumque laborem multis vigiliis, judorihus, (& honarum horarum
dijpendiis Jujcepimus, ut fi qua in Scriptis méis invenerint, qucs aã utilitatem legentium
iudicent pertinere, grafias agant optimis Ecclejia authorihus, ex quorum immortalihus
monumentis mutuati Jumus quidquid huc honi contulimus : fi quid autem minus reãè diãum,
aut imprudenter aherratum deprehenderint : (nam <& homines Jumus, (& in multis,
ut tnquit Apofiolus, offendimus omnes) iterum eos ohjecro, atque ohteftor, ne id aut
arrogantice, aut malitice, aut aliis privatis affeãibus tribuant, Jed imbecillitati potius,
ac tenuitati mece ascribant, modefie corrigentes, (& fincere emendantes quacumque ipfis
caftigatione digna videbuntur.
I
LICENÇAS
>
DO SANTO OFFICIO.
CENSURA DO M, R. P. M, Fr, ANTÓNIO DO SACRAMENTO
da Ordem dos Pregadores, Doutor em a Sagrada Theologia pela Univer-
Jidade de Coimbra, Qualificador do Santo Officio, Exprovincial
da Jua Religião,
eminentíssimo senhor.
JA* agora manifefta, e demonftra a experiência a grande fortuna, e felici-
dade, que trouxe a Portugal a bemaventurada Idea, em que fe concebeu,
e formou a fempre Regia, e auguíla Academia Portugueza, quero dizer,
aquelle luftrofo, e literário Olympo, Olympus ideji totus fulgens, em que fe
vem defprezadas as fombras, e eílimadas as luzes, preteridas as nuvens, e adian-
I adas as eílrellas, nubes excedit Olympus, próprio timbre, e brazaõ da Academia
Portugueza em que tudo fe reílitue à fua natural armonia, deixado o menti-
rofo, e o falfo, e fomente pertendido o ferio, o fagrado, e o verdadeiro, Refiituet
omnia. Prezidia naquelle Olympo, ou firmamento Júpiter, apadrinhando com
as fuás influencias a hum congreíío de Divindades: Venit Olympum, ubi
fedes deorum dicitur ejje; Júpiter, ideft, Vater juvans, e com fuperior, Chriílaõ, e
fagrado impulfo apadrinha, e ampara aos feus Académicos a Mageílade Sere-
niíTima do noílo magnifico Monarcha fazendo-os conduzir até o interior dos
feus Palácios, naõ para que como Divindades fe adorem, mas fim como a orá-
culos, que em Portugal fe ouçaõ, e em todo o Mundo fe refpeitem.
Sobe agora à prezença de V. Eminência firmando eftes refpeitos, e eílas
fortunas, naõ fó em Portugal, mas em todo o Mundo com as fuás letras, com as
fuás applicaçoens, e trabalhos, o Reverendo Padre Diogo Barbofa Machado,
Abbade da Parochial de Santo Adriaõ de Sever, digniífimo Académico do
numero, expondo a V. Eminência para as licenças da eílampa, naõ hum livro,
que fe conclue em huma fó particular matéria, fim o primeiro Tomo de huma
Bibliotheca univerfal, em que fe haõde comprehender os nomes, e as matérias
literárias, em que fe aflinalaraõ os Varoens, e os Heróes Portuguezes. Bem fe
entende que menos bailava para fe dar a conhecer em Portugal, naõ fó a fortuna
da Academia, mas taõbem o grande, e o fuperior talento do Author da Biblio-
theca; pois qualquer obra, que foíTe do Author, na luz, e doutrina, que commu-
riica, leva o Clarim, que a pregoa, e a declama; defafiado porém do zelo, e amor
da Pátria rompe neíte grande parto do feu talento, e juizo, para que naõ cedeUe
3m menor reputação da Academia o naõ acudir athequi às expectaçoens do
Mundo, que todo fufpirava por efta obra taõ útil, e neceflaria : e em que fe vem
fepultadas aquellas juílas Criticas, com que feriaõ os eftranhos aos Portuguezes,
que até o tempo prezente tem dado a conhecer os feus Heróes em muito dif-
perfas, e pouco atendiveis Imagens, ou em Copias, que naõ tinhaõ aquellas
femelhanças, com que deviaõ correfponder aos feus Originaes.
Tudo fe acha jà, e f e verá reílituido neíta grande obra, e correrá com
tanta fortuna o Mundo todo, que voluntariamente lhe fará aquella Confiílaõ,
que faziaõ os Aftros ao Sol, quando Apelles o retratou no meyo do firmamento
com efta Epygraphe.
Nihil Jine te lucet.
De todas eílas atençoens, e refpeitos fe faz digno hum congreíTo, que
mereceu à fortuna, naõ Gentilica, mas Catholica, a protecção de hum Monarcha,
que pellas Operaçoens do trono tem ennobrecidas as Antonomazias de Magni-
fico, e que conta no numero dos feus Académicos o Author defta grande Obra,
cuja capacidade, e talento deixa menos preciofos os mais elevados panegiricos,
que fó podem dignamente formarlhe ou as difcretas- lingoas das fuás mayores
capacidades, ou os eloquentiíTimos clamores dos feus fingulariffimos mereci-
mentos.
E porque nefta grande obra naõ encontrey couza, que fe opponha ou
à noíTa Fé, ou bons coftumes, he digno o Supplicante da licença, que pertende.
AíTim me parece. V. Eminência mandara o que for fervido. S. Domingos de
Lisboa em 6. de Setembro de 1739.
O Doutor Fr. António do Sacramento.
I
CENSURA DO M. R. P. D. CAETANO DE GOUVEA,
Clérigo Regular, Qualificador do S, Officio, Examinador das
Ordens Militares, e Académico do numero da
Hijloria Real,
eminentíssimo senhor.
LI*, c examinei, como V. Eminência foy fervido ordenarme, o pri-
meiro Tomo da Bibliotheca Portugueza, que com incanfavel
indagação, c em clegantiffimo eftilo compoz o Abbade de Sever
Diogo Barbofa Machado meu CoUega na Academia Real; e para
expor o juizo que pude formar, digo a V. Eminência, que jà o primeiro,
c fegundo Tomo das Memorias para a Hiíloria delRey D. Sebaíliaõ,
que eílc Sábio Author efcreveu, e que a Academia Real approvou, e
mandou imprimir, tem feito taõ recomendável o feu nome na Republica
das letras, que fe athequi o antigo, e illuftre Appellido de Barbofa occupava
o primeiro lugar no Cathalogo dos Jurifconfultos, também agora o
occupa no dos Hiftoriadores. Porém ainda que aquella excellente obra
pela mageftoza elegância da narração, e pela ordem, e variedade das no-
ticias, de que algumas faõ totalmente anedoctas, faz taõ benemérito
a feu Author da veneração publica, eíla, que agora pertende imprimir,
o faz digniíTimo da veneração, e do publico agradecimento, porque
nella dá a conhecer ao mundo huma das mayores glorias de Portugal,
moftrando que o noflb Reyno naõ he menos fecundo de Sábios, que de
Heróes. Todas as fciencias, e todas as artes devem huma grande parte
da perfeição, a que hoje eílaõ reduzidas, aos Authores Portuguezes,
porque em todas tem efcrito com grande propriedade, acerto, e erudi-
ção, mas da gloria com que as illuftraraõ, ainda naõ haviaõ recebido
hum digno premio. No Templo da Sabedoria fe viaõ gravados os feus
nomes com Caracteres de indelével, e gloriofa duração, mas ainda no
mefmo Templo fe naõ admiravaõ collocadas as Imagens de todos,
e das que formarão Artífices Eftrangeiros, poílo que eraõ peritos, como
naõ conheciaõ os originaes, pela mayor parte fahiraõ imperfeitas. Três
Portuguezes applicaraõ a fabia maõ a efta grande Obra, mas tiveraõ
a infelicidade ou de a naõ concluir, ou de naõ fe fazer publico o feu tra-
balho. Eíiava refervada eíla gloria para huma penna igualmente dif-
creta, e erudita, e jà refpeitada pela perfeição de outras obras. E fe como
obfervou a difcriçaõ de Plinio, não he mayor a gloria de merecer huma Lib. i. Epijt. 17.
Eílatua, que a de erigila, erigindo o Abbade de Sever neJfta Bibliotheca
a cada hum dos Sábios Portuguezes huma Eílatua em que taõ nota-
velmente fe reprefentaõ, devo dizer com a authoridade do mefmo
Plinio, que he taõ grande a fua gloria, que iguala a de todos.
Porém, Senhor EminentiíTimo, com a compoziçaõ deíla excel-
lente obra naõ fó fe engrandece, e eterniza a gloria de feu Author, pela
que dá a tantos Sábios, que tem florecido nefte Reyno, e nas fuás dila-
tadas Conquiílas, mas pela grande utilidade, que receberão todos, os
que por meyo das fuás fadigas litterarias afpirarém à mefma gloria,
fem hum exacto conhecimento dos Authores, das obras que compu-
zeraõ, do génio, e applicaçaõ com que trabalharão; e muitas vezes do
tempo em que efcreveraõ, nenhuma fciencia fe pôde faber com per-
feição, porque naõ baila fó eíludar, he neceíTario fazer juizo do que fe
eíluda, e diítinguir o bom do que he máo, o verdadeiro do que he falfo ;
o que facilmente fe confegue pelo eíludo das Hiftorias litterarias, ainda
que com mayor facilidade por meyo daquellas que faõ juntamente
Criticas, e em que com a noticia dos Authores, obras, e ediçoens, fe
faz hum judiciofo, e exacto exame deíTas mefmas obras; e bem poflb
affirmar a V. Eminência que he taõ vaíla a erudição do Abbade de Sever
que naõ lhe feria difFicil compor deita forte a fua Bibliotheca, moílrando
que em todos os Artigos, era Hijioria, e Critica, como o he em alguns;
mas fendo efte beneficio o mayor, que podia fazer ao publico, muitos
dos que o recebeílem, o teriaõ por injuria; porque eílimando todos
que lhes louvem os acertos, poucos goílaõ, que lhe reprehendaõ os erros.
Sabe o Abbade de Sever taõ perfeitamente a lingua Latina,
como a Portugueza; em huma, e outra he o feu eílilo do feculo dos
Auguítos, naquella do de Roma, e neíla do de Portugal, em que temos
a fortuna de viver, mas preferio a Portugueza à da antiga Roma, para
moílrar que a noíTa naõ cede à latina, nem na elegância, nem na mageftade,
confagrando defta forte à fua gloria, e à da Pátria o mais illuftre monu-
mento, e para que de todos feja admirado, deve V. Eminência dar licença,
que fe exponha ao publico, porque também nelle julgo eternizada a
gloria da fé, e dos bons coílumes. Lisboa Occidental neíla Cafa de N.
Senhora da Divina Providencia de Clérigos Regulares. 25. de Setembro
de 1739.
D. Caetano de Gouvea C. R.
DO ORDINÁRIO.
CENSURA DO MUITO R. P. M. Fr. AGOSTINHO DE
S, Boaventura, Rtligiojo de Saõ Paulo primeiro Ermitão,
Lente Jubilado em a Sagrada Theologia, t Geral
duas ve:(es da Jua Keligiaõ,
EXCELLENTISSIMO, E REVERENDÍSSIMO SENHOR.
ORdena-me V. Excellencia que veja efte primeiro Tomo daBiblio-
theca Lufitana, Hiílorica, Critica, e Chronologica efcrita pelo feu
dignifílmo Author Diogo Barbofa Machado Abbade da Paro-
chial Igreja de Santo Adriaõ de Sever, e Académico do numero
da Academia Real; e mandar-me que veja aquillo mefmo, que por
conta da utilidade publica anciofamcnte dezejava, he beneficio taõ
artificiofo, que fabe introduzir o merecimento da obediência até no
gofto da vontade própria. Naõ fe me podia cometer mais deleitavel
occupaçaõ, do que verem os meus olhos huma obra taõ grande como
fufpirada, taõ neccíTaria como polida, e taõ proveitofa, que o mefmo
xame que nella fe faz fuperfluo para o rigor da cenfura, fica fendo liçaõ
preciza para o eítudo das noticias. A vaftiíTima erudição do Author
tranfcendente por toda a hiíloria aífim domeftica, como eftranha, foy
a que correndo pelas muitas, e numerofas Bibliothecas, que os Reynos,
as Republicas, as Religioens, e as Univerfidades mais florentes de toda
11 Europa tem dado ao prelo para eternizarem a fama dos feus efcritores
nacionaes, lhe excitou naõ fó a reflexão fobre a falta (certamente nafcida
da fua mefma abundância) que de femelhante bem merecida memoria
tem havido no noíTo de Portugal; mas também o ardentiífimo dezejo
de livrar a fua pátria de huma fofpeita taõ injuriofa, como feria prezu-
mirem as outras naçoens, que na nofla, ou naõ havia efcritores, que a
efte aííumpto podeíTem fervir de gloriofa matéria, ou naõ havia engenhos,
que o foubeíTem animar com a viveza, e vitalidade de huma elegante
forma. Mas fendo efta empreza taõ árdua, que fomente a fua idea hà
mais de hum Século intentada, baftou para engrandecer aquellas pennas,
que principiarão a lançar-lhe as primeiras breves, e confuzas linhas, o
Author a dezempenha agora felizmente, e com todo aquelle incompa-
rável exceílo, com que os Gigantes fe adiantaõ no paíTo a todos os outros
homens, e as águias fe elevaõ no voo fobre todas as outras aves.
Porque aquella mefma mifteriofa Ordem da Providencia, que
rezervou efta admirável producçaõ (como elle mefmo judiciofamente
pondera) para o feliciíTimo Reinado de hum Monarcha taõ fabio, como
poderofo, que no Paraizo de Portugal tem feito cultivar, florecer, e
frutificar mais que nunca a arvore da fciencia; deílinou também para
a mefma dourada idade o agudiíTimo engenho, e os infatigáveis eíludos
de hum efcritor taõ applicado, taõ comprehenfivo, e taõ fecundo, que
dá logo por fruto naõ menos, que huma inteira livraria, e taõ confumada,
que em cada huma das fuás numerofas folhas fe eílá logo conhecendo,
que todas faõ da arvore da fciencia : a qual naõ he delineada para outro
fim, mais, que para hum nobre, e immortal domicilio, em que vivaõ
novamente todos os Authores Portuguezes izentos já das pençoens da
mortalidade para hum eterno, e fideliíTimo depofito dos feus nomes,
dos feus naf cimentos, das fuás pátrias, das fuás acçoens, das fuás vidas,
e até das fuás fepulturas ; e finalmente para hum rico, e univerfal thezouro
dos eíludos, das obras, dos manufcriptos, e athe das efpeculaçoens de
todos os engenhos, que na pátria tem florecido defde o primeiro Século
da Igreja, e ílorecem ainda agora; e por iíTo verdadeiramente thezouro
athequi ef condido, mas já patente, e defcuberto, em que fe manifeíla
tudo quanto na republica das letras tem havido, e há preciofo aíTim novo,
como antigo; fendo efta excellente obra como huma flamante tocha,
que dà grande luz aos eítudiofos em todas as artes, em todas as faculdades,
em todas as fciencias para faberem quaes saõ os primeiros Oráculos,
que devem confultar entre os feus mais infignes, e mais famigerados
profeílores.
Inaííequivel parecia eíle empenho à vida, às forças, e à applica-
çaõ de hum único, inda que fingularifQmo efcritor; mas nem eíle argu-
mento podia achar mayor Atlante para fuílentar, e para revolver a immenfa
gravidade do feu pezo; nem eíle efcritor podia achar matéria mais ade-
ciaudian lib. 3. de quada à a6lividade taõ fina, como forte do feu engenho, fe naõ fó
na de hum argumento que parecia inaíTequivel, e por iílo a fua vigilante,
incanfavel, e exadliíTima averiguação o confegue taõ acertadamente, que
poíTo dizer, que nas obras deíle género, naõ fó efcurece aos antigos,
mas também eíleriliza aos vindouros; como já diíTe Claudiano a outro
intento.
Ohjcurat veteres, ohjcurabitque futuros,
O que faz com eflilo taõ admirável, que hé breve com clareza,
claro com profundidade, profundo com elevação; he eloquente fem re-
dundância, fubílanciofo fem eílerilidade, difcreto fem affeélaçaõ, e final-
mente taõ copiofo, que fendo as matérias, de que trata, taõ femelhan-
tes, e omogeneas, como faõ nafcimentos, pátrias, eíludos, compofi-
çoens, óbitos, e jazigos de tantos Varoens infignes, elle as defcreve
com differentes, naturaes, e fempre novas expreíToens; como peritif-
fimo artífice, que do mefmo ouro, e dos mefmos diamantes fabe formar
muitas, e diverfiffimas joyas, que primorofamente lavradas na OíFi-
cina deíla grande Bibliotheca ferviraõ de novo, e luzidifimo ornamento
laud. Stílic.
là Coroa Pottugueasa; porque a noíTa Lufitania fcmpre temida por Palias
hcllicofa nas campanhas, fe verá igualmente reverenciada por Minerva
l:il)ia nas cfcolas; devendo-lhe affim a pátria neíla obra aquella primazia,
que a antiguidade deu jà às letras na competência das armas, quando
póz a coroa naõ nas MaÕs bellicofas de Palias, mas na Qbcça fabia de
Minerva.
E fe os Romanos collocaraÕ as fuás primeiras Bibliothecas ou nos vitift- Lêxu. m.
templos, como a de Augufto no de Apolo, ou nos palácios como a 'j^^'^!^'„^
Tiberiana no de Tibério, reconhecendo, que a eíles illuílres depoíltos
da Sabedoria naõ fe lhe devia menor cuftodia, que ou a tutela dos Deofes,
ou a protecção dos Príncipes: a efta, que fendo o primeiro, e gloriofo
monumento de todos os engenhos da pátria, nada contem oppofto à
pureza da nofla fé, aos dogmas da Igreja, ou aos coftumes Christaõs,
uites muitos, e admiráveis exemplares, que igualmente enfmaõ as letras,
IS virtudes, claro eftá, que melhor do que ás outras lhe hé devida jufta-
incntc huma, c outra foberana protecção: a do Príncipe, para que entre
.1 collecçaõ dos feleftiffimos livros, que fe gloreaõ de terem por domi-
cilio ao feu auguíto palácio, fe digne de admittir, e de ennobrecer a
huma obra, que também he collecçaõ de Sábios feus VaíTallos; os quaes
afpiraõ á honra de huma taõ alta cuílodia, porque à Real protecção de
huma Mageílade Portugueza tem mais direito huma Bibliotheca, que
toda he Lufitana. A de Deos, porque como elle mefmo affirma que hé Ego fum Aipba,
Alfa, e Omega, principio, e fim de tudo, precizo he implorar a fua pode- '^ ^'"'i"» P""^
roza maõ, para que a hum Author, que neíle primeiro Tomo lhe dà jidt dominus
principio pela primeira letra do alfabeto, fe digne de confervar a fua -d?/».
importante vida, até que na ultima lhe chegue a pór o fim; para que ^' • ^- ^'
affim como efte hade fer a melhor coroa de toda a obra, feja também
I toda efta utiliíTima, e excellentiíTima obra a melhor coroa de feu Author.
Lisboa Occidental Convento do Santiffimo Sacramento da Ordem de
S. Paulo primeiro Eremita 12. de Novembro de 1739.
Fr. Agojlinho de S, Boaventura,
DO PAGO
>
CENSURA DO VISCONDE DA ASSECA, DO CONSELHO DE
Sua Magejlade, e Académico do numero da Academia Real,
SENHOR.
ABibliotheca Luíitana, que compoz, e pretende imprimir o Abbade Dio-
go Barbofa Machado, me parece naõ fomente dignifíima de que V. Ma-
geílade lhe conceda a licença que pede, mas que paíTando da honra da
permiíTaõ para a foberania do preceito lhe ordene por credito, e por be-
neficio do Reyno que a fua incanfavel applicaçaõ taõ nobremente reveítida de
decoro, e elegância, de vozes, de propriedade, e pureza de termos, de profun-
didade, e elevação de conceitos fe empregue na cuidadofa continuação deíla obra,
e os Efcritores, a quem elle livrou da efcandalofa injuria do efquecimento
para o immortal applaufo da memoria, animados na gloriofa fadiga dos feus
eíludos, e na eloquente armonia da fua difcriçaõ feraõ ecos da fama, que merece,
ou fallando por todos fera o Author o elogio de íi mefmo. V. Mageílade man-
dará o que for fervido. Lisboa Occidental 7. de Dezembro de 1739.
Vijconde de Ajjeca.
CARTA
DO
ILLUSTRISSIMO, E EXCELLENTISSIMO SENHOR
CONDE DO VIMIOSO.
PAra iu me animar a fa!(er hum breve elogio à infigne Bibliotheca que v. m,
compõem de Autores Portugtiei^es me vejo cercado de tantas obrigaçoens, como
difficuldades.
As obrigaçoens nacem da grandev^a da matéria, do primor da obra, e do mere-
cimento do Autor; a matéria copiov^a, e uttl, a obra difere ta, e eloquente, o Autor amigo,
9 Mejlre : logo naõ pode haver mayores obrigaçoens que pertender Jer juflo, e agradecido.
As difficuldades vem a Jer louvar a vajlidaõ das noticias quem naõ tem Jciencia,
a magejlade do efiilo quem naõ tem elegância, a agudeja dos penf amentos quem naÕ tem
dijcriçaõ; louvar a pejjoa a quem Je profejja amifade, e de quem Je recebeo a doutrina
hm animo parcial, e jui:(p apaixonado : logo naõ pode haver mayores difficuldades que
procurar acertos fem meyos, e vencer paixoens com dejculpa.
Porém como as obrigaçoens ainda pe^aõ mais que as difficuldades, venço ejlas,
e digo que v, m. emprendeo huma obra que inclue todos os ejiados, que abraça todas as
Jerarquias, que comprehende todas as profijfoens, e por ijjo todas as virtudes que nellas
Je praticaõ,
V, Aí. ejcreve de Príncipes, e nelles, da jujiiça, da clemência, da liberalidade;
ejcreve de Generaes, e nelles, do valor, da prudência, da dijciplina : ejcreve de Magijlra-
dos, e nelles, da politica, da reãidaõ, da incorruptibilidade : ejcreve de Prelados, e nelles,
da vigilância, da caridade, do :(elo; ejcreve de Keligiojos, e nelles, da pobreza, da obediên-
cia, da modejlia, ejcreve de homens illujires, e nelles, daquelles dotes que os Ji:^eraõ mais
egrégios: ejcreve de homens humildes, e nelles, daquellas acçoens que os Jouberaõ Ja;(er
illujires.
Naõ Jô fica devedora à penna de v. m. a republica das virtudes, também lhe fica
obrigada a das f ciências, os myflerios da Theologia, as demojiraçoens da Mathematica,
os fijiemas da Filofofia, as regras da Jurif prudência, os aforijmos da Medicina, as figuras
da Oratória, as flores da Poefia, as leys da Hijloria, e todas as mais artes em que v, m,
dijcorre dos Autores que rejere.
V. m. une em Ji Jeli^^mente aquellas circunjlancias, que a muitos Eícritores
acreditarão divididas, porque v. m. he claro, e a clare:^a Jet(^ que muitas ve:(es Je goílajje
do que era humilde; he Jutil, e a Jubtile^^a Je^ que muitas ve^es Je perdoajfe o que era
ejcuro; he elegante, e a elegância Je^ que muitas ve^es Je ejiimafje o que era vulgar: he
ameno, e a amenidade /<?^ que muitas ve^es Je approvafje o que era Jutil.
V. m. naõ Je contentou com o louvor de ejcolher matéria illudre, de ufar de expli-
cação nobre, de conceber conceitos elevados, qui:^ o Jingular merecimento de Jer o primeiro
que em Portugal fi:(ejje compojiçaõ dejle género, O bom ejlilo imitaje; a dijcriçaõ pulida
igualaje; a Jciencia profunda communicaje; jó da gloria da prmai(ia Je naõ pôde parti-
cipar', Jó ella não Jofre imitação, naõ admite igualdade, naõ conjente companhia, e efta
he a gloria que v, m, conjegue apejar da modejlia própria, e da enveja alheya.
Outra ventagem, ou privilegio tem v. m, Jobre os outros EJcritores, que he haver
de Jav^er Jem vaidade, antes por obrigação, panegíricos àjua me] ma familia : pois quando
V, m, chegar a letra I, do/eu doutijjimo Alfabeto, hade louvar precijamente os admiráveis
ejcritos de Jeus irmãos o Senhor D, ]o!(é Barbo/a, e o Senhor Doutor Ignacio Barboja
taõ capat(es ambos de autorijar, como eraõ de compor a mejma Bibliotheca.
V, m, a ejcreve no idioma Vortuguer^j fendo igualmente infigne, e podendo ficar
mais conhecido, e celebrado no idioma hatino. Iflo he fer amante, e :(elofo da Pátria,
ceder em obfequio delia até da própria fama, eftimar mais a lingoa particular do feu
paif^, que a univerfal do mundo; preferir as poucas acclamaçoens dos f eus naturaes às
muitas dos eflrangeiros , antepor a utilidade da fua Naçaõ à de todas as gentes.
Mas porque he tempo de cumprir a promejja que fi^ logo de fer breve, concluo
div^endo que v. m, por meyo defla incomparável obra fa^ beneficios á Pátria de quem
todos os recebem; que he generofo com os mefmos Soberanos de quem todos dependem;
que louva os paffados fem ter amit^ade, nem ef per ar premio, que honra os prefentes fem
dever obrigação, nem fat^er lifonja, que ferve aos futuros fem ter conhecimento, nem temer
inveja, e que merecia ter por panegiriflas do feu engenho quantos tem por ajjumpto do
feu trabalho. Guarde Deos a v. m , muitos annos 2. de Abril de 1741.
Difcipulo, e mayor Servidor, e venerador de v. m.
Conde de Vimiozo.
Senhor Abbade Diogo Barbofa Machado.
II
IN LAU D EM
DOCTISSIMI VIRI
DIDACI BARBOSA MACHADO
EPIGRAMMA.
O
MNIA noftrorum Scriptorum fcripta fimulquc
Illorum laudes fcriptor et ipfe refcrs.
Sic decus accipics quod das, doctufque docebis
Scriberc eum de te qui tua fcripta leget.
Comes Vtmiojenfts,
AO SENHOR
DIOGO BARBOSA MACHADO
Abbade de Sever ejcrevendo a Bibliotheca dos Autores Vortugm^^es.
SONETO.
0« tu que já dos nacionaes Autores
Hum corpo illuftre aos fabios offereces;
E que dos mefmos fabios naõ mereces
Menos nobres invejas, que louvores.
O' tu que atributos tens mayores
Do que eíTes Varoens doutos, que engrandeces;
E que chamarte devem reconheces
Sem lifonja Efcritor dos Efcritores.
Efcreve no Alfabeto, que admiramos,
O teu nome, fe naõ, fica imperfeito,
Faltando-lhe hum Autor, que celebramos.
Naõ ceda ao mais modeílo o mais perfeito;
Nem confintas já mais que em ti vejamos
Ser caufa huma virtude de hum defeito.
Do Conde do Vimiojo,
ELOGIO
DA
BIBLIOTHECA LUSITANA,
E DO SEU AUTOR
DIOGO BARBOSA MACHADO
Académico da Academia Real,
SONETO.
DO ILLUSTRIS. E EXCELLENTIS. SENHOR.
D. FRANCISCO XAVIER DE MENEZES CONDE
Da Ericeira Conjelheiro de Guerra, Mejire de Campo General, e Cenjor
da Academia KeaL
DE ti fe queixaõ Delio os Efcritores
De que hoje immortalizas as memorias;
Porque as folhas lhe roubas das victorias
Dos livros, e dos Louros vencedores.
Ainda que em Elogios fuperiores
Deixas as claras obras mais notórias.
Nas que efcreveíle, lhe eclipfaíle as glorias
Dos claros, e AppoUineos refplendores.
Receaõ que fundando nas ruinas
O edifício, em que agora os ennobreces
Sò a Ti próprio a fama te deítinas ;
Com enganofo aplauzo os defvaneces
Pois no que efcreves, hoje os illuminas.
Porém no que efcreveíle, os efcureces.
AO M. R. SENHOR
DIOGO BARBOSA MACHADO
SAHINDO A* LUZ COM A EXCELLENTE
BIBLIOTHECA
Dos Efcritores Portugueses
OFFERECE
FRANCISCO DE PINA, E DE MELLO
ESTE
J
SONETO.
A* rompe o tenebrofo monumento.
Da Lufa Encyclopedia o ardor Sagrado;
E a naõ fer do efplendor taõ amparado.
Perdera no defcuido o feu alento :
Mas eíle renacido luzimento
Vos eftava (oh Barbofa) deílinado ;
Pois o tem voíTo engenho refgatado
Da torpe fervidaõ do efquecimento.
Sobe com tanto impulfo a grande chama.
Na Portugueza gloria, à luz ferena, '
Que por todo o Univerfo fe derrama :
E talvez no louvor, que fe lhe ordena.
Menos deva ao clarim da eterna fama.
Que ao eílrondo immortal da voUa penna.
A* SINGULAR, E ERUDITA
BIBLIOTHECA
Dos Authores Vortugue^^es, que compo:^ o Reverendo Senhor
DIOGO BARBOSA MACHADO
Abbade de Sever, e Académico da Academia Real.
ROMANCE HENDECASYLABO.
DAR huma Livraria inteira ao Prelo
Excede a Esfera do talento, e da arte,
Sò voíTa immenfa erudição fizera
Ser taõ árduo impoíTivel praticável.
A os Nacionaes Autores concedeftes
O honrofo indulto de fó nella entrarem.
Cuja prerogativa lhes imprime
Para a veneração mayor Caracter.
Naõ fe emprega em menos nobre aflumpto
A illuílre penna de Efcritor taõ grande.
Sem que a gloria da Pátria foíTe o objecto.
Que a attençaõ dos eítudos lhe levaíTe.
A's outras Bibliothecas authorizam
Os livros, que em íi incluem, íingulares,
Sò única efta fabia Bibliotheca
A os Livros lhes concede authoridades.
Se houve já dilatadas Livrarias,
Que tomos agregando innumeraveis.
Na extenfaõ defmedida da grandefa
Fundaram o motivo da vaidade :
Oh como inclue em fi hum fó volume
Infigne Bibliotheca mais notável!
Pois para a jufta eíHmaçaõ do preço
Pode mais, que a extenfaõ, a qualidade.
Inclufos em hum tomo tantos livros.
Mais grandeza confeguem do que dantes.
Pois eílendem a fama, e no conceito.
Que delles fe formava, já naõ cabem.
Duplicado cfplcndor moftram as Obras
Ncfta fcgunda luz, a que hoje fahem;
Que a douta penna, quando as manifcíla.
Lhes faz mais decorofa a Mageíbule.
Inda aqucllcs Authores, cujas obras
Naõ lograrão, que a Fama as approvaíTc,
Com a vofla memoria ennobrecidos,
Seu nome fc fará mais refpcitavel.
Alguns, que fepultava o cfquccimento,
Devem à indagação do voflb exame
Que de efcuras noticias, quafi extintas,
Renaçaõ para fama perdurável.
Se a quem patentes faz as Livrarias,
Deve o publico grande utilidade,
Quanto deverá mais a quem zelofo
Naõ fó as faz patentes, mas portáveis?
Em periodos doutos repartiftes
Aos fabios livros commodos lugares.
Quem já vio Livraria, onde fe admiraõ
Mais difcretas, que os livros, as Eftantes?
Com alto aíTombro agora os livros ficaõ
Na formal ordem com que os collocaftes.
Se às injurias do Tempo refpectivos.
Aos aíTaltos da Enveja infuperaveis.
Vendo o excelfo lugar em que eílaõ poftos,
A mais foberba Critica fe abate;
Pois precifando reverentes cultos
Lograõ mais que refpeito immunidades.
Quando eternos fazeis tantos Authores,
Voflb nome confegue eternizar-fe.
Que com pródiga ufura generofa
Fica com toda a fama, que reparte.
De Joaõ Manoel de Mello.
PR^STANTISSIMO VIRO,
DIDACO BARBOSA MACHADO,
Domino fuo maxime colendo,
BIBLIOTHECAM
L ufi tanam
ÁUREO CALAMO SCRIBENTI
ODE
QUOS diu mutam chelyn entheato
Carminum fuadus rapis igne in orfus
Phaebe, & oblitum fidium immorari
Plauíibus unguem?
Quovocas? Sacri licet amnis undae
Effluant, nullus mihi fe bivertex
Collis indulget, properatve docta
Turba Sororum.
Anne Barbofam, decus omne gentis
Lyíiae, quanvis Helicon pateret
Se mihi totum, mentis canendo
Laudibus ornem?
Remige ignotum pelagum volatu
Trano, plumanti peto vel natatu
Doedalus Coeli novus, atque Ariont
^quoris audax.
Ille quod tandem retulit fepulchro
Nunc viros doctos, pariterque in aevum
Tradidit longum, memorique fculpíit,
Nomina Coelo:
Quos diu tempus, velut unda labens,
Obruit, diris reparat ruinis,
Donat et vita meliore, numquam
Quam teret aetas ;
Sive quod tantum pátrias decorem
Auget, et nullos cadet hic per annos,
Hinc feges magni celebranda plectrum
Opprimet Orphei,
Tollit Heroas, Superis rcmifcct,
Erigit quotquot ílmulachra Lufis,
Tot fibi mirum ílatuit pcrcnni
JErc columnas.
Hunc Dcum poflcnt homincs fatcri,
More íi Majá gcniti, repoftos
Morte facundus rcvocat, bcatis
Collocat aílris.
Quippc non folum ftudct acmulari
Tullium, ornata fupcrat loquclla:
Principem pofthac potiore quifquis
Jure vocabit.
Par fibi conftat, fimilifque femper
Difpares quamquam ferat ore fenfus,
Nectaris pollens, Charitumquae totâ
Fertilis Hyblâ.
Ergo felici Satã Marte, lauro
Nexa crinales obeunte Cirrhos,
I triumphali, trabeata palmis
Gloria Curru.
Tuque dum procedis, Jo Triumphe
Dic precor, dic rurfus, Jo Triumphe,
Sicque Barbofae fatis apta claris
Plaude triumphis.
Illius nomen, íimul atque laudes
Fama per latas fpatiata terras
Evehat, quá foi Oriens, Cadenfque
Frsena retorquet.
Quaque non notos populos, & urbes
Damnat asternis Hélice pruinis,
Quaque ferventes cúmulos arenae
Diífipat Auíler.
Ante fed crebro pede denatata
Unda natalem fcatebram revifet,
Ipfa, Barbofa, ore quam loquaci
Cuncta pererret.
Hsec tamen Centum famulata linguis
Det tibi plaufum modo docta, Mufa
Noílra dum certe nequit altiores
Promere Cantus.
Thomas Cajetanus de Bem C. R.
AUCTORIS
MIRAM ELOQUENTIM VIM LAUDARE CONATUR
HOC EPIGRAMMATE.
T
U nunc Romani Majeftas prima Senatus,
Cu jus & eloquii fulmen ab ore tonat:
Tu, licet invitus, Barbofae cede diferto ;
Vinceris ingenio, vinceris arte íimul.
Ergo file, & poílhac te muta íilentia volvant;
Aut mirare tacens quaeque legenda dedit.
Aíl non; rumpe, precor vocem; namque alter ab illo
Cum íis, tu folum dicere digna potes.
Thomas Cajetanus de Bem C. R.
eruditíssimo viro
DIDACO BARBOSA MACHADO
Bihliotheca Lufitana
PRIMUM VOLUMEN JÚRIS PUBLIQ FAOENTI.
ELOGI U M.
Siftc Lector.
Authori plaude,
Qui omnia literarum gcncra
Una comprehendit Bibliothccâ.
Auctori plaude,
Qui calamo,
Veluti Mercurii Virga,
Luíitanos Scriptores
Compellit furgere
Fatali Oblivionis è tumulo.
Auctori plaude.
Opus à multis tentatum
lUe unus
Ad umbilicum deduxit.
Félix Luíitania
Tali prole,
Tam grata fibi, quam omnibus.
Auctori plaude,
Optatam attigit metam,
Ut illum ducem fequantur,
Qui fequentur,
Cúm facile íit inventis addere.
O. S, M. D. D. P.
AO SENHOR
DIOGO BARBOSA MACHADO
Abbade de Sever , efcrevendo
A
BIBLIOTHECA LUSITANA,
ROMANCE.
L
I.
USITANO Plutarco, que eternizas
De tanto Efcritor Luzo altas memorias.
Na tinta, com que efcreves, lhe preparas
O balfamo mais puro para as obras.
11.
Já com elle da Parca os duros golpes
Naõ fentiraõ; pois vejo que os informa
Novo alento immortal, que eíles prodígios
Naceraõ deíTas vozes poderofas.
III.
Nos conceitos, que formas elevados.
Que a Intelligencia te fublimas provas ;
Mas nas vidas, que infundes eloquente.
Parece que a Deidade te remontas.
IV.
Da Lybitina injuílos os triunfos
No vafto mar do teu engenho aíFogas :
Naõ fulminara os golpes, fe entendera.
Que tu lhe havias de eclipfar as glorias.
V.
Sabia, e gloriofamente caíHgadas
Deixas de Cloto as barbaras afrontas ;
Porém na qualidade do caíHgo
Lá defcobre razoens para a vangloria.
VERSIO LATINA
L
I.
USIADUAI Plutarche, vagtim qui doãaper Orbem
Mtemas monumenta virum, queis hj/ta florei,
Yacundum calamo quem reddit clara nigredo
Baljama componis Lufts meliora lihellis,
11.
Inflixit qucB Parca trucí commota jurore
Vulnera contemnent, illos nam Jpiritus aura
Immortalis agit: novajunt miracula vocum,
Ilumina nam pojjunt rurjus producere vita.
m.
Subtili dum mente volas, ut 'Lifia laudes
S cripta, probas eivem clari te viver e cceli:
Attamen altijono cum reddis flumine vitam,
Eveheris, credo, dotes ad Numinis altas,
IV.
Barbara quot fixit pracox hibitina trophaa
Eloquio Jubmerja tuo petiere projundum :
Non iãus geminarei atrox , fi lumina nojjet
ímpia te denjis obducere pojje tenébris,
V.
Gloria quanta tibi, páriter Japientia quanta
Cum pr obra caftigas Cloto crude lia dirá I
Dum tamen expendit panam, quâplexa recedit,
Non dolet, ajl ipjo tormento elatajuperbit.
VI.
Vé que he nobre, porque he do teu difcurfo.
Daqui para a jaâancia aflumpto toma:
Que íingular juizo, pois ainda
Quando caftiga, o feu aggravo he honra!
VIL
Mas fe afíim honras, quando a Lyíia vingas.
Que mais hafde fazer quando perdoas?
Raro poder do teu entendimento
Que até as próprias paixoens faz meritórias !
VIIL
Na juftiça da guerra, que lhe fazes.
Antes de combater já te coroas :
E fó de acçaõ taõ grande os penfamentos
Baftavaõ para annuncio das vidorias.
IX.
Ambos vibrais as armas neíla empreza.
Porém tu generofo, ella envejoza,
Ella arraftrada da paixaõ infame.
Tu perfuadido da virtude Heróica.
X.
A ti a gloria da Naçaõ te obriga,
A ella o empenho de a abater provoca :
Ella efgrime a robuíla fouce horrenda.
Tu a penna fublime, illuftre, douta.
XI.
Ella a força põem toda nos feus braços.
Tu poens no teu juizo toda a força;
Faltaõ-lhe caufas para o eílrago a eUa,
A ti para o caftigo, e triunfo fobraõ.
XIL
Vio a Parca de Tullios, e de Homeros
Luíitania taõ fértil productora.
Que temeo, que por elles efqueceíTe
A Deidade de Delfos, e Dodona.
VI.
Bffe tua cognojcit opus, quia nobile, mentis,
Arripit hinc anjamfajlus ut turgeat aftu:
Quijnam erit, ingenium qui non adftdera tollat,
Cum vel cafiigas, honor eji injuria clarus,
vn.
Sedft tantus honos quando te vindice gaudet
Lyfta, quid fácies ctm panam, irajque remi t tas?
Vis quanta ingenii; menti ftat quanta poteftas
Qua motus animi grata mercede Jecundat !
vni.
Jujiitiâ, quâ hella moves, quâfervidus ardes
Nondum aciespugnant,jam te tua J ama coronat,
Aude igitur, nam animo quagrandia concipis auja,
Sufficiunt ut lata tibi viãoria plaudat .
IX.
Fralia tentatis, pugnasqtta cietis uterque,
Tetamen urget honos, livore at roditur illa;
Ília animo trahitur, maculat quem dedecus atrox,
Tujolum heroajuajus virtutis amore,
X.
Te L^yjia cogit Jublimis gloria gentis,
Perderejed hufos Jlimulat furor impius illam:
Illius horrendam verfatfera dexteraf alcem,
Tu calamum egregium, doãum, pariterque peritum,
XI.
Viribus illa fuis fperat fuperare, triumphi
Tufpem mente tua meliorijure reponis:
Olli caufa deefi ut firage fuperbiat , aquam
Ut fumas panam, et vincas, tibi major abundat.
XII.
ímpia mors vidit Cicerones, vidit Homeros
Fertilitate Solum mira producere Lufum;
Excidere afl animis timuit flupefaãa dolore
Numina, Dodonâ, Delpbis qua orada tenebant.
XIII.
Cega logo, tirana, e inexorável
Dos Campos de Minerva os Cedros corta :
Que efperaõ da eloquência as outras plantas.
Se os Cedros em Cipreíles fe transformaõ?
XIV.
Já no coro das Mufas Luíitanas
Melpomene Cançoens triíles entoa;
Pois a que era de Apollo Monarchia,
He da morte funeílo império agora.
XV.
Murchoufe o Pindo ; as Fontes correm turvas.
Ou naõ correm: Cadencias já naõ formão
As aves; tudo he horror; fó geme ao longe
O paíTaro nocturno em vozes roucas.
XVI.
O golpe fente a Luíitania, e a falta
Do caíligo a eíle infulto o mal lhe dobra :
Vingarfe quer; naõ quer lhe leya o mundo
Exemplos de fraqueza nas Hiílorias.
XVII.
Quer que a vingança, porque a Fama viva.
Se veja executada fem demora:
Que quem da Fama dorme nos aggravos.
Pôde o brio achar morto quando acorda.
XVIII.
Para punirlhe a injuria a Providencia
Refervou tua penna gloriofa :
Mas penna, que de Apollo, e de Mercúrio
Ser me parece, no que brilha, e obra.
XIX.
Só do poder do teu profundo engenho
Fiou a Esfera acçaõ taõ prodigioza;
Que de taõ grande Alcides fó emprezas.
Com que o Ceo naõ concorre, faõ impróprias.
XIII.
Barbara, ccsca, furem, non exorabilis ergo
Excin^it Cedros, jrondentia dona, Minerva,
Arboribus doílis quidnam Jperare Ucebit,
Si qua Cedrus erat,jam nunc ejl atra CupreJJus?
XIV.
Cajlalidum hyftce reticet vox illajuavis,
Melpomene trijlisjam trifiia carmina cantat;
Namfuerat quondam qua dulcis Apollinis Aula,
Nunc eji immitis caligans Kegiafati,
XV.
Langui t en Vindus, fontes Jua flumina turbant,
Vel laticesfiagnant, avium chorus ille canorus í
Mthera non mulcet, tenet omnia frigidus horror,
Et fonitu rauco folum gemit atra volucris,
XVI.
Vulneris impatiens queritur gens Lufa cruenti,
Ultiojufta deefi; geminatque hinc illa dolorem,
Sumere vult panam, non vult quod perlegat Orbis
Hifloriis tranfmiffa fuis exempla timoris,
XVII.
Optat vindiciam, pojjit quâ vivere fama,
Sed cupit extempló sceleris quod pana fequatur :
Offenfus fama nam qui dat membra quieti,
Defunãum, inveniet quando evigilabit, honorem.
XVIII.
Provida cura tamen calos, terrafque gubernans
Ília tuum calamum pompa fervavit ovanti,
Oui calamus ! Vel Mercurii, vel Apollinis efje
Crediderim; tanto fplendet fie illa nitorel
XIX.
Ingenio vis illa tuo conter mina calo
Credidit immenfum tantum modo ferre laborem :
Nam que aliena tibi tantum f as credere gefla
Clara Jovis Soboles, queis non arridet Olympus.
XX.
Mas oh pafmo ! Que mar de refplandores
Da Lufitania o campo innunda, e doura?
Naõ fey fe he terra, ou Ceo? Sey que o azul Globo
Quando quer brilhar mais, luzes lhe rouba.
XXI.
Producçaõ rara da tua penna infigne
EíTa brilhante innundaçaõ fe moilra :
E até as lingoas de fogo com que applaude
A teus triunfos me parecem tochas.
XXII.
Para o jullo pregaõ dos teus acertos
Eraõ do veloz Monftro as vozes poucas :
A ajudar obfequiofa eíla armonia
Naõ quiz faltar a terra : abrio-fe em bocas.
XXIII.
Oh que Metamorfofe foberana
Teus acentos fizeraõ neíTas Covas I
Já faõ vivas os ays, e em elogios
Os Epitáfios fúnebres fe trocaõ. '
XXIV.
Palmas as cinzas faõ, louro os Cipreíles,
Aras as pedras, refplandor as fombras.
As mortalhas trofeos. Templos as urnas.
Imagens vivas, as que eílavaõ mortas.
XXV.
Reílaura-fe de Apollo o antigo Império,
Cantaõ flores, riem Aves, brilhaõ ondas,
Refplandece, triunfa, reyna, vive
O jubilo, a eloquência, a uniaõ, concórdia
XXVI.
Vive tudo ; e fó morre efla que piza
Taõ foberba os Palácios, como as choças;
Mata-a a inveja, que aprenderão ambas
Inftrucçoês de matar na mefma efcoUa.
XX.
Atftuporl JEtberei Jplendoris copia quanta
Luftadum expatiatur agros, circunda t et aurol
Terra eft, an Calum? No/co quod carulus axis
Lumina/ubducit majori ut luce corufcet.
XXI.
Hacpraclara tui calami produãio fulget
Alluvies radians, umbras quafiernit opacas;
Etplaudens et iam vivax tibijlamma, triumphos
Ut celebret fejliva tuos,funalia credo,
XXII.
Ut meritis condigna tuispraconia dicat
Indiget et verbis monjlrum velocius Euro :
Objequium prajlare volens, etfundere cantus
Deficit haud tellus; muitos patefecit hiatus,
XXIII.
Oh ! quam magnarum certé miracula rerum
Verba tua effojfis jàm Junt operata cavernis!
Omfuerant quondam Jujpiria triftia, pcBan
Nuncjunt; ó' laudes, fignatum carmine Jaxum,
XXIV.
Palma Junt cineres, laurusfit majla CupreJJus,
Ara Junt lapides, ardent Julgoribus umbra,
Sunt delubra urna, Junt lintea, clara trophaa.
Mor tua qua Juerat , Jpirans modo vivit imago,
XXV.
Antiquum novat imperium Jacundus Apollo,
Fios modulatur, aves rident, undaque rejulgent,
Collucet, regnat, vincit, meliujque triumphat
Gaudium, (& eloquium, dulcis concórdia, Jadus,
XXVI.
Omnia deducunt vitam, tantum occidit illa,
Ouajajloja cajas, <& celjapalatia calcat,
Invidia pugione cadit, namque utraque dirás
Occidendi artes una didicere palejlra.
XXVII.
Defpedaça-fe, grita, brama, efcuma
Implacável, cruel, e venenoza;
E fe guerra fez grande à Lufitania,
Agora a tem mayor configo própria.
XXVIII.
Por boca, por ouvidos, e por olhos
Mongibellos refpira, Etnas arroja:
E dos olhos, da boca, e dos ouvidos
Parece todo o inferno indigna Copia.
XXIX.
Aonde eílá, 0'Morte, o teu triunfo?
Naõ fabes de affrontada onde te efcondas :
Oh que felice foras, fe puderas
Reduzir a cadáver a vergonha?
XXX.
Movefte contra as Arvores da fciencia
As tuas fatáes Armas (acçaõ louca !)
De que fervio o eílrago, fe o reítaura
Quem arvores da vida as deixa todas?
XXXI.
Naõ fabes, que eílas plantas daõ as flores.
Com que a filha de Juppiter fe touca?
E que nas fuás folhas por mais ricas
Enthezourava as pérolas a Aurora?
XXXII.
Bailava eíta rezaõ para o refpeito;
Porem tu quando foíle obfequiofa?
Se o infulto, o efcandalo, e a defordem
Saõ as Imagens, que o teu templo adornaõ.
XXXIII.
Horrendo Sacrilégio, o arruinares
Do Sacro monte a gala mais viíloza!
Taõ feyo foy, que inda a CaítaUa, dizem.
Murmura deUa acçaõ com lingoa folta.
I
xxvn.
Se lacerai, dat vocês, fpumat, & infremit ore,
Implacatajurit, lethalia toxica f pirai :
llt ft Lujiadas contra fera hella paravit ,
Nunc atrox majora parat certaminajecum,
xxvin.
Osjadum, arreãaqm aures, et lumina torva,
Evomit ardentes flammas, & projicit áithnas:
Si tamen os videas, videas fi lumina, <& aures
Carceris umbrarum metuenda videtur imago,
XXIX.
Nunc immitis ubi tua mors viãoria? Ne/cis
Opprobriis affeãa locum, quo te abdere pojfis.
Oh nimiiimjelix, pojjes ft Java pudorem
Reddere, quo premeris,fadum Libitina cadáver?
XXX.
Tu bellum arboribus, queis clara Jcientia fulget
Effera movijii fatale { piacula Jiulta ! )
ímpia quidftrages tibiprofuit? Innovat omne,
Ver ter e qui nojcit ligna in vitalia plantas,
XXXI.
Ignoras illas redolentes promere flores,
Queis caput exornat doãum Jovis inclyta gnata?
In joliijque Juis pretii majoris Eoas
Tithoni conjux gemmas rubicunda recludit?
XXXII.
Hacjatis una, reor,fuerat tibi cauja decori;
Objequium at quando Jolita es prajiare Juperba?
Si furor, (ò' rabies, audácia, fcandala trifie
Templum fada tuum qua funt fimulacra coronant?
XXXIII.
Horrendum facinus Sacri cum evertere montis
Invidia fiimulis aãa ornament a parafli;
Tam deforme fuit, quod adhuc Parnafia lympha
Hoc fcelus infandum fluido fermone refellit.
XXXIV.
Queres viva a ignorância? Oh que fe feguem
ConTequencias daqui perniciozas ;
Quem naõ hà de fer nefcio, fe fe obferva
Que da morte izençoens o nefcio logra?
XXXV.
Fatalidade grande, que comtigo
Menos as luzes, do que as fombras poílaõl
Porem fe afíim naõ fora, como havia
Brilhar hoje a eloquência vitoriofa?
XXXVI.
Mas oh ! que a venda, que te cobre os olhos.
Do mais nobre attributo te defpoja:
Naõ diítíngues as ruinas, que fe as viras.
Tal vez te arrependeiles do que profiras.
XXXVII.
Quebra a fouce : naõ tenhas deíle eílrago.
Que he mais penna, huma Eftatua vergonhoza:
Faze o mefmo ao Relógio, naõ conferves
Defpertador de infâmias taõ notórias.
XXXVIII.
Olha, que te converte deshumano
Em feculos de dor as breves horas :
Defpedaça-lhe as rodas, fe naõ queres
Que fejaõ para ti de Ixion rodas.
XXXIX.
AíiíHda te vejo da ignorância.
Que inconfolavel a fua afronta chora;
Mas na difcreta cauza do feu pranto
Parece que do que he, defmente a nota.
XL.
Que bárbaro furor! Mas naõ me animo
Vendo a excefíiva dor, que vos fuffoca,
A fazervos preguntas, que naõ quero
Proveis fegundo eílrago nas repoílas.
I
XXXIV.
Vijne rudem injcitiam vitam protendere : Quanta
Hinc ( opus efi videas ) jatalia damna jequantur :
Qtiis erit, iguarus qui non velií ejje I Notaíur
Si moríi ignaros veãigal Joluere nullum»
XXXV.
Fatale eventum: ecquis erit qui credere pojftt
Plus um br as tecum, quam lumitia clara valer e?
Atjialiter res totajoret, vexilla Jublime
FJoquium baud poteraí Julgent ia ferre per Orbem,
XXXVI.
Attamen oh? Trijlis quaf afeia lumina velat,
Tefpoliat miferam titulo meliore, ruinas
ímpia pracipitis nefcis diflinguere , forte
Illasfi afpiceres, marenti corde doleres,
XXXVII.
F alcem frange trucem ; flragis fervare recufa
( Nam dolor efi major ) fimulacrum turpe cruenta,
"Ex trem um velox patiatur Clepfidra dam num
Nefít qui memore t monumenta infâmia culpce,
XXXVIII.
Afpice, nam que expers tenercB pietatis, amara
Fjxiguas horas cerumnce in fécula vertit:
Pernices confringe rotas, ne Ixionis inflar
Sit rotajunãa rota mafliffima caufa malorum.
XXXIX.
Affociata tibi fedet ignorantia, fletu
Qua damnis affeãa fuis rigat ora profufo :
At fi difertam luãús volo quarere caufam
Faãa videhuntur propriis pugnantia faãis,
XL.
Dirus qui furor efl? Animusfed denegat ultra
Peãora cum video duro cruciata dolore
Quafitis lacerare méis; refponfa timerem
Ne fierent flragis vobis nova caufa fecunda.
XLI.
E tu Heróe, gloriofo, que efte nome
Com jufto, e immortal credito fe arroga
Quem piedozo a Naçaõ reftaura illuftre
Da fogeiçaõ da Parca rigoroza :
XLII.
Triunfa, que na morte que venceíles
Em hum Triunfo três Triunfos contas :
Pois quando efta deílròes, a ignorância,
O voraz Tempo, e a inveja vil derrotas.
XLIII.
Sejaõ os quatro Monítros debellados
Os que te movaõ a triunfal Carroça
Se Febo naõ tivera o Plauftro ardente;
Efta o feu Carro fcintillante fora.
XLIV.
Oh que en vejas faz hoje o Tejo ao Tybre?
Competências co mar ufano apofta :
Gafta o metal flutuante de que abundas
Nas Eítatuas, que a teus Triunfos forma.
XLV.
Já me parece vejo tresladadas
Para os Circos e praças de Lisboa
As Agulhas, Pyramides, Coloflbs
Milagres do cinzel, que adora Roma.
XLVI.
Defle Régio Atheneo, de que es Alumno,
Defcreva teus Trofeos a Oratória :
Pois a Africa empenhada em aplaudirte
Até da área adufta Palmas brota.
XLVII.
Do Capitólio já da Eternidade
Alegre a Luíitania te abre as portas :
E agradeíida a Cròa te prepara
Muito mais que a de Ariadna brilhadora.
XLI.
Tugeneroje heros, quem gloria doãa corona t,
Cui mérito nomen tanti debetur honoris,
Nam gentem illujlrem pie ta te injignis avara,
Mortis ab exitio redimis, Joluis que vetujto,
Lxn.
Vive ergo : S poli is, qua victâ morte reportas
Eft tibifas um triplex numerare trophaum,
Illam nam quando viãor pede proteris aquo
Injcitiam, invidiam juperas , et mobile tempus,
XLIII.
Hac quatuor deviâa tuâ deformia dextra
Monjlra trahant currum, veheris quo celjus ad afira .
Ardens fi plaufirum rutilans non Phabus haberet,
Igneus hocjolo toti Jplendejceret Orbi.
XLIV.
Oh quantitm invidia Tiberi Tagus excitat! Audax
Occeano conferre parat certamina vafio;
Prodigit undivagum, quoprofluit, ille metallum,
Ut fimulacra tuos reddant praclara triumphos,
XLV.
TranJmiJJas video ( mea ni Sententia fallit )
Urbis ad Molidis Circos et compita magna
Vyradimes ceifas et regia monftra ColoJJos,
Qmjcalpro efformata colit miracula Koma,
XLVL
Et Schola Kegalis, que tejejaãat alumno,
Commendet tuajaãa aui Jermone perito :
Africa nam que tua fama devota perenni
Germinai ardenti viãrices littore palmas,
XLVII.
Illius ergo avi, quod têmpora nefcit, et annos,
Áurea Luufiadum plaufus tibi limina pandit
Splendentem que tibi molitur grata coronam,
Que fuperet fulgore vagum Minoidis afirum.
XLVIII.
Cante a Fama o Epinicio, e efpectadores
Sejaõ defta Luzida immortal Pompa:
Quanto banha de Luz o Deos radiante
Da concha Occidental à Oriental concha.
IL.
Bafta Muza pois, já da minha Hra
Deftemperadas pulfa o plectro as cordas :
Se melhor cantar queres, segue os eccos
DeíTa armonia, que no Templo foa.
De Manoel Pereira da Cofia,
XLvni.
Fama canat ciar um wayori você triumphum,
Accurrat mérito pompa immortalis amort
Quidquidin Orbe nitet radiantis Numinis iffte
Littore ab Occiduo rutilas Orientis adundas,
IL.
Mujajatis: Cythara rapidus jam deficit tile
Spiritus etfidibus non ejl concórdia lapfis:
Si melius cantare cupis , Jludiofius audi
Concentus hilaris, quo Templum perfonat, echo.
D. J. B. C. R.
AO SENHOR.
DIOGO BARBOSA MACHADO;
Ahhade de Sever, efcrevendo a
BIBLIOTHECA LUSlTANAl
ROMANCE.
E
Mprefa heróica, idea peregrina
Capaz da erudição profunda, e vaíla.
Com que te conflitues dignamente
Novo Protheo de formas litterarias.
AíTunto íingular, negado a todos,
Te refervou a Providencia facra :
Porque o pefo da Esfera fó fe fia
A quem as forças tem proporcionadas.
Quem te infpirou, Barbofa fem fegundo,
A immenfa execução de emprefa tanta?
Donde fahio a nunca vifta idea.
Que horroriza, fomente imaginada?
Acafo pode a margem do infinito
Permitirfe tocar da força humana?
Ou tem da immenfidade os privilégios
A potencia do engenho limitada?
Tu Sò : porque fó tu, fem luz de exemplo.
Com penna heroicamente temerária
Solicitaíte os termos do infinito,
E foubeíle pifar do immenfo a raya.
Affim o dizem rafgos eloquentes
Dos caraâieres mudos deíTa eftampa;
Cuja immenfa matéria facilita
Os créditos, que nella te confagraõ.
Dos Lufos efcritores a noticia
No caos do efquccimcnto fepultada
Aos impulfos da pcnna, que os dcfcòbre.
Alentos reproduz, honras rcAaura.
Mais, que delles, de ti nos dás a copia
Sendo a penna pincel, tinta a elegância;
E uíurpando de todos os matizes
Com as mais vivas cores te retratas.
Foy neceflario o efpirito de tantos
A darnos huma idea da tua alma:
E ainda affim forma queixas o refpeito
De que na fombra alhea a luz recatas.
O* quanto entre as Nações, que a defconhecem,
A teu fabio difvelo deve a Pátria!
Pois, porque voe à Esfera de erudita.
De tantas pennas lhe teceíle as azas.
Mas com tal differença de fortunas
Entre a Fama de todos, e a tua fama,
Que à de todos lhe baila huma fó penna,
E as de todos à tua ainda naõ baítaõ.
O' Pátria fecundiíTima de engenhos.
Se como os geras, naõ os defprefaras.
Quantos teriaõ nome nas Hiílorias,
Quantos teriaõ vulto nas Eílatuas !
Emenda o ócio inútil de efquecida,
Nêgate ao feyo titulo de ingrata,
E eterniza nos mármores a hum Filho
Cifra de todos, que fo elle exalta.
De D, ]oachim de Santa Ama Cónego Regular de Santo
Agojlinho
AOSENHOR
DIOGO BARBOSA MACHADO
Ahhade de Sever efcrevendo a
BIBLIOTHECA
Lufitana
ROMANCE.
V
ARAM Sábio, que impulfo vos anima
Ser decorofo eílrago às Sepulturas?
Porém no univerfal juizo voíTo
Que mérito haverá que infeliz durma!
Refucitar fomente à natureza
Divino Império pela obra inculca.
Quanto que a natureza hé mais a Fama
Tanto a acçaõ para o exceíío fe reputa?
Ou mortos ou confuzos nas memorias
Jaziaõ como efcandalo da incúria
Milhares de Efcritores Lufitanos ;
Da los a conhecer novos apura.
Oh naõ fe diga naõ, que para os Sábios
Taõ cega como avara hé a Fortuna,
Porque naõ falta ao premio, mede o tempo
Satisfaz ao trabalho, naõ o adula.
Talues foíle notada Luíitania
De preclaros ingenhos infecunda.
Quem a Pátria deffende da ignominia
Dilata-lhe a extenfaõ pelo que a illuílra.
Deffendida naõ fó, mas venerada
A deixa voíTa penna, que triumfa
Da Criíi mais fevera pois efcolhe
E naõ para efcrever fomente ajunta.
Eílatuas vos eríja agradecida
Mas cfta voíTa obra aquclla fruílra,
Que onde tem o primor que remontar-fc
Depois da perfeição fer abfoluta?
Mais que em mudos Padrocns, em vozes vivas
Se conllrue a erudita archi£letura,
NaÕ concilia o acerto authoridade
Por mais que crcça, fe fe naÕ divulga.
E como novamente organizados
Tantos fabios herócs a morte infultaõl
Grande mizeria hé para a ignorância
Ser pego, e naô depozito nas urnas.
Só hc filho da Pátria, que a engrandece.
Depois de morto honralla hé gloria fumma.
Quem a elles, e a cila immortaliza
De fer Pay fem cuidado achou a induílria.
Parece deftinou a Providencia
Aos Barbofas Athlantes da cultura
Defla de Juppiter producçaõ fublime.
Donde melhor defcanfa, fe confulta.
Triumvirato douto fe diftinguem.
Mais que o fangue, a Sciencia hè que os vincula.
Qual o primeiro feja inda fe ignora:
Também hà confuzam, que naõ perturba.
Do filho de Clymene a arte excedem.
Deixando confervar na ruina aduíla
Diffimulado o fogo fem que poíía
Paííàr de Purgatório a fer injuria.
Bem fe vé neíTas cinzas já naõ cinzas
Para fempre animadas, e incorruptas,
O calor naõ perdiaõ nas memorias.
Texto ficou, o que era conjeâura.
Sábio inveíligador da antiguidade.
Erudição como eíTa taõ fecunda.
Só podia de hum parto do juizo
Sahir à luz com tantas creaturas.
Naõ podendo creallas, as formaíles
De novo, e agora izentas de caducas,
Nunca efcrever foubeíles fem decoro.
Vivendo vós, a morte naõ aíTuíla.
Que vergoens naõ fazia o efquecimento
No roílo da idade porque muda?
Tira-lhes tanta nódoa a volTa tinta,
Hé Luíitania do Orbe formofura.
Baila, naõ de elogio ao voíTo nome.
Sim de grato defpenho à minha Mufa,
Que naõ pode huma penna taõ raíleira
Servir no voflb Templo de Colunna.
Suilentay vós fomente como Alcides
Do orbe literário a cafa auguíla.
Pois pondo nella a voíTa Bibliotheca,
Temo nafça a miferia da fartura.
Só à Pátria fervir hè liberdade.
Quem a naõ ferve, he vil, que o ócio educa,
Neííe barrete honra da milicia
Se veja premio o Mantelete, ou Murça.
Bra;(^ Jo^é Rebel/o LeiU,
I
eruditíssimo viro
DIDACO BARBOSA MACHADO,
Abbati S. Adriani in Sever ^ Regalis Academicv Sócio,
BIBLIOTHECAM
LUSITANAM SCRIBENTI.
Vir Egregie
Unius te Doftorem libri non efle,
Apertum facis,
Cum vel hoc in uno Bibliothecam verfas.
En Authori fuo congruum Opus ;
Alii alios libros fcribant,
Te non nifi integra decet Bibliotheca;
Quam,
Nifi totam mente clauderes, non proferres.
Imó curtam nimis
Eruditionis tuas copiam facis,
Relatis unius tantúm gentis Scriptoribus,
Fadurus integram, fi retulifles omnium.
At dandum id prae reliquis Patriae fuit,
Quam oportuit fe ipfam nofcere;
Iníimul, & vindicari
Ab impoUuris exterorum,
Quibus folemne eít
Verbo, fcriptis (quando nequeunt fadis)
Luíitanos deterere
Non modo gládios, fed & calamos.
Dandum id civibus fuit tuis,
Apud quos Scriptor
Qui pluma reliquos elevet fua.
Rara eít avis :
Ni tuis ipfe aufpiciis
Omnium utilitati profpiceres,
A nullo forfan alio auderent,
Sibi tale quid aufpicari.
Dandum id quoque fuit Confanguineis tuis.
De re litteraria optimè meritis :
Arbori florentifílmae
Familiae, gentifque tuas
Liber hic debebatur,
Debebantur haec folia,
Quibus multiplex defcriptum nomen
Probaret
Fieri è quolibet ejus Ligno Mercurium.
Utcumque tamen fuerit.
Uno hoc fado
Obaeratos tibi reddidiíli
Omnes Luíitaniae Scriptores :
Quas alii exaraverant,
Monumenta perenniora aere
Magna ex parte rubigo exederat.
Tu novo xre incidis,
Ut denuò perítrigant óculos intuentium.
Aliorum clarifíima nomina,
Quae vel modeília texerat, vel vemílas abraferat.
Tu follicitudine tua
Quaíi lumine detegis fuperfufo:
Atque tenax juJftitias
Etiam inter obfequia
Unumquodque opus domino,
Dominum operi reponis fuo,
Reliquos, eofque bene muitos,
Omnium adhuc manibus tritos,
Nequa fimilis tempeílas abfumat,
Tabulis tuis expoíitos
Securos reddis perennitatis.
Ex hoc
Omnes Luíitanos Scriptores
Renatos quifque meritò dicet,
Cum,
Gtra Pithagoricum delirium,
Denuò viderit in lucem éditos,
Imò, & in unum migraíTe Corpus
Tuae Bibliothecas.
Quod ut fieret,
Hauriendum non fuit oblivionis flumen,
fed fuperandum.
Plaude tibi,
Ferax ingeniorum Luíitania,
Exueris Hcèt fera Barbariem,
Brevi rcparaíli damna plurium Saeculorum.
Viccras facpius ílrcnuiffimas gentes,
Aperto Marte;
£x quo patuit in te aditus Palladi,
Stylo quas viceras férreo,
Viciítí et áureo.
Plaude, iterum plaude Lusitânia:
Tot fere ditata libris,
Quot libcris,
Ceu te muitiplicitatis tacderet,
Unum modo profcrs,
Qui,
Ceu foret inílar omnium,
Refcrt omnes.
Utilis ille quidem non minus íingulis,
Quia omnibus,
Ab aliis propulfat injuriam temporum,
Aliis prsecavet;
Non minus proptereà aeternitate dignus,
Quod aeternitati reliquos commendaverit.
Stacius de Almeyda Congregationis Oratorii UlyJJipo-Occidentalis
DO SANTO OFFICIO
VIÍlo eílar conforme com o feu original pode correr. Lisboa 5. de Dezem-
bro de 1741.
Fr. R. de 'Lancajiro. Teixeira. Sylva. Soares. Abreu. Amaral,
DO ORDINÁRIO.
VIÍlo eílar conforme com o original pode correr. Lisboa 5. de Dezembro
de 1741.
D. V. Arcehijpo de l^acedemonia.
DO PAÇO.
TAxaõ efte Livro em três mil e duzentos reis para que poíTa correr. Lisboa 6.
de Dezembro de 1741.
Pereira. Teixeira. Va^ de Carvalho.
ERRATAS EMENDADAS.
Pag. 23. col.
pag. 5 5- col.
pag. 145. col.
pag. 16}. col.
pag. 166. col.
pag. 177. col.
pag. 179. col.
pag. 216. col.
pag. 216. col.
pag. 217. col.
pag. 220. col.
pag. 286. col.
pag. 288. col.
pag. 291. col.
pag. 318. col.
pag. 319. col.
pag. 327. col.
pag. 343. col.
pag. 376. col.
pag. 390. col.
pag. 416. col.
pag. 462. col.
pag. 480. col.
pag. 482. col.
pag. 491. col.
pag. 495. col.
pag. 524. col.
pag. 572. col.
pag. 599. col.
pag. 628. col.
pag. 648. col.
pag. 692. col.
pag. 705. col.
pag. 710. col.
pag. 735. col.
pag. 761. col.
2. reg. 38.
1. rcg. 12.
1. rcg. J3.
I. rcg. 42.
1. rcg. 42.
1. rcg. 51.
I. rcg. j.
I. rcg. 31.
I. rcg. 34.
1. reg. 22.
2. reg. 20.
2. reg. 22.
2. reg. 38.
2. reg. 49.
2. reg. 25.
2. reg. 9.
2. reg. 39.
2. reg. 42.
I. reg. 23.
I. reg. 18.
I. reg. 2.
I. reg. 45.
1. reg. 52.
2. reg. 48.
I. reg. 43.
I. reg. 38.
1. reg. 47.
2. reg. 44.
1. reg. 22.
2. reg. 43.
I. reg. 49.
I. reg. 50.
I. reg. 32.
I. reg. 32.
1. reg. 33.
2. reg. 28.
faria
foTja.
no
na
affírma
ajfima.
Subjiecemt
Subjecerunt.
adnotationis
adnotatiombta.
afte
efle
campleta
completa
vivam
max
Myronis
Maronis
Geueral
General
marca
murça
Carcame
Carcome
tenftemunho
tejlemtmho
deferanda
de ferenda
porque tinha
tinha, porque
Mifericadia
Mifericordia
forentes
forenfes.
ANLONIO
ANTÓNIO
peritis iníignia
peritia injifftis
filhalha
filha
fegaintes
Jeguintes.
compoz
compojlo
Romnna
Komana
Collaçoent
Collaçoens.
Repetito
Repefítío
precito
preceito
com
como
Calori
Caroli
iníignas
infignes
Monarcia
Monarchia
goverzaraõ
governarão
porá
para
alterou
altercou
largas
largar
naçaõ
naceu
Poílohuma
Vofihuma.
II
II
^o VLyssuypnerif'
imcudõ Santo^drui
Real:
«o/.
L
BIBLIOTHECA
U S I T A N A
A
BRAHAM COEN
PIMENTEL natural
de Lisboa, donde paf-
fando a Amfterdaõ,
publicou no anno
de 1699.
Quefioens EJcolaJiicas.
ABRAHAM FER-
RAR natural da Cidade do Porto, e Medico
de profiffaõ. Por fer acérrimo Sequaz do
Hebraifmo, receando experimentar o merecido
caíligo da fua apoftaíia fe retirou furtivamente
para Amílerdaõ, onde foy pelos feus naturaes
benignamente recebido, e exceíTivamente eíli-
mado; de tal forte, que o elegerão Preíidente
da Sinagoga no anno de 1652. em o qual
lhe dedicou Manaíle Ben Ifrael huma Oraçaõ
compoíla em applaufo do Príncipe de Orange,
e Henriqueta Maria Rainha de Inglaterra
na occaíiaõ em que eftes Príncipes foraõ ver
a mefma Sinagoga. Efcreveo, e imprimio
na lingua materna em Amílerdaõ.
Declaração das 613. Ejtcomendanças da no ff a
Santa Ley. Anno da creaçaõ 5387. e de Chrijlo
1627. em 4.
Deíla obra, como do feu author, faz
memoria o mefmo ManaíTe in lih. de Kefur-
reàt. mort. e no de Fragilitate hiiman. part.
2. § 10. Guílavo Peringer. pag. 26. onde por
engano lhe chama David. Jul. Bartoloc. in
Bib. Rabbin. Part. i. n. 108. NicoL Ant.
in Bib. Hifpan. Tom. 2. in append. 2. pag.
313. Joan. Chriftoph. Wolíius in Bibiliotb.
Hebraa. pag. 98. n. 137. Jacob. Le Long.
Bib. Sacra. pag. mihi 593. col. 2.
ABRAHAM FERREYRA cujo apeUido
mudou em Irira, quando deixando Portugal
paflbu a Amílerdaõ, onde profeílou a obfer-
vancia dos Ritos Judaicos. Foy igualmète
perito em os myiierios da Cabbala que nas
BIBLIO THE CA
efpeculaçoens da Filofofia Platónica, e Ariílo-
telica, de que deixou claros argumentos nas
obras feguintes.
CaJa de D ws ex Gen. XXVII . 17. Cõ/ta
de fete partes, e outros tantos capítulos.
Foy traduzida efta obra na lingua Hebraica
pelo Rabbino Ifaac Abuhab Prefidente da
Sinagoga dos Judeos de Efpanha em Amf-
terdaõ, imprefla naquella Cidade anno da
criação 5415. e de Chriílo 1655. 4.
Porta dei Cielo. Foy tradufida em Hebraico
pelo mefmo Rabino, e impreíTa no anno
aíTima declarado, e depois fe verteo na
lingua Latina em eílylo mais compendio fo,
e fahio no Tom. i. Part. 3. CahhalcB denudata.
Solisbaci 1678. O principal argumento deíla
obra coníifte em hum parallelo das doutrinas
Cabbalifticas de Enfoph, e Adaõ Kadmon
com a Filofofia Platónica.
Epitome y compendio dela Ilógica, ò Dia-
letica, en que fe expone,j declara breve, j facil-
mente fu ejfencia, partes, y propriedades, preceptos,
regias, y ujos, dijiribuido en 7. liuros. 8. fem
lugar, nem anno da Impreflaõ.
Fazem memoria de Abrahaõ Irira Baf-
nage Table de A.utheurs dela Hijioire, et la
Keligion des Juifs Tom. i. onde o intitula
Portuguez, e Joaõ Chriílovaõ Wolfio in
Biblioth. Hebraa pag. 66. § .101.
ABRAHAM DA FONSECA cuja pátria
fe ignora. Foy muito verfado na liçaõ da
Sagrada Efcritura, e na intelligencia das
fuás mayores difficuldades, por cujas partes
mereceo que em Amburgo foíTe o pri-
meiro Rabino da Sinagoga dos Efpanhoes,
^nde viveo muitos annos com geral opinião
de infigne Meílre. Morreo a 17. de Julho
de 1671. compoz.
Oculi Abraha, five Index verjuum Bibliorum,
qui explicantur in libro Kabot, <& Mattanoth
Kehunna. Amfterdaõ apud Danielem da Fon-
feca anno creationis 5387. ChriíH 1627. 4.
Naõ faltou quem affirmaííe que efte
livro fora impreíTo primeiramente em Amf-
terdaõ no anno da creaçaõ 5327. e de Chrifto
1567. cuja aíleveraçaõ, fe convence fer falfa,
porque fendo publicada nefte anno, naõ
podia fer compofta efta obra por Abrahaõ
da Fonfeca, como taõbem porque nefte
tempo, como doutamente advirtio Wolfio
in Bib. Hebraa pag. 36. n. 133. naõ afiiíliaõ
os Judeos em Amfterdaõ, nem tinhaõ impref-
faõ para publicar as obras, que efcreviaõ.
No Cathalogo da Biblioteca de Joaõ Vander
Wayen fe lé efta obra imprefla no anno de
1632 in 4. Do author faz memoria Jacob le
Long. in Bib. Sacr. pag. mihi. 593. col. 2.
^ ABRAHAM FRISIO, o qual affirma
fer Portuguez, Jorge Draudio na Biblioth.
ClaíTica no titulo dos Chronologos. Foy
igualmente douto no eftudo da Chronolo-
gia, que na liçaõ da Biblia, efcrevendo
Chronologia fecundum normam Sacra Scrip-
turcB conformandcB, ac corrigenda Delineatio bre-
vijfima. Gorlicii apud Joannem Khamba. 1614. 4.
ABRAHAM GADELHA grande Medico,
e infigne Aftrologo. Por fer muito douto
nefta Sciencia lhe mandou o Infante D. Pedro
Tio DelRey D. AfFonfo V. que obfervafle
o afpeéto dos Planetas para delles conjeéhirar
a felicidade do governo daquelle Príncipe na
hora, em que para Monarca defl^ Coroa foy
aclamado em Thomar a 10. de Setembro de
1438. Em premio defta obfervaçaõ deu o
mefmo Príncipe a húa filha de Abrahaõ Gade-
lha huma Tença, o qual em agradecimento
defta género fa dadiva compoz hum largo, e
erudito Difcurfo acerca da obfervaçaõ que
tinha feito, e o dedicou ao mefmo Príncipe,
onde lhe augurava muitas felicidades.
ABRAHAM GOMES SYLVEIRA aHas
Diogo Gomes Sylveira. Ainda contava poucos
annos de idade, quando deixando a pátria,
difcorreo pellas mais celebres Cidades de
França, e Flandes, atè que em Amfterdaõ
fez o feu domicilio. Applicoufe ao efl^do
das Sagradas letras em que naõ fez pequeno
progreflb. Era naturalmente inclinado à
Poefia jocofa, da qual publicou diíFerentes
obras, principalmente hum Vexame à imitação
de Jerónimo Câncer, que fe imprimio, como
taõbem alguns Sermoens em Amfterdaõ no
anno da Creaçaõ 5438. e de Chrifto 1676.
ABRAHAM NEHEMLAS infigne Medico,
que floreceo no Século XVI. de cuja facul-
dade deo hum erudito teftemunho nas obras
feguintes.
L USITANÁ,
Meíhodi medendi miverfalis ptr Janguinis
emijjiottem, & puriiflt tonem libri duo; in quibus
agit de pHTgfmdi tempore, <& medendi ordine.
A efta obra juntou a fcguintc.
De Tempore aqua frigida in fehribus arden-
tibus ad Jatietatem exhihendue. Vcnctiis apud
Bcrnardum BaíTam 1591. in 4. c naõ cm 1691.
como erradamente cfcreve Bartolocio in Bib.
Kabbin. Tom. i. n. 100. flc apud Socictatem
Venctam 1604. in 4. & ibi apud Joan. Baptiíl.
Qottum 1604. in 4. Compoz mais
Quajliones, & Kefponjiones.
A qual obra fc naõ imprimio, e delia
fe lembra Wolfio in Bib. Heb. pag. 92. n. 1 24.
c do Author, Joaõ Anton. Vander Linden
lia Bib. Medica. Jorge Abrah. Mercklin.
in Script. Med. e Nicol. Ant. in Bib. Hifp.
Tom. 2. pag. 313. in Append.
ABRAHAM PEREYRA, ainda que
nacido em Madrid, filho de Pays Portu-
gnezes que eraõ naturaes de Villaflor. O feu
nome próprio era Thomaz Rodrigues Pereira,
que confervou, em quanto afTiítio em Hef-
panha, onde mereceo a eftimaçaõ das pri-
meiras PeíToas daquella Monarchia pella agu-
deza do talento, e docilidade do génio. PaíTou
a Amílerdaõ, onde com a mudança da religião,
mudou o nome. Morreo naquella Cidade no
•inno de 1699. Compoz
La certev^a dei Camino. Amfterd. 4.
E/pejo de la vartidad dei mundo. Amflerd.
ano de la Creacion dei mundo 5431. de
Chrifto 1683. in 4.
Delle faz mençaõ Joaõ Chriftof. Wolfio in
Bib. Hebraa. pag. 99. n. 141.
ABRAHAM PIMENTEL. Floreceo
conforme Wolfio in Biblioth. Hebraa pag. 97.
n. 134. no meyo do Século decimo fetimo.
Foy naõ fomente obfervante profeíTor das
cerimonias, e ritos judaicos, mas profunda-
mente douto na intelligencia dos feus myíle-
rios, como manifeftaõ as obras feguintes.
Oblatio Sacerdotis ex L,evit. cap. 6. v. 16.
coníla efta obra de três livros.
Occafus Solis ex Deutor. cap. 11. v. 30.
onde trata dos ritos que devem obfervar
os Judeos defde o nacimento da Aurora
atè o Occafo do Sol.
Ubif Sponfionum. Nefte Livro allude ao
Uhf. 2. VdBg. cap. 14. V. 14. em que trata das
couzas lícitas, e illicitas.
Obfervatio Sabba/i. Coníla das ceremo-
nias, que fe praticaõ em os Sabbados. Amí-
tclod. an. Creat. 5428. Chrifti 1668. 4.
ABRAHAM SABBAA natural de Lu-
boa, e hum dos mais famofos Rabinos do
fcu tempo. No anno de 1497. em que por
ordem do Sercniííimo Rey D. Manoel foraò
exterminados os Judeos de Portugal por naõ
quererem abjurar os delírios da Tua crença,
lhe fez companhia, quando já era muito velho,
e bufcando para feu domicilio a Cidade de
Fez, nella amargamente lamentou a auzencia
da fua pátria expreíTando as moleílias, e
aflicçoens, que lhe caufava o defterro naquellas
palavras do Levitico cap. 26. Si inpraceptis
méis ambulaveritis &c. Igualmente opprimido
da anguftia do animo, que do numero
dos annos, acabou a vida em Fez no anno
de 1509. Efcreveo na lingua hebraica hum
Commentario ao Pentateucho com eíle titulo :
T;(eròr hammór; hoc ejl, Fafciculus Myr-
rha ex Cant. i. n. 13.
Cuja expofiçaõ poílo, que feja conforme
ao fentido litteral da Efcritura, muitas vezes
inclina para o Cabbaliílico, o qual he muito
eítímado dos Hebreos, como efcrevé Wolfio
in Bib. Hebr. pag. 93. n. 127. e Bartoloc.
in Bib. Kabbinic. Tom. i. pag. 48. n. 102.
Sahio primeiramente Venetiis apud Danielem
Bambergam 1523. in foi. e fegunda vez
ibi apud Marcum Antonium Juílinianum
1546. foi. & ibi apud Georgium de Caballis.
1567. in foi. Foy traduzido em Latim por
Conrado Pelicano como teftifica Buxtorfio
in Biblioth. Rabbin. pag. 296. da ultima ediçaõ,
e fahio impreíTo Cracoviae 1599. Joaõ André
Ei íTenmengero no feu Livro intitulado Judaif-
mus deteãus aífirma que defte Commentario
da ediçaõ de Veneza de 1 5 67. fe tinhaõ tirado
algumas injurias, que o author como acérrimo
fequaz da Sinagoga tinha proferido em vitu-
pério dos Chriftãos. Contra eJfta obra efcreveo
huma douta cenfura Diogo Humada, a qual
fe conferva M.S. no Collegio dos Neófitos de
Roma, como diz Carlos Jozeph Imbonato in
Bib. Latino Heb. pag. 32. n. 120. compoz mais:
/
^
4 BIBLIO
/ Tt(éror hacchêfeph, id ejl, Fafciculiis argen-
teus tirado do Genes. cap. 42. v. 35. que he
hum comento dos Cantares de Salamaõ,
Adverte Bartoloccio in Bib. Rabh. Part.
I. pag. 49. n. 202. que eíle appelido Savaà
por fe achar efcrito em alguns exemplares
com accentuaçoens, foy caufa para que muitos
cre íTem fer abbreviatura da pátria, e appellido
do Rabbino Abrahaõ Aben Efra, e como a
tal lhe atribuirão falfamente eftas obras,
quando delias he verdadeiro author Abrahaõ
Sabaá, a quem, como entre os Rabbinos o
mais douto, celebraõ alem de Buxtorfio, e
Bartoloccio, Plantavit. in Biblioth. Rabb. n. 605.
Hottinger. in Bib. Orient. cap. i. Claf. 2. pag. 4.
Nicol. Ant. in Hifpan. Tom. 2. pag. 313. in
append. Georg. Draud. in Clajfic. claf. lib. Theo-
log. Tit. Hebraic. Geneb. in Chronol. lib. 4. ad
an. 1484. & in Not. ad eamd. Chronol. feft. 13.
pag. 156. Spond. ad ann. 1492. Jacob. Gualt.
in Tab. Chronolog. Sascul. 15. Wolfio in Bib.
HebrcBã. pag. 93. n. 127. e Jacob Le Long. in
Bib. Sacr. pag. mihi 595. col. i.
d ABRAHAM USQUE naceo em Por-
tugal, onde educado com os preceitos do
Talmud por feus Pays, fahio hum dos mayo-
res profeíTores dos erros da Sinagoga. O feu
mayor difvelo foy penetrar o fentido Litte-
ral da Biblia, e para que a fizeíTe mais intel-
ligivel aos Judeos, que aííííliaõ em Hefpanha,
e Olanda, a traduzio do texto Hebraico na
Ungua Efpanhola, e a dedicou a Hercules
de Efte Duque de Ferrara, e fahio imprefla
em carafter gothico com eíle titulo:
7^ Biblia en lengua Efpafíola traduzida palavra
por palavra de la verdad Hebraica por mtiy excel-
lentes Iletrados, vifia j examinada por el Officio de
la Inquijicion. in foi. Ferraras. Sumptibus Yom
Tob Atias anno mundi 5313. Chriíli. 1553.
Eíla tradução he palavra por palavra do
Original, e naõ deixa de fer efcura de fe per-
ceber por uzar de huma linguagem Hef-
panhola, que fomente fe falia nas Sina-
gogas. Foy fegunda vez impreíTa em Fer-
rara, e no fim tem eftas palavras. Con induftria
de Duarte Pinei Portugue^ fiampata a cofia,
j defpef(a de Geronimo de Vargas Efpanol en
I. de Março de 1553. Nefta ediçaõ fahio com
algumas palavras mudadas para fer mais
THE CA
intelligivel, porém a primeira he muito mais
eftimavel, como efcreve o Padre Richardo
Simon in Hifi. Crit. V et. Tefiam. liv. 5 . cap.
19. Sahio terceira vez imprefla por dili-
gencia de Manafle Ben Ifrael em Amílerdaõ
decimo quinto Sabbati 5390. que correfponde
ao anno de Chrifto 1630. Bartoloccio na
Bib. Rabbin. Part. i. pag. 49. n. 103. & Part. 3.
p. 785. n. 706. efcreve que Abrahaõ Ufque
fizera eíla traducçaõ juntamente com feu
companheiro Yom Tob Atias, porém Wol-
fio na Bib. Hebraa pag. 31. n. 49. fe oppoem <
a efta opinião affirmando que fora feita por ^
outros Judeos, fendo imprefla por diligen-
cia de Abrahaõ Ufque, como fe colhe da
ediçaõ de Ferrara, que no fim tem eftas pa- ^
lavras. ^ gloria, y loor de nuejtro Senor fe :
acabo la prefente Biblia en lengua EJpanola
traduzida de la verdadera origen Hebraica por
muj excelentes Iletrados con induftria, y dili-
gencia de Abrahan Ufque Portuguet<^ ef tampai a
en 'Ferrara a cofia, y defpet^a de Yom Tob
Atias hijo de L^vi Atias Efpanol en 14 de
Adar de 5313. Porém fempre reconhece
Wolfio, que naõ pôde Abrahaõ Ufque fer
privado da gloria de trabalhar muito neíla
traducçaõ, como afirma Richard. Simon in
T>ifq. Crit. de var. Bib. edition. cap. 14. dizen-
do : Verifimile efi Abrahamum Ufque fudaum e
'Lufitania in adornanda hac translatione Hifpana
fibi prcBvios habuijje Dolores, qui ante illius têm-
pora Biblia in Sinagogis hebraicè,<ó^ hifpanice perle-
gerant, adeò ut píer af que illorum vocês ufurpaverit.
Compoz mais
Orden de los Kitos de la Fiefia dei Ano
Nuevo, y Expiacion. Ferrara 1554. 4.
Além de Wolfio, Bartolocio, e Simon ,
fe lembraõ de Abrahaõ Ufque, Le Long. in t
Bib. Sacr. Part. 2. pag. 124. Morery Dic-
cionair. Hifiorique, Magna Biblioth. Ecclef.
pag. 32. col. I.
ACHILLES ESTACO, cuja memoria fera
eternamente venerada no Templo da Virtude,
e da Sabedoria, nafceo em a illuftre Villa
da Vidigueira da Provincia Tranílagana a 15.
de Junho de 1 5 24. como elle teftifica em huma
carta efcrita a Paulo Melliflb. Foy filho
de Paulo Nunes Eiiaço (a quem cham^
Simaõ por engano Nicolao António na Bib^
L USITAN A.
Ilifp. Tom. I. pag. 2.) Cavallciro profcíTo
1.1 Ordem de Chisfto, c Governador do
CaftcUo de Outaõ na barra de Setuval, naõ
menos celebre peia nobreza de feus mayores,
c]ue pelas proezas militares obradas no Oriente,
como cfcreve Joaõ de Barros Dee. 5. /iv. 9.
,,//>. 12. c muito mais pelas virtudes Chriílãas,
4UC rcligiofamente praticava, pois por morte
|de Tua mulher defprezando as delicias mun-
danas fc rccolhco no Morteiro da Serra de
OíTa, onde em habito fecular exaébmente
lobfcrvou os fagrados exercidos dos habita-
dores daquella folidaõ, até que com facul-
dade do Cardeal D. Henrique paffou o reftantc
da fua vida entre os Monges de Alcobaça.
Como o íeu génio era bellicofo, defejava
iiuc o filho foíTc unicamente herdeiro de feus
inarciacs cfpiritos, c com cftc intento lhe
impoz o nome de Achillcs, para que a memo-
ria dcfte infignc Capitão lhe ferviíTc de per-
, pctuo cftimulo para obrar acçoens heróicas,
das quaes lhe deftinou por theatro a índia
Oriental, para onde o levou em fua compa-
I ohia efpcrando, que aprendendo em idade
taõ tenra os preceitos da arte militar, pelo
! progreíTo do tempo fahiria taõ difciplinado,
que foíTe o terror dos inimigos do Eftado.
j, Mas como a natureza fuavemente o incli-
! nava para as letras, e foíTe pouco robuílo
para as armas^ alcançou faculdade do pay
j para que deixando a efcola de Marte, fre-
quentaíTe a de Minerva. Para confeguir efta
refoluçaõ voltou a Portugal, e na Cidade de
Évora aprendeo do infigne Varaõ André de
Refende as letras humanas, e a língua Latina,
e como a madureza do juizo fe anticipava à
verdura da idade, fez em breve tempo taõ agi-
gantados progreflbs, que era admirado do Mef-
tre, e envejado dos difcipulos. Ambiciofo de
fe inílruir com mayores fciencias deixando a
fua Pátria paíTou a Flandes, onde em Lovayna
teve por Meílre a Pedro Nanio, eloquentiíTimo
Orador daquella idade ; e depois eíhidou Theo-
logia, da qual penetrou profundamente os feus
mayores myfterios. Porém como as armas Fran-
cezas, que fortemente infeftavaõ aquelles Pai-
zes, lhe alteraííem o focego neceíTario para o
elludo, partio para Pariz, em cuja Univeríidade
brilhou exceíTivamente o feu talento, publi-
cando em o anno de 1549. como primícias da
fua capacidade, huma Sylva de vados Poe-
mas, que dedicou ao íeu Mecenas o In£uite
D. Luiz, a cuja generofidade própria de taò
grande Príncipe fe confeíTou devedor conoo
feu pay, expreííando o agradecimento de am-
bos neílas métricas vozes:
A/ fibi me, PaulumqM Pairem dehere fatemur
Ipjt quod inj^enio, Marte qmd ille potejl.
Qttippe Pater bello dux olim afjmtiu €>• armis
Sape tibi viílor gratus ab hofle redit.
Neíla obra poética moílrou quanto era
obfervante dos feus preceitos, fem profanar
o culto das Mufas com algum termo indeco-
rofo à fua pureza. No anno de 1555. quan-
do contava trinta, e hum de idade, voltou
fegunda vez a Flandes (como elle confeíTa
na Explanação de Cícero de óptimo genere
Oratorum) e fendo defde a puerícia applíca-
do às letras humanas, para aliviar o animo
da feveridade dos eftudos mayores, occupava
algumas horas em interpretar aos feus domef-
ticos, e amigos as obras dos Authores anti-
gos, illuílrando a huns com doutiíHmas
reflexoens, e obfervando em outros vários
primores de elegância, e erudição ; e fe nelles
achava algum termo menos perceptível à com-
mua íntelligencía, o confultava com Varoens
eruditos, como muitas vezes o praticou com
Paulo Manutio, Marco António Mureto, e
Francífco Rebortelo, aos quaes profeflava hu-
ma eílreíta amizade, e communícaçaõ. Soube
com perfeição as línguas Grega, e Hebraica, as
quaes fallou com tanta expedição, e pureza co-
mo a Latina, em que foy eminente, e naõ me-
nos Poeta fuavííTímo, e eloquentíffimo Orador,
de cujas elegantes vozes ainda hoje foaõ os
eccos na cabeça do Mundo, onde por diverfas
vezes foy ouvido com aplaufo, e admira-
ção, principalmente quando na prezença dos
Summos Pontífices Pio IV. S. Pio V. e
Gregório XIII. elegantemente orou; duas
vezes em nome do noíío Serenifllmo Prín-
cipe D. SebaíHaõ; e huma em nome de Fr.
Joaõ de la Vallete Graõ Meílre de Malta
com tanta pureza na fraze, e efpíríto na re-
prefentaçaõ, que fepultou em eterno efque-
cimento a todos os Oradores, de que tinha
fido Pátria, e theatro aquella grande Cor-
te. Nella como Empório das Sciencias me-
receo fer elevado a huma Cadeira na Uníver-
BIB LIO THE CA
fidade da Sapiência, onde refplandeceo com tan-
ta intenfaõ o feu talento, que para dignamente
fer premiado, competiaõ entre fi os mayores
Príncipes. Defta verdade feja claro teílemunho
o Cardeal Sforcia, quando o fez Bibliothecario
da fua numero fa Livraria cõpofta de rariflimos
M. S. com que enriquiceo de novas noticias a
fua vaíla comprehenfaõ. Atendendo a Santi-
dade de Pio IV. ao feu talento o nomeou Se-
cretario do Concilio Tridentino, e ainda que
modeftamente fe efcusou defte miniílerio, naõ
pode deixar de o exercitar, quando S. Pio V. o
elegeo Secretario das Cartas Latinas, que os
Pontífices efcrevem aos Príncipes, confiando
da elegância das fuás palavras, que dignamente
exprimi íTe, e reprefenta íle a fuprema autho-
ridade do Sólio do Vaticano. Naõ menor
eíHmaçaõ recebeo de Gregório XIIL pois
querendo augmentar o efplendor da Cafa
Pontifícia o admitio em o numero dos feus
Pamiliares, dando-lhe tudo quanto naõ fó
•era neceílario, mas fuperabundante. Porem
como extremofamente fentiíTe a morte de
S. Pio V. de quem recebera naõ vulgares
demonftraçoens de affecto, deixando as bem
fundadas efperanças, que lhe prometiaõ os
feus grandes merecimentos, fe retirou a viver
para fi, e para as Mufas; e julgando-fe por fua
natural humildade indigno do Eftado Sacerdo-
tal, paíTou o reftante da vida com fumma mo-
deração, e parcimonia, regeitando muitos, e
rendofos benefícios, que efpontaneamente lhe
offereciaõ, e alguns lugares honorifícos, como
foraõ o de Chronifta Latino de Portugal, Guar-
da Mòr do Archivo Real para os quaes o convi-
dou El Rey D. Sebaíríaõ, e de fer Secretario do
Cardial D. Henrique quando no anno 1 5 78. ves-
tio a Purpura Real fobre a Cardinalícia. Nos
feus últimos annos gaílava o tempo de menhãa
«m vifitar com devota piedade os Templos, e
fepulturas, em que defcanfaõ as Cinzas de mui-
tos Martyres, de que Roma he venerável depo-
iito, e para que nem ainda neíle piedofo exercí-
cio eftiveíle totalmente divertido o feu génio do
eíludo, examinava com douta curiofídade mui-
tas infcripçoens gravadas em diverfos mármo-
res; de tarde fe comunicava aos feus amigos,
aprendendo eftes da fua pratica os documen-
tos folidos, aíTim para o progreíTo das fcien-
cias, como para a reforma das vidas; e aos que
eftavaõ auzentes, como eraõ Jofeph Caílel-
leoni celebre Jurifconfulto de Ancona, Paulo
MelIiíTo Poeta Germânico, e Fulvio Uríi-
no, fabio, e illuftre Romano, que venera-
vaõ a fua profunda erudição, fe fazia prc-
zente por cartas Latinas efcritas com tanta
elegância, que teftemunhou o Cicero Portu-
guez D. Jerónimo Oforio, fora infígne neíle
género de efcrítura. Foy fempre inimigo ju-
rado do ócio, de tal forte que quando já o
pezo dos annos, e a debilidade das forças o
efcufavaõ da applicaçaõ ao eftudo, confu-
mia grande parte do tempo extrahindo das
Bibliothecas com incanfavel trabalho as
Obras de muitos Santos Padres Gregos, tra-
duzindo-as na Lingua Latina, como foraõ as
Oraçoens de S. Joaõ Chryfoílomo, e alguns
Tratados de S. Cyrillo, Santo Anaftafio, S. Gre-
gório NiíTeno, Amphiloquio, e os Hymnos de
Calimacho, vendo fe neftas traducçoens o pro-
fundo conhecimento, que tinha da lingua Gre-
ga na qual compoz também admiráveis verfos.
A fua vida, que pelos exercidos de tantas vir-
tudes era digna de fer eterna, pagou o tributo
de mortal em Roma a 28. de Setembro de 1 5 81.
quando contava 57. annos, e trez mezes de ida-
de. Mandou no feu Teftamento que veftido no
habito de S. Domingos foíTe enterrado na Igre-
ja dos Padres da Congregação do Oratório de
Roma, onde honorifícamente foy collocado em
huma Capella dedicada à May de Deos, que he a
primeyra, que ao entrar pelo Templo eílá ao la-
do efquerdo. Para eterno teftemunho de como
affeduofamente venerava aquelles exemplaríf-
fímos Padres lhes deixou por eíHmavel legado
a fua numero fa Livraria, de cuja Liçaõ extrahio
varias noticias com que illuftrou os Faílos da
Igreja o feu Purpurado Annaliíla Cefar Baro-
nio. Eíla infígne Bibliotheca fe vé collocada em
huma fumptuofa cafa, onde na fachada da por-
ta eílá pintado o retrato de Achilles Eftaço, e
na parte inferior gravada eíla breve infcripçaõ
Bibliotheca Statiana. Naõ foy poderofa a morte
para extinguir na eílimaçaõ dos mayores Prín-
cipes a memoria de taõ grande Varaõ, pois,,
querendo XiHo V. perpetuar o feu mered-*
mento, conferio hum rendo fo benefício a
hum feu parente, dizendo, que era juflo
que ainda depois da morte fe premiaíTe a vir-
tude. O Cardeal Farnefe naõ duvidou affír-
i
L USITANA.
liar, que morceta o mayor homem que fahira
Je Portugal. Os mais celebres Efcritores
he confagraraõ grandes elogios ao feu nome,
ulgando ferem limitado premio para taõ alto
nerecimento, como foraõ Jufto Lipfío lib. i.
Variar. Le£í. cap. 2. chamando-lhe maffti
'njumij, & multa hítionis virum . Martim
\ rpilc. Nav. in oper. de Keddit. Ecclef. Portu-
Ília honor. O Cardial Baronio naõ fatis-
ito de fazer delle honorifica memoria repe-
las vezes, como fe vè in Annalih. ad ann.
hrift. S99. n. 9. & in Not. ad Martyrol.
\\om. 21. April. tratando de Anaftacio Synaita,
cm 14. de Mayo regul. Monach. principal-
ncntc a II. de Jan. in dcpofit. S. Bafil. diz
,dlas palavras. "Legimus in Veteri M. S. Códice
>mtra Biblioiheca, quam pojfidemus liheralitate
■if memoria optimi, eS^ eruditijftmi Achillis
atij LMjitani; e em 12. de Novembro efcre-
vendo de S. Martinho Papa, e Martyr; Unde
feiu precamur bona memoria Achillis Statij,
\mà hgata nobis Jua Bibliotheca tam infignia reli-
Un/ vetuftatis monumenta. Latin. Latinin Epiíl.
[ad Ant. Auguíl. lhe chama L,ibrorum venator,
je^* hellm. Ant. Poílev. in Appar. Sacr. tom. i.
jNo/?r/ avi eruditiim virum. André Scoto in
pih. Hijp. claf 2. tom. 3. pag. 489. Poeta
fimul, <& Philologus inter aquales praftans.
n. Nicol. Ant. na P>ib. Hifp. Tom. i. pag. 2.
Vir piíis, eximiaque in litteris five proja, Jtve
verfa oratione fcriberet, five iilufiraret prifcos
\ripíores, five tandem è Latino in Gracum verte-
\ret, fama. Fr. Miguel Pacheco na Vida da Inf
\D. Mar. Liv. 2. cap. 4. p. 99. homhre doãijfimo en
Hetras divinas, j humanas; e no cap. 18. pág. 135.
Sugeto de los aplaudidos de aquel figlo en todas las
\buenas Letras, Jorge Cardo f. Agiol. Lufit.
'Tom. 3. no Commentario de 3. de Mayo letr.
A lhe chama famofo. Joan. Suar. de Brito in
Theat. Lufit. Litterat. lit A. Virfuit multa erudi-
iionis tam graça, quam latina. Lud. Carrio.
lib. I. Antiq. cap. 2. Virum fummum, atque
ut ejus amplitudo, <& praclara omnium fcien-
tiàrum conditio meretur, non nifi cum honore
nominãdum. Jeron. Ghilino in Theatr. d'Huom.
Letter. Tom. 2. p. 5. Eccellentiffimo Litte-
rato, Poeta, Profatore, e Traduttore fini la fua
vita in Koma con grandijfimo difpiacere dè fuoi
amici, e di tuti iprofejfori di belle Lettere, trà
quali apparve como un chiariffimo fole frà k
Stelle. QjQvcí íemelhantes elogios o celebra6
Joaõ Sambuco in Emblem. pag. 177. Pctr.
Ang. Sper. de nobil. Profef. Grammat. €>*
Human. lib. 3. foi. 120. e 129. Tobias Magir.
in Eponymol. Crit. p. 7. Franckenau in Bib.
Hifp. Hift. Gen. Herald, pag. i. Thuan.
Hifl. lib. 39. ad an. 1566. Joan. Hallcvord.
in Bib. Curió f. pag. 2. Jacob. Pontan. in
Attic. Bellar. pag. 43. n. 21. Taxand. in
Cathal. Cia. Hifp. Script. CapaíTi Hift. Phi-
lofof. pag. 453. Padilla Hift. Úcclef. de Efpan.
Gínt. 4. cap. 52. onde por erro o faz Italiano»
Gafpar Eftaço Antig. de Portug. cap. 44.
§. 6. e no Trat. da linhag. dos Eftaços. pag. 45.
Fonfec. Évora gloriofa pag. 406. o Padre
D. Ant. Caet. de Souf. na Prefação á Hift.
Gen. da Caf Real de Portug. Tom. i. pag. 43.
n. 21. He numerado entre os Poetas iníignes
por Pedro Sanchez na celebre Carta que em
louvor dos Poetas Portuguezes efcreveo a
Ignacio de Moraes dizendo:
Incolat, <& quamvis diverfas transfuga terras
Non tamen oblitus pátria fera pralia cãtef
Qua Kex Alphonfus cui calo mifja fereno
Lufitanorum funt clara infignia Kegum.
Illum autem digito quem monfirat Martia
Koma?
Orbis Koma caput; quo pratereunte feneftris
De fummis pueri clamant, juvenefque, fenes que
Ille, ille eft certe ille eft Lufitanus Achil-
les:
Lufitana fuis tellus geftavit in Ulnis
Nutrivit, docuitque honas noviffe Camoe-
nas.
Ultimamente coroa todos eíles elogios
dedicados à memoria de Achilles Eftaço o
Padre António dos Reys com o que lhe tece
das suas próprias Sylvas no Enthuíiafmo
Poético, n. 15 que dedicou à AuguíHflima
Mageftade delRey D. Joaõ V. N. Senhor
impreíTo no principio dos feus agudiíTimos
epigramas dizendo com Lacónica, e elegante
energia:
Tu quòque non unà tantum redimitus Achilles^
Fronde fedes; fiquidem própria dant plurima
Sjlva
Sertã tibi.
O Cathalogo das fuás obras que fe achaã
efpalhadas em huma, e outra Bibliotheca
Hifpana, e Bibliotheca Clajftca de Draudio,
8
BIBLIOTHE CA
na Curiofa de Hallevordio pag. z. e na Pon-
tificia de Fr. Luiz Jacob de S. Carlos pag.
238. e no Cathalogo Ciar. Hifp. Script. de
Taxandro, he o feguinte.
Obras impreíTas em profa.
Commentarij in Lib. j. M. Tulij Cice-
ronis de Óptimo genere Oratorum. Pariíiis apud
Vafcofanum 15 51. in 4. & Lovanij apud
Servatium SaíTenium. 1552.
Commentarij in lih. M. Tulij Ciceronis de fato.
Lovanij apud Servatium SaíTenium. 15 51. 8.
Cajligationes, (& explorationes in Top.
M. Tulij Ciceronis. Ibidem apud eumdem
Typog. 1552. 8. Eíle Livro foy dedicado a
Joaõ de Barros.
De óptimo genere Oratorum, in Topicam, de Fato,
.atque obfervationes aliarum rerum. Sahiraõ jun-
tos Antuerpias apud Martinum Nutium 1555.8.
In Horatij A.rtetn Poeticam Commenta-
rium. Antuerp. 1553. 4. Deíla obra faz
illuílre memoria Daniel Georg. Morhorf.
in Polyhijlor. lib. 7. cap. i. n. 4.
Ohjervationum in vários luatinorum fcriptorum
Jibros. Lovanij apud SaíTenium 15 52. e 1604. 8.
Sahiraõ depois /// The^aur. Crit. Joan. Gruther.
Commentarij in Suetonium de Claris Gram-
maticis, <& Khetoribus illujlribus libri duo.
Antuerp. apud Chriílophorum Planti-
num 1574. 8. Eíles Commentarios, que
injultamente fe atribuiaõ a Joaõ Baptifta
Egnatio, fahiraõ nefta impreíTaõ reílituidos
ao feu verdadeiro author, qual era Achilles
Eftaço, que os dedicou ao Infante Cardial
D. Henrique, onde entre outras coufas lhe
■diz. Multa tua conjlant in patrem meum bene-
ficia, multa in fratres, multa in me ipfum deni-
que. Deinde, qu(B ex Itália, atque Urbe Koma
litteris amantijfimis aceito tam multa liberaliter,
^ prolixe polliceris, perinde mihi grata funt,
acji jam etiam acceperim. Eíla obra louva
Dioniíio Lambino com huma carta efcrita
a Eftaço, dizendo fahira, tua acérrima lima
^ajiigatum , tuaque eruditijfima commenta-
tione locupletatum , atque exornatum. Sahio Pari-
íiis apud Federicum Morellum 1567. in 8.
-Sc ibi apud Adrianum Beys 1610. in foi.
Commentarij in Catullum. ibi apud eum
dem Typog. 1566. 8.
Commentarij in Tibullum. Venetiis apud
Aldum Manutium. 1567. 8.
Eftes dous Commentos fahiraõ impreíTos
juntamente Venetiis apud Aldum, & Pariíiis
in foi. dos quaes diz André Scoto aíTima
allegado, Muretum in Catullo, (& Tibullo
venujiis poetis explanandis amulari non dubitavit
Statius; certe in Tibullo difertior Mureto, &
copiojior.
Orationes dua; altera in Tópica Ciceronis,
altera quodlibetica de animarum immortalitate.
Pariíiis 1547. 8.
Oratio ad Pium IV. Pontificem Maximum
Sebajtiani primi Portugallia* (& A.lgarbiorum
Regis nomine obedientiam praf tante Imu-
rentio Pires de Távora XIII. Kalend. JuniJ
1560. Romãs, eodem anno 4. e nas minhas
memorias delRej D. Sebaftiaõ Parte i. Liv. 2.
cap. I. §. 7. Lisboa por Jozeph António da
Sylva ImpreíTor da Acad. 1736. 4.
Oratio Sebajliani Regis Luftania nomine
ad Gregorium XIII. habita anno 1574. Romãs
apud hasredes Antonij Bladij. 1574. 4.
Oratio ad Pium V. nomine Joannis Valleta
magni Magijlri Ordinis Melitenjis obedientiam
prajlante D. Petro de Monte Capua. Romãs
apud Bolanum de Accoltis 4.
Commentarium, Jive Epijiola ad Navarrum
de Redditibus Ecclejiajlicis. Romae apud hasre-
des Bladij 1552. 8. No fim eftà a repoíla de
Navarro, que começa defte modo. Epijlolam
tuam, & Commentarium de pecunia Ecclejiajlica
ratione, charitate, religione, prudentia, modefiia,
(& elegantia plenam jucunde Jufcepi, avideque
perlegi, (ò" cum tuo nomine, injignique fama
dignam reperi, Jimul in animum induxi tua
authoritatis validis fundamentis innixa accejfwne
nojlra Jententice multum roboris addi pojfet.
Efta mefma epiftola mais polida, e nova-
mente augmentada com o Commentario do
mefmo Eftaço de Penjione fahio com efte
titulo.
De redditibus Rcclejiajiicis, <& Penjione com-
mentarioli duo. Romae apud hasredes Anto-
nij Bladii 1574. 8. e 1581. e 1611. e ulti-
mamente Hamburgi apud Michaelem Hering.
1614. 8.
Illujirium Virorum ut extant in Urbe exprejft
vultus ab Statio colleãi, opera Fulvij Orjini
publici júris faãi. Romae apud Antonium
Lafrerium. 1569. in foi.
Taboa Geográfica do Rejno de Portugal im-
L USITAN A.
preíTa em Roma 1560. a qual Abrahaõ Ortello
collocou no Teu Theatro do mundo, e por a
ter dedicada Achilles Eftaço ao Cardial
Guído Sforcia julgarão alguns erradamente
íer obra fua, fendo ella compoíla por Femaõ
Alvres Seco Infígne Coímografo, de que
faremos mençaõ em feu lugar.
Obras Poéticas impreíTas.
Syha aliqmt má cum duobus hymnis Calli-
machi eodem carminis genere ab Statio reddiíis.
Paris, apud Thomam Richardum. 1549. 4.
& ibi. com outras diverfas 1555.
Monomachia Navis Lfijt/ania, ^ "Rjgum
Ijijitanorum infignia. Romx apud Jofephum
de Angelis i j 74.
De ekãione, profeStione, <& coronatione Sere-
niffimi Henrid Polónia Regis. Romx apud
hxrcdes Bladij. i$74.
Deo Forti Me/i/a /ibera/a Epinicium. Sahio
impreíTo eftc Poema com a Oraçaõ que fez
cm Roma em nome do Graõ Meílre de Malta,
de que affima fe fez mençaõ.
Ad Cognominem Jibi Achillem Statium Pella
Epifcopum Cármen. Sahio impreíTa efta obra
na Bibliotheca Hifpan. de André Scoto
pag. 488.
Poema Latino em louvor da SerenííTi-
ma Infanta D. Maria filha delRey D. Manoel,
o qual começa.
Jam pridem Jludijs aliis addiãior avi. O
qual eftá impreíTo na Vida da me/ma Prin-
^e^a compoíla por Fr. Miguel Pacheco lib.
2. cap. 18. pag. 135. V. onde com igual ele-
gância fe vé traduzido em Caftelhano por
D. Manoel de Salinas y Lezana Cónego da
Cathedral de Huefca.
Epigramma Graco Eatinum in Tranflatione
S. Gregorij Nat^ian-i^eni, o qual traz Baronio
in Not. ad Martyrol. Roman. 3. Idus Junij.
Obras traduzidas do Grego em Latim,
das quaes a mayor parte eílá inferta in Bi-
blioth. Patr.
S. Joannis Chryfojlomi Orationes quinque.
I. Dominica Orationis explana fio. 2. in Natalem
Domini. 3. In Sanãa Theophania. 4. De David
Propheta. 5. de Seraphim. Efta fahio fepara-
damente Romae apud hasredes Antonij Bladij.
1380. 8. Petro Donato Cardinali Caeíio nun-
cupata.
S. Gregorij Nyjfeni de Ahrahã <& IJac.
S. Athanafij in Mag. Parefcevtn. Amphi-
locbij in Sabbati Sanai diem. Gregorij Antio-
cheni Epifcopi in Sepulturam, & Kejurreãiontm
Domini.
Sophronij in Exaltationem S. Crms.
Cyrilli in Parabolam Vinea.
Anajlajij Sinai/a de in/urijs remitíendit.
EÍU obra íahio feparadamente RonuB
1579. como diz Baronio no Tom. 8. dos
Annaes.
Martiani Beethlemita fragmentum. Nili
Abbatis epiftola três. Algunus deftas obras
fahiraõ à luz publica com eftc titulo.
Orationes nonnullorum Gracia Patrum Chrj/'
joftomi, Athanafij €>• c. latine reddita Achilk
Statio interprete. Romx apud Francifc. Zannc-
tum. 1578. 8.
In Arati Phanomena, ^ proffiojlica. Flo-
rentix apud Jun£bs 1568. in foi. Efta obra
traz Draudio in Bib. Clajfic. Tit. Phanomena.
Typi Epijlolici, (& epijíolarum figura authore
incerto: eadem de re qttadàm ex magno Bafilio
cum Ubanij Sophifta commentariolo ; quadam
ex Tatiano, Demétrio Phalareo, Cicerone, Philipo
Beroaldo, Sulpicio, Verulano. Lovanij apud
Bartholomxum Gravium 15 51. 8.
Obras Latinas, que por fua induftria
fahiraõ à luz publica.
Eiber de Trinitate, <& Fide compofto
por Gregório Bifpo de Granada, ou como
outros querem, pelo Bifpo Fauftino. Romx
in xdibus Populi Romani. 1575. Efte tra-
tado anda impreíTo no fim do 2, Tom. da
Biblioth. Patr. da impreíTaõ de Pariz do anno
de 1575.
Sanai Ferrandi Carthaginenfis Ecclefia Dia-
coni Opuf cuia pia. Romae 1578. 8. Dedicados
ao Cardial Luiz Madrucio.
Sanai Pachomij Canobiorum per Mg^ptum
Fundatoris regula Mgyptiace /cripta, à Sanão
Hieronymo Latine converja, ab Statio expur-
gata, (ò" prijlina fidei reddita; item S er mo
S. Anfelmi de vita aterna. Romx apud hsere-
des Bladij. 1575. 8. Efta obra anda taõbem
no appendix das obras de CaíTiano illuftradas
com as Notas de Pedro Chacaõ. Romx. 1 5 80.
Obras naõ impreíTas.
Diverfos Poemas ajfim heróicos, como Eyricos.
Muitos Pfalmos de David tradujidos em ver/os
elegantijjimos.
IO
BIBLIOTHE CA
Commentarij tn Arijioíelis Voeticam. Defta
obra faz elle mefmo memoria no fim dos
Commentos à Poética de Horácio.
Commentarij in Horatij carmina. Annotatio-
nes, (& Scholia in omnia Puh. Virgilij Mar. opera.
De rehus gejiis Patris fui. Faz mençaõ
deíla obra Gafpar Eílaço nas Antig. de Port.
cap. 44. §. 6.
Muitas cartas efcritas a varias PeíToas,
e as que lhe efcreveraõ.
A mayor parte deílas obras fe confervaõ na
Livraria, que elle deixou aos Padres da Congre-
gação do Oratório de Roma; outra grande par-
te, e ainda muitos opufculos deíle grande Va-
rão fe guardaõ M. S. em quatro Tomos na
Bibliotheca Romana dos Padres Agoítinhos,
como coníla do feu mefmo Index, digniíTimos
certamente de que lograíTem o beneficio da luz
publica, como ardetemente defejava Joaõ Bau-
tista Cardona Bifpo de Torto fa. Prelado muito
erudito, o qual fazia taõ grande eílimaçaõ das
obras de Achilles Eílaço, que as julgava mere-
cedoras de ferem procuradas com toda a deli-
gencia, e extrahidas dos lugares em que injuf-
tamente jaziaõ fepultadas para ennobrecerem
a Bibliotheca Regia do Efcurial, e ferem col-
locadas entre as famofas dos Efcritores mais
celebres de Efpanha, como elegantemente o
deixou efcrito no Confelho que deo para fe
augmentar a mefma Biblioth. do Efcurial,
o qual se pode ler na Biblioth. Hifpan. de
André Scoto Tom. i. cap. 3.pag. 71.
Fr. ACCURSIO DE S. PEDRO natural
da Villa de Serpa da Província do Alentejo.
Recebeo o habito dos Frades Menores na Pro-
víncia dos Algarves, onde depois de eJftudar
as Sciencias mayores, as diâou aos feus do-
meílicos, até que chegou a jubilar na Cadeira
de Prima de Theologia. Depois de fer Guar-
dião do Convento de Évora, foy eleito com
uniformidade de votos Provincial em o anno
de 1653. em cujo lugar exercitou com os feus
fubditos a aíFabilidade, e prudência, de que
era fummamente dotado. Imprimio.
Sermão do Aão da Fè que fe celebrou na
Cidade de "Évora a 11. de Agojlo de 1644. Lis-
boa por Domingos Lopes Rofa. 1644. 4.
Dúbia Kegularia, cujas opinioens eílavaõ
aíTinadas pelos Doutores da Univerfidade
de Coimbra, a qual obra defappareceo com
a fua morte, que fuccedeo no Convento
de S. Francisco de Xabregas Cabeça da Pro-
víncia dos Algarves.
Fr. ADEODATO DO POMBAL
cujo appellido indica a pátria onde naceo,
que he da Diocefe de Coimbra na Província
da Extremadura. Foy Monge de Cifter no
Real Convento de Alcobaça. Compoz
Compilatio definitionis Capituli Generalis editi
anno 13 18.
Eíla obra fe con ferva M. S. na Biblio-
theca de Alcobaça.
F. ADEODATO DA TRINDADE
Naceo na Cidade de Goa cabeça do Império
Afiatico Portuguez, e foraõ feus Pays Manoel
Fernandes, e Mariana de Mello. Profeííou
o habito de Eremita Auguíliniano no Con-
vento de Lisboa em 31. de Mayo de 1565.
Todo o tempo que lhe reílava da applicaçaò
dos eíludos mayores, o occupava em efcre-
ver os livros do Coro com fumma perfeição
por ser hum dos mais infignes Efcrivaens
do feu tempo. Por ordem de Felipe IL
emmendou, e reformou a fexta Década
da índia compoíla por Diogo do Couto,
que era cazado com fua Irmaã Luiza de
Mello. Naõ fomente reformou a Década 6.
mas aífiílio à impreíTaõ das que lhe prece-
derão, para que fahiíTem correâas, como
efcreve o Chantre de Évora Manoel Seve-
rim de Faria nos Difcurf. Var. Polit. pag. 150.
v.o Morreo no Convento de Lisboa no anno
de 1605.
D. ADRIANA FAGUNDES taõ nobre
pelo nacimento como infigne pelo talento
de que liberalmente a ornou a natureza.
Fallou com expedição, e propriedade diverfas
linguas, fendo de taõ feliz comprehenfaõ
que decorou os livros do Genefis, Êxodo,
e de todo o Teftamento novo, que fielmente
repetia, quando fe offerecia occafiaõ. Mor-
reo no anno de 173 1. deixando para teíle-
munhas do feu difcreto, e profundo juifo.
Poefias varias a diverfos ajjumptos. M. S.
Delia faz memoria o Theatro Heroino das mulhe-
res Illuflres em f ciências. Tom. i. pag. 114.
L USITANA.
II
P. ADRI^M PEDRO natural de Lif-
boa, e ílDi" 'oftinho Pedro, e Cathe-
rina de Vadre. Sendo de defouto annos en-
trou na Companhia de JESUS a 5. de Junho
de 1649. em o Noviciado da fua Pátria.
Depois de aprender as letras humanas, e as
fciencias mayores, leo com geral applaufo
hum Curso de Filofofia na fua Pátria. A
natural benevolência, de que era dotado,
o fez digno de exercitar diverfos miniílerios
na Religião com grande fatisfaçaò delia, e
mayor credito da fua peííoa, como foraõ
fer Procurador do Malabar, e do Japaõ,
Reytor do CoUcgio de Coimbra, e depois
do de Santo Antaõ cm Lisboa, onde morreo
a 17. de Março de 171 3. com 79. annos de
idade, e 62 de Religião. Efcreveo.
Vida do IrmaÕ António Homem CoadJNtor
temporal, e do IrmaÕ Bernardo de Mello EJlu-
dante, ambos jefuitas, cujos originaes fc guar-
daõ no Cartório do CoUegio de Coimbra.
Excellencias de Lisboa. Aí. S. Delle faz me-
moria o Padre António Franco na Imag. da Vir-
tiid. em o Nou. da Comp. de Jef. em Lisboa pag. 96 3 .
c no Synopf. Annal. Soe. Jef. in Lufit. pag. 445.
dizendo delle : Voftremos annos conjtwipsit Jcri-
bendo de excellentijs UlyJJiponis Pátria fua.
D. AFFONSO I. entre os Monarchas
Portuguezes, e único entre os Heroes mili-
tares, que venerou a Antiguidade, teve por
oriente a nobre Villa de Guimaraens, onde
fahio à luz do mundo em 25. de Julho de
1109. e por Pays ao Conde D. Henrique,
quarto filho de Henrique Duque de Bor-
gonha; Terceiro Neto de Hugo Capeto,
tronco da Real Cafa de França, e a Rainha
D. Tereza filha de Affonfo VI. Rey de Leaõ,
e Caftella, e da Rainha D. Ximena Nunez
de Gufmaõ, concorrendo para exaltação de
taõ grande Príncipe a coroada afcendencia de
tantas Purpuras, que na longa diuturnidade de
muitos Séculos tinhaõ illuílrado os Tronos de
Saxonia, França, Inglaterra, Borgonha, Nor-
mandia, Lorena, e Efpanha. Mas para que a
Graça lhe infundiíle mayor efplendor, do que
recebera da natureza, foy regenerado nas aguas
do bautifmo por S. Giraldo Arcebifpo de Braga,
onde lhe foy impofto o faufto nome de AíFonfo
em obfequio de feu Avo materno. Ainda
naõ excedia a idade de quatro annos, quando
feu Pay mais carregado de palmas, que de
annos, pa ííou em Aftorga a coroarfe no Capi-
tólio da Eternidade, e vendo fua Mãy quanto
neceíTaría era a boa educação para formar
hum Príncipe perfeito, tanto que começou
a articular as primeiras palavras, o entregou
á tutela de Egas Moniz, taõ illuftre no fangtie,
como nos coílumes, para que o inílrniíTe
naquellas artes, que foííem dignas de hum
Soberano; e como era dotado de hum engenho
perfpicaz, e hum coração intrépido para
emprender acçoens heróicas, o foy doutri-
nando com máximas Chriílãas, e politicas,
de que era capaz a fua tenra idade, naõ alte-
rando a feveridade de Ayo o refpeito que lhe
devia como VaíTallo, antes como o amava excef-
fivamente, era igual ao affeéto o fentimento, que
lhe opprimia o coração, vendo que ao mefmo
paíTo que crecia, fe lhe defcubria mais clara-
mente hum defeito, que trouxera do ventre ma-
terno, o qual naõ fomente afeava a proporcio-
nada fymetria de todo o corpo, mas o fazia
inhabil para o exercido das armas. Para emen-
dar efte erro da natureza depois de tentados
inutilmente os focorros da Medicina, recorreo
a fidelidade de Egas Moniz aos fobrenaturaes,
implorando com fervorofas fupplicas a divina
Mageftade, e a fua SantiíTima Mãy quizeíTem
compadecer fe daquelle Príncipe, de cujo braço
eftavaõ pendentes as efperanças de todo o
Reyno, e o que era mais, por eftar deftinado
para glorio fo inílrumento de tantos triumfos,
que em obfequio do feu nome, e mina de
feus inimigos havia heroicamente alcançar. A
taõ ardentes votos condefcendeo benignamente
o Ceo, e infpirado fuperiormente Egas Mo-
niz a que levaíTe o Infante aonde eílava collo-
cada huma infigne Imagem de Maria SantiíTima,
tendo-o oíFerecido a efta Soberana Princeza, re-
cebeo repentinamente faude, cuja noticia en-
cheo de univerfal alegria a todo o Reyno, e
para eterno padraõ de taõ fingular beneficio fe
erigio hum Templo à Senhora no lugar de Car-
quere pouco diílante da Gdade de Lamego.
ReíHtuido milagrofamente à faude D. Affonfo,
e contando quatorze annos de idade fe armou
Cavalleiro na Cathedral de Zamora com
aquellas ceremonias militares, que naquel-
les tempos fe obfervavaõ iufundindo-lhe
12
B l B LIO THE C A
as armas, que veftira, taõ briofos efpiritos, que
parece que todo o furor de Marte fe lhe accen-
dera no peito para derrotar os inimigos da Cruz,
e dilatar mais vaílamente o Império de Chriílo.
Sejaõ irrefragraveis teílemunhas deíla verdade
a continuada ferie de vidorias, que por vezes
repetidas alcançou o feu invi£to braço, contan-
do-fe os triumfos pellas batalhas, os defpojos
pellos aíTaltos, e as conquiftas pellos afledios.
ConfeíTe-o Albucazen Rey de Badajoz deftro-
çado nos Campos de Trancoso. Teílemunhe-o
ElRey Eu j uni levantando ignominiofamente o
fitio que tinha poílo a Coimbra com trinta mil
combatentes. Publique-o Albaruque Rey de
Sevilha, quando junto de Santarém foy total-
mente roto, e desbaratado, concorrendo para
a gloria defte triumfo o patrocínio do General
dos Exércitos de Deos o Archanjo S. Miguel,
fazendo viíivel a fua angélica protecção, como
já em tempos mais antigos o tinha feito em
obfequio de outro Heroe igual a AfFonfo no
valor, e na Santidade. Aclame-o Lisboa naõ so-
mente de Portugal mas de todo o mundo cele-
brado Empório, a qual gemendo efcrava a que
havia fer Princeza do Império Luíitano, foy
refgatada do bárbaro poder, que a dominava,
querendo fer participantes de taõ memorável
acçaõ muitos heroes de nações diverfas, que
por mar, e terra confpiráraõ para a fua liber-
dade, ficando para monumento da viétoria, e do
eftrago, duzentos mil bárbaros mortos. Mayo-
res, e mais celebres foraõ as palmas, que colheo
nos Campos de Ourique, e Santarém. Neíla
famofa Villa fe coroou viâoriofo em hum
conflicto, que fendo pella ordem do tempo o
ultimo mereceo a primazia pelas circunílancias
do fucceíTo, pois jà quando parecia que a
idade provedta lhe tiveíTe remitido parte
do ardor militar, entaõ fuperior à mefma
natureza fe moílrou mais que nunca vigo-
rofo, derrotando inteiramente a Aben Jacob
Miramolim de Marrocos, que acompanhado
de treze Reys lhe vieraõ authorizar mais a
viftoria, pagando aquelle bárbaro Príncipe
com a fua vida o atrevido infulto de ter
aílediado ao Infante D. Sancho dentro dos
muros daquella Praça. O Campo de Ourique
foy o folar gloriofo do feu Principado rece-
bendo nelle a fua inveílidura do Suprmoe
Arbitro dos Impérios, o qual apparecendo-lhe
pendente da Cruz, e cercado de luminofa
inundação de rayos, que diíTipáraõ as trevas,
que entaõ dominavaõ os Orizontes, lhe
illuílrou menos os olhos do corpo, que da
alma, fegurando-lhe com benigno afpefto a
viftoria de feus inimigos, a diuturnidade do feu
Império, a dilatação das fuás conquiílas, e a
perpetuidade da fua defcendencia; e para
mayor argumento do feu amor, e infallibilidade
da fua palavra lhe deu para brazaõ as cinco
Chagas, que confervou indeléveis no feu glo-
riofo Corpo. Animado com taõ foberana pro-
tecção naõ teme o inuadir a immenfa multidão
de bárbaros, que excediaõ o numero de duzen-
tos mil, divididos em cinco corpos, de que eraõ
formidáveis cabeças cinco poderofos Príncipes,
fendo taõ horrorofo o eftrago, que padecerão,
que do fangue derramado por cento, e cin-
coenta mil, naõ fomente os rios Cobres, e Ter-
ges mudarão a cor, mas engro íTaraõ a corrente.
Igual foy a fortuna alliada com o feu valor con-
quiílando, que combatendo, pois o numero das
conquiílas naõ fe diíFerençou do das batalhas.
Com incrível velocidade libertou do dominio
dos Mouros Lisboa, Santarém, Mafra, Cintra,.
Leyria, Cezimbra, Torres Vedras, Óbidos,
Alenquer, Palmella, Alcácer do Sal, Évora,.
Beja, Elvas, Moura, Serpa, e outros muitos
Lugares, purificando por efte modo com catho-
lico zelo ao feu Reyno das infames relíquias do
Mahometifmo, que como peftifero contagio
o podiaõ inficionar. De taõ admiráveis
fucceíTos, e de outros ainda mais prodi-
giofos era credora a fua piedade, pois antes,,
que emprendeíle acçaõ alguma, follicitava
com devotas fupplicas, axifteros jejuns, e arden-
tes rogos o feliz fucceílo das emprezas, que
intentava, invocando para feus tutelares a
Maria SantiíTima, a quem cordialmente vene-
rava, e a outros Santos, de cuja interceílaõ
confiava alcançar o que pertendia. A remu-
neração era igual ao beneficio, pois alem de
fazer tributaria a fua Coroa com penfoens
annuaes à Sé Apoílolica, e ao Convento de
Santa Maria de Claraval, Cabeça de toda a
família Ciftercienfe, naõ fomente teílemunhou
em cento, e cincoenta Templos, que nova-
mente erigio, e fumptuofamente reedificou,
a fua Religião, e a fua magnificência, mas
também eternizou o feu agradecimento, e:
L USITANA.
i3
yeoeraçaõ, fendo entre todos os mais celebres
flquelles dous Principados Ecdefiaílicos, que
fundou em Coimbra, e Alcobaça: hum para
os filhos de AgoíUnho, e outro para os de Ber-
nardo. No primeyro naõ fatisfeita a fua piedofa
gencroíidade com ter edificado o rumptuofo
Convento de S. Vicente de Lisboa, levantou
outro em Coimbra de tanta mageftade, que
foíTe capa2 depofíto das fuás auguílas, e vene-
ráveis Gn2as, aonde introduzio o IníUtuto
Canónico Auguíliniano com aquella mefma
obfervancia, que cm Africa o tinha rcAaurado
o grande Agoílinho. No fcgundo confi-
derando quanto era credor o Reyno, que
poíTuia, às oraçoens de S. Bernardo, o
qual como Moyfés da Ley da Graça quando
orava, fazia que cftc Principc, como outro
Jofuc dcbclaíTc na Campanha os inimigos
do Povo de Deos, edificou cm Alcobaça
para dcfcmpenho do feu Real animo hum
Moftciro, fobcrbo na fabrica, augufto nos
privilégios, e opulento nas rendas para habi-
tação de mil Monges, que exaftamente obfer-
vaíTem os didames, que em Claraval tinhaõ
aprendido do feu mellifluo Prelado. A mefma
religiofa profufaõ exercitou na erecção das Ca-
thedraes de Lisboa, Évora, Vifeu, e Lamego;
c das CoUegiadas de Santarém, e Guimaraens,
aífinando para fuftentaçaõ, e efplendor dos feus
Prelados, e Miniílros copiofas rendas. Seme-
melhante beneficência experimentarão os Ca-
valleiros da Ordem do Templo, de S. Joaõ de
Jeru falem, e do Patraõ das Efpanhas S. Tiago.
Para dignamente premiar os bellicozos efpiri-
tos dos feus Soldados, que foraõ gloriofos inf-
trumentos, e infeparaveis companheiros de tan-
tas viâorias, fundou duas illuftrilTimas Ordens
Militares, chamada a primeira da A/a no anno
de 1 167. e a fegunda de Aviz no anno de 1 179.
em as quaes deixou gravado hum eterno memo-
rial da fualiberalidade, e do valor, que mereceo
premio taõ honorifico. Foy cazado com D. Ma-
falda, filha de Amadeo IIL Conde de Saboya,
Moriana, e Piamonte, de quem teve o In-
fante D. Henrique, o Infante D. Sancho
igualmente herdeiro do Scetro, que das fuás
heróicas façanhas, o Infante D. Joaõ, a
Infanta D. Urraca, que cafou com D. Fer-
nando II. Rey de Leaõ, a Infanta D. Mafalda,
e a Infanta D. Terefa chamada pelos Eftran-
geiros Matilde, que foy prímeyramente def-
pofada com Felipe I. Conde de Flaodes, e
por morte defte Príncipe contrahio fegundas
vodas com Kudo IIL Duque de Borgonha, e a
Infanta D. Sancha. Ultimamente coroado de
triumfaes Louros, e virtuofas obras, pellai
quaes fe fez merecedor da immortalidade, aca-
bou a vida, mas naò a fama, em Coimbra a 6. de
Dezembro de 118). com 75. annos de idade, e
no magnifico Convento de Santa Cruz foy se-
pultado o feu Real Cadáver concorrendo a vene-
rallo infinita multidão de povo atrahido das
vozes dos prodígios, com que Deos quiz tefte-
munhar a fua Santidade. Foy depois tranfferido
a hum foberbo Maufoleo de preciofos nurmo-
res, que lhe mandou erigir a magnifica piedade
dclRey D. Manoel, fobrc o qual mandou cfcul-
pir a imagem deíle Monarca, para que a arte
fielmente reprefcntaflc depois de morto afigura,
que nellc vivo delineara a natureza. Teve o
corpo agigantado, mas ainda pequeno para a
grandeza do efpirito, cabello caílanho, boca
groíTa, o roílo, e nariz compridos, olhos claros,
e grandes. A gentileza do roílo junta com a
feveridade do afpeélo o fazia igualmente amado,
e temido. Sobre os diademas de dous Empera-
dores, e as Coroas de vinte Reys vencidos em
cinco memoráveis batalhas arvorou os trofeos
de invencivel, fervindolhe tantas purpuras de
degráos para subir à eminência do trono, ao
qual para durar eternamente lhe abrio os aUcef-
fes com a própria efpada. Nunca cometeo em-
preza, que naõ foíTe árdua de confeguir; nunca
deu batalha, em que naõ foíle taõ incerta a viâo-
ria, como manifefto o perigo, julgando por inju-
riofos aquelles triumfos, nos quaes tiveíle mayor
parte a fortuna, do que o valor. Sendo como o
primeyro Cefar fundador do Império de Por-
tugal, como aquelle o fora de Roma, e taõ
inclinado ao exercicio das armas, como das
letras, o excedeo naõ fomente efcrevendo
com pureza, e elegância na lingua Latina
a Hiílorfa da celebre ConqvúHa de Santarém,
mas ordenando ao feu Capellaõ Joaõ Ca-
mello, que individualmente relata íTe as mili-
tares proezas obradas pelos feus VaíTallos na
fua companhia, e as famílias donde defcen-
diaõ taõ famozos heroes, para que ferviífem
de exemplares do valor a toda a pofteridade.
A Hiíloria da Conquifla de Santarém efcrita
14
B IB LIO THE CA
por eíle Príncipe, em que defcreveo a fitua-
çaõ daquella Villa, fe conserva M. S. no
Archivo do Real Convento de Alcobaça
no fim de hum Livro de S. Fulgencio,
como efcrevem Fr. Bernardo de Brito na
Chronic. de Cijler, liv. 3. cap. 18. e Fr. Antó-
nio Brandão Mon. 'Lujit. Part. 3. liv. 8. cap. 6.
e liv. 10. cap. 22. Com mayor individua-
ção o deixou efcrito o infigne Hiíloriador
D. Jerónimo Oforio Bifpo de Sylves lib. 6.
de Kegis Infiit. p. 180. da ediçaõ de Coló-
nia de 1588. Ríx Alphonjus primus hujus regni
conditor, cujiis divina virtus cum admirabili fapien-
tia conjunãa tneritò efi in omni aternitate cele-
hranda. Is igitur cum Scalahim Urhem, ó" Jitu,
<& arte mmitijfimam, (0° militum multitudine ,
(Ò' vigilum diligentiá defenjam centum viginti
tantàm hominibus fortijfimis fiipatus mãe una
cepijfef, ó' urhis fitum, (& regionis fertilitatem ,
(Ò" expugnationem illam non incommodê latinis lit-
teris complexus efi, ita tamen, ut apparet, illum
ex Sanais litteris non vivendi tantúm dijci-
plinam, Jed dicendi etiam fiylum, <& rationem
percepiffe. Semelhantes, ou mayores Elogios
lhe dedicarão os noíTos Hiíloriadores, como
foraõ Duarte Galvaõ na Chronica defie Prín-
cipe; Brand. Mon. hufif. Part. 3. liv. 9. até o 11.
Brito Chronica de Cifier, 1. 3. c. i. e nos B.log.
dos 'Keys de Port. p. i. Vafconc. Anaceph.
Keg. hufit. pag. 13. Mariz Dialog. de Var.
Hifi. Dial. 2. Manoel de Far. e Souf. Europ.
Porf. Tom. 2. Part. i. cap. 3. e no Epif.
das Hifi. Port. Part. 3. cap. 2. Duart. Nun.
Chron, defie Princip. pag. 29. e na Geneal. dos
Kejs de Portug. p. 3. v.o. Barbud. Empre^.
Milit. de Eufit. pag. i. v.o. D. Nicol. de Santa
Mar. Chron. dos Coneg. Keg. Liv. 9. cap. 9.
Maced. in Propug. Eufit. Gal. Part. i. Con-
fut. 20. ad Art. 10. Fonfec. Etior. Gloriof.
pag. 39. Manoel de Souza Moreira Theat.
Gen. da Caja dos Sou^as pag. 153. Anton.
Maced. Divi Tutel. pag. 240. Mend. in Viri-
dar. lib. 6. Orat. 3. Cunha Catai, dos Bifp.
do Port. Part. 2. cap. 3. Menezes Portug.
Kefiaurad. Tom. i. pag. 5. Card. Agiol. Eufit.
Tom. I. p. 467. no Comment. de 18. de Feve-
reiro. Jozeph Pint. Pereir. in Apparat. Hifi.
Keligiof. Princ. Alphonfi Henrici per tot. o
Padre D. Anton. Caet. de Souf. Hifi. Gen.
da CaJa Keal de Port. Tom. i. liv. i. cap. 2.
O noflb Virgiho Portuguez lu Eufiad. Cant. 3.
Eftan. 45.
A matutina lu^ ferena, efria
As efirellas do Polo já apartava,
Quando na Cru^i o Filho de Maria
Amofirando-Je a Affonjo o animava.
Elle adorando a quem lhe apparecia
Na Fèe todo inflamado ajjim gritava,
Aos infiéis. Senhor, aos infiéis,
E naõ a mim, que creyo o que podeis.
E na Eílanc. 84.
Os altos Promontórios o chorarão,
E dos Rios as aguas faudofas
Os femeados campos alagarão
Com lagrimas correndo piedofas.
Mas tanto pelo mundo fe alargarão
Com fama fuás obras valerofas,
Que fempre no feu Rejno chamarão
Affonfo, Affonfo os ecos; mas em vaõ.
Dos ellranhos feja o primeiro, o que
taõbem o foy na dignidade, o Pontífice Inno-
cêcio III. em huma carta efcrita a D. Aflfon-
fo 11. que traz Baronio in Annalib. Ecclef.
ad an. 11 79. Manifefiis probatum efi argu-
mentis quod inclyta recordationis Alphonfus Avus
tuus per fudores bellicos, <& certamina militaria
inimicorum Chrifiiani nominis intrepidus extirpator,
<& propugnator fidei orthodoxa, ficut devotusfilius,
<& Princeps Catholicus multimode obfequia impendif
SacrofanãcB Romana Ecclefia Matri fua dignum
nomen, (& exemplum imitabile pofieris derelinquens.
Hypol. Marrac. in Reg. Marian. p. 17. Viroperi-
bus bellicis clarus, <ò' Chrifiiana pietate fervens.
Nat. Alex. Hifi. Ecclef. Sascul. 11. €>* 12. cap. 11.
art. 3. RexfortiJJimus, <& piijftmus Eufitani Regni
conditor multorum Monafieriorum , <ò' Templorum
fundator mirificus. Jacob. Gou. toulas Hifi.
Univ. Part. 3. ad Ssecul. 12. Non minus belli,
quam pacis artibus clarus Rempublicam illufirare,
bonifique omnibus augere, ac fplendide ornare non
defiitit. Marian. de reb. Hifp. Lib. 10. cap. 13.
17. e 19. <& lib. II. cap. 15. (Ò' 16. Principem
omni virtute confpicuum, fidei Chrifiiance :^elan-
tijjimum, pace, belloque gloriofum. Manrique
in Annal. Cifierc. Tom. 3. ad an. Chriíl. 11 85.
cap. 5. n. 10. Ingentis laudis Princeps, e^* qui
non minori apud Deum gratià, quám apud homi-
nes gloria floruit quandiu vixit, credendus efi.
Paflarel. de bel. Lufit. lib. i. Ob mauros in
pralio infigni cade profiratos militari fiudio, atque
LUSITANA.
i5
plaujii in illo ardore vUloria Kía* proclamatus
OMguftum hoc ftbi partum virtiite nomen, alijs
pojl dotihiis autlnni, atque exinde retenlum ad
pofttros tranjlulit. Bonucci Iftor. di D. Alffon.
Ettriq. liv. 3. cap. i. Ké natofrà h ar mi, nodrito,
$ crtfcwío fra gli eferciTJ di Mar/e, por/a/o
éhlla divina Prmdenza fra cento battaglie Jh
i Jcudi, fii gli elmi, Jh i fafci di palme trionfali
4ik Jublimità de m trono reale. Garibay Comp.
Hijl. de líjpan. liv. 38. cap. 14. ij. c 16.
Giuft. liiji. Chronol. dei* Ord Aíilit. Part. i.
cap. 25. c 28. Caram. Theol. Kegiil. P. 9. Epift.
j. n. 2365. Carrillo Annal. dei Mitnd. liv. 4.
pe^g. 329. v.o Chryfog. in Mimd. Marian. Difc.
18. n. 34. Sccvol. et I.ovis de Sainô. Marth.
Hift. Gen. dela Aíaif. de Franc. Tom. 2. liv.
41. cap. 2. Matta Traíí. de Sanííor. Canonizai.
Part. 3. cap. 2, n. 10. Del Rio Difqtíijif. Mag.
Qweíl. 26. feél. 5. pag. 283. BoíTius de Sig^i.
Eitclef. lib. 17. cap. 7. Aubert. Mirxus in
Orig. Ord. Equeji. cap. 14. Quarefm. ác Quinq.
Vuln. Chrijl. Tom. 5. lib. 3. cap. 7.
AFFONSO IV. do nome, e VII. Rey
de Portugal, que ou pela afpereza da condição,
ou pelo valor do animo foy intitulado anto-
nomaílicamente o Bravo, nafceo na Cidade
<ie Coimbra a 8. de Fevereiro de 1291. fendo
fcus Auguílos Progenitores, ElRey D. Diniz,
•e a Rainha D. Ifabel, que por fuás fmgulares
virtudes mereceo, que das veneraçoens do
[ Trono fo íTe com religiofos cultos adorada
I; nos Altares. Logo nos primeiros annos lhe
nomeou feu Pay por Meftre a D. Martinho
! cie Oliveira, taõ venerável pela dignidade,
como pela virtude, para formar na fua Pef-
foa huma perfeita imagem da Soberania,
c em taò tenra idade deu finaes evidentes,
de que a natureza o tinha dotado de huma
Índole capaz de obrar acçoens dignas do feu
nacimento; porém com o progreíTo dos an-
nos deixando fe arrebatar da violenta paixaõ
do governo, determinou com temerária ou-
fadia cingir a Coroa na vida de feu Pay,
fendo huma das principaes caufas, porque
fe refolveo a executar eíla abominável ac-
ção, o particular affedo, com que aquelle
Príncipe amava a feu Irmaõ Affonfo San-
ches, a quem perfeguio com taõ declarado
ódio, que além de o defpojar da fazenda.
o privou da honra. Na Varonil idade de
trinu e quatro annos fubío ao Trono, e de-
vendo totalmente applicarfe ao governo do
Reyno, a que anheUra, fe efqueceo taõ tor-
pemente delle, que todo o tempo confumia
no exercício da caça, de cujo exceíTo, que
fatalmente arruinava a Monarchia, fendo fiel-
mente advirtido pelos feus VaHalos, ainda que
recebeo com femblante irado a advertência, de
tal forte moderou a inclinação, que toda a con-
verteo em benefício do Rcyno. Aggravado de
varias offenfas que recebera de Affonfo XI. de
Caftella, com quem defpofára fua filha a Infanta
D. Maria, lhe declarou huma horrível guerra,
de que fe feguiraõ funeftas confequencias a
ambas as Monarchias, alternando a fortuna fuc-
ceíTos profperos, e advcrfos aíTim na terra,
como no mar. Para pacificar os dífcordes âni-
mos deíles dous Príncipes mandou a Santidade
de Benediélo XII. ao Bífpo de Rhodes por feu
Legado, c ainda que de alguma forte reprímio
efte incêndio, totalmente o naõ extinguio. Aug-
mentavafe mais o furor do noíTo Príncipe con-
tra ElRey de Caftella por lhe ferem notórias as
ignominias, com que tratava a fua filha a Infanta
D. Maria, preferindolhe no amor, e na eftima-
çaõ a D. Leonor Nunes de Gusmaõ, a cuja
fermofura tinha lafcívamente facríficado o
coração. Porém huma fatal calamidade que
ameaçava a ultima mina a toda Efpanha, obri-
gou a que fe reconciliaíTem os ânimos deftes
Príncipes. Refolveufe Alboacen Rey de Mar-
rocos colligado com o de Granada invadir Ef-
panha, e capitaneando hum Exercito, que fe
faíia formidável pela fua exceífiva multidão,
pois conftava (como afíirmaõ os Authores da-
quelle tempo) de quatrocentos mil Infantes, e
feííenta mil Cavallos, cercou Tarifa confiando
que com o rendimento de taõ forte Praça fe faria
fenhor abfoluto de toda Efpanha. Fatal foy a
confternaçaõ, que concebeo com efl^ infaufta
noticia o animo de Affonfo XI. conhecendo
que naõ podia reíiftir a poder taõ fuperior, e
para que naõ foíle defpojo das Armas de
Alboacen, fupplicou ao noífo Monarcha
quizeíle fer feu auxiliar em taõ perigofa
empreza. Para que efta suppUca foíTe prom-
ptamente attendida mandou por interprete
delia a fua própria Efpofa a Infanta D. Ma-
ria, que chegando em Évora à prezença
ló
B IB LIOTHE CA
delRey feu Pay foy inexplicável o jubilo com
que a recebeu, mayor a ternura com que a abra-
çou. Efquecido dos aggravos do genro fe de-
liberou em obfequio de taõ foberana intercef-
fora paíTar em peíToa a Caílella com hum Exerci-
to mais formidável pelo valor, que pelo numero
dos combatentes. Foy recebido em Sevilha com
magnifica pompa por ElRey, e toda a Corte Caf-
telhana, a quem em prefagio da viftoria lhe can-
tarão os meninos com innocentes vozes as pala-
vras, com que Chriílo entrou triunfante em
Jerufalem Benedi£ius qui venit in nomine Domini.
Para fe evitar alguma confufaõ, que foíTe preju-
dicial ao feliz fucceíTo defta empreza refolveraõ
os dous Monarchas, que o Portuguez invadiíTe
o Exercito delRey de Granada, e o Caílelhano o
dei Rey de Marrocos. Fortalecidos os noflbs
Soldados com o efpiritual alimento do Paõ dos
Anjos mandou o noíTo Príncipe ao Alferes mòr,
que arvoraíTe por Eftandarte o Sacro fanélo Le-
nho da Cruz, e fendo profundamente adorado
por todo o Exercito inveíliraõ os Soldados como
furiofos Leoens contra as efquadras inimigas,
que animofamente rebaterão taõ violento im-
pulfo. Por largo tempo eiieve indecifa a vito-
ria, até que inclinando-fe para a noíla parte, foy
tal o pavor, que occupou os ânimos dos Mou-
ros, que fugindo ignominiofamente, deixarão
o campo femeado de Cadáveres. A felicidade
deJfte fucceíTo animou a ElRey de Caílella
de tal modo, que naõ querendo ficar infe-
rior na gloria do triumfo ao noíTo Príncipe,
inveílio com tanto Ímpeto aos inimigos go-
vernados por ElRey de Marrocos, que os
obrigou a defamparar os arrayaes, degoUan-
do a huns, cativando a outros, e recolhen-
do os mais preciofos defpojos. Efta foy aquel-
la famofa, e celebre batalha alcançada em
30. de Outubro de 1340. junto às correntes
do Rio Salado, donde tomou o nome, em que
morrerão duzentos mil bárbaros, cujo excef-
íivo numero obrigou à Fama, que a divul-
gaíle por única, e que a Igreja a celebraíTe
por milagrofa, cauzando inexplicável jubilo
á Chriftandade, eterna fegurança, e precio-
fos defpojos a Efpanha, immortal gloria aos
dous Monarchas. De taõ faufta noticia íize-
raõ logo participante ao Supremo Paílor da
Igreja, mandando-lhe para final do triumfo
trinta, e quatro bandeiras ganhadas aos Mou-
ros, e foy tal o alvoroço, que concebeo o cora-
ção do Pontífice, que entrando na Cathedral de
Avinhaõ para render as graças ao AltiíTimo por
taõ infigne viftoria, ordenou, que levaíTem
diante os Eílandartes dos Mouros arraílrados,
e tremolãtes os dos dous Monarchas, rompenda
o feu devoto agradecimento com as palavras
do Hymno Vexilla Kegis prodeunt, que conti-
nuou acordemente todo o Collegio Apoftolico.
Conhecendo Affonfo XI. que o mais gloriofo
inftrumento defta viftoria fora a efpada do
noíTo Príncipe, lhe pedio efcolheíTe dos defpo-
jos, que delia fe tinhaõ colhido, os que foíTem
mais agradáveis ao feu gofto. Porém o no íTo
Monarcha com animo verdadeiramente Real,
triunfante da mefma viâ:oria, efcolheo aquel-
les, em que tinha mayor parte a honra, que
o intereíTe, como foraõ o Infante Abohamo
íilho de Albohall, que cativou com a fua própria
maõ, algumas efpadas primorofamente fabrica-
das, huma trombeta, com que depois fe coroou
o feu Maufoleo, e cinco eftandartes, que pendu-
rou por trofeos da viâoria na Cathedral de Lis-
boa. Antes de cingir a coroa, fe defpofou em
Lisboa a 12. de Setembro de 1309. com a In-
fanta D. Brites filha delRey de Caftella D. San-
cho IV. o Bravo, e da Rainha D. Maria íilha
do Infante D. Affonfo Senhor de Molina, da
qual teve a Infanta D. Maria, que foy ef-
pofa de Affonfo XI. de Caftella; os Infan-
tes D. Aífonfo, e D. Diniz, que morrerão de
tenra idade; o Infante D. Pedro, que herdou a
Coroa; a Infanta D. Izabel, e o Infante D. Joaõ,
que brevemente foraõ transferidos para melhor
vida, e ultimamente a Infanta D. Leonor, que
cafou com ElRey de Aragaõ D. Pedro IV. cha-
mado o Ceremoniojo. Conhecendo que era che-
gado o termo da fua vida fe preparou com as
armas dos Sacramentos para efta ultima bata-
lha, e entre os fufpiros de hum coração verda-
deiramente arrependido exhalou o efpirito em
Lisboa a 28. de Mayo de 1357. em idade
de 66. annos, três mezes, e vinte dias, dos
quaes reynou trinta, e dous annos, quatro
mezes, e vinte e hum dias. Jaz fepultado na
Cathedral de Lisboa em hum foberbo Maufoleo
defronte da Capella, onde fe venera o corpo do
Ínclito Martyr S. Vicente, tendo por epitáfio
eftas breves palavras. Alphonjus nomine Quartus
Ordine Jeptimus Portugallia Kex,
LUSITANA.
'7
Sobre o Maufoleo eílá huma figura, que
fuílenta a trombeta, que foy gloriofo dcf-
pojo da batalha do Salado, a qual, ainda
que muda, Te explica por eftas métricas vozes.
Hac tNha^ quam Maitris Alphonjiu no mine
QitartHS
AbftiiHt, ut Jamã pritNus in orbt foret;
Dum refonat Regem, partiimqtie à Ktge trium-
phum,
Attamen Alphonjitm Jurgere você jubet.
Foy de eílatura mediana, aípeâo agra-
dável, e de perfeita fimetria. Teve a teíla
larga com algumas rugas; nariz grande al-
gum tanto curvado, boca grande, a barba
copio fa, e partida pelo mcyo, cabcUo caf-
tanho, e crcfpo. Foy para Dcos fumma-
mente Religiofo; para os homens cxtrcmo-
íamente compaíTivo. Obfervou cxaílamcntc
a continência conjugal, cm cuja virtude
excedeo a todos os Principes feus Antecef-
Ibrcs. Amou a verdade, affim como abor-
rccco a mentira. Nos infortúnios foy conf-
iante, nas felicidades moderado. Adminif-
trou a juftiça com reâddaõ, exercitou a cle-
mência fem exceíTo. Tomou por empre-
za huma Águia collocada fobre huma penha
levantando o voo até as esferas com eíla
letra Altiora peto em cuja enigmática figura
fimbolizava o heróico impulfo de feu Coração
para emprender acçoens mayores, que fuás
forças, e iguaes a feus dezejos. Mais glorio fa
fora na pofteridade a fua fama, fe a naõ
manchara com a injuíla morte da innocente
fermofura de D. Inez de Caílro, de cuja
lamentável tragedia foy crueliíTimo complice.
Fez utiliffimas Leys para o governo politico,
nas quaes fe admira unido o zelo do bem
publico com a fciencia civil, e fe incorporarão
com as Ordenaçoens do Reyno. Delias
íizeraõ hum Catalogo Duarte Nimes de Leaõ
no fim da Chronica deíle Príncipe, e Fr.
Rafael de JESUS Chronifta mòr do Reyno na
Mon. Lufit. Part. 7. liv. 10. cap. 23. onde
efcreveo diffufamente a vida deíle Monarcha.
Como era naturalmente affedo à Poezia
compoz vários Verfos, que naõ deixavaõ
de fer elegantes em idade taõ inculta para
as Mufas, dos quaes tinha feito huma col-
lecçaõ Fr. Bernardo de Brito Chronifta mòr
do Reyno para fe imprimirem, como teíli-
fica o infigne Antiquário Manoel Severim
de Faria. F^azcm illuílre mençaõ defte Mo-
narcha, Fernaô Lopes, Ruy de Pina, Duarte
Galvaò, Duarte Nunes de Leaõ nas íuas
Chronicas, Fr. Bernardo de Brito nos Ebg.
dos Rtyf de Portugfll, Ivlog. 8. Vafc. Anacepb.
Keg. Lufit. pag. 115. Faria Estrop. Port. Tom.
z. Part. 2. cap. 3. e no Rpit. das Hifi. Por/ug.
Part. ). cap. 8. Ciordon. in Chronol. Bleda
Chron. de los Morifc. lib. 4. cap. 56. Marían.
de reb. Hijpan. lib. i). cap. 16. & lib. 16.
cap. 7. ôc lib. 17. cap. i. Ferrer. Hifi. de Efpan.
Tom. 7. ad an. 1557. Fonfcc. Uuora Glorio/.
pag. 56. Caramuel Philip. Prud. pag. 45. Sou-
za Hifi. Ceneal. da Caf. Real Portug. Tom. i.
liv. 2. cap. 3. Leytaõ Mem. Chronol. da Univ.
de Coimb. pag. 131. até 147.
AFFONSO V. do nome, e XIII. Rcy de
Portugal chamado Africano pelas militares fa-
çanhas, que obrou em toda Africa. Sahio à luz
do mundo na deliciofa Villa de Cintra a 15. de
Janeiro de 1452. com exceíTivo jubilo de feus
Auguftos Pays D. Duarte, e D. Leonor, e de
toda a Monarchia Portugueza. Ainda naõ con-
tava completos fete annos quando herdou a
Coroa, e como para fuftentar o feu pezo, tinha
pouco robuílos os hombros, foy eleyto por
geral confentimento feu Tio, e ao depois
fogro, o Infante D. Pedro Duque de Coim-
bra para que na fua menoridade regeíTe
a Monarchia, o que executou com pru-
dente vigilância por efpaço de outo annos,
até que chegando ElRey a idade compe-
tente lhe entregou com o Scetro o governo.
Naõ foy baílante o zelo, e defintereíTe com
que o Infante adminiílrou a Monarchia para
que naõ fe confpiraíle contra a fua innocen-
cia o ódio dos feus emulos, perfuadindo a
ElRey que pertendia ambiciofamente pri-
vallo do trono. Refolveofe o Infante juíli-
ficar a fua fidelidade na prefença de ElRey,
mas como eíle eílava preoccuppado de fi-
niftras informaçoens, fulminou contra elle
tudo quanto lhe didava o feu furor man-
chando com acçaõ taõ execranda o prologo
do feu Reynado, até fer caufa de que aca-
baííe infelizmente a vida, merecedora de
mais gloriofo fim nos campos de Alfarrobei-
ra. Eílimulado com o ardente dezejo de
i8
BIB LIOTH E CA
ganhar fama, que o Ç^zcí^t immortal na pof-
teridade efcreveo no anno de 1457. ^0 Pon-
tífice Calixto III. para que colligaíTe todos os
Príncipes Catholicos contra o Turco, offere-
cendo para eíla empreza a fua PeíToa com todas
as forças militares do feu Reyno. Admiroufe
o Pontífice de taõ generofa oferta, pois toda
cedia em obfequio da Religião, porém os Prín-
cipes com mayor politica, que Chriílandade naõ
quizeraõ intereíTarfe em guerra taõ juíla, fo-
mente o noíTo Monarcha naõ defiftindo do
Catholico intento de domar o orgulho dos Se-
quazes de Mafoma, mandou voltar as proas da
formidável armada, que tinha apreftado con-
tra Alcácer Seguer, a qual conílava de duzen-
tas, e vinte vellas, e de vinte mil Soldados,
e depois de huma forte refiílencia a rendeo
ao feu dominio no memorável dia de 17.
de Outubro de 1458. Acompanhado de feu
irmaõ D. Fernando Duque de Vifeu entrou na
Mefquita, e depois de purificada, a confagrou
à Immaculada Conceição da Senhora, e para
que não pudeííe fer invadida pelos bárbaros
huma Praça, que fora expugnada com tanta
gloria, a deixou entregue à vigilância do infigne
Capitão D. Duarte de Menezes, que brevemente
moftrou aos inimigos o valor da fua efpada.
Efta famofa conquifta, que foy o preludio das
militares proezas do no íTo Príncipe o eftimulou
a que no anno de 1463. fahiíTe com outra
armada contra Tangere, mas naõ experimen-
tando a fortuna taõ favorável às fuás armas,
como na expedição de Alcácer, voltou ao Rey-
no a prepararfe para outra Conquifta em que
reftauraíle a gloria que perdera. Para efte fim
apreftou huma armada de trezentos, e vinte Na-
vios guarnecidos de vinte, e quatro mil Solda-
dos, em a qual fahio acompanhado de feu filho
o Príncipe D. Joaõ a 15. de Agofto de 1471. e
navegando profperamente aviftou a Praça de
Arzilla, contra a qual mandou aíTeftar toda a
artilharia, para que logo fe rende ííe à fua obe-
diência. Os bárbaros, que a prefidiavaõ, fe
defendiaõ taõ obftinadamente, que por alguns
dias fizeraõ impoffivel a expugnaçaõ, até que
naõ podendo refiftir à fulminante efpada do
noffo Príncipe fe renderão, fendo feliz con-
fequencia de taõ grande conquifta o ren-
dimento da Praça de Tangere, que guarne-
ce© com numerofo prefidio. Depois de ter
colhido innumeraveis palmas nos Campos Afri-
canos converteo as armas para Efpanha com
taõ infaufto fucceíTo, que foraõ vencidas na cele-
bre batalha de Toro. Para recuperar efta perda,
que julgava por ignominio fa ao feu nome,
paíTou a França lizonjeado das promeíTas de
Luiz XI. mas experimentando, que a dilação,
que interpunha, era final evidente de as naõ
cumprir, fe refolveo acabar a vida em Jerufa-
lem no lugar, onde o Redemptor do mundo deu
a fua pela liberdade dos homens, porém atra-
hido do amor dos feus VaíTallos fe reftituhio
ao Reyno, onde compoftas as difcordias, que
havia entre a Coroa Portugueza, e Caftelhana fe
fentio fortemente acometido de algumas mo-
leflias, que atormentandolhe o corpo lhe pene-
travaõ mais o espirito, de que fe feguio cahir
gravemente enfermo, e conhecendo fer chegada
a ultima hora, recebidos com grande piedade os
Sacramentos efpirou em Cintra na mefma Cafa
onde nacera a 28. de Agofto de 1481. quando
contava 49. annos 7. mezes, e 13. dias de idade,
dos quaes reynou 42. annos, onze mezes, e 19.
dias. Cafou com a Infanta D. Izabel filha
de feu Tio, o Infante D. Pedro Duque de
Coimbra, e da Infanta D. Izabel filha de
D. Jayme II. Conde de Urgel, de quem
teve três filhos aos quaes pela grande devo-
ção, que a Rainha fua Mãy tinha ao Apoftolo
S. Joaõ lhes impoz a todos o nome defte
amado Evangelifta; fendo o primeyro o
Príncipe D. Joaõ; o fegundo a Infanta D.
Joanna, que defprezando o thalamo de tresj
Monarchas fe defpofou com Chrifto noj
Religiofo Convento das Dominicas dei
Aveyro, a qual pelas fuás virtudes, e mila-
gres fe venera Beatificada nos altares; e oj
terceiro o Príncipe D. Joaõ, que herdou
Coroa. Por morte da Rainha D. Izabel fuc-j
cedida a 2. de Dezembro de 1455. paíTou aJ
fegundas vodas no anno de 1475. com a]
Princeza D. Joanna fua fobrinha filha dej
Henrique IV. e herdeira da Coroa de Caftel
fendo por efta caufa aclamado o noílo Prin-|
cipe por Monarcha daquelle Trono. Teve oj
corpo grande, e robufto; a prefença mageftosa,]
e agradável; o rofto redondo, cabello caftanho,
e o da barba comprído, que fempre trazia muito]
compofto. Foy dotado de memoria admirável,
e engenho agudo. FaUou a lingua materna com
LUSITANA.
«9
tanta pureza, e elegância, que pareciaõ as Tuas
palavras eíludadas antes de proferidas. Teve
natural inclinação ás letras, e com particular
IafFeâo cílimava aos homens eruditos, com
Oi quaes tinha familiar comercio. Foy o
primeiro dos no/Tos Príncipes, que juntou
Livraria, c que ordenou fe efcreverfem na
lingua latina as Hiílorias do Reyno, para
cujo effeito mandou vir de Itália a Fr. Juílo
Btldino Religiofo Dominico, a quem fez
Bifpo de Ceuta. Igualmente foy perito na
i Mathematica, que na Mufica, de cuja fua-
vidade fummamcntc fc deleitava. Foy
acérrimo dcfcnfor da Fé Catholica, infígne
vcncrador do culto divino; de animo com-
l^iíTivo para com os pobres, de coração
i^cncrofo para os Fidalgos cnnobrcccndo o
Kcyno com muitos Titulos, com que pre-
miou os merecimentos de fcus antcpafla-
dos. Jaz fepultado no Real Convento da
Batalha. Como tinha paflado a mayor parte
do feu Reynado na Campanha, efcreveo
Tratado da Milícia conforme o cojlume de
batalhar dos antigos ^ortuguev^es. Para moftrar
quanto era fcientc na Mathematica efcreveo:
Difcítrfo em que fe moflra, que a conf-
tellaçaõ chamada CaÕ celefle confiava de vinte,
e nove eftrellas, e a menor de duas. De cuja obra
fe lembra com grandes elogios Zacuto Luíit.
in Princip. Mend. Hiflor. lib. 4. hift. 11.
Carta efcrita da própria maõ a Gome^
Anes de Zurara feu Chronifia mor, e Guar-
da mor da Torre do Tombo, quando affiflia em
Alcácer com o Conde D. Duarte de Meneses,
para efcrever os feitos daquella Villa. M. S.
Acaba. O meu vulto pintado o non tenho para
volo agora lá poder enviar: mas o próprio prat^erá
a Deos, que o vereis lá em algum tempo, com que
vos lá mais deve prav^er.
Carta efcrita da própria maõ a ^. de Agoflo
de 1461. a Diogo Lopes Lobo, Senhor de
Aluito fatisfazendo-o de alguns agravos,
^ue lhe fizera. M. S.
Defte Principe trataõ Manoel de Faria,
e Souf. Europ. Portug. Tom. 2. Part. 3. cap. 3.
e no Epit. das Hiji. Port. Part. 3. cap. 13.
Marian. de reb. Hifpan. lib. 14. à cap. 6. ufque
ad 21. Brito Elog. dos Rejs de Port. pag. 13.
Maris Dial. de Var. Hifl. Dialog. 4. cap. 7.
Oliveir. Grand. de Eisb. Trat. 3. Tit. 13.
Fonf. Evor. gforiof. pag. 84. Souíâ Hifl. Gemai,
da Cafa Real Por/ug. Tom. 5. liv. 4. cap. i. Vaf-
conccl. Anaceph. Keg. Lufit. pag. 199. Orleaos
Hifl. desKiPolut. d*Efpafful!om. 5. pag. 187. Fr.
Femand. da Solcd. Hifl. Seraf. da Prov. de Por-
tiig, Part. 5. liv. 16. cap. i. da íiegunda impreílâõ.
D. AFFONSO filho fexto dos Serenir*
fimos Monarchas D. Manoel, e D. Maria
fua fegunda mulher, filha dos Reys Catho-
licos Fernando, e Izabel, naceo na Cidade
de Évora Capital da Provinda TranAagana
em 25. de Abril de 1509, em cuja Cáthe-
dral reccbco a primeira graça no primeyro
de Mayo do mefmo anno. Logo na infân-
cia deo claros indícios da agudeza do juizo,
de que prodigamente o dotara a natureza.
Aprendeo as letras humanas com Ayres Bar-
bofa, e André de Refende, Oráculos da
lingua Grega, e Romana, e com a difciplina
de taõ iníignes Meílres fez taõ admiráveis
progreflbs, que já enfinava quando aprendia.
Ainda naõ excedia a idade de dez annos,
quando Leaõ X. no i. de Julho de 15 18.
o ornou com a Purpura Vaticana do titulo
de Santa Luzia in Septemfolifs (que depois
foy mudado por Clemente Vil. para o de
S. Braz no anno de 1524. e ultimamente
para o de S. Joaõ, e S. Paulo por Paulo UI.
no anno de 1536.) querendo premiar com tanta
anticipaçaõ em idade taõ tenra as virtudes,
que havia praticar na adulta, de cuja digni-
dade recebeo a poíTe a 28. de Mayo de 1526.
das mãos de D. Fernando de Vafconcellos,
e Menezes Capellaõ mòr, e Bifpo de Lamego.
Das fuás virtuofas acçoens foraõ gloriofos
theatros as Diocefes da Guarda, Vifeu, e
Évora, nas quaes governou como vigilante
Pastor numero fas ovelhas; fervindo-lhe eflas
três Mitras de degráos para fubir à dignidade
Archiepifcopal de Lifboa no anno de 1523,
onde dezempenhou as obrigaçoens do officio
Epifcopal adminiftrando os Sacramentos aos
enfermos, explicando o Cathedfmo aos ru-
des, e favorecendo com charitativa profu-
fão aos pobres. Ornou os Altares com pre-
ciofos paramentos; venerou com exceíliva ter-
nura a Maria SantifTima, e com o mais profundo
refpeito a Chriílo occulto debaixo das efpe-
cies Sacramentaes . Foy exaâ» obfervador das
20
BIBLIO THEC A
Cerimonias Ecclefiafticas ordenando, que na Ca-
thedral, e Arcebifpado de Lisboa fe naõ uzafle
do officio Salisburgenfe introduzido defde o
tempo delRey D. Affonfo Henriquez, e fo-
mente fe obfervafle como mais perfeito o Ro-
mano. Como era muito douto nas linguas Grega,
e Romana, e verfado nas letras fagradas, e pro-
fanas, eftimava aos homês fabios, com quê tinha
familiar comercio ; e a alguns que floreciaõ com
grande opinião em outros Reynos, os atrahia
com generofos donativos para a fua companhia,
na qual eraõ benevolamente tratados. Conti-
nuamente tinha patentes as portas a todo o gé-
nero de pe íToas, que bufcavaõ na fua benévola
comiferaçaõ refugio às fuás nece íTidades, naõ
permitindo, que fe apartaíTem da fua prefença
queixofas, e defconfoladas, antes era natural-
mente taõ liberal, que o dia, em que naõ fazia
mercês, e repartia dadivas, o julgava, como do
Emperador Tito fe efcreve, por perdido. No
tempo que Portugal gofava de hum Príncipe
Ecclefiaflico, cujas virtudes eraõ veneradas por
todas as fuás Jerarchias, foy acometido de huma
grave doença, e conhecendo o perigo, que o
ameaçava, fez que o levaíTem à Capella morda
fua Cathedral, onde com terniíTimos aíFeâos,
e devotas lagrimas recebeo o Sagrado Via-
tico, e recolhido ao Palácio entregou o efpi-
rito ao feu Creador na florente idade de
31. annos com geral fentimento deíla Monar-
chia, e do Mundo Catholico em 21. de Abril,
e naõ de Agoílo, como erradamente efcreveo
Megefero no Diar. Auftriac. p. 40. e 41. do
anno de 1540. e naõ de 1537. como diíleraõ
Panvino, Ciaconio, os dous Irmãos Luiz, e Sce-
vola Santas Marthas. O feu corpo foy levado ao
Real Convento de Belém, onde em hum foberbo
Maufoleo efpera a refurreiçaõ univerfal, tendo
gravado no mármore o feguinte epitáfio.
iieu quod in Alphonjo viduanfur honore Tiara
Plorat UlyJJipOf Koma, ruhenfque toga.
Vifenfes pueri, quos ipfe fide erudiehat
Solaque congaudent Sydera Cive fuo.
Compoz.
Vita Alphonji l^ufitanorum Kegum primi,
que dedicou à Santidade de Leaõ X. como
diz D. Nic. de Santa Maria, na Chronica dos
Coneg. Keg. liv. 9. cap. 32. n. 6.
Das suas obras latinas aflim em profa,
como em verfo, fez huma collecçaõ o cele-
bre Antiquário André de Refende, e impref-
fas as dedicou a ElRey D. Joaõ III. como
affirma o Padre António de Macedo in L.ufit.
Inful. ^ Purpur. p. zi^.
Conjlitmçoens para o Bi/pado de Évora,
que foraõ as primeiras, que teve, e re-
duzio a melhor methodo as do Bifpado de
Vifeu.
Vários faõ os elogios, com que diver-
fos Authores celebraõ efte grande Príncipe.
Ayres Barbofa feu Meftre na Antimoria foi.
39 o congratulou com eíle celebre diílico,
quando foy eleyto Cardial.
'Koma tihi donat Princeps Alphonfe galerum.
Dat tihi Koma decus, me minus illa capit.
Palat. in Faftis Cardinal. Tom. 2. pag. 719.
Alphonjus Princeps religiofijfimus , litterarum,
Utteratorumque omnium maxime fautor, et Mace-
nas, qui magnanimitate , clementia, magnificentia
certavit cum omnihus Terra Principihus. Ah eo
trijiis nemo umquàm dijcejfit. Auãoritatem
augens famulitij nobilitate, cultu domus, mijeri-
cordia in pauperes, vere Kex hominum, Pha-
hique Sacerdos, inter Epifcopos Optimus, inter
Keges clarijfimus, quafwit follicitus Keligionis
augmentum, (0° ohjervantiam fine firepitu, abfque
gladio. Joio verbo, <& exemplo. Ciacon. de
Vitis Pontif. Tom. 3. pag. 414. Princeps
munificentijfimus, (ò" magnanimus, ac tanta infuper
manfuetudine, (ò" clementia, ut nemo unquàm
ah eo triftis dijcefferit, quanta autem fuerit
morum Juavitate, (& comitate, obitu illius intel-
leãum eft; non enim alio affeãu eum univerja
luxit Eufitania, quám fi communis omnium
parens interiijjet. Ofor. de reb. Emman. lib. 6.
Jingulare fpecimen religionis, (& probitatis, é^
magnificentia. Góes na Chron. delKej D. Manoel.
Part. 2. cap. 42. Foy affás douto na lingua
latina. Cardo f. Agiolog. L.ufit. Tom. 2. pag. 659.
Mecenas fingular dos doutos, e beneméritos, favo-
recendo-os, e honrando-os em toda a occa^iàõ.
Maris Dialog. 4. de varia Hifior. cap. 20.
Douto na lingua latina, e efiudiofijfimo de letras,
e /ciências. Pedro Sanches no Poema Lauda-
torio dos Poetas Portuguezes
At Te Kege Sate Heros Emmanuele potente
Qui Tjrium Syrma ornafii, Jacrumque Ga-
lerum
Ipfe canat Phabus: nos Te, (& tua funera
quondam
L USITANA.
21
Flevimus Alphonfe, & gtmitu, lacrymifque
profujis
Ad tuMultim mafla ter você vocavimus umbram,
Maffie tuam, extremumque vale ter dixi-
mus. VJjeul
Quantum prafidij doÚi amifire Potia
Morte tual quanta decoris P ama fia lut/trus,
Nã tihi síper erant cordi doííijftme Princeps
Vates: mtmeribus vates, vultuque fovebas:
Temporis, €>• fi qmd tibi forte vacabat ab ai mi
Prajulis officio, qmd verbo, ÇÍT rebus obibas
Donafii id totum Mitfis, placidaque Poefi.
Jorge Q>elho Secretario do Girdial D.
Henrique nas fuás obras poéticas impreítas
«A Lisboa no anno de 1 540. traz huma larga
£legia à morte dcílc Principe, que começa.
Deflebam Alphonfi fatii quem fimere acerbo
Tam jiwenem nobis abftulit atra dies.
Garibay Comp. Hijl. de Efpan. liv. 3J.
«.ap. 50. c 51. Maffeo HiJl. rer. Ind. lib. 10.
|(ingelin. in P/trp. D. Bernard. pag. 49.
c\: 50. Cunha Hijl. Ecclef. de Lisb. Part. 2.
c.ip. 2. n. 5 Souf. de Maced. Flor. de Efpan.
p. 23. excel. 3. Vafc. Anaceph. Keg. Lu-
ftf. pag. 272. Bfov. Annal. Ecclef. Tom. 19.
ul ann. 1509. e 15 16. Spondan. tom. 2.
id an. 15 12. n. 5. Padre D. Manoel Caetan.
de Souf. Catai. Hijl. dos Sum. Pontif. e Card.
Portug. pag. 21. Manoel Pereir. da Sylv.
Leal Catai, dos Bifp. da Guard. §.29. Fonfeca
Ejvor. Gloriof pag. 294. Manrique Annal. Cif-
terc. Tom. 2. in ferie Abbat. Alcohat. pag. 11.
in fine. D. António Caet. de Souza Hifl. Geneal.
da Caf. Real Portug. Tom. 3. liv. 4. cap 10.
D. AFFONSO, primeiro Marquez de
Valença afíim no Titulo, como na digni-
dade, que houve em Portugal, nafceo em
Lisboa, e foy filho primogénito de Dom
Affonfo, nono Conde de Barcellos, e pri-
meiro Duque de Bragança, e de D. Brites
Pereira de Alvim, filha do famofo Heroe
D. Nuno Alvares Pereira, Condeflavel de
Portugal, cujos Auguftos defpoforios fe cele-
brarão em 8. de Novembro de 1401. Ao
clplendor do nafcimento correfpondeo a perf-
picacia do juizo, admirando-fe jà na tenra
idade o talento, com que fe fez venerado na
adulta. Depois de cultivar aquelles eíludos
próprios da fua alta qualidade, fe fez mais
infigne no exetddo das virtudes motaes,
e politicas, pelas quaes meteceo a eflimaçaò
dos Prindpes do (eu tempo. Refoluto íeu
Tio ElRey D. Duarte em mandar hum Emba-
xador ao Concilio de Bafilea, que fe tinha
congregado para paciHcar as largas difcordías
entre a Igreja Grega, e Latina, que depois
foy transferido por Eugénio IV. para Ferrara,
o nomeou a elle, confiando da fua profunda
capacidade, que feli2mente defempenharía
as obrigações do feu miniílerío. Acompa-
nhado de D. Antaõ Martins, Bifpo do Porto,
dos Doutores Vafco Fernandes de Lucena,
Diogo Affonfo Manga ancha, de Fr. Joaõ
Thomé, Eremita de S. Agoftinho, e Fr. Joaõ
Gil, da Religião Seráfica, partio de Lisboa
a 21. de Janeiro de 1435. e chegando a Bolo-
nha a 24. de Julho do mefmo anno, foy rece-
bido pelo Papa com inexplicáveis fignifica-
çoês de paternal benevolência. Recitou a
Oraçaõ obediencial o Doutor Vafco Fernan-
des de Lucena na prefença do Summo Paftor,
e do CoUegio Cardinalício, fendo univeríal-
mente applaudida pelas elegantes expreíTocns,
com que declarava a profunda fubmiíTaõ do
noflb Principe ao verdadeiro Suceflbr de S.
Pedro, cuja Barca fluéhiava naquelle tempo
com hum abominável Scifma. Concluido
o Concilio partio de Florença D. Affonfo,
e movido da fumma piedade, de que era
ornado, foy vifitar os Lugares da Paleítína,
que o Redemptor do mundo fantificara com
o feu Sangue, donde fe reftituhio ao Reyno.
Segunda vez o deixou para acompanhar fua
Prima a Infanta D. Leonor, quando fe foy
defpofar com a Mageftade Cefarea de Fede-
rico IIL partindo de Lisboa em 20. de Outu-
bro de 145 1. por General da Armada, que a
conduzio a Liorne. Defta Cidade caminhou
até Sena, onde arrebatou as attençoès de
todos a numerofa, e magnifica comitiva, com
que hia cortejando a Infanta, a qual che-
gando a Roma foy coroada juntamente com
feu efpofo pelo Pontifice Nicolao V. Aca-
bada eíla folemne ceremonia o Empera-
dor para manifefto argumento da eftimaçaõ,
que fizera de D. Affonfo Conduétor de fua
Augufta Efpofa, o armou Cavalleiro, de
cuja honra para fer mais eítimavel fez com-
panheiro a feu Irmaõ Alberto, Archiduque
22
BIBLIO THECA
de Auftria. Para eterno teílemunho da fua
piedade para com Deos, fundou no anno
de 1445. a iníigne Collegiada de Ourem,
coníignando - lhe copiofas rendas para fuf-
tentaçaõ das Dignidades, e Cónegos, de que
fe compõem. Cheyo mais de merecimentos,
que de annos, morreo na Villa de Thomar
a 29. de Agoílo de 1460. donde foy traf-
ladado no anno de 1487. para a Col-
legiada de Ourem, e na Capella de baxo
do Coro jaz fepultado em hum foberbo
Maufoleo, no qual eílá gravado o feguinte
epitáfio.
Aqui jav^ o lllufire 'Príncipe D. Affonjo,
Marquev^ de Valença, Conde de Ourem, primo-
génito de D. Affonjo, Duque de Bragança, e Conde
de Barcellos, e neto de/Rej D. Joaõ de gloriofa
memoria, e do virtuofo, e de grandes virtudes D.
Nuno Alvares Pereira, Condefiavel de Portugal.
Faleceo em vida de Jeu Paj, antes de lhe dar a
dita herança, de que era herdeiro, o qual foy fun-
dador defla Igreja, em que Ja^i, cuja fama, e feitos
hoje efle dia florecem. Finoufe a 29. de Agojlo
do anno do Naf cimento de N. Senhor Jefu Chrijio
de 1460. annos. I
Celebraõ a fua memoria Brandão Mon.
'L.ufit. Part. 3. livr. 10. cap. 15. Leaõ Chron.
delKej D. Duarte cap. 4. e 5. Faria, e Soufa
Europ. Port. Tom. 2. Part. 3. cap. 2. num. 8.
Cunha Catai, dos Bifp. do Port. Part. 2. cap. 28.
Sylva Cathal. Real de Efpanha foi. 91. Coelho
Chron. da Ord. do Carm. liv. i. cap. 20. cha-
mando-lhe Pejfoa de muita prudência. Moreir.
Theat. Hiji. e Gen. da Caf. de Souf. pag. 533.
Guerreir. Coroa de esforçad. Cavai. Part. i. cap.
8. Efperanç. Hiflor. Seraf. da Provinc. de Port.
Part. 2. liv. 12. cap. 4. n. 3. Carvalh. Corog.
Portug. Tom. 3. Trat. 5. cap. i. Maced. Eufit.
Infulat. p. 159. Neufuil. Hifl. de Portug. tom. i.
pag. 400. Lima Geog. Hifl. de Port. Tom. 2.
pag. 202. Leitaõ Trat. Analyt. Apolog. pag. 955.
Franc. Leit. Not. Chronol. da Univ. de Coimbr.
pag. 351. Soufa Hifl. Gen. da Caf. Real Port.
Tom. 2. liv. 3. cap. 9.
Compoz.
Itenerario ao Concilio de Bafilea no anno
de 1435. o qual fe conferva na Sereniffima
Cafa de Bragança, como affirma Jorge Cardof.
Agiol. hufit. Tom. I. pag. 491. col. i. no
Coment. de 21. de Fevereir. Letr. A.
D. AFFONSO DE ALBUQUERQUE
antonomafticamente o Grande pellas heróicas
façanhas, com que encheo de admiração a Eu-
ropa, de pafmo, e terror a Afia, nafceo em o
anno de 1453. "^ quinta chamada pela ameni-
dade do fitio o Paraifo da Villa da Alhandra
diílante féis legoas de Lisboa. Sendo filho fe-
gundo de Gonçalo de Albuquerque, Senhor de
Villaverde, e de D. Leonor de Menezes filha de
D. Álvaro Gonçalves de Attaide Conde da
Atouguia, e de fua mulher D. Guiomar de Caf-
tro, emmendou eíla injuftiça da natureza alcan-
çando a primazia de todas as virtudes affim
moraes, como politicas. Foy educado no
Palácio delRey D. Affonfo V. em cuja paleftra
anhelando unicamente fer emulo defte Marte
Africano, partio na efquadra mandada por
efte Príncipe no anno de 1480. em focorro
delRey D. Fernando de Nápoles para repri-
mir o furor dos Turcos, que tinhaõ occupado
Otranto, moftrando neíla occaziaõ, que o
valor para fer heróico, naõ dependia da dila-
ção do tempo, menos da liberalidade da for-
tuna. Naõ foy inferior a gloria, que confeguio
o feu braço na expedição intentada no anno
de 1489. para defender a fortaleza da Graciofa
fituada na Ilha, que o Rio Luco forma junto
da Cidade de Larache debaixo dos felices
aufpicios delRey D. Joaõ II. de quem foy
Eftribeiro mòr, fendo eítas duas famofas
emprefas fuccedida huma na Europa, e outra
na Africa o fauítíffimo preludio das viftorias,
de que havia fer theatro a Afia, para onde
navegou em 6. de Abril de 1503. e depois
de obrar acçoens fuperiores a outro coração,
que naõ fora o feu, fe relHtuhio a Portugal
mais cheyo de gloria, que defpojos, em que
tem mayor parte a cobiça, que o valor. Tendo
fegunda vez furcado os mares como Capitão
em huma efquadra de quinze vellas em compa-
nhia de Triftaõ da Cunha para continuar os
triumfos, de que era arbitra a fua efpada, o
elegeo ElRey D. Manoel Governador da
índia, de que tomou pofie em 4. de Novembro
de 1509. confiando a prudência deíle Monar-
cha, que fobre hombros taõ robuílos poderia
permanecer incontraftavel à violenta invafaò
de todos os Potentados da Afia. Parece difficil
à creduUdade a continuada torrente de vi£lo-
rias alcançadas pelo braço deíle invencível He-
L USITANA.
23
róe, que qual rayo fulminado da Esfera, que o
íeu Soberano tomara por empreía naõ houve
parte cm todo o Oriente, que naõ experi-
mentaíTe o impulfo arrebatado dos feus ef-
ttagos reduzindo a cinzas as Gdades de
Brama, Orfaçaõ, Calicut, Pangim, e as nu-
fneroías armadas de Meca, Adem, e Or-
muz. Duas vezes fe coroou viâoríoío com
ft funofa expugnaçaõ de Goa, humilhando
na fegunda conquiíla de tal forte a fo-
berba do Hidalcaõ, que por largo tempo
lamentou a fatal mina padecida fobre os muros
de huma Praça, que fe deílinava para cabeça do
Impcrio Aziatico Portugucz. Que frondofas
palmas, e louros colheu o feu invcncivcl braço
no rendimento de Malaca, cuja heróica façanha
divulgou admirada a fama por três mil bocas
de bronze gloriofos dcfpojos de taõ celebre
expugnaçaõ? Rcndeo menos à violência do
ferro, que ao refpeito do feu nome as Cidades
de Lamo, Mafcate, Benaílarim, Calayate, e as
Ilhas de Gamaram, Queixome, e Homeliaõ com
a morte de dous fobrinhos delRey de Larec.
lUJPara vingar as hoílilidades caufadas pelas for-
l^kiidaveis armadas delRey de Ormuz, e do
I^DIidalcaõ fez eílipendiarios dous elementos,
^Hibrazando, e fumergindo a humas no cabo de
T^Tlofalgate, e a outras nos portos de Adem, e
Calicut. O brado das efpantofas acçoens, com
que tinha aíTombrado a todo o Oriente, obri-
gou ao Rey das Ilhas de Maldiva, Vengapor, e
o Hidalcaõ, que rendidos, e obfequiofos o buf-
caíTem para Tutelar dos feus Eílados, e em
demoníbraçaõ da fua obediência fe fizeraõ tri-
butários da noíTa Coroa. Recebeo diverfas Em-
baxadas dos Principes da Períia, e da Arábia,
e dos Reys de Pegú, Bengala, Pedir, Siaõ, e
Pacem felicitando a fua amifade com genero-
fos donativos, que benignamète agradeceo, e
generofamente regeitou. Para cõfervar o Ef-
tado impenetrável à invasão dos feus inimigos
edificou com igual difpendio, que magnificência
as Fortalezas de Malaca, Ormuz, Calicut, Co-
chim, e Cananor, em cujas pedras gravou para
a poíleridade a gloriofa denominação de Fun-
dador do Império Oriental Portugucz. Cele-
bradas as pazes com os Reynos de Cambaya,
Dabul, Onor, Baticalà até o cabo de Camorim,
e com os Principes da China, Jaoa, e Maluco
fe fentio eílando em Ormus acometido da
ultima imfermidade, e querendo que Goa
foíTe o Occafo fendo tantas vezes o Oriente
de feus heróicos trabalhos, partio taõ ate-
nuado de forças, que quatro léguas diftante
do feu porto entregou aqucllc invencivel efpi-
lito ao feu Criador com evidentes Hnaes de
predeílinado a 16. de Dezembro de 15 15.
quando contava 65. annos de idade, e 10.
de governo. Foy amortalhado no manto da
Ordem militar de Saõ-Tíago, de que era
Commendador, e tanto que o cadáver chegou
ao caiz de Goa, fe levantou tal alarido fúnebre
em todo o povo, que até os Sacerdotes inter-
romperão o canto Ecclefiaílico com lagrimas,
e fufpiros. Os gentios admirados de o ver
com a barba taõ extenfa, e com os olhos quaíí
abertos, affírmavaõ com fuperíliciofa credu-
lidade, que certamente naõ morrera, mas que
Deos o chamara para General dos feus Exér-
citos. Levado debaixo do pallio aos hombros
das principaes peflbas de Goa o fepultaraõ na
Igreja de NoíTa Senhora da Serra, que elle
edificou em agradecimento do feliz fuccíTo
da conquiíla de Malaca. A efte depoíito
das fuás triunfantes cinzas concorria a gen-
tilidade obfequiofa com vários donativos ef-
perando, que às fuás fupplicas fofle propicio.
PaíTados cincoenta e hum annos foy trefladado,
como difpufera no feu Teílamento, ao Con-
vento de NoíTa Senhora da Graça dos Religio-
fos Eremitas de Santo Agoítínho deíla Corte,
para onde foy condufido a 19. de Mayo de
1 5 66. com pompa digna de taõ grande Heróe.
Teve a eílatura mediana, o rofto comprido,
e corado, o nariz aquilino, o afpefto agra-
dável, que fe fazia refpeitado pela cândida
barba, que fe dilatava até a cintura. Soube
com perfeição a língua Latina, fendo igual-
mente difcreto quando fallava, como quando
efcrevia. Foy amado, e temido, fem que a
benevolência degeneraíTe em frouxidão, nem
em rigor o caíligo. Obfervou religiofamente
a verdade, aborreceo naturalmente a mentira,
e executou promptamente a juítiça. Em tantas
batalhas terreílres, e navaes fahio muitas vezes
ferido teílemunhando com o feu langue, que
fempre bufcara o lugar onde era mais certo o
perigo. Foy profufamente generofo, dando
aos Capitaens os defpojos alcançados em
tantas viélorias, dos quaes nunca refervou
24
BIBLIO THECA
para fi a menor parte por fer fua cobiça mais
de gloria, que de fazenda. Prafticou fumma
fidelidade com os inimigos domeílicos, e
fomente com os eftranhos ufou de fagacidade
politica. Determinou executar duas acçoens
fugeridas pela magnanimidade do feu coração
fobejando para que folTem eternamente glo-
riofas o ferem fomente meditadas; era huma
divertir a corrente do Nilo para o mar Roxo
naõ correndo ao Egypto, e deíla forte efteri-
lizar as terras do Graõ Turco; a fegunda
extrahir de Meca os oíTos do abominável
Mafoma, para que reduíidos publicamente a
cinzas fe confundiíTem os profeflbres de taõ
torpe Seita. Será o feu nome eternamente
applaudido pellas vozes da Fama, como foy
no conceito dos mayores Monarchas, e nas
pennas de iníignes Efcritores, aclamando-o
por iníigne Capitão D. Fernando Rey de Caf-
tella a Pedro Corrêa Embaxador delRey D.
Manoel, e o Graõ Turco a D. Álvaro de
Sande Capitão do Emperador Carlos V.
Dos authores feja o primeiro Maffeo Hisf.
Ind. liv. 5. in fine. Prorfús inviãi ad la-
borem, ac patienfiam aqm corporis animique
vir, (& cum quolibet fua atatis Ducum, vel
navalis fcientia, vel expediti conjilij magnitudine
comparandus. Faria Afia Portug. Tom. i.
Part. 2. cap. 10. n. 8. Aquella e/pada con
cíiya punta fe avia labrado el f cetro, que JB/-
Ikey D. Manoel Unia nó con menor intere:;^ de
fus renfas, que reputacion de fus armas. Caíla-
nhed. Hifioria do Defcub . da Ind. liv . 3 .
cap. 155. Esforçado, e famofo Capitão . . . Em
fumma nenhuma virtude lhe faleceo para fer
taõ fingular Capitão como ho foraõ os fingula-
res, que ouve entre bárbaros. Gregos, e Eatinos.
F. Ant. de S. Rom. Hifi. Gen. dela Ind.
Orient. liv. 2. cap. 9. Dexo el Império dela
índia mui quieto en la devocion, j fidelidad
delRej D. Manoel y el exercido delas armas
quedo en fu punto con fu indufiria y las cofas
dela Keligion en mucho augmento. Brentan. Epit.
Chronolog. Mund. ad an. 15 15. Chriftianiffimus
Heros. Mariz Dial. de var. Hifi. dial. 5 . Faleceo
com taõ claro nome de perfeito Governador, que
naõ era fácil a quefiaõ que em feu louvor fe movia,
fe refplandecia mais em fuás excellencias o esforço
de Alexandre, ou a fabedoria de Nefior; porque
adminifirava a guerra como fummo Emperador,
e governava a republica como perfeitiffimo Magif-
trado. Sampayo in cap. 2. Vit. B. Petri Ebo-
renf Infignis ille et immortali laude dignus,
atque Heroum antiquorum numero meritiffimo
referri potefi. Barbud. Empref. milit. de Eufit.
foi. 156. v.o adqueriendo triunfos a fu Pátria,
y ganando coronas a fu Key. Lafitau Hifi.
des Decouert Conq. des Port. Tom. i. pag.
mihi 520. Dans la guerre il fut veritablement
grand par la noblejje de fes projets, la pru-
dence auec la quelle il les conduifoit, e la
Vigueur auec la quelle il les executa. Dans
le confeil, e dans Vaãion il paroijjfoit en lui
deux hommes tous differens. Oforius de rebus
Emman. lib. 10. Tanta namque erat humanitate
praditus ut utrum magis multi illius virtutem
metuerent, an bonitatem amarent, ejjet explicatu
difficillimum. Imprimis autem jus csqualibe co-
lebat, (0° fidem violatam acerrime puniebat,
neminique injuriam fieri patiebatur... Non erat
alienus à litteris: (ò" cum otium erat, leãione
facrarum prcBcipue litterarum obleãabatur. The-
vet Viés des Homm. Illufi. pag. mihi 422.
Fondateur dela domination des Portugalois en
Inde. Franc. de Santa Mar. Ceo abert. na
Terra liv. 3. cap. 67. 'Na liberalidade, e
magnificência foy infigne, na confiancia admirá-
vel, na religião excellente, e em tudo Heroe da
primeira grandefa, gloriofo ajfumpto das trom-
betas da Fama. Neufuille Hifi. Gen. dp Portug.
Tom. 2. liv. 8. pag. 466. Ce grand homme,
cet Albuquerque le Grand auffi heurevx, et re-
doutable pendant la guerre que craint, et reverè
pendant la paix fut regreté de plufieurs Prin-
ces qui avoient connu fa valeur, e de toutes
les nations qui avoient éprouvé fa clemence.
Tellez Hifi. da Ethiop. Alt. liv. i. cap. 7.
e liv. 2. cap. I. Fr. Agoftinh. de Santa
Maria Sana. Marian. Tom. 8. liv. i. cap. 55.
Barros Decad. 2. da Hifi. da Ind. per tot.
Damiaõ de Góes Chron. delKey D. Manoel 3.
Part. cap. 80. Martin. Compend. delas Hifi. dela
Ind. Orient. pag. 174. até 194. Gab. Per. UlyJJea
Cant. 7. Eftanc. 100.
Eogo o famofo Affonfo o mar cobrindo
De nãos, os Malabares afugenta.
Do graõ Neptuno as ondas oprimindo
Que de feu grave pe^o já rebenta.
Macedo Ulyffipo Cant. 12. Eíl. 56.
Se quereis vér o Capitão mais claro
L USITAN A.
25
J2w (I f(ifff(J conheceo, que vio a terra;
Vede a Albuquerque mfiyiie are Imo raro
Que a difciplina militar encerra,
Quantas ve^es o vejo, mais reparo
Nf//í ff^ande varaõ rayo da guerra;
Notay-o de vagar que bafla vello
Para ficardes do valor modetlo.
Os Commcntarios das heróicas acçoens obra-
das no Oriente pelo grande Albuquerque efcri-
los por feu filho fe compuferaõ das noticias,
ipic a l"lRcv O. Manoel mandou o mefmo Al-
buquerque, como na Dedicatória da dita obra
i ElRey D. Sebaíliaò confeíTa feu author por
c lias palavras. Offereci efies Commentarios aV . A.
rUi^t dos próprios Orijijnaes que ojirande Affonfo
iquerque no meyo de f eus acontecimentos efcrevia
EJRey D. Manoel vojfo Vi/avó. Donde procede©
inapinarcm alguns lífcritores, e entre ellcs o
JoutilTimo Joaò Solorzano Pereira, de Jure
hid. Tom. 1. liv. I. cap. 3. n. 48. fer obra do
rande Albuquerque. Além das noticias, que
icrcveo cfte Heróc, que ferviraõ para formar
s Commcntarios das fuás acçoens, eftaõ
nclles impreíTas eftas fuás obras.
Duas repojlas, que mandou a ditas Cartas de
C.ogeatar. Part. i. cap. 62.
Kepojla a huma Carta de l^ota^enço de Brito,
Capitão de Cananor. Part. 2. cap. 3.
Injlrucçaô mandada por Fr. Ljuí^ da Ordem
Seráfica a ElRej de Narjinga, em que dava noticia,
do que Ihefuccedera na conquifta de Calicut. Part. 2.
cap. 17.
Carta ejcrita ao Xeque Ifmael. Part. 2. cap. 23.
Injlrucçaô dada a Ruj Gomes para o Xeque
Jfmael. ibi.
Carta a ElRej de Ormus. ibi.
Carta a Gopicaiça Agua^il mor delRey
de Cambaja. Part. 2. cap. 46.
Carta ejcrita a Timoja Aguav^tl mór, e
Capitão da Gente de Goa, e Senhor das ferras de
Cintacora. Part. 2. cap. 49.
Carta ao Hidalcaõ quando conquijlou Goa
Part. 3. cap. 4.
Inftrucçaõ, que deu a António de Miranda
de Azevedo, com hum premente para ElRey de
SiaÕ Part. 3. cap. 36.
Carta a ElRey D. Manoel, em que lhe relata
a conquijla de Goa Part. 3. cap. 56.
Carta ejcrita ao mejmo Monarcha em 12. de
Dev^embro de 1 5 1 5 . ejlando próximo à morte em
que lhe recomenda o dejpaebo d» Jeu filho. Part. 5.
c. 4). e na Decad. 2. de Barros L. 10. cap. 8.
vertida em latim por Oíorio dt reb. Emman.
lib. 10. em Caftclhano por S. Ronrun. Hijl.
dela índ. liv. 2. cap. 9. e em Prancez por I^fítau.
Hijl. des Conq. de Por/ug. Tom. i. pag. mihi 5x6.
AFFONSO DE ALBUQUERQUE,
filho do celebre Heróe de que fe íe2 a prece-
dente memoria, foy naõ fomente herdeiro das
fuás virtudes, e acçoens heróicas, mas ainda do
feu mefmo nome. Naceo na quinta, que foy
berço de feu grande Pay junto à Villa de Alhan-
dra fituada nas margens do Tejo no anno de
i)oo. O nome de Braz, que no bautifmo lhe
fora importo, o mudou no de Affonfo por infi-
nuaçaõ delRey D. Manoel, querendo eíle Prín-
cipe igualmente eternizar na fua PeíToa a memo-
ria de feu illuftre Progenitor, como continuar
nelle a remuneração de taõ altos merecimentos,
de que foraò manifeftos argumentos o nomeallo
Capitão de hum Navio da Armada, que condu-
zi© a Infanta D. Beatriz, quando fe foy defjxjzar
com o Duque de Saboya, e fer inftnimento de
que cazaíTe com huma Dama das mais illuftres,
que venerava Portugal, qual era D. Maria de
Noronha filha de D. António de Noronha pri-
meiro Conde de Linhares, e Efcrivaõ da Puri-
dade delRey D. Manoel, e de D. Joanna da
Sylva filha de D. Diogo da Sylva primeiro Con-
de de Portalegre, e lhe fez mercê de hum juro
de trezentos mil reis. Naõ fó os merecimen-
tos herdados, mas os próprios o conílituiraõ
digno de mayores prémios. Foy dotado de
infigne prudência alcançada com a liçaõ dos
Livros, e continua adminiílraçaõ de negó-
cios, pela qual o nomeou ElRey D. Joaõ o
IIL Vedor da fua Fazenda, onde foy taõ
vigilante no obfequio do feu Príncipe, como
defintereíTado no augmento próprio. Grande
providencia manifeftou a fua capacidade
quando no anno de 1569. fendo Prefidente
do Senado de Lisboa, applicou todos os
meyos para evitar os calamitofos damnos,
que em toda a Qdade caufava a peíle, que
com horrorofa voracidade tinha cõfumido a
muitos milhares de homens, devendofe à fua
compaffiva vigilância o total extermínio de
taõ medonho flagelo. Para alivio dos minif-
terios, que exercitava, edificou no lugar de
BIB LIO THE CA
Azeitão huma fumptuofa quinta povoada de
frondofas arvores, e regada de caudelofas
fontes, de cuja antigua grandeza ainda hoje
fe confervaõ alguns veíligios. Cheyo de annos,
e acçoens virtuofas morreo em Lisboa no
armo de 1580. e foy fepultado na Parochial
Igreja de S. Simaõ íituada na Viila de Azeitão,
onde inftituhio duas Capellas cõ obrigação
de que cada Capellaõ diga cada fomana quatro
MiíTas pela fua alma, de feus Pays, mulher,
amigos, e inimigos, e das que eftaõ penando
no Purgatório. Deixou huma filha única
chamada D. Joanna de Albuquerque que cafou
com D. Fernando de Caílro. Compoz.
Commentarios de Afonjo Dalbuquerque Capi-
tão geral, e governador da índia collegidos por feu
filho A-fonJo Dalbuquerque das próprias cartas
que elle ejcrevia ao mujto poderofo Key Dom
Manuel o primeiro defie nome em cujo tempo gover-
nou a Índia. Vam repartidas em quatro partes
fegundo os tempos dos feus trabalhos. Tem no
fim as feguintes palavras.
Foraô imprejfos ejles Commentarios Dafonfo
Dalbuquerque Capitão geral, e Governador da
índia, na Cidade de Lisboa, por Joaô de Barreira
imprejfor delRej Nojfo Senhor. Acabaram-fe
de imprimir Vefpera de S. Sebastião, dejanove
dias do me^ de Janeiro de mil, e quinhentos, e
Jincoenta, e fete annos, em cujo dia o Príncipe dom
Bajliam nojfo Senhor a quem ejla obra vay offe-
recida fa^ tre^ annos. foi. Sahiraõ fegunda
vez imprelTos em Lisboa pelo dito Impref-
for 1576. foi. Traduzidos na lingua Fran-
ceza. Pariz por Joaõ Marnef. 1579.
No Cancioneiro, de que foy Colleélor
Garcia de Refende, ellaõ alguns Verfos de
Affonfo de Albuquerque a foi. 169. 170. e
176. dos quaes fe manifefta, que taõ ver-
fado foy na Poefia, como na Hiftoria.
Tratado da Antiguidade, nobret^a, e defcen-
dencia da familia dos Albuquerques. M. S.
Deíla obra faz elle mençaõ nos Com-
ment. Part. 4. cap. 50. e o Padre D. António
Caet. de Soufa no Apparat. à Hijl. Gen. da
Caf. Real Portug. pag. 38. §. 17.
Louvaõ ao author, e a obra dos Com-
mentarios com os merecidos encómios Barros
Decad. 2. da índia liv. 10. cap. 8. Maffeo rer.
Ind. Hiji. lib. 5. in fine. Góes Chron. delRey
D. Man. Part. 3. cap. 80. Ant. de Leon, Bib.
Orient. Tit. 3. Nic. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 6. D. Luiz Salaz. de Caft. Hifi. da Caf. dos
Sjlv. Part. 2. L. 6. c. 13. §. 3. n. 14. Far. Epi/.
das HiJl. Portug. Part. 4. cap. 18. Joan. Soar.
de Brit. in Theatr. Lufit. hitter. lit. A. n. 8.
Ant. Ferreir. nos Põem. Lufit. Eleg. 6. e o
P. Lafitau Hifl. des Defcov. e^ Conquet. des Por/.
Tom. I. p. mihi 521. II y paroit un grand amour
de la verité, une grande moderation beaucoup de mena-
gem ent pour la perfonne des ennemis defon Pere, et \
tant de modeflie dans le detail des aãions de ce Heros, *
qu on peut dire que le portrait qu il enfait, bien loin
d^etre outre, efl beaucoup au dejjous de fon original. 1
AFFONSO DE ALBUQUERQUE,
natural de Lisboa, ProfeíTor de Direito Civil,
e Patrono de Caufas Forenfes. No tempo
em que fe ventilava a celebre queílaõ de
quem havia fuceder na Coroa defla Monarchia
por morte do Sereniffimo Cardial Rey D. Hen-
rique, mais affefto às injuílas pertençoens de
Caílella, do que defenfor da indubitável Juíliça
da fua Pátria, imprimio no anno de 1 5 79.
Jus Philippi ad regiam Lufit. Coronam.
De cuja obra faz mençaõ Caramuel Phil.
Prud. pag. 177.
AFFONSO DE ALCALA, E HERRER.\
oriundo de Caílella, mas nacido em Lisboa
a 12. de Setembro de 1599. de Pays nobres '
naturaes de Toledo, quaes foraõ Joseph de
Alcalá, e Herrera, e D. Ignez de Robles.
Foy fciente nas linguas Latina, Caílelhana,
Italiana, e Portugueza. Defde a primeira
idade fe applicou á liçaõ das letras humanas,
e da Poefia, cujo eftudo cultivou atè a velhice.
Ainda que a mayor parte da vida paíTou
recolhido em cafa revolvendo os Livros, em
que unicamente achava divertimento, era
fummamente agradável, e urbano para todos
aquelles, que familiarmente o tratavaõ. Foy
dotado de grande engenho, de fumma piedade
para com Deos, e de cordial devaçaõ a Maria
Santiffima, como teftemimhaõ muitas das fuás
compofiçoens. As virtudes Chriílaãs, que exer-
citou toda a vida, e confervou no eílado do Celi-
bato, em que viveo, o difpuzeraõ para acabar
com morte plácida em Lisboa a 21. de Noveraa
bro de 1682. com mais de 83. annos de idade|>
Foy sepultado na Igreja de N. Senhora dos Remi
L USITAN A.
27
dios dos Carmelitas Defcalfos, no jazigo dos
£bus Mayores, que tem efte epitáfio.
Sepultura de Affonfo d» Kobles, e feia htr-
deiros.
Compoz
Vários effeítos de amor en cinco novellas
sernphres, y mevo artificio para efcrivir profa, y
■rrfo Jin una de las letras vocales excluyendo Vocal
diferente en cada novela. Lisboa por Manoel
(la Sylva. 1641. 8. e ibi. por Franc. Villela.
1671. 8.
jardim anagramatico de divinas flores "Lufi-
tcmas, Efpanholas, e Latinas, em o qual fe
contaõ 685 Anagramas, e féis Hymnos Chro-
nologicos. Lisboa na Ofíicin. Cracsbeck.
1654. 4.
.lo infiffte, e V. P. Fr. António da Con-
ceiçuõ da Ordem da Santijfima Trindade féis
Aiui^amas, três na lingua hatina, e três na Ijtfi-
tana. Sahiraõ imprcflbs na Vama Poflhum.
defle V. P. compofta por Frey António Corrêa.
Lisboa por Henrique Valente de Oliveira.
1658. 4.
Pfalterium Quadríiplex Anagrammaticum ,
Angelicum, Imwaculatum, Marianum Deipans
dicatum fexcenta luitina Anagrammata comple-
tem. Ulyffip. apud Ant. Craesbeck de Mello
Ser. Inf. Typ. 1664. 12.
Corona, y Kamillete de flores falutiferas,
antídoto dei alma, confuelo de afligidos, y def engano
dei mundo, devotiffimas gloffas, Poefia Sacra,
y divinas meditaciones de la Pafjion, y Muerte de
Chriflo, Soledad de la Virgen, y poflremerias dei
hombre por las horas Canónicas. Lisboa por Do-
mingos Carneiro. 1677. 8.
A Sagrada Imagem da Virgem do Pilar
May Santiffima Madre de Deos, Salve Raynòa
gloffada. Lisboa pelo mefmo ImpreíTor.
1678. 4.
Meditaçoens de Santa Brijida traduzidas de
Latim em Portugue^. Lisboa por Joaõ Galraõ.
1678. 24.
Novo modo curiofo, tratado, e artificio de
efcrever, afjim ao divino, como ao humano com huma
vogal fomente, excluindo as quatro vogaes. 1. e z.
Part. Lisb. por Francifco Villela. 1679. 8.
Tinha prompto para a impreflaõ hum
livro intitulado:
Color de Colores
do qual affirma o P. Francifco da Cruz da
Companhia de Jeíus nas Tuas Memoc. para
a Bib. Portuguesa, que era das mais ioTi-
gnes obras, que efcrevera. Compoz muitas
Poesias, de que algumas fe imprimirão
fendo huma em lingua Caílclhana, que efiá
iníerta no livro: Avifos para la muerít, Lisboa
por Domingos Carneiro. 16) o. 24.
Na Bibliothcca do Emineotiffímo Car-
dial de Souía fe conferva hum volume de
folha M. S. que contem as obras feguintes
traduzidas de Italiano em Caílclhano:
Las cien dudas amorofas de Jeronymo Vida.
La famofifftma Compania de la Lefina. Aflucias
de bertoldo, y fimplicidades de Bertoldino compoíla
por Júlio Ccfar Cruz. 1666.
Na mefma Bibliotheca eílava a feguinte
obra deíle Author:
Templo de amor,y mineral riquiffimo de varias,
y efcogidas Poesias, elegantes profas, fentencias,,
y curiofidades. Dous Tom. em 4. Parte defta
obra era fua, c parte tranfcripta de outros
Authores.
Hypolit. Marrac. in append. Biblioth. Ma-
rian. lhe chama vir pietate, atque doíirina claruSy
e Joaõ Soar. de Brit. in Theat. Lufit. Litter.
vir ingenio, fludioque non omninb vulgari; o Reve-
rendiflimo P. António dos Reys in Enthu-
fiafm. Poet. impreíTo no princip. dos feus
Epigram, n. 183. faz delle memoria entre os
Poetas Portuguezes, e a Magn. Bib. Ecclefiafl.
pag. 232. col. I.
Fr. AFFONSO DE ALFAMA nafceo ^
na Cidade de Lisboa para o mimdo, e na Villa
de Moura para Deos, onde recebeo, e profef-
fou o habito da Ordem Carmelitana. Foy
Doutor na Sagrada Theologia, e hum dos
mais famofos Letrados do feu tempo, e
obfervantiíTimo das ConíUtuiçoens da Or-
dem, por cujos merecimentos fe fez digno-
de prefidir como Vigário Geral ao Capi-
tulo, que fe celebrou em Lisboa em 6. de
Julho de 1423. por ordem do Geral Fr. Joaã
Groz, no qual foy eleito Provincial com
geral acclamaçaõ, fendo o primeiro, que teve
a Província de Portugal. Pelas fuás grandes
letras, que fe faziaõ mais veneráveis pelas
virtudes, mereceo a eftimaçaõ dos Prínci-
pes daquella idade. Teve a incomparável
gloria de lançar o habito Carmelitano em
28
B IB LIO THE CA
y
15. de Agoílo de 1423. àquelle invencível
Heroe o Condeftavel D. Nuno Alvares Pe-
reira, que depois de obrar as mais herói-
cas acçoens na campanha, fe retirou a con-
quiílar o Ceo no Ciauftro. No tempo do
feu governo fe fez proteftor do Convento
de Lisboa o Sereniffimo Rey D. Duarte,
concedendo-lhe com generofa maõ as mayores
immunidades. Cheyo de annos, e mereci-
mentos morreo em Lisboa no anno de 1435.
ainda quando governava a Província, e foy
fepultado no Cruzeiro do magnifico Templo
do Carmo. Compoz:
Doãrinale Patrum.
cuja obra foy feita fobre as Collaçoens de
CaíTiano.
Do progrejfo da Ordem Carmelitana. 2. Tom.
nos quaes fe comprehendem onze livros, como
<liz Joaõ Franco Barreto na Bih. 'Lufit. M. S.
O P. Fr. Manoel de Sá, Académico Supra-
numerário da Academia Real da Hiftoria
Portugueza nas Mem. Hijior. dos Efcrii. Port.
Ja Ordem do Carmo, que fahiraõ impreíTas no
anno de 1724. efcreve a pag. 6. que fendo
occultas á noticia de Fr. Marcos António
Alegre de Cafanate, como elle confeíla, as
obras de Fr. Aífonfo de Alfama, alem das refe-
ridas, as manifeílára a invelligaçaõ do Doutor
Joaõ de Ferreras no Index dos Efcritores do
feculo decimo quinto da Part. II. da Hijl.
Je Efpan. as quaes eraõ o Fiel Confelheiro. O
Bom governo da jujliça. Tratado da Mifericordia.
Defte engano em que innocentemente cahio
o P. Fr. Manoel de Sá foy caufa o Doutor
Ferreras, que igualmente fe enganou, attri-
buindo com manifeíla equivocaçaõ a Fr.
AfFonfo de Alfama eíles tratados, que foraõ
compoftos pelo SereniíTimo Rey D. Duarte,
como em feu lugar fe verá, fendo indifcul-
pavel em hum Author de tanta critica, como
he o Doutor Ferreras, hum erro, que facil-
mente poderá evitar, fe lera com mayor
attençaõ a Nicolao António na Bib. Vet. Tom. 2.
lib. 10. cap. 5. n. 286. donde extrahio confu-
famente efta noticia equivocando hum com
outro por eftarem juntos na dita Bibliotheca.
Faz memoria de Fr. AfFonfo de Alfama, além
<le Nicolao António, e Frey Manoel de Sá
nos lugares citados, a Magn. Bib. Ecclejiaflic.
pag. 313. col. 2.
AFFONSO DE ALMEIDA, a quem naõ
declara Portuguez, ou Caftelhano Nicol. Ant.
in Bib. Hifpan. Tom. i. p. 7. deve fer numerado
entre noíTos Efcritores por fer o feu Appellido
muito trivial em a noíTa Naçaõ, e totalmente
eftranho em a Caftelhana. PaíTou às índias
Occidentaes, e na Cidade de Lima imprimio
no anno de 1644.
Pertendiente de la tierra, y carta para los que
navegan el golfo de la Corte.
I AFFONSO ALVARES, foy hum dos I
mais eftimados criados, que teve em a fua
numerofa familia o IlluftriiTimo Bifpo de
Évora D. AfFonfo de Portugal, de quem em
feu lugar faremos illuílre memoria. Foy do-
tado de hum génio fácil para a Poezia, prin-
cipalmente na compoíiçaõ de Autos na lingua
Portugueza, que varias vezes fe reprefen-
taraõ no Theatro com geral acclamaçaõ dos
efpeftadores, dos quaes muitos fahiraõ à luz
publica, como foraõ.
A-Uto de Santo António feito a pedimento dos
muy honrados, e virtuofos Cónegos de SaÕ Vicente:
muy contemplativo, em partes muy graciofo, tirado
da fua mefma vida. Lisboa por Vicente Alva-
res. 161 3. 4. & ibi por António Alvres 1639. 4.
Évora por Franc. Simoens 161 5. 4. e Lisboa
por Doming. Carn. 1659. 4-
Auto de S. Tiago Apoflolo. Lisboa por
António Alvres 1639. 4.
Auto de Santa Barbara Virg. e Mart. Lis-
boa por Vicente Alvres. 161 3. 4. e Évora
por Franc. Simoens. 161 5. 4.
Auto de S. Vicente Martyr. Prohibido
pelo Expurgatorio dos livros feito por ordem
do Inquiíidor Geral Fernaõ Martins Mafca-
renhas Part. 3. letr. A.
Kefpofla feita a huma petição, que fe^ António
Ribeiro Chiado ao Comiffario Geral de S. Fran-
cifco. Lisboa por António Alvres. 1602. 4.
AFFONSO ALVERES GUERREYRO,
natural da ViUa de Almodouvar no Campo
de Ourique, taõ illuílre por nacimento,
como celebre pela faculdade de Direito
Civil, e Canónico, em que recebeo o
gráo do Doutor. Parecendo - lhe pequena
esfera para o feu profundo talento a pá-
tria, paíTou a Itália, onde mereceo as ac-
L USITAN A.
29
rlamaçoens dos mayores ProfeíTores da Ju-
lifprudencia chegando a fer Prefidentc
(la Chancellaria de Nápoles, cujo miniíle-
rio exercitou com fumma equidade, e pru-
Icncia. Attendendo a Mageílade de Fe-
lipe II. à fun grande inteireza, e fabedoria,
o nomeou Bifpo de Monopoli no mefmo
Kcyno cm 2. de Junho de 1572. querendo,
ijue illuflraíTc o Sacerdócio, aíTim como tinha
onnohrccido o Senado. Dcfcmpenhou em
hcnclicio das fuás ovelhas todas as obriga-
çoens de Paílor vigilante, até que no anno
de 1577. as deixou eternamente faudofas paf-
'"tndo a melhor vida. As fuás letras, c vir-
ulcs naò deixarão em injuriofo filencio va-
\uthores, como faõ Agoft. Barboza de
jure Liccief. cap. 11. n. 79. Nicol. Ant. in
Nb. Hi/p. Tom. i. pag. 7. Manoel de Faria,
Soufa no Caf. dos E/cri/. Porf. impreíTo no
lípif. das Hijl. Portug. Part. 5. cap. 15. Pof-
fevin. in Apparat. Sacr. tom. i. pag. 45. e Fr.
[•'crnando Ughcllo in Ital. Sac. Tom. i. de
Epifcop. Monopolitenfihus. pag. 974. da ediçaõ
de Veneza por Sebaftiaõ Coleti. 171 7. foi.
! Compoz
Tbefaitrus Chriftiana Keligioms, & Jpeciilum
"^icrorítm Summorum Pontificum, Imperaíorum,
Reguw, eb* Sanãijfimorum Epifcoporum. Ve-
.ctiis apud Cominum de Vritono 1559. foi.
Colónia: 1581. 8. 1586. apud Petrum Hooíl. &
Florentiíc apud filios Laurentij Torrentini,
1563. foi.
De modo, (Ò' ordine Generalis Concilij cele-
hrandí, (ò" de Ecclejia Dei in priorem faciem
revocanda. Neapoli apud Ambrofium de Man-
çaneda. 1545. 4.
De adminiftratione Jujlitia. Defta obra faz
mençaõ in The^aur. Chrijlian. Re/igionis. Cap.
36. n. 7.
De Bellojujlo, (& injufto Traãatus. Neapoli
apud Ambr. de Mançaneda. 1543. 4. e fe
conferva Aí. S. na Bib. Vatic. Cod. 5200.
y Fr. AFFONSO DE SANTO ANTÓNIO,
natural da Villa de Aviz fituada na Província do
Alentejo irmaõ no fangue, e Religião dos Trini-
tarios Defcalços na Provinda de Caftella, de
Fr. Luiz da Conceição, de quem fe fará mençaõ.
Foy varaõ de grande authoridade, e benemé-
rito da fua Sagrada, e Religiofa Família, da qual
fendo Procurador Geral fe empenhou com
argumentos concludentes a modrar naõ fo-
mente os privilégios, c exempçoens, que
tinha, mas a primazia, e antiguidade, com
que no exercício de refgatar os Cati-
vos do poder dos bárbaros lograva con-
tra a preferencia pertendida neHa matéria
pela illuAre, e militar Ordem dos Mer-
cenários. Em premio do zelo, com que
atendia pelo efplendor da fua Religião foy
eleito Definidor, e Miniílro do Convento de
Madrid, e certamente occuparia as mayores^
dignidades, fe a morte em o anno de 1668.
lhas naõ impedira. Compoz.
Glorio/os titulos Originários, e privativos dela H
Sagrada Keligion de Defcalços dela Santiffima
Trinidad redempcion de Cautivos por los qtuiles Je
les deve por todos los Reynos dela Corona de Ef-
paiia la primaria, y antigmdadde Religion
aprovada redemptora de Cautivos refpeto dela
ilujlre Orden de N. Senora dela Merced. Madrid
por Maria de Quííiónes. 1661. em folha.
Foy fegunda vez impreflb como affirma Fr.
Rafael de S. Joaõ no feu Livro intitulado
Redempcion de Cautivos.
Dela Concepcion dela Virgen Maria.
Defta obra faz mençaõ feu Irmaõ Fr.
Luiz da Conceição no fim do Tom. i. Exam.
Verit. Moral. Theolog. in Corollar. pro Con-
cept. onde diz. Difcurfum igitur hunc (c>'
non naturalis me movet fraternitas) Sanctorum^
Doãoriim ornatum tefiimoniis eleganter Jatis vul-
gari nofiro idiomate P. Fr. Alphonjus à Sanão
António affert. Tom. M. S.
Arbol Eucharifiico dela vida natural, efpi-
ritual, e eterna reprejentada en los três arboler
de que fe hat^e memoria en los lihros Sagrados
Gene^s, Provérbios, y Apocalipfe. Em folha.
M. S. Conferva-fe eíla obra no Convento
de Madrid, como efcreve Fr. Belchior do
Efpírito Santo na vida do V. P. Fr. Joaõ
Bautiíla da Conceição Fundad. dos Trin.
Defcalços, imprefla em Madrid. 171 3. 4. -J
Fr. AFFONSO DA ATOUGUIA
nacido no lugar do feu ApeUido, que
he do Arcebifpado de Lisboa, Monge
Ciílercienfe do Real Convento de Alcobaça,
varaõ como teílemunhaõ os feus efcritos,
muito pio, fendo hum daquelles antiquiflimos
JO
B I B LIO THE CA
Monges, que precederão à Reforma da fua
Congregação neíle Reyno, o qual igualmente
paíTava o tempo em defcrever as vidas dos
Santos, que imitar as fuás virtudes.
-Compoz.
Vidas de muitos Santos.
Cujo original fe conferva M. S. em folha
tia Biblioth. do Convento de Alcobaça.
AFFONSO DE BARROS, de quem Ni-
colao António affirma, fer natural de Segó-
via, o faz indubitavelmente Portuguez Joaõ
Franco Barreto na Biblioth. 'Lufitana M. S.
cuja aíTeveraçaõ he conforme à judiciofa cri-
tica do iníigne antiquário Manoel Severim de
Faria. Nós fomente amantes da verdade,
pofto que conheçamos, que a familia de Bar-
ros feja Portugueza, como neíla Bibliotheca
fe veraõ muitos Efcritores Portuguezes com
«Jlie appellido, e fe naõ ache efte entre as fa-
mílias Caílelhanas das quaes difufamente efcre-
veraõ nos feus Nobiliários Gonçalo Argote
de Molina, e outros Genealógicos, aíTim como
naõ queremos defraudar a Caílella deíle efcri-
tor, aflim naõ receamos atribuillo a Portu-
gal. Neíla incerteza da fua verdadeira Pátria,
o que naõ padece a menor duvida he que foy
Aífonfo de Barros filho de Pays honrados,
ornado de vivo engenho, fufficientemente
inílruido nas letras humanas, de grande ta-
lento, affim na Corte, como na Campanha,
fendo Quartel Meftre dos Reys de Caftella
Felipe II. e III. até o fim da fua vida, que foy
em Madrid no anno de 1604. Foy fepultado
na Igreja de N. Senhora do Loreto da mefma
Corte. Efcreveo.
Filofofia cortef^ana moralizada. Madrid por
Pedro de Madrigal. 1587. 12.
Perla de Provérbios morales. Madrid 1601.
cujo livro illuílrou, e augmentou com o
titulo de Provérbios concordados Bartholameu
Ximenes Paton. 161 5. 4. e depois em Lisboa
por Pedro Crasbeeck 161 7. 4.
Memorial fobre el reparo dela Milicia, que
naõ fahio à luz, como outras obras que affirma
Mattheos Aleman no elogio que lhe faz aos
Provérbios concordados, manifeílaõ claramente a
grandeza de feu author, de quem faz memoria
o P. António dos Reys no Enthufiajm. Poet. im-
preíTo no principio dos feus epigramas n. 174.
AFFONSO CAMEYRO o qual fempre
nas fuás obras fe intitulava Meftre, antes do
feu nome, ou porque era Profeííor da Sagrada
Theologia, ou Direito Canónico. Foy hum
dos varoens celebres, e doutos, que flore-
ceraõ no Reynado do SereniíTimo D. Manoel.
Deixou efcrito na lingua materna hum grande
volume de Queftoens curiofas, em que fe
admira a vafta noticia da Sagrada Efcritura,
e da Hiftoria Ecclefiaftica, fendo as principaes
as feguintes.
Porque no fello dos Diplomas Pontifícios ejleja
S. Paulo à maÕ direita, e S. Pedro à ej-
querda?
Porque das arrecadas, e manilhas das Hebreas,
que Araõ lançou no fogo, fahio a figura do beferro,
e naõ de outro qualquer animal!
Porque naõ ofendendo os Leoens, e outras
cruéis feras aos Santos Aíartyres, lhe naõ guardajfem
ejie ref peito as ef padas?
Efte volume fe confervava na Bibliotheca
do celebre Antiquário Manoel Severim de
Faria.
/ D. AFFONSO DE CASTELLO BRAN-
CO igualmente famofo pelo efplendor do
nacimento, como pela profundidade da Scien-
cia, teve por Pátria a Lisboa, por Pay a D.
António de Caílellobranco, e por Avós a
D. Martinho de Caftellobranco, e D. Mecia
de Noronha primeiros Condes de Villanova.
Depois de eftudar as letras humanas fe appli-
cou em Coimbra às Sciencias mayores, nas
quaes fez taõ grandes progreíTos, que ainda
fendo difcipulo, era refpeitado como Meftre
de Theologia pellos mayores ProfeíTores da
Univerfidade, e recebendo nefla. faculdade
a borla doutoral foy hum dos primeiros
CoUegas do Real Collegio de S. Paulo nova-
mente fundado no anno de 1563. como diz
Cabed. de Patronaf. cap. 48. Pelo voto de
todos os Académicos feria elevado a illuftxar
como Meftre as mayores Cadeiras da Athenas
Portugueza, fe o Cardial D. Henrique nefte
tempo Arcebifpo de Évora, que lhe era
muito affeâo, o naõ nomeaíTe Arcediago
de Penella, e do Bago nefta Diocefe, e
depois feu Efmoler mór, e CapeUaõ mór.
Tendo exercitado com reâddaõ os lugares de
Deputado da Mefa da Conciencia, e Ordens,
L USITAN A.
3i
(Ic Commiffario da Bulia da Cruzada foy pro«
Douido á Epifcopal Cadeira do Algarve no
no de 1581. fuccedendo neíla Prelafíaao ín-
nc varaõ D. Jerónimo Oforio. Deíle Bifpado
iilumpto ao de Coimbra, de que tomou
:1c cm 25. de Agofto de 1585. Conhecendo
iipc fegundo a grande capacidade, c pru-
kncia de que era ornado, o nomeou Vicerey
Portugal, cujo governo principiou a 22. de
,oílo de 1605. e o dlmitio a 26. de Dezem-
>) de 1604. dizendo com apoftolica liberdade,
lue govemaííe ElRey de Caílella os íeus
1^, que elle queria apafcentar as íuas
IS. Entre taõ grandes, e authorizadas
•niciades fcmprc brilharão com exceíTo as
lis virtudes, de que foraõ manifcftos argu-
H-ntos a eloquente energia, com que pre-
ndo rcprehcndco os vicios; a pcrfpicaz
Mlancia, com que dcfcndco o feu Rebanho;
incanfavel trabalho, com que frequentemente
;lltou a fua Diocefe; a imperturbável conf-
icia, com que defendeo a Jurisdicçaõ
clcfiaftica; a profufa liberalidade, com que
-orreo a pobreza; a clemência unida com a
^ cridade, com que emendou as culpas ; a
ticrofa magnificência, e o copiofo difpendio,
ni que ornou os Templos. Na Cidade de
10 erigio o Palácio Epifcopal, e a Cafa
Mifericordia. Em Coimbra reedificou o
.ilacio para digna habitação da fua PeíToa,
de feus fucceíTores. Nefta Cidade levantou
ide os fundamentos o Convento de Santa
Vnna de Religiofas Agoílinhas naõ inferior
Architeftura, e na grandefa aos mais cele-
cs, e o dotou de copiofas rendas. Nova-
Kínte reparou o Coro, e grande parte do
nvento de Cellas de Religiofas Ciílercienfes.
"^mou a fua Cathedral com edifícios nobres,
-ciofas armaçoens, e diverfos ornamentos
primorofamente tecidos de ouro, prata, e feda.
Naõ fatisfeito de ter difpendido com larga mu-
nificência para a fabrica do Cofre de prata, em
|ue jáz o corpo da Rainha Santa Ifabel trium-
.ante da jurisdicçaõ do tempo, deixou no feu
Jeftamento o legado, taõ pio, como generofo,
|ie trinta mil cruzados para fe gaitarem nos
ippkufos da fua Canonifaçaõ, além de vinte
nil para reparo das eílradas, que de féis le-
?oas em circuito vinhaõ terminar em Coim-
bra. Ao Hofpital, e Cafa da Mifericordia
defta Cidade íocorreo com magnificas eímo-
las no tempo, que fe padeciaõ mais urgen-
tes neceíTidades. A muitos varoens infignes,
que em utilidade da Republica litteraria la-
borioíamente fe appUcavaõ em doutas com-
poíiçoens, ofíereceo numeroías quantias de
dinheiro, para que as impnmiíTem, fendo
os principaes D. Diogo Soares de Santa
Maria Bifpo Sagienfe em França, a Lippo-
mano em Itália, e ao Cardial Cefar Baronio,
a quem mandou vinte mil cruzados para a
ediçaõ dos Annaes Eccleíiaíticos, os quaes
o EminentiíTimo Annaliíla affeôuofamente
agradeceo, e modeílamente naõ admitio.
Ultimamente aíTim como naõ houve virtude
alguma, em que naõ foíTe infigne efte Prelado,
aíTim naõ houve género algum de Peflba,
a quem naõ fe extendeííe a fua chari-
tativa, e generofa beneficência, merecendo
por ella fer em toda a Diocefe Conimbricenfe
intitulado antonomafticamente Bifpo Efmoler.
Tendo governado efte Bifpado trinta annos,
quando contava 95. de idade com eterna
faudade das fuás ovelhas, com as quaes
difpendera quinhentos mil cruzados, deixou
a vida temporal pella eterna em 12. de Mayo
de 161 5. Jáz fepultado ao lado efquerdo
da Capella mòr do Convento de Santa Anna,
que elle fundara, em cujo Maufoleo fe lé
gravado efte epitáfio, que faz mayor rela-
ção das fuás dignidades, que das fuás vir-
tudes.
Sepultura de D. Affonjo de Cajlellohranco de
boa memoria, que foy Collegial do Keal Collegio,
Bifpo do Algarve, e de Coimbra, Conde de Ar-
ganil, Efmoler mór do Cardeal D. Henrique,
Vifo-Kej de Portugal, o qual entre muitas obras
illujires com que honrou efia Cidade, fundou, e
dotou com magnificência efie Convento infigne.
Fe:i-fe efla obra em iz de Junho de 1655. fendo
Priore^a a Madre Maria de Meneses fua fobrinha,
Compoz.
Sermão do Auto da Fé em Coimbra; o qual
verteo em Latim Francifco Fernandes Gal-
vão, e o dedicou ao Pontífice Xifto V. fahio
Romãs apud Titum, & Paulum de Dianis.
1589. 4. e tem efte titulo.
Celebris condo in publico fanãa Inquifitionis
Aãu Conimbrica habita ab llluftriffimo Domino
D. Alphonfo de Cafkl-branco ejufdem Civitatis
32
BIBLIOTHECA
'Epifcopo Keverendijfimo, Arganili Comité.
Sermaõ na Collocaçaõ das Relíquias que
foraõ levadas da Seé de Coimbra a o Real MoJ-
teiro de Santa Crui^ de Coimbra, e fahio im-
preflb na mefma Cidade por António de
Mariz 1596. 8. em a Relação do folemne
recebimento das mefmas Reliquias, e eílá
à pag. 57. v.o até pag. 76.
Conjlituiçoens de Coimbra. Coimbra por
António Mariz 1591. foi.
Rejolucion dei Senor D. Alonfo de Cajielo-
b lanço Obifpo de Coimbra y Conde de Arganil
<Ò'c. j dei D. Francifco Suares I^ector de Prima
dela Univerjidad de Coimbra fobre el cafo, que fe
moviò en Toledo cerca dela profefjion de los her-
manos Terceros Seglares. Saragofa por Lucas
Sanches. 16 10. foi.
Carta Pajloral efcrita em 9 de Fevereiro de
1607. na qual dá aos Pregadores admiráveis do-
cumentos. Confervafe na Livraria do conde
Vimieiro.
Sermoens M. S. que fe confervaõ no Car-
tório do CoUegio da Companhia de Jefus
de Coimbra fendo o primeiro de S. Francifco,
o fegundo do Domingo primeiro de Ouarefma,
terceiro do Nacimento de N. Senhora, quarto,
quinto, e fexto da Purificação de N. Senhora
pregados os dous primeiros no anno de 1602.
e o ultimo em 1603. e delle confta, que era o
nono, que tinha pregado na mefma Feíli-
vidade em a fua Cathedral.
Sermaõ no Auto da Fé de Coimbra. Do-
mingo defanove de May o de 1591 M. S. o qual
he differente do que aíTima fe faz men-
ção, e delle confervo huma copia em meu
poder.
Diverfas foraõ as pennas, que elogiarão
a fabedoria, piedade, e merecimento delle
grande Prelado, como foraõ Joaõ de Al-
meida Soares na fua vida, que eftava prompta
para a impreífaõ. Brand. Mon. L.ujit. Part. 4.
liv. 12. cap. 36. e Part. 5. liv. 17. cap. 9. Men-
doça in Viridar. lib. 6. orat. 11. n. 142.
Tuam ego eloquentiam, Praful Illujirifjime, <&
Amplifjime, quem Jingularem novit L.ujitania, vidit
Conimbrica, Societas noftra experta eji, (& PaJ-
torem, <& Prcedicatorem, tuam inquam, eloquen-
tiam augujiam verbis, virtutibus augujiiorem de-
Jidero. & in Orat. 14. n. 170. D. Nicol. de
S. Mar. Chron. dos Coneg. Reg. liv. 7. cap. 20.
n. 10. Pregoeiro divino, Pontífice Catholico,
Conde llluftrijfimo, taÕ t(eloJo da virtude, como
Jabio nas divinas letras, e liv. 10. cap. 15. n. 8.
Cardofo Agiol. "Lufit. Tom. 3. pag. 689. na
Comment. de 14. de Junho letr. A. onde lhe
chama de inclyta memoria. Fr. Franc. de
Maced. Tom. i. Collat. D. Thom. et Scot.
Collat. 12. differ. i. pag. 524. intitulando-o
Illujlrijfimum, et doctiffimum virum in Sanais
Patribus, ac imprimis Augujlino verJaíiJfimuM.
Maíleus in vit. P. Franc. Soar. cap. 16. doãij-
fimum Fr. Fernand. da Soled. Hifi. Seraf.
Part. 4. cap. 8. n. 63. dizendo. A fua
grandeza, e liberalidade naÕ neceffita da nojja
memoria para fer plaufivel, pois anda taÕ vul-
garmente celebre nos clamores da fama. Telles
Chron. da Companhia de JESUS na Prov.
de Port. Part. 2. liv. 4. cap. 55. n. i.
Prelado taÕ celebrado nefte Reyno. António Fcr-
reir. nos Poemas L^uJit. liv. i. das Odes.
Ode 5. Fr. Man. da Efper. Hijl. Seraf. da
Prov. de Portug. Part. i. liv. 2. cap. 32. n. 4.
e 6. e Part. 2. liv. 12. cap. 6. n. 15.
Franc. Leit. Ferr. no Cathal. dos Bifp. de
Coimb. §. 71. Em femelhantes elogios da
fua Peííoa fe difundirão D. Diogo Soares de
Santa Maria, e Fr. António Feyo da Ordem
dos Pregadores nas Dedicatórias, que lhe
confagráraõ, aquelle no Uvro intitulado Coih
cion. pro Solemnit. Corp. Chrijl. e efte nos Ser-
moens Quadragefimaes , na i . Part. do Santoral,
onde diz, que naõ aceitara o Arcebifpado
de Évora offerecido por FeUpe IIL fazendo-
Ihes exceíTo na pompa das palavras, e copia
de louvores o inllgne Jurifconfulto Gabriel
Pereira de Caílro na Dedicatória, que lhe fez
da 3. Parte de Jure Emphyt. compoíla por feu
Pay Francifco Caldas Pereira onde lhe forma
eíle elegantifíimo elogio. Te nofira colit
L.ufitania pátria parentem amantiffimum : Hifpani
fufpiciunt: mirantur Itali, quos tua eloquentia,
(& Sanãimonia divulgata opinio circunfirepit. Et
quis non mirabitur tam reconditam divini Pafioris
doãrinam; tam abfolutam religionem, tam per-
fe£íam, veréque Chrifliãnam pietatem cum vera
modeflia confunãam fub tam fereno vultu delitef-
centem ? Tuam raram prudentiam, maturum tam
in publicis, quàm in privatis aãionibus confiUum,
regiamque magnificentiam, qua reliquos Antijlites
antecejfores tuos ita longo intervallo pracellis, ut
I
LUSITANA.
òò
fi de ijs pro di^gnifaíe quis velit dijferere, omnis
hitn/dtta diccndi ratio, alqne facultas, omnifque
oraíionis ubertas obruattir neceffe eft. Vt Ínte-
rim illiiftrem Janfiftinis tui fpUndortm, ac fiobi-
HtaletH pratermittam, qiiantumqiie bonartim ar-
tiuM prafidiis, Sacraqm Vheolo^ia, cui te to-
tum in D. Panli Collegio addixifli, Civilijque
(tiam difciplina opibtis ad hac belli, pacifque
têmpora fie abunde infiruílus, ut regere Con-
filiis Urbes, Jundare legibus, ó' emendare judicio
pojfis, C^ paleas. Deterrent plane mortalium
'udicia tot inexhaufta liberalitatis tua, num-
,li4àmque audita exempla: tot in bane Civitatem
poftquàm ad hanc Pontificalem dignitatem feli-
cibus aufpiciis eveÚus es: fingularia beneficia om-
nium ânimos in admirationem rapiunt; tot infi-
fftia opera, qua molitus es; tot ingentes fump-
tus, quos in exomanda, e^ amplificanda tui almi
Templi fede confumpsifii, (& in extruendis Divo-
rum Sacrariis, ac dclubris, €>* Sacrarum Virginum
Deo militantium adibus à primo lapide extruãis,
tot opes, totque ff^andes expenfa magnitudine
íua cogitationes humanas opprimunt. Jam vero
quanta tibi in concionando eloquentia, qmnta
^avitas, quantum Orationis flumen, quanta copia,
iiuantus lepos in dicendo I Hac fane majora funt
litàm qua calamo, ne dicam, cogitatione pojfint
concipi. Non immeritò igitur Te omnis nobilitas
intuetur; omnis 'Lufitania laude, €>* celebratione
pradicat incolumitatis publica defenforem maxi-
mum: prodiens in publicum populi gratulantis
audis femper latas acclamationes , (& vulgi iu-
cunda vocês faufia tibi ominantis aures tuas cir~
cumfonant. &c. Ultimamente coroa todos
eftes elogios meu Irmaõ D. Jozé Barbofa
Chronifta da Serenifíima Cafa de Bragança,
e Académico da Academia Real nas Memor.
do Colleg. de S. Paul. pag. 79. e no Archia-
than. hufit. pag. 13. onde com poética ele-
gância defcreve compendiofamente as acçoens
deite Prelado.
Bn Alfonfus adefi clara de ftirpe creatus,
Vrafulum (àf omatus, decus immortale, corona,
Infula facra comas cinget Colimbria, pafior
Largus opum, folifufq pios diffundere nimbos.
Tempore devião famam fervabit in eevum.
Quis ga^as numerare potefi, quas dextera fun-
dei}
Poderá ve argenti tabulis mandata fupremis?
Romano dicet cinííus Baroniiu oflro
EJifabethque choris dicet focianda beatii,
EJ faxis reparanda novis convulfa viarum.
Machina, qua longp compleãitur árdua circU^
Veflalis qua pura focos fervabit, €>* ignem
Offeret intaílo divino f adere fponf o,
Alphonfus referet, quantúm fit prodiffu arU.
Aíunere Proregis l^yfia dominabitur alto,
Crandior aft annis, tardufque atate fenili
Duííus amore gregis vanos cõtemnet honores
Ut vacuus curis rutilam confcendat in arei.
Fr. AFFONSO DE CASTILHO Re- ^
ligiofo da Ordem dos Menores, cujo habito
rcccbco na Província de CaAella da Imma-
culada Conceição da Senhora, varaõ igual-
mente pio, e erudito, efcreveo.
Compendio de platicas amorofas con que el
alma pide afu Dios perdon,y mifericordia. Valla-
dolid por Juan de la Rueda 1616. 16.
Nicol. Ant. na Ptib. Hifpan. Tom. i. pag. 11.
naõ declara fer Portuguez eíle author, cuja no-
ticia devemos ao incanfavel eftudo do Licen-
ciado Jorge Cardozo, que afílm o affirma nas
Memorias, que juntava para a Bibliotheca Por-
tugueza, naõ faltando que diga que na obra
allegada declare o author fer Portuguez. Delle
faz memoria Fr. Joaõ de Santo António in Bib.
Franc. Tom. i . pag. 40. col. i . fendo preterido
por Fr. Lucas Wading. in Script. Ord. Min.
P. AFFONSO DE CASTRO. Naceo
em Lisboa, e logo na primeira idade deo íinaes
evidentes das virtudes, que havia de exercitar
na adulta, fendo todo o feu difvelo a contem-
plação das delicias celeftiaes, e o defprezo
das glorias mimdanas. Dezejofo de derramar
o fangue em obfequio de Chriílo intentou
profeíTar na Companhia de JESUS, e para
que alcançafle a fua pertençaõ fe embarcou
para a índia com o Padre Frãcifco Vieyra
feu ConfeíTor, fem que participaíTe a feus Pays
eíla heróica refoluçaõ. Chegando a Goa,
depois de examinado o feu efpirito pelo
Apoílolico Magiílerio de S. Francifco Xavier
o julgou digno de que entraíTe na Companhia
de Jefus, e lhe deftinou para theatro dos feus
apoftolicos trabalhos as Ilhas Molucas. Nellas
brilhou a fua ardente Charidade empenhandofe
com a voz, e com o exemplo radicar nos
IL.
34
BIB LIOTH E CA
coraçoens daquelles bárbaros a Fé Catholica,
dos quaes conduzio huma innumeravel mul-
tidão ao rebanho de Chriílo. Envejozo o
demónio do fruto efpiritual que eíle Sagrado
Varaõ colhera pelo efpaço de nove annos
na cultura delia vinha iníligou a ElRey de
Ternate para que o privaíTe da vida. Foy
executor deíla barbara ordem o Príncipe Babú,
o qual acompanhado de alguns bárbaros
aleivofamente o prenderão na Ilhota de Irez,
que defronta com Ternate, e defpindo-o com
grande violência lhe puferaõ ao pefcofo hum
tronco de defmarcada grandefa, e neíle eílado
o deixarão expofto fobre a terra trinta dias
aos ardores do foi, e às inclemências do tempo.
Ultimamente foy levado por dous robuílos
negros ao lugar do fupplicio onde proftrado
de joelhos inclinando a cabeça fobre hum
tronco recebeo com plácido animo três feridas,
que foraõ as portas por onde fahio o feu efpi-
rito a coroar-fe na eternidade em o primeiro de
Janeiro de 1558. O Ceo fe empenhou a tef-
temunhar com admiráveis demonílraçoens
a fantidade defte Varaõ Apoftolico ; pois fendo
lançado o feu venerável corpo em hum
canal de corrente taõ arrebatada, que no ef-
paço de hum dia o podia levar diftante mais
de vinte, e cinco legoas, paíTados três foy
achado boyando fobre as aguas com as feri-
das frefcas, e refplandecentes, e neíla pro-
digiofa forma fe confervou por muitos dias.
As acçoens defte Evangélico Operário com
mayor individuação efcritas fe podem ler em
Orland. Hijl. Societ. Part. i. lib. 8. n. 128.
lib. 9. n. 166. liv. 12. n. 132. liv. 13 n. 82.
Sachin. Hift. Societ. Part. 2. lib. i. n. 19. e
156. lib. 2. n. 175. Ribad. Vida dei P. Lajn.
liv. 2 cap. I. Jarric. Thet^aur. rer. Indic. Tom. i.
lib. 2. cap. 28. Vafconc. in Difcript. Kegn.
Porf. pag. 498. Gufman Hiji. delas MiJJion.
dela Compan. Part. i. liv. 2. cap. 50. Alegamb.
in mortih. Illujl. ad an. 1558. Nadafi in Ann.
Dier. Mem. S. J. pag. 1 2. Tanner Soe. Jef. u/que ad
Jang. (& vit. profujion. milit. pag. 227. 228. e 229.
Bartol. Hift. deV Afia liv. 6. pag. 385. Bonart. in
Amphit. hon. cap. 4. Benfon. de lubil lih. i. cap.
9. Boíius de Sigfí. Eccl. lib. ^fign. 21. Elias à D.
Teref. I^g. Ecclaf. Triumf. Lib. 2. cap. 31. n. 56.
Cardof. Agiol. 'Lufit. Tom. i. pag. 2. e 8. Soufa
Orient. Conq. Tom. i. Conq. 3. Divif. 3. §. 18.
Carta efcrita a Santo Jgnacio, e ao Padre
SimaÕ Rodrigues das Molucas em 7. de Fevereiro
de 1553.
Carta efcrita em Ternate a iS. de Janeiro
de I JJ4. ao Rejtor do Collegio de Goa.
Carta efcrita de Amhoino em i). de Mayo
1555. ao mefmo Rejtor.
Eftas três Cartas fe confervaõ no Archivo
da Cafa ProfeíTa de S. Roque de Lisboa,
e as duas ultimas sahiraõ traduíldas em Italiano.
Veneza por Miguel Tramezzino 1559. 8.
têdo já fahido a fegunda abbreviada. Roma
por António Bladio. 1556. 8.
^ D. Fr. AFFONSO CAVALLEIRO natu-
ral de Évora, e defcendente da Illuftre familia
dos Cavalleiros de Monte Mór o Novo,
que fe transferio para Barcellos. No Con-
vento da fua Pátria de Religiofos Francifcanos
Clauftraes recebeo o habito, e tanto creceo em
letras, e virtudes, que os feus Prelados o ele-
gerão para inftruir aos feus domefticos com
as Sciencias mayores. PaíTou a Itália, e na
Univeríidade de Pádua fe graduou Doutor
em Theologia, onde a leo com applaufo de
Meftres, e difcipulos, e depois foy Guardião
do Convento de Safim em Africa. Foy dotado
de grade talento para o Piilpito, donde era
ouvido com geral admiração, muito fciente
nas difciplinas mathematicas, e profundamente
verfado na Theologia Moral. Todos eftes
grandes dotes attrahiraõ ao Illuftrifíimo Bifpo
de Évora D. Affonfo de Portugal para o
eleger no anno de 1495. feu Coadjutor no
Bifpado, cujo lugar exercitou com o titulo
de Bifpado Sardicenfe, ou Sardenfe, huma
das fette Cidades, a cujos Bifpos fe efcreveraõ
as fette Cartas, que eftaõ no Apocalypfe.
A mefma eftimaçaõ mereceo com o Cardial
Infante D. Affonfo Adminiftrador do Bifpado
de Évora, fendo taõbem feu Coadjutor, até que
na mefma Cidade acabou a vida em 9. de Mayo
de 1528. Foy fepultado no Convento de San-
ta Clara de Évora junto à Capella mòr da parte
do Evangelho, donde depois o tresladaraõ para
o Convento de S. Francifco da mefma Cidade.
Fallaõ delle honorificamente Daça Chron. Seraf.
Part. 4. liv. 3. cap. 11. Fonfec. Évora Gloriofa^.
314. Cardofo Agiol. Eufit. Tom. 3 . no Comment.
de 9. de Mayo lit. D. Franco Bib. Portug. M. S>^
L USITANA.
35
• O P. D. Manoel Caetano de Soufa no Caíbal.
HiJI. dos Pontif. Card. Are. e Bi/p. Por/, p. 105.
Compoz.
Sermoens hum Tom.
De Paniteti/ia in foi.
Hílas obras fe confervavaõ Aí. S. na Dib.
de Manoel Sever, de Far. como affirnu Fr.
Fcrnand. da Soled. liijior. Seraf. da Prov. de
Por/. Tom. 4. liv. 5. cap. 9. n. 529.
AFFONSO CERVEIRA, foy hum dos
primeyros Argonautas dignos de immortal
memoria, que debaixo dos felices aufpicios
do Sereniffimo Principe D. Henrique, author
das noíías navegaçoens, fe atreveo a furcar
aqucllcs mares nunca cortados de outras
quilhas, e difcorrcr pclla mayor parte das
coílas Africanas. Domados com a violência
das armas alguns povos de Africa, e celebra-
das com outros pazes, fez a fua afílftencia
na Cidade de Beni Capital do Reyno de Guiné
110 tempo, que governava a Coroa Portugueza
D. Affonfo V. onde por muitos annos com
igual vigilância, que defintereíTe foy Feytor
lie Fazenda Real em cujo miniílerio naõ
fomente attendeo pelas mercadorias, que entra-
vaõ, e fahiaõ daquelles portos, mas indivi-
dualmente defcreveo a fua íituaçaõ, e as proe-
fas militares, que nelles tinhaõ obrado os
Portuguezes, fendo o titulo defta obra, o
feguinte.
Hijloria da Conquifia dos Portuguet^es pella
Cofia de Africa M. S.
A mayor parte defta hiftoria por fer muito
fidedigna a tranfcreveo na fua Chronica de
Africa Gomez Eannes de Zurara, como elle
confeíTa, e também o affirma o Grande Joaõ
de Barros Dec. i. da Afia liv. 2. cap. i. Da
obra, e do Author faz memoria Nicol. Antó-
nio. P>ih. Hifpan. Tom. i. p. 13. e António
de Leon Bib. Ind. Tit. 30.
AFFONSO CORRÊA. Doutor, como
fe intitula no frontifpicio da obra, que efcre-
veo. Naõ fabemos certamente fe era graduado
em Theologia, ou Direito Canónico, ou Civil,
conftando infallivelmente que era Conigo
na Cathedral da Guarda, e verfado em letras
Sagradas, e profanas, e que publicara.
Profodia. Lisboa. 1635. 4.
P. AFFONSO DA COSTA natural da
Qdade de Faro no Reyno do Algarve filho de
Marcos Fernandes, e Maria Pires abraçou o
Inílítuto da Companhia de JESUS 00 Collcgio
de Coimbra a 15. de Março de 1700 donde
pa/Tou à índia com o fagrado defejo de con-
verter almas ao rebanho de Chriílo. Naô
menos douto, que pio publicou a feguinte
obra que dedicou a Joaò Saldanha da Gama
VlceRey do F.ftado da índia.
Me /bodo de bem viver; 1/inerario ChriflaÕ,
Lisboa por Jofeph Lopes Ferreira 1716. 8.
Fr. AFFONSO DA CRUZ natural do
lugar do Fundaõ do território da Villa da Co-
vilhaà na Província da Beyra, profeflbu no
Real Convento de Alcobaça o illuftre habi-
to da Ordem de Cifter no anno de 1 5 74. onde
pela integridade de feus coíhimes, e pela reli-
giofa obfervancia dos inftitutos foy eleyto
Meftre dos Noviços, miniílerio, que exercitou
em diverfos Conventos da fua Congregação,
atè que no anno de 1600. foy aíTumpto ao
Generalato, cujo lugar aceitou conílrangido,
e adminiftrou vigilante. Morreo piamente em
Alcobaça no anno de 1626, e foy fepultado na
cafa Capitular. O feu Retrato fe vê pintado no
Antecoro do Real Convento de Alcobaça
entre os Varoens illuftres da Ordem. No
tempo, que tinha vago das occupaçoens domef-
ticas fe applicava para proveito dos próxi-
mos na compoíiçaõ de algumas obras afce-
ticas, de que faõ claros argumentos as fe-
guintes.
Efpelho de perfeição colhido da doutrina de
alguns Santos Padres antigos, e outros Varoens
contemplativos, em o qual fe contem quatro Trata-
dos: o I. da vida aãiva: o z. da vida contempla-
tiva, o qual fe divide em quatro partes, a i. trata
da oração, meditação, e contemplação ; a z. os
mejos por onde fe alcança a graça na comtemplaçàò :
a 3. Deí(efos delia; a 4. dos impedimentos, o 3.
Tratado confia da uniaÕ da alma com Deos:
o 4. das três vias. Purgativa, Illuminativa,
e Unitiva. Lisboa, por Pedro Craesbeeck
1615. 8.
Efpelho de reli^o^ios em o qual vendofe, e
compondofe as pejfoas religiofas poderão com o favor
divino chegar com facilidade à perfeição: Lisboa
pelo mefmo ImpreíTor 1621. 4.
36
BIB LIO THE CA
AFFONSO ESTEVES, ou por nacimento,
ou por habitação natural da nobre Villa de
Santarém. Foy ferrador delRey D. Joaõ I.
de gloriofa memoria, e infigne Alveitar, de
cuja fciencia efcrevia huma Arte, a qual efcrita
com letras Gothicas em pergaminho fe con-
fervava na Bibliotheca Severiana, e no fim tinha
eftas palavras.
'Bfte livro fet^ Affonfo Esteves morador em
Santarém Ferrador del-Key, o qual ejcreveo Joaõ
de A-veiro morador na Certaà criado que foy do
Prior D. Fr. Álvaro camello, que Deos perdoe, efoy
acabado no anno de N. Senhor Je:^us Chrijlo 1425.
AFFONSO DE FRANÇA. Foy hum dos
principaes Portugue2es que para reílituir ao
Emperador Cláudio o Império dos Abexins
confumido com huma diuturna, e inteílina
guerra movida por ElRey de Zeyla, partio
da índia no anno de 1541. em companhia
do infigne Capitão, e invencível Martyr D.
Chriílovaõ da Gama. Pacificadas as altera-
çoens daquelle Império affiílio nelle por toda
a vida recebendo fempre particulares favores,
e eíUmaçoens do Emperador, naõ havendo
negocio importante em que o naõ conful-
taíTe. No anno de 1555. foy mandado
Diogo Dias em companhia do Padre Gon-
çalo Rodrigues Jefuita por Embaxador a
efte Príncipe para faber fe eílava prompto a
receber o noílo Patriarcha, e ouvindo a pro-
pofta do Embaxador de tal forte fe perturbou,
que naõ deu repofia congruente por eftar
objftinadamente affeâo aos fcifmaticos erros
da Igreja de Alexandria. Para o convencer
defta cegueira efcreveo o Padre Gonçalo
Rodriguez hum douto tratado em que mof-
trava a verdade da Igreja Romana, e a falfi-
dade da Alexandrina, o qual para fer lido pelo
Emperador o traduzio da lingua Portuguefa
na Chaldaica Affonfo de França por fer nella
muito perito.
Alem defta traducçaõ efcreveo huma carta
ao Padre Gonçalo Rodriguez acerca da dif-
puta, que teve com o Emperador fobre a ma-
téria da Religião, a qual carta, e o que efcre-
vemos de Affonfo de França, relataõ Nicolao
Godinh. de rehus Ahyjfin. lib. 2. cap. 19. Fernaõ.
Guer. na addic. à Kelaçaõ da Etiópia de 1607.
e 1608. cap. 3. e o Padre Francifc. de Souf.
Orient. Conq. Part. i. Conq. 5. Divif. 2. §. 19.
e 20.
AFFONSO FRANCO veja-fe Padre Fran-
cifco da Fonfeca.
D. AFFONSO FURTADO DE MEN-
DOÇA. Naceo em a Cidade de Lisboa como
querem huns, ou em Monte mór o novo na
Província do Alentejo, como efcrevem outros
no anno de 1561. fendo feus Pays Jorge Fur-
tado de Mendoça Commendador das Entradas,
Padroens, e Repreza da Ordem de S. Tiago,
e D. Mecia Henriques filha de D. Pedro de
Souza Alcaide mòr de Beja, Senhor de Berin-
gel, e do Prado, e de D. Violante Henriques
filha de Simaõ Freyre de Andrada Senhor de
Bobadella. Principiou os primeiros eíludos
em Lisboa, e os confumou em Coimbra
com geral admiração dos Meílres, e difcipu-
los, pois como foíle dotado de fubtil engenho,
e fácil memoria affim para perceber, como para
confervar, o que eíludava, fe adiantava a todos
com admiráveis progreíTos. Graduado pella
Univerfidade de Coimbra Doutor na faculdade
dos Sagrados Cânones, foy admitido por Colle-
gial do Collegio de S. Pedro, a 10. de Mayo de
1592. donde paíTou a Reytor da mefma Uni-
verfidade, em cujo lugar procedèdo com
fumma inteireza, fomente fe declarou par-
cial dos mais eíludiofos. Attendendo Filipe 11.
aos feus merecimentos o nomeou Confelheiro
de Eílado no Confelho de Portugal moftrando
neJla occupaçaõ tanto zelo do ferviço do
Príncipe, como feveridade na obfervancia da
Juíliça. Eftas mefmas virtudes praticou no
Tribunal das Ordens Militares, quando no
anno de 1608. foy eleito feu Prefidente. Todas
eftas incumbências o foraõ habilitando para
que em 13. de Fevereiro de 1610. fubiíTe à
Cadeira Epifcopal da Guarda, onde como feli-
cito Paftor arrancou as perniciofas raízes de
muitos abufos, e introdufio as fagradas deter-
minações do Concilio de Trento. Defta Cathe-
dral foy promovido por Bulia de Paiilo V.
paliada a 5. de Dezembro de 161 5. para a de
Coimbra, que vagara por morte do infigne
Prelado D. Affonfo de Caftellobranco, cujos
veftigios defejando ardentemente feguir, e
pontualmente obfervar, encheo todas as par-
tes conftitutivas de hum verdadeiro Pre-
L USITAN A.
37
Udo. Como na fua PeíToa creciaõ os mere-
cimentos, fe augmentavaõ também as digni-
dades, pois vagando a Mitra Primacial de
Braga por morte do celebre varaõ D. Fr.
\lcixo de Mene2es, foy nomeado por Teu
iiiccrfor no anno de 1618. onde obrou acçoens
tau heróicas em benefício do feu rebanho,
(|ue veneravaõ nelle o feu anteceíTor renacido.
xrfií^io nas Cortes, que lURcy Filipe II. cele-
brou no anno de 161 9. nas quaes com intré-
pido valor defendeo os privilégios da fua
Igreja contra impugnadores aífím domeílicos
como cftranhos da fua primacial dignidade.
Ultimamente foy eleito, e confírmado por
Urbano VIU. a 3. de Dezembro de 1626. Arcc-
hifpo de Lisboa, e hum dos Governadores
lio Rcyno, cujos minifterios affim Sagrados,
lomo politicos defempenhou com ardente
cio, e manifefto defmtereífe. Eftas continuas
< )CCupaçoens lhe foraõ de tal modo attenuando
as forças, que rendidas à violência dos acha-
ques o privarão da vida digna de mayor dura-
ção em 2. de Julho de 1630. quando contava
69. annos de idade ; dos quaes foy cinco Bifpo
lia Guarda, dous Bifpo de Coimbra, fette
Arcebifpo de Braga, e quatro de Lisboa,
cm cuja Catedral na Capella mór foy fepultado
o feu cadáver. De taõ infigne Prelado faz
cfte elogio o grande Agoftinho Barboza de
Po/ep. Epifcop. Part. i. Tit. 3. cap. 8. n. 84.
11 nus to fins "LufitamcB nobilita tis inflar illuflrijfi-
moril Primatm excellentijfimus Princeps, llluf-
trijfimus Primas, qui ob admirabikm utriujque
]uris Scientiam, <& rertim gerendarum peritiam,
r/iosque infignes animi dotes intra brevem temporis
■trftim Conimbrica Academia Keãor, inde ad
JHpremum regij Senatus concilium adfcitum. Naõ
laõ menores os louvores, que delle efcrevem
D. Franc. Man. nas Epanaphor. p. 185. Va-
rão de ^ande peito, onde mal podia cobrir com
o roquete pacifico o ardor do animo bellicofo.
Fr. Man. da Efp. Hifl. Seraf. da Prov.
de Port. Part. i, lib. 2. cap. 23. n. 4.
e liv. 4. cap. 17. n. 2. famofo por muitos
íitulos, Fr. Fernando da Soled. Hifl. Seraf.
Part. 4. liv. 3. cap. 19. n. 586. Hum dos
Prelados infignes, que a Igreja logrou no Sé-
culo paffado. Telles Chron. da Comp. de Jef.
da Prov. de Port. Part. 2. liv. 4. cap. 53.
n. 4. Hum dos mais perfeitos, e cabaes fogeitos,
qui deo o nojfo Keyno de Portugal. D. Nic. de
Santa Maria Chron. dos Coneg. Keffd. Part. 2.
liv. 10. cap. 19. n. 8. Joaô Salgado de Araújo
na Ley Keg. de Port. Part. i. foi. 58. v.»-
n. 108. Franc. Leyt. Ferr. e o D. Man.
Per. da Syl. Leal Acad. da Acad. Real»
o I. no Cathal. dos hifp. de Coimbra §. 72.
e o 2. no Cathal. dos bifp. da Guard. %. 5).
Compoz.
Conflituiçoens do Wtfpado da Guarda redufí-
das a melhor mcthodo, que lhe tinha dado feu
AnteceíTor D. Jorge de Mello.
Em cujo trabalho confumio cinco annos
affiflindo fempre a ellas com engenho, cabedal de
letras, e experiência, como diz o lUuftriffimo
D. Rodrigo da Cunha na Hiflor. Eccl. de Brag.
Part. 2. cap. 102. n. 14. cfcrevendo a fua vida.
Para que fahiflem a publico com toda a per-
feição, as mandou examinar pelo Doutor
Eximio o Padre Francifco Soares Granatcnfc,
e depois de approvadas por taõ infignc Le-
trado, convocou Synodo a 29. de Junho de
16 14. em que foraõ com fummo applaufo
recebidas. Por fer aífumpto ao Bifpado de
Coimbra as naõ pode imprimir, o que execu-
tou D. Francifco de Caílro feu fucceíTor no^
Bifpado da Guarda.
Sendo Arcebifpo Primaz fez hum Tra-
tado no anno de 1625. que remeteo ao Summo
Pontífice Urbano VIII. o qual intitulou.
Ad L,imina Apoflolorum.
Nelle tratava dos Santos do Arcebifpado
de Braga, e de outras matérias Ecclefiaílicas
pertencentes a eíla Diocefe, da qual obra fe
lembra com naõ pequeno louvor Jorge Car-
dofo no Agiol. L.ufit. tom. i. pag. 124. col. i.
no Coment. de 12. de Janeiro letra B.
AFFONSO GIRALDES. Naõ teve
menor efpirito para as armas, que para a
Poefia. Foy hum dos valerofos foldados, que
acompanharão ao noílo Príncipe D. Affonfo
IV. quando foy focorrer a feu genro Affonfo
XI. de Caftella contra os Mouros, que com
hum formidável Exercito tínhaõ cercado
Tarifa, alcançando delles a celebre vitoria,
que fe deo junto às margens do rio Salado
no anno de 1340. Voltando para a Pátria
mais cheyo de gloria, que de defpojos
defcreveo como teílemunha occular todas
38
BIBLIO THEC A
as circunftancias de taõ memorável batalha
com efte titulo.
'Poema em que Je dejcreve o Jitcejfo da batalha
Ao Salado.
Cuja obra confervavaõ em feu poder
Fr. António Brandão, como efcreve na Mo-
narchia "Lufit. Part. 3. liv. 10. cap. 45. e Fr.
Francifco Brand. Mon. L.ujit. Part. 5. liv. 16.
cap. 1 3 . Delia fazem mençaõ Manoel de Faria,
c Soufa Epit. das Hijl. Part. Part. 5 . cap. 1 5 . e
no Elench. das obras M. S. que eftá no principio
■do Tom. I. da Afia Portug. n, 82 Joan. Soar. de
Brito in Theat. I^ujtt. 'Litter. Lit. A. n. 1 1 . e o P.
António dos Reys in 'Enthufiajm. Poet. impreíTo
no princip. dos feus agudos epigramas n. 192.
AFFONSO GIL DA FONSECA, veja-fe
Francifco de Soufa, e Almada.
AFFONSO GUERREIRO natural de Al-
modouvar na Província do Alentejo primo
com irmaõ dos Padres Bartholameu Guer-
reiro, e Fernaõ Guerreiro lefuitas, dos quaes
■em feu lugar faremos mençaõ. Foy formado
na faculdade da Sagrada Theologia, fendo
pela fua fciencia, que fe fazia mais eftimavel
pella innocencia dos coílumes, eleito Prior
da Parochial Igreja de S. Chriftovaõ na Cidade
■de Lisboa, em cuja occupaçaõ naõ menos fe
appUcava ao pafto das ovelhas, que à liçaõ
dos livros. Para receber algum alivio dos
contínuos trabalhos aíTim litterarios, como
paftoraes fe retirava a huma Quinta junto
-de Lisboa, onde fendo acometido no íilencio
da noite por alguns homens Ímpios com
intento de o roubarem, o privarão violen-
tamente da vida no anno de 15 81. Compoz.
Das Fejias, que fe fit^eraõ na Cidade de L,is-
hoa na entrada delKej D. Philippe primeiro de
Portugal. Lisboa por Francifco Corrêa 1 5 8 1. 4.
Deixou M. S. e imperfeita.
Chronica del-Kej D. Sebajiiaõ.
Como também.
Chronica da KeligiaÕ da Sãtifjima Trindade
Ja Provinda de Portugal,
Cujos fragmentos vieraõ ao poder de
Fr. Marcos de Moura Chroniíla deíla Reli-
gião, de cuja obra, e feu Author faz memoria
Fr. Bernardino de Santo António no Epit.
Kedempf. lib. 2. cap. 11. §. 4. foi. 123. & cap.
vlt. §. 31. e Cardozo Agiol. Eujitan. Tom. 3.
p. 383. no Comment. de 13. de Mayo letr. C.
Por haver compoílo efta Chronica Affonfo
Guerreiro fe enganou Nicolao António in
Bib. Hifpan. Tom. 2. p. 315, efcrevendo que
fora Religiofo Trino, quando elle nunca
profeíTou tal inílituto, e fomente foy muito
afFe£to a eíla Religião.
Fr. AFFONSO DA ILHA cujo appel-
lido tomou por fer natural da Madeira, Reli-
giofo da Ordem Seráfica, onde pela obfervancia
dos preceitos da fua regra fe fez venerado dos
feus domeílicos. Por afliftir muitos annos
na Província de CaíieUa efcreveo neíla lingua
a feguinte obra.
The/oro de Virtudes. Medina dei Campo
por Alonfo de Caftro 1543. 4.
Defta obra, e naõ do Author fe lembra
Wading. in Script. Ord. Min. por occultar
nella o feu nome a primeira vez que fahio à
luz, o qual manifeílou Joaõ Maria Brancalopo
de Monte falco quando a traduzio na lingua
Italiana no anno de 1574. in 8. acrecentan-
dolhe o martírio do V. P. Fr. André de
Spoleto efcrito por Fr. António Olano, de
quem em feu lugar faremos mençaõ. De
Fr. Aífonfo da Ilha a fazem Nicolao Anton.
in Bib. Hifpan. Tom. i. p. 24. e Fr. Joa. a
D. António na Francifc. Tom. i. pag. 46,
col. 2.
AFFONSO LEAM DE BARBUDA foy
muito eítimavel aíTim pela inteireza dos cof-
tumes, como pela fciencia, e capacidade de
que era fummamente ornada, cujas partes
naõ fó o coníUtuhiraõ perfeito Ecclefiaítico,
mas foraõ eítimulos para que o iníigne Vice-
rey D. Luiz de Attayde quando governava
o Império Oriental o fizeíTe feu Secretario
communicandolhe os mayores negócios do
Eílado, e feguindo as fuás prudentes direc-
çoens. Sendo informado eíle Heróe, que nas
terras de Monomotapa fituadas na Ethiopia
Oriental fe tinhaõ novamente defcuberto
minas de prata, para fe certificar deíla noti-
cia mandou como explorador a Afíonfo de
Leaõ, cuja empreza, ainda que difficil, e pe-
rigofa naõ fomente com fumma induílria
executou, mas com particular exame obfervou
f
L USITANA.
39
O que era mais digno de fe notar naquellas
Rcgioens, efcrevendo.
Diário das eotn^as miáveis, qm vio no Im-
pério de Monomotapa.
Voltando para Portugal no anno de 1627.
extrahio deíle Diário, e communicou ao Padre
l-rancifco de Gouvea Provincial da G)mpa-
nhin de JESUS por lho pedir, tudo quanto
linha inquirido, e obfervado acerca do corpo
famente confervado do Ínclito Martyr
Venerável P. Gonçalo da Sylveira, cuja rela-
,õ imprimio o Padre Baltezar Telles na
Chron. da Prov. de Por/. Part. 2. liv. 4. cap. 58.
n. 3. e alguma parte delia o Padre António
1 'ranço na Ima^. do Novic. do Colleg. de Coim-
bra. Tom. 2. Liv. I. cap. 18. Fazem memoria
>lc AfTonfo Leaõ de Barbuda Tanner Societas
]ej. ujque adjang. <& vita profus. milit. pag. 163.
Gafp. Ruthard. in Cojmolog. Sacr. Theor. 6.
n. 7. e 9. Cardof. Agiol. Lm/. Tom. 2. pag. 197
Comment. de 16. de Março. Letra. D. Ale-
b. in mortihus. llluftr. p. 560 onde lhe
ia rebus geflis, €>* Jacerdotio venerabilis, e
Nadaf. Ann. dier. mem. S. J. p. 142.
n. 7. (
/
AFFONSO LOPES DA COSTA na-
ceo na Villa de Torres nove do Arcebifpado
de Lisboa, e logo defde a infância fe dedicou
ao ferviço da Igreja fendo moço da Capella
Real. Acompanhou a elRey. D. Sebaíliaõ
na infeliz jornada de Africa onde defbaratado
totalmente o exercito Portuguez, ficou cativo
no poder dos bárbaros, do qual fendo ref-
gatado por três mil cruzados, por premio
dos feus fervdços, e merecimentos foy eleyto
Thezoureiro mór da mefma Capella Real.
Era muito inclinado à Poeíia principalmente
jocofa, da qual fez varias obras para fe repre-
zentarem no Theatro com que exceíTivamente
alegrava aos efpeftadores, publicando, e emen-
dando os Autos compoftos por António Preftes,
e o Grande Luiz de Camoens com eíle titulo.
Primeira Parte dos Autos, e Comedias Por-
tuguesas. Lisboa por André Lobato, 1587. 4.
Fr. AFFONSO DO LOURIÇAL, cujo
appellido declara a fua Pátria, que he hum
lugar da Diecefe de Coimbra. Deixando o
Mundo fe dedicou a Deos no Mofteiro de
Santa Maria de Ceiça da Ordem de Ciíler
que fora fundado por ElRey D. Aífonfo Hen-
ríquez. Foy eminente em todo o género de
virtudes imitando os fagrados veítígíos da-
quelles primitivos Varoens, que (eu Padre
S. Bernardo tinha mandado a Portugal Para
evitar o ocío, fcmprc nodvo à íantidade, fe
applicava à liçaõ dos livros, e o que cauTa,
mayor admiração, he que naõ fidtando ás
continuas obrigaçoens do Eftado reUgíoío^
gaílaíTe o reftante do tempo na cultura das
letras humanas de que faò claro augmento
três volumes efcritos no anno de ChriAo
de 1200 com admirável letra, fendo muitas
delias primorofamente illuminadas com di-
verfas cores, e ouro, os quaes fe confervaõ
na Bibliotheca do Real Convento de Alco-
baça. A matéria dos volumes he a feguinte.
Yocahularium Papia adauílum infol. 3. Tom.
No fim do terceiro Tom. tranfcreveo o
Author o Livro das Interpretações Hebrai-
cas de S. Jerónimo.
AFFONSO DE LUCENA, natural da
Villa de Trancofo na Provincia da Beira.
Teve por Pays à Manoel de Lucena Ouvi-
dor de Barcellos, e Criado dos Serenifllmos
Duques de Bragança D. Theodofio primeiro,
e D. Joaõ o primeiro, e a Ifabel Nogueira
Sarayva, de igual nobreza à de feu conforte.
Applicoufe na Univerfidade de Coimbra à
faculdade de Direito Cefareo, em que rece-
bendo o gráo de Licenciado mereceo pellas
fuás letras particulares eftimaçoens. Foy
Cavalleiro da Ordem militar de Chrifto,
Commendador de Saõ-Tiago de Coelhofo,
e Alcaide mòr de Portel, e Évora Monte.
Inílituhio em 10. de Janeiro de 161 1. o Mor-
gado da Quinta dos Pechinhos íituada no
Termo de Villaviçofa com a condição, que
extinâa a fua defcendencia de ambos os
fexos fe uniria ao Morgado da Cruz que pof-
fue a Sereniflima Cafa de Bragança, para.
fe repartir o feu rendimento pelos criados po-
bres da dita Cafa, o qual Morgado poíTue hoje
feu terceiro Neto D. António Bernardo de Lu-
cena, por fentença alcançada no anno de 1720.
Cafou em Villaviçofa com D. Ifabel de Almeyda
filha de André Mendes Bandeira, e de D. Leo-
nor de Almeyda, onde morreo, e eítá fepul-
tado no Convento das Religiofas da Efperança
da mefma Villa. Para teílemunhar a fideli-
40
BIB LIO THE C A
•dade do feu obfequio para com a Senhora
D. Catherina Duqueza de Bragança, de quem
fora Procurador, e Secretario, compoz junta-
mente com o Dezembargador Félix Teixeira,
e fe imprimio com outras.
Allegaçaõ de direito offerecida ao muito alto,
•e muito poderofo Kej D. Henrique Nojfo Senhor,
na cauja da Juccejjàõ dejies Rejnos, por parte da
Senhora D. Catherina fua fobrinha filha do In-
fante D. Duarte feu IrmaÕ a zi. de Outubro de
1379. Almeirim por António Corrêa, e
Francifco Corrêa aos 27. de Fevereiro de
1580.
Foy traduzida eíla obra em Latim pelo
iníigne Fr. Francifco de Santo Agoftinho
Macedo, e fahio com eíle Titulo.
Jus Juccedendi in luuJitanicB regnum Domines
Catharina Kegis Emmanuelis ex Eduardo filio
neptis Doãorum Juh Henrico Lujitania Rege
ultimo Conimbricenjium fententiis confirmatum.
Pariíiis apud Sebailian. Cramoyíi. 1641. foi.
Memoria de algumas coujas pertencentes aos
Duques de Bragança, ejcrita à Senhora D. Cathe-
rina Duquesa de Bragança M. S. foi.
Faz delle repetida memoria Caramuel
Philip. Prud. pag. 171. 271. e 273.
Fr. AFFONSO DA MADRE DE DEOS
GUERREYRO, chamado no feculo Affonfo
Guerreyro de Brito, naceo na Cidade de
Évora, e na Fregueíia de Santo Antaõ re-
cebeo a graça bautifmal a 12. de Setembro
de 1676. Foraõ feus Pays o Doutor Bartho-
lameu Gomez de Brito, e Efcholaftica de
Souza Rolaõ. Depois de aprender Gramá-
tica em a Univeríidade da fua pátria paíTou
a Lisboa em o anno de 1692. onde preferindo
o exercício das armas ao das letras aílentou
praça de Soldado, e embarcando-fe em a
Náo de Guerra, de que era Capitão Gafpar
da Coíla de Attaide, comboyou as Frotas,
que da America vinhaõ para a Cidade do
Porto. Afpirando o feu natural valor a mais
gloriofas emprezas fe refolveo paílar à índia,
e fendo defpachado com o habito de Chriílo
a 23. de Março de 1698. partio com o poílo
de Alferes de Infantaria da Companhia de
Luiz Ferreira de Noronha em a Náo S. Pedro
Gonçalves a 26. de Março de 1698. Chegando
a Goa a 14. de Setembro deíle anno o no-
meou Capitão de huma Manchua o Vicerey
do Eílado Luiz Gonçalves da Camará Cou-
tinho. Embarcoufe na armada, que nave-
gou ao Norte, de que era General Fran-
cifco Pereira da Sylva, e difcorrendo pelas
Praças de Chàul, Baçaim, e Dámaõ par-
tio por ordem do Secretario de Eftado para
a Perfia, donde reílituido a Goa foy eleito
Capitão da Náo de foccorro, que pedia o Ge-
neral de Timor, e Solor António Coelho
Guerreiro, cuja expedição fe defvaneceo por
chegar o novo Vicerey Caetano de Mello,
e Caílro, que o proveo em Capitão em a Praça
de Baçaim, que naõ aceitou por ter refoluto
aliftarfe em outra mais illuftre milicia, qual
foy a reformada Província da Madre de Deos,
recebendo o Seráfico habito a 19. de Dezem-
bro de 1703. das maõs do Ven. Padre Fr.
António de JESUS. Feita a profiíTaõ fo-
lemne fe applicou aos eíludos da Filofofia,
e Theologia em o Convento de NoíTa Senhora
do Cabo, e depois de completa efta laboriofa
carreira recebeo a patente de Pregador,
Conhecendo os Prelados o grande zelo, e
aftividade, com que fervia a fua Religião,
o nomearão Procurador Geral, e CorniíTario
em Portugal, para cujo fim partio de Goa a
21. de Janeiro de 171 1. e chegando a Lisboa
a 4. de Outubro do dito anno foy o primeiro,
que alcançou faculdade Regia para mandar
Religiofos para a fua Província, merecendo
por eílas fagradas expediçoens executadas
nos annos de 1714. 1716. 1721. 1726. e 1735.
multiplicados elogios do Reverend. Geral
da Ordem Seráfica Fr, Affonfo de Biefma,
e dos Provinciaes, e Definitorio da fua refor-
mada Provinda. Em remuneração dos pre-
ciofos Manufcriptos, e veneráveis documentos,
que a fua incanfavel diligencia inveíligou
para a Academia Real, o elegeo feu Collega
fupranumerario fendo o feu mayor empenho,
comunicar a todos os eruditos as grandes,
e recônditas noticias, que eílaõ depofitadas
na fua felecta Livraria, a cuja liberal benefi-
cência me confeffo fummamente agradecido.
Efcreveo para ufo de feu Irmaõ, o Reverendo
Manoel Guerreiro de Brito, Doutor na Sagra-
da Theologia, e Cónego na Cathedral de Évora.
Injlrucçaõ, e modo pratico para fe faf^erem os
exercidos ejpirituaes por tempo de outo dias re-
L USITANA.
41
vpartido em 4. partes. Na primeira; tratafe da
utilidade dos exercidos ejpirituaes, e modo com
que fe devem fav^er. Na feffmda; da nalurt^a,
wcefjiddde, e modo com que fe deve fa:^er a Ora^aÕ
ental. Na terceira, da necejjidade, e modo com
fe deve fa:^er a ConfiJfaÕ geral: e na quarta,
\s meditafoens mais proporcionadas para auto
ias, diflribuidas para todo o eflado de Peffoas 4.
S.
Fazem honorifica mençaô da fua Peííoa,
rancifco Lcitaõ Ferreira, Notic. Chronol. da
^mverfid. de Coimbr. pag. 390. §. 847. O Padre
'. Msuioel detan. de Souf. Catbal. Hifl. dos
Pontific. Card. e Bifpos Portug. pag. 148. 231.
257. 249. Fr. Manoel de Sáa, Alem. Hijlor.
dos Efcrit. de Carm. pag. 10. n. 11. e meu
Irmaõ D. Jofcph Barbofa no Prolog, do Ca-
thalog, das Rainb. de Portugal todos Acadé-
micos da Academia Real.
D. AFFONSO MANOEL DE MENE-
ZES. Naceo na Freguezia de Santa Marinha
da Avança em a Comarca da Feyra do Bif-
pado do Porto, onde foy bautizado a 2. de
Outubro de 1672. Foy filho de D. Joaõ Ma-
noel de Menezes Procurador nas Cortes,
que celebrou o Príncipe D. Pedro Regente
defta Monarchia em o anno de 1679. Neto
de D. Affonfo de Menezes Meftre Sala de
lilRey D. Joaõ o IV. Commendador da
Ifeda na Ordem de Chrifto, Capitão mór
de Monçaõ, Senhor da Villa da Ponte da
Barca, e da Torre, e Confelho de Nóbrega,
e Sobrinho do Arcebifpo Primaz de Braga
D. Jozé de Menezes, que com as fuás pro-
fundas letras illuftrou o Sacerdócio, e o Im-
pério. De taõ illuftres Afcendentes herdou
a viveza do engenho, e a capacidade do talento,
com que em a Univerfidade de Coimbra
penetrou as difficuldades do Direito Ponti-
hcio, em que recebeo o gráo de Licenciado
a 21. de Julho de 1694. com grande applaufo
de todos os Académicos. Foy moço Fidalgo,
Cavalleiro da Ordem de Chrifto, cujo habito
profeíTou nas mãos do D. Prior Fr. Mar-
tinho Pereira Lente de Vefpera da Univer-
íidade de Coimbra a 16. de Novembro de 1698.
Sendo Beneficiado na Collegiada de FrejTio de
Efpada na cinta paíTou a Arcediago do Bago da
Igreja Primacial de Braga, que he a terceira Ca-
deira deíb Cathedral, em que foy provido por
feu Tio D. Jofeph de Menezes em 19. de Setem-
bro de 1695 . Conferíolhe as Ordês de Presbyte-
ro o Bífpo Conde D. Joaõ de Mello a 25. de
Março de 1697. A fua vaíla fciencia acompa-
nhada de fumma integridade o elevou a enno-
brecer os Tribunaes Ecclefiaílícos, e Seculaces
fendo Deputado da Inquifiçaõ de Coimbra, de
que tomou poíTe a 30. de Janeiro de 1 697. donde
paííou com o mefmo minifterio para Lisboa
a 6. de Dezembro de 1704. e a Dezembar-
gador da Relação do Porto a 29. de Agoílo
de 1703. donde fe transferio para a Cafa da
Supplicaçaõ a 27. de Novembro de 1704. e
ultimamente a Dezembargador dos Agravos
a j. de Julho de 1710. A continua applica-
çaõ ao eftudo da Jurifprudencia o naõ privou
do da Hiftoria, e Genealogia, em que he erudi-
tamente verfado, como publicaõ os muitos
livros de Familias defte Reyno efcritos por
feu grande Tio D. Francifco de Menezes
infigne Genealogifta, aos quaes tem addi-
cionado até o tempo prezente, de que faz
memoria o Padre D. António Caetano de
Souza. Apparat. à Hifl. da Caf Real Portug.
p. 120. n. 130. Tem mais compofto.
Commentaria ad Ordinationem Ljifitanam
Tom. I.
Nelle faz das palavras iniciaes da mefma
Ordenação huma efpecie de Tratado intitu-
lado Anteloquio, a que fe fegue huma expofi-
çaõ ao Prologo da mefma Ordenação, e acaba
com o Commento ao Liv. i. Tit. i. e Tit. 2.
Tom. 2. Principia pelo mefmo Liv. i.
Tit. 3. onde leva annexo o Regimento do
Dezembargo do Paço, e também indue
o Tit. 4.
Tom. 3. Começa no Liv. i. Tit. 5. e
acaba no Tit. 18.
Tom. 4. Começa no Liv. i. Tit. 19. e
acaba no Tit. 57.
Tom. 5. Começa no Liv. i. Tit. 58. e
chega ao Tit. 62. §. 14. o qual ainda naõ
eftá acabado.
Todos eftes Tomos, excepto o ultimo, eftaõ
com feus índices capazes de fe imprimirem.
D. AFFONSO MENDES Naceo no lu-
gar de Santo Aleixo Termo da Villa de
Moura da Diocefe de Évora a 20 de Agofto
42
B IB LIO THE CA
de 1 5 79, naõ fomente para illuftrar com os rayos
da fua doutrina os habitadores da Etiópia, mas
também para fer hum dos mais famofos alum-
nos da Companhia de JESUS. Foy filho de
Lourenço Alvres, e Branca Mendes, e tanto
que chegou a idade de nove annos foy cha-
mado por feu Tio Manoel Mendes de Moura
Cónego Doutoral da Seé de Coimbra, para que
no celebre Athenéo deíla Cidade lançaíTe os pri-
meiros fundamentos dos feus eíludos, os quaes
continuou com taõ felices progreflbs, que ainda
naõ contando 16. annos fabia perfeitamente a
lingua Latina, e Rhetorica moílrando em idade
taõ verde tal madureza, que fe fez digno de fer
aceito em 2. de Fevereiro de 1593. na Com-
panhia de JESUS, onde eftudada Filofofia, e
Theologia paíTou de difcipulo a Meílre dic-
tando letras humanas, e Rhetorica por ef-
paço de fete annos admirando-fe nelle largo
tempo a energia eloquente das Oraçoens, a
fuave affluencia dos Verfos, e a vafta liçaõ de
Poetas, e Oradores, em que era eminente o feu
talento. Depois de Profeílo do quarto voto
em 26. de Fevereiro de 1610 fe applicou com
todo o difvello à intelligencia da Sagrada
Efcritura, e Santos Padres, e fahio taõ pro-
fundamente inílruido neíles eftudos, que por
uniforme voto dos Superiores, depois de
os diftar com grande applaufo por cinco
annos em Coimbra aos feus domeílicos, foy
mandado a Évora para que recebendo a
borla de Doutor na faculdade da Theologia
os enfinaíle nefta Univerfidade. A fama das
fuás letras que fe faziaõ mais veneradas
pela integridade dos coílumes fe dilatou até
Madrid, donde Filippe IV. que naquelle
tempo governava efte Reyno, querendo pre-
miar taõ grandes merecimentos o nomeou
no anno de 1621. Patriafbha de Etiópia. Naõ
pode reíiílir ao preceito delRey, que fe fez
mais forte com o do Pontifice, e fendo Sa-
grado pelo Bifpo do Algarve D. Fernaõ
Martins Mafcarenhas, na Cafa ProfeíTa de
Lisboa em 12. de Março de 1623. partio
acompanhado do Bifpo de Nicea D. Diogo
Seco, nomeado feu fuceíTor com defefete
Religiofos para a índia em huma armada de
que era Capitão António Tello de Menezes.
Depois de experimentar huma perigofa na-
vegação chegou a Moçambique, e ultima-
mente a Goa em 28. de May o de 1624, onde
achando occaíiaõ opportuna navegou atè o
mar Vermelho, e tendo chegado ao porto
de Baylur, vencidas infuperaveis difficul-
dades entrou no Reyno de Dancali, donde
paíTou a Fremona Corte do Império Etiópico
em 12. de Junho de 1625. Naõ he fácil de
explicar a paciência com que em taõ prolon-
gado caminho tolerou os ardores do Sol,
e os rigores do frio, que fe faziaõ mais pe-
nofos com a fome, e fede padecida por tantos
dias; a conftancia, com que facrificou a vida
continuamente expoíla à violência dos ladroens,
que vagavaõ por aquelles dezertos, e a anciã
com que fuspirava de chegar ao termo das fuás
apoílolicas fadigas para reduzir ao rebanho de
Chrifto innumeraveis almas. Chegado em 11.
de Fevereiro de 1626. à Corte do Emperador
Sultaõ Segued, o mandou receber entre feftivas
aclamaçoens por quinze mil Soldados veftidos
pompofamente, e muitos delles montados em
foberbos cavallos com preciofos jaezes, fazen-
do-fe mais plaufivel eíla recepção com as
vozes acordes de vários inílrumentos. Foraõ
exceíTivos os argumentos de aífefto, e bene-
volência, com que o Emperador recebeo ao
Patriarcha, o qual atrahido de taõ venerável
prefença abjurou nas fuás maõs juntamente
com o Principe feu Irmaõ Raz Cela Chriílós
os fcifmaticos erros de Alexandria, e abraçou
os Sagrados dogmas da Igreja Romana,
prometendo a mais rendida obediência ao
Summo Pontifice, e mandando com pubUcos
edidos aos feus Vaílalos, que aífim o obfer-
vaílem, e aos Miniílros Evangélicos, que pro-
mulgaílem por todo o feu Império as Ver-
dades Catholicas. Admiráveis foraõ os pro-
greíTos, que fe feguiraõ a efta permiííaõ do
Emperador, pois a todos os Operários Apoílo-
licos fe avantajava o Patriarcha, difcorrendo
continuamente de huma para outra parte
em beneficio das fuás ovelhas, bautizando
humas, crifmando a outras, erigindo Tem-
plos, e ornando Altares; pregando com effi-
cacia para inflamar os ânimos dos ouvintes;
difputando, e efcrevendo nervofamente para
extirpar as raizes de perniciofas doutrinas, e ra-
dicar nos coraçoens dos Etíopes a femente do
Evangelho. Mas que inefcrutaveis faõ os jui-
fos da Dina Providencia ! Morto o Emperador
LUSITANA.
43
lio anno de 1632. fe transformou toda cila
fercnidade em huma furiofa tormenta mo-
vida por Fadkda acérrimo feélario dos
rrros Alexandrinos, e íucceíTor da G>roa
Imperial, contra os profeííores de Chriílo,
por ordem fua muitos delles dcfpo-
das fazendas, e outros cruelmente das
; o Patriarcha exterminado da Etiópia,
entregue aos Turcos para fer viâima da
tyrana impiedade, o qual fendo levado a
uico Gdade marítima no anno de 1634.
chegando a Suaquen, foy reclufo em hum
icnebrofo cárcere, onde atados os pés a hum
tcpo, e opprimido o pefcofo com huma
jKzada corrente de ferro, além de toleradas
com inviâa conílancia muitas fomes, fedes,
c injurias fc conftituhio pelo largo cfpaço de
hum anno cm taõ cruel exame fortifTimo
\thlcta da paciência Chriílaã. Porém fendo
libertado pela piedade Portugueza de taõ
<.luro cativeiro, alcançada faculdade de partir
para a índia, chegou brevemente a Goa no
.mno de 1635. Recolhido ao domicilio dos
l'adres Jefuitas deíla Cidade naõ lhe fervindo
de obftaculo a proveâia idade quebrantada
com tantos trabalhos, e o efplendor da digni-
dade Patriarchal fe occupava nos mais aba-
tidos miniílerios da Comunidade, e julgan-
ilofe como outro Chrifoftomo expulfo da fua
Igreja de Conftantinopla fe exercitava em
todo o género de virtudes, principalmente
no cuidado das fuás ovelhas inílruindo-as
com os feus efcritos, e mandando-lhes occulta-
mente Miniílros Evangélicos para que fe
confervaíTem na Fé da Igreja Romana, deze-
jando fempre alcançar occaíiaõ, que as pudeííe
ver, e nunca de voltar a Portugal, ainda que
perfuadido de muitas PeíToas, cujos altos
merecimentos querendo premiar a Magellade
delRey D. Joaõ o IV. o nomeou Arcebifpo
de Goa, e Primaz do Oriente a tempo, que na
mefma Cidade acabou a carreira dos feus apof-
tolicos trabalhos a 29. de Junho de 1656.
contando 77. annos de idade, 63. de Com-
panhia. Deíle varaõ trataõ Telles Híjí. da Etió-
pia liv. 4. cap. 32. e liv. 5. cap. i. e 2. liv. 6.
cap. 3. e no Append. i. defta Hiftoria §. 1 1. e 12.
Andrad. Hijl. delos Var. Ilujl. dela Comp.
Tom. 6. Alegamb. JB/^. Societ. p. 36. col. i.
dizendo: virfuit morihus integerrimis, (ò" ah omni
prorftis amhitione alienus, corporalium rtrum
conttmptor, Jpiritmlium aflimator. Nicol. Ant.
na Hijp. p. 28. Paria Afia Portug. Tom. 5.
Part. 2. cap. 23. n. 11. e Part. 4. cap. 2.
n. 3. e cap. 9. Nadaíi Amt. dUr. mtm. S. J.
ad diem 29. Junij Fr. Filip. i Santif. Trinit.
in I/iner. Orient. liv. 5. cap. x. vir doãiffi-
mus qui multum in JEthiopia pro animarum
faluíe laborans multa paffus tandem expulfus
fuit Fr. Franc. à S. Aug. Maced. in Propug.
Lufit. Gallic. pag. 108. Omnis li t terá t ura Vi-
rum. Joan. Soar. de Brit. in Tbeat. Lufit.
Litter. lit. A. n. 13. D. Francifc. Man.
no Ecco polit. foi. 4j. No fuè menos glorio/a
fatiga la dei nuevo Patriarcha dela Etiópia D.
Alffonfo Mendes, cuya virtud, letras, y religion
arrebataron tantas almas de/de el pelico ala fal-
vacion incorporada otra ve^ aquella Iglefia en la
verdadera fede Apoftolica. O Bifpo de Targa
D. Thom. de Faria na Decad. i. rer. Ljifitan.
liv. 8. cap. I. Hominem, cui Deus, & natura
omnia donarunt, negarunt nihil. Florebat fcientiã,
e>* virtute apud Patres Societatis ingenij, €>•
eorum, qua ad Poefim, KJjetoricam, Hifioriam,
€> litteras profanas pertinet, apprime peritiffi
mus, rerum vero divinarum ita deditus contempla-
tioni, ut et Sacram Scripturam totam memori-
ter recitare, et Sanãorum Patrum authoritates
referre, e^* Sacra Theologia difficultates fpe-
culari magno Viro pareret voluptatem, neque
in iis alicui erat fecundus: concionandi múnus
cum auditorum commodo, et latitia exequitur. P.
Anton. Franc. in Ann. Glor. Societ. Jefu in
Eufit. pag. 363. e na Imagem da virtud. no
Colleg. de Coimb. Tom. i. liv. 2. cap. 22.
até 41.
Efcreveo.
Carta do Patriarcha da Etiópia D. Affonfo
Mendes efcrita da fua própria maõ ao muito R. P.
Mudo Vitelefchi Propofito Geral da Companhia
de JESUS, na qual fe contem o que S. llluftrif.
Senhoria com os demais Padres da Companhia,
que andaõ naquelle grande Império, fi^eraõ de
fervilho de Deos, e bem das almas o anno de 1629.
Lisboa por Matthias Rodriguez 163 1. 4.
Carta ao Provincial, e mais Keligiofos da
Companhia de Jefus da Provinda de Portugal
em que lhes relata da fua navegação de Goa
até o mar Vermelho, e trabalhofa jorna-
da de Baylur até à Etiópia. Efcrita em
44
BIBLIO THECA
Fremona a 9. de Julho de iGz). A qual traz o
Padre Balthazar Telles na Hiji. da Etiópia
liv. 4. defde cap. 36. até o cap. 39.
Re/açaõ ejcrita ao Geral da Companhia de
JESUS da Jua entrada na Etiópia, e o que nella
obrou até 5. de Julho de 1626. Sahio traduzida
em Italiano com as Cartas Annuaes da Etiópia.
Roma pelos herdeiros de Zannetti. 1628. 8. e em
Francez Pariz chez Sebaftien Cramoyfi. 1629. 8.
Carta ejcrita a ElRej Catholico, em que trata
de como elle, e feus companheiros foraõ dejierrados
da Etiópia, e do Ejiado, em que fe achava aquelle
Império defde o me^ de Novembro de 1632. até
May o de 1633. Conferva-fe M. S. no Archivo
Real da Torre do Tombo, e eftá impreíTa
na HiJi. da Etiop. do Padre Tellez liv. 6. cap. 4.
e 7.
Carta ejcrita de Goa em o i. de Dezembro
de 1639. para o Padre Provincial de Portugal,
em que relata o Martjrio do illujlre Bifpo D. Apol-
linario de Almeyda; a qual fahio traduzida em
Caftelhano. Manilla por Raymundo Magifa.
1641,
Carta ejcrita em 3,. de Outubro de 1639, para
o Padre JoaÕ de Mattos AJjiJlente na Guria
Romana. Defta carta, e da que eftá afíima, fe
lembra Cardofo Agiolog. Eujit. Tom. 3. pag.
614. no Comment. de 9. de Junho letr. F.
Outras Cartas muito doutas, e cheyas
de particulares noticias tranfcreveo o Padre
Balthazar Tellez na Hiíloria da Etiópia fendo
as principaes. Huma muito extenfa efcrita
ao mefmo Padre Telles impreíla no apparato
da HiJl. da Etiópia. Outra que he huma Pre-
fação às Cartas do Padre Bernardo Nogueira
Vigário Geral, que Jqy da Etiópia ejcrita de Goa
a 16. de Outubro de 1652. impreíTa no liv. 6.
cap. 40. Outra para o Emperador Sultaõ Segued;
no liv. 5. cap. 29. Yivai% para Jeu filho Vacilada
no liv. 6. cap. 3. e cap. 15. que he muito
diffufa. Três efcritas de Goa no anno de 1639.
a Fr. Roberto dos Reys Monge de S. Bento
Irmaõ do Padre Francifco Marques Mifíio-
nario na Etiópia, no append. i. à HiJi. da Etió-
pia §. 6. das quaes imprimio huma o Padre
António Franco na Imag. da Virtud. do Novi-
ciado de Lisb. liv. 3. cap. 12.
Tragicomedia intitulada Paulinus Nola EpiJ-
copus compoíta em verfo heróico, a qual fe
conferva no Archivo do Collegio de Coimbra,
da qual faz mençaõ o Padre Franco na Jmag.
do Nov. de Coimb. Tom. i. liv. 2. cap. 22.
n. 4.
Oratio habita Philippo III. Hijpaniarum
Regi, Lujítania II. in Academia EborenJi. Sahio
impreíTa no fim dos Anacephal. Reg. Eujit.
authore P . António de Vafconc . S . J .
Antuerp. apud Petrum, & Joan. Belleros.
1621. 4.
Commentaria in Jonam Prophetam. Defta
obra faz memoria D. Franc. Man. na Carta
efcrita ao D. Manoel Themudo da Fonfeca
Vigário Geral do Arcebifpado de Lisboa,
que he a primeira da Centúria 4. das Juas
Cartas. Roma por Filipe Maria Mancini
1669. 4. e Nicol. Anton. in Bib. Hijp.
Tom. I. pag. 28.
Branhaymanot, id ejl, Eux Fidei in Epi-
thalamium /EtiopiJJa, Jive in nuptias Verbi, <&
EccleJicB JEtiopicB libri 12. Catecheticis com-
prehenji. Cólon. Agripinas fumptibus Balth^^
faris Egmond, & fociorum, 1692. foi. ^VJI
No principio defta obra eftá hum Epi-
tome da Vida do Patriarcha efcrito na lingua
Latina. Foy traduzida a obra na lingua
Etiópica por Olda Chriftós nobre Senador
daquelle Império, e iníigne Catholico, como
efcreve Telles na HiJloria da Etiópia Hv. 5.
cap. 4.
Expeditionis JEtiopicce Patriarcha Alphonji
Mendes. Tom. duo in quattuor libros diviji.
Efta obra foy mandada no anno de 165 1.
ao Padre Geral Francifco Picolomini como
diz Alegambe in Bib. Societ. pag. 36. col. 2.
da qual afíirma o Padre TeUes na Hifi. da
Etiop. Apend. i. §. 12. Para mim foj o Farol
mais lucente por onde me governey nefla minha
navegação. Ejlá hoje ejia obra em Roma para fe
dar à lu^ do Prelo, merecendo fer ejiampada com
Tjpos de ejlrellas do Ceo; e quem lé a copiofa ele-
gância, e notável propriedade de fuás palavras,
a gravidade das fentenças, e uniformidade do
methodo, o muy laãeo, e mellijluo ejlilo, o julga
por hum novo Livio Lujitano, e que fe o Pa-
tavino lhe pode tirar a prerogativa de fer
primeiro, naõ lhe pode tirar a gloria de fer
milhor. Igual elogio dedica a efta obra o
grande Fr. Francifco de Santo Agoftinho Ma-
cedo in 3. Part. Collat. CoUat. 9. Differ. 2.
cap. 4. pag. 622. qua dere (falia dos Qeri-
LUSITANA.
45
()S Regulares, que nunca fe viraò na Etiópia)
ter/ó ceríiiis conftaret fi qua eruditljfiwe, cJ^ latinij-
fwie Alphonftis Menàefms Jefuiíarum ad Aitiopts
'f/illiLí Paíriarcha fcripsit, Incem vidiffent. Nwí
imimbrica virum omitis litteratura genere txeel-
lentem, ac doleo tanttwi opus Aí. S. jacere in íene-
hris tineis, (ò" hlaí/is obnoxittm, cum fit luce, ^
•>imortalitate digmjftmum.
Dcíla obra confervava hum Hxtrafbo
Ni.iri.lfr.lrr Thrvcnot cm a fua Livraria,
iii.i (1) ( .ithalogo delia foi. 244.
o refere a hib. Orient. de António de Leon,
lovamcnte acrecentada. Tom. 1. Tit. 12.
ol. 391. onde faz memoria de outras obras
ilcílc Author. Deixou Aí. S. para fe imprimir
í "tda do Padre Jorge Rijo da Companhia de
]I-.\US\ Dcíla obra faz mcnçaõ o Padre
I r.mco Imag. do Noviciad. do Colleg. de Coimb.
om. I. liv. 3. cap. 16.
Tomo de Sermoens pregados na "Etiópia
Tomo dos Cone i lios Ecuménicos até o 6. Con-
cilio Geral, em que refutava nervofamente os
erros dos Abexins acerca da Encarnação do
Divino Verbo.
Alguns tratados em defenfa da Companhia
mtra os f eus maldit^entes.
Tratado de Magia.
Varias expojiçoens fobre a Efcritnra que
diãara em os Collegios de Coimbra, e Évora,
tinha augmentado em Goa.
De todas eftas obras fazem memoria Ale-
;.imbe in Bib. Societ. pag. 36. col. 2. e Jacobo
le Long in Biblioth. Sacra pag. 858. col. i.
AFFONSO MENDES, ou MENEZES
pois com hum, e outro apellido o acho
'(.Imitido ao Cathalogo dos Authores Portu-
,;ue2es por Joaõ Franco Barreto na Bib.
Utjit. M. S. Joaõ Soar. de Brit. in Theatr.
\Mfit. l^itterat. lit. A. n. 14. e pelo Author
<lo Opufculo intitulado Por fuga ília impreíTo
cm Leyden 1641. pag. 366. Por muitos
•mnos exercitou o officio de Correyo nos
Reynos de Efpanha, difcorrendo por toda
ella, e grande parte de Itália, donde alcançou
huma individual noticia dos caminhos, e
lugares de taõ dilatadas Províncias. Que-
rendo eníinar aos Efpanhoes o conhecimento
de tantos, e taõ vários caminhos, que experi-
mentalmente tinha aprendido, efcreveo.
Compendio, y memorial, o Abecedarh de
todos los mas principales caminos de Efpaãa
con el camino de Madrid a Roma.
No fim deíle opufculo cíU inferto.
Reportório delas cuentas redufidot los ef-
cudos a como S. Magejlad manda valgan. To-
ledo por Juan de Ayala 1568. 16. Alcali
por Andres SaAs 16 14. 8. et ibi por Sebaftían.
Martines 1576. 8. Valladolid por la viuda de
Franc. de Córdova 1622. 24. Murcía 1628. 24.
Do author fe lembra Nic. Ant. in Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 28. com o appellído de Mene!(es.
AFFONSO DE MIRANDA, Contador
do Reyno, e Cafa Real como foíTc muito douto
na faculdade da Medicina querendo emmen-
dar muitos erros, que na applicaçaõ dos
remédios commetiaõ os profeflbres daquella
arte com grande prejuízo dos enfermos, Ct
empenhou a formar hum Medico perfeito
com a inftrucçaõ, que para efte fim compoz;
porem receando que contra elle fe conju-
raflem os Médicos, que floreciaõ no feu
tempo, teve occulto o livro em quanto viveo
deixando recommendado a feu filho Jerónimo
de Miranda Medico da Camará de ElRey
D. Sebaíliaõ, que depois da fua morte o im-
primiíTe, o qual obedecendo ao preceito
de feu Pay o dedicou àquelle Príncipe, que
entaõ governava, com efte titulo.
Dialogo da perfeição, e partes, que faõ necej-
Jarias ao bom Medico. Lisboa por Joaõ Alvres
ImpreíTor de ElRey 1562. 4. Nicolao Ant.
fallando defta obra na Bib. Hifp. diz que efte
Tratado parece naõ fer de AíFonfo de Miranda,
mas de outrem, fendo tradufido de Latim
em vulgar, cuja opinião além de naõ ter
fundamento folido, confta claramente de
hum foneto efcrito em applaufo defta obra
fer feu verdadeiro Author Afíonfo de Miranda,
e nunca fe defcubrir o exemplar Latino
donde fe traduzira.
Por dar el Cielo aqui conocimiento
Que todo lo que quiere eflà enfu mano
Efí el Doãor Miranda Eiijitano
Quiere poner el bienfuera de cuento.
De Gracia, de valor, de enfendimiento
De letras, j de ingenio fobre humano:
De eflilo tan capaf(^,y cor texano
Qiie no teràfegundo a lo que fiento.
4Ó
BIBLIO THE CA
Fr. AFFONSO DE MONROY natu-
ral de Lisboa, e filho de Pedro Vaz de Se-
queira, e Monroy fidalgo Cavalleiro da Cafa
Real, e de D. Catharina da Torre augmentou
a nobreza do nafcimento profeíTando o reli-
giofo habito da illuftre Ordem da Santif-
fima Trindade; onde pelo talento, que mani-
feílou nos Púlpitos, foy eleyto Pregador
Geral da Ordem, e pela prudência, de que
era ornado, Procurador Geral, e Difinidor
da fua Província. Applicoufe com fumma
curiofidade ao eíludo das Ceremonias Eccle-
fiaílicas, em que fahio taõ doutamente inf-
truido, que era confultado nas mayores
duvidas pertencentes à celebração dos Offi-
cios Divinos. Morreo no Convento de Lis-
boa a 24. de Abril de 1701. onde por fer nelle
muitos annos Sancriftaõ mór. Compoz.
Ceremonial Eucharijiico. Lisboa por Va-
lentim da Cofta Deslandes 1706. 8.
Fr. AFFONSO DE MORAES, natural
da Cidade de Beja da Província do Alentejo.
Defenganado do mundo recebeo em idade
adulta o habito Carmelitano no Convento
de Lisboa em 9. de Abril de 1548. Foy in-
figne Poeta, e grande Theologo, efcrevendo
de huma, e outra faculdade muitas obras,
das quaes affirma Fr. Marcos António Ale-
gre de Cafanate in Parad. Carmel. Dec. Stat. 4.
^Eílas 17. cap. 453. imprimira poucas, lou-
vando entre ellas com grandes elogios hum
elegante Poema compoílo em applaufo de
Santo Ildefonfo Arcebifpo de Toledo, e do
livro, que eíle Santo efcrevera em obfequio
da perpetua Virgindade da Senhora. Trataõ
deíle Author o Cathalogo dos Efcritores do Carm.
p. dd. e Fr. Manoel de Saá nas Memor. Hift.
dos Efcritores Portug. da Ordem do Carm. pag. 6.
AFFONSO NUNES. Ainda que fe naõ
fabe o que efcreveo por fer occulto à noticia
de Manoel de Faria, e Soufa no Ept. das
Hifl. Portug. Part. 4. cap. 18. e de Joaõ
Soar. de Brito in Theat. Eufit. Eitter. lit.
A. n. 15. como he numerado entre os Autho-
res Portuguezes, naõ fera juílo, que fique
fem o feu nome eíla Bibliotheca, pofto que
fe naõ relatem as fuás obras, que parece
foraõ Poéticas.
Fr. AFFONSO DE PALMA. Nafceo
em Portugal, e illuftrou a Caílella com as
raras virtudes em que era eminente, pellas
quaes mereceo, que feu companheiro o Vene-
rável Fr. Vafco Martins da Cunha primeiro
reftaurador da Ordem de Saõ Jerónimo
nefte Reyno o levafle a fer bafe fundamental
do Convento de Vai Paraizo em Córdova.
AíTim como a natureza o fez no corpo agi-
gantado, o era no efpirito, fendo incanfavel
na adminiílraçaõ daquella Communidade, que
governou com o titulo de Vigário por efpaço
de trinta annos. Naquellas horas, que lhe
reftavaõ da continua aíTiftencia do Coro fe occu-
pava para evitar o ócio em exercidos humil-
des, como eraõ cavar a terra, plantar arvores, e
ainda em obras mecânicas, pois para tudo tinha
natural habilidade, de cujos miniílerios fe pô-
de claramente infírir a profunda humildade de
feu animo, o heróico defprefo da gloria huma-
na, além dos auíleros jejuns, afperas difciplinas,
e vigílias nofturnas, perpetua contemplação
das delicias celeíliaes, angélica pureza, e ardente
charidade para com os próximos com que fe fez
merecedor de receber o premio na gloria a 29.
de Abril de 1450. Delle faz memoria Fr. Jozé
Siguença Hijl. da Ordem de S. Jeron. Part. 2. liv. 4.
cap. 19. Cardofo Agiolog. Eujit. Tom. 2. p. 75 5.
e no Comment, de 29 de Abril let. E, e o Illuílrif-
fimo Cunha Hiji. Ecclef. de Eisb. Part. 2. cap. 86.
onde por erro do impreííor lhe chama Diogo, e
que fora Prior do Convento de Valparaifo, fen-
do Vigário, como efcreve Siguença. Compoz.
Conjejfionario , ou methodo da ConfiJJaÕ dij-
trihuido em boa ordem.
Para ufo do Coro efcreveo muitos volu-
mes em elegante carafter com a Solfa do
canto chaõ, como foraõ:
Dominical.
Santoral.
Officio de Nojfa Senhora.
Commum dos Santos.
Officio dos defuntos.
Traduzio de latim em Caftelhano hum
Fios Sanftorum, o qual efcreveo em bel-
la letra para fe ler no Refeitório, como ef-
creve Siguença já allegado.
AFFONSO PERES PACHECO, natu-
ral de Évora, em cuja Univerfidade depois
I
L USITANA.
47
^ inAruido com as letras humanas, recebco o
'^o de Mcftre em Artes. Paflbu a Coimbra,
lulc depois de eíludar Direito Ginonico,e G-
il fahio taô eminente neílas duas faculdades,
>Hic por voto uniforme dos Meftres da Univer-
lui.ulc foy julgado merecedor de que as enfi-
iiaíTc. Por algum tempo exercitou o officio de
futrono de Caufas na fua Pátria; depois de or-
' 1 lio de Presbytero partio para Roma com
: mça de alcançar algum benefício rendofo.
NclU Corte fe fez taõ eílimado aíTim pellas le-
tras, como pellas virtudes, que mcrccco efpe-
ciaes favores do Emincntinimo Cardeal Sacheti,
quem, como a feu grande Mecenas, dedicou
iliMinias das fuás obras. Por morte dcfte Prin-
1 ipc clcfprcfando, como caducas as cftimaçoens
.io mundo, fc recolhco na Congregação do Ora-
iDrio de S. Felipe Neri fituada na Cidade de
i^ano do Ducado de Urbino, onde piamente
acabou a vida no anno de i66o. Compoz.
Apoleíta utriujque júris per Alphabeticum
•dinem. Ronciolone apud Jacobum Mene-
Jíclhum 1657. in 4.
D. Fr. AFFONSO PIRES, ou PEDRO,
pois com hum, e outro appelido he nomeado
pellos efcritores antigos. Naceo na Cidade de
I vora fendo ramo do fecundo tronco da pre-
clariíTima Cafa dos Tavoras, a cujo efpiendor
uitepondo a humildade religiofa abraçou o inf-
tituto da illuílre Ordem da SantiíTima Trin-
ai ade no Convento de Santarém, onde as fuás
grandes virtudes, e iníignes letras o elevarão no
anno de 1 3 20. ao lugar de Provincial, fendo o
primeiro, que teve eíla Provinda quando fe
feparou da de Caftella. Huma das mayores
acçoens, que obrou no feu governo, foy o ref-
i^ate de outenta, e dous cativos na Cidade de
Marrocos, para cuja liberdade retardandofe o
dinheiro, de que ficara em reféns o Venerável
F. Joaõ de Jefus foy impiamente morto pello
turor dos bárbaros. A madurefa do juizo,
c a docilidade do génio, que exercitou neiie
miniílerio, o habilitou para outro mayor,
qual foy o Bifpado de Évora, fendo hum
dos mais zelofos Prelados, que governarão
taõ vafta Diocefe, onde com eterna faudade
das fuás ovelhas acabou a vida a 8. de Feve-
reiro de 1339. fafendo da fua peííoa hono-
rifica memoria Fr. Bernard. de S. António
na Chronic. da Ori. da Sant. Trind. M. S. liv. i.
cap. 7. §. 5. e cap. 1 1. §. 4. Altun. Còron. Gen. da
Ord. liv. 4. cap. 4. foi. 619. Fr. Anton. á Purif.
Chronol. Monaft. pag. 58. e o Padre Francifco da
Fonfeca BÂfor. Glorio/, pag. 282. Compoz.
De Admirabili Ordinis Santiiíjima Trini-
tatis Injlitutione. liíla obra foy mandada ao
Geral, para que fe imprimiíTe em França, e
miferavelmente fe perdeo como tem fucce-
dido a muitos livros deíla Província.
D. AFFONSO DE PORTUGAL, filho
illegitimo delRey D. AfTonfo Henriquez, e
legitimo herdeiro de feus marciaes efpiritos.
O natural impulfo para as armas, de que
foy gloriofo preludio a celebre conquiíbi
de Santarém, o arrebatou heroicamente para
a Paleílina, onde na Conqulíla da Terra íanta
fez proezas dignas do feu alto nacimento,
pellas quaes mereceo, que por morte de Go-
dofredo de Duiííon foííe eleito no anno
de 1 1 94. XI. Meftre da Ordem Militar de íaõ
Joaõ de Rhodes. Elevado a efta grande digni-
dade querendo que exaftamente fe obfer-
vaíle a difciplina regular, e militar, que eílava
pella introducçaõ de muitos abufos rela-
xada, convocou Capitulo Geral na Cidade
de Margato onde a Ordem depois da perda
de Jerufalem refidia. Nefta militar AJTem-
blea depois de confirmar os Eílatutos feitos
em o anno de 1181. pelo Meftre Rogério
de Moulins, eftabeleceo novamente algumas
leys dirigidas à confervaçaõ, e augmento
da Ordem. Porem como o feu ardente zelo
degeneraíTe em fumma feveridade, que fe
fazia mais intolerável pelo lugar do minifte-
rio, e foberania do nacimento, veyo a expe-
rimentar huma remiíTa obediência nos fubdi-
tos, e paílando a mayor exceíTo fe rebellaraõ
contra a fua PeíToa reduzindofe a Ordem a
huma efpecie de Anarchia. Para evitar as
funeftas confequencias de taõ precipitados
infultos renunciou o Meftrado, e fe reftituhio
a Portugal, onde acabou a carreira da fua
vida em o i. de Março de 1207. Jàz fepul-
tado na Igreja de S. Joaõ da Villa de San-
tarém em hum maufoleo, que eftá ao lado
efquerdo da Capella Mór, com efte epitáfio.
In ara MCCXXXXV. Kalendis Martij obiit
Fr. Alphonfus Magijier Hoípitalis Hierufalem
48
BIBLIO THEC A
Qjújquis aâes, qui morte cadis perlege, piora,
Sum quod eris, fueram, quod es, pro me precor
ora.
Compoz.
EJiatutos novos para confervaçaõ, e augmento
da Ordem militar de S. JoaÕ de Khodes.
Defta obra faz mençaõ António du Ver-
dier in Bibliothec. Gallic. impreíTa em Leaõ
1585. in foi. dizendo Alphonfe de Portugal
Gran Maejlre des Chevaliers de S. ]ean de llieru-
Jalem, e Khodes voyes Jes Confiituicions, y efiahlij-
Jement au livre dei Ordre des dits Chevaliers
tranjlate en Francois Van 1444. infol. Igualmente
faz a mefma memoria Baudoin Hifi. des
Cheval. dei Ord de S. Jean de Hierus. Tom. i.
cap. 3. pag. 29.
Diverfos elogios dedicaõ ao feu nome
Funes ChroN. da Rei. de Malta. liv. i. cap. 16.
Fr. António Brandão Mon. Lus. Part. 3. liv. 10.
cap. 20. onde o equivocou com feu Tio D.
Pedro Affonfo, Bernard. Giuftin. Hijl. Chro-
nol. dei origin. deWordini Milit. Part. i. cap. 21.
pag. 219. Vertot. Hijl. des Cheval. Hofpital.
de S. Jean de Hier. Tom. i. liv. 3. pag.
mihi 255. Vafc. Anaceph. Keg. I^ujit. pag.
25. n. 22. chamandolhe. Excel/o virum animo,
<& arduis rebus agendis promptum. Card. Agiol.
luujit. Tom. 2. pag. 6. e no comment.
de 10. de Març. let. E. famofo Heroe, de
grande coração, e magnanimidade nas militares
emprefas, de preclaros cojltimes, e religiofas acçoens.
Saind. Marth. Hift. Gen. dela Mais. de
Franc. Tom. 2. liv. 41. cap. 2. pag. 796.
Homme courageux comme il temoigna en pluf-
Jeurs intreprifes. Francifco de Santa Maria
no Diário Portug. pag. 275. Fe^i leys utilif-
fimas ao bom governo da Jua Keligiaõ. Soufa.
Hijlor. Gen. da Gafa Real de Portug. liv. i.
cap. 2. pag. 61. O Padre Fr. Lucas de Santa
Catherina nas Memor. da Ord. militar de S.
JoaÕ de Malta no capit. dos Gram Meílres
pag. 22.
D. AFFONSO DE PORTUGAL, Tronco
da preclariffima Cafa do Vimiofo, naceo na
Cidade de Évora, e foy filho de D. Affonfo
Conde de Ourem primeiro Marquez de
Valença, e o primeiro que houve em Portu-
gal, filho primogénito de D. Affonfo pri-
meiro Duque de Bragança; e de D. Beatriz
de Soufa filha de Martim Affonfo de Soufa fe-
gundo defte nome, Senhor de Mortágua, com
quem (como muitos efcritores afleveraõ) clan-
deftinamente fe cafara o Marquez feu Pay. As
acçoens, que obrou em todo o difcurfo da fua
vida claramente publicarão, que eraõ dirigidas
pelos Reaes efpiritos, que lhe animavaõ o peito ;
pois teve heróico animo para intentar empreza^
árduas ; liberalidade profufa para remediar todo
o género de neceffidade; condição benigna, e
affavel para a gente popular, fevera, e altiva
para a Nobreza reconhecendo unicamente por
fuperiores à fua PeíToa os Reys feus Confangui-
neos; juizo prompto, e agudo para comprehen-
der, e difcurfar; memoria fácil, e tenaz para
confervar, e repetir os frutos, que a fua labo- ,
riofa applicaçaõ colhera na Univerfidade de ^J
Salamanca, onde eíludara as fciencias efcolafti-
cas com aíTombro dos feus mais infignes ,
Cathedraticos. Morto o Marquez feu Pay ;
intentou fucceder na Cafa de Bragança, mas
o Duque, que naõ approvava a legitimidade
do feu nacimento, a transferio a D. Fernando ,
Marquez de Villaviçofa feu fegundo filho, i,
por cuja morte novamente pertendeo D.
Affonfo fer herdeiro da Sereniffima Cafa de
Bragança. Defhe intento o fez ceder a autho-
ridade delRey D. Joaõ o II. a quem obedeceo
conftrangido, eternifando na infcripção, que
eílá gravada na fua fepultura, a politica vio- ,
lencia com que fora obrigado a defiílir do
direito hereditário de Cafa taõ Soberana.
Por difpofiçaõ do mefmo Príncipe feguio
a vida Ecclefiaftica, e depois de fer Commen-
datario do Mofteiro de Souto da Ordem dos
Cónegos Regulares, o nomeou Bifpo de
Évora, de cuja dignidade lhe paíTou as Bulias
Innocencio VIII. no anno de 1485. Logo
que fubio à Cadeira Epifcopal fe empenhou ;
no fumptuofo ornato da fua Efpofa conhe-
cendo-fe as fuás magnificas fabricas menos í
pelo brazaõ das fuás Armas, que pella magef-
tade dos feus efpiritos. No feliz tempo do feu ;
governo foraõ fundados em Évora debaixo"
dos feus benéficos aufpicios quatro Conven-
tos; fendo o primeiro o dos Cónegos Secu-
lares de S. Joaõ Evangeliíla no anno de 148J.,
o fegundo o de Santa Catherina de Religiofas j
Dominicas em 1490. o terceiro o do Paraizo
do mefmo Inftituto em 1499. e o quarto das
LUSITANA.
49
Maltezas em i j 1 7. alem do grande dífpendio,
< |uc fez na reediíícaçau do Convento dos Ere-
mitas de Santo Agoílinho, entre os quaes
.|ui/. que dcrcançaíTcm as fuás cinzas. Como
icmpre fora Mecenas dos Eíludiofos, deter-
minou edificar cm Kvora hum Collegio, onde
ic* iiiUruifíe nas fcicncias a mocidade Traníla-
ana, mas a morte lhe impedio a execução de
1.10 nobre idca. Para fe celebrar com mayor
pcrlciçaõ o incruento Sacrifício do Altar
ordenou a Fernando, e Luiz Martins Cone-
'os de Évora, que reformaíTem o MifTal,
ilc que ufava aqucUa Igreja, c o mandou
imprimir à fua cufta em Salamanca no anno
Ic 1501. Por fer fummamente fevero, c ini-
iniiM) jurado da adulação incorreo na indigna-
.10 licIRey D. Joaõ o II. que o mandou
Idlcnailo para a Villa de Monte-mòr, donde
loy brevemente reftituido à graça defte Prin-
cipc conhecendo que antes merecia premio,
que caíligo hum animo fuperior a todas as
uivcrfidades. Recebeo innumeraveis eftima-
çoens delRey D. Manoel a quem acompanhou
com pompa digna de Príncipe na occafiaõ,
•-luc partio para Caílella a fer jurado Príncipe
daquella Monarchía. Mayor foy o efplendor
quando com feu Sobrinho o Duque de Bra-
gança, conduzio da raya defte Reyno a SerC'
niffima D. Maria filha dos Reys Catholicos para
fe defpozar com o mefmo Monarcha, a cuja
morte affiíHo com affeílo de parente, e fideli-
dade de Vaílalo. Ainda era fecular, quando teve
de D. Filipa de Macedo a D. Francifco de Por-
tugal primeiro Conde do Vimiofo, que foy or-
nado de todas as virtudes moraes, e politicas, de
quem faremos iUuílre memoria em feu lugar; a
D. Martinho de Portugal Bifpo do Funchal, e
do Algarve, e a D. Beatriz, que morreo na flor
da idade. Purificou a Hcenciofa vida, que exer-
citara na adolefcencia, com taõ virtuofas obras,
que fez no largo efpaço do feu governo em
beneficio das ovelhas, que ainda com perpetua
laudade do feu nome he conhecido, e acla-
mado antonomaílicamente por Bifpo de Évora.
Cumulado de heróicos merecimentos foy
receber na Gloria o premio immortal em 24.
de Abril de 1522. Jaz o feu Cadáver em hum
iumptuofo maufoleo de alabaílro fabricado
com primorofa, e elegante architedura ao
lado direito da Capella mòr do Convento dos
Eremitas Auguíliniinos, de que he Padroeira
a Excellentiffima Cafa do Vimiofo, com eíle
epitáfio
Aqui Jaz o V^verentUJfimo, e muito illuftn
Sttthor D. Affonjo dt Portufjal filho do Marque^
de Valença Neto delKey D. JoaÕ o I. de boa
memoria, e herdeiro da Cafa de Bragança. Foy
Bifpo defta Cidade; porque alem da fua devofaÕ
quiz tlRej D. JoaÕ o II. que f o ff e Clerigp. Palle-
ceo aos 24. dias de Abril da lira de 1522.
Efcreveo.
Tra£iatus perutilis de Indulgentiis à Ktveren-
diffimo Domino Alphonfo Eborenfi Epifcopo editus.
No fim deíle tratado tem a feguinte obra
Traâatus de Numifmate ad llluflriffimum
Emmanuelem hujitania Regem. Ulyíipone apud
Monafterium Sanítí Vincentii. Naõ tem anno
da impreíTaõ.
Defte illufixiíTimo Prelado fazem memoria
Damiaõ de Góes Chron. delRej D. Manoel.
Part. I. cap. 26. e 46. Part, 4. cap. 83. Fr. Ant.
da Purific. Chron. da "Provinda de S. Agof tinha
de Part. Part. 2. liv. 7. Tit. 6. §. 5. Rodrigo
Mendes Sylva. Cathalog. Keal de Efpanh. foi.
91. Fonfec. Ejvor. gloriof. pag. 293. Francifc.
de Santa Mar. Diar. Port. pag. 507. dizendo
compo^, e imprimia alguns Tratados cheyos de
excellente doutrina, e de vafia erudição.
AFFONSO DE PORTUGAL, como
indica o appeHdo de geração illuftre, e por
inílituto Eremita Augufliniano, foy Lente
de Theologia na Univerfidade de Lisboa,
antes que foíTe transferida para Coimbra
conforme diz Fr. António da Natividade
nos Montes de Cor. Mont. 3. Cor. unic. n. 32.
§. I. Viveo até o anno de 1345.
Compoz
Commentaria in Magiflrum Sententiarum. foi.
M. S.
Delle fe lembraõ Nicol. António in Bib.
Hifp. Vet. lib. 9. cap. 6. §. 270. Thom.
Herrer. in Alphab. Auguflin. e a Magn. Biblio-
thec. Ecckfiafl. pag. 319. col. 2.
Fr. AFFONSO DOS PRAZERES, cha-
mado no feculo Affonfo Furtado de Men-
doça naceo na Villa de Penamacor da
Provinda da Beira a 28. de Novembro de
1690. e foy bautizado pelo Illuíbrifíimo Bifpo
5o
B IB LIO THE CA
da Guarda, D. Fr. Luiz da Sylva, que depois
foy Arcebifpo de Évora. Foraõ feus Proge-
nitores Jorge Furtado de Mendoça fegudo
Vifconde de Barbacena, Alcaide mòr da Covi-
Ihãa, Comendador na Ordem de Chrifto,
General da Artilharia, e Governador das
Armas da Beira, e Anna Luiza de Hohenloe
filha de Luiz Guílavo Conde de Hohenloe
Senhor de Lagenburg Gentilhomem da Camará
do Emperador Leopoldo, do feu Confelho
de Guerra, e de Anna Barbara de Scomborn
irmaã do Eleitor de Moguncia o Arcebifpo
Joaõ Filipe de Scombron. Eftimulado do
génio militar, que herdara de feus Mayores,
aíTentou praça de Soldado, e taes proezas
obrou em diverfas Campanhas, até chegar
ao pofto de Sargento mór de batalha, que
podia servir de exemplar aos Heróes da fua
familia, que em obfequio da pátria derrama-
rão animofamente o fangue, e offereceraõ
as vidas. Movido de fuperior impulfo refol-
veo aliftarfe em outra mais nobre milicia para
conquiftar hum Reyno, em que todos os
Vaífalos faõ Príncipes, e defprezando para
efte fim o efplendor do nacimento, e a primo-
genitura da Cafa, fuaves encantos com que o
mundo o lizongeava, fe recolheo na Religião
do Príncipe dos Patriarchas S. Bento, cuja
monalHca coguUa veílio no Convento de
Tibaens a 13. de Mayo de 171 3. Em o Novi-
ciado praticou as virtudes de hum Religiofo
Veterano profeguindo no Clauflro as que exer-
citara no Século fem que foífe neceífaria direc-
ção para fe adiantar no caminho da perfeição
Evangélica. No Púlpito, e Confeffionario
era continuo devendofe à madureza dos feus
confelhos admiráveis transformaçoens em pef-
foas de diverfos eftados. Ambiciofo de pro-
feííar IníHtuto mais auftero, e parecendolhe,
que o de Monge confiília mais na vida con-
templativa, que na aétiva, à qual fe queria
com mayor difvelo dedicar em beneficio dos
próximos depois de afOÍHr com exemplar
procedimento na Religião de S. Bento qua-
torze annos, paílou com beneplácito dos Pre-
lados para o Seminário de Varatojo, onde
profeíTou o habito Seráfico em 13. de Março
de 1727. Na companhia deíles Varoens
Apoftolicos fe inflamou com tanta vehemen-
cia o feu efpirito, que promptamente exerci-
tou os minifterios daquelle evangélico iníli-
tuto difcorrendo grande parte do Reino a pée
em continuas MiíToens, a cujos brados def-
pertaraõ muitos peccadores fumergidos no
letargo da culpa, e fendo o feu principal in-
tento colher copiofos frutos com a palavra
Divina. Sempre a Corte o vio hofpede jul-
gando fer o feu terreno para efta fementeira
infruftuofo. Nas horas vagas deíles evan-
gélicos minifterios naõ fatisfeito de inftruir
aos próximos com as vozes no Púlpito, e
Confeffionario, os doutrina com doutos tra-
tados afceticos, dos quaes fomente fahio à
luz o feguinte.
Máximas E/piriUtaes, e direãivas para inftruc-
çaõ myftica dos virtuojos, e defenfa Apoftolica da
virtude fabricadas à lu^ da rafaõ natural, ejlabale-
cidas na verdade da Sagrada Efcritura, e confir-
madas com as doutrinas dos Santos Padres. Tom. i.
Lisboa por Miguel Rodriguez 1737. 8.
Tom. 2. Lisboa pelo mefmo impreíTor,
e no mefmo anno 8. e mais acrecentados
Lisboa por António Ifidoro da Fonfeca
1740. 4. 2. Tom.
AFFONSO REBELLO, natural de
Lisboa, nobre por geração, e muito mais
pelas heróicas façanhas obradas pelo feu
braço na índia Oriental. Foy ornado de
hum génio fácil para compor de repente
verfos jocofos, os quaes fempre foraõ ouvi-
dos com applaufo, e celebrados com admira-
ção. Para explicar o jubilo com que em Goa
fora recebido o infigne Heróe D. Luiz de
Attayde Conde de Attouguia quando no
anno de 1577. entrou fegunda vez a gover-
nar o Império Afiatico Portuguez, relatou
em verfo as Juftas, que com igual pompa, que
deftreza fizeraõ os Portuguezes em applaufo
do mefmo Vicerey, cuja obra intitulou.
Tomejos do Vicerej D. Lui^ de Attayde. M. S.
Morreo em Goa, onde deixou varias
obras poéticas defte género.
AFFONSO RIBEYRO PEGADO. Logo
defde a puerícia cultivou com tal inclinação
a Poefia, que na idade adulta foy venerado
pelos Corifeos defta divina Arte, como Orá-
culo, fendo Lisboa, e Madrid os famofos
theatros onde mereceo a fua ISIufa os mayores
L USITANA.
5i
prémios conícííando os feus competidores a
juniça com que de todos triunfava. No anno
<lc 1622. em que foraõ Canonizados Santo
l)Mi:icio, S. Frandfco Xavier, e Santo Ifidro
I rrador fendo provocado pelos mayores
n/iihos de Madrid, onde entaõ affiília,
compoz algumas Poefias, que eílaõ infertas
lU) livro intitulado Kelacion delas fiejias que
hi:^o Madrid ala Canoniv^acion de Santo Ifidro
Ccrtam. 6. foi. 146. e Cert. 10. e no liv. '^lac.
delas fiejlas, que hiv^o el Colégio Imperial de Madrid
■' : ( (tnoniv^acion de Santo Ignacio y S. Vrancijco
... -r a foi. 90. Taõbcm cílá hum Soneto feu
no Certame Poético em lottvor do Conde de Unha-
res Lisboa por Giraldo da Vinha 4. naõ tem
anno da edlçaõ Jacinto Cordeiro no Elog. dos
Poet. Portug. fe lembra dcllc neíla forma.
Pegado en Helicona planta ajfienta
Porque esjà con las Mu/as tan humano,
Que Jiendo en los couce tos peregrino
Con tanta bumanidad fe ha:(e divino,
D. AFFONSO SANCHES, que com o
fcu nacimento illuílrou a Província de Entre
Oouro, e Minho, foy o primeiro filho, que
cm o anno de 1286. teve D. DinÍ2 6. Rey de
Portugal de D. Aldonça Rodrigues de Soufa,
ou da Telha, como lhe chama feu filho o
Conde D. Pedro no feu Nobiliário Tit. 36.
e 57. Pellos fingulares dotes do corpo, e do
fpirito, com que foy ornado, mereceo os
mayores affeâos de feu Pay, de que fe ori-
glnaráõ os tumultos populares contra a fua
pcíToa, dos quaes foy author o Príncipe D.
Afifonfo exceffivamente efcandalizado, de que
fendo fucceíTor da Coroa lhe preferiíle a feu
Irmaõ natural, em tantas demõílraçoens de
amor, e eítimaçaõ. Certamente naõ houve
irgumento algum de finefa, que ElRey com
clle naõ praticaíTe nomeando-o com exemplo
até entaõ raramente viílo, feu Mordomo Mòr,
e Senhor da Villa de Conde, Campo mayor,
Varazim, Povoa, Touguinha, e outros luga-
res. Naõ fatisfeito com eílas doaçoens lhe
deu por conforte, em o anno de 1304. a D.
Therefa Martins filha de D. Joaõ Affon-
lo de Menefes Conde de Barcellos, e Se-
nhor de Albuquerque, e de fua primeira
mulher D. Therefa Sanches, filha natural
de D. Sancho IV. de Caftella; pofto que
D. Luiz Salazar, e Caílro nas Glor. da Cafa For-
ttts pag. 5 77. naõ admitindo, que ti veííe D. Joaõ
AffonTo de Meneies fucceflíaõ da primeira mu-
lher affirma, que foíTe filha de fua fegunda
mulher D. Maria Cornei filha de D. Pedro Cor>
ncl Procurador Geral de Aragaõ primeiro Se-
nhor de Aljafarim, e de fua mulher D. Urraca
de Artal y Luna. Morto EIRcy feu Pay fucce-
dendo no Trono D. Affonfo feu Irmaõ rom-
peo contra elle em furiofos exceíTos diâados
pelo ódio, que alimentava no peito, man-
dando fcqucílrarlhe todos os bens, que poííuia,
e dcclarando-o por editaes públicos inimigo
da Pátria. Conílrangido de tantas violên-
cias fulminadas pelo furor de feu Irmaõ
fe retirou para a Villa de Albuquerque, que
lhe deixara feu fogro, a qual fe pode jufta-
mcntc gloriar de que foflc novamente por
elle edificada, fortificando-a com muros, torres,
e hum Caílello inexpugnável, cm cuja porta
eílá gravado o brafaõ das fuás Armas, que
igualmente publicaõ o nome do Fundador,
como o dia, e anno da fundação, que foy a 4.
de Agofto de 13 14. Para de algum modo
vingar as injurias, que injuílamente recebera de
feu Irmaõ, entrou armado por Portugal execu-
tando aquellas hoílilidades, com que podia
fatisfazer a fua cólera, até que por intervenção
delRey de Caílella foy reíHtuido à graça de feu
Irmaõ, e à poíle de todos os bens, que lhe
tinhaõ fido ufurpados. Foy infigne em todo
o género de virtudes dignas de hum Prín-
cipe; liberal para todos, affavel para os
domeíHcos, e eíbranhos; religiofo para Deos,
e feus Santos. Exhortado por hum myf-
teriofo fonho fundou o Convento de Villa
de Conde, de que era Senhor, para ReHgiofas
de Santa Clara, o qual alem de o edificar
defde os fundamentos, o dotou com grande
profufaõ em 7. de Mayo de 13 18. Pagou o
tributo de mortal no anno de 1329. conforme
a melhor conjeftura, e eílá fepultado com fua
nobiliíTima Efpofa no Convento de Villa de
Conde com opinião immemorial de Virtuo-
fos, recorrendo à fua fepultura varias Peííoas
dos lugares circumvefinhos para implorar re-
médio às fuás afflicçoens. As Religiofas do Con-
vento agradecidas ao beneficio, que continua-
mente recebem da fua protecção, pertenderaõ,
que fe beatificaílem as fuás virtudes, para cujo
52
BIB LIOTHE CA
fim efcreveo, e imprimio no anno de 1726. o
Padre Fr. Fernando da Soledade, Chroniíla
da Religião Seráfica da Provincia de Portugal,
e Académico da Academia Real hum Memorial
para conftar na Cúria Romana a fua heróica
Santidade. O fepulchro, em que jazem os
feus Corpos, he fabricado de obra, ainda que
antigua, primorofa, e permanecendo muitos
annos fora da Igreja, fe abrio depois hum
Arco da Capella, em que ficou dentro reco-
lhido, no qual fe lé o feguinte Epitáfio,
Em efia Capella jat(em o muito ef clareado
Príncipe D. Affonfo Sanches filho delR.ey D. Dini^
de gloríofa memoría Sexto Rey de Portugal com
a muuto excel lente Madama D. T areja Martins
netta delRey D. Sancho, fundadores defia Santa
Cafa, a qual mandou fa^er a muito virtuofa Se-
nhora D. Ifabel de Caftro primeira Ahhadejfa
da Ohjervancia defta Santa Cafa em 1526.
Foy D. Affonfo Sanches fummamente
inclinado às fciencias, e principalmente à
Poefia, em que conforme o eílilo daquelles
tempos foy elegantiíTimo, e como tal nume-
rado por Manoel de Faria, e Soufa no Epit.
da Hijl. Portug. Part. 4. cap. 18. e Fr. Fernand.
da Soled. Hift. Seraf. da Prov. de Portug. nova-
mente correâ. e addicionad. Part. 3. liv. 13.
cap. 7. entre os Poetas infignes deixando
compofto.
Vários ver/os i. Tom. M. S.
Delle, e de fuás acçoens fallaõ mais difu-
famente Brand. Mon. L,ujtt. Part. 17. cap. 2.
e 49. Brito Elog. dos Kejs de Portug. pag. 53.
Manoel de Faria, e Souf. Epit. das Hift. Port.
Part. 3. cap. 7. Albuquerque Comment. Part. 4.
cap. 50. Cardof. Agiol. Eujit. Tom. i. pag. 8.
no Comment. do i. de Jan. let. D. F. Leaõ
de S. Thom. Bened. Lufit. Tom. i. Part. i.
cap. 9. Fr. Manoel da Efperanç. HiJl. Seraf.
de Prov. de Portug. Part. 2. liv. 8. cap. i. n. 2. e
cap. 6. n. 3. Wading. Annal. Ord. Min. ad
ann. 1318. n. 44, Joan. Soar. de Brit. in Theat.
Lusit. IJtter. lit. A. n. 16. F. Fernand. da Soled.
Memorial dos Inf. de Portug. per tot. Souf.
Hifl. Gen. da Cafa Real de Portug. Tom. i.
liv. 2. cap. I. pag. 239.
Fr. AFFONSO SUEYRO, natural da
Villa de Aviz. Foraõ feus Pays Francifco
de Azevedo, e Ifabel Soares. Deixando a
Pátria, e juntamente o Mundo fe dedicou
a Deos na Religião dos Carmelitas Defcalfos
da Provincia de Caftella onde doutrinou aos
feus domefticos como Meftre, que foy de
Prima de Theologia, e os governou como
Provincial. Teve grande talento para o Púl-
pito merecendo fer eleito Pregador delRey
Catholico. Morreo com opinião de virtude
depois do anno de 1670. Deixou M. S.
Confultas Canónicas, e Theologicas, e Moraes
2. Tom. em folha.
AFFONSO DE TOAR DA SYL-
VEYRA, natural da Attouguia da Diocefe
de Lisboa. Defpois de aprender as letras
humanas paíTou a Coimbra, onde applican-
dofe ao eftudo da Theologia Efpeculativa re-
cebeo pela Univerfidade o gráo de Bacharel
neíla faculdade. Para divirtir o animo de appli-
caçoens mais profundas, e laboriofas compoz
o Dialogo feguinte.
Dialogo entre três figuras, no qual fe trata •
dos Lavradores com alguns louvores da vida pafloril. l
Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1630. 8.
AFFONSO DE TORRES. Naceo em
a Cidade de Lisboa de illuftres Progenitores,
quaes foraõ Joaõ Ruiz de Torres Commen-
dador de Monte Mór o novo da Ordem de
Chrifto do Concelho delRey Filippe II. e D.
Guiomar de Vilhena filha de Ruy Telles de
Menezes Alcaide mór da Covilhaã, e de D.
Leonor Manrique. Logo defde a puerícia
foy injftruido naquellas artes dignas do feu
nacimento. Chegando à idade adulta começou
a aborrecer o ócio da pátria, e afpirar à gloria
immortal, que fe alcança pelas armas, para cujo
nobre intento concorreo feu Pay mandando-o
para Flandes, que naquelle tempo era o mais fa-
mofo theatro de Marte, onde já como Soldado,
já como Capitão executou fingulares proezas. |
Reftituido ao Reyno, cafou com D. Catherina
Mondragon, de quem como da fegunda mu-
lher D. Magdalena Henriquez filha de D. Gon-
çalo da Coíla Armeiro mòr naõ teve fucceíTaõ.
Paífando a terceiras vodas fe defpozou com
D. Violante Manrique fua Sobrinha filha de
Ayres de Soufa de Caílro Commendador da Al-
cáçova em Santarém, da qual teve a D. Leonor
Manrique, que cafou com feu Tio Francifco
L USITANA.
5.5
<Ic Mello, c Torres, Marquez de Sande, varaò
Ic lunima prudência, c profunda politica. A
j *r parte da vida paíTou cm Lisboa taò ini-
n " de occupaçocns publicas, como amante
l;i liçaÔ dos livros. Foy verfado na Hlíloria,
principalmente em huma das mais nobres
partes delia, qual he a Genealogia efcrevendo
GtHtalogias àis Vamilias de "Portugal. 8. Tom.
tolh.
lííles Livros fe acabarão no anno de
1630. cujos Originaes fe confervaõ na Livra-
la do líxccllentirfímo Marquez de Abrantes
los quaes mandou extrahir huma copia
xccllcntemcnte efcrita Garcia de Mello, e
Torres fegundo Conde da Ponte neto do
\uthor, que fe guarda na fua Cafa. Nefta
•randc obra fc admira a vaíla noticia da Hif-
oria, em que era profundamente douto
\ffonfo de Torres, pois todas as familias,
lie que efcreve, eílaõ illuftradas com noticias
I.is noíTas Chronicas, e vários documentos
strahidos do Archivo Real fazendo-fe mais
ilimavel pella reda intenfaõ, com que as efcre-
co fem a menor preoccupaçaõ de alguma pai-
..lõ dominante, que o impeUiíTe a defcobrir o
mais leve defeito no efplendor de tantas familias.
De outra obra diverfa da precedente fe
lembra Manoel de Galhegos na Prefação
lio Templo da Memoria, onde fallando do
^luanto trabalhou para efte Livro affirma
■sõ tiradas eftas noticias, humas dos Nobiliários,
dos Annaes de Efpanha, outras de papeis authen-
icos, e Chronicas dejie Rejno, em particular de
huma, que ejiá para dar à ejiampa Affonfo de
Torres, donde fe inclue íudo o que he hiftorico de
Portugal. Delle fazem memoria D. Franc.
Manoel na Carta efcrita a Manoel Themudo
da Fonfeca, que he a primeira da 4. Cent. das
fuás Cart. D. Luiz Salaz. e Caílr. Uifi. Gen.
da Cafa de Sjlv. Part. 2. liv. 9. cap. 26. n. 18.
Joan. Soar. de Brit. in Theatr. 'Lufit. Litter.
letr. A. n. 17. e o Padre D. Ant. Caet. de Souf.
no Appar. à Uifi. Gen. da Cafa Real de Portug.
pag. 71. §. 54.
AFFONSO DO VALLE, natural dos
Arcos de Valdevez, no Arcebifpado de Braga,
e filho de Affonfo Annes, e Catharina Annes
entrou por Coadjutor temporal da Companhia
àe Jefus no Collegio de Coimbra a 11. de
i
janeiro de 1)89. quando contava 22. amios
de idade. Foraõ Angulares as virtudes, que
pra£ticou, affim no eílado de fecular, como
de Religiofo pelas quaes mereceo alcançar
feliz morte a 6. de Março de 1648.
Compoz ( faò palavras do Padre António
Franco Jmag. da virtud. do Nop. de Coimh.
Tom. I. cap. 58. efcrevendo a vida defte
Irnuõ ) três livros efpiriíuaes todos da fua letra
hum defles livros era de Meditafoens, o qual por
fua morte defapareceu; o fegundo de exemplos
donde tirava hiflorias com que era gratifjimo aos
ouvintes: o terceiro era hum livrinho de fentimentos
feus. Deftes tranfcreveo o Padre Franco
grande parte na obra afílma allegada, que íe
podem ler defde o cap. 55. até 57. nos quaes
efcreveo feu author todos os fucceflbs da fua
vida antes de fer Religiofo, e depois, que
profeflbu o inftituto da Companhia de JESUS.
AFFONSO DE VALERA, natural de
Villanova de Portimão no Reyno do Algarve»
e morador em Lisboa, onde cafou, e morreo.
Foy muito applicado ao eftudo das letras
humanas, e principalmente à compoííçaõ
de verfos na lingua materna, em que naò
foy infeliz a fua Mufa. Tinha prompto para
fe imprimir em o anno de 1600. a obra
feguinte.
Armonia efpiritual dividida em fette tomos
fobre os pajfos principaes da Vida de Chrijio^
Senhor Nojfo.
Outro que tratava de Cavallarias.
D. AFFONSO DE VASCONCELLOS,
e MENEZES, natural de Lisboa filho 11.
de D. Joaõ de Menezes e Vafconcellos II.
Conde de Penella, Vedor da Fazenda, que
fervio pelo largo efpaço de defefeis annos,.
e de D. Maria de Attayde filha de D. Joaõ
de Soufa Capitão dos Ginetes do Infante
D. Fernando. Foy ornado de partes dignas
de feu illuílre nacimento pelas quaes mere-
cendo occupar os lugares, que tiveraõ feus
Mayores, naõ exercitou outro mais, que
o de Capitão dos Ginetes de ElRey D. Joaõ
o III. por Alvará paííado a 5. de Mayo de
1526. e o foy taõbem delRey D. Sebaftiaõ
até o anno de 1573. em que morreo, fucce-
dendolhe Femaõ Martins Mafcarenhas. Ca-
54
BIBLIOTHE CA
fou com D. Guiomar Soares herdeira de Lopo
Soares de Albergaria Governador da índia,
■de quem naõ teve defcendencia. Efcreveo.
Carta a E/Rey D. Joaõ o III. em 8. de No-
vembro de 1547. Começa. Se a grandet^a,
virtude, e conciencia de V. A.. &c.
He huma forte inve6Hva contra efte Prin-
•cipe arguindo-o de injuílo por naõ ter pre-
miado os feus merecimentos.
AFFONSO VAZ DA COSTA Infigne
Mufico do feu tempo, ou cantando, ou
compondo, pelas quaes partes mereceo em
Roma, para onde na flor da fua adolefcencia
partira, os applaufos dos mayores profef-
fores delia Arte. A fama, que corria da fua
grande fciencia obrigou a que fofle convi-
dado com largos partidos para Meftre de
algumas Cathedraes, fendo provido primei-
ramente na de Badajoz, e ao depois na de
Ávila, onde por largo tempo eníinou Muíica
aíTim praâica como efpeculativa, fahindo
da fua efcola taes difcipulos, que depois aííom-
ibraraõ como Meftres a toda Efpanha. Mor-
reo em Ávila no principio do Século paíTado.
As fuás obras Muíicas principalmente
as fagradas mandou procurar o SereniíTimo
Rey D. Joaõ IV. iníigne profeííor delia Arte,
e com ellas ornou a fua Bibliotheca Real
^da Muíica.
AFFONSO VILHAFANHE, GIRAL, E
PACHECO, a quem huns fazem natural do
Porto, e outros de Almeyda. Foy homem
mercantil, e hum dos mais peritos Arithme-
ticos, que houve no feu tempo, como clara-
mente o manifeíla a obra feguinte.
Flor de A.rithmetica neceffaria ao ujo dos
Câmbios, e Quilatador do ouro, e prata, livro
o mais curiojo, que tem fahido. Lifboa por
Giraldo da Vinha. 1624. 8.
AGOSTINHA BARBOSA DA SYL-
VA igualmente douta na lingua Latina, que
na Arquitetura, de cujo grande talento, que
floreceo pelos annos de 1674. como das
fuás obras, que compoz, fazem merecida
lembrança Diogo Manoel Ayres de Aze-
vedo Portug. Illujlrad. pelo Jex. fem. pag. 81.
'§. 17. e Damiaõ de Froes Perim no Theat.
Heroin. das mulher. Illujl. Tom. i. pag. 114.
Deixou compoíio na lingua Latina.
Vida dos cinco primejros Keys de Portu-
gal, e na vulgar
Tratado de Architeãura, e Arithmetica o
qual fahio em Caílella com o nome de Pedro
de Albornoz.
Fr. AGOSTINHO DE AZEVEDO Re-
ligiofo profeíTo dos Eremitas Auguíiinianos
da Congregação da índia, e muito verfado em
as noticias hiíioricas das acçoens, que obrarão
os Portuguezes em todo o Oriente efcrevendo
Appontamentos fobre as coui^as da índia,
e Rejno de Monomotapa, cujo Original ef-
crito na lingua Portugueza fe conferva M.
S. em folha na Bibliotheca delRey Catho-
Uco como affirma o moderno Addicionador
da Bib. Orient. de António de Leaõ Tom.
I. Tit. 3. col. 77.
AGOSTINHO BARBOSA, hum dos
mais famofos varoens, que produzio Portu-
gal para credito, e ornato da Republica
Litteraria. Naceo na celebre Villa de Guima-
raens a 17. de Setembro de 1590. fendo filho
do Licenciado Manoel Barbofa, que illuíirou
as Leys do Reyno com doutos commentarios,
de quem em feu lugar fe fará diítinéia memo-
ria, e de fua mulher Ifabel Vaz da Coíla.
Como a naturefa queria formar nelle hum
monílro de Sabedoria fe anticipou a ornallo
de juizo penetrante, memoria tenaciflima,
comprehensaõ prodigiofa, e engenho admi-
rável, cujos dotes de tal forte brilharão na
idade pueril, que feu Pay com exemplo nunca
viílo lhe enfinou primeiramente fallar a lingua
Latina, que a materna, percebendo com tal
velocidade os primores daquelle idioma,
que com pafmo, e admiração dos feus Vete-
ranos profeflbres, quando ainda naõ con-
tava quinze annos, publicou hum Vocabu-
lário Portuguez, e Latino igualmente douto,
e fácil para a iníirucçaõ da Gramática Latina.
Deixada a Pátria paíTou a Coimbra mais para
enfinar, que para aprender, onde applican-
do-fe ao Direito Cefareo, e Pontifício pelo
efpaço de dez annos, graduado neílas Fa-
culdades para claro argumento de que fem-
pre fora Meíire, e nunca difcipulo publicou as
LUSITANA.
55
doutinimas Rcmiflbcns ao Concilio de Trento,
cujft obra foy recebida com tanto applaufo pelo
Orhc Litterario, que em diverfas partes dellc
fe vio reproduzida em multiplicadas ediçoens.
Amlnciofo da communicaçaõ de Varoens Sá-
bios imitando a Pythagoras, e Plataõ, que
com largas peregrinaçoens buícaraõ efte eru-
dito comercio, difcorreo pellas famofas Uni-
vcrfidadcs de Itália, França, e Alemanha, onde
teve tantos admiradores do feu profundo ta-
lento, quantos eraõ os que com elle praélica-
vaõ, como foraõ Martinho Bonacina, Joaõ
António MaíTobria, Juliano Viviano, Belchior
Lottcrio, António Ricciolo, Fclix Contclorio,
Mário Antonino, Sigifmundo Scacia, e Eílevaõ
Graciano contrahindo com elle todos eftes ce-
lebres Varoens a mais cftrcita amifadc, ou foíTe
j-)clla docilidade do génio, ou pela fympatia da
fcicncia. Mayores veneraçoens alcançou em
Roma, que como cabeça do mundo foube
conhecer com mais viva penetração a profun-
didade das fuás letras. Declaroufe feu Mecenas
o Qrdial Joaõ Garcia Mellino, e para de algum
modo premiar o feu merecimento lhe alcançou
da Santidade de Urbano VIU. a Thefouraria
mór da Collegiada de Guimaraens em que foy
provido tendo largado a Abbadia de Men-
treftido. Naõ permitio a Cúria, que efti-
veíTe para feu beneficio ociofa a capacidade
lie taõ grande homem, e para efte fim fendo
Prothonotario Apoftolico foy eleyto Cenfor
lie livros, e Confultor da Sagrada Congre-
gação do Index. Era taõ clara a fama do feu
nome, que chegando os feus eccos à noticia
do Duque de Saboya Carlos Manoel, o cha-
mou de Roma, offerecendolhe generofos
donativos para que foíle habitar na fua Corte.
Semelhante obfequio lhe fez a RepubUca de
Veneza mandando aos feus Embaixadores
Frãcifco Cornaro, e Joaõ JuíHniani, que o
condufiflem em fua companhia no anno de
1634. para illuftrar como Meílre a fua Uni-
verfidade. Naõ foraõ poderofas todas eftas
perfuafoens authorizadas com a efficacia de
taes Principes para que deixaíle Roma, onde
preferindo o eíludo à conveniência paílava
taõ falto dos bens da fortuna, como abim-
dante dos dotes da natureza. Habitava em
huma cafa humilde contigua ao Convento
dos Religiofos Minimos onde comia huma
fó vez no dia. A fumma pobreza, que o redufia
a tanta abAinencia, lhe negava com que pudeííe
comprar livros para adiantar as fuás doutas
compofíçoens. Para reparo defta falta taõ noci-
va ao progreíTo dos feus eíhidos, tinha con-
trahido pela innocencia da fua vida, e affabili-
dade do feu génio amifade com todos os Livrei-
ros, em cujas cafas eíhidava defde a menhaã até
à tarde, donde voltando para a fua, era tal a
tenacidade da memoria, que naõ fomente levava
nella fixas as opinioens, e refoluçoens dos Dou-
tores, que lera, mas ainda o numero das pagi-
nas, e dos parágrafos dos livros onde eíbivaõ.
Na diuturna aíTiílencia, que por duas vezes fez
em Roma, como experimenta/Te a fortuna
pouco favorável aos feus defignios paííou a
Madrid para com a mudança da terra melhorar
de eftado. Nefta Corte aprezentou á Magef-
tade de Filippe IV. hum douto Memorial, em
que relatava com grande finceridade os rele-
vantes ferviços, que tinha feito tanto em obfe-
quio da Igreja, como da Monarchia, pelos
quaes efperava adequada remuneração da libe-
ralidade Real. Atendendo Filipe IV. a taõ altos
merecimentos o nomeou em 26. de Fevereiro
de 1648. Bifpo de Ughento no Reyno de Ná-
poles fuffraganeo do Arcebifpado de Otranto.
Tanto que recebeo a noticia defta dignidade par-
tio para Roma, onde na Igreja de N. Senhora
do Populo foy Sagrado pelo Cardial dela Cueva
em 5. de Abril do mefmo anno. O cuidado
das fuás ovelhas o chamou com toda a brevidade
para que entraííe no Bifpado em 10. de May o
de 1649. onde defempenhou as obrigaçoens
de vigilante Paftor, vifitando toda a Dioce-
fe, e reformando os abufos, que pela inércia
de outros Prelados fe tinhaõ efcandalofa-
mente introdufidos. Nas horas vagas do
miniílerio paíloral continuava fuás compofi-
ções com indefeíía applicaçaõ para com ellas
utilizar a republica litteraria. Porém quan-
do parecia, que era mais neceílaria a fua du-
ração, foy accommetido de huma leve in-
fermidade, que degenerando em mortal a
avifou de fer chegado o termo da fua vida.
Preparoufe para efta luta com as armas dos
Sacramentos, e recebidos com fumma pie-
dade efpirou ás fette horas da noute no feu
Palácio Epif copal em 19. de Novembro
de 1649. quando contava 60. annos de idade.
56
BIB LIO THE CA
O feu cadáver foy fepultado na Cathedral
junto da Capella mór, em cujo maufoleo
tem gravado o feguinte epitáfio compofto
por feu Irmaõ Simaõ Vaz Barbofa Cónego
de Guimaraens.
D. O. M.
Augufiino Barbofa J. C. pátria L,uJitano
€x urbe Uimaramnji; Emmanuelis Barbofa J. C.
£ekberimi, <ò' in Regm h.ufitania Regis Procura-
ioris filio. Ingenio, doutrina, eruditione, difcendi
€upiditate libris etiam in adolefcentia editis admi-
rabili, qui Roma Pontificij Júris volumina viginti
duo, de Jure Civili dedit in lucem oão, alia pof-
thuma reliquit edenda; qui que ab Urbano VIII.
Vimarenjis Ecclejia Thefaurarius, à Philippo IV.
Rege Catholico ob eximia merifa, doãrinaque
famam ad Epifcopatum Ugenfinum; ab Innocentio
X. magnis cum laudibus approbatus, non fine
dolore majlifjimorum hominum, omniumque fuorum
fietu intra cura pajioralis annum extinãus ejl
annofaluiis humana MDCXLIX. atatisfua LX.
Se XIX. Novembris.. Vivet in futurum fama
virtutum, et in fuorum operum aternitate femper
immortalis. Simon Vajius Barbofa Vimarenjis
Canonicus germanus frater amantifjimo fratri
tamquam parenti cum lacrymis pofuif anno Do-
mini. MDCLI.
Eíle foy AgoíHnho Barbofa, cuja me-
moria fera celebre nos faiios da eternidade
merecendo pela fua fciencia os applaufos dos
Pontífices, Monarchas, e Varoens mais fa-
mofos da Republica literária. A Santida-
de de Urbano VIIL além de o ennobrecer
com hum Breve paliado em i8. de Agoiio
de 1626. em que lhe louvava as fuás obras,
fazia delias taõ particular efbimaçaõ, que
no primeiro dia, que lhe beijou o pè o
Marquez de Caílello Rodrigo Embaixador
de Philipe IV. o levou à Camará onde
dormia, e nella lhe moílrou as fuás obras
como a mais preciofa alfaya daquelle apo-
fento. ElRey Catholico quando o nomeou
Bifpo, lhe engrandeceo a fua virtude, le-
tras, e vida exemplar, efperando de taõ
fublimes dotes, que feria a Igreja perfei-
tamente regida. Os Bifpos de França, Itá-
lia, e Catalunha obrigarão com Conftitui-
çoens Synodaes aos feus Cleros, que para
fe fazerem dignos Miniftros do Altar, eíhi-
daíTem fomente pelas fuás obras. Leaõ
Allatio Apes Urban. pag. 530. lhe chama
doãiffimum, (& in Canonicis quaflionibus deci-
dendis, ac rebus Hcclefiaflicis verfatiffimum. Mi-
guel Joaõ de Vimbodi in Med. Anim.
Vir raris doãrina ornamentis excultus, cujus
ingenij candorem affiduumque in fcribendo fludiU
fapius nos experti, variaq ipjius opera Orbi
propofita ad pofleritatem non ingrata teftabun-
tur. Joan. Nic. Erithra^us, alias Joan. Vic-
torius de RoíTi in Pinacoth. Vir. illujl. Me-
moria erat fummá, fingulari, incredibili; hac
erat illi pro Bibliotheca, imo hac omnes omnium
Bibliothecas fuperabat. Fr. Lud. à Concept.
in Exam. Verit. Theol. Moral. Trad. 3.
Part. I. cap. 2. Corollar. i. n. i. Doãor
Sapientiffimus. Lorenç. Gracian. no Critic.
Part. I. Crif. 11. Diò fortuna un revés de
pobreza a un Agujlin Barbofa, y otros hom-
bres, quando deviera ha^erles mercedes. e Part. 2. i
Crif. 12. Con ejias penas de Fénix efcrivie-
ron Baronio, Bellarmino, Barbofa &c. D. Franc.
Moren. Porcel no Retrat. de Manoel de Fa- j
ria, e Souf. § 75. Celeberrimo Doãor, e Iluf-
triffimo Obifpo. D. Joaõ Caftilho Sotom.
in Tom. 7. de Tertiis cap. 41. n. 179.
Agnofcimus namque eum fummo labore, <ò^ in-
genti cura, (ò' deligentia tam in aliarum re*
rum commentariis, quám in cumulandis omnium
facultatum authoribus, totiufque júris Canonici
decijionibus, atque ex illis conclujionibus deduãis
ad fummam quamdam reducendis, (ò' exornan-
dis magnum reipublica beneficium, univerfam-
que omnium utilitatem fe habuijje. Theophilus
Raynaud. in Breviar. Chriji. Chronolog. Claíle
Ult. injignis Auguflinus Barbofa. Luiz Mufiòs
Vid. de Fr. Luiz de Granad. lib. 3.
cap. 7. conocido por fus muchos y doãos efcritos.
Julius Vinfodinus in Rep. Can. Cap. fup.
fpec. de Magiftrat. Part. 2. n. 82. Augufiino
Barbofa fludiofi omnes, atque univerfa refpublica
litteraria propter rarum, (& admirabile ejus in-
genium, fummamque in fcribendo dexteritatem
plurimum debet, qui non inanis tituli gloria duc-
tus, fed communi utilitatis commodo inflamatus
máxima nominis celebritate per plures annos
ahfque ulla ufque huc honefifjimorum fuorum
laborum remuneratione in fuis libris edendis plu-
rimum infudavit, <& utiliter laboravit. UgheUo
Ital. Sacr. tom. 9. pag. 149. fub tit. Epifcop.
Uxentin. Scriptis fuis, <& libris editis Chrifliam
ifiiam jUj
Á
LUSITANA.
Orbi celtherrimus, omnitmique exijlimatione pra-
flarus. Albcrt. Aldan. in Comp. Can. Dec.
cap. 3. n. 21. Vir doCliffimus, qiii felici-
hr in Romana Cúria me ibi time degentt in
éiverjifqne Itália partihus qmm plurima Juo
inj^enio dijeni/Jirna tmiverfis idemtidem utilijfima
ppera indtfejfo Jiudio elahoravit, <& in lucem tdi-
éit. (lontclor. dt Canonis. Sana. cap. 15.
tij. eriíditijfimiim o apcllida. Salgad. de
ttnt. hiillar. Part. 2. cap. 50. n. 45. in
fms fingidaribus, multi/que commentariis in lu-
.cm editis, e^ edendis. D. Laurent. Ramir.
Icl Prad. in AlUnat. de Praced. D. Petri
,1c Vivanc. e Vil la Gom. in Concil, S. Cruc.
II. 8. Augujlinus llarbofa nulli in componen-
dis, Ó* dirigendis JttrifprMdentia rebus Jecun-
dus; c cm o n. 73. in Glof. Do£íifJimus
Auguft. Barbo/a indefefji laboris, <âr exanthla-
ta eruditionis Magijier. Macedo in hujit. In-
fulat. pag. iio. Magni nominis ]urifconfulíus.
i'"r. Manoel da Efper. Hift. Seraf. da Pro-
vinda de Port. Part. 1. Liv. i. cap. 49.
n. 4. Doutor infigne. Lud. Jacob, a Santo
C.arol. in Bibliothec. Pontif. iib. i. Lit. G.
Au£ior percelebris. Joan. Soar. de Brit. in
Theatr. Lujit. Litter. let. A. n. 138. Vir
plane fcribendo inexhaufttis, (& indefejfus, (ò"
bac parte tum etiam Jcriptorum methodo, Sti-
lique nitore, ac facilitate cum celebrioribus avi
CHJuJque mérito componendus. Fuit enim hujus
atatis portenfum, <ò' júris antejignanus, omnique
laude maior. Lorenço Crajf. Elog. d^Huom.
IJtterat. Part. 2. pag. 256. Niegar non Ji dee
ad Agojiino quella gloria, cffè douuta alie fue
fatiche, ai Juo mérito. Poiche indubifabilmente
(iffermar Ji puo clfegli tra moderni Canonijli hab-
bta occupato il primo luogo. O Padre AgoíHnho
de Caftro da Companhia de JESUS, orando
nas fuás Exéquias diíTe com eloquente energia.
Si ai numero de los ef cri tos corr ef ponde el delas
l»Zes, mas rajos tendrà el roftro dei D. Agujlin
Barbo/a, que los podemos contar ai Sol. Veinte
y uno tomos de diferentes, e gràvijjimas matérias
dexò ejlampadas, do^e acabados para ejiampar
que Jeran poftumos todos, ha^en treinta, y três,
que Jiendo fuperiores aios mas en los aciertos lo
fon en el numero a todos, pues ninguno ejcritor há
fcnido la Iglefia, que le haya dado tantos. Die^-
Jiete dexo hà quatro jiglos el Angélico DoHor
Santo Thoma^; veinte y quatro dos Jiglos bà el
57
Abulenft; en efle jigjo mas fértil deftes frutos
eflampò dela Theolopa Efcolafliea veinte y mo el
Padre Suares: de eontroverfias contra hereges
diexyjiete Jacobo Grethfero; dela expojicion de
toda la Efcritura Sagrada viente y uno Comelio
Alapide; pêro ni en efle figlo, ni en los paffados há
havido quien llegue a treinta y três. Nic. Ant.
in Biblioth. Hifp. tom. i. pag. 155. Plane
libris fuis Jurifprudentiam, €> Canonum Sacro-
rum Studiofos mire inflruxit, ut pro integfa
Bibliotheca PontificiJ faltem Júris unus Barbofa
defervire pojfe videatur. FranciTco Lcitaõ Fer-
reira. Not. Chronol. da Univ. de Coimbr. pag.
121. n. 292. lhe chama celebre, c pag. 570.
n. 1 207. infiffie. Souza de Maced. ¥lor. de Efpan.
cap. 2. Excel. i. letr. G. doutiffimo. Manoel
de Far. e Souf. no Catai, dos Auth. Portug.
cujo Original tivemos em noflb p>oder, c hc
muito mais diífufo, e totalmente diíferente
do que imprimio no Epitom. das Hifl. Por-
tug. Part. 5. cap. ij. fallando de AgoíHnho
Barbofa diz: Tiene efcrito muchos volumenes
en derecho, que fon alivio delos Jurifconful-
tos. Carvalho Corog. Port. Tom. i. Trat.
I. cap. 18. NaÕ he necejfario para encarecer
fuás letras mais, que nomeallo, e fica conhecido,
naõ fó em Portugal, mas em todos os Reynos
eflranhos, onde fe eflimaõ os feus livros affim
no fecular, como no Ecclejiaflico, pela reputa-
ção da fua doutrina. Capafli Hifl. Philof
p. 453. Brentan. Epitom. Chronolog. ad an.
1649. Souza no Cathalog. Hifl. dos Bifp. que
tiver aS Diecefe fora defle Reyno. pag. 105.
Simon Biblioth. Hifloriq. des Autheurs du
Droit. Tom. i. pag. 33. e Fr. Bento Jero-
nymo Feijoo Theatr. Crit. tom. 4. Difc.
14. n. II. onde fegue a errada opinião
de alguns efcritores, de que as primeiras
obras que produzio Agoílinho Barbofa, naõ
eraõ fuás, mas de feu Pay Manoel Bar-
bofa.
Cathalogo das obras impreíTas.
Diãionarium Eufltano-Iuitinum. Bracharae
Auguílíe apud Fruâiuofum Laurentium de
Bailo. 161 1. foi. Foy dedicado a D. Fr. Pru-
dencio do Sandoval Bifpo de Tuy.
Remiffiones Dodtorum in varia loca Concilij
Tridentini. UlyíTipone apud Petrum Craes-
beeck. 161 8. 4. Toleti, Brixias 1620. An-
tuerpise, e Lugduni in 8. & ibi apud
58
BIB LIOTHE CA
Laurent. Durand. 1642. foi. & 1657. foi. &
ibi apud AniíTon et PoíTuel 1721. foi. Venet.
per Dominic. Lovifa 1726. et ibi per eum-
dem 1735. foi.
Cafiigationes , additamenta, <& Kemifjiones Pa-
rentis fui in Ordinat. Regias 'Lufitanas. Ulyf-
fipone apud Petrum Crasbeeck 1620. foi.
Defta obra confeíTa o Licenciado Manoel
Barbofa ad lib. 4. Ordinat. Tit. 97. n. 4. que
grande parte delia compuzera feu filho Agof-
tinho Barbofa. Nojlras lucuhrationes miro or-
dine difpofuit, multa addidit, (& quafiionum ,
quas remijjive colligeham, iterum Doãores percur-
rens dúbia aperuit, (0° ohjcura explanavit.
Kemifjiones Doãorum de diãionihus, et clau-
fulis. Romíe per hasredes Bartholamaei Zan-
neti. 1621. 4.
De Officio, et potejlate Epifcopi tripartita
dejcriptio. Romae typis Rev. Camer. Apoftol.
1623. foi. et. Parif. apud Michael. Sonium
1625. foi. Venetiis per Guilielm. Facciotum.
1639. 4. et Lugdun. apud Laurent. Durand.
1628. foi. 2. Tom. cum additam. ibi apud
Philip. Borde, Laurent. Arnaud. et Claud.
Rigaud. 1650. foi. e pelos mefmos 1656.
foi. & ibi fumptibus AniíTon, & PoíTuel
1724. foi. 2. Tom. Venet. apud Dominicum
Louifa 1726. foi. et ibi per eumdem 1735.
foi.
Formularium Epifcopale in quo varia conti-
nentur formulíB ad Epifcopalem Jurifdiãionem ri te,
et reãe exercendam maximé utiles, <& necejjarice.
Cólon. Agripin. 1681. 4. & Lugd. fumptibus
AniíTon et PoíTuel 1724. foi.
VaricB Júris traãationes in quihus continentur
quinque Traãatus legales juxta feriem alphabe-
ticam miro ordine difpojiti. Prima de axioma-
tihus Júris, u/u frequentibus. Secunda de Appella-
tiva verborum jignificatione. 3. de locis communi-
bus argumentorum Júris. 4. de Claujulis uju fre-
quentibus. 5. de Diãionibus ufu frequentioribus.
Lugduni apud Laurent. Durand. 1631. foi.
& ibi apud Laurent. Arnaud. 1644. foi. & ibi
fumptibus Proíl. Arnaud. et Rigaud. 1660.
foi. Argentorati 1652. 4. & Lugduni apud
AniíTon et PoíTuel. 171 8. foi. Venet. apud
Dominic. Lovifa 1722. & ibi per eumdem
1735. foi.
De Officio, et potejlate Parocbi. Romae apud
Guilielm. Facciotum. 1632. foi. et ibi apud
Camerales. 1622. Mais acrecentado Lugd.
apud Lauren. Durand. 1634. cum additioni-
bus ibi apud Laur. Arnaud. 1640. et 1665.
et Venetiis apud Sarzinam. 1641. 4. et
Lugd. apud haeredes Proíl. Borde et Ar-
naud. 1648. 1655. Venetiis apud Antonium
Mora 1720. 4. & ibi fumptibus AniíTon,
& PoíTuel 1723. foi. Venetiis apud Dominic.
Lovifa 1726. et ibi penes eumd. 1735. foi.
De Canonicis et dignitatibus aliis, qucB inje-
rioribus Benejiciariis Cathedralium , et Collegia-
tarum Ecclejiarum, eorumque officiis tam in choro,
quàm in Capitulo. Romãs apud Franc. Corbel-
letum. 1632. 4. Venetiis apud Thadasum
Pavonium. 1641. 4. et ibi apud Sarzinam.
1641. 4. Mais addicionado Lugdun. apud
Laurent. Durand. 1634. foi. & ibi apud
Laurent. Arnaud. 1640. & ibi per híeredes
Proft. Borde, & Arnaud. 1648. & 1658. foi.
& ibi apud AniíTon, & PoíTuel. 171 8. foi.
Venet. per Dominic. Lovifa 1726. foi. &
ibi 1735 foi.
Traãatus de Jure Exclejiajiico Univerfo in
quo de perjonis, et locis EccleJiaJiicis plenifjime
agitur tomi duo Lugd. apud Laurent. Durand.
1634. foi. et ibi apud Petrum Proít. Philip.
Bord. et Laur. Arnaud. 1645. et iterum apud.
eosdem 1650. in foi. & ibi fumptibus AniíTon
et PoíTuel. 171 8. foi. 2. Tom. Venet. per Dom.
Louifa. 1726. & ibi 1735. foi.
Praxis exigendi penjiones contra calumnian-
tes, (& differentes illas folvere, cui accejjerunt
vota aliquot decijiva, (ò" conjultiva Canónica.
Barcinone apud Gabrielem Nogues. 1635.
foi. et Lugd. apud Laurent. Durand. 1636.
et 1643. & ibi fumptibus Philip. Bord. Lau-
rent. Arnaud., & Claud-Riguaud. 1653. foi.
& ibi fumptibus AniíTon, & PoíTuel 1722.
foi. Venet. per Domin. Louifa 1726. & ibi
per eumdem Typ. 1735. foi.
Colleãanea Bullarij, aliarum ve Jummarum
Pontificum Cojlitutionum, nec non pracipuarum
Decijionum, qua ab Apojlolica Sede, ac facris
Congregationibus S. R. E. Cardinalium Roma
celebratis ufque ad annum 1633. emanarunt. Lugd.
apud Laurent. Durand. 1634. 4. & ibi 1637.
Venetiis apud Jacobum Sarzinam 1636. 4. &
Lugd. fumptibus AniíTon, et PoíTuel. 1721.
foi. Venet. apud Dominic. Louifa 1726. & ibi
1735. foi. Depois com o titulo.
L USITAN A.
Stmwa Apojlolicarum Decifionum. Lugdun.
aputl l^ctrum Philip. Borde, flc Laurcnt.
Arnaud. 164J. et 16 j 8. Gencv« apud Joan.
(Ic Tournes 1650. foi. & Lugdun. apud
XniíTon et PoíTuel. 1722. foi.
ColleHanta Doítorum, qui in Juis opmhus
varia loca Concilij 'Irideníini incidcnter íraíia-
mt. Lugd. apud Laurent. Arnaud. 1634.
Itcrum mui tis Do£lontm allegationibus , ac ipsim
íesíft exornata ibi 1641. foi. flc ibi apud h«red.
l'roft. Borde, & Arnaud. 1645. 6c ibi per
tosiicm 1657. foi. Vallifoieti apud Hieronym.
Morillo 1621. 4.
ColleHama Doíhriim tam venetuni, quàm
ctntiorum in Jus Pontificit4m IJniverJum in
uituor Tomos divifa. Romx apud Imprcflbres
t .imcr. Apoftol. 1626. c 1629. foi. Lugd.
ipud Laurent. Durand. 1636. foi. 5. Tom.
& ibi apud hxrcd. Philip. Proft. Borde,
(S: Arnaud. 1650. c 1656. 6. tom. in foi.
»Sc ibi fumptibus Aniflbn, & PoíTuel 17 16.
tol. 6. tom. & Venetiis apud Dominicum
l.ovifa 1722. foi. & ibi per eumdem 1735.
tol.
Seleíia Júris Univerji interpretationes addenda
Colle£ianeis Doãorum fuper quinque priores De-
cretalitim libros. Romae apud Francifcum Cor-
boletum. 1626. foi. Lugd. apud haeredes
Proft. Bord, & Arnaud. 1648. & per eosdem
1656. foi.
Colleãama DoãoruM in Jus Civile Univer-
fiim in duos tomos divifa. Primus continet Col-
leãanea in três priores libros Codicis. Secundus
Colleâanea in quartum, <& quintum ejufdem Codi-
cis. Lugd. apud Gabrielem BoiíTat 1638. &
ibi per haeredes Proft. Borde, e Arnaud.
1648. & ibi per eosdem 1657. & 1660. foi.
& ibi fumptibus AniíTon, & PoíTuel. 1720.
foi. 2. tom. & Venet. apud Dominic. Lovifa
1726. & ibi per eumdem 1735. foi.
Memorial a la Catholica, y Keal Magejiad
de Filipe IV. f obre la remuneracion de Jus ejludios
tambien logrados en utilidad publica con la impref-
fion de veinte y un tomos en las facultades de Câ-
nones,y Leys muchas ve:(es facados à lu^ en diverfas
partes de Europa. Madrid en la Imprenta
Real. 1640. 4.
Keperforium Júris Civilis, <& Canonici ex
rariis Aiígnjlini Barbo/a fcriptis collectum. Lugd.
fumptibus Joan. Antonii Huguetan, & Guil-
59
lieimi Barbicr. 1668. foi. Eíla obra íâhio
pofthuma por deiigencia de feu Irmaõ Simaõ
Vaz Barlx)fa.
Gsmpoz Agoftinho Barboía doutininias
Aiiegaçoens contra Baithefar Dias da Foafeca,
que repugnava pagarlhc a penfaõ da Thefou-
raría mòr de Guimaraens, que neiie tinha
renunciado, cuja controverfia durou o largo
efpaço de quatorze annos, fendo as príncí-
paes as íeguintes, que todas vimos.
Alligaíio Júris uná cum fummario fcriptu-
rarum in Sacra Rota produíJarum in própria
cau/a hracharenjis KegreJJus, Jive ingrejfus ad
The:(aurariam. Romx apud Franc. Caballum
1630. foi.
Por el Doítor Aguftin Barbo/a con Baithefar
Dias de Afonjeca fobre el valor de los mandatos,
/entendas, Cenfuras, y fequeftros dei Auditor dela
Camará Apojlolica, y Sagrada Rota de Roma.
foi. fem lugar, e anno da impreíTaõ.
Bracharenjis Regreffus, jive ingrejjus ad The-
v^aurariam. in foi. fem lugar, nem anno da
ediçaõ.
Informaciones en hecho y derecho en la caufa
dela penjion y regre ff o que el Doítor Agujlin Bar-
bo/a tiene canonizado ala Theforaria mayor dela
Colegial de Guimaraens contra Baithefar Dias
da Fonfeca intrujo. Madrid en la Imprenta
Real. foi.
Verdadera informacion en la caufa dei Doãor
Agujlin Barboja con Balthe:(ar Dias da Fonjeca
intrujo Jobre la Theforaria dela Colegial de Gui-
maraens con el derecho en que Je Junda la jujiicia
de Ju pertencion, y con las rav^ones, conveniências, y
particulares rejpetos, que obligan precijamente a
que remita ejta Cauja a quien toca, y Je abjlengan
los Jeglares dei conocimiento delia. Efcrita en
Madrid a 22. de Setembro de 1638. foi. Naõ
tem anno da impreíTaõ.
Por el D. Agujlin Barboja con Balthet(ar
Dias de Afonjeca Jobre Je hade tener ejeão ai auto
de Juerça dado en ejla cauJa por el Jues dela Corona
Keal dei Puerto en que manS remitiria ai Ordi-
nário, y alçar las cenjuras en la Declaratória
que pujo el executor delas letras Apojiolicas de
penjion el dicho Balthejar Dias por no haver pa-
gado ciertas penjiones decurjas dentro en el termino
que Je le Jeriàló. Madrid por Andres de Parra.
1654. foi.
AJegacion de derecho Jobre la Nulidad dei
6o
B IB LIO THE CA
matrimonio de D. JLorença de Cardenas con
D. Francifco Orenje Manrique. foi. Naõ tem
lugar, anno, ou nome de ImpreíTor.
Obras, que fe naõ imprimirão, das quaes
já promptas para a impreíTaõ eílá o catha-
logo no Colleãanea Do£íorum tam veterum,
quàm recentium in Jus Pontificium. Romãs apud
Typog. Rev. Camer. Apoílolicas 1626. no
principio; e no Memorial que fez a Fi-
lippe IV. pag. 39. v.o e faõ as feguin-
tes.
Colleãanea in d. 7. %. 0° 9. lih. Codicis.
foi.
Colleãanea in 10. 11. (Ò" 12. pofieriores lihros
Codicis. foi.
Colleãanea in Authenticorum feudorum, <&
Infiitut. lihros. foi.
Colleãanea in lihros 12. priores Digejii Ve-
teris. foi.
Colleãanea in alios lihros 12. pofieriores ejuj-
dem Digefii Veteris. foi.
Colleãanea in lihros Jeptem Priores Digef-
torum Júris Ccefarei Jecundce Partis, quod vulgo
Infortiatum dicunt. foi.
Colleãanea in alios Jeptem pofieriores ejuf-
dem Infortiati lihros. foi.
Colleãanea in Digefium novum. foi.
Canonicarum Kepetionum lihri duo, in qui-
hus difficiliores Júris Pontificij Decretales enuclean-
tur, interpretanturque. foi.
Vota Decifiva Canónica Tom. Jecund. foi.
Commentaria in Ordinationes Kegias I^ufita-
norum cum concordantiis utriujque Júris, I^egum,
<& fiatutorum aliarum Provinciarum in quihus
nova circa Officiorum creationes, judiciorum ordi-
nem, contractuum, ultimarum voluntatum, (&
deliãorum matérias plura cumulantur, decidun-
turque nofiris, <& alienigenis perutilia, (& necejja-
ria. foi.
Fr. AGOSTINHO BELLO, Eremita
AuguJftiniano, e hum dos celebres Meftres
da Univeríidade de Lisboa transferida de
Coimbra no Reinado de D. Pedro I. Nella
foy o primeiro Lente de Filofofia, e depois
de Theologia com geral applaufo de to-
dos os Académicos. Os feus merecimen-
tos o elevarão a fer Reytor da Univeríida-
de, que com fumma prudência governou,
como refere Fr. António da Purificação na
Chron. de Santo Agofiinho da Prov. de Portug.
Part. 2. liv. 7. titul. I. §, 3. e no Livro da
Vir. illufir. Prov. hufit. Ord. D. Aug. liv. 2.
cap. 10. cuja aíTeveraçaõ fique eftabelicida na
fua feè. Comp02, como affirma eíle Chronifta.
Volumina quattuor diverjorum argumentorum.
foi. M. S.
Fallaõ deíle author Joaõ Franco Barret.
na P)ih. 'Lufit. M. S. Joan. Soar. de Brito in
Theat. L,ufit. L,itter. let. A. n. 139. Herrer.
in Alphah. Augufi. ad ann. 1350. e o Benefi-
ciado Francifco Leytaõ Ferreira em as Not.
Chronol. da Univ. de Coimhra pag. 7. n. 1 5 5 . e
pag. 395. n. 858.
AGOSTINHO DE BEM FERREYRA.
Nafceo no lugar de Maçores termo da Torre
de Moncorvo na Província Tranfmontana
a 3. de AgoJfto de 1681. e a 11. recebeo a
graça bautifmal na Parochia de Saõ Marti-
nho do mefmo lugar. Teve por Pays a Appo-
Unario Francifco, e Catherina Efteves. Appli-
coufe ao eíiudo do Direito Pontifício em a
Univerfidade de Salamanca por alguns annos,.
donde paíTando para a de Coimbra em o
anno de 1703. recebeo neUa o gráo de Ba-
charel a 17. de Junho de 1709. e fez a For-
matura a 27. de Mayo de 1710. Depois de
ler no Dezembargo do Paço com grande cre-
dito da fua fciencia foy eleito no anno de
171 2. Juiz de fora da Villa de Trancofo,.
que naõ aceitou, e antepondo o Officio de
Advogado ao de Miniftro por fer menos
onerofo à conciencia o patrocínio, que a
decifaõ das Caufas, o tem exercitado na Corte
pelo largo efpaço de 26. annos com igual
applaufo que defintereíTe. Para facilitar o
eíludo da Jurifprudencia aos feus novos pro-
feíTores tradufio de Latim em Portuguez a Infti-
tuta do Emperador JuJftiniano com doutas illuf-
traçoens de diverfos Doutores com eJie titulo.
Summa da Infiituta com remijjoens ao Direito ^
de que Je deduí^, Ordenaçoens, com que fe conforma,
e doutrinas praãicas. Tom. i. Lisboa por Antó-
nio Ifidoro da Fonfeca ImpreíTor do Duque
Eílribeiro mòr. 1739. 4-
Tom. 2. Lisboa pelo dito ImpreíTor, e no
mefmo anno.
Tom. 3. (? 4. Lisboa pelo mefmo ImpreíTor
no mefmo anno.
LUSITANA.
ói
'ommen/arío ao Tit. Digtft. dt Kegul. Juris.
pelo mcfmo ImprcíTor 1740. 4.
Fr. AGOSTINHO DE SAM BOA-
VliNTURA, natural da Villa de Alhandra
< lo ArcebiTpado de Lisboa, onde nafceo a 27. de
\goílo de 1676. tendo por Pays a Francifco
Ic Montoya, e Araújo, e a Luiza de Souza.
\'» idade de 20. annos atrahido da efpiritual
I runquilidade, que lograõ as almas Religiofas,
higio do tumulto do feculo para a Congrcga-
lõ de S. Paulo primeiro Eremita, onde pro-
lelTou no Convento da Serra de Ofla a 3. de
Mayo de 1696. A viveza do engenho, com
<|ue liberalmente o dotou a natureza, lhe fez
patentes os fcgrcdos da Filofofia, e Thcologia,
<iue revelou como Mcftrc aos fcus domcfticos
rom grande credito do fcu talento. Mayor
iplaufo confcguio no púlpito, aonde a fua
natural eloquência, e difcriçaõ o conftituhiraõ
hum dos mayores Oradores Evangélicos.
V profunda applicaçaõ à intelligencia das
Efcrituras o naõ privou, de que algumas vezes
cultivaíTe os bofques do ParnaíTo onde teve
linnocente comercio com as Mufas. Por eftes
ngulares dotes foy duas vezes eleito Geral da
iiia Eremitica Congregação, a primeira no
(.apitulo celebrado em Lifboa a 20. de Mayo
Ue 1725. e a fegunda no Capitulo na Serra de
OíTa a 15. de Junho de 1734. em cujo governo
aioílrou a prudente capacidade do feu talento,
que fe fez mais amável pela affabilidade do
.génio. Como Chroniíla Geral da fua Ordem
cfpera a Republica Litteraria, que brevemente
'comunique à luz publica os Annaes da fua
lleligiaõ em Portugal. De muitos, e admi-
laveis Sermoens, que tem pregado, fomente
ic imprimio o feguinte.
Sermão na Canoniv^açaÕ de Santo EJlanislao
Kofcha, e de S. L/d^ Gonzaga da Companhia
-de Jefus pregado no Solemne Outavario com que os
^plojidio a Cafa profejfa de S. Roque. Lisboa por
Manoel Fernandes da Coíla 1728. 4.
D. Fr. AGOSTINHO DE CASTRO-
Naceo na Cidade de Lisboa em 16. de Outu-
bro de 1537. e foraõ feus Pays D. Fernando
'c Caftro Governador da Cafa do Civel de
Usboa, e D. Maria de Ayala filha do Conde
de Monfanto. Em idade muito tenra foy
eíludar a Coimbra, onde com a doutrina de
António Mendes, que depois fubio á Cadeica
Epifcopal de Elvas fendo o feu primeiro Pre-
lado, sahio confumadamente perfeito tanto
no eíludo da Gramática, como na praâica da
virtude. Defprezadas heroicamente as efpe-
ranças, que o mundo lhe prometia fundadas na
nobreza do nacimento, e authoridade de feu
Pay, pedio o penitente habito de S. Francifco
no Convento de Coimbra da Provinda de Pie-
dade, porem os Religiofos atendendo para a
debilidade da fua compleição como incapaz
de tolerar os rigores da Ordem, lhe negarão
o fer a ella admitido. Com eíla repulfa naõ
mudou de intento, antes mais conftante neile
bufcou a Religião dos Eremitas de Santo Agof-
tinho onde quando contava defefete annos re-
ccbeo o habito das mãos do Venerável Varaõ
Fr. Luiz de Montoya mudando-lhc o nome que
tinha de Pedro cm Agoftinho, como feliz prcíã-
gio de que havia fer fiel imitador deíla grande
luz da Igreja, cujo inftituto profeflbu cm 7. de
Abril de 1555. Foy incrivel o progreíTo, que
fez nos eftudos Theologicos, e muito mais no
exercicio das virtudes fendo as azas com que
na florente idade de vinte, e fete annos ve-
lozmente voou aos primeiros lugares da Or-
dem até chegar ao governo de toda a Pro-
vincia em que defempenhou com vigilância,
e prudência todas as obrigaçoens de hum
perfeito Prelado. Paflbu a Roma com o lugar
de Definidor para o Capitulo geral, e tal foy o
conceito, que formarão todos os Capitulares
do feu talento illuftrado com todo o género
de fciencias, que foy uniformemente eleito
para reformar as Conílituiçoens pelas quaes
fe governa univerfalmente a familia Ere-
mitica. Neíle tempo conílando à Santidade
de Gregório XIII. os graviffimos danos, que
na Alemanha Superior tinhaõ facrilegamente
obrado os hereges contra os Conventos dos
Regulares, e como eftes eftavaõ nimiamente
relaxados, o nomeou Vigário Geral de Ale-
manha para que vizitaííe, e reduziíTe aqueUas
Communidades à sua primitiva obfervancia,
cuja empreza executou com tanta prudên-
cia, que por ella mereceo as eftimaçoens
do Emperador Rodolpho II. e da Empe-
ratriz D. Maria Irmaã de Filippe Prudente
02
BIB LIO THE CA
elegendo-o por feu Pregador. Efte Príncipe
confiando da fua madura capacidade o mandou
pacificar as difcordias que havia entre os Eremi-
tas da Provincia de Aragaõ dividindoa em duas
para fe confervar inteira a obfervancia regular.
Os merecimentos taõ notórios da fua peíToa
obrigarão ao mefmo Monarcha para que os
premiaíTe com huma digna remuneração
nomeando-o Arcebifpo de Braga em cuja
dignidade Primacial foy fagrado em o Mof-
teiro de N. Senhora da Graça pelo Arcebifpo
de Lisboa D. Miguel de Caílro em 3. de Janeiro
de 1589. Tanto que entrou na fua Diocefe
todo o cuidado applicou ao paílo das fuás ove-
lhas excedendo neíla vigilância a muitos dos
feus PredeceíTores. Evitou muitos efcandalos
mais com a brandura, e diíTimulaçaõ, que com
a feveridade, e o caíligo. Por duas vezes
congregou Synodo, em que fez Conílitui-
çoens para o bom governo do Arcebifpado
emendando nellas muitos abufos que fe tinhaõ
introduzido no Santuário de Chriílo. Foy
exceíTivamente compaíTivo para os pobres
aíTmando rendas certas para os enfermos fe
curarem nos Hofpitaes, dotando em cada anno
grande numero de donzellas, e difpendendo
largas efmolas para fuftento das Religiofas.
Fundou em Braga hum Convento da fua
Ordem no qual lançou a primeira pedra em
3. de Julho de 1596. e o dotou com féis centos
mil reis de renda. Mandou pintar em quadros
a todos os feus PredeceíTores, e com elles ornou
huma Sala do Palácio Arcebifpal para que
aquellas mudas copias defpertaílem nos feus
fuceílores as virtudes, que religiofamente
obfervaraõ os Originaes. Foy perito nas Cere-
monias Eccleíiaílicas, e deftrifíimo na Cantoria
do Choro emendando muitas vezes algum erro,
que ou por defcuido, ou ignorância fe cometia.
Com plaufivel pompa fagrou em 28. de Julho
de 1592. a fua Cathedral collocando no altar
preciofas reliquias, das quaes o cathalogo eílá
gravado em huma pedra no frontifpicio deile
Templo. Venerou com íingular affeéto o
divinifíimo Sacramento deixando para eterno
teílemunho da fua devoção renda capaz para
fuílentar quatro luzes que perpetuamente
ardeííem em obfequio de taõ amorofo Myf-
terio. Zelou com tanto ardor a pureza da
Fé, que acompanhado de D. Theotonio de
Bragança Arcebifpo de Évora, e D. Miguel
de Caílro Arcebifpo de Lisboa paíTou a
Madrid para impedir o perdaõ geral que
pertendiaõ os Sequazes da Sinagoga. Fo.
ornado de coração taõ benévolo, que femprc
correfpondeo a aggravos com benefícios.
Chegado o termo da fua exemplar vida
recebeo os Sacramentos com piedade catho-
lica, e repetindo os fuaviffímos nomes de
JESUS, e MARIA, efpirou placidamente
a 25. de Novembro de 1609. quando contava
72. annos de idade, e 21. de Arcebifpo.
Foy fepultado no Convento antigo dos Ere-
mitas, até que paíTados defenove annos fe
trasladou para o novo, onde o agradecido
animo do Senado Bracharenfe lhe mandou
gravar no Maufoleo eíle Epitáfio.
lllujlrijjimo Domino D. Augujlino de Caflro
Augujlinenfi, Archieptjcopo, ac Domino Bracha-
renji, Hijpaniarum Primati, olim in Superiori
Germânia juffu Cafaris Kodolphi II. Eremiíica
fami/ia reformatori, hujus Monajierij Fundatori,
Viro pietate, (& prudentia infigni, Magifiratus
Brachara A.uguJt(B Vafiori Juo clementijjimo oh
innumera beneficia lihenti animo fieri curavit anno
D o mini 1628. Illujlrijfimo, <& Keverendijfimo
Domino D. Koderico de Acunha Archiprajuk.
Ohiit BracharcB 25. Novemb. 1609. annos natus 72.
Compoz
Epitome rerum ad Statum Ecclejia Bra-
charenjis pertinentium quas ad Sanãijfimum Do-
minum dementem VIU. referendas cenjuit D.
Augujiinus de Cajlro, ubi late de Vera Primatum
Bracharenfium Juccejfione. foi. M. S. Confervafe
na Bib. que foy do Cardial de Souza. Defta
Obra affirma ter huma copia o Licenciado
Jorge Cardofo Agiol. L.ujtt. tom. i. pag. 119.
no Commentario de 25. de Fevereiro, e no
tom. 3. pag. 519. no Commentar. de 3. de
Junho. let. A.
Antiguidades da Ordem dos Eremitas, as |
quaes levou do Convento de Braga para
Caftella Fr. Agoftinho de S. Nicoláo para
fe compor a Chronica da Ordem, como ef-
creve Fr. António da Purificação na Chroti.
da Provinc. de Portug. Part. i. cap. 8. foi.
20. 4.
Na Livraria do Convento da Graça de
Lisboa Cabeça da Provincia dos Eremitas
em Portugal fe conferva hum grande volume
L USITAN A.
6i
intitulado Ktffjlro da Provinda onde compilou
memorias pertencentes a cfta Província,
ijo trabalho defcobrio a fua incaníavel
liiicncia em Roma revolvendo os Regiílros
( K ' M s da Ordem, e copiando os inílrumentos
jnais antigos da mefma Provinda. Poderá
fêf que efte livro fcja o mcfmo, que as Anti-
lidíuhs da Ordem dos Ertmiías, das quaes
> ima fizemos mençaõ.
ConflitNiçoens do Arcebifpado de Braj^a as
(|uaes impedido pela morte naõ imprimio,
as confervava em Teu poder o lUuílriíTimo
I ). Rodrigo da Cunha como affírma na Hijí.
Ixclef. de Braga. Part. 2. cap. 93. n. 6.
Cathalogo dos Arcebifpos de Braga, onde
\/iõÍ0M a vida qtie tiveraô ( faõ palavras do lUuf-
«díTimo Cunha Hifl. Eccl. de Brag. Part. 2.
la^. 94. n. ^.) os annos, que governarão, e o dia em
ifm morrerão, de que nòs grandemente nos apro-
vtUamos por todo o difcurfo dejla Hijloria.
Noticia dos Progrejfos que fen^ na vifita das
Provindas de Alemanha in 4. Confervafe efcrito
ida fua própria maõ no Convento da Graça
de Lisboa.
Como foy muito perito na arte da Mu-
:úca compoz hum livro de MiíTas para fe
imprimir, e outras excellentes obras delia
profiíTaõ.
Efcreveo a vida defte IlluílriíTimo Pre-
llado feu digniíTimo fucceíTor na dignidade
Primacial D. Rodrigo da Cunha na Hijlo-
ria aflima allegada defde o cap. 93. até 95.
|Fr. Bernard. de Brito. Mon. Lsifit. Part. 2.
liv. 5. cap. 7. dizendo grande ^elador da honra
de Deos, e de fua Igreja, e que em apurar as anti-
ffádades delia tem feito muitas defpe:(as, e deli-
[gmdas exquijítas. D. Mauro Caftel. Ferrer.
Hiji. de S. Tiago liv. i. cap. 16. tan religiofo,
Jabio, y curiofo, como nohle, e no prolog. da
dita Hift. o intitula injigne: Joaõ Soar. de
Brito in Theatr. 'Lujit. Litter. let. A. n. 141.
Nulli ex tot injignibus heroibus pietate, vigi-
JoHtia, vel magnificentia poji habendus. Crufen.
jin Monafl. Augufiin. Part. 3. cap. 47. Prce-
(ktrum illud 'Lujitania ILumen in Metropi-
Jitana Bracharenjis Ecclefia candelabro elevatum.
O D. Fr. Leaõ de Santo Thom. Bened.
iMJit. Part. 2. Trat. 2. cap. 20. pag. 367.
iiifigne Arcebifpo, e pag. 368. grande Arcebifpo.
Fr. LuÍ2 dos Anjos Jardim de Portug. cap. 3.
Jnjigfie Prelado, 9 meritijftmo Arcebifpo de Braga.
Fr. Ant. à Purif. de Vir. illuflrib. Prov. LuJit.
Erem. D. Augufl. lib. i. cap. 24. Herrcr.
in Alphab. Augufl. ad an. 1609. Fr. Manoel
de S. DanuT. Vtrd. EJucid. defde pag. 277.
até 300.
Fr. AGOSTINHO DA CONCEIÇAM.
Naceo na Cidade de Lamego donde paliando
como foldado ao Brafii naufragou a Náo,
que o conduzia, e efcapando milagroíamente
de taõ fatal perigo, em que pereceo a mayor
parte de feus companheiros, deixada a milicia
humana pela celefte fe aliílou debaixo do
fagrado Inftituto da Religião Seráfica na Pro-
víncia da Immaculada Conceição do Rio de
Janeiro. Todo o feu talento occupou em
beneficio dos feus domefticos enfinando-os
como Meftre, e governando-os como Provin-
cial. Fundou o Convento de N. Senhora dos
Anjos na Cidade de Cabo Frio, onde morreo
no anno de 1695. com grande edificação de
todos os Religiofos. Foy Pregador de nome,
e dos muitos Sermoens, que com applaufo
recitou em diverfos púlpitos, fomente goza-
rão da luz publica os feguintes.
Ser maõ do gloriofo Ljijitano Santo António pre-
gado no mefmo dia, e Convento em a Cidade do Rio
de Janeiro a 1^. de Junho de 1674. Lisboa por
António Rodrigues de Abreu. 1675. 4.
Sermão do gloriofo Santo António pregado
em o feu Convento da Cidade do Rio de Janeiro
em 13. de Junho de 1683. occorrendo a Dominga
da Trindade. Lisboa por Miguel ManefcaL
1688. 4.
Sermão da Prodigiofa imprejfaõ das Chagas do
Príncipe dos pobres Evangélicos pregado no Con-
vento de Santo António do Rio de Janeiro. Lisboa
por Manoel Lopes Ferreira. 1681. 4.
DeUe fazem memoria Fr. Joan. à D.
Ant. in Bib. Franc. Tom. i. pag. 146. e Fr.
Appolin. da Conceiç. na Prima^. Seraf. na
Região da America, cap. 9. pag. 91.
Fr. AGOSTINHO DA COSTA, natu-
ral da Villa de MeUo da Provinda da
Beyra filho de Francifco da Cofta Froes, e
Guiomar Botelho. ProfeíTou o habito de
Eremita de Santo Agoílinho no Convento
de Évora a 15. de Agoflo de 1642. Foy Len-
64
BIBLIOTHECA
te jubilado em Theologia, infigne Moraliíla,
e exemplar religiofo. Morreo no Convento
de Lisboa em 25. de Abril de 1691. Compoz
David penitente. Difcurfos Moraes pregados
nos Sabbados da Qtiarejma, que fe celebrarão em
N. Senhora da Graça em 'Li/boa no anno de 1682.
com Jete Sermoens da Semana Santa. Lisboa por
Domingos Carneiro. 1685. 4.
Sermão nafejla da Virgem Maria N. Senhora
do Monte. Sahio na JLaurea Portuguet^a. Lisboa
por Miguel Deslandes. 1687. 4.
Parai/o Virginal M. S. 4.
Conferva-fe na Livraria do Convento
de Lisboa. Coníla de Panegyricos da Virgem
SantiíTima.
Informação da Imagem da Senhora de Car-
quere junto de I^amego, remetida a Fr. Agof-
tinho de Santa Maria, a qual imprimio no
Sanãuario Mariano. Tom. 3. liv. 2. Titul. 2.
pag. 150.
Fr. AGOSTINHO DA CRUZ, cha-
mado no feculo Agoílinho Bernardes. Na-
ceo na Villa da Ponte da Barca do Arce-
bifpado de Braga em o anno de 1540. a qual
fendo pequena em feu âmbito adquirio a
mayor grandeza com a producçaõ de taõ
grande filho. Teve por Irmaõ a Diogo
Bernardes comtemporaneo do famofo Luiz
de Camoens, o qual nas fuás obras poéti-
cas deixou hum eterno teílemunho do feu
grande engenho. Confiderando feu Pay Dio-
go Bernardes Pimenta a capacidade do ta-
lento, de que logo nos primeiros annos deu
finaes evidentes, o acommodou na Cafa do
Sereniflimo Infante D. Duarte filho dos In-
fantes D. Duarte, e D. Ifabel, onde naõ
fomente mereceo as eílimações deíles Prín-
cipes, mas com a fua natural affabilidade con-
ciliou os affeftos de todos, que frequentavaõ
taõ foberana Cafa. Illuftrado de fuperior
impulfo determinou largar o mundo, e
as fuás apparentes felicidades, e para con-
feguir efta heróica refoluçaõ pedio com af-
feóhiozas lagrimas o auftero habito de Saõ
Francifco da Província da Arrábida ao Pro-
vincial Fr. Jacome Peregrino, o qual lho
mandou lançar no Convento de Santa Cruz
fituado na Serra de Cintra em o anno de
15 61. donde tomou o appelido. Notável
foy a admiração, que geralmente caufou eftc
feu retiro do feculo para a Religião, com a
qual ficou taõ intimamente penetrado feu ir-
maõ Diogo Bernardes, que explicou o feu
fentimento neílas expreíToens fallando na carta
6. do feu Lima a D. Francifco de Moura.
A.^ Irmaõ da minha alma, como ejlou
Errado em te chorar ! Tu para o Ceo,
E eu trijle naÕ fej para onde voul
Nunca mais para mim amanheceo,
Depois que me deixajie, hum claro dia;
Sempre o Eima depois turvo correo.
E na Carta 8. efcrita ao mefmo feu Irmar>
Em que te mereci ò Agojlinho,
Que nefia e/cura Selva me deixajfes
Tomando para ti melhor caminho ?
Retirado a huma Cella, que parecia fepul-
tura começou a praâicar taõ afperas peniten-
cias, que ferviaõ de confufaõ aos feus Compa
nheiros, fendo já em o Noviciado veterano
na aufteridade da vida, e obfervancia da Regra.
Ambiciofo de mayor perfeição alcançou dos
Prelados licença para habitar toda a vida no
deferto da Arrábida, e ainda que por algum
tempo lha difficultáraõ, veyo a confeguilla em
19. de Março de 1565. Nefta horrorofa The-
baida por efpaço de quatorze annos moveo taõ
cruel guerra contra o feu corpo, que certamen-
te fe renderia attenuado pella abftinenda, e
idade, fe o naõ focorrera o vigor do feu efpi-
rito. Rara foy a parcimonia, que ufava comen-
do as ervas, que produzia aquella folidaõ;
a dura terra lhe fervia de cama, e hum tron-
co afpero de cabeceira. Todas ellas afpere-
zas fe fuavifavaõ com o intimo comercio, que
tinha com Deos na Oraçaõ, em que muita
vezes foy vifto abforto, e elevado, como que
rendo a alma voar para o centro das fua-
amorofas anciãs. As aves, e animaes fylvef-
tres reconhecendo a fua innocencia lhe vinha-'
obedientes bufcar das fuás mãos o fuílento.
Chegado o tempo de ferem premiados os me-
recimentos da fua penitente vida, fentindo-fe
acometido de huma ardente febre foy condu-
zido à Enfermaria da Villa de Setúbal, onde
recebendo com grande ternura, e copio-
fas lagrimas os Sacramentos efpirou placida-
mente em 14. de Março de 1619. com 79.
annos de idade, e cincoenta, e outo de Reli-
gião. Divulgada a noticia da fua morte con-
LUSITANA.
65
orreo todo o povo a venerar o Cadáver, no
.|ual fe eílava vendo a felicidade que lograva
o fcu efpirito, e com devota violência foy
(Icfpojado do habito, que tinha vcílido. Entre
ilc piedofo tumulto fe diftinguiraõ nos obíe-
.jiiios para cfte Varaõ Venerável o Duque
k Aveiro D. Álvaro de Lancaílro feu parti-
ulnr amigo com feu filho D. Jorge de I^n-
iftro Marquez de Torres novas difpondo
.|uc foíTc transferido para a Arrábida, o que
ic executou com grande pompa, e magnifi-
> cncia. Foy naturalmente inclinado á Poefia
lendo irmaò do infigne Poeta Diogo Bernar-
des naò fomente por natureza, mas ainda
por efta Arte. Naqucllas horas vagas dos exer-
( icios efpirituacs compunha Vcrfos a vários
lílumptos Sagrados, cm que fe dcfcubria a
.1 fluência da fua veya, dos quaes imprimio
ilguns o Chroniíla moderno da Provincia da
Arrábida Fr. António da Piedade Part. i . liv. 5 .
cap. 20. levando entre todos a precedência a
Elegia feita à Serra de Arrábida que começa.
A/fa Serra deferia donde vejo
As agidas do Occeano de huma banda,
jE ã' outra Jalgadas as do Tejo.
Compoz outros Verfos devotos, que efcri-
tos da fua própria maõ fe conservaõ no Con-
vento da Verderena da Provincia da Arrábida
com efte titulo.
Diverfas Poejias ao divino
Efta Collecçaõ poética fez à petição da Du-
queza de Aveyro, e a dedicou à mefma Senhora,
1.1a qual exiftia hum treslado na Bibliotheca do
Cardial de Souza. Conílava de 21. Eglogas affim
paftoris, como pifcatorias, Cartas, Odes, Ende-
chas, Redondilhas, e Vilhancicos. Entre os Poe-
mas, que compoz, he celebre o de Santa Cathe-
rina Virgem, e Martyr em 8. Rima que começa.
Penas, tormento, dor, e fortaler^a
Cantar quero de Santa Catherina
"Dotada de /ciência, e de pureza
De amor celejiial graça divina.
Cujo favor invoco nejia emprega
Doutra mais branda vo:^, mais doce digna
Porque danar naõ pojfa o uerjo rudo
De rodas de navalhas verfo agudo.
Acaba.
De feu fermofo corpo degollado
Aquella alma ditofa defpidida
Nos braços repoufou do feu amado.
"Em cujo amor fe tinha derretida;
O Corpo foy dos Anjos fepuUado
Por Virgem, e por Martyr, e por Sabia
No monte de Sinay monte da Arábia.
Delle fe lembraõ com elogios Ordofo
Agiol. Ijifit. Tom. 2. pag. 146. e no Comment.
de 12 de Março let. F. Joan. Soar. de Brít.
Theat. Lufit. Litter. let. A. in addit. n. i. Inge-
nium ad l^ifitanas mufas promptiffimum , unde
facile verfus condebat. V. Pedro Calv. nas Laffim.
dos ]ufl. lib. I. cap. 11. Joan. á D. Ant. Bib.
Franc. Tom. i. pag. X46. F. Ant. da Pied.
Chron. da Prov. da Arrab. Part. i. liv. j. do
cap. 18. até 20. e o P. António dos Reys no
Enthufiafm. Poet. que ferve de apparato aos
feus agudos epigramas tendo fallado de feu
Irmaõ Diogo Bernardes, diz com fuave ele-
gância.
Contigua in Cathedrà Phabo flatuente Camana
Illius infignem virtute, et carmine Fratrem
Conflituère : la tus circunda t fpartea reflis,
Pro túnica cento efl lacerus; viridantis oliva
Texuit è ramo facunda Minerva coronam,
Impofuitque fuper vatis caput, utpote ponti
Qui toties rabidi franabit cantibus iras.
D. AGOSTINHO DA CRUZ, na-
tural de Braga, Cónego Regular da Con-
gregação de Santa Cruz de Coimbra, cujo
habito recebeo nefte Real Convento a 12.
de Setembro de 1609. Foy peritiíTimo na
Mufica, e iníigne tangedor de rabeca, e
orgaõ, de cuja deílreza, e fcienda deu ma-
nifeílos argumentos naõ fomente quando
exercitou o lugar de Meílre do Coro do Real
Convento de S. Vicente de fora, mas nas
muitas obras, que compoz, as quaes mere-
cerão as eftimaçoens dos mayores ProfeíTores
daquella arte, fendo as principaes.
Prado Mufical para OrgaÕ. Dedicado à
Sereniffima Mageftade delRey D. Joaõ
o rv.
Duas Artes, huma de Cantochaõ por eflylo
novo, outra de OrgaÕ com figuras muito curiofas
compoflas no anno de 1632. e as dedicou ao
mefmo Príncipe, que como taõ perito nefta
arte as ellimou muito.
I^ira de Arco, ou arte de tanger Rabeca.
Dedicada a D. Joaõ Mafcarenhas Conde
de Santa Cruz.
66
BIBLIO THE CA
AGOSTINHO DA CUNHA VILLAS-
BOAS, naceo na Villa de Ourem no anno
de 1667. fendo filho do Doutor Gonçalo da
Cunha Villasboas, Cavalleiro profeíTo da Or-
dem de Chriílo, Dezembargador da Cafa da
Supplicaçaõ, Corregedor da Corte, e Fifcal da
Junta dos três Eílados. Inílruido na Gramá-
tica, e Rhetorica paíTou eftudar em a Univerfi-
dade de Coimbra Direito Pontifício, em que fe
formou Bacharel. Acabados os eftudos efco-
lafticos como foíTe muito verfado nas letras
humanas, e Sagradas alcançou grande applaufo
aíTim nos púlpitos, como nas Academias.
A exemplar vida que exercitava o habilitou
para fer ConfeíTor das Religiofas Capuchas Def-
calças do Convento do Santo Crucifixo de Lis-
boa, para as quaes compoz a obra feguinte.
Outavario contemplativo propofto em hum exer-
cido devotijftmo dividido em outo reverentes cultos
por obfequio à Sagrada Imagem do Santo Cru-
cifixo fita no Keal Convento das Capuchinhas
Def calças chamadas vulgarmente por fua funda-
ção as Francefinhas. Lisboa por António Pedro-
fo Galraõ. 171 8. em 16. No fim eftà hum refu-
mo métrico de toda a obra compofto em
hum largo Romance pelo mefmo author,
em cuja arte he baílantemente perito. Tem
prompto para a impressão.
Eflrada do Ceo, pelo caminho do Inferno;
caminho do Inferno pela efirada do Ceo.
Theologia Sacra foi.
AGOSTINHO FERREYRA Prefbitero
do habito de S. Pedro, naceo na Cidade
do Porto a 28. de Agoílo de 1709. fendo
filho de Manoel Joaõ, e Francifca Ferreira.
Inflamado com o zelo dos ProgreíTos da
virtude publicou.
Direãor de Direãores para o governo das
almas, no qual fe contem os avisos, e documentos
para o governo das almas, que vaõ por caminho
extraordinário. Lisboa na Officin. da Congre-
gaç. do Oratório 1738. 4.
AGOSTINHO GAVI DE MEN-
DONÇA, natural de Mafagaõ celebre Co-
lónia dos Portuguezes em Africa. Sendo
efta Praça acommettida no anno de 1562.
por hum formidável Exercito de cento,
e cincoenta mil bárbaros capitaneados por
Muley Hamet, e defendida pelo infigne Capi-
tão Álvaro de Carvalho, como teftemunha
ocular de todas as acçoens, que fe obrarão
nefte fitio, as defcreveo para eternizar naõ
fomente o valor dos feus Naturaes, mas a
gloria de todos os Portuguezes publicando.
Hifioria do famofo Cerco, que o Xarife po:(^
à Fortale!(a de Mafagaõ defendida pelo valerofo
Capitão mor delia Álvaro de Carvalho. Lisboa
por Vicente Alvres 1607. 4.
Chronica dos Keys D. SebafiiaÕ, e D. Henri-
que, que fe naõ imprimio.
Deíle author fez dous Nicol. Anton.
Bib. Hifpan. Tom. i. pag. 157. nomeando-o
primeiramente AgoíHnho Gavi, e depois
Agoftinho de Mendoça.
AGOSTINHO GOMES GUIMA-
RAENS. Naceo em Lisboa, e foraõ feus
Pays Ignacio Gomes Guimaraens, e Maria
Magdalena. Depois de perfeitamente inf-
truido na Gramática Latina, e letras humanas,
eftudou as fciencias mayores, as quaes compre-
hendeo com tanta agudeza, e profundidade,
que por voto dos Doutores da Univerfidade
de Coimbra, recebeo as infignias do Meftre
em Artes, e de Doutor na Sagrada Theologia. ,
Com igual applaufo foy ouvido nos púlpi-
tos, que nas Academias lendo em a Portu-
gueza iníUtuida em o anno de 1717. no Palácio
do Excellentinimo Conde de Ericeyra D.
Francifco Xavier de Menezes, eruditos dif-
curfos fobre os Oráculos da Gentilidade,
e na dos Anonymos compondo agudos epi-
gramas a diverfos aíTumptos. A integridade
dos coftumes própria do Eaftdo Ecclefiaftico
junta com a capacidade do talento o fizeraõ
digno de fer eleyto a 7. de Março de 1723.
Deputado da Inquifiçaõ de Lisboa, donde
paíTando a Promotor fubio ao lugar de In-
quifidor ApoftoUco, cujo minifterio exerci-
tou com grande zelo. Sendo Académico
fupernumerario da Academia Real da Hif-
toria Portugueza, foy eleito em 25. de Mayo
de 1730. Académico do numero por morte
do Padre Jerónimo de Caftilho da Compa-
nhia de JESUS, para efcrever as Memorias
hiíloricas dos Bifpados de Coimbra, e Guar-
da na lingua Latina, na qual compoz, e re-
citou na Academia Real algumas vidas dos
L USITAN A.
fcus Bifpos (Mtn elegante, e puro eíUlo.
l'oy iiílunipKj ,n> lugar de Prelado da Santa
Igreja Patriarchal a i6. de Mayo de 1759.
l)c todas as fuás litterarías producçoens fó-
iiicnrc fe íízeraõ publicas pelo benefício da
linprcíTaõ as feguintes
Praíiica com q$i« con^-atulou a Academia
^tal por (Jlar eleito /eu Collega. Sahio imprcíTa
no Tom. 10. da Collec. dos Documentos, e
\UtMor. da mtfma Academia. Lisboa por
Jozcph António da Sylva. 1730. foi.
Outo epigramas Latinos a vários AíTum-
ptos, que fe deraõ na Academia dos Anony-
mos. Sahiraõ impreflbs nos Progreffos Aca-
imncos dos Anonymos de Lisboa i . Parte Lisboa
pOf Jofcph Lopes Ferreira 171 8. 4.
Quatro 'Epigramas Latinos, em louvor
do Padre Fr. Simaõ António de Santa Cathc-
dna da Ordem de S. Jerónimo orando na
Academia dos Anonymos, e na Academia
EfcolaíUca. Sahiraõ na i. Part. das Oraçoens
Académicas do dito Padre Fr. Simaõ. Lisboa
na Of fiei na da Mufica 1725. 8.
Fr. AGOSTINHO DA GRAÇA, natural
da Villa de Thomar, e Monge profeíTo da
Otdem de S. Bento, cujo habito recebeo
no Convento de Tibaens a 12, de Dezembro
de 1599. Foy muito inftruido nas letras
humanas, e Poesia. Morreo em Travanca a
1 4. de Agofto de 1 644. Efcreveo em Dialogo
Tardes de entre Douro, e Minho. M. S. in foi.
I Endechas em louvor da Vida de Santa
Inez, compofta por Fr. Álvaro de Carva-
jales, fahiraõ impreíTas ao principio defta
obra, como hum Soneto em applaufo de Fr.
I Gregório Bautiíla, ambos Monges Bentos
[!no principio do livro que compoz intitulado
Completas da Vida de Chrijlo.
P. AGOSTINHO LOURENÇO, natural
(da Villa de Terena do Arcebifpado de Évora,
|c filho de Joaõ Lourenço, e Inez Gonçalves.
Nefta Cidade recebeo a Roupeta da Compa-
nhia de JESUS em 18. de Janeiro de 1653.
I quando contava defenove annos de idade,
e nella aprendeo as letras humanas, que
enfinou no Collegio da Ilha da Madeira.
ijFoy Meílre de Theologia Moral no Collegio
de Faro donde paíTou a ler Filofofia no de
67
Santo Antaõ. Antes de acabar os três annos,
foy mandado por ordem dos Superiores
com o Padre Bento de Icemos aíTiíUr em Ingla-
terra i Sereni/Tima Rainha D. Catherina
filha delRey D. Joaõ o IV. que o fez feu
Pregador, exercitando eíle miniAcrio por
espaço de treze annos. No tempo que aíTiíUo
em Ix)ndres, fempre viveo com fumma
modeftia, e para fugir à ocíofidade fe occu-
pou em compor hum Curfo Filofofico, c
efcrever varias matérias Theologicas con-
feííando, que o feu total intento era neftas
compoíiçoens o fer antes reputado por prefu-
mido ignorante, que por fabio ociofo. Juntou
com grande curiofidade huma copiofa Livra-
ria, que deixou ao Collegio de Beja. Voltando
para o Reyno no anno de 1689, aíTiíUo muitos
annos no Collegio de Évora, donde foy
mandado para Reytor do Collegio de San-
tarém, em cujo governo fem offenía da
obfervancia foy fummamente benévolo para
os fubditos, que lamentarão a fua morte
fuccedida a 25. de Março de 1695.
Compoz.
Curjus Philofophicus de triplici Ente. tom.
I. De Ente Lógico. Leodij per Guilielmum
Henricum Streel. 1687, foi.
Tom. 2. de Ente Phjjico. ibi per eum-
dem Typog. eodem anno, & forma.
Tomus 3. de Ente Methaphyjico. ibi per
eumdem Typog. 1688. foi.
Sjntagmata Theologica in Prim. Part. D.
Thoma. Tom. i. ibi per eumdem Typ. 1680. foi.
Tom. z. in Jecund. Part. D. Thom. ibi
per eumdem Typog. 1682. foi.
O Padre Francifco da Fonfeca na Eifora
glorio/, pag. 425. lhe chama VaraÕ Keligo-
Jijfimo, e o P. António Franco na Imagem
da Virtud. em o Novic. de Évora liv. 4. cap. 1 1 .
efcreve delle, como largamente no Synopf.
Annal. S. J. in Lujitan. pag. 397. n. 13. e no
Ann. glorio/. S. J. in Lu/it. pag. 172. dizendo
Moribus nituit integerrimis, (ò* con/cientia /celeris
purijfima. Franc. de Santa Maria no Diar.
Port. pag. 387. Floreceu em nojos dias com
merecida /ama de excellente E/cri tor.
AGOSTINHO LOPES. Medico de
profiíTaõ, cuja Faculdade diâou no anno de
1564. na Univeríidade de Salamãca, fahindo
68
BIBLIO THECA
grandes difcipulos da fua doutrina, entre os
quaes merece diftinta memoria o noflb Portu-
guez Garcia Lopes, de quem fallaremos em
feu lugar, o qual no feu Tratado de Varia rei
medica le£íione lhe chama Senem Venerandum.
Compoz, e imprimio hum Tomo de Medicina,
cujo titulo, lugar, e anno da ImpreíTaõ ainda
naõ chegou à nofla noticia.
D. AGOSTINHO MANOEL DE
VASCONCELLOS, chamado antigamente
Agoílinho de Mello. Naceo na Cidade de
Évora no anno de 1584. de pays illuilres,
quaes foraõ Ruy Mendes de Vafconcellos, e
D. Anna de Noronha. Na primeira idade
manifeílou os dotes do grande engenho, com
que a natureza liberalmente o ornara, os quaes
fe foraõ augmentando com tal exceíTo, que era
admirado pelos mais doutos homens do feu
tempo. Depois de eJiudar Direito Civil em
Salamanca preferio a efte eíludo, em que tem
mais parte a memoria, que o entendimento, a
liçaõ da hiíloria, em a qual produzio fazona-
dos frutos o feu agudo talento, efcrevendo
com pura fraze, juizo prudente, e difcreta ele-
gância. Naõ foy menos a fua capacidade
para a Hiftoria que para a Poeíia, fendo hum
dos mais iníignes cultores defta divina Arte,
como o manifeftaõ varias obras a diverfos
aíTumptos, em que fe unio a pompa das vozes
com a fineza dos conceitos. Foy Cavalleiro
profeíTo da Ordem militar de Chrifto. Arre-
batado de huma paixaõ indecorofa ao feu naci-
mento fe conjurou com o Marquez de Villa
Real, Duque de Caminha, e Conde de Arma-
mar contra a SereniíTima Cafa de Bragança
novamente exaltada ao trono, da qual antes
tinha fido grande venerador, e fendo conven-
cido de taõ feyo crime, foy degoUado no Rocio
de Lisboa a 29. de Agoiio de 1641. quando
contava 57. annos de idade. Efcreveo.
Vida de D. Duarte de Menet^es terceiro
Conde de Viana, e Jucceffos nofables de Portugal
en fu tiempo. Lisboa por Pedro Crasbeeck
1627. 4. Cuja obra (diz Rodrigo Mend. Sylv.
no Cathal. Keal de Efpan. na Vida delRey
D. Duarte pag. 99.) es tan efiimada como fe
muejlra en el applaufo con que todos la veneran
y Jolemni^an. Anton. de Souza de Macedo
¥lor. de Efpan. cap. 12. Excel. 7. injtgne Chro-
nijla de D. Duarte de Mene;(es. Nicol. Anton.
na Bib. Hi/p. Tom. i. pag. 136. diz que efcre-
vera eíla vida diferte, <& cum judicio, e Gerald.
Ernefto de Francken. in Bib. Hifp. Hijl. Gen.
pag. 50. a intitula Elegans opus.
Sticejfion dei Senor Key D. Filippe elfegundo en
la Corona de Portugal. Madrid por Pedro Taíío
1639. 8.
Vida, y acciones delKej D. Juan el Jegundo
decimo tercero Rçy de Portugal. Madrid, por
Maria de Quinònes. 1639. 4* Sahio vertida
em Francez. Pariz 1641. 8. Defta obra diz
D. Francifco Manoel na Carta efcrita a Ma-
noel Themudo da Fonfeca, em que trata dos
Authores Portuguezes, que fora taõ feliv^ ella,
como infeli^ feu author; e Lourenço Gracian
Criticon Part. 3. Crif. 2. introduzindo o Mé-
rito diz. Será eterna la vida de D. Juan fe-
gundo de Portugal efcrita por D. Agufiin Manoel
digno de mejor fortuna. Delia faz mençaõ a Bib.
Orient. de António de Leaõ, modernamente
acrefcentada Tom. i. Titul. 3. col. 63.
Compoz fem o feu nome hum Manifejlo
na A-clamaçaõ delRey D. JoaÕ o IV. que com-
prehende duas folhas de papel impreíTo em
Lisboa por Manoel da Sylva 1641. foi.
Começa No ay entre los mortales. Eílá elegan-
temente efcrito.
Na Vida de D. Duarte de Menezes liv.
I. n. 18. promete hum Livro intitulado
Africa conquiflada pelos Portuguef^es.
Difcurfo fobre a Cafa de Bragança na occat^iaõ
da vinda da Princefa Margarida a Portugal.
Nelle faz hum elogio ao Duque D. Theodofio;
defcreve a varia fortuna que eíla Cafa experi-
mentou com os Reys moílrando que ElRey
D. Joaõ o III. lhe tirara o Eftado de Guima-
raens, e ElRey D. Sebaíliaõ lhe fora pouco
affeâo por lhe envejar a Tapada de Villa-
viçofa; que os Infantes eraõ inimigos dos
Duques porque os excediaõ na riqueza, e £
competiaõ na qualidade, e outras particulari-
dades, que obfervou o Excellentiflimo Conde \
de Ericeira Cenfor da Academia Real, quando Ç
por ordem delia examinou os M. S. da feleda
Livraria do Conde de Vimieiro, onde eftá
efte Difcurfo, do qual dá individual noticia
em a Collecçaõ dos Documentos, e Memo-
rias da Academia Real do anno de 1724.
impreíla no mefmo anno.
IL
L USITANA.
69
. Cancion a los túmulos régios dei Monaflerio
^hn. Aí. S. Coníerva-íe na meíma Livraria.
Ic cfcrita com cxccllentc cftilo.
Memorial da Genealogia, e Privilégios da
<ifa de íiraganfa. Dcfta obra dá noticia o
adrc D. António Caetano de Souza no
\pfhjr. à lUJl. Cen. da Cafa Real de Portug.
»«. 81. §. 67. dizendo que fe conferva na
I ivraria do Conde de Vimieyro, e crcyo
iuc hc o Difeurfo de que fizemos mençaò.
Manoel de Galhegos no Templo da Me-
.or. liv. 4. Hílanc. 195. lhe canta cm feu
l^ppUufo.
Sabe cantar com tanta melodia
D. AgoJIinho Manoel de Mello
Que efquecerme feu cântico feria
Fat(er aggravo ao Helicon, e ao D elo;
E pois dos Verfos tanto império alcança
Ouça f eus doces números Bragança.
Joan. Soar. de Brit. in Theatr. Ijijit. Utter.
iletr. A. n. 141. Eruditione, Ó^ eloquentia pluri-
mum valuit. Franckcnau in Bib. Hifp. Hijl.
( ien. pag. 50. n. 93. Eques fago, togaque inclytus.
jNicol. Ant. in Bib. Vet. liv. 10. cap. 12. n. 698.
\Vir difertus, atque infe liei fato ad pofleros clarus.
fFonfec. Ejeor. Gloriof. pag. 409. Dotado de
■{í^lar engenho, e agudo Jui^o. Van Efpen de
Jure Canon. Traél. de Promulgai. "Leg. Ecclef.
iPart. 2. cap. i.
Fr. AGOSTINHO DE SANTA MARIA.
.Naceo na Villa de Eílremoz da Provinda
do Alentejo a 28. de Agofto de 1642. fendo
fcus Pays António Pereyra, e Catherina
Gomes. Deixando o mundo, e com elle
o nome de Manoel Gomes Freyre, com
que era conhecido no feculo fe recolheo
na Religião dos Agoftinhos Defcalços, onde
iccebeo o habito em 18. de Dezembro de 1665.
na Igreja das Religiofas do mefmo Inílituto
I fitoada no lugar do Grillo fuburbio de Lisboa,
authorizando eíle afto com a fua prezença
a Sereniílima Raynha D. Luiza Francifca
de Gufmaõ infigne Proteâora deJfta Reforma,
e foy o primeiro Noviço, que teve nefte
Reyno. No Convento de Évora aprendeo
\ as fciencias mayores, e fazendo nellas grandes
progreíTos, mayores foraõ os que fez nas
virtudes, principalmente na exa£h. obfer-
vancia dos feus Eílatutos merecendo digna-
nwnte occupar os mayores lugares da Reli-
gião, como foraô Chroniíbi da Ordem, Prior
do Convento de Évora, Secretario da Pro-
vinda, Definidor três vezes, e ultimamente
Vigário Geral de toda a Tua Congregação.
PaíTou o largo efpaço da fua vida continua-
mente applicado á liçaò dos livros, de que
nunca fe abfteve ainda quando já o difpenfava
a fua idade decrépita gravemente attenuada
pelo rigor dos jejuns, e difciplinas, e o que
caufa mayor admiração foy, que fem focorrcv
de Amanuenfe efcreveíTe perfeitamente pela.
fua maò, fem ufar de óculos, os muitos livros
hiíloricos, e afceticos, com que illuílrou
a Republica Litteraria. Foy cordial devota
de Maria SantiíTima, em cujo obfequio lhe
dedicou a mayor parte dos feus trabalhos, e
vigílias eftudiofas querendo por eíle moda
infpirar em os coraçoens dos Catholicos hum
ardente affefto para taõ augufta Princeza.
Quando contava a proveâa idade de 86. annos
eílava taõ robuílo o feu efpirito, que jejuou a
paõ, e agua a Semana Santa próxima à fua
morte, que fuccedeo na fefta feira 2. de Abril
de 1728. depois de Dominga de Pafcoa tendo
celebrado MiíTa em dia taõ grande, e feftivo.
Foy fepultado o feu Cadáver no Sabbado in
Albis no Convento de N. Senhora da Boa
Hora de Lisboa. Com grandes elogios cele-
braõ a fua memoria o Padre D. Manoel Cae-
tano de Souza in Exped. Hifpan. Apoflol. S.
Jacob. Major. tom. i. pag. 735. n. i-jo^. Quibus
omnibus ( falia dos feus livros ) Vir religiojijfi-
mus eruditionem, (ò" pietatem fpirat ; e no Tom. 2.
pag. 972. n. 2302. Vir fuit omnibus virtutibus
ornatus, <ò' illibatum femper fervavit virginitatir
florem, utpote qui fuit Beatijfima Regina Vir^-
num deditijfimus. O Benefic. Franc. Leyt.
Ferreir. Not. HiJl. da Univ. de Coimb. pag. 457.
n. 977. Benemérito das letras, e já decrépito
nos annos depois de ter dado à lu^ em muitos
livros compojlos piamente os fa^rmdos frutos
da fua ejiudiofa erudição foy go^ar dos da
eterna vida aos 3. de Abril, devendo
dizer 2. D. Pedro Hieron. Femand.
Cathedratico de Leys na Univeríidade de
Huefca in Opufc. Hifl. Lat. Marian. Ja-
cob, pag. 64. e iio. lhe chama Celebris feri-
ptor.
Cathalogo das obras impreífas.
70
BIBLIOTHE CA
Hijloria da Keal fundação do Convento
Âe Santa Mónica da Cidade de Goa Corte
Jo EJiado da Índia, e do Império L.uJitano
do Oriente. Lisboa por António Pedrozo
Galraõ 1699. 4.
Hijloria da vida admirável, e acçoens prodi-
.giojas da Venerável Madre Sor Brit^ida de
Santo António. Lisboa pelo mefmo ImpreíTor
1701. 4.
Exemplo rarijftmo da paciência, e vida
prodigioja, e fingular da Santa, e admirável
Virgem Santa Eiduvina efcrita em latim por
Fr. JoaÕ Bn/gmano da Ordem dos Menores
de Viandes Jeu Confejfor, recopilada por Fr.
JLoi/renço Surio Cartuxo, novamente tradu-
.^ida, e dijpofta em forma de Hiftoria, em a
Jingua Vortuguefa. Lisboa peio mefmo Im-
preíTor 1703. 4.
Adeodato contemplativo, e univerfidade
■de Oração, dividida em três claffes pelas tret^
vias Purgativa, llluminativa, e Unitiva. Lisboa
pelo mefmo Impreííor 171 3. 4.
Sanãuario Mariano, e Hijloria das Ima-
gens milagrofas de N. Senhora, e das milagro-
Jamente aparecidas, que fe veneraõ na Corte,
e Cidade de L,isboa. Tom. i. Lisboa pelo
mefmo Impreííor. 1707. 4.
Sanãuario Mariano, e Hijloria das imagens
niilagrojas, que fe veneraõ no Arcehifpado de
L,isboa. Tom. 2. Lisboa pelo mefmo Impref-
for, e anno, 4.
Sanãuario Mariano, e Hijloria das Imagens
<&c. que fe veneraõ em os Bifpados da Guarda,
Eamego, Lejria, e Portalegre fuffraganeos do
Arcehifpado de Lisboa, Priorado do Crato, e
Prelazia de Thomar. Tom. 3. Lisboa pelo
mefmo Impreííor 171 1. 4.
Sanãuario Mariano, e Hijloria das Imagens
<&c. que Je veneraõ em o Arcebijpado Prima^
de Braga, e Jeus fuffraganeos. Tom. 4. Lisboa
pelo mefmo Impreííor 171 2. 4.
Sanãuario Mariano, e Hijloria das Imagens
<&c. que fe veneraõ nos Bifpados do Porto, Vifeu,
e Miranda. Tom. 5. Lisboa pelo mefmo Im-
preííor 171 6. 4.
Sanãuario Mariano, e Hijloria das Ima-
gens <&c. que fe veneraõ no Arcehifpado
de Évora, e Bifpado do Algarve, e Elvas.
Tom. 6. Lisboa pelo mefmo Impreffor
1716. 4.
Sanãuario Mariano, e Hijloria das Imagens,
que nos ficáraõ por referir nos féis tomos antece-
dentes por falta de inteira noticia. Tom. 7, Lisboa
pelo mefmo Impreííor 1721. 4.
Sanãuario Mariano, e Hijloria das Imagens
<&c. que fe veneraõ em a índia Oriental, e mais
conquiflas de Portugal, AJia, Insular, AJrica,
e Ilhas Filipinas. Tom. 8. Lisboa pelo mefmo
Impreííor. 1720. 4.
Sanãuario Mariano, e Hijloria das Ima-
gens <ó^c. que Je veneraõ em o Arcehijpado da
Bahia, e mais Bijpados de Pernambuco, Pa-
raíba, Rio grande, Maranhão, e GraÕ Pará.
Tomo. 9. Lisboa pelo mefmo Impreííor
1722. 4.
Sanãuario Mariano, e Hijloria das Ima-
gens (&c. que Je veneraõ em todo o Bijpado do
Rio de Janeiro, e Minas, e em todas as Ilhas
do Occeano Tom. 10. Lisboa pelo mefmo
Impreííor 1723. 4.
Rojas do Japaõ colhidas na Igreja do
Japaõ I. Part. Lisboa pelo mefmo Impreííor
1709. 4.
Rofas do Japaõ (à^c. 2. Parte Lisboa por
Pedro Ferreira 1724. 4.
Triumvirato efpiritual, e hiflorico nas prc-
digiofas vidas de três injignes Varoens, o Venera- <
vel Padre Diogo Ortis, o Venerável D. Fr.
Agojlinho da Corunha Bijpo de Popayan, e do
Ven. IrmaÕ Bartholameu Lourenço Portugue^
da Companhia de Jejus. Lisboa por António
Pedrofo Galraõ 1722. 4.
Hijloria tripartita comprehendida em três
tratados. No 1. Je dejcrevem as vidas dos
Santos Martjres Verijfimo, Máxima, e Julia
Irmãos, Padroeiros de Lisboa, e do Real \
Mojleiro de Santos. No z. fe dà noticia da
vinda, pregação do Apoflolo SaÕ-Tiago às .
Efpanhas, e origem da fua ef clareada Ordem, '
e de feus nobilijftmos Mejlres Portuguet^es.
No 3. fe defcrevem os princípios do Real
Convento de Santos, e a noticia das fuás
illuflres Commendadeiras defde o anno i» \
121 2 até os nojfos tempos. Lisboa pelo mefmo
Impreííor. 1724. 4.
Celefle, e devota Filotea, e thefouro de
efpirituaes rique:(as de fantos exercidos com
que as almas devotas podem crecer muito nas
virtudes, e no amor, e devoção de Jefus, e
de Maria. Lisboa pelo dito Impreííor 1727.
L USITAN A.
7»
Novena de Noffa Senhora da Nat(areth vent-
ula no Jitio da Villa da Pederneira com a relafaõ
i fuá futfl de Na:(areth para o hgipto onde
Mjiio fete annos, e da pmgrina^aò da fua San-
iifima Imagem de Na!(aretb à Cidade de Belém.
isboa por Jofeph Manefcal ImpreíTor da
rcniíTima (^fa de Bragança 1721. 24.
Exame de conf ciência particular, e geral Lisboa
or António Pcdrofo Galraõ 1704. 12.
Compendio das ff^aças, e indulgências, e mais
JtHS tjpirituaes de que goi^aÕ, e participai os
\rmios da Confratemidade de N. Senhora
Ir Copacavana fita na Igreja do Keal Convento
Je N. Senhora da Conceição do Monte Olivete
ir Religio/os Agoftinhos De/calços extramuros
ia Cidade de Lisboa. Lisboa Por António
Pcdrofo Galraõ 17 14. 12.
Cathalogo das obras traduzidas.
Da língua latina do Padre Jacob Me-
Iroftio na Portuguefa
O caminhante chri/taõ que dirige a fua
Jornada à pátria efpiriíual Lisboa por An-
tónio Pcdrofo Galraõ 1721. 12.
De Italiano do Padre Paulo Segneri da
iLompanhia de Jefus as duas feguintes obras.
O Inferno aberto para que o ache fecha-
0 ChrifiaÕ difpofto em varias confidera-
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1724. 12.
O Confeffor inftruido Lisboa pello dito
ImpreíTor 1725. 16.
De Italiano do Padre San£U Chicarelli
(Geral da Religião dos Padres Miniftros dos
íEnfermos.
hreve difpofiçaõ efpiritual, que deve fa^er
itodo o ChrifiaÕ para efiar fempre aparelhado
Ipara a morte. Lisboa por Jozé Lopes Ferreira
ImpreíTor da Rainha noíTa Senhora 171 6.
1*4.
De Caílelhano do Padre Francifco de
Salazar Jefuita.
Affeãos, e confideraçoens devotas fobre
iOS quatro Novijfwjos acrefcentados aos exer-
icicios da primeira f emana de Santo Ignacio
Ide Layola. Lisboa pelo mefmo ImpreíTor
1716. 12. De Caílelhano.
Medifaçoens, e fufpiros do gloriofo Doutor
da Igreja Santo Agofiinho. Lisboa pelo
meímo Impref. 1727. 12.
Obras que eftavaõ promptas para a im-
preíTaõ.
Chronologfa Sacra, t profana dividida em-
2. Tomos: o primeiro defde os principias do
Mtmdo a ti a vinda de N. Senhor Jefus Cbrifio;
o fegundo defde a vinda dê Chrifio ati os nojfor
tempos. Aí. S.
Vida da Madre Sor. Maria da AJfum-
pçaõ Agofiinha Defcalça do Keal Convento dar
Defcalças de Santo Agofiinho de Lisboa.
Chronica das Religiofas Agofiinhas Defcalfar
de Lisboa. Aí. S.
Vida, e virtudes da Ven. Sor Mariana de S.
SimeaÕ Keligiofa Defcalça de Santo Agofiinho, e
Yundadora dos Conventos de Almança, e Corpur
Chrifii de Murcia em Efpanha. Aí. S.
Exercido celefie, e the^ouro de efpirituaer
rique:(as, e graças fobre as devoções particulares-
de N. Senhora. Aí. S.
Jerarchia efpiritual com as Vidas dos Santor
Varoens illufires da Ordem de Santo Agofiinho.
Aí. S.
Meditaçoens, Solilóquios, e Manual de Santo
Agofiinho traduv^idos em Portugue:^. Aí. S.
Hifioria dos Santuários de Chrifio Cruci-
ficado, que fe veneraõ nefie Reyno. Para cila
obra tinha junto muitas noticias, mas naõ-
a pode concluir por lhe roubarem o que já
delia tinha compoílo, como o mefmo Author
nos certificou.
Fr. AGOSTINHO DE SANTA MARIA,
filho de Manoel Pereira TravaíTos, c D. Ignez
Maria de Azevedo, natural de Lisboa onde
eftudou a lingua Latina, e letras humanas,,
e depois Filofofia com admiração dos feus con-
difcipulos. Recebeo o habito da Ordem de
SantiíTima Trindade em o Convento de San-
tarém em 5. de Agofto de 1704. e profeíTou
a 14. do dito mez do anno de 1705. em cuja
Religião exercitou o Officio de Pregador com.
geral applaufo. Foy Leitor nomeado de
Theologia no anno de 171 9. fendo já Pro-
thonotario Apoílolico. Naturalmente era.
inclinado à Poeíia Latina fazendo verfos
extemporâneos com tanta elegância, e fua-
vidade, como fe foraõ compoílos com grande
exame, e coníideraçaõ. Falleceo no Convento
de Lisboa a 22. de Janeiro de 1736. De
muitas obras aíTim poéticas, como condo-
natorias, que tinha compoílo, fomente publi-
cou as feguintes.
72
BIB LIO THE CA
Sermão de N. Senhora da Quietação na
Parochial Igreja de S. Nicolao Segunda Oitava
■da Pafchoa a ^. de Abril de 17 14. Lisboa por
António Pedrofo Galraõ. 1714. 4.
Sermão em acçaõ de graças pelo Capitulo Pro-
mncial, que Je celebrou no Convento da SantiJJima
Trindade de Lisboa em o Sábado 9. de Março
de 171 6. pregado no Convento da Vi lia de Cintra.
Lisboa por Jozé Lopes Ferreira Impreflbr
"da SereniíTima Rainha 171 6. 4.
Panegyrico fúnebre às faudofas memorias da
ExcellentiJJima Senhora D. Elvira Maria de
Vilhena Condeffa de Pontevel. Lisboa por
António Pedrozo Galraõ 171 9. 4.
Grinalda de varias flores com que Je orna
■a muy augtifla Thiara do noffo Santijflmo Padre,
e Senhor Benedião XIII. formada em gratulatorio
aplaufo da fua faujiijjima exaltação ao Summo
Pontificado Lisboa na Officina Ferreiriana
1725. 4.
Commentaria in Canticum Nunc dimittis
Servum tuum Domine. M. S. que fe conferva
no Convento de Lisboa.
AGOSTINHO DE MEDEIROS natural
-de Villa de Perdizes termo da ViUa de Monte
alegre Comarca da Villa de Chaves na Provín-
cia Tranfmontana. Foy filho de António
de Medeiros, e Catherina de Alvar. Recebeo o
Habito militar da Ordem de Saõ Tiago no
E.eal Convento de PalmeUa a 27. de Dezem-
bro de 167 1 das mãos do lUuílriíTimo Prior mór
D. Antaõ de Faria. Teve hum Beneficio
iimplez na Igreja de S. Sebaftiaõ de Setúbal.
Foy muito douto na Theologia Moral como
o moílrou na obra feguinte.
Doãrina da ConfiffaÕ facramental muy útil,
e necejfaria para qualquer penitente fe faber con-
Jeffar tirada dos Authores de Theologia moral,
e de alguns tratados efpirituaes 4. M. S. Co-
meça.
A penitencia, que como dif^ meu Padre
Santo Agofiinho, he ter pena dos bens, que fe
deixarão de fa^er. Acaba. E os tementes a
Deos tiveraõ por melhor a affirmativa na qual
Jaõ eflas circunfiancias da necejftdade da ConfiffaÕ.
No fim de tudo tem a proteftaçaõ da letra
do Author. Eíla obra fe conferva na Livra-
ria dos PP. Theatinos deíla Corte, onde a
vimos.
Fr. AGOSTINHO DO MONTE AL-
VERNE natural da Cidade de Ponta Delgada
Capital da Ilha de S. Miguel, e Religiofo pro-
feíTo da Seráfica Província de S. Joaõ Evange-
lifta nas Ilhas dos Açores. Querendo moílrar-fe
agradecido à pátria, que lhe dera o berço,
efcreveo com eílilo claro, e fincero.
Noticias Hijloricas das Ilhas dos Açores
fojeitas ao dominio de Portugal. M. S.
Confervafe eíla obra entre os feus Reli-
giofos. Do author faz mençaõ Fr. Appolli-
nario da Conceição Claujlro Francifc. Lane. 2.
cap. 19. pag. 80.
AGOSTINHO DE MOURA PEÇA-
NHA natural da Cidade de Évora filho de
António de Moura, e Neto de Duarte de
Moura Provedor da agua da prata fendo
Jurifta de profiíTaõ, exercitou o lugar, que
teve feu Avô. Compoz.
Tratado do Aqueduão Real da Fonte da
agua da prata dedicado ao Senado da Cidade
de Évora, em cujo Cartório fe guarda.
Fr. AGOSTINHO OSÓRIO Eremita de
Santo Agoílinho, e celebre Lente de Theolo-
gia na Univerfidade de Lerida no Principado
de Catalunha, onde no anno de 16 10. diélava
aquella faculdade, com univerfal aclamação.
Foy Provincial das Províncias de Aragaõ, e
Catalunha, em cujo onerofo minifterio dezem-
penhou as obrigaçoens de hum Superior
perfeito. Pela fublevaçaõ, que houve neftas
Provindas contra os Hefpanhoes, que as domi-
navaõ, paífou a França, e tanto fe diílinguio
o feu talento em o Púlpito, que o nomeou
feu Pregador em o anno de 1642. a Magef-
tade ChriftianiíTima de Luiz XIII. Falleceo
a 15. de Novembro de 1646. na proveda
idade de 92. annos. Delle fe lembraõ Marrac.
in Biblioteca Marian. Tom. i. pag. 167. Fr.
Petr. de Alva, e Aítorg. in Milit. Concept.
Herrerin. Alphab. Auguji. p. 52. ad ann. 1642.
& pag. 65. ad ann. 1646. Fr. Anton. da
Nativid. Montes de Cor. n. 136. Cor 8. §. 2.
Figueired. Fios Sana. Augujiinian. Tom. 4.
pag. 152. Jordan Chron. de Valenc. Tom. i.
p. 178. e Nicol. Anton. in Bib. Hifp. tom. i.
p. 138. col. 2. Compoz.
LUSITANA.
TraÚalus de Conctptione Deipam Virgitiis
Immacuhta. Vcnctiis 1648. 4.
Sermon dela Immaculada Comepcion d$
Nitejlra Seiiora. Barcclon. 1618. 4.
KVida dei Wtenaventurado San ]iian de
Higim. 16 14. 4.
Ff. AGOSTINHO DOS REIS profcíTou
Goa o habito dos Eremitas de Santo Agoí-
tinho, e pellas íuas virtuofas acçoens acompa-
nhadas de fcicncia naõ vulgar exercitou por
muitos annos o miniílerio de Q>nfeíTor das
Kcligiofas do Convento de Santa Mónica de
( íoa. Efcrcvco como tcftifica Fr. Agoftinho de
Santa Maria na Hifioria da Inundação do dito Con-
vento liv. 3 . cap. 1 6. n. 1 89. e liv. 4. cap. 5 5 . n. j 40.
Hijloria da fmdaçaõ do Convento de Santa
Mónica de Goa Aí. S.
iK
Fr. AGOSTINHO RIBEIRO Eremita
uguftiniano; e igualmente douto na Sagrada
fcritura, como verfado na liçaõ dos Santos
Padres, e Sagrados Interpretes Efcreveo.
Doãrina moralis Sacra Scriptma auctoritati-
hus comprobata, Vatrum fententits, ac Philo-
fophorum dtííis ampliata, nec non fimilitudinihus
illujlrata, (Ò' Evangeliis acommodata, alphabeto
àigejla, Concionatorihtis valde pertitilis. foi. M. S.
Conferva-fe efte volume, que he de juíla
grandefa, na Livraria do Convento da Graça
de Lisboa.
D. AGOSTINHO DO ROSÁRIO Cónego
Regular da Congregação de Santa Cruz de
Coimbra, cujo Habito recebeo nefte Real
Convento a 29. de Outubro de 1621. Foy
muito applicado ao eíludo das Antiguidades da
fua Ordem Canónica efcrevendo com grande
exame.
Crónica da Congregação de Santa Cru^ de
Coimbra; cuja obra allega Jorge Cardofo no
Agtol. 'Lufit. Tom. 2. p. 308. c. i. e no Com-
mentario de 25. de Março letra C. e no Com-
ment. de 27. do dito mez let. H. Morreo a 19.
de Março de 1676.
73
fc/Tou cm ij. de Dezembro de 1549. A pro-
fundidade das Tuas letras, porque era venerado
ainda fora dos Clauílros da Religião, o fez
digno de que na Uníveríidade de Coimbra fe
lhe confcrifíem as infignias doutoraes a 6. de
Julho de 1)73. na qual foy Lente da Cadeira
de Durando, em que foy provido no aono
de 1)72. donde fubio á de Efcoto no anno
de 1575. e a regentou por efpaço de dnco
annos, fendo tal a fua fubtíleza, que com-
petia com a do Meftre, que explicava. Para
eterno teílemunho da fua profunda littera-
tura lhe fírva de padraõ o Elogio, com
que o exaltou o infígne Padre LuÍ2 de Mo-
Ilna claro efplendor da Companhia de Jefus,
pois argumentando-lhe em humas Conclu-
foens Capitulares no Convento de Évora,
c admirado da promptidaõ, c fubtileza, com
que rebatia o argumento, que lhe propóz,
rompeo neftas palavras. Rgo argumentari au-
Jus fum, quia homo hominem Augujlini Sfci-
puliim alloqui credebam, fed ex fubtilijfimis ref-
ponfis deprehendo vel tu ò do£iiJfime Prafes in
perfona es Sanãus Auguftinus, vel Angelus in
habitu Augufiiniano. Mihi igitur jam non am-
plius tecum difputandi, fed Jolum mirabunde Te
audiendi fuper eft facultas. Naõ fomente foy
a Univeríidade de Coimbra o Theatro da
fua fabedoria, porque também lograrão efta
fortuna as Univerfidades de Bordéus, e To-
lofa, fendo neíla Lente de Vefpera, e Rey-
tor. Vários foraõ os trabalhos, que com
animo imperturbável tolerou, já na infeliz
jornada de Africa do anno de 1578. ficando
priíioneiro dos bárbaros; jà fegiiindo as partes
do Senhor D. António, quando pertendeo a
herança deiia Coroa ufurpada pela violenta
ambição de Fillippe Prudente, padecendo
por efta caufa incríveis oppreíToens, as quaes
relata o mefmo D. António na carta efcríta na
lingua Francefa a Gregório XIII, no anno de
1583. Li doãeur Maifire Augufiin dei Ordre,
<ò' infiitution de faina Augufiin profejfeur public
dela Theologie fcholajlique de cette Chaire, qui efl
dedié pour enfeigner la doãrine dei Efcot; le quel
Fr. AGOSTINHO DA TRINDADE foy lie de chaines de fer entre les latrons, et mis és
natural de Jurumenha na Provincia do Alen- navires efpagnoles, finalement ataque de tempefles
tejo, filho de Martim Quarefma, e Brites dela mer, <ò' pris en un navire efpa^ol parles in-
Rodrigues. Abraçou o Inftituto dos Eremitas curfions des Turcs, il efl aufour d^huy captif foubs
Auguftinianos no Convento de Lisboa, e pro- levr puiffance. Do cativeiro, que padeceo em
74
BIBLIO THECA
Africa efcreve D. Fr. Thome de Faria Dec. i.
lib. 2. cap. 8. dizendo. Sed quid de captivis'?
Inter omnes Jolum ejferam P. Augujiinum Ord.
S. Augujl. qui in florentijjima Academia Conim-
hricenfi Theologia Scholajlka fuerat profejjor.
D. Joaõ de Caftro no Difc. da vid. delReji
D. Sebajl. cap. 14. o muito Reverendo P. M.
Fr. Agojlinho da Trindade VaraÕ injigne em
letras, virtudes, e Religião, e hum raro exemplo
de amor da Pátria, o qual padeceo por ella gales
de inimigos, e cativeiro de Turcos fem mais o po-
derem render trabalhos, promejfas, nem grande
velhice emferma Morreo em Tolofa no i. de
Fevereiro de 1595. Na via Sacra do Collegio
de Coimbra dos Eremitas de S. Agoft. tem
eíla infcripçaõ.
Fr. Auguftinus à Trinitate Doãor Theolo-
gus in hac Univerjitate, Scoti Jnterpres JuhtiliJ-
fimus, Japientia vel Augujlinus, vel Angelus cre-
ditus, deinde ToIoJíb vejperarius, ac Reãor obfer-
vantijfimus. Obiit 1. Februarii. 1595.
Compoz.
Traãaãus pro Immaculatcs Virginis Concep-
tione. Eíla obra allega Fr. Joaõ de Santa
Maria in Libello fuplici ad Innocentium X. Pont.
Max. pro Concept. Deip. Tolof. 1645. pag. 331.
Commentaria in Magiftrum Sententiarum, (&
D. Thom. 3. Tom.
Defta obra, e do Author fazem mençaõ
Fr. António da Purif. de Vir. Illujl. Prov.
l^ufit. Ord. Fsemit. D. Aug. lib. 2. cap. 10.
e na Chron. da Prov. de Portug. Part. 2. liv. 7.
Tit. I. §. 3. Elflio Encom. Augujl. ad ann.
1598. Herrer. in Alph. Augujl. pag. 60. Fr.
Ant. da Nativid. Mont. de Cor. Cor. 8. §. 2.
n. 39. Fr. Manoel de Figueiredo Fios Sana.
Augujl. Tom. 4. pag. 130. Nicol. Ant. Bib.
Hijp. Tom. I. pag. 139. col. 2. e Tom. 2.
pag. 284. col. I.
Commentaria in Prim. Part. D. Thom. à
Quajt. I. ujque ad 14. Confervafe na livra-
ria do Convento da Graça de Lisboa.
AGOSTINHO DA TRINDADE. Na-
ceo na Cidade do Porto no anno de 15 18.
donde feus Pays o mandarão eíludar a Lis-
boa, mas eUe preferindo a fciencia dos San-
tos às faculdades para que tinha compre-
henfaõ, e admirável engenho, recebeo o
habito de Cónego Secular da Congregação
do Evangelifta no Convento do Santo Eloy
no anno de 1545. quando contava vinte e fete
annos de idade. Naõ ouve género algum de
virtude em que fe naõ exercitaíTe fendo
exaftiíTimo na obfervancia das Conftituiçoens
da Ordem, regulando a fua obediência pelo
ardor do feu efpirito, e redufindo as poten-
cias, e fentidos a huma continua mortificação
acompanhada de afperos cilícios, e frequentes
difciplinas. Por eíles aélos heróicos mereceo
particulares veneraçoens delRey D. Joaõ
o III. D. Sebaíliaõ, da Rainha D. Catherina,
e a Princeza D. Joanna de Auftria, bufcando
no feu Concelho a ferenidade das fuás conf-
ciencias. Baile para claro argumento da fua
fantidade o fer direftor efpiritual pelo efpaço
de trinta annos do Venerável Padre António
da Conceição, de cuja efcola fahio confumado
na virtude eíle varaõ infigne. Quando con-
tava 85. annos de idade, e 58. de Religião foy
chamado por Deos para lhe remunerar os feus
merecimentos, e recomendando aos domeíli-
cos o amor reciproco, cheyo de hum notável
jubilo efpirou com tanta ferenidade do fem-
blante, como quem fe entregava a hum plá-
cido fono a 25. de Mayo de 1603. no Convento
de S. Bento de Xabregas. Ao feu enterro
concorreo grande copia de povo procurando
com devota anciã alguma parte do feu Jiabito,
que fervio de remédio prompto a muitos
enfermos. Efcrevem delle Tomas. Annal.
Ord. Can. Secul. pag. 172. Mertol. Vid. do
Ven. P. Ant. da Cone. cap. 12. Cardofo Agio-
logio Eujit. Tom. 3. pag. 402. no Commentario
de 25. de Mayo let. F. os Padres Miguel da
Cruz, e Belchior da Graça Con. Secul. nas
fuás Relaçoens, e ultimamente Franc. de S.
Mar. Chron. dos Coneg. Secul. liv. 4. cap. 28.
O IlluftriíTimo Arceb. Primaz D. Sebaíliaõ
de Mattos, e Noronha no Catai, dos Var. Illujl.
em virtud. dejle Rejno com eílas palavras O P.
Agojlinho da Trindade Religiojo de S. JoaÕ Evan-
gelijla de Janta Vida, e Milagres. Por fer muito
applicado aos Ritos Ecclefiaílicos. Compoz.
Ritual das Ceremonias Ecclejiajlicas. O qual
(faõ palavras de Jorge Cardofo no Comen-
tário de 25. de Mayo let. F.) pojio que Je naõ
ejlampou, objervouje muitos annos na Ordem em
cujos Cartórios Je conjerva ate hoje M. S. Appli-
couje (efcreve Franc. de S. Maria no lugar
L USITANA.
75
aíTima allcgado pag. 116.) com Jinfíttlar cuidado
o faber os Saffados RJ/os da Igreja, e delles com-
poi(^ hum livro, que tntrt nós fe guarda efcriío da
Jua mad.
Fr. AGOSTINHO DA TRINDADE
SEIXAS, natural da Província de S. Mar-
tinho de Cambres de Rio bom no Bifpado
de Lamego, filho de António Fernandes
Borges, e Ifabel de Seixas da Fonfeca. Eílan-
do já inílruido com a Gramática Latina, e
ictnis humanas, paíTou ao Rio de Janeiro
para aíliftir na companhia de fcu Irmaò Fran-
cifco de Seixas da Fonfeca Pay do Illuftrif-
íimo Hifpo de Areopoli D. Joaõ de Seixas
Monge Bcncdiélino, e continuando naquella
Cidade os eftudos deixou o feculo, e recebeo
o Habito Seráfico em o Convento Capitular
da Província da Immaculada Conceição. Nella
foy duas ve2cs Guardião, e Definidor eleito
no anno de 1719. Teve admirável génio
para a Poefia aíTim vulgar, como Latina,
de que faõ manifeftos argumentos.
Duas Elegias Latinas, hum Epigrama, e
íious Romances Porfugue/es em louvor de Fr.
Icrnando de Santo António Procurador, e
Definidor Geral da Ordem Seráfica, cujas
obras conferva em feu poder com outras a
cfte mefmo aíTumpto Fr. ApoUinario da
Conceição Religiofo da mefma Província.
Fr. AGOSTINHO VELLOSO, natural
de Lisboa, filho de António Rodriguez Frey-
re, e Ifabel de Barros. Recebeo o habito de
Eremita de Santo Agoftinho no Convento
da fua pátria a 14. de Fevereiro de 1681.
Foy bom Pregador, e deftriffimo Organiíla.
Morreo no Convento de Torres Vedras em
o anno de 1696. Imprimio.
SermaÔ de N. Senhora da Encarnação em
dia de Vafcoa com Laujperenne de Chrijio Sacra-
mentado no feu Collegio de Santo Agojtinho da
Cidade de Lisboa, Lisboa por Joaõ Galraõ
1691. 4.
Fr. AGOSTINHO DA VICTORIA, na-
tural de Montemor o novo na Província do
Alentejo. Profeífou o fagrado Inftituto do
infigne Patriarcha da Hofpitalidade S. Joaõ
de Deos querendo Ter feu filho pelo habito
já que era por nacimento feu patrício. Neíbi
Ordem exercitou com tal exacçaõ a regra,
que niereceo depois de ordenado Sacer-
dote fer Secretario delia, e Meftre dos Novi-
ços. Naò fomente a íUuílrou com virtudes,
mas com letras, efcrevendo diverfas obras,
como foraõ.
'Vranslaâon dei Cuerpo de S. Juan de Dios
nueftro glorio/o Patriarcha Fundador dei Orden
dela llojpitalidad; hi^ofe dei Convento de N. Se-
fiora dela ViSloria dela /agrada Keligion dehs
Padres Minimos ai Convento, y Hofpital dei
mi/mo Santo dela Ciudad de Granada. Madríd
por Melchior Alegre 1667. 4. Sahio 2. vez
com a Vida do mefmo Santo efcrita por D.
F. António de Gouvea Bifpo de Cyrcnc.
Madrid por Roque Rico de Miranda 1674. 4.
cuja obra, e Author louva Fr. Joaõ dos San-
tos na Chronolog. Hofpital. y Kefum. Hifl. da
Saff-ad. Relig. de S. Juan de Dios Part. 1. liv. j.
cap. 17. pag. 598.
Injlruccion de Novicios dela Ordem dela Hof-
pitalidad. Madrid 1668. 8. fem nome de
ImpreíTor.
Adicion à Vida de Fr. JoaÕ Peccador Reli-
giofo da mefma Ordem. Começou a Chromca
da Religião, a que naõ pode ver o defejado fim.
P. AYRES DE ALMEYDA, natural
de Santarém filho de António Alvres, e Ca-
therina de Almeyda. Na idade de vinte
annos entrou na Companhia de Jefus a 24. de
Março de 1649. em o Noviciado de Lifboa.
Aprendidas as letras humanas fe applicou às
fciencias mayores, em que fahio taõ eminente,
que foy deftinado para Meílre, lugar, que exer-
citou com efplendor do feu nome, e credito
da Religião até chegar a fer Lente de Prima
de Theologia em Coimbra, onde morreo a
7. de Março de 1704. Foy Qualificador do
Santo Officio, e entre as virtudes, em que foy
infigne, a mayor, que nelle fe admirou, era
a tolerância de varias moleftias, que igual-
mente lhe atormentarão o efpirito, e o corpo.
Delle fez breve memoria o Padre António
Franc. na Imag. da Virtud. em o Noviciad.
de Lisboa, pag. 964. Imprimio
Sermão do Auto da Fé, qm fe celebrou
em Coimbra no Terreiro de S. Miguel em
BIBLIOTHECA
76
17. de Outubro de 1694. Coimbra por Jo^è
Ferreira ImpreíTor da Univerfidade 1697. 4.
AYRES BARBOSA, infigne Gramma-
tico, Rhetorico, e Poeta naceo na marítima
Villa de Aveyro íituada entre os Rios Douro,
e Mondego da Provinda da Beira, e foy
filho de Fernaõ Barbofa, e Catherina de Fi-
gueiredo, cujos nomes, e pátria deixou eter-
nizados neíle elegante Epigramma efcrito
no fim da fua Profodia.
Scire volet patriamque meam, nomenque paternum
Has quifque nugas gaudet habere meãs.
Nec dives multitm, nec paupertate notandus
jT nobis quondam, Jed tamen ortus avis.
Fernandus Barbofa pater, Catharinaq mater
A* notis etiam, qua Figueretta venit
Me genuere, furit vajiis quà fluãibus ingens
Ultimus Occidui littoris Occeanus.
Quaque habet Aveiro portu pradives amano
Quidquid habet tellus, <& maré quidquid habet.
Logo nos primeyros annos fentio hum na-
tural impulfo para as letras dezejando ancio-
famente inílruirfe com ellas, e como naquelle
tempo foíTe a Univerfidade de Salamanca
o Empório de todas as fciencias, alcançada
faculdade de feus Pays partio para efta Ci-
dade, onde o ardor da idade juvenil refiftia à
rigorofa inclemência do feu Clima, como
elle confeíTa fallando cõ a mefma Cidade.
Dum fiabant Jolida puerili in tempore vires
Et validis juveni dum mihi Janguis erat.
Non ego ladebar gelidis Salmantica ventis
Nofi nive, non glacie, non aquilone tuo.
Naõ fatisfeito o feu animo com a doutrina
de tantos Meílres paílou a Florença em cuja
Univerfidade teve a gloria de ouvir por MeJlre
a Angelo Policiano, oráculo das letras fa-
gradas, e profanas, e a fortuna de fer feu con-
difcipulo Joaõ de Medicis, que depois na idade
de 37. aimos fubio ao Pontificado com o nome
de Leaõ X. como o mefmo Barbofa efcreve.
Me Condijcipulum Decimi dum dico Leonis,
Et Condijcipulum Politiane tuum.
Inftruido completamente na intelligencia, e
myílerios das linguas Latina, e Grega, voltou
à Pátria, da qual partio fegunda vez para Sa-
lamanca a 4. de Julho de 1495. que admirando
a profundidade da fua fciencia o elegeo Meftre
de Rethorica, e depois o foy juntamente de
duas Cadeiras da lingua Latina, e Grega, fendo
deíla feu difcipulo o infigne André de Refende.
Nefta lingua excedia ao doutiíTimo Varaõ An-
tónio de Nebriíía, que na mefma Univerfi-
dade era Lente de humanidades, com quem
teve eftreita familiaridade. Jazia neíle tempo
em Efpanha muda a eloquência; eílavaõ fe-
paradas do comercio dos Sábios as Mufas, e
fe tinha introduzido huma tal ignorância das
linguas, e letras humanas, que fomente do-
minava a barbaridade, contra a qual fe armou
Ayres Barbofa como outro Hercules degol-
lando aquella Hydra mais perniciofa, que a
de Lerna, com as doutas inílrucçoens do feu
Magiílerio exercitado pelo largo efpaço de
vinte annos com fingular credito do feu ta-
lento, e naõ pequena gloria, e fruto dos feus
difcipulos. Ao tempo que tinha jubilado em
Salamanca, foy chamado pela Magefl:ade de
D. Joaõ o III, para Meílre de feus Irmãos 1
os Cardiaes D. AíFonfo, e D. Henrique. Obe-
deceo promptamente à infinuaçaõ do feu
Príncipe, como fe fora preceito, e chegando a
Lisboa lhe agradeceo a eleyçaõ, que delle fi-
zera para lugar taõ honorifico, que exercitou
fete annos, em os quaes fahiraõ taõ perfeita-
mente doutrinados nas letras humanas eíles
dous Infantes, que foraõ a ultima coroa do
feu profundo Magiílerio. Retirado à fua Pátria
fe preparou com a£los heróicos para a morte,
onde igualmente atenuado dos eíludos, que
dos annos, pois excediaõ de fetenta, acabou a
vida em o anno de 1530. Foy cafado com Ifa-
bel de Figueiredo, de quem teve muitos filhos,
fendo o mais velho Fernaõ Barbofa, Moço fidal-
go delRey D. Joaõ o III. que eílimou muito a
feu Pay Ayres Barbofa, como D. Affonfo da
Fonfeca Arcebifpo de Compoílella. No território
da Igreja de Santo André da Villa da Efgueira
que he Vigairaria, e CoUegiada do Arcediago
de Vouga Bifpado de Coimbra fundou huma
Capella da invocação de N. Senhora do Deílerro
na qual eílá fepultado com eíle breve epitáfio.
Aqui ja^l o Corpo de Ayres Barbofa Mefre
Grego. Era de 1540.
Neíle anno foraõ tresladados os feus oíTos
para eíla fepultura havendo dez annos, que
tinha falecido. Imprimio
Epometria, feu de metiendi carmina ratione.
Salmanticíe. 15 15. 4. Habuit ille (falia defta
1
L USITANA.
77
bra António Iloncala in Gramat. Proptego.)
SalwtmtUa magnificam, doííam, uhertmque in
ijim milha qiiejliis tjl, qiiod mn modo Miifica tem-
l>orum vitio indijiriam paffa tjl jatluram diiorum
•: mm linar montei, €>* Chrom aliei, cum tem-
, ( nojlra vis diatónico cantetiir, fed etiam,
ijiiod ptritre vocnm, fyllabariimqiu tum poética,
Jum commimrs pronim/iationes. Dcda obra faz
'illuílrc memoria Daniel Gcorg. Morhorâo
/// Polyhijl. lib. 7. cap. 1. n. 14.
De Ortboff^aphia. Salmanticx. 1J17.
Commentarij dm in duos Aratoris Cardina-
lis libros de llijloria Apoflolica. Salmantica:
.ipud Joanncm Porras. 1516. foi. Hm cuja
obra (tliz Andrc Scoto in llih. Ili/p. pag.
472.) non PhHolojitim modo, fed ^ Philofophiim
Iféffif ac Tbeologiim ejus Aiithorem jures.
Antimoria. G3nimbricx apud Genobium
^inóte Crucis. 1536. 8. Efta obra hc dcdi-
ida ao Girdial Infante D. Affonfo, e foy com-
poíla contra a Moria de Erafmo Rhotcradamo,
cm que louvou a ignorância, e neíle fc exalta
.1 fabedoria Chriílaà. No fim tem impreíTos
'Epigrammata Varia.
Ib ^'^^"^^> ^^ ^^^^ ^^2 mençaõ em hum
íro>igramma efcrito a Jorge de Miranda no
' fim do Antimoria foi. 34.
Rhe/orica, en ego cum Jcripfijfem exordia centum
Ni/ dedit aii£fori lingua diferia meo.
No Compendio da Phyfica do Doutor
l^edro Margalho Cathedratico de Prima de
Theologia na Univeríidade de Lisboa im-
i preflb em Salamanca em 1520. eílão impreíTas
I' as obras feguintes de Ayres Barbofa.
Epiff^amma in lande m Pe/ri Margalli
'Epiflola "Latina em repofta de outra ef-
crita pelo mefmo Author, e no fim delia hu-
ina larga Elegia com eíle titulo
Ad Jtwenes fliidiofos bonarum Artium Cár-
men.
Todas eftas obras impreíTas no Compen-
dio da Phyfica do Doutor Pedro Margalho
por fer muito raro as tranfcreveo o Bene-
ti ciado Francifco Leytaõ Ferr, Académico
da Academia Real na eruditas Notic. Chronol.
'-! Univ. de Coimb. à pag. 484. até 488. aonde
ic poderão ler.
Qiiafiiones qiiodlibetica de qmlibet re. Defta
obra faz memoria Valério André in Cathalog.
Moguníino.
G>m grandes elogios celebrarão a Ayres
Barbofa os mais celebres Varoens da Au
idade. António de Nebri/ía na prefação das
fuás introducçoens Gregas diz. Ejfp vero cum
in méis introdséâionihus muitos locos ex Graco
inchatos reliquiffem, communicata re prius cum
Ario Ljifitano, à quo uno, fi quid ufquam Graca-
rum IJiterarum apud nos efi, emanavit, aufus
fum f acere, quod ille harum rerum peritior f acere
debuiffet. O mefmo NebriíTa in fuis Quinquanar.
ad Franc. Ximenes. Craca lingua excitata efl,
atque jam pridem per Hifpaniam divulgata ab
Ario Ljifttano Viro Crace, eí^ latine per-
quam erudito. Refend. in Kefponf. ad Quebed.
foi. 29. v.o. Arius iMfttanus quadraginta, <& eo
plus annos Salmantica tum Latinas Ut terás, Cra-
cas magna cum laude profeffus efl, e no Encom.
Erafmi.
Hifpanique facer meritis honor orbis Arius
Magnis cui debet, quantum nunc Paliais
iilic
Cultior ufus habet; docuit nam primus Iberos
Hyprocraneo Crajas componere vocês
Ore; etenim quidquid f rugis nunc ítala regna
Cracia quondam habuit, quidquid patriaque,
fuifque
Importavit, €>* ã Cal li Stribligine tan-
dem
Ajferuit, fierique dedit Sermone Quirites.
Pedro Sanches in Epiflol. ad I^atium
de Moraes
Nec fonat illepide pravam, qui damnat Arius
Stultitiam, quam quidem olim laudavit ine-
pte.
Martinho de Figueiredo na Dedicatória
a ElRey D, Joaõ o III. do feu Commento à
Hifloria natural de Plinio. A! Salmantica totius
Hifpania celeberrimo Cymnacio venire fecifli doc-
tiffimum, ac prafiantijfimum Arium Barbofam
magnis pramiis, ac pollicitationibus pofl conceffam
fiudiis quietem. Lilio Gregor. Girald. de po-
tioribus fui Sacul. Poet. Fuit Arius Barbofa
Poeta Lufitanus qui in Itália fub Politiano poli-
tiores litteras in Hifpaniam invexit, <ò^ Salman-
tica per viginti annos bonas litteras profeffus efl;
huic moriens Antonius Nebrifenfis opera fua
cafliganda teflamento reliquit. Scoto in Bib.
Hifp. pag. 474. Erat in pangendis carminibus
felix. Joan. Soar. de Brit. in Theaf. Lufit.
Litter. let. A. n. 134. Vir certe fuit elo-
78
BIBLIO THE C A
quens, €>* eruditus, (Ò' tum profa, <& tum ligala
oratione inter earum artium celebriores mérito nume-
randus. Fr. Miguel Salinas lih. Apolog. em que de-
fiende la huena y do£ía pronmciacion pag. 15. v.o
Do£iiftmo en Griego,j latin. Petr. Angel. Spera
de ProfeJJor. Gramat. lib. 4. pag. 440. Lourenço
CraíTo Hiji. di Poet. Grec. pag. 63. Huomo di
moita doãrina, e di molte lingue intendente, e poeta
injigne. Cofiui fu il primo che porto le lettere
Greche in Spagna: vijje en compagnia di António
Nebricenfe ma con maggior fama dei detto Nebri-
cenfe delia lengue Greca, e Poejta. Nic. Ant.
in Bib. Hifp. tom. i. pag. 132. c. i. In poética
facultate, Gracanicaque doãrina Nebrijlfenji melior.
Baillet Jugem. des Scavans tom. 4. pag. mihi
331. Jut un des principaux rejtaurateurs des belles
lettres en EJpagne. Ultimamente o Padre An-
tónio dos Reys in Enthujtafm. Poet. impreíTo
no principio dos feus epigrammas. n. 24.
Barbo/a tui non ultima verfus
Promeruere tibi bifidi fubfellia montis
Non procul à Marco, nitidique à fede Catulli.
P. AYRES BRANDAM, cuja pátria
fe ignora, foy admitido em Goa no anno
de 1552. à Companhia de Jefus, quando tinha
vinte, e três annos de idade, O ardente
zelo, com que fe inflamava na converfaõ
da Gentilidade, o conftituhio hum dos pri-
meiros operários das vaítiíTimas Regioens
Orientaes fendo em taõ laboriofo minifte-
rio fucceííor do Apoftolico efpirito do V.
Padre Gafpar Barzeo, de quem fora infepa-
ravel companheiro. No anno de 1570. con-
verteo na Cidade de Ormuz ao rebanho de
Chriílo a cincoenta Mouros, e no feguinte
purificou em Dámaõ com as falutiferas
aguas do bautifmo a outenta, merecendo por
eftes evangélicos trabalhos fer chamado pelo
author da Bibliotheca da Companhia Venator
infignis animarum. Efcreveo
Carta de Goa, efcrita em 23. de Dezem-
bro de 1554. aos Irmãos da Companhia de
JESUS, em que narra a morte de S. Fran-
cifco Xavier, e como o feu Corpo fora rece-
bido em Goa. Évora com outras que man-
dou imprimir o Arcebifpo D. Theotonio
de Bragança; por Manoel de Lira. 1598.
em folh. Part. i. a pag. 28. Coimbra por
António de Maris. 1570. 4. à pag. 70. tra-
duzida em Caílelhano com outras. Alcali
por Juan Iniguez de Lequerica. 1575- 4* i
pag. 58. e no mefmo idioma pelo Padre Ci-
priano Soares. Coimb. por Joaõ Alvres, e
Joaõ de Barreira 1565. 4. a pag. 82. Em Ita-
liano Roma preíTo António Bladio. 1556. 8.
Venetia com outras por Tramezino. 1559. 8.
Mais abbreviada em Latim pelo Padre Manoel
da Cofta da Companhia de Jefus liv. i. Epijlol.
de rebus Japon. Coloniae apud Gervinum Cale-
nium 1574. à p. 191. atè 198. & Delingac apud
Sebaldum Mayer 1571. à pag. 89. atè 94. &
Lovanij apud Rutgerum Velpium 1566. 8.
& ibid. apud eumdem Typog. 1570. in Epijl.
Indic. et Japanic. a pag. 129. atè 134.
Carta efcrita dos Religiofos de Coimbra
em 23. de De:(embro de 1554. na qual relata o
fruto efpiritual, que colhido nas regioens Orientae
os Keligiofos da Companhia com huma defcripçao
da Cidade de Ormus. Sahio traduzida em Latim,
com outras Lovanij apud Rutgerum Velpium
1566. 8. a pag. 482. até 489, & ibi apud
eumdem Typog. 1570. 8. in Epifi. Ind. &
Japanic. a pag. 129. até 134.
Carta efcrita de Goa no anno de 1556.
aos Padres da Companhia de JESUS de
Portugal. Conferva-fe na Cafa profeíTa de
S. Roque, e coníla de 10. paginas.
Deíle Padre fazem mençaõ Sachin. HiJl.
Societ. Part. 2. liv. 4. n. 280. Alegamb. Bib.
Societ. pag. 89. col. 2. e Nicolao Trigault in
Vita Gafparis Barbai liv. 3. cap. 2. Ant.
de Leaõ Bib. Orient. Tit. 6.
Fr. AYRES CORRÊA. Natural de
Lisboa, filho de Balthezar Corrêa, e Ifabel
de Siqueira Religiofo profeíTo da Ordem
dos Pregadores, Meílre na Sagrada Theo-
logia. Qualificador do Santo Officio, Prior
do Convento de Aveiro no anno de 1 5 8 1 . e de-
pois do de Lisboa. Foy hum dos mais doutos
interpretes da Sagrada Efcritura, que teve a fua
idade, como o declaraõ as expofiçoens, que
fez cm alguns livros delia, fendo os principaes.
CommentariJ in feptem priora Capitula
libri primi Kegum. foi M. S.
CommentariJ in Prophetam Aggaum. &
in Epiplas D. Pauli ad Titum, <& Phile-
monem. foi. M. S.
Fazem memoria muito breve deUe Author
LUSITANA.
79
Ir. Pedro Monteiro C/omJí. Dom. tom. 5.
iir. 134. c Fr. Lucas de Sanu Cather. na Hijl.
da Prov. de S. Dominj^. de Por/ug. Part. 4.
pag. 924-
AYRES DA COSTA Cónego da Pri-
■ icial Igreja de Braga, e Arciprefte de Bar-
. lios igualmente douta nas refoluçoens do
iDiteito Pontifício, como nos Ritos, e Cere-
monias Hcclcfiaílicas, de que foy mani-
icfto argumento a obra, que dedicou ao lUuf-
irillmio Arcebifpo de Braga D. Manoel de
lufa, com cfte titulo.
Cere montai da Mijfa, e modo de admtniftrar bem
Sacramitos da EMchariJlia, Ó* Matrimonio com
ijAT Cânones Penitenciaes, e outras coufas. Lisboa
Ipor Germaõ Galhard 1548. 4.
í
AYRES FALCAM PEREIRA natural
ide Évora, donde paíTou a Coimbra a eftudar
Direito Civil, cm cuja faculdade fez tantos
EtíTos a fua viva comprehenfaõ, que
eo fer laureado com a borla de Doutor
fciencia. Por fer muito verfado em a
iHiftoria Sagrada, e profana foy nomeado
JGuarda mór da Torre do Tombo, minifterio,
jem que fuccedeo ao Doutor António Car-
^ralho de Parada, que morreo a 12. de De-
Jzcmbro de 1655. de quem faremos em feu
lugar mençaõ. Efcreveo huma obra Juridica,
cujo titulo naõ chegou à noíTa noticia.
AYRES PINHEL naceo em Coimbra, que
igualmente ennobreceo com o nacimento,
|como com o magiílerio. A viveza do engenho,
a madureza do juizo, e a felicidade da memoria,
que na fua adolefcencia fe admirarão, foraõ
certos prognofticos do que havia fer na idade
mais adulta. Levado do grande génio, que
pnha para as letras paíTou a Salamanca, onde
lOuvio por Meftres da Jurifprudencia Canónica,
e Gvil aquelles dous grandes Oráculos hum
rortuguez, e outro Caílelhano, António
omes, e Martim Afpilcueta Navarro, e com
a difciplina deftes infignes Cathedraticos já
ipodia fer Meílre, quando era difcipulo. Nefta
Tniveríidade recebido o grào de Bacharel
paíTou à de Coimbra, onde fe graduou Doutor
na faculdade de Direito Cefareo, o qual expli-
cou com geral applaufo na Cadeira do Código
defde o anno de 1544. até 1)48. Para fazer
alguma paufa nas eípeculaçoens defta Facul-
dade paííou a Lisboa a exercitar com a meínu
profundidade a fua praâica no officio de
Advogado, porem conhecendo ElRey D.
Joaõ o III. que fe diminuya a mayor parte
do efplendor da Univcrfídade com a aufencia
deíle grande homem, o nundou com o titulo de
Desembargador da Cafa da Suplicação ler a
Cadeira de Vefpera de que tomou poíTe em
24. de Fevereiro de i}j6. No tempo, que
diâava neíla Cadeira eraò innumeraveis ot
ouvintes, que anciofamentc frcquentavaõ a
Aula, onde era venerada a fua fciencia como de
hum oráculo, fahindo delia Varoens inúgoes,
que acreditarão o Eílado Ecclefiaílico, e Secu-
lar. Sabendo que eílava vaga a Cadeira de
Prima cm a Univcrfídade de Salamanca paííou
no anno de 1559. a opp>or-fe a ella, onde teve
por competidor ao grande Jurifconfulto Ma-
noel da Cofta noíTo Portuguez, e poílo, que lhe
levou a palma, confiderando judiciofamente os
Cathedraticos os merecimentos de Ayres
Pinhel, lhe confignaraõ o mefmo ordenado,
que recebia Manoel da Cofta, até que por morte
defte lhe fuccedeu na Cadeira em que bailava
para eterno credito do feu magifterio ter f>or
difcipulo aquelle Corifeo da Jurifprudencia
Francifco Caldas Pereira, o qual, em diverías
partes das fuás obras, faz de tal Meftre agra-
decida memoria. Nefta Univcrfídade onde
tinha com univerfal applaufo dos feus alumnos
paíTado grande parte da fua vida foy lamentada
a fua morte, que fe originou da leve ferida
de huma faca na maõ efquerda eftando aíif-
tindo a hum banquete, a cujo funefto acafo
lhe fez Joaõ Merula Jurisconfulto o feguinte
Epicedio.
Hic jacet ille Jolus Pinus fine frondis honore
Altior, et multo pulchrior ante alias.
Non potuit Boreas tantam fubvertere molem
Quamvis Jjluam una perdere noãe folet.
Nec fuit igniferi profirata è fulminis ira;
Afi iãu exiguo {heu}) lafit iniqua manus.
lãu uno ille jacet plácido fub tegmine cujus,
Pierides feffo difcubuére Jono,
Dulcifonamque lyram doãus pulfavit Apollo
Quam nunc audito conterit interitu.
Sic vi/um eft Superis melior tamen cethera fupra
Translata exuJtat pars fruiturque Deo.
8o
BIBLIO THE C A
Qua terrena erat trmcus manet, atque Cam<Bnc8
Contendmt lacrymis, pullulat tila fuis.
O feu nome exaltarão com diverfos louvores
Joaõ Bautifta Geminian. de Ufur. Comment. i .
ad L. Curabit. Inter recentiores nemtni ]urij-
-Conjultorum Jecundus. Brito de I^ocat. et Cond.
Part. 2. §. 2. n. 8. Egregitis ]uris Civilis Interpres.
Bened. Pinell. Seleã. Jur. Interp. lib. i. cap. 8.
n. I . mature, ac nervo/e, ut folet, tuetur patro-
nus meus Árias Pinellus. Mend. à Caftr. in L.
cum oportet in Decif. oper. de hon. liheror. Inter
illius temporis Jurifconfultos eximius vir litteris,
et ingenio prajlantijjimus miro ac eleganti ftylo
de honis maternis traãatum edidit, ac eleganter
confcripjit. Solorz. de Parricidij crimin. liv. 2.
cap. 17. magni nominis virum. Joaõ Pinto
Ribeiro 'Lufi. ao Dei^. do Paço cap. 3. n. 98.
Denis Simon Nouvel. Biblioth. Hijioriq. et
Chronolog. Tom. i. pag. 243. 'Nous avons
de lui deux Traitès tres-folides. Caldas
Pereira Part. 3. Oper. Emphiteut. cap. 14.
n. 36. Sed parcant mihi manes doãijftmi Pi-
nelli prcBceptoris olim mei in florentijfima
Salmanticenfi Academia, niji me Jujcepti
operis officium necejfitajque compulerit, non
auderem certe tanti viri traditionem carpe-
re. Et Part. 4. cap. 15. in L. íi Curat.
Verb. Lasíis. n. 125. e em outras partes
lhe chama doãiffimus. Manoel Soar. Ribeira
feu difcipulo nas ohfervac. ao Direito Civil
cap. 22. Arius Pinelus homo mehercle miri-
fice et ad traãandum, <& ad docendum jus
natus, e em outro lugar, vir júris intelli-
gentia, ingenij acumine, (0° judicij maturitate
ipjis Jurifconfultis prijcis non inferior. An-
ton. Quezad. in Q,ucbJí. Júris: Egregius
ille fenex Arius Pinelus. Baez. de Decim.
Tut. cap. 14. n. 4. vir Optimus, virtutis ama-
tor injignis ab exaãa deligentia, multaque,
et accurata leãione, et gravitate judicij om-
nia attentius excutientis laude dignus. D.
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 132.
Jurifconfultus egregius. Manoel de Faria, e
Soufa nos Comment. das Rim. de Cam.
Tom. I. pag. 330. o reconhece por bom
Poeta. Joaõ Fernandes na Oraçaõ, que fez
na Univeríidade de Coimbra quando a foy
viíitar o Infante D. Luiz, impreíTa no anno
de 1548. diz. Sed jam tandem júris perito-
rum clajfem, imo vero totam jurijprudentiam
abfolvit Pinellus, non folum júris, fed ]uJliti(B
etiam conjultus. Quantus hic in jure Civili
fit, mox audies Princeps Serenijfime, qui hujus
amplijftmi Ordinis decreto apud te de jure dif-
putabit ea eruditione, et prudentia, qua jam
non femel ex hoc fuggejio propojitis fupra mille
thejibus nominis fui gloria universam Hifpa-
niam implevit.
Compoz.
Ad Rubricam, <& h.. 11. Cod. de refcindenda
venditione Commentarij. Conimbricx apud
Anton. Mariz 1558. foi. & Salmanticse apud
Joan. Bautiílam à Terranova 1568. foi. com
Annotationib. Emmanuel. Soar. da Ribeira.
Venetijs apud Damianum Zenerum 1580. 4.
Cólon. Agrippinas apud Theodorum Bau-
mium 1573. 8. et Antuerpiae apud Joan.
Keerberg. 161 8. foi. Francof. 1696. 8. com
Index feito por feu difcipulo Innocencio j
Sueyro; & ibi ex Officina Egenolphi Emmelij
16 14. 8. RinteU. 1667. 4.
De bonis maternis Commentaria, quibus ma-
téria fuccejjionis jura feliciter explicantur. Conim-
bricíe apud Antonium Maris. 1557. foi.
Venetiis apud Jacobum Cornetum 1586. 8.
Francof. apud Nicolaum BaíTeum 1587. & ibi
apud Egenolphum Emmelium. 1614. 4. An-
tuerp. apud Joan. Keerbergium. 1628. foi.
Eílas duas obras fahiraõ juntas Salman-
ticíe apud Mathiam Gaft. 1573. foi. & An- 1
tuerpiae 1621. foi.
Allegatio pro D. Federico de Portugal.
Salmanticíe 1562. foi.
Allegatio pro D. Saneio Cardona Ara-
gonicB. Salmant. eod. an. foi.
AYRES SANCHES, natural de Lif-
boa donde partio até o Japaõ levado da am-
bição de augmentar as riquezas, que pof-
fuhia, porem vendo os frutos efpirituaes, que j
colhiaõ os Padres Jefuitas naquelle Império, [
lhes pedio com fervorofas inílancias que o \
admitiíTem à fua Companhia para fer partid- [
pante de outros lucros mais preciofos por naõ |
eílarem fogeitos à inconftancia da fortuna. \
Deíle heróico dezejo tomou a poíle no anno
de 1561. quando contava trinta, e dous;
annos de idade. Com incrível trabalho, e I
ardente zelo fe applicou pello dilatado ef-
paço de dezoito annos à cultura daquella
Ji
1
L USITAN A.
8i
vaila vinha, donde colheo copiofos frutos
atrahindo ao fuave jugo do Evangelho as
pil IMloi. .!<) japaò, e convencendo
I .^,1 jut;ii 1(1,1 (los Bonfos. Morreo em
( )mura no anno 1590. com 62. de idade.
I fcrcveo.
Carta e/cri ta tm tíimgp aos IrmaÕs da Com-
fuinhiii de Portugal a ii, de Outubro de 1562.
ihio com outras. Évora por Manoel de
Lyra 1598. foi. Part. i. pag. 10. v.o Coimbra
por Anton. de Maris, 1570. 4. pag. 267.
I raduziíla em Caftclhano pelo Padre Cypriano
Kiris. Coimbra por Joaõ Alvres, c Joaò
Jc barreira 1565. 4. pag. 527. e Alcalá por
Juftn Inigues de Lequerica i $75. 4. a pag. 121.
i cm Latim por Maffco lib. 2. lipiji. Ind.
Jt-lorcntisc apud Philippum Jundlam 1588.
foi. e pelo P. Manoel da Cofta lib. 3. Epift. de
rebus Japonic. Cólon, apud Gcrvinum Calanium
IJ74. 8. a pag. 511. & Moguntia: apud Scbal-
dum Mayer. 1571. 8. a pag. 176. v.o
Carta efcrita de Xiqui a 31. de Outubro
à 1567.
Carta efcrita de Virando a S. de Seítembro
de 1576. Huma, e outra foraõ impreíTas
com outras. Évora por Manoel de Lira 1598.
Prat. I. in foi. a primeira a pag. 247. v.o e a
fcgunda a pag. 373.
Fazem delle mençaõ Sachino Hijl. Societ.
iPlut. 2. lib. 2. n. 129. e Part. 3. n. 129. e Part. 4.
n. 250. Alegamb. Bib. Societ. pag. 89. col. 2.
António de Leon. Biblioth. Oriental Tit. 8.
p. 34.
AYRES DA SYLVA. Naceo em Lisboa,
e foy filho fegundo de Ruy Pereira da Sylva
j Guarda mór do Principe D. Joaõ Pay delRey
D. Sebaíliaõ, Senhor do Morgado de Monchi-
I que, e de Izabel da Sylva filha de Joaõ Fernan-
) des da Sylva. Admiráveis foraõ os progreíTos,
1 que em Coimbra fez nos eíhidos Filofoficos, e
' Theologicos recebendo com univerfal applaufo
o gráo de Meftre em Artes, e de Doutor em
S Theologia em 27. de Julho de 1 5 67. Atendendo
I ElRey D. Sebaíliaõ ao feu grande talento, que
|i fe fazia mais eftimavel pela integridade dos cof-
tumes, o elegeo para huma das bafes fundamen-
taes do Collegio Real de S. Paulo de Coimbra
|de que tomou a beca em 2. de Mayo de 1563.
iDe Reytor defte Collegio paliou a fer da
II
Univerfidade, em cujo lugar foy provido em
19. de Novembro de 1)64. e o exercitou por
efpaço de cinco annos com fumma prudência,
e affabilidade. Por fua direcção inílituhio
na Univerfídade ElRey D. Sebaíliaõ em o
anno de 1568. trinta partidos de vinte mil reis
cada hum para trinta Eíhidantes eíludarem
Medicina. Defgoílofo do governo Acadé-
mico fupplicou ao Cardeal D. Henrique, que
governava o Reyno na menoridade de feu
Sobrinho, que lhe deflc fucceíTor, e atten-
dendo a taò juílifícada fupplica o proveo na
Igreja de Villaflor, da qual foy promovido
para a Epifcopal da Cidade do Porto, onde
entrou em 19. de Mayo de 1 573. com exceíTivo
jubilo das fuás ovelhas. Neíle anno veyo a
Coimbra a reformar a Univerfídade, que tinha
governado com tanta madureza, fendo rece-
bido à porta da Sala, onde tomou o juramento
em 14. de Novembro, pelo Reytor D. Jero-
nymo de Menezes acompanhado dos quatro
Lentes de Prima. O grande conceito, que fa-
zia da fua peíToa ElRey D. Sebaíliaõ o obrigou
para que o acompanhaíTe na infeliz expedição
de Africa, onde exercitando naõ fomente as
obrigaçoens de folicito Paílor, mas de valerofo
foldado, querendo recuperar a artilharia Por-
tugueza ganhada pelos Mouros, acabou glo-
riofamente a vida na prefença do feu Principe
em 4. de Agoílo de 1578. e foy fepultado com
os outros Heróes, que infelizmente acabarão
nefte dia eternamente fatal à Naçaõ Portu-
gueza, onde a fua memoria lhe ferve de hono-
rifico epitáfio. Compoz.
Difcurfo fobre o Cometa, que appare-
ceo em Usboa a -j. de Novembro de 1577.
até 12. de Janeiro de 1578.
Deíle Prelado efcrevem Jeronymo de
Mendoça na Jornada de Africa lib. i. cap. 6,
Manoel de Soufa Moreira Theat. Geneal.
da Cafa de Souf pag. 738. dizendo D. Manoel
de Meneses Obifpo de Coimbra, Ayres da Sylva
Obifpo dei Porto, que en aquel cruento Sacrifício
quii^ieron fer antes Viãimas, que Sacerdotes.
O IlluítriíTimo D. Rodrigo da Cimha Cathal.
dos Bifpos do Porto Part. 2. cap. 37. D. Luiz
Salazar y Caíl. Hijl. dela Cafa de Sylva liv. 8.
cap. 19. lj)gró la primera ejlimacion entre todos
los doãos.... en la dulçura de fu goviemo,
integridad de fus coflumbres experimentaron
82
BIBLIO THE CA
Jus Juhditos un henignijfimo Pajlor. Cabrer.
Hijl. de Filip. 2. liv. 12. cap. 8. pag. 997.
D. Nicol. de S. Maria Chron. dos Coneg.
^eg. Part. 2. liv. 10. c. 15. n. 7. Coneílagio
Union de Portug. a Caftil. liv. 2. foi. 37. Mou-
íinh. de Quevedo Affonf. Afric. Cant. 11.
Fermofo Sjlva, que em Jeu fungue ahjorto
De purpura o Roxeie, Elmo a Tiara,
Fe:^ de Jifacrificio, e lá no Porto
A Deos por quem morreo, facrificara.
D. Jozé Barbofa nas Mem. do Colleg.
Keal de S. Paul. pag. 77. e no Archiathan.
L,ujitan. pag. 120.
Arius antiqua gentis fplendore corujcans
Sylvia ah augufio qua ducit nomen Julo.
Tanta efi egrégio virtus in peãore Pauli
Ut fimul, (& CcBtus, celehris que Academia
legum
Audiat à Sylva veneranda Oracula magno.
Infpice quanta virum jam prcemia digna fequantur.
Praful erit veteris Durius quam concitus Urbis
Fluãifonis fcBcudat aquis, <& vitihus ornat.
Dum tamen implerit Pafioris munia jufti,
Sollicitujque gregem documentis paverit aquis
Mquora Julcahit juvenis Jinuofa Sebajius
Quem rapit incerti fublimis gloria Martis.
Arius occumhet Jocius qui à Rege vocatus
Pro pátria pugnans faãa excequabit avoru.
Mucroni baculus, galece Jacra infula cedet,
Bellica dumq vigil recipi tormenta laborat,
Occumbit morti Lybicis tumulandus arenis.
AYRES TELLES DE MENEZES,
filho fegundo de Fernaõ Telles de Mene-
zes quarto Senhor de Unhaõ, Commenda-
dor de Ourique em a Ordem de Saõ Tiago,
Mordomo mòr da Rainha D. Leonor mu-
lher delRey D. Joaõ o II. e de D. Maria
de Vilhena filha de Martim Affonfo de Mel-
lo Alcayde mòr de Olivença, Guarda mor
dos Reys D. Duarte, e D. Affonfo V. Foy
ornado de admiráveis dotes, que fe illuftra-
vaõ com o efplendor do feu nacimento, fendo
taõ perito na Poefia, como deftro na
Luta, muito ufada naquella idade pelas Pef-
foas da fua Jerarchia, para cujo exercício o
dotou a natureza de forças extraordinárias.
Acompanhou a ElRey D. Joaõ o II. quando
para remédio da infermidade, que padecia,
foy bufcar as Caldas do Algarve, e em
Monchique fe divertio eftc Príncipe vendo
lutar a Ayres Telles fahindo gloriofamente
vencedor de todos os Contendores. Com
grande affefto, e naõ menor fentimento
aíTiftio em Alvor à morte daquelle Monarcha
no anno de 1495. Defenganado das glorias
mundanas fe recolheo à Religião do Patriar-
cha Seráfico, onde acabou piamente a vida.
Fazem memoria do feu nome Refende Chron.
delRej D. JoaÕ o II. cap. 208. e 218. D. Luiz
Salazar, e Caíl. HiJl. Geneal. da Ca/a de Sjlv.
Part. 2. liv. 9. cap. i. pag. 328.
Algumas das fuás Poefias imprimio no
feu Cancioneiro Garcia de Refende impreíTo
em Lisboa por Herman de Campos. 15 16.
foi. e eftaõ a foi. 80. v.^ 149. v.o 145. 150.
152. 154. 176. v.o 177. 178. v.o 179. v.o 181.
v.o 198. e 199.
AYRES VARELLA, natural da Cidade
de Elvas na Provinda do Alentejo. Na Uni-
verfidade de Coimbra depois de eftudar
Direito Pontificio recebeo o gráo de Doutor
neíla faculdade. Sendo Cónego Doutoral
na Sé da fua pátria, e Comiííario da Bulia da
Cruzada, o elegeo por Vigário Geral D. Manoel
da Cunha Bifpo da mefma Diecefe, em cujo
lugar exercitou a juftiça, que era própria de
hum Miniítro Ecclefiaílico. Foy muito verfado
na Hiíloria, aífim fagrada, como profana.
Morreo na fua pátria no anno de 1665. Para
teftemunhar o leal affefto, com que eílimava
os triumfos alcançados pelas noíTas armas
contra as Caftelhanas no tempo, que fe accla-
mou o Sererdífimo Rey D. Joaõ o IV. ef-
creveo.
Succejfos, que houve nas fronteiras de Elvas,
Olivença, Campo major, e Ouguella o primeiro
anno da recuperação de Portugal, que começou
no primeiro de Dezembro de 1 640, e fe^ fim em
o ultimo de Novembro de 1641. Lisboa por
Domingos Lopes Rofa 1642. 4.
Succejfos, que houve nas fronteiras de
Elvas, Olivença, Campo Major, e Ouguella-
o fegundo anno da recuperação de Portugal,
que começou em o primeiro de Dezembro
de 1641. e fez fif» em o ultimo de Novem-,
bro de 1642. Lisboa pelo mefmo ImpreíTor'
1643. 4.
Deixou M. S.
f
■|^Kftftf/r0 dat AMiigfàdades de Elvas com a
Hftoria da ttiejma Cidade, e defcripçaÕ das terras
da Jm Comarca cm folha. G^nílava de féis
'livros. 1. defdt os Celtas feus fundadores até a
f)ojfuirem os Mouros, x. delKey D. AJfonJo
Uenrtifuez até D. Fernando. 5. de E/Rej D.
loaõ I. até D, Affonfo V. 4. de/de L/Rej D.
joaõ o 11, até D. Manoel, j . de/de hlRey D. Joaõ
n III. até Filippe IV. 6. de/de ElRey D. Joaõ
I) IV. até o cerco do Tarracufa. Por carta do
luthor cfcrita cm Elvas a 9. de Janeiro de
1 647. a Jorge Cardofo lhe diz, cílar acabando
eâa obra, da qual efcreve D. Francifco Manoel
'de Mello na i. Part. das Cartas Familiares
tnlitr. 5. Carta 62. Quem muito quiv^er Jaher
(las fuás memorias ( da Cidade de Elvas ) e
mtigualhas fatisfará feu dev^ejo vendo o douto,
diligente Livro, que da fua hifloria tem compoflo
o Doutor Ayres Varella filho benemérito daquella
I Cidade, Governador do feu Bifpado, e Vi-
Igjtrio Geral delle, e na Carta. i. da Centur.
|. muito di^o de eflimaçaõ em todos feus ef-
ritos fejaÕ relaçoens, ou antiguidades.
Vita D. Sebafliani de Mattos de Noro-
I nba Epifcopi Elvenjis. Cujo original fe con-
Icrva na Livraria do Conde de Vimieiro como
í tcftemunha o Excellentifnmo Conde da Eri-
[ ccira no Cathalogo, que fez dos Aí. S. da-
quella Livraria, e fahio parte delle impreíTo
1 DA Colleçaõ dos Documentos da Academia Real
fio anno de 1724.
Genealogia de todas as familias do Bifpado
de Elvas, a qual fe confervava em poder de
i Diogo Gomes de Figueiredo, que foy muito
r douto neíle género de eíludo.
D. ALBERTO DA ASSUMPÇAM
FRIQUE, filho de Joaõ Frique, e D.
Qara Piper naceo em Lisboa a 16. de Ju-
I nho de 1691. Recebeo o habito de Cónego
I Regrante de Santo Agoílinho no Convento
da Serra da Cidade do Porto a 6. de
Mayo de 1706. Depois de efhidar Filofofia,
\ e Theologia no Collegio de Coimbra com
I grande credito do feu talento fahio a fer
Reytor da Igreja de Saõ Salvador de Pena-
joya no Bifpado de Lamego, de que tomou
pofle em 29. de Julho de 1725. cujo minif-
terio exercita com zelo de vigilante Paiior,
naõ fendo inferior a efte o que manifeíla no
LUSITANA.
83
púlpito com grande applauío dos ouvintes.
Imprimio.
Orafod fufubre prè^ula na Santa Sé dê La-
megí nas Exeqtdas do Excellentifftmo D. Nuno
Alvares Pereira de Mello, primeiro Duque do
Cadaval, quarto Marque:(^ de Ferreira, quinto
Conde de Tentúgal e^r. mandadas celebrar por
feu filho o lllujlrijfimo, e Reverendijftmo D. Nuno
Alvares Pereira de Mello Bifpo de Lamego em 19.
de Fevereiro de 1727. Coimbra por Manoel
Carvalho 1727. 4.
OrafaÕ fúnebre pregada no Convento de Jefus
Alaria Jofeph das Religiofas de Santa Clara de
Barro, nas Exéquias de D. Nuno Alvares Pe-
reira de Mello primeiro Duque do Cadaval em
28. de Março de 1727. Coimbra por Bento
Ferreira Seco 1727. 4.
D. ALBERTO CAETANO DE H-
GUEYREDO. Naceo na Villa de Santarém
a 24. de Mayo de 1699. e teve por Pays a
Manoel de Figueiredo Vaz, e Mariana da
Cofta. Na idade da adolefcencia foy admittido
à Religião dos Clérigos Regulares, e na Caía
de N. Senhora da Divina Providencia defta
Corte recebeo a Roupeta a 8. de Abril de 1720.
donde a 13. do dito mez partio para a índia, e
na Cafa de Goa, fez a profiíTaõ folemne a 22.
de Setembro de 1721. Pelo efpaço de quator-
ze armos exercitou com igual zelo, que fruto
dos ouvintes o apoftolico miniílerio de Mif-
fionario, atè que voltando para o Reyno me-
receo naõ fomente pela fua aíFabilidade fer
elevado ao lugar de Prepofito, que aéhial-
mente exercita, mas a eftimaçaõ pelo talento,
que tem para o púlpito, de que he teftemimha
a feguinte obra.
Panegyrico Fúnebre nas Exéquias de JoaÕ de
Soífí(a Mexia Cavalleiro profejfo da Ordem de
Cbriflo, Secretario da Junta da Serenijfima Cafa
de Bragança, e do Infantado, e Efcrivaõ da Fa-
^enda da mefma Cafa celebradas pela Mefa do
Santijfimo Sacramento da Fregue;(ia das Mercês
a 24. de Julho de 1738. Lisboa na Officina Syl-
viana da Academia Real. 1738. 4.
Fr. ALBERTO DE FARIA, e naõ de
Farias, como lhe chama Nicoláo António in
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 5. col. i. e preterido
por Fr. Manoel de Sá nas fuás Memor. Hijor.
84
BIBLIOTHE CA
dos Efcrit. Poríug. do Carmo, cujo habito re-
cebeo na Província de Portugal, onde apren-
deo Filofofia, e Theologia, e fahio taõ douto
neílas faculdades, que o julgou digno Fr. Joaõ
Bautiíla Rubeo Geral da Ordem quando no
anno de 1556. andava vifitando as Províncias
de Efpanha, de o levar em fua companhia
para que as diftaíTe em Andaluíia, fendo o
primeiro Meílre, que neíla Província leo Theo-
logia, como affirma Manoel de Faria, e Souza
na Europ. Portug. Tom. 3. Part. 4. cap. 8.
n. 102. o qual miniílerio exercitou com geral
acclamaçaõ, ou foíTe enfinando, ou arguindo.
A grande opinião que corria da profundidade
das fuás letras moveo a D. Pedro Giron Du-
que de Oííuna para o nomear Lente de Ef-
critura na Univeríidade de OíTuna. Occupou
os mayores lugares da fua Ordem, fendo duas
vezes Provincial; a primeira no anno de 1571.
e a fegunda no anno de 1596. Depois de tole-
rar com paciência huma dilatada infermidade
cheyo de merecimentos com mais de 80. annos
morreo em Valladolid. Delle fe lembraõ
Marco António Alegre in Parad. Carm. Dec.
Imbonat. in Bíb. Laf. Hebraic. pag. 300. n. 914.
Jacobo Lelong. in Biblioth. Sacra pag. 721.
col. I. Deixou M. S.
Kerum Theologicarum duo Volumina. foi.
Dialogorum Volumen in quibus SanãcB Scrip-
tur<2 Hebraifmi, <& GrcBciJmi Jatis Jubtiliter eno-
dantur. foi.
D. ALBERTO DE S. GONÇALO, ve-
ja-fe D. ALBERTO DA SYLVA.
Fr. ALBERTO DE S. JOSEPH na-
tural do Lugar de Porto de Mòs, do Bifpado
de Leyria. No Real Convento de Alcobaça
veílio a Cogulla Ciílercienfe em 24. de Feve-
reiro de 1668. Pela grande capacidade de
que era dotado para tratar os negócios per-
tencentes à fua Congregação foy eleyto Pro-
curador Geral, cujo lugar adminiílrou por
muitos annos com fummo zelo, e cuidado.
Naõ foy menor o difvello que praticou no
minifterio de Carturario revolvendo com in-
canfavel trabalho as Efcrituras, e documentos
do Archivo de Alcobaça para delles extrahir
as obras feguintes, que M. S. nelle fe con-
fervaõ.
Eivro das Sentenças, e outros papeis necef-
farios. foi.
Regimento para o Reverendo D. Abbade Ge-
ral dejle Mojleiro de Alcobaça fav^er as eleiçoens
das Jujliças, Capitaens das Companhias, e outros
Officiaes da Milicia. foi.
Fr. ALBERTO DA NATIVIDADE.
Naceo na Cidade de Évora, e profeíTou o
Inftituto de Carmelita Calçado, do qual naõ faz
mençaõ Fr. Manoel Sá nas fuás Mem. hijl. dos
Efcritores defia Provinda. Foy Meftre de Theo-
logia na Univeríidade de Coimbra, e Reitor
do CoUegio do Carmo da mefma Cidade, onde
diâou aos feus domefticos as fciencias Efcolaf-
ticas com grande credito do feu nome. Com-
poz.
De Jujlitia Dei, cuja obra naõ fahio à luz
publica por lho impedir a morte.
D. ALBERTO DA SYLVA. Naceo na
Villa de Amarante em o anno de 1635. e teve
por Pays a Francifco da Sylva de Vafcon-
ceUos, e a D. Maria da Pinha Pinto defcen-
dentes das mais nobres Famílias da Provinda
de Entre Douro, e Minho. Na tenra idade
de quinze annos recebeo o Canónico habito
de S. Agoílinho em o Real Convento de Saõ
Salvador de Grijò a 16. de Março de 1650.
onde em obfequio de Saõ Gonçalo feu iníigne
patrício tomou por apeUido o nome defte
Thaumaturgo Portuguez, que depois mudou
em o da fua familia, quando foy aílumpto a '
Arcebifpo de Goa. Foy dotado de huma vi- ■
vefa extraordinária para comprehender as
difficuldades aíTim da Filofofia, como da
Theologia, de tal forte, que todo o tempo que
frequentou as Efcolas ou como difcipulo, ou
como Meílre mereceo univerfaes applaufos.
Tendo exercitado o lugar de Procurador \
Geral da fua illuítre Congregação, de Prior »
do Real Convento de Saõ Vicente duas vezes,
e de iníigne Pregador nos mais authorizados
Púlpitos deíla Corte o nomeou, em atenção
aos feus grandes merecimentos, a Mageftade
delRey D. Pedro II. Arcebifpo Primaz do
Oriente, cuja dignidade naõ permitio a morte,
que a adminiUraíTe mais que pello breve ef-
paço de hum anno, como confta do Epitáfio,
que fe vé gravado na fua fepultura, que efta
L USITANA.
85
IO Presbitério da Capella Mór da Cathedral
l(- Goa neílas palavras.
Sepnltnra de D. Alberto Ha Sylva Conejip Ke-
rante de Santo Ajipjlinho, Arcebifpo Primas da
ndia. C.hefipu do Keyno a tjlt Eflado aos 21. di
vtttítmbro de 1687. Valleceo aos 8. dt Abril
\k 1688. Depois do Jeit óbito fahio para Cover-
mànr de/te lijlado.
Publicou com o nome de D. Alberto de
.10 (ionçalo.
SermaS pregado no Convento de SaÒ Domingos
WjU Cidade na fejía, que fe fe:(^ da Beatificação do
rjnde Summo Pontifice Pio V. em 9. de Outubro
1^1-2. Lisboa por Francifco Villela. 1673.4.
ALEIXO DE ABREU. Naceo no lugar
lias Alcáçovas da Província do Alentejo.
jSendo de nove annos paíTou à Univerfidade
\it Évora, onde aprendeo a lingua Latina,
IRhetorica, e Filofoíía, cm cuja faculdade rc-
ibebeo o grào de Meílre. Mais obediente à incli-
nação do génio, que à vontade de feu Pay
irtío para Coimbra a eftudar Medicina donde
atisfeito com o eftipendio Real, que fe cof-
biina dar aos Eíludantes pobres, ouvio aos
Ibaayores profeíTores daquella arte, fendo o
principal Balthezar de Azeredo, que era o
jHipocrates daquella idade, e fez nella taes
progreíTos, que com univerfal aclamação re-
bebeo o gráo de Licenciado. Com igual for-
tuna, que fciencia começou a exercitar eíla
|Arte na Província do Alentejo, como na Corte
tíc Lisboa, merecendo, que o elegeíTe para feu
Medico AiFonfo Furtado de Mendoça, quando
foy governar o Reyno de Angola. Nefte clima
ítaõ nocivo à confervaçaõ da faude obrou curas
•jptodigiofas naõ fendo menos capaz para curar
"OS corpos, de que para manejar as Armas, pois
quando fe offerecia alguma occafiaõ militar
fearercitava as obrigaçoens de valerofo Soldado,
íc prudente Capitão, como em feu applaufo can-
tou D. Francifco Manoel
Alas em tanto conjidero
Qual más deve a tu valor
Por Soldado, y por Doãor
Si la pluma, Ji el a^^ero.
Pues, que unoj otro eftado
Cabe en un fujeto Joio
Talve^fiendo armado Apolo;
Talve^ Marte graduado.
PaíTados nove annos fe reílituhio a Lisboa,
em 1606. onde curando com fumma felicidade
muitos achaques rebeldes, e inueterados, foy
eleyto Medico da Gamara delRey Felipe IIL
Padecendo huma perigofa infermidade no
anno de 161 4. fendo defamparado pelloa
Médicos por incurável, elle mefmo fe
curou, e perfeitamente convaleceo manifeí-
tando os males, que padecera no titulo defta
obra.
Tratado delas fie te enfermedades de la inflam a-
cion univerfal dei higado, firbo, Pilderon,y rinones,
y dela obflrucion dela fitiarit(i, y febre maligna, y
pajfion bypocondriaca. Lisboa por Pedro Cras-
beeck. 1622. 4.
No fim defte livro traz hum tratado do mal
de Loanda fendo o primeiro Portuguez que
delle efcreveo. Morreo em Lisboa no anno-
de 1650. com 62. de idade. Eílá fepultado no
Clauftro do Convento de Lisboa dos Religio-
fos Capuchos de Santo António com eftc
epitáfio.
Sepultura do 'Licenciado Aleixo de Abreu,
e feus herdeiros. Medico de fua Mageftade, e defte
Convento.
He numerado entre os infignes Médicos
por D. Francifco Manoel na Carta efcrita a
Manoel da Fonfeca Themudo.
Fr. ALEIXO DE SANTO ANTÓNIO
natural da Villa de Punhete do Arcebifpado
de Lisboa. Depois de alcançar o gráo de Ba-
charel na faculdade dos Sagrados Cânones em
a Univerfidade de Coimbra recebeo o Habito
da Ordem Regular, e Militar de Chriílo no
Real Convento de Thomar a 6. de Janeiro de
1583. Por fer verfado em todo o género de
virtudes foy eleyto Meílre dos Noviços, cujo
miniílerio exercitou pelo largo efpaço de trinta
annos com grande credito da fua Peííoa. Foy
Reytor do Collegio de Coimbra, e Definidor
da Ordem. Quando as fuás graves occupa-
çoens lhe permitiaõ algum defcanfo, fe ocupa-
va na liçaõ dos livros, em que achava o feu
único alivio. Morreo no Convento de Tho-
mar na proveda idade de noventa annos a 7.
de Dezembro de 1648. Compoz.
Commentarios fobre os Evangelhos, que fe
coftumaÕ cantar na Igreja Romana nos Domingos
do Advento, e da Septuagefima até a Dominga
86
BIB LIO THE CA
Ae Vajchoa; como também em algumas Ferias, e
Feftividades de Santos. Coimbra por Diogo
Gomes Loureiro 1610, 4.
Filofofia moral colhida dos Provérbios. Coim-
bra pelo mefmo ImpreíTor 1640. 4. Delle
faz memoria António Carvalho da Coíla
Corograf. Port/ig. Tom. 3. Trat. 4. cap. i.
pag. 162.
Fr. ALEIXO COTRIM Religiofo da
Militar Ordem de Chriílo no Real Convento
de Thomar taõ infigne na Theologia, como
na intelligencia da Sagrada Efcritura, de
que faõ teftemunhas as obras feguintes, de
que faz mençaõ António Carvalho da Coíla na
Corog. Vort. Tom. 3. Trat. 4. cap. i. pag. 162.
Commentaria in Uvangelia. Foi. M. S.
Discurfos fobre as Domingas da Qtiarejma.
M. S.
D. ALEIXO DE MENESES foy filho
de D. Pedro de Menefes primeiro Conde de
Cantanhede, e de fua fegunda mulher D. Bea-
triz de Mello filha do Chanceller mór Ruy
Gonçalves de Alvarenga. Ainda que naõ
fora taõ fecunda a illuílre, e antigua arvore
dos Menezes bailava eíla única producçaõ
para fervir de Coroa à portentofa fertilidade
de feus frutos. Querendo a naturefa formar
na fua peíToa huma perfeita imagem da heroy-
cidade difpoz, que fahiíTe à luz do mundo em
terceiro lugar, fervindo-lhe a formação de dous
Jrmaõs, que lhe precederão, de enfayo para
acertar em huma obra, que lhe cuflava tanto
difvelo. Naõ foy menor o engenho com que
a Graça, em emulação da natureza, ornou o
feu efpirito, communicando-lhe todo o gé-
nero de virtudes, que religiofamente pra-
ticou defde a infância até a ultima idade,
pellas quaes fe fez digno da veneração dos
Príncipes, e do refpeito dos Grandes. Ainda
contava poucos annos, quando colheo glo-
riofas palmas na celebre Conquilla de Azamór
confeguida no anno 15 13. em cuja expedição,
que foy o preludio das fuás militares proefas,
naõ fomente fe oílentou companheiro, mas
emulo do valor de feu grande Tio D. Joaõ
de Menezes. Depois de ter aíTombrado a
Africa com acçoens dignas do feu nacimento
bufcou mayor theatro para exercitar os
marciaes efpiritos, que lhe animavaõ o peito,
paíTando à índia com o Governador Lopo
Soares de Albergaria, onde occupando o
poílo de Capitão de huma efquadra de outo
navios, em que difcorreo pela Coíla da Ará-
bia, e fer Almirante da armada, que no mar
roxo foy bufcar ao Soldaõ da Babilónia,
fe coroou com multiplicados triumphos, já
na Conquiíla de Zeila na Coíla da Etiópia, já
obrigando a ElRey de Bintaõ a levantar o
cerco de Malaca tomando-lhe para teíle-
munha da viíloria o Forte de Muar guarne-
cido com fetenta peças, já no Socorro de
Coulaõ reduzido ao ultimo perigo. Carre-
gado de tantos trofeos fe reílituhio ao Reyno,
onde conhecendo ElRey D. Joaõ o III. que
era igual a capacidade do feu juizo à valentia
do feu braço, o mandou paíTar fegunda vez
a Africa para reformar, e prover os prefidios
de Arzilla, Azamór, e Tanger, de que eraõ
Capitaens D. Joaõ Coutinho Conde do Re-
dondo, o Conde do Prado, e D. Álvaro de
Abranches, cuja commilTaõ executou com
fumma prudência. A fama das proefas, que
obrara no Oriente, o habilitou para fer eleito
Governador de taõ grande Eílado, cujoa u-
thorizado lugar naõ exercitou por querer |
D. Joaõ o III. fervir-fe do feu talento em
outros miniílerios, de que refultava mayor
gloria à Coroa, como foraõ fer Embaxador
à Mageílade Cefarea de Carlos V. e concluir
no anno de 1542. os auguílos defpozorios
da Princeza D. Maria com o Príncipe de Caf-
tella D. Filipe fendo Conduâor deíla Senhora
com o lugar de feu Mordomo mór. Naõ
he fácil de explicar a grande eílimaçaõ, que
o Cefar Auílriaco, e FiUpe II. fizeraõ da fua
PeíToa chegando a tal exceíTo, que por nomea-
ção deíles dous Monarchas foy eleyto Padri-
nho do Príncipe D. Carlos, o qual para nunca
fe efquecer da veneração de que era digno o
mandava vifitar todos os annos. Naõ houve
lugar honorífico para que o naõ achaíTe capaz r
a eleyçaõ delRey D. Joaõ o III. nomeando-o
Ayo de feu filho o Príncipe D. Joaõ, que
eUe modeílamente recufou lembrado do agudo
fentimento, que ainda confervava pela intem-
peíliva morte da Princeza D. Maria. O mefmo
Monarcha o creou Mordomo mór de fua
Efpofa a Raynha D. Catherina, cujo offido
L USITANA.
87
Iminiftrou com Aimnift gtAvidade. Ultitna-
I icntc deixou o mcfmo Prindpe por legado po-
ttico no feu Teftamento, que foíTe Ayo de feu
^eto o Príncipe D. Sebaftiaõ querendo ainda
lepois de morto eternizar o nobre conceito, que
l/era quando vivo dos merecimentos de taõ
t ande Va/Talo. Neíla incumbência defcobrio
f)t mayorcs dotes de que fe ornou o feu cfpi-
rito intentando formar naquellc Príncipe entre-
is ao feu vigilante cuidado huma perfeita Ima-
( m da Magcftade infinuandolhc com afTeéhiofa
iidelidade, e grave madureza os díélames necef-
fifios para abraçar as virtudes, e abominar os
vidos, de que coílumaò fer fautores os Palacia-
nos. Muitas vezes fe valia da feveridade para re-
pdffiir os violentos impulfos daqueile Príncipe,
que já em idade taõ tenra degeneravaõ em ex-
oeflbs; em outras uzava de benevolência atrahín-
dolhe fuavemcntc a vontade quando repugnava
ceder da fua obftínaçaõ. Como fempre atendeo
mais pella gloria do Reyno, que pella própria
convcnicncía, nunca aceitou mercê alguma
affirmando, que em quanto foíTe Ayo delRey
D. Sebaftiaõ, naõ pediria, nem aceitaria algum
premio por naõ fe atribuir menos ao feu mere-
tímcnto, que à liberalidade Real. Defte heróico
defintereíTe fera eterno teftemunho a fingular
modeftía com que recufou o Condado de Villa
de Rey dizendo, que era pobre para taõ autho-
rizado titulo poíTuindo unicamente a Alcay daria
mdt de Arronches, que fe lhe deu em fatis-
façaõ de huma Comenda, que fe tirara a feu
falho. Foy valerofo Capitão, prudente Emba-
Iczador, confummado Politico, e em taõ di-
vetfos minifterios preferio a honra ao inte-
refle, a benevolência à feveridade, e a verdade
«a lizonja. Feliz feria o reynado delRey D. Se-
baftiaõ fe por mais tempo fora difcipulo da
[fua efcola, mas como eftava determinada
por mais alta providencia a ruina daqueile
Príncipe, permitio, que lhe faltaíle taõ grande
Vaffido, que cheyo de virtudes, e de annos
^acabou a vida traníitoria para começar a
1^ eterna em 7. de Fevereiro de 1569. Foy ca-
jfado duas vezes, a primeira com D. Joanna
de Menezes fua Sobrinha filha de D. Henrique
, de Noronha, de cujo defpozorio teve a D. Lui-
[za de Menezes, que cafou com D. Pedro de
■ Menezes outavo Senhor de Cantanhede, a qual
morreo de parto fem filhos. Dezejãdo ElRey
D. Joaõ o m. que fe etemizaíTe a memoria
de D. Aleixo na poftcridade, ficando reprodu-
zido na fua defcendencia, lhe ordenou que
paíTaíTe ft fegundas vodas, quando contava
7j. annos de idade. Obedeceo ao Real pre-
ceito cazando com D. Luiza de Noronha
filha de D. Álvaro de Noronha, de quem
teve numcrofa fuceíTaõ fendo o primogénito
D. Luiz de Menezes, que na florente idade de
vinte, e trez annos acabou infelizmente na
batalha de Alcácer: o fegundo foy D. Álvaro
de Menezes pagem da Campainha delRey
D. Sebaftiaõ, que cafou com D. Violante de
Távora filha de D. Vafco da Gama Conde da
Vidigueira; terceiro D. Pedro de Menezes,
que dcfprezando o mundo fe recolheo na
Religião dos Eremitas de Santo Agoftinho,
do qual logo faremos larga mençaõ. A eftes
três filhos feguíraõ duas filhas, que foraò
D. Beatriz, que morreo na infância, c D. Meda,
que cafou com D. Luiz Coutinho quarta
Conde do Redondo.
Notáveis foraõ os pareceres políticos, que
em diverfas occafioens compoz D. Aleixo
de Menezes, em que fe defcobrio fempre a
re£lidaõ do feu juifo, e a fidelidade do feu
zelo, aífim para a boa educação delRey
D. Sebaflúaõ, como para augmento, e confcr-
vaçaõ defta Monarchia, dos quaes unicamente
chegarão à noíTa noticia os feguintes.
Vofo acerca da qualidade da Pejfoa, que devia
fer eleita para Meftre delKey D. SebaJliaÕ Impreílo
na Chron. dejle Príncipe, que fahio em nome de
D. Manoel de Menezes cap. 25. Lisboa na
Officina Ferreiriana. 1730. foi. e nas minhas
Memor. Hijl. delRej D. Sebajl. Part. i. liv. i.
cap. 15. n. 131. que fahiraõ em Lisboa por
Jozé António da Sylva. 1736. 4.
Difcurfo acerca de ter fido eleito por Cõ-
fejfor delRey D. Sebafiiaõ o P. Lmíz Gon-
Jalves da Camera, que era feu Mefire. Im-
preíTo na Chron. já allegada. cap. 113. e nas
minhas Memor. Hifi. liv. 2. cap. 22. n. 166.
defde pag. 620. até 628.
Praãica feita a ElRej D. Sebafiiaõ no
dia antecedente ã fua Coroação. Sahio im-
preíTa na Chron. allegada cap. 126. e na Hif-
toria Sebafiic. liv. i. cap. 16. compofta pelo
Reverendiflimo Padre Fr. Manoel dos San-
tos Monge Ciftercienfe Chronifta de Sua
88
BIBIIO THE CA
Mageílade, e Académico Real, impreíTa
Lisboa por António Pedrofo Galraõ 1735.
foi. o qual efcreve no liv. i. cap. 2. da dita
Hiíloria. D. Aleixo de Menev^es de idade madura,
e eapa^ da importante confiança, que fit(eraõ do
Jeu juiv^o os dous Príncipes ( D. Joaõ o III. e
Carlos V. ) porque fqy de grande valor nas armas,
difcreto, e prudente nas acçoens politicas. Fran-
cifco de Santa Maria no Anno Hijioric, e Diar.
Portug. pag. 170. e 171. Foj de grande
modejiia, e temperança, como bem mofirou
naõ querendo aceitar o titulo de Conde de
Villa de Rej; e fallando da Praftica que
fizera a ElRey D. Sebaftiaõ diz que corria
rom fingular ejiimaçaõ nas mãos dos curiofos.
D. Fr. ALEIXO DE MENEZES, ou de
JESUS, foy hum dos Aftros, que illuftraraõ
a famofa Cidade de Lisboa, onde naceo em 25.
de Janeiro de 1559. Foraõ feus illuftres Pays
D. Aleixo de Menezes Ayo de ElRey D. Sebaf-
tiaõ, de quem aíTima fizemos larga, ainda que
diminuta memoria, e D. Luiza de Noronha
iilha de D. Álvaro de Noronha Capitão de
Azamor. A primeira efcola, que frequentou,
foy o Palácio, onde pela innocencia dos cof-
tumes, e affabilidade do génio lhe era fumma-
mente affeéto ElRey D. Sebaftiaõ, mas con-
fiderando, que daquella paleftra andavaõ
fugitivas as virtudes, fe deliberou a defprezar
todas as efperanças fundadas no efplendor do
feu nacimento, e na inclinação do feu Príncipe,
bufcando para taõ heróica refoluçaõ, fomente
configo confultada, a illuftre Religião dos
Eremitas de Santo Agoftinho, onde no Con-
vento de N. Senhora da Graça de Lisboa
recebeo o habito em 24. de Fevereiro de 1 5 74.
das mãos de D. Fr. Agoftinho de Caftro, a
■quem fuccedeo na dignidade Primacial de
Braga. Notável foy a confternaçaõ, que caufou
nos feus parentes efta deliberação de D. Aleixo,
chegando a taes exceílos, que o queriaõ def-
pojar violentamente do habito, porem toda
efta tormenta fe ferenou coníiderando com
mayor reflexão, que naõ tinhaõ dominio nas
acçoens de hum filho, que já eftava adoptado
por outro mais illuftre Pay. Em o Novi-
ciado fe moftrou taõ exaâo obfervador
dos Eftatutos, que fervia de eftimulo, e de
confuzaõ aos feus companheiros. Depois de
profeíTo, quando contava dezoito annos,
paíTou a Coimbra para fer inftruido nas facul-
dades de Filofofia, e Theologia, onde crecia
igualmente no eftudo das letras, que no exer- t
cicio das virtudes, preferindo fempre a fciencia '
dos Santos a todas aquellas, que tem a fua raiz
na gloria mundana. O talento do juizo acom-
panhado da innocencia da vida o fizeraõ
fubir a diverfos lugares da Ordem, como foraõ
Prior dos Conventos de Torres Vedras, Santa-
rém, e Lisboa, e ultimamente a Difinidor. Co-
nhecendo Filippe Prudente as qualidades herói-
cas, que fe veneravaõ na fua peííoa, o nomeou
Arcebifpo de Goa para com as luzes da fua
fabedoria allumiar o berço do Sol. Repugnou
por algum tempo aceitar efta dignidade, até que
obrigado do preceito Real foy fagrado a 26. de
Março de 1 595. no Convento de N. Senhora da
Graça, e recebeo o Pallio das maõs do Arce-
bifpo de Lisboa o Illuftriffimo D. Miguel de
Caftro. Sem dilação partio para a índia, e che-
gando profperamente a Goa em Settembro de
1595, começou a exercitar as obrigaçoens Paf-
toraes pregando com elegante efficacia, confef-
fando com ardente charidade ainda àquelles,
que eftavaõ prezos, ou que remavaõ nas galés,
e celebrando Synodo Provincial, com que
fe reformarão muitos abufos, que a Uberdade
militar inficionada com a comunicação dos
Gentios tinha introduzido no Oriente. Levan-
tou dous recolhimentos para nelles fe confervar
inviolável a honeflidade das donzeUas. Fundou
o Convento de Santa Mónica de Goa, para
cujas Religiofas compoz as Conftituiçoens,
nas quaes eftá refpirando o ardor do feu pruden-
tiffimo efpirito. Naõ fe Umitou o feu apofto-
hco zelo ao Continente de Goa, antes parecen-
do-lhe pequena esfera para o fagrado fogo, que
lhe ardia no coração, fe dilatou pelo immenfo
efpaço das Regioens Orientaes. Aos mora-
dores de Socotorá, em o nome Chriftaõs,
e na profiíTaõ Gentios, mandou dous Minif-
tros Evangélicos para os inftruir na Fé do
Crucificado, e deftinou outros dous para
illuftrar a cegueira dos Scismaticos chama-
dos de S. Joaõ fituados nos confins da Ará-
bia Deferta, os quaes com o feu Patriarcha
abjurarão os delírios da fua crença. Suften-
tou na Fê Romana aos Abexins defcenden-
tes dos Chriftaõs, que acompanharão ao
y
L USITAN A.
89
infigne Capitão D. Qiriftovad da Gama quando
loraõ focorrer ao Emperador daquelle Eíhulo.
Coin as faudavcís aguas do Bautiímo purificou
as manchas de quatro Príncipes Orícntaes.
Ivntrc taõ illuílres acçoens, que obrou o feu
y^clo padoral, certamente a mayor foy, a que
IH-iloalmcnte emprendeo, e felizmente confc-
^uio reduzindo na Serra do Malabar ao grémio
(la Igreja Romana os Chríílaõs de S. Thome
.líTtm chamados por ferem defcendcntes da-
(]uclles, que ouvirão a pregação deílc grande
Apoftolo. Viviaò eftes obedientes ao Patriar-
cha de Babilónia profeííando os rcifmaticos
erros de Ncílorio, e Eutiches, e negando a
obediência ao Pontífice Romano. Efta diffi-
cultofa cmpreza inutilmente intentada pelos
Mifpos de Cochim, e os MiíTionarios da
Religião Seráfica, Dominicana, e Jcfuitica, glo-
riofamcntc a concluyo triumfando de todas as
ilifficuldadcs, que fe oppunhaõ a taõ fagrado
intento, pois armado de invida paciência,
ulmiravel conftancia, incanfavel difvelo, e
ardente charidade naõ fem patente aíTiftencia
do divino auxilio, rendeo ao Sólio do Vaticano
u) Patriarcha da Arménia com féis Bifpos
Icifmaticos, fendo congratulado por acçaõ
taõ Religiofa com agradecidas expreíToens
pela Santidade de Clemente VIII. em hum
Breve expedido em o i. de Abril de 1599.
Depois de reduzidas tantas ovelhas ao rebanho
do divino Paílor celebrou Synodo em Diamper,
cm que eílabeleceo determinaçoens neceíTa-
rias para a adminiftraçaõ dos Sacramentos,
c reforma dos coílumes. Naõ foraõ inferiores
as acçoens, que obrou no governo temporal,
como no efpiritual, promovendo com igual
vigilância os augmentos da Religião, que os
do Eftado. Por efpaço de quatro annos o
governou com fummo difvelo, de que foraõ
felices confequencias livrar a Malaca, e Mo-
çambique da ultima oppreíTaõ a que eílavaõ
reduzidas pelos Olandezes, e fer a principal
caufa de que foíle totalmente derrotado o
Cunhale obftinado inimigo do nome Portu-
guez. Tendo illuftrado o Oriente com os rayos
das fuás virtudes paíTou a brilhar com a mefma
intenfaõ no Occidente admirando-fe em dous
Poios diametralmente oppoftos a benéfica
efficacia dos feus influxos. Sentado na Ca-
deira Primacial de Braga de que tomou
poííe em 8. de Agofto de 161 1. exercitou
taes virtudes, que pareciaõ exceder as praâi-
cadas pelos Prelados da primitiva Igreja.
Movido da oppre/íaô, que padeciaô as fuás
ovelhas, partio a Madrid, onde foy benevola-
mente recebido por ElRey, que o nomeou
Vicerey de Portugal, cujo lugar aceitou com
beneplácito de Paulo V. O meímo Príncipe
o fez Prefídente do Confelho de Portugal,
Capellaò mór, e Governador do Priorado de
Guimaraens, cujas dignidades naÕ logrou
por muito tempo. Jufto era, que correfpon-
deíTe huma feliz morte a vida taõ fanâiíicada,
e aífím conhecendo fer chegado o feu termo
depois de tolerar com grande paciência as
molecias da infermidadc, pedio o Viatico, c
Extrema unçaõ, e recebidos cíles Sacramentos
com devota ternura proferindo o cântico Nmc
dimittis fervum tuum Domine entregou o efpiríto
nas mãos do feu Crcador em 3. de Mayo
de 161 7. quando contava 58. annos, trez
mezes, e onze dias de idade. Foy depofitado
o corpo na Sancriftia do Convento de S.
Fillippe de Madrid donde fendo achado incor-
rupto foy transferido paíTados quatro annos
para o Convento do Populo da Cidade de
Braga, em cuja Capella mór ao lado da Epiftola
tem gravado no tumulo efte epitáfio.
llUtftrijftmo, €>• Keverendijftmo Domino D.
Fr. Alexio de Meneses Augtíjlinienji, Archie-
pifcopo, ac domino Bracharenji, Indiarum olim,
pojlea Hijpaniarum Primati, Orientis Guber-
natori, 'Lujitanice Proregi, Supremi Concilij Pra-
Jidi, Catholica Majejlatis ArchiCapellano, Chrif-
tianorum D. Tòoma apud Malavaricos ad Komanig
Hcclejia obedientiam reduãori, viro religione, ac
fidei :(elo illuftri grati clientes memoriam
pofuére anno D o mini 1628. lllufirijfimo ac
Keverendijftmo Domino D. Roderico de Acunha
Archiprajule. Ohiit Matriti 3. Maij 161 7.
annum agens 58.
As acçoens defte infigne Prelado efcreve-
raõ o IlluílriíTimo Cunha Hijl. Ecclef. de
Braga Part. 2. cap. 96. até loi. D. Fr.
António de Gouvea afiim na Jomad. do
Malabar, como na Dedicaf. das Kelac. da
Perf. Fr. Agoft. de Santa Mar. na Prefac.
à Hiji. da Fundac. do Conv. de Santa Mon.
de Goa defde pag. 4. até 61. Fr. Franc.
Camarg, in Chronol. Sacr. ann. 1590. cias.
ÇO
BIBLIO THE CA
i6. pag. 318. 319. e 520. Torres Comp.
de Var. illuft. de Santo Agojl. Cent. 6.
cap. 48. Herrer. in Alpab. Auguft. Fr.
Pedro Calvo Def. das Lagrimas dos Juji.
Part. 2. cap. 12. Fr. Antonius à Purif.
de Viris Illujl. Ord. D. Aug. Lib. i. cap.
25. Humilitate, (ò" commijeratione, ac lihe-
ralitate in pauperes admirahilis, ac proinde
Janãitatis odore notijfimus. Gil Gonçale2 de
Ávila no Theat. de Madrid liv. 2. cap. 2.
p. 243. ¥ue Virey en la Índia, y efiando
ala vifta de tan immenjas riquer^as no traxo à
E/pana de todas ellas quando ElRej Felipe III.
le dia el Arçobifpado de Braga mas, que dos
relaciones, una de averlas vifio, y otra para
el mas glorio/a, que contenia la multitud de
almas, que dexô alifiadas por verdaderas hijas
dela Iglejia. Thomas Gracian in Anajias.
Auguji. lit. A. p. 15. Vir omni laude major,
aterna memoria dignus, <& cujus paucos pares
hahuit Ordo Augufiinianus ; doãrina, prudentia,
guhernandi peritia, vitcB Sanãitate Jpeãabilis,
ratione agendi cum infidelihus Jcismaticis har-
baris ad miraculum prudens. IlluftriíTimus
Cunha in Oper. de Primatu Ecclef. Brac.
in Catai. Arch. Brach. virgenere, & vir-
tute clarijfimus. Auguft. Barbos, de Potejl.
Epifcop. Part. i. cap. 8. n. 87. Omnibus
ingenii, virtutisque dotibus ornafijfimus, qui Orien-
talium Indiarum infidelibus adChrifii Domini fidem
convertendis, (ò" improborum moribus corrigendis ita
diligens ea vitce Sanãitate fempre extitit, uf apud
óptimos, et bene de republica Chrifiiana fentientes
Jumme in religione fuerit habitus, qui dum divina-
rum, humanarum qucB rerum Jcientia, ac Sanãi-
tate Je admirabilem omnibus prabuijjet (à^c.
Fr. Maurit. à Matre Dei in Sacra Eremo
Augujiinian. Congreg. Galliar. lib. 1. cap. 2.
§. I. ut de illo jure mérito dictum fuerit
quod à D. Thoma Apojioli temporibus nullus
ibi uberiorem fruãum in animarum Jalute
promovenda produxerit. Curtius Elog. Vir.
Illujlr. D. Aug. p. 181. Non modo Pon-
tificis egregiam perfonam gejjit, fed expref-
fit etiam perfeãum Apojiolum. Fr. AuguJfl;.
Maria Arpe in Panth. Auguji. pag. 343.
Salve Alexi,
Eremi Decus, Mitra ornamentum, Perjarum
Sol.
Salve Heros inclyte
Hefperia Eucifer, lux Malabaria.
Cum Te Oriens aliquando difcujferit noãem
Et veritatis aspexerit diem.
Novo in Te ordine tantum coierunt honorum
dona
Et de viãoria cunãa contenderant
Hifpania Primas, Indiarum moderator
Brachara Antijles
Illujlrajii temporum fajlus.
Et fajlu fuperior
Meritis infulas, principatu vicijii virtutibus.
Manoel de Faria, e Souza Ajia Portug.
Tom. 3. Part. 2. cap. 8. Varon grande enla Igle-
jia. Joan. Soar. de Brit. in Theat. Eujit. Eitter.
lit, A. In íotius Orientalis índia primatum eveãus
talem Je geJJit qualis olim in primavo illo nascentis
Ecclejia flore Epifcopi confuevere. Barros Decad. 4.
da AJia liv. 3. cap. 2. Como mojlrou na redução
dos antigos Chrijlãos de S. Thome à Fè Catholica,
a obediência de Santa Igreja Komana, da qual avia
mais de mil annos que ejlavaõ apartados, em que
ejle Illujlrijfimo Arcebifpo com perigos continuas,
e incanfaveis trabalhos imitou os Prelados da primi-
tiva Igreja. Joan. Bapt. Ricciol. in Chronol.
reformat. Tom. 2. ad ann. 1599. Beyerlinck
in Oper. Chronol. ad ann. 1598. e 1599, Fr. Lud
Genvenf. in Pomp. Sacr. Auguji. pag. 24. Fr
António da Nativid. Montes, de Cor. Mont. 3
Cor. unic. §. i. n. 24. Fr. Manoel de Lacerd
m.Qmft. Quodlib. quasíl. 9. art. i. Joan. Hayus
de rebus Japon. Petr. Jarric. in Thef^. rer. Indic
lib. 3. à cap. 8. ad 13. Telles Chron. da Comp
da Prov. de Portug. Part. 2. liv. 6. cap
38. n. 5. e na Hijl. da Etiop. Alt. liv. 3
cap. II. Nicol. Ant. in Bib. Hifpan. Tom
I. p. 5. col. 2. & tom. 2. pag. 277. col. i
Rho Var. Virt. hijlor. lib. i. cap. 12. n. 9
Compoz.
Hijloria da Provinda de Portugal da
Ordem dos Eremitas de Santo Agujlinho
até o anno de 1400. M. S.
Da Antiguidade da Ordem de Santo
Agojlinho. M. S. Quem librum (faõ pala-
vras de Fr. António de Purificação de Viris
UluJftribus lib. i. cap. 25. {paucis additis,
<& in Hijpanum idioma converfum Magifter
Joannes Marques pojl ejus mortem próprio
nomine edidit. O qual fahio com efte titulo
Origen delos frayles Ermitanos dela Orden
de S. Augujtin, y Ju verdadera injlitucion
LUSITANA.
9'
an/es dei gran Concilio Laíeranenfe. Salamanca
por Antónia Ramires Viuda 1618. foi. e depois
traduzido cm Italiano Turim. 1620. foi.
Mais expreíTamente declara Fr. António da
Pu ri fie. na I. Part. da ChroH. de Prov. de
PortNíi,. no Prol. foi. 20. fcr cftc livro quafi
todo compoílo da obra que deixara imper-
feita D. Fr. Aleixo de Menezes. Hum tratado
qm fet(^ da Antiffiidade da no ff a Ordem, e também
effe tratado fe naõ imprimia pelas muitas, e jijrandes
núiipa^oens de fen Author. Com tudo naÕ deixou
de todo de fe lograr taõ preciofo trabalho, porque
pendo-fe depois o Arcebifpo em Madrid com a
Prefidencia do Confelho Real dejle Keyno mais
impofftbilitado para lhe por as ultimas mãos, o
entregou ao Padre Mejlre Fr. Joaõ Marques
Cathedratico de Salamanca, do qual elle tirou
a mayor parte, do que di^ no/eu doutifftmo livro da
igem da noffa Keliffaõ, como se vé conferindo
ím elle hum treslado, ou Original, que tenho em
feu poder da letra do mefmo Arcebifpo. Efte
livro parece fcr o Defenforio da Ordem, que
affirma o IlluílriíTimo Cunha na Hijl. Eccl.
de Brag. Part. 2. cap. loi. n. 10. compu-
fcra D. Fr. Aleixo de Menezes, mas que fe
naõ imprimira.
Vidas dos Religiofos modernos que na Religião
de Santo AgoJHnho da Provinda de Portugal flore-
cerad em virtudes, e vida religiofa M. S. Defta
obra fe lembraõ Cunha no lugar aíTima alle-
gado, e Cardos, no Agiol. L.ujtt. Tom. i.
p. 508. no Comment. de 31. de Jan. let. I.
c o Padre Filippe Labbe in Biblioth. Biblio-
ihecar. pag. 4.
Vida do Venerável Fr. Thomé de Jefus
impreíTa no principio da obra Trabalhos de
Jefus. Saragoça por Juan de Lanaya 1624. 4.
e em Italiano Roma por Luduvico Grignani
1644. 4. e na língua latina por Fr. Maurício
da Madre de Deos AgoiHnho Defcalço no
princípio do feu livro Sacra Eremus Auguf-
tiniana Cong. Galliar.
Vida da Venerável Beatris Va^ de Oliveira
Religiofa Agojlinha M. S. o qual vio na Livraria
do Eminentinimo Cardial de Souza o Padre
Francifco da Cruz, como affirma nas fuás
Memor. M. S. para a Bib. Portug.
Sjnodo Diocefano da Igreja, e Bifpado
de Angamak dos antigos ChriJiaÕs de S. Thome
das Serras do Malavar das partes da índia
Oriental. Coimbra por Diogo Gomes Lou-
reiro 1606. foi. e naõ, em Lisboa, como efcreve
o P. Tachard da Comp. de JESUS ao P.
Trevou em huma carta de 18. de Janeiro
de 171 1. a qual eílá no Tom. 12. de Lêttns
FÀifumtes pag. )84. Fila obra de que faz
mençaò honorifica a hib. Orient. de Anton.
de Leon modernamente acrecentada Tom. i.
Tit. 16. col. 461. compoz fem auxilio de
peíToa alguma. No fim do Synodo eílá.
Mi ff a de que ufaõ os antigos ChriflaÒs d» Saõ
Thome do Bifpado de Angamale das Serras do
Malavar da índia Oriental purgada dos erros,
e blasfémias Nejlorianas de que eflava cheya pello
Illuftrifftmo, e R^everen^ffimo Senhor D. Fr.
Aleixo de Meneses Arcebifpo de Goa Prima^,
da índia, quando foy a redu!(ir efla Chrijlandade
à obediência da Santa Igreja Romana, foi. Eíla
obra fahio vertida em Francez por Fr. Joaõ
Bautifta de Glen Religiofo Agoftinho, e
fahio em Anvers por Jeronymo VerduíTen
1609. 8. com eíle titulo.
Hijloire Orientale des Grans Progres
der Eglife Catholique Apofl. et Romen la
reduãion des anciens Chrijliens dits de S.
Thomat^, de plujieurs autres fchifmatiques, e Here-
tiques ai' union dela vraye Eglife, converfion encor
des Mahometains Mores, e Pajens.
A Hiftoria do Synodo da Igreja de An-
gamale, de que já falíamos, foy traduzida
com algumas notas por Moníiur Geddes
Cancellario da Igreja de Salisburi, em a li-
gua Ingleza, contra o qual Synodo fez hu-
ma larga inveíHva Moníiur de la Croze
Biblíothecarío delRey de PrulTia na Hifloi-
re du Chriflianifme des Indes impreíTa ala
Haye ches les Freres Vaíllant, e Prevoft.
1724. 8. querendo como fequaz das here-
gias de Luthero infamar a memoria do
virtuofo Prelado D. Fr. Aleixo de Menezes
por ter extirpado a venenofa zizania dos
erros, em que víviaõ aquelles povos, que
faõ femelhantes aos que defendem os Lu-
theranos, quaes faõ negar a Tranfubftanda-
çaõ no Sacramento do Altar, excluir do
numero dos Sacramentos a Confirmação,
Extrema Unçaõ, e Matrimonio, naõ co-
nhecer ao Pontífice por fuprema cabeça
do Corpo Myítíco da Igreja &c.
Cafhecifmo para inflruçaõ dos Chriflaõs de
92^
B IB LIO THE CA
Saõ Thome (o qual) diz Fr. António de Gou-
vea na Dedicatória a D. Fr. Aleixo do livro
Re/açaÕ da Perjia compo:^ de memoria como hia
falto de livros, dignijfimo, que a Igreja toda o
receba.
Conjlituiçoens para as Keligiofas do Convento
de Santa Mónica de Goa, comfirmadas por
Paulo V. por hum Breve expedido em 27. de
Novembro de 161 3. que começa Ut ea qua
pro Keligione.
Carta ejcrita de Goa a 24. de De:^emhro de
1609. aos Keligiofos do Convento da Graça de
Lisboa quando lhes mandou a Cru:i, e cofre pre-
ciofos que fe confervaõ no mefmo Convento. Sahio
impreíTa no Santuar. Marian. Tom. 8. pag. 165.
Lisboa por António Pedrofo Galraõ 1720. 4.
Fr. ALEIXO DE MIRANDA HEN-
RIQUES filho de Henrique Henriques de
Miranda, e D. Maria Landroby naceo em
Lisboa, e na idade da adolefcencia profef-
fou o Sagrado inftituto da Ordem dos Pre-
gadores, em o Real Convento de Saõ Domin-
gos de Bemfica a 9. de Junho de 1710. Inf-
truido nas fciencias efcolafticas paíTou a Goa,
onde as expUcou aos feus domeílicos com
grande opinião do feu talento. Prezentado
na Faculdade de Theologia voltou a Portu-
gal, e no Real Collegio de N. Senhora da
Efcada deíla Corte leo a Cadeira de Moral.
No anno de 1728. foy eleito Prior do Con-
vento de Bemfica donde acabado o triennio
do feu governo paíTou a fer Vigário das Reli-
giofas do Convento de S. Joaõ de Setú-
bal. He Confultor da Bulia da Cruzada, e
grande Pregador, como o declaraõ as obras
feguintes.
Sermão da Canonif^açaõ de S. 'Peregrino L,a~
:^ofi da Sagrada Ordem dos Servitas pregado no
folemnijfimo Outavario com que Sua Magejlade,
que Deos guarde, ordenou fe fejiejaffe a Canonit^açàõ
do mefmo Santo no Keal Collegio de Santo Antaõ
dejla Corte. Lisboa na Patriarchal Officina
da Mufica 1728. 4.
Sermão da Canonifaçaõ de Santa Ignes de
Monte Policiano da Sagrada Ordem dos Pre-
gadores pregado no folemnijfimo Outavario com
que os keligiofos de S. Domingos dejla Cor-
te fefejaraõ a Canonização da mefma Santa
ibi na dita Officina 1733. 4. Do Au-
thor faz memoria Fr. Pedro Monteiro no i
Clauflro Dominico Tom. 3. pag. 134.
ALEIXO DA MOTA, hum dos mais pe-
ritos Pilotos da navegação da índia Oriental,
que pelo largo efpaço de vinte e cinco annos
continuou em féis viagens entre as quaes
fendo Piloto da Náo S. Martinho em o anno
de 1598. como era taõ experimentado na-
quella arte para inílrucçaõ daquelles, que qui-
zeííem perfeitamente fabella, efcreveo.
Roteiro da Navegação da índia M. S,
No qual defcreve com grande individuação
as monçoens. mais opportunas para navegar
obfervando judiciofamente os Ventos, tem-
peílades, calmarias, baixos, promontórios.
Abras, e Portos, que encontrão os navegantes
de Lisboa até Goa, de Goa a Cochim, Malaca,.
China, e Japaõ, naõ fomente relatando o
que vira, mas ainda o que colhera dos mais
celebres Pilotos Portuguezes. Sahio eíle Ro-
teiro vertido em Francez em o Tom. 2. de
diverfas Navegaçoens. Pariz chez Jacquez
Langlois 1664. in foi. Huma parte delle tranf-
creveo Manoel Pimentel na fua Arte Pratica
da Navegação. Lisboa por Bernardo da Coíla
de Carvalho 1699. foi. a pag. 327. Delia obra,
e do Author faz mençaõ o moderno Addicio-
nador da Bib. Náutica de António de Leaõ
Tom. 2. Tit. 3. coluna 1106. '
ALEIXO SALGADO CORRÊA, foy
taõ douto no Direito Civil, como redo na
obfervancia da JuíHça, que fendo Jxiiz admi-
niílrou por muitos annos em diverfas Cidades.
Da larga experiência, que tinha no officio
de julgar, e da continua applicaçaõ aos livros
com que nefta matéria eliava inJftruido que-
rendo formar hum prefeito Miniílro com-
poz na lingua Caftelhana efta obra.
Regimiento de Jue^es. Sevilla por Mar-
tin de Montesdoca. 1556. 4.
Do livro e do Author fe lembra Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 6. col. i.
ALEIXO DE SIQUEIRA, natural do
lugar de Panoyas na Provinda do Alentejo
muito perito no eiludo das letras huma-
nas. Para que a mocidade Portugueza per-
cebeíle claramente as moralidades, que ef-
taõ occultas nas Odes de Horácio Flacco-
L USITAN A.
irincípe dos Poetas Lyricos, as traduno na
iiigua materna, e as dedicou ao IlluílrííTimo
D. VcrííTimo de Lancaílro depois Cardial da
fareja Romana com eíle titulo.
Odes de Horácio em Porhiffiit(^para Mi(p dos Ef-
Untes, Évora por Manoel Carvalho 1633. 8.
I ALEXANDRE DE AGUIAR, natural
lio Porto chamado antonomaílicamcntc Orfeo,
> fomente pelo fublime génio com que poe-
iii2ava, mas pela fingular dcílre?!a com que
'^ngia viola de fete cordas, e a natural graça,
melodia com que cantava, por cujos dotes
Itoy admitido primeiramente pelo Cardial
'd. Henrique, c depois por Filippc II. entre
08 Muficos da fua Camcra, dos quacs Prín-
cipes rcccbco naõ vulgares cílimaçocns cer-
tamente merecidas pelo talento, pois raramente
fc achariaõ em hum fó homem juntas as
partes, que nelle fe admiravaõ. Compu-
nha em folfa os verfos, que fazia; depois
com igual deftreza, e fuavidade os cantava
acompanhados à viola, que fmgularmente to-
iva, fendo ao mefmo tempo Poeta, Mufico,
p Tangedor infigne. AíTiílindo em Madrid no
anno de 1605. e voltando defta Corte para a de
[Lisboa em hum coche, morreo infelizmente
em 12. de Dezembro naufragante em huma
torrente, que corre entre Telavervella, e Lo-
bon juntamente com Francifco Corrêa da
Sylva filho fegundo de Martim Corrêa da
iSylva Embaixador a Carlos V. Deixou mul-
itas obras aíTim poéticas, como Muíicas, das
Pquaes faõ celebres as 'Lamentaçoens de Jeremias,
e Je cantão na Semana Santa compoílas com
grande fciencia.
ALEXANDRE ANTÓNIO DE LIMA.
\aceo em Lisboa a 21. de Janeiro de 1699. e
K-ve por Pays a Francifco Mendes Barbofa,
o Lima, e a D, Jozepha Thereza de Moura.
Depois de inílruido na lingua latina, e Huma-
jpxidades levado do génio, que tinha para a
IjPoeíia a cultivou com grande applaufo do
Ifeu talento principalmente a Cómica, de cuja
irte tem publicado as obras feguintes.
ISlovos encantos de A.mor repret^entaçaÕ cómica,
qtte fe repret^entou na Caja da Mouraria. Lisboa
por Pedro Gargareje 1737. 8.
93
O Xflofo, $ o Avaro pella inãuflria caf-
tigados Reprefentaçaô cómica.
Três Sonetos, e huma decima à intempeftiva
morte da Serenijfima Senhora Infanta D. iran-
cifca. Sahio em a obra intitulada Vo^es da petia,
e clamores da Sastãade, compoíla a efte fúnebre
aíTumpto Lisboa fem anno, nem nome do
Imprcflbr. 4.
Kafgps Métricos. Tom.i. M. S, He huma col-
lecçaô de todas as fuás obras Poéticas, que ji
cAá prompta com todas as licenças paia fe
immír.
ALEXANDRE BRANDAM pofto que
nacido em Roma de Mãy Italiana, teve por
Pay a Manoel da Coíla Brandão natural de
Lisboa, homem nobre, c crcado naquclla
Cúria de idade pueril, o qual mandando inf-
truir ao filho nas letras humanas, como era
dotado de agudo engenho, c grande comprc-
henfaõ, fahio ncllas egrcgiamentc confum-
mado. Pelo natural amor, que profcííava à
Naçaõ Portugueza donde era oriundo fc appli-
cou com fummo difvelo a efcrever as militares
proefas, que obrara no tempo, que foy elevado
ao Trono o SereniíTimo Rey D. Joaõ o IV. e para
que fe fizeíTem mais patentes em toda Itália as
compoz nefta lingua com o titulo feguinte.
Hifloria delia Guerre di Portugallo fuccedute per
Voccafione delafeparatione diquel Regno delia Corona
Catholica. Venetiaprejfo 'PzuloBa.gUom. 16894.
Eíla obra continuou feu Sobrinho Francifco
Brandão, em dous Tomos, que sahiraõ impref-
fos em Roma por Martiis ala Pace. 1716. in 4.
ALEXANDRE DO COUTO natural de
Lisboa, e Capellaõ mór no exercito de Pernam-
buco, que triumfou nos Montes Gararapes por
duas vezes da violenta oppreíTaõ dos Olande-
zes. Foy muito douto nos eftudos Mathema-
ticos, e naõ menos verfado na Theologia Ef-
colaílica, e Myftica, como na Poeíia. Deixou
com grande perda da Republica litteraria fem
o beneficio da impreíTaõ muitas obras, que fe
confervavaõ em poder da ExcellentiíTima Con-
deíTa de Penaguião, que eraõ as feguintes.
Obfervaçoens mathematicas , e reduções af-
tronomicas illufiradas de humanas, e divinas
letras fohre o máximo Cometa, que appareceo
no Meridiano de Usboa aos 21. de De:(em-
94
BIBLIOTHE CA
bro de 1680. Kefutaõ-fe os erros de Acadé-
micos, Peripate ticos, e Vtolemaiticos fobre as
duas Kegioens Etherea, e Elementar efcrito no
anno de 1681. 4. Dedicado ao CapellaÔ Mòr
D. JLuiz de Sou/a.
Triumfos da noite aos Anacaphaleofes de Bo~
carro com algumas advertências à Jua liçaõ, que
cautamente conjlrue Alexandre do Couto anno
1687. 8.
Theologia Myftica conforme a doutrina dos
Santos Padres , e Mejlres da Vida EJpiritual
efcrito no anno de 1692. 4.
Brado do encoberto da vinda, e Vida delKey
D. Sebafliaõ, efcrito em o anno de 1693. 4.
Varias Obras poéticas em diverfo metro Por-
tuguev^. 4.
Fr. ALEXANDRE DA CRUZ, naceo em
a Cidade de Braga donde paíTando na idade
de 17. annos a Lisboa profeíTou o inftituto de
Carmelita Defcalço no Convento de N. Se-
nhora dos Remédios a 25. de Março de 1634.
Foy grande Theologo, e naõ menos iníigne
Pregador deixando para teftemunho do ta-
lento que tinha para o púlpito.
Sermaõ da Canonização de Santa Maria Mag-
dalena de Pa:(j(i pregado no Convento de Corpus
Chrijii dos Carmelitas Defcalços. Sahio impreíTo
no livro intitulado Forajieiro admirado a pag.
160. Part. 2. Lifboa por António Rodrigues
de Abreu. 1672. foi.
ALEXANDRE FERREIRA, filho de
Ignacio Ferreira, e Maria Ferreira. Naceo na
Cidade do Porto a 4. de Outubro de 16Ó4.
Depois de ter aprendido na pátria as letras hu-
manas paliou a Coimbra, e applicando-fe ao
eftudo do Direito Cefareo, fahio nelle taõ pe-
rito que mereceo laurearfe com a borla de
Doutor na mefma faculdade. Foy admitido
ao Collegio Real de S. Paulo em 30. de No-
vembro de 1694. donde paflados féis annos
fubio a Lente de Inftituta em cujo Magifterio
defcobrio os thefouros da fciencia legal pelos
quaes chegou a occupar os lugares de Dezem-
bargador do Porto, e Cafa da Supplicaçaõ, de
que tomou poíTe a 13. de Março de 1708. e da
Meza dos aggravos a 7. de Novembro de 171 3.
Deputado do Tribunal da Bulia, da Meza da
Confciencia, e Ordens, do Confelho da Rainha,
e da SereniíTima Cafa de Bragança. Foy no-
meado em 29. de Abril de 1726. Secretario
da Embaxada extraordinária, com que foy à
Corte de Madrid o Excellentiífimo Marquez
de Abrantes D. Rodrigo Annes de Sá Almeyda,
e Menezes, para onde partio em 24. de Feve-
reiro de 1727. Reílituido a eíla Corte foy eleito
em 12. de Abril de 1731. Académico do nu-
mero de Academia Real da Hiftoria Portu-
gueza para efcrever as Memorias das Ordens
Militares defte Reyno, a cujo eftudo inde-
feílamente fe applicava nas horas vagas
que lhe permitia a continua aíTiftencia dos
Tribunaes. Morreo em Lisboa a 9. de Dezem-
bro de 1737. com 73. annos de idade, e foy
fepultado na Parochial Igreja do Sacramento.
Compoz.
Allegacion jurídica, en que por las verdades
mas folidas dela Jurif prudência fe muejlra el infa-
lible derecho com que los Rejnos, y Senorios de
Efpana pertenecen por muerte delKey Catholico
Carlos II. ai SereniJJimo Senor Archiduque de
Aufria Carlos III. verdadero, y legitimo Rf)'
delas Efpanas. Lisboa en la imprenta de Va-
lentin da Cofta Deslandes ImpreíTor dela
Cafa Real. 1704. foi.
Oraçaõ com que gratulou a Academia Keal de
fer admitido ao numero dos f eus Collegas. Impref-
fa na CollecçaÕ dos Documentos, e Memor. da
Academia Keal da Hijlor. Portug. do anno de
1731. Lisboa por Jozé António da Sylva.
1731. foi.
Memorias, e Noticias da celebre Ordem dos
Templários para a Hifloria da admirável Or-
dem de Nojfo Senhor Jefu Chrifio. Part. i.
Tom. I. Lisboa por Jozé António da Sylva
1735- 4-
Part. I. Tom. 2. Lisboa pelo mefmo Im-
preííor, e no mefmo anno.
Delle fazem mençaõ o Padre D. Manoel
Caet. de Souza in Exped. Hifpan. S. Jacobi .
Apoft. tom. 2. pag. 1405. n. 273. Vir eruã- •
tione clarijftmus, cujus f cripta typos non femtl
decorarunt. E meu Irmaõ D. Jozé Barbofa
Chronifta da SereniíTima Cafa de Bragança,
e Académico Real nas Memor. do Colleg.
de S. Paulo pag. 234. dizendo que era natu-
ralmente elegante, e bom Poeta Latino, e no Archia-
thaneo Eufit. pag. 61.
Magnus Alexander regnum defendet Auitum
f!
LUSITANA.
95
Auftriaduni, at vario mutantiir têmpora atrJuX
\SrafiHa Vrinceps thalamo Jibi jimgere natam
Cuni vulet Aii}iiifli lUJpatiiim qni temperai
orhem,
Vadera firmablt Tiihiucum Marchio praf-
tatií
LegatHS Jjyfia, quo non itliiftrior alter.
Ibit Alexander Jecreto fidtis, & arte
Pa //adis inflrníím: quantns fit, nojcet Ibera
Cens, Lsifa €>* nofcet dttbio gens grata tri-
umpho.
AT.EXANDRR FERREIRA DE AI^
MEYDA, natural do Lugar de Arcas termo
idt Villa de Mondim, e Sever, Comarca de
Lamego, Pagador geral da gente de Guerra
lia Provinda da Beira, e partido de Ribacoa.
fCom eftilo claro, e efpirito muito diverfo
\x profiíTaõ do feu eftado efcreveo, e dedicou
^no anno de 1659. à ExccUcntiíTima Con-
dcfla de Penaguião D. Luiza Maria de Faro.
De/engano dos enganos da Vida, e /ouvores
yiã morte. foi. M. S. confta de 126. foi. cujo
original, como vimos, fe conferva na Livraria
|dos Religiofos Capuchos da Provincia de
^.into António dcíla Corte.
ALEXANDRE DE HGUEIROA Ulyf-
íiponenfe, filhp de Duarte de Figueiroa, e
D. Maria de Sampayo foy taõ illuftre por na-
cimento, como pelo fublime engenho. Defde
X puerícia fe applicou às letras humanas, as
tquaes cultivou por toda a vida com tanto
difvelo, que excedeo a todos os feus contem-
[poraneos neíle género de eíludo. Sendo
vaftamente verfado na liçaõ da Hiftoria, ainda
o era mais em as obras dos Poetas, e Orado-
res, os quaes naõ fomente confervava na
memoria, mas explicava os feus lugares mais
I difficultofos como muitas vezes o mani-
|feftou na Academia dos Singulares, de que
foy celebre alumno. Morreo na fua pátria
no anno de 1676. com grande faudade dos
ffeus CoUegas. Foy Secretario da Rainha
D. Luiza Francifca de Gufmaõ, e cazado
l'com D. Maria Pacheco de Lima de que
|he feu defcendente o Morgado da Torre
|do Lumiar. Compoz muitos Verfos Lati-
''nos com elegância imitando o eftillo de
l.ftacio, como em feu aplaufo cantou a
Muía de Manoel de Galhegos no Temp/o da
Me mor. liv. 4. Eílanc. 191.
Divino Figueiroa mais divino
Que o que ceiebra por divino Efpanba,
Virgílio Portugiêtn^ Pbebo Latino
Única erudifaÕ, facúndia eflran/ja
Naque//e eftilo Juperior de liftacio
Bragança encomenday ao Coro Lado.
António Figueira Duraò in I^ur. Pam. Ram. z.
Per Styga Tartareum quod perjuravit Apollo
A potu jujjus neãaris abftinuit.
Ille tamen legeretfitmc tua carmina Paule
Vel canit, altiloqm, qua Figueiroa metro.
Armonicum Sylva torrentem fe aure bibiffet
Neãare juraret non caruiffe fuo.
Jacinto Cordeiro Elog. dos Poet. Portug.
0£bv. 67.
Entre a la gloria de fu mar contrario
Viendo la playa iluftre de Lisboa
Pedro de Acofta infegne Secretario
Luego Alexandra entro de Figueiroa.
Teve huma altercada controverfia com
o celebre Fr. Francifco de Santo Agoftinho
Macedo fe o nome Orpheus fe achava fempre
trifyllabo, ou fempre difyllabo em os Authorcs
da primeira ClaíTe. Nas Memorias Fúnebres
de D. Maria de Attayde, Lisboa na Officina
Crasbeckiana 1650. 4, eftaõ dous Epigramas
Latinos feus a efte aflumpto. pag. 86.
P. ALEXANDRE DE GUSMAM, Na-
ceo em a Cidade de Lisboa a 14. de Agollo
de 1629. Na tenra idade de dez annos paíTou
com feus Pays ao Braíil onde inftruido com
as primeiras letras abraçou o inílituto da
Companhia de JESUS, quando contava de-
fefete annos, em o Collegio da Bahia a 28. de
Outubro de 1646. Aprendidas com grande
credito da fua applicaçaõ as fciencias efco-
laílicas, e tendo eníinado humanidades no
Collegio do Rio de Janeiro, onde foy Prefeito
dos Eíludos, como tiveííe particular génio
para o governo, o promoverão os Superiores
a todos os lugares da Religião fendo JMiniftro
do Collegio da Bahia, Reytor dos Collegios
de Santos, Capitania do Efpirito Santo, e Bahia,
companheiro do Provincial, e ultimamente por
duas vezes Provincial, deixando fempre faudo-
fos os fubditos da fua natural benevolência mais
própria da ternura de Pay, que da feveridade
96
de Prelado. Pelo largo efpaço de outo
annos exercitou aíTim no Collegio do Rio
de Janeiro, como da Bahia, o Officio de
Meílre dos Noviços devendo-fe à fua vigi-
lante cultura frutificarem em beneficio da Re-
ligião as tenras plantas que eraõ cometidas
ao feu cuidado. Para amparo, e boa educação
da puerícia fundou em a Villa de NoíTa Se-
nhora do Rofario do Lugar da Cachoeira dif-
tante 14. legoas da Cidade da Bahia, hum Se-
minário, que intitulou de Belém pelo cordeal
afFedlo, com que venerava ao Menino Deos
nacido no Prefepio, ao qual edificio fe lançou
a primeira pedra em 13. de Abril de 1687. e
delle foy duas ve2es Reytor, de cuja faudavel
doutrina inílruidos os Seminariílas fahitaõ
muitos a illuílrar diverfas Religioens. Foy
ornado de infignes virtudes, fendo exaétiíTimo
na obfervancia religiofa, e pobreza evangélica;
conílante nas adverfidades, e incanfavel em
conduzir almas para o Ceo, uzando para eíle
effeito de tanta brandura, que muitos pecca-
dores dos Certoens mais remotos movidos da
fua fama vinhaõ aos feus pés deteílar culpas
inveteradas. Como tinha firmemente collo-
cada a fua confiança em Deos, experimentou
prompto, e favorável o feu auxilio em os mayo-
res perigos efcapando huma vez da infolencia
dos piratas, e outra da fúria das ondas. Cumu-
lado de tantos merecimentos, e cheyo de annos
pois contava 95. de idade e 78. de Religião
prognofticada a fua morte paííou à eterna vida
em 15. de Março de 1724. Foy innumeravel o
concurfo do povo, que concorreo a venerar o
feu Cadáver, do qual levarão grande parte dos
veftidos como relíquias de Varaõ Santo, e
para fe evitar o tumulto foy occultamente fe-
pultado. O feu Retrato ao natural fe abrio em
huma grande lamina em Alemanha com eftas
palavras que brevemente indicaõ as fuás vir-
tudes.
Vera effigies Servi Dei P. Alexandride Gujmaõ
S. J. authoris Seminarii Bethlehemici in Brajilia,
<& bis ejusdem Provinda Provincialis, notis, acpra-
claris virtutihus Jingulariter inftruãi, (ò' Infantuli
JESU in Prcejepio jacentis cultoris fiudiojijjimi, in
dcBmones mirifice formidahilis , prodigiis ante, (0°
poft ohitum injignis, tnirijque apparitionibus celebris.
Obiit in Seminário Bethlehemico eadem, qua pree-
dixerat, die 15. Martii anno 1724. cetatis Juce 95.
BIB LIOTHE CA
vi ta Religiofa 78. cujus Jepulchrum magno omnium
concurfu, ac devotione frequentatur . Defte vir-
tuofo Varaõ fe lembra Sebaftiaõ da Rocha
Pitta na Hijlor. da Americ. Portug. pag. 444.
dizendo fer hum dos majores talentos da Jua
Provinda do Brajil infigne Mejlre de ejpirito, cuja
virtude, e doutrina faõ veneradas como de varão
Santo. Compoz.
E/cola de Belém, Jefus nacido no Pre-
fepio Évora na Officina da Academia 1678.
4. et ibi. 1735. 4.
Menino Chrijlaõ Lisboa por Miguei
Def landes ImpreíTor delRey 1695. 8.
Sermão na Cathedral da Bahia de todos òs
Santos nas exéquias do Illujlrijfimo Senhor D.
Fr. Joaõ da Madre de Deos primeiro Arcebifpo
da Bahia, que falleceo do mal commum, que nella
houve nejle anno de 1686. Lisboa por Miguel
Manefcal ImpreíTor do S. Officio 1686. 4
Defte Sermaõ falia com grande louvor Fr.
Appollinario da Conceição na Primas. Seraf.
na Keg. da Amer. cap. 17. pag. 215.
Hijloria do Predejlinado Peregrino, e feu
Irmaõ Precito, em a qual debaixo de huma
myfieriofa parábola fe defcreve o fucejfo feli:^
do que fe hade f alvar, e infelit^ forte do que fe
hade condenar Lisboa por Miguel Defland.
1682. 8. e Évora na Offíc. da Acad. 1685. 8.
e Lisboa por Filippe de Souza Villa 1724. 8.
Sahio vertida em Caftelhano. Barcelona por
Rafael Figueiró. 1696. 4.
Arte de criar bem os filhos Lisboa por
Miguel Defland. 1685. 8.
Meditaçoens para todos os dias da fe-
mana pelo exercido das potencias da alma
conforme enfina Santo Ignacio Fundador da
Companhia de JESUS. Lisboa pelo mefmo
Impreílor. 1689. 8.
Maria Kofa de Naf(aret nas montanhas dt
Hebron, a Virgem N. Senhora na Companhia dg
JESUS Lisboa na Officina Real Deflandefiana
171 5. 4. Confta dos benefícios, que a Senhora
tem feito à Companhia.
Eleyçaõ entre o bem, e o mal eterno Lisboa
na Officina da Mufica. 1720. 8.
O Corvo, e a Pomba da Arca de Noé nofentido
Allegorico, e moral luhho2L por Bernardo da Coíla
ImpreíTor da Religião de Malta 1734. 8.
Arvore da Vida Jefus Crucificado. Lisboa
pello dito ImpreíTor 1734. 4.
L USITAN A.
97
Compendio perfeito Aí. S.
Nopifo Inftrnido. M. S.
ALEXANDRE DE GUSMAM Caval-
[leiro proíeíío da Ordem de Chriílo, e Fidalgo
da GÍTa de Sua Mageílade naceo na Villa de
Santos da Capitania de S. Paulo da America
Portuguefa. O agudo engenho, e penetrante
comprehensa(5, de que a natureza profufa-
'mente o dotou, lhe facilitarão a noticia das
lletras humanas, e da Poefia, em que fahio
letninente. Deixada a pátria paííou a Portugal
undc quando contava poucos annos foy uni-
verfalmcntc venerado o fcu talento, de tal
Itofte, que o elegeo por Teu Secretario o Conde
da Ribeira D. Luiz da Camará quando no
inno de 171 j. foy Embaxador à Magcftade
thriílianifnma de Luiz XIV. Para fc inftruir
jem a faculdade do Direito Cefarco frequentou
*x Univerfidade de Pariz onde recebco o gráo
de Doutor, c voltando a eíle Reyno fe incor-
()0COu em a Univeríidade de Coimbra no
Mino de 171 9. A grande intelligencia, que
■tinha dos intercíTes políticos dos Soberanos, o
|fles capaz de fer Agente dos negócios deíla
Coroa nas Cortes de Pariz, e Roma pra£H-
bando com tanto difvelo, e fidelidade eftes
íbainifterios, que mereceo as eftimaçoès dos
bs eruditos da Europa naõ fomente pella
iciofa induftria, com que concluya os nego-
bios mais difficeis, mas pela fciencia das lin-
|g;aas mais polidas da Europa, vafta noticia
iflim da hiftoria Sagrada, e profana, como das
difciplinas Mathematicas, e experiências phy-
|(icas, em que era fummamente verfado. Em
fcontemplaçaõ de tantos dotes fcientificos o
slegeo em 28. de Fevereiro de 1752. a Acade-
mia Real da Hiíloria Portugueza por feu
collega para efcrever na lingua Latina, de cuja
pureza he obfervantiíTimo cultor, a Hiftoria
ultramarina defte Reyno, o qual aíTumpto
dezempenharâ com grande credito da fua
e. Compoz.
KelaçaÕ da Entrada publica, que fe^ em Varit^
10S 18. de Agofto de 171 5. o ExcellentíJJimo
^^enhor D. Lui^ da Camará Conde da Ribeira
' X^rande do Conjelho delKej de Portugal Commen-
'iúãor de S. Pedro de Torrados, Alcayde mor
■ia Villa da Amiejra, Meftre de Campo General,
Central da Artilharia nos exércitos de Portugal,
9 feu Embaxador txtraordinario à Corte de França
rtynando nejta Monarchia Imí^ 14. fm <li*f Je
achaÕ varias noticias concernentes ao Ctremonial
dejla Embaixada ParÍ2 por Pedro Emeri.
171J. 4.
OrafaÕ com que congratulou a Academia Keal
tm ly de Março de 1 752. por fer eleito feu collega.
Sahío no Tom. 11. da Collec. dos Docu-
mentos, e Mem. da mefma Academia. Lisboa
por Jozé António da Sylva 1752. foL
Conta dos feus ejludos Académicos a 14. de
Julho de 1752. No Tom. 11. da CoUecçaõ
dos Documentos da mefma Academia.
Panegírico à Magejlade delRey D. JoaÕ o
V. N. S. recitado no Paço a zi. de Outubro
de 1759. ^^' '^ V^ cumpria os feus annos.
ALEXANDRE DE MOURA apitaõ
mór de Pernambuco efcreveo.
Roteiro da Jornada, que fei^ com o Piloto
Manoel Gonçalves defde Pernambuco até o
Maranhão, cujo Aí. S. em folha fe conferva
na Bibliotheca delRey Catholico como affir-
ma o moderno addicionador da Bib. Occid.
de António de Leaõ Tom. 2. Titul. 15.
col. 690.
Fr. ALEXANDRE DA PAIXAM
Naceo na villa de Amarante na Província
de Entre Douro, e Minho a 7. de Julho de
165 1, e foraõ feus Pays Joaõ Clemente,
e Maria Carvalho. Recebeo o Habito Mo-
nachal do Príncipe dos Patriarchas S. Bento
no Convento de Tibaens a 15. de Abril
de 1645. Depois de eftudar as fciendas efco-
lafticas, em que fahio fufficientemente inf-
truido, exercitou o minifterio de Pregador
com fatisfaçaõ dos ouvintes, e foy Geral
da fua Religião, e Abbade dos Conventos
de BofteUo, e Travanca, onde finalizou a
vida no anno de 1700. Compoz, e naõ im-
primio.
Hijloria particular do Convento de Tra-
vanca.
Diário defde o anno de 1662. até 1680. 4.
Faflos geniaes tirados da tumba de Merlim
obra igualmente Jocosa, e fatyrica.
ALEXANDRE PEREIRA DA SYLVA.
Natural da Villa de Santarém onde fahio
98
BIDLIO THE C A
à luz do mundo em 3. de Settembro de
1684. tendo por Pays a Francifco Lopes da
Sylva, e Helena Jozefa. He muito verfado
na liçaõ dos Poetas, de cujo eftudo ajudado
do génio para eíla divina Arte, tem com-
pofto.
Poejtas varias 4. M. S. e as conferva em
feu poder.
ALEXANDRE DA SILVA. Naceo
na augufta Cidade de Braga, e foy bauti-
zado em a Freguezia de S. Joaõ do Souto
a 20. de Agofto de 1614. Foraõ feus Pays
Pedro Lopes da Silva, e Maria Sarayva de
igual nobreza, e piedade. Aprendidas as
primeiras letras paíTou à Univerfidade de
Coimbra, onde fahio eminente na fciencia
de Direito Pontifício. Reftituido à pátria foy
nella Cónego, e Dezembargador da Rela-
ção Ecclefíaílica. As fuás grandes letras o
fizeraõ digno de fer Promotor na Inqui-
íiçaõ de Lisboa em 11. de Janeiro de 1648.
donde paíTou a Deputado, e Inquifídor da
Inquifíçaõ de Coimbra a 26. de Fevereiro
de 1654. e ultimamente a Deputado do
Confelho Geral de que tomou poíle em 1 1 . de
Mayo de 1668. Atendendo o Príncipe Regente
D. Pedro à integridade dos feus coílumes,
que fe fazia mais eítimavel pela grande
capacidade do feu talento o nomeou Bifpo
de Elvas fendo o outavo, que teve eiia Dio-
cefe, a qual governou com vigilância de
perfeito Paftor, até que falleceo em Elvas
a 2. de Fevereiro de 1682. e eftá fepultado
na Capella mór da fua Cathedral. O Cabido
da Primacial Igreja de Braga agradecido
à memoria de taõ benemérito Capitular lhe
dedicou hum anniverfario perpetuo no dia
do feu óbito. Deixou féis Miífas quotidia-
nas, duas no Altar Privilegiado de S. Pedro
de Rates, e quatro na Cafa da Mizericordia
de Braga pela fua alma. Compoz.
Difcurfus pro Jure Vrimatialis Ecdejia,
que fahio impreílo na Decif. 138. do Doutor
Manoel da Fonfeca Themudo, o qual dif-
curfo, diz Joaõ Soares de Brito in addit.
Theat. 'Lufit. 'L.iter. lit. A. n. 3. que he
doãus, (0° accuratus, <& quamquàm Jupprejjo
nomine notijfimam fui A.uthoris in Jcrihendo
diligentiam, (ò" Juhtilitatem fatis defnonfirat.
Commentarij ad Inquifitorum Regimen
ordinarium. M. S.
Varias allegaçoens Juridicas, que fe naò
imprimirão, e as vio Joaõ Soares de Brito
como affirma no lugar aíTima allegado dizendo
delias qua magnum Aucíoris nomen egregiejujlinent.
ALEXANDRE DE SOUSA DE CAS-
TELOBRANCO natural de Lisboa taõ illuf-
tre por nacimento, como iníigne na fciencia da
Hiftoria, e Poeíia de que deo repetidos argu-
mentos nas mais celebres Academias, de que
na fua pátria foy alumno. No anno de 1697.
partio para a índia onde efcreveo com eftilo
elegante.
Trágica narração do Juceffo do fitio de Mom-
baça rejumida em duas partes foi. M. S. cujo
Original conferva entre os M. S. da fua
Livraria o Reverendo Padre Fr. Affonfo
da Madre de Deos Guerreiro Académico
Real, a quem devemos eíla noticia.
Defcreve o Author a Ilha de Mombaça,
os motivos, que houve para fe romper a
Guerra; acçoens heróicas, que fe obrarão
no íitio até fe recolher a noíía Armada a Goa
em 25. de Setembro de 1698.
ALEXANDRE DE SOUSA FREIRE
Cavalleiro profeílo da Ordem de Chriiio naceo
em Lisboa fendo filho de Bernardino de
Távora, e Souza Comiífario da Cavallaria do
Alentejo, Governador de Mazagaõ, e Angola,
e de D. Maria Magdalena Jozepha de Souza
filha de Alexandre de Souza Freyre Governa-
dor de Mazagaõ, e Confelheiro de Guerra,
e de fua mulher D. Joanna de Távora filha
de Álvaro Pirez de Távora Senhor do Morgado
de Caparica, e D. Maria de Lima. Depois de
eftudar letras humanas, e Filofofia, tomando
o gráo de Meílre em Artes fe applicou ao t
Eíhido da Sagrada Theologia em cuja facul- *
dade recebeo as infignias doutoraes. Foy Colle-
gial do Collegio Real de S. Paulo de Coimba r
onde entrou a 28. de Janeiro de 1697. Prefe- í
rindo o exercido militar ao Utterario paíTou à ^
Bahia onde fendo Coronel de Infantaria cafou
com D. Leonor Maria de Caílro íilha herdeira
de André de Britto de Caílro Provedor da
Alfandega da Bahia, e de D. Maria Francifca
Leyte de quem teve numerofa defcendencia.
Foy Governador, e Capitão General do Eílado
L USITANA.
99
<i() Maranhão. Delle fazem memoria Antó-
nio Carvalho da Coíla Corog. Portug. Tom. 2.
iiv. I. cap. 18. e D. Jozé Barboza nas Mem.
do (^ollcgiu Real de S. Paulo pag. 235. e no
\rchiathflen. Lufit. pag. 62. dizendo.
Cernis Alexandrum quem prima Sacra jiwenta
Ijaiirea condecorai i Qms Maranhonius amnis
Irrigat, ipfe reget Mavoríia Caflra fe-
qiuttns.
Com o nome de Francifco Xavier de
Salazar publicou.
Afftdos do Kofario meditado offerecidos
\etít devotos da Virgem Maria. Lisboa por
António de Souza da Sylva 1756. 4.
Neíla obra fe moílra o Autor muito
iwfado na liçaõ da Sagrada Efcritura, c
>antos Padres.
D. ÁLVARO DE ABRANCHES,
E NORONHA naceo na Cidade de Lis-
boa cm 7. de Junho de 1661, e teve por
Pays a D. Miguel Luiz de Menezes primei-
ro Conde de Valladares, e D. Magdalena
de Lancaílro, e Abranches, filha de D. Ál-
varo de Abranches Confelheiro de Eftado,
D. Maria de Lancaílro. Foy admitido
Porcioniíla no Real Collegio de S. Paulo
de Coimbra em 26. de Outubro de 1677.
onde fe applicou ao eftudo do Direito Pon-
tificio, em que fahio infigne Letrado. De-
pois de obter hum Canonicato na Sé de Lis-
boa, e fer Deputado do Santo Officio da
Inquifiçaõ de Lisboa, de que tomou pofle
em 18. de Julho de 1686. foy Sumilher da
Cortina delRey D. Pedro IL que o elegeo
Bifpo de Leyria, em cuja Cathedral entrou
a 5. de Outubro de 1694. onde com paílo-
ral vigilância vizitou as fuás ovelhas
|l reformando muitos abufos, e introduzindo
.1 obfervancia dos divinos preceitos pellas
I vozes evangélicas de MiíTionarios, que
L mandou chamar para taõ fanta empreza.
IjPor efpaço de quatro annos foy Regedor
j.das Juftiças, de que tomou pofle a 17. de
I Abril de 171 1. em cujo minifterio fe admi-
[rou a reítidaõ fem degenerar em feveridade.
V auguíla Mageftade delRey D. Joaõ
^ o V. noflb Senhor o nomeou Arcebifpo de
Évora, que elle modeílamente recufou.
Sempre foy inimigo do fauHo, como alheo
do eftado Ecdefíaftico, fendo as Tuas acçoens
huma norma viva das virtudes EpiTcopaes»
pellas quaes he benemeiito das mayores
dignidades da Igreja. Publicou.
Conjenfus Conftitutioni Unigenitus praftitus
Ulyfip. apud Jozeph. Lopes Ferreira Seren.
Regin. Typ. 17 19. 4. começa Epifcopale muniu.
Defte illuftre Prelado fe lembraõ com
os merecidos louvores o P. D. António Cae-
tano de Souza. Hifl. Gen. da Caf. Keal de
Portug. Tom. 2. Iiv. 3. cap. 8. pag. 522. e
D. jozé Barbofa nas Mem. do Colleg. Kial
de S. Paul. pag. 360. n. 55. e no Archia-
than. "Lufit. pag. 106. nefta forma.
Alvarus enveniet ceifa de ftirpe Noronha,
Gaudeat illa Vetus Collipo PraJuU quanta
Mores cerne gregis facratos infpice mores
Keligio, quos clara pij revocabit Abranches.
Ebora Pontificum magnorum cogtita fedes,
Offeret antiquas ornet queis tipora Vittas,
Sed renuet confians oblati pondus honoris.
Servantem videas Themidis decreta fevere,
Sic reget ille ff^egem, pleUet fie faãa reo-
rum:
Júris amor librare folet lance omnibus aqua.
ÁLVARO AFFONSO DE ALMADA
cuja pátria he taõ incógnita, como o eftado
da vida, que profeflava, e idade em que flo-
receo. Foy Cavalleiro da Ordem de Chrifto, e
inclinado à Poefia. Compoz em outava Rima.
Panegírico a S. Joaõ Ejfangelifia cuja
obra fe conferva na Bibliotheca do Con-
vento de Santo Eloy de Lisboa dos Cóne-
gos Seculares.
ÁLVARO DE ANDRADE natural
de Lisboa Profeflbr celebre do Direito Pon-
tifício na Univerfidade de Coimbra fendo
neUa Lente de huma Cathedrilha de Câ-
nones, em que foy provido a 18. de Abril
de 1573. Para demonftraçaõ da fidelidade,
com que defendia o direito defta Coroa
contra as pertençoens de Caftella efcreveo
taõ douta como elegantemente.
AllegaçaÕ de Direito a favor da Senhora
D. Catherina Duquesa de Bragança. M. S.
ÁLVARO BARRETO foy celebre
Poeta do feu tempo, e como tal venerado
pellos mayores profeflbres defta divina Arte.
lOO
BIB LIOTHE CA
Deixou muitas obras, das quaes fomente logra-
rão a luz publica as que eílaõ a folhas 11.22. v.o.
35. até 37. e 49. do Cancioneiro de Garcia de
Refende impreíTo em Lisboa por Herman de
Campos IJ16. foi.
ÁLVARO DE BRITO PESTANA, filho
de Affonfo Rodrigues Alardo, e de Mecia de
Brito Peílana, que foy Ama delRey D. Affonfo
V. naõ teve menos inclinação às armas, de que
deo gloriofos teílemunhos na batalha da Alfar-
roubeira, do que às letras, fendo iníigne na
metrificação de todo o género de verfos,
em que fe admirava huma natural affluencia
unida a huma fublime elegância: os que
fahiraõ a publico foraõ os seguintes.
Carta ejcrita a L»/^ Fogaça Vereador de Lis-
boa dandolhe regras para os ares da dita Cidade
ferem faudaveis.
Glofa ao Mote
Cuidados deixajme agora.
A.0S V^eys Catholicos Fernando, e If^abel.
A. morte do Príncipe D. Affonfo.
Duas Cançoens a Nojfa Senhora
Glofa ao Motte.
Terribles cuitas defeo
Todas eílas Poefias eftaõ impreílas no
Cancioneiro de Garcia de Refende aíTima
allegad. a foi. 10. v.** 49. v.o e foi. 24. atè 32.
Fr. ÁLVARO DE CASTELLO
BRANCO natural da Villa de Arronches na
Província do Alentejo, e filho de Francifco de
Siqueira Peílana, e D. Leonor de Caftellobranco
ambos defcendentes deiUuftres famílias. Na flo-
rente idade de vinte, e hum annos recebeo o Ha-
bito da Ordem de Santo Agoílinho no Convento
de Lisboa em 3. de Mayo de 1640. Aprendeo
com tanta applicaçaõ as fciencias da Filofofia, e
Theologia, que as enfinou com igual credito no
Collegio de Santo Agoftinho de Lisboa. Foy
dos grandes Pregadores do feu tempo, e como
tal o nomeou ElRey por hum dos da fua Ca-
pella, na qual fazendo hum Sermaõ, nelle como
deliro politico infinuou o modo, com que fe
concluyo a paz, que fe celebrou no anno de
1668. Em premio das fuás profundas letras o
nomeou o Príncipe D. Pedro Regente da Mo-
narchia. Arcebifpo de Goa, e depois Bifpo
de Portalegre, e confiantemente refoluto naõ
aceitou eílas dignidades preferindo a quieta-
ção de Religiofo à vigilância de Prelado. Mor-
reo no CoUegio de Santo Agoílinho de Lisboa
a 28. de Fevereiro de 1668. Compoz.
Curfus Theologicus. foi.
De Vradeflinatione, Sacramentis in genere,
<& in fpecie. foi.
Synopfis in Univerfam Theologiam fpeculati-
vam, <ò' mor alem foi.
Eíles volumes fe confervam M. S. na Livra-
ria do Convento da Graça de Lisboa, e nos
primeiros dous eílaõ defefeis conclufoens im-
preílas, que defendeo, 8. de Filofofia, e 8 de
Theologia.
Fr. ÁLVARO CA VIDE. Naceo no termo
da Cidade de Évora, e fendo de dez annos de
idade recebeo o habito da Santilfima Trindade
no Convento de Lisboa a 15. de Setembro de
1 543. das mãos do Provincial, a tempo que hia
exercitar o mefmo lugar em Caílella, o qual
attrahido da fua Índole, e viveza o levou em
fua companhia, e no Convento de Burgos
naõ fomente profeííou, mas eíludou as primei-
ras letras. PaíTou a Salamanca, em cuja Uni-
verfidade aprêdidas as fciencias efcholaílicas fe
graduou Doutor em Theologia no anno 1560.
Exercitou o miniílerio de Pregador em toda
Efpanha com grande applaufo. Voltando para
Ciudad Rodrigo, onde habitava, antes que
a ella chegaíTe, morreo no caminho fuffo-
cado de huma grande innundaçaõ de neve no
mez de Janeiro de 1606. quando contava 73.
de idade. Compoz na lingua Caílelhana, e o
dedicou a feu sobrinho Fernaõ de Lemos.
Arte para conocermos a nos otros mifmos,
y a Dios por fenales exteriores.
Deixou imperfeito hum tratado contra os
Judeos do noíTo tempo.
D. ÁLVARO DA CONCEYÇAM natural
de Villa de Monte mòr o Novo da Província
Tranílagana, e parente muito chegado dos Con-
des das Galveas. Recebeo o canónico habito de
Santo Agoílinho no Real Convento de Santa
Cruz de Coimbra a 22. de Janeiro de 1666.
Pela grande prudência de que foy dotado exer-
citou os lugares de Diíinidor, Collega, Vizi-
tador, e Reytor do Collegio novo de S. Agof-
tinho na Univerfidade de Coimbra onde falle-
L USITAN A.
lOI
h » eco a 9. tlc Dezembro de lyzS. Impri-
mio.
StrtHúò de N. Senhora da Piire^a. Li f boa
por Domingos Carneiro 1686. 4.
Fr. ÁLVARO COSMR, Eremita de Santo
^goftinho, infignc Theologo, dcfcnfor accr-
jcimo da Religião Catholica cm Inglaterra, c
Q)nfenbr do Hminentinimo Cardial D. Tho-
ina2 Ubrit do Titulo de Santa Cruz de Jerufa-
km, c primeiro Fundador da Univerfídade de
Cantuaria. Baile para elogio dcíle Varaõ o que
delle efcreveo Fr. Ricardo Wandalic in Chron.
Trinit. M. S. que fc conferva na Bibliotheca
do Efcurial, lib. i. cap. 20. In temporis occafione
(que era no anno de 1257.) qindatn peffwii, €>*
infolentes haretici erant, qui aperte corportim
refnrre£líonem abnej^aban/, in qiios Venerahilis
Archiepifcopus Cardinalis magnam pojuit vigi-
lantiam, Ó* adjiitorem adhihuit Keverendiffimiim,
digniJfuMnmqne Alvariim Co/me 'Lufitanum divi
Augufiini Eremitam, qui litteris,Jcientia, ér dexte-
ritate ingenij quinqtie conjcripfit argumenta, ut eos
ab erroribus vindicarei <â>'c. his efficacijfimis
remediis tota harejis relegata ejl, ó^ Civitas Can-
tuarienjis ab execrandis criminibus manfit liberata.
Semelhante elogio lhe faz Fr. António da
Purificação na Chron. da Prov. de Port. Part. 2.
liv. 6. Tit. 5. §. 4. & de Vir. lllujl. Ord D.
Augujl. liv. 2. cap. 3. Joaõ Soar. de Brit. in
Theatr. Lup. Litter, let. A. n. 18.
ÁLVARO DO COUTO D.E VAS-
CONCELLOS Teve por Pays a Joaõ Gon-
çalvez do Couto, e D. Brites Barbosa de
Vafconcellos, dos quaes com a nobreza
do fangue herdou o génio para o eftudo
de todas as fciencias, e Artes liberaes fendo
a fua mayor applicaçaõ à Hiftoria profa-
na, de que deo claro argumento, em
obfequio de fua pátria no trabalho com que
reduzio a melhor forma, e acabou em o i.
de Setembro de 1541.
Chronica do Serenijftmo Key de Portugal
D. Joaõ o I. em 3. Tom. que tinha compoíla
o Chroniíla Femaõ Lopes, de cuja obra
fe conferva huma Copia na Bibliotheca do
Convento de S. Francifco de Lisboa da Pro-
vincia de Portugal, que vimos.
ÁLVARO DIAS. Depois de fc applicar
na Univerfídade de Coimbra ao eftudo de
Theologia, ou dos Sagrados Cânones rccebeo
o gtAo de Licenciado em huma deftat Êicolda-
des. No tempo, que poííuia hum Beneficia
rendofo na Cathedral de Cabo Verde huma das.
noíTas Ilhas Ilefpcridas, e excrcítaíTe com
rcélidaò, e prudência o lugar de Vigário Gexal
naquclla Diocefe por morte do fcu Bifpo o
lUuílrinfimo D. Fr. Sebaftiaò da Afcenf^O'
meritiíTimo filho da Religião Dominicana, que
fucccdeo a 12. de Março de 16 14. compoz,.
como teftifíca Jorge Cardofo no Affol. Lujit,
Tom. 2. pag. iji. no Commentario de 12. de
Março letra \\. e Fr. Pedro Monteiro Clauft.
Dominic. Tom. i. pag. 52.
Vida do llluflrifimo Bifpo de Cabo Verde D-
Vr. Sebaftiaò da AfcençaÕ, a qual fc naõ impri-
mio, de cuja obra como do Author faz mençac>
o moderno addicionador da tíib. Occident. de
António de I^aõ Tom. 2. Tit. 23. col. 859.
Vida do Venerável Padre Fr. JoaÕ da Efpe-
rança Keligiofo da 3. Ordem de S. Francifco efcrita
em 20. de Aíarço de 1 6 5 o. Como affirma o mefmo
Cardofo no Agiol. L/íftt. Tom. 5. pag. 610. no
Commentario de 9. de Junho let. E.
ÁLVARO ESCOBAR ROUBAM Naceo-
em Coimbra a 5. de Abril de 161 5. fenda
feus Pays Manoel de Efcobar Roubaõ, e ^Mar-
garida Rouboa de Anhaya. Naõ foy predso^
fahir da fua pátria para fe inftruir em as letras
humanas, Rhetorica, e lingua latina, antes
fez nellas taes progreíTos, que paífando a
penetrar os Segredos da Filofofia, e as Deci-
foens dos Sagrados Cânones mereceo com
uniforme approvaçaõ da Univeríidade receber
o grào de Bacharel neíla faculdade. Os feus
merecimentos lhe alcançarão o Priorado dá
Igreja de Águeda, e o lugar de Prothonotario-
Apoílolico. Teve para o púlpito grande génio
fendo eftimado por grande Orador Evangé-
lico pela eloquência, e vivefa, com que
recitava os feus Sermoens. Ao tempo, que
com grande difvelo exercitava o offido paf-
toral foy impiamente morto por hum aíTaíIi-
no em o anno de 1670. Os Sermoens, que
fe imprimirão faõ os feguintes.
Sermaõ na TresladaçaÕ dos ojfos de S. Bento
com o Santijfimo Sacramento expofto pregado-
I02
BIB LIO THECA
no Convento das Keligiofas do Porto Coimbra
por Diogo Gomes Loureiro 1646. 4, & ibi.
pela Viuva de Manoel de Carvalho 1670. 4.
Sermão da Purificação da V. N. Senhora
•com o titulo da Luí^. Coimbra por Manoel
Carvalho. 1667. 4.
Sermão da Beatificação de Santa Kofa de
Santa Maria no ultimo dia do Outavario, que
celebrarão os Keligiofos do Mojleiro de S. Domin-
gos, e Keligiofas do Convento de Aveiro. Lisboa
por António Crasbeeck de Mello 1670. 4.
Sahio traduzido efte Sermaõ em Caílelhano
por D. Eílevaõ de Aguilar, e Zuniga em o
Tom. 2. da 'Laurea Portug. Madrid por André
Garcia dela Iglefia 1679. 4.
Seis Sermoens pregados de tarde a Chrifio
Crucificado da Freguesia de Santa Jujla de Coim-
bra nos Sabbados de Ouarefma. Obra pofiuma
Lisboa por Joaõ da Coíla. 1671. 4.
Na Dedicatória do Sermaõ da Purifica-
rão faz memoria de huma obra intitulada
Theatro de Príncipes que eftava brevemente
para a imprimir, mas naõ o executou.
ÁLVARO FERNANDES, muito fciente,
e experimentado em a navegação da
índia Oriental, e Guardião da Náo S.
Joaõ que padeceo hum dos mais horroro-
fos, e lamentáveis naufrágios de que fe lem-
braõ os homens, cuja fatalidade fuccedeo
nos baixos da terra do Natal a 24. de Junho
de 1552. perecendo nella o Capitão Manoel
de Souza de Sepúlveda com fua mulher,
e filhos, cuja laílimofa tragedia fera eterna-
mente infeliz aíTumpto da defgraça. Como
aíTiftio a eíle horrível naufrágio compoz
delle huma exaâa Relação conforme efcreve
Fr. António de S. Roman Hijl. dela Ind.
Orient. liv. 4. cap. 23. e lhe poz o titulo
feguinte.
Hijloria da muy notável perda do galeaõ
grande S. JoaÕ em que fe rçcontaõ os cafos
defvairados, que acontecerão ao Capitão Manoel
de Soufa de Sepúlveda, e o lamentável fim,
que elle, fua mulher, e filhos, e toda a mais
_gente tiveraõ. Lisboa por Joaõ Barreira.
1554. 4. et ibi na Officina da Congregação
do Oratório 1735. 4. na Collecçaõ dos nau-
frágios feita pela curiofa induílria de Bernardo
Gomes de Britto.
ÁLVARO FERREYRA DE VERA.
Naceo em Lisboa, de Pays illuílres, e no Col-
legio de Santo Antaõ dos Padres Jefuitas
aprendeo as letras humanas, e as difciplinas
Mathematicas, das quaes teve por Meftre
o Padre Chriftovaõ Borro infigne profeíTor
nefta faculdade. Depois de fe inílruir na liçaõ
da Hiíloria profana fe applicou com o mayor
difvelo por todo o tempo da fua vida a alcançar
a noticia das Famílias illuílres deíle Reyno
revolvendo para efte fim todos os Cartórios, e
Archivos da Corte, e principalmente o Real,
onde continuamente aífiília por ter contrahido
eftreita amizade com o Guarda mór delia.
Naõ fatisfeito das noticias, que a fua incan-
favel deligencia tinha colhido em Portugal paf-
fou a Madrid, onde viveo até o anno de 1645.
occupado no ecudo Genealógico das Famílias
de Efpanha, pelo qual mereceo os elogios, que
lhe fizeraõ Nicolao Ant. in Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 46. D. Francifco Manoel na carta efcrita ao
Doutor Manoel da Fonf. Themudo. Rodrigo
Mend. Sylv. no Cathal. Keal. Manoel de Faria,
e Soufa na Dedicatória da i. Parte da Fonte
de Aganip. ao Marquez de Montebello, di-
zendo: como lo enfenan los antigos ^Nobiliários, y
modernamente con fus arboles el penetrante invef-
tigador delos Venerables Monumentos Álvaro
Ferreira de Vera; e nas advertências à Egloga
12. da P. 4. da Font. de Aganip. Álvaro Ferreira
de Vera nueflro amigo es diligente efcritor
dela Hifioria Genealógica Portuguesa y que
ya divulgo un libro dela Noblef^a j otros dif-
curfos con claro ejiylo, y acierto; e no prin-
cipio da mefma Egloga dedicada ao feu
nome lhe confagra efte Soneto.
devolve ò graõ Ferreira em cins^as frias
Da apagada nobreza os lumes claros;
E do F.ufo idioma os termos raros
Com que a pátria ennobreces, e glorias.
De f eus altos ejiudos as porfias
Sendo delia os firmijfimos reparos
Da fama annos futuros nada avaros
Te feraÕ, quando o fejaÕ noffos dias.
Bem podes revolver bem prefumido
Fm quanto banha o Tejo, banha o Douro
Hum, e outro efplendor efclarecido.
Que a mim me eflá dizendo Febo Lj)uro
Oue fe a nobre fortuna o appellido
Te deo de ferro, deu-te o efiylo de ouro.
LUSITANA.
io5
ll. Luiz Salazar, c Caft. nas Advtrt. Hifl.
Ibl. 552. n. 269. Álvaro Verreira de Vera noble
tjlfitano ejcrevio unas notas ai Nobiliário dei
C^ide D. Pedro de Portugal con jijran utilidad
it aquel volumen. D. Ant. Soar. de Alarc. nas
fi^lac, Geneal. dti Caja de Vroeif. foi. 85. col. 1.
^otieiofo Author delas famílias de Portugal.
Gandar. Nobil. de Calicia lib. 5. cap. 16.
Morery Dié^ion. Iliftoriq. vcrb. Verreira
it Vera lhe chama geneologijle três Jur Q>mpoz.
Origem da Nobret^a politica, blav^ns de
grmas, apellidos, Cargos, e Ti talos nobres Lisboa
por Mathias Rodrigues. 1651. 4.
Orthographia, ou modo para efcrever certo
na língua Portuguev^a com hum Tratado da Memo-
ria artificial; outro da muita femilhança que tem
a lingua Portuguet^a com a luitina. Lisboa
pelo mcfmo Imprcf. anno c forma.
Notas ao Nobiliário do Conde D. Pedro
por Eftcvaò Paulinio 1640. foi. Lisboa por
Joaõ da Cofta 1645. e Madrid por Alonfo
de Paredes 1646. foi. Roma
Vidas abbreviadas dei Conde don Enri-
que de Borgona, delKey D. Afonfo Enriques
d L de Portugal, de D. Sancho el I. de
D. Alonfo el II. de D. Sancho el II. de
D. Alonfo III. delKey D. Dioni^ único
en Portugal 6. en numero; de D. Alonfo IV.
y D. Pedro I. Çaragoça 1645. foi.
Informacion fobre el Titulo de Gijon.
Madrid 1645. foi.
Unhas Reaes dos Condes de Penaguião foi. Aí. S.
Líneas Reales delos Aíarque^es de Tor de
Laguna, foi. Aí. S. Eftes dous M. S. fe con-
fervaõ na Livraria do ExcellentiíTimo Marquez
de Abrantes.
Informacion dela Origen delos Vafcon-
celos. Madrid. 1646. foi.
Genealogia dela Cafa de Contreras. Defta
obra fe lembraõ Franckenau in P>ib. Hifp.
Híji. Geneal. Herald, pag. 19. e o Padre D.
António Caetan. de Souf. no apparat.
à Hifl. Gen. da Cafa Real de Portug. pag. 74.
n. 57. intitulando-o, muito douto na Mathe-
matica, VaraÕ erudito, e com muito efttido
de Genealogia. Tinha compoílo como diz
Nicol. Ant. in Bib. Hifpan. Tom. i. pag. 46.
col. 2.
Compendio de Vocabulários, ou Lexícon
Lufitano Latino.
Cortesão perfeito.
Porem nau fe imprimirão eílas duas obras.
Fr. ÁLVARO DA FONSECA, nacca
no lugar de Ercarrigo termo da Villa de
Caílelio Rodrigo do Bifpado de I^mego, e
foraò feus Pays Franciíco da FonTeca Oforío»
e Catherina Domingucz. Rcccbco o habito
Girmelitano no Q>nvento de Lisboa a 27.
de Novembro de 1610. e profeíTou a 28. do
dito mez do anno feguinte. Por fer grande
humaniza, e muito fciente na lingua Latina
a enfmou aos feus domeílicos no G>nvento
de livora. Foy Subprior dos Conventos
de Setúbal, e Vidigueira, e Meftre dos Novi-
ços em Moura, e Lisboa. Applicoufe aa
eíludo da Genealogia em que foy muito perito.
Morreo em Rvora a 2. de Mayo de 1664.
Compoz hum Nobiliário com efte Titulo.
Relação da nobre, e antigua família dt
Fonfeca no Reyno de Portugal, e da Ori-
gem da dos Coutinhos, que fahío da dos Fon-
fecas. Começa.
Efla geração, e nobre família de Fon-
feca he huma das mais antigas defle Reyno.
Efte livro dedicou o author no anno de
1645. ^ ^' VeriíTimo de Lancaftro depois
Inquifidor Geral, e Cardial da Igreja Ro-
mana, do qual há diverfas copias. O Padre
Fr. Manoel de Sá nas fuás Memor. Hifl. dos
Efcrít. Portug. da Prov. do Carm. defte Reyno^
pag. 10. n. II. diz que o Original fe conferva.
na Livraria dos ExcellentiíTimos Marquezes
de Alegrete. Foy o dito Nobiliário acrecen-
tado por Fr. Miguel de Saõ Braz Carmelita
Defcalço irmaõ de Luiz da Fonfeca Coutinho
Fidalgo da Cafa Real, e Avô do Dezem-
bargador Manoel Guerreiro Camacho, como
affirma o Padre D. António Caetano de
Souza no Apparat. à Híjl. Gen. da Cafa Reat
de Portug. pag. 86. n. 77.
Efcreveo mais
Genealogia da Cafa Real de Bragança com
eflilo muito fucinto como diz o Padre D.
António Caetano no lugar affima allegado.
Genealogia dos Reys de Portugal. Ao
Senhor D. Veríjftmo de Lancaftro quart»
Neto delRey D. JoaÕ o II. The^oureiro mor
da Sé da Cidade de Évora, e digniffimo In-
quí:^ídor da dita Cidade. Dedicado em o
I04
BIBLIO THECA
atino de 1653. 4. M. S. Confervafe na Livraria
<lo Conde do Redondo.
ÁLVARO GOMES, natural de Évora,
£lho de Gil Fernandes Sardinha, e Lourença
Fernandes filha de Pêro Lourenço, que tinha
foro de VaíTallo delRey, e irmaõ inteiro de D.
Pedro Fernandes Sardinha primeiro Bifpo da
Bahia, e hum dos mais iníignes Theologos,
-que venerou a Univerfidade de Pariz, onde
depois de receber nella as iníignias Doutoraes
na faculdade Theologica, como agradecido a
taõ illuílre paleftra em que colhera os abundan-
tes frutos da Sabedoria por muitos annos com
_grande efplendor, e naõ menos aclamação
•dos feus ouvintes exercitou o magiílerio na
mefma faculdade. Envejofas as Univeríi-
dades de Salamanca, e Coimbra, de que a de
Pariz poíTuifle no feu grémio a hum taõ con-
fumado Meílre, o chamarão para illuílrar com
•os rayos da fua doutrina aos Hefpanhoes, e
Portuguezes, cuja incumbência executou pelo
largo efpaço de vinte annos, principalmente
«m Coimbra, onde foy Lente de Theologia no
anno de 1545. Por ordem delRey D. Joaõ IIL
paíTou do publico exercício de Meílre ao par-
ticular de inílruir em a Theologia a feu Irmaõ
o SereniíTimo Infante D. Affonfo Arcebifpo
<de Lisboa, e Cardial da Igreja Romana, e de
tal forte ellimava o mefmo Monarcha a fua
peíToa, que o elegeo feu Confeflbr, e Prior da
Igreja de S. Nicoláo de Lisboa, a qual até a
morte adminiftrou com difvelo de paftor ze-
lofo, e felicito. De todas as fuás obras fahio
k luz publica.
De Conjugio Regis Anglia cum relicta fra-
iris fui. UlyíTipone apud Germanum Galhar-
dum. 15 51. 4.
Em cuja Dedicatória a Pompeo Zam-
bicari Bifpo Vaven. e Sulmon. Núncio
Apoftolico neíle Reyno faz relação de ou-
tras obras neíla forma. Serenijfimo Regi
Joanni Hijloriam Alphonfi Primi 'Lujitania
Regis, D. Sancij ejujdem filij, <& D. Joan-
nis hujus nominis Jecundi latine à tne primo dona-
tam ex annalihíis I^uJifanicB o Hm confecravi:
<ò' Vrincipi Henrico Commentarios in Vrim. JLib.
Vacultatis Theologica Varijienfis in matéria fidei,
<ò' morum adverjus omnes nojlra tempefiatis
hcerejes dicavi ( Eftes Commentarios fe confer-
vaõ Aí. S. na Biblioth. do Colleg. de Évora da
Companhia de JESUS ) D. Eduardo infi-
gnem de immortalitate anima libellum, et alii
Macenates mei, (& primates Eufitania non
nulla opera qualia cumque ex me acceperunt.
A memoria defte author celebrarão NicoL
Sand. in Scifmat. Anglic. lib. i. Odoric.
Raynaud. AnnaL Ecclef. Tom. 20. ad an.
1531. n. 86. Hermic. Cayad. in uno Suor.
Epigram. Nicol. Anton. in Bib. Hifp. Tom. 1.
pag. 46. col. 2. o Padre Francifco da Fonfeca
Evor. glor. pag. 409. D. Pedro Fernand.
Sard. na Epiftol. impreífa no fim do livro
de conjugio Regis &c. Tametji ante hos viginti
annos tum Theologi, tum ]uris confulti Doãores
eruditijfime confcripferint, nulliis tamen {quantum
mihi videtur) rem ipfam acutius, ac profundius
attigit, quam nofier Gomejim Parijtenjis Theolo-
gus, ut qui multis annis Euthejia, Salmantica,
(& Conimbrica Theologiam edocuerit. Jeronymo
Cardofo nas fuás Epiílol. Latinas o louva
de igualmente fer douto nas fciencias fagra-
das, como nas letras profanas dizendo-lhe
na Epiílola 15. Duplicem ?nihi videris lauream
ajjecutus, qui non contentus modo magis in litteris
promovijfe, quàm umquam quijquam antehác,
verum etiam quod magis admiror, in humanitatis
Jludijs fie excellis, ut univerfos tua profejfwnis
homines non Jolum anteeas, fed eos ipfos etiam, qui
in eifdem fiudijs nati educatique Junt. Neftas
Epiftolas eftá huma elegantinima, que he a
17. efcrita por Álvaro Gomes a Jeronymo
Cardofo. O Padre Joaõ de Mariana in Tra-
ã. pro editione vulgata Sacr. Script. cap. 8.
pag. 56. da impreíTaõ de Colónia do anno
de 1609. traz huma fua epiílola efcrita a
Nicolao Sandero em que lhe diz Difputa-
tionem tuam pro Hebraicorum codicum veri-
tate, quam Alvarus Gomefius de litteris,
ac de me benemeritus tuis verbis cognofcendam
mifit, cupidijftme legi.
ÁLVARO GOMES DE SANTA
MARIA, Confelheiro delRey D. Aifonfo
V. e naõ menos obfervante das Virtudes
moraes, que perito nas elegâncias poéticas
compondo em Outava Rima Portugueza.
Das Virtudes, e dos Vicios. M. S.
Cuja obra fe conferva na Biblioth.
Real.
L USITANA.
io5
ÁLVARO GONÇALVES. Celebre Poeto,
que floreceo no Soculo decimo fctimo infígne
imitodor do Princepe da Poefu o grande
Luiz de Camoens. Pofto que naõ fez publica
alguma das fuás obras naõ devemos paíTar
em íUencio a illuílre memoria, que faz dcUc
entre os Poetos Portuguezes, Jacinto Cordeiro
no elogio dellcs.
Uepe A/varo Confales el cuidado
La gala, la diilfitra quando intenta
Applaufos confu ingenio delicado
Si enamora las Mn/as, qne frequenta.
Tanto en Ju blandara enamorado
Vivos affeÚos dulce reprejenta
Que cilas la fanff^e en el han conocido
Que tiene de Camoens fuhjlituido.
ÁLVARO GONÇALVES DE CÁCE-
RES. Foy Chronifta mór delRcy D. Affonfo V.
c fucccflbr ncftc lugar de Gomes Eannes de
Zurara. O mefmo Monarcha o armou Caval-
Iciro na cxpugnaçaõ de Alcácer, e lhe deo por
Armas hum efcudo em cujo campo de ouro
cllava huma palma com frutos coroada de
huma eftrella vermelha. Naõ efcreveo Hifto-
ria defte Princepe, mas dous Tratados dedica-
dos a D. Affonfo L Duque de Bragança,
fendo o primeiro.
Da dignidade do Duque, Jtia origem, excellencias,
€ obrigaçoens do/eu officio. Confervafe na Livraria
do Marquez de Gouvea, como teílifica o P. D.
António Caetano de Souf. no Apparat. à Hift.
Gen. da Caja Keal Portug. pag. 26. n. 7. O fe-
gundo efcrito em Caftelhano tem efte titulo.
Que cofa fea hidalgtáa, quando conviene, e a
quien fe deve. Fazem lembrança defte Author
Fr. Francifco Brandão Chronifta mór do
Reyno no liv. 4. dos Myfticos, e Joaõ Franco
Barreto na Bib. Lufit. M. S.
Fr. ÁLVARO DE JESUS natural da Villa
de Alegrete da Provincia do Alentejo profeffou
o Habito de Eremita de Santo Agoftinho no
Convento de Lisboa a 19. de Março de 1595.
Naõ foy menos iníigne na fciencia da Theolo-
gia, que em a noticia das antiguidades da fua
Ordem zelando como verdadeiro filho os privi-
légios de taõ grande, e illuftre Mãy, e como tal
foy a Roma por Procurador Geral eleyto pela
Provincia para defender a controverfia da pre-
cedência com os Dominícos, onde alcançou
fmgulares gtaças da liberalidade Pontifícia
para cfta Província Portugueza aíTiftindo na
Cúria defde o anno 1595. até o de i6oz. em
que morreo. Offcrecco á Santidade de de-
mente VIII. logo que chegou a Roma.
Difmforio da Ordem dos Eremitas de Santo
Agoftinho, cuja Copia fe conferva na Livraria
do Convento de N. Senhora da Graça de
Lisboa. Além defta obra, em que fumma-
mente trabalhou. Compoz.
Officios próprios da Ordem dos Eremitas
fcparados do Breviário no anno de 1596.
e alcançou, que fe rezaííem, em toda a Ordem.
Fr. ÁLVARO LEITAM natural de Lisboa,
e filho de Manoel de Figuciroa Caftclobranco,
c Cathcrina Jorge rcccbco o Habito da Illuftre
Ordem dos Pregadores no Real Convento da
fua pátria a 26. de Junho de 1628. Foy Mcftrc
na Sagrada Theologia, Qualificador do Santo
Officio, Pregador das Magcftadcs dclRcy
D. Affonfo VI. e D. Pedro II. merecendo
univerfal eftimaçaõ pela exccllencia das Letras,
e integridade dos coftumes. No púlpito
fempre ouvido com aplaufo; nas duvidas da
confciencia fempre confultado com veneração.
Como era mais ambiciofo de obedecer, que de
mandar nunca pertendeo lugar algum hono-
rifico na Religião, antes sendo eleito por votos
uniformes Prior de Évora, renunciou a Pre-
lazia com mayor anciã de que outros a perten-
deriaõ. Morreo cheyo de annos, e mereci-
mentos na pátria a 2. de Janeiro de 1676.
De muitos Sermoens, que podia publicar
fomente fahiraõ à luz os feguintes.
Sermoens das Tardes das Domingas da Qua-
refma, e de toda a Semana Santa Lisboa por
Joaõ da Cofta. 1670. 4.
Sermão nas 'Exéquias do Sereniffimo Príncipe
D. Theodojio nojjo Senhor, que Deos tem, feitas
pelo Keverendo Cabido da Santa Seé de Lisboa
no Real Convento de Belém aos 26. de Jmho
de 1653. Lisboa por Paulo Crasbeeck.
1654. 4.
Sermão em acçaõ de gradas pela faude,
e Vida da Raynha N. Senhora no Mofleiro
da Encarnação de Lisboa ibi. por Henrique
Valente de Oliveira 1660. 4.
Sermão do aão da Fé celebrado em Lisboa
o6
BIB LIO THE CA
na 4. Dom. da Quarejma a 4. de Abril de 1666.
Lisboa por Joaõ da Coíla. 1666. 4.
Sermaõ na Fejla da Canoni:(açaÕ de S.
Pedro de Alcântara. Lisboa por Domin-
gos Carneiro 1671. 4.
Sermaõ às Keligiofas do Mojleiro do Salvador
na Segunda 6. feira da Quarejma à grade do
Coro patente o Senhor, que havia hir na Pro-
cijjaõ de Pajjos. Lisboa por Joaõ da Coíla
1675.4.
Epitome da vida, e morte da glorio/a, e admirá-
vel "Virgem Kofa de Santa Maria Keligiofa Ter-
ceira da Ordem dos Pregadores dividida em dous
Sermoens, hum que Je pregou na Kofa, outro no Bom
Succejfo Lisboa por Joaõ da Coíla 1669. 12.
Delle fazem memoria o Padre Fr. Lucas
de Santa Catherina na Hifl. da Ordem de S.
Domingos da Prov. de Portug. Part. 4. liv. i.
cap. 5. e Fr. Pedro Monteiro no Claufi. Domi-
nic. Tom. 3. pag. 134. e no Tom. i. pag. 145.
P. ÁLVARO LOBO. Naceo em Villa
Real da Provincia Tranfmontana, e das mais
qualificadas familias daquella Villa de que
defcendiaõ feus Pays António Lobo, e Bea-
triz de Contreiras. Aos 15. annos de idade
paíTou a Coimbra, e no CoUegio dos Padres
Jefuitas foy admitido a feu Collega em 28. de
Fevereiro de 1566. Neíla Efcola fahio taõ
perfeitamente inilruido nas Humanidades,
que por alguns annos as enlinou aos feus
domeílicos com grande fama de iníigne Poeta,
e confumado Orador. Semelhante nome
alcançou, quando em Évora eníinou Filofofia
por efpaço de quatro annos. Mais illuftre
fe fazia a fua fciencia pelas virtudes, em que
florecia, como eraõ a contemplação dos bens
eternos, o defprezo dos caducos, a humildade
profunda, e o dominio fobre todas as paixoens.
Foy Regente dos Eftudos de Braga, e de
Lisboa, Reytor do Collegio do Porto. Ainda
que era de faude pouco robuíla fe applicou
com difvelo a compor a Hiíloria da Com-
panhia deíla Provincia, à qual naõ lhe poz
o dezejado fim interrompido pela morte, que
o trefladou à melhor vida em Coimbra a 23.
de Abril de 1608. com 57. annos de idade,
e 42. de Religião. Traduzio em Portuguez.
Martjrologio Romano. Coimbra por António
de Mariz 1 5 9 1 . 8 . No fim lhe acrecentou .
Martjrologio dos Santos de Portugal,
e feflas geraes do Rejno recolhido de alguns Autho-
res, e informaçoens por alguns Padres da Com-
panhia de Jefus. Coimbra por António de
Mariz. 1591. 8.
O Martjrologio Romano fahio muito augmen-
tado Lisboa por Miguel Def landes 1681. 4.
Hifloria da Companhia da Provincia, de
Portugal dividida em 12. l^ivros, dos quaes
deixou acabados 10. em que comprehendia
dezefete annos defde a fua Fundação, da
qual fe aproveitou muito para a Chronica
da mefma Companhia o Padre Balthezar
Telles, como elle o confeíla ingenuamente
no Prologo da i. Parte.
Tratado da Familia dos Almejdas o qual fez
à inílancia de D. Pedro de Almeyda L Pre-
fidente da Camará, do Confelho de Eftado,
Alcayde mór de Torres Vedras, Irmaõ de
D. Jorge de Almeyda Arcebifpo de Lisboa,
cujo tratado devia ficar em poder de feu filho
D. Pedro de Almeyda Commendador de
Loures na Ordem de Chriílo, Alcayde môr
de Alcobaça, e Prefidente da Camará. Defta
obra faz mençaõ, e do Author o Padre D.
António Caetano de Soufa no Apparat. à
Hifl. Gen. da Caf. Real. Portug. pag. 56. n. 33.
Tratado da Entrada das Religioens nefle
Rejno allegado muitas vezes por Jorge Car-
dofo no Agiol. Eujit. principalmente, em o
Tom. I. p. 252. no Commentario de 25, de
Janeiro letr. D. e no Tom. 3. pag. 519. no
Commentario de 3. de Junho let. A.
Tinha quafi acabada.
Vida do Serenijfimo Rej, e Cardial D,
Henrique, como teílifica o Padre Francifco
da Cruz nas Mem. para a Bib. Portug.
M. S. Com merecidos elogios o celebraõ Ni-
col. Ant. in Bib. Hifp. Tom. i. pag. 48. col. 2.
Orator eximius. Poeta excellens. Alegamb.
in Bib. Societ. pag. 44. injignia habuit vir-
tutum ornamenta, ex quibus animi tranquil-
litas, manfuetudo, lenitas, maxime commen-
dabant. Fonfec. Evor. Gloriof. pag. 425.
Ornado de muitas letras, e Virtudes. Joan.
Suares de Brito in Theatr. Eufit. Eitterat.
let. A. n. 20. Orator fuit eximius, €>" egre-
gius Poeta. Telles no Prol. da i. Part.
da Chron. da Companh. de Prov. de Por-
tugal. Homem douto, e muito erudito, de muita
LUSITANA.
107
i
ptrdadi, e Jinceridade. Franco Synopf. Anual. S. I.
in hup. pag. 19). n. 9. et in Ann. Clor. S. I.
pag. 2a). e na Imaffm do Nopíc. do Colitj^.
de Coimb. Tom. 2. pag. 6x0. Cunha, hiifl.
Vxchf. dê Bra^ Part. 2. cap. 17. n. ult.
ÁLVARO LOPES natural de Villa viçofa
na Província do Alentejo onde no anno
de 161 8. exercitava a Arte de Cirurgia, em
que foy infigne. Efcreveo.
De morho ^íallico, ejufque partihiis. M. S.
De cuja obra, e author faz mcnçaò Fran-
cifco de Moraes Sardinha no Parnaf. de
Villav. liv. 2. cap. 60.
ÁLVARO MARTINS. Cozinheiro mór
em Caftclla da SercniíTima Princefa D. Joanna
de Auftria Mày, que foy delRey D. Sebaftiaõ,
c depois dclRey Filippe III. merecendo eíli-
maçaõ pela arte de que fez hum livro no
anno de 1615. cujo original confervava na
fua felcéfai Livraria o Chantre de Évora
Manoel Severim de Faria.
ÁLVARO DE MATTOS natural da
Cidade de Elvas. Sendo Livreiro teve par-
ticular génio para a Poefia cómica compondo
muitas Comedias das quaes fomente chegou
à minha noticia a feguinte impreíTa.
Caf^ado venturofo, e P aflora per tendida Lisboa
por António Alvares 1656. 4.
Entre os Poetas Portuguezes he numerado
pelo P. António dos Reys no Unthujiasmo poético
impreflb no principio dos feus Epigramas n. 249.
ÁLVARO DE MORAES. Natural de Villa
viçofa filho do Doutor Fernando de Moraes, e
irmaõ mais velho do Doutor Gomez de Moraes
Lente de Prima de Cânones na Univerfidade de
Coimbra, em cuja faculdade também recebeo o
gráo de Doutor. Prometendo-lhe a fua grande
litteratura a adminiílraçaõ dos mayores lugares
preferio a tranquillidade do campo ao tumulto
da Corte fervindo unicamente o lugar de Juiz
de fora da villa de Pinhel. Retirado a huma
Quinta fe applicou à cultura da terra efcre-
vendo.
Uvro de Agricultura no qual fe trata do
modo de enxertar, e plantar Arvores.
Querendo imprimir eíla obra a remeteo
ao exame de feu Irmaõ o qual julgando ítt
o feu argumento indigno de hum Varaô capax
de efcrever matéria mais alta a fupprimio,
naõ fabendo, que a cultura dos campos,
e da.s Arvores como taô neceííaria á confer-
vaçaò do género humano tinha (ido louvá-
vel exercício de muitos Príncipes.
ÁLVARO NUNES, natural de Villa
de Santarém Pay naõ menos pela fcíenda
que natureza de Luiz Nunes de quem em
feu lugar fe fará mençaõ. A opinião que
corria da fua profunda capacidade o fez fer
venerado por hum dos mayores profeflbres
da Medicina, de tal forte, que quando o
SereniíTimo Alberto Archiduque de Auílria
entrou em Lisboa para governar efta Monar-
chia em nome de Filippe II. naõ fomente o
elegeo por Medico da fua Camará, mas lhe
perfuadio com largos partidos que o acom-
panhalTe a Flandes com o titulo de feu Phyíico
mòr na occaziaõ que hia governar aquelles
Eftados. Obedeceo promptamente à inúnua-
çaõ defte Príncipe, e entrando em Anveres
Corte dos Príncipes de Flandes naõ he fácil
de explicar a univerfal eílimaçaõ, que mereceo
aíTim da Nobreza, como do povo pelo admi-
rável methodo, e íingular arte, com que curava
as infermidades mais perígozas, e rebeldes,
por cuja caufa o refpeitavaõ os ProfeíTores
da fua Arte por hum novo Hypocrates, ou
Galeno, Toda eíla acclamaçaõ conciliava
a fuavidade do feu génio, e urbanidade da fua
peíToa fempre inimiga da vangloria, e unica-
mente amante da moderação. Além deíles
amáveis dotes refplandecia nelle fobre a
profunda fciencia da Medicina a perfeita
noticia da lingua Romana, e Grega, e a vafta
comprehenfaõ da Filofofia, Cirurgia, Mathe-
matica, e Hiíloria por cujas partes lhe dedicou
ao feu merecimento efte Elogio o iníigne
Varaõ Lourenço Beyerlinck in Oper Crono/.
ad ann. ChriíU 1602. Venio ad Alvarum Nonium
Medicorum fui faculi, <& Joli lúmen, qui grace, (Ò"
luitine eruditus ingentes opes fubtilis ingenii ab
ineunte atate ad illufiranda Medicina abdi-
ta conjervaverat. Ouo faãum, ut nihil in-
ter Graça primorum Medicina antiftitum
volumina occurreret, quod non otiits enoda-
ret interpretando. Memoria vero adeo tenaci,
io8
BIBLIO THE CA
ac vegeta prater alias natura, <& fortuna dotes,
praditus erat, ut non niji eum Jumma voluptate
audires de rehus Jummis qttaque proxime hominem
contingehant differentem, (ò" arcana quavis veterum,
(& Jcriptis certa fide de promentem. Quare tnagno
in pratio apud magnos femper ejl habitus, eb* Prin-
cipum nojlrorum Archiater ajfiduus fuit. Biblio-
thecam habuit divite librorum Jupelkãile infirnãam,
quam 'L.ndovuo Nónio filio reliquit. Morreo em
Anveres, e foy fepultado na Igreja de Saõ
Tiago, em cuja Sepultura lhe gravarão fua
mulher, e filhos eíle honorifico epitáfio.
Álvaro Nónio Lud. Fil.
Nato an. 6o. denato 5. Idus. Decembris 1605.
Philofopho, <ò' Archiatro
Doãrina. <& virtute claro:
Principibus charo.
Prolixa in omnes comitate
Cui in vi ta nil charius quam aliis eam dare;
Nil in morte jucundius, quam ad meliorem
tranfire.
Uxor marito, liberi parenti.
MM. PP.
Das obras de taõ grande Author unica-
mente chegou à noíTa noticia a feguinte.
Annotationes ad libros duos Francifci
Arcai de reãa curandorufn vulnerum ratio-
ne cum eifdem excufa. Antuerp. apud Chriiio-
phorum Plantinum 1574. 8. et Amftelod.
apud Petrum Vande Berghe. 1658. 12.
Defta obra, e do Author fe lembraõ
Vander de Linden, & Georg. Abrah. Merck
lino in Script. Medic. Nicol. Anton. in Ptib.
Hif. Tom. I. pag. 48. c. 2. Zacut. in prasfat.
de Med. Princip. Hijl. Caldeira Variar. Leãion.
lib. 2. cap. 5. Franc. Suvertius in Athen.
Belgic. & Vai. Andr. DeíTel. in Bib. Belgic.
fallando de feu filho Luiz Nunes.
D. Fr. ÁLVARO PAES brilhante Luz
da Igreja Catholica, e da Religião Seráfica
naceo na celebre Villa de Santarém baf-
tando-lhe efte único filho para eterno brazaõ
da fua Nobreza. Dezejofo de fe inílruir com
os documentos da doutrina mais folida
paíTou a Bolonha onde na fua florentiíTima
Univerfidade fe applicou ao eíhido da Jurif-
prudencia Civil, e Canónica, fazendo neftas
duas faculdades taes progreílos, que rece-
bendo nellas o gráo de Doutor as explicou.
com elle mefmo affirma na obra de Planãu
Ecclejia lib. 2. cap. 23. com geral applaufo
de todos os Cathedraticos. Julgando por
caduca a gloria, que lhe refultava deftas
acclamaçoens Académicas, para fegurar a
eterna recebeo no anno de 1304. o habito
dos Menores na Cidade de AíTiz, onde eílava
celebrando Capitulo geral efta penitente fami-
lia bufcando para teílemunhas da fua heróica,
refoluçaõ o immenfo numero de tantos Capi-
tulares admirados de que quizeíTe profeflar
o humilde eílado Religiofo hum homem,
que era famofo entre os mayores Corifeos da
Jurifprudencia. Voltando a Portugal aíTiítío
algum tempo no Convento de Lisboa, onde
foy exemplar da vida regular, como tinha fido
aíTombro das fciencias Canónica, e Civil.
Para fe inílruir nas faculdades próprias do
eílado, que novamente profelTára, paíTou a
Pariz onde teve por Meílre ao Doutor Joaõ
Duns Scoto, que naquelle tempo illuílrava a
Univerfidade de Pariz com a fublimidade da
fua doutrina, e era tal a comprehensaõ do
difcipulo, que difputava com a fubtileza do
Meílre. Cheyo com os fcientificos thefouros
da Jurifprudencia, e Theologia, partio para
Avinhaõ onde refidia o Summo Pontífice
Joaõ XXII. que admirando a fua grande
fabedoria acompanhada de huma profunda
humildade de tal modo lhe arrebatou os
affe£los, que o fez no anno de 1328. feu
Penitenciário; em 16. de Junho de 1332.
Bifpo de Coron na Achaya; e no de 1335. de
Sylves em o Reyno do Algarve, por morte de
D. Pedro o I. deíle nome ; e ultimamente deter-
minava coroarlhe os feus grandes merecimen-
tos com a Purpura Vaticana o que deo occafiaõ
para que Gonzaga Part. i. de Origin. Serapb.
Kelig. Daza Part. 4. liv. i. cap. 12. n. 55.
Marian. Florent. in Fafe. Chron. Ord. Min.
liv. 4. cap. 3. Joaõ Perez Lopes na vida de Sco-
to Inflant. 10. e outros Authores Francif canos
erradamente efcreveílem, que elle fora admi-
tido ao CoUegio Apoílolico, fendo eíla fuprema
dignidade juílamente devida às heróicas acço-
ens, que em obfequio da Igreja tinha exerci-
tado. Defendeo com valor Apoílolico ao Pon-
tífice Joaõ XXII. contra o Antipapa Pedro
Corbario protegido pela Cefarea MageUade de
Luiz Bavaro, e contra as calumnias de Gui-
L USITANA.
109
I
Ihermc Ockam Author da Eícola dos Nomi-
fiaes. Naõ manifeílou menor eflfiaicia o feu
ardente zelo, quando fe oppós aos violadores
da immunidade da fua Igreja de Sylves com
manifeílo perigo da vida chegando a taõ exe-
crando atrevimento, que o acometerão para
ícr vióUma do feu facrilego furor a tempo, que
«ílava ofTerecendo no Altar o incruento holo-
fiufto do divino Cordeiro. Obíervante do
receito de Chriílo defemparou a Cidade de
Sylves, à qual como ingrata eípofa amaldiçoou,
e paliando a Sevilha viveo com os fcus Religio-
fos entre os quaes exercitava com mayor
cxceíTo as virtudes heróicas, que fcmprc praéli-
cára, até que chegou a hora, que deixando de
ícr mortal foy coroado na eternidade em o anno
tlc 1 5 5 3. O feu cadáver foy fcpultado em hum
maufolco elegantemente fabricado, que eftá no
<loro das Rchgiofas de Santa Clara de Sevilha
onde fe faz taõ venerável a fua memoria pellos
prodígios que obra, que entre os Sevilhanos he
I intitulado com a honorifica antonomafia de
Santo. O dia da fua morte coUoca Artur in
Mártir. Fratic. pag. 289. em 5. de Julho, e
Jorge Cardofo no Affol. Ijifit. Tom. i. pag.
244. a 25. de Janeiro. Celebrarão o nome defte
Prelado S. Antonin. Hift. Part. 3. Tit. 24.
cap. 8. §. 2. ToíTinian Hiji. Serapb. pag. 185.
Wading. Anual, Ord. Min. ad ann. 1234.
§. 32. ad ann. 1293. §. 9. ad. ann. 1232. §. 7.
ad ann. 1340 §. 11. Miraeus de Script. Ecclef.
cap. 416. Vener. Enchirid. de los Tiemp. ann.
1320. pag. 234. Dermic. Thad. in Nittel.
Franc. cap. 6. art. 5. PoíTev. Appar. Sacr.
Tom. I. pag. 49. Willot. Athen. Franc. Pifan.
in lib. Conformit. fru£t. 8. part. 2. Fr. Marcos
■de Lisboa Chron. dos Men. Part. 2. lib. 8.
cap. 42. Joan Suar. de Brito in Theat. Ljijit.
Utter. let. A. n. 21. Fr. Manoel de S. Damaf.
Verd. Elucid. pag. 154. n. 293. Monfort.
Chron. da Prov. da Pied. liv. 2. cap. 24. n. 2.
Fonfec. Evor. Glorio/, pag. 290. Navar. de
reddit Ecclef . Quzeft. i. Monit. 10. doãrina Jolida
virtim Nic. Anton. in Bib. Hifp. Vet. lib. 9.
cap. 4. n. 220. Splendidijfima fax dijfipanda
horum temporum caligini, qua excacatus omnis fere
fíatíis hominum vitia palam virtutnm loco am-
pleãabatiir doãrina fuit Alvari Pelagii. Fr.
Manoel da Efper. Hifl. Seraf. da Prov. de
Port. part. 2. liv. 10. cap. i. n. 2. Brand.
Mon. Líijit. Part. ). liv. x6. cap. 61. Hum dos
mais aiilhorin^ados, t doutos Prelados da Cbrif-
tandade. o Padre D. Manoel Caet. de Souía
CathoL Hifl. dos Pontif. Card. e Bifpos Portug,
p. 85. VaraÒ infiffu. Fr. joan à D. Anton. in
Bibliothec. Franc. Tom. i. pag, J3. Fervidiffi-
mus perfeúionis reliffofa :^lator. O Illuílri/Iímo
Cornejo Chronic. Seraf. Part. 3. liv. 5. cxç. 11.
Nen conocido, y celebrado por fus efcritos. Gra-
veíTon Hifl. Ecclef. lib. 5. pag. mihi 115.
Konig. Biblitb. Vet. ^ nov pag. 616. Keliqmt
infigne opus cui titulum indidit De Planií. Ecclef.
Dupin Hifl. des controu. e Mat. Ecclefiafl.
dans le 14. Siecle pag. mihi 216. Oudin. de
Script. Ecclef. Antiq. Tom. 3. pag. 902. Cultus
ab omnibns ob conjunClam pietati infigni erudi-
tionem. Plurima Ínterim eximia virtutis, raraque
leãionis opera orbi litterario obtulit, qua ordini
Fratrum Minorum perpetuo ornamento futura
funt. Fleury Hift. Ecclef. Tom. 19. pag.
mihi 496. ann. 1332. Un de plus ^elés defen-
feurs du Pape Jean XXII. Plati de hofto
ftat Relig. lib. 2. cap. 32. Alvarus Pela-
gius utriufque Júris peritijfimus, fimulque
divinarum litterarum cujus praftans doãrina
magno in pretio fuit apud omnes, ac praci-
piie apud Pontificem Joannem XXII. Brafchio
de libert. Ecclef. Tom. i. cap. 41. n. 12.
Virnm doãijjimum, e fallando das fuás
obras, diz funt fimul doãrina, (& pietate
atque í^elo uberrime redundantia. Seja a ul-
tima coroa dos feus elogios a que lhe teceo
efte Pontifice em hum Breve expedido em
23. de Março do nono armo do feu Pontifi-
cado dizendo-lhe. Prudenter in ea, qua nof-
trum, et Ecclefea Komana honorem, <& fidei
veritatem concemunt catholica per pradica-
tiones, <& veras doãrinas devotis operibus
Te impendis: inde tuam prudentiam pluri-
mum in Domino commendantes eam atten-
tius exhortamur quatenus in his fie conftan-
ter et laudabiliter perfeveres, quod divinam,
ac noftram Apoftolica Sedis fatiam merearis.
Compoz.
De Planãu Ecclefia. Dedicado a D. Pedro
Gomes Barrofo Cardial da Igreja Romana
do Titulo de S. Praxedes. Contem dous
livros nos quaes relata o poder da jurifdic-
çaõ Pontifícia, e com fevera liberdade re-
prehende os defeitos dos Ecclefiaílicos defde
lio
BIBLIO THE CA
a primeira Jerarchia até a ultima, e de toda a
Republica Chriílãa, confirmando as fuás refo-
luçoens com textos do direito Canónico, e
da Sagrada Efcritura. Odoric. Raynaud.
tom. 15. Ama/. Ecclef. ad an. 1332. n. 30.
julga que o noíTo D. Álvaro fe oppuzera
à Mageílade, e pompa exterior da Igreja
para exaltar mais a religiofa pobreza do feu
Inftituto Seráfico. Sahio primeiramente efta
obra Ulmíe ex Oííicina Joannis Zeneir 1474.
Depois fe publicou em Leaõ de França com
eílas palavras no fim. Impreffum eft autem
denuò praclarum hoc opus in Jamatijfimo 'L.ugdu-
nenfi empório apud Virum integerrimum Joan-
nem Eleyn Bibliopolam, (ò" indujirium, <& de
honts litteris optime meritum. Anno pojl Chriftiim
natum Jejquimillejfimo Jupra decimum Jeptimo
ad Calendas Atigufias. foi.
Plurima qui latuit vix nlli facula notus
Exerit è tenebris Alvarus ecce caput.
Terceira vez fe imprimio Venetiis apud
Francifcum Sanfovinum & focios 1560. foi.
cuja ediçaõ preparou Nicoláo Tinto, e a
dedicou a D. Luiz de Toledo, filho de D.
Pedro de Toledo Vicerey de Nápoles dizendo
do author. Vir Sumfnus (0° ad expellendas
errorum tenehras, refiituendamque veritatis Incem
natus, qui in hoc opere quacumque homines pie,
ac fincere de Chrijiiana religione Jentientes deli-
genter qucerere conjueverunt , omnia ita Juhtiliter,
erudite, dijerteque profecutus eft, itt quantum
heroihus illis, quorum virtus exitiofa monffra,
id eft vitia, extinguehat, antiquitas dehuit, tantum
nos hujus ingenio, induftria, pietati debere videamur.
Conferva-fe eíla obra M. S. em diverfas
Bibliothecas, principalmente em a Vaticana
entre os livros, que foraõ do Duque de
Urbino n. 953. e 954. e Nicoláo Anton. no
lugar aíTima citado diz, que a vira na mefma
Bibliotheca num. 4280. à qual precedia eíle
opufculo. Francifci de Toledo in Theologia Ma-
giftri Archidiaconi de Artiga divifio, ordinatio,
continuatio, qucs eft Jumma quadam per rubricas
in 'L.ibrum Alvari, <& poftremò repertorium per
alphabetum, ad KeverendiJJimum Cardinalem Fir-
manum. E nas Bibliothecas Real de Pariz
Cod. 884. como efcreve Montfaucon in Bib.
Bibliofhec. M. S. nova tom. 2. pag. 937.
e na de Saõ Gaciano da Cidade de Tours
n. 184.
Collyrium fidei contra harefes. Exifte
M. S. na Bibliotheca Colbertina Codic.
2071. e na Patavina S. Joannis in Virida-
rio como teftifica Tomafm. pag. 31. Nicol.
Ant. no lugar allegado affirma ter vifto na
Bibliotheca Vatican. Codic. 11 29. hum
exemplar deíla obra efcrito parte em papel,
parte em pergaminho com caraéter muito
antigo, no fim do qual eílaõ efcritas eílas pa-
lavras. Prafens opus compofitum a Fr. Ál-
varo de Ordine Minorum Epifcopo Sylvienfi
vocatur Collyrium, quod ficut collyrium eft
quadam unãio faãa ad faces oculorum ter-
gendas, (ò' vi/um illuminandum, fie prajenr
liber utilis (Ò" necejfarius eft ad fidem illumi-
nandam. Collyrium dividitur in fex partes.
Começa o livro. In Nomine Domini <&c.
Fr. Alvarus profejjor Minorita natione Hif-
panus Decretorií doãor, in Sacra Theologia
Scholafticus gratia vobis pax, (ò" Mifericordia
a Domino noftro JESU Chrifto <&c.
Summa Theologia Ulmae 1474. in foi. Def-
te livro faz mençaõ Wading. de Script. Ord.
Min. p. 15. o qual fe conferva M. S. na Bi-
blioth. do Convento Francifcano de S.
Juan delos Reys de Toledo.
Apologia pro Joanne XXII. contra Marfi-
lium Patavinum, (0° Guilielmum Ockamum. Con-
fervafe M. S. e he louvada com grandes
elogios por Trithemio, Fr. Marcos de Lis-
boa, e Fr. Luiz Jacob, de S. Carlos na Bib.
Pontif.
Speculum Kegum. Principia. In nomine
Domini noftri JESU Chrifti Aí. S.
In quattuor libros Jententiarum.
Sermo Fr. Alvari Hifpani Decretorum
Doãoris Epifcopi Coronenfis, €>* Panitentarii
Domini Papa facfus in die Jovis Cana Do-
mini in prafentia Domini Papa Joannis XXIL
Nefte difcurfo fegue a opinião deíle Pon-
tifice, que affirmava naõ lograrem as almas
da vifaõ beatifica antes do dia do Juizo,
cuja aíTeveraçaõ defendida como Doutor
particular fe retratou delia Joaõ XXII .
como Papa. Confervafe Aí. S. no Convento
de Toledo da Ordem dos Menores
ÁLVARO PEREIRA DE CASTRO.
Foy muito perito na liçaõ da Hiíloria
profana, e naõ menos inclinado à proâífaò
LUSITANA.
1 1 1
0
<1a Pocliu. Para fiel teílemunho da alegtia
publica pelo nacimento do Primogénito dos
noííos Monarchas reinantes convocou a fua
Mufa as quatro partes do mundo para a
celebridade deíle Natalício, imprimindo.
Oh/tquio/a demonflraçaô com qm as quatro
'parks do niimdo feflejaraÔ o ftli:^ Nacimento
íio ScmiiJJimo Príncipe D. Pedro aiijijtjlo filho dos
niny altos, e mity poderofos Keys D. JoaÕ o V.
e O. Marianna de Attjlria Lisboa por Miguel
Manefcal ImprcíTor do Santo Ofificio 171 5. 4.
Ooníla de vario género de verfos.
AT.VARO PIMENTA natural de San-
tarém, c exccllente Poeta latino da fua
idade, principalmente na compofiçaõ das
lUegias, em que foy exaílo imitador da fua-
vidade de Ovidio, como o manifeftou na
que compoz cm forma de Carta efcrita a
Trança da parte de Portugal onde lhe rela-
Ita o jubilo exceíTivo com que efta Coroa
acclamou por feu Principe ao SereniíTimo
Senhor D. Joaõ o IV. cujo titulo era.
l^ufitania Ubera.
Principia.
\Qt4em legis inde venit trajmijfo littera ponto,
Unde tibi nuper fcribere crimen erat.
Sahio imprefla Ulyfipone apud Laurentium
de Anvers. 1641. 4.
I O Padre Lourenço le Brun da Compa-
nhia de Jefus na fua EJoqnenfia Poética Parifiis
apud Sebaílian. Cramoyfi 1655. 4- tranfcreveo
efta Elegia como obra nefte género perfei-
tilTuna em o 2. Tom. pag. 698. Do author
como Poeta iníigne faz memoria o P. António
dos Reys no Enthnjiafm. Poef. impreílo no
principio dos feus epigramas n. 221.
ÁLVARO PIRES DE TÁVORA naceo
em Lisboa, ou no lugar de Caparica, e foy
filho de Ruy Lourenço de Távora Capitão Ge-
neral de Tangera, e do Algar\^e, Vice-Rey da
índia, Confelheiro de Eftado, e de fua mulher
D. Maria Coutinho filha de D. Lourenço de
Lima, e D. Luiza de Távora dos Vifcondes de
Villa nova de Cerveira ; Primogénito, e herdei-
ro do Morgado de Caparica, Commenda-
dor, e Alcayde mór das Villas das Entra-
das, e Padroens da Ordem de Saõ Tiago,
e Commendador das Pias, Sexas, e Lanho-
las da Ordem de ChriAo. Naõ íendo em
os dotes do eípiríto inferior aos feus Mayocet
o foy no exercido dos lugares públicos,
pois merecendo pela fua fíngular prudência»
pcrfpicis juizo, e moderação de animo cm
as felicidades, e infortúnios, fer preferido em
qualquer miniílcrio a todos, nunca fentio como
injuriofa à fua PcíToa cila deíatençaõ da for-
tuna. PaíTou a mayor parte da vida retirado
do Paço, e do comercio da Nobreza, porém
como tinha talento grande, fempre era conful-
tado nas matérias nuis graves pertencentes à
confervaçaõ, e gloria da Monarchia, o que naõ
fomente executava com a penna, mas também
com a efpada, como fc vio na occafiaõ, em
que fc embarcou na Armada, que partio no
anno de 1624. para lançar fora os Olandezes
da Bahia, em cuja empreza obrou proezas
dignas do feu claro nacimento. Para que
totalmente naõ eftivesse entregue a hum
culpável ócio fc appUcou cm ler, e ordenar as
Acçoens heróicas, que na paz, e na guerra
tinhaò obrado os feus Afcendentes formando
huma Hiftoria, que por induftria de feu filho
Ruy Lourenço de Távora fahio a publico
com efte Titulo.
Hijloria dos Varoens illuftres do appellido
Távora continuada em os Senhores da Caja, e Mor-
gado de Caparica com a relação de todos os Suceffos
políticos dejle Reyno, e fuás conquiftas de/de o
tempo do S. Key D. JoaÕ o III. a efia parte. Noticia
de Ca/amentos, Guerras, Pa!(es, Ugas, Nego-
ciaçoens, e Embaxadas dos Senhores Keys
de Portugal, e outros de Europa, Africa,
e Afia, em que entrevieraõ aquelles de quem
fe efcreve. Pariz por Sebaftiaõ, e Gabriel
Cramoyfi. 1648. foi.
Morreo em Lisboa a 7. de Julho de 1640.
e eftá fepultado no Convento dos Religiofos
Arrabidos de Caparica do qual era Padroeiro.
Delle, e da obra fe lembraõ Franckenau in Bib.
Hifp. Hijl. Gen. Herald, pag. 20. dizendo por
engano, que fe naõ imprimira; e o P. D.
António Caetano de Souf. no Appar. da Hifl.
Gen. da Caf. Keal Portug. pag. 59. n. 39.
D. ÁLVARO DE PORTUGAL, filho
de D. Fernando fegundo Duque de Bra-
gança, e da Duqueza D. Joanna de Caftro
fendo o quarto na ordem do nacimento
112
BIBLIO THE CA
mereceo fer o primeiro pelos fingulares
dotes de que foy ornado. Antes de chegar à
idade varonil fe admirou nelle taõ adulta a
prudência, que mereceo exercitar os lugares de
Regedor das Juíliças, e Chanceler mòr do
Reyno com igual credito do feu talento, que
geral utilidade defta Monarchia. Para de
algum modo diminuir, ou diffimular o alto
fentimento, com que vivia penetrado pela
infauíla morte de feu Irmaõ o Duque D. Fer-
nando executada na Praça de Évora a 20. de
Junho de 1483. fe retirou do Reyno com facul-
dade delRey D. Joaõ o II. tomando por pre-
texto defta auzencia a devota peregrinação aos
lugares Santos de Jerufalem. Na Corte de
Caftella foy recebido com particulares diftin-
çoens pelos Reys Catholicos D. Fernando, e
D. Izabel fua Prima, que atendendo ao efplen-
dor do feu nacimento, e muito mais à capaci-
dade do feu juizo o nomearão Preíidente do
Confelho Real Contador mór, Alcayde mór
de Sevilha, e Andujar com o Eftado de Gelves.
Por morte delRey D. Joaõ o II. cuja feveridade
foy fempre fatal à fua grande Cafa voltou ao
Reyno onde pela generofa magnificência
delRey D. Manoel naõ fomente foy reftituido
aos Eftados, e lugares, que poíTuia, mas o
nomeou Embaxador a Caftella para concluir
os feus defpozorios com a Princefa D. Izabel
filha dos Reys Catholicos, minifterio, que
dezempenhou com prudente madureza, e
naõ menor actividade. Os mefmos Príncipes
Caftelhanos querendo exceder nas honras, que
recebera delRey D. Manoel na ocasião em que
com efte Monarcha defpozaraõ fua fegunda
filha D. Maria, mandarão a D. Álvaro a
procuração, para que em feu nome celebraíTe
na Corte de Lisboa efte augufto conforcio.
Cazou com D. Filippa de Mello filha herdeira
de D. Rodrigo de Mello Conde, e Alcayde
mór de Olivença, Guarda mór delRey D.
Aífonfo V. e fegundo Governador de Tangere,
e de D. Izabel de Menezes de quem teve a D.
Rodrigo de Mello primeiro Conde de Tentú-
gal, D. Jorge de Portugal Conde de Gelvez,
D. Izabel de Caftro Condeíía de BelalcaíTar,
D. Beatriz de Vilhena Duqueza de Coimbra, D.
Joanna de Vilhena CondeíTa do Vimiofo, e D.
Maria Manoel de Vilhena CondeíTa de Por-
talegre. Morreo na Cidade de Toledo a 4.
de Março de 1504. donde foy trefladado peUo»
Reverendos Cónegos Seculares do Evange-
lifta Amado para o Convento de Évora, que
elle com feu fogro fundara no anno de 1485.
Sobre a fua fepultura, e de fua Efpofa fe vem
abertas as fuás figuras fem epitáfio. Fazem delle
illuftre memoria Refende Chronica de D. Joaõ
o II. cap. 43. Sampayo vid. de D. Juan 2. pag. 27.
v.o Vafconcelos Vid. de D. Juan. e/ II. pag. 135.
e 143. Telles de Reb. gejl. Joan. II. pag. 82. 100.
168. Imhof. Stem. Keg. l^ujit. pag. 26. Franc.
de Santa Maria Ceo abert. na Terr. liv. 2.
cap. 32. e 33. e no Anno Hijloric, e Diar,
Portug. pag. 291. Efcreveo.
Carta a E/Rey D. JoaÕ o II. efcrita de
Caftella onde eftava retirado pelo cafo do
Duque feu Irmaõ. Começa.
Folgara bem de ejcujar efcrever a V. S. Acaba
Principalmente aos Duques, e a feus IrmaÕs, que
fobre ejle cafo tinhaõ mais fortes privilégios.
He muito larga, e cheya de juftificadas
queixas contra ElRey D. Joaõ o II. por
ter privado a fua Cafa dos foros, privilégios,
e domínios, dos quaes grande parte fora
concedida pela liberalidade de feu Pay D>
Affonfo V.
ÁLVARO REBELLO. Foy hum dos
famofos Soldados, que com animo intrépi-
do fuftentou a barbara invafaõ dos Africa-
nos quando em o anno de 1562. acomete-
rão a Fortaleza de Mazagaõ, fendo com
eterna injuria do feu nome, e gloriofa fama
das noíTas armas derrotado o formidável poder
do feu exercito. Para que taõ grande façanha
fe naõ deveíTe fomente à fua efpada, a eter-
nizou com a penna efcrevendo.
Sucejfo do famofo cerco, que ElRej Muley
Ahdalá Xarife univerfal Senhor de toda a Africa
pofi a Mazagaõ defendido por os Portugueses na
tempo, que governava efles Kegnos a muito alta, e
muito poderofa Rajnha D. Catherina Nojfa
Senhora, mulher que foy do SereniJJimo, e invencivet
Rey D. JoaÕ o III. dejle nome &c. M. S. confta de
147. capítulos, dos quaes começa o I. Depois-
que o Xarife Aíuley Hameti. Acaba o ultimo
Capitulo da triunfante Vitoria. Conferva-fe
na Bibliotheca do Marquez de Gouvea
Mordomo mór, e he dedicado à Raynha
D. Catherina. Eu o ly todo, e delle extrahi
LUSITANA.
ii3
w
■fffSA]
limitas, e partícuUures notícias para as Mtmo-
fias Hiftor. delKey D. SehaftiaÒ por íer eíle cerco
hum dos mayores fucceíTos, que houve
00 íeu Reynado.
Sendo de profilTaÒ Soldado naô deixava de
fer Poeta tendo igual furor para a campanha,
que para a Poefía. Muitos dos íeus verfos
cAaõ no Romanceiro dos Poetas Portugueses
eollegido pelo Padre Pedro Ribeiro, que fe
oonferva na Biblioth. do Card. de Sou2a,
e hoje do Duque de Alafoens, dos quaes eraõ
huma Egloga, de que faõ interlocutores
Apricio, e Cofmaco, c principia.
Excel/o monte, f acro, e dekitojo
Duas Elegias a i.
Em quanto aquelU barco brandamente
A fegunda.
Ltf Pajlora ver fera
Huma carta, cujo principio hc.
Aqnelle fraterno amor, que a alma inflama.
ÁLVARO SABINO DO ESPIRITO
SANTO vejafe o Padre ANASTASIO
DUARTE.
ÁLVARO SEMEDO. Naceo na Villa
de Nifa, que no efpiritual obedece ao Priorado
do Crato da Ordem de Malta, e naõ a Porta-
legre, como efcreveo o Author da Bibliotheca
da Companhia, onde teve por Pays a Fernaõ
Gomes, e Leonor Vaz. Na florente idade de
17. annos fe aliílou na Religião dos Jefuitas
no Collegio de Évora em 30. de Abril de 1602.
e ainda eftudava Filofofia quando penetrado
do zelo da converfaõ da gentilidade do Oriente
pedio aos Superiores com grandes inílancias
acompanhadas de copiofas lagrimas, que o
íôzeflem participante defte ardente dezejo.
Alcançada faculdade partio para Goa, e aca-
bando nella os eíludos, que principiara em
Évora, anhelando anciofamente à miíTaõ da
China, e introduzido nella, foraõ tantos os
filhos, que gerou para Chriílo, como immenfos
os trabalhos, que padeceo neíla empreza.
Levantada huma terrível perfeguiçaõ no anno
de 161 7. na Cidade de Nanquin contra os ope-
rários Evangélicos, o lançarão fora, quando
eftava gravemente enfermo com outros com-
panheiros em hum cárcere tenebrofo, e fechado
em huma gayola de ferro, donde naõ podia
eílender o corpo, e foy conduzido por hunoa
efquadra de Soldados até Cantaõ, e daqui a
Macáo, fendo vexado em taò larga jornada,
que durou trinta dias, com todo o género de
tormentos, e afrontas. Naõ afrouxou o feu
apoílolico efpirito com eAas graves moleílias»
antes mais animofo mudando o nome, e o veíU-
do penetrou ao lugar donde fora expulfo com
mayor perigo da fua vida, e naô menor zelo da
propagação da Fé. Neíle tempo foy eleito Pro-
curador a Roma, por cuja caufa paííou a Por-
tugal, e concluindo felizmente na Cúria os
negócios, a que fora mandado, voltou promp-
tamente para a China, onde foy eleito Provin-
cial, e Vifitador daquellas MiíToens, nas quaes
depois de exerci tar-fe por alguns annos, atte-
nuado de trabalhos, e cheyo de merecimentos
acabou a carreira mortal em Cantaõ a 6. de
Mayo de 1658. tendo de idade 75. annos, e de
MiíTionario 46. Foy varaõ ornado de ílngula-
res virtudes, pois alem de fer iníigne no amor
de Deos, e do próximo, obfervancia religioía,
paciência fumma, tinha tal fuavidade de génio,
que atrahia os ânimos dos Gentios, e Hereges,
cõ os quaes por diverfas vezes navegou. Os
feus apoftolicos trabalhos, e efcritos louvaõ
Manoel de Faria, e Souza Afia Port. Part. 3.
cap. 1 2. n. 29. e cap. 14. n. 1 3. P. Ant. de Gou-
vea in Afia Entrem. Ub. 6. a cap. 3. Alegamb.
Bib. Societ. pag. 44. col. i. Nicol. Ant. in Hifp'
Tom. 2. pag. 316. Franco na Imag. do Noviciad.
de Evor. pag. 8 5 1 . e no Atin. Glor. S. I. in Eufi-
tan. pag. 256. Fonfeca Évora gloriof. pag. 425.
Joan. Suar. de Brito in Tbeatr. Eufit. Eitter.
let. A. n. 23. dizendo Statura homini quadrata
infra mediocritatem , color candidus, fades plena,
oculi cafianei, e a Bib. Orient. de António
de Leaõ modernamente acrecentada Tom.
I. Tit. 7. col. 104. O infigne, e douto. Anti-
quário Manoel Severim de Faria Chantre
da Cathedral de Évora querendo perpe-
tuar a memoria do P. Álvaro Semedo, de
quem era grande amigo, lhe fez eíla infcrip-
çaõ, e a collocou na fua feleétiflima BibUo-
theca, com que igualmente a ornou, como
illuílrou o nome de taõ grande MiíTionario.
P. Álvaro Semedo
è Societate fESU
Viro religiofifflmo, & Apojiolico
Calefiis doãrina apud Sinas Paranimpho:
13
1 14
BIBLIO THE CA
Qui à Sotis ortu u/que ad Occajiim
Tottim pene orhem 'Evangélica pradicatiònis
caujá
Quafi univerfa luftrans Jpiritu
Non Jemel peragravit ,
Qui hoc maré magnH, eb* fpatiojum manihus
Tamquam navis injlitoris gentibus de longe
Portans panem navigavit:
Amico Jm óptimo, (ò" fuavifjimo
Emmanuel Severinus de Varia
Hoc munujculum amoris Mnemojynon
L D C Q
\Jt hujus Mu/ai prototypo
Gens Sinica litteris deditijfima
Bibliothecas injiruere, uti <Ò' curare utilius valeant
Ebora in Eujitania III. Kal. Maij
Anno Salutis MDCXLIIIL
Compoz
Cartas Annuas efcritas de Nanquim em 23. de
Junho de 1622. em que fe relataõ os fuccejfos da
Mijfaõ da China. Sahiraõ impreíTas com outras
em Italiano defde pag. 249. até 310. Roma
por Francifco Corbelletti. 1627. 8.
A fua hiíloria da China verteo de Por-
tuguez em Caftelhano Manoel de Faria, e
Souza, com eíle titulo.
Império dela China, j cultura Evangé-
lica en el por los Keligiofos dela Compania de
JESUS facado delas noticias dei Padre Álvaro
Semedo dela própria Compania. Madrid
por Juan Sanches. 1643. 4. e Lisboa na Ofíi-
cina Herreriana 1731. foi. Traduzido
em Italiano Roma por Hermano Scheus.
1643. 4. em Francez pelo Padre Luiz Cou-
lon. Pariz por Sebaíliaõ, e Gabriel Cramoi-
fy. 1655. 4. e Leaõ de França 1667. 4. e
em Inglez por English by a Perfon, que a illuf-
trou com muitos Mappas, e o retrato do
Author, de que tenho hum exemplar. Londres
por E Tyler for John Crook, 1655. foi.
Nefta ediçaõ fahio também traduzido no
fim o Bellum Tartaricum do Padre Martim
Martinio.
Tinha quafi completos dous Dicciona-
rios, que naõ acabou impedido pela morte,
que eraõ
Diccionario Sinico = Eujitano
Diccionario Eujttano = Sinico.
Deíla obra faz mençaõ a Bib. Oriental
aífima allegada.
ÁLVARO DA SILVEYRA, natural
de Évora, e filho de Fernando da Silveira Cla-
veiro da Ordem de Chriílo, e Commendador
de Montalvão, e de D. Joanna de Vafconcellos,
filha de Álvaro Mendes de Vafconcellos Senhor
do Morgado do Efporaõ, e de fua fegunda
mulher D. Guiomar de Mello; terceiro Neto
daquelle grande Varaõ naõ menos na fortuna,
que na capacidade, Joaõ Fernandes da Sylveira
primeiro Baraõ de Alvito, Efcrivaõ da Puri-
dade delRey D. Joaõ o II. Chanceler mòr,
e Vedor da Fazenda. Succedeo D. Álvaro a feu
Pay igualmente nos bens do morgado, como
no Officio de Claveiro da Ordem militar de
Chriílo. Cazou duas vezes; a primeira com D.
Branca Deça filha de Francifco de Miranda
Alcayde mòr de Alter Pedrofo, e de D. Ignez
Henriques; a II. com D. Anna de Caftro filha
de Fernaõ Telles de Menezes fetimo Senhor
de Unhaõ, e de D, Maria de Caftro filha de D.
Jeronymo de Noronha. No tempo que tinha
vago das ocupaçoens militares, e politicas,
como fe deleitava na liçaõ de Hiftorias fabu-
lofas compoz huma, que intitulou.
Aventuras do Gigante Dominiscaldo.
De cuja obra fazem memoria com grandes
louvores Francifco Galvaõ na fua Bib. Por-
tug. M. S. e Joaõ Franco Barreto na Bib.
Portug. dizendo que depois da morte do
Author, que fuccedeo no fim de Junho de 1623.
viera efta obra ao poder de fua filha D. Helena
de Caftro CondeíTa de Villa pouca. Foy
fepultado o feu cadáver em huma Capella,
que he jazigo da fua familia fituada em o
Convento de N. Senhora do Efpinheiro
de Religiofos de S. Jeronymo.
ÁLVARO THOMAZ, natural de Lisboa,
donde paíTou a Pariz, e depois de inftruido per-
feitamente nas letras humanas, e na lingua
latina, ouvio Filofofia de Pedro Aliaco, que foy
Cardeal da Igreja Romana, hum dos mayores
Meftres, que naquelle tempo venerava Sorbona,
e fez taes progreíTos com a doutrina de taõ infi-
gne Letrado, que mereceo a admiração de
todos os feus condifcipulos. Iguaes foraõ as
acclamaçoens, que alcançou o feu talento pela
profundidade, com que penetrou os myfte-
rios da Theologia, as Decifoens de hum,
e outro Direito, e as obfervaçoens de Mathe-
L USITANA.
ii5
matica fendo eminente em qualquer deftas
grandes faculdades, pellas quaes lhe confagrou
à fua memoria eíle elogio Jorge Bruneau
Vindocinenfe na Epiílola, que íahio impreíTa
no Hm da obra abaixo efcríta, fi di Jacris
Ulteris dijferiare quidquid caperis Tbeoloffa, tum
Tbtorica, tum PraCíica omnem operam, totojque
diis impendijfe jiidicavtre. Si inter utriufque
Júris peritos con^-ediaris Gafareis, Pontificiifqite
étmtaxat libris vacajje conjlantijftme autuniaberis.
Taceo quam familiaris tibi fit moralis, e^ naturalis
Pbilojophia, aut in tanta Philofophantium corona
Pbiiofopbi tibi nonien peciiliariter vindicaveris ,
§t^ Praceptorem tuum Petrum d» Aliaco
mttr Philofophia projeffores dum viveret, doúijfi-
mum, aut aquaveris, aut ( quod potius reor ) Jupe-
n»eris. Quid vero Qttadrinij certijftmam peri-
tkm referre opus eji? Si vel mini mo cuique
bu tuus de Triplici motu liher monftrat apertius.
Foy Reytor de hum dos celebres Collcgios,
que ornaõ a Corte de Pariz, e nelle exercitou
o officio de Meftre, titulo, com que fe nomea
na obra feguinte.
De triplici motu cum proportionibus an-
nexis Philojophicas Suifeth calculationes ex
parte declarans. Parifijs apud Guilielmum
Anabat. 1509. foi.
Dividefe eíla obra em quatro Tratados. Em
o I. difputa da proporção, e a fua dimensão.
Em os outros trata de diverfas efpecies de mo-
vimentos aífim de velocidade, como da tar-
dança; do movimento da rarefacção, conden-
façaõ, augmentaçaõ, alteração, e intenfaõ.
Fr. ÁLVARO DA TORRE da Ordem
dos Pregadores taõ infigne na Theolo-
gia, em que foy Meftre, como na Oratória
Eccleíiaftica, pela qual mereceo fer Prega-
dor do noílo Rey D. Joaõ o II. Compoz,
ou tradufio.
Tratado da Criação do mundo. Aí. S.
Verteo da lingua Latina em a Portugueza.
Carta de Jeronymo Montano Doutor Ale-
mão ejcrita em 14. de Julho de 1495. a
ElKey D. JoaÕ o II. Nella tratava do
novo defcobrimento do Graõ Cathayo, e fe
imprimio juntamente com o Tratado da
criação do mundo. Fazem memoria defías
obras como de feu Author Fr. Pedro Mon-
teiro no Claujt. Dom. pag. 136. e Fr. Lucas
de Santa Catherína na 4. Part. da Hifi. de
S. Domingos da Provinc. de Portug. pag.
924. ambos Académicos da Academia Real,
e o moderno addidonador da Hib. Orient.
de Ant. de Leaõ Tom. ). col. 1725.
Fr. ÁLVARO DE TORRES natural da
Villa de Torres Vedras do Arcebifpado de
Lisboa. ProfeíTou o habito da Religião de S.
Jeronymo no Real G>nvento de Belém a 14.
de Mayo de 1 5 54. e foy taô iníigne em os dotes
da natureza, como fcíente em todas as artes
liberaes. Formava com a penru taô perfeitos
caradleres, que |>areciaõ fahir da mais primoro-
fa impre/Taò. Paliava expeditamente as linguas
Grega, Hebraica, e Latina. Pregava com tal
energia, e elegância, que fufpendia a atenção
dos ouvintes. Foy dos primeiros Religiofos,
que ouvirão Theologia no Convento da G)fta
junto a Guimaraens, em que fahio eminente,
tendo nefta efcola por condifdpulo ao Senhor
Dom Duarte filho delRey D. Joaõ o III.
dos quaes foy muito eftimado. Por fer muito
douto na Efcritura Sagrada foy eleyto por efte
Monarcha para que a leíTe aos Religiofos da
Ordem Militar de Chrifto do Convento de
Thomar, efcrevendo ao feu D. Suprior Fr.
Salvador de Mello huma carta em 1 1. de Junho
de 1 5 52. na qual lhe dizia E porque fey a necejft'
dade, que nejfa cafa há de quem leya a efcritura
Sagrada, e quanto ijlo convém aos que ejlaÕ no Efco-
lajlico approveitados, mando lã para iffo ao Padre
Fr. Álvaro de Torres, da Ordem de S. Jeronymo
pela boa informação, que delle, e de fuás letras, e
fufficiencia tenho (ò'c. Foy Prior do GDnvento de
S. Marcos defde o anno de 1545 até 1550.
Quando eftava na idade mais robufla paflando
em hum barco de Lisboa para o feu Q)nvento
de Belém, levantandofe huma furiofa tem-
peftade o fumergio no Tejo, digno certamente
de fim mais gloriofo. O feu grande talento
prometia copiofos frutos de erudição Sagrada,
e profana, mas a brevidade da fua vida naõ
permitio, que produíiííe mais, que as obras
feguintes.
Dialogo, ou Colloquio ef piri tua Ido modo de achar
a Deos, interlocutores hum Keligiofo, e hum Pere-
grino. Foy mandado imprimir por D. Gafpar de
Leaõ primeiro Arcebifpo de Goa, por cuja caufa
algims imaginarão, que era obra defte Prelado.
i6
BIB LIO THE CA
Muitos dos feus Religiofos fofpeitáraõ, que
taõbem compuzera parte dos Diálogos, que
depois da fua morte publicou Fr. Heytor
Pinto, grande credito defta Religiofa Familia.
Por ordem do Capitulo geral congregado
em o anno de 1555. publicou vertida de
Latim em Portuguez para fer obfervada
pelos feus Religiofos.
Regra de Santo Agoftinho.
Traduzio de Latim em Portuguez, por
iníinuaçaõ da Sereniffima Infanta D. Maria
filha delRey D. Manoel.
Direãorio de Confejfores, e penitentes
polo Padre Joaõ Polanco da Companhia de
JESUS. Lisboa por Joaõ Blavio 1556. e
por Marcos Borges. 1556.
ÁLVARO VAHIA natural de ViUaviçofa
filho de Joaõ Vahia, e Ignez Alvarez filha de
Álvaro Pires Leite. Foy hum dos criados
mais illuftres dos SereniíTimos Duques de Bra-
gança D. Joaõ, D. Jayme, e D. Theodofio, dos
quaes mereceo particulares eílimaçoens aífim
pela fciencia das linguas, que puramente fal-
lava, como pelo génio prompto, e fublime, que
tinha para a Poefia, e Oratória, fazendo exceíío
a todos os profeíTores deitas duas Artes, que
venerava aquella idade. Compoz muitas Come-
dias, e Tragedias, de que fe podia fazer hum
juíto volume, as quaes fe reprezentaraõ no the-
atro na prefença dos Sereniflimos Duques com
geral applaufo dos efpe£tadores, logrando
huma fó o beneficio da luz publica. Fran-
cifco de Moraes Sardinha no liv. 3. do feu
Parnafo Villaviçofano traz duas Cançoens
fuás, huma à Degollaçaõ do Bautiila, que
começa.
Baptifta Precurfor do verbo Eterno: outra
à Virgem Santiflima vifitando a fua Prima
S. Izabel, cujo principio era.
Depois, que a antigua Mãj de AdaÕ conforte.
E hum Soneto, que diz
Jà torna a cantar Progne, e Filomena.
Outavas ao Duque de Brag. D. Theodof.
Começaõ.
Profapia Jingular alta, efuprema
Do Condejiable invião celebrada.
Que o L.uJitano f cetro, e diadema.
Ganhou com a fulminea, e forte Efpada.
O peílifero contagio, que confumio grande
parte defte Reyno em o anno de 1598. o
privou da vida na fua pátria, efperando a
immortalidade no Convento dos Religiofos
Capuchos da Província da Piedade. Delle
faz memoria o P. António dos Reys no
Enthujiafmo Poético, n. 202.
ÁLVARO VAZ, OU VALASCO Naceo
na Cidade de Évora no anno de 1526. de Pays
honrados, e opulentos. Aprendeo na pátria
os primeiros rudimentos da Grammatica,
donde paíTando a Coimbra depois de fe inílruir
nas lingua Latina, e Grega, e de fe exercitar
nos preceitos da Poefia, e Rhetorica, em que
foy confumado, fe applicou com todo o difvelo
a penetrar os myílerios fcientificos do Direito
Civil, e de tal forte interpretava, e refolvia
as fuás mayores difficuldades, que por geral
aclamação de todos os Cathedraticos foy orna-
do com as infignias Doutoraes defta faculdade.
Naõ era jufto, que eftiveífe por muito tempo
ociofo o feu grande talento em prejuízo do ef-
plendor da Univerfidade, por cuja caufa foy
eleito Lente da Inftituta em 22. de Março de
1556. quando contava 30. annos de idade,
donde fendo transferido no anno feguinte à
Cadeira de Código, regentou em 5. de Agofto
de 1559. ^ Cadeira dos Três livros do Código.
Oppondofe à Cadeira do Digefto Velho com
o infigne Pedro Barboza em 20. de Fevereiro
de 1 5 60. depois de huma diuturna, e acérrima
contenda, de que foy efpeâadora toda a
Univerfidade, fe julgou o triunfo a Pedro Bar-
bofa, por cujo motivo deixando Coimbra,
paílou a Lisboa, onde eleito Advogado da
Cafa da Supplicaçaõ começou a manifeftar a
profundidade do juifo, e a agudeza do engenho
no patrocínio das Caufas forenfes, em cujo exa-
me obfervava taõ religiofamente a juftiça, que
fempre os Miniftros julgavaõ por mais prová-
vel, e fegura a opinião, que elle defendia. Ao
tempo, que lograva os mayores applaufos
como Advogado, naõ os alcançou inferiores,
quando foy conftituido Juiz pela Mageftade
delRey D. Sebaftiaõ nomeando-o Dezembarga-
dor dos Aggravos, de que tomou poííe a 30. de
Setembro de 1577. em cujo minifterio fempre
teve por direâora das fuás acçoens a equi-
dade nunca contraftada pelos impulfos do
refpeito, ou do intereíTe. O mefmo Monarcha
LUSITANA.
117
(|ucrcncio novamente illuftrar a Univerfídade
com a iloutrina de taò grande Varaô o nomeou
cm 22. de Dezembro de 1577. Lente de Prima
(ic/cmpenhando as obrigaçoens de lugar taõ
honorifico com igual credito da fua Peííoa, e
admiração de todos os Académicos expondo
o difficultofo Titulo ff. de í^gatis 2. e o con-
tinuou com fubtilirTimas interpretaçoens até
A L. fi quis Titio 17. Attenuado com a conti-
nua applicaçaõ dos eíludos fe fentio taõ falto
de forças, como chcyo de molcftias, por
cujas caufas foy obrigado deixar a Univerfí-
dade, que excerfivamente fentio a fua auzencia,
c a rcOituirfe a I Jsboa, onde continuando no
miniílcrio de Dezembargador determinou
publicar as fuás obras, que lhe tinhaõ cuílado
tantas vigílias, das quaes fahio no anno de
1588. quando tinha 62. annos de idade, o
primeiro tomo das Decifoens, que foy recebido
com geral applaufo dos eruditos. Ao tempo
cjuc cílava preparando o fegundo Tom. de
Decifoens, c o terceiro das Partilhas, a morte
envejofa da gloriofa fama do feu nome lhe
interrompe© o defignio, que para utilidade da
Republica litteraria meditava, privando-o da
vida em 17. de Abril de 1593. com 67. annos
de idade. Teve de fua mulher D. Brites ao
Doutor Francifco Valafco de Gouvea Lente
de Vcfpera na faculdade de Cânones em a
Univerfídade de Coimbra, digno filho de tal
Pay, e huma filha chamada Leonor, que foy
cazada. No Clauílro do Convento de S.
Domingos de Lisboa em o lanço da parte
que tem porta para a Igreja, e Sancriítía, entre
a cafa da Aula, e a porta, que vay para a
efcada, que fobe para os Dormitórios, eftá
huma Capellinha com grades de ferro fe-
chada, em fima da qual pela parte de fora fe
lé em huma pedra branca, que a toma toda
ao comprido à maneira de fimalha, huma
infcripçaõ de letras Romanas, que diz aflim.
EJla Capella de N. Senhora da Humil-
dade he do Doutor Álvaro Va^ Lente de
Prima de Lejs na Univerfidade de Coimbra,
Desembargador dos Agff-avos da Cafa da
Suplicação, a qual depois de fua morte man-
dou fav^er fua mulher D. Brites para ambos,
e feus herdeiros, inflituhio nella o vinculo
do morgado com obrigação de três Miffas
cada Semana. FalleceraÕ a 17. de Abril
de 595. e a ly de junho de 610. feu filho o Doutor
Francifco Valafco de Gouvea Lente jubilado de
Cânones na mefma Univerfidade, e Desembarga-
dor da Cafa da Suplicação, Arcediago de Cerveira
na Si de Bragfl a dotou mais com duas Miffas quoti-
dianas buma dita pelos Padres defie Convento
com hum Officio de defuntos de que fe^ com eller
contrato; outra por hum CapellaÕ Clérigo Secular.
Falleceo. Neíla ultima palavra acaba a dita.
infcripçaõ, donde fe infere que ainda vivia o
mefmo Doutor Francifco Valafco de Gouvea
quando naquelle lugar fe poz eíla pedia.
Compoz.
Confultationum, ac rerum jiuUcatarum in
Regno Luftania Tom. i. Ulyffip. apud
Emmanuelem de Lyra 1588. foi. & ibi
apud Antonium Alvares 1593. foi. Spirac
1597. 4.
Decifionum Tom. 2. UlyíTipone apud Geor-
gium Rodrigues 1601. foi. Sahio cftc tomo
por deligencia de feu filho o Doutor Fran-
cifco Valafco de Gouvea, no qual eftá imprcflb
o retrato do Author animado com eílcs verfos.
Subtrahet hac mor ti famam piâura: vetuflas
Non oberit, primas nam tibi jura dabunt.
Jure tibi cedent infignes jure, fed unum,
Qui tibi fit fimilis, vix habet orbis adhuc.
Eftes dous tomos de Decifoens fahiraã
Francof. in Collegio Mufar. Palthen. 1608.
foi. outra vez ibi. 1636. foi. Venetiis apud
Bernardum Junékm, & focios. 1599. foi.
Antuerp. apud Joannem Keerbegium 1621.
4. & Conimbricas apud Emmanuelem Ro-
driguez de Almeyda 1686. foi. & apud Lu-
dovicum Seco Ferreira 1730. foi.
Praxis Partitionum et collationum inter
haredes fecundum jus Kegium Lufitania^ (&
juxta jus commune admodtim neceffaria, et
utilis tam fcholaflicis , quam in foro verfan-
tibus. Conimbricas apud Didacum Gomes
Loureiro 1605. foi. Francof. in Colleg.
Palthenio 1607. foi, Venetiis apud Junâam
1609. foi. Antuerp. apud Keerbegium 161 2.
4. & Conimbricae apud Ludovicum Sec. Fer-
reira 1730. foi. jimtamente com as Confulías.
Quaflionum júris Emphyfeutici liber Primus,
five Prima Pars. UlyíTipone apud Bal-
thafarem Ribeiro 1591. foi. et ibi. apud
Petrum Crasbeeck 161 1. foi. Francof. in,
Colleg. Palthen. 1599. foi. et ibi. ad Mxnum
ii8
BIBLIOTHE CA
1618. 8. Cremonas apud Baptiftam Pellizarium
1591. foi. et Conimbricas apud Emman. Ro-
drig. de Almeyda 1628. foi.
Todas eílas obras fahiraõ em três tomos
Francof. apud Wolfangum Encleterium. 1650.
foi. Conimbric2e apud Emmian. Rodericum
de Almeyda 1684. & ibi. apud Ludovicum
Ferreira Seco 1730. et 1731. em 2. Tomos
fem o Tratado de Emphyíeuji; ultimamente
Coloniae Allogrobum fumptibus Marci Mi-
chaelis Boufquet 1735. foi. 4. Tom.
Outras muitas obras dignas de fe impri-
mirem compoz Álvaro Vaz no tempo, que
occupou as Cadeiras da Univerfidade, as
quaes fe confervaõ com grande eftimaçaõ
em poder dos profeíTores da Jurifprudencia,
fendo as principaes.
Commentaria ad Tit. Cod. de inoffictos.
Donation. Ad Tit. Cod. de Jure Hmphiteut.
A.d Tit. Cod. de Edendo. Ad Tit. Cod. de
Jure Fifci. Ad Tit. Cod. de Liher. prater
in Authent. ex cauja. Ad Tit. Cod. de Pac-
tis. Ad Tit. Cod. Jiquis aliquem tejiari pro-
hihuerit, vel coegerit. Ad Tit. Cod. ad S.
C. Tertullian. in Authentic. defunã. Ad
Tit. Cod. de crimine agi opporteat in Au-
thent. qua in Provinc. Ad Tit. Cod. de con-
veniend. Fifci debitorib. lih. 10. Ad Text.
in L. quoties 98. e^ ad Text. in L,. Qui in
jus. 177. jf. de re judicat. Ad Tit. jf. de Le~
gat. z. à principio usque ad Text. in L. Jiquis
Tit. 17. Ad Text. in T,. z^. ff. eodem Tit.
Entre muitas, e doutas Allegaçoens de
Direito, que fez quando exercitava o officio
de Patrono de Caufas, he celebre a que compoz
em Caílelhano fobre a fucceílaõ da Cafa de
Aveiro com elle titulo.
Por la ExcelentiJJima Senora D. Juliana
de AlencaJlro Duquesa de Avero. foi. Naõ tem
anno, nem lugar da ImpreíTaõ, e coníla de 8.
foi. como vimos. Defta allegaçaõ faz memoria
o Doutor Francifco Valafco de Gouvea
filho do Author na que imprimio em Lisboa
no anno de 1637. a favor do Duque de Torres
novas D. Ray mundo contra o Marquez
de Porto feguro, feu Tio fobre a fucceílaõ
do Effcado, e Cafa de Aveiro.
Compoz também doutiíTimas notas à Orde-
nação do Reyno, das quaes fe lembra o Addici-
onador de Reynofo obfervat. 28. ad num. 7.
A memoria defte infigne Jurifconfulto
illuftráraõ com vários elogios diverfos Autho-
res, como faõ Gama T>eciJ. 2. n. 6. DeciJ. 8.
n. 2. & 4. DeciJ. 75, n. 3. DeciJ. 222. n. 4,
chamando-lhe doãijfimus, <ò' JuriJconJultiJfimus.
Cabed. i. Parte DeciJ. 14. num. 8. & 2. Part. in
Prolog, doãijfimus. Pheb. Tom. i. DeciJ. i.
n. 8. infignem praceptorem , (& DeciJ. 3. n. i,
doãijfimum, e Dec. 99. n. 7. Tom. 2. DeciJ. 108.
n. 13. doãijfimum, <& DeciJ. 113. n. 15. e DeciJ.
161. n. I. & DeciJ. 170. n. 33. Mend. à Caftro
ad Tit. Cod. de bonis que liber. 2. Parte n. 106,
Sapientijfimus, <& eximius Eujitanus. Thom.
Vaz Allegat. 17. n, 4. Tam in júris Theorica,
quàm Pratica prajlantijjimus , (Ò" inter nojlros
E.ujitanosjumma authoritatis vir. Mello de Induciis
Quíeft. 33. n. 3. Injignis Jurijconjultus. Bened.
^gidius in L. ex hoc jure 4. Part. i. cap. 14.
n. 17. íf. de juílit. & jure; Gundifalv. Mend.
de Vafconc. Div. Jur. Argum. Vir eruditio-
ne clarus (& fenatoria dignitate conjpicuus.
Gab. Pereir. de Caftr. DeciJ. 55. n. 15. &
Dec. 83. n. 5. doãijfimus (ò' DeciJ. 65. n. 4.
JuriJconJultiJJimus . Pinei. Seleã. Jur. In-
ter p. lib. I. cap. 3. ) n. 23. Injignis regius
Jenator, (& Júris Civilis ac eximius prima-
rius projeffor, & lib. i. cap. 5. n. 20. &
22. injignis L,ujitanus & ibi n. 47. prudentijjimus
& cap. 8.n. \. Jurijconjultus cordatijfimus. Carva-
lho in cap. Kaynaldus 2. part. n. 380. diligentij-
Jimus Franc. Maria Prat. in addition. ad Pafchal.
de virib. Pátria Potejlat. Part. 4. cap. 6. Injignis
Jurijconjultus. Maced. in Eujit. Liber. lib. i.
cap. 9. n. 22. e 29. doãiffimus vir, e nas Flor. de
EJpan. cap. 8. Exceli. 11. D. Nicol. Ant.
in Bib. Hijp. tom. i. pag. 49. col. i. injignia
Jui monumenta reliquit pojleris. Manoel Se-
ver, de Far. Notic. de Portug. Difc. 5. §.
3. Manoel Rod. Leyt. Trat. Analyt. pag.
7. Not. 24. Fonfec. Évora GlorioJ. pag.
409. celeberrimo Jurijconjulto. Garcia de
ExpenJ. cap. i. n. 9. pag. 6. Varia erudi-
tione, (Ò" non vulgari eloquentia praditus.
Manoel de Faria, e Souf. no Cathal. dos
Author. Portugueses, cujo Original tivemos
em noíTo poder, e fe naõ imprimio, lhe cha-
ma injigne Jurijia. Francifco Caldas Perei-
ra Oper. Emphyteut. Part. 2. Quseft. i. Kem
quidem Emphyteuticam nojiro ScbcuIo prcsj-
tantis, €>* excellentis ingenij Jurijconjultus
1
L USITANA.
119
.ravijjimtis Alvarus Vala/cus vir toffttM addito
uno elegantifimo Jttris lin/pf)yteutici libro {ubi
renova t tom s 7 ratlatum poUicetur ) feliciter, ac
dextro omine aiifpicatus eji. Qmd quidem omnium
qmtquot haílenus fcripferimt Jeliciits praflitiffet,
nlfi Nemefis Jludiofis omnihus infefta Vniverfa
Keiptihlica litteraria, ipfique jurifprudentia uti-
litdtem invidijfet. Cum tnim ad rtnovati-
nnis traílatiim fe fe vtliit Stemuus miles
.iccinft^ereí , adverifa corporis vale tudo, e^
myntentis indies aii^itudinis molejlia ex affi-
dítis jlndiorum vi^iliis contraâa ad reliquorntu
lihrorum edi/ionem, ad commune publica uti-
litíitis commodum fejlinantem quafi de médio
infiituti fui curfu interpellarunt. Quam obrem
cum prima veluti fatura librum quinqua-
s^nfa, €>* amplins quajliones continentem fummo
.///// Jludioforum applaufu edidiffet, robuj-
íioresque adhuc partes fuper ejfent, tum iniqua
adverfi fati acerbitas ampUjfimam illam Jpem
cofftationum, <Ò^ Confiliorum fuorum, tum graves
eorum temporum cajus doâijftmi hominis fidem, c^
íponjionem fefellerunt. Accejftt etiam repetitus
ftudiorum labor, redditufque in Academiam, qui
pojl intermijfa, ac refrigerata diuturna quiete,
& otio ftudia, e^ urbana militia gloriojam
advocationem Jumma cum laude perfunâam
defejfi corporis vires penitus exhauferunt,
ac labefa£iarunt. Non inficiabor tamen opus illud
de Jure Emphyteutico à doãijftmo Valafco elabo-
ra tum nec omninò abfolutum maiorem fortajje apud
viros doãos admirationem , gloriamque habiturum:
illud enim perquam rarum, ac memoria dignum
ejl, etiam Jupre ma opera eximiorum artificum im-
perfeãasque tabulas, Jicut Irin Aryftidis,
Tyndaridas Nicomachi, <& Venerem Apel-
lis in majori pretio, <& admiratione fúiffe,
quam perfeãa &c. Jeronymo Cardofo in-
figne ProfeíTor de letras humanas feu con-
temporâneo, na Dedicatória das fuás Elegias
que lhe confagrou ao feu nome, lhe diz ele-
gantemente entre outros elogios. Ex erti-
ditis quibufdam adolejcentibus intelhxi, qui
Te olim Conimbrica magna cum celebritate,
€b* omnium admiratione Jus Civile perlegen-
tem audierunt. Te magnopere humanioribus
litteris deleãari, quibus fie imbutus es, ut
inter latinos Ciceronem quempiam, inter
Jurifconjultos Scavolam alterum Te omnes
mérito arbitrentur; neque enim ad utriuf-
qm Júris faftiffum evolare tam faciU poffet, nifi
prius, ey latinis, €> gracis litteris Te ipfum exco-
lerts, v£y expolires. Unde fit, ut tam mmc fórum
reffum, regiufqm Senatus tuam in caufis agendis
facundiam, foleríiamque obftupefcant, quam olim
Conimbricenfis Academia Te Júris nodos, e^
legum anigmata dijfolventem ( ut cum Saíyrico
loqtuir) admirata fit. O mermo Cardofo ia
lih. 2. EJegiar. Hleg. i. o louva com eíbs
elegantininias cxprcíTocns poéticas.
O' Confultorum Júris clarijftme, cujus
Enitet in totó lingua diferta foro.
Qui doãos inter doCtiJftmus unus haberis
Optimus, atque inter crederis ejje bonos.
At cum patronos poft terga reliqueris omnes.
Et fit regali par tibi nemo foro.
Muneribus tibi plena domus. Te confulit omnis
Turba, Senator, Eques, advena, civis, inops.
Kefponfis efi fumma fides; foliumque putatur
Cumana Vatis quidquid ab ore jluit.
Quicumque ergo fua cupiet cognofcere caufa
Eventum, & certum difcere confilium.
Te petat, atq adeat. Te confulat, atq fequatur
Inveniet fi quid certius ejfe nihil.
Non dolus hic ullus, non fraus innexa clienti,
Sed probitas, verum, candor, dr alba fides.
B. AMADEO, chamado no feculo Joaõ de
Menezes da Sylva illuftrou com o efplendor do
feu fangue, e os rayos da fua virtude a Cidade
de Ceuta famofa Colónia dos Portuguezes em
Africa no anno de 143 1. Foy quinto filho de
Ruy Gomez da Sylva Alcayde mòr de Campo
Mayor, e de D. Ifabel de Menezes filha de
Dom Pedro de Menezes Conde de Viana pri-
meiro Capitão General de Ceuta, e Alferes mòr
de Portugal: Irmaõ de D. Diogo da Sylva de
Menezes primeiro Conde de Portalegre Ayo
delRey D. Manoel, e Mordomo mór da Cafa
Real, e da Venerável D. Beatriz da Sylva, que
de Dama da Raynha D. Izabel de Caftella foy
fundadora da Ordem da PuriíTima Conceição.
Inílruido com aquellas artes dignas do feu
nacimento frequentou na adolefcencia o Palá-
cio delRey D. Dxiarte, onde (como efcrevem
alguns Authores ) arrebatado cegamente da
rara fermofura da Infanta D. Leonor filha da-
quelle Monarcha, lhe dedicou o coração fem
violar o decoro, que era devido à fua fobera-
nia, porém conhecendo, que era impofllvel
I20
BIB LIO THE CA
o intento, a que afpirava, occultou taõ vio-
lenta paixaõ debaixo da fymbolica figura de
hum Altar com a letra Ignoto Deo gravada
«m huma medalha moftrando enfaticamente,
que fe naõ podia declarar a Divindade,
■que o feu amor idolatrava. Porém vendo,
que fe auzentava a Princefa para fe defpozar
com o Emperador Federico III. penetrado de
luz fuperior começou a deteftar a cega incli-
nação dos feus affeâos, e melhorando de
objeéto os oíFereceo por ardente holocaufto a
Deos. Para argumento infallivel defta heróica
refoluçaõ mudou o nome de Joaõ pelo de
Amadeo, e deixando a pátria, parentes, e o
inundo veílido em hum tofco Sayal partio
para Caílella, e no Convento de N. Senhora
<le Guadalupe da Religião de S. Jeronymo
■exercitava taõ afperas penitencias, que caufa-
vaõ efpanto aos habitadores de taõ auílera Cafa,
as quaes continuou com igual rigor no Con-
vento de Cremona da mefma Ordem pelo
-efpaço de dez annos, atè que apparecendolhe a
Raynha dos Anjos acompanhada daquelles
•dous Serafins humanos S. Francifco, e Santo
António lhe ordenarão, que deixada a vida
Eremitica, que exercitava, partiíle logo a Afliz
para fe aliftar na Ordem dos Menores. Obede-
ceo promptamente a eíle preceito, e depois
de experimentar varias repulfas, em que deo
claros argumentos da fua grande fantidade, foy
admitido a o humilde eftado de Leygo pelo
Geral Fr. Jacobo de Moçanica no anno de
1454. Depois de profeíTar o inftituto Será-
fico começou com tal exceíTo a dilatar-fe naõ
fomente por Affiz, mas pellas terras circum-
vezinhas a prodigiofa efficacia da fua virtude,
que concorria innumeravel multidão de enfer-
mos a bufcar na fua protecção o único remédio.
Como era fummamente amante da humildade,
para fugir do aplaufo popular, que lhe reful-
tava das fuás prodigiofas acçoens, pedio com
grande inftancia aos Prelados, que o mandaíTem
para outro Convento, e partindo para o de
Milaõ, foy venerado pelos Duques daquel-
le Eílado Francifco Esforcia, e D. Branca
por Oráculo da virtude, padecendo mais nas
honras, que delles recebia, que nas duras
penitencias, com que fe macerava. A'effi-
cacia das fuás fupplicas deverão efles Prínci-
pes a fucceílaõ, que taõ anciofamente deze-
I
javaõ, e patrocinando com o Pontífice a Sa-
grada empreza, que intentou de reduzir os
Religiofos Clauílraes à primitiva Obfervancia,
e fevera difciplina da regra de feu Seráfico
Patriarcha. Para dar feliz principio a huma taõ
grande obra fe ordenou de Sacerdote por pre-
ceito dos Prelados fendo o Convento da Paz
fundado em Milaõ o primeiro, que teve a
Obfervantiflima Congregação dos Amadeos,
a qual brevemente fe vio dilatada em 28. Cafas
por toda Lombardia, onde fe recolherão
grande numero de Clauílraes, e feculares para
reformarem a relaxação das fuás vidas. Deíla
Congregação delineada pelo feu efpirito alcan-
çou confirmação de Paulo II. no anno de 1469.
a qual ainda, que conílrangido governou todo
o tempo, que viveo. Mandado a Roma pela
Duqueza de Milaõ a tratar hum negocio grave
recebeo taes eftimaçoens de Xifto IV. que naõ
fomente o elegeo por feu ConfeíTor, e Confe-
Iheiro em as matérias mais importantes à utili-
dade da Igreja, mas lhe aíTinou por domicilio
a Igreja de S. Pedro do Montorio fanítificada
com o fangue defte grande Apoílolo, onde com
os largos, e generofos donativos delRey de
França Luiz XI. e dos Reys Catholicos Fer-
nando, e Izabel fundou hum Mofteiro habitado
hoje por Varoens infignes, fieis imitadores da
virtude do feu Reformador. Aufentãdo-fe de
Roma depois de lhe conceder o Pontífice com
profufa liberalidade ampliíTimos privilégios
para a fua Congregação, fe fentio mortalmente
enfermo, e fendo levado ao Convento da Paz
depois de recebidos os Sacramentos, e exhorta-
dos os feus Religiofos à perfeverança, e uniaõ,
poftos os olhos no Ceo voou o feu Efpirito
para nelle fer coroado, em 10. de Agofto de
1482. A venerar o feu Santo cadáver concorre©
a populofa Cidade de Milaõ recebendo muitos
dos feus moradores fomente com o contafto
dos veílidos faude em enfermidades muito
rebeldes. Foy fepultado no meyo do pavimento
da Capella mór do Convento da Paz, onde fe
venera a fua imagem de pedra coroada de ref-
plendor. Outra femelhante a eíla fe vé pin-
tada na Igreja de S. Pedro de Montorio. Com o
titulo de Beato o intitulaõ Artur in Martyrol.
Franc. p. 359. Gonzag. de Origin. Ordin.
Seraph. in Cathal. Beat. Ordin. pag. 92. Sa-
lazar Chron. de la Prov. de Cajiil. liv. 8. cap. i.
L USITAN A.
121
Torres Chron. Straf. Tom. 7. liv. 2. cap. 18.
et feqq. Fr. Fernando da Soled. Hifl. Straf. da
Prov. de Portug. Part. 5. liv. 4. cap. 6. c na
íegunda ediçaõ Part. 5. liv. 16. cap. 6. n. 996.
Duarte Nun. de I^eaõ Defcripc. de Portiig.
cap. 44. Vafconcel. in Defcript. Keffti Portugal.
pag. 525. n. II. Fonfec. Évora glorio/, pag. 236.
A fua vida mais difíuíamente efcreveraõ D.
Jeronymo Mafcarenhas Bifpo de Segóvia,
Fr. Horácio Sala, Fr. Marcos de Lisboa
Chron. da Ord. Seraf. Part. 3. liv. 6. cap. 4.
Torres Conjolac. aios devot. dei Myjlerio dela Con-
cep. liv. I. cap. 5. Wading. Annal. Ord.
Min. Tom. 6. et 7. ad ann. 1464. 1467.
1468. 1472. 1482. et in Script. Ord. Min.
p. 15. Petr. Rodulph. ToíTiniancns. Hijlor.
Seraph. Keligion. lib. 2. pag. ij6. entre os
Varoens infignes em Santidade o traz retra-
tado tendo debaixo do braço direito hum
l^ivro fechado, c em hum lado delle efcri-
tas eftas palavras Aperietur in tempore allu-
dindo ao das fuás Revelaçoens, na parte in-
ferior do Retrato efte dyílicho.
Multa revê lar i hic meruit fihi, quo duce muitos
Francifci accendit Keligionis amor.
Manriq. Annal Cijlerc. ad ann. 11 5 8. cap. 5.
§. 8. Luiz Salaz, e Caftr. Hijl. Geneal. dela Cafa
de Sylv. Part. 2. liv. 6. cap. 4. Aubert. Mireo
ad ann. 1460. Fr. Ant. à Purif. Chronol. Monajl.
pag. 81. Marrac. in Bibliothec. Marian. Part. i.
pag. 59. Kegio fanguine clarus, fed vita aujleritate,
ac Jummis virtutibus clarijftmus. Michoviens. in
Utan. LMuret. Difc. 58. §. 7. Vir fuit Sanãita-
te, miraculis, et prophetia illujlris. Joan. Soar.
de Brito in Theatr. iMJit. L.itter. let. A. n. 25.
Vir fuit in Aula urbanitate celeberrimus, e>:tra
vero illuftrifftma virtutis, et miris à Deo reve-
lationibus illuminatus. Nicol. Ant. in 'Rib.
Hifp. Vet. lib. 10. cap. 13. n. 725. Sanãi-
tate vir clariffwms, et L.ujitania magnus
honos. D. Jeronymo Mafcarenhas remata
a fua vida com eftas elegantes palavras.
Por todo es fin duda uno delos maravillofos
Heroes dela Iglefia, honra de Su Keligion,
credito de EfpaHa, gloria de Portugal, único
refplendor dela iluflrijfima familia delos Sylvas,
j de fn infigne pátria Ceuta.
Compoz hum livro de Vaticinios acerca
do eftado futuro da Igreja, que lhe foraõ por
Deos revelados, cujo titulo era.
ftfus Maria filius Salvator hominum Apo-
calypfis nova fenfum habens apertum, (ò' ea, qua
in antiqua Apocalypfi erant iníus, hic ponuntur
foris. Hoc eft, qua erant abfcondita, funt bíc
aperta, Ó* manifeflata.
Contra eíla obra adulterada com dívetfos
erros compoz o EminentiíTimo Cardial Bellar-
mino cincoenta, e fete Cenfuras, as quaes con-
fervava M. S. na fua Bibliotheca Fr. Jacinto
Libello Arcebifpo de Avinhaõ, que fora Meftre
do Sacro Palácio, e as comunicou a D. Júlio
Bartolocci, das quaes faz larga mençaõ na fua
Bibliotheca Kabinic. Tom. i. pag. 241. e aíTmi
deve fer lida com grande cautela, como pruden-
temente advirtiraõ os mais inílgnes ChrooiAas
da Ordem Seráfica, devendo fer julgada naõ
como producçaõ do illurrúnado cfpirito do B.
Amadeo, mas aborto de alguma fantazia fe-
cunda de ficçoens, como efcreveraõ G)melio
Alapide in Apocalipf. cap. i. pag. 19. editionis
Antuerpienfis dizendo de cujus Sanãitate, cb*
revelationibus multa habent Chronica Ordinis Sanai
Francifci Part. 3. lib. 6. cap. 30. ubi tamen addunt,
monent que extare puras, fed iis varia à variis ejfe
addita. Ego eas Koma diligenter quafivi, inveni,
perlegi, itaque ejje comperi. Theofilo Raynaud.
in Joan. Ejvangel. Seft. 2. Punft. 2. Dolendum efl
fluenta Spiritits quibus B. Amadai hortus rigatus
efl pura ad nos non manajfe. Donde claramente
fe colhe o indifcreto arrojo, com que o Cardial
Caetano in D. Thom. i. 2. quxft. 174. art. 6.
ad 3. e Bzovio in Annalibus ad ann. 1471.
quizeraõ manchar a opinião do B. Amadeo
affirmando fer fua efta obra contaminada
com opinioens erróneas, e falfos vaticinios.
Leaõ-fe Briceno, Part. i. Controu. in i.
Sent. Scot. pag. 147. Wadingo, Alva, e
Samaniego, que com doutiíTimas Apolo-
gias defendem a fanítificada fama do B.
Amadeo, e convencem evidentemente aos
dous adverfarios da cega precipitação com
que cenfuráraõ a hum Varaõ celebre em
vida pelas virtudes, e depois da morte com
culto immemorial pelos milagres. O origi-
nal defta obra fe conferva na Bibliotheca do
Real Convento do Efcurial, donde extra-
hio huma copia D. Pedro de Caftro Arce-
bifpo de Granada, e Sevilha, e a collocou
na Bibliotheca do facro Monte de Granada.
Outra fe guarda na Bib. Vaticana n. 567. como
122
BIBLIO THE C A
di2 -D. Bernard. Montfaucon in Bib. Biblio-
íhecar. M. S. nova Tom. i. pag. 27. col. 1.
com eíle titulo. Amadai Hifpani Ord. S. Franc.
Obfervantia Propheiia. Duas copias deíla obra
exiílem, huma no Convento de N. Senhora
da Salceda de Religiofos Francifcanos, e outra
no Convento Romano dos Agoílinhos Defcal-
ços. Se alguma exiíle, que naõ feja adulterada,
he a que fe conferva em Barcelona no Archivo
do Collegio de S. Boaventura, no fim da qual
eftá hum teílimunho de fer a legitima, efcrito
pela própria maõ de S. Pedro de Alcântara em
21. de Fevereiro de 1 545. como relata Fr. Joan.
à D. António in Bib. Francifc. Tom. i . pag. 5 5 .
Da obra, e do Author faz memoria Jacob
Lelong. in Bib. Sacra pag. 607. col. i . Thomaf-
fin. in Bib. Patavin. pag. 106. e PoíTevin. in
Apparat. Sacr. Tom. 1. pag. 49.
Conjlituiçoens approvadas pela Seé Apof-
tolica pellas quaes fe governava a Congregação
dos Amadeos antes de dar obediência ao Geral
dos Obfervantes.
Homilia de B. V. Maria, eíla obra, que
allega Pedro Caniíio no feu Mar ia l, e Joaõ
Benediâo na fua Summa como producçaõ do
B. Amadeo, naõ he fua, mas de Amadeo Lau-
fanenfe Bifpo, e Religiofo da Ordem de
Ciíler, cujo engano feguio Henrique Willot in
Athen. Franc. levado da femelhança dos
nomes quando entre hum, e outro mediou
o dilatado efpaço de trezentos annos.
Sonetos Sagrados Author o B. Amadeo
4. Eíle livro fe conferva na Bibliotheca do Col-
legio de Coimbra da Companhia de JESUS.
Fr. AMADOR DE SANTA ANNA
Religiofo da Ordem dos Menores da
Provinda do Apoílolo Saõ Thomé da ín-
dia Oriental. A mayor parte da vida dedi-
cou à converfaõ da gentilidade conduzindo
ao grémio da Igreja innumeraveis bárbaros,
e para que ainda auzente naõ ceíTaíIe de taõ
apoftolico exercicio, efcreveo na lingua Ca-
narina para inílrucçaõ dos já convertidos
affiílindo em Goa no anno de 1607.
Hijloria da vida dos Santos, da qual
exiílem muitos exemplares naquella regiaõ
donde foy mandado hum no anno de 161 2.
a Filippe II. de Caílella, que o mandou
collocar na Bibliotheca do Efcurial como
affirma Fr. Joan. à D. Anton. in Bib. Franc,
tom. I. pag. 57. e outro fe conferva na Biblio-
thec. Real de Pariz n. 161 5. como diz D. Ber-
nard. Montfaucon in Bib. Bibliothecar. M. S.
nova tom. 2. pag. 725. Lembraõ-fe do Author
Fr. Paulo da Trindade Chron. da Prov. de S.
Thomé liv. i. cap. 69. e Fr. Jacint. de Deos
Vergel de Plant. e Flor. cap. i, pag, 9. e o
moderno Addicionador da Bib. Orient. de
António de Leaõ Tom. i. Tit. 16. col. 518.
D. Fr. AMADOR ARRAES filho de
Simaõ Arraes. Naceo na Cidade de Beja da
Província do Alentejo, e naõ em Coimbra,
como feguindo a Marco António Alegre de
Cafanate efcreveo Hyppolyto Marracio in
Bib. Marian. Part. i. pag. 61. Para fugir dos
enganos, com que o mundo coíluna lizongear a
adolefcencia fe recolheo na ReHgiaõ Carmeli-
tana em o Convento de Lisboa a 24. de Janeiro
de 1545. fendo o primeiro que profeíTou efte
fagrado inílituto no CoUegio de Coimbra a 5 1 .
de Janeiro do anno feguinte. Igual foy o pro-
greíTo que fez nos eíludos da Filofofia, e Theo-
logia como o applaufo que confeguio quando
as diâou, naõ fomente aos feus domeílicos,
mas aos Cónegos Regulares de Santo Agofti-
nho de Santa Cruz de Coimbra, que naquelle
tempo convidava© para eíle miniílerio a hum
Varaõ eminente em letras fagradas, e profanas.
Recebido o gráo de Doutor pella Univerfidade
na faculdade da Theologia começou a efpalhar
a femente do Evangelho com tanto fruto dos
ouvintes, e acclamaçaõ dos eruditos, que che-
gando a fama da fua peífoa à Mageílade delRey
D. Sebaíliaõ, naõ fomente quiz ouvillo, mas
em final do quanto lhe agradou o nomeou feu
Pregador recebendo deíle Príncipe particulares
eílimaçoens, naõ fendo inferiores as que lhe
fez o Cardial D. Henrique, pois conhecendo
a fua prudência acompanhada de virtuozas
acçoens o elegeo quando era Arcebifpo de
Évora, feu Coadjutor, cuja eleição foy con-
firmada por Gregório XIII. ( e naõ S. Pio V.
como efcreve Fr. Manoel de Sá nas Mem.
Hiji. dos Efcrit. do Carm. pag. 12. n. 13.)
em 23. de Julho de 1578. com o Titula
de Bifpo Adrumentino, que depois fe
mudou no de Tripoli, e parecendo-lhe fer
eíle lugar pequeno premio ao feu merecimento
L USITANA.
123
o fez fcu lífmolcr mòr. Promovido da Dio-
ccfc de Portalegre para a de Placencia D. Andrc
de Nrironha, o nomeou naquelle Bifpado
I'ilippc II. cm 50. de Outubro de 1581. em
cujo fagrado miniftcrio cnchco as obrigaçoens
de folicito Paftor, vifitando pcíToalmente a fua
Diocefc, convocando duas vezes Synodo para
reforma dos coílumes, mo(lrando-fc benigno
Pay para os bons, fevero Juiz para os máos, e
profufo difpenfeiro para os pobres, donzellas,
viuvas, c cativos. Refgatou com graves
fomas de dinheiro todos os foldados da fua
Diocefe que tinhaõ fido cativos na infeliz
batalha de Alcaçar. Socorrco ainda com
perigo da mcfma vida aos inficionados com a
pefte. Ornou a Cathcdral com pavimento de
pedra muito polida, c lhe fez a Capella mòr
com toda a magnificência. lilra no veftir
taõ parco, c modcfto, c taõ moderada a familia,
que compunha a fua cafa, que mais parecia de
hum auftero religiofo, que de hum Príncipe
Ixclefiaftico. Lembrado do filencio, e quieta-
ção da fua Cella renunciou o Bifpado no anno
de 1596. e fe recolheo ao CoUegio de Coimbra
bufcando para morrer o lugar onde tinha
nacido para a Religião, o qual ampliou com
rendas, e edifícios. Ultimamente conhecendo
fer chegada a ultima hora precedendo huma
molefta infermidade, fe preparou com os Sacra-
mentos partindo para a eternidade em o i. de
Agofto de 1600. Foy fepultado no meyo da
Capella mòr do Collegio de Coimbra em Sepul-
tura raza, onde eílá gravado efte epitáfio.
Sepultura de D. Fr. Amador Arraes
Bifpo de Portalegre feitura delRej Dom
Henrique, feu Efmoler mor; foy o primeiro
Keli^ofo, que profeffou nefie Collegio. Fa-
leceo no \. de Agoflo de 1600.
Deíle Prelado efcrevem Pedr. de Alva y
Aftorg. in Milit. Concept. Diogo Gouvea
de Barrad. Antiguid. de Beja. liv. 3. cap. 38
Fr. Dan. à V. Mar. Specul. Carmel. Part. 2
Tom. 2. pag. 5. liv. 3. pag. 968. num
3402. e pag. 908. n. 3157. Carvalh. Corog
Portug. tom. 3. liv. 2. Trat. 8. cap. 47. p
624. Cunha Catai, dos Bifp. dos Port. Part
2. cap. 39. pag. 337. e cap. 40. pag. 344
e cap. 42. pag. 364. Card. Affol. l^fit
Tom. 3. pag. 248. no Commentario de 5
de Mayo chamando-lhe Infigne Prelado
Nicol. Ant. hib. Hifpan. tom. i. pag. 49. acte-
centando-lhe o appeilído de Mendoça que naõ
teve. Manoel de Far. e SouT. Europ. Por/ug.
tom. j. Part. 4. cap. 6. pag. 3J4. e no Ca/a/,
dos Auíhor. Portug^. Original que tivemos em
noíío poder, o intitula Obifpo de Portakgfe
eletio por fu virtud. António Coelho Gafco
Antig. de Lisboa Part. i. cap. 14. Marrac. in Bib.
Marían. Part. 1. pag. 61. Doâriná, €>• pie-
iate eximius, a/que omni virtutis gmere
cumprimis fui faculi heroibus comparandus.
D. Fr. Thom. de Faria Decad. i. lib. 9.
cap. 9. ha vixit ut nullum omnino faftum
apparenter exhiberet, fed veluti vir monaflicus
vitam eremiticam, ç£t à frtquenti hominum
confortio feparatam degeret: affuetus pauperum,
e^ inopum inedia omnes fere redditus in eos
conferebat, tandem longo fenio confefíus ad
fuam regreditur religionem ubi plenus dierum ex
hac vita feliciter decefftt. Fonfec. Fjvor. Gloriof.
pag. 314. Eminente em letras, e virtudes. Ma-
rangoni in Ther^^aur. Paroch. Tom. 2. lib. 3.
cap. 1. n. 66. onde o faz Capcllaõ mòr do
Cardial D. Henrique, fendo Efmollcr mòr.
O Padre D. Manoel Caet. de Souf. no Catai.
Hifl. dos Pontif. Card. e Bifp. Portug. f>ag. 108.
& in Expedit. Hifpan. S. Jaeobi tom. 2. pag.
1302. Fr. Manoel de Sá Mem. Hiflor. dos
Efcrit. do Carm. da Prov. de Portug. cap. 5.
Compoz
Diálogos dos quaes o i. he das queixas dos
enfermos, e curas dos Médicos: 2. do alivio dos
afligidos: 3. da Gente Judaica: 4. da gloria, e
triumfo dos Eufitanos. 5 . das condiçoens, e partes
do bom Príncipe. 6. das vias porque D eos nefle
tempo nos chama. 7. da Fortaleza, e paciência
Chriflaã. 8. ^ Teflamento ChríJlaÕ. 9. áa Confo-
laçaÕ para a hora da morte. 10. da invocação de
Nojfa Senhora Coimbra por António de Mariz
1589. 4. Correftos, e acrecentados pelo
author fe imprimirão poílhumos na mefma
Cidade por Diogo Gomes Loureiro. 1604.
foi. Paliando deíla obra o Padre Francifco
da Fonfeca no lugar affima allegado a inti-
tula Diálogos das acçoens dos Keys de ■ Por-
tugal, e fe enganou equivocando-o com os
Diálogos de Pedro de Mariz.
Trabalhou com grande difvello nas Confti-
tuiçoens, por onde fe governou muitos annos
o Bifpado de Portalegre, como affirma
124
BIBLIOTHE CA
r
Fr. Manoel de Sá nas Memor. Hiflor. de que
já fizemos aíTima mençaõ.
Fr. AMADOR DA CONCEIÇAM natural
do Porto, e Religiofo da Ordem dos Menores
da Provinda de Portugal, Leitor jubilado na
Sagrada Theologia, e pregador grande, de
quem fazem memoria honorifica Fr. Fernando
da Soledade na Hiji. Seraf. da Prov. de Portug.
Part. 3. liv. I. cap. 21. n. 134. e Part. 5. liv. 5.
cap. 50. n. 1726. e Fr. Joan. à D. Ant. in Biblio-
th. Vrancifc. tom. i. pag. 57. Foy Guardião
dos Conventos de Santa Citta, de S. Francifco
da Covilhaã, de Leiria, e ConfeíTor dos Moílei-
ros de Santa Clara de Figueiró, da Efperança
de Abrantes, de N. Senhora dos Poderes de
Via-Longa, e de Santa Iria de Thomar, e no
Convento de S. Francifco deíla Villa falleceo
no anno de 1709. Dos muitos Sermoens, que
pregou, fomente fe imprimirão os feguintes
Sermão do glorio/o Martyr Saõ Sebaf-
tiaõ pregado na Capella Keal. Aos 20. de
Janeiro do anno de 1670. em a folemnidade
da Confraria da Corte, que injiituhio E/-
R^ D. Joaõ o III. Lisboa por Domin-
gos Carneiro ImpreíTor das Três Ordens
Militares. 1670. 4. e Coimbra por Manuel
Rodrigues de Almeida 1684. 4.
Sermaõ pregado no Convento de Santa Iria, e
das Keligiofas de Santa Clara da Villa de Thomar
em acçaõ de graças, que todos os annos fe celebra no
próprio dia, que Deos fe:<^ mercê às Keligiofas de as
livrar do formidável rajo que cahio no Mofieiro, e
fe defvaneceo no lago, onde Santa Iria padeceo
o feu martyrio, em o anno de 1687. Lisboa
por Miguel Manefcal. 1688. 4.
Sermaõ das Almas no Convento de Saõ
Francifco de Thomar nos fuffragios annuaes,
que fav^em os Irmãos da Terceira Ordem por
feus Irmãos defuntos em o anno de 1686. Co-
imbra por Manuel de Almeyda 1688. 4.
Sermaõ na Quarta feira de Cin^a na
Misericórdia da Villa de Thomar. Lisboa
por Miguel Manefcal. 1688. 4.
Sermaõ da Quinta Dominga da Quaref-
ma em acçaõ de graças pelo Capitulo que fe
celebrou em Alenquer no Convento de S.
Francifco da Provinda de Portugal em 20.
de Março de 1706. Lisboa por Manoel, e
Jofeph Lopes Ferreira 1706. 4.
AMADOR CORRÊA, Irmaõ da Com-
panhia de JESUS, o qual aíTiftia pelo anno
de 1556. no CoUegio de S. Paulo de Goa.
Para dar noticia dos progreíTos das MiíToens
Apoftolicas nas Regioens Orientaes efcreveo
aos feus Padres que afliíUaõ na Europa três
Cartas de Cochim a i. em 8. de Fevereiro
de 1564. a 2. em 20. de Janeiro de 1565. e a
3. em Novembro de 1566.
AMADOR DA COSTA, igualmente ir-
maõ na profiílaõ, e inílituto que o precedente.
Eftando para partir para o Japaõ, mandou.
Carta efcrita aos PP. Jefuitas da Provinda
de Portugal em 3. de Novembro de 1577. a qual
fahio impreíTa com outras. Évora por Manoel
de Lira. 1598. eílá a pag. 400.
AMADOR LEAL DE CARVALHO
naceo em Lisboa no anno de 1608. e foy filho
de Lucas Leal de Carvalho fidalgo da Cafa
Real, e de Maria Cordeira. Fazia com grande
elegância, e affluencia todo o género de ver-
fos, naõ fendo menos applicado ao eftudo da
Hiíloria profana, e noticia das linguas mais
polidas. Nas lagrimas Panegyricas à morte de
Joaõ Pere^ de Montalvão, eílá hum Soneto feu,
que começa.
Suf pende ò Mufa eljàfeflivo canto
Traduzio de CaíleUiano em Portuguez o
3. e 4. Uvro das Epijlolas de D. António de
Guevara Bifpo de Mondonhedo, e as levou para
Caftella, quando no anno de 1640. partio com
o Marquez de Portofeguro.
P. AMADOR REBELLO natural da
Villa de Mezamfrio da Diocefe do Porto, e
teve por Pays a Lançarote Gonçalves, e Bea-
triz Rodrigues. Na idade de vinte annos
abraçou o inílituto da Companhia de JESUS,^
em Coimbra a 26 de Julho de 1559. e naõ
de 1552. como efcreve o author da Biblio-
theca da Companhia. Poílo que foíTe admit-
tido para o numero dos Coadjutores efpiri-
tuaes, eníinou humanidades, e Theologia Mo-
ral. Como era infigne em efcrever foy eleito
Meílre delRey D. Sebaíliaõ para o eníinar
a fazer os caraóleres com perfeição, em cujo^
miniílerio conciUou o aíFe£lo deíle Príncipe, e
de todos os Palacianos pela candura do animo,.
L USITAN A,
125
« modeítift do afpeâo. A fua mayor aíTif-
tenda foy no G^llegio de Santo Antaõ de
Lisboa, onde pelo efpaço de fete annos foy
Heytor com igual credito da íua prudência,
que fatisíaçaõ dos fubditos, que governava.
Nunca íe ouvio murmurar do próximo, antes
-pela fuavidade do génio a todos atrahia, prin-
cipalmente aos Penitentes no tribunal da Con-
fiíTaõ, em cujo lugar, como efpiritual medico
lhes receitava faudaveis remédios contra as
enfermidades da alma. De evidentes perigos
armados contra a fua innoccntc vida foy por
varias vezes livre com particular aíTiílcncia
<la protecção divina. Fortalecido com os Sa-
cramentos, morreo cm Lisboa a 7. de Mayo de
1622. Entre os Varocns infigncs cm virtudes
o numera Jorge Cardofo Agiol. hujit. Tom. 3.
pag. 111. e no GDmmcntar. de 7. de Mayo
letr. I. D. Nic. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 49.
c Tom. 2. pag. 279. Telles Chronic. da Com-
panh. da Prov. de Porttig. Part. 2. liv. 6. cap. 48.
e jo. Franc. Imag. da Vir/ud. em o Novic. de
Coimb. Tom. i. liv. i. cap. 19. e Tom. 2. pag.
6ii. e no Anno glorioj. S. J. in Ljíjit. pag. 257.
& in Synopf. Annal. S. J. in haifit. pag. 234.
n. 100. Compoz
Alguns Capítulos tirados das Cartas, que
vieraÕ ejle anno de 1588. dos Padres da Compa-
nhia de JESUS, que andaõ nas partes da índia.
China, JapaÕ, e Angola. Lisboa por António
Ribeiro 1588. 8. Deíla obra, e do author faz
mençaõ a Bib. Orient. novamente acrecentada
Tom. I. Tit. 5. col. 94.
Compendio de algumas Cartas que ejle anno
Âe 1597. vieraÕ dos Padres da Companhia de
JESUS, que rejidem na índia, e Corte do graõ
Mogor, e Rejnos da China, e Japaõ, e no Brajil
em que fe contem varias coufas. Lisboa por Ale-
xandre de Siqueira. 1598. 8.
Relação da Vida delRej D. SebaJliaÕ, na
qual fe trata do feu nacimento, creaçaõ, governo,
das hidas, que fe^ a Africa, da batalha que
deu a Muley Maluco, e do fim, e do fuccejjo
delia. M. S. Deíla obra tenho huma Co-
pia, na qual fuccintamente fe efcrevem as
acçoens deíle Principe. Jorge Cardofo no lu-
gar alTima allegado, diz que fora compofta
no anno de 161 3. e delia faz memoria
Francifco Soares Tofcano Parallel. de Var.
llluftres.
Tratado dos ditos delKey D. SebaJHaÕ efcrito
por ordem dos f tus Superiores. Conferva-fe Aí. S.
na Livraria da Gafa profeíTa de Lisboa, como
affirma Joaõ Franco Barreto na hiblioth.
Portug, Aí. S.
AMADOR RODRIGUES. Hum dos ce-
lebres Jurifconfultos, que produzio Portugal,
donde pafíando a Salanunca depois de exer-
citar neíla Cidade o Ofiicio de Advogado,
como também na Corte de Madrid no anno
de 161 6. foy Lente de Direito Civil naquella
florentiíTima Univerfídade, e feu Syndico, fen-
do refpeitada a fua fciencia legal pelos mayo-
res ProfeíTores de Jurifprudencia, como o mani-
feílaõ as fuás obras, com as quaes fervio de
farol para guiar aos Advogados no intrincado
labirinto das controverfias forenfes, efcrevendo
Traííatus de modo, ^ forma videndi, e^ exami-
nandi proceffum in caufis Civilibus via ordinária
prima injlantia intentatis. Matriti apud Alphon-
fum Martinum. 1609. 4. Defte Livro publicou
o author huma Summa em Caftelhano, que foy
impreíTa no mefmo lugar, e anno que a prece-
dente. Sahio em latim fegimda vez Francof.
ex Officin. Zachario = Paltheniana 161 5. 8.
Traãatus de executione fententia, <& eorum
qua paratam habent executionem. Matriti apud
Alphonfum Martinum 161 3. foi.
Traãatus de concurfu, ^ privilegiis credito-
rum in bonis debitoris, <& de pralationibus eorum,
atque de ordine, eb* gradu, quo folutio jieri debet.
Madriti apud Ludovicum Sanches 1616. foi.
Venetiis. 1644. Francof. apud Joannem Beyre
1645. 8. Genevae apud Samuel. Chovet. 1664.
& Lugduni 1665. Poílo que Nicoláo Antó-
nio in Bib. Hifp. tom. i. pag. 49. faça natural
de Salamanca a Amador Rodrigues, talvez
perfuadido que o fofle pela diuturna aíTiftencia
que fez neíla Cidade, certamente he Portuguez,
naõ fomente porque o apellido affim o mani-
fefta, o qual he raro entre os Caftelhanos,
como porque no Catalogo dos noíTos Portu-
guezes, que floreceraõ na Univeríidade de
Salamanca, compofto com toda a exacçaõ, e
eíhido pelo iníigne efcritor D. Thomaz Ta-
mayo de Vargas, e remetido a Diogo Lopes
de Souza Conde de Miranda Pay do Eminen-
tiíTimo Cardial de Souza, em cuja Livraria
fe conferva, fe affirma nelle fer Portuguez
120
BIB LIOTHE C A
Amador Rodrigue2. Confirma-fe mais efta ver-
dade com o teílemunho do Padre Francifco
da Cruz nas fuás Memorias M. S. para a Bib.
Poríugue;^a; o qual relata que eftando em Roma
no anno de 1674. lhe fegurára o Doutor Tho-
maz Ribeira natural de Beja, homem de fumma
verdade, que Amador Rodrigues, com quem
vivera muitos annos em Caftella, e tivera par-
ticular amizade, lhe certificara fer Portuguez,
porém naõ queria que foíTe conhecido por
tal, cuja caufa ignoramos.
AMADOR VIEYRA, natural da Villa
de Monforte na Provinda do Alentejo, Licen-
ciado nos fagrados Cânones, e Prior da Paro-
chial Igreja de Saõ-Tiago de Travanca da
Diocefe de Coimbra. Foy grande amigo do
infigne Pregador Francifco Fernandes Galvaõ,
o qual deixando-lhe no feu Teftamento os
Sermoens, que tinha pregado, para cumprir
como fiel amigo a obrigação defte legado,
addicionou muitos delles, verteo outros de
linguas eftranhas na materna, e ultimamente
os ornou com a vida do Author impreíTa no i .
tomo, de que faz memoria Joaõ Soares de
Brito in Theatr. L,ujtt. LiUer. let. A. n. 28. e os
ampliou com dedicatórias, e prólogos appli-
cando grande difvelo para que polidos, e di-
geílos fahiíTem à luz publica com eíle titulo
Sermoens de Quarejma, Lisboa por Pedro
Crasbeeck. 161 1. 4.
Sermoens das fejias dos Santos. Lisboa pelo
mefmo Impreílor. 161 3. 4.
Sermoens das Fejias de Chrijlo nojjo Senhor.
Lisboa pelo mefmo Impref. 161 6. 4.
AMARO DOS ANJOS, natural da Ci-
dade de Leiria, e Cónego Secular da Congre-
gação do Evangeliíla, cujo habito recebeo no
Convento de Villar de Frades a 28. de Março
de 1685. onde foy Definidor, Reytor de Évora,
e Pregador geral. Por fer muito verfado nos
ritos, e ceremonias Ecclefiafticas exercitou
muitos annos eíle miniílerio no Convento de
S. Bento de Xabregas cabeça da fua Canónica
Congregação, e para que naõ ficaíTem occultas
as grandes noticias, que tinha adquirido na
continua applicaçaõ deíle eftudo querendo
inílruir nelle a outros para que com fumma
perfeição as executaflem, efcreveo
Direãorio Ceremonial. Lisboa por Filippc
de Souza Villela. 1717. 4. Morreo em o Con-
vento de S. Bento de Enxobregas a 25. de
Janeiro de 1729. Deixou M. S. trcs volumes
de 4. com eíle titulo.
Suor alheo dejiillado pelo lambique da paciência.
Coníla de vários conceitos predicáveis que
tinha colhido com indefeíTo trabalho de vários
Authores. Confervaõ-fe na Livraria do Con-
vento de S. Bento de Enxobregas.
Fr. AMARO DE AREGAS, cujo apel-
lido indica a pátria, onde naceo, a qual eftá
cinco legoas para o Norte da Villa de Tho-
mar. Foy Monge Ciílercienfe no Real Con-
vento de Alcobaça, e grande Theologo.
Compoz
De Matrimonio foi. M. S. Cujo Original
fe conferva no Archivo do dito Convento.
AMARO DA FONSECA, UlyíTiponenfe,
e dos celebres Cirurgioens do feu tempo,
como certifica D. Francifco Manoel de Mello
na Carta dos Authores Portuguezes efcrita
ao Doutor Manoel Themudo da Fonfeca Vi-
gário Geral de Lisboa. Efcreveo
Tratado da Gonorrea, e outras coufas. Sahio
impreíTo na quinta ediçaõ da Cirurgia de Antó-
nio da Cruz. Lisboa por Manoel Gomes de
Carvalho. 1649. 4.
AMARO MOREYRA CAMELLO, Q-
valleiro profeíío da Ordem militar de Chriílo,
muito verfado na Liçaõ da Hiftoria, e prin-
cipalmente em huma das fuás mais nobres
partes a Genealogia. Pelo largo efpaço de
vinte annos, que afliíUo em Portugal, Caílella,
e índia, poílo que embaraçado com diverfos
negócios, nunca deixou de cultivar o eíhido
Genealógico tomando por empreza do feu
trabalho litterario a grande Familia dos Maf-
carenhas, a qual illuílrou como elle confeíTa
no Prologo por outro eftillo que tinhaõ fe-
guido os grandes Genealogiílas Fernaõ Pa-
checo, D. António de Lima, e o IlluílriíTimo
Arcebifpo de Lisboa D. Rodrigo da Cunha,
cuja obra intitulou deíle modo
Memorias illuftres da Familia de Majcare-
nhas fecunda Progenitora de ajfmalados Va-
roens, e genero^^os Heroes. Dividida em quatro
L USITAN A.
\i-j
livros o primeiro dedicado a D. Vranc. Mafcartnbaj
4o Conjelho de LJlado de Sua Majejtflade. G^nfta
de 57. Capítulos efcrito em Lisboa no anno
<le 1650. foi. Aí. S.
O feffmdo Livro dedicado a D. JoaÕ Ma/ca-
tenhas terceiro Còde de Santa Cru^. Conda de
19. Capítulos efcrito em Lísb. em 16) i.
O terceiro IJvro dedicado a D. JoaÕ Mafca-
rtnbas feffmdo Conde de Palma. Confta de 16.
Capítulos efcrito em Goa, no anno de 1654.
O quarto IJvro dedicado a D. Jorj^e Ma/ca-
renòas feffmdo Conde de Serem. Confta de 20
Capítulos efcrito em Goa no anno de 16)5.
Do Author, e da Obra fazem mcnçaõ
JoaÕ Franco Barreto na hib. l^ifit. Aí. S. e
o Padre D. António Cact. de Souf. Aparat.
À HiJI. Gen. da Caf Keal Portug. pag. 103.
■§. 106. cujo Original vimos.
Fr. AMARO DE PENICHE. Natural
dcfta marítima Villa do Arcebifpado de Lis-
boa, de que tomou o appelido, c Monge
Ciftcrcienfc no Real Convento de Alcobaça
■cm cujo archivo fe confervaò efcritos da fua
própria maõ.
Sermones Dominicarum.
AMARO DE ROBOREDO, natural da
Villa de Algozo na Província Tranfmontana,
c muito douto na Grammatica Latina, e Por-
tugueza em cuja eftudiofa applicaçaò con-
fumio a mayor parte da fua vida merecendo
pela grande fciencia que tinha alcançado em
tantos annos as eftimaçoens das peíToas aflim
da Jerarchia Ecclefiaílica, como Secular. O
Arcebifpo de Évora D. Diogo de Soufa, a
cuja dignidade fora aíTumpto no anno de
1610. o fez feu Secretario. Depois fendo
Beneficiado na Igreja de N. Senhora da Sal-
vação da Villa da Arruda, foy Meftre dos
filhos de D. Balthezar de Tejrve fidalgo Cafte-
Ihano morador em Lisboa, cujo minifterio
exercitou com grande credito da fua peíToa
inftruindo a D. Duarte de Caftello-branco pri-
mogénito de D. Francifco de Caftello-branco
Conde do Sabugal, e Meirinho mór do Reyno.
Compoz.
Verdadeira Grammatica latina para fe bem
Jaber em breve tempo, efcrita na lingíia Portu-
ffie^a com txemphs na Latina. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 1615. 8.
Grammatica Latina mais breve, e fácil cpee as
publicadas atè ajipra, na qual precedem os exemplos
dsreffras. Lisboa por António Alveres. 162). 8.
Methodo Grammatical para todas as linffias.
Confta de três partes. Primeira, Grammatica
exemplificada na Portuff4e!(a, e Latina. Sefftnda,
Copia de palavras exemplificada nas latinas,
artificio experimentado para entender latim em
poucos me^es. Terceira, h'rafe explicada na latina,
em que fe exercitaõ as Syntaxes ordinárias, e collo-
cafad rhetorica como moftra a terceira, e quarta folha.
Lisboa pelo mefmo Impreffor. 1619. 4.
Keffras da Ortographia PortUffiet(a em huma
folha. Lisboa pelo dito impref. 161 j. fie ibi
na Officína Joaquiníana. 1758. 8.
Raives da lingua Latina moftradas em hum
Tratado, e Diccionario, ifto he, hum Compendio
de Calepino com a compojt^aô, e derivarão das
palavras, com a Orthoffafia, quantidade, e fra^e
delias. Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1621. 4.
Kàdices Sermonis Latini demoftrata in traãa-
tulo, çíy dicionário, hoc eft, Calepini Compendium
cum diãionum compofitione , vÍT derivatione, Ortho-
ff^aphia, quantitate, <Ò' ipfarum phrafe. UlyíTip.
apud Petrum Crasbeeck, 1621. 4.
Efta obra he compofta na língua Portu-
gueza, e Latina as quaes eftaõ cm duas co-
lunas em cada pagina.
Traduzio de Francez em Latim, e copio-
famente acrecentou dedicando-o ao feu difd-
pulo D. JoaÕ de Caftello-branco primogénito
de D. Francifco de Caftello-branco Conde de
Sabugal.
Janua linguarum, five modus maxime accoma-
datus ad eas intelligendas primiim in lucem editus
cum verjione hifpana, *& Lujitana interpofitis nsh
meris quibus harum linguarum iffiarus eas fine ma-
gijiro pojfit addifcere. Ulyflip. apud Petrum
Crasbeeck. 1622. 4.
Traduzio do Latim do Cardeal Bellar-
mino em Portuguez eftes dous Tratados.
Declaração do Sjmbolo para u:(o dos Curas.
Lisboa por Pedro Crasbeeck. 16 14. 8.
Doutrina Chrijlaã. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. 1620. 8.
Socorro das Almas do Purgatório para fe
faberem tirar com indulgências as almas nomea-
das, e applicarlhe bem a fatisfaçaõ das obras
128
BIB LIO THE CA
penaes, e pias. Ajunta/e hum modo fácil, e
artificio/o de re^ar bem o Kofario, e Ceroa da
Virgem Nojfa Senhora. Lisboa por Pedro
Crasbeeck. 1627. 12. et ibi por António
Alvares 1645. 24.
Do Author fe lembraõ D. Francifco Ma-
noel na Carta dos Authores T^ortuguet^es efcrita
ao Vigário Geral de Lisboa Manoel da Fon-
feca Themudo, Francifco de Araos in lib.
de bene dijponend. Bibliothec. Prad. Joan. Soar.
de Brit. in Theatr. 'Lufit. 'Litter. let. M.
n. 21. onde lhe chama Grammaticus non con-
temnendus, e Nicol. Ant. in Bib. Hifpan. tom. 2.
pag. 95.
AMARO DA ROCHA, Cavalleiro pro-
feíTo da Ordem de Chriílo, Secretario de Eílado
da índia. Sendo muito verfado nos fucceflbs
militares, e políticos daquelle Eílado, e igual-
mente curiofo inveJftigador da natureza, e
qualidade das plantas, que em taõ vaílo terreno
fe produzem, compoz, e dedicou à Mageftade
Catholica de Filippe II. de Portugal o feguinte
volume repartido em cinco livros com as
plantas, e veilidos das Naçoens Orientaes
primorofamente illuminadas, cujo titulo era
o feguinte. Cafareo minime cedat labor amphi-
theatro
Ijlud prcB cunãis fama loquatur opus.
Amphiteatro Oriental onde fe mofiraõ todos
os Vice-Kejs, e Governadores que ouve na índia
depois, que o braço Português a encorporou na Coroa
de Efpanha, e todos feus fucceffos conpendiofamente
epilogados, e hum vivo modelo, e natural retrato de
todas as fortalezas fronteiras com feus deflriãos, e
alturas: e todas as armadas, que os Kejs Portu-
guet^es de gloriofa memoria a ella inviaraõ depois que
o Almirante Vafco da Gama com os nojfos pri-
meiros Argonautas {fa^endo-fe Antípodas de Ji
mefmo) no anno de MCCCCXCVII. a def cobri-
rão; e as monfiruofas viagens que fif^eraõ,e hum co-
mo Mappa de todas as naçoens da Aurora com fuás
peculiares divifas, diverfa variedade de cores, varia
diverfidade de trajos, abominação de ritos, e befliali-
dade de coflumes, recolhidos em compendio, e final-
mente todas as plantas mais notáveis, e medecinaes
com fuás hieroglyphicas figuras, propriedades, e
virtudes, que a natural filofophia refuf citou defen-
terrando-as do fepulchro do efquecimento ; e muitas
delias examinadas com rigorofa experiência em
prefença do Vice-Rej Mathias de Albuquerque
por ordem da Mageflade Catholica delKey D. Fi-
lippe o I. de Portugal de efclarecida memoria,
Conferva-fe efte Livro na Bibliotheca d'ElRey
NoíTo Senhor, e delia faz mençaõ a Bibltoth.
Orient. de António de Leaõ novamente
acrecentada Tom. i. pag. 542. v.o.
AMARO TELLES NAHUT. Veja-fe
P. MANOEL TAVARES da Congregação
do Oratório.
AMATO LUSITANO chamado antiga-
mente Joaõ Rodriguez de Caílello branco,
cujo apellido tomou deíla iníigne Villa da
Diecefe da Guarda, onde naceo. Ainda con-
tava poucos annos, quando em Salamanca fe
applicou a eíhidar Medicina, e como era
dotado de hum engenho prefpicaz, e grande
comprehenfaõ, de tal forte fe adiantou a todos
os feus condifcipulos, entre os quaes era o
celebre André de Laguna, que naõ excedendo
a idade de dezoito annos foy julgado por
capaz de exercitar a arte de Cirurgião em os
dous Hofpitaes daquella Cidade, donde vol-
tando à pátria exercitou com geral aclamação
o officio de Medico. Movido do dezejo de
dilatar a fama do feu nome em as naçoens
eftranhas, ou receofo de fer punido pela culpa
de Judaifmo com que eílava inficionado, fe
auzentou de Portugal, e difcorrendo pelas
mais famofas Cidades de Flandes, e Itália,,
em algumas fez aíTiftencia, como foraõ Anve-
res, Roma, Ferrara, Veneza, e Ancona, onde
pelo methodo felizmente exercitado em bene-
ficio dos enfermos conciliou a amizade, e
eftimaçaõ de Varoens infignes, fendo os prin-
cipaes Luiz Vives, Joaõ Baptiíla Canano, que
efcreveo de Mufculis, e António Mufa Braza-
volo infigne Medico em Ferrara, onde foy
MeJftre publico de Medicina, e Diogo de
Mendoça Embaxador de Caftella, em Ve-
neza. Sendo convidado com largo eílipendio
pelo Senado de Ragufa, e com mayores
conveniências por ElRey de Polónia naõ
aceitou taõ opulentas ofFertas. Em Ancona
como folTe accufado por defertor da verda-
deira Religião deixando todas as alfayas do
feu uzo, fugio ocultamente para a Cidade
de Pefaro onde efperava viver feguramente
protegido com a authoridade do Duque
I
JI
L USITAN A.
129
Ue Urhino Guido Ubaldino, porem vcndo-fc
fruílriulo da fua efperança fc refugiou em The-
i.ilonica Cidaile de Macedónia íogeita ao Im-
iperio Ottomano, em cuja Synagoga, abjurada
a Fé clc Chriílí), profcíTou publicamente o Ju-
daifmo onde quaíi de fcírcnia annos infeliz-
icntc morrco de pcíle em 21. de Janeiro
Ic- 1 568. a cuja memoria lhe fez Flávio Jacobo
I borcnfe feu comtcmporaneo o feguinte epi-
ilto.
>/// /ofies JutjentetN animam fiflebat in agro
Cor por e, iMhais aiit revocabat aquis.
( ,ratiis oh id populis, ZP' magnis regihtis aque,
Hic jactt; bane moriens prejftt Ama tus hu-
mtim.
\ iifilana domas: Macedsim telhtre Jepidchrn
Qiiam prociã à pátrio condi titr iile Joio \
\t ciim Jtimma dies, faíalis €>• appetit hora
Ad Jljga, <Ò' ad Manes undiq prona via ejl.
D. Fr. Thomc de Faria nas fuás Décadas,
c Vicente da Cofta no Difcurfo contra a perfídia
herética foi. 64. \P. efcrcvem que Amato fora
em Conílantinopla Phyfico mòr do Graõ
Turco, cuja noticia como naõ he relatada por
cfcritor eftranho, naò me atrevo a affirmalla
por certa; fendo infallivel, que fe Amato naõ
feguira os delírios da Synagoga, feria nume-
pÁo entre os mayores profeíTores da arte
Ikíedica, como o numeraò Jufto in Chronol.
Med. Petr. Caílellan. in Vit. llltiftr. Medic.
pag. 245. Zacut. Lufit. in Hijl. Princip. Med.
lib. 2. hift. 85. quícíl. 46. Joan. Ant. Vander
Linden in Script. Med. Georg. Abraham. Mer-
cklin. in l^ind. Renov. Taxand. in Cathal. Ciar.
m/p. Script. Draudius Biblioth. in Claf. Med.
Partolocci Bib. Rabin. Part. i. pag. 368. n. 268.
Nicol. Ant. in Bib. Hifp. tom. i. pag. 50.
Joan. Klefekerus in Biblioth. Erudit. Pracoc.
pag. 5. Wolfio in Bib. Hebrac. pag. 200. &
pag. 1015. lhe chzmz fcriptis inclifus. Bafnag.
HiJl. es Juifs tom. 5 . cap. 34. un des plus habiles
^»mmes de Jon feecle Joan. Soar. de Brito in
Theatr. 'Lufit. Litterat. let. A. n. 29. Medicus
fmt infignis, <& in morbis prajertim depelèdis
maxime Jortimatus, e Franc. de Sant. Mar.
Amo Hifior. e Diar. Portug. pag. loi. Morery
Diccion. Hifloriqne letr. A. Compoz.
Index Diofcoridis, five hiftoriaks Campi,
txagemataqiie fimplicium, atque eorumdem colla-
Hones ctim iis, qua in Officinis habenttir, ne dum
Medias, et Myropoliorum Seplafiariis, fed hona-
rum artiitm fiiidiofijjwiis perqnam nectffarium opus.
Antuerpíx apud Víduam Martini Gefarís
1)56. in foi. Efta obra foy publicada com o
nome de Joaò Rodriguez de Caílellobranco,
as feguintes com o de Amato. Neíle livro
explica os nomes de todos os fimples em varias
linguas, como faò Portugueza» GUlelhana,
Germânica, I'ranceza, e Italiana, fazendo
juifo em cada capitulo das taes plantas, e
Hmples.
In Diofcoridis Anav^arhai de Medica matéria
librum quinque ennarrationes eruditijfíma. Ve-
netiis apud Gualterum Scotum 155). 4. &
ibi apud Jordanum Zilettum 1577. 4. Argen-
torati apud Wendelinum Rihelium 1554.
et 156). 4. Lugduni apud Víduam Baltha-
zaris Arnolettí 1558. 8. et apud Mathxum
Bonhome 1558. 8. cum annotationihus Koherti
Conftantini, et fimplicium piãuris ex Fufchio, et
Dalechampio.
Curationum medicinalium centúria feptem va-
ria, multiplicique rerum cognitione referta quihus
pramiffa efi commentatio de introitu mediei ad
agro t ant em, de crifi, (& diebus decretoriis. Sahíraõ
todas juntas Burdígalae apud Gílbertum Ver-
noy 1620. 4. Geneva; apud Jacobum Petrum
Chovet. 1621. 4. Barcinone 1628. foi. Fran-
cof. 1646. foi. Venetiis fumptíbus Francifcí
Stortí. 1654. 12. Pariíiís 161 7. 3. Tom.
Deílas Centúrias fahiraõ feparadamente a
I . com o tratado de introitu Mediei (&c. Flo-
rentiae apud Torrentinum. 1551. 8. e a 2. na
qual fe defcreve mais largamente o methodo
como deve fer preparado o páo da China
para fe beber. Venetiis apud Valgriíium.
1552. Deíla obra faz mençaõ o novo Addi-
cionador da Bib. Occid. de António de Leaõ.
Tom. 2. col, 889. Eílas duas Centúrias fahiraõ
também feparadamente Lugduni apud Rovi-
lium. 1680. 12. et Pariiiis apud Francifcum
Bartholam. 1554. 12. A Centúria 3. e 4. Lugd.
apud Rovilium. 1580. 12. et Lugd. apud Joan.
Franc. de Gabiano. 1556. 12. As primeiras
quatro Centvirias Baíilese. 1556. 8. A Cen-
túria 5. e 6. na ultima das quaes fe con-
tem colloquium de curandis capitis vulnerihus.
Venetiis. 1566. et Lugduni apud Rovilium.
1580. 8.
A 7. Centúria, a qual como efcreve Júlio
M
i3o
BIB LIO THECA
Bartolocci foy acabada em Theflalonica no
anno do mundo 5319. e no de Chrifto 1559.
foy primeiramente impreíTa Venetiis apud
Valgriíium. 1566. depois Lugduni apud Ro-
vilium. 1570. 12.
Perdeo quando fugio de Ancona como elle
mefmo relata na Dedicatória da Centúria ultima
Curation. 12. 29. e 79.
Commentaria in Quartum Fen. lib. i. Avi-
ceruB.
Aos quaes fervia de prefação o texto do
mefmo Avicena fielmente tradufido por Jacobo
Mantino, e naõ fomente reviílo por Amato,
mas vertido por elle em Latim mais puro.
Traduzio na lingua Caftelhana, e dedicou
a Jacobo Naffinio Judeo, como efcreve Nicol.
Ant. in Bib. Hifp.
La Hijioria de EMfropio.
Fr. AMBRÓSIO DOS ANJOS ReHgiofo
Eremita de Santo Agoílinho, e celebre ope-
rário Evangélico no Reyno de Gorgiftaõ
habitado de innumeravel multidão de fcif-
maticos, para cuja reducçaõ por fer muito
erudito na lingua Perfiana, e Turquefca, foy
mandado pelo Arcebifpo de Goa, efcreveo
o fucceíTo defta expedição em huma.
Carta ejcrita de Gorgiftaõ em 29. de Junho
de 1628. ao Vigário 'Provincial dos Eremitas
de Santo Agoftinho Sahio impreíía na Breve
Kelac. das Chrijlandades, que os Keligiofos de
Santo A.goJiinho tem à fua conta nas partes do
Oriente Lisboa por António Alvares. 1630. 8.
desde folhas 57. até 77.
Carta em que relata a Mijfaõ, que os Reli-
gio/os Agojiinhos fi^eraõ no anno de 16 16. em o
Rejno de Gorgijlaõ. M. S. foi. guardafe na Bib.
delRey Catholico, como refere a Bib. Orient.
de António de Leon novamente acrecentada
tom. I. tit. 4. col. 82.
Breve Relação do martyrio da Rainha Ga-
tivanda executado em 25. de Setembro de 1624.
M. S. Confervafe na Livraria do Convento
de N. Senhora da Graça de Lifboa, da qual
grande parte eftá impreíTa na Relação das
Chriftandades, de que aíTima fe fez men-
ção.
Ainda que o Xá Abbas Rey da Perfia
mandou matar a efla Rainha, por naõ que-
rer abraçar a ley de Mafoma, como naõ
coníla evidentemente, que abjuraíTe o fcif-
ma, que profeíTava, poílo que deo grandes
íinaes de obediência à Igreja Romana, naõ
fe pôde verdadeiramente chamar martyr por
Chrifto.
Fr. AMBRÓSIO BAPTISTA filho da
preclariíTima Ordem Premõftratenfe, nume-
rado entre os Authores Portuguezes pelo dili-
gentiíTimo inveíligador das noticias perten-
centes a efte Reyno, Jorge Cardofo, a cuja
afleveraçaõ naõ repugna o filencio de Ni-
colao António na Bib. Hifp. Tom. i.
p. 50. acerca da fua pátria, e fomente de-
clarando a obra feguinte, que compoz cm
Caftelhano.
Difcurfo delas miferias dela vida y calami-
dades dela Religion Catholica. Madrid en la
Officina Real. 1635. 4.
AMBRÓSIO CARDOSO DE ABREU.
Natural da Villa de Callello Branco, no Bif-
pado da Guarda, filho do Licêciado Leo-
nardo Nunez Cardofo, e de fua mulher Ifabel
Francofa de Siqueira. Foy Doutor nos Sa-
grados Cânones pela Univerfidade de Coim-
bra, Protonotario Apoílolico, Prior da Paro-
chial Igreja de Santo André, da fua pátria.
Cónego eleito de Ley ria, cuja infigne doutrina,
fevero juifo, e piedade Catholica teílemunhou
em huma elegante carta a elle efcrita em Lisboa
a 15. de Mayo de 1622. inferta na obra, de
que logo fe fará memoria, o IlluílriíTmio Vi-
cente Landinello Bifpo Albenganenfe, e Col-
leitor com poderes de Núncio Apoílolico
neítes Reynos, onde lhe exalta o heróico zelo,
com que acerrimamente defendia a immu-
nidade Ecclefiaítica. Por deligencia de feu
Irmaõ Fr. Agoílinho Cardofo Religiofo Tri-
nitario, e Meílre em Theologia, e Procurador
Geral da fua Ordem em Roma, fahio.
Allegatio júris pro interdigo Ecclejiajlico,
cui Juppojita fuerat Ulyjftpo cum additamentis
pro tributis perfonis Ecclejiajiicis non imponen-
dis. Romãs apud Jacobum Mafcardum 1623.
4. grande, et UlyíTipone 1627. 4.
Eíla obra agradou tanto à Santidade de
Paulo V. a cujo nome fora dedicada, que
mandou guardar hum exemplar na Biblio-
theca do Vaticano, onde exiíle n. 5919. como
LUSITANA.
i3i
:iffirma Montfaucon in Bib. BibJiotbecar. Aí.
V. mva Tom. i. pag. 141. col. i. c cx-
prcllar ao Author a cílimaçau, que delle
iizera por feu fobrinho o Cardial Burgheíi
(oiHccIcndolhc para eterno teftemunho da
l)( ii> v(jlcncia cõ que a aceitara, a graça perpe-
iii.i ^c hum altar privilegiado na Parochia de
mu ) Aiidrc-, da qual era Prior. Naõ foy menor
.i cninia(;a(>, c|uc fez da fua peíToa o Gurdial
Branclino louvaiulolhc cm huma carta, que lhe
cfcrcvco, as luas r.ramks letras, e eíludos em-
pregados cm ubícquio da Igreja. Q>mpoz mais.
Kt:(pens feitas na cauja da impofi^aò dos w-
tibos. Madrid 1620. 4.
Fr. AMBRÓSIO DA CONCEIÇAM.
Nacco no lugar de Villarinho fituado no
termo da Villa de Efgucira do Bifpado de
Coimbra, onde teve por Pays a Joaõ Rodri-
gues Graçaõ, e a Pafchoa Luiz Pacheco.
Kccebco o habito Seráfico da reformada Pro-
víncia de Santo António no Convento da
Caílanheira, e profeíTou folemnemente a 8. de
Dezembro de 171 2. Por diverfas vezes foy
eleito Guardião, cujo miniílerio dezempenhou
com grande fatisfaçaõ dos feus fubditos,
naõ fendo menor o credito, que tem alcan-
I fado o feu talento no exercido do Púlpito,
de que deo por primícias ao publico.
Sermão em acçaõ de Graças a Noffa Senhora
ios Poderes pela exaltação do Senhor D. Jo^^é ao
Trono da Sé de Braga Lisboa por Miguel Rodri-
gues ImpreíTor do Emmínent. Card. Patriar-
cha 1739. 4.
Fr. AMBRÓSIO DE JESUS. Naceo
na Cidade de Coimbra fendo filho de António
da Sylva Soares Secretario da Univeríidade
da fua pátria. O nome que fe lhe impoz no
Bautifmo, foy certo prognoílico da fuavi-
dade do génio, innocencia da vida, e pro-
fundidade de talento, com que a graça, e
a natureza abundantemente o dotáraõ, de
cujos íingulares dotes foy theatro a Seráfica
Província de Portugal profeíTando o feu fa-
grado, e auftero iníUtuto, onde depois de fer
Guardião do Convento de Lisboa, naõ fo-
mente foy elevado a Provincial a 27. de Junho
de 1 610. fendo huma das mais notáveis acçoens
do feu governo a trafladaçaõ, que fez no
Convento de Alaoquer das veneráveis relí-
quias do Santo Fr. Zacharias feu Fundador,
mas exercitar em o anno de 161 5. o lugar de
Cominario geral nefte Reyno, e Tuas Conquíílas.
Chegando á noticia de Felippe II. de Portu-
gal a £una das fuás letras, de que dera illuAres
argumentos no Capitulo Geral celebrado em
Roma no anno de 161 2. o nomeou Bifpo
de Saõ Thomé, de cuja dignidade humilde-
mente fe efcufou, e para que fe naõ imagi-
naíTe, que eíla repulfa era caufada pelo temor
do mar, ou amor da pátria, fe embarcou para
a Ilha da Madeira, e no Convento de S. Ber-
nardino livre, e defembaraçado de governos
gaílava todo o tempo na contemplação da
eternidade. Paífados alguns annos voltou
para o Convento de Lisboa, onde exerci-
tando com grande exacçaõ as virtudes, que
prafticara por toda a vida, paíTou à eterna
em o anno de 1627. Fazem memoria das fuás
acçoens Fr. Fernand. da Soledad. Hiftor.
Seraf. da Prov. de Portug. Part. 5. liv. 2. cap. 29.
n. 456. e Fr. Joan. à Sanéto António in Bib.
Francifc. Tom. i. pag. 58. Publicou os Ser-
moens feguintes.
Sermão pregado no Capitulo geral dedicado a D.
Femaõ Martins Mafcarenhas Bifpo do Algarve, e In-
quifídor Geral lAsho2i por Pedro Crasbeeck 1608.
4. e em Roma antes da impreííaõ de Lisboa.
Sermão feito no Auto da Fé de Coimbra no
Domingo do Jui^o em 28. de Novembro de 1621.
Lisboa por Pedro Crasbeek. 1621. 4.
AMBRÓSIO MACílADO DE ABREU
Vejafe D. JOZE BARBOSA.
D. AMBRÓSIO DE MELLO, a quem
D. Gabriel Pennoto in Hiflor. T ripar t. Ord.
Can. Keg. Ub. 2. cap. 61. por engano lhe chama
D. Anfelmo. Naceo em Lisboa, e recebeo o
habito de Cónego Regular de S. Agoftinho no
Real Convento de Santa Cruz de Coimbra.
Foy taõ douto no Direito Canónico, como
obfervante da difciplina regular, merecendo
por eílas partes fer eleito no Capitulo cele-
brado no anno de 1554. Vicereytor do Colle-
gio de S. Agoitínho, que nefte tempo eHava
entre os Clauílros do Convento de Santa
Cruz. Pelo devoto affeâo, que tinha a Saõ
Theotonio, fe fez digno de que lhe revelafle
l32
B IB LIO THE CA
o dia da fua morte, que foy a 24. de Julho
de 1557. Compoz
Conftituiçoens da Congregação de Santa Crui^
de Coimbra depois da reformação de/Rey D. Joaõ
o III. apontando pellas margens todos os lu-
gares, e textos de Direito Canónico, como diz
D. Nicol. de Santa Maria na Chron. dos Coneg.
Keg. Part. 2. liv. 10. cap. 12. n. 10. Compoz
mais obrigado do preceito dos Prelados.
Conftituiçoens para o Collegio de Santo AgoJ-
tinho.
AMBRÓSIO NUNES natural de Lisboa,
filho de Leonardo Nunes Phyfico mór. Fi-
dalgo da Cafa Real, Cavalleiro profeíTo da
Ordem de Chriílo, que recebeo a 19. de Fe-
vereiro de 1546. e de D. Leonor Coronel
Irmaõ de Fr. Gregório Nunes Coronel infigne
Theologo, e Secretario das Controveríias,
que houve entre os Dominicos, e Jefuitas
fobre a matéria de Auxiliis no de 1602. de
quem em feu lugar fe fará diftinta memoria.
Foy Cavalleiro da Ordem militar de Chriílo,
cujo engenho fendo na idade juvenil conhecido
por ElRey D. Joaõ o IIL o mandou eíludar
Medicina à Univerfidade de Coimbra, e o
fuftentou com largo eftipendio, até que recebeo
a borla Doutoral neíla faculdade, onde leo a
Cadeira de Vacaçoens no anno de 1535.
Quando efperava a Univeríidade colher mayor
fruto da fua profunda fciencia fe retirou para
Salamanca, onde primeiramente chegou a fa-
ma do feu nome, que a fua PeíToa, e logo foy
provido em huma Cadeira de Medicina, da
qual foy fubindo pelo efpaço de vinte, e féis
annos até à de Prima com igual credito do feu
talento, como univerfal acclamaçaõ dos feus
ouvintes. A nunca interrupta continuação
defte litterario exercício o fez contrahir algu-
mas moleílias, que fe faziaõ mais graves pelo
numero dos annos, por cuja caufa deixou as
Cadeiras, e importunado dos rogos dos mora-
dores de Madrid, Sevilha, e outras terras
circumvizinhas, fe occupou em curar os enfer-
mos com taõ feliz fucceíTo, que naõ havia
doença por mais perigofa, e inveterada, que
foíle, que naõ cedeíTe à efficacia dos feus remé-
dios. Dezejozo de limar, e imprimir as Dou-
trinas, que tinha diftado, fe refolveo voltar
para a pátria, onde foy nomeado por ElRey
Medico da fua Camará, e Cirurgião mór, em
cujos miniílerios obrou taes curas, que pare-
ciaõ fuperiores às forças da natureza. Morreo
em Lisboa a 1 1 . de Abril de 1 6 1 1 . com outenta,
e cinco annos de idade. lintre os mais infignes
profeíTores da Medicina he louvado por Joaõ
António VanderLindem in Script. Medic.
Jorge Abrah. Mercklin. in Lind. Renovai.
Draudius in Bibliothec. ClaJJic. Nicol. Ant. in
Hifpan. Tom. i. pag. 54. D. Franc. Manoel
na Cart. dos Autor. Portug. que he a i. da 4.
Centúria das fuás cartas. Franc. de Santa Ma-
ria Ann. Hijior. e Diário Portug. pag. 462.
Zacut. lib. 3. Hiji. 24. Quseft. 35. et in
Prax. Medic. lib. 3. Obferv. 117. chamando-
Ihe doãijfimum. Garcia Lopes in Comment.
Var. Rei Med. Left. cap. 26. Veneran-
dus, et omni laude quidem dignus D. Doãor
Ambrofms Nonius, quem audio jam ad vejper-
tina kãionis Medicina múnus eveãum ejje, ad
quod meritijfimum pramium, licet jure óptimo
omnium bonorum Juffragiis vocatus effet, plurimum
ipfe latatus fum quod plurimum illum amave-
rim propter innumeras ejus animi dotes, pracla-
ras etiam virtutes, quibus non folum meritó a
me colendus, (& ampleãendus effe debuit, qui-
bus non adjungerem etiam incredibilem, et ra-
ram in litterarum Jiudiis eruditionem ob quam
pluris, quam alii à me faciendus ejl. Com-
poz.
Tratado repartido em cinco partes princi-
pales, que declaran el mal, que Jignifica efie nom-
bre Pefte, con todas Jus caujas, j fenales, prognof-
ticos, y indicativos dei mal con la prejervacion,
y cura, que en general, y en particular fe deve
ha^er. Coimbra por Diogo Gomes de Lou-
reiro 1601. 4. e Madrid 1648. 4.
Ennarrationes in priores três libros Apho-
rifmorum Hypocratis cum paraphrafi ad commen-
tar. Galeni. Conimbricae apud Didacum
Gomes Loureiro 1603. foi. No privilegio
Real, que eílá impreíTo neíla obra, fe
concedia licença para imprimir os Commen-
tos aos fete livros dos Aforifmos, donde
fe colhe que os quatro livros que fe naõ
imprimirão, eftavaõ promptos para fahirem
à luz publica. Também tinha prompto,
como affirma na Prefação do Tratado da
Pefte.
Antidotarium.
r I
LUSITANA.
i33
É cm outra parte prometia hum Tratado.
^. Dt Ptilfibiis.
\\ AMBRÓSIO PIRUS Jefuita. Partio
(Ic Lisboa com o Padre Luiz da Graá em 8.
(Ic Mayo de ij jj. c a 15. de Junho do mcfmo
Kino chegou á Bahia, donde foy mandado
pclio apoÃolico efpirito do Padre Manoel da
Nóbrega iníignc MiíTionario da America á
«ultura clpiritual do Porto íeguro. Nefta
inha fe empregou com incrivel trabalho
pacificando ânimos difcordes, e reduzindo
conçoens obílinados. De tudo quanto tinha
obrado neíla MiíTaõ fez huma
Carta ao Padre Geral efcrita da Bahia em
1 5 . </f Jimbo de 1555. a qual fahio com outras
na lingua Italiana. Vcnctia por Miguel Tra-
mczino 1559. 8'
DcUc falia muito brevemente o Padre
Simaõ de Vafconcellos Chron. da Comp. de
jefus no EJiado do Brafil liv. i. n. 134. e 140.
ij^ P. ANASTASIO DUARTE. Naceo em
I^Kísboa, e teve por Pays a Luiz Duarte, e
^■Francifca do Efpirito Santo. Entrou na Con-
I^BMaçaõ do Oratório de S. Filippe Neri
■Tafua pátria ao i. de Novembro de 171 6.
Com o fupofto nome de Álvaro Sabino do
iXpirito Santo publicou.
Novena da Senhora da Oliveira. Lisboa
por António Pedrozo Galraõ 1721. 16.
Vida de S. Francifco de Sales 4. M. S. que
III brevemente fahirá a luz.
P. ANASTASIO GOMES filho de Ma-
thias Gonçalvez, e Natália Gomez feme-
Ihante ao precedente aíTim na pátria, que
lhe deo a natureza, como no inílituto de
Congregado, que devotamente abraçou na
Congregação da Villa de Eftremoz a 14. de
Fevereiro de 171 3. Depois de acabar os Eíhi-
dos efcholaíUcos em que deu claros argumentos
da viveza do feu engenho, naõ foraõ infe-
riores os da piedade, e ternura do feu coração
em a obra, que imprimio com o aíFeótado
nome do Padre Simaõ Góes da Santa, cujo
titulo he o feguinte.
Monte de Mjrrha . ou amarguras do Calvário
ponderadas em nove principaes tormentos dos que pa-
deceo JESUS Chrijio Crucificado Lisboa 1738. 12.
Ff. ANASTASIO DE LINHARES
cujo appclído tomou da Vilia, onde na-
ceo fituada na Província da Beira. Rcce-
beo o Habito Monacal no Convento de
Aguiar da Congregação Cífterdenfe. Flo-
receo pelos annos de 1400. Foy muito douto
na liçaò da Efcritura, como o teílcmunha
a obra, que íe conferva Aí. S. no Real
Convento de Alcobaça, cujo titulo he o fe-
guinte.
íixpofitio moralis in Jex alas Seraphim
l/aia.
ANDRÉ DE ALBUQUERQUE RIBA-
FRIA, Alcayde mòr de Cintra, e Commen-
dador de Saõ Mamede de Sortes na Ordem
de Chrifto naceo na Villa de Cintra a 21. de
Mayo de 1621. fendo feus illuftres Pays
Gafpar de Albuquerque, e D. Angela de No-
ronha filha de D. Pedro Lobo, e D. Brites
da Sylveira. Foy VaraÒ de extraordinários dotes
do corpo, e do efpirito, galhardo na prejença,
fuave na converfaçaõ, affavel no trato, difcreto
Jem malicia, valente Jem ruido, virtuojo fem in-
venção, de religiofa obfervancia nas leys milita-
res, de profunda inteireza na jujliça, de fingular
confiancia no bem, e no mal, fas^ia-fe amar,
Ja^ia-Je temer; mas nem para grangear a ajeiçaõ
unhava de afagos, nem para Jegurar o temor fe
valia dos cafligos. Dif punha com fuavidaãe, obrava
fem efirondo, executava com acerto. Foj nelle o
valor mais naturet^a, que qualidade, fendo fem-
pre taÕ Senhor do animo nos majores perigos,
que parecia infenfibilidade, o que era confiancia.
Teve o ferviço do feu R^ por vida, e por re-
galo, e em de^^anove annos contínuos fó duas vev^es
o vio a Corte hofpede. Foy Soldado, foy Capitão,
foy Mejlre de Campo, foy General da artilharia.
General da Cavallaria, e Mejlre de Campo Ge-
neral, fendo fempre taõ fubdito, como Cabo;
ninguém foube melhor obedecer, ninguém foube
melhor mandar. A eíle elegante Elogio, que
lhe confagrou a difcreta pena do Doutor
António Barbofa Bacelar, pelo qual fe co-
nhece claramente o carafter da fua PeíToa,
correfponde outro naõ inferior na elegância,
que lhe dedicou à fua memoria o Padre Ma-
noel Luiz in Vit. Princip. Theodojii lib. 2.
cap. II. n. 130. Andreas A.lbuquercius Cintret
areis prafeãtis militari virtute, çif peritiá in paucir
i34
BIBLIO THEC A
<;larus: is à prima pojl regiam acclamatio-
nem die ad arma conclamatum eji ex pulvere
Vlyjfiponenji Htterario ad helHcum raptim pro-
Jiliens ea Elviis jecit glorio/a militics fundamenta,
qucB nemo ad id tempiis aut plurihus auxií incre-
mentis, aut illujlribus rerum praclare gejiarum
monumentis ad fummum bellica gloria apicem
/iltiits evexit. Idem manu promptus, conjilio vali-
dus, animo non minas tranquillo, quam audaci,
planeque generofo in oppidorum, <& arcium expugna-
tione nulli Jecundus in aciem procedere inter pofire-
mos, <Ò' pralio excedere. Ita denique in omnibus
Jlrenue fe gerere, ut frequentibus de illo encomiis
iMJitanaJape Aula {quodaulicis rarum) perfonaret.
Sendo efte infigne Heróe taõ grande na vida,
o naõ foy menor em a morte infauftamente
fuccedida em 14. de Janeiro de 1659. cujo dia
fera igualmente gloriofo, e lamentável nos
faftos de Portugal. A o tempo, que furiofa-
mente na Campanha de Elvas fe eftava com-
batendo o exercito Portuguez com o Cafte-
Ihano fuperior àquelle naõ fomente em o nu-
mero, mas ainda na fttuaçaõ, advertio como
vigilante General que hum Regimento come-
çava a retroceder, e para que fe naõ deixaíle
poíluir de huma paixaõ taõ indecorofa à fua
Teputaçaõ fe meteo intrepidamente pelo meyo
■delle, quando querendo a fortuna vender a
Portugal por taõ cuftofo preço a vitoria, ou
fendo chegado o tempo de fe remunerarem
os feus heróicos merecimentos com huma
coroa immortal, foy atraveíTado pelo peito
com huma bala, ficando por algum efpaço
immovel aquelle generofo efpirito naõ que-
rendo feparar-fe do corpo, até que naõ viííe
completamente alcançada a vitoria, a cuja
memorável acçaõ lhe cantou os epinicios a
Mufa elegante do Padre Jerónimo Petrucci
Meftre de Rhetorica no Collegio Romano
neíle agudo epigrama.
L,ujiadum hinc acies, illinc Mavortis Iberi
Agmina contukrant Janguinoknta manus.
Anceps pugna diu prior Alhuquerqus Iberos,
Valladis armatos fulmine fudit equos.
Illius adfulmen viãoria plena fecuta efl:
Hofles prcBcipitem corripuére fugam.
Infequitur prófugos Machabaus ut alter: <& hoflem
Dum premit, opreffo viãor ab hofie cadit.
Nec priUs ille cadit, quam Numine plena ca-
dentis
Ora triumphales infonuére modos.
Vicimus, et cadimus. Fugientem vidimus hof-
tem
Nos cadimus, cadimus quam benel Pátria
flat.
"Libera morte mea, mea Lufitania vives
Morte mea vivis, pátria: non morior.
Os elogios que à immortal fama deftc.
Marte Portuguez dedicarão vários engenhos,
fe podem ler em o feu Panegyriíla Joaõ de
Medeiros Corrêa, que delles fez huma colleçaõ,
a qual fahio impreífa em Lisboa por Domin-
gos Carneiro 1661. 4. Semelhantes louvores
efcreveraõ em obfequio da fua memoria
o Conde da Ericeira D. LuÍ2 de Menezes
Portug. Kefiaur. Part. 2. liv. 4. pag. 213. o
Senhor de Cochon Truel, alias Duarte Ribeiro
de Macedo, nas Advert. às Addicoens ao Padre
Marian. pag. 195. Varon de altas prendas
que caminava a igualar-fe con los majores Heroes,
que celebra la Fama heróica, j que hit^o a los Portu-
gueses cojlofo el vencimiento. Franc. de Santa
Mar. Ann. Hiflor. Diar. Portug. pag. 76. Será
immortal nos Annaes Portugueses a gloria do
feu nome. Franc. Brandan. Ifior. delia Guer. de
Portugal. Part. 2. pag. 216. O P. D. Ant. Caeta-
no de Souf. Hifi. Gen. da Caf. Real de Portug.
Tom. I. pag. 250. Hum dos mais valerofos, e
f cientes Generaes do feu tempo. Certamente fora
igual a Cefar André de Albuquerque, fe como
elle efcrevera as fuás heróicas façanhas das
quaes publicou a menor parte mandando ao
SereniíTimo Rey D. Joaõ o IV.
Relação hiflorica da viãoria alcançada entre
Arronches, e Affumar em %. de Novembro
de 1653. Lisboa na Officina Crasbeekiana
1653 4.
D. ANDRÉ DE ALMADA natural de
Lisboa, ou do lugar do Pombalinho fituado
entre Condeixa, e o Pombal. Foy filho de
D. Antaõ Soares de Almada fegundo deJle
nome, e D. Vicencia de Caftro. A natureza
o ornou de génio feílival, e urbano ; de engenho
agudo, e perfpicaz; de juizo profundo, e dif-
creto, de animo generofo, e capaz de emprezas
grandes. Admiráveis foraõ os progreíTos,
que fez a fua grande comprehenfaõ nas letras
humanas, Filofofia, Geografia, e Mathema-
tica, fendo ainda mayores os que manifeítou
L USITANA.
i35
O. feu talento na faculdade dfl Theologia, na
qpl com applauTo de todos os Académicos
Qmimbriceaíes recebeo as infignias doutotaes
i^dbindo por uniforme voto de todos no anno
de x6o8. a ler a Cadeira de Gabriel, donde
|Éflbu em 1615. à de Efcoto, e ultimamente
em 1615. à de Vefpera, na qual duas vezes
jubiluu; a primeira no anno de 1628. e a z. no
Iafuio de 1641. naõ chegando à de Prima por
it nefte tempo proprietária delia a Ordem
íê Pregadores. Era taõ venerada a fua fcien-
^ que nunca teve oppofítor ás Cadeiras,
que rcgcntou, por naõ haver quem ncílcs com-
bates litterarios lhe dirputaííe a vitoria, fendo
taõ prompto para arguir, como para refponder
às mayores dificuldades. Foy perpetuo De-
cano da Univcrfidadc, a qual governou com
poderes de Reformador dcfde o anno de
1638. até 1640. A mayor parte da fua vida
M iuibitou no Real Collegio de S. Paulo, de que
' Toy Porcionifta deixandolhe em final de affedlo,
ii;radecido a taõ erudita Sociedade, a fua copio-
IAí, e feleâa Livraria. Entre os infignes Cathe-
■taticos, que ornavaõ a Univcrfidadc, foy
"Beyto para efcrever ao Summo Paílor fupli-
indo-Ihe em nome de taõ illuftre Academia
a definição do immaculado Myfterio da Con-
ceição da Senhora. Reformou juntamente
com D. Álvaro da Cofta, que foy Reytor da
Univcrfidadc o Collegio de S. Pedro. Mere-
ceo as eílimaçoens dos Príncipes, e dos mayores
Letrados daquella idade, fendo entre elles o
principal o Doutor Eximio o Padre Francifco
Suares Granatenfe, antigamente feu Meílre,
, I e depois companheiro no magiílerio da Uni-
1^ verfidade. A fama da fua fabedoria era taõ
I grande, que fahindo dos limites do Reyno,
fe dilatou por toda a Europa dedicandofe-lhe
ao feu nome em Flandes vários Mappas.
Cheyo de annos, e muito mais de merecimen-
, tos, morreo no Real Collegio de S. Paulo de
1 Coimbra a 29. de Novembro de 1642. a cujo
nome ainda faudofa, e reverente a mocidade
cftudiofa da Univerfidade o intitula o Senhor
D. André de Almada, como elegantemente
cfcreveo o lUuílrifiimo Bifpo do Porto D. Fer-
nando Corrêa de Lacerda na H//?. da Vida de
Santa I:(abel Kajnha de Portugal, pag. 357.
D. André de Almada L^nte de Vejpera de Theo-
loffa na Univerfidade, bem conhecido em EMropa
por fuás excellenies virtudes, eminentes letras, e
fin^lar di/criçaõ, a quem o efiuMofo ref peito ainda
nomea por Senhor em veneração do feu mereci-
mento. Dcllc fazem honorifica mençaõ Jozé
Maííeo in vi ta Magfti Soarij Granai, cap. 2).
Seraphin. de Freitas in addit. ad Traã. de Con-
fef. Sollicit. ad Quacft. 17. n. 15. Ob doãrirut
eminentiam vir ad maiora natus. Fr. Fraoc à
D. Aug. Maced. in 2. Sent. di/Ter. 5. collat. 9.
Se£l. 4. §. 2. illuflrijftmus pariter et doãijjimus.
Franc. Valafc. de Gouvea Allegac. pelo Duque
de Aveiro n. 5j6. cujas letras, e eminência pela
qualidade delias, e de feu illufire fangue fdõ conhe-
cidas em toda a lluropa. D. Rodrigo da Cunha
de Confeffar. Sollic. quxft. 4. n. 10. Quem illufire
genus, Theologia fpeculatio illufirem fecit. c na
Hifi. Ecclef. de Brag. Part. 2. cap. 106. cha-
mando-lhe Credito de toda Efpanha. E no Catai,
dos Bifp. do Porto 2. Part. cap. 42. Loç da Theo-
logia. Joan. Suar. de Brito in Theatr. Ljdfit,
Litter. Lit. A. n. 32. Vir fplendore natalium, ef
doãrina claritate infignis fiatura fuit fupra medio-
crem hahitudinem media, oculis cafiis, ore pleno,,
rotundoque, colore cândido. D. Nicol. de Santa
Mar. Cron. dos Coneg. Keg. Part. 2. fiv. 10.
cap. 29. n. 23. Grande Mefire. Miguel Pinta
de Soufa: Mufa in Theodofium lib. 2. pag. 95. v.®.
Andréas quem Palladio Conimhrica dorfo
Doãorem eximium veneratur.
Fr. Leaõ de Santo Thom. Bened. hufit.
Tom. 2. Trat. 2. part. ult. pag. 439. Pejfoa
muito illufire, e digna de celebre memoria nefias
Efcolas. Jacob. Philip. Thomas. Annal Can.
fecul pag. 175 Doãor celeberrimus. Fr. Fernand.
da Soledad. Hifi. Seraf. da Prov. de Portug.
Part. 5. liv. 4. cap. 33. n. 11 64. Famofo. e na
Part. 4. liv. 3. c. 13. n. 552. Coluna da Theologia,
e meu Irmaõ D. Jozé Barbofa Chron. de
Sereniflima Cafa de Bragança, e Académico
Real nas Memorias hifioric. do Colleg. Real de
S. Paul. p, 265. e no Archiathan. Lufit,
pag. 77-
Arte etiam quandoque facrá miracula florent,
Unum erit egregius totó, c5>* mirandus in Orbe
Andraas Almada vetus cognomen habebit.
Cõfpiciet Cathedras Academia doãa regètê,
Audebit que viro nemo fe opponere tanto.
Qua loca íerrarum Cali fpeculatur et afira
Andraam reddet celebrata fcienfia nofum:
Credere non dubites, dicet gens Bélgica, àicet.
t36
BIB LIO THE CA
Integritas Almada Pefri Venerabile coget
Conventum mores tterum Jervare vetuftos.
Ergo cum vita fuerit defunãus, amatiim
Ditabit ccetum lihrorum copia, Jumptu
^QueBJita eximio, magnoque parata labore.
Compo2.
De Incarnatione . Deíle tratado eílavaõ já
impreíTas 450. paginas in foi. do qual vimos
hum exemplar, que fe conferva na grande
Bibliotheca do ExcellentiíTimo Conde da Eri-
ceira, e outro fe guarda no Collegio de Coim-
bra dos Religiofos Trinos. Naõ fe acabou
a impreíTaõ deíle livro por fe acabar a vida ao
feu Author, de cuja obra faz diílinéla memo-
ria a Magna Bibliothec. Ecclejiajl. pag. 337. col. 2.
De Triplici Scientia anima Chriji. M. S.
in foi.
ANDRÉ AFFONSO PEYXOTO natu-
ral da Villa de Guimaraens, na Provincia de
Entre Douro, e Minho filho de Gregório
Rebello, e Ifabel Peixoto, e herdeiro igual-
mente da riqueza da fua Cafa, como da antigua
nobreza da fua geração. Todo o feu difvelo
naõ foy augmentar as rendas, que poífuia,
mas examinar os mais occultos monumentos
■das antiguidades Portuguezas. Para efte fim
naõ perdoou a género algum de trabalho,
ou difpendio, pois ou aíTiílindo em cafa, ou
peregrinando pelo Reyno, fe applicou na invef-
tigaçaõ das infcripçoens gravadas nos bronzes,
ou aberta nos mármores, e no exame dos Car-
tórios das Igrejas, e Archivos dos Conventos
reduzindo tudo quanto defcobria a fua in-
canfavel inveítigaçaõ, que era conducente ao
intento do feu eíludo, a diverfos livros, que
por fua própria maõ efcrevia. Deíle litterario
trabalho naceo o illuílrar muitas Famílias
deíle Reyno, que tinhaõ fido principiadas
por D. Pedro Conde de Barcellos, ajuntando
outras de que fez vários volumes, que eílavaõ
promptos para a impreííaõ. Algumas deftas
obras fe confervaõ nos Archivos do Convento
de Pombeiro de Monges de S. Bento, e do
Convento da Serra junto da Cidade do Porto,
que he de Cónegos Regulares de Santo Agof-
tinho. Compoz mais.
Memorias hijloricas, e Antiguidades de Gui-
maraens. Cuja obra louva muito D. Nicol. de
Santa Maria Chron. dos Coneg. Kegtil. Hv. 5.
cap. 10, n. 6. chamando ao feu Author Grande
Antiquário. Morreo na fua pátria a 15. de
Abril de 1642. e eílà fepultado na Igreja dos
Francifcanos junto à Capella dedicada às
Chagas de Chriílo.
ANDRÉ ALVARES DE ALMADA.
Naceo em a Cidade de Saõ-Tiago em Cabo
Verde, onde foy morador, e Capitão. Impel-
lido da curiofidade penetrou com alguns
foldados o Continente da fua pátria, e grande
parte do Reyno de Angola, obfervando com
deligente inveíligaçaõ a fituaçaõ das terras,
os ritos, e coílumes dos feus habitadores.
De todas eílas obfervaçoens alcançadas pelo
feu difvelo fez huma exafta defcripçaõ, que
no anno de 1594. dedicou aos Governadores
do Reyno, a qual mandarão foíTe examinada
por D. Fr. Pedro Brandão Bifpo de Cabo-
verde como teílemunha ocular do que nella
fe relatava, o qual teílemunhou por huma
carta fer digniífima da luz pubUca, que
até agora naõ logrou, e delia conferva
huma copia, que parece fer original, entre
os livros da fua feleéla livraria da Hiíloria
deíle Reyno, e fuás Conquiílas, meu Irmaõ
D, Jozé Barboza, Clérigo Regular Chroniíla
da Sereniffima Cafa de Bragança com efte
titulo.
Tratado breve dos Rejnos de Guiné, e
Cabo Verde: M. S. 4. Começa Qtnti efcrever
algumas coufas do Rejno de Guiné, e Cabo
verde. Acaba Dou fim a efte Tratado por-
que fe naõ pode dit^er tudo. Coníla de 10. Ca-
pítulos.
Eíla obra fahio modernamente impreíTa
totalmente diverfa do eftilo, e ordem, que
lhe deu feu author, e até o Patronímico de
Alvares lhe converteo o Author defta mudança
em Gonçalves com eíle titulo.
KelaçaÕ, e Defcripçaõ de Guine na qual fe
trata das Varias Naçoens de Negros que a povoaõ,
dos feus Coftumes, leys, ritos, Ceremonias, Guer-
ras, Armas, Trajos, da qualidade dos portos, e do
comercio, que delles fe fat^. Lisboa na Officina
de Miguel Rodriguez 1733 4.
Da obra, e do Author delia André Alvares
de Almada faz memoria o moderno addicio-
nador da Bib. Geograf. de Anton. de Leaõ
Tom. 3. col. 171 6.
L USITAN A.
ANDRÉ ANTÓNIO DE CASTRO na-
tural de Villaviçofa, igualmente por herança,
que cíludo infignc Medico por fer filho de
Diogo de Caílro, c neto de Andrc de Caílro
Lente de Vefpera na Univerfídade de Coim-
bra, e ambos Phyfícos mores dos SereniíTimos
Duques de Bragança. Seguindo os vcíligios
tic leu Pay, e Avô, foy admitido na idade juve-
nil por criado dos mefmos Duques no anno
de 1586. e ainda que repugnava o fcu gcnio
cíludar Medicina fe applicou a cila por iníi-
nuaçaò do Duque D. Theodofio II. na qual
lahio taõ eminente, que por toda a vida a
exercitou ncfta grande Gafa, fendo taõ cftimado
pela fua fciencia Medica, que o SereniíTimo
Duque D. Joaõ, que depois foy elevado ao
trono de Portugal, naõ fomente o fez fcu
Phyíko mór, mas lhe dco a Alcaidaria mór da
Villa de Ourem, e a Commenda de Monte
Alegre na Ordem de Chrifto. A cftc Príncipe
já aclamado acompanhou até Lisboa, onde
livrando da morte a muitas peíToas pela efficacia
dos feus medicamentos, naõ pode evitar que
foflc defpojo da fua crueldade no anno de
1642. ErnditiftMo he chamado por Zacuto
in Hijl. Príncip. Medic. lib. 4. Hift. 25. quaeft. 26.
Joan. Soar. de Brit. in Tbeatr. l^ufit. L,iter. lit.
A. n. 34. in facultate Medica perdoãus. D, Fran-
cifc. Manoel na Carta dos Authores Portug.
Francifco de Moraes Sardinha Parnaffo de Vil-
Javiçofa liv. 2.cap.54.e 60. Das obras, que com-
poz fazem mençaõ com grandes louvores Joan.
Ant. Vanderlind, Georg. Abrah. Mercklin in
Und. Renova/, e Nicol. Anton. in Bib. Hif-
pan. Tom. i. pag. 5 5. as quaes faõ as feguintes.
De Jehrium curatione lib. 3.
De fimplicium medicamentoru facultate lib. z.
De qualitatibus alimentorum , qucB humani corpo-
ris nutri tioni funt apta Traã. 10. Villa vi-
çofae typis Emmanuelis Carvalho. 1636. foi.
No fim da prefação deite ultimo volume affir-
ma ter promptos, e acabados três Tratados
de varias matérias de Medicina, que a morte
impedio naõ lograíTem da luz publica.
ANDRÉ DO AVELLAR Naceo em Lis-
boa no anno de 1546. iníigne Mathematico,
e celebre profeflbr deíla grande faculdade
na Univeríidade de Coimbra, onde leo huma
Cadeira, de que tomou poíle em 4. de Janeiro
.37
de 1592. quando tinha 34. annos de idade»
e nella jubilou em 28. de Setembro de 161 2.
Foy Guarda do Cartono da Univerfídade, e
Meftre em Artes. Depois de fer viuvo fe orde-
nou de Presbytero, e foy Tercenario na Cathe-
dral de Coimbra. Vivia pelos annos de 1621.
e 1622. lie louvado por Nicol. Ant. in l^b.
m/p. Tom. I. pag. 5). António Pimenta na
Sciographia pag. 62. e joaõ Soar. de Brito in
Tbeatr. ÍJéfit. ÍJí. Ict. A. n. 35. chamando-lhe
Mathematicaruf» difciplinarum projtffor efftffus,
Compoz.
Repertório dos tempos o mais copio/o, que a/è
ajipra fahio à lu^ conforme a nova reformarão do
Santo Padre Gregório XIII. no anno de IJ82.
Lisboa por Manoel de Lyra. 1)85. 4. mais
acrecentado Coimb. por Joaõ Barreira Imprcf-
for da Univeríidade 1)90. 4. e Lisboa por
Jorge Rodriguez 1602. 4.
Da Effera, e feu u:(p. Coimbra por Joaõ de
Barreira 1593. 8. De ambas eílas obras faz
mençaõ o novo addicionador da Bib. Nau-
tic. de António Leaõ Tom. 2. tit. i. coL
1050.
Arvore Genealógica da Serenijfima Gafa de
Bragança. Naõ fey fe fe imprimio.
ANDRÉ BAYAM Naceo de Pays Por-
tuguezes na Cidade de Goa Cabeça do Império
Lufitano na Afia, onde inílruido na lingua
latina, Filofofia, e mais artes liberaes dezejofo
de adquirir novos thezouros de fabedoria
paíTou a Coimbra, em cuja famofa Univerfi-
dade eftudando a Sagrada Theologia recebeo
nella o gráo de Bacharel. Naõ fatisfeito o
feu animo com as fciencias, que já podia en-
finar, ainda anhelava aprender outras, e levado
defte appetite, e juntamente da pobreza, em
que vivia, paíTou a Roma, onde foy venerado
por hum dos grandes Gramáticos daquella
idade, e como tal eleito pelos Regentes
do Seminário dos Órfãos para os inflxuir
com os preceitos grãmaticaes aífinandolhe em
remuneração defte trabalho largo partido.
Exercitou efte minifterio com tanto fruto
dos feus difcipulos, que mereceo occupar
mayores Cadeiras fendo Meftre de Rhetorica
no Collegio dos Gregos, em cuja lingua
fe fez muito perito. A fua fciencia, que
fe fazia mais eftimavel pela innocencia dos
i38
BIB LIO THE CA
coíhimes, lhe conciliou a amÍ2ade do Emi-
nentiíTimo Cardial Francifco Joyofa Bifpo
Sabinenfe, o qual lhe pedio com toda a
efficacia foíTe Regente do Seminário Man-
lianenfe, e depois do de Veletri, cuja iníi-
nuaçaõ recebeo como preceito por naõ fer
ingrato ao aíFeâo deíle Príncipe. Para que
com mayor focego fe applicafle à cultura das
virtudes, e das fciencias, voltou para Roma,
e recolhido na Cafa de S. Pantaleaõ dos Pa-
dres Clérigos Regulares das Obras Pias paf-
fou o reílante da fua vida com grande exemplo
de toda aquella Religiofa Communidade, a
qual deixou por herdeira de todas as fuás
eruditas compoíiçoens ordenando no Teíla-
mento, que foíTe fepultado no feu Templo,
e que na pedra fepulchral lhe gravaíTem efte
Epitáfio por elle compoílo no qual fe acrecen-
tou o dia, mez, e anno da fua morte.
D. O. M.
AndrcBas Bayanus
Sacerdos l^ufitanus Orientalis
Hic jitus, unde nafus.
Vixit annos 73.
Obiit 2. Junij ann. Domini. 1639.
Tetrallichon.
Quám bene novit humo compaãa hac memhra
reverti
Faãus homo in paucam quà jacet author hu-
mum.
Non títulis nomen vita Jihi crejcere funão
Optavit: fatis ejl: hic Jitus, unde fatus.
Mereceo efte iníigne varaõ pela integri-
dade da vida, fciencia naõ vulgar da lingua
Latina, e Grega, facilidade fumma ainda extem-
poraneamente em compor verfos de todo o
género, as eftimaçoens das PeíToas mais prin-
cipaes, e eruditas de Roma diftinguindo-fe
entre elles os Cardiaes Joyofa, e Borromeo,
o qual efcrevendo-lhe de Milaõ no i. de Agofto
de 161 2. lhe agradece a Poefia, que compufera
em louvor de S. Carlos credito immortal da
fua illuítre Familia dizendolhe deíla forte.
Magis ne deheam ingenii acumen, an pietatem
mirari in tua S. Caroli Cardiographia incertus
harerem, niji alterum ex altero Jequi, é^ pietatem
ejfe prajiantijfimarum rerum parentem, (ò' altri-
cem cognitum mihi ejjet penitus, <& exploratum,
<ò'c. André Victorello no Cathalog. dos Varoens
injignes, que viverão em Roma no anno de 1623.
Bayanus in adolefcentia Theologicos degujlavit liquo-
res multis annis, majora Jludia coluit. Soluta, et
vinãa oratione multa Jcripfit; Horatianas Odes,
et quadam Ovidii opufcula cultis carminihus ad
pietatem revocavit; Virgilium gracis, Epicum
poema I^ujitanum latinis verjihus exprejjit. Mar-
rac. in Bib. Marian. Part. i. pag. 79. Gracis
non jejune, neque latinis vulgariter eruditus; qui
etiam non objcuri nominis orator, et Poeta,
ut ejus pradicant, (& tefiantur opera . . .
multa pietate, et eruditione fpeãabilis. Janus Ni-
cius Erithraeus in Pinacothec. Imag. vir. illujir.
Part. I. pag. 144. poílo que com a fua
natural maledicência manchafle a pureza do
nome de André Bayaõ, com tudo o numera
entre os Varoens mais illuftres na fcien-
cia. Verum quidquid dici de Bajani virtutibus
poteji hâc una laude, qua magna ejl, conclu-
demus, et perorabimus, nimirum ita Mujis eum
ufum fuijje amicis, ut admirabili animi motu,
celeritateque ingenii magnum numerum verjuum
de quacumque revellet, effunderet. Joaõ Bau-
tifta Lauro Epiji. Cent. i. Epift. 56. Fr.
Lud. Jacob à D. Carol. Bib. Pontif. pag.
249. Nicol. Anton. Bib. Hifp. tom. i.
pag. 55. Allatius in Apib. Urbanis pag. 32.
Baillet. Jugem. des Scavans. tom. 5. pag. mihi
141. Lorens. CraíTo de Poeti Grec. pag.
34. Joaõ Soar. de Brito in Theatr. Lu-
jit. Eitter. let. A. n. 36. o P. António
dos Reys no Enthuf. Poetic. impreíTo no
principio dos feus agudiíTimos Epigrammas
n. 106.
Bayane fedes Juccinãus, et ipfe
Fronde triumphalis lauri, quam Koma canèti
Doãa tibi meritis pro tantis reddidit. Urbe
Applaudente Goa; qua Te fub Euminis auras
Edidit, auãurum quondam Collegia vatum.
Catalogo das Obras impreíTas.
Idyllium Seminarii Manlianenjis in Sabinis
nomine diãum; Écloga interlocutoribus Batto,
(& Philereno, qua Cardinali Epifcopo Sabinenji
Francifco joyofa gratulatur Komam é Galliis
adventum. Koma apud Jacobum Mafcardum
1592. 4.
Oratio habita in ereãione Seminarii Veletrenjis
ibid. apud. eumd. Tjrpog. 161 2.
Oratio in celebritate S. joannis Evangelijia
habita coram Santijjimo Paulo V. in Sacello
Pontifício. Romse apud Mafcardum. 1610. 4.
L USITAN A.
Domina Cbrijliana brevis a Koberío Bellar-
mino S. R, E. Cardinali vulgari fermone compo-
fita, nmc ah Andrea Baiano Afiatico Lufitano
in e/rj>os latinos íradiUta. Ronruc apud MaTcar-
dum i6x2. in X2. EÍU traducçaõ he louvada
por André Vi£lorcllo in Oj^cio Curati, c por
BaiUet Jugem. des Scavans Tom. j. pag. 141.
Potma ad Paulum V. Pontif. Maximum.
Ira Acroílicho no principio, meyo, e fim,
com tal artifício, que eílavaõ entre os verfos
entretecidos eíles três.
Crefctri cum neqmas titulis Sanííijfime Prajul
Annorum crejcas numeris, et Sacula vivas;
Vivas attmum, tandem viHurus Olympo.
Poema ad Scipionem Cardinalem Burghe-
fium. Ncllc fe contem com acroílichos o
nome, appcllido, c dignidade do mcfmo
Cardial, no fim, e principio de cada verfo.
Kíles dous Poemas fahiraõ impreíTos Roma
por Mafcardo 1610. in foi. os quacs tanto
eílimava o eruditiíTimo Fr. Angelo Rocca
Bifpo de Tagafte, e Sancrifta do Papa, que
os marginou da fua própria maõ, c os con-
fcrvava entre as obras de mayor artificio,
como affirma Leaõ Allatio in Apib. Urban.
pag. 34.
Poema in obitum SereniJJima Margaritha
Hifpaniarum Ke^na no qual por acroílicho
os primeiros, e últimos charaéleres formavaõ
eftas palavras Margarita mortem cum vita,
re^um calejle cum terreno commutavit. Sahio
impreíTo no livro intitulado Poefias diverfas
compueftas en diferentes lenguas enlas honras que
hi!(p en Koma la Nacion E/panola a la Magejiad
CathoHca dela Keyna D. Margarita de Aufiria.
Roma por Jacobo Mafcardo 161 2. 4.
Cardio^aphia Poema fabricado em forma
de coração feito em louvor de S, Carlos tref-
ladado a Roma. Coníla de Exametros, e
Pentametros miíhirados, e tecidos com 12.
Acroílichos, que pelos meyos, e extremos
formavaõ eílas palavras. Cor mundum creavit in
Carolo Deus, et Spiritum re£ium innovavit in
vifceribus ejus. Romx apud Jacobum Laurum
1624. 4.
Panegyricus in laudem Joannis Zamofcii ma-
gni Polónia Cancellarii, et copiarum Imperato-
ris perpetui ejus Filio Thoma Zamofcio dica-
tum. Romae apud Bartholomseum Zanettum.
1617. 4.
i39
EJogium in Coronatiom Urbani VJII. Ro-
mx apud hxredes Zanned 1625. Oq>oif
fahio nas Collêãatuas de Agoílinho Barbofa.
PamgyrUus 5. Pbilippi Ntni. Romx apud
Rinaldum Paulum. 1629. 4. Foy recitado na
Bafilica de Civitá Vechia, o qual mereceo a
admiração de todos os eruditos pois com
artificio novo eíU compofto Tem verbo
algum.
Epiflola ad Joannem Baptiflam luiurum He
a J7. na Centúria das Hpiftolas deíle Author,
que fahiraõ Peruíiac typis auguíUs 161 8.
De Natalibus Homeri. Tradu2Ío em latim
mais de mil verfos Elegíacos, que em Grego
tinha compoílo a eíle aíTumpto Leaõ Allatio.
Lugduni apud Laurentium Durand 1640. 8.
Epigrammata in laudem D. Caroli Bomh
meei. Sahiraõ na collecçaõ, que fez de outros
Epigramas Patrício Fattorio. Romae s^ud
Jacobum Laurum 16 14.
Epigrammata duo in Columnam, et Sacel-
lum Paulinum. Eílaõ impreíTos in Pontif.
Romano B:(pvii cap." 50.
Elogia, Epigrammata, et Emblemata. Ro-
mae apud Francifcum Caballum 1641. 8.
Elogia, et Epigrammata in Dominicas totius
Anni in 8. Naõ tem anno, nem nome do Im-
preííor, mas pelo caraóler parece fer impreíTo
em Itália. Deíle livro confervo hum exemplar
em meu poder, no qual a cada Dominga
tem hum Elogio da parte efquerda impreíTo,
e de fronte hum Epigrama.
Elogia, Epi^ammata, et Emblemata in Fe-
rias Quadragefimales, ejufque Dominicas. Sahio
impreíTo por deligencia dos Padres das Ef-
colas Pias.
Cathalogo das obras naõ impreíTas.
Eufiados libri decem.
Principiava.
Siquá ego jaãabam Zephyris; quá furda move-
bam
Eittora, quá Sjlvas patriis dare queflubus auras
Ingenio, fludioque v aléns: nunc quanta latino
Ore queam repetes lon^qui ardentia Martis
Arma, virofque cano Eufos, qui folis ab oris
Occidíds per inaccejfas maris omnibus undas
Trapobanem venere fuper difcrimina rerum
Plufquám homines ag^ejfi in Eoo littore
reffium
Nobile perpetuis auãum pofuère triumphis.
140
BIB LIO THE CA
Neíla traducçaõ (cujo original fe conferva
na Biblíotheca Romana n. 25. no Archivo dos
M. S. da Bazilica de S. Pedro, como diz Mont-
faucon in Bib. Bibiiothec. M. S. nova Tom. i.
pag. 179.) trabalhou muitos annos para repre-
fentar vivamente as expreíToens do Poeta, e
fe naõ diminuiíTe a energia, com que fallára
na lingua materna com a verfaõ latina. Para
fahir à luz publica com eíla obra o incitarão
com cartas os IlluílriíTimos Arcebifpos de
Braga, e Lisboa efcrevendo-lhe o primeiro
em 21. de Janeiro de 1628. e o 2. em 17. de
Mayo de 1607. efperando que delia refultaria
igual credito ao Author, como à Naçaõ Portu-
gueza. Deíla traducçaõ faz illuílre memoria
Manoel de Faria, e Soufa na Vida de Camoens
impreíTa no principio dos Commentos das L.u-
Jiadas dizendo El doãor Andres Bayam Corte-
:(ano, honrado, y Sacerdote, que com grandes ven-
tajas tiene pajfado ejie Poema a la elegância la-
tina, e modernamente o Addicionador da
Bib. Orient. de António de Leaõ Tom. 2.
Tit. 2. col. 25.
Tradução da Eneida de Virgilio em ver/os
Gregos. Delia obra faz mençaõ Baillet lugemens
des Scavans Tom. 5. pag. 141. Como delias
duas feguintes.
Iter L,auretanum lib. 3. ver/u elegíaco.
Galatheum ver/u elegíaco cum notis, et anti-
qua conjuetudine diz AUatio in Apib. Urban.
pag. 36.
In Aphtonium de Elementis RhetoriccB
Ariftoteles Chrifiianus íive Eogica
Vhyfica, et Metaphyjica per Dialoga 2. tom.
De opificio epijlolari. 2. Tom.
Orationes Eatince. 2. Tom.
Elogia ver/u et profá 2. Tom.
Epijiolarum i. Tom.
Diverforum Voematum Tom. 2.
Hortus Simplicium puerorum Martyrum,
et Confejforum cum naniis, Elogiis, et hijlo-
riolis.
Theatrum Sanãorum per XII. menjes ita,
et totidem per Jcenas dijpojitum, et expojitum.
"Novum (diz Allatio já allegado) inventum cum
iconibus, odis, et hijioriolis, qua omnia idem Author
fcripjit, pinxit, et panxit.
P. ANDRÉ DE BARROS. Naceo em
Lisboa, e teve por Pays a Luiz Alvrez de
Barros, e Izabel da Cruz. Antes de contar
dezefeis annos de idade recebeo a Roupeta
da Companhia de JESUS em o Noviciado
de Lisboa a 5. de Outubro de 1691. Depois
de eíludar Filofofia, e Theologia em o Col-
legio de Coimbra, eníinou nelle as letras
humanas, e no CoUegio de S. Antaõ de Lisboa.
Sendo deílinado pelos Superiores a fer Lente
de Theologia Moral em o Collegio de Faro,
como tiveíTe grande talento para o Púlpito,
deixou a Cadeira, e nas Cidades de Évora, e
Lisboa exercitou com naõ pequeno applauzo
o miniílerio de Orador Evangélico. Foy
Reytor, e Meftre dos Noviços em a Cafa do
Noviciado de Lisboa, e Prepozito da Cafa
profeíTa de S. Roque, lugares que adminiílrou
com igual prudência, que affabilidade. Entre
os primeiros cincoenta Académicos da Acade-
mia Real da Hiíloria Portugueza foy eleito
para efcrever as Memorias Eccleíiafticas do
Bifpado do Algarve, de cuja incumbência
tem manifeílado na Academia a grande appli-
caçaõ, com que felizmente defempenhará
eíle aíTumpto nas contas feguintes.
Conta dos feus Efiudos Académicos dada no
Vaco a 7. de Setembro de 1723. Sahio no
Tom. 3. da CollecçaÕ dos Documentos da Aca-
demia Keal Lisboa por Pafchoal da Sylva
1723. foi.
Conta dos feus Efiudos Académicos na Aca-
demia a 23. de Mayo de 1727. Sahio no
Tom. 7. da Collec. dos Docum. da Academia
Keal. Lisboa por Jozé Anton. da Sylva
1727. foi.
Conta dos Efiudos Académicos em o Paço
a 22. de Outubro de i~iz~i. Nella defcreve
as vidas dos Bifpos do Algarve. Sahio no
Tom. 7. da Collec. dos Documentos aíTima alle-
gado.
Conta dos Efiudos na Academia a 28. de
Mayo de 1728. Sahio no Tom. 8. da Collec.
dos Docum. da Acad. Lisboa pelo dito Impref.
1728. foi.
Conta dos Efiudos na Academia a 19. de
Janeiro de 1732. fahio no Tom. 11. da Collec.
dos Docum. (&c. Lisboa pelo dito Impref. f l
1732. foi.
Pela fua deligencia publicou com huma
noticia previa, e diverfas prefaçoens, que
compoz.
!
L USITANA.
141
Vo!(^es faudofas da Eloquência, do ejpirito, e
iminente fahedoria do V. Aníonio Vieyra da
CoMptinhia de jliSVS Prigador de fiia Maj^eflade,
i Príncipe dos Oradores Evanfflieos acompanhadas
COM hntn fideliJfiMo licco, qne fonoramen/e rejulta
do interior da obra Clavis Prophctarum. Lis-
boa por Miguel Rodrigues ImpreíTor do Se-
nhor Patriarcha. 17)6. 4.
I^fl~ em Koma, hcco em Usboa na Canoni-
^ijfíiõ de S. JoaÔ hranc. Regis da Sagrada Com-
panhia de JHSUS, /o/emnidade com ijne o feftejon
a Cúja profeffa da mefma Companhia. Lisboa
na OHicina da Mufica, c Sagrada Religião
de Malta. 1759. 4-
Vida do P. António Vieyra da Companhia
de JESVS Pregador de S. Mageftade Aí. .V. da
<.|ual faz mençaò de brevemente fahir à luz
cm a Noticia previa das Vo^fs Sandofas.
I\ ANDRÉ BERNARDES AYRES Na-
(tural de Belinde junto do lugar de Figueiró
do Campo de Coimbra, filho de Pedro Ayres,
< Maria Simaò. Inftruido na lingua latina, e
letras humanas paíTou à Univerfidade de
Coimbra aprender Direito Pontifício, e como
para cfte género de eftudo tiveííe génio, e
applicaíTe o mayor difvelo, fahio nefta facul-
dade taõ eminente, que recebendo nella o
gráo de Doutor foy admitido por Collegial
do Collegio Pontifício de S. Pedro em 11.
de Junho de 1666. Antes de entrar neíla
erudita Sociedade era tanta a excellencia
ÍL das fuás letras, que já occupava de propriedade
f a Cadeira de Clementinas de que tomara poíTe
cm 18. de Fevereiro de 1666. Deíla fubio à
de Sexto em 23. de Janeiro de 1675. de De-
creto em 5. de Dezembro do mefmo anno,
e de Vefpera em 17. de Outubro de 1681.
e ultimamente de Prima em 16. de Dezembro
de 1684. onde jubilou em 1692. Foy Cónego
Doutoral das Cathedraes de Lamego provido
em 24. de Setembro de 1669. do Porto em
20. de Fevereiro de 1671. e de Évora em 29.
de May o de 1679. Deputado da Inquifíçaõ
de Coimbra em 17. de Julho de 1671. Naõ
aceitou os lugares honorifícos de Dezem-
bargador do Paço, e Deputado do Confelho
Geral do Santo Officio por fe naò auzentar
de Coimbra, onde em idade muito provefta
morreo a 11. de Abril de 1705. Jaz fepultado
na Igreja do Collegio dos Capuchos de Santo
António da Pedreira junto ao Altar defte
Santo, a cujos Religiofos fez huma doaçaõ
de cem mil reys in perpetuam para trigo cada
anno, o qual legado fatisÊaz a Cafa da Miíeri-
cordia de Coimbra. Entre as poítillas, que
douta, e profundamente compoz, a mais
celebre, e digna da luz publica por confífTaõ
dos mayores profcííores da jurifprudencia,
foy a que começou a diélar no anno de
1668. e a continuou até que jubilou, a
qual hc.
Ad Text. in Reguf. contrai. 8. de Reff/Ui
Jtms.
P. ANDRÉ CARDOSO natural de Coim-
bra, c filho de André Cardofo, e Maria Bau-
tiíla. Na juvenil idade de 14. annos fe aliílou
na Companhia de JESUS em 4. de Outubro
de 1644. e nella fez a folemnc profiflaõ dos
quatro votos em 15. de Agofto de 1665.
Defde a infância foy inclinado à Poefia, e de
tal forte cultivou toda a vida efta divina
Arte, que ainda na idade caduca compunha
verfos latinos com incrível prefteza, c afflucn-
cia. Por muitos annos exercitou o officio de
Orador Evangélico; alguns enfínou Rheto-
rica, e três Philofofia. A mayor parte da fua
idade confumio no laboríofo miniílerío das
Cadeiras de Theologia na Univerfidade de
Évora onde foy Doutor, e Cancellario. Pro-
vada a fua tolerância com huma grave infer-
midade, e recebidos os Sacramentos com
catholica ternura, morreo em Évora a 18.
de Julho de 1696. Delle diz o P. António
Franco in Annalib. S. J. in l^fit. pag. 400.
Singulari vir ingenio prceclarus fuljit. O P. Fran-
cifco da Fonfeca Ejvor. Gloríof. pag. 425.
Foy dotado de vivijfimo engenho, e ornado de todas
as /ciências.
Dos feus elegantes poemas fomente fa-
hio à luz no livro intitulado Fama pofthuma
do V. P. Fr. António da Conceição, Trinitario
impreflb em Lisboa por Heruique Valente
de Oliveira. 1658. 4. o feguinte, que começa.
Qtàs novus ajlrorum livor, qua forma beatis
l^uminibus extinãa micat? <&c.
Hum Epigrama em louvor da Chronica
da Etiópia Alta compofta pelo P. Balthazar
Telles. Coimbra por Manoel Diaz. 1660. foL
142
BIB LIO THEC A
De todos os Sermoêns, que com grande
applaufo pregou, unicamente fe fez publico
o feguinte por ordem do IlluílriíTimo D. Fr.
Domingos de Gufmaõ Arcebifpo de Évora.
Sermão em acçaõ de Graças pelos Defpo:(prios
da Serenijfima Princet(a de Portugal, e do Auguf-
tijjimo D. Viãorio Amadeu Manoel Duque de
Saboya, Príncipe do Piamonte em 8. de Outubro
de 1679. Évora na Ofíicina da Academia
1688.4.
P. ANDRÉ DE CARVALHO pelo IníU-
tuto filho da Companhia de Jefus, e pela
natureza de Pedro Alvares de Carvalho,
Senhor de Canas de Senhorim, e Capitão
de Alcacere em Africa, e de D. Maria de Soufa
filha de D. Martinho de Távora, Capitão de
Alcácer Seguer, e Commendador de S. Pedro
de Vai de Ladroens, e D. Ifabel Pereira de
Sampayo, e Irmaõ de Álvaro de Carvalho
Governador de Mazagaõ, que no anno de
1562. defendeo heroicamente efta Praça da
invazão, com que foy accometida pelo formi-
dável Exercito de cento, e cincoenta mil bár-
baros. Voltando defta Praça o P. André
de Carvalho para o Reyno, foy cativo pelos
Mouros, os quaes fechando os ouvidos às
vozes com que lhe increpava a fua cegueira, o
fizeraõ em vários pedaços fatisfazendo com eíla
barbara, e tyrana acçaõ o ódio que conce-
berão contra eíle Evangélico pregoeiro. Co-
mo teílemunha ocular que tinha fido dos fuc-
ceíTos do fitio de Mazagaõ efcreveo.
Kelaçaõ do Cerco de Mav^agaõ M. S. Confer-
vafe no Collegio de Coimbra dos Padres
Jefuitas.
Fr. ANDRÉ DE CERQUEIRA filho
de Francifco Lopes, e Anna Pereira naceo
em Coimbra, onde eíludou as primeiras letras,
e paíTando a Lisboa, recebeo o habito Carme-
litano a 8. de Mayo de 1679. Eíhidada Filo-
fofia, e Theologia em que fahio grande Letra-
do as enfinou em os Collegios de Coimbra,
e Évora com grande fruto dos feus ouvintes.
Neíta Univerfidade recebeo em 20. de Ja-
neiro de 1704. o gráo de Doutor na faculdade
Theologica, fendo neíle Litterario aâ:o feu
Padrinho Jozé Pereira de Lacerda, entaõ
Inquifidor da Inquifiçaõ de Évora, e depois
Cardial da Igreja Romana. Foy votar no Ca-
pitulo Geral, que fe celebrava em Roma no
anno de 1704. e nelle com applaufo, e admi-
ração de todos os Capitulares defendeo as
Conclufoens, que conílavaõ deílas únicas
palavras. In Univerfa Theologia tam naturali,
quam Jupernaturali; Scholajlica, Pojitiva, Morali^
et Myjiica, quidquid Doãor Refolutus Joannes
Bacconius Carmelitanus docuit, et fcripsit, bene
Jcripsit, et docuit. Reftituido a Portugal foy
eleito ConfeíTor das Religiofas do Convento
de Lagos, donde fubio ao lugar de Provin-
cial em 14. de Julho de 171 4. fendo Deputado
da Junta das MiíToens. Morreo no Convento
de Lisboa a 22. de Fevereiro de 171 8. Foy
ornado de vaíla erudição em todo o género
de fciencias, afiim fagradas, como profanas,
pois naõ fomente tinha noticia dos Sagrados
Cânones, mas era douto nas faculdades da
Mathematica, e Medicina, e hum dos infignes
Oradores Evangélicos do feu tempo, cujos
Sermoêns para que naõ ficaíTem fepultados,
os fez públicos a deligente actividade do P.
Fr. Eftevaõ de Santo Angelo, Prior do Con-
vento do Carmo de Lisboa, fahindo com hum
tomo, cujo titulo he.
Sermoêns vários. Lisboa por Miguel Ro-
drigues. 1727. 4. Faz honorifica mençaõ do
feu nome o P. D. Manoel Caetano de Soufa
/;/ Exped. Hifpan. D. Jacob. Tom. 2. pag. 1303.
e Fr. Manoel de Saã Mem. Hijl. dos Efcritores
da Provinc. do Carm. de Portug. pag. 19.
Fr. ANDRÉ DE CHRISTO natural da
Villa de Santarém do Arcebifpado de Lisboa,
chamado antes, que largaíle o feculo, André
Froes de Macedo, foy filho de Duarte Lopes
natural da Villa de Benavente, bom Poeta,
e de Maria Froes de Macedo. Na infância
começou de tal modo a inclinarfe à Poefia,
que parece o embalarão no berço as Mufas
fendo as fuás delicias em idade taõ tenra
os livros poéticos aífim Latinos, como Por-
tuguezes, e Caftelhanos, de cuja propenfaõ
fe feguio com exemplo nunca vifto, e digno
de todo o aílombro, que quando contava
quatorze annos publicaíTe hum livro de verfos
intitulado.
Amores Divinos, e humanos. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 1631. 12. cuja obra dedicou
LUSITANA.
143
a D. Maria de Vafconcellos CondeíTa da Ca-
lheta. Deixada a pátria paíTou a Caftella onde
profcíTando o habito da Ordem Militar, e
Rcligiofa de N. Senhora da Mercê depois de
aprender as fciencias mayores as enfinou com
igual aclamação aos domeíUcos, principal-
mente Theologia Moral nos CoUegios de
Ronda, e Cadiz, fendo depois Regente do
Coilegio de Huelgas, de que eraõ padroeiros
os Duques de Medina Sidónia. Como em
o anno de 1660. fe acendcíTc furiofamcntc a
guerra entre a Coroa Portugueza, e CaAclhana,
alcançada faculdade dos feus Prelados voltou
a efta Corte, onde era ouvido com applaufo
nos Púlpitos, e Academias, principalmente
cm a dos Generofos, na qual como Lente expli-
cou a Poética de Ariftoteles com fubtiliíTimas
rcflcxocns. Foy Mcftrc de Filofofia do Conde
de CaftcUomelhor Luiz de Vafconcellos,
Souza, Efcrivaõ da Puridade delRey D.
Affonfo VI. e feu Primeiro Miniílro, e com o
nome de taõ illuftrc difcipulo alcançou mayor
applaufo a fua fabedoria. Dezejofo de acabar
|a vida entre os feus Religiofos fe embarcou
ara o Maranhão, onde paíTado pouco tempo
'•querendo o Ceo fazello participante de taõ
ardente dezejo efpirou entre os braços dos
feus Mercenários no anno de 1689. D. Fran-
cifco Manoel nas Obras Métricas. Viola de
Thalia pag. 1 5 6. o louva pelo magiílerio, que
exercitou na Academia dos Generofos, expli-
cando a Poética de Ariftoteles. com eftas vozes.
Ignorais de hum André tantas louvadas
letras naõ fô profanas, mas /agradas.
E pag. 158.
Mejhe Jempre fera taÕ Jinalado
Que apenas na Cadeira ejiá fentado
Quando em lhe dando hum geito
Já lhe falia Arijioteles no peito.
Por fabias Catracrejis
Por cultas Metalejis
Números, Omijliquios, e Sit(uras
Por dof^e tropos, e por mil figuras.
E na Oraçaõ que recitou nefta mefma Aca-
demia pag. 260. Aqui achareis as fempre caflas
efmeraldas em cafla Poética de Ariftoteles, de
cujos arcanos vay defenfranhando em fuás liçoens
feus Mijierios noffo E.. "Lente o P. Mejire Fr.
André de Chrifio.
Além da Obra aíHma efcrita compoz.
]mi(p Poitíco.
Confta de 70 paginas, e fahio impreíTo
no fim do Poema Virffnidos compoílo por
Manoel Mendes de Barbuda, e Vafconcel-
los. Lisboa por Diogo Soares de Bulhoens
1667. 4.
Muitas Poefías fuás fe podem ver na Fama
poflhuma de Lope da Vigfl Carpio. na i. Part.
da Academia dos Sinffélares de Lisboa. Not
aplaufos da Vitoria do Ameixial. AmUerdaõ
por Jacobo Vanvelfen 1675. 4. No livro do
Rofario do Santijfimo Sacramento Author F.
Francifco Falconio Lisboa 1662 e no Pane'
girico da Vida, e acçoens do Excellentijfimo Mar-
ques^ de Távora Luiz alvares de Távora dous
Sonetos dedicados á memoria deíle Heróe
Caftelhanos a pag. 87. e 88. Lisboa por Antó-
nio Rodriguez 1672. 4. Tinha promptos para
a impreííaõ quando partio para o Mara-
nhão.
Panegyricos de Vários Santos. Aí. S.
Academia do Sacro Amor M. S.
Delle faz mençaõ entre os Poetas Portuguezcs
o P. António dos Reys Enth. Poético n. 117.
ANDRÉ COELHO Capitão na índia
Oriental pelos annos de 161 8. e 1619. Igual-
mente fe moftrou intrépido contra os inimigos
do Eftado, como zelofo da fua confervaçaõ
efcrevendo.
Advertências a Gafpar de Mello, e Samp<^o,
e a FemaÕ de Albuquerque quadragejfimo quarto
Governador da Índia acerca dos damnos, que fa^jaS
nella os EJlrangeiros, e o remédio, que fe devia
applicar para naõ continuarem, foi. M. S.
Do author, e da obra faz mençaõ o mo-
derno Addicionador da Bib. Orient. de António
de Leaõ Tom. i. Tit. 16. col. 467.
ANDRÉ CORDEYRO Cónego da Ca-
thedral de Congo, Provifor, e Vigário Geral
defta Diocefe aíTim pela fciencia, que profef-
fava dos Sagrados Cânones, como pela inte-
gridade dos feus cofl:umes. Efcreveo , e man-
dou a efte Reyno.
Kelaçaõ do alevantamento de D. Affonfo
Irmaõ delRejf de Congo D. Álvaro fegundo; e
outra da morte do mefmo Key, e eleyçaõ, que fe fe^
de D. Pedro Duque de Bamba o que tudo fucedeo
em Janeiro de 1622. M. S.
144
BIB LIOTH E C A
Eftas duas Relaçoens fe confervavaõ na
Bibliotheca do infigne antiquário Manoel
Severim de Faria Chantre de Évora.
Fr. ANDRÉ DA COSTA natural de Lis-
boa filho de Filippe da Cruz, e Catherina
Corrêa, e Religiofo da Ordem da SantiíTima
Trindade, cujo Habito recebeo no Convento
pátrio a 3. de Agoílo de 1650. Foy taõ infigne
em compor Mufica, como em tocar Arpa;
cuja occupaçaõ exercitou na Capella Real dos
SereniíTimos Monarcas D. AfFonfo VI. e D.
Pedro II. com tanta eftimaçaõ deíles Príncipes,
como enveja dos profeíTores daquella Arte.
Quando eílava na idade mais robuíla o privou
a morte repentinamente da vida a 6. de Julho
de 1685. Pofto, que naõ imprimio obra alguma
da fua armonica profiíTaõ, muitas fe confervaõ
com grande eílimaçaõ na Bibliotheca Real da
Mufica, e em outras partes, as quaes faõ.
MiJJas de vários Coros.
Confitebor Tibi a 12. vot(es
l^audate pueri Dominum a 4.
Beati omnes a 4.
Completas a 8. vozes
'Ladainha de N. Senhora a 8, vozes
Kefponforios da 4. ^. e 6. feira da Semana
Santa a 8. vozes.
O Texto da Paixaõ da Dominga de Pal-
mas, e de 6. feira major a 4.
Yilhancicos da Conceição, Natal; e Kejs
2L 4. 6. 8. e 12. vozes.
ANDRÉ COTRIM contemporâneo do
infigne profeíTor de letras humanas Jero-
nymo Cardofo, o qual louva por fingular
entre os cultores da Poefia Latina dedican-
do-lhe a 27. das fuás Cartas, e a 22. das fuás
Elegias, onde lhe exalta a affluencia poética,
com que compuzera hum Poema em louvor
da Fonte da Prata, que corre na Cidade de
Évora, cujo aqueduâo fe affirma fer obra do
grande Sertório, dizendo-lhe deíla forte.
Única nunc operi Sertori gloria demum
Surgit, quá major cr ef cere nulla potejl:
Quandoquidem tanti meruit prcBconia vatis
Quantum crede mihi, facula nulla dabunt.
Viveo nos reynados delRey D. Manoel, e
D. Joaõ o III. Das muitas obras poéticas,
que fez, fomente exifte.
Epicedium Serenijfimi Principis Eduardi Ke-
gis Emmanuelis filii.
D. ANDRÉ DA CRUZ natural da Villa
de Alegrete na Província do Alentejo, filho
de Pedro de Cáceres, e Anna Ribeira, e Cónego
Regular da Congregação de Santa Cruz de
Coimbra, naõ menos eílimavel pela obfer-
vancia do feu inílituto, que pela erudição Sa-
grada, e profana. Por efpaço de muitos annos.
leo Theologia efpeculativa no CoUegio de
Coimbra, e Moral no Real Convento de S.
Vicente de Lisboa, onde era ouvido naõ fo-
mente pelos domefticos, mas ainda pelos eftra-
nhos, que concorriaõ atrahidos da fama da
fua fabedoria. Foy eftimado pelo Illuftriírimo
Arcebifpo de Lisboa D. Miguel de Caílro,.
que affirmava fer o mayor Theologo Mora-
liíla de Portugal, e tanto confiava da fua pru-
dente capacidade, que o confultava nas ma-
térias mais graves da fua conciencia elegendo-o
feu Penitenciário, Efmoler, e Examinador
Synodal, cujos lugares exercitou naõ fomente
no tempo deíle Prelado, mas do feu fucceífor
D. Affonfo Furtado de Mendonça. Quarenta
annos gaílou na liçaõ dos Santos Padres, e
Theologos fempre affiílido de faude robufta,
atè que fendo contra fua vontade eleito Prior
do Convento de Grijò começou a enfermar
gravemente, de que refultou morrer em 20.
de Julho de 1632. como elle tinha vaticinado.
Delle faz memoria D. Nicol. de Santa Maria
na Chron. dos Coneg. Kegrant. Part. 2. liv. 10.
cap. 29. n. 19. onde affirma que efcrevera.
Commentos aos lugares mais ef euros de Tertul-
liano.
D. Fr. ANDRÉ DIAS natural de Lis-
boa, onde fe aggregou à Ordem dos Prega-
dores para fer ornato de huma taõ douta
Familia. Naõ foy fomente infigne Letrado,
mas cordial devoto do Santiífimo Nome de
JESUS, de cujo ardente afFeâo ainda fe con-
ferva no Convento de Lisboa hum indelével
teftemunho na illuílre Confraria deíle fuavif-
fimo Nome, a qual foy pela fua pia deligencia
novamente inílituida, ou amplificada infla-
mando aos feus Confrades com exhortaçoens,
e livros para a veneração profunda de taõ
auguílo Nome. Paííou a Roma, onde fendo
L USITAN A.
«45
llt
conhecido pelas fuás letras, foy eílimado por
todo o género de PcíToas, principalmente
is mayores, diílinguindoíe entre todas aíTim
Mil dignidade, como no aíTeâo o Summo
Pallor, cjue o nomeou Penitenciário da Igreja
Romana, e Bifpo titular de Megára antigua
Gdade da Provinda da Achaya na Grécia
fendo fagrado no anno de 14)2. Atrahido
(io amor da pátria renunciou a dignidade
Ivpifcopal, c chegando a Lisboa, o nomeou
I IKcy D. Joaõ o I. G^mmendatario do Moí-
iciK ) de S. Joaõ da Alpendorada. Delle fa2em
illullre memoria Souía HiJI. dt S, Domingos
da Prov. de Por/. Part. i. liv. 3. cap. 23. c 24.
Fr. Pedro Monteiro Clauft, Dom. tom. 3. pag.
142. o Padre D. Manoel Caet. de Souf. Cathal.
Mift. dos Summ. Pontif. Card. e Bi/p. Portug.
pag. 110. Joaõ Franco Barrct. na Bib. Portug.
Aí. S. Compoz, como affirma Fr. Luiz de
Soufa no lugar allegado.
Uvro de Oraçoens, em profa, e ver/o vul-
de Ljoíwores, e excellencias do Nome de
JESUS.
Methodo breve, e útil para fa^er bem a Con-
fijfaõ. Lisboa por Germaõ Gallard 1529.
8. No Prologo defte livro o impreíTor fez ao
Author Benediítino, fendo Dominicano. Efta
obra fe vé inferta entre as que compoz o
Ven. Meílre Fr. Luiz de Granada.
ANDRÉ DUARTE DE VASCONCEL-
LOS Cavalleiro profeíTo da Ordem militar
de S. Tiago. Naceo em Lisboa e recebeo a
graça bautifmal na Parrochia de S. Pedro a 6.
de Dezembro de 1620. Foy filho de Paulo
Duarte da Sylva, e de Izabel Mendes de Vaf-
concellos. Depois de fahir baftantemente
inílruido na lingua Latina, levado do génio,
que tinha para as armas, aíTentou praça de
Soldado, em cuja efcola defempenhou as
obrigaçoens do feu honrado nacimento, prin-
cipalmente fendo Capitão de Infantaria na
celebre Reílauraçaõ de Évora em o anno de
1663. e quando governou em auzencia do
Governador a Capitania de Angola, com o
pofto de Meílre de Campo. Defpozou-fe
a 7. de Julho de 1655. com D. Antónia de
Andrade Gouvea, e Miranda de quem deixou
larga defcendencia. Cheyo mais de mereci-
mentos, que de annos falleceo em Santa-
rém a 21. de Setembro de 1690. e jaz fepul-
tado na Igreja dos Eremitas de Santo Agoí-
tinho da dita Villa. Efcreveo.
Exerci fios Militares. 4.
Cuja obra dedicou á Mageílade delRey
D. Pedro II, que lho mandou compor por
ter viílo muitas vezes na Tua Real pre-
fença a fciencia, e promptídaõ, com que
os mandava executar. He huma completa
inílruçaõ para hum Sargento mór, cujo Ori-
ginal efcrito da própria maô do Author
conferva feu Neto pela parte materna Ro-
drigo Xavier Pereira de Faria natural da
illuílre Villa de Santarém onde aíTifte, o qual
com a fua grande erudição, e natural aHa-
bilidade me communicou eíla, e outras mui-
tas noticias para ornato, e augmento deíla
Bibliotheca.
ANDRÉ EBORENSE, ou RODRIGUES,
cujo primeiro apellido indica a Cidade, onde
fahio à luz do mundo, e o fegundo da família
donde procedeo, Irmaõ por fangue, e fabc-
doria do infigne Fiíico mór Thomaz Rodri-
guez da Veyga. Sendo fummamente verfado
no eíludo das letras profanas, o foy igualmente
nas Sagradas revolvendo com incanfavel dif-
velo os litterarios monumentos dos Authores
Catholicos, e Gentílicos, de cujo immenfo
trabalho, e do grande louvor, que delle lhe
havia refultar, o congratula feu Irmaõ em
huma carta, que eílá ao principio de huma
das fuás obras, de que abaixo fe fará mençaõ,
dizendolhe defte modo. Horum veftigia non
eft longe fecutus cum in eo loco verfaretur ubi
orbis in urbe eft (Ulyjfiponé) negotiorum fluãibus
obrutus, magnatum importunitafibus, €>* obfequiis
exagitatus, à pluribus etiam molefte expetifus,
quos confilio, opera, et favore juvabat, ampla
rei familiaris providentia impeditus tale nobis
cuderet opus, quale fperandum fore ut plurimis invi-
diam, paucijftmis calumniam excitaturum fit.
Mayor foy o elogio, que deo ao Author
defta obra o grande Varaõ Fr. Luiz de Gra-
nada, immortal credito da Religião Domini-
cana, perfuadindolhe, que a publicaUe, a
qual mereceo taõ grande eftimaçaõ dos eru-
ditos, que em breve tempo foy imprefla
em diverfas partes fendo o titulo.
IjOcí communes Jententiarum , & exem-
15
146
B IB LIO THE CA
plorum memorahilium ex prohatijftmis fcrip-
toribus deprompti, Jive exempla memorahilia e
prohatijftmis quijque Au£torihus deprompta 2.
Tom. I. Conimb. 1554. 4. o 2. ibi. 1567. 4.
ambos mais correâos, e addicionados Conimb.
apud Joan. Barrerium 1569. 8. ainda vivendo
o Author. Depois Pariíiis apud Guilielmum
Julianum 1580. e 1588. 8. & ibi apud Francif-
cum Suffier. 1635. 8. Lugduni apud Theo-
baldum Paganum 1557. 8. Coloniae apud Ar-
naldum Millium. 1593. e 1600. e 1601. apud
Herman. Milium. Venetiis 1572. 1579. e 1585.
12. Lembraõ-fe da obra, e do Author Draud.
in Bih. Clajjic. Tit. Memorab. <& Grammat.
Valer. And. Taxand. in Cathal. Clarór. Hifp.
Script. Nicol. Ant. in 'E>ih. Hifp. Tom. i.
pag. 57. Joan. Soar. de Brit. in Theatr.
L.ujtf. Lit lit. A. n. 37. D. Emman. Caiet.
de Souza in Expedit. Hifpan. S. Jacobi Tom. 2.
pag. 1303. Franc. da Fonfec. Evor. Glorio/.
pag. 405 . Petr. de Alv. y Aftorg. in Milit. Imma-
cul. Concept. D. Mar. onde por engano efcre-
veo fer o Author Religiofo da Ordem dos Pre-
gadores. Mayol. Dier. Canicul. Part. i. coUoq. 3.
pag. mihi 53. col. 2. chamando-lhe injignis exem-
plorum compilator. Anton. PoíTevin. in Appa-
rat. Sacr. tom. i . pag. 74. Quod pleraque pe-
tat ex hijloria vel Sacra, vel Ecclejtajiica, quodque
non Jolúm ad humanas quafdam, verú etiam ad
Chrijiianas virtutes Jiimulos addat, onde duvida
efta obra tenha íido acrecentada por algum
herege principalmente nos Titulos A.ã. Pontif.
Rom. PatienticBy Odii, et Gloria Cupiditatis,
fendo certo, que fe em alguma impreíTaõ
fe achaõ alguns termos contrários à piedade
catholica, naõ devem fer atribuídos a André
Eborenfe por fer efcritor piiíTimo, como clara-
mente fe vé na primeira impreíTaõ de Coimbra.
ANDRÉ DE ESCOVAR. Na idade
da Adolefcencia navegou para a índia,
onde conciliou a atenção das principaes
peíToas daquelle Eftado admiradas da fua-
vidade, e deílreza, com que tocava o inf-
trumento da charamelinha nunca até aquel-
le tempo ouvido em taes partes, em que
deixou muitos difcipulos da fua fciencia mu-
íica. Voltando ao Reyno foy admitido
com largo eftipendio à Cathedral de Évora
pelo feu Prelado o SereniíTimo Cardial D.
Henrique, para que com o inílrumento em
que era peritiífimo, fe augmentaíTe a armé-
nia em obfequio do culto Divino, cujo mi-
nifterio também exercitou na Cathedral de
Coimbra, para onde o chamou o Bifpo D.
Manoel de Menezes. Deixou compofta.
Arte mufica para tanger o inflrumento
da Charamelinha M. S.
ANDRÉ FALCAM DE RESENDE
natural de Évora filho de Jorge de Refende, e
Sobrinho do Chroniíla Garcia de Refende. Na
Univerfidade de Coimbra depois de eftudar
Direito Civil, exercitou o lugar de Juiz de
Torres Vedras, de outras Villas, e Cidades do
Reyno. Ultimamente foy Auditor da Cafa de
Aveiro. Teve notável génio para a Poefia aíTim
Portugueza, como Caftelhana, em que compoz ,
admiráveis verfos. Morreo em idade proveâa (
em Lisboa no anno de 1598. ferido do con-
tagio, que devorou grande parte da Cidade.
Publicou em Madrid em verfo Caftelhano.
Theochriflo.
outro livro em femelhante lingua.
Mundo Pequeno
o qual dedicou a D. Duarte Duque de Gui-
maraens, e Condeílavel de Portugal. j
Verteo em 8. Rima as Homilias do Cardial
D. Henrique, que começaõ.
Kemirte ò homem quií^ Deos fempiterno
Com refgate de amor maravilho/o.
Muitas das fuás poeíias fe imprimirão na
Kelaçaõ do Jolemne Recebimento, que fe fe^i
em Lisboa às Santas Relíquias que fe levarão
à Igreja de S. Roque da Companhia de JESUS
impreíTa em Lisboa por António Ribeiro
1588. 8. as quaes fe lem a foi. 122. 132. 136.
142. v.o e 166. v.o Na Chronica delRey D.
Joaô o II. efcrita por feu Tio Garcia de
Refende impreíTa em Évora por André
de Burgos. 1554. foi. lhe faz o Sonetto
feguinte.
Heróicos feitos, e faber profundo
Virtudes, condição, primor, cufiume
Vida, e morte declara efie volume
Do Eufitano Rey D. JoaÕ fegundo.
Segundo em nome, e a ninguém fegundo
Em fama taõ fubida em alto cume
Que a pe^ar do tempo, que confume
Toda a coufa, fera clara no mundo.
L USITAN A.
»47
NaÕ conjetitlo perder-fe tal memoria
Coreia de Kefende em feu polido
li doce ejijlo, e verdadeira hijloria.
Mas a feu Key, e à fua pátria agradecido
Dandolhes dijí/ta fama, « immortal gloria
A Ji a deu, e fev^^feu nome ef clareado
Dcllc íe lembra entre os Poetes Por-
tugueses o P. António dos Reys no £«-
thufiafmo Poet. n. 190.
I-r. ANDRÉ DE FARO cujo appellido
declara a fua Pátria, que he a Cidade Capital do
Rcyno do Algarve. Logo que recebeo o Habi-
to Francifcano na Provincia dos Religiofos
Capuchos da Piedade naõ fomente fervio de
exemplar aos feus domcílicos, mas fupplicou
com fervorofas anciãs aos Prelados, que o
mandaíTcm à MiíTaõ Evangélica de Guiné.
Alcançada faculdade fe embarcou com onze
companheiros em 7. de Mayo de 1662. e no
breve cfpaço de quin2e dias chegou à Ilha de S.
Tiago Capital de Cabo verde. Nefta Cidade por
caufa de huma grave infermidade foy preciso
demorar-fe, mas ainda mal convalecido, e falto
de forças, que fe animavaõ com o fervor do feu
cfpirito, penetrou pelos vastiíTimos certoens
de Guiné, para annunciar as luzes do Evange-
lho àquelles povos fepultados nas fombras
da fua cegueira. Os Reynos por onde difcor-
reo, os perigos de vida de que efcapou, os Ído-
los, que desfez, e os Templos, que ao verda-
deiro Deos erigio, narrou com toda a indivi-
duação em a
Relação hiflorica da MiffaÕ do Rejno de Guiné.
A qual fe conferva M. S. no Convento
de Villaviçofa, que he o primeiro da fua
reformada Provincia, e delia extrahio Fr.
Manoel de Monforte tudo quanto efcre-
veo deíla fagrada expedição na Chronica da
Provincia da Piedade liv. 5. cap. 27. até 30.
Reítítuido a Portugal depois de governar
alguns Conventos com louvável prudência,
acabou a vida em Beja no anno de 1678.
P. ANDRÉ FERNANDES. Foy admiti-
do em Ormus pelo V. Padre Gafpar Barzeo à
Companhia de JESUS, e de tal forte manifellou
a capacidade do feu talento, e madureza de
juizo, que o mandou S. Francifco Xavier a
Portugal, e a Roma para tratar com Santo
Ignacio, e ElRey D. Joaõ o III. graves negó-
cios, que cediaõ em obrequio, e augmento da
ptégaçiô do Evangelho. Obedeceo prompta-
mente ao preceito, e padecendo huma larga,
e perigoía navegação, chegou a Lisboa, e
depois a Roma, e concluídas felÍ2mente as
dependências da fua apoíloiica embalada em
ambas eftas duas famoíâs Coites, voltou para
Goa a tempo, que o infigne Operário Evange*
lico o V. Padre Gonçalo da Sylvcira meditava
a Mi/Taõ de Cafraria. Depois de dcfcanfar dos
trabalhos da jornada anhelando padecer outros
mayores pela Fé Catholica partio por compa-
nheiro defte Venerável Padre para Monomo-
tapa, em cuja vinha quantas moleílias padeceo
largamente as defcrevem Nicol. Godinh. ia
Vit. P. Gundijfalvi Sylv. lib. 2. cap. 7. e Mano-
el da Coíla in Hifl. rer. à Societ. in Orient. geft.
Atenuado com trabalhos, e infermidades, que
o reduzirão a taõ deplorável eílado, que mais
parecia cadáver do que homem, e fentindo naõ
poder com liberdade pregar o Evangelho
àquelles bárbaros, voltou a Goa onde reílituido
à faude por manifeíla efficacia da Divina Onmi-
potencia intentou fegunda vez lucrar almas
para Chrifto em Monomotapa, mas defengana-
do de fer aquella terra ingrata à femente do
Evangelho, paífou a Comorim onde fendo buf-
cado varias vezes pelos Mouros para o pri-
varem da vida, fempre triunfou das fuás aleivo-
fas aíhicias, até que efpirou entre eftes apyoftoli-
cos miniílerios no anno de 1568. Além dos
Authores allegados efcrevem delle Organtin.
in Annuis Goan. 1568. Hifi. Societ. part. i.
lib. 12. n. 85. Part. 2. lib. 3. n. 148. lib. 4. n. 215.
e 216. lib. 6. n. 159. e 160. Soufa Oriente Con-
quifi. Part. i. Conq. i. Divif. i. §. 70. No
archivo da Cafa profeíía de Lisboa fe confervaõ
nove cartas fuás muito extenfas; em que fe
relataõ os trabalhos, e perigos das fuás jorna-
das, e MiíToens. Além delias.
Carta efcrita em Chaul aos Padres da
Provincia de Goa a 1. de Janeiro de 1560.
Outra efcrita em Tangue ao Provincial de
Goa em 24. de Junho do dito anno. Outra
aos Padres de Goa no mefmo mev^ e anno
as quaes fahiraõ abreviadas com outras,
em Italiano Venetia por Tramezzino 1562.
P. ANDRÉ FERNANDES. Teve
por Pays a Domingos Coelho, e Maria das Ne-
148
BIBLIOTHE CA
ves, por pátria a Villa de Viana da Provincia
do Alentejo. Foy admitido à Companhia de
Jefus a 2. de Abril de 1622. A natureza o
dotou de engenho agudo, prudência rara, e
juifo maduro, as Artes cultivadas pella appli-
caçaõ o conílituiraõ iníigne Rhetorico, grande
Filofofo, e profundo Theologo, em cuja
faculdade recebeo o gráo de Doutor na Uni-
verfidade de Évora a 26. de Abril de 1654.
Atendendo a Mageílade delRey D. Joaõ IV.
a feu egrégio talento, o nomeou Bifpo do
Japaõ, e efcufandofe deíla dignidade, o mefmo
Príncipe o elegeo ConfeíTor de feu filho D.
Theodofiio, que o tratou com as mais finas
demonftraçoens de afFeâo por venerar na
fua PeíToa unida a virtude com a prudência.
Por morte defte Príncipe refolveo D. Joaõ
o IV. que foíTe feu Confeííor, em cujo minif-
terio obfervou fempre tal moderação, que
nunca fe intereílou por negocio, que refpei-
taíTe aos feus parentes, antes regeitou heroica-
mente varias ofertas, que para augmento
delles fe lhe fizeraõ. A mefma inteireza prati-
cou no tempo, que a SereniíTima Rainha D.
Luiza Francifca de Gufmaõ governou efta
Monarchia aconfelhandolhe fempre o que
refultava em gloria do Reyno, e dilatação
do Evangelho nas partes mais remotas da
Afia, e America. Accometido de huma fu-
preíTaõ, de cuja infirmidade falecera ElRey
D. Joaõ o IV. fe preparou com os Sacramentos
para a ultima hora, e entre devotos coUoquios
a Chrifto Crucificado morreo no Seminário
dos Irlandezes a 27. de Outubro de 1660.
donde fendo transferido à Cafa de S. Roque
lhe cantarão o Officio com grande pompa os
Religiofos Trinos, fempre em todas as idades
obfequiofos aos Padres Jefuitas. As acçoens
mais individuaes da fua vida fe podem
ler in Vit. Prmc. Theod. lib. i. §. 218.
até 237. et lib. 3. §. 105. até iio. Franc.
Imag. da Virt. em o Novic. de Lisboa lib. 3.
cap. 42. 45. e 44. et in A.nnalib. S. J. in
L,ujit. pag. 326, et in Ann. Glor. S. J. in
Lufit. pag. 635.
Sendo Meftre de Rhetorica em Évora,
no anno de 1635. querendo celebrar a Uni-
verfidade a chegada, que a ella fizera o Sere-
ninimo Duque de Bragança D. Joaõ, depois
Rey de Portugal, compoz huma Tragico-
media, que fe lhe reprezentou com pompoza
magnificência, cujo argumento era.
S. Ejdjlachius Maríyr.
De todas as fuás obras poéticas fomente
fe imprimio huma Elegia, que eílá na Vida do
Príncipe D. Theodojio compoíla pelo Padre
Manoel Luiz lib. i. §. 221. a qual levou o
primeiro premio no Certame celebrado em
Coimbra. Foy aíTumpto, que fendo levado o
cadáver da Princeza Santa Joanna para a fe-
pultura, ao paífar pelo Jardim do Convento,
fe murcharão as flores, e arvores, de que eílava
ornado, publicando com efta repentina mu-
dança o fentimento de lhes faltar quem as ani-
mava. O principio da Elegia he o feguinte.
Claujerat extremo moríentia lumina fato
Joanna: heu ! numquam lumina digna mori.
ANDRÉ FRANCO. Naceo em Lis-
boa, fendo filho de Manoel Franco, e Cathe-
rina de Oliveira. Na idade da adolecencia
recebeo o habito da Ordem Militar de S. Tiago,
no Real Convento de Palmella a 3. de Setem-
bro de 1600. donde paíTando a Coimbra fe
applicou ao eftudo do Direito Pontificio, em
que fe formou Bacharel. As fuás grandes
letras o elevarão a fer Prior de Çamora Corrêa,
Juiz Geral das Ordens, Dezembargador dos
Aggravos na Cafa da Supplicaçaõ de que
tomou poíTe a 7. de Novembro de 1642.
Deputado da Mefa da Conciencia, e ultima-
mente Secretario da SereniíTima Rainha D.
Luiza Francifca de Gufmaõ mulher delRey
D. Joaõ o IV. Podendo deixar grandes argu-
mentos da fua fciencia legal fomente fe acha
impreíTo hum feu voto muito douto no i.
Tom, das Decifoens do Doutor Manoel da Fon-
feca Themudo Decif. 112. da qual faz mençaõ
Joaõ Soar. de Brito in Theatr. Lufit. lit. A.
n. 38.
ANDRÉ FREYRE DE CARVALHO
natural de Lisboa, Fidalgo da Cafa de fua
Mageftade, Cavalleiro profeíTo da Ordem de
Chrifto, Commendador de Santa Maria Mag-
dalena de Parada da mefma Ordem, Dezem-
bargador da Cafa da Supplicaçaõ, de que to-
mou poíTe a 24. de Abril de 1698. e Confer-
vador da Cafa da Moeda. Teve por Pays a
Manoel Botelho de Carvalho Copeiro pe-
L USITANA.
149
qucno da Caía Real, e Fidalgo delia, e a D.
Mariana de Sande filha de Manoel da Syl-
vcira de Sande Gjmmendador de S. Vicente
de Quadramil, e Hftriljciro menor da Rai-
nha D. Luiza Francifca de Guímaõ, e de
1). Ignez de Mattos filha de Pedro Mendes
de Mattos Commendador de Santa Maria de
Gemonde da Ordem de Qiriílo. Sendo o
Vereador mais antigo do Senado de Lisboa,
congratulou aos noíTos SereniíTimos Reynã-
tcs cm nome deíla famofa Cidade, quando
foraò à fua Githedral render as graças ao
Altidlmo pelos feus auguílos defpoforios, re-
citando.
OraçaÔ na prefença de fuás Magejlades El-
Key D. Joaõ o V. e a Rainha D. Mariana
de A /{/iria Nojfos Senhores quando foraò em
acçaõ de ^aças à Sé de Lisboa em 22. de De-
n^embro de 1708. Lisboa por Valentim da
Cofta Dcslandcs Imprcflbr de Sua Magcílade
1709. 4.
Foy cafado com D. Catherina de Mat-
tos, de quem naõ teve filhos. Morreo em
Lisboa a 6. de Abril de 171 2. Eílá fepul-
tado na Igreja do Convento dos Religiofos
Trinos.
P. ANDRÉ GOMES, filho de António
Vaz, e Maria Gomes naceo em Coimbra, e
naõ tendo completos quinze annos fe confa-
grou a Deos na Companhia de Jefus a 6. de
Julho de 1589. Aprendeo as letras humanas,
Filofofia, e Theologia na fua pátria onde as
diftou aos feus domefticos com grande opinião
da fua erudição fendo depois fubtiliíTimo in-
terprete da fagrada Efcritura. Das Cadeiras
paflbu aos púlpitos, nos quaes foy ouvido
com geral admiração por fer ornado de todas
as partes conílitutivas de hum Orador Evan-
gélico, tendo a voz clara, e fuave; a figura
agradável, e mageftofa; as acçoens reguladas
menos pela arte, que pela natureza; a eloquên-
cia folida, e perfuafiva com que fazia as vir-
tudes amadas, e os vicios aborrecidos. Por
eíles dotes o elegeo ElRey D. Joaõ o IV. por
feu Pregador confeguindo no tempo, que exer-
citou eíle fagrado miniJfterio o fer venerado
entre os Principes da Oratória Ecclefiaftica.
Morreo em Lisboa a 24. de Outubro (e naõ 14.
como fe diz na Biblioth. da Companhia) de 1649.
O Padre Manoel Luiz in Vit. Princip. Theod.
lib. 2. §. 141. lhe chama Infigfiis Concionator
acerrimi ingenii, promptique ad fubita judkij.
Joan. Suar. de Brit. in Theat. Lufit. Litter. Ut.
A. n. 59. Injifftis Ecclejiajles, populari que eUgfln-
tia eelebratijfimiu. Franc. in Annalib. Soe. ]ef.
in Ijifit. pag. 298. Liximius Concionator, e na
Imaj^. da Virtude em o Noviáad. de Coimb.
Tom. 2. pag. 611. Grande Prígftdor, e exercitou
efte miniflerio com muito fruto. Dot muitos
Sermoens, que pregou, fomente fe imprimirão
os feguintes.
SermaÕ do Auto da Fé, que fe celebrou em
Lisboa em 28. de Novembro primeiro Dominga
do Advento de 1621. Lisboa por Pedro Cras-
bcek 1621. 4. deíla obra fe lembra Imbo-
nat. in Bib/ioth. Laf. Hebraic. pag. 506. n.
942.
SermaÕ pregado nas fumptuofas Exéquias,,
que ao Excellentifimo Senhor D. Theodojio IL
Duque de Bragança /<?:ç o Prior mòr da Ordem
de S. Tiago D. Diogo Lobo no Convento Real da
mefma Ordem em Palmela aos 11. do me^ de
Dev^embro de 1630. Lisboa por António
Alvares 1631. 4.
Relação das feflas, que a Provinda de Portu-
gal /íí^ nas CanonÍ!^açoens de Santo Ignacio de
Loyola, e S. Francifco Xavier. Lisboa por An-
tónio Alvares 1623. 8. Defta obra faz mençaõ
a Bibliotheca Oriental novamente acrecentada
Tom. I. til. 8. col. 158.
ANDRÉ GONÇALVES DE AL-
MADA. Vejafe ANDRÉ ALVARES DE
ALMADA.
ANDRÉ GONÇALVES TEYXEIRA
natural de Santarém, Presbitero de exemplar
vida, e verfado fcientificamente nas letras
humanas, que enfinou por muitos annos na
fua pátria, e naõ menos douto na Theologia
Moral, e Ceremonias Ecclefiaílicas fendo con-
fultado por diverfas peíToas fobre duvidas
Grãmaticaes, e Theologicas, de que deixou
grande numero de cartas deffce erudito com-
mercio. Morreo na pátria no anno de 1700.
Compoz varias obras, que naõ lograrão o bene-
ficio da luz publica por fer taõ falto de cabedaes,
como abundante de noticias para as imprimir.
i5o
BIB LIO THE CA
cruel fado que fempre acompanhou aos Va-
roens Sábios podendo queixarfe com Al-
ciato.
Ingenio poteram Juperas volitare per auras,
Me niji pauperies invida deprtmeret.
Deixou para teílemunho da fua vaíla erudi-
■çaõ as feguintes obras.
An pueri, qui cum Joio Originali decederunt,
fint aliquando ajcenjuri Juper terram hahitaturi
ad illud Job. 7. Qui dejcendit ad injeros non ajcen-
det. foi. M. S.
Viridarium, Jive horfus apertus vários Theo-
logice moralis flor um Jajciculos continens: opus
novum M. S.
Suada Templum, id ejl, de Arte dicendi M. S.
in 4.
Modo Jacil para Jaher Ja^er verjos latinos de
ioda a cajla, em que com toda a erudição enjina a
evitar todos os vicios, que na Poejia Je achaõ pela
varia revolução dos tempos 4. M. S.
ANDRÉ DE GOUVEA natural da Ci-
•dade de Beja na Provinda do Alentejo filho
•de AíFonfo Lopes de Ayala Fidalgo Caílelhano,
e de Ignez de Gouvea filha de Antaõ de Gou-
vea Cavalleiro profeíTo da Ordem de Chrifto,
irmaõ do infigne Jurifconfulto António de
Gouvea, de quem em feu lugar fe fará larga
mençaõ. Sendo chamado por feu Tio Diogo
de Gouvea Regente do CoUegio de Santa Bar-
bara de Pariz para fe inílruir nas fciencias
Sagradas, e profanas, como era dotado de
agudo engenho, fahio brevemente confum-
mado aíTim na Oratória, como na Poética.
Com a mefma promptidaõ penetrou os fe-
gredos da Filofofia, e os myfterios da Theo-
logia fervindo de aílombro aos Meílres, e
enveja aos Condifcipulos, merecendo fer eleito
por voto de todos Lente de taõ fublimes
faculdades para com ellas inílruir aos eíiudio-
fos, que de toda Europa concorriaõ ao Col-
legio Barbarano, ao qual naõ fomente illuílrou
com a doutrina, mas governou com prudência
fubíHtuindo a feu Tio no lugar de Regente
pelo efpaço de alguns annos. A opinião, que
corria da fua profunda Sabedoria moveo a
Univerfidade de Bordeux para o convidar
com generofos partidos a fer feu Meftre, o
que executou no anno de 1534. fendo Reytor
do Collegio de Guienne. Tendo ennobrecido
duas taõ famofas Univerfidades, era juílo, que
vieíTe illuílrar a de Q)imbra, para cujo efeito \
meditando ElRey D. Joaõ o IIL novamente
reílaurar efta Univerfidade, e fendo informado j
do feu grande talento lhe cometeo à fua \
eleyçaõ os Meílres, que haviaõ enfinar nella
as linguas Latina, Grega, e Hebraica; e as facul-
dades de Rhetorica, e Filofofia. Obedeceo
promptamente à ordem do feu Soberano, e
chegando a Portugal no anno de 1547. foy
taõ acertada a eleyçaõ dos Meílres, que fez
de varias naçoens para a nova Univerfidade,
que brevemente competio com as mais cele-
bres da Europa, fendo venerado depois da
Mageílade delRey D. Joaõ o IIL como fegundo
reílaurador defte Atheneo da Lufitania, onde
com geral fentimento de todos os feus alum-
nos morreo em 9. de Junho do anno ( naõ
de 1558. como efcreve André Scoto in Bib.
Hijpan.) mas de 1548. como diz Bayle Dic-
cion. Critiq. Tom. 2. pag. mihi 579. e o aífirma
como teíiemunha ocular Belchior Belliago
hum dos famofos Meílres, que conduzio de
França, dizendo na Oraçaõ, que recitou
em a Univerfidade de Coimbra no i. de
Outubro de 1548. De Dijciplinarum omnium
Jludiis ad Univerjam Acad. Conimb. eílas pala-
vras JuJJu regis volens juventutem injlitui, elegit
viros qui reãijjime eamdem Juventutem optimis
diJcipUnis imbuerent, quorum duãu nojlri
homines curjum omnium dijciplinarum confi-
cerent: hunc nobis trijiia, <& importuna Jata
hac ultima ajiate eripuerunt, (& illius morte
magnum litterarum ornamentum abjlulerunt. Eílá
fepultado no Real Convento de Santa Cruz
de Coimbra, em cujo tumulo tem gravado
eíle Epitáfio.
Júlia pax genuit: rapuit Conimbrica corpus:
Excoluit mentem Gallia: Olympus habet.
O feu nome exaltaõ Bufin in Prajat. ad j
Epijiol. Gélida. Petr. Angel. Sper. de Pro-
JeJ. Gramat. lib. 4. foi. 352. e 458. Elias Vi-
net. in Epijl. ad And. Scotum. Kepublic. Portug. í
foi. 364. Joan. Soar. de Brito in Theatr.
'Lujit. 'Litterat. lit. A. n. 40. Mariz Dial.
de Var. Hiji. Dial 5. cap. 3. Jacob. Menet.
Vafconc. in Vit. Sua. onde lhe chama
Virum Gravijjimu. Scot. in Bib. HiJ. Tom. 3.
ClaíT. 2. pag. 475. Theologicum Juijfe Pras-
bjterum concionatorem tam liberakm, quam
LUSITANA.
i5i
dotlorum honímum faktorim. et GaíTe 5.
pag. ^)i9. in hlog. Gelid. Virum de imiverfa
Aqt4ÍíaNÍ(t, & Htteris, ut fiquis alitts, oplime
meritum, pium, doílum, et ad regendam jnventu-
tttN omninó totitm. Q>mpoz.
Orationes habita in Colle^o Barbarano M. S.
As quaes eraõ efcritas com a pureza,
e mageftade do eílilo de Cícero, e muitas
delias fe coníervaõ com grande eílimaçaò
110 poder dos Eruditos.
Fr. ANDRÉ DE GUIMARAENS
Naceo na illuílre Villadofeu appeliido fituada
cm a Provinda do Minho fendo filho de
Gomes Eíleves, e da Irmaã de D. Gomes
AfFonfo trigeíTimo nono Prior da Real Colle-
giada de Nofla Senhora da Oliveira, e o
fegundo Inquifidor que teve o Tribunal da
Inquifiçaõ de Coimbra. Em idade compe-
tente foy admitido à Ordem Seráfica, cujo
inftituto profeíTou no Convento de Alenquer,
feliz folar de Varoens infignes em Santidade,
onde defcubrindo igual génio para as virtudes,
que para as letras, as aprendeo, e enfinou
com grande fruto, e admiração dos feus
Rcligiofos chegando a ter para credito do
feu Magiílerio por difcipulo ao IlluílriíTimo
D. Fr. Bernardino de Sena, que depois de fer
Geral de todo o Orbe Seráfico, foy digniíTimo
Bifpo de Vifeu. No Púlpito encheo as obriga-
çoens de Declamador Evangélico, aíTim em
Portugal, como Caílella fendo os feus difcur-
fos formados mais para a extincçaõ dos pecca-
dos, que pêra lizonja dos ouvidos, em cujo
apoílolico trabalho colheo copiofos frutos
nas populofas Gdades de Sevilha, e Valha-
dolid. Foy eleito Provincial em o Capitu-
lo celebrado em Lisboa a 22. de Fevereiro
de 1614. e depois CommiíTario Geral da Pro-
vinda de Portugal, cujos miniílerios exerci-
tou com fumma prudenda, e univerfal applau-
fo de domeílicos, e eílranhos. No anno
de 1628. foy Prefidente da Congregação,
que celebrarão em Villaviçofa os Rcligio-
fos Capuchos da Província da Piedade. Para
evitar as graves controverjQas, que em
matérias de jurifdicçaõ intrepidamente de-
fende© contra o Colleytor do Papa neíle
Reyno, fe retirou para Caftella donde depois
de afliílir quafi dous annos fe reílituyo
ao feu anudo domidlio do Convento de Lis*
boa, no qual cheyo de virtuofas obras termiiu>u
a vida a 3. de Dezembro de 1652. enaõdei65).
como eíli no Epitáfio, e foy fepultado como
tinha pedido no Címiterío commum, cuja
fepultura ornou com buma Campa Fr. Fer-
nando do Efpiríto Santo, que fora feu Secre-
tario, no tempo que exerdtou o lugar de
CommiíTario Geral, e fobre ella fe gravou efte
epitáfio.
Aqui ja^ o P. Fr. André de Gmmaraens
iMtor Jubilado, Guardião, que foy defle Comento,
Minijiro Provincial, e ComiJJario Geral dos Reyno f
de Portugal em todas as Provindas de N. P. S.
trancifco. Celebre nas Letras, Púlpito, prudência,
e governo, que com grande aceitarão, e credito
ajftm dos Keligiofos, como dos Seculares exercitou,
todos feus officios. Faleceo em três de Dezembro
de iGiy De todos os feus Sermoens unica-
mente publicou.
Sermão nas Exéquias, que a Cidade fe^ na
Cafa de S. António ã Rajnba Catholica D. Mar-
garida de Aufiria. Lisboa 161 1. 4.
Sermão do Mandato. Conferva-fe M. S. na
Livraria do Convento de S. Frandfco de Lis-
boa como affirma o Padre Fr. Manoel de S.
Damafo nas Noticias da Prov. de Portug. § 19.
n. 367. mandadas a Academia Real. Do Author
fe lembraõ Fr. Manoel de Monfort. Chron. da
Prov. da Pied. liv. 4. cap. 57. §. i. Fr. Femand.
da Soled. Hifl. Seraf. da Prov. de Portug. Part. 5.
liv. 2. cap. 31. n. 469. e Fr. Joan. a D. An-
ton. in Bib. Francifc. Tom. i. pag. 65.
Fr. ANDRÉ DA INSUA. Naceo
em Lisboa no anno de 1506. e no Orató-
rio de N. Senhora da Infua plãtado no meyo
da Barra do Rio Minho fe aliílou em 11.
de Junho de 15 21. na Religião Seráfica
quando contava dezefeis annos de idade
confervando o titulo deíle domicilio por
appeliido para eterno teftemimho da fua
aífeéhiofa devoção. Depois de aprender Fi-
lofofia no Convento de Serpa, e Theolo-
gia paíTou a França, onde pelo efpaço de outo
annos continuou os eíhidos com taes
progreííos, que era univerfalmente refpd-
tado por Oráculo das fdencias EfcolaíHcas.
A prudenda de que era ornado o habilitou
para que ElRey D. Joaõ o m. o mandaíTe
l52
BIB LIOTH E CA
a Flandes tratar negócios importantes aos
intereíTes deíla Monarchia os quaes adminiílrou
com louvável fatisfaçaõ. Em Anveres pregan-
do à naçaõ Caílelhana conciliou a geral venera-
■çaõ de toda aquella grande Cidade; pois aos
brados da fua vóz fe convertiaõ os coraçoens
mais duros, e as vontades mais rebeldes.
Depois de occupar os lugares de Commiflario
de Flandes, e Alemanha, e fer Provincial da
Província dos Algarves, foy eleito quando con-
tava quarenta, e hum anno de idade, e vinte, e
féis da Religião, Geral de toda a Ordem Será-
fica no Capitulo celebrado em AíTiz no anno
■de 1547. Tanto, que eíleve conílituido em
lugar taõ honorifico, naõ perdoou a fua vigilân-
cia à algum género de difvelo para promover a
reforma do infiituto Seráfico. PaíTou a Hefpa-
nha dividindo em duas Províncias a de Sam
Tiago, e erigindo novamente a de S. Miguel.
Celebrou em Lisboa os Capítulos das Provín-
cias de Portugal, Algarves, e Piedade. Partio a
Flandes, onde recebeo particulares favores do
Emperador Carlos V. e naõ menores figni-
ficaçoens de benevolência da Santidade de
Júlio III. quando em Roma lhe beijou o pé a
tempo, que fora aíTumpto à Cadeira de S.
Pedro. Difcorreo por Nápoles, Florença,
Brexa, Milaõ, e Génova, donde voltou a Sala-
manca para celebrar o Capitulo Geral congre-
gado neíla Cidade, que fe formava de mil, e du-
zentos Capitulares, em cuja douta, e venerável
prefença orava todos os dias na lingua latina
com aíTombro de taõ eruditos ouvintes. Naõ
confentiraõ os Vogaes, que ficaíTe o feu grande
talento ociofo para beneficio da Ordem Será-
fica, e ainda que fortemente refilHo, foy eleito
CommiíTario Geral da Familia Cifmontana.
Informado ElRey D. Sebaftiaõ da prudente
fidelidade com que tinha tratado varias de-
pendências politicas defte Reyno por com-
miíTaõ de feu auguílo Avo D. Joaõ o III.
querendo feguirlhe os veíligios lhe cometeo
que paíTaíTe a Caílella a tratar alguns ne-
gócios graves, de que pendia a conferva-
çaõ de ambas as Monarchias. Obedeceo
promptamente, e entrando em Madrid no
anno de 1563. concluyo felizmente as nego-
* ciaçoens, que foraõ cometidas à fua gran-
de capacidade. Exercitado o miniílerio de
CommiíTario Geral, e o que lhe fora encar-
regado pelo Príncipe D. Sebaíliaõ fe recolheo
ao feu amado domicilio da Infua, onde com
mayor fervor fe applicava à comtemplaçaõ dos
bens celeftiaes, porem fendo acometido de
varias moleftias mudou de clima, fazendo a fua
aíTiílencia no Convento de S. Francifco de Lis-
boa até o anno de 1570. donde por causa de
huma controverfia, que fe agitou entre elle, e o
Cardial D. Henrique fobre a eleição de hum
ComiíTario Nacional fe retirou para Caftella
bufcando o amparo do Bifpo de Ofma, que
tinha fido feu Secretario, em cuja companhia
viveo taõ pouco tempo, que naõ excedeo a
duração do anno feguinte de 1571. deixando
aos Religiofos huma faudofa memoria da
fua vida, e aos Prelados huma norma pru-
dente do feu governo. Entre os Varoens
mais celebres da Religião Seráfica he nomeado
pelo Illuftriífimo Cunha Hijl. Ecclef. de Brag.
Part. 2. cap. 51. onde lhe chama VaraÕ por
muitos títulos eminente. D. Nicol. de Santa
Maria Cbron. dos Coneg. Keg. liv. 4. cap. 9.
n. 9. Cardof. Agiol. 'Lujitan. Tom. i. pag. 215.
no Commentario de 21. de Janeiro let. I.
Grande :^elador da regular obfervancia, e dotado de
Jumma prudência ordenando faluberrimos Es-
tatutos para univerfal beneficio de toda a Ke-
ligiaõ com que deixou prudentes acçoens, que
imitar a feus fucejfores, pelo que os Pontífi-
ces, e Kejs de toda a Chrifiandade fi^eraõ
delle grande eftima, e ajfim acabou o generalato
com muito louvor naõ menos feu, e do nome
Portugue^i, que reputação da Ordem. Efpe-
ranç. Hift. Seraf. da Prov. de Portug. Part. i
Uv. 2. cap. 10. n. 6. e Part, 2. liv. 10. cap. 39
n. 2. Soled. Hifi. Seraf. Part. 4, liv. 4. cap. 29
e Fr. Anton. da Piedade Cbron. da Prov
Arrábida. Part. i. liv. 2. cap. i. e 2. e liv. 4
cap. 35. Jozé Soar. da Sylv. Memor. Hiflor.
delRej D. Joaõ o I. liv. i. cap. 8. §. 81
82. e 83. Efcreveo.
Relação da fua vida acabada de efcre-
ver em 3. de Agoflo de 1552. Cujo original
fe conferva no archivo do Convento da Infua
onde a efcreveo, continuada por feu
Companheiro Fr. Manoel Favacho como
teftifica Fr. Fernando da Soledade Hifl.
Seraf da Prov. de Portug. Part. 4. liv.4. cap. 29.
n. 988. e 993.
Carta efcrita de Madrid à Rainha D.
LUSITANA.
i53
Catherin. em y de Agofto de 1564. cujo original
vimos na Torre do Tombo, c fe guarda no
Armar. 15. MaíTo 44. a qual eftá impreíTa
iKi Part. 2. das minhas Mtmor. Polit. e Milit.
ílelRey D. SebaJliaÕ liv. i. cap. 2). n. 185.
ANDRÉ LEYTAM DE FARIA
Cavalleiro profeíTo da Ordem de Qirifto, Moço
la Camará de S. Mageílade, Oífícial mayor,
I fcrivaõ do AíTentamento, c Chancellaria do
cnndo deíU Corte, nacco em Lisboa a 51. de
M iiS(> de 1658. fendo filho de Joaõ Leitaõ
<tc l'aria Moço da Camará do ScrcniíTimo
Rcy D. Joaõ o IV. e de Maria Gomes Mon-
tcira. Aprendeo a iingua Latina no Collegio
de S. Antaõ dos Padres Jefuitas, onde teve
por Mcílre ao Padre Diogo Lobo, cujo nome
lerá fcmpre memorável pela fua natural dif-
criçaõ, e ouvio Filofofia, e Theologia Moral
do grande, e famofo Letrado Fr. Domingos
de Santo Thomaz, eterno credito da Familia
Dominicana, merecendo em huma, c outra
Aula o applauzo de todos os feus Condif-
cipulos, que admiravaõ a viveza do feu en-
genho. Cultivou com felicidade a Poefia
Latina, Caílelhana, e Portugueza, unindo à
elegância do metro a profundidade do con-
ceito. Efcreveo com tanta perfeição, que as
letras mais pareciaõ abertas ao buril, que for-
madas com a pena, de tal forte, que ordenan-
do-lhe ElRey D. Pedro o II. quando deter-
minava nomear Meftre de efcrever a feus Sere-
niíTunos filhos, que aprezentaíTe a fua letra,
o executou em três traslados, admirando-fe
cm cada hum delles três géneros de letras diífe-
rentes cercados de diverfas flores feitas humas
de rifco, outras de penadas, que pareciaõ
impreíTas, e fendo eleito para efte honori-
fico minifterio, fe efcufou impedido dos an-
nos, e achaques. Naõ foy menos infigne na
Arte da Pintura, ou foíTe de óleo, ou de
iUuminaçaõ, em que era único, da qual ainda
fe confervaõ algumas obras em poder dos
cftimadores de taõ primorofa curiofidade.
Abrio varias eílampas em cobre fendo entre
ellas a mais perfeita o retrato do Excel-
lentiíTimo Marquez de Távora Luiz Al-
varez de Távora, que fahio no frontifpicio
do livro, que a efte Heróe dedicarão por
obfequio fúnebre as Mufas Portuguezas.
Foy ornado de fununa ai&bilidade, taõ
amante da verdade como inimigo do engano.
Nunca pertendeo mayotes honras do que
aquellas, com que naceo, dizendo íem jaâan-
cia, que naõ queria fubír para fe precipitar.
Confervou caftidade conjugal, como á hora
da fua morte declarou o feu Direâor eípiri-
tual. Todos os dias rezava indifpeníavelmente
o Officio de N. Senhora, e o feu Roíario, naõ
lhe servindo para taõ (antos exercidos de
impedimento as fuás continuas occupaçoens.
Conhecendo, que era chegado o termo da fua
vida, difpoz com grande acordo o feu Tefta-
mento, ordenando em huma das claufulas, que
foííe fepultado fem pompa. Recebidos todos
os Sacramentos falleceo em Lisboa a 8. de
Março, de 1722. faltando-lhe vinte, e três dias
para cumprir 84. annos de idade, e na Paro-
chia do SantiíTimo Sacramento defcaníaõ
as fuás cinzas. Foy cafado com D. Anna*
Maria de Figueiredo Calderon filha de Ma-
noel Pinto de Perarva, e de fua mulher
D. Anna Calderon ambos naturaes da Im-
perial Villa de Madrid de quem teve cinco
filhos, e três filhas. Compoz.
Domini Ludovki Alvares de Távora
Marchionis de Távora interitui EJegia.
Soneto 'Portugue^ ao mefmo AíTumpto. Sahi-
raõ eftas duas obras no Panegírico da vida, e
Acçoens defie Heróe Lisboa por António Ro-
driguez de Abreu 1674. 4. pag. 164. até 166.
Vários Epigramas, e Elegias "Latinas, Sone-
tos, Komances, Outavas, Madrigaes, e Decimas
Portugíiei^as, e Caftelhanas a diverfos Ajfumptos
com hum poema em Outava Rima, que confta
de três Cantos, cujo argumento he a Vida de
N. Senhora com efte titulo.
Ao prodígio da Graça Maria SantíJJi-
ma na fua Conceição, Encarnação do Verbo
até o feu feli^ tranjito. Começa.
As heróicas virtudes Jingulares
Maravilhas, e acçoens prodigiofas
De hiia Virgem mais pura fem deitares
Oue no mundo fe viraõ portentojas,
Se pode o meu talento deftes mares
Sulcar o pélago em maré de rofas
Com auxilio, e favor do Efpofo Santo
Da auguJHJJima Fenis hoje canto.
Todas eftas obras formaõ hum volu-
me grande de folha, que conferva em feu
i54
BIBLIOTHE CA
poder António Leytaõ de Faria filho do
Author, Cavalleiro profeflb da Ordem de
Chrifto, Cavaleiro Fidalgo da Cafa de Sua
Mageftade, Official mayor do Senado deíla
Corte, Efcrivaõ do AíTentamento, e Chancella-
ria, Executor, e Contador dos Contos do mef-
mo Tribunal, o qual para eternizar a memoria
de feu Pay brevemente as dará à luz publica.
ANDRÉ LOPES, muito fciente em
a Arte Náutica, que como Piloto exerci-
tou muitos annos efcrevendo para inllruc-
çaõ dos que fe applicaíTem a ella.
Roteiro ou Carta de marear de cuja obra fazem
mençaõ o celebre Piloto Aleixo da Motta no
Roteiro da navegação da Índia, e o moderno
addicionador da Bibliothec. Náutica de D.
Anton. de Leaõ Tom. 2. Tit. 3. col. 1148.
ANDRÉ LOURENÇO FERREIRA
Portuguez como elle declara no frontifpicio
das fuás obras. Foy Cancellario da Univeríi-
dade de Mompilher, Phiíico mór delRey Chrif-
tianiíTimo Henrique IV. e do feu Confelho.
Compoz.
Scripta Taraceutica ubi de curjibus, de Me-
lencholia, de Jeneãute, de morbo articulari, de lue
Venérea (&€. Francofurti apud Guillielmum
Fizerum 1622. foi.
Opera omnia Anatómica, et Medica ibi
apud Gafparem Rotelium 1627. foi.
P. ANDRÉ LUIZ natural de Évora onde
em idade florente abraçou o inílituto da Com-
panhia de JESUS em 10. de Agollo de 1585 e
naõ de 1590. como fe efcreve na Bibliotheca
da Companhia. Por efpaço de outo annos
diftou Rhetorica, por alguns Theologia moral,
e por cinco foy Regente da Univeríidade de
Évora. No minifterio do Púlpito, e interpreta-
ção dos Textos da Efcritura foy eminente, e
naõ menos iníigne na exafta obfervancia dos
Eftatutos da Companhia, PaíTou da vida mortal
para a eterna em 28. de Dezembro de 1639.
Deixou promptos para a impreflaõ dous
tomos ornados de varia erudição de que
fazem memoria a Bibliothec. Societ. pag. 52.
D. Franc. Manoel na Carta dos Author.
Portug. que he a i. da 4. Centúria Fonf.
"Évora Glorio/a pag. 425. Franc. Imagem
da Virtud. em o Novic. de Evor. pag. 852. e no
Synops. Annal. S. J. in Lujitan. pag. 277. n. 12.
e Joan. Soar. de Brito in Theat. h,ufit. l^itterat.
let. A. n. 33. dizendo delle Statura fuit pra-
grandi, habitudine crajijfima, oculis ferreis, arugi-
neo colore. Nicol. Ant. in Bib. Hifpan. Tom. i.
pag. 62. O argumento deíles dous tomos era.
Mqyfés Vaftor Aulicus, Orator.
Breve difcurfo fobre a Junta dos Senho-
res Prelados em Thomar, feito pelo Padre
André L,ui:i da Companhia de Jefus. 4. Naõ
tem anno, nem lugar da impreílaõ, mas he
certamente impreíío em Lisboa.
D. Fr. ANDRÉ DE SANTA MARIA
foy natural da Cidade de Lisboa, fendo feus
Pays Martim Vaz de Sampayo, e Magdalena
do Couto. Como tiveííe na pátria felizmente
occupado o tempo da puerícia, e adolefcencia
no eíhido da Grammatica Latina, e letras hu-
manas, ambiciofo de alcançar nome illuftre
nas Campanhas de Marte, aíTim como o mere-
cera nas de Minerva, fe embarcou para a índia
quando contava defoito annos de idade, e neíle
beUcofo theatro obrou acçoens, que foraã
envejadas pelos Soldados, e Capitaens. Porém
querendo conquiílar o Ceo fe aliílou em outra
mais nobre milicia, qual foy a Religião Será-
fica recebendo o Habito em o Convento de
Cochim da Cuílodia de S. Thomé, onde apren-
dendo as fciencias podia enfinar as virtudes,
fendo em humas, e outras eminente. Atrahido
da fevera obfervancia dos Eftatutos Seráficos,
que fe pra6Hcava em a nova Cuftodia da Madre
de Deos, alcançou faculdade do Cuftodio
Fr. Joaõ de Ceita, para que nella foíTe ad-
mittido, o que promptamente fe lhe conce-
deo. Todo o feu talento empregou em
beneficio dos feus domeíUcos enfinando a
huns a lingua Latina, e a outros a Theolo-
gia moral. Era muito douto nos Sagrados
Cânones, e em todo o género de fciencias,
que coníUtuhem hum perfeito Religiofo,
por cujos dotes o fez o Tribunal da Inqui-
fiçaõ, feu Deputado, e Confultor. Na Reli-
gião occupou os lugares de Guardião do
Convento da Madre de Deos, donde foy
aílumpto para Cuílodio da Provinda de Saõ
Thomè no anno de 1585. O infigne He-
róe D. Luiz de Ataide, ViceRey do Eftado,
L USITAN A.
i55
l»>
clegeo por feu G^nfeíTor, e a Mageítade de
ipe II. o nomeou Bifpo de Cochim, e ainda,
que fez toda a deligencia poíTivel para naõ acei-
tar eíla dignidade, foy nclia confirmado pela
Santidade de Xifto V. em 19. de Fevereiro
de 1)87. e no íeguinte fagrado neíb grande
dignidade. Naò fe eximio de algum género
<lc trabalho no exercício paíloral vi fitando
todos os annos a fua Diocefe, erigindo Efcolas
p»ra neilas fe inAruirem os Miniíbros do Altar,
defendendo intrepidamente a jurifdicçaõ Ecclc-
fiaílica, levantando templos, e ornando-os
com generosa magnificência, punindo fevera-
mcnte os pcccados efcandalofos, e difpendendo
cfmolas com tal cxceíTo, que femprc cxccdiaô
as fuás rendas. Mais amante da quietação
Rcligiofa, que da dignidade Epifcopal fuppli-
cou com grandes inftancias a ElRey, que lhe
aceitaíTc a renuncia que naõ foy atendida fc
naõ depois do largo tempo de 28. annos.
Recolhido ao Convento da Madre de Deos de
Goa exercitou com grande difvelo na ultima
idade as virtudes, que fempre prafticara, até
uc chegou a hora em que recebeo o pre-
mio por ellas merecido em 10. de Novem-
bro de 161 8. e foy fepultado na Capella,
que elle dedicara ao Apoílolo Santo André
com efte epitáfio.
Aquijáf^ Fr. André Bifpo, que foy de Cochim.
PaíTados cento, e fete annos foy aber-
ta a fepultura a 8. de Agoílo de 1725. e achan-
do-fe o cadáver organizado, o tresladaraõ os
Religiofos para o Capitulo, e fobre a campa
fe lhe efcreveraõ eílas palavras.
Hinc refttrget o Venerável Fr. André
Je Santa Maria IV. Bifpo de Cochim, e
primeiro dejla Santa Provinda da Madre
Àe Deos. Foy para aqui tresladado a 10. de
Novembro de 1725.
Efcrevem deíle Prelado o Padre Fer-
não de Queirós na Vid. do Irm. Ped. do
Bajl. liv. I. cap. 15. até 22. Fr. Paulo da
Trindade Conquiji. Efpirit. do Oriente liv.
I. cap. 26. Manoel de Faria, e Souz. AJia
Portug. Tom. 3. Part. 3. cap. 4. n. 7. Car-
dofo Agiol. L,ujif. Tom. 3. pag. 420. e no
Commentario de 27. de Mayo letr. G. Fr.
Jacinto de Deos Vergel de Plant. cap. i.
Art. 4. e na Vid. dos Frad. Menor. cap. 21.
§. 10. Fr. Fernand. da Soled. Hifl. Seraf.
âa Prop. d$ Portug. Part. 5. liv. 2. cap. 52.
n. 484. até 489. onde lhe aíTina a morte a
27. de Mayo de 161 7. e mais diífufamente
António Martins Porto Carreiro Vigário
da A2ambu)a na vida defte ínfigne Prelado,
que fe naõ imprimio. Efcreveo, como teT-
tifíca Jorge Cardofo no lugar allegado.
Carta Paftoral com que inflruya nos pontot
principaes da Religião Catholica aos feus fubditos,
a qual mandou traduzir na lingua de Ceylaõ
para que foíTe mais intelligivel.
ExpofiçaÕ fobre a Kegra de SaÒ Frandfeo,
da qual diz Fr. Jacinto de Deos no Vergel
de Plant. e Flor. pag. ^^. que o rigor com que
a expo:(^ mofhou o r^elo de feu efpirito.
De Teflamentis foi. M. S.
A eílas duas obras confumio o tempo,
como diz o mefmo Chroniíla.
Informação de hum índio natural de Bengala,
que viveo quatrocentos annos mandada a Felippe IV.
De cuja obra fe lembraõ Fr. Jacinto de
Deos no Vergel de Plant. p. 39. c a Bib. Ori-
ent. de António de Lcaõ novamente acrcf-
centada tom. i. tit. 5. col. 57. Sahio traduzida
em Caftelhano Salamanca por António Ra-
mires 1609. 4. de que vimos hum exemplar;
e no fim tem huma ateílaçaõ de Diogo do
Couto Guarda mór da Torre do Tombo
da índia, em que aííirma haverlhe manda-
do o Bifpo D. Fr. André de Santa Maria por
Fr. António da Porciuncula eíla relação,
em 2. de Agofto de 1608.
P. ANDRÉ MARTINS natural de
Serapicos termo da Villa de Chaves na Pro-
vincia Trafmontana filho de Joaõ André,
e Izabel Luiz. Tendo íido Parocho de huma
Igreja querendo mais tratar da própria alma,
que das alheyas, fe recolheo na Companhia
de JESUS no Collegio de Coimbra em 28.
de Fevereiro de 1591. quando contava qua-
renta annos de idade. Foy exemplar em
todo o género de virtudes aos feus domelH-
cos, entre os quaes morreo com evidentes
íinaes de PredeíUnado, na Cafa de S. Roque
no anno de 1632. Efcreveo.
Vida da Serva de Deos Ljijia dos Anjos
Terceira de S. Francifco natural de Ponte Del-
gada, a qual deo Joaõ Franco Barreto como
affirma na Bih. Portug. M. S. ao Licen-
i5ó
BIBLIO THE CA
ciado Jorge Cardofo para delia extrahir as
noticias, que efcreveo no Agiol. L.ujit. a 14.
de Fevereiro, que foy o dia, em que morreo
a Serva de Deos, e no Commentario do dito
dia letr. G. confeíTa fer efta vida compofta
pelo P. André Martins.
Fr. ANDRÉ DA NATIVIDADE natural
da Villa de Setuval onde fahio à lu2 do mundo
em o anno de 1605. ProfeíTou o penitente
inftituto dos Religiofos Capuchos da Província
de Santa Maria da Arrábida em o anno de
1624. quando contava 20. annos de idade.
Neíla virtuofa Efcola continuamente afligia
o corpo com difciplinas, cilícios, e todo o
género de afperas mortificaçoens. Por toda a
vida fe abíleve de vinho, e andou defcalço.
Pelo prolongado efpaço de quarenta annos
continuos habitou a Serra da Arrábida occu-
pado na meditação das perfeiçoens Divinas,
recitação das horas Canónicas, e na liçaõ de
livros efpirituaes, de cuja afcetica doutrina
fendo difcipulo podia fer excellente Meftre.
Obrigado pela obediência foy féis mezes Guar-
dião do Convento de Lisboa, que naquelle
tempo fe começou a edificar, em cujo governo
confervou no primitivo rigor a obfervancia
do inílituto Seráfico. Preparava-fe para o
incruento Sacrificio do Altar com muitas horas
de Oraçaõ, e tal era a piedade, e ternura com
que o celebrava, que a participava aos ouvintes
principalmente à ExcellentiíTima Duqueza de
Aveiro D. Anna Manrique de Lara. Tolera-
das com inviéla paciência acerbiíTimas dores
caufadas por ter tolhidos os pés, e maõs pelo
largo tempo de quatro annos, voou o feu efpi-
rito para o Ceo, no Convento de Alferrara
junto a Setuval em 50. de Novembro de
1684. quando contava 80. annos de idade,
e 60. de Religião. Como era perito nas ce-
remonias Ecclefiaílicas. Compoz.
Ceremonial, ou 'Ritual para ujo dos Fra-
des da fua Provinda. Lisboa por Henrique
Valente de Oliveira 1659. 4.
Eíla obra, como ao feu Author louva Lucas
de Andrade na Illujirac. aos Mamães da Mijfa
Solemn. Illuílr. 9. n. 3. o P. Vr. André da 'Nativi-
dade no Ceremonial da Provinda da Arrábida, que
curiojamente compo^ipara u^o dos Keligiofos daquel-
la Provinda invejiigando tudo o que nejie particular
ejlã dijpojto pela Igreja. Semelhante Elogio
lhe faz Fr. Jozé de Jefus Maria na Chronica
da Prov. da Arrabid. Part. 2. liv. 3. cap. 24.
dizendo, que com ella deo hum claro Índice
da muita perfeição, com que celebrava o Santo
Sacrificio da Miffa, e cumprir com as cere-
monias do Coro. Compoz mais.
l^arios livros devotos, que ( faõ palavras '
do fobredito Chronifta no lugar citado ) pela
noffa pobret(a fe naõ chegarão a dar ao prelo.
ANDRÉ NUNES natural da Cidade do
Porto, e Meílre de Grammatica em Villanova,
que fica fronteira à fua pátria, de cuja paleílra
fahiraõ infignes difcipulos. Naõ era menos
douto nas matérias Theologicas, que Gram-
maticaes efcrevendo em dous tomos. '
Theologia Scolajiica. '
Os quaes mandou imprimir em Anve-
res por fua ordem, como diz Joaõ Franco
Barreto na Bibliotheca Lujit. M. S.
Fr. ANDRÉ NUNES DE ANDRADE
natural de Lisboa, irmaõ, ou fobrinho do infi-
gne Varaõ D. Fr. Diogo Lopes de Andrade
Bifpo de Otranto no Reyno de Nápoles, de
quem fe fará mençaõ em feu lugar. Naõ
fomente profeíTou como elle o inftituto dos
Eremitas de Santo Agoftinho, que recebeo na
Província de Andalufia, mas foy feu emulo
aíTim na eloquência concionatoria, como na
laboriofa applicaçaõ, com que revolvia as obras
dos Santos Padres. Intentou reduzir a ordem
Alfabética os lugares communs da Sagrada Ef-
critura, e illuftrallos com commentos, mas im-
pedido pela morte naõ pode acabar mais que
huma parte, em que fe comprehendiaõ as
letras A. B. e naõ fomente o A. como efcreve
Nicolao António na Bib. Hi/pan. Tom. i.
pag. 63. a cuja obra póz o titulo feguinte.
l^ergel de la divina Efcritura. Córdova
por Juan Barreira 1600. foi. Na Cenfura^
que por Ordem delRey fez a efta obra o
Meftre Fr. Diogo de Ávila da Ordem da
Santiífima Trindade juntamente com ella
approvou a 2. Part. que chegava até a letra.
L. como fe pode vér na pag. 3. da i. Part.
ANDRÉ NUNES DA SYLVA Naceo „
em Lisboa a 30. de Novembro de i63o^|
ji
LUSITANA.
Nur
IL
KC'
li
€ foy bautizado na Real Patochia de S. JuUaõ
a 8. de Dezembro do mefmo anno. Na pri-
meira idade paíTou com feus Pays FranciTco
Nunes da Sylva, e Marianna da Cruz ao Rio
Janeiro, e no Collegio dos Padres jefui-
eíhidou naõ fomente as letras humanas,
penetrou os myAcrios da FUorofia com
tanto credito da fua applicaçaõ, que mereceo
rcccl)cr o gráo de Meíire em Artes. Para
aprender a fciencia dos Sagrados Cânones,
ic embarcou para Portugal a 12. de Julho
<ic i6jo. em a frota, que conílava de 22. navios,
c querendo entrar o porto de Lisboa, o achou
iriípcdiciu com trinta nàos Inglezas de que era
<ícncral Alberto Black por caufa de terem
ticllc achado afylo os Principcs Palatinos
Roberto, c Mauricio Sobrinhos de Carlos I.
Rcy de Inglaterra degollado pela infame rcbcl-
ia de feus VaíTalos. Travado hum fanguino-
nto combate entre a Armada Inglcza, c Frota
ortugueza, cm que foy abrazada a nofla
Almirante, c rendidas fetc nàos mercantis
licou André Nunes prizioneiro, e alcançando
liberdade em Cadiz fe reftituhio pelo Algarve
.1 Lisboa, onde reftaurado das moleftias pade-
cidas paíTou à Univerfidade de Coimbra eílu-
dar Direito Pontifício de cuja faculdade rece-
líeo o grào de Bacharel em 3. de Novembro
de 1656. com applauzo dos feus Meftres.
Ordenado de Sacerdote regulou todas as
acçoens da fua vida pelas obrigaçoens de taõ
fublime eftado. Foy hum dos mais celebres
alumnos da Academia dos Singulares, onde ex-
plicou aquelles dous Oráculos da Politica, e
Poefía Cornelio Tácito, e Luiz de Camoens.
Nefte erudito theatro fe admirou repetidas
vezes a métrica confonancia das fuás vozes, e a
elegante energia dos feus difcurfos alcançando
multiplicados Elogios dos feus Collegas. Pene-
trado de hum heróico defengano defprezou
todas as conveniências temporaes, e fe reco-
Iheo a 6. de Julho de 1684. na Religiofa Cafa
dos Padres Theatinos, em cuja Companhia em
o largo efpaço de 20. annos obfervou fem
obrigação de votos huma vida exemplar.
Foy cordial devoto do immaculado Myfte-
rio da Conceição da Senhora em cujo reve-
rente obfequio lhe confagrava annual-
mente hum Soneto, e concedendo-lhe o
Cabido da Cathedral de Lisboa huma Capela
.57
dedicada a eíla pura invocação fítuada na Fre-
guezia de N. Senhora das Mercês, para que
a ornaíTe, eile o executou com funima defpeza,
e igual decência edificando-lhe hum novo
Altar, e debabco delle mandou abrir a fua
fepultura. Ao tempo que contava 74. annos
de idade foy acometido ác hum accidcnte de
parlczia a 29. de Abril de 1705. tendo acabado
de dizer Miíía, e recebendo o Sacramento da
Lxtrenu Unçaõ com fumma piedade entre
vários ados de Fé, e refignaçaò na vontade
Divina placidamente efpirou a 5. de Mayo
de 1705. O feu cadáver foy conduzido aos
hombros dos Sacerdotes da Venerável Irman-
dade de S. Pedro, e S. Paulo, da qual era Irmaõ,
e fcpultado no lugar, que em vida tinha dif-
poílo para feu jazigo, que era no pavimento da
Capella da Senhora da Conceição, onde^infti-
tuhio huma MiíTa perpetua pela fua Alnu appli-
cando-lhe hum juro de feflcnta c cinco mil reis.
O P. D. Manoel Caetano de Soufa, cm memo-
ria da ílncera amizade, que com elle tivera,
compoz hum Difcurfo Hiflorico, c Panegyrico
da fua vida, que ficou imperfeito, lembrando-fc
na grande obra intitulada Exped. Hifpan.
S. Jacob. Tom. 2. pag. 141 9. n. 287. da fua
peííoa com efte breve Elogio Fuit lauda-
tijfimis morihus, et Sacerdote dignis... magnum
fui omnibus relinquens defiderium.
Imprimio.
Poejias varias f acras, e profanas. Lisboa
por Domingos Carneiro 1671. 8.
Hecatombe facra, ou facrificio de cem viãimas,
em que fe contem as principaes acçoens da vida
de S. Caetano. Lisboa por Miguel Deflan-
des i686. 8. Coníla de cem Sonetos.
Sonetos à Conceição da Virgem Senho-
ra Nojfa. Lisboa por Manoel Lopes Fer-
reira 1693. 8. Coníla de 30. Sonetos. Sahi-
raõ fegunda vez Lisboa por Pafchoal da
Sylva Impreflbr de fua Mageílade 171 6. 4.
com dez Sonetos ao mefmo Myfterio, com-
poílos pelo P. D. Manoel Tojal da Sylva
Clérigo Regular. Defta obra fe lembra o
P. António dos Reys no feu Enthuf. Poetic.
n. 188.
Oraçaõ recitada na Academia dos Singula-
res em 17. de Fevereiro de 1664. Sahio na
I. Part. da Academia dos Singul. pag. 313.
Lisboa por Manoel Lopes 1692. 4.
i58
BIBLIOTHE CA
Oraçaõ em ver/o em hum Certame, e
recitada na mejma Academia. ImpreíTa na
2. Part. da Academia dos Singul. pag. ii8.
Lisboa pelo dito ImprelTor 1698. 4.
Oraçaõ recitada na dita Academia em
19. de Fevereiro de 1665. ImpreíTa na 2.
Part. da Acad. dos Singul. pag. 380.
Neílas duas Partes fe achaõ impreflbs
doze Sonetos feus a diverfos aíTumptos.
Cançaõ à vistoria do Amexial que le-
vou o primeiro premio, a qual começa.
Glorio/o Conde a cuja fama o mundo
De esfera breve he ponto limitado.
Sahio com as mais obras a eíle aíTumpto
Amílerdaõ por Jacobo Van-velfen 1673. 4.
Obras M. S.
Arte de Khetorica. 4.
h.içaõ Académica fobre o Poema de Lui^ de
Camoens.
Liçoens Académicas fobre as Hijlorias
de Cornelio Tácito.
Lif^arda Novella Caílelhana.
Hecatombe facra em Sonetos Caftelha-
nos. Tradução dos Portuguezes já impref-
fos a qual eílava prompta para a impreíTaõ.
De:^ Sonetos à Conceição da Senhora,
que intentava imprimir no anno em que
morreo juntamente com os trinta já impreflbs.
Vinte, e Quatro Sonetos Cafielhanos à Conceição
da Senhora. Traducçaõ dos primeiros vinte, e
quatro que entre os trinta tinha impreflbs.
Kimas varias 1 . Tom.
Poema de Jerufalem L^ibertada de Torquato
Taffo traduzido em Portuguez pelo Doutor
A.ndré Rodriguez de Mattos, o qual coníla de
191 5. Outavas, das quaes tinha emendado An-
dré Nunez da Sylva 349. fazendo muitas de
novo, obra que emprendeo ( como diz na
advertência preliminar ) por credito da lingua
Portugueza.
Seis Sermoens o 1. do SantiJJimo Sacramento.
o z. da Circuncifaõ. ^. de N. Senhora dos Prat^eres
com profijfaõ. 4. das Cadeas de S. Pedro. 5 . dos
Apojlolos S. Pedro, e S. Paulo. 6. de Saõ Bernardo.
Todas eftas obras fe confervaõ na Li-
vraria dos Padres Theatinos da Divina Pro-
videncia deíla Corte.
P. ANDRÉ PALMEIRO. Teve por pá-
tria a Cidade de Lisboa, e por Pays a António
Palmeiro, e Salvadora Fernandes. Quando
contava quinze annos recebeo a Roupeta
da Companhia de Jefus no Collegio de Coim-
bra a 14. de Janeiro de 1584. Depois de fer
Meílre de Humanidades 6. annos, de Filofo-
fia 4. e de Theologia 12. foy Reytor do Colle-
gio de Braga. Querendo lucrar almas para
Chrifto nas vaílas regioens do Oriente partio
no anno de 161 7. com onze companheiros
merecendo, que o D. Eximio o P. Francifco
Soares Granatenfe, em huma Carta latina,
que efcreveo a hum Padre, que afliftia na
índia lhe fizefle o feguinte Elogio In In-
diam profifcifcitur P. Andreas Palmerius magnus
fane vir, nemini in Lufitania fecundus. A fua
grande capacidade ornada de fumma prudên-
cia o conílituhiraõ digno de fer Deputado
da Inquifiçaõ de Goa provido a 10. de Mayo
de 1621. Reytor do Collegio de S. Paulo, Viíi-
tador do Malavar, e da Provinda do Japaõ, e
Provincial por efpaço de 8. annos das Provín-
cias de Goa, e Malavar. Difcorreo pela mayor
parte da China até chegar a Nanquim, e Pequim
principaes Cortes de taõ vafto Império, em
cujas jornadas padeceo intoleráveis trabalhos
para beneficio das Chriílandades, que o feu
zelo intentou eflabelecer nos Reynos de
Tunquim, Camboya, e Aynaõ. Foy no mandar
benigno, no comer parco, e no orar continuo.
Accometido na ultima infermidade de acer-
biflimas dores as tolerou com inviâa pacien
cia, e refignado na Divina vontade acabou
a vida na Cidade de Macao a 4. de Abril de
1635. Efcreveo.
Carta ao Padre Ixinda António Japo-
ne!^ da Companhia de JESUS em que lhe
dá os parabéns da fortaleza com que tole-
rou o cruel tormento das aguas de Ungem.
A qual fe pôde ler imprefla em a Imag.
do Nov. do Collegio de Coimbra Tom. 2.
liv. 4. cap. 36. compofto pelo P. António
Franco, onde faz memoria de feu Author,
e no Ann. Glor. S. J. in Luft. pag. 187.
como também o P. Pedro Francifco Xa-
vier de Charle voix Hiflor. du Japon. Tom. 2.
pag. 308.
Fr. ANDRÉ DE S. PAULO Naceo
na Villa de Serpa na Província do Alen-
tejo no anno de 1579. de Pays nobres em
LUSITANA.
iSç
de
cuja companhia vivendo trinta annos, e conhc-
cciulo ainda que mancebo com prudência de
velho a caduca duração das delicias munda-
nas bufcou refolutamente as eternas na auftera
reforma da Provinda da Arrábida, onde pro-
Icllou no anno de 1609. Foy vivo exemplar da
mais rigorofa penitencia, de fumma parci-
monia na meza, de perpetua contemplação
no Coro, de exaâa obfervancia da regra, ini-
migo jurado do ócio, e fingular amante da
pobreza. Nunca detrahio da fama do pró-
ximo, antes aborrecia com tal exceíTo eíle vicio,
que alguns annos antes, que morreíTe, alcan-
çou de Deos o fer furdo para que naò ouviíTc
os murmuradorcs. Todo o tempo que tinha
vago das obrigaçocns de Religiofo o occu-
pava na liçaõ dos livros aíTim aíceticos, como
hiftoricos, donde extrahio noticias com que
•compoz muitos volumes, que ainda fc con-
,õ M. S. Foy Mcílrc dos Noviços, Guar-
de muitos Conventos, e ultimamente
nidor, naõ lhe fervindo todos eftes lugares
de impedimento para que deixaíTe de efcrever
beneficio da republica litteraria tantas
"obras, cujo progreíTo fufpendeo a morte pri-
vando-o da vida em 20. de Janeiro de 1669.
cm o feu Hofpicio de Lisboa em idade de 90.
annos, e de Religião 60. Deixou efcrito pela
lua maõ.
Das Familias Keligiofas, que floreceraÕ em
Portugal principalmente Carmelitas, Agojlinhos,
affim Cónegos, como eremitas; Bentos, do tempo
em que entrarão em Portugal, fuás fundaçoens, e
pro^effos. Tom. i. dividido em 3. livros foi.
Das Familias Sagradas, que tem por infii-
tuto a Hofpitalidade, e de como efta virtude deve
fer exercitada com os Keligiofos Tom. 2. dividido
em 5. livros, foi.
Na prefação defte tomo affirma ter cõpof-
to outros três, dos quaes os primeiros trataõ.
Das Sagradas Keligioens Militares, que antiga-
mente floreceraÕ, e agora florecem. foi. O Terceiro.
Do principio da Jua Provinda, das fundaçoens
dos f eus Conventos, e das acçoens, e mortes dos f eus
Keligiofos foi. Naõ permitio (como efcreve Fr.
Jozé de Jefus Maria na Chron. da Prov. da
Arrab. Part. 2. liv. 3. cap. 15. fallando delias
obras ) a nojfa grande pohre^^a, que fe commu-
nicaffem ao Mundo por mejo do Prelo.
Vida do Ven. Fr. Fernando de Santa
Maria Kiligiofo Arrabido de que faz roençaõ
Jorge Cardofo Agiol. Lujit. Tom. 2. pag.
225. no Commentario de 18. de Março iet G.
Vida de Fr. Francifco dos Keys da Prop.
da Arrábida, allega o meímo Cardofo
Tom. 5. pag. 598. no Commentario de
24. de Mayo iet. O. chamando ao Author
Ktligiofo antigo, t gravt.
P. ANDRÉ PINTO RAMIRES. Naceo
em Lisboa no anno de 1596. e logo na Tua
infanda pareceo, que fora mais animado pela
piedade, que pela natureza, pois naõ contando
féis annos de idade para merecer a protecção
da Mãy de Deos a quê venerava com aífeâuo-
fos obfequios lhe fez voto de Caítidade, que
confervou illefa por todo o difcurfo de Tua
vida. Ouvio as letras humanas na efcola do
iníigne P. Francifco de Mendoça, do qual faz
agradecida memoria no Commento dos Cantares
lib. 3. cap. I. v.o 13. §. 5 . e com a doutrina de
taõ grande Meftre fahio perfeitamente iníirui-
do tanto na Oratória, como na Poética, naõ
fendo menores os feus progreíTos na Filofofia,
na qual penetrando os feus mais recônditos
myfterios recebeo o gráo de Meftre em Artes.
Ao tempo, que com mayor applicaçaõ eftiidava
na Univerfidade de Salanunca a Theologia, e
querendo inftruirfe na perfeição Evangélica
entrou na Companhia de Jefus, quando tinha
22. annos, onde fe conftituhio hum perfeito
exemplar de todas as virtudes Religiofas.
A mayor parte do tempo, que lhe reftava de
ouvir peccadores no Confiflionario, e repre-
hender vicios no Púlpito, o confumia na Liçaõ
dos Santos Padres donde extrahia copiofos
thefouros de fagrada erudição. No Colle-
gio de Villagarda diâiou Humanidades aos
feus companheiros por muitos annos, e em
Salamanca explicou a Sagrada Efcritura
com grande fruto dos feus Ouvintes. Reti-
rado ao Collegio de Monforte para com
mayor focego fe dedicar à contemplação
das delicias celeftiaes deixando iguaes do-
cumentos da fua fdencia, e virtude paflbu
defta vida à eterna em 23. de Mayo de 1654.
Delle fallaò com elogios Biblioth. Societ.
pag. 5 5 . dizendo vir fuit non eruditione tan-
tum, fed morum etiam candore, virtutum-
que Keliffofarum commendationa confpicuus.
lÓO
BIB LIO THE CA
Nicol. Ant. in Bib. Hifp. Tom, i. pag. 65.
Hipol. Marracius Bib. Marian. Part. i. pag. 91.
Divini verbi praco eximius, infignique virtute, doc-
trina, ac Keligione ornatus, e Jacobo Lelong. in
Bibliothec. Sacr. pag. mihi 907. col. i. Compoz.
In Cant. Cantic. dramático tenore literali
allegoria, et tropologicis notis explicatum. Lug-
duni fumptibus Gabriel BouíTat, & Lau-
rentij AniíTon. 1642. foi.
Deipara ab originis peccato prafervata opus
Cathedris, (ò" fuggejiibus non inutile : ubi pofiquam
Jcholajlico tenore quadam breviter expendmtur,
fujíjfime deinde ab Scriptura et Patribus amanio-
res /emitas exerrat calamus. ibi apud eumd.
Typog. eod. anno. foi.
Utriufque Principum politices parallela
iujia et iniqua ad cap. IJai 14. Lugduni apud
Petrum Proft. 1648. foi.
SacrcB Scriptura feleãa, Jive fpecilegium expla-
nandce littera moribus illufirandis. Lugd. eodem
anno foi.
Commentaria in Epijlol. Chrifti Domi-
ni ad Epifcopos Ajice in A.pocalypfi conten-
tas, Lugd. per eumd. Typog. 1652. foi.
Fhilalelia, hoc eft, honeftijfima fabula pro fide
amicorum reciproca ibi apud eumd. Typog. 1647.
foi. Nicolao Ant. na Bib. Hifpana. com mani-
feílo erro lhe atribue a obra de Chrijius Cru-
cifixus, que certamente he feu Author o P.
Diogo Pinto da Companhia de Jefus.
Segunda parte dela maravilloja vida dela
Venerável Virgen Marina de Efcobar. Madrid
por la viuda de Francifco Nieto 1673. foi.
Sahio eíla obra poílhuma.
Scholia in Statium Papinium de cuja
obra diz a Bibliotheca da Companhia; eru-
ditionis plena, fed non omnino perfeãa.
ANDRÉ DE QUADROS natural de
Santarém filho de Simaõ de Quadros, e
Joanna Pereira, Cavalleiro da Ordem de
Chriílo, e Provedor das Valias, Lizirias,
e Paus. Foy naõ menos illuítre por geração,
e proefas militares, que pelo efpirito poético,
com que fez celebre o feu nome nos Rey-
nados de D. Joaõ o III. e feu Neto D. Se-
baíliaõ, a quem acompanhou na infeliz ex-
pedição de Africa no anno de 1578. onde
ficou cativo. Ainda, que por incúria dos
feus Coevos naõ fe fez publica alguma das
fuás obras poéticas, o génio, e talento, que
tinha para a cultura da Poefia, eternizou na
poíleridade o infigne Pedro Sanches na
Carta efcrita a Ignacio de Moraes em que
faz hum illuftre Cathalogo dos Portuguezes
profeíTores daquella divina Arte fendo hum
dos mayores delles André de Quadros, ou
Quadrado como lhe chama dizendo.
Hiic precor, húc óculos Moralis fleãe; videjne
Infignem juvenem pulchris qui fulget in armis,.
At que hederá cingi t galeam, lauroque coronaílf
Ille eft Quadratus generofo fanguine cretus
Nonne vides faciem ingenuam, et grande inftar in
ipfo?
Hic quondam noftras puerili atate Camanas
Dilexit, quas nunc juvenis veneratur, amat-
que,
Exercetque libens nimium dileãus ab illis
Et Pòabo carus: qui quamuis Mar tia bel la
Traãet, et armorum crepitu, clangore tu-
barum
Gaudeaf, atque alacri hinnitu latetur equorum;
Non tamen Aonidum fontes, lucofque reli-
quit,
Exemploque fuo noftris oftendit aperte,
Nunquam Mufarum catus, flavamque Mi-
nervam
Eneruare animum, aciemque retundere ferri,
Fr. ANDRÉ DOS REIS Natural de
Coimbra. Recebeo o Habito dos Carme-
litas Defcalços no Convento de N. Senhora
dos Remédios de Lisboa onde profeíTou a
9. de Janeiro de 1639. e nefta reformada
Familia fempre fe diiHnguio pela innocen-
cia da vida, e profundidade da fciencia.
No CoUegio da fua pátria diftou Filofofia,
e Theologia aos feus domeíticos com tanto
credito do feu talento, que ainda que
oculto nos Clauftros fe manifeílou com tal
exceíTo, que era fempre confultado nas ma-
térias mais graves, principalmente perten-
centes à reâ:a adminiftraçaõ do Tribunal do
Santo Officio. Foy infigne Pregador, mi-
niílerio que exercitou nos mais celebres Púl-
pitos da Corte, aonde era taõ grande o ap-
plauzo como o concurfo. Com fumma pru-
dência adminiílrou o lugar de Reytor do
CoUegio de Coimbra, Provincial, e Difini-
dor de toda a Congregação de Caílella. Mais
L USITAN A.
lói
licyo de virtudes, que annos morreo no G>I-
^io (Ic Coimbra no anno de 1697. Impri-
inio.
ScrmiÕ dt Santa Maria Maji^dalwa d»
''''\V P^^jlfl^o na fua CanonÍ!(açad no Con-
rufo do Carmo de IJsboa ImprcíTo no livro
intitulado Vorafteiro admirado Part. 2. pag.
III. Lisboa por António Rodriguez de
\brcu 1672. foi.
SermaÕ da admirável AcenfaÕ dt Chrif-
to pregado em o Mojleiro de Santa Anna de
Coimbra.
SermaÕ de Santa Ifabel Rainha de Por-
ngal pregado de tarde em o Rea/ Convento
I dt Santa Clara de Coimbra. Sahiraõ juntos
I eftes dous Sermoens Lisboa: por Henrique
! Valente de Oliveira. 1659. 4*
Epitome de pias, e doutas confederações fobre o
Divino Sacramento Jacrilegamente roubado. Lisboa
por Domingos Carneiro 1671. 16. fahio fem
o nome do Author que parte delle compoz,
c parte compilou de outros Authores.
Commentaria in Genefem. foi. M. S. Con-
Icrva-fe no Collegio dos Carmelitas Defcal-
I|B6 de Coimbra.
Deixou muitos, e doutos pareceres que
fez por ordem dos Inquifidores fobre ma-
térias pertencentes ao Tribunal do Santo Of-
ficio, e outras matérias de que fe podia for-
mar hum volume de juíla grandeza, e fo-
mente fe imprimio o que fez fobre eíla
queílaõ.
Utrum liceat immo valide pojftnt fideles
in hoc Ljífetama regto, <& ejus ditionibus de-
ites plures Bulias Cruciatas pro fuo libito
intra ejujdem anni curriculum pro mortuis ac-
cipere; an Jolumodo duas, alteram anni prin-
pio, alteram anni médio fecut ipfe vivi pro fe
accipere valent? Sahio à luz publica in Quaf-
tionib. Seleã. de Bulia Sanãa Cruciaía Auftore
D. Laurentio Pires de Carvalho Tom. i.
^ P^g- 59- 3.té 70.
O P. D. Manoel Caetano de Souza lhe
chama pag. 76. do livro allegado das Quefe.
Seleã. da Bulia: Vir à Theologica eruditione,
à Sacra eloquentia, <âf à notitia Hifeoria Ecle-
feafticcB laudatijftmus, e Fr, Martial. a S. Joan.
Bapt. in Bib. Script. Carmel. Excalc. pag. 17.
Scientia, (ò* pietate in tota 'Lufitania venera-
tioni ftdt.
16
ANDRÉ DE RESENDE cujo nome Terá
fempre celebre nos Annaes da Republica
litteraria, naceo na ílluílrc Cidade de Évora
no anno de 1498. e foy íUho de Pedro Vaz
de Resende, e Angela Leonor Vaz de Góes
ambos defcendentes de nobres I^amilias prin-
cipalmente a dos Résendes de que elle ainda
que modeAiffimo fendo provocado íe van-
gloria efcrevendo a Jorge Coelho Jaãabis
tu forfan Calios tuos, aut potius Cuniculos: oppo-
nam ego clarijftmam olim, &" nunc non ohfcuri, nec
humilis faftigij Refendiorum genttm à Vafco
Martino Refendio, cui magno cognomen fiHt, atava
per Gallionem feu mavis Aígidium Vafeum aha-
vum, Vafeum Martin um minorem proavum, Mar-
tinum Vafeum avum, Andream Vafeum patrem
Refendios ad me legitimis nuptiis, (ò^ liberali
matrimonio derivatum. Ego "Lufetani equitis filius
fum, qui bello Hifpanienfe fanguinem pro pátria
non femel fudit. Na pueril idade de dous annos
ficou Orfaõ de feu Pay, mas fuprio efta fal-
ta a prudente vigilância da Mày, que conhe-
cendo o agudo, e perfpicaz engenho, de
que o dotara liberalmente a natureza, o mandou
inftruir naquelles rudimentos de que eraõ
capazes os feus annos, para que fizeíTe mayo-
res progreíTos nas fciencias de que dava firmes
efperanças o feu génio. Profeííou na flor da
adolecencia o inílituto da Sagrada Ordem dos
Pregadores, cujos Prelados admirando a viva-
cidade da fua comprehenfaõ o mandarão
no anno de 15 12. a Alcalá, e depois a Sala-
manca, onde aprendeo as letras humanas com
António de NebriíTa, e Ayres Barbofa Orá-
culos da Lingua Latina, e Grega, e fahio em
hum, e outro idioma taõ perito, que chegou
a arrebatar as attençoens deíles dous iníignes
Meílres, naõ fendo menos verfado na Hebraica,
em que o inílruhio o celebre Nicolao Clenardo,
que da mefma Univeríidade de Salamanca o
trouxe para Meílre da de Coimbra por or-
dem de ElRey D. Joaõ o HL Com a mefma
facilidade eíhidou as fciencias mayores rece-
bendo a borla doutoral na faculdade de
Theologia. Dezejofo de augmentar os the-
fouros de erudição fagrada, e profana, que
já poíTuia, paíTou a Pariz, onde mereceo as
eílimaçoens dos Varões mais doutos daquel-
la Univeríidade naõ fendo inferiores as que
lhe fizeraõ Joaõ Vafeo, Joaõ Campenfe,
102
BIB LIO THE CA
e Rogero Refcio egrégios profeíTores das lín-
guas Latina, Grega, e Hebraica. Deíle domi-
cilio fe transferio para Bruxellas obrigado
da authoridade de D. Pedro Mafcarenhas
Embaixador delRey D. Joaõ o III. ao Cefar
Auílriaco, convidando-o para que o inftruifle
nas letras humanas, a cujo eftudo era muito
inclinado, e obedecendo promptamente à
iníinuaçaõ do Embaixador o tratou com parti-
culares fignificaçoens de afFefto, e o iníinuou
na graça de Carlos V. que fummamente efti-
mava a Réfende ufando com elle de tanta bene-
volência, que muitas vezes fe lembra defte
Príncipe com agradecidas expreíToens. Rece-
bendo em Flandes a funeíla noticia da morte
de fua Mãy a quem terniíTamente amava,
voltou no anno de 1534. a Évora, onde lhe
confagrou à fua memoria como indelével
padraõ do feu aflFefto eíle elegantiíTimo
epitáfio.
Memoria, et pietati dicatum.
Salve mea Mater famtna innocentijftma cui me
inter emas reliãum pius pater fidei tua non ignarus,
extrema você comifit moriens: cujujque perpetuo
caftijfimoque viduvio educatus liheraliter annos tri-
ginta cão quidquid id atatis Jum , quidquid futurus
pojiea acceptum fero: audita morte tua adfum
ah ultimis Germanis parentatum. Conlacrumans
fncBJliter jufta folvi, & quoniam Te una mea
mater adempta miferabilem, et orbum tadet
pátria olim dulcijjima, iterum peregre revertor.
L. Andrèas Refendius
Angela l^eonoria Vajia matri pientijjima
& B. M. D. S. P.
Taõ altamente lhe penetrou o coração efta
fatal calamidade, que para naõ ter prefentes
os eftimulos de huma pena, que julgava fer
inconfolavel determinou auzentarfe para fem-
pre da fua pátria; porém como ElRey D.
Joaõ o III. naõ quizeíTe, que o Reyno ficaíle
defraudado de hum taõ infigne Varaõ, lhe im-
pedio a refoluçaõ nomeando-o Meítre de feus
Irmaõs os Infantes D. Aífonfo, D. Henrique, e
D. Duarte ( e naõ ElRey D. Manoel, feu Pay
como com erro manifefto efcreveraõ Mireo,
e Scoto na Bib. Hifpan. ) e antevendo, que
a vida Clauílral, que profeíTava, lhe ferviria
de grande obílaculo para exercitar eíle mi-
niílerio, alcançou faculdade Pontifícia para
que mudaíle o Habito Religiofo pelo
Clerical, o que executou no anno de 1J40.
e ainda que viveo o largo efpaço de trinta e
três annos feparado da companhia dos feus
Religiofos fempre obfervou exaâamente a dif-
ciplina regular, como fe vivera no Clauftro,
vendo-fe fomente a mudança no Habito,
e naõ em os coftumes. Na fua pátria habitava
em humas Cafas, que tinhaõ hum ameno
jardim, cujo circuito eftava ornado de antigos
mármores, em que fe liaõ gravadas varias
infcripçoens. Pouco diftante delias edificou
huma Quinta muito deleitavel pela copia
de arvores, e abundância de agua, que corria
de huma fumptuofa fonte, na qual eftavaõ
abertos em hum mármore eftes Verfos.
Exere Nai caput tenebroja é rupe; la t um que
Vi/e tibi facrum, pomiferumque nemus;
Per quod ubi lato difcurris libera fluxu
Arboribus veniat copia lata tuis.
Sobre eíta fonte levantou huma Cafa de
prazer, e no feu frontifpicio eftava efculpida
huma Cruz, em cujo pé fe liaõ eftes Verfos.
Fleãe genu; en Jignum, per quod vis viãa tyrani
Antiqui; atque Erebi concidit Imperium:
Hoc tu jive pius frontem, Jive peãora Jignes,
Nec Lemurã injidias, fpeãraq vana time.
Para efte diliciofo domicilio fe retirava
alguns dias onde acompanhado dos feus fa-
miliares paíTava o tempo altercando com
elles varias queftõens litterarias. Como foíTe
fempre inimigo do ócio abrio nas fuás
Cazas, que eftavaõ contíguas ao Palácio Jj^
Archiepifcopal, Efcola publica aonde con- "^
corriaõ as principaes peíToas da Cidade de
Évora a ouvir a fua doutrina diftinguindofe
entre todos o Cardial D. Aífonfo, que o ef-
timava com tanto exceíTo, que muitas vezes
lembrado das inftruçoens que delle recebe-
ra, entrava nella deleitando-fe de fer ou-
vinte da fua grande erudição. Foy fempre
ornado de efpiritos generofos, e de hum def-
prezo taõ heróico de todas as dignidades
do mundo, que fendo fummamente aceito
ao Emperador Carlos V. a ElRey D.
Joaõ o III. e aos Infantes feus Irmaõs, nunca
teve ambição de algum lugar honorifico, i
fendo o feu mayor difvello eftar continiia-
mente revolvendo os livros, e efcrevendo
em diverfas línguas, que perfeitamente fabia,
as fuás doutas, e varias compofiçoens.
L USITAN A.
IÓ3
Na indagação dos monumentos da and-
gnidade Romana foy íingular, chegando oeSbt
género de eftudo a tal exceíTo, que todas as
vezes que fazia jornada para alguma parte,
levava diverfos inílrumentos para com elles
01 extrahir das entranhas da terra. Naõ
Applicou menor cuidado no exame das Aâas
dos Santos examinando para eíle fim os mais
celebres archivos das Igrejas de Portugal, e
(Caftella, de cujo immenfo trabalho colheo
[ copiofo fruto, como efcreveo Galefino na pre-
I liçaõ do Martyrologio; Lsiflratis Hifpania
Bajilicis, Catbidralibus, compirti/que aníiquis íabu-
I Us SanÚorum Hijpanorum Hijloriam diferia ora-
tione contexvit, e Joaõ Vafco in Chron. Hifp.
, Part. I. cap. j. Certe Sanílorum hijiorias Hif-
Ij panorum non alibi meliore fide /criptas reperias;
\ ^s ille ante annos muitos luftrata fere iota Hif-
pania tamquam quod futttrum erat prafagiens, et
f uni mo Jludio perquafuàt, et ex Ecclefarunt libris,
ubi quam emendatijfimé reperiri poterant accu-
ratijftme defcripfit. Por efta caufa mere-
ceo a primazia entre os mais celebres anti-
ciuarios aflim fagrados como profanos fendo
confultado como Oráculo pelos mayores
eruditos da Europa como expreflamente o
confeflaraõ Vafeo no lugar já allegado cap. 6.
Si quid mihi fuboriretur fcrupuli ad illum
fcjmquam ad afylum quodãam femper confugi,
cnjus exaãijftmum in re li t ter ar ia judicium
non folum ego femper maxime feci, e Scoto
in Bib. Hifp. Tom. 3. ClaíTe 2. pag. 481.
Antiquitatis quoque pátria, prafertim vero f acra
peritus in paucis fuit; ut omnis avi memoriam
animo comprehenfam haberet, ferrereturque in
oculis quafi Oraculum ejfet civitatum. Conful-
ttts itaque frequenter Hifpanis de rebus, et antiqui-
tate à doãijftmis hominibus, qui fafces illi fub-
jecerunt (ò'c. Foy iníigne Poeta imitando fiel-
mente nas Epiftolas a Horácio, e nos Poe-
mas a Virgilio. Naõ foy menos feliz na
Oratória obfervando reUgiofamente os pre-
ceitos do Príncipe da eloquência Romana
de que faõ claros argumentos as Oraçoens,
que recitou, huma em a Univerfidade de
Lisboa em o i. de Outubro de 1534.
c outra quando era Lente de Humanidades
na Univerfidade de Coimbra em 28. de Ju-
nho de 15 51. conciliando pela expreflaõ
dos termos, e energia da reprefentaçaõ os
applauTot de todos os Académicos. O Teu
eÃiyb era grave, elegante, e diícreto, afeâando
muitas vezes algumas palavras efcuras em
obfequio da Venerável antiguidade de que
foy obíervanti/Timo cultor. Soube com perfei-
ção a Arte da Mufica, cujos fuaves preceitos
deftramente exercitava naÕ fomente cantando,
mas tangendo diverfos loíbumentos. Na
fciencia Theologica naõ mereceo menor vene-
ração, que na Rhetorica Ecclcfiaftica com a
qual cm numerofos Auditórios fez taô ref-
peitado o fcu nome, que o elegeo por íeu
Pregador LlRey D. Joaõ o IIL e o foy do
SereniíTimo Infante Cardial D. Henrique.
Eíles taô infigncs dotes de que prodigamente
o ornou a natureza, e a arte, lhe alcançarão
as eílimaçoens dos Monarchas, e Príncipes
Portuguczcs; dos Varocns mais famofos do feu
tempo, como foraõ Jeronymo Oforio, Damiaò
de Góes, Achilcs Eílaço, Jeronymo Girdofo,
e Diogo Mendes de Vafconfellos Portugue-
zes, Erafmo Roterodamo, Qjnrado Goclenio,
e Joaõ Vafeo Flamengos, Joaõ Phlu, c
Joaõ Dantifco Polacos, o Cardial António
Puccio Italiano, e Martim Afpilicueta Navarro,
GracilaíTo, Ambrofio de Morales, Barthola-
meu Kabedo Efpanhoes, e por outros Sábios
com quem teve erudita comunicação. Confi-
derando, que era mortal mandou laurar a fua
fepultura na entrada do Capitulo do Convento
dos Dominicos de Évora querendo confervar
entre a frialdade das cinzas o ardente affecto,
com que fempre amara a Religião de que fora
filho. Na Campa fe gravou efte Epitáfio.
L. Andraas E^fendius H. S. E.
Morreo na fua pátria em 9. de Dezem-
bro de 1573. quando contava 75. annos de
idade. Foy de eílatura alta, oUios gran-
des, cabello crefpo, cor morena, de afpeâo
alegre, e taõ afíavel para os domelHcos,
como fevero para os difcipulos. O feu
nome fera fempre memorável na poíle-
ridade, e nunca baílantemente applaudido
pelas pennas dos mayores Efcritores pois
além dos aUegados o celebraõ Andrad. na
Chron. delKey D. JoaÕ o III. Part. 3. cap. 69.
chamando-lhe Homem de muitas letras, e
authoridade. Eftaço Asitig. de Portug. cap.
2. §. 25. Injigne Theologo, e illuftre anti-
quário . . . I-Mme notável de varia erudição.
IÓ4
BIBLIO THEC A
e universal Doutrina a quem como a Oráculo
acudiaõ com fuás perguntas JoaÕ Vafeo, Joaõ de
Barros, Ga/par Barreiros, Diogo Mendes de
l^af conceitos, Bartholameu Kebedo Cónego de Toledo,
Ambrojio Mor ales, e outros, e cap. 44. §. 4.
Excellente Theologo, Orador, e Poeta, Barreiros
Corograph. foi. 2. Varam muy douto em todo
o género de difciplinas, e grande invefiigador
de coufas antigas. Ofor. in Epijl. Nun-
cup. de rehus Emman. Vir doãijfimus. Cardof.
Agiol. hujtt. Tom. I. pag. 269. no Com-
ment. de 27. de Janeiro let. A. exqui-
fito, e acertadifimo antiquário. Macedo L,ujit.
Purp. et Inful. pag. 225. infignis illius
atatis antiquarius. Sampayo in prolog.
Vit. B. Petri Eborenjis'. Doãorem infignem
Damian. de Góes in Dejcript. urhis Ulyjfip.
Vir doãorum omnium judicio et calculo com-
probatus. Arnold. Myllio in Epiji. Dedicai.
das fuás obras a Simaõ Rodrigues. Ille enim
omni doãrince genere poética, oratoriaque facultate,
juxta atque Hijloriarum, Ecclefiafiicarumque rerum
peritia injlruãus... ad pátria antiquitates illuf-
trandas fie aggrejfus efi, ut qui hominis induj-
triam mirantur, plurimos, qui vero imitentur,
paucos invenies. Bivar ad Dextrum 134. n. 6.
Authorem clajjicum. Lud. a D. Franc. in prae-
fat. Glob. Canon, diligentijfimum antiqua-
rium. Nicol. Ant. in Bib. Vet. Hifp. lib. 2.
cap. 10. n. 450. Criticus, (& poeta celebris
fama; et lib. 4. cap. 2. n. 23. Vir eximia
eruditionis, et judicij, et lib. 7. cap. 4. n.
79. Eumen Portugallia magnum, e na Bib.
Hifp. recent. Tom. i. pag. 66. col. i. Ope-
ra ejus fi legeris, omnes indufiria accuratiffima,
ac recôndita eruditionis números, five in facra, five
in profana re completos fumma cum Jucunditate
experiaris. Nicolao Clenardo allegado por
Vafeo Chron. Hifp. cap. 6. Poeta infignis tanta
carminis majeftate, tam nervofis inventionibus dona-
tus ab Apolline, ut fi in ftudio poético perdura-
ret, tam nobilem vatem haberet Ebora, quam
olim genuit Corduba. Ambr. Moral, in Epift.
ad ipfum Kefend. Amo te Refendi doãijffi-
me, amo te, et unice profeão diligo: vel de
tua nobilitate, quam mihi ego in bonis fem-
per fufpiciendam, et colendam exifiimavi:
vel de tua ifia infigni eruditione, et eximia
Hifpana antiquitatis cognitione, qua nof-
trates omnes pracellere, et longo intervallo
videris anteire: ut carminum tuorum jucun-
ditatem mihi poetices amantijftmo dulcijfimam ora-
tionem, gravitatem eloquentia commendabilem Ínte-
rim taceam, e na Chron. de Efpana liv. 11.
cap. 3. el Maefiro Andréa Kefendio de quien
fiempre, que fe habla fe habla de un Varon muy
doão,y de gran juicio en todo género de antiguidades.
Cellarius Geograph. Antiq. lib. 2. cap. i. Seft. i.
§. 5. e 21. doãijfmus poílo que fe equivoca
chamando-lhe Lourenço em lugar de Lúcio,
em cujo erro tinha cahido Abrahaõ Buchol-
cero in Nologic. ad ann. 1 5 77. Anton. Senenf.
in Bibliotheca. Fratr. Ord. Pradicat. pag. 18.
Vir doãijfimus in politioribus litteris, linguarum
notitia clarus, et omnis generis antiquitate mirus
indagator, et verbi Dei praco prafiantijjimus.
Barnab. Moren. de Varg. Hifi. de Merid. Uv. i.
cap. 3. Varon infigne. Manoel de Faria, e Souf.
Cathal. dos Efcrit. Portug. Original de que ufa-
mos, famofo en letras humanas, e no Comment. às
Eufia. de Camoens. Cant. 3. Eftanc. 127. Judi-
ciofijfimo No Epit. das Hifi. Portug. Part. 5.
cap. 15. fe enganou fazendo dous Refendes
diferentes, hum que efcreveo Hiftoria; e outro
Vidas de Santos fendo o mefmo, cuja opi-
nião errada feguio Joan. Suar. de Brito in
Theat. Eufit. Eitterat. lit. A. n. 44. Fonf. Evor.
gloriof pag. 404. refplandecendo entre tantos afiros
como Sol entre as Efirellas Marinho Eund.
de Eisboa liv. i. cap. 7. eruditijfimo, & ibi.
cap. 10. diligentijfimo Monteiro Clauft. Domin.
Tom. 3. pag. 136. Echard. Script. Ord. Prad.
Tom. 2. pag. 221. Leytaõ Memor. da Uni-
verfidade de Coimb. pag. 539. n. 11 54. Ja-
cob. Uferius de Britan. Ecclef. primord. cap.
137. Patr. Angel. Sper. de Profejfor. Gram-
mat. lib. 4. foi. 401. Ghilin. Theatr. di
huom litterat. Tom. 2. pag. 17. PoíTevin.
in Appar. Sacr. Tom. i. pag. 76. Nicol.
Coelius ad le£t. Virum in omni difciplina-
rum genere confumatijftmu Philip. Lab. ///
Mantijfa antiquaria fupeleãilis. Eduard. Non.
Cenfur in libellum de Regn. Port. Ori-
gin. foi. 3. Eufitanarum antiquitatum maxi-
mus indagator. Flavius Jacob. Odor. lib. i.
ode 4.
Permefii vada limpidis
Immifces Durij fontibus et nova
Cingis fronde comas ó decus ò jubar
O fplendor pátria gentis, et unicum
L USITAN A.
i65
Vatis prafidiími fui.
Pctrus Sanches in J'.pift. ad Jffiat. Moral.
/■// qiioque dum Jumtuis dejcendent tNontihus
umbra
hl niare declivi cmrent diitn flimina curjii
Dotla per ora viriím voliíabis maffie Kefendi.
\'e querido extinílum gemilit, fparfifqite ca-
pUlis
Ihefpiades, Nympfjaque fimul flevére Taj^a-
mr,
\tqiie bedtras dijijtis flava dt fronte tfirítes
\m"!Í\tas Sacra lauro decerpfit ApoUo,
\'rci^it, et ira tus Cytharas, et ebúrnea plec-
tra\
lleu quot thefauri facundo peíiore in illo
Rerii antiquarum miracula quanta latebant?
Non plura edocuit Varro, Carmentave ma-
ter;
Verjus aut cecinit Delphis oracula Phabus.
Jerónimo Cardofo in Epifl. 6. Cujus pra-
clara eruditio quafi lúmen aliquod exíHnâis jam
'H-ne litteris elucet. c no liv. 2. Elegiar.
I^cg. 10.
m^b cui Palladiam Phyto facunda coronam
HH Prabuit auratam Phabus, et ipfe lyram.
u cui pramifit natas audire canentes
Mnemofyne Aonij fons, et origo chori'.
O cui conclujit raras in peãore dotes
Natura haud ulli mitior ante viro.
Qtàd facis Andraa noftra lux única gentis
Et generis nimium firma columna tui.
Et in lib. I. Sylvar.
Qua te tam faujio, <& claro fub fydere natum
Sujlulit? Andréa nojlra decus addite genti;
Cujus in afira volat clarum per facula nomen
Curribus eveãum fama...
Ecce venit toti vates Heliconius orbi
Eampada dimotis nebulis, <á>' clare daturus
Lumina; nunc hederis nunc lauro cingi te cri-
nes
Cajlalides veflras, tantoque occurrere
vati.
O P. António dos Reys no Enthufiaf-
mo Poético, que ferve de prefação aos feus
Epigrammas. n. 4.
= Celeber Kefendius, orbis
Ouâ patet immenfus fama bene notus, avena
Seu cupiat ceciniffe levi, feu dicere profã:
Ille fub obfcuris latitantia faxa ruinis
Qtà prior incubuit, potuitqne evolvere EuJiSy
Única Romana retegens veflif^a f^Hs.
Qthalogo das obras impreíTas.
IJbri qimttuor de Antiquitatibus LmJí-
tania. Ebonc apud Martinum Burgenfem
1J95. foi. Acejfit liber quintus dt antiquitate
Municipij Ehorenfis i Jacobo Mcnctio Vafcon-
cellío. Roma: apud BaíTam 1)97. 8. Coloflis
Agrippinx cx Oílicina Brickmanica. 1600.
8. Colonix apud Gerardum C^revcmburch
1613. 8. & in Tom. 2. Hifpan. llluflrat. i pag.
892. ufque ad 895. Trancof. apud Qaudíum
Marnium 1605. foi.
Hifloria da Antiguidade da Cidade de
Euora. Évora por André de Burgos 1555.
12. e fegunda vez examinado pelo Author
Évora pelo dito Impreflbr 1576. 12. vertida
em Latim por André Scoto Cólon. Agrip-
pina: ex Oífícin. Birckmannica. 1600. 8. in
Tom. T. Oper. Kefend. à pag. 255. ufque ad 305.
Pro Sanais Cbrijli Martyribus Vincentio
Olyjfiponenfi patrono, Vincentio, Sabina, fírCbrifl-
hetide Ehorenfibus civibus, eV ad quadam alia
refponfio ad Baríholameum Kebedium Sanãe Tole-
tana Eclejia Sacerdotem Virum doãifimum. Olyf-
íip. apud Francifcum Garcionem in Officina
Joanis Barrerac Typ. Reg. 1 567. 4. et in Tom. 2,
Hifp. llluflrat. Francof. apud Claudium Mar-
nium 1603. foi. a pag. 1003. ad 1021. Cólon,
apud Gerardum Grevemburck. 1613. 8.
Cólon. Agrip. apud Ofíic. Birckman. 1600.
8. in Tom. 2. Oper. Kefend. à pag. 151. uf-
que ad 226. A efta epiíloia chama doutiTfi-
ma D. Nicol. Ant. in Bib. Hifpan. Tom. i.
pag. 66. col. 2.
Ejideca fyllabum ad Sebaflianum Kegem.
Ad Deum Patrem ob calamitatem feãa-
rum oden.
Ad Chrijlum optimum maximum Kefen-
dij Confejfio carmen.
Epiflola ad Keverendum in Chriflo Pa-
trem D. Gafparum Cafalem Epifcopum
Eeirinenfem. Verfo Heróico.
Kefponjio Epigrammati Oratoris Regis
Anglia in Effligiem Sebajiiani Regis.
Todas eílas obras poéticas fahiraõ Oly-
íipone apud Francifcum Garcionem in Of-
ficin. Joan, Barrerae 1567. 4. et Cólon. Agrip.
ex Officina Birckamannica 1600. 8.
Epicedion, et ode de rapto Dada Prín-
cipe. Bononiae apud Joan. BaptiU. Phaellum
t66
BIB LIO THE CA
1533. 4. et Cólon. Agrippin. ex Offic. Birc-
kmannica 1600. 8, in Tom. 2. Oper. Kefend.
à pag. 57. ufque ad 60.
D. 'Emmanuelis P. F. inviãi filia, D. Joan-
rns III. P. F. invi£íi Sorori Maria Principi
iruditijfimce Epijlola Heróica. Conimb. apud
Joan. Barrerium, et Joan. Alvarum Sócios
Typ. Reg. menfe Júlio 15 51. 4. et Cólon.
Agrip. ex Officin. Birckmannica. 1600. 8.
in Tom. 2. Oper. à pag. 78. ad 82.
Ad Epijiolam D. Amhrofij Moralis viri
ãoHiJfimi inclyta Academia Complutenfis Ròe-
íoris, ac regtj hiftoriographi refponjio. Simul.
Ad Sehafiianum 'Lufitania Kegem Se-
renijfimum oh regni acceptum regimen Cár-
men. Eborae apud Andream Burgium Typ.
Seren. Princip. Cardin. Menfe Mayo 1570.
4. Eíla Poeíia fahio Colonise Agrip. ex Offic.
Birckman. 1600. 8. in Tom. 2. Oper. 'Kefend.
á pag. 84. ad 88. A repoíla a Ambroíio
de Morales fahio no livro intitulado Delicia
'L.ujitano-H.ijpanica Cólon, apud Gerardum Gre-
vemburch. 161 3. 8. et Col. Agrip. ex Offic.
Birckman. 1600. 8. in Tom. 2. Oper. Kefend.
à pag. 233. ad 263. et Tom. 2. Hifpan. Illujirat.
Francof. apud Jacobum Marnium 1603. foi.
à pag. 1023. ad 103 1.
Ad Philippum Maximum Hifpaniarum
Kegem ad maturandam adverfus rebelleis
Mauros expeditionem cohortatio. Cármen.
Simul.
Ad Sehafiianum excèlfum Eujifania re-
gem epigramma Eborae apud Andreum Bur-
gium menfe Martio 1570. 4. et Cólon. Agri-
pin. ex Offic. Birkmannica 1600. 8. in 2.
Tom. Oper. Kefend. à pag. 99. ad 106.
Vincentius 'Levita, et Martyr Opus epi-
■cum in duos lihros divifum. Cum adnotatio-
nibus Authoris. Eftas notas fez à petição
de feu amigo Martinho Ferreira para ma-
yor clareza do Poema as quaes compoz no
breve efpaço de dez dias. Olyffipone apud
Ludovicum Rodrigues 1545. 4. & ibi Tjrpis
Joannis Barreira 4. Cólon. Agrip. ex Offic.
Birckman. 1600. 8. in Tom. 2. Oper. Ke-
Jend. à pag. 5. ad 90.
Ad Fernandum Khotorigium Almadi-
cum Khotorigii Fernandi Almadici filium
óptima fpei puerum. Cármen epicum. Có-
lon. Agrip. ex Officin. Birckman. 1600. 8.
in Tom. 2. Oper. Kefend. à pag. 36.
ad 40.
Epijlola heróica, Jive invectiva in Vitam
aulicam, et fimul carmen Petrejo Alphani fuo.
Bononiae apud Joan. Baptift. Phaellum 1533,4,
In ohitum Joannis Tertii Eufitania Kz-
gis conquejlio. Ulyffipone apud Joannem
Blavium. 1567. 4. et Cólon. Agrip. ex
Offic. Birckman. 1600. 8. in Tom. 2. Oper.
Kefend. à pag. 72. ad 17.
Dua epijlola heróica, altera ad Eupum
Scintillam, altera ad Petrejum Sancium. Ulyílip.
apud Joan. Blavium 1561. 4. et ColotL
Agrip. ex Officin. Birckmannica 1600. 8. in
Tom, 2. Oper. Kefend. à pag, 107. ad 122.
Oratio pro rofris hahita in Olyjftponenji
Academia Kalend. Oãoh. an. 1534. Olyffi-
pone apud Germanum Gallard, 1554. 4.
Oratio hahita Conimhrica in Gymnajio régio
anniverfario Dedicationis ejus die IV^. Calend.
JuliJ. 1 5 5 1 . Conimbricae apud Joan. Barrerium,
et Joan. Alvarum Typ. Reg. 15 51. 4. et
Cólon. Agrip. ex Offic. Birckmanica 8,
Tom, 2. Oper. Kefend. à pag. 266. ad 284,
Sermão pregado em ho Sjnodo Diocefa-
no, que em Évora celehrou o Keverendijfimo
Senhor D. Joaõ de Mello Arcebifpo de Évora
ho primeiro Domingo do me^i de Fevereiro
1565. Em Cafa de Francifco Corrêa
ImpreíTor do Cardial Infante noíTo Senhor
a hos XVII. dias de Agofto de 1565. 4. Sahio
vertido em Latim Cólon. Agrip. ex Officin.
Birckman. 1600. 4. in 2. Tom. Oper. Kefend.
à pag. 285. ad 304.
Ha Sanãa vida, e religiofa converfaõ de Fr.
Pedro Porteiro do Mojieiro de Sana Domingos
de Évora. Tem no fim, como nella vimos, eftas
palavras. Fqy vijlo ejle Compendio per hos muitos
magníficos, e reverendijftmos Senores hos Sefiores
Meejlre Fr. Manoel da Veiga, e ho Doãor Diogo
Meendes de Vafconcellos Inquifidores, em
efe Arcehifpado de Évora por ho Cardeal
Inffante noffo Senor, e per fua auãoridade
que aquj vay interpojla, Andree de Burgos
Cavalleiro da Cafa do dito Senor, e feu Im-
prejjor ho imprimio em Évora no me^ de Oc-
tnhro do ano de 1570. 4. Foy efta vida tra-
duzida na lingua Latina por Fr. Eftevaõ
de Sampayo Dominico com alguns addi- j
tamentos, e fahio no Uvro intitulado The-
> li
LUSITANA.
mtfrtis arcantis "Ltifitanis ^efnmis refulgens. Pa-
'riíiis apud Thomam Pcricr i}86. 8.
Converfionis miranda D. Aíj^idiJ Doííoris
Pariftenjis Ord. Prad. libri qmtuor.
lííla obra prometco Fr. António de Sena
in hibliolbic. Fraír. Ord. Prad. pag. 34. que
havia de imprimilla, cujo Original fe conferva
110 Convento de Santarém, o que executou
Ir. liftcvaõ de Sampayo no livro aíTima
1 legado, na qual mudou, e acrecentou algu-
mas couías: j2/// utinam (como efcreve o eru-
(litinimo Echard in Script. Ord. Prad. Tom. 1.
pag. 225.) qualis à Kefendio prodierat, reddidijfet,
ntisfuis ubi lihuijfet tanttim appojitis: facra tnim
junt hujiijmodi prcefertim clarorum virorum opera,
aua temcrare nemini licet. Deíla obra faz men-
lõ Fr. Francifco Brandão Monarc. iMJit.
Part. 5. liv. 16. cap. 14.
Wrevtarium Eborenfe. OlyíTipone apud Lu-
dovicum Rotcrigium Bibliopolam Typogra-
phum Regium. Anno a Chriílo nato millef-
limo quingentefimo quadrageíimo octavo,
incnfe Aprili. 8. Começa o prologo compoílo
por Rèfende, com eíle titulo. Ad Leâores.
c abaixo principia Accipite Chrijli JESU Sacer-
dotes, ac Sacerdotij candidatiomnes Divinorum
Officiorum juxta ritum Sanãa Eborenjis Ecclejia
Breviarium.
De cujo trabalho, que applicou para efta
obra faz iiluílre memoria Joaõ Vafeo in Chron.
Hifp. cap. 5. dizendo. Ita nitori Juo refiituit,
ut non arbitror aliud reperiri exaãiori judicio
concinnatum.
Officium, et Miffa Sanãce 'Elifabetha Regi-
na Portugal/ia. UlyíTipone. 15 51. 8.
Officium, et Miffa Sanai Gundifalvi de Amaran-
tho Deíle Oíficio diz Fr. Luiz de Soufa na Hijior.
de S. Doming. da Prov. de Poriug. liv. 5. cap.
II. fora compojio com huns hymnos de taõ fina
Poejia, que fe fente nella o cheiro da melhor, e mais
polida dos celebres Poetas antigos. Naõ fomente
compoz os hymnos, e refponforios deites
dous Officios quanto à letra, mas a Solfa
do Cantochaõ, em que era muito perito para
por ella fe cantarem, como o mefmo Rè-
fende na Epijlola ad Kebedium já allegado,
efcreve. Mufici exquifitioris decus non ambivi,
tantum cum Officia non nulla hujus nojira Ebo-
renjis Ecclefia à mea Officina prodierint, ex
eadem tantum adjeci duobus alteri Regina Sanc-
167
ta EJifabttb, alteri biác D. Gmdijfalpi; e fal-
lando do OfHcio de S. Gonçalo diz B. Cm-
difalvi Officium ã mê compofitum min extollis,
gaudeo fane, et ita vere adfetíum effe te non folum
gaudeo, fed exulto. Modulationem tamen cantús
valde Ímprobas. Quid ni improbes} Qmm tam
de prava te typis excufafit, ut ego eam nec a4kofcam,
nec faltem cantare me poffe ullo modo fperem qui
eam compofueram.
De Verborum conjugfitione commentarius.
UlyíTipone apud Ludovicum Rotirigium.
1540. 4. Cólon. 1610. 8. He huma Arte de
Granunatica para D. Leonor de Noronha,
e feu irmaõ o Conde de Alcoutim alhos de
D. Fernando de Menezes IL Marquez de
Villa Real.
Genethliacon Principis Lufttani Reffs Joan-
nis filij prout in Gallia Bélgica celebratum efl
à clariffimo Viro Petro Mafcaranio menfe Decem-
bri 1532. Bononiae apud Joan. Baptiíl. Phael-
lum 1533. 4.
Eudovica Sigea tumulus Elegia. Ulyflip.
apud Hacredes Germani Galiardi 1561. 4.
Começa.
Occubuit Sigaa decus telluris Ibera,
Ac avi, acfexús gloria prima fui.
Epiflola Joanni Vafao Viro doãiffimo de
Mra Hifpanorum. Cólon. Agrip. ex Offic. Birck-
manica 1600. 8. in. 2. Tom. Oper. Refend. i
pag. 123. ad 127. & Cólon, apud Gerard.
Gravenburh. 161 3. 8. no livro intitidado De-
licia Eufitano-Hif pânica, et Tom. 2. Hifpan.
llluflrat. Francof. apud Jacobum Marnium,
1603. foi. à pag. 228. ufque ad 832. Defta
obra fe lembra Covarruvias lib. i. var. Refolut.
cap. 12.
Pro Colónia Pacenfi ad Joannem Vafaum vi-
rum doãiffimum Epifl. Ulyflip. apud Joan.
Blavium 15 61. 4. et Cólon. Agrip. ex Officin.
Birckmanica 1600. 8. in Tom. 2. Oper. Rxfend.
à pag. 128. ufque ad 150. et Cólon, apud
Gerard. Gravenburch. 161 3. 8. no livro
intitulado Delicia Eufitano-Hifpan. et in 2.
Tom. Hifpan. llluflrat. à pag. 997. ad
1002.
Urbis Eovanienfis, et Academia Encomium,
De Conrado Goclenio nobili reãore
Oda ad Conradum Goclenium.
Ad Jacobum Menatium Vafconcellum urgen-
tem antiquitatu Eufitania editionem.
IÓ8
BIB LIO THECA
Ad Julianum Alhium, et Peírum Sanei-
am: Saturnalibus.
Dejíderio Era/mo Koierodamo S.
Dejiderii Era/mi Koíerodami encomium.
Ad Damianum Gojtim Muficum.
De Vita aulica ad Damiamim à Góes.
Ad Nicolatim Clenardum.
Ad Andraam Quatriniuni.
Todas eílas obras faõ poéticas, e fahiraõ
Cólon. Agrippinas ex Officin. Birckmannica.
1600. in 8. in Tom. 2. Oper Kefendij à pag. 13.
ufque ad 56.
Alphonjo S. R. £. Cardinali Etnmanuelis
Kegis filio Epijiola data Ebora Calend. Oãob.
1533-
Bartholomao Fria Albernotio Jiiris conjulto
doãijfimo Epifiola.
Eílas duas Cartas fahiraõ impreflas no
principio Antiquit. Eujitania.
Ad Damianum Goefium Epifiola.
Sahio com as obras deíle Author Lovanii
ex Ofíicina Rutgeri Refcij 1544. 4. He efcrita
em verfo heróico, e começa. Exemplo Da-
miane maio qui primus in aulam.
Ad Hieronymum Cardo fum epifiola He a 5 . en-
tre as deíle Author, e fahio UlyíTipon. 1555. 8.
De vita aulica ad Speratum Martianum Fer-
rarium Eufitanum. Bononiae apud Joan. Baptiíl.
Phaellum. 1533. 4.
Epitome rerum gefiarum in índia a Eufitanis
anno fuperiore juxta exemplum Epifiola quam
Nonius Cugna dux Índia maximus defignatus
ad Kegem mifit ex urbe Cananorio IV. Idus Oãob.
anno MDXXX. Lovanii apud Servatium
ZaíTenium 15 31. 4. et Cólon. Agrippinas ex
Offic. Birckman. 1600. 8. et in Tom. 2.
Hi/pan. Illufirat. à pag. 1372. ufque ad 1378.
Deíla obra faz mençaõ António de Leon Bib.
Orient. Titul. 3. Com eíla ImpreíTaõ de Lo-
vanha fahiraõ.
Sylvula dua ad Henemannum Kljodium Prapo-
fitum Kegenfem Oratoremqne ad Gafarem Eivo-
nienfis Archiepijcopi. Começa a primeira.
Qtãd non longa dies mutat}
E a fegunda.
Stãmonis gelidi exulem.
Oraçaõ na entrada, que ElRej D. SebafiiaÕ fe^
£m Évora em y de Novembro de 1 569. Sahio im-
preíTa na Hifior. Sebafiic. compoíla pelo P. Fr.
Manoel dos Santos Monge Ciílercienfe Chron.
do Reyno de Portugal, e Académico fupranu-
merario da Academia Real. Lisboa por Antó-
nio Pedrofo Galraõ 173 5. foi. a qual eílá no liv.
2. cap. 8. pag. 177.
Poema Eatino, que confta de 16. Dyíli-
chos em louvor de Fr. Marcos de Lisboa
Chroniíla da Religião Seráfica, impreíTo no
principio do 2. Tomo da Chronica, o qual
começa.
Altera Francijci procerum turma exit, adefie
Quos nova, quos vera no/cere mira juvat.
Adverfus fiolidos politioris litteratura oblatra-
tores. Cármen. Francof. apud Fobrenium. 15 51.
Poema Eatino, que confia de 132. verjos he-
róicos em applaujo do infigne Vicerey da índia
D. Euiti de Attayde. Sahio impreíTo no prin-
cipio da Hiíloria deíle Heróe compoíla por '
António Pinto Pereira Coimbra por Nicolao i
Carvalho. 161 7. foi.
Cathalogo das obras naõ impreílas
Ghronic. Eufitan. cuja obra tinha em feu
poder, e delia ufava Fr. Bernardo de Brito,
como elle efcreve na Monarc. Eufit. Part. 2.
liv. 7. cap. 28.
Síimmario dos Kejs de Portugal allegado por
Francifco Suares Tofcano nos Parallel. de
Var. lllufi. cap. 112. e 143.
Chronica delKej D. Affonjo Henriques; ef-
crita de fua própria maõ a tinha em feu poder
o Chantre de Évora Manoel Severim de Faria;
como teílifica Fr. António Brandão Man.
Eufit. Part. 3. liv. 11. cap. 35.
Summario da vida do Infante D. Duarte,
dedicado a feu filho o Príncipe D. Duarte.
Começa. ^
Entre os filhos que delRej D. Manoel, e
da Serenijfima, e Santiffima Kajnha D. Ma-
ria fua mulher ficarão, o mais moço fqy o In-
fante D. Duarte. Confta de 20. Capítulos,
cujo Original efcrito, e af finado por feu Au-
thor vimos, e fe conferva na Livraria do
eruditiíTimo Jozé Freire Monterroyo Mafca-
renhas, e he allegado por Francifco de An-
drade na Ghronic. delRej D. Joaõ o III. Part. 5.
cap. 69.
De infiitutione Ordinis Militaris Avifienfis.
Eíle tratado he allegado pelo lUuUriírimo
Cunha in Decret. Part. i. ad cap. General.
diíl. 54. n. 90. Barbofa in Sum. Apof- ,
tol. Decis. Colleélan. 305. e Mendo de
1
* m
L USITAN A.
169
Ordinib. Militar. Difqu. i. qtucíl. 10. n.
190.
Vala na entrada da Princefa D. Joarina no
anno dt 1J55. Deíla obra faz Réfende mençaA
na Epiílola a Vafco de Colónia Pacenji dizcn-
do-lhc. Mitto ad te Oratitmculani qiia nojlra urbis
nomine adventid Joanna Caroli Auj^ujli filia Prin-
cipi nojlro defponfa pnblice Jum fratulatits. Mitto
tíutem \Mfitane Jcriptam ut ad femi Ijifitanum.
Sin tu jam omnino Uifpanns fathis es, feito et iam
I lifpanis adeo placiàffe, ut Jupra viginti exempla
primores eorum ã me extorferint.
Concilium OlyJJiponenfe, do qual diz in
lípiftol. ad Kcbcdium in fine. Abjolvimns cir-
citer Saturnalia, velpotius Chrijliane loqmr, inftante
Servatoris noftri natali die fex AíHonibus diftinc-
iiim. Crevit in jufiiim volumen, ut quod Decreta
contineat Jupra trecentum.
Livro de Architeãura, ou tradttcçaõ da Archi-
teãura de LeaÕ Bautijia. Efcrcveo cftc livro por
ordem delRey D. Joaõ o III. de que Réfende
faz mençaõ no Prologo da Hiftoria da Anti-
l^uidade da Cidade de Évora, e o deixou por le-
gado a feu filho Barnabe de Réfende, e delle
fc lembra Eílaço nas Antig. de Portug. cap.
I44. §. 4. e no Tratado das Linòag. dos EJiaços
lpag.42.
Dous livros de Aquedutos. Offerecidos
[a ElRey D. Joaõ o III. no mez de Ju-
llho de 1543. na occafiaõ, que efte Prín-
cipe tinha condufido a Évora a agua da
fonte da prata pelo antigo aqueduâio de
Sertório, os quaes livros efcritos da fua
própria maõ entregou ao Senado de Evo-
iTa, e delles faz memoria o mefmo Réfen-
de no cap. 3. da Hi^. da Antiguidad. de
Évora.
Apologia pelo Aqueduão de Sertório con-
\ira D. Miguel da Sjlva Bifpo de Vi/eu, de que
fe lembra no cap. 3. da Hijlor. de Évora.
Deíla obra efcreve Diogo Mendes de Vaf-
concellos in lib. 5. Antiquit. Ebor. nefta for-
ma. Cui (D. Miguel da Sylva) elegantijfimà
epiftolá accurate rejpondit, ut in ea recônditos
antiquitatis , et eruditionis fua thev^auros in pá-
tria gratiam deprompfijje videatur, cujus ipfe
fapius mentionem f acere folet; ut qui in ea mérito
Jibi complaceret, vir alioquin modefiia, (ò" candoris
amicijfimus. O Padre Francifco da Fon-
feca na Évora Gloriofa pag. 405. diz: JLendo
com atenção as hiflorias Romanas, e huns Aí. S.
que hoje naÕ temos, achou noticia certa do Aque-
duão dt Sertório, e procurou perfuaàir a El-
Kty qtu o rmovajfe. Oppo^felhe gfllhardamite
o noffo D. Miguel da Sylva, que naõ era
menos erudito, e antiquário, e com hum ele-
gante livro provou, qu$ eraÕ fonhos, e cbime-
ras quanto Réfende dir^ia do Aqueduíío de
Sertório; porém appellando efle da Theorica
para a Praâica tomou conforme as noticias
dos livros as fuás medidas taÕ ajufladas, que
defcubrio as ruinas, e os alicerces do Aqueduto
Sertoriano. NaÕ pode D. Miguel neg/sr as eviden-
cias, nem EJRey deixar de fa^fr huma obra que
havia de fer a fua im mor tal eflatm. Fe^-fe a
fabrica com deligencia, e introdu^iio-fe em Évora
a famofa agua da prata em cujos arcos, e fontes
levantou Réfende hum padraõ immortal da ftui
fama.
Apologia, ou repofla, em duas Cartas Latinas
ef cri tas em Évora em 1534. a Jorge Coelho acerca
de algumas matérias, que contra elle ar-
guira.
Expoflulatio adverfus Gafparem Barrerium
de que faz memoria na Epiílola ad Kcbc-
dum.
Carta efcrita a JoaÕ de Barros na qual eviden-
temente moflra contra D. Rodrigo Arcebifpo de
Toledo, que D. Ximena May de D. Terefa mulher
do Conde D. Henrique naõ fora concubina, mas
legitima mulher de Affonfo VI. Rey de Leaõ.
De qua re (diz o mefmo Réfende in lib. 4.
Antiquit. Eufit. De Orichienfi aff^o) ad Joannem
Barrerium fcripsi, et quidem prolixe. Defta
obra fazem illullre memoria Cardofo Affol.
Eufit. Tom. I. no Comment. de 22. de Feve-
reiro let. A. Franckenau in Biblioth. Hifp.
Hijf. Gen. Herald, pag. 27. D. Jozé Barbofa
no Cathalog. Chronol. das Rainh. de Portug.
pag. 7. e o Padre D. António Caetano de
Soufa no Apparat. à Hiji. Gen. da Gafa Real
de Portug. pag. 38. n. 18.
Opera SidoniJ Appollinaris emendou de
muitos erros de que eftavaõ adulteradas co-
mo elle afíirma in lib. i. Antiquit. Eujit. in
Tit. de Barbariis.
Opera Aitrelij Prudentij também as pur-
gou de todas as imperfeiçoens, que lhe ti-
nhaõ acrecentado, dizendo defta obra Joaõ
Vafeo in Chron. Hifp. ad an. Chriltí 351.
170
BIB LIO THE CA
Atque hanc hujus loci reftitutionem Aurelij Pru-
dentij non mihi debes, candide le£íor, fed L. An-
dracB Kefendio, qui mihi hunc locum, atque alios
nonnullos qua eji humanitate, communicavit. Is
in hoc authore ad amujfim plura rejlituit, quemad-
modum re ipfa experieris Ji quando, quos Juh lima
premit, commentarios per occupationes ferias po-
tuerit evulgare.
De jure Itálico. Efte tratado diz o mef-
mo Réfende na Hijl. das Antiguid. de Évora
cap. 4. Que com ajuda de Deos prejles Jahirá
a lu;^.
Monumenta Komanorum in L,ujitams urhibus
dedicado ao Cardial D. Affonfo, o qual ef-
crito da própria maõ de Refende o tinha em
feu poder o IlluílriíTimo D. Rodrigo da Cunha
como elle confeíTa na Hift. Ecclef. da Igreja de
Lisboa Part. i. cap. 6. n. 5.
De Bracharenjis urbis antiquitate, et laudibus
Poema epicum. Deíla obra faz o feguinte Elo-
gio o Illuílrinimo Cunha na Hiji. Ecclef. de
Brag. Part. 2. cap. 71. n. 5. O grande Fr. Angelo
André de Kefende da Ordem dos Pregadores a
quem por doutijfimo em todo o género de Anti-
guidade confultavaõ como Oráculo os majores
Ee trados do feu tempo... Dentro de def^ dias lhe
mandou (a o Arcebifpo de Braga D. Diogo
de Soufa) hum Poema de mais de trezentos
Verfos da fundação de Braga taÕ polido, e apurado,
taõ chejo de erudição, e outras elegâncias poéticas,
qual podia fa^er o melhor poeta dos que hoje vene-
ramos.
De fitu, et amplitudine urbis Ulyjfiponen-
Jis Elegia; a qual allega Fr. Bernardo de Brito
Mon. Eujit. Part. 2. liv. 7. cap. 22.
Poema Epicum de Sanais Martjribus Ulyf-
fiponenfibus, o qual tinha em feu poder Joaõ
Tamayo Salazar como affirma no 4. Tom.
do Marfyrol. Hifp. ad diem 10. Julij, pag.
104.
Hijloria Sanai Rudejtndi Epifcopi; quã
etiam (faõ palavras de Rèfende in lib. i.
Antiq. Eufit. de Monte Corduba) aliquando
Deo bene juvante ex tenebris in lucem proferen-
dam curabimus. Deíla obra faz mençaõ Gaf
par Eílaço nas Antig, de Portug. cap. 2.
Efcreveo, mas naõ fe fabe fe acabou
Rèfende eík obra de que elle falia na Epiíl.
ad Kebedum dizendo. Petierat à me (Jo-
annes Vafaus) ut quofnam Deos ante Chrijli
fufceptam gratiam peculiariter Hifpani coluiffent
ad fe fcribere ne gravarer, et quadam alia: qua
dum commentarer, ingratus de ejus morte nuntius
commentationem illam meam haãenus interrupit.
Eibellus de Pace Júlia ad Francifcum No-
nium, como o mefmo Réfende teftiíica no
liv. 4. Antiq. EuJit. de Pace Júlia.
Vida de S. Domingos de Cuba da Ordem
dos Pregadores do Convento de Santarém. Prome-
teo compor eíla obra in Scholiis ad D. Vin-
centij Poema. pag. 41.
SermaÕ Eatino pregado a 27. de Mayo de
1534. no Sjnodo celebrado em Évora pelo feu Ar-
cebifpo o Cardial D. Affonfo, o qual fe conferva
com as A£ks do mefmo Synodo no Cartório
do Cabido de Évora.
Ad Virginem Aqualupanam Cármen.
In obitum Beatricis Allobrogum Kegina Cár-
men. De quo in Scholiis ad D. Vincentij Põem.
pag. 49.
AdHenricum Principem humanijfimum Cármen.
Ad Brittonium Italum Cármen de quo in
Schol. pag. 40.
Ad Joannam Vajiam faminam eruditijfimam
Epifiola.
Ad Nicolaum Clenardum Epifiola,
Ad Doãorem Fragofum Badajocenfem. Epif-
tola data Ebora Idibus Maij. 1556.
Ad Jacobum Frejre Epifiola data Eovanij
Kalend. Julij 1529.
Fr. ANDRÉ DA RESURREIÇAM na-
tural de Lisboa, e filho de Pedro Nunes, e Ca-
therina Anes. Entrou na Religião de S. Fran-
cifco da Provinda de Portugal, que illuílrou
com a pratica das virtudes, e a inílrucçaõ das
fciencias, pela qual alcançou fer Meílre jubi-
lado, Cenfor do Santo Officio creado no anno
de 161 8. Guardião do Convento de S. Frandfco
da Ponte, celebre Pregador do feu tempo. Ef-
creveo hum Volume digno da impreíTaõ, fe a
morte o naõ impedira, que totalmente ficaíle
acabado, cujo titulo era.
Frutos, que refultãraõ ao género huma-
no da vida de Chrifio NoJJo Salvador: mas
cahio (faõ palavras de Fr. Fernando da So-
led. na Hifi. Seraf. da Prov. de Portug. Part.
5. liv. 3. cap. 41. n. 885.) em maõ taõ
ejleril, que delle nem huma fó folha appare-
L USITANA.
»7i
ao, por onde /e infira a «Uganda com que apresen-
tava às almas a fitavidade, e heller^a daquelles di-
vinos frutos.
ANDRi: RODRIGUES DR MATTOS
IJlyíliponcnfc, c Cavallciro profcíTo da Ordem
Militar tic Ciirifto. Foraõ fcus Pays Balthezar
Rodrigues de Mattos IníUtuidor da Capella
(la Conceição na Parochia de S. Jozé com MiíTa
quotidiana pela Aia alma, e D. Maria da Fon-
feca fua fcgunda mulher. Na Univerfidade de
Coimbra onde eftudou Direito Pontifício rece-
ito o gráo de Bacharel nella faculdade, e como
era naturalmente mais inclinado às delicias do
Pamafo, que às efpeculaçoens da Jurifpruden-
cia fcmprc cultivou a arte poética revolvendo
os Poetas mais celebres, que efcrcveraõ nas
polidas linguas da Europa em que era perita-
mente verfado, obfcrvando os primores, e
[artificio de cada hum, dos quaes era fiel imita-
^^or, principalmente do Príncipe de todos Luiz
fde Camoens cujo divino Poema de tal forte
'o tinha decorado, que ofFerecendo-fe occafiaõ
lo repetia taõ promptamente como fe o eftiveíTe
llendo. Foy fummamente eíUmado por todos
os profeíTores da Poética recebendo multipli-
idos elogios nas Academias dos Generofos,
Singulares de que foy alumno, onde com-
)Z diverfas obras, que igualmente deleitavaõ
íos ouvidos, e atrahiaõ as attençoens. Coíhi-
I mava retirarfe no tempo do Veraõ para huma
ffua quinta fituada no Campo Grande fuburbio
fde Lisb., onde em idade de 6o. annos taõ def-
contente da vida como defejofo da morte aca-
bou a carreira da fua peregrinação a 17. de
Agoílo de 1698. Eílá fepultado na Capella de
N. Senhora da Conceição da Parochia dos Reys
no mefmo Campo. Foy cafado com D. Ignez
Nunes da Gama de quem teve a André Rodri-
guez de Almeida Fidalgo da Cafa Real, que
fe defpozou com D. Barbara Eugenia de Tá-
vora filha de Bernardo da Sylva de Azevedo,
e de D. Francifca de Noronha da Camará
de quem naõ teve filhos. Compoz.
Triumpho das armas Portuguesas deduzido
de vários Ver/os do infigne Poeta Lmí^ de Ca-
moens gloffados, e reduzidos ao intento. Lis-
boa por António Crasbeck de Mello. 1663.
4. He em 8. Rima.
Jerufalem libertada compojia por Torquato
Tajfo traduzida tm Portufféi^' Lisboa por Mi-
guel Deflandes. 1688. 4.
Dialogo fúnebre entre o Keyno de Portugpl,
§ o Rio Tefo gloffando o famofo Soneto Permofo
Tejo meu quaÕ diferente? Em fentimento do golpe
mais cruel, em que a Parca, e o Outono, huma cor-
tou a vida mais florente, e o outro a flor mais ani-
mada na Serenifftma Senhora D. Isabel Ljái(a
fo^epha Infanta de Portugal filha primogénita do
muito alto, e poderofo Key D. Pedro II. noffo
Senhor. Lisboa por Miguel Deflandes Impref-
for de Sua Mageílade 1690. 4.
Orafaõ recitada na Academia dos Singfdares
em 1. de Setembro de 1663. Sahio com as obras
deíla Academia i. Part. Lisboa por Manoel
Lopes Ferreira 1692. 4.
Orafaõ ao Certame Académico da mefma
Academia Part. 2. ibi pelo dito Impref. 1698.
4. Neftas duas Partes eftaõ 3. Sonetos 2. Ro-
mances 2. Decimas, e huma glofla de André
Rodrigues de Mattos. Delle faz illuíbre me-
moria o P. António dos Reys no Enthuf.
Poet. já allegado n. 122. dizendo.
= Erat in nitidá Taffum prope fede locatus
Kodriguius Thufcas, qui compulit ore Camcenas
L.ufiaco ceciniffe virum quem lata Sionis
Mania viderunt calcata per agmina ^effu
Ire triumphali.
ANDRÉ RIBEIRO COUTINHO na-
tural da ViUa de Eftremos na Província do
Alentejo Ajudante de huma Companhia de
hum dos Terços da Guarnição da Corte. Foy
inílruido na lingua Latina, Poeta vulgar,
e verfado na liçaõ da Sagrada Efcritura, e
Santos Padres. Teve efcola publica na qual
com faculdade do Senado de Lisboa enfi-
nava a puerícia para à qual compoz igual-
mente pio, que douto a feguinte obra em varío
género de Metros.
Panegyrico Chrtfiaõ cultivado na advertência
das Oraçoens, que deve faber todo o ChrifiaÕ'.
e juntamente a explicação da Miffa, e o que
nella fe deve comtemplar, quando fe ouve, e hum
politico A. B. C. para a boa criação dos
Mininos. Lisboa por Domingos Carneiro
1675. 8.
Foy cafado com Cecília de Soufa de quem
teve a Pafchoal Ribeiro Coutinho do qual fe
fará memoria em feu lugar.
172
BIBLIOTHE CA
ANDRÉ RIBEYRO COUTINHO na-
tural de Lisboa, Fidalgo da Cafa de Sua Magef-
tade, e Alcaide mór de Baçaim, filho de Paf-
choal Ribeiro Coutinho, e de Maria dos Reys,
e Neto de André Ribeiro Coutinho, do qual
proximamente fe fez mençaõ. Depois de
eftudar as letras humanas, e Filofofia no Col-
legio de Santo Antaõ dos Padres Jefuitas fe
applicou ao eíludo militar em que fahio muito
perito, e para que exercitaíTe na pratica, o que
tinha alcançado pela efpeculaçaõ, aíTentou
praça de foldado, e com o lugar de Ajudante
aíTiftio em varias Campanhas no tempo que
efta Coroa declarou guerra à de Caílella fobre
a fua fucceílaõ, à qual fe opuzeraõ o Duque
de Anjou, e o Archiduque de Auílria. Em o
anno de 1716. fe embarcou na famofa Armada
que expedio Portugal para libertar a Ilha de
Corfu da violenta oppreíTaõ a que a tinhaõ
reduíido os Turcos, donde paíTando no anno
feguinte a Ungria, e afliílindo na celebre
batalha de Belgrado obrou acçoens, que me-
recerão a enveja dos mais valerofos foldados.
Reílituido a efte Reyno foy nomeado Sargento
mór para que na índia enfinaíTe à noíTa gente
militar a difciplina praticada na Europa, para
cuja empreza partio de Lisboa em 14. de Abril
de 1723. Nefte bellicofo theatro fez renacer a
memoria do Valor Portuguez devendo-fe à
fua laboriofa a£tívidade o defenho da Forti-
ficação da Praça de Taná fituada em o Norte
da índia. Voltando para a pátria foy man-
dado no anno de 1735. com o poílo de Te-
nente Coronel para a Nova Colónia do Sacra-
mento, onde tem obrado acçoens tanto em
beneficio deíla Coroa, como em credito da
fua PeíToa. O continuo eílrondo das Armas
nunca o feparou do comercio das Mufas, e
da liçaõ da Hiftoria, em que he muito ver-
fado. Compoz.
Prototypo confiituido das partes mais ejfen-
ciaes de hum General perfeito delineado em o per-
feitijftmo General, e Governador das Armas Por-
tuguesas, em a Provinda do A.lentejo o Senhor
Pedro Mafcarenhas. Lisboa por António Pe-
drozo Galraõ 171 3. 4.
Kelaçaõ diária da expugnaçaõ, e rendimen-
to da Praça de Bicholym em z-j. de Mayo
de 1726. Lisboa por Miguel Rodrigues.
1728. 4.
ANDRÉ DE SOUSA DINIZ natu-
ral de Santarém, fendo feus Progenitores
Ambrofio Vieyra de Carvalho, e D. Jo-
anna de Soufa. Foy ornado de fumma agu-
ANDRE DA SYLVA MASCARENHAS
natural de hum lugar da Beira entre os limites
do Bifpado de Lamego, Doutor na faculdade
de Direito Cefareo. Depois de ter adminif-
trado alguns lugares com igual prudência,
que defintereíTe foy Defembargador na Re-
lação do Porto de que tomou poíTe a 22. de
Agoílo de 1673. Como folTe naturalmente
affefto ao eftudo da Poefia occupava em algu-
ma compofiçaõ métrica as horas, que lhe refta-
vaõ do laboriofo miniílerio da Jurifprudencia,
de que he claro argumento o Poema, que pu-
blicou com eíle titulo.
A Dejlruiçaõ de Efpanha. Kejlauraçaõ Su-
maria da me/ma. Lisboa por António Crasbeck
de Mello 1671. 4. Na prefação delia obra
affirma ter acabado.
Hijloria dos milagres de N. Senhora da ILapa
celebre Sanãuario de Portugal. M. S. O P. An-
tónio dos Reys no Enthuf. Poetic. impreíTo
no principio dos feus Epigrammas n. iio. faz
delle mençaõ neíla forma.
;=) Te Hifpana Cupreffu
Natio velahat Jimul, et ParnaJJide luiuro \ |
O' Mafcarenhas.
Fr. ANDRÉ SOBRINHO natural de Mon-
te mór o Novo na Província Tranftagana, filho
de Diogo Sobrinho, e Sufana Dias ambos de
illuílres famílias. Profeííou o Habito de Ere-
mita de Santo Agoílinho no Convento de
Lisboa a 17. de Outubro de 1593. em cuja
Religião fendo venerado pela virtude, e fcien-
cia, nunca quiz aceitar nella algum minifterio
mais, que o de Meílre dos Noviços por muitos
annos no Convento de N. Senhora da Graça,
os quaes com os feus afceticos documentos
fahiraõ veteranos na perfeição Religiofa. Foy
pelo efpaço de outo annos ConfeíTor do Du-
que de Bragança D. Theodofio Pay do Se- 1
reniíTimo Rey D. Joaõ o IV. Como era
muito douto na Theologia moral deixou
compofto hum volume.
De Cafihus Confcientia: o qual fe con-
ferva no Convento da Graça deíla Corte.
ij
LUSITANA,
!cza de engenho, que lhe facilitou a compre-
cnfaõ de todas as Artes liberaes. Exercitou
vom felicidade a Poefia fendo igualmente pe-
tito nas letras humanas. Na liçaò de hum, e
atro Direito era taõ vcrfado, que podia com-
petir com os mayores Jurifconfultos do feu
icmpo. Naò foy menos valerofo, que fciente»
(brando acçoens heróicas na famofa Praça
tio (riit:i. Todos cftcs admiráveis dotes, de
í-iuc o ornou liberalmente a natureza, naõ pu-
<.ieraõ izentallo de muitas adverfidadcs armadas
cia iniluftria de fcus cmulos, que tolerou com
iiimo heróico, e confiante. Cafou trcs vezes
\ I. com D. Joanna de Teyvc Qrdofa. A
2. com D. Guiomar Sarayva de Vafconcellos,
•c quem teve a Fr. Feliciano de Soufa Diniz,
. a Fr. André de Soufa ambos Eremitas de
>:mto Agoftinho infignes Pregadores em Gif-
iclla. A 3. com D. Maria do Amaral, c Aguilar,
de quem teve Fr. Bernardo de Soufa Pacheco
Vigário Geral em Hefpariha da Ordem de
S. Bafilio, Fr. Jacinto de Soufa, e Azevedo,
Ir. Jeronymo de Soufa ambos Religiofos
1 rancifcanos, e o 2. Meftre jubilado em Theo-
logia, e Secretario do Geral, e a D. António
ic Soufa, e Noronha, que no Di/c/ir/. Geneal.
i.'a Família dos Souf. foi. 17. faz de feu Pay
cfta illuílre memoria. Vive de edad de 76 aiios
n ejie de 1642. Hale cabido en Jtierte una no-
íahle fortuna en huenas partes favorable, mas
en Jiiceffos adiierja\ Ji bien rara ve:^ acompana-
ron buenos Jt ice ff os a partes buenas; logra gran
agudev^a de ingenio; jimtojele el efiudio, porque
tiene bajlante noticia de todas las artes liberales.
Exercita con aciertos la Poejia en fu natural
idioma; es muy vijio en las letras humanas.
Kefnltó de todo la compojicion de vários libros,
uno.
Kimas varias con quatro difcítrfos de fu
vida.
y otro.
Compendio general delas Hifiorias dei mundo
ajji divinas como humanas defde fu origen, hafia
los tiempos pref entes.
Fr. ANDRÉ DE SANTA THERESA
natural de Lisboa, e defcendente de Pays
taõ illuftres no fangue, como na piedade.
Deixando a pátria paflbu a Caftella, e no
Convento de Córdova dos Carmelitas Def-
173
calços recebeo o habito, em cuja paleílra fez
iguaes progreíTot nas letras, que nas virtudes.
A grande prudência junta com a natural afiEa-
bilidade de que era ornado o ict digno, que
depois de exercitar os Priorados de vários
Conventos, c fer repetidamente Definidor
Geral, foíTe com exemplo raramente viAo
quatro vezes Provincial. Querendo a Mageí-
tade delRey Catholico Carlos 11. a quem era
muito aceito, rcmunerarlhe os feus grandes
merecimentos, o nomeou Bifpo, cuja digni-
dade, como fuperior ao feu talento, modcAa^
mente recufou. Morreo em Málaga no anno
de 171 5. com 81. annos de idade Clarus
doctrina, fed clarior virtutibus, como delle ef-
creve Fr. Marçal de S. Joaõ Bautifta in
hib. fcript. ulriufque Congreg. et fexus Carmel.
Excalceat. impreíía Burdigalac 1730. 4. compoz.
Sermoens vários Málaga 4.
Epiflola pafloral a fus Keligiofos
Epiflola pafloral a fus Keligiofos
Epiflola compuefla fobre algunas palavras
dei Pfalmo XXVIII.
Fr. ANDRÉ DE SANTO THOMAZ
naceo na Província do Alentejo, profeílou
o habito da Ordem dos Pregadores onde depois
de fahir eminente nas fciencias mayores as
eníinou com grande applaufo aos feus do-
mefticos. Na Univeríidade de Coimbra re-
cebeo o gráo de Doutor na faculdade de
Theologia, e a diftou na Cadeira de Prima de
tomou poíTe em 4. de Abril de 1635. fendo
fuccefror nefte honorifico lugar de Fr. An-
tónio da Refurreiçaõ promovido ao Bifpado
de Angra, merecendo pela profundidade
das fuás letras a univerfal aclamação de toda
a Academia. Foy Qualificador do Santo
Officio cujo Tribimal attendendo à fua grande
fciencia determinou, que as Conclufoens,
que fe houveíTem defender no Collegio de
Santo Thomaz, fendo approvadas por elle
naõ foíTem reviílas por outro Confultor. Mor-
reo em Coimbra no anno de 1640. e foy fepul-
tado na Capella mór do Collegio de Santo
Thomaz com eíle epitáfio.
Fr. Andreas ã Santo Thoma Tranflaganus
Confultor Santi Officij praclarum regularis obfer-
vantia exemplar.
Efcreveo.
^74
BIBLIO THECA
Vida, e virtudes da V. Soror Ifabel do Efpi-
rito Santo (e naõ de Santo Thomat;^ como por
equivocaçaõ lhe chamou Fr. Pedro Mon-
teiro Clauji. Dom. Tom. 3. pag. 144.) Keligiofa
da ^. Ordem de S. Domingos de cuja obra faz
mençaõ Jorge Cardofo Agiolog. hujttan. Tom.
I. pag. 501. no Comment. de 22. de Fevereiro
letr. H. dizendo do Author delia o muito douto,
e Keligiofo P. Fr. André de Santo Thomat:^ varaõ
mayor de toda a excepção, que a confeffou muitos
annos, e com particular cuidado ejcreveo a Jua
vida.
Commentaria in Summam Angelici Praceptoris,
que por caufa da morte do Author fe naõ im-
primirão. Delle fe lembraõ Fr. Lucas de Santa
Catherina Chroniíla Geral da Ordem, e Acadé-
mico do numero da Academia Real na Hiflor.
de S. Domingos da Prov. de Portug. Part. 4. lib. i.
cap. 14. e Fr. Pedro Monteiro no Cathalog.
dos Reved. e Qtíalific. do Santo Offic. n. 7. Nas
Aâas do Capitulo Geral celebrado em Ro-
ma no Convento da Minerva no anno de
1644. fendo Meílre Geral Fr. Thomaz Tur-
co fe faz mençaõ delle neíla forma. Vene-
randus P. Magifter Fr. Andreas de San£ío Tho-
ma primarius Conimhricenjis Academice SacrcB
Theologice ProfeJJor regularis difciplina exaãif-
jimus obfervator, vita innocentia, et aufieritate
injignis, mortis Jua tempus, et modum pradixit,
et tandem cum communi fanãitatis opinione feli-
citer quievit in Conventu Conimbricenji.
Fr. ANDRÉ DA VEYGA natural da
Villa de S.-Tiago de Cacem do Arcebifpa-
do de Évora. Sendo muito fciente na lingua
Latina afpirando a inílruirfe na f ciência dos
Santos recebeo o habito da Terceira Ordem
de S. Francifco no Convento de Santarém
dedicado à Virgem, Mártir, e Doutora
Santa Catherina. Logo em o Noviciado
começou a exercitar virtudes taõ heróicas,
que ferviaõ de admiração, e exemplo aos
feus domefticos, as quaes continuou com
mayor exceiTo pelo largo efpaço da fua vi-
da. Por preceito dos Superiores foy obriga-
do a eníinar fora do Convento à mocidade
Portugueza naõ fomente a lingua Latina,
mas a Rhetorica, e Poeíia, e para eiie eífeito
abrio efcola em Setúbal, na fua pátria,
e na Cidade de Portalegre, onde con-
corriaò os ouvintes apprender com as fciencias
as virtudes fendo os principaes difcipulos os
IlluílriíTimos D. Affonfo de Caílellobranco, e
D. André de Noronha, o primeiro Bifpo de
Coimbra, e o fegundo de Portalegre os quaes
fempre fizeraõ agradecida memoria da folida
doutrina de taõ infigne Meftre. Attenuado
com o laboriofo exercicio das aulas, e muito
mais da continua afpereza com que mortificava
o corpo fe recolheo ao Convento de Santarém,
onde accumulando mais merecimentos ao fcu
efpirito pronofticada a hora da morte, e con-
fortado com os Sacramentos fe transferio da
terra para o Ceo no i . de Abril de 1 5 84. quan-
do contava a larga idade de iio. annos. Do
Cemeterio commum onde fora enterrado o feu
cadáver com a aíTiiiencia das peíToas mais
principaes de Sãtarem, foy tresladado em 10.
de Abril de 161 6. para lugar mais honori-
fico, qual foy a parede do Cruzeiro à parte da
Epiftola entre as Capellas de N. Senhora da
Saúde, e de Santo António, exhalando fuavif-
fimo cheiro onde fe perpetuou a fama da fua
fantidade pela copia de milagres, que obrava
em beneficio daquelles povos circunvifinhos.
Sobre a campa da fepultura fe lhe gravou efte
epitáfio.
Aqtiija^ o P. Fr. André da Veiga. Falleceo
em dia de Pajchoa de Flores no anno de 1 5 84. Mui-
tas das fuás obras dedicou a feu difcipulo D.
André de Noronha das quaes fomente fe
imprimio a feguinte.
Acetarium varias rerum matérias continens,
multiplici carmine Jacro prcsfertim conjians. Ulyf-
fipone apud Franc. Corrêa Seren. Cardin.
Infant. Typog. 1571. 4.
Tinha compoJfto hum Poema cujo argumen-
to ignoro, o qual conílava de três mil verfos.
Ainda, que Nicolao António in Bib. Hijp.
Tom. I. cap. 71.' efcreva que Fr. André da
Veyga nacera na Veyga de Toledo, cuja opi-
nião feguio dubiamente Jorge Cardofo A^ol.
"Lufit. Tom. 2. pag. 383. fe enganou, por conílar
certamente do Cathalogo das pátrias, e profif-
foens dos Religiofos da 3. Ordem de S. Fran-
cifco, que nacera na Villa de Saõ-Tiago de
Cacem, e profeíTara a 13. de Mayo de 1492.
cujo aílento affirma o P. Francifco da Cruz nas
Juas Memorias M. S. para a Bib. Portug-
!(a o lera efcrito no dito Cathalogo. Ef-
I
L USITAN A.
crcvcm dcftc virtuofo Varaõ Jorge Cardofo
yís^ío/. ljiji(. Tom. 2. pag. 385. no Commcnt.
<l() I. de Abril let. F. e pag. joi no Commento
de 10. de Abril Ict. G. Fr. Manoel da Efper.
llijl. Seraf. da Prov. di Port. Part. 2. Uv. 11.
c;ip. 32. n. 7. António Carvalho da G>fta Corog.
Por/uji. Tom. 5. Part. 8. cap. 33. pag. 500. cha-
niandolhe Varaõ miàtofabio, e devoto. Fr. Joan.
a D. Ant. in Bib. Pranc. Tom. i. pag. 72. e o P.
António dos Reys no Entufiafm. Pott. n. 162.
Veyga
Tam bene de fuperis meritus, quàm clarus in arte
Carmina pangendi:
ANDRÉ VELHO DA FONSECA Depois
de cftudar Direito Canónico na Univerfidadc
de Coimbra, em que tomou o Gráo de Ba-
charel, foy nomeado Ouvidor de Angola,
onde obfervando com juifo de Sábio, e in-
veftigaçaõ de curiofo aquella vafta regiaõ da
litiopia que obedece ao Império Portuguez,
cfcrevco hum grande volume que fe conferva-
va na Bibliotheca do infigne Antiquário Ma-
loel Severim de Faria Chantre da Cathedral
le Évora, com o titulo
Hijloria do Reyno de Angola.
DONA ANGELA DE AZEVEDO
latural de Lisboa, filha de Joaõ de Aze-
redo Pereira Fidalgo da Cafa Real, e de fua
pcgunda mulher Dona Izabel de Oliveira
lereceo pela fua natural difcriçaõ, e rara
irmofura particulares eftimaçoens da Rainha
>ona Izabel de Borbon primeira mulher
lelRey de Caílella Filippe IV. e naõ da
inha Dona Catharina Efpofa de Filippe
como efcreve o moderno Author do
^beafro beroino Tom. 2. pag. 493. O qual
*rincipe fendo cazado quatro vezes nenhu-
deílas Senhoras teve o nome de Cathari-
Sendo Criada da SereniíTuna Dona Izabel
le Borbon fe defpozou em Madrid com con-
forte digno do feu nacimento de quem teve
luma filha com a qual depois de Viuva fe
icolheo no Convento de S. Bento, onde
>rofeíTaraõ o feu monaíHco inílituto. Cul-
ivou com fumma felicidade a Arte da Poefia
ie que deixou por argumentos da fua fecun-
e difcreta vea as Comedias feguintes
lue todas fe imprimirão com eíles titulos
.75
ÍM Margarita dei Tojo que diò nombre a
Santarém. 4.
El muerto difftmulado. 4.
Dicba, y dejdicha dei jitegp, y devocion ie la
VkgfH. 4.
Fr. ANGELO DE S. DOMINGOS natu-
ral da Cidade de Évora filho de AfTonfo Rodri-
gues, e de Joanna 1'ernandes. Recebeo o habito
dos Caraielitas Deícalços no Convento de Noí-
fa Senhora dos Remédios de Lisboa a 18. de
Novembro de 1601. eíhidando em Coimbra as
fciencias que coníliruem douto a hum Religio-
fo, foy eleyto companheiro de Fr. Miguel de S.
Jeronymo infigne Meftre de Noviços para os
inílruir na difciplina regular. O feu fublime
talento o fez digno de que exercitando fem in-
terrupção os lugares de Prior dos Conventos
de Figueiró, Cafcaes, Coimbra, Porto, e Aveiro
chegaíTe a fer Provincial eleyto no Capitulo
celebrado em S. Pedro de Paftrana em Caílella
a 6. de May o de 1634. obfervando em todas
eílas Prelafias igual prudência que brandura
para os fubditos. A innocencia da vida o
fafia amável aos domefticos, e eftranhos. Foy
muito verfado na Hiftoria, e naõ menos
na Poefia. Todo o tempo, que lhe reftava
das precifas obrigaçoens de Superior o ap-
plicava à liçaõ dos livros. Vivia pelos an-
nos de 1654. quando contava cincoenta an-
nos de Religiofo. Compoz diverfas obras,
que naõ lograrão a luz publica, de que eraõ
dignas, fendo as principaes.
Compendium hijloriale Sanãorum Ijufitano-
rum, vel ad 'Lufitaniam quoquo modo fpeãan-
tium gejia compleãens.
Memoriale fundationum fua Província Cano-
biorum quibus prafuerat.
Polymita, five diverja Poemata.
Officium proprium S. Jofephi Beatijfima Vir-
ginis Sponji; o qual dezejava que foífe appro-
vado para em toda a Igreja fe rezar.
Officium Plagarum Chrifti Domini. Pa-
ra fe rezar em todo o Reyno de Portu-
gal. Do Author fazem mençaõ o Padre
Francifco da Fonfeca Euor. glorio/, pag.
410. Fr. Belchior de Santa Anna Chron.
dos Carmel. Defcalf. de Portug. Tom. i.
liv. 3. cap. 14. §. 669. e cap. 26. §. 747. e
cap. 28. §. 758. E Fr. Joaõ do Sacramen-
ij6
to Chron. dos Carmel. Defcalf. Tom. 2. liv. 5.
cap. 31. §. 597. e liv. 6. cap. i. §. 785.
Fr. ANGELO DE SANTA MARIA
chamado no Século Duarte de Figueiredo
e Gufmaõ naceo no anno de 1 664. na Villa de
Caftro Marim do Reyno do Algarve, e foy
filho de Gafpar Lourenço de Gufmaõ, e de
Dona Maria de Figueiredo peíToas de conhe-
cida virtude. Aprendeo os primeiros rudi-
mentos na Cidade de Tavira donde quando
contava 16. annos de idade paflbu a Salamanca
eíludar Direito Pontifício, e eílando para gra-
duar-fe nefta Sagrada Faculdade infpirado
fuperiormente defprezou os augmentos, que
lhe prometiaõ as fuás letras recebendo o
habito dos Carmelitas Defcalços das mãos do
Reytor do Collegio de Salamanca Fr. Joaõ
da Annunciaçaõ que depois foy Geral da
Ordem, e hum dos principaes Authores do
Curfo Salmanticenfe. Paliado o tempo do
Noviciado, e feita a Profillaõ folemne no
Convento de Valladolid foy eíludar Filofofía
a Ávila, Theologia a Salamanca, e Moral a
Segóvia, em cujas faculdades fez taes pro-
greíTos a fua applicaçaõ que por efpaço de três
annos foy Meftre deíla Sciencia onde tinha fido
Difcipulo. Dezejofo de voltar à fua Pátria
pofto que repugnaíTem os Prelados Caílelhanos
por fer a fua auzencia muito prejudicial à gloria
da Religião, lha concedeo o Reverendiffimo
Geral Fr. Pedro de Jefus Maria filho dos Mar-
quezes de los Bellez. Reftituido ao Rey-
no pouco tempo affiílio no Convento de
Évora donde para que naõ eftiveíTe ociofo
o feu grande talento em beneficio dos do-
mefticos paflbu a fer Meftre de Theologia
moral pelo largo efpaço de nove annos em
o Convento de Viana. Foy Secretario da
Provinda, Reytor do Collegio de Coim-
bra, e três vezes Definidor Geral moftran-
do em todos eftes lugares a fumma madu-
reza de que he ornado. Todo o tempo
que lhe reíla das obrigaçoens religiofas o
occupa continuamente efcrevendo fendo
manifeftos frutos da fua douta, e incanfa-
vel applicaçaõ as obras feguintes.
BreviariJ Moralis Carmelitani juxta doc-
trinam mirahikm, atque angeluam D. Tho~
ma Aquinatís Ecclejice Jolis, nec non Sanãif-
B IB LIO THE CA
fimam, valdeqtte perutilem Salmanticenjitm tam
moralium, quam Jcholajlicoriim paffim tritam,
totum inojfenjoqm pede diffujam per orbem in
Fraírum auxilium, eorumque gratiam. Pars i.
Ulyflipone apud Antonium Pedrozo Galraõ
1734. foi.
Pars z. ibi per eumdem Typog. 1734. foi.
Pars 3. ibi per eumdem Typog. 1735. foi.
Pars 4. ibi per eumdem Typog. 1735. foi. j
Pars 5. ibi per eumdem Typog. 1738. foi.
Tem prompto para a Impreflaõ
Schola Moralis h.ufitanenjis foi. 7. Tom.
Conjultationum Moralium Tom. unus foi.
Sermoens vários 4. 4. Tom.
ANGELO PACENSE cujo apellido de-
nota a fua Pátria a Cidade de Beja fituada na
Província Tranílagana o qual floreceo no j
fatal Século em que de toda Efpanha oprimida '
pelo bárbaro jugo dos Sarracenos eílavaõ
deílerradas as fciencias. Efcreveo
Vidas de muitos Santos Portugue^^es.
Efta obra fe confervava na Livraria do
Real Convento de Alcobaça como tefti-
ficaraõ o Licenciado Jeronymo do Souto
Ouvidor da Comarca, e Correição dos Cou-
tos deíla Villa, e o Reverendiflimo D. ,
Abbade Geral da Congregação Ciílercien-
fe Fr. Francifco de Santa Clara, o primei-
ro em 10. de Setembro de 1595. e o fegun-
do em 13. de Julho de 1596. cujas attefta-
çoens eílaõ impreíías na prefação da i .
part. da Mon. l^ujit. compoíla pelo infig-
ne Efcritor Fr. Bernardo de Brito. Dizem
que eíle livro fora roubado da Livraria de j
Alcobaça onde fe confervara pelo largo
efpaço de quinhentos annos, e fe levara
para a Bibliotheca do Efcurial o que nega
Nicol. Ant. in Bib. Hifp. Vet. Tom. 2. pag.
257. como também a exiílencia de feu
Author julgando-o por apócrifo affim co-
mo no feu conceito faõ Laymundo Orte-
ga, Pedro Alladio, e o Meílre Menegaldo
fundando toda a fua duvida em que uni-
camente Fr. Bernardo de Brito vira, e uza-
ra deíles Authores. Porém para credi-
to, e abonaçaõ de taõ infigne Efcritor co-
mo foy o noflb Brito fahio modernamente
à luz publica no 4. Tom. dos Anedoílos
impreíTo Patavii Typis Seminarii 171 3. 4-
11
LUSITANA.
177
que Luiz António Muratori, Bibliothecario do
nuc|uc tlc Míulcna cxtrahio da Biblíothcca
Ainbroziana, a obra do Mcftrc Mcncgaldo,
a qual confia de huma híOoria geral do mun-
do, por onde fe moftra evidentemente que
naò foy I'r. Bernardo de Brito o inventor
(IcHa obra, mas que realmente exiília, como
icriaõ os outros Authores antigos, de cujas
noticias fe valeo para a compofiçaõ da Mo-
nnrcliia Lufitana. Fallaõ de Angelo Paceníe
Cardozo y4ff0/. Lufit. no Cõment. do i. de
1'cvcrciro letr. C. Maced. Tíva, e Ave. Part. 2.
cap. 28. n. 7. Brito Mon. iMJit. Part. i. liv. i.
cap. 19. e liv. 2. cap. 6. e cap. 10. e liv. 4. cap.
;a. c part. 2. lib. 5. cap. 6. Joan. Soar. de Brito
III Theatr. hjifit. Uterat. lit. A. n. 46.
D. Fr. ANGELO PEREIRA naceo em
i illuftrc Viila de Barccllos da Província de
g^atre Douro, e Minho, c na Cidade de Lisboa
JBcebeo o habito da Religião Carmelitana da
Hptigua obfervancia. Em o Collegio de Coim-
^■a aprendeo no anno de 1567. Filofofia, e
^Kheologia, cujas íciencias enílnou aos íeus
jBpmcílicos recebendo em premio da fua
grande Litteratura a Borla de Doutor na
feculdade de Theologia conferida pela Aca-
demia Conimbricenfe. Occupou na Reli-
gião os lugares de Reytor do Collegio de
Coimbra, Definidor, e Cuílodio da Provincia,
c Prior do Convento de Lisboa, onde foy
eleito Sócio do Geral Fr. Joaõ Eftevaõ Chi-
zola quando veyo a eíle Reyno, querendo
que o ajudafle na Reforma que intentava
fa2er na Provincia de Andaluíia, em cujo
miniílerio dezempenhou a eleyçaõ, que delle
fe fizera. Confiderando o grande Bifpo de
Coimbra D. Affonfo de Caílello-Branco,
que naõ podia por caufa dos feus annos
exercitar o miniílerio paíloral como deze-
java, o nomeou feu Coadjutor, e foy con-
firmado pelo Papa Clemente VIIL com o
titulo de Bifpo de Martyria em 14. de
Mayo de 1600. PeUo efpaço de quatorze
annos logrou a dignidade Epifcopal atè
que na Villa de Pereira faleceo, e na fua
Igreja Matriz foy fepultado, e fe lhe gravou
efte epitáfio
Aqui ja^ o Corpo do lllufirijfimo Senhor
D. Fr. Angelo Pereira Bifpo de Martyria,
Ktliffofo, que foy da Ordem do Carmo. Faleceo
aos 20. de ]unho de 16 14. Compoz
Ad primam fecunda D. Thoma Aí. S. o qual
fe conferva no Collegio de Coimbra como
aífjrma Fr. Manoel de Sá nas Mem. HiJIor.
dos lifcrit. Portug. da Ordem de N. S. do Carmo
pag. 27. n. 58.
Vida de Santo Alberto Paíriarcha, e de Santo
Angelo Mártir. M. S.
Efcrcvcm de D. Fr. Angelo Pereira, Fr.
Marcos António de Alegre de Cafanate ín
Parad. Carmel, Decor. Stat. 5. yfvftas 17. cap. 30.
pag. 45). Fr. Manoel Rom. LUucid. foi. )X4.
Fr. Thom. de Faria Decad. i. lib. 5. cap. 9. Fr.
Daniel à Virg. Mar. in Spec. Carmel. 2. part.
Tom. 2. lib. 5. pag. 210. n. 5166. et pag. 1085.
n. 5799. Fr. Diogo de Corea Maldon. Chron.
dei Carm. lib. 12. cap. 12. e i). Sampayo Noh.
Portug. cap. 9. pag. no. Coft. Corog. Portug.
Tom. 5. lib. 2. Traft. 8. cap. 47. pag. 624. e o
Padre D. Manoel Caet. de Souf. Catb. Hift.
dos Arceb. e Bifp. Portug. p. 112.
P. ANGELO DOS REYS naceo em hum
lugar do Certaõ da Bahia em o aimo de 1664.
Sendo de 17. annos entrou na Companhia
de Jefus no Collegio da Bahia a 18. de No-
vembro de 168 1. onde fez a ProfiíTaõ do quarto
voto a 15. de Agofto de 1699. ^^Y Meftre de
humanidades, Filofofia, e Theologia nos
CoUegios da Bahia, e Rio de Janeiro, e hum
dos celebres Pregadores do feu tempo, cuja
arte aprendeo do Oráculo da eloquência
Ecclefiaílica o infigne Vieyra, de quem foy
muitos annos Amanuenfe. Obfervou exac-
tamente a pobreza religiofa, e taõ moderado
fe moílrou na fortuna profpera, como conf-
tante na adverfa. Por fer muito verfado na
Hiftoria Secular, e Ecclefiaílica o elegeo a
Academia Real por feu Collega Supranu-
merário. Ao tempo que apoílolicamente
difcorria pelo certaõ de Cana Brava exer-
citando o miniílerio de MiíTionario paíTou
a melhor vida em 21. de Dezembro de 1725.
com 59. annos de idade, e 42. de Religião.
Dos muitos Sermoens que em diverfas
Feílividades pregou com grande applaufo
fomente fe imprimirão os feguintes.
Sermão da Keflaura^aõ da Bahia pre-
gado na Sè da mefma Cidade em Ma dos
17
178
Apojlolos S. Filippe, e S. Tiago Lisboa por
Miguel Manefcal Impreflbr do Santo Officio
1706. 4.
Sermão da Canonização do grande Apoftolo do
Oriente S. Francifco Xavier pregado no dia da
mejma Fejia no Collegio do Rio de Janeiro. Lis-
boa por Valentim da Coíla Deslandes 1709. 4.
Sermão de N. S. de Be/km pregado no Semi-
nário do me/mo nome, e na primeira Outava do
Natal no anno de 171 6. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ 171 8. 4.
Sermão da Soledade da Mãy de Deos pregado
na Sè da Bahia no anno de 171 8. Lisboa pelo
dito Impreflbr 171 9. 4.
ANNA DA FONSECA naceo na Villa
de Celorico da Provinda da Beira com igual
génio para as virtudes, como para as Artes li-
beraes. Triumfando da fragilidade do fexo, e
ainda da mefma idade fahio taõ perfeitamente
inftruida na lingua latina, e em todo o género
de erudição fagrada, e profana, que era vene-
rada por huma Sibilla do feu Século. Conhe-
cendo a inftabilidade das delicias mundanas fe
auzentou da cafa de feu Pay Fernaõ Gonçal-
ves Cabral para o Convento de Cellas jun-
to a Coimbra, onde profeflbu o inílituto
Ciftercienfe. Nefta Sagrada Efcola prati-
cou aquellas virtudes dignas de huma Ef-
pofa de Chrifto com as quaes fervia de
exemplar a duas Irmãas Religiofas no mef-
mo Convento para que foflem fuás imita-
doras. Todo o tempo que lhe fobejava da
contemplação da pátria celeílial, o dedi-
cava à Liçaõ dos Santos Padres, e Autho-
res afceticos, donde extrahia doutrinas para
compor algumas obras efpirituaes, como foraõ
Varias Homilias.
Efcritas elegantemente na lingua latina
que igualmente refpiravaõ amor da virtu-
de, e ódio do pecado, das quaes grande parte
fe confervava em poder de feu Pay em quan-
to viveo.
DONA ANNA DE LIMA naceo em
Lisboa, Irmãa daquelle celebre Heroe D.
Paulo de Lima, que com as fuás admirá-
veis façanhas aflbmbrou a todo o Orien-
te, e filha herdeira de D. António de Lima
Senhor de Caftro Dairo, e de Dona Ma-
BIBLIO THE CA
ria de Vilhena filha de Chriftovaõ de Mello
herdeiro da Ilha de S. Thomè. Foy cazado
com D. António de Attaide primeiro Conde
de Caftro Dairo, e 5. Conde da Caftanheira,
Alcayde Mòr de CoUares, e Guimaraens, de
quem teve numerofa defcendencia. Augmen-
tou as luzes do feu claro nacimento com os
rayos das fciencias em que foy muito perita
principalmente na cultura da Poefia, em que
podia fer venerada por decima Mufa com-
pondo com affluencia difcriçaõ, e elegância.
Varias Poejias Portugue:(as
As quaes louva com grandes elogios
Manoel de Faria e Soufa no Catalog. dos
A. A. Vortuguer^es, cujo original, que nun-
ca fe imprimio, que he muito differente de
que eflà no Epit. das Hift. Portug. temos
lido, e examinado.
ANSELMO CAETANO MUNHOS DL
ABREU GUSMAM, E CASTELLO-BRAN-
CO natural da Villa de Soure na Província
da Beira do Bifpado de Coimbra, e filho do
Doutor António Munhós de Abreu formado
na Faculdade dos Sagrados Cânones, e de
Simoa Godinha da Roza. Inftruido nos ru-
dimentos da Latinidade paliou à Univer-
fidade de Coimbra onde fe applicou à Sden-
cia da Medicina na qual recebeo as infignias
doutoraes com applaufo de todos os Mef-
tres. Naõ o mereceo menos quando a exer-
citou praticamente nefl^ Corte elegendo o
por feu Medico o ExceUentiflimo Duque
de Aveiro D. Gabriel Ponce de Leon. He
ornado de feliz memoria, noticia das linguas
mais polidas da Europa, e naõ menos verfado
na Uçaõ dos Santos Padres, fagrada Bí-
blia, difciplinas Mathematicas, e mifterios
occultos da Chimica, de que he argumento
a obra feguinte que pubUcou com efte ti-
tulo.
Ejinaa, ou applicaçaõ do entendimento fobre
a pedra Filofofal provada, e defendida com os
mejmos argumentos com que os Padres Athanajio
Kircher no feu Mundo fubterraneo, e Fr. Jero-
nymo Bento Feijoo no feu Theatro Critico conce-
dendo a pojfibilidade negaõ, e impugnaõ a exif-
tencia dejle raro, e grande mijlerio da Arte Magna
Part. I. Lisboa por Maurício Vicente de
Almeyda. 1732. 4.
L USITAN A.
179
Varte z. Lisboa pelo dito impreíTor.
1733- 4-
Oráculo Propbetico Prologomeno da Terá-
tohgia, ou Hijioria prodiffofa tm qi4t Jt dâ com-
eta noticia de todos os Monjlros compoflo para
ffmfujaõ de Veffoas ignorantes, fatisfaçaõ de ho'
mtfis fabios, extermínio de Propbecias f alfas, e
M>licaçaÕ de verdadeiras Propbecias. Lisboa
pelo dito ImprclTor 1735. 4.
Vieyra abbreviado, em cem Difcurfos Mo-
Hts, e Poli ticos dividido em dous Tomos. Tom.
I, Lisboa pelo dito Imprcflbr. 1753. 8.
Eíla obra, que fe principiou a imprimir,
e naõ fe continuou coníla por ordem Alfa-
bética de todas as máximas moracs, e po-
Htícas, que eílaõ difperfas pelos Sermoens
èo P. António Vieyra os quaes tinha o Au-
thor dcUa taò fixos na memoria, que toda
a contextura he compoíla das palavras do
mefmo Vieyra parecendo mais obra delle,
do que do abbreviador dos feus incompará-
veis Difcurfos.
Com o fupoílo nome de Moníieur Roberto
Wainger publicou.
Onomatopeia Oannenfe, ou Annedotica do
hionfiro Amphibio, que na memorável noite de i/[.
para 1$. de Outubro do prefente anno de 1732.
ãpareceo no mar Negro, e fahindo em terra f aliou
âos Turcos de Confiantinopla (ò>'c. Lisboa por
Mauricio Vicente de Almeyda. 1732. 4.
Com o nome de Vafco de Mendanha
Coelho publicou.
Vida, nacimento, e morte de X. dato
Famineis. Oferecido ao muito Generofo Se-
nhor Cartapacio de Géneros. Lisboa por
Pedro Ferreira ImpreíTor da AuguftiíTmia
Rainha. 1733. 4. He hum difcurfo Medi-
co acerca de hum monítro compofto de
dous Corpos Femininos, que pario em Lis-
boa em o I. de Outubro de 1732. huma
Preta.
Com os nomes de André Paulino, e Mar-
cos Valentim publicou.
Efcudo Apologético contrapojio aos gol-
pes do De/cuido Critico compofio pelos fapi-
tntijfimos dous Cenfores de X. dato Fami-
neis Collegiaes do antigo Collegio de Gejlas (ò^c.
Lisboa por Mauricio Vicente de Almey-
da 1733. 4.
Com o nome de Jorge Martins.
Hifloria Galhga, em que fe dá rela^aõ, t ver-
dadeira noticia das celebres Peflas de hum Noi-
vado a que ajftfliraõ Gonçalo d» Pó, $ Gil Noivo
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1754. 4.
SaÕ humas redondilhas de pé quebrado
com hum commento em proza.
Fr. ANSELMO XUQUER. Nacco cm
Lisboa fendo filho de Joaõ Xuquer Alcmaõ,
e Luiza Freyre Portugueza. Depois de inT-
truido nos primeiros rudimentos de que era ca-
paz a fua idade, foy admitido ao habito Regu-
lar da Ordem de Chriílo no Real Coavento
de Thomar a 2. de Fevereiro de 1 599. onde fez
admiráveis progreíTos na praâica das virtudes,
e na comprehenfaõ das fciencias principal-
mente nas letras humanas, e Poefia. No Real
Convento da Villa de Thomar, Cabeça dcíla
Militar Ordem leo com geral applaufo naõ
fó aos domeílicos, mas ainda aos eílranhos
Grammatica, Rhetorica, Poeíia, c Filofofia.
A fuavidade do génio, e a inteirefa da vida o
faziaõ a todos fummamente amável, e ainda
quando tinha idade muito proveâa nunca
era faíUdiofa a fua communicaçaõ. Occupou
na fua Religiofa Familia os lugares de Prior
no Collegio de Coimbra, de Viíitador Geral,
e perpetuo Deíinidor. Conhecendo a Magcf-
tade delRey D. Joaõ o IV. a grande prudência
de que era ornado, o nomeou Secretario da
Embaxada, que em feu nome mandava dar
por Rodrigo Botelho à Rainha de Suécia.
Depois de difcorrer com o Embaxador grande
parte de Alemanha entrou em Colónia onde
aíTiftia por Núncio Apoílolico Fábio Chifio,
e como eíle Prelado era grande eítímador
dos homens eruditos contrahio com Fr. An-
felmo taõ eílreita amizade, que o levou na
fua companhia a Roma, e de tal forte con-
fervou com elle efta affefhiofa correfponden-
cia, que fendo fublimado ao Sólio do Va-
ticano com o nome de Alexandre VH. lhe
efcrevia a Portugal com as mayores demõf-
traçoens de benevolência. Reílituido ao
Convento de Thomar ainda que opprimido
de infirmidades, e annos paíTava o tempo
fempre occupado nas fuás litterarias appli-
caçoens, que interrompeo a morte em 13.
de Junho de 1663. quando excedia a idade
de 90. aimos. Na Livraria do Convento de
i8o
BIB LIOTHE CA
Thomar fe confervaõ M. S. com grande
fentimento dos eruditos as obras feguintes.
De Pariu Virginis Deipara libri 12. Com-
poílos em verfo elegantiíTimo.
Tragadia S. Catherina Martyris Alexan-
drina. Em verfos Jambos.
Diverjorum Poemafum liher.
Adágios Portuguei^es vertidos em L.atim
KelaçaÕ da pri^^aõ em Alemanha do SereniJ-
Jimo Infante D. Duarte irmaõ delRej D. Joaõ o IV.
e fua morte em Milaõ, e do que ohráraõ os Portu-
guefes para o rejiituirem ã fua liberdade.
Griphos, e enigmas explicados. Efte livro
confervava em feu poder Gafpar de Faria
Severim Secretario das Mercês.
Officium S. Jo^ieph B. V. Sponfi. O Author
o dedicou a Alexandre VIL por lhe ter pedido
o compuzeíTe.
Delle faz memoria no feu Enthujiafmo
Poético n. 169. o P. António dos Reys.
Nec Te quod multis aliis contingere vidi,
(Non tamen his l^ufis irafcens) Xuqpiere Phabus
Ignis ut expertem facri de Monte fugavit,
Kidendumque dedit Mujis, fed culmen adire
Mifcerique choris veniens concejftt in avum.
Fr. ANTAM DE FARIA. Naceo na
Cidade de Lisboa no anno de 1655. e foy filho
de Antaõ de Faria da Sylva, e neto de Francifco
de Faria Alcayde mór de Palmella. Apren-
didas as letras humanas elegeo entre todas as
Religioens a do grande Patriarcha faõ Bento
recebendo o Habito Monachal no Con-
vento de Tibaens a 27. de Abril de 1675.
quando contava 20. annos de idade. Nos
Efhidos Efcholaílicos fahio taõ iníigne, que
mereceo fer laureado na Univeríidade de
Coimbra com as iníignias doutoraes em a
Faculdade de Theologia. Sendo Provizor
do Bifpado do Porto tomou poífe deíla Mi-
tra a 17. de Outubro de 1709. em nome do
ExcellentiíTimo, e ReverendiíTimo Senhor
D. Thomaz de Almeyda hoje Cardial Patriar-
cha, para a qual fora promovido da Cathedral
de Lamego. Os feus merecimentos o fizeraõ
digno de naõ fomente governar a fua Mo-
naftica Congregação no anno de 171 o. mas
fer propoíto para Bifpo do Rio de Janeiro,
e Coadjutor do Arcebifpo Primaz Ruy de
Moura Telles. Morreo no Convento de Ti-
baens a 19. de Junho de 1721. outavo dia da
Feíla do Corpo de Deos, de cujo amorofo
Myfterio foy cordial devoto. Compoz.
Manifejlo das prendas, que para Paji commum
da Religião Monaflica de S. Bento fe achaõ no
P. Fr. Vicente dos Santos D. Abbade Geral
fegunda vev^ por geral aclamarão do Capitulo,
que fe celebrou em o anno de 1686. no Convento
de Tibaens. Cujo Original conferva em feu
poder o P. Pregador Geral Fr. Marcelliano
da Afcençaõ Monge Beneditino, a quem
devemos efta noticia, como outras muitas
da fua Religião, em que he profundamente
verfado.
Fr. ANTAM GALVAM naceo na Villa
de Torraõ da Diocefe de Évora na Província
do Alentejo. Teve por Pays a Joaõ Aíartins
Galvaõ Alcaide mòr da Villa do Torraõ, e a
Izabel Pires Soares de igual nobreza à de feu
conforte. ProfeíTou o habito de Eremita de
Santo Agoílinho no Convento de Évora a 2 de
Janeiro de 1583. Foy ornado de hum engenho
admirável com que brevemente naõ fó compre-
hendeo a lingua Latina, mas a Grega, e He-
braica. Naõ teve menor intelligencia pa-
ra penetrar as fciencias mayores recebendo
na Univeríidade de Coimbra o Grào de Dou-
tor em Theologia em 16. de Junho de 1596.
na qual foy Lente de Efcritura por oppoíiçaõ,
e fentença do Confelho delia em 17. de No-
vembro de 1601. Nefte minifterio encheo as
obrigaçoens de iníigne Cathedratico concor-
rendo a ouvillo naõ fó os profeílores deíla fa-
culdade, mas ainda do Direito Pontifício, e
Cefario, de tal forte, que fendo muito ampla a
Aula, era limitada para o concurfo dos ouvin-
tes dezejando todos ferem difcipulos da fua
doutrina, entre os quaes fe pôde nomear o
IlluftriíTimo D. AíFonfo Furtado de Mendoça
entaõ Reytor da Univeríidade, e depois Ar-
cebifpo de Braga, e Lisboa, a quem particu-
larmente explicou, por aíTim lho pedir efte
Prelado, os Pfalmos de David com igual
efpirito que fciencia. Morreo em Santarém
a 20. de Setembro de 1609. com grande fen-
timento da Univeríidade por perder humi
Varaõ, como dizem Fr. António da Nativi"^
dade nos Mont. de Cor. Mont. 3. Cor. unic.'^
n. 303. muito major, que a fama, que juf
à
L USITANA.
i8i
tametile alcançara, e Fr. Thomaz de Faria
/////. Dec. I. lib. 9. cap. 8. Quem Deus, et na-
tura oMnihus, qua ad animi illujlralionem fpeííant,
doíihus cumulaverat. Semelhantes elogios lhe
fazem Joan. Suar. de Brito in Tbeat. Ldéfit.
IJtíerat. lit. A. n. 8j. Purificac. Cbron. da
Vrovinc. d» Port. dos Eremit. de Santo Agoft.
Part. 2. liv. 7. Tit. I. §. 4. et de Viris Uluflrib.
Ord. Eremit. lib. 2. cap. 17. aíTinandolhe nef-
tas duas obras diferente dia» e anno da morte,
e ultimamente o P. Fr. Manoel de Figuei-
redo no Fios Sana. Augujl. Tom. 4. pag. 135.
Deixou M. S.
Commentaria in Prophetas Minores
Sermoens vários 1. Tom.
Na Via Sacra do Collcgio dos Eremi-
tas de Coimbra tem efte elogio.
Fr. Antonius Gahanus Doííor T/jeo/o^us latina,
Graça, et Hebraica lingua peritifjimus in Conim-
bricenji Academia Vefperariam Sacra Pagina
catbedram feptenio rexit. Ohiit Quinquagenarius
20. Sept. anno Domini 1609.
Fr. ANTAM DE GUIMARAENS cujo
appellido denota a pátria onde naceo como
he coílume obfervado dos Religiofos Meno-
res da reformada Província da Piedade,
onde profeíTou efte inftituto florecendo en-
tre os feus domefticos na obfervancia da
difciplina regular, pela qual mereceo quando
era Cuftodio, que o Geral de toda a Ordem
Seráfica Fr. Bernardino de Sena, que depois
foy Bifpo de Vifeu, o elegeíTe Vifitador
da Provinda de Santo António, cujo minif-
terio executou com admirável prudência.
Naõ foy menor a que exercitou quando
em 50. de Janeiro de 1639. ^oy eleito Provin-
cial com univerfal aclamação de domefticos,
e eftranhos. Vivia pelos annos de 1645.
conforme efcreve Fr. Manoel de Monfor-
te na Chron. da Provinc. da Piedad. liv. 4.
cap. 57. §. I. e liv. 5. cap. 10. §. i. Como era
muito perito nas Ceremonias Eccleíiafticas
compoz por preceito dos Superiores.
Ceremonial da Provinda da Piedade com huma
explicação das Rtéricas do Miffal Romano. Bra-
ga por Gonçalo do Bafto. 1637. 4.
Fr. ANTAM DE JESUS ReUgiofo
profeíTo da Sagrada Ordem dos Eremitas de
Santo Agoílínho da Congregação da índia
Oriental. Por Ter muito verfado no eíhido
da filAoria Ecclefiaílica, e principalmente
dos progreflbs, que os feus companheiros
tinhaô obrado no Oriente em beneficio da
Chriftandade. ETcteveo.
Tratado de algumas coufas memoráveis até
a fundação do Convento de GorgiftaÕ. Deíla obra
ainda permanecem alguns Cadernos truncados-
no Convento de Goa.
Fr. ANTAM DE LISBOA natural da
Cidade do feu appellido. Recebeo a Cogulla
Ciílercienfe do Melliíluo Doutor S. Bernardo
no Real Convento de Alcobaça em cuja paleftra.
aprendeo as virtudes em que foy eminente, e as
letras em que fahio confumado, principal-
mente nas Sagradas, do que he teftemunho
hum grande volume, que compoz dividido
em duas partes, que fe conferva na Livraria
do mefmo Convento, onde profeflbu, fendo»
a primeira efcrita em latim, e confta.
De captivitate, ac difperjione Judaorum Aí.
S. A. z em Portuguez tratando.
Da vida, e acçoens dos antigos Profetas. Aí. S.
ANTAM DE MESQUITA Natural de
Lisboa filho de Joaõ de Figueiroa, e D. Helena
de Payva. Depois de eflar inftruido nas letras
humanas paftbu à Univerfidade de Coimbra
onde fez tantos progreftbs na faculdade do
Direito Pontificio, que recebendo as infignias
doutoraes, foy admitido ao Collegio de S. Pe-
dro a 21. de Fevereiro de 1 592. A grande pru-
dência, e adividade, que tinha para os negócios
mais árduos o fizeraõ digno de fer mandado
por Secretario do Eftado da índia Oriental^
onde naõ fomente exercitou efte lugar, e o
de Juiz dos Feitos da Coroa, e Fifco Re-
al, mas com exemplo poucas vezes pradi-
cado fendo fecular foy eleito Deputado da
Inquifiçaõ de Goa, de que tomou pofle a
26. de Janeiro de 1605. Adminiftxadas taõ
diverfas incumbências com grande inteireza
voltando ao Reyno fendo Dezembargador
da Cafa da Supplicaçaõ a 22. de Agofto de
1630. e Ouvidor do Crime a 20. de Julho de
1633. e nunca Dezembargador dos Aggra-
vos, como efcreve o Doutor Manoel da
l82
BIB LIO THE CA
Sylva Pereira Leal no Cathal. Cronol. dos Col-
Jeg. do Colleg. de S. Ped. §.31. Deftes lugares
exercitou outros mayores, como foraõ Chan-
celler das Ordens, Deputado da Meza da
Confciencia, e Ordens, e ultimamente Dezem-
bargador do Paço, atè que falleceo na fua
Pátria em o anno de 1639. Ordenou no Teíia-
mento com que falleceo, a feu filho, Joaõ de
Mefquita <ie Figueiroa Dezembargador da
Cafa da Supplicaçaõ Fidalgo da Cafa Real
Commendador de Guntiaens, e Vallada na
Ordem de Chriílo, e Alcayde môr de Almeyda,
que imprimiíTe as obras, que tinha compofto,
mas a intempeíliva morte do filho privou
igualmente defta gloria ao Pay, como a toda
a Republica litteraria; fendo ellas.
Hijloria militar de Chrijlo volume grande
M. S.
Difcurfo fobre a melhor expedição das Nãos da
índia, e da carga da Pimenta. M. S.
Eftes dous Tomos confervava na fua Se-
ledHíTima Livraria o Chantre de Évora Manoel
Severim de Faria, de que fazia grande eíli-
maçaõ.
P. ANTAM DE PROENÇA, naceo em
o lugar de Remela do Bifpado da Guarda de
Pays Nobres chamados Pedro Oforio, e Luiza
Oforio da Fonfeca. Ainda tinha pouca idade
quando foy eíludar ao Collegio da Madre de
Deos fituado em Évora fundado por feus Pro-
genitores, e fez na Filofofia taes progrellos,
que recebeo o Grào de Bacharel nefta Facul-
dade. Quando contava 19. annos fe aliílou
na Companhia de Jefus em o Collegio Ebo-
xenfe a 13. de Julho de 1643. Dezejofo de
pregar o Evangelho nas remotas Regioens
do Oriente partio no anno de 1647. para
taõ fagrada empreza, a qual dezempenhou
como do feu apoílolico zelo fe efperava
fendo o theatro das fuás fadigas o Reyno de
Madure, onde na Província de Paleaõ, e
na refidencia de TricherapaUi bautizou mil
trezentos e cincoenta e fete Gentios. Com
inviâa conílancia tolerou as afrontas machi-
nadas pelo ódio dos Jogues Meftres da fa-
crilega crença daquelles bárbaros fervindo
todas ellas perfeguiçoès de purificar mais as
fuás folidas virtudes. Atenuado com o conti-
nuo trabalho da inftrucçaõ dos Cathecume-
nos, e ainda naõ convalecido de huma grave
infermidade recahio em outra, que o pri-
vou da vida na Refidencia de Totiaõ, em o
Reyno de Madure a 14. de Dezembro de
1666. As fuás exéquias foraõ folemniza-
das com muitas lagrimas dos Chriílãos que
tresladando o feu Cadáver depois de fepul-
tado vinte e fete dias, foy achado incor-
rupto, e taõ flexível, como fe eftiveíTe vivo.
Efcreveo.
Cinco Kelaçoens dos fucejfos da Miffaõ de
Madure dos quaes, e de feu Author faz larga
mençaõ o Padre António Franco Imag. do
Coll. de Evor. lib. 4. cap. i. 2. et 3. e no Ann.
Glor. S. J. in L,ujit. p. 738.
ANTAM ZURITA cuja pátria, e género de
vida ignoramos, verteo da Hngua Franceza de
Honorato Boget Provençal Doutor em Direito
Canónico, na lingua Portugueza no anno de
1441.
Arvore de Batalhas dedicado a ElRey de
França. Huma copia defta traducçaõ efcrita em
letra gótica fe conferva M. S. na Bib. do Excel- ,
lentiíTimo Conde da Ericeira, dedicada a D. Ini-
go Lopes de Mendoça Marquez de Cantillana. ,
SOR ANTÓNIA BAUTISTA ReUgiofa
profeíla no Seráfico Convento da Efperança
de Villa-Viçoza da Provinda dos Algarves. ji
Foy taõ obfervante do feu inftituto, como
applicada à Uçaõ da íiiftoria, e Arte da Poefia
produzindo o feu grande talento fazonados
frutos em hum, e outro eftudo. Para eternizar
a memoria do Convento de que era filha, e as
virtudes das Religiofas fuás Irmãas, compoz
com eftilo claro, e fincero.
Fundação do Mofieiro de N. S. da Efperança
de Villa-Viço:(a, cuja obra appr ovada no anno
de 1657. pelo Vigário Provincial Fr. Joaõ Pe-
reira, e revifta pelos Meftres Fr. Manoel da
Madre de Deos, e Fr. Roque da Trindade eíla-
va prompta para a ImpreíTaõ. Divide-fe em
3. partes; a i. trata da fundação do Convento
em 16. capítulos: a 2. intitulada Flores da Efpe-
rança de Villa-Viçof^a relata as virtudes de
muitas Religiofas Veneráveis daquella Cafa, e
confta de 26. capítulos. A 3. efcreve a
Vida, Revelações, e Milagres da V. M.
Maria das Chagas em 17. capítulos. He
L USITANA.
i83
ledlcada a obtl à Virgem SandíTima, e
< )níla a Dedicatória de 6. Outavas, das quaes
I ninfcrevercmos a primeira par» fe ver a
luav idade métrica da Authora.
A H Madre de Grada, y Virgen Pura
Ab initio creada dei que quifo
formar una tan bella creatura
Corno puerta dei mi/mo Parai/o:
Tu que librafle de prijion tan dura
Al hombre, poríj en ti Dios hombre fe hizo,
Dante tu auxilio oy porque fe arguya
Que amparas efla obra como titya,
D. ANTÓNIA DE S. CAETANO naceo
em Lisboa, c foy filha do Doutor Francifco
Qbraõ Medico da Camará dclRcy D. Affonfo
VI. Cavíillciro profcíTo da Ordem de Chrifto,
c de D. Ignacia de Freitas. Na primavera dos
annos fc dedicou ao Divino Efpofo no Con-
vento de Chellas diftante huma legoa de Lis-
boa onde profeíTou o inílituto de Conega
Regrante de Santo Agoílinho a 17. de Outu-
bro de 1659. Foy ornada de entendimento
perfpicaz, e de memoria taõ admirável que
em obfequio do Evangeliíla Amado de quem
era cordial devota decorou todo o Evangelho,
e Apocalypfe defte grande Apoftolo repetindo
' fem interrupção do meyo para o fim, e do fim
para o principio. Teve particular génio para
.1 Poefia em que fez varias obras de diferentes
: metros que moílravaõ a elevação da fua Mufa.
■ Em todos os lugares da Religião que aceitou
conílrangida, adminiftrou cuidadofa, fervio
de exemplar às fuás companheiras que com
lagrimas copiofas lamentarão a fua intem-
peíliva morte fuccedida a 18. de Dezembro de
' 1705. Fazem delia honorifica memoria Diogo
Manoel Ayres de Azevedo Portug. Illujir. pelo
Sex. Femin. pag. 89. n. 29. e o Theatr.
Heroin. das mulheres Illujir. Tom. i. pag. 88.
e o P. António dos Reys no Enthuf. Poet.
n. 280. neftas vozes.
' = jEv humili translata Antónia Valle
\ Quee dedit, ut referunt, olim penetralia Vejla.
Nunc Adriane tibi cajla cum cônjuge fedem
Dat placidam doai Montis tenet árdua,
Daphne
Virgine cinãa caput.
Algumas obras poéticas fe lem impref-
fas no livro intitulado Ko^ario do Santiffimo
Sacramento Lisboa por Domingos Gameiro
1662. 12.
Decima em louvor da OrafaÕ que na Academia
dos Singulares recitou o Doutor Jos^è dê Paria
Manoel a ly de Janeiro de 1664. Sahio 00 i.
tomo da Academia dos Singulares. Lisboa
por Henrique Valente de Oliveira 1665. 4.
Cathalogo dos Authores que efcreveraõ da
Hifloria de Portugal. Aí. S. de cuja obra £az
mençaõ Diogo Manoel no livro aíTima ci-
tado.
Obras diverfas em pro:(a, e verfo, cujos
originaes entregou Maria Jozeía de Santa
Thereza Irmãa da Authora a Affonfo Lei-
tão de Soufa como fe efcrcve no Tbeatro He-
roino pag. 88.
ANTÓNIA DE S. DOMINGOS Re-
ligiofa profeíTa no obfervante Convento de
Aveiro da Ordem dos Pregadores onde foy
exemplar de perfeição a fuás companhei-
ras. Todo o tempo dedicava à contempla-
ção dos divinos atributos, e de tal forte fe
inflamava no amor de feu divino Efpofo,
que para refrigerar efte divino incêndio def-
tillava copiofas lagrimas. Conílrangida pela
obediência aceitou o lugar de Prioreza dou-
trinando mais como Meílra, que governando
como Prelada as fuás fubditas. Padecea
intoleráveis dores com grande conformidade,^
e paciência, até, que foy na gloria receber o
premio das fuás virtudes. Efcreveo.
Vida da Venerável Madre IjHí^a do
Rofario Religiofa no Convento de Aveyro de
quem fora difcipula no efpirito, a qual fi-
cou M. S. como afíirma Jorge Cardofo no
Agiol. LmJíí. Tom. 3. pag. 709. no Commen-
tario de 16. de Junho letr. H. Da Authora
deíla vida fazem memoria Fr. Pedro Mon-
teiro Clauji. Dom. Tom. 3. p. 163. e Fr. Lucas
de Santa Catharina Hijl. de S. Domingos da
Prov. de Port. Part. 4. lib. 2. cap. 15.
D. ANTÓNIA DE ROXAS, cuja
pátria he taõ occulta, poílo que em huma
das fuás obras confeíTe fer nacida em Por-
tugal, como clara, e manifeíla a fua gran-
de erudição. A fortuna lhe deo illiiíbres
progenitores, e a natureza prodigamente,
a ornou de engenho agudo, e penetrante
i84
BIB LIOTHECA
<le tal modo que fendo Difcipula de íi mef-
ma foube profundamente inveftigar os mif-
terios da Poefia, e os Primores da Oratória
efcrevendo com tanta elegância em huma,
€ outra arte, que arrebatava as atençoens dos
feus mayores profeíTores merecendo fer equi-
parada as Segeas, Horteníias, Bernardas,
-e Violantes, que foraõ do Parnafo Luílta-
no celebradas Mufas. No eiiado de caza-
da, e viuva nunca interrompeo a continua
.applicaçaõ ao eftudo das letras humanas
com que ornava as fuás eruditas compoíi-
■çoens pelas quaes lhe fez o feguinte elogio
lium famofo Poeta.
Farey que entre as fabias celebradas
Sejais hum Sol fer mofo ao meyo dia
Efcurecendo a todas as paffadas
Que e terminar a fama per tendia;
E que do voffo canto namoradas
As Nimphas bellas, que o Tejo cria,
Triumfos foberanos vos ofreçaõ
Que vivaõ, e para fempre permaneçaõ.
Vojfo raro faber tem admirado
O Louro Apollo com turbada vijla,
E no meyo do curfo eflà parado,
Entendendo haver quem lhe refifla.
Eo que foy em Touro transformado
Determina bufcar nova conquijla
Por ver que o peito voffo em hum injiante
Quer penetrar feu globo rutilante.
Das muitas, e íingulares obras que compoz
fomente vio o Tomo nono o P. Francifco da
Cruz Jefuita, como efcreve nas Memorias para
a Bibliotheca Portugueza, o qual continha
o feguinte.
Alivio de Trifles. Obra fabulofa dividida
«m quatro partes em forma de Dialogo ornado
de todo o género de figuras rethoricas, agu-
deza de penfamentos, e variedade de fentenças,
■entre as quaes eílaõ muitos verfos Portuguezes,
€ Calielhanos de di verfos metros.
Egloga Pajloril compojla de vários verfos.
Tragedia lamentável dividida em féis lamen-
taçoens em profa, e verfo Portuguez, e Caíle-
Ihano, com as quaes chora a morte de feu filho
Pedro de Vafconcellos, que acabou a vida pele-
jando gloriofamente no Oriente contra as
Mouros.
Diverfas Cançoens, eglojfas Sagradas, e profanas.
Origem da Sagrada Imagem da Virgem
de Monferrate cm proík, c verfo. De todas
eílas obras faz memoria como da fua Authora
o Theatr. Heroin. de Molher. Illujl. Tom, i . pag.
117. Floreceo eíla Heroina pouco depois da
fatal calamidade da Batalha de Alcácer.
SANTO ANTÓNIO immortal gloria,
e illuftre brazaõ do Reyno de Portugal, e
particularmente da famofa Lisboa, que foy
o venturofo berço de taõ infigne Thauma-
turgo dilatando mais vaJftamente a fama do
feu nome com a producçaõ deíle grande filho,
do que o tinha alcançado pela fundação do
Capitão UlyíTes. No fauíllífimo dia de 15. de
Agoílo confagrado à triunfante AíTumpçaõ
de Maria SantiíTima do anno de 1195. fahio à
luz do mundo eile brilhante Aílro para com os
rayos da fua doutrina difipar as fombras em
que jazia fepultado. Empenhoufe a natureza
em que os Pays, que o geraíTem foííem iguaes
à pátria em que nacera, concorrendo para enno-
brecer a fua peíToa a mais qualificada nobreza
de Portugal, França, e Efpanha, fendo elles
Martim de Bulhoens, e D. Thereza Taveira
nobiliflimos pela efclarecida afcendencia de feus
Mayores, pois o Pay defcendia daquelle infigne
Heróe Gotfredo de Bulhaõ Duque de Lorena,
e Rey de Jerufalem, e a Mãy era da illuílre
familia, dos Taveiras, que os noílos Genealo-
giílas deduzem delRey D. Fruela das Aíhirias
Pay delRey D. Aifonfo o Caílo. Na Igreja
Mayor elegeo por fua proteâiora a Rainha
dos Anjos Tutelar daquelle Templo onde re-
cebera a primeira graça, e occupado nos
devotos miniílerios do Altar, e Coro fe
admirarão os progreíTos dos feus eíhidos
ao mefmo tempo, que fe acendiaõ no
culto Divino os feus affedios. Chegado à
idade de quinze annos já inílruido com as
primeiras letras defprezou heroicamente as
delicias da cafa paterna, e fe dedicou total-
mente a Deos recebendo o habito Canó-
nico de Santo AgoíUnho no Real Convento
de S. Vicente fituado fora de Lisboa, ce- m
lebre pela fevera obfervancia dos Varoens, 1
que o habitavaõ. Neíla fantificada efcola
exercitou com tal exceíTo todas as virtudes,
que era venerado como Meílre ao tempo, que
principiava a fer difcipulo obfervando exa-
âamente a difciplina regular com aíTombro '^
LUSITANA.
i85
c cnvcja dos mais rigidos cultores da vida Re-
ligiofa. l'cita a profUTaõ folemne em que para
mais velozmente proíeguir o caminho da per-
feição Evangélica fe atou voluntariamente
tom a triplicada prizaõ dos votos, como lhe
{lerturbaTsS a quietação, que appetecia o feu
li pi rito, as frequentes viíitas de parentes, e
imigos, Te retirou para o G>nvento de Santa
(Iruz de Q>imbra, Real fundação da generofa
jMedade do primeiro Affonfo de Portugal, on-
de fcparado do comercio humano voava com
acelerados impulfos à mais fublime esfera da
lantidade. Nefte tempo chegarão por difpo-
liçaò Divina a cftc celebre Convento as reli-
ijuias daqucUcs heróicos Toldados, que tinhaõ
derramado valerofamente o fangue em obfc-
<.]uio de Chriílo nas barbaras campanhas de
Marrocos, e como craõ as primicias dos fcra-
licos ardores do Athlantc da Igreja Francifco,
Ic lhe acendco no Coração hum ardente dczejo
c facrificar a vida nas aras do martyrio fervin-
[olhe de generofo eílimulo aquelles cinco He-
s, cujas cinzas produfiaõ o a£tívo incêndio,
que felizmente fe abrazava o feu amorofo
ito. Para confeguir taõ illuftre intento de-
rminou receber o penitente habito de Frade
!enor, e alcançada faculdade de D. Joaõ Cefar
Prior daquelle Real Convento mudando o
lome de Fernando em António, e a Murça de
goftinho pelo Sayal de Francifco fe confti-
tuhio hum perfeito exemplar da vida Evangéli-
ca. Aliílado o heróico foldado neíla nova mi-
licia fe lhe excitou mais fortemente o dezejo de
padecer martyrio, e conhecendo os Prelados as
affe£hiofas anciãs do feu coração lhe concede-
rão licença para que em Marrocos confirmaíTe
com o feu fangue as verdades da Religião, e os
triumfos da Fè. Deixada Coimbra chegou a
Lisboa aonde fuperior a todos os afíeâios hu-
manos, e como hofpede do mundo naõ quiz
vèr a feus Pays, e partindo para Africa atra-
veíTou com feliz fuceíTo aquella porçaõ do mar
Occeano chamado Athlantico, e chegou breve-
mente ao apetecido termo das fuás anciãs. Nef-
ta adufla regiaõ concebeo mais a£Hvo fogo o
feu coração, porém huma grave infermidade
o privou das forças do corpo, e jimtamente
das efperanças de padecer o martyrio fendo
obrigado a voltar a Portugal, mas impedido
novamente de huma furiofa tempeílade con-
tra a qual inutilmente fe cançava o inrrííante
trabalho dos mariantes, naô podendo tomar
o rumo, que bufcava, aportou em Sicília onde
recebendo noticia de que fe convocava Ca-
pitulo Geral em A íTiz no anno de 1 22 1 . fe reíol-
veo aíMir nelle para que os Prelados diípu-
zeflcm da fua obediência. Ncfte Venerável con-
greíTo de toda a Familia Seráfica vio a feu gran-
de Patriarcha S. Francifco, que com a fua pre-
fença animava taõ immenfo corpo. De AíTiz
paíTou a Bolonha, e retirado ao Ermo de S.
Paulo pouco diílante do Convento de Emilia,
paíTava o tempo na contemplação da eternida-
de. Ncfta amável folidaõ experimentava a fua
alma celeíliaes favores, e recebia eífícazes auxí-
lios para triunfar das aíhicias do demónio, que
envcjofo de vér naquella Thebaida reproduzido
o cfpirito do primeiro António bufcava vigi-
lante novas invcnçocns, e maquinas para der-
rubar aquelle edifício da Santidade. O mayor
empenho da humildadede António era occultar
os thefouros de fabedoria, que tinha dcpoíi-
tado no feu peito affeâando huma apparente
ignorância para fer reputado por idiota, atè
que obrigado da authoridade do Bifpo de For-
libio manifeftou a profunda fciencia, e ccleílial
intelligencia das efcrituras em que era pcritif-
fimo cauzando taõ grande admiração aos cir-
cunftantes, que foraõ a origè de que todas as
Provindas de Itália, e França inílaíTem a S.
Francifco para que com as influencias da fua
doutrina fertilizaíTe o campo da Religião Se-
ráfica naquelle tempo menos fecundo de letras
por pouco cultivado. Condefcendeo o Será-
fico Patriarcha a taõ juíla petição, e o nomeou
Meftre de Theologia fendo o primeiro, que teve
a Ordem Francifcana merecendo a altinima fa-
bedoria defte Heróe, que foíTe o Sol de que ía-
hiraõ os rayos, e a fonte de que brotarão as
correntes, com que illuftraraõ as mayores Uni-
veríidades os Mayroens, Efcotos, e Ga-
brieis Oráculos da Efcola Seráfica fendo dif-
cipulos da fua doutrina os que foraõ Meftres
de todo o mundo. A laboriofa applicaçaõ
das Cadeiras o naõ privava do minifterio
do púlpito para o qual concorreo em com-
petência da graça liberal a natureza dotan-
do-o de voz clara, e fonora, eílilo grave,
e eloquente, acçoens reguladas pelo efpi-
rito, e naõ pela arte concorrendo tanta
i86
BIBLIO THE CA
multidão de povo a fer ouvinte das fuás evan-
gélicas declamaçoens, que muitas vezes por
exceder o numero de trinta mil peflbas bufcava
para theatro a liberdade do campo, por ferem
os Templos pequena efféra para taõ numerofo
auditório. Ao brado das fuás vozes defperta-
vaõ os peccadores fumergidos no lethargo da
culpa, e dotado de celeílial facúndia naõ arti-
culava palavra, que naõ foíTe animada de apof-
tolico zelo, de que eraõ infalliveis confequen-
cias liquidarfe em lagrimas penitentes a obfti-
naçaõ mais inflexível, reformarem-fe as vidas
efcandalofas, comporem-fe difcordias inve-
teradas, e reílituirem-fe famas, e fazendas injuf-
tamente uzurpadas. De Itália paílou a França
com o lugar de Cuílodio de Limoges onde
para confutar em Tolofa a pérfida contumácia
de Guialdo herege dogmatizante, que negava
a Real exiftencia de Chrifto na Euchariília fez
com inaudito portento, que defprezando hum
animal faminto de três dias o fuftento adoraíTe
profundamente ao feu Creador occulto debaixo
das efpecies Sacramentaes fendo a mayor glo-
ria deíle triunfo, que a irracionalidade de hum
bruto convenceíTe a obftinaçaõ de hum racio-
nal. Igual vitoria confeguio em Rimini illullre
Cidade de Romania confutando a protervia
dos Hereges de que era infame cabeça Boni-
villo, que cegos à luz da verdade, e fardos às
vozes do defengano defprezavaõ ouvir a pala-
vra Divina. Para convencer a eíles filhos das
trevas chegou à margem do rio, e chamando
com voz imperiofa aos feus mudos habitado-
res, taõ promptos obedecerão, como atentos
ouvirão as palavras, que proferia a fua efficaz
eloquência. A taõ novo efpedaculo eílava
atónita a admiração daquelles Seâarios,
que accufados da fua cegueira pelo filencio
reverente daquelles brutos, abjurarão os
erros, e feguiraõ contritos o caminho da
verdadeira Religião. Como acérrimo de-
fenfor do Myfterio da Euchariftia lhe com-
municou a divina Omnipotência a multipli-
cação das prezenças, reproduzindo-fe mira-
culofamente em diverfos lugares, aflillin-
do ao mefmo tempo em Limoges, e can-
tando no Coro em MompiUier; pregando
a hum grande auditório em Pádua, e li-
vrando em Lisboa por duas ocafioens a in-
nocencia injuílamente condenada de feu
Pay fendo em huma redemptor da fua honra,
e em outra da fua vida pagandolhe com nobre
ufura a que delle recebera. Para juílificaçaõ
evidente de que feu Pay naõ era reo do crime
pelo qual já caminhava para o patíbulo ani-
mou as cinzas frias de hum Cadáver, e do fi-
lencio da fepultura fahio a vóz, que com aíTom-
bro dos circunílantes declarou, que naõ fora
elle o Author do homicídio. A fua refpiraçaõ
foy remora para que hum Noviço naõ deixaíTe
o habito religiofo, e a fua túnica veftida por
hum Monge perfeguido da incontinência
fez por contagiofa virtude, que a rebeldia da
carne obedeceíTe às leys do efpirito. Animado
de heróico valor fe oppoz contra as horrorofas
tyranias de Excelino, de naçaõ Romano, de
condição bárbaro. General do Scifmatico
Emperador Frederico II. o qual entre as me-
donhas atrocidades de que tinha fido fatal
inílrumento, era a mayor a morte de onze mil
peíToas, que em Pádua, e Verona foraõ viâd-
mas da fua ferocidade : com a formidável efíica-
cia da voz humilhou a feus pès a efte moníbro
animado teftemunhando com lagrimas copio-
fas o arrependimento dos feus infultos. Seme-
lhante foy a valentia com que refiílio ao
indifcreto zelo do Geral Fr. Elias pertendendo
introdufir alguns abuzos contra a obfervancia
da regra Seráfica, e como era infallivel a mina
defte corpo eílando viciada a cabeça o conven-
ceo intrepidamente na prezença de Gregório
IX. da efcandalofa temeridade com que queria
relaxar o inílituto, que profeíTava, fendo pri-
vado do lugar pelo mefmo Pontífice, e foy
António o fagrado Athlante, que fuftentou a
machina do Orbe Seráfico, que já vacilava da
fua primitiva inítítuiçaõ, caufa porque mereceo
o titulo de primeiro reftaurador, e fegundo
Fundador de taõ immenfa Família. Pregando
em Roma ao Pontífice Gregório IX. e a todo
o Sagrado Collegio tanta foy a energia com
que explicou os Textos mais dificultofos da
Efcritura, que admirando o Papa a fupe-
rior illuílraçaõ, e profunda intelligencia com
que revelava myfterios taõ occultos o ca-
nonizou por Arca do Teílamento, e depo-
fito das doutrinas mais celeftiaes. Com
inaudita fingularidade confervou de memo-
ria toda a Bíblia, e a pudera inteiramente ref-
taurar como outro Efdras, fe acafo fe per-
i
L USITAN A.
«Ida, (Ic ((iK hr evidente prova a copíolá con-
KMiii I I I < (Ic que eílaõ cheyas as Tuas
<)l)r;r
< I I liara com tanta facilidade
' ,.i r. .lc( orado-.. Pouco tem-
y . <..í Í...I nunic (.jucrcnJo dedicar-fc
ioiii iii.iyor fervor á contemplação, fe retirou
para % foiitaria habitação do monte Alvernc
0 ' rontinuamente orando, e efcrevendo
1 c umo outro Eiizeo o efpirito do Elias
(hl Ley da Graça S. Francifco que tinha fanfU-
iicaclo aquelle lugar com as chamas dos feus
Icrafícos ardores. O rigor das penitencias, e o
dlívclo dos eíludos, que praéticou neíla folidaõ
lhe foraõ abreviando a vida, e aviíado fuperior-
mcnte de ter chegado o feu termo fc recolheo
no Oratório de Ara Gcli pouco diílante de
Pádua onde foy acometido da ultima infermi-
tladc, e entoando o Hymno O' Gloriofa Domina
cfpirou como celcftial Gfnc entre a fuavidade
lia Mufica a 15. de Junho de 1251. quando
contava a florente idade de 36. annos dos quaes
viveo 1 5 . em cafa de feus Pays, onze na Reli-
gião Canónica Auguíliniana, e pouco mais de
Í2 na Seráfica. Em taõ poucos annos de vida
^rou tantos feculos de virtude, que a glo-
>fa memoria das fuás acçoens fera eterna
cupaçaõ da pofteridade confeíTando, que à
cacia do feu ardente zelo fe converteu a
ílinaçaõ dos peccadores, fe convenceo a
perfídia dos hereges, e fe humilhou a foberba
dos Tyranos. Ao império da fua voz foraõ tri-
butários os Elementos ferenando tempeftades,
extinguindo incêndios, fecundando campos, e
domeílicando feras. Superior à jurisdição do
tempo obrou, em hum inílante, o que fe naõ
podia executar em muitos dias. Difcorreo
como o Sol com incanfavel giro para benefício
dos homens duas vezes França, Roma, Sicilia,
e huma Milaõ, Arimino, Bolonha, Florença
Pádua, e Veneza. Como depofítario da
Divina Omnipotência ufou taõ difpotica-
mente dos feus poderes, que teve fogeita
ao feu dominio a natureza fendo o principal
empenho da fua beneficência reftituir olhos
aos cegos, ouvidos aos furdos, lingua aos
mudos, juizo aos loucos, liberdade aos ca-
tivos, e vida aos mortos. Foy Apoílolo no
Officio, Martyr no dezejo. Doutor na fci-
encia, e Virgem por privilegio. Vaticinou
o futuro, revelou o encuberto, illuftrou Lis-
187
boa com o nadmento, e honrou a Pádua com
a íepultura. Divulgada a fua morte fe juntarão
os meninos por ruperíor impulío, e divididos
peias Praças, e ruas de Pádua clamavaõ com
innocentes vozes, que era morto o Santo,
fendo eíla a primeira Canonização com que o
Ceo anticipadamente declarou os altos mere-
cimentos da fua heróica Santidade, que fazen-
dofe mais patente com a innumeravel multidão
de milagres mereceo com fingular privilegio
fer collocado no Cathalogo dos Santos por
Gregório IX. em 50. de Mayo de 1252. onze
mezes depois do feu glorioío tranílto. Os
applaufos, e feílivas acdamaçoens, que em taõ
alegre dia fe confagraraõ em Efpoleto á Santi-
dade de António fízeraõ fonoro ecco na famoía
Lisboa, publicando com linguas de bronze taõ
plaufivel noticia os finos, que fe tocarão fcm
humano impulfo. O feu Cadáver depois de
muitas, e fortes controverfias altercadas pelos
Paduanos foy fepultado no Convento de Santa
Maria da Religião Seráfica, porém em 29. de
Abril de 1265. trinta e dous annos paflados de-
pois da fua morte fe tresladou com mageílofa
pompa pêra o magnifico Templo, que lhe ere-
giraõ os Cidadoens de Pádua onde competio a
arte com a natureza para formar aquelle mila-
gre da Architedhira, que havia fer depofito de
taõ ineílimavel thefouro. Aberto o cofre na
prezença de Guido Cardeal Legado, e de S.
Boaventura, que entaõ era Geral da Ordem fe
achou o corpo refoluto em área, e a lingua con-
tra o império da morte, e do tempo viva, e in-
corrupta, e depois de lhe fazer o Seráfico
Doutor com devota ternura hum breve elogio,
a collocou em hum cofre de Criftal. Ainda naõ
fatisfeita a piedofa magnificência dos Paduanos
com os obfequios, que tinhaõ feito ao feu
Patrono lhe eregiraõ na Praça publica huma
Eílatua de bronze para que na duração do
metal eternizaílem a memoria do feu aíFeâo.
A Univerfidade decretou por commum con-
fentimento de todos os Académicos foíTe
no dia outavo da fua Solemnidade em pro-
ciíTaõ com as infignias das fuás faculdades
acompanhados dos Religiofos Menores ce-
lebrar todos os annos os plauíiveis cultos def-
te infígne Thaumaturgo. A Cafa em que em
Lisboa fahio à luz do mundo eíle milagre da
Graça fituada junto à Igreja Cathedral fe
i88
BIBLIOTHE CA
converteo com religiofa magnificência em hum
fumptuofo Templo confagrado ao feu Nome
fobre o qual para mayor eílabilidade da Repu-
blica aíTiíle o Tribunal do Senado, que trata
do governo Económico delia. A porta, que
dava fahida a eíle edifício ainda fe conferva
triunfante das injurias do tempo, e taõ vene-
rada da devaçaõ dos fieis, que para remédio das
fuás oppreííoens lhe arrancavaõ tanta copia de
pedaços, que foy neceíTario para fe confervar
fabricarfe outra, que ferviíTe de reparo a eftas
piadofas violências, a qual fe abre no dia do
Santo à veneração univerfal do povo de Lis-
boa. A ereçaõ deíle Templo foy gloriofo em-
penho da devota profufaõ dos Sereniflimos
Reys D. Joaõ o II. e D. Manoel como mani-
fefta o rotulo, que ferve de Coroa ao arco da
porta principal feito com engenhofo artificio
de diverfos troncos, e animaes abertos fubtil-
mente na dureza da pedra. A Capella mór
onde fe venera a imagem do Santo era fabri-
cada de excellentes mármores, atè que no anno
de 171 9. fendo Provedor da Meza o Excellen-
tiflimo Conde da Ribeira D. Jozé Rodrigo da
Camará Prefidente do Senado de Lisboa, Efcri-
vaõ o Doutor António Fauftino da Sylva, The-
zoureiro Pedro Vicente da Sylva, e Procura-
dor Luiz Joachim da Fonfeca Botelho moço
da Camará de Sua Mageílade novamente fe
reedificou eíle Templo levantandolhe outra
CapeUa mais fumptuofa ornada de preciofos
porfidos, e Alabaílros, e reveílido o teâo, e pa-
redes de finos mármores diverfos nas cores, e
debuxos onde a arte emula da natureza apu-
rou a elegância dos feus primores, entre os
quaes fe admiraõ alguns quadros de excellente
pincel, que mudamente apregoaõ acçoens
mais celebres deite Thaumaturgo Portuguez.
Todo o difpendio deíla obra, que foy
exceflivo procedeo das efmolas, com que
todo o Reyno cada anno concorre libe-
ral, e devoto em obfequio deíla Cafa
por fer o feliz Oriente em que rayou taõ
brilhante Aftro da Santidade. He innume-
ravel a copia de prata, e ouro, que tem ef-
te Templo para ornato dos Altares, e de to-
do eUe naõ fendo inferior o numero de pre-
ciofos ornamentos com que eftá enreque-
cido, e ornado. Nos Presbitérios da Capel-
la mór, que exiftia antes defla reedificaçaõ
eílavaõ abertos na pedra dous elegantiíTimos
Epigramas, os quaes era fama ferem com-
poílos pelo infigne André de Rezende, e
por muitas vezes os U, e admirey, porém
com laílima dos eruditos veneradores da
antiguidade fe puzeraõ em feu lugar humas
pedras variamente debuxadas, e para que
totalmente naõ acabaíTem eftes verfos dignos
de eterna duração os ofFereço tranfcriptos aos
olhos da curiofidade. Dizia o primeiro.
Humano generi per te hlanditur Olympus;
Hac tibi natalis funt monumenta tui.
Hac praclara tuis Jonvit vagitibus csdes;
Yidit reptantes, fujlinuitque manus.
Hac fuit aula patris; na ti micat ara; fit orbis
Annulus urbi; urbis gemma fit ipfa domus.
Im mor tale decus pátria; fpes magna tuoru;
Mor tale egifti, quid nifi Dive mori}
ítala gens obitum, gens Lyfia fufcipit ortum;
Occajus Pádua efi; ut domus hac oriens
Hefperia Antoni radijs micat u traque; claudt
Uno non poterat gloria tanta loco.
Dizia o Segundo.
Ca li delicias felices orbis amores
Qua peperi orba mei calitis ara gemo,
Unum quaro (Jonêt cã tot miracula mundo)
Perdita, qui reddis, te mihi rejlituas.
Perdita Jum fine te, fed ero mihi reddita tecum
Te revoca, reddes, me mihi, teque tuis.
Urbi Antenoria fi das facra offa, refervas
Antoni pátria qualia dona tua"?
Ipfe; fuper patriam tot um cor ad athera fundam
Nefcio, quid majus pátria dulcis habet.
Corporis exuvias Patavi mors claufit in uma;
In pátria dulcis me tumulavit amor.
A vida defte grande Heróe da Santidade
efcreveraõ na lingua Latina Jacobo Convier,
Joaõ de La Haye, e Fr. Rafael Mafeo; na Ita-
liana Fr. Elias de Cortona, Agapito Pei de
Amélia, Lucas AíTarino, o Cavalleiro Pona, e o
Padre António Maria Bonucci; na Polaca Joaõ
Franco Rodrafen; na Caftelhana Matheos Ale-
man, Fr. Chriílovaõ Moreno, Fr. Miguel Pa-
checo, e Fr. Miguel Meftre; e na Portugueza
Braz Luiz de Abreu; em verfo Luiz de Tovar,.
e Francifco Lopes, e em Efpanhol Fr. An-
tónio de Santa Maria. Seguirão eíla em-l
preza os Chroniftas Francifcanos Fr. Mar-
cos de Lisboa Chron. de S. Franc. Part. i.
Hv. 5. Reboled. part. i. liv. 4. Gonzag. de:,
L USITÁN À.
189
Ori^. Straph. Re/ig. x. Part. et Part. 2. in
/Vw. .V. yín/. et part. 5. in Prop. 'Vtiron. G>nu.
I. Wadingo Annal. Ord. Min. ad an. IZ15.
. 42. an. 1217. §. 22. e 24. an. 1220. §. 52.
»,. et íeq. ann. 1221. §. 12. ann. 1222. §. 50.
iiin. 1231. §. I. lUuílriíTimo Damian. Cor-
iicjo /////. Seraf. Part. 2. liv. 5. cap. 9. até 49.
iEfperança Hijl, Straf. de Portugal Part. 1.
Jiv. 5. Dos eílranhos Raynaud. Annal. Ecclef.
Tom. 13. ad an. i2$i. §. 35. et ann. 1232.
.33. Bzou. in Annal. Tom. 13. ad ann. 1251.
\lalvend. in Ann. Ord. Prad. Tom. i. pag.
488. Bofius de fignis Ecclef. Tom. 2. liv. 7.
cap. I. Pcnnot. Hift. Can. Keg. liv. 2. cap. 6.
11. I. Genebrard. Chron. lib. 4. ad ann.
1 241. Bclovaccns. Specul. Hiftor. lib. 31. à cap.
lU. ufquc ad 138. Oudin. Comment. de
Mpt. Ecclef. Antiq. Tom. 3. col. 40. Caftill.
(hron. de S. Doming. Part. i. liv. 2. cap. 5.
Scoto in i3/7>. Hifp. foi. 107. Nicol. Ant.
Ill hib. Hifp. Vet. Tom. 2. lib. 8. n. 10. et
icq. PoíTevin Appar. Sacr. Tom. i. pag. 105.
Marineo de rebns Hifp. liv. 5. Garib. Comp.
//(/?. de hfp. lib. 12. cap. 47. Brand. Mon.
\jiftt. 4. Part. liv. 14. cap. 13. Vafconc. in
Defcript. ILufit. pag. 522. n. i. Cunha Hifl.
^.cclef de Usb. Part. 2. cap. 35. Maris. Dial.
í Var. Hifl. Dial. 2. cap. 11. Duarte Nunes
Defcripc. de Portiig. cap. 41. Fr. Ant. à Purificat.
Chronol. Monafl. pag. 67. Cardofo Agiol. 'Liífit.
Tom. 3. pag. 658. e no Commentario de
15. de Junho let. A. D. Nic. de Santa Mar.
Chron. dos Coneg. Keg. liv. i. cap. 10. Magn.
hiblioíheca Ecclef pag. 503. col. 2. Ainda,
que foraõ grandes os elogios, que lhe dedi-
carão graviflimos Efcritores fempre faõ infe-
riores ao feu grande merecimento. S. Boavent.
in Ser mon z. diz Habuit in fe fcientiam omnium
antiquorum. Santo Antonino de Florença Hiflor.
Part. 3. Tit. 24. c. 3. Plenus Sanãitate, et
prceclarus doãrina, et miractilis. Jacob. Ber-
gomenf. Stiplem. Chronic. lib. 15. ad an. 1231.
infinitis clartis miractdis. Baron. in Martyrolog.
ad 13. JmiJ Vita, <& miractdis, et pradicatione
illidjlris. Bellarm. de Script. Ecclef ad ann.
1220. Miraculis plnrimos convertit, vel ab harefi
ad reãam fidem, vel ab improbis moribm ad pa-
ritentiam agendam Joan. Molan. in Mar-
\rol. Vivard. ad 13. Junij Celeberrimns ex-
titit vita, miraculis, et doãrina. Trithem.
in Catbal. Script. EccUfiaft. Vir in divinis
Scripiitris eruditifftmus. PoíTevin. ín appar.
Sacr. SanÚitate, miraculis, et doãrina cla-
rus. O noíío infigne Poeta o Padre Manoel
Pimenta no i. Tom. dos feus Poemas en-
tre outros Epigrammas, que a fua devota
Mufa coníagrou a cíle Thaumaturgo lhe fiez
o feguinte á prodigioía incorrupçaõ da
fua lingua, que por Ter taò elegante, e díT-
creto o julguey digno de que foíTe a Coroa
de todos os Elogios defte grande Portuguez.
Heróe extinão dum mors inimica triumphat;
Corporis, eb* facrum depopulatur opus.
Peííora percurrit percurrit livida frontem,
Marmoreafque manus, fydereafque genas.
Ventum erat ad Hnguam flupefaãa quiefcit,
& infit;
Abflineo à lingua, contineoque manus.
Semina, qua tetigit vivi immortalia Verhi,
Ingenium Verbi non morientis habet.
Haud tangenda mihi efl vitam qua praflitit, et Mors
Si male tentaffem tangere, viva forem.
As obras; que o Santo compoz cheyas
de Sagrada Doutrina, e fentido Myftico
faõ as feguintes.
Sermones de Sanais. Venetiis 1574. 8.
Sermones Quadragefimales, et Dominicales fuper
Evangelia totius anni correâius auãi, <& marginibus
ornati a Fr. Kaphaele Maffao Minorita. Venetiis
apud Joannem Antonium Bertanum 1575. 8.
Sermoens Quadragefimales, et de Tempore.
Pariíiis apud Badium Afceníium. 1521. 8.
Concordantia morales facra fcriptura pradi-
catoribus ad virtutes commendandas, et vitia
condemnanda utiliffimee. Romx apud Alphon-
fum Ciaconium 1624. et Pariíiis 1641 apud
Carolum, Rovillard, et Colónias 1647. Poy
efta obra publicada pela deligencia de Fr.
Lucas Wadingo, que a extrahio de hum M. S.
antiquiíTimo que fe guardava no Convento
de Ara Caeli de Roma, e a dedicou à Sãtidade
de Urbano VIII. da qual diz o mefmo Wadingo
in Script. Ord. Min. pag. 34. Opus fane ingenio-
fum hominis verfatifftmi in Sacris Bibliis, quem
proinde Gregorius IX. appellavit Arcam
Tefiamenti. Foy o primeiro Author deite
genro de compoíiçaõ como dizem Buxtor-
fio in Prafat. Concordant. Hebraicar. e Ja-
cobo le Long. in Bibliotbeca Sacra. pag. mihi
456. col. 2. et pag. 458. col. 2.
IÇO
BIBLIOTHE CA
Todas eftas obras compilou com grande
difvelo, e igual trabalho Fr. Joaõ de La Haye
Pariíienfe, Pregador delRey diriílianiíTimo,
e celebre Author da Biblia Máxima, Procu-
rador Geral da Ordem Seráfica no Reyno
de França, e novamente lhe acrecentou a
obra feguinte que nunca tinha fido impreíTa.
Interpretatio mjjiica in Sacram Scriptu-
ram
A qual vifitando como Vifitador Geral
o Convento Mercurienfe fituado no Ducado
de Lorena, e examinando com toda a curio-
fidade a Bibliotheca do mefmo Convento,
que he muito numerofa, entre os M. S. que
eftavaõ fechados em huma arca a defcubrio
entre elles, e depois a publicou com as mais
obras em huma elegante Imprefiaõ que fahio.
Parifiis apud Carolum Rouillard. 1641. foi.
e depois Lugduni apud Petrum Rigaud.
1653. foi. et Pedeponti prope Ratisbonam
fumptibus Joannis Gaft. 1739. foi. Também
fahiraõ com hum fuplemento que o Doutif-
fimo António Pagi Francifcano Conven-
tual Author da Critica aos Annaes de Ba-
ronio, tirou de hum M. S. que fe confer-
vava na Bibliotheca dos Frades Menores
de Florença, e fahio Avenione apud Petrum
Oí&ay 1684. 8.
D. ANTÓNIO naceo na Cidade de
Lisboa no anno de 15 31. e foy filho do Se-
reniíTimo Infante D. Luiz, e Neto do Au-
gulHífimo Monarcha D. Manoel. Naõ fa-
tisfeita a natureza de lhe dar taõ alto naci-
mento o ornou de mageftofa prezença, gé-
nio afável, juizo perfpicaz, e engenho fu-
blime para comprehender as mayores difi-
culdades por cujos dotes o julgou digno
feu ]?ay que foííe inftruido com os primei-
ros rudimentos no Convento da Cofta fi-
tuado junto da Villa de Guimaraens don-
de paíTou no anno de 1548. a Coimbra para
continuar o eíhido das humanidades, e Fi-
lofofia no Real Convento de Santa Cruz de
Coimbra em cuja paleíbra teve por Condif-
cipulos, e emulos do feu grande talento a
D. Fulgencio, e D. Theotonio Filhos do
Duque de Bragança D. Jayme. Sahio taõ
perito na pureza da lingua Latina, e noti-
cia das letras humanas, que mereceo os ap-
plaufos de Poeta infigne, e Orador confumado
compondo Verfos com fumma afluência,
e recitando Oraçoens com elegante energia.
Não fez menores progreflbs na penetração
das fubtilezas da Lógica, e Metafifica rece-
bendo em 5. de Mayo de 15 51. com univer-
fal applaufo da Academia Conimbricenfe
o grào de Meílre em Artes. Inílruido nas
sciencias humanas o mandou feu Pay aprender
as divinas para cujo effeito paííou a Évora,
onde ouvio revelados os miílerios da Theo-
logia pelo infigne Varaõ Fr. Bartholameu
dos Martyres que depois ennobreceo a Mitra
Primacial de Braga de cuja doutrina fahio
igualmente illuftrado no entendimento, como
no efpirito. Em obfequio da vontade de feu
Pay recebeo Ordens Sacras que lhe conferio
feu Tio o Cardial D. Henrique, e profeílou a
Ordem Militar de Malta fendo Prior do Crato,
porém como a natural inclinação herdada de
feus auguílos progenitores o arrebatafie para
as armas naõ quiz receber as Ordens de Pres-
bítero moftrando neíla repugnância que mais
por eleição alhea do que própria abraçara
o Eftado EcclefiaíHco. Eílimulado de algu-
mas defatençoens que lhe fizera o Cardial feu
Tio, que naõ foube difiimular o feu ardente
génio, fe auzentou para Caftella, onde rece-
beo de feu Primo Filippe II. particulares
fignificações de aífedo. Reílituido ao Reyno
paliou duas vezes a Tangere, e na fegunda
que foy no anno de 1574. governou aquella
Praça fendo o vigefiimo nono Governador
delia onde deo illuílres provas da fua prudên-
cia, e valor. Acompanhou a ElRey D. Sebaf-
tiaõ nas duas expediçoens que fez a Africa, e
na fegunda em que fatalmente agonizou a glo-
ria Portugueza ficou cativo, fendo eíla lamen-
tável tragedia o principio das fuás calamida-
des. Refgatado por copiofa fomma de dinheiro
entrou em Lisboa merecendo fer recebido pelos
feus moradores com inexplicáveis demonf-
trações de jubilo devidas à fua natural bene-
volência. Extinâa a linha dos Monarchas
Portuguezes com a morte do Cardial D. Hen-
rique fuccedida no anno de 1580. pertendeo
fuceder na Coroa de feus Avós para cujo
effeito fe empenhou a provar a fua legitimi-
dade, e poílo que lhe faltava o direito achou
taõ benévola a fidelidade do povo que o
L USITANA.
191
acciamou pot Teu Monatcha na Villa de
Santarém a 24. de Junho de i)8o. diílin-
t^uindo-fe entre os Aclamadores D. Franciíco
<ic Portugal III. Conde do Vimiofo que dos
trágicos fucccíTos de D. António foy infepara-
vel G>mpanheiro, imitando nefte heróico
iHíc£lo para a Pátria ainda que com difíerente
fortuna a íiel conílancia de feu predariíTimo
ifccndente o CondeíUvel Nuno Alvares
i^creira. Com iguaes argumentos de amor foy
icclamado em Setúbal onde bateo moeda atò
t|uc chegou a Lisboa, e fendo recebido pelo
vulj^o com as veneraçocns de Rcy repartio no
l'a(;() muitos Officios, jurou obfervar os pri-
vilégios dos VaíTallos, e efcreveo cartas circu-
lares a todas as Cidades, e Villas do Rcyno
jxira que o rcconhcceíTem por fcu Soberano,
(lontra cílcs dcfignios fe armou a ambição
<lc Filippc prudente hum dos mais acceri-
mos pertcndentcs da Coroa Portugueza expe-
dindo hum exercito de vinte mil homens
ipitaneados pelo Duque de Alva, e no
impo de Alcântara junto a Lisboa acommeteo
quatro mil Soldados, que tumultuariamente
)ndu2Íra D. António para lhe fazer oppo-
içaõ, onde foy totalmente desbaratado como
podia efperar de numero taõ fuperior às
ias forças. Acompanhado de algumas peíToas,
ija fidelidade lhe era notória, fe auzentou
:cultamente do Reyno, e difcorrendo por
iverfas Provindas de Europa chegou a
França onde fendo benevolamente recebido
pela Rainha Catherina de Medids lhe fuppli-
cou efficafmente quizeíTe dar-lhe focorro com
que pudeíTe coroar-fe no trono de feus Avós.
Atendeo a Rainha à efficada da fua perfuaçaõ,
e mandou apreftar huma armada de cincoenta
Navios com fete mil homens de guarnição
cometida à direcção de Filippe Strozzi.
Defronte da Ilha de S. Miguel pelejou a 26. de
Julho de 1582. eíla armada contra a de Caftella
que confiava de 50. Galeoens, e 12. galés de
que era General D. Álvaro Bafan Marquez
de Santa Cruz, e depois de hum porfiado com-
bate que durou o efpaço de cinco horas ren-
dida a Almirante, e Capitania Francezas, e
lançados a fundo dous Galeoens fe recolheo
viftoriofa a armada Caílelhana. Ainda naõ
defenganado com tantos infortúnios voltou
a Inglaterra, e conciliando o affedo de alguns
Fidalgos alcançou da Rainha D. Izabel outto
focorro para experimentar fortuna mais favo-
rável aos feus intentos. Sahio embarcado de
Plemuth em huma armada taõ soberba, e
poderofa que fe compunha a fua guarnição
de vinte e dous mil homens levando por
General do Mar a Francifco Draque, e da
terra a Joaõ de Norris. Na Praça de Peniche
lançou doze mil Infantes que fem rcfiílencia
foy ganhada, e entrando pela Barra de Lisboa
a 24. de junho de 1589. como naõ achaíTe
os ânimos promptos para ajudar a fua facçaõ
fe recolheo a Plemuth com igual perda de
homens, e embarcaçoens. AfHiâo com tantas
infelicidades fe refugiou a Pariz onde foy
recebido por Henrique IV. naõ defiíUndo de
implorar o focorro das mefmas Potencias que
infruéhiofamcnte tinhaõ fomentado a fua per-
tençau, atè que defenganado das efperanças
em que fundava os feus dcfignios fe conver-
teu totalmente a Deos chorando amarga-
mente os delidos que cometera contra a
obfervancia dos feus preceitos, defprezando
as glorias caducas, e anhelando unicamente
às eternas fazendo-fe com eílas virtuoCas
acçoens merecedor de huma Coroa mayor,
e mais perdurável que aquella que fatalmente
lhe negou a fortuna, a qual foy poíTuir em
26. de Agoílo de 1595. quando contava
64. annos de idade. O feu corpo depois de
embalfamado fe fepultou no Convento grande
dos Francifcanos de Pariz, e o feu Coração
foy depositado no Convento de Santa Clara
chamado da Ave Maria a hum lado do Altar
Mor com efle largo epitáfio, mudo pregoeiro
dos feus infortúnios.
Hoc angufto in loco conditur auguftijfimum cor
Serenijfimi Kegis Portugallia D. Antonij hujus
nominis primi, qui paterno jure, ac populi eleãione
regno Juccedens ah eo per vim expuljus ejl; quare
in denjijjimis, ac numerofis Jylvis diu latens, tandem
ah hofiihus animam ejus Jollicite quarentibus mi-
rabiliter evajit, et in Galliam, €>* Angli-
am ad fuppetias petendas tranfmeavit, in
qua peregrinatione incredihiles Jupra modum
paffus eji calamitates; in quibus adeo conf-
tantem, (& invincihilem animum femper exbi-
buit, ut nec laboribus fatigari, nec periculis
deterreri, nec rationibus fuaderi, nec opulen-
tis poUicitationibus, me longa expeãatione
192
BIB LIO THE CA
fajlidiri, nec denique deficientibm pm fenio viri-
btts deficere unquam potuerit, ut júri Juo caderet;
Jed omnihus Jpretis lihertatem regni fui ac Juorum
cunãis, et honis fruendis, et malis perferendis
validijfime antepofuit; illud quoque non parvum
regia magnanimitatis argumentum eji, quod
feão poft mortem corpore, omnia ejus vi/cera
tahida, ac corrupta inventa funt prceter cor, quod
quia in manu Dei erat, ah eo incorruptum, et
ilh/um femper Jervatum fuit. Obiit Parijiis
plenus pietate, <& in Jumma paupertate anno
cBtatis fua fexagejjímo quarto, Dominica vero
Incarnationis millejimo quingentijfimo nonagejjimo
quinto dievicefimajexta Augujii. Kequiefcat inpace.
De diverfas mulheres teve na fua ado-
lefcencia dez filhos. D. Manoel de Portu-
gal cafado a primeira vez com Emilia de
NaíTau de quem teve numerofa defcendencia;
e a 2. com D. Luiza Oforio Dama da Archi-
duqueza D. Izabel Clara Eugenia. D. Chrif-
tovaõ de Portugal, de quem faremos memoria
em feu lugar. D. Pedro, e D. Diniz Religiofo
hum de S. Francifco e outro Monge de S.
Bernardo; D. AíFonfo infigne nas Armas, e
D. Joaõ, que morreo na puerícia: D. Filippa
Religiofa Ciftercienfe no Convento de Lor-
vão; D. Luiza Religiofa de S. Francifco
em Tordefillas, e outras duas, cujos nomes
fe ignoraõ recolhidas no Convento de las
Huelgas de Toledo. O fummario da fua vida,
e morte fahio efcrito na lingua Franceza
por feu filho D. Chriftovaõ de Portugal.
Paris ches Gervais Alliot 1629. 8. A agu-
deza do feu engenho, e o vafto conhecimento
das artes liberaes exaltaõ Cadabal Grav. in
Orat. Encom. Philip. Spener. Oper. Herald.
Part. I. lib. I. cap. 22. pag. 287. e Joan. Soar.
de Brit. in Theatr. L,ujit. Eitterar. lit. A. n.
48. A fua politica, e elegância no efcrever
Caram. Philip. Prud. lib. 5. n. 2. pap. 175,
A fuavidade do génio, e profufaõ do animo
Góes Chron. delRey D. Manoel. Part. i.
cap. loi. Andrad. Chron. delRej D. Joaõ
o III. Part. 4. cap. 215. Ferdinand. Paez
in Dedicat. operis in Cap. Mijfas. Das fuás
acçoens, fucceíTos profperos, e adverfos
Manoel de Faria, e Soufa Europ. Portug.
Tom. 3. part. i. cap. 4. Luiz Torres de Li-
ma Sucef. de Portug. cap. 31. Bavia Hiji.
Pontif, Part. 3. cap. 49. 50. 51. 63. 64. e 65,
Cordeir. HiJl. Infulan. liv. 6. cap. 25. 26.
e 27. Miraius in Chron. ad 1595. Rodulph.
Boter. in Comment. de reb. in gallia gefi. lib. 2.
pag. 195. ad ann. 1595. Germain Brice. NovueL
Defcrip. delia Ville de Paris Tom. 2. pag. 327.
e Tom. 3. pag. 233. Imhoí Stem. Keg. iMfitan.
pag. 19. Fr. Anfelm. de la Vierg. Mar. Hifi.
Geneal. et Chronol. dela Mais. Kojal de Franc.
Tom. I. pag. mihi 610. Souf. HiJl. Genealog.
da Caf. Real Portug. Tom. 3. liv. 4. cap. 8.
Thuan. HiJl. lib. 69. 70. et lib. 113. Sainâ.
Marth. Hi^. Geneal. dela Mais. de Franc.
Tom. 2. liv. 43. cap. 11. Dupleix Annal.
ad. an. 1580. Beyerlinck. Opus Chronol. ad
ann. 1595. Ferrer. HiJl. de EJpan. Tom. 15.
pag. 274. n. II. pag. 278. n. 4, pag. 285. n. 6.
e pag. 327. n. i. Herrer. HiJi. de Portug. liv. 2.
3. 4. e 5. Hofman. Lexic. Univerf. pag. mihi
249. Larrey HiJl. de Anglaterr. Tom. 3. pag.
488. Fr. Jozé Emman. Minian. in Contin.
hijlor. de rebus Hijp. Joan. de Marian. lib. 8.
cap. 6. 9. 10. et lib. 10. cap. 7. e o lUuílrini-
mo, e ExcellentifTimo Conde do Vimiofo
D. Jozé Miguel Joaõ de Portugal na ele-
gante, e difcreta Vida do Infante D. Lui^
pag. 151. Compoz.
Panegyris Alphonji primi Eujitanorum
Regis. Conimbricae apud Joannem Alvares
1550. 4. Eíle Panegírico recitou na prefen-
ça dos SereniíTimos Reys D. Joaõ o III.
e D. Catherina quando foraõ vifitar no anno
de 1550. a Univerfidade de Coimbra.
Pfalmi Confejfíonales Parifiis apud Federi-
cum Borellum 1592. 12. Nefta obra de que fe
conferva o Original na Bib. Ambrofiana de
Milaõ como diz Montfaucon in Bib. Bibliothe-
car. M. S. nova Tom. i. pag. 508. foy achada
em hum efcritorio do SereniíTimo D. António
onde igualmente fe admira a fervorofa contri-
ção de hum peccador arrependido, como a
vaíla liçaõ da Sagrada Efcritura, fendo rara a
palavra de que fe compõem, que naõ foíTe delia
extrahida, como nas obras do D. Mellifluo S.
Bernardo tem obfervado os eruditos. Confta
de fete Pfalmos femelhantes aos Penitenciaes
de David, no fim dos quaes tem duas Ora-
çoens a I. fe intitula Gratiarum aãio con-
triti peccatoris veniam a Deo impetrantis.
a. 2. Ad Deum Summum orbis moderatore/ft
deprecatio. Nefta impreíTaõ eftá aberto o re-
i
LUSITANA.
193
I rato do ScrcniíTimo D. António, c por baixo
um cílc difticho.
Pana tibi vitam rapnit, diadema Philippus,
Lit Jimid Occafus, ac Orientis opes.
Vins tibi reftitmt pie tas tua, qinppe cadiuis
Pro Jceptris Domimis caliça rtffta dedií.
Varias tem fido as cdiçí)cn8 dcftc livro
«londe fe argumenu a íua excellencia, e pie-
>l;idc, pois na língua Franccfa fahio por Pedro
In Rier Pariz ches Jean Regnoul 1609. 8.
na mefma Cidade por Bertrando Martin.
1634. 8. outra vez 1656. 12. e 1666. 24. e em
Tolofa 1671. 16. por António Jozé Mege
Monge Bcncdidino da (x)ngrcg. de Santo
Vtnaro, e pelo Abbade Bellegarde Pariz
171 8. 8. Hagíccomitum 1665. 12. Na lingua
íngleza Londres 1659. 8. Na Caftclhana
[lor Fr. Joaõ Caramucl com efte titulo.
Pfalterio, en que m ff^an Príncipe hjifitano
itjcuhrio foberanias de Efpiríf. Bruxellas por
Lucas de Meerbeque 1635. 12. De Latim em
vcrfo Portuguez por D. líidoro da Cruz.
Praga apud Gregorium Schiparz; e em profa
Portugueza pelo Doutor Fr. Jorge de Carvalho
Monge de S. Bento que fahio com efte titulo.
Solilóquios, em que hum peccador arre-
pendido falia com Deos, difpojiçoens para
bem fe confejfar, e induflrias para bem mor-
rer. Acharaõ-fe em hum efcritorio do Sere-
nijftmo D. António Príncipe Portugue^ na
fua própria letra na l^ingua Latina com tra-
ducçaõ, que era obra do feu g-ande jui^^o, e
confijjoens feitas pelo feu grande arrependimento.
Lisboa por Paulo Crasbeeck. 1635. 8.
luettre ecrite au três Sainã Pere le Pape
Gregoire XIII. De Rueil en l'annee 1583.
Sahio impreíla no Livro intitulado Brie-
fue, et Sommaire defcription dela vie, et mort
de D. Antoine premier du nom, et dixhuic-
tiefme Koy de Portugal. Pariz ches Ger-
I vais Alliot. 1629. 8. defde pag. 133.
até 261. e no Livro intitulado. Excel-
lent, et libre difcours du droit dela Suceffion
Rojale au Rojaume de Portugal, et dela
legitime fucejfton du Rqy D. Anthoine. Pa-
riz chez Jean Micard 12. defde pag. 117. até
239. Foy traduzida na Lingua Latina por
Oâavio Sylvio Cavalleiro Romano in 8.
fem lugar, e anno da impreíTaõ da qual con-
fervamos hum exemplar. Nefta Carta expõem
largamente ao Summo Pontiíice o direito,
que lhe aíTiftia, para cingir a Coroa de Por-
tugal relatando individualmente os Letra-
dos mais infígnes, que efte Reyno naqucUe
tempo tinha, aíTim Theologos, como juríftas,
que defendíaò, e approvavaõ a fua perten-
çaõ i Coroa.
Let/re ecrite a Sainãe Pere le Pape
Sixte V. dela Kochelle le jour de devant les
Nofies de Aoufl l'an. de notre Seiffuur mil
cinq cens quatre vingt cinque. Sahio impref-
fa em ambos os livros aíTima allegados.
Ijetre ecrite a Sainíle Pere Pape Sixte
V. de l^ndres 26. de Januier l'an. de graee
1586. Paris chez Cervais Alliot. 1629. 8.
Ijetre ecrite à Sainííe Pere Pape Sixte
V. de Londres le 27. de Juillet ran. de noftre
Seigneur. ij86. Pariz f>elo dito Impreííor.
Letre ecrite au Pape Clement VIU. de
Londres i. de Atml de 1592. Pariz pelo dito
ImpreíTor.
Letre ecríte au Pape Clement VIII. de
Londres 24. de Januier 1595. Pariz chez Jean
Micard. 1607. 12. et ibi ches Gervais Alliot.
1629. 8.
Cartas efcritas de Pari^ a iz. de Agojlo
de 1595. às Magejlades delRej Chríflianijftmo
Henrique IV. Rainha de Inglaterra, Eflados
Geraes, Conde Maurício, Príncefa de Orange,
e Conde de LJfex. Pariz ches Jean Micard
1607. 12. Sahiraõ impreílas em Francez,
e Portuguez. Neflas Cartas eflando próximo
à morte encomenda a eftes Principez os feus
filhos, e as peíToas, que fempre lhe aífifli-
raõ, e o acompanharão.
Sahio em feu nome, e fe cré fer com-
pofto por elle, hum Manifefto, com efte ti-
tulo.
Lxplanatio verí, ac legitimi jurís quo
SereniJJimus Lujitania Rex Antonius ejus
nominis primus nititur ab bellum Philippo
Regi Caflella pro reffii recuperatione infe-
rendum una cum hiflorica quadam ennar-
ratione rerum eo nomine gejiarum ufque ad
annum 1583. Lugd. Batav. apud Chrifto-
phorum Plantinum. 1585. 4. et Cólon. 1613.
8. Sahio traduzido em Francez com efte
titulo.
luflification du Serenijfime D. Antoine Rot
de Portugal premier de ce nom, toucbant la
18
194
BIB LIO THECA
guerre, qu'il faia à Philippe Roí de Cafiille,
fes Juhjects, et adherens pour ejlre remis en fon
Kojaume. Leyde em rimprimerie de Chriílo
phle Plantin. 1585. 4.
Semelhante a Cefar foy Chronifta das
fuás acçoens efcrevendo em três tomos a
fua vida, cujo Original fendo dado por feu
filho D. Manoel de Portugal a Fr. Joaõ Ca-
ramuel o confervava com grande eílimaçaõ
em feu poder, como afíirma no Philip. Prud.
pag. 175. fendo o titulo defta obra.
Hijioria do Kej D. António.
No I. livro trata de feu Pay o Infante D.
Luiz filho delRey D. Manoel, e como fora cafa-
do com D. Violante Gomes fua Mãy fendo por
eíla caufa filho legitimo, e naõ natural daquelle
Príncipe. Defcreve a expedição de Africa, e
todas as circunílancias aíTim do feu cativeiro,
como reftituiçaõ ao Reyno. No 2. livro reco-
pila o que mais largamente efcrevera no i.
Intenta cingir a Coroa de feus Avós. Expõem
ao Cardial D. Henrique as injuftiças, que lhe
tinha feito, das quaes fe queixa com grande
fentimento ao Summo Pontífice. No 3. livro
fe contem todas as Cartas Originaes, que efcre-
vera fobre a fua pertenfaõ ao Reyno de Portu-
gal, a diverfos Príncipes Catholicos, Hereges,
e Mouros. Hum memorial muito extenfo
em forma de Supplica ao Pontífice. Todas
as negociaçoens pertencêtes às expediçoens
que fez Portugal fendo entre ellas as princi-
paes como fora eleito Draque General da
Armada Ingleza pela Rainha Izabel, As condi-
çoens propoftas por Draque, e Norris, e como
foraõ por elle admitidas. A inftrucçaõ do Em-
baxador que mandou aos Eílados de Olanda, e
Zelanda. Conclue Caramuel de quem extrahi-
mos eíla noticia, que além defta obra con-
fervava em feu poder outras muitas de D.
António, que naõ tratavaõ defta pertenfaõ
à Coroa Portugueza, fendo o feu Author
felix calamo, politica fcientia doãijfimus.
M. ANTÓNIO infigne Medico cuja facul-
dade exercitou na Praça de Arzllla íituada na
Regiaõ Africana, quando eftava fogeita ao do-
mínio de Portugal. Naõ menos applicado
à faude dos Soldados, do que à fama, e nome
dos que valerofamente combatiaõ naquelle
theatro do valor Portuguez. Efcreveo.
Cavalgais, e boas entradas, que fe^ D. Pedro
de Mene^ies Almocadem de Ar:(illa.
Efte M. S. veyo ao poder de D. Joaõ Cou-
tinho Conde de Redondo, como afíirma
Bernardo Rodriguez filho do Author de quem
faremos memoria, em feu lugar na Hijioria
de Ar:(ila, que fe confervava na Bibliotheca
do Chantre de Évora Manoel Severim de
Faria, da qual conferva huma copia meu
Irmaõ D. Jozé Barboza Clérigo Regular na
fua feleâa Livraria da Hiftoria de Portugal.
M. ANTÓNIO natural da Villa de
Guimaraens, e Medico da Camará do Se-
reniíTimo Rey de Portugal D. Joaõ o II. a
cujo Príncipe fobreviveo, pois conforme
efcreve Gafpar Eftaço nas Antiguidades
de Portug. cap. 56. n. 4. prolongou a vida
até o anno de 1533. Efcreveo.
Tratado fobre a Provinda de Entre Douro, e
Minho, e fuás avondanças copilado por Meflre
António Fijtco, e Surgido morador na Villa de
Guimaraens, e natural delia. Começa Como
quer que toda a peffoa Acaba, a muy nobre, e
fempre leal Villa de Guimaraens. Confervafe
huma copia, que eu vi, na Livraria do Marquez
Mordomo mor, e confta de outo paginas
de folha, cuja obra como diz o Author foy
efcrita no anno de 1 5 1 2. e deUa fazem memoria
Gafpar Eftaço Antiguidades de Portug. cap. 56.
n. 6. Jorge Cardofo nas Advertenc. ao i.
tom. do Agiol. L.ujit. §. 2. e no Commentarío
de 2. de Janeiro letr. B. pag. 17. e no Commen-
tarío de 22. de Abril pag. 681. e a Bib. Geo-
graf. de António de Leon novamente acre-
centada Tom. 3. Tit. unic. col. 161 7. Efcre-
veo mais.
Chronica delKey D. JoaÕ o II. da qual
fe confervava huma Copia na Bibliotheca do
ExcellentiíTimo Marquez de Abrantes, e delia
fazem memoria Cardof. Agiol. Lujit. Tom. 3.
no Cõmentarío de 18. de Junho let. F. p. 733.
e Francifco de Santa Maria Hi^. da Congreg.
dos Coneg. Secul. de S. Joaõ Evang. lib. i. cap. 42.
pag. 358. o qual no livr. 3. cap. 72. pag. 871.
faz mençaõ de outra obra do Meftre Antó-
nio, que fe conferva M. S. na Livraria do
Convento de Santo Eloy de Lisboa, cujtf
titulo he
Memorias do feu tempo.
L USITANA.
195
ANTÓNIO Eremita da afpera folidaõ da
Scrr.1 de OíTa íituada no território de Évora,
c hum dos mais rigidos profeíTores da auílera
regra de S. Paulo primeiro Habitador da
Thebaida, querendo viver para Deos, e junta-
mente para o próximo, efcreveo.
Declaração Johrt os fete Pfalmos da Peni-
(tícia em Hngfiagem Portuguev^ dedicada a feu
IrmaÒ em Cbrijlo o vir/mfo, e devoto pobre TriflaÕ
Provincial de todas as Provindas da Serra Doffa,
e vida eremifica de S. Paulo primeiro Lrmitaõ.
Lisboa por Germaõ Gallarde e ImpreíTor
(IclRey 1J44.
ANTÓNIO DE ABREU chamado por
:inthonomaíia o Engenho/o pela exccllcncia do
talento, prompta agudeza nas repoílas ferias, e
jocofas, c fumma facilidade em compor verfos
ilc vários metros. Teve particular amizade
i(im o Príncipe dos Poetas de Efpanha o
(Jrandc Luiz de Camoens aíTim cm Portugal
10 na índia onde viveo com elle muitos
los, de quem foy fempre fiel imitador,
teftemunhaõ as peíícas mais eruditas
juelle Século, e o poderiaõ teftificar as do
ite, fe feu Irmaõ Fr. Bartholameu de
AgoíBnho antes de morrer publicaíTe
ia grande colleçaõ que tinha feito dos feus
Verfos Jagrados, e profanos.
P. ANTÓNIO DE ABREU natural de Lis-
)a, onde teve por Pays a António de Abreu,
c Anna Barradas, recebeo a Roupeta da Com-
panhia de Jefus em o CoUegio de Coimbra a
17. de Mayo de 1577. Depois de inftruido
fuficientemente nas letras fagradas, e profanas
diílou Rhetorica, e Filofofia em Coimbra
tendo por Difcipulo ao Senhor D. Alexandre
filho dos Sereniffimos Duques de Bragança D.
Joaõ o I. e D. Catharina, que depois foy dignif-
fimo Arcebifpo de Évora. Na mefma Univer-
fidade foy Lente de Sagrada Efcritura. Teve
grande talento para o Púlpito, e naõ inferior
para o governo, como manifeílou nos Rey-
torados dos Collegios de Lisboa, Évora, e
Coimbra, na Prepofitura da Cafa profeíTa
de S. Roque, e ultimamente no Provincia-
lado, cujo lugar antes de o acabar, acabou
de viver em 10. de Junho de 1629. Teve
hum génio muito brando, e fuave para os
íubditos, de tal modo que íendo notado da
fumma indulgência, que com elles uzava,
refpondia com S. Joaò Chryfoílomo que mais
queria dar conu ao Supremo Juiz de íer
nimiamente compaíTivo, de que exceíTi vã-
mente rigorofo. Recitou varias Oraçoens lati-
nas com grande eloquência, feodo as prin-
cipaes, três da Rainha Santa Izabel em a Uni-
verfidade de Coimbra, e no mefmo idioma
compoz muitas obras poéticas das quae»
fomente fe imprimio in 8. como aíHrnoa o P.
Francifco da Cruz nas fuás Memorias para a Nb.
Porttig. fem declarar lugar, e anno da edição.
Tragfidia S. Joannis Baptijla. Ao Author
louva o P. António Franco in Ann. Clor,
S. J. in Lup. pag. 331. et in Synopf. Annal.
S. J. in 'Líifit. pag. 254. e o P. António do&
Reys in Enthuftafm. Poet. n. 209.
Fr. ANTÓNIO DE ABREU natural
da Cidade do Porto, e filho de António
Pereira, e Maria de Abreu. ProfeíTou o
Habito da Ordem dos Pregadores no Real
Convento da Batalha a 20. de Março de
1644. onde depois de eíludar as fciencias
efcolafticas, fe applicou com mayor difvelo
ao exercício do Púlpito, pelo qual mereceo o
lugar de Pregador Geral na fua Religião. De
muitos Sermoens que pregou com grande
aceitação, fomente imprimio o feguinte.
Sermão na Fejla da Miraculofa Imagem de S.
Domingos traída do Ceo, e dada pelas Mãos
da fempre Virgem Maria aos Keligiofos do Con-
vento de Soriano pregado no Convento de Lis-
boa em 15. de Setembro. Lisboa por António
Crasbeeck de Mello. 1661. 4. e Coimbra
por Thomè Carvalho ImpreíTor da Univer-
fidade 1672. 4. Delle faz breve memoria Fr.
Pedro Monteiro no Claujlro Domin. Tom. 3.
pag. 144.
Fr. ANTÓNIO DE SANTO AGOS-
TINHO natural de Lisboa, e Religiofo
profeíTo na Ordem dos Menores da Provín-
cia de Portugal com baílante capacidade
para o Púlpito, e para o governo, como fe
vio quando foy Prefidente do Convento de
N. S. da Porta do Ceo. Por duas vezes af-
fiíUo em nome da fua Provinda ao Capitulo
Geral celebrado em Roma. Exercitou com
içó
BIBLIO THE C A
grande zelo, e vigilância o lugar de Procura-
dor, e ComiíTario Geral dos Lugares Santos
de Jerufalèm atè que morreo no Convento de
Lisboa a 12. de Fevereiro de 1700. impri-
mio
Breve Summario dos Conventos, Igrejas, Capei-
las, e lugares Santos que a Sagrada Keligiaõ
dos Frades Menores da Obfervancia tem a feu
cargo em a Cidade de Jerufalèm, e Terra Santa, e
o direito com que os poffue, e habita; e dos grandes,
e excejfivos trabalhos, que padecem os Keligiofos,
que alli ejlaõ, e dos tributos que pagaõ por que
os deixem morar alli os Turcos, e por ter
com a devida decência, e reverencia aquelles Santos
ILugares. Lisboa por António Crafbeek de
Mello 1665. 4. e pelo mefmo Impref. 1686.
et ibi por Joaõ da Coíla 1670. 4.
Kelaçaõ verdadeira do celeberrimo tri-
íimpho, e viãoria, que conjeguio a Keligiaõ
Francifcana recuperando os Santos ILugares
de Jerufalèm ufurpados pela Naçaõ Grega
Scifmatica em virtude de hum mandado Impe-
rial, que deu o Sultão Solimaõ a 20. de Abril
de 1690. Lisboa por Miguel Deslandes
Impreflbr de Sua Mageftade 1691. 4.
Fr. ANTÓNIO DE ALMADA naceo
em Lisboa, e foy filho de Joaõ de Balheíle-
ros, e D. Joanna de Almada. Deixado o
mundo fe recolheo na Religião dos Ere-
mitas de Santo Agoílinho, cujo habito pro-
feíTou no Convento da fua pátria em 18. de
Setembro de 1665. Aprendidas com grande
difvelo Filofofia, e Theologia as enfinou com
mayor applaufo no Collegio de Santo Agof-
tinho de Lisboa no anno de 1676. e depois
de ter diétado a Theologia fe graduou MeJlire
nefta faculdade. Foy infigne Pregador, e
naõ menos douto na Theologia Pofitiva, e
Myftica com a qual em Évora onde aíTiíHo
muitos annos, inftruio a muitas almas de hum,
e outro fexo para o caminho da perfeição.
Cheyo de virtuofas obras morreo em Lisboa
a 24. de Março de 171 5. Compoz.
Defpo^orios do Efpirito celebrados entre o
Divino Amante, e fua Amada Bfpofa a Ven.
Madre Soror Mariana do Koí^ario Keligiofa
de Veo branco no Convento do Salvador da Cidade
de Évora. Lisboa por Manoel Lopes Fer-
reira 1694. 4.
Vida de Ii^abel de Jefus Mantellata da Or-
dem de Santo Agoflinho M. S.
Sentimentos da alma pelos Myflerios da PaixaÕ
de Chriflo M. S.
Alfabetos de Conceitos Predicáveis M. S.
Todas eílas obras M. S. com o feu Curfo
Filofofco, e Conclufoens que defendeo fe guardaõ
na Livraria do Convento da Graça de Lisboa.
P. ANTÓNIO DE ALMEYDA Naceo
na Villa de Trancofo do Bifpado de Vifeu, e
foraõ feus Pays Fernaõ de Siqueira, e Anna de
Andrade. Quando contava 1 8 annos de idade
recebeo no Collegio de Coimbra a Roupeta da
Companhia de JESUS a 4. de Janeiro de 1575.
e logo em o Noviciado começou com arden-
tes votos a fufpirar pela Miílaõ do Oriente.
Alcançada faculdade dos Superiores partio
de Lisboa para Goa onde chegou no anno
de 1585. Convalecido da moleftia de taõ
prolongada navegação fupplicou com grandes
rogos ao Viíitador Geral Alexandre Vali-
gnani que o mandaíle promulgar o Evangelho
na China o qual admirado do feu apoftolico
zelo lhe deo por Companheiro ao P. Duarte de
Sande para cultivar taõ dilatada vinha. Par-
tio para Macao, e bufcando modo para fe
introduzir naquelle vaílo império, fe lhe abrio
quando menos o imaginava, achando ao P.
Miguel Rogério que nelle havia muitos annos
aíTiftia com faculdade de fundar huma Cafa em
Cantaõ, e com grande fatisfaçaõ o tomou por
feu focio. Porém naõ tendo effeito eíla empre-
za naõ defiílio dos feus fervorofos dezejos,
antes procurando com mayor anciã o fim que
intentava, paíTou com o P. Matheus Ricio a
Xauceo no anno de 1 5 89. Acometido de huma
grave infermidade que para convalecer delia
foy precifo voltar a Macao, tanto que fe fentio
capaz de caminhar, voltou para a China
ultima meta dos feus dezejos atè que fe-
gunda infermidade contrahida da afpereza
do caminho o privou da vida em Xauceo a
17. de Outubro de 1591. O feu Cadáver
amortalhado ao coílume dos Chinas foy
transferido no anno de 1594. para Macao,
em cuja praya fe juntou grande multidão de
povo que com fumma veneração o acompa-
nhou até a Igreja onde lhe fez huma Ora-
ção fúnebre o P. Duarte de Sande Reytor
I
I
L USITAN A.
197
(laquelle Collegio na qual louvou as virtu-
des em que foy eminente, fendo as princi-
paes o apoílollco zelo para lucrar almas a
( hriílo; o intrépido animo para emprender em
leu obfequio as mais árduas empiezas, o nimio
cxceíTo com que rigorofamente tratava o corpo,
a profunda veneração com que adorava a
( hrifto Sacramentado, a fervorofa ternura com
que dedicava os feus affeâos a Maria Santif-
' lima. Mais copiofo elogio fazem das fuás
acçocns Nicol. Trigault in Exped. Chriji.
tiptid Chin. lib. 5. cap. j. Alegamb. in hib.
Societ. p. 63. Gouvea in AJia Extrem, Part. 1.
lib. 2. cap. 15. Franc. na Imag. da Vir/, em o
Nov. de Coimh. Tom. 2. lib. 3. cap. 30. et in
Anti. Glor. S. J. in Ijtjit. pag. 602. Jarric. Tbe-
jitr. Jnd. Part. 2. lib. 2. cap. 26. c 27. Lcon
Hib. Orient, Tit. 8. Joan. Soar. de Brit. in
Í^beatr. Ijfjit. IJ/er. lit. A. n. 49. In Synenjt
pv impiger, indefeJfnfqNe divini feminis opera-
[kt. Efcrcvco
^ Carta ao P. Duarte de Sande em que trata
MS coufas da China efcrita de Xauceo em 10.
r Fevereiro de 1586.
' Carta ao me/mo Padre de "Xauceo 8. de
eíembro de 1586.
Sahiraõ eílas duas cartas com outras na
língua Italiana Roma por Francifco Zanne-
ti. 1588. 12. e vertidas em Caftelhano por
Buxeda de Leyva na Hijior. dojapaõ. C,aragoça.
1591. 12.
Cartas ejcritas ao P. Duarte de Sande Key-
tor de Macao. Xauceo 8. de Setembro de 1588.
fahiraõ abreviadas Roma por LuÍ2 Zanneti.
1591. 12.
Cartas ef cri tas em 22. de Novembro de
1585. nas quaes defcreve a f tia jornada de Cantão
atl Nafl Hiu fe podem ler na Afia extrema
do P. Gouvea Part. i. lib. 2. cap. 8.
ANTÓNIO DE ALMEIDA Efcrivaõ
do Supremo Concelho de Portugal em Gif-
tella. Foy hum dos mais devotos amantes
da Immaculada Conceição da Senhora de cuja
Congregação eftabelecida no Imperial Col-
legio de Madrid da Companhia de Jefus naõ
fomente foy irmaõ, mas publicou.
Compendio de las regias, j exercidos
de la Congregacion de la Immaculada Con~
cepcion de N. S. fita por authoridad apoftoli-
ca dt/dê el aão 1603. en el Cole ff o Imperial de
la CompaHia de jejiu de Madrid. Madrid
por Diogo Dias de la Carrera. 1693. 12.
Certamente naõ poífo aífirmar íê foy
eíle o mefmo Author, ou outro do mefmo
nome, c apellido, que compoz duas Come-
dias, cujos títulos íaô
La defffracia màs Jelice. Lisboa por
Paulo Crasbeeck. 1645. 4.
£/ hermano fingido. Lisboa por Manoel
da Syiva. 1645. 4.
Dclle fe lembra o P. António dos Reys
in Enthuf. Poet. n. 259.
ANTÓNIO DE ALMEIDA natural do
Porto, c Meílrc da Muíica na Cathedral da fua
Pátria, naõ fomente perito naquella fuaviíTima
Arte, como muito vcrfado na Poctíca, cm que
compoz varias obras fendo particularmente
infigne em a Cómica de que dco claro tcílc-
munho na obra feguinte.
La humana carça abra:^ada el Gran Martyr S.
Laurencio. Coimbra por Thomè Carvalho
ImpreíTor da Univerfidade 1656. 4.
Fr. ANTÓNIO DE ALMEIDA nacco
na Cidade do Porto fendo filho de António
Joaõ, e de Francifca Moreira. Foy admitido
à Ordem dos Pregadores no Convento de
Aveiro a 13. de Janeiro de 1663. cujo inílituto
profeíTou a 14. de Janeiro de 1664. Foy
Meftre na Sagrada Theologia, e Qualificador
do Santo Officio. Pela fua prudência de que
foy muito ornado o elegeo a Religião Vigário
das Religiofas do Convento do Paraizo de
Évora cujo minifterio exercitou louvavelmente
depois nos Conventos de Corpus Chrifti
junto ao Porto, e de S. Joaõ na Villa de
Setúbal. Morreo no Convento de Lisboa a 4.
de Julho de 1723. com fetenta e fete annos
de idade. Dos Sermoens que tinha pregado
formou hum anno concionatorio, e o publi-
cou com efte titulo.
Sermoens Panegyricos dos primeiros féis
me^es do anno i. Part. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ 171 8. 4.
Sermoens Panegyricos dos fegundos féis
me^es do anno 2. Part. Lisboa pelo dito Im-
preíTor 1721. 4.
Do Author faz memoria Fr. Pedro Mon-
198
teiro no Clauft. Domin. Tom. 3. pag. 145. e
no Cathal. dos QttaliJ. do Sant. Offic. pag. 1 3 .
D. ANTÓNIO DE ALMEYDA COU-
TINHO taõ illuftre por geração, como iníi-
gne na Poefia alcançando os mayores applaufos
na Corte de Madrid, onde aíTiílio a mayor
parte da fua vida, dos mais celebres profeíTores
daquella Arte, pelos verfos, que produzio a fua
Mufa taõ elegante, como difcreta, dos quaes fe
podia formar hum grande volume, e unica-
mente lograrão o beneficio da luz publica.
Outavas en loor de Sor. Joanna Ignes dela
Cru^ Monja nel Convento de México decima
Mufa. Sahiraõ no 2. Tom. das fuás Poe-
iias Valladolid por Thomaz Lopes de Haro
1692. 4.
ANTÓNIO ALVARES Foy muito
perito na Medicina, da qual exercitou o magif-
terio nas famofas Univerfidades, de Alcalá,
e Valhadolid com grande credito do feu
nome. A fama, que corria por toda Efpa-
nha da fua fciencia obrigou a D. Pedro Giron
Duque de OíTuna a que o elegeíle por feu
Medico, quando foy fer ViceRey de Nápoles
experimentando por muitas vezes o admi-
rável methodo, e profunda fciencia com
que triumfava das infermidades mais rebel-
des. Em gratificação dos favores, que rece-
bia do feu Mecenas lhe dedicou.
Epijiolarum, et Conciliorum Medicinalium pri-
ma pars omnibus non medicis modo, fed Vhilojo-
phicB Jiudiojis utilijjima. Neapoli apud Hora-
tium Sauvianum 1585. 4. no fim fe juntou.
Defenjiones pro Joanne uAltimaro in Salvi-
Silani A.pologiam.
Defta obra, e do Author fe lembra Van-
derlind. in Script. Med. Nicol. Ant. in Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 75. Lippen. in Bib. Ke-
ali Med.
Fr. ANTÓNIO ALVARES Naceo
na Villa de Benavente fituada nas margens
do Tejo, como uniformemente affirmaõ
Joaõ Franco Barreto na Bib. Vortug. M. S.
Manoel de Faria, e Soufa, Jorge Cardo-
fo, e Manoel Severim de Faria, pofto que
os Caftelhanos efcrevaõ fora fua pátria Be-
navente em Caftela Velha. Recebeo o ha-
BIBLIO THECA
bito de Frade Menor na Provincia de Sam-
Tiago, onde depois de acabada a carreira dos
eftudos efcolafticos fe applicou com todo o
difvelo a pregar nas mayores Cidades de Efpa-
nha, principalmente em Salamanca com taõ
fervorofo efpirito, que eraõ innumeraveis
as almas que à efficacia das fuás vozes defper-
tavaõ do lethargo da culpa, e as reduzia
ao caminho da penitencia. Para que naõ
fomente inflamaíTe os coraçoens dos que o
ouviaõ, mas ainda dos que o leíTem, publicou.
Sjlva ejpiritual que contiene conjideraciones
fobre los Evangelios de/de la primera Dominga de
Avento hasta la Quarejma i. Parte. Salamãca,
e Çaragoça 1590. Valença 1591. Lisboa por
Simaõ Lopes 1594. 4.
Sjlva ejpiritual, que contiene las Do-
mingas, y fiejlas de Quarejma hajla el man-
dato 2. Vart. Valência por Felippe Mcy
1590. Salamanca 1594. Lisboa por Simaõ
Lopes 1594. 4.
Sylva ejpiritual, contiene conjideraciones para los
Evangelios de las Ferias quartas, j Jextas de la
Quarejma, j la Dominica de la Kejurrecion 3.
Farte. Salamanca por Juan, y Andres Renaut.
1594. Lisboa por Simaõ Lopes 1595. Bar-
celona por Gabriel de Lloberas 1595. Valença
por Felippe Mey 1596. 4. Sahiraõ todas as
três Partes juntas Madrid. 1597. e em outras
partes 1605. e 1615. 4.
Sermones de Santos Salamanca por Artur
Tabernier 1607. 8.
Publicou outra obra mais eílimavel, que
a Sylva Efpiritual, intitulada Pertinales, na
qual diz Joaõ Franco Barreto na Bibliotheca
Porfug. declara fer Portuguez.
ANTÓNIO ALVARES DE CARVALHO
natural da Villa de Barcellos da Diocefe
Bracharenfe Presbítero do habito de S.
Pedro igualmente pio, e devoto. Para tefle*
munhar o grande affefto que tinha à infigae
Martyr Portugueza Santa Quitéria. Co:
poz.
Vida da glorioja Injanta Santa Quitéria
Virgem, e Martjr prodigio da graça, naturd
da augujia, e nobilijfima Cidade de Braga Primou^
das EJpanhas. Lisboa na Officina Real Def-
landefiana 171 2. em 24.
Novena da Glorioja Injanta Santa Quitéria
I
LUSITANA.
«99
I
VJV-
rcr _,
VirjijsM, e Martyr. Coimbra por Jozè An-
tunes da Sylva Impref. da Univerfid. 1719.
in 24.
D. ANTÓNIO ALVARES DA CUNHA
(Ircimo quinto Senhor de Taboa, c da» Villas,
r lugares de Ouguella, Alvarellos, Fundo de
Villa, S. SimaÕ, Barrofo, S. Joaò de Boa
fíb, Quintellas, Oliveira, Babaõ, Serragudo,
Lameiras; Trinchante mór dos ScrcniíTimos
Reys D. Joaò IV. D. Affonfo VL c D. Pedro H.
Cavallciro profeíío da Ordem militar de
("hrifto, e Commendador de Santa Maria de
(Marreco, e de S. Miguel de Nogueira da
mefma Ordem, Deputado da Junta dos três
l!ílados, e Coronel de hum dos Regimentos
lias Ordenanças da Corte. Naceo na Cidade de
Goa Cabeça do Império Oriental Portuguez
I. de Mayo de 1626. Foy filho de D. Lou-
renço da Cunha Capitão mòr do mar do Norte
Índia onde exercitou o mefmo pofto em
e Malaca; e hum dos três Governado-
res daquelle Eílado, c de D. Izabel de Aragaõ
filha de Fradique Carneiro de Aragaõ Capi-
tão mór das Armadas da índia, e da Ilha do
Príncipe: Sobrinho daquelle infigne Prelado
D. Rodrigo da Cunha, que com as fuás gran-
des letras, e exemplares virtudes illuílrou as
Mitras do Porto, Braga, e Lisboa. Quando
contava onze annos paíTou da fua pátria a Lis-
boa para herdar a Cafa de feus Avós na qual
lucedeo a feu tio D. Manoel da Cunha, que
fempre fe confervou no Celibato ornado de
todos aquelles dotes, que conftituem hum per-
feito Cavalhero, e com as direcçoens de taõ
infigne Varaõ fahio egregiamente inllruido na
lingua Latina, Italiana, e Francefa; no eftudo
da Poefia, Hiftoria, Mathematica, e Genealo-
gia, em cujas fciencias fez admiráveis progref-
fos a fua grande comprehenfaõ, e feliz memo-
ria. Do filêcio das Mufas o arrebatou o tumul-
to das Armas para defender a Pátria invadida
pelos Caílelhanos, onde depois de encher
as obrigaçoens de valerofo Soldado, e pru-
dente Capitão, os cuidados domeílicos, e a
talta de faude o obrigarão a reílituirfe à Cor-
te, e para que naõ paíTaíTe o tempo entre-
gue a hum torpe ócio inítítuhio em fua Ca-
fa huma Academia intitulada dos Genero-
Jos, da qual era Secretario. NeJfta erudita
paleftra fe juntavaõ ot engenhos mais floren-
tes da Nobreza do Reyno em cujas conferen-
cias fe explicavaõ os lugares dificultofos dos
Authores antigos, e fe prefcreviaõ regras para
a perfeição do eftilo oratório, e poético. O na-
tural génio, que tinha para inveAigar os pontos
mais difíceis da I liAoria Genealógica o moveo
para que aceita/Te o lugar de Guarda mòr da.
Torre do Tombo defcubrindo a fua íncanfavel
curiofidadc neílc Real Archivo muitos docu-
mentos com que illuílrava as fuás doutas com-
pofiçocns. Teve grande inclinação para a Poe-
fia compondo repentinamente muitos vcrfo»
com tanta afflucncia, c fuavidadc como fe
foraõ por muito tempo meditados. Foy fum-
mamente eílimado dos Varoens nuis eruditos
do feu tempo, fendo o mayor D. Francifco
Manoel de Mello como fe pode ver nas fuás
Obras Métricas na Tuba de Calliope Sonct. 13.
32. 34. e 70. e na Sanfotiha de Euterpe Epiíl. 12.
Cafou com D. Maria Manoel de Vilhena filha,
de D. Chriftovaõ Manoel de Vilhena Senhor
do Morgado de Alcarapinha, e Commendador
de Maçans na Ordem de Chriílo, irmaã do
infigne Heróe D. Sancho Manoel Conde de
Villa flor de quem teve numerofa defcenden-
cia. Com igual perda da Republica litteraria,
que faudade de toda a Corte morreo em Lis-
boa a 26. de Mayo de 1690. com 64. annos de
idade. O feu corpo foy fepultado em himia
fepultura raza da Parochia de Santa Cathe-
rina, como ordenara em feu Teftamenta
fervindo-lhe de honorifico epitáfio as feguin-
tes obras com que eternizou a fua fama.
Campanha de Portugal pela Província
do Alemtejo na primavera do anno de 1663.
governando as Armas daquella Provinda
D. Sancho Manoel Conde de Villaflor. Lis-
boa por Henrique Valente de Oliveira Im-
preíTor delRey 1663. 4. e Amfterdam por
Jacob Van-velfen 1673. 4. grande com o
titulo de Applaujos Académicos dos quaes
foy coUeâor D. António Alvares da Cxmha.
como Secretario da Academia dos Gene-
rofos confiando eíla collecçaõ de muitos
poemas, e verfos de vários metros Lati-
nos, Portuguezes, e Caílelhanos feita em
Applaufo da celebre viftoria do Amexial
entre os quaes eftaõ muitos feus. Na cenfu-
ra, que por ordem delRey fez a ella obra
200
BIB LIO THE CA
o infigne Varaõ Fr. Jerónimo Vahia Mon-
ge de S. Bento diz com a fua natural ele-
gância, e difcriçaõ. Os Jui:(ps que fat;^ dos Ju-
€6 ff os, e as fentenças com que adorna os períodos,
huns faõ taõ pondero/os, e outras taõ graves que
Je o livro affim como he ^ortugue^, fora 'Latino,
Je equivocariaõ os juit(ps com os de Tácito, e as
fentenças com as de Séneca, que ainda, que feus
efcritos tem mayor corpo, naõ fallaõ com mais
alma.
Certame epithalamico publicado na Acade-
mia dos Generofos de Lisboa ao feliciffimo Ca:(a-
mento do fempre augufto, e invião Monarcha D.
Affonfo VI. &c. Lisboa por Joaõ da Cofta
1666. 4.
Obelijco Portugue^ Chronologico, Genealógico,
e Vanegyrico ao mais faujio dia, que em muitos fé-
culas via Lisboa no Baptifmo da Sereniffima In-
fanta D. I:(abel Luii^a Jot^epha Lisboa por
António Crasbeeck de Mello 1669. 4.
Carta a Joaõ Nunes da Cunha Conde de S.
Vicente da Beira, e do Concelho do Eflado del-
Kej de Portugal quando foy elejto ViceRej da
índia. Lisboa por António Crasbeeck de
Mello. 4. fem anno da ediçaõ. Sahio 2. vez
na Fenis renacida, ou obras poéticas dos melhores
engenhos Portugueses. Tom. 2. defde pag. 263.
atè 289. Lisboa por Jozè Lopes Ferreira
Impreflbr da SereniíTima Rainha 171 7. 8.
Confta de Tercetos, que começaõ.
]á que haveis de furcar as Chriflalinas
Aguas da Fo!^ do Tejo àquellas prayas.
Que o mundo vio ao tremolar das Quinas.
Em quanto as voffas voadoras fajas
As a^as deffraldando levaõ ao vento
Seguindo as fuás prateadas rayas.
KebelliaÕ de Ceylaõ. Lisboa por António
Crasbeeck de Mello 1689. 4.
Ff cola de Verdades aberta aos Príncipes na
Jingua Italiana pelo Padre Lui^ Juglaris da Com-
panhia de Jefus, e patente a todos na Portuguei^a
pelo traduãor. Lisboa por António Crasbeec.
de Mello. 1671 4.
Dous Sonetos, hum Portugue^, e outro Cafie-
Ihano, e hum Madrigal Italiano ao Nacimento
Jo Sereniffimo Infante D. Pedro Manoel que
fahiraõ impreíTos com outras obras Poéti-
cas a efte aíTumpto. Lisboa por Paulo Cras-
beeck. 1648. 4.
Pira fúnebre que confirue o Académico Am-
biciofo, e Secretario da Academia dos Ge-
nerofos de Lisboa às faudofas memorias do
Fxcellentiffimo Senhor Lui^ Alvares de Tá-
vora Conde de Saõ Joaõ da Pef queira, e Mar-
quev^ de Távora He huma Elegia larga. Sahio
impreíTa no Compendio Panegírico do mefmo
Marquez Lisboa por António Rodrigues
de Abreu 1674. 4. à pag. 78. até 85.
Familia dos Cunhas hijloriada M. S. foi.
Athlas Lufitano em que fe defcreve hif-
torica, e geograficamente o noffo Kejno, e a
defcendencia de feus Monarchas foi. M. S.
Deíla obra faz mençaõ a Bib. Geograf.
de António de Leaõ modernamente acrecen-
tada Tom. 3. col. 1729.
Famílias illuflres de Portugal hifloriadas foi. 7.
Tom. M. S.
Arvores de Cofiados M. S.
Origem da Cafa de Sylva dedut(ida ate
r>. Guterre Alderete M. S. Deíla obra diz
D. Luiz Salazar, e Caftro na Hijl. Ge-
neal. da Cafa de Sjlv. liv. i. cap. 8. pag. 43.
Fntre otras plumas mui doãas le afiança una
de tan acreditada erudicion como es la ^ D.
António Alvares de Acuna Senor de Taboa
Comendador de S. Miguel de Nogueras en
la Orden de Chrifio Trinchante mayor de
la Cafa de Portugal, j uno de los Caval-
leros más do^os, y verfados en la lecion de la
hifloria.
As Fortalecias da índia expojlas em Map-
pas M. S.
Todos eftes livros Aí. S. fe confervaõ
na grande Livraria do Convento de S. Do-
mingos de Lisboa. Ao feu nome exaltaõ
com elogios Franckenau in Bib. Hifp. Hif-
tor. Gen. Herald, pag. 28. Vir in fiudio im-
primis Genealógico cui fedulo incãbit verita-
tis, exa£lique judicii laude non defraudandus.
D. Luiz Salazar, e Caftro na Introd. à
Hifl. da Cafa de Sylv. digno delos mayores
elogios por fu erudicion, como por fu fangre;
e no liv. 6. cap. 7. n. 15. da dita Hif-
toria, debemos a fus grandes noticias mucha
parte delas que contiene efla Hijioria Antó-
nio Carvalho da Cofta Corog. Portug. Tom.
2. Traâ. 5. cap. 26. Fidalgo de grande
entendimento, e eflimaçaõ o P. D. Antó-
nio Caetano de Soufa no Apparat da
Hifi. Geneal. da Cafa Real de Portug. pag.
L USITAN A.
201
1^7. §. 160. Foy difcreto, cortezaõ, gakn-
, e hum dos Fidalgos da mayor eíUinaçaô
( < )rtc. O P. António dos Rcys no Enibu-
jiujM. Poet. impreíTo no principio dos feus
agudos Epigranimas. n. 144.
zn Cunha
\<l caput unduntis prarupto é vertia foníis
\it CeneroJorNM magna comi t ante caterva ^
t rigat Aonio fitientia corda liqnort
Ipfe, f laque ftmiil.
P. ANTÓNIO ALVARES FERREI-
RA. Naceo na Villa de Chaves na Provinda
IraTmontana. Hftudando Filofoíia em Sa-
i.inmnca abraçou o IníUtuto da Q)mpanhia
cie JESUS no anno de 1612. quando contava
ilcfcnovc annos de idade. Teve fclÍ2 enge-
mIio, c fublimc juizo para aprender as fcien-
uís, como continua applicaçaõ, e indefeíTo
r Iludo para as comprehender. A mayor
parte da vida paflbu diólando Theologia
moral, aíTim publica, como particularmente,
ou pregando em numerofos auditórios fendo
difícil de fe julgar em qual deíles dous mi-
nifterios foy mais infigne, naõ o fendo infe-
rior na praftica das virtudes Religiofas. Amou
>)m devoção cordial a Virgem SantiíTima,
c na vefpera do feu Nacimento, como fempre
dezejara, e inílantemente lhe pedira paflbu,
.1 melhor vida em Medina dei Campo no anno
«.Ic 1652. Efcreveo.
De haudibtis Deipara como teíUíica o
Author da Bih. da Compan. pag. 64. cuja obra
ticou occulta entre os feus domefticos, e
também ficara a feguinte fe D. Gafpar de Ef-
calada, y CaíUUo Cónego da Cathedral de
Medina querendo eternizar o nome de feu
Meftre a naõ publicara com eíle titulo.
Advertências Nuevas a la letra, y moralidad
delos EjDangelios de Quarejma, Miercoles, Viemes,
Domingos. Tom. i. Madrid por Maria de Qui-
àones. 1675. foi. Fr. Diogo Nifleno celebre
Pregador do Século paflado, e grande credito
da Religião de Saõ Bafilio faz na Cenfura defte
livro o feguinte elogio au Author. Hr un difvelo,
y tarea merecedora de toda alabança,y digna dei in-
genio de fu Author, que con doãos,y luzidos afanes
hà dilatado el orbe de la predicacion, a cuja caufafe
há conquijiado tan ejclarecido nombre,y fama inclyta
en todos los ângulos dei mundo como erudito, y efludio-
fo Cólon, que hã defcubierto tan nuevot rumhot de
peregrinos conceptos, y que delas ricas minas delos
Sacros Doílores, y .Santos Padres dela Iglejia há
enfqyado pia ta de tan ricas locuciones,y labrado oro
de tan futiles penfamientos.
Neíla obra fe nomea o Author fonoente
com o appclido de Ferreira quando elle oa
Companhia uzava mais do appclido de Al-
vares» por cuja caufa naò fe julgue fer diverfo
quando na Bibliotheca da Companhia eftá
com ambos os appclidos.
ANTÓNIO ALVARES SOARES Ulyf-
fiponenfe ornado de todo o género de eru-
dição; inílruido nas iinguas mais polidas da
Europa, e naturalmente inclinado à Poeúa de
que por toda a vida deo claros argumentos
ou foflc em metros feftivos, ou fúnebres, fendo
principalmente mais iníigne nos verfos Lyri-
cos. Por eftes fingulares dotes foy summamente
venerado pelos mayores poetas Italianos, e Ef-
panhoes, com os quaes tinha continua commu-
nicaçaõ. Sempre fahio viéloriofo em todos os
Certames poéticos alcançando a palma naquel-
le celebre, que fe dedicou em Lisboa ao Con-
de de Linhares D. Miguel de Noronha Capitão
mòr de Tangere, em que os Juizes com incor-
rupta deliberação lhe julgarão o premio, e fahio
impreflb em Lisboa por Giraldo da Vinha, o
qual em beneficio dos Leytores tranfcrevemos.
OJlentafe fero:!^, e envefle oufado
O Rey das Feras generofa Fera,
Teu heróico brio feu furor efpera
Em braço forte, em animo esforçado.
Vences ò invião Conde, e dilatado
Teu valor chega à luminofa esfera,
Donde tal horror forma, que fe altera
O celejle L^aõ de amedrentado.
Morre o terror do monte agradecido
Tanto de fer às tuas maõs, que gloria
Te minijira no fangue, e no bramido;
Sendo o bramido applaufo da viãoria
Sendo tinta o purpúreo humor vertido
Com que te ejlampem em immortal memoria.
Laureado por Apolo paflbu no anno de
1630. a Flandes para receber outra Coroa de
Marte na Campanha, onde obrou acçoens
heróicas como Soldado, até que terminou
a vida naquelles Eftados imprimindo nelles
antes que fofle feu habitador.
202
BIBLIO THE CA
"Elogio fúnebre, e real cancion en loor de la
vida, hav^anas, y muerte de D. Ambrojio Spínola
Marques de los Balba^es 1629. 4.
Kithmos diverfos Lisboa por Matheus Pi-
nheiro. 1628. 8.
Delle fe lembraõ Nicol. Ant. in Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 75. Joan. Soar. de Brito in
Theatr. L.ujit. Literat. lit. A. n. 50. Jacinto
Cordeiro no Elog. dos Poet. Portug. Eftanc. 32.
Merece António Alvres la efiima
Con los prémios ganados de Poeta
Aun que a tantos por el la embidia imprima
La emulacion, de que nacio fugeta, (&c.
Com mayor elegância, e em melhor lín-
gua o P. António dos Reys no Enthujiafm.
Poet. n. 133.
^ Tagidum que Soari
Turba fuo manihus texebant gnava coronam
Lavia mijcentes foliis conchyllia curvo
Dum maré contraheret fiuãus in litore, leãa.
Fr. ANTÓNIO DE SANTO AMBRÓ-
SIO. Naceo no lugar de Matozinhos Su-
búrbio da Cidade do Porto fendo feus Pays
o Capitão Damiaõ Luiz, e Adriana Freire.
Recebeo o Habito dos Menores no Con-
vento do Porto da Provinda de Portugal a
3. de Abril de 1704. Depois de fe applicar
aos eftudos efcolafticos fe inclinou aos Con-
cionatorios de que tem colhido aclamaçoens
em diverfas partes de iníigne Orador Evan-
gélico tendo fomente impreíTo
Sermão gratulatorio pregado em o Solemne
Triduo, que fit^eraõ em o feu Collegio da Nobi-
lijjima Villa de Santarém os Preclarijftmos Pa-
dres da Companhia de Jefus quando celebrarão
Canoni;(ados os feus dous lllufirijfimos Santos
Luifi Gon:(aga, e Stanislao Kojika. Lisboa
por Jozé António da Sylva 1728. 4. Deíla
obra faz memoria F. Joan. a D. Ant. in Bib.
Franc. Tom. i. pag. 90.
P. ANTÓNIO DE ANDRADE na-
ceo na Villa de Oleiros do Priorado do Cra-
to, e naõ em Pedrógão (como mal infor-
mado efcreveo Miguel Leitaõ de Andrade
no Dialogo 5. da fua Mifcelanea.) Foraõ
feus Pays Bartholameu Gonçalves, e Mar-
garida de Andrade. Recebeo em Coimbra a
Roupeta de Jefuita a 15. de Dezembro de
1596. e logo nellc fe defcobriraõ viveza de
engenho, e madureza de juizo affim para o go-
verno, como para o magifterio. Inílruido nas
faculdades de Filofofia, e Theologia, em que
foy baftantemente douto, e ornado de todas
as virtudes Religiofas fe deixou penetrar tanto
do zelo, e converfaõ da gentilidade, que com
beneplácito dos feus Superiores paíTou ao
Oriente no anno de 1600. Tanto que chegou
a Goa foy nomeado Superior de Refidencia do
Mogor onde tendo noticia que no Reyno do
Tibet, e Graõ Catayo havia veíligios da Crif-
tandade intentou eíla dificultofa empreza de
muitos apetecida, e inutilmente procurada,
para cujo effeito fe veílio de trage de Mogor
fendo incríveis os trabalhos, e intoleráveis as
moleílias cauzadas pela imtemperança do cli-
ma q conílantemente foportou, pois era tal a
vehemencia do frio que lhe fez cahir congela-
dos alguns dedos dos pès naõ fendo poderofa
tanta copia de neve para entibiar os ardores do
feu apoílolico zelo. Chegado eíle Evangélico
explorador à terra da PromiíTaõ que para elle
era Caparanga Corte do Tibet foy benevola-
mente recebido pelo feu Príncipe, que lhe per-
mitio promulgaíTe o Evangelho de que colheo
copiofos frutos edificando hum Templo à Vir-
gem SantiíTima para cuja fabrica conduziaò
aos hombros as principaes PeíToas da Corte os
materiaes. Voltando para Mogor juntou no-
vos operários para continuar eíla cultura, e fe-
gunda vez foy tratado pelo Príncipe com fin-
gulares fignificaçoens de affefto. Neíle tempo
fendo eleito Provincial de Goa fe reílituhio a
eíla Cidade, onde foy nomeado Deputado do
Santo Officio de cujo minifterio tomou poíTe
em 20. de Agoílo de 1633., e como zelaííe a
Religião Catholica contra a pravidade heré-
tica, hum dos Sequazes do Hebraifmo lhe
deu veneno de taõ a£tiva qualidade que no
mefmo dia o privou da vida, que foy a 19. de
Março de 1634. Sobre o feu Cadáver de-
pois de fepultado fe poz huma grande cam-
pa na qual fe imprimio a fua figura, e ima-
ginando-fe que eíle fucceíTo fora natural-
mente caufado pela violência exhalada do
veneno, fe conheceo fer fobrenatural por
eílar naõ fomente imprefla, mas penetrada
na pedra. A eíle prodígio fe feguiraõ outros
muitos, quaes foraõ a repentina faude, que
I
L USITANA.
2o3
varias peíToas invocado o Teu nome experi-
nicntaraõ. O fcu retrato fe abrio em hunu
cftampa com efta infcripçaõ. P. Antonius
He Andrade Soe. ]ef. Provinda Coana XVH.
Provinciuiis, Mijfionis 'Pibitenjis primiis exph-
rator, et fimdator. Obiit anno Domini i6j4.
14. Kalend. Aprilis atatis fua jj. As íuas
virtuofas acçoens, apoftolicos fuores, celef-
tiacs favores, e fingulares prodígios fe podem
ler em Nierembcrg. Hift, dos Var. lllujl. da
Cofup. Tom. 2. p. 41 1. Rho Hifl. Vir/, et Vi/.
lib. 2. cap. z. Tanncr Soe. Jef. u/q. ad San^.
et vita profitf. mili/ans pag. 571. Nadafí Ann.
Dier. Memorab. S. J. Part. i. pag. 153. Girdofo
A^iolog. Liéji/. Tom. 2. pag. 252. e no Gjm-
mcntario de 19. de Marc. letr. J. Franc. in
Ann. Glor. S. J. in Lufit. p. 160. Joan. Soar.
de Brito in Thea/r. J^tjit. Liter. lit. A. n. 51.
Ílallcvord in Bib. C/trio/, p. ij. Aicgamb.
1 Mortib. Illnjirib. Cefpedes Hijl. de Filip-
e IV. Part. i. liv. 5. cap. 21. e 22. Veiga
letae. da Etiop. do anno de 1624. 1625. e
626. Kircher in Sina Illujlra/. cap. 2. Faria
ÍJia Por/ug. Tom. 3. Part. 3. cap. 23. n. 15.
Hihlio/h. Sacie/, pag. 64. Nicol. Ant. in Bib.
Hifpan. Tom. i. pag. 75. Camarg. Chronolog.
Sacra a ano. 1624. Efcreveo
Noí'0 defcubrimen/o do graõ Ca/ayo, ou
dos Rejnos de Tibe/. Lisboa por Matheus
Pinheiro 1626. 4. cuja relação inteiramente
tranfcreveo o P. António Franco na Ima-
gem da Vir/íide em o Noviciado de Lisboa defde
pag. 376. atè pag. 400. Sahio traduzida em
Caftelhano. Madrid por Luiz Sanches 1626.
4. em Italiano. Roma por Francifco Cor-
belleti 1627. 8. e em Nápoles, por Egidio
Longo no mefmo anno: em Polaco. Cracóvia
por Federico Szembeck 1628. e em Fla-
mengo. Gante por Jacobo Dyckio. 163 1
Car/a em que relata como voltou a Ti-
be t a 15. de Agofto de 1625. Eftà impref-
fa na Imagem da Virt. em o Noviciad. de
Lisboa do P. António Franco defde pag.
400. atè 402. Delia faz mençaõ a Bib.
Orient. de António de Leaõ novamente
acrecentada. Tom. i. Tit. 7. col. 115. Sa-
hio traduzida em Italiano Roma por Fran-
cifco Corbelleti 1628. 8. e em Francez com
efte titulo.
HiJIoire de ce qui s' efi paffe au Kojaume
du Tihet en /' annet de 1626. PatÍ2 ches Se-
baílien Cramoify 1629. 8.
Carta em qtu narra aos Padres da Companhia
dê Goa os fucceffos, que lhe acontecerão defde a
Cidade de Sarinegpr atè Bardinara quando foy
para o dejcuhrimento do Tihet em 16. de Mayo
de 1624. a qual com outras fahio em Italiano
Roma por Fraociíco G^rbelleti 1627. e em
Francez pelo P. Joaõ Dried. Pariz ches Se-
baílien Carmoify 1628. 8.
Deíla relação do novo defcubrimento do Ti-
bet compoíla pelo P. António de Andrade ex-
trahio a mayor parte de noticias Theodoro Rhay
com que ampliou a Hiíloria Latina que efcreveo
da Defcripçad daquelle Reino a qual fahio impreíía
Paderbonx apud Henricum Pantanum 1658. 4.
ANTÓNIO DE ANDRADE REGO.
Naceo em Lisboa fendo feus Pays o Dezem-
bargador Ignacio do Rego de Andrade, Ve-
reador do Senado da Camará, Deputado da
Junta, e Eftado da SereniíTima Cafa de Bra-
gança, e do Infantado, Procurador da Fazenda,
e Ouvidor das Terras da Raynha D. Maria
Francifca Izabel de Saboya, e D. Maria Sofia
Izabel de Neoburg. e D. Magdalena Maria de
Lamirante filha de Pedro Lamirante, e D.
Joanna do Rego. Inílruido profundamente
nas letras humanas, e lingua latina, fe applicou
a penetrar as fubtilezas da Filofofia, e depois
as refoluçoens do Direito Pontifício, e fez em
huma, e outra faculdade tantos progreíTos que
recebeo com applaufo da Univerfidade Co-
nimbricenfe o grào de Meftre em Artes, e
o de Doutor nos Sagrados Cânones. Foy
admitido ao Collegio Real de S. Paulo em
19. de Dezembro de 1705. e logo def-
pachado com huma conduéta até que fubio
no anno de 171 6. à Cadeira de Sexto, onde
no de 1720, paílou à de Decreto, em que
jubilou. No tempo, que regentou eílas Ca-
deiras diftou as Poílillas ao cap. 2. de Tré-
gua, et Pace. ao cap. i. de Kefcript. in d. e ao
cap. I. de Kejlitut. in integrum in 6. nas quaes
depofitou os thefouros da fciencia Legal,
e Canónica adquirida com indefeíTo eftudo.
Foy Dezembargador da Relação do Porto,
da Cafa da Suplicação, e Titular dos Ag-
gravos de que tomou poíTe a 5. de Dezem-
bro de 1716. He ao prezente Cónego Dou-
204
BIB LIO THE CA
toral do Algarve, Académico da Academia
Real da Hiíloria Portugueza, Confelheiro da
Fazenda eleito no anno de 1735. e Deputado
da SereniíTima Cafa de Bragança. Igualmente
fe admira a fua grande erudição fagrada, e
profana aíTim nas Cadeiras, como nos Púlpi-
tos, naõ fendo inferior a vaíla liçaõ dos Poe-
tas, e Hiíloriadores Antigos, e Modernos com
que elegantemente exorna os feus difcurfos
de que foy por vezes repetido theatro a Uni-
veríidade de Coimbra, como com poética
eloquência o defcreve meu Irmaõ o P. D. Jozé
Barboza in Archiathen. L.ujit. p. 63. n. 165.
Ille Andrada Kego"? Celebrem facúndia reddet.
Orantem audierit doãus cum Ccetus odoris
Floribus eloquii contexet ferta corollce
Vértice qua digno fulgehmfí Áurea júris
Ore fluenta cadent; rejono fimul ore tonahit
Numinis alta pius tradat cum dogmata jufii.
Imprimio
Sermaõ da Kainha Santa I:(abel fexta de
Portugal pregado em o Real Convento de Santa
Clara de Coimbra ajjijlindo em prejiito a Uni-
verjidade em 4. de Julho de i~iz~l. Coimbra na
OíBcina do Collegio das Artes 1727. 4.
Sermaõ da Conceição da Virgem Maria Se-
nhora Nojfa na Capella do Paço do Duque de
Bragança em 15. de Dezembro de 1734. fefie-
iando a Academia Real efie Purijftmo Mijlerio.
Lisboa por Jozé António da Sylva ImpreíTor
da Academia Real. 1735. 4.
Oraçaõ com que congratulou os Académi-
cos da Academia Real quando foy eleito feu Col-
lega no anno de 1734. e fahio impreíía no Tom.
14. da Collecçaõ dos documentos, e Mem.
da Academia Real. Lisboa por Jozé António
da Sylva 1734. foi.
Fr. ANTÓNIO DE SANTO AN-
GELO. Naceo na Cidade do Porto, e te-
ve por Pays a Domingos de Menezes, e
Catherina Barboza, que o educarão com
taõ fantos documentos que para os exerci-
tar com mayor perfeição bufcou a Sagrada
Reforma do Carmelo, e no Convento de N.
Senhora dos Remédios de Lisboa recebeo
o Habito a 25. de Março de 171 5. e profef-
fou a 29. do dito mez do anno feguinte.
Foy Lente de Theologia Efcolaftica, e
Moral na Bahia, Superior no Convento de
Pernambuco, Secretario do Vifitador do
Brazil Fr. Juliaõ da Cruz, e ultimamente
Meftre dos Profeflbs no Convento do Por-
to. Como era muito verfado nos miílerios
da Theologia Afcetica compoz
Direãor de Directores para o governo das
almas, no qual fe contem os avi:(ps, e documen-
tos para o governo das almas, que vaõ por caminho
extraordinário. Lisboa na Officina da Con-
gregação do Oratório 1738. 4.
Efte Livro publicou o P. Agoílinho Fer-
reira, e em feu nome o collocamos neíla Bi-
bliotheca atè que chegou à noíTa noticia feu
verdadeiro Author que por humildade reli-
giofa fe quiz occultar, o qual he o P. Fr.
António de Santo Angelo.
Fr. ANTÓNIO DOS ANJOS natural de
Lisboa filho de Álvaro Annes, e D. Izabel Gil,
e hum dos illuílres filhos da Religião da San-
tiffima Trindade (cujo Habito recebeo no
Convento da fua Pátria a 12. de Janeiro de
1571.) pelos fingulares dotes com que liberal-
mente o ornarão a graça, e a natureza, fendo
pela innocencia dos coftumes, conhecimento
das linguas, facúndia Oratória, affluencia poé-
tica, e fuavidade mufica univerfalmente vene-
rado por Oráculo. As fuás virtuofas acçoens
acompanhadas da fevera obfervancia dos inf-
titutos da Ordem louva feu contemporâneo
Fr. Bernardino de Santo António in Epit. Gen.
Redempt. lib. 2. cap. 11. §. 4. A fua Sabedoria
cultivada com todo o género de erudição pela
qual recebeo o Grào de Bacharel em Theo-
logia na Univerfidade de Coimbra, e fe dilatou
vaftamente por todas as Academias de Efpa-
nha, he celebrada por Fr. António Corrêa na
Vid. do V. P. Fr. Ant. da Conceic. Ub. i . cap. 2.
A profunda noticia das Unguas Latina, e Ita-
liana, Franceza, Caftelhana, e o que he mais da
Grega, Hebraica, e Caldaica em que foy emi-
nentemente verfado, he applaudida por Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 76. Imbonat.
in Bib. luitin. Hebraic. pag. 313. n. 995. e
Joan. Soar. de Brito in Theatr. Luft. Liter.
lit. A. n. 52. Com igual facilidade, e feli-
cidade foy Orador eloquentiíTimo, e elegan-
tiíTimo Poeta, principalmente na lingua.
Latina, em que publicou vários Poemas.
Na Arte da Mufica, ou compondo, ouJ
L USITAN A.
2o5
intnndo competio com os mais celebres pro-
ícflbrcs do feu tempo que promptamcnte
lhe ccdcraõ a palma à fua incomparável
< ílrcza. Occupou na Religião os lugares
Ic Reytor do Collegio de Coimbra, Miniftro
lo Convento de Lisboa, e duas vezes Pro-
iiicial eleito a primeira vez no anno de 1595.
■X fegunda no anno de 1608. e em tantas
l'rcln/ias fempre conciliou o afe£lo dos do-
ncllicos, e a benevolência dos eílranhos.
orno era dotado de fumma prudência, e
Ao para os augmentos da Tua Religião paf-
ou a Madrid para defender huma caufa in-
tentada contra ella, c ncftc tempo o nomeou
I ilippe III. Bifpo de Cabo Verde, e depois
tio Ceuta, cujas dignidades naõ poíTuyo por
lho impedir a morte no anno de 1614. e naõ
«lo 161 9. como cfcreve o P. D. António Cac-
i.ino de Soufa no Catai, dos Bi/p. de Cabo
I erde impreíTo no 2. Tom. da Collcc. dos
Documentos da Academia Real. Lisboa por
Kichoal da Sylva 1722. foi. Compoz.
Compenditmi Injlitutioms Ordinis Sanítifjtma
nitatis, et indidgentiarum àjummis Pontificibus
m concejfaruM. UlyíTip. 161 3. 4.
Varia Poemata. UlyíTipone apud Petrum
Crasbeeck 1623. 8.
Commentaria in Sacram Scripturam foi. 5 .
Vom. Sendo deíles o principal.
De Tranjmigratione filiorum Ifrael. os quaes
todos fe confervaõ Aí. S. na Livraria do Con-
vento de Lisboa. Defta obra fa2 memoria a
Mapi. Biblioth. Ecclejiaji. pag. 459. col. 2. e Ja-
cob, le Long. in Bib. Sacr, pag. mihi 609. col. i.
Na Origem da lingua Portuguesa compoíla por
Duarte Nunes de Leaõ pag. 143. e 144. eftá
liuma obra fua poética dedicada a Santa Urfula
na qual com grande artificio fem mudar palavra
fe pôde lèr ou na lingua Latina, ou Portugueza
moftrando a uniformidade, e femelhança, que
tem huma lingua com outra. Começa.
Canto tuas palmas, fermofos cato triumphos
Eíla obra lhe remeteo Fr. António dos
Anjos com hum Soneto a Duarte Nunes
de Leaõ dizendo que a fizera hum Keligiofo
principal mui doão nas letras Divinas, e humanas,
e noticia das linguas.
Fr. ANTÓNIO DOS ANJOS. Teve
por Pays a Simaõ Gonçalves, e Margarida
Queimada, e por pátria a Gdade de Lisboa
donde paííou á índia movido da ambição de
grandes lucros, que lhe prometia a fortuna,
porém experimentando differente fuccefío ás
fuás efperanças as collocou heroicamente em
Deos, recebendo o Seráfico habito, em o Con-
vento da Madre de Deos cm Goa. Logo em o
Noviciado fe admirou a fua virtude taõ adulta,
que fervia de exemplar, e eílimulo aos feus
companheiros. Querendo fer profuodameote
verfado na fciencia dos Santos, e naõ das Eí-
cholas, frequentou com violência os Eíhidos,
dos quaes fahio fuficientemente inílruido para
o Púlpito, em cujo cxercicio mais obfervante
das máximas do Evangelho, que dos preceitos
da Oratória colheo copiofos frutos das innume-
raveis almas, que lhe formavaõ o Auditório.
Foy amante do filencio, continuo na Oraçaõ,
parco no comer, compaíTivo com os enfermos,
affavel com os penitentes, e unicamente tyrano
com o feu corpo. Querendo Deos provarlhe
com rigorofo exame a valentia do feu efpirito
permitio que pelo efpaço de três annos, e meyo
fe vifle combatido de taõ graves efcrupulos
que o obrigarão a naõ comer nove dias, vigiar
duas noutes, e eftar em pé três dias. Acrecen-
tavaõfe a eíla aflicçaõ da alma os golpes que
recebia no corpo dados pelos feus companhei-
ros como medicina a taõ terrível infermidade,
até que por difpofiçaõ divina foy reftituido à
ferenidade da conciencia, e livre da fii-
riofa tormenta em que quafi eftava foçobra-
do o feu coração. Depois de ter fido Guardi-
ão do Convento da Madre de Deos em Goa,
foy eleito Provincial a 6. de Fevereiro
de 1622. com uniformidade de todos os
Capitulares, Defte lugar foy injuriofamente
depofto pelo ConuniíTario Geral cuja in-
juftiça tolerou com inviâa paciência, e
para manifefto argumento da fua inculpá-
vel vida foy reftituido à mefma Prelazia no
anno de 1629. por Decreto da Santidade de
Urbano VIII. Chegado o tempo de ferem
premiados os feus merecimentos lhe fobre-
veyo a infermidade que elle julgou fer a ul-
tima, e recebidos com grande piedade os
Sacramentos morreo no Convento de Ta-
nà em o mez de Julho de 163 1. com 68.
annos de idade, e 51. de habito. Efcreveo.
Carta ejcrifa de Goa a ^o. de Setembro de
206
BIBLIO THE C A
1617. a feu Irmaõ o P. Joaõ da Cojla da Com-
panhia de JESUS.
He muito larga, e nella narra individual-
mente os trabalhos aíTim efpirituaes como
corporaes, que tinha padecido. Sahio im-
preíTa no Vergel de Plantas, e Flores da Pro-
vinda da Madre de Deos compoílo por Fr. Ja-
cinto de Deos cap. 7. art. 1 5 . onde largamente
falia deíle varaõ, do qual, e da dita Carta faz
mençaõ a Bih. Orient. de António de Leaõ
modernamente acrecentada Tom. i. Tit. 6.
col. 100.
Fr. ANTÓNIO DE SANTA ANNA na
tural de Lisboa, e filho de Joaõ Rodriguez da
Sylva, e Marianna de Siqueira. Profeflbu o
penitente habito de Religiofo Capucho na Pro-
víncia da Arrábida, em o Convento de N. Se-
nhora da Conceição em Alferrara junto à Villa
de Setúbal a 8. de Dezembro de 171 3. onde
depois de aprender Filofofia, e Theologia
diâou eílas faculdades, e a da Sagrada Efcri-
tura no Real Convento de Mafra auguíla fun-
dação da generofa piedade delReyD. Joaõ o V.
noíTo Senhor. He Qualificador do Santo Of-
ficio Confultor da Bulia da Crufada, e bom
pregador de cujo fagrado minifterio publicou
Sermoens vários, Panegiricos, e moraes Tom. i .
Lisboa por Maurício Vicente de Almeyda
1735- 4-
Tom. 2. Lisboa por Miguel Rodrigues Im-
preflbr do Eminentiífimo Senhor Cardeal
Patriarcha 1738. 4.
Sermão do grande Patriarcha dos Menores, mila-
gre da humana natureza, portento da Divina graça,
e imagem do me/mo Deos humanado o glorio/o, e Se-
ráfico Padre S. Francifco pregado no Convento de S.
Jo^è de Ribamar na presença de Sua Magejiade D.
Joaõ o V. Lisboa por Bernardo da Coíla de Car-
valho Impref. da Religião de Malta 1730. 4.
ANTÓNIO DA ANNUNCIAÇAM.
Cónego Secular da illuftre Congrega-
ção de S. Joaõ Evangelifta. Foy fumma-
mente applicado aos exercícios da Charida-
de, e compaixão, de que deo manifeftos ar-
gumentos fendo Provedor das Caldas da
Rainha D. Leonor para com os pobres, que
concorriaõ a bufcar remédio para as fuás in-
fermidades nas medicinaes aguas daquelles
banhos. Mayor era a piedade para com Deos,
e o zelo com que fe celebraíTe perfeitamente
o incruento Sacrifício da MiíTa, e fe recitaf-
fem as horas Canónicas conforme as Rubri-
cas do Miflal, e determinaçoens da Sagrada
Congregação dos Ritos, para cujo efeito
compoz.
Manual de Ceremonias Sagradas o qual fe
conferva M. S. na Livraria do Convento de
Santo Eloy de Lisboa onde morreo o feu
Author a 15. de Setembro de 1665.
Fr. ANTÓNIO DA ANNUNQAÇAM
natural de Lisboa chamado no feculo Antó-
nio de Soufa, e filho de Manoel Lourenço,
e Antónia Jorge. Depois de aprender a lingua
Latina no Collegio dos Padres Jefuitas da
fua pátria ouvio a Filofofia na Congregação
do Oratório onde igualmente inílruyo o en-
tendimento, e o efpirito. Foy admitido ao
habito da Ordem dos Pregadores em o Con-
vento de Santarém onde folemnemente
profeílou a 4. de Junho de 1704. Neíla pa-
leílra foy Cathedratico de Prima de Theologia
no Convento de Lisboa com grande aceitação
dos feus domeílicos atè que chegou a fer Pre- I
fentado na mefma Faculdade. Naõ fez menor
progreílo no Púlpito, que na Cadeira. Cheyo
mais de virtuofas obras, que de annos, morreo
no Convento de Lisboa a 18. de Setembro
de 1737. a tempo que exercitava o lugar de
Vigário das Religiofas do Convento de S.
Joaõ de Setúbal publicou.
Sermão no Keal Convento de N. Senhora do
Carmo de Lisboa aos 27. de Setembro de 1727. na «
Solemnidade com que o dito Convento celebrou a Ca- '
nonii^açaÕ de S. Joaõ da Cru^. Lisboa por Miguel
Rodrigues. 1728. 4. Sahio nas Mem. Hijl. Pane-
girico, e Metric. do Sagrado Culto com que o Con-
vento do Carmo celebrou a Canonit^açaÕ do D. Mjjiico
S. Joaõ da Cruf^. EM defde pag. 320 até 361.
Do Author fe lembra brevemente Fr.
Pedro Monteiro no Claujl. Dominic. Tom. ,
3. pag. 167. * I
Fr. ANTÓNIO DE ARAGAM na-
tural da Cidade de Faro no Reyno do Al-
garve, onde naceo a 13. de Junho de 1650.
fendo filho de Gonçalo Jorge, e Petronilla
i
«
L USITAN A.
207
Fajardo Sevilhana. De idade de 16. annos en-
trou na illuílre Religião dos Eremitas de Santo
Agortinlu), cujo Habito profeflbu no Convento
(Ic Évora a 2. de Janeiro de 1676. Foy obfer-
MintííTimo dos feus Eftatutos regulares íer-
vinclu de exemplar aos domeílicos, e de
veneração aos eílranhos. Morreo no Con-
vento de Tavira a 50. de Abril de 1716. A Tua
Icpultura he frequentada por terem algumas
peíToas recebido efpeciaes favores de Deos
por fua interceflaò. Compoz
Indulfijíncias plenárias, juhileos pknljftmos,
(ihfoltii(òes geraes de culpa, e pena, remijjoens de
peccados, relaxaçoens de penitencias, conceffoens
de Quarentenas, que os Summos Pontífices conce-
derão aos Confrades da Corrêa de Santo Agojlinho
cnm particular re^a repartidas pelos dias, efejlas do
jfino. Lisboa na Officina Auguíliniana 1752.
Ljl. e na mcfma Ofíic. 1734. 8. fendo impreíTo
s vezes.
P. ANTÓNIO DE ARAÚJO. Naceo
Ilha de S. Miguel em o anno de 1566.
)nde paflando na adolefcencia a America
:ebeo no Collegio da Bahia a Roupeta da
)mpanhia de JESUS. Depois de fazer
)iemnemente a profiflaõ dos quatro votos
finou aos domeílicos as letras humanas,
inftruio com os documentos Evangélicos
ílo efpaço de nove annos aos Gentios difcor-
índo com outros companheiros do feu apof-
)lico efpirito os Certoens da America, e para
le colheíTe mayor fruto deíla Seara aprendeo
lingua Brafilica com naõ pequeno trabalho,
de tal modo a foube, que parecia ter nacido
itre aquelles bárbaros, em cuja empreza
ideceo graviíTimos trabalhos, e moleítias
lue fazia fuaves a fua ardente caridade, até
lue foy receber o premio na pátria celefte
10 anno de 1632. compoz
Cathecifmo na lingua Brafilica em que Je con-
tra a Jumma da Doutrina Chrifiãa com tudo
o que pertence à nojfa Santa Fè, e bons cofiumes
compofio a modo de diálogos por Padres Doutos,
c boas línguas da Companhia de JESUS, e por
elle acrecentado.
Lisboa por Pedro Crasbeeck. 161 8. 8. Sa-
hio emendado na fegunda impreíTaõ pelo P.
Bartholameu de Leaõ da mefma Companhia
com eíle Titulo.
Cathecifmo Brafilico da Doutrina Chrifiãa com
o Ctremonial dos Sacramentos, e mais attos Paro-
chiats. Lisboa por Miguel Deslandes. 1686. 8.
Efta obra foy traduzida cm díverfas lín-
guas da America, affirmando o Autor da
lUblioth. da Companh. p. 65. Vt nihil in genere
Catechifiico perftíiius u/piam extare cenjeatur.
Do Autor, e da obra fe lembra a Magi. Bib.
Ecclefiafiic. pag. 539. col. 2.
Fr. ANTÓNIO DE ARAÚJO natural da
Villa de Rua no Bifpado de Lamego profeííou
o Habito Monachal Ciftercicnfe no Convento
de Salcedas onde brevemente fez taes progreí-
fos na obfervancia Religiofa, que foy eleito
pelos Superiores Meílrc dos Noviços quando
contava poucos annos de idade, fendo pouco
depois Abbade do celebre, e antigo Convento
de S. Pedro das Águias, e ultimamente no anno
de 1678. das Religiofas de S. Bento de Caílris
pouco diílante da Cidade de Évora, em cujo
minifterio naõ tendo acabado o tricnnio, com
geral opinião de virtude terminou a vida. Foy
infigne em formar os careéteres para os livros
do Coro debuxando com a penna como fe
fora pincel as letras iniciaes, e illuminando-as
com ouro, e diverfas cores. Raro foy o Con-
vento em que habitou onde para o uzo do
Coro naõ deixafle muitos livros efcritos em per-
gaminho, fendo taõ elegantes as figuras da
Muíica, como as letras que nellas formava
a fua pena, e pincel.
No tempo que foy Bibliothecario da grande
Livraria de Alcobaça efcreveo com igual
perfeição em papel imperial.
Index dos livros, e defcripçaõ dos Emblemas, e
figuras, que na mefma Livraria efiaõ, cujo livro
acabou no anno de 1636. e nella fe conferva.
ANTÓNIO DE ARAÚJO natural dos Ar-
cos de Valdeves no Arcebifpado de Braga,
Cavalleiro profeíTo na Ordem de Chriílo, naõ
menos celebre com a efpada quando em obfe-
quio da fua pátria fendo Soldado, ou Capitão
pelejou com os Caílelhanos, do que com a pen-
na, depois de celebrada a paz entre huma e,
outra Coroa, em o anno de 1668. efcrevendo
elegantemente.
Mefopotamia Eufitana, ou defcripçaõ, e antiguida-
des da Provinda de Entre Douro, e Minho. foi. Af. S.
208
BIBLIOTH E CA
Cuja obra fendo muito cftímada dos erudi-
tos, ainda alcançaria mayor applaufo fe lograíTe
o beneficio da luz publica.
Delia fazem mençaõ o P. D. António Cae-
tano de Soufa no Aparat. à Hijl. Geneal. da
Cafa Rftf/pag. 153. n. 180. dizendo que nella
fe continhaõ varias origens, e Famílias da
Provinc. de Entre Douro, e Minho, e a Bib.
Geograf. de António de Leaõ modernamente
acrecentada Tom. 3. col. 1729.
ANTÓNIO DE ARAÚJO Presby-
tero UlyíTiponenfe, e ornado daquellas vir-
tudes próprias do Eílado Ecclefiaílico que
profeíTava. Todo o feu difvelo foy inílruir
aos próximos com os documentos efpirituaes
para cujo fim como era fuficientemente
douto nas linguas Caftelhana, e Franceza,
traduzio alguns livros devotos que ferviíTem
de mudos direftores àquelles que dezejavaõ
abraçar as virtudes, e fugir dos vicios. Mor-
reo na fua Pátria no anno de 1684. Tradufio
de Caftelhano em Portuguez.
Solitário contemplativo, e guia efpiritual do
P. Jorge de S. Jof^è. Lisboa por Joaõ Galraõ
1678. 8.
Difiniçoens moraes recopiladas pelo L.icen-
ciado Domingos Maneiro das obras do P. Chrif-
tovaõ de Aguirre traduzido de Caftelhano em
Portugue^ acrecentado com todos os cafos refervados
aos Bifpos de Portugal com as propojtçoens con-
demnadas por Alexandre Vil. Lisboa por Joaõ
Galraõ. 1681. 8. e na mefma Cidade pelo dito
Impreílor 1691. 8.
Tratado da Oraçaõ, e meditação compofio
por S. Pedro de Alcântara tradu^do com huma
breve tradução para os que começaõ ajervir a Deos,
e hum Tratado das virtudes, e votos dos Keligiofos,
outro dapa^ das almas. Lisboa por Joaõ Galraõ.
1679. 24.
Da lingua Franceza do P. Domingos
Bouhours da Companhia de JESUS.
Penf amentos Chrijiãos para todos os dias do
me^. Lisboa por Joaõ Galraõ. 1680. 12.
Fr. ANTÓNIO DOS ARCHANJOS
Naceo na Cidade de Évora no anno de 1632.
Abraçou o Inftituto dos Frades Menores na
Província dos Algarves, da qual pelo feu
agudo engenho, profunda literatura, e gran-
de authoridade foy illuftre efplendor. Enfi-
nou Filofofia, e Theologia aos feus Religio-
fos até que jubilou na Cadeira de Prima.
Depois de ter exercitado varias Prelazias da
Ordem com fumma prudência foy eleito Pro-
vincial a 8. de Setembro de 1663. em cujo lugar
defcobrio mais claramente o grande talento
que tinha para o governo. Na Cúria Ro-
mana encheo as obrigaçoens de deligente
Procurador dos negócios domefticos da fua
Província. Foy Qualificador do Santo Officio,
e Examinador das Ordens Militares, e Pre-
gador infigne (como o intitula o P. Francifco
da Fonceca na Évora Glorio/. |)ag. 410.) da
Mageílade delRey D. Pedro II. naõ lhe fa-
zendo menor elogio Fr. Joan. à D. Anton.
in Bib. Franc. Tom. i. pag. 93. Morreo no
Convento de Xabregas a 25. de Fevereiro
de 1682. Imprimio
Sermão nas honras que fe^ a Cidade de Tavira
em o Rejno do Algarve na morte do Serenijfimo
Senhor D. Joaõ o IV. Rej de Portugal. Lisboa
por António Crasbeeck 1657. 4-
Sermão de Santa Clara expojlo o Santij-
Jimo no feu Convento de L,isboa. Lisboa por
Domingos Carneiro 1664. 4. e Coimbra por
Rodrigo de Carvalho Coutinho. 1672. 4.
Sahio traduzido em Caftelhano pelo Dou-
tor Eftevaõ de Aguilar y Zuniga com outros
Sermoens no livro intitulado luiurea Portu-
guesa Part. 2. Madrid por André Garcia de
la Iglefia. 1679. 4.
Sermão da Immaculada Conceição de N.
Senhora na Capella Real ajftjlindo S. Magef-
tade, e Alteia em %. de Dezembro de 664. Évora
na Officina da Univerfidade 1665. 4. e Coim-
bra por Thomé Carvalho Impreflbr da Uni-
verfidade 1672. 4.
Sermaõ da profijjaõ da Madre Soror Brites da
Madre de Deos filha de Fernaõ da Sjlva de Sout^a^
e Meneses, e de Dona Guiomar da Sjlva, e Mello
dia de S. Jo^è expojlo o SantiJJimo em o Con-
vento do Salvador em Évora. Lisboa por An-
tónio Crafbeeck de Mello 1664. 4. e Coimbra
por Thomè Carvalho. 1672. 4.
Sermaõ na Dedicação de N. Senhora do
Eoureto reedificada pela NaçaÕ Italiana patente
o SantiJJtmo. Lisboa por Joaõ Galraõ
1696. 4.
Sermaõ da quarta terça Jeira da Qjui-
LUSITANA.
209
rrfmi na Capella Rea/. Litboa por Miguel Des-
landcs 1687. 4. Sahio com outros Sermoens
lui 1 .áurea Portugueza.
ÍT. ANTÓNIO DOS ARCMANJOS
i( mclhante ao precedente cm o nome, pro-
iifaò RcUgiofa, e íumma literatura naceo em
I I I <)a, c foy filho de Pafcoal Luiz, e Domin-
I Antunes que o educarão ta& virtuofa-
iciiic que logo na adolefcencia deixou o
nundo, e bufcou a Religião Seráfica profeí-
lando o feu penitente inílituto em o Convento
de S. Francifco de Setúbal da Provincia dos
Mgarves a 11. de Nfarço de 1686. Aprendeo
as Scicncias Ercholaílicas com tal viveza de
engenho como quem as havia enfinar exer-
citando o magiílerio até que nelle jubilou.
Da profundidade das fuás letras aíTim Theo-
logicas como Jurídicas naõ teve menor theatro
que a cabeça do mundo onde a 29. de Mayo
de 1700. em que fe celebrava o Qpitulo Geral
da fua Ordem defendeu humas Conclufoens
de toda a Theologia, e Direito Canónico dedi-
cadas à Mageílade delRey D. Pedro II. cujo
retrato fe via aberto primorofamente em huma
grande Lamina ao qual veneravaõ as quatro
partes do mundo, adquirindo naõ pequena
gloria o feu nome com a promptidaõ, e fcien-
da com que refpondia às mayores dificul-
dades. Depois de fer ConfeíTor das Religio-
fas do Moíleiro de Santa Clara de Beja, e
Byora, e Guardião do Convento de Xabregas,
Secretario Difinidor, Cuílodio da Provincia,
e Qualificador do Santo Oííicio foy eleito
Miniílro Provincial por moto próprio im-
petrado pela Mageílade reinante delRey D.
Joaõ o V. noíTo Senhor o qual fe publicou
em o Convento de Santa Maria de Enxo-
bregas a 14. de Setembro de 1737. com geral
acclamaçaõ de toda a Provincia. Imprimio.
Pro/iíjío Encomiajlica in generalihus comi-
iiis totius ordinis Fratrum Minorum Seraphici
Patris Nojlri Francifci Koma celebratis 29.
die menjis Maij anno Jubilai 1700. Romse Ty-
pis Joannis Jacobi Komarek 1700. 4. grande.
Confia de 8. Elogios extenfos de obra lapidaria
em louvor do Reino de Portugal, e Naçaõ
Portugueza fervindo de preludio eílas inf-
cripçoens latinas como Problemática queílaõ
às Conclufoens que defendeo.
ANTÓNIO ARE'Z DELICADO Natu-
ral de Évora, e numerado entre os feus ETcrí-
tores pelo P. Francifco da Fonceca na fua E»or.
Glor. pag. 410. taõ honrado por nací mento,
como famofo pela liçaò da Miíloría, e Geografia
cm que era perito. Com igual difvelo que
fciencia compoz.
Difcripçad do Rio Sado que corre pela Propincia
do Alentejo.
Cuja obra M. S. fe confervava na Livraria
do grande Antiquário Manoel Severim de Fa-
ria Chantre de Évora, e delia a)mo do Autor
faz memoria o moderno addicionador da bib.
Geograf. de António de Leaõ Tom. 3. coL 1727.
D. ANTÓNIO DE ATTAIDE primeiro
Conde da Caílanhcira. Teve por Pays a D.
Álvaro de Attaidc II. do nome, c a D. Vio-
lante de Távora; e por Avós paternos os Con-
des de Atouguia, c maternos os do Prado, c
entre o efplcndor herdado de tanta nobreza
foy mayor o que lhe augmentou com as fuás
heróicas virtudes. Recebeo a primeira educa-
ção no Palácio delRey D. Joaõ o III. c defde
idade taõ tenra lhe foy com tal cxccíTo afeiçoa-
do eíle Príncipe, que com exemplo poucas ve-
zes viílo confervou eíla inclinação até á morte,
o que expreíTou o iníigne Jurifconfulto, e naõ
menor Poeta Manoel da Coíla in Epithal.
Princ. Odvard. et Ifabella dizendo
Cajlaneus Comes, et gat^a prafeâus Ea a:
Sollicitus pro Kege fuo, uti charior alter
Nemo fuit\ talem Regis Joannis amorem
Antonij mervit pietas, fapientia, virtus.
DeUe grande afíefto foy confequencia ele-
gello ElRey por feu Embaxador a França
quando contava vinte annos para tratar negó-
cios de fumma importância, que dezempenhou
com a madureza do juizo que excedia a verdu-
ra da idade. Com o mefmo carafler reprefentou
a peíToa do feu Soberano em Caílella, e Alema-
nha fendo em taõ grandes theatros fempre ref-
peitada a fua capacidade. Em premio de taõ
heróicos ferviços além de fer Senhor das Villas
de Povos, e Chelleiros, e do Morgado da Foz,
foy eleito Confelheiro de Eílado, Vedor
da Fazenda, Alcaide Mòr de Collares, e Co-
mendador da Langroiua na Ordem de Chrif-
to. Neíles taõ honoríficos lugares fem-
pre fe oílentou fuperíor ás mayores con-
19
210
BIBLIOTHE CA
veniencias de que foraõ claros argumentos o
generofo defprezo do opulento legado, que
lhe deixou o Infante D. Luiz, e o manifeílo
em que declarou a feus filhos a caufa porque os
naõ deixava ricos, querendo, que foílem mais
herdeiros da fua fama, que da fua fazenda,
virtude em que teve mayor numero de admi-
radores, que de fequazes. Foy dotado de
juizo perfpicas, de inalterável animo na prof-
pera, e adverfa fortuna; de fidelidade incor-
rupta para com o feu Príncipe; de fumma
Religião para com Deos dedicando-lhe para
feu culto dous Conventos de efpiritos Será-
ficos hum de Efpofas de Chriílo na Villa da
Caftanheira; outro para Frades nos feus arre-
baldes, eternizando neíles dous Sagrados
Padroens a fua piedofa magnificência. Foy
cafado com D. Anna de Távora filha de D.
Álvaro Pirez de Távora Senhor do Moga-
douro, e Mirandella, e de fua mulher D. Izabel
da Sylva filha dos Condes de Penella. Pene-
trado com a intempelliva morte delRey
D. Joaõ o III. cujo valimento mereceo por
toda a vida determinou procurar o de outro
Monarcha que nunca caducaíTe, e para
promptamente executar efta heróica refolu-
çaõ deixou todos os lugares que poíTuia,
e retirado ao Convento dos Religiofos que
edificara, nelle exercitou com mayor fervor
as virtudes praéticadas pelo efpaço da fua
vida até que piamente acabou em 7. de Ou-
tubro de 1563. Foy fepultado como elle
determinara, no Convento onde morreo,
em hum foberbo Maufoleo que mandou le-
vantar feu filho D. Jorge de Attayde Bifpo
de Vifeu com efte elegante epitáfio.
D. O. M.
António de Attayde primo Comiti de Cafta-
nheira Alvari de Attayde, et ViolantcB de Távora
filio : à Joanne III. Kege prudentijfimo oh integrita-
tem, pietatem, prudentiam, animi moderationem
inter cateros Kegni primates maxime dileão, et in
magnam curarum partem afeito: Regni negotiis,
fupremifqtie munerihus {pofi Regis obitum) fponte
abdicatis, certiore confiUo prope hoc ccenobium ma-
nenti, ut fe totum reliquo vitcB tempore Deo dicaret.
DeceJJit anno atatis fua JLXIII. Chrifli vero
CIDCILXIII. die Oãobris VIL
Georgius Epifcopus Óptimo Parenti
M. P.
Deíle grande Varaõ efcrevem com gran-
des louvores Andrad. Chron. de/Kej D. JoaÕ
o III. Part. I . cap. 6. Mariz. Dial. de Var. Hijl.
Dial J.C. 3. Telles Chron. da Companhia da Prov.
de Porttig. Part. i . liv. i . cap. 1 1 . Sempre efliniou
mais a virtude, que as rique:(as, e prefou mais a
honra, que o intereffe. Sò tratou do bem commum
fem fombra de proveito próprio. Foy verdadeiro
exemplar de toda a modeflia de toda a honra, de
toda a Fidalguia Portuguesa. Em cuja boca fem-
pre fe ouvia a verdade em cujo coração fempre rey-
nou a piedade; em cujas obras fempre reynou o
definterejje. Soufa Hifl. de S. Domingos da Prov.
de Portug. Part. 2. liv. 2. cap. 10. chamando-lhe
grande Valido, e grande fabio Efperanc. Hifi.
Seraf. da Prov. de Portug. Part. 2. Uv. 11. n. 5.
Fr. Fernand. da Soled. Hifi. Seraf. Part. 4. liv.
2. cap. 4. n. 225. e 226. Jozè Pellizer, y Tovar
na Epifi. Dedicat. do livro intitulado Fama
Aujlriaca, Barbof. nas Memorias delRej D. Se-
bafiiaõ Tom. 2. Uv. i. cap. 19. n. 145. e 146. Fr.
Mart. do Amor de Deos Chron. da Prov. de S.
Ant. Tom. i. liv. i. cap. 18. §. 144. e 167.
D. Agoftinho Manoel na Cenfura que
fez á I. Part. da Hifl. Ecclef de Braga com-
pofta pelo Illuítriffimo D. Rodrigo da Cunha
impreíTa no feu principio affirma, que D.
António de Attayde efcrevera.
Hijioria da fua Vida
Cuja obra fe he diílin£ta da feguinte deve
de eftar confervada em poder dos feus def-
cendentes. Imprimio.
Copia de hum papel em que D. António
de Atayde primeiro Conde da Cajlanheira
dà rat^aõ de Ji, e feus filhos, e defcendentes, efcrita
em Lisboa a 10. de Janeiro de 1557. Madrid
na Impreííaõ Real 1598. 4.
D. ANTÓNIO DE ATTAYDE fe-
gundo Conde da Caftanheira, e filho pri-
mogénito do antecedente, naõ fomente
herdeiro dos titulos, e domínios de taõ efcla-
recida Cafa, mas também das virtudes, e
merecimentos de feu grande Pay, fendo,
como efcreve D. Jozé Pellizer, y Tovar
na Epiftola Dedicatória aíTima allegada
Varonfingular en letras, y armas,famofo a entram-
has Iw^^es dela verdad, j dela embidia. Foy ca-
fado três vezes, e de todas as três Efpo-
fas que eraõ da primeira nobreza do Reyno,
L USITáNA.
211
teve filhos a i. com D. Maria de Vilhena
iilha de D. Francifco da Gama Conde da
VidiíMirin, a 2. com D. Barbara de Lara
iilhu <l.. y Marquez de Villa Real D. Pe-
ilro de Menezes, e a ). com D. Maria de
Vilhena filha de D. Luiz de Menezes de Vaf-
onccUos Governador do Braíll. Hntre os
lludos próprios de hum Cavalhero com
particular génio fe applicou á Genealogia
principal parte da Hiftoria em que foy in-
fignc, de que deixou eícrito.
Nobiliário das familias defte Reyno foi. M. S.
IJvros dos Brat(pens das mejnias Jamilias com
(ts Jms Origens foi. Aí. S.
Cuja obra querem alguns que foíTe princi-
piada por feu Pay, e continuada por cUc ha-
vendo cm hum, e outro igual talento para cfta
cinprcza. Julgando como dcfcnganado que
as felicidades, que lograva, eraõ caducas, fe
1 preparou com obras meritórias para alcançar
as eternas, difpondo no feu Tcftamento, que
foflc fepultado na Capella de Chriílo Cruci-
ficado que eílá no Convento de Santo António
da Caftanheira fundação de feu illuílre Pay,
' onde jaz com efte epitáfio.
Sepultura de D. António de Attayde i. Conde
da Cajlanheira. Faleceo a 20. de Janeiro de 1605.
Delle fazem memoria Fr. Fernando da
Solcdad. Hijl. Seraf. da Prov. de Porttig.
I Part. 4. liv. 2. cap. 6. n. 243. e D. Anton.
' Caetano de Souf. no Apparat. à HiJl. Gen.
da Cafa Real Portug. pag. 52. §. 26. e no
Tom. 2. da mefma Hift. liv. 3. cap. 8. §. 3.
p. 531. e ultimament. Fr. Martin, do Amor
de Deos Chron. da Prov. de Santo. António.
Tom. I. liv. I. cap. 16. §. 162.
D. ANTÓNIO DE ATTAYDE pri-
meiro Conde de Caílro Dayro, e filho 2.
do Conde da Caílanheira de quem proxi-
j mamente falíamos, e de fua 2. mulher D.
Barbara de Lara, illuílrou com as fuás acço-
ens politicas, e militares naõ fó a fua precla-
riífima afcendencia, mas a todo o Reyno de
Portugal. Afpirando o feu grande efpirito a
cmprezas dignas do feu nacimento fe enfa-
dou para as confeguir na militar efcola do
Marquez de Santa Cruz na occafiaõ que na-
i H vegou com huma poderofa Armada no anno
lajle 1382. contra a Ilha Terceira; e na de
i
D. Martinho de Ribera General das Galés
Efpanholas obrando o £ni valor taes façanhas,
que em bfeve tempo fubío aot poftos de Capi-
tão de Cavallos, Fronteiro mór dos Coutos de
Alcobaça, General de huma Armada da Coíla,
Coronel de Infantaria, Capitão mór das aios da
índia, e General das Armadas de Portugal.
Em taõ diverfos lugares, a que o fublimara o
feu merecimento, naõ deixou de experimentar
armada contra fi a maliciofa enveja dos feus
emulos accufando-o de que pelo feu def-
cuido fora abrazada pelos Turcos a Náo
Conceição, que voltava da índia preciofa-
mente carregada no anno de 1621. quando
como General da Armada a eílava efperan-
do para a condufír ao porto de Lisboa. Par-
tio a Madrid naõ prezo, como erradamente
eílcreveo Fr. Marcos de Guadalaxara na
Hijl. Pontif. Tom. j. liv. 17. cap. 3. mas
para fe purificar da culpa de que injuíla-
mente fora arguido, fendo delia abfoluto
pela reétídaõ dos Juizes a 6. de Setembro
de 1624. como afíirma D. Gonçalo de Cef-
pedes Hijl. de Filippe IV. liv. 2. cap. 26. Tal
foy o conceito, que efte Príncipe formou da
fua fidelidade, que para dignamente a pre-
miar o nomeou feu Gentil homem de bo-
ca, Mordomo mór da Rainha D. Izabel de
Borbon, Confelheiro de Eílado do Confelho
de Portugal, e Prefidente das Cortes do Reyno
de Aragaõ. Naõ fatisfeito aquelle Prín-
cipe com as mercês de lugares taõ ho-
noríficos o mandou por feu Embaxador ex-
traordinário ao Emperador Fernando II. e
a outros Príncipes do Império, em cujas ex-
pediçoens fe moílrou taõ liberal, como po-
litico para concluir os negócios mais dificul-
tofos como o teílemunhaõ as hiílorías da-
quelle tempo, e elegantemente o deixou efcríto
o infigne Jurifconfulto Agoílinho Bar bofa/«r.
Ecclef. lib. I. cap. 30. n. 15. Ea adhuc redditur
fpeãabilior, quod olim ad Cafaream Majejtatem Re-
gis Catholici Orator mijjus officium tanto fpknãore
adminijiravit, ut tam factmdam viri eloquentiam ,
eloquentem factmdiam; Jingularem in rehus traãan-
dis, et fpirantem prudentiam non potuerit non Cafar
ipfe prcBConiis exomare, non obfervare, non admirari.
Ornado com taõ illuílres occupaçoens o recebeo
Portugal com inexplicáveis fignificaçoens de
jubilo por feu Governador no anno de 163 1. ef-
212
BIBLIOTHE CA
crevendo o mefmo Barbofa, cum vixpojfit ennar-
rari quá morum integritate, quà legum, jurijqm
prudentia, quo religionis Jiudio, quá muneris vigi-
lantia guhernaverit, Defte governo paflbu a
Preíidente da Meza da Conciencia onde prati-
cou a redtídaõ, que fempre exercitara fervin-
do-lhe de degráos para fubir a tantos lugares
as fuás grandes virtudes como eloquentemente
efcreveo Rodrigo Mendes Sylva no Cathalog.
Keal de Efpanha foi, mihi 112. v.o Varon fena-
lado por Ju gran talento, y partes naturales, y ad-
quiridas, y por los Jupremos lugares, que occupo en
la Monarchia, ajcendiendo a ellos graduadamente
más a fuerça de méritos, que de fortuna. Cafou
com D. Anna de Lima filha, e herdeira de
D. António de Lima Senhor de Caílro Dayro,
e de D. Maria de Vilhena filha de Chriílovaõ
de Mello herdeiro da Ilha de S. Tomé de quem
teve féis filhos, e duas filhas. Foy o i. Conde
de Caftro Dairo por Alvará de Filippe IV. paf-
fado em Aranjuès em 30. de Abril de 1625. no
qual para que fe eternizaíTe na pofteridade
a innocencia de D. António accufada injuf-
tamente pela malevolencia, o honrou com
eílas palavras. En conjideracion de lo que pa-
decia en el negocio dela partida dela nave dela índia,
que los enimigos quemaron, enque fe verifico que
no tuvo culpa, y que cumplio con fus ohligaciones,
y queriendo portodo ha^erle merced conforme a fu
qualidad fe lahago dei titulo de Conde de fu Vi lia
de Cajiro Dairo. Por fucceder na Cafa da Cafta-
nheira a feu Sobrinho o Conde D. Joaõ
foy o 5. Conde delia Cafa, e Alcayde mór
de Colares, Commendador de Langroiva, S.
Salvador de Valorco, e de Santa Maria de
Sataõ na Ordem de Chrifto, e pelo Con-
dado de Caílro Dayro Alcayde mór de Gui-
maraens, e Senhor dos Lugares de Pajrv^a,
Baltar, e Cabril. Ninguém explicou com
mayor elegância os fingulares dotes do cor-
po, e do efpirito deíle Cavalhero, do que
o Príncipe da Poefia Caílelhana Lope da
Vega Carpio quando fallando delle ainda na
fua idade juvenil lhe confagrou efte elogio
tranfcripto pela penna de D. Jozé PeUi-
zer, y Tovar na Epiílol. Dedicatória aíTima
allegada. El gallardo D. António de Attai-
de fabia bien quan verfado era vuejira Excel-
lencia que fera aora en todas las lenguas,
f ciências, y artes liberales, quan dedicado,
y elegante en Poefia, como uno delos primeros
de fu figlo, y quan diefiro en las aplicaciones, y
acciones publicas de Cavallero entendido, cortes,
valiente, y con todas las partes, y prendas que com-
ponen un verdadero Príncipe Portugue^ que efia
es la mayor finet^a, y ultima linea dela alabança.
Varon ai fin fuperior a toda fortuna, y embidia,
pues a fu pet^ar hà prevalecido V. Excellencia
com mayores realces de fu valor. Com fentimento
igual ao commum applaufo com que vivera,
morreo em Lisboa a 14. de Dezembro de
1647. quando excedia a larga idade de 80.
annos. Eílá fepultado na Capella mór dos
Religiofos Francifcanos da Província de Por-
tugal, jazigo feu, e de feus Herdeiros, como
efcreve o Padre Fr. Manoel da Efperança
Hift. Seraf. da Prov. de Portug. Part. i. liv. 2,
cap. 22. n. 3. Publicou.
Cargos, que refultáraõ da devaça, que os Gover-
nadores, de Portugal mandarão tirar de D. António
de Attaide Capitão General da Armada de Por-
tugal acerca da perda da Náo da índia N. Senhora
da Conceição, que os inimigos queimarão o anno de
1621. e repofta de D. António aos Cargos. Lis-
boa 1622. foi.
Deíla obra, e do Author faz mençaõ a
Bibliot. Oriental novamente acrecentada Tom.
I. Tit. 13. col. 440.
Diário da Jornada, que fe^ a Alemanha no
fim de Dezembro de 1628. M. S. Traduzio na
lingua materna.
Tratado de Séneca.
DeJftas obras, como do Author delias faz
illuílre memoria o P. D. António Caetano de
Soufa na Hifi. Geneal. da Cafa Keal Portug.
Tom. 2. pag. 8. §. 3. pag. 533. 534. e 535.
e a tinha feito Joaõ Franco Barreto na Bib.
Portug. M. S.
Vários Verfos M. S.
D. Francifco Manoel na Carta dos Autores
Port. que he a i. da 4. Cent. das fuás Cartas
efcrita ao Doutor Manoel da Fonfeca The-
mudo numera a D. António de Attayde,
que imagino fer eíle de quem fe affirma fer
taõ infigne em verfificar que compuzera.
Arte Poética.
Da qual fe lembra Manoel de Faria, e Sou- im
fa no Cathal. dos AA. Portuguezes que tinha
prompto para a impreíTaõ, o qual examina-
mos, e era Original efcrito da fua própria maõ*
f
LUSITANA.
2l5
Gír/íi luttina muito elegante em tepof-
ta cl;i Dedicatória, que ao Teu nome confa-
grou Francifco de Fonte» in libello apologé-
tico pro jtijlo l^ypfio, et Erycio Puteano.
ANT(^NI() DR AZEVEDO Poeta Co-
■míco (los mais iníigncs que floreceraõ no feliz
vnaclo ciclRcy D. Joaò o III. compoz mui-
is obras poéticas dignas de lograrem a luz
publica, c dos applauíos dos profeíTores de
taò fublimc arte, fendo entre todas a mais
llimavel a Comedia, que fez fobre eílas pa-
lavras do Iwangclho.
I '^enite pojl me, faciam vos fieri ptjcatores
mitmm,
P. ANTÓNIO DE AZEVEDO natural
do Porto, filho de António de Azevedo Fer-
nandes, e de Maria Moutinha, e Rcligiofo
lia Companhia de Jefus cuja Roupeta vcftio
X 29. de Abril de 1712. Depois de eíludar as
letras humanas, e as fcicncias mayores, enfi-
lU Grammatica, e Rhetorica, e foy Subfti-
íto de Filofofia, e Theologia Moral em os
Collegios de Évora, e Coimbra. Applicou-fe
u) minifterio do Púlpito de cujo argumento
fomente tem publicado.
Oração fimebre nas Exéquias dedicadas ao Ex-
llentijftmo Senhor D. António de Noronha Moni^,
e Albuquerque Jegtmdo Marque^ de Angeja, e 3 .
Conde de Villa-Verde pregado na Sé Primacial
de Braga Coimbra por António Simoens Fer-
reira. 1736. 4.
ANTÓNIO DE AZEVEDO SAA Pela
continua aíTiftencia, que fez em Efpanha foube
.1 lingua Caílelhana com fumma perfeição, na
qual traduzio da Portugueza os Sermoens do
Doutor Francifco Fernandes Galvaõ iníigne
Pregador, e os imprimio com eftes titulos.
Sermones delas Fejlividades delos Santos. Ma-
drid por la Viuda de Alonfo Martins 161 5, 4.
Sermones de Ouarefma. Madrid por Luiz
Sanches 161 5. 4.
Fr. ANTÓNIO DE AZURARA na-
tural do lugar do feu appellido íituado na
Comarca da Maya da Diocefe do Porto. Pro-
feflbu o auílero habito de Frade Capucho
na Provincia da Piedade. Foy igualmente
obfervante dos Eftatutos da Ordem, coma
verfado na Theologia moral, como claramente
o manifeílou naõ fomente nas adicçoens, que
fez ao Manual de Confejfores, e penitentes, com-
pofto (como querem muitos) por Fr. Rodrigo
do Porto Religiofo do feu JnÃituto, mas con-
correndo com grande copia de doutrinas
canónicas, e moraes para o mefmo Manual
quando fahio illudrado pela doutifíima pen-
na do infigne Doutor Martim de Afpilcuieta
Navarro, cujo grande focorro confeíTou ter
recebido na Dedicatória ao Cardial D. Hen-
rique do dito Manual impreíío em Coimbra
por Joaõ de Barreira, e Joaõ Alvres 1552.
8. por eftas palavras. El Autbor dela obra,
Varon que es piijftmo, j Ju gran coadjutor, qi4e
para mejor ayudarnos, y dar buen cabo aloque
tanto cofiava há Jofrido de eftar trabajando no-
ches, y dias en efta caja de af peros ejludios, y tra-
tos ablandando nos los con Ju Janta, y ajpera vida.
Mais claramente teílimunhou quem era o
que lhe participara matéria para augmento
do mefmo Manual dizendo no Prologo da
Impreflaõ de Salamanca por Andrea de Por-
tonariis 1557.4. El muy aprovado Varon Fray
António de Zurara Padre muy reverendo dela dicha
Provincia dela Piedad, el qual como Dios lo Jabe
por Jola Ju providencia divina acerto de topar co-
migo em Campos, y me propujo más dudas que
otros, y por Joio amor de Dios, y de que lo Jobre
dicho Je hi^teffe, Je determino a tenerme compania
en todo ejie encerramiento, revijla y correcion dej-
ta adicion con Jus mtry grandes trabajos aliviando
los mios.
Fazem expreíTa mençaõ de Fr. Anto-
tonio de Azurara como addicionador do
Manual de Conjejfores Fr. Luiz de Rebo-
ledo Cron. de S. Francijco no Cathalogo
dos Authores pag. 57. Joan. Suar. de Brito
in Theatr. Eujit. Utfer. lit. J. n. 86. intitu-
lando-o por engano Joaõ, e ultimamente
Fr. Joan à D. Anton. in Bib. Franc. Tom. i.
pag. loi.
Fr. ANTÓNIO BACELLAR natural
de Viana do Minho. Recebeo o Habito
dos Religiofos Menores na Provincia de
Saõ-Tiago a qual illuíbrou com fuás grandes
letras, e iguaes virtudes. Foy muito appli-
cado à liçaõ dos Santos Padres, e da Efcri-
214
BIBLIO THE CA
íura Sagrada como fe manifefta claramente
da obra, que compoz com efte titulo.
Defenfa 'Evangélica de la Cognacion, y paren-
iejco de nmjlro Glorio/o Apojlol, j iinico Patron
.de mpaiía San-Tiago el major con Chrifio Kedemp-
íor Nuejlro em quanto homhre. Coimbra 1631. 4.
Do Author, e da obra fe lembra o P. D.
Manoel Caet. de Souza in Exped. Hijp. ApoJ-
iol. S. Jacob. Major. Tom. 2. pag. 1338. onde
o faz natural de Redondela no Reyno de Ga-
liza, quando Nicol. Ant. in Bib. Hifp. Tom. i .
pag. 81.0 traz como Portuguez, cuja opinião
fegue Fr. Joan. a D. Ant. in Bib. Francifcan.
Tom. I, pag. 94. poílo que o confunda com
Pr. António de Barcellos, de quem logo falla-
remos.
P. ANTÓNIO BANDEIRA filho do
Dezembargador Ignacio Bandeira Maldona-
do, e D. Joanna de Figueiredo. Naceo na
Villa de Bèfteiros da Diocefe de Vizeu donde
paílou a Coimbra eíludar Direito Civil, e rece-
bendo o Grào de Doutor neíla Faculdade
•com beneplácito de feu Pay que foy dos me-
lhores Oppofitores ás Cadeiras, que venerava
a Univerfidade, as quaes muitas vezes fubf-
tituhio com grande credito do feu nome,
confiderando que toda a eftimaçaõ, que podia
alcançar pelas fuás letras era traníitoria, e
caduca, deixando Coimbra paílou a Lisboa
onde quando contava 24. annos de idade
xecebeo o Habito da Companhia de JESUS
10. de Fevereiro de 1622. Nefta fagrada pa-
leilra fe exercitava nos miniílerios mais aba-
tidos chegando a trazer ás coílas o peixe que
liaviaõ comer os feus companheiros, e pre-
guntado em huma ocaíiaõ pelo Superior fe lhe
^auzava confufaõ o fer viílo naquelle vil eíla-
do por alguns difcipulos que enfinara em Coim-
bra, lhe refpondeo que nunca lhes di£íara
■doutrina mais folida, que aquelle exemplo
de humildade. Nos púlpitos, onde era fre-
quente a fua aíTiftencia, colheo copiofos fru-
tos, principalmente na Villa de Caftello-Branco
ledufindo ao caminho da penitencia os co-
raçoens mais obílinados os quaes abrandava
com as continuas lagrimas, que o ardor do
Xeu efpirito lhes fazia deítillar pelos olhos.
Eníinou Filofofia em Lisboa, e foy Reytor
do Collegio do Porto fendo fempre eílima-
do, ou como Meílre, ou como Prelado. Mor-
reo piamente em Coimbra a 25. de Setem-
bro de 1664. e delle fazem memoria Joan.
Soar. de Brit. in Theatr. Eujit. Eiterat. lit. A.
n. 53. Franco in Synopf. Annal. S. J. in Eujit.
pag. 337. et in Anno Glorio/. S. J. pag. 547.
Imprimio.
Sermão na Sè da Cidade de Coimbra na cele-
bridade com que ella folemnit^ou o Nacimento do
Serenijfimo Infante D. Ajfonjo em 7. de Setem-
bro de 1643. Lisboa por Lourenço Crasbeeck
ImpreíTor delRey 1643. 4-
ANTÓNIO BAPTISTA VIÇOSO Be-
neficiado na Igreja de Santa Cruz da Villa
de Santarém, Notário Efcrivaõ Geral das
Juílificaçoens Apoftolicas em todo o Arce-
bifpado de Lisboa Oriental naceo neíla Qdade
a 31. de Outubro de 1704. fendo filho de
Manoel Jorge, e Mariana das Neves. Para
inílruir aos Sacerdotes na intelligencia dos
altiífimos Miílerios, e Sagradas Ceremonias
da MiíTa tradufio de Caftelhano em Portuguez
a obra do P. Fr. Diogo de Gufmaõ CõmiíTa-
rio, e Vigário Geral da Ordem da SantííTima
Trindade da Província de Efpanha com efte
titulo
The^iouro jingular, e admirável excellencia do
Sacrofanto Sacrificio da Miffa da Eey Evangélica
dividido em três partes, mojirando-fe nella os pro-
fundos Mijlerios da MiJJa em geral, e em particular
com todas as Jtgnificaçoens de fuás Santas Ceremo-
nias. Lisboa por Manoel Fernandes da Cofta
Impreílor do Santo Officio 1731. foi.
Com o nome fupofto de Franconiano
Adaõ Cuntim Favorino publicou
Templo theologico efpeculativo, e pratico, aonde
fe verá huma breve fumma de Theologia Speculativa,
e Moral com os cafos refervados do Patriarchado de
Eisboa, e mais Diocefes de Portugal expoflos, e decla-
rados conforme as novas Conjlituiçoens, e declara-
çoens, que em muitos Bifpados fe fií^eraõ depois que
efcreveraõ os que ate o pre^^ente os tem tratado, efe
ajuntaõ aos ditos cafos refervados de toda a Diocefe
de Portugal as excomunhoens de fuás Conflituiçoens
ate agora naõ explicadas <ò'c. Lisboa pelo met-
mo ImpreíTor. 1735. foi. ^
P. ANTÓNIO BARBOSA natural 4
Villa da Arrifana de Souza do Bifpacjj^
I
L USITANA.
2l5
(lo Porto teve por Pays a GaTpar Pires, c
Maria Thomè. Na idade de 20. annos abra-
ce )u cm Lisboa o inílituto da Companhia
de JESUS em 15. de Março de 1624. Al-
cançada faculdade dos feus Prelados para a
Mifíaò do Oriente chegou a Goa, e logo
toy clininado para a cultura da Cochinchi-
ii;i, fendo hum dos feus primeiros agricul-
tores cm cuja empreza empenhou todas as
' forças do corpo, e do efpirito convertendo
muitos infiéis ao grémio da Igreja. Efte la-
boriofo niiniftcrio exercitado pelo efpaço
I de quatro annos lhe fez contrahir hunu fe-
bre que degenerou em tifíca, e ainda que ti-
nha o corpo quafi mirrado fcmpre confcr-
vava o efpirito vigorofo para continuar nos
trabalhos apoílolicos. PaíTou a Macao, e
^Icpois a Goa para com a mudança do cli-
ma experimentar alguma milhora, mas ren-
^^^da a natureza à violência da infirmidade
IlHabou a vida com faudade dos feus compa-
nheiros fendo hum delles o Padre Alcxan-
tlrc Rhodes que teílimunha na Hifloria Ttm-
ibinenji \\h. z. cap. 45. pag. 170. maximum nohis
omnilrns reliqtàt fui defiderium, et Santijfima Vita
, praclaríjftmum exemplar. Por fer muito perito
na lingua Annamitica que he a que mais fe
illa na Cochinchina, e Tunquim efcreveo
i para que os Miffionarios fizeíTem com mayor
facilidade a fua obrigação.
Diccionario da lingua Annamitica, do qual
tranfcreveo grande parte o P. Alexandre
Rhodes da mefma Companhia para o que com-
poz na lingua Latina, e fahio impreíTo Romae
Typis de Propaganda Fide 165 1. 4. como elle
confefla no Prologo. Aliorum etiam ejujdem
Societatis Patrum lahorihus Jum ujus; pracipue
P. Ga/paris do Amaral, et P. Antonii Barbo/a,
t ^ amho Juum compofuere Diccionarium , ille à
lingua Annamitica incipiens, hic á l^ufitana, fed
im matura uterque morte nobis ereptusi utriujque
ergo laboribus Jum uJus, <à'c. Do mefmo Dic-
cionario faz mençaõ nos Diverfos Vqyages dei
Orient. cap. 3. Jay faia imprimer a Kome
par le faveur de Mejfturf. de la Congregation de
la propagation de la Fqy un Diccionaire Cochin-
chinois Latin, et Portugais, <à^c.
ANTÓNIO BARBOSA natural de
Chaul celebre Cidade da índia Oriental íi-
tuada entre Goa, e Dío fendo Cónego na
Cathedral de Goa mereceo pelas letras que pro-
feííava na faculdade dos Sagrados Cânones
a fer Desembargador da Relação do Arce-
bifpado Primaz do Oriente, e Vigário da Pa-
rochial Igreja de S. Thomé da Cidade de Goa
em cujo miniílerio encheo as obrigaçoens de
vigilante Paftor. Para eternizar na poftcridadc
as heróicas acçoens que os Portuguezes obra-
rão no Morro de Chaul a 2. de Fevereiro de
1594. efcreveo como contemporâneo a efte
fucccíTo.
\Weve Tratado da Vitoria do Morro de Chaul
defcripfaõ do Jitio, e fortalev^a de lie, e de alguns bem
afortunados fuccejfos que os Portugue:(es tiveraõ
nefle cerco. M. S. 4. Conferva-fe na Livraria
do ExcclIentiíTimo Marquez de Abrantes.
ANTÓNIO BARBOSA BACELLAR
Teve por pátria a Cidade de Lisboa, por Pays
a Francifco Barbofa Bacellar, c Gracia Gomes
Pereira ambos defcendentes de nobres gcra-
çoens. Ainda naõ excedia os annos da puerecia,.
e já brilhava com tanta intenção a viveza do feu
engenho, que mais parecia empenho da graça,
que liberalidade da natureza, cauzando geral
admiração a perfpicacia do juizo, a tenacidade
da memoria com que comprehendia as fcien-
cias. Mayor foy o efpanto quando no Colle-
gio de Santo Antaõ dos Padres Jefuitas antes
de cumprir defafeis annos eftando perfeita-
mente inílruido na lingua Latina, Rhetorica,.
Poética, Philofofia, Theologia, e Mathematica
defendeo Conclufoens publicas de todas eílas
faculdades refpondendo com tal promptidaõ,
e madureza aos argumentos propoílos em taõ-
diverfas fciencias, que arrebatou a atenção de
todos os aíTiílentes a taõ plauíivel afto, fervin-
do a muitos de confufaõ, que pudeflem hom-
bros taõ delicados fuftentar a immenfa machi-
na de taõ grandes eíhidos. Naõ foy menos
prodigiofa a fua memoria pois ou lendo, ou
ouvindo ler duas, ou três paginas de qvial-
quer livro, as repetia fielmente fem lhe fal-
tar huma palavra, de cuja portentofa íingu-
laridade fez varias demonftraçoens na pre-
zença de muitas peíToas eruditas. Augmen-
tavafe mais a fama do feu nome com o fu-
blime génio que teve para a Poeíia fenda
hum dos mais fonoros Cifnes do PamaíTo
2IÓ
BIBLIOTHE CA
Portuguez, metrificando ou na lingua ma-
terna, ou Caílelhana com prompta facili-
dade fuave elegância, aguda difcriçaõ mais
adquerida por natural impulfo, que por appli-
caçaõ eftudiofa, de tal forte, que no anno de
1635. quando contava 25. annos de idade,
imprimindo as fuás métricas Compofiçoens
os dous iníignes Poetas Manoel de Galhe-
gos, e António Figueira Duraõ; o i. no Epi-
talamio dos Sereniffimos Duques de Bragança
Eftanc. 198. o invocou entre os mais celebres
Poetas Portuguezes para celebrar eíle auguílo
Conforcio, neíla forma.
Se em tenra idade dais ao mundo efpanfo
Em voffo verjo ó Bacellar canoro,
Pêra tal gloria, para triumfo tanto
Invocay do Parnafo o brando coro.
Começareis a dar do vojfo engenho
A. major mojlra no major empenho.
O fegundo Parnaf. Eaur. Kam. 2. o ante-
põem aos Poetas feus comtemporaneos, e o
intitula Homero, e Virgilio renacido.
Non Eufitanà quijquam de gente canoros
Hifpano melius componit carmine cantus,
Quam tu, doãe puer, Smjrnai Vatis imago:
En tibi Pegajides plenis dant lilia dextris.
Pojiquám Phanici venit avi finis
Componit Jibi tumulum felicem
Tum defunãi Phcsnicis vivax cinis
A.lterum profert nobilem Phcenicem.
Sic najcitur Barbo/a peregrinus
Ex cinere Maronis Phanix dignus.
Obedecendo à vontade de feus Pays paílou
a Coimbra, e com o mefmo difvelo com que
tinha eíludado as outras faculdades fe applicou
a penetrar as fubtilezas do Direito Civil. Neíla
iníigne paleílra da mocidade Portugueza al-
cançou de todos os feus Académicos as mayo-
res eílimaçoens quando conhecerão que a
prezença naõ diminuirá, antes augmentara o
que a fama publicava na fua auzencia atrahin-
do-lhe os affetos a fua grave gentileza, natural
urbanidade, maduro juizo, difere ta facúndia,
applicaçaõ continua ao eíludo, frequente
aíTiílencia nas aulas, e fumma veneração
aos Meftres, naõ fendo inferior a eílas par-
tes a fubtileza com que em todos os aftos
litterarios argumentava, a promptidaõ com
que refpondia, e a profundidade com que
■explicava, e conciliava os textos mais di-
fíceis, e antinomicos. Acabado o tempo de
aprender efta faculdade como fe fora de a en-
finar recebendo a borla doutoral leu como
fubftituto por efpaço de féis annos algumas
matérias com tanto applaufo de toda a Univer-
fidade, que eraõ pequenas as Clafes para com-
prehender a multidão dos Académicos, que-
rendo participar dos documentos da fua vaíla,
e profunda litteratura. Porem fendo Opoíitor
a huma Cadeira, e nella foíTe provido quem lhe
era muito inferior no merecimento, para naõ
experimentar outra defatençaõ da fortuna fe
retirou com eterna faudade de Coimbra a Lis-
boa, e tanto que a ella chegou naõ permitio
a Mageílade delRey D. Joaõ o IV. que eíliveíle
fem exercício o feu grande talento nomeando-o
para beneficio da Republica Corregedor de
Caftellobranco, e logo Provedor de Évora,
donde paíTou a illuftrar a Relação do Porto, e
Cafa da fuplicaçaõ a 22. de Novembro de
1661. com as incorruptas deliberaçoens da
fua grande Jurifprudencia; e certamente fu-
bira aos mayores lugares que lhe feguravaõ as
fuás letras, fe lhe naõ interrompeíTe a morte
envejofa dos feus augmentos a velocidade
com que para elies caminhava, acabando a
vida em Lisboa em o Hofpital das Chagas a
15. de Fevereiro de 1663, Com univerfal fen-
timento foy fepultado no Convento de S.
Francifco da Cidade em cuja fepultura fe lém
gravadas eftas palavras do Cântico de Ezechias.
Dum ad huc ordirer Juccidit me.
Será eternamente lamentável a fua me-
moria pela perda que Portugal padeceo co-
mo difcretamente o expreíTou hum dos mais
celebres Poetas daquelle tempo neíle Soneto.
O' toda admiração ò toda horrores
Parca cruel que foi nos ecljpfajle
Como ajftm atrevida nos roubajte
Do Tejo a gloria, do Parnafo as flores"^
Bem fe vé, que temias feus fulgores
Pois tanto de repente os ajfaltafle.
Mas quando mais tyrana os ajfombrafle
Ehes dá feu fer majores refplandores.
De hum affopro apagafle infauflamente
A Bacellar das f ciências viva chama,
Aquelle fobre tudo engenho, e arte
Porém a faudade, que o exclama
Com outro de fufpiros mais valente
O fa^ refucitar por maõs de Fama.
LUSITANA.
217
Compoz.
Kelaçaõ Diana do fitio, t tomada da forte
Praça do Kecife, rtcuperaçaò das Capitanias
de Itawaracà, Paraiba, Rio grandt, Siará, t
JIba dê Femaâ de Noronha por ¥rancifco Bar-
reto Meftre General do Eflado do hrafil, e Gover-
nador de Pernambuco. Lisboa na OHicin. Cras-
beeckiana. 16)4. 4. Sahio traduzida em Ita-
liano com cíle titulo.
Kelatione deli' infigne Vitoria eh* i Portugj)eji
riportarono delg' O lande fi nello St ato dei Bra-
Jle impaíronandofi delia Fortet(i(a Reale detta
Recife nella Capitania de Pernambuco, e de tntte
U Piav^e, Forte:(j(e, e Ifole d' in torno a i-j. di
Cenaro dei 1654.
Relação da Vitoria, que alcançara^ as
armas do muito alto, e poderofo Rey D. Affonfo
VI, em 14. de Janeiro de 1659. contra as de Caf-
tella, que tinhaò fitiado a Praça de Elvas hindo
por General do Exercito de Portugal o Conde de
Cantanhede D. António Luiz ^ Meneses do
Concelho do EJlado, e Guerra, Vedor da Fa;(enda.
isboa por António Crasbeeck de Mello
659. 4. a qual fahio vertida em Latim muito
e elegante por Aleixo CoUotes de Jan-
ct com o nome de Helvia objidione liberata.
liffip. apud eumdem Typ. 1662. 8.
Eftas duas Relaçoens publicou fem o feu
nome como taõbem a obra feguinte.
Statera veritatis, five pracipua rationum mo-
menta pro jure Corona Ljijitane aàverfus Cajlel-
Janam. 1641. foi.
Compoz mas naõ imprimio.
Huma e outra fortuna do Marque^ de Montal-
vão D. Jorge Mafcarenhas efcrito no eliilo de
Cornelio Tácito M. S.
Vida de D. Francifco de Almeyda Vicerey
da índia efcrita no eftilo do Marquez Virgilio
Malvezzi. Aí. S.
Deftas duas obras faz illuílre memoria Fran-
cifco de Santa Maria no Ann. Hijlor. Diar. Por-
lug. p. 198. onde lhe chama fogeito rarijfimo
de igual engenho, e memoria. Deixou imper-
feitos.
Commentaria in Textus Jurifconfulti Pom-
ponij M. S.
As obras poéticas, que compoz, mere-
cedoras pela fuavidade das vozes, e agu-
deza dos penfamentos de correrem impref-
las para recreação dos cultores das bellas
letras eftiveraõ muitos annos occultas, len-
do-íe algumas delias na Fama poflhuma dt
Ijope da Vegfí Carpio. Madrid 1656. e nas
Memor. F/nub. de D. Maria de Attaidi. Lis-
boa na Officina Crasbeeck. i6)o. 4. até que
a diligente curiofídade de Mathias Pereira
da Syiva em a grande Coilecçaõ, que fez
de veríos dos noíTos Poetas, a qual intitu-
lou Fenis renacida, ou obras poéticas dos melhores
engenhos Portuguefes publicou as feguintes do
Doutor António Barboza Bacellar.
Saudades de Lidia, e Armido. Saõ 40.
Outavas. Gloíía à 8. de Camoens Eftavas
linda Ignes pofla em focego. 1. GloíTas ao So-
neto Fermofo Tejo meu quam aferente. 7. Sone-
tos a divcrfos aííumptos. 2. GloíTas ao Soneto
de Camoens Sete annos de Paflor Jacob fervia.
Canção fúnebre à morte do Serenijfimo Senhor
Infante D. Duarte. Saudades de Aonio. conf-
taõ de huma fylva a qual louva o P. Antó-
nio dos Reys no Enthufiafm. Poet. n. 71. nefta
forma.
=: Vítreas flet triflis ad undas.
Aonium Barbofa fuum, planãuque nitentes
Infufo turbabat aquas, oblataque mentis
Nulla fibi cupiens agra medicamina, luflra
Qiia nemus umbrofum multa tegit ilice,
quarit.
Todas eftas obras poéticas fahiraõ Lis-
boa por Jozè Lopes Ferreira ImpreíTor da Se-
reniíTima Rainha 171 6. 8. defde pag. 77.
até 214.
No 2. Tomo da Fenis renacida. Lisboa por
Jozé Lopes Ferreira 171 7. 8. eflaõ varias
gloíTas de alguns Sonetos, trinta e quatro
Sonetos a diverfos Aííumptos, varias Decimas,
e Romances defde pag. 35. até 204.
No 4, Tomo da Fenis renacida. Lisboa por
Mathias Pereira da Sylva, e Joaõ Antimes
Pedrofo 1721. 8. Eftaõ vadas Poeíias de
Bacellar defde pag. 279. até 512.
No 5. Tomo da Fenis renacida. Lisboa por
António Pedrofo Galraõ 1728. 8. Eftaõ Sau-
dades de Aonio Confta de 70. Outavas. Gloíía
à Outava de Camoens Mas Affonfo do Rejno
único herdeiro. Outra gloíía a huma Outava. Can-
ção muito larga a D. Rodrigo de Meneses. Relação
da FeJla de Touros, que fe fe^ na Praça do Rocio
o anno de 1647. e alguns Romances a diver-
fos aííumptos defde pag. 137 atè 217.
2l8
BIBLIO THE CA
Fr. ANTÓNIO DE BARCELLOS na-
tural da Villa do feu appellido, da Diocefe
de Braga, e Religiofo profeflb na Ordem
dos Menores naõ menos pio que verfado na
liçaõ dos Padres, e Sagrados Expofitores,
de cuja litteraria, e continua applicaçaõ efcre-
veraõ Fr. Luiz de Reboledo na i. Parte da
Cron. dos Menor. António de Sampayo Villas-
boas Nobiliarch. Vortug. cap. 9. pag. 109. e
Fr. Pedro Poyares no Trat. Paneg. em louvor
da Villa de Barcellos. cap. 16. affirmando ef-
crevera
Doí(e Excellencias da Fè.
Fr. ANTÓNIO DE BEJA natural como
denota o feu appellido, e o coílume naquelles
tempos obfervado na Religião de S. Jeronymo,
da Cidade de Beja na Província do Alentejo
onde fahio à luz do mundo no anno de 1493.
ProfeíTou o habito daquella Sagrada Familia
no Convento de Penhalonga a 13. de Abril
de 15 17. em que por toda a vida foy obfer-
vantiíTimo Conventual. A mayor parte do
tempo, que lhe reftava da aíTiftencia do Coro,
e outras obrigaçoens da Comunidade, a em-
pregava na liçaõ dos Santos Padres, e Autho-
res profanos, cujo eiiudo o conílituhio hum
dos mais fabios Varoens daquella idade. Che-
gando à fua noticia a geral confternaçaõ com
que eílava penetrado o povo de Lisboa por
terem prognoílicado alguns Aílrologos que
no mez de Fevereiro de 1524. fe havia fu-
mergir o mundo em hum diluvio, para def-
terrar eíles temores, e increpar a ignorância
dos vaticinadores de taõ horrorofa cala-
midade efcreveo hum douto tratado, e o dedi-
cou à Rainha D. Leonor mulher do Serenif-
íimo Rey D. Joaõ o II. com efte titulo.
Contra os jm:(ps dos AJirologos. Breve Tra-
tado contra a opinião de alguns oufados AJirologos
que por regras de Aftrologia non bem entendidas
oujam em publico jui^o di^er que ha quatro, ou
cinco dias de Fevereiro do anno de 1^ 24. por ajunta-
mento de alguns "Planetas em ho jigno de pifeis Jerá
gram diluvio na terra. No fim tem eftas palavras.
Fqy imprimida efia obra a louvor de Deos,
e confolaçaõ dos fieis novamente em a Cidade
nobre de Lisboa per Germam Galharde empri-
midor por mandado da Serenijftma, e muito alta
Senhora Reinha D. Lianor a Jete dias de
Março de mil quinhentos, e vinte, e três annos.
Traduzio, e dedicou à mefma Rainha a
Epiílola de S. Joaõ Chryfoílomo Nemo laditur
&c. Lisboa per Germam Galharde 1522. 8.
Breve doutrina, e enfinança de Príncipes feyta
per ho Padre 'Licenciado Fr. António de Beja da
Ordem de S. Hieronimo. Pêra o mujto poderojo
Senor ho Senor Rey dom Joham de Portugal ter-
ceiro defte nome. A qual Je emprimio por mandado
de fua Alteia. Tem no fim.
Acabou/e ejla obra de emprimir em Lisboa per
Germam Gallarde aos quinn^e dias de Julho de
1525.
Fr. ANTÓNIO DE BELÉM natural
da Cidade de Évora. Recebeo o habito da
Religião de Saõ Jeronymo no Convento
do Efpinheiro a 29. de Janeiro de 1641 on-
de foy Prior no anno de 1667. No Seminá-
rio da Cathedral da fua pátria fe applicou
ao eíhido da Mufica, e fahio taõ confum-
mado nefta fuaviffima arte, que a exerci-
tou por largo efpaço de annos no Real Con-
vento de Belém occupando os miniílerios
de Vigário do Coro, e Meftre da Capella.
Foy dos celebres Compofitores de Mufica
do feu tempo cujas obras merecerão as eiii-
maçoens aífim dos domefticos, como dos
eílranhos. Naõ foy menos eJHmavel pela
obfervancia do feu inílituto do qual era taõ
zelofo que nunca permetia nelle a menor re-
laxação. Cheyo de annos, e merecimentos
paíTou a melhor vida no Real Convento de
Belém a 3. de Março de 1700.
Compoz.
Livro de Kefponforíos para todas as Fejlas
da primeira ClaJJe de EJlante que hoje fe cantaõ
no Real Convento de Belém obra de grande
eftudo, e primor.
Pfalmos a 4. 5. ^ 6. choros para as F ef-
tas de Chrijlo, e da Senhora MiJJas a 4. a 6. e 8.
vozes.
Lamentaçoens da Semana Santa a. quatro,
e 6. vozes.
Mifereres a 3. Choros.
OraçaÕ de Jeremias a 4. vozes de grande
devoção, e fuavidade.
Liçoens do Officio dos Defuntos a 4. e 8. vo-
zes.
Vilhancicos para todas as Fejlividades.
I
L USITANA.
219
Todas eftas obras Ce conTervaÕ no Real Con-
vento de Belém, e algumas na Bíb. Real de
Mu fica.
Ir. ANTÓNIO DE S. BENTO naceo
na Villa de Viana da Província do Minho,
tbraõ Teus Pays Luiz Homem, e Ifabel de
Barros. Recebeo o habito Beneditino em o
Convento de Tibaens a 16. de Mayo de 16 19.
Depois de eíludar as fciencias efcholaílicas as
dié^ou aos Teus domeílicos com tanto credito
da fua doutrina que por ella mereceo fer admi-
tido ao numero dos Doutores Theologos, na
Univerfidadc de Coimbra. Foy Reytor do
CoUcgio de Coimbra, cm o anno de 1644.
Abbade do Convento do Porto, em 1650. c
ultimamente. Geral da fua Monaftica Congre-
içaõ em 1653. Na Gdade de Coimbra con-
io ordens menores, e o Sacramento da
)nfirmaçaõ a muitos dos fcus moradores
)m faculdade do Ordinário, c defenviolou as
Igrejas de S. Joaõ de Almedina, e Santa Jufta,
jue eraõ Sagradas. Teve talento igual para a
ideira, e para o Púlpito, fendo Pregador
irai, e naõ menor engenho para a Poefia
lue cultivou com admirável affluencia. Mor-
ío no Convento do Porto a 26. de Dezembro
de 1657. Entre muitos Sermoens que pregou
com applaufo tinha promptos para a impreíTaõ,
Dof/s Sermoens do Príncipe dos Patríarchas
Saõ Bento pregados em o mefmo dia o primeiro
de manhaã, e o z. de tarde M. S. 4. e fe confervaõ
na Livraria do Convento de Lisboa.
Fr. ANTÓNIO DE S. BENTO CA-
MELLO natural da Auguíla Cidade de
Braga onde na Parochia de Saõ-Tiago foy
bautizado a 15. de Outubro de 1673. fendo
filho do Doutor Francifco de Magalhaens,
e Archangela Velha. Foy admitido ao mo-
nachal Inftituto do grade Patriarcha S. Ben-
to no Convento de Tibaens a 4. de Abril
de 1689. e depois de ler Filofofia, e Theo-
logia em que jubilou, recebeo as iníignias
doutoraes na Univeríidade Conimbricenfe na
qual fendo alguns annos oppofitor às Ca-
deiras foy provido em huma Condufta em
3. de Outubro de 173 1. donde paíTou a Len-
te de Vefpera da Efcritura, e deíla à de Ga-
briel. Foy Abbade do Convento de Saõ
Tyrfo em 17 10. Reytor do Collegio de Coim-
bra no anno de 1722. e hum dos Abbades
Mitrados, que por ordem Real affiOio à Trefla-
daçaõ do Corpo da Princeza Santa Joanna a
20. de Outubro de 171 1. Os exemplares cof-
tumes, que obfervava na Religião o fizeraõ
merecedor de fer propoílo pela Santidade de
Clemente XIL para Geral da fua Congregação
no anno de 1757. Morreo no Moíleiro do
Couto a 30. de Outubro de 1738. com 65.
annos de idade. Deixou efcrito com igual
fubtileza, que profundidade.
De Natura, et Atributis ad mentem D.
Anjelmi. Sendo o primeiro em toda a fua
Congregação que feguio a doutrina de San-
to Anfelmo Meftre de Efcola Benediâina.
Fr. ANTÓNIO DE S. BERNARDINO
Religiofo Menor da Provinda Oriental de
S. Thomé, e zelofo operário da femente do
Evangelho nas terras de Jafanapataõ, em cuja
laboriofa empreza tolerou graves moleftias
aprendendo com grande trabalho a lingua dos
feus habitadores para mais facilmente os atra-
hir ao rebanho de Chrifto, no qual compoz.
Vários livros em que confuta os erros dos Gen-
tios, e illuftra os dogmas Catholicos, como efcreve
Fr. Jacinto de Deos Chroniíla da Provinda
da Madre de Deos na índia Oriental.
Fr. ANTÓNIO DE S. BERNAR-
DINO natural de Beja, e filho de Paulo
Machado, e Maria da Cofta. Foy admitído
à Religião Seráfica na Provinda dos Al-
garves onde dezejando obfervar vida mais
auílera alcançou faculdade dos Prelados pa-
ra fer Conventual na Cafa mais recolleta
de toda a Provinda na qual naõ fomente
inltruio aos feus domefticos com a pratica
das virtudes, mas com a efpeculaçaõ das
fciencias lendo as faculdades neceíTarias para
a doutrina nos Púlpitos, e ConfeíTiona-
rios. Jubilado na Sagrada Theologia, e De-
finidor da Provinda, o elegeu a Serenifli-
ma Rainha D. Catherina, quando fe foy
defpofar com Carlos II. Rey de Inglater-
ra por feu Pregador, e Theologo, e o le-
vou em fua companhia para Londres. Em
hum, e outro miniílerio dezempenhou a
grande opinião que eíla Princefa tinha do
220
BIBLIO THE CA
feu grande talento confirmando a alguns
Catholicos vacillantes na Fè, e reduzindo a
muitos hereges que eftavaõ obftinados nos
feus erros. Para evitar os funeílos eífeitos de
huma cruel perfeguiçaõ armada contra os Ca-
tholicos partio por ordem da Rainha de Lon-
dres, em o anno de 1671. e tanto que chegou a
Portugal fe aggregou à Província de S. Antó-
nio por fer obfervantifTima do inftituto Será-
fico, onde com evidentes finaes de Predeílinado
morreo em Lisboa a 22. de Janeiro de 1674.
Como a feu patrício o louva de infigne Pre-
gador, verfado na erudição Sagrada, e profana,
e ainda pela nobreza do nacimento, Diogo de
Gouvea Barradas nas Antiguid. de Beja, liv. 3.
cap. 29. Joaõ Franc. Barret. na Bih. l.ufit.
M. S. e Fr. Joan. a D. Anton. Bih. Francifc.
Tom. I. pag. 95. e Fr. Martinh. do Amor de
Deos Chron. da Prov. de Sant. Ant. Tom. i . liv.
2. cap. I. §. 96. e 97. Compoz.
l/ita Minoritica ad prifiinum fiatum ref-
tituta. Londini 1658. 8.
Caminho do Ceo dejcuherto aos viadores da terra
pella determinação dos tempos exercido da conti-
nuação da vida, e do artigo da morte. Contem
três livros o i. trata dos exercidos de perfeito
Chrifiaõ. No 2. dos exercidos do celejlial cami-
nhante pela determinação dos tempos; no 3 . dos
neceffarios no artigo da morte. Londres 1665. 8.
Sem nome de Impreílor. No proemio defte
livro promete outro livro Theologico que
brevemente fahiria à luz. Foy impreíTo fegun-
da vez Lisboa 1730. 8. acrecentado com huma
Semana Efpiritual de Meditaçoens.
Tratado fobre a regra dos Frades Menores.
Mojlrafe nelle como a dita regra obriga hoje aos feus
profejjores em todo o rigor em que N. P. Saõ Fran-
cifco a injiituhio, e depois da fua injiituiçaõ a decla-
rarão os Sumos Pontifices, e a obrigação, que tem
os Prelados da Keligiaõ de reformada em tudo
o em que a virem relaxada, e a que tem osfubditos
de aceitar a tal reforma. Derigido ao muito
Keverendo P. Fr. Acurjio de S. Pedro Lente
jubilado, e Minijlro Provincial da Provinda dos
Algarves, e aos mais Padres do Definitorio da
dita Provinda. Confta de 5. Capítulos muito
largos. Cujo original M. S. em 4. fe conferva
na feleíliíTima Livraria dos Padres Theati-
nos defta Corte. Tinha prompto para a
impreíTaõ.
Tratado do nacimento, vida, e morte do Doutor
Joaõ Pijfarro Prior da Igreja Parochial de S.
Nicolao da Corte, e Cidade de Lisboa Offerecido
à Kainha N. Senhora 4. M. S. Conferva-fe na
Livraria do Conde de Redondo, a qual eftá
agora para fe imprimir. Defla obra falia o
Padre Manoel Luiz da Companhia de JESUS
in vita Princip. Theod. lib. 3. n. 44. P. Joan-
nis Pijfarro Capellani regis vitam maximarum
virtutum exemplis commendabilem pralo commi-
tendam fcripjit R. P. Antonius à Santo Ber-
nardino Seraphici Francifci alumnus, ejus con-
feffarius.
ANTÓNIO DE S. BERNARDO filho
de Domingos da Sylva, e Izabel Maria naceo
em Lisboa a 21. de Novembro de 1696. Quan-
do contava 18. annos de idade foy admitido
à illuílre Congregação do Evangelina amado,
onde recebeo a murça de Cónego Secular em
21. de Fevereiro de 17 14. Com fumma velo-
cidade fe adiantou a todos os feus Condif-
cipulos nos mysterios da Filofofia, e Theo-
logia, que depois explicou como Meílre,
até que chegou a receber a Borla Doutoral
neíla fublime Faculdade em a Univerfidade
de Évora a 21. de May o de 1730. Foy Reytor
do Convento de Évora, e Secretario do Geral
António de Santa Clara. He Qualificador
do Santo Officio, e hum dos Pregadores
famofos que tem a fua douta Congregação.
Publicou.
Sermão da Canonização de Santo EJlanislao
Koska pregado na Igreja do Collegio do Ffpirito
Santo da Univerfidade, e Cidade de Évora a j. de
Novembro de i^z-j.fegundo do feu outavario Lisboa
por Bernardo da Coíla de Carvalho 1728. 4.
ExhortaçaÕ recitada no principio do Ca-
pitulo geral que celebrarão os Cónegos Seculares
da Congregação de S. JoaÔ Evangelijla em S.
Bento de Xabregas de Lisboa Oriental em 8. de
Junho de 1737. Lisboa por Pedro Ferreira
ImpreíTor da Auguítiírima Rainha N. Senhora
1739. 4.
P. ANTÓNIO BETANCURT Naceo
na Ilha de S. Miguel a 3. de Outubro de
1679. e foraõ feus Pays Manoel de Be-
tancurt, e Sá, e D. Barbara Tavares da Sylva. i
ambos defcendentes das famílias mais illuf-
L USITAN A.
221
três daquclla Ilha de que faz larga meoçaõ o
I'. António Cordeiro na Hift. Infttl. liv. 5.
lit. 2. n. 147. Deixando com heróica re-
oiuçaõ a Pátria , e os Pays que finamente o
imavaõ, paíTou á índia, e na Cidade de Goa
|uando contava quinze annos, e meyo de
idade abraçou o Inílituto da Companhia de
jGSUS a 18. de Março de 1695. e fez a pro-
liíTaõ do 4. voto a 15. de Agofto de 171 2.
I (ludadas as letras humanas fc applicou às
aicncias mayores, nas quacs fahio taõ emi-
nente, que as di£lou com igual gloria do
leu talento que copiofo fruto dos feus ou-
vintes. Da Afia paíTou a Europa, e em taõ
«liífcrcntcs poios foy venerada a profundida-
vic do feu talento, ou foíTe confultado co-
mo Theologo, ou ouvido como Orador
Jivangelico. Padecco com grande rcfignaçaõ
ultima infcrmidadc que o privou da vida
CoUcgio de Santo Antaõ de Lisboa a 5.
Setembro de 1738. Dos Scrmoens com
le neíla Corte mcreceo univcrfaes applau-
>s fe publicarão.
Sermão da Soledade da Mãy de Deos pregado
Santa Igreja Patriarchal em 30. de Março de
^36. Lisboa por Jozé António da Sylva
ipreíTor da Academia Real 1736. 4.
Sermoens vários. Lisboa Na Officina Syl-
da Academia Real 1739. 4-
ANTÓNIO BLEM Naceo em Lisboa
<le Pays Francezes, e foy igualmente ver-
fado na liçaõ da Hiíloria, como na fciencia
do Comercio. Para benificio publico tradu-
xio da lingua Francefa em que efcrevera Mon-
llur le Noble na Portugueza.
Efcola do mundo, ou infrucçaÕ de hum Pay
para hum filho pertencente ao modo com que fe
deve viver no mundo dividida em diálogos Tom. i.
Lisboa na Officina da Mufica 1722. 8.
Tom. 2. Lisboa na mefma Officina 1724.8.
Morreo em Lisboa a 26. de Julho de 1736.
ANTÓNIO BOCARRO Guarda mór
<lo Archivo Real da índia, e ChroniJfta ge-
tal da índia, em cujos minifterios naõ fo-
mente foy fucceíTor de Diogo do Couto
na inveíligaçaõ, e exame, mas também no
eílilo com que efcreveo, e continuou a Hif-
toria da índia, em dous Tomos que com
pouco credito da Tua erudição intitulou Dé-
cadas, devendo por efie titulo Ter dividida
em dez livros. Coníla a ptimeiía de 84. Ca-
pítulos principiando pelo governo de D. Je-
rónimo de Azevedo A 2. começa pelo C^.
85. e acaba no Capitulo 186. omle conti-
nua o governo de D. Jerónimo de Azevedo
até a fua morte, e chegada do ViceRey o
Conde de Redondo D. Ftancifco Couti-
nho no fim do anno de 1617. Ambas efias
Décadas fe confervao Aí. S. em bum vo-
lume na Livraria do Conde de Vimieiro, as
quaes examinou por ordem da Academia
Real o Excellentiffimo Conde da Ericeira
D. Francifco Xavier de Menezes Cenfor
delia, cuja noticia eílá impreíTa na ColleçaÕ
dos Docum. e Memor. da mefma Academia do
anno de 1724. Lisboa por Jozé António
da Sylva 1724. O tom. 2. deílas Décadas de-
dicado à Mageílade de Felippe IV. fe con-
ferva M. S. na Livraria delRey Catholico
como fe efcreve na Bib. Orient. de Anton.
de Leaõ novamente acrecentada Tom. i.
Tit. 3. col. 58.
Da reforma do EJlado da índia M. S. foL
Deíle tratado faz mençaõ o P. Francifco da
Cruz nas Memorias M. S. para à Bib. Portug.
dizendo, que fe confervava na Bibliotheca
do Chantre de Évora Manoel Severim de
Faria.
Eivro dos Feitos de Gonçalo Pereira. M. S.
Confervafe na Bib. do mefmo Chantre, que
agora he do Conde de Vimieiro.
Eivro das Plantas de todas as Vortalev^as, Ci-
dades, e Povoaçoens do Eflado da índia Oriental
com as defcripçoens da altura em que eflaõ, e de tudo
que hà nellas. Artilharia, Prefidio, gente de Armas,
e Vajfalos, rendimento, e defpet(a, fundos, e baxos
das Barras, Rej/s da terra dentro, o poder que tem, e
a pa^, e guerra, que guardaÕ, e tudo que eftã debaxo
da Coroa de Efpanha. Dedicado à Serenijfima Ma-
gejlade delRey Filippe o IV. das Efpanhas, elll.
de Portugal Kej, e Senhor nojfo. A Dedicatória
que intitulou Epiiiola he a feguinte.
O Conde de Einhares Vicerej me encarregou a
dar comprimento a huma Carta de V. Aíagejlade
porque lhe ordena mande a V. Mageflade ejlas plan-
tas de todas as Fortalezas que hà nejle Eflado com
as defcripçoens particulares de tudo o que nellas há,
que deva faber-fe para fe ter noticia de todas
222
BIBLIOTHE CA
as cout(as que convenha obrar em feu melhora-
mento, e pojlo, que para far^er efia obra com
perfeição conveniente era neceffario correr muy
particularmente cada huma das Fortalet^as,
Cidades, e Povoaçoens para ver, e confederar
todas as ditas coufas, com tudo como naõ fqy
pojfivel a refpeito de ejlar nefta Cidade com a
ocupação da Torre do Tombo, e ter juntamen-
te a cargo efcrever as Chronicas dos Jucejjos
defie Bftado, e V. Magejiade apertar porque
fe lhe mande tudo o referido procurey por in-
formaçoens o que nejle volume por duas vias
offereço, e mando a V. Magejiade afirmando,
que o grande trabalho que me cufiou, naõ fqy
ainda bajlante para o fat^er na forma, que o
intentey, e desejava com as plantas arrumadas,
e demarcadas, e compajjadas por petipe, o que
nunca foy pojfivel pela grande falta, que hà
nefie Ejlado de PeJJoas Scientes nas ditas Ar-
tes, mormente fendo as Fortalezas em tanta
copia, e ajfim para a refeição difio procurey
pòr tudo na difcripçaõ, como vay, a qual he
que fe deve dar inteiro credito naõ fe bufcando
na Planta das Fortalezas, e Cidades mais que
a forma, e figura delias, porque as propor-
ções das medidas para ferem todas uniformes em
algumas, fe acharão em outras naõ tanto ao
certo, nem também fe ha de atentar ao numero
da Artelharia que eflà pintada na planta, fe naõ
a que di^ a letra.
Aqui fe reprefenta a V. Magejiade tudo o
de que he Senhor nejle Ejlado da índia Oriental
por mayor, e por menor, a forma por que fe fufienta,
e o effeito para que fe firvaõ todas as Fortalezas, e
Cidades delle, os prejidios, Artelharia, e Gente de
Armas com que ejiaõ providos, moradores, e Vaf-
falos que as habitaõ, rendimento que tem, e a def-
pe^a que fa^em, donde lhe vem o que lhes falta,
e para onde vay, o que lhe fobeja, e das bar-
ras, e fundos que tem, e os baixos, e as cor-
rentes das aguas, monçoens dos ventos, e viagens, que
fe fazem, as Chrifiandades, que hà em cada huma
das Fortalezas, os Keys das terras em que eflaõ,
o poder que tem, as armas de que uzàõ, a paz, e
guerra que guardaõ com ejie Ejlado, as coufas,
que lhe entraõ, e faem por via do Comercio,
e a comunicação que tem com as Naçoens Ejiran-
geiras, e pojlo que V. Magejiade manda que
também fe lhe apontem os meyos porque fe
pojja evitar, ordenou-me o Conde Vice-Rey
que dicejfe que como iflo naõ era de minha pro-
fiffaõ o naõ punha, o que tudo vay com a may-
or particularidade, que fe pode alcançar ainda
mais difufamente de que V. Mageflade ordena,
e manda, porque vaõ cotejadas todas as recei-
tas, e defpezas defle Eftado, e no enferramento
da difcripçaõ de Goa fe faz mençaÕ de tudo o
que lhe fobeja, e falta para acudir às ditas
Fortalezas com o que haÕ de mijler, ou o que lhe
vem de cada qual, que como he cabeça dejle Ejlado
a ella vem bufcar o remédio de fuás necejfidades, e
as ordens, e Regimento do feu governo.
E no fim do livro vay huma Relação parti-
cular de todos os Conventos dos Keligiofos, que há
por todo efie Eflado com numero de cada qual, e
os Chriflaõs em que fe occupaõ, que me pareceo muy
conveniente ao fim defla obra o que tudo deve V. Ma-
geflade receber como dezya hum Vajfalo que obra
com todas as forças quanto pode, e alcança por
fervir bem a V. Mageflade cuja Catholica Real
Pejfoa guarde Deos como há mifler a Chrijlandade.
Goa 17. de Fevereiro de 1635. António Bocarro.
Eíle livro efcrito em papel grande, e
com as plantas de cincoenta, e duas Forta-
lezas primorofamente illuminadas que he
Original, e hum dos dous que o Author re-
meteo a Felippe IV. fe conferva M. S. na
Bibliotheca do ExcellentijOTimo Duque do
Cadaval Eílribeiro mór delRey N. Senhor.
Fr. ANTÓNIO DE BRAGA natu-
ral da illuílre Cidade do feu apellido, e Re-
ligiofo profeíTo da Ordem dos Menores da
Província reformada de Santo António on-
de foy duas vezes Guardião, e ultimamente
governou com grande fatisfaçaõ dos feus
fubditos a Província do Braíil, que naquel-
le tempo era Cuftodia. ReJftituido a Portu-
gal elegeo por feu domicilio o folitario Con-
vento da Carnota onde exercitando fervo-
rofamente as virtudes Religiofas acabou a
carreira da vida em 29. de Julho de 1643.
Foy grande Pregador, e cordial devoto do
Portuguez Thaumaturgo Sãto António cu-
jas obras continuamente revolvia illuílrando
grande parte delias com doutos difcurfos
de cujo eftudo deixou dous Tomos em fo-
lha que fe confervaõ na Livraria do Con-
vento de Santo António de Lisboa os quaes
vimos, e eftavaõ promptos para a Impref-
L USITANA.
223
\]iò com a licença do Provincial Fr. Anto-
mo da Natividade de 17. de Fevereiro de
1658. c faculdade do Santo Oificio, Ordinário,
Dczcmbargo do Paço com eíle titulo.
r/ores de Santo António colhidas dos f tus Ser-
fnoens, e ordenadas John as palavras do Evangtlho
Vos eftis Sal terrx aíi conculcetur ab homi-
iibus iodos a Jtii loiwor acomodados, e a e lie jun-
ta mente dedicados Pari. i. foi. A/. .V.
Vlores de Santo António de Lisboa colhi-
das dos feus Strmoens, e ordenadas em difcur/os
predicáveis, e acomodados à matéria dos votos que
lui KeligiaÕ Je prometem de Pobre:(a, Cajlidade,
Obediência 2. Part. foi. M. S.
Do Autor, e da obra fe lembraõ Nicol.
\nt. Bib. Hifp. Tom. i. p. 82. e Fr. Joaõ de
Santo António na hib. Vrancijcana Tom. i.
pag. 96.
Fr. ANTÓNIO BRANDAM nacco
na Villa de Alcobaça em 25. de Abril de
t84. fendo fcus Pays Rodrigo Dias Re-
llo, e Antónia Brandoa, ambos defcen-
ntes de Familias Nobres. Na fonte bau-
tnal lhe impuzeraõ o nome de Marcos
' I por ter nacido no dia confagrado a efte
Evangelifta; e logo fe lhe anticipou com
tal exceíTo o engenho à idade, que quando
contava quatro annos fabia ler, e efcrever,
c de outo aprendia com grande applicaçaõ
a lingua Latina, da qual para alcançar mais
perfeito conhecimento, e lançar os folidos
fundamentos para mayores faculdades foy
mandado por feus Pays para caza de fua
Avò materna, que aíTiília em Lisboa a tem-
po, que com igual acclamaçaõ do feu no-
me, como emolumento da Republica lite-
rária eníinava as letras humanas no CoUe-
gio de Santo Antaõ o iníigne Francifco de
Mendoça, do qual foy inftruido nellas por
efpaço de dous annos, fahindo taõ excellen-
te Rhetorico, e elegante Orador, que reci-
tou cinco Oraçoens humas em verfo, e ou-
tras em proza primeiros frutos do feu flori-
do engenho onde admirarão os circimílan-
tes felizmente unida a viveza das acçoens, e
a energia da frafe com a fineza, e fublimidade
dos conceitos. Augmentava-fe mais efta ad-
miração com a innocencia da vida que reli-
giofamente obfervava abílendo-fe de todo
o género de divertimento pueril, fugindo a
companhia de viclofos, e occupando-fe com
fumma íeriedade íuperior aos feus annos oot
exercidos de piedade, e devoção. Iguaes pro-
greíTos fez na palcAra da Filofofía quando tinha
14. annos, como fizera nas letras humanas ten-
do por Meftre daquella faculdade ao mefmo P.
Mendoça, cujo Curfo naõ pode acabar por fu-
gir ao flagell» da peíle, que fatalmente devafta-
va Lisboa. Reílituido à fua Pátria obedecendo
à vocação de Deos recebeo na florente idade de
15. annos em o Real Q>nvento de Alcobaça
a Q>gulla Ciílercienfe no anno de i ^99. e para
que deixaíTe toda a memoria do feculo atè dei-
xou o nome de Marcos pelo de António, e
entregue à difciplina do virtuofo Varaõ Fr.
Francifco de Santa Clara, era jà em o Noviciado
Veterano na obfervancia regular. Q>ntinua-
mente fe occupava na liçaò das vidas dos feus
primitivos Monges dezejando imitar os vefti-
gios de Varões taõ aufteros. Macerava com
tantas mortificaçoens, e difciplinas o corpo
que muitas vezes fe naõ podia fuftentar em pè.
Com tal exceffo fe arrebatava na fuave comtem-
plaçaõ das delicias celeíliaes que era precifo
para fe reílituir aos fentidos que o defpertaf-
fem os outros Noviços com grande violên-
cia como de hum profundo lethargo. Nef-
tas, e outras virtudes fe exercitava com tal
exceflb, que fe a prudência do Meftre lho naõ
moderaíTe primeiro acabaria a vida, que o No-
viciado. PaíTados cinco annos depois de feita
a profiíTaõ folemne naõ dedicou menor cui-
dado ao eftudo das Sciencias EfcholaíUcas do
que applicàra em alcançar as virtudes religioCas,
fendo indecifo entre os feus domeíUcos em
qual delias era mais eminente, principalmente
quando pelo largo efpaço de 18. annos lhes
eníinou as faculdades da Filofofia, e Theologia
recebendo em recompenfa do feu grande ma-
giílerio a Borla Doutoral na Univerfidade de
Coimbra em o anno de 1621. Inflamado
com o nobre ardor de dilatar a gloria deíle
Reyno, poílo que impedido com as multi-
plicadas occupações que exercitou na Reli-
gião fendo Secretario do Geral duas vezes,
Difinidor, Abbade do Convento de Lisboa,
e ultimamente Geral de toda a Congrega-
ção Ciílercienfe fe deliberou a profeguir a
Hiíloria da noíía Naçaõ que ficara inter-
224
BIB LIO THE CA
rupta pela morte do iníígne Fr. Bernardo
de Brito, principalmente quando fuccedeo
a D. Manoel de Menezes no lugar de Chro-
nifta Mòr do Reyno confumindo a larga
diuturnidade de dez annos em revolver, e
examinar os mais antigos, e veneráveis Car-
tórios dos Mofteiros, Igrejas, Cidades, e Villas,
e fobre todos o Real Archivo da Torre do
Tombo naõ perdoando o feu indefeíTo tra-
balho a todo o género de diligencia para con-
feguir o fim de taõ heróica empreza, de que
refultou efcrever huma hiftoria, clara, folida,
verdadeira, copiofa, e bem digeíla, lendo-fe
nella a genealogia certa dos noíTos Monarchas,
feus nacimentos, mortes, defcendencia, e
acçoens mais memoráveis obradas tanto na
paz, como na guerra; as origens das familias
illullres, brazoens, e apellidos de que ufaõ;
as fundaçoens, foraes, e privilégios dos mais
celebres Conventos, Igrejas, Cidades, e Villas
de todo Reyno, o principio das Cathedraes, o
Cathalogo, e fucelTaõ dos feus Prelados, e
todos os fuceíTos dignos de memoria, me-
recendo que em abono de obra taõ comple-
ta lhe efcreveíTe de Madrid em lo. de Outu-
bro de 1632. o Chroniíla Mòr de Caftella
D. Thomaz Tamayo de Vargas eílas pala-
vras Ajfeguro con toda la ingenuidad, que ef-
ta Hiftoria es de lo mejor, j mais hien trabajado,
que hà falido en nuejlra edad y en que nò tendran
los ejcrupulojos já más que reparar. El ejlilo, la
difpoficion, la claridad, y los monumentos de que
V. P.fe vale fon muy loables,y ajji le fuplico, que
nos de luego la quarta parte, que fera gran orna-
mento de la hifioria de E/pana en general, y de la de
Portugal en particular. Com femelhantes elo-
gios louvaõ as fuás obras Nicol. Ant. in
Bib. Hifp. tom, I. p. 82. Variis, atque utilij-
Jimis femota Vetujlatis, rerumque olim geftarum
monumentis firmum, ac Jpeciojum Hifioria cor-
pus formans non fine magno civium, atque extero-
rum plaufu in Vulgus dedit. Bonucci Hifior. di D.
A.lfonfo Henr. liv. 3. cap. 10. Hifiorico di
gran nome. Franckenau. Bib. Hifp. Hifi. Ge-
neal. Herald, p. 61. Meneílrier Art. du Bla-
Zon. p. 74. Hallevord. in Bib. Curiof. p. 16.
Joan. Soar. de Brit. in Theatr. "Lufit. 'Litte-
rat. lit. A. n. 55. Maced. "Lufit. 'L.iberat. lib.
I. cap. I. n. 22. Cardof. Agiol. hufit. Tom. 3.
no Comment. de 6. de Mayo letr. A. Ma-
noel de Faria, e Souf. no Cathalogo dos A A.
Portugue:(es mais acrecentado do que o que
imprimio, cujo original vimos, e nelle diz
que Brandão efcrevera con muchas novedades
dos tomos de la hifioria de los primeros Keys.
Souza in lixpedition. Hifp. Apofi. S. Jacob.
Tom. 2. pag. 1303. D. Jozè Barboza meu
Irmaõ no prologo do Cathal. Chronol. Hifior,
Gen. e Critico das Kainhas de Portug. A verdade
he, que fe a pátria fe foubeffe mofirar grata com
aquelles filhos que fe occuparaõ em fa!(erem publi-
cas as fuás glorias ainda hoje em illufires efiatuas
viviria o Mefire Brandão, e nellas como em vo-
lumes de mayor duração fe eterni:(àra o agra-
decimento Portugue^, porque ninguém mais do que
elle fe fe:(^ benemérito defia generofa difiincçaõ, e
fe a merecido os que dilatarão o Reyno com a efpada,.
naõ a merecia elle menos que o illufirou com a
penna. Na pag. 223. do mefmo Cathalogo
lhe chama exaãijftmo. Soufa no Apparat. à
Hifi. Gen. da Cafa Keal Portug. pag. 79. n. 64.
Admirável na Hifioria, e antiguidades do nojjo
Reyno em que trabalhou muito, mas felizmente.
Compoz.
Terceira Parte da Monarchia l^ufitana que con-
tem a hifioria de Portugal defde o Conde D. Henri-
que, e todo o Reynado delRey D. Ajfonfo Henrique^.
Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1632. foi.
Quarta Parte da Monarchia l^ufitana que
contem a Hifioria de Portugal defde o tempo delRey
D. Sancho primeiro até todo o Reynado delRey D,
Ajfonfo Terceiro. Lisboa pelo mefmo Impref-
for 1632. foi.
Por ordem de Filippe IV. efcreveo em^
Caftelhano com grande elegância para o Prín-
cipe feu filho D. Balthezar Carlos aprender a
lér, e juntamente fe inftruiíle nas acçoens
heróicas dos feus Mayores.
Elogios delos Reyes de Portugal.
Confiituiçoens que fe devem obfervar pelos £/*-
tudantes, Mefires, e Doutores da Congregação de
Cifier. M. S.
Efta obra lhe mandou compor o Geral, e foy
approvada pelos Capitulos Geraes que fe
feguiraõ.
Informação das virtudes da Ven. Sor. Joama
de Saá Religiofa no Convento de Semide feita em^
o anno de 1622. M. S.
Memorias da Ven. D. Maria de Azevedo, qut
morreo em Semide anno de iGio. M. S.
t
L USITANA.
225
Deílas duas obras faz mençaõ Jorge Car-
(lofo no Ajiio/. Ijffi/. da I. no Tom. i. no
Comment. de 27. de Fevereiro letr. D. pag.
540. e no Tom. 2. Comment. de 4. de Março
Ictr. F. pag. 47. Da 2. Tom. i. no G>mment.
de II. de Fevereiro letr. L. pag. 415.
hundaçoens dos MoJItiros (U Cifler dtjle Keyno.
i;(la obra confe/Ta ter principiado na 4. Part.
da Mon. iMfit. liv. 12. cap. 25.
Como era taô verfado na hiíloria, como
perito na Poefia, compoz cm mais de feis-
cntos verfos heróicos.
hUnafierii Alcobacienfis primordia, prof>jreffm,
et prarooativa.
Com a mcfma elegância, e igual metro re-
citou na prezença dos Monges de Alcobaça.
Oratio de landibus Sanôtijftmi Patríarcha Be-
nedidi.
Por fer muito cordial devoto da Virgem,
e Martyr Santa Lufia compoz em feu obfe-
quio muitos epigrammas.
Entre as virtudes, que cultivou com
mayor perfeição além das relatadas, foy a
fumma comiferaçaõ para com os pobres de
que deo manifeílo argumento quando pade-
cendo os vizinhos do Convento do Bouro,
onde di6lava Filofofia no anno de 161 3.
huma laílimofa fome, para acudir a taõ extre-
ma neceíTidade fahio com faculdade do Pre-
lado a pedir efmolas a algumas peíToas, che-
gando a privarfe do alimento, que lhe era
precifo para fuílentar a muitos que eílavaõ
quafi agonizando. Nunca recebeo o orde-
nado do lugar de Chroniíla mór, mas o entre-
gava a hum Religiofo feu confidente para
lhe dar alguma parte quando neceíTitaíTe,
e o reftante mandava dar aos pobres. Cheyo
de obras meritórias foy alcançar o premio
delas na eternidade a 27. de Novembro de
1637. quando contava 62. annos 7. mezes,
e dous dias de idade com 38. de Religião.
Alguns prodigios fuccederaõ depois da fua
morte, com que o Ceo quiz teílemunhar a
fua virtude. O feu Retrato pintado ao na-
tural eílà no Real Convento de Alcobaça
onde paíTou a melhor vida.
D. Fr. ANTÓNIO BRANDAM fo-
brinho do precedente, e irmaõ de Fr. Fran-
cifco Brandão Chroniíla mór do Reyno, de
quem fiaremos memoria em feu lugar. Na-
ceo nfl Villa de Alcobaça, e feguindo o exem-
plo deíles dous ínfignes varoens quiz unirfe
a elles com outro mais illuAre vinculo, do
que lhe dera a natureza, qual foy o da Re-
ligião recebendo o habito Monachal de S.
Bernardo no Real Convento da fua pátria
em o I. de Fevereiro de 1637. quando con-
tava 17. annos. Naò fomente os imitou nas
virtudes, mas nas fciencias em que foy emi-
nente, pelas quaes o admitio entre os feus
Doutores a. Univerfidade de Coimbra. A
fua grande prudência o fez capaz de adminif-
trar com zelo os mayores lugares da fua Con-
gregação Ciftercienfe fendo Procurador Ge-
ral, Abbade do Convento do Defterro, c
Geral, eleito no anno de 1672. Ainda naõ
tinha acabado efte governo quando a Magef-
tade delRey D. Pedro II. o julgou digno de
outro mayor nomeando-o Arcebifpo de Goa,
aonde chegou a 24. de Setembro de 1675.
Naõ fomente adminiílrou efte Eftado, efpi-
ritual, mas politicamente fubftituindo o lugar
do Vicerey com grande credito da fua pru-
dência. Zelofamente defendeo a fua jurif-
dicçaõ contra os impugnadores delia. Em
todo o Oriente foy lamentada a fua morte
fuccedida a 6. de Julho de 1678. cujo cadáver
foy fepultado na Cathedral com efte epitáfio.
Sepultura do Doutor Fr. António Brandão
Abbade Geral que foy da Ordem Ciftercienfe, Ef-
moler mór de Sua Altev^a, e XIII. Arcebifpo de
Goa, Primaz ^ índia; chegou a efta Cidade em 24.
de Setembro de 1675. depois de i^. annos de Sè de
Vacante; tomou poffe em 9. de Outubro, e faleceo
aos 6. de Julho de xd-j^. fendo Governador defle Efta-
do em que contava de fua idade 57. annos, 7. met^s,
16. dias.
No tempo do feu Generalato renovou a fo-
lemnidade, e culto do Laufperenne no Real
Convento de Alcobaça a 21. de Novembro de
1672. o qual fe continua inceíTantemente por
dez Monges de dia, e de noite, a que chamaõ
Decanias fubftituindo a eftes outros dez,
quando acabaõ huma Hora do Coro, enchen-
do por efta repartição quarenta Monges de-
putados para efte louvável minifterio as horas,
que reftaõ do Coro Conventual. Para direcção
defte Sagrado exercicio compoz juntamente
com feu Sobrinho Fr. Paulo Brandão.
220
BIBLIO THE CA
Kegimenío das Decanias do l^aujperene, que Je
oh/erva em Alcobaça, foi. 6. tom. que fe confer-
vaõ M. S. no Cartório do mefmo Convento.
Kegimeníos, pelos quaes fe deve governar cada
hum dos Officiaes do Convento de Alcobaça, foi.
M. S. Guardaõ-fe no mefmo Convento.
Defte Prelado fazem memoria Coíla Corog.
Poríug. Tom. 3. Trat. 3. cap. 6. pag. 130. o
Padre Fr. Manoel dos Santos Chroniíl. do
Reyno, e Académico Supranumer. da Acade-
mia Real na Alcob. llluflrad. Part. i. pag. 559.
e o P. D. António Caet. de Souf. no Cathalog.
dos Arceb. de Goa.
Fr. ANTÓNIO BRAVO natural de
Braga, e profeíTo na Religião dos Frades
Menores Conventuaes. No tempo que aíTiília
em Roma, fabendo que no anno de 1570. fe
tinha transferido o Convento de S. Payo Mar-
tyr diftante três legoas da nobre Villa de Ca-
minha na Província do Minho dos Clauftraes
feus Companheiros para os Obfervantes, e
que eíles pela afpereza do íitio o tinhaõ defam-
parado fe refolveo com faculdade de Gregório
XIII. ou foíTe por ter nelle profeíTado, ou
pelo grande affeóto com que venerava o feu
Tutelar a fazer nelle feu domicilio com outros
companheiros. Voltando a Portugal no anno
de 1573. para executar taõ piedofo intento
achou de tal forte arruinado o Convento
que mais parecia curral de gado, que Ca-
fa de Oraçaõ, e aíTim perdendo as efperan-
ças da fua reílauraçaõ fe determinou defam-
parar aquelle íitio. Porém Deos que queria
foíTe habitada a fua Cafa, o advertio por hu-
ma grave infermidade, que o reduzio a o ul-
timo termo da vida para que profeguiíle a
reedificaçaõ do Convento, e lembrando-
fe em taõ fatal perigo do Patrono delle, qual
era S. Payo, lhe prometeo que livrando-o
daquella mortal infermidade repararia
promptamente o Convento. A eíla promef-
fa correfpondeo inftantaneamente a faude,
por cujo íingular beneficio começou fem de-
mora a nova reedificaçaõ concorrendo para
a fua fabrica com largas esmolas os povos
circumvezinhos, a que dava mayor augmen-
to a copia de milagres, que obrava o feu Tu-
telar. Edificada a Igreja, e Convento com
aquella architeóhira própria do Inftituto Se-
ráfico nelle habitou até a morte, que fuccc-
deo no anno de 1588. ou 1589, Efcreveo.
Dos milagres de S. Payo obrados no feu Con-
vento defde o anno de 1557- ^^^ 1586. entre os
quaes fe numeraõ mais de cento, e outenta appro-
vados com authoridade do Ordinário.
Do Author, e da obra faz memoria Fr.
Manoel da Efperança Hifl. Seraf. da Prov. de
Portug. Part. 2. liv. 10. cap. 35. n. 3. 4. e 5.
ANTÓNIO DE BRITO CORRÊA
natural da Villa de Cafcaes fituada na Foz
do Tejo, Criado do Sereni filmo Duque
de Bragança, D. Theodofio 2. Militou pelo
efpaço de trinta annos aflim na terra co-
mo no mar com grande credito do feu va-
lor, e naõ menor eftrago dos inimigos da
Coroa. Sendo no anno de 1625. Alferes
de huma Companhia efcreveo em Villa vi-
çofa.
Colloquio entre dous Compadres fobre a
matéria do Sargento mór, e outras coufas tocantes,
e necejjarias ao bem commum. Dedicada ao Ex-
cellentijfimo Senhor D. Affonfo furtado de Men-
doça Arcebifpo de JLisboa, e Governador dejle
Rejno de Portugal foi. Aí. S. Conferva-fe na
Livraria do Excellentiffimo Marquez de Va-
lença.
Noticia dos portos, enfeadas, baixos neceffa-
ria para aquelles, que navegàô do Porto de Lisboa
até o Promontório Sacro, e outras partes da Eu-
ropa. 4. Defla obra faz mençaõ a Bib. Geog.
de António de Leaõ novamente acrecentada
Tom. 3. Titul. único col. 1722.
Colloquio entre dous Caminhantes hum Sol-
dado, e outro bombardeiro acerca das regras, qm
fe devem obfervar para fe difparar f cientificamente
a Artilharia.
Eftas duas obras dedicadas ao Duque D.
Theodofio eftaõ em 2. Tom. de 4. M. S. na
Bib. Real.
ANTÓNIO CABEDO natural de Se-
túbal, illuílre ramo da antigua, e igual-
mente douta Familia dos Cabedos, filho de
Miguel de Cabedo Fidalgo da Cafa Real,
e Vereador em Lisboa, de quem em feu
lugar faremos mençaõ, e de D. Leonor
Pinheira de VafconceUos filha de Gon-
çalo Mendes de VafconceUos defcendente
L USITAN A.
227
(los Senhores do Morgado de Eíporaõ. Poy
ornado de taõ feliz engenho» como cathoUco
(oraçaõ. Defde a primeira infância amando
o que era ferio, e aborrecendo o que era pueril,
fc dedicou com grande inclinação a illuftrar
o efpirito com virtudes, e o entendimento
com a amenidade das letras humanas, e noti-
cia lias linguas Grega, e Romana lendo com
fumma applicaçaõ os Authores mais cele-
bres deAes dous famofos idiomas, e depo-
litando na memoria as fentenças mais agudas,
que nclles defcubria o fcu indcfeíTo eíhido
pelo qual confeguio exceder a todos os feus
contemporâneos ou foííe orando, ou poeti-
zando na facúndia, c fublimidade das expref-
focns, fendo pafticularmcntc infigne na Poe-
fía heróica, na qual era fiel imitador do ma-
geílofo eílilo de Eftacio. Depois de receber
na Univerfidadc de Coimbra as iníignias
doutoracs em Direito Canónico, em que era
muito perito fe dedicou a Deos no Eftado Cle-
rical, de que lhe naõ confentio a morte largo
exercido arrebatando-o intempeílivamentc na
florente idade de 25. annos na fua pátria com
geral fentimento naõ fomente dos feus patri-
i ios, mas de todos os Académicos Conimbri-
ccnfes. Os mayores cultores das Mufas lamen-
tarão com difcretas vozes a fua falta fendo o
mais diífufo Ignacio de Moraes em huma
elegante elegia, da qual refiriremos alguma
parte.
Supremam ergo diem Antoni do£tiJfime obijli
Verjecuitque annos Parca fevera íuos:
Et vix permifit primam excejftjje juventam
haudique invidit nominis illa tíá.
At que hoc illud erat, quod tanto ar dor e cupijii
Dulcia materni vifere teãa poli.
De grege paucorum fueras quihus inclyta virtus
Ipfa fui ejl pretium, gloriaque ipfa fui.
Nulla tibi ambitio, nullum captare folebas
Plaufum, fed grata delituiffe domo,
Félix Ji plures annos tibi f ata dedijfent,
Inficeretque tuas alba feneãa comas.
Tollere pennigeris nuper te caper at alis,
Fatufque ingenii fama probare tui.
Nam tua facundos Jlillabant verba liquores
Libera feu fluerent, five ligata pede.
Acaba.
Fundantur tumulo facri cum tbure liquores,
Quofq Arabum meffes mittit odorus ager
Hof cineres vellent violaque, rofaque rsòentes,
Viventi fuerat qualis in ore color.
Antoni funus plorant lacrymahilt Mufa,
Una fed imprimis Calliopaa doht.
Alguns dos feus Verfos íahiraõ impref-
fos Romae apud Bemardum Bailam 1587.
8. juntamente cum Andrea Kefenàif Anti-
quit. Ijiftt. lib. 4. os quaes eílaõ defde pag.
515. até ) 76. Sendo os prindpaes.
Joannis Lujitania Prinàpis ]oannis IIL Râ-
ffs filii Epicedium, que começa.
IJnde repentino tacuerunt gaudia luãu
Irrepitque comis funefla cuprejfus, €>* albam
Maflificis haderam video concedere taxis?
Epicedium in milites ad Septam occifos.
Defcripçaõ da Cafa de Prazer edificada
junto a Vifeu por feu Tio D. Rodrigo Pi-
nheiro Bifpo deíla Cidade para recreação dos
feus fucceíTores. Principia.
Hortorã, nemorumque potens Pomana beatas
Quce dudum has fedes, ^ lata vire ta, reliãa
Incolis Aufonia; vofque ó quce rore perenni
Jugera proluitis viva de rupe Napaa;
Tuque adeo Kegina Vénus, mitijfima frugum
Atque hominum facunda parens &c.
Poema "Labor omnia vincit
Ad profperam valetudinem
Ad Campegium S. R. E. in Lufitania
Legatum Bononienfem Epifcopum.
Emmanueli Cabedio ChariJJimo, et amantif-
fimo Fratri.
Ad Cefobricam Patriam fuam.
Ad Sanãifftmam Virginem MARIAM
Rofarii.
Joaõ Soares de Brito in Theatr. Lujit. Litter.
let. A. n. 56. lhe chama Poetam non panitendum.
Fr. ANTÓNIO DE S. CAETANO.
Naceo na Villa de Santarém a 13. de Junho
de 1683. e teve por Pays a Vicente Luiz Cor-
deiro, e a Izabel Ribeira Cardofa. Entrou
na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo
AgoíHnho da Congregação de Santa Cruz
de Coimbra, donde anhelando a vida mais
auílera abraçou o penitente Inftituto de S.
Francifco na Provinda de Portugal. Sendo
muito verfado na liçaõ dos Poetas, e natu-
ralmente propenfo para eíla arte, nella tem
até o prezente publicado as feguintes obras
em que moftra o efpirito da fua Mufa,
228
BIB LIO THE CA
Felices vivas, e dito/os parabéns com que o
affe£io L.uJitano applaude a felicijfima vinda da
Serenijfima Rainha Nojfa Senhora D. Mariana
de Aujlria. Lisboa por Manoel, e Jozé Lopes
Ferreira 1708. 4. Coníla de huma larga Sylva.
A Imagem do Sol feli^^mente nacido na major
das esferas L,ujitanas, e obfequiofamente celebrado
na melhor parte do mundo conjlruida no ventu-
rofo, e régio nacimento do muito alto, e Serenij-
fima Vrincipe herdeiro, e Juccejjor dos Reynos de
Portugal Jegundo genito das Magejlades de D.
JoaÕ o V. no nome, e nas virtudes primeiro, e
de D. Mariana de Aufiria. Lisboa por An-
tónio Pedrofo Galraõ 171 2. 4. He huma
larga Sylva.
Apografia Métrica, e triumfal narração
do Vlaufivel apparato, que a illuftre Familia
Carmelitana magefiofamente confagrou ao má-
ximo dos Sacramentos na fua translação para
o Sumptuoso Templo, que à Senhora do Monte
do Carmo generojamente Je erigio na muito
nobre, e fempre leal Villa de Santarém a S. de
Setembro de 1708. Lisboa por Manoel, e Jozè
Lopes Ferreira 1708. 4. Confta de varias
Sylvas, €35. Outavas.
Breve Compendio da vida, e Martjrio
dos finco glorio/os Martyres de Marrocos da
Sagrada Religião de S. Francifco com hum
modo de orar no triduo da fua Fefia, que fe
celebra no Real Mofieiro de Santa Crut(^ de
Coimbra a 14. de Janeiro. Coimbra por Bento
Seco Ferreira. 171 1. 24.
Fr. ANTÓNIO CAETANO DE S.
BOAVENTURA Naceo em Lisboa, e
foy filho de Domingos de Faria, e Maria
Ferreira. Tendo na pátria aprendidas, as
letras humanas profeíTou o penitente habi-
to dos Menores no Real Convento defta
Corte, e depois de eíiudar as fubtilezas Fi-
lofoficas, e Theologicas da fua Efcola com
admiração dos Meílres, as diâ;ou com ge-
ral applaufo pelo efpaço de 15. annos fendo
venerado por hum dos mayores Theologos
do feu tempo. He igualmente verfado em
ambos os Direitos, como na Theologia
Moral, naõ fendo menos applaudido o feu
talento no Púlpito, que na Cadeira. Exer-
citou com grande credito da fua prudência
os lugares de Guardião do CoUegio novo
de S. Boaventura da Univerfidade de Co-
imbra, do Convento de S. Francifco da Ci-
dade, e de ConfeíTor das Religiofas do Con-
vento da Efperança de Lisboa. Sendo Cuftodio
da Província aíTiílio no Capitulo Geral cele-
brado em Roma no anno de 1723. onde
deo claros argumentos das grandes letras,
de que faõ frutos as obras feguintes.
Sermão nas Exéquias do Duque do Cadaval
D. Nuno Alvares Pereira de Mello pregadas
na Igreja de S. Francifco de Lisboa em 20. de
Fevereiro de 1727. Sahio impreíTo nas Ulti-
mas Acçoens do mefmo Duque Lisboa na Officina
da Mufica 1730. foi. grande defde pag. 175.
até 187. e Coimbra por Bento Ferreira Seco
1727. 4.
Confiitutio Benediãina explanata, five dilu-
cida pro Regularibus infiruãio, Minoribus fcilicet
de Obfervantia, et Reformatis, aliifque cujufcum-
que Congregationis Reverèdijfimo Patri Miniftro
Generali juxta Regulam, Sanãionefque Apofto-
licas fubjeãis. UlyíTipone apud Michaelem
Rodrigues. 1732. foi.
Examem Regulare pro Confeffariis Fratrum
Minorum inftruendis. UlyíTipone ex Officina
Congregar. Oratorij 1736. foi.
Curfus Philofoficus. foi. M. S.
Methodica explanatio in Primum lib. Sen-
tentiar. foi. M. S.
Singularijftma devoção Confagrada a Maria
Santijftma na ftia Coroa. Origem, e principio defia
devoção admirauel: modo de regalia, e offerecella na
contemplação dos Myfterios, que nella fe contem. ,
4. M. S.
Itinerário Mjfiico de huma Alma para o Ceo
pelo Caminho da Oração Chriftãa. 4. M. S.
D. ANTÓNIO CAETANO DE SOUSA
Naceo em Lisboa a 30. de Mayo de 1674. fendo
feus Pays Miguel de Soufa Ferreira, e Maria
Crasbeeck defcendentes de honrados progeni-
tores. Na florente idade de dezefeis annos
abraçou o Inílituto dos Clérigos Regulares da
Divina Providencia a 24. de Agoílo de 169c.
e fez a profiíTaõ folemne a 27. de Dezembro
do anno feguinte. Acabada a carreira dos eftu-
dos Philofoficos, e Theologicos fe dedicou
com particular difvelo, e continua applicaçaõ
à Hiftoria Secular, e Ecclefiaílica defte Reyno,
de cuja liçaõ naceo o nobre intento de pro-
il
LUSITANA.
229
m
fcguir, e completar a grande obra do Agio-
logio Lufitano, que emprendera o infigne
Antiquário Jorge Cardozo, refuícitando com
o leu indefeíío trabalho as fepultadas me-
morias de muitos Santos, e Varoens juftos
da noíTa Lufitania, que com as fuás virtuo-
las acçoens illuílráraõ os dias dos íeis mezes
últimos do anno, cuja obra exsdta com me-
recidos elogios o Principe dos Genealógicos
tiaò fomente de Efpanha, mas da Europa
D. Luiz Salazar, e GUlro nas C/or. da Caf.
Varnes pag. 66 j. dizendo: Con/in/àt con mucha
•itilidad cl P. D. António, y en fola ma parte
dei ãa 8. de Júlio, que nos há permitido fu amiftad,
acredita bien lo que fu fecunda erudicion fe fatiga
en perficionar aquel ajfumpto. Sendo eleito
Académico Real dos primeiros cincoenta, de
uc fc formou cftc littcrario corpo cm quan-
naõ dcfcmpenhava o argumento das Me-
morias dos Bifpados ultramarinos que lhe
raõ cometidos à fua penna para naõ fer
"ado de menos deligente, ideou, e feliz-
te confeguio a Hiíloria Genealógica da
Real Portugueza, para cujo eftudo além
fer nelle muito verfado, revolveo com ef-
crupulofo exame, c grande inveftigaçaõ o
Archivo Real, donde extrahio documen-
tos folidos para eílabelecer as fuás opinioens,
dos quaes grande parte tinha fugido à pro-
funda indagação dos Britos, e Brandoens
Chroniftas geraes defte Reyno, e celebres
Corifeos da fua Hiíloria. Sendo Qualifica-
dor do Santo Officio, e Confultor da Bulia
da Crufada tem por duas vezes exercitado
o lugar de Prepofito da Cafa da Divina Pro-
videncia, em cujo governo fempre experi-
mentarão os fubditos a natural affabilidade,
e grave prudência, de que he fummamente
ornado. Compoz.
Catalogo dos Bifpos da Igreja do Funchal
offerecido a Academia Real da Hijloria Fortu-
guet^a na Conferencia de 51. de Julho de 1721.
foi.
Catalogo dos Arcebifpos da Bahia, e mais Bifpos
feus fufraganeos. foi. fahiraõ eftes dous Cathalo-
gos impreíTos na Colleçaõ dos Documentos, Efia-
tutos, e Memorias da Academia Real da Hijloria
Portuguet^a do anno de i-jzi. Lisboa por Pafchoal
da Sylva ImpreíTor de Sua Mageftade, e Aca-
demia Real 1721. foL
Catálogos dos Arcebifpot dt Goa, Pri-
mares do Oriente; dos hifpos de Cochim, Melia-
por, China, JapaÕ, Macao, Nankim, Malaca^
Patriarchas de Etiópia, Arcebifpos de Crangfinor,
9 Serra. foi.
Catálogos dos Bifpos das IffeJas de Cabo Verde,
SaÕ Thomè, e Angola, foi.
Catalogo dos Bifpos da Jgf^eJa de S. Salvador
da Cidade de Angra offerecido na Conferencia
de M. de Fevereiro de 1722.
Sahiraõ impreíTos eíles Githalogos no 2.
Tomo da CollecçaÕ dos Documentos ^c. da Aca-
demia Real do anno de 1722. Lisboa por Paf-
choal da Sylva 1722. foi. Delles faz memoria
a Bib. Oriental modernamente acrecentada
Tom. I. Tit. 8. col. 144.
Hifloria Genealógica da Cafa Real Portu-
gue:^a defde a fua Origem ate o prer^ente com
as Famílias illuflres, que procedem dos Reys,
e dos Serenijftmos Duques de Bragança, Juflifi-
cada com inflrumentos, e Efcritores de inviolá-
vel Fé Tom. I. Lisboa por Jozé António da
Sylva ImpreíTor da Academia Real 1755. 4.
grande.
Tom. 2. Lisboa pelo dito ImpreíTor 1736. 4.
grande.
Tom. 3. Lisboa pelo dito ImpreíTor 1737. 4.
grande.
Tom. 4. Lisboa pelo dito ImpreíTor 1738. 4.
Tom. 5. Lisboa na Ofíicina Sylviana da
Academia Real. 1738. 4.
Tom. 6. Lisboa Na mefma Officina 1739. 4-
Provas da Hifloria Genealógica da Cafa Rjeat
Portugue!(a tiradas dos Inflrumentos dos Archivo^
da Torre do Tombo, da Serenijfima Cafa de Bra-
gâça, de diverfas Cathedraes, Mojleiros, e outros
particulares defle Reyno Tom. i. Lisboa Na Ofíi-
cina Sylviana da Academia Real. 1739. 4-
grande. Entre os documentos hiftoricos
que contem efte volume o mais eftimavel
pela fua antiguidade he o que fe intitula.
Livro Velho das Unhages de Portugal
efcrito no Decimo Terceiro Século por Aur-
thor, que fe ignora, e ptélicado por D. An-
tónio Caetano de Soufa Clérigo Regular no
anno ^1737. Ao qual addicionou com al-
gumas notas pela margem o iníigne Anti-
quário Gafpar Alvares Louzada, e com
outras o dito P. D. António Caetano de
Soufa, que vaõ diílindas com a letra ini-
i3o
BIBLIO THECA
ciai, de L. e de S. Deíle livro fe tirarão al-
alguns exemplares em papel grande.
Memorias Hijforicas, e Genealógicas dos Gran-
des de Portugal, que contem a Origem, e antigui-
dade de fuás familias, os Hftados, e os nomes dos
que anualmente vivem, as alianças das fuás Gafas,
os Bfcudos das Armas, que lhes competem. 8.
Eílà na ImpreíTaõ.
Obras M. S. das quaes algumas eftaõ já
approvadas para a impreíTaõ.
Agiologio h.ufitano dos Santos, e Varoens
illuflres em virtude do Rejno de Portugal, e fuás
Gonquijlas confagrado à Immaculada Gonceiçaõ
Àa Virgem Maria Senhora nojja Padroeira do
Rejno Tom. 4. que comprehende os Me^es de Julho,
e Agofto. Acabado em o anno de 171 8. foi.
M. S. Efta obra he allegada pelo P. D. Ma-
noel Caetano de Soufa in Exped. Hifpan.
S. Jacob. Tom. 2. pag. 1303.
Memorias Sepulcraes que fervem à Hifloria
de Portugal. 4.
Memorias hifloricas do Bifpado do Funchal
Gapital da Ilha da Madeira foi.
Hifloria Genealógica da Gafa de Noronha,
mja primogenitura fe conferva na do Marquet^ de
Gafcaes. M. S.
Monumentos de Portugal que comprehende
os The^ouros dos féis Mofieiros Reais, as fepulturas
dos Reys, e PeJJoas Reais, e todas as coufas anti-
guas pertencentes a obras Reais que fe vem em di-
verfas partes efpalhadas pelo Rejno (ò'c. M. S.
Deitas duas obras, e outras Genealó-
gicas promete o Author no Apparat. da Hijl.
Gen. da Gafa Real Portug. pag. 229. e 230.
publicallas, fe a vida lhe durar para lhe pór
o ultimo complemento.
ANTÓNIO CAMELLO PESTANA
igualmente douto na Filofofia, e Direito
Pontifício de cuja faculdade era profeíTor
na Univeríidade de Coimbra, como elegante
Poeta latino de que deo claro teílemunho
na obra feguinte.
In 'L.audem Sapientijfimi D. Fr. L,udo-
■pici de Sâ in folemni inviãijjimi Domini nof-
tri Regis D. Joannis IV. acclamatione pri-
mipilares grafias agenti in hac alma Gonim-
bricenfi Academia Magifiri Sacra Theologie
dignijfimi UlyíTipone apud Laurent. Cras-
beeck 1641. 4.
He huma de que começa.
Augufla Quarti gloria Principis
Phanicis inflar clara renafcitur,
Extinãa majefias theatrum
Poflhabitis renovat fepulchris.
ANTÓNIO DE S. CARLOS filho '
de Braz de Soufa Delgado, e Maria dos
Santos Carneiro, natural da Cidade do Por-
to, onde foy admitido à illuftre, e douta
Congregação dos Cónegos Seculares do
Evangelifta. PaíTou a Coimbra, onde de-
pois de aprender as fciencias mayores as leo
no feu Collegio com applaufo dos Acadé-
micos. Pregou com geral aceitação em os
mais honoríficos Púlpitos do Reyno, cujos
Sermoens intitula doutos, e engenhofos o Chro-
niíla da fua Congregação no Geo Aberto liv. 2.
cap. 50. pag. 531. Morreo no Convento de
S. Bento de Enxobregas a 9. de Mayo de 1704. [
Imprimio.
Sermão das lagrimas de S. Pedro pregado
na Mifericordia de Goimbra. Coimbra por Ma-
noel Dias 1697. 4.
Sermaõ de N. Senhora do Valle em o Real
Gonvento de Santo Eloy pregado em %. de Setem- '
bro de 1681. Lisboa por António Crasbeeck
de Mello. 1682. 4.
Sermaõ de N. Senhora do Valle no Gonvento
de Santo Eloy em dia da Natividade da mefma
Senhora. Lisboa na Ofíicina Crasbeeckiana
1685. 4.
Sermaõ de N. Senhora do Deflerro pregado no
feu Gonvento de Lisboa no ultimo dia do Triduo, que
a Fidalguia Portuguef^a faf^ todos os annos, em louvor
da Senhora. Lisboa por António Crasbeeck
de Mello 1683. 4.
Sermaõ de S. Roque pregado na Gapella Real.
Lisboa pelo mefmo Impref. 1685. 4.
ANTÓNIO CARDOSO DO AMARAL
natural da Villa de Ruyvães do Bifpado de La-
mego, Presbytero igualmente pio, e douto Pro-
feílor dos Sagrados Cânones, e Reytor da Igreja
de S. Lourenço da Villa de Santarém, da qual
tomou poífe em o anno de 1598. e depois de a
adminiílrar com 2elo paftoral a renunciou em o
anno de 16 14. Para inílruir aos Juizes, Advoga-
dos, e Confeílores com as opinioens mais pro-
váveis de hum, e outro Direito, e da Theologia
Moral publicou digeíla por ordem alphabetica.
i4
L U SITANA.
23 I
Summa Jeu praxis judie um, et aàvocatorum
n Sacris Canonihus deduzia, et ipfismet confor-
mata. lIlyíTiponc apud Ant. Alvares 1610.
foi. Conimbricsc apud Jofcphum Ferreira.
1695. foi. e ultimamente addidonada por
l'r. Jo2é I^ytaò Telles í^nte de Vefpera
de Cânones na Univerfidade de Coimbra,
Cónego da Guarda, e Deputado do Santo
(^Ificio. Conimbrica: apud Viduam Antonij
iiimoens Univerf. Typog. 1729. foi. i. Tom.
e o 2. ibi apud Francifcum de Oliveira Uni-
verfit. Typog. 1752. foi.
Devocionario da Virgem Senhora Nojfa. Socorro
das almas do Purgatório Lisboa 1627. 24.
Dcllc efcreve Nicol. Ant. in bib. Hi/p.
Tom. I . pag. 8 j . Joan. Soar. de Brit. in Tòeat.
ÍJifit. Liter. lit. A. n. 57. IlluílriíTimo Cunha
in Prim. Part. Decret. e Marangoni in Tòet^aur.
Íarocb. Tom. 2. lib. 5. cap. i. n. 85. D. Fran-
fco Manoel na Carta dos Authores Portugue:(es
iie he a i. da 4. Centúria das íuas Cartas.
E
ANTÓNIO CARDOSO DE CAR-
lALHO. vejafe o P. ANTÓNIO DOS
YS.
ANTÓNIO CARNEIRO natural da
Villa da Fronteira da Provinda do Alen-
tejo. PaíTou a Flandes no anno de 1585.
onde foy Vedor dos Exerdtos delRey de
Caílella. Para naò paíTar odofo o tempo
que lhe fobejava defte miniílerio, o occu-
pava em fe informar dos fucceíTos mais no-
táveis, que acontecerão nas Campanhas,
em que batalharão os Hefpanhoes contra
os Olandezes, e Francezes defde o anno
de 1559. atè 1609. fendo de muitos teílemu-
nha ocular. Depois de ter junto com fum-
ma indagação as noticias mais verdadeiras
as reduzio a methodo hiílorico taõ claro,
como elegante, e o dedicou a D. Izabel
Clara Eugenia Princeza de Flandes com
eíle titulo.
Hijloria de las guerras de Flandes def-
de el ano 1559. hafia el de 1609. y las can-
jas dela rebelion de dichos EJlados. Bruxellas
por Juan Meerbeque. 1625. foi. Em premio
dos Serviços que tinha feito a ElRey Ca-
tholico o fez Cavalleiro da Ordem Militar
de Calatrava, de cuja Ordem foy Procura-
dor. Naò foy menos Uluftre hiAoríador»
que ameniíTimo Poeta, c como a tal o louva
o grande l^pe da Vega Carpio en el Laurel
de Apollo Sylva 6. dizendo neíla forma.
D. António Camtro
Es el fiffio primero.
Efi quien tamhien Apollo reverbera
Al prodtc^ir la infante Primavera;
Y como con fu aliento
Por fu valor, y el húmido elemento
Eft los campos vejiidos de colores
Las v^ejiros afpiran tiernas flores,
AJft de dulces verfos reveflido
Es de fus campos Zéfiro florido.
P. ANTÓNIO CARNEIRO chamado no
Século António Rodriguez Carneiro, filho
de Francifco Rodrigues, e Maria de Saõ-
-Tiago. Naceo em Lisboa, onde foy admit-
tido à Companhia de JESUS a 7. de Abril
de 1676. Mayor foy o progreflb que fez nas
virtudes, do que nas fdencias, eíhidando
com grande difvelo a perfeição Religiofa,
em que fahio confummado, por cuja caufa
além de occupar os lugares de Reytor do Col-
legio da Ilha de S. Miguel, e Prepofito das
Cafas profeíTas de Villaviçofa, e de S. Roque,
foy Meftre dos Noviços em Coimbra, e Lisboa
creando com a fua virtuofa, e prudente direc-
ção aquellas novas plantas para abundante-
mente frutificarem no Paraifo da Religião.
A brandura do génio correfpondeo à inno-
cencia da vida, que piamente terminou em
Lisboa na Cafa profeíTa de S. Roque no mez
de Abril de 1737. com 75. annos de idade.
Compoz.
Exercidos efpirituaes do grande Mejlre de Ef-
pirito, e maravilhofo Patriarcha Santo Ignacio
reduzidos a huma fó Somana, e accomodados ao
EJlado, e vida Keligiofa. Coimbra no Collegio
das Artes da Companhia de Jefus. 1710. 8.
Santuário mental, em que pelas fejlas, e Santos
de cada dia fe propõem medita^oens para todo o anno.
Lisboa na Oííicina Real Deflandefiana 17 14. 8.
Novena de Santo Ignacio Fundador da Com-
panhia de JESUS. Lisboa por António Pe-
drofo Galraõ. 171 9. 8.
Novena de Santo Stanislao Noviço da Compa-
nhia de Jejus Lisboa por Mathias Pereira da.
Sylva, e Joaõ Antunes Pedrozo 1720. 12.
lil
BIBLIO THE C A
Arte de orar abbreviada, e acomodada à inftru-
^aÕ com que fe criaõ os Noviços da Companhia de
JESUS. Lisboa pelos ditos ImpreíTores
1721. 12.
Novena do Natal, ou preparação devota para
Jeftejar ejpiritualmente o Nacimento do Menino
Deos. Lisboa na Officina da Muíica. 1726. 8.
Meditaçoens da Payxão de JESUS Chrijlo
Nojfo Redemptor. Lisboa por Miguel Rodri-
gues. 1729. 12.
Delle fazem breve memoria o P. Franc.
na Imag. da Virtud. do Noviciad. de "Lisboa pag.
•965. e o P. D. Manoel Caet. de Souf. in Exped.
Hifp. Apofiol. S. Jacob. Tom. 2. pag. 1303.
ANTÓNIO CARREIRA infigne profef-
Xor de Muíica, e Meílre da Real Capella dos
SereniíTimos Monarchas D. Sebaíliaõ, e D.
Henrique. Compoz varias obras como efcreve
Pedro Thaleíio na fua Arte de Canto Chaõ
cap. 36. foi. 63. mais agradáveis aos ouvidos
daquelle tempo, que do prefente, as quaes
•deixou para fe imprimirem a feu filho Fr.
António Carreira Eremita de Santo Agoílinho
femelhante ao Pay na deílreza, e fuavidade
da Muíica, porém como morreíTe no contagio
que no anno de 1599. devaltou grande parte
de Lisboa, com a fua falta também defapa-
receraõ fendo as principaes
Duas lamentaçoens da Semana Santa.
Motete Circumdederunt me 2. G. vozes outro
Illumina óculos meos a 6. as quaes fe confervaõ
na Bib. Real da Muíica. Eílante 36. n. 810.
cujo Index fahio impreílo Lisboa por Pedro
•Crasbeeck. 1649. 4.
ANTÓNIO CARREIRA Sobrinho
do precedente, e igualmente douto na Arte
da Muíica. Foy Meílre da Cathedral de
Compoílella, cujas obras como de grande
Compoíitor as mandou guardar na fua fa-
mofa Bibliotheca da Muíica o Sereniffimo
Rey D. Joaõ o IV. iníigne Mecenas deíla
fuaviíTima Arte, como fe pode ver na i . part.
do Catalogo deíla Bibliotheca aíTima allegado.
P. ANTÓNIO CARVALHO natu-
ral de Lisboa, e Filho de Diniz Jorge, e
Francifca Nunes. Foy ornado de hum en-
:genho capaz para todo o género de Littera-
tura da qual deo copiofos frutos na Compa-
nhia de JESUS, cujo Inílituto abraçou em
Coimbra a 28. de May o de 1558. Naõ fo-
mente admirarão nelle os feus domeílicos
a facilidade, e promptidaõ com que apren-
deo na idade juvenil as fciencias humanas,
mas quando na adulta profundamente pe-
netrou as divinas di£lando em Coimbra, e
Évora os preceitos da Eloquência refol-
vendo as mayores dificuldades da. Filofofia,
e Theologia, cuja faculdade leu por efpaço
de vinte annos na Univerfidade de Évora,
onde foy laureado Doutor. Naõ mereceo
menor applaufo no Púlpito por fer hum dos
celebres Pregadores do feu tempo chegan-
do em huma occaíiaõ a ter por feu ouvinte,
e admirador a Filippe II. Foy para Deos
fummamente pio, para com os domeítícos
aíFavel, para comíigo cruel, e fevero. Filan-
do próximo á morte a 2. de Mayo de 1601.
rendeo graças ao AltiíTimo por ter difpofto
que morreíTe no mefmo Collegio onde na-
cera para a Religião. Deixou promptos pa-
ra a ImpreíTaõ
Comentaria in Primam fecunda D. Thoma. foi.
Commentaria in fecundam fecunda D. Thoma
foi. os quaes chama praclaros o Author da
Bib. da Companhia p. 68. e fe confervaõ no
CoUegio de Coimbra, e no de Évora.
Traãatus de correãione fraterna.
Do qual fendo por juizo dos mayores
Letrados o mais excellente, que compuze-
ra, naõ teve noticia Nicol. Ant. in Bib.
Hifp. e Sotuello na Bib. Societ. dizendo do
Author politioribus litteris apprime excultus,
atque eloquentia arte ornatus. Joan. Soar. de
Brito in Theatr. Eufit. Eitter. lit. A. n. 58.
Ebora prima cathedra laudatijfimus moderator,
fed pietate, morumque finceritate longe eminen-
tior. Fone. Evor. gloriof. p. 425. Franc. in
Ann. glor. S. J. in Eufit. pag. 296, Vir fuit
litteris ornatijfimus, e no Synopf. Annal. S. J.
in Eufit. p. 177. Vir confummata litteratura,
nec minoris virtutis, e na Imag. do Nov. do Coll.
de Coimb. tom. 2. lib. 4. cap. 35. doutijfimo
em letras humanas, e divinas.
ANTÓNIO CARVALHO veja-fe o
P. Manoel Monteiro da Congregação do
Oratório.
i
L USITáN A.
233
ANTÓNIO CARVALHO DA COSTA
Prcsbytcro do Habito de S. Pedro, naceo
( rn Lisboa, e foy bautizado a 5. de Mayo
• Ic i6)o. na Real Igreja de N. Senhora da
Conceição dos Freyres da Ordem Militar
tlc Chrifto fendo filho de António Carvalho,
r Anna da Cofta. Ainda que a natureza lhe
<lcu corpo pequeno, e algum tSto disforme,
teve o efpirito grande, e capaz para compre-
hcnder as fciencias, às quaes fe applicou defde
.1 primeira idade atò a ultima com fummo
ílifvclo, e incanfavel eíludo fendo as fuás
tnayores delicias as difciplinas Mathcmaticas,
< in que fez agigantados progreíTos invcíli-
.incio com profunda cfpeculaçaõ os arcanos,
cjue cftavaõ occultos na Aftronomia, Geome-
tria, c Cofmografia, Hydografia, c mais cfpc-
lics cm que fc divide a grande fcicncia da
Mathematica. Querendo illuílrar o Rcyno de
;uc era filho fe arrojou a lançar os alicefles
_^ huma machina que era infoportavel a hom-
)s mais robuílos que os fcus, dcfcrevendo
)pograficamente as Cidades, Villas, e Luga-
ís de que elle fc compõem; os Varoens fa-
iofos, que produfio ; a fundação dos Conven-
)S mais antigos, e celebres, os Cathalogos dos
Jifpos que floreceraõ nas fuás Diocefes, àlem
tias antiguidades veneráveis, e prodígios da
natureza com que fe ennobrece. Para confe-
^^uir o fim de empreza taõ gloriofa gaftou o
j-)Ouco cabedal que a fortuna fempre infaufta
aos eruditos com parca mão lhe concedeo, dif-
correndo pela mayor parte do Reyno para occul-
tamente fe inílruir do que havia efcrever, até
que concluído o feu intento com mayor dif-
pendio que permitiaõ as fuás poíles, e mayor
trabalho que fofriaõ as fuás forças publicou
efta grande obra, a qual ainda que tenha al-
guns defeitos fempre he digno feu Author de
immortal memoria como o julgarão o P.
António Franc. na Pref. ao Leytor do Ann.
ojor. S. J. in 'L.ufit. in fita Corografia 'Lufitana
qm immortaliter meretur de nofira Natione. Soufa
no Appar. à Hift. Gen. da Cafa Real Fortug.
p. 175 . n. 224. Trabalhou com muito difvelo, e curio-
Jidade, de forte que pela fua applicaçaõ merece lou-
vor; Lenglet du Frefnoy Method. pour etudier
l'HiJl. Tom. 4. art. 159. pag. 357. Curieux, e
inftruãif. e o P. D. Manoel Caet. de Souf. in £x-
ped. Hifp. Apojl. S. Jacob. Maioris. Tom. 2.
pag. 1)05. Cheyo de annos, e falto de ca-
bedaes acabou a vida com grande piedade
na fua Pátria a 27. de Novembro de 171 5.
e eíli fepultado no Qauílro do Convento
do Carmo de Lisboa cujo enterro lhe fez a
Ordem Terceira como a IrmaÕ pobre; o
(]M naÕ admirará (diz o P. Fr. Manoel de Sá nas
Memor. Hiflor. da Ord. do Carm. da Prov. de
Portug. Part. i. liv. 2. cap. 16.) quem ler efta
noticia por fabido fado dos fugeitos grandes, e Por-
tuguer^es. Qjmpoz
Corografia Portuguet(a, e difcripçaõ Topogra-
phica do famofo Reyno de Portugal com as noticias
das fundaçoens das Cidades, Villas, e Lugftres,
que contem, Varoens illuflres. Genealogias das fa-
milias Nobres, fundaçoens de Conventos, Catha-
logos dos Bifpos, antiguidades, maravilhas da natu-
rev^a, edifícios, e outras curiofas obferva^Ões. Tom.
I. Lisboa por Valentim da Coíla Deslandes
ImpreíTor de S. Mageílade 1706. foi.
Tom. 2. Lisboa pelo dito Imp. 1708. foL
Tom. 3. Lisboa na Officina Real Deflan-
defiana. 171 2. foi.
Compendio Geográfico dividido em três Tra-
tados I . da progeçaõ das esferas em plano, conflru-
çaÕ dos mappas univerfaes, e particulares, e fabrica
das Cartas Hydogaphicas. 2. da Hydografia dos
mares. 3. da defcripçaõ geogafica das terras com
varias propofiçoens pertencentes a efla matéria.
Lisboa por Joaõ Galraõ 1686. 4.
Via Aflronomica i. P. dividida em dous tra-
tados. I. contem a fabrica do globo, e feus princi-
paes tfí^os. 2. a Trigonometria plana, e efpherica:
vários problemas da Aftronomia pertencentes à dou-
trina do primeiro movei, e á navegação. Lisboa
por Francifco Villela 1676. 4.
Via Aftronomica 1. P. diftribuida em 4.
tratados. 1. da Navegação, o 2. das Eftrel-
las. o i. dos Eclypfes da LMa. o 4. dos Eclyp-
fes do Sol. Lisboa por António Crasbeeck
de Mello 1677. 4.
Aftronomia Methodica comprehendida em três
tratados. O i. trata do Sol. O z. da Lua.
O ^. dos mais Planetas. Lisboa por Francifco
Villela. 1683. 4.
Compoz com outro nome
Prognofticos defde o anno 1684. até 1701. 8.
Tinha prompto para o Prelo
Tratado da redução Geométrica, e Esfera
com outros Tratados Mathematicos M. S.
234
BIBLIO THE CA
Corografia Injulana, ou noticia Topographica
de todas as Ilhas Jogeitas a Portugal. M. S.
ANTÓNIO CARVALHO DE PARADA
filho de António Carvalho, e de Margarida
de Parada naceo na Villa do Sardoal do Bif-
pado da Guarda em o anno de 1595. donde
paíTando à Univerfidade de Coimbra depois
de eftudar com grande applicaçaõ a Sagrada
Theologia, recebeo nella o gráo de Doutor
fendo igualmente douto em hum, e outro
Direito. Foy ornado de fingular prudência,
juizo agudo, vaíta erudição, e noticia de má-
ximas politicas, por cujos dotes era eftimado
das mayores PeíToas da Corte diílinguindo-fe
entre todas o lUulirinimo D. Miguel de Caílro
Arcebifpo de Lisboa de quem pela affiftencia
que fazia no feu Palácio mereceo particular af-
feâo. Como foíTe taõ douto, como prudente
o elegeo o Clero de Portugal por feu Pro-
curador na Corte de Madrid para tratar
na prefença delRey Catholico que naquelle
tempo era Senhor deíla Coroa, os mais im-
portantes negócios pertencentes ao Eílado
Ecclefiaílico donde foy fummamente efti-
mado. PoíTuyo lugares honoríficos, e Be-
neficios rendofos como foraõ fer Prothono-
tario Apoftolico, Arcipreíle da Cathedral
de Lisboa, Vifitador por algumas vezes da
fua Diocefe, Prior da Igreja de Bucellas, e
Guarda Mòr da Torre do Tombo. Como ze-
lofo Paítor morreo entre as fuás Ovelhas a 12.
de Dezembro de 1655. e foy fepultado na Ca-
pella Mòr de Bucellas dedicada a N. Senhora da
Purificação. He louvado por Joaõ Soar. de
Brito in Theatr. "Lufit. Liter. lit. A. n. 59. Ma-
rangoni The:(aur. Paroch. Tom. 2. lib. 3, n. 85.
pag. 197. Cardofo Agiol. h,ujtf. Tom. 2. pag. 334.
no Comment. de 27. de Março letr. F. e Nicol.
Ant. in Bib. Hifp. tom. i. pag. 85. Com-
poz.
Diálogos fobre a vida, e morte de Barthola-
meu da Cofia Thet^pureiro Mòr de L,isboa. Lis-
boa por Pedro Crasbeeck. 161 1. 4.
Jufiificaçaõ dos Portugue^ies fobre a acçaõ de
libertarem feu Kejno da obediência de Cafiella.
Lisboa por Paulo Crasbeeck. 1643. 4.
Arte de Rejnar. Bucellas por Paulo
Crasbeeck 1644. foi. Em premio deíla obra
foy eleyto Guarda Mòr da Torre do Tom-
bo, da qual diz D. Francifco Manoel na Car-
ta dos Authores Portuguezes efcrita a Ma-
noel da Fonceca Themudo, que com grande
ra:(aõ fe atreveo a ter os 'Keys por Difcipulos
na fua Arte de Rejnar, livro digno de toda a
efiimaçaõ.
Difcurfo politico fundado en la Doutrina de
Chrifio Nueftro Senor, y de la Sagrada Efcritura,
fi conviene ai govierno efpiritual de las almas, o ai
temporal de la Republica aprovarfe el modo de
predicar de reprehender a los Príncipes, y fus
Minifiros. Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1627.
8. Nicolào António notavelmente fe equivo-
cou fazendo Author deíle difcurfo o Padre
António de Carvalho da Companhia de JESUS,
de que affima fe fez mençaõ.
Difcurfo em que fe propunha à Magefiade
delRej D. Joaõ o IV. que o Officio de Provedor
que em muitas Comarcas do Reyno fe exercitava,
ou devia fer reformado, ou extinão. M. S. Con-
ferva-fe na Bibliotheca Real.
P. ANTÓNIO DE CASTELLO-
BRANCO filho de Alvereanes Barreto, e
D. Maria do Amaral naceo em Lisboa on-
de fendo de quinze annos abraçou o Inílitu-
to da Companhia em 12. de Março de 1571.
e defprezando a nobreza do feu nacimento^
e fomente afpirando à perfeição Religiofa
foy venerado por hum dos mais obfervan-
tes ProfeíTores do feu inftituto. A fuavida-
de do génio, e a innocencia da vida o faziaõ
univerfalmente amado. Foy Prepofito da
Cafa Profeíía de Villa- Viçofa, Reytor dos
Collegios de Braga, e Lisboa, Procurador
da Província ao Capitulo celebrado em Ro-
ma no anno de 1619. e em todos eíles minifte-
rios defcubrio grande prudência, e naò me-
nor affabilidade. Diétou Theologia Moral, e
Mathematica em cujas faculdades era mui-
to verfado. Sempre affirmou, que havia de
morrer repentinamente, para cujo golpe eftava
continuamente preparado, até que acome-
tido de hum accidente apopletico, o privou
da vida em 8. de Setembro de 1643. ^"^ P^°'
vefta idade de 87. annos. No CoUegio de
Évora fe confervaõ efcritos por fua maò.
Traãatus de privilegijs, quce tempore inter-
diãi valida funt. foi.
De Cofmothecia lib. 2. foi.
LUSITANA.
235
De Aftrononiia lib. j. foi. Dcllc faz
memoria Franco na Imag. do Nov. dê Lis-
boa liv. 2. cap. 14. c no Synopf. Annal. S. J.
in UtfiL pag. 286. §. II.
ANTÓNIO DE CASTILHO natu-
ral da Villa de Thomar, e filho de Joaõ de
(laílilho Cavalleiro da Ordem Militar de
Chriílo, e hum dos mais famofos Arquite-
. tos da fua idade, de que feraõ ainda que mu-
los, eternos pregoeiros os mármores dos cele-
bres Templos de Thomar, e Belém, que defe-
nhou, cabeça hum dos Rcligiofos da Ordem
Militar de Chriílo, e outro dos de S. Jeronymo
nos fuburbios de Lisboa, como taõbê a fortif-
lima Praça de Mafagaõ, e de fua mulher Felicia
(la Ncyva. Do fublimc engenho do Pay naõ dc-
_v^encrou o filho pois recebendo bcncficamcntc
natureza comprchcnfaõ prompta, juifo agu-
, e feliz memoria fe applicou a cultivar as flo-
da Oratória, c da Poética, e a fondar as mais
onditas dificuldades da Jurifprudencia em
i Univerfidade de Coimbra com tanta gloria do
leu nome como admiração de todos os Acadé-
micos fendo por efta caufa dos primeiros CoUe-
i;iaes do Collegio Real de S. Paulo onde foy
admitido em 2. de Mayo de 1563. como efcre-
veraõ Cabedo de Patron. cap. 48. e D. Nicol. de
Santa Maria na Chron. dos Coneg. Kegrant. de S.
A^gofi. liv. 10. cap. 15. n. 8. Depois de ter iluf-
trado a Univerfidade com o feu magiílerio
paíTou a ennobrecer a Cafa da Suplicação a 21.
de Novembro de 1566. fendo fempre a Juftiça
o Norte por onde regulava as fuás doutas deli-
beraçoens de que procedia o univerfal refpeito
com que era venerada a fua incomparável in-
teireza. Por eíles grandes dotes foy Cavalleiro
da Ordem de Aviz, Alcayde mór, e Commen-
dador de Mora, Embaixador à Corte de Ingla-
terra cujo miniílerio exercitou com tanta pru-
dência, que voltando para o Reino iníhrui-
do nas linguas mais polidas da Europa fen-
do por teftemunho do celebre antiquário Ma-
noel Severim de Faria no Prologo às No-
ticias de Portugal o mais puro, e ele-
gante na Portugueza que elle conhecera,
foy nomeado Guarda mór da Torre do
Tombo, e Chroniíla mór do Reyno em cu-
jo lugar fubílituhio a Damiaõ de Góes para
efcrever a Hiíloria Geral do Reyno no ef-
tllo de Tácito, de que eta obrervarniíTuno
imitador, cuja obra dezejava já ler feu gran-
de amigo o infignc Poeta o Doutor Antó-
nio i^erreira efcrevendoihe no fegundo li-
vro das Tuas Cartas a fexu neíla forma:
Quando fera, que eu veja a clara hifloria
Do nome Por/ugue^ de // entoada
Qm vença da alta Roma a fftam memoria'^
Além das virtudes de que era ornado
foy taõ amante da gloria alcançada pelo
merecimento, como inimigo acérrimo do
ócio. Teve grande comunicação com os
varoens mais eruditos da fua idade de que
he prova evidente o aífeâo com que lhe
efcrevia Diogo Mendes de Vafconcellos in
Poemat. de Juo ex Ebora difcejfw.
O' mihi The/ao junãijftma peãora nodo
Peãora Cecropia Jludiis addiãa Minerva
Optime Caftilli.
E Diogo Bernardes na Carta 14. do feu
'Lima, em que lhe refponde.
]á com muita rai(aÔ Cajlilho pede
Que quebre ^e filencio, hum amor puro
O qual efta licença me concede.
Foy cafado com D. Luiza Coutinha fi-
lha de D. António Coutinho, e D. Ignacia
de Lima, de quem teve numerofa defccn-
dencia, que hoje ainda permanece alliada com
as primeiras Cafas defte Reyno. Efcreveo.
Commentario do Cerco de Goa, e Chaul no
anno de 1570. Lisboa por António Gonçal-
ves 1573. 8. et ibi. na Officina Joaquiniana
da Mufica. 1736. 4. de cuja obra como do
Author fe lembraõ António de Leaõ na
Piib. Orient. Titul. 3. e meu Irmaò D. Jozé
Barbofa no Archiath. Ljifit. pag. 1 5 . com eflas
métricas vozes.
Proferet tila vetus Caftilho Nabantia, Goa
Aggere, qui cinãas arces fimul atque Ciauli
Conjcribet, parto/que immani ex hofte triumphos.
Archivo prafeãus erit quod publica Jervat
Scripta, Britannorum accedet Legatus ad Aulam.
'Elogio delKey D. Joaõ de Portugal, Ter-
ceiro do nome. Lisboa na Officina Crasbee-
ckiana 1655. foi. Sahio com as Noticias de
Portug. compoílas por Manoel Severim de
Faria defde pag. 291. até 305.
Chronica delRey D. Joaõ o III. cujo
principio era: Prometeo António Pinheiro
Bi/po de Leyria efcrever as coufas, que fu-
236
BIBLIO THECA
cederão em "Portugal na pa:^ e na guerra no tem-
po delKej D. Joaõ o III. que depois lhe fit^^eraÕ
outros cuidados mudar o Concelho. Introduz
o Author eíla Chronica pela fundação, e
nome de Portugal, e feus primeiros Reys
até fummariamente chegar ao Reynado del-
Rey D. Joaõ o III. O Licenciado Francifco
Galvaõ na fua Bib. L.ujit. M. S. aifirma, como
eu nella li, que tinha viílo quinze folhas deíla
Chronica, que chegava ao tempo das contro-
veríias que tiveraõ na índia Pedro Mafca-
renhas, e Lopo Vaz de Sampayo.
Tratado do perfeito Secretario. O qual
confervava em feu poder Diogo de Caftilho
filho do Author como efcreveo Francifco
Galvaõ na obra allegada.
Fr. ANTÓNIO DE CEA. Naceo na
Villa de Mogadouro na Província de Trás
dos montes de Pays nobres. Recebeo o
habito Monachal de S. Bento no celebre
Convento de Monferrate íituado no Prin-
cipado de Catalunha, onde teve por Meílre
em o Noviciado ao virtuofo, e exemplar
Varaõ Fr. Garcia de Cifneros, e de tal forte
o imitou, que le miravan (faõ palavras de Fr.
Gregório Argaiz en la Perla de Cataluna cap.
II 6.) como retrato fuyo, j treslado de Jus virtudes
no teniendole por muerto, fi nó por vivo, pues le
avia facado muj femejante en las facciones dei
alma. Depois de ter governado com grande
obfervancia, e prudência o famofo Convento
de Santa Maria de Sopetran, foy eleito Abba-
de de S. Bento o Real de Valhadolid, e Ge-
ral de toda a Congregação de Efpanha no
anno de 1574. cujo minifterio acabou em
1577. com igual fama do feu nome, como
eterna faudade dos feus fubditos. Efcreveo.
Chronica do Convento de Monferrate em
que tratava da fua fundação, progrejfo, e Varoens
illuflres, que nelle floreceraõ.
Do Author fazem honorifica mençaõ
Fr. António Yepes Chron. da Ord. de S. Be-
to Tom. 4. Cent. 5. cap. 4. foi. 246. v.o cha-
mando-lhe hombre muy doão,j muy buen Predi-
cador, e Fr. Francifco de Berganza Antiguid.
de Efpan. Tom. 2. liv. 8. cap. 9. n. 75. e Soufa.
Flor. de Efpana liv. 23. Excel. 3.
ANTÓNIO CERQUEIRA PINTO
Cidadão do Porto naceo a 13. de Junho de
1679, e foy bautizado na Freguezia de S.
Miguel de Borba de Godim do Confelho de
Bailo que eílá próxima à Villa de Amarante
na: Província de Entre Douro, e Minho.
Teve por Pays ao Capitão António Cerqueira
Pinto, e Angela de Saõ Boaventura. De
poucos annos paíTou para a Cidade do Porto,
onde foy cuidadofamente educado, e depois
de ter aprendido a lingua Latina, letras hu-
manas, e Poefia em que fahio muito perito
eftudou Filofofia quatro annos, e dous Theo-
logia com grande fruto da fua applicaçaõ.
Inílruido com eílas faculdades infpirado pelo
génio começou a examinar as antiguidades
hiíloricas do noíTo Reyno em que fez infignes
progreíTos a fua laboriofa indagação, já con-
ferindo a Chronologia antigua com a moder-
na; já interpretando fubtilmente as autho-
ridades dos Efcritores, que confufamente
fallaraõ da Lufitania; já animando com efpi-
ritos novos a muitos monumentos que jaziaõ
cadáveres nas urnas dos Archivos; já def-
cubrindo com generofa liberalidade os pre-
ciofos thezouros da Antiguidade occultos
mais por inércia, que avareza aos olhos do
mundo litterario, obfervando fempre por
Norte a verdade fem preoccupaçaõ de algum
afedto que fizeífe menos folidas as fuás opi-
nioens. Por taõ incanfavel e profundo eftudo
mereceo fer confultado como Oráculo por
muitos Académicos da Academia Real, fobre
a intelligencia de vários pontos controverfos,
em a noíTa Hifioria, recebendo da fua refolu-
çaõ luzes com que difiiparaõ as fombras em
que confufamente fluduavaõ. Em remunera-
ção do difvelo com que tinha fervido a Aca-
demia Real foy eleito feu Collega fupranume-
rario, cujo talento, e affavel génio por compe-
tir com a fua grande modeftia nos embarga
a que mais difufamente fe defcreva a fublime
fciencia que profeíla da Hiftoria Ecclefiaílica,
e Secular, quando com mais elegante eftilo a
tem publicado o P. D. Manoel Caetano de
Soufa no Catalog. Hiílor. dos Bifpos Portug.
pag. 193. dizendo fer eruditijftmo invejligador
das Antiguidades do Porto, e verfadijfimo ent
todas as letras ajfim Divinas, como humanas^
e mais largamente in Expedit. Hifpan. S.
Jacob. Apoftol. Tom. 2. pag. 1 5 5 3 . /^^ //«»-
quam fatis laudari potejl vir, qtú etiam ^avif-
L USITANA.
ih'j
fiwis occupationihiis dijlriílijfimiis non ceffat la-
lorare pro fíjoria \jifitama illuftrando f acras,
f pro/)hiifi(JS httjus Keji/ii Ati/iquiía/es, de quibus
■i)t Jcripfit Differtationes, ut jujUmi volumen
pojfiní complere. In tis oflendit vtiflijftff/am eru-
dit tonem, et acerrimum jiidicittm, fedtilamqtie Cri-
ticen: praíereo vir um effe Philofophicis, Tbto-
/oiiids, Jttridicifqtie Jlttdiis ittftrutliim, et Poefeos
tam latina, qttám vulgaris elegantta praftantif-
jtnitim {et qttod capitt efi, vir ejl hiimanijfimus, ita
: videatur natus ad de omnibtts bene merendtim.
( ompoz.
/ Ujloria da prodigioja Imagem de Chriflo
rttcificado, que com o titulo do Rom JESUS
iic Bouças fe venera no lugar de Mato:(inhos na
J njitattia em que fe referem notáveis Antigui-
' tdes dejle Keyno. Lisboa por António Izidoro
.1.1 1 onfcca 1757. 4.
Dous Sonetos ao Bailio de l^JJa D. Fr. Fe-
lippe de Távora, e Noronha. Lisboa por
Parchoal da Sylva Imprcflbr de fua Magcf-
tade 1716. 4. fahiraõ no Paneg. Funeral.
r outras Poeíias, em obfequio do mefmo
>.illio.
Relação dos Feflivos applaufos com qtte na
'idade do Porto fe congratttláraõ os felices Def-
pn:;^orios dos Serenijftmos Senhores D. Jo^é Prin-
:pe do Brafil, e a Senhora D. Maria Anna Vi-
,'oria Infanta de Caflella, e dos Serenifftmos Se-
nhores D. Ferftando Príncipe das Aflurias, e a
Senhora D. Maria Barbara Infanta de Portugal.
I-isboa na Officina da Muíica 1728. 4. Sahio
lem o feu nome.
Cathalogo dos Bifpos do Porto compoflo
pelo Illujlrifftmo D. Rodrigo da Cunha addi-
cionado nefia fegunda impreffaõ com varias
memorias Ecclefiaflicas defla Diocefe no dif-
airfo de on^e feculos por António Cerqueira
Pinto Cidadão do Porto, e Académico fupra-
niimerario da Academia Real da Hifloria Por-
iitg. Porto 1739. fo^-
DefcripçaÕ da felir^ entrada que na Ci-
dade do Porto fe!i o Illuflrifftmo, e Reveren-
dijftmo Senhor D. Thoma^ de Almeyda Bif-
po Governador da mefma Cidade em 5. de
Xovembro de 1709. Af. S. coníla de 66.
Outavas, de cuja obra, e feu Author fe
lembra com merecido louvor meu Irmaò
D. Jozé Barbofa nas Mem. Hifl. do Coleg.
Real de S. Paul. pag. 373. dizendo. Pejfoa
ii:
dsffut de toda a eflimafaõ pelos feus eftudos, t p*las
profundas, e vaflijfimas noticias das Antiffd-
dades defle Rijno, em que he fummamente vtr-
fado com douta, t txaúijftma Critica.
AffeÚuofo Elogio dedicado ao Illuflrijfimo,
e Reverendijftmo Senhor D. Thoma^ de Almeyda
hifpo Covtmador do Porto. G^níbi de 66.
Outavas Acroílicas pelas letras feguíntes
AMABILISSIMO SENHOR DOM THO-
MAZ DE ALMEYDA BISPO GOVER-
NADOR DA QDADE DO PORTO.
Com hum Romance em que ít parafrazea o
Te Deum Laudamus, que conílava de 36. Co-
plas. Aí. S.
Poema em obfequio do Illuflrifftmo, e Re-
verendijftmo Senhor. D. Thomai^^ de Almeyda
qtmndo foy ajfumpto ao eminente lugar de Pa-
triarcha. M. S.
DiJJertaçois Hifloricas, que excedem o nu-
mero de 120. fobre vários pontos da noíla
Hiftoria em que foy confultado.
Fr. ANTÓNIO DAS CHAGAS Na-
ceo na Cidade de Leyria, onde teve por
Pays a Manoel de Crafto Familiar do San-
to Ofíicio, e a Antónia Antunes. Aos defe-
fete annos da fua idade fe aliílou no anno
de 161 5. na Sagrada milicia da Religião Se-
ráfica da Província de Portugal, à qual fer-
vio de gloriofo ornato ou foíTe na Cadeira, ou
no Púlpito. Eníinou aos feus domeílicos Fi-
lofofia, e Theologia com tanta fubtileza que
nelle fe vio reproduzido o efpirito de feu
Meílre de tal forte que era chamado por
antonomafia o Efcoto como affirmaõ Antó-
nio de Soufa de Macedo no feu livro Eva,
e Ave Part. 2. cap. 15. n. 27. e Fr. Fer-
nando da Soled. Hifl. Seraf. da Prov. de Por-
tug. Part. 3. liv. I. cap. 21. n. 135. dizendo
o qual fera padraõ eterno da fua fama e na Part. 5.
liv. 4. cap. I. n. 890. merecedor do titulo que tinha
de Efcoto por fuás letras, e naõ menos da Fama que
logrou nefle Reyno de Pregador infigne. Naõ teve
menor efpeculaçaõ para os Myílerios mais pro-
fundos da Sagrada Efcritura explicando-os com
tal novidade e agudeza que arrebatava aos ou-
vintes das fuás declamaçoens Evangélicas.
Sendo já Meílre jubilado governou vários Con-
ventos, donde fubio a fer Provincial a 27.
de Outubro de 1641. Examinador das três
238
BIB LIOTH E CA
Ordens Militares, e Qualificador do Santo
Ofíicio. No Convento onde principiou a vi-
da Religiofa terminou a natural em 24, de
Dezembro de 1655. Compoz.
Sermàô nas Jokmnes fejias, e procijjaõ de gra-
ças, que fea^ a Cidade de Coimbra pelo Naci mento
do Auguftijfimo Príncipe Nojfo Senhor na Santa
Se de Coimbra <). feira z-j. de Dei^embro de 1629.
Coimbra por Diogo Gomez Loureiro 1630. 4.
Sermão da Dominga da Septuagejfima 27. de
Janeiro de 1641. primeiro dia deputado para as
Cortes dejle Rejno as primeiras, que fe celebrarão
depois da Jua feli^ rejlauraçaõ na Capella Keal.
Lisboa por Jorge Rodriguez 1641. 4.
Sermão no Aâo da Fé celebrado em Lisboa
a II. de Outubro de 1654. Lisboa na Ofíicina
Crasbeeckiana 1654. 4.
De/graças de Saul, e Venturas de David. Efta
obra com todas as licenças eílava prompta
para a impreflaõ, e fe conferva na Livraria
do Convento de Lisboa.
In Jus Canonicum 2. Tom. Os quaes (como
efcreve Fr. Fernando da Soled. no lugar aíTima
allegado) ejiaõ hoje taõ e/condidos que delles naõ
temos mais que a lembrança. Delle a fazem Fr.
Joan. à D. Anton. in Bib. Francifc. Tom. i.
pag. 123. e o referido Fr. Fernando da Soled.
Hijior. Seraf. Part. 5. liv. 4. cap. i. n. 890.
V. Fr. ANTÓNIO DAS CHAGAS
chamado no Século António da Fonfeca
Soares naceo na Villa da Vidigueira da Pro-
víncia Tranftagana a 25. de Junho de 163 1.
fendo filho do Doutor António Soares de
Figueiroa da principal nobreza daquella
Villa, o qual fervio com grande definteref-
fe varias Judicaturas, e de D. Helena de
Zuniga natural do Reyno de Hibernia que
fugindo à perfeguiçaõ dos hereges bufcou
por afilo a eíle Reyno. Aprendeo os pri-
meiros rudimentos na Cafa paterna donde
paliando a Évora fe inílruhio na lingua La-
tina, e Filofofia, em que faria mayores pro-
greíTos o feu vivo engenho, fe o génio que
tinha para as Armas fora para as letras.
Morto feu Pay em cujo obfequio feguira os
eíhidos, preferio a palefi:ra de Marte à de
Minerva naõ fomente porque o efiimulava
a efte género de vida a fua natural inclina-
ção, mas o amor da pátria que eftava in-
vadida pelas Armas de Caftella, aíTentando
praça de Soldado em Moura. Admitido a
efta efcola começou a proceder taõ licenciofa-
mente, que parece profeíTara a vida militar
para fazer guerra ao Ceo, e naõ aos inimigos
da Pátria, fervindolhe de auxiliares para em-
preza taõ facrilega a verdura dos annos colli-
gada com a viveza da difcriçaõ, e elegância da
Poefia com que atrahia os coraçoens, e domi-
nava as vontades para tudo quanto lhe propu-
nha a defordem dos feus appetites. Para evitar
o caftigo de hum homicídio que fizera, partio
para a Bahia, onde com a mudança do clima
naõ mudou da vida licenciofa que exercitava,
até que cafualmente abrindo hum livro das
obras do grande Varaõ Fr. Luiz de Granada
fe deixou de tal forte penetrar daquelles mudos
caracteres, que conhecendo o miferavel abifmo
em que efliava fumergido, começou a liquidar
o coração pelos olhos prometendo com voto
a Deos de logo fe recolher na Religião Seráfica,
onde amargamente choraíTe os criminofos in-
fultos com que tantas vezes tinha provocado
a divina indignação. Para dar cumprimento
a efte voto, voltou a Portugal, e como fe as
aguas do Occeano foflem as do Lethes fe
efqueceo totalmente do que a Deos votara, e
continuou com mayor defenvoltura, e efcan-
dalo a profeguir o caminho da perdição; po-
rém Deos que queria attrahir efta ovelha errada
para condutora de tantas almas, o defpertou
do lethargo, em que jazia pelo eftrondo de hum
bacamarte, com que levemente o ferirão em
Setúbal, e pelas afflicçoes de huma infirmidade
que moleftando o corpo foy faudavel medicina
para a alma. Naõ podendo refiftir à efficacia
deftas exhortaçoens bufcou com refoluto
animo a Fr. Francifco de S. Paulo Provincial
da Religião Seráfica da Província dos Algar-
ves, e lhe pedio com mais lagrimas, que vozes
quizeíTe trocar a patente de Capitão que ti-
nha, por outra, com que pudeíTe conquiftar
a Bemaventurança. A's inftiancias de fupK-
ca taõ jiiftificada difirio o Provincial, man-
dando, que recebeíTe o habito no Conven-
to de Évora, onde foy admitido em 18. de
Mayo de 1662. Tanto que defpio o homem
velho, e veftio o novo, foy tal a mudança,
que em fi mefmo experimentou que fumma-
mente a eftranhava, como elegantemente o
J
LUSITANA.
2.39
tonificou a hum feu amigo neílas vozes mé-
tricas.
I '/Vo /aÒ outro do que hey fido
Que ou o que Jou tuil ve:^es def conheço,
i )u quufi Jempre do que fuy dwido.
I 11 a profiíTau fulcmnc na Gafa dos oííos
Ic Ivui.i a 19. de Mayo de 1663. eíludou neftc
< onvcnto Filorofía, e no de Coimbra Theologia,
cuja faculdade fe applicou com mayor diívelo
por for o feu obje£lo Deos, a quem unicamente
(iirigia todas as fuás acçoens. Na Pofitiva fez
randcs progreíTos por lhe haver de fervir para
^ fuás evangélicas declamaçoens caufando
aaò pequena admiração aos mayores profef-
I fores deha Sagrada fciencia a profunda intelli-
cncia com que penetrava os myílerios mais
occultos da palavra de Dcos efcrita, c a felici-
dade com que applicava o fcntido Litteral, Al-
legorico. Moral, e Anagogico à matéria dos
Icus difcurfos. Naõ havia virtude heróica, em
Ke fe naõ exercitaíTe o feu fervorozo efpirito ;
icerava o corpo com afperas difciplinas, hor-
eis cilicios, e rígidas abftinencias. Fortale-
lo com eftas armas fahio a campo efte apoílo-
lico Soldado para derrubar as maquinas com
que o demónio tinha avaíTalado ao feu im-
pério muitas almas. Por todo o Reyno, e
grande parte de Caílella o levou o ardente zelo
da Salvação do próximo difcorrendo a pé fem
algum género de viatico tanto numero de le-
goas fendo o feu mais appetecido alimento
introduzir nos coraçoens humanos com a effi-
cacia dos feus brados a brevidade da vida, a
incerteza da morte, o rigor do Juizo, os tor-
mentos do Inferno, e as delicias da Gloria.
Como as fuás vozes eraõ trovoens, e as pala-
^'ras rayos, naõ havia coração obíUnado, que
ie naõ rendeííe à forte vehemencia do feu apof-
tolico efpirito de que fe feguio a innumeravel
multidão de homens, e mulheres que refo-
lutamente deteftaraõ os vicios, e abraça-
rão as virtudes convertendo Cidades intei-
ras de Babilónias efcandalofas em Ninives
arrependidas. Ainda fe elevou a gráo mais
alto o feu evangélico ardor inftituindo em
Varatojo pouco diílante da Villa de Tor-
res Vedras hum Seminário, de que tomou
poíTe em 6. de Mayo de 1680. para nelle
aíTiílirem MiíTionarios que foíTem herdeiros
do feu efpirito na converfaõ das almas a o
caminho da eternidade. Entre todas as virtu-
des em que floreceo a que mais vigilantemente
cultivava, era a da humildade, defprezaodo
todos 09 applaufos que lhe refultavaò das Tuas
Mí/Toens atribuindo tudo a Deos como Author
de taõ admiráveis tranfíormaçoens. Efte co-
nhecimento da fua vileza o animou para reío-
lutamente regeitar a Mitra de Lamego offere-
cida no anno de 1679. P^^ Príncipe Regente
D. Pedro, que com grande refpeito o venerava.
Ainda que veyo mais tarde que outros para a
cultura da feara evangélica como fe lhes adian-
tou no trabalho, era jufto que também rece-
beíTe com mayor anticipaçaõ o premio que foy
lograr na eternidade a 20. de Outubro de 1682.
em que piamente efpirou quãdo contava cin-
coenta e hum anno e três mezes, e vinte
dias de idade, dos quaes viveo na Religião
vinte annos, cinco mezes, e dous dias. Divul-
gada a fua morte concorreo todo o povo de
Torres Vedras, Trocifal, e outras terras vizi-
nhas a venerar o feu cadáver parecendo pelo
femblante que a alma de que fora hofpi-
cio eftava logrando a vifaõ beatifica, e pa-
ra teílemunho da fua veneração o defpojáraõ
dos Cabellos, Unhas, e grande parte do ha-
bito, cujos fragmentos obrarão efeitos fu-
periores às forças da natureza, e fomente
emanados da efficacia da graça dos quaes fe
fez com authoridade do Ordinário proceíTo
authentico com a relação individual das fuás
virtudes, e profecias à inftancia do mefmo
Príncipe que o venerou igualmente na vida
que na morte. Depois de lhe cantarem hum
Ofíicio folemne os Religiofos Agoftinhos, e
Arrabidos com a affiftencía das Peffoas mais
nobres dos Contornos do Convento de Vara-
tojo, foy fepultado na Cafa do Capitulo. A fua
vida efcreveo diíFufamente o Padre Manoel
Godinho, que fe imprimdo a i. vez no anno
de 1687. e a 2. no anno de 1728. in 4. e mais
compendiofamente Fr. Femand. da Soled.
Hift. Seraf. da Prov. de Port. Part. 3. liv. 3.
cap. 17. até 20. Cofta Corog. Portug. Tom. 3.
lív. 2. Trat. I. cap. i. pag. 21. Fonfeca Bj^ora
Glorio/, pag. 349. Fr. Appolin. da Cone.
na Prim. Seraf. na Americ. cap. 17. linm
dos mayores Soldados da Seráfica milicia dos
Menores, e novo Conquifiador do Ceo. Fr.
Martinho do Amor de Deos Cbronic. da
240
BIBLIO THECA
Protf. de Sant. Anton. Tom. i. liv. i. cap.
i8. §. 138. Fr. Joan. a D. Ant. in Bih. Yranc.
Tom. I. pag. 122. e o Padre António dos
Reys in Enthiijiafm. Voet. n. 79.
íií Pedihus lafciva poemata calcans,
£/ pleãro tneliore Jonans Vidigueyrius Heros:
Cingula contorto Jupplentur fme, cucullus
Pro galeâ capiti eji: non dulcia carmina fundi t
I^ingua, Jed in trifies gemitus rejoluta, dolore
Nec contenta Juo planãti facit undique valles
Injonuijje cavas: plangor repetitus in antris
Ima tenebroji penetrat palatia Ditis,
Et Phlegetontaos animarum in fada futuros
Carnifices horrore replet; Kegemque ne fandum
Compulit in rabiem, fletumque ut você caren-
tem
Illáfe vidit, qucB tot fuit ante lucratus
Infua regna vir os.
Por diligencia de alguns amigos do V.
Padre fahiraõ à luz as obras feguintes.
Obras efpirituaes i. Parte Lisboa por Mi-
guel Deflandes. 1684. 8.
2. Parte. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1687. 8. e Lisboa pelo mefmo imprelTor
1701. 4. et ibi por Fillippe de Soufa Villela
1715. 8.
Faifcas do amor divino, e lagrimas da
alma. Lisboa por Domingos Carneiro.
1683. 8.
O Padre noffo commentado. Lisboa pe-
lo dito ImpreíTor 1688. 4.
Efpelho do efpirito em que deve verfe, e com-
porfe a alma, que quer chegar à uniaõ de Deos.
Lisboa pelo dito Impref. 1683. 8.
Efcola da penitencia, e flagello dos Peccado-
res. Lisboa por Miguel Deflandes 1687. 4.
Saõ Sermoens.
Sermoens genvinos, e praticas efpirituaes.
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1690. 4.
Cartas efpirituaes i. Part. com notas de
D. Joaõ da Sylva. Lisboa pelo dito Impref-
for 1684. 4.
Cartas efpirituaes 2. Parte. Lisboa pelo
mefmo ImpreíTor 1687. 4.
Somana Santa efpiritual, ou meditaçoens pias
para qualquer dia delia. Lisboa
Kamilhete efpiritual compoflo com as flores
doutrinaes em do^e Sermoens. Lisboa por Jozé
Manefcal. 1722. 4.
Outras muitas obras afceticas do V. P.
dedicadas à Raynha D. Luiza Francifca de
Gufmaõ fe confervaõ M. S. na Livraria do
Convento do Monte Olivete de Eremitas
Agoílinhos Defcalços íituado nos arrabal-
des de Lisboa entre as quaes eílá defcripto em
verfo heróico o Martyrio de Santa Iria.
No eftado de Secular exercitou com tanta
fuavidade, e elegância a Poefia heróica, e
Lyrica que foy venerado por famofo profef-
for deíla Arte compondo huma copiofa mul-
tidão de verfos a diverfos aíTumptos dos quaes
fahiraõ impreíTos muitos no Tom. 5. da Veni:^^
renacida. Lisboa por António Pedrofo Gal-
raõ 1728. in 8. defde pag. 72. até 136.
DefcripçaÕ da vitoria, que alcançarão em 14.
de Janeiro de 1659. os Portuguet^es na Campanha
de Elvas das Armas Cafielhanas M. S. Coníla
de 49. Outavas.
Eilis, e Demofonte Poema heróico, que
confta de 12. cantos, e grande numero de
Romances profanos que por ferem eftas obras
oíTeníivas dos ouvidos caílos prometia o V.
Padre a quem lhas deíTe para as reduzir a cinzas
jejuar, ou difciplinarfe hum anno por fua
tençaõ.
Quatro elegias em Tercetos Portugueses a diver-
fos ajfumptos com huma devoção para fe re^ar todos
os dias. Sahiraõ impreíTos no íím da vida do
V. Padre reimpreíTa, Lisboa por Miguel
Rodriguez. 1728. 4.
Fr. ANTÓNIO DAS CHAGAS ReUgiofo
profeíTo da Ordem dos Menores da Provincia
da Immaculada Conceição do Rio de Janeiro, e
Procurador Geral da mefma Provincia, Pu-
blicou.
Efiatutos Municipaes da Provinda da Imma-
culada Conceição do Brafil. Lisboa por Jozé
Lopes Ferreira 171 7. foi.
ANTÓNIO DE CHRISTO natural de Lis-
boa, e íilho de Manoel Nunes, e Luiza Ferreira.
Recebeo o habito Canónico Secular da Congre-
gação do Evangelifta em o Convento de Villar
de Frades a 18. de Junho de 1695. Foy muito
obfervante do feu Initituto, e naõ menos ver-
fado na Hiíloria Romana, que no eíhido dos
Cômputos EcclefiaíHcos deixando por teíle-
munhas da fua applicaçaõ.
Vidas dos Confules Romanos 4. M. S.
L USITANA.
241
OrJo perpetinis ad conficienda KaUnduria.
foi. Aí. S.
Ambos eíles livros fe coníervaô na Livraria
do G)nvento de S. Bento de Enxobregas, onde
acabou a vida em 2). de Setembro de 173).
Fr. ANTÓNIO DE SANTA CLARA.
Naceo em Lisboa a 12. de Agofto de 1676.
e foy filho de Luiz de Góes, e de Joanna Ta-
vares. Tendo já aprendido a lingua Latina,
e Humanidades recebeo o habito de Agoílinho
Dcfcalço cm o Convento de Monte Olivctc
lituado cm o fuburbio de Lisboa a 14. de Abril
Ic 1692. e profeíTou a 16. do dito mcz do anno
ii iMiintc. Foy Lente de Artes, e de Thcolo-
•i.i cm cuja faculdade jubilou. Como era or-
:ukIo de prudente aHabilidade exercitou os
lu;', ires de Prior dos Conventos de Santarém,
c Monte Olivctc, c ultimamente o de Vi-
i^ario Geral por cfpaço de quatro annos.
Algumas dependências particulares o le-
varão a Roma onde pelo feu talento con-
ciliou os afFedos dos Summos Pontífi-
ces Clemente XI. e Innoccncio XIII. in-
tentando premiar os feus merecimentos
com hum Bifpado, porem as controver-
iias excitadas entre a Cúria, e eíla Coroa
impedirão, que lograíTe taõ grande Digni-
dade, e fendo obrigado a auzentar-fe de Roma
attendendo mais ao preceito do feu Soberano,
que à exaltação da fua Peflba paííou a Gé-
nova, donde partio para Hefpanha, e aíTif-
tindo no Convento de Noíía Senhora do
Populo de Agoftinhos Calçados da Cidade
de Sevilha enfermou de huma incurável hy-
dropezia que o privou da vida em o anno
de 1730. Naõ fomente era douto na Theo-
logia Efcolaftica, mas em a Hifloria Eccle-
íiaílica, e Direito Pontifício, como moílrou
na obra feguinte
Keflexoens fobre o Juramento, que Jokm-
nemente fe fev^ no Keal Convento de S. Cru^
de Coimbra dos Cónegos Kegulares de Santo
Agojlinho em 8. de Abril de 1720. prometendo
defender a Bulia Unigenitus expedida pela
Santidade de Clemente XI. em Portugue^, e Ita-
liano. Roma por António RoíTi. 1721. 4.
Traduzio de Italiano em Portuguez.
Sermoens do Santijftmo Padre Bene-
djão XIII. oferecidos à Magejiade Augura
delRey D. JoaÕ o V. N. S. foi. cuja obra remeteo
ao Padre Mcftre Fr. Eíbdo da Trindade Secre-
uri<i Cicral dos AgoíUnhos Deícalçot neíle
Reyno.
ANTÓNIO COELHO profeflbr de Direito
Qvil na Univerfidade de Coimbra. As obtat,
que neíla faculdade compoz poílo que naõ lo-
graííem a luz publica, e fe confervam Aí. S. fa-
zem delias diílinék memoria o D. Manoel
Barbofa no Cathalogo dos Authores impreíTo
ao principio dos Commentarios do liv. 4. e ).
das Ordcnaçoens do Reyno, e feu filho Agof-
tinho Barbofa no principio do i. Tom. ifl
Decretai. Seguindo a eftes dous graves Efcri-
tores naõ he judo, que privemos eíla Biblio-
theca do nome deíle Author, do qual taòbem
faz mençaõ Joaõ Soares de Brito in Theaír.
Ijifit. Utter. lit. A. n. 60.
ANTÓNIO COELHO DE FREYTAS
natural de Coimbra onde foy bautizado na
Parochia de S, Pedro. Eftudou na fua pátria
Direito Pontifício em que recebeo o gráo de
Bacharel, e foy provido pela Univerfidade,
de cuja apprezentaçaõ he, em Reytor, e Capel-
laõ da Igreja de S. Salvador de Mathofinhos
fítuada nos fuburbios da Cidade do Porto
em que affiílio pelo efpaço de 54. annos, até
que morreo a 24. de Dezembro de 1736. e nella
jaz fepultado. Efcreveo.
Tratado da Veneranda, e prodigiofa Ima-
gem do Senhor de Bouças de Mathofinhos, em que
fe contem o manifefto da ProciffaÕ jolemne em que
foy levada à Cidade do Porto pela necejfidade
das doenças em 2. de Abril de 1696. Coimbra
por Jozé Ferreira Impreííor da Univerfidade,
e do Santo Officio. 1699. 8.
ANTÓNIO COELHO GASCO na-
tural de Lisboa, filho de Gafpar Coelho
Gafco, Cavalleiro profeflb da Ordem de
Chriílo, Criado da Cafa Real, e Juiz dos
Orfaõs em Lisboa. Igualmente foy illuílre
por geração, que pelo eíhido da Jurifpru-
dencia de que deu claros argumentos da fua
natural viveza na Univerfidade de Coim-
bra. Depois de ter com fumma inteireza
adminiílrado alguns lugares no Reyno na-
vegou para o Maranhão a fer Auditor Ge-
242
B IB LIO THE C A
ral no Graõ Pará cujo minifterio ao tempo
que o exercitava com prudência, e juftiça
fendo digno de mayor duração o naõ aca-
bou impedido pela morte no anno de
1666. Foy naturalmente inclinado ao Eftu-
do da genealogia naõ podendo divirtillo
defta applicaçaõ as continuas occupaçoens
dos lugares jurídicos, que adminiílrou,
antes parece impoílivel que efcreveííe tantos
livros Genealógicos quem confumia a ma-
yor parte do tempo no exercício de outra
faculdade totalmente oppofta a efta de que
deixou tantos argumentos da fua erudição
hiftorica, pela qual o louvaõ Franckenau
in Bib. Hifp. Hift. Gen. Herald, pag. 34. e o
Padre D. António Caetano de Souf. no Appar.
à Hijl. Gen. da Gafa Real Vortug. pag. 56. n.
32. Quando partio para o Maranhão deixou
em poder de hum feu particular amigo as
obras feguintes efcritas pela fua maõ.
Primeira, e Segunda Parte da Nobreza de
Efpanha em que fe contem a origem, e dejcenden-
cia dos Reys de Portugal, e os Títulos, e Fidalgos
delle. foi.
Terceira, e Quarta Parte de L,eaÕ, Galli^a, e
Cantábria, foi. Defta obra faz mençaõ Gandara
Nobiliar. de Gali:^. liv. 2. cap. 12. foi. 173.
Qiiinta, e Sexta Parte do Rejno de Gaftella,
Sétima, e Oitava Parte dos Rejnos de Aragaõ,
e Navarra, foi.
Além deitas compoz.
GlariJJima, e nobilijfima arvore da Illujirijftma
Gafa dos Gondes de 'Linhares. 4. M. S. Confervafe
efte livro na vaíliírima Livraria do Excellen-
tiíTimo Conde da Ericeira, e parece fer original.
Chega até D. Fernando de Noronha 3. Conde
de Linhares, que faleceo a 3. de Março de
1609. No fim tem huma defcripçaõ da Villa
de Linhares, e huma breve noticia das princi-
paes famílias delia.
Primeira parte das Antiguidades da mui
nobre Gidade de Lisboa Empório do mun-
do, e Princesa do mar Occeano. Coníla de
87. Capítulos. Acaba o ultimo com a vida
do Cardeal D. Aífonfo, e dos Arcebifpos
de Lisboa feus fuceíTores até D. Aífon-
fo Furtado de Mendoça. Efte livro tive
em meu poder, e delle como do Author
fe lembra Luiz Marinho de Azevedo nas
Antig. de Lisboa, liv. 3. cap. 6. e o mo-
derno Addicionador da Bib. Geograf. de Antó-
nio de Leaõ Tom. 3. col. 1725.
Antiguidades de Braga M. S. 4.
Gonquijla, e Antiguidades de Goimbra 4.
P. ANTÓNIO COLLASSO natural
da Villa da Vidigueira na Província do Alen-
tejo. Tendo 18. annos de idade entrou na
Companhia de JESUS a 16. de Novembro
de 1586. no Collegio de Évora, onde fe inf-
truio naquellas fciencias próprias do Eftado
regular. Notável foy a charidade, e ardentif-
fimo o zelo, com que preferindo a faude até
à própria vida aíTiftio com incanfavel difvelo
aos feridos da peíle, que devaftava a Cidade de
Évora permitindo Deos que em premio de
taõ heróico exercício nunca contrahiíTe o
contagio. Por muitos annos aífiílio na Corte
de Madrid como Procurador da Província de
Portugal, e das Ultramarinas, cujo lugar admi-
niftrou com geral eítimaçaõ até a fua morte
que fuccedeo naquella Corte a 29. de Novem-
bro de 1647. O feu nome he celebrado por
Nic. Ant. in Bib. Hifp. Tom. i. pag. 86.
Sotuello in Bib. Societ. pag. 69. Franco na
Imag. da Virtud. do Nov. de Evor. pag. 859.
e no Synop. Annal. S. J. in Lujit. pag. 295.
Fonfec. Evor. Glorio/, pag. 425. Joan. Soar.
de Brit. in Theatr. Lujit. Litter. lit. A. n. 61.
Traduzio de Portuguez do Padre Fernaõ
Guerreiro em Caítelhano.
Relacion annal de las cofas, que han hecho
los Padres de la Gompania de JESUS en la índia
Oriental j Japon en los anos de 600. j 601. j
dei progrejo de la converjion y Ghrijliandad de
aquellas partes. Valladolid por Luiz Sanches.
1604. 4.
Vida dei Padre Gonçalo da Sylveira. M. S. 4.
Relacion fuccinta de la Vida,y muerte de três
Santos Martyres Paulo, Joan, y Diego Japonês
de la Gompania de JESUS. Aí. S. 4.
Apologia oferecida aos Inquijidores de
Gajiella em defenja da opinião do P. EJievaÕ
Fagundes, acerca de fe poderem comer ovos na
Ouarefma. Efta obra he louvada pelo mefmo
Fagundes in Tra£t. Apologético de efu ovorum
cap. 9.
Hijloria, y Anal relacion de las cofas,
que hit(ieron los Padres de la Gompania de
JESUS por las partes dei Oriente y o trás
i
LUSITANA.
243
en la propagacion dei Santo Evattfflio los aiios paf'
((idos de 6oj.y 608. í^e. Madrid cn la Imprcnta
Real. 1614. 4. Eíla traducçaô atribue Sotuello
na Bih. da Companb. ao Padre António ColaT-
fo com manifeílo erro pois no frontifpicio
fc lè fer feita pelo Doutor Chriílovaô Soares
de i-igueiroa que a tradufio do P. Femaõ
Guerreiro em Caftelhano, cuja equívocaçaõ
fciHiiraõ D. Nic. Ant. na Nb, Hi/p. e o P.
António Franco na Iwag. da Virt. no Noviciad.
de Evor. no lugar aíTima allegado.
V. Fr. ANTÓNIO DA CONCEIÇAM.
Nacco na celebre Villa de Santarém no anno
lie 1549. fendo filho de SebaíUaõ Rodrigues,
c Maria Paes. Na idade juvenil recebeo o
Habito da Religião da SantiíTima Trindade,
no Convento da fua pátria a 31. de Dezembro
tUà^ 1567- c logo em o Noviciado deo claros li-
l^kis de fer grande ornato naõ fomente da fua
I^Htttia, mas de toda a Ordem Trinitaria. A fe-
l^pera obfervancia dos Eílatutos que pradlicava
' era cftimulo para os Noviços, e confufaõ para
os proveélos naõ fendo menor o progreíTo
quando no feu Collegio de Coimbra aprendeo
as fciencias efcolafticas. As virtudes, que nelle
brilhavaõ com tanto exceíTo moverão ao Car-
deal D. Henrique Succeííor na Coroa Portu-
gueza pela infeliz perda delRey D. Sebaftiaõ
nos Campos Africanos para que em compa-
nhia do Ven. Fr. Ignacio Tavares illuftre filho
da Religião Trinitaria o mandaíTe a Marrocos
a refgatar da dura oppreílaõ, e tyrania dos Mou-
ros aos Portuguezes que naquella infaufta ba-
talha ficarão cativos. Naõ he fácil de expUcar
a alegria, que concebeo o feu coração quan-
do fe confiderou deílinado para huma em-
preza em que tanto havia de refplandecer
o ardor da fua caridade. Logo que chegou
a Marrocos eraõ o feu frequente domicilio
as mafmorras onde confolava os afflitos,
confeíTava os penitentes, confortava os mo-
ribundos, e fepultava aos mortos fendo im-
po íTivel de redufir a numero quantos bárba-
ros condufio ao conhecimento do verda-
deiro Deos, quantos defertores da noíTa Re-
ligião allumiou para que arrependidos nova-
mente a abraçaííem, quantos meninos, e
mulheres próximos à vacillar na fé corro-
borou na fua primitiva crença, tolerando
com invi&a, paciência por eftes heróicos
trabalhos, opprobíos, c moIeíUas até ofTere-
cer a vida, cuja oblação foy taô grata á Di-
vina Magedade, que permitío que lha facri-
íicaíTe em feu obfequío, pois fuccedendo
pilatar-fe o dinheiro que prometera pelo ref-
gate, irritados os bart>aros delia demora que
julgavaõ fer afíeâada, o lançarão em hum
tenebrofo cárcere, onde opprimido de peza-
dos grilhoens, e atenuado com a fome, e
fede voou o feu efpiríto a lograr o premia
da fua fervorofa caridade a 20. de Mayo de
1)89. As virtuofas acçoens defte Varaô in-
figne dignas de eílarem efcritas em hum
largo volume, as tratara õbrevemente Altuna
na Chron. geral da Ordem liv. 2. cap. 7. p. 287.
Figueir. Chron. da Ord. p. 408. Fr. Bemardin.
á D. Ant. in Hpit. Kedempt. lib. 2. cap. 9. §. 2.
Oforio Pancarp. de Var. llluft. lib. 3. foi. 132.
Fr. Joan. Fel. Jfagog. ad haud. Princip. p. 170.
à n. 31. Mend. Jomad. de Afric. lib. 3. cap. 2.
et 14. Cardof. Agiol. L^Jit. Tom. 3. p. 328. e
no Cõment. de 20. de Mayo letr. B. Corrêa
na Fama pofthum. pag. 9. Vafconcel. Hift.
de Santarém Part. 2. lib. 2. cap. 28. Efcreveo,
e dedicou ao Cardeal Alberto Archiduquc
de Auílria, e Governador deíle Reyno.
Triíimfo dos fete meninos martyri:(ados em
Marrocos no anno de 1585. aos quaes elle redufio
á Fè, de que tinhaõ apojlatado, e confortou para
animofamente padecerem a morte. M. S.
A eíla relação diz Jeronymo de Men-
doça na Jornada de Africa, lib. 3. cap. 15.
pag. 1 84. a quem com tanta rav^aiÕ fe pode dar
inteiro credito.
Tratado do miferavel ejlado da efcravidaõ,
que padecem os Chriflãos no poder dos Mouros
mofirando nelle a rara paciência com que fe portou
nos trabalhos para que fe hajaõ feus Irmãos com
a mefma em femelhantes tragedias. M. S.
V. P. ANTÓNIO DA CONCEIÇAM
teve por Pátria a ViUa do Pombal da Dio-
cefe de Coimbra, e por Pays Jorge Borges
da Cunha, e Lucrécia Leytoa ambos igual-
mente illuftres no fangue, e piedade. Na
primeira infância fe começarão a admirar
nas fuás acçoens evidentes provas de boa in-
clinação, e fuave Índole com que o Ceo o
deílinava para exemplar de virtudes religio-
244
BIBLIO THE CA
fas. A fublime capacidade que tinha para
as fciencias o habilitou para que na Univeríi-
dade de Coimbra eftudando Direito Canónico
recebeíTe com geral approvaçaõ dos Meftres,
que nelle juntamente admira vaõ viveza de
engenho, e innocencia de coftumes, o grào de
Bacharel neíla faculdade. Como fempre anhe-
lava crecer mais nas virtudes, que nas letras, fe
naõ deixou atrahir da vangloria, que deftas
nace para appetecer dignidades, antes rece-
bendo ordens de Presbytero para fer domeftico
da Cafa de Deos começou a acender-fe em mais
ardentes dezejos, e elevar-fe em mais altos pen-
famentos da perfeição Evangélica donde
procedeo a heróica refoluçaõ de tomar o Ha-
bito Canónico da Cõgregaçaõ do Evangelifta
em o Convento de Évora no anno de 1550.
quando contava 28. de idade. Nefta Sagrada
Efcola luíiraõ com mayor intenção as fuás
iníignes acçoens fendo todo o feu difvello a
exa£ta obfervancia dos eílatutos, o familiar
comercio com Deos; a continua meditação
das celeíliaes delicias, a rigorofa feveridade
com que mortificava o corpo, a paternal comi-
feraçaõ com que focorria aos pobres, e o ar-
dente aíFefto com que confolava aos aflidtos.
Por eílas fingulares virtudes, com que fe fazia
eftimavel na prefença divina, naõ era muito
que conciliaíTe o refpeito, e veneração das pri-
meiras peíToas de ambas as Jerarchias como
eraõ as Mageftades de D. Joaõ o III. D. Catha-
rina, e D. Sebaíliaõ; os Cardeaes D. Henri-
que, e Alberto Governador deíle Reyno ; os Se-
reniíTimos Duques de Bragança D. Joaõ, e D.
Theodofio, os Arcebifpos de Lisboa, e Évora
D. Miguel de Caílro, e D. Theotonio de Bra-
gança, o Ven. Fr. Luiz de Granada, e outros
muitos de cujas conciencias era fabio direftor, e
prudente confelheiro conhecendo todos que
a fua fciencia era fuperiormente iUuílrada por
lhe ferem patentes os fegredos mais recônditos
do coração, e ferem infalliveis os fucceflbs,
que vaticinava o feu illuílrado entendimento.
Correfpondeo o fim da vida ao fanftifica-
do progreíTo delia pois fendo acommetido de
huma febre que fe fazia mais intenfa pela
acerbidade das dores pronoílicada a ultima
hora, e vendo fer chegada repetindo as mef-
mas palavras com que o Redemptor do
mundo agonizou na Cruz lhe entregou pla-
cidamente o efpirito para fer coroado na eter-
nidade gloriofa a 11. de Mayo de 1602. (e naõ
a 12. como efcreve Jorge Cardofo) faltando-lhe
hum dia único para perfeitamente fechar o
circulo de 82. annos. Tanto que fe divulgou
a funeíla noticia da fua morte concorreo ao
magnifico Convento de S. Joaõ de Xabregas
que elle edificara mais com focorros divinos,
que humanos, para venerar o feu cadáver huma
infinita multidão do povo clamando que era
morto o Santo, permitindo o Ceo, que em tefte-
munho deíla aclamação obraíTe eftupendos mi-
lagres, dos quaes com permiíTaõ da Sagrada
Congregação dos Ritos fe lhe fizeraõ os
proceíTos em 11. de Fevereiro de 1690. pa-
ra a fua Beatificação a qual tem fuplicado
com inftantes rogos ao fummo Paílor os Mo-
narchas, Prelados, Cabidos, e Univerfidades
defte Reyno efperando dar-lhe o culto mani-
feílo que muitos particularmente lhe dedicaõ.
Quem quizer inílruir-fe em a noticia mais
dilfufa das virtudes deíle grande fervo de Deos
pode ler a fua vida efcrita em hum volume
por Fr. Luiz de Mertola da Ordem do Carmo,
e em outro pelo P. Francifco de Santa Maria,
intitulado Jacinto Portug. e na Chron. dos Coneg.
Sectil. do Uvangel. liv. 4. do cap. 35. até 54
Thomaf. in Annal. Congreg. S. Georgij in A.lga.
p. 705. Cardof. Agiolog. 'L.ujit. tom. 3. pag.
208. e no Cõment. de 12. de Mayo letr. H.
Fr. Agoíl. de Santa Mar. na Vid. da Ven.
Bri^id. de Santo António lib. i. cap. 7. e Joan.
Soar. de Brito in Theatr. l^ujit. L,iter. lit. A.
n. 62. Deíle Ven. Padre fahiraõ
Ouator;(e cartas efpirituaes ejcritas a di-
verfas pejjoas; impreíTas na fua vida com-
poíla por Fr. Luiz de Mertola defde pag.
91. atè 115. e no Jacinto Portuguet^ por Fran-
cifco de Santa Maria que trás mais huma
além das quatorze defde pag. 134. até 172.
Três delias fahiraõ impreíTas na Vid. da Ven.
M. Sor Bri^ida de Santo António efcrita por
Fr. Agoílinho de Santa Maria pag. 37. 38.
e 43. e duas no Tom. 3. do yigiol. 'L.ujit.
pag. 876.
Protejiaçaõ da Fè Catholica. Lisboa por
Domingos Carneiro. 1689. 12. e no Jacinto
Portíigue:^ aíTima allegado pag. 117.
Doutrina efpiritual dirigida a V. Aíí
Brizida de Santo António Religiofa àé
LUSITANA.
245
Santa Brizida no G^nvento de Marvilla íua
GínfcíTada. Começava.
A verdadeira, t principal Santidade. Acaba.
Deleites, e refrigério de h/piri to: Glorias a
Dtos. G)m eílas duas palavras íempre acabava
tudo quanto cfcrevia, a qual obra, que com-
prclicncliii 8. folhas de papel, vio o P. Franciíco
{|:i Ou/, como affirma nas Memorias para a
bibliothcca Portnffiet(a M. S,
V. F. ANTÓNIO DA CONCEYÇAM
fcmclhantc cm o nome, c na virtude aos dous
precedentes, naceo em Lisboa em 8. de Dezem-
bro de 1579. e em obfequio do dia do imma-
culado Millerio em que nacera, lho deraõ por
appellido feus Pays António Dias de Carva-
lho, c Catherina Dias taõ abundantes dos dotes
da Graça como faltos dos bens da fortuna.
Aprendco a lingua Latina, e a arte da Mufica
nos primeiros annos, e como a natureza o
dotara de fumma agilidade com que regulava
os movimentos, e paíTagens da fuave voz com
ue cantava, foy admitido para cantar na
peila Real onde era igualmente eíUma-
pela deílreza delia arte, como pela in-
nocencia da vida. Refoluto a dedicarfe a
Deos no eftado Religiofo para que preza
a liberdade com os votos voaíTe mais livre-
mente o efpirito, entrou na illuílre Ordem
da SantiíTima Trindade a 27. de Julho de
1594. quando ainda naõ tinha completos
quinze annos, e começou a exercitar em o
Noviciado com tanto fervor as virtudes, que
feu Meftre Fr. Matheus da Efperança varaõ
de inculpável vida o propunha por exemplar
aos outros Noviços. Depois de profeíTo
continuou com mayor exceflb a exercitarfe
na humildade profunda, Oraçaõ continua,
e mortificação perpetua de todos os fenti-
dos, de tal forte, que temerofo de cahir no
precipicio da vangloria fupplicou a Deos,
que lhe mudaíTe a vóz, cuja fonora melodia,
e armonica confonancia era fuave atraéti-
vo de toda a Corte, que concorria ao Con-
vento de Lisboa a ouvillo, e promptamente
recebeo o defpacho da fua fupplica traf-
formando-fe de tal forte que ainda quando
fallava, dificilmente fe percebia. Ordenado
de Sacerdote paíTou a inflruirfe nas fcien-
cias, o que era Meílre de virtudes, e no Con-
É
vento de Santarém, ouvio Filorofía, e Theo-
logia, porém querendo praâicar a Myílica,.
com faculdade dos Superiores fe retirou paca
o Convento de Cintra onde fazia vida mais
Angélica, que humana. Deíla amável folidaò
foy chamado a inílruir os Noviços em Lisboa,
onde com a cultura de taõ pio agricultor
frutificarão copiofamente aquellas novas plan-
tas para benefício da Religião, até que [míTou
a Lagos a fer Confeííor de Joaõ Furtado de
Mendoça Governador do Algarve, miniAerío„
que eílimou naÔ fomente por ter occafíaõ de
obedecer, como de fe retirar da Corte, e pare-
cendolhe que ainda perigava a perfeição reii-
giofa com o comercio da gente, fe retirou com
alguns Sequazes do feu efpirito para o Con-
vento da Louza diftante duas legoas da.
Torre de Moncorvo na Provinda Trafmon-
tana fituado em tal eminência que eftá mais
vizinho do Ceo, que da terra. Nefte retiro
pradlicou as penitencias mais aufteras donde foy
chamado para a Corte a inílruir com as fuás
afceticas doutrinas a muitas almas ambiciofas
do progreflb das virtudes, onde fe fez mais
conhecida a fantidade da fua vida pelo efpirito
profético, e poder miraculofo em que foy emi-
nente. Na hora que tinha predito paíTou a fua
alma a coroar-fe no Empirio a 22. de Julho de
1655. Ao feu cadáver, que exhalava fuavif-
fimo cheiro, concorreo toda a Cidade, e com
piedofa violência o defpojáraõ dos cabellos, e
veíUdos, e paíTára a mayor exceflb a fua ardente
devaçaõ fe naõ fora brevemente entregue à
fepultura. Dedicoulhe fumptuofas exéquias
aíTiftidas das peflbas principaes de toda a
Corte a Excellentiflima Condefla de Serem
fua Confeflada. O M. Fr. António Corrêa
Religiofo da fua Ordem lhe compoz a vida,
intitulada Fama pojlhuma do V. Padre Fr. An-
tónio da Conceição imprefla Lisboa por Henri-
que Valente de Oliveira 1658. 4. na qual eftaõ
Do^e Cartas do V. P. a diverfas pejfoas
defde pag. 189. até 215.
Doutrina efpiritml dividida em três Ca-
pittdos, com hum apêndice de exemplos, e
ditos de Padres úteis pêra aproveitar na vir-
tude. Capitulo I. da maneira, que buma al-
ma fe hade haver quando fe ouver de pôr em
oraçaõ. 2. Declaração, que coufa feja uniaà
Johrenatítral aãual 3. De como fe hade haver
240
BIBLIO THE C A
o contemplativo em a contemplação. Eíle tratado
eílá impreíTo no livro allegado defde pag. z 1 7.
até 288.
Vida da V. Madre Maria do Kofario 3. da
Ordem de S. Francifco ejcrita por Jeii ultimo Con-
fejjor ( faõ palavras de Jorge Cardofo Agiolog.
Liujit. Tom. 2. pag. 382. no Comment. de 2. de
Abril letr. J. ) '^ ^- P- P^- António da Concei-
ção da Ordem da SantiJJima Trindade bem conhe-
cido nejia Cidade por Jua Janta vida, e religiofa
obfervancia, fentida, e venerada morte. Fr. Agof-
tinho de Santa Maria na vida da V. Madre
Bri:(ida de Santo António liv. 2. cap. 12. lhe
chama Varaõ de grandes virtudes.
Fr. ANTÓNIO DA CONCEIÇAM filho
pelo nacimento de Lisboa, e pela religião do
grande Patriarcha S. Bento, cujo Monaftico
Inftituto profeíTou no Convento de Tibaens a
26. de Setembro de 165 8. A fua fciencia o conf-
tituhio Meílre jubilado em Theologia, e Prega-
dor Geral, e a fua prudência, Abbade do Con-
tento de Santarém, e de Lisboa eleito no anno
de 1698. e Reytor do Collegio da Eílrella,
onde faleceo em o i. de Janeiro de 1710. Foy
dos celebres Pregadores do feu tempo, e como
tal tinha prompto para a ImpreíTaõ.
Sermoens vários pregados nas mais famofas
Jolemnidades dejle Rejno. 4. M. S.
Fr. ANTÓNIO DA CONCEYÇAM natu-
ral do Porto, onde naceo a 7. de Junho de
1657. fendo feus Pays o Capitão António Joaõ
da Coíla, e D. Izabel Barbofa Sodré defcen-
dentes ambos de famílias nobres. Deixado o
mundo, e o nome de António Barbofa da
CoJfta profeílou o habito Seráfico no Convento
de Santo António da Figueira da Província
de Portugal a 2 3 . de Abril de 1 673 . Foy ornado
de hum engenho agudo, comprehensaõ rara,
memoria feliz, cujos dotes o fizeraõ igualmente
celebre na Cadeira, como no Púlpito mere-
cendo as aclamacçoens de grande Theolo-
go quando foy Lente no Collegio de Coim-
bra, e de infigne Pregador nas Cidades do
Porto, e Lisboa, onde ao tempo que ex-
ercitava o lugar de Guardião, tendo fido
do Collegio novo de S. Boaventura, faleceo
a 20. de Abril de 171 3. Celebraõ a fua memo-
ria Fr. Fernand. da Soled. Hi^. Seraf. da Prov.
de Portug. Part. 3. liv. i. cap. 21. n. 133. c
Fr. Joan. à D. Ant. in Bih. Franc. Tom. i.
pag. 100. Imprimio.
Sermão de AcçaÕ de graças pelo Capitulo da
Provinda de Portugal em que fahio Provincial por
motu próprio de S. Santidade o P. Mejlre Fr. Vi-
cente das Chagas. Lisboa por Manoel Lopes
Ferreira 1696. 4.
Clamores Evangélicos. Lisboa pelo dito
ImpreíTor 1698. 4. No Prologo defte Tomo
de Sermoens prometia outros muitos.
ANTÓNIO CORDEYRO Presbytero, e ,
fubchantre da Cathedral de Coimbra muito j
douto, e verfado no Canto Ecclefiaftico, o qual
para que com toda a perfeição fe obfervafle ,
no Coro, e altar, publicou.
Arte do Canto Chaõ compofta por Joaõ Mar-
tins, e augmentada, e emendada por elle em muitas
partes. Coimbra por Nicolao Carvalho 161 2. 8.
P. ANTÓNIO CORDEYRO. Naceo na
Cidade de Angra Capital da Ilha Terceira no
anno de 1641. fendo o 6. e ultimo filho de
Manoel Cordeiro Moutozo, e Maria de Efpi-
nofa os quaes defcubrindo nelle rara com-
prehenfaõ, e agudo engenho o mandarão eíhi-
dar a Coimbra em companhia de feu Irmaõ
Pedro Cordeiro de Efpinofa, que depois de j
fer Doutor em Cânones, e fubftituido algumas
Cadeiras na Univerfidade de Coimbra, foy
eleito Deaõ da Bahia, e ComiíTario da Cru-
fada daquelle Eftado. Ao tempo que embar-
cado bufcava no anno de 1656. a Armada
de Portugal de que era General António
Tellez de Menezes encontrou com a de Caf-
tella, donde ficou prifioneiro, e paíTados
dezefeis dias fe aviílou efta com a de Ingla-
terra que eftava à vifta de Cadiz, e depois
de hum porfiado combate efcapou unica-
mente a Capitania Caílelhana na qual fe re-
colheo a Cadiz donde foy fentenciado à
morte, por ter fahido a terra fem Hcença,
e apellando para o Duque de Medina Celi
Capitão Geral das Coitas de Andaluzia co-
mo o ouvilíe repetir com fumma viveza, e
agilidade o Poema de Virgílio, e outros ^
Hvros celebres de letras humanas, admi- :
rado da feliz memoria, e rara comprehen- i
faõ, que em annos taõ tenros moílrava, Iheí
L USITANA.
247
Ico paíTaporte para Portugal. Chegando ao
Mt^arvc, como cftivcssc inficionado cftc Reyno
(Ic pcftc, paíTou a Setúbal, onde foy prezo, c
' > bridado pclu rcceyo do contagio a fazer Qua-
ntcna. Depois de ter tolerados tantos infor-
lunios entrou cm G)imbra em cuja Univerfi-
luic fc matriculou na faculdade de Cânones
iivinilo primeiramente I^ilofofía no CoUe-
10 dos Padres Jefuitas, e continuando com
i nio cftc cftudo, lhe levou mayor applicaçaô
. I i-nulo Inftituto dos Mcftres que o enfi-
ii.i\ .1 ', iK que refoluto a largar o mundo fe alif-
tou cm taò douta Companhia a 12. de Junho
de 1657. Notável foy o progreíTo que nefta
paieílra fez o feu talento affim nas letras huma-
nas, e faculdades efcolafticas, das quaes come-
çou cm Coimbra no anno de 1676. a fcr Mcftrc,
lendo peio largo cfpaço de vinte annos Rhcto-
lica, l'ilofofia, Theologia Efpeculativa, e
Moral naò fomente cm Coimbra, mas nas Cida-
des de Braga, Porto, c Lisboa admirando aíTim
i)s domefticos como os cftranhos a novidade
das fuás opiniocns fubtilmente ventiladas, e
nervofamente defendidas. A eftas litterarias
occupaçoens fucederaõ outras apoftolicas dif-
correndo por Vifeu, Pinhel, Torres Vedras,
todo o Arcebifpado de Braga, como MifTio-
nario por obedecer às inftancias do feu Arce-
liifpo Primaz D. Veriflimo de Alancaílre che-
mdo aos últimos inftantes da vida pela vio-
lência do veneno que lhe deraõ em hum lugar
defte Arcebifpado de que efcapou quafi mila-
grofamente. Já quando a idade por fer pro
ve£b. o difpenfava da applicaçaô do eftudo
como fe delle recebera novos efpiritos fe occu-
pava em efcrever diverfas matérias humas hifto-
ricas, outras Theologicas, e Jurídicas com que
illuftrou o feu nome, até que acabou a vida no
Collegio de Santo Antaõ da Qdade de Lisboa
a 2. de Fevereiro de 1722. com 81. armos de
idade. Entre os Varoens celebres da Compa-
nhia o numera o Padre António Franco na
Imag. da Virtud. no Noviç. de Coimbra. Tom. 2.
pag. 612. e in SynopJ. Annal. S. J. in 'Ltíjifan.
pag. 464. Imprimio.
Curjíis PhilofophicNs Conimhricenfis. Ulyf-
fipone ex Officina Regali Deflandeíiana. 1714.
foi.
In pracipua partiiim D. Thoma Theologia
Scbolajlica. UlyíTipone apud Jozephum Lo-
pes Ferreira SereniíTimãc Regínx Typ. 17 16.
foi.
Hifloria Jnfulana das Ilhas a Portugal fogeitas
no Occtano Occidtntal. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ. 171 7. foL
Defta obra como do Autor faz memoria
o moderno addícionador da Nb. Occid. de
António de Lcaô Tom. 2. Tit. 2. col. 581.
Refolufoens Theojttrijlicas. Tom. i. qw contem
as partes, e matérias principaes. i. da Emphi-
teujes, ou Prados. 2. de Cen/os, ou juros. 5. de
Teftamentos, legados, partilhas. 4. de doa^oens, o/t
dotes. 5 . de Morgados, ou Capellas vinculadas. 6.
de vários contratos, ou obrigaçoens utriujque júris.
Lisboa pelo mefmo ImpreíTor. 171 8. foi.
Loreto Ijijitano, Virgem Senhora da Lapa,
rtfidencia milagrofa do Keal Collegio de Coimbra
da Companhia de JESUS em a Provinda da Beira
Bi/pado de luimego verdadeira, e puramente de
novo hijloriada. Lisboa por Filippe de Souza
Villela 1719. foi.
Fr. ANTÓNIO CORRÊA natural
de Lisboa filho de Alexandre Corrêa, c
Maria Ferreira, e hum dos mais celebres
Varoens da Religião Trinitaria que igual-
mente illuftrou com a profundidade da fci-
encia, como com a prudência do governo
profeíTando eíle fagrado inílituto no Con-
vento pátrio a 10. de Junho de 1638. Foy
ornado de huma vafta erudição fagrada, e
profana, de elegante facúndia no Púlpito, e
de folida fubtileza na Cadeira fendo o thea-
tro de taõ fingulares dotes a Univerfidade
de Coimbra onde depois de receber a Borla
Doutoral na faculdade da Theologia regen-
tou as fuás mayores Cadeiras fendo Lente
da Cadeira pequena de Efcritura provido em
16. de Fevereiro de 1664. de Efcoto em 26.
de Novembro de 1670. de Vefpera em 27.
de Novembro de 1676. e de Prima a 26. de
Fevereiro de 1680. donde jubilou em 1685.
exercitando por muitas vezes na mefma Uni-
verfidade o lugar de Vice-Reytor. As
fuás grandes letras que o fublimaraõ aos
mayores lugares da Academia Conimbri-
cenfe, o elevarão aos mais authorizados da
Religião. Per duas vezes foy Miniftro do
Convento de Lisboa, e outras tantas foy
Provincial fendo a i. no anno de 1667. e a 2.
248
BIBLIOTHE C A
no de 1683. em cujo governo experimentarão
fempre os fubditos o feu animo mais inclinado
à benevolência, que ao rigor. Foy Qualificador
do Santo Officio, Examinador das Ordens
Militares, e Synodal do Bifpado de Coimbra.
Ao tempo que eftava polindo as fuás obras
Theologicas, e Efcriturarias para beneficio dos
•eruditos foy impedido pela morte, que o pri-
vou da vida em Coimbra a 11. de Janeiro de
1693. Foy fepultado na Cafa Capitular do feu
CoUegio com eíle epitáfio.
Hic jacet, (0° hrevihus terra modo conditur ulnis
Qui quondam vaflo clartts in orbe fuif.
Palladis ijliiis, primaque Antonius Aulce
Corrêa, <& Tríadas Keligionis apex.
Hoc doãore diufulgens Academia vixit,
Hoc quoqite Keligio clara parente fuit.
Obiit die II. Jamiarij 1693.
Imprimio.
Sermaõ pregado na Solemnidade que os Re/i-
^iojos Teatinos da Divina Providencia celebrarão
a feu Santo Patriarcha o B. Caetano no Convento
da Santijfima Trindade de Lisboa a j. de
Agofto de 165 1. Lisboa por Paulo Cras-
beeck 4. e Coimbra por Thomé Carvalho
1672. 4.
Sermaõ pregado em a primeira Solemnidade
que as Keligiofas do Keal Mojleiro de Santa Clara
Je Lisboa fit^eraõ ao Bemaventurado Caetano Inf-
tituidor da injigne Religião dos Clérigos Regu-
lares da Divina Providencia a 7. de Agofto de
1652. 4. Lisboa por Paulo Crasbeeck fem
anno da ediçaõ, e Coimbra por Thomé Car-
valho 1672. 4.
Sermaõ fúnebre nas exéquias do Doutor
Manoel Pereira de Mello Governador da Uni-
^erftdade de Coimbra Cónego Magiftral da Sè
da mefma Cidade do Confelho de S. Alteia
pregado em a mefma Se em z%. de Março de 1675.
Coimbra pela Viuva de Manoel Carvalho
1675. 4.
Sermaõ em a anniverfaria acçaõ de graças,
que a infigne Univerftdade de Coimbra fa^
em forma de preftito ao Real Convento de
Santa Cru^ pela felicijfima Aclamação do
Serenijfimo Rej D. Joaõ o IV. pregado em
ú 1. de Det(embro de 1656. Coimbra por
Manoel Dias ImpreíTor da Univerfidade
1657. 4.
Trilogio Catholico expofto em três Sermoens.
I. do Aão da Fè q fe celebrou em Coimbra
a 18. de Janeiro de 1682. 2. do D ef agravo
do Santijfimo no car(p de Odivellas logo que
fuccedeo em o Outavario, que na Se de Lisboa
mandou fa^er o Serenijfimo Principe D. Pedro
NoIJo Senhor em May o de i6ji. o 3. pelo Defa-
gravo do Santijfimo Sacramento na Freguefta
de Santa Lngracia de Lisboa a 17. de Janeiro
de 1664. Lisboa por Joaõ Galraõ. 1682. 4.
Sermaõ na Canonização de Santa Maria
Magdalena de Pa^f^i pregado no 2. dia do Outavario
que lhe dedicou o Real Convento do Carmo de Lis-
boa. Sahio no livro intitulado Forafteiro admi-
rado. Lisboa por António Rodrigues de Abreu
1671. 4. a pag. 22. da part. 2.
Sermaõ na fefta da Beatificação de S. Pedro
de Arbuès Cónego Regrante de Santo Agoftinho
pregado no Real Convento de S. Vicente
de Fora. Lisboa por Joaõ da Cofta 1674. 4.
Sahio no livro intitulado Laureola da Corte
Santa compofto por D. Leonardo de S. Jozé
Cónego Regrante.
Fama pofthuma do V. P. Fr. António da Con-
ceição Trinitario. Lisboa por Henrique Valente
de OUveira 1658.4. neíle livro eílà
Sermaõ nas exéquias do V. P. Fr. António
da Conceição Trino.
Deixou prompto para a Impreílaõ
Deutoronomium Legis Gratia, five de feptem
Verbis a Chrifto Domino in Cruce prolatis.
MS.
Cantilena Sacra in Cantica novi Teftamenti,
fcilicet Magnificat, Benediãus, <& Nunc dimit-
tis.
Eíles originaes eftavam redufindo à ulti-
ma perfeição para fe imprimirem o Doutor
Fr. Joaõ Bautifta Religiofo da SantiíTima
Trindade os quaes fe confumiraõ laftimofa-
mente no grande incêndio que devorou a
mayor parte do Convento de Lisboa no
anno de 1708.
ANTÓNIO CORRÊA BAHAREiM
Senhor do Morgado da Marinha, Comen-
dador da Ordem de Chrifto filho de Antó-
nio Corrêa Babarem Senhor do Morgado
da Marinha, e de D. Joanna de Távora fi-
lha de Francifco de Távora Senhor de Mira.
Inftruido com aquellas artes dignas do feu
nacimento fe applicou com mayor difveUo
L USITANA.
249
ao cíhido Genealógico como parte mais nobre
da Hiíloria deduzindo com clareza, e diftincçaõ.
Ori^sens das Famílias mais illuflres de que tratou
o Conde D. Pedro no /eu Nobiliário até o anno
de ijjo.
Cuja obra dividida em muitos tomos con-
fcrvava feu Neto Luiz Francifco Q)rrca Baba-
rem Commendador de S. Bartbolameu de
Alfange em Santarém da Ordem de Chriílo,
Senhor do Morgado da Ponte de Soro; a qual
como feu Author louvaõ D. Francifco Manoel
na Carta dos Author. "Portug. que he a i . da 4.
rcnturia delias. Joan. Soar. de Brito in Theatr.
Ijifit. l^itterat. lit. A. n. 64. e Soufa no Apparat.
à Hiji. Gen. da Cafa Keal Portug. pag. 83. n. 70.
ANTÓNIO CORRIiA DA COSTA
natural de Villa-Viçofa taõ nobre pelo
nacimento que lhe deo a fortuna, como iníi-
gne em o engenho de que o ornou a natu-
reza, com o qual penetrou os myílerios
fcientificos da Mathematica, Geometria,
Mufica, e Poefia fendo indecifo entre os
feus Patrícios em qual deftas duas Faculda-
des era mais eminente. Para exercido do
feu génio litterario inftituhio em Cafa huma
paleftra frequentada dos homens mais eru-
ditos onde fe altercavaõ diverfas queílo-
ens fcientificas. Deixando a pátria paíTou a
Itália, e a Flandes com ambição de adqui-
' rir mayor thezouro de noticias, donde voltou
em o anno de 161 7. para Villa-Viçofa em
idade muito proveâa. Delle faz illuftre me-
moria Francifco Moraes Sardinha no Pamaf.
de Villa-Viçofa. liv. 2. cap. 59. e no liv. 3.
para teílemunhar como foy hum dos mayo-
res Poetas delle traz huma fua gloíTa a huma
Redondilha, que começa.
Qualquer ejlranha helle^a
e hum Soneto, cujo principio he
Nem as foberbas ondas do Oceano.
ANTÓNIO CORRÊA DA FON-
SECA, E ANDRADE. Naceo na Vil-
la de Monte mór o Velho da Diocefe de
Coimbra a 15. de Junho de 1648. Teve
por Pays a Domingos Corrêa da Fonfeca,
e a D, Maria de Mello da Fonfeca filha her-
deira de Jacinto da Fonfeca de Andrade,
c de fua mulher D. Cecilia de Eça. Appli-
cou-íe ao eftudo do Direito Cefareo na Uni-
verfídade de Coimbra, e antepondo o exercido
marcial ao litterario, foy Capitão mór da meíma
Villa, e fua Comarca, Cavalleiro profeflb da
Ordem de Chrifto, e Procurador das Cortes
celebradas em Lisboa no anno de 1679. Ain-
da que vivia retirado da Corte cultivava o feu
grande talento com a liçaõ dos livros que po-
diaõ formar hum perfeito Cortezaõ, fendo
huma das partes do feu eftudo a Genealogia
em que foy muito perito deixando para teíle-
munha da fua erudita applicaçaõ.
Famílias do Keyno de Portugal efcritas em
10. volumes in foi. M. S.
Hijloria Manlianenfe que trata das Antigui-
dades, e coufas mais notáveis de Monte mor
o novo, e feus Naturaes.
Morreo em 29. de Agofto de 1717. Del-
le faz illuftre mençaõ o P. D. António Cae-
tano de Soufa no Apparat. à Hift. Gen. da
Cafa Keal Portug. pag. 146. n. 172.
ANTÓNIO CORRÊA DE LEMOS
naceo em Lisboa a 9. de Novembro de 1680.
e teve por Pays a Manoel Corrêa de Carvalho,
e a Maria de Lemos. Para beneficio dos curio-
fos amantes de novidades publicou com o
nome de Joaõ Carlos António.
Relação de huma folemne, e extraordinária
procijfaõ de Preces que por ordem da Corte
Ottomana fii(eraõ os Turcos na Cidade de Meca
no dia 16. de Julho de 1728. para alcançar a ajfif-
tencia de Deos contra as Armas dos Perfas, e apla-
car o flagelo da pefle que todos os annos experi-
menta a fua Monarchia. Primeira Parte. Lis-
boa por Pedro Ferreira 1730. 4.
Relação da folemne, e extraordinária procijfaõ
de Preces, que por ordem da Corte Ottomana fi-
t^eraõ os Turcos na Cidade de Meca em que
fe expõem a praãica, que o Moufti fet^ depois
de acabada a Procijfaõ, e outras circunflan-
cias, que occorreraõ dignas da curiofidade.
Segunda Parte. Lisboa pelo dito ImpreíTor
1730. 4.
Com o nome de Fabiaõ Francez.
Almanack univerfal para o anno de 1751.
terceiro depois do Bijfexto. Contem Ljmario
Geral, mudanças e alteraçoens de tempos; horas
a que nace, e fe põem o Sol, methodo de a^cul-
tura, regras medecinaes. (0'c. Com bum
25o
BIBLIO THE CA
rejumo Cronológico, ou manual de noticias
particulares, do que tem Jucedido em Portugal,
e Hejpanha, e outras partes dejde a Criação
do mundo até o anno de 1730. Lisboa por
Pedro Ferreira ImpreíTor da Corte 1730. 4.
Almanack univerjal para o anno de 1732.
hiffexto, (0° contem hum L,unario geral com todos
os afpe£íos que a l^uafav^^ com os Planetas em todos
os dias para os Profeffores da Medicina, e
Cirurgia i&c. Continua o Kejumo Crono-
lógico de noticias particulares do que tem
Jucedido em Portugal, e Hejpanha, e outras
partes deJde a Criação do mundo até o anno de ij^i.
com hum Cathalogo dos Nacimentos dos Príncipes
da Europa novamente correio. Lisboa pelo
dito ImpreíTor. 1731. 8.
Almanack univerjal para o anno de 1733.
primeiro depois do Bijfexto (à^c. Continua o
Kejumo Chronologico ate o anno de 1732. Lisboa
pelo dito ImpreíTor 1732. 8.
Almanack univerjal para o anno de 1734.
Jegundo depois do BiJJexto em que Je expõem hum
Cathalogo de tudo que contem a Ordem do Patriarcha
S. Francijco. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1733. 8.
A Fénix das Tempejiades renacida na de 15.
de Outubro de 1732. com hum dijcurjo Johre os
ventos. Lisboa por Jozé António da Sylva
ImpreíTor da Academia Real 1732. 4.
Com o nome de Luiz Jozé Corrêa tra-
duzio de Caílelhano em Portuguez.
Sjftema Politico da Europa. Dialogo entre
hum Francefi, e hum Alemão Johre as dijpojiçoens,
e interejfes dos Princepes na pre^^ente guerra por
Monjiur Margue. Lisboa pelo dito ImpreíTor
1734. 4.
poíTe am-oz de Outubro de 1548, Deílas
occupaçoens litterarias foy promovido a outras
em que fe experimentou a inteireza do feu
animo, e a reélidaõ da fua juftiça fendo Dezem-
bargador da Cafa da Suplicação, e Correge-
dor do Crime da Corte. Compoz.
Ad Titulum primum lih. V. Eegum Kegia-
rum de ordine judiciário in caujis criminalihus
commentaria.
Eíla obra fe imprimio até duzentas paginas,
como eu a vi, e fe naõ acabou por faltar a
vida a feu Author, que delle, e do infaufto
fuceíTo defta obra efcreve Francifco Caldas
Pereira in Epiíl. Nuncupat. Part. i. Operis
Empyteutici. In librum V. Ordinationum cri-
minalis Fori, et judicialis aula quandam veluti
IJagogen eleganti Jlylo, <ò^ mui tis Khetorum floribus
ajperjam dextro omine aujpicatus doãijjimus, et
excellentijfimus Jure Conjultus Antonius Corrêa
de Sá Senator regius, pojiquam jam pralo vigílias
Juas commijerat, paulo pojl opere inchoato, <&
paucis paginis abjolutis non fine máxima jurijpru-
denticB jaãura diem claufit extremum. Viri illius
nullum opus perjeãum extat prater Jragmenta
quadam eximium Juturi operis Jragmentum. Eíla
obra louvaõ, e allegaõ Lipen. in Biblioth. reg.
Jurid. pag. 398. Manoel Barbof. ad lib. i. Or-
din. Reg. Titul. 77. §. 12. ad lib, 5. Tit. 2.
§. 6. Titul. 117. et Titul. 124. in princip.
Agoílin. Barbof. ad lib. 2. Decretai, cap.
Significafii n. 2. à&Joro competenti, et in Repert. '
Verb. Accujare. Gama DeciJ. 279. n. i. e DeciJ. '
363. n. 4. onde lhe chama honarum artium, et
júris peritijjtmus. Phaeb. 2. Part. Areft. 133.
Cald. Confil. 23. n. 5. Cabed. Part. i. DeciJ.
14. n. 4.
ANTÓNIO CORRÊA DE SÁ na-
tural de Coimbra filho de Duarte de Sá que
fervio na índia com grande credito do feu
valor, Irmaõ do Doutor Jorge de Sá So-
to mayor Lente de Medicina na Univerfi-
dade de Coimbra, e Pay do Doutor Fran-
cifco de Sá Sotomayor Lente de Digeílo
na mefma Academia. Nella eíludou Direi-
to Civil em cuja faculdade fez tantos pro-
greíTos o feu perfpicaz talento, e grande
comprehenfaõ que recebido o gráo de Dou-
tor foy Lente de Vacaçoens no anno de
1547. e de huma Cathedrilha de que tomou
ANTÓNIO CORRÊA DE SOUSA na-
tural de Lisboa. Depois de ter eníinado
com igual opinião do feu nome, que fruto
dos feus difcipulos Filofofia, e Theologia
na Religião dos Agoftinhos Defcalços obri-
gado de urgentes caufas deixou o habito,
e naõ as virtuofas acçoens que praéticava
pelas quaes fe fez digno de exercitar o lu-
gar de ConfeíTor das Religiofas do refor-
mado Convento de Santa Martha de Lis-
boa. O tempo que lhe reílava defte Sagra-
do miniílerio, e outras occupaçoens pre-
cifas o empregava em limar as obras que tinha
i.
L USITAN A.
25l
compofto, ou trabalhar em outras compofi-
çoens eruditas fendo as principaes as íegulntes.
Totins Philofopbia, et Theohffa compendia, i.
Tom.
Litcerna hccUJiaflica, five con/roverfia fidei
Catholica adverfns hare ticos 2. Tom.
Dijcurjos predicáveis acomodados para as
luftaSf t Férias de todo o anno i. Tom.
Vida do V. Padre António da Conceição da
Congregação de S. JoaÕ Uvangelijla.
Arte de Khetorica.
Jogo de vocábulos, e eqtdvocos
De coufas femelhantes, e dejfemelhantes.
Exemplos de virtudes.
Vários ver/os a Chrijlo nacido.
Lyra do amor Divino em ver/o.
P. ANTÓNIO DA COSTA Sendo
[eílre das Ceremonias da Capclla Real inf-
irado de fuperior vocação entrou na
)mpanhia de JESUS onde concebeu a
)ica rcfoluçaõ de pregar a ley Evange-
Ica à gentilidade do Oriente. Para efte efei-
partio para a índia a 15. de Março de
I556. com o Patriarcha da Etiópia Joaõ
lunes Barreto embarcado em a Náo Garça
que era Capitão mór D. Joaõ de Mene-
;s de Siqueira Commendador da Vallada.
Hfcorreo com apoílolico zelo pelo largo
"cfpaço de vinte e dous annos diverfas regio-
ens Orientaes em que reduzio muitos Gen-
tios ao grémio da Igreja, naõ podendo por
mais deligencias que applicou, fatisfazer
as piedofas anciãs de illuílrar com as luzes
do Evangelho as fombras da Etiópia, lu-
gar deftinado por feu grande Patriarcha pa-
ra a cultura do feu zelo. Foy Reytor dos
Collegios de S. Paulo de Goa, Baçaim,
e Margaõ. Confumido de huma febre len-
ta, morreo piamente no Collegio de Goa
no anno de 1578. cuja morte foy lamenta-
da por toda a Chriílandade de Salfete. Ef-
creveo.
Tratado de como fe haõ cathequit^ar os nova-
mente convertidos; o qual como diz o P, Fran-
cifco de Soufa no Orient. Conquift. Part. 2.
Conq. I. Divis 2. §. z-j. já naò exifte por incúria
dos tempos.
Carta Annua da Provinda de Goa no anno
de 1558.
Carta aos Portuguei^es da Ilha de Divar no
anno de i)6i.
Ambas ít confenraò no Cartório da Caía
profeílii de Lisboa.
ANTÓNIO DA COSTA Presbytcto
muito douto aíTim na Theología, como
na Rhetorica E^lefuítica, de que deo hum
breve, mas claro argumento da fua capaci-
dade neíla arte imprimindo.
SermaÒ do glorio/o Patriarcha S. fíento.
Coimbra por Jozé Ferreira ImpreíTor da Uni-
verfidade 1698. 4.
ANTÓNIO DA COSTA CORDOVIL
natural da Villa de Setuval, e Freire Conventual
da Ordem Militar de Saõ-Tiago no Real Con-
vento de Palmella. Eíhidou Theología no Col-
legio das Ordens da Univeríidade de Coimbra,
onde recebido o grào de Doutor neíla facul-
dade fe ordenou de Presbytero, e foy Prior da
Parochial de N. Senhora da Ajuda junto à
Torre de Outaõ. Nefte miniílerio naõ menos
inftruyo as fuás ovelhas com a palavra, que com
o exemplo, fendo o mais illuftre deixar o mun-
do, e abraçar o penitente Inílituto da Provinda
da Arrábida onde pouco tempo depois de pro-
feíTo paíTou a melhor vida no anno de 1679.
Antes de fer Religiofo imprimio.
Três Sermoens da Conceição da V. N. Senhora.
Lisboa por António Rodriguez de Abreu
1675. 4.
Sermão da Santijjfima Trindade em Setuval
na Igreja de S. JuliaÕ à Irmandade dos Clérigos.
Lisboa por Joaõ da Coíla 1672. 4.
Tratado da Oraçaõ.
Fr. ANTÓNIO COUTINHO Co-
nimbricenfe teve por Pays a Diogo Couti-
nho, e Maria da Coíla. Na idade da ado-
lefcencia abraçou o fagrado Inítituto da Or-
dem de S. Domingos fazendo a profõííaõ fo-
lemne no Real Convento de Lisboa a 28.
de Agofto de 1602. Aprendidas as Scien-
cias Efcolafticas as diâou no Collegio da
fua Pátria de cuja Efcola fahiraõ tantos Mef-
tres, como Difcipulos. Alcançado o gráo
de Meftre da Ordem foy CõmiíTario do San-
to Officio, e Prior do Convento de Évora.
Dos muitos Sermoens que com geral applaufo
252
BIBLIOTHE CA
pregou, fomente viraõ a luz publica os fe-
guintes
Sermão eftando o Santijfimo Sacramento expojlo
por ocajiaõ do furto que Je fe:^^ em Santa agracia.
Lisboa por Pedro Crasbeeck 1650. 4.
Sermão do Aão da Fé queje celebrou na Cidade
de Évora Domingo 14. de Junho de 1637. Lisboa
por Jorge Rodrigues. 1638. 4.
Faz delle breve memoria Fr. Pedro Mon-
teiro no Clauji. Domin. Tom. 3. pag. 16.
Fr. ANTÓNIO COUTINHO natu-
ral de Lisboa Religiofo profeíTo da Ordem
da Hofpitalidade de S. Joaõ de Deos onde
exercitou os lugares de Prior do Convento
de Caftello de Vide, e do Hofpital de Mou-
ra, e de Procurador Geral com grande cre-
dito do feu talento. Para exercitar a pieda-
de Chriílãa em obfequio do feu Santo Pa-
triarcha, compoz
Novena do Glorio/o Patriarcha S. Joaõ
de Deos Fundador da Hofpitalidade Pay dos po-
bres, e enfermos. Évora na Ofíicina da Uni-
verlidade. 1727. 12.
P. ANTÓNIO DO COUTO. Na-
ceo na Cidade de S. Salvador Capital do
Reyno de Angola onde entrou na Compa-
nhia de JESUS a 31. de Outubro de 1631.
Para fe inílruir nas Sciencias Efcolafticas
paíTou a Coimbra, em cuja paleftra deu
iguaes argumentos do talento que tinha para
as fciencias como inclinação para as virtu-
des. Voltou para a fua Pátria no anno de
1648. com cartas do SereniíTimo Rey D.
Joaõ o IV. para ElRey de Congo, do qual
foy recebido com grande benevolência. O
apoftolico zelo que lhe animava o corpo
lhe comunicou alentos para difcorrer por
diverfas terras para lucrar almas a Chriílo
penetrando com grande difvelo, e immenfo
trabalho aquelles vaítos certoens onde efcaf-
famente tinha rayado a Luz do Evangelho.
Attenuado com eftas heróicas fadigas foy
alcançar o premio na gloria em Loanda a
10. de Julho de 1666. do qual afíirma o P.
Franco in Sjnopf. Annal. Soe. Jef. in Lu-
fitan. pag. 340. n. 5. In rebus angufiis omnes
ad eum tanquam communem patrem foliti
confugere, ut talem vulgus, <iy Magnates vene-
rabantur. Naõ fendo menor o elogio que lhe
faz in Ann. gloriof. S. J. in 'Lufit. pag. 383.
Para inílruir aos MiíTionarios que haviaò
cultivar a vinha de Angola, efcreveo.
Gentio de Angola fufficientemente inflruido
nos Myflerios da noffa Santa Fé. Lisboa por
Domingos Lopes Roza 1642. 8. Foy tradu-
íido na lingua latina por Fr. António Maria
Prandomontano Capuchinho Romíe typis Con-
gregationis de propaganda fide. 1661. 4.
ANTÓNIO DO COUTO Fidalgo Caval-
leiro da Cafa Real, e profelTo na Ordem Mili-
tar de Chriílo, Senhor da Capella inílituida
por Vafco Martins da Agua em a Parochial
Igreja de Santa Juíla da Cidade de Coimbra
naceo em Villa-Viçofa em o anno de 1595.
e teve por Pays a Jorge Gonçalves do Couto
da Coíla, e a D. Izabel Franca fua prima por
fer filha de feu Tio Aifonfo do Couto. De-
pois de aprender nos primeiros annos a lingua
Latina, que foube com perfeição querendo
inftruir-fe em as difciplinas Mathematicas teve
por Meílre da Fortificação, e Cofmografia a
D. Manoel de Menezes General da Armada
Real com quem por toda a vida confervou
eílreita amizade naõ fomente pelas Hçoens que
delle recebera, mas por fer Primo de Cof-
me do Couto Barbofa Almirante Geral da
Armada, e Comendador de S. Pedro de
Nogueira ao qual era muito aíFefto D. Ma-
noel de Menezes. Em diverfas Armadas fe
embarcou fempre á fua cuíla, e com gran-
de lufimento, principalmente em o anno
de 1625. quando o mefmo D. Manoel de Me-
nezes foy focorrer a Bahia fitiada pelos
Olandezes o qual o armou Cavalleiro com
todas as ceremonias militares pelo heróico
valor com que pelejou contra três Náos
Olandezas, na altura da Ilha de S. JVIiguel.
Naõ manifeftou menor esforço em o anno
de 1627. quando acompanhado do Almi-
rante Chriftovaõ Cabral difcorreo pela Cof-
ta da Corunha, e na Ilha de Oleron vifinha
ao Porto de Arrochella concorreo para que
eila Praça fe fogeitaíTe ao dominio de Luiz
decimo terceiro feu legitimo Soberano.
Atendendo a Mageilade delRey D. Joaõ
o IV. aos feus merecimentos o nomeou Se-
cretario da Cafa de Bragança em quanto a
I
LUSITANA.
253
naô remunerava com mayor premio. Por mor-
te deíle Príncipe em quem tinha fundado as
cfperanças dos Teus augmentos lhe ofíereceraô
o lugar de Secretario das Mercês, que elle brio-
lamõte regeitou por vir penfíonado com o
donativo de cinco mil cruzados. Foy muito
inclinado á pintura, e era notável o primor
( om que defenhava naõ fendo menor o arti-
licio com que abria letras com tizoura em pa-
pel, como fez em hum fonetu que compufera.
lailcceo em Lisboa no anno de 1679. com 86.
iiinos de idade. Jaz fepultado em fepultura
própria no Convento de S. Domingos. Foy
i.i/.uk) duas vezes, c do fegundo matrimonio
celebrado com D. Izabel de Carvalhaes Bar-
boza, c Pitta teve a Luiz do Couto Felis de
t|ucm faremos merecida memoria em feu lu-
i;ar, e a D. Ignacia Maria de Couto que depois
Viuva de Filippc Peixoto da Sylva Fidalgo
Cafa Real, c Cavalleiro da Ordem de Chrifto
recolhco Religiofa no reformado Con-
snto do Sacramento de Religiofas Domini-
deíla Corte. Efcreveo
Tratado da fortificação, e da "Esfera. M. S. 4.
qual deu António do Couto de Caílello-
Jranco Neto do Author a feu Sobrinho
intonio Filippe Pereira Forjas Irmaõ de Jozé
li nino de Cabedo, e Vafconcellos morador
cm Setúbal em cuja livraria fe conferva.
ANTÓNIO DO COUTO DE CASTEL-
ÈO-BRANCO Fidalgo da Cafa Real Cavalleiro
i Ordem Militar de Chrifto Commendador, e
Alcaide Mór de Saõ-Tiago de Cacem, naceo
em Lisboa a 8. de Outubro de 1669. e foy
bautifado na Parochial Igreja dos Anjos a 24.
do dito mez por Manoel de Magalhaens de
Menezes Deputado do Confelho Geral do
Santo Officio, fendo Padrinho feu Avó An-
tónio do Couto, de quem fe fez a pre-
cedente memoria. Foy filho de Luiz do
Couto Felis Fidalgo da Cafa Real, e Guar-
da mór da Torre do Tombo, e de D. Pau-
la Jozepha de Caftellobranco filha de Ma-
noel da Cunha Soares Moço fidalgo Caval-
leiro da Ordem de Chrifto, e Senhor do Mor-
gado do Zambujal, e de D. Mariana da
Cunha de Caftellobranco. Defde a puerí-
cia começou a inftruirfe com aquellas ar-
tes próprias do feu nacimento, quaes foraõ
fallar puramente as línguas Latina, Franceíá
Italiana, e ainda da Hebraica teve, baftante
conhecimento; jugar as Armas com deftreza,
e mandar os Cavallos com arte. Como todo
o feu gcnio fe inclinava para a Milícia por (er
paleftra de ânimos valerofos aprendeo com
fummr) dífvelo os preceitos da Fortificação,
e da Náutica, e fahío nelles muito perito fendo
o mar, e a terra os theatros em que por díverías
vezes felizmente os praticou. Occupou vá-
rios poftos devidos naõ meoos i valentia
do feu braço, que à direcção do feu juízo,
fendo Capitão Tenente da Náo NoíTa Senhora
do Bom Suceflb cm 20. de Abril de 1697.
Capitão de nur, e guerra em 1 1. de Dezembro
de 1705. Meftre de Campo de Infantaria do
Regimento da Praça de Chaves a 2. de Mayo
de 1705. Brigadeiro a 28. de Abril de 1708. e
ultimamente Sargento mór de Batalha a 15.
de Abril de 1738. Na ultima guerra, que
efta Coroa declarou contra Efpanha, naõ
houve acçaõ militar em que ou expugnando,
ou defendendo naõ alcançaííe immortal fama
o feu valor, como fucedeo na Reftauraçaõ de
Marvaõ, e Sitio de Badajos no anno de 1705.
na Conquifta de Ciudad Rodrigo; de S. Félix
de los Gallegos, Amoraleja, no aíTalto de
Banheiras no Reyno de Galiza no anno de
1706. e no fitio de Vilhena em o Reyno de
Murcia em 1707. Governou as Cidades de
Placencia, e Salamanca em Caftella a Velha,
Campilho de Altiboy em Caftella, a Nova,
e a Praça de Bocarente no Reyno de Valença
atè que na fatal batalha de Almança dada a
25. de Abril de 1707. mandando dous Regi-
mentos na primeira linha depois de obrar
acçoens dignas de enveja dos feus companhei-
ros foy prizioneiro, e defpojado de todos os
veflidos, cuja adverfidade tolerou com animo
heróico. Reftituido à liberdade, e à pátria
foy nomeado Infpeâor das Ilhas dos AíTores,
e depois Governador da Praça de Elvas de-
fempenhando com vigilante prudência a ju-
diciofa eleyçaõ que da fua Peííoa fe fizera pa-
ra taõ authorizados lugares. Nunca o horror
de Marte lhe impedio o comercio de Minerva
revolvendo continuamente os livros naõ fo-
mente da fua profiíTaõ militar, mas da Hifto-
ria profana. Geografia, e Genealogia de que
faõ argumentos claros as obras feguintes.
254
BIBLIO THE CA
Memorias militares pertencentes ao fervi-
ço da Guerra ajfim terrejlre como marítima, em
que fucejftvamente fe contem as ohrigaçoens dos
Officiaes de Infantaria, e Cav aliar ia, e Ar te-
lharia, e Engenheiros; infignias, que lhe tocaõ
trar^er, a forma de campar, e confervar o campo;
o modo de expugnar, e defender as Praças, e a dif-
pojiçaõ de batalhas terreflres, e navaes, <Ò'c. Amf-
terdaõ por Miguel Dias 171 9. 8. com ef-
tampas.
Suplemento às Memorias Militares. Tom 2.
das fuás obfervaçoens, e apontamentos das obri-
gaçoens, e praãicas da Guerra. Lisboa na Ofíi-
cina da Muíica. 1731. 8.
Memorias, e obfervaçoens militares, e po-
liticas Tom. 3, Keferem-fe todas as operaçoens
militares, e politicas de Portugal que moverão
a concluir huma Liga com as Coroas de França,
e Caflella, e fahindo defia celebrar outra com o
Império, Gràõ Bretanha, e O landa: os fuceffos da
Guerra em que entrou com os f eus Alliados, mar-
chas de exércitos, fitios, e expugnações de Pra-
ças, encontros, e batalhas navaes, <&c. Lisboa na
Officina da Muíica, e da Sagrada Religião
de Malta. 1740. 8.
Memorias, e Obfervaçoens Militares. Tom. 4.
Keferem-fe todas as operaçoens do Exercito de
Portugal na campanha de 1706. defde que fahio
de Portugal até tomar quartéis no Rejno de Va-
lença, com a noticia da expugnaçaõ das Praças
de Alcântara, Moraleja, Ciudad Kodrigo, e S.
Felices de los Gallegos, aclamação delRej Carlos
III. Madrid M. S.
Memorias, e Obfervaçoens Militares, e
Politicas Tom. 5. Keferem-fe todas as opera-
çoens militares do Exercito de Portugal depois
que fahio do Rejno de Valença, e as difpo-
fiçoens para a Campanha, e expugnaçoens da Praça
de Vilhena no Rejno de Murcia, movimentos,
e marcha nelle; batalha de Almança. Marchados
prifioneiros ; hidas às Ilhas com focorro, <ò'c.
M. S.
Memorias, e obfervaçoens militares, e poli-
ticas Tom. 6. Contem cartas efcrifas nas Cor-
tes de Portugal, e Caflella por forma de Ma-
nifejlos, e difpofiçoens para o rompimento entre as
duas Coroas. M. S.
Eíles três Tomos eftaõ promptos para a
ImpreíTaõ.
DefcripçaÕ das nove Ilhas dos Affores,
em que fe vé debuxada a Planta de cada huma,
a altura da fua fituaçaÕ; frutos, arvores, Ani-
maes, e Aves que produ:<^ o numero de gente que
as habita, e o anno em que fe povoarão, familiar
illujlres que nellas florecem. Foi. M. S. em papel
grande, offerecida à Mageftade delRey D.
Joaõ o V. NoíTo Senhor, cujo Original fc
conferva na Bibliotheca do ExcellentiíTima
Marquez de Abrantes.
Antes de ter compofto efte Livro efcre-
veo.
Conta que deu a S. Mageftade em 20. de No-
vembro de 1708. das Ilhas do Fayal, Graciofa,
Pico, S. Jorge, Corvo, e Flores quando ajfiflio
nellas por feu Infpeãor. Foi. M. S. coníla de
16. Paginas.
Tratado da Familia do Couto. Foi. M. S.
Eftas duas obras conferva na fua Livraria
o EruditiíTimo Jozé Freyre de Monterroyo |
Mafcarenhas como nella vimos.
Famílias do Rejno de Portugal ordenadas
pela ordem Alfabética foi. 8. Tom. M. S.
Famílias dos Rejs da Europa, e dos Títu-
los de Portugal, Baroens, e Officiaes da Cafa Real.
foi. 2. Tom. M. S. Confervaõ-fe em poder
de feu Author, do qual faz honorifica memoria
António Carvalho da CoIla Corog. Portug.
Tom. I. Trat. 3. cap. 23. pag. 271.
ANTÓNIO DE CRASTO Natural
da Cidade de Bragança da Província Tranf-
montana. Foy infigne em todas as Artes
Liberais principalmente Geometria, Ari-
thmetica, Cofmographia, e Aílronomia,
naõ fendo menos fciente na Lingua Latina,
e Arte Poética. Todas eftas Sciencias o fi-
zeraõ digno de fer Meftre dos Moços Fidal-
gos que frequentavaõ o Paço, e depois do
SereniíTimo Duque de Bragança D. Theo-
dofio II. Morreo no anno de 1603. deixando
diverfas obras, que teftemunhavaõ a fua
vafta erudição ainda que a mayor parte in-
completas. Das que tinhaõ a ultima perfei-
ção, foraõ
Traãatus de maris falfedine. Aí. S.
Traãatus de conchiliis. M. S.
Traãatus de Vino mjrrhato Chrijlo
Domino à Judais in Cruce propina to;
No qual impugnava o que nefta matéria
tinha efcrito o Cardeal Baronio.
L USITAN A.
255
Fr. ANTÓNIO DA CRUZ natural de
I isl)()a, c filho de Luiz Fernandes Barbas,
( Cathcrina Henriques. ProfeíTou o iiabito
(i:i illuílrc Ordem da Santinfima Trindade no
Convento pátrio a 26. de Janeiro de 1598.
ndc pelas fuás letras, e virtuofas acçoens
< Kcrcitou prudentemente os mais honorifícos
lugares, como foraõ Vigário do Real Con-
vento de Ceuta, Reytor do G)lIcgio de Coim-
bra, Secretario da Provincia, Pregador Geral,
Miniílro do Convento de Lisboa, e ultima-
mente Provincial eleito no anno de 1629.
I oy dotado de ardente charidadc, e abrazado
cio no exercicio de rcfgatar Cativos, princi-
pal obrigação do feu fagrado Inílituto, para
i ujo cffcito dcfprczando os mayorcs perigos
p;iflbu duas vezes a Argel; a primeira no anno
cie 161 8. em que refgatou cento, e cincoenta e
lious cativos; a fcgunda no anno de 1620. cm
«.|ue libertou cento, c quarenta c nove. Nef-
ic ultimo refgate como confumifle dous
1 tinos foy julgado pelos bárbaros fcr efpia de
Iiftella, fendo condenado a huma dura pri-
D, e ultimamente à morte, mas conhecida
fua innocencia foy reíUtuido à liberdade,
ao Reyno onde acabou a vida no i. de Ja-
íiro de 1655. Efcreveo.
Hijloria dos refgates, que fe;^, e dos muitos
riibalhoSf que padeceo por amor dos Cativos nàõ
fó em Argel entre os Mouros mas ainda em Us-
hoa pelos Jeus emulos. Aí. S. em folha. Con-
icrva-fe na Livraria do Convento da Santif-
lima Trindade de Lisboa. Do Author faz illuf-
tre memoria Fr. Bernardin. de Santo António
in E.pit. Kedempt. lib. 2. cap. 4. e cap. 11.
ANTÓNIO DA CRUZ. Naceo em Lis-
boa, e foy hum dos mais infignes Cirurgiaens
do feu tempo, cuja arte exercitou muitos
annos no Hofpital Real de todos os Santos
.ilTiílindo naõ fomente com grande caridade,
e naõ menor fciencia aos infermos, mas
inftruindo na fua faculdade a muitos difcipulos,
que fahiraõ da fua efcola muito peritos, e para
que mais brevemente fe informaíTem nos feus
preceitos, efcreveo Optime, doãe, et Curiofe
como affirma o celebre Zacuto Luíit. Prax.
Med. liv. 2. Obfervat. 84. & in Praefat. ad
?rognoJlic. Hippocrat.
RecopilaçaÔ da Çurgia dividida em cinco
Tratados. O i. /rata da Anatomia de todos os
membros do corpo humano fimples, e compoftos.
2. de Apojlhemas 5. de l^ cridas. 4. de ChagfU.
). da natMret(a dos Simples. Lisboa por Jorge
Rodrigues 1601. 4. e 160). e ibi por Matheos
Pinheiro 1650. 4. e acrecentada por Fiao-
cifco Soares I^eyo, e Amaro da FoniGeca Cirur-
giaens de Lisboa ibi por Manoel Gomes de
Carvalho. 1649. 4. Novamente acrecentada
pelo dito Francifco Soares Feyo, e Antooio
Gonçalves. Lisboa por António Crasbeeck
de Mello 1669. 4. e ibi por Miguel Deslandes
1688. 4. e Lisboa por Bernardo da CoAa de
Carvalho 171 1. 4.
Joan. Soar. de Brito in Theat. "Lufit.
Utter. lit. A. n. 65. lhe chama Chirurgus
expertijfimus. Naõ poflb aflfirmar certamen-
te fe he o mefmo, ou outro differente por
ter o mefmo nome o Author da obra fe-
guinte
Ordem de restar o Rofario de N. S. com a
Coroa de Chrijlo no fim. Lisboa por Domingos
Lopes Rofa 1647. 24. e por Joaõ da Coíla 1668.
e por Miguel Deslandes 1688.
ANTÓNIO DA CRUZ. Naceo na
Cidade de Lamego a 10. de Julho de 1671.
Ainda eftava na idade da adolefcencia quan-
do veftio a murça de Cónego Secular da Cõ-
gregaçaõ do amado Evangeliíla no Con-
vento de S. Bento de Enxobregas a 14. de
Mayo de 1688. Depois de jubilar na Sa-
grada Theologia, e ter fido Reytor do Cõ-
vento da fua pátria, e Definidor mór, foy
eleito Geral em o anno de 1730. em cujo
lugar manifeftou a prudência do feu talento,
que era igual para o Púlpito. Morreo
na pátria a 10. de Novembro de 1738. com
67. annos de idade, e 50. de Religião. Im-
primio.
Sermão de 'Esxequias no Oficio das Honras
do Illujirijfimo, e Keverendijftmo Senhor D. Joaõ
de Brito, e Vafconcellos Bifpo de Angra, que
fe fe^ no Convento de Santa Crus^ da Cidade de
Lamego dos Cónegos Jeculares da Congregarão
de SaÕ Joaõ Evangelijla. Lisboa por Francifco
Xavier de Andrade. 1722. 4.
ANTÓNIO DELICADO natural da
Villa de Alvito da Diocefe de Évora na
256
BIBLIOTHE CA
Província do Alentejo. Defde a primeira
idade fe educou em Cafa de Manoel Seve-
rim de Faria Chantre de Évora Varaõ taõ
iníigne pela noticia das antiguidades, como
pela integridade de coílumes, de cuja difci-
plina nunca degenerou, antes ordenado de
Sacerdote foy eleito Parocho da Igreja de
Santa Maria da Charidade íituada fora dos
muros de Évora, onde pradticou as obri-
gaçoens de verdadeiro Paílor. Como era
muito perito dos myílerios da lingua mater-
na aíTim moderna como antigua de que o
louva Joaõ Soares de Brito in Theat. 'Lufit.
Liitter. lit. A. n. 68. efcreveo por impulfo
do Chantre de Évora.
Adágios Vortugue^^es redundas a lugares co-
muns. Lisboa por Domingos Lopez Rofa.
1651. 4.
ANTÓNIO DE DEOS CAMPOS Naceo
na Cidade do Porto a 3. de Outubro de 1699.
e teve por Pays a António de Deos Campos,
e Conceição de Santa Rofa. Inílruido na lingua
Latina frequentou na Pátria o eftudo da Filo-
fofia, e Theologia até que paliando à Univeríi-
dade de Coimbra fe applicou à fciencia do Di-
reito Pontifício em que recebeo o gráo de Ba-
charel em 31. de Julho de 1721. Depois de fer
Dezembargador, e Promotor do Bifpado do
Porto tomou poíle da Abbadia da Igreja Paro-
chial de S. Nicolao da mefma Cidade a 22. de
Outubro de 1723. donde paílou a Cónego Ma-
giftral de Efcritura em a Cathedral da fua pátria
a 14. de Julho de 1737. Naõ fomente he verfado
em as Humanidades, e noticia das linguas Caíle-
Ihana, e ItaKana, mas ornado de grande talento
para o Púlpito, como teflifica a obra feguinte.
Panegyrico Evangélico, e Gratulatorio expojio
nafolemnidade, que em acçaõ de Graças no dia 28.
de Outubro de 1739. '^^^^brou o nobilijfimo, e precla-
rijjimo Senado da Camará da Cidade do Porto na
Santa Igreja Cathedral da mefma pelo felicif-
Jimo Nacimento da Terceira Filha do Serenijftmo
Frincipe do Brajil noffo Senhor D. Jo^é. Porto.
1740. 4. fem nome de Impreílor.
ANTÓNIO DIAS CARDOSO na-
tural da nobre Villa de Santarém filho do
Doutor Pedro Fernandes, e Barbara Fer-
nandes, e Irmaõ do Doutor Fernaõ Ro-
driguez Cardofo Collegial do Collegio Real
de S. Paulo. Eíludou Direito Pontifício
na Univerfidade de Coimbra em cuja facul-
dade fe doutorou donde paflbu a fer Cóne-
go Doutoral na Sé de Évora, de que tomou
poíTe em 27. de Julho de 1620. Pela grande
literatura, e virtuofo procedimento foy
creado Inquifidor da Inquifíçaõ de Coim-
bra a 20. de Mayo de 1589. donde foy trans-
ferido à de Évora em 12. de Outubro de
1602. e ultimamente Deputado do Confe-
Iho Geral em 14. de Mayo de 1610. como
efcreve Fr. António de Souf. de Orig. In-
quif. 'L.ufit. §. 2. n. 10. §. 4. n. 12. e §. 2. n. 16.
e Fr. Pedro Monteiro no Cathalogo dos Depul
do Cone. Geral. Morreo em Lisboa a 26. de
Janeiro de 1624. e eiiá enterrado no Con- ,
vento de Santo Eloy dos Cónegos Seculares
do Evangelifta com efte epitafío que traz o
P. Francifco de Santa Maria no Ceo aberto.
liv. 2. cap. 22. pag. 445.
Sepultura do Doutor António Dias Cardo/a
do Confelho de Sua Magejlade, e do Geral da
Santa Inquijiçaõ Cónego doutoral da Sé de Évora
faleceo a 26. de Janeiro de 1624.
Efcreveo.
Regimento do Santo Officio de Portugal Lis-
boa por Pedro Crasbeck. 161 3. foi. Foy man-
dado imprimir por ordem do Inquifídor
Geral D. Pedro de Caftilho.
Deíla obra diz Manoel Mendes de Caf-
tro in Praã. Eijit. lib. 2. cap. i. §• 7. n. 16. Nihil
adpraxim amplius dejiderari potejl, tendo efcrito j
do Author atatis fua fapientijfimum admira- ^
hilis Janãitatis, <& prudentia virum.
Fr. ANTÓNIO DE S. DOMINGOS
natural da Cidade de Coimbra, e hum dol
mais famofos Letrados da Ordem dos Pr^'
gadores cujo habito profeíTou no Real Coor
vento de Lisboa a 7. de Fevereiro de 1547.
Depois de ter eíhidado Filofofía, e Theor
logia com enveja dos feus condifcipulos as
diftou com admiração de todos os Meíbres
pelo largo efpaço de quarenta annos dos
quaes vinte foraõ fendo Lente de Prima de
Theologia na Univerfidade de Coimbra de
que tomou poíTe em 10. de Fevereiro de 1574*
fubílituindo no lugar, e na fama a Fr. Mar-
tinho de Ledefma, fervindo muitas vezes
I
L USITAN A.
25/
de Vicereitor na mefiiM Academia» Foy
Prior do Convento de Lisboa no anno de
1568. em que fatalmente ardia toda ella no
incêndio da peíle, e preferindo a falvaçaô
alheya á própria vida nunca fe retirou do
(Convento antes com fumma charídade con-
tcíTava aos feridos do contagio. Sérvio o
tribunal do Santo OBicio como Qualifica-
dor, depois Deputado da Inquifíçaõ de Lis-
boa de que tomou poíTc cm 28. de Setembro
•\c. 1581. até que morrco na fua pátria quando
ontava 65. annos de idade no anno de 1596.
c naò (como efcreve Fr. Pedro Monteiro
no Clanjl. Domin. Tom. 3. pag. 13. c 59. no
anno de 1J97. nem no anno de 1598. como
diz à pag. 147. e no Cathalog. dos Deputad. da
biquif. de Coimbra n. 15.) Delle fc Icmbraò
l"r. Luiz de Soufa HiJI. de SaÕ Domingos da
Prov. de Portug. Part. i. liv. 5. cap. 37. cha-
inando-lhc famofo Pregador. O Senhor D.
Ítonio na Gurta cfcrita no anno de 1583.
rrcgorio Xin. home de grandes lettres, e erudi-
. Echard Script. Ord. Pradic. Tom. 2.
j,„^. 251. Maòfter avo fuo clarijfimus. Mafleo
in Vita Soarii cap. 10 Joan. Soar. de Brit.
in Tbeaf. Ljijit. Utera. lit. A. n. 70. Fr. Ant.
Senenf. in Bib. Fratr. Ord. Prad. pag. 26.
Vir ingenii magto acumine, et admodum expediti
nattira pradiíus, et in Chron. Frat. Ord. Prad.
pag. 328. In concionando locum meretitr haud dubie
j M conjeffu concionatoriim infignium. Nic. Ant.
in Bib. Hifp. Tom. i. pag. 90. Tempore fm
valde fuit celebris. Taxand. in Cathal. Ciar.
Hifp. Script. Compoz.
Commentaria in Univerjam Theologiam M. S.
Traduzio de Latim de Santo Antonino
\rcebifpo de Florença em Portuguez, e a
publicou.
Vida de SaÕ Domingos foi.
Compendio das Chronicas da Ordem.
Do qual faz memoria Cardofo Agiol.
Ijifit. Tom. I. pag. 297. no Commentario
de 30. de Janeiro letr. B. e Tom. 2. pag.
223. no Commentario de 18. de Março letr. B.
e no Tom. 3. pag. 252. no Comment. de 14.
de Mayo letr. C.
Dos Novijftmos do homem.
Deíla obra fe lembra Fr. Affonfo Fer-
nand. in Concertat. Prad. a qual efcreve Fr.
Pedro Monteiro no Catai, dos Deput. da Inq.
dê Coimbra, n. 15. que fe imprimio, e noe
parece fe enganou.
Fr. ANTÓNIO DE S. DOMINGOS
Naceo em a Villa de Santarém do Arcebífpado
de Lisboa a 4. de Agoílo de 1667. filho de
Pafchoal Jorge, e Margarida da G^fta, e fe-
melhante ao precedente em o nome, e na pro>
filíaõ do Inílituto Religiofo que fez no Con-
vento de Bemfica a 25. de Abril de 1685.
Foy Pregador Geral, Prior do Convento de
S. Domingos de Coimbra, e Vigário das Re-
ligiofas do Convento de S. Joaõ de Setúbal.
Imprimio.
SermaÕ do ultimo dia do folenijftmo Tridiio
com que os Keligiofos da Sagrada Companhia de
]FS\JS feftejáraò no Jeu Collegio de Santarém a
glorio/a Canoni:(açaÕ dos feus portento/os Santos
Santo Stanislao Kofka, e SaÕ Lmí^ Gonzaga
a 30. de Setembro de 1727. 4. Lisboa por
Manoel Fernandes da Cofta 1728. 4.
Delle faz muito breve memoria Fr. Pe-
dro Monteiro no Claujl. Domin. Tom. 3.
pag. 147.
ANTÓNIO DUARTE natural de Évora
filho de Simaõ Duarte, e Izabel Luiz, Coadju-
tor temporal da Companhia de JESUS onde
entrou a 20. de Janeiro de 1693. compoz
como efcreve o P. Fonfeca na fua Evor. Glorio/.
pag. 427.
Commentarios aos exercidos de Santo Jgia-
cio. M. S.
Fundação do Convento do Salvador de Fjvora
com as vidas das religiofas que nelle floreceraò M. S.
ANTÓNIO DUARTE DE VAS-
CONCELLOS filho de André Duarte de
Vafconcellos, Cavalleiro da Ordem Militar
de Saõ-Tiago, de quem já fizemos memo-
ria, e de D. Antónia de Andrade Gouvea,
e Miranda naceo na Cidade de Lisboa no
anno de 1670. Foy ornado de grande en-
genho, e admirável comprehenfaõ. Culti-
vou com génio, e eíhido a Arte Poética de
que deixou hum livro de 4. intitulado.
Poefias varias. M. S.
Faleceo na Villa de Santarém a 30, de
Agofto de 1703. e jaz fepultado no Con-
vento de Santo Agoítinho da mefma Villa.
258
BIB LIO THECA
ANTÓNIO DURAM Soldado vale-
rofo que militou muitos annos na índia dan-
do fempre do feu animo heróicas demonf-
traçoens, fendo a mayor quando a Forta-
leza de Moçambique foy cercada no anno
de 1607. e 1608. por huma innumeravel
multidão de Olandezes, a cuja violenta in-
vafaõ fortemente refiílio. Voltando para a
Pátria efcreveo com elegante efiilo como diz Joaõ
Pinto Ribeiro na Prefer. das letras às Armas.
Cercos de Moçambique defendidos por D. EJie-
van de Attayde Capitam General, y Governador de
aquella Flaça. Madrid por la viuda de Alonfo
Martines 1633. 4. Faz memoria defta obra, e
feu Author a Bih. Orient. de António de Leaõ
novamente acrecentada Tom. i. Tit. 3. col. 54.
Fr. ANTÓNIO DE SANTO ELISEU
natural da Villa de Ançaá do Bifpado de Coim-
bra. Tendo eíludado as primeiras letras na
Pátria paílou a Lisboa quando contava 18.
annos de idade, e recebendo o habito de Car-
melita Defcalço no Convento de N. Senhora
dos Remédios profeíTou folemnemente a
19. de Março de 1680. Tanto foy o progreíTo
que fez nos eíludos que brevemente fubio
a fer Meílre de Theologia Efcolaftica, e Pofi-
tiva, em que era eminente. Foy ornado de
fumma prudência, e afFabilidade, cujos dotes
o conTtituhiraõ merecedor de que fucceíiva-
mente occupaíTe os lugares de Prior dos Con-
ventos de Setúbal, e Carnide, Reytor do CoUe-
gio de Coimbra, Definidor, Confiliario, e
duas vezes Provincial da fua reformada Fa-
mília. Morreo no Convento de Carnide
fituado nos arrabaldes de Lisboa a 17. de
Setembro de 1736. com 74. annos de idade
e 56. de Religião. Compoz.
Sermoens Vários Part. i. Lisboa por An-
tónio Pedrofo Galraõ. 1736. 4.
Parte 2. Lisboa pelo mefmo Impreííor.
1737- 4.
Parte 3. Lisboa. Pelos herdeiros de An-
tónio Pedrofo Galraõ 1740. 4.
P. ANTÓNIO DA ENCARNAÇAM Na-
ceo em Lisboa no anno de 1601. fendo feus
Pays Braz Nunes, e Dionifia Matofa. Na idade
juvenil recebeo o habito de Cónego Secular
da Congregação do Evangelifta onde teve os
lugares de Almoxarife do Hofpital das Caldas
da Rainha, e Porteiro do Convento de Santo
Eloy de Lisboa. Applicou-fe ao eftudo da Me-
dicina, e Cirurgia fazendo pelas fuás maõs os
remédios que receitava, cujo efFeito era taõ fe-
liz que para receberem faude o chamavaõ as
principaes peíToas da Corte fem que delia arte
lucraííe coufa alguma. Compoz.
ConfeJJionario Geral. M. S.
Declaração dos remédios, que fe obraÕ nas bo-
ticas. M. S.
Eíles dous livros eflavaõ promptos paa
a impreíTaõ.
Fr. ANTÓNIO DA ENCARNAÇAM
Natural de Évora onde foy inftruido por feus
Pays Francifco Bulhaõ, e Juliana da Ponte com
documentos virtuofos. Depois de profeíTar no
Convento da fua Pátria o Sagrado Inílituto da
Ordem dos Pregadores partio para a índia
Oriental, e no Collegio de Santo Thomaz de
Goa eíludou as fciencias efcolaílicas em que
fahio eminente nas quaes inílruyo aos feus do-
mefticos até fer Prefentado em Theologia no
anno de 1630. Voltando para o Reyno paílou
por Arménia onde foy benevolamente recebido
pelos feus Religiofos que alli refidem, e iniirui-
do no idioma da terra naõ fomente verteo nelle
as Conílituiçoens da Ordem, ^Miííal, e Breviário,
mas foy eleito feu Provincial, em cujo miniíle-
rio manifeílou a grande prudência, de que era
ornado reílituindo à fua primitiva obfervancia
os Religiofos, que ellavaõ fummamente relaxa-
dos, fendo o feu mayor difvelo a propagação da
Fé naquella regiaõ, como narra Clemente Ga-
lane no Traf. i. Hijloria Arménia de cuja Sa-
grada empreza foy feu Companheiro. AíTiftio
como Definidor no Capitulo Geral celebrado
em Roma a 6. de Mayo de 1650. e naõ de 1684.
como modernamente efcreve com enorme ana-
cronifmo o P. Fr. Lucas de Santa Catherina na
4. Parte da Hijior. de S. Domingos da Provinc.
de Portug. Hv. i. cap. 12. pag. 70. e em taõ
venerável congreílo foy venerado o feu talen-
to. Depois de reftituido a Portugal foy De-
putado da Inquifiçaõ de Évora, de que to-
mou poífe em 7. de Junho de 1659. donde
paílou com o mefmo lugar para a de Lisboa
em II. de Junho de 1661. Foy Prior do
Convento de Bemfica, e Vigário do Mof-
I
í
f
L USITANA.
259
rciro das Religiofas do Sacramento, e em
umbos eíles minifterios fe moftrou fumma-
mente prudente, e vigilante. Morreo no
G^nvento de Lisboa a 15. de Outubro de
166). Compoz.
Kelaçotns Jummarias d» algms ferviços que
fii^eraÕ a Deos, 0 a efles Reynos os Ktligjiofos Domi-
tiicos nas partes da índia Oriental mjles annos pró-
ximos pajfados. Lisboa por Lourenço Cras-
beeck. 1655. 4.
Kelaçad das coufas que nefles annos próximos
jis^aÒ os Keligiofos da Ordem dos Pregadores,
e dos prodigios, que fucederaõ nas Chriflandades
do Sul, que correm por Jua conta na índia Oriental.
Lisboa por Henrique Valente de Oliveira
1665. 4.
SermaÕ do Aão da Fé celebrado em Goa a 7.
de Fevereiro de 161 7. Lisboa por Pedro Cras-
beeck. 1628. 4.
Relação do principio da Chrijlandade nas Ilhas
do Solor, Dcíla faz mençaõ Jorge Girdofo
Agiol. LMJit. Tom. 2. pag. 198. no Comment.
de 16. de Março letr. E.
Dcílas Relaçoens faz mençaõ, e de feu
Vuthor a Bibliothec. Orient. de António de
tLeon modernamente acrecentada Tom. i.
'fit. 5. col. 84. e Tom. 2, Tit. 20. col. 754.
Relação do martyrio dos Padres Fr. Lmí^ do
Efpirito Santo, e Fr. Joaõ da Piedade Dominicos
nas Ilhas do Solor. Delia fe lembra Cardofo
Affol. LmJíí. Tom. 2. pag. 50. no Commentario
de 4. de Março letr. N. D. Fr. Jozè de Santa
Maria Bifpo de Biíignano in Vita V. P. Fr.
Francijci Donati Dominicani Martyris. no cap.
20. affirma que tem em feu poder diverfas
Relaçoens da índia M. S. efcritas por Fr. Antó-
nio da Encarnação.
Addiçaõ ã Fundação do Convento de S. Domin-
gos de Bem fica. Sahio impreíía na 2. Part. da
Hijl. de SaÕ Domingos da Prov. de Portugal defde
pag. 96. v.o até. 106. v.o com a Vida de Fr. Luiz
de Sou/a feu Chroniíla no principio da mefma
Chronica, fervindolhe do mayor elogio da
fua elegante penna o equivocarfe com a de Fr.
Luiz de Soufa imitando o feu ejlylo com fingular
elegância hijiorica, como diz o P. Fr. Lucas
de Santa Catherina na Hiji. de S. Domin-
gos já allegada pag. 926. Semelhantes lou-
' vores lhe dà Jacobo Echard Script. Ord.
Prad. Tom. 2. pag. 561. poílo que por en-
gano o fiez diverfo do que traz i pag. 605.
fendo o meímo. Fr. Miguel da Purif. Kelac,
Defenf. dos filhos da índia Trat. i. cap. 6. pag.
59. v.o Fr. Pedro Monteiro Clauft. Domin.
Tom. 3. pag. 147. e no Cathal. dos Deput, da
Inqtdf. de Evor. P. Francifco da Fonfec. Ei/or.
Cloriof. pag. 410. a Bib. Orient. novamente
addicionad. Tom. i. Tit. 3. col. )2. onde erra-
damente eícreve que profeguíra a 2. e 5. Part.
da Qironica de Fr. Luiz de Souía quando
fomente addicionou a 2. Parte como aíTima fe
diíTe.
Fr. ANTÓNIO DA ENCARNAÇAM
Naceo em Lisboa, e na Igreja dedicada á Afcen-
çaõ de Chriílo fituada na Calçada do Gjmbro
recebeo a graça bautifmal a 14. de Novembro
de 1622. Foy filho de Joaõ da G)fta, e Águeda
Manoel. Quando contava defefete para de-
foito annos veftio o habito Seráfico da Ordem
da Penitencia em o Gínvento de N. Senhora
de JESUS da fua pátria onde profeflbu a
25. de Janeiro de 1642. Eíhidou as fciencias
EfcholaíUcas com tanta comprehenfaõ, que
excedeu a todos os feus condifdpulos. Dei-
xando a Cadeira fe applicou ao exercido do
Púlpito em que mereceo univerfal applaufo.
Foy Secretario da Província, Reytor do
Collegio de S. Pedro de Coimbra, e Co-
miíTario da Venerável Ordem Terceira do
Convento defta Corte, onde falleceo fendo
aéhialmente ComiíTario a 22. de Novem-
bro de 1666. com 44. de idade, e 25. de Re-
ligião. Sendo Secretario da Provinda Com-
poz.
Cathalogo índice da Santa Provinda da Ter-
ceira Ordem de Portugal, foi. M. S. Divi-
dife em três Partes. A primeira trata das
Fundaçoens dos Conventos, e coufas mais no-
táveis delles. A fegunda declara os Nomes,
e as Pátrias dos Religiofos; os dias em que
receberão o Habito, e fizeraõ ProfiíTaõ, os
lugares, e dignidades que tiveraõ. A ter-
ceira trata das eleyçoens Capitulares que na
Provinda fe celebrarão.
Fazem mençaõ defte Author os Fafios da
Provinc. da 3. Ordem Part. 2. e o Padre Antó-
nio Carvalho da Cofta Corog. Portug. Tom. 3.
Trat. 8. cap. 33. bem conhecido, e venerado nefta
Corte, e em todo o Reyno.
2Ó0
BIBLIO THE CA
Fr. ANTÓNIO DE S. ENGRACIA
natural de Lisboa, Religiofo da Ordem dos
Menores da Provinda dos Algarves, cujo
Habito profeíTou no Convento de Portalegre
a 23. de Dezembro de 1688. Foy Sancriílaõ
mór no reformado Convento das Religiofas
da Madre de Deos fituado fora dos muros
de Lisboa, Varaõ de inculpável vida, e fumma
candidez. Em obfequio da Santa Anna a
quem affeâruofamente amava. Compoz.
Novena da glorio/a Senhora Santa Anna
Mãy da Mãy de Deos, e Avó de Chrijlo. Lisboa
por Mathias Pereira da Sylva, e Joaõ Antunes
Pedrofo. 1720. 24.
Fr. ANTÓNIO DE SANTA ESCOLÁS-
TICA Naceo em Lisboa, e na idade da ado-
lefcencia deixando a cafa de feus Pays, Joaõ
Pinheiro de Mattos, e D. Efcholaftica de Frei-
tas bufcou a Religião do D. Máximo profef-
fando no Real Convento de Belém a 28. de
Setembro de 1684. Aprendeo as fciencias
de Filofofia, e Theologia com igual applica-
çaõ ao applaufo com que depois as diftou
naõ lhe fervindo de embaraço a o feu grande
talento que ao mefmo tempo cultivaíTe entre
os eftudos feveros a amenidade das letras
humanas, e Poeíia aíTim Latina como vulgar
para que teve natural propenfaõ. Foy Prior
do Convento da Pena, e Viíitador Geral da
fua Congregação em cujos minifterios deo cla-
ros argumentos de prudência, e aífabilida-
de de que he fummamente ornado. Tem
Compofto.
Tra£tatus de Pani fenda foi. M. S.
Traãatus de Sacramentis. foi. M. S.
Flofculus Theologicus. He hum Compen-
dio de toda a Theologia. M. S.
Panegyrico ao Príncipe D. Joaõ primogénito
dos Serenijfimos Monarchas D. Pedro z. e D.
Maria Sofia If^abel de Neoburg. Era compofto
em verfo heróico que naõ imprimio pela breve
duração que teve efte Príncipe.
Lo que pueden las EJlrellas. Comedia.
Três Epigramas "Latinos, e hum Soneto
Portuguet^^, em applaufo do P. Fr. Simaõ An-
tónio de Santa Catherina da Ordem de Saõ
Jeronymo orando na Academia dos Anony-
mos, e da Academia Efcholaftica, e fahiraõ
impreílas na i. Parte das Oraçoens Académi-
cas do dito Fr. SimaÕ António. Lisboa na Offi-
cina da Mufica 1723. 8.
Fr. ANTÓNIO DE ESCOBAR Naceo
na Cidade de Coimbra a 4. de Janeiro de 161 8.
fendo feus Pays Manoel de Efcobar, e Mar-
garida Rouboa de Anhaya que o educaráõ
com fumma piedade, e vigilância. No Colle-
gio da fua pátria recebeo o Habito Carmeli-
tano a 24. de Abril de 1637. e profeíTando
no anno feguinte fe applicou a eftudar as fcien-
cias com que havia illuftrar a Religião, de que
era filho, principalmente na Oratória Eccle-
fiaftica, em que foy infigne. O talento que
tinha para o Púlpito foy igual ao que exer-
citou no governo de vários lugares na fua
Ordem como foraõ Prior do Convento da
Vidigueira, e de Évora, de ConfeíTor das Reli-
giofas do Convento de Beja, e de Cuftodio,
e Definidor da Província. Sendo Chronifta
defta Província, e tendo compofto a mayor
parte da fua Hiftoria fe perdeo infelizmente
na irrupção que fizeraõ os Caftelhanos no Con-
vento de Évora onde aíTiftia, no anno dei 665.
Foy muito verfado na liçaõ das letras hu-
manas, e na Poefia, de cuja arte foy suffici-
ente profeífor. Alguns annos antes, que
morreífe, perdeo a vifta, cujo infortúnio tole-
rou conftantemente como Tobias até que
no Convento de Lisboa trocou a vida cadu-
ca pela eterna no anno de 1681. quando
contava 63. annos de idade. Compoz.
El Heroe Português^. Vida, ha^afias vitorias,
virtudyj muerte dei ExcelentiJJimo Senor D. Nuno
Alvares Pereira. Lisboa por Diogo Soares
de Bulhoens. 1670. 16. Efta obra he applaudida
pela fua erudição, e elevado eftilo efcreve Fr.
Manoel de Sá nas Memor. Hijior. dos Efcrit.
Portug. do Carm. pag. 29. Foy fegunda vez
impreíTa com o nome fuppofto de Salanio
Lufitano com efte titulo.
Difcurfos políticos, j militares en la vida dei
Conde D. Nufjo Alvares Pereira Condejiable dei
Rejno de Portugal. Zaragoça por Juan de Ibar
1670. 4. Sendo por furto levada do poder do
Author como elle manifeftou na Apologia im-
preíTa que efcreveo em 23. de Novembro de
1670. e atribuída a Fr. Francifco de Salez.^
Vida de Santo Angelo Martyr Carmelita.^
Lisboa por Joaõ da Cofta 1671. 4.
LUSITANA.
201
A Fénix de Portugal, a flor transformada
Eflrella, a eflrella transferida a Sol: a idea
'ai politica, hijlorica de três eftados ^Jcurjada
vida da Kaynha Santa Isabel Infanta de AragaÕ.
Coimbra por Manoel Dias. 1680. 4.
SermaÕ fmehre nas Exéquias qm os Irmãos
\f cravos de N. Senhora da EsicamafaÕ fl^eraõ
feu Inflituidor o IrmaÕ Fr. SimaÒ de Santa
_I Maria no Convento do Carmo de Ushoa em ío. de
^^Tábril de 1672. Lisboa por Joaõ da Coíla
1672. 4.
Com o nome fuppofto de Gerardo de
Rfcovar publicou
Còriflaes da alma, phrafes do CoraçaÕ, Khe-
torica do fentimento, amantes def alinhos. Lisboa
por Joaõ da Cofta. 1673. 8. Coimbra por
Jozé Ferreira 1677. 8. et ibi por Jozé Antunes
da Sylva. 1721. 8.
Dot^e Novellas. Primeira Parte. Lisboa por
Joaõ da Cofta 1674. 4.
Eftas duas obras conftaõ de proza, e verfo.
ÉVida, e martyrio do V. P. Gonçalo da Syl-
a da Companhia de JESUS. Efta obra offe-
eo ao P. D. Luiz da Sylveira, como tam-
bém outro livro de que fe ignora o titiilo ofFe-
recido à Duqueza de Caminha dos quaes faz
mençaõ Fr. Manoel de Sá nas Memor. Hijlor.
já allegadas pag. 50. e do Author Joaõ Franco
Barreto na Bib. Portug. Aí. S. e o mefmo Sá
nas Mem. Hijl. da Ord. do Carm. da Prov. de
PortNg. Tom. i. liv. 4. cap. 2. n. 526.
Fr. ANTÓNIO DA ESPERANÇA
Naceo em Lisboa, e foy filho de Miguel
da Monta, e Anna Fillippa. ProfeíTou o
Habito de Eremita de Santo Agoftinho no
Convento pátrio a 18. de Dezembro de
1568. Foy ornado de muitas virtudes pelas
quaes padeceo varias perfeguiçoens do demó-
nio de cuja aftucia triumfou fempre a fua
imperturbável conftancia. Cheyo de mere-
cimentos acabou a vida em 10. de Dezembro
de 1634. Deixou M. S.
Sermoens varias i. Tom.
Que fe conferva na Livraria do Con-
vento de Lisboa.
D. Fr. ANTÓNIO DO ESPIRITO
SANTO. Naceo na Villa de Monte-mor
o Velho do Bifpado de Coimbra, e na Fre-
guefia do Salvador foy bautizado x 20. de
Junho de 16 18. Foraõ Teus Pays Jeronymo
Soares Carraça, e Filippa Gafpar. Na idade
juvenil de 17. annos abraçou o Inâituto dos
Carmelitas Defcalços no Convento de N. Se-
nhora dos Remédios de Lisboa Cabeça da fua
Provincia neftc Reyno, donde feita a Profi/Iaò
a 29. de Mayo de 1656. foy aprender as fcien-
cias mayores no Coliegío de Coimbra nas quaes
fahio taõ iníigne, que as diélou por muitoa
annos com grande fruto dos feus ouvintes.
Depois de fer Prior do Convento onde pro-
fe/íára, e Difínidor da Provincia, o foy Geral
de toda a Congregação de Efpanha. Aten-
dendo a Mageftade delRey D. Pedro IL á pro-
fundidade das fuás letras acompanhadas com
a exa£la obfervancia do feu Inftituto o nomeou
Bifpo de Angola fendo o primeiro que teve
a fua reformada Familia nefte Reyno. Partio
para a fua Diocefe em Companhia do Gover-
nador Pedro Cefar de Menezes em cuja jor-
nada padeceo laftimofo naufrágio junto de Bcn-
guella a 9. de Novembro de 1673. de que efca-
pou milagrofamente, e chegando a 9. de De-
zembro tomou poíTe a 1 1 . do dito mez do aimo
de 1673. Pouco foy o tempo que exercitou
efta dignidade lamentando a fua falta com lagri-
mas copiofas as fuás ovelhas quando dos feus
olhos foy arrebatado pela violência da morte a
27. de Janeiro de 1674. quando contava 56.
annos de idade. Eftá fepultado no Convento
dos feus Religiofos que tem em a Cidade de
Loanda no meyo do Cruzeiro com efte epitáfio.
Sepultura do Senhor D. Fr. António do Efpi-
rito Santo Carmelita Defcalço Eente de Theolo-
ffa Moral, Provincial da Provincia de Portugal,
Bifpo de Angola. Morreo aos 27. de Janeiro na
era de 1674. A fua memoria celebrarão Nicol.
Ant. in Bib. Hifp. Tom. i. pag. 128. e Tom. 2.
pag. 318. e 655. Fr. Jozé de Santa Teref.
Chron. de los Carme l. Def cale. Tom. 4. liv. 18.
cap. 40. n. 35. Franc. de Santa Maria Diar.
Portug. p. 62, e o P. D. Ant. Caet. de Souf. no
Catai, dos Bifpos de Angola. Compoz
Direãorium Kegularium in quo praãi-
cabiliores cafus tum ex fure, tum ex Bullis
Pontificiis, nec non Eminentiffimorum Car-
dinalium declarationibus illuflrantur, cèr Jux-
ta regulam, <ò^ Conflitutiones Carmelitarum
Difcalceatorum accommodantur, ubi etiam
2Ó2
BIBLIO THEC A
multa de aliis Keligionibus. Pars. i. de Pri-
.vilegiis 'Kegularium. Pars. 2. de ohligatione
Keligiojorum. Pars. 3. de regimine Prala-
torum Kegularium. Lugduni apud Joan. An-
tonium Huguetan, et Marcum Anton. Ra-
vand. 1661. foi. et Coloniae per Joan. Bufaeum
1667. 4.
Direãorhim Confeffariorum in qtio Jeleãiores,
<& praãicabiliores cajus omnium Sacramentorum,
<& Cenjurarum brevijjime, (& dilucide explicantur,
<& ex plurimorum tam veterum, quam recentiorum
Doãorum Jententiis, nec non Pontificum Bullis, (ò°
Emi. Card. declarationibus illuftrantur. Partes
-dua qua Junt de Sacramentis, (ò" Cenjuris tam
in genere, quam in fpecie. Lugduni apud Joan.
Ant. Huguetan, et Guilielmum Barbier 1668,
foi.
Direãorium Conjejjariorum continens decem
Decalogi Pracepta, <ò° totam materiam de Jujlitia,
(ò" jure, ubi etiam de contraãibus, (ò'c. ibi apud
eofdem Typog. 1671. foi.
Direãorium Mjjlicum, in quo três difficillima
via, Jcilicet purgativa, illuminativa, Ó" unitiva un-
dique elucidantur, <& Sanãorum Patrum pracipue
A.ngelici Praceptoris D. Thoma, <& Seraphicce
Matris noJlrcB S. Terejia fplendoribus illuftrantur.
Lugduni per Guilielmum Barbier. 1677. foi
Conjulta varia Theologica jurídica, <& re-
gularia pro confcientiarum injiruãione circa con-
troverjias qua Authori tum Ulyjfipone quam
Matriti, (ò' aliis in locis fuere propojita. Lugd.
apud Joan. Ant. Huguetan et Guilielm.
Barbier. 1671. foi.
Primatus, (0° principatus Elia in quo to-
ti orbi ojlenditur tum Sanãorum Patrum, tum
Summorum Pontificum auãoritatibus, tum
rationíbus 'E.liam Prophetam illum Dei mag-
num fuiffe Principem, Authorem, <& Injlitu-
torem Keligionis Carmelitana in lege /cripta
cum vero Monachatu, ac tribus votis fimplicibus,
(ò" intra Keligionem hanc continuata fuijje fine
ulla interruptione u/que ad legem gratia, <& inde
ujque ad hac têmpora. Ul)- íTipone apud Joannem
da Coíla 1671 .4.
Fr. ANTÓNIO DO ESPIRITO SAN-
TO. Naceo em Lisboa a 12. de Abril
de 1699. fendo feus Pays Manoel de Andra-
<le de Figueiredo, e Catherina do Pilar.
Recebeo o Habito dos Menores no Con-
vento de S. Francifco de Xabregas Cabeça
da Provinda dos Algarves no anno de 17 16.
e tendo jà quatro mezes paíTados em que
tinha feito a profiflaõ folemne, alcançada fa-
culdade dos Superiores paflbu à Província
de Portugal, na qual fe incorporou no anno
de 171 8. Florece o feu engenho no exer-
cício concionatorio, de que tem dado por
primícias os feguintes frutos.
Panegyrico funeral nas exéquias de JoaÕ Cae-
tano de Mello das Povoas Fidalgo da Cafa de Sua
Magefiade Académico Supranumerário da Aca-
demia Real da Hifioria Portuguesa celebradas
em 13. de Novembro de 1734. na Igreja de N.
Senhora das Portas do Ceo de Tilheiras pela Vene-
rável Ordem Terceira de que foj o primeiro MiniJ-
tro. Lisboa por Jozé António da Sylva 1735.4.
Sermão em acçaõ de Graças a N. Senhor
Je/u Chrifio Crucificado pelas melhoras da
Excellentijfima Senhora D. Maria Jofepha
da Graça de Noronha filha dos Excellentijfimos
Marqueses de Cafcaes celebrada em -1. de De^^em-
hro de ij^^. Lisboa na Oííicina Ferreiriana.
1736. 4.
Sermão de N. Senhora da Viãoria, glorio/o
titulo, que lhe deo o invencível Kej D. Ajfonjo
Henriques pela batalha dos Mouros, que ven-
ceo nefte fitio em que a Senhora era venerada
com o titulo dos Prazeres pregado na "Ermida
do Eugar de Sacavém na Fejla, que lhe fi^eraõ os
feus Irmãos com o Sacramento expofto em 11. de
Junho de ij^j. Lisboa por António líidoro da
Fonfeca 1738. 4. Neíle Sermaõ fe intitula o
Author com o nome de Fr. António do Efpi-
rito Santo Andrade.
ANTÓNIO DO ESPIRITO SANTO
MACABELLO Presbytero UlyíTiponenfe
filho de Pafchoal da Sylva Capitão da Or-
denança, e de D. Anna Maria, foy igualmente
douto na intelligencia das Efcrituras, e Santos
Padres, como na profiíTaõ dos Sagrados
Cânones, exercitando com naõ pequena glo-
ria do feu nome o miniílerio de Pregador
excellente, e de Advogado perito da Cafa da
Supplicaçaõ, e Cúria Patriarchal. Morreo
em Lisboa no mez de Abril de 1738. Com-
poz com o fuppofto nome de António Fran-
cifco Piílraíhirato Macabello.
Alphabetum Eucharifticum per Capita XX.
í
L USITAN A.
265
Mflribnlnm, in qno lÍMharijlki Sacramenti nomina,
! feleíiiora encomia ex Safiãis Patribus, alio-
imqne Sacrortim Scriptorum praferthn vetertim
'nomirMtntis colletia JMXta alphahtti feriem ornnium
oculis exbibenfur. UlyíTiponc apud Bcrnardum
Coftium Carvalium. 1725. in 8.
Efta obra augmentada em grande parte a
publicou em feu nome com eíle titulo.
Polyanthea liticharijlica per XX. Capita dif-
trihiiía iiiqiia lítichariftici Sacramenti nomina, et
'rletliora encomia ex Sanííis Patribus aliorumque
.icroriim, et prafertim veterum Scriptorum monu-
mntis colleâa Ordine alphabetico proponuntur.
UlyíTtponc typis Dominici Gonçalvez. 1735.
in foi.
D. Fr. ANTÓNIO DE SANTO ES-
TRVAM natural de Lisboa onde recebeo
> Habito da illuftre Ordem dos Prégado-
fcs. Igualmente foy venerado o feu talento
no Púlpito, como admirada a fua ardente
charidade no Hofpital da Saúde, nome ( como
cfcreve Fr. Luiz de Soufa na Hift. de S. Domin-
gas da Prov. de Portiig. Part. i. liv. 3. cap. 36. )
com que disfarçamos o horror, que fat^ dit^er Hof-
pital da pefie. Nelle aíTiílio como Enfermeiro
Mór naõ fomente miniílrando aos feridos do
contagio os remédios corporaes, mas os efpi-
rituaes, como experimentou hum Herege
que atrahido da efficacia das fuás palavras abra-
çou os dogmas da Igreja Romana, e morreo
rom evidentes finaes de Predeftinado. Em
lemio das fuás letras, e virtudes o nomeou
l^illippe II. Bifpo de Angola, cuja nomeação
confirmou Clemente VIII. a 13. de Julho
de 1604. Obfervou no feu Bifpado a vida de
Prelado vigilanti íTimo reformando abufos,
deftruindo idolatrias, e reduzindo muitos
Gentios ao conhecimento da verdadeira Di-
\indade. Morreo piamente no anno de
1609. Compoz no tempo que affiítio aos
apeftados.
Kegimento da Saúde.
Pelo qual affirma Fr. Pedro Monteiro
no Clauji. Dominic. Tom. 3. pag. 150. fe
governa eíla Corte, havendo-fe já lembra-
do deíle Prelado no i. Tom. do Claufl. Do-
minic. pag. 49. Soufa Hifl. de Saõ Domin-
gos da Prov. de Portug. Part. i. liv. 3. cap.
36. e Part. 2. liv. 2. cap. 15. Cardof. Agiol.
Lufit. Tom. 2. pag. 224. no G^mmenurío de
18. de Março let. D.
Fr. ANTÓNIO DE SANTO ESTE-
VAM remelhante ao precedente aíTim em o
nome, como na Religião, de que foy filho.
Efcreveo comforme o allega Cardofo no Ag^ol.
Ijifit. Tom. I. pag. 382. no Commeatano-
de 8. de Fevereiro let. C. fe he que oaô fe
equivoca com Fr. António da Encarnação'
que compoz do mefmo argumento.
Kelaçoens da índia. M. S.
ANTÓNIO ESTEVES Presbytcfo,.
c formado na faculdade dos Sagrados Câno-
nes igualmente douto, e pio, como declara a
obra que compoz com efte titulo.
Methodo praííico para que todas as almas
faibaÕ exercitar-fe na Oração mental. Lisboa
por António Pedrozo Galraõ 1731. J2.
Traduzio de Caftelhano em Portuguez.
Myflica Theologia compofla pelo Doutor Será-
fico S. ^aventura do verdadeiro caminho do Ceo
com algumas declaraçoens feitas pelo P. Meflre Fr.
Jerónimo Gracian da Madre de Deos Keligiofo di>
Carmo. Lisboa na Officina da Mufica. 1731. 8.
Fr. ANTÓNIO DA EXPECTA-
CAM Naceo na Villa de Manteigas íitua-
da na Província da Beira alta no Bifpado da
Guarda a 13. de Junho de 1651. de Pays
nobres chamados Thomé Paez, e Anna
da Rosa. Tendo completos defefeis annos
profeíTou o Habito da douta, e auílera Re-
forma do Carmelo no Convento dos Remé-
dios de Lisboa no i. de Julho de 1668. on-
de depois de eíhidar as fciencias Efcholaítí-
cas interpretou por muitos annos aos feus
domefticos os profundos myílerios da Sa-
grada Efcritura em que era fabiamente ver-
fado, naõ o fendo menos no exercido das
virtudes, com as quaes fervia de exemplar
aos mais rígidos profeíTores do feu Inítituto.
Foy Prior do Dezerto do Buflaco, Viíita-
dor ultramarino, Coníiliario, e Definidor,
e em taõ diversos lugares nunca deixou de
fe occupar na compofiçaõ das fuás obras af-
ceticas, e concionatorias. A o tempo que
contava 73. annos de idade, e 56. de habito
morreo piamente no Convento de Adolhalva
204
BIB LIO THE CA
junto da Villa de Alemquer a 17. de Novem-
bro de 1724. Compoz.
Semana Santa, exercidos divinos da prefença
de Deos, e Oraçaõ para cada dia da Semana,
vov^es da alma nas Soledades do BuJJaco. Lisboa
na ImpreíTaõ da Muíica. 1719. 4.
A. EJlrella da Alva a fublimijftma, e Sapien-
iijfima Mejlra da Santa Igreja a Angélica, e Será-
fica Doutora Mjjiica Santa Teresa de JESUS
Mãy; e filha do Carme lo, Matriarcha, e Fundadora
da fua Sagrada Keforma, fuás illufires, e heroi-
nas obras; fuás raras, e prodigiofas mara-
vilhas em diverfos difcurfos, e Sermoens Pane-
gyricos ponderados. Primeiro Tomo. Lisboa
na Ofíicin. Real Deflandeíiana 1710. foi.
com eílampas, & ibi. por Jo2é António da
Sylva ImpreíTor delRey, e da Academia Real
1740. foi.
A Efirella da Alva <&c. Segundo Tomo
Coimbra na Oííicina do Real Collegio das
Artes da Companhia de JESUS 171 6. foi.
com eftampas.
A Efirella da Alva applicada. Breviário de
Vários ajfumptos, e ideas predicáveis de vários
Santos, e outros Sermoens de entre anno compofios,
e fabricados das matérias, provas, e conceitos, que
Je acharão nos primeiros dous Tomos intitulados
A Efirella da Alva Santa Therefa de Jefus Ter-
ceiro Tom. Lisboa por António Pedrofo
Galraõ. 1727. foi.
Jofephina Panegyrica, e Afcetica de Ser-
moens, e Difcurfos diverfos fobre as admirá-
veis graças, prodígios, excellencias, e maravi-
Ihofos titulos do major dos Patriarchas, do
Supremo Monarcha, e do Máximo dos Santos
o Gloriofo Saõ Jo^é Pay putativo de Chrifio,
Efpofo verdadeiro de Maria Santijfima. Tom.
I. Lisboa na Oííicina Auguftiniana. 173 1.
4-
Jofephina Panegyrica d^c. Tom. 2. Lisboa
na mefma Oííicina, anno, e forma.
Chronica Divina, e Hijloria Sagrada
Panegyrica, e Afcetica, efiimulos do Amor
Divino dedut(idos da contemplação, e ponde-
ração das divinas perfeiçoens. Atributos, e
inefáveis excellencias de Deos Trino, e Uno affim
de acender a divina chama nas almas Catholicas,
pias, e devotas. Lisboa por Jozé António
da Sylva ImpreíTor da Academia Real.
1736. foi.
Delle faz mençaõ Fr. Martialis a S. Joan.
Bautift. in Biblioth. Scriptor. Utriufque Con-
gregai, et Sexus Carmelit. Excalceat. Burdigal.
apud Petrum Sejourné 1730. 4. p. 37. onde o
intitula vir doãijftmus.
Fr. ANTÓNIO DA EXPECTACAM
natural da Villa de Amarante da Diocefe Bra-
charenfe, e íilho de Joaõ de Magalhaens Viilela
Morgado da Capella de Saõ-Tiago na mefma
Villa defcendente das mais illuftres familias da
Província do Minho, e de Maria Cerqueira
Moniz. Foy educado com grande difvelo por
feus Pays, conhecendo da fua boa Índole, c
perfpicaz comprehenfaõ que havia correfpon-
der abundantemente a taõ deligente cultura.
Na idade adulta como quem conhecia os enga-
nos do mundo o deixou refolutamente para
abraçar o Inftituto Seráfico que profeíTou no
Santo Convento da Villa de Alenquer da Pro-
víncia de Portugal no anno de 1677, No Colle-
gio de Coimbra, foy difcipulo, e depois Meftre
até jubilar na Cadeira de Prima, fendo venerado
pelos mayores ProfeíTores da Theologia, que
no feu tempo exiítiaõ na Univeríidade de Coim-
bra, por Oráculo deíla faculdade, ou foíTe expli-
cando, ou arguindo pela natural fubtileza, e
fumma profundidade do feu talento. Eiia
grande litteratura acompanhada da fevera
obfervancia da Regra o íizeraõ digno de fer
Qualificador do Santo Oíficio, Examinador das
três Ordens Militares, Confultor da Bulia da
Crufada, Guardião do Convento de S. Fran-
cifco da Ponte de Coimbra, Definidor, e Con-
feíTor do Convento das Religiofas da Efperança
de Lisboa, e Penitenciário geral de toda a famí-
lia Seráfica neíle Reyno De muitas, e doutas
obras que pudera ter publicado fomente fe im-
primio a feguinte de que faz memoria Fr.
Joan. a D. Anton. in Bib. Franc. Tom. i.
pag. 103.
Sermão da Exaltação da Cru^i pregado na
Igreja de N. Senhora da Divina Providencia dos
Clérigos Regulares em 14. de Setembro de 1724»
em que a fua Congregação compria dous Séculos
da fua approvaçaõ pela Santidade de Clemente
VIL Lisboa por Miguel Rodriguez. 1730. 4.
Traãatus Theologicus de Spe. 4. M. S. Coníba
de 50. queíloens fubtilmente tratadas, e
profundamente defcubertas pelo feu grande
«
L USITAN A.
265
engenho em hunu matéria, da qual tcaz fo-
mente três Queíloens o inílgne Maftrío cele-
bre efplcndor da Efcola Scotiílica. Começa.
Siffiificatio htfjtis voeis.
ANTÓNIO FAGUNDES JACOME natu-
ral da Villa de Viana da Província do Minho,
Presbytero de vida inculpável, e de naõ vulgar
iittcratura profeíTo na Ordem 3. do Patriarcha
vS. Francifco. Compoz huns devotos diálogos
com efte titulo.
Ramalhete de Myrrha, e memorial da PaixaÕ
de Chrijlo Nojfo Kedemptor. Lisboa por Antó-
nio Alvrcs. 1630. 8. Do Author fc lembra
Joan. Soar. de Brito in Tòea/r. LMfif. Liíterat.
lit. A. n. 71.
Fr. ANTÓNIO DA FALLA natural
do lugar do feu Appcllido fituado cm o fubur-
bio de Coimbra Rcligiofo Dominico, c muito
verfado na Hiftoria de Efpanha, e Portugal.
Compoz como relata Fr. Pedro Monteiro
no Clauft. Domin. Tom. 3. pag. 150.
InJlituiçaÕ do Mojleiro de JESUS da
Villa de Aveiro juntamente com a vida da
Princefa Santa Joanna que nella fqy Keligiofa.
M. S.
Fragmentos da Hijloria de Efpanha.
Relação dos Rejs, e Raynhas que ef-
taõ fepultados em Alcobaça. Cuja obra com-
poz no anno de 1569. por ordem delRey
D. Sebaíliaõ com quem eíleve prezente à
abertura dos Sepulchros Reaes, e nella re-
fere ter viílo, e admirado o corpo da Ray-
nha D. Urraca mulher de AfFonfo II. naõ
fomente prefervado da corrupção mas to-
dos os veílidos com que fora fepultada há
352. annos. Eíle fuceíío tranfcreveo da di-
ta Relação que confervava em feu poder
o Chroniíla mór do Reyno, Fr. António
Brandão na 4. Part. da. Mon. "Lufit. liv. 13.
cap. 19.
P. ANTÓNIO DE FARIA Naceo
na Cidade de Lamego, onde fendo cuida-
dofamente educado por feus Pays Manoel
Cardofo de Faria, e Izabel Monteira, logo
nos primeiros annos manifeílou que tinha
igual propenfaõ para as letras, que para
as virtudes. A viveza do engenho, e a
felicidade da memoria lhe fízetaõ patentes iié6
fomente as letias hununas, Rhetorica, e Poe-
fia, mas as fdencias EfcolaAicas em que foy
eminente. Porém querendo fugir ao applaufo,
e eítimaçaõ que dos feus progreíTos littetarios
lhe refultavaõ fe retirou para a Serra da Arrá-
bida onde por alguns annos praâicou fevera-
mente os penitentes exercidos dos Anachote-
tas mais aufteros, até que infpirado por fupe-
rior impulfo para preferir a vida aâíva à con-
templativa em benefício dos próximos, bufcou
a Congregação do Oratório de Lisboa fun-
dada nefte Reyno pelo V. P. Bartholameu do
Quental, que examinando o feu efpirito o
achou capaz de fer huma das pedras funda-
mentaes do edifício efpiritual, que edifícára
fendo a ella admitido a 15. de Agoílo
de 1681. Neíla virtuofa paleílra começarão
a luzir os dotes de que o ornara a natu-
reza fendo o feu mayor difvelo occultallas
com affeâada ignorância. Foy funmiamente
perito na lingua Latina, Mythologia, e Poe-
íia fucedendo muitas vezes fazer verfos ex-
temporâneos com tanta elegância, e fuavi-
dade como fe foraõ por largo tempo medi-
tados. Na Filofofia que diftou, foy acérrimo
Antagoniíla da Efcola dos Nominaes, tendo
difcipulos que foraõ Meílres infignes, entre os
quaes fe numera com agradecida memoria o
moderno Chroniíla da Provinda da Arrábida
Fr. António da Piedade na Chron. da dita Pro-
vinda Part. I. liv. I. cap. 22. n. 153. Com igual
applaufo leo Theologia Efpeculativa, e Moral,
de cujas faculdades tenho a virtuofa jadanda
de fer feu ouvinte; fendo igualmente digno
de admiração que ou defendendo, ou argu-
mentando, nimca o ardor da difputa lhe alteraíTe
a ferenidade do femblante. Naõ houve negodo
grave deíle Reyno, em que naõ foíTe confulta-
do, votando fempre com igual liberdade de ani-
mo, que re£tidaõ de conciencia. Foy Examina-
dor Synodal do Arcebifpado de Lisboa Oriental,
e Deputado da Junta das MiíToens lugares que
aceitou violentado por fer todo o feu eftudo
viver fomente para Deos contemplando nas
fuás perfeiçoens, ou para com os próximos
dirigindo a huns no ConfeíTionario, e aíTif-
tindo a outros na hora do mayor perigo.
Cheyo de annos que excederão o numero
de 86. e muito mais de meredmentos foy
2 66
BIBLIO THE CA
lograr o premio delles em Lisboa a 21. de
Janeiro de 1737. Imprimio.
Sermão nas honras fúnebres , que a Congregação
do Oratório de l^ishoa dedicou à Saudoja memoria
da SereniJJima Rainba D. Maria Sofia Isabel
em 21. de Agojio de 1699. na Igreja da me/ma
Congregação. Lisboa por Miguel Deslandes
Impreflbr de fua Mageílade 1699. 4.
Tinha compoílo hum Poema Heróico
Latino dividido em diverfos livros imitando
o eílilo de Lucano fendo o argumento a
memorável Batalha que nos Campos de Al-
jubarrota alcançou a 14. de Agofto de 1385.
dos Caílelhanos o Ínclito Heróe D. Joaõ o
I. cujo principio era.
Everfos CaftellcB aujus, validijque tumentem
Agminihus Kegem numero dare terga coactum <à>'c.
Eíla obra como foíTe compofta na fua
adolefcencia fendo examinada em annos
mais maduros, a julgou com nimia feveri-
dade imprópria do eftado, que profeíTava,
e para que nunca fe publicaíle a defpedaçou
em vários fragmentos dos quaes chegando
hum ao meu poder efcrito da fua própria
maõ o tranfcrevi neíle lugar para que deíle
pequeno dedo fe conheça o métrico furor
deíle Gigante do Parnaílo.
Horrendum intonuit Cafiella huccina fignum
Quo pariter clamorque virum, clangorque tuha-
rum
Ortus utrinque: trucem mox concava te£ia fera-
rum
Vajia per arva procul Jonitum concuffa dedére:
Flumina quin etiam horrihili perculja fragore,
Ceu perculja metu, Juhitó converfa retror-
Jum.
Aft non LyJiadcB tamjcevo turbine belli
Attoniti retro cedunt, trepidantia ve haurit
Corda pavor pulfans, fed ad árdua quceque
libentes
Attollunt ânimos, medioque in Marte feroci
Virtute exuperant, perque agmina millia per-
gunt.
Fit via vi, rumpunt acies, primo/que tru-
cidant
Et reliquis crebros clypeis rutilantibus iãus
Cominus Hiatos vix jam portare potejias.
At frujlra abducut retro capita árdua ab illis.
Talibus aufpiciis res ejl incapta, fed ecce
Ad fummS Eufis ventum efl difcrimen: Iberi
Corporis, atque animi praflantes robore quique
Colleãa virtute manii glomerantur in unam,
Noflrorumque gregem numeri ratione pufillii
Obnixi invadunt, non vertere terga, diuq
Inter utrofque volat dubiis viãoria pennis:
AJl ubi Kex h.yfius propenfam advertit in hofies
Praproperè accurrit formidinis infcius omnis
Per mediafque ruens acies infignibus armis
Teãus, at aurata nudatus cajfide vultum,
En Rex vefler, ait.
Chrijlus Imago Dei invifibilis, et figu-
ra fubftanticB Patris ad deridendum quem-
dam, imó jugiter deflendum deriforem Sacra-
rum Imaginum Poema elegiacum. Começa.
Ah Coridon, Coridon qua te de mentia cepit?
( Dum proprium retices, nominis ijlud habe )
Alloquium Hominis Dei ad hominem quem-
dam Atheum Eucharijlicum fuper verba illa
Joan. 6. Caro mea vere efl cibus. Poema
Elegiacum. Principia.
Quomodo vefcendam dixit turba impia camê
Hic prabere fuam, Jaãat ut ipfe, potejl.
Eílas obras Poéticas Latinas, como outras
Portuguezas, e Caftelhanas fe confervaõ na
Livraria da Congregação do Oratório defta
Corte.
ANTÓNIO DE FARIA BARREIROS
natural de Lisboa. Defde os primeiros
annos foy muito applicado à liçaõ dos
Uvros, e fufficientemente inftruido na Orto-
grafia da lingua materna, por cuja caufa era
Corredor de diverfas ImpreíToens. O tem-
po que lhe reftava delia occupaçaõ, o gaf-
tava em traduzir livros devotos para fatisfa-
zer a piedade de algumas peífoas, dos quaes
verteo de Caftelhano do P. Fr. Jayme Corella
Capuchinho.
Chave do Ceo com a qual fe abrem as portas
da Gloria aos peccadores, e Confejfionario Geral,
e Via-Sacra. Lisboa por Bernardo da Coíla
de Carvalho. 17 14. 16.
De Caftelhano do P. Fr. Francifco Lezana
Carmelita.
Vida, Prerogativas, e excellencias da ínclita
Matrona a Senhora Santa Anna Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 171 6. 8.
Novena do Santijftmo Nacimento do Me-
nino JESUS nojfo Salvador diflribuida pelos
nove dias antecedentes à Sagrada Fefla do NataL
i
L USITAN A.
Naò tem lugar, nem anno da ImpreíTaõ, pofto
(]uc das licenças fc colhe fer imprcíTo em Lisboa
nu anno de 171 5. em 24.
Traduzio de Caftelhano do Doutor Jozé
Bonetta em Portuguez.
Gritos do Inferno para defptrtar ao mmdo.
I Jsbua por l'illippe de Soufa Villcla. 1721. 8.
Fr. ANTÓNIO FEYO filho de Pedro
I-ernandcs de Gouvea, e Izabel Feya taò
iiiuílres na piedade como em a nobreza acre-
ditou Lisboa com o nacimento, e a Reli-
gião Dominicana com o talento, profeíTando
no Convento da fua pátria a 14. de Abril
de 1 5 89. Foy hum dos mais celebres Pregado-
res da fua idade fendo ouvido nos mayorcs
Púlpitos com geral acclamaçaõ dos y\uditorios
que nelle admiravaõ felizmente unidos, a vehe-
mcncia dos affcélos com a delicadeza dos penfa-
mcntos, corroberando os difcurfos com multi-
plicidade de Textos da Efcritura, e authorida-
dcs dos Padres da Igreja Latina, e Grega, em
cuja intelligencia era profundamente douto e
continuamente verfado. Mayores feriaõ os
frutos que colhia com efte apoftolico
minifterio fe a morte intempeftivamente o
naò privara da vida no anno de 1627. quan-
do contava 54. annos de idade. Foy Pre-
gador Geral confirmado no Capitulo Geral
celebrado em Pariz no anno de 161 1.
Prior do Convento de Azeitão, Reytor do
Collegio de Coimbra, e Examinador das
Ordens Militares, O applauzo, que mere-
cerão os feus Sermoens, fe conhece das
multiplicadas vezes que fe imprimirão; os
quaes foraõ.
Tratados Ouadragefimaes , e da Pafchoa
divididos et?i duas partes. Lisboa por Jorge
Rodrigues. 1609. foi. et ibi pelo mefmo
ImpreíTor 161 2. foi. mais correios. Foraõ
tradufidos na lingua Caftelhana por Fr. Tho-
más Antillon. Lerida por Luiz Manefcal 1 6 1 3 .
e por Fr. Francifco Morago Mercenário.
Valladolid por Joan de la Rueda 16 14. Valên-
cia por Pedro Patricio 16 14. Vertidos em
Francez por Fr. Raymundo Hezecques Domi-
nico com eíle titulo.
Do£íes y rares Sermons poiír tons jours
dela Omrejme. Pariz chez Sebaft. Cramoyfi.
1618. 8.
267
Tratados das Fejlas das vidas dos Santos Pri-
meira Parte. Lisboa por Pedro Crafbeeck
161 2. foi.
Segunda Parte. LUboft por Jorge Rodri-
gues. 161 ). foi. Foraõ traduíldos em CaAe-
Ihano por AfTonío Mexia Galeote. Baeza
por Mariana de Monroy foi. e antes em Barce-
lona por Lourenço Deu. 16 14. 4.
Tratados das Fejlas da V. Senhora noffa
Lisboa por Jorge Rodrigues. 161 5. foi.
SermaÒ das Extcpiias, que a Santa Sei,
e Cidade de Coim\)ra de commum concórdia jiv^-
raõ na morte do Catholico Key D. Philippe III.
do nome, e II. Rey de Portuga/ em 11. de Mayo
de 1621. Lisboa por Pedro Crasbeeck Im-
preíTor delRey. 1621. 4.
Na prefação aos Sermoens Quarefmaes pro-
metia Sermoens do Advento, e das Domingas
pojl Pentecojlen, o que naò executou impedido
pela morte. Efcrevem delle com louvor Echard
in Script. Ord. Prad. Tom. 2. pag. 424. col. 2,
Fr. Pedro Monteiro Claujlr. Dom. Tom. 2.
p. 151. Joan. Soar. de Brit. in Theat. Ljijit.
Litterat. lit. A. n. 72. Nicol. Ant. in Bib. Hifpan.
Tom. 1. pag. 92. Mich. Pius in Chron. Ord.
Prad. Part. 4. lib. 4. cap. 55. Fr. AfFonf. Fer-
nand. in Concert. Ord. Prad. Joaõ Franco
Barreto Bih. Ijifit. M. S. n. 163. D. Em-
man. Caet. de Soufa in Exped. Hifpan. D.
Jacob. Tom. 2, pag. 1304.
ANTÓNIO FÉLIX MENDES Na-
ceo em o lugar de Pernes diílante três le-
goas ao Norte da notável Villa de Santarém
a 14. de Janeiro de 1706. fendo filho de Ma-
noel Rodrigues, e Dorothea da Conceição.
Toda a fua mayor applicaçaõ foy ao eftudo
da Lingua Latina, e letras humanas em que
tem feito grandes progreflbs a viveza do feu
engenho. Naõ o moílrou menos na inteUi-
gencia da Poefia aíTim latina como vulgar
de que foy Meílre na Academia Latina, e
Portugueza. Publicou como primícias da
amenidade dos feus Eíhidos
Oratio in obitum maximi Hifpanorum D. D.
Emmanuelis Martini Decani Alonenfis habita.
Ulyffipone apud Jozephum Antonium da
Sylva Regiae Academise Typ. 1737. 4.
Grammatica luitina do Bacharel Domin-
gos de Araújo reformada, acrecentada, e redu-
2Ó8
BIB LIOTHE CA
v^da a methodo mais fácil com a clare:!^a que bajla
para que em menos de hum amo Je aprenda por
ella, o que por outras em cinco, ou féis apenas fe
entende, como a experiência tem mojlrado. Lisboa
por Manoel Fernandes da Coíla 1737. 8.
A* morte do llluflrijfimo, e Venerável D.
Fr. Bartholameu do Pilar i. Bifpo do Graõ
Pará do EJlado do Maranhão Elegia Portu-
guet{a. Coníla de 42. Tercetos. Lisboa pelo
dito Impreflbr 1734. 4. Sahio no fim do Elo-
gio que a eíle Prelado fez com grande elegân-
cia Fillippe Jozé da Gama Académico Supra-
numerário da Academia Real.
P. ANTÓNIO FERNANDES natural de
Braga. Sendo admitido à Companhia de
JESUS na índia Oriental foy hum dos fervoro-
fos companheiros, que no anno de 1 5 59. paíTou
a Etiópia com o claro varaõ D. André de Ovie-
do Bifpo Hyeropolitano para cultivar aquella
vinha mais fértil de trabalhos, que de frutos
efpirituaes, em cuja laboriofa empreza naõ
fomente o ajudou com toda a efficacia, mas
padeceo incríveis moleftias da tyrania dos fcif-
maticos, que lhe pareciaõ fuaves pelo ardente
zelo com que anhelava conduzillos à obe-
diência da Igreja Romana até que em Fre-
mona a 10. de Mayo de 1593. foy defcan-
far o feu efpirito na pátria Celeíle. As fuás
apoílolicas acçoens relataõ Godigno de re-
hus Abyjfmor. lib. 3. cap. 4. e 16. Telles
Chron. da Comp. de Jef. da Prov. de Portug.
Part. 2. liv. 6. cap. 42. n. 2. e mais difufamente
na Hifl. da 'Etiópia Alta liv. 2. cap. 40. Jarric.
Thefaur. rer. Indic. Part. 2. lib. i. cap. 19.
Efcreveo
Carta ao Provincial de Goa, em que difufamente
narra da fua expedição, e de f eus companheiros à
Etiópia, e de como efe Império fora invadido no
anno de 1572. pelos Francefes, e Turcos.
P. ANTÓNIO FERNANDES filho
de Domingos Luiz, e Maria Fernandes
natural de Coimbra onde na idade de 14.
annos entrou na Companhia de JESUS ao
I. de Fevereiro de 1572. e fendo inílruido
nas letras humanas, e fciencias mais feveras
enfinou Rhetorica no Collegio de Santo
Antaõ de Lisboa. Depois de receber em
13. de Mayo de 1601. o gráo de Doutor na
Univerfidade de Évora, nella foy venerado o
feu talento pela profunda intelligencia das
Efcrituras que explicou por alguns annos.
Dezejofo da falvaçaõ dos índios com licença
dos Superiores paiTou a Goa onde foy Propo-
fito da Cafa profeíTa deíla Cidade. Reílituido
a Portugal fe exercitou no miniílerio de Prega-
dor em Lisboa para o qual tinha particular
génio. Morreo na fua pátria em 14. de Março
de 1628. Delle fe lembraõ a Bib. da Companh.
pag. 72. e Nic. Ant. na Bib. Hifp. Tom. i. pag.
92. Fonfeca Évora Gloriof pag. 426. Franco
Imag. da Virtud. em o Novic. de Coimbra. Tom.
2. pag. 612. Joan. Soar. de Brito in Theat.
Eufit. Eitter. lit. A. n. 75. Lippenio, e
Draudio nas fuás Bib. e Morery Diccion.
Hiforique Verb. Fernandes. Compoz.
Commentarij in Vifiones Veteris Teflamenti
cum paraphrafibus Capitum ex quibus eruuntur.
Lugduni Sumptibus Horatij Cardon. 1616.
foi. & ibi Sumptibus Cardon et Petri Cavillat.
1622. foi.
Tinha promptos para a ImpreíTaõ.
Commentarij in Ifaiam Prophetam. M. S.
No Collegio de Santo Antaõ fe confervaõ
três Oraçoens fuás muito elegantes, e dignas
da luz publica.
1. De Eaudibus Sapientia recitada no anno
de 1582. quando era Meíire da 2. ClaíTe.
2. De Eaudibus Sapientia dita no anno
de 1584. fendo Meftre da Primeira.
3. Na occafiaõ em que o Collegio de Santo
Antaõ recebeo os Legados do Japaõ ao Summo
Pontífice, e ao noílo Monarcha no anno
de 1585.
ANTÓNIO FERNANDES natural da
ViUa de Souzel da Província do Alentejo, e da
Diocefe de Évora. Foy Presbytero ornado da
inteireza de coíhimes, e fciencia praética, e
efpeculativa da Mufica, cuja Arte naõ fomente
exercitou como Meílre do Coro da Igreja
Parochial de Santa Catherina de Lisboa, mas
abrindo efcola enfinou a muitos Difcipulos
os preceitos mais dificultofos delia, e para que
ainda depois de morto inítruiíTe aos amantes
delia fuave faculdade, efcreveo.
Arte da Mufica de Canto de OrgaÕ, e Canto
ChaÕ, e proporçoens da Mufica dividida harmoni-
camente. Lisboa por Pedro Crasbeeck 1625. 4-
t
LUSITANA.
r.xplicafaÕ dos ft ff idos da Mufica, tm a qual
/ r niente fe expendt as caufas das principaes
i que Je contem na me/ma Arte. M. S. em
ImIíii conferva-re na Livraria Real da Mufíca.
\rte da Mufica de Canto de Or^aÕ compofta por
}>!ii/i modo Muito diferente do coflumado compofta por
hum Velho de %^. annos de:(ejofo de evitar o ócio.
t..Ih, M. S.
Iheorica do Manicordio, e fua explicação.
r.)lh. M. S.
Mappa univerfal de qualquer coufa affim naiu-
ritl, como accidental, que Je contem na Arte da
Mufica com os Jeus géneros, 9 demonftraçoens Mathe-
maticas. foi. M. S.
Eftes trcs Tomos cfcritos pela m5o do
Author exiíliaõ na Livraria da Mufica de
I rancifco de Valhadolid grande profeíTor
liolla Arte de quem fe fará nuis diílinfta
ncmoria em feu lugar. Do Author fazem
icnçaò D. Francifco Manoel na Carta dos
"Portuguev^es efcrita a Manoel The-
iudo da Fonfeca que he a i. da quarta Cen-
ria das fuás cartas, e Joaõ Soar. de Brito
Tbeatr. htifit. Litter. lit. A. n. 76.
P. ANTÓNIO FERNANDES. Naceo em
dsboa fendo filho de Domingos Fernandes, e
joanna Jorge, e na florente idade de 16. annos
iitrou na Companhia de JESUS em Évora a
•6. de Março de 1 586. como efcreve Franco na
Imagem da Virtud. em o Noviciad. de Evor. Lib. 5.
cap. 49. ou a 17. de Abril de 1587. conforme
affirma Telles na Etiópia Alta Append i. §. 7.
Logo que veíUo a Roupeta fe inflamou no
rdente zelo de paíTar à índia para conquiílar
almas a JESU Chrifto, e alcançando dos Supe-
riores a faculdade que tanto dezejava partio a
::5. de Março de 1602. com aquella numerofa
efquadra de cincoenta e outo MiíTionarios de
que era Capitão o P. Alberto Laércio. Chegado
.1 Goa como achaíTe promptos alguns Padres
para a fagrada expedição da Etiópia novamente
le lhe accendeo o efpirito na reducçaõ daquellas
ovelhas que taõ erradas vagavaõ do rebanho
da Igreja, e tomando por Companheiro ao P.
1 rancifco António de Angelis diffmiulado
cm trage de Arménio fe introdufio naquelle
vafto Império. Naõ fe podem redufir a nu-
mero os trabalhos, e vigílias que conílante-
mente tolerou, os caminhos fragozos, e inna-
2Ó9
ceíTivcis pelos quan muitas vezes defcalço
difcorrco, os perigos, e ciladas a que heroica-
mente oflfereceo a vida por atrahir á obediên-
cia da Igreja Romana os cotações daquelles
fcifmaticos merecendo por eftes evangélicos
miniAeríos fer chamado pelo Patriarcha Af-
fonfo Mendes Apoftolo defta Minaõ, fendo
antes que efte Prelado cntraífe na Etiópia naò
fomente Vigário Geral daquelia Igreja, onde
encheo todas as obrigaçoens de Paftor foli-
cito, mas Confeífor do mefmo Patriarcha, e
infeparavel companheiro dos feus immenfos
trabalhos, até que com elle fe recolheo a
Goa, e no Collegio de S. Paulo ainda que
atenuado de forças, e opprimido de dores
nunca defiílio de afligir o corpo com afperas
difciplinas, e auíleros jejuns pelo efpaço de
fete annos, no fim dos quaes piamente acabou
a vida em 13. de Novembro de 1642. Eílas,
e outras acçoens defte operário Evangélico
fe podem ler difliifamente em Sachin. Hift.
Societ. lib. I. cap. 140. Alegamb. in mortih.
illuftrib. p. 14. Nadafi in Ann. dier. mem. S. J.
Pars. 2. pag. 272. Telles Hift. da Etiópia Alta.
Apend. i. §. 7. e 8. Joan. Soar. de Brit. in
Theatr. Eufit. Eitter. lit. A. n. 74. chamando-
-Ihe Nlagnus, ftrenuufque apud JEtiopes operarius.
Morery Diccion. Hiftoriq. verb. Fernandes dizendo
// travailla avec un ^ele infatigable ala converfion des
peuples fcifmatiques. Franco Imag. da Virtude
em o Nov. de Evor. Uv. 3. cap. 49. até cap. 52.
e pag. 853. e no Ann. Glor. S. J. in Eufit.
pag. 679. Fonfec. Evor. Glorio/, pag. 426.
Efcreveo na Lingua Abexina
Magfeph affetat que quer dizer Flagellum
mendaciorum em que refuta todos os erros
do Livro Mafgah Haymonot que fignifica The-
f(onro da Fè efcrito por hum Scifmatico cha-
mado R/z^ Athenateot. Sahio impreíTo em
Goa com carefteres Abexins que foraõ manda-
dos ao Patriarcha Affonfo Mendes pela Santi-
dade de Urbano VIII.
Vida da Santijfima Virgem Maria May de
Deos Senhora Nojfa na qual doutamente refuta
as facrilegas impoíhiras que contra a Mãy de
Deos efcrevem os Scifmaticos. Eíla obra dei-
xou o Author ao Patriarcha que a tradufio na
lingua Portugueza, e dedicou ao P. Vicente Ca-
rafa Prepofito Geral da Companhia de JESUS,
e foy impreíía em Goa no Collegio de S. Paulo
270
BIBLIO THECA
da Companhia de JESUS 1652. 4. cuja ediçaõ
vimos.
Biane Cajfauft que he o mefmo, que Injlruc-
çaõ dos Conjeffores em que fe comprehendem
todos os cafos de conciencia, que podem occor-
rer na adminiílraçaõ do Sacramento da Peni-
tencia. M. S.
De opere fex dierum. Eíla obra foy compofta
á petição do Emperador Soltaõ Segued, a qual
explicou em Palácio no Inverno de 1628. e
delia faz memoria Jacobo Lelong in Biblioth.
Sacra pag. 723. col. i.
Da Immunidade Ecclejiajlica. M. S.
Tratado do Jejum nelle moílra os muitos
erros em que cahem os Abexins acerca da fua
obfervancia.
Abbau Haymonot iílo he inítrucçaõ dos
Sacerdotes para validamente adminiftrarem
os Sacramentos, emendando o livro intitu-
lado Vides Patrum.
Verteo na lingua Etiópica
Kitual Komano, e Mijfal, e Calendário das
Fejias conforme o computo do anno Etiópico.
Tratado em louvor do Anjo Cujiodio. M. S.
Efcreveo eíle livro em agradecimento a hum
grande favor que recebera deíle Sagrado Efpi-
rito. Além deílas obras efcreveo muitas Cartas
acerca dos ritos, e coftumes dos Abexins, das
quaes fe podia fazer hum juiio volume cujas
noticias tranfcreveo o P. Nicolào Godinho
de rebus Abjjfm. lib. i. cap. 8. e 9. e cap. 12.
34. 35. e 36. onde muitas vezes o allega. Tam-
bém deftas Cartas faz mençaõ o P. Fernaõ
Guerreiro na Addiçaõ à Relação de Etiópia do
anno de 1607. e 1608. no cap. i. pag. 271. e
cap. 2. pag. 276. e a Bib. Orient. de António
de Leaõ modernamente acrecentada Tom. i.
Tit. 12. col. 399.
Carta efcrita em 8. de Março de 1623.
ao Provincial de Goa. Sahio traduíida em
Francez pelo P. Joaõ Darde Jefuita. Pariz
por Sebaíliaõ Cramoify 1628. 8. e em Ita-
liano. Roma por Francifco CorbeUetti 1627.
8.
ANTÓNIO FERNANDES compoz
DefcripçaÕ da Provinda de Entre Douro,
e Minho. M. S.
Defta obra, como de feu Author faz
mençaõ o novo addicionador da Bibliothec.
Geograf. de Anton. de Leaõ Tom, i . Tit. unic.
col. 1605. afirmando que delle havia fazer
memoria D. Nicolao Anton. nas Addiçoens
à Bib. Hifpan.
ANTÓNIO FERNANDES DE BARROS
Presbytero UlyíTiponenfe infigne Meílre de
Gramática, de cuja Efcola fahiraõ famofos
Varoens que illuftraraõ o Sacerdócio, e o Impé-
rio, tendo a gloria de que muitos delles quando
jà eraõ Cathedraticos das mayores Cadeiras da
Univerfidade de Coimbra frequentaíTem no
tempo das Ferias a fua ClaíTe, e lhe beijaíTem
a mão em íinal da veneração, e agradecimento
às primeiras luzes que receberão da fua dou-
trina querendo ainda fer feus Difcipulos os que
eraõ celebrados Meílres. Teve natural génio
para a Poefia deleitando-fe com os primores
defta divina Arte em que felizmente compoz
muitas obras pelas quaes era applaudido pelos
feus mayores profeíTores que floreceraõ no
feu tempo, como foraõ António Figueira
Duraõ Parnaf. L.aur. Ram. 2. comparando-o
a Orfeo
Quid mirum ejl Orpheum Sylvas, <& faxa
Jecuta
Qiiando etiam hic vates ( ejfent quamquam omnia
ferrum )
Omnia dulcijoni traheret modulamine cantus.
Nam Ji faxa calybs, fi ferrum Sylva fuijjet,
Hujus nempe forent magnetes carmina vatis.
Na mageftade dos verfos cómicos o antepõem
a Terêncio, e a Séneca.
Romani effigies non tila {ut rere) Terenti,
Nãque efl, qui profert trancos Antonius aãus
Doãius Annao, quem Corduba Ibérica jaãat.
Semelhante louvor lhe dedica Jacinto Cor-
deiro en el Elog. de los Poet. Portug. n. 27.
Quando António Fernandes fe difpone
A fer aguila ai foi defia Conquifla
Clavo imperiofo a fu fortuna pone,
Que remontada en el pierde la vifia;
Entre muchos ingenios fe antepone
Que merecen la gloria defia lifla;
Y el merece tanto en larga fuma,
Que a Terêncio Efpanol quito la pluma.
Manoel de Galhegos no Templo da Memo-
ria o convida para celebrar os defpoforios
dos SereniíTimos Duques de Bragança na
Eftanc. 204. nefta forma
í
LUSITANA.
271
O* quem com vo^, t numero Jonante
A todo engenho convocar pudera
Vera taò alta empre:(a\ Oh quem tronou te
Lifpirito ao Clarim da fama dera !
Agora, agora ò Barros á Latina
V.fta empret(a encomenday divina.
i Ic digno de rentimento que nenhuma obra
lua fe fizeííe publica quando podiaò-fe im-
primir
Varias Comedias
c|uc reprefentarau no thcatro com grande
ipplaufo dos expeâadores os G>mediantes
( .ilk-lhanos.
\ erjos latinos Portugue:(es, e Cajlelha-
';os. Dos quaes fomente fe imprimio hum
lípigramma latino que he admirável em lou-
vor das obras poéticas de António Figueira
Duraõ, e huma poefia muito elegante feita
i morte de Lopc Felis da Vega que fe con-
fcrva na Livraria do Cardeal de Souza, hoje
do Duque de Alafoens que começa
Con tardo piè, con pere:^oJo paffo
IDaba
Y le era dilacion, lo que vivia.
Morreo na pátria em idade proveâa a
j. de Março de 1680. Jaz fepultado na
eal Igreja de N. Senhora da Conceição
tios Freyres da Ordem de Chriílo onde dei-
xou duas Capellas pela fua Alma, e por ad-
miniílradora a Irmandade do SantiíTimo Sa-
cramento.
ANTÓNIO FERNANDES FRANCO
Natural da Ilha de S. Miguel, e Vigário
da Igreja da Alagoa íituada na mefma Villa.
Para eternizar na memoria dos vindouros
os horrorofos eílragos, e fataes calamidades,
que padeceo eíla Ilha em 2. de Setembro
tle 1630. caufados pela violência do fogo que
rebentando do profundo do mar, e vencendo
a immenfa copia das aguas arrojou com horrí-
vel eílrondo pedras da extraordinária gran-
deza até a altura de cem covados, efcreveo
como teílemunha ocular.
KelaçaÕ do lajlimofo, e horrendo cafo que acon-
íeceo na Ilha de S. Miguel em Jegunda feira 2. de
Setembro de 1630. Lisboa por Pedro Cras-
beeck 1630. folha.
Do Author fe lembra o P. António Cor-
•deiro na Hifi. Infulan. Liv. 5. cap. 23.
ANTÓNIO FERNANDES DE MOURA
natural de Btaga naõ fomente Douto oft
Sagrada Thcologia, a cuja faculdade indefeíla-
mente fe applicou, e em a noticia de hum, e
outro Direito, mas no miniílerio do Púlpito,
que com grande applaufo exercitou nas Dio-
cefes de Braga, e Lamego, em cujo Bifpado foy
Examinador Synodal, e muito aceito ao Pre-
lado dcíla Igreja o Illuílri íTimo D. Joaõ de Lao-
caftre. Naõ mereceo menor eílimaçaõ no con-
ceito do Illuílri íTimo Arcebifpo Primaz D. Fr.
Aleixo de Menezes que fununamente o vene-
rava mais pela innocencia dos coftumes, que
pela profundidade das letras. Para inílruir aos
ConfeíTores com hum fácil methodo na admi-
niílraçaõ do Sacramento da Penitencia applicou
todo o difvello compondo a obra feguinte,
que repetidas vezes foy impreíTa.
Examen Theologia Moralis in quo medulla
univerfarum quaflionum ad cafus confcientia per-
tinentium ex Sacra Theologia, & utroque jure,
nec non ex ^aviffimis, ó" abfolutijftmis tam hujus,
quam fuperioris avi fcriptorihus , ç!t fummiflis
deprompta teflimoniis, <& exemplis confirmata
continentur in quattuor partes divifum; primam
agentem de Praceptis Decalogi; fecundam de
Vrceceptis 'Exclefia^ ter tia m de Sacramentis : quar-
tam de peccatis, addito ad calcem brevi Traãatu
de Operibus Mifericordia. Bracharac Au-
guíbe apud Fru6hiofum do Bailo 161 3.
4. Coloniac Agripinas apud Petrum Heni-
gium 1616. 8. 1618. 1626. 1628. 1641. 1645.
4. et Sumptibus Heningij 1653. Lugdimi
apud Claudium Larjot 1627. 8. Duaci apud
Gerardum Patte 1620. 8. Brixise apud Bar-
tholomíeum Fontana. 1622. 4. Rhotomagi
apud Romanum Malherbe. 1639. Tradu-
íido em Francez. Pariz 1627. 4. Compoz
mais
Compendio moral, e Kefoluçoens de Cafos
de Conciencia. Porto por Joaõ Rodriguez.
1625. 8. e Lisboa. 1629. 8.
Hum Soneto feu em Portuguez fahio
impreíTo no Certame Poético em luouvor de D.
Miguel de Noronha Conde de Unhares. Lisboa
por Giraldo da Vinha 4. Naõ tem anno da
ediçaõ.
Celebraõ o feu nome Nicol. Anton. in
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 92. Joan. Soar. de
Bríto in Tbeat. hufit. Utter. lit. A. n. 77. c
272
Lippenio, e Draudio nas fuás Bibliothecas.
Morreo em Lisboa a 17. de Mayo de 1646.
Eílá fepultado na Santa Cafa da Meferi-
cordia.
ANTÓNIO FERREIRA Doutor na facul-
dade de Direito Civil, Dezembargador da Cafa
da Supplicaçaõ, Fidalgo da Cafa Real, naceo
em o anno de 1528. naõ em a Cidade do Porto,
como alguns erradamente fe perfuadiraõ, mas
em Lisboa, de que elle fe jafta no liv. i. dos
feus Poemas Epiílol. 10.
EJla Cidade, em que naci fermoja
EJla nobre, ejia chea, ejia Lisboa
Em Africa, Afia, Europa taõ famofa.
Teve por Pays a Martim Ferreira Cavalleiro da
Ordem de Saõ-Tiago, Efcrivaõ da Fafenda do
Duque de Coimbra o Senhor D. Jorge, e a
Mecia Froes Varella. No tempo, que na Acade-
mia de Coimbra começou a eíhidar Jurifpru-
dencia arrebatado da natural inclinação à Poe-
íia, naõ fomente compunha nas horas vagas do
eftudo alguns verfos que jà refpiravaõ fuave
cadencia, e mageílofa elegância, mas incitava
aos feus Condifcipulos a que lhe foíTem emu-
los em taõ divina Arte. Por ella alcançou taõ
profunda veneração dos mayores alumnos do
Parnafo, que como a Princepe deíla facul-
dade lhe mandavaõ as fuás compoíiçoens
para que pulidas com a fua lima fahiílem total-
mente perfeitas ao theatro do mundo, como o
teílemunha Diogo Bernardes fallando com
elle na Epijlol. 12.
Mas naõ pojjo negar Jerem-me dados
Por ti do Ceo favores venturofos
Ainda que mal de mi remunerados.
Se me naõ dera ao mundo em taÕ ditofos
Annos de mim que fora: Que por ti
Efpero de ter nome entre os famofos.
Por mim nunca fubira onde fubi.
Meu nome com a vida fe acabara
O mundo naõ foubera que naci.
Confejfo dever tudo àquella rara
Doutrina tua, que me qui:if erguia
Ao celebrado monte, à fonte clara.
Epor te dever mais,fe à lu^ do dia
Te parece, quefayaõ meus efcritos
Na tua penna ejlá fua valia (^c.
Entre o laboriofo miniílerio de Dezembar-
gador nunca interrompeo o comercio das
BIBLIO THE CA
Mufas, antes fuavizava grande parte do
continuo trabalho, e applicaçaõ daquelle
eftudo com as delicias poéticas reforman-
do as obras que compufera em idade muito-
verde, ou produzindo outras em que retratava
o feu efpirito com mais vivas cores, que certa-
mente chegariaõ a mayor numero, fe lhe naõ
roubara o tempo a Decifaõ das caufas forenfes,
e o naõ privara intempeílivamente da vida a
morte em Lisboa no anno de 1 5 69. Eílá fepul-
tado no Cruzeiro do Convento do Carmo de
Lisboa, e fobre a campa tem gravadas eJftas
palavras.
Epitáfio do Doutor António Ferreira Eente que
foy na Univerjidade de Coimbra, Desembargador da
delação, raro Poeta. Faleceo no anno de 1569.
Hic Doãor jacet è Cathedra quem jura Tonantem
Mente avidâ audiret Bartolus, imo Sólon:
Carmina fcribentem Cythara fequeretur Apollo,.
Diceret, et numeris non fatis effe Chelin.
Jus et Pieridas Pátria decoravit, amore
Illius hac capiti Eaurea major erat.
Nec vati magnum, ac fuerit, quod in urbt
Senator,
Sed fua quod Kegnum Scripta Thalia regit
Si legif, una tuos componet Epifiola mores
Maximus ejl doãor, qui docet è tumulo.
A fua morte fentio feu grande amigo, e vene-
rador Diogo Bernardes neftas elegantes, e
difcretas expreíToens efcritas em huma Elegia
a Pedro de Andrade Caminha.
Ninfas do claro Tejo que cubrifles
A grão envolta em neve, ejlrellas, e ouro
De negro veo quando tal vijies
Vinde de fr efe a murta de hera, e louro
Ornar de tempo em tempo a pedra fria
Onde a morte efcondeu Vojfio the^ouro
Vinde cubrir as cincas onde ardia
Fogo de amor divino, de alvas flores
Em lembrança da magoa dejie dia:
Venhaõ taõbem as Mufas, e os amores
Offerecerlhe dons, que a Arábia manda
E cante Phebo em tanto feus louvores
Depois pendure a Eyra doce, e branda:
Em fima do fepulcro por memoria,
E Cupido arco, efettas de outra banda.
Ambos perderão nelle fua gloria;
Quem de hum cantará já tanta belle^a
Quem ã" outro adoce guerra, e a viãoria ?
Ah bom cultor da Mufa Portuguei^a
II
L USITANA.
273
ti
Qual foy Virgílio a Koma, a Cr$cia Homero,
Tal Jojle tu à tua naturt^a.
Semelhantes elogios lhe coníagraõ á fua memo-
ria António de Souf. de Macedo in Lufit.
tíbtrat. Prosem. 1. §. 1. n. 2. e Proacm. 2.
5. 2. n. 7. e nas Flor. de Efpan. cap. 22. Exccl-
Icnc. 2. Nicol. Ant. in Nb. Hifp. Tom. x.
p;u'. 93. lucubrationes métricas et elegantia plenas,
Jpinlnque, et animofitate vigentes poética Manoel
. de Far. Dijc. da ling. Portug. pag. 82.
,0 Joan. Tamayo Salaz. Martyrol. Hifp. Tom. 4.
lg. 183. Fr. Manoel de Sá nas Mem, Hijl. da
Prov. do Carm. de Portug. liv. 2. cap. 1 1. n. 235.
Morery Diccion. Hijloriq. Vcrb. Ferreira. Por
dcligencia de feu filho Miguel Leyte Ferreira
fahiraõ.
Poemas Lttfitanos. Lisboa por Pedro Cras-
hecck. 1 598. 4. Cuja fcgunda Parte, que fc naõ
iniprimio, louva António de Soufa de Maccd.
m l.ujit. liberat. Proacm. i. §. i. n. 5.
Comedias que com outras de Francifco
de Sá, e Miranda fahiraõ. Lisboa por António
[vares. 1622. 4.
Tragedia de D. Iffies de Caftro que fahio
impreíTa no fim dos feus Poemas, foy traduzida
por hum Francez na fua lingua, e a dedicou
ao Conde da Atouguia Joaõ Gonçalves de
Attayde de quem fora criado, e Meftre da
lingua Latina de hum feu filho, a qual fe
imprimio em Pariz.
P. ANTÓNIO FERREIRA Naceo em
Lisboa fendo filho de Jorge Antunes, e Maria
Ferreira igualmente ricos que virtuofos. No
tempo que curfava a terceira claíTe no Collegio
de Santo Antaõ foy admitido à Companhia
de Jefus a 22. de Agoílo de 1635. com 15
.mnos de idade. Notável foy o engenho, que
moftrou para todas as faculdades de que fe
feguio enfinar com grande applaufo cinco
annos Humanidades, e Rhetorica em o Collegio
de Coimbra. Querendo Deos provar a sua
paciência permitio, que fe levantaíle contra
a reétídaõ dos feus cullumes huma furiofa
tempeftade, que tolerou prezo em Coim-
bra pelo efpaço de dous annos em os quaes
para fuavizar a pena, que o atormentava
compoz alguns Poemas Latinos fendo af-
fumpto de hum delles o receyo de perder
a fua amada Religião, que finalizou com
eAas eotenieddas ezpteíToefis, que bem
dedaraõ a fuavidade da fua difcreu Muíâ.
Non fatis hac. maius trepidou tem vulnera telum
Mentem agit: injlanti fubit exponenda periclo
Kelliffo: qua non equidem mibi ff-atior unquam
Ulla ftút: primo q$4a me jibi junxit amore
Quaque erat occidm me fervatur a JepuUbro.
Hac me {vix poteram vita coffiojcere Itffs,
Jnraque quid prohibent , vel quid contendat homjlas)
Lixcepit Puerum, et teneris formavit ab an~
nis.
Prima fub bac rerum pofui monumenta ma-
gifira
Hic virtutis opes, doãas hic Palladis artes
Edidici, hic primos, qua fervent dogmata
mores,
Qua ve decent ânimos Jludia indefeffa viriles.
Qita via difficilem Jubeunti pandat Olympum,
Et qua Tartareas ducat Phlegethontis ad
undas.
Quattuor emijos numerabam luftra per annos,
Ex quo votivis fufcepimus omina vinclis,
Aujpicijs promiffa fides felicibus: hic me
Formavit natura virum, folumque puãoris
Conjcia non alij adolevit moribus atas
Ergo ne tam muitos, vitaque, animique labores
Una dies tulerit? Pereant tam longa repente
Têmpora? tam grati linquenda cubilia teãi
Totque virum probitas7
Triunfante das calumniass de que fora
injuílamente accufado, leo Filofofia em Lis-
boa, paíTando à Univerfidade de Coimbra,
e Évora depois de receber as infignias Dou-
torais a 25. de Julho de 1661. foy Lente de
Vefpera na dita Univerfidade onde alcan-
çou iguaes applaufos de Letrado, que Pre-
gador. Accometido de hum accidente de
apoplexia, que o deixou inhabil para con-
tinuar os eíhidos Académicos, o naõ im-
pedio para o progreífo das virtudes, que reli-
giofamente obfervou com admiração dos
feus domeítícos. Sendolhe revelada a hora
da morte fe defpedio dos feus Irmaõs pelos
cubiculos até que paíTou a lograr o premio
das fuás virtuofas acçoens a 10. de Janeiro
de 1676. cuja memoria celebra o P. Fon-
feca na Évora Glorio/, pag. 426. e Franco
in Sjnopf. Afinal. S. J. in Lufit. pag. 361.
dizendo: pollebat ingenio praclaro ad fcien-
tias qiias jam dediceraf laude máxima, emi-
23
274
BIB LIO THE CA
nehat dotihus ad exornandum Jacrum Juggejlum.
De muitos, e bons Sermoens, que pregou,
unicamente fe publicou o feguinte.
Demonjlraçoens da Verdade da nojja S, Fé
contra os erros Judaicos em o Aão da Fé, que fe
celebrou na Cidade de Évora em 21. de Setembro
de 1670. Évora na Officina da Univerfidade
1670. 4.
ANTÓNIO FERREYRA filho de Valen-
tim Ferreira Cirurgião, Familiar do Santo Offi-
cio, e de LuÍ2a de Moura naceo em Lisboa, e na
Parochia de Santa Jufta foy bautizado a 6. de
Novembro de 1626. Na Univerfidade de Coim-
bra fe applicou à mefma Arte que feu Pay pro-
feíTára, e depois de eílar nella perfeitamente
inftruido a exercitou primeiramente na Praça
de Tangere onde foy mandado curar o mal epi-
demico, que confumia aos feus habitadores,
e fendo ferido do contagio efcapou da fua vio-
lência pela efficacia dos feus medicamentos.
Voltando para a pátria continuou o mefmo
exercido com grande credito da fua fciencia,
e naõ menor fortuna dos infermos principal-
mente dos que aíTiíliaõ no Hofpital Real de
todos os Santos por efpaço de vinte annos
experimentando todos os maravilhofos effei-
tos do feu methodo curativo. Sendo Cirurgião
da Camará delRey foy eleyto Cirurgião mór da
SereniíTima Senhora D. Catherina, quando no
anno de 1662. fe foy defpozar com Carlos
II. de Inglaterra, a qual acompanhou até
Londres recebendo em premio da fidelidade
com que feruira a eíla Princeza o habito
de Chriílo com outras mercês honorifi-
cas, e rendofas. Reílituido a Portugal naõ
deixou o exercício da fua Arte, a que mais
o eílimulava a charidade, que o intereííe, até
que fechou o circulo de fua vida em
Lisboa no anno de 1679. quando contava
65. annos de idade. Deixou defcendencia
numerofa eternizando o feu nome particu-
larmente em três filhos profeílores de diver-
fas faculdades quaes foraõ o Doutor Igna-
cio Lopes de Moura Dezembargador dos
Aggravos da Cafa da Supplicaçaõ Cavalleiro
profeíTo da Ordem de Chriílo de quem
em feu lugar faremos mençaõ, o Doutor
Jacinto Ferreira de Moura formado nos Sa-
grados Cânones, e Prior da Real Freguezia
de S. Juliaõ de Lisboa, e Fr. Leonardo de
Moura Religiofo de S. Jeronymo, e Rey-
tor do feu Collegio de Coimbra, que foy
bom Theologo. Para fazer mais perceptí-
vel a Arte da Cirurgia aos feus naturaes,
que a quizeíTem aprender, efcreveo em eftylo
compendiofo.
L//í^ verdadeira, e recopilado exame de toda
a Cirurgia. Lisboa por Domingos Carneiro.
1670. foi. fahio acrecentado com huma nova
Praítica do Author. Lisboa por Ualentim da
Coíla Deslandes 1705. foi. Efta obra com-
prehende 17. livros o \. da Anatomia de todas
as partes do corpo 2. Dos Apojihemas em geral 3.
dos Apojihemas em particular. 4. das Feridas 5 .
do Fluxo do Sangue. 6. das Feridas Veneno/as. 7.
das Feridas de pelouro. 8. das Feridas da Ca-
beça. 9. das Feridas do rojlo. 10. das Feri-
das do peito. II. das Feridas do ventre. 12. ,
das Feridas dos nervos. 13. das Chagas em \
geral, e particular. 14. das Chagas em par-
ticular. 15. das Fraãuras. 16. das Disloca-
çoens. 17. das Fontes. He intitulado por
Morery Diccion. Hijloriq. Verb. Ferreira un
des plus celebres Chirurgiens de Portugal.
ANTÓNIO FIALHO FERREIRA Cavai- j
leiro profeílo da Ordem de Chriílo Fidalgo da '■
Cafa Real, natural, e morador na Cidade de .
Macao celebre colónia dos Portuguezes nos
confins da China onde exercitou honoríficos
poílos, ou foíTem políticos, ou militares. Sendo
Capitão mór da frota de Macao chegou a
Manilla no anno de 1633. e pela grande devo-
ção que tinha à Religião Seráfica alcançou
faculdade do Provincial da Província de Saò
Gregório para a nova fundação das Religio-
fas da primeira obfervancia de Santa Clara
na Cidade de Macao triumfando de todas as
dificuldades, que fe levantarão contra eíle nego-
cio, como elle expreíTa em huma carta ef-
crita a Fr. António da Conceição Miniílro,
Provincial da Província da Madre de Deos'
a qual traz impreíTa Fr. Jacinto de Deos no
Vergel de Plant. e Flor. cap. 4. art. 5. pag.
129. e delia faz mençaõ como do Author
o moderno Addicionador da Bib. Orient.
de António de Leaõ Tom. 2. Tit. 7. col.
629. Por caufa de huma grave difcordia ex-
citada entre o povo, e os Miniílros delRey
L USITANA.
ij5
ic auzentou de Macao no anno de 1657. e atra-
vcíTando com maniíeílo perigo da vida o
Império de Narfinga, e as Serras de Gaute,
I chegou pelo paíTo de Daugin a Goa em 24. de
Junho onde foy benevolamente recebido pelo
ViceRey Pedro da Sylva, que conhecendo a
capacidade do feu talento o mandou reprefen-
tar a ElRey o miferavel eílado a que eílava
seduzida a índia para a qual fe neccíTitava de
prompto remédio. Partio de Goa em Janeiro
de 1639. e depois de vencidos muitos traba-
lhos chegou a Afpaõ donde voltando pelos
montes de Arménia Superior entrou no Reyno
de Gorgoftaõ. Paliada grande parte da Grécia
por Betinia eíleve em Côílantinopla, e nave-
Índo pelo Archipclago dcfcmbarcou em
orne. Chegou a Roma, e depois de bejar
pé ao Pontiíice conferio com o Embaxador
Giftclla o negocio que lhe fora cometido.
;pois de paíTados os Ducados de Mantua, e
^.iboya naõ pôde tomar o porto de Barcelona
por caufa dos Turcos andarem infcftando
.K]uelles mares até que entrou em Valença
donde paíTando a Madrid reprefentou a ElRey
.1 caufa que o obrigara para emprender jornada
igualmente dilatada que perigofa. Foy logo
' mandado a Lisboa para que fe apreftaíTem féis
Náos, que focorreíTem a índia quando neíle
j tempo fe aclamou o SereniíTimo Senhor D.
Toaõ o IV. o qual certificado da fidelidade de
\ntonio Fialho o mandou a Macao fignificar
aos feus moradores de que tinhaõ por Sobe-
rano a hum Príncipe Portuguez. Obedeceo
promptamente a eíle preceito, e logo que che-
gou à fua Pátria convocadas as PeíToas princi-
paes do Eftado Ecclefiaftico, e Secular lhes
expoz em huma elegante Oraçaõ, a feliz noticia
de eílar exaltado ao trono de Portugal o Sere-
nlífimo D. Joaõ o IV. a quem deviaõ reconhe-
cer por feu Rey, e Senhor, de cuja heróica acçaõ
por fer gloriofo inílrumento o celebraõ com
grandes elogios D. Luiz de Menezes Con-
de da Ericeira Portug. Kejiaur. Tom. i. liv. 3.
pag. 141. Birago Hijl. de Portug. lib. 3. pag,
»■ mihi 258. chamando-lhe huomo di valore, e pru-
' dem^a, e o Padre Pedro Francifco Xavier de
Charlevoix Hijl. du Japon. Tom. 2. pag. 441.
' Compoz.
Kelaçaõ da viagem, que por ordem de
'í Sua Mageftade /í^ António Fialho Ferreira
defle Keyno à Cidadt di Macao na China, e feli-
cijftma Aclamarão de Sua Maffftaát EJKey
Noffo Senhor D. JoaÕ o IV. ^ Diox ptarde na
me/ma Cidade, e partts do Sul. Lisboa por
Domingos Lopes Roía 1645. 4.
Oraçad que fev^ na Cafa do Senado da Cidade
de Macao na pret(ença dos juizes, Vereadores, e
Procurador do Povo de como ejlopa euclamaào
EJKej D. Joaõ o IV. Sahio impreíía nos Sue.
Mi li/, das Arm. Portug, pelo D. Joaô
Salgado de Araújo. Lisboa por Paulo Cras-
beeck. 1644. 4- hv. 5. cap. 4.
Kav^ones, y preguntas fobre la Navegacion que
fe há ahierto de/de la China a la índia por los
hoquerones dei Valle, y fi fera conveniente ha:(er
viages defde la China a Lisboa en derechura.
Efta obra foy efcrita em Portuguez, e traduzida
em Caílelhano fe conferva em a Bíbliotheca
delRey Catholico como affimu o moderno
Addicionador da Bih. Nautic. de António de
Leaõ. Tom. 2. titul. 3. col. 1133.
ANTÓNIO HGUEIRA DURAM natu-
ral de Lisboa. Foy admirável o génio
que defde a puerícia teve para a Poefia Épica
parecendo que nacera no grémio das
Mufas, de tal forte que admirado o grande
Poeta Manoel de Galhegos da fumma faci-
lidade com que na adolefcencia fe remon-
tava ao cume do PamaíTo o intitulou Orfeo
daquelle feculo, e como a tal o convida
para que com as fuás canoras vozes celebre
o Hymineo dos SereniíHmos Duques de
Bragança no Templo da Memoria liv. 4. Eílanc.
200.
Já das Mufas o Templo manifeflo
Vos efpera (ò Figueira Orfeo Latino)
Entray nelle, e componde do Anapeflo
A efle Hymineo o verfo Fecenino;
Ou day de Ignacio o vojjo altivo canto
A Nuno, que he também Soldado, e Santo.
Em obfequio da vontade de feu Pay paiTou
à Univerfidade eíhidar Filofofia, e Juríf-
prudencia, e entre as efpeculaçoens deílas
duas faculdades nunca interrompeo a inno-
cente comunicação que tinha com as Mufas
o que elle teftifica no fim do feu Poema inti-
tulado Ignatiados.
Hac fuper l^ati gejlis, comitumque cane-
ham
276
Cum me Secretas rerum cognojcere caufas
Ipfe juhet genitor: qmre mea fijlula lauro
Pendebit, quo plena fonet, vire/que tacendo
Adquirat, pojfimque novos haurire liquores.
Depois de receber o gráo de Licenciado na
faculdade de Direito Civil voltou para a Pátria,
e como foíTe ornado daquelles dotes dignos de
hum Miniftro, foy eleito Juiz de fora de Mou-
rão donde partio para o Maranhão com o lugar
de Ouvidor deíle Eftado, o qual adminiílrou
poucos mezes por morrer intempeílivamente
no anno de 1642. A fua memoria fempre
fera venerável entre os cultores da Poeíia fen-
do entre eíles o mais celebre o P. António
dos Reys no feu Enthufiafm. Poetic. impreíTo
no principio dos feus Epigrammas. n. 17.
Nec te privahunt mea carmina laude Durane
O' puer ut Phabus tenuit lanugine malas
Yix prima adfperfus, fed jam cecinijfe peritus
Clajfica poft módulos calami pofi mitis avence
Murmura poft Ienes, quos prompjit fiftula cantus.
Compoz.
Ignatiados lihri três. UlyíTipone apud Geor-
gium Rodriguez. 1635. 8. Poema Épico à
S. Ignacio de Loyola.
iMurus ParnaJJaa. UlyíTipone apud eumd.
Typ. eodem anno 8. Coníla de Elogios de
Poetas Portuguezes.
Templum Mternitatis, Poema Panegyricum
in aula Conimbricenfis Academia pro roftris reci-
tatum. Conimbricae apud Laurentium Cras-
beeck. 1640. 4. Coníla de vários metros Lati-
nos em louvor dos Lentes da Univeríidade
de Coimbra.
ANTÓNIO DE FIGUEIREDO natural
da Villa de Santarém do Arcebifpado de
Lisboa. Foy Freyre da Militar Ordem
de Saõ-Tiago que profeílou no Real Con-
vento de Palmella, e grande letrado na
Theologia moral por cuja fciencia foy Prior
em huma Igreja do Campo de Ourique onde
apafcentou as fuás ovelhas com a dou-
trina, e muito mais com o exemplo até que
entre ellas morreo em idade de 63. annos.
Efcreveo.
De Sacramentis in genere, et fpecie. M. S.
Fr. ANTÓNIO DA FONSECA na-
tural de Lisboa filho do Doutor António
B IB LIO THE CA
Corrêa fundador do Convento de Santa Anna
fituado em a nobre Villa de Viana da Província
de Entre Douro, e Minho, foy naõ fomente
efplendor da Religião Dominicana, cujo habito
profeílou, mas da Univerfidade de Sorbona,
onde recebeo a borla doutoral em 6, de Janeiro
de 1542. Eftando já egregiamente inílruido
nas faculdades efcholaílicas na fua Pátria,
paíTou àquella Univeríidade onde alcançou o
feu penetrante engenho a vaíla noticia da lín-
gua Grega, e Hebraica, e a erudição Sagrada,
e profana, em que foy peritamente verfado.
A fama das fuás profundas letras moveo a
ElRey D. Joaõ o III. cuidadofo da nova reílau-
raçaõ da Univerfidade Conimbricenfe para
que entre outros Meílres convocados de Pariz
foííe elle chamado a ler a Cadeira de Vefpera da
Sagrada Efcritura, da qual tomou poíTe no
anno de 1544. e a regentou muitos annos com
grande credito do feu nome, naõ alcançando
menor fama pelo Púlpito donde era venerado
por celebre Orador Evangélico, de tal forte
que o elegeo por feu Pregador o mefmo Prín-
cipe, que o nomeara Lente da Univerfidade.
Foj o primeiro Pregador ( faõ palavras do infigne
Chroniíla Fr. Luiz de Soufa Hift. de S. Doming.
Tom. I. Uv. 3. cap. 38.) que introdu^^io nefte
Rejno o fentido litteral da Efcritura apoftilando
o Santo Evangelho modo fácil, e menos trabalhofo
para quem o fegue, porque he totalmente
feparado do eftylo Oratório antigo, que fe
compõem de fuás partes com feus tropos,
e figuras, e flores Rketoricas. Echard in
Script. Ord. Prced. Tom. 2. pag. 155.
Neque vero in uno claruit académico Eyceo,
fed facundijftmus Verbi Divini Orator Olif-
fipone, aliifque pracipuis Eufitania Civi-
tatibus concionando magnum apud omnes fi-
bi nomen fecit. Sena in Piib. Ord. Prced. pag.
26. Vir linguarum notitia clarus, fcriptu-
rcB Sacra leãione multa exercitatus, et Con-
cionator infignis. Manoel de Far. e Souf.
Europ. Portug. Tom. 3. Part. 4. cap. 6.
Xiílo Senenf. in Biblioth. Sana. lib. 4.
Joan. Soar. de Brito in Theatr. Eufit. Eit-
ter. lit. A. n. 79. Nicol. Ant. in Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 93. Jacobo Lelong in Bi-
blioth. Sacra pag. 728. col. i. e Fr. Pedro
Monteiro Clauft. Domin. Tom. 3. pag. i
Compoz.
LUSITANA.
277
Annotationes marffttales in Commtntaria
Vhoma de Vio Cardinalis Caielani in Penta-
,i(chum, Parifiis apud Joanncm Parvum. 1 J59.
Ífol. Neíla obra naõ fomente compoz as notas,
flfts a vida do Cardeal Caetano ( da qual faz
Aemoria Fr. Ignacio Jacinto Amat de Grave-
lon. HiJI. Eechf. ad Sacul. XVI. CoUoq. 5.) e
i Introdução ao Pentateucho. Efcreveo mais
como affirma Nicol. Ant.
In jofue,
In Ubros Kegfim.
hl Paralipomenoft.
ANTÓNIO DA FONSECA natural de
Lisboa infignc profeííor de Medicina cuja
Iciencia exercitou com grande fama cm Flan-
des, c no Palatinado na occaílaõ em que eílas
Provincias cftavaõ inficionadas com a pefte
locorrcndo aos feridos de taõ fatal epidemia
iiaõ íó com a fua affiílcncia, mas ainda efcre-
\ cndo o mcthodo, com que fe podiaõ curar,
o qual publicou com efte titulo.
Traãa/us de epidemia febrili grajfante in exer-
Itu Regis Catholici in inferíori Palatinatu anno
1620. í/ 1621. //; quo febris maliffta effentia, caufa^
Jiffia, diaffiojlica, et prognoftica, et methodus cura-
tiva Philofophice, et medice elucidantur. Me-
chliniae apud Henricum Jaye. 1623. 4.
Delle fe lembraõ Nic. Ant. in Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 93. e Zacut. lib. 5. cap. 30.
ANTÓNIO DA FONSECA Naceo
em Lisboa, e na real Parochia de S. Juliaõ
recebeo a primeira graça a 14. de Junho
de 1676. Ainda naõ excedia a tenra idade
de três annos quando paíTou com feus Pays
Cypriano da Fonfeca, e Francifca Maria
ao Eílado de Pernambuco, e no Recife apren-
deo naõ fomente as letras humanas, e
Poefia Latina em que fahio eminente, mas
as fciencias de Filofofia em a Congregação
do Oratório, e de Theologia efpeculativa
no Collegio dos Padres Jefuitas. Voltando
para a Pátria foy cativo pelos mouros a 14.
de Outubro de 1710. e levado a Argel onde
fendo vendido em praça pubUca a 5. de No-
vembro do dito anno, depois de tolerar ter-
riveis moleílias foy refgatado de taõ duro
cativeiro em o aimo de 171 3. por féis cen-
tos mil reis. Reftituido a Portugal, e a fua
liberdade fe ordenou de Presbyteto, e coníide-
rando que as fciencias próprias deíle EAado
eraõ a Theologia Moral, e os Sagrados Câno-
nes, fe applicou à primeira no Real Collegio
de N. Senhora da Efcada fundado neíla Corte
pela magnifica piedade da Raynha D. Catbe-
rina mulher do SerenlíTuno Rey D. Joaô o III.
que regentaõ os Religiofos Dominicos, fendo
hum dos feus Collegiaes, e para le inAruir na.
fegunda paííou á Univerfidade de Coimbra,
onde defendeo com applaufo univeríal em 23,
de Julho de 1736. Conclufoens fobre a matéria.
de OJficio, et poteftate judieis Delegati compoílas
em verfo heróico elegantiífimo com huma in-
vocação a N. Senhora do Carmo, merecendo
receber o gráo de Bacharel a 6. de Outubro
de 1738. Pelo largo efpaço de vinte annos
tem exercitado o lugar de Capellaõ das Reli-
giofas Dominicas do Convento da Annun-
ciada deíla Corte. Publicou com efte titulo.
Opujculum Eucharijlicum oratione ligata
concinnatum. UlyíTipone apud Emmanue-
lem Ferdinandum Coftium San£te Inquiíitionis
Typog. 1728. 4. He dedicado a ElRey N.
Senhor D. Joaò V. em cujo louvor além da.
dedicatória traz três epigramas, e huma Ode.
A obra confta. de huma larga Elegia, e nefte
género de Poefia os três Hymnos que a Igreja
U2a na Fefta do Corpo de Deos. Seis epigram-
mas em louvor do Santiífimo Sacramento
cujo affumpto fe deduz de féis anagrammas
da palavra Eucharijlia. A Oraçaõ Adoro Te
devote latens Deitas em hum poema heróico,
e ultimamente o Hymno Te Deum Laudamus
compofto em verfos Saficos.
In funere llluftrijfimi , ac Keverendijftmi
Domini D. Fr. Bartholomai do Pilar Epif-
copi Parenjis máximo totius l^fit. luãu fato
correpti. Nsenia. Coníla de 10. Dyflichos.
Epitáfio ao mefmo Prelado que he hum
Epigramma. Lisboa por Miguel Rodrigues
ImpreíTor do Senhor Patriarcha. 1734- 4-
No fim do Elogio que dedicou a efte Prelado
Fillippe Jozé da Gama.
ANTÓNIO DA FONSECA OSÓ-
RIO natural de Lisboa donde navegou até
a índia Oriental com o pofto de Soldado, e
como aíTLftiíTe nella muitos annos difcorreo
por diverfas Regioens de taõ vafta parte do
BIBLIOTHE CA
278
mundo tolerando por mar, e terra innume-
raveis trabalhos que deixou efcritos no Livro
intitulado
Peregrino Oriental de varias coujas, e Juc-
ceffos da índia. O qual dedicou ao Duque
D. Theodoíio Pay do SereniíTimo Rey D.
Joaõ o IV. e pofto que fe naõ imprimio corre
M. S. pelas mãos de muitos Curiofos, e he
louvado por Jorge Cardofo nas Advertem.
do Tom. I. §. 2. verf. ultim.
F. ANTÓNIO DE S. FRANCISCO
Natural de Évora, filho de Pedro Francifco, e
Arma Mendes Religiofo da Ordem de S. Paulo,
que profeíTou no Convento da Serra de OíTa
a 26. de Setembro de 1594. taõ infigne no
governo, como no magiílerio pois além de fer
grande humanijla como o intitula o P. Francifco
da Fonfeca na Evor. Glorio/, pag. 410. foy con-
fumado Theologo lendo eíla fciencia com
grande applaufo aos feus domeíticos até que
nella jubilou naõ fendo menor a faudade,
que deixou aos feus fubditos quando em
alguns Conventos exercitou o lugar de Prelado.
Todo o feu difvello foy a compofiçaõ da Chro-
nica da fua Congregação, para cujo fim naõ
perdoou a género algum de trabalho revol-
vendo os Cartórios dos Conventos inveftigando
as fuás fundaçoens, as vidas dos Varoens infi-
gnes, que nelles floreceraõ, e os privilégios,
graças, e indultos com que a liberalidade Pon-
tifícia, e Real os enriquecera. Ao tempo que
eftava para concluir obra taõ laboriofa o arre-
batou a morte em Villa-Viçofa a 20. de Julho
de 1633. com 58. annos de idade, e 39. de
Religião. Conferva-fe entre os feus Religiofos
efcrita pela própria maõ com eíle titulo
Chronica da Congregação de S. Paulo da
Serra de OJJa.
Delia faz mençaõ Jorge Cardofo Agiol.
'L.ujit. Tom. 2. pag. 666. letr. C.
ANTÓNIO DE S. FRANCISCO Terceiro
Secular da Seráfica Ordem de S. Francifco. Ef-
creveo para fruto efpiritual dos feus Irmãos
Compendio dos 'Exercidos da Terceira Ordem
da Penitencia. Lisboa por António Alvares.
1628. 16.
Da obra, e do Author fe lembra Fr. Joan.
à D. Ant. in Bib. Vrancijc. Tom. i. pag. 104.
ANTÓNIO FRANCISCO DE ALCÁ-
ÇOVA Natural de Braga, Doutor em Cânones
cuja Cadeira de Prima fendo-lhe ofFerecida, naõ
quiz aceitar. Dezembargador da Relação da
fua pátria depois da Cafa da Supplicaçaõ, Pro-
curador da Fazenda Real, e Alcayde Mòr de
Eruededo foy taõ iníigne na redidaõ com que
decidia as controverfias forenfes, como na
perfpicacia com que penetrava os myílerios
mais occultos de hum, e outro Direito, cujos
dotes o fizeraõ venerado pelos mais doutos ho-
mens do feu tempo, como foraõ Francifco
de Caldas Pereira confeíTando na Parte 3.
Oper. Emphyteut. cap. 6. n. 10. Cujus difciplina,
quidquid in nobis eruditionis ejl acceptum, referi-
mus, e no cap. 3. n. 31. lhe chama doãijfimum
numquam fatis laudatum, <Ò^ inter Senatorii ordi-
nis prafiantijfimos Júris confultum omnium longe
prcefiantijfimum Manoel Barbof. Kemijion. ad
lib. 4. Ord. Reg. Tit. 105. n. 5. doãijfimus, &
omni avo memorandus. Compoz varias illuftra-
çoens fobre diverfos Textos do Direito Ce-
fareo, e Pontificio, e nas Ordenaçoens do
Reyno, que perfeitamente naõ acabou, ex-
cepto a obra feguinte
Compendio da 'Nobreza, e Fidalguia dejles Kej-
nos, em o qual fe trata dos dijferentes ejlados de
Villoens, Plebeos, Vaffallos, Efcudeiros, Caval-
leirosy Ricos homens, Infançoens, (ó^c.
Da qual fallaõ Manoel Barbof. jà alle-
gado ad L,ib. 2. Ordinat. Tit. 21. n. 5. onde
diz que o Author lho remetera. Joaõ Franco
Barreto na Bib. Eujit. M. S. Manoel Severim
de Faria Notic. de Portug. Difc. 3. §. i. pag. 88.
e o P. D. António Caetano de Souf. no Appa-
rat. à Hijl. Gen. da Cafa Real de Portug. pag. 86.
§. 79-
P. ANTÓNIO FRANCISCO CAR-
DIM natural da Villa de Viana do Alen-
tejo filho de Jorge Cardim Froes, Dezem-
bargador da Cafa da Supplicaçaõ de que
tomou poíTe a 25. de Outubro de 1599. e D.
Catherina de Andrade, irmaõ inteiro do
Venerável P. Joaõ Cardim da Companhia
de JESUS ( cuja vida efcreveo na lingua.
Latina Filippe Alegambe, e na Portugueza
o P. Sebaíliaõ de Abreu ) ao qual imitou nas
virtudes, e eílado Religiofo aliílando-fe na
Companhia no Collegio de Évora a 24. de
I
L USITANA.
279
I cvctciro de 161 1. quando tinha 15. annos
ir i(l;i<l< I in obíequio do Santo Xavier acre-
. t iiitju u(í ntinie, que lhe fora importo na pia
I .lutifmal o nome de Francifco que lhe fervio
J( {Hiptiio deípertador pata folicitar com
iiiJ( iiilbncias faculdade dos feus Superio-
pii I pui. II .10 Oriente, cncllc pregar a Fé do
( 1 1 K I II lo. Por fete annos continuos perfidio
lu ii.i lu I >i( I pcrtençaõ que naõ era atendida
(h 1'icl.ul >: por ter huma compleição débil,
( I 1 1 h Ic pouco firme até que naÕ podendo refíf-
III I ( ifícacia de tantos rogos lhe concederão a
' < c ii(,<i, e fe embarcou para a índia no anno de
18. com o Bifpo do Japaõ Diogo Valente, e
mais trinta Religioíos, que muitos delles com
0 próprio Tangue fobfcrcvcraõ as verdades do
1 \.uigclho. Chegado a Goa, c eftudadas as
1 iculdades de Filofofia, e Theologia paíTou à
China onde difcorrcndo apoftolicamcntc pelos
Rcynos de Siaõ, e Tunquim, foraõ innumcra-
vcis os trabalhos que conftantcmcnte pade-
l|oeo, mayores as viélorias que gloriofamente
confeguio do inferno na redução de infinitos
bárbaros ao conhecimento da verdadeira
Divindade. Recolhido a Macáo exercitou o
lugar de Reytor quatro annos, e por duas vezes
o de Meílre de Noviços. Sendo nomeado
Procurador da fua Provincia paíTou a Roma
onde aíTiílio, e votou na Congregação Geral
em que foy eleyto Geral Vicente Carafa. Vol-
tando a Portugal quando parecia fer tempo de
defcanfar na pátria, fegunda ve2 emprendeo
a navegação para o Oriente em 1 5 . de Abril de
1649. em a Náo S. Lourenço, e depois de pade-
cer hum horrorofo naufrágio nos baxos de
Monxicale diílante 20. legoas de Moçambique
de que efcapou milagrofamente, chegou a
Goa donde partio para Macáo, e fendo neíla
viagem prifionado por huns CoíTarios Olan-
defes tolerou pelo efpaço de dous annos, e
fete mezes que efteve cativo incríveis mo-
leílias, que fe faziaõ mais graves em hum
corpo atenuado com annos, e taõ perigofas
navegaçoens, até que reílituido á fua liber-
dade paíTou o reílante da vida em Macáo
onde acabou piamente em 30. de Abril de
1659. com 63. annos de idade, €48. de Com-
panhia. Fazem illuftre memoria do feu
nome Joan. Soar. de Brito in Theafr.
Luf. Utter. lit. A. n. 80. Nicol. Ant. in Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 9). et Tom. 2. pag.
281. Fonfcc. Evor. Glor. pag. 426. D. Fran-
cifco Manoel na Carta efcrita a Themud.
que he a 1. da 4. Cem. Abreu Vid. do P.
Joaâ Cardim. Liv. i. cap. 2. Franc. Imag.
da Virttid. em o Nw. dt Evor. l.iv. j. cap.
24. c 25. e pag. 854. et in yínn. Glor. S. J.
in Ljéfitan. pag. 494. Efcreveo
Kelatione de la Província dei Giappone,
Roma por Andrea Frey. 1645. 4. Tradu-
fida em Francez. Pariz ches Henault. 1646.
8. R em Flamengo como diz a Bib. Orien-
tal novamente acrecentada Tom. 1. Tit. 8.
col. 165. Deíla Relação faz memoria Nicol.
Ant. na hiblioth. Hifp. Tom. 1. pag. 516.
atribuindo-lhe por Author ao P. Francifco
Cardim imaginando fer diíTerente do P. An-
tónio Francifco Cardim.
Fafcicultis e ] aponteis floribus fuo adhuc
madentibus Janguine. Romse apud hacredes
Corbelleti. 1646. 4.
Cathalogus regularium, (Ò" feecularium, qui in
Japonia regnis u/que à fundata ibi à S. Francifco
Xaverio Gentis Apoflolo Ecclefia ab Ethnicir
in odium Chrifliana Fidei fub quatmr tyrannis
violenta morte fublati fmt. Romse apud
eundem Typog. 1646, 4.
Mors felicijjima qtiattmr l^gatorum hufita-
norum, <& Sociorum, quos Japonia Imperator
occidit in odium Chrifliana Keligionis. Romse
apud híeredes Corbelleti 1646. 4.
Eílas obras fahiraõ em Portuguez efcritas
pelo mefmo Author com efte Titulo.
Elogios, e Ramalhete de flores borrifado
com o Sangue dos Keligiofos da Companhia
de JESUS a quem os Tyrannos do Império
do Japaõ tirarão as vidas por ódio da Fè
Catholica com o Cathalogo de todos os Keli-
giofos, e Seculares, que por ódio da mefma
Fe foraõ mortos naquelle Império ate o anno
de 1640. Lisboa por Manoel da Sylva 1650.
4. com eílampas.
KelaçaÕ da gloriofa morte de quatro Emba-
xadores Portuguet^es da Cidade de Alacao com 57.
Chrifãos da fua companhia degolados todos pela
Fe de Chriflo em Nangafacbi Cidade do JapaÕ a 3 .
de Agoflo de 1640. Lisboa por Manoel da.
Sylva. 1650. 4. et ib. por Lourenço de Anveres
1643. 4.
Kelaçaõ da viagem do GaleaÕ de S. Eourenço,
28o
BIBLIO THE CA
renço, e fua perdição nos baixos de Monxicale
em i- de Setembro de 1649. Lisboa por Domin-
gos Lopes Ro2a. 165 1. 4.
P. ANTÓNIO FRANCO. Naceo na Villa
■de Montalvão do Bifpado do Portalegre, de
cuja Cidade difta féis léguas para o Norte na
Provinda do Alentejo, no anno de 1662. fendo
feus Pays Mattheus Vaz, e Ifabel Dias peíToas
de igual nobreza, que opulência. Na florente
idade de quinze annos recebeo em Évora a
Roupeta da Companhia de JESUS a 26. de
Julho de 1677. Neíle Collegio em que apren-
deo as letras humanas, e divinas eníinou, tendo
já diftado Rhetorica na Ilha de S. Miguel, as
Humanidades por efpaço de três annos, e
de cinco em o Noviciado de Lisboa fahin-
do da fua erudita efcola iníignes Gramma-
ticos, elegantes Oradores, e fuaves Poetas.
Foy Meílre dos Noviços, Prefeito do Recolhi-
mento dos Irmaõs em Évora, Reytor do Colle-
gio de Setúbal, e Inílruâor dos Padres do ter-
ceiro anno em Lisboa, e Coimbra experimen-
tando todos em taõ diverfos miniílerios a fua
natural fuavidade, e brandura acompanhada
de muitas virtudes Religiofas. Será eternamente
benemérito de toda a Provinda de Portugal ( efcre-
veo em feu louvor o Padre Fonfeca na
E.vor, Glorio/, pag. 426. ) pelo incanjavel tra-
balho, e continuo efiudo com que revolvendo todos
os Cartórios, A.rchivos, e monumentos antigos
Jef enterrou das Cincas do ejquecimento as glorio/as
memorias dos Padres mais memoráveis, e famofos
defta Provinda. Deílas laboriofas occupaçoens
faõ patentes teiiemunhos os muitos livros, que
na lingua Latina, e materna efcreveo, e
imprimio, para inftruir aos naturaes, e eftran-
geiros em o conhecimento dos grandes filhos,
•que produzio a Companhia em Portugal,
derramando o fangue huns em obfequio de
•Chrifto, e immortalizando outros o feu nome
pelo exercício das virtudes, e pela profiíTaõ
das fciencias. Cheyo de annos, e mereci-
mentos em Évora onde morrera para o Mundo,
naceo para a eternidade em 3. de Mayo de
1732. Compoz.
Promptuario da Syntaxe dividido em
duas partes. Na primeira Je contem a Syn-
taxe pela me/ma ordem da Arte; nos Ef-
£holios Je põem a Jignificaçaõ do nome, o Verbo
com o cafo competente. Nafegunda Parte fe tratàÕ
algumas noticias congruentes à mejma Syntaxe.
Évora, na mefma Officina da Univerfidade
1699. 8. ibi na dita Officina 1716. 8. 5. edi-
ção. Lisboa por Valentim da Coíla Deslandes
1704. 8.
Imagem da virtude em o 'Noviciado da Compa-
nhia de JESUS do Real Collegio do Efpirito
Santo de Évora do Reyno de Portugal, na qual
fe contem a fundação dejla Santa Cafa, vida de feu
Fundador; e mais fervos de Deos, que nella ouforaõ
Mejlres, ou Discípulos. Lisboa na Officina Real
Deflandefiana 1714. foi.
Imagem da virtude em o Noviciado da Com-
panhia de JESUS na Corte de Lisboa em que
fe contem a fundação da Cafa dos Keligiofos
de virtude que nella foraõ Noviços. Coimbra na
Officina do Real Collegio das Artes. 171 7. foi.
Imagem da virtude em o Noviciado da
Companhia de JESUS no Real Collegio de
JESUS de Coimbra, no qual fe contem as
vidas, e virtudes de muitos Religiofas que
nefla Santa Cafa foraÕ noviços. Primeiro
Tomo. Coimbra na Officina do Real Col-
legio das Artes. 171 8. foi.
Segundo Tomo. Coimbra na dita Of-
ficina 171 9. foi.
Deíles quatro volumes faz mençaõ a
Bib. Orient. de António de Leaõ moderna-
mente acrecentada. Tom. i. Tit. 4. col. 90.
Annus gloriofus Societatis JESU in Lu-
fitania compleãens facras memorias illujlrium
virorum, qui virtutibus, fudoribus, fanguine
Fidem, Eufitaniam, et Societatem JESU in
AJia, Africa, America, et Europa feliciffime
exornarunt. Vienníe Auílriae apud Joan-
nem Baptiílam Schilgen Univerfitatis Typog.
1720. 4.
Synopfis Annalium Societatis JESU in
Eufitania ab anno 1540. ufque ad annum
1725. Augiiftae Vindilicorum, et Grascij
Sumptibus Philippi Martini, et Joannis
Veith. 1726. foi.
Traduzio da lingua Francefa do P. Fran-
cifco Pomey da Companhia de Jefus, em
Portuguez no anno de 1697. para ufo dos
eíhidantes fallarem Latim com augmento
que lhe fez de muitos vocábulos.
Indiculo univerfal; contem diflintos em
fuás Clajjes os nomes de quafi todas as coufas
%
L USITAN A.
281
4]m há no mundo, e os nomes de todas as artes, e
/ciências. Évora Na Officina da Univcrfidadc.
1716. 8.
Sem o feu nome.
Imagem do Collegio Apoftolico no gloriofo Padre
Santo António de Pádua nos tre^e dias da Jua
devo^ad. Lisboa por Valentim da Coda Deflan-
des. 1709. 16.
G)m o fuppoílo nome de Francifco da
Cofta Eborcnfe.
Contramina Gramatical com que fe defvanecem
diverfas notas, e affumptos, que hum curiofo impri-
mio contra os Grammaticos, em efpecial contra a
nunca ajjás huvada Arte de Grammatica Latina
do doutijfimo P. Manoel Alvares da Sagrada Com-
panhia de JESUS pela qual eftuda Grammatica
a mayor parte da Europa, e contra o promptu-
ario da Syntaxe do P. António Franco da me/ma
Companhia, Évora na Officina da Univcrfi-
dadc. 1731. 8.
Novena da ef clareada Virgem, e Mártir Santa
Barbara com o feu Hymno, e palavras contra as
tempeftades. Évora na ImpreíTaõ da Univerfi-
dade. 1725. 12. Sahio fem o nome do Author,
c entre as fuás obras numera eíla o P. Francifco
da Fonfeca Évora Glorio/, pag. 426.
Deixou M. S. e já com licenças para
fe imprimir.
Imagem do primeiro Século da Compa-
nhia de JESUS em Portugal 2. Tomos foi.
Imagem do Segundo Século i. Tom. foi.
Neíles três tomos fe comprehendiaõ pela
ordem Chronologica os fuceíTos mais memo-
ráveis dos primeiros cento, e cincoenta annos
da Provinda de Portugal.
Fr. ANTÓNIO FREYRE. Naceo
no anno de 1485. e foy filho da illuílre Or-
dem dos Pregadores, cujo habito recebeo
no Real Convento da Batalha, e profeíTou
folemnemente no Real de Bemfica. Todas
as virtudes que conílituhem hum perfeito
Religiofo fe admirarão nelle defde o No-
viciado até a idade provefta de noventa annos
naõ fó com aíTombro, mas com excef-
fo. No anno de 1569. em que Lisboa ardia
no fatal incêndio da peíle armado de hum
2elo heróico fem temer ao perigo entrava
pelos Hofpitaes, onde jaziaõ os feridos do
contagio, e com fumma charidade confef-
fava a huns, e confortava a outros. He incrí-
vel o modo com que tyranizava o corpo to-
mando todof os dias cinco rígoroías diíciplinas
em memoria das cinco Qugas do Redemptor.
G}m fer taõ eminente nas virtudes, o naõ foy
menos em as letras. Depois de receber o gtáo
de Doutor em Theologia continuou no acer-
cicio concionatorío fendo fempre ouvido com
copiofo fruto dos feus ouvintes por nacerem
os feus difcurfos mais da ternura do coração
do que da delicadeza do juizo de tal forte que
tendo por ouvintes em huma occafiaõ a ElRey
D. Joaõ o in. e ao Príncipe feu filho, formarão
delle taõ alto conceito, que o elegerão feu
ConfeíTor cujo miniílerío ainda, que algu-
mas vezes o exercitou, nunca quiz delle
a propriedade. Governou o Gjnvento de
Coimbra, Porto, Bemfica, e Évora chegando
a fer três vezes Vigário Geral da Província,
e em tantos lugares a feveridade que uzava
comíigo, a naõ exercitava com os fubditos.
A huma vida taõ exemplar correfpondeo
huma piedofa morte no Convento de Lisboa
a 8. de Mayo de 1575. Efcrevem defte varaõ
com pena mais difufa Fr. Luiz de Souf.
Hi^. de S. Doming. Part. 2. liv. 2. cap. 10.
Cardof. Agiol. Lm/íí. Tom. 3. pag. 129. e no
Commentario de 8. de Mayo let. E. Fr. Bar-
tholameu Ferreira Deputado do Santo Officio,
na vida, que delle compoz M. S. Sena in
Chron. Frat. Ord. Prad. pag. 327. Vita integri-
tate praclarus, orationi deditijjimus, in vigliis
ajfiduus, et in proximorum Salute procuranda
valde diligens. Deixou compoftos dez Tomos
dos quaes nove intitulou.
Sacra Sanãorum Patrum /upellex.
e o decimo.
Promptuarium conceptuum moralium ad Evan-
gelia de Tempore totius anni à Dominica i . Adven-
tus, u/que ad Feriam /ecundam pojl Dominicam in
Ke/urreãione, nec non ad Evangelia de Sanais per
totum annum occurrentihus. Os quaes todos fe
confervaõ M. S. na famofa Livraria do Con-
vento de S. Domingos de Lisboa, como
efcreve Fr. Pedro Monteiro no Claujl. Do-
minic. Tom. 3. pag. 155. onde imaginou
fer obra defte Author o livro intitulado Pri-
mor, e honra da vida Soldade/ca no E/lado da
índia fundando-fe em que Nicolao António
na P)ih. Hi/pana diífera fer Portuguez fem
282
BIBLIO THE CA
declarar de que Ordem foíTe, quando elle
claramente diz que he de Fr. António
Freyre Religiofo de Santo Agoílinho, de
quem logo trataremos. O P. Fr. Lucas de
Santa Catherina Chron. da Religião de
S. Domingos neíle Reyno, e Académico
real no Apendix a 4. Part. da Chron. dejia
Prov. pag. 926. fallando dos Efcritores del-
ia fe equivocou em o appellido de Fr. Antó-
nio Freyre, efcrevendo Ferreira fe he que naõ
feja erro da ImpreíTaõ.
Fr. ANTÓNIO FREYRE natural da
Cidade de Beja na Província do Alemtejo filho
de Pays muito illuílres como foraõ Gomez
Freyre de Andrade que com três filhos acabou
laftimofamente na infeliz batalha de Alcácer,
e de D. Leonor de Cardenas Freyre. Profeííou
o habito de Eremita Auguftiniano no Con-
vento de Lisboa a 16. de Janeiro de 1585. e
depois de eftudar as fciencias mayores as di£lou
com applaufo nos Collegios de Évora, Coim-
bra, e Lisboa, fahindo com os documentos de
taõ grande Meftre famofos difcipulos. Naõ
foy menos admirado no Púlpito, que na
Cadeira. Foy Qualificador do Santo Officio,
e Deputado da Inquifiçaõ de Lisboa provido
em 4. de Outubro de 161 7. Nunca teve lugar
algum na Ordem excepto o de Definidor ou
pela humildade que profeíTava, ou para que o
naõ abftrahillem da liçaõ dos livros nos quaes
tinha todo o feu divertimento. Morreo no
Convento de Lisboa a 2. de Setembro de 1634.
Entre os mais infignes Varoens da Ordem
Auguftiniana he numerado por Fr. Thomaz
Herrer. in Alphab. Aug. Fr. Anton. da Nati-
vid. Mont. de Cor. Monte 2. Coroa. 8. n. 95.
Purific. de Vir. Illuji. Prov. 'Lufit. lib. 2. cap. 2.
Diogo Gouvea de Barradas Antig. de Beja
liv. 3. cap. 13. Nicol. Anton. in Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 94. et Tom. 2. pag. 317. e
655. e Fr. Manoel de Figueired. Fios Sana.
Augufiin. Part. 4. pag. 150. Efcreveo.
The:(puro ejpiritual com feu Com mento Theolo-
gico, e duas praãuas efpirituaes; e huma breve
expojtçaõ do Pater Nojler. Lisboa por António
Alvares. 1624. 8.
Manual dos Evangelhos em verfaõ paraphrajlica,
e meditaçoens. Tomo i. de todos os das Mijas da
vida de Chrifto, e da Virgem, e de outros muitos in-
cluídos nos Myjlerios dos três Kofarios comum daí
almas, e dos Domingos, e do Denario. Lisboa por
Vicente Alvares 1626. 8.
Prelúdios Theologicos, e conceitos predicáveis
para os Sermoens de todo o anno. Prometeo efta
obra no Prologo do Thet^ouro ejpiritual.
Pulio, e ornou com hum elegante elo-
gio o livro feito por hum Portuguez na índia,
o qual fahio com eíle titulo.
Primor, e honra da vida Soldadejca no EJiado
da Índia. Eivro excellente antigamente compojio
nas me/mas partes da índia Oriental fem nome dt
Author, e hora pofto em ordem de fahir à lu:^ com
hum elogio Jobre elle. Lisboa por Jorge Rodri-
guez. 1630. 4. Do Author, e da obra faz
mençaõ o moderno Addicionador da Bib^
Orient. de António de Leaõ Tom. i. Tit. 14^
col. 454.
Fr. ANTÓNIO FREIRE natural de
Lisboa. Foy filho de Simaõ Freyre Conta-
dor dos Contos do Reyno, e de Antónia
Corrêa. ProfeíTou o habito da Ordem da
SantiíTima Trindade no Convento de Lis-
boa a 16. de Janeiro de 1621. em cuja douta
efcola aprendeo as fciencias que o fizeraõ
bom pregador, e naõ menor Letrado. Mor-
reo no Convento de fua pátria em 5. de No-
vembro de 1644. em idade muito proveâa.
Acrecentou.
Kofario de N. Senhora com os Evangelhos,
que a Igreja canta em feus Myjlerios dijlribuidos-
por cada de^ Ave Marias com os finco PJalmoí
que começaõ pelas letras de MARIA. Lisboa
por Pedro Crasbeeck. 1629. 12.
O^cio particular em louvor do Príncipe
dos Anjos o glorio/o Archanjo S. Miguel.
Lisboa por Lourenço de Anvers. 1641. 8.
et ibi por Fillippe de Soufa Villela 1701.
24. traduzido em Portuguez por Crifpim
de Andrade.
Delle parece fer, por fahir com o nome
de Fr. António Freyre.
Difparates muy graciojos. Lisboa por
Vicente Alvares. 161 2.
P. ANTÓNIO FREYRE natural de
Braga, e filho de Joaõ Freyre, e Sabina de
Ramos. Entrou na Companhia de Jefus a 22.
de Junho de 1600. quando contava 16. annos
I
L USITAN A,
28.3
deidade. Foy taõ infigM fift inocência dot cof-
tumes, como na fciencia das letras humanas, e
Theologia Moral, com que por muitos annos
inftruyo aos íeus domeílicos. Em huma, e
outra fciencia era confultado como Oráculo
refpondêdo com fumma promptidaõ is duvi-
das que lhe propunhau. Morrco cm Coimbra
a 15. de Março de 16) o. lUuftrou com doutos
Comentos.
Stx priores libri Thebaida Statij Papinij. Aí. S.
Cujo original que fe conferva no Collegio
de Coimbra teílifíca o P. Francífco da Cruz
nas Memorias Aí. S. para a Bib. Portug. que o
lera, e o julgou digno de fe imprimir.
ANTÓNIO FREYRE DE ANDRADE
Oriundo da Cidade de Beja nacido cm Caftclla
de Pay Portugucz, Doutor na Univcrfidadc de
Alcalà, cuja faculdade cm que o foíTc naõ
declara, poílo que hà grave fundamento para
o fer cm Theologia, ou Direito Canónico.
Compoz.
Defenforium S. Bulia Cruciafa circa efum
ovorum, et laãicimortim tempore Qttadragefima .
Matriti. 1661. 8.
ANTÓNIO DE FREYTAS natural de
Tangcre, celebre colónia dos Portuguezes em
Africa, Doutor de Direito Civil compoè com
cílilo elegante ornado de erudição Sagrada, e
profana, que dedicou à Mageílade delRey D.
Joaõ o IV. novamente elevado ao trono de
Portugal.
Primores políticos, e regalias do noffo ^ey.
Lisboa por Manoel da Sylva. 1641. 4.
ANTÓNIO GALVAM Naceo na índia
Oriental, e fendo quinto filho de Duarte Gal-
vão Embaxador delRey D. Manoel às Cortes de
Roma, Pariz, Viena, e Prefte Joaõ, Chronifta
mór do Reyno, Neto de Ruy Galvaõ Efcrivaõ
da Fazenda, e Secretario delRey D. Affonfo
o V. e Irmaõ de Simaõ de Soufa, Jorge Manoel,
e Rodrigo Galvoens que obrarão no
C^riente acçoens dignas de immortal nome,
deixou duvidofa a pofteridade fe foy mais
infigne na piedade fumma para com Deos,
le na incorrupta fidelidade para com o feu
Principe. Tantas foraõ as gloriofas vitorias
que alcançou a fua efpada, quantos foraõ os
combates que teve com os inimigos do Eftado,
e da Religião. Excede a credulidade, e arre-
bata a admiração a iUuíhre gloria que adqui-
rio, quando o prudentiffimo Governador
da índia Nuno da Cunha o nomeou Capitão
das Ilhas Malucas que repugnavaò obedecer
ao noíío Eílado, triumfando em Tidore com
cento, e cincoenta Portuguezes, e alguns natu-
raes da terra de outo Reys Colligados, de
cujas Coroas fe formou o diadema para lhe
cingir a cabeça em premio do que obtara
o feu braço derrotandolhes numerofos exér-
citos, abrazando-lhes formidáveis Armadas, e
tomandolhes preciofos defpojos. Semelhan-
tes palmas colheo da potencia unida com a
aftucia dos Reys de Moro, Java, Banda, e
Amboino obrigando a eftes Príncipes humilha-
dos a reconhecerem por tutelares dos feus
domínios as Armas Portuguezas. Ao ardor
militar excedia o pio, e catholico que lhe infla-
mava o coração fendo ao mefmo tempo Capi-
tão, e Catequifta, igualmente vigilante em aug-
mentar o Eftado para o feu Principe, como em
extender o Império para Chriílo, reduzindo
à fua crença a cega infidelidade de infinitos
bárbaros. Para confeguir efta Sagrada, e heróica
empreza derrubou muitos Pagodes, onde fe
veneravaõ os Ídolos; reedificou, e novamente
erigio Templos, em cujos altares foífe adorado
o verdadeiro Deos, os quaes ornou com pre-
ciofos donativos difpendendo fetenta mil
cruzados em acçaõ taõ magnânima, como reli-
giofa, à qual confagrou efte elogio o grande
Fr, Francifco de Santo Agoftinho Macedo
in Propug. iMJit. Gallic. ad art. 10. cap. 5.
pag. 145. Tuit ah orbe condito Imperator, qui
aut arma ardentius intulerit, aut imperium amhi-
tiofius dilataverit, aut opes avidius conquifie-
rif, qtiàm Antonius Galvanus Jalutem Molu-
cenjium quos inter prafeãuram iMJitanam gerehat
populorum procuravit. In omnes fe fácies vertit
ut illos ad Chrijli fidem converteret; huic
Jiudio curas, vires, opes, officia dedicavit. Divi-
tias cum huc omnes fuás contuliffet, et fupra
feptuaginta millia aureorum donaffet, abacum
quoque omatijftmum, et domeflicam fupelleãi-
lem impendit. Vidit illa reffo voei praconis
fubjici Chrifliani Imperatoris bona, ut ver-
ba Chrijli omnes audirent. Hajla ereãa ut
Crux flatueretur; et auãio faãa, ut B^eligio
284
BIBLIOTHEC A
augeretur. A eíle elogio da fua profufaõ em
obfequio da Igreja fe podia acrecentar o notá-
vel difpendio que fez na ereçaõ de hum fump-
tuofo Seminário para nelle fe educarem com o
puro leite da noíla Religião os filhos dos infiéis,
e fe inílruirem nas máximas conducentes para
o governo da vida civil. A* incanfavel vigi-
lância do feu zelofo animo fe deve a regenera-
ção de dous Príncipes na fonte bautifmal com
as fuás Reaes famílias, e que innumeravel
multidão de bárbaros abjurando os delírios
de Mafoma veneraíTem as injurias do Crucifi-
cado merecendo por taõ religiofos difvelos a
Catholica antonomafia de Apoftolo das Malucas.
Como o feu coração eftava ornado com taõ
altas virtudes nunca nella pôde entrar género
algum de vicio, antes fuperior a toda a ambi-
ção defprezou heroicamente a Coroa de Ter-
nate querendo antes fer vaíTalo do feu Prín-
cipe, do que dominar gente que naõ foíTe
Portugueza. Obfervou taõ exadlamente a
juíHça que no tempo do feu governo fempre
efteve opprimida a iniquidade, e triunfante o
merecimento. Teve engenho fublime cul-
tivado com varia liçaõ Sagrada, e profana;
muito perito na arte militar, e principalmente
em a Náutica, como elegantemente o deixou
efcrito o P. Mafeo Hift. Ind. lib. 10. admi-
rabili quadam náutica rei fcientia, quippe
Guhernatorum in Sjrtihus evitandis, et deri-
gendo curju errata corrigere; def per antes,
uf fape Jit de Jalute veãores, nauta/que con-
firmare. Tendo adminiítrado o governo que
lhe fora cometido com tanta inteireza, prudên-
cia, e valor, como difpendio da fua fazenda
em obfequio de Deos, e do feu Princepe,
voltou para Portugal efperando receber da
liberalidade Real premio digno das fuás
acçoens, mas ou folTe porque experimentaííe
armada contra a fua innocencia a emulação que
achou benigna entrada nos ouvidos delRey D.
Joaõ o III. ou foífe porque as fuás heróicas vir-
tudes naõ podiaõ fer fatisfeitas com remunera-
ção caduca, mas eterna, opprimido da ultima
miferia bufcou por afilo o Hofpital de Lisboa
onde pelo largo efpaço de 17. annos fuílen-
tou parcamente a vida merecedora de mais
digna fortuna, até que a claufulou em 11. de
Março de 1557. A Confraria da Corte lhe
deo por efmola a mortalha em que foy en-
volto o feu corpo, e o mandou enterrar
com aquella pompa que pedia o miferavel
eftado em que acabou, em cuja fepultura fe
devem gravar por epitáfio aquellas palavras
diâadas pela feveridade de Manoel de Fa-
ria, e Souf. na Afia Poríug. Tom. i. Part.
4. cap. 10.
Para lo dela fama el fera claro, mientras
durare el mundo, por que en ella nó tienen jurif-
dicion ni los Rejes floxos, ni los Minifiros maios,
ni la fortuna ciega, ni las edades caducas.
As proezas defte infigne Capitão fe po-
dem ler em Joaõ de Barros Decad. 4. da Ind.
Uv. 6. cap. 16. e liv. 9. cap. 17. até. 22. onde
diz no fim deite capitulo. Com rev^aõ lhe po- g
déraÕ os Ternates chamar Paj da Pátria. Caíla-
nhed. Hifi. do Defcub. e Conq. dos Poríug. liv.
8. cap. 158. até 165. 202. e 203. Andrad. Chron.
delKej D. Joaõ o III. Part. 2. cap, 33. 34. e 35.
Part. 3. cap. 56. Couto Dec. 5. da Hifi. da índia
liv. 2. cap. 2. Uv. 6. cap. 5. e liv. 7. cap. 2.
Taõ ^elofo foy fempre efie homem da lej de Chrifto
fe extender, e dilatar, que em nenhuma outra
coufa traria os penfamentos, e affi em feu
tempo efieve aquella Ilha taÕ cheya de Chrif-
taÕs, que cada dia acudiaõ ao bautifmo, que
era para louvar a Deos. S. Roman Hifi.
dela índia Orient. liv. 3. cap, 13. e 14. fa-
mofo Varon. Lucen. Vida de S. Xavie. lib.
3. cap. 17. Até a chegada de António Gal-
vão (a Ternate) covj cuja boa vinda tudo em
breve fe mudou, favorecendo Deos nojfo Senhor o
grande i^elo da Fè, prudência, brandura, e esforço ^
e todas as mais virtudes do novo CapitaÕ com affina-
ladas vitorias, que por mar, e terra ouve dos ini-
migos. Spon. in Contin. Annal. Ecclef ad an.
1540. n. 17. Cum António Galvano nobili
L.ufitano vel prudentia laudis, vel charitatis
ar dor e conferri valeat} Fr. Jacint. da Ala-
dre de Deos Vergel de plant. e Flor. cap. 4. ■
Art. I. pag. 119. Grande, e admirável Ca- \
pitaõ. Argenfol. Hifi. dela Conq. delas If- {
las Mal., liv. 2. pag. 62. et feg. Cardofo
Agiol. L,ufit. Tom. 2. pag. 130. e no Com- \
ment. de 11. de Março letr. C. Fonf. Bvor. {
Gloriof pag. 138. Fqy recebido como Ke-
demptor daquellas Ilhas onde precurfora a
fama, tinha efpalhado as noticias da fua mo-
defiia, e jufiiça. Rhó Var. Virt. hifi. lib
4. cap. 5. n. 10. Egrégio viro indignum vi-
A
LUSITANA.
285
/um ejl auííoriíatent, quam virtutt quidtm
própria, Jed rtgiií opibus fibi coticiliaverat
alia quam in Kej^is ampliiudinem imperij
tonvertert. Jacloto Frcyr. Vid. de D. JoaÕ
de Caji. liv. i. n. 71. depemos a primeira cul-
tura (das Malucas) ao grande Portuj^uei^ Antó-
nio Ga/vaÕ valerofo Governador, e Apoflolo t(e-
lofo daquelle Paganifmo. Telles Chron. da Com-
panh. de JESUS na Prov. de Portug. Part. z.
liv. 6. cap. 5 j . n. 9. NaÕ menos veníitrofo em
Jogeitar por Armas, e meter debaxo do jugo Por-
tuffie\ aquella fera gente, que em conqtàjlar a
idolatria, e ganhar almas para Deos. Frcit. de
Ju^. Imp. hsijit. cap. 9. n. 12. A* Ternaten-
fhus proceribus in legitima profapia defeúum
reffíi gubemaculum honorem oblatum, et opes
regas excelfiori animo repudiavit Antonius Gal-
vanm Tematenfis areis prafeHus. Francifco de
Sant. Mar. Diar. Portug. pag. 521. Foy Go-
pemador de Temate onde conjeguio milagrojas vito-
rias naõ menos dextro na doutrina, que na e/pada
redtfí^io á Fè glande numero de infiéis. D. Nicol.
de Sant. Mar. Chron. dos Coneg. Keg. liv. 8.
cap. 15. n. II. Morery Diccion. Hijloriq. Verb.
Galvano.
Compoz, e o deo à lu2 feu Teílamen-
teiro Francifco de Soufa Tavares dedican-
do-o ao Duque de Aveiro D. Joaõ de Lan-
caíbro.
Tratado dos vários, e diverfos caminhos
por onde nos tempos paffados a pimenta, e ef-
peciaria vejo da índia às nojfas partes, e af-
Jim de todos os defcubrimentos antigos, e mo-
dernos que faÕ feitos atè a era de 1550. com
CS nomes particulares das pejfoas, que os fi-
:(eraÕ, em que tempos, e fuás alturas. \Às-
boa por Joaõ Barreira, 1563. 8. Faz men-
ção da obra, e do Author António de Leon
Bib. Orient. Trat. 3. Reimprimio-fe em
Lisboa na Officina Ferreiriana 173 1. foi.
Nefta ediçaõ fahio com o retrato do Au-
thor animado com o feguinte epigramma
compoílo pelo Doutor Francifco Xavier
Lejrtaõ Medico da Camará de S. Magefta-
de, Qrurgiaõ Môr do Reyno, Académico
Real, e excellente Poeta Latino.
■^^ i^JPf ^ /^'■(^T^ Lysia fera pralia gentis:
Me clarum gladius reddidit, <ò' calamus
Extulit ad Calum virtus, deprejfit egejias
Pramia nec faãis ulla fuere méis;
Pramia virtuti, feu quod non aqua ftàffent,
Seu virtus pratium, quod fibi fola foret.
Pátria quos prohibet, méritos dabit orbis honores;
Al/^or €>• à totó laus erit Orbe mihi.
Ffcreveo mais
Hifloria das Moliuas, da natureza, e def-
cubrimento daquellas terras dividida em 10.
Livros.
Dcfta obra fazem illuftre memoria Joaõ
Bautiíla I^vanha em as Notas de Decad. 4.
de Barros; Seraphin. de Frcit. de Jufi. Imp.
Lufit. cap. 18. n. 8. Anton. de Leon. Nb.
Orient. tit. 7. c Cardoí. Agiolog. hufit. tora.
2. p. 140. lit. C. Joaõ Pinto Ribeiro na
Prefer. das letr. às arm. c modernamente
o addicionador da Bib. Orient. de Antó-
nio de Leon Tom. 2. Tit. 7. col. 655. a
qual entregou por ordem do Cardeal D. Hen-
rique feu Teftamenteiro Francifco de Soufa
Tavares (como diz no Prologo da obra a Al-
ma allegada intitulada Tratado dos vários, e
diverfos caminhos, ebr.) a Damiaõ de Góes
Chroniíla Mòr do Reyno, e por fua morte
defappareceo, fuppofto que o P. Sebaítíaõ
Gonçalves da Companhia de JESUS na
Hift. da índia lib. 3. cap. 5. affirma que
grande parte delia eílà inferta na Chron. delKey
D. Manoel compofta por Damiaõ de Góes.
ANTÓNIO GALVAM DE AN-
DRADE natural de Vilk-Viçofa na Pro-
vinda do Alentejo, Criado da SereniíTima
Cafa de Bragança, Fidalgo da Cafa Real,
Cavalleiro profeflb da Ordem de Chriílo, e
Comendador de S. Tiago de Orem, e San-
ta Maria da Caridade, filho de Francifco
Galvaõ de Andrade Eílribeiro do Serenif-
íimo Duque de Bragança D. Theodofio, e
de D. Ignez Mouro filha de André Alvares
Mouro. Foy infigne na Arte da Cavallaria de
tal forte, que mereceo pela fua grande fcien-
cia, e deftreza competir com os mais cele-
bres profeíTores delia como na Vida do Prin-
cipe D. Theodofio efcreve o P. Manoel Luiz
lib. I. cap. 12. n. 27. Equefiri peritia in
paucis magnus, omnibufque quos noftra vidit atas
ea in arte praftantes aquiparandus. Por ef-
ta grande parte o elegeo feu Eílribeiro Me-
nor a Mageftade delRey D. Joaõ o IV. e
Meftre do Princepe D. Theodofio feu filho
286
BIBLIOTHE CA
para o inílfuir na Arte da Cavallaria, que fa-
hio infigne com a doutrina de taõ grande
Meftre. Morreo em Lisboa a 9. de Abril
de 1689. e eftà fepultado no Clauftro do Con-
vento da Trindade. Efcreveo
A.rte de Cavallaria de Gineta, e EJlardiota ;
bom primor de ferrar; e Alveitaria, dividida em
três tratados, que contem vários difcurfos, e expe-
riências defia Arte. Lisboa por Joaõ da Cofta.
1678. folha.
ANTÓNIO DA GAMA que muitas vezes
fe aíTignava com o fegundo apellido de PE-
REIRA naceo na Cidade do Funchal Capital
da Ilha Madeira no anno de 1 5 20. e foy filho
do Doutor Lourenço Vaz da Gama Pereira que
paíTou à Ilha com o lugar de Provedor dos de-
funtos, e auzentes, e de Branca Homem de
Gouvea filha de Francifco Homem de Gouvea,
e de Izabel AfFonfo. Nos primeiros annos deu
claros indícios do talento, que tinha para as
letras, pois aprendendo brevemente a lingua
Latina, e humanidades paíTou à Univerfidade
de Coimbra em o anno de 1537. a eíludar Di-
reito Cefareo de quem teve por Meftre ao Dou-
tor Gonçalo Vaz Pinto que naquelle tempo
com grande efplendor de taõ famofa Academia
regentava a Cadeira de Prima de que faz repeti-
da memoria nas fuás Decifoens, e foraõ taõ ace-
lerados os paíTos com que difcorreo por aquella
faculdade que não envejando a algum dos feus
Condifcipulos era de todos elles envejado,
Recebeo o Grào de Bacharel no anno de 1543.
com geral applaufo dos Cathedraticos, e le-
vando por oppofiçaõ a Cadeira do Código em
23. de Fevereiro de 1 546. tantos eraõ os Meftres
como os Difcipulos que ouviaõ a fua doutrina
fempre clara ainda que profunda, e pofto que
fubtil nunca imperceptível. Ou foíTe por adqui-
rir mayores thezouros de fabedoria, ou porque
a fama das fuás letras lhe preparava lugar mais
honorifico, paíTou à Univerfidade de Bolonha
muito celebrada naquelle tempo, e nella foy
admitido por Collega no CoUegio dos Efpa-
nhoes fundado pelo Cardeal Albornoz infti-
tuindo nelle hum lugar para hum Portuguez,
cujo provimento era feito pelo Arcebifpo de
Lisboa que durou até a feliz Acclamaçaõ del-
Rey D. Joaõ o IV. Naõ lufio com menor inten-
faõ a fua fciencia nefta Univerfidade em
que aíTiftia pelos annos de 1549. que em Co-
imbra, para onde o chamou a vigilante pro-
videncia delRey D. Joaõ o III. onde de-
pois de obedecer à ordem defte Princepe, e
receber nella as infignias doutoracs, foy no-
meado Dezembargador dos Aggravos da
Cafa da Supplicaçaõ donde paíTou a Chan-
celler, e depois a Dezembargador do Pa-
ço, em cujos minifterios fempre obfervou
exaftamente a juftiça pelo largo efpaço de 49.
annos fem que a pudeíTem contraílar o poder
da authoridade, ou a conveniência do So-
borno. Cafou com D. Branca Paes filha de
Matheus Efteves, e D. Violante de Abreu
de quem teve Luiz da Gama Pereira Corre-
gedor do Crime da Corte, Dezembargador
dos Aggravos, e ultimamente do Paço, fendo
herdeiro da fazenda que lhe deixou na Ilha feu
Tio Lourenço da Gama Pereira, que falecea
fem geração em 2. de Setembro de 1604. que
hoje poíTue feu 3. Neto D. António Carcome
Lobo. Morreo em Lisboa, e eftà enterrado no
Convento de Santo Eloy cuja fepultura tem
o feguinte epitáfio.
Sepultura do Doutor António da Gama
Pereira do Confelho delRej N. Senhor feu De-
sembargador do Paço, e Chanceller da Cafa
da Supplicaçaõ nos quaes Tribunaes fervia
49. annos viveo 75. Faleceo em 30. de Março
de 1595.
Os mais celebres efcritores lhe confagraõ
grandes elogios, como faõ Salzedo in Not. ad
Prax. Canon. Celeberrimus, et doãijftmus conjilia-
ritis. Bernard. Diaz Prcefl. 74. doãijjimus Sacri
Palatij Senator. Gab. Pereir. Decif. 122. n. i.
Sapientijftmus Doãor longo avo memorandus. Decif
37. n. I. et decif 81. n. 2. doãijftmus, et Decif. 54.
n. 16. infignis. Phasb. Decif. Tom. i. n. 9. Infignis
Senator, et Decif. 5. n. 4. et decif. 6. et 147. n. 3.
fubtiliter infignis Pinei. Seleã. Jur. Interp. lib. i.
cap. 10. §. 51. eleganter erudite at late defendi t Lm-
fitanus Gama. Joan. Soar. de Brito in Theat.
'Lufit. litter. lit. A. n. 84. Celeber J. C. et Sacri
Palatij integerrimus Senator. Caldas Pereir.
in L. Si Curat. Verb. Implorand. n. 34.
doãijfimum et nofro faculo, et Júris con-
fultum clarijfimum Sacri Palatij fenatorem
gravifimum et Sanguinis fplendore nobilif-
Jimum. O mefmo in Renovat. Emphy-
teut. lib. I. Quasft. 3. n. i. Doãijfimus Sa~
L USI TAN A.
287
m Palatij Senator, e na prefação das De-
cífocns de Gama diz delle. £/ Sangfnnis
nobilitate infifftitus, et jitris utrwJqM Sei-
eniia conjultijfimns inter alios fjravijfimi Si-
natas libelloriim Supplicum exímios proctrts
clariJJifNMS juris antijies, qui velut alter Labeo
Jurifconfnltus ingenij facilitate, et ftdsicia doe-
trina JretHS áureas Decijiones ex diverjis Cau-
farum figuris colletías invitfijfimi , ac Chriftia-
mjfimi Sebaftiani Kegis hujiis nominis primi
mfpiciis, JNjf$4que Jumma induftria, et indefeffo
fliidio in imum corpus, unamque conjonantiam
redfiii/, et congejftt. Tapia in addit. ad ref-
(>onf. Francifci Ribeira pro Sucejf. Keffii Por-
/ujl. 1. Pars. n. 12. lhe chama doÉíiJftmum
Ant. Portug. de Donat. Reg. Tom. i. liv. i.
prsclud. 2. §. 6. n. 40. infiffiem. Paez in Cap.
Níiffas. n. 183. do^ijftmus atque Senator Regius
feritijftmus . D. Luiz Salazar, y Caftr.
iijl. Geneal. dela Caf. de Sylva lib. 8. cap.
), Varon tan ilujlre, como acreditan Jus ef-
itos.
)mpoz.
Decifiones Supremi Senatús Regni h.ufita-
Centuria IV. omnibus juris Pontificij et
d/arei profejforibus perutiles, e^ necejjaria ad
)gfus cum Canónicos tum Civiles feudales quoque,
criminales plene cognofcendos. Ulyflipone
kpud Emmanuelem Joannem 1578. foi. Fran-
)f. apud Zachariã Palthenium 1598. foi.
-remonas per Joan. Baptiftam Pellizarium
1598. foi. cum annotationibus Blajij Diat^ Flo-
ts de Mena Vallifoleti apud Didacum Fer-
ides de Córdova Typ. Reg. 1599. foi.
JlyíTipone apud Petr. Crasbeeck. 1610. foi.
^enetiis apud Haered. Nicolai Moreti 16 10.
)1. Matriti per Franc. Abarca de Angulo
Í621. foi. Antuerp. per Joan. Heerbegium
(622. foi. et ibi apud Jacobum Meuríium 1650.
Foi. & ibi apud Joan. VerduíTen 1658. foi. &
ibi apud Viduam et filium Joan. Baptiftse Ver-
duíTen 1699. foi. & ibi apud Joan. Baptiít.
VerduíTen 1751. foi. et ibi apud eumd. Typog.
1735. foi. com o Tratado feguinte.
Traãatus de Sacramentis prajlandis ulti-
mo fuplicio damnatis; de eorum fejiamentis,
anatomia, et fepulturis. UlyíTipone apud
Joan Blavium 1554. 4. et Vallifoleti apud
Didacum Fernandes de Córdova 1599.
foi. cum Decijionibus et Matrit. apud Franc.
Abarca de Angulo 1621, foi. cum Deciíío-
nibus. Defta obra fe lembra PoíTevino in
Appar. Sacr. pag. 95. e Déniz Símon. bib.
Hijloriq. des Autheursds Droit. Tom. i. pag. 15a.
Outras muitas obras tinha imperfeitas
para imprimir como declara {'rancifco Cal-
das Pereira no fim da Prefação allegada áf
Decifocns dizendo. Has ifftur lucubrationes
doííijfimi Gama compara, leitor candide, diuque his
fruere, et meliora quotidie expeítes velim, qua in
authographis adhuc rudia, et indifpofita delitejcunt.
ANTÓNIO GIL PRETO natural da
Cidade de Goa, e Chronifta do Eftado
da índia efcreveo em o i. de Agofto de
1673.
hreve Relação da Viagem que fev^ para a
Índia o anno de \(>-ii. arribada ao Brajil, e che-
gada a Goa da Náo Almirante S. Pedro de Rates,
morte do Arcebifpo D. Fr. ChriftovaÕ da Sjl-
veira, vida, e acçoens do me/mo Arcebifpo. 4.
M. S. Confervafe na Livraria do Convento de
N. Senhora da Graça de Eremitas de Santo
Agoílinho onde a vimos.
D. ANTÓNIO DA GLORIA na-
tural de Lisboa, filho do Doutor Manoel
de Almeyda da Maya, e Catherina da
AíTumpçaõ. Recebeo o Canónico Habito
de Santo Agoílinho no Real Convento de
S. Vicente de fora a 22. de Junho de 1713.
Depois de lér as faculdades de Filofofia, e
Theologia aos feus domeílicos no Collegio
de Santo Agoílinho de Coimbra recebeo
no aimo de 1726. o gráo de Doutor na Uni-
verfidade na Faculdade Theologica, naõ
fendo menos douto na Oratória Eccleíiaf-
tica que naquella fciencia de que deo hum
claro argumento na obra feguinte.
Sermão em acçaõ de graças que o Senado
da Camará de Coimbra celebrou pelo nacimento
da Serenijfima Princefa da Beyra primogénita
dos Serenijftmos Príncipes dos Bramis em Feve-
reiro de 1735. Coimbra por António Simoens
Ferreira. 1735. 4.
ANTÓNIO GOMES celebre Jurif-
confulto ou por origem, ou por nacimento
Portuguez, Doutor em Direito QveL, e
hum dos mais famofos Meftres deíla Facul-
288
BIB LIO THE CA
dade na Univeríidadc de Salamanca onde foy
Lente de Vefpera ornado naõ fomente de
profunda fciencia, admirável comprehenfaõ,
raro talento, mas de fumma benevolência,
íincero animo, agradável prezença, por cujos
dotes conciliava os coraçoens de todos que
o tratavaõ, fendo venerado por Meílre com-
mum, donde procedeo obfervarem-fe as fuás
Decifoens jurídicas, como fe foílem as mefmas
leys dos Emperadores por ferem fundadas na
mais folida intelligencia dos primeiros Jurif-
confultos bebendo neílas puras fontes da Jurif-
prudencia a fubtileza, e profundidade com que
refolvia magiílralmente as matérias mais difi-
cultofas com taõ reéta intenfaõ que nunca fe
deixou penetrar de aífefto menos decorofo à
gravidade que profeíTava. Compo2.
Variarum Kefolutionum Júris Civilis Commu-
nis, et regij libri três. Primus de ultimis volmta-
tibus, 2. de Contraãih. 3. de deliãis. Salmanticas
1532. et ibi apud Ildephonfum de Terra Nova.
1572. foi. cum additionibus Emmanuelis Soares
da Ribera 1579. ^ 1584. foi. Francof. 1573.
1584. e 1597. foi. Venetiis 1572. 1582. 1602.
in 4. Lugd. apud Horatium Cardon 1602. foi.
Genevíe. 1631. Antuerp. 1634. foi. &.Lugd.
Sumptibus Societatis 1735. foi.
In leges Tauri Commentarius. Salmanticíe.
1555. foi. et ibi apud Lucam Juntam 1582.
cum additionibus Didaci Gomez Cornejo ibi
apud Nicolaum Bailam 1591. foi. Venetiis
ad íignum columbíe 1591. 4. Lugd. 1602.
foi. Antuerp. 1624. foi. Omnia opera Lugd.
apud Michaelem Goy. 1674. foi. 2. Tom. cum
Índice, Jive repertório Joannis Baptijia Antonij
Lugd. Sumptibus Antonij Servant. 1733. foi.
2. Tom. & ibi fumptibus Societatis 1735. foi.
Supofto que António Gomes no Tom.
3. variar, cap. i. n. (id. diga fer oriundo de Ta-
lavera, e efta palavra oriundo feja indiferen-
te para íignificar ou a terra onde fe naceo,
ou o lugar donde fe traz a origem, cer-
tamente he Portuguez, e como tal o collo-
camos entre os noílos Efcritores naõ fomen-
te porque aíTim confta do Carthorio da Uni-
veríidade de Salamanca, mas porque o tef-
tiíicaõ dous Religiofos Carmelitas Caftelha-
nos, quaes foraõ o P. Fr. Pedro de Vargas
Prior do Convento de Utrera, e o P. Fr.
Matheus da Torre cada hum em feu Sone-
to que fizeraõ em louvor das Notas, que
a António Gomez fez o douto D. Joaõ de
Ayalon impreíTas em Utrera no anno de
1665. Diz o primeiro.
lua linea de Ju edad fue el h.uJitano
A quien diò leys Ju immortal prudência
Nó por Ju potejiad Ji por Ju Jciencia.
O fegundo.
Con nueva vida Je repite ujano
Oy en tu pluma Ayalon a mayor buelo
Quanto mas lo Jutil de tu dejvelo
Le Jorma cuerpo ai Fénix 'L.ujitano.
Ya Juer de Portuguet(^ queda mas vano
Con mayor prejuncion pues jin ret^elo
Puede Jaãarje en tu ejludiojo anelo
Que le hà ilujlrado ingenio Joberano.
Com os quaes concorda na certeza de fer Por-
tuguez António Gomes, Roque Monteiro
Paym Secretario das mercês delRey D. Pedro
II. no Dijc. Jurid. e Polit. foi. 24. marg. 136.
ANTÓNIO GOMES cuja pátria, e género
de profiíTaõ fe ignora; pela devoção que tinha
à Rainha Santa Efcreveo.
Vida de Santa l^ahel. Évora. 1625.
ANTÓNIO GOMES Celebre Medico como
lhe chama Zacuto Prax. Med. lib. 3. Obfervat.
114. Foy Lente de Prima jubilado na Univer-
íidade de Coimbra. Efcreveo muitas e doutas
obras, de que fomente fahio à luz publica.
Tratado da Medicina. Anveres 1643. 8.
ANTÓNIO GOMES natural da Villa \y
de Serpa da Província do Alentejo. Enfinou '
muitos annos Grammatica na Cidade de Fa-
ro do Reyno do Algarve onde era cazado.
Foy iníigne Poeta Latino de que deo hum
claro teílemunho na Tragedia intitulada.
Daniel.
Que fe reprezentou na prezença de D. Fer-
não Martins Mafcarenhas Bifpo do Algarve,
cuja Igreja governou defde o anno de 1595.
até 1617.
P. ANTÓNIO GOMES Coadjutor
efpiritual da Companhia de JESUS, cujo ha-
bito recebeo no CoUegio de Coimbra a 10.
de Abril de 1645. Foy natural da Villa de
Santarém, e filho de Manoel Dias, e Maria
Fernandes. PaíTou ao Oriente donde com
li
I
L USITANA.
289
utros Companheiros dlTcofreo pelo Império
IJe Monomotapa. Reftituido a Salfete cfcreveíj.
I Viagem ao Império de Monomotapa, e ajfif-
meia que fe:^ nas ditas terras, folh. Aí. S.
Coníla de 94. paginas de folha em que
largamente defcreve todas as coufas memu-
i;iveÍ8 daquclle vaílo Império, e como aíTif-
||i tindo cinco annos na Igreja de N. S. da Saúde
I em Luabo perto de Sena Refidencia da Com-
t panhia bautizara muitos Cafres. Começa eíla
Viagem Nojfo Glorio/o Patriarcha Santo Jgrta-
Icio &c. Cujo Originai confcrva na fua Livra-
ria Hiílorica meu Irmaò D. Jozé Barboza
I Clérigo Regular de que faz mençaõ o moderno
Addicionador da tiih. Geograf. de António
cie Lcon. Tom. 5. col. 171 1.
ANTÓNIO GOMES DE OLIVEY-
RA natural da Villa de Torres novas do
\rcebifpado de Lisboa, Secretario de Ma-
tliias de Albuquerque Conde de Alegrete
Governador das Armas na Provincia do
Alentejo, e Governador que foy do Brazil,
e Pernambuco. Inílruido nas letras hu-
manas eíludou na Univerfidade de Coim-
l)ra Direito Civil, e quando a fua compre-
henfaõ fafia grandes progreíTos nefta facul-
dade preferio ao ócio de Minerva os tumul-
tos de Marte, que alteravaõ efte Reyno inva-
dido pelas armas Caftelhanas, e julgando,
que fervia melhor a Pátria com a efpada,
que com a pena, largou a Univeríidade
pela Campanha, onde na Batalha do Mon-
tijo dada em o anno de 1644. e na das Linhas
de Elvas no anno de 1659. obrou acçoens
de valor intrépido, e animo deílemido. Por
fer naturalmente aífefto à Poeíia ainda ef-
tando applicado à Jurifprudencia, ou à milí-
cia naõ deixou de cultivar o ParnaíTo com-
pondo fuaves, e elegantes verfos ornados
de agudeza, e jocofidade fempre judiciofa,
e nunca pueril affim na lingua materna, e
Caftelhana, como na Italiana, e Latina,
alcançando os primeiros prémios nos Cer-
tames Académicos, e a eítimaçaõ das primeiras
PeíToas da Corte, entre as quaes fe diílinguia no
affeélo, e na dignidade o SereniíTimo Rey D.
Joaõ o IV. Igual veneração adquirio dos mayo-
res Poetas do feu tempo, como foraõ Manoel
de Faria, e Soufa, Manoel de Galhegos, e
Jacinto Cordeiro. O primeiro exhortando-o na
Fonte de Agpnip. Part. 5. Madrig. 58. a que
aperfeiçoaíTe o Poema de Hercules nefta forma.
Emplia, emplea António
tifi el, que perfegiiido de fortima
Pujo ai valor la ultima coluna
Hfft licor Aonio
Que te ha de colocar en la alta cumhrt
Dela Apolinea lumbre
Que alfin fe rejervava
Para igualar tu pluma fu gran Clava:
Y que felix, referva
LLn tu ape Ilido el ar boi de Minerva
Para que fe transforme con efpanto
Del mundo en otra planta más gloriofa
Que elfin duda hade ver {pido el canto
De la tuba, que fuenas numerofa
Donde el mas firme oydo mas fe pierdè)
fíuelto tu blanco Olivo en Laurel Verde.
O fegundo convidando-o a celebrar o Hymi-
neo dos SereniíTimos Duques de Bragança
no Templo da Memor. Eftanc. 1 76.
Artificiofo verfo, illuflre, e grave
Que eternit(ando ao celebre Oliveira
Na Lira de Tòeocrito fuave
Feres do Tejo a húmida ribeira.
Levai o nome de Bragança donde
Em tumulo de prata o Sol fe ef conde.
O terceiro nos íilog. dos Poet. Portugiie:(es Ef-
tanc. 7.
António Gomes con amable eflrella
De Oliveira en dulciffima Thalia
Defpierta a Glauca fu homicida bella
Y a Pindaro en dos verfos defafia.
Mais celebrado fizera o feu nome fe publicara
os dous Poemas heróicos que tinha compoíto
confiando hum dos trabalhos de Hercules,
e cantando em outro as acçoens heróicas
delRey D. Joaõ o I. mas para o mundo conhe-
cer a fecundidade da fua veya baílaõ para
manifeílos argumentos as obras feguintes.
Idylios marítimos. Lisboa por Pedro Cras-
beeck 1617. 8. Coníla de diverfos metros
em varias linguas.
Sonetos heróicos concernentes à Alageflade, e eflado
politico, e militar do fempre auguflo Key D. Joaõ
o IV. Noffo Senhor, e o principio do Poema
heróico delKey D. JoaÕ o L de boa memoria.
Lisboa por António Alvarez. 1641. 8.
Panegyrico ao fempre Auguflo Key D. Joaõ
-4
290
BIB LIOTHE CA
o IV. l^uji fanico Indico Brajilico, e Africano
aclamado, e jurado Key na Cidade de L,isboa
em o I. e em 15. de De:(embro de 1640. Lisboa
por António Alvares ImpreíTor delRey 1641.
8. Confta de 77. Oytavas.
Oãavario heróico votado à Magejiade viítorioja
delKej N. S. D. Joaõ o IV. de Portuga/ pe/os ou/o
dias, que o inimigo ejleve com todo o Jeu exercito
Jobre a Praça de Elvas donde fugio com perda
grande, e major ignominia. 4. Naõ tem lugar,
nem anno da ImpreíTaõ. Confta de oito
Sonetos.
No dia folemnijjimo da Entrada delRej N. S.
em Eisboa recolhendo-Je das Fronteiras do Alen-
tejo ficando devajlados da fuás Armas muitos luga-
res de Caflella, e alguns delles prefidiados já pelo
dito Senhor. Confta de hum Soneto, Epigram-
ma Latino, e 2. Oitavas Portuguezas in foi.
Sem anno nem lugar da ImpreíTaõ.
Pela feflividade annual que em o i. de De-
slembro de 1641. infiituhio a Cidade de Eishoa
em memoria da devida AcclamaçaÕ do Sempre
augufio Kej D. Joaõ o IV. N. S. Soneto.
Lisboa por António Alvares ImpreíTor del-
Rey foi.
Herculeida. Poema heróico; he louvado
por Joaõ Soar. de Brito na Apologia de Camoens
pag. 30. O canto i. fe conferva M. S. na
Livraria do ExcellentiíTimo Marquez de
Abrantes.
Antiguidades, e excellencias do Panifero, e
alegre rio Almonda o qual corre pela fua pátria
Torres novas 4. M. S. conftava de Verfo, e
profa.
Além dos grandes poetas que o louvaõ he
numerado entre elles pelo P. António dos Reys
no Enthufiafm. Poetic. n. 53. D, Francifco Ma-
noel na Carta efcrita a Manoel da Fonfec. The-
mudo que he a i. da 4. Centúria dizendo O pri-
meiro que entre nós cultivou a fra^e Caflelhana na
Poefia. Joan. Soar. de Brit. in Theatr. Eufit.
IJtter. lit. A. n. 85. Vir plácido, modefloque
ingenio, et humanioribus difciplinis, atque artis im-
primis poeticcB eruditus. Morery Diccion. Hifioriq.
Verb. Cometi de Oliveira fé fit un grand nom dans
fon pays par fes poefies.
ANTÓNIO GOMES SIGARRO na-
tural de Viana do Alentejo Presbytero
de exemplar vida, e Secretario do Arce-
bifpo de Évora D. Jozé de Mello. Foy bom
Poeta Latino, e como tal o nomea entre os pro-
feíTores defta arte o Padre António dos Reys
no Enthufiafm. Poet. n. 163. Pelo devoto
affefto com que venerava aos Santos cõpoz,
e dedicou ao feu Mecenas a obra feguinte.
Sacrorum epigrammatum liber, five in Divos
fingulos ab Ecclefia Romana cultu annuo celebrari
confuetos epigrammata. 8.
ANTÓNIO GOMES DA SYLVA
LEAM natural de Lisboa, e bautizado na
Freguezia de Santa Engracia a 11. de Abril de
171 9. filho de Joachim Gomes, e Maria Luiza
de Jefus. Depois de inftruido na língua
Latina paíTou à Univerfidade de Coimbra
onde prezentemente frequenta o eftudo do
Direito Canónico, fendo verfado no da Poezia
vulgar de que faõ argumentos as obras
feguintes.
Applaufo univerfal infiruido em fublimaçaõ das
prodigiofas Fejlas que no Sitio da junqueira defla
Cidade de Lisboa fet^ a preclara, como illufire
Nobreza delia ofientando no externo Eu^mento os
internos de^eos de mais as fublimarem em obfequio
da Serenijfima Senhora Princefa do Brafil. Lis-
boa na OíTicina Rita-CaíTiana 1738. 4. Confta
de 32. Outavas, e dous Sonetos Acrofticos.
Com o aíTeâado nome de Belchior Franco
da Gama.
Argumento Critico feito a o ultimo Poema que
fahio imprejjo onde relatava por extenfo feu Author
Manoel Nune;^ da Sylva a cruel inundação, danos,
e perdas que fet^ a tempefiade de Deslembro do
pajfado anno de 1739. ^^ Coimbra, e feus Campos.
He em profa; e no fim Huma imploração a
Nojfo Senhor para que atendendo aos infortúnios
do povo ceffe a aãiva opprejfaõ de feus cajiigos.
Coimbra no Real Collegio das Artes da
Companhia de JESUS. 1740. 4. Efta obra
ultima confta de hum Romance Heróico de
54. Coplas.
ANTÓNIO GONÇALVES natural de Lis-
boa Cirurgião do Hofpital Real de todos os
Santos da fua pátria onde exercitou felizmente
efta arte em beneficio dos enfermos, e credito
da fua PeíToa. Compoz.
Tratado da Gonorrea. Sahio impreíTo com
a KecopilaçaÕ da Surgia de António da Cruv^.
LUSITANA.
291
Lisboa por António Crasbeeck de Mello
1669. 4. et ibi por Miguel Deflandes. 1688. 4.
ANTÓNIO GONÇALVES DL NO-
VAES Doutor na faculdade dos Sagrados
Cânones, Examinador Synodal do Biípado
de lílvas provido em 8. de Mayo de 1650.
pelo lIluAriíTimo Bifpo deíla Diocefe D. Se-
haftiaò de Mattos ilc Noronha donde fubio
.1 Cónego Penitenciário da mefma Cathcdral,
cie que tomou poíTe a 28. de Julho de 1652.
l'oy muito verfado na liçaò da Hiíloria Sagrada,
c profana. Efcreveo.
KelaçaÕ do fáifpado de lilvas, e de todos os Pre-
lados que até o Jeu tempo governarão aquella Igreja.
S;ihi() no fim das Conftituiçoens dcíle Biípado.
I-ishoa por Lourenço Crasbeeck 1655. foi.
Dclle fa2 memoria Cardofo Agiol. Ljifit.
Tom. 3. pag. 195. letr. L.
ANTÓNIO DE GOUVEA conhecido
is pelo apellido alatinado de GOUVEANO,
icco na Cidade de Beja da Província do Alen-
íjo, para credito da Naçaõ Portugueza, e de
IS Pays AfFonfo Lopes Ayala Fidalgo Caf-
Ihano, e Ignes de Gouvea filha de Antaõ de
)uvea Cavalleiro profeíTo da Ordem de
bo. Sendo chamado na idade juvenil por
Tio Diogo de Gouvea, Reytor do Collegio
Santa Barbara de Pariz para aprender as
Stras humanas partio com feus Irmaòs Marçal,
André dos quaes era o menor na idade, e
mayor no talento, e taes foraõ os progref-
Ibs que a fua perfpicaz comprehenfaõ, e ad-
mirável agudeza fizeraõ naquella paleílra,
que geralmente foy venerado como Orá-
culo da Oratória, e Poética efcrevendo na
lingua Latina com tanta pureza, e elegân-
cia, que animava a fua penna o efpirito
dos Efcritores do Século de Auguílo. Naõ
era menos infigne nas argucias da Filofofia
Peripatetica chegando ainda quando eftava
na flor da adolefcencia a convencer em huma
difputa publica na authorizada prezença
de muitos Sábios a Pedro Ramos acérrimo
antigonifta de Ariíloteles Princepe da-
quella efcola. Coroado com eíle triumfo
litterario depois de cultivar os campos da
eloquência, e os bofques do ParnaíTo fe ap-
plicou ao eíludo das Mufas mais feveras pene-
trando os fegredos da JunTprudenda em
Tolofa no anno de 1559. ^^ ^"í^ faculdade
fahio taò eminente, que de Leaõ, onde aíTiílía,
o chamou para Avinhaò o famofo Jurifcon-
fulto Emílio Eerreto para que deixando o retiro
em que eílava víeríe manífeíUr os thezouros da
fua fabedoria, em beneficio de tantos engenhos
que queriaò ínílruirfe com os feus documentos.
Obedecco promptamcnte à infmuaçaò de ho-
mem taõ grande, a quem pelo fummo afíeâo
com que o amava lhe chanu no lib. 2.
de Jurifdiãione, Segundo Pay, e chegando
àquella Univerfidade começarão a brilhar
com tal intenção os rayos da fua fcienda, que
dífundindofe pela larga circumferencia do
Reyno de França naõ havia Univerfidade
que o naõ pertendeíTe para Meftre, logrando
efta fortuna a de Tolofa, Valença do Delfinado,
Cahors, e Granoble. Em todos eftes thea-
tros académicos teve tantos ouvintes, quantos
admiradores aíTombrados da delicadeza com
que penetrava as dificuldades mais infupera-
veis, a promptidaõ com que refpondia aos
argumentos mais nervofos, e a facilidade com
que conciliava os textos antinomicos, alcan-
çando por taõ fingulares dotes a veneração,
e refpeito dos mayores Corifeos da Jurifpru-
dencia como eraõ Ferreto, Alciato, Duareno,
Concio, Revardo, Balduíno, Budeo, e Fabro,
fendo muito mais para admirar que o Prin-
cepe de todos elles Jacobo Cujacio reconhe-
cendo a profundidade do feu talento receou,
lhe arrebatafle a palma que tinha merecido
pelos feus immenfos eftudos, como efcreve
Papirio Maílonio no fim da fua vida. Adolef-
cens Antonij Goveani ingenium admirabatur deter-
ritum fe dicens à jure traãando, Ji homo Ljí-
fitanus tanto ingenio, tamque fubtili labores
civilium fiudiorum fufcipere, ac Jubire voluif-
fef. Eíla preferencia, que o feu enge-
nho levava a todos os Jurifconfultos a con-
feíTou o mefmo Cujacio dizendo in Not. ad
Ulpian. titul. 6. Antonius Goveanus cui ex
omnibus quotquot Junt, aut fuere Jujlinianai
júris Interpretibus, Ji quaramus quis unus
excellat, palma deferenda jit. A o tempo
que lograva as mayores eílimaçoens em
França, que como Pátria fua temiíTamente
amava por habitar nella defde os primei-
ros annos fe auzentou delia, naõ fomente
2()\
BIBLIO THE CA
por fugir aos tumultos, e guerras civis em que
eftava dividida, mas por fer convidado pelo
Duque de Saboya Manoel Philif berto a enno-
brecer com a fua doutrina a nova Univerfi-
dade que fundara em Montdevis. Tanto que
chegou àquella Corte, foy recebido pelo feu
Princepe com íingulares demonílraçoens de
affabilidade coníignandolhe huma larga renda
com que pudeíTe fuftentar opulentamente a fua
Cafa, e fazendo-o feu Confelheiro. Cafou com
huma Senhora muito illuílre, de quem teve a
Manfredo de Gouvea que igualmente foy her-
deiro da fua fciencia jurídica, como dos lugares
honoríficos que occupou. Morreo em Turim
no anno de 1565. como efcrevem Thuano,
Moreri, Pope Blount, Hofmano, CapaíTi, e
Simon Bibliothec. Hiftoriq. des Autheurs du
Droit. Tom. i. pag. 164. em 1587. Elias
Vineto; e em 1597. Nicol. Ant. in Bib. Hifp.
allegando a Thezaur. na XIX. QucBJiion.
Forenf. do 3. liv. Neíla variedade em que fe
dividem os Authores acerca da fua morte,
todos fe unem a certificar a fublimidade do feu
engenho pelo qual fe fez celebre na poíleridade,
como faõ António Fabro in Príefat. lib. 7.
Conjeã. Tulit atas noftra máximos in jurijpru-
dentia viros, fed pracipuos, Ji quid mei ingenij eji
( ccBterorum pace dixerim ) Antonium Govea-
num, (& Jacobum Cujacium. lllum ut quidem
mihi videtur multo feliciore ingenio ad jurifpru-
dentiam natum : fed qui natura viribus tam confi-
deref, ut diligentia laudem Jibi neceffariam; minus
etiam fortajfe honorificam putare videretur. Hunc
contra minus lúcido, prafiantique ingenij acumine.
Nicol. Ant. in Bib. Hifp. Tom. i. pag.
97. In António, et doãrina, et ingenium,
conjeãariaque horum fama pracipue floruit.
Hofman. in L,ex. Vniv. Tom. i. pag.
mihi 250. Vhilofophus, et Philologus infi-
gnis. Freher. in Theat. Vir. erud. Cla-
ror. Part. 2. Seâ:. 4. pag. 848. Tanta feli-
citate in humanioribus fludiis ingenium ex-
crevit, ut nemo puriús latine fcriberet, ne-
mo verfus elegantius pangeret. Fr. Bento
Jeronymo Feijoo Theatr. Critic. Tom. 4.
Difcurf. 14. n. 10. Aun oy efiá refonando
la Francia delos Elogios de António de Gou-
vea, j tomando para fi gran parte dela glo-
ria de tan famofo Jurifconfultô... cultivo
mucho, y feli:(mente la Poefia, y fue tan
gran Filofofo que entre todos los Ariflotelicos
Francefes logro fuperior gloria en la defenfa dela
doãrina Peripatetica. Moreri Diccion. Hijl.
verb. Gouvea. Ce Scavant homme a eté le feul
qui par une gloire ajfes rare dans fon jiecle a eté
eflime d^un comum confentiment excellent Poete,
grand Philofophe, e Scavant jurifconfulte. Gualt.
in Tab. Chronol. ad an. 1565. pag. 741,
Tam Philofophia, quám humanioris litteratura
laude praflantijfimus . Pinello Seleãar. lib. 2.
cap. 8. n. 8. Subtilijfimus. Carvalh. in Cap.
Kaynald. pag. 3. n. 16. acutijftmus, (ò" ingenio-
fijfimus. et ibi. n. 5 5 . Vir magni ingenij et eruditio-
nis. et Part. 4. cap. 3. n. i. approbatijfimus, et
acutiffimus. Menochius de Arbitrar. Jud. lib. i.
cap. 2. Doãum virum, fibique perfamiliarem.
Quefad. in Quafi. Jur. Magni judicij , atque eru-
ditionis virum. CapaíTi in Hifl. Philofoph. Synopf.
pag. 328. Magnum 'Lufitania decus, Jurifprudentia
L,umen, Poefeos, Khetorices, omnifque penitioris
litteratura ornamentum ingens magnum Peripa-
tetica Philofophia, cujus callentijfimus, erat, propu-
gnaculum. Scalig. na Scalagerian. i. Goveanus
doãus erat vir, <& valens dialeãicus, Optimus Poeta
Pople Blount. Cenf. Celeb. Auth. pag. 666.
TeiíTier Flog. des Homes llluft. Tom. 2.
pag. 223. e 224. Guichenon FLift. Gen. de
Savoy. Tom. i. pag. 678. Spond. Annal.
Baron. Continuat. ad an. 1565. Bayle Dic-
cion. Critiq. Tom. 2. pag. mihi 580. e 581.
Spera de Proffejjor. Grammat. lib. 3. foi
176. Joan. Soar. de Brito in Theatr. Ijifii
F.itterat. lit. A. n. 86. Pafquier Kecherch.
liv. 9. cap. 37. Petr. Sanches in Epijl. ad
Ignatium Moral, de Poet. Eujit.
Ad números facilem non te Gouveane tacebo.
Qui fie inter dum laxis deccuris habenis.
Pracipua fiolidi rides cum dogmata Kami
Ut Tagus in pontum rápidos cum combibit
amnes.
Proruit, et campos late difierminat omnes.
P. António dos Reys in Fnthufiafm. Poetic.
n. 18.
Nec Te poft Puerum pudeat Gouvea referri
Pracocis ingenij juveni concedere primas
Fas erat, atque locum dare carmina nofbra
decebat
Cui natura prior dederat, ceu Koma jocofum
Bilbilicum vatem tibi pofthabet Ínclita Mar-
cum.
L USITAN A.
293
Entre a geral acciamaçaõ com que cele-
bfánò o nome de António de Gouvea taA
funofos Efcritores, fe atreveo o ímpio Hcre-
fiarcha Joaõ Calvino a infamallo de Atheifta
eftimulado da irrifaò que ítz o noíTo Gouvea
da Tua pcrtcndida Reforma, dizendo no
Tra/. de S caudal, pag. 90. col. i. da ediçaõ de
Genebra do anno de 161 1. Alij {uf Rabt-
Imfiis, Deperius, et Goveantés) fiuftato Evanjiiifío
eãdem cacitate fmt percujfi. Cur ijlud? nifi quia
Jacrum illud vita atema piffius Jacrilega ludendi,
nut ridendi audácia ante profanarmt. Deíla in-
fame impoftura defende ao noíTo Gouvea
Scaligero na Scaligeriana 2. dizendo Go-
veanus Juit doãus Lufitanus. Calvinus vocat
illum Atheum ctim non fuerit; debebat illum
ftielius nojfe. Compoz.
Ad titul. de Jttrifdiííione omnium Judicum
lihri dm. Dcfta obra diz António do Quita-
ducnas lib. 1. de Jtmfd. tit.7. diligens apprime,
& eruditus fcr feu Author, e que nihil a fe
vi/um ctdtius atque floridius, & Schifordegcr.
in Nmctipat. lib. 2. ad Fabrianos Commentar.
Cum fine his plitrima qiue ad júris di£tionem
Komanam pertinent, hodie iffioraremus.
Ad Tit. de Jure acrefcendi lib. i.
Ad Leg. Gallus Aquilius Dig. de Vul-
gariy (& pupillar. fubfiitution.
Ad Leg. Falcidiam.
Variarum Leãionum libri duo.
Animaduerfiontim lib. i.
Todas eftas obras fahiraõ juntas Lugd.
apud Anton. Vincentium 1562. 1564. e
1599. in foi.
Variarum 'Leãioniim lib. duo Venetijs
1585. & cum additament. Vaconis Vacuna,
AntoniJ Concij, Jacobi Robardi Corfi, &
Nicolai Belloni. Cólon. Agripinse 1575. foi.
De Jure acrefcendi. Tolofas apud Guidonem a
Bondeville. 1545. 4. primeira ediçaõ como
afíirma Gregório Maians in lib. 5 . epifiol. p. 262.
e 263. Depois fahio Jehas 1596. in 8. & Wor-
matiae typis Wilhelmi Cnitelis 161 1. 12.
Neftas obras faz mençaõ de outras que
tem compofto, como faõ.
De Pratoribus, e^ Propratoribus.
Traãatus in Trebellianum o qual tefti-
fica Schifordegero lib. 2. Traft. 2. ad fin.
Quxft. I. que o vira António Fabro.
Pro Arifiotele refponfio adverfus Petri Kami
calumniãj, Ó^ alia opufcula. Paníus apud Simo-
nem Colinxum 1545. 8.
Prophyrij Ifagoge in latinum íranslata. Lug-
duni apud Sebaítíanum Gryphium. 1541. 8.
E.pigrammatum libri duo, ó^ Epijhla. Lug-
duni apud Sebanianú Gryphium. 1559. 4*
& ib. per eund. Typog. 1540. 8.
In aliquot Ciceronis Oratioms. Bafílese 1555.8.
Ennarratio in Ciceronis Orationem in Vati-
nium. Parifiis. 1545. 8.
In Topicam Ciceronis, ó^ Criticam Lopeer
partem, ibidem.
In priores libros duos Ciceronis ad Atti-
cum, &' in lib. ejufdem de legibus. Parífiis apud
Thomam Richardum 1545.
Virgilius, Terentius priflino fplendori reftituti.
Lugd. apud Gryphium 1541. Terentius. Fran-
cofurt. 1576. 1596. 16.
In Orationes Ciceronis M. S. in foi.
Conferva-fe na Bibliothcca do Empcrador
como affirma Draudius in Bib. Clafftc.
Comentaria elegantijftma in Terentium M.
S. de cuja obra faz mençaõ Balthczar
Wertino in addit. ad Trithem. de Script.
Ecclejiaftic.
Poemata. M. S. Exiílem na Bibliotbeca
Vaticana n. 572. como efcreve Montfaucon
in Bib. Bibliothecar. M. S. nova. Tool i.
pag. 26. col. I.
Difcurfo apologético em que fe defende
da graviíTmia impoftura, com que o Author
da Bibliotheca do Delfinado efcreve que elle
fora acufado em Valença do Delfinado
de fallar impiamente de Deos, cujo difcur-
fo diz António TeiíTier nos Elog. dos Homm.
Illuftr. Tom. 2. pag. mihi 224. o vira M. S.
na Bibliotheca de Ennemond de Rabat Pre-
fidente do Parlamento de Granoble.
O P. Frandfco da Cruz Jefuita nas me-
morias M. S. para a Bibliotheca Portuguev^a
diz ter vifto humas Decimas Caftelhanas
impreíTas em 4. em letra gótica fem nome
do ImpreíTor, nem lugar, e anno da Im-
preíTaõ compoftas por António de Gouvea
Portuguez que poderá fer o mefmo de que
tratamos. Era o argumento hum Valen-
ciano taõ facinorofo que matou a feu Pay,
Tio, e huma Sobrinha, e cortou os peitos
a fua Mãy, por cujas impiedades fora morto
pela violência de hum rayo.
294
BIBLIO THECA
D. Fr. ANTÓNIO DE GOUVEA foy
iilho de Lazaro Ribeiro, e Maria de Gouvea.
Aprendeo os primeiros rudimentos na Cidade
de Beja fua pátria com mayor progreíTo que
prometia a delicadeza de feus annos. Chegado
à idade da adolefcencia obedecendo à infpira-
çaõ divina, que o chamava ao Eílado Religiofo,
profeíTou o dos Eremitas de Santo Agoílinho
no Convento de Lisboa a 4. de Junho de 1 591.
onde lançou os altos fundamentos das virtu-
des, e letras, com que luzio para beneficio dos
feus domeílicos partindo no anno de 1597.
para Goa enlinar-lhes as fciencias efcolafticas,
em que jubilou com igual fruto dos feus dif-
cipulos, que gloria do feu talento. Dezejando
Ayres de Saldanha no tempo que governava
a índia mandar à Períia hum Embaxador a£H-
vo, e prudente, que igualmente promoveíle
naquelle vaílo Império os intereíTes da Religião,
■e do Eftado, o nomeou para taõ illuftre em-
preza. Partio em 15. de Fevereiro de 1602. e
entrando na Corte de Períia foy benevolamente
recebido pelo feu Emperador Xà Abbàs dan-
do-lhe faculdade para pregar o Evangelho, e
levantar Igrejas em todo o feu dominio, de
cuja permiííaõ foraõ gloriofas confequencias
converter muitos bárbaros da cegueira da infi-
delidade para a luz da verdadeira Religião, e
redufir fete Bifpos, e infinitos Arménios, e Ge-
orgianos fequazes do fcifma de Conílantinopla
â obediência do Summo Pontífice. Tanta foy
a efficacia com que conciliou o animo do Em-
perador, que o indufio a mover guerra contra
os Turcos ofFerecendo-lhe por auxiliares as
Armas dos Princepes Catholicos, que a experi-
mentarão formidável nas muitas batalhas per-
didas, e Praças conquiftadas. Querendo o
Emperador profeguir com mayor ardor eíla
guerra o expedio acompanhado de hum Em-
baxador ao Pontífice Paulo V. e a Filippe III.
de Caftella fuplicando-lhe quizeffem derrotar
o inimigo comum na Europa, aflim como o ti-
nha feito na Afia. Tanto que chegou a Por-
tugal foy nomeado Bifpo de Cirene em
Africa, e fe fagrou no Convento de N. Se-
nhora da Graça de Lisboa a 28. de Dezem-
bro de 161 2. PaíTou fegunda vez à Perfia
por ordem do Pontífice como feu Núncio
com poderes de legado a latere, e entrando
naquella Corte como o Emperador naõ vif-
fe effeituado o feu intento mudado o amor em
ódio, o mandou lançar em huma eftreita pri-
zaõ ordenando com rigorofas penas que todos
os feus Vaflallos abjuraíTem a Religião Catho-
lica. Perfuadido do miferavel eílado em que fe
achavaõ as dependências da índia aífim efpiri-
tuaes, como politicas para ferem prompta-
mente focorridas, atraveíTou com animo intré-
pido, e immenfo trabalho a inacceífivel altura
dos montes de Baílorá, e a vaíla extenfaõ dos
areaes da Arábia atè chegar a Alepo onde em-
barcando-fe para Marfelha voltou arrojado dos
ventos contrários a Sardenha, fendo cativo
pelos Mouros com outros Chriítãos da fua
comitiva. Naõ he fácil de comprehender, quan-
to mais de narrar as moleílias que eíle Varaõ
Apoílolico tolerou da fevicia deíles bárbaros,
pois alem de o fecharem em huma tenebroía
prizaõ o carregarão de groílas cadeyas pelo lar-
go efpaço de dous annos naõ fendo poderofas
todas eftas afrontas para lhe diminuir o ardente
zelo, com que corroborava aos Chriílãos para
naõ faltarem à Fé prometida no Bautifmo, fe-
gurando-lhes que o caminho mais certo para
alcançarem o eterno defcanfo eraõ aquellas tri-
bulaçoens de que eílavaõ cercados. Reftituido
á liberdade no armo de 1620, por diligencia do
P. Fr. António da Cruz ReUgiofo Trino como
efcreve Fr. Bernardino de Santo António in
Epifom. Kedempt. lib. 2. cap. 11. partio a Ma-
drid, donde foy mandado por ElRey Catholico
á Praça de Oraõ tratar hum grave negocio com
o pretexto de hir vifitar as Igrejas daquelle dif-
triâo em nome do Infante D, Fernando Arce-
bifpo de Toledo, e voltando fe retirou para a
ViUa de Mançanares de MembriUa onde livre
de negócios, e occupado fomente nos eíhidos
como Varaõ Janto, e illuftre na fabedoria diz
Fr. António de Moura no proemio da Vida
de feu Santo Vatriarcha Joaõ de Deos, confu-
mou a carreira da vida a 18. de Agoflo de
1628. Foy fepultado na Capella Mòr dos Car-
melitas Defcalços da mefma Villa fazendo
com generofo difpendio o funeral feu grande
amigo o Marquez de Velada Vice-Rey, e Ca-
pitão General das Praças de Oraõ. As ac-
çoens defte apoílolico Prelado efcreveraõ
breve, e difufamente Manoel de Faria e
Souf. Afta Portug. Tom. 3. part. 3. cap. i.
n. 3. Joaõ Bautiíl. Moreli Keduc. j Keft.
L USITAN A.
295
di Vortug, Pftit. 3. n. 4. Vafconccl. in Dtf-
tript. Ijifit. pag. 788. Natividade Mont. de
\ Cor. Mont. 2. Coroa 8. n. 87. Fr. Ant. á
Purif. de Vir. lllufir. lib. i. cap. 30. e na
Qiron. da Provinc. de Portug. Par. 2. lib. j.
Tit. 3. §. 22. Hcrrcr. in Alphab. Auffift.
Tom. I. pag. 48. Cruíen. Monafi. Part. 3.
cap. 2. et 47. Gratian. Anaft. Aitgfi/HH. p.
54. Camargo Chron, Sac. e Epit. HiJIor. pag.
^t8. vcrf. Diogo Gouvea de Barrad. feu fo-
hrinho Antig. de Beja. Lív. 3. cap. 42. e 43.
loan. Soar. de Brit. in Theatr. Lujit. Literat.
'ir. A. n. 87. Jarric. Ther^aitr. rer. Indic. lib. 3.
i .ip. 7. TciíTicr EJog. dos Hommes llluft. Tom. 2.
pag. mihi 226. Morcry Diccion. Hijloriq. Verb.
Gouvea, cujo elogio lhe mandámos com outros
muitos de Authorcs Portuguc2cs que excediaõ
o numero de trezentos para o novo fuplemen-
to da Impreflaõ do anno de 1725. os quaes
fc diílinguem com eftas palavras. Memor. de
Por/ug. ou Bib. Portug, M. S. no fim de cada
hum. Fonfeca Bvor. Glorio/, pag. 410. e o P.
D. Manoel Caet. de Souf. Cathalog. HiJIor.
dos Summos Poníif. Card. Bifpos Portug. pag.
1 1 7. Compoz.
Jornada do Arcebifpo de Goa D. Fr. A/eixo
de Menet(es Primata da índia Oriental Keligiofo da
Ordem de Santo Agojlinho quando foy às Serras do
Malavar, e lugares, em que moraõ os antigos Chrif-
faõs de Saõ Thomé, e os tirou de muitos erros, e
heregias em que ejlavaõ, e redtn^io à nojja Santa
Fè Catholica, e obediência da Santa Igreja Promana
da qual pajjava de mil annos, que ejlavaõ apartados.
Coimbra por Diogo Gomes Loureiro Impref-
for da Univerfidade 1606. foi.
Deíla obra diz Jarric. in The^aur. rer.
Ind. lib. 5. cap. 7. doãe eleganter magno-
que judicio confcripta. Delia faz mençaõ
António de Leon Bib. Orient. Trat. 3.
Sahio traduzida em Caílelhano por Fr.
Francifco Munõz Agoílinho, e em Fran-
cez por Fr. Joaõ BautiJfta de Glen com efte
titulo.
Hijloire Orientale das ^ans proles dei*
Fglije Cathol Apojl. e Rom. en la re-
duãion des anciens Chrejliens dits de Saõ
Thoma:^ de plujieurs autres Schijmatiques,
et Heretiques a Vunion dela vraye Eglife.
Converjion encor de Mahometains, Mores, e
Pajens. Par les bons devoirs du Reveren-
diftme, e lllujlrifmt Seiffteur D. A/exis de Mene-
v^es deVOrdre des Tirímites de S. Augujlin, Arcbe-
vtfque de Goa, e Primai en tout V Orient. Anver»
per Hierorme Verdulíen. 1609. 8. Bruxeles
por Velpío 1609. 8. e Cólon, por Heningia
1611. 8.
Vida,y mueríe dei bendito Padre Juan de Dior
Fundador dela Orden dela hofpitalidad delos pobres
enfermos. Madrid por Thomaz Junti ImprdTor
delRey. 1624. 4. augmentado por Fr. Antónia
de Moura Ibi por Frandrco de Ocampo.
1632. 4. et ibi por Melchior Alegre. 1669.
4. et ibi por Roque Rico de Miranda. 1674.
4. Cadiz 1647. 4. António Arauzio in lib.
de bene difponendi Bibliothecam Pradicam. 13.
diz que efta vida está elegantemente cfcrita.
Glorio/o triumfo de três Martjres EJpanoler
dos Portuguev^es Frqyles de Santo Augujlin, y
uno Caftellano. Madrid por Juan Gonzalez
1625. 8.
Epitome dela vida, y milagros dela B. Clara
de Monte Falco Augujliniana. Madrid por la,
viuda de Alonfo Martin 1625. 4.
Relação em que fe trataõ as guerras, e grander
vitorias que alcançou o ^ande R^ da Perjia Xá
Abbás dograô Turco Mahometo, e feu filho Amethe
as quaes refultáraÕ das Embaxadas que por mandad(y
da Catholica Real Mageflade delRey D. Felippe II.
de Portugal fi^eraõ alguns Religiofos da Ordem^
dos Eremitas de Santo Agoflinho à Perfia. Lisboa
por Pedro Crasbeeck 161 1. 4. Sahio vertida
em Francez Ruan chez Nicol. Loyfelet. 1646.
4. Erudito intitula efte livro o P. Balthezar
Telles Uifl. de Etiop. Alt. liv. i. cap. 5.
e he allegado por Joaõ Baptifla Lavanha.
à margem da 4. Decad. de Barros liv. 3.
cap. 2.
Relaçoens da Perfia, e do Oriente. Lis-
boa 1609. 4. Saõ diverfas da precedente,
e fahiraõ fem nome do Author como diz Car-
dofo Agiol. Euftt. Tom. 5. pag. 80. let. H.
Sermão nas exéquias de André Furtado-
de Mendoça Governador que foy da índia no Con-
vento de NoJJa Senhora da Graça de Lisboa anno-
Domini 1610. Lisboa por Vicente Alvares
1611. 4.
Relacion de la gloriofa muerte que lor
Turcos dieron a D. Pedro de Miranda Ca-
vallero Efpanol en la Ciudad de Argel el ano-
1620. Efcrita a 20. de Outubro defte anno.
296
BIBLIO THE CA
M. S. O original confervafe na Livraria do
Convento de N. Senhora da Graça defta
Cidade onde o vimos.
Vida do lllufirijfimo Arcebifpo D. Fr.
Aleixo de Mene:(€s. Deíla obra o faz Author
Fr. Pedro Po j ares no Vanegirico da Villa de
Barcellos. cap. 88. foi. 196.
P. ANTÓNIO DE GOUVEA natural da
Villa do feu appelido da Diocefe de Coimbra,
como efcreve o P. Francifco da Cruz nas Mem.
M. S. para a Bibliotheca Portuguei^a pofto que
afíirmem fer do lugar do Cafal no Bifpado
de Vifeu Sotuelo. in Bib. Societ. pag. 74. e o
P. Franco in Ann. glorio/. S. J. in 'Lufit. pag.
710. e na Imag. da Virtud. em o Noviciad. de
Coimbra Tom. 2. pag. 612. Foy filho de
Manoel de Almeyda, e Maria Deiró. Na tenra
idade de quinze annos entrou na Companhia
a II. de Mayo de 1608. onde acabada a carreira
dos eftudos efcolaUicos fe dedicou totalmente
em lucrar almas para Chriílo nas regioens
Orientaes. Logo que teve faculdade dos Prela-
dos partio com fummo jubilo para a índia,
e na cultura do Império da China derramou
copiofos fuores pelo largo efpaço de trinta
annos. Levantada huma furiofa tempeítade
contra os Miniílros Evangélicos foy conduzido
prezo a Corte de Pekim donde o defterraraõ
com vinte, e quatro companheiros para a
Cidade de Cantaõ ultima de taõ vafto Impé-
rio. Neíle lugar padeceo por féis annos com
inviâa conftancia infinitas moleílias até que
certificado o Emperador da fua innocencia
o mandou chamar à Corte, e lhe concedeo
ampla faculdade para pregar as verdades
do Evangelho. Foy inexplicável o alvo-
roço do feu efpirito com efta permiíTaõ difcor-
rendo de hum para outro lugar com incanfa-
vel velocidade para aggregar mais filhos à
Igreja Catholica, levantando huma Igreja na
Província de Tokiem até que neftes apofto-
licos miniílerios paíTou a milhor vida no mez
de Fevereiro de 1677. com 84. annos de
idade. Foy fepultado fora da Capital de
Tocheu fazendo delle memoria o P. Profpero
Intorcetta. Narration dela Mijfion Chinef. pag.
35. Compoz parte da obra feguinte.
Innocentia viãrix, five Sententia Comi-
Jiorum Imperii Sinici pro innocentia Chrif-
tiana Keligionis lata juridice per annum 1669.
jinico-latine expojita. In Qiiàm chéu metropoli
Provinda Quàm-tum in Kegno Sinarum. Anno
Salutis humana 1671. 4. grand. Impreflb
em papel da China o qual vimos.
Cathecifmo na lingua Chinenje como affirma
o P. Gabriel de Magalhaens em a NouvelU
Kelation dela Chine. Pariz ches Claude BarbiiL
1688. 4. pag. loi.
Afia Extrema. Hntra nella a Fè; pro-
mulga/e a Ley de Deos pelos Padres da Com-
panhia de JESUS. Primeira Parte dirigida
à Mageftade do Serenijfimo 'Key D. Joaõ
o IV. noffo Senhor anno de 1644. Coníla de
6. livros. Começa o primeiro. O primeiro
homem, que os Chins conhecem, e nomeaõ por R^.
Acaba. Conclue-Je toda efia primeira Parte
com caftigos, que ate agora continuaõ nefie Reyno
por naõ querer em fi a Lej SantiJJima de Deos,
Jeus Pregadores Evangélicos para que JaybaÕ
os Monarchas, que em a confervar, e guardar
efià a confervaçaõ de Jeus Impérios. O ori-
ginal efcrito em papel da China fe conferva
na Livraria de Jozé Freyre Monterroyo
Mafcarenhas bem conhecido pela fua vaftiífima
erudição, onde a vimos.
Hifioria da China dividida em féis Ida-
des tirada dos livros Chinas, e Portugueses com
o continuo eftudo, e objervaçoens de 20. annos
em a Metrópole de Fó a 20. de Janeiro de 1654.
com hum apendix da Monarchia Tartarica. foL J
M. S. Confervafe em a BibUotheca delRey ,
Catholico como fe efcreve na Bib. Orient.
de António de Leon novamente addicio-^
nada. Tom. i. Tit. 7. col. 113. p
Fr. ANTÓNIO DA GRAÇA Ere-
mita Auguítiniano da Província da índia
Oriental. Para que exaétamente fe obfervaf-
fem os ritos Ecclefiafticos aíTim no Altar,
como no Choro efcreveo.
Ceremonial da Ordem M. S.
Fr. ANTÓNIO DA GRAÇA ReU-
giofo profeíío da Seráfica Província de S.
Thomé em a índia Oriental Meílre jubi-,
lado na Sagrada Theologia. Compoz para
ufo dos feus Religiofos.
Theologia Moral A
Que poílo fe naõ imprimio, corre três-
I
L USITANA.
297
ladada em varias copias com igual credito do
Author, como proveito dos cíludiofos.
Fr. ANTÓNIO DA GRAÇA Na-
ceo ao lugar de Maçarellos arrebalde da Cidade
do Porto a 28. de Janeiro de 1668. fendo
filho de FranciTco Joaõ, e Cuílodia Martins
peííoas honradas, e virtuofas. Recebeo
o penitente Habito de Saõ Francifco no
Convento de N. Senhora da Conceição
de Mathozinhos da Provincia de Portugal
a 17. de Outubro de 1716. Aprendeo Filo-
fofia no Convento de Guimaracns, e Theo-
logia no Collegio de S. Boaventura da Uni-
vcrfidadc de Coimbra, onde foy CoUcgial,
e PaíTantc do numero. Deixando o applaufo
que lhe podia refultar das Cadeiras, para
cujo emprego tinha grande talento fe appli-
cou ao Miniílcrio do Púlpito disfcorrendo
como miflionario Apoílolico pelos Bifpa-
dos de Lamego, Porto, e Braga, donde
colheo copiofo fruto com a reforma de infi-
nitas almas. Defta fagrada, e laboriofa occu-
paçaõ foy chamado para CommiíTario
dos Terceiros defta Corte que prefentemente
exercita com grande zelo, e edificação. Im-
primio.
Oraçaõ fúnebre nas exéquias do Excelentijftmo
Senhor Gajiaõ Jo^é da Camará Coutinho cele-
bradas pela Venerável Ordem 3. da Penitencia
no Real Convento de Sm Francifco da Cidade
de Lisboa Occidental aos z^. de Setembro de 1736.
Lisboa na Officina da Mufica de Theotonio
Antunes Lima. 1756. 4.
Sermaõ das Dores de N. Senhora pregado
na Santa Bafilica Patriarchal em 28. de Março
de 1738. Lisboa 1738-4.
Fr. ANTÓNIO DE S. GUILHER-
ME natural de Lisboa, filho de Manoel
Rodriguez de Amorim, e Margarida de
Almeyda, Na flor da idade elegeo a Reli-
gião dos Eremitas Auguílinianos, e no Con-
vento de Lisboa profeflbu taõ Sagrado infti-
tuto a 10. de Fevereiro de 1696. Sendo verfado
nas matérias Theologicas, o naõ era menos
nas letras humanas, e Poefia affim latina como
vulgar como teftemunhaõ.
Quatro Sonetos, huma Decima, e hum Ko-
mance Achrofiico, e Endecafjllabo à morte do Bai-
lio de Lâjfa D. Fr. Filippe di Távora, i Noronha,
que íahiraõ com outras Poefias a eíle aíTun^to.
Lisboa por Pafchoal da Sylva ImpreíTor de
Sua MageAade. 1716. 4.
La Finn^a Coronada Comedia £amoía
M. S.
Morreo no Convento de Tavira em Se-
tembro de 1751.
ANTÓNIO HENRIQUES GOMES.
Naceo em Portugal, educou-fe em Caítelia,
e em França foy Cavaileiro da Ordem de S.
Miguel, Confelheiro, e Mordomo Ordinário
delRey ChriftianiíTimo. Ainda que nos pri-
meiros annos naõ fe applicou a fciencia
alguma por inércia de feus Pays, tanto que
chegou a paíTar da adolefcencia como o génio
o incitava para os eftudos, começou fem ter
Meftre a fer difcipulo de fi próprio, íahindo
igualmente verfado na Hiftoria Sagrada, e
profana, como perito na fciencia politíca, c
Poefia Cómica, de que faõ manifeftos argu-
mentos as fuás difcretas, e engenhofas obras
que affirma no Prologo do Poema Heróico
de SanfaÕ as compufera defde o anno de 1640
até 1649. a libro por ano, ua ano por libro, cujos
titulos faõ os feguintes.
Sanfon Nan^areno. Poema Heróico. Ruan
por Lourenço Maurry. 1656. 4. com
eftampas. Cuja obra louva o P. António dos
Reys in Enthufiafm. Poetic. que ferve de
prologo aos feus agudos Epigrammas n.
32. nefta forma.
= totó celebratus in Orbe
Gomefius validi calamo, qtá tollit in afira
Sanfonis benefaãa.
El figlo Pythagorico, y vida de D. Gre-
gório Guadana. Ruan por Laurencio Maur-
ry. 1644. 4. Profa, e verfo.
Luiv^ dado por Dios a Lui^, J Ana. Sa-
muel dado de Dios a Llcana, y Ana. Pariz
por René Baudry. 1645. Profa.
Academias morales delas Mufas. Bor-
deaux por Pedro dela Court. 1642. 4. Madrid
por Jozeph Fernãdes de Buendia. 1660.
4. Poefia.
La culpa dei primero Peregrino. Ruan
por Laurencio Maurry. 1644. 4. Poefia.
Politica Angélica i. * 2. Part. Ruan pelo
mefmo ImpreíTor. 1647. 4.
298
BIBLIO THE CA
Triumpho L.uJitano no qual fe contem a felice
acclamaçaõ delKey D. Joaõ o IV. e a embaixada,
que Francifco de Mello Monteiro Mor do Rejno,
e o Doutor António Coelho de Carvalho fit^eraõ
por feu mandado à Magejlade Chrijlianijftma de
Lui:(^ XIII. Rey de França. Pariz. 1641. 4.
Sem o nome do Author.
No ay contra el honor poder.
Enganar para Rejnar.
Eftas duas Comedias fahiraõ impreflas Madrid
en la Imprenta Real 1652. 4.
No Prologo ao Sanfaõ Nazareno diz.
Las mias Comedias fueron veinte, y dós, cujos
titulos pondré aqui para que fe conojcan por mias,
pues todas ellas, o las mas que fe imprimen en
Sevilla les dan los Impreffores el titulo, que quieren,
y el dueno que fe les antoja.
JE/ Cardenal Albornos i. e 2. Parte.
Enganar para Reynar.
Diego de Camus
El Capitan Chincilla.
Fernan Mendes Pinto i. e 2. Parte.
Zelos nó ofenden ai Sol.
El Rayo de Palejlina.
Las Soberbias de Nembrot.
Alo que obligan los ^elos.
Lo que paffa en media noche.
El Cavallero de Gracia.
La prudente Abigail.
Alo que obliga el Honor.
Contra el Amor no ay enganos.
Amor con vijia, y cordura.
La fuer^a dei heredero.
La Cafa de Aujlria en Efpana.
El Sol parado.
El trono de Salamon 1. e z. Parte.
No mefmo prologo promete as obras
feguintes.
Torre de Babilónia 1. Parte
Aman, y Mardocheo.
El Cavallero dei milagro.
Jofue. Poema heróico.
Triumphos immortales. en rimas.
Delle fe lembraõ Nic. Ant. in Bib. Hifp.
Tom. 2. pag. 317. e 655. Joan. Soar. de
Brito in Theat. Lufit. Litter. lit. A. n. 88.
e D. Franc. Manoel na Carta efcrita ao
Doutor Manoel da Fonfeca Themudo que
he a I. da 4. Centúria das fuás Cartas Fami-
liares.
ANTÓNIO HOMEM natural de Coim-
bra, e filho de Jorge Vaz Brandão. Na Uni-
veríidade da fua pátria recebeo o gráo de
Doutor na faculdade de Cânones, e levando
por oppofiçaõ huma Cathedrilha em 22. de
Fevereiro de 1592. paíTou à Cadeira de Clemen-
tinas no anno de 1597. e dcfta à do Decreto
em 1603. Entrou a fer Lente de Vefpera
em 18. de Fevereiro de 1610. e ultimamente
de Prima em 28. de Novembro de 16 14. Foy
Cónego Doutoral da Sé de Coimbra de reíi-
dencia provido em 20, de Março de 1610.
Sendo prezo em 18. de Dezembro de 1619.
por culpas de Judaifmo, que obftinadamente
negou, foy relaxado à juftiça Secular que o
condenou à morte em 5. de Mayo de 1624.
As Cafas em que morava na rua dos Oleiros
em Coimbra, foraõ demolidas, e fobre as
minas fe levantou hum padraõ para eterna
memoria da fua infâmia, fendo ainda agora
conhecido pela antonomaíia de Praceptor infe-
lix. Diftou as poíHllas feguintes em que eílaõ
incluídas fubtis, e profundas doutrinas de
hum, e outro Direito, fendo o feu nome ainda
que horrorofo na poíleridade, fempre conhe-
cido pela fua grande Sabedoria.
De Adulteriis didada em 12. de Dezem-
bro de 1590.
De Commodato. em 23. de Novembro
de 1595.
Ad Tit. de Solutionibus em 28. de Mayo
de 1596.
De clavium potejiate ad Cap. Quodcumque
XXIV. quiBfl I. com o Tratado Utrum Clavium
potejlas extendatur ad remijftonem peccati quoad
culpam, em o anno de 1596.
Ad Rub. Non debet zz. lib. 6. em 3. de
Novembro de 1597.
Ad Tit. de Prafcriptionibus in 6. no anno
de 1600.
De Reflitutione in inte^um.
De Cenfuris ad Cap. Nemo Contemnat
XI. quafl. 3. em 5. de Outubro de 1606.
Utrum Claves errare pojftnt?
Qui fila fint legitimi diâada no anno de
1608. Deíla poíUlla tranfcreveo grande parte
Diogo António Fajardo de Legitimatione
per fubfeq. matrimon. memb. 2. ex n. 100.
o que já tinha advertido o Dezembar-
gador Jozé dos Santos Palma em as doutas
LUSITANA.
299
addiçocnf que íez 1 Phcb. Decif. 176. vcrf.
Sedhae ratio, ôc vcrf. Tanta tft.
De priviUffis ad Ttxt. in Cap. cum olim
14. em 20. de Outubro de 161 ).
Ad Tit de Concejfton. Prabend. Ecclef. non
Vacantis em 3. de Novembro de 16 18.
Clement. mica de Offim Vicarij
Clement. fi furiofm de Homicidio.
De Exceptionibtu.
In 6. Deere t. de Prafcription.
Cap. ultim. de lis, quifuerint à majorum parte.
Clemen. Statut. d» ele£Hone, et eleílorum
potejiate.
Sobre os privilégios dos Templários, e de algu-
mas Cidades do Reyno M. S. Confervafc na Livra-
ria do Conde de Vimieiro.
ANTÓNIO DE S. JERÓNIMO
JUSTINIANO Naceo em Lisboa a 4. de
Outubro de 1675. e a 16. do dito mez foy bau-
tizado na Real Igreja de N. S. da Conceição,
Tendo filho de António Gonçalvez, e Magda-
iena Eftevez da Sylva. Aprendeo os preceitos
armonicos da Arte do Contraponto com o infi-
gne António Marquez Lésbia Meftre da Capella
Real de quem fe fará illuílre memoria em feu
I lugar de cuja efcola fahio doutamente inftruido.
Na idade de 22. annos recebeo o Canónico
habito da Congregação do Evangeliíla em o
Convento de S. Bento de Enxobregas a 2. de
Julho de 1697. onde naõ fomente exercitou
pelo efpaço de féis annos o lugar de Meftre
da Capella, mas paíTando ao Collegio de Évora
eftudou as fciencias Efcholafticas no qual foy
Sancriftaõ Mór, e ViceReytor. Movido de
cauzas juftificadas fahio da Congregação para
onde tem regreíTo concedido pelo Capi-
tulo Geral fendo agora Capellaõ da Sump-
tuoza Igreja de N. Senhora do Loreto.
Pela femelhança que os números armonicos
tem com os métricos fendo profeílor de Mufica
o he taõbem da Poeíia de cuja Arte publi-
cou as feguintes obras a diverfos aííumptos.
Applau^o obfequiofo ao Senhor Paulo Je-
ronymo de Medicis fendo Provedor da Igre-
ja de N. S. do Loreto da NaçaÕ Italiana
mandando fat(er nella mejma huma Jumptuo-
Jijftma fabrica de admirável architeãura para
nella fe depofitar o Santijftmo Sacramento
Jtas Endoenças dejle premente anno de 1755.
Lisboa por Pedfo Ferteiía ImpreíTor da Sete-
niíTima Rainha NoíTa Senhota 1755. 4.
Confta de huma relaçaõ em proíâ, e de
hum Romance Heróico em que ít defcreve
aquella fabrica.
Elogio ao P. António dos Keys da Conffegfl^aJf
do Oratório pregando nas fumptuo^ijftmas exé-
quias da Excellentijftma Senhora D. Francifca
dt Mindofa Condeffa de Atalaya. Lisboa 1755.
4. fem nome do ImpreíTor, coníla de hum
Romance heróico.
Ftmeral obfequio da mais trifle Saudade em
repetidos fufpiros em a morte da Serenijftma
Senhora D. Francifca Infanta de Portugal pon-
derando nelles a circumflancia de fer em Oriente
fepultada, fallecendo em Occidente. Lisboa na
Officina Rita-CaíTiana 1756. 4. Confta de 7.
Sonetos, hum Mote gloíTado, e no fim outro
Soneto.
Com o nome de Thomazia Caetana de
Aquino.
A morte da Serenijftma Senhora D. Fran-
cifca Infanta de Portugal ponderando as cir-
cunftancias do dia em que falleceo, e fe fepul-
tou, em hum Soneto com fua glofa, e três
Decimas. Lisboa na Officina Ritta-CaíTiana.
1736. 4.
Ljdãuofos Ays do pranto mais enternecido
na fentida morte da Serenijftma Senhora D. Fran-
cifca de Portugal expendidos em 14. Outavas
Rimas glojfando nellas o celebrado Soneto que
principia. Com fatal ouzadia horror tyrano.
Lisboa na Officina Rita-CaíTiana. 1736. 4.
Com o nome de D. Águeda fiaria do
Sacramento,
Glojfa ao Soneto. Defmayado Planeta
que accidente? Compofto por Manoel Pe-
reira da Cofta; à morte da Serenijftma Infanta
de Portugal D. Francifca. Lisboa na Officina
Almeydiana. 1736. 4,
Com o nome de D. Brites da Conceição.
Glofa ao Soneto Do Jardim Luzo a melhor
flor fem vida; compofto por Manoel
Pereira da Coita ao mefmo aíTumpto que o
precedente. Lisboa na dita Officina.
1736. 4.
Entemicido canto poético bijlorico, e moral
â morte de Diogo de Mendoça Corte real
Secretario do EJiado do Sempre augujlo Kej,
e Senhor nojfo D. Joaõ o V. Lisboa na dita
3oo
BIBLIO THECA
Officina. 1736. 4. Coníla de hum Romance,
hum mote, e três Sonetos.
Mífcellanea do ParnaJJo dividida em cantos
poéticos divinos, e humanos. Lisboa por Maurício
Vicente de Almeyda. 1737. 4.
Aos felicijftmos annos do fempre augujlo
'Key, e Senhor nojfo D. JoaÕ o V. Coníla de 6.
Decimas foi. fem anno da ImpreíTaõ.
yV morte do Excellentijfimo, e Reveren-
dijftmo Senhor Monjenhor D. Caetano Cava-
lieri Arcehijpo de Tarjo, Núncio Apojlolico,
e legado à Alatere nejies Rejnos de Portugal
Epigramma Portuguef^ in foi. Sem anno,
e nome do ImpreíTor.
Kelaçaõ funeral luãuofa Panegyrica Moral,
e poética da morte do Excellentijfimo, e Keveren-
dijjimo Senhor Caetano Cavalieri Arcehijpo de
Tarjo Núncio de Jua Santidade nejle Rejno.
Lisboa na Officina Almeydiana. 1738. 4.
Confta de hum Romance de 193. coplas, e
hum epigramma Latino por epitáfio.
Alivio nas lagrimas com as Jelices me-
lhoras do Serenijfimo Senhor D. António In-
Jante de Portugal. Lisboa na Officina Almey-
diana. 1739. 4- Confta de hum Romance
Hendeca ffilabo.
Romance Herojco, e hum Soneto em applaujo
dos Sermoens de Fr. Francijco Xavier da
Rocha Religiojo Arrabido. Sahio no 2. Tom.
dos Sermoens deíle Author.
Fr. ANTÓNIO DE JESUS natural
da Villa de Aveiro da Diocefe de Coimbra.
Com a mudança que fez de Portugal para
Caílella taõbem mudou o Habito Secular
no de Religiofo profeílando o auítero Inf-
tituto dos Carmelitas Defcalços. Em o Novi-
ciado fe fez taõ exemplar aos feus compa-
nheiros, que delle aprendiaõ a exa£ta obfer-
vancia da Regra. Amante da folidaõ
viveu fempre retirado do comercio humano
fahindo poucas vezes fora do Clauilro em
beneficio dos feus próximos. Nos Sermo-
ens em que teve muitas vezes por ouvintes
ao Cardeal Mofcofo Bifpo de Jaen era o
feu principal difvelo propor a fermofura das
virtudes para ferem imitadas, e a fealdade
dos vicios para que foíTem aborrecidos. No
afpero deferto das Neves fituado na Serra
de Ronda afligia o corpo com taes morti-
ficaçoens que exccdiaõ as que pradicáraõ os
Macarios, Antonios, e Hilaroens nas Nitrias,
e Thebaidas. Julgando fer contra a perfei-
ção evangélica viver fó para fi occupava o
tempo vago dos feus virtuofos exercidos em
efcrever cartas, e outras obras afceticas com
que inflamava os coraçoens no amor de Deos.
As virtudes com que em vida refplandeceo
quiz manifefl:ar o Ceo em a noute de 19. de
Janeiro de 1648. em que efpirou fendo viíla,
e admirada por todos os moradores de Má-
laga, huma grande luz fobre a fua Cella. Com-
poz.
Obras Myjlicas de excellente doutrina, que
conforme teftifica Jorge Cardofo Agiol. Ljéjit.
Tom. 2. pag. 329. fe eílampáraõ.
Breve compendio delas canciones dei exercido de
amor entre el alma, j Ju ejpojo Chrijlo M. S.
Efla obra fe conferva na Bibliotheca dos
Trinos Defcalços de S. Carlino em Roma.
Do Author fe lembra brevemente a Chron.
dos Carmel. DeJcalJ. Hv. 6. cap. 32. n. 5.
Fr. ANTÓNIO DE JESUS natural de Lis-
boa. Nos primeiros annos fe applicou ao eíhido
da Mufica fendo feu Meftre Duarte Lobo infi-
gne profeflbr defta faculdade, e entrando na
ReUgiaõ da Santiflima Trindade foy nella taõ
excellente Mufico como exemplar Religiofo.
Pela profunda fciencia defta arte foy elevado a
Lente em a Univerfidade de Coimbra em 27. de
Novembro de 1636. e mereceo particulares ef-
timaçoens do Sereniffimo Rey D. Joaõ o IV.
Mecenas defta fuave faculdade. Foy fumma-
mente zelofo do culto divino, e da obfervancia
dos Sagrados ritos, compaffivo para os pobres,
benévolo para os domefticos, e unicamente fe-
vero para a fua peííoa. Morreo em Coimbra,
e eftá fepultado na Igreja do Collegio dos Reli-
giofos Trinos com efte epitáfio.
Fr. Antonius á ]eju
Mujices Academicus projejfor
Vir religiojijftmus.
Et v(elo divini cultus ardentijjimus,
In quo, <& Jublevandis pauperibus
Totum Cátedra Jlipendium conjumehat.
Obiit 15. Aprilis. 1682.
Compoz.
Diverjas obras mujicas, as quaes fe con-
fervaõ na Bibliotheca Real da Mufica co-
L USITANA.
3o I
mo fe podem ver no Cathalogo delia im-
preíTo em Lisboa por Pedro Crasbeeck.
1649. 4. Sendo as princípaes.
Miffa do I. Tom. a 10. vozes, outra a 12.
e duas a 8. Na eíUnte 56. n. 80 j.
Dixif Dominus do 8. Tom. a 12. vozes
Eílant. 34. n. 795.
Compoz em Solfa hum viliancico á Na/tpi-
Jade áe N. Senhora, cuja letra era de D. Fran-
cifco Manoel, e a traz nas ohras Me/ruas na
Avena de Terjicore Tomo 26. pag. 70.
Fr. ANTÓNIO DE JESUS MARIA filho
de Pedro Vicente, e D. Maria Antónia Gírdcira
naceo em Lisboa a 23. de Julho de 1693.
Quando contava 19. annos de idade fugindo
aos enganos do mundo bufcou como porto
feguro da falvaçaõ a illuílre Religião do Doutor
rMaximo S. Jcronymo, c no Real Convento
|de Santa Maria de Bclcm profeíTou a 26. de
[Julho de 17 13. A fcvera obfervancia do
io Rcligiofo o conílituhio Meftre dos
[Noviços do dito Morteiro onde com o feu
[exemplo os inftrue para ferem exemplares da
ivirtude, naõ fendo inferior o zelo com que
Ipréga dirigindo todos os feus difcurfos em
[beneficio dos ouvintes. Traduzio da lingua
LCaftelhana do P. Meftre Fr. Francifco Arbiol
[da Ordem Seráfica em a Portugueza.
Familia regulada. M. S.
De/enganos myfticos. M. S.
Fr. ANTÓNIO DOS INNOCEN-
TES natural de Évora, Religiofo da Será-
fica Ordem dos Menores da Provincia dos
Algarves cujo Habito profeíTou no Con-
vento de S. Francifco de Xabregas Cabeça
defta Provinda fituado fora dos muros de
Lisboa, em 24. de Dezembro de 1590. Foy
grande Theologo, e naõ menor Pregador,
como efcreve Joaõ Soar. de Brito in Theat.
Lufif. 'Litterat. lit. A. n. 89. Dos muitos,
e doutos Sermoens que pregou com gran-
de applaufo dos auditórios fomente publi-
cou os feguintes.
Sermão em as Exéquias, e honras funeraes, que
a mui nobre Cidade de Portalegre fumptuojamente
fe^ em a Se a E/Rej D. Felippe II. de Portugal
em o me-:^ de May o de 1621. Lisboa por Giraldo
da Vinha. 1621. 4.
SermaÕ em a Sh da Cidade de Lisboa na fejia
do Martyr SaÕ Vicen/e, cujo corpo em fua Capella
mbr com Jumma reverencia fe venera dizendo a
Miffa folemnifftma, e fazendo o Pontifical o llluj-
íriffimo, e Keverendifftmo Arcebijpo affiftindo a
Camará com a Nobreza, e grande multidão de
Gente de hum, e outro EJlado em 22. de Janeiro de
1623. Lisboa por Giraldo da Vinha. 1623. 4.
SermaÕ em o injigne, e Real Convento de Odi-
vellas no dia, e feJIa do feu Padre, e Fundador
famofo Patriarcha, e Doutor o gloriofo S. ber-
nardo em 20. de Agoflo de 1624. Lisboa pelo
dito impreíTor. 1624. 4.
SermaÕ da ExpeéíofaÕ no feu dia anno 1630.
na Capella Real. Lisboa por António Alva-
res. 1631. 4.
F. ANTÓNIO DE S. JOACHIM Na-
ceo em Lisboa fendo feus Pays Francifco
Rodriguez, e Francifca Thercza. ProfeíTou
o inftituto Seráfico no Real Convento de
Santa Maria de Jefus de Xabregas Cabeça
da Provincia dos Algarves a 31. de Outu-
bro de 1734. Teve génio para a Pocfia, e
ainda para outras mayores faculdades, fe a
morte intempeftivamente o naõ privara da
vida em o mefmo Convento a 4. de Dezem-
bro de 1738. Imprimio.
Dtms elegias Latinas efcritas como car-
tas ao P. Fr. Joaõ de NoíTa Senhora Chro-
nifta da Provincia dos Algarves. Sahiraõ
fem anno nem lugar da impreflaõ.
Achroflico Eatino em Verfo heróico ao mef-
mo P. Chronifta. Ambas eftas obras, pofto,
que naõ tenhaõ o anno em que foraõ impref-
fas, certamente o foraõ no anno de 1738.
Fr. ANTÓNIO DE S. JORGE natu-
ral de Lisboa donde paíTou a índia, e nella
bufcou para afilo da fua quietação a Ordem
Seráfica profeíTando na Provincia da JMadre
de Deos daquelle Eftado, na qual por fuás
virtudes, e letras tendo adminiftrado com
zelo, e prudência o lugar de Cuftodio, e
duas vezes o de Guardião do Convento de
Damaõ, chegou a fer Provincial no Capi-
tulo celebrado em Goa no anno de 1630.
Foy religiofo de exemplar vida (faõ pala-
vras de Fr. Jacinto de Deos no Vergel
de plantas, e flores cap. 8. art. 2.) douto, e
3o2
BIB LIO THE CA
grande Pregador, muito t(elofo do divino culto.
Compoz.
Ceremonial muito curiofo.
O qual confumio o tempo como affirma o
mefmo Chronifta da Provinda da Madre de
Deos da índia no lugar allegado.
ANTÓNIO JORGE MACHADO natu-
ral da Villa de Santarém, e bautizado na Pa-
rochia de N. Senhora de Maravilla a 7. de
Setembro de 1670. Foy filho de António
Jorge, e Maria Cordeira. Depois de fe for-
mar na Univeríidade de Coimbra na faculdade
de Direito Cefareo exercitou muitos annos
na fua Pátria o Officio de Advogado, em que
deo multiplicados argumentos da fciencia legal
em que era iníigne. Falleceo em Santarém a
2. de Mayo de 1729. e eftá fepultado na Igreja
dos Religiofos Terceiros de S. Francifco
da dita Villa. Compoz.
Traãatus Juridicus de Captura Keorum. foi. o
qual fe anda revendo para fe imprimir, e delle
faz mençaõ feu patrício Joaõ António da Coíla,
e Andrade no Crijol Seráfico pag. 228.
Fr. ANTÓNIO DE S. JOSEPH natural
da Villa de Serpa da Província do Alentejo.
Recebeo o Habito de Saõ Jeronymo no Con-
vento de Sevilha, e com faculdade de Ale-
xandre VII. fe aggregou à Congregação de
Portugal em 12. de Outubro de 1665. onde
teve por domicilio o Convento do Efpinheiro
fituado junto à Cidade de Évora. Delle foy
transferido para o Collegio de Coimbra onde
por fer dotado de grande engenho, e admi-
rável comprehenfaõ fez taes progreíTos nos
eíludos, e fciencias efcolafticas que naõ fomen-
te as leo aos feus domefticos, mas recebi-
da a borla doutoral na faculdade Theologi-
ca as diftou na Univerfidade fendo Lente
da Cadeira de Durando em 5. de Dezem-
bro de 1670. de Efcoto em 17. de Novem-
bro de 1676. e ultimamente de Vefpera
a 3. de Junho de 1680. em que foy apo-
zentado a 8. de Junho de 1684. por eílar to-
talmente privado da vifta, e ainda nelie
eílado leo muitos annos de memoria fem
errar as allegaçoens dos Authores com que
eftabelecia as fuás opinioens. Foy Reytor
do feu Collegio, e ViceReytor da Univer-
fidade na auzencia do feu Reformador D.
Jozé de Menezes. Retirado ao Convento
do Efpinheiro morreo piamente a 30. de
Mayo de 1691. Jaz fepultado no Clauftro
com eíle epitáfio.
Hic jacet in tumulo nomen cui Antonius orbe
Frater erat Divus, quem dat cognomen ]ot(eph
lllius imperiis Academia Jubdita vixit,
Et regimen mirata fuum gaudebat amanter.
Tempore noãurno rejplendent Jydera calo.
Hic SophicB Doãor, Jydus mirabile luxit
Vefpere, fie potuit, devincere Sjdera Sydus.
Obiit 30. MartiJ 1691.
Compoz toda a Theologia efcolaftica da
qual ainda fe confervaõ no Collegio de Coim-
bra as feguintes obras Aí. S.
De Trinitate.
De Voluntário, et involuntário
De Bonitate, et malitia aãuum humanorum
De Vitiis, et Peccatis.
De Ignorantia ut eft cauja peccati.
De perfeãionibus , et affeãionibus volunta-
tis humana, et appetitibus fenfitivis Chrifii
Domini.
Commentaria in Magifirum Sententiarum 4.
Tom. foi. M. S. Confervaõ-fe no dito Col-
legio. Faz mençaõ defte Author António
Carvalho da Cofta Corograf. Portug. Tom. 3.
Trat. 8. cap. 55. pag. 659.
Fr. ANTÓNIO DE S. JOSEPH. Na-
ceo na Villa do Cadaval do Patriarchado
de Lisboa a 8. de Fevereiro de 1664. fendo
feus Pays Jacinto Lobo Fernandes, e Ma-
ria da Sylva Cardofa peíToas principaes da-
quella Villa. Dezejofo de imitar o exem-
plo de feu Tio materno o V. P. Fr, Joaõ
do Efpiríto Santo Carmelita Defcalço (que
habitou trinta annos a Thebaida do BuíTaco
onde morreo no anno de 1675. com geral
opinião de Santo) entrou neíla Sagrada Fa-
mília, cujo Inftituto profeíTou no Conven-
to dos Remédios de Lisboa a 4. de Abril
de 1683. Eíludadas Filofofia, e Theologia
affim Efpeculativa como Moral nos CoUe-
gios de Figueiró, Viana, e Coimbra alcan-
çou faculdade dos Superiores para fer Con-
ventual perpetuo no Deferto do BuíTaco
onde viveo dezefeis annos fendo do mefmo
Convento Prior no anno de 171 3. havendo
L USITAN A.
3o3
exercitado no de 1706. o lugar de Meftre dos
Noviços. Em obfequio da fua Seráfica Ma-
triarcha traduzio a vida por ella efcrita, de
(laAclhano em Portuguez illuílrandoa com
doutas, e afceticas reflexoens que claramente
manifeílaõ a profunda fciencia, c praâico
cxcrcicio da Theologia Myílica, cuja obra
fahio com cíle titulo.
Viílu de Santa Tere;(a de JLSUS compojla
' ptla niejma Santa. Lisboa na OHícina da Mu-
lica. 1720. in 4.
ANTÓNIO JOSEPH COELHO Ba-
charel formado na faculdade dos Sagrados
Cânones, e alumno da Academia dos Applica-
dos naõ menos erudito na Mythologia, e Hifto-
ria profana, que iníignc na Pocfia, de cuja
divina Arte publicou o feguinte argumento.
Romance lindicafyllabo dedicado ao llluftriffimo,
c Keverendijftmo Senhor Joaò Cnedes Pereira na
ocajiaõ de fer elevado à dignidade de Minijlro Pre-
laticio da Santa Igreja Patriarchal, e do Concelho
de Sua Mageftade. Lisboa por António Ifidoro
da Fonfeca 1739. 4- Confta de 80. Coplas ele-
gantiíTimas.
ANTÓNIO JOSEPH DA SYLVA
natural do Rio de Janeiro filho de Joaò Men-
des da Sylva Advogado nefta Corte, e Lou-
rença Coutinho. Eíludou Direito Civel em a
Univerfidade de Coimbra donde paflando a
Lisboa exercitava o officio de Advogado
de Caufas Forenfes. Teve génio para a Poefia
Cómica, de que compoz varias obras, que foraõ
reprezentadas com applaufo dos expeâadores
fendo as principaes.
luihirinto de Creta Lisboa por António
Ifidoro da Fonfeca. 1756. 8.
As Variedades de Protheo. Lisboa pelo
dito ImpreíTor. 1757. 8.
Guerras do Alecrim e Mangerona Lisboa
pelo dito ImpreíTor. 1737. 8.
Anfitrião. M. S.
D. Quixote. M. S.
Faetonte. M, S.
ANTÓNIO ISIDORO DA NÓBRE-
GA. Naceo em Lisboa a 2. de Janeiro
de 1708. fendo filho de Jozé Soarez da Nó-
brega, e de fua mulher Margarida Antónia
Michaella. Depois de eíhidar na pátria o«
primeiros rudimentos paíTou á Univerfida-
de de Coimbra onde applicandofe à {'acuida-
de da Medicina recebeo o gráo de Bacharel
na mefma fciencia a 15. de Mayo de 1755.
Sendo muxUi perito na Arte da fua profiílaõ
o naò he menos na cultura da Poefia, e no-
ticia da Sagrada Efcrítura, e Santos Padres.
Imprimio.
Dijcurjo Catholico no qual hum CriflaÕ
velho :^eloJo da noffa Santa té falia com os
Judeos convencendo-os dos erros em que vivem
para approveitamento das palavras de jeremias,
e outros lugares da hjcritura Sagrada conjide-
rando o lajlimofo efpeííaculo de hum Auto da
t'è aonde aparecem os delinquentes em Theatro
publico. Lisboa na Officina Sylviana da Aca-
demia Real 1738. 4.
Três Sonetos z. Portugue!(es, hum Cajle-
Ihano à morte da Serenijftma Senhora D. tran-
cifca Infanta de Portugal. Sahiraõ nos Sen-
timentos métricos, ou CoUecçaõ de vários
verfos pela morte da mefma Senhora. Lis-
boa por Miguel Rodrigues Impreflbr do Se-
nhor Patriarcha. 1736. 4.
Em louvor do Rxcellentijftmo, e Keverendif-
fimo Senhor D. joaõ Principal de Mello. Romance
heróico foi. Naõ tem anno, nem lugar da
ImpreíTaõ. Confia de 25. coplas.
Obras Aí. S.
Tribunal de Cupido em que fe trataõ curio-
famente todas as duvidas, e quefloens amatorias
conforme a Filofofia, e Medicina.
Epiflola Moral confolatoria-Medica pa-
ra alivio de hum amigo magoado por hum fucejjo
amorofo.
Apologia Moral f obre o tempo, e Circunflancia
em que o Medico eflâ obrigado a admoejlar o en-
fermo a confeffarfe.
Dos affeãos do animo. Tratado Medico.
Epijiolas Latinas efcritas ao Doutor Ben-
to de Eemos fobre o ufo da fangria, e quina-
quina.
Compendium animadverfionum Medicarum pro
tutiori praxi.
Obras Portuguef^as, e Italianas. 4.
Oraçoens elogiatorias Latinas, e Portu-
guesas.
Sonhos Critico-jocofos em profa, e verfo.
Dialogo amatorio jocoferio.
3o4
BIBLIO THECA
Comedia intitulada Los amantes enganados.
Os Rendimentos de Apollo e as efquivanças
de Dafine. Opera para o theatro.
Conjideraçoens Moraes, e Aão de Contrição.
Cinco Sermoens da Qiiarejma traduzidos de
Italiano em Portuguez.
ANTÓNIO DE LAMIM. Naceo na
Villa de Olalhas da jurifdicçaõ de Thomar.
Foy Beneficiado na Igreja de Santa Maria
das Áreas fituada no território de Thomar.
Applicoufe ao eftudo da Theologia Moral,
em que fahio muito douto, como efcreve
Joan. Soar. de Brito in Theatr, Lujit. Utterat.
lit. A. n. 69. Compoz.
Summa Summarum in quinque priora Ecclejta
Sacramenta, qua vulgo necejjitatis appellantur.
UlyíTipone apud Antonium Alvares. 1644. 4.
P. ANTÓNIO LEYTE natural de
Lisboa. Entrou na Companhia de JESUS
em Évora a 12. de Setembro de 1596. quan-
do contava 16. annos de idade. Diílou hu-
manidades, Filofofia, e Theologia por mui-
tos annos, e foy celebre Pregador do feu
tempo, para cujo miniílerio fendo convida-
do repentinamente o defempenhava com
tanta elegância, e promptidaõ, como fe o
tiveíTe meditado de muitos mezes. Foy do-
tado de feliz memoria repetindo quando
fe ofFerecia occafiaõ, paginas inteiras do
Sagrado Texto, e de diverfos Authores
Sagrados, e profanos como fe os eíliveíTe
lendo. No eftudo da Genealogia era taõ
verfado que nelle o confultavaõ varias pef-
foas eruditas. Teve todos os dotes que com-
põem hum perfeito Religiofo fendo pru-
dente, modeílo, aífavel. Na devoção pa-
ra Maria SantiíTima foy iníigne principal-
mente do Myfterio puriíTimo da fua Con-
ceição com tanto empenho, que a elle fe
deve o gravarfe em huma pedra na Capella
da Univerfidade de Coimbra o Juramento
com que os Académicos fe obrigaõ a de-
fender a immaculada pureza daquella fobe-
rana Princefa em o primeiro inílante phy-
fico da fua animação. No ConflíTionario
era continuo inUruindo com faudaveis do-
cumentos as almas para o caminho da eter-
nidade, da qual foy tomar poíTe em 6. de
Dezembro de 1662. quando contava 82.
annos de idade, e de religião 66. Delle fc
lembraõ Franco Imag. da Virttdd. em o No-
viciad. de Evor. pag. 855. et in SynopJ. Annal.
S. J. pag. 333. Eum exornavit peculiaris cum
in divinis, tum humanis litteris eritditio et mores
fanãijftmi et in Ann. glorio/. S. J. in Lufit.
pag. 728. Fonfec. Evor. Glorio/, pag. 426.
Cordeir. Hiji. In/ul. liv. 5. cap. 17. Joan.
Soares de Brito in Theatr. Eti/tt. Eitterat,
lit. A. n. 90. chamandolhe vir eruditus. Com-
poz.
Hi/loria da appariçaõ, e milagres da Virgem
da Eapa. Coimbra por Diogo Gomes de
Loureiro. 1639. 8*
E/cudo de Portugal em honra da Conceição
da Senhora livro grande, e muito erudito diz o P.
Anton. Franc. Imag. da Virtud. do Noviad. de
Evor. pag. 588. Confervafe no Collegio de
Coimbra.
Commentarium in lib. Exodi. foi. Aí. S.
Fundação do Collegio de Coimbra da Compa-
nhia de JESUS M. S.
Vida. e morte do V. VaraÕ Diogo da Sjlveira
E/crivaõ da Junta do Comercio.
Elogios de cento, e noventa, e cinco mulheres Por-
tuguesas illujlres principalmente em /antidade de
que naõ tratou Fr. Euit^ dos Anjos no /eu Jardim de
Portugal. Efta obra tinha em feu poder o P.
Francifco da Cruz como affirma nas Memor. M.
S. para a Bibliotheca Portuguesa.
Familia dos Eeytes 2. Tom. foi. Deíla obra
faz mençaõ o P. D. Anton. Caet. de Souf. no
apparat. da Hijl. Gen. da Ca/a Real Portug.
pag. 166. n. 206.
Duas Apologias. A i. contra aquelles que pro-
curavaÕ nas Cortes celebradas no anno de 16 19. em
Lisboa a extincçaõ da Univerjidade de Évora. A 2.
contra os que con/elhavaõ, que naÕ ejiudajjem nas
Univer/ídades os filhos dos Plebejos.
P. ANTÓNIO DE LEMOS Naceo em Vil-
la-Nova da Gaya fronteira à Cidade do Porto.
Nos primeiros annos ficando Orfaõ de feu Pay
Pedro de Couto o inílruio fua Mãy Maria de
Lemos com taõ pios documentos, que fuave-
mente o impelliraõ a fugir do mundo, e abraçar
o Inílituto da Companhia de JESUS em o No-
viciado de Lisboa a 3 . de Junho de 1 63 2. Elegeo
por exemplar da fua vida a S. Luiz Gonzaga, de
L USITANA.
3o5
cuja angélica pureza foy perfeito imitador.
No G^llegio de Coimbra leu todas as Cadeiras
de Mumanidades, em que foy infignc, naò
tendo menor engenho para a Poefía que para
a Oratória. Foy afeéluofo venerador do Imma-
culado Myílerio da Conceição da Senhora,
cujo Offício devotamente rezava todos os dias
intinundo aos feus Ouvintes em muitas Mif-
focns, que fez em diverfos lugares do Rcyno, o
cordial affcdlo à Virgem SantiíTima para lhes
alcançar feliz morte, como experimentou cm
Coimbra a 9. de Agofto de 1649. Das fuás vir-
fuofas acçocns faz mais larga memoria o P. An-
tónio Franco ////í/<j. íío N(w. de IJshoa lib. 4. cap.
1 5. e no Synopjts Annal. S. J. in Ljifitan. pag. 298.
§. 1 j . No tempo que era Meftrc de Rhctoricít
no Collcgio de Coimbra para teftemunhar o fiel
alvoroço com que os Portuguczcs acciamaraõ
I. de Dezembro de 1640. ao SereniíTimo
ley D. Joaõ o IV. cfcrcvco o Poema feguinte
lue coníla de 530. vcrfos heróicos. Principia
Uffiadum Iniperium tot jam labentibns anuis
vitio opprejjum, (Ò'c.
Sahio impreflb fem o feu nome no Livro
ititulado Applaufos da Univerjidade de Coimbra
Acclamaçaõ de/Rey D. Joaõ o IV. i pag. 27.
)imbra por Diogo Gomes de Loureiro. 1641.
4. Entre os Poetas Portuguezes he numerado
com louvor pelo P. António dos Reys in
Enthiif. Poet. n. 213.
ANTÓNIO DE LEAM PINELLO poílo
que naceu no Reyno do Peru nas índias Occi-
dentaes naò he juílo que delle naõ façamos
memoria por fer filho de Diogo Lopes de Leaõ
natural de Lisboa, e irmaõ inteiro de Joaõ Ro-
drigues de Leaõ dos quaes fe tratará em feus
lugares. Depois de aprender no Collegio de
Lima dos Padres Jefuitas as Letras Humanas,
e na Univeríidade da mefma Cidade as Facul-
dades de hum, e outro Direito em que fahio
eminente paíTou a Madrid onde tanto que foy
conhecida a Sciencia Legal que profeíTava o
elegerão Relator do Real Confelho de índias
cujo miniílerio por fer adminiílrado com fum-
ma inteireza confervou atè à ultima idade.
Deíle lugar fubio a Senador Régio na Chan-
cellaria de Sevilha, e Chroniíla de índias
do qual emprego foy fubftituto de Gil Gon-
çalves de Ávila. Para dezempenho deíla
incumbência revoiveo com íncanfavel deli-
gencía, e continuo difvelo, o real Archivo de
Madrid, e outros de grande antiguidade, don-
de extrahio muitos Breves Pontifícios, e Alva-
rás Régios pertencentes a eíle argumento, com
que ilIuArou as fuás obras em beneficio da Re-
publica litteraria. Parece incrivel que lhe reftaf-
fe tempo das fuás grandes occupaçoens, podo
que era ornado de engenho feliz cultivado com
todo o género de erudição, para efcrever ma-
terisu taò diverfas como logo relataremos.
A' fua vaíla fabedoria correfpondia a innocen-
cia dos cuílumcs fendo igualmente Religiofo
para com Deos, como cordial devoto de fua
Mãy Santinfima. Vivia em Madrid pelos annos
de i6jo. c eternamente vi virá naõ fomente em
feus livros mas nas penas de vários Efcritores
celebrando a fua vaíla erudição, como faõ
Nicol. Ant. in Bib. Hifp. tom. 1. pag. 109.
magno avi, (& pátria fua compendio vixiffe. Aven-
dan. in Thet^aur. Ind. Tom. i. Tit. 5. cap. 22.
§. 5. n. 186. doãum imprimis, c^ ertutiíum. Franc.
Moreno Porcel no Ketrat. de Manoel de Far.
§. 76. Ingenio cultivado com varias letras, y claro
Juiajo. Alv. y Ailorg. in Milit. Immac. Concept.
omnia ejujdem opera eruditione, <& Jludio fingulart
plena ejfe. Manoel de Far. e Souf. Fuente de
Aganip. Part. i. Centur. 3. Sonet. 51.
De grandes tiempos elevada bnelas
Feliz pluma, (àrc.
Lope Félix da Vega luiitrel de Apollo
Sylv. 2. louvando a feu Irmaõ Joaõ Rodri-
gues de Leaõ.
Si a ]uan Kodrigues de Leon nò buviera
Dado con larga mano
El Cielo otro JLeon que fue Ju hermano
Quien con L^on tan grande competiera"^
Catai, das fuás obras pertencètes às índias.
Epitome de la Bibliotheca Oriental y Oc-
cidental 'Náutica, y Geo^afica. Madrid por
Juan Gonçalves. 1629. 4. fahio moderna-
mente addicionada em 3. Tom. in foi. Madrid
por Francifco Martines Abad. 1737.
Difcurfo fobre la importância, y difpo-
ficion de Leys de las índias. Madrid 1623.
foi. Para fazer eíla obra afirma no titul. 22.
do Epitome da Bib. aífima allegado pag.
123. En dos anos continuas lei quinientos li-
bros Keales de Cédulas, Manufcritos, y en
ellos màs de ciento, y vinte mil bojas, y mas
25
3o6
BIBLIO THE CA
de trecientas mil decijiones cujas minutas i noti-
cia guardo en mi poder i delias hà falido el tomo
primero y voy Jacando el Jegundo.
Tratado de Confirmaciones reales de Enco-
miendas de Oficios, y cajos en que fe requieren para
las índias Occidentales. Madrid por Juan Gon-
çalves. 1630. 4.
Acuerdos dei Conjejo real de las Índias Ma-
drid. 1658.
Govierno ef piri t uai, y Ecclejiajlico delas índias.
De cuja obra diz o mefmo Author no Epito-
me já allegado Tit. 2. pag. 116. T engole efcrito
com más de trecientas Decijiones Vontificias parti-
culares para las índias facadas de Bulias, y Breves
Apofiolicos , y repueftas de Congregaciones de Carde-
nales.
Bullarium pro Indico Império. He louvado por
Fr. Pedro de Alva, y Aftorga in Milit. Concept.
Patriarchado delas índias. M. S.
Conjejo real, y Supremo de las índias, fu
Origen, jurijdicion, Vrejidentes, Conjejeros, Fif-
cales, y Secretários. M. S.
£/ gran Canciller de las índias Trata-
do defie Oficio, quando fe renovo en la per-
Jona dei Conde Duque de Olivares, y a el
ofrecido. Confervavafe na Bibliotheca do
mefmo Duque, e delia faz mençaõ no Epitom.
Tit. 21. pag. 119.
Kecopilacion delas leys \delas índias em 3.
Tom. de folha, os quaes conftavaõ de nove
livros com faculdade Real, e as mais licenças
para fe imprimir, como affirma o mefmo
Author em huma Carta efcrita de Madrid
em 26. de Junho de 1640. ao Lecenciado
Jorge Cardofo.
Fundacion, y grandet^as hiftoricas dela injigne
Ciudad delos Reyes Lima Cabeça de las ricas
Provindas dei Peru. Deíla obra fe lembra no
Epitom. Tit. 15. pag. 98.
Hijioria dela Villa Imperial dei Potoji, y fu
rico Serro, defcubrimento, y grande:(a M. S.
Vida dei Iluflrijfimo, y Keverendijfimo
Senor D. Toribio Affonfo Mogrevejo Arce-
bifpo dela Ciudad delos Reyes Lima. Ma-
drid. 1654. 4. a qual foy traduzida em Ita-
liano por Miguel Angelo Lapi. Roma.
1655. 4.
Commentario dela region de Ophir com-
pofto pelo noíTo Gafpar Barreiros, do qual
diz o mefmo António de Leaõ na Bib. Geo-
gráfica pag. 17 j. Tengo tradu!(ido en Caflellano^
con un commento no poço trabajado. M. S.
Cathalogo das obras em louvor da Senhorai^
Relacion delas fieflas celebradas en la Ciua
de Lima por la Congregacion dela Expeãacic
dela Virgen Maria nueflra Senora dei Colégio
dela Compaiiia de JESUS. Lima. 161 8. 4.J
Poema Jingular dela Concepcion immá
culada dela Virgen Maria nuejlra Senoral
Lima como teftemunha Fr. Pedro de Alva
na obra citada.
Panegyrica Oracion dela Prefentacion dei
Virgen nueflra Senora Madrid por Diego Dl
dela Carrera 165 1. 4.
El Paraifo en el Nuevo mundo Mar
Santijfima que como efcreve Alva in
///. Concept. já eílava impreíTo quando el
fahio com eíla obra.
Annales immaculata Conceptionis B. VÁ
Maria ab orbe condito ad noflra ufque temporaÀ
Efte Tratado, e os feguintes exalta com grande
elogios Fr. Pedro de Alva.
Bibliotheca, five Cathalogus Marianus in
quo per feptuaginta duas clajjes et plufquam
trecentas appendices omnes Marianos Scriptores
dijlribuit M. S. A efta obra chama iníigne
Fr. Pedro de Alva.
Kalendarium agens per Jingulos dies de Fef-
tivitatibus B. V. Maria ubique terrarum
celebratis. Eíla obra he compoíla à ma-
neira das Efemérides de Ferreolo, Locrio,
e o P. António Balinghen da Companhia
de JESUS.
La Virgen Santijftma en Efpana. M. S.
MufcBum Marianum, five Cathalogus Auão-
rum, quorum proprium, et fpeciale argumentum
eft agere in totó libro de Santijftma Virginis,
vita, encomiis, et miraculis.
Vida de Jefu Chrijio en el Ventre dela
Santijftma Virgen Maria. Traduzido de Ita-
liano do P. D. Luiz Novarino Clérigo Re-
gular impreífo Milaõ 1636. 12.
Compendium devotionum erga B. V. Ala-
riam ex diverfis Auãoribus colleãum.
Cathalogo de obras varias
Por la Pintura, y efencion de pagar Al-
cavala juntamente con los Diálogos de Vicente
Carduci que fàõ do mefmo argumento Ma-
drid. 1633. 4.
Ouefiion moral, fi el Chocolate quebran-
L USITAN A.
ta el aymo Ecclefiajlico. Trata/e de otras bt'
vidas, y conftciones que fe ut(an en varias Pro-
vindas. Madrid por la víuda de Juan Gon-
zalvez. 1656. 4.
Velos antigos, y modernos delas mugens;
Jus conveniências, y daiios. lluflraje la real prt-
gmatica delas Tapadas Madrid por Juan San-
ches. 1641. 4. cuja obra he louvada de muito
douta por Manoel de Faria, e Soufa no pro-
logo da Apologia pelos Commentos de Camoens.
Neíle livro traz António de Lcaõ hum Dif-
ctn-Jo Genealoffco dela Cafa de Avellaneda que
muito engrandece Franckenau in Bib. Hifpan.
Hijl. Herald. Geneal. pag. 58.
Relacion dela Ca/a, y Servidos de D. Antó-
nio de I^on,y Pinelo; a qual muitas vezes allega
Joaõ Flores de Ocariz no feu Nobiliário de
Granada Part. i. pag. 295.
Na fama pofthuma de Lope Félix de Vega
imprcfla Madrid 1636. cftá hum feu Poema
defde pag. 120. até 150.
Nas Honras fúnebres á Serenijfima Rainha
D. Isabel de Borbon impreflas Madrid 1645.
cílá delle hum Epitáfio Laudatorio, ou Inf-
cripçaõ Panegyrica, e hum Obelifco Sepul-
chral à memoria da mefma Rainha. Vide Bib.
Occidental, novamente acrecentada Tom. 2.
Part. 15. col. 695. 714. e 786.
D. ANTÓNIO DE LIMA íingular ef-
plendor da familia dos Limas naceo na Ci-
dade de Lisboa, ou como outras memorias
affirmaõ na Villa de Guimaraens, e foy fi-
lho de Diogo Lopes de Lima Copeiro Mór
delRey D. Joaõ o III. Senhor de Caílro Dayro,
Alcayde mór de Guimaraens, Commendador
de Santa Maria de Ovaya na Ordem de Chriílo,
e D. Izabel Pereira de Caílro Senhora de Caílro
Dayro. Iguaes foraõ os progreíTos que o feu
agudo engenho, e heróico valor fizeraõ nas
paleílras de Minerva, e de Marte fendo taõ
grande Soldado, como infigne Juriíla, e con-
fummado Hiílorico, cujos dotes deixou eter-
nizados na pofteridade o famofo Antiquário
André de Refende feu contemporâneo no
lib. I. de Converfion. JEgidian. Militia fa-
pe, viríim etiam ducis fpecimen prabuit non
panitendum in fumma nobilitate, (ò' olim
jurifprudentia dedit operam, <& nunc ad hif-
toriam, et antiquitatis notitiam fe tranjiii-
ÒOJ
lit. Applicouíé com giande diívelo ao eftu-
do Genealógico contínuando as Famílias
illuílres de Portugal, onde as deixira o Conde
de Barcellos D. Pedro, para cujo fim revol-
veo todo o Archivo Real para delle extrahir
as noticias neccííarias paia eftc argumento,
o que felizmente coníeguio diípondo com
boa ordem, e eílilo claro eíla laborioía obra,
a que poz por titulo.
Linhagens de Portugal, foi. M. S.
Efte Nobiliário foy fempre reputado por
celebre neíle género, e como tal o louva/> com
grandes encómios Manoel Severim de Faria
Not. de Portug. Difc. 3. pag. 121. Manoel de
Faria, e Souf. Eíurop. Portug. Tom. 3. Part. 4.
cap. I. n. 2. e no Index dos Author. Portugfu^i^es
mais copiofo do que o que fe imprimio, cujo
Original tivemos em noíTo poder, dizendo
nelle Hf bien eflimado,y corre Manufcrito,y tuvo
la mifma fortuna, que el dei Conde D. Pedro (a
quien continuo) en fer adulterado ya por la malí-
cia, yâ por la ignorância, y por efla menos, que por
aquella. Franckenau in Bib. Hifpan. Hifl.
Geneal. Herald, p. 38. Inter omnes Geneologos
Ijifitanos {^quorum certe haud exiguus efl nume-
ras) facile primas teneat elegantifimus AntoniJ
hujusfatus. Joan. Soar. de Brit. in Theatr. Ljifit.
Litter. lit. A. n. 91. D. Francifco Manoel na
Carta dos Autor. Portug. efcrita a Themudo,
que he a I. da 4. Centúria delias. O original
deíle Nobiliário confervava em feu poder
D. Jeronymo de Attayde 11. Conde de Caílro
Dayro, e fexto da Caílanheira neto do Author,
o qual voltou de Madrid para Portugal no
armo de 1678. e por morte de feu filho D.
Jorge de Attayde III. Conde de Caílro Dayro,
herdou eíla Cafa, e a da Caílanheira a CondeíTa
D. Anna de Attayde que morrendo fem fucef-
faõ, e fobrevivendo a ella feu marido Simaõ
Corrêa da Sylva ultimo Conde da Caílanheira,
por morte deíle defapareceo o Nobiliário
de D. António de LicM, do qual deo huma
copia authentica tresladada do Original,
D. Anna de Lima filha do Author a feu ne-
to Luiz Alvares de Caílro fegimdo Mar-
quez de Cafcaes. Muitos fe perfuadiraõ que
eíla Copia era o Original, porem claramen-
te coníla que o naõ he pela ateílaçaõ que a
Copia tem da maõ própria da Marqueza de
Cafcaes D. Barbara de Lara, em que aííir-
3o8
BIB LIOTH E CA
ma que a CondeíTa da Caftanheira mandara ti-
rar aquella Copia do Original em 2. de Março
de 1648. para a dar a feu neto, cujo Original
ficava na Cafa da Caftanheira, como mais difu-
famente o efcreve o P. D. António Caetano
de Souf. no Apparat. à Hijl. Geneal. da Cafa
Rea/ Vortug. pag. 47. n. 25. Cafou D. António
de Lima com D. Maria de Vilhena filha de
Chriftovaõ de Mello herdeiro da Ilha de S.
Thomé de cujo matrimonio teve unicamente
a D. Anna de Uma que cafou com D. An-
tónio de Attayde Conde de Caftro Dayro, e
Caftanheira, do qual fizemos larga memoria
em feu lugar. Eftá fepultado no pavimento
da Capella mór do Convento de S. Francifco
de Lisboa, como efcreve Fr. Manoel da Ef-
perança Hift. Seraf. da Prov. de Vortug. Part. i.
liv. 2. cap. 22. n. 3.
ANTÓNIO DE LIMA BARROS PE-
REYRA. Naceo na Cidade do Porto a 11. de
Setembro de 1687. e foy filho de Gonçalo de
Oliveira, e fua mulher Joanna de Barros Pe-
eira. Na Univerfidade de Coimbra recebeo
o gráo de Doutor na faculdade dos Sagrados
Cânones, e na Cathedral de Angra hum Cano-
nicato. Defde os primeiros annos fe appli-
cou à Poefia, e com a idade foy cada vez cre-
cendo mais na cultura defta Arte, porque me-
receo os applaufos dos feus melhores profef-
fores, dando para teftemunho do feu génio
nefta faculdade a obra feguinte.
Florejia Apollinea. Lisboa por Bernardo
da Cofta. 1720. 4.
Fr. ANTÓNIO DE LISBOA filho da
Cidade do feu appelido, e da Religião Seráfica
da Província de Portugal. Cultivou as Mufas
Sagradas em que compoz alguns Autos que
fe reprefentaraõ com grande applaufo dos
expeftadores. De todos elles fomente che-
gou à noíla noticia o feguinte.
A.uto dos dotis I^adroens que foraõ Cruci-
ficados juntamente com Chrifto Senhor noffo. Lis-
boa por António Alvares. 1603. 4.
ANTÓNIO LOPES natural da Villa
de Viana do Alemtejo. Aprendeo as letras
humanas, e as artes da Rhetorica, e Poé-
tica nas Efcolas da Companhia de JESUS,
e fahio taõ confumado nellas, que naõ co-
nhece© no feu tempo outro que lhe fofte fupe-
rior, pois imitava a Virgílio na mageftade dos
Poemas, e a Ovidio na fuavidade das Elegias.
Eftes dotes fcientificos acompanhados de ho-
nefto procedimento o habilitarão para que o
infigne Bifpo de Sylves D. Jeronymo Oforio
o fizefte feu Capellaõ, e Meftre de toda a fua fa-
mília, cujo minifterio exercitou com tanta fa-
tisfaçaõ defte Prelado, que lhe deo em remune-
ração a Igreja da Alagoa no Reyno do Algarve
que governou como Paftor cuidadofo enfi-
nando as fuás ovelhas com a voz, e com o
exemplo. Como fobreviveo ao feu Patrono
lhe ornou a fepultura com elegantes verfos.
Morreo em ViUanova de Portimão, donde
foy transferido à fua Igreja. Compoz muitos
verfos excellentes na lingua Latina dos quaes
nenhum logrou a luz publica. Defcreveo em
verfo heróico o fitio de Mazagaõ que lhe pu-
zeraõ os bárbaros no anno de 1562. onde
foraõ totalmente derrotados. Começava.
Lyfiadum ingentes ânimos, <& funera late
Edita per campos quos injuperahile tollit
Mafaganum. &c.
Defta obra faz mençaõ o P. António Pof-
fevino in Apparat. Sacr. Tom. i. pag. 96,
De Mjjlerio Crucis Dominitcs, de diverfis
ejujdem tjpis, ac Sacramentis ah ipfa proma-
nantihus. Dedicado ao Pontífice. Cuja obra
foy muito eftimada em Roma, e a intitula
VrcBclarum et leãu dignum Scoto in Bih. Hijp.
ClaíT. 2. Tom. 3. pag. 533.
Compoz mais em verfo.
Prima, et Secunda in Africam expeditio Ke-
gis Sehafliani. M. S.
Poema de duplici amore in laudem Santa
Maria Magdalena.
Poema in Speluncam, <& Sepulchrum B. Ala-
ria Magdalena. Começa.
]am foi puniceum radiis patefecerat orhem
Elegia in qua Magdalena Chriflum alloquitur.
Começa.
Vita mea vita vita mihi charior ipfa.
Viãoria Elepantina duce Joanne Aujiriaco
comparata defcriptio M. S.
Eftando aíTiftindo a hum banquete, e co-
mo ocultamente lhe lançaíTem mais agua que
vinho no copo, tanto que o bebeo fahio ex-
LUSITANA.
temporancamentc com eíle dyílicho, que
admirou a todos os circumAantcs.
f Jn craterg meo Tbetys «ft conjimtía Lyao;
lift Dea Jimíta Deo, ftd Dea mayor to.
ANTÓNIO I.OPHS Natural de Lisboa,
e infígne ProíeíTor de Medicina, de cuja fa-
culdade naò imprimio obra alguma, podo que
compoz muitas, e doutiffimas das quacs ai lega
huma Zacuto Lufttan. de SUdic. Princ. llijlor.
Lib. 4. cap. 17. tihi prohat (faò palavras fuás)
corporis humores á medicanientls attrahi oh fimili-
ftidinem quam citm ipfis babent.
ANTÓNIO LOPES. Veja-fe o P. VIC-
TORINO JOSEPH.
ANTÓNIO LOPES CABRAL Nacco cm
Lisboa, c foy bautizado na Real Parochia de
S. Juliaò a 21. do Setembro de 1634. fendo
filho de Pedro Lopes Cabral, e Filippa de Sou-
Iza. Na primeira idade naõ fomente aprendeo
letras humanas, e a lingua latina, mas a arte da
Mufica, e fahio ncftas faculdades, taõ perito
nue foy recebido na Capella Real por Capellaõ,
b Cantor das Mageftades de D. Affonfo VI. e
p. Pedro II. Foy Freire da Ordem Militar de
Chrifto, Beneficiado das Igrejas de Santa
Maria dos Olivaes da Villa de Thomar, e Santa
Maria do Caftello de Ponte de Lima, e Prega-
dor no Arcebifpado de Lisboa em cujo minif-
terio naõ logrou menores applaufos o feu ta-
lento, de que quando foy hum dos principaes
alumnos da Academia dos Singulares recitando
nella Oraçoens ornadas de todo o género de
erudição, e compondo verfos em que fe admi-
rava o artificio poético junto com o feu génio
jocofo que nunca degenerou em pueril. Mor-
reo na pátria a 26. de Dezembro de 1698. com
64. annos de idade. Foy fepultado em huma
Capella do Clauftro de S. Francifco. O feu
nome he celebrado com elogios pelos feus
Collegas Académicos como fe pôde ver na
I. e 2. Part. das obras poéticas da Academia
dos Singulares, e pelo P. António dos Reys no
Enthujiajm. Poet. n. 170.
Succinti pariter viridanti haccare frontes
Culmina Parnajfi céleres in fumma Jubibant
Qtttjque Jibi propriam fedem capUtrus ab almo
Prafíde Mufarum Capralis, Moura, <ò'c.
Compoz
309-
Pantgyrico ao lixcelUnlijftmo Senhor D,
António Ijdz de Menet^es diffiifimo Marqiu^
de Marialva Conde de Cantanhede do Confelho
de HJIado, e Guerra Prefidente no da Fazenda,
e Capitão General das armas Portuffíe^as, em a
memorável Vitoria de Montes Claros. Lisboa
por António Crasbeeck de Mello. 1665. 4.
Conda de 16. Outavas.
Pancarpia de diverfos Sermoens. Lisboa por
Miguel Deflandes 1694. 4.
A 2. Part. eílava pròpta para a impreíTaõ.
Com os fuppoílos nomes de Ozandro,
Aonio, e Luzindo.
¥eflas Reais na Corte de ÍJsboa no feli:^ ca-
famento dos Keys de Grâa Bretanha Carlos, e
Catherina em os Touros, que fe correrão no Ter-
reiro do Paço em Outubro de 1661. Lisboa por
Domingos Carneiro 1661. 4.
Quarto dia do Triumpho dos animaes. Lis-^
boa pelo dito impreííor, e no mefmo aono 4.
Confta de huma Sylva muito larga.
No livro intitulado Academia dos Singularer
dividido em 2. Partes a 1, imprefla em Lisboa
1665. e a 2. 1668. eftaõ duas Oraçoens fuás,
recitada huma em 24. de Fevereiro de 1664. e
outra em 21, de Dezembro do mefmo anno
além de 7. Sonetos, 6. Romances, 3. Decimas, 2.
Sylvas a diverfos aíTumptos, e muitas Outavas
fendo as principaes as que tem efte titulo.
Serpen to maquia. Canto único em que fe
defcreve, a batalha da Serpe, e Drago. Confta
de 30. Outavas.
Tinha prompto para a impreííaõ com o
titulo de
Vlor Poética.
Dez Oraçoens que recitara na Acade-
mia dos Singulares, e grande Copia de Ver-
fos. Traduzio da Lingua Italiana de Jozé Bau-
tifta na Portugueza.
S. JoaÕ Bautijla fua vida. Lisboa por Ber-
nardo da Coita Carvalho. 1691. 16.
Do mefmo idioma de D. António Júlio
Brignoli Sale em o materno.
V^ida da Magdalena no ejlado de pecadora,
amante, e penitente. Lisboa por António Cras-
beeck de Mello. 1670. 16. et ibi por Miguel
Deflandes. 1695. 16.
ANTÓNIO LOPES CASTELLO Pres-
bytero UlyíTiponenfe, e Beneficiado na Pa-
3io
BIBLIOTHE C A
rochial Igreja de Santa Maria Magdalena da
fua pátria ornado de coílumes innocentes, e
•de piedofos aífeélos, cordialmente devoto do
íimorofo Myílerio do Sacramento do Altar,
cuja veneração dezejando propagalla com
mayor ardor nos Coraçoens dos Catholicos
efcreveo.
Officio em louvor do Santijfimo Sacramento com
•cinco Joliloquios para antes, e depois da ConfiJfaÕ, e
Commmhaõ. Lisboa por Diogo Soares de
Bulhoens. 1670. 16.
Officio de N. Senhora com as Rubricas em Por-
tugue:^, e outras advertências para com mayor per-
Jeiçaõ fe re^^ar. Lisboa por Pedro Crasbeeck
1659. 24.
Morreo na Pátria a 25. de Janeiro de 1709.
■com mais de 80. annos de idade. Jaz na Paro-
chia da Magdalena.
ANTÓNIO LOPES DA FONSECA Pres-
bytero do Habito de S. Pedro, e MeJftre das
-Ceremonias do IlluílriíTimo Arcebifpo de
Braga D. Luiz de Soufa, a quem acompa-
nhou na Jornada, que eíle iníigne Prelado fez
■2. Roma com o Carafter de Embaixador a
18. de Sembro de 1675. efcrevendo.
Memorias para a vida do Arcebifpo de Braga
D. Lui:i de Soufa M. S. Confervaõ-fe na Liura-
jria dos PP. Theatinos delia Corte.
ANTÓNIO LOPES LEITAM natural
da Villa da Certaá do Priorado do Crato fendo
bautizado na Igreja de S. Pedro Matriz da
mefma Villa ao i. de Mayo de 161 1. Foraõ
feus Pays António André, e Grada Lopes.
Depois de eítudar Direito Pontifício na Univer-
íidade de Coimbra, e receber o gráo de Bacha-
rel nefta faculdade em que foy muito douto,
teve os lugares de Prothonotario ApoftoHco,
Beneficiado da Igreja de S. Pedro da fua Pá-
tria, Promotor da Relação Eccleíiaítica de Lis-
boa, Ouvidor, e Viíitador da Igreja dos Frey-
res da Conceição de Lisboa da Militar Or-
dem de Chriílo, e naõ das Religiofas def-
te IníUtuto como erradamente efcreveo Ni-
col. António na Bib. Hifp. Tom. i. pag. iii.
Sendo Prior da Igreja de N. Senhora do
Olival diílante meya legoa da fua pátria
morreo a 12. de Outubro de 1662. com 54.
annos de idade. Eftá fepultado na Igreja de
S. Pedro onde recebeo a graça bautifmal.
Compoz.
Praxis finium Kegundorum. Ulyffipone apud
Emmanuelem da Sylva. 1654. 4. et Conim-
bricai apud Emman. Dias Acad. Typ. 1690. 4.
Sermoens Vários 2. Tom, M. S. que defap-
pareceraõ depois da fua morte.
Delle faz honorifica mençaõ Jacinto Ley-
taõ Manfo de Lima na Defcripc. da Villa de
Certaá M. S. §. 2. foi. 367.
ANTÓNIO LOPES DE LIMA natural de
Villa-Franca de Xira do Arcebifpado de Lis-
boa, filho de Pafchoal Nunes de Lima, e Anna
Maria, Boticário neíla Corte, onde publicou.
Kemedio novo, e admirável de huns pòs Simpá-
ticos, que excitaõ a fuor. Lisboa por Miguel
Rodrigues 1729. 8.
ANTÓNIO LOPES DA VEIGA na-
tural de Lisboa, e Sobrinho de D. Fr. Diogo
Lopes de Andrade Eremita de S. AgoíUnho,
e Bifpo de Otranto, que conhecendo o grande
talento que defcubria na adolefcencia para
as letras humanas, e Filofoíia o levou na fua
companhia para Madrid, onde brilhaíTe o feu
engenho entre os Varoens mais eruditos.
Tanto que chegou a eíta Corte fe fez eíHmado
das principaes pefloas de ambas as Jerarchias
pois nelle veneravaõ felifmente unidas as fcien-
cias da Poefia, Hiíloria antigua, e moderna,
Philofofia, e Mathematica com os dotes de
hum génio affavel, vida innocente, e animo
modeíto. Sempre era confultado pelos Sábios
em matérias eruditas obfervando a fua de-
cifaõ como de Oráculo. Naõ houve Cer-
tame litterario em que naõ levaíle a palma
a todos os Competidores. Foy Secretario
do Condeftavel de Caílella, que para feu
uzo lhe fez patente a fua grande Bibliothe-
ca. Vivia em Madrid no anno de 1656.
quando jà contava fetenta de idade, até que
na mefma Corte fechou o circulo da vida.
Quanto eítímaffe o feu furor poético o gran-
de Lope Félix da Veiga o declara elegante-
mente no Laurel de Apollo Sylva 3 .
Aqui confufo el Tajo a imaginar fe pufo
Con vo^^ quexofa aunque en accento bajo
Porque de António lj)pes fe interpu^o
La grave Filomena &c.
LUSITANA.
3ir
Nic. Ant. Bíb. Hi/p. Tom. i. pag. ixi. Charus
Cfm£íis, Ó* in pretio hahitiis oh fludiorum Philo-
Jophia, ac Poe/ices, nec non et lUJIoria antiqua,
tt nova excellentiam fimul, et modeftiam. Manoel
de Far. c Souf. no Comment. às K/m. de Camoens
Tom. 4. pag. 41. col. i. D. Prancifco Manoel
na Carta dos Author. Portug. cfcrita ao Dou-
tor Manoel da Foníeca Themudo, que he
A I. da 4. Cent. Joaõ Soar. de Brito in Thea-
iro Lttftt. Litter. lit. A. n. 95. Compoz.
Lirica Poefia. Madrid por Bernardino
tic Gufman 1620. 8.
El perfetio Senor Jueno politico con otros vários
(lijcttrfos y ultimas Poefias varias Madrid por
l.uiz Sanches 1626. 4. et ibi en la ImpreíTion
Rcnl i6j2.
Heraclito, y Demócrito de nuejlro figlo ; difcri-
rfe tm legitimo Philofofo. Diálogos Morales fobre
!res matérias, la nohle:(a, la riquev^a, y las letras
Madrid por Dicgo Dias de la Carrcra. 1641. 4.
Muitos verfos feus fc imprimirão em di-
vcrfos livros, que no feu tempo fahiraõ em
Madrid como fe podem ler nos applauzos à
Canonização de S. Ifidro. Girtam. 2. foi. 61.
na "Pam. Pofthttm. de Lj)po Félix da Veg.
loi. 35.
ANTÓNIO LOURENÇO natural de
Serpa da Província do Alentejo, e filho
de Lourenço Rodrigues, e de Violante Lou-
renço. Tendo recebido a borla doutoral
na faculdade de Leys em a Univerfidade
de Coimbra foy Collega do Real Collegio
de S. Paulo, cuja beca tomou a 17. de Ju-
nho de 1602. A grande profundidade com
que penetrava os arcanos mais recôndi-
tos da Jurisprudência o elevarão ao magif-
terio que com grande gloria do feu nome
exercitou nas Cadeiras da IníUtuta no anno
de 1605. do Código em 1608. dos Três
livros em 1609. do Digefto Velho em
1617. e ultimamente de Prima de que te-
ve a poíTe em 12. de Setembro de 1629. Foy
Dezembargador da Relação do Porto, e
da Cafa da Suplicação. As poíHllas que dic-
tou no largo tempo que foy Meíhre fem-
pre foraõ muito eílimadas pelos mayores
ProfeíTores de hum, e outro Direito por
fe acharem nellas unida a fubtileza com a
claridade. Sendo intitulado Meílre comum.
c infigne Letrado peb D. Joaõ de Carvalha
in Cap. Rainaud. de Teftament. Part. i. n. 174.
et 850. Part. 2. n. 124. 255. 555. Part. 4.0. 115.
Portug. de Dona/, reg. Tom. i. liv. i. Prxlud.
2. §. 2. n. 15 j. Pegas AJlegat. por D. Agoflinix^
de Alencaftro onde dÍ2 que Fafario no íeu
Tratado de Stéflit. extrahira grande parte
da PoAilla ad L. cum Avia efcrita pelo noíTo
António Lourenço. Paym Difc. ]$trid. e poli/,
foi. 55. v.o n. marg. 5. Barbofa nas Mem.
do Coll. de S. Paul. p. 115. et in Archia/h. Lu-
Jit. pag. 25. Morreo em Coimbra em 9. de
Janeiro de 1630. Deixou as Poftillas fe-
guintes
Tit. Cod. de Jure Keipublica lib. 11.
Ti/. Cod. de Agricolis et Cenjitis. lib. 11.
Text. in L. cum Avus 102. ff. de ConditiO'
nibus, et Demonftrationihus.
Tit. ff. de Paííis.
Tit. ff. de Kebus dubiis.
Text. in L. Haredem ^^. ff. de regulis júris,
Tit. Cod. de Annonis, et tributis.
L. fin. Cod. de revocandis donationibus.
ANTÓNIO LUIZ natural de Lisboa^
e infigne Medico, de cuja faculdade teve
por Meílre feu Pay, que defcubrindo no fi-
lho engenho fubtil, e aguda comprehen-
faõ lhe revelou os mais ocultos myílerios
da Medecina. Pela profunda fciencia que
tinha da lingua Grega ignorada naquelle
tempo em a mayor parte de Efpanha foy
chamado antonomaíHcamente o Grego, e
pudera lograr denominações de Latino,
Filofofo, e Medico por fer eminente em
todas eftas artes pelas quaes foy muito acei-
to à mageftade delRey D. Joaõ o IH. e
a os mayores eruditos da fua idade, como-
eraõ Joaõ de Barros, Diogo Pires, Jero-
nymo Nunes Ramires, e Jeronymo Car-
dofo intitulando-o na Epiftol. 27. Multi-
faria eruditionis hominem, ingenij fublimis,.
locupktiffima litteratura, litterarum Atlan-
ta, et in quo uno litteraria provinda tam-
quam in Athlante Calum fulciebatur. Na
Univerfidade de Coimbra, onde recebeo
na faculdade Medica as infignias dou-
toraes, explicava Galeno, e Ajriftoteles
na lingua Grega de cujas liçoens tomou pof-
fe em 4. de Março de 1547. illuílrando a ef-
,3l2
BIBLIO THE CA
tes dous Príncipes, hum da Medicina, e
outro da Filofofia com fubtiliíTimas inter-
pretaçoens. Viveo naõ fomente até o anno
de 1558. como efcreveo Juílo in Chronolo-
gia Medica mas chegou quafi ao anno de 1565.
Delle, e das fuás obras fazem memoria Ma-
noel Severim de Faria no B.log. de Joaõ de
Barros foi. 33. v.^ chamandolhe Grande Me-
dico, e Filofofo. Nic. Ant. in Bib. Hifp. Tom. i.
pag. III. Mediais exqtdfitcB hujus artis doãrina
multam gracanica, h,atiníBque hijioria cognitionem,
atqne utriujque lingua peritiam ad junxit. Ti-
raquell. in Auãor. Nomenclaf. Raphael Spa-
chius in Nomencl. Med. lib. 5. cap. 45. 56.
87. Balthez. Werlin. in additionih. ad Trithem.
addit. 2. pag. 434. Ant. Vander-Lind. de
Script. Med. Georg. Abrah. in 'Lind. renovai.
Joan. Fernandes in Orat. habita Conimbrica
et ibi excuf. anno 1548. 8. fallando delle entre
os Lentes de Medicina diz Allicit ad fe omnes
Jumma modefiia, et varia litteratura 'L.udovicus
Gracus Galeni graci interpres ingenij momimentis
magna cum latide doãijfimus quibujqite viris
charus, et fujpiciendus. Joan. Soar. de Bri-
to in Theatr. L.ujtt. Litter. lit. A. n. 96.
Franc. Leytaõ Ferreir. nas Memor. da Uni-
verjid. de Coimb. pag. 572. n. 1211. Medi-
co famofo, e interprete admirável de Galeno.
Naõ publicou juntamente as fuás obras
como elle confeíTa no Prologo de Occultis
Proprietatibus dizendo. Donec ad hanc perve-
nimus Jenilem atatem multa Jemper littera-
rum monumentis mandavimus, et tum has,
tum alias pkrajqiie nobilis ingenij commen-
tationes confcripjimus, quibus hanc urbem Ulyf-
Jiponem tot voluminibus editam exornavimus. As
principaes obras fahiraõ impreíTas Ulyffi-
pone apud Ludovicum Rodrigues 1540. in
foi. e faõ as feguintes.
T>e occultis proprietatibus libri quinque.
Primus quid Jit proprietas, et qua ejus complexio
enucleat, ubi multa de temperamentis z. agit de
vi attraãrice, ac omnibus, qucB in eá reperiuntur.
3 . de animalibus, eorum partibus, venenis, ac Ve-
nenatis. 4. de proprietatibus qua herbis, lapidibus,
et multis aliis infunt. 5. in Superioribus libris
tradita confirmat.
De Empjricis, et mifcellaneis aliquot liber
iinus: ubi de variis diverfarum rerum virtuti-
hus.
De Pudore liber unus occulta quadam exhi-
bens è Gracorum hijloriis excerpta. Dedicado
a Joaõ de Barros, e a cuja inftancia o fez o
Author.
Problematum libri Quinque. i. continet pro-
blemata ad hominem fpeãaníia, et ad Phy-
Jicen; nempe de atatibus, de temporibus, confue-
tudinibus, temperaturis, animalibus, plantis,
herbis, fruãibus. 2. Mifcellanea de iis, qua
ad u/um, et conjuetudinem attinent; de fomno,
(ò° injomniis; de quibufdam confuetidinibus
Komanis, et legibus 3. de iis qua ad fuper-
naturalem Philofofiam, et diviniores fermones
Jpe^ant. 4. Problemata adducit, qucB ad res
medicas faciunt. 5. Qua ad ingénuas dijcipli-
nas, nimirum, AJlronomiam, Arithmeticam,
Mujicam, I^ogicam. Efta obra como a prece-
dente de Occultis Proprietatibus as julga Conrado
Gefnero in Epit. Biblioth. ejfe abjoluta jucunda,
et varia.
Traduzio de Grego em Latim.
Erotematum, Jive Commentariorum in libros
Galeni de crijibus libri 3.
Erotematum numeri ternarij libri fex,
in quibus omnis fere res medica explicatur.
Erotematum de difficili rejpiratione liber unus.
Erotematum de uju refpirationis liber alius.
De Corde liber abjolutijfimus, in quo tum
plures Arijiotelis errores proponuntur, tum plu-
rimcB quajliones enodantur.
Galeni liber de Ptipfana: ejufdem liber in
quo difputat, utrum Jit animal, id quod in útero
continetur? Galeni de pranofcendo, do^ijfimm ú
libellus numquám antea excuf us. ' "
Eiber de eo, quod Galenus animam ejfe morta-
lem vifus eji tenere.
Annotationes aliquot in nonnullos Hyp-
pocratis Aphorifmos.
Expojitio in definitionem quam de humoribus
Avicena confignat.
Eiber de erroribus Petri Apponenfis in Pro-
blemat. Arijiotelis exponendis.
De Compofitione Pharmacorum , (Ò" qui-
bufdam Medicis quajlionibus.
Verteo em Latim.
Michaelis Pfelli allegoria três in Tantalum,
in Sphingen, in Circen, et in Sotadem, quod vita
pluribus fit plena malis. Antuerpias apud Mi- ,
chaelem Hellenium. 1537. *
Panegírica Oratio elegantijfima phirima rh
i
LUSITANA.
3i3
I
rum, €>• hiftoriarum copia rtjerta Joanni hujus
mminis Tertio inviííijfimo }.Jifitamarum Rtgt
mmcnpafa. Ulysbonx apucl I .ogdovicum Roto-
rigium 1559. 4.
Epijlola nci Hieronymum Cardoso a qual
hc a 26. entre as dcftc Author. Acabou,
mas naò imprimio na língua materna.
Tratado de AfijricHltitra que conílava de
17. Livros, em cujo Prologo faz mençaò
de outra obra, que tinha compoíla intitulada
Tratado da IJngita Vortugne\a. M. S. vcrtco
de Grego em I.atim
Commentaria D. Çyrilli in l/ajam Pro-
phetam. M. S.
Fr. ANTÓNIO DE S. LUIZ Natural
da Arrifana de Souza no Bifpado do Porto, e
Religiofo da Seráfica Provincia de Portugal
onde pela grande prudência, e zelo de que foy
ornado exercitou os lugares de ComiíTario dos
Irmãos da Terceira Ordem da Penitencia no
Q)nvento de Lisboa do qual foy Guardião,
ComiíTario da Cuftodia da Ilha do Funchal, e
Difinidor, atè que chegou a fer Provincial
eleito a 9. de Outubro de 1621. em cujo
governo intentou, e felizmente confeguio as
mayores emprezas em beneficio da Religião
fendo as principaes ampliar as rendas, e dimi-
nuir o numero das Religiofas da fua obe-
diência, reparar os Mofteiros de Vai de Perei-
ras, e Torres Novas, concorrer para a Funda-
ção de S. Francifco de Thomar, e para a mu-
dança, e nova erecção do CoIIegio de S. Boa-
ventura de Coimbra. Igual difvello moftrou
em procurar a Canonização da Rainha Santa
Izabel, e a Beatificação do Santo Fr. Pedro da
Guarda, cujas Reliquias fe veneraõ no Con-
vento de S. Bernardino da Ilha Terceira.
Recebendo huma carta da Mageftade de Filippe
III. de Portugal efcrita a 28. de Fevereiro de
1622. para que mandaíTe promover pelo Comif-
fario que nefte anno navegava para o Oriente
as MiíToens que os Religiofos Menores faziaõ
naquella dilatada vinha com grande fruto das
almas, promptamente executou a infinuaçaõ
Real naõ lhe fendo neceíTario taõ forte eftimulo
para o zelo com que exercitava as obriga-
çoens do feu miniílerio. Fazem delle me-
moria Fr. Fernand. da Soled. Hift. Seraf.
da Prov. de Vortug. Part. 3. Liv. i. cap. 21.
n. 152. e Part. 5. Liv. 5. cap. 19. n. 697. e
Fr. Joaft de Santo António in hiblioth. Franc.
Tom. I. pag. III. e Francifco AAbnfo de
Chaves, e Mello Margarit. Animad. pag. 210.
Publicou.
V>jgra dos Irmãos Seculares da Santa, e Vene-
rável Ordem Terceira da Penitencia, que inftituhio
o Seráfico P. S. Francifco, e ordena^oens gerais
para o bom governo da me/ma Ordem. Lisboa
por Mathias Rodrigues 1650. 8. et ibi por
António Alvares 1645. 8. e Coimbra por Jozé
Ferreira. 1686. 8.
ANTÓNIO LUIZ COUTINHO DE
ABREU Prior da Parochial Igreja de S.
Tiago da Villa de Alanquer do Arccbifpado
de Lisboa. Tradufio de Latim em Portuguez
com algumas addiçoens.
Tejlamento, e ultima vontade da alma feito
em faude para fegurar-Je o ChriflaÕ das tenta-
çoens do demónio na hora da morte compojlo por
S. Carlos Borromeo, e acrecentado com algumas
Oraçoens devotijftmas ao Dulcijftmo Nome de
JESUS, à Puriffima Virgem Maria, e outros
Santos, e Santas efpeciaes advogados para
alcançar de Deos N. S. a falvaçaõ na tremenda,
e temenda hora da morte. Lisboa na Oflicina
da Mufica. 173 1. 24.
ANTÓNIO LUIZ RIBEIRO DE
BARROS Natural de Évora, Moço Fidalgo
da Cafa Real, filho de Juliaõ Abelho de Barros,
e D. Violante Ribeiro adminiílradora do Mor-
gado dos Ribeiros. Defde a adolefcenda fe
applicou na Univerfidade da fua pátria às
Letras Humanas, e à Filofofia, em que recebeo
o Grào de Meílre. Depois que cafou em Lis-
boa deixando as Sciencias feveras, cultivou as
amenas fendo o feu continuo difvello a liçaõ
da Poefia, e Hiftoria, e o exercicio da Cavalla-
ria em que fahio perfeitamente inftniido, e
praticamente verfado. Nefta Corte, e na de
Madrid publicou os frutos que tinha colhido
das fuás literárias applicações fendo eftima-
do por elegante Poeta, e deftro Cavalleiro.
Morreo em Lisboa nas fumptuofas Cafas
onde morava junto do Convento de N. Se-
nhora da Graça dos Eremitas de Santo Agof-
tinho a 18. de Dezembro de 1683. No
tempo que aíTiílio em Madrid publicou
3i4
BIBLIOTHE CA
El muerto Viãoriofo Philippe IV. difcurfo
advertido. Madrid. 1671. 4. coníla de verfo,
e proza.
E/pejo dei Cavallero Madrid 1671. 4.
1m Jornada de Madrid. 1672. 4.
Gieroglificos jiete en la mtierte de la Empe-
ratri:{^ D. Margarita Maria de Aujtria. 1673.
4. A obra, e ao Author louva com hum
elogio poético D. Pedro Luiz Oforio.
Fr. ANTÓNIO DA LUZ Natural da
illuJftre Villa de Guimaraens da Provinda de
Entre Douro, e Minho, e filho de Diogo de
Bouro. Recebeo o Habito Monachal do
Grande Patriarcha S. Bento no Convento de
Tibaens em 7. de Novembro de 1635. quando
contava 16. annos de idade, e depois de eníinar
com fruto, e applaufo as fciencias efcolafticas
aos feus Monges, por uniforme voto dos Cathe-
draticos da Univerfidade de Coimbra fe gra-
duou Doutor na faculdade da Theologia.
A profunda, e vaíla noticia que com indefeíTo
eíhido alcançara deíla fciencia o fez fubir à
Cadeira de Durando em 25. de Janeiro de 1664.
donde paíTou à de Efcoto em 3 1 . de Junho de
1666. e deíla à de Vefpera a 27. de Novembro
de 1669. e ultimamente chegou a fer Lente de
Prima de que tomou poíTe em 17. de Outubro
de 1676. e de Vice-Reytor da Univerfidade em
23. de Fevereiro de 1679. Naõ aceitou o Bif-
pado de Angola em que fora nomeado pelo
Príncipe Regente D. Pedro II. Morreo em
Coimbra a 11. de Abril de 1679. fendo L//í^ sem
Jomhra ( como delle efcreve Fr. Rafael de
JESUS na Monarch. L.ujit. Tom. 7. Liv. 4.
cap. 20. n. 4. ) da Familia Benediãina, como
também affomhro das ejcolas da Jua idade
Carvalho Corog. Vortug. Tom. i. Trat. i.
cap. 18. lhe chama injigne Theologo, e Fr.
Gregor. de Argais Perla de Catalma pag.
466. §. 161. E.^0 de las letras de la Univer-
Jidad de Coimbra. Eílava preparando para
a ImpreíTaõ as Matérias Theologicas, que
douta, e agudamente tinha diftado na Uni-
verfidade pelo largo efpaço de quinze annos
quando a morte lhe interrompeo a execu-
ção defte defignio com grave detrimento
da Republica literária fendo as principaes.
De Incarnatione.
De Aãibus humanis.
De Virtutibus, (ò^ vitiis.
De Voluntário, e>* involuntário.
Imprimio
Sermão efiando o Senhor expojlo na Capella
Keal da Univerfidade de Coimbra na celebridade
em que deu graças a Deos pelo Naci mento da Prin-
ce:(a Senhora Nojfa D. Ii(abel em zi. de Janeiro
de 1669. Lisboa por Joaõ da Coíla. 1669. 4.
P. ANTÓNIO DE MACEDO Natural de
Coimbra filho de Joaõ Rodrigues, e Maria de
Macedo, irmaõ inteiro do infigne Fr. Francifco
de Santo Agoílinho Macedo de quem faremos
merecida lembrãça em feu lugar, e de Manoel
de Macedo Meílre Efcola na Cathedral do
Porto, e Jozè de Macedo Beneficiado em Évo-
ra. Na idade de quatorze annos entrou na
Companhia de JESUS em Lisboa a 25. de
Agoílo de 1626. onde depois de diftar Huma-
nidades, e Theologia Moral naõ fomente exer-
citou o officio de Pregador em Portugal, mas
em a Praça de Mazagaõ celebre Colónia dos
Portuguezes na Regiaõ de Africa reformando
nella pelo efpaço de três annos com as fuás
declamaçoens Evangélicas a vida licenciofa dos
Soldados. Por ordem do Sereniífimo Rey D.
Joaõ o IV. acompanhado do P. Joaõ de An-
drade foy Confeílor, e interprete da lingua La-
tina de Jozé Pinto Pereira Embaxador à Rainha
de Suécia, e partindo de Portugal a 24. de
Junho de 1650. chegou a Eílolckom Corte da-
quelle Reyno a 30. de Julho, e ainda que eílava
disfarçado com veílido de Secular, era tanta
a prudência, e modeíUa, que fe admirava nas
fuás acçoens, que delias inferio a Rainha Chrif-
tina Alexandra que dominava aquelle Im-
pério, fer Jefuita, e como a tal Lhe reve-
lou o intento de largar a Coroa que poíluia,
e abraçar a ReUgiaõ CathoUca, fendo a pri-
meira Peííoa, a quem fez participante de
taõ heróica refoluçaõ. Logo lhe encomen-
dou partiííe a Roma com huma carta ao
Geral para lhe mandar dous Padres Italia-
nos com quem conferiííe os pontos mais ef-
fenciaes da Fé Catholica, e em manifeíla
fignificaçaõ do affefto com que eílimava
ao P. Macedo lhe deo hum colar de ouro
com o feu Retrato que vaUa quinhentos Sa-
quinos de ouro. Promptamente obedeceo a
efta infinuaçaõ da Rainha, e fahindo ocul-
L USITANA.
3i5
tamente da G>rte a 5 1. de Agoílo de 165 1. yeyo
pelo mar Balthico a Lubeck, donde paíTou
a Amburgo, Bronfuic, Norimberg, Aufpurg,
c entrando pelo Condado de Tirol, Veneza,
I'errara, Bolonha, Florença, e Sena chegou a
Roma em 28. de Outubro do meímo anno, c
achando morto o Geral Francifco Picolominí
entregou a Qrta ao Vigário Geral Gofvino
Nikel que Tem dilação mandou para inílruir
I aquella coroada f leroina aos Padres Francifco
Malines, e Paulo Cafato hum Thcologo infignc,
e outro grande Mathcmatico. Concluído fe-
lizmente o negocio que por tantos perigos o
trouxeraô de Suécia, aíMio em Roma por
cfpaço de vinte annos com o lugar de Peni-
tenciário da Igreja de Saõ Pedro, e voltando
a Portugal foy eleito Reytor do Noviciado
i\c Lisboa onde criou aqucllas novas plantas
mais com o exemplo, que com a doutrina.
PaíTou fegunda vez a Roma por Procurador
tlcfta Província até que reílituido aos feus
Iaaturaes regeitando o Provincialado da Bahia
pfferecido pelo Geral Joaõ Paulo Oliva foy
Reytor do Collegio de Évora, e duas vezes
Prepofito da Cafa profeíía de S. Roque, onde
icabou piamente o curfo da vida a 15. de
julho de 1695. com 83. annos de idade. As
luas obras faõ louvadas com grandes elogios
pelo Marquez de Agropoli nas Dijfertac. Eccle-
Jiafl. Nic. Anton. in Bib. Hifpan. Tom. 2.
pag. 216. Cardof. Agiol. LjíJíí. Tom. 3. pag.
495. e no Comment. do i. de Junho let. B.
Francken. in Bib. Hijl. Gen. Herald, pag. 39.
Franc. Imag. da Virtud. em o Novic. de Ltsb.
liv. 4. cap. I. e 2. et in Am. glorioj. S. J. in
Ljtjit. pag. 404. et in Sjnopf. Annal. S. J. in
L//fif. pag. 392. n. 13. Foniec. Evor. Glorio/.
pag. 426. Bib. Societ. Jef. pag. 77. Helevordius
in Bib. Citriofa pag. 18. c. 2. Fr. Fernando da
Soled. HiJl. Seraf. da Provinc. de Fortug. Part.
5. liv. 5. cap. I. n. 1294. onde lhe chama VaraÕ
eminente, e D. Manoel Caetano de Souf. in
Expedi f. Hi/p. S. Apojlol. Jacob. Tom. 2. pag.
1304. n. 311.
Naõ faltou quem quizefle difputar a glo-
ria ao P. António Macedo de que foíTe
a primeira peíToa a quem a Rainha Chrif-
tina comunicou a refoluçaõ de querer abra-
çar a Religião Catholica, efcrevendo que
fora Godofredo Franckenio a quem primei-
ramente tevelata eíla grande determinação
fendo fautores deíla opinião os Padres Hef-
chenío, c Papcbrochio in Vita P. Joan. Boi-
landi Traóbt. przlimin. cap. 11. Habuerat jam
Ume cim adhiic in regno degens (Regina Chrif-
tina) dt eligenda religione deliberarei operit in
Belgio inchoaíi notiliam a Codefrido franckenio
qtd primus Catholicorum Sacerdotum ipfam
aujus fuerat convenire, atque de cognojcenda an-
tiqua Keligionis unitate, et veritate interpellare.
Cuja falfidade refutou taò nervozamentc
o grande Francifco de Macedo in Apendic.
Ke/ponf. ad Notas nobilis Critici Anonymi
in Apolog. Fr. Thom. Mai^ea pro Joanne
Annio Viterbienfi impreíTa em Verona 1674.
que convencidos das fuás concludentes re-
zoens os mefmos Padres Hefchenio, c Papc-
brochio in Aíiis San£íor. in Vit. Mafalda
Regina fub initium, fe retratarão dizendo.
Pontificius Ponitentiarius nobijcoram Koma
familiariter notus fuit (fallaõ do P. Antó-
nio Macedo) et deinde in hafitania in va-
rio quem gejfit magiflratu Jedulus quemque ma-
xime adjutor ad conquirenda Sanãorum L//-
jitanorum monumenta; idem cujus nota pru-
dentia tantum aliquando tribuit prudentijfima
Keginarã Criftina ut ei primo inter mortales
communicaverit illud fua Chriftiana plenum
Jortitudinis confilium de abocando paterno Sué-
cia regno pro Romana Catholica religionis li-
bertate mille regnis potiori; eodem etiam admi-
nijlro, atque interprete ufa in negotii omnium
difficillimi exórdio. O mefmo fe affirma no
livro intitulado Recueil de harangues faites
au Roy, aux Reynes, a la Reyne de Suede &c.
Pariz chez Thomaz Jolly. 1668. 8. na pag.
95. Un Ambajfadeur de Portugal vint a Stol-
kon acompane de deux Peres Jefuites Vun de
iceux apelle Antoine Alacedo Itty fervoit d'in-
terprete aupres de la Rejne la quelle Vajant
reconnu homme prudent, et fidele le confie fon
fecret. .. de fe faire Catholique. Emman. Lud.
in vit. Princip. Theodofij lib. i. cap. 21. n. 265.
Priorat. Guald. Vit. delia Reg. Chrifiin. Com-
poz.
Eufitania infulata, et purpttrata, feu Pon-
tificubus, et Cardinalibus illuflrata. Pari-
íiis apud Sebaílianum Cramoyíi. 1663. 4.
& ibi apud eumdem Tj-pog. 1673. 4. Qtw
opere ( efcreve Fr. Francifco de Macedo
JIÓ
BIBLIO THE CA
in Piãur. Veneta Urb. pag. 135.) /// nihi/ eru-
ditiiis, nil ekgantiús reperire poteris; delia faz
memoria o P. Labbe in Biblioth. Bibliothe-
car. pag. 14.
Vita P. Joannis de Almeyda Societ. ]ef. Pras-
bjteri Provinda Brajilienjis. Patavij 1669. 8.
Augmentada Romac apud Francifcum Tizzo-
num 1671. 12. Sahio vertida na lingua Fran-
ceza em Flandes 1673. cuja obra fer elegante-
mente efcrita affirma Fr. Franc. à D. Auguíl.
Maced. In Tert. Part. five de Incarnai. Colat. 8 1 .
Different. i. cap. 3. Defta obra, e do Author
faz memoria o moderno Addicionador da
Bib. Occid. de António de Leaõ Tom. 2. Tit. 23.
col. 832.
Divi Tutelares Orbis Chrijliani. UlyíTi-
pone apud Michaelem Deflandes 1687. foi.
No tempo que aíTiílio em Suécia imprimio.
Elogia nonnulla, Defcriptio Coronationis
Serenijfima Chrijlina Kegina Suécia. Stolcho-
mij 1650. foi. Coníla de verfo, e profa, cuja
obra louva o P. António dos Reys in Enthu-
Jiaf. Poet. n. 257.
Inclyta Chrijlina meritis benegejla Mace-
dus
Laudibus exornat Sueci diademate Kegni
Dum canit innumero populo plaudente re-
vinãam
Geftantemque manu regalia pondera Sceptri,
Qua vix capta vices Cbrijli referentis in
Orbe
Gejftt Alexandri fub plantas.
ANTÓNIO MADEIRA natural da
Cidade de Vifeu na Provincia da Beyra,
e filho de António Madeira, recebeo o gráo
de Doutor na faculdade de Cânones na Uni-
verfidade de Coimbra, e foy Cónego Dou-
toral na Sé da fua pátria provido em 31. de
Março de 1594. AíTim como era exemplar
nos coílumes próprios de hum Miniílro
Ecclefiaftico querendo inílruir aos profeíTo-
res do mefmo eftado. Compoz.
Kegra dos Sacerdotes, em a qual Je contem
as coufas mais neceffarias da fua obrigação
com muitas conjideraçoens fobre ellas. i. Parte.
Coimbra por Diogo Gomes Loureiro
1603. 4.
Da Dedicatória a D. Joaõ de Bragança
Bifpo de Vifeu coníla que tinha meditado
efcrever 2. Parte para Clérigos, e Beneficia-
dos; e a 3. para Bifpos, mas naõ fabemos
que alguma delias fahiíTe à luz publica.
ANTÓNIO MADEIRA natural da
Cidade de Elvas da Provincia do Alentejo
Official mayor da Vedoria deíla Provincia
e muito verfado no Eíhido da Hiíloria. Ef-
creveu, e dedicou a ElRey D. Joaõ o IV.
Memorias das acçoens dos Portuguet^es nas
guerras contra Caftella 2. Tom. foi. M. S.
Confervaõ-fe na Bibliotheca Real.
Fr. ANTÓNIO DA MADRE DE DEOS
natural de Lisboa. Recebeo o Habito dos
Religiofos Menores da Provincia de Portugal
onde foy Meílre jubilado na Sagrada Theo-
logia, e Guardião do Convento de Santa-
rém, Definidor da Provincia, e naõ menos
infigne Letrado que pregador, de quem faz
breve memoria Fr. Fernando da Soled.
Hijl. Seraf. da Prov. de Portug. Part. 5. liv. 4.
cap. I. n. 889. Publicou.
Sermaõ em o primeiro dia de Det^embro de
1641. na procijfaõ de Graças que o Senado da
Villa de Santarém foj dar na Igreja do Santo
Milagre pela felice A.cclamaçaÕ delRej D. Joaõ
o IV. Lisboa por Domingos Lopes Rofa
1641. 4.
Fr. ANTÓNIO DA MADRE DE DEOS
natural de Lisboa onde entrou na Religião
de N. Senhora do Monte do Carmo da antigua
obfervancia. Aprendeo Mufica com aquelles
dous celebres profeíTores defta arte Duarte
Lobo, e Fr. Manoel Cardofo religiofo taõbem
Carmelita, e fahio de taõ doutas efcolas Meílre
confumado. Por muitos annos exercitou o
lugar de Vigário do Coro do Convento de
Lisboa compondo.
PJalmos, Motetes, e Kejponjorios do Officio
dos Dejuntos para Je cantarem na Igreja.
Cujas obras correm pellas maõs dos cu-
riofos defta arte, e outras fe guardaõ na Bi-
bliotheca Real da Mufica, como fe pode
vér no Index delia impreíío em Lisboa no
anno de 1649. '^^^ deixou menos illuftres
memorias da fua fciencia, Mufica como da
prudência, e integridade de coftumes, que
obfervou por toda a vida que ainda vivem, e
LUSITANA.
3^7
I permanecem entre os Religiofos do Con-
vento de Lisboa, donde piamente paíTou a
melhor vida no anno de 1690.
Fr. ANTÓNIO DA MADRF DE DROS.
Naceo em Lisboa a 28. de Fevereiro de 1655.
« foy filho do Doutor António Mendes
j\rouca, de quem logo trataremos, e de Izabel
Lopes de Toar. No CoUegio de Santo Antaò
■dos Padres Jefuitas com tal vivc7.a de engenho,
« felicidade de memoria fc applicou ao edudo
das fcicncias amenas, e fcvcras, que naò exce-
dendo a idade de dezoito annos fc duvidava
«m qual foíTe mais eminente. Da Tua pátria
paíTou à Univcrfulade de F)vora, onde com
ulmiraçaõ de todos os Cathcdraticos rcccbeo o
',ráo de Meftre em Artes, c de Licenciado cm
l'heologia. Movido de fupcrior impulfo
deixou os applaufos académicos merecidos à
lua grande fabcdoria, e recebco o habito de S.
Paulo primeiro Eremita no Convento do
itiíTimo Sacramento defta Corte a 28. de
faneiro de 1652. Tanto que profeíTou naõ
indo ainda Sacerdote com exemplo nunca
>raélicado na fua Religião foy mandado pelos
grelados que didafle aos feus companheiros
[ilofoíia, e Theologia, o que executou com
lal fruto dos domefticos, como aíTombro
)S eílranhos, de tal forte que naõ tendo
Icabado o tempo do magifterio, que prefcre-
\ em as Conftituiçoens da Ordem para rece-
l>er o gráo de Doutor, refolveraõ os Superio-
res que para credito da Mãy de que era filho
naõ eftivesse occulto o feu infigne talento entre
os Clauílros, mas fe dilatafle por mayor
cniisferio ordenando que na Univeríidade de
1 Wota. recebeííe as infignias doutoraes na facul-
dade de Theologia que recebeo antes de contar
21. annos, cujo afto aplaudio com exceíTo a
mefma Univeríidade como prevendo a gloria
immortal, que lhe havia refultar de tal alumno.
Nelle fe admirou unida a fubtileza de arguir
com a promptidaõ de refponder naò fomente
na Theologia, mas em ambos os Direitos em
que era fummamente verfado. Naò era menos
prodigiofa a profundidade com que pene-
trava os textos mais difficeis da Sagrada
Efcritura, a continua liçaò dos Santos Pa-
dres, e Interpretes da Biblia, os Efcrito-
res profanos aíTim da Hiíloria, como da
Mythobgia, os Poetas, e Oradores niaís ele-
gantes, por onde fe conftituhio excellente
Pregador, e famofo Hícriturario. Todos eftes
dotes fcientificos fc illuílravaò, c creciaô com
as virtudes moraes, e religiofas. A fciencía
que a tantos defvanece lhe fervia de continuo
defcngano de quanto ignorava, fendo inimigo
da vangloria, e taô amante da humildade, que
alcançou privilegio para nunca exercitar algum
lugar honorifico na Religião, nem ainda vour
publica, ou particularmente. Para viver para
Deos, e para os livros fe retirou para o Soli-
tário Convento de Alferrara donde continua-
mente eílava polindo as obras que dezcjava
imprimir. Por caufa de hum negocio veyo a
Setuval onde obrigado de huma dor aguda
que lhe prohibia a refpiraçaõ fe recolheo à
enfermaria, e depois de applicados alguns
remédios parecendo aos Médicos que cftava
livre da queixa, o mandarão levantar, e que-
rendo obedecerlhe ao encoílarfe fobre o braço
efquerdo morreo repentinamente a 19. de
Junho de 1696. com 63. annos de idade, c 44.
de Religião. Ao dia feguinte foy levado o feu
Cadáver ao Convento de Alferrara onde jáz
fepultado com efte epitáfio.
Hkjaceí ut mortuus
Qui veltit Apis Ubani
Per univerjum pervolat viutu
Do£ior injignis
Fr. Antonius à Deipara.
Obiit 19. ]m.
Anti. Dom. 1696.
Paliando delle António Carvalho da Coíla
na Corog. Vortug. Tom. 3. pag. 494. TaÕ
perito nas divinas, e humanas letras que foy o mais
infigne Jogeito dos feus tempos D. Manoel Caet.
de Soufa in Expedit. Hifpan. S. Jacob. Tom. 2.
pag. 1304.
Trabalhou muitos annos na Expoíiçaõ dos
Provérbios de Salamaò de cuja laboriofa appli-
caçaò fomente acabou três Tomos, nos quaes fe
admiraò a elegância da lingua Latina, com que
eílaò efcritos, a fubtileza dos conceitos predicá-
veis; a copia de textos agudamente pondera-
dos, e as authoridades dos Santos Padres pro-
fundamente interpretadas, pondo-lhe por titulo
Apis Libani circumvolitans flores in horto
Salomonis, condiendis virtutum dapibus melli-
ficans, fraudes faculi pungens, five Commen-
3i8
BIBLIO THE CA
íaria litteralia, et moralia in Cap. lo. Prouerb.
Tom. Primus. Lugduni typis AniíToniorum,
et PoíTuel. 1686. foi. et ibi per eofdem 1701.
foi.
Apis Líbani d^c. five Commentaria in Cap.
11. Proverb. Tom. 2. ibi eifdem Typis 1695.
foi. et ibi per eofdem 1710. foi.
Apis Libani <&c. Jive Commentaria in Cap,
12. Proverb. Tom. 3. ibi apud eofdem Typ.
1698. foi.
Defta obra faz memoria Jacobo Lelong
in Biblioth. Sacra pag. mihi 611. col. i. fazendo
com engano manifeílo Author delia a Fr. Antó-
nio da Madre de Deos Carmelita Defcalço
natural de Valladolid pela femelhança do
nome, o qual efcreveo Praludia IJagogica ad
Sacram Scripturam &c. Lugduni. 1669. foi.
Imprimio os Sermoens feguintes.
SermàÕ em 17. de Janeiro na Fejta, que fe
cojluma celebrar em o Convento da Kofa ao Santif-
Jimo Sacramento em de/agravo do roubo de Santa
Engracia. Lisboa por Domingos Carneiro.
1665. 4.
Sermão nas 'Exéquias do Summo Pontifice o San-
tijfimo Padre Clemente IX. na Sè de Évora pelo
Illujlrijimo Cabido delia em 2^. de Janeiro de 1670.
Évora na Ofíicina da Academia. 1670. 4.
Sermão de S. Paulo Primeiro Ermitão pre-
gado no Convento de Alferrara. Lisboa por
Miguel Deflandes. 1687. 4. Sahio na Eaurea
Portuguesa com outros Sermoens defde pag.
151. até 177.
Fr. ANTÓNIO DE MADUREIRA
natural do Porto, e filho de Lopo Cardofo de
Madureira Senhor de Vai de Cunha, e de D.
Catherina Garcez, Profeflbu o fagrado Inílituto
da nobiliíTima Ordem dos Pregadores em o
Convento de Aveiro a 4, de Agofto de 1579.
em idade muito proveóla. Foy varaõ grande
aíTim na eftatura do corpo, que era agigantada,
como na fublimidade do talento, que foy iníi-
gne. Obfervou exaâamente os pontos princi-
paes da fua Regra uzando de veraõ, e inverno,
de veíUdos de laá aíTim interiores, como exte-
riores, e para mayor mortificação dormia em
hum colchão muito delgado, em que to-
mava parco fono. Governou com prudên-
cia, e fuavidade fem offenfa da obfervan-
cia clauílral os mayores Conventos da Pro-
vinda atè que fendo Prior do Convento de
Lisboa morreo no anno de 1638. quando con-
tava 115. annos de idade, confervando fempre
igual vigor no juifo, que nas forças. Naõ fó
foy curiofo mas muito perito no eftudo da
Genealogia de tal forte, que naõ conheceo
Hefpanha no feu tempo outro igual nefte
género de applicaçaõ. Juntou huma numerofa
Livraria deíla faculdade a qual confiava naõ
fomente de livros impreílos, mas M. S. dos
quaes tinha taõ individual noticia, que fendo
confultado acerca de qualquer familia illuílre
aíTim do Reyno, como fora delle repetia prom-
ptamente os Chefes, filhos netos, e mais defcen-
dentes com geral aílombro dos que o ouviaõ.
Deixou efcritos.
Dof(e volumes grandes das Famílias dejle Rejno.
De lies vi alguns ( faõ palavras do Padre D.
António Caetano de Soufa no Aparato à HiJ.
Gen. da Caf. Real Portug. pag. 80. n. 65. ) em
poder de Jof(é Corrêa de Mello, e me parecerão correj-
pondentes à noticia, que de feu Author tinha, por-
que os Jeus livros reputava Eui^ Vieyra da Sylva
de huma grande verdade porque teve ejpecial génio
nejle ejludo que feguio com curiof idade, examinando
muitos documentos, e ajuntando muitos livros
de toda a Europa, tendo grande Jelicidade de memo-
ria pois Je lembrava de tudo, que ejcrevera com
as minimas circunjiancias com que Ja^ia mais
admirável o feu ejludo. DeUe fe lembra Echard.
Script. Ord. Prad. Tom. 2. pag. 752. Fr. Pedro
Mont. Claujl. Domin. Tom. 3. pag. 156. Joaõ
Soar. de Brit. in Theatr. Euftt. Eitter. lit. A.
in Addit. n. 5. #
ANTÓNIO DE MAGALHAENS PEI-
XOTO natural da Villa de Serpa na Pro-
vinda Tranftagana filho de Francifco de
Magalhaens Peixoto, e D. Magdalena de
Brito cultivou defde a primeira idade com
tal génio a Poefia, que chegou a fer refpei-
tado por hum dos mais celebres alumnos do
Parnafo, de cuja divina Arte produfio o
feguinte argumento.
Poema da Conquijla de Eisboa Aí. S. Deíla ijÂ
obra faz o Author mençaõ em huma Carta '**
efcrita em 2. de Fevereiro de 1647. ^o Chantre
de Évora Manoel Severim de Faria a qual
vimos entre as originaes deíle famofo
Antiquário.
m
L USITAN A.
ANTÓNIO MALDONADO infignc Af-
trologo, e Mathematico, que parece floreceo
no Reynado delRcy D. Joaõ o III. Efcreveo.
Do movuNento, e natitret^a dos Corpos celejies.
Confcrvafe Aí. S. na Bib. Real.
ANTÓNIO MALDONADO DIZ ONTI-
VEROS. Criado do SereniíTimo Duque de
Bragança D. Theodofio, muito douto nas
letras humanas, c na liçaõ da Hiftoria Sagrada,
e profana. F.ícreveo.
D6s breves tratados Jobre dós pregmtas
que Je movieron en la mei(a de! SeUor D. Theo-
dojio Dtique de Bragança. IJsboa por Germaõ
(ialhardc 1548. 4.
Fr. ANTÓNIO DE SANTA MARIA
cliamado no Scculo António Sanches Farinha
iiaceo em Lisboa, c teve por Pays a Pedro
Sanches Farinha, Commendador da Efgueira
É Ordem de Chriílo, Efcrivaõ da Camera del-
y na Mefa do Dezcmbargo do Paço da repar-
lõ das Juftiças, e a D. Helena Henriquez de
rgonha fua primeira mulher defcendentes
bos de familias nobres. Como era o único
herdeiro da Cafa foy educado com o exercido
das Artes liberaes, em que fahio perfeitamente
inftruido principalmente em a noticia da
lliftoria, e cultura da Poefia, pela qual mere-
ceo os applaufos dos feus mayores profeíTores
i' j -como foraõ Manoel de Galhegos, e Jacinto
Pjl Cordeiro dizendo o primeiro no Templo
da Me mor. Eílanc. 189.
NaÕ negueis a taõ Jublime empresta
O' generofo Sanches, que he devida
Vojfa Mu/a a ejla única grandeza,
Inda que em Magiftrados divirtida;
Qtte Si lio Conful era, quando Juave
De Carthago pintou o incêndio grave.
O 2. no E.log. dos Poet. Portug. Eílanc. 56.
Jbitonio Sanches con rafon de/vela
La gloria dei Laurel, que fe le ofrece
Por lej de rafon, con que le alcança
Tan jujlo premio deve a Ju alabança.
Na idade da adolefcencia recebeo por
olpofa a fua Prima D. Antónia de Almada,
que pela qualidade do nacimento, e excel-
lencia dos dotes naturaes era digna de tal
conforte. Com grande zelo da Juíliça, e
naõ menor fatisfaçaõ das partes fervio por
alguns annos o Officio de (eu Pay attendendo
unicamente ao defpacho dos pertendentes, e
nunca à conveniência dos emmolumentos.
Foy exceíTiva a pena, que experimentou com a
morte de fua mulher, cujo golpe lhe foy mais
penetrante pur deixar hum filho, e duas filhas
privados da boa doutrina com que os educava.
Sendo eleito pela Irmandade da Míferícordia
Adminiílrador das rendas do Hofpítal Real
applicadas para beneficio dos pobres enfermos
era inceíTante o difvelo com que todos os dias
exercitava eíle minifterio naõ havendo iníbmte
em que pudeíTe juftamente queixarfe de menos
aíTiílida a neceíTidade de tantos doentes, que
jaziaõ nas enfermarias. Neíla efcola onde
continuamente via as miferias da vida, e os
eílragos da morte, aprendeo a defprezar as feli-
cidades humanas, e confeguir as eternas. Pene-
trado defte heróico defengano fe refolveo a
abraçar o auftero Inílituto da Provincia da
Arrábida para cujo fim bufcou ao Provincial
Fr. Fernando de Santa Maria a quem expoz
com copiofas lagrimas o feu intento, e ainda
que o Provincial lhe dificultou a fua execução
lembrandolhe os inconvenientes, que fe podiaõ
feguir deixando feus filhos em idade taõ tenra,
cedeo obrigado das fuás repetidas inílancias
mandando que recebeíTe o habito no Convento
de Loures onde o veílio a 2. de Dezembro de
1636. Logo em o Noviciado fe moftrou vete-
rano na obfervancia da Regra naõ fendo necef-
faria advertência do Meftre para fatisfazer às
obrigaçoens do feu eílado, ou foííe na cozinha,
ou em outros ofíicios humildes pertencentes à
profiíTaõ de Leygo, que voluntariamente efco-
Iheo fem nunca querer fubir a Frade do Coro
por mais inílancia, que lhe fizeraõ os Prelados.
Morto feu Pay foy obrigado por eíles, que foífe
impetrar o ofíicio para feu filho, que tinha o
nome do Avó, e parecendolhe, que naõ era
neceíTaria outra deligencia mais, que a JuíUça
do pertendente naõ fe refolvia a procurallo,
até que novamente obrigado do preceito do
Colleitor, paíTou a Madrid facilitandolhe a obe-
diência o incommodo da jornada, que fez a pé,
e defcalço. Patrocinado naquella Corte de
alguns Fidalgos Portuguezes edificados fum-
mamente do eílado em que o viaõ taõ dife-
rente daquelle em que antigamente o conhe-
cerão, alcançou brevemente de Filippe IV.
320
B IB LIO THE CA
o defpacho, que pertendia. Reílituido à fua
Provinda continuou nos humildes minifterios
da cozinha, e da Horta, onde trabalhava como
fe fora criado em taõ laboriofa, e agrefte occu-
paçaõ. Para extinguir as memorias da eftima-
çaõ que tivera no feculo, naõ fomente exerci-
tava dentro dos Clauftros eíles humildes exer-
cícios, mas fahia pela Cidade de Lisboa a pedir
efmola, e aos barcos que aportavaõ na Ribeira
peixe, o qual conduzia fobre os feus hombros
ao Hofpicio do Hofpital Real. Tinha fuplicado
a Deos que lhe prolongaíTe a vida para que em
tempo mais dilatado purgafle os feus peccados,
mas como na prezença divina eftiveíTem já fatis-
feitos permitio que adoeceíTe gravemente, e
recebendo com exemplar devoção os Sacra-
mentos, e repetindo aftos de contrito, e humi-
lhado, foy lograr o premio das fuás virtudes
a 17. de Mayo de 1646. com 43. annos de idade,
e 10. de Religiofo. Jàz fepultado no Clauf-
tro do Convento de S. Jozé de Ribamar. As
fuás virtuofas acçoens relata mais largamente
Fr. Jozé de Jefus Maria Chron. da Prov. da
A.rrab. Part. 2. liv. 2. cap. 2, n. 232, Tinha
junto hum volume.
Varias Poejias a diverjos Affumptos o qual já
prompto para a ImpreíTaõ o moftrou em Ma-
drid no anno de 1632. a Joaõ Franco Barreto,
como elle affirma na Bibliothec. Portiig. M. S.
Fr. ANTÓNIO DE SANTA MARIA
Religiofo Menor da Província da Madre de
Deos da índia Oriental, e ComiíTario do Con-
vento de Malaca. Efcreveo.
Carta às 'Keltgiojas Defcalfas de Santa
Clara de Macào em que relata o que lhe
fucedeo na viagem das Religiofas que vol-
tavaõ com elle de Manila, em o Reyno
da Cochinchina, efcrita a 2. de Janeiro de
1645. A qual traz impreíTa Fr. Jacinto da
Madre de Deos em o Vergel de plant. e Flor.
cap. 4. Artic. 8. pag. 142. Defta Carta como
de feu Author fe lembra o moderno Addi-
cionador da Bib. Orient. de António de Leaõ
Tom. 2. Tit. 7. col. 629.
Fr. ANTÓNIO DE SANTA MARIA.
Deixando a pátria, e juntamente o mundo
recebeo em Caftella o Habito de Car-
melita Defcalço onde profeílou o feu Iníli-
tuto com toda a obfervancia religiofa. Pelo
cordial affeílo com que amava a Mãy de Deos
efcreveo, e dedicou à Mageílade de Carlos II.
Patrocínio de Nueftra Senora. Madrid por
Diogo Dias de la Carrera. 1666. 4.
Fr. ANTÓNIO DE SANTA MARIA. I
Vejafe Fr. ANTÓNIO DO ROSÁRIO.
Fr. ANTÓNIO DE SANTA MA-
RIA natural de Lisboa, e filho de Jozé da
Sylva, e Vicencia da AíTumpçaõ. Na idade
da adolefcencia profeíTou no Convento de
Santo António de Ponte de Lima, o auf-
tero Inftituto da Ordem Seráfica na refor-
mada Província de Santo António a 7. de
Março de 1699. onde depois de ler aos feus
domeílicos Artes, e Theologia, como fof-
fe ornado de grande prudência exercitou
os lugares de Comiflario Geral do Graõ Pa-
rá, Examinador Synodal do mefmo Bifpa-
do. Procurador Geral, e Secretario, Cufto-
dio da fua Província, Pro Miniílro no Ca-
pitulo Geral celebrado em Roma no anno
de 1723. Viíitador da Provinda da Pieda-
de, e da Cuftodia da Ilha da Madeira. Im-
primio.
Sermaõ da flor de Pádua Santo António pre-
gado no Convento do Santo da Cidade de l^isboa.
Lisboa na Oííicina Auguíliniana 1630.
Sermaõ de Santo António pregado em Santa
EJlevaÕ de Alfama. Lisboa na mefma Offi-
cina 1732. 4.
Faz delle memoria Fr. Joan. à D. Ant,
in Biblioth. Francifcan. Suplem.
Fr. ANTÓNIO DE SANTA MA-
RIA. Naceo na Cidade de S. SebaíHaõ do
Rio de Janeiro. Recebeo o Habito dos Me-
nores no Convento Capitular da Provinda
da Immaculada Conceição a 23. de Julho
de 1714. Depois de ter enfinado com gran-
de fruto dos feus ouvintes Filofofia, e Theo-
logia, naò foy menor o applaufo, que al-
cançou nos Púlpitos compondo para dar à
luz como affirma Fr. ApoUinario da Con-
ceição na Primat(^ Seraf. na RegiaÕ da Americ.
cap. 9. pag. 92.
Sermonario de varias fejiividades Jolemni-
n^adas no Rio de Janeiro, foi. Aí. S.
íl
L USITANA.
321
ANTÓNIO MARIZ CARNEIRO oriun-
do (ia Villa do G}nde da Diocefe de Braga,
(luis nacido em Lisboa, Fidalgo da CaTa de
fua Mageílade, e Cavalleiro profeíTo da Or-
dem de Chrifto. Depois de eftudar Direito
(!ivil na Univerfidade de Coimbra, e Ter eleyto
l)c /cmbargador íe appHcou com grande
(lii\il.. V lifciplinas Mathematicas penetran-
<l ' I III.S myílerios deíla rdcncia ocultos
A mayores proíeíTores perfuadindofe
que tiniia alcançado pela fua efpeculaçaô o
fegredo de fixar a agulha de marear, e por
efta caufa era chamado facctamcnte o AgiUba
fixa; e querendo fa2er experiência defte feu
invento navegou a índia donde voltou fruf-
trado da fua imaginação. Pela profunda no-
ticia, que tinha da Mathematica fuccedeo no
lugar de Cofmografo Mór do Rcyno a D. Ma-
noel de Menezes, como cfcreve D. Francifco
Manoel nas Epanaphor. de Var. Hijl. pag.
mihi 268. Morreo em Lisboa, e eftá fepul-
tado na Igreja de Santo Eloy dos Cónegos
Seculares do Evangelifta com efte epitáfio
que traz o P. Francifco de Santa Maria na
Chron. dejla Congregação liv. 2. cap. 22.
Sepultura do Defembargador António de Ma-
riti Carneiro Fidalgo da Cafa de Sua Magejlade,
e feu Cofmoff-afo Mór dejles Keynos, e de fua mu-
lher D. Angela de Alene^es. Faleceo a ^. de Agojlo
de 1642. annos, e de f eus herdeiros.
Publicou.
Keff mento de Pilotos, e Roteiro das Navega-
foens da índia Oriental novamente emendado, e
acrecentado com o Roteiro de Sofala até Moçam-
bique, e com os portos, e barras do Cabo de Finis
terra até o EJlreito de Gibraltar com fuás alturas.
Sondas, e demonjlraçoens. Lisboa por Lourenço
de Anvers. 1642. 4. et ibi por Manoel da Sylva.
1635. 4- onde diz que he a 5. impreíTaõ, et
ibi por Domingos Carneiro. 1666. 4.
Deíla obra, e do Author faz mençaõ a
Bib. Geo^af. de António de Leaõ moder-
namente acrecentada Tom. 3. Tit. unic.
col. 171 5.
Hydrographia curiofa dela navegacion. En
San. SebaíHan por Martin Huarte 1675.
Traãatus de abditijftma, (& hOc ufque in-
cógnita caufa marini afius 4. M. S. Confer-
vafe na Livraria do ExcellentiíTimo Mar-
quez de Valença. Começa Magnum, & apud
26
antiquas dubium &c. He dedicado efte tratado
ao Illuílrinimo Arccbifpo de Lisboa D. Miguel
de Caílro.
ANTÓNIO DE MARIZ FARIA Na-
ceo em Villa de Conde do ArcebíTpado de
Braga fendo filho de Francifco do Roíario,
e de Mariana de Mariz Faria. Quando con-
tava dezefcis annos de idade como eíb-
veíTe fuHicientemente inftruido nos rudi-
mentos da lingua Latina, entrou na Con-
gregação do Oratório da Cidade do Porto
em o I. de Janeiro de 1697. a tempo que
nella frequentava o eíludo da Filofofia. A
grande applicaçaõ que fez para penetrar os
miílerios aíTim da Sagrada Hfcritura como
da Theologia Efcholaílica, que com gran-
de credito do feu nome diâou aos feus do-
meílicos lhe diminuirão de tal forte a faude,
que foy obrigado a fahir da Congregação
em 30. de Junho de 1709. A fciencia, que
profeflava, unida com a integridade dos cof-
tumes moverão ao Illuílrinimo Arcebifpo
de Braga Ruy de Moura Telles para o eleger
por feu Meílre das Ceremonias, donde paf-
fou para Reytor do Couto da Pulha do mefmo
Arcebifpado. Compoz.
Curiofo peregrino na Vida, morte, treflada-
çaõ, e milagres de S. JoaÕ Marcos. Lisboa por
António Pedrozo Galraõ 1721. 4.
Novena em obfequio do gloriofo S. JoaÕ Marcos.
Coimbra na Oííicina do Collegio das Artes
da Companhia de JESUS. 1720. 24. e Lisboa
por António Pedrozo Galraõ 1721. 24.
ANTÓNIO MARQUES LESBIO natural
de Lisboa a quem a natureza liberalmente or-
nou de fubtil engenho, fublime comprehenfaõ,
e talento íingular para todo o género de facul-
dade, a que fe applicou. Na lingua Latina
foy muito perito efcrevendo cartas neíle idio-
ma com pureza, e elegância, de que confer-
vamos algumas da fua própria maõ, aos mais
famozos cultores delle, como eraõ D. Fran-
cifco Mafcarenhas Conde de Coculim, e os
Marquezes de Alegrete Manoel, e Femaõ
Telles da Sylva com os quaes teve erudita
communicaçaõ. Na Poética, e Oratória
mereceo os geraes applauzos da Acade-
mia dos Singulares na qual foy Collega, e
322
BIB LIO THE C A
Meftre explicando os Emblemas de Alciato,
e illuftrando todos os aíTumptos, ou foíTem
heróicos, ou Lyricos com as métricas expref-
foens da Sua Mufa, alcançando fempre o pri-
meiro premio nos Certames litterarios. Na
arte da Mufica foy inimitável, pois naõ con-
tando mais que catorze annos obfervava taõ
profundamente os preceitos defta faculdade
armonica, que vendo huma fua compofiçaõ
Joaõ Soares Rebello, Oráculo da fciencia Mu-
fica, admirado que em idade taõ verde pro-
duziíTe fruto taõ fazonado affirmou a ElRey
D. Joaõ o IV. foberano Mecenas deíla fo-
nora Arte, que Marquez feria hum dos mais
celebres Corifeos do Contraponto, que tinha
produzido Portugal. O tempo verificou o
prognoftico pois excedeo naõ fomente aos
mais infignes profeííores do noíTo Reyno, mas
ainda dos eftranhos na fecundidade das ideas
nas quaes fe via unida a novidade da invenção
com o primor da confonancia nunca afpera, e
diíTonante aos ouvidos, mas fempre fonora, e
attraétíva das attençoens, caufando o mayor
aíTombro que na infinita multiplicidade de
compofiçoens que repartidas cada huma pelos
dias da fua vida, que foy larga, e excedendo-os,
naõ repitilTe hum fó compaíTo do que tinha
compofto, antes com tal novidade regulada
fempre pelos preceitos da arte que bem mof-
trava fer inexhauíla a mina, donde extrahia
taõ novas ideas. Pela excellencia deíla Arte
em que fempre fera faudofa na poíleridade a
fua memoria, foy eleito no anno de 1698. Mef-
tre da Capella Real, cujo talento era fumma-
mente eílimado das Mageílades delRey D. Pe-
dro II. D. Maria Sofia Izabel de Neoburg, e D.
Catherina Rainha de Inglaterra, que muitas ve-
zes o chamava ao feu Palácio para fe deleitar
com a fua erudita converfaçaõ. Igual foy a def-
treza com que tocou os inftrumentos arreba-
tando com fuave violência os fentidos daquel-
les que o ouviaõ. Todos eíles excellentes dotes
fe faziaõ mais eftimaveis pelo incançavel difvelo
com que leu a Sagrada Efcritura, e os mayores
Padres da Igreja Latina, e Grega; os Poetas,
e Oradores, e Mythologicos mais infignes af-
fim Italianos como Efpanhoes, enriquecen-
do com taõ vaíla, e erudita liçaõ os feus
Difcurfos que em diverfas matérias profun-
damente efcreveo. Sendo huma Encyclo-
pedia animada fempre confervou o coração
izento da mais leve fombra de vangloria com
hum génio aífavel, e urbano eftimando a fcien-
cia alheya, e defprezando a própria. Tendo
chegado à idade de fetenta annos mais favo-
recido da natureza, que da fortuna em 21. de
Novembro de 1709. Vefpera de Santa Cecilia
Patrona da Mufica eílando para concluir a
compofiçaõ do Gloria Patri da Magnificat a
8. vozes para fe cantar na Capella Real já
ereâa em Collegiada, fe fentio acometido da
morte, e pedindo a Extrema Unçaõ por fe
ter confeílado, e commungado pela menhaá
na mefma Capella Real em obfequio do Myf-
terio da Prefentaçaõ da Senhora de que era
cordialmente devoto, acabou como cifne en-
tre as confonancias muficas para eternamen-
te ouvir as Angélicas como metricamente
cantou o P. António dos Reys in Enthujiafm.
Poet. n. 142.
h,esbms ille Chori facri moderator oloris
More c adens numeris MAKIJE dum verba Jonoris
Aptat Appollineá dijponens arte figuras,
Nofí Jtbi de lauro patitur conneãere Mu/as ,
Sertã renidentem Jlellatá in fede coronam
Certus habere.
Compoz.
EJirella de Portugal. Lisboa por António
Crasbeech de Mello 1669. 4. Poema em
applaufo do Nacimento da SereniíTima Prin-
ceza D. Izabel filha delRey D. Pedro II. Conf-
ta de 80. Outavas.
Nas obras da Academia dos Singulares im-
preíTas em Lisboa em dous Tomos; o i. no
anno de 1665. e o 2. em 1668. eílaõ duas Ora-
çoens fuás a i. recitada em 9. de Dezembro de
1663. e a 2. em 5. de Fevereiro de 1665. e outra
em verfo. Neflia coUeçaõ Académica eftaõ
impreííos 18. Sonetos, 11. Komances, 11. Decimas,
5. Cançoens, 2. Sjlvas, e 2. Kedondilhas.
Sjlva em applaufo da Canonização de Santa
Maria Magdalena de Pa^í^i, e levou o i.
Premio no Certame. Sahio impreíTa no
Forafleiro admirado. Lisboa por António Ro-
drigues de Abreu. 1672. foi.
Sjlva em louvor da Polyanthea do Doutor
Joaõ Curvo de Semedo. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ. 1704. foi.
Compoz naõ fomente a Solfa, mas a
Poefia da mayor parte dos Vilhancicos que
L USITANA.
323
fe cantáftO iits Matinas da Fefta da G)ncei-
çaô, Natal, e Reys, que fe imprimirão deíde
08 annos de 1660. até 1708.
Vilhancicos que fe cantarão na Igfeja de N.
Senhora de Nazare/ò das ReJiffo/as De/ca/fas
de S. liernardo em as Matinas, e Fefla do gloriojo
S. Conçah. Lisboa por Miguel Mancfcal
ImprcíTor do Santo OHicio. 1708. 8. Naõ
r(')nicnte compoz a Poefía, mas a Solfa dcílcs 8.
Vilhancicos, que conTerva em feu poder com
grande eílimaçaô o Excclienti/Timo Conde
de Unhaò que como Juiz deíla Feíla lhos
mandou compor.
Igual foy a Copia de Romances profanos
que compoz, e lhes fez a Solfa lembrandoíe
íic alguns dcllcs D. Francifco Manoel nas Obras
Métricas. Avena de Terjicore Ton. 8. e 10.
Naò he fácil de reduzir a numero a in-
dta quantidade de Poefias já Sagradas, jà
)rofanas de que foy duas vezes Author, hu-
como Poeta, e outra como Contrapon-
das quaes tinha feito huma CoUeçaõ
feu Cunhado Manoel de Soufa Pereira Bi-
iothecario da Bibliotheca Real da Mufi-
para fe imprimirem, a qual fazia hum vo-
le grande, que vimos por ter amizade com
Colleélor, mas por fua morte ignoramos
^nde fe conferva.
Além da grande Copia de Vilhancicos da
'Conceição, Natal, Rejrs, Sacramento e vários
Santos a duo, 5. 4. 6. 8. 11. e 12. vozes, com-
poz o Pfalmo Dixit Dominus a 8. Magnificat.
a 8. 5. Mijereres a 8. luimentaçoens da 4. 5. e 6.
Feira da Semana Santa a 12. Alma Kedemptoris
Mater a 8. Salve Regina a 8. Deliãa jiwentutis
meet a 4. Adjuva nos Deus a 6. os Kefponforios
do Officio dos Defuntos a 8. e 12. e outras mais
obras que fe guardaõ com grande eílimaçaô
na Bibliotheca Real da Mujica.
ANTÓNIO MARTINS natural do
Porto, e celebre Meílre de Grammatica no
tempo que reynava Affonfo V, fendo o
primeiro, que na Univerfidade de Lisboa
leo a Arte de Joaõ de Paílrana, e a expli-
cou addicionando-lhe muitas coujas mais (co-
mo diz Francifco Leytaõ Ferreira nas fuás
eruditas Memorias da Univerfidade de Coim-
bra pag. 549. num. 1173.) que refumio de
outro livro chamado Báculo de cegos, cuja obra
fahio com a Arte dê Pajlrana com eíle titulo
na forma com edá impreíTo.
Aníonij Martini primi quondam bujus artis
paftrane in alma miverfitate Vlixbonenfi pracep-
torís: ma feriar um edito à báculo cacorum breviter
colleíía incipit.
No fim do volume tem eíla declaração.
Magijlri jobánis de paflrana cum conjugfitio-
nibus tempor. noviter inventis: cum materiebus
Antonii Martini. &c. Per Vencrabilem Johá-
ném petri de bonis hóibus de Cremona ia
fplendidi/Tima Ulixbona Civítate quarto Ka-
lendas Decembris impreíTum aAio dAi mille-
fímo qgentiíTimo primo felici fydere explicit.
ANTÓNIO MARTINS Meílre de Gram-
matica difcipulo do infigne Jeronymo Cardofo
nas letras humanas, igualmente douto no
Direito, como na Poefia, de que efcreveo
muitas obras no Reynado do Cardial D. Hen-
rique cuja noticia deixou eternizada feu Meílre
Jeronymo Cardofo refpondendo a hum Epi-
gramma que lhe mandara com eíles grandes
louvores efcritos no lib. i. Eleg. Eleg. 13. e
no lib, 2. Eleg. 2. e 28.
Si mittam ver Jus, Jylvis dare ligna videbor
Nam pede ftans uno Carmina mille facis.
Hac tamen haud ulla fas eft ratione taceri
Nulli plura animi quàm tibi ineffe bana.
In te uno fiquidem virtus probitafque fidefque
Et cafii mores, religioque micat.
Adde quod eft duplicis tibi tanta peritia júris
Abbas quanta tibi, Scavola quanta tibi.
Hac propter Regni qui nunc moderatur habenas
Henricus Princeps, Cardineufque Pater.
Te fibi delegit doãum, fidumque miniftrum
Ut Roma degeres, fi qua gerenda forent.
ANTÓNIO MARTINS PORTO CAR-
REYRO Naceo em Lisboa a 8. de Agof-
to de 1595. de Pays nobres quaes eraõ Nuno
Dias Portocarreiro, e D. Anna Martins
de Lima, e fendo levado por elles na ten-
ra idade de dous annos para a índia, apren-
deo em Cochim as letras humanas, Filo-
fofia, e Theologia com tanto credito do
feu engenho que ordenado de Sacerdote o
elegeo D. Fr. André de Santa Maria Bifpo
daqueUa Cidade por Meílre de Filofoâa,
e depois de Theologia da Univeríidade que
324
BIBLIO THE CA
novamente fundara na fua Cathedral, cujo mi-
nifterio exercitou egregiamente até a morte
deíle Prelado. Querendo voltar para Portugal
fe embarcou no anno de 1626. em huma Nào
mercantil, a qual padecendo terrível naufrá-
gio junto de Bordeux fe falvou em huma
falua donde quaíi fumergido fahio à praya
por particular beneficio da divina piedade.
Livre de taõ fatal perigo caminhou a Pariz, em
cuja Univeríidade recebeo o grào de Doutor
em Theologia. Reftituido a eíle Reyno foy
eleito Prior da Igreja da Azambuja do Arce-
bifpado de Lisboa, onde como folicito paftor
apafcentou as fuás ovelhas até o anno de 1656.
Naõ imprimio obra alguma tendo compofto
muitas cheyas de grande erudição, e immenfo
trabalho que teftemunhaõ como era douto
na Theologia, e na Sagrada Efcritura, das
quaes o Cathalogo he o feguinte.
De verttate exijlentia Chrijii Domini in Sacra
EMchariJiia Sanãorum Patrum teftimoniis compro-
bata. M S. Nefte volume, que he grande, refuta
nervofamente as heregias contra efte Myfterio,
e efcreve difufamente do Santo Milagre que fe
conferva na Igreja Parochial de Santo Eílevaõ
da Villa de Santarém querendo perfuadir que
as figuras que muitas peííoas nelle diftinguem,
naõ faõ imaginarias, mas verdadeiras.
Traãatus de intentione minifiri in adminif-
tratione Sacramentorum. M. S.
Traãatus dejufta adminijlratione Sacra Eucha-
rijlia. M. S.
Praxis PcBnitentium, et Conjejfariorum.
M. S.
Compendium morale ex principiis à D. Thoma
jaãis in I. 2. deduãum. M. S.
Sjnopjis de Mafernifate B. V. Maria in tri-
duo Sepultura Chrijii Domini. M. S.
Traãatus de Matéria Prima. M. S.
Commentaria in D. Thomam de 'Ente, et
EJfentia. M. S.
De Patronatu régio Eujitano. M. S.
Tratado contra os bayles, e Comedias com
que fe profanaõ algumas Igrejas. M. S.
Tratado do EJlado Ecclejiajlico da Índia Orien-
tal. M. S.
Vida do Bifpo D. Fr. André de Santa Ma-
ria feu Patrono, a qual louva Jorge Cardofo
no Agiol. Eujit. a 27. de Mayo no Commen-
tario let. G.
D. ANTÓNIO DOS MARTYRES na-
tural dos Arcos de Valdevez na Província
de Entre Douro, e Minho, Q)nego Regular
de Santo Agoílinho da Congregação de Santa
Cruz de Coimbra, cujo habito recebeo no
Convento de Refoyos a 19. de Abril de 1656.
Sahio das Efcolas taõ grande Letrado, que
mereceo fer admitido em o anno de 1679.
a o numero dos Doutores de Theologia da
Univerfidade de Coimbra, e de Qualificador
do Santo Officio. Foy Reytor do CoUegio
novo de Santo Agoílinho no anno de 1687.
onde morreo a 11. de Fevereiro de 1696. dei-
xando igual opinião de Pregador infigne, que
de profundo Theologo nas feguintes produc-
çoens do feu engenho.
Sermão do Patriarcha S. Agojlinho pregado no
Keal Convento de Santa Cru^ de Coimbra. Coim-
bra por Jozé Ferreira ImpreíTor da Univer-
fidade 1680. 4.
Sermão da Conceição immaculada da Virgem
Maria Senhora nojja no 'Keal Mojieiro de Santa
Cruii de Coimbra, ibi pelo dito ImpreíTor.
1691. 4.
Traãatus de Aãibus humanis. foi.
Traãatus de Incarnatione. foi. Confervaõfe
M. S. na Livraria do Collegio novo de Santo
Agoílinho da Univerfidade de Coimbra.
ANTÓNIO MARTORELLO certamente
Portuguez, ainda que occulto com efte appel-
lido nunca uzado nefte Reyno. Foy grande
Medico, como teftemunhaõ as feguintes obras.
Commentaria in lib. Primum Galeni de pul-
Jibus ad Tjrones.
Commentaria in lib. Primum Galeno atrib»-
tum de Urinis.
Os quaes confervava em feu poder Joaõ
António Vander-Linden, como elle affirma
no feu livro de Scriptis Medicis; do Author
faz memoria Nic. Ant. in Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 113.
D. ANTÓNIO MASCARENHAS Na-
tural de Lisboa filho de D. Pedro Mafca-
renhas. Neto de D. Nuno, e Bifneto de Fer-
não Martins Mafcarenhas Capitão dos Gi-
netes, Commendador de Mertola, e Em-
baxador ao Concilio de Trento mandado
pela Mageftade delRey D. Sebaíliaõ. Nos
L USITAN A.
325
I primeiros annos fe applicou com mayor appli-
caçaò que pedia a idade, ao eíhido das letras
humanas, e Grammatica Latina, donde paT-
fou a efpecular os miílerios da Theologia efco-
laflica, em que recebeo o gráo de Doutor,
fendo naò fomente douto neíla faculdade,
mas em a noticia de hum, e outro Direito,
fa/cndofe mais cílimavel a fua fabedoria pelo
efplendor do nacimento, e integridade da
vida. Foy admitido ao Collegio Real de S.
Paulo em lo. de Julho de 1 580. e ncíla erudita
efcola fc habilitou para exercitar os lugares ho-
noríficos, que pofTuyo, como foraÕ Prior de
Óbidos, Deputado da InquifiçaÕ de Évora no
anno de 1585. Deputado da Meza da Concien-
cia em 1598. Vifitador das Sepulturas Rcacs
do Morteiro de Odivcllas, Deaõ da Capclla
I Real, Cjovcrnador do Crato, c ComiíTario Geral
IIAda Bulia de Santa Crufada, que exercitou pelo
dilatado efpaço de quarenta annos. Por caufa
deite authorizado lugar teve graves controver-
tias com o CoUcitor Joaõ Bautifta Pallota, das
quaes fempre fahio triumphante por ferem fem-
prc as fuás acçoens reguladas pela reftidaõ do
feu exemplar procedimento, como mais clara-
mente fe manifeftou em outro mayor triumfo,
que alcançou dos feus emulos quando armados
contra a fua innocencia aprezentaraõ em Ma-
drid no anno de 1606. cento, e fefenta, e féis
Capítulos, em que era accufado de menos cui-
dadofa a fua vigilância no exercício dos luga-
res que adminiftrava, porem de tal forte puri-
ficou a fua opinião injuftamente accufada, que
ElRey o mandou reftítuir com honorificas
expreíToens aos feus Officios, juílificando com
eíla acçaò a finceridade do feu procedimento,
e confundindo a malevolencia de feus contrá-
rios. Edificou em Lisboa hum Hofpital para
Qerigos pobres, e o entregou ao cuidado
dos Religiofos de S. Joaõ de Deos alcan-
çando faculdade Real para que efta Reli-
gião infigne entraíTe em Portugal, ao qual
afignou copiofas rendas. Morreo em Lis-
boa em idade muito provefta a 4. de Se-
tembro de 1637. Jáz fepultado no Conven-
to de S. Joaõ de Deos fundação fua de bai-
xo da Capella Mór no meyo de hum Sump-
tuofo Crufeiro com janellas fobre o mar,
cercada a Sepultura de grades de Bronze,
e na frente eílá hum Altar dedicado a
Chrífto Crucificado, no qual todos os dias
fe dÍ2cm duas Mííías pela alnu do Funda-
dor. Na Tcpuitura tem gravado eíle epitáfio.
Aqui já:^ D. António Mafcarenhas do Con-
felho àt Sua Magtftadt DeaÕ da fua Rial Ca-
ptlla, Comiffario Geral da Santa Crufada, e
FUdador defle Hofpital de S. joaõ de Deos laJe-
ceo a 7. de Setembro de 16^7.
O feu corpo fe conferva incorrupto como
efcreve António Carvalho da Coíla Coroj^af.
Portuj^. Tom. 5. Trat. 8. cap. 5J. pag. 529.
António de Soufa de Macedo lhe chama in
Jj/Jtt. I Jherata appcnd. i. cap. 10. n. 69. E^cle-
fiafles fijravijfimus. Fr. Joaò Santos Chroru>log.
Hofpital, y Kefumen Hiflor. dela Saj^ad. Relig.
de S. Jnan de Dios Part. 2. lib. 2. cap. 47. lhe
chama magnifico, c meu Irmaõ o P. D.
Jozé Barbofa nas Mem. do Colleg. Keal de
S. Paulo. pag. 98. c no Archiathen. Lafit.
pag. 21.
Ejn veniet Mafcarenhas Antonius alto
Sanguine progenitus cujus maculare querellis
Indignis infida volet gens nomen, at ille
Clarior evadet, veluti pofl nuhila Phabus.
Ingentem nunc cerne domum, qtue furgit ad Afira
Divo erit Invalidum rite Sacrata Parenti
Sedibus atque illic placidis in morte quiefcet.
Compoz.
Memorial delos Cargos que refultaron con-
tra D. António Mafcarenas como Deputado
dela Mefa de Conciencia, y Dean dela Capilla
Keal de Portugal, y Comiffario particular de
muchas cofas dei Servido de S. Mageflade en
aquel Reyno delas Vijitas, que contra el hit(o
D. Pedro de Cafiillo Obifpo de Leiria con
la repuefia, y fatisfacion a todos, y a cada uno
delias; y refolucion que fu Mageflad tomo con
parecer delos Jue^es nombrados para fu vifla,
examen, y deter minacion. foi. Naò tem armo
da ImpreíTaõ mas inferefe fer no anno de
1607. da Carta delRey que eftá junta a efta
obra.
KelaçaÕ dos Procedimentos que teve fendo Co-
miffario Geral da Santa Crufada na decisão, e decla-
ração de algumas duvidas que o Colleitor JoaÕ Bau-
tifla Pallota com boa tençaÕ, e v^elo da jurdiçaõ
Apoflolica moveo acerca da dita Bulia, e em par-
ticular de huma, que por virtude delia fe naõ podia
di!(er Miffa em Oratórios privados, ainda
que approvados pelo Ordinário, e de outrar
32Ó
BIBLIO THEC A
duvidas da mejma Jurifdiçaõ, que houve entre o
Aito Colleitor, e Comiffario Geral na Caufa de
António Monit(^ da Camará Sede Vacante Pro-
vijor no Arcehijpado de hisboa pelo dito ComiJ-
Jario Geral, monido, e declarado, e apellante para
o dito Colleitor. 4. Naõ tem lugar, nem anno,
e nome do ImpreíTor, fendo que parece fer
impreíTo em Lisboa no anno de 1625, como
fe colhe da Dedicatória a Urbano VIII.
D. ANTÓNIO MASCARENHAS Na-
ceo em Lisboa, e foy quinto filho de D. Nuno
Mafcarenhas Alcayde Mòr e Comendador
de Caílello de Vide, Niza, Caílro novo, e Alpe-
drinha, Senhor de Palma, e Azinhozo, e de
fua mulher D. Izabel de Caílro, filha de Fer-
não Telles de Menezes fetimo Senhor de
Unhaõ, Cepaes, Meynedo, e Commendador
de Ourique da Ordem de Chrifto. A taõ illuf-
tre nacimento correfpondeo a perfpicacia do
juizo, de que logo deo claras provas apren-
dendo a lingua Latina no Collegio de Santo
Antaõ, e Theologia na Univerfidade de Coim-
bra, em cuja faculdade recebeo o gráo de Dou-
tor fendo hum dos infignes Collegas, que
authorizaraõ o Collegio Real de S, Paulo onde
entrou a 15. de Outubro de 161 3. Ao labo-
riofo exercício de Académico preferio o eílado
de Cazado defpozandofe com fua Prima com
Irmãa D. Izabel de Caftro filha de António de
Mendoça Senhor de Marateca, e de D. Anna
de Caílro, e poílo que deixou a Univerfidade
nunca fe abfteve da liçaõ dos livros princi-
palmente Hiíloricos, e Genealógicos, em que
■efcreveo vários volumes das
Famílias do Rejno de Portugal em cuja
obra reparando com prudente, e catho-
lica reflexão, que tinha manchado algumas
com pena fatyrica ordenou em feu Teíla-
mento que antes da fua morte fe queimaf-
fem para que naõ permaneceííe memoria
da mais leve infâmia em gèraçoens taõ illuf-
tres, e fe ainda fe confervaõ alguns deíles
livros em Cafa do ExcellentiíTimo Duque
de Alafoens, certamente permanecem con-
tra a ultima defpofiçaõ de feu Author. Foy
Cavalleiro da Ordem de Chriílo, Commen-
<lador de Maninhos, e Caílel-Novo, e hum
<los primeiros aclamadores da liberdade Por-
tugueza no anno de 1640. Morreo em Lis-
boa a 23. de Julho de 1654. e naõ de Feve-
reiro, ou de Junho como efcreve o P. D. An-
tónio Caetano de Souf. no Apparat, à Hijl.
Gen. da Cafa Real Portug. pag. 97. §. 94. e
no Tom. 5. da HiJl. Geneal. da Cafa Real Por-
tug. liv. 6. pag. 337. Eílá fepultado no Con-
vento de Santo António da Villa de Alcácer
do Sal. Delle fazem memoria Salazar Hifl.
Gen. dela Cafa de Sjlv. Tom. 2. liv. 9. cap. 4.
n. 18. e Barbof. Mem. do Collegio Real de S.
Paul. pag. 118. n, 75. e no Archiaten. iMfit.
pag. 26.
Ille fatus claro, l^ufoque e fanguine diãus
Mafcarenus erit fobole ditijftmus alta,
Reflituetque Duci regna ufurpata Joanni.
ANTÓNIO DE MATOS TEYXEIRA
Ulyffiponenfe, e filho de Domingos de Mef-
quita Teixeira, Efcrivaõ da Camará Eccle-
fiaílica de Lisboa, e Juliana de Mattos Lo-
bata. Foy Doutor Theologo, Pregador infigne,
e taõ egregiamente verfado na lingua Latina,
e Italiana, como em todo o género de erudi-
ção, e Poefia. No tempo que affiílio em Roma,
frequentava as Academias de algumas Cafas
particulares, onde manifeílou os thezouros
da fua vaíla litteratura ou foíle orando, ou '
metrificando, por cuja caufa conciliou o affeâo
de muitos Príncipes da Cúria principalmente
do Eminentiífimo Cardial Datario Pedro
Ottoboni, que depois fubio ao trono do Va-
ticano com o nome de Alexandre VIII.
fendo inílrumento além dos feus próprios
merecimentos, de o promover a Thezou- '
reiro Mór da Cathedral de Lamego de que
tomou poííe no anno de 1669. Morreo neíla
Cidade a 30. de Outubro de 1707. e jáz fe-
pultado na Cathedral. Publicou na lingua
Italiana, e dedicou ao feu Eminentiffimo
Patrono.
Parenefi Ethica, e morale Roma apref-
fo Ignatio de Lazaris. 1668. 8. He em 8.
rima.
Depois de reílituido à fua pátria impri-
mio.
Oraçaõ fúnebre nas Exéquias, que fe fit^eraõ em
a Sé de Lamego por ordem do Serenijfimo Princepe
D. Pedro em a morte da Santidade do Summo
Pontífice Clemente X. em ij. de Setembro de 1676.
Lisboa por Domingos Carneiro. 1676. 4.
L USITAN A.
òij
Lmz Emngtlica, t dias Sagrados; Panegy-
ricos, t Ferias prijifldos em diverfos dias, e celebri'
dades do anno Lisboa por Miguel Manefcal
1686. 4.
ANTÓNIO DE MEYRA PEIXOTO
natural da nobre Villa de Guimaraens, filho
de Hra/ de Meyra Peixoto, e de fua mulher
(!ccilisi (la Rocha Vieyra. Foy Arciprefte na
Real (^)llcgiada de N. Senhora da Oliveira
da fua pátria onde, morreo a 17. de Mayo
de 1676. A mayor applicaçaõ do feu eftudo
foy ;\ Cícncalogia, em que fez grandes pro-
grcflbs cfcrcvcndo.
Dons Tomos de Famílias in foi. Aí. S. que
fc confcrvaõ em poder de Manoel Coelho de
VafconccUos morador cm Guimaraens.
Arvore de toda a ajcendencia, e defcendencia dos
Peixotos a qual tem cm feu poder Thadcu Luiz
\ntonio Lopcz de Carvalho Fonfeca de Ca-
ocns Sctimo Senhor de Ncgrclos, e Abba-
, e Académico Supranumerário da Aca-
demia Real, que nos comunicou efta noticia.
m
ANTÓNIO MENDES. Presbytero Ulyf-
fiponenfe bom pregador, e muito mais ve-
nerado pelas virtudes dignas do Sacerdócio.
Foy Irmaõ de Gonçalo Mendes Saldanha
infigne compofitor de Muíica fendo efte taõ
digno de applaufo pelo contraponto, como
aquelle pela Poefia Latina com eílilo cadente,
claro, elegante, e pompozo, da qual nunca
permitio que fe imprimiíTe alguma parte ex-
cepto poucos epigrammas em louvor de Au-
thores, que os fizeraõ públicos fem fua fa-
culdade. Por fua morte que foy no principio
do Século paíTado defappareceraõ todas as
fuás obras poéticas fendo delias a mayor, e
a mais bem trabalhada a Verfaõ do Poema
de Camoens na lingua Latina que intitulou.
hujiaden Camonij Hifpanorum vatum an-
tefignani Poema hatinis verjibus redditum 4.
U. S.
Exéquias do 'Eftado da índia. Eíla obra
que naõ menos fatyrica, que douta pela qual
eíleve prezo, mas brevemente foy reítítuido
à fua liberdade.
ANTÓNIO MENDES natural da Vil-
la de Cunha do Bifpado de Lamego, e fa-
miliar do celebre antiquário Manoel Severím
de Faria Chantre de Évora. Foy infigne em
efcrever, e dibuxar com a penna, e muito de-
voto do alti/Timo Myfterío da Euchariítía, cuja
veneração, e culto dezejando que mais fe
propagaíTe nos coraçoeos dos Fieis, fendo
Clérigo de Ordens menores traduzio de La-
tim do Padre Lucas Pínello da Companhia
de JESUS em Portuguez.
Meditaçoens, e alguns milagres do Santifftmo
Sacramento. Lisboa na Offícina Crasbeeckiana.
1655. 8.
ANTÓNIO MENDES AROUCA digno
Pay do grande Theologo, e igual Efcriturano
o Doutor Fr. António da Madre de Deos
fingular credito da Eremitica Congregação
de S. Paulo, de quem jà fizemos merecida lem-
brança. Naceo na Cidade de Tavira do Reyno
do Algarve no anno de 1610. Aprendeo os
primeiros rudimentos em cafa de feus Pays,
e defcubrio logo tal propenfaõ para as letras,
que chegando à idade da adolefcencia o mã-
daraõ eftudar Direito Civil na Univerfidade
de Salamanca, onde como era dotado de en-
genho agudo, memoria feliz, e juizo madura
fez taes, e tantos progreflbs que cauzava en-
veja, e admiração aíTun aos Condifcipulos,.
como aos Meílres. Ainda naõ tinha acabado
o curfo dos feus eíhidos quando voltando a
Portugal os continuou na Univerfidade de
Coimbra alcançando nella taõ profunda noti-
cia da Jurifprudencia que quando contava vin-
te e quatro annos de idade recebeo o Grào de
Bacharel com applaufo de todos os Cathedra-
ticos. De Coimbra paíTou a Lisboa onde co-
meçou a exercitar o Officio de Advogado no^
patrocinio de caufas forenfes fendo indecifo aos
juizos mais prudentes fe era mayor a fcienda,.
ou a redHdaõ com que as defendia. No largo
efpaço de trinta armos, que exercitou eíla
occupaçaõ nunca patrocinou caufa contraria à
juíliça, naõ fendo poderofos nem o affefto dos
amigos, nem a authoridade dos Grandes,
para que cedeíTe defta inteireza de animo, pela.
qual mereceo fer eleito Advogado da Cafa da.
Supplicaçaõ bufcando todos o feu Confelha
como Oráculo, e conílituindo-o abfoluto arbi-
tro nas controveríias mais graves por conhece-
rem que as fuás refoluçoens procediaõ de hum.
328
BIB LIO THE CA
juizo profundo, e hum coração reóto. Por
morte de fua mulher, que terniíTimamente
amava, confiderando que eraõ caducas as glo-
rias mundanas, fe refolveo fugir da Corte para
o dezerto preferindo o filencio da folidaõ à
vida inquieta com o tumulto dos Litigantes.
Para efíeituar eíle heróico intento deixando as
eftimaçoens, que lhe conciliavaõ as fuás letras,
e o que caufa mayor aíTombro, a feus próprios
filhos, fe auzentou para a Ilha de S. Miguel por
faber que em o Valle chamado das Furnas ha-
bitavaõ alguns Eremitas, que depois fe transfe-
rirão para a Ermida da Senhora da Confolaçaõ
de Vai de Cabaços, os quaes floreciaõ em todo
o género de virtudes, e chegando a eíle foli-
tario domicilio fe agregou com inexplicável
confolaçaõ do feu efpirito a eíles Anachoretas,
e para que totalmente fe fepultaíTe a memoria
do feu nome, o mudou em o de António
da Aílumpçaõ, o qual confervou atè que mor-
reo. Naõ he fácil de narrar, e menos de com-
prehender as virtudes, que exercitou no horror
daquella folidaõ fervindo de eliimulo, e exem-
plar aos feus Companheiros aíTim na prompti-
daõ com que obedecia, como na afpereza com
que fe mortificava. O tempo que lhe reftava
da contemplação da Divindade, o gaílava na
liçaõ da Sagrada Efcritura, Santos Padres,
e vários Livros afceticos, donde extrahia as
doutrinas de que eílaõ cheyas as fuás pias, e de-
votas compofiçoens, que deixou em final do
aíFefto, com que amava aos Padres Jefuitas do
CoUegio de Ponte Delgada, as quaes fe guardaõ
na fua Bibliotheca, cauzando naõ pequena
admiração que tendo confumido a mayor parte
da vida no eíludo da Jurifprudencia, efcreveíTe
•em idade jà caduca tantos volumes de aílump-
tos totalmente diíFerentes da fua profiífaõ.
Depois de habitar eíle dezerto por efpaço de
quinze annos fabendo que na Cidade de Angra
morriaõ muitas peíloas no Hofpital defam-
paradas por temor de fer contagiofo o mal
que padeciaõ, correo velozmente a aífiílir-
Ihes mais folicito da vida alheya, que da
própria, de cuja comunicação contrahindo
huma enfirmidade gravifiima morreo entre
-elles como viftima da Caridade a 23. de Agof-
to de 1680. com 70. annos de idade. Foy
fepultado com honorifica pompa, e afiif-
tencia das principaes PeíToas da Cidade
de Angra fendo venerada a fua memoria naõ
fomente pelas virtudes pra£ticadas em vida,
mas pelo ferverofo zelo que foy caufa da fua
morte. Por deligencia de feu Neto SucceíTor
em o nome, e no Officio de Advogado de taõ
grande Varaõ fahiraõ à Luz.
Allegationes júris in quihus quam plurima, (&
valde utiles quajliones in l^ufitania Tribunalibus
dijceptata proponuntur, <& juxta faãi contingeu-
tiam pro advocationis munere enucleantur. Ulyífip.
apud Michaelem Manefcal 1690. foi.
Adnotationes praãica ad librum fere
primum Pandeãarum júris Civilis, in qui-
hus per fingulos textus, (& verficulos ea tantum,
qu(B pro fori exercitio, (Ò" latsitana advocatio-
nis munere utilia vi/a sunt, omijfis juperflms
expenduntur, infertis occurentium materiarum
per regulas cum fuis ampliationibus, <& jallen-
tijs, non inutilibus traãatibus. Pars i. Ulyf-
fip. apud Michaelem Def landes 1701.
foi.
Pars altera, ibi apud eundem Typo-
graph. 1702. foi.
Obras M. S. que fe confervaõ no CoUe-
gio dos Padres Jefuitas de Ponte Delgada.
A.nno devoto, ou devotas meditaçoens fobre
todos os Evangelhos que fe cojlumaÕ cantar
na Igreja por todo o circulo do anno. foi. 3.
Tom.
Meditaçoens pias, e obfervaçoens efpiri-
tuaes fobre os cento e cincoenta Pfalmos de
David. 4. 3. Tom.
Peregrinação que coflumaÕ fat(er os mora-
dores da Ilha de S. Miguel vijitando as Iff-e-
jas de Nojja Senhora. 4.
Peregrinação da alma feguindo os Pajfos
de Chriflo Senhor Nojfo, e contemplando os luga-
res que fantificou com fua prefença, e o que
nelles obrou. 4. 8. Tom.
Pias meditaçoens, e contemplaçoens para
fe ouvir com fruto o Sacrofanto Sacrifício da
Mijja. foi.
Princípios, e progrejjos da Congregação
dos Eremitas do Valle das ¥ urnas da Ilha
de S. Miguel, transferidos depois para o Valle
da Piedade, foi.
Tradufio do Latim do P. Hermano Hu-
go da Companhia de JESUS em Portuguez.
Desejos piedofos, e fufpiros da Alma. 4. 3.
Tom.
L USITAN A.
329
Dialogps ajceticos interlocutores a Sabedoria
Divina, e feit MiniJIro Ir. Henrique Sufo. 4.
A OraçaÕ do Padre Noffo explicada com
pias meditafoens, e diverjos affetlos das vir-
tudes, 9 perfeição Cbriflãa tradufidos do
' Livro Paradifus anima do P. Jacobo Merli
da Companhia de JESUS.
ANTÓNIO MENDES CALDEIRA
natural da Villa Sovcreira diílantc 5. legoas
da Villa da Certaá, e 7. da Amieira da jurif-
diçaõ do Crato. Foraò feus Pays Chriftovaò
Mendes Caldeira, e Beatris Fernandes. Mili-
tou pelo efpaço de vinte annos em Flandes
debaixo da difciplina de infignes Generaes
donde voltado para Portugal muito praftico
na Arte militar ajudou com toda a aéUvidade
ao Conde de Bailo na expedição dos foccor-
ros, que juntava em Évora para remeter
a Lisboa, que receava fer invadida pelas
Armas Inglezas. Morreo nefta Cidade ferido
da peíle cm Dezembro de 1598. quando
contava 57. annos de idade. Efcreveo, mas
naõ imprimio.
ÍJvro de Milícia
Tratado, em que moftra de que modo Usboa
Je podia defender de toda a Armada, e exercito
inimigo. Cuja obra foy muito eftimada por
peíToas muito peritas, principalmente pelo
Meftre de Campo D. Gabriel Nino.
ANTÓNIO MENDES DA VEIGA
grande Cultor das Mufas. Efcreveo hum
Livro, que coníla de diverfo género de
verfos, fendo a mayor parte Sagrados, que
fe confervava na Bibliotheca do Eminenti-
fimo Cardial de Soufa, dedicado a D. Miguel
de Noronha Conde de Linhares, e Governa-
dor de Tangere, com eíle titulo.
Primavera dei alma. foi. Aí. S.
Tinha no principio licença para fe impri-
mir concedida pelo Inquifidor Geral D.
Francifco de Caílro em 16. de Abril de 1626.
e na Cenfura dizia o Meftre Fr. Domingos de
Santo Thomaz da Ordem dos Pregadores:
O Author he juntamente Poeta, Filofofo ChrifiaÕ,
puro na fraje , Juave na Poejia.
Fr. ANTÓNIO DE MENDOÇA natu-
ral de Lisboa igualmente illuftre no fangue,
que na Religiflõ, íciencia» e authoridade. Teve
por Pays, a Jorge de Mendonça Ca/íaô do
Confclho dot ooííos Monarchas, Mordomo
Mór da Príncefa D. Maria filha delRey D.
Manoel, e trigeíTimo fegundo Governador da
Praça de Tangere, e de fua mulher D. Joanna
de Mcndoça. Sendo moço Fidalgo da dita
Princefa fugio para a Religião Seráfica da
Província dos Algarvcs, onde fe (cz mais illuf-
tre na obfcrvancia do feu Inílituto, do que era
pelo efplendor do nacimento. Governou pru-
dentemente o Convento de Évora até que por
uniforme acclamaçaõ foy eleito Provincial no
Convento de Xabregas em 2. de Junho de 1607.
em cujo lugar experimentarão os fubditos a
natural benevolência do feu animo. Foy Lente
jubilado em Theologia, e adquirindo grandes
applaufos o feu talento na Cadeira, naõ foraõ
menores os que alcançou no Púlpito cfcrc-
vendo delle Fr. Miguel Pacheco na Vid.
da Princez. D. Maria lib. 2. cap. 3. Fue predi-
cador de gran nombre, j de nó menor virtud. No
tempo que exercitava o minifterio de Confeflbr
das Religiofas do exemplar Convento de
Sacavém lhe impedio a morte em o anno de
1625. pór a ultima maõ a huma obra igualmente
laboriofa, que útil, qual era reduzir todas
as obras de feu Meftre Efcoto em partes, e
methodo, como as do Doutor Angélico
propondo primeiramente o Epitome de cada
queftaõ, os fundamentos em que fe eftxibava,
e depois os argumentos contra ella, e as rc-
poftas. Defte grande trabalho deixou perfei-
tamente acabadas algumas partes, aflim ellas
lograrão o beneficio da luz publica para o
comunicar à Efcola Efcotiftica.
D. ANTÓNIO DE MENESES, filho
de D. Joaõ de Menefes, e de D. Maria da
Sylva, e Neto de D. Fernando de Mene-
zes Mordomo Mór da Rainha D. Izabel mulher
de Affonfo V. fegundo Senhor de Cata-
nhede, foy fummamente inclinado à liçaõ da
Hiftoria Sagrada, como profana, e muito
inftruido nas máximas politicas como taõ
necefarias ao carafter da fua peíToa. Teve
perfeita noticia das linguas mais polidas da
Europa principalmente da Franceza, da qual
traduzio na materna.
Hijloria de Filippe de Comines, foi. a qual
33o
BIB LIO THE CA
fe confervava M. S. na Bibliotheca Seve-
riana.
D. ANTÓNIO DE MENESES igual ao
precedente affim no claro do nacimento, como
no fublime do engenho. Foy filho de D. Carlos
de Noronha, e de D. Antónia de Menezes ramo
da frondoza arvore dos Marquezes de Villa
Real. Teve igual efpirito para as armas, como
génio para as Mufas, das quaes foy excellente
cultor, e íingular Mecenas dos Poetas. A o feu
nome confagrou Manoel de Galhegos a Gi-
gantomachia, e o Poema Anaxarete, e entre as
poéticas expreflbens com que o invoca para
proteger aquella obra lhe diz as feguintes.
Aora que Jolicito fugefas
Al trabajo eftudtojo
El pecho generojo :
Aora que tu pluma
In/pirada de Apolo
Al Cielo fe llevanta
Intermiete el ejiudio
Suf pende el San canoro
Que forma dulce erudita mano
Con pleãro de chrijial en cordas de oro:
Efcucha el trijle accento
De mi ronco injlrumento
O' fiempre favorahle
A mi humilde Thalia
Doão Meneses; Ínclito Norona
Augujio defcendiente
De los que la Corona Eufifana
Delos que la Corona Cajiellana
Valerofos honraron &c.
Nem com menor elegância expreíTa o
fentimento da fua intempeíliva morte que
fucedeu no anno de 1626. Jacinto Cordeiro
no Elog. dos Poet. Portug. Eílanc. 33.
Que llanto a D. António de Menei^es
No le deve mi pluma fendo Achiles
A vifla de tan nobles Portugueses"^
bombardas no pudieron, ni efmiriles
Acabar tantas vidas muchas ve^es:
Para que fuejfe el mar Cierço de Abriles
Y los hados con el fueron crueles,
Mereciendo fus obras mil Laureies.
Compoz, e naõ imprimio.
Varias obras Poéticas.
ANTÓNIO DE MENESES Meílre em
Artçs Çonego de Saõ Salvador de Gra-
nada, e Capellaõ da Capella dos Senhores
da Cafa de Torres Vedras muito applicado
ao eftudo Genealógico compondo no anno
de 1566.
Genealogia dos Senhores da Cafa de Torres
Vedras.
De cuja obra fazem mençaõ D. António
Soares de Alarcão nas Kelac. Genealog. da Cafa
de Trocif liv. 4. cap. i. n. 45. e o P. D. Antó-
nio Caeta. de Souf. no Appar. à Hifl. Geneal.
da Caf Keal Portug. pag. 37. n. 15.
ANTÓNIO DE MENESES Jurifconfulto
de profiíTaõ, e nella grande Letrado. Compoz.
In Tit. de Fidei commijfts. Mantuas apud
Alphonfum Goneíium. 1568.
Do Author, e da obra fe lembra Antó-
nio Verderio in Supplement. Bibliothec.
Gefneriana.
ANTÓNIO DE MESQUITA Pilo-
to da navegação da índia que muitos annos
continuou com grande fruto da fua experiên-
cia. Para fazer a Viagem mais fácil aos Por-
tuguezes efcreveo.
Roteiro da Viagem que fe^ a Não Capi-
tania N. Senhora de Betancor em que hia
Bra^ Telles de Menet(es, vindo de Goa para
Portugal 4. Aí. S. Começa.
Tiveraõ os Olande^es por taõ excellente
coufa o trato, e comercio das partes do Sul
da Índia. Acaba.
J5 o Capitão Mor D. Luit^ Fajardo com
o primeiro vento norte fe foraõ para Lisboa
onde chegarão ainda primeiro que nós defcanfar
do trabalho pajfado.
Roteiro da Viagem de hla^^agaõ. Eftas duas
obras fe confervavaõ M. i". in 4. na Livra-
ria de D. António Alvares da Cunha.
ANTÓNIO MESQUITA DE OLI-
VEYRA natural de Lisboa, Cavalleiro pro-
feíTo da Ordem de Chrifto, filho do Dezem-
bargador Antaõ de Mefquita de Oliveira,
e de fua mulher D. António Bezerra Cabral.
Foy muito inclinado à liçaõ dos livros hif-
toricos, e políticos pela qual fe fez muito
erudito. Tinha compofto muitas obras, das
quaes a mayor parte eftava imperfeita, e
fomente acabada a feguinte.
M
LUSITANA.
33 1
Defifi/aõ da lingua Portkff4it(a com a etymo-
Jogia, principio, e vocábulos delia, Juas excellencias,
e vifitagens que fav^ às demais Hnguas, e os nomes
próprios de iodas as artes com que ella ft explica.
M. S. Obra certamente (^ diz Joaõ Tranco Barreto
na hihiioth. \jifit. ) dijina dt muito louvor, e
muito bem trabalhada.
Deixou imperfeitas as feguintes obras.
Capitão Politico na vida do injiffie Luiz
Barbalòo. M. S.
Mejlre Politico nas acfoens delRtj D, JoaÕ
o IV. M. S.
Hifloria de Africa M. S.
tundafoens, princípios, augmentos, e progreffos
das Cidades, e Villas notáveis defte Reyno, e as mais
antig/ddades delias, os filhos infigrtes que na guerra,
€ pat(^ teve cada huma. M. S.
ANTÓNIO MESTRE Presbytero, e
Beneficiado da Parochial Igreja de Santa Juíla
de Lisboa fua Pátria. Impeilido do zelo com
que devem faber os meninos a doutrina do
Cathecifmo o reduzio a breves clauíulas, para
que mais facilmente o aprendeíTem, e confer-
vaíTem fixamente na memoria, compondo.
Summa, e fubjiancia da doutrina Chriftãa
para que os Meninos, e as peffoas que a naõ fabem
pojfaõ facilmente entender, e aprender as coufas
mais principaes delia. Lisboa por António
Alvares. 1628. 8.
Fr. ANTÓNIO DE S. MIGUEL.
Naceo em a nobre Villa de Guimaraens a
28. de Agofto de 1661. e foy filho de Da-
mião Moreira Provedor daquella Comarca,
e D. Maria da Fonfeca. Aprendeo a Lin-
gua Latina, e Letras Humanas com tal bre-
vidade, que admirados feus Pays do feu
grande engenho determinarão dedicallo a
Deos, o que felizmente confeguiraõ fendo
admitido à Religião do Príncipe dos Patriar-
chas S, Bento, cuja monaílica Cogulla
veílio no Convento de Tibaens a 8. de
Mayo de 1678. quando contava 17. annos
de idade. Tendo eftudado Filofofia no
Convento, de Pombeiro, e Theologia no
Collegio de Coimbra, fe adiantou com tal
exceíTo aos feus Condifcipulos, que depois
de ter quatro annos de paíTante, leu Artes
no Moíleiro de S. Tyrfo no fim dos quaes
anhelando o feu eípirito a fazer mayores
progreíTos nas virtudes, que nas letras, renun»
ciou as Cadeiras, e fe recolheo ao Convento
do Porto onde com os feus Sermoens colUfl
abundante fruto dos ouvintes. Perfuadido de
alguns Monges, que dezejavaõ houvefe em
Portugal hum Moíleiro onde fe obfervaííe com
todo o primitivo rigor a Santa Regra, paíTou a
Roma onde aíTiíUo três annos conciliando as
eílímaçoens das mayores Peííoas da Cúria aíTim
pelo exemplo da fua vida, como profundidade
da fua fciencia, atè que voltando ao Reyoo
com o deff>acho da fua fupplica, foy eleyto
Abbade do Convento de Carvoeiro deílinado
para a intentada Reforma, no qual exercitou
fumma auíleridade jejuando a mayor parte do
anno, e uzando de camizas de lãa. Attenuado
com a continuação das penitencias lhe fobre-
veyo huma debilidade de eílomago, que fe fez
rebelde à Medicina, e conhecendo, que nem a
mudança dos ares lhe era útil, fe preparou com
todos os Sacramentos para a morte, que feliz-
mente o transferio para o defcanfo eterno a 14.
de Setembro de 1721. com 62. annos de idade,
e 54. de Religião. Jaz fepultado no Con-
vento de Buftello. Compoz.
Sermoens vários i. Tom. que fe conferva
no Convento de S. Tyrfo.
Ceremonial para ufo da Monaflica Con-
gjrega^aõ de S. Bento do Reyno de Portugat
difpojlo conforme os decretos da Sacada Con-
gregação dos Ritos. foi. M. S.
ANTÓNIO MILHEYRO natural de
Braga muito douto na arte da Mufica, da qual
foy Meílre na Cathedral de Coimbra, e depois
de Lisboa, onde foy Cónego de quarta Preben-
da. Muitas das fuás obras confervava na fua
Livraria Francifco de Valhadolid grande pro-
feíTor, e curiofo defta Arte, e outras na Biblio-
theca Real. Por fua induftria fe reimprimio.
Rituale Romanum Pauli V. juffu editum
fubjunãa Mijfa pro def unais à fe mufkis numeris
adaptata, cantuque ad Generalem Re^i confue-
tudinem redaão. Conimbricac apud Nicolaum
Carvalho. 161 8. 4.
ANTÓNIO DE MIRANDA HENRI-
QUES natural de Lisboa, e filho de Manoel
de Miranda Henriques, e de fua mulher
332
BIBLIO THECA
Izabel de Almeyda da nobre família dos Tavei-
ras. Seguio o eílado Ecclefiaílico, e obteve na
fua pátria hum Beneficio muito rendofo.
O grande engenho acompanhado de feliz me-
moria com a continua applicaçaõ aos livros
que tratavaõ da Oratória, Poética, Mythologia
e Hiíloria o fizeraõ hum dos Varoens mais peri-
tos do feu tempo, concorrendo para a gran-
deza da fua fama a vaíla noticia de varias linguas,
e a natural eloquência com que fe explicava,
e efcrevia, por cujas caufas era fempre conful-
tado nas duvidas mais dificultofas, e ouvida
com grande refpeito a fua decifaõ. O indefeíTo
eíludo que continuamente obfervava devendo
adquirirlhe immortal fama ao feu nome, lhe
caufou a morte, pois acompanhando a D.
Francifco de Mello, e Torres Marquez de
Sande, quando foy por Embaxador a Carlos II.
de Inglaterra com a mudança do clima, como
fe naõ abíliveíle do eíludo, perdeu o juizo, e
confequentemente a vida em Londres no
anno de 1660. a tempo que eílava impri-
mindo.
Paradoxos, em os quaes por força da elo-
quência, e erudição mofira aos olhos, e ainda ao
entendimento coujas varias, e diferentes do que
ellas em fi faÕ.
Tinha publicado.
Obelifco fúnebre ao Serenijfimo Infante
D. Duarte no fentimento da fua morte. Lisboa
por Domingos Lopes Rofa 1650. 4.
Confta de profa, e de verfos Portuguezes,
Italianos, e Caílelhanos, e no fim hum elogio
Latino.
Verfos h,atinos. Italianos, e Portugueses em
applau^o do Nacimento do Princepe D. Pedro.
Lisboa por Paulo Crasbeeck 1648. 4.
Fabula de Dafne, e Apollo em verfo.
Na Livraria do Eminentiffimo Car-
dial de Soufa eílava hum livro M. S. de
obras de Poetas Portugueses, e entre ellas
havia muitos Sonetos, e Romances deíle
Author, fendo os melhores com que lamen-
tava a morte de feu Irmaõ Fr. Dioniíio de
Santa Maria Religiofo Trino, iníigne tan-
gedor de Arpa, dos quaes eraõ hum Epitá-
fio que principiava.
Tu que atento ficafle f tf pendido.
Madrigal Italiano.
O' di celejle Seme
Dous Romances o i. começava.
De minha Arpa o graõ poder.
O fegundo.
Yá de los Coros Supremos.
ANTÓNIO MONIZ, filho de Jeronymo
Moniz Repoíleiro Mór delRey D. Manoel, e de
D. Violante da Sylva, filha de Joaõ de Salda-
nha Vedor da Cafa da Rainha D. Maria mulher
fegunda do fobredito Monarcha; irmaõ de
Febos Moniz hum dos quatro Sumilheres del-
Rey D. Sebaíliaõ naceo em Lisboa, e abraçou
o Inílituto da Companhia de JESUS no ColJe-
gio de Coimbra a 27. de Janeiro de 1544. No
tempo que começava a curfar as Efcolas mais
obediente às importunas inílancias dos parentes
a que largaíTe a Religião que às faudaveis
exhortaçoens de feus Prelados para que nella
perfeveraíTe, fugio clandeílinamente do Col-
legio de Coimbra com intento de peregrinar
pelo mundo. Arrebatado deíla imprudente
refoluçaõ vifitou o Sepulchro de Saõ-Tiago em
Galiza, e o Santuário de Monferrate em Cata-
lunha, e naõ achando em lugares taõ pios
confolaçaõ o feu efpirito, antes continuos eíli-
mulos da confciencia que lhe increpavaõ o
abfurdo que cometera, bufcou para ferenar a
tempeílade em que flu£luava o feu animo
ao grande Patriarcha Santo Ignacio efcre-
vendolhe do Hofpital de Santo António em
Roma huma Carta em que lhe pedia com
enternecidas lagrimas fe lembraíTe de que era
Pay de hum filho femelhante ao pródigo por
deixar injuílamente a Cafa que vinha outra
vez bufcar arrependido. Foraõ taõ eííicazes
eftas expreíToens no conceito de Santo Ignacio
que depois de o mortificar alguns dias o admi-
tio à fua prezença fignificandolhe affeóluofa-
mente quanto eílimava a fua reílituiçaõ à Com-
panhia na qual viveo pouco tempo por cauza
de huma febre ética caufada do trabalho das
peregrinaçoens, e exceíTo das penitencias que o
privou da vida em Roma no anno de 1546.
Paífados alguns annos abrindofe a fua fepul-
tura para enterrar hum cadáver, fe achou o
feu incorrupto, o qual tinha fido fepultado
por ordem de Santo Ignacio, junto do P.
Joaõ Coduri hum dos feus infignes Compa-
nheiros. Entre muitas Cartas que efcreveo
fe confervaõ três, que imprimio o P. An-
L USITANA.
iòi
' tonio Franco na Imag. do Nov, do ColUg. dê
Coimbra Tom. i. liv. 3. cap. 69. e 70. que
íaõ as feguintes.
Carta ejcrita a Santo Ifftacio do Ho/pital de
Santo António de Roma em Abril de i^^G.
Carta ao P. Martinho de Santa Crtí^ Reytor
do CoUegio de Coimbra ejcrita de Roma a 20. de
Abril de i^^d. Nclla fe aíTina Pecaíor maxi-
mus Monit(im fervHS tims.
Carta ao P. Provincial de Portugal o P.
SimaÕ RodrigMZ e/crita de Roma a 20. de Abril
de 1546. e fe aíTina Omnium pecatorum maxi-
mus Moni^ius fervas tutu.
Em ambas cAas cartas relata os fucceííos da
fua peregrinação, e a confolaçaõ efpiritual, que
fentía a fua alma depois que fe aggregou à G>m-
panhia. Delle faz memoria o mefmo P. António
Franco in Anno glor. S. J. in Lufit. pag. 542. e o
P. Telles Chron. da Comp. de Jefus na Provinda
iie Portug. Part. i. cap. 33. §. i. 2. 3. e feg. o
i^ual traz impreíía a primeira deftas três cartas.
H ANTÓNIO MONIZ DE CARVALHO
I^Bho de Pedro de Paredes, natural de Viana do
IKunho, Fidalgo da Cafa de Sua Mageílade,
Ciivalleiro profeíTo da Ordem de Chrifto, Com-
iiiendador de Vimiofo, Doutor na faculdade de
Leys, Dezembargador do Porto, e da Cafa
da Supplicaçaõ, de que tomou poíTe a 24. de
Dezembro de 1646. por feu Procurador o De-
zembargador Gonçalo Alvo Garrido, Juiz dos
Cavalleiros das Ordens militares, Confelheiro
da Fazenda Real, Secretario das Embaxadas
a França, Inglaterra, Dinamarca, e Suécia,
e muitas vezes Enviado neftas famofas Cortes.
Em todos eftes lugares moftrou a profundidade
das fuás letras, o deíintereíTe do feu animo, a
fidelidade para o Princepe, e o zelo para a
Pátria. Conciliou a benevolência dos eílra-
nhos, confundio a emulação dos domeíUcos
lendo pelos dotes com que o ornou a natureza
chamado pelo grande Fr. Francifco de Santo
AgoíUnho Macedo in Propugn. iMfit. Gallic.
ad Art. 20. pag. 174. acris vir ingenij, et ma-
twcB mentis auãor, e mais diíFufamente ad
Art. 43. pag. 205. Hic qiiãm Jit acer inge-
nio, maturus judicio, Jpeãatus prudentia,
moribus fíiavis, benevolentia gratiojus, qui-
biis Jmm ille nohilitatem commenãat, nullo
melius argumento apparuit, qmm quod de
ipfo tefiimonium protulit Regina Callia Cbrif'
tianijfima, cidjus ille maxime juScio debet g/oriarí.
Cum enim eum difcedens in hufitaniam Exeel-
lentijftmus Dominus D. Vajcus LMyfim à Gama
prolegatum relinqueret, cumqm fecum ad Reff-
nam duxijfet, fifftificaffetqM eum vice fui mamre:
lato ac hilari vultu regina. Non poterat, in^t,
à Rege alius vel hic injlitui, vel ã Lujitania mitti
prolegatus, qui Monifio, €>' Rtff, ó^ mibi
gratior foret. Francifco Vclafco de Gou-
vca Perfid. de Alemanha liv. 2. Tit. 5. Art.
8. lhe chama infigfte Letrado en la jurif pru-
dência civil. D. Francifco Manoel na Cart.
i. da 4. Centúria cfcrita ao Doutor Manoel
da Fonf. Themud. que em tantos trata-
dos, e efcritos moftrou igualmente a lu:^ do
feu engenho, como o ardor do feu v^elo. Birar
go Hift. di Portugal, liv. 5. no fim pag. mihi
450. António Moniz ^ Carvaglio Se^etario
de ir Ambafcieria, il quale havendo giá nelPAm-
bafcierie ftraordinarie di Svecia, e Danimarca
fervito fua Maeftã nel medefimo pofto con fingolar
fodisfatione per la gran capacita dei fuo ingeffU),
nobilijfimo teatro d*ogni forte di lettere, e moltipli-
citá di parti digtijfime d^ un gran Sogetto há
fatto conofcere in prattica che con t iene in fe il Sodo
dei vivere politico, e col profundo dei confi-
glio fá rial^are il vivo delia fua prudenv^a
neir infraprendere, e terminar felicemente
qual fivoglia importantiffimo trattato. O
Conde da Ericeira D. Luiz de Menezes
Hift. de Portug. Keftaur. Tom. i. liv. i.
pag. 157. liv. 7. pag. 441. e livr. 9. pag. 587.
refere as fuás negociaçoens politicas feliz-
mente confeguidas. Joan. Soar. de Brito in
Theat. Ijtfit. Utterat. lit. A. n. 100. Mag-
nam fui fpem ad fumma omnia feliciter obe-
unda excitavit. Nicol. Monteir. Vox Tur-
tur. Art. 3. cap. 15. Morreo intempeítiva-
mente em Lisboa a 13. de Junho de 1654.
quando naõ tinha completos quarenta, e
quatro de idade, e foy fepultado na Paro-
chia de N. Senhora do Alecrim. Cafou com
D. Izabel Soares de Albergaria, de quem
naõ teve filhos. No tempo que aíTiílio em
França compoz em Caftelhano, e dedicou à
Rainha ChriítianiíTima D. Anna de Auftria.
Francia interejfada con Portugal en la
feparacion de Caftilla; con noticias de los
intereffes communes delos Princepes, y Eftados
334
BIBLIO THE CA
de Europa. ParÍ2 por Miguel Blageart. 1 644. 4.
e Barcelona por Sebaftian de Cormellas no
mefmo anno, e forma; o qual tratado diz
eílar elegantemente efcrito António de Soufa
de Macedo in hujit. 'Liherat. cap. i. n. 43.
Tradução de huma breve conclujaõ, e apologia
dajujliça de/Rej N. Senhor, e dos motivos da Jua
felice acclamaçaõ. Lisboa por Jorge Rodriguez.
1641. 4. e em Latim Stocholmij no mefmo
anno antes da impreíTaõ de Lisboa.
Esfuert(os dela ra^on para fer Portugal
inchado en la pa^ general dela Chrijlandad con-
forme a las obligaciones, y empenos de Francia
con memoria delo reprefentado ala magejiad ChriJ-
tianijftma de la Rejna Regente. Pariz 1647. 4-
fem nome de Impreílor.
Memoria da jornada, e fucejjos que houve
nas duas Hmbaxadas de Suécia, e Dina-
marca. Lisboa por Domingos Lopez Rofa
1641. 4.
Sentimento da Fè publica quebrantada
em A.lemanha por induftria de Cajiella. Lis-
boa 1641. 4.
Sahio em Latim com eíle titulo.
Dolor fidei publica Cajiella ajiu in yíle-
mania violata pro retentione injujlijfima Se-
renijftmi Domini D. Eduardi Portugallia
Injantis. Ulyffipone. 4. Sem anno, nem
Impreílor.
ANTÓNIO MONIZ DA ROCHA
Vejafe o P. VICTORINO JOSEPH.
Fr. ANTÓNIO MONIZ DA SYLVA, ou
de LISBOA, de GUADALUPE, e de THO-
MAR, pois com todos eftes appelidos fe acha
nomeado em diverfas partes, fendo os dous
primeiros herdados de feu nobiliffimo Pay Ber-
nardo Moniz da Sylva, Commendador da
Torre, e dos Cafaes da Ordem de Chriílo, e feu
Avó Pedro Moniz da Sylva Mordomo Mór
do Cardeal D. Henrique: o 3. da Cidade em
que naceo; o 4. do exemplar Convento de
S. Jeronymo em Caílella onde recebeo o
Habito profeíTou, e viveo grande parte da
fua vida, e o 5. do Real Convento de Tho-
mar que por efpaço de vinte annos gover-
nou como feu Prelado. A grande fama que
corria da fua prudência, e virtude moveo
a ElRey D. Joaõ o III. para o chamar de
Caftella a Portugal onde foy Prior do Con-
vento de Belém cabeça da Congregação de
S. Jeronymo nefte Reyno, e ultimamente
Provincial no anno de 1527. Depois de exer-
citar eíles lugares alcançou o mefmo Princepe
da Sé Apoílolica que adminiílraíTe o Real Mof-
teiro de Alcobaça em quanto o feu Comenda-
tario o Cardeal D. Henrique naõ tinha idade
para governar aquella opulenta Abbadia, e
reformaíle os Freyres da Ordem de Chriílo,
que habitavaõ em Thomar. Neílas duas gra-
viíTimas emprezas fe admirou a prudência do
juizo, a fuavidade do génio, e a conílancia de
animo com que vencidas grandes difficulda-
des reduzio os Monges Ciílercienfes ao feu
primitivo rigor, e transferio os Freires da
Ordem de Chriílo de Seculares em Regulares, a
cuja mudança deu feliz principio em 24. de
Junho de 1530. fendo feu Prior perpetuo, e
Prelado Ordinário de Thomar, e Inquifi-
dor do feu Território devendofe ao feu in-
canfavel difvelo radicarfe, e produzir eíla
regular Communidade copiofos frutos como
eftabelecida debaixo dos preceitos da
Santa Regra do Princepe dos Patriarchas
S. Bento, compondo para mayor obfervan-
cia delia.
Conjiituiçoens approvadas, e confirmadas à
injlancia delRey D. SebafiiaÕ por Gregório XIIL
por hum Breve expedido em Roma a 11. de De-
zembro de \') 77. que começa ut jolicitus Pater
Famílias. Sahiraõ impreíTas duas vezes.
PaíTando a Madrid por cauza de huns
legados que a SereniíTima Infanta D. Maria
filha delRey D. Manoel tinha deixado para
fuílentaçaõ dos pobres do celebre Hofpital,
que fundara junto ao Convento da Luz da
Ordem de Chriílo, morreo naquella Corte con
Jentimiento (faõ palavras de Fr. Miguel Pa-
checo Vid. da Inj. D. Mar. liv. 2. cap. 18.)
de quantos le conocian por fu perfona, cuja religion,
j noble^a no excluia la urbanidad decente a fu
projejfton, que le ha^ia fummamente agra-
dable. O feu Corpo foy levado aos hom-
bros do Marquez de Caílello Rodrigo D.
Manoel de Moura Corte Real mordomo
mór de Filippe 2. e feu Confelheiro do Ef-
tado, e de outros grandes Cavalheros, e
foy depofitado no Convento de S. Marti-
nho dos Monges de S. Bento de Madrid
LUSITANA.
335
.donde foy transferido pat» o Rad G>nvento
de Thomar, e na fepultura tem gravado eíle
«pitafio.
lijla fepnl/iira he de Ir. An/onio de Ushoa
Re/iffo/o da Ordem de Saô Jeronywo Reformador
dtjle Convento, e D, Prior delle. 1'. aos i\. de Jn-
nbo de 1)^1. Os Authorcs que fallaõ dcllc
além de Fr. Miguel Pachcc(j, faò Fr. Gabriel
de Talavcr. UiJI. de GuadulHp. liv. x. cap. 35.
Matiz Dial. d» Var. Hift. Dialog. 9. Fr. Thom.
de I'ar. Decad. lib. 10. cap. 3. Siguença Wift.
de la Ord. de S. Jeron. liv. i. cap. 30. e liv. 2.
cap. 43. Roman Chron. de la Ord. Milit. de
Chrijl. cap. 19. Cardof. Agiol. Liifií. Tom. 3.
pag. 768. c no Commcnt. de 21. de Junho
Ictr. E. Carvalho Corog. PoriNg. Tom. 3. Trat.
8. cap. 55. pag. 6j9. Soveral Hifl. de N. Se-
nhora da LmZ' ^^v. 1. cap. 10. TcUcz Chron.
Ha Comp. de jeftis. Part. i. liv. i. cap. 27. §. 3.
onde lhe chama pejfoa de grande prudência,
utthoridade, e virtude.
Fr. ANTÓNIO DE MORAES natural
de Lisboa, filho de Amador de Sampayo, e
Izabel de Moraes Eremita Auguftiniano, cujo
I labito profeflbu no Convento de N. Senhora
da Graça de Lisboa a 27. de Dezembro de
1583. Depois de eftudar as fciencias de Filo-
lofia, e Theologia paflbu à índia no anno
de 1603. onde pela prudente afFabilidade de
que era dotado foy duas vezes Vigário Pro-
vincial. Efcreveo.
Memorial das Mijfoens, que a Provinda dos
Eremitas de Santo Agojlinho de Portugal, mandou à
índia de/de o anno de 1572. até o de 1630. M. S.
P. ANTÓNIO DE MORAES. Naceo na
Villa da Certaá do Priorado do Crato, e na Igre-
ja Matriz de S. Pedro, foy bautizado a 16. de
Julho de 1 570. fendo filho de Vicente Caldeira,
e Auâa de Moraes. Na idade de defefeis annos
foy admitido à Companhia de JESUS em Coim-
bra a 12. de Fevereiro de 1586. naò fomente
pela boa Índole que já naquelles annos mof-
trava, mas pela fingular energia com que fez
a figura da Penitencia na Tragicomedia de
Santa Maria Egypciaca, que fe reprezentou
no CoUegio de Santo Antaò na prezença
dos Embaxadores, que o Emperador do Ja-
pão mandava ao Summo Pontífice. Foy
muito perito nas letras humanas, t Sagra-
das que díâou nas eícoias da Companhia
por muitos annos. A mayor parte da vida
paíTou, ou pregando com geral edifica-
ção, ou governando com fumma prudên-
cia, fendo Reytor do CoUegío de Lisboa,
e Prepofito da Gafa profeíTa de S. Roque.
Teve particular génio para a educação
dos Noviços aos quaes doutrinava meoot
com a palavra, do que com o exemplo.
Sendo Reytor do CoUegio de Évora paíTou
a melhor vida em 30. de Novembro de 1639.
deixando faudofos aos feus companhei-
ros da religiofa obfervancia, ardente cha-
ridade, e profunda fciencia em que foy
eminente, da qual faõ teílemunhas cinco
tomos que eílavaõ promptos para a impreT-
faõ.
Primeiro. Da PaixaÕ de Chrijlo Senhor nojfo.
Segundo, Do Ornato do Summo Sacerdote.
Terceiro Praãicas Efpirituaes.
Quarto, Sermoens do Advento, Quarefma,
e Santos.
Quinto Sermoens de N. Senhora que como
alguns querem, fahiraõ impreíTos no anno
de 1643.
Do Author, e das fuás obras fe lembra-
rão Petr. de Alva, y Ailorga in Aíilit. Concept.
Biblioth. Societ. pag. 78. e a Hijpan. de Nicol.
Ant. Tom. i. pag. 114. Marrac. na Bib. Ma-
rian. Part. i. pag. 127. Franc. Imag. da Virtud.
do Novic. de Coimbra Tom. 2. pag. 612. e no
Ann. glor. S. J. in Lujit. pag. 277. Joan. Soar.
de Brito in Theatr. hafit. Utter. lit. A. n. 99. e
Jacobo Lelong in Bibliotbec. Sacr. pag. 866.
col. I.
ANTÓNIO MOREIRA CAMELLO
natural da Villa de Torre de Moncorvo
na Província de Trás dos Montes, for-
mado na faculdade dos Sagrados Câno-
nes, ComiJTario do Santo Officio, e Abba-
de da Igreja de Saõ Salvador de Penédono,
em cujo miniílerio emcheo as obrigaçoens
de Paftor vigilante. Foy muito inílruido na
erudição Sagrada, e profana, e muito ap-
plicado ao eftudo da Genealogia. Morreo
no anno de 1675. e delle fe lembra Cardo-
fo Agiol. Eujit. Tom. i. pag. 493. col. 2.
no Comment. de 21. de Fevereiro let. J. e
336
BIB LIOTHE CA
Franc. na Biblioth. Vortug. M. S. Impri-
mio.
Parocho perfeito deduzido do Texto San-
to, e Sagrados Doutores. Lisboa por Joaõ da
Coíla. 1675. foi.
Com grande trabalho, e naõ menor ef-
tudo compoz hum grande livro.
Armas, e Famílias de toda Efpanha com os
ejcudos illuminados pela Jua maõ.
Tratado da Família dos Majcarenhas.
Conferva-fe na Cafa dos Condes de Sa-
bugal, de cuja obra faz mençaõ o P. D. An-
tónio Caetano de Souf. no apparat. à Híft.
Gen. da Cafa Real Portug. p. 103. n. 106.
onde por erro da ImpreíTaõ he chamado
nefte lugar o Author Amaro, devendo fer
António.
P. ANTÓNIO DE MORIM filho de
Belchior de Morim, e Maria Vieira naceo
em Coimbra, onde entrou na Companhia
de JESUS a 15. de Fevereiro de 1657. quan-
do contava defefete annos de idade. No
Collegio da fua pátria foy Lente primário de
Rhetorica, e no de Lisboa, de Filofofia em
que foy eminente. Exercitou por muitos
annos o miniílerio de Pregador, e os últi-
mos da fua vida de Doutrineiro enfinando
pelas Praças de Lisboa, como he louvável
inftituto da Companhia, aos Meninos a Sa-
grada Doutrina, que eílà incluída no Ca-
thecifmo. Morreo na Cafa ProfeíTa de S.
Roque em 16. de Abril de 171 6. Delle fe
lembra Franco na Imag. da Virtud. do No-
viciado de Coimbra. Tom. 2. pag. 612. Compoz
Dulces exuvice humaniorum Utterarum, (&
JacrcB, <& prophancB leBcB olim Palladio in puluere.
UlyíTip. apud Valentin. da Cofta Desland.
1708. 8. Por cuja obra he feu Author nume-
rado entre os Poetas Portuguezes pelo P.
António dos Reys in Enthuf. Poet. n. 132.
Tu quoque Mondiades velahant fronde Morine
Dulcibus exuviis.
Sermoens do tempo do Advento, e Quarefma.
I. Tomo. Lisboa por Valentim da Coíla Des-
landes. 1707. 4.
Sermoens de Santos 2. Tom. Lisboa na
Officina Deslandefiana. 171 o. 4.
Do^^e Sermoens pregados nas dof^e Fef-
tas principaes de Maria Santifftma Mãj de
Deos. Lisboa por António Pedrozo Galraõ.
1715. 4.
ANTÓNIO DA MOTA natural de Lis-
boa muito perito na Lingua Latina, que elo-
quentemente fallava. Sendo fublimado ao
folio do Vaticano em 13. de Mayo de 1572.
Gregório XIII. o congratulou deíla fuprema
dignidade em nome delRey D. Sebaftiaõ com
huma Oraçaõ, que recitou com grande ap-
plaufo de toda a Cúria na prefença do Colle-
gio Apoílolico, cujo titulo he
Oratio habita Koma ad Gregorium XIII. da.
qual fazem mençaõ Fr. Ludou. Jacob, a
Sanâio Carol. in Bib. Pontif Lib. 2. pag. 264.
e Nicol. Ant. in Bib. Hifp. Tom. i. pag. 115.
Fr. ANTÓNIO DE MOURA natural de
Lisboa Religiofo da Ordem de S. Joaõ de
Deos, cujo Habito profeíTou em Caftella, taõ
applicado ao remédio, e cura dos infermos
principal empenho do feu charitativo Infti-
tuto, como vigilante na educação dos Noviços,
para os quaes deixou efcritas inílrucções muito
neceíTarias. Publicou com muitas addiçoens.
Vida dei Santijftmo Patriarcha S. Juan
de Dios compuefla por Fr. António de Gou-
vea Obifpo de Cjnere. Madrid por Frandf-
co de Ocampo. 1631. 4. et ibi por Belchior
Alegre 1669. 4. et ibi por Roque Rico de
Miranda. 1674. 4. e Cadiz 1648. 4.
ANTÓNIO NABO natural da Vilk
de Arrayolos da Provinda do Alentejo
fendo taõ pequeno no corpo, como grande no
engenho. Aprendeo as Letras Humanas, c
Rhetorica com o infigne Meftre Joaõ Vafeo
a quem muitas vezes fubftituhio quando
enfinava eftas faculdades em Évora antes de
eílar fundada a Univerfidade, e lhe fucce-
deo na Cadeira quando Vafeo fe retirou
para Caftella. Eftudou em Salamanca Theo-
logia, e Direito Canónico, e voltando a
Portugal foy Cenfor dos Livros. No tempo
que governava a Diocefe de Lisboa o
Cardial D. Henrique, o fez feu Capellaõ, e
Secretario das Cartas Latinas, em que era
infigne, por cuja caufa mereceo grandes efti-
maçoens defte Princepe. Morreo em Lis-
boa no anno de 1592. Além de muitas Cartas
L USITANA.
337
I Latinas, que efcreveo cm nome do Cardeal
D. Henrique ao Summo Pontifice, e muitos
epigrammas latinos a quafi todos os livros,
que cenfurava. Tradufío por ordem do mefmo
Cardeal feu Patrono o Ceremonial Romano
de Latim em Portuguez, e pofto que no fron-
tifpicio do livro naò eíleja o feu nome, fe
declara no privilegio Real o qual tem eíle titulo.
Ceremonial, e Ordinário da Miffa, e de como
J$ haÒ de adminijlrar os Sacramentos da Santa
Madre Igreja com declaração da virtude, e ufo
delles, e doutrina, que de cada hum fe fará ao povo
certos dias do anno com outras coufas necejf árias
para os Curas, e mais Sacerdotes. Lisboa por
Francifco Corrêa. 1568. 4. Por ordem do
mcfmo Princcpe tradufío cm Portuguez
Cathecifmo Romano.
Fr. ANTÓNIO DA NATIVIDADE
natural da Villa dos Arcos de Valdevez
na Provinda do Minho do Arccbifpado de
Braga. ProfcíTou o penitente Habito de Ca-
pucho da Província de Santo António no
Convento de Santa Catharina da Carnota
\ onde foy exemplar de todas as virtudes
rcligiofas. Ainda que frequentou os eíhidos
preferio com zelofa, e ardente eleição o fer
Meílre nos Púlpitos, que nas Cadeiras em
cujo fagrado minifterio atrahio innumeraveis
almas para o caminho da penitencia.
Depois de fer Definidor, fubio ao lugar de
Provincial, no qual tolerou com impertur-
bável conílancia varias tribulaçoens, que
igualmente lhe moleílavaõ o corpo, e o efpi-
rito. Nos cinco annos, que fobreviveo a
cfte lugar, fe preparou para a ultima hora
com os continuados jejuns de paõ, e agua
nos Adventos, Quarefmas, fegundas, quar-
tas, e feílas feiras de todo o anno, atè
que recebendo hum Jubileo pleniíTimo con-
cedido pela Santidade de Urbano VIII. a
toda a Chriílandade avÍ2ando ao Prefidente
do Convento de Santo António de Lisboa,
que lhe levaíle à Enfermaria o Sacramento
da Extrema-Unçaõ, recebendo-o com fum-
ma piedade expirou pladdamente a 6. de
Novembro de 1641. compoz
Commentariorum in Evangelia Feflorum, qua
folent pradicari fex menfihus anni cum annotationi-
hus ad mores per Traãatus digeflorum i. ^ars. foi.
cooAa de 450. folhas, e he dedicada eíla obra
a D. Lourenço de Lima Vifconde de Vílla-
Nova de Cerveira, a qual com as licenças da
Ordem dadas 1 10. de Julho de 1640. efiava
prompta para a ImpreíTaõ, e £e conferva na
Livraria do Convento de Lisboa de Santo
António, como nella vimos.
Do Author faz mençaõ Nicol. Ant. ín
hih. Hifp. Tom. I. pag. 115. Carvalh. Corog.
Portug. Tom. 5. Trat. 8. cap. 21. pag. 414.
Fr. Joan. à D. Ant. in Bib. Franc. Tom. i.
p. 120. Bib. Ecclef. pag. ^02. col. 2. E ulti-
mamente o P. Fr. Martinho do Amor de
Deos Chron. da Prov. de Santo António. Tom. i.
liv. 2. cap. I. §. 61.
Fr. ANTÓNIO DA NATIVIDADE
natural de Lisboa filho de Pays igualmente
pios, que nobres quaes foraõ Duarte Ximenes,
e Joanna da Veiga. Na idade da adolefcencia
recebeo o Habito dos Eremitas de Santo Agof-
tinho no Convento deíla Corte onde profeíTou a
16. de Setembro de 1607. cuja fagrada familia
illuílrou como filho benemérito com a inno-
cencia da vida, fublimidade de engenho, e copia
de livros. Inílruio aos feus domefticos com as
fciencias efcolafticas pelo efpaço de defefete
annos nos Collegios de Lisboa, Évora, e Coim-
bra de cujos preceitos fahiraõ difdpulos, que jà
eraõ Meílres. Foy cordialmente devoto de
Maria Santiífima com o titulo da Penha de
França Orago de hum Convento da fua Ordem
fituado nos arrebaldes de Lisboa onde por mui-
to tempo aíTiUio por feu Capellaõ. Naõ foy me-
nor a devoção, que teve com as Almas do Pur-
gatório applicando inceíTantemente todo o
difvelo para o feu alivio jà com exhortaçoens
publicas, e particulares para que com efmolas, e
oraçoens as aliviaíTem dos tormentos, que pa-
deciaõ, jà erigindo Confrarias, e efcrevendo Ef-
tatutos dirigidos ao refrigério das mefmas Al-
mas, que agradecidas a tanta piedade, e comife-
raçaõ o receberão na fvia companhia no dia de-
dicado à fua geral comemoração a 2. de Novem-
bro de 1665. no qual piiflimamente efpirou.
Sendo acafo pareceo myílerio, que naõ havendo
lugar cõmodo na Igreja, e Clauílro para o fepul-
tarem, foíTe enterrado no pavimento da CapeUa
das Almas que era da familia dos Ximenes don-
de procedia. Do feu nome, e efcritos ainda que
338
BIBLIOTHE CA
naõ de todos fazem memoria Nicol. Ant. in Bib.
Hifp. Tom. I. pag. iij. e Tom, 2. pag. 282.
Herrer. in Alphab. Auguft. ad an. 1638. Purif.
de Vir. lllujlrih. Prov. Lufit. Ord. Eremit. D.
Aug. liv. 3. cap. 2. Cardof. Agiol. h.ufit. Tom, 3.
no Cõment. de 14. de May o letr. E onde lhe
chama Doutijftmo. Joan. Soar. de Brit. in
Theatr. L,ujit. litter. lit. A. n. 120. e Magna
Bib. Ecclef. pag. 502. col. 2. Efcreveo.
Stromata Oeconomica totius fapientia fiamine
texta, five de regimine domus. Opujcula nullius non
litteraturcB elaborata impendio. Pars prior de Patre
Familias. OlyíTipone ex Ofíícina Crasbeeckiana
1653. foi. et Pariíiis. 1656. foi.
Sjlva de Suffragios declarados, louvados, enco-
mendados para co?num proveito de vivos, e defuntos.
Braga por Manoel Cardofo 1635.4. Foy tradu-
2ida em Caftelhano por Fr. Diogo Noguera
Agoílinho. Madrid por Bernardo Hervada.
1666. 4.
Montes de Coroas de Santo Agoftinho nelle,
e na fua Eremitica familia recebidas. Lisboa
por Henrique Valente de Oliveira. 1663.
foi.
Sermão nas Exéquias que os Keligiofos da
Ordem de Santo Agojlinho fi^^eràò na Sé de Lisboa
pelo Illujlrijftmo, e Keverendijfimo Senhor D.
Rodrigo da Cunha Arcebifpo da me/ma Cidade
Jofue Portuguef^. Lisboa por António Alvares.
1643. 4.
Tratado da devoção da Corrêa de Santo Agof-
inho. Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1627. 12.
Deixou ainda imperfeito.
Tratado da Fundação do Convento de N.
Senhora da Penha de França. M. S.
Fr. ANTÓNIO DA NATIVIDADE.
Naceo em o Porto a 3. de Janeiro de
1637. e na adulta idade de 22. annos recebeo
o monaftico Habito do Princepe dos Patri-
archas S. Bento, em o Convento de Tibaens
a 26. de Março de 1659. Foy bom poeta
latino, e naõ menor Theologo moraliíla cha-
mado antonomafticamente o Beda. Tinha
prompto para a impreíTaõ.
Eu^ do Moral em que Je declara a maté-
ria dos Sacramentos. No fim de cada Tra-
tado lhe poz hum dyfticho latino que reco-
pilava a matéria do Tratado foi. volume
grande.
Fr. ANTÓNIO DA NATIVIDADE
MOCAMBO natural do bairro de Lisboa, onde
tomou o ultimo appellido, filho de Agoftinho
Rodriguez, e Fauftina Rodrigues. Na idade
juvenil abraçou o penitente Efíatuto da Seráfica
Província da Arrábida o qual profeíTou a 1 5 . de
Dezembro de 1697. em o Convento de Alfer-
rara junto da Villa de Setuvál, onde naõ fomen-
te foy Lente de Prima de Theologia, mas
Provincial, e Pregador egrégio como o intitula j
Fr. Joan. à D. Anton. in Bib. Franc. Tom. i.
pag. 120. cujo talento para o Púlpito o mani-l
feftou quando no Convento de S. Jozé de
Riba-mar cabeça da fua Província nefte Reyno
recitou na prezença augufta delRey N. Senhor
D. Joaõ o V. e os Senhores Infantes.
Sermão do Glorio/o Saô Francijco. Lisboa!
na Officina da Mufica. 1726. 4.
Sermão da Terceira 6. feira da Quaref ma pre-
gado na Santa Igreja Patriarchal no anno de 1738.J
Lisboa por António Ifidoro da Fonfeca.1
1738.4.
ANTÓNIO DE NAXARA ainda que por
origem Caftelhano, por nacimento, educação,
e morada UlyíTiponenfe. AppUcoufe defde os
primeiros annos ao eflxido das difciplinas
Mathematicas, e naõ fatisfeito de revolver com
indefelTo cuidado as obras dos mayores profef-
fores de taõ nobres fciencias, fahio da fua pátria
para confultar nas duvidas mais dificultofas
aos Sábios que floreciaõ nas Cortes de Europa,
de que fe feguio fahir doutiíTimo aflim na
Mathematica praética, como efpeculativa, prin-
cipalmente na Aftronomia, e Cofmografia,
como o publicarão as fuás obras de quem fazem
eftimaçaõ António de Leon na Bib. Indic.
Tit. 3. D. Nicol. Ant. na Hifp. Tom. i.
pag. 115. D. Francifco Manoel na i. Carta
da 4. Centur. efcrita ao Doutor Themudo,
e Joaõ Soar. de Brit. in Theat. Eujit. Litter.
Ht. A. n. loi. Compoz.
Difcurfos aflrologicos fobre o Cometa, que
appareceo em 25. de Novembro de 161 8. Lisboa
por Pedro Crasbeeck. 1619. 4.
Navegacion efpeculativa, y praãica reformadas
ftis regias, j tablas por las obfervaciones de Ticho
Brahe: Navegacion, y puntos por el globo, y
carta plana. Lisboa por Pedro Crasbeeck.
1628. 4.
il
LUSITANA.
Sutnma AJlrolo^a, y arte para tnfiHar a
hat(er pronojlicos delos /tempos, y por ellos conocer
la fertilidad, o ejlerilidad dei aAo, las alturas dei
(ç/re por el juinjo delos hclypfes dei Sol, y Luna
por la revolucion dei aHo, y màs en particular por
las con/tmciones, opoficiones, y quartos que ha^e
la \jma con el Sol todos los tuev^es, y Jemanas;
difpuefla por el mas racional ejlilo, y por tér-
minos más claros que hajla oy fe han efcrilo. Jaca-
dos Jus fundamentos delo más effencial dela doÚrina
di Ptolomeo, y Jus commentadores, y de otros
Aftrêlogps Árabes, y Griegos, qm mejor trata-
ron efla matéria, y para confirmacion de fu verdad,
y certet(a recopilados en la ultima parte defte
livro muchos aforifmos examinados por todos
illos delas conftelaciones celejles, que con Jus in-
fluencias alteran el ayre con calores, Jrios, humeda-
its, relâmpagos, rayos, piedras de corijco, temblores
de tierra, terremotos, y dilúvios, y el modo con que
Je ha:(en todas ejlas imprejiones metereoloffcas en
ti ayre, y tierra, con otras muchas curiojidades.
Lisboa por António Alvares 1632. 4. Defta
obra, e do Author fa2 memoria o moderno
Addicionador da Bib. Nautic. de António
de Leaõ Tom. 2. titul. i. col. 1053.
No Prologo defte livro prometia publicar
brevemente.
Summa de objervaçoens, e experiências
metbereologicas Jeitos acerca dos tempos, e
mutaçoens para cada dia do anno.
Fr. ANTÓNIO DAS NEVES natu-
ral de Lisboa, Religiofo profeíTo da Ordem
dos Menores da Provinda dos Algarves,
poeta vulgar, e verfado na liçaõ dos Santos
Padres, e Efcritura Sagrada, de cujas appli-
caçoens faõ evidentes provas as obras feguin-
tcs, que naõ lograrão o beneficio da lu2
publica.
Santo António de L.isboa Decimas Por-
tugueí(as. De Jua vida, milagres, e glorio-
Jas obras conforme as Chronicas da Sagra-
da KeligiaÕ de Frades Menores, e outras
j kndas particulares Dedicado ao mejmo San-
to no Pretório da Cidade de Lisboa, e
fita Cafa da Camará por voto particular,
e devaçaõ do Author em 1650. Conft^ de
18. Cantos in 4. cujo Original fe conferva
na Livraria dos PP. Theatinos defta Corte.
Manufcripta Litferaria pro Sacris Con-
339
cionibus inflituendis Jeleãa ex proba tijft mis Doâo-
ribus, ejujdemque piijfimis Sacra Paffna Inter-
pretibus anno Domini 165 1 . foi. Obra de grande
trabalho, e vaftidad. G^nfervafe na Biblio-
theca do G^nvento da Província dos Algar-
ves da qual era filho o Author.
ANTÓNIO NOGUEIRA Doutor em
I^ys, e famofo Lente defta faculdade na Uni-
verftdade de Coimbra, cujas obras louvaõ
Pedro Barboza íí. de Legat. n. 39. Gafpar Pegad.
ad L. inter ca terá ff. de lib. et pofthum. foi. jo. e
Diogo Lopes Ulhoa de Fidei comij. Diflcrt. j.
n. 19. et 20. fendo entre ellas a mais celebre.
In Rub. ff. de Legatis i . in. 4.
D. ANTÓNIO DE NORONHA pri-
meiro Conde de Villa- Verde, duodécimo
Senhor defta Cafa, Commendador das Comen-
das de Algezur na Ordem de S. Tiago, e de S.
Salvador de Mançoens na de Chrifto. Foy
filho de D. Pedro de Noronha undécimo
Senhor de Villa- Verde, e de fua Mulher D.
Juliana de Menezes filha de Vafco Martins
Moniz, Senhor de Angeja, e de D. Violante de
Menezes. Era fummamente applicado ao eftu-
do da Genealogia em que fez grandes progref-
fos naõ fomente pelo que colheo da liçaõ dos
livros, mas das noticias de muitos Genealó-
gicos com quem teve familiar comercio que
por ferem muito exaâas, e verdadeiras efcre-
veo.
Nobiliário.
Do qual diz o P. D. António Caetano de
Soufa no Appar. à Hifl. Gen. da Caf. Real
Portug. pag. 125. n. i^S. fora feito com grande
averiguação^ hifloriado, fem que caufe faflio com
notável reflexão nas matérias, e admirável intenção
no que efcreveo como própria do feu illuflre naci-
mento... e na verdade he dos melhores nobiliários que
tenho viflo. Confervafe efte Nobiliário na
Livraria do Marquez de Angeja, filho do
Author que foy cafado com D. Maria de
Menezes filha de D. Duarte de Menezes
Conde de Tarouca, e de D. Luiza de Caflxo.
Morreo em Lisboa a 14. de Janeiro de
1675. Jaz fepultado no Convento de N.
Senhora da Vifitaçaõ de Religiofos Recole-
tos da Seráfica Provinda dos Algarves fitua-
do em Villa- Verde.
340
BIBLIOTHE CA
Fr. ANTÓNIO DE NOSSA SENHORA
natural de Coimbra. Recebeo o Habito da
Ordem dos Pregadores no Convento de Goa,
onde foy ComiíTario do Santo Officio, e Depu-
tado por nomeação do lUuílriíTimo Inquifidor
Geral D. Fr. Jozé de Lancaílro, que naõ exer-
citou por voltar ao Reyno. Foy Prior do
Convento de Dàmaõ, e Prefentado a titulo
de Pregador, de cujo apoftolico minifterio
colheo naõ menor applaufo, que lucro, do qual
comprou hum juro annual de cincoenta mil
reis para fe augmentar a Livraria do Convento
de Lisboa, onde morreo a 26. de Março de
171 2. Imprimio.
SermaÕ da Serenijfima May de Deos, e Senhora
nojfa do Kojario em a celebridade Jolemne de Jeu
Jefiivo O ut avario que todos os annos fe applaude, e
celebra por todas as partes, e terras do Oriente
pregado no Convento de Sàõ Domingos da Cidade
de Dàmaõ o anno de 1695. Coimbra por Manoel
Rodrigue2 de Almeyda Familiar do Santo Offi-
cio 1701. 4. Delle fe lembra Fr. Pedro Mon-
teiro no Claufir. Domin. Tom. 3. pag. 163.
D. ANTÓNIO DE NOSSA SENHORA
DO CARMO chamado no feculo An-
tónio da Cunha Brochado naceo na Cidade
da Bahia Capital da America Portugueza,
e teve por Pays ao Dezembargador Bel-
chior da Cunha Brochado Fidalgo da
Cafa Real, Cavalleiro profeíTo da Ordem
de Chrifto, Confelheiro da Fazenda, e Cor-
regedor da Corte, e Cafa, e a D. Maria Fran-
cifca de Paula, e Almeida. Inílruido
nas letras humanas aprendeu Filofoíia no
CoUegio de Santo Antaõ de Lisboa donde
paíTando à Univeríidade de Coimbra fe appli-
cou ao eíhido da Jurifprudencia Cefarea em
que fez taes progreílos o feu penetrante en-
genho, que recebido o gráo de Licenciado
voltou à Corte onde exercitou com igual
fciencia que integridade o lugar de Juiz da
índia, e Mina. Sendo nomeado Plenipo-
tenciário à Corte de Madrid feu Tio Jozé
da Cunha Brochado, de quem faremos mere-
cida memoria em feu lugar, o acompa-
nhou para fe inftruir nos myfterios da Poli-
tica, cuja arte mais fe aprende com a praética,
que com a efpeculaçaõ, donde voltando
foy eleito Confelheiro da Fazenda Real.
Penetrado de fuperior impulfo recebeo as
ordens de Presbytero, e confiderando com
mais defenganada reflexão que no feculo naõ
podia confeguir a tranquillidade, que deze-
java o feu efpirito, defprezando todas as con-
veniências mundanas fe retirou ao Clauftro do
Real Convento de Santa Cruz de Coimbra onde
profeíTou o Inílituto Canónico Auguíliniano
a 16. de Julho de 1735. Nefta virtuofa paleftra
fe fez fevero. imitador dos exercícios afceticos
que nelle prafticaõ os feus CoUegas. Nas horas
vagas das obrigaçoens de Religiofo traduzio da
Lingua Caílelhana de Manoel Jozé Altami-
rano em a Portugueza, e fe imprimio fem o
feu nome.
Ketiro efpiritual para hum dia de cada Mp^
e para difpojiçaõ de hum a Santa vida para huma boa
morte. Coimbra por António Simoens Fer-
reira ImpreíTor da Univeríidade 1738. 8.
ANTÓNIO NUNES Doutor na faculdade
de Leys, Ouvidor nas terras, e Coutos de Alco-
baça, de cujo officio fendo mandado dar conta
pelo Cardial D. Henrique no tempo que era
D. Abbade do Real Convento de Alcobaça,
efcreveo.
Vifita, e Reformação, que /«^ nas terras, e
Coutos do deflrião de Alcobaça, foi. A qual
obra fe guarda M. S. no Collegio da Com-
panhia de JESUS de Évora.
ANTÓNIO NUNES natural da Cidade de
Beja, irmaõ de Fr. Ignacio de Santa Maria
Agoílinho Defcalço, de quem em feu lugar
faremos mençaõ, commendatario do Hofpital
do Santo Efpirito em Itália, e adminiftrador da
Commenda chamada Alexandrina que vagou
por morte de feu Irmaõ Joaõ Nxmes Religiofo
da mefma Ordem. Voltando para Portugal,
morreo no anno 1671. Efcreveo.
Diário delia Mifericordia di Dio, e motivo
per amaria con altri divote effercicij per acqmf',^
tare la gratia di Dio, e confervarji in ejfa in
vita, e in morte. Milano por Ludovica
Monza 1666. 12. ^
Confuelo dei alma contrita. Milano por
o dito ImpreíTor. Coníla de verfos devotos
para cada dia da Semana. Defta obra como
poética fe lembra no feu Enthuíiafmo n.
180. o P. António dos Reys.
L USITAN A.
341
P. ANTÓNIO NUNES Vcjafc P.
VICTORINO JOSEPH.
ANTÓNIO NUNES DA VEYGA
Ouvidor da Comarca de Valença igual-
mente perito na fciencia da Jurifprudencia,
como da Hiftoria aíTim Sagrada como pro-
fana, e Arte militar efcreveu.
Perfeito CapitaÒ máximas militares tiradas
ia àijciplina, e pratlica militar dos mayores Heróis,
qiu conbeceo o tempo, e particularmente daquelUs,
que com f eu valor, e boa politica fe fit(eraÒ Senhores
do mundo, e acredores de boa fama. Lisboa por
Valentim da Cofta Dcf landes 1709. 4.
Fr. ANTÓNIO OLANO. Naceo no ar-
tebaldc da Villa de Torres Vedras do Arce-
bifpado de Lisboa, Religiofo Menor cujo
Habito profcflbu cm dílella. Efcreveo.
Martjrio do V. Fr. André de Spoleto. Cuja
obra traduzida na lingua Italiana por Joaõ
Maria Branculupo de Monte falco fahio jun-
tamente com o The^uro das virtudes de Fr.
Affonfo da Ilha no anno de 1J74. 8. de quem
em feu lugar fizemos mençaõ. Do Author
a fazem Nicolao Ant. in Bih. Hifp. Tom. i.
pag. 24. col. 2. e Fr. Joan. à D. Ant. in Bib.
Vranc. Tom. i. pag. 120.
ANTÓNIO DE OLIVEIRA natural de
Lisboa Presbytero de exemplar vida, e pro-
feflbr infigne de Mufica, de cuja faculdade
foy Meílre do Coro da Real Parochia de S.
Juliaõ da fua pátria donde paíTou a Roma, e
nella morreo. Deixou muitas obras compoftas
para fe cantarem nos Templos, como eraõ.
Mijfas, Pfalmos, Motetes, e Vilhancicos,
dos quaes grande parte fe conferva na Biblio-
theca Real da Mufica, como coníla do feu
Index ImpreíTo em Lisboa por Pedro Cras-
beeck 1649. 4*
ANTÓNIO DE OLIVEYRA natural
da Villa da Chamufca Arcebifpado de Lisboa
traduzio de Caftelhano em Portuguez.
Relação do tumulto popular, que fuce-
deo em 18. de De^^embro do anno pajfado de
1735- ^^ Cidade do GraÕ Cayro Capital do
antigo Rejno do Egypto com a morte do feu
Vifir, e do Jui^ dos Judeos, e deflruiçaô da
Judiaria com as mortes, e tormentos cruéis, que
deraõ aos judeos com todas as particularidades
defla grande revolta tiradas de cartas fidediffias,
e relafoens de pejfoas ff aves, e incorruptas. Lisboa,
na OíTicina Joaquiníana da Mufica fem anno
de imprcíTaò. 4.
ANTÓNIO DE OLIVIilRA Presbytero
do Habito de S. Pedro, e MíAionario Apofto-
lico por faculdade Pontifícia naceo em Lisboa
donde em idade pueril paíTou com feus Pays
António de Oliveira, e Mariana dos Reys i
Bahia de todos os Santos Capital da America
Portugueza, e no Collegío dos Padres Jefuítas
aprendeo Filofofia, e Theologia com tanta
applicaçaò do feu engenho, que mereceo fer
laureado Meftre em Artes, e Examinador deíla
Faculdade. Naõ alcançou menor applau-
fo aíTim na Poefia Latina, e vulgar, de que cm
varias Academias deo claros argumentos da
fua fecunda veya, fendo ouvido com accla-
maçoens de infigne Orador Evangélico de
cuja fublime Arte tem publicado.
Sermão das Exéquias que a muito Reverenda
Irmandade de S. Pedro dos Clérigos da Cidade da
Bahia celebrou efle anno de 1756. aos 10. de Julho
pelas almas de feus JrmaÕs Sacerdotes em a fua
própria Iff^eja do mefmo Princepe dos Apoftolos.
Lisboa por Maurício Vicente de Almeyda
1738. 4.
Sermão do Santijfimo Sacramento pregado na
fumptuofa Fefla que a efle Myflerio conf agrarão os
Irmãos do Senhor da Aíatri^ da Conceição da Praya
da Cidade da Bahia efle anno de 1739. Lisboa Na
Officina dos Herdeiros de António Pedrozo
Galraõ. 1740. 4.
Epigramma luitino, e Soneto Portuguer^ em
louvor do Reverendo Sebaftiaõ do Valle
Pontes Deaõ da Cathedral da Bahia pregando
nella as exéquias do Pontífice Benedifto XIII.
Lisboa na Officina Auguftiniana. 1732. 4.
ANTÓNIO DE OLIVEIRA CADOR-
NEGA natural de Villa- Viçofa filho de
António Cadomega de Oliveira Fidalgo
da Cafa Real, e Criado, como o foraõ
feus Afcendentes da Sereniífima Cafa de
Bragança. Na adolefcencia efdmulado do
nobre ardor da gloria militar acompanhou
por Soldado a Pedro Cefar de Menezes na
342
BIBLIO THE CA
occaíiaõ, que partio por Governador de An-
gola no anno de 1639. em cujo theatro obrou
heróicas façanhas contra os Olandezes, aíTim
no poJfto de Alferes, como de Capitão pelo
largo efpaço de trinta annos. Depois que ini-
migo taõ poderofo foy lançado daquellas terras
aíTiílio na Cidade de Loanda Capital do Reyno
de Angola onde como Capitão reformado vi-
veo atè o anno de 1690. Pela vaíla noticia, que
tinha adquirido daquella regiaõ Africana jà
pela liçaõ dos Livros, jà pelo exame dos olhos,
efcreveo.
Hifioria geral da guerra de Angola, foi. 3. Tom.
Hijloría de todas as coujas, que Juccederàõ em
Angola no tempo dos Governadores, que a governa-
rão depois da guerra ate D. Joaõ de luincajlro.
foi. Tom. 4.
Compendio da expugnaçaõ do Rejno de Ben-
guela, e das terras adjacentes, foi.
DefcripçaÕ da fua pátria Villa-Viçofa aca-
bada no anno de 1683. Dedicada ao Excellen-
tiíTimo Conde de Ericeira D. Luiz de Menezes,
em cuja grande Livraria fe confervaõ todas
eftas obras M. S.
mandou por feu Theologo ao Concilio Tri-
dentino, em cujo Sagrado, e SapientiíTimo
CongreíTo brilharão com grande exceflb os
dotes fcientificos de que era ornado o feu
profundo talento pelo qual o elegeo feu Se-
cretario o Minillro Geral da Ordem Seráfi-
ca, confiando, que podia dignamente fatis-
fazer huma, e outra incumbência. Depois
de fer ComiíTario Geral de toda a Familia
Francifcana fegunda vez paíTou a Ronu
onde continuados felizmente os negócios
da fua Religião, e defta Coroa acabou a vida
mortal para principiar a eterna reynando
ElRey D. Sebaíliaõ, ou o Cardeal D. Hen-
rique. Fr. Fernando da Soledade. Hijl.
Seraf. da Prov. de Portug. Part. 4. Liv. 4. cap.
28. n. 985. lhe chama VaraÕ eminente em todo
o género de erudição. Delle brevemente nos lem-
bramos nas Mem. delKej D. Seb. Part. i. Liv. i.
cap. 9. n. 85.
Compoz, e fe imprimio.
Candelabrum Sacramentorum. 4.
Explicationes in Aãa ConciliJ Tridentini.
M. S.
Fr. ANTÓNIO DE PÁDUA natural de
Beja filho de Diogo Gonçalves Sanches Cafte-
Ihano, Cavalleiro da Ordem de S. Tiago, e de
fua mulher Joanna Sanches da Gama, irmaõ
inteiro do celebre Doutor Joaõ AíFonfo de
Beja, de quem faremos memoria em feu lugar.
Depois de eílar inftruido nas Letras Humanas,
e na Lingua Latina por caufa de fer provido
de hum Beneficio partio a Roma onde cha-
mado por Deos para vida mais perfeita abra-
çou o Inílituto Seráfico mudando juntamente
com o novo eílado o nome de Pedro Gonçal-
ves Sanches, que tinha no Século em o da-
quelle famofo Thaumaturgo, que tendo o
Oriente em Lisboa teve o Ocafo em Pádua.
O graõ talento de que era ornado o habili-
tou para os mayores lugares da Ordem on-
de lufio a fua prudência, fabedoria, e a£ti-
vidade para confeguir os negócios mais ár-
duos, e conciliar os ânimos mais difcordes.
Foy Lente de Theologia em Pádua em cuja
Univerfidade foraõ refpeitadas as fuás le-
tras. PaíTando a Portugal fe incorporou
nefta Provinda, e informado ElRey D.
Joaõ o IIL das fuás eminentes Letras o
ANTÓNIO PAES FERRAZ natural de
Lisboa igualmente douto nas faculdades de
Filofofia, Theologia, e Mathematica, de cuja
fciencia teve particular eíhido com a qual
fazia muitos vaticínios, e prognoítícos dos
annos, calculados pelo merediano de Lisboa,
dos quaes publicou os feguintes
Pronofiico, e L.unario do anno de 1653. com to-
dos os afpeãos da h,ua com o Sol, e alteraçoens do
ar. Lisboa por António Alvares 1652. 8.
Pronojlico, e L,unario do anno de 1660. Lis-
boa por Domingos Carneiro. 1659. 8.
Difcurfo AJlrologico das influencias da mayor
conjunção de Júpiter, e Marte, que fuccederà a 8.
de Agofio de 1660. objervado, e calculado para o\
Meridiano de Lisboa. Nelle fe trata da exaltação
de Portugal, dos princípios de feu Império, e de '<•
fuás felicidades. Lisboa por Domingos Car-
neiro. 1661. 4.
ANTÓNIO PAES VIEGAS. Naceo
no Lugar de Manjoens do território de Lis-
boa fendo filho de Sefifnando de Freitas
Freire, e de fua mulher D. Maria de Lacer-
da. Foy Cavalleiro profeílo da Ordem de
1
o m
L USITAN A.
343
Chriílo» Comendador da QSmenda de Santa
Maria da Giarídade em Evota, e Alcayde
Mòr de Barcellos, Secretario de Eílado do
SereniíTimo Rey D. joaõ o IV. antes, e depois
de cingir a Coroa. Foy ornado de todos os
dotes, que conflituem hum verdadeiro poli-
tico, quaes eraõ fumma prudência, juizo ma-
duro, profunda capacidade, e fagaz artificio
para vencer as mayores dificuldades, a cuja
aétíva deligencia deve Portugal a íua liberdade
como efcrevem com naõ pequenos louvores
da fua pefToa Macedo na Lujit. Liberai . Lib. 5.
cap. 10. n. 12. Menezes Portug. Rejl. Tom. i.
Liv. 2. pag. 91. e Joaõ Bautifla Birago Hi^.
é» Vortug. Lib. 2. pag. mihi i;6. perfuadindo
com eficazes razoens ao Duque de Bragança,
que aceitaííe a Coroa de fcus Avós offerecida
pelos Portuguezes, e empunhaííe o Scetro
violentamente ufurpado pela ambição Caf-
telhana, e ainda que eíleve indecifo o Du-
que na refoluçaõ receando prudentemente
as graviffimas confequencias, que delia ha-
viaõ de refultar, foraõ taõ fortes os funda-
mentos com que lhe inflamou o animo para
empreza taõ alta, que cedendo da perplexi-
dade aceitou a Coroa. Elevado efte Prince-
1^ ao Trono fempre o confultou como a
Miniílro taõ Sábio, e prudente em todas as
matérias politicas, e militares, até que mor-
leo na fua pátria no anno de 1650. ainda
que Joaõ Soar. de Brito in Theatr. 'Lujit. Lt-
krat. Lit. A. n. 103. efcreve, que fora no anno
de 1645. acrecentando Vir fuit varia eruditíonis,
€>• leãionis, nec minoris eloquentia, & prudentia
Valafc. ]uft. Aclamac. Par. i. §. 4. n. 5. infigne
talento dejla idade. D. Francifco Manoel na
1. carta da Centu. 4. efcrita ao Doutor Manoel
da Fonfeca Themud. deligente inveftigador dos
princípios de Portugal, Efcreveo com igual
elegância, que exame.
Princípios dei Rejno de Portugal con la vida,
j bechos de D. Alfonfo Henriques fu primer Key,
y con los princípios de otros eftados Chriftianos de
Efpatla. Lisboa por Paulo Crasbeeck. 1641. foi.
Na lingua materna, mas fem o feu nome.
Manífejio do Rejno de Portugal no qual
fe declara o direito, caufas, e o modo que te-
ve para exímir-Je da obediência delKey de
Cafiella, e tomar a vo^ do Serenijfimo D.
Joaõ o IV. do nome, e XVIII. entre os Reys
verdadeiros dejie Keyno. Lisboa por Paulo
Crasbeeck. 1641. 4. e Amflerdaõ por Paulo
Matheo. Impugnando efle manífeflo Fr. Joaô
Caramuel confefTa fer Teu Author eloquaitíf-
fimo.
Relafad dos fucceffos, que as Armas da Ma-
geftade delKey D. Joaõ o IV. íiveraõ nas terras
de Caflella no anno de 1644. aíè a Vitoria do
Montijo. Lisboa por António Alvares. 1644. 4.
RelofaÕ dos Jucceffos, que nas fronteiras do
Reyno tiveraõ as Armas delRey D. JoaÕ o IV,
com as de Caflella depois da jornada do Montijo
atè o ftm do anno de 1 644. com a glorio/a defenfa de
Elvas. Lisboa pelo dito Imprefíor anno
1644. 4.
ANTÓNIO DE PAYVA GODINHO,
filho de Duarte de Abreu, e Catherina Godi-
nha Rebella, naceo na Villa de Santarém a
17. de Fevereiro de 1693. Formado na facul-
dade dos Sagrados Cânones pela Univerfidadc
de Coimbra começou a exercitar o officio de
Patrono de caufas em a fua Pátria com boa
reputação, mas coníiderando que efle género
de vida era muito contrario à fua conciencia,
naõ fomente o deixou, mas ainda o veíUdo de
Secular, e fe dedicou a fervir com habito de
Donato o Reformado Recolhimento das Re-
ligiofas Capuchas de N. Senhora dos Inno-
centes em a fua Pátria, cujo miniílerio exer-
cita com louvável procedimento. Deixou
hum volume de 4. em que eílaõ.
Poefias Varias.
Entre ellas eílá a DefcrípçaÕ da Batalha do
Campo de Ourique alcançada por ElRey D. Af-
fon/o Henrique^ em 8. rima. Eíle volume con-
ferva em feu poder Rodrigo Xavier Pereira
de Faria natural, e morador em Santarém,
que nos comimicou eíla noticia.
ANTÓNIO DE PAYVA, E PONA
natural da Qdade de Bragança na Provinda
Trafmontana, onde naceo a 10. de Outu-
bro de 1665. fendo filho do Licenciado Pe-
dro Fernandes Pona, e Catherina Rodriguez
de Moraes. Depois de receber o gráo de Ba-
charel na facilidade de Leys pela Univer-
fidadc de Coimbra fervio algumas Judica-
turas donde paífou a fer Provedor das Qda-
344
BIBLIO THE CA
•des de Miranda, no anno de 171 1. e ulti-
mamente de Évora em 1728. Compoz.
Orphanologia Praãica em que fe dejcreve tudo
o que ref peita aos inventários, partilhas, e mais de-
pendências de pupillos. Lisboa por Jozé Lopes
Ferreira ImpreíTor da SereniíTima Rainha.
1713. 4.
V. Fr. ANTÓNIO DE S. PEDRO cha-
mado António Corrêa antes de receber o Ha-
bito dos Religiofos Defcalços de NoíTa Senho-
ra da Mercê naceo em o anno de 1 571. na Villa
do Celorico do Bifpado da Guarda, e foraõ
feus Pays Manoel Thomaz, e Anna Corrêa, que
fendo obfervantes da Ley de Moyfés o educa-
rão nas ceremonias delia, das quaes era exafto
profeíTor; porém receando, que poderia fer
caíligado com as penas, que em Portugal fe
coftumaõ dar aos Sequazes da Sinagoga, fe
aufentou para as índias Occidentaes com o pre-
texto de negociante, e fazendo o feu domicilio
em Lima, vulgarmente chamada Cidade dos
Reys, foy prezo pelos Inquiíidores como Reo
da perfídia Judaica, de cujos erros eílava taõ
obftinadamente hallucinado, que antes queria
perder a vida, que abjurar a pertinácia da fua
crença. Mas que infinita he a clemência de
Deos ainda para com os feus mais rebeldes
Antegoniftas ? Ferido de hum rayo de luz ce-
leftial de tal modo lhe penetrou a dureza do co-
ração, que como outro Saulo transformado em
Paulo, começou a deteftar a fua perfídia, e
confeíTar publicamente a fua culpa, de que eraõ
manifeftos fínaes as lagrimas, e vozes com que
arrependido felicitava o perdaõ da divindade
offendida prometendo facrifícar a vida em
obfequio do Redemptor do mundo, e feguir os
diftames do Evangelho que elle promulgara
depois, que fe veftio da noífa humanidade.
Efta mefma proteílaçaõ fez publicamente no
theatro onde em 13. de Março de 1605. ouvio
a fua fentença com tanta copia de lagrimas, que
caufava admiração a todos os circunílantes a
vehemencia da fua contrição. Depois de ter
fervido com exemplar procedimento aos Reli-
giofos Mercenários Defcalços em Lima, e
paífando a Hefpanha, e crecendo cada vez
mais em aftos heróicos de virtude foy admitido
ao eftado de Leygo no Convento dos mefmos
Religiofos de OíTuna, onde profeííou folem-
nemente a 15. de Fevereiro de 161 5. Neíla
paleílra naõ houve género algum de virtude
que exactamente naõ prafticaíTe, pois nelle fe
admirava unida agudeza do juizo com fim-
plicidade de animo, obediência prompta com
profunda humildade, benevolência para os
eílranhos, e feveridade para confígo; medi-
tação continua da Paixaõ do Redemptor, e
incanfavel difvelo em benefício do próximo.
Todas eftas virtudes fe faziaõ mais refpeitadas
com a fciencia dos futuros, conhecimento
claro dos fegredos do Coração, intelligencia
altiíTima dos lugares mais difíceis da Efcritura,
e immenfa copia de prodígios, por cujas cau-
fas mandou a 23. de Outubro de 1623. hum
anno depois do feu feliciíTimo tranfíto, D. In-
nocencio Máximo Bifpo Britonorienfe Nún-
cio Apoílolico, e Legado a Latere da Santi-
dade de Urbano VIII. em Hefpanha que
em OíTuna fe fízeíle proceílo jurídico para
a fua Beatifícaçaõ; e em 24. de Dezembro
de 1624. lhe mandou dar culto privado Ju-
Uo Sacheti Núncio, e Legado do mefmo
Pontifíce em Hefpanha. Dous retratos feus
além de outros muitos fe abrirão em Lami-
nas, hum em Roma com infcripçaõ Lati-
e outro em Hefpanha com infcripçaõ
na:
Caftelhana, nas quaes fe lém compendiofa
mente as acçoens, dia, e anno da morte deíle
venerável Varaõ. A infcripçaõ Latina he
a feguinte.
Vera Bffigies Ven. Servi Dei Fr. Antonij
a Sanão Vetro cognomento Obedientis ex loco vul-
gariter di£ío Cerolico de Obebado Diacejis Guar-
dienjts de familia Saraiva, et Almeyda, qui pie,
fanãeque vixit, atque in magna Sanãitatis opi-
nione obiit Vrfaone Diacefes Hijpalenjis die 30.
JuliJ 1622. A Caílelhana diz.
El B. Fr. António de S. Pedro Defcalfo á^
Nuejlra Senora dela Merced Redencion dé Cautivot
Varon de Santidad prodigiofa por haverlo fido fã
converfion, j muy femejante à la dei Apofiol S.
Pablo parecia viva imagen de Jefu Chrifto, de ciffa
pajfton fue devotifww, tuvo las virtudes todas
en heróico grado exercitandolas con aãos mêt
para admirar, que para imitar. Refplande-
ció en el don de profecia, y virtud de hav^er \
milagros afi en fu vida, como en fu muer-
te que fué en 30. de Júlio de 1622. anos aios
53. de fu edad. Su Cuerpo eftá en fu Con-
J
LUSITANA.
345
ven/0 ih OJfiina donde fut hijo, y fiempre morador
com ffrande veneracion, y culto privado por aulho-
ridad Apojlolica.
As acçoens deíle infigne fervo de Deos
cfcreveraõ em volumes inteiros Fr. Joaõ de
S. Damafo na vida imprcfía em Gidís 1670.
foi. e Fr. Agoftinho de Santo André na vi-
da impreíTa em Sevilha 1688. 4. ambos Re-
ligiofos Mercenários. Fr. Jorge de S.Jozé
ConfeíTor do fervo de Deos, cuja obra fe
guarda na livraria do G>nvento de Sevilha.
Fr. Pedro de S. Cecilio nos Annats dos Def-
calç. da Merci. Fr. Filippe Columbo na vida
do Ven. Fr. Gonçalo Dias de Amarante liv. 3.
cap. II. Fr. Luiz de Vera Mem. da Fmd. e
progref. da Ordem Mercen. nas Ind. Occid. Advert.
4. Fr. Bcrnard. de Vargas Mercenário in Tra£t.
de Contágios, morbo Sicil. pag. 89. et 91. Dos
eftranhos Quintaducnas Sant. de Sevilha p.
531. Rodrig. Mcnd. Sylv. Poblac. Gen. de Efpan.
cap. 166.
Compoz com fupcrior illuftraçaô.
Siete meditaciones dela Pajfton de Chrifto
nuejko Seftor, y delos provechos, que de meditaria
Je Jacan. Granada. 1641. 8.
Deíle livro fe tirarão três mil, c quatro
centos exemplares, e tal foy o feu confumo,
que raramente apparece algum.
ANTÓNIO PEDRO RIBEYRO natural
da Villa de Olivença da Provinda do Alentejo
ProfeíTor de Direito Qvil em cuja faculdade
recebeo o gráo de Bacharel na Univerfidade
de Coimbra. Imprimio.
Triumfo Sagrai, que a Venerável Ordem Ter-
ceira de N. Senhora do Monte do Carmo fita no
Real Hof pitai de S. Joaõ de Deos da notável Villa
de Olivença confagra à me/ma Senhora em o dia
16. de Julho de 1754. Lisboa por Pedro Fer-
reira ImpreíTor da AuguftiíTima Rainha N. Se-
nhora 1734. 4.
Fr. ANTÓNIO DA PENITENCIA natu-
ral de Lisboa onde foy bautizado a 26. de No-
vembro de 1 605 . ProfeíTou o Sagrado Inftituto
de Religiofo Terceiro do Seráfico Patriarcha,
no Convento de Viana do Alentejo a 28. de Ja-
neiro de 1622. Foy muito fciente na Arte da
Mufica, e cantou com grande fuavidade, e def-
treza. Por muitos annos exercitou o lugar de
Vigário do Coro do Convento de Arrayolos
no Arcebifpado de Evota, onde morreo a
14. de Dezembro de 1648. com 45. annos
de idade, e 26. de Religião. Deixou compofto.
Varias obras de Mufica.
Fr. ANTÓNIO PEREGRINO, que no
feculo fe chamava Manoel da Cofta, naoeo
em Lisboa de Pays nobres, e vírtuofos. Tendo
recebido a Roupeta da Companhia de JESUS
na idade de defefete annos em o Noviciado
da fua Pátria por juílas caufas a deixou no
anno de 1642. paíTando para a penitente Pro-
víncia da Arrábida, fendo ji muito douto
aíTim nas letras humanas como na Filofofía,
e Theologia, onde foy admitido pelo Provin-
cial Fr. António das Chagas em o anno de
1644. profeííando taõ auílero Inftituto no
Convento de S. Jozé de Ribanur com geral
fatisfaçaõ dos Religiofos. Ainda que a mayor
parte do tempo gaílava na comtemplaçaÕ
dos bens eternos, e na liçaõ dos livros efpi-
rituaes lembrado dos feus primeiros eíhidos
occupava as horas vagas na compofiçaõ de
alguns Poemas Latinos, e no exame das ma-
yores dificuldades da hiftoria, affim Sagra-
da, como profana, fendo nefte eftudo taõ
eminente que era confultado pelos homens
mais eruditos da fua idade como ingenua-
mente o confeíTa Luiz Marinho de Azeve-
do no Prologo das Ant. de Lisb. ao tempo
que andava meditando taõ grande obra di-
zendo a quem devemos (falia de Fr. António
Peregrino) cenjuras, e advertências, porque a
experiência nos tem bem mofirado o que Je podia
fiar das fuás letras Sagradas, e humanas. Naõ
foy menor o feu talento no Púlpito, e na intel-
ligencia da Sagrada Efcritura como affirmaõ
D. Francifc. Manoel de Mello na Cart. i. da 4.
Centur. ao D. Manoel da Fonfec. Themud. e Joan.
Soar. de Brit. in Theatr. hufit. Utterat. lit.
A. n. 104. Morreo no Convento de San-
tarém a 15. de Agoílo de 1636. e foy fepul-
tado no Clauftro, fendo venerada por muitos
tempos a fua memoria, como efcreve Fr.
Jozé de Jefus Maria na Chron. da Prov. da
Arrabid. Tom. 2. Part. 2. cap. 20. n. 366. Do
feu efpirito poético deixou hum elegante tef-
temunho em o largo epigramma impreíTo
em applaufo de Luiz Marinho de Azevedo
na obra aíTima allegada, o qual começa.
346
BIBLIO THE CA
I^ivius excelfa pojl condita mania Koma
Kofíjulidum hello fortiíer aãa refert. <&c.
Do feu eílilo hiílorico permanece hum
eterno documento confervàdo entre os feus
domeílicos, qual he.
Vidas, e hijlorias de todos os homens antigos
em armas, e letras, e virtudes, filhos de Lisboa Jua
pátria, foi.
ANTÓNIO PEREIRA aíMente na ín-
dia e curiofo obfervador dos Suceflbs mais
notáveis que nella aconteciaõ. Efcreveo.
"delação de como Nuno Alvares de Faria dej-
cuhrio, e teve occulta até o tempo da Jua morte a
Cruv^ de Saõ Thome. M. S. foi. Confervafe na Li-
vraria do Excellentiflimo Marquez de Abrantes.
Delta Cruz que appareceo no anno de
1 547. fazem particular mençaõ Diogo do Couto
Decad. 7. da Ind. liv. 10. cap. 5. Andrade Vida
de D. JoaÕ de Cajiro liv. i. §. 57. Lucena Vida de
S. Francifco Xavier liv. 3. cap. 5. e Soufa Orient.
Conq. Part. i. Conq. 2. Divif. i. §. 38.
ANTÓNIO PEREYRA infigne Meílre de
Muíica pra£tíca, e efpeculativa na qual com-
poz varias obras com íingular novidade, e
f ciência fendo as principaes.
Diverfas Mijjas a 4. e S. vozes.
Magnificat a 8. vozes.
ANTÓNIO PEREYRA certamente noíTo
Portuguez pofto que fe ignore o tempo, e a
parte onde floreceo. Compoz.
Vida admirável de S. Joaõ Apojiolo, e Evan-
gelina. M. S.
A qual fe conferva na Bibliotheca da Uni-
veríidade de Oxonia, como coníla do feu
Index.
ANTÓNIO PEREYRA natural da ViUa do
feu appelido que eflá íituada entre Ovar, e
Aveiro na Província da Beyra, e filho de Antó-
nio Dias RebeUo, e Suzana Valente. Recebeo
o Habito militar de Saõ Tiago no Real Con-
vento de PakneUa em 4. de Novembro de
1629. das maõs do Prior Mór D. Diogo Lobo
Bifpo eleito da Guarda, onde foy duas vezes
Superior igualmente eílimavel pela fciencia do
Direito Canónico, como pela integridade da
vida, cujos dotes o fizeraõ digno de governar
naõ fomente o Collegio de Coimbra das Or-
dens Militares, e fer duas vezes Prior da Igreja
de Saõ-Tiago de Almada, mas fer Governador
do Bifpado de Coimbra em nome do feu Pre-
lado D. Manoel de Noronha. Foy muito ver-
fado nos privilégios da Ordem, e acérrimo
defenfor das fuás jurifdiçoens. Morreo em
Coimbra em 10. de Mayo de 1671. Compoz.
Compendio, e declararão da regra, e EJlatutos
da Ordem Militar de SaÕ-Tiago. Coimbra por
Manoel Dias. 1659. 8.
Fr. ANTÓNIO PEREYRA natural da
ViUa de Aveiro, filho de Gafpar dos Reys, e
Antónia Pereira de Carvalho Religiofo da
Ordem dos Pregadores, cujo laftituto profef-
fou no Convento de Azeitão a 6. de Janeiro
de 1657. Partio por MiíTionario para a Con-
gregação da índia Oriental, onde depois de
lér as fciencias mayores aos feus domeílicos
jubilou na Sagrada Theologia de que foy Mef-
tre na Ordem. Occupou com credito da fua
prudência os lugares de Vigário Geral da
mefma Congregação, de Deputado das Ordens
Militares em Goa, e da Inquifiçaõ defta Ci-
dade de que tomou poíle em 16. de Setem-
bro de 1682. PaíTando a Portugal exercitou
o mefmo minifterio na Inquifiçaõ de Évo-
ra, a que deo principio a 2. de Dezembro
de 1693. onde depois de fervir efte incorrupto
Tribunal por muitos annos falleceo no Con-
vento da mefma Cidade. Delle faz memo-
ria Fr. Pedro Monteiro no Clauft. Domin.
Tom. 3. pag. 157. e no Cathal. dos Deputad.
da Inquif. de Goa, e de Évora impreíTos nas
Collec. da Academia Keal, e António Carvalho
da Cofta Corograf. Portug. Tom. 2. Trat. 3.
cap. 4. Publicou.
Sermão do Auto da Fè contra a idolatria do
Oriente pregado na Cidade de Goa no Convento
de S. Domingos em 27. de Março 4. Domingo
de Quarejma de 1672. Lisboa por Miguel Def-
landes. 1685. 4.
Sermão do Def agravo pelo Juceffo de Odivellas
pregado na mefma Igreja aos 11. de Mayo de 1690.
Lisboa por Miguel Manefcal. 1691. 4.
ANTÓNIO PEREYRA. Naceo em
Lisboa, e foy filho de Manoel Alvares, e
Maria Francifca. Em idade adulta entrou
I
LUSITANA.
347
na G)ngfegtçaõ do Oratório da fua pátria
■A 13. de Junho de 1686. onde perfeverou
louvavelmente no humilde eftado de Leigo
athó a morte, que felizmente teve na Con-
gregaçaõ da ViUa de Eftremos a 50. de Outu-
bro de 1698. Foy muito Tciente principal-
mente nas diícipUnas Mathematicas de que
deixou hum claro tcftcmunho na obra poílhu-
ma que fahio com cftc titulo.
Tratado de Ariíhmefica, e Álgebra em o
qual com muita clarev^a fe explica tudo o que per-
tence a efta Arte, e fe defcrevem as Ke^as princi-
paes da Geometria, e as propor^oens, que as dijlin-
guem, com a noticia dos pe:(ps, de ouro, e prata,
e muitas quejioens, curiofas que fe movem para fua
intelligencia. Lisboa por Jozé Lopes Ferreira
Imprcflbr da ScrcniíTima Raynha Nofla Se-
nhora 171 5. 4.
ANTÓNIO PEREYRA DA CUNHA
CARDOTE, natural da nobre Villa de Gui-
maracns da Provinda de Entre Douro, e
Minho filho de André Gonçalvez Cardote, e
Margarida Pereira. Depois de ter na Pátria
cftudados os primeiros rudimentos da Lati-
iiidade paíTou à Univerfidade de Coimbra
cíludar Direito Cefareo em que recebeo as
infignias doutoraes com geral applaufo de
todos os Meftres prevendo que havia de fer
pela viveza da comprehenfaõ, e fubtileza do
engenho hum dos mayores talentos que havia
tle illuftrar aquella Athenas. Recebida a Beca
tle Collegial de S. Pedro a 7. de Julho de
1650. regentou varias Cadeiras até chegar à
tlc Vefpora diâando nellas varias poftillas
eternos depofitos da fua litteratura Qvil,
e Canónica fendo as mais dignas da luz
publica.
Ad L. in Jingulos annos %. ff. de Annuis l^e-
gatis, €>* Fídeicomiffts. M. S.
Ad L. Civitatum. i. ff. Si ager Viãigalis
id ejl E.mphyteuticarius petatur (Ò'c. M. S.
Ad Tit. ff. Quando dies ufus fruais legati
petatur. M. S.
Foy Dezembargador honorário dos ag-
gravos da Cafa da Supplicaçaõ de que to-
mou poíTe a 22. de Dezembro de 1665. Faz
delle honorifica mençaõ o Doutor Manoel
Pereira da Sylva Leal no Cathalog. dos Col-
Jeg. de S. Pedro pag. 24.
ANTÓNIO PEREYRA DA FONSE-
CA Vcja-fc Ff. CHRISTOVAM GODINHO.
ANTÓNIO PEREYRA DE LIMA
natural da Villa de Britiandos do BiTpado
de I^mego Cavalleiro da predarí/Tima Or-
dem Militar de Malta Commendatario de
Sernancelhe, e Senhor da Villa de Guilheifo,
e filho de Fernão Pereira da Sylva Senhor
de Britiandos, e de fua mulher D. Lenor
de Mello. Foy dlfcreto, prudente, e muito
verfado na Hiíloria fagrada, e profana. ET-
creveo.
Acciones dela vida de fu Alte:i;a Serenifftma
Fr. Luís Mendes de Vaf cancelos Gran Maeflro
dela Sacada Keligion de S. ]uan Baptifla dei Hof-
pital de Hierufalem , y dei Santo Sepulchro Príncipe
delas Islãs de Got(p, Malta, y Khodes Senor dei
Real dominio de Tripoli. Lisboa por António
Rodrigues de Abreu 1672. 8. Sahio tradu-
zida em Portuguez por Miguel Lopes Ferreira
Efcrivaõ dos Contos do Reyno, e Caía. Lis-
boa na Officina Ferreiriana 1731. 4.
ANTÓNIO PEREIRA MARRAMA-
QUE, cujo apellido jocofo tomou de feu
Pay, ainda que naõ era da fua familia;
Senhor hereditário dos Lugares da Taipa,
Lamegal, e Cabeceiras de Bafto na Pro-
víncia de Entre Douro, e Minho filho de
Joaõ Rodrigues Pereira legitimo defcenden-
te da antiqulífima, e preclariífima Familia
dos Forjazes como efcreveo ao mefmo An-
tónio Pereira feu grande amigo Francifco de
Sá, e Miranda na Écloga 5.
Delos nobles Forjaes
En Pereiras mudados
Derecho tronco fin algun contrato
Que por nombre contaes
Todos vueflros paffados
Del tiempo dei buen Key D. Alffonfo el caflo
Tan vivo fe halla el raflo
De fuceffion derecha,
Y noble antiguedad
Hafla efla nueflra edad Ò^c.
Igual nobreza tinha fua Mãy D. Maria
da Sylva fendo filha de Ruy Mendes de
Vafconcellos Senhor das Villas de Figuei-
ró, e Pedrógão. Poílo que naõ frequentou
as efcolas, como era dotado de vivo enge-
348
BIBLIOTHE CA
nho fe fez fuficientemente douto naõ fó pe-
la continua applicaçaõ com que revolvia
os livros dos Authores mais celebres, mas
pela comunicação, que tinha com os va-
roens eruditos, principalmente com o Séne-
ca Portuguez Francifco de Sá, e Miran-
da, como fe manifeíla pela Egloga affima al-
legada, e pela 7. que começa.
EJlas nuejlras C,amponas, las primeras
E na Carta 5.
Qtiando eu vi correr pardaos
Por Cabeceiras de Bajlo.
De cujo litterario comercio fe feguio
efcrever em algumas matérias de diverfas
profiííoens, das quaes como muitas tranfce-
deílem os limites da prudência, e outras a ef-
féra dos feus eftudos, cahio em erros mani-
feftos, por cuja caufa algumas faõ prohibi-
das no Index Expurgatorio de Portugal, e
Caftella. As que chegarão à noíTa noticia
faõ as feguintes.
Tratado fobre o Evangelho de S. JoaÕ In
principio erat Verbum, dividido em vários
difcurfos cheyos de doutrina Catholica. M. S.
Keforma do EJlado Ecclejiajlico, cuja obra aca-
bou em Bailo no anno de 1578. He prohibida.
Dos erros do Rejno de Portugal M. S. fem
o feu nome.
Vergel de proejas, e virtudes heróicas da Fami-
lia dos Vafconcellos M. S.
Principios, e progreffos das familias illufires
de Portugal. M. S.
Tardes de Entre Douro, e Minho.
Obra igualmente amena, e erudita. Cõ-
fervava-fe na Livraria do EminentiíTimo Car-
deal de Soufa 4.
Carta muito extenfa efcrita em 29. de Outubro
que confiava de vinte e cinco folhas remetida a feu
Parente na qual referia todos os feitos de feus
Avôs, e Bifavas por refpeito de certa fazenda a
qual requeria para fi.
Tratado fobre as palavras Ecce duo gladij
hic, onde trata das jurisdiçoens.
Dialogo entre o gallo, e outro animal fobre aquelle
verfo do Pfalmo Lex Domini immaculata; no
qual deo alguns erros por fallar largamente
contra o Papa, Comendas, e Eílado Monacal.
Nelle perfuadia fer útil, que a Biblia andaíle
vertida em Portuguez.
Tratado em que mofira, que nem mulheres,
nem pejjoas Ecclefiafiicas devem governar Senho-
rios, e as caufas porque\
Carta a Pedro de Alcáçova Carneiro cuerca
do Senhorio, e herança da Villa de Figueiró. He
muito larga, cheya de erudição fagrada, e
profana com huma forte inveftiva contra
a Ley Mental.
ANTÓNIO PEREYRA REGO natural
da celebre Villa de Ponte de Lima da Provin-
da de Entre Douro e Minho, Cavalleiro pro-
feíTo da Ordem de Chrifto, e filho de Fernando
Pereyra Rego, e Margarida Salgado decen-
dentes de nobres familias. Defde a adolefcen-
cia fe inftruyo com aquellas artes dignas do
feu nacimento fendo taõ valerozo na Campa-
nha contra os inimigos da Pátria, como defiro,
e ayrozo no manejo dos Cavallos, ágil, e fciente
no jogo das Cavalhadas, e naõ menos infigne
no exercício da caça aíTim das aves como das fe-
ras naõ havendo alguma, que efcapaíTe à pon-
taria dos feus tiros, cujas excellentes partes
reduzio a hum Romance feu particular amigo
Jeronymo da Motta Abbade de Magaens que
eílá impreíTo no principio da obra que pubUcou
intitulada.
Infiruçaõ da Cavallaria da Brida com hum copiofo
tratado da Alveitaria. Coimbra por Jozé Ferreira.
1679. 4. & ibi por JoaÕ Antunes. 171 2. 4.
Começa o Romance.
Donde o h.ima a ponte morde
Com dentes de Chrifial fino
Povo que naõ fó os Cavalos
Mas taõbem enfrea os rios.
António Pereira P>.ego
Naceo, e defde menino
Em ve^ da cana pueril \
Montou os brutos altivos. ~,
De nobre Sangue gerado, l
E de acçoens heróicas filho; -j
Naõ fej qual feja mais nobre
O herdado ou o adquirido, f&c. n
ANTÓNIO PEREYRA DE SAMPAYO
filho de Gafpar Vieyra, e Mariana Pereira na-
ceo na Cidade do Porto a 21. de Março de i69i^
Foy Vigário da Freguezia de Santo André de
Giaõ da Comarca da Feira no Bifpado do Porto
da aprezentaçaõ das Religiofas de S. Bento da.
dita Cidade, em cujo miniílerio dezempenhou as^
LUSITANA.
349
I (Ic Parocho vigilante, onde mor-
\i" I (Ic julho de 17)8. Traduzio da Lin-
• i ' III lhana cm a Portugueza.
/ w/ íío Confejponario do P. Fr. Jaymt
Corelha i . P. à qual acrcccntou a explicação dos
Cazos refervados em todos os Bifpados defte
Reyno, cuja obra que enchia 768. paginas de
folha concluio em o anno de 175). e naõ deo
i impreíTaõ por lhe conílar que outrem tinha
ji prompta com as licenças eíla traducçaõ.
D. ANTÓNIO PEREYRA DA SYLVA
natural de Britiandos na Província de Entre
Douro, e Minho, filho de Francifco Pereyra
da Silva Senhor de Britiandos, e de D. Joanna
de Noronha filha de Damiaõ de Souza de
Menezes Senhor de Franccmil, Commenda-
' dor de S. Mamede de Canellas na Ordem de
Chriílo. Na Univerfidade de Coimbra rece-
beo o gráo de Doutor na faculdade de Theo-
logia, c a Beca de CoUegial do Real Q)llcgio
lie S. Paulo em 50. de Junho de 1669. Foy
('onego da Cathedral de Évora, e Dcpu-
i:ido da Inquifiçaõ defta Qdade de que tomou
poíTe em 3. de Outubro de 1684. e o foy
lõbem da Junta dos Três Eílados. A fua
rande capacidade illuílrada com a fcien-
ua o elevou ao Bifpado de Elvas no anno
tle 1701 donde o chamou a Mageílade del-
Rey D. Pedro II. para feu Secretario de Ef-
tado. Foy transferido para a Cathedral do
Algarve em 14. de Novembro de 1704. onde
xercitando vigilantemente o oííicio Paftoral
ucabou a carreira da vida entre as fuás ove-
lhas a 17. de Abril de 171 5. Foy muito appli-
cado ao eíhido Genealógico de que efcreveo
hum grande volume, que continha.
Arvores Genealógicas das Famílias da Provin-
da de Entre Douro, e Minho. foi. E outras mais
>bras femelhantes, como efcreve o P. D.
António Caetano de Soufa fazendo mençaõ
das que compuzera no Apparat. à Hijl. Geneal.
da Cafa Real Poriug. pag. 145. n. 171. Delle
fe lembraõ Fr. Manoel de Sá nas Mem. HiJl.
dos Efcrit. da Ordem do Carmo cap. 62. Ignac.
de Carvalho, e Soufa no Cathal. dos Bi/p.
de Elvas, e meu Irmaõ o P. D. Jozé Bar-
bofa nas Mem. Hijlor. do Colleg. de S. Paul.
pag. 222. n. 133. et in Archiath. Lujit.
pag. 59-
Syha Pereira reget Paflor velut itulytus urhem
EJbenfem, Mitra haculoque infifftis, et inde
Farenjem, quam ceifa caput venerantur opima
^fft^t quihus pofitum vetus eft Algflrbia nomen,
Scrinia quam promptá traãabit reffa mentt7
ANTÓNIO PERES natural da Pro-
víncia do Alentejo, grande Medico» e Q-
rurgiaò, cujas artes exercitou com fortuna,
e fciencia em CaAella merecendo por eilas
o lugar de Grurgiaõ Mór delRey. Com-
pôs.
Summa, y examen de Cirurgia eon expo-
ficion breve d» algunas /entendas de Hipócra-
tes. Alcala por SebaíUan Martines. 1575. 12.
Çaragoça por Alonfo Rodrigues 1604. c
Valência por Martin ECpsLTTOi. 1643. c cm
outras partes.
Nefta obra promete que havia imprimir.
Tratado delas pajjiones delos bueffos. e outros
opufculos.
Pelo tempo, e lugar que occupou de
Cirurgião Mór parece fer Author do livro
intitulado.
Tratado dela pejle, y Jus caujas. Madrid
por Luiz Sanches. 1598. 8. Pofto que Nicol.
Ant. na Bib. Hifp. Tom. i. pag. 117. o
atribua a outrem. Delle fe lembra Joan.
Soar. de Brito in Theatr. Eufit. Utter. lit. A.
n. 105.
P. ANTÓNIO PESSOA natural do
Crato. Entrou na Companhia de Jefus em
Évora a 6. de Junho de 161 7. onde eíhidou
humanidades, e as fciencias efcolaílicas. Mor-
reo no Collegio de Évora a 18. de Novem-
bro de 165 1. Compoz.
Ortho^afia Praãica.
Delle, e da obra faz memoria o P. Fran-
cifco da Fonfec. na Evor. Glorio/, pag. 427.
Fr. ANTÓNIO DA PIEDADE na-
tural de Lisboa, onde recebeo o Habito da
illuílre Religião da Santiflima Trindade, a
qual illuílrou aíTim na Cadeira, como no
Púlpito tendo igual talento para eíles dous
taõ differentes miniílerios. Pela liçaõ da
Theologia, foy Prefentado neíla faculdade,
fendo na intelligenda da Sagrada Efcritura,
e nas doutrinas dos Santos Padres muito
35o
B IB LIO THE CA
verfado, e eminente. Morreo na pátria a 5.
de Junho de 1690. com 83. annos de idade.
Deixou prompto para a impreíTaõ.
In Genejim explanatio. Tom. i . uhi tam Theo-
logica quajiiones, quám 'PhilologiccB ad hoc opus
pertinentes ventilantur, nec non et morales etiam in
Concionatorum ujum. Cum quadruplici índice,
Qmjlionum mus, Sacra Scriptura locorum alter,
rerum memorahilium tertius, et ad Conciones totius
anni conficiendas quartus. foi. Conferva-fe
M. S. na Livraria do Convento de Lisboa.
Fr. ANTÓNIO DA PIEDADE. Naceo
na Cidade da Bahia de todos os Santos Capi-
tal da America Portugueza no anno de 1660.
Eíludou as primeiras letras, e Filofojfia na
Pátria, onde tomou o gráo de Meftre em Artes,
e largando o feculo recebeo o Habito Carme-
litano no anno de 1679. Foy Lente de Filofo-
íia, e Theologia na Vigairaria do Maranhão,
por cuja liçaõ jubilou em 27. de Junho de 1694.
A fua grande madureza acompanhada de igual
modeília o fez digno de fer duas vezes Prior
do Convento do Pará, Vigário Provincial do
Maranhão, e ComiíTario da Bulia da Crufada
no mefmo Eílado, de cujo Bifpado foy Gover-
nador, Provifor, e Viíitador Geral no anno
de 1693. por ComiíTaõ do feu Bifpo D. Fr.
Francifco de Lima. Vindo a efte Reyno voltou
para a fua Pátria, onde foy Prior do Convento
da Bahia, e Definidor perpetuo. A o feu
ardente zelo fe deve o fruto efpiritual, que
abundantemente fe colheo da Miílaõ de Aldeya
de Japaratubá no Certaõ do rio de S. Francifco
da Praya, fendo o primeiro Inílituidor,
e Miflionario deíla Sagrada empreza, e como
tal conhecido, e venerado por grande Letrado,
bom pregador, e exemplar Religiofo. Com
eftes honoríficos titulos o nomea Fr. Manoel
de Sá nas Memor. Hijl. dos Efcrit. Portug.
da Ordem do Carmo cap. 10. pag. 30. Com-
poz.
Sermão das "Exéquias da Serenijftma Kainha
N. Senhora D. Maria Sofia Isabel de Neoburg
pregado em 19. de Abril de 1700. na Villa de
Santo Amaro das Grottas do Rio de Sergipe.
Lisboa pelos herdeiros de Miguel Deflan-
des. 1703. 4.
Sermão de Santa Tòere^a pregado no
Convento dos Keligiofos Carmelitas Defcal-
fos da Bahia em 17. de Outubro de 1697. em o
terceiro dia da fefta, que os Keligiofos Def calços
fit^eraÕ na aperiçaõ do novo Templo. Lisboa na
dita Officina. 1703. 4.
Fr. ANTÓNIO DA PIEDADE naceo na
Villa de Santarém a 25. de Outubro de 1675,
e foy bautizado na Parochial de S. Juliaõ a 2.
de Novembro do dito anno. Teve por Pays
a António Nogueira de Araújo Mampoíleiro
Mòr dos Cativos, e Efcrivaõ Proprietário do
Geral da Villa de Santarém, e a Joanna Maria
Cardofa. Quando contava 20. annos de idade
bufcou com heróica refoluçaõ a Religião Será-
fica profeíTando o auftero Inílituto da Provín-
cia da Arrábida em o Convento de N. Senhora
da Conceição de Alferrara junto da Villa de
Setúbal a 13. de Mayo de 1696. Foy Lente de
Theologia, Qualificador do Santo Officio,
Vifitador da Provincia de Santo António, e
Chronifta da fua Provincia, cujo miniílerio
defempenhou efcrevendo os princípios deíla
Reforma, os Varoens infignes, que nella
floreceraõ, as fundaçoens dos Conventos de
que fe forma, e os privilégios, e benefícios,
que recebeo da munificência dos Reys Portu-
guezes, e Sereniflimos Duques de Bragança.
Deíla obra fomente publicou a primeira parte
por lhe impedir a morte acabar a fegunda,
que jà eftava muito adiantada, com efte titulo.
Efpelho de Penitentes, e Chronica da Provin-
da de Santa Maria da Arrábida da regular, e
mais ejireita obfervancia da Ordem do Seráfico
Patriarcha S. Francifco no Inftituto Capucho.
Lisboa por Jozè António da Sylva ImpreíTor
da Academia Real. 1728. foi.
Morreo no Hofpicio do Hofpital de Lis-
boa a 20. de Dezembro de 173 1. com 56.
annos de idade, e 36. de Religião.
Delle, e da Obra fazem memoria na fua
Bib. Francifc. Tom. i. pag. 122. Fr. Joaõ
de Santo António, e o P. Ignacio da Piedade
Vafconcellos Hifior. de Santarém. Part. 2.
Liv. 2. cap. 33.
Fr. ANTÓNIO DA PIEDADE natu-
ral da Povoa de S. Martinho do Arcebif-
pado de Lisboa filho de António Ferreira,
e Anna Nunes. Profeííou o Habito de Ere-
mita de Santo Agoftinho no Convento de
L USITANA.
35 1
N. Senhora da Graça de Utboft em 28. de
Sricrnbro dc 1710. Depois de diâar aos fcus
>l nu nicos as íciencias mayores, jubilou na
li 1 1 nlogia, e nella he Prefentado.
6cndu cm o anno de 1726. Prior do G)nvento
de Santarém foy convidado pelo bom nonse,
<]ue tinha de Orador Evangélico para pregar
« Ginonizaçaõ de S. Joaõ da Cruz collocado
; saquelic anno no Githalogo dos Santos, cujo
Sermau imprimio com o titulo feguinte.
Triumfo ghriojo do reformado Carmelo na
Coftonizafad do Jeçiundo Elias S. Joaõ da Crtr^
pregado no ultimo dia do Solemne Trid/w, com que
s fejlejaraõ os Keligiofos Padres Carmelitas
De/calços da Villa de Santarém. Lisboa por
Miguel Rodrigues 1727. 4.
li Fr. ANTÓNIO DA PIEDADE natural
I de Lisboa filho dc D. Francifco Xavier dc
Menezes quarto Conde da Ericeira, Deputado
(l;i Junta dos trcs Eftados, Meftre dc Campo
clcncral Confclheiro de Guerra, e Ccnfor da
Academia Real de cuja peflba faremos larga
memoria em feu lugar, c dc D. Joanna de
I ancaílro filha dc D. Luiz Lobo da Silveira
fegundo Conde de Sarzedas. Inftruido na
erudita efcola do feu grande Pay naõ degene-
rou daquelles dotes fcientificos, com que fe
illuftra a Cafa de Menezes fempre fecunda de
Heroes para as paleílras de Marte, e de Mi-
nerva, e depois de fahir perito nas Letras Hu-
manas paflbu à Univerfidade onde foy Por-
c:»niíla do Collegio de S, Pedro recebendo
.. Beca a 28. de Março de 1707. Applicou-fe
ao eftudo de Direito Pontifício, e nelle fez taes
progreflbs o feu vivo engenho, que recebeo
nefta faculdade as infignias Doutoraes. Sendo
Meftre Efcola da infigne Collegiada de S.
Thomé da Capella Real movido de fupe-
rior infpiraçaõ largou o mundo, e com elle
as bem fundadas efperanças das mayores
dignidades, que lhe fegurava o feu illuftre
nacimento, e no Seminário dos MiíTionarios
do Varatojo profeíTou em 19. de Julho de
17 16. o Seráfico Inftituto mudando o nome
de D. Fernando António de Menezes, que
tinha no Século, em o de Fr, António da
Piedade. Defta exemplar Comunidade paíTou
obrigado de juftas caufas para a Provinda
de Portugal, onde foy Vifitador no anno
de 1750. fendo agora Padre da mefnu Pro-
vinda, e Examinador Synodal do Patriar-
chado. Dos muitos Sermoens, que tem pre-
gado nos mais authorifados Púlpitos da
Corte fomente viraõ á luz publica os feguíntes.
Ora^aÒ fmehre nas exéquias do Excellentijftmo
D. Filippe Mafcarenhas JI. Conde de Coadim
celebradas pela Venerável Ordem Terceira da
Penitencia no Convento de S. Vrancijco da Cidade
de IJshoa em 21. de Aíayo de 1755.4.
SermaÕ da Canonit^açaÕ de S. JoaÕ Fran-
cifco Rejais no quinto dia do feu Outavario
27. de Setembro em que a Companhia de
JESUS celebra as Vefperas da fua Confir-
mação pregado na Igreja de S. Roque Cafa
profejfa da mefma Companhia. Lisboa na
Officina da Mufica, e Sagrada Religião de
Malta 1759. 4-
Fazem dclle memoria o Doutor Manod
Pereira da Sylva Leal no Cathalog. dos Por-
cionifl. do Colleg. de S. Pedro. §. 51. e o P.
D. António Caet. de Souf. na Hifl. Geneal.
da Cafa Real Portug. Tom. 5. Liv. 6. pag. 378.
ANTÓNIO PIMENTA natural de San-
tarém, e contemporâneo do celebre Meftre de
Grammatica Jeronymo Cardofo, e pela feme-
Ihança dos eftudos, e coflximes muito feu cor-
dial amigo, como teflificaõ as cartas 14. e 47.
do mefmo Cardofo a elle efcritas, e os Poemas
19. 20. 21. 22. do Livro 2. das £/?^wj conftando
deftas expreíToens poéticas quanto era celebre
o feu nome entre os eruditos por fer muito
douto nas Letras Humanas, e na eleganda
da Poefia dizendo no Poema 19.
"Nata fupremi Jovis ò T balia
Einque Pamajfi geminum cacumen
Et juga, (& faltus Heliconis, atque
Pocula Dirces.
Hac vel imprimis Jubeo, voloque
Rebus ut cunãis facias reliãis
Ut mei Antoni caput eruditum
Floribus ornes.
Nedie quamprimum violis coronam
Et rofis rubris, niveifq textam
A.dde, qui fervant puerum nitentem
Nomina flores.
Si lares hujus rofftas, domumque
Certior fies, breviter docebo,
Hinc petas teãa Scalabis vetufla
352
BIBLIOTHECA
Mania clara.
Ille ob injtgnes, varia/que dotes
Quas habet, cunãis cekhratus Oris
Hum eques, plebs colit, (ò" Senator,
Vulgus, (& omne.
Injuper doais habet expolitum
A.rtibi{s peãus, Veterum putabis
Numen, <ò>' clarum ingenium virorum
Vivere in illo.
Naõ lhe faz diíFerente elogio em outro
lugar dizendo
Quijquis Palladia cupit palejira
Doãior fieri, Juumqtie peãus "^
Virtutis Jludiis polire pulchre
Antonij PiperiJ requirat fedes
Quo nemo eft melior, modefiiorque
A.ut do£íus magis, aut magis dijertus.
Deixou muitas obras poéticas, e cartas
latinas lembrando-fe de duas Jeronymo Car-
dofo na Carta 47. que lhe efcrevera, fendo
merecedoras da luz publica.
ANTÓNIO PIMENTA, ou de LESSA,
filho de Diogo Pimenta do Avelar, e Maria de
LeíTa naceo na Villa de Torres novas da Dioce-
fe de Lisboa no anno de 1620. Ao tempo que
efhidava Lógica com os Padres Jefuitas, abra-
çou o feu InJftituto quando contava quinze
annos de idade a 3 1. de Outubro de 163 5 . onde
tendo acabado o Curfo Filofofico, e principiado
o Theologico obrigado de cauzas urgentes fa-
hio da Companhia, e paíTando à Univeríidade
de Coimbra naõ fomente fe applicou ao eíbido
da Theologia, mas também do direito Canónico
recebendo em ambas eílas faculdades o gráo de
Doutor. Sendo muito douto neftas Sagradas
fciencias, ainda foy mais eminente na Mathe-
matica, para cujo eíludo, como elle confeíTa em
huma das fuás obras, teve defde a idade de
fete annos particular génio, e incUnaçaõ, e de
tal forte fe augmentou que no conceito dos ho-
mens mais eruditos nefta faculdade naõ tinha
Portugal outro que lhe foíle igual. Eíla geral
aclamação moveo aos Cathedraticos de Coim-
bra a que por imiforme voto de todos fofle
eleito Meiire deíla fciencia na Univerfidade,
cujo minifterio exercitou por alguns annos
com grande credito do feu nome; naõ fendo
inferior, o que confeguio nos lugares de Pro-
thonotario Apoílolico, Afeílor do Núncio,
Parocho da Igreja de S. Paulo de Lisboa, e
ultimamente Prior da Igreja de S. Pedro de
Torres novas. Teve huma numeroza Livraria
que fe compunha a mayor parte de livros de
Mathematica, e Theologia Moral. Morreo
na fua Pátria em Novembro de 1 700, com ou-
tenta annos de idade. Publicou muitas obras
na língua Portugueza com o nome fuppofto
de Manoel Gonçalvez da Cofta morador no
lugar de Peras Alvas, fendo as que chega-
rão à noíTa noticia, as feguintes.
Tratado nas ^phemeridas de Melides, em o
qual refuta certas opinioens de Manoel Alvares Ga-
Ihano Medico de Almada divulgadas no feu Prognof-
tico do anno de 1662.
Noticias Aflrologicas, e univerfaes influenciai
das EJlrellas. Lisboa por Pedro Crasbeeck
1659. 4.
Brachilogia AJlrologica do Sol, L.ua, e Ef-
trellas (&c. Coimbra por Thomé Carvalho.
1670. 4.
Colloquio jocofo entre hum Efludante, e hum-
paflor em quefe declaraõ os nomes, e effeitos dos Pla-
netas, e Signos celefles com o prognojlico do anno de
1686. Coimbra por Jozé Ferreira. 1685. 8.
Obras que fahiraõ com o feu nome.
Sciographia da nova Pojiimajia celefle, e do por-
tentoso Cometa, que apareceo no anno de 1664.
Lisboa por Domingos Carneiro 1665. 4.
Nefta obra trata doutamente da matéria,
e forma dos Cometas, e nella Gramai . 5. pag^
21. promete para fe imprimir.
AJironomia fimples vifual.
Nova, e ate entaõ defconhecida Quadratura
do Circulo. Sahio impreíTa em Lisboa em pou-
cas paginas, publicando para mais copioíâ.
expUcaçaõ da dita obra a feguinte em Latina^
e CaíleUiano.
Epiphania admirabilis Ifonomia Trigoni, Cir-
culi, et Quadratura, á quibus emanat vera Circuli
Quadratura cujuslibet anguli divijio in non tot, quin
plures partes, Jive pares, Jive impares, et inter
datas duas lineas duarum mediarum proportio-
nalium inventio; omnia geometrice demonjirata.
Ulyífipone apud Dominicum Carneiro.
1685. 4.
Nefta obra de que faz larga mençaõ
o Giornak de Eitterati dei anno de 1687.
pag. 56. aííirma fer eUe o primeiro que ex-
trahio das trevas em que jaziaõ fepultadas
L USITAN A.
353
as propriedades do Trigono Circulo, e Qua-
> Irado ignoradas pelos Princepes da Aílrono-
11)11, c Geometria Archimedes, e Euclides.
Se dezcmpenhou eíla aíTcveraçaÕ, fomente
o podem teílemunhar os profeíTores deílas
Artes.
Addicionou.
Breve recopilarão dos Ca/os refervados nas
Conjlittríçoens novas defte Arcebifpado de Lisboa,
\ e nas wais dos outros Arcebif pados, e Bif pados
dtfle Kejno de Vortugal compoftas por Manoel
\ honrenço Soares. Lisboa por Henrique Va-
lente de Oliveira i6$8. H. Deixou Aí. S.
Antiguidades, e excellencias da Jtia Pátria.
ANTÓNIO PIMENTEL natural de
Lisboa muito douto na faculdade de Direi-
to Civil, c celebre patrono de caufas Forcnfes.
Por morte de fua mulher querendo dedi-
car-fe a Dcos, fc aggrcgou aos Clérigos
Menores que de Itália tinhaõ vindo a eJfta
Corte com o intento de fundarem nella hu-
ma Cafa, porém naõ confeguindo o feu de-
lignio voltou com ellcs para Roma, onde
com os feus Companheiros, que entaõ ha-
l)itavaõ na Praça Agonal, e agora exiftem
cm Saõ Lourenço in Lucina fe occupou
como felicito Parocho no efpiritual paílo
das fuás ovelhas. Voltando para Caílella
com igual fama de virtude, que fciencia
morreo pouco antes do anno de 1656. Com-
po2.
Cartilha para faber ler em Chrijlo Com-
pendio do livro da vida eterna. Lisboa por
George Rodriguez. 1628. 12. Sahio acre-
centada. Lisboa por Henrique Valente de
Oliveira 1656. 8. e por Joaõ Galraõ 1684. e
Coimbra por Jozé Ferreira 1674. 8.
Manual da alma; arte para bem morrer,
efpelho da vida perfeita. Lisboa por Lourenço
de Anvers. 1644. 12. e em outras partes.
Huma imagem de Chrijlo Crucificado em
huma efiampa com diverfas, e pias infcripçoens,
e o aão de Contrição. Roma in 8. na lingua
Italiana.
ANTÓNIO DE PINA Guarda Mór do
porto da Villa de Cafcaes efcreveo em for-
ma de dialogo aíTim para os paíTageiros que
vem embarcados em as náos da índia para
Lisboa, como para os Pilotos que as cof-
tumaõ introduzir no porto ddla Cidade a
feguinte obra que intitulou.
Ke ff mento da Carreira, e barra dê Sai GiaÕ
com o modo, e trafa delia em prtffmUu porqm
devaõ fer examinados os Pilotos, ipm oiaurtm ii
meter por ella as náos da índia, que vem da viagem
com as repoflas, que devem dar os que tiverem a
suficiência, praÚica, e experiência, que fe requere
para os haverem por examinados. Vqy tudo em
preguntas, e repoflas. Feito em Cafcaes a i^. de
Julho de 160). Confervavafe na Bibliotheca
de Manoel Severim de Faria Chantre de Évora.
ANTÓNIO DE PINA. Teve igual ta-
lento para a Poefía, que para a Mufica, de cujas
faculdades produzio diverfos frutos impri-
mindo.
Vilbancicos duas Partes 8.
D. ANTÓNIO PINHEIRO. Naceo na
Villa do Porto de Mós da Diocefe de Leiria, c
foy filho de Pedro Braz do Couto, e Leonor
Alvares Pinheira, neto pela parte paterna de
Braz Annes do Couto, e pela materna de Ál-
varo Fernandes Pinheiro Padroeiro da Capella
de S. Sebaíliaõ na Igreja de Saõ Pedro da Villa
de Porto de Móz. A boa Índole, e vivo enge-
nho que logo na infância moftrou f>ara as letras
moveo ao Sereniflimo Rey D. Joaõ o III.
para o mandar inílruir nas fciencias humanas,
e divinas no Collegio de Santa Barbara de
Pariz, de que era Reytor o inílgne Diogo
de Gouvea. Nefta litteraria paleílra fez taes
progreííos o feu grande talento, que bre-
vemente paíTou de difcipulo a Meftre ex-
plicando com geral acclamaçaõ daquella fa-
mofa Corte o livro Terceiro das Oraçoens
de Quintiliano que depois illuftrou com eru-
ditos commentarios. A opinião do feu no-
me era taõ celebre, que fendo já pequena
esfera o dilatado Reyno de França fe exten-
deo até Portugal, por cuja caufa o man-
dou ElRey D. Joaõ o IH. que voltaíTe pa-
ra a Pátria. Obedeceo promptamente à
ordem do feu Soberano, e tanto que che-
gou, o fez Meilre dos Moços Fidalgos, que
frequentavaõ o Palácio, e depois determi-
nou que o foíTe unicamente do Princepe
D. Joaõ feu filho. Eíle foy o preludio das
28
354
B IBLIO THE CA
honras, com que eíle Monarcha remunerou
os feus altos merecimentos, o qual conhe-
cendo que era capaz dos lugares mais hono-
rificos o fez feu Capellaõ, Pregador, e Confe-
Iheiro, Chronifta Mór do Reyno em cujo lugar
fubílituhlo a Fernaõ de Pina, encomendando-
Ihe efcreveíTe a vida de feu auguílo Pay ElRey
D. Manoel. Depois foy Guarda Mór do Ar-
chivo Real, Viíitador, e Reformador da Uni-
verfidade de Coimbra, cujo minifterio exerci-
tou no anno de 1565. Entre taõ diverfos, e
authorizados lugares fempre confervou a
graça defte Princepe, e o que he mais digno
de admiração, que a mereceo ainda mayor
com ElRey D. SebalHaõ, e o Cardial D. Hen-
rique conciliando ella afeéhiofa inclinação,
naõ por artifícios da lizonja, que cofhimaõ
praétícar os Palacianos, mas como efcreve o
P. Balthezar Telles Chron. da Prov. de Vortug.
Part. 2. liv. 6. cap. 18. n. 12. por Jm
muita virtude, como pela conhecida eminência
de Jua grande habilidade, muita eloquência, e
conhecimento que tinha naÕ menos de letras di-
vinas, que das humanas e no livr. 4. cap. 5.
n. 3. homem doutijfimo, e muj erudito em le-
tras humanas. Foy infígne Orador Latino,
cuja eloquência arrebatava a atenção dos
mayores profeíTores deíla arte fendo hum
delles o infigne Jeronymo Cardofo affir-
mando na Epiíl. 63. a elle efcrita, que lhe
roubara fuavemente a alma pelos ouvidos.
Naõ foy menos feliz na eloquência Portu-
gueza do que era na Latina fendo fempre
nomeado pelos noíTos Monarchas para Ora-
dor das mayores funçoens, ou foilem Sagra-
das, ou politicas concorrendo todo o género
de peíloas a ouvillo como Cicero Portugue^
qual o intitula Manoel de Faria, e Soufa no
Coment. de Camoens Cant. i . Eftanc. 3 3 . ou como
Oráculo daquella idade, que aífim o appelida Jorge
Cardofo na Prefação do Tom. 3 . do Agiologio JLu-
fitano. A' profundidade das fuás letras corref-
pondia a vigilância do feu zelo nas duas Dio-
cefes de Miranda, e de Leyria, que como Soli-
cito Paílor governou fendo aílumpto à primeira
no anno de 1 5 64. e à fegunda no de 1 5 79. admi-
niítrando em huma, e outra os Sacramentos,
frequentando os Hofpitaes, repartindo lar-
gas efmolas, e ornando fumptuofamente os
Templos. Nunca fahio da fua Diocefe fe naõ
obrigado do preceito do feu Princepe ou de
alguma urgente necelTidade pertencente à
confervaçaõ da Monarchia, como foy quan-
do diíTuadio a ElRey D. Sebaftiaõ da infe-
liz jornada de Africa, e na occafiaõ em que
por morte do Cardial D. Henrique foy man-
dado por Embaxador a ElRey Filippe II.
para lhe reprefentar com a eficácia das fuás
palavras naõ invadilfe efte Reyno antes de
fe declarar juridicamente qual era o feu le-
gitimo Suceílor, AíTiílindo em Lisboa foy
acometido da ultima infermidade, e rece-
bendo com fumma piedade os Sacramentos
paíTou a melhor vida. Qrdenou no feu Tefta-
mento que o feu Corpo foíTe fepultado na
Capella de S. Sebaíliaõ, que tinha edificado
na Collegiada de S. Pedro da fua pátria, como
com effeito fe executou. Além dos Authores
allegados o louvaõ com grandes elogios Af-
fonfo Garcia Matamor. de Acad. et doais Vir.
Hifp. in Hifpan. lllujlrat. Tom. 2. pag. 815.
propter ingenium, et artes liherales quihus ejl infii-
tutus, et illudjuum commentandi genus, quo lihrum
Quinãiliani Jane difficilem ennarravit philofophis,
et eloquentice fiudiofis non improbandus. Valer.
And. Taxand. in Cathal. Ciar. Hifpan. Script.
Eftes dous efcritores lhe chamaõ por erro
Bartholameu. Nicol. Ant. in Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 120. Cunha in Decret. Part. 2. Cap. Archi-
diac. diít. 83. n. 10. e na Hi^. Ecclef. de Brag.
Part. 2. cap. 78. n. 6. grande Pregador, e grande
Valido delKey D. Henrique, e D. Filippe,
e no Cathal. dos Bifp. do Port. Part. 2. cap.
40. Poyares Paneg. da Vill. de Barcel. cap.
18. Brit. Mon. 'Lujit. Part. i. liv. i. cap. 30.
chamandolhe infigne. Manoel Sever, de Far.
'Not. de Portug. pag. 74. v.o Herrer. Hifl. de Por-
tug. lib. 3. n. 80. infigne perfonage en letras, y
virtud, y muy efiimado. Coíla na epifl. dedicai,
a D. Theod. 1. Duque de Brag. do Epithalam.
dos Princep. D. Duart. e D. I^ab. Vir in omni
litterarum genere doãij/imus, ac 'Lujitani inge-
nij rarum fpecimen. Brito in Theatr. iMfit.
'L.itter. lit. A. n. 106. vir eloquentijftmus Fr.
Fernand. da Soled. Hifi. Seraf. da Prov. de
Portug. Part. 4. Hv. 4. cap. 29. n. 991
Homem doutijfimo na lingua Latina. Franc
Synopf Annal. Soe. Jef. in 'Lujitan. pag. 74
n. 8. Orland. Hifl. Societ. Hb. 15. n. 98. Fr
Pedro Monteiro Claufl. Domin. Tom. 3
LUSITANA.
355
P*g' 3'^- fofiofo, e tloqmitiffimo Pregador
dtlKey D. JoaÕ o III. Fr. Martinho do Amor
de Dcos Còroft. da Prov. dt S, Aníon. Tom.
I. liv. I. cap. 23. §. 570. ÍHjiffit Prigftdor dúquellis
ttmpos.
Compoz.
CommentariJ, ó^ annotatioms in Marc.
1 Fabiurn QiàntiHammi de InfliMione Oratória
iim iijdem Inftitutiombus. Vcnct. apud Hycro-
iiimum Scotum. 1)67. foi. et Parifíis apud
Vaícofanum. 1569. foi.
Summario da prigaçaõ fúnebre, que o Douíor
In/onio Pinheiro Prfj^ador de/Rey N. Senhor
jc:^^ por Jeu mandado no dia da tresladaçaõ dos
offos dos muito altos, e muito poderofos Princepes
I i/Rey D. Manoel feu Pay, e a Rainha D. Maria
ia Míiy de louvada memoria. Lisboa por Gcr-
maõ Galhard Imprimidor dclRcy NoíTo Se-
nhor 155 1. 4.
OraçaÕ que fe^ pfra o J/4ramento do minto
alto, e muito excellente Princepe Dom JoaÕ Pay
delRej D. Sebajiiaô nojfo Senhor para o qual jura-
mento chamou a Cortes o muito alto, e muito po-
deroso Rey D. JoaÕ o III. que Deos tem, em Almei-
rim, e o dia do Juramento em que o dito Príncipe
recebeo da maõ do muito alto, e muito excellente
Cardeal o Infante D. Henrique feu tio o Sacra-
mento da Confirmação na Capella dos Paços de
dita Villa. Lisboa por Joaõ Alvares Impref-
for delRey 1563. 4.
Repojla do Procurador de Lisboa leterado que
foy o Doãor Lopo Va!(^ a qual por mandado del-
Rey D. JoaÕ o III. lhe fe^ o Doãor António Pi-
nheiro para elle a di^er. Lisboa pelo mefmo
Impreflbr, e anno.
Praãica na acclamaçaÕ delRey D. Sebajliaõ.
Sahio impreíTa na Hift. Sebaíl. liv. i. cap. 3.
pag. 15. e nas minhas Mem. delRey D. Sebafl.
Part. I. liv. I. cap. 4. n. 33.
¥alla que fe^ à Rainha D. Catherina em nome
do Povo de Lisboa, para que naÕ largajfe a Regência
da Monarchia no anno de 1561. Sahio impreíTa
na HiJl. Ecclef. de Braga Part. 2. cap. 75. n. 6.
compoíla por D. Rodrigo da Cunha, e na Hifl.
Sebajiic. do P. Fr. Manoel dos Santos Monge
Ciílercienfe Chronilla deíle Reyno, e Aca-
démico da Academia Real Uv. i. cap. 10.
pag, 62. e nas minhas Mem. delRey D. Sebafl.
Part. I. liv. 2. cap. 3. n. 34.
Traduzio de Latim em Portuguez.
OrafaÕ obediência/ que recitou no armo de
1 562. em nome delKiy D. SebafliaÕ o Doutor Bel'
cbior ComeJo no Concilio Trídentino. Impreílas
nas minhas Mem. delRey D. Sebafl. Part. 2. liv, x.
cap. I. n. 8. G^nneça.
PoJJo que fempre a folemnidade dos Sagrados
Concílios fi^c.
OraçaÕ que fe^ fi^ Sal la dos Paços da Ribeira
nas primeiras Cortes que fe^ o muito alto, e muito
poderofo Rey D. SebafliaÕ o primeiro nojfo Senhor
governando feus reynos, e Senhorios a muita alta,
e muito poderofa Rainha D. Catherina fua Apò
nojfa Senhora. Lisboa por Joaõ Alvarez Im-
prcíTor delRey 1563. 4. e nas minhas Mem.
delRey D. Sebafl. Part. 2. liv. i. cap. 12. n. 93.
OraçaÕ recitada em Thomar quando
foy levantado, e jurado por Monarcha dejla
Coroa Fellipe Prudente em 16. de Abril de
i)8i.
OraçaÕ recitada nas Cortes de Thomar cele-
bradas a 20. de Abríl de 1 5 8 1 .
OraçaÕ recitada no Auto do Juramento que
em Thomar fe fe^i do Príncepe D. Diogo em z^.
do Abril de 1 5 8 1 .
Eílas trez Oraçoens fahiraõ impreflas
com as Cortes de Thomar no anno de 1584.
in foi. fem lugar nem nome do Impreflbr.
OraçaÕ recitada nas Cortes de Almeirim
a II. de Janeiro de 1580. Defta obra fSaz me-
moria o P. D. António Caetano de Soufa
Hifl. Geneal. da Cafa Real Portug. Tom. 3.
liv. 4. cap. 18. pag. 652.
Entre as obras de Miguel de Cabedo
que foraõ impreflas com as de André de
Refende Romae apud Bemardum Baflam
1597. 8. à pag. 501. efl:á huma carta Latina
muito elegante de D. António Pinheiro ef-
crita ao dito Cabedo em o anno de 1571. a
qual começa.
Teneor incredibili defiderío tui Micbael
mi <ò'c.
No Tratado de Crepufculis compoflio pelo
infigne Mathematico Pedro Nunes impreflb
Conimbricae apud Antonium Mariz. 15 71.
foi. efl:á hum feu epigramma em applaufo
do Author que começa.
Cynthia qtta rapidis noãuma crepufcula bi-
gis.
Epitáfio a Fr. Thomaz da Coíla da Or-
dem dos Pregadores Pregador delRey D.
356
BIB LIO THE CA
Joaõ o III. o qual fixou efcrito em huma
folha de papel fobre a fua fepultura que os
Padres (faõ palavras do infigne Chronifta Fr.
Lui2 de Soufa na Hift. de S. Domingos Part. 2.
liv. 6. cap. 18.) mandarão recolher, e guardar,
porque inda que nunca confiou do Author, fabiafe
com certev^a fer Secular, e fojpeitava-fe que feria
outro Pregador delRej, grande Jeu devoto, e naõ
inferior em letras, e púlpito. Começa.
Hk quanvis properes, tantifperfifte viator.
Pauca legens nofces quijacet in tumulo,
Coníla de 17. Dyílichos, e eftá impreflb à pag.
264. da Part. 2. da Hifi. de S. Domingos aíTima
allegada.
Obras M. S.
Panegyrico de Plinio a Trajano traduzido em
Portuguez, cujo Original fe conferva na Livra-
ria da Cartuxa de Évora. Delle tem hum exem-
plar M. S. o Excellentiflimo Conde da Ericeira
na fua SeleâdíTima Bibliotheca que vimos.
Delia obra faz honorifica mençaõ Manoel
Severim de Faria nos Difcurf Var. pag.
74. v.o.
Oração ohediencial que deo a Paulo IV. D.
Affonfo de Alencafiro Commendador Mór da
Ordem de Chrifio em nome delKej D. Joaõ o III.
Começa.
Pofio, que o mui poderofo Key de Portugal.
Oração para fe recitar no Capitulo da Ordem
militar de S. Tiago. Começa.
AJJim como foy conveniente que no principio
da Igreja. <&c.
Oração para o Capitulo da Ordem militar
de Avis. Começa.
Huma das grandes excellencias da Keligiaõ
Chrifiaã &€.
Carta efcrita a Fr. Agofiinho Prior do Con-
vento de Thomar fobre o ca^o, que aconteceo a
ElRey D. Joaõ o 3. Começa.
Naõ efcrevi a V. P. as novas defia terra.
Parecer a cerca do ut^o da Afirologia Começa.
Pareceume necejjario para quietar conciencias,
e reprimir alguns movimentos <&c.
Praãica confolatoria que fe^ a ElRej
D. Joaõ o III. pelo falecimento de fua filha
a Princesa D. Maria mulher do Princepe D. Fe-
lippe. Começa.
Se como o ufo das coufas as fa^ leveis, e com-
portáveis. He larga, e erudita.
Todas eftas obras vimos juntas em hum
volume com outras muitas cartas fuás efcri-
tas a vários Cavalheros.
Advertências de coufas antigas de Portugal;
as quaes (diz Fr. Bernardo de Brito na Mm.
L,ufit. Part. I. liv. i. cap. 28.) SaÕ dignas do feu
engenho, e as allega muitas vezes principal-
mente liv. 2. cap. 4. e 10. liv. 4. cap. 2. da i,
Part. da Mon. Lufif.
Traãatus in Pfalmos Davidicos.
Tratado da eloquência da lingua Portuguet^a.
Sermoens vários i. Tom. que fe con-
fervava na Livraria de D. Anton. Alvarez
da Cunha como affirma que nella o vira o
P. Francifco da Cruz nas Memorias para a
Bib. Portug.
Repofia a huma carta Satyrica que fe lhe
fez. Começa Gens inimica mihi que he o que me
quereis"? M. S. na Biblioth. do Cardial Souía.
Sermaõ pregado no Convento de Belém na
folemnidade da bençaÕ da Bandeira que fe entregou
ao Senhor D. António quando foy para Tangere
M. S. Conferva-fe na Livraria do Excellen-
tiíTimo Marquez de Abrantes.
ANTÓNIO PINHEIRO natural de
Monte Mór o novo da Provinda do Alen-
tejo difcipulo do grande Meítre de Mufica
Francifco Guerreiro com quem chegou a
contender na excellencia deíla Arte enfinan-
do-a com tal methodo que fahiraõ da fua
efcola famofos difcipulos. Foy Meílre da
Capella Ducal de Villa-Viçofa, donde paf-
fou a exercitar efte miniílerio na Cathedral
de Évora, onde morreo a 19. de Jimho de
161 7. Entre os mais illuíires teílemunhos,
que deixou delia faculdade foy hum volu-
me grande que confiava do
Cântico da Magnificat. cantado por diver-
fas vozes com particular artificio, o qual fe
conferva na Biblioth. Real da Mnjica.
ANTÓNIO DE PINHO natural da
Villa de Abrantes do Bifpado da Guarda.
Foy moço do Coro da Cathedral de Évo-
ra, e Cantor na mefma Sé, naõ fendo me-
nos fuave na Mufica, que na Poefia, para
cuja arte teve natural inclinação compon-
do em verfo heróico.
Vida, e martírio do Infante Santo D. Fer-
nando filho deíRey D. JoaÕ o I.
i
\
LUSITANA.
357
Cujo Poema tinha em feu poder no anno
de 161 9. feu filho Manoel de Pinho para
o imprimir, porem naõ logrou eílc benefi-
cio.
ANTÓNIO PINHO DA COSTA Ca-
yalleiro profeflb da Ordem de Chriílo, exer-
citou a vida militar na índia, principalmente
na Gdade de Cochim onde foy morador mui-
tos annos, e Cidadão. O tempo que lhe reílava
do exercido de Soldado o gaílava louvavel-
mente em compofiçoens mais próprias de
hum profeíTor das letras, que das armas im-
primindo a fcguinte obra que dedicou ao
Marquez de Niza.
A verdadeira Nobreza. Lisboa na Officina
Crasbecckian. i6;o. 4. c 1655. 8.
Dividife cm trcs livros o i . trata das coufas
ptrtenctntes à religião Cbriftaá, 1. das /res virtudes
Cardiaes Prudência ]njliça, e Fortale:(a 5 . da Tem-
ptrança, e outras virtudes qtte delia procedem.
, \ ANTÓNIO DE PINO natural da Cidade
I de Leyria dotado de engenho jocofo para a
• I Poefia de que deixou no tempo que afTiftia em
I ! Fkndes por teílemunho da fertilidade da fua
»j vcya.
j FeJUvas elegias. 1656. 4.
i
ANTÓNIO PINTO natural de Lisboa, naõ
fomente iníigne na faculdade de Leys nas quaes
recebendo o gráo de Doutor na Univerfidade
de Coimbra, illuftrou o Senado de Lisboa com
o lugar de Dezembargador dos aggravos, de
que tomou poíTe a 3. de Dezembro de 1575.
mas na elegância, e pureza com que fallava a
língua Latina, e na Poefia de todo o género
como entre os profelTores mais celebres defta
arte o numera com grande louvor Pedro San-
ches na Epiílol. ad Ignat. Moralium de Poet.
Latiu.
Pintus adeft alter, Pinttis cui carmina Jeepe
Plura dedid Peean, quám prabent littora conchas
Quâm fert Hybla thymum, quàm Ladon vohit
arenas.
Por eftes fingulares dotes o elegeu por feu
Secretario o infigne Heróe Lourenço Pirez
de Távora, quando foy por Embaxador
a Roma, e tanto confiou da fua prudente
aétividade, que lhe cometeo no anno de
1561. a grave incumbência de partir ao PreAe
Joaô com cartas de Pio IV. e delRey D. Se-
luíliaf) para que o Emperador daquelle vafto
Império manda/Te feus Hmbaxadores, que aHir-
tiíTem no Concilio Trídentino. O mefmo lugar
de Secretario exercitou com D. Fernando
de Menezes líml^axador na Cúria recitando
no anno de 1566. a Oraçaò Obediencial em
nome delRey D. Sebaíliaô na prezença de
S. Pio V. novamente fublimado ao trono de
S. Pedro a qual imprimio em Roma com efte
titulo.
Oratio obedientialis ad Sanãijftmum Domi-
num D. Pi/tm V. obedientiam praftante D, Fer-
dinando de Menei^es Sebafliani Regis nomine. 4.
Oratio de Scientiaram omniitm, magnarum-
que artium lat4de habita apud tmiverjam Conim-
bricenfem Academiam Kalend. O^ob. 1555. Ad
lllujlrijfimum D. Joamtem Dtuem de Aveiro.
Conimbricx apud Joannem Alvares Typ.
Reg. 1555- 4-
Keffs Sebafliani infelix bellum, Ó^ obitus.
Poema em verfo heróico que fe naõ imprimio
por naõ querer rifcar a palavra Fatum que a
indifcreta critica do Cenfor que examinou a
obra, mandava tirar.
Cartas originaes fendo Kefldente em Roma de/de
o anno 1562. até 1572. para Lourenço Pirer^ de
Távora. M. S. Confervaõ-fe na Livraria do
Excellentiífimo Marquez de Abrantes.
ANTÓNIO PINTO Prior da Villa de
Arganil do Bifpado de Coimbra compoz, mas
naõ imprimio.
Dialogo moral fobre o Pfalmo 50. Mife-
rere mei Deus fendo interlocutores Santo Agofti-
nho, e Platão.
ANTÓNIO PINTO DA CUNHA
natural da Villa de Provezende na Provín-
cia Trafmontana. Depois de eíhidar na Uni-
verfidade de Coimbra a faculdade dos Sa-
grados Cânones, e receber o Grào de Ba-
charel nefta faculdade foy eleito Reytor da
Igreja S. Joaõ Bautiíta fituada no Couto de
Provezende fua pátria, cuja paítoral occu-
paçaõ exercitou com louvável procedimen-
to atè acabar a vida em idade muito prove-
£fa, com faudade das fuás ovelhas a 22. de
Março de 171 5. Foy Prothonotario Apof-
358
BIBLIO THECA
tolico, e Pregador de nome deixando para
teílemunhas do talento, que tivera para o
Púlpito, os Sermoens feguintes.
Sermão dos Pajfos de Chrijlo Senhor Nojfo.
Lisboa por António Crasbeeck de Mello
Impreflbr de S. Alteza. 1670. 4.
Sermaõ da Virgem Maria Senhora Nojfa em
X) dia dajua AjfimpçaÕ pregado em ajua Igreja de
Chaves. Lisboa pelo dito Impreflbr, e no mef-
mo anno 4. e Coimbra por Joaõ Antunes
1692. 4.
ANTÓNIO PINTO DA FONSECA
Capitão General do Sul em a índia Oriental,
que depois de exercitar acções heróicas nas
Campanhas de Flandes, França, e Alemanha
as obrou em o Oriente contra os inimigos
■da Religião, e do Eílado com grande credito
•do feu nome. Efcreveo.
Carta à Santidade de Urbano VIII. efcrita em
z"). de Outubro de 1628. em que lhe Jupplica a bea-
tificação do Venerável Fr. Lui^ da Cru^ Religiofo
Menor da Provinda da Madre de Deos da índia
Oriental, a qual traz imprefla Fr. Jacinto da
Madre de Deos na Chron. da mefma Provín-
cia cap. 6. Artic. 13. pag. 344. Da obra, e do
Author fe lembra o moderno Addicionador
■da Bib. Occid. de António de Leaõ. Tom. 2.
Tit. 33. col. 841. Dando-Uie o appelido de
■Corrêa em lugar de Fonfeca.
ANTÓNIO PINTO PEREIRA natural da
Villa de Mogadouro do Bifpado de Miranda,
filho de Pays Nobres, e muito mais illuftre pela
fciencia da Hiíloria Politica, e elegância na frafe
com que efcrevia, por cujas partes o elegeo o
prudentiíTimo Infante D. Luiz para Secretario
de feu Filho o Senhor D. António. Deixou
efcrita, e fe imprimio depois da fua morte por
deligencia de Fr. Miguel da Cruz Religiofo
<la Ordem Militar de Chriílo.
Hijioria da índia no tempo em que a governou
o Vifo-Rej D. Luiíi de Atayde. Coimbra por
Nicolào Carvalho 1617. foi. Deíla obra, e do
Author faz memoria António de Leon Bib.
Orient. Tit. 3. Deixou também incompleta
outra Hiíloria da índia cuja primeira parte
coníla áojitio da Ilha de Goa, e do fundamento dos
EJlados do HidalcaÕ, e Ni:(amaluco. Começava o
I. Capitulo. A Ilha de Goa, em que hà humapopu-
loja Cidade do me/mo nome, (&€. E acabava im-
perfeitamente no cap. 5 2. Defta obra fomente
fe começou a imprimir o 2. Livro, fendo a
caufa porque os Fidalgos, que fe tinhaõ achado
neíles dous cercos de Goa, e Chaul queriaõ,
que fe divulgaflem as proefas militares, que
nelles obrarão para que ferviflem de publico
memorial a ElRey D. Sebaíliaõ por onde fof-
fem remunerados, porém coníiderando eíic
Príncipe, que naõ podia ao mefmo tempo pre-
miar tantos merecimentos para naõ fer arguido
de menos refto na diílribuiçaõ dos prémios,
fe naõ publicou eíla Hiíloria onde fe rektavaõ
as façanhas obradas por feus Vaflallos.
Efcreveo cartas elegantijfimas das quaes fe
formou hum Livro de juíla grandeza.
Verteo de Italiano de Pedro Bembo em
Portuguez.
Tratado dos Defpoforios.
Delle fazem mençaõ Nicol. Ant. in Bib.
Hifpan. Tom. i. pag. 120. e Joan. Soar. de
Brit. in Theatr. L.ufit. Utter. Ut. A. n. 107.
P. ANTÓNIO PIRES natural da Villa de
Caftello Branco de Bifpado da Guarda. En-
trou na Companhia de JESUS em 6. de Março
de 1548. e fendo ainda Noviço paflbu com o
iniigne operário Evangélico o P. Manoel da
Nóbrega em o anno de 1550. ao Braíil para
armunciar o Evangelho aos Bárbaros, ou refor-
mar os coftumes dos Chriftãos. Tanto que che-
gou à Bahia partio para Pernambuco, em cuja
agrefte vinha empregou todo o feu difvello in-
trodufindo a frequência dos Sacramentos por
haver muitos, que os naõ recebiaõ no dilatado
efpaço de quinze annos, e defterrando a incon-
tinência, e a ambição de acumular riquezas, e de
reduíir os gentios a opreflaõ de hum duro cati-
veiro. Contra todos eíles formidáveis moníbos
publicou cruel guerra o valorofo efpirito deíle
apoftolico Varaõ fendo innumeraveis os ludí-
brios, que padeceo, e os perigos a que expoz a
vida em taõ difíicultofa emprefa; porém com
o auxiUo de Deos, e affiílencia de Duarte Coe-
lho Governador daquelle Eílado triumfou
de todos os obftaculos reduíindo ao fuave
jugo do Evangelho os que viviaõ como feras,
admirando todos a repentina transformação
daquella Babilónia confufa em Cidade de
refugio para aquelles, que queriaõ obfervar
I
L USITANA.
OS preceitos da Ley Evangélica. Informado
o Bifpo da Bahia D. Pedro Fernandes Sardi-
, iil)a, logo que chegou ao feu Bifpado, do fruto
erpiritual, que tinha colhido eíle operário apof-
tolico lhe ordenou, que em feu nome vifitaíTe
aquella Capitania, cuja cmpreza executou com
íumma prudência, e fuavidade. Ultimamente
Imais atenuado de trabalhos, que de annos foy
receber o premio dos Teus merecimentos na be-
maventurança devendo-fe gravar por epitáfio na
fua fcpultura o elogio, que eíU efcrito na Hiji.
Societ. ad ann. 1572. Part. 5. Lib. 8. n. 287. Ad
nliquas llrajilia clades Antonij Peres ohihu accejftt,
qm Provinciam loco Nobre^ adminijlrabat è pri-
mis ejus cultoribus, <ò^ apiid domejlicos aqm, eu
populum virtutis opinione venerabilis 6. Kalend.
AprUis tribits, €>* viffníi annis in Jocietate tra-
\ d$tãis fere qtãnqua genarius obiit. Semelhantes
elogios lhe fazem Guerreiro Glor. Cor. de
esforçad. Kelig. da Comp. Liv. 3. cap. 2. Telles
C.})ron. da Comp. da Prov. de Portug. Part. i.
l.iv. 5. cap. 10. Vafconcel. Chron. da Prov.
do Brafil Liv. i. à num. 108. atè 114. Franc.
Imag. da Viriud. em o Nov. de Coimb. Tom. 2.
Liv. 2. cap. 15.
Efcrevco
Dt4as cartas aos Padres do Collegio de Coim-
bra em que trata das duas Miffoens em Pernam-
buco efcritas nefta Capitania, a primeira em 11.
de Agojlo de 1 5 5 1, e a Jegunda no mejmo anno.
Sahiraõ vertidas em Italiano. Venecia por
Miguel Tramefino. 1559. 8. que pofto naõ
trazem o feu nome, certamente faõ fuás por
ferem conformes às que fe guardaõ no Archivo
da Cafa ProfeíTa de S. Roque de Lisboa onde
eílaõ as feguintes
Carta de Pernambuco em ^. de Junho de 1552.
aos Padres de Portugal.
Carta ao Padre Provincial em 19. de Julho
de 1558.
Outra ao meJmo Provincial Bahia w. de Se-
tembro de 1558.
Carta aos Irmãos da Companhia em 22. de
Outubro de 1560.
ANTÓNIO PIRES GALANTE na-
tural da Villa de Idanha Nova na Província
da Beyra, taõ douto na Rhetorica Eccle-
fiaílica, como na Sagrada Theologia. Foy
Beneficiado na Igreja de S. Pedro de Évora,
359
e baAaotemente perito na Língua Italiana da
qual verteo em Portugucz
Corti Santa do P. Nicoláo Caujino da Compa-
nhia dê JESUS, Lisboa por Domingos Lope»
Roza 1652. 8.
Trabalhava em traduíir do mefmo idioma
em o nutcrno os Paradoxos Motaes de Ale-
xandre Sperello Bifpo de Eugubio, que depois
verteo em a Lingua latina D. Luiz Voltolini
Qerigo Regular Theatino, c fahiraô Franco-
furti ad Maenum apud Laurentium Kronin-
gerum 1698. 4. 2. Tom. cum (ig. dos quaes
fomente publicou o primeiro qual era
Que o mundo menor he mais grande, que o major.
Lisboa na Oflficina Crasbeeckian. 1652. 4.
ANTÓNIO PIRES GONGE natural de
Santarém mulato, que degenerava para negro,.
de eftatura alta, mas de engenho mais fublime
aíTim nas Letras Humanas, que enílnou pelo
largo efpaço de quarenta annos como na Poe-
fia, ou foíle Cómica, ou Satyrica, naõ podendo
diílinguir os mayores profeíTores deíla arte em
qual foíTe mais prompto, e cadente, fe na
compofiçaõ dos Verfos Latinos, ou vulgares.
Naõ foy menos feliz na profa levando fempre
a palma em todos os certames literários, que
na Univerfidade de Coimbra fe fizeraõ para
cultura da Oratória. Pela irregiilaridade, que
lhe proveyo de hum homicídio, que fizera,
naõ paílou da Ordem de Diácono. Vivia
pelos annos de 1603. e 1604. Compoz além
de muitos Diálogos, e Comedias, muitos
Autos Portuguezes fendo os mais celebres
Auto da infame Cidade de Pentapolis.
Auto do Nacimento de Chriflo.
Auto da 'Epifania.
Auto da KefurreiçaÕ de Chriflo.
Auto de Santa Maria Magdalena.
Auto da Rainha Sabà.
Auto de Babilónia.
Auto fobre aquellas palavras do EMongelba
Vigilate mecum.
ANTÓNIO PIRES DA SYLVA na-
tural da Gdade de Bragança da Diocefe de
Miranda. Com a mefma applicaçaõ, e dif-
velo com que aprendeo Medicina, e tomou
nella o Grào de Licenciado na Univerfida-
de de Coimbra, a exercitou nas Villas de
3óo
BIBLIO THECA
Alafoens, Aveiro, e Thomar com grande cre-
dito da fua peflba. Ainda eftava na prima-
vera da idade, quando produfio fazonados
frutos da fua erudição, e fciencia imprimindo
Chronographia Medicinal das Caldas de Ala-
foens. Lisboa por Miguel Deslandes ImpreíTor
delRey 1696. 4.
Neíla obra fe moftra o Author igualmen-
te perito na Medicina, que na Hiftoria, nar-
rando a Genealogia dos Reys de Portugal,
e Hefpanha. No fim tem brevemente reco-
pilado.
"Exame Chirurgico.
No Prologo promete outras obras como
faõ
Fabologia, e outra que elle diz fer de impor-
tantijftma emprega, naõ explicando o argumento
da fua matéria.
Fr. ANTÓNIO DE PORTALEGRE na-
tural da Cidade do feu apellido Religiofo pro-
feíTo da Ordem dos Menores da Província
Capucha da Piedade digno de eterna memoria
pela exaâa obfervancia da regra, e innocencia
da vida, e madureza de juizo, por cujos dotes
de tal forte conciliou o affefto delRey D. Joaõ
o III. que naõ fomente lhe cõmeteo à fua
grande capacidade negócios de fumma im-
portância, mas o elegeo por Confeííor de fua
Filha a Princeza D. Maria, quando partio a
defpozar-fe com Filippe prudente, cujo mi-
niílerio exercitou em quanto ella viveo. Ref-
tituido a Portugal, e depois à fua Província
mais amante da folidaõ, que do comercio
humano fe retirou para o Convento de Val-
verde diílante três legoas de Évora, onde viveo
muitos annos exercitando heróicas virtudes
atè que paíTando para o Convento de Santo
António de Coimbra morreo piiíTimamente
no anno de 1593. Compoz a Hiftoria da
Paixaõ de Chriílo Senhor NoíTo em Verfos
Portuguezes, que depois verteo em Caíle-
Ihanos com o eftilo mais devoto, que ele-
gante, e os publicou fem o feu nome com
eíle titulo
Meditacion de la Pajfton de Chrifto Nuejiro
Senor metrificada por hum Frayle Portugue^
de la Provinda de la Piedad. Coimbra 1541.
■e 1548. 8. e em 15 81. como diz D. Nicol. Ant.
in Bib. Hifp. Tom. i. pag. 121.
Eíle mefmo aíTumpto compoz em Verfos
elegíacos latinos, cujo principio era.
Kefpice peccator quanti mihi caufa doloris
Quam varij fueris, caufa que fupplicij.
De cuja obra, e feu Author fazem mençaõ o
P. António dos Reys in Enthuf. Poetic. n. 136.
= Adfperfo gemmis diademate cingit
A.t Portalegrium c ant ant em vulnera Chrijli
Grandia Melpomene.
Fr. Manoel de Monforte Chron. da Prov. da
Pied. Liv. 4. cap. 24. n. i. 2. 3. e 4. e Fr. Joan.
à D. Ant. in P>ih. Francifc. Tom. i. pag. 123.
Fr. ANTÓNIO DO PORTO natural
deíla Cidade com que fe appelidou, filho de
Henrique Nunes de Gouvea, e Beatriz de
Madureira ambos infignes em virtude, e
principaes Fundadores do Collegio do Por-
to da Companhia de Jefus, em cuja Reli-
gião teve dous filhos, e no Convento de
Santa Clara duas filhas. Querendo imitar a
vida Religiofa que abraçarão feus quatro ir-
mãos, e contrahir com elles por meyo da
graça mais nobre vinculo do que tinha pela
natureza, profeíTou o penitente, e auftero
Inílituto da Província Seráfica da Piedade,
onde exercitou com virtuofas acçoens a piif-
fima educação, que recebera de taõ fantos
Pays acabando a vida com evidentes finaes
de Santo como efcreve PoíTino in Vita P.
Ignatij de Azevedo, e^ Socior. Lib. i. cap. i.
n. 8. Compoz ainda que naõ imprimio como
teílifica Jorge Cardof. Agiol. 'Lufit. a 21.
de Março no Comentário letr. I. Tom. 2.
pag. 264.
Vida de feus Pays Henrique Nunes de Gouvea,
e Beatri^ de Madureira. M. S. in 4.
ANTÓNIO DAS POVOAS natural
de Lisboa filho de António das Povoas Co-
mendador do Eruedal da Ordem de Chriíto,
e de fua terceira mulher D. Filippa de Aze-
vedo, Fidalgo da Cafa Real, Doutor em
Leys, Dezembargador nas Relaçoens da
Bahia, Porto, e Cafa da Supplicaçaõ de que
tomou poíTe a 3. de Janeiro de 1622. De-
zembargador de Aggravos a 19. de Novem-
bro de 1626. e Juiz da Coroa a 30. de Mayo
de 1633. donde paíTou a Confelheiro da Fa-
zenda, e Provedor da Alfandega, Varaõ de
L USITANA.
36 1
rumma inteireza, e authoridade, com que admi-
niftrou lugares taõ honorificos. Foy muito
appllcado ao eíludo da Genealogia, e naô
menos perito nas linguas mais polidas da Eu-
ropa merecendo por eftas partes grande eíli-
maçaõ dos eruditos daquella idade. Gafou na
Villa de Midoens junto da Commenda de feu
Pay com D. Luiza de Miranda filha herdeira de
Manoel de Miranda, de quem teve a Manoel
das Povoas de Miranda, cujo fobrenome tomou
pelo Morgado, que lhe veyo de fua Mãy. Mor-
leo em Lisboa a i6. de Agoílo de 1642. Jaz
fepultado no Convento do Gurmo. Eícreveo.
Nobiliário das Fami/ias defle Keyrio o qual
(diz o P. D. António Caetano de Soufa no
Apparat. à Hiji, Gen. da Cafa Keal de Vortug.
pag. 85. n. 72.) muitas veí^es acho alienado por
Genealógicos de authoridade. Dclle havia algu-
mas copias na Livraria do Marquez de Angeja,
c que agora fe conferva na Cafa do Excel-
Icntiflimo Duque do Cadaval. Do Autor, e
lefla obra fe lembraõ D. Franc. Manoel na
ia I. da 4. Gentur. das fuás Gart. Famil.
Joaõ Soar. de Brit. in Theat. hjifit. Utter.
t. A. n. 109. Efcreveo mais.
Familia de Sylvas dedicada a D. JoaÔ da Sylva
GapellaÕ Mor de fua Mageflade, do feu Gonfelho, e
do Geral da InquifiçaÕ defle Rejno efcrito em 18. de
Fevereiro de 1632. cujo Original conferva na fua
Livraria o P. Fr. AfFonfo da Madre de Deos
Guerreiro Académico da Academia Real.
Fr. ANTÓNIO DOS PRAZERES
natural de Lisboa, e filho de Lourenço de
Mendoça 3. Conde de Valdereis, Depu-
tado da Junta dos três Eftados, Regedor
das Juftiças, e Confelheiro de Eílado. Re-
cebeo na idade juvenil o Habito da Sagra-
da Ordem dos Pregadores no Convento de
Goa merecendo pela capacidade do feu ta-
lento naõ fomente exercitar os lugares ho-
norificos de ComiíTario, e Vifitador Geral
da fua Religião nas Chriílandades de Ti-
mor, e Solor, e de Vigário Geral no Rey-
no de Siaõ pelo Bifpo de Malaca, mas fer
eleito pelo Senado de Macáo para repre-
zentar à Mageílade delRey D. Joaõ o V.
noíTo Senhor algumas dependências concer-
nentes à confervaçaõ, e augmento daquella
Cidade. Chegado a ella Corte dezempe-
nhou, como deUe fe eíperava, a fua comiT-
faô. No anno de 1722. navegou fegunda
vez para a índia donde rcílituido ao Rey-
no partio para Ronu. Pela diUtada arTiT-
tencia que teve no Reyno de Siaõ obfer-
vou com fumma curiofidade a fua íituaçaõ,
e o methodo do feu governo E^lefiaílico, e
Gvil efcrevendo com eíliio claro a feguio-
te obra que vimos.
Epitome hiflorico, e noticia breve do FJIado
premente do Reyno de Siaõ com a verdadeira
fitua^aÒ, deflrião, e difpofi^aõ das terras; def-
cripfaõ dos ires liflados do Reyno F^clefiaflico,
e popular, pleno conhecimento das três matérias
da Republica, Religião, Guerra, e Jufliça M. S.
in foi.
Confta de 47. Capítulos. Começa o i.
o Reyno de SiaÕ. Acaba o ultimo. Que naÕ incline
a balança para a parte de mais ouro. Eílai^
prompta eíla obra com todas as licenças para
a impreíTaõ, como teftemunha Fr. Pedro Mon-
teiro no Glaufl. Domin. Tom. 3. f)ag. 157.
fendo hum dos Revcdores que pela Religião
o approvou affirmando fer digna da luz publica
que ainda até agora naõ logrou.
Fr. ANTÓNIO DA PRESENTAÇAM
natural de Lisboa filho de Joaõ Carvalho, e
Antónia da Frota. ProfeíTou o auílero Inf-
tituto da Seráfica Provinda da Arrábida em
o Convento de S. Jozé a 22. de Novembro
de 1660. onde foy refpeitado de tal forte o
feu talento que tendo fomente treze annos de
Habito foy eleito Guardião, e depois Secre-
tario da Provinda, Definidor, e ultimamente
Provincial no anno de 1697. em cujo minif-
terio como fummamente zelofo da obfervan-
cia dos Eílatutos da fua penitente Reforma,
que tinhaõ fido compoftos pelo Cuílodio Fr.
Francifco da Cruz, para ferem exaâamente
obfervados diminuio algumas claufulas, e
acrecentou outras, alcançando a confirnaaçaõ
delles da Santidade de Innocendo XII. por
hum Breve expedido em 4. de Mayo de 1697.
que começa. Nuper pro parte dileãi filij Anto-
nij à Prafentione &c. os mandou imprimir, e
fahiraõ com efte titulo.
Fflatutos da Provinda de Santa Ma-
ria da Arrábida da mais perfeita ohfervan-
cia do noffo Seráfico Padre S. Francifco. Lis-
3Ó2
BIB LIO THE CA
boa por Miguel Deslandes ImpreíTor de
Sua Mageftade 1698. foi.
Foy Examinador das Ordens Militares, e hum
dos mais graves Religiofos, que no feu tempo
floreceraõ nefta Província. Acabado o triennio
do Provincialado fe retirou para o Convento
de Alferrara donde paíTou para o deferto da
Arrábida, em cuja afpera habitação aíTiftio
pelo efpaço de cinco annos fervindo de admi-
ração aos aufteros moradores daquella The-
baida, até que chamado pelos Superiores ao
Convento de S. Pedro de Alcântara defta
Corte, fendo acometido da ultima infermidade,
que logo fe fez mortal pela decrépita idade
de 86. annos recebendo com exceíTiva pie-
dade os Sacramentos falleceo a 20. de Dezem-
bro de 1724. com 65. annos de habito. Fazem
delle memoria Fr. Joan. à D. Anton. in Bib.
Francifc. Tom. i. pag. 123. Fr. Ant. da Pie-
dad. Chron. da Prov. de Santa Maria da Arrab.
Part. I. liv. I. cap. 29. n. 176. e Fr. Jozé de
Jef. Mar. Chron. da dita Prov. Part. 2. liv. 5.
cap. 25. n. 1076.
ANTÓNIO PRESTES natural da Villa de
Santarém, e nella Enqueredor do Juizo do Ci-
vel. Foy muito inclinado à Poelia Cómica com-
pondo nella com tanta facilidade, que acabava
em poucos dias o que outro naõ acabaria em
muitos mezes, ainda que foíTe muito verfado na
mefma faculdade. Publicou em quanto viveo.
Comedias, e Autos diverjos em folha. Por
fua morte fahio por diligencia de António
Lopes Moço da Capella Real.
Primeira Parte dos Autos, e Comedias Portu-
guet^as. Lisboa por André Lobato. 1587. 4. em
cujo livro eftaõ os Autos feguintes compoílos
por António Preíles.
Auto da Ave Maria a foi. i.
Do Procurador a foi. 27.
Do Desembargador a foi. 61.
Dos dous Irmãos a foi. 75.
Da Ciofa. a foi. 112.
Do Mouro encantado a foi. 126.
Dos Cantarinhos. a foi. 163.
P. ANTÓNIO DE PROENÇA Naceo no
lugar do Fundaõ do Bifpado da Guarda fendo
filho de Sylveftre de Proença, e Jeronyma de
Souza. Na idade de 18. annos abraçou o Infti-
tuto da Companhia de JESUS no Collegio de
Coimbra a 17. de Outubro de 1 574. e profeflbu
folemnemente a 10. de Março de 1602. Entre
todas as virtudes em que floreceo a mayor foy a
da charidade, com que aíTiílio em Coimbra aos
feridos da peíle no anno de 1599. defprezando
heroicamente o horror de taõ fatal contagio,
que devaílou grande parte daquella Cidade.
Naõ fatisfeito o ardor do feu charitativo peito
com eíle exercício afpirou a outro mayor, qual
era paíTar ao Oriente, para offerecer em obfe-
quio de Chriílo a vida, que lhe confervara illeza
entre tantas mortes. Para eíle fim fupplicou ao
Geral, que lhe deíTe faculdade, e pofto que por
algum tempo lha dificultou, partio no anno
de 1603. para a índia, onde armado de Evan-
gélico zelo reformou os coftumes dos Chriílaõs,
e convenceu os erros dos Gentios com grande
gloria da Religião Catholica até que foy lograr
na eternidade o premio dos feus merecimentos.
Efcreveo por ordem dos fuperiores.
Kelaçaõ dos Sucejfos que acontecerão em Coim-
bra no tempo da pejle do anno de 1599. a qual
imprimio o P. António Franco na Imag. do
Novic. do Colleg. de Coimb. Tom. 2. liv. 4. cap.
16. atè 20. onde largamente falia do Author
deUa, e no Ann. glorio/. S. J. in JLuJit. pag. 751.
Fr. ANTÓNIO DA PURIFICAÇAM
Naceo na Cidade do Porto, e foy bau-
tizado na Parochial de S. Nicolao. Teve
por Pays a Gonçalo Coutinho, e Gracia
de Moraes. Depois de completos 16. an-
nos entrou na Religião dos Eremitas de
Santo Agoítinho, e no Convento de Évora
profeflbu a 10. de Fevereiro de 161 7. Pela
Uçaõ de Filofofia, e Theologia com que
inílruio aos feus domeílicos foy Meílre ju-
bilado, e pela noticia, que tinha da Hiílo-
ria Sagrada, e profana, Chroniíla da fua
Província, cuja fundação, privilégios, e
illuílres filhos, que produzio, defcreveo em
dous tomos com menos fevera critica do
que pedia efte argumento adoptando-lhe
Conventos, e Religiofos que nunca profef-
faraõ o Inftituto Eremitico AuguíUniano,
quando baílavaõ para eterna gloria de taõ
illuílre Província, e ainda do Reyno de
Portugal, os que verdadeiramente habitarão
os feus Clauftros, fendo eíle o juizo que
formou de tal obra Joaõ Soares de Brito in
f
I
L USITANA.
i6i
'l'l)cut. LMjit. ÍJttir. lit. A. n. ii. qm non ita
jeliciter à cateris aliorum Ordinnm monachis txcep-
tus ejl, propterea qmd multa illic in dubiiim revo-
care videaíiir, qita ipji tamqiutm certa, et explorata
à mayoribus Jm haufiffent pro injuria própria
accipientts, qua Autbor ipfe in fui Ordinis j^/o-
riam, & txaitionem propalavit. Para dcfcan-
far da laboríofa appUcaçaõ, que em obfequio
da fua Religião por muitos annos fe occupara,
o nomearão os Superiores Parocho da Igreja
de S. Joaõ da Foz nos arrebaldes da Cidade
do Porto, que he da adminiftraçaõ dos Agof-
tinhos, onde fendo convidado pelos fre-
guezes no anno de 1658. para pregar os Ser-
moens da Quarefma, e eílando jà prepara-
! do para eftc effcito, convidou outro Prega-
dor para lhe fubílituir a fua falta aflírman-
do que certamente morria na fefta feira da-
quela Semana. Parecia incrível efta aíTe-
xcraçaõ a todos que o viaõ fem molcftia al-
guma, antes com tal vigor que prometia
muitos annos de vida, porém chamando ao
(Coveiro lhe advirtio naõ fomente o lugar
nidc o havia de fepultar, mas o modo como
/icvia fer amortalhado conforme o Ceremo-
nial da fua Religião. Na fefta feira que fe
contavaõ 19. de Abril do dito anno de 1658.
recebidos os Sacramentos com fumma pie-
J.ade defcanfou em o Senhor, e foy fepul-
tado na Capella Mór da Parochia de S. Joaõ,
c]ue fora o lugar que elle deftinara para feu
jazigo. Efcreveo.
Theatrum triumphale, Jive Index rerum nota-
bilium fua 'Provinda 'Lnjitana fex decim Choris
djftinãum. UliíTip. 1634. foi. Sahio aberta em
huma lamina efta obra, a qual era o defenho
do que havia tratar na Chronica da Província.
De viris illujiribus antiquijfima Provinda
Ljijitana Ordinis Hremitarum S. Patriarcha
Aure/i/ Augíijiini Hipponenjfis Epifcopi, et Ecde-
fia Doãoris libri três. UlyíTipone apud Domi-
nicum Lopes Rofa. 1642. 4.
Chronologia Monaftica iMfitana in qua
omnes Sanai et Beati, ac etiam Venerabiles
Perfona Kegtdares, qua in Ijufitania regiis,
ejufque ditionibus nata, aut fepulta Junt, perhi-
bentur, quoad fieri pottàt fidelijjime, ac bre-
vijfime referuntur. UlyíTipone apud Laurentium
de Anveres. 1642. 4.
Chronica da antiqmjftma Provinda de Por-
tugal da Ordem dos Eremitas de Santo Agof-
tinlx> hifpo de Hiponia, e principal Doutor
da igreja Part. i . Lisboa por Manoel da Sylva
1642. foi.
Chronica da antiquijfima Provinda de Por-
tugal da Ordem dos Eremitas ó^c. com huma
adiçaõ no cabo na qual fe ref ponde aos principais
lugares da benediílina LMfitana Part. 2. Lisboa
por Domingos Lopes Roza. 16)6. foi.
Tinha preparado 5. Parte defta Oironica,
como efcreve Cardofo Affol. Liéfit. Tom. j.
no Comment. de 5. de Mayo letr. A. e medi-
tava compor Quarta Parte.
Memorial de diverfas Miffas, e Oraçoens
para proveito dos Fieis vivos, e defuntos infli-
tuidas pelo gloriofo Patriarcha Santo Agoflinho
Bifpo de Hipponia, e Doutor da Igjreja, e por fua
devotiffima Mãy Santa Mónica, e outros Keligiofos
da fua Ordem Eremitica que elle fundou em Africa
no anno de 590. Lisboa por Domingos Lopes
Roza 1642. 8.
Antídoto Auguftiniano em o qual fe conven-
cem, e desfat(em as f aliadas, e enganos da Apologia
intitulada Quinta ejfencia de Verdades efcritas
pelo Padre Fr. Gil de S. Bento. Q)imbra por
Thomé Carvalho 1660. 4.
Curfus Philofophicus. 3. Tom. 4. Aí. S.
Promptuarium triumphale, in quo continentur
vita omnium San^orum Ljifitania, ó^ ditionum
ejus foi. M. S.
Confervaõ-fe eftes livros na Livraria do
Convento da Graça de Lisboa.
Fazem memoria do feu nome Nicol.
Ant. in Bib. Hifp. Tom. i. pag. 123. D.
Franc. Manoel na Carta efcrita ao Doutor
Manoel The mudo da Fonfec. que he a i. da
4. Centúria. Joaõ Franco Barreto Bib. Lu-
fit. M. S. letr. A. n. 231. e o P. D. Man.
Caet. de Soufa in Exped. Hifp. S. Jacob. Tom.
2. pag. 1305.
P. ANTÓNIO DE QUADROS na-
tural de Santarém filho de Doutor An-
dré de Quadros Barreto Provedor das Vai-
las, e Lifirias, e D. Joanna Pereira do Quin-
tal, e Payva ambos defcendentes de famílias
nobres, e irmaõ de D. Manoel de Quadros
Bifpo da Guarda. Ao tempo que na adolef-
cencia eflxidava na Univerfidade de Coim-
bra as fciencias mayores, obedecendo à
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VÓ2 de Deos que internamente o chamava
para a Religião, abraçou a da Companhia de
Jefus em z. de Abril de 1544. quando contava
23. annos fendo dos primeiros três Noviços,
que foraõ admitidos ao Collegio de Coimbra,
onde feita a profiíTaõ folemne no i . de Outubro
de 1553. e acabada a carreira dos eíludos efco-
laílicos pedio com ferverofas inftancias aos Pre-
lados que lhe deíTem licença para pregar no
Oriente as verdades da ley Evangélica. Alcan-
çada faculdade fe embarcou no anno de 1555.
e depois de exercitar diverfas obras de charida-
de em beneficio dos paiTageiros chegou a Goa,
onde fendo conhecida a fua grande prudência,
e capacidade, foy eleito Provincial, cujo lugar
exercitou por efpaço de quatorze annos unindo
ao mefmo tempo outras occupaçoens incom-
patíveis que fomente podia fatisfazer o feu pro-
fundo talento como eraõ a de Meílre eniinando
Filofofia, e Theologia, de Pregador reprehen-
dendo vicios, de Catequiíla doutrinando Neó-
fitos, e de Parocho confeífando penitentes, e
bautizando gentios. Todos eftes minifterios
exercitava com tanta fciencia, charidade,
e madureza, que por geral acclamaçaõ de
todo o Oriente naõ havia outro, que com
elle fe pudeíle igualar. Ao feu incanfavel
zelo animado pelo efpirito do infigne Vi-
ce-Rey D. Conftantino de Bragança fe deve
a converfaõ das Ilhas de Choraõ, Divar,
e das terras de Salcete, e Baçaim. Em aten-
ção a eftes trabalhos apoílolicos o crearaõ os
Inquifidores ComiíTario do Santo Officio,
e ElRey D. Joaõ o III. ordenou aos feus Vice-
-Reys que naõ tomaífem refoluçaõ alguma
fem o feu confelho. Quando eftava refoluto
auzentar-fe de Goa para difcorrer por todo o
Oriente em beneficio da Chriftandade foy ac-
cometido de huma aguda febre, que fendo
capitulada pelos Médicos por mortal, recebeo
eíla noticia com plácido femblante, de tal
forte que vendo aos feus Companheiros ba-
nhados em lagrimas pela fua auzencia, os
confolou com as palavras de Chrifto ditas aos
feus difcipulos nas vefperas da fua Afcençaõ.
Si diligeretis me gauderetis utique quia vado ad
Patrem, no fim das quaes foy tomar poíTe deíle
lugar, como piamente fe cré, a 21. de Novem-
bro de 1572. As heróicas acçoens que obrou
no Oriente relataõ com grandes elogios Or-
land. Hijl. Societ. Part. i. lib. 6. n. 97. lib.
12. n. 56. lib. 15. n. 129. e 130. Sachin. Hijl.
Societ. Part. i. n. 51. 132. 139. lib. 3. n. 226.
Part. 2. lib. 8. n. 179. Maffeus de rebus Indic.
lib. 16. pag. mihi 330. Godinho in Vita P.
Gund. Sylv. lib. 2. cap, 8. Bartol. Hijl. delia
Afia Part. i. liv. 7. pag. mihi 511. e 512.
Telles Chron. da Comp. de Jej. da Prov. de Portug.
Part. 2. lib. 6. cap. 13. Foy homem de partes
muito avantajadas porque alem do bom exterior
era dotado de grande entendimento, prudência^
authoridade, e gravidade da jua peffoa, de bonij-
jima condição, de aguda dijcriçaÕ, e de juit^o muito
ajfentado, e na Hijl. da Etiop. Alta. liv. 2. cap. 3.
VaraÕ muy abalizado na Comp. Manoel de Faria,
e Soufa Ajia Portug. Tom. 2. Part. 4. cap. 20.
n. 9. Card. Agiol. Ijujit. Tom. 2. pag. 685.
e 695. no Comment. de 23. de Abril letr. E.
onde diz que muitas das fuás Cartas fe im-
primirão. Franc. in Ann. glorioj. Societ. jej. in
L.ujit. pag. 693. et in Sjnopj. Annal. Societ.
jej. in L.ujtt. pag. 44. Poffin. in Vit. V. P.
Ignatij A^eved. cap. 3. n. 44. e Vafconc. Hijtor.
de Santarém Part. 2. liv. 2. cap. 23.
Entre muitas Cartas fuás que fe confer-
vaõ no Cartório da Cafa profeíTa de S. Ro-
que eílaõ três muito largas efcritas de Goa
aos Padres deíla Província de Portugal.
A I. ejcrita ao Padre Diogo MiraÕ em
8. de Dezembro de 1555. a qual fahio ver-
tida em Latim com outras Cartas Indicas,
Lovanij apud Rutgerum Velpium 1570. in
8. à pag. 105. ufque ad 126. et ibi apud
eumdem Typog. 1566. in 8. à pag. 226. ad
259. Traduzida em ItaUano Venetia per
Michele Tramezzino 1565. 8. fahio no li-
vro intitulado Diverji Aviji particolari dairin-
die de Portugall. Part. 3. a foi. 204. v.o.
Outra ejcrita a 18. de Det(embro de 1555.
a qual fahio com a precedente vertida em
Latim cum aUis Epiji. Indic. et japon. Lo-
vanij apud Rutgerum Velpium 1570. à p.
135. ufque ad 182. Traduzida na lingua
Italiana Venetia por Michele Tramezzi no
1565. fahio no dito livro Diverji Aviji. &c.
a foi. 215. v.o.
A 3. ejcrita a 19. de Novembro de 1559.
fahio vertida em Italiano com outras Ve-
net. por Tramezzino. 1562. 8. e na lingua
Latina in Epijlol. Ind. et japonic. Lovanii
I
L USITANA.
365
;^ad Rutgenim Velpium i)66. 8. á pag.
^o. ufque ad 355. 6c ibi apud eumdem.
IJ69. 8.
ANTÓNIO RABOLO Prcsbytcro Ulif-
riponenfe igualmente perito na Gramática
Latina, que cm efcrever perfeitamente for-
mando os Caraéteres com a penna, como
fe foraõ debuxados com o pincel tendo por
difcipulos deíUs artes a D. Manoel de Mou-
ra Cortereal fegundo Marquez de Caílello
Rodrigo, a D. Nuno Alvares Pereira de
Mello I. Duque do Cadaval, e a fcu irmaõ
1). Thcodoíío. Por alguns annos foy Rey-
tor do Collegio dos Meninos Orfáos de Lis-
)a, Comiflario da Bulia da Cruzada no fcu
icrritorio, c depois Parocho da Igreja da
Villa da Barqueira. Morreo em Lisboa com
a mcfma piedade com que vivera, a 5. de
Agofto de 1655. com 80. annos de idade.
1 by fcpultado no Convento dos Carmelitas
(alçados, de cuja ordem fora Terceiro, e
Prior. Imprimio.
Breve Kecopilaçaõ da doãrina dos Myfterios
■ais importantes de Nojfa Santa Fé a qual todo
( .hrijiaô he obrigado faber, e crer com fé explicita,
•lero dii(er, e conhecimento diJlin£io de cada hum.
i.isboa por António Alvares. 1646. 24. et
ibi por Domingos Carneiro. 1681. 8.
Fr. ANTÓNIO RAPOSO ReUgiofo da
Ordem da Santiflima Trindade, e hum dos
lilhos mais authorizados deíla illuílre Religião.
Pela fua grande prudência foy Miniílro do
Convento de Santarém donde fubio ao lugar
de Provincial no anno de 1544. Sendo muito
douto nas fciencias efcolafticas o naõ foy me-
nos na inveíligaçaõ do admirável principio,
e fundação do Inílituto que profeíTava, efcre-
vendo como afíirmaõ Fr. Bernard. à D. Ant.
in Epitom. Kedemp. Captiv. lib. 2. cap. ult.
n. 17. e Joan. Soar. de Brit. in Theat. Ijufit.
Litter. lit. A. n. 112.
De revelatione, et infiitutione Sacri Ordinis San-
iiftma Trinitatis, cujo Prologo, e os primeiros
cjuinze Capitules teílifica ter vifto no Convento
tle Lisboa o P. Francifco da Cruz Jefuita, nas
luas Memorias para a Bibliotheca Portug.
ANTÓNIO RAPOSO natural da Vil-
la de Aviz na Provinda do Alentejo, e filho
de António Soeyro, e Beatriz Martins. Foy
Doutor em Direito Gvil, Dezembargador
da Caía da SuppIicaçaT), O)nfc!heiro do Tri-
bunal Ultranurino, Juiz Cõferva<ior da Junta
do Comercio, Secretario da Embaxada de
Olanda, em cuja Republica, como na Corte
de Inglaterra foy Enviado manifeílando em
taô diverfos núníAerios igual fidelidade, que
zelo para com o fcu Princepe, e merecendo
pelas negociaçoens politicas grandes elogios
do Conde da Ericeira D. Luiz de Menezes
na Hifl. de Portug. Keflaur. Tool i. liv. 12.
pag. 88 j. e de Fr. Gio. Giufep. di S. Teref.
Jfloria delia Guer. dei Kefft. dei Brasil. Part. 2.
liv. 17. pag. 185. Foy excellente Poeta taõ
fácil como elegante em metrificar na lingua
materna, e Caílelhana fendo no tempo, que
aíTiílio em Madrid venerado pelos mayores
profeíTores daquella arte, e por muitas vezes
conftituido arbitro nos certames poéticos, e
como tal he celebrado por Manoel de Ga-
Ihegos no Templo da Memor. liv. 4. EAanc.
197.
Penetre os Ceos aquella vÔ!(^ Serena
O' trágico Kapofo cujo accento
^Acreditando a bem chorada pena
Adornou de Duarte o monumento:
Suf penda trijle pai lida, e confufa;
Chore ao Key Fernando a voffa Mu/a.
E Jacinto Cordeiro no EJog. dos Poet. Por-
tug.
Aqui António Kapofo me defpena
y con lyrico eflilo, me enmudece
Que dura roca, que intratable pena
A la vox de fu canto nó enternece
Si tocando la Lyra ai arte enfena
Modo de efcribir, que la guarnece
Siendo de Avi^ con peregHno enfayo
Ajf ombro en letras, y en los verfos rayo.
Das muitas, e elegantes obras poéticas
que compoz fomente viraõ a luz publica
as feguintes.
Cançaõ ao tiro que o Princepe de Caflel-
la fes^ em huma montaria do Pardo a hum
javali, que matou. He em Caftelhano. Ma-
drid, foi.
Sjlva Portuguef^a à morte de D. Aíaria
de Attajde. Sahio nas Memorias Funeb. defla
Senhora. Lisboa na Officina Crasbeeck 1650. 4.
Na Bibliotheca Real fe confervaõ qua-
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tro Romances feus, dous em applaufo do
SereniíTimo Rey D. Joaõ o IV. novamente
elevado ao trono. Começa o i. Graças ao Ceo^
que apparecem; e o 2. Hum pafmo do antigo L.ufo.
o 3. contra os confpiradores delRey, e da
Pátria. Começa. Que prodígios, que portentos?
o 4. em louvor do Illuftriflimo Arcebifpo de
Lisboa D. Rodrigo da Cunha. Começa. Agora
Prelado illujlre.
En la profefion de la Serenijfima Senora Sor
Maria de la Cruti^ flor divina de la Cat^a de Me-
dina Sidónia a la Rejna D. Lui:^a Nuejlra Se-
nora. He Romance, que começa Peregrina
natural.
Epithalamio aos auguftos defpoforios de Car-
los z. e a Senhora D. Catherina Kejs de Ingla-
terra. Verfo heróico.
Epicedio à morte do Serenijfimo Infante D.
Duarte; de cuja obra faz mençaõ Manoel
de Galhegos aíTima allegado, e do Author
Joan. Soar. de Brit. in Theatr. Eujit. Litter.
lit. A. n. 113. Morreo em Lisboa no anno
de 1674.
ANTÓNIO RAMIRES DE MELLO.
Veja-fe P. MANOEL MONTEYRO.
ANTÓNIO REBELLO DE BRITO
natural de Braga, e Cidadão do Porto. Foy
iníigne na Arte da Poeíia aíTim vulgar como
Latina, de cuja fecunda vea faõ claros teíle-
munhos.
Três Sonetos, e hum epigramma em lou-
vor dos Tratados dos Novijfimos, e da Def-
truiçaõ de Jerufalem compoílos por Fr. António
Rozado da Ordem dos Pregadores, e impref-
fos ao principio deílas obras.
Poema Latino a D. Affonfo Furtado de Men-
doça Arcebifpo de Braga, impreflb no principio
do Tratado dos Novijftmos de Fr. António Ro-
zado. Porto por Joaõ Rodriguez. 1622. 4.
ANTÓNIO REBELLO CERVEY-
RA Naceo em a notável Villa de Santa-
rém a 12. de Abril de 1648. e foy filho de
Joaõ Rebello Cerveira, e Dorothea No-
gueira Freyre. Nos primeiros annos rece-
beo na fua pátria o Habito dos Religiofos
Terceiros de S. Francifco donde fahio por
juílificadas caufas, e paíTando a Coimbra
applicando-fe ao eíludo da Sagrada Theologia
fe formou neíla fublime Faculdade com
grande applaufo do feu nome. Partio para
Roma levado da curiofidade de ver os magní-
ficos Templos, e fumptuofos Palácios deíla
famofa Cidade a tempo que nella era ouvido
com geral acclamaçaõ o P. António Vieyra
Oráculo da eloquência Concionatoria, e con-
correndo com taõ iníigne Orador a pregar
de tarde na Igreja de Santo António dos Por-
tuguezes o Sermaõ deíle admirável Thau-
maturgo mereceo, que a mayor parte do audi-
tório compoílo das PeíToas mais doutas da
Cúria o naõ diftinguiíTem do grande Vieyra,
que pregara de manhaã aíTim na fineza, e pro-
fundidade dos penfamentos, como na valentia,
e naturalidade das acçoens. Deíles dotes de
que era ornado, foy muitas vezes theatro
o Púlpito da Capella Real, onde teve por
ouvintes as Mageftades Portuguezas, e to-
da a Nobreza applaudindo os feus difcurfos
fempre elevados, e folidos, difcretos, e elo-
quentes. Falleceo na pátria a 26. de Abril
de 1730. em a provefta idade de 82. annos.
Jaz fepultado na Igreja dos Padres Terceiros
de S. Francifco bufcando com eleição ju-
diciofa para centro do feu defcanço o berço
da fua educação.
Tinha difpoftos para a impreíTaõ.
Tre^e Panegyricos de Santo António em
memoria da fua Tref^ena. 4. M. S.
Jornada que fe^ a Koma com a defcripçaõ
de tudo quanto vio digno de memoria 4. M. S.
ANTÓNIO REBELLO DA FON-
SECA natural da Cidade de Lamego, mul-
to inítruido no eftudo da Hiíloria Sagrada,
e profana, e principalmente na Genealogia
efcrevendo como diz o P. D. António Cae-
tano de Soufa no Apparat. à Hijl. Geneal.
da Cafa Real Portug. pag. 109. n. 116.
Nobiliário das familias da Comarca de luime^
principalmente de Fonfecas, e Kebellos. M. S. foi.
ANTÓNIO REYNOSO natural da
Cidade de Vifeu, diverfo de outro do mef-
mo nome, e appellido. Lente de Prima da
faculdade de Medicina na Univeríldade de
Coimbra novamente reílaurada por EIRey
D. Joaõ o III. e muito verfado nas línguas
LUSITANA.
Arábica, e Grega como aííirma MarÍ2 Dialog.
^ \',ir. Uifl. Dial. y cap. 5. mas muito mais
iníjdcnio, c emulo cia fcicncia do antigo ef-
cvcndo.
Tra£tatus d$ lebribus.
Fr. ANTÓNIO DOS REYS Profcf-
fou o Sagrado Inílituto dos Eremitas de
Santo AgoíUnho em a índia fendo hum
(los grandes talentos que florcceraò na Tua
>ngregaçaõ. Foy muito douto, e verfa-
lio no cftudo de Thcologia Polemica de que
deixou por tcílcmunhas da fua fciencia.
KeftitaçaÔ das heregms modernas fundada fobre
folida ba^e da Sagrada Efcrittn^a 2. Tom.
lol. M, S,
P. ANTÓNIO DOS REYS naceo no lugar
de Pernes diftantc da Vi lia de Santarém três le-
goas para o Norte em 23. de Setembro de 1690.
« teve por Pays a António drdofo, e Anna dos
Reys, pelos quaes foy educado com efpecial af-
feôo, e fumma vigilância como prevendo o
grande credito, que lhes havia refultar de hum
filho, que logo na idade pueril deu claros indi-
cies dos dotes em que havia fer infigne na
adulta. Aprendidos os primeiros rudimentos
lui pátria paflbu a eftudar a Lingua Latina com
i 's Padres Jefuitas, que admirados do profundo
talento, e excellente perfpicacia com que naõ
fomente difcorria pelos campos da eloquência,
snas o velos impulfo com que fubia ao cume do
Pamafo, o quizeraõ admitir aos feus Clauftros
[ com a certeza de que augmentaria com o feu
I admirável engenho novo efplendor a taõ eru-
I dita, e virtuofa Religião, porém como eílava
dcftinado fuperiormente para feguir os eftan-
dartes de outra fagrada milicia fe aliílou na
[1 ExêplariíTima Congregação do Oratório de
Lisboa onde com beneplácito deíla Douta
Comunidade zelofa dos literários progreíTos do
feu Inílituto recebeo a Roupeta em 3 1 . de Ju-
jllho de 1707. Nefta Sagrada Paleílra fe applicou
li com igual difvelo à cultura das virtudes, que
ijdas fciencias, fahindo neílas taõ confummado,
(que fendo ainda Difcipulo jà parecia Meftre.
Pouco tempo exercitou o magifterio da Theolo-
gia Moral a que foy elevado em 22. de May o de
1725. porque outras occupaçoens de mais alta
esfera lhe impedirão continuar eíle laboriofo
36;
miniílerío deixando fem a ultima lima o Tra-
tado da Bulia da Cruzada, que diâou nefta
Cadeira. Foy hum dos mais exccllentes cul-
tores da Lingua Latina, a qual fallou com
tanta pureza, e elegância, que parecia animavaõ
a fua pcnna a eloquência de Tullio, e a mageí-
tade de Livio. Igual foy o génio, e afflucncia,
que teve para a Poefia vulgar, e Latina princi-
palmente para a compofiçaò dos Epigrammas
cm que foy único, e Angular defpojando a^m a
inexhaurivel torrente das fuás agudezas aos
Marciaes, e Aufonios da gloria, que nefte gé-
nero de Poefia lhe tributou a venerável antigui-
dade. Nunca o feu furor poético paíTou a deli-
rio ufando de algum termo indecorofo i
gravidade Religiofa, antes confervou taõ inno-
cente comercio com as Mufas, que as fuás
ideas poéticas eraõ igualmente puras no con-
ceito, como na frafe. Naõ fomente foy peri-
tiíTimo no idioma Romano, mas muito verfado
nas linguas materna. Italiana, Caílelhana, e
Franceza com baílante intelligencia da Grega,
e Ingleza. Pradtícou os preceitos da Oratória
Ecclefiaftica com admiração do augufto Audi-
tório, que huma vez lhe formou a Mageílade
reinante do noíTo Monarcha, e varias occa-
íioens a mais erudita Nobreza da Corte reco-
nhecendo nos feus difcurfos unida a vehe-
mencia dos afFeftos à delicadeza dos penfamen-
tos. Regei tou com heróica humildade a Mitra
de Peckim, e o governo do Arcebifpado Prima-
cial de Braga vago pela morte de feu vigilantif-
íimo Paftor Ruy de Moura Telles anhelãdo
com virtuofa ambição antes obedecer, do que
mandar. Por todos eíles grandes dotes de que
o ornou a graça, e a natureza, mereceo publi-
cas, e particulares eílimaçoens delRey D. Joaõ
o V. NoíTo Senhor confiando da fua prudente
capacidade, e maduro confelho negócios de
graviflimas confequencias. Obrigado do pre-
ceito Real frequentou muitos annos o Paço,
onde nunca o fumo da vaidade lhe oíFufcou o
entendimento, nem o veneno da lifonja lhe
contaminou o coração para naõ fallar livre-
mente a verdade preferindo fempre com efcru-
pulofa obfervancia os didames do Evangelho
aos aforifmos de Tácito. Sendo Chronifta
Geral das Congregações do Oratório, Qua-
lificador do Santo Oíficio, Examinador das
três Ordens Militares, e Synodal do Patriar-
368
BIBLIO THE CA
chado de Lisboa, Confultor da Bulia da Cru-
zada, Académico, e Cenfor da Academia Real,
e Chroniíla Latino deíle Reyno por carta de 6.
de Junho de 1726. naõ eraõ poderofas taõ di-
verfas occupaçoens para o divertir da continua,
e multiplicada compoíiçaõ de varias obras, com
que illuílrou a Republica Literária admiran-
do-fe em todas ellas igual elegância de eftillo,
que profundidade de juizo. Foy naturalmente
benévolo, e aíFavel para todo o género de pef-
foas, ou foíTem da primeira, ou Ínfima Jerarchia
defcubrindo-fe no feu femblante a candura do
animo com que dezejava difirir às fupplicas de
humas, e patrocinar as pertençoens de outras.
Venerou com terniíTimos aífeâios à Virgem
SantiíTima procurando com quotidianos obfe-
quios a fua protecção na hora do ultimo perigo.
Ao feu Patriarcha S. Filippe Neri amou com
taõ ardente exceíTo que pareceo fer participado
daquelle incêndio em que fagradamente fe
abrazou o coração de taõ infigne Heroe da
Santidade. Ao tempo que eftava no vigor da
idade varonil foy acõmettido de huma febre,
que degenerando em maligna o avifou de fer
chegado o ultimo termo da fua vida. Para taõ
perigofa batalha fe preparou com as Armas dos
Sacramentos, e refignado catholicamente na
vontade Divina conhecendo, que era quafi
inílantanea a fua duração pedio, que lhe leííem
a Paixaõ efcrita por S. Joaõ, e beijando com
reverente acçaõ a Sagrada Biblia, como depo-
íito dos Oráculos de hum, e outro Teftamento
entregou placidamente o efpirito a feu Creador
a 19. de Mayo de 1758. quando contava 47.
annos 7. mezes, e 26. dias, e de Congregado 31.
annos 10. mezes, e 2. dias.
Cathalogo das obras impreíTas.
B.pigrammatum libri quinque. Ulyffipone
apud Jofephum Antonium da Sylva Aca-
demiíe Regiae Typog. 1728. 4. Tem efta
obra por Dedicatória à Mageftade delRey
D. Joaõ o V. hum 'Bnthufiafmo 'Poético, que
confta de 1485. Verfos Heróicos Latinos
compoftos com elegante furor, e fublime
eMlo.
Sahiraõ os Epigrammas na fegunda
ediçaõ UlyíTipone apud eumdem Typog.
1730. 8.
Tradufidos em Portuguez pelo Doutor
Joaõ de Souza Caria Corregedor adhial da
Comarca de Évora com efte titulo Imagens
conceituo/as dos Epigrammas do P. Mejlre Antó-
nio dos Keys redujidas do metro Latino ao metro
Liujitano, reflexoens Johre algumas da fuás arr-
eias. Lisboa na Officina da Mufica. 1731.
4. 2. Tom. 3. edição. Ultimamente Lyíác
Typis Sylvianis. 1733. 12. 4. ediçaõ.
Epijiola ad Jametem Ducem Cadavalenfium
in qua Ducis Nonii ejus Patris Apotheojis, ut in
Templo Fama peraãa ejl, dejcrihitur. Ulyfliponc
apud Jofephum Antonium da Sylva Regix
Academise Typog. 1731. foi. magno, et ibi
apud eumdem Typog. 1733. 4. Coníla de 656.
Dyílichos.
Vaticinium in 'Eleãione Santijftmi Domini
Nojlri Benediãi Papa XIIL Ulyffipone apud
eumdem Typog. 1726. foi. juxta exemplar
Romíe impreílum. He hum elogio compofto
em eílillo lapidario.
Elogium de Statua marmórea, quam magno illi
Carmelitarum Parenti ut Patriarchatum ejus peni-
tus ajfereret; adhuc viventi in praclarijfima família
decus aternum Koma in Templo D. Petri Bern-
di£tus Papa XIIL collocandam decrevit. Ulyífi-
pone apud èumdèm Typog. 1727. foi. Sahio
reimpreíTo nas Memor. Hijioric. da Ordem de
Nojfa Senhora do Carmo da Prov. de Portug.
Part. I. efcritas pelo P. Fr. Manoel de Sà
Académico Supranumerário da Academia Real.
Pag. 545. he compoílo em eftilo lapidario
como o he o feguinte.
Elogium Santa Clara de Monte Falco. Sahio
impreíTo no Tomo 3 . do Fios Sanâorum Au-
guftiniano a pag. 424. compofto por Fr. Jozè
de Santo António Eremita de Santo Agof-
tinho.
Oratio in Laudem Antonij KodericiJ Cofiij
Ulyffipone in Palatio Brigantino coram Cenfo-
ribus, <& Sociis Academia Kegalis Hijloria
Lufitana ex fcripto pronuntiata anno 1732.
die 28. Februarij. Ulyffipone apud Jofeph
Ant. da Sylva 1732. in foi.
Elogio Fúnebre recitado nas Exéquias
da Excellentijfima Senhora D. Francifca àe
Mendoça Condejfa da Atalaya celebradas pelos
Padres da Congregação do Oratório de Lis-
boa em 19. de Janeiro de 1735. Lisboa
na Officina da Congregação do Oratório.
1735. 4. Tradufido na Lingua Italiana por
Domingos Maria Vaccari Cavalleiro pro-
L USITANA.
A fio >! n r rn de Chriílo. Lisboa por Antó-
nio III i Fonfcca 1738.4.
Sermaõ do Apojloh S. Thomi prigado no dia
da fua Vejla na Iff^ya da CongrtgafaÕ do Oratório
di Lisboa. Córdova 1755. 4* ^"^ nome do
ImpreíTor, e Lisboa por Manoel Fernandes da
Coíla ImpreíTor do Santo Oífício. 1754. 4.
lixcellentijftmi Dncís di Cadaval Epi'
taphitim. Começa
lllefnh impofitá tandem qiti mole quiefco
LJt quis fim nofcas te rogo, fifie gjradum.
Tõfta de 18. Dyftichos. Depois traz outro
10 em eAilo lapidado. Ambos foraõ
Miipic-líos nas ultimas Acções do Duque
D. Nuno Alvares Pereira de Mello. Lisboa
nn Otlicina da Muíica 1730. foi. grande def-
(Ic pag. 324. atè 326.
Jo:(epl}o Comiti de Vimiofo S. ac Zoilorum
lontemptum. Ulyflipone apud Michaclem
Rodrigues 1732. 8. He huma epiftola que
confta de 86. Dyílichos em applaufo dos Epi-
grammas do Exccllcntinimo Conde do Vimiofo
D. Jozè Miguel Joaõ de Portugal.
Doíds Epiff^ammas, que tem por aíTumpto
efte titulo S. Joannis a Cruce facrificantis latm
utrumque cândida t^onâ in conceffa à Deo Cafii-
tatis fignum Angelus cinfft. Sahiraõ impreíTos
nas Memor. Hifior. Paneg. e Metríc. do Sag-ado
culto com que o Convento do Carmo de Usboa
celebrou a Canoniv^açaÕ do Doutor Myftico S.
Joaõ da Cru!^. Lisboa por Miguel Rodriguez
1728. 4. à pag. 133.
O Marte Lsifitano, ou Cançaõ heróica
Paneffrica ao Serenijftmo Senhor D. Manoel
Infante de Portugal. Lisboa por Jozé Lopes
Ferreira ImpreíTor da SereniíTima Rainha
171 7. 4. Sahio com o nome de feu irmaõ
Luiz António Cardofo da Gama, e depois
no feu nome na tradução Latina, que fez
deíla Cançaõ em verfos heróicos Felippe
Jozé da Gama com eíle titulo.
Mars Ijifitanus, five cantus heroicus Panegy-
ricus in luiudem Serenijftmi Domini D. Emmanue-
Bs hufitania Infantis olim lufitanis verfibus editus
a R. P. António dos Keys Con^egationis
Oratorif UlyJJiponenfis, Regis, Repique Hifiorio-
ffapbo iMtinOy Regia Academia Sócio. UlyíTi-
pone. 1736. 8. fem nome de ImpreíTor.
Motivos para acompanhar o Santiffimo
Sacramento propofios a todos os Fieis. Lis-
369
boa na Offídna Ferreíriana 172 1. 4. Sahio
em nome de Luiz António Cardoso da Gama,
e depois mais acrecentado, e emendado com o
nome de feu Author. Lisboa na mefma
OfHcina, e anno in 8.
Arte de bem morrer. Lífboa por Paíchoal
da Sylva ImpreíTor de Sua Mageílade 171 7. iz.
et ibi por Jozé Lopes Ferreira 1718. 24. et ibi
por Pedro Ferreira 1727. 12. Sahio em nome
de feu Irmaõ Luiz Cardozo.
Tributo amorofo em obfequio do prodigiofo,
e admirável iJeròe Santo António de Lisboa.
ibi por Bernardo da Coíla impreíTor do Sete»
niíTímo Infante 1707. 24. que deve fcr 1717.
Sahio em nome do P. António Cardofo de
Carvalho.
Traduzio de Italiano do P. Francifco Maria
Campione Religiofo Trino em Portug.
Infiruçaõ de Ordinandos tirada do Concilio
de Trento, do Ritual, e Pontifical Romanos, e dos
Decretos de S. Carlos Borromeo, na qual em
fumma fe infiruem naõ fó os Ordinandos no que
devem faber f obre cada huma das Ordens, mas os
Confeffores em todos os pontos mais effenctaes da
Theologia Moral, e os Pregadores ruis matérias
predicativas de que coftumaõ fer examinados.
Lisboa por Jozé António da Sylva. 172J.
4. O traduâor acrecentou Methodo para
aprender facilmente as Rubricas da Mijfa Romana,
o qual coníla de 79. paginas, e fe imprimio
no fim da Infiruçaõ dos Ordinand.
Traduzio de Caílelhano do P. Bernardino
Villegas da Companhia de Jefus na língua
materna.
Favores de Maria Santiffima. Lisboa por
Mathias Pereira da Sylva 171 9. 8. Sahio
fem o feu nome.
Traduzio da lingua Italiana do P. D. Luiz
Novarino Clérigo Regular na Portugueza.
Vida de Maria no Ventre de Santa Anna.
Lisboa na Officina da Congregação 1737. 12.
fem o nome do Traduâor.
Cathecifmo ou Breve explicação da doutrina Chrif-
taã 8. naõ tem lugar, nem anno da ImpreíTaõ.
Introdução Poética à Fénix Rjenacida, ou Obras
poéticas dos melhores Ejjgenhos Portugueses. Lis-
boa por Jozé Lopes Ferreira 171 6. 8. Coníla
de 91. Outavas, que prindpiaõ.
Era do anno a EfiaçaÕ primeira
Em que de Colcbos o Animal Luzido
29
3/0
BIBLIOTHEC A
Acaba no Zodíaco a carreira
Depois de a porta ao anno ter ahrido. Ò' c.
Sahio fem o feu nome.
Corpus illufirium Poetarum ILujitanoruni , qtii
Latine fcripfermt. Efta CoUecçaõ de que já eftaõ
impreflbs 7. Tomos de 4. grande UlyíTipone
apud Jozephum Anton. da Sylva Academias
Regiae Typ. foy feita com grande difvelo, e
exame efcrevendo a vida em Latim de cada
Poeta ao principio das fuás obras. Naõ foy
menor o trabalho, que applicou em dar a ulti-
ma perfeição ao Poema de Camoens traduzido
na lingua Latina pelo iníigne Poeta Fr. Fran-
cifco de Santo Agoílinho Macedo o qual
fahirá impreflb nefta famofa CoUecçaõ.
Tre^ena de S. António, ou culto devoto para
ferem bufcados os treine dias em que o celebra a
Igreja. Lisboa por António Manefcal Impreílor
de Santo António 171 5. 24. Sem o feu nome.
Novena da glorioja, e efclarecida Virgem
Santa Kofa de Viterbo filha da Venerável Ordem
Terceira da Penitencia. Lisboa na Ofíicina
Ferreiriana. 1721. 24.
Conta dos feus ejiudos Académicos recitada
no Paço a -j. de Setembro de 1723. a qual confia
de vários Juceffos dos Moradores da antigua L,aconia,
hoje Lamego. Sahio no Tom. 3. da Collec.
dos Documentos da Academia Keal. Lisboa por
Pafchoal da Sylva 1723. foi.
Conta dos feus efiudos Académicos no Paço a
22. de Outubro de 1726. No Tom. 6. da Collec.
dos Documentos da Academia Real. Lis-
boa por Jozé António da Sylva 1726.
foi.
Vita D. Ferdinandi de Menet^es Comi-
tis da Ericeira. Sahio no principio da obra
que efte Fidalgo compoz intitulada Hifio-
riar. Lufitan. ab anno MDCXL. ufque ad
MDCLVIL UlyíTipone apud Jozé Ant. da
Sylva 1734. 4. grande.
Cathalogo das Obras M. S.
Antifiites Lborenfes. Saõ doze vidas de
doze Prelados delia Cathedral, cuja Hifto-
ria lhe fora cometida pela diiiribuiçaõ da
Academia Real para efcrever na lingua La-
tina. A vida de D. Domingos Jardo Bifpo
defia Diocefe efcrita elegantemente em La-
tim fahio impreíla na Colleçaõ dos Documen-
tos da Acad. Real do anno de 1730. Lisboa
por Jozé António da Sylva ImpreíTor da
Academia Real. 1730. foi. e he a única das
doze vidas que tinha compofto que tem logrado
o beneficio da luz publica.
Labor improbus, féu Regni Calefiis accurata
defcriptio per aquivoca. Obra de grande enge-
nho, e nefte género íingukr.
Hifioria Generalis Congregationum Oratorij.
Deixou quafi acabada a vida de S. Felippe Neri
em taõ elegante, e puro eftilo, que fendo vilia
em Roma mereceo as mayores eftimaçoens dos
homens mais eruditos daquella grande Corte.
Traãatus Bullce Cruciata Lufitana o qual
ficou imperfeito.
De fcitu dignis fui temporis libri três Eíla
obra he de Diogo de Payva de Andrade
Sobrinho do grande Varaõ do mefmo nome,
que foy ao Concilio Tridentino. Coníla de 72.
Hiílorias verdadeiras efcritas na lingua Latina
elegantemente, cujo Original fe conferva
na Bibliotheca Ericeiriana. Acrecentou o P.
António dos Reys 28. hiftorias de fucceíTos
memoráveis em Portugal para fazer completa
huma Centúria. 4.
Elogium R. P. D. Emmanuelis Caetani de Soufa
Clerici Regularis Pro Comiffarij Bulia Cruciata,
et Academia Regia Cenforis. 4.
Vita Excellentijfimi D. D. Ludovici Menejg
Comitis Ericeria. 4.
Elogium in funere Serenijfimi Infantis D.
Caroli Augufiiffimorum Regum Joannis V.
<& Mariana Auftriaca filij quarto geniti 4.
Hifioria Regni Lufitania. foi.
Hifioria Metallica. Nella fe defcrevem em
Medalhas as acções heróicas da Mageftade
delRey D. Joaõ o V. noíTo Senhor foi.
Elogia Sacra, et profana. 4.
Duas Elegias Latinas a N. Senhora fobre
os dous primeiros verfos dos Cantares, e outras
a vários affumptos. 4.
Muitos Epi^ammas de que fe pode formar
Segundo Tomo. 4.
Oraçoens Latinas da Paixàõ de Chrijlo
recitadas domeíHcamente nos fabbados de
Quarefma. 4.
Damonologia five de damoniis. Poílilla
que compoz para defender publicamente.
Sermoens, e Praãicas. 2. Tom. 4.
Expofiçaõ Mifiica da SagraçaÕ de huma
Igreja. 4.
Vida de Chrifio no Ventre de 'Maria.
L USITAN A.
tradução de Italiano do P. D. Lui2 Nova-
I ino Clérigo Regular em Portuguez. 8.
ColleçaÕ de Hijloriadores, Oradorts, e Autborts
de Cartas latinas Portt4^Me:(es,
CollecçaÕ dos mais infigtts Poetas PortNgfie!(es
^ efcreveraõ na lingua materna.
Dons Diálogos ao Menino Jefta no/eu Prexfpio
tom vários interlocutores, cm vcrfo Portuguez.
Cathecifmo para o Eftado do hrajil muito
mais acreccntado, que o imprcITo.
Fabula do Gigante Polifemo em eftilo joco-
ferío de que já tinha compoílo 52 j. Outavas.
4. íicou imperfeita.
As Metamorphofes de Ovidio em Verfo
Portuguez jocoferio, de que deixou grande
parte compoíla.
Jornada do Ceo pelo caminho do Inferno, fb^c. 4.
Fazem illuftre memoria dcile o P. D.
Manoel Giet. de Souf. Exped. Hifp. S. Jacob.
Tom. I. pag. 678. n. 1558. Fr. Manoel de Sà
Mem. Hijl. da Ord. do Carm. da Prov. de Portug.
pag. 544. n. 18. D. Jozè Barboza na Dedicat.
Archiatb. iMJitan. onde lhe chama Martialis
hufitanus, e Fr. Mart. do Amor de Deos Chron.
da Prov. de Santo Ant. Tom. i. Liv. 2. cap. i. §.
513-
D. Fr. ANTÓNIO DA RESUREIÇAM
naceo em Lisboa, e foraõ feus Pays Joaõ Lopes
Soares, e Maria Fernandes. Recebeo, e profef-
fou o Habito da Illuílre Ordem dos Pregadores
no Convento da Villa de Azeitão diílãte cinco
legoas de Lisboa a 8. de Abril de 1588. e logo
deu íinaes evidentes, que tinha igual propenfaõ
para as virtudes, que para as fciencias. No
Convento de Évora leo Theologia em cuja
faculdade fe laureou Doutor na Univeríidade
de Coimbra fendo neíla florentiíTima Athe-
nas venerado por Oráculo principalmente
quando fubio a regentar a Cadeira de Prima
de que foy fubftituto no anno de 1620. e de-
pois proprietário de que tomou a poíTe em
19. de Outubro de 1622. Neíla Cidade fer-
vio o Tribunal do Santo Officio com o lu-
gar de Deputado provido em o primeiro de
Outubro de 1626. havendo aíTiílido como
Difinidor no Capitulo Geral celebrado em
Pariz a 22. de Mayo de 161 1. fendo Meftre
Geral da Ordem Fr. Agoftinho Galamino.
Os feus grandes merecimentos o elevarão
37.
à dignidade de Bifpo de Angra fendo Sagrado
em 10. de Julho de i655.enaôde 1658. (como
erradamente efcreveo o P. Fr. Lucas de Santa
Catharína na 4. Part. da HiJl. de S. Domingos
da Prov. de Portug. Liv. i. cap. 51. pag. 184. )
pelo Colleitor Alexandre Caílracane na Igreja
de S. Braz de Lisboa. Neíle anno entrou na
fua Diocefe, e como fe lhe foíTe revelada a
breve duraçaõ do feu governo fe empenhou
a fazer em pouco tempo o que outros naõ exc-
cutariaõ em dilatados annos pra£ticando aquel-
las virtudes próprias de hum vigilante Paílor
aíTim na larga repartição de efmolas, como nas
continuas vifitas, que fez no feu Bifpado dif-
correndo pelas Ilhas Terceira, Gracioía, Pico,
S. Jorge, e Fayal, onde introdufío a reforma
dos coílumes com fuavidade, e prudência, e
arrancou muitos abufos, que eílavaõ efcan-
dalofamente praéticados, atè que chegando á
Ilha de S. Miguel foy alcançar o premio das
fuás virtuofas obras em 4. Feira de Trevas 8.
de Abril de 1637. e naõ a 7. como efcreve Fr.
Pedro Monteiro no Catalogo dos Deputados
da Inquijiçaõ de Coimbra §. 77. que efquecido
de ter efcrito neíle lugar, que morrera no anno
de 1637. cahio em mayor erro afíirmando no
Claujlro Dominicano Tom. 3. pag. 31. fora a fua
morte no anno de 1654. antecipando-lha três
annos. Mais enorme anacronifmo cõmeteo
quando na pagina 30. do mefmo Claujlro Domi-
nicano fronteira à pagina onde efcrevera, que
fora a morte deíle Prelado no anno de 1634.
diz que no anno de 1 500. fendo Geral Fr. Joaõ
Clareè ( que certamente naõ era, pois foy eleito
em 1507.) fe fizera hum elogio nas Aâas deíle
Capitulo à memoria de taõ illuílre Prelado, o
que naõ podia fer fe naõ em profecia, por fucce-
der a fua morte cento, e trinta annos depois da
celebração deíle Capitulo. O elogio, que
fe lè efcrito nas Adas Capitulares foy feito
no anno de 1656. o qual pudera ler Fr. Pe-
dro Monteiro nos Monumentos Dominica-
nos efcritos por Fr. Vicente Maria Fontana
pag. 666. cujo Author allega entre os que
faUaraõ de D. Fr. António da Refurreiçaõ,
e he neíla forma. Fr. Antonius de Kefurre-
ãione Angrenjis Epifcopus non minori inte-
gritatis quam doãrina fama celebris, inter
alias virtutes charitate erga pauperes mira-
bilis, Infulam Sanai MicbaeUs pro ftio paf-
ò-ji
BIB LIO THE CA
torali munere vlfitaturus , nec mortis quidem denun-
ciato Jíbi periculo, abjlerreri à pio opere potuit; ad
tilam ifftur accejftt ( quod nemo ex aniecejforibus
Epifcopis prajliterat ) gregem fibi comijfum invi-
Jtmts, ac Verbi Dei pabulo enutriturus, ubi in
aãuali vifitatione animam Juam pro ovibus Juis
pofuit, omnium lacrymis in tota diacefi comploratus.
Foy fepultado na Capella do SantiíTimo Sacra-
mento da fua Cathedral por eftar impedida
a mayor donde para ella foy tresladado
no anno de 1652. achando-fe o corpo incor-
rupto. O P. Fr. Lucas de Santa Catharina na
Hifi. de S. Domingos da Vrov. de Portug. jà
allegada efcreve a pag. 187. que eftà fepultado
efte Prelado na mefma fepultura em que jaz
o Meftre Fr. André de Santo Thomaz feu ante-
ceííor na Cadeira de Prima da Univeríidade de
Coimbra, cubrindo a ambos huma campa na
Capella Mor do Collegio de Santo Thomaz
deíla Cidade com efte epitáfio.
Pradicatores Theologi Academia Primarij...
D. Fr. Antonius de Kefurreãione UliJJiponenJis
Sanai Officij Deputatus, €>* Angria Epifcopus.
Efcrevem defte Prelado Fontana in Mo-
ntiment. Dominican. ad ann. 1656. e no Theaír.
Dominic. foi. 124. Soufa Hijl. de S. Doming.
da Previne, de Portug. Part. 2. liv. 4. cap. 7.
Cavalier. Galeria Dominic. Tom. 2. pag.
6. n. 97. Echard Script. Ord. Prad. Tom. 2.
pag. 562. c. I. Francifco Affonfo de
Chaves e Mello Vid. da Ven. Margarid.
de Chaves pag. 202. Cordeiro HiJl. Inful.
liv. 6. cap. II. pag. 278. Joan. Soar.
de Brit. in Theatr. laijit. Utfer. lit. A. n. 114.
Souf. Cathalog. dos Bi/p. de Angra. §. 13.
Compoz.
Sermão nas "Exéquias delKey Filippe
II. de Portugal celebradas na Capella Real
da Univerjidade de Coimbra, em %. de Junho
de i6zi. Lisboa por Pedro Crasbeeck. Impref-
for delRey. 1621. 4.
Sermaõ no Auto da Fé, que fe celebrou na
Cidade de Coimbra a 6. de Mayo de 1629. Coim-
bra por Diogo Gomes de Loureiro ImpreíTor
da Univerfidade 1629. 4.
Sermaõ na SolemniJJima ProcifaÕ, e fef-
tas da Keal Univerfidade na Canoniv^açaõ, da
Rainha Sanãa no Mofteiro de Santa Clara
da mefma Cidade em 23. de Outubro de 1625.
Sahio no Poeticum Certamen. Conimbricae
apud Didacum Gomes de Loureiro Acad.
Typ. 1626. 4.
Deixou eruditamente compoftos
Comentaria in Primam Partem D. Tboma.
foi. M. S.
Fr. ANTÓNIO DA RESURREIÇAM
Naceo em Lisboa, onde recebeo a graça bau-
tifmal a 11. de Fevereiro de 1621. Na pueril
idade de dez annos foy admitido ao Habito
Seráfico da Terceira Ordem em o Convento de
N. Senhora de JESUS da fua pátria pela dcf-
treza da Mufica, e fuavidade da voz com que
cantava, e profeíTou a 20. de Abril de 1638.
Com o progreíTo dos annos fe foy de tal forte
augmentando em a fciencia do contraponto, e
no eftilo com que executava os preceitos da
faculdade Mufica, que arrebatava as atençoens |
de todos os ouvintes. Em remuneração de ter
louvavelmente exercitado o lugar de Vigá-
rio do Coro do Convento defla. Corte por
muitos annos, foy eleito Miniftro do Con-
vento da Villa de Viana em o Alentejo, e
Definidor da Provinda. Falleceo no Con-
vento de Santarém a 17. de Janeiro de 1686.
com 65. annos de idade. Compoz
Diverfas Mijfas, e outras obras Mujicas.
M. S.
ANTÓNIO DA RESURREIÇAM VIL-
LELA natural de Lisboa Cónego Secular da
Congregação do Evangelifta celebre no minif- .
terio do Púlpito como efcreve o feu Chronifta
Francifco de Santa Maria no Ceo Abert. Liv. 2.
cap. 40. pag. 525. Foy Secretario da mefma
Congregação, e Reytor do famofo Convento
de Villar de Frades. Morreo no Convento de j_
Santo Eloy de Lisboa a 29. de Mayo de 1669. í^
Efcreveo no anno de 165 1. e deixou prompta
para a ImpreíTaõ
Breve Relação da vida do M. Joaõ Bi/po de La-
mego, e Vi/eu recopilada dos notados efcritos pelo
P. Paulo anno 1458. que eftaõ em Santo Eloy
de Lisboa. Confervava-fe M. S. in 4. na
Livraria do Eminentiflimo Cardial de Soufa.
ANTÓNIO RIBEIRO Poeta naõ vulgar
exercitando efta. nobre Arte com felicidade
principalmente na Poefia Lyrica, em que
compoz, e imprimio fem o feu nome.
LUSITANA.
373
Bucólica de de!(^ Éclogas Paflorií. Lisboa
I}86. 8.
Ff. ANTÓNIO RIBEIRO Natural de
Lisboa teve por Pays a António Sylveílre, e
Luiza Ribeira. ProfeíTou o Inílituto da Sagrada
Ordem cios Pregadores onde exercitou os luga-
res de Lente de Prima de Tlieologia Moral no
Collegio de N. Senhora da Efcada de Lisboa,
e Meftre do numero da Província. Foy Quali-
ficador do Santo Oflficio, grande Letrado, e
naõ menor Pregador de cujo miniílerio poden-
do publicar muitas producçoens, fomente
vimos a feguinte pofto que Fr. Pedro Monteiro
affirme no Claufiro Dominicano Tom. 5. pag.
159. que imprimira muitos Scrmoens.
Sermaõ do Pafriarcba S. Caetano no ultimo
dia do Tridm da fua Fejla. Lisboa por António
Rodrigues de Abreu. 1675. 4- Morreo no
Convento de Lisboa a 16. de Fevereiro de 1668.
Í ANTÓNIO RIBEIRO CHIADO Na-
em hum lugar humilde do arrabalde da
ade de Évora. Por naõ ter validamente
^__fcnado o Inílituto Seráfico o largou paf-
fando o rcftante da fua vida no eftado do
Celibato veílido em habito clerical. O apelido
de Chiado lhe ficou pela habitação, que por
muitos annos teve em huma rua de Lisboa
aíTim chamada. Pofto que naõ era muito douto
tinha fufficiente noticia das boas letras veríifi-
cando mais a impulfos da natureza, que de arte
com génio taõ jocofo, e prompto, que provo-
cava aos circunftantes a feftivos applaufos
todas as vezes, que metrificava extemporanea-
mente, ou fingia as vozes, e geftos de diverfas
PeíToas com tanta propriedade, e galantaria,
que pareciaõ ferem as próprias, merecendo
por eftas fingulares partes a eflimaçaõ geral
que confervou atè à morte fuccedida em
Lisboa no anno de 1591. Delle fazem me-
moria Nic. Ant. in Bib. Hifp. Tom. i. pag.
123. Draud. in Biblioth. Clajfu. Fonfec.
Évora glorio/, pag. 410. dizendo: foj de face-
tijfimo, e lepidijfimo génio, e de fingular agtide^a de
engenho. Fr. Joan. à D. Ant. in Bih. Franc.
Tom. I. pag. 124. e o P. António dos Reys
in Enthuf. Poet. n. 219. As fuás obras impreíTas,
e M. S. faõ as feguintes.
Pbilomena dos louvores dos Santos com
outros cantos dtvotos. Lisboft 15S5. 12. (â&
vários géneros de verfos.
Auto di Gonçah ChamhaS. Lisboa por
Manoel Carvalho 161 5. 4. et ibi por António
Alvares 1650. 4.
Auto da natural invenção. Foy reprefentado
na prefença delRey D. Joaõ o III. e íe imprí-
mio.
letreiros fentenciofos os qiutes fe acharaÕ em
certas Jepulturas de Efpanha feitos em trovas.
Lisboa por António Alvares 1602. 4.
Kejira efpiritual dirigida ao Reverendijftmo
em Chriflo P. Fr. André da Infoa noffo natura»
Portuguev^ Miniftro Geral eU toda a Ordem do Bema-
venturado S. Francifco. M. S. Começa
A///y catholico, e prudente
De encrinaçaõ muy real
Pois que vos Deosfet!^ Geral
Day-lhe graças infinitas, ó^c.
Ainda era Frade quando compoz eíla
obra, e a feguinte.
Carta que mandou ao Geral de S. Francifco
com huma petição aofeu Comiffario, e a repofla delia
feita em trovas. Efta obra he prohibida no
Expurgatorio, que mandou fazer o Inquifidor
Geral D. Fernaõ Martins Mafcarenhas. Part. 2.
pag. 93.
Parvoíces repartidas em cinco jornadas i. das
infofriveis. 2. das Mortalijftmas. 3. das Criadas.
4. das Enfadáveis. 5. das Refinadas. M. S.
Tratado, e reprefentaçaõ de alguns erros, e par-
voíces em que cõmumente cahem alguns homens, e
pejfoas entendidas para enfino de quem nellas
cahir, repartido em duas Centúrias com feu Pro-
logo. M. S.
Avifos graciofos, e regras do Chiado. M. S.
Confervava-fe na Livraria do Cardial de Soufa.
Sete cartas jocofas M. S. Eftaõ na Livra-
ria do Conde de Vimieiro.
Quinze cartas jocoferias com varias profe-
cias para o anno ífe 1 5 91 . M. S. in 4. Na Biblioth.
do Card. de Soufa.
Carta que efcreveo de Usboa a Coimbra
da entrada do Bifpo D. JoaÕ Soares em Us-
boa quando foy a Raja pela Prince!(a D. Joanna.
He jocofa, e fe confervava na Biblioth.
do Cardial de Soufa.
Quintilhas a Affonfo Alvares mulato,,
que enfinava em Usboa a ler, e efcrever.
Começa
-574
BIBLIOTHE C A
Affonjo Abres amigo.
Outras ao mejmo cagando com a filha de hum
Alhardeiro chamado Pedro Romho Q)meça.
Tom afie o f ogro rombo
Outras ao mefmo que Começa.
Quem vivefempre às e/curas.
E outras.
Caõfora voffa mercê.
ANTÓNIO RIBEIRO RAYA natural
da Cidade de Vifeu. Na idade pueril paíTou à
índia onde aíTentando praça de Soldado exer-
citou os poílos de Alferes, e Capitão, affim nas
Armadas de Caílella, como nas do noíTo Eílado
por efpaço de trinta annos naõ havendo perigo
a que fe naõ expuzeíTe, e de que naõ triumfaíTe.
Com a experiência adquirida em tantos annos
nos exercícios Militares aíTiílindo quando jà
era Sargento Mór reformado na Cidade de
Macáo efcreveo no anno de 1643. ^ dedi-
cou à Mageftade delRey D. Joaõ o IV.
Praãica, e Theorica da Guerra. M. S. in 4.
donferva-fe na Bib. Real.
P. ANTÓNIO RODRIGUES Naceo em
Eisboa donde paflbu como Soldado em huma
Armada Caílelhana ao Rio da Prata com o
de2ejo de accumular riquezas, porém movido
de impuITo fuperior refoluto aliílar-fe em outra
milicia nais nobre, e alcançar outros thezouros
em que naõ tiveíTe jurifdiçaõ o tempo, e
fazendo arbitro defta determinação ao apofto-
lico Varaõ o P. Manoel da Nóbrega lha appro-
vou fendo admitido à Companhia no anno
de 1553. Querendo aproveitar o tempo em
beneficio do próximo, que inutilmente tinha
confumido no Século, penetrou defcalço as fra-
gozas Serras de Piràtininga, e fem algum via-
tico para fuílentar a vida foy admirável, e
copiofo o fruto que colheo com as fuás vozes
daquella inculta vinha reduzindo ao fuave
jugo do Evangelho a infinitos bárbaros que
viviaõ mais como feras, do que homens em-
brenhados na efpeíTura dos matos, domef-
ticando os feus coftumes, illuílrando feus en-
tendimentos, e purificando com as agoas do
bautifmo as fuás manchas, devendo-fe ao feu
incanfavel difvelo a cõverfaõ de quazi cinco-
enta mil Gentios, e a edificação de todas as
Aldeyas que fe aílentaraõ defde o Camamú
18. legoas da banda do Sul da Cidade athé
quafi o Rio Real quarenta legoas delia para
o Norte. Voltando da Bahia para o Rio de
Janeiro em companhia do Governador Mendo
de Sá no anno de 1567. continuou com o
mefmo ardor as fuás emprezas apoílolicas athé
que no CoUegio deíla Cidade no mefmo dia,
que foy vifitar a Igreja, recolhido ao Cubiculo
depois de receber os Sacramentos entre fervc-
rofos colloquios entregou a alma a feu Creador
em 20. de Janeiro de 1568. quando tinha 52.
annos de idade, e 14. de Companhia. Foy
fempre homem (efcreve delle o P. Simaõ de
Vafconcellos Chron. da Prov. do BrafiDiv. 3. n.
128.) de grande coração, e igual meie tento, e
devoto. Tinha familiar trato com Deos, tra-
tava ajperamente feu corpo, e ainda quando Sol-
dado no Século era exemplo nefias matérias aos
companheiros. Efcreveo.
Duas Cartas das fuás Mififoens ao Provin-
cial da Bahia, e outras aos Padres da Provinda
de Portugal; as quaes foraõ infertas pelo P.
António Blafques nas fuás Annuas, e fahiraõ
impreíTas em Italiano Venetia por Michele
Tramezzino 1562. 8.
Quatro Cartas efcritas ao P. Manoel da
Nóbrega. Sahiraõ com outras em Italiano
Venet. pelo dito ImpreíTor. 1559. As Copias
deílas Cartas fe confervaõ no Cartório da
Cafa profeíTa de S. Roque de Lisboa.
Carta efcrita da Bahia ao P. Geral em 10.
de Setembro de 1559.
ANTÓNIO RODRIGUES BARRETO
Theologo, e Aftronomo em cujas faculdades
era baftantemente verfado. Compoz vários
Prognofticos com as mudanças das Luas
acomodados no meridiano de Lisboa, dos
quaes fe imprimirão dous; hum para o anno
de 1684. Lisboa por Francifco Villela 1683.
8. e outro para o anno de 1686. Lisboa pelo
mefmo ImpreíTor. 1685. 8.
ANTÓNIO RODRIGUES DA COSTA
Naceo na celebre Villa de Setúbal a 29.
de Dezembro de 1656. e foy bautizado
a 7. de Janeiro de 1657. Teve por Pays
a Manoel Rodrigues Vieyra, e Izabel
da Cofta Sardinha, e por Irmãos ao Dou-
tor Manoel da Cimha Sardinha, Colle-
gial do Collegio Real de S. Paulo, Lente
LUSITANA.
375
do Código na Univerfídade de G>iinbra
Dezembargador dos Aggravos, Procurador,
e Confelheiro da Fazenda, Deputado da Bulia
da Cruzada, e a Fr. Theodozio da Cunha Ere-
mita de Santo Agoftinho Doutor na Sagrada
Thcologia, e Lente de Prima na Univerfídade
de Coimbra. Sendo de idade muito tenra
paíTou a eíla Corte onde a 2. de Outubro de
1669. principiou a eíludar a Lingua Latina
em o CoUegio de Santo Antaõ dos Padres
Jefuitas, e fahindo nella perfeitamente inftruido
fe applicou com mayor difvelo a penetrar os
feus mais occultos myílerios, de tal forte que fe
equivocavaõ as fuás compofiçòes aíTim na pu-
teza, como na elegância com as Hiílorias dos
Curdos, e dos Livios. Pela profunda fciencia
que alcançou dcílc idioma, merecco que muitas
PeíToas grandes da Corte foíTcm inftruidas com
â fua difciplina devendo ao feu magiílcrio as
hizes, com que fe fizeraõ mais celebres, e
conhecidos os feus talentos. Naõ foy menor
a noticia, que teve das Linguas Grega, e Ita-
liana, Franccza, e Caftelhana, das quaes quando
contava vinte e outo annos de idade foy creado
Official Mayor, na Secretaria de Eftado ao i.
de Fevereiro de 1684. por morte de Aleixo Col-
lotes de Jantillet. A grande capacidade que
nelle fe admirava para os negócios politicos,
que aprendera na vaíla liçaõ da hiftoria o habi-
litou para fer eleito em 17. de Outubro de 1686.
Secretario do Conde de Villar Mayor depois
primeiro Marquez de Alegrete Manoel Telles
da Sylva quando como Embaxador Extraordi-
nário partio defta Corte a concluir o cafamento
delRey D. Pedro II. com a SereniíTima Senhora
D. Maria Sofia Izabel de Neoburg, filha do
Eleitor Palatino, em cuja negociação exercitou
a madureza do feu concelho unida com a fideli-
dade do feu coração. Em DuíTeldorp Corte
do Palatino, e nas outras Gdades por onde
difcorreo, naõ caufou pequeno aííombro
aos mayores eruditos a natural propriedade
com que promptamente fallava a Lin-
gua Latina conhecendo, que fem o profundo,
e continuo eftudo dos Authores do Sé-
culo de Auguílo fe naõ podia faber taõ per-
feitamente hum idioma árduo por eftranho,
e muito mais dificil por fer já morto. Vol-
tando ao Reyno, e conhecido o feu talento
pela prudência dos arbitrios, e madureza
dos votos o noniearaõ OfHcial Mayor da Se-
cretaria de Eftado em o aono de 1696. por
morte de Luiz Teixeira de Carvalho, e breve-
mente moftrou quanto acertada fora a eleição
comprehendendo facilmente os eftílos da Se-
cretaria, e o que He mais, penetrando os inte-
reíTes politicos de todos os Princepes da Eu-
ropa. Em premio dos feus ferviços foy remu-
nerado a 24. de Janeiro de 1702. com o lugar
de Efcrivaò da Camará da Ordem de Aviz na
Mefa da Conciencia, e Ordens. A fidelidade,
e defmtereííe com que fervira ao Reyno oa
Embaxada do Palatino o deftinou para em
outra femelhante acompanhar por Secretario
delia em o anno de 1707. a Fernaõ Telles da
Sylva Conde de Villar- Mayor, e depois fegundo
Marquez de Alegrete quando partio a Viena de
Auftria ajuftar com o Emperador Jozè os feli-
ciíTimos defpoforios dos noífos Monarchas
reynantes. Reftituido à pátria foy eleyto De-
putado do Confelho Ultramarino em 15. de
Fevereiro de 1709. em cujo miniílerio praâicou
as virtudes moraes, que fempre modeílamente
occultara, e as illuílres qualidades alcançadas
pela longa diuturnidade dos feus eíhidos,
fendo a independência, reftidaõ, e profundi-
dade com que votava, femelhante à prudência,
zelo, e liberdade com que acõfelhava ao feu
Princepe nas matérias em que era confultado,
chegando a lograr a preheminencia até entaõ a
ninguém concedida, de fer do Concelho del-
Rey por carta paíTada em 7. de Mayo de 1728.
A eíla mercê fe acumularão outras como foraõ
fer Commendador, Alcayde Mór, e Fidalgo da
Cafa Real. Foy hum dos primeiros dncoenta
Académicos da Academia Real, a quem fe def-
tribuio efcrever a Hiftoria Ultramarina na Lin-
gua Latina cuja introducçaõ, eftà elegante-
mente efcrita, e impreíTa na Collecçaõ dos Monu-
mentos da me/ma Academia do anno de 1721. à
qual naõ poz o dezejado fim por lho impedir o
numero dos annos, e occupaçoens. Pelo largo
efpaço da fua vida fempre obfervou a praéHca
das virtudes vifitando com fumma piedade os
Templos, diftribuindo largas efmolas, e fre-
quentando com grande compunção os Sacra-
mentos. Chegado o termo da fua peregrinação
depois de executar piamente todos os aâos de
verdadeiro CathoUco morreo em Lisboa a
20. de Fevereiro de 1732. quando contava
76. aiinos de idade, e foy fepultado na Igre-
ja da Congregação do Oratório de S. Fe-
lippe Neri, onde também jaz feu Irmaõ o
Doutor Manoel da Cunha Sardinha. Em
obfequio da fua memoria recitarão na Aca-
■demia Real duas elegantiíTimas Oraçoens
o P. António dos Reys, e o Excellentiffi-
mo Marquez de Alegrete, o i. Académico
<la mefma Academia na Lingua Latina, e
o 2. Secretario delia na Lingua Portugueza
cujas eloquentes vozes fuavizaraõ a aufen-
-cia de taõ amável CoUega. Além deiles
^ous iníignes Oradores outros muitos eru-
<litos o louvarão como mereciaõ fuás virtu-
des fendo entre elles o mayor o P. D. Ma-
noel Caetano de Soufa in Exped. Hifpan.
S. Jacob. Apojiol. Tom. 2. pag. 1431. n. i.
nefta forma. Clarijftmus Dominus Antonius
Kodiricius Coflius Chrifii militiee Eques Tranf-
marini Senattis Decanus olim in rediviva Genero-
Jorum Academia HiJiorieB Magifter, vir latinis
gracifque literis inftruãijfimus , linguarum peritia
injignis, omnigena eruditione clarus, prudentiumque
Criticorum Coriphaus, qui peragrata Hifpania,
Gallia, Belgio, Germânia, (ò* Anglia omnes
traxit in fui admirationem . Vir editis volu-
minihus clarus tam pátria quam Romana lin-
_gua, quippe propter hujus elegantiam videtur in
ipja Koma avo Augujli natus, moratujque; adeo
pura ejl illius Latinitas ut videatur aurei illius
Jaculi. Fr. Manoel de Sà nas Mem. Hiji. da
Prov. do Carm. Part. i. pag. 321. lhe chama
ErudifiJ/imo e pag. 332. diz com a fua nativa ele-
_gancia: o P. D. António Caetano de Soufa
HiJl. Geneal. da Cafa Rea/ Portug. Tom. 5.
Liv. 6. pag. 94. o Eruditijfimo António Rodri-
gues da Cojla digno Sócio da Academia Real, que
depois de diverjos empregos em que Jervio a
pátria foj do Concelho Ultramarino deixan-
Jo em todos do feu talento, e t^elo admiráveis pro-
vas. Efcreveo.
Emhaxada que fe^ o Excellentijfimo Conde de
Villar-Mayor {hoje Marque:i de Alegrete) dos Con-
'Celhos de Efiado, e Guerra delRej NoJJo Senhor, (ò^c.
■ao Serenijfimo Princepe Filippe Wilhelmo Conde
Palatino do Rhim Eleytor do S. R. J. condução da
Rainha Nojfa Senhora nejles Rejnos, fejias,
£ applaufos com que foj celebrada fua felit^^
vinda, e as augujias vodas de Suas Magefta-
Âes. Lisboa por Miguel Manefcal. 1694. foi.
BIBLIOTHE CA
De vita, <& rebus geflis Nonni Alvarejij Pjre-
ria Eujitania Comitis Stabilis libri duo. Olyífi-
pone apud Pafchalem a Sylva Typog. Reg.
1723. foi.
Epiflolce ad Excellentijfimos, ac Sapientijfimos
Cenfores, <& ad Comitem Yillar mayorium Scrinio
Academia Prapofitum. ibi apud eumdem Typog.
1721. foi. A
On^e Cartas Eatinas efcritas aos Cenfores da
Academia Real as quaes fahiraõ impreíTas no 2.
3. 4. 6. 7 e II. Tom. da Collecçaõ dos Documen-
tos da mefma Academia Real.
Conta dos f eus ejludos Académicos no Paço a 7.
de Setembro de 1723. Sahio no Tom. 3. da
Collecçaõ dos Documentos da Academia. Sem o
feu nome.
Jujia Eufitanorum arma pro vindicanàa
Hifpanorum Eibertate Gallico dominatu oppreffa,
ajjerendoque Hifpania Império Serenijfimo, ac
potentiffimo Principi Carolo III. Regi Catholico.
UlyíTipone apud Valentinum da Coíla Deslan-
des Reg. Typ. 1704. foi.
Efte manifello fahio por outra forma na
Lingua Caílelhana compoílo por elle com o
titulo feguinte.
Jujlificacion de Portugal en la refolucion de
ajudar a la Ínclita nacion Efpanola a f acudir
el jugo francês, j poner en el Trono Real de
fu Monarchia ai Rej Catholico Carlos III.
Lisboa por Valentim da Cofta Deslandes
1704. foi. Sahio vertido em Francez com efte
titulo.
Ea Juflice des Armes de D. Pedro Roy
de Portugal pour delivrer les Efpagnols de
la Servitude des Francois, <& pour ajjeurer
le trone d* Efpagne au SereniJ/ime, (Ò' três
puijjante Prince Caries III. Roj Catholi-
que. Amílerdam ches Lovis Renard.
1704. 4.
ConverfaÕ delRej de BiJJau confeguida
pelo Illuflrijfimo Senhor D. Fr. Viãorino
Portuenfe Bifpo de Cabo Verde do Concelho
de Sua Magejlade, e bautifmo do Príncipe
D. Manoel de Portugal filho primogénito
do mefmo Rej celebrado na Capella Real
defla Corte fendo Padrinho ElRej Nojfo Senhor.
Lisboa por António Manefcal. 1695. 4.
Relação dos fucejfos, e gloriofas acçoens
militares obradas no Efiado da índia ordenar
das, e dirigidas pelo Capitão, e Vice-Rey
LUSITANA.
General do me/mo eftado Vafco Fernandes Ce/ar
de Mene!^es em o anno paffado de 171 3 • Lisboa
por António Pedrofo Gftlraõ 171). 4.
No fim tem hum epigramma latino em lou-
vor do dito Vice-Rey, e huma Elegia latina
em applaufo do Capitão Jozè Pereira de Brito
por ter obrado infignes proezas na índia.
Epigramma latino à morte do EsccellentiJJimo
Marqmz de Távora Lm^ Alvares di Távora.
Sahio em o Panegírico da vida, e acçoens dijle
Heroe a pag. 150. Lisboa por António Rodri-
gues de Abreu 1672. 4.
Deixou efcrito em eílilo elegante, e puro
atè o Reynado dclRey D. Fernando
Epitomen Hijloria hnfitana. foi. que bre-
vemente fahirà à luz publica, de cuja obra,
que vimos cfcrita pela própria maõ do Author
faz illuftrc memoria o P. D. Manoel Gie-
tano de Soufa na obra aíTinu allegada a pag.
1452.
ANTÓNIO RODRIGUES PORTUGAL
Rey de Armas muito verfado na liçaõ da hif-
toria, e na Lingua Franceza, da qual verteo
na materna, e dedicou à Mageftade delRey
D. Joaõ o III.
Chronica do triumpho dos nove da fama, e vida
de Beltran Cloquin Condejlavel de França. Lisboa
por Germaõ Galharda 1550. foi. a qual tra-
duíio em Caftelhano o Doutor Lopes de Hoyos,
e fahio com eíle titulo.
Chronica llamada el Triumpho de los nueve
màs preciados Varones de la fama. Alcalà por
Inigues de Liqueria. 1586. foi. Do primeiro
traduftor faz mençaõ Nicolào António in
Bib. Hifp. Tom. i . pag. 1 24.
ANTÓNIO RODRIGUES DA SYL-
VEIRA natural de Évora onde naceo em
o anno de 1570. fendo filho de Joaõ Rodri-
gues, e Margarida Fernandes, Doutor
em Direito Pontificio, Cónego Penitenciá-
rio na Cathedral da fua pátria, e Vigário
Geral defta Diocefe, e Provifor na aufen-
cia do Arcebifpo D. Joaõ Coutinho. Foy
Promotor da Inquifiçaõ da dita Cidade de
que tomou poíTe a 24. de Julho de 1623.
donde paíTou a Deputado em 15. de Feve-
reiro de 1625. Confervador da Univerfidade
Eborenfe, naõ fomente perito nas fciencias
377
mayores, noas nas humanidades, Oratória, e
Poetíca, que cultívou atè à ultíma idade com-
pondo admiráveis Poemas dos quaes a nuyor
parte fe naõ imprímio, fendo teftenmnhas do
feu efpirito poético
DoMS Epigrammas latinos em louvor do
Difcurfo Politico comporto por Jeronymo
Freyre Serraõ impreíTo em Lisboa por Lou-
renço Alvares 1647. 4.
Ode fobre aquelle provérbio Veritas odium
parit.
Fez algunus Cenfuras à Profodia do P.
Bento Pereira da Companhia de JESUS, que
fahiraõ impreíTas com a repofta do Author em
algumas impreíToens da mcfnaa Profodia.
ANTÓNIO RODRIGUES VILHALVA
natural de Vilhalva, lugar do Território da
Villa de Fronteira na Provinda do Alentejo.
Teve por Meíbre da Mufica ao iníígne Manoel
Rebello, de cuja efcola fahio confumado ncfta
Arte. Na idade da adolefcencia aflim como
levou ventagem a todos na fuavidade de can-
tar aíTim os excedeo em a varonil na fciencia de
compor pela qual mereceo depois de fer Meílre
da Capella do Hofpital Real de Lisboa, e exer-
citar eíle miniílerio com grande credito da fua
Peflba na Cathedral de Évora. Deixou com-
poftos
Pfalmos, Mijfas, e Hymnos, que fe confervaõ
na Bibliotheca Real da Mufica como fe pôde ver
no feu Cathalogo impreíTo em Lisboa por
Pedro Crasbeeck 1649. 4- Sendo a principal
obra huma Miíla do 4. Tom a 8. vozes, que
eílà na Eílante 28. n. 703. da dita Bibliotheca.
Fr. ANTÓNIO DO ROSÁRIO natu-
ral de Lisboa, e filho de Joaõ do Couto,
e Maria Luques. Depois de ter abraçado
com o nome de Fr. António de Santa Maria
o Habito dos AgolHnhos Defcalços, em
o Convento do Monte Olivete fituado nos
fuburbios defta Corte a 18. de Julho de
1671. veítío o dos Frades Menores na Pro-
vinda Capucha de Santo António do Bra-
íil, donde fendo Lente de Filofofia, Prega-
dor, e Vifitador Geral na Religião que dei-
xara, exerdtou o miniílerio de Miílio-
nario Apoílolico trabalhando com incef-
fante difvelo por conduzir ao rebanho de
37^
BIBLIO THE CA
Chriílo aos bárbaros que vivem difperfos pelos
Certoens da America, e efcrevendo diverfos
Livros para inílruir com faudaveis documentos
aos Catholicos. No tempo que foy Religiofo
Agoílinho Defcalço imprimio.
Martirologio fingular da inviãijjima ]aponet(a
a Venerável Virgem Maria Magdalena Man-
tellata dos Agofiinhos De/calços. Lisboa por
António Rodrigues de Abreu. 1675. 12.
Deíla obra fe lembra, e do Author a Bib.
Or/>«/íz/ novamente acrecentada tom. i. Tit. 8.
col. 164.
Sermão das Almas pregado em Santo EJle-
vaõ de Alfama. Lisboa por Joaõ da Cofta
1678. 4.
Depois de fer Francifcano publicou.
Feira Mjjlica de Lisboa em huma Trefs^ena
Myftica do Divino Vortugue^ Santo António. Lis-
boa por António Pedrozo Galraõ 1691. 4.
Sortes de Santo António celebradas em
huma Tre^ena hiftorica, moral, e panegyrica.
Lisboa por Miguel Manefcal. 1701. 4. No
prologo promete outros 13. Difcurfos, e hum
Tomo de Sermoens remetido a Lisboa para
fe imprimir.
Frutas novas do Brajil numa nova, e ajcetica
Monarchia. Lisboa por António Pedrozo
Galraõ 1702. 4. Do Author, e da Obra fe
lembra o moderno addicionador da Bib.
Occid. Tom. 2. Tit. 12. pag. 917.
Carta de Marear Lisboa pelo mefmo
ImpreíTor 1698. 8.
Fr. ANTÓNIO DO ROSÁRIO. Naceo
em Lisboa a 20. de Junho de 1682. fendo
filho de Domingos Nogueira de Aze-
vedo, e de Catherina Maria da Coíla.
Quando contava vinte annos entrou na
Religião de S. Jeronymo, cujo Sagrado
Inftituto profeíTou no Real Convento de
Belém a 17. de Janeiro de 1702. Naõ he
menos capaz o feu talento para o Púlpito,
que para o Coro, fendo muito perito na
Arte da Muíica, em que tem compofto diver-
fas obras nas quaes fe admiraõ felizmente
unidas a fciencia do Contraponto com a
novidade do invento fendo, as principaes,
que conferva em feu poder.
8. Magnificas fobre o Canto-Chaõ dos outo
tons.
Lamentaçoens, e Motetes da Quarefma, e
Semana Santa a S. 6. c 4.
Refpon/orios das Matinas da Conceição da
Senhora a 4.
Kefponforios das Matinas de S. Jeronymo. a 8.
Villancicos a 8. e a 4.
A re:^a nova de S. ]o^é pojla em Canto Chaõ.
Fr. ANTÓNIO ROUSADO Naceo em
Lisboa a 11. de Novembro de 1691. e
foy filho de Joaõ da Cofta Roufado, e
Mariana Jozepha. ProfeíTou o habito
de Eremita Auguftiniano no Convento
de N. Senhora da Graça da fua Pátria
a 29. de Setembro de 1709. Depois de ter
eftudado as fciencias efcolafticas fe dedicou
ao minifterio do Púlpito, e ao eftudo da
Hiftoria, em que tem feito grandes progreílos,
pelos quaes mereceo fer Pregador Geral da
fua Religião, e ter governado prudente-
mente os Conventos de Arronches, no anno
de 1722. e de Santarém no anno de 1729.
Publicou.
Oraçaõ do Hercules divino Chrijlo ]efu na
reprefentaçaõ do monte Calvário dita na Igreja
Matri\ da Villa de Arronches. Lisboa na Offi-
cina Rita-CaíTiana 1736. 4.
Tem prompta para a impreíTaõ a obra feguinte.
Pomar Genealógico, Hijlorico, Chronologico,
e Critico plantado no Ermo Augujliniano Luji-
tano. foi. 4. Tom.
Fr. ANTÓNIO ROZADO natural da
Villa de Mertola da Comarca de Campo
de Ourique, e filho de Domingos Rozado,
e Beatriz Nunes. Na idade da adolef-
cencia eftudou Direito Pontifício na Uni-
verfidade de Coimbra com grande fruto da
fua applicaçaõ, em cuja faculdade recebido
o gráo de Bacharel depois de ter prova-
dos nove annos contínuos de efludo para
nelle fe formar, obedecendo à voz de Deos,
que interiormente lhe falava, largou os ap-
plaufos merecidos às fuás letras, e fe reco-
Iheo na iUuftre Ordem de S. Domingos
onde profeíTando no Real Convento da Bata-
lha a 15. de Mayo de 1602. naõ cedeo a
primazia a algum dos feus companheiros
aflim na obfervancia da regra, e authori-
dade da peíToa, como na excellencia da dou-
L USITAN A.
trina, e eloquência do Púlpito. Depois de Ter
Meftfe jubikdo na Sagrada Theologia, e Pre-
fentado, foy Confultor do Santo Oíficio, Vifi-
tador das náos eílrangeiras neíla G)rte, cujo
miniílerio também exercitou na Gdade do
Porto. Pa/Tou ao Brazil por Comi/Tario do
Santo OfBcio donde voltando morreo no Con-
vento da Batalha no qual tinha naddo para a
Religião pouco antes da Acclamaçaõ do Sere-
niífímo Rcy D. Joaõ o IV. Imprímio.
Tratados fobre os quatro Novijfimos com
lugares commtms dos Padres fobre a me/ma matéria.
Porto por Joaò Rodrigues, 1622. foi.
Tratados em louvor do Santijftmo KoTia-
rio fobre a Oraçaõ do Padre Nojfo, e Cânti-
co da Senhora. Porto pelo dito Imprcííor,
e no mefmo anno 4. G>níla de 6. tratados, o
I. contem trcs Scrmocns do Rofario, o 2. a
explicação do Padre NoíTo, o 3. da Ave Maria,
o 4. dos Myftcrios do Rofario, o 5. das graças
concedidas pelos Summos Pontífices aos
Confrades do Rofario, o 6. do Cântico da
Senhora.
Tratados fobre a deflnàçaõ de Jerufalem, lagri-
mas de Jeremias, E:(echias, S. Pedro, Santa Mag-
da/ena, Converfaõ de Dimas, e condenação de Judas.
Porto por Joaõ Rodrigues. 1 624. 4. Na Dedi-
catória defte livro à D. AfFonfo Furtado de
Mendoça Arcebifpo de Braga affirma ter já
promptos para a ImpreíTaõ feifcentos Ser-
moens de todos os Domingos do anno, Fef-
tas, e Santos principaes.
Sermão em S. Domingos do Porto anno do
Senhor 1620. nafejla de S. Pedro Martyr Padroeiro
da Santa InquiJiçaÕ na InJlituiçaÕ dos Fami-
liares do Santo Officio. Coimbra por Nicolao
Carvalho. 1620. 4.
Sermão na tresladaçaÕ que fea^ o Senhor
Bifpo D. Fr. Gonçalo de Moraes dos Offos dos
Senhores Bifpos do Porto feus Antecejjores aos 20.
de Março dia de S. Martinho Arcebifpo de Braga
no anno de 16 14. Porto por Joaõ Rodrigues.
1618. 4.
Deixou hum grande Volume M. S. que conf-
tavade
Vidas dos Santos da Ordem de Saõ Domin-
gos, de cuja obra fazem mençaõ Fr. Pedro
Monteiro Claufi. Domin. Tom. 3. pag.
160. e Fr. Luc. de Santa Catherina Hifl. de
S. Domingos na Prov. de Portug. 4. Part. pag. 927.
379
c do Author Echard Scrip. Ordin. Tom. a.
pag. 424. col. 2. e Nicol. Ant. in Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 124.
Fr. ANTÓNIO DE SA' natural da Vílla
de Mogadouro da Província Tranfmontana.
Sendo Doutor na faculdade de Cânones pela
Univerfidade de Salamanca, e Desembargador
delRey D. Manoel deixou a pátria, e o mundo
para receber a cogulla monachal do Príncepe
dos Patriarchas S. Bento no celebre Convento
de Monferrate fítuado no Principado de Cata-
lunha em cuja reformada efcola tanto creceo
no exercício de todas as virtudes, que occu-
pando o lugar de D. Abbade do Collegio de S.
Vicente de Salamanca o chamou ElRey D.
Joaõ o III. para Commendatario do Real Con-
vento de Alcobaça, o qual governou com taõ
prudente fuavidade que o mefmo Princepc
ordenou que foíTe Prelado dos Mofteiros de
Tibaens, Carvoeiro, e Amoya da Ordem de S.
Bento, ornando o de Tibaens com muitos, c
fumptuofos edifícios para mais commoda habi-
tação dos Monges, e inífaruindo os Noviços
com os documentos próprios da vida Monaf-
tica, difpondo por efta forte a reftauraçaõ da
Congregação Benedi£tína nefte Reyno. Deze-
jofo de acabar a vida onde a dedicara a Deos
deixou o governo, e partio para o Convento
de Monferrate, no qual morreo a 10. de Agofto
de 1550. Fallaõ deíle Varaõ Fr. Leaõ de Santo
Thom. Bened. Ijufit. Tom. i. Part. 2. cap. 23,
§. 2. pag. 387. Cardozo Agiolog. 'Lufit. Tom. 3.
pag. 455. e as Conjlituiçoens da Con^eg. Bened.
Prolog. 44. Deixou efcrito pela própria maõ
como affirma o já allegado Fr. Leaõ de Santo
Thom. Tom. i. part. 2. cap. 29. pag. 412.
Memorias do Mofkiro de SaÕ Salvador da
Torre da Ordem de S. Bento M. S.
P. ANTÓNIO DE SA'. Naceo na
Cidade de S. Sebaftiaõ do Rio de Janeiro
a 26. de Julho de 1627. e na Cidade da Bahia
cabeça da America Portugueza fendo de
tenra idade fe aliftou na Companhia de
Jefus em o anno de 1639. de cuja Mãy foy
benemérito filho. A viveza do juizo compe-
tindo com a tenacidade da memoria feliz-
mente confpiráraõ para que ou cultivando
as Mufas amenas, ou feveras, foíTe julgado
38o
BIBLIO THE CA
pelos Mcílrcs, e condifcipulos por milagre dos
engenhos. Com a mefma agilidade com que
voou ao cume do Parnafo, e colheo as flores da
eloquência, penetrou fendolhe condutoras a
Filofofia, e Theologia, o San£hiario das
Efcrituras, naõ havendo nellas myílerio recôn-
dito que naõ foíTe patente à fua aguda inveftiga-
çaõ. Ornado com eftes lingulares dotes, nos
quaes excedia a todos os mayores talentos da
fua idade, paíTou a Portugal donde por ordem
dos Superiores affiílio alguns annos em Roma
com a occupaçaõ de efcrever as Cartas para a
Província do Brazil. Reílituido ao Reyno
começou a exercitar o miniílerio de Orador
Evangélico tendo por theatro a Corte de Lis-
boa, e por ouvintes aos feus Monarchas, e
toda a Nobreza, que pendentes da fua elegante
energia com o lilencio mais eloquente que a voz
o acclamavaõ por Princepe da Oratória Eccle-
íiaftica. O ornato das palavras mais filho da
natureza, que da arte, a viveza das acçoens
reguladas pela vehemencia do efpirito, a
expreííaõ da voz clara, e fonora, a delicadeza
dos difcurfos fempre folida, a profundidade
dos textos nunca imperceptível, e a novidade
das ideas inimitável conciliarão taes applaufos
ao feu fublime engenho que chegou a brilhar
com toda a intenção na prefença do primeiro
Aftro da esfera Concionatoria o grande Vieyra,
que muitas vezes aíBrmou naõ fer fenfivel a fua
auzencia quando tinha por fubílituto a António
de Sá. Toda eíla fama merecida pelo feu
iníigne talento defprezou heroicamente, vol-
tando para a Pátria onde querendo a Religião,
que deixaíTe herdeiros da fua profunda fciencia
o mandou ler Letras humanas, que já tinha
enfinado, fendo Mellre da primeira em o
Collegio da Bahia, onde diétou dous annos
Theologia, de cujas faculdades tantos foraõ os
difcipulos, quantos os Meftres que ouvirão
a fua doutrina. Renunciando os applaufos
que lhe refultavaõ da Cadeira, e do Púlpito fe
dedicou à Converfaõ dos bárbaros que habi-
tavaõ pelos Certoens do Rio de Janeiro,
em cujo apoilolico minifterio adquirio mayor
gloria o feu nome na America, do que
tinha alcançado na Europa. Como era de
compleição delicada ainda que naõ foíle de
idade proveéb, fe foy atenuando de forte
com o trabalho das MiíToens que pollradas
as forças para as profeguir havendo fido Rey-
tor do Collegio da Capitania do Efpirito Santo
três annos, fe reílituhio ao Collegio do Rio de
Janeiro, onde acometido da ultima infermidade
fe fortificou com os Sacramentos, e abraçado
com hum Crucifixo entre amorofos Colloquios ^
lhe pedio fervorofamente que fe os feus pecca-
dos mereceíTem a condenação eterna, naõ per-
mitiíTe que blasfemaíTe do feu Santo nome,
e acabando de pronunciar eftas palavras placi-
damente efpirou ao i. de Janeiro de 1678. com
60. annos de idade, e 39. de Religião. De
muitos Sermoens, que pregou digniíTimos
todos da luz publica, fomente a lograrão os
feguintes.
Sermão pregado à Jujliça na Santa Sè da Bahia
na primeira Outava do Efpirito Santo. Lisboa por
Henrique Valente de Oliveira 1658. 4. e
Coimbra por Manoel Carvalho 1672. 4. et ibi
por Manoel Rodrigues de Almeida. 1686. 4.
Sermão no dia, que fua Magejlade /«^
annos em 21. de Agofio de 1653. Coimbra
por Manoel Carvalho ImpreíTor da Univer-
fidade 1665. 4.
Sermão no dia de Cintra na Capella Real.
Lisboa por Joaõ da Coíla 1669. 4. e Coim-
bra por Rodrigo de Carvalho Coutinho
1673. 4.
Sermaô na primeira Sexta feira de Quarefma
na Freguesa de SaÕ Julião o anno de 1674. Lisboa
por Joaõ da Cofta 1 674. 4.
Sermão dos Paffos que pregou ao recolher a
Prociffaõ. Lisboa por Joaõ da Cofta 1675. 4.
e Coimbra por Jozé Ferreira ImpreíTor da
Univerfidade 1689. 4.
Sermão da Conceição da Virgem lalaria N.
Senhora na Igreja Matri^ de Pernambuco anno
de 1658. Coimbra por Jozé Ferreira ImpreíTor
da Univerfidade. 1675. 4.
Sermaõ da Quarta Dominga da Quarefma
na Capella Real no anno de 1660. Coimbra
pelo dito ImpreíTor 1675. 4.
Sermaõ do Gloriofo S. Jo:(é Efpofo da Mãy
de Deos. Coimbra pelo dito ImpreíTor 1675.
et ibi por Joaõ Antunes 1692. 4.
Sermaõ de S. Thome Apofiolo na Capella
Real. Lisboa por António Rodrigues de
Abreu. 1675. 4. e Coimbra por Jozé Ferreira
ImpreíTor da Univerfidade. 1686. 4.
Cinco Sermoens nas cinco tardes das Domin-
LUSITANA.
38 1
v// da Qmrtjma. Sobre o Thcma das palflvnt
tio Pfalmo 6i. vcrf. 9.
Verumtamen vani filij hominnM; mtndaas
j.Uj hominum in jlateris Pregados na Parochial
Igreja da Magdalcna de Lisboa. Sahitaõ
impreíTos fem o nome do Author no fim da 5.
Parte dos Sermoens de Fr. Chriílovaõ de
Almeyda. Lisboa por Miguel Deflandes.
1680. 4.
Sirmad de N. Senhora das Maravilhas pregado
na Sè da Bahia no anno de 1 660. na occafiaò do defa-
€ato, que fe feí^ à me/ma Senhora, e a fen amado
Fi/ho. Lisboa por Manoel Fernandes da Coíla
Impreflbr do Santo Officio. 1752. 4.
OraçaÕ Fúnebre nas exéquias da Serenijftma
Rainha de Portugal D. LuÍ!(a tranci/ca de Gufmaõ
tm 1666. Lisboa por Miguel Rodrigues
Impreflbr do Senhor Patriarcha 1739. 4-
De Venerabili Patre Joanne de Almeyda
I Oratío. Sahio imprefla no fim da vida
deAe fervo de Deos comporta pelo Padre
Simaõ de Vafconccllos da Companhia de
jefus. Lisboa, na OFÍícina Crasbeeckiana
1658. foi.
P. ANTÓNIO DE SA' femelhante ao
precedente aflim em o nome como na pro-
liíTaõ religiofa de quem ignoramos a pátria,
c nome dos Pays, e dia em que recebeo a
Roupeta da Companhia de JESUS por naõ
conftar dos Cathalogos dos Três Novicia-
dos que efta grande Religião tem nefte Reyno
nos quaes fe fe2 fumma deligencia à nofla
inftancia. Imprimio.
SermaÕ do glorio/o Santo Amaro. Coimbra
por Jozé Ferreira 1697. 4. o qual vimos, e no
eftilo he totalmente diverfo do iníigne Ora-
dor de que proximamente fe fez mençaõ.
Fr. ANTÓNIO DE SA' natural do
Porto, filho de Sebaíliaõ Martins de Sá,
e Maria de Soufa. Deixada a pátria, paflbu
a Lisboa onde recebeo o Habito de Ere-
mita de Santo Agoftinho no Convento
de N. Senhora da Graça a 25. de Julho de
1670. Pela liçaõ da Filofofia, e Theologia
fe graduou Meftre neíla faculdade, fendo
hum dos grandes letrados que teve a fua
Religião, da qual depois de fer Reytor do
Collegio de Santo Agoftinho de Lisboa,
fojr Provincial eleito no anno de 1 706. Como re-
ligioío obfervante praéticava quotidianamente
o exercício da Otaçaõ, e reduzia com afpecas
mortiâcaçoens o corpo á obediência do efpi-
ríto. Morreo em Lisboa a 4. de junho de
1726. Compoz.
Traãatus dê Confcientia. Aí. S. foL
'1'raãatus de Scientia Dei Aí. S. foi.
Confervaõ-fe na Livraria do Convento da
Graça de Lisboa.
Fr. ANTÓNIO DE SACAVÉM natural do
Lugar do feu appellido diílante duas léguas de
Lisboa, Monge Ciílercienfe no Real Convento
de Alcobaça em cuja Bibliotheca fe conferva
a obra feguinte que compoz com o titulo.
Sermones de Tempore. Aí. S. foi.
Fr. ANTÓNIO DO SACRAMENTO
natural de Coimbra, baptizado na Parochlal
de S. Bartholameo aos 17. de Setembro de
1675. e filho de Manoel Corrêa, e Maria da
Cofta, Religiofo da Sagrada Ordem dos Prega-
dores, cujo Habito profeflbu no Convento de
Aveiro a 4. de Abril de 1680. Def>ois de eftu-
dar, e enfinar as fciencias efcolaílicas na fua
Religião recebeo o gráo de Doutor na facul-
dade Theologica em a Univerfidade da fua
pátria, onde foy Prior do Convento da mefma
Cidade de que paííou a exercitar femelhante
minifterio no de Lisboa, até que fubio ao
lugar de Provincial fendo eleito no Convento
de Santarém em 22. de Fevereiro de 1721.
Foy Qualificador do Santo Officio, Exami-
nador Synodal do Arcebifpado de Lisboa,
e Meílre do numero da Ordem. Morreo no
Convento de Lisboa a 30. de Novembro de
1739. Delle faz mençaõ Fr. Pedro Monteiro
Claufi. Dominic. Tom. 3. pag. iii. e 160.
e no Cathal. dos Qualif. do Santo Offic. pag. 1 5 .
Imprimio.
SermaÕ das Exéquias do Illujlrijfimo, e
KeverendiJJimo Senhor D. Fr. Jo^é de Alencaflre
Bifpo Inquijidor Geral pregadas no Convento de S.
Domingos de Coimbra a iS. de Outubro de 1705.
Lisboa por Miguel Manefcal Impreflbr do
Santo Officio. 1706. 4.
Fr. ANTÓNIO DO SACRAMENTO
filho de António Joaõ, e Vicencia Rodriguez
natural de Lisboa onde recebeo o Habito
382
BIB LIO THE CA
da lUuílre Religião da Santiflima Trindade
na qual exercitou os lugares de Meílre dos
Noviços por duas vezes, Miniílro do Ganvento
de N. Senhora do Livramento, e do Convento
de Lisboa, Definidor duas vezes, Vifitador da
Província, e Pregador Geral. Pela fciencia
pradHca, que tinha das Ceremonias Eccleíiafti-
cas o elegeo a Ordem por Meílre delias no
fumptuofo Templo, que tem nefta Corte, cujo
miniílerio juntamente com o de Sancriftaõ
Mór exercitou pelo efpaço de muitos annos
com grande perfeição, e para que aíTim no
Altar, como no Coro fe obfervaíTem, efcre-
veo fem declarar o feu nome.
Manual dos Keligiofos da Santijfima Trin-
dade, e Kedempçaõ de Cativos dejle Rejno de Por-
tugal conforme os Ritos do Mijfal Romano, e dos
Ceremoniaes da me/ma Ordè. Lisboa na Ofíicina
da Muíica. 1730. 4.
Parte 2. Lisboa em a dita Offic. 1751. 4.
Parte 3. Lisboa na mefma Ofíicina 1731.
a qual foy impreíTa em folha para melhor
comodidade do Altar.
Morreo no Convento de Lisboa a 15.
de Janeiro de 1740.
P. ANTÓNIO DE SALDANHA. Naceo
em a celebre Praça de Mazagaõ íituada em
Africa, de Pay Portuguez, e Mãy Italiana. Para
feguir a vida militar, e exercitar os feus mar-
ciaes efpiritos parecendo-lhe pequeno theatro
a pátria, que lhe dera a natureza, paíTou à índia
quando contava defefeis annos de idade, onde
movido de fuperior impulfo fe aliílou na Com-
panhia de JESUS em Goa no armo de 165 1.
Acabado o tempo de Noviço fe applicou ao
eftudo da Filofofia, o qual naõ pode profeguir
impedido de huma grave, e penofa moleilia,
que o redufio a termos de cegar. Ordenado Sa-
cerdote foy mandado pelos Superiores à MiíTaõ
de Salcete para cujo fim apprendeo com tanta
perfeição a lingua Concanica, que a fallava com
fumma agilidade. Pelo dilatado efpaço de qua-
renta annos cultivou taõ apoftolicamente aquel-
la vinha que foraõ innumeraveis os frutos, que
colheo do Paganifmo. Mais atenuado com
os trabalhos, do que com os annos morreo
no Collegio de Rachol a 15. de Dezembro
de 1663. Compoz na Lingua Bramana.
Tratado dos milanês, que pelos mereci-
mentos do Glorio/o Sanão António ajftm em vida
do Santo como depois dafua morte foy NoJJo Senhor
fervido obrar, com a vida do mefmo Santo tradufidos,
e compoflos na lingua da terra corrente para ferem
de todos mais facilmente entendidos. No Collegio
de Rachol. 1655, 4. Hum deíles exèplares im-
preíTos fe conferua na Livraria do Excellen-
tiífimo Marquez de Abrantes, onde o vimos.
Rofas, e boninas deleitofas do ameno Roteai
de Maria, e feu Rofario tradufido, e compofio com
proveitofos Moraes para bem das Almas. Rachol.
4. fem anno da ImpreíTaõ.
¥ruto da arvore da vida a nojfas Almas,
e corpos falutifero illuflrado com vários moraes
para proveito das Almas, e honra a N. Senhor
Jefu Chriflo. Rachol fem anno da Impref-
faõ. 4.
Vocabulário da lingua Concanica M. S.
Benefícios infignes dos Anjos Cuflodios. M. S.
Báculo P aflorai para adminijiraçaõ dos Sa-
cramentos, e mais obrigações Parochiaes, M. S.
foi.
Fazem memoria defte Author a Biblio-
thec. Societat. pag. 84. col. i. e a Bib. Orient.
de Ant. de Leon novamente acrecentada
Tom. I. Tit. 16. col. 521.
ANTÓNIO SALEMA natural da antigua
Villa de Alcácer do Sal da Diocefe de Évora.
Teve por Pays a Diogo Salema, e a Catherina
Salema fua Prima. Foy Licenciado em Leys, e
hum dos primeiros CoUegiaes do Collegio Real
de S. Paulo admitido a 2. de Mayo de 1563.
Depois de ler huma Cathedrilha de Inítituta
fubio à Cadeira do Código no anno de 1567.
onde diftou a Poílilla ao Tit. Cod. de Fide injlru-
mentorum, e outra ao Tit. Cod. Plus vale-
re quod agitur, quàm quod fimulate concipi-
tur. Sendo Dezembargador da Cafa da Sup-
plicaçaõ de que tomou poíTe por feu Procu-
rador o Dezembargador Diogo Lameira a
16. de Março de 1570. foy mandado com
huma Alçada a Pernambuco por ordem
delRey D. Sebaíliaõ, e depois de concluida
efta incumbência foy Governador de S.
Thomè, e do Rio de Janeiro. Voltando
ao Reyno foy nomeado Dezembargador dos
Aggravos a 19. de Fevereiro de 1583.
Cazou com D. Luiza de Siqueira filha de
AíFonfo Bicudo, e de Izabel de Siqueira, a qual
L USITANA.
383
por morte de António Salema feu primeiro
1 >ri'l'> puíluu a fegundas vodas com rrancifco
II la de Vaíconcelios Secretario de
iíllado de Portugal em Madrid. Fallecco em
Lisboa a I). de Março de 1586. Jaz fepultado
no Convento de S. Francifco. Fazem memoria
delle Cabed. de Patronat. Rej^io cap. 44. D. Nic.
de Santa Maria Chron. tios Conej^. Kej^. \J\y. 10.
cap. 7. n. 9. Sachin. liiji, Societ. Part. 4.
lib. 2. n. 172. e meu Irmaõ o P. D. jozè
Barbof. nas Mtni. Hijlor. do ColUg. Real de
S, Paul. pag. 82. n. 7. e no Archiathan. Ijufit.
p. ij.
Impavidiis Calema levi vada falfa carinà
Trajiciet, cinííofqNe ar mis rmt acer in hofles:
Viribus aí fraíios, vanoque Jitrore tumentes
I udittés evertet, patriafque remittet ad auras
j Compoz
Tratado da Conqtnfta, que fe^ do Cabo frio
wntra os Francefes, e o Gentio Tamoyo, que nelle
eftavaõ fortificados. M. S. De cuja obra fc
lembra Maris Dialog. de varia Hifl. Dial. 5.
cap. 2.
Fr. ANTÓNIO DE SAMPAYO natural da
Villa de Santarém, onde com beneplácito de
feus nobres Pays recebeo o habito da Ordem da
SantiíTima Trindade, na qual fe fez exemplar
da perfeição religiofa. Depois de eftudar nefte
Convento Filofofia, de que teve por Meftre
.1 Fr. Bartholameu de Payva cuja memoria fe
fará em feu lugar, paíTou ao Collegio de Coim-
bra para eftudar Theologia em que fahio con-
lummado. Teve natural génio para a Poefia
líTim Latina, como vulgar. Foy Prega-
dor Geral da Província, Miniftro do Convento
de Lagos, duas vezes Difinidor, e Viíitador
Geral. Acõmettido da ultima infermidade
fe preparou como obfervante religiofo para a
morte, e recebidos devotamente os Sacra-
mentos efpirou no Convento de Lisboa a
26. de Dezembro de 1654. quando contava
70. annos de idade. Deixou compoftas aíTim
na lingua Latina, como Portugueza, e Cafte-
I lhana.
Varias Poefias.
As quaes afíirma o P. Ignacio da Piedade,
c Vafconcellos Hifi. de Santar. edificad liv. 2.
cap. 56. pag. 477. eraõ cheyas de tanta piedade,
como erudição, e armonia.
ANTÓNIO SANCHES DE NORONHA
natural de Lisboa alho de António de Noronha
Freyre ETcrivaô dos Maltezes, e de íua mulher
D. Maria de Noronha filha de Manoel de Cer-
queira, e D. Igncz de Noronha, e fobrinho de
Fr. Joaò Jozè de Santa Thereza Carmelita Def-
calço elegante ETcrítor da Hiftoria do Braíil
na Lingua Italiana, de quem faremos memoria
em feu lugar. Inftruido na Lingua Latina, e
Humanidades ouvio no anno de 1696. Filofo-
fia do infigne Meftre o P. SebaíUaõ Ribeiro da
Congregação do Oratório, e como era dotado
de agudo engenho de tal forte penetrou as
mayores dificuldades defta fciencia, que fahio
nella muito perito com admiração de todos os
feus Condifcipulos, entre os quaes me poíTo
numerar devendo à fuavidade do feu génio a
mais fina amifade com que fempre me tratou.
Ainda naõ tinha paíTado da adolefcencia
quando naõ fomente difcorria como Filofofo,
mas metrificava como hum dos mais antigos
cultores do Parnafo, a cuja Arte fe dedicou
impellido naturalmente da inclinação com-
pondo verfos na lingua materna fuaves, caden-
tes, e elegantes que repetidas vezes foraõ ouvi-
dos com geral acclamaçaõ, e enveja na Acade-
mia dos Anonymos inftituida em Lisboa no
anno de 171 o. do qual foy hum dos feus cele-
bres alumnos. Por fer mais amante da modef-
tia que do applaufo, nunca publicou as fuás
obras, que podiaõ formar hum volume de jufta
grandeza dignas certamente da luz publica,
fendo poucas as que tem logrado efte beneficio,
das quaes fe pôde conhecer o furor do feu
efpirito. Nox Progreffos Académicos dos Anony-
mos de "Lisboa i. Parte. Lisboa por Jozè Lo-
pes Ferreira ImpreíTor da SereniíTima Rai-
nha Noíía Senhora 171 8. 4. eftaõ as obras
feguintes.
Três Sonetos. Pag. 119. 173. 219.
Cinco Romances. Pag. 42. 123. 249. 284. 348.
Sylva pag. 169,
Romance Endecafjllabo à morte do Duque
do Cadaval D. Nuno Alvares Pereira de Mello.
Sahio a pag. 342. das ultimas Acções do
mefmo Duque. Lisboa na Ofíicina da Mufica.
1730. foi.
Outavas ã morte do Padre D. Rafael
Bluteau C. R. fahiraõ em o Obfeqmo fúne-
bre que ao mefmo Padre dedicou a Academia
384
BIBLIOTHECA
dos Applicados. Lisboa por Jozé António ouíras Oraçoens devotas. Lisboa por Domin-
da Sylva 1734. 4. a pag. 115. gos Carneiro 1665. 12.
Fr. ANTÓNIO DOS SANTOS Naceo
no lugar de Moymenta da Provincia da Beyra,
e recebeo o Habito dos Frades Menores na Pro-
vincia de Portugal. O feu mayor difvelo foy
mais o exercício das virtudes, que o das letras,
para cujo fim occupava a mayor parte do tempo
na liçaõ de livros afceticos, donde aprendia a
fciencia dos Santos muito mais alta, e fublime
que a das efcolas. Foy exaâo obfervador da
pobreza Evangélica, continuo na Oraçaõ
Mental, em cujo exercício muitas vezes fe via
alienado dos fentidos, e fufpenfo nos ares.
Afliílindo na Ilha da Madeira avizou a ElRey D.
Joaõ o IV. de alguns exceíTos que devia promp-
tamente emendar na Corte, os quaes lhe foraõ
patentes pelas luzes de fuperior revelação.
Defte Monarcha, como de feus filhos o Prin-
cepe D. Affonfo, e o Infante D. Pedro, mere-
ceo grandes eílimaçoens venerando na fua
peíToa huma fiel copia do Seráfico Patriarcha.
Acompanhou por Capellaõ ao Monteiro Mòr
Francifco de Mello quando no anno de 1641.
paíTou a Pariz com o Caraâer de Embaxador.
Chegada a hora de receber o premio das fuás
virtudes entre os braços de Chriílo Crucificado
entregou o efpirito a 30. de Março de 1666.
Para evitar o tumulto do povo foy logo fepul-
tado, cuja acçaõ foy feveramente reprehen-
dida por huma carta de ElRey D. Affonfo
o VI. Delle faz memoria Fr. Fernando da
Soled. Hiji. Seraf. da Prov. de Vortug. Part.
5. liv. 4. cap. 30. n. II 37. e os feguintes.
Compoz
Menfa efpiritual na qual offerecem fete igua-
rias para os Jete dias da f emana conforme ao extá-
tico, e injigne Doutor Dyonijio Carthujiano com
algumas devoçoens da Senhora, e muitas indulgên-
cias de nojja Ordem, e outras coujas particulares, e
devotas. Lisboa por Joaõ da Coíla 1667. 4.
Tradufio de Latim em Portuguez.
Kevelaçoens de Santa Brijida.
Divididas em duas partes, das quaes a
fegunda tradufida no anno de 1660. confer-
vava em feu poder a Excellentiffima Condeça
de Figueiró.
Tradução do Cântico Te Matrem Dei
laudamus compofio por S. Boaventura com
Fr. ANTÓNIO SEGRE natural de Lis-
boa, onde profeílou o habito da Ordem Carme-
litana da antigua Obfervancia em 5. de Mayo
de 1625. fendo filho de Pedro Francifco, e
Luiza Segre. Foy muito douto na arte da Mufi-
ca, e como tal occupou o lugar de Meftre da
Capella do Convento da fua pátria, onde foy
Subprior, e nella falleceo em Setembro de 1638.
Acrecentou, e em muitas partes reformou.
Procejftonario de que ufaõ os Keligiofos, e Reli-
giofas da Provincia do Carmo de Portugal. Lisboa
por António Alvares. 1642. 4. e Veneza por
Joaõ Bautiíla Recurto 171 7. 4.
Delle fe lembra Fr. Manoel de Sá nas fuás
Memor. HiJl. dos Efcrit. Portug. da Ord. do
Carmo. cap. 12. n. 71. e 72.
Fr. ANTÓNIO DE SENNA, cujo appe-
lido deixando o da CONCEYÇAM, tomou em
obfequio da infigne Virgem Santa Catherina de
Senna da qual era cordial devoto. Naceo na
celebre Villa de Guimarães da Diocefe Bra-
charenfe, e na adolefcencia abraçou o Inílituto
da Sagrada Ordem dos Pregadores no Con-
vento de NoíTa Senhora da Mifericordia da
Villa de Aveiro. Depois de eílar inílruido com
os eíhidos Filofoficos em Lisboa, e com os
Theologicos em Coimbra, diâou Artes no Con-
vento deíla Corte com grande efplendor do feu
talento, que era venerado por fublime. PaíTou
a Lovanha obrigado do preceito dos feus Pre-
lados, e depois de regentar varias Cadeiras neíla
Univerfidade pelo efpaço de onze annos rece-
beo neUa o gráo de Doutor em Theologia a 25.
de Junho de 1 571. fendo taõ grande a fama das
fuás letras, que no Capitulo Geral celebrado
em Barcellona no anno de 1574. foy eleito
Regente dos Eíhidos geraes do Convento
de Lovanha. No anno feguinte por fer do
Jubileo do Anno Santo partio a Roma, e
difcorreo por toda a Itália examinando as
Bibliothecas, e Archivos dos principaes Con-
ventos da fua Religião, donde extrahio
com incanfavel trabalho noticias impor-
tantes para as obras, que meditava o feu
profundo juizo. Com igual inveíligaçaõ exa-
minou os M. S. que fe guardavaõ nas Livra-
L USITANA.
385
rias de Inglaterra, e França quando peregrinou
como fugitivo com o Senhor D. António,
cujas partes acerrimamente feguio e fielmente
! (Icfcndeo no tempo que a ambição de Filippe
' Prudente perfegula aos Sequazes daquelle
' Princcpe para que naõ cingi/Te a Coroa de feus
' Avós. Recolhido á Cidade de Nantes morreo
no Convento dos Religiofos Carmelitas ao i.
de Fevereiro de 1 5 84. ou conforme Fr. Aflbnfo
Femand. in Concert. Prad. cm i)86. c na Se-
pultura tem gravado eíle epitáfio.
D. O. M.
Frater Antonius Senenfis I^fitanns Ordinis
Pradicatorum , Doâor injigttis LovaniJ de Kepu-
bUca Chrijliana ubique bemmeritus patriam nobi-
Huffi faâionibus in Jtrvitutem mentem ad Janioreni
mentem revocare Jruftra conatus, nec alibi, niji hic
I úp$td Carmelitas Nannetenfes hofpitalitatis jus
I údeptiis anno MDLXXXIV. Kalend. Febrmr.
òt Chrijlo obdormivit. He celebrado o fcu nome
I em todo o género de eftudos principalmente
na fcicncia da Thcologia, intelligencia da
Efcritura, e liçaõ vaíla da Hiftoria Sagrada, c
profana por Seraf. Razzi Hiji. di Ord. de Pred.
a. 31. Valer. And. Taxand. in Cathal. Ciar.
Hifpan. Script. Draud. in Bib. Clajftc. Poflev. in
Appar. Sacr. Tom. i. pag. 92. Plodio de Vir.
llluft. Part. 2. liv. 4. Nic. Ant. Bib. Hifpan.
Tom. I. pag. 86. Echard. Script. Ord. Prad.
Tom. 2. pag. 271. Manoel de Par. e Souf.
Esdrop. Portug. Tom. 3. part. 4. cap. 6. Joan.
Soar. de Brit. in Theatr. 'Lujif. Litter. lit. A.
n. 117. chamando-lhe Vir eloqmntia, et eru-
ditione confpicuus. Monteir. Claujl. Domin.
Tom. 3. pag. 50. e 160. Fr. Luc. de Santa
Cather. Hi^. de S. Domingos da Prov. de Portug.
Part. 4. pag. 927.
Cathalogo das obras impreflas.
Chronicon Fratrum Ordinis Prcedicatorum,
in qno tum res notabiles, tum perfona doãrina,
religione, et Sanãitate confpicua ab exórdio
Ordinis ad huc ujque nojlra têmpora compleãun-
) iMr. Pariíiis apud Nicolaum Nivellium
1585. 8.
Bibliotheca Ordinis Fratrum Pradica-
torum, virorum inter illos doãrina injignium
nomina, et qucB Jcripto mandarunt opujculo-
rum titulos, et argumenta compleãens. ibi-
dem apud eumdem Typographum eodem
anno, et forma. Deíla obra fazem memoria
o P. Filippe Labbe in B/i». Bibliothec. pag. 19. e
Lippenio in Bibliofh. Real. Theolope. pag.
545-
In Tbtolo^a Summam D. Thoma Aqmnatis
marginalibus noiis, et indicationibus omnium cujuf-
cumque gentris authorum. NeíU obra, a que
chama Scoto in B/^. Hifpan. pag. ) 26. Herculei
plane laboris, et induftria confumio três anaoty e
meyo bufcando para o fim que intentava com
incanfavel deligencia, e laboriofa applicaçaõ
as authoridades dos Santos Padres, e autho-
res profanos, que o Angélico Doutor con>
fufamentc allegara, c na margem de cada
Capitulo notou as ditas authoridades, empe-
nhando-fe neíle trabalho com tanta indivi-
duação que até nas partes onde o Santo Doutor
diz ut Jupra diíium ejl, ou infra dicetur aponta
à margem os lugares a que fc remete. Pofto
que para eíla obra concorreflc hum Reli-
giofo natural de Bruxellas, que floreceo pelos
annos de 1450. fempre o noflb Fr. António
de Sena fuprio infinitas citaçoens, que fugi-
rão à deligencia do Religiofo que lhe precedeo
neíle trabalho, acrecentou muitas, e emendou
outras que eftavaõ erradamente citadas. Sahio
efta obra primeiramente dedicada ao Senhor
D. António. Antuerpiac ex Oííicina Planti-
niana 1569. com humas notas de Agoítínho
Hunio Theologo Lovanienfe. Depois fahio
na dita Oííicina 1575. com hum fuple-
mento à 3. Parte de Santo Thomaz dedi-
cado ao Commendador Mór de Caftella
Governador entaõ de Flandes, e fendo efta
impreíTaõ divulgada fem a Dedicatória, e
Prologo ao Leytor compoftos por Fr. An-
tónio de Sena que tinhaõ fahido na primei
ra ediçaõ, tanto fentio efta falta da qual
também fe queixa Nicol. Ant. in Bib. Hif-
pan. Tom. I. pag. 87. que demandou ao
ImpreíTor, o qual foy obrigado fuprir o
que injuftamente tinha tirado na fegunda
ImpreíTaõ.
In Quafliones D. Tòoma difputatas et qua
his conjun^ folent nota. Antuerpiac apud Bel-
lerum. 1571. foi. Eftas Notas mandou a Roma
para fe imprimirem em a nova ediçaõ das
Obras do Santo Doutor que fe eftava prepa-
rando, e com effeito fe puzeraõ.
Caiena áurea D. Thoma fuper Quatuor
Evangelia ad exemplaria antiquijjima M. S.
30
386
BIB LIO THE CA
collata, et repurgata, et indicationihus marginalihus
illuftrata. Antuerpix apud Offic. Plantin. 1575.
foi. Pariíiis apud Michaelem Sonnium 161 1.
foi. et ibi apud Dioniíium Moreau. 1637.
foi.
Commentarius D. Thoma in Genefim M.
S. Efta obra foy defcuberta por Fr. An-
tónio de Sena em o Convento dos Francif-
canos de FlelTinga. Sahio a primeira vez
dedicado ao Duque de Medina Celi. An-
tuerpiíe apud Bellerum. 1573. et Lugd. apud
Petrum Landry eodem anno in 8. et Antuerp.
apud Stelíium. 1575. 8.
Traduzio de Portuguez em Latim à inf-
tancia de Francifco Giraldes Embaxador de
Portugal em Inglaterra.
Meditationes aliquot, Jeu homilia fuper
aliquot vita Kedemptoris nojlri myfteriis, et
nonnullis EvangeUi locis; às quaes acrecen-
tou.
V. Fr. Humberti de Komanis Magijlri Gene-
ralis Ord. Prad. epijlola, feu Traãatus de tribus
ejfentialibus votis Keligionis, et alia ducB Con-
ciones. Lovanij apud Sernatium SaíTenum
1575. 12.
Vita Sanãorum Vatrum Ord. Prad. juffu
Magijlri Ordinis Seraphini Cavalli ex Surio
Carthujiano colleãce eidem Magiftro dicatce.
Sunt autem Sanãorum Dominici, Petri Martyris,
ThomcB A.quinatis, VincentiJ, Catherina de Senis,
Antonini, Kaymundi, Alberti Magni, Margaritha
Hungarica, et Jacobi Alemanni. Lovanij apud
Hyeronimum Wellseum 1575. 12.
De eruditione religiojorum univerja, qua ad
abjolutam religionis formam Jpeãant exaãijjimè
comprehendens. Lovanij apud Rutgerum Vel-
pium. 1575. 12. Eíla obra que Fr. António
de Sena julgou fer do Meftre Geral da Ordem
Fr. Humberto que certamente he de Fr.
Guilherme Peraldo, a conferio com os exem-
plares mais verdadeiros, e a illuftrou com
varias notas.
Index prcBcipuorum fere Authorum qui
fpiritualia, ac moralia, feu afcetica fcrip-
ferunt ex familia Pradicatorum. Pariíiis
apud Antonium Bertier. 1647. 4. Naõ fey
fe he diferente da Bibliotheca Ord. Fratr.
Prad.
Commentarius D. Thoma in Machabaos.
Eíla obra foy defcuberta pela fua deligen-
cia em Middelburgo, ou Flexinga no Convento
dos Francifcanos, a qual quiz imprimir em
Pariz no anno de 1584. porém fahio com
outras obras do Santo Doutor. Antuerpije
apud Cofmam Morelles. 161 2. foi.
Cathalogo das obras naõ impreíTas.
CafariJ Arelatenfis Epifcopi Sermones XII.
ad Monachos. Eíles Sermoens nunca fahiraõ
à luz, e foraõ tresladados por Fr. António
de Sena de hum M. S. que fe confervava na
Bibliotheca do Cardial Seripando, e agoca
exiílem na Bibliotheca Carbonária dos Ere-
mitas de Santo Agoftinho em Nápoles.
Quafiiones Theologica prafertim ad materiam
de Fidefpeãantes.
De Quintuplici flatu hominis in quo diftinãe qua
ejfe, et pojje illius in quolibet attinent, quid ve ille
cognofcere, et agere pojjit, difputat, et novas quorum-
dam, prophanafque impugnat fententias.
De comparatione virtutum, et vitiorum; ainda
incompleta.
Opus Theologicum. Eílava acabado mas ,
naõ tinha ainda titulo.
Vita B. Joanna Alphonji V. et Elifabetha
PortugallicB Kegum filia Sanãimonialium Ord.
Prad. in Monajierio JESU dião Civitatis Aveiro
habitu induta.
Vita Beatorum Petri Gundiffalvi, (ò' Gundi-
falvi de Amarantho, Petri Laici Eborenjis, et JE^-
dij Scalabitani. Todas eítas vidas efcritas nas
Chronicas Portuguezas verteo em Latim Fr.
António de Sena as quaes vindo ao poder de
Fr. Eílevaõ de Sampayo feu Companheiro nas
peregrinaçoens, e defterros, novamente as tra-
duzio em Latim mais puro, e as publicou no
feu Thesaurus arcanus Eufitanis gemmis refid- .
gens. Pariíiis apud Thomam Perier. 1586. 8.
Chronicon generale ab anno Chrifli M. ufque
ad fuam atatem. Deíla obra faz memo-
ria Nicol. Ant. in Bib. Hifpan. Tom. i. pag. 87.
col. 2.
Hifloria de Portugal. Foy aprezentada
depois da morte do Author ao Senhor D.
António como efcreve Francifco Galvaõ
na Bib. Eufit. M. S. onde o lemos.
Fr. ANTÓNIO DE SERPA natural
da Villa do feu appellido a qual eílà íituada
na Província Tranílagana onde teve por
Pays a Joaõ Bentes Farto, e Maria Prego.
L USITANA.
38;
Reccbeo o Hábito Setafioo ha informada Pro-
víncia da Piedade onde depois de aprender as
Iciencias mayores as enfinou aos feus domeíli-
cos. Na intclligenda das Efcrituras foy infignc
confumindo todo o tempo, que lhe reílava das
occupaçoens Religiofas nefte eíhido. Acompa-
nhou ao Marquez de Niza D. VaTco Luiz da
Gama por feu ConfeíTor quando no anno de
1647. foy mandado Embaxador Extraordinário
à Mageílade delRey OiriílianiíTimo. Voltando
ao Reyno fendo já Qualificador do Santo Offi-
cio foy nomeado Bifpo de Cochim, cuja digni-
dade modeílamentc rcgeitou. G^m prudência,
e fuavidade governou os mayores lugares da
Provinda fendo hum delles Guardião do Con-
vêto de Sãto António dos Olivacs em G:>imbra
onde morrco no anno de 1664. Dclle fe lem-
braõ Nic. Ant. in Bib. Hifp. Tom. i. pag. 126. e
Tom. 2. pag. 285. Wading. de Script. Ord. Min.
pag. 37. lhe chama Concionator eruditus. Fr.
Joan. à D. Ant. in lòib. Franc. Tom. i. pag. 127.
Card. Agiol. Lufit. Tom. 3. pag. 442. no Cõ-
mcnt. de 28. de Mayo letr. G. P. D. Emman.
Caet. de Soufa in Exped. Hifpan. S. Jacobi
fom. 2. pag. 1305. Joaõ Franco Barret.
Bib. Lídjit. M. S. letr. A. n. 245. Compoz
Eucharijlica Chronologia ab ipfo mundo per figu-
ras legis natura depiãa, eb* ennarrata. Pariíis
apud Sebaílianum Cramoyíi. 1648. foi.
Efta obra foy approvada por dous famo-
fos Varoens da Ordem Seráfica quaes foraõ
Fr. Joaõ de La Haye, e o noíTo Fr. Fran-
cifco de Santo Agoílinho Macedo, que em
louvor do Author lhe confagrou a fua ele-
vada Mufa o feguinte epigramma.
Te genuit Serpa-, €>* doãam dimijit in Urbem
Stemmata, cui Jerpens, hinc dedit inde Leo.
Serpenti ingenio fimilem te reddidit illa:
Serpenti hacjludio, confilioque parem.
U traque ferpenti voluit te opponere mortem,
Qtta tulit in vetito pernicioja cibo.
Sic divina tuam fiimulat Japientia mentem
Syderium utfacra condiat arte cibum.
Ut cum Lathiferii ferpens dat você venenum,
Vitales pojfis reddere Serpa dapes.
ANTÓNIO SERRAM DE CRASTO.
Naceo em Lisboa no anno de 16 10. e
foy dotado de hum génio jocofo, e feftival
para a Poeíia fendo hum dos principaes
Académicos da Academia dos Singulares
inílituida no anno de 1663. em cuja caía fe
faziaõ as conferencias, onde em veríb, e
profa deu por varias vezes claros argumentos
do feu engenho merecendo os applaufos
dos feus CoUegas Luiz de Bulhaò, António
Marquez Lesbio, Pedro Duarte Ferraõ, Joaõ
Ayres de Moraes, António Lopes GÚ>ral,
e ainda do infigne Poeta Ignado Figueífa
Duraõ in luiur. Pamaf. Ram. 2.
Aut te pulfantem cytharam Serrane coronam
Crederet effe meios, quo cali Jpbara movetur.
E em outra parte
Duraque carminibus Serranu faxa mopeníi.
O Doutor Manoel da Sylva LeitaÕ Arte
com Vida, e Vida com Arte cap. 2. Advert.
18. §. 26. o intitula Celebre . Imprimio
Relação das grandiojas feftas, com que os Keli-
ffojos da Sagrada Ordem dos Pregadores do Reat
Convento de S. Domingos dejla Corte celebrarão as
Canonit(açoens dos Glorio/os Santos S. Luiz ^^~
traõ, e Santa Kofa Maria, e Beatificação de Santa
Margarida de Saboya no anno de 1671. Lisboa
por Joaõ da Coíla 1671. 4. He efcrito em
Romance
Por eíla obra o numerou entre o Qoto dos
Poetas Portuguezes o P. António dos Reys
in Ejtthufiafm. Poet. num. 241.
Crajlus ubi fejliva Kofafolemnia cantat
Impofitãqm aris Beltranii^ eS>* thura S abatida
Margaridi conceffa recens.
Nos dous Tomos das Academias dos Sin-
gulares de Lisboa, que fahiraõ impreíTos no
anno de 1665. e 1668. em 4. eílaõ duas Ora-
çoens de António Serraõ de Craílo recitada
a primeira em 27. de Janeiro de 1664. e a 2.
em 12. de Fevereiro de 1665. vinte Sonetos
trinte e fete Romances doze Gloffas, e duas
Decimas a diverfos aíTumptos.
No Certame, que fe fez em applaufo da
Canonização de Santa Maria Magdalena de Paz-
zi eílà hum feu Romance burlefco em a terceira
parte do Forajleiro Admirado impreíío. Lisboa
por António Rodrigues de Abreu 1672. foi.
Compoz mais, ainda que fe naõ imprimio.
Relação da entrada, que fi^eraÕ em Usboa os
Serenijftmos Rejs D. Affonjo VI. e D. Maria
Francifca Isabel de Saboya em 29. de Agofio
de 1666. dividida em cinco Romances. 4.
Vivia pelos annos de 1683. e 1684.
388
BIBLIO THECA
Fr. ANTÓNIO DE SETUVAL cujo
apellido indica a pátria donde era natural. Foy
Religiofo da Ordem Seráfica da Provincia de
Portugal, a quem Hypolito Marraccio in
Biblioth. Marian. Part. i. pag. 134. intitula Vir
tnorum prajlantia, (âf doãrina praeminens, muito
verfado nas divinas letras, e afFeâuofiíTimo
devoto de Maria SantiíTima em cujo obfequio
compoz a obra feguinte.
Coroa de do\e ejlrellas da Virgem Senhora
Nojfa. Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1632. 4.
Neíle volume, que comprehende 554. folhas
fomente trata de quatro eílrellas. Do Author,
e da obra fe lembraõ Nic. Ant. in Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 126. Fr. Fernand. da Soled. Hifl.
Seraf. da Prov. de Port. Part. 3. Liv. i. cap. 21.
n. 132. Fr. Joan. à D. Ant. in Bib. Franc.
Tom. I. pag. 127. Alva y Aílorga in Milit.
Conception. pag. 123.
ANTÓNIO DA SYLVA natural de
Évora filho do Doutor Manoel da Sylva in-
figne Jurifconfulto, e Dezembargador no
Reynado de Filippe III. como efcreve o P.
Franc. da Fonfeca na Bvor. Glorio/, p. 410.
Foy igualmente douto nas letras humanas,
e Poefia como na Hiftoria Sagrada, e pro-
fana, e Genealógica de cujos eíhidos dei-
xou diverfos monumentos em que eterni-
zou a fua memoria fendo os principaes.
Uniaõ dos Rejnos, e Senhorios da Mo-
narchia Efpanhola dividida em 13. Livros.
O I. da Geografia, e coufas de Efpanha. O
2. do Rejno de Leaõ. O ^. do Rejno de Caf-
tella. O 4. do Rejno de Aragão. O ^. do Rej-
no de Navarra. O 6. do Rejno de Portugal.
O 7. dos outros Rejnos de menos importância
como Jaen, Murcia, e Granada. O %. do Rejno
de Nápoles. O 9. de Milaõ. O 10. de Borgonha.
O II. dos EJlados de F landes. O 12. das índias
Orientaes. O 13. das índias Occidentaes. De to-
dos fomente tinha completo o i. e 8. M. S.
Dialogo entre dous Caçadores qual tempo
he o melhor para a Caça,fe o Veraõ,fe o Inverno}
M. S. Conftava de cinco folhas.
Arvores Genealógicas dos Princepes da
Chriftandade , que tem Joberania. Defta obra
faz mençaõ o P. D. António Caetano de Soufa
no Apparat. à Hift. Geneal. da Gafa Real
Portug.p2ig. 105. §. 3.
Primeras Tragedias Efpanolas. Ni/e lajli-
mofa,j Ni/e laureada D. Ignet^ de CaJlro,j Vala-
dares Prince:(a de Portugal. Madrid por Fran-
cifco Sanches 1597. 8. Cuja obra louva o P.
António dos Reys no feu Enthufiafm. Poef.
n. 37. eftranhando a Nicoláo António, que
fizeíTe ao Author natural de Galliza quando
certamente he de Portugal.
Do Amor bom, e mào. Confiava de varias
cançoens, que no anno de 1603. tinha jà
promptas para a ImpreíTaõ.
Compoz muitas, e diverfas obras poéticas a
vários aíTumptos aífim fagrados, como profa-
nos, e delle he o celebre Soneto.
Choraj Nynfas dos rios Eufitanos. Aiíir-
ma-fe fer fua a Praftica com que foy recebido
em Évora Filippe III. como também as inf-
cripçoens dos Arcos, que neíla occafiaõ fe
levantarão.
P. ANTÓNIO DA SYLVA. Filho de
Manoel Alvares Figueira, e Izabel da Sylva,
naceo na Villa de Aveiro do Bifpado de Coim-
bra donde paliando a Lisboa entrou quando
contava 17. annos de idade na Companhia de
JESUS a 7. de Março de 1622. Pelo largo
efpaço de quatorze annos leu Letras Huma-
nas, Rhetorica, e Theologia Moral. Morreo no
Collegio de Santarém a 16. de Abril de 1666.
Delle fe lembra o P. António Franco na Imagem
da Virtude em o Noviciado de Lisboa, pag. 964.
e António Carv. da Coíl. Corog. Portug. Tom.
2. Trat. 3. cap. 4. e a Bib. Orient. moderna-
mente acrecentada Tom. i. Tit. 8. Col. 154.
compoz
Sol do Oriente S. Franci/co Xavier da Compa-
nhia de JESUS do qual como em breve Mappa dejcre-
ve os de^ annos da fua milagrofa vida no Oriente.
Lisboa por António Crasbeeck de Mello. 1665.
12. No fim traz Novena do mefmo Santo.
ANTÓNIO DA SYLVA natural da
Bahia de todos os Santos Capital da Ame-
rica Portugueza, Licenciado na faculdade
dos Sagrados Cânones, e Vigário da Par-
rochial Igreja do Corpo Santo do Arrecife
de Pernambuco. Naõ fomente foy vigi-
lante do paílo das fuás Ovelhas, mas muito
applicado ao miniílerio do Púlpito deixando
LUSITANA.
389
pii I :irgumcnto da capacidade que pata elle
I iiili.i.
Scrnioens das Tardes das Dominas da Qjia-
////(/ ('itiuidas na Ala/ri^ do Arrtcift d» Pemam-
ico no anno de 1675. No fim dcíles cinco Dif-
. urfos traz SermaÕ do Mandato. Lisboa por
loaò da Coda 167). 4.
OrafaÕ fimehre nas lixeqiàas da Serenijfima
Prinee^a D. lf(ahel Ijàt^a jot^epha celebradas na
Mifericordia da Cidade de Olinda aos j. de teve-
leiro de 1691. Lisboa por Miguel Manefcal
ImprcíTor do Santo Oflficio. 1691. 4.
Memoria da vida, e acçoens de D. EftevaÔ dos
\anfos hijpo do Bra^i/, e religiojo de Santo AgoJ-
iinho d» Cónegos Regrantes, Dedicada ao Doutor
JoaÕ Carneiro de Moraes do Confelho de Sm
Altet(a; e feu De^^embargador do Paço acabada
t4. de Julho de 1655. foi. Aí. S. Cujo originai
fe confcrva cm poder do P. D. António
Caetano de Souza Clérigo Regular, e Aca-
démico Real onde o vimos. Efta obra chegou
a fer imprefla até o caderno da letra D. mas
naõ fe continuou.
SermaÕ Jimebre nas Exeqirias do llluftriffimo
l^ifpo de Pernambuco D. Matbeos de Figueiredo, e
Mello affijlindo Caetano de Mello, e Cajlro Gover-
nador da Praça de Pernambuco. M. S.
ANTÓNIO DA SYLVA natural de
Lisboa Ourives da prata, e Enfayador da
Cafa da Moeda. Para inílruir aos artifices
deíla fabrica na perfeição com que deve
fer lavrada^ e cunhada a moeda, efcreveo.
Direãorio Praãico da prata, e ouro,
em que fe mojlraõ as condiçoens com que fe
devem lavrar efles dous nobilijftmos metaes
para que fe evitem nas obras os enganos,
e nos artífices os erros. Lisboa por Miguel
Manefcal ImpreíTor do Santo Ofíicio , e
da SereniíTima Cafa de Bragança. 1720.
4. Morreo em Lisboa a 8. de Novem-
bro de 1723. Eftá fepultado no Convento
do Carmo.
ANTÓNIO DA SILVA ALVARES
natural da Cidade do Porto muito perito nas
efpecies da Arithmetica, e nas regras de
Orthografia, as quaes para que mais facil-
mente fe percebeílem, compoz.
Regras de efcrever certo, e exemplar de
contas em que fe etifina com toda a clareia o method»
de boa Orthografia, e juntamente a praxe das qimtro
efpecies de conta. Coimbra no Real Collcgio das
Artes da Companhia de Jefus 171 j. 12.
ANTÓNIO DA SILVA DE BRITO
traduzio do Caílelhano de Jeronymo Cortèt
em a lingua materna.
Fjfioffiomia de vários Segredos da natureza.
Lisboa por Miguel Manefcal ImprcíTor do
Santo OíTicio. 1699. 8.
Emendou, e reformou conforme o Expur-
gatorio da Inquifiçaõ, e veiteo em Portuguez
do mefmo Jeronymo Cortês.
O non plus ultra do L/tnario, e Prog^oflico per-
petuo geral, e particular para todos os Reynos, e
Provindas. Lisboa pelo dito ImpreíTor 1705.
8. e Coimbra por Jozé Antunes da Sylva
Impref. da Univeríid. 1730. 8.
ANTÓNIO DA SILVA PEREYRA
natural de Lisboa Commendador da Ordem de
Chrifto, filho de António da Sylva, e de Maria
da Coíla Figueira. No tempo que Chriílovaõ
de Almada era Governador, e Capitão General
da Praça de Mafagaõ o mandou por Embaxa-
dor ao Reyno de Marrocos cuja incumbência
executou com grande credito do feu talento.
Foy muito applicado ao eíhido da Hiftoria, e
particularmente da Genealogia extrahindo
com immenfo trabalho dos melhores Ge-
nealogiílas tanto na verdade, como na ave-
riguação.
As Famílias illuflres de Porutgal. 11. vol.
em folha.
Os quaes efcritos por fua maõ os difpoz
pela Ordem Alfabética.
Efcreveo mais.
Arvores de Cofiado antigas, foi.
Todos eíles 12. Tomos primorofamente
encadernados, e com as folhas douradas,
que muitas vezes temos vifto, conferva em
feu poder o P. D. António Caetano de Souía
Clérigo Regular, e Académico do numero
da Academia Real fazendo deUes, e do Author
honorifica mençaõ no Apparat. à Hifl. Genea-
log. da Cafa Real Portug. pag. 144. §. 168.
Efcreveo mais.
lembrança da Carta que mandei ao Senhor
Riry Fernandes de Almada em repofla de
Jço
BIB LIO THE CA
outra em que o dito Senhor me ordenava lhe dejjfe
conta de tudo o que Je tinha paffado de/de que daqui
partimos. Contem ella o primeiro anno do governo
4o Senhor ChrifiovàÒ de Almada feito na Praça de
Ma^agaõ com os Jeus Jucejfos, e também os da
Jornada do mar, arribada ao Algarve, chegada
Àquella Fortalet^a, Vijita do Alcayde de A^amor
nella, e Embaixada ao Império de Marrocos,
prociffaõ do Corpus Chrijii, refgate de Nojfa
Senhora, e Sermão do me/mo Re/gate. 4. M. S.
cujo original conferva na fua Livraria Jo2é
Freire Montarroyo Mafcarenhas como vimos.
Foy cafado com D. Maria Jacinta de Azevedo
filha de Manoel dos Anjos Heytor, e de Luiza
<de Azevedo de quem teve huma filha . Morreo
■em Lisboa a 14. de Mayo de 1704.
ANTÓNIO DA SYLVA DE SAMPAYO.
Naceo em Lisboa a 5. de Mayo de 1691.
e teve por Pays a Jozè da Sylva de Sam-
payo, e Maria da Conceição, e Fonfeca.
Apprendeo as Letras Humanas no Col-
legio de Santo Antaõ dos Padres Jefuitas,
e Filofofia na Congregação do Oratório de
fua pátria donde paíTou à Univerfidade de
Coimbra, e applicando-fe ao elludo do Di-
reito Pontificio recebeo nelle o Grào de Ba-
charel a 7. de Abril de 171 8. Ordenado de
Presbytero exercitou o minilterio de Patro-
no de Caufas Forenfes em que alcançou
tanta opinião das fuás letras, que fendo Pro-
thonotario Apoftolico creado pela Santidade
de Clemente XII. em 21. de Junho de 1734.
foy eleyto Promotor da Juíliça na Relação
Ecclefiaftica do Arcebifpado de Lisboa a 27.
de Setembro de 1737. Em obfequio da
infigne Virgem Santa Maria Magdalena de
Pazzi de quem he cordial devoto efcreveo
com eftilo elegante.
A Flor de Florença, ou Vida da Extática
Virgem Santa Maria Magdalena de Pa^. Lis-
l)oa por Miguel Rodrigues. 1730. 8.
Compilação do Direito Canónico aos cinco
Eivros das Decretaes illujlrado com o Direito
■das Conjlituiçoens dejie Arcebifpado, e Ordenação
do Rejno. 2. Tom. 4. M. S.
Elogio fúnebre do Doutor Manoel Pe-
reira da Sjlva Eeal Académico da Acade-
mia Real. M. S. Eftà jà com as Licenças
para a ImpreíTaõ.
Vida de S. Vicente de Paulo Fundador da
Congregação da MiffaÕ. M. S.
Jozè António Monteiro Bravo in Cen-
tuaria Epigramatum lhe dedica os epigram-
mas 45. e 46. em feu applaufo.
ANTÓNIO DA SILVA, E SOUSA
Naceo na Villa das Caldas da Rainha no
Arcebifpado de Lisboa em o anno de 1601.
filho de Henrique da Sylva, e Soufa, e An-
tónia Nunes, e irmaõ de Joaõ da Sylva,
e Soufa Vigário perpetuo do Hofpital da
Villa da fua pátria. Na Athenas Conimbri-
cenfe fe applicou ao eíhido do Direito Ce-
fareo, onde recebendo com applaufo de todos
os Académicos o gráo de Doutor, naõ foy
menor o com que por alguns annos fe oppóz
às Cadeiras da mefma Univerfidade. Accla-
mado o Sereniffimo Rey D. Joaõ IV. que-
rendo exercitar as fuás letras em beneficio do
Reyno mais no eftudo pradtico, que no efpe-
culativo, foy defpachado Provedor de Beja, e
Auditor da gente de guerra donde foy trans-
ferido a Dezembargador do Porto, e à Cafa da
Supplicaçaõ em 13. de Janeiro de 1660. depois
Dezembargador de Aggravos em 10. de
Novembro de 1661. NeJftes lugares moílrou
tanta capacidade, e inteireza que mereceo fer
eleito Enviado a Inglaterra, porém como pela
morte de Carlos I. fe defvaneceífe eíla jor-
nada foy mandado com o mefmo caraâer à
Corte de Suécia a tratar negócios graviíTimos
fendo o principal a Uberdade do Sereniffimo
Infante D. Duarte a que fortemente fe opunha
o Embaxador de Caftella aífiílente na mefma
Corte, o qual paífando das negociaçoens occul-
tas a violências manifeílas, aífaltou com cin-
coenta homens armados a Cafa do noíTo
Enviado que acompanhado fomente de dezoito
homens naõ fomente rebateo efte temerário
infulto, mas o caftigou com a morte de
dous, e as feridas de muitos por cuja vale-
rofa acçaõ confeguio grandes créditos na-
quella Corte merecêdo que a Rainha Chrif-
tina a efcreveíTe a ElRey D. Joaõ o IV.
Todo o tempo que aíTiílio em Suécia acom-
panhou em varias Campanhas a ElRey Car-
los a quem era muito aceito por feu maduro
juizo, e natural afabilidade, até que fe reti-
rou por ordem do feu Soberano para a Cidade
LUSITANA.
(Ic Hamburgo, e fendo eleito Embaxador Ordi-
II III t dos de Olanda naô exercitou eíle
niiiii I reprefentar a ElRey naõ Ter con-
vcnu Mtr II 1 juella occaíiaô aos intereííes politi-
oos deíla Monarchia. Reílituido á Corte aten-
dendo o Príncipe Regente D. Pedro aos gran-
des ferviços que tinha feito em obfequio
defta G>roa aíTim no Reyno, como fora dclle
o fez Corregedor do Crime da Corte, e Cafa
em 7. de Janeiro de 1668. com huma
Commcnda de duzentos mil reis na Ordem
I' de Chriílo a qual nomeou por faculdade
que teve, cm fcu filho mais velho o De-
cnil)argador Francifco da Sylva, e Soufa.
Ultimamente fendo Deputado da Meza da
('onfciencia, c Ordens que exercitou pelo
cl paço de três annos, morrco cm Lisboa
a 26. de Abril de 1676. com 75. annos de
idade. Foy fepultado no Cruzeiro da Igreja
do Convento de Santo Eloy ao lado do Evan-
gelho para fer transferido à Capella de Saõ
Bíirtholameo fituada na Villa das Caldas com
MiíTa quotidiana. Compoz.
Jui:^o, ou Vaticinio politico ai Keyno de Stiecia
íiebaxo dela conduta dei muy alto,y poderofo Prín-
cipe Caríos Gujlavo Su Rej. Holmia por Juan
Janflbnio. 1655. 12.
Ifíjlrucion politica de Legados. Amburgo.
1656. 12.
Quejioens Forenfes. 2. Tom. Conftavaõ
dos cafos mais celebres que fucederaõ no
tempo que foy Dezembargador dos Aggra-
vos, os quaes fe confervavaõ em poder de feu
filho o Dezembargador Francifco da Sylva,
e Soufa.
Delle fazem mençaõ Nic. Ant. in Bib.
Hi/p. Tom. I, pag. 126. e Diogo Henriques
de Villegas no livro intitulado El Príncepe
enfu idea.
ANTÓNIO DA SYLVA VIEIRA.
Para teílemunhar o ardente, e affeftuofo
culto com que venerava a Imagem da Vir-
gem SantiíTima com o titulo da Oliveira
que eílá coUocada em hum mageílofo
nicho na Confeitaria da Gdade de Lisboa,
efcreveo.
Oliveira Mjjiica, ou devoção, e obfequios a
Mana Santijfíma Senhora Nojfa. Lisboa por
António Pedrozo Galraõ. 1721. 24.
Fr. ANTÓNIO DA SYLVEIRA. Naceo
em Lisboa a 25. de Janeiro de 1709. onde foy
educado com taô virtuofos documentos por
feus Pays Jozè da Sylva de Araújo, e Thereza
Maria Cerveira, que na tenra idade de 14. anflos
deixou o mundo, e fc recolhco na ílluftrc Reli-
gião da SantiíTima Trindade profcíTando o feu
Inílituto no Convento pátrio a 29. de Março de
1725. Por fcr dotado de engenho muito pcrf-
picaz ao tempo, que eíludava as fciencias efco-
laílicas logo foy deílinado pelos feus Meíbe»
para as enfinar com applaufo, cuja laboríofa
cmpreza dczcmpcnhou aíTim no Collegio de
Coimbra, como em o Convento dcfta Corte
fcguindo com hum methodo fubtil defcuberta
pela fua aguda comprehenfaò as opinioens
menos feguidas. Naõ fomente he bom Theo-
logo, mas inílgne Efcriturario de que he mani-
fefto argumento a obra feguintc.
Di/cordia concors, feu Sacra Scriptura Anti-
logtce brevi calamo conciliata. UlyíTipone apud
Emmanuelem Fernandes da Coíla S. Offici)
Typ. 1738. 8. Mais 4. volumes do mefmo
aíTumpto M. S.
Cenjurafobre a quejlaõfe devem fer admitidos às
Conefias Doutoraes das Cathedraes os Profejfores
de Leys. Sahio no Livro intitulado Fafciculus
fententiarum a Petro Villas-Boas e Sampayo Col-
leHus. Conimbricae apud Antonium Simoens
Ferreira 1738. 4. a pag. 33. atè 36.
Fr. ANTÓNIO DE SINDE natural do-
Confelho de Sinde do Bifpado de Coimbra
donde tomou o appelido. Antes que profeíTaflc
o penitente, e auílero Inítituto de Frade Capu-
cho na Seráfica Provinda da Piedade, era
Licenciado em Cânones, e de tal forte obfervou
os eftatutos religiofos que fendo eleito Defini-
dor no anno de 1617. paflbu a fer ComiíTario-
Viíitador da Provinda de S. Jozé em Caílella.
onde aíTilHo o reílante da vida por entender o
queriaõ eleger Provindal da Provinda Por-
tugueza. Foy ornado de grande talento,,
que fe fazia mais eítimavel pela innocencia
da vida como claramente fe infere da carta
efcrita de Madrid a 8. de Fevereiro de
1622. ao Provincial pelo Comiflario Geral
Fr. Bernardino de Senna em que lhe diz.
NtfÕ objiante que o Padre Fr. António de Sinde^
he Guardião j ponha V. P. em feu lugar bum
392
Prejidente, e mande o com patente Jua a ejla Corte
por fer Keligiofo de quem tenho muito boa infor-
mação ajftm de Juas letras, como de feu bom proce-
dimento, e virtudes para que me ajude delle nos
negócios de que tiver necejjidade, por ferem de muito
pe^o (à^c. Foy bom pregador, e muito
2elofo dos augmentos da fua Provinda da
qual com grande difvelo trabalhou em com-
por em diálogos.
Chronica da Provinda da Piedade de cujo
trabalho fe aproveitou Fr. Manoel de Mon-
forte na que efcreveo, e imprimio no anno de
1696. como elle ingenuamente confeíTa no
Prologo ao Leitor dÍ2endo. Valeo-me muito o
^ue nefie particular haviaõ Jà trabalhado dous
Keligiofos defla Provinda Fr. António de Sinde, e
Fr. Manoel de Ni^a.
ANTÓNIO DE SIQUEIRA DA GAMA
natural da Villa de Campomayor da Província
Tranftagana, e filho de Fernaõ Martins de
Ayala ComiíTario da Cavallaria da Corte, e de
D. Catherina da Gama, e Attayde, que o edu-
carão como fe efperava da nobreza dos feus
nacimentos. Teve notável génio para a Poefia,
e Jurifprudencia, de cujas Faculdades deixou
vários monumentos, admirandofe em huns
a profundidade de feu talento, e em outros
a jocofidade da fua Mufa fempre difcreta,
e conceituofa, e nunca pueril, pela qual
mereceo repetidos applaufos em diverfas
Academias. Morreo em Lisboa a 19. de
Novembro de 1727. e jaz fepultado na Paro-
chia da Encarnação. Como era fummamente
devoto das Almas do Purgatório para acender
eíle pio affeôo nos Coraçoens dos Catholicos
naõ fomente publicou, mas graciofamente
repartio.
Novena das Almas do Purgatório. Lisboa
por Pafchoal da Sylva ImpreíTor de fua
Mageftade 171 2. 24. & ibi por Miguel Manef-
cal ImpreJTor do Santo Officio. 171 8. 24.
e Coimbra por Jozé Antunes da Sylva Im-
preíTor da Univeríidade 171 9. 24.
Fr. ANTÓNIO SOARES natural de
Lisboa filho de Lourenço Soares de Mello
Mordomo Mòr do Cardial Infante D. Af-
fonfo. Na tenra idade de nove annos vef-
tio a Cogulla Ciílercienfe no Real Convento
BIBLIO THECA
de Alcobaça onde completos os annos, que fe re-
querem para a profiíTaõ folemne a fez no mefmo
Convento com grande fatiffaçaõ de todos os
Monges. Com a continua liçaõ da Sagrada
Efcritura concebeo ferverofos dezejos de tef-
timunhar com os olhos os Sagrados Lugares
onde o Redemptor do mundo para fua reftau-
raçaõ padeceo atrozes tormentos. Para eíic
effeito a que fomente o eftimulava a devoção,
e naõ a curiofidade, fem dar noticia a feu Pay,
e unicamente ao Prelado, e Núncio Apoílolico
fahio de Portugal no anno de 1554. Entrou
em Roma a tempo, que era Vigário de Chrifto
Júlio III. de quem recebeo particulares favo-
res, e além de lhe dar faculdade para que
vifitaíTe os Santos Lugares lhe entregou
huma carta para o Patriarcha dos Maronitas
com o qual havia tratar negócios graves de
que deu boa fatisfaçaõ. Voltou para Portu-
gal no anno de 1583. em companhia do P.
Jeronymo Rodrigues, e o Irmaõ Balthezar
Dias Jefuitas, que tinhaõ hido à Terra Santa
cumprir hum voto, que o Cardial D. Henrique
deixara declarado no feu Teftamento, de que
hum Religiofo da Companhia fizeíTe por elle
aquella jornada a que deu cumprimento
ElRey Filippe acrecentando, que fofle outro
em obfequio delRey D. Sebaíliaõ, como efcre-
ve o P. António Franco in Synopf. Annal. S. J.
in L,uft. pag. 129. De tudo quanto era digno
de fe obfervar em taõ larga peregrinação
compoz.
Itinerário no qual fe referem os fuccejfos mais
raros da fua jornada, narrando as varias naçoens
com que tratou ajfim da Europa, como da At(ia;
os feus cojlumes, ritos, fuperjliçoens, Provindas por
onde paffou, terras, que vio de Efpanha, Itália,
Grécia, Palefiina, Samaria, Monte Ubano onde
defcreve os fitios, e princípios, que tiveraõ, e o
eflado em que prefentemente fe confervavaõ.
M. S.
Efta obra tinha em feu poder no anno
de 1688. o Doutor Fr. Diogo de Caftello-
Branco Chroniíla Mòr da Religião de Cifter
fendo muito digna de fe imprimir fe naõ
tivera truncadas algumas folhas. Delia faz
mençaõ Fr. Leaõ de Santo Thomaz na P>ene-
diã. L.ufit. Tom. i. Part. 2. cap. 23. §. 2.
pag. 391. dizendo, que do mefmo Itinerário
liv. 8. cap. 6. conílava eftar o Author em
LUSITANA.
Monferrate no anno de 1558. e a dedicatm
AO Cardial D. Henrique. Delle também fe
lembra Cardof. Ágio/, Lufit. Tom. 1. pag. 445.
col. I. no Cõment. de 15. de Fevereiro letr. A.
e Tom. 5. pag. 466. col. i. no G^ment. de 50.
de Mayo. letr. D. c o moderno Addicíonador
da Bib. Geogjraf. de António de Leaõ. Tom. 5.
Titul. unic. col. 1586.
Fr. ANTÓNIO SOARES. Naceo em
J^isboa donde paíTando a Caftella recebeo o
monacal habito do grande Patriarcha S. Bento
cm 19. de Março de 1 569. Applicado aos eftu-
dos filorofícos manifeílou com tal exceíTo a
fubtilcza do feu engenho, que fem demora foy
eleito Mcftre de Artes, que diélou no Q>1-
legio de Santo Rftcvaõ de Ribas de Sil. G)mo
nelle prcdominaíTc mayor génio para a Thco-
logia Expofítiva, que Efcolaílica antcpoz o
miniílcrio do Púlpito ao da Cadeira exerci-
tando com geral acclamaçaõ o officio de Ora-
dor Evangélico no celebre Convento de Mon-
ferrate. Por uniformes votos de todos os
Monges fubio ao lugar de Abbade do Real
Mofteiro de S. Pedro de Cardena porque ( como
delle efcreve Fr. Francifco de Berganza Anti-
gmd, de Efpan. Part. 2. liv. 8. cap. 12. n. 85. )
fobre la prenda de fer mtiy virtuofo era fobre
manera afable, y fin violentar-Je a ninguno podia
moftrar cefio. Depois de ter com larga profu-
faõ feito vários edifícios nefta Abbadia paflbu
a governar a de S. Vicente de Oviedo, e no
Capitulo feguinte foy eleyto Vifitador Geral
em cujo miniílerio terminou a carreira da vida
mortal para principiar a eterna no Convento
de Lerez a 27. de Dezembro de 1606. Efcreveo
Tratado em forma de Dialogo entre Ulijfeo,
e Valério fobre fer o tempo pressente melhor, q o
pajfado. Em cuja obra diô a entender ( faõ pala-
vras do jà allegado Berganza) grande ertidi-
cion de letras divinas, y humanas, con o de la per-
feãa intelligencia en la Filofofia natural, y Moral.
M. S. Conferva-fe no Archivo do Mofteiro
de S. Pedro de Cardenã.
Vida de S. Bento em Outavas, que foraõ
impreflas com as eftampas, que reprefentaõ
as acçoens mais notáveis do mefmo Santo
Patriarcha, no anno de 1597.
Hymnos, e verfos em louvor dos Santos
Martyres do Mofleiro de Cardenã. M. S.
393
Delle fazem illuílre memoria Berganza
no lugar já allegado, e Marangoni The^aur.
Parocò. Tom. z. Ub. 5. cap. i. n. 106.
ANTÓNIO SOARES natural de Setu-
val, e grande profeíTor de Medecioa, ou foílie
efpeculativa, ou praâica de cuja fdeoda
efcrevendo, e curando deu irrefxagaveis teíle-
munhos. Compoz
Bftpe Compendium quaflionum pracipue praâi-
carum, d^ particularium remediorum apuã ^verfos
Medecina Authores contentorum in ordinem Alpha-
beticum redaúorum. M. S. in foi. Eftava na
Livraria do Doutor Manoel Soares Brandão
iníigne Medico.
Colleííanea ad diverfos morbos utilis. Item
Tra£latus de Pleuritide.
D. ANTÓNIO SOARES DE ALARCAM
natural de Lisboa. Foy filho primogénito de D.
Joaõ Soares de Alarcão, e Mello, nono Senhor
defta Cafa, Alcayde mór de Torres Vedras,
Meftre Sala da Cafa Real, Commendador de
Saõ Pedro de Torres Vedras, e Santa Maria de
Maçaõ na Ordem de Chrifto, Senhor de Villa
Rey, Mordomo das Rainhas de Caftella D. Iza-
bel de Borbon, e D, Mariana de Auftria que
depois da gloriofa Acclamaçaõ do SereniíTuno
D. Joaõ o IV. aíTiftindo em Caftella fe intitulou
Marquez do Trocifal, e Conde de Torres
Vedras; e de D. Maria de Noronha filha de
Joaõ Fogaça de Eça Governador, e Capitão
General da Ilha da Madeira, e de fua mulher D.
Leonor da Camará, Foy muito eftudiofo da
Hiftoria, e com mayor difvelo applicado a
huma das fuás mais nobres partes qual he a Ge-
nealogia em que fez grandes progreflbs naõ
fendo inferior a noticia que tinha das letras hu-
manas Poefia, e Mathematica, e outras artes di-
gnas do feu claro nacimento. Morreo em Ma-
drid, e eftá fepultado no Real Convento das Re-
ligiofas defcalças de S. Francifco. Compoz.
Commentarios delos hechos dei Senor de Alar-
con Marquer^ de Valle SicHiana,y de Kenda,y delas
Guerras en que fe halló por efpado de fincoenta, y
ocho anos. Madrid por Diogo Dias dela Car-
rera. 1665. foi.
Kelaciones Genealoffcas dela Cafa delos
Marquefes de Truàfal, Condes de Torres
394
Vedras fu varonta Zevalos de Alarcon, por la
Caja,y prtmer appellido Suares. Madrid pelo dito
ImpreíTor. 1656. foi.
Arbol Genealógico dela Varonta de D. Fer-
nando Telle^i de Faro, y Sylva Conde de Arada.
M. S. Delle fe lembraõ com grandes elogios
D. Luiz Salazar, e Caftro em diverf. part. das
fuás Obras. Nic. Ant. in Bih. Hifp. Tom. i.
pag. 601. Franckenau in Bib. Hifp. Hiji. Geneal.
Herald, pag. 46. e D. António Caetan. de Soufa
no Apparat à Hift. Geneal. da Gafa Keal Portug.
pag. 105. §. 112.
ANTÓNIO SOARES DE ALBER-
GARIA. Naceo na Villa de Caftellobranco
no Bifpado da Guarda em o anno de 15 81.
e foy filho de Fernaõ Rodriguez de Coimbra,
e Francifca Soares de Albergaria ambos das
famílias mais nobres da Villa de Veyros.
Ordenado de Presbytero obteve hum Bene-
ficio na Parochial Igreja de Santo Eílevaõ de
Lisboa, e foy Capellaõ das Capellas de Santo
Eutropio cuja vida efcreveo, e de S. Matheos
de Lisboa. Teve bom engenho, feliz memoria,
e continua applicaçaõ aos livros principal-
mente hiíloricos, e Genealógicos em cuja
noticia diz delle Joaõ Soares de Brito in Theatr.
Ijufit. Utter. lit. A. n. 123. rerum Genealogi-
carum apud h.ujitanos peritijfimus. Retiroufe a
huma Quinta que herdou junto de Almada,
e edificou huma Ermida dedicada a Jefus
Maria Jozé no Caminho, que vay de Cafilhas
para N. Senhora do Cabo onde viveo parca-
mente. Compoz.
Trofeos 'Lujitanos. Lisboa por Jorge Rodri-
gues 1631. 4. Confia dos brazoens das fami-
lias iUuílres defte Reyno.
Kepojla a certas objeçoens fobre os Trofeos
'L.ufitanos. Lisboa pelo mefmo ImpreíTor.
1634. 4.
Na obra precedente a eíla fe vè o feu
Retrato com eíle epigramma na parte inferior.
Vera efl Authoris gravis hac quam cernis
imago
Sat notat hac maius fronte nitere Deus.
Antoni entitulos duplex tibi reddit imago
Hacfaciem ingenij flhemmata reddit opus.
Triumfos da Nobreza Lujttana, e ori-
gem de feus brazoens. 6. Tom. Tratava nelles
de quatrocentas famílias do Reyno, que
BIB LIO THE CA
certamente eftariaõ acabados, e entregues à
Impreflaõ porém ( faõ palavras do mefmo
Author no Prologo dos Trofeos Lufitanos )
nenhuma coufa fe começa bem, fe naõ he depois de
Deos, de algum grande Príncipe favorecida, z.
Tomos deíla obra fe confervaõ efcritos da
fua própria maõ na Livraria do Convento
da Graça de Lisboa, como também
Chronica dos Keys de Portugal defde o Conde
D. Henrique ate Felippe IV. de Caflella. foi.
M. S.
Titulo de Coutinhos hijioriado. M. S. da fua
própria maõ fe guarda na dita Livraria.
l^ivro de Armaria em que enjina, e declara
todos os modos, e formas de efcudos, e fuás Jignifi-
caçoens. M. S.
Tratado dos Santos Portuguet^es. Com
licenças para a ImpreíTaõ no anno de 1639.
Conferva-fe M. S. na Livraria dos Padres da
Congregação do Oratório de Lisboa.
Adágios em luitim, e Portugue^. M. S.
Delle trataõ D. Franc. Manoel na carta i.
da Centur. 4. efcrita ao Doutor Manoel da
Fone. Themudo, o P. D, António Caeta-
no de Soufa no Apparat. à Hifl. Gen. da Gafa
Keal Portug. Pag. 74. §. 59. P. D. Emmanuel
Caet. de Soufa in Exped. Hifpan. S. Jacob.
Tom. 2. pag. 1305.
ANTÓNIO SOARES DE FARIA
natural da Villa de Aviz da Diocefe de Évora
onde naceo no anno de 1642. Foraõ feus
Pays o Doutor Manoel Rodrigues da Vide
defcendente das principaes famílias da fua
pátria, e Maria Soares de Faria. Appren-
deo a faculdade de Medecina na Univerfi-
dade de Coimbra na qual foy eminente como
feu Pay, e feu Tio materno exercitando com
fciencia, e fortuna eíla arte na fua pátria
onde foy Vereador, e Phyfico Mòr do Exer-
cito na Província do Alentejo. Com-
poz
Fafciculus medicus praãicus ^x quattuor trac-
tatibus colleãus. Primus de Fontanellis. 2.
de Thermis. 3. de Laãe. 4. de rifu, recrea-
tione, (& Vino. UlyíTipone apud Michae-
lem Deslandes 1700. 4. Tinha prompto
para a ImpreíTaõ algumas apologias medi-
cas, e eruditas adiçoens às obfervaçoens de
Lazaro Riverio.
L USITANA.
Fr. ANTÓNIO SOBRINHO natural da
( i (ladr de Bragança na Província de Trás dos
\lunics, ou de Salamanca como efcrevcm D.
Nicolao António na Bih, Hifpan. Tom. i.
pag. 127. col. X. e P. Joaõ de Santo António
na Francifc. Tom. i. pag. 128. col. 1. ceru-
mentc filhu de António Sobrinho Portuguez
natural de Bragança como confeíTa o nieímo
D. Nicolao António no 2. Tom. da Bib/io//jeca
pag. 542. e por eíle principio juílamentc admi-
tido, e numerado entre os Authorcs Portu-
guezes. Teve por Mãy aquella celebre Matrona
Cecilia de Morillas, ou Henriquez, a cuja
virtuoía doutrina, com que vigilantemente
educou a nove filhos nacidos defte conforcio,
que illuílráraò a Jerarquia Hpifcopal, e Reli-
giofa, deve o exccflb que a todos fez António
Sobrinho, ou foíTc pela pcrfpicacia do juifo, ou
pela praftica das virtudes. Sendo o primeiro
Official da Secretaria de D. Gabriel de Zayas
Secretario de Eílado da Catholica Mageílade
de Filippe II. defprezando as eílimaçoens, e as
efpcranças do Mundo abraçou o auftero Iníli-
tuto da Reformada Província de S. Jozé, pro-
fcíTando em o Convento de S. Bernardino de
Madrid onde foy admirável exemplar da per-
feição Evangélica. Ainda que com repu-
i^nancia do feu humilde génio adminíílrou os
mayores lugares da Religião como foraõ
Definidor da Província de Saõ Paulo em
Medina, quando fe dividio da de Saõ Jozè,
Guardião do Convento do Calvário de Sala-
manca, Commiflario Geral, trez vezes Guar-
dião, e Vigário Provincial da Província de S.
Joaõ Bautiíla do Reyno de Valença, e em taõ
diverfas Prelafias fempre confervou exaâa-
mente a difciplina regular uzando para eíle fim
mais vezes da benevolência, que da feveridade.
Foy na Oraçaõ cõtinuo, na abftinencía rigo-
rofo, na charidade ardente, e na falvaçaõ dos
próximos vigilante. Cheyo mais de virtudes,
que de annos pois naõ paíTavaõ de 68. foy
lugrar o premio delias a 10. de Julho de 1622.
Ao feu enterro concorreu innumeravel povo
implorando o feu patrocínio para remé-
dio de diverfas infermidades. Fazem illuf-
tre memoria deíle grande varaõ além
dos Authores allegados Fr. António Panes
Chrofj. de S. Franc. Part. i. foi. 676. até 850.
onde largamente relata as fuás Revelaçoens,
395
Extafís, e Riilagres, pelos quaes fe trata na
Guria Romana da Tua Beatificação como
efcrcvc Fortunato Hucvcr in Menol. Pratic.
§. 8. Hifloric. Proloq. Wading. tU Script. Ori.
AU», pag. 58. lhe chanu pir eximia pietatis, et
mtijfima virtutis. Compoz.
De la vida ejpiritual, j perfecion Chriftiana,
Tratado de Penitencia, y pstrj^torio. Valência
por Juan Chrifoílomo Garriz 161 1. 4.
Jn D. joannis Apofloli Apocalypfim per Fr.
Antonium Sohrino Minoritam S. ]oannis Baptijla
lixcakeatorum Fratrum Provinda minimum, tt
immeritijfimum alumnum. Accejfit huic operi
eludicatio per eiimdem Authorem edita in Com-
mentaria Juper Apocalypfim Benediâi Árias Mon-
tani. 4. Eíle Original com as licenças para a
impreíTaõ do Miniílro Geral da Ordem Será-
fica Fr. Benigno de Génova fe conferva no
Archivo do Convento de S. Joaõ Bautiíla de
Valença com as obras feguintes.
Annotaciones ai Apocalypfe 2. tom. M. S.
Te/oros de Dios revelados a la Ven. M.
Francifca Lapes dividida em 3. Tomos que
efcreveo no anno de 1609. quando era Con-
feíTor deíla Serva de Deos M. S.
Sermoens das Domingas que comprehendem
a \. do Advento ate a Dominga 6. poft Epipha-
niam. %. M. S.
Sermoens das Domingas, e Ferias da Qua-
refma. 2. Tom. 8. M. S.
Viridario que comprehende Fabulas dos Gen-
tios moralis^adas. Emblemas moralizados.
Exemplos vários de vritudes, e vicios. Afo-
rifmos de Hipócrates redu^dos ao fentido moral
&c. M. S.
Singular privilegio dei Myfterio dela Im-
maculada Concepcion dela Virgen Senora
nueftra. Defte Tratado fez himia recopila-
çaõ Fr. António Panez, e a tranfcreveo no
Tom. I. da Chronic. de Prov. de S. Paulo líb. i.
cap. 22. n. 277.
ANTÓNIO SODRE PEREIRA DAS
COBERTEIRAS Senhor do Morgado
da Azoya filho de Vafco Sodre da Gama,
e de D. Luiza de Soufa Pereira das Co-
berteiras naceo na Villa de Santarém,
e na freguezia de N. Senhora de Maravilla
foy bautizado a 3. de Setembro de 1663.
fendo verfado na liçaõ da Hiíloria Sagrada, e
396
profana todo o feu mayor difvelo applicou
à Theologia Moral como fiel diredora da
Conf ciência, que dezejava trazer fempre bem
regulada, e fahio taõ eminente nefte género
de eftudo, que Compoz.
Mijcellanea Moral. 4.
Cuja obra por andar já nas maõs dos Cen-
fores fahirá brevemente à luz publica. Def-
pozoufe em o i. de Janeiro de 1714. com D.
Brites Bernarda de Vafconcellos filha de
Jozè Lucas Pereira da Sylva Fidalgo da Cafa
Real, e de fua primeira mulher Jozepha
Eufrazia de Vafconcellos de quem teve larga
defcendencia. O exceíTo com que fe appli-
cava ao eíludo lhe caufou hum eílupor que
o privou da vida na fua pátria a 18. de No-
vembro de 1728. Jaz fepultado na Igreja
de N. Senhora de Maravilla em o Jazigo da
fua Cafa.
D. Fr. ANTÓNIO DE SOUSA Teve por
pátria a Cidade de Lisboa, e por Pays a Martim
Affonfo de Soufa Governador que foy da índia,
e a D. Anna Pimentel dos quaes foy o Primogé-
nito. Na idade mais florente defprezando heroi-
camente as futuras dignidades que lhe prometia
a nobreza do feu nacimento fe recolheo na il-
luftre Ordem de S. Domingos deixando com o
feculo o nome de Pedro Affonfo de Soufa que
nelle tinha, cuja grande refoluçaõ querendo feu
Pay impedilla, e naõ podendo triumfar da conf-
tancia de feu filho, lhe deo faculdade para que
fofle Religiofo. Feita a profifl"aõ folemne no
Real Convento de Lisboa a 7. de Março de
1557. foy eíludar à Univerfidade de Lovanha,
onde fe graduou Bacharel em Theologia, e
depois Meftre da mefma faculdade pela Ordem.
No anno de 1 5 80. partio a Roma para aíTiílir ao
Capitulo Geral que fe celebrava, no qual por
morte do Meftre Geral Fr. Serafino CabaUi
fahio eleito Fr. Paulo Conftabili que era Meftre
do Sacro Palácio. Depois de ter fido Provincial
nefta Província no anno de 1559. e exercitar
com grande applaufo o miniílerio de Pregador
delRey o nomeou Vigário Geral de toda a
Familia Dominicana a Santidade de Clemente
Vni. a 22. de Agofto de 1594. Em remune-
ração da prudência, e madureza de juizo
com que tinha exercitado eítes lugares fubio
a occupar outro mais fubUme, qual foy
BIBLIO THE CA
o Bifpado de Vifeu fendo a elle aíTumpto em 4.
de Dezembro de 1595. enchendo as obriga-
çoens de Paftor vigilantiíTimo no breve tempo,
que governou eíta Diocefe, da qual paíTando a
Lisboa a curarfe de huma moleília, eíla fe fez
taõ rebelde à efficacia dos medicamentos que o
privou da vida em huma Quinta fituada no
Campo Grande nos fuburbios de Lisboa no
mez de Mayo de 1597. Jaz fepultado no Con-
vento da Caílanheira dos Religiofos Capuchos
da Província de Santo António que edificou
D. António de Attayde i. Conde da Caf-
tanheira, e na fepultura lhe gravou o epi-
táfio feguinte feu grande amigo, e parente
D. Jorge de Attayde que ao depois foy
Bifpo da mefma Diocefe.
D. O. M.
Fr. António de Soufa filio Martini Alphonfi
de Soufa^ et D. Anna Pimentel profejf o Ord. Prad.
in quo per XL,. annos Religiofus vixit et pro variis
muneribus in eo adminifiratis multas Chriftiani
Orbis partes peragravit, ac tandem ad Epifcopa-
tum Vifenfem affumptus annum L.VI. agens decej-
fit Maij CIjDXCVII.
Georgius Epifcopus amico, et confanguineo
charijfimo.
Trataõ deite infigne Prelado Fr. Manoel da
Efperanc. Hiji. Seraf. da Prov. de Portug. Part. 2.
liv. II. cap. 2. n. 5. Fernand. in Cert. Pradic.
ad ann. 1590. Echard Scrip. Ord. Prad. tom. 2.
pag. 296. col. 2. Soufa HiJi. de S. Doming. do
Rejn. de Portug. Part. i. liv. 3. cap. 2. Fontan.
in Theatr. Domin. Part. i. cap. 5. Titul. 640.
n. 2. Plodius de vir. Illujlrib. Part. 2. liv. 4.
Monteir. Claujir. Domin. tom. 3. pag. 57.
164. e 343. P. Joaõ Col. Cathalog. dos Bifpos
de Vifeu. n. 57. e Fr. Martinho do Amor de
Deos Chron. da Provin. de Santo António Tom. i.
liv. I. cap. 18. §. 148. PubUcou fem o feu
nome.
Manual de Epiãeto Filofofo traduzido de
Grego em linguagem Portugue^. Coimbra por
António Mariz. 1594. 12. e Lisboa por Antó-
nio Alvares 1595. 12.
Traduzio de Italiano em Portuguez.
Vida de S. Jacinto, a qual aífirma que fora
impreíTa, Francifco Galvaõ na Bibliothec. hnfit.
M. S.
I
L USITANA.
h?
Verteo em Portuguez para fua InsSa a
( mikIcH.i (Ic Monfanto.
fjaiwos Ptnitinciaes.
( hrnnica da Provinda di Portugúl.
l)riii 111 11/ mençaõ Fr. Pedro Monteiro
. Claujl. Domin. c Ixhard. in Script. Ord.
l rad. nos lugares citados.
Memorias para a Vida do Uhjlrijftmo Arce-
ípo de Braga D. Fr. hartholameit dos Martyres,
I )c Ha ()l)rn friz mcnçaò o iníí^nc cfcritor Fr.
i 111/ (k Soiihi na Dedicatória da vida dcftc
\ ni. I'ri hido dizendo. Tomou o negocio a peito
'i'ijJoa digniffima qual era o Bifpo de Vi/eu D. Fr.
\fttonio de Sou/a por letras por engenijo, e elo-
., uncia, bem achado Homero para tal Achilles.
Intentava efcrever a vida de feu Pay
Martim AíFonfo de Soufa para o que tinha
junto muitas memorias.
P. ANTÓNIO DE SOUSA natural da
Villa de Amarante da Diocefc de Braga, filho
ilc Manoel Ferreira, c Maria de Soufa, c Primo
do infigne Varaõ António de Soufa de Macedo
orno elle efcreve na Ljijit. Liberat. in append.
sp. I. n. 45. pag. 724. e na Eva, e Ave Part. i.
ip. 26. n. 10. Entrou na Companhia de
JIàSUS em Coimbra no i. de Julho de 1606.
quando tinha quinze annos de idade onde foy
lium dos mais celebres Meftres de humanida-
des, que venerou aquelle tempo, ou foíTe
orando, ou poetizando. Sendo Meftre de
Rhetorica no Collegio de Santo Antaõ com-
po2 no anno de 161 9. huma famofa Tragedia
cm applaufo de Filippe II. quando foy rece-
bido nefta Corte fendo reprezentada a 21. e 22.
de Agoílo na auguíla prezença daquelle Mo-
narca, e das SereniíTimas Senhoras a Princefa
D. Izabel, e a Infanta D. Maria, cujo aíTumpto
era a Conquiíla do Oriente por ElRey D. Ma-
noel, em que entravaõ trezentas, e cincoenta
figuras preciofamente veftidas, dizendo deíla
{grande obra António de Soufa de Macedo nas
^lor. de FJpan. cap. 14. Excel. 8. n. 2. aquella
^amoja Tragedia qual nunca vió el Theatro Komano
compufo com fummo ingenio el P. An-
' fonio de Soufa dela Compafita de Jefus infi-
•:e Poeta de nuefiros tiempos, y de muchos
paffados. Eílando para ler Filofofia em
Coimbra acompanhou por ordem dos
ieus Superiores aos Soldados Portuguezes
que navegarão i Bahia no anno de 1624.
para a libertarem da oppreíTaõ dos Olandezet
cm cuja empreza arvorando a imagem de
ChriAo Crucificado os animou com tal ardor,
que expulfados os inimigos fe coroarão com
a mais infigne vitoria. Voltando para a Pátria
no anno de 1625. embarcado cm a Náo Santa
Anua, fendo acommetido junto à Ilha do
Fayal de huma violenu febre o privou da vida
em 18. de Setembro com grande faudade dos
fcus Companheiros. Delle fazem illuílre me-
moria Joan. Soar. de Brito in Theat. Lufit.
JJíter. lit. A. n. 118. celeber humaniorum litte-
rarum Projeffor, Khetorices, et Poefeos peritia cia-
rus. Alcgambc in hib. Societ. pag. 85. Vir
pracellenti ingenio, et fcientia politioris littera-
iura. Fr. Franc. da Nativid. lunit. da dor
pag. 519. n. 286. lhe chama erudito, e difcreto.
Guerrcir. Jomad. da Bahia cap. 47. Que em todo
o difcurfo da Viagem fe^ eftremos nas obriga^oens
da fua ProfiffaÕ. Franc. in Synop. Annal. S. J.
in Ljtfit. pag. 531. c in Ann. Gloriof. S. J. in
hujit. pag. 531. c na Imag. da Virtud. do Novi-
ciad. de Coimb. Tom. 2. pag. 613. Bernard. Flo-
refl. de Var. Apothem. Tom. i. pag. 332. Bib.
Orient. de António de Leaõ novamente addi-
cionad. Tom. i. Tit. 3. col. 53. Sahio a Tragi-
comedia que fe reprezentou a Filippe 11.
impreíTa com a explicação Caftelhana feita por
Joaõ Sardinha Mimofo com efte titulo.
Relacion dela Real Tragicomedia dei def-
cubrimiento, y Conquifla dei Oriente por et
felicijfimo Rej decimo quarto de Portugal D. Ma-
noel de gloriof a memoria, y defcrípcion dei aparato
delia. Lisboa por Jorge Rodrigues. 1620. 4.
Começa.
AJfueta plantis fortium Regum méis
Calcare faflus, fceptra cervices premo
Tragedia do Campo de Ourique.
OraçaÕ de JLaudibus Sapientia no anno
de 161 8. fendo Meftre da 2. ClaíTe do Col-
legio de Santo Antaõ.
Sendo Meftre da Terceira Compoz.
Quod fit fludio tempus aptiusl Qmd com-
modius Scholaflico} Hyems, an ver floridum?
Era em profa, mas tinha hum Poema
heróico, huma elegia, e quatro ramos
alcaicos. Acabava com huma Poeíia heróica
pro Vere.
Deixou muitas, e excellentes Poeíias
398
heróicas entre as quaes faõ excellentes Duas
elegias, huma ad montem Oliveti et Chrijlum ad
Patrem orantem; a outra Nuntiat Joames Vir-
gini Matri vin£tum Dominum.
Fr. ANTÓNIO DE SOUSA natural de
Lisboa, filho de Pedro Lopes de Soufa Senhor
de Alcoentre, e de fua mulher D. Anna da
Guerra filha de D. Francifco Pereira Com-
mendador do Pinheiro, e de D. Francifca da
Guerra, Neto de Martim AfFonfo de Soufa
Governador da índia Senhor do Prado, e
Alcoentre, e Sobrinho de D. Fr. António de
Soufa Bifpo de Vifeu de quem affima fizemos
memoria. Na idade juvenil recebeo o Habito
da Ordem dos Pregadores, profeíTando fole-
mnemente no Convento da fua pátria a 5. de
Abril de 1595. para fer hum grande ornato
delia ou foíTe na Cadeira inftruindo com as
fciencias efcolaílicas aos feus domefticos por
cuja liçaõ teve o gráo de Meftre na Provin-
cia ou foíTe no Tribunal do Santo Oííicio
zelando a Fé como Deputado da Inquifiçaõ
de Lisboa provido em 7. de Abril de 161 8.
donde fubio a fer do Confelho Geral de que
tomou poíTe em 8. de Junho de 1626. Foy
muito douto no Direito Canónico aíTim como
era na Theologia como o publicaõ as fuás
obras. Morreo no Convento de Lisboa no
anno de 1632. Compoz.
Aphorifmi Inquifitorum in quattuor libros difiri-
buti cum vera hifioria de Origine Sanãce Inquijitio-
nis I^ujitana, et quajiione de tefiihus jingularihus in
caujis fidei. UlyíTipone apud Petrum Crasbeeck.
1630. 8. et Turnoni apud Laurent. Durand.
1633. 8. et Lugduni apud Laurent. Aniílon.
1669. 8. EruditiJJima chama a efta obra Sebaf-
tiaõ Saleles de Mater. Tribunal. Sana. InquiJ.
Tom. I. Prologom. 6. n. 3. & n. 5. e inti-
tula ao Author exaãa eruditionis, et dili-
gentia.
Keleãio de cajibus Jive Cenfuris Bulia
in Cana Domini. UlyíTipone apud Petrum
Crasbeeck. 161 5. 4. et Duaci apud Belle-
rum. 1632. 8.
Opujculum circa Pauli V. Confiitutio-
nem de Confejfariis faminas ad inhonejla in
ipfo Fanitentia Sacramento Jolliciantibus, in
quo nonnulla aliqua difficultates ad alia apof-
olica decreta contra non Prafbjteros Mijfas
BIBLIO THE C A
celebrantes, aut Confeffiones audientes enodantur,
UlyfTipone apud Gerardum à Vinea. 1623. 4,
Sermão no Auto da Fé, que fe celebrou
na Cidade de JLisboa Domingo 5. de May o
de 1624. Lisboa por Giraldo da Vinha.
1624. 4.
Joaõ Soar. de Brito in Theat. iMJit. Ut-
ter. lit. A. n. 119. lhe chama Vir doãus, nobi-
lis, et pius. Echard in Script. Ord. Pradic.
Tom. 2. pag. 464. lhe atribue com mani-
feílo engano a obra intitulada Decijioner
l^ujitania que he de António de Soufa de
Macedo. Fr. Pedro Monteiro Claujl. Do-
min. Tom. 3. pag. 165. e no Cathalog. dor
Deputad. do Confelh. Geral do Santo Officio
Manoel de Faria, e Souf. Europ. Portug.
Tom. 3. Part. 4. cap. 6. Altamur. Centur.
4. ann. 1594.
P. ANTÓNIO DE SOUSA natural
da Villa da Covilhaã no Bifpado da Guarda,
foy filho de Paulo Figueiredo de Almeyda,
e D. Ignes de Soufa. Aliíloufe na Compa-
nhia de Jefus em Coimbra a 19. de Janeiro
de 1604. quando contava quinze annos de
idade. Abrazado no heróico dezejo da Sal-
vação das almas paíTou à índia no anno de
1609. com vinte, e quatro Companheiros.
Eftudou em Macáo donde em o anno de
161 6. entrando no Japaõ em habito disfar-
çado confortava aos Chriílaõs, e os inf-
truhia nos pontos mais principaes da noíTa
Religião, até que fendo conhecido foy prezo,
e levado a Nangazaqui onde tolerou com
invi£ía conílancia o terrivel tormento das
Covas por efpaço de nove dias, no fim dos
quaes voou o feu efpirito a receber o premio
dos feus apoJftolicos trabalhos em 26. de Outu-
bro de 1633. com quarenta, e cinco annos de
idade, e trinta de Religião cujo gloriofo
triumpho cantou com eftas vozes poéticas o
P. Bartholameu Pereira no Paciecid. lib. 11.
pag. 194.
Nec procul injignem faãis, et nomine Soufam
Confpice dimiffum fovea, plantifque fupeme
Extantem, et Calo veftigia re£ta tenentem,
Cui modo lumificas linquens Covilania telas
Auro intertextis, multoque rubentibus ojlro
Vejlibus injudat, Soufa queis latior aras
Induat, et natum donis felicibus ornet.
LUSITANA.
.399
Semelhantes elogios lhe coníkgraô Gird. in
li/oji. Jítpon. pag. 209. Guerrcir. Coroa j^or.
4I0S Sold. esforç. da CoMpanh. Part. 4. cap. 45.
Nieremb. Vid. do P. Mareei, cap. ult. Girard.
Diar. Part. 4. a 24. de Outubro. Alegamb.
in mortihus lUuJl. pag. 4J2. Tanncr. Soe, Jef.
jifqne ad Sang. prof. milit. pag. 567. Nadas.
Ann. dier. Mem. S. J, Part. 2, pag. 245. Franc.
na Iwag. da vir/, em o Nov. de Cot mb. Part. 2.
liv. I. cap. 48. n. 14. et in Ann. Glor. S. J.
in Lujií. pag. 650. P. Pedro Francifco Xavier
I de Charlevoix Hijl. dti Japon. Tom. 2. pag.
585. Sicardo Chriftiandad dei japon. liv. 3.
cap. 21.
lifcreveo.
Car/a annua do japaÕ do anno 1617. efcrita
no Geral Mticio Viíelefchi etn 8. de janeiro de
161 8. a qual traduzio em Italiano o P. Lou-
renço delia Pozze com eftc titulo.
Uttera annua dei Collegio de Macáo Porto
dela Cina ai M. K. P. Mufio Vitellefchi Gener.
dela Compaffiia de Gieju l'anno 1617. Neapoli
per Lazaro Scorriggio. 1621. 8.
ANTÓNIO DE SOUSA DE MACEDO.
Oriundo da nobre Villa de Amarante, mas
nacido na Cidade do Porto, e bautizado na
Freguezia de N. Senhora da Vidoria a 15. de
Dezembro de 1606. bailando efte único filho
para lhe adquirir immortal gloria ao feu nome.
Teve por Pays a Gonçalo de Soufa de Macedo
Fidalgo da Cafa Real, Dezembargador dos
Aggravos na Cafa da Supplicaçaõ Juiz da
Coroa, e da Fazenda, e Contador Mór do
Reyno, e a D. Margarida Moreira defcen-
dentes ambos de familias qualificadas. Ainda
contava poucos annos quando deixando a
pátria paflbu com feu Pay a Lisboa que conhe-
cendo a boa Índole, perfpicas talento, e
aguda comprehençaò com que o dotara a
natureza o mandou eíbidar no Collegio de
Santo Antaõ naõ fomente a Lingua Lati-
na, e as letras humanas mas penetrar os mif-
terios da Filofofia Peripatetica fazendo taõ
admiráveis progreílos a fua continua appli-
caçaõ neftes eíhidos que foraõ certos va-
ticínios de fer venerado em idade mais
adulta por Oráculo de fciencias mayores.
Tendo illuílrado ao Porto com o nacimento,
€ admirado a Lisboa com os anticipados
frutos do feu fecundo engenho publicando
na florente idade de vinte e dous annos aquella
nudura produçaÕ intitulada l'lores de líjpanha,
t hixcelUncias de Portugal, fe tcansferio a Coim-
bra cm cuja Univcrfidadc invcílígando com
incrivel perfpicacia as íubtilczas do Direito
Civil e recebendo ncAa Cezarea faculdade as
infignias doutotaes mereceo a inveja, e a ve-
neração de todos os Cathedraticos daqueUa
infignc Athenas por nelle ouvirem renaci-
dos os primeiros Corifeos da Jurifpruden-
cia como naõ o duvidou de afirmar, e ef-
crever a Mufa de D. Francifco Manoel nas
Obras Metric. Viol. de Talia 6. pag. mihi IJ7.
Naõ fey eu por ventura, que nas Artes
Politicas, naõ fe acha em muitas partes
Qual ejje teu Macedo, outro Jogeito'i
Nejfe, que em breve Código, ou Direito
Kecopilou da /ciência,
Qe de jus fe chamou jurif prudência ;
Dejfe VaraÕ taÕ alto, e taõ divino
Que quando nos parece mais humano
Excede na jufliça a jufliniano,
E na Modeflia excede a Modeflino.
Dezejofo de empregar a fua capacidade em
obfequio da Republica deixou a Univerfidadc
que o refpeitava como Meftre, c veyo para a
Corte onde começou a manifeftar o thezouro
da fciencia legal que tinha depofitado na fua
vafta comprehenfaõ exercitando com fumma
redtidaõ fem efcandalo da clemência os luga-
res de Dezembargador de Aggravos na Caía
da Supplicaçaõ, de que tomou poíTe a 11. de
Janeiro de 1646. por procuração de feu Pay
o Dezembargador Gonçalo de Soufa de Ma-
cedo; Confelheiro da Fazenda, e Juiz das
luftificaçoens do Reyno. Por fer igualmente
verfado nos aforifmos de Tácito, que nas
Pandeótas de Juíliniano foy eleyto Secre-
tario do Embaxador D. Antaõ de Almada
a Inglaterra no anno de 1641. onde af-
fiftindo por Miniílro naquella Corte naõ
fomente com a vòz, mas com a penna fo-
lidamente defendeo a juítíça do feu Sobera-
no novamente elevado ao trono contra as
induílrias fempre cavillofas de Caftella. Com
a mefma fidelidade, e prudência exercitou
o minifterio de Embaxador aos Eílados
de Olanda em o anno de 165 1. zelando
os intereíles deita Monarchia, e opon-
400
BIB LIOTHE CA
do-fe fagafmente aos ambiciofos intentos
dos Olandefes. Reftituido à pátria com a
gloria de ter concluido felizmente as negocia-
çoens do feu miniílerio o elegeu a Mageílade
delRey D. AfFonfo VI. feu Secretario de Eílado
no anno de 1663. e para remuneração dos feus
grandes merecimentos o nomeou Commen-
dador das Commendas de Saõ-Tiago de Sou-
2ellas na Ordem de Chriílo, e de Santa Eufe-
mia de Penella da Ordem de Aviz, e Alcayde
Mór de ViUa de Freixo de Nemaõ. Entre
lugares taõ honoríficos fempre confervou
o animo igualmente urbano, e benévolo para
todos, principalmente para os mayores emulos
da fua fortuna admirando-fe a imperturbável
ferenidade do feu coração no fatal anno de
1668. em que com as revoluçoens da Corte foy
tentada com rigurofo exame a fua virtuofa
conílancia. Nunca enfermou do comum acha-
que dos Sábios, qual he o defvanecimento,
antes aíFeâava ignorância fendo huma ani-
mada Encyclopedia de todas as fciencias,
como o publicaõ as fuás diverfas obras pois
foy Eíladiíla na Armonia Politica, Hiíloriador
na Vida de Santa Kofa; Poeta na UljJJipo; Ge-
nealógica na Genealogia Kegum 'L.ufitanicB; Filo-
fofo moral no Dominio fobre a fortuna; Jurif-
confulto nas Decifoens, e na Ijufitania L,iberata;
e verfado em huma, e outra Hiftoria nas Flor.
de Efpana; e na Eva, e Ave. Em qualquer
deftas faculdades era taõ profundamente pe-
rito que parece a huma fomente fe applicara
podendo controverterfe fe obfervava mais
exaftamente as leys da Poefia que da Hiftoria,
e fe penetrava com mayor profundidade os
myfterios da Politica, que as dificuldades da
Jurifprudencia. Cafou com D. Mariana La-
marier de quem teve a António de Soufa
de Macedo Baraõ da Ilha Grande mais her-
deiro dos bens da fortuna que da natureza de
taõ illuílre Pay o qual conhecendo, que era
chegado o termo da fua vida fe preparou com
aquella piedade que em toda ella praéticara
mais própria de religiofo que fecular, e rece-
bidos os Sacramentos começou a fer immor-
tal no I. de Novembro de 1682. quando
contava 76. annos de idade. Jàz fepultado
em hum fumptuofo jazigo ornado pelos la-
dos de vários Emblemas, e diftichos latinos
que estaõ indicando a brevidade da vida, e
a certeza da morte, o qual eílá fituado na
Via-Sacra, que corre da parte da Epiílola
do GDnvento de N. Senhora de Jefus dos
Religiofos Terceiros de S. Francifco, e na
pedra fepulchral que em fi encerra fua mu-
lher, com o feguinte epitáfio.
Hic
Dignitatem Jplendorem depojuit, laborem fuum
reponit
Antonius de Soufa de Macedo
Quem mortalitatis elegit occafum
Immortalitatis fpeãat Orientem,
Donec veniat immutatio fua.
Una cum Cônjuge fua clarijfima
D. Marianna Lamarier
Kequievit,
Ille I. die Novembris anno. 1682.
ília 4. Decembris ann. 1682.
Fratres
Orate pro eis, Ji vultis alios orare pro vobis.
Seria quafi impoíTivel tranfcrever neftc
lugar os elogios que a efte grande Varaõ
dedicarão muitos efcritores dos quaes para
que totalmente naõ fique defraudada a fua
fama, repitirey os que lhe fizeraõ Fr. Fran-
cifco de Santo Agoílinho Macedo in Pro-
pugn. L.ufit. Gallic. art. 20. cap. 7. pag. 182.
Magni nominis, et fummcB eruditionis author, e
no art. 30. ad 34. pag. 200. Acérrimo ingenio,
mira eruditione, fludio invião prudentia fingulari,
vir cui nihil defuit ad omne dignitatis fajligium
obtinendum, nam eum Splendor generis, et animi
virtutes, et corporis dotes omnibus numeris abfo-
lutum reddunt. P. Ant. de Maced. na prefac. da
Eufit. Infulat. Summa fidei, et authoritatis fcrip-
tor. Franc. Velafc. de Gouvea Perfid. de Alem,
liv. 2. Tit. 5. art. 8. uno delos mayores Minif-
tros que tiene efla Corona... fus libros, j efcritos
dan tejlimonio de fus grandes letras. Birago. Iflor.
di Portug. pag. 521. uno delli piu efquijiti ingegni
dei nojiro feculo. Fr. André de Chriílo no
Jui^o Poet. Varaõ fapientijfimo, e univerfat
em todo o género de f ciência no feu cabal, e
excelknte Poema que intitula UlyJJipo, Ni-
col. Mont. in Você Turt. in proaem. art. i.
Scientia omnigena, et judicio acérrimo {pro ut
teflantur tot litterarum monumenta qua eri-
git) apprime prceditus. Pegas na Allegac,
pelo Duque de Aveiro n. 513. Naõ menos
authori-:(ado em letras que Gabriel Pereira,
LUSITANA.
401
reira, e muito mais, que eJle por luj^ans Luc.
de Andrad. Jllitjlr. Hít Mijf. Solemn. llluftr.
I 1. n. 8. Douto, e infinpt jurifla, l)onra da
Naçaõ Portuejtf^a pelos muitos livros com que
a tem illufirado, e vay illuftrando, Ulhoa de
Lsgat. et Videi com, DiíTcrt. i. n. 10. dodij-
fimus, acfemper venerandus. et diíTert. 2. n, 74.
eruditijjimum, ac femper pro meritis, et animi
fui fuiiijdaris dotihus meworandtwt. Bracam.
no Bufjquet. de ApoUo pag. 6. Delicias de
Portugal, y gloria dela ]urif prudência, o Mef-
trc Fr. Joftõ da Sylvcira Carmclitano na
Ccnfur. à Eva, e Ave injijine doutor, peffoa
miiy conhecida, e de gjrande ejlimaçaô em todo
o mundo por fuás obras, P. D. Fmman. Giiet.
de Soufa in íixped. Ifi/p. .V. facohi Tom. 2.
pag. 1305. Vir fui t eruditione, et pie ta te injig-
nis, I'ranckcnau in tíib, Hifp. Geneal. pag. 45.
Klicol. Ant. in hib, Hifp, Tom. i. pag. 127.
tom. 2. pag. 285. o P. D. António Caetan.
c Soufa no Apparat. à Hifi, Gen. da Cafa
Real Portug. pag. 183. §. 155, P. Ant. dos Reys
in linthujiafm» Poet, n. 34. Joan. Soar. de Brit.
in Theatr. Ljifit, Utter. lit. A. n. 120. D. Franc.
Manoel na i. Carta da 4. Centur. efcrita ao
D. Manoel da Fonfeca Themudo,
Cathalogo das fuás obras.
Flores de Ffpaiia, Excelências de Portugal
en que brevemente fe trata lo mejor de fus Hif-
torias, y de todas las dei mundo defde fu prin-
cipio hafla nueflros tiempos, y fe defcubren mu-
chas cofas nuevas de provecho, y curiojidad.
Lisboa por Jorge Rodrigues 163 1. foi. Ro-
drigo Mendes Sylva no Catai. Real de Efpan.
pag. 218. diz defta obra digna de gran efiimacion
puesporfu médio gomamos tantas cofas memorables ;
que ejlavan en la fepultura dei olvido, e Joan.
Klefeker. in Bibliothec. Erudit. Pracocium.
P^g' 353' Sahio 2. vez impreíTa Coimbra
por António Simoens Ferreira 1737. foi.
juntamente com a Armonia Politica.
Ulyjftpo. Poema heróico. Coníla de 13.
Cantos cujo argumento he a Fundação de
Lisboa por UlyíTes. Lisboa por António
Alvares. 1640. 8.
Genealogia Regum Eufttania. Londini apud
Richardum Hearn. 1643. 4.
Perfeãus Doãor in quacumque fcientia ma-
xime in jure Canónico et Civili Summorum
Auãornm circinis, lineis, coloribus, et peni-
3i
cillis fiffiratus. I.x>ndini apud eumdem Typog.
1645. 4.
Kepetitiones ad Ijeg. Corrupt. penult. Cod,
de ufu frutlu, et habilitatione , et aã Leg. Cetf-
íurio i^. ff. de vulgari et pupillari Subftitutione.
I^ndini per eumdem Typog. 1643. 4.
Ljifitania liberata ab injuflo Caflellanorum
dominio, reflituia legitimo Prinâpi Serenifftmo
Joanni IV. ÍJtJitania Algarbiorum, Africa,
Arábia, Perfia, índia, lirafilia, e^r. Keff po-
tentijftmo, Summo Pontifici, Império, Kepbus,
Rebíéfpublicis, caterifque Orbis Cbrifliani Prin-
cipihus demonflrata. Ix>ndíni cx Oflíicina Ri-
chardi Heron. 1645. foi.
Armonia politica dos documentos divinos
com as conveniências de líflado; Exemplar
de Princepes no governo dos glorioftffimos Keys
de Portugal ao Serenijftmo Princepe D. Tbeo-
dofio. Haya do Conde por Samuel Broun.
165 1. 4. grande, e Coimbra por António
Simoens Ferreira 1737. foi. no fim das Flores
de Efpanha.
Decijiones Supremi Senatus Juflitia Eufi-
tania, et Supremi Concilii Fifci. UlyíTipone
apud Henricum Valente de Oliveira. 1660.
foi. et ibi apud Joannem da Coíla. 1677. foi.
Neíla impreflaõ traz Apologeticom Jurídi-
cum pro Conceptione immaculata Virginis in
primo inflanti. et Ulyflipon. typis Bemardi
da Cofta de Mello 1699. foi. et ibi apud Ber-
nardum da Cofta de Carvalho eodem anno.
foi.
Epitome Panegírico dela vida admirable, j
muerte gloriofa de Santa Rofa Maria Virgen
Dominicana. Lisboa por António Crasbeeck
de Mello 1670. 8.
Dominio fobre a Fortuna, e Tribunal da refaJõ
em que fe examinaÕ as felicidades, e fe beatífica
a vida. Lisboa por Miguel Deflandes 1682. 4.
et ibi por Pafchoal da Sylva. 1716. foi. no
fim da Eva, e Ave.
Juan Caramuel Eobkouvitv^ religiofo de la
Ordem de Cifler Abad de Melrofa <&c. conven-
cido en fu libro intitulado Philippus Prudens
Caroli V. Imperatoris jilius Eufitania legitimus
Rex demonflratus, impreffo en el anno 16^^. y en
fu repuejia ai Manifieflo dei Reyno de Portugal
impreffo nefle ano 1642. Londres por Richardo
Herne. 1642. 4.
Santiffimo Domino noflro Papa Urbano
402
BIBLIO THE CA
VIU. in Ecclejia Dei Vrajidi VlanEius Catho-
licus Júris gentium pro 'Legatione Serenijfimi, ac
potentijfimi Principis Joannis IV. Regis J^uji-
tanicB contra Cafiellanorum calumnias. Londini
apud Guillielmum Briíloliam 1643. 4.
Carta que ejcrivio a un Senor dela Corte de
Inglaterra fobre el manifiefio, que por parte dei
Key de Cajlilla publico fu Chronijla D. Jo^ieph
Pelli^er. Pariz, e Lisboa por Lourenço de
Anveres 1641. 4. et ibi por António Alvares
impreíTor delRey no mefmo anno 4.
Propofia que fendo Secretario de miado fe^
vocalmente por mandado de Sua Magejlade à Junta
dos Ecclejiajlicos, Cathedraticos, e outras PeJJoas
doutas, e Minijiros de Tribunaes no Convento de
Saõ Francifco de Lisboa em 8. de Março de 1663.
Lisboa por Henrique Valente de Oliveira
1663. 4.
Sahio vertida em Latim com eíle titulo.
Sermo JuJJu Serenijfimi Lufitania Kegis in
modum propofitionis habitus coram Ecclejiajlicis,
Cathedraticis , aliifque Kegni LuJitanicB do£írina
celebrioris viris in D. Francifci Canobium Ulyf-
fiponenfe convocatis die 8. menfis MartiJ 1663.
UlyíTipone apud eumdem Typograph. eodem
anno 4.
Relação Summaria do que tinhaõ pajfa-
do fobre a pertençaõ de fe confirmarem por
fua Santidade os Bifpos de Portugal, e fuás
Conquifias nomeados por ElRej. Lisboa por
Henrique Valente de Oliveira 1663. 4. Sahio
vertida em Latim com efte titulo.
Narratio compendiofa rerum omnium, qua
acciderunt fuper confirmandis à Summo Pontífice
Regni Ijufitani Epifcopis ad nominationem Se-
renijfimorum Regum Joannis Quarti recordationis
gloriofcB Principis, et Alphonfi Sexti num regnan-
tis quem Deus Opt. Max. tueatur, ac fortunet.
UlyíTipone apud eumdem Typog. eodem
anno. 4.
Valia que fet^ no Juramento de Rej do
muito alto, e muito poderofo D. Affonfo VI.
nojfo Senhor em 15. de Novembro de 1656.
Lisboa na Officina Crasbeeckiana. 1656. 4.
et ibi por Henrique Valente de Oliveira 1658.
foi.
Panegírico fobre o milagrofo fucejfo com que
Deos livrou ElRey NoJJo Senhor da facri-
lega treiçaõ dos Caftelhanos. Lisboa por Paulo
Crasbeeck. 1647. 4.
Difcurfo, e Praãica que fev^ aos Eflados Ge-
raes das Provindas unidas efiando todos Juntos
em Cortes por morte do Princepe de Orange fobre
a Pa^ com Portugal por cuja negociação era Em-
baxador a d. de May o de 1651.; Haya no mefmo
anno 4.
Solemnia Parnajfi Philippo IV. Hifpania-
rum Regi pro recuperata falute foteria. Matriti
1624. Coníla de verfos latinos Caftelhanos,
e Portuguezes. Tinha 18. annos de idade
quando compoz efla, obra.
Soneto, e Decima com titulo de Epitáfio a
D. Maria de Attayde. Sahiraõ nas Mem. Funeb.
defta Senhora. Lisboa na Officina Crasbeeck.
1650. 4.
Eva, e Ave Maria triumphante Theatro de
erudição e Filofofia Chriflaã, em que fe reprev^entaõ
os dous eflados do mundo cabido em Eva, e levan-
tado em Ave. i. e 2. Parte. Lisboa por Miguel
Def landes. 1676. foi. et ibi por António Cras-
beeck. de Mello no mefmo anno foi. et ibi
na Officina Deflandeíiana 171 1. foi. 3. ediçaõ
et ibi por Pafchoal da Sylva Impreílor de fua
Mageftade 171 6. foi. juntamente com o Do-
minio Sobre a Fortuna 4. ediçaõ. Sahio efta
obra vertida em Caftelhano por Diogo Sua-
res de Figueroa Capellaõ de Honor de S.
Mageftade. Madrid por la viuda de Fran-
cifco dei Hierro. 173 1. foi.
Obras impreíTas fem o feu nome.
Repofta a huma pejjoa que pedia fe efcrevejfe
a vida do Princepe D. Theodofio. Lisboa na
Officina Crasbeeckiana 1653. 4.
Re^aõ da guerra entre Portugal, e as Provin- .
cias unidas dos Pait^es Baxos com as noticias da
Caufa de que precedeo. Lisboa por Joaõ Alva-
res de Leaõ. 1657. 4.
Caramuel ridiculus Caramueli convião. Lon-
dini 1645. 12. fem o nome do ImpreíTor.
Sahiraõ com o fingido nome de Pedro Garcia.
Publico fentimento da injujliça de Alemanha
a ElRey de Ungria. Londres 1641. e Lisboa.
1642. 4. He hum Manifefto acerca da prizaõ
do Senhor D. Duarte.
Relacion delas Fiejlas que fe hi^eron en Eisboa
con la nueva dei Cafamiento dela Serenijfima Infanta
de Portugal D. Catalina con elRey dela gran Bre-
tana Carlos II. y todo loque fucedio hafta embar-
carfe para Inglatierra. Lisboa por Henrique
Valente de Oliveira 1662. 4.
i
L USITANA.
4o3
Mercurios Portugtéê!((ís, ou Kelaçoens dos SuC'
ceffos militares entre Portugal, e Cajlella refumidos
a cada me^ de/de o principio do anno de i66}.
ati o fim do anno dt 1666. Lisboa pot Henrique
Valente de Oliveira. 4.
Compoz, e naò imprimio para o Conde
de Caílello-Melhor primeiro Miniílro.
Direção politica ao bom governo com documen-
tos Católicos. M. S,
Exercitacion critica en las Rimas delos Lu-
percios. Profa, e verfo. Confervava-íe na
Livraria de D. Pedro Alvares da Cunha.
Traífatus Analyticus dt Servitiis Vajfalo-
rum remmerandis a Príncipe, et aãione pro eis
competente. Aí. S. in foi.
Diverfos Titulos de Vamilias do Keyno fendo
a principal a dos Macedos donde defcendia por varo-
ma, de que faz menção o P. D. António Cae-
tano de Soufa no Apparat. á Hijl. Geneal.
ia Caf. Real Portug. pag. 153. §. 153,
ANTÓNIO DE SOUSA DE MACEDO,
E AZEVEDO. Foy grande cultor da Poe-
íla Latina a que naturalmente o levava o
génio de cuja arte deo hum claro, e elegante
teílemunho na obra feguinte.
Panegyricus Philippo IV. Hifpaniarum Regi
carmine heróico Maus M. S. confervafe na Li-
vraria do Conde de Vimieyro como teílifica
O Excellentiflimo Conde da Ericeira D. Fran-
cifco Xavier de Menezes Cenfor da Academia
Real no exame, que por ordem da mefma
Academia fez nefta Livraria, cuja noticia ellá
imprefla no tom. 4. da CollecçaÕ dos Documen-
tos da Academia Real. Lisboa por Pafchoal
da Sylva 1724. foi.
ANTÓNIO DE SOUSA DE NO-
RONHA natural de Freixo de Nemaõ na
Província da Beira, filho de André de Sou-
za Diniz de quem jà fe fez memoria, e de
fua terceira mulher D. Maria de Amaral,
e Aguilar. Naõ fomente exercitou com va-
lor, e fortuna as Armas fendo Capitão de
Infantaria na Bahia de todos os Santos, e
depois em Catalunha, mas revolveo os li-
vros com grande fruto da fua eíbidiofa ap-
plicaçaõ de que procedeo fer muito verfa-
do na Genealogia fendo numerado entre os
feus mais celebres profeíTotes por Ftanclce-
nau in Bib. Hifpan. HiJl. Gen, pag. 46. $. 84.
e o P. D. António Caetano de SouT. no Appa-
rat, à Hift, Gen. da Caf. Ktal Portug. pag. 84.
§.75. Compoz.
Difcurfo Geneatoffco dela dilatada, efclarecida,
y antiqmffima Vamilia de Soufas. 4. 1642. Naõ
tem lugar nem nome do ImpreíTor pofto
que fe conhece fer impreíío em Madrid. Dedi-
cou efta obra a íeu Irmaò Fr. Feliciano de
Soufa Diniz Etemiu de Santo Agoftinho*
ANTÓNIO DE SOUSA TAVARES.
Naceo na Cidade de Lisboa, e recebeo a pri-
meira graça na Freguezia de S. Chtiílovaõ
a 20. de Julho de 1598. Foraõ feus Pays o
Dezcmbargador Sebaíliaõ Tavares de Soufa
Vereador do Senado de Lisboa, e D. Maria
de Carvalho. Tendo aprendido com admi-
rável percepção as letras humanas eftudou
com igual, ou mayor facilidade Direito Civil
na Univerfidade de Coimbra em cuja proâílaõ
tomou o gráo de Doutor. Mas inclinado à
f ciência, que fe praéHca nos Gabinetes, que
àquella que fe exercita nas Relaçoens fe appli-
cou com particular difvelo a penetrar os inte-
refes dos Princepes para confervaçaõ de feus
Eftados, e fahio defta hçaõ taõ confummado
Politico, que fendo acclamado por Monarcha
defta Coroa o Sereniflimo D. Joaõ o IV.
foy eleito por Secretario da Embaxada que em
nome defte Princepe fez Triftaõ de Mendoça
aos Eftados de Olanda no anno de 1641. na
qual dezempenhou em obfequio defte Reyno
tudo quanto fe efperava da fidelidade do feu
coração, e prudência do feu juizo reprefen-
tando em eruditos Manifeftos a injufta violên-
cia com que Alemanha por induftria de Caf-
tella tinha perfidamente reclufo no Caftello
de Milaõ ao SereniíTimo Senhor Infante D.
Duarte. Reflituido ao Reyno exercitou com
grande inteireza o lugar de Dezcmbargador
dos Aggravos de que tomou poíTe a 3. de De-
zembro de 1648. e de Procurador da Coroa
no qual entrou a 13. de Janeiro de 1652.
Igual foy a capacidade, que manifeftou no
exerdcio de Secretario do Infante D. Pedro
quando entrou a fer Senhor da Cafa de Bra-
gança, e no lugar de Dezcmbargador do
Paço. Morreo na fua pátria a 17. de Janeiro
404
BIBLIOTHE CA
de 1667. com 79. annos de idade. Jaz fepul-
tado no Convento de N. Senhora da Graça.
D. Luiz de Menefes Conde da Ericeira no Port.
Kejlaur. Tom. i. liv. 3. pag. 153. lhe chama
Minijlro de letras, e experiência, e D. Francifco
Manoel na Carta i. da Quarta Centúria delias
efcrita ao Doutor Manoel da Fonfeca The-
mudo. António de Sou/a Tavares que naõ fó
ejcreveo, efcreve, profejfa, e ejluda a Politica, mas a
obrou na parte, que lhe coube dos negócios públicos.
Compoz fem o feu nome.
Sentimento da Fè publica quebrantada em Ale-
manha por indujlria de Cajlella na injufta retenção
da Pejfoa do Serenijfimo D. Duarte Infante de
Portugal. 4.
Naõ tem lugar, nem anno da ediçaõ
Efte Manifeílo fahio em latim com eíle
titulo.
Dolor fidei publica Cajiella afiu in Alemania
violata pro retentione injuftijjima Serenijfimi Domini
D. Eduardi Portugallia Infantis. 4. Sem lugar
nem anno da ImpreíTaõ.
Manifejlum Regis Hungaria facinus admijfum
in Dominum Hduardum germanum fratrem Joannis
Portugallia Regis índia, Guinea, <& Brajilia
domini flrenuijfimi Fidei propagatoris, Jujiitia vin-
dicis, libertatis propugnatoris, moribus integerrimi,
virtute clarijfimi, magnanimi, bonarum artium
cultoris, fuorum amantiffimi Patris pátria
vindiãam à Regibus, Principibus, Poteftati-
bus, terrarum Dominis, Djnajlis, Civitatum
Prafeãis, (& viris illujlribus pofiulat. Ulyf-
íipone apud Antonium Alvares Typ. Reg.
1643. 4.
Devoção da Imagem do Santo Chriflo, que eflà
na Capella de Santa Cru^ do Cajiello de Lisboa.
Lisboa por Lourenço de Anveres. 1642.
4-
Poejias varias. Eftavaõ promptas para a
ImpreíTaõ.
Fr. ANTÓNIO TAVARES natural
de Lisboa, e filho de Luiz Rodrigues Ta-
vares, e Margarida Gomes. Recebeo o
Habito Carmelitano da antigua obfervan-
cia no fumptuofo Convento da fua pátria a
13. de Janeiro de 1606. Depois de eftudar
Filofofia, e Theologia foy eleito Pregador
Geral cujo miniílerio exercitou com grande
credito do feu nome, como fe vio quando
pregou no quarto dia do Outavario, que os
Padres Jefuitas dedicarão na Cafa ProfeíTa de
S. Roque aos dous mais famofos Soldados da
Companhia de JESUS, Santo Ignacio, e S.
Francifco Xavier novamente efcritos no Catha-
logo dos Santos. Morreo no Convento de
Lisboa no anno de 1626. Delle fe lembraõ
Nic. Ant. in Bib. Hifp. Tom. i. pag. 128.
Cafanat. Parad. Carmel. Dec. Stat. 5. iEtas 18.
cap. 153. pag. 485. e Fr. Manoel de Sà nas
Mem. Hijl. dos Efcrit. Portug. da Ord. de N. S.
do Carm. cap. 13. p. 49. Imprimio.
SermaÕ pregado em S. Roque Cafa Profejfa da
Companhia de JESUS de Lisboa a ^. de Agoflo
de 1622. na Solemnijfima Fefla, que fe fe^ à Cano-
niv^açaÕ dos dous Santos Padres Ignacio de Lqyola,
e Francifco Xavier Patriarchas da fua Religião.
Lisboa por Giraldo da Vinha. 1622. 4. Do
Author, e da obra fe lembra a Bib. Orient.
modernamente acrecentada Tom. i. tit. 8.
col. 159.
ANTÓNIO TAVARES Presbytero Bra-
charenfe, e muito douto na Theologia Moral
da qual teve paleftra publica. Defejando
inftruir com a penna áqueUes, que naõ podia
com a voz, publicou
Exame de Confejfores, ou breve Tratado em que
difcorrendo por todas as matérias de Theologia
Moral fe inflrue hum Sacerdote em ordem ao como
fe deve haver no Confejfionario. Lisboa por
Manoel Fernandes da Coíla ImpreíTor do
Santo Officio 1734. 4.
ANTÓNIO TAVARES DE TÁVORA
natural de Lisboa filho de Francifco Ta-
vares Senhor de Mira, e de fua fegunda
mulher D. Joanna de Távora, filha de
Bernardim de Távora Repofteiro Mòr. Como
foífe inílruido nas fciencias dignas de
hum perfeito Ecclefiaftico obteve o Prio-
rado de Noíía Senhora da Conceição das
Abitureiras do Arcediago de Santarém
donde foy provido no Canonicato de Mafra
na Cathedral de Lisboa por fer defcendente
do Inílituidor D. Joaõ Martins Soalhaens
Arcediago deíla Diocefe. No tempo que a
ambição Caílelhana dominava eíla Monar-
chia fendo acufado de parcial nas juftas per-
tençoens do Senhor D. António a eíla Co-
L USITAN A.
4o5
I :i tolerou com animo heróico adveríldades
iti 1 lo feueílado, einjurioíasaoíeunaci-
in lido à inftancia do Duque de Seíía
I M I I l< )r em Roma prezo pot ordem de Ge-
II Ml VIII. no Caílello de Santo Angelo no
tnii (Ic 1605. e depois de fer condenado trez
ti u . a vogar nas Galés, o teve reduío íeis
mos no Caftello de S. Lucar de Barrameda.
\)c \xò graves calamidades machinadas pela
ni;ilc volencia dos Teus emulos, e padecidas pelo
Isurgo efpaço de iz. annos fahio triumfante
alcãçando cm premio da fua incorrupta fide-
lidade, que a Santidade de Paulo V. o decla-
taflc innoccntc por hum Breve expedido a 13.
de Agoílo de 161 5. cuja memoria para que
ficaííe indelével na pofteridade o mandou
gravar junto da fua fcpultura em huma grande
pedra cercada de huma cadeya aberta no
mármore, e quebrada na parte inferior com
efta letra extrahida do Pfalmo 123. haqmus
contritus efi alludindo ao triumfo alcançado
das machinas urdidas pelos feus adverfarios.
Atendendo a Mageílade de Filippe III. aos feus
merecimentos examinados com taõ rigorofas
provas o nomeou em 28. de Fevereiro de 1618.
Deputado da Mefa da Conciencia, e Ordens,
que naõ aceitou por fer incompatível com a
tcfidencia da fua Q>nefia. Mayores foraõ as
diftincções, que experimentou quando foy
fublimado ao Trono de Portugal o SereniíTimo
D. Joaõ o IV. pois conhecendo efte Príncipe
a fina lealdade do feu coração para eíla Coroa
o elegeo Efmoler Mòr, e Bifpo, merecendo
occupar os mayores lugares naõ fomente pelo
illuílre do feu nacímento, mas pela fua vafta,
e profunda erudição de que faõ claras teíle-
munhas Níc. Ant. ín 'Rih. Hifp. Tom. i.
pag. 128. dizendo Vir multijcia hifioriarum,
& honarum artium eruditione; Cardof. Agiol.
hufit. Tom. 2. pag. 13. no Cõment. do i.
de Março letr. B. ^ande inveftigador das anti-
ffiidades de Portugal deixando efcritas muitas
delias com grande crítica. Faleceo a 18. de
Fevereiro de 1642. em idade muito proveéía, e
eflà fepultado na Capella de S. Sebaílíaõ da
Jurifdiçaõ do Canonicato de Mafra fituada na
Sè de Lisboa ao princípio do Qauílro da parte
direita de quem entra neíle Templo. Impri-
mío.
Procejfo de la cauja dei Canonigo de Lis-
boa António Tavares, 4. Naõ tem lugar nem
anno, e nome do ImpreíTor.
Cathalogo dos Prelados da Si de Lisboa, e
das Antiguidades da me/ma Cidade, DeAa
obra, e do Author como feu contemporâneo
fez illuílre memoria o Doutor Fr. António
Brandão Qironiíla Mòr do Reyno no Prologft
da 3. Mon. Lujit. dizendo: Occupa o tempo na
liçaÕ dos Livros com tanta continuação, que caufa
inveja aos mais curiofos com tanto proveito como
fe verá das fuás obras querendo-as dar à lus^
entre as quaes tem o primeiro lugar hum excel-
lente Livro, que tem compojlo dos Prelados da Sè
de Lisboa, e das Antiguidades dejla Cidade, que
def cobre bem o maduro juis^o, e grande talento do
feu Author.
Tratado em que fe prova fer o celebrado O ff et
aonde acontecia o milagre da agua bautifmal
em vefpora de Pafchoa de que trata S. Gregório
Turonenfe, a Villa de Offolea fituada junto ao
Rio Vouga, como também fer o lugar donde efleve
cercado S. Hermenegildo por feu Paj Leovigildo.
Defta obra fe lembra Níc. Ant. in Bib. Hifp.
e Fr. António Brandão Mon. Lufit. Part. 3.
Liv. 10. cap. 18.
Tratado em que fe prova fer Santa Antonina
nacida, e mar ty rifada em a Villa de Cea junto
da Serra da EJlrella.
Eíla obra comunicou o Author a Jorge
Cardofo como elle efcreve no Agiol. Lufit.
Tom. 2. pag. 15. no Comentário do i. de
Março. Let. B.
Difcurfo em que fe provava fer Portugue^ S.
Joaõ Guarino Eremita. Delle faz memoria o
dito Cardof. Agiol. Lufit. Tom. 3. pag. 657.
no Comment. de 12. de Junho letr. C.
Tratado fobre a origem donde defcendia
o Conde D. Henrique Tronco dos Monar-
chas Portuguev^es M. S. Efio defcubriò (faõ
palavras de Manoel de Faria e Soufa no Cõ-
ment. ás Lttfiad. de Camoens. Cant. 3. ef-
tanc. 25. ) con gran efludio y de manera que
no padece duda, António Tavares Canonigo en
la Santa Iglefia de Lisboa fobre que tiene efcrito
mucho,y bien.
Comentários ao Nobiliário do Conde D.
Pedro aos quaes chama excellentes o P. D.
António Caetano de Soufa no Apparat. à
Hijl. Gen. da Gafa Real Portug. pag. 96. §. 92.
donde fe infere, que fora também perito
40Ó
BIBLIOTHE C A
neíla f ciência para cujo fim teve grande comu-
nicação com os mayores Genealogiftas do feu
tempo.
Fr. ANTÓNIO TEYXEIRA natural de
Villa-Real na Provincia Tranfmontana fendo
feus Pays Afcanio Teixeira de Azevedo, e D.
Maria de Mendoça filha de Joaõ de Lemos
defcendentes das mais qualificadas famílias
daquella Villa. Recebeo o Habito da illuílre
ReUgiaõ da SantiíTima Trindade e depois de
aprender as fciencias Efcholaílicas as enfmou
aos feus domefticos até que jubilou no Magif-
terio da Theologia. Tendo fido Reytor do
Collegio de Coimbra, e Vifitador Geral ocu-
pou por três vezes o fupremo lugar de Pro-
vincial; a primeira no anno de 1650. az.
no anno de 1654. e a 3. no anno de 1671.
fendo manifefto argumento da fuavidade do
feu génio, e madureza do feu juizo a repe-
tida uniformidade de votos com que era
eleito para governar. Alem das letras Sagra-
das que profeíTava foy muito douto nas
fciencias da Aftrologia, e Medicina. Morreo
no Convento de Lisboa a 22. de Novembro
de 1678. com 85. annos de idade. Imprimio.
Hpitome das Noticias Aftrologicas para a
Medicina. Lisboa por Joaõ da Cofta. 1670. 4.
ANTÓNIO TEYXEIRA CHAVES
Presbytero, Theologo, e Pregador de nome
como moftrou na obra feguinte.
Sermão em a primeira Dominga de Qua-
refma na Capella Keal. Lisboa por Manoel
Lopes Ferreira. 1693. 4.
ANTÓNIO TEYXEIRA DE MEN-
DOÇA natural da Ilha da Madeira, e Meílre
dos filhos do Commendador Mór muito
verfado no eftudo da Genealogia de que
efcreveo.
l^ivro das Geraçoens do Rejno de Vorttigal
dedicado a D. Margarida Corte-Real mulher
de D. Chriílovaõ de Moura.
Fr. ANTÓNIO TELLES natural da
Cidade de Elvas na Provincia do Alentejo
Teve por Pays a Ruy de Menezes, e Bea-
triz Alvarez igualmente nobres que virtuo-
fos. Na ReHgiaõ de S. Paulo i. Eremita,
cujo habito profeíTou no Convento da Serra
de Oíla a 25. de Março de 1632. em atenção
à fua grande capacidade exercitou os lugares
de Reytor dos Conventos de Elvas, Serra de
OíTa, Secretario, Definidor duas vezes, Vifi-
tador, e ultimamente Geral da fua Congrega-
ção, a qual adminiílrou com tanta prudência
que foy eleito fegunda vez merecendo as
eílimaçoens de domefticos, e eftranhos. Mor-
reo em o Convento de Lisboa a 7. de Março
de 1677. com 73. annos de idade, e 46. de
Religião. Foy muito applicado ao eftudo
da Genealogia deixando compofto com fummo
exame, e erudição.
Famílias do Kejno de Portugal foi. M. S.
Do Author fe lembra como Genealógico
infigne o P. D. Anton. Caetan. de Soufa no
Apparat. à Hiji. Geneal. da Cafa Ríal Portug.
pag. 117. n. 127.
ANTÓNIO TELLES DA SYLVA.
Naceo em Lisboa a 11. de Mayo de 1667. e
teve por Progenitores a Manoel Tellez da
Sylva primeiro Marquez de Alegrete, 2. Conde
de ViUar-Mayor, Confelheiro de Eftado, e
Gentil-Homem da Camera dos Serenifiimos
Monarchas D. Pedro 11. e D. Joaõ o V. N.
Senhor, e a D. Luiza Coutinho filha de Nuno
Mafcarenhas Alcayde Mór, e Commendador^
do Caftello de Vide, e D. Brites de Menezes.*
Nos primeiros annos deu manifeftos indiciosí
da fublimidade do talento com que a naturez^
fe empenhou a ornar os filhos defla. illufixe Caía '1
fendo difcreto, affavel, liberal, e cortezaõ.
Depois de receber o Militar Habito da precla-
rifiima Ordem de Malta paíTou a Coimbra em
cuja Univerfidade brilhou com tanto exceíTo a
delicadeza do feu juizo unida à profundidade
da fua efpeculaçaõ que foy ornado com as infi-
gnias doutoraes na faculdade do Direito Pon-
tifício fendo Conduâario com privilégios de
Lente a 6. de Março de 1695. Foy Arcediago
na Cathedral de Lisboa, e Deputado na Inqui-
fiçaõ de Coimbra provido a 4. de Fevereiro de
1693. Cultivou a Poefia vulgar, e Latina
com taõ fuperior elevação que merecerão
os feus Epigrammas, e Sonetos os mayores
applaufos dos mais infignes alumnos do Par-
naíTo. Envejofa a morte dos fublimes dotes
com que fe illuftrava o feu efpirito o privou
L USITAN A.
407
intempcí^i vãmente da vida a 21. de Agoílo
de 1699. na florente idade de 52. annos com
grande detrimento das mayores dignidades
EcclcfiaíUcas a que certamente o deltinavaò
o efplendor do íeu nacimento, e a capaci-
dade do íeu talento, jáz enterrado na San-
criítia do Convento do Carmo deíla Corte
que he o jazigo da fua illuílriíTima Cafa.
Compoz.
Dyjlichos Latinos, que eftaõ gravados íobre
os pórticos dos Geraes da Univerfídade de
Coimbra quando novamente íe edificarão no
anno de 1696. nos quaes compete a elegância
do metro com a agudeza do conceito.
Vários Sonetos Vortuguev^es, t Cajlelhanos, que
fe confervaõ com outros de feus ExccllentiíTi-
tnos Irmaõs Fcrnaõ Tcllcz da Sylva 2. Marquez
de Alegrete, c JoaÕ Gomcz da Sylva Conde
de Tarouca cm hum Volume que exiílc na
Livraria deíla grande Cafa.
ANTÓNIO TENRREYRO natural de
Coimbra, Cavalleiro profeíTo da Ordem Mili-
tar de Chrifto, e filho de Pays illuftres. Na
idade da adolefcencia paíTou à índia, onde
fiaõ fomente obrou acçoens heróicas contra os
inimigos do Eílado, mas como foíTe ornado
de grande talento acompanhou a Balthezar
PdToa quando foy mandado Embaxador ao
Sophi da Perfia por D. Duarte de Menefes
Governador da índia no i. de Setembro
de 1523. Nefta jornada como alcançaíTe indi-
vidual noticia das terras por onde paíTara, e fe
ía£Rç. muito fciente nas línguas Turquefca,
e Pedlana lhe cometeo outra mais difícil
Chriílovaõ de Mendoça Capitão de Ormus con-
fiando da valentia do feu animo a dezempe-
nharia com toda a fatisfaçaõ, pois querendo
avizar a ElRey D. Joaõ o III de como Nuno
da Cunha eftava em Melinde, e que os Rumes
1 naõ paíTavaõ à índia lhe ordenou foíTe
o menfageiro deíla noticia. Aceitou promp-
tamente a comiíTaõ naõ lhe caufando
horror a diílancia do caminho, nem os gra-
ves perigos aíTim das feras, como dos
Ladroens que o efperavaõ. Partio em 20.
de Setembro de 1528. e chegando a BaíTorá
a tempo, que ja tinhaõ partido as Cáfilas
para Alepo, atraveíTou todo aquelle dilatado
deferto levando por condu£lor hum Mouro,
e vencida eíla folidaõ no efpaço de vinte, e
dous dias entrou em Alepo donde paíTou
a Tripoli de Soria, e embarcaodo-fe para
Chipre paíTou a Itália até que felizmente che-
gou a Portugal em Mayo de 1)29. onde foy
recebido por ElRey D. Joaõ o III. com íin-
gulares demonílraçoens de aífeâo louvan-
do-lhe o valor com que fe ofíerecera a huma
taõ perigofa, como difícil jornada da qual
eícreveo a obra feguinte.
Itenerario de António Tenrreiro Cavaltiro da
Ordem de Chrijlo em qtie Je contem como da índia
veyo por terra a efles Reynos de Portugal. Coim-
bra por António de Maris. 1560. 4. et ibi por
Joaõ de Barreira 1565. 12.
Delle fazem memoria Barros Dec. 4. liv.
I. cap. 8. Andrad. Chron. delKey D. JoaÕ
o III. Part. 2. cap. 49. Maccd. in Propuffi. h/ufit.
Gallic. ad Art. 20. cap. 7. pag. 157. Ant. de
Lcon in Bib. Orient. Tit. 2. e cm a moderna-
mente addicionada. Tom. 1. Tit. 2. col. 32.
Fr. ANTÓNIO DE THOMAR natu-
ral da Villa do feu appellido Religiofo da
Ordem dos Menores da Provincia de Por-
tugal, onde foy Definidor da Provincia no
anno de 1659. do qual fazem memoria Fr.
Fernando da Soled. Hiji. Seraf. da Vrov. de
Portug. Part. 3. liv. i. cap. 22. n. 134. c Fr.
Joan. à D. Ant. in Bib. Francifc. Tom. i.
pag. 131. Imprimio.
Sermão na Santa Sé de Usboa em 18. de
Setembro de 1628. em a fejla primeira, que o
Reverendo Cabbido fei(^ na dita Sé a S. Antónia
em memoria do milagre do rayo, que cahio na rua
dos Cónegos defia Cidade, no anno de 1624. Lis-
boa por António Alvares. 1629. 4.
Fr. ANTÓNIO DE SANTO THO-
MAZ. Natural da Villa de Óbidos do Pa-
triarchado de Lisboa filho de Francifco da
Sylva, e Maria de Faria profeíTou o Inílituto
Seráfico no Convento Recoleto do Bom
JESU de Peniche da Provincia dos Algar-
ves a 13. de Junho de 1679. Aprendeo as
fciencias efcholaíUcas com tal applicaçaõ
como quem as havia didar aos feus domef-
ticos fendo o mais profundo inveítígador
das fubtilezas de feu grande Meífare Efcora
merecendo pela fublimidade do talento, e
4o8
BIB LIO THE C A
vaílidaõ do eíhido occupar os lugares de Qua-
lificador do Santo Officio, Examinador das
Três Ordens Militares, e Synodal do Arce-
bifpado de Lisboa. Naõ teve menor capa-
cidade para as Cadeiras, que para as Prelafias
chegando depois de fer Guardião do Colle-
gio de Coimbra, e Cuftodio ao lugar de Pro-
vincial em que foy eleito no Convento de
Eftremoz a 30. de Novembro de 1720. fendo
prefentemente o Padre mais digno, que tem
a Província dos Algarves. Compoz com igual
fubtileza, que novidade para beneficio dos
feus Religiofos.
Opujculum Syllogiftkum Vriorum, Vofterio-
rtim, Topicorum, et Elenchorum lihros fideliter
^oncludens, acutimque dilucidans. foi. M. S.
Em cujo preludio diz Omnis hujus Opusculi
conatusy nihil aliud eji, quàm hos aperire lihros,
quos Ji non perftmãorie, immo at tente legerint plu-
rimas in venient novitates non a regulis Arifiotelicis
diffitas, fed ah illis noviter evijceratas.
ANTÓNIO TRANCOSO CORRÊA.
Naceo em Lisboa, e foy taõ douto no
eíhido da Hiftoria, como verfado em todo
o género de Poefia por cujos dotes me-
receo os elogios de alguns efcritores, quaes
foraõ Fr. Jorge Cotrim nos Kecuerd. dei
Carmelo cap. 40. e Fr. Manoel de Sá nas Mem.
Hijlor, da Ord. de N. Senhora do Carm. da Prov.
de Portug. Part. i. liv. 3. cap. 2. n. 374. Jaz
fepultado na Capella do Santo Chriílo Iituada
na Via-Sacra, que vay para a Sancriftia
do Convento de Collares dos Carmelitas
Calçados, e na Sepultura tem gravado eíle
Epitáfio.
EJla Capella he de António Trancofo Corrêa,
€ de fua mulher Maria ]acome a qual elles fi^eraõ
tf fua enfia, e a dotarão de renda, e fabrica, com
ohrigaçaõ defie Convento lhe di^er todas as Semanas
do anno huma Miffa das Chagas, e huma cantada
pelos Santos para fempre. Era de 161 2
Compoz, e naõ imprimio.
Poefias nas Ethicas de Arifioteles, M. S,
foi.
Fr. ANTÓNIO DA TRINDADE Ere-
mita Auguítiniano bom Letrado, e naõ
menor Pregador. Traduzio de Latim em
Portuguez.
Kiqueiias da alma dedicado ao muy religiofo
P. Fr. Luiz de Montoja Provincial da Ordem
de Santo Agofiinho.
Index de certas matérias commuas difpofias
pelo A. B. C. imprejfo no anno de 1557.
Fr. ANTÓNIO DA TRINDADE ReU-
giofo profeflb da Ordem Seráfica da Provín-
cia de Saõ Thomé da índia Oriental nume-
rado entre os Efcritores Francifcanos por
Frei Joan à D. Ant. na Bih. modem. Franc.
Tom. I. pag. 133.
Imprimio.
Sermaõ de S. Francifco no feu dia, e Convento
de Goa. Lisboa por Paulo Crasbeeck. 1645. 4.
Fr. ANTÓNIO DA TRINDADE
da Ordem dos Menores da Provinda da
Madre de Deos de Goa. Compoz.
Relação da Provinda da Madre de Deos
de Goa.
A qual confervava em feu poder como
elle afíirma Fr. Pedro de Alva, y Aítorga in
Milit. Concept. col. 125. Do Author, e da
obra faz memoria Fr. Joan. à D. Ant. in Bib.
Franc. Tom. i. pag. 133. e a Bib. Orient.
modernamente acrecentada Tom. i. Tit. 3.
col. 76.
Fr. ANTÓNIO DA TRINDADE,
E TORRE natural de Lisboa onde abra-
çou o Inílituto da religião Trinitaria cujas
noticias inveftigou com affefto de filho, e
com exame de Sábio. Foy Pregador de fa
e Meftre de Noviços. Efcreveo.
Annaes Sacros, e felices empret^as dos gl
riofos Kedemptores da divina Religião da Santijftm$
Trindade, comprehendem as idades do prinápÍÊ
do mundo até a vinda de Jefu Chrifio Redempt€r\
noffo, de como deo principio à fua Religião da
Santiffima Trindade Militar, e de Redempto-
res; dos Santos, que nella fe exercitaõ, e de
como foy reduí(ida, e approvada com regra
própria pelo Summo Pontífice Innocencio III.
em o miraculofo aparecimento, que o mefmo
Senhor lhe manifefiou prementes os gloriofos
Patriarchas S. Joaõ, e S. Félix, e dos mais
fuceffos da mefma Religião da Santiffima
Trindade de Redemptores refumidos das Bulias
Apofiolicas, Authores, Chronicas, e Archivos,
ízmsà
r A
L USITANA.
409
,fuâ delia trataõ. Efcriíos no anno de 1650. foi.
M. S.
Martirohsio Trinifarío tm qm fe txpotm
,it Feflas particulares, que celebra a Kiligíaõ da
Santijfma Trindade, t das que antigamente con-
finhaõ os Breviários delia concedidos pelo Summo
Pontifice Innocencio III. e approvados por feus
Succeffores, e ultimamente emendado por Alexan-
dre IV, em o anno de 1495. Contem os Santos
./.'te floreceraÕ em a primeira Ordem Militar de Ke-
dcmptores. Os da Jegimda approvada com regra
própria obfervantes, e os da terceira De/calços, e
Keformados. Os Beatos, Veneráveis, e Varoens
illujlres que deraõ as fuás vidas pela pregação Evan-
iidica, e exaltação da Santa Igjreja Catholica,
os Keligiofos, e Keliffofas, IrmaÕs, Irmaãs da
dita Ordem que com applata^o commum faõ, vene-
rados por Servos de Deos, e os Santos cujos corpos,
e relíquias tem os feus Conventos de que re^aõ em
írus dias, e Santuários milagrofos, recopilado de
Breviários, e Chronicas da mefma Keligiaõ, e dos
[utbores approvados que delia fav^m menção,
lifcrito no anno de 1654. foi. M. S.
Ambos eíles livros que faõ de fumma
grandeza fe confervaõ efcritos pela nuõ do
Author na Livraria do Convento defta Q)rte,
como nella vimos.
ANTÓNIO VAENA cuja pátria, e eftado
de vida ignoramos. Efcreveo.
Chronica delKey D. Sebajliaõ 4. M. S. Delia
confervo em meu poder huma Copia, cujo
Original fe guarda na Livraria do Conde
(lo Vimieiro.
ANTÓNIO DO VALLE DE MORAES.
PaíTou à índia como Soldado em Com-
panhia do Vice-Rey D. Pedro da Sylva
no anno de 1635. Foy bom poeta cuja
arte cultivou entre o eftrondo da Guerra.
Efcreveo a fua jornada de Lisboa até Goa
em 6. Cantos intitulada.
Náutica l^ufitana.
A qual M. S. dedicou ao dito Vice-Rey
Confervavafe efta Obra na Livraria de Joaõ
de Saldanha na fua quinta da Junqueira.
ANTÓNIO VANGUERVE CABRAL
natural de Lisboa. Eftudou Direito Civil
na Univeríidade de Coimbra em cuja
faculdade recebeo o gráo de Baclurel. Tendo
adminiílrado reâamente alguns lugares naò
querendo continuar no exercício de Mlnlíbo,
fe Applicou com grande difvelo a efcrever
diverfas obras em beneficio dos Juizes, e
Advogados as quaes faõ as feguintes.
Pra^ca judicial muito útil, e necejfaria para
os que principiai os officios de julgar, e advogar,
e para todos, os que folicitaò caufas nos auditorics
de hum, e outro foro. Parte i. Lisboa por
Jozé Lopes Ferreira ImprcíTor da SereniíTuna
Rainha. 1712. foi. et ibi na OBicina Ferrei-
riana. 1726. foi.
Parte 2. f 3. Lisboa pelo dito Impreífor.
171 5 . foi.
Parte 4. Lisboa na Officina Fcrrciriana
1721. foi.
Parte 5. Lisboa na mefnu Offidna.
1727. foi.
Todas eftas cinco Partes fahiraõ cm Coim-
bra por António Simoens Ferreira. 1730. foi.
Traííatus Praãicus juridicus de Sacrileffo.
UlyíTipone apud Bemardum à Coíla Carva-
lho. 171 5. foi.
Epilogo jurídico de vários cafos cíveis, e crimes
concernentes ao efpeculatívo, e praãico com humas
annotaçoens à ley novijftma da prohibiçaÕ das facas,
e mais armas promulgada em 4. de Abril de 171 9.
Lisboa por António Pedrozo Galraõ. 1729. foL
ANTÓNIO DE VARONA. Prefby-
tero Ulyffiponenfe filho de Gines de Va-
rona, e Beatriz Gomes dos quaes herdou
hum grande morgado, profeíTor dos Sagra-
dos Cânones, e ornado de muitas virtudes,
fendo o feu principal difvelo que o incruento
facrificio do Altar fe celebrafle conforme as
regras prefcriptas pelo ^liflal Romano, e
para que com toda a perfeição o executaííem
os Sacerdotes. Compoz. >-;•• -
Kittial da Mijfa ret^ada conforme ao Msffeà
Romano reformado pela Santidade de Urbano
VIIL nojfo Senhor. Lisboa por António
Alvares. 1640. 12.
Foy muito afefto aos Padres Jefuitas
com que familiarmente tratava por cuja caufa
deo grandes donativos para ornato do Templo
da Cafa profeíTa de S. Roque de Lisboa
onde morrendo a 3. de Agofto de 1657.
foy fepultado como ordenara em feu Tef-
4IO
BIBLIO THE CA
tamento, na Capella de S. Joaõ Evange-
liíla que era jazigo da fua familia.
Fr. ANTÓNIO VARJAM natural da
Torre de Moncorvo da Diocefe Bracharenfe
ReUgiofo da Sagrada Ordem dos Pregadores
onde diftou Artes, e Theologia no Convento
de Évora até que jubilando foy Meftre do
numero. Imprimio.
Vrima pars diakãicat. Sex libris abfoluitur. i.
de Termino 2. de Propopione 3. de Propríetatibus
qua conjequmtur términos, et componmt propo-
fttionem 4. de oppofitione, aquipollentia, et con-
verfionibus propofitionum. 5- àe exponibilibus
propofitionibus. 6. de Syllogijmis. Eboras apud
Emmanuelem de Carvalho 1627. foi. Dedi-
cada a D. Theodofio 2. Duque de Bragança.
No prologo prometia outro tomo de difpu-
taçoens dialeíticas.
Varai^o da alma traduzido de 'Latim em
que fqy efcrito por Alberto Magno em lingua
Portugueza. Lisboa por Lourenço Cras-
beeck. 165-6. 8. Traz no principio a vida de
Santo Alberto Magno.
Delle trataõ Joaõ Soares de Brito in
Theatr. hufit. Utter. lit. A. n. 125. Echard
Script. Ord. Prad. Tom. 2. pag. 459- ^ Fr.
Pedro Monteir. Claujir. Dom. Tom. 3. pag. 166.
ANTÓNIO VAZ CABAÇO natural de
Coimbra onde depois de receber o gráo de
Doutor na faculdade de Direito Civil foy Lente
de Inftituta em o anno de 1565. donde fubio
à Cadeira do Código, Digeílo velho, Vefpera
até à de Prima de que tomou poíTe em 29. de
Novembro de 15 81. e nella jubilou no anno
de 1588. Foy Deputado do Santo Officio
da Inquifiçaõ de Coimbra provido em 19. de
Dezembro de 15 81. e depois do Dezembargo
delRey . Falleceo na fua pátria no anno de 1 5 9 5 .
Compoz juntamente quando era Lente de
Vefpera de Leys com o Doutor Luiz Corrêa
Lente de Decreto.
Allegaçoens de Direito que fe oferece-
rão ao muito alto, e muito poderoso R^ D.
Henrique noffo Senhor na cauja da Juceffaõ
deftes Keynos por parte da Senhora D. Cathe-
rina fua fobrinha filha do Infante D. Duarte
feu Irmaõ. Ahneirim por António Ribeiro,
e Francifco Corrêa 1580. foi. Sahio tra-
duzida efta obra em latim por Fr. Francifco
de Santo Agoftinho Macedo Parifús apud
Sebaílianum Cramoyfi 1641. foi.
Do Author, e da obra faz illuftre memo-
ria o D. Francifco Velafco de Gouvea na
Jufla Acclam. do Serenifimo Key de Portug,
D. Joaõ o IV. pag. 77.
ANTÓNIO VAZ DE CASTELLO
BRANCO. Naceo na Cidade de Leiria ao
I . de Agosto de 1 649. Foy filho de Heytor Vaz
de Castello-Branco, e de D. Luiza da Sylva.
Em a Univerfidade de Coimbra, onde com
grande applicaçaõ eíludou Direito Cefareo,
recebeo neíla faculdade o Grào de Doutor
fendo Opofitor às Cadeiras quando contava
de idade defanove annos. Preferio ao eíludo
da Jurifprudencia, em que jà era venerado por
infigne, a Liçaõ da Hiíloria aíTim fagrada como
profana, e principalmente a Genealogia repe-
tindo com felicidade de memoria, e admiração
dos que o ouviaõ a ferie de muitas famílias
illuftres da fegunda ClaíTe. Foy Comendador
dos Preílimonios de Santa Maria de Caminha,
e de S. Pedro de Riba de Mouro na Ordem de
Chrifto, e Secretario do Senhor Infante D.
Francifco. Morreo em Lisboa no i. de Agofto
de 1723. fechando perfeitamente o circulo de
74. annos por falecer no mefmo dia em que
nacera. Efcreveo
Nobiliário das Familias defie Rejno 13. Volu-
mes foi. i,
Os quaes como affirma o P. D. Antomo ^ |
Caetano de Soufa no Apparat. à Hijl. Gen. da
Cafa Real Portug. p. 147. §• i73- ^e confervaõ ,
em poder de Pedro de Soufa de Caftello-Branco
Senhor do Guardaõ Commendador de Santo
André do Eruedal na Ordem de Chriílo, Coro-
nel do Regimento da Armada, Primo, e Genro
do Author.
ANTÓNIO VAZ DUARTE natural de
Lisboa Presbytero de exemplar vida, e fuífi-
ciente Uteratura. Tradufio da Lingua ItaUana
do P. Lucas Pinello da Companhia de JESUS,
e o dedicou ao Bifpo Inquifidor Geral Femaõ
Martins Mafcarenhas.
Confejfionario Geral ajfim para todos os
EJlados de penitentes fe faberem bem confef
far, e aparelhar, como também para todos os
Confeffores exercitarem dignamente o Sa-
L USITANA.
411
cramento da Penitencia. Litboft pOf Pedro
Crasbceck 161 8. 8.
ANTÓNIO VAZ DE SOUSA natural
de Lisboa, Theologo, e Pregador muito ver-
fado nfl llçaõ dos Livros afceticos dos quaes
cxtrahia documentos foiidos para dirigir as
almas pelo caminho da perfeição. Compoz.
Confelheiro celejlial para o exercido Santo
da vida atíiva, e contemplativa com bufPi interro-
gatório dos peccados para fa!(er confijfaõ geral,
OM dt muito tempo; e alimento, e thejottro da alma,
que confifte no myflico comer, e dormir da Com-
munbaõ do Santijftmo Sacramento, e OraçaÕ
mental, e no exercido interior das virtudes, e obras
4le Mifericordia. Lisboa por Jorge Rodrigues
1627. 16. et ibi por Joaõ Alvares de Lcaõ
16 j 7. 16. et ibi por Domingos Carneiro
1679. '^*
Tradufio da lingua italiana do Padre
j Lucas Pinello da Companhia de JESUS na
Portugueza as duas feguintes obras.
Hijioria da Vida da Virgem Maria Senhora
Nojfa tirada dos Santos Padres com Jms medi-
/afoens, e acrecentada com Oraçoens, e Ladainhas,
milanês da mejma Virgem. Lisboa por Antó-
nio Alvares. 1626. 16. et ibi pelo dito Impref-
Ibr 163 1. 12 et ibi por Domingos Carneiro
1679. '2*
Difciplina Clauftral em praãica, e exercido
dos aãos da vida reli^osa para os faf(er com ef-
pirito, e devaçaõ. Lisboa por Giraldo da Vinha.
1627. 16.
Mandou imprimir, e o dedicou a Fr.
Pedro Fragofo Carmelita.
Officiiim qidnque Plagarum Chrifii Domini
a D. Bonaventttra concinnatum. UlyíTipone apud
Antonium Alvares 1627. 24.
P. ANTÓNIO DE VASCONCEL-
LOS Naceo em Lisboa fendo feus Pays
Bartholameu Froes Pereíbrello Fidalgo da
Cala Real Efcrivaõ da Fazenda, e do Af-
fentamento, e D. Sueyra de Vafconcellos.
Na idade de dezefeis annos deixou o mun-
do, e abraçou o IníUtuto da Companhia de
JESUS no Collegio de Évora a 13. de Se-
tembro de 1570. Foy iníigne na lingua La-
tina, e humanidades, e naõ menos perito
nas fciencias efcolaílicas que diílou na Uni-
veríidade Eborenfie onde depois foy Pce-
feito, e Reytor. Para o miniftcrio do Púlpi-
to teve natural génio onde fempre foy ou-
vido com atenção e applauío. Governou a
Cafa profefTa de Faro que depois fe ttanf-
ferio para Collegio, os Collegios de Por-
talegre, e do Porto, e ultinumente foy Ví-
fitador das Ilhas. Os últimos dez annos que
precederão à fua morte, tolerou com invic-
ta paciência as dores da gota que o tiveraõ
fempre prezo na cama, e quando lhe per-
mitiaõ alguma paufa occupava o tempo em
compor os livros com que illuílrou naõ fo-
mente a fua Pátria, mas toda a Republica
litteraria. Morreo em Évora a 12. de Julho
de 1622. com 68. annos de idade, e 52. de
Religião. Dcllc fazem mençaõ Maced. in
Propugn. hufit. Gallic. ad art. 3. chamando-lhe
anthorem gravijftmum, e na pag. 174. mafftijudidj
et prifci nitoris fcriptorem. Telez Chron. da
Companh. de Prov. de Port. Part. 2. liv. 4. cap.
28. n. 3. Keligiofo de muita authoridade, e letras
como tejlificaõ fuás obras, que deixou imprefjas.
Souf. de Maced. ¥lor de Efpan. Cap. 8. Excel.
9. Fuè otrofi Hijloriador excelente el Padre An-
tónio de Vajconcelos. Alegamb. in "Rib. Socitt.
p. 87. Vir ob infignem doãrinam, religionem,
et generis claritatem in luufitania notijftmus.
Franc. Imag. da Virtud. em o Novidad. de
Bvor. pag. 855. e no Synopf. Annal. in Lujitan.
pag. 235. Fonfec. Evor. glorio/, pag. 427.
Joan. Soares de Brit. in Theatr. hujit. Utter.
lit. A. n. 126. Francken. in Bib. Hifpan. He-
rald. Geneal. pag. 411. Girard. Diar. Part. 3.
a 12. de Giulio D. Francifco Manoel na Carta
ejcrita ao D. Themudo que he a i. da 4. Cen-
tur. delias. P. D. Emman. Caietan. de Soufa
in Exped. Hifpan. S. Jacobi Tom. 2. pag. 1306.
Compoz.
Anacephalaofes, id efl fumma Capita aão-
rum Kegum Ljdjitania.
Defcriptio Regni Luftani cum compendio
rerum illuflrium, quee in eo vifuntur tam ad bu-
manum cultum fpeãantium, quam ad divinum.
Philippi II. Luf fanica expeditio. An-
tuerpias apud Petrum, et Joannem Belle-
ros. 1621. 4. Hoc opus (faõ palavras de Ma-
noel Sueyro Cavalleiro profeíTo da Ordem
de Chrifto, e Senhor de Voorde na Dedica-
tória que fez à Mageftade de Filippe IV.
412
BIB LIO THE CA
Rey de Caílella) fore confido gratius Majejlaíi
veftra quod brevibus, elegantijftmifque elogiis exor-
natíim fit a P. António de Vafconcellos è So-
cietate Jefu ob injignem doãrinam, religionis,
et generis claritatem in L,ujttania notijftmo, nuper
etiam in celebri Eborenji Academia ab Henrico
Rege excitata non fine magna laude Keãorem
gejftt, qui etiam alia opera molitur propediem
in lucem proditura, qua ingenij felicitatem, et
in Deum pietatem facile indicabunt.
Tratado do Anjo da Guarda i. Varte. Évora
por Francifco Simoens 1621. 4.
Varte 2. Lisboa por Pedro Crasbeeck.
1622. 4. Quod opus (diz o P. Franc. in Anno
glorio/, S. J. in Lufitan. pag. 385.) multum
ofiendit tum ejus pietatem, tum Jacram eruditio-
nem.
Kelaçaõ da Perfeguiçaõ do Japaõ pelos annos
de 1588. e 1589. Deíla obra faz mençaõ o
Licenciado António de Leaõ na Bib. Orient.
Tit. 8. pag. 36.
ANTÓNIO VAZQUES. Naceo em Por-
tugal, e querendo renacer para Deos entrou
em Madrid na Religião dos Clérigos Meno-
res cujo Inftituto obfervou com fumma
exacçaõ. Foy muito douto nas letras Sagradas,
e profanas, e muito fciente na lingua Italiana.
Pello grande affefto com que venerava àquelle
raro exemplar do Eftado Clerical S. Filippe
Neri, efcreveo com bom eílilo.
San Filippe Neri. Epitome de fu vida delo
que delia han ejcrito authores diverjos. Madrid
por Gregório Rodrigues 165 1. 4.
Traduzio de Italiano de D. Agoftinho
Mafcardi em Caftelhano.
1m conjuracion dei Conde Jmn Lmíz Fiefco.
Madrid. 1640. 4.
Nicol. Ant. in Bib. Hifpan. Tom. 2. pag.
283. efcreve que também compuzera.
Vida do Papa Alexandre, naõ declarando
qual fora; e com outro nome.
Vida do Capuchinho Ef coces.
ANTÓNIO VASQUES DE CHAVES
cujo appellido indica a fua pátria que he a
Villa deíle nome íituada na Província de
Trás dos Montes, e forte Praça de Ar-
mas. Foy celebre profeíTor de Jurifpruden-
cia como o acclamaõ Nic. Ant. in Bib. Hif-
pan. Tom. I. pag. 129. Joan. Soar. de Brito
in Theat. iMfit. Eitter. lit. A. n. 127. e D.
Francifco Manoel na Carta dos Author. Portug.
ejcrita ao Doutor Manoel da Fonjeca Themudo
que he a I. da 4. Centúria. Compoz.
Biformis traãatus de ujucapione, et prafcrip-
tionibus ad Interpret. C. fi diligenti de PraJ-
criptionibus et exaãionibus, et de exaãione, et re-
petitione dotis. Madriti apud Andream dela.
Parra, et Gafparem Garcia. 1617. 4.
ANTÓNIO DA VEYGA natural de
Villa- Viçofa, Cavalleiro da Ordem Mili-
tar de Malta, onde depois de ter exercita-
do diverfos lugares com grande credito da
fua Peííoa foy Secretario do Graõ Meílre,.
e poííuhio huma rendofa Commenda. Como
era ornado de viva comprehenfaõ, e rara
habilidade fez admiráveis progreíTos em todas
as Artes dignas de hum CavaUiero fendo
iníigne Humaniíla, grande Geometra, e Ma-
thematico, excellente Poeta, Muíico, e Tan-
gedor de todo o género de inílrumentos
de tal forte que compunha a letra, e poíla
por elle em Solfa a cantava com fumma graça^
e deílreza. Vivia em Torres Vedras no anno
de 161 8. quando já contava a proveâa idade]
de 75 annos. Compoz.
Tercetos em repofia de hum Panegírico que\
lhe dedicarão. Começavaõ.
O dextro canto da Sonora Eyra.
Acabavaõ.
Em quanto prevenis o heróico, e grave
Delle faz honorifica mençaõ Francifco!
de Moraes Sardinha no Pamaf. de VillaA
Viçofa liv. 2. cap. 59. e no Uv. 3. traz tres.j
Sonetos que começaõ.
Debaixo defta pedra trifte, e efcttra.
Fermofa Júlia mais que a branca Kofa.
Apenas a quieta noute cobre.
Intentava fahir com hum Poema em 8. Ri-
ma, mas naõ teve eífeito como efcreve
Joaõ Franco Barreto na Biblioth. Eufitana
M. S.
Fr. ANTÓNIO VEL. Naceo em Lis-
boa. Foraõ feus Pays Joaõ Vel de na-
ção Flamengo, e Beatriz Bacaler natural
deíla Corte. Abraçou o Sagrado Inftituto
da Ordem dos Pregadores onde depois de
l
L USITANA.
413
fer CoUegial do CòU^gk) de Saoto Tho-
maz de Coimbra diâou Artes, e Theolo-
gia em Évora por cuja liçaõ foy Medre da
Ordem, Qualificador do Santo Ofíicio crea-
(io cm II. de Mayo de i6)o. e Pregador de
{<rande nome como o intitula Fr. Pedro Mon-
tei r. no ClaiijL Dom. Tom. 5. pag. 166. e o
Doutor Manoel Rodrigues Ixytaò no Tratad.
Analytic. Apolog* pag. 185. na margem n. 400.
lhe chama maffia auíhonta/is, el eriíditioiíis
virum. Imprimic).
SermaÕ pregado nas lixeqnias, que o Tri-
htmal do Santo Officio fe:;^ na morte do llliijlrijfwio
Uiqttifidor Geral D. brancifco de Caftro em 50.
de janeiro de 16 j 3. no Convento de S, Dominjips
de Évora. Lisboa na OHícina Crasbecckiana.
1654. 4.
P. ANTÓNIO VELEZ filho de Joaõ Lo-
, c Maria Velez. Naceo na Cidade de Por-
igrc, c na de Coimbra abraçou o Inílituto
a Companhia de JESUS a 9. de Janeiro de
1569. quando contava vinte, e três annos de
idade. Foy dos celebres humaniílas do feu
tempo, e naõ menor Poeta, e Orador. Por fete
annos continues diftou Rhetorica, três Theo-
logia Moral, e fete exercitou o minifterio de
Prefeito da Univerfidade de Évora aonde
morreo a 20. de Março de 1609. Com grandes
elogios exaltaõ o feu nome Alegamb. in Bib.
Societ. pag. 87. Franc. in Ann. glorio/. S. J.
jn hujit. pag. 163. et in Synopf. Annal. S. J.
jn Ljtfit. pag. 199. Joan. Soar. de Brit. in
Theat. Ijífit. Litíer. lit. A. n. 128. Petr. Angel.
Sper. de Grammat. Profef. lib. 4. pag. 486.
Fonfec. Evor. Glorio/, pag. 427. P. Anton.
dos Reys in Enthnjia/m. Poet. n. 141. Compoz.
Commentariíim in Emmanuelis Alvari Gram-
maticam Latinam, Eboras apud Emmanuelem
de Lyra. 1 599. 4. cuja obra chama erudita Nicol.
Ant. in Bib. Hi/p. Tom. i. pag. 130.
Ordenou a Arte do P. Manoel Alva-
res na forma como agora fe uza nas efco-
las acrecentandolhe a Syllaba que lhe fal-
tava, e no fim hum Diccionario de Nomes,
Verbos; e o que he mais digno de eftima-
çaõ reduzindo a elegante metro todos os
preceitos Grammaticos com tal primor
^ ^^ /n/pen/aõ a todos (como efcreve o
P. António Franco na Imagem da Virtud.
em o NovU. dt Coimb. Tom« 2. pag. 613.) os
qm entendem da /acuidade, pela qual obra pode
com re^aÕ /er o Padre Velez contado por hum
dos melhores Poetas Latinos,
Vida do P. Gonçalo da Sylveira martirizado
em Monomotapa. compofto em verfo que fe
naò imprimio. Deíla obra fazem mençaô
I^nnco no lugar proximamente allegado, e
I'onfcca na Uvor. Glor. p. 427. Deixou mais
compofto.
Orthoff-aphia.
De Nominibus Nominalibus.
ANTÓNIO VELES CALDEIRA na-
tural da Cidade de Portalegre na Província
do Alentejo, filho do Doutor Pedro Carrei-
ras celebre Advogado na fua Pátria, e de
Izabel Velez Caldeira. Foy Cavalleiro pro-
fcíTo da Ordem de Chrifto, Desembargador
da Cafa da Supplicaçaõ de que tomou poíTe
a 23. de Mayo de 1669. ornado de profundo
talento, pcrfpicaz juízo, e natural difcriçaõ
igualmente perito na pureza da lingua Latina,
e noticia das letras humanas, como na pene-
tração dos myfterios da Jurifprudencia. Todos
eftes dotes o habilitarão para fer eleito Secreta-
rio da Embaxada que no anno de 1670. man-
dou o Princepe D. Pedro Regente defta Mo-
narchia pelo Marquez das Minas D. Francifco
de Soufa à Santidade de Clemente X. nova-
mente aíTumpto ao Sólio do Vaticano em cuja
prezença, e de todo o Collegio Apoftolico re-
citou em 22. de Mayo de 1670. a Oraçaõ Obe-
diencial em nome do mefmo Embaxador com
tanta elegância da fraze, e viveza da reprefen-
taçaõ que deixou fufpenfos a todos os Expeâa-
dores como fielmente declara a Relação Ita-
liana eftampada em Roma que fe fez defta
Embaxada a pag. 35. nefta forma. Fatto mi-
ver/ale Jilen tio Ji udiva per/et tamente offii exprejfwne
delia Oratione che concepita in termini ben compofti,
Jle/a con ca/la /ra^e, e /ublime eloquen^a, e cir-
con/crita de lie veri legi delia per/et ta Oratória hora
/eminando fiori retorici, hora racogliendo /rutti di
/odijjime riflejfioni, recitate con intrepide^a, gefto
liberale, e compofto, ri/petto, e amare che /pic-
cavano delle parole, e dal volto, hebbe Vuni-
ver/ale accetatione di tutti, e /ece ri/orgere
i roftri Komani nel Vaticano. Em melhor
lingua, e com mais eloquente expreíTaõ
414
BIB LIOTH E CA
o cantou a fublime Muza do P. Fr. Fran-
cifco de Santo Agoílinho Macedo Vot. Poet.
in Triumphal. Pomp. Excellent. D. D. Fran-
cifci de SouJ. March. Minar.
= DixH
Pro rojlris Veles Caldeira Antonius, ille
Regius à Sou/a fecretts, áurea fandi
Copia cui, geftujque decor, vox plena, La-
tina
Diãio, Romano facúndia digna Theatro.
Audires flores Hortenfl, et lumina CraJJi,
Gracchorum nervos, Ciceronis fulmina: punc-
tum
Omne tulit, docuit, recreavit, fuafit, et ar tis
Explevit números: cunãi Jlupuére tonantem.
A oraçaõ fahio impreíTa com efte titulo.
Pro folemni obedientia quam prafiitit Sanc-
tijjimo D. N. Clementi X. nomine Sereniflimi
PortugallicB, et Algarhiorum Principis Petri ejus
legatus Excellenfijftmus D. Francifcus de Soufa
Marchio de Minas oratio habita in publico Con-
Jijiorio 22. Maij anni 1670. Romae ex Typo-
graphia Vareíij 1670. 4.
Foy traduzida em Portuguez com o titulo
feguinte.
Oraçaõ na folemne Embaxada da Obediên-
cia que em nome do Sereniflimo Princepe D. Pedro
Governador dos Rejnos de Portugal, e dos Algar-
ves deu o feu Embaxador Extraordinário o Exce-
lentijfimo Senhor D. Francifco de Soufa Marque:^^
das Minas ao noffo Santijflmo Padre Clemente X.
feita em Conjiftorio publico em 22. de Majo
de 1670. Lisboa por Miguel Manefcal.
1671. 4.
Reílituido ao Reyno confervou a fa-
ma, que deixara em Roma, do feu talento
nos lugares de Dezembargador dos Aggra-
vos de que tomou poíTe a 17. de Dezembro
de 1672. Procurador da Coroa a 4. de No-
vembro de 1677. e Juiz da Coroa a 26. de
Março de 1678. Morreo em huma quinta
junto de Lisboa a 15. de Mayo de 1689. e
eílà fepultado no Convento de N. Senhora
da Penha de França. Foy cazado com D.
Francifca Mayor.
P. ANTÓNIO VELOZO natural de
Braga donde com beneplácito de feus Pays
Amaro Fernandes, e Catherina Antónia,
recebeo em Coimbra a Roupeta da Com-
panhia de JESUS a 2. de Setembro de 1615.
em idade de defefete annos. Navegou à ín-
dia, e no CoUegio de Cochim depois de ler
Theologia efpeculativa muitos annos foy
Reytor da mefma Cafa exercitando no fim
deíle miniílerio o de Procurador Geral das
Províncias Orientaes. Teve grande génio
para a Cadeira como para o Púlpito naõ fen-
do menos perito na Uçaõ da hiíloria fagrada,
e profana. Imprimio
Sermão funeral nas exéquias, que o Real Col-
legio da Companhia de JESUS de Coimbra ce-
lebrou ao Serenijftmo Princepe de Portugal D. Theo-
dofio em 17. de Junho de 1653. Lisboa por Paulo
Crasbeeck 1653. 4.
De Primatu Ecclejia Bracharenjts cuja obra
louva muito Jorge Cardofo no AgioL hujit.
Tom. 2. pag. 727. dizendo, que tem efgotado a
matéria com igual credito feu, que de Braga fua pátria.
De Jujlitia, (Ò" Jure. foi M. S. Eílava prompto
efte Tratado para a ImpreíTaõ como affirma
Joaõ Franco Barreto na Biblioth. Eujtt. M. S,
ANTÓNIO VELOZO DE LIRA na-
tural de Villa-Nova de Calheta na Ilha da
Madeira onde naceo em 14. de Junho de 161 6.
Foy filho de Manoel Dias de Lira, e de fua
mulher D. Mecia Rodrigues do Couto. De-
pois de eíhidar as Letras Humanas na pátria
paíTou a Salamanca onde aprendendo Filofofia,
e Theologia recebeo o Grào de Doutor neíla
faculdade. Ainda aíTiftia neíla Univerfidade
quando foy acclamado o SereniíTimo Rey D.
Joaõ o IV. e tanto, que teve Princepe natural
fe reftituhio a eíle Reyno fendo caufa de que o
feguiíTem nefta fiel refoluçaõ todos os Por-
tuguezes, que eíludavaõ naqueUa Univer-
fidade. Pelas fuás letras foy Cónego Magif-
tral da Sè do Funchal, e Governador do
Bifpado por nomeação do Bifpo D. Fr. Jozè
de Santa Maria. Foy muito douto em todo
o género de eftudo como o publicaõ os di-
verfos argumentos das fuás obras. Morreo
na Cidade do Funchal a 3. de Janeiro de
1691. e eílà fepultado na Capella Mòr da
Cathedral da mefma Cidade. DeUe fe lem-
bra com naõ pequeno louvor Henrique
Henriques de Noronha nas Mem. Secul. e
Ecclejiajl. da Diocef. do Funchal. Tit. 3. cap.
10. M. S. e o P. D. Man. Caet. de Souf.
1
L USITANA.
4i5
/ llifpan. S. Jacob. Tom. i. pag. 1506.
liipiimio quando tinha vinte c fcis annos de
1(1.11 Ic.
lífpelbo de Ltifitanos em o criflal do Pfal-
mo 4^. eu/a vijla em Jumma reprefenta efle Keyno
em três Eflados. O i . de/de Jeus princípios com
todas as felicidades, e grandezas fitas a ti a morte
ÂelKey D. JoaÕ o III. O 1. as calamidades, e
jnforttmlos começados em li/Rey D. SebafllaÕ, e
4ontimmàos por todo o jipverno Caflelhano. O ^. cf-
iado as maravilhas obradas por Deos em a fell:^
/tcclamaçaõ, e reftattraçaò delRey N. S, D. JoaÕ
<o IV. com os mais raros cafos nella fuccedldos
<ajjím em efle Keyno, como em Caflella. Lisboa
por Paulo Crasbceck 1643. 4*
Politica Chrlfllana dirigida a Filippc IV.
<lc Caftclla. Tratava do milagrofo fucceíTo
■com que Deos livrou a Mageftade delRey
D. JoaÕ o IV. em dia de Corpus. M. S. Eftava
jú com as licenças
Zodlacus Ecclejia no qual reduzia todos
os Evangelhos do anno a doze Domingos
cm que fe celebra a memoria de Chriílo Sa-
cramentado com vários difcurfos. M. S.
Stella matutina In médio nebula. Nefte tra-
tado explicava todas as figuras, que fymbo-
lizaraõ a Maria SantiíTima defde o Genefis
atè o Apocalypfe. M. S.
Domusfaplentue dividida em fete Aulas onde
■defde a hora de Prima em que Deos he o pri-
meiro Lente difcorre por varias idades, e Mef-
tres, que teve a Theologia Sagrada atè noflbs
tempos concluindo com a viltima Gideira de
Theologia Myftica de que era Lente S. Joaõ
Lvangeliíla. M. S.
Phllofofia mtita. Por modo de Dialogo ref-
ponde efta fciencia às preguntas da curiofidade
inquirindo fobre tudo o natural, de que fe fe-
gue o bufcar o verdadeiro fim, que he Deos,
naõ fó corporal, mas efpiritualmente. M. S.
GloJJa fobre os Evangelhos na qual trata maté-
rias muito curiofas com expofiçoens myfticas.
M. S.
Antiguidades da Ilha da Madeira intituladas
Campus ubl Troyafult. Prompto para a Impref-
faõ no anno de 1658. quando o Author tinha
41. de idade.
ANTÓNIO VELHO DE GÓES. Naceo
na Cidade de Elvas da Provinda Tranftagana a
2. de Março de 1670. fendo filho de Manoel
Velho, e Luiza Góes de Andrade. Depois de
receber o Gráo de Meftre em Artes na Univer-
fidade de Évora curfou dous annos a faculdade
da Theologia. Foy Prior Encomendado na
Igreja de N. Senhora da Conceição de VíUar
-Viçofa, e Capellaõ Mòr do Exercito da Pro-
víncia do Alentejo. Morreo a 26. de Janeiro de
1754. De alguns Sermoens, que pregou fo-
mente publicou o feguinte.
SermaÕ de Santa Rita de Cajfm Keligfofa da
Ordem de Santo Agofllnho em acçaõ de grafas, que
prometeo, e mandou celebrar pelo bom fucceffo do
fltlo de Campo-Major a Senhora D. Lul:(a Clara
d» Meneses mulher, que foy do Senhor Comes Freyre
de Andrade, e hoje recolhida em o Convento de
Santa Cruv^ de Vllla-Vlçofa, e nelle pregado na
fegunda Dominga do Advento do anno de ijii. Lis-
boa por António Pedrozo Galraõ. 17 14. 4.
ANTÓNIO DE VIANA cujo appcllido
indica fer natural defta Villa. Foy inílgne
Medico, e Cirurgião cujas Artes exercitou com
os Soldados Efpanhoes, que andavaõ embar-
cados nas galés para defender as coftas de
Efpanha da invafaõ dos Mouros, e no Hofpi-
tal de Sevilha fundado em louvor de S. Herme-
negildo pelo Cardeal Joaõ de Cervantes.
Imprimio
Efpejo de Cirurgia: Vrlmera parte en três exer-
cltaclones de Theorlca y praãlca que tratan de los
tlempos dei apoflema fangulneo. Lisboa 163 1. 4.
Fr. ANTÓNIO DE S. VICENTE
chamado no Século António Lopes do Quen-
tal naceo em Santarém donde fe aufentou
para Itália, e infpirado fuperiormente re-
cebeo a CoguUa Ciílercienfe da reformada
Congregação de S. Bernardo no Con-
vento de S. Carlos de Nápoles em 24. de
Julho de 1641. Foy hum dos mais authori-
zados Monges, que floreceraõ naquella
Comunidade aíTim na profundidade das le-
tras, como no exercido das virtudes occu-
pando as horas vagas da obrigação de Reli-
giofo em diverfos eíhidos como o manifef-
taõ as obras, que compoz dignas certamente
da luz publica. Morreo no Mofteiro de S.
Nicolào da Gdade de Santo Angelo da Dio-
cefe Pignena em o anno de 1672. Na
4i6
B IB LIO THE CA
famofa Bibliotheca de Santa Pudenciana em
Roma fe confervaõ M. S. as feguintes obras.
Vida de Santa Romana efcrita em S. Syl-
veftre de Monte Oreíle anno 1652. foi.
Scholia in Conjlitutiones Monachorttm S. Ber-
nardi reformatar um cum appendice. foi.
Appendix ad traãatum de opinione proba-
hili in quo rejpondetur dilucide, (ò" juxta lógica
regulas ad opujcula IlluJiriJJimi Fagnani, (ò' Ma-
rinarij circa ujum prohahilitatis valde à veritate
errantium: mens authoris, d^ operis fcopus. foi.
Traãatus aliquot dúbia circa materiam de
celebratione Mijfarum compleãens. foi.
Martjrio di S. Bernardo Abbate di Clara-
valle anno 1666. 4.
Difcurfus Theologicus circa quamdam ordina-
tionem, (& cenjuram nuper miffam à Keverendif-
Jimo Abbate Generali ad Monajleria nojlra Con-
gregationis anno 1667. foi.
Summarium totius fcriptura. foi.
Deixou outras muitas obras imperfeitas.
Fr. ANTÓNIO DE S. VICENTE
Religiofo Eremita de Santo Agoftinho cujo
Habito profeíTou no anno de 1600. e no de
1620. partio para a índia onde com igual
zelo, que fruto exercitou o fagrado minifte-
rio de MiíTionario principalmente no Rey-
no de Gorgiílaõ. Efcreveo.
Memorial das coufas dejle Rejno. foi.
M. S.
ANTÓNIO VIEIRA natural de Vil-
la-Viçofa. Aprendeo a Arte da Mufica com
o iníigne Meílre Manoel Rebello, e che-
gou a competir com elle na excellencia
defta faculdade da qual foy Meílre na Igre-
ja do Loureto, e da Cafa da Mifericordia de
Lisboa donde paíTou a exercitar o mefmo
miniílerio na Villa do Crato na qual morreo.
Compoz diverfas obras, que faõ muito eíli-
madas pelos profeíTores da Muíica fendo as
principaes
Mijfa do I. Tom a iz. vo^es.
Miferere a 8. vo;(es de 8. Tom.
Dixit Dominus a 8. do i. tom com inílru-
mentos
Beatus vir a 12. do i. tom
Lauda Hyerufalem Dominum a 8. de 8.
tom
Motete Pater peccavi.
Motete de Defuntos Domine quando veneris^
Todas eílas obras fe confervaõ na Biblio-
theca Real da Mufica como coníla do Index
delle impreflb em Lisboa por Paulo Cras-
beeck 1649. 4* grande.
P. ANTÓNIO VIEYRA hum dos mais
famozos Varoens que produzio Portugal naceo
na Cidade de Lisboa a 6. de Fevereiro de 1608.
e em 15. foy bautizado na Igreja Cathedral
em cuja Pia recebera a primeira graça o infigne
Thaumaturgo Santo António . Logo na pue-
rícia fe admirou a perfpicacia do juizo, e fubli-
midade do talento com que a natureza pro-
digamente o dotara refpondendo com taõ
difcreta promptidaõ ao que fe lhe preguntava,
que eraõ veneradas as fuás repoftas como fen-
tenciofos apothemas. Na tenra idade de fete
annos partio com feus Pays Chriftovaõ Vieyra
Ravafco, e D. Maria de Azevedo para a Bahia
Capital da America Portugueza onde obede-
cendo à divina vocação defprezou heroica-
mente o amor, e cafa paterna aufentando-fe
furtivamente delia para a Companhia de JESUS
em cuja fagrada milicia depois de repetidas
inílancias foy aliftado em 5. de Mayo de 1623.
quando contava 1 5 . annos fazendo a ProfilTaõ
Solemne a 26. de Mayo de 1644. Defejofo de
illuítrar com o feu talento a Religião de que era
filho fe proílrou deuotamente na prefença de
huma Imagem da Virgem SantiíTmia fuppli- ,fl
cando-lhe com ferverofas inílancias o fizeíTe "
digno de exercitar o miniílerio de Orador
Evangélico, e para manifeílo argumento do
defpacho deíla fupplica fentio, que fe lhe diíTi-
pava repentinamente do entendimento huma
fombra, experimentando daquelle dia por dian-
te penetrar fem dificuldade os myHerios das
fciencias mais profundas, que fielmente depofi-
tou no preciofo thefouro da fua memoria.
Como o feu engenho era agigantado logo
começou a frutificar ao tempo de florecer
efcreuendo de defefete annos as cartas an-
nuaes do Braíil em a Lingua Latina com
elegante eílilo, di£lando no feguinte como
Meílre da Primeira aos feus domeílicos as
Tragedias de Séneca eruditamente iUuílra-
das, e compondo de vinte, hum Commenta-
rio Literal, e Moral fobre Jofué, e outro so-
L USITANA.
417
l)Tr ' Ic SalamaA em cinco fentídos.
l'<ti.i iv .....ii... nas fcicncias efcolafticas naA
teve outro Mcílre mais que a fí mefmo com-
pondo o curfo de Fiiofofia, e Theologia pelo
qual aprendeo eílas faculdades cauíando ao
mefmo tempo enveja, e admiração aos mayo-
res profcíTores delias que difputaíTe, defendeííe,
e arguiíTc com profunda fuhtilcza nas queílocns
mais difíceis fcm o foccoro de inftruçaõ alhea,
mas unicamente pela laboriofa applicaçaõ do
feu eíludo. Admirados os Superiores de que
nunca fendo difcipulo foíTc já Mcftrc confu-
mado, o elegerão com maduro confclho l^nte
efperando que da fua efcola fahiíTem iMeílres
todos os fcus difcipulos, porém naõ teve efeito
efta eleição por fcr obrigado a acompanhar a
D. Fernando Mafcarcnhas filho do Marquez
de Montalvão Governador do Brafil quando
cm nome daquclle Eílado veyo dar obediência
ao Sereniffimo Rey D. Joaò o IV. novamente
elevado ao trono de Portugal. Tanto que che-
gou à Corte no anno de 1641. foy recebido por
j^cfte Monarcha com fingulares demonílraçoens
le affefto, e certificado occultamente da fua
)rofunda capacidade naõ fomente o elegeu
feu Pregador, mas lhe cometeo negócios de
iviíTimas confequencias, que adminiílrou
)m igual prudência, que fidelidade affim nas
)rtes de Pariz, e Olanda no anno de 1646.
1647. como em Roma no anno de 1650. ef-
revendo em todas eílas negociaçoens doutifli-
los Tratados em obfequio do feu Princepe,
zelando como verdadeiro Portuguez os poli-
tcos intereíTes delia Monarchia contra as cavil-
>fas máximas das outras Coroas. Entre taõ
iverfas naçoens por onde difcorreo deo claros
timunhos da penetração do feu juizo adqui-
ido com a liçaõ dos livros mais raros que
ivolveu nas melhores Bibliothecas, e com
o comercio famiUar dos profeíTores de todo
o género de fciencias tanta copia de noti-
cias que era refpeitado como Oráculo da
Sabedoria Chriílaã, e Politica. Com igual
gloria da Religião Catholica que credito da
fua profunda fciencia, convenceo em Amf-
terdaõ a ManaíTes Ben Ifrael, o mais iníigne
Rabino da Synagoga, e em Roma trium-
phou da impiedade de hum Ateifta. Naõ
alcançou menor gloria nas continuas difpu-
tas em que por varias vezes altercou com os
mais doutos Hereges» que com apparentes
fofírmas queríaò rebater a foUda efficacia dos
feus argumentos contando neíU litteraría cam-
panha as vitorias pelas difputas, e os triumfos
pelos combates. Soube perfeitamente as lín-
guas mais polidas da Europa fallando a Ita-
liana, Franceza, e Efpanhola com proprie-
dade, e elegância: principalmente foy íniígne
na materna explicando a fublimidade dos feus
conceitos, e a fineza dos feus difcurfos com
frazes puras, e termos próprios fem mendigar
vocábulos de idiomas eílranhos. Foy o mayor
Pregador do feu tempo, e o fera com enveja
das outras naçoens em toda a poíleridade veri-
ficando em fi a fabula de Hercules Gallico
pois com a torrente da fua áurea eloquência
atrahia fuavemente fufpenfa a atenção dos
feus ouvintes. Em Roma pátria dos Orado-
res mais famofos fe venerou com profundo
refpeito a fublime facúndia da fua lingua, e ao
mefmo tempo que renovou a memoria de
Tullio, lhe diminuyo a gloria, e fepultou o
nome. Neíla grande Corte aonde chegou
fegunda vez por ordem delRey D. Pedro
o II. a 16. de Novembro de 1669. pregou os
cinco Difcurfos das pedras de David na pre-
zença da celebre Heroina a SereniíTima Rainha
de Suécia Chriílina Alexandra, que como outra
Sabá veyo a admirar de longe a difcreta ele-
gância deíle Evangélico Salamaõ, fendo as
acclamaçoens, e applaufos que mereceo deíla
Princefa, como de todos os Princepes Eccle-
fiaílicos, e Seculares da Cabeça do mundo
pequeno brado à fua fama, limitado, premio ao
feu talento. Da Oratória Ecclefiaílica teve o
principado fallando o commum com íingula-
ridade, o femelhante fem repetição, o vulgar
com novidade, o fublime com clareza, e o
humilde com decoro, fendo difcreto fem afec-
tação, copiofo fem redundância, e taõ corrente
o eílilo como nacido menos da arte, que da
natureza. Reprezentou com taõ viva energia,
que eraõ efcufadas as palavras por ferem elo-
quentes as acçoens. Penetrou com profunda
fubtileza os myílerios mais occultos da Sagrada
Efcritura que toda leu por diverfas vezes exa-
minando as fuás mayores dificuldades com as
luzes dos Santos PP. e Sagrados Interpretes,
em que foy muito verfado, particularmente
correndo a cortina aos Oráculos dos Profetas
4i8
BIB LIO THE CA
para ferem intelligiveis os feus vaticínios. Em
todas as fciencias foy eminente, fendo infigne
humaniíla, confumado Rhetorico, e elegante
Poeta vulgar, e Latino, fubtil Filofofo, pro-
fundo Theologo, fublime Efcriturario, grande
Chronologo, e completamente douto na Hif-
toria Sagrada, e profana. Ornado de tantos
dotes com que copiofamente o enriquecera a
divina liberalidade nunca fe defcubrio no feu
animo o mais leve final de jaftancia, antes rece-
bendo notáveis honras, e eílimaçoens de muitos
Princepes aífim naturaes, como eftranhos naõ
foraõ poderofas para lhe alterarem a humilde
condição do feu génio, de tal forte, que efcre-
vendolhe em 12. de Setembro de 1680. o
feu Geral Joaõ Paulo Oliva de eftar eleito
Confeílor da Rainha de Suécia querendo eíla
Heroina que foíTe o feu diredor para alcançar
huma Coroa pela qual tinha deixado heroica-
mente tantas, fe efcufou com fumma modeítia
de minifterio taõ honorifico. Toda a fua am-
bição era da gloria divina, e naõ da humana
deixando por ella a pátria, e o declarado aífeólo
da Mageílade delRey D. Joaõ o IV. partio
para o Maranhão a procurar com indefeíTo
trabalho a converfaõ daquella Gentilidade
para cuja Sagrada empreza fe obrigara com
voto defde a idade de vinte, e fete annos.
Acompanhado de alguns Varoens Apoílolicos
promovidos do feu exemplo chegou ao Mara-
nhão a 22. de Novembro de 1652. onde lan-
çando os primeiros fundamentos àquella nova
Miílaõ de que era o Fundador, foy obrigado
a voltar a Portugal a 16. de Julho de 1653. a
folicitar da Mageftade delRey D. Joaõ o IV.
a liberdade dos índios como totalmente necef-
faria, e conducente para a fua converfaõ. Ven-
cidos os obftaculos, que contra taõ juiiificada
reprezentaçaõ fe oppuzeraõ, fegunda vez partio
para o Maranhão em companhia do feu novo
Governador André Vidal de Negreiros, fendo
impoflivel de relatar o ardente zelo com
que pelo efpaço de nove annos cultivou
aquella agreíle vinha. Para converter Gen-
tios, doutrinar Cathecumenos, e confervar
Neófitos vifitou onze vezes as Refidencias
da Miífaõ, navegou vinte, e duas vezes rios
mais extenfos que o Mar Mediterrâneo,
difcorreo a pé quatorze mil legoas por luga-
res incultos, fragofos, e folitarios, tolerando
exceíTivos calores, rigorofos frios, horroro-
fas tempeílades, em que muitas vezes fe vio
quafi engolido das ondas, e por fuperior auxi-
lio livre, e falvo. Em beneficio dos novos
convertidos compoz féis Cathecifmos em diver-
fas linguas. Levantou defefeis Igrejas para
cujo ornato difpendeo mais de cincoenta mil
cruzados fendo tal o fervor apoílolico com
que enfinava àquelles bárbaros o caminho da
vida eterna que parecia fe animavaõ as fuás
palavras do efpirito de Paulo, e do zelo de
Xavier. A taõ laboriofa cultura correfpon-
deo abundãtemente o fruto, pois à eficácia
das fuás vozes fe converteu infinita multidão
de gentios Inheigaras, Tupinambas, e Poqui-
guarás habitadores do Seara, Maranhão, Pará,
e o grande Rio das Amazonas, naõ fendo
menos gloriofo o triumfo com que a 16. de
Agoílo de 1659. foy recebido pelos Nheengay-
bas em agradecimento de os ter reduzido à Fé
Catholica, e à obediência delRey de PortugaL
Atendendo o Reverendiflimo Geral da Compa-
nhia Tyrfo Gonzales ao incanfavel difvelo com
que tinha aggregado tantos filhos ao grémio
da Igreja o nomeou a 17. de Janeiro de 1688.
Vifitador da Província do Brafil, e Superior
abfoluto de todas as MiíToens, lugares, que
aceitou conftrangido como quem fempre eíhi-
dara mais obedecer, que mandar. Os últimos
annos da fua vida aíTiíHo na Bahia para onde
partira no anno de 168 1. elegendo com madura
refoluçaõ efta Cidade para fepultura, já que
fora o feu berço para a Religião. Retirado em
huma quinta do arrebalde da mefma Cidade
fe occupou como outro Cicero no feu Tufcu-
lano preparando as fuás obras para a impreíTaõ,
o que executou por expreíla ordem do feu
Geral ordenando-lhe que também acabaíle o
livro intitulado. Clavis Prophetarum, poílo que
eftiveíle quafi cego, para fazer mais meritória
a fua obediência fe valia dos olhos alheos para
lhe lerem os livros, cujas paginas apontava de
memoria achando-fe fielmente o que nellas pro-
curava, fendo efte trabalho muito fuperior às
fuás forças. Praétícou como Religiofo ob-
fervante todas as virtudes próprias daquelle
Eítado. Levantava-fe muito cedo para a
Oraçaõ cortando pelo defcanfo neceílario à 1
fua idade para ficar expedito para o eíhido.
O Uvro efpiritual de que mais frequentemente
L USITANA.
419
u/ava tn o de Imitationt Chrifii efcutando
como vozes divinas as Sentenças que nelle lia.
leve hum animo imperturbável fofrendo com
heróica conílanda o ódio diíTimulado em zelo
de muitos emulos que armados contra a fua
peíToa lhe deraõ grave matéria para exame
da fua paciência, naõ tendo outro motivo
para eíla injuíliça do que nacer mais Angular
que todos em tantos dotes de que abundante-
mente o ornou a graça, e a natureza. Rctri-
buyo fempre benefícios por aggravos íatisfa-
zcndofc com taõ nobre vingança dos feus
oíTcnforcs. Nunca no fcu fcmblante fe defcu-
brio o menor (ínal de alteração ainda quando
fe fentio infamado com Satyras, acuzado em
divcrfos Tribunacs, e pcrfcguido daqucllcs,
que lhe craõ mais obrigados, antes como fe
fora o Olympo que goza de huma inalterável
tranquillidadc diíTimulava com prudência, c
fofria com rcfignaçaõ toda cila furiofa tor-
menta. Entre tantas Cortes, e paizes por onde
ifcorreo, nos quaes coftuma reynar licenciofa-
lente a incontinência, confervou como fe
foflc Anjo illeza a pureza com tal privilegio
jue nunca teve contra eíla angélica virtude
lateria para a ConfiíTaõ. Foy exaétííTimo
)bfervador da pobreza Religiofa uzando fem-
)re dos veílidos mais remendados, confer-
ido huma Capa pelo largo efpaço de qua-
)rze annos, que largou violentado. Igual era
^o amor à pobreza o odlo das riquezas regei-
ido heroicamente vinte, e cinco mil cruza-
los, que lhe mandou a Pariz ElRey D. Joaõ o
^. para comprar livros para o feu uzo, e qua-
ínta mil cruzados, que a Ilha Terceira lhe ofe-
:eu em premio de patrocinar com a fua
^uthoridade hum grave negocio. Como fem-
)re foy fuperior à mais alta fortuna fugio das
mayores eílimaçoens que do feu talento fizeraõ
os Summos Pontifices Innocencio X. e Cle-
mente X. as Mageílades auguílas de Luiz XIV.
de França D. Joaõ o IV. e D. Pedro II. de Por-
tugal, e o Duque de Florença, como das digni-
dades a que o deílinavaõ eíles foberanos Prin-
cepes, aíTim Eccleíiaílicas, como Seculares.
Venerou com taõ exceíTivo affefto a Chriílo
Sacramentado, que parece em premio da
fua Fé fe fazia vizivel aos feus olhos a divina
Mageílade occulta de baixo dos acciden-
tes Euchariílicos. Naõ houve género algum
de culto que a fua fervoroíâ devoção naõ
dedica/Te em obfequio de Maria SantUTuxu tri-
butando-lhe agradecido de lhe falvar a vida de
hum horrendo naufrágio trinta Panegyricos ao
feu Sacrati/Timo Roíario que todos os dias reci-
tava meditado pelo efpaço de duas horas,
ornando com eílas myíUcas roías o augufto
trono de taõ divina Princeza. Na ultima infer-
midade padeceo taõ acerbas dores que o pri-
vavaò do defcanfo, e taõ reíignado eílava na
vontade divina, que quando eraõ mais dgoto-
fas rompia a fua aflicçaõ neílas palavras. Domi-
nus ejl: quod bonum eft in oculis Juis ftuiat. Rece-
beo com terniíTima piedade os Sacramentos, e
efpirou entre a meya noute, e huma hora para
o dia de 18. de Julho de 1697. em idade de 89.
annos 5. mezes e 12. dias, e de Religião 74. 2.
mezes e 15. dias. Teve a eílatura mais que
mediana; o roílro grave; a teíla dilatada; o
nariz aquilino; os olhos vivos; a còr algum
tanto morena, o cabello negro, e a barba
povoada. Foy nas acçoens circumfpedo, no
trato affavel, na converfaçaõ erudito, no dif-
curfo fubtil, folido, e prompto por cujos dotes
conciliou o univerfal affeóto de naturaes, e
eílranhos. Extraordinário fentimento caufou
em todos os ânimos a fua morte, naõ havendo
peíToa de qualquer qualidade que deixaíTe de
teílemunhar com lagrimas copiofas taõ deplo-
rável perda. O Cabido da Cathedral da Bahia
lhe officiou o Funeral no Collegio da Compa-
nhia aíTiílido de toda a nobreza Eccleíiaílica, c
Secular, no fim do qual foy levado o Cadáver à
Sepultura aos hombros de D. Joaõ de Alencaf-
tre Governador daquelle Eílado, feu filho D.
Rodrigo de Alencaílre, o Bifpo eleito de S.
Thomé, feu Irmaõ o Vigário Geral Joaõ Cal-
mon, o Provincial da Religião de S. Bento, e o
Reytor do Collegio dos Jefuitas. Naõ fomente
o mundo concorreo para as ultimas honras
deíle grande Varaõ, mas até o Ceo fe empenhou
em canonizar a fua memoria aparecendo-lhe
três noites antes da fua morte, e três depois
huma brilhante Eílrella de extraordinária
grandeza, a qual perpendicular fobre o
feu Cubículo foy vifta, e admirada do mar,
e terra affirmando as peíToas mais judi-
ciofas, que aquelle meteoro era huma lumi-
nofa teílemxmha com que o Ceo decla-
rava as virtudes do P. Vieyra. Tanto que
420
B IB LIO THE CA
nefta Corte fe recebeo a lamentável noticia de
hum feu taõ illuílre filho, fe refolveo o Excel-
lentiíTimo Conde da Ericeira D. Francifco
Xavier de Menezes infigne Mecenas dos eílu-
diofos dedicar humas fumptuofas exéquias à
memoria do Princepe dos Oradores Evangéli-
cos, e elegendo para Theatro a Cafa profeíTa
de S. Roque naõ perdoando a género algum de
difpendio a fua profufa liberalidade mandou
levantar huma foberba maquina que occu-
pava grande parte do Templo animada de
muitos emblemas, e poefias de diverfos
metros, e linguas, e illuminada com grande
copia de luzes. Cantou o officio a Mufica da
Capella Real a que fez o compaíTo o feu grande
Meílre António Marquez Lesbio. Naõ houve
peííoa grave de huma, e outra Jerarchia, que
naõ aíTiíliííe a efte fúnebre obfequio, o qual
coroou o P. D. Manoel Caetano de Soufa taõ
illuílre pelo fangue, como pela erudição com
huma Oraçaõ taõ elegante que renaceo nelle
a eloquência, que lamentava defunta. Seria
impoífivel repetir os elogios com que celebres
Efcritores exaltarão o nome defte grande
Varaõ, e fomente tranfcreverey alguns para
que claramente fe conheça a fua grandeza.
Seja o primeiro aquelle que o foy na digni-
dade o Summo Pontífice Clemente X. no
Breve, que lhe expedio para que pudeíTe publi-
car as fuás obras fem que foííem examinadas
por algum Cenfor. Começa. Dileãe Fili Salti-
tem, et Apofiolicam Benediãionem. Keligioms
^elus, Sacrarum litterarum fcientia, vi ta, ac morum
honeftas, aliaque laudahilia probifatis, ac vir-
tutum merita Juper qua apud nos fide digno
commendaris tefiimonio. Joaõ Paulo Oliva
Geral da Companhia congratulando-o do
Sermaõ de S. Eftanisláo em huma carta efcrita
a 13. de Março de 1675. Dou gradas a Deos
por ter dado à Cõpanhia hum homem que pode
f aliar taõ divinamente, e que f abe proferir ofeo con-
ceito, e que todos confejfaõ que he igualmente mara-
vilho/o ajji no que entendemos, como no que naõ
penetramos, mas igualmente veneramos nas fuás
intelligencias. Cardofo Agiolog. 'Lufit. Tom. 3.
pag. 238. no Comment. de 13. de Mayo
letr. I. o intitula Oráculo dos Pregadores
defla idade. Ulhoa in Dijfert. de L.egat.
et Fideicom. na Dedicatória ao Graõ Duque
de Tofcana Venerabili viro, et Portí/gallia
Principis Concionatore difertijftmo, facilique
omnium concionatorum antefignano five verius
dixerim Príncipe o lUuílriíTimo Barzia Def-
pert. Chriflian. Tom. i. Introd. Exhortat.
col. 3. n. 30. lhe chama Agudiffimo. Fr.
Gio: Giufep. de Santa Teref. Jflor. delle Guerre
dei Brafile Part. 2. liv. 5. pag. 129. huomo che
ne i pergami porto il vanto nel nojlro Século.
P. Emman. Lud. in Vita Princip. Theod»
lib. I. cap. 19. n. 238. infignem virum ^'liguei
de Barrios no Prol. do Cor. delas Muf. El
pico de oro Português. Feijoó Theat. Critic.
Tom. I. Difc. 16. n. 115. Aquel homhre
aquien en penfar con elevacion, difcurrir con agu-
deza, y explicarfe con claridad no igualo hafla aora
Predicador alguno: e no Tom. 4. Difcurf.
14. n. 37. Qíie Sermon dei Padre Vieyra no es
un ajf ombro? Hombre verdaderamente fin feme-
jante de quien me atrevera decir loque Velejo
Paterculo de Homero. Neque ante illum quem
imitaretur, neque pofi illum qui eum imitari poffet,
inventus efl. Bonucci Iftor. delRe D. Alfonf.
Enriq. liv. 3. cap. 10. Ben noto ai mondo per il
fuo fingolare ingegno, profundità di fapere, e def-
tre;it(a ammirabile in maneggiar le divine Scrit-
ture. Sor. Joan. Ignes dela Cruz na Cenfura
que fez ao Sermaõ do Mandato impreíTa no
2. Tomo das fuás obras diz Siempre admi-
randome de fu fin igual ingenio... Las pro-
pojiciones defle fubtiliffimo talento, que es tal
fu fuavidad, fu vivera, fu energia, que ai mifmo
que dijftente enamora con la bellet^a dela Ora-
cion, fufpende con la dulçura, hechit^a con la
grada, eleva, admira, y encanta con el todo...
admirable pafmo delos ingenios. Joan. Soar.
de Brit. in Theatr. Lufit. Utter. lit. A.
n. 129. Vir magno ingenio, felicijjimoque
Judicio celeberrimus omnium concionator. Sebaf-
tiaõ da Rocha Pitta Hifi. da Amer. Porfug.
liv. 8. n. 54. O feu talento foy ainda mayor
que o feu nome com o qual voou por todos os
Emisferios a fama elevada pela fua penna. Foy
em Portugal Pregador dos feus Auguflijfimos
Monarchas, e da Sereniffima Kainha de Sué-
cia em Koma, cuja Sagrada Curta o ottvio
com admiração, e lhe refpondera com o premio
de altas dignidades, fe a fua Keligiofa modef-
tia o naõ obrigara a fugir entre os Eftran-
geiros das honras, e lugares, de que ja fe
livrara entre os naturaes, onde achando na vida.
LUSITANA.
421
e na pojleridade as mayores eflimafoensfaõ ainda infe-
riores às que Icm entre as outras Nafoens, andando os
Jeus ef cri tos tradtt:(idos, e venerados por todo o mundo
Catholico com jijrande gloria do nome Portugue:^^, D.
Emman. Caiet. de Souf. in Exped. Hi/p.
Tom. 2. pag. 1506. Oratorum Princepf, Franco
111 SynopJ. Annal. S. J. in Ijtjitan, pag. 401. Con-
cionator Principum, et Princepf fuo tempore con-
ciomitoriím vir nulla commendatione aqiiandtis Sor.
Violante do Ceo Religiofa Dominica no Gsn-
\ cnto da Roía de Lisboa, e celebre Poetiíía lhe
tc2 em feu applaufo a fylva feguinte que eftá
UM fuás Rimas, à pag. 74.
He vojfo entendimento
Felice fufpençaô do penf amento
Vojfa doce elegância
Cifra da mais perfeita confonancia
Voffa grafa excejfwa
A pedra de Cevar mais atraãiva
Vojfo faber profundo
Portentofo exemplar de todo o mundo
1 Voffa agudei(a rara
Dilicia do difcurfo altiva, e clara
Vojfo eflilo f a mofo
Agradável motivo do envejofo
Emjim vofjo juifo foherano
Credito do divino, honra do humano.
O* vivey para ajjomhro das idades
Gojio das Magejiades
Extafis dos fen tidos
Prodígio dos nacidos
Excejjo dos pajjados:
Vivey para motivo dos agrados
Objeão de louvores
Archivo de favores,
Compendio de excellencias
Vivey para modello de eloquências
The^ouro de elegâncias
E fe minhas grojf eiras ignorâncias
Tem fido dilatadas
Deixa-as caftigadas
Mas confejjay doãijfimo Vieyra
Que fe ignorante fou, fou verdadeira
O feu Retrato fahio aberto primorofa-
mente em huma lamina na Cidade de Bru-
xellas com efte Epigraphe na parte inferior.
Vera effigies celeberrimi P. Antonij Vieyra è So-
ctet, Jefu J-Jifitanicoriim Kegum Concionatoris, et
Concionatorum Principis quem dedit L^fitania
mundo, Ulyfipo Lufitania, Societati Brafilia. Obiit
Rabia prope nonagenarius die Julij 18. amii 1697.
Quiefcit in Kiffo Collegíj Hahienfis templo ubi
fepultus frequentijftmo urhis concurfu a temo orhir
defiderio.
Defte retrato fe tirarão varias copias que
fahiraò al^ertas em Roma, Veneza, e Barce-
lona com o mefmo epigrafe.
Cathalogo das Obras impreíTas.
Sermoens 1. Parte, Lisboa por Joaõ da
Q)(la. 1679. o I. Sermaò deíle tomo que he
da Dominga da Sexagefima fahio vertido em
Italiano Neapoli per Luca António Tufco 1688.
como também fahio traduzido em GUlelhano
o Sermaò de Santo Ignacio de Lqyola que ellá
impreíTo no mefmo Tomo. Valência por
Nicolao Drogct. 1680. 4.
Sermoens 2. Parte. Lisboa por Miguel
Deflandes. 1682. 4.
Sermoens 3. Parte Lisboa pelo mefma
Impreflbr 1683. 4.
Sermoens 4. Parte Lisboa pelo mefma
ImpreíTor. 1685. 4.
Sermoens 5. Parte Lisboa pelo mefma
ImpreíTor. 1689. 4.
Eíles cinco Tomos fahiraõ traduzidos
em Latim pelos Monges da Cartuxa de Coló-
nia com efte titulo.
Admodum Rever endi P. Antonij Vuyret
e Societate JESU . regij in hnfitemia Pradicatorir
Sermones Seleãijfimi facunditate materiarum, Subli-
mitate, Subtilitate, et acumine conceptuum admi-
rabiles. Pars. i. Colónias Agripinae apud Her-
manum Demen. 1708. 4. Pars. 2. ibi apud
eumdem Typograph. 1707. 4. Pars. 3. ibi
1707. 4. Pars. 4. ibi. 1707. Pars. 5. ibi
1708. 4.
Sermoens 6. Parte. Lisboa por Miguel
Deflandes 1690. 4.
Sermoens 7. Parte. Lisboa pelo mefmo
ImpreíTor 1692. 4.
Xavier dormindo, e Xavier acordado; dormindo
em três oraçoens Panegíricas no Triduo da fua
Fejia: Acordado em dov^e Sermoens Panegyricos,
Moraes, e Afceticos, os nove da fua Novena, o
Decimo da fua Canonização; o Undécimo do feu
Dia, e o ultimo do feu Patrocínio. 8. Parte Lisboa
por Miguel Deflandes 1694. Sahio vertido na
língua Latina pelo P. Leopoldo Fuess da
Companhia de JESUS com efte titulo Xave-
rius dormiens, et experreêtus Auguft. vin-
422
BIB LIO THE CA
dilicorum apud Joannem Cufparum Ben-
card. 1704. 4. e na lingua Italiana pelo P.
António Maria Bonucci Jefuita com o titulo
// Saverio addormentato, e il Saverio Vegliante.
Venetia apreíTo Paulo Baglioni. 171 2. 8.
Defta obra faz mençaõ o moderno Adiciona-
dor da Bib. Orient. de António de Leon
Tom. I. foi. 546. v.o no Apendix.
Maria Kofa Mijlica, excellencias, poderes,
e maravilhas do Jeu Kofario compendiadas em
trinta Sermoens ajceticos e panegyricos Jõhre
CS dous 'Evangelhos defta Solemnidade i. Parte.
Lisboa por Miguel Defíandes. 1686. 4.
2. Parte. Lisboa na Officina Crasbeeckiana.
1688. 4.
Elias duas partes foraõ traduzidas na
lingua Latina pelo Padre Leopoldo Fuess
ConfeíTor da Raynha D. Maria Sofia Izabel
de Neoburg exceptos os cinco Sermoens
vltimos que faõ traduzidos pelo P. Jacobo
Bofchio, e fahiraõ com efte titulo.
Kofa Mjftica, five de excellentia, vi, et vir-
tute admirabili ejus precatória Corona vulgo
KofariJ. Auguílae Vindic. apud Joan. Cuf-
parum Bencard. 1604. 4.
Também foraõ traduzidas tilas duas Par-
tes na lingua Caftelhana pelo P. Lucas Sans
Pregador delRey Catholico. Madrid. 1688.
4. 2. Tom. e na Italiana por Giovani Antó-
nio AHuri. Venetia. 1697. 4. 2. tom.
Sermoens 11. Parte» Lisboa por Miguel
Defíandes. 1696. 4.
Sermoens 12. Parte. Lisboa pelo dito
Impreílor. 1699. 4.
Palavra de Deos empenhada, e deí^empe-
nhada. "Empenhada no Sermão das Exéquias da
Kaynha N. Senhora D. Maria Francifca It^abel
de Sabqya. Def^empenhada no Sermão de Acçaõ
de graças pelo nacimento do Príncipe D. Joaõ
Primogénito de fuás Mageftades, que Deos
guarde, pregado o primeiro na Igreja da Mit^e-
ricordia da Bahia em 11. de Setembro de 1684.
o fegundo na Cathedral da mefma Cidade
€m 16. de Det^embro de 1688. Palavra do
Pregador empenhada, e defendida: empenhada
publicamente no Sermão de Acçaõ de graças
pelo nacimento do Príncipe D. JoaÕ Pri-
mogénito de Sua Mageftade que Deos guarde.
Defendida depois da fua morte em hum dif-
curfo apologético offerecido fecretamente à
Rajnha N. Senhora para alivio das faudades
do mefmo Princepe. Lisboa por Miguel Defían-
des. 1690. 4.
Eas cinco piedras de la Honda de David
en cinco difcurfos morales predicados en Roma
a la Rejna de Suécia Chriftina Alexandra
en lengua Italiana, y por el mefmo Autor
tradu:(ido en Caftellano. Madrid por Jozé
Fernandes de Buendia 1676. 4. et ibi por
António Gonçalves 1678. 4. Na lingua Ita-
liana Roma preíTo Ignatio de Lazaris. 1676. 8.
e com faculdade do Author fahiraõ traduzidos
na lingua Portugueza pelo ExcellentilTimo
Conde da Ericeira D. Francifco Xavier de
Menezes no Tomo feguinte pag. 76.
Sermoens, e Vários Difcurfos Tomo 14.
Lisboa por Valentim da Coíla Defíandes
1710. 4.
Sermão do primeiro dia de Janeiro pregado
na Capella Keal anno 1642. Lisboa por Domin-
gos Lopez Rofa. 1642. et ibi por Lourenço
de Anveres fem anno da ediçaõ. 4. Coimbra
por Thomé Carvalho 1671. e no Tom. 11.
dos feus Sermoens pag. 399.
Sermaõ do Efpo^o da May de Deos S. Jo!(é
no dia dos annos delRej N. Senhor D. Joaõ o IV.
na Capella Keal. Lisboa por Domingos
Lopez Rofa. 1644. 4. Coimbra por Thomé
Carvalho ImpreíTor da Univerfidade 1658. 4. '
e no Tom. 7. dos feus Sermoens a pag. '
533- '
Sermaõ de Santo António na fefta, que
fe fei^ ao Santo na Igreja das Chagas de
Usboa aos. 14. de Setembro de 1642. Tendo-fe
publicado as Cortes para o dia feguinte. Lisboa
por Domingos Lopes Roza 1645. 4- Coimbra
pela Viuva de Manoel de Carvalho 1672. e no
Tom. II. dos feus Sermoens à pag. 344.
Sermaõ de S. Koque. Lisboa por Domin-
gos Lopes Roza 1645. 4.
Sermaõ nas Exéquias de D. Maria de '
Attayde filha dos Condes da Attouguia Dama
do Palácio no Convento de S. Francifco de
Xabregas Nas Memorias Fúnebres, que
fe dedicarão a eíla Senhora. Lisboa na
Officina Crasbeeckiana 1650. 4. onde eílaõ
2. Epigrammas Latinos do mefmo Padre a
efte aílumpto. Depois fahio o Sermaõ. Lis-
boa por Domingos Lopes Roza. 1650. 4.
Coimbra por Thomè de Carvalho Impreffor
L USITANA.
423
da Univeríidade 1658. 4. et ibi por iManoel
de Carvalho. 1672. 4. e no Tom. 4. dos Teus
Sermoens à pag. 454.
SermaÕ de S. JoaÕ Bautijla na profiffaõ da
Senhora Maria da Cru^ filha do Excellentijfimo
DwfM de Medina Sidónia, Religiofa de S. Iran-
eifco no Mojleiro de N. Senhora da Quieía^aÕ das
Flamengas em Alcântara, Lisboa por Domin-
gos Lopes Roza. 16 ji. 4. Évora na OíBcina
da Univerfidade 16^9. 4. c no Tom. j. dos feus
Sermoens á pag. 553.
SermaÕ na Mifericordia da Bahia em
dia da VifitaçaÕ da Senhora Orago da Caja,
pref(ente o Vice-Key Alarquez de Montalvão.
IJsboa por Domingos Lopes Roza. 1655. 4.
Coimbra por Thomé Carvalho Impreflbr da
Univcrfidadc 1658. 4. e no Tom. 6. dos feus
Sermoens à pag. 586.
SermaÕ Hijlorico, e Panegyrico nos Annos
Rainha D. Maria Francifca Isabel de Saboya.
jsboa por Joaõ da Cofta. 1668. 4. Foy
iduzido na língua Franceza pelo P. António
Terjus Jefuita, e fahio com efte titulo.
Difcours hijiorique pour le jotír dela Naijfance
tia SereniJJime Reyne de Portugal oá il ejl traité des
ids èvenemens arrivés V année demiere en ce Rqy-
vme lã. Pariz chez Sebaftien Mabre-Cramoyfi.
1669. 4. Declara o traduítor que efte difcurfo
fahira vertido na lingua Italiana, e fe impri-
mira em Roma onde mereceo os applaufos de
todos os eruditos. Também fe imprimio em
Saragoça por Diego Iturbi 1668. 4. e no
Tom. 14. dos feus Sermoens à pag. i.
SermaÕ Gratulatorio, e Panegírico na menhaã
de dia de Reys fendo prét^ente com toda a Corte o
Princepe N. Senhor ao Te Deum que fe cantou
na Capella Real em acçaõ de Graças pelo felice
nacimento da Prince:(a Primogénita de que Deos
fet^ mercê a efles Reynos na madrugada do mefmo
dia defle anno de 1669. Évora na Officina
da Univeríidade. 1669. 4. e no Tom. 12.
dos feus Sermoens à pag. 170. Foy traduzido
em Francez pelo P. António Verjus Jefuita,
e fahio com efte titulo.
Difcours de conjovijfance fur la Naiffance
dei' Infante de Portugal pronome le jour meme
de ceíte naiffance devant toute la Cour de Portugal
affemblèe dans la Chapelk Rqyale pour j
chanter le Te Deum. Pariz chez Cramoyíi.
1671. 4.
SermaÕ do B. S/amslao Koska da Companhia
dê JESUS premido na Ungia Italiana em Roma na
Igreja de Santo Andri dê Monte Cavallo Nopiâado
da Companhia. Coimbra por Manoel de Carva-
lho 1672. 4. e no Tom. 1 1. dos feus Sennoens
á pag. 2)0. Traduzido em Latim pelo Padre
Jaquez Borch Jeíuita Alemaõ. Cracovíae ex
Officina Schedeliana. 1676. 4. e em Italiano
Roma por Ijslzato Varefe 1675. 8.
SermaÕ das Chagas de S. Francifco prégpdo
em Roma na Igreja da dita invocação, e vertida
em Portugue:^ por JoaÕ de Mefquita Arroyo.
Lisboa por Miguel Manefcal. 1675. 4. e no
Tom. 12. dos feus Sermoens à pag. 541. Na
lingua Italiana. Roma preíTo il Varefe 1672.
4. Milano por Francifco Vigone 1672. 4. c
Roma com outros Sermoens por Michaele
Hercules. 1668. e na lingiu Caftelhana por
hum Mercenário Defcalfo 1675. 4. fcm lugar
da impreflaõ.
SermaÕ nas Exéquias da Rjiinha N. Senhora
D. Maria Francifca I^ahel de Saboya na Miferi-
cordia da Bahia em 11. de Setembro de 1684.
Lisboa por Miguel Deflandes. 1685. 4. e na
Palavra de Deos empenhada, e dei^empenhada
à pag. I.
O P. Luiz Vicente Mamiani delia Rovere
Jefuita compoz hum Quarefmal dos Ser-
moens das Domingas, e Ferias da Quarefma,
que achou difperfos pelos doze Tomos dos
Sermoens do P. Vieyra, e os traduzio, e publi-
cou em ItaUano com efte titulo.
Prediche fopra gli Evangelij delia Quarefima dei
P. António Vieira raccolte dá dodici tomi dellefue
Prediche in forma d' un Quarefimale. Roma por
Jorge Placho. 1707. 2. Tom. 4.
Dos Sermoens Panegyricos, e Moraes
do P. Vieyra fez huma tradução Italiana o
P. Anibale Adami Jefuita, em duas Partes
com o titulo feguinte.
Prediche dei P. António Vieyra dela Com-
pagnia de Giefu tradote in Italiano dei P.
Anibale Adami dela medefima Compagiia
Part. I. Venetia preíío Niculao Pezzana.
1707. 4. Part. 2. pelo mefmo ImpreíTor, e
anno 4. Bartholameo Santinelli traduzio
vários Sermoens do P. Vieyra em Italiano, e
fahiraõ impreíTos Roma apreíTo Michaele
Hercules 1663. 8.
Sermoens vários dei P. António Vieyra
424
BIB LIO THE CA
Tom. I. Madrid por Jo2é Fernandes de Buen-
dia 1662. 4.
Tom. 2. ibi pelo mefmo Impreflbr 1664. 4.
Tom. 3. ibi por Paulo de Vai. 1678. 4.
Eíles Sermoens traduzidos em Caílelhano
( como diz o P. Vieyra na Liíla que fez dos
que correm impreflbs em diverfas linguas,
e eftá ao principio do i. Tomo dos Seus
Sermoens, que fahio em Lisboa no anno
de 1679. ) faõ totalmente alheos, e fupojlos, e
outros adulterados por cuja caufa naõ mere-
cem eftimaçaõ.
Muito diferente foy a traducçaõ, que delles
fez o Licenciado Luiz Ignacio Prefbytero
Caílelhano vertendo puramente do Portuguez
no feu idioma todos os Sermões do P. Antó-
nio Vieyra, que comprehendem os 14. Tomos
da ImpreíTaõ de Lisboa, e fahiraõ em 21. de 8.
perfeitamente impreíTos. O i. e 2. Madrid
por Manoel Ruiz de Murga. 171 1. 3. ibi 171 2.
pelo dito ImpreíTor. 4. 5. e 6. ibi pelo dito
ImpreíTor, e anno. 7. ibi por Aguftin Fernandes
171 2. 8. e 9. ibi por Manoel Ruiz de Murga
1712. 10. ibi pelo dito ImpreíTor 171 3. 11.
e 12. ibi pelo mefmo ImpreíTor, e anno. 13.
ibi por Jozé Rodrigues, y Efcobar ImpreíTor
delRey 17 14. 14. ibi por Manoel Ruiz de
Murga 1714. 15. 16. 17. ibi pelo dito ImpreíTor,
e anno 18. 19. 20. ibi pelo dito ImpreíTor
171 5. 21. ibi por Gabriel de Barrio 171 5.
Ultimamente fahiraõ traduíidos na mef-
ma Lingua Caílelhana em 4. Tomos de folha.
Barcelona na ImpreíTaõ de Maria Marti
1734.
No I. Tomo principia pela vida do P.
António Vieyra elegantemente efcrita com
o feu Retrato, e comprehende todos os
Sermoens das Domingas, e Ferias QjiareJ-
maes, e féis Sermoens do Mandato.
No 2. Sermoens de Chrijlo Senhor Nojfo,
e de Maria Santijftma com i^. do Rosário.
No 3. 48. Sermoens de Santos.
No 4. 15. Sermoens do Rosário, vários
Sermoens de affumptos ejpeciaes. Palavra
■de Deos empenhada, def empenhada , y defen-
dida. Hifloria do Futuro. Crifis da Reve-
renda Senhora D. Joanna Igne^ da Cru^
Religiofa de S. Jeronymo na Provinda do
México. Apologia contra efia Crifis pela
Madre Soror Margarida Ignacia Religiofa de
Santo Agoflinho no Convento de Santa Mónica
de l^isboa. Problema das lagrimas de Heraclito.
Vov^ de Deos ao Mundo, a Portugal, e à Bahia.
Todas eílas obras fe comprehendem vertidas
em Caílelhano neíle 4. Tomo.
Hifloria do Futuro, Livro Antiprimeiro,
Prologomeno a toda a Hifloria do Futuro, em que
fe declara o fim, e fe provaõ os fundamentos delia.
Matéria, verdade, e utilidades da Hifloria do Fu-
turo. Lisboa por António Pedrozo Galraõ.
171 8. 4. Sahio vertida em Caílelhano. Bar-
celona na ImpreíTaõ de Maria Marti 1755.
foi.
Copia de huma Carta para ElRej Nojfo
Senhor f obre as MiJJoens do Seara, do Maranhão,
do Pará, e do grande Rio das Amazonas fendo
o P. Vieira Superior dos Religiofos da Compa-
nhia naquella Conquijla no anno de 1660. Lisboa
por Henrique Valente de Oliveira. 1660. 4.
e no Tom. 14. dos feus Serm. a pag. 266.
L.agrymas de Heraclito defendidas, Filofofo,
que llorava fiempre los fucejjos dei mundo. Va-
lência. 1700. 4. no íim do livro intitulado
Vários eloquentes libros. Eíle Problema de-
dicou D. Ignacio Paravizino a D. Gaf-
par Mercader y de Cerbellon Conde de
Cerbellon y Bunhol onde lhe diz. El tan
celebrado eruditijfimo Padre António Vieyra que
juflamente veneran los Púlpitos, j que hajla aora
hif(p bien cono^do efle empleo pudo manifejlarfe
gloriofamente competidor de fi mifmo en el de letras
humanas por la obfequiofa obediência de aquella
Magefiad que quit^o màs tener fu cabeça baxo el
Pie de S. Pedro, que coronada en Suécia: en cuya
real presencia j con ajfijlencia de las màs emi-
nentes Romanas Purpuras no fin grande aplau-
fo dixo loque con fubtile^a fumma, y erudi-
cion admirable manifiejla efle premente Pro-
blema. Sahio na Lingua Italiana na qual o
recitou o P. Vieyra em hum Hvro intitula-
do Raccolta di alcuni Difcorfi compofi da
alcuni Oratori de la Compagnia de Giefu De-
ca 1. Neapoli preíTo Félix Mofca. 1709. 12.
e he o 5. difcurfo. Ultimamente foy tradu-
íido em Portuguez do Italiano pelo Excel-
lentiíTimo Conde da Ericeira D. Francifco
Xavier de Menezes, e fahio no Tom. 14.
dos Sermoens, e difcurfos vários do P. Viey-
ra a pag. 211. Lisboa por Valentim da Cof-
ta Deslandes 1710. 4. e em Caílelhano Bar-
L USITAN A.
425
celona na Of!icina de Maria Marti 1754.
foi.
Cartas do P. António Vityra da Compa-
nhia de JESUS Tom. i. Lisboa na OBicina
cia G>ngregaçaõ do Oratório 1735. 4.
Tow. 2. ibi na mefma Offidna, e anno. 4.
Por dcligcncia do P. André de Barros
da Companhia de JESUS Académico da
Academia Real fahiraõ à luz publica com
o titulo
Vo:(es fauàofas da eloquência, do efpirito,
do i(elo, e da eminente fabedoria do P. An-
tónio Vieyra, €>*<•. Lisboa por Miguel Ro-
drigues ImprelTor do Senhor Patriarcha
1736. 4. as obras feguintes
KelaçaÕ da MiJfaÕ da Serra de Ibiapaba.
Informação dada por ordem do Confelho
Ultramarino fobre as coufas do Maranhão
ao me/mo Confelho. Feita em Lisboa a 31.
de Julho de 1678.
Carta efcrita ao Provincial do Brafil em que
relata a caufa porque deixou a Corte. Usboa
24. de Novembro de 1652.
Voto fobre as duvidas dos moradores de S.
Paulo acerca da adminiflraçaõ dos índios, efcrito
na Bahia a \i. de Julho de 1694.
Carta ao Serenijftmo Key D. Pedro II. efcrita
da Bahia ao 1. de Junho de 1691.
Carta ao Marquev^ de Gouvea. Bahia 23. de
Mayo de 1682.
Protefio feito à Camera, e mais Nobreza
da Cidade de Bethlem do Para para naÕ ferem
expulfos daquella Conqtàfla os Padres Mijftonarios
da Companhia de JESUS.
Poema latino a huma Cuflodia de cortiça
primorofamente fabricada pelo P. Sebafiiaõ
de Novaes da Companhia de JESUS. Co-
meça
Qud me Mufa rapit? Longumque reliãus
Apollo
Extinãos iterum fttvems quos lufimus i^es,
Frigentemque atate jubet recalefcere fla-
ma m}
Carta efcrita ao Serenijftmo Key de Portu-
gal D. Affonfo VI. fobre as coufas do Mara-
nhão. Efcrita a 20. de Abril de 1657.
Catalogo das obras M. S.
Clavis Prophetarum, five de regno Chrif-
ti in terris confummato. foi. Defta obra fa-
zendo mençaõ o Author no Prologo do i.
Tomo dos feus Sermoens diz. Só fentirei,
que o tempo me falte para pór a ultima maò
aos quatro livros Latinos de reffio Chrifli in
terris confummato, por outro nome Clmis
Prophetarum em que ft abre nova tflrada à
fácil intelligencia dos Profetas, e tem fido o
major emprego dos meus efludos. liftc livro,
que para fua ultima perfeição lhe faltavaõ
ainda íeis mezes de trabalho, como affírmou
feu mefmo Author, deo o Geral da Com-
panhia Miguel Angelo Tamburino ao Ezoel-
lentiíTimo Marquez de Fontes, depois de
Abrantes, quando era Embaxador em Roma
como fatisfaçaõ das muitas obrigaçoens de
que era credor á Companhia, conhecendo
fer o mais preciofo donativo para a eílimaçaõ
do Marquez, que muitas vezes fe dignou
de que eu o viííe, e hoje fe conferva na fua
fclcétiíTima Livraria.
Pregador, e Ouvinte ChriflaÒ Defta obra
faz mençaõ no Prologo do i. Tom. dos feus
Sermoens.
DefcripçaÕ de hisboa.
Epithalamio a Rainha D. Catherina de In-
glaterra em 83. verfos Latinos.
Commentaria in Séneca Tragedias.
Expofitio litteralis, et moralis in lib. Jo-
fue.
Expofitio in Cantic. Canticorum Salomo-
nis.
Avifos para a morte.
Cartas annuaes da Provinda do Brar^il.
Via Sacra por outra Via.
Emblemas moraes à Rainha D. Lut^^ Fran-
cif ca de Gufmàõ.
Tratado da obrigação de f alvar as almas.
Politica do Diabo.
Sete Decimas Caflelhanas ao Javali que matou
a Senhora Princesa D. Isabel.
Modo de governar os índios no graõ Pará.
Cinco Sermoens de Tarde por cinco dilú-
vios.
Ladainha de N. Senhora Commentada.
Promptuario Concionatorio 9. Tom.
InftrucçaÕ, e repofta fobre o negocio de Na-,
polés.
Formulário breve de todos os Aãos com
que em falta do Sacramento da Penitencia
fe pôde huma alma pór em Graça de Deos.
Efta obra compoz naõ fomente na língua
420
BIBLIO THE CA
Portugueza, mas em a geral dos índios do
Maranhão para que qualquer peflba em
cafo de neceflidade pudeíTe fuprir a falta de
Sacerdote.
Formulário para fe admtnijlrar o Sacra-
mento do Bautifmo efcrito pela forma do
precedente.
Injirucçaõ como fe devem haver os Mif-
Jionarios com Deos, comjigo, e com os próxi-
mos, Foy approvada pelo Geral da Compa-
nhia Go2uvino Nikel fem acrecentar, nem
diminuir palavra alguma.
Divifaõ do Continente do Maranhão, que fe
exíende por mais de 600. legoas defde a Serra
de Hyaporrã até o Rio dos Tapuyas em Colónias
onde fe criaffem, e fahiffem os Mijfwnarios.
Parecer politico em que fe impugna hu-
ma repojla de Pedro Fernandes Monteiro Pro-
curador da Fazenda em que concluía efle Mi-
nijlro, que naõ querendo os Olandet^es ven-
der Pernambuco nos convinha mais a guerra,
que a pat^. He chamada eíla impugnação o
Papel forte.
Memorias em que com o titulo de duas Cer-
tidoens refume os ferviços que em 38. annos fe^
à Coroa de Portugal para o requerimento de feu
Sobrinho Gonçalo Kavafco Cavalcante, e Albu-
querque Secretario de Efado do Bra:(il.
Parecer fobre as coufas do Bra^^il a 14. de
Março de 1647.
Informação do modo com que foraÕ tomados,
e fentenciados por cativos os índios do anno de 1655.
Confta de quatorze Capítulos com grandes
advertências.
Efperanças de Portugal Quinto Império do
mundo 1. e z. vida delRej D. Joaõ o IV. efcritas
por Gonçalo Annes Bandarra com hum largo
Commento remetido ao Bifpo do Japaõ o P. André
Fernandes em 29. de Abril de 1659.
Defeca do Livro intitulado Quinto Império
que be a fegunda Apologia do livro Clavis Pro-
phetarum.
Papel feito por ordem da Rainha D. Lui-
^a Francifca de Gufmàõ na menoridade de
feu filho ElRej D. Affonfo VI. para fe
ler ao mefmo Princepe na pret^ença dos Tri-
bunaes do Rejno.
Parecer que de França mandou a ElRej
D. Joaõ o IV. Começa. A ejlas partes de
França.
Papel politico a ElRej D. Pedro II. na occa-
fiaÕ que fe convocarão Cortes para fe lançar hum
tributo nos povos que ferviffe de det^empenhar o
Reyno efcrito em nome dos Ruflicos da Serra da
Eflrella. Começa. Se parecer out^adia quererem
os Serranos vejlir trage de Confelheiros.
Def engano Catholico fobre o negocio da NaçaÕ
Hebrea. Começa. He certo que os Chrifiaôs
novos defcendentes de fangue Hebreo.
Papel offerecido ao Serenijftmo Rey D.
Joaõ o IV. em que fe moftra fer conveniente
para os augmentos do Reyno confervar-fe nelle
a gente da NaçaÕ. Começa. Ainda que a
particular Providencia (&c.
Repojia feita a ElRej D. Joaõ o IV. a favor
da Gente da Naçaõ Começa. Huma das mais
ajfmaladas mercês. (Ò^c.
Papel proclamatorio ao Summo Pontí-
fice Innocencio X. na occafiaÕ que a Gen-
te da Naçaõ confeguio Breve para fe avoca-
rem a Roma certos procejjos do Santo Of-
ficio que fe duvida remeter. Começa. Muito
perturbada fe acha a Corte, e Rejno de Por-
tugal.
Papel em defenfa da Gente da NaçaÕ,
e a favor do Difcurfo que intentava ter com
Sua Santidade fobre a pretençaõ da nova mu-
dança dos eftilos do Santo Oficio offerecido
ao Sereniffimo Princepe D. Pedro. Começa.
Jã que V. A. ouve a quem taõ licenciofamente
falia.
Apologias Eatinas 1. e z. Part.
Vários Verfos Eatinos, e vulgares.
Fr. ANTÓNIO VIEYRA natural de
Lisboa filho de Gafpar Vieyra, e Maria de
Oliveira, ReHgiofo Trino cujo habito re-
cebeo no Convento da fua pátria a 29. de
Novembro de 1643. F^Y ^^õ obfervante
profeflbr das obrigações do feu IníUtuto
como dos preceitos da Mufica fendo hum
dos mais celebres tangedores de Orgaõ, ;
que admirou o feu tempo. Exercitou por *
muitos annos no Convento defta Corte
o lugar de Vigário do Coro onde mor-
reo a 27. de Janeiro de 1707. com 80.
annos de idade, e 63. de Religião. Deixou
Compoílas.
Diverças obras de OrgaÕ para os Tangedores
dejle injirumento. foi M. S.
L USITAN A.
427
ANTÓNIO VIEGAS profcíTor de Direito
Cefareo na Univerúdade de Coimbra, nclla
Lente da meíma Faculdade para moílrar que
naõ era menos verfado na Juníprudcncia
pratica, que efpeculativa Compoz.
Kerniftones in lib. IV. Ordinat. Kejifar. M. S.
foi. conícrvava-fe na Bib. do Gurdial de Souía.
Fr. ANTÓNIO VIGO natural da VilU
de Abrantes do Bifpado da Guarda, Rcli-
giofo da Militar Ordem de NoíTa Senhora
<la Mercê, cujo habito recebeo em Caílella,
c pelas fuás grandes letras foy Decano da
Univeríidade de Sevilha, e ConfeíTor de D. Af-
fonfo de Alcncaílre Marquez de Porto Seguro.
Compoz.
De modo orandi. M. S.
i
ANTÓNIO DE VILLAS BOAS, E
SAMPAYO filho primogénito de Diogo
e Villas boas Caminha, c naõ Queimado
como cfcrcvco o P. D. António Caetano
de Soufa no Apparat. à Hijl, Geneal. da Caja
Ktal Vortug. pag. 140. §. 165. c de D. Anna
de Carvalho, e Sampayo. Naceo a 27. de
Agoílo de 1629. na Quinta de Fareja termo
da Villa de Guimaraens. Depois de eftudar
as primeiras letras, e Filofofia na Cidade de
Braga ainda que era fuceflbr do antigo Solar
do Paço de Villas boas confervado há muitos
Séculos na fua familia impellido da incli-
nação ao eJftudo das fciencias, paíTou à Uni-
verfidade de Coimbra, e applicando-fe ao
Direito Cefareo recebeo o gráo de Bacharel
nefta faculdade. Sérvio os lugares de Juiz
de Fora da Villa de Conde, Cidade de Vifeu,
Corregedor da Torre de Moncorvo, Provedor
de Coimbra até que foy provido em Dezem-
bargador da Relação do Porto de que tomou
poíTe no i. de Fevereiro de 1689. Em taõ
diverfas Judicaturas fempre fe venerarão
unidas, na fua peííoa a vafta noticia de am-
bos os Direitos com a incorrupta inteireza,
e fumma gravidade digna de hum Senador.
Entre as feveras occupaçoens de Miniftro
nunca interrompeo a liçaõ das letras huma-
nas exercitando com felicidade a Poeíia La-
tina, e vulgar, de que faõ teftemunhas mui-
tas obras, que ainda exiílem. Foy eíhidio-
fo da Genealogia, mas de tal forte uzou
delia, que fempre contribuhio para credito»
e naõ infâmia das Familias. Cafou com
D. Maria Ferra2 de Almeida filha de Baltha-
zar de Faria Machado, e de fua mulher D. Mag-
dalena Pereira de quem teve a Diogo de Villas-
boas, e Sampayo Capitão mór de Barcellos»
e Governador do Caílello de Villa do Coode»
e Balthazar de Faria, e Víllasboas Doutor em
Cânones, Inquifidor Apoílolico da Inquiúçaõ
de Coimbra, Pedro de Villasboas, e Sampayo
Doutor em Leys Lente na Univerfidade de
Coimbra, Deputado do Santo Oflficio, Desem-
bargador da Relação do Porto, e da Caía da
Supplicaçaò, CoUegial do Collegio de S. Pedro,
os quaes ambos faõ prezentemente Preladof
da Santa Igreja Patriarchal, de que tomarão
poflc a 16. de Mayo de 1739. c a D. Jofepha
Francifca Tereza Religiofa no Convento de
S. Bento de Barcellos. Morreo a 26. de No-
vembro de 1701. na Villa de Barcello8,quando
contava 82. annos de idade, foy fepultado
como determinara em feu Teftamento na Ca-
pella de S. Jofeph, que elle edificara na fua
quinta do Paço de Villasboas, antepondo para
feu jazigo efte lugar ao fepulchro dos feus af-
cendentes, que eftà em o Mofteiro de Villar de
Frades. Ordenou, que fe lhe naõ efcreveíTe
epitáfio na fepultura, mas a hum lado da Ca-
pella onde jaz o feu corpo, tem gravado eftes
verfos.
Qui tihi pufillum dicat, Jofephe, Jacellum,
Calum pro dono, te auxiliante petit:
Eí fi magia petit parvo pro mtmere, nojàt
mfe nihil quod dat, quod petit omne putat.
Fazem delle memoria D. Rafael Blut. no
Catai, dos Authores Vortug. impreíío ao prin-
cipio do I. Tom. do Vocahul. Vortug. e Latin.
o P. António Carvalho da Corog. Vortug. Tom.
I. Trat. 5. cap. 3. pag. 318. e o Padre D. Antó-
nio Caetano de Soufa no lugar aíTima citado.
Compoz.
Nobiliarchia Portuguet(a Tratado da Nobre:(a
hereditária, e politica. Lisboa por Francifco Vil-
lela 1676. 4. & ibi por Filippe de Soufa Villela.
1708. 4. et ibi na Ofíicina Ferreyriana 1727. 4.
Para celebrar o monte de Ayró (do qual
trata Fr. Pedro Poyares no Trat. Paneg. de
Villa de Barcellos cap. 27. pag. 67. que
efta vifinho ao referido folar de Villas-Boas
de cujo fitio goílava fummamente por fer
428
BIBLIO THECA
muito ameno compoz, e imprimio com o
fupoílo nome de Joaõ Martins.
A»ío da 'Lavradora de Ayrò. Coimbra por
Jozé Ferreira. 1678. 4.
No qual com engenhofa fabula em verfo
Pottuguez refere os amores de certo Paílor,
e a fua transformação em o monte Ayrò, e a
converfaõ da amada Nimfa, em a fonte da
Virtude, da qual elle fe lembra em a Nobiliar.
Poríug. cap. 9. pag. 93.
Traduzio de Italiano em Portuguez fem
declarar o feu nome.
Arte de bem morrer, indujlrias para fat^er
huma boa morte. Coimbra por Jozé Ferreira
1685. 8. cuja obra dedicou o ImpreíTor à D.
Maria Ferraz de Almeyda mulher do Tra-
dutor.
£/ baxel de Cupido navegacion entretenida de
Koberto,y Cinthia. M. S. Confta de três novellas
em profa, e verfo que eftavaõ com as licenças
promptas para a impreíTaõ; mas reparando
com mayor reflexão em fer eila obra ideada
na fua adolefcencia, e como tal indigna da
madureza dos annos que contava, a reduzio
a pedaços.
Saudades de Lisboa na au:(encia da Senhora
D. Catherina Rainha da Gráa Bretanha. Poema
heróico M. S. de que elle repete a Outava 89.
em a Nob. Portug. cap. 5. pag. 41.
Genealogias de muitas Familias illujires, e
nobres dejie Rejno. M. S. que fe confervaõ em
poder de feus filhos.
Fr. ANTÓNIO DA VISITAÇAM natural
da Cidade do Funchal Capital da Ilha da Ma-
deira. Recebeo o Habito Carmelitano no Con-
vento de Évora a 13. de Abril de 1568. onde
enfinou por muitos annos a Ungua Latina aos
feus domeílicos por fer antes de entrar na Reli-
gião muito perito nefte idioma. Foy ornado
de muitas virtudes pelas quaes mereceo fer
eleito em 18. de Outubro de 1584. Meílre dos
Noviços, e de tal modo educou eílas novas
plantas que três vezes exercitou efte miniílerio
temperando o rigor com a brandura, e a feve-
ridade com a clemência. Copiofo foy o fruto
que colheo com os feus Sermoens pois além
das Efcrituras, e Padres com que os illuftrava
lhes infundia com o feu efpirito tal efíicacia
que redufia os peccadores ao caminho da peni-
tencia. Foy Prior do Convento de Collares, e
fundador do que tem a Província na Villa de
Setúbal. Cheyo de virtuofas obras partio a
alcançar o premio delias no Convento de Lis-
boa a 13. de Mayo de 1606. quando contava
60. annos de idade. Compoz.
Oraçoens, e Poemas elegantijfimos os quaes vio
Jorge Cardozo como teílifica no Agiol. Lufit.
Tom. 3. pag. 237. no Commentar. de 13. de
Mayo letr. G. dizendo Sere cheyos de mui Jolida
doãrina, e efpirito, e o Author, hum dos mayores
Latinos, humaniftas, e Poetas, que teve ejla Pro-
vinda. Semelhante elogio lhe fazem António
Carvalho da Coíla Corog. Portug. Tom. 3. liv.
2. Trat. 8. cap. 47. pag. 626. e Fr. Manoel de
Sá nas Mem. Hijlor. da Ordem do Carmo da Pro-
vim, de Portugal PzxX.. i. liv. 4. cap. 9. pag. 365.
Fr. ANTÓNIO DA VISITAÇAM Naceo
na Villa de Setuval, fendo feus Pays Joaõ
Fero, e Beatriz Gomes, e na idade juvenil
abraçou o Inftituto da Ordem dos Pregadores,
que folemnemente profeílou no Real Convento
de Lisboa a 2. de Fevereiro de 1581. Paílou
à índia, e por muitos annos refidio no Con-
vento de Goa lendo Theologia aos feus Com-
panheiros. A fua prudência o fez digno de
exercitar os lugares de Vigário de Malaca, e
das Chriflãndades do Sul até que foy duas
vezes Prior do Convento de Santo Thomaz
de Goa, e Pregador Geral, naõ querendo
aceitar o gráo de Prefentado na Ordem por
naõ ter Udo os annos que difpoem os Efta-
tutos. Occupou o lugar de Deputado da
Inquifiçaõ de Goa de que tomou poíTe em
7. de Janeiro de 1605. que adminiílrou com
grande zelo. Entre outras heróicas virtu-
des em que foy eminente as quaes elegante-
mente defcrevem Fr. Luiz de Soufa na Hifi.
de S. Domingos da Prov. de Portug. Part. 3.
Uv. 4. cap. II. e Echard in Script. Ord. Prad.
Tom. 2. pag. 384. confervou a pureza vir-
ginal até a morte cuja hora fendo por elle
pronoílicada paílou a melhor vida a 16. de
Fevereiro de 161 3. Efcreveo.
Relação das Chrijiandades de Solor. Defta
obra fazem mençaõ Souza, e Echard af-
íima allegados Fr. Pedro Monteiro no
Clauft. Domin. Tom. 3. pag. 167. Cardof.
Agiol. Lujit. Tom. i. pag. 290. no Com-
L USITANA.
429
ment. de 30. de Janeiro let. F. chamando-
Ihe por equivocaçaõ Fr» An /orno da Prtv^tn-
iitçaõ e Fontan. in Monum. Dominic. pag. J75.
col. I. hih. Orient. novamente acrecentada
Tom. I. Tit. 3. col. 8j.
Fr. APPARICIO DE SANTO ANTÓ-
NIO natural de Lisboa. Foy admitido ao
auftero Habito da Provinda da Arrábida,
onde pela capacidade de que era doudo exer-
citou muitas vezes o lugar de Guardião, e por
duas Definidor da Provincia em cujos minif-
terios todo o fcu difvelo confiília em confcrvar
o primitivo rigor da Regra Seráfica. A mayor
parte do tempo, que lhe rcftava das occupa-
^oens da Q)mmunidade, fe abílrahia da com-
municaçaõ naõ fomente dos Seculares, mas
unda dos feus mcfmos Rcligiofos, e o gaftava
contemplação dos bens Celeftiacs. Naõ lhe
lufava impedimento o grande numero de
los para naõ exercitar rigorofas penitencias
ido mais exceíTivas hum anno antes da fua
)rte que fucedeo no Hofpital de Lisboa a
>. de Outubro de 161 5. Foy fepultado no
mvento de S. Francifco da Cidade. Co-
cra muito applicado à intelligencia das
lúbricas do Breviário, e MlíTal Romano
mfultando as duvidas que nelles podiaõ
:orrer naõ fomente nos Authores, que
is efcreveraõ, mas as peíToas mais dou-
is nefta matéria, compoz para inftrucçaõ
tios Sacerdotes, e Acolytos.
Ceremonial do Coro, e do Altar M. S. NaÕ
o deixou imprimir (Saõ palavras do moderno
Chroniíla da Provinda da Arrábida Fr. An-
tónio da Piedade Part. i. liv. 5. cap. 11. n.
1 1 20.) <7 nojfa pobrez^, copiou-Je com tudo em vários
treslados que fe repartirão pelos Conventos, e por
tiles fe governarão os Frades.
Taboas dos Capitulas, e Congregaçoens que
fe celebrarão na Provincia. Eíla obra defapa-
receu como affirma o dito Chroniíla, e da
primdra faz mençaõ Fr. Joan. à D. Ant.
in Bib. Francifc. Tom. i. pag. 135.
Fr. ANTÓNIO DE SANTA ÚR-
SULA natural de Lisboa filho de Francif-
co Gonçalves, e Domingas Francifca, e Ir-
mão do Doutor Luiz Gonçalves Pinheiro
de que em feu lugar fe fará mençaõ. Re-
cebeo o Habito de Agoftinho DeTcalço no
Convento do Monte Olivete Cabeça defia
Congregação a 19. de Outubro de 17 10.
onde profeíTou a zj. do dito mez do anno
fegulnte. Foy Subprior no Convento de N.
Senhora da Boa Hora deíla Corte, e Prior
do Convento da A/TumpçaÕ do lugar da
Sobreda eleito em o anno de 175 1. Tem fe-
liz talento para o Púlpito de que he argu-
mento a obra feguintc.
StrmaÒ do Preclarijfimo, e Adorado Patriar-
cha, LMZf i Doutor exímio da Iffeja Santo Af^f-
tinlx>. Lisboa por Pedro Ferreira ImpreíTor da
ScreniíTima Rainha Noíía Senhora 1752. 4.
V. D. APPOLLINARIO DE AL-
MEYDA. Naceo na Cidade de Lisboa a 22. de
Julho de 1J87. e foraõ feus Pays Joaõ Gomes
de Coimbra, Fidalgo Cavalleiro, e Maria Geor-
ge de Almeida, cujos oíTos jazem na Viafacra
da parte do Evangelho do Collegio de Santo
Antaõ. Na pueril idade de dnco annos ainda
ignorando ler, e efcrever debuxou com admi-
rável perfeição o feu nome no frontifpicio de
hum livro. Como lhe amanheceo taõ anted-
padamente o ufo da razaõ naõ caufou grande
efpanto, que no efpaço de três annos apren-
deíTe naõ fomente os primeiros rudimentos,
mas tocaíTe com deftreza vários inílrumentos.
Applicoufe ao eíhido da Língua Latina no
Collegio de Santo Antaõ dos Padres Jefuitas
onde atrahidos os Meílres da agudeza do en-
genho, felicidade da memoria, candura de
animo, e modeftia do femblante com que fe
fazia a todos fummamente amável o receberão
na Companhia a 5. de Novembro de 1601.
Depois de eíhidar as letras humanas em Évora
as eníinou por féis annos na mefma Univer-
fidade, e na de Coimbra RJietorica recitando
por três annos contínuos a Oraçaõ da Rainha
Santa Izabel na Lingua Latina com applaufo
de todos os Académicos, pois poífuhia em grào
fublime todas as partes, que conítítuem hum
confummado Orador naõ fendo menos iníigne
Poeta. Eníinou Filofofia em Lisboa, e na
Univeríidade de Évora Efcritura, em cuja
Cadeira fubftítuhio ao Patriarcha AiFonfo
Mendes, como depois de graduado Doutor
em Theologia a 19. de Junho de 1624. Sen-
do nomeado Bifpo de Nicea lhe fuccedeo
43 o
BIBLIOTHE CA
na Dignidade Patriarchal. Foy Sagrado no
Collegio de Évora pelo feu Arcebifpo D. Jozè
de Mello, e paíTando a Lisboa exercitava na
Cafa ProfeíTa de S. Roque os miniílerios de
Religiofo fem que lhe alteraíTe efte virtuofo
coíhime a dignidade a que eftava fublimado.
Tanto que chegou occaíiaõ oportuna partio
para a índia com huma efquadra de quarenta
Soldados da Companhia de JESUS no anno
de 1629. em a Nào Sacramento em que hia
embarcado o Conde de Linhares D. Miguel de
Noronha com o lugar de Vice-Rey do Eílado.
Chegando a Goa, como todo o feu cuidado
era entrar na Etiópia poJfto que quebrantado
com jornada taõ prolongada fe preparou no
breve efpaço de hum mez para outra naõ me-
nos perigofa na qual depois de padecer vários
infortúnios chegou à Corte de Etiópia a 10. de
Agoílo de 1630. que era o defejado termo das
fuás anciãs. Favorecido do Emperador Sul-
tão Segued começou a trabalhar na reduc-
çaõ dos Scifmaticos quando por morte deite
Princepe fuccedeo no Trono Imperial feu filho
Faciladas acérrimo inimigo dos dogmas da
Igreja Romana mandando com cego furor ex-
pulfallo da Etiópia por temer, que com a fua
aíTiftencia fe extinguiria a falfa crença da Igreja
de Alexandria, de cujos erros era obílinado fe-
quaz. Naõ cedeu a conílancia do feu apofto-
Hco peito à violência deíla ordem fulminada
pela cólera do Emperador, antes para naõ de-
femparar as fuás ovelhas vivia occulto na ef-
peílura dos matos onde pelo efpaço de alguns
mezes tolerou com heróico valor moleftias fu-
periores à humanidade. Sabendo o Empera-
dor, que o Varaõ Apoílolico reíidia em Tigre
efcreveo ao feu Vice-Rey Barhanagais, que o
remeteíTe prezo por naõ ter fahido do Impé-
rio, ou que o entregaífe aos Turcos de Maçuâ,
prometendo-lhe grandes donativos fe promp-
tamente executaíTe o que lhe ordenava. Ren-
dido o bárbaro com a ambição das promeíTas
entregou contra as leys da hofpitalidade ao
Venerável Bifpo com feus dous Companhei-
ros os Padres Francifco Rodrigues, e Jacinto
Francifco, e depois de tolerar muitos ludí-
brios foy fufpenfo no patibulo no lugar de
Oinadegà, e oprimido de hum diluvio de
pedras tiradas pelo furor do povo voou o
feu efpirito a coroar-fe na eternidade com
o triplicado diadema de Doutor, Virgem,
e Martyr a 9. de Junho de 1638. em cujo
género de morte lhe foraõ companheiros
aquelles dous Heroes, que o tinhaõ fido nos
feus apoílolicos trabalhos por toda a vida.
Fazem illuílre memoria defte infigne Pre-
lado Cardofo no Agiol. 'L.ujit. Tom. 3. pag.
603. e no Cõmentr. de 9. de Junho letr. F.
Telles Hifi. da Etiop. Alt. Liv. 6. cap. 28.
e 29. Nadafi Ann. dier. memor. S. J. p. 177.
Franco Imag. da Virtud. do Nov. de Ejjor.
Liv. 2. cap. 12. 13. 14. e 15. e no Ann. Glorio/.
S. J. in "Lufit. pag. 327. Tanner Societ Jef.
u/que ad fang. ó' vit. profuf. mtlitans pag. 197.
P. D. Manoel Caet. de Souf. Cathal. Uift. dos
Are. e Bi/p. Porttig. que tiveraõ Diocefe fora do
Rejno. pag. 119.
Imprimio
Sermão na fejla, e demonjiraçaõ de ale^a,
que fe:i a NaçaÕ France:(a refidente na Cidade
de Ushoa pela tomada de Arrochella, e glorioja
Viãoria delRey ChriJiianiJJimo Luif^ XIII. o
Jujlo pregado aos ij. de Dezembro de 1628. Lis-
boa por Matheus Pinheiro. 1629. 4.
Efcreveo varias cartas da Etiópia das
quaes huma efcrita de Tigre em 15. de Ju-
lho de 1636. para o Duque de Bragança D.
Joaõ, que depois fubio ao Trono de Portu-
gal, eílà impreíla no Tom. 3. do Agiol. hufit.
pag, 612. Começa
Senhor. De/de o anno de 1629. ate o pre-
Jente fempre efcrevi a V. Excel lenjfta
Vida do P. Francifco de Mendoça a qual
confiava de trinta e duas paginas de folha,
acabada em Évora a 2. de Setembro de 1626.
e a confervava em feu poder o P. Manoel
Fernandes ConfefTor delRey D. Pedro II.
Elogium Joannis III. o qual efcrito da fua
mão o tinha o P. Francifco da Cruz, como ef-
creve nas Memorias M. S. para a Bib. Portug.
Orationes três in luiudem Sanãa Eli-
fabetha Portugallia Kegina. Confervaõ-fe
no Archivo do CoUegio de Coimbra dos
Padres Jefuitas.
Fr. APPOLLINARIO DA CONCEI-
ÇAM natural de Lisboa onde naceo a
23. de Julho de 1692. fendo feus Pays Do-
mingos Alvares da Rocha, e Maria Leytoa.
Ainda naõ tinha completos treze annos de
L USITANA.
401
idade quando deixando a pátria navegou
para o Rio de Janeiro, e atrahido da fevera
observância dos Religioíos da Provinda da
Immaculada G^nceiçaõ lecebeo o Habito
Seráfico no Convento da Cidade de S. Paulo
.1 5. de Setembro de 171 1. cujo Inítituto pro-
icííou no humilde Eftado de Leygo. Em
ttcnçaõ do fummo cuidado com que exer-
(itou os miniAerios domcílicos, que lhe
(Icllinara a obediência, foy clcyto Procura-
lor Geral do Convento do Rio de Janeiro
(.abeça de toda a Província cujo lugar naõ fo-
mente adminiftrou naqueUa Cidade, mas neíla
(brtc onde agora aíTiftc com louvável recomen-
dação do feu religiofo procedimento. Pofto
<juc profcíTou o Kílado de Leygo recufando
com profunda humildade o de Sacerdote ao
uual o queriaõ promover os feus Prelados,
hIo o fcu difvcllo, c applicaçaõ foy dcdicarfc
Uçaõ dos livros, c alcançar varias noticias em
-ibfcquio da fua Religião de cujos Annaes, c
Chronicas he fummamente verfado cfcrevendo
com eílilo claro, e corrente diverfas obras naõ
lhe fervindo de obílaculo para empreza taõ la-
lx)riofa as largas jornadas, que tem feito naõ
fomente por grande parte da America, mas a
Roma, e Madrid duas vezes merecendo mayor
louvor eíla fua incanfavel applicaçaõ por naõ
fer ProfeíTor de Letras, em premio da qual
o nomeou Chroniíla da fua Provincia o Re-
verendiíTimo Geral Fr. Joaõ Bermejo em o
I. de Junho de 1740. cuja eleyçaõ confir-
mou a 10. do dito mez, e anno feu Succef-
for Fr. Caetano Laurino. Fazem mençaõ
da fua peíToa Fr. Joan. à D. António Bib.
Franc. Tom. i. pag. 135. Fr. Joaõ Bautifta
Parai/o Seráfico na Terra Sant. Liv. 8. c. 5. n. 48.
Chron. da Provinda da Conceição de Cafiel. i.
part. liv. I. n. 2. Publicou.
Pequenos na Terra, Grandes no Ceo. Memo-
rias Hijioricas dos Keligiofos da Ordem Seráfica,
que do humilde EJlado de T^ygos JuhiraÕ ao mais
■Ito grào de perfeição. Part. i. Lisboa na Offi-
cina da Mufica. 1732. foi.
Pequenos na Terra, <ò'c. Part. 2. ibi na
mefma Officina. 1735. foi.
Pequenos na Terra, <&c. Part. 3. ibi na
mefma Officina 1738. foi.
Primav^ia Seráfica na KegiaÕ da Ame-
rica. Novo defcubrimento de Santos, e Ve-
neropeis Kiliffofot da Ordem Seráfica que etuuh
hrecem o mwo mundo com frns virtudes, § ae-
çoens. Lisboa por António de Soufa da Sylva.
Stcidos da KeligfaÒ Seráfica Brilhante em
todos com feus Keligiofos L>eygos dos quats fe
põem huns illufhados com o dom da f ciência, de
outros fe apontoo os efcritos, dos Canonizados,
0 beatificados os nomes, e de muitos vários apothe-
mas efpirituaes, e doutrinaes. Lisboa por Antó-
nio Ifídoro da Fonfeca. 17)6. 8.
Viagem devota, e feliv^ em que os Navegfuttes
exercendo algumas devoçoens, e difcorrendo em
coufas efpirituaes, que abonarão com vários exem-
plos diftribuyaõ o tempo o que tudo fe manifefia
em Diálogos. Lisboa por Theotonio Antunes
de Lima. 1737. 12.
Clauftro Francifcano eretío no dominio da
Coroa Portugue!(a, e eftabelicido fobre de:^efeis
colunas, expoemfe fua Origem, e eftado pre:(ente,
e de feus Conventos e Mofieiros, annos de fua Fun-
dação, numero de Hofpicios, Prefeituras, Reco-
Ihimltos, Parrochias, e Mifoens, dos quais fe dà
individual noticia, e do numero de feus Keligiofos,
Keliffofas Terceiros, e Terceiras que vivem Colle-
giadamente tanto em Portugal, como em fuás Con-
quiflas. Lisboa por António líidoro da Fon-
feca 1740. 4.
Inflruçoens para os que deixando o mundo
procuraõ o Ceo pelo caminho dos Frades Me-
nores ás qttaes fe dá principio com a P>jeg'a, vida,
e Tefiamento de N. Seráfico Padre S, Francifco.
Lisboa por Domingos Gonçalves 1740. 32.
Sahio fem o feu nome.
Obras M. S.
Louvores divinos difiribuidos nos fete dias
da Semana em que fe defcrevem vários exer-
cidos para utilidade das almas devotas extrahi-
das de outras obras efpirituaes compofta no
anno de 1714.
Novenario nas Fefiividades de alguns San-
tos, e Conceição de N. Senhora tradut^ido dos
idiomas Italiano, e Ffpanhol no anno de
1716.
Guia de Acólitos, e praãica das cerimo-
nias, que devem fav^er tanto nas Miffas, como
nos mais aãos da Communidade da nojfa Santa
Provinda, recopilado do Cerimonial de que
u^a a mefma Provinda.
Epitome do que em breve fumma contem a
432
BIBLIO THECA
Santa Provinda de N. Senhora da Conceição
do Rio de Janeiro em o EJiado do Brajil. No
anno de 1730.
Kecordaçoens de huma amoroja Alãj a Santa
Provinda Capucha da immaculada Conceição do
Rio de Janeiro feita a feus queridos filhos em abono
do que tanto a tem acreditado o M. R.P.Fr. Fer-
nando de Santo António exleytor de Theologia,
Provincial, que foy da me/ma Provinda, Definidor
Geral de toda a Ordem Seráfica, e feu univerjal
Penitenciário, Hxaminador das três Ordens Mili-
tares, e Qualificador do Santo Officio no anno
de 1736.
Excellencias do Santijftmo Nome de MA-
RIA, e devoção ao mefmo dulcijfimo Nome dif-
correndo por cada huma das cinco letras que com-
prehende. Efte Livro fendo mandado do Brá-
2il a Lisboa para fe imprimir, naõ appareceo.
Pequenos na Terra, e grandes no Ceo. 4. Parte
na qual acaba a noticia de dous mil fervos
de Deos entre Santos Canonizados, Beati-
ficados, e Veneráveis da Ordem Seráfica,
e de profiíTaõ Leygos.
Fr. APPOLLINARIO DE JESU Na-
ceo em Lisboa fendo feus Pays Manoel Pirez,
e Anna Dias. Deixou a Pátria, e no Convento
de Roma de S. Nicolao Tolentino recebeo
o habito de Agoílinho Defcalço a 6. de Mayo
de 161 2. quando contava vinte annos de idade
mudando o nome de António, que lhe fora
impofto no bautifmo pelo de AppoUinario.
Era infigne Letrado antes de fer Religiofo, e
vendo que os feus domeiiicos para ferem nova-
mente inftruidos bufcavaõ fora dos feus
Clauílros Meílres, que os enfinaííem fe of-
fereceo ao Prelado com toda a modeftia
para eíle miniílerio que exercitou com ad-
miração dos mayores talentos da Cúria, co-
mo claramente fe vio quando prefidindo a
humas Conclufoens que fuftentava Fr. Igna-
cio de Santa Maria de quem em feu lu-
gar fe fará memoria, refpondeo com tal
fubtileza a hum argumento que lhe propoz
o infigne Varaõ Fr. Joaõ de Cartagena glo-
ria da familia Seráfica, que admirado rom-
peo o Cardial Bellarmino Oráculo naquelle
tempo do Collegio Apoftolico que eílava
prezente a efte a£to neílas palavras O digna
plane Augufiini Doãoris eximij arboris planta
perpulchra litterarum Patris veftigia fequens à
Domino femper, et iterum patrocínio Juffragari
videbitur. AíTim como teve a fortuna de fer
o I. Meílre de toda a Congregação de ItaUa
a alcançou igual nos famofos difcipulos,
que fahiraõ da fua Efcola. Foy Prefidente
do Capitulo celebrado em Roma a 4. de Mayo
de 161 8. e nelle eleito primeiro Definidor
exercitando o mefmo lugar no Capitulo ce-
lebrado em 3. de Mayo de 1625. Armoufe
contra o feu exemplar procedimento a male-
volencia com o pretexto de obfervancia por
cuja cauza efteve prezo por Ordem do Co-
miíTario Geral de Sicilia Fr. Fulgencio de
Santo Agoílinho em o Convento de S. Do-
mingos de Palermo onde piamente mor-
reo a 12. de Novembro de 163 1. Foy de af-
pefto grave, parco no falar, continuo na
Oraçaõ, obfervante das Conftituiçoens, e
ultimamente declarado inocente por confif-
faõ de quem iniquamente o ofendeo. Compoz.
Conjlituiçoens para o governo efpiritual da
Congregação de Itália dos Agofiinhos De/calços.
Roma na ImpreíTaõ da Camará Apoftolica.
1732. 8. e Milaõ 1677. O original fe conferva
no Convento Romano de JESU MARIA.
De Primatu F^cclefice Romana M. S. cuja
obra eftava prompta para a ImpreíTaõ, que
naõ fe efeituou por lho impedir a morte.
S. APRIGIO Bifpo da Cidade de Beja
na Provinda Traftagana que lograva eíla
preeminência na antigua Lufitania. Flore-
ceo no Século 6. quando dominava Theudo
o Império Gothico no anno de 530. como
efcreve Santo Ifidoro feu grande Panegy-
riíla, ou no anno de 541. como affirma Joaò
de Ferreras Hift. de Efpan. Part. 3. pag. '
160. Foy Varaõ celebre aíTim na fubti-
leza do juizo, como na vafta, e profunda
liçaõ que teve das letras Sagradas, e pro-
fanas como teftemunhaõ as fuás doutas obras ■
fendo a principal.
Commentarium in Apocaljpfim. que prin-'
cipia.
Biformem divina legis Hijloriam duplicis Sa-
cramenti myjierio dijjerendam non noftra humili-
tatis fragilitas aliter poterit ennarrare nifi ab eo
auãore fua legis Domino Jefu Chriflo modum
dicendi, <ò' fermonem fumat eloquij.
L USITAN A.
433
I
m^
Eíla obra louva Santo líidoro di Script.
EccUfiúft, c. 17 com grandes elogios dando-
Ihe a primazia entre todos os Eícritores, que
trabalharão na interpretação dos Miílerios do
Apocalypfc ínferpretatns tfl Apocalypfin D. Joan-
nis ApoJIoli JnhíHi fenfu, atque illuftri fer morte
meims pene quám veteres licclefiaftiei viri expojmfft
videtitiir. Nunca logrou do beneficio da luz
publica cAe douto Commentario, que muitos
Authores confundem com outro eícrito íobre
a mefma matéria por S. Beato Presbytero de
Mcbana, que florccco no 8. Século. Nicolao
António in bib. Hifpatt. Vet. lib. 4. cap. 2.
n. 24. nota com judiciofa critica, que eíla obra
de Aprigio tinha em feu poder prompta para
a imprcíTaõ Luiz de Saô Llorcntc Racionciro
(la Cathcdral de Sevilha copiada de hum G}-
dice gótico de Barcelona, do qual confer-
vava outra copia D. Joaõ de Ferreras co-
mo cfcrcvc na Hijl. de Efpan. Part. 3. e nclla
obfervara eílar perfeita nos cinco Gipi-
tulos primeiros, e cinco últimos, mas que
os Capítulos, que corriaõ do numero 7.
do Cap. 5. até o numero 5. do Cap. 17.
vaõ naõ fó defordenados, e confufos mas
inferta nelles a expofiçaõ do Commento
do Apocalypfc compoíla por Viftorino que
foy imprefla Parifiis apud Mauricium da Porta
1545. juntamente com a expofiçaõ de Theo-
philato aos Profetas Mayores. Donde fe
colhe eftar adulterada a Obra de Santo Apri-
gio pela malícia, ou ignorância de algum
impoílor. Ambrofio de Morales na Chron.
Gen. de Efpan. liv. 1 1. cap. 49. affirma ter viílo
huma Copia defte Commento do Apocalypfc
extrahida da Bibliotheca Vaticana, c que S.
Genadio Bifpo de Aftorga que floreceo pelos
annos de 895. a deixou por legado de grande
eílimaçaõ ao Convento de S. Pedro de Mon-
tes. Outra Copia, como affirma Cardofo
no A^ol. Ljíjit. Tom. i. pag. 24. no Comment.
de 5. de Janeiro letr. A. fe confervava no
Cartório da Cathedral de Braga no tempo que
era feu Prelado D. Fr. Agoftinho de Caftro,
a qual vio Fr. Jeronymo Roman como ef-
creve no Catalogo dos Arcebifpos dejla l^eja
liv. 2. cap. 6.
Compoz mais.
Commentaria in Cantica Canticorum.
Defta obra como de Santo Aprigio fazem
mençaõ Thrítem. de Scrip, EccUf. pag. 95.
Xíílo Senenf. in Bibliot. Sana. liv. 4. pag. 200.
PoíTcvin. in Apparat. Sacr. Tom. i. pag. iii.
Taxander in Cathal. Ciar. Hifpan, Script, e
Jacob. Lelong. in hiblioth. Sacra pag. 612.
col. I. Trataõ deíle Prelado com grandes lou-
vores devidos á fua Santidade, e Sabedoria
Xiílo Senenfc in Bib. dizendo in Sacularibus
difciplinis exaíie doãtu, eloquentia eximius, et
Santlarum Script urarQ fui faculi peritijftmus , et in
explanatione divinorum voluminum nulli veterum
Patrnm Jecundus. Matam, de Acad. Hifpan.
doílijfimus litterarum monumentis. Moral. Chron.
de Efpan. liv. 11. cap. 49. Varon excelente.
Scoto Rib. Hifpan. pag. 213. ingenio fubtilis, tir
lingua difertids. Mariet. F^/ Sana. de Efpan,
liv. j. cap. ij. Padilla Hifl. Ecclef. de Efpan.
Cent. 6. cap. 23. Ávila Theatr. Ecclef. de Efpan.
liv. 1. cap. I. Ciacon. de Vi /is Pontif. Tom. 1.
pag. mihi 3 5 j . Brito Mon. Eufit. Part. 2. liv. 6.
cap. 7. Jacob. Gualt. in Tab. Chronol. Sxcul.
IV. pag. 275. Dupin Notwel. Bibliotheq. des
Autheurs. Ecclef. Tom. 4. pag. mihi 174. Joan.
Soar. de Brito in Theat. Eufit. Eitter. lit. A.
n. 130. Francifco de S. Maria Anno Hifl.
Diar. Portug. pag. 20. Alguns Efcritores
Efpanhoes quizeraõ, que Santo Aprigio fofle
Bifpo de Badajoz, e naõ de Beja pertendendo
com fundamentos pouco folidos defpojar
defta gloria ao noflb Reyno entendendo íinif-
tramente Pax Júlia, ou Pax Augufla por
Badajoz, e naõ Beja cuja controveríia naõ
queremos novamente agitar por eflar erudita,
e nervofamente tratada pelo iníigne inda-
gador das noíías antiguidades Jorge Car-
dofo no Commentario de i. de Janeiro letr. A.
a quem remetemos o leitor, onde naõ fo-
mente eftabelece a fua opinião de fer Bifpo
de Beja com as authoridades dos Efcritores
Portuguezes de que he o Corifeo André de
Refende lib. 4. de Antiquitat. Eufitania
mas dos mais celebres Authores Caftelha-
nos como faõ Moral. Chron. de Efpan. liv.
II. cap. 49. e o que he mais para eftimar o
P. Joaõ de Mariana pouco affeâo às glorias
defte Reyno que no liv. 5. cap. 7. da Hifl.
de Efpan. o confefla por eflas palavras Apri-
gius Pacis Júlia Epifcopus in Eufitania re-
tratando-fe do que efcrevera no liv. 3. cap.
24. Efta mefma opinião feguem Roa Santos
53
434
BIB LIO THE CA
de Córdova foi. 117. a 120. Puent. Conjervac.
delas dós Monarch. liv. 3. cap. 7. §. 3. e fora
de Efpanha Dupin no lugar affima citado.
ARCÁDIO DE ANDRADE Medico de
profiflaõ. Compoz conforme efcreve Joaõ
Franco Barreto na fua Bibliotheca Luíitana
M. S.
Kelaçaõ dos ejquadroens da gente armada,
e outros Jinaes que no Ceo fe viràõ no dijlrião de
Barcellos no dia da infelice batalha de Alcacere da
qual tirou hum publico infirumento.
D. ARCHANGELA JOSEFA DE SOU-
SA natural de Lisboa, e filha de Domin-
gos António Carvalho de Soufa, illuílrou
igualmente a Pátria, e o fexo pela pro-
digiofa comprehençaõ com que nos primei-
ros annos fe fez infigne nas Artes Liberaes.
Ao tempo, que contava quinze fabia com tal
perfeição a Hiftoria Romana que fazia judi-
ciofas criticas aos feus mais celebres efcritores.
Com a delicadeza do juizo competia a felicidade
da memoria decorando em breve tempo os
cinco livros dos Triftes de Ovidio, e o i. e 2.
livro da Eneida de Virgílio. Quando o feu
admirável engenho prometia produzir mayo-
res frutos foy intempeftivamente arreba-
tada pela violência da morte na florente
idade de vinte, e quatro annos, cuja fciencia,
e compofiçoens louvaõ, e relataõ Diogo Ma-
noel Ayres de Azevedo Portug. Illujir. pelo
fex. Vem. pag. 75. §. 11. e Damiaõ Froes
Perym no Theatr, Heroin. das Mulher. Illujl.
Tom. I. pag. 113. Compoz.
Vida de Santa Catherina de Sena. foi. 2.
tom. M. S.
Kegras para confervar a Saúde 4. M. S. eftava
prompto para a ImprelTaõ.
Obras do famoso Poeta Lui^ de Gongora
vertidas de Caítelhano em Portuguez, e illuf-
tradas com doutiflimas notas.
Sor ARCHANGELA MARIA DA AS-
SUMPÇAM Naceo em o lugar de Sa-
cavém duas legoas diftante de Lisboa para
a parte Oriental onde teve por Pays a Vi-
cente Ferreira, e D. Antónia Maria de
Faria, e Soufa. Na primavera dos annos
fe defpozou com o Divino Cordeiro em o
Convento de N. Senhora da Conceição das
Religiofas de Santa Brizida no fitio de Mara-
villa fuburbio defta Corte onde profeíTou a
22. de Agoílo de 1730. Sendo dotada de enge-
nho fubtil, e comprehenfaõ admirável fe in-
clinou a cultivar a Poefia em que fahio emi-
nente, dando por primicias da fua appUcaçaõ.
Fejlivo applau:(o em que huma Keligiofa como
Pajlora, e os Anjos como Mujicos celebrarão o Naci-
mento do Menino JESU. Lisboa por Jozé Antó-
nio da Sylva Impreílor da Academia Real.
1737- 4.
Coníla de vario género de metros devotos,
e elegantes.
Fr. ARCHANGELO DE ARAGAM na-
tural de Vinho termo de Villa de Gouvea na
Provinda da Beyra. Foy filho de Francifco
de Aragaõ, e Pinna, e de Maria da Fonfeca.
Recebeo o Militar habito da Ordem de Chrifto
no Real Convento de Thomar no anno de 1 644.
Depois de diâar Theologia efpeculativa no
Collegio de Coimbra, e Moral, onde profef-
fara foy Superior no mefmo Convento fendo
Qualificador do Santo Oíficio, Examinador
das Ordens Militares, e grande Pregador.
Morreo em 3. de Janeiro de 1694. Impri-
mio.
Sermão gratulatorio, e Panegyrico na profpera,
e fufpirada vinda da Serenijfima Senhora Maria
Sofia I:(abel Rainha de Portugal. Lisboa por
Joaõ Galraõ 1688. 4.
Fr. ARSÉNIO DA ASCENgVM natural
da Villa de Torres novas do Arcebifpado de
Lisboa filho de Pedro Dias, e Beatriz Mendes.
PaíTou a Itália, onde fendo jà graduado com
as infignias doutoraes na faculdade de Direito
Civil fe recolheo na Religião dos Agoftinhos
Defcalços a 12. de Mayo de 1619. Feita a pro-
fiíTaõ folemne eftudou Theologia em que fahio
eminente. Pela fua grande capacidade, e ta-
lento occupou os mayores lugares na ReUgiaõ
fendo Definidor, Procurador Geral, e ultima-
mente Provincial da Província Romana
no anno de 1634. Foy Pregador de Fer-
nando n. Duque de Florença, e feu Con-
felheiro, fendo o medianeiro da Compofi-
çaõ defte Princepe com Urbano VIII. que
por Uie fer muito aífedo o fez da Congre-
L USITAN A.
435
gaçaõ da Víílta Apoftolica naõ recebendo
menores eílimaçocns dos Cardeaes, e mais
Prelados da Cúria. Augmentou com grandes
privilégios a Congregação de que era alho,
até que fundou o Convento de Florença no
anno de 1636. dedicado a Santo Agoftinho,
c Santa Chriílina em obfequio da Duqueza
de Florença ChriíUna de Lorena, que lhe
alcançou faculdade para eíU fundação. Mor-
reo neíle Convento a 29. de Fevereiro de
1648. com 48. annos de idade, e 29. de Reli-
gião. O feu Retrato cílá pintado no mefmo
Convento com cila infcripçaõ. P. Fr. Arfe-
nius ah AJctncione Ijtfitanus, vir effregius, €>* Jin-
gtlari prudentia praditus, qui in multorum Prin-
cipunt familiaritate vivens, omnibiis tamen omnia
faííits in pacandis animis, hellijque inter ipfos fe-
dandis fuit mirabilis: in Apoftolicum Vifitatorem
ah Urbano VIU. eleãus, a magna Etruria Du-
Iàjfa in Concionatorem, multijque in Congrega-
^onibus, et Generalibus funãus officiis decejfit Fio-
wttttia anno 1648. Na circumferencia tem
pfta letra. Mens mea contemplata eji multa fa-
pienter, et didici. Ecclef. i. Também eílà retra-
tado no Convento de JESU Maria de Roma.
Compoz.
La vita deli* ammirabile Servo di Dio Fra
Giovanni di S. Guglielmo Agoftiniano excalciato.
Fermo por Giovanni Francefco de Montibus
1629. 8. et 1630. ibid apud híeredes Joan.
Franc. de Montibus. 8. Defta obra faz hono-
rifica mençaõ Fr. Maurício da Madre de Deos
Agoílinho Defcalço in Sacr. Eremo Auguftinian.
lib. I. cap. 2. §. 6.
Vita di Soror Domenica dei Paradifo.
Efta Serva de Deos foy Fundadora do Con-
vento de Florença das Religiofas Domini-
cas onde morreo a 5. de Agoílo de 1553.
Depois da morte do Author fe diz a imprimira
hum Religiofo Dominico.
Fr. ARSÉNIO DA PAYXAM natu-
ral da Villa de Sarzedas no Bifpado da
Guarda. Recebeo a Cogulla Ciftercienfe
no Moíleiro de Santa Maria de Bouro a
13. de Janeiro de 1584. e fez a profiíTaõ fo-
lemne a 15. do dito mez do anno feguinte.
A fua grande prudência o habilitou para
exercitar os lugares mais honorificos da fua
Congregação fendo o primeiro Abbade trie-
nal do Mofteiro de Sanu Nfaria de Fiaens
em 1601. e do Moíleiro de S. Pedro das
Águias em 1606. D. Abbade, e Reytor
do Collegio de Coimbra em 1627. e duas
vezes Geral de toda a íamilia CiAerdeníe
neíle Reyno, a i. no anno de 1621. e a
2. no de 1655. Ornou com grandes edi-
fícios o Real Convento de Alcobaça onde
morreo no anno de 1641. Foy Religiofo
de exemplar vida, muito amante da pobreza,
fummamente cuidadoío do culto Divino,
para cujo fim novamente reformou, emendou,
e acrecentou.
Uvro ordinário do Officio Divino, e Ceremo-
nias da Ordem de Cifter da Conffega^ad, e ohfer-
vancia de Santa Maria de Alcobaça. Lisboa
por Manoel da Sylva. 1639. 8.
Fr. ARSÉNIO DE VOVSELLA. Pro-
feííou o Habito Monacal do Mellifluo Dou-
tor S. Bernardo no Convento de Lafoens.
Foy muito verfado na liçaõ da Sagrada Ef-
critura, e dos Santos Padres, como o publica
o livro que deixou compoílo, e fe conferva
na Bibliotheca do Real Convento de Alcobaça
com eíle titulo.
Expojitio in Epijlolas P. Pauli Apoftoli.
M. S. infol.
ASCENSO LOPES natural de Coim-
bra em cuja Univeríidade depois de receber
o Capello de Doutor na faculdade de Leys
foy Lente de Código provido por oppoíi-
çaõ em 19 de Mayo de 1554. Compoz.
Concilium fuper Baronia de Quinto pro D. Gar-
cia de Funes, y Villalpando. CasfarauguibE
apud Laurentium Robles 1596. foi.
]ttris Allegatio pro Illuftrijftma D. Juliana
Duce Daveiro in bonis de Torres novas et Infantado
procedentibus ex donatione Kegia faãa Magftro
D. Jacobi ejus Anteceffori. foi. Naõ tem anno,
nem lugar da ImpreíTaõ.
ASCENSO DE SEQUEIRA, filho de
Ruy Vaz de Sequeira Commendador de
S. Vicente da Beira Governador, e Capi-
tão General do Eflado do Maranhão, e de
fua mulher D. Francifca Freyre filha de
D. Martinho de Mello. Foy Commenda-
dor de S. Vicente da Beyra, muito eíhidio-
436
BIB LIOTHE CA
fo, e particularmente inclinado à liçaõ da Ge-
nealogia em que fez notáveis progreíTos com-
pondo.
Livros das Familias dejle Reyno, os quaes af-
firma o P. D. António Caetano de Soufa no
Apparat. à Hijl. Gen. da Caja Keal Vortug.
pag. 151. §. 178. ter vifto, e ferem excellentes
com muitas notas do infigne Jozé de Faria, e
fe confervaõ em poder do filho do Author Ruy
Vaz de Siqueira SucceíTor da fua Cafa, e Com-
mendador da Commenda de S. Vicente da
Beira.
ATHANAGILDO CELTA nome fup-
poílo com que fe pertendeo occultar o próprio,
mas claramente fe conhece fer verfado no
eíludo Genealógico compondo, e imprimindo.
Arvore Genealógica delKej D. Joaô o IV. com
largas infcripçoens na lingua "Latina que dedicou a
Portugal fua pátria. Lisboa por Joaõ Bredino
1641. O nome do ImpreíTor também he fup-
poílo. Delia obra faz mençaõ o P. D. António
Caetano na obra aífima allegada pag. 83. §. 71.
Fr. ATHANAZIO DA ENCARNAÇAM
natural da Villa de Gouvea do Bifpado de
Coimbra filho de Domingos Lopes, e Fran-
cifca Lopes. Profeílou o auílero Inftituto da
reformada Provinda Seráfica da Arrábida no
Convento do Efpirito Santo do Lugar de
Loures termo defta Cidade de Lisboa a 25. de
Março de 1659. Como a natureza o dotaíTe
de voz muito fonora o elegeo a SereniíTima
Raynha de Inglaterra D. Catherina para Can-
tor da fua Capella de Londres. No tempo que
aíTilHo nefta Corte aprendeo Filofofia, e Theo-
logia que lhes ferviraõ para melhor intel-
ligencia dos livros Afceticos. Por fer muito
fciente nas Rubricas do Miííal, e Ceremo-
nias da MiíTa era continuamente confulta-
do em qualquer duvida em que fempre o
feu voto fe venerava por decifivo. Reíli-
tuido ao Reyno exercitou com grande pru-
dência diverfas Guardianias, e ultimamente
o lugar de Definidor. Mereceo publicas
eílimaçoens da Mageftade de D. Pedro II.
que nunca alterarão a modeftia do feu fem-
blante, nem a humildade do feu coração.
Acometido de hum accidente apopletico
que lhe impedio receber os Sacramentos fal-
leceo no Convento de S. Jozé fituado no
Subúrbio defta Corte a 25. de Junho de 1710.
Publicou com o nome de Francifco Janeanarea
da Matha puro anagramma do feu Nomcj
Pia preces, meditationes , ac gratiarum\
aãiones ad DiviniJJimum Chrifli Corpus, Jive\
in tremendo Altari rite, et jruãuoje facrifican^
dum, five fanãe, devote que fufcipiendum maximel
idónea per hehdomada dies dijpofita cum\
nonnullis aliis, qua ex Sanais, piifque AuthoA
ribus excerpta, eb* in ordinem redaãa. i. ParsA
A 2. Parte he em Portuguez, e tem eíJie|
titulo.
Da Preparação para os Sacerdotes celehrareml
o Santo Sacrifício da Miffa, e depois darem a DeoA
as graças de taõ grande beneficio recebido ;com a refoA
luçaõ que tra^ o MiJJal de alguns cat^os, que fe pode f.
oferecer na MiJJa, com a declaração dos Myjle
delia, e huma breve direcção para ajftflir aos
Agonizantes, tudo tirado de graves AutoresA
16. Naõ tem lugar, nem anno da ImpreíTaõ,!
nem nome do ImpreíTor.
Faz memoria do Author, e da obra Frj|
Jozé de Jefus Maria Chron. da Prov. da Arrab^
Tom. 2. Liv. 5. Cap. 7. n. 958.
Fr. ATHANASIO SANCHES, filhe
do infigne Poeta Latino Pedro SancheSjj
e fua mulher Maria de Rofales ambos de
igual nobreza, e virtude. Crioufe na idade
pueril no Palácio delRey D. Joaõ o III.
com o foro de moço Fidalgo, e fendo
já Cavalleiro da Ordem de Saõ-Tiago, e
venerado de toda a Corte pela fua difcriçaõ,
e profundo talento renunciou todos os ap-
plaufos, e eftimaçoens do Século, e abra-
çou o Sagrado Inftituto da Ordem da San-
tiíTima Trindade donde feita a profiíTaõ paf-
fou a Coimbra a eftudar as fciencias efco-
lafticas, e naõ fomente fahio nellas famofo, 1
mas com a liçaõ continua da Sagrada Efcri-
tura, e Santos Padres hum dos celebres
Oradores Evangélicos do feu tempo, mere-
cendo fer eleito Pregador da Rainha D.
Catherina. Nefte minifterio exercitou com
eííicacia, e igual fruto o feu apoftolico zelo
fazendo transformaçoens prodigiofas nos
coftumes. Naõ era menos fervorofo na ob-
fervancia do feu Inftituto, como o manifef-
tou no Reytorado do Collegio de Coimbra,
L USITAN A.
43/
c not G>nvent08 de LisbcM, Santarém,
c Ceuta, quando delles foy Míniílro, princi-
palmente no Convento da Louza fituado na
l^rovincia TraTmontana onde introduzio fua-
vctiicnte a difciplina regular nos principios
(la I undaçiò dcfta Cafa. Pregando em Villa-
1 iur us Scrmoens de Quarefma, e fazendo
em hum delles huma inveétiva contra os Se-
quazes de Sinagoga dos quaes fe compunha
alguma parte do auditório, em ódio, e vin-
gança do promulgador das verdades Evan-
gélicas lhe deraõ veneno, que brevemente
o confumio alcançando a coroa de Martyr
merecida pelo feu fcrvorofo zelo em 22. de
Níayo de 1595. e naõ de 1547. como efcreve
Altuna na Chron. Ger. de Trind. liv. 4. cap. 4.
foi. 623. quando contava 73. annos de idade.
Dcllc fazem mençaõ Figueiras Cljron. da Trind.
pag. 286. Fr. Bernard. de Santo António.
Epitom. Kedemp. liv. 2. cap. 9. c no livro M. S.
que deixou dos Varoens illuftres da Ordem.
Foy infigne Poeta Latino, e neíle dote fahio
muito femelhante a feu Pay, de cuja arte deo
multiplicados argumentos nas compofiçoens
que fez em louvor dos Princepcs defte Reyno,
e de feu Pay Pedro Sanches, as quaes vio
Jorge Cardozo como affirma no Agiol. 'L.u-
fitan. Tom. 3. pag. 373. no Commentario
de 22. de Mayo letr. F. Sendo Miniílro do
Convento de Ceuta fez a Pra£Hca na occaíiaõ
em que nella entrou ElRey D. SebaíUaõ, a
qual começava.
Mí4Íto alto, e muito poderojo Ríy, e Senhor
NoJ[o em eftas partes taõ der:^ejado como cremos,
de Deos taõ prometido, a ejle Kejno dado por ef-
panto, eftrago, e dejiruiçaõ de todos nojjos inimigos.
S. ATTO. Naceo em a Cidade de Beja
na Província do Alentejo para com a fua
virtude ennobrecer a Cidade de Piftoya
de que foy Bifpo em Itália. PoíTuindo hum
Canonicato em Portugal voluntariamente
deixou a pátria movido do piedofo, e fa-
grado dezejo de venerar os lugares de
Paleílina onde fe confummara a redemp-
çaõ do género humano, e depois de os ter
vizitado com fumma compunção aborre-
cendo o comercio dos homens, e fomente
anhelando a folidaõ recebeo no anno de
1125- o Habito Monachal de Valumbrofa
de que foy fundador S. joaô Gualberto onde
fe díAinguio tanto na obíervancia do Inítí-
tuto, e praâica de todas as virtudes Reli-
giofas, que por voto dos Monges foy eleito
Abbade Getal por fer transferido á Mitra de
Parma S. Bernardo de Ubertis confiando
aquella exemplar Communidade que feria
verdadeiro SucceíTor de taõ virtuofo Prelado.
Tanto que entrou neíle lugar começarão com
mayor intenfaõ a luzir a prudência, humildade»
e benevolência de que era ornado fendo o feu
mayor difvelo confervar a Religião no pri-
mitivo rigor, a qual amplificou com a funda-
ção de nove Abbadias, augmentando ou-
tras, e reparando algumas quafi extinâas
pela injuria dos tempos alcançandolhe dos
Summos Pontifíces Innocencio II. e Celef-
tino II. aos quaes era muito aceito, infinitas
graças, e íingulares privilégios. Eftando
vaga a Cadeira Epifcopal de Piíloya Sufra-
ganea ao Arcebifpo de Florença foy eleito
por voto do Clero Bifpo defta Diocefe em que
foy confirmado por Innocencio II. no anno de
1 1 3 3. Obedeceo ao preceito do Summo Paílor
para aceitar eíla dignidade coníiderando que
obedecia à vóz de Deos de quem o Pontífice era
Orgaõ. Neíte Supremo lugar fomente mudou
os hábitos exteriores exercitando com mayor
perfeição os das virtudes epifcopaes em benefi-
cio das fuás Ovelhas pelo efpaço de vinte annos
de tal modo que lhe efcreveo em louvor da fua
paftoral vigilância eíle Elogio a Santidade de
Innocencio 11. em hum Breve expedido em
Pifa a 21. de Janeiro de 11 34. no 5. anno do
feu Pontificado o qual relata Baronio no tom.
12. dos Annaes EcclefiaíUcos. Gatidemus eqm-
dem et debita juctmditate latamur quam fupema
difpojitionis providentia Te Sapientem vitee verum,
& in Keligione probatum ejufdem loci Pajlorem conf-
tituit, <& ad gubemandum, <ò^ inftruendum doãri-
na, et vitce exemplo populum Juum mifera-
tio divina vocavit. PaíTou a lograr na eter-
nidade a Coroa, que mereceo pelas fuás vir-
tudes a 22. de Mayo de 1135. obrando
na morte eítupendos milagres femelhantes
a os que fizera em vida. O feu Cadáver foy
fepultado na Igreja de S. Miniato in Curte
donde foy transferido no anno de 1337. para
à Igreja Cathedral. Qemente VIU. conce-
deo Oíficio, e Mifla para que pudeííem os
438
BIBLIOTH ECA
moradores de Piftoya rezar delle como de
Beato por Breve expedido a 24. de Mayo
de 1605. do feu Pontificado 13. Defte Santo
Prelado efcrevem graves Authores como
faõ Filip. Ferrar. Cathal. Sana. Ital. foi. 302.
Yepes Chron. de S. Bento Tom. 7. foi. 253.
Wion in L/^«. Vit. Part. i. lib. i. cap. 34.
Lucatelli in Vit, S. Joan. Gmlberti lib. 2.
cap. 1 5 . Velius in Vit. S. Bem. de Ubertis cap.
10. Bucelin. in Monol. Bened. ad diem 22. Maij.
Mich. Angel. Sal vi inHiJior. Pijiorijltal. Part. 2.
lib. 2. à pag. 71. ad. 87. PoíTevin. Appar. Sacer.
Tom. I. pag. 132. Verhi Dei Concionator in-
Jignis Ughellus Ital. Sacr. tom. 3. pag. 359.
Dondori no livr. intitulado Delia pietá de
Pijlojafua Pátria Part. 2. à pag. 209. até. 214.
Nicol. Ant. in Bib. Vet. Hifpan. lib. 7. cap. 4.
n. 82. VoíTius de Hijior. Laf. lib. 2. cap. 49.
Magn. Bib. Ecclef. pag. 698. col. 2. Forteguerra
in Vit. B. Attone impreíTa Florencia preíTo
Ceconccelli 1608. dizendo Fu di natione Spag-
nolo dei regno di Portugália delia cita Mamata
Pace Júlia. D. Chrifoílomo Talento Monge
de Valumbrofa na Epiílola Dedicatória a
Filippe III. de Caftella em huma Oraçaõ,
que recitou no Convento PaíTinianenfe em
occafiaõ, que fe tinha erigida huma Capella
ao B. Atto, lhe diz. Qtiare excelfiores valum-
hrojance reipublica Senatores eximij Pacenfis
urbis Pignoris B. Attonis L,ujitani regni de-
coris, ac totius Hifpana Monarchia patroni
gloriojam vitam augufiijfimo nomini tua inj-
cribendam curarunt. Poccianti in Cathal.
Scriptor Florentin. Part. 2. Infiituti Vallis
Umbro/a Monachus Venerabiãs, Monajiica
diJciplincB moderator, ac injiaurator celeberri-
mus, Juce Congregationis Generalis Abbas fa-
pientijfimus, Sacrarum Scripturarum cultor
egregius, probitate denique vitce, ac miraculo-
rum gloria clarus. Tamayo in Martyrol. Hif-
pan. Tom. 3. pag. 379. ad diem 22. Maij
onde infruduofamente fe cança em querer
que foíTe natural de Badajoz, e naõ de Beja,
e ultimamente o P. D. Manoel Caetano de
Souf. no Cathal. HiJlor. dos Arceb. e Bi/p. que
tiverao Diocejefora de Portugal, pag. 121. Com-
poz.
Vita S. Joannis Gualberti Abbatis Con-
gregationis Vallis umbrojana inftitutoris. Ro-
mãs apud Guillielmum Facciotum. 161 2. 8.
a qual traduzida em outava Rima Italiana
por Nicolao Lorenzini Medico de Monte-
policiano fahio em Florença apreíTo George
Marefcotti 1599. 8.
Vita S. Bernardi monachi Abbatis Mo-
najlerij Sancti Salvij Vallis Vmbrofa etiam
Generalis, Parmenfis Rpifcopi, Sacre Rom.
Ecclef. Cardinalis. Sahio dedicada por The-
zauro VeUio Abbade do Convento de Santa
Praxedes de Roma da Congregação de Va-
lumbrofa ao Cardial Bento Juíliniano, e im-
preíío juntamente com a vida de S. Joaõ
Gualberto.
Epiftolarum liber unus. M. S. no qual fe
contem onze cartas e fe confervaõ na Bib.
Vaticana n. 4322. como efcreve Montfaucon
in Bib. Bibliothecar. M. S. Tom. i. p. 116.
De Tran/latione reliquiarum. et miraculis
S. Jacobi Apojioli cuja obra naõ intitu-
lou como ella he, Arnoldo Wion in L.igm
vita lib. I. cap. 34. efcrevendo De TranJ-
latione Capitis Sanai Jacobi Apojioli adjuam
Ecclef iam ex Hifpania, pois confta de duas
cartas huma de Raynerio Deaõ da Igreja
de Piftoya, e outra de D. Diogo de Gel-
mirez Arcebifpo de Compoftella efcrita
ao B. Atto as quaes fe confervaõ no ar-
chivo da Cathedral de Piftoya, e as im-
primirão Ughello in Itália Sacra, e Luiz
de S. Llorente na Vida do B. Atto im-
preíía Roma apud Stephanum Paulinum
161 3. 4. que naõ mandara o Arcebifpo de
Compoftella a cabeça mas parte delia ao B.
Atto por lha ter pedido com grandes inftan-
cias para fer collocada na fua Cathedral de
Piftoya.
Vita S. VerdiancB Caflelli Florentini. Efta
obra he atribuída ao B. Atto por Sal-
viano Razzi, Jozé Dondori, e JeronymOL
Setino que a verteo em Italiano, o que naõ
parece fer certo por afíirmar o douto P.
BoUando no Tom. i. Februarij. Aã. Sanc-
tor. pag. 256. que o Author defta vida fo-
brevivera ao B. Atto do qual he também
diverfo Atto Bifpo de VerceUi, que flore-
ceo no decimo feculo, e efcreveo de Pref
furis Ecclejiajlicis, cuja obra publicou Lu-
cas Dachery Monge da Congregação àt
Santo Amaro de Pariz no Tom. 8. do fei
Specilegio.
L USITAN A.
AVI TO illuílrou com o fcu feliz naf-
cimcntc) a Augufta Cidade de Braga onde Te
applicou a eíhidar as Línguas latina, e Grega,
e depois a penetrar a intelligencia das Divinas
letras, c como era dotado de hum vivo, e
agudo engenho, fahio perfeitamente confum-
mado cm todo o género de erudição. Sendo
naõ menos infigne na fciencia, que no zelo
la verdadeira Religião, perfeguio fortemente
aos fequazes dos erros de Prífcilliano, e Ori-
genes, os quaes infeílavaõ a toda a Hcfpanha
com a falfa doutrina dos feus abomináveis
logmas, humiUundo a fua foberba com as
l^oderofas armas dos feus efcritos, que lhe
alcançarão repetidas vi£lorias. Inflamado com
o picdofo defcjo de vifitar os Lugares da
Palcftina, que tinhaõ fido fanftificados com
o Sangue do Rcdemptor do Mundo, c junta-
mente confultar a S. Jcronymo Oráculo da-
qucllc tempo fobre a intelligencia diffícultofa
de alguns Textos da Sagrada Efcritura, alcan-
çou faculdade de Balconio, que entaõ digna-
mente occupava a Mitra Primacial de Braga
liondc partio para Jerufalèm, em cuja Cidade
achou o feu grande Patrício Paulo Orofio, o
qual por mandado dos Bifpos Africanos tinha
paflado à mefma Terra a confultar ao Doutor
Níaximo fobre a origem, e immortalidade da
lima. Neífe tempo permitio a Divina Provi-
dencia, que fe manifeílaíTem a 26. de Dezem-
bro as Sagradas Relíquias dos Corpos do Pri-
mogénito dos Martyres Santo Eftevaõ, Nico-
«.iemos Difcipulo de Chriílo, Gamaliel Meílre de
S. Paulo, e de feu filho Abibon, cujas fepul-
turas havia mais de 500. annos eftavaõ occultas
à noticia humana, revelando Deos ao Presby-
ero Luciano de Naçaõ Grego o lugar, que era
teliz depofito de taõ preciofo thefouro. As
maravilhas, que fuccederaõ neíla invenção
toraõ taõ notáveis, que para naõ caducar a
lua memoria ordenou a Igreja Catholica fe
lolemnifaflem univerfalmente em 3. de Agofto.
Tendo Avito contrahido eílreita amifade com
i Ladano, lhe pedio alguma parte das Relíquias
do Santo Prothomartyr, e como facilmente
lhas concedeíTe, o mefmo Avito as entregou a
Orofio, que partia para Braga encomendan-
u dolhe as entregafle ao Arcebífpo Balconio
fendo taõ preciofo donativo naõ fó para or-
nato, e protecção da fua Pátria, mas para
agradecimento áquelle Prelado pelo ter fubli-
mado ao Eftado Clerical, efcrevendolhe huma
Carta em que individualmente relatava todas
as circunílancías daquella prodigiofa invenção.
EÍUmou Orofio como grande felicidade voltar
da Paleftina para Braga com aquelle Sagrado
Thezouro que fazia fuave a moleília de taò
prolongado caminho. Continuou Avito a
fua aíTiílcncia em Jerufalèm, exercitando aa
virtudes mais heróicas até que cumulado de
annos, e merecimentos felizmente acabou a
vida em 17. de Junho de 440. fendo Confules
Valentiniano, e Anatolio. No tempo, que
Avito aífiília em Jerufalèm traduzio da lin-
gua Grega na Latina a Hiíloria da invenção
das Relíquias, comporta pelo Presbytero Lu-
ciano com eftc titulo:
De inventiotte reliquiarum S. Stephani Pro-
thomartyris, Nicodemi, et Gamalielis.
A qual mandou juntamente com huma
Carta f)ara o Arcebífpo Balconio, e todo o
Clero, e Povo Bracharenfe. Huma, e outra
obra fe achaõ infertas em Surio de Vif. Sattã.
a 5. de Agofto Baron. Tom. 5. Annal. Ecclef,
ad an. 41 5. n. 5. Brito Monarch. hjif. p. 2. lib. 6.
Cap. 27. e o Illuftriflimo Cunha Hift. Eccl. dt
Braga part. i. Cap. 57. Defte infigne Varaõ
fizeraõ illuftre memoria todos os AA. que ef-
creveraõ de Efcritores Ecclefiafricos, como
foraõ Genàd. cap. 47. Honor. Auguftod. ad an.
410. n. 46. Trithem. in Ijuian. ad an. 410.
Bellarm. e Philip. Labbe tom. 2. pag. 29.
Add. in Chron. atat. 6. Sigibert. ad an. 495.
Gerard. Joan. Voífius de Hifi. lai. lib. i. cap^
14. Pofiev. in Appar. Sacr. Tom. i. pag. 141.
Valer. And. Taxand. in Cathal. Ciar. Hifp^
Script. lit. A. Ricciol. in Chronolog. Keform.
Tom. 4. ad an. 415. Joan. VaiTaeus in Chron^
Hifp. ad an. 388. Nícol. Ant. ín Bib. Vet. Hifp,
Lib. 3. cap. 2. n. 41. & 42. & cap. i. n. 2. 4. e 5.
Morales Chron. de EJp. Lib. 11. cap. 17. cha-
mandolhe Presbítero notable en letras. Vafc.
in Defcript. iMJit. n. 4, o intitula: Magut
authoritatis, é^ eruditionis authorem in Cra-
ca, <ò' "Latina lingua apprime ver/atum. Ef-
taço Antig. de Portug. cap. 71. n. 4. Car-
dofo Agiol. hj4jit. Tom. 3. pag. 709. Gan-
dara Triunf. Ecclef. de Galicia. Tom. 2»
lib. 6. cap. 8. D. Gafpar Ibanes de Segó-
via Marq. de Mondejar Dijfert. Exclejiajt^
440
BIBLIOTHE CA
Dijfert. I. n. z. que doutamente defende fer
natural de Braga contra cuja aíTeveraçaõ fe
oppoz modernamente com argumentos mais
fubtis de que folidos D. Paulo Ignacio de
DalmaíTes y Ros Chroniíla do Principado
de Catalunha na Dijfert. Hijlor, por la Pátria
■de Paulo Orojto cap. i8. e 19. Fleury Hijlor.
Ecclejiajiiq. Tom. 5. lib. 23. pag. mihi 430.
« 431. Magna Bibliofhec. Ecclejiajl. Tom. i.
p. 786. onde afíirma fer natural de Braga.
SOR AUTA DA MADRE DE DEOS
natural de Coimbra a quem a natureza com
profufa liberalidade dotou de perfpicaz
engenho, admirável comprehenfaõ, e pro-
fundo talento. Depois de eíhidar domeiii-
camente humanidades, e Lingua Latina,
ambiciofa de fe inílruir nas fciencias mayo-
res, e confiderando, que lhe fervia de
impedimento a honeftidade do fexo para
frequentar publicamente a Univeríidade
foube com arte fingir o que lhe negara a
natureza eíludando em trage de Eíhidante
Theologia, e Direito Civil de que feu Pay
era Meílre na mefma Univerfidade, e de
tal forte penetrou os myílerios deitas facul-
dades, que por voto dos feus mayores Pro-
feíTores a julgarão digna de fubílituir na Ca-
deira a feu Pay. Por morte delle naõ po-
dendo confervarfe o fegredo, que por tanto
tempo fe tinha obfervado, a mandou chamar
a Rainha D. Leonor mulher delRey D. Joaõ
o II. e a admitio ao numero das fuás cria-
das com a qual refava o Officio Divino,
preferindo-a a todas na eíHmaçaõ pela fua
profunda fciencia, e agradável génio. Suc-
cedeo, que eíla Princeza foíTe na fua com-
panhia ao Convento das ReUgiofas da Ma-
dre de Deos da primeira regra de Santa Cla-
ra fituado fora dos muros de Lisboa do qual
fora Fundadora, e atrahida daquelle Sagra-
do InHituto defprefando todas as efperanças
com que a lifongeava a vaidade mundana
pedio com grandes inílancias o Habito Se-
ráfico, que com beneplácito da Rainha lhe
foy lançado onde em obfequio de Santa Auta
huma das Valerofas Companheiras de Santa
Urfula, cujas Relíquias fe veneraõ no Sanc-
tuario daquelle Convento fe quiz chamar
com o nome defta Santa Virgem. Exerd-
tou-fe o feu efpirito nefta paleftra de virtudes
com tal exceíTo, que fervio de exemplar
às fuás Companheiras fendo taõ clara a fama
da fua Sabedoria illuftrada pela fantidade
dos coíhimes, que era domeílicamente con-
fultada em matérias de Theologia Myftica,
venerando os mayores Letrados como Orá-
culos as refoluçoens, que dava nas queftoens
mais dificultofas da Theologia Efcolaftica.
Cheya de obras heróicas paíTou a receber do
feu divino Efpofo o merecido premio em 26.
de Mayo em cujo dia faz delia illuflre memoria
Jorge Cardofo no Agiolog. L.ujif. Tom. 3.
p. 410. queixando-fe de naõ poder defcubrir
o anno do feu feliz tranfito. Delia fe lembraõ
Fr. Fernando da Soledad. Hiji. Seraf. da
Prov. de Portug. Part. 4. Liv. i. cap. 22.
n. 145. e Damiaõ Froes Perj^m no Tbeatr.
Heroití. de mulher illujir. Tom. i. pag. 48.
Compoz.
Officium S. Auãa V. <& M. UlyíTipone
apud Petrum Crasbeeck. 1621. 8. Coníla
eíle Officio de Antífonas, Oraçaõ, e lições
próprias, o qual foy approvado pela Sè Apof-
tolica.
Calenda da Fejla de Santa Auta. Deíla
obra faz mençaõ Fr. Fernando da Soledade
no lugar aíTima citado.
L USITANA.
441
B
BALTHEZAR DO AMARAL natu-
ral de Cunha Baxa no Bifpado de
Vifeu, e filho de Gafpar Paes, c Ca-
therina do Amaral. Na idade da ado-
Icfcencia abraçou o Sagrado Inílituto da Com-
panhia de JESUS em o Collcgio de Coimbra
a 14. de Junho de 1601. Foy igualmente
perito nas letras humanas que nas fubtilezas
filofoficas que di£lou nos Collegios de Lisboa,
e Coimbra. Com o fupoílo nome de Luiz Dias
Tranco publicou.
Doítrina Philofophica. i. de rebtts natttralihus
in CO mm mi. 2. de calo, et mundo 3. de rerum na-
tiiralium orin, ò^ interitu. 4. de Meteoris. j. de
I Anima. 6. de Partis naturalihus. 7. de anima
(eparata. 8. de Ethicis. UlyíTipone apud Pc-
trum Crasbeeck. 161 8. 4.
Conferva-fe o Original com o nome pró-
prio do Author na Livraria da Cafa ProfeíTa
de S. Roque de Lisboa. Delle fe lembraõ
Ijoan. Suar. de Brito Theatr. h/ifit. Utter.
lit. B. n. 2. D. Franc. Manoel na Carta dos
Authores Vortug. efcrita ao D. Manoel da
Fonfeca Themudo onde por equivocaçaõ lhe
chama Gafpar, e D. Nicol. Ant. Bib. Hifpan.
Tom. 2. pag. 26. col. i.
BALTHEZAR DA ANNUNCIAÇAM
natural de Lisboa Cónego Secular da Con-
gregação do Evangeliíla Amado, onde pela
lua prudência, e aíFabilidade exercitou os lu-
gares de Provedor das Caldas da Rainha, Rey-
tor do Convento de Villar de Frades, de Santo
Eloy de Lisboa, e ultimamente de Geral da
fua Congregação deixando os fubditos fempre
faudofos do feu governo. Morreo no Con-
vento pátrio a 20. de Mayo de 1622. Compo2.
Vida de S. luourenço Jujliniano. M. S. como
teíUfica o P. Francifco de Santa Maria Chron.
dos Coneg. Seciil. liv. 2. cap. 4.
Vida de D. Agojiinho Ribeiro Bijpo de An^a,
e "Lamego M. S.
Fazem memoria defte Author Cardofo
A^ol. Ijifit. Tom. 2. pag. 352. no Com-
ment. de 27. de Março, e Nicol. Ant. in hib.
Hifpan. Tom. i. pag. 141.
P. BALTHEZAR ALVARES natu-
ral da Villa de Chaves íítuada na Provin-
da Tranímontana. Focaõ Teus Pays Jero-
nymo Gonçalves, e Leonor Gonçalves.
Quando contava defefete annos entrou na
Companhia de JESUS em o primeiro de
Novembro de 1578. Eíhidadas as letras hu-
manas fe applicou à cultura dos fciencias
mais feveras, e fahio nellas taõ infigne que
diftou na Univerfidade de Évora onde de-
pois foy Cancellario, outo annos FilofolSa,
e doze Theologia, em cuja Faculdade rece-
beo o gráo de Doutor a 10. de Novembro
de 1602. Como o feu génio foíTe mais natu-
ral para inílruir difcipulos, que governar
fubditos alcançou do Geral a efcufa de naõ
fer Reytor do Collegio de Santo Antaõ, em
que fora eleito. Em o de Coimbra em que
nacera para a Religião acabou o curfo da
vida a 12. de Fevereiro de 1630. com 69.
annos de idade, e 52. de Religiofo. Com-
poz por ordem do Inquiíidor Geral D. Fer-
não Martins Mafcarenhas.
Index Auãorum damnata memoria. Tum etiam
librorum, qui vel fimpUciter, vel ad expttrgationem
ufque prohibentur, vel denique expurgati permittun-
tur. UlyíTip. apud Petrum Crasbeeck. 1624. foi.
Traãatus de Anima Separata que he o ultimo
do Curfo Conimbricenfe, e fahio fem o feu
nome. UlyíTipone apud Anton de Mariz 1598.
4. Lugd. 1627. Cólon, apud Lazarum Retzne-
rum 1603. 4. & Venetiis apud Vincentium,
& Ricciardum Amadinum 1606. 4.
Problemata, qua in Conimbricenjis Collegif
Commentariis Phyficis enodantur. Mogimtííe
apud Joannem Albinum. 1601. 8.
Revio, e preparou para a impreflaõ as
obras poílhumas do Doutor Exímio o P.
Francifco Soares Granatenfe, de cujo tra-
balho lhe faz o P. António Franco in Ann.
Gloriof. S. J. in Ljifitania pag. 81. efte
442
BIBLIOTHECA
Elogio. Nolis maius de Baltha!(are elogium,
quàm quod per illum tantus quantus ejl, magna
ex parte vivit magnus Suarias. A Bibliotheca
Societ. pag. 98. col. 2. e Joaõ Soar. de Brito
in Theatr. h.ufit, Utterat. iit. B. n. i. o inti-
tulaõ Vir tnjigniter doãus. Com femelhantes elo-
gios o exaltaõ Fonfeca 'Evor. Glorio/, pag. 427.
Franc. Ifnag. da Virtud. em o Novic. de Coimb.
Tom. 2. pag. 613.6615. Labbe in Bib. Biblioth.
pag. 102. Nicol. Ant. in Bib. Hifpan. Tom. 2.
pag. 141. e a Magn. Bib. Ecclef. pag. 102.
BALTHEZAR DE AZEREDO filho de
Jorge de Azeredo, e Mecia da Fonfeca, irmaõ
de Gafpar de Azeredo Cónego Doutoral na
Sé de Braga, naceo na illuftre Villa de Guima-
raens donde paíTou a Coimbra a eíludar a
faculdade da Medicina cujos fegredos pene-
trou taõ altamente o feu profundo juizo, e
admirável comprehenfaõ que depois de receber
as iníignias Doutoraes, e fer admitido ao
Collegio Real de S. Paulo a 4. de Mayo de
1579. f^y Lente da Univerfidade diólando
a matéria de Crijibus no anno de 1582. donde
tranferido à Cadeira de Avicena em 24. de
Dezembro de 1583. fubio à de Prima em 12.
de Janeiro de 1589. em que jubilou no anno
de 1604. Foy cavalleiro profeíTo da Ordem
de Chrifto, e Phyfico Mór do Reyno, taõ
infigne na Faculdade Medica, como na Ora-
tória, e Poética exercitando felizmente eftas
duas Artes na lingua Latina de que foy excel-
lente cultor. Morreo em Lisboa a 6. de Janeiro
de 1631. e jaz fepultado na Cafa profeíla de
S. Roque dos PP. Jefuitas. Foy Cazado com
D. Maria de Madureira de quem teve def-
cendencia. Agoílinho Barbof. de Poteji. Epif-
cop. Part. 3. AUegat. 91. n. 8. lhe chama Eu-
jitancB gentis decus, <& ornamentum; Maced.
Elor. de Efp. Cap. 8. Excel. 9. Hipócrates, y
Galeno de nuejlros tiempos. Gabriel Pereir.
Decis. 113. n. 2. D. Nicol. de Santa Mar.
Chron. dos Coneg. Keg. liv. 10. cap. 7. n. 13.
Fr. Ant. da Pied. Chron. da Prov. da Arrab.
Part. I. liv. 2. cap. 12. n. 270. Barbof. Cathal.
Hift. do Colleg. de S. Paul. pag. 94. e no Archia-
them. Eufit. pag. 20.
Gnarus Appolineá A^eredius arte micabit
Quem decorare gradu Juevit Medicina Supremo.
Compoz.
Funebris Oratio in Sacris Funeribus Philippi
fecundi Regis Catholici Conimbrica habita in
Régio Academia Canobio quinta die Novembris
M. D. XCVIII. Sahio no fim da Relação
das Exéquias delRey D. Filippe 2. de Cajlella.
Lisboa por Pedro Cresbeeck 1600. Começa
Trijle fane, €>* peracerbum.
Concordância de Queftoens Filofoficas, e Me-
dicas altercadas entre Filofofos, e Médicos. M. S.
Acabou eíla obra no anno de 1585.
Comentarium in Primum de Caujis Symp-
tomatum. M. S.
In librum Tertium de Simplicium medica-
mentorum facultatibus. M. S.
Poejias Eatinas, e vulgares. M. S.
P. BALTHEZAR BARREIRA naceo
em Lisboa de Pays nobres chamados Rodrigo
de Carmona, e Margarida Fernandes que
conhecendo a viva comprehenfaõ, e fublime
talento que tinha para as letras o mandarão
eíhidar a Coimbra, porém penetrado de fu-
perior eftimulo deixou os applaufos que lhe
podiaõ refultar das efcholas, e fe recolheu
em o Noviciado de Coimbra dos Padres
Jefuitas a 12. de Janeiro de 1556. quando
contava 25. annos de idade. Ordenado de
Sacerdote difcorreo apoiiolicamente pelas
Villas de Moura, Odemira, e Coruche na
Província do Alentejo de cuja laboriofa expe-
dição colheo copiofos frutos. Mayor foy o
exceíTo da fua charidade no fatal anno de 1569.
em que ardia Lisboa fulminada de hum terrível
contagio aífiílindo aos feridos com taõ fervo-
rofo zelo que contrahindo a infermidade
naõ lhe fervio de obftaculo para continuar
neíle charitativo miniílerio. Como todo o
feu difvelo era a Salvação das almas foy man-
dado pelos Superiores a Angola aonde che-
gou a 23. de Fevereiro de 1580. Para atrahir
com mayor facilidade os Gentios ao conhe-
cimento do verdadeiro Deos, aprendeo a
lingua da terra que brevemente foube, e
mandou levantar huma Igreja dedicada a
S. Paulo em obfequio do noíTo Governador
Paulo Dias de Novaes neto de Bartholameu
Dias de Novaes defcubridor do Cabo de
Boa Efperança devendo-fe à efficacia das
fuás Oraçoens grande parte da vitoria que
aquelle Capitão alcançou em 2. de Fe verei-
LUSITANA.
44.3
ro de 1585. de hum formidável exercito de
Negros deílroçados mais por íuperior auxi-
lio, que valor humano. Naò he fácil de relatar
1)8 mares que navegou, as terras, que correo,
e as tempeílades, e trabalhos que tolerou eíle
novo Apoílolo da Africa cm benefício da
Gentilidade bautizando innumeraveis alnias
fendo as principaes o fílho primogénito,
e o irmaò de hum Regulo. Sendo obri-
gado a juílifícarfc de culpas machinadas con-
tra a fua PeíToa paíTou ao Reyno, e che-
gando À prezença de Filippe II. lhe fervio no
conceito de Príncipe taõ prudente o venerável
afpcélo de muda apologia da fua innocencia.
Para que nunca eftiveflc ociofo o feu talento
cm beneficio dos próximos foy eleito Meftrc
dos Noviços cm o Q)llcgio de Évora em cujo
miniílcrio dco novos argumentos da fua vir-
tuofa prudência. Segunda vez por obedecer
aos fcus Prelados partio no anno de 1 604. para
:i MifTaõ de Gibo Verde quando contava a
proveóla idade de feíTenta, e fcis annos. Logo
jue chegou à Ilha de Saõ-Tiago fronteira a
lum grande Promontório na Cofta de Guiné,
icm reparar que o clima era nocivo à faude
fahio pelas praças annunciando o Evangelho
feus moradores donde penetrando até
:rra Leoa com manifeílo perigo da vida bau-
EOU os Reys de Tora, e Tarma, e aos Prince-
;s feus filhos com huma grande multidão de
rbaros transformados de brutos em racio-
;s. Atenuado com eftes apoftolicos trabalhos
io infermo, e conhecendo fer chegado
termo da fua peregrinação entre fuaves
)lloquios com Chrifto Crucificado acabou a
ida na Qdade da Ribeira Grande da Ilha de
5aõ-Tiago a 4. de Junho de 161 2. com 74.
annos de idade e 56. de Religião. Foy geral-
mente fentida a fua morte por faltar nelle o
univerfal refugio de todas as PeíToas. O Ca-
bido com todo o Clero lhe dedicarão fumptuo-
fas exéquias, no fim das quaes orou o Cónego
Rodrigo Anes Centeo Provifor, e Vigário
Geral ponderando grande parte das fuás
virtudes, e acçoens largamente efcritas por
Jorge Cardofo no Agiol. L^fit. Tom. 3. pag.
525. e no Comment. de 4. de Junho letr. E.
Franc. Imag. da Virtud. do Novic. de Evor. liv. i.
cap. 17. até 24. e na Imag, do Nov. de Coimh.
Tom. 2. liv. 4. 5. 6. et in Ann. GlorioJ. S.
J. M Lêifit. pag. $09. Sandoval Cathecifm-
Eiiangel. liv. 4. cap. 10. Guerreiro Ktlac. Armai
das confas que fii(eraÕ os PP. da Companb. dê
jlíSVS nos annos de 1607. e 1608. liv. 4. cap. i.
2. e 5. Rho Hift. virt. tt vitior. liv. 2. cap. 2.
$.25. onde erradamente lhe chama SebafliaÕ.
Telles Chron. da Comp. de JESUS' da Prov.
de Portug. Part. 2. liv. 6. cap. 26. até 54. Jarric.
The^aitr. Kerum Indic. Tom. 5. cap. 28. &
Part. 2. lib. I. cap. 6. et 7. Vafconcelos Def-
cripí. Líijit. pag. ji8. n. 7. Gualter. ia TaiwJ.
ChronoL Saccul. 17. pag. 815. Fragozo de
Kepjtmine Keipnb. Chrift. Part. ). lib. 10.
difput. 22. §. 4. n. 48. Virtute, et pietate infi-
fftis. Efcreveo.
KelaçaÔ da Vitoria, que alcançou o injiffte
Capitão Paulo Dias de Novaes de hum numero/o
exercito de Neff^os em Angola a 1. de Fevereiro
de 1583. da qual, como do Author, faz memo-
ria Fr. Agoílinho de Santa Maria Sanãuar. Ma-
rian. Tom. 8. liv. i. Tit. 101. pag. 330. e 331.
Carta efcrita de Angola ao Provincial da
Provinda de Portugal, em que dà conta (faõ pala-
vras do P. Fernaõ Guerreiro na Kelac. Annal
aíTima ailegada defde folhas 223. até. 264
Lisboa por Pedro Crafbeeck 161 1. 4. ) ^
difpojiçaõ qm achou em todos aquelles Keynos,
que elle peffoalmente foy defcubrir, e do mais fruto,
que até entaõ fe tinha feito na ConverfaÕ daquella
gentilidade.
Carta efcrita de Angola em 31. de Janeyro
de 1582. em que relata o Bautifmo de hum Key,
de que traz alguma parte impreífa o P. Bal-
thezar Tellez Chron. da Companh. Part. 2.
Liv. 6. cap. 58. §. 5. e 6.
Carta efcrita em Évora a 16. de Março de
1 604. ao Provincial António hlafcarenhas. Sahio
impreíTa pelo P. Tellez no lugar aíTima
allegado cap. 30. §. 7. e Franco Imagem
da Virtud. do Noviciad. de Evor. Liv. i. cap. 19.
n. 5.
Duas Cartas efcrita huma ao Geral em
que relata a fua jornada à Serra Eeoa com
a converfaõ, e bautifmo delReji Filippe; outra
ao Provincial da Provinda de Portugal fobre
o progrejfo defia expedição. Sahiraõ vertidas
em Italiano com outras. Roma por Ludovico
Zanetti 1625. 8.
Carta efcrita ao P. Manoel de Barros
em Biguba terra dos Beafares a 28. de Ja-
444
BIB LIO THE CA
neyro de 1605. em que narra a jornada que fet^
à terra firme de Guine. Sahio impreíTa na
KelaçaÕ Annal compofta pelo P. Fernaõ
Guerreiro a folhas 140. Lisboa por Jorge
Rodrigues 1605. 4.
Fr. BALTHEZAR DO BASTO. Naceo
em Lisboa, e foy filho de Manoel do Bailo,
e Theodofia de Faria. Logo na infância def-
cubrio os dotes de que o ornara a natureza
pelos quaes foy recebido na Sagrada Religião
da SantiíTima Trindade cujo Inílituto profeíTou
no Convento da fua pátria a 14. de Junho
de 1642. Aprendidas as fciencias efcholaílicas
com grande credito do feu engenho as diétou
com mayor applaufo merecendo laurear-fe
Doutor na Faculdade de Theologia em a Uni-
verfidade de Coimbra. Foy Reytor do CoUegio
deJfta Cidade, e Viíitador Geral da fua Religião
em cujos miniílerios pradtícou as máximas
do feu prudente juÍ2o. Entre os mais famozos
Oradores Evangélicos fe diftinguio com mani-
fefto exceíío por fer ornado de eloquente
energia, fuave vóz, e natural reprezentaçaõ.
Morreo no Convento de Lisboa a 15. de De-
zembro de 1700. quando contava 74. annos
de idade, e 5 8. de Religião. Deixou promptos
para fe imprimirem.
Sermoens Vários M. S. Confervaõ-fe na
Livraria do Convento de Lisboa.
BALTHEZAR COELHO cuja Pátria,
e género de vida ignoramos. Compoz.
Tratado da Antiguidade de N. Senhora de
Machejde, e outras do Termo de Évora, e extraão
de hum livro antigo dos Milagres de N. Senhora
da Sè da me/ma Cidade. M. S. foi. Conferva-fe
na Livraria do ExcellentiíTimo Conde de Vi-
mieiro. Da Imagem da Senhora de Macheyde,
e da fua Capella fer reparada no anno de 1484.
efcreve largamente Fr. Agoft. de Santa Maria
Sanãuar. Marian. Tom. 6. Liv. i. Tit. 13.
BALTHEZAR CORRÊA PINTO natural
da Villa de Caílello-Branco do Bifpado da
Guarda filho de Pedro Dias, e Izabel Rodri-
gues, Freyre da Militar Ordem de S. Tiago cujo
Habito recebeo no Real Convento de Palmella
a 15. de Fevereiro de 1671. Foy bom Pre-
gador de cujo miniíterio deixou impreíTo
Sermão do Calvário. Lisboa por Joaõ da
Coíla 1678. 4.
P. BALTHEZAR DA COSTA natural da
Cidade de Goa Cabeça do Império Oriental
Portuguez onde fendo de 17. annos abraçou
o Inílituto da Companhia de JESUS no anno
de 1555. Depois de eftudar Filofofia, e Theo-
logia foy mandado pelos Superiores cultivar
a vinha do Japaõ, e para defempenhar taõ
laboriofa empreza aprendeo a lingua, que bre-
vemente foube, com a qual facilmente atrahio
os ânimos dos Gentios merecendo particulares
eftimaçoens de D. Bartholameo Senhor de
Firando em cuja terra juntamente com o
P. Joaõ Fernandes bautizou quinhentas, e
cincoenta peíloas, e exercitou outros apoíloli-
cos miniílerios atè o anno de 1570. Ao paíTar
do Japaõ para a índia morreo naufragante em
o anno de 1 5 80. Fazem mençaõ deíle Operário
Evangélico Bih. Societ. pag. 100. col. 2. Hifior.
Societ. Part. 3. Liv. i. n. 154. Liv. 6. n. 207.
Ub. 7. n. 178. Gufman. Hift. de las Mijfwn. de la
Compan. Part. 2. Liv. 7. cap. 4. Souf. Orient.
Conquijl. Part. 2. Conquiíl. 4. Divif. i. §. 6.
Joan. Soar. de Brit. Theatr. l^ufit. hiter. lit. B.
n. 4. o P. Pedro Franc. Xav. Charlevoix Hiji.
du Japon Tom. i. pag. mihi 298. 323. e 430.
Bib. Orient. novamente adicionad. Tom. i.
Tit. 8. col. 179. Efcreveo.
Carta de Firando aos Portugue:(es fobre huma
vitoria, que houveraõ contra o me/mo Kej de Firando
em outro Porto dali perto a zz. de Outubro de
1565. Sahio com outras Évora por Manoel
de Lira 1 598. i. p. foi. 202. verf. e Coimbra por
Anton. Maris 1 5 70. 4. a foi. 5 29. tradufida em
Caftelhano Alcalà por Juan. Inigues de Le-
querica 1575. 4. a foi. 237. verf.
Carta Anua de Goa ejcrita aos Padres de Portugai
em 4. de Dezembro dei^Gz. Coníla de 23. paginas.
Carta ejcrita de Goa ao feu Provincial em que
relata a morte do Patriarcha Joaõ Nunes Barreto
em i. de Dezembro de 1562.
Duas Cartas efcritas de Goa em 16. de No-
vembro de 1560. e outra de 1561.
Eílas quatro Cartas fe confervaõ M. S.
na Cafa Profeíla de S. Roque de Lisboa.
P. BALTHEZAR DIAS filho da Sa-
grada Companhia de JESUS, e hum dos gran-
L USITAN A.
445
(Ics operários do ETiagelho cm o Oriente,
para cuja gloriofa cmpreza alcançada faculdade
los Superiores Te embarcou a 24. de Março
1 5 ) 5. cm a Náo Capitania S. Bento de que
( i-a Capitão Mòr Femaõ Alvares Cabral filho
(Ic Pedralres Cabral, e D. Izabel de Caílro, com
outros Religiofos da Companhia. Chegado i
( idade de Goa o nomeou o P. Belchior Nunes
1 ^arreto, Vigário daquella Província, cuja elei-
to fendo julgada por nulla, taò modcílo fe
loílrou em dinútilla, como obediente em
ícrcitalla. Os cuidados, que devia applicar
para o governo, os dedicou à Pregação Evan-
gélica fendo tau numcrofos os auditórios, que
t ella concorriaò, que era neceíTario pregar
nos Adros, c Campos por ferem os Templos
<tinda que amplos, pequenos para taò grande
)ncurfo. A* vehemcncia do cfpirito com que
icrcpava os vicios corrcfpondia o fruto dos
ac verdadeiramente arrependidos deteílavaõ
s torpezas, cm que jaziaõ fcpultados feguindo
I cfolutos o auftcro caminho da virtude. Sendo
Cidade de Malaca entre todas as da índia a
:aais abominável cm coftumes, e como tal
iicccíTitaíre de hum Varaõ Apoftolico para a
lua reforma, foy nomeado pelo Provincial
António de Quadros Superior daquella refi-
ciencia, e chegando no anno de 1 5 56. a efta Ci-
ilade foy recebido pelos feus moradores com
extraordinárias demonftraçoens de alegria.
(.) primeiro aíTumpto das fuás declamaçoens
evangélicas fe dirigio contra os Apoílolos
de Mafamede, que disfarçados em mercadores
concorriaõ de Meca, Graõ Cayro, e Conílan-
t inópia, e navegavaõ de Siaõ, Borneo, Java, e
Molucas para introduíir a falfa ley, que profef-
favaõ. Com os brados da fua voz reprimio
a ufura dos contratos, confundio a malicia dos
C^acizes, introdufio os Sacramentos, e fe confti-
tuhio Pay dos Orfaos. Neíles fagrados minif-
terios paflbu em Malaca quatro annos donde
voltando para Goa continuou com igual
zelo onze annos atè que foy receber a coroa
de feus apoílolicos trabalhos em o Collegio
de S. Paulo de Goa a 21. de Agofto de 1571.
Fazem delle memoria Orland. Hijl. Societ.
Ub. 14. n. 138. e Lib. 16. n. 81. & Part. 3.
Lib. 8. n. 156. Telles Chron. da Comp. da
Prov. de Portí4g. Part. 2. Lib. 5. cap. 4. n.
e na HiJl. da Etiop. Alt. Lib. 2. cap. 20. Souf.
Orient. Corupàfl. Part. 2. Cooq. ). Dívií. i.
%. 59. atè 45. Gírard. Dior, PacL ). Efcte-
veo
Cm ta tf cri ta de Goa a i^, dê Det^imbro
de i))5. a Santo Iffiaào. Sahio traduíida
em Italiano no Livro intitulado Diverfi Atnfi
particidari deli' Indie di Portugfillo, Venetía
por Michele Tramezzino. i)6). 8. a foi. 220.
verf.
Carta aos Padres da Provinda de Portu-
jlfil efcrita de Malaca a i^. de Novembro de 1556.
em que largamente de/creve o terreno, fruto da
PrègafaÕ, cafos prodigiofos, e o cafligo, que veyo
fobre os moradores de Tolo na Ilha de Moro por
apoflatarem da Fè recebida. Conferva-fe no
Cartório da Cafa ProfeíTa de S. Roque, e coníla
de I). paginas.
Carta para o P. Belchior Nunes Barreto
em que relata o martyrio do V. P. Ajfonfo de
Caflro, e trinta Chriflãos em 1558.
Carta ao Provincial de Goa efcrita de Malaca
a ^. de De:(embro de 15J9. em que expende como
eflavaõ difpoflas as Ilhas de Solor, e Timor para
receber a Fè Catholica. Sahio tradufida em
Latim com outras Lovanii apud Rutgenim
Velpium. 15 70* 8. pag. 172.
Capituli d*alcune lettere dei P. Balthe!(ar
Dias Kettore dei Collegio di Goa delli ly di De-
v^mbre a ^. de Genaro. Sahio impreíTo no Livro
intitulado Avifi deli' índia di Portugallo havuti
V anno 1553. Roma por António Bladio
1556. 8.
Carta ao Provincial da Provinda de Portu-
gal efcrita de Goa em o anno de 1554. Outra efcrita
aos PP. feus Companheiros em 15. de Dev^em-
bro de 1554. Outra ao Provincial da Provin-
da de Portugal efcrita a /^. de Janeiro de 1555.
Outra efcrita aos Padres da Provinda de Por-
tugal efcrita a i. de Dea^embro de 1564. To-
das eftas fe confervaõ na Cafa Profeíía de
S. Roque.
BALTHEZAR DIAS natural da Q-
dade de Braga onde teve por Pay a Álvaro
Dias, e a Margarida AiFonfo. Sendo de 17.
annos entrou na Companhia de JESUS por
Coadjutor temporal em o Collegio de Évo-
ra a 4. de Outubro de 1562. A mayor parte
da vida occupou no Oííicio de Enfermei-
ro em cujo miniílerio foy muito vigilante.
440
B JBLIO THE CA
e charitativo naõ perdoando a algum género de
trabalho para reftituir os doentes à faude
perdida. Mayor zelo pra£tícou na aíTiílencia
que fez nos annos de 1569. e 1579. aos feridos
da peíle chegando a tal exceíTo que contrahindo
o contagio naõ ceíTou de lhes aíTiílir com fum-
ma charidade. Por fer inílgne Boticário acom-
panhou a ElRey D. Sebaíliaõ na infeliz jornada
de Africa onde perdida a batalha ficou cativo,
e fendo levado a Tituaõ padeceo exceíTivas afli-
çoens até fer refgatado do poder dos bárbaros.
Entre os legados pios que deixou no feu Tefta-
mento o Cardial D. Henrique foy hum delles
que foíTe hum Peregrino vifitar em feu nome
os Santos Lugares de Jerufalem, e querendo
Filippe Prudente executar a vontade de feu
Tio ordenou, que foíTe outro em nome delRey
D. Sebaíliaõ. Foraõ nomeados para eíla devota
peregrinação o P. Jeronymo Rodriguez, e por
feu companheiro o Irmaõ Balthezar Dias, e
partindo a 5. de Dezembro de 15 81. dirigirão
a jornada a Roma onde depois de beijarem
o pé ao Supremo Pallor paíTaraõ a Veneza
em cujo porto fe embarcarão para Jerufa-
lem. Chegados a eíla Cidade teftemunharaõ
com os olhos, e muito mais com os aííeólos
as fuaves memorias, que o Redemptor do
mundo deixou impreíTas em tantos lugares,
quantos fanftificou com a fua prezença. Refli-
tuido ao Reyno quizeraõ os Superiores em
premio das fuás virtudes promovello ao ERado
Sacerdotal, que elle humildemente recufou.
Retirado ao Collegio de Évora fe exercitou
com grande fervor em todo o género de exer-
cidos efpirituaes onde morreo a 14. de Abril
de 161 8. com 73. annos de idade, e 56. de
Companhia. Efcreveo.
Diário da viagem, que fe^ de Évora à
Terra Santa; a qual (diz o P. António
Franco Imag. da Virtud. do Noviciad. de
Évora Liv. 3. cap. i. §. 17.) temos, e li em o
noffo Cartório de Coimbra. Huma copia deíle
Diário fe guarda na Livraria do ExceUentiífimo
Conde de Vimieiro.
Parte de huma Carta fua efcrita de Te-
tuaõ traz vertida em Latim o dito P. Franco
in Ann. Glor. S. J. in Eujitan. pag. 212. onde
lhe faz hum grande elogio, como tam-
bém o fazem Tellez Chron. da Comp. da
Prov. de Vortug. Part. 2. liv. 4. Cap. 44.
§. II. e Liv. 5. cap. 32. §. 7. e 9. Cardozo
Agiol. Eujit. Tom. 2. pag. 577. e no Coment.
de 15. de Abril letr. L. e Nadaíi Ann. Dier.
Memor. S. J. Part. i. pag. 209.
BALTHEZAR DIAS natural da Ilha da
Madeira, e hum dos celebres Poetas que flore-
ceraõ no Reynado delRey D. Sebaíliaõ princi-
palmente na compofiçaõ de Autos em que
moílrou a grande erudição que aprendera pelos
ouvidos por fer cego de nacimento. Das fuás
obras poéticas que lograrão o beneficio da luz
publica as principaes faõ as feguintes.
Auto delRej Salamaõ. Évora por Francifco
Simoens 161 2. e Lisboa por António Alvares
1613. 4.
Auto da Paixaõ de Chrijlo metrificada. Lis-
boa por Vicente Alvares 161 3. & ibi por Anto- '
lúo Alvares 1617. 4. & ibi por Jorge Rodri-
gues. 1633. 4.
Auto de Santo Aleixo. Lisboa por Antónia \
Alvres. 161 3. 4. Évora por Francifco Simoens '
1616. 4. e Lisboa por António Alvares 1638. 4.
Auto de Santa Catherina V. e M. Évora
por Francifco Simoens 161 6. Lisboa por An- \
tonio Alvares 1633. et ibi por Domingos '
Carneiro. 1659.
Auto da Feira da luidra. Lisboa por Antó-
nio Alvares 1619. 4.
Conjelho para bem ca^ar. Lisboa por Antó-
nio Alvares 1633. 4.
Auto da Malicia das Mulheres. Lisboa pelo
dito ImpreíTor 1640. 4.
Hijloria da Emperatri^ Porcina mulher do
Emperador Eodonio de Koma. Lisboa por
Domingos Carneiro 1660.
Tragedia do Marque^ de Mantua, e do Empe-
rador Carloto Magno. Lisboa pelo dito Impref-
for 1665. 4.
Auto do Nacimento de Chrijlo. Lisboa pelo
dito ImpreíTor 1665. e muitas vezes reimpreíTo.
Trovas de Arte major fobre a morte de D.
Joaõ de Cajlro Vice-Rej da índia dirigidas u
fua mulher D. Anna de Attayde. 4. fem anno
da ImpreíTaõ que he em letra Gótica como
vimos na Livraria do Excellentiffimo Conde
do Vimieiro.
Fr. BALTHEZAR DE S. DOMIN-
GOS natural da Villa de Palmella filho de
LUSITANA.
447
António Rodriguez Reymaõ, e Maria Fer-
reira, Rcligiofo da Ordem dos Pregadores,
( iijo habito profeíTou no Gsnvento de Lisboa
I 21. de Outubro de 1)75. He numerado
(.iitre os Efcritores Portuguezes por Manoel
(Ic Faria, e Soufa Epitom, das Hijl. PortHg,
l'art. 4. cap. 18. e na Enrop. PortHg. Tom. ).
l'art. 4. cap. 6. e JoaÕ Soar. de Brit. in Thtatr.
\Mfit, Litter. aos quais fe remete Jacobo
l-chard Script, Ord. Prad. Tom. i. pag. 900.
col. I. íem que algum dellcs declare as obras
que compoz, as quaes até agora naõ chegarão
á noíTa noticia.
P. 13y\LTllIiZAR DA ENCARNAÇAM.
Nacco cm a Viila de Serpa fítuada na Provin-
i ia Tranílagana, c em a Igreja Matriz da mefma
Vilia rcccbco a graça bautifmal a 24. de Agoílo
tic 1684. Orfaõ de fcus Pays Pedro Alvares,
t Brites Corrêa o educou fua Tia em vários
Kcrcicios de piedade, e devoção até que fen-
i.indo praça de Soldado começou a degenerar
ilc taò virtuofa educação precipitando-fe em
todo o género de vícios que ferviaõ de uni-
\erral efcandalo. Penetrado da eífícacia da
Divina Graça que tomou por inílrumento
:i vóz do Venerável P. António da Cruz da
Congregação do Oratório Varaõ eminente
cm virtudes feu ConfeíTor pelo efpaço de
ilous annos fe retirou em o anno de 171 3.
i^iuando contava 28. annos de idade para a
olitaria habitação das Covas de Monte furado,
cujo horror lhe deo o nome de Infernaes
lltuadas na Província do Alentejo diftantes
huma legoa de Monte Mór o novo onde para
íazer penitencia de fuás culpas, e elegendo
por feu Tutelar a S. Paulo primeiro Ermitão
começou com outros companheiros a obfer-
var por particular Inftituto todos os dias os
exercidos de cinco horas de Oraçaõ mental,
duas de liçaõ efpiritual, duas difciplinas, e em
três dias da Semana jejum de paõ, e agua, e
fdencio com outras mortificaçoens muito fu-
periores às forças da natureza. Como deze-
jifle chegar ao Eílado Sacerdotal começou
com grande applicaçaõ quando tinha qua-
renta annos eíhidar a lingua Latina que foube
lem Meftre particular celebrando o pri-
meiro Sacrifício no Altar da Senhora Ma-
dre de Deos do Convento das Religiofas
Ftancifcanas íituado nos Subúrbios defta G-
dade a 17. de Junho de 1732. IníUtuhio em
Lisboa Setúbal, e Leyria huma Irmandade
intitulada da Charidad» para focorro dos prezos,
e remédio de peíToas neoeíntadas. Peb efpaço
de quatro annos tem pregado em diverú»
partes do Reyno mais de outocentos Sermoeos
como Mi/Tionario Apoílolico que he por Breve
de fua Santidade com os quaes tem colhido
copiofo fruto dos ouvintes, e delies fomente
publicou os feguintes.
SermaÕ do ]uit(p pregado na Paroehial Igreja
de S. Cens termo de Monte Mór em pre^en^a de
innumeravel auditório de diferentes eflados com
grande fruto das Almas, e major Gloria de Deos.
Lisboa por Domingos Gonçalves 1754. 4.
SermaÕ da PayxaÕ pregado na Igreja das
Covas de Monte furado, Lisboa pelo dito Im-
prcíTor. 1754. 4.
Tem prompto para a impreíraõ.
Chave do inferno. 4. M. S.
Praãicas doutrinaes, 4. 4. Tom. Aí. S.
BALTHEZAR ESTACO. Naceo na G-
dade de Évora em o anno de 1)70. para
augmentar a gloria da fua nobre familia igual-
mente fecunda de Varoens iníignes em Letras,
e armas. Defde a adolefcencia fe applicou ao
eíhido da Poeíia a que naturalmente o impellia
o génio, e de tal modo alcançou os preceitos
deíla divina Arte que mais pareciaõ infpira-
dos, que aprendidos produzindo em annos
verdes frutos fazonados como elle affirma.
na Carta ultima com que dá fim aos feus
Poemas.
Nos meos annos tende o tento
Os quaes naÕ sey fe ajfomais
Com eu ter vinte naõ mais.
Com a mefma applicaçaõ eíhidou FUofofia,
e Theologia aíTun Efcholaílica, como flo-
ral em que fahio egregiamente inílniido.
Ordenado de Sacerdote pelo lUuílriflimo
Bifpo de Vifeu D. Joaõ de Bragança mere-
ce© deíle nobiUíTuno Prelado o mais fino
affefto nacido da communicaçaõ que com
elle tivera quando antes de fer aííumpto no
Bifpado era Cónego de Évora. Para mayor
demõílraçaõ de quanto o eítimava o fez Có-
nego Penitenciário de fua Cathedral, e lhe
perfuadio publicaííe os feus Verfos os quaes
448
BIBLIOTHE CA
em final de agradecimento dedicou a eíle
grande Mecenas com eíle titulo.
Sonetos, Cançoens, Eglogas, e outras Rimas.
Coimbra por Diogo Gomes de Loureiro.
1604. 4.
Dialogo chamado Governo de Deos com as
almas, e concórdia entre os Doutores modernos
feita com a mente de Santo Agojlinho fobre o
auxilio Jufficiente e eficaf^ da graça Divina. Dedi-
cado ao mefmo Santo. Saõ Interlocutores
do Dialogo Flaminio Theologo, Feliciano
Juriíla. M. S.
Kofario da Kainha dos Anjos. Dedicado à
mefma Senhora M. S.
Eíles dous livros fe confervaõ na Livra-
ria do Convento dos Carmelitas Defcalços
da Cidade de Évora.
Menino perdido. Dialogo em ver/o. Interlo-
cutores JESUS MARIA, JOZE' Dedicado
ao mefmo Santo em cujo frontefpicio tem
eíle Diílicho.
Et Reges mundi, (0° mundus tihi cedat Jojeph
Nam mundum, <& Reges qui regit, ipje regis.
Confia de 175. folhas em 4. compoílo
em Outava Rima, e nas margens citados
os lugares da Sagrada Efcritura que na tal
obra fe allegaõ, a qual conferva M. S. em
feu poder o P. Fr. Aílònfo da Madre de
Deos Académico Real que nos comuni-
cou eHa noticia.
Vários remédios, e confolaçoens a todos
os trabalhos, e molejlias, que coftumàõ ter os
homens de vários ejiados entre os quaes fe
propõem os remédios, e confolaçoens que
pôde ter hum Prelado das moleílias que na-
cem do governo das fuás ovelhas. Eíla obra
compoUa por modo de cartas confolatorias
eílava quaíi concluída ametade no anno de
1602. M. S.
Fazem mençaõ deíle Author Nicolào
Ant. Bib. Hifpan. Tom. i. pag. 142. col. 2.
Joaõ Franc. Barret. Bib. Eujit. M. S. Fonfec.
Evor. Glorio/, pag. 406. e 410. e ultimamente
o P. António dos Reys in Enthujiafm. Poet.
n. 82.
Par operi pleãrum puljans Balthajar honóra
Quem non doãa cohors, nec Cynthius ipfe coronat
Fronde, fed è Superis lapfum diadema per
auras
Non niji Sacra canens folio refidebat in alto.
P. BALTHESAR DE FIGUEIREDO
Religiofo profeíTo da Companhia de JESUS
fendo Miniílro do CoUegio de S. Paulo de
Braga efcreveo, como teílifica Jorge Cardofo
Agiol. Lujít. Tom. 3. pag. 742. no Comment.
de 18. de Junho letr. M.
Vida do IrmaÕ Manoel de Av^evedo Eflu-
dante da Companhia de JESUS dedicada ao
P. Francifco de Mendoça Reytor de Coimbra. M. S.
P. BALTHEZAR GAGO famofo Miffio-
nario, que illuílrou o Oriente, naceo em Por-
tugal no anno de 1515. e abraçou o Sagrado
Inílituto da Companhia de JESUS em o de
1546. quando eílava na idade adulta de trinta
e hum annos. Abrazado em o zelo de con-
verter Almas a Chriílo, e mover guerra contra
o Inferno pedio com multiplicadas inílancias
aos Superiores o fizeíTem participante de taõ
heróica empreza, e tanto que a alcançou,
partio de Lisboa em a Nào S. Pedro a 17. de
Março de 1548. acompanhado do Inligne
Varaõ o Meílre Gafpar Barzeo. Chegado a
Goa a 4. de Setembro foy benevolamente
recebido por S. Francifco Xavier que conhe-
cendo o incêndio que lhe abrazava o coração
lhe deílinou para theatro das fuás apoílolicas
acçoens ao Reyno de Bungo fendo em Funay
fua Metrópole tratado pelo Princepe que a go-
vernava com fmgulares demonílraçoens de
aíFedto, e veneração, concedendo-lhe faculdade
para poder pregar o Evangelho na fua Corte.
Com a grande efficacia da fua doutrina che-
gou brevemente o numero dos convertidos a
mil, e quinhentos, de cuja admirável transfor-
mação envejofos os Bonzos fe armarão de
injurias, e muitas vezes de pedras contra o pre-
goeiro Evangélico, e ainda que foraõ reprimi-
dos deíles iníultos por ordem Real, novamente
fe levantarão para impedir os progreíTos do
Chriílianifmo valendo-fe de hum diabólico
artifício, qual foy aífirmarem publicamente
que confrontadas a Ley de Chriílo, e a do Japaò
fomente fe diílinguiaõ em alguns ritos, fendo
na fubílancia idênticas. Contra eíle abomi-
nável erro fe oppoz o zelozo Miífionario
clamando pelas Praças ferem taõ femelhantes
os erros Japonezes às verdades Catholicas,
como eraõ as trevas com a luz. Naõ fatis-
feito de confutar eíle erro vocalmente,
L USITAN A.
449
cfcrcvco hum douto Tratado em que cla-
ramente moftrava a oppofíçaô que huma
Icy tinhn A outra, e de tal modo foy aceito
p<»i I ll\c\ que mandou imprimir no Ori-
.innl o Scllo das Tuas Armas em fmal authen-
ii(<> 1i fua approvaçaô. Naò podia a ma-
li( I ! Bon208 tefiftir à virtude deíle Uvan-
,cli> < )perario principalmente quando vi-
rão que dous delles venerados por mais dou-
tos abjurarão os feus erros pedindo o Bau-
tifmo, que lhe conferio com os nomes de
Paulo, e Bamabè. Admirável foy o donu-
nio que tinha fobre o demónio cxpulfando-o
dos corpos de dous Irmaòs dcfccndcntes de
huma familia tyranizada em três geraçoens
continuadas pelo infernal efpirito. Scmelhan-
j tes foraõ as obras que o feu ardente zelo exer-
citou em Pirando, Pacata, c SaJfetc padecendo
incríveis trabalhos, formidáveis tempcftades,
horrorofos perigos até fer condenado à morte
por encher as obrigaçoens do miniílerio
\poftolico a que deo gloriofo fim no CoUegio
de S. Paulo de Goa em 9. de Janeiro de 1585.
Grandes faõ os Elogios que diverfos Efcri-
torcs deraõ a eíle infigne Varaõ Bib. Societ.
pag. loi. col. I. Vuit è primis illis Societatis colu-
minihm, qui Indiam, univerfumque Orientem evan-
gélica pradicatione illuftrarunt. Franco Ann.
Glorio/. S. J. in LjíJíL pag. 14. Vir giganteo ple-
nus fpiritu, €5>* nati4s rcbus grandibus agffrediendis,
e na Imag. da Virt. em o Nov. de Coimb. Tom. i .
liv. 3. cap. 49. Imitou muito a S. Francifco Xavier
nos glorio/os trabalhos, que padeceo. Faria Afia
Portug. Tom. 2. Part. 4. cap. 20. n. 9. Fue-
ron famofos, y aun Santos difcipulos dei Santo
Xavier, y companeros de Jus trabajos, y Predi-
cacion Baltòef^ar Gago, Lmí^ Mendes. <&€. Joan.
Soar. de Brit. in Theatr. iMfit. LJtter. liter B.
n. 6. infignis verbi Dei operarius apud Japonês
ubi femel, nec uno in loco vitam objecit pro Fide
prafentijftmo difcrimine. Nadafi Ann. Dier.
Mem. S. J. Part. i. pag. 18. multifariam ve-
xatus, nuditate, contumeliis, mortis minis Evan-
;:ielium felicijjime propagavit fignis quoque Je-
cntis ad fidei firmitatem. Telles Chron. da
Comp. da Prov. de Portug. Part. i. liv. 2.
cap. 25. n. 5. e/colhido com particular pro-
videncia para hir criar a nova Chrifiandade
que o Santo Xavier plantava no Japaõ. Guf-
man Hift. delas Mijfton. liv. 5. cap. 3. foi.
34
459. Nicol. Ant. Bib. Hifpatt. Tonu i. pag..
142. Soufa Orient. Conq. Part. i. G>nq. i.
Divif. 2. §. 84. e Conq. 4. Div. 2. $. 6. 7.
8. e 9. e Part. 2. Conq. i. Divif. 2. $. 71. Gicardi
Diar. Part. i. ad 9. Januar. Cra/Tet Hift,
dtVEffiffe dii Japon. Tom. i. liv. 4. §. i. e 2.
pag. mihi 224. Qurlevoix Hift. du japon.
Tom. I. pag. 255. 2)6. 247. 249. 254. 262.
Compoz na lingua Japoneza.
Tratado em que fe moftra claramente a grande
differença que há entre a ley de Chrifto, e a do
japaõ. Deíla obra fazem mcnçaò a bib. Societ.
pag. loi. col. 2. e Soufa Orient. Conq. Part. i.
Conq. 4. Divif. 2. §. 8.
Carta efcrita de Goa em o anno de 15)2.
aos IrmaÕs de Portugal. Sahio vertida em
Italiano. Venetia por Michaele Tramezzino.
1J59. 8.
Carta efcrita de Firando a 20. de Set-
tembro de 1555. a ElRey D. JoaÕ o III. Co-
meça, Senhor porque /abemos. Sahio com
outras. Évora por Manoel de Lyra 1598. foi.
41. v.o e Coimbra por António Mariz 1570.
4. foi. 108.
Carta efcrita de Firando a 23. de Set-
tembro de 1555. aos IrmaÕs da Companhia
de JESUS da índia, e Portugal. Évora por
Manoel de Lyra 1598. foi. 38. v.o Co-
meça o Anno pajjado de cincoenta, e dous.
Coimb. por António de Maris 1570. 4.
foi. 99. Vertida em Caftelhano por Cypriano
Soares Coimb. por Joaõ Alvares, e Joaõ
Barreira. 1565. 4. pag. iii. e Alcalà por
Juan Iniguez de Lequerica. 1575. 4. foi. 70.
Traduzida em Latim pelo P. Manoel da
Coíla Ker. à Soe. Jef. in Ind. Geftar. lib. 2. pag.
210. Colónias apud Gervinum Calenium 1574.
8. & Dilingae apud Sebaldum Mayer 1571. 8.
foi. 103.
Carta efcrita de Firando a Santo Ignacio
a 23. de Setembro de 1555. Sahio Vertida em
Latim in Epifiol. Japanicis. pag. 121. Lova-
nij apud Rutgerum Velpium. 1570. 8. & ibi
pelo dito ImpreíTor 1569. 8. a pag. 73. Tra-
duzida em Italiano Venetia por Michaele
Tramezzino 1559. 8. e 1565. 8.
Carta efcrita de Bungo em o 1. de No-
vembro de 1559. aos IrmaÕs da Companhia
da índia. Começa. Na entrada defte Setem-
bro pajjado &c. Sahio com outras. Evo-
45o
BIB LIO THE CA
ra por Manoel de Lyra 1598. a foi. 63. He
muito larga. Sahio em Latim Lovanij apud
Rutgerum Velpium 1569. 8. a pag. 197.
& ibi pelo dito Impreflbr 1570. 8. a pag. 179.
e em Italiano. Venetia por Michaele Tramez-
zino. 1562. 8. a foi. 260. v.o com outras em
o livro intitulado Diverji Aviji deli' índia de
Porfugallo.
Carta efcrita de Goa a 10. de De^^emhro
de 1562. aos Ir m aos da Companhia de "Portugal.
Começa. O anno de 1559. efcrevy do JapaÕ.
Évora por Manoel de Lyra 1598. foi. a folhas
95. He larga, e nella trata de varias feitas do
JapaÕ.
De algumas deftas Cartas faz mençaõ a
Bib. Orient. de António de Leaõ moderna-
mente acrecentada Tom. i. Tit. 6. col. 100.
BALTHEZAR GONÇALVES LO-
BATO natural da Cidade de Tavira em o
Reyno do Algarve muito verfado na liçaõ
da Hiíloria, principalmente da fabulofa, em
a qual efcreveo, e dedicou a D. Diogo da
Sylva I. Conde de Portalegre Mordomo Mòr
delRey D. Manoel a feguinte obra.
Chronica do Famofo Príncipe D. Clarifol
de Bretanha Filho do Príncipe D. Duardos de
Bretanha na qual/e contaÕ fuás grandes Cav aliarias,
e dos Princepes 'L.indamor, Clarifebo, e Beliandro
de Grécia filhos de Vafperado, e de outros muitos
Princepes, e Cavalleiros famofos do feu tempo.
Lisboa por Jorge Rodrigues. 1602. foi.
Quinta, e Jexta parte do Palmeirim de Ingla-
terra, foi.
P. BALTHEZAR GUEDES. Naceo em
a Cidade do Porto em quinta feira 6. de Feve-
reiro de 1620. e foy filho de Luiz da Cofta
Roza homem de negocio, e de Lourença Gue-
des de Moura. Recebeo o Sacramento do
Bautifmo na Freguefia de S. Nicolào a 11. do
dito mez, e anno, que lhe conferio feu Tio
Pantaleaõ da Cofta de Vafconcellos Abbade de
Santa Marinha de Cortegaça, e Cónego na
Cathedral do Porto. Defde a puerícia começou
a moílrar a inclinação, que tinha para o exer-
cício das virtudes mais heróicas, fendo com-
paíTivo, humilde, e modeílo, de tal forte, que
fervia em idade taõ tenra de exemplar aos annos
mais proveâos. Amante da pobreza evan-
gélica, e inimigo jurado das riquezas naõ quiz
feguir a vida do comercio, que feu Pay exer-
citava, antes afpirando a outros mais nobres
lucros, que lhe prometia o Eílado Ecclefiaftico
para beneficio dos próximos fe ordenou de
Presbytero em o anno de 1644. e tanto que fe
fez domeílico da Cafa de Deos fe acendeo o
feu coração em mais aftivo incêndio. Pene-
trado das innocentes lagrymas, que derrama-
vaõ os Meninos Orfaõs heroicamente empren-
deo, e felizmente confeguio edificar-lhes hum
Collegio, que foíTe o refugio do defamparo,
e a efcola da virtude. Para confeguir taõ fanto
intento que bailava fer imaginado para merecer
o mayor premio, alcançou faculdade delRey
D. Joaõ o IV. a 30. de Janeiro de 165 1. e
elegendo para a nova fabrica huma Ermida
confagrada à Rainha dos Anjos com o titulo
de N. Senhora da Graça fituada fora dos
muros da Cidade do Porto para a parte do
Norte em fitio plano, e agradável, que tinha
fido erefta no Reynado delRey D. Aifonfo Hen-
riques, e reedificada pela piedade da Rainha
D. Catherina Mulher delRey D. Joaõ o III. lhe
lançou a primeira pedra em 21. de Novembro
de 165 1. Fernando de Freitas de Mefquita
Chantre da Cathedral do Porto a cuja plaufivel
funçaõ afliftiraõ o Cabido Sede Vacante, os Mi-
niftros da Relação com o feu Governador D.
Rodrigo de Menezes, e o Senado da Camará.
Vencidas algumas contradicçoens, que o inimi-
go comum armou para impedir o progreíTo do
novo edificio, como prevendo a formidável
guerra, que lhe haviaõ mover os feus alumnos
começou o Fimdador a meditar os meyos com
que fe pudeíTe erigir naõ fomente o edificio
para habitação dos Orfaõs, que brevemente
chegarão ao numero de cincoenta, mas o Tem-
plo para a Mãy de Deos hum dos mais fump-
tuofos com que fe ennobrece a Cidade do
Porto. Para alcançar o que defejava difcorreo
a pè acompanhado de dous Meninos Orfaõs os
Arcebifpados de Lisboa, Braga, e Évora, e os
Bifpados de Coimbra, Leiria, Vifeu, Lamego,
e Guarda de cuja larga peregrinação colheo
muitas efmolas fendo a mais copiofa a que lhe
adquirio feu Irmaõ Pantaleaõ da Cniz, que
vivendo retirado do comercio humano paf-
fou ao Brafil onde fazendo-fe perceptível
pelas acçoens jà que naõ podia com as pa-
L USITAN A.
45 1
lavras por fer mudo de nacimcnto alcançou
da gencrofa piedade de fetu habitadores qua-
torze mil cruzados, que remeteo paia a fabrica,
que havia fer o afylo da Orfandade. Sendo
grande o difvelo com que procurava o aug-
mento material do Q>llegio, era muito mayor
a vigilância com que íolicitava o eípiritual dos
feus alumnos inílruindo-os ao mefmo tempo
em as Virtudes Qiriílâas, Artes Liberaes, de que
foraõ felices confequencias fahirem de taõ
fagrada palcílra atè o dia da Tua morte cento
e noventa e fete para Religiofos de diverfas
Ordens, e trinta c nove para o Eftado Clerical.
A* fua fcrvorofa charidadc deve a Cidade do
Porto a Cafa, que fc edificou para recolhimento
dos Meninos Expoílos evitando deftc modo a
infelicidade de muitos, que fe achavaõ mortos
pelas ruas com cfcandalo da piedade. Em
)bfcquio, c mayor veneração da Mageíladc
>ivina inílituhio trcs Confrarias formadas duas
Clérigos quaes foraõ a de S. Filippc Neri
fcrcvendo-lhe os Eílatutos, e a de S. Pedro,
a 3. de Seculares, e a mais celebre, de que
Tutelar a Senhora da Boa morte. Reedi-
)u a Igreja do Hofpital de S. Lazaro do qual
o tinha nomeado Provedor o Senado da Ca-
mará em atenção ao zelo com que infatigavel-
mente promovia tudo, que refpeitava a bene-
ficio dos próximos. Como fe fora infeníivel
tolerou confiantemente huma furiofa tormenta
de adverfidades quando deo principio ao feu
Collegio pois além de lhe lançarem por terra o
primeiro edifício, foy injuriado com afrontozos
nomes, e acometido de hum diluvio de pedras.
Mais terrível foy a perfeguiçaõ que padeceo de
algumas PeíToas Eccleíiaílicas que com pre-
texto de zelofas interpretavaõ íiniílramente as
fuás inculpáveis acçoens julgando que mais
para conveniência própria, que refugio da
Orfandade excogitara induftriofamente aquella
fabrica. Todas eílas injurias, que lhe feriaõ o
credito, foportava com incrível paciência fa-
zendo delias oblação entre lagrimas, e fufpiros
a Chríílo Crucificado em memoria das que no
Calvário recebera da ingratidão humana.
Todos os Domingos, e dias Santos fazia Prac-
ticas com tanto efpiríto, e fciencia que por
confiíTaõ dos Varoens mais doutos era a fua
doutrina fuperíormente infpirada, e naõ ad-
quirida por eítudo, fendo principalmente
profundo na íntelligencia da Sagrada ETcrí-
tura que animada de huma zelofa effícacía co-
lhia abundante fruto dos ouvintes. A fama das
Tuas virtudes dilatada por todo o Reyno obri-
gou à SereniíTima Rainha da Grai Bretanha
D. Catherina a lhe infínuar a acompanhaííe a
Inglaterra de cuja honra modcílamcnte fc
efcufou, como também de fer Reytor do Col-
legio dos Orfaõs de Lisboa. Toda a íua comu-
nicação era com Varoens abalizados em íanti-
dade como fotaõ o P. Joaõ Vitoria taõ conhe-
cido cm Portugal, como em Roma, o Ven.
P. Bartholameo do Quental Fundador da Con-
gregação do Oratorío neíle Reyno, o P. Joaõ
do Sacramento que morreo Bifpo eleito de
Pernambuco, c Fr. Luiz de S. Francifco, Co-
miflario da Venerável Ordem Terceira da qual
foy fete vezes Miniílro aos quaes confultava
como Oráculos nos pontos mais dificultofos
da Thcologia Myftica, fendo igual o goílo
que recebia a fua alma com eíle efpirítual co-
mercio ao horror que tinha de converfar com
mulheres ainda que foflem de conhecida vir-
tude, como lhe fucedeo com a Ven. Madre
Soror Lcocadia da Conceição, cfcuíando-fc
muitas vezes de lhe fallar quando era chamado
por eíla infigne Efpofa do divino Cordeiro.
Muitas das fuás palavras foraõ profecias fendo
entre ellas a mayor acerca da fua morte afHr-
mando que em huma rua da Cidade do Porto
havia fer morto, cujo varícinio fe cumprio,
pois recolhendo-fe depois de ter folicitado
o remédio para hum pobre, antes de entrar no
Collegio foy acometido de hum acddente que
no fim de três dias o privou da vida a 6. de
Outubro de 1693. quando contava 73. annos de
idade. Concorreo grande multidão de povo a
venerar o feu Cadáver que foy fepultado com
univerfaes lagrimas, pois tinhaõ perdido na
fua PeíToa os Orfaõs o amparo, as Viuvas, e
Donzellas o refugio, os afliélos o foccorro, e
todos o remédio. Jaz no pavimento da porta
traveíTa que fahe da Igreja do Collegio para o
Clauílro, e na parede próxima à fepultura
fe gravou em mármore efte breve epitáfio.
Aqui Ja:^ o primeiro Keytor, e Fundador defie
Collegio dos Orfaõs Balthef(ar Guedes a d. de
Outubro de 1693.
As acçoens deíle apoílolico Varaõ re-
lata mais largamente Fr. Fernando da So-
452
BIB LIO THE CA
ledade na Hijl. Seraf. da Prov. de Portug.
Part. 5. liv. 5. cap. 17. n. 1432. e feg. e na
Part. 4. liv. 3. cap. 32. n. 686. Piijftmo Fun-
dador do Recolhimento dos Meninos Orfaõs
he intitulado por meu Irmaõ D. Jozé Bar-
bof. Mem. do Colleg. Real de S. Paul. pag.
213. Tradu2Ío, e publicou as obras feguin-
tes.
Epitome da vida de S. Filippe Neri efcrita
pelo P. Joaô Eíí/ebio da Companhia de JESUS
vertida em Portugue:^. Lisboa por Domingos
Carneiro. 1667. 24.
Cajos raros da ConfiJfaÕ. Tradução de Cajle-
Ihano do P. ChriJlovaÕ da Vejga da Companhia
de JESUS. Coimbra por Jozé Ferreira Im-
preflbr da Univeríid. 1673. ^•
Retrato do P. Fr. Joaõ da Cru^ companheiro
de Santa There^a tradução de Cajlelhano de Fr. Je-
ronymo de S. Joi(é Carmelita De/calço. Coim-
bra pelo dito Impreflbr. 1675. 8.
Efcola de Oração, e Contemplação, mor-
tificação das Paixoens, e outras matérias prin-
cipaes da doutrina efpiritual tradur^ida de Caf-
telhano de Fr. Joaõ de Jefus Maria Carmelita
De/calço. Coimbra pelo dito ImpreíTor
1678. 8.
Epitome, e breve explicação das Cere-
monias da Mijfa tradu^do de Cajlelhano de
Fr. Belchior de Helumo Francifcano. Lisboa
por Domingos Carneiro 1671. 16. e Coim-
bra por Jozé Ferreira Impreflbr da Univeríid.
1693. 12.
Deixou M. S. as obras feguintes.
Compendio da Vida da V. Sor. Eeocadia da
Conceição Freyra de Monchique junto do Porto
natural de Freixo de E/pada na Cinta 4.
A^nnaes em que com notável individuação ef-
creveo os trabalhos que padeceo, e as ef molas, que
adquirio para a Fabrica do feu Collegio de/de o
anno de 165 1. até o de 1693. foi.
EJiatutos para objervarem os alumnos do Col-
legio. foi. Ambas eílas duas obras fe con-
fervaõ no dito Collegio.
BALTHEZAR HENRIQUES natu-
ral da Villa da Loufaá do Bifpado de Coim-
bra, e Prior da Igreja Matriz da fua Pátria.
Igualmente douto na Theologia Moral, que
fciente na Miftyca traduzio para inílruçaõ
de Parochos, e direcção das fuás Ovelhas,
da lingua Latina do P. Vicente Bruno da
Companhia de Jefus em a materna.
Tratado breve do Sacramento da Penitencia.
Dedicado a Martim Affonfo Mexia Bifpo
de Lamego. Lisboa por António Mariz.
1618. 16.
Da lingua Latina do Eminentiflimo
Cardial Roberto Bellarmino na Portugueza.
E/cada para fubir ao conhecimento do Crea-
dor pelo conhecimento das Creaturas. Dedi-
cado a Senhora D. Juliana de Alencaftro,
e Giron Duqueza de Aveiro. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 161 8. 8.
Fr. BALTHEZAR DE S. JOAM 11-
luílre filho da Ordem dos Pregadores cujo
talento fe admirou igualmente infigne na
Cadeira como no Púlpito, naõ fendo me-
nos eftimavel pela prudência, e madureza
do juizo, pelo qual foy eleito Provincial
da Província de Aragaõ, e naõ de Por-
tugal, como efcreve Fr. Pedro Monteiro
no Claujl. Domin. Tom. 3. pag. 169. Com-
poz.
Vida de S. Fr. Gil Dedicada ao Mef-
tre Fr. Jorge Vogado no anno de 15 28. a
qual fe conferva no Convento de Santarém,
onde aíTma a morte do Santo em o anno
1379. e naõ 1479. como tranfcreveo Ja-
cob Echard Script. Ord. Prad. Tom. 2.
pag. II. col. 2. o que deve fer erro da im-
preflaõ por fucceder certamente a 14. de
May o de 1265. cujo reparo advertio Fr.
António de Senna quando falia de Fr. Bal-
thezar de S. Joaõ in Bib. Frat. Ord. Pradi-
cat. pag. 38. onde lhe chama Vir ingenio praj-
tans, eloquio comptus, in humanis litteris verjatus,
ac divinarum non ineruditus.
Officium B. ^gidij do qual uza o Convento
de Santarém onde o Santo eftá fepultado, e
fe reza no dia da fua Feita que he na Do-
minga feguinte à Afcençaõ de Chrifto,
o qual Ofíicio dedicou feu Author ao
Meftre Fr. Jorge Vogado como efcreve
Jorge Cardofo Agiol. Eufit. Tom. 5. pag.
251. no Comment. de 14. de Mayo letr. D.
Deíla obra como da precedente faz mençaõ
o P. António Poflevino Apparat. Sac. Tom. i.
pag. 166.
Summa de Grammatica. M. S. Deíla
LUSITANA.
453
í)bra faz mcnçaò Fr. Pedro Monteiro no lugar
lífima allcgado, e do Author Nicol. Anc.
lUh. llifpan. Tom. i. pag. 142. e Fr. Affonf.
1 crnand. in Notit. Script. Ord. hNmanis Hl-
ttris perpolitus, et Tbeologicis conjpictuts.
D. Fr. BALTHEZAR LIMPO. Nacco
na Villa de Moura da Província do Alentejo
em o anno de 1478. fendo feus Progenitores
Ruy IJmpn, e Ignes da Rocha taõ illuílres
\\o fanguc como na piedade. A gravidade,
c modeília que nos primeiros annos moílrou
no fcmblante foraõ claros indícios de que na-
ccra mais para a Religião, que para o mundo,
l-lntrc todas clcgco a Carmclitana recebendo o
I labito em o Q>nvento da fua Pátria no anno
cie 1494. c ao fcguintc fez a Profiflaõ folcmne
com grande fatisfaçaõ de todos os Rcligiofos.
A boa Índole, que tinha para as virtudes, naõ
foy diffcrentc da que era ncceflaria para as letras
as quaes foy aprender para depois enfinar
cm a celebre Univerfidade de Salamanca, e
de tal forte fahio eminente na comprehenfaõ
(los Myílerios Theologicos, que voltando
para Portugal mereceo levar por oppofiçaõ
a Cadeira de Prima defta fublime Faculdade
a II. de Abril de 15 21. diftando-a em a Uni-
verfidade que entaõ refidia em Lisboa, por
efpaço de nove annos até 24. de Março de
1330. cujo magiílerio renunciou a feu fubfti-
tuto o Doutor Pedro Margalho. Naõ mereceo
menor applaufo o feu talento no Púlpito
que na Cadeira, pois fendo Pregador da Ma-
geftade delRey D. Joaõ o IIL e ConfeíTor
da Rainha D. Catherina reprehendia na fua
prezença, e de toda a Corte com feveridade
apoílolica os vidos que para ferem praéHca-
dos bufcavaõ o Palácio por afylo. Depois
de ter governado duas vezes a fua Província
a primeira no anno de 1523. e a fegunda em
1533. deixando gravada a memoria da fua
magnificência nas fumptuofas obras que fez,
e da fua prudência nas exemplares acçoens
que pra£tícou, foy aíTumpto ao Bifpado do
Porto em o anno de 1536. e confirmado pela
Santidade de Paulo III. a 15. de Novem-
bro do dito anno moftrando na adminiítra-
çaõ de taõ alto Officio qual he o Paftoral,
que poíTuya todos aquelles dotes dignos de
hum perfeito Prelado celebrando Synodo
em 2. de Outubro de 1540. reformando o
CenTual do Cabido, e creando novamente a
dignidade de Arciprefte. Entre os infigoes
Prelados que ElRey D. Joaõ o IIL mandou
ao Concilio Tridentino foy elle eldto no anno
de 1 545. para aHiílir a taõ Venerável CongtdTo»
onde vendo as exceíTivas demoras om que fe
procedia em hum negocio de que dependia a
confervaçaõ da Igreja Catholica, fe deliberou
paliar a Roma, e com palavras diâadas pela
vehemencia do feu zelo exhortou a Paulo IIL
ordena/íe a condufaõ do Concilio, e junta-
mente foy hum dos principaes inílrumentos
que facilitarão a eíle Pontífice a conceííaõ do
Tribunal do Santo Officio nefte Reyno cuja
negociação era das mayores que na Cúria por
aquelle tempo tratava o noíío Embaxador
Balthezar de Faria. Reílituído a Portugal foy
elevado em premio do que tinha obrado em
obfequío da Igreja, e defta Monarchia, à Ca-
deira Primacial de Braga que vagara por morte
de D. Manoel de Soufa, em cuja dignidade foy
confirmado a 25. de Mayo de 1550. pela San-
tidade de Júlio IIL com quem contrahira
grande amizade fendo Prefidente do Concilio
de Trento. Tanto foy o fenti mento que mof-
trou o Porto na fua auzencia, como alvoroço
Braga com a fua poíTe conhecendo as virtudes
que o ornavaõ para governar taõ illuílre Dio-
cefe. A primeira acçaõ memorável, que obrou,
foy a trafladaçaõ do corpo de S. Pedro de
Rates da humilde fepultura em que jazia para
hum fumptuofo Mauzoleo que edificou na
Capella de S. Pedro Apoftolo fituada no Cru-
zeiro à parte do Evangelho da Cathedral de
Braga. Emendou os vidos mais com a fua-
vidade, que com o rigor. Difpendeo com gene-
rofa maõ o património de Chrifto de que fez
depofitarios os pobres principalmente aquelles
que a nobreza do nacimento lhe fechava a boca
para folidtar o feu remédio. Amparou como
Paílor benigno as Viuvas, e donzellas, liber-
tando a humas da miferia, que padeciaõ, e a
outras do perigo a que eftava condenada a
fua honeftidade. Completos outo annos do
governo deík augufta Diocefe partio a rece-
ber na eternidade o premio das fuás vir-
tudes paftoraes a 31. de Março de 1558.
na proveâa idade de 80. annos. Jàz fepultado
em lugar humilde à entrada da Capella de S.
454
BIB LIO THE CA
Pedro de Rates teftemunhando ainda de-
pois de morto a cordial devoção que tivera
2. eíle gloriofo Martyr. As acçoens deíle
grande Prelado efcreveraõ com eftilo mais
difufo o liluftrinimo D. Rodrigo da Cunha
Cathal. dos Bi/p. do Port. Part. 2. cap. 35. e
na Hijl. Ecclef. de Braga Part. i. cap. 18. e
Part. 2. cap. 80. 81. e 82. Jorge Cardofo Agiol.
L,ujit, Tom. 2. pag. 265. e no Comment.
de 31. de Marc. let. B. Fr. Manoel de Sá
Mem. Hijlor. dos Bifp. e Efcrif. Vorhig. da
Ord. do Carm. cap. 14. pag. 51. o IlluílriíTimo
D. Martinho de Portugal Legado à Latere
neíles Reynos no Breve expedido em Janeiro
de 1528. pelo qual o conflitue Reformador
da fua Ordem entre outros louvores com
que exalta o feu merecimento dÍ2: non minori
Jludio, <& Jollicitudine, quàm vitce Sanãimonia
dileãi in Chrijlo FiliJ Fr. Balthafaris Ord. B.
MaricB Virginis de Monte Carmelo ad prajens
Provincialis in Sacra Theologia Magifiri, <& Verbi
Dei Praconis celeherrimi, divini cultus in Monajie-
riis, domihus, ac locis di£íi Ordinis maximum
Jujcepit incremenUim. Gafpar Alvares Lou-
zada de Ver. Primai. Brachar. Sucejfion. ad
xinn. 1549. Fiiit vir profeão nunquàm Jatis laudà-
íus, Jive mores, Jive religionem, jive doãrinam, <&
■eloquentiam in concionando, Jive jujlifiam in guher-
nando confideres. Francifc. de Santa Maria
A.nn. HiJl. pag. 409. Foy naõ menos agudo nos
Jitos, que profundo nas /ciências. Cadaval Gravio
no fim da obra intitulada In L,ujifan. Reg.
Commendation. lhe faz huma elegante Elegia
que principia.
Salve virtutum Splendor placidijfime Prajul,
Quem calo mijit Maximus ille Deus.
Cafanat. Parad. Carmel. Decor. Stat. 4.
jíEtas 17. cap. 437. Coria Maldonad. De
Jucid. das Chron. da Ord. liv. 17. cap. 7.
pag. 511. Fr. Daniel à Virg. Mar. Spe-
£ul. Carmelit. Part. 2. Tom. 2. Part. 5. lib.
3. pag. 912. n. 3174. Eílaço Antiguid. de
Portug. Cap. 25. pag. 107. e 108. Fr. Man.
Rom. Antiguid. do Carm. Trat. 2. Elucid.
27. foi. 308. Leaõ Defcripc. de Portug.
cap. 72. Purificac. Chron. Monaft. L,ujit.
pag. 49. D. Nicol. de S. Maria Chron.
dos Coneg. Kegul. liv. 4. cap. 12. n. 11.
Joan. Soar. de Brit. Theatr. 'Lujit. Litter.
letr. B. n. 7. Tamayo Martyrol. Hifpan.
Tom. 5. ad. diem 17. Oâob. Diogo de Gou-
vea Barrad. Antiguid. de Beja liv. 3. cap. 34.
Leytaõ Not. Chronol. da Univerjid. de Coimb.
pag. 464. n. 995. 996. e 997. & pag. 478.
n. 1024. e 1025. Compoz.
Conjlituiçoens Sjnodaes do Bi/pado do Porto.
Porto por Vafco Dias Tanquo do FrexenaL
1541. foi.
Eflatutos do Collegio de Coimbra fundado
por elle no anno de 1547. com a invocação
de N. Senhora da Piedade compoftos com
authoridade do Papa Júlio III. em 18. de
Setembro de 1555. aceitos no Capitulo cele-
brado na Cidade de Beja a 6. de Janeiro de
1556. Conftaõ de 18. Capítulos no fim eflà
aíTinado feu illuílriflimo Author, e fe con- |
fervaõ no dito CoUegio de Coimbra para cujo
regimen foraõ feitos.
EJlatutos do Noviciado do Convento de Eisboa
que nelle fe guardaõ com grande eílimaçaõ.
Miffale Bracharenfe reformado por elle no
4. anno do feu governo neíla Diocefe, e fahio
Lugduni. 1558. 4.
Fr. BALTHEZAR LIMPO Sobrinho do ,
IlluílriíTimo Arcebifpo Primaz de que íizemos
a precedente memoria, e filho de Joaõ Limpo
Fidalgo da Cafa Real, Alcayde Mòr do Couto
de Ervededo, e de Catherina de Oliveira naceo
para o mundo na Villa de Moura em o anno j
de 1592. e para a Religião Carmelitana em
6. de Agofto de 1608. cujo Sagrado Inftituto
profeíTou a 7. do dito mez do anno feguinte.
Applicou-fe ao eíbido da Filofofia no Convento
de Évora, e à Theologia nos de Lisboa, e ,
Coimbra, e fahio taõ profundo Letrado, como
celebre Pregador. Foy Prior do Convento
da Vidigueira, e Évora, e duas vezes Sócio, e
Secretario dos Provinciaes Fr. Francifco da
Sylva, e Fr. Martinho Moniz. O mefmo mi-
niHerio exercitou quando foy nomeado no
anno de 1635. pelo Geral Fr. Theodoro Strazo
o Meílre Fr. Joaõ Coelho para Reformador, ,
Vifitador, e Prefidente do Capitulo da Provin-
da de Caílella a Nova. Ultimamente fendo
eleyto Provincial a 2. de Mayo de 1637. antes ,
de acabar o lugar morreo acometido de hum
accidente a 17. de Julho de 1639. em o Con-
vento de Lisboa quando contava 47. annos
de idade, e 31. de Religião. Compoz.
L USITANA.
455
/ ^oí^â Fugas de David dê ftu inimigo SauL Lií-
l>oa por António Alvares. 1642. foi.
Fazem dcllc memoria Nicol. Ant. B//>. lUfp.
lom. 2. pag. 519. Carvalh. Corog. Portt4g.
1)111. 5. liv. 2. Trat. 8. cap. 47. Joan. Soar.
Bb Brit. Tbeatr. Ijifit. Liter. Lít. B. n. 8. Fr.
^Çfan. de Sà Me mor. HiJI. dos Efcrit. Portug.
(lo Carm. Cap. ij. pag. 72.
l|
BALTHRZAR MARINHO celebre
Soldado da índia Oriental onde por varias
! vezes deu heróicas provas do feu valor fendo
a mayor quando foy à expedição de Mom-
I baça no anno de i j 89. Governando o Eftado
Manoel de Soufa Coutinho Efcreveo
Re/açaõ da expedição de Mombaça. M. S.
foi. a qual fe confcrva na Bibliothcca dclRey
Tatholico como afífirma o moderno addicio-
idor da Bib. Orient. de António de Leaõ
Tom. I. Tit. 3. col. 77.
Fr. BALTHEZAR PAES natural de
Lisboa, onde na Parochia de N. Senhora
do Loreto recebeo a primeira graça em
6. de Janeiro de 1571. Foraõ feus Proge-
nitores Gafpar Paes, e Auta Rodrigues da
Cunha, que para cumulo das felicidades,
que poíTuiaõ, procedidas humas da nobreza
de feus afcendentes, e outras da abundân-
cia dos bens da fortuna lhe concedeo be-
nignamente o Ceo hum tal filho, que logo
no primeiro crepufculo da idade lhe ama-
[oheceo claro o entendimento para brilhar
iicntre os mayores aílros dos Firmamentos
iRdigiofos. Entre todos elegeo quando
^contava 19. annos de idade o da SantiíTima
Trindade, cujo Habito profeíTou no Con-
vento da fua pátria a 20. de Mayo de 1590.
^Applicado ao eíhido das Sciencias Efcho-
lafticas era venerado Meftre ainda fendo
jiDlfcipulo, ou fe coníiderafle a viveza com
^que comprehendia as mayores dificuldades,
^ou a fubtileza, e promptidaõ com que pro-
punha, e refpondia aos argumentos mais
nervofos merecendo por taõ fingulares do-
tes diâar as mefmas faculdades com grande
emolumento dos feus ouvintes, e domeítí-
cos, que nelle veneravaõ hum monftro de
erudição fagrada, e humana. Depois de
receber na Univerfidade de Coimbra as in-
fignias doutoraes na Faculdade Theologica
desejando com virtuoCi ambição alcançar
mayores thefouros literários fe dedicou to-
talmente à efpeculaçaõ da Theologia Pofí-
tiva revolvendo para eíle fim com indefeflb
trabalho todos os Santos Padres como elle cla-
ramente teílifica no prologo do feu doudíTuno
Gimento fobre a Epiftola de S. Tiago Menor, e
deíle continuo eíhido fahio taõ profunda-
mente inílruido nos myfterios da Sagrada Bí-
blia, que foy acdamado por hum dos mais ce-
lebres Efcriturarios do feu tempo. Defta pro-
funda fciencia alcançou taõ valias notidas,
que Filippe III. o nomeou Lente da Efcritura
em a Univerfidade de Coimbra, que elle bene-
volamente agradeceo, e promptamcntc regei-
tou. Igual applaufo colheo a eminência do feu
talento no Púlpito, que na Cadeira, fendo
nomeado Pregador delRey, em cujo fagrado
minifterio foube com artificio novo unir a
vehemencia dos affeftos com a elegância das
palavras, e a profundidade dos conceitos com
a verdadeira intelligencia das Efcrituras me-
recendo o elogio que Fr. Pedro Lopez de
Altuna lhe forma na Chron. dela Ord. dela Sant.
Trind. pag. 628. Puedefe le dar la aureola de uno
de los mayores predicadores de nueftros tíempos,
y fue el primero, que enfenó a predicar con penfa-
mientos Jubtiles, y delgados, apoyados con Santos
como aora fe w^a. Foy Reytor do Collegio de
Coimbra, Miniílro do Convento de Santarém,
Provincial eleito em o anno de 1620. Exa-
minador do Padroado Real, Prothonotario
Apoftolico, Juiz Apoftolico do Tribunal da
Legada, e em taõ diferentes lugares fempre
moílrou que a prudência naõ era inferior à
fua fabedoria antes para fer mais amado per-
mitia que à clemência cedeíTe a feveridade.
Na obfervancia dos Eílatutos foy muito exafto,
e de concienda taõ timorata que offerecen-
dolhe a Mageftade de Filippe III. a Mitra de
Ceuta a regdtou como pezo infoportavel aos
feus hombros. Cheyo mais de merecimentos
que annos pois naõ excediaõ de 67. terminou
o curfo da vida no Convento de Lisboa a 13.
de Março de 1638. O feu retrato fe con-
ferva na Livraria deíle Convento em cujo
lugar parece que ainda depois de morto en-
fina. Muitos Efcritores affim domeíticos,
como eítranhos celebraõ o feu nome fendo
456
BIB LIOTHE CA
OS principaes D. Francifco Manoel na Car-
ta I. da 4. Centuria ao Doutor Manoel The-
mtido da Fonfeca chamando-lhe Pay das Ef-
crituras Joan. Soar. de Brito Theat. L,ujit.
Lítter. lit. B. n. 9. Sacrarum litterarum inter-
pres acutijfimus D. Fr. Thom. de Par. Decad. i.
lib. 10. cap. 5 . Fios eft, et totius religionis Venujlas.
Fr. Ant. Corrêa Vid. do Ven. Fr. Anton. da
Cone. Part. i. cap. 6. Grande gloria defta Keli-
paõ, e credito defies Reynos. Fr. Bernard. à D. Ant.
in Epit. Kedempt. lib. 2. cap. 11. §. 2. Sacra
Scriptura interpres praclarijftmus. D. Nic. de
Sant. Mar. Chron. dos Coneg. Reg. liv. 4. cap. 7.
n. 21. infigne expojitor das Sagradas letras como
moftraõjuas obras. Hypolit. Marrac. Bib. Marian.
Part. I. pag. 179. Vir prater religiofarum
virtutum ápices ob prcefiantem doãrinam, ac mul-
tifariam eruditionem nunquàm Jatis noftro Jaculo
laudatus, (â^ à pofierioribus Jemper laudandus.
Franc. de Santa Mar. Ann. Hijl. pag. 332.
doutijfimo, e Jubtilijfimo interprete da Sagrada
Efcritura, e dos mais celebrados Pregadores do
feu tempo. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 143. in Ecclejiajlen fui temporis clarijfimum,
<& in doãijfimum, (& Jubtilijfimum Sacra Scriptura
interpretem evajerit. Henao in Scient. Med. hifiorice
propugnat. Event. 44. pag. 320. n. 1193. Drau-
dius in Bib. Clajfic. Petr. Alva, y Aftorg. in
Milit. Concep. Jacob. Lelong. Bib. Sacr. pag. 890.
€ol. I. Moreri Diccion. Hijloriq. Verb. Balthe^ar
Paes.
Compoz.
Commentarij in Epijiolam B. Jacobi A.poJloli.
UlyíBpone apud Petrum Crasbeeck 161 3.
foi. Lugd. apud. Horat. Cardon 161 7. 4.
& apud eumdem Typ. et Petrum Cavillat.
1620. 4. et Antuerpias apud Guilielmum de
Tongris. 1623. 4.
Commentarij ad Canticum Moijis Exod.
XV. cum annotationibus moralibus. UlyíTipone
apud Petrum Crasbeeck. Typ. Reg. 161 8.
foi. Antuerp. apud Belleros 161 9. 4.
Commentarij in Canticum magnum Mqyjis
Audite cali qua loquor. Tom. i. UlyíTipone
apud Petrum Crasbeeck 1620. foi. Antuer-
piae apud Guilielmum de Tongris 1623. 4.
& ibi apud Petrum, & Joannem Belleros
1622. 4.
Tomus 2. UlyíTipone apud Petrum Cras-
beeck 1628. foi.
Commentarij in Canticum Er^echia, Ifaia 38.
UlyíTip. apud Petrum Crasbeeck 1622. foi.
Lugd. apud Ludovicum Proíl. 1622. 4.
Todos eíles Commentarios fahiraõ em
2. Tomos primorofamente impreíTos Pariíiis
apud Joanem Petit, Martinum & Adrianum
Tampinart. 163 1. foi.
Marial, ou Sermoens nas Fejlas de Maria
Santijftma. Lisboa por Manoel da Sylva.
1649. 4.
Sermoens da Quarefma i. Part. Lisboa por
Pedro Crasbeeck ImpreíTor delRey 163 1. 4.
Sermoens da Quarefma 2. Part. Lisboa pelo
dito ImpreíTor. 1633. 4.
Sermoens da Semana Santa. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1630. 4. novamente acrecentaãa com
alguns Sermoens Lisboa pelo dito ImpreíTor
1634. 4.
Sermão no Convento da Ordem da Santijftma
Trindade dejla Cidade de Lisboa em hum Oficio
que os Irmaõs da Irmandade de todos os Santos
dos Officiaes, e Criados de Sua Magejlade fit^eraõ
conforme ao feu Compromijfo pela Magejlade
Catholica delKey D. Filippe II. de Portugal.
Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1621. 4.
Sermão das excellentes virtudes do V. P. Fr.
Simaõ de Roxas Religiofo da Ordem da Santijftma
Trindade, e Confejfor da Serenijftma Rainha de
Efpanha D. Isabel de Borbon. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1625. 4. Sahio na Summaria Relação
da vida, e morte do mefmo Servo de Deos compoíla
por Fr. Bernardino de Santo António.
Commentarij in Canticum Marianum Ma^-
ficat que deixou imprefeito impedido pela
morte.
Fr. BALTHEZAR PINTO. Naceo
na Villa de Caílro Dayro a 13. de Mayo
de 1621. e foraõ Teus Pays Francifco Pinto
da Motta, e D. Guiomar Machado de Vaf-
concellos dos quaes com a nobreza do fan-
gue herdou a piedade dos coftumes. Na idade
de vinte annos recebeo o Monachal Ha-
bito do Princepe dos Patriarchas S. Bento
no Moíteyro de Pombeiro a 6. de Mayo de
1641. Neíla douta, e virtuofa paleílra fahio
verfado em todo o género de Iciencias,
como foraõ Filofofia, Theologia, Direito
Canónico, e Civil, Hiíloria profana, e Sa-
grada, Mathematica, Náutica, e Muíica.
L USITAN A.
457
G)mo foíTe Provincial do Bnííl no luino
(Ic 1668. fe reílituhio ao Reyno onde foy
duas vezes eleito Abbade do Moíleyro de
Lisboa; a i. no anno de 1674. e a íeguxida
na de 1685. deixando em ambas faudoías
memorias do Teu governo em benefício da
Religião, e dos feus fubditos. {'oy Mc Are
jubilado, Doutor em Theologia, Qualifí>
cador do Santo Offício, Examinador das três
Ordens Militares. Morreo no Convento
de Tibaens a 5. de Agofto de 1696. com
75. annos de idade, e 55. de Religião. Com-
poz.
No/idas de Vários MoJIeiros da Congre-
^açaÕ dt S. Bento de Portugal, e vários Monges
delia Aí. S. 4.
Cathalogo Hijlorico de todos os Keys, e Capi-
taens que governarão Portugal de/de o diluvio até
o feu tempo. Aí. S,
Cathalogo Hijlorico de todos os Pontífices
de/de o diluvio até o Nacimento de Chrifto Senhor
noffo. Aí. S, 4.
Summario do que fe contem em vinte volumes
que mandou Juntar dos Titulos, doaçoens, e privi-
leffos concedidos ao Alojleiro de S. Bento de Lis-
boa. Aí. i". foi.
Emblemas que ejlaõ pintados no Te£to da Igreja y
e Lavraria de S. Bento de Lisboa.
De/cripçaô do Brafil de/de o Rio da Prata
até o Pará demarcando todos os baxos da Cojla,
ajftnando o Jundo de todas as barras, declarando a
Altura do Polo, e apontando os Surgidouros. Aí. S.
foi. Efte livro fe conferva na Livraria do Con-
vento de Lisboa o qual compoz quando era
Provincial no Braíil examinando com grande
exacçaõ tudo quanto nelle efcreveo, e deli-
neou em excellentes Mappas.
Fr. BALTHEZAR DOS REYS natu-
ral de Fareginhas termo da Villa de Caftro
Dayro Monge Ciílercienfe cuja cogulla veílio
no Convento de Santa Maria de Salcedas
em o anno de 1585. Naquellas horas vagas
das obrigaçoens de Religiofo, as occupava
em beneficio do Convento de que era filho
examinando todo o feu Cartório com grande
exacçaõ, de cuja laboriofa deUgencia. Com-
poz.
Livro da Fundação do Mojieyro de Santa Maria
de Salcedas em o anno de 161 2. foi. M. S.
Fundarão, e regalia do Mojieyro dê Santa
Maria dt SaUedas, em qu» fe trata das prttmi-
neneias, padroados, e Jurifdiçoens do dito Mojieyro
particularmente da Epijcopal, e Ordinária, qu9
os Abbadtt delle tem em feu Couto, e Território,
o qual confia dt cinco Fregfu^ias. Acabado no
anno de 1617. M. S. 4.
Morreo no Convento de Salcedas em o
anno de 1621.
BALTHEZAR SOEYRO DE AL-
BERGARIA natural de Lamego, e oa
mcfma Gdade Advogado de grande nome.
Em benefício dos moradores de Lisboa ef-
creveo, e dedicou a D. Diogo da Sylva de
Mendoça Marquez de Alenquer Duque de
Franca-villa do Confelho de Eftado de Fi-
lippc IIL Capitão, Governador, e Vice-Rcy
dcftc Rcyno.
Declaração fobre a matéria da agua para efia
Cidade de Lisboa por fervir a Sua Magefiade
a quem promete outros majores em ferviço de Deos,
e feu, e do bem Comum das Kef publicas do mundo.
Lisboa por Jorge Rodrigues. 161 8. 4.
BALTHEZAR DE TEYVE natural
de Braga igualmente infigne na fcienda de
hum, e outro Direito, como na Arte Poé-
tica numerando-o com grandes elogios entre
os Poetas Latinos que produzio o noflb
Reyno, Pedro Sanches in Epifiol. ad Ignatium
de Aloraes.
Dicendus majore tuba Jam Tevius alter ^c.
Por fer taõ perito na Poética lhe cometeo
à fua judiciofa Cenfura o grande Jeronymo
Cardofo a Egloga de que faõ interlocutores
Mopfo, e Dorylas onde na Elegia 11. do
lib. I. Eleg. o louva com eftas expreíToens
métricas.
Jiuiicium, mihi crede, tuum deterret, et ingens
IngeniJ fplendor, dexteritafque tui. &c.
Cândida Laurigeri petis penetralia Febi
Qua nullo cunãis tempore claufa patent.
Et licet innumeris prapolleat artibus unus
Non tamen illius peãore fafius inefi.
Balthezar de Teyve lhe refpondeo com
hum elegante Epigramma deixando grande
copia delles, e de outras obras poéticas La-
tinas Aí. S. merecedoras da luz publica.
458
BIBLIO THECA
P. BALTHEZAR TELLES. Naceo em
Lisboa em o anno de 1595. de Pays nobres,
e virtuofos quaes foraõ Joaõ Telles, e Fran-
cifca de Moraes. Na tenra idade de quinze
annos fe dedicou a Deos na Sagrada Religião
da Companhia de JESUS cujo habito recebeo
no CoUegio de Coimbra a 24. de Março de
16 10. Entre os feus condifcipulos foy conhe-
cido por eminente o talento de que era ornado
excedendo a todos aíTim na amenidade das
letras humanas, como na feveridade das fcien-
cias Efcholafticas. Teve por theatros da fua
erudição Poética, e Oratória as primeiras
ClaíTes dos CoUegios de Braga, Évora, Lisboa,
e Coimbra em que confumio o largo efpaço
de nove annos. Com o mefmo applaufo leo
Filofofia quatro annos tendo a gloria de ferem
feus ouvintes D. Francifco Manoel de Mello
taõ iníigne na paleftra de Marte como na de
Minerva, e ao Doutor Manoel dos Reys Ta-
vares de que faz agradecida memoria no feu
livro de duohus Artis mediccB auxiliis. cap. 6.
art. 4. pag. 161. Explicou Theologia Efpecula-
tiva, e Moral por outo annos nos CoUegios de
Coimbra, e Lisboa, e quando era tempo de
defcanfar de occupaçaõ taõ laboriofa, mais
obediente ao preceito dos Superiores, que
folicito da própria quietação paíTou de Theo-
logo a Hiftoriador compondo a Chronica da
fua Província que fendo taõ fecunda de Va-
roens iníignes eílavaõ fepultados com in-
grato lilencio de feus Companheiros. Efta
continua applicaçaõ aíTim aos eftudos efcho-
lafticos, como hiíloricos o naõ eximirão de
que fofle Reytor do Seminário dos Irlan-
dezes, e do CoUegio de Santo Antaõ, don-
de fubio ao lugar de Provincial, e ultima-
mente de Propoíito da Cafa profefla de Lis-
boa, em cujas Prelazias moftrou a candura
de feu animo, e prudência do feu jmzo, a
qual fe admirou mais claramente quando pa-
cificou as difcordias movidas entre os Có-
negos do Porto, e Braga fendo o arbitro da
concórdia entre eftes dous graviíTimos Ca-
bidos. Recebidos os Sacramentos com grande
piedade faUeceo na Cafa profefla de S. Ro-
que a 20. de Abril de 1675. com 80. annos
de idade, e 65. de Companhia. Fr. Franc.
Macedo in Theatr. Metereolog. cap. 7. lhe chama
hominem ingeniojum, €>• eruditum & in 2. Sent.
CoUat. 9. Differ. 2. Seâ:. 2. nohilem Philo-
fophia Authorem. D. Franc. Man. na Cart.
dos AA. Portug. efcrit. ao Doutor Manoel
da Fonfec. Themud. Clarijfimo, e eloquente
fazendo-lhe mayor elogio na Carta efcrita
intitulada Antidoron que fahio imprefla no
principio da Hijlor. da Etiop. Alta do mefmo
P. Tellez Franc. Imag. da Virtud. do Colleg.
de Coimh. Tom. 2. pag. 613. e no SynopJ. Ati-
nai. S. J. in 'Lufit. pag. 360. n. 5. eminuit in
Jludiis humanioris litteratura. Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 145. Vir probus, elegantij-
qite doãrince, ac Jermonis, Joan. Suar. de Brit.
Theatr. 'L.ujit. Utter. lit. B. n. 10. Cardofo
Agiolog. iMJit. Tom. 3. pag. 41. no Comment.
de 2. de Mayo letr. M. eruditijfimo. Franc. de
Santa Mar. Ann. Hijl. pag. 495. V ar aõ eminente
em divinas, e humanas letras, e naÕ menos em puret^a
de vida, e integridade de coftumes. Fonfec. "Evor.
Glorio/, pag. 427. Compoz
Summa univerfa Philofophia. UlyíTip. apud
Laurent. Anvers 1642. foi. Parifiis Sumpti-
bus Antonij Bertier. 1644. 4. 2. tom. e nova-
mente illuílrada pelo Author. UlyíTipone
ex Officina Crasbeeckiana 1652. 8. 4. Tom.
Chronica da Companhia de JESUS na
Provinda de Portugal, e do que fi^eraõ nas
Conquijias dejle Rejno os Religio/os que na
mejma Provinda entrarão nos annos em que
viveo Santo Ignado de Lojola nojfo Fundador i.
Part. Lisboa por Paulo Crasbeeck. 1645. foi.
Parte 2. com o Summario das vidas dos
Serenijfimos Reys D. Joaõ o III. e D. Hen-
rique Fundadores, e injignes Bemfeitores dejia
Provinda. Lisboa pelo dito Impreflbr 1647.
foi. Deíla obra fazem memoria o P. Fi-
lippe Labbe in Bib. Bib. pag. 25. e o novo
addicionador da Bib. Orient. de Ant. de Leaõ
Tom. 2. Tit. 20. col. 757.
Hijloria Geral da Etiópia Alta, ou Prefte
Joaõ, e do que nella obrarão os Padres da
Companhia de JESUS. Coimbra por Ma-
noel Dias Impreflbr da Univeríidade 1660.
foi. A eíla Hiíloria intitula celeberrima
Cardofo Agiol. Eujit. Tom. 3. pag. 41.
no Comment. de 2. de Mayo letr. M. e Jobo
Ludolpho in Comment. ad HiJl. Mtiopic,
in Procsm. pag. 11. affirmando-lhe fer fijh
florido, é^ jucundo conjcripta, porém cen-
fura ao feu Author de pouco critico, e
LUSITANA,
459
vcrfado fia Philologia, e intelligencia da lin-
tuia Hebtaica, e Etiópica, por cuja caufa
cahiu em vários erros, e contradicçocns ma-
niíeílas intitulando a eíla CriTe Raltbafaris
Tellejij ptccata Philohsfca, & Hijlorica. Sahio
traduzida eíla Ilií^oria na lingua Franceía
por Melchifedech Tlievenot Paris ches André
Cramoyfi 1674. no i. Tom. das fuás Viagens.
Meditava fazer huma Sumnu de toda
.1 Thculogia, de que já tinha prompto o i.
I in. in Print. Part. D. Tboma, á qual naõ
p>)(lc dar o ultimo complemento por fe appli-
v.ir por ordem dos Superiores à compoúçaõ
<l.i Chronica da Provinda, como efcreve o
Author da Biblioíb. Societ. p. 105.
Fr. BARTHOLAMEU Monge Cifter-
cienfe muito douto, e exercitado nos Ritos,
c Cerimonias da fua Ordem. Ainda quando
(' equentava as Clafles da Theologia Efpecula-
va, e Moral em o feu Collegio de Coimbra,
16 fomente compoz, mas em muitas partes
formou.
Uvro Ordinário do Officio Divino Jegtmdo
ú Ordem de Cijler. Coimbra por Joaõ Alvares,
c Joaõ Barreira. 1550-8. Foy dedicado a
1t. António Moniz Prior do Convento de
Thomar, Adminiílrador de toda a Ordem
de Chrifto, Viíitador, e Reformador Geral da
Ordem de S. Bernardo neftes Reynos.
Fr. BARTHOLAMEU DE AZEVEDO
natural de Évora filho de António Rodriguez
de Azevedo, e D. Antónia Pereira os quaes o
educarão com taõ virtuofos documentos, que
na idade da adolefcencia deixou o mundo, e fe
recolheo à Religião dos Eremitas Auguftinia-
nos profeflando efte Sagrado IníUtuto no Con-
vento de Lisboa a 4. de Abril de 1595. Foy
Reytor do Collegio da Graça de Coimbra no
anno de 1632. Obfervou com grande exaçaõ
as obrigaçoens de Religiofo fervindo de exem-
plo aos feus domeílicos, e de terror aos demó-
nios bailando a efíicacia das fuás vozes para
os expulfar de mmtos corpos. Morreo no Con-
vento de Lisboa a 6. de Agofto de 1640. Ef-
creveo.
Re/açaÔ breve de alguns Santos de EJpanha, e
Portugal, cujas hiftorias fe naÕ podem achar inteiras
por livros, e foraõ tiradas de Uvrarias antigas, e
varias relafoens. foL Aí. S, ConAa de 202. folhas,
e fe coofcrva oa magnifica Livraria de S. Do-
mingos de Lisboa onde a vimos. He dedicado
a Chriâo Sacramentado cuja dedicatória he
efcrita na lingua Latina, a qual acaba com efisf
verfos.
Dkm pita in media convertitur anxia lullu
Imploro Superi Numinis ager opem.
Tu Deus, atque hominum reitor miferere precantis
EJ patulã querulas aure reconde preces.
Tê o Index Gerai de todas as PeíToas de
que efcreve nefta obra, e parece fer Original.
Chronica Geral da Ordem de Santo Agojíinbo.
foi. Aí. J'.
Sermoens Vários, foi. Aí. S.
Eíles dous Volumes, que íaõ de juAa
grandeza fe confervaõ na Livraria do Convento
da Graça de Lisboa.
BARTHOLAMEU CACELLA DO
VALLE natural da Gdade de Évora filho de
Fernaõ do Valle Cacelk, e D. Frandfca de
Figueiredo. Foy igualmente infigne na efpc-
culaçaõ da Sagrada Theologia de cuja fciencia
recebeo o gráo de Doutor na Academia Co-
nimbricenfe, como nos preceitos da Oratória
aflim Sagrada como profana de que deo hum
plauzivel argumento na Oraçaõ que recitou
fendo Cónego Magiftral da Sé de Elvas quando
entrou nefta Cidade em o anno de 1619. Fi-
lippe IL a qual fahio impreíTa a foi. 3. da Viage
que efte Princepe fez a Portugal efcrita por
Joaõ Bautifta Lavanha, e impreíTa em Madrid
por Thomaz Junti Impreflbr delRey 1622.
foi. começa a Oraçaõ.
A Nobreza, e povo dejla vojfa Cidade pri-
meira na venturofa forte dejla primeira entrada. &c.
Publicou mais.
Sermão na P roei ff ao, que o Cabbido, e Ca mera or-
denarão em f alimento cU Graças a Noffo Senhor por
fer eleito em feu Bifpo o Illufiriffimo, e Keverendif-
Jimo Senhor Sebafliaõ de Mattos de Noronha. 1625.
4. Naõ tem lugar, nem nome do ImpreíTor.
BARTHOLAMEU DE FAJOA na-
tural de Lisboa filho de Matheus de Aze-
vedo Pereira Fidalgo da Cafa Real, e de fua
mulher Guiomar de Faria recebeo a graça
bautifmal na Freguefia do Real Convento
de S. Vicente de Fora a 31. de Agofto de
460
BIBLIO THE CA
1629. Foy de génio muito jovial, difcreto na
converfaçaõ, e hum dos celebres Poetas, e
Oradores de que fe compoz a Academia dos
Singulares inftituida na fua pátria no anno de
1663. Cazou com D. Anna Maria de Siqueira de
quem teve diverfos filhos, que foraõ Religiofos
nas mais authorifadas Comunidades, como fo-
raõ os Cónegos Regrantes, Clérigos Regulares,
Dominicos, e as duas reformadas Províncias
da Arrábida, e Santo António. Falleceo em
Lisboa a 26. de Janeiro de 1709. com 88. an-
nos de idade. Jaz fepultado na Parochial Igreja
de S. Mamede. Compoz
Oraçaõ recitada em 30. de Dezembro dexdd^.na
Academia dos Singulares. 2. Komances, 6. Madri-
gaes, huma Kedondilha glojfada. 4. Sylvas. Sahiraõ
eílas obras na i. P. da Academia dos Singul. Lis-
boa por Henrique Valente de Oliveira 1665. 4.
& ibi por Manoel Lopes Ferreira 1692. 4.
JVo 2. Tomo Lisboa por António Crasb. de
Mello 1668. 4. & ibi por Manoel Lopes Fer-
reira. 1698. 4. fahiraõ huma Sylva, e hum R<?-
mance.
BARTHOLAMEU FERNANDES Pres-
bytero do Habito de S. Pedro igualmente
eftimado pela fciencia, que virtude. Efcreveo
com eftilo fincero
Carta em que dà conta do que Juccedeo na Ilha
de Santa Maria com três Náos de Mouros, como a
roubarão, e hoftilidades, que fif^eraõ de/de 3. de Junho
ate 14. do dito me^ do anno de 161 6. M. S. foi.
Conferva-fe na Livraria do ExcellentiíTimo
Marquez de Abrantes.
BARTHOLAMEU FERRAZ DE AN-
DRADE natural de Lisboa filho de Thomaz
de Andrade, e Neto de Bartholameu Ferraz de
Andrade Coronel General neJie Reyno. Mili-
tou pelo efpaço de quinze annos na índia onde
em vários combates moílrou a valentia do feu
braço. O tumulto das armas lhe naõ impedio o
comercio das Mufas fendo igualmente exerci-
tado na efcola de Bellona, e de Minerva. Ao
tempo, que contava 44. annos morreo na
Pátria no univerfal contagio, que a inficionou
no anno de 1599. Compoz
The/ouro 'L.ufitano. Poema heróico cujo
argumento era o Cerco de Goa, e Chaul
no tempo, que governava o Eftado o infigne
Vice-Rey D. Luiz de Attaide. Dedicado
a D. Francifco Mafcarenhas Conde de Santa
Cruz. M. S. Eftava com todas as Licenças
prompto para a ImpreíTaõ.
Cerco de Ma^agaõ. Poema Heróico.
Parecer a ElRej D. Joaõ o III. fobre a guerra
de Africa mojlrando-lhe com ra:^oens concludentes
Jer conveniente aofeuferviço confervar nas fuás Pra-
ças duas mil lanças, e quatro mil pioens. M. S.
Parecer ao mefmo Key fobre a difpofiçaõ com
que fe devia levantar hum exercito, e de que Offi-
ciaes havia confiar para fer perfeito . M. S.
Parecer ao mefmo Princepe moflrando-lhe a
caufa porque fe perdia a Mina, e como fe podia
remediar. M. S.
Fr. BARTHOLAMEU FERREYRA
natural de Lisboa onde profeflbu o Sagrado
Inílituto da Ordem dos Pregadores. Depois
de diftar muitos annos Theologia em que fe
fez venerado pela profundidade das letras
com que enfinou aos domeílicos, e dirigio
aos eílranhos foy elevado ao lugar de Depu-
tado da Inquifiçaõ de Lisboa a 3. de Novem-
bro de 1576. cujo minifterio ainda exerci-
tava no anno de 1588. em o qual approvou o
Livro de Concórdia Liberi arbitrij cum gratia
donis, divina prafcientia, pradefiinatione, <& repro-
batione. UlyíTip. apud Anton. Riberium 1 5 88. 4«
compoílo pelo P. Luiz de Molina da Com-
panhia de JESUS, e como nelle fe propu-
gnava a Sciencia Media, de que fempre foy
Antigoniíla a Efchola Thomiftica, em agra-
decimento de que Fr. Bartholameu Ferreira
fendo Dominico a approvaíle, o intitula-
rão os Padres Alonfo de Andrade, e Gabriel
Henao ambos Jefuitas, o primeiro no Tom. 5.
de los Var. Ilufl. de la Comp. §. 5. pag.
y^8. religiojijftmo, e doutijfimo, e o 2. in
Scient. Media hiflor. propugnat. Event. 11.
n. 239. Doãijftmum Dominicanum, poílo que
como notou Jacob Jacinto Serry Hifi. Con-
greg. de auxiliis Divina Gratia Lib. i. cap.
13. naõ foy approvado por Fr. Bartholameu
Ferreira o appendix, que Molina fez à Con-
córdia impreflb no anno de 1589. o qual
fahio fem licença alguma. Compoz confor-
me efcreve Fr. AíFonfo Fernandes in Con-
cert. Prad. ainda que fe enganou dizendo
que florecera pelo anno de 1500.
LUSITANA.
4Ó1
De his, qiii de Fide CathoHca male Jtntientes
iiliquid fcripferimt, vel inter Ca/holicos íraãatus
liquid de Jm interpo/iurt. M. S.
Vida de Fr. António Freyre Keligjiofo Domi-
nico Confejfor de/Rej D. Joaà o III. a qual ( faò
l^ilavras de Jorge Cardoío Affolog, Lufit.
Tom. 3. pag. 129. no Cõment. de 8. de Mayo
letr. E ) por mais diligencia qm filemos por ella
tiaõ tivemos ventura de nos chegar às mãos.
Fr. Pedro Monteiro no Claiift. Domiti.
1 om. 5. pag. 17). faz deíle Author dous atri-
buindo ao primeiro a obra latina aíTima efcrita,
c- ao fegundo a vida de Fr, António Freyre, mas
< crtamente fe enganou porque afirmando de
linhos, que eraõ Deputados do Santo OíHcio,
c examinados todos os Qthalogos, que ellc
icrcvco das trcs Inquifiçocns dcftc Reyno,
u')mcntc fc acha em o Tribunal de Lisboa Fr.
Bartholamcu Ferreira cm o anno de 1576. e
outro do mefmo nome taõ moderno, que con-
tcíTa o conhecera por tomar poffe do lugar na
iquisiçaõ de Évora a 16. de Março de 1667.
naõ podendo fer eíle, pois he poílerior
|uaíi hum feculo aos que elle fingio evidente-
lente fe conclue fer hum o que multiplicou
dous por fe naõ achar defte nome nos
ithalogos dos Deputados daquelle tempo
is que hum de que fazem memoria Soufa
ron. de S. Dormng. da Prov. de Portug. Part. i .
Liv. 4. cap. 37. Faria, e Souf. Epitom. das Hijl.
l^ortng. Part. 4. cap. 18. Joan. Soar. de Brit.
Theatr. LMjit. Litter. letr. B. n. 14. Nicol. Ant.
Bib. Hijpan. Tom. i. pag. 151. Echard Script.
Ord. Prad. Part. 2. pag. 281. col. i.
BARTHOLAMEU FERREIRA LA-
(jARTO a quem intitula Doutor o novo
;iddicionador da Bihic. Occident. de Antó-
nio de Leaõ Tom. 2. Tit. 12. col. 683. efcre-
veo como elle affirma.
Advertências pertencentes ao Socorro do EJlado
do Brai(iL M. S. foi. Conferva-fe na Biblio-
theca delRey Catholico.
BARTHOLAMEU HLIPPE naceo
em Lisboa onde aprendidas as primei-
ras Letras paíTou a Salamanca em cuja Uni-
verfidade fe formou Bacharel na Faculdade
dos Sagrados Cânones com geral applaufo
de todos os Cathedraticos venerando a
fua fcíencía naô fomente ouvida nos aâof
Licteraríos, mas impreíTa em douti/runos
livros. Depois de illuílrar Salamanca fe trans-
ferio a Coimbra, onde recebendo as ínfígnias
doutoraes cm o Direito Pontifício a 7. de
Outubro de 1)58. começou a brilhar o tca
profundo talento nas Cadeiras, a que foj
fubindo, lendo huma Cathedrílha de Cânones
a 1 5. de Outubro de i j 39. donde pa/Tou a Lente
do Decreto em 3. de Novembro de 1547. e
ultimamente à Cadeira de Vefpera em 1)54.
Naõ fomente foy verfado na Jurifprudencia
Canónica, e Civil, mas nos documentos da Filo-
foíia Moral, e da Politica regulada mais peUw
diétames do Evangelho, que pelos Aforifmos
de Tácito. Para a impreííaõ das fuás Obras lhe
foy confignada huma penfaõ de cem mil reis,
em o anno de 1581. que cobrou até o armo
de 1589. Foy cafado com huma Sobrinha
de quem naõ teve defcendencia. Morreo
em Coimbra na larga idade de cento, e dez
annos, como efcreve Francifco Galvaõ Mal-
donado na fua Bib. Port. Aí. S. imprimio.
Traâatfís de Fiãionibus. Salmantica:. 1 5 36. 4.
Repititio in Cap. Scindite corda veflra
de Panitentia. Dift. i. OlyíTip. apud Ludo-
vicum Rodrigues. 1539. 4- Na Prefação
defta obra dedicada à Univeríidade de Coim-
bra ( a qual louva com grandes elogios
o infigne Jurifconfulto D. Diogo de Covar-
ruvias de Matrim. 2. Part. cap. 3. §. j.
n. 8. ) diz feu Author Abhinc quinquénio indo-
lem, Jpecimenque qualis qualis futurce doãrina
edito de Clericali dignitate libello prcemifi. Abhinc
triénio in Sfficili, atque fenticofo fiãionum Campo
ingenij vires exercui: próximo vero anno per
omne Doãorum genus circumvolitans communium
Opinionum Centúrias decem concinnavi.
Tratado dei Confejo, y delos Confejeros
delos Princepes. Coimbra por António
Mariz. 1584. 4. Dedicado ao Cardial Alberto
de Auftria em cuja Dedicatória faz a feguinte
Relação das fuás Obras. JE« efte exer-
cido de componer Ubros ha cincoenta anos
que me ocupo, y defpues de haver leido viente
anos en las Univerjidades de Usboa, Sala-
manca, y Coimbra há trinta que 7ne reco-
gi à imitacion de San Auguftin, que en libro
delas Ketrataciones ha^e mendon de todas
Jus Obras, y dei glorio/o S. Jeronymo que
4Ó2
BIBLIO THECA
refiere nô Jolamente los Ithros que tenia ejcri-
tos, mas tamhien lof que efiava ejcreviendo, di^e
las obras, que ejloj ponienào en Orden para impri-
mir 20. lihros de regias, doãrinas, y communes
Opiniones en derecho Civil, y Canónico con muchas,
y muy varias anotaciones mias. 5 . Lihros de Conjec-
turas in utroque jure en que pongo los entendimien-
tos, que los Do£íores dan aios Textos que
interpretan, y allen delos que ellos dan, inter-
preto nuevamente^ muchos Textos. 2. Lihros de
Prohlemas, y Queftiones Jurídicas. 4. Lihros
de Epijiolas Jurídicas. 2. Lihros de Confejos.
4. Lihros de Kepeticiones in Utroque Jure.
6. Lihros de Tratados en Derecho Civil, y
Canónico, un Lihro de Concordância delos 4.
Evangelijlas. un Lihro dela elegância, y pro-
priedad dejlos Vocahulos. En Komance tengo
efcrito. 4. Tratados a cerca dei regimiento
de una hien injiituida Kepuhlica. 20. lihros
dela Difciplina Militar. 4. Lihros dei Amor
Divino, humano, y Cajlo. 4. Lihros dei Oficio
delos Emhaxadores. 2. lihros de Prohlemas
naturales, y mor ales. 2. Lihros de cofas naturales,
y morales. 2. lihros de comparaciones,y paraholas. 2.
Lihros de Confejos ajiutos, y prudentes. 2. Lihros
de refpuejlas dijcretas, y ingeniofas Ji fe anda
mucho camino, ò en mucho ejpacio de tiempo
o de prijfa en poço ( como diz Ariíloteles lib.
de Mechanicis ) el tiempo em que compufe ejlos
lihros es de/de el ano 1536. hajia el de 1584.
en que publico ejie lihro. Foy traduzido em
Italiano por Júlio Cefar Piovano di Carpento.
Venetia preíTo Societá Minima. 1599. 4.
Epijlola ad Hieronymum Cardoso data
Conimhrica 4. Kalend. Martij 1539. ^' ^ ^e
a vigeíTima primeira entre as de Cardofo, o
qual na refpoíla que he a vigeíTima fegunda
Carta lhe diz entre outros elogios. Eã doãri-
narum omnium peritia prapolles utquo cum refferre
audeat non invenies.
Além das Obras de que fez relação na De-
dicatória ao Cardial Alberto deixou compofto.
Tratado da Criação dos filhos. Dedicado
ao Conde de Portalegre. M. S.
Tratado da Milicia. M. S.
Carta efcrita ao Senhor D. António defen-
ganando-o da pertençaõ do Reyno. M. S.
Tratado da SuceJJaõ do Reyno de Por-
tugal de que faz mençaõ no Difc. 18. e ultimo
do Tratad. dei ConJejo,y Conjejero.
Todas eílas obras que deixou M. S. por
ferem taõ úteis à Republica literária deter-
minava imprimir a Univerfidade de Coimbra
para cujo effeito encomendou ao Doutor
Diogo de Brito as ordenafle por fer muito
inteligente em a letra do Author que era
difícil de fe ler. Celebraõ o feu nome Car-
dozo de Jure acrefcendi ad §. Si eadem Injtitui.
de Legat. in Prabend. chamandolhe injignis.
Pinei. Sele£i. Jur. Interp. lib. i. cap. 5. §. 63.
multijcice eruditionis vir. Joan. Soar. de Brit.
in Theatr. LuJit. Li f ter. lit. B. n. 21. Jurijcon-
Jultus egregius, <& magna eruditionis vir M. S.
Maced. Flor. de Efpan. cap. 8. Excel. 9. Nico).
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 156. col. 2.
Pinei, ad Kuh. de Bonis maternis. z. Part. n. 36.
Coíl. ad L. Si ex Cautione §. 14. n. 6. Velafco
de Jure Emphyteutico Quaeft. 27. n. 2. e 4.
Prasb. Decis. Tom. 2. Decis. 162. n. 45.
et Decis. 192. n. 27. Verder in Bib. Gefnerían.
Epitom. o faz Author Confultationum Júris.
Franc. Leitaõ Ferreira Not. Chronol. da Um- j
verjid. de Coimb. pag. 572. n. 121 2. Varaõ
Sapientijfimo et pag. 575. n. 1219.
BARTHOLAMEU GALVAM natural de ,
Lisboa, e filho de Garcia Lopes Valdovinos I
Rey de Armas. Foy infigne Poeta Lyrico, e
Cómico de que faõ claro argumento as diver-
fas Poeíias, e Comedias que produzio o feu
fecundo engenho. Vivia na índia pelos annos
de 1602. e 1603. Imprimio.
PoeJias Varias como afíirma Francifco
Galvaõ Maldonado na Bib. Portug. M. ^.
Fr. BARTHOLAMEU GUERREYRO
Religiofo da Ordem Seráfica da Província de S.
Miguel em Caítella, a Velha Collegial do infignc
CoUegio dos Santos Apoftolos Pedro, e Paulo
da Cidade de Alcala, e depois no Convento
de Placencia Lente de Prima de Sagrada
Theologia a quem intitula Hypolito Marrado
in Bib. Marian. Tom. i. pag. 190. Vir doc-
trina, et religiojis morihus conjpicuus. Foy
acérrimo defenfor do Immaculado Myfterio
da Conceição da Senhora efcrevendo douta-
mente contra os feus impugnadores.
ExpoJitio in ControverJiam de immacu-
lata Virginis Maria Conceptione breviter,
et copio/e ambiens omnia qua Sanai Paires,
L USITANA.
463
#/ altj Doííores ujqut adeo fcripfére. Matrití
apud Diclacum Flamenco. 1620. 4.
Fazem dclle memoria Wadingo de Script.
Ord. Min. pag. jo. col. 2. Fr. Joan. á D.
Ant. in liib. hranc. Tom. i. pag. 187. col. i.
Nicol. Ant. in Bib. Hifp. Tom. i. pag. iji.
col. 2. e Marrado no lugar citado em que
claramente affirma fer Portuguez.
P. BARTHOLAMEU GUERREIRO.
Maceo na Villa de Almodouvar no Campo
(Ic Ourique, e teve por Pays a António
I crnandes Corrêa, e Maria Guerreira de
(.íufmaõ. Cumprindo 18. annos de idade fe
Icdicou a Dcos na Companhia de JESUS
ccebendo a Roupeta no CoUegio de Évora
1 7. de Dezembro de 1578. onde leo letras
tiumanas, e foy Perfeito da Univcrfidadc.
\bundante fruto colhco o fcu apoftolico
cio nas MiíToens, que fez pelo efpaço de 17.
iinos por grande parte do Rcyno, principal-
iiiente na Villa de Caílello de Vide obrigando
com a efHcacia das fuás vozes a muitos dos
feus moradores que abominaíTem as torpes
ocazioens da fua mina efpiritual, e feguiíTem
o caminho da penitencia para alcançarem o
perdaõ de culpas inveteradas. Foy muito
1 «ftimado dos SereniíTimos Duques de Bragança
D. Theodoíio, e D. Joaõ venerando unidas
iia fua Peflba todas as virtudes próprias do
I.ftado Religiofo. Morreo na Cafa profefla
tlc S. Roque a 24. de Abril de 1642 com. 78.
innos de idade, e 60. de Companhia. Vir
rudifijftmus lhe chama o P. Manoel Luiz in
lOV. Princip. Theodof. lib. i. cap. 14. n. 156.
^^ib. Societ. pag. 106. col. 2. Concionator
ximitis. Franco Ann. Glor. S. /. in Ijiftt. pag.
225. col. 2. non minus pradicavit exemplo, quam
irrbo; e na Ima^. da Virtttd. do Nov. de Evor.
liv. 3. cap. 5. e pag. 857. Ant. de Leon. Bib.
Occiden. Tit. 12. Joan. Soar. de Brito Theatr.
\Mfit. JJtter. lit. B. n. 15. Fonfec. Evor.
Cloriof. p. 427. D. Frãc. Manoel na Cart.
dos Autor. Vortug. efcrita ao Doutor The-
inudo. Nicol. Ant. Bib. Hifpan. Tom. i.
. pag. 132. col. 2. Compoz.
Sermão de S. Thomé pregado na Capel-
l-i Keal anno de 1623. cuja Fejla como de
Padroeiro da índia celebra por Ordem dos
• ^fys o Tribunal daquelle EJlado com offer-
tas piébikas das Drogou dilU. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 1624. 4.
SermaÕ nas Exéquias do anno qut fe fn^ertUl
ao HxcelUntiJfimo Princepe D. Theodojio z.
Daqui dê Bragança em Villa-Vifofa na igreja
dos Kiligiofos de S. Paulo primeiro ErmitaÕ
onde o dito Senhor ejld depofitado, em 29. de No-
vembro de 1632. Lisboa por Mathias Rodii-
gue.t. 4.
jornada dos Vajfalos da Coroa de Portugal para
fe recuperar a Cidade do Salvador na Bahia de todos
os Santos tomada pelos Olandev^es a %. de May o de
1624. e recuperada no i. de Mqyo de 1625. Lis-
boa por Matheos Pinheiro. 1625. 4.
Gloriofa Coroa de esforçados Keligiofos da Com-
panhia de JESU mortos pela Feé Catholica nas
Conquistas dos Reynos da Coroa de Portugal. Lis-
boa por António Alvares. 1642. foi. Efta
obra fahio poílhuma, e delia fe lembra o novo
addicionador da Bib. Orient. de António de
Leon. Tom. 2. Trat. 23. col. 838.
Fr. BARTHOLAMEU DE LISBOA
cujo appelido indica o lugar do feu nacimento,
filho de Gafpar de Viana, e Antónia Lourenço,
Religiofo de S. Jeronymo cujo habito pro-
feíTou no Real Convento de Belém a 26. de
Agofto de 1601. onde foy Prior defta Caía
em o anno de 1640., e Vifitador Geral da Con-
gregação. Foy muito obfervante do feu Inf-
tituto, e naõ menos verfado em as noticias
da fua Religião. Morreo em o Convento
de Belém a 22. de Fevereiro de 1641. Compoz.
Vida do gloriofo Padre S. Jeronymo, e Santa
Paula, a qual eftava prompta com as licenças
para a ImpreíTaõ, e ficou em poder de hum
Religiofo irmaõ do Author.
BARTHOLAMEU LOURENÇO DE
GUSMAM Fidalgo Capellaõ da Cafa
Real, e irmaõ de Alexandre de Gufmaõ
Cavalleiro profeíTo da Ordem de Chrifto, e
Cenfor da Academia Real de quem fizemos
mençaõ em feu lugar, naceo na Villa
de Santos da Capitania de S. Paulo na
America Portugueza, e logo nos primeiros
annos deo manifeftos indicios do grande
talento que lhe concedeu liberal a natureza,
aíTim na admirável promptídaõ, com que
comprehendeo as dificuldades da Filofofia, e
464
BIBLIO THE CA
Mathematica, como na prodigiofa memoria
com que confervava as noticias mais recôn-
ditas da Hiftoria Sagrada, e profana. Inftruido
na Oratória, Poética, e Mythologia fe lhe
acendeu o dezejo de penetrar os myfterios
das Leys Imperiaes, e Cânones Pontifícios
para cujo fim preferindo o amor da fciencia
ao da pátria paíTou à Univerfídade de Coimbra
em cuja sapientiíTima Paleftra brilharão mais
intenfamente os rayos do feu claro engenho
com admiração de todos os Cathedraticos
que fendo expeâadores dos feus aâos litte-
rarios refolveraõ fer digno de receber as infi-
gnias doutoraes na Faculdade do Direito
Canónico. Igualmente fe admirou a fubtileza
do feu juizo em as Oraçoens Evangélicas reci-
tadas nos Púlpitos, como em os Difcurfos
Académicos de que foraõ theatros a Aca-
demia Real inílituida em o anno de 1720.
debaixo dos Soberanos aufpicios da augufta
Mageílade delRey D. Joaõ o V. noíTo Senhor
fendo elle hum dos primeiros cincoenta Aca-
démicos de que fe formou eíle eruditiíTimo
congreíTo, e lhe foy cometido efcrever as
Memorias Ecclefiafticas do Bifpado do Porto,
como na Academia Portugueza, de que era
Secretario o ExcellentilTimo Conde da Eri-
ceira D. Francifco Xavier de Menezes. Foy
verfado nas linguas mais principaes, fabendo
com pureza a Latina, fallando com prompti-
daõ a Francefa, e Italiana, e tinha grande
intelligencia da Grega, e Hebraica. Sendo
taõ douto em varias fciencias nunca fe lhe
defcubrio o menor final de vaãgloria, antes
fem afeâaçaõ era taõ modeílo no femblante,
como affavel no génio parecendo muitas
vezes a quem o naõ conhecia que naõ era
depofito de tantos thezouros fcientificos dos
quaes nos deixou as feguintes obras.
Vários modos de ejgotar Jem gente as Nãos
que fa^em agua. Lisboa na Officina Real
Deflandefiana. 171 o. 4. Sahio efta obra
juntamente em Latim com efte titulo.
Varia rationes Antlias pro navihus Automa-
tas conftruendi. Ulyflipone ex Officina Regali
Deflandefiana. 1710. 4. com eílampas.
Sermão da Virgem Maria N. Senhora em huma
Fejia, que a devoção de Sua Magefiade lhe dedicou em
Salvaterra aos 26. de Abril defte premente anno de
171 2. Lisboa na Officina Real Defland. 171 2. 4.
Sermão, na ultima Tarde do Triduo com que
os Académicos ultramarinos fejlejaõ a Nojfa
Senhora do Dejlerro pregado na Parochial de
S. Joaõ de Almedina a ^. de Janeiro de 1718.
Lisboa por António Pedrozo Galraõ.
1718. 4.
Sermão pregado na FeJla do Corpo de Deos
da Fregue:(ia de S. Nicoláo dejla Cidade. Lisboa
na Officina da Mufica. 1721. 4.
Conta dos feus eftudos Académicos em a Aca-
demia Keal a 16. de Setembro de 1723. Sahio
no Tom. 3. da ColleçaÕ dos Documentos da
mejma Academia. Lisboa por Pafchoal da
Sylva. 1723. foi.
D. Fr. BARTHOLAMEU DOS MAR-
TYRES perfeita copia dos Prelados da pri-
mitiva Igreja, immortal credito da Jerarchia
Ecclefiaftica, e fublime ornato da Religião
Dominicana illuílrou com o feu nacimento
a Cidade de Lisboa em o anno de 1 5 14. e exal-
tou o nome de feus Pays Domingos Fernan-
des, e Maria Corrêa taõ abundantes dos dons
da graça, como dos bens da fortuna. Tanto
que fahio do ventre materno fe lhe defcobrio
na parte fuperior da maõ direita huma Cruz
relevada fobre a carne dividida em quatro
pontas femelhante à que forma o efcudo das
Armas da Ordem dos Pregadores, indicando
a natureza com taõ claro, e antecipado final
a Religião, de que havia fer illuftre filho. O
tempo, que na idade pueril fe paíTa com jogos,
e outros innocentes divertimentos o confomia
em exercícios de piedade affiílindo com tanta
reverencia ao Sacrificio da MiíTa, e frequen-
tando com igual difvelo os Sermões, que fe
faziaõ na fua Parochia, que parecia penetrar os
altos myfterios, que teftemunhavaõ os feus
olhos, e ouvidos. Inftruido na Grammatica
Portugueza, e Latina quando contava 14. annos
pertendeo com repetidas inftancias fer admi-
tido à Religião de S. Domingos, e vencidos os
obftaculos, que fe lhe opunhaõ a taõ heróica
refoluçaõ recebeo o habito de taõ illuftre famí-
lia no Real Convento da fua pátria a 11. de
Novembro de 1528. e fez a profiíTaõ folemne
a 20. do dito mez do anno feguinte. A boa
Índole, que em o Noviciado moftrou para
as virtudes foy igual, e ainda fuperior para
as letras admirando os Meftres, e Condifci-
L USITAN A.
465
pulos a viveza da compfehenllõ» e a excel-
lencia do talento com que fondava as maté-
rias mais profundas da Filofofía, e Theología,
em cujas fcicncias fahio eminente, de que
foraõ primicias os aélos litterarios, que fuf-
tentou nos Gtpitulos celebrados em Guima-
racns no anno de 1552. e poucos annos depois
cm Lisboa. I^ntre a crpcculaçaò deílas Facul-
dades a que applicava o entendimento, fe lhe
acendeo o coração em ardentes dezejos de fcr
pra£^ico nos Myílerios da Theologia Myílica,
cujos altiffimos documentos aprendeo da
afcctica liçaõ dos Bernardos, Boaventuras, e
Thaulcros. Chegou o tempo de fubirà
Gideira para formar McArcs aos feus Difcipu-
los aílim na Sciencia dos Santos, como na das
Efcholas, c para cftc fim diftou dous Curfos
de Artes, c as principacs matérias de Theolo-
gia Efpcculativa pelo dilatado efpaço de vinte
annos nos Rcacs Conventos de Lisboa, e da
Batalha com tal fubtilcza nos argumentos, c
facilidade nas refpoftas, que parecia fe illuf-
trava o fcu entendimento com os rayos de
fcu Angélico Meftre. Sendo nomeado no
anno de 1551. Companheiro do Provincial Fr.
Francifco de Bovadilha para votar no Capitulo
Geral, que fe celebrava no Convento de Santo
Eílcvaõ de Salamanca defendeo humas Conclu-
foens com tanto credito da Religião, e applaufo
do feu nome, que o Geral da Ordem Fr. Fran-
cifco Romeo lhe deu a patente de Meftre com
grandes elogios. O primeiro, e único lugar que
teve na Província foy o Priorado do Convento
de S. Domingos de Bemfica diílante huma
legoa de Lisboa, que aceitou com grande
repugnância. Nelle leu terceiro curfo de Artes
em que teve por Difcipulo ao Senhor D. Antó-
nio filho do Infante D. Luiz. Corria o anno de
1558. em que vagara a Cadeira Primacial de
Braga por morte do feu Prelado D. Fr. Balthe-
zar Limpo da Ordem do Carmo, e defejofa a
Rainha D. Catherina, que governava eíla
Monarchia pela menoridade de feu Neto ElRey
D. Sebaftiaõ de prover taõ grande dignidade
em PeíToa benemérita em cuja eleyçaõ naõ
ficaíTe culpada a fua conciencia a nomeou em
Fr. Luiz de Granada Varaõ muito eílimado de
todos os Princepes por fua exemplar vida, e
grande fciencia, o qual efcufando-fe como inca-
paz de taõ alto miniílerio perfuadio à Rainha
In
elegeire para elJe a Fr. Bartholanieu por
coníidcrar, que poííuia todas as partes dignas
de hum vigilante Paílor. Foy chamado á pre-
fença da Rainha taõ alheyo da honra, que o buf-
cava, como merecedor de outra mayor que
naò pertcndia, e tanto que lhe declarou a
nomeação da dignidade, que tinha feito na fua
PeíToa, hc incrível o pafmo, e enleyo que con-
cebeo o fcu entendimento conhecendo que
era totalmente opp<jAa à humildade do feu
génio taõ fuprenu Prelafia, e podo que por
alguns dias eíleve conftante neíU refoluçaõ obri-
gado do preceito do Prelado aceitou o Arce-
bifpado de tantos pertendido, e fomente por
elle regeitado. Depois de fer Sagrado na
Igreja de S. Domingos de Lisboa a 5. de
Setembro de 1 j J9. recebeo a 8. do dito mez o
Pallio das mãos do Arcebifpo de Lisboa D.
Fernando de Vafconcellos, e Menezes, e a 4.
de Outubro fez a publica entrada na Cidade de
Braga onde foy recebido pelas fuás ovelhas
com exceíTivas demonílraçoens de jubilo como
certos vaticínios da fumma benevolência com
que haviaõ fer regidas por taõ infigne Paílor
fundando para beneficio, e inílruçaõ delias o
Collegio de S. Paulo aos Padres Jefuitas com
obrigação de lerem quatro ClaíTes de Gram-
matica, e Rhetorica, e huma Cadeira de Filofo-
fia confignando-lhe annualmente duzentos mil
reis em premio defte trabalho litterario. Por
ordem delRey D. Sebaíliaõ foy obrigado a dei-
xar o feu rebanho a 24. de Março de 1 561. para
aíTiíUr ao Concilio Tridentino, em cuja Sagrada
Aflemblea fe diílinguio entre os Veneráveis
Prelados de que fe compunha, o feu ardente
zelo clamando com apoftolica liberdade, que fe
devia reformar o Eílado Ecclefiaftico, e purifi-
car o ouro do Sanóhiario de Chriílo das fezes
com que eílava manchado naõ fe eximindo
defta reforma a Eminência das Purpuras Roma-
nas das quaes como fontes fe devia derivar a
agua mais pura para beneficio da Chriílandade.
Armado da authoridade da PeíToa, e da pro-
fundidade da fabedoria foy author de que fe
decretaíTe fer a refidencia dos Bifpos nas fuás
Diocefes de direito divino, e de outras graves
determinaçoens fundadas nas folidas bazes das
Efcrituras, e Concílios de que refultaraõ ím-
mortal gloria à Igreja Catholíca, e fatal
ruína aos feus Antígoníílas. Para íatísfazet
35
466
BIBLIO THE CA
aos dezejos de Pio IV. que anciofamente lhe
queria fallar, entrou em Roma onde foy rece-
bido pelo fummo Paftor com ílngulares
demõítrações de affefto, e veneração, principal-
mente quando o ouvio increpar com zeiofa
efíicacia o luxo praâicado pelos Ecclefiafticos
na Cabeça do Mundo como impróprio do
Eftado, que profeíTavaõ, de que fe feguio refor-
mar o Pontífice o faufto da fua Familia, e de
todos os Princepes Purpurados da Cúria Ro-
mana. Entre elles contrahio eftreita amifade
com S. Carlos Borromeo, e Miguel Ghislerio,
que pouco depois fubio ao Sólio do Vaticano
com o nome de Pio V. a cujo peito fe tresladou
o fogo de Elias para zelar a caufa de Deos, e
promover a obfervancia da difciplina Ecclefiaf-
tica dos primeiros Séculos da Igreja. Concluído
o Concilio fe reftituhio à fua Diocefe onde
entrando a 27. de Fevereiro de 1 5 64. foy rece-
bido com feíHvos applaufos pelas fuás ovelhas
convertendo em alvoroço o grave fentimento,
que padecerão com a aufencia de taõ beni-
gno Paftor. Refoluto a executar exaftamente
os Decretos do Concilio edificou o Seminário
confagrado ao Princepe dos Apoftolos para
nelle eftudarem quarenta e quatro CoUegiaes
as fciencias neceíTarias com que dirigiíTem as
almas aíTim nos Púlpitos, como nos Confef-
fionarios. Difcorreo por toda a Diocefe refor-
mando abufos, extirpando vicios, plantando
virtudes, conciliando ânimos difcordes, evi-
tando efcandalos públicos, enxugando as
lagrymas das Viuvas, zelando a honeftidade das
Donzellas, reprimindo a infolencia dos pode-
rofos, e abatendo o orgulho dos Violadores
da immunidade Ecclefiaftica. Contra eftas
virtuofas acções próprias da Dignidade, que
occupava, fe armarão fortifiimas oppofiçoens
aífim de Ecclefiafticos, como de Seculares inter-
pretando com o fimulado pretexto de zelo,
ferem muitas delias procedidas de hum animo
fummamente auftero, e totalmente alheyo
da benevolência paftoral. De todas eftas
contradiçoens triumfou intrepidamente o feu
coração temperando com tal arte a feve-
ridade com a clemência, e o rigor com a
piedade, que foy univerfalmente conhecida
a re6ta intenção com que obrava. Para efta-
belecer mais folidamente a frequência dos
Sacramentos, e a reforma dos coftumes ceie-
I
brou Synodo Provincial na Sè a 8. de Setêbro
de 1566. com a aíTiftencia dos feus Bifpos
fuffraganeos, cujos decretos foraõ com grandes
elogios approvados pela Sé Apoftolica. Naõ
foy menos celebrada a fua ardente charidade
na aíTiftencia aos feridos do contagio, que fatal-
mente fulminou o Ceo contra efte Reyno no
anno de 1 5 69. fendo o mais vigilante em lhes
miniftrar peíloalmente os remédios do corpo,
e da alma fem que fofle poderofa a ordem
delRey D. Sebaftiaõ para fe apartar do perigo
a que eftava expofta a fua vida. Sendo taõ
exceffivo o cuidado com que exercitava o
minifterio Paftoral, ainda era mayor a anciã
com que fufpirava aliviarfe de taõ grave pezo
infoportavel aos feus hombros antepondo a
humildade do Clauftro donde fahira a todos os
titulos honoríficos da Primacial Dignidade,
que lograva. Defta heróica refoluçaõ fez par-
ticipante a Filippe II. quando aíTiftio nas Cortes,
que efte Princepe cõvocou na Villa de Tho-
mar no anno de 1581. fupplicando-lhe com
enternecidas inftancias quizeíTe aceitar-lhe a re-
nuncia do Arcebifpado, e interpor a fua real S
authoridade para que o Pontífice benevola-
mente a confirmaíTe. A efta fupplica repugnou
Gregório XIII. ( como jà o tinhaõ feito feus
dous Predeceílores Pio IV. e S. Pio V. ) e a
mayor parte do Confiftorío confiderando, que
privavaõ a Igreja de hum Prelado acérrimo
defenfor da immunidade Ecclefiaftica, e imiver-
fal refugio da pobreza, e orfandade, porém
conhecendo o Pontífice a vontade declarada
delRey condefcendeo na renuncia, que foy
juridicamente intimada ao Arcebifpo a 20. de
Fevereiro de 1 5 82. Tanto que recebeo efta noti-
cia foy igual no feu coração o jubilo com que
depoz o pezo da Prelafia ao fentimento com
que conftrangido a tomara fobre feus hombros.
Partio para o Convento de Santa Cruz que elle
fundara em a ViUa de Viana onde pelo efpaço
de outo annos, que nelle viveo obfervou a dif-
ciplina regular com tal feveridade, como fe naõ
eftivera delia izento pelos privilégios de velho,
e ainda mais de Primaz. Todo o feu difvelo era
obedecer taõ promptamente ao Superior como
fe fora Noviço, naõ confentindo, que o diftin-
guiííe dos outros Religiofos para qualquer
afto da Comunidade. Pregava todos os Do-
mingos, e dias Santos nas Igrejas dos Arra-
LUSITANA.
4Ó7
baldes de Viana explicando aos adultos os
myílerios da noíía Religião, e aos innocentes
cníinandoos com a própria maõ a formarem
i> íinal da Cruz. E na verdade (exclama o
Illuí^rinimo D. Rodrigo da Cunha fcu Suceííor
na iVtitra de Braga defcrevendo as fuás acçoens
na Hijlor. Ecclef. dejla Diocef, Tom. 2. cap. 86.
§. 13.) (jue outro efpeúaculo podia haver mais
grato ao Ceo, mais ejpantofo aos homens qiie hum
?rima7^ das E/ponhas, enfinando paflorinhos depois
de tantos annos de Cadeiras, depois de com fuás
letras, e prudência ejpantar aquelle gravijftmo
ajuntamento, que na Cidade de Trento o oiwio,
e feffdo com tanto applaufo, como fe nelle vira
refufcitados os mayores lumes da Jff^eja Catholica?
Cumulado de todo o gcncro de virtudes aíTim
Religiofas, como paíloracs chegou o tempo de
ferem eternamente premiadas, e fentindo-fe
acometido de huma Dyfuria que a fua ho-
ncftidadc fez mortal, foraõ inúteis todos
os remédios applicados pela fciencia dos
Médicos, e afFedo dos Religiofos. Tolerava
.1 acerbidade das dores com animo taõ conf-
iante que fe conheciaõ pelos defmayos, e naõ
pelas vozes, antes no fembknte moílrava indi-
cies de exceflivo jubilo por conhecer, que eílava
próximo o termo da fua peregrinação. Che-
gou a noticia do perigofo eílado da infermi-
dadc ao Illultriflimo D. Fr. Agoiiinho de
Caftro feu fegundo Suceflbr na Cadeira de
Braga, e fem demora partio para lhe aíTiílir, o
que executou com grande ternura, conferin-
do-lhe o Sacramento da Extrema-Unçaõ que
o moribundo recebeo com tanto acordo, e
piedade, que alternava os Pfalmos Peniten-
ciaes com os circunílantes. Ultimamente
levantando as maõs, e os olhos ao Ceo entre-
gou placidamente o efpirito ao feu Creador
.1 16. de Julho de 1590. entre as fete, e outo
horas da tarde com 76. annos, e dous mezes
de idade, de Religiofo 62. de Arcebifpo 23. e 8.
depois da renuncia deíla Dignidade. Re-
colhido o Cadáver a hum preciofo Cai-
xão foy conduzido ao Cruzeiro por
entre a multidão de povo que lamen-
tavaõ com fentidas expreflbens a falta
do feu inligne Bemfeitor, e fe lhe fi-
2eraõ fumptuofas Exéquias a que pre-
íidio, e cantou a MiíTa o Arcebifpo D.
Fr. Agoílinho de Caftro, no fim da qual
fez a Otaçaô fúnebre Fr. Jorge Queimado
da Ordem dos Pregadores que depois foy
BiTpo de Fez elegendo para Thema as pala-
vras que ferviaõ de empieza ao Arcebifpo
defunto, que eraô Ardtre, e^ huere: nolite
conformari huic Jaculo. Paciiicada a contenda
que fe moveo entre o Cabido de Braga, e o
Senado de Viana fobre o lugar que havia fer
depofito do corpo do Vener. Arcebifpo fe
fepultou no Presbyterío da parte da Epiílola
do Convento de Santa Cruz até 24. de Mayo
de 1609. que foy trefladado com magnifica
pompa pelos moradores de Viana a hum
fumptuofo Maufoleo no Presbyterío da parte
do Evangelho em que fe gravou o feguinte
epitaíio.
Deo Óptimo Máximo
Frater Bartholomaus de Martyrihus Olyf-
jiponenfis Dominicanus, Hifpaniarum Primas
Adam ter magnus hic fitus eft; qui ad Bra-
charenjem fedem à cella, ut aiebat, tanquam
à Kegno ad Crucem raptus cum fecunda pojl
Apojlolos difpenfanda Ecclefa gratia inter
alios, ut Sol inter minores Jlellas divinitus
fulfijfet, Summis Pontificibus, ConciliJ Triden-
tini fpeãabilis Patribusq, probatus, e^ charus,
ing-avefcente atate f ponte abdicata fede Cellam
Monajlerij hujus, quod condiderat, libens repetiit,
ubi et San£te vixit dileãus Deo, €>• hominibus, Ò^
divina patiens ab ofculo Domini ajfumptus ejl;
heu pauperum Pater, ÇÍT Keligioforum, ama-
tor pudicitia, amulatione Martyr, profejfwne
Doãor, Sal terra, Eucema ardens, ó^ Etuens,
rarum verorum Epifcoporum exemplar, (Ò"
velut adeps feparatus à carne. Vixit annos
76. a profejfione Dominicana 62. à confecratione
Epifcopi 32. à regrejfu ad Ordinem 8. Obiit
anno Domini 1590. die 16. Julij. Kequiefcat
in pace. Amen.
As acçoens inUgnes deíle Venerável Pre-
lado foraõ aíTumpto de diverfias pennas
em varias linguas, efcrevendo-as na Portu-
gueza o iníigne Fr. Luiz de Soufa com eítílo
elegantiflimo, o UluftriíTimo D. Rodrigo
da Cunha Arcebifpo Primaz de Braga,
e Duarte Nunez de Leaõ na DefcripçaÕ
do Rejno de Portug. cap. 60. na Caíle-
Ihana Fr. Luiz de Granada, e Luiz Mu-
nos: na Franceza Ifaac le Maiílre de Sacy
em nome dos Noviços da Ordem dos Pré-
408
BIBLIO THE CA
gadores do Convento de Pariz. na Italiana
D. Malachias de Imguibert Arcebifpo de
Theodoíia, e na Latina o P. Joaõ Bautiíla
le Beau da Companhia de JESUS por ordem
do Bifpo de Montpellier Francifco de Bof-
quet, e ultimamente no mefmo idioma
D. Malachias de Imguibert jà nomeado.
Aos elogios com que eftes efcritores orna-
rão o nome defte Ven. Arcebifpo fe po-
dem juntar os de outros famofos Varoens
como faõ o Cardial S. Carlos Borromeo
em huma Carta que lhe efcreveo de Roma
a 3. de Abril de 1565. Ouid enim eft tam expio-
ratum qmm Keverendijftma Dominationis tua
aut integritas, aut prudentia, aut in Cafholica Fide
conftantia... nam quid dicam de me cui in conjpeíiu
animi Jemper ades, <& propter excellentem in
omni genere virtutis laudem unus mihi ad imitan-
dum propofitus. O Cardial Pallavicin. Hift. dei
Concil. di Trent. liv. 15. cap. 11. n. 4. Huomo
riguardevole per Santità, e per dotrina. Aug. Bar-
bof. de Pojief. Epifcop. i. Part. Tit. 3. cap. 8.
n. 82. Vir ille eminenti virtute, ac Jumma vi ta
integritate praclarus, Jpeãata fide, fingulari que
prudentia infignis. Sachin. Hiji. Societ. Part. 2.
lib. 4. n. 150. Praful omnihus Evangélica Sa-
pientia lumnibus clarus. Joan, à Cruce in
Praefat. Direã. Conf. §. 6. n. 16. Adfuit
inter alios Tridentino tanquàm dux Jirenuus,
(& fortijfimus Achilles, Janãitate ac t^elo pracla-
rus, qui crehris dijputationihus , ac infatigahili
cura fanam Catholica Ecclejia doãrinam va-
lidijjime defendit. Jacob. Echard Script. Ord.
Prad. Tom. 2. pag. 296. col. 2. vir apojiolici
plane peãoris omnium confenfu inter illuftriora
Ecclejta Século XVI. lumina numeratur. Fer-
nand. in Concerf. Prad. Magna in eo erat
rerum dejpecientia, magna laudis, <& aura
popularis contemptio, humilitatis, <& modejlia
eximia, ardens, ac vigens fiudium Orationis,
ac meditationis, Jumma in cibo, ó" potu par-
citas, paupertatis evangélica rigida obferva-
tio. IlluílriíTimus Cunha in Decret. Dift.
40. n. 2. Ecclejia Bracharenjis lúmen, <& co-
lumen, ac inter Hifpaniarum Prafules non digni-
tate tantum, fed virtute, ac meritis vere Primas,
et Idem de Primat Bracharenf. cap. 27. §. 4.
infignis vir litteris, <& Janãitate... hujus Eccle-
fia fulgentijfimus fplendor. Imago Primi Saculi S.
J. lib. 5. cap. II. pag. 676. Clarus admij[a.
fed clarior depofita dignitate. Soufa Vid. do
mefmo Arceh. liv. 5. cap. 7. Era de engenho
fútil, claro entendimento, e firme memoria,
livre em di^er a cada hum o que entendia,
{o que he rarijfimo no mundo) fofrido, e hu-
milde em ouvir o que cada hum lhe di^ia de
avit^os, e advertências: animofo em acometer
as coufas da fua obrigação, acre, e deligente
na execução delias, confiante em as levar ao
Cabo, porque nenhuma acometia fem muito
efiudo, e confelho, parte de verdadeira prudên-
cia. GraveíTon Hifi. Ecclef. Tom. 7. coUoq.
5. ad Sascul. XVI. In obeundis pafioralibus
Officiis ajfiduus fingulis annis totam Dicece-
fim fuam pedibus per invia montium juga, per
abruptas cautes, per acervos nivium, per lapfus
horrendos torrentium vifitabat magnus ille venator,
auceps que animarum, in egenos homines, in loca
Sacra opes fuás efufifiima liberalitate profunde-
hat, (& in ejus menfa, veftibus, familia, modefiia
fumma, <& prifcis Ecclefia temporibus confen-
tanea relucebat. Joan. Suar. de Brit. Theatr.
Eufit. Eitterat. lit. B. n. 16. Vir vera virtutis
opinione celebratijfimus. Sena Bib. Frater. Prad.
pag. 48. Vir in Philofophicis, (& Theologicis
doãijfimus, <& in Sacrarum litterarum, (& Sanc-
torum Patrum leãione exercitatus. Fontan. Monu-
ment. Dominic. pag. 506. Praclarijfimus vir
Nicol. Ant. Bib. Hifpan. Tom. i. pag. 154.
col. 2. Tridentum advocatus ad Concilium eam
doãrina, integritatis, ac religionis famam ibi ^
collegit, ut in Supremo Ecclefia confeffu nulB Jj|
Congregatorum ex foto Orbe Chrifiiano Theolo-
gorum five litteris, five Sanãitate quam plurium
opinione concederei. Nat. Alexand. Hifi. Ecclef.
Ssecul. XVI. Synopf. cap. 5. art. 3. §•
21. Joan. Hallevord. in Bib. Curiof. pag.
410. col. I. Draud. in Bib. Clafiic. Taxand.
in Cathalog. Ciar. Hifp. Script. e Fr. Pe-
dro Mont. Claufi. Domin. Tom. 3. pag.
169.
Cathalogo das obras que compo2.
Compendium S piri tua lis Doãrina ex va-
rijs Sanãorum Patrum fententijs magna ex
parte colleãum. OlyíTipone apud Antonium
Riberium. 1582. 8. Sahio efta obra por
deligencia de Fr. Luiz de Granada onde
lhe faz o feguinte elogio. Inter varias paf-
toralis Officij fui curas nanquam Kachehs
fiuB amplexum deferuit, fed diem Pafioralu
LUSITANA.
469
'^fftcij curls, mtUtM Deo offertbat. Qm ttm-
Iwre (inidqnid de Myflica Thtolo^ia à Sum-
ff/is viris, hoc efl, Dyonijio, Bernardo, BofUttWh
ínra, (lerfone Jcripíum efi, Jlndiofe UgtHS, bas
ffmmas Juper aurum, €>* topa^ion pretiofas
mhis miniftravit. Quibus egp Itgmdis tanfopere
ptUííattés /um, uí vere afjtrmart pofim me haíle-
mu in vi/a lejíijfe, qnod acriores piis hominibití
jkniMhs ad calejlis Philofopbia amorem adderet,
majoremque Imem iis, qMt hiiic ftudio dediti fimt,
pra ferrei. Igual, ou mayor encómio dedicou
a cila obra o Mcftre Geral da Ordem Fr. Je-
tonymo Xavierre exhortando à liçaô delia
los fcus fubditos nefta forma. Hic igititr tan-
r Antijles totus in divinarum medi/ationum
impes evoliitus longo reriim m/h exerci tus pretio-
jirni ijiud monile ex diverjis Margari/is, gemmifque
velnt Nobile emblemma admirabili pietate contexvit.
ihio em fegundo lugar Matriti apud Lu-
dovicum Sanches 1594. 24. Parifiis apud
Guiliclmum Chaudiere. 1601. 16. Romx per
Gurolum Vulliettum. 1603. 8. Colonise
ipud Quental. 1622. Venetiis apud Petrum
de Orlandis 171 1. 8. por deligencia de Fr.
Ildefonfo Manrique Dominico. Traduzido
cm Caílelhano por Fr. Plácido Pacheco de
, Ribera Monge Benediélino. Valladolid por
' Scbaílian Cano. 1601. 8. Na lingua Portu-
:ue2a por Francifco Oforio Prior da Igreja
[de S. Vicente de Villa-Franca. Lisboa por
'António Alvares. 1653. 8. e na Francefa
com eílilo elegante por D. de Godeau Rey-
tor da Univerfidade de ParÍ2, e Parocho da
Tgreja de S. Cofme intitulando-o Abregé des
Maximes delia vie Spirituelle recueilli des Senti-
mens des Peres. ParÍ2 per Delaulne 1699. 12.
Nefta ediçaõ eftá hum elogio ao Arcebifpo
D. Fr. Bartholameu dos Martyres compofto
por Monfiur Godeau Bifpo de Vence.
Stimnlus Pafiorum ex Sententiis Patrum
concinatus, in quo agititr de Vita, €>" mo-
ribus Epifcopornm, aliorumque Prctlatorum.
Efta obra (que mereceo a approvaçaõ do
grande Meftre da Theologia Myftica, e
exemplar de Prelados S. Francifco de Sales
perfuadindo a fua liçaõ a hum Bifpo feu amigo
no liv. I das fuás Cartas Gut. 34. como
neceíTaria para fe exercitar exaílamente as
obrigaçoens Paftoraes) foy primeiramente
impreíía Romãs 1564. por deligencia de
I
S. Carlos Borromeo do qual recebendo hum
exemplar Fr. Luiz de Granada o publicou
UlyíTipone apud Franciícum Corrêa 1)65.
Como no frontifpício defta ediçaõ naò eíli-
vtRt. o titulo de Primaz das Efpanhas advertio
feu venerável Author a Fr. Luiz de Granada
daquella omi/íaò que refultava em prejuizo
da dignidade Bracharenfe, o que logo emen-
dou fahindo o írontifpicio com o título que
faltara no primeiro que fe divulgou. Sahio
fegunda vez Romx apud Ha:re<ies Julij Accolti
I J82. 8. Parifiis apud Jacobum Kerver 1)85. 8.
& ibi apud Michaelem Somnium 1586. & ibi
apud Petrum Areche 1644. 12. & ibi apud
eumdem 1667. 12. Romx apud Salvioni.
171 5. 8. Traduzido em Francês por G. de
Mello com o titulo Yjb devoir des Pafiettrs.
Pariz ches Michel le Petit 1672. 12. o P. Fran-
cifco Nunes Jefuita na Dedicatória das Rm-
pre^as facras. ao Cardial D. Francifco Por-
tocarreiro Arcebifpo de Toledo impref-
fas em Leaõ de França 1682. 4. fallando def-
ta obra lhe faz o feguinte elogio. Aquel li-
bro de oro, que de varias f entendas delos Santos
junto el injigne Arcobijpo de Braga D. Fr. Bar-
tholamé delos Martyres Joio en orden a dejpertar
con ellas fu efpirito, le ejlimó. como un mila^o
S. Carlos Borromeo que liberal de tan preciofo
theforo con nombre de ejlimulo de Pajlores para
que todos le goa^ajfen, a Jus expenjas le dió ala
ejlampa.
Cathecifmo da doutrina Cbriftaà com al-
gumas praãicas efpirituaes em as Fejlas principaes,
e alguns Domingos do anno para os leitores, e Curas
do feu Bi/pado lerem à ejlaçaõ nas Parochias,
em que naõ bouvejfe Préga^aõ. Braga por Antó-
nio de Mariz. 1 564. 4. & ibi por António Alva-
res. 1594. 4. Évora por Manoel de Lira. 1605.
4. ibi por Jorge Rodriguez 1617. 4. et ibi pelo
dito ImpreíTor 1628. 4. e ultimamente com
a vida do Ven. Arcebifpo efcrita pelo Illuf-
triíTimo D. Rodrigo da Cunha. Lisboa por
Henrique Valente de Oliveira 1656. 4. Tra-
duzido em Caftelhano por Fr. Manoel Ro-
driguez da Ordem Seráfica iníigne Theo-
logo Portuguez. Salamanca por Diego Cuf-
íio. 1602. 4. e na mefma lingua por Joaõ
ArLftizaval Cavalleiro da Ordem de Saõ-
Tiago. Madrid. 1564. 4. e no idioma Lati-
no por Fr. Jacob Quetif da Ordem dos
470
BIBLIOTHE CA
Pregadores com efte titulo Cathecijmi, Jive
Àoãrina ChrifliancB cum infiruãionihus pajlora-
libus libri duo, quorum primus continet explana-
tiones articulorum Videi; alter vero homilias, feu
Sermones Sacros in Yivangelia pro Fejlis Jolemni-
hus ordinati ad u/um, eb* commodum Parochiarum
Archiepijcopatus Bracharenjis, qua concionatori-
hus indigent. Romae apud Hyeronimum May-
nardum. 1735. foi.
Summa Conciliorum omnium tam generalium,
•quam Vrovincialium additis plurimis locis, qucB
xid Hijloriam Juccedentium temporum attinet col-
Je£ía per Fr. Bartholamaum Archiepifcopum ,
<& Dominum Bracharenfem, Hifpaniaque Prima-
tem dum ageret in Concilio Tridentino.
Annotationes in Davidicos PJalmos, uhi pra-
Jertim ohjcuriora ad illuminationem intelle5ius,
c^ inflamationem afeãus dum ejjet in Concilio
Tridentino anno Domini 1561. menfe Septembri.
Defta obra fe lembra Jacob le Long in Bib.
Sacra Tom. i. pag. mihi 626. col. 2.
Petitiones quas in Concilio Tridentino
Jacere intendebat. Efcritas da fua própria
maõ fe confervavaõ na Livraria do Cardeal
Soufa.
Colleãa ex gejiis Concilij Tridentini anno
Domini 1562. quando fub Pio IV. iterum Con-
■àlium Tridentinum congregatum efi.
Ifinerarium ex Brachara ad Tridentinum,
<& ex Tridentino ad Bracharam. Foy traduíido
da Lingua Portugueza na Latina por Fr.
Jacobo Quetif Dominico.
Elias outo Obras do Venerável Arce-
bifpo fahiraõ magnificamente impreílas em
2. Tom. in foi. Romse Typis Hieronymi
Mainardi. 1734. e 1735. por induftria do II-
luftriíTimo D. Malachias de Imguibert Ab-
bade Ciílercienfe, Arcebifpo de Theodofia,
Bifpo de Carpentorafto, Prelado domeíli-
■co da Santidade de Clemente XIL AíTiíten-
te do Sólio Pontifício, Confultor da Inqui-
fiçaõ Univerfal Romana, e do Confelho do
noíTo AuguftiíTimo Monarcha, a cujo Sobe-
rano Nome dedicou efta grande collecçaõ
das obras do Vener. Arcebifpo D. Fr. Bar-
tholameu dos Martyres de quem tendo ef-
crito elegantemente a fua vida na Lingua
Italiana, a efcreveo fegunda vez no idioma
Latino, que ferve de Prefação a dita col-
lecçaõ.
Carta efcrita de Bragança a 28. de Março
de 1561. a Fr. JoaÕ de l^iria quando par tio
para o Concilio. Sahio impreíTa na vida do
mefmo Arcebifpo por Fr. Luiz de Soufa.
liv. 2. cap. 2.
Carta efcrita de Trento a zz. de May o de
1561. a Fr. JoaÕ de Leiria. Na mefma vida.
liv. 2. cap. 5.
2 Cartas efcritas de Trento, huma a zz. de
Setembro de 1561. e outra a z. de Novembro de
1 561. a Fr. JoaÕ de 'Leiria. Na dita vida liv. 2.
cap. 7.
Carta efcrita de Trento 4. feira de Cin:^a
de 1562. a Fr. Joaõ de "Leyria. Na dita vida
liv. 2. cap. 9.
Carta efcrita de Trento a 20. de Fevereiro
de 1563. ao Vigário do Convento de Santa Cru:^
de Viana. Na dita vida liv. 2. cap 14.
Carta Latina efcrita a Pio IV. em favor do
Clero Bracharenfe. Na dita vida liv. 3. cap. 2.
Carta Latina efcrita a Pio IV. fobre o Sy-
nodo que tinha celebrado em Braga. Na dita vida
liv. 3. cap. 22.
Carta efcrita de Braga a ó^. de Março de 1570.
a ElRey D. Sebajliaõ. Na dita vida liv. 3.
cap. 29.
Carta efcrita de Braga a iz. de Março de 1^66.
á Rainha D. Catherina. Na dita vida liv. 4.
cap. 12.
As cartas efcritas na lingua Portugueza
de que fe fez a mençaõ precedente foraõ tra-
duzidas na Latina pelo IlluílrilTimo D.
Malachias de Imguibert, e fahiraõ impref-
fas na Collecçaõ das obras de que aíTima
fe fez memoria, em o i. Tomo defde pag.
96. até 108.
Carta efcrita de Braga a 7. de Janeiro
de 15 61. ã Rainha D. Catherina em que lhe
perfuade com effica^es re^oens naõ deixe a
regência da Monarchia na menoridade de feu
Neto D. Sebajliaõ. ImpreíTa nas minhas
Memor. Hiít. e Militar. delRey D. Sebaft.
Part. I. liv. 2. cap. 3. §. 30.
Cathalogo das Obras M. S.
Collationes Spirituales centum, <& quinqua-
ginta. Cada huma tem feu Thema comforme
a matéria de que trata. A primeira que he
do Amor Divino tem por thema Ofculetur me
ofculo orisfui. A 2. de Fatore pecati. he o thema
Putruerunt jumenta in Jiercore fuo.
L USITANA.
47
i
Annotationes in Jeremiam, & altos P/v-
phetas. Começou cfta Obra quando aíTif-
ii<> (Ml Ircnto, e o feu original confervava
jbr. IViiiliolinieu Nobre Dominlco de quem
!f logo ic i.ii.i mençaõ.
?mSta tangentia jura, et Cajus Conjcientia,
■1 Principia Intentio dicitur Lumen,
■ Varia Senteníia ad Saeram Scripturam per-
tinentes. G^meça. Ahraam prius Mlus efi
Kam,
Doârina, & reQÚa Menfa Keligjofa.
ILpitome Chronicorum Mmdi. Começa Prima
Monarcbia AJftriorum &.
Compendiam Hijloriarum Ecclejiafticarum,
Principia Pilatus qmdam noíie Jubintulit in Ur-
bem jerufalem.
Traâatus de Superflitionihus, He allcgado
pelo Doutor Manoel do Valle, e Moura in
Traã. de Curat. per Enfalm. cap. i. n. i.
IIb Traãatus de Trinitate. Confervava-fe na
livraria de Manoel de Faria e Soufa em
Hi^uimaraens.
IH Rela/io impedimentorum à Pralatis in Con-
I^Hro circa Kejidentiam allatorum in Congrega-
I^Bgwtf Generali menfe Aprili i;62.
1^1 Kequijitiones aliqmrum Itália Epifcoporum
hegatis Apojlolicis in Concilio menfe Febr/tario
1562. faâa, ut in Ecclejia reformarentur.
Petitio L^gatis Apojlolicis in Concilio
faãa per Bartbolamanm à Martiribus, et D.
Petrum Guerreiro Granatenfem Arcbiepif-
copum à Pralatis Hijpaniarum die 17. Au-
o# 1562.
Articuli Ferdinandi Cafaris nomine ad Eccle-
jia rejormàtionem in Concilio Tridentino ab ejus
Oratoribus anno 1562. prafentati.
Epitome das vidas dos Summos Pontiji-
ces com os SuceJJos mais notáveis, que em tempo
de cada hum ouve no mundo começando de
S. Pedro até o tempo de Xijlo V. O ori-
ginal deíla obra fe confervava na Bib.
do EminentiíTimo Cardial de Soufa hoje
do Excellentiffimo Duque de Alafoens.
Compendio Geral das Hijiorias de EJpanha.
Começa Havendo quim^e annos que Adaõ era
criado.
Compendio dos Keys de Aragão, e Condes
de Barcelona. Principiava, No tempo premente
três Regioens fe ajuntaÕ no Rejno, que chamamos
de Aragão,
Compendio dos Keys de Navarra começando
do primeiro que Joy D, Garcia Ximenes ath Fi'
lippe II. NeíU obra trata da SuceíTaõ dos Reys
Mouros que reinarão em Efpanha.
Breve RelaçaÕ dos Reys de Portugfd do tempo
que viverão, e reynaraõ até ElRiy D. Sêbafiiai,
Artigos pre:(entados ao Concilio Tridentino
pelo Reverendo Vigfsrio Capitular da Igreja de
Valença do Reyno de AragaÕ.
Injlruçoens que FemaÕ Martins Mafcart-
renbas Umbaxador delRey D. Sebajliad apre-
sentou ao Concilio Tridentino em 26. de Fevereiro
de 1)62.
Tratado de Praãicas devotas para os Prela-
dos quando daÕ Ordens.
Conjideraçoens efpirituaes para rejijlir às ten-
taçoens. O original confervava com grande
veneração o exemplariflimo Arccbifpo de Évora
D. Theotonio de Bragança o qual vinda
ao poder do Chantre defta Cathedral Ma-
noel Severim de Faria o deo como thezourc>
preciofo a feu Irmaõ D. Bafdio de Faria Monge
Cartuxo.
A diverfidade de argumentos de todas
eftas Obras aíTim impreíTas, como Aí. S. cla-
ramente manifeíla a vaíla liçaõ, e profunda
fciencia que o noíío Venerável Arcebifpo ti-
nha naõ fomente da Theologia Efpecula-
tiva, Poíitiva, Moral, e Myftica, mas dos
Cânones Pontifícios, Hiftoria Sagrada, e Pro-
fana deixandonos o jufto fentimento, que
fe todas (como efcreve o infígne Chroniíla
da fua vida Fr. Luiz de Soufa liv. 5. c. 23)
chegarão à imprejjaõ, ouveraõ de fer ejlimadas,
e bem vijlas, porque feu dono tinha partes para
illujirar tudo o que tomava entre maõs, e naÕ fa:(ia
nada por ociofidade, fe naÕ fó para proveito doT
próximos, mas como elle fe naõ applicou a impri-
millas por naõ defraudar os pobres da contia qut
nijjo podia difpender, ficamos defraudados os eflu-
diofos de bum grande thefottro, e utilidade prin-
cipalmente nas obras pertencentes á doutrina, e
Sagrada Efcritura.
Fr. BARTHOLAMEU NOBRE natural
da Gdade de Évora, e Religiofo da Ordem dos
Pregadores muito douto na intelligencia da
Sagrada Efcritura, e naõ menos verfado na
liçaõ dos Santos Padres, e Sagrados Inter-
pretes, como o teílemunhaõ as obras feguintes^
472
BIBLIO THE C A
Commentaria in Genefim. M. S.
Commentaria in Evangelium D. Mathm M. S.
Efta ultima obra foy imprefla em Itália,
por deligencia de Fr. Francifco da Piedade
Dominico como efcrevem Joaõ Franco Bar-
reto na Bib. Portug. M. S. e Fr. Pedro Mon-
teiro Clauft. Dominic. Tom. 3. pag. 176. cujo
Original fe conferva na Bibliotheca de S. Do-
mingos de Lisboa. Faz mençaõ do Author
o P. Francifco da Fonfeca Évora Glorio/.
pag. 410.
BARTHOLAMEU PACHAM natural da
marítima Villa de Peniche do Patriarchado
de Lisboa. Foy Meftre de Humanidades
na fua Pátria, e profundamente inftruido no
eftudo da Mythologia, e Hiíloria Romana
de quem fe lembra no Theat. L.ujit. Utter.
lit. B. n. 18. Joaõ Soar. de Brito. Compoz.
Fabula dos Planetas f?2orali^ada com varia
doutrina politica, ethica, e económica. Lisboa
por Domingos Lopes Rofa. 1643. 8.
Fr. BARTHOLAMEU DE PAYVA
Naceo em Lisboa, e fendo de idade tenra
abraçou o Inílituto da Ordem da Santif-
fima Trindade onde depois de aprender as
fciencias efcholaílicas as eníinou com tal
fama do feu nome que baila para eterno cre-
dito do feu magifterio ter fido feu ouvinte o
infigne Efcriturario, e grande Theologo Fr.
Balthezar Paes de que jà fizemos mençaõ.
Formado Bacharel em Theologia pela Uni-
verfidade de Coimbra foy Definidor da fua
Provinda. Cultivou entre a feveridade das
fciencias Mayores a amenidade das letras
humanas fendo hum dos celebres Poetas
Latinos da fua idade. Falleceo no Convento
pátrio a 31. de Dezembro de 161 9. Com-
poz em verfo Latino, e dedicou ao Reve-
rendiflimo Geral da Ordem Fr. Luiz Petit.
Hijioria Injlitutionis Ordinis Sanãijftma Tri-
nitatis, da qual imprimio grande parte Fr.
Bernardino à D. António in Epit. Geral Ke-
demp. Ulyífipone apud Petrum Crasbeeck
1623. 4. lib. I. cap. 4. foi. 16. até 19. v.o e
lib. 2. cap. 8. foi. III. e cap. 9. foi. 114. v.o
cap. 10. foi. 120. e cap. 11. foi. 126.
Elegia in laudem Illujlrijfimi Domini Al-
phonfi Furtado de Mendoça Archiepijcopi Ulyf-
Jiponenfis. He muito extenfa. Conferva-fe
em hum livro que contem muitas Poefias
a eíle Prelado em a Livraria do Cardial de
Soufa.
Poefias "Latinas, Portuguesas, e Caftelhanas,
M. S. guarda-fe na Livraria do Convento
da Trindade de Lisboa.
Fazem mençaõ do Author Cardofo Agiol.
Eufit. Tom. 3. pag. 158. no Comment. de 10.
de Mayo letr. F. Nicol. Ant. Bib. Hifpan.
Tom. I. pag. 156. Joan. Soar. de Brit. Theatr.
Eufit. Eitter. lit. B. n. 19.
P. BARTHOLAMEU PEREYRA Naceo
na Villa de Monçaõ do Arcebifpado de Braga
em o anno de 1598. fendo filho de Joaõ Pe-
reira Mefquita Cavalleiro profeífo da Ordem
de Chriílo, e Helena Gomes, irmaõ de Fillippe
de Mefquita Soares Secretario de Eftado em
cujo Officio fucedeo a feu Tio Chriílo vaò
Soares. De Pays taõ qualificados fahio inf-
truido nas máximas Chriílaãs, que o inclinarão
na tenra idade de quinze annos a antepor o
eílado Religiofo ao Secular entrando na Com-
panhia de JESUS no Collegio de Coimbra a
20. de Março de 161 3. onde leo Rhetorica,
e depois Efcritura pelo efpaço de 8. annos. Na
Poefia Latina mereceu alcançar o principado
particularmente no eílilo Épico em que fe aíTe-
melhou taõ vivamente a Virgílio que parece
fora patrício de Mantua feliz berço deíle Prin-
cepe da Poefia Heróica. Naõ foy menos infigne
o feu talento no Púlpito atrahindo com as fuás
vozes a muitos peccadores ao caminho da
penitencia. Depois de fer Reytor do Collegio
de S. Paulo de Braga acabou de fer mortal em
Coimbra a 18. de Novembro de 1650. com 52.
annos de idade, e 47. de ReUgiaõ. Defcreveu
em hum elegante Poema o martyrio de feu Tio
paterno o V. P. Francifco Pacheco que mor-
reo confiantemente em Nangazaqui a 20. de
Junho de 1626. abrazado em fogo lento pela Fé
de Chriílo, o qual publicou com eíle titulo.
Padecidos. Eibri duodecim. Decantatur cla-
rijfimus P. Francijcus Paciecus Eufitanus Pon-
tilimenfis è Soe. JESU Japonia Provincialis
ejufdem Ecclefia gubernater, ibique vivus pro
Chrifii fide lento igne concrematus anno 1626.
Conimbricae apud Emmanuelem de Carvalho
Univerfit. Typ. 1640. 12.
LUSITANA.
47^
A efte Poema chama admirável ]ot%t Cardof.
Affol. hujit. Tom. 3. pag. 765. no Commcn-
tario de 20. de Junho letr. M. aiireum o inti-
tula Franco in Anm Glorio/. S. J. in Ljéfit.
pag. 689. e eUc/tn/ifimo na Imaj^. da Virtude
do Colleg, de Coimbra, Tom. 1. liv. 1. cap. 55.
n. 21. e no Tom. 2. pag. 614. o P. António
Francifco Cardim in Prafat, ad Vafcicul. è
Japonicis florihtis o exalta dizendo uhi quot car-
mina, tot gernma interlncent qiiibus perlellis affir-
mahis Mantitã plurcs tidiffe Marones. Defta
obra faz memoria o moderno addicionador
da Bib. Orient. de Ant. de Leon. Tom. i. Tit. 8.
col. 174. c na Bib. Occid. Tom. 2. Tit. 23.
col. 838.
In Apotheofi SanStíJftma EJifabetha hujitania
Kiffnat Oratio encomiajlica. Conimbricsc apud
Didacum Gomes de Loureiro 1626. 4. no prin-
cipio do Certame Académico, que a Univerfi-
dade de Coimbra dedicou à Canonização da
Santa Rainha, a qual foy recitada na Sala da
mefma Univerfidade a todos os Académicos.
Cacus oculatíis fivt Argos centociilus Commen-
taria in Tobiam. Aí. S. in foi. Efta obra de
que fazem mençaõ Bib. Socief. pag. 107. col. 2.
D. Franc. Manoel na Carta dos AA. Portttg.
cfcrita ao Doutor Manoel da Fonfeca The-
mudo, Jacob Lelong. in Bib. Sacr. pag. 898.
col. 2. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 156.
col. 2. Joan. Soar. de Brito Tbeat. iMJit. Utter.
lit. B. n. 20. Franco Ann. Glorio/. S. J. in Lj/it.
pag. 689. chamando-lhe eruditij/tma, e na Imag.
da Virtud. em Noviciad. de Coimb. Tom. 2.
pag. 614. fendo mandada para fe imprimir
em França fe perdeu por incúria da peíToa a
quem foy entregue.
D. Fr. BARTHOLAMEU DO PILAR.
Naceo na Villa das Vellas da Ilha de S. Jorge
em o Bifpado de Angra, e na Igreja Matriz re-
cebeo a primeira graça a 21. de Setembro de
1667. Foraõ feus Pays Joaõ de Ávila Betancor,
■e Maria da Sylveira dos quaes aprendeo vir-
tuofos coftumes, que fuavemente o difpuzeraõ
a bufcar a Religião Carmelitana para nella
os exercitar com mayor obfervancia receben-
do na idade de 19. annos o habito de taõ
illuílre como antiga Familia no Convento
da Villa da Horta íituada na Ilha do Fayal
a 31. de Outubro de 1686. onde profeíTou
folemnementc em o primeiro de Novembro
do anno feguinte. Tendo eíludado nefta Caía
Filofofía, c dous annos Theologia pa/Tou a
Coimbra a continuar cíb Sagrada Faculdade
no Teu Collegio onde foy admitido por Col-
legial a 21. de Outubro de 1691. Paca de-
monílraçaõ do admirável progreíTo que o íea
grande engenho fizera neíla Faculdade a
defendeu toda problematicamente no aimo
de 1694. na prezcnça do feu Geral o Meftre
Fr. Joaõ Fcixó de Villalobos hum dos nuyoces
Ixtrados do feu tempo que admirado da
prompta fubtileza com que rebatia os mais
nervofos argumentos o conílituhio Meftre de
taõ fublime fciencia. Por fer taõ conhecido
o feu talento na profunda efpeculaçaõ das
fciencias efcholafticas foy eleito com beneplá-
cito do V. P. Bartholameu do Quental Fun-
dador nefte Reyno da exemplariíTima Congre-
gação do Oratório para Meftre dos Congre-
gados de Pernambuco, onde leo por efpaço de
12. annos Filofofia, e Theologia com tanto
credito do feu nome como abundante fruto
dos feus difcipulos que brevemente foraõ
Meílres. Em 16. de Março de 1702. recebeo
no Convento do Carmo de Lisboa as iníignias
doutoraes de Theologo conferidas pelo Emi-
nentiíTimo Cardeal Conti Núncio Apoftolico
nefte Reyno, que depois de coroado com a
Tiara do Vaticano fe chamou Innocencio XUI.
Tendo fido Qualificador do Santo Offido
Comiflario defte reétiíTimo Tribunal no Ef-
tado de Pernambuco, Examinador Syno-
dal do mefmo Bifpado, e Vifitador dos Con-
ventos da fua Ordem em toda aquella vafta
conquifta foy elevado em 9. de Novem-
bro de 171 7. à Mitra do Gráo Para fen-
do o primeiro Bifpo defta. nova Igreja divi-
dida do Maranhão por fer dilatado o reba-
nho para o difvello de hum fó Paftor. Foy
Sagrado nefta. Dignidade pelo Eminentif-
fimo Patriarcha D. Thomaz de Almeyda
na Santa Igreja Patriarchal a 22. de De-
zembro de 1720. PraíHcou na fua Diocefe
todas as virtudes próprias de hum zelofo
Prelado inftxuindo aos ignorantes, favore-
cendo aos neceífitados, miniftrando os Sa-
cramentos, e aíTiftindo aos moribimdos.
Havendo completos 66. annos 6. mezes, c
18. dias de idade, e 12. annos de Governo
474
BIB LIO THE CA
paíTou de caduco a eterno em 9. de Abril
de 1733. Os Alumnos da Academia Portu-
gueza, e Latina lhe dedicarão por obfequio
fúnebre varias Poefias com huma elegante
Oraçaõ Portugueza recitada em 24. de Fe-
vereiro de 1734. por Filippe Jozé da Gama
Académico deíla Academia, e Académico
Supranumerário da Academia Real. Deíle
Prelado faz larga memoria Fr. Manoel de
Sà nas Memor. dos Arceh. e Bi/p. Vortug. da
Ordem do Carm. cap. 16. pag. 75. Fr. Agof-
tinho de Santa Maria Sana. Marian. Tom. 9.
liv. 2. Titul. 54. pag. 380. e Sebaíl. da Roch.
Pitta Hifi. da Amer. Vortug. Liv. 2. n. 39.
Publicou.
Exéquias do lllufirijfimo D. Francifco de
Uma terceiro Bifpo de Pernambuco celebradas
najua Cathedral de Olinda em 2. de Junho de 1704.
Lisboa por Manoel Lopes Ferreira. 1707. 4.
Sermão na Beatificação do B. P. JoaÕ Fran-
cifco Kegis pregado no Collegio da Companhia
da Villa do Recife na Capitania de Pernambuco
em 24. de Mayo de 171 7. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ. 171 8. 4.
Sermão na Fejla, que fe celebrou na Matriti da
Villa do Arrecife de Pernambuco em acçaõ de
graças pela erecção da nova, e Real Metropoli Pa-
triarchal. Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1720. 4.
V. P. BARTHOLAMEU DO QUEN-
TAL Naceo no lugar dos Fenaes pouco dif-
tante da Cidade de Ponte Delgada Capital
da Ilha de S. Miguel a 22. de Agollo de 1626.
Foraõ feus Pays Francifco de Andrade
Cabral, e Anna do Quental de Novaes
defcendentes ambos da mais antigua, e
qualificada nobreza daquella lUia. Na idade
pueril deu evidentes finaes das virtudes
ChriTtãas, que na adulta havia exercitar
convocando muitos meninos para os Tem-
plos, e enfinando-lhes o Cathecifmo com
modeftia, e gravidade muito fuperior a esfera
dos feus annos. Inílruido na pátria com
os documentos da Grammatica defejando
feus Pays, que aprendeíTe as fciencias mayo-
res para as quaes prometia grandes progreíTos
a vivefa do feu engenho o mandarão no
aimo de 1643. quando contava 17. de idade
à Univerfidade de Évora onde fe applicou
de tal forte a penetrar os myíterios da Filo-
fofia, que com geral acclamaçaõ dos Cathe-
draticos fe graduou Meílre em Artes a 30.
de Junho de 1647. O mefmo applaufo con-
feguio o feu grande talento na efpeculaçaõ
da Sagrada Theologia pelo efpaço de três
annos, no fim dos quaes fendo Collegial do
celebre Collegio da Purificação paíTou à Uni-
verfidade de Coimbra a continuar o eftudo
de taõ fublime Faculdade onde deixou admi-
rados, e envejofos aos feus mayores Profef-
fores. Ordenado de Presbytero determinou
voltar para a pátria, e oppondo-fe em hum
grande concurfo de pertendentes à Vigairaria
da Igreja Matriz de NoíTa Senhora da Eílrella
da Villa da Ribeira Grande foy nella provido
com geral fatisfaçaõ dos Miniílros do Tribu-
nal da Mefa da Conciencia naõ fomente pela
fciencia com que excedia a todos os Oppofito-
res, mas pela virtude, que ornava o feu efpirito;
porém como Deos o tinha deíUnado para mais
alta empreza de que havia refultar grande glo-
ria ao feu nome lhe infpirou largar o governo
da Igreja. Conhecendo a Mageílade delRey D.
JoaÕ o IV. a integridade da vida unida à pro-
fundidade da fciencia com que fe dilHnguia
entre todos os Ecclefiaítícos o nomeou em o
anno de 1654. ConfeíTor da Capella, e Cafa Real,
e feu Pregador, minifterio, que exercitou com
geral acclamaçaõ da Corte, pois na vehemencia
dos aíFeftos, eloquência das palavras, e energia
das acçoens fe naõ excedia, certamente igua-
lava ao grande Vieyra, que no mefmo tempo
era ouvido como Oráculo da Rhetorica
Ecclefiaftica. Afpirando o feu ardente zelo a
promover o exercício das virtudes, iníiituhio
huma Congregação ( que foy o primeiro defe-
nho da que ao depois fimdou neíle Reyno, e
fuás Conquiílas ) em huma Cafa fituada na
Capella Real com faculdade da Rainha Regente
a SereniíTima Senhora D. Luiza Francifca de
Gufmaõ com outros Ecclefiafiicos de exem-
plar vida, entre os quaes fe diftinguiaõ o P.
JoaÕ Duarte do Sacramento, que depois foy
Fundador da Congregação de Pernambuco, e
Bifpo eleito deíle Eílado, e Nicolào Monteiro
Meílre de Suas Altezas o Princepe D. Affonfo,
e o Infante D. Pedro, donde fubio à Mitra
do Porto, e neíle domiciUo fe praíticavaõ
com grande fervor os exercidos da Oraçaõ
Mental, e conferencias efpirituaes. PaíTa-
L USITANA.
dos 14. annos como t Gtfii fbíTe pequena para
í) numeto das peíToas, que a ella concorríaõ,
fc bufcou outro fitio mais amplo qual eta o
Collegio, que tinhaò habitado os Religiofos
Dom i nicos Hybernios, mas receando pruden-
temente, que pelo difcurfo do tempo fc poderia
extinguir tmm Inílituto de que fora o princi-
pal Author fem ter os fundamentos folidos
para a fua confervaçaõ alcançou do IlIuílriíTimo
Cabido de Lisboa Sede Vacante em 8. de
Janeiro de 1668. e do Princepe D. Pedro
Regente deda Monarchia em 3. de Mayo do
dito anno faculdade para fundar a Congrega-
çiõ, e no dia 16. de Julho veftio a Roupeta
juntamente com o V. P. Francifco Gomes
Sacerdote de taõ alta virtude, que jà os feus
milagres fc vem authenticados pelo Ordinário
tio Patriarchado de Lisboa. Lançados os pri-
meiros fundamentos da Congregação do Ora-
tório, e compoftos os Eftatutos para o feu
governo ao tempo, que eílavaõ confirmados
pelo Cabido cm o i. de Fevereiro de 1670. fe
armou huma terrível tormenta movida pelo
inimigo commum como prevendo os efpiri-
tuaes frutos, que fe haviaõ colher com a nova
Congregação, porém brevemente fe diíTipou
fendo confirmada pela Santidade de Clemente
X. a 6. de Mayo de 1671. à femelhança de que
tinha fundado em Roma o abrazado efpirito
de S. Filippe Neri, expedindo o mefmo Pon-
tífice outro Breve a 24. de Agofto de 1672.
em que confirmava efpecificamente os Eílatu-
tos particulares, que o V. P. efcrevera para
direcção dos Congregados, os quaes crecendo
o numero para o qual era o lugar em que aíTif-
tiaõ, pouco cõmodo, fe transferirão para a
Igreja do Efpirito Santo, que liberalmente lhe
concedeo a Irmandade dos Homens de Nego-
cio, em 14. de Agofto de 1674. com huma So-
lemne ProciíTaõ em que levou o Sacramento o
Bifpo Capellaõ Mòr Luiz de Soufa, que depois
foy Arcebifpo de Lisboa, e Cardial da Igreja
Romana, a quem immediatamente feguia acom-
panhado de toda a Corte o Princepe Regente
D. Pedro. Nefte fagrado domicilio ampliado
pela fua incanfavel deligencia profeguio o V.
Padre a pradtica dos exercicios efpirituaes diri-
gidos para cultura das virtudes, e extirpação
de vicios. As primeiras peíToas de huma, e
outra Jerarchia Ecclefiaflica, e Secular o
procuravaõ como Oráculo para a decifaõ das
duvidas da conciencia achando na prudência
dos feus concelhos o mais feguro Norte por
onde dirigíaõ as acçoens. No Tribunal da
penitencia depoíla a feverídade de JuÍ2 infla-
mava com tal brandura a dureza dos cora-
çoens, que repentinamente fe liquidavaõ em
lagrymas. Foy com exceíTo inimigo jurado da
gloria humana defprefando heroicamente os
honoríficos lugares de ConfeíTor delRey D.
Pedro II. e de Bifpo de Lamego, e unicamente
aceitando o lugar de Deputado da Junta das
Miííoens por Ter conducente á falvaçaõ das
almas. Sendo varias vezes confultado pela
Mageftade de D. Pedro II. em matérias de gta^
vifTimas confequencias nunca o refpeito da
foberania lhe fez alterar a inteireza do voto,
antes fallava com taõ apoílolica liberdade, que
por confiflaõ do mefmo Princepe lhe cauíáva
temor a fua prezença. Com o mais religiofo culto
venerou a Chrifto Sacramentado explicando efte
aífeélo pela magnifica pompa com que cele-
brou o dia da Inftituiçaõ defte amorofo Myf-
terio. Naõ era inferíor a ternura com que cor-
dialmente amava a Maria SantiíTima mandando
em perpetuo argumento defte piedofo affedo
aos Congregados, que com juramento fe
obrigaíTem a defender a Immaculada Pureza
defta Senhora, e a rezar quotidianamente o feu
Rozario, e Ladainha, e que nas fuás MiíToens
fempre encõmendaíTem efficazmente a fua
devoção aos ouvintes como penhor certo de
confervarem a graça divina. Prévio profetica-
mente muitos fuceíTos entre os quaes fe cum-
prio infallivelmente hum que vaticinou a
minha Mãy D. Catherina Barbofa fua filha
efpiritual pelo efpaço de vinte annos. Abra-
zado o feu coração pelo fogo que alimentava o
do feu grande Patríarcha S. Filippe Neri dif-
corria em perpetuo movimento para beneficio
dos próximos vifitando aos infermos nos Hof-
pitaes, evitando a proftituiçaõ das donzelas,
focorrendo a miferia das Viuvas, e dirigindo
para o caminho da eternidade todo o género
de almas aífim na Cadeira, como no Confef-
fionario. Em premio de virtudes taõ he-
róicas mereceo ver reproduzido o feu efpi-
rito nas Congregaçoens fundadas em Fre-
xo de Efpada cinta. Porto, Braga, Vifeu,
Eftremos, e Pernambuco, das quaes reful-
47Ó
BIBLIO THE CA
tou igual gloria ao Fundador que efpiritual
emolumento aos feus moradores. Chegada a
hora de receber o premio por toda a vida
merecido adoeceu de hum Pleuriz, e conhe-
cendo fer a infermidade mortal exhortou com
alegre afpefto aos feus Congregados que naõ
fentiíTem a fua auzencia, mas que perfeveraíTem
fempre promptos, e fervorofos para beneficio
dos próximos. Recebidos os Sacramentos
com igual ternura que refignaçaõ na divina
vontade pronunciando as palavras de David
In te Domine Jperavi non confundar in atermim
exhalou o efpirito em hum Sabbado 20. de
Dezembro de 1698. as 6. horas da noute
quando contava 72. annos de idade, e 50.
depois de fundada a Congregação. Foy notá-
vel a conílernaçaõ que houve na Corte com a
fua morte concorrendo grande copia de Gente
a venerar o feu Cadáver levando como relíquias
algumas partes dos feus veíUdos. A Mageílade
da SereniíTima Rainha D. Maria Sofia Izabel de
Neoburg que muito o refpeitara vivo, o vene-
rou defunto beijando-lhe com fumma humil-
dade os pés. Recolhido o corpo em hum Cai-
xão foy depofitado em huma Tribuna fobre a
Capella Mór da Igreja donde a 8. de Dezem-
bro de 1708. fendo trefladado para huma das
fepulturas do Cruzeiro foy achado incorrupto,
e fem a menor diminuição em todas as partes
do corpo, cuja incorrupçaõ fe fez mais admi-
rável quando por authoridade do Ordinário
fe fez nova infpecçaõ a 26. de Abril de 1727.
em ordem à fua Beatificação aíTiílindo a efte
Aâ:o o Arcebifpo de Lacedemonia D. Joaõ
Cardofo Caftello Provifor do Patriarchado de
Lisboa, os Juizes da Caufa Fr. Jozé de Lima
Carmelita Calçado, e Joaõ Gomes Monteiro,
os Médicos Cypriano de Pinna Peíiana hoje
Phifico Mór, e António Fragofo de Siqueira,
António Francifco de Oliveira, e Francifco
da Sylva Cirurgiaens, e dous Notários Apof-
tolicos António Bautiíla Viçofo, e Jozè das
Neves.
Na parede da efcada que fobe do Clauf-
tro para o Coro da Congregação do Ora-
tório defta Corte eílá retratado o V. Padre
em hum grande quadro que reprefenta a
fua natural eílatura, e ao lado delle eíla
hum Génio fuftentando na maõ efquerda
huma targe, e apontando com a direita para
a infcripçaõ feguinte compoíla pelo P. Antó-
nio de Faria filho da mefma Congregação,
e Varaõ muito infigne em letras Divinas, e
humanas.
Elegit Philippum, & Baríholomaum,
ille huic eripuit ne effet primus; hic illi ne
ejfet Jolus.
Na parte inferior do Retrato fe lè o Epi-
gramma de Marcial lib. 10. Epig. 32. ventu-
rofamente applicado.
Ars titinam mores, animumque effingere pojfet,
Pulchrior in terris nulla tabeliã foret.
Junto do mefmo Retrato eílà poíla hu-
ma Targe quafi de forma ovada na qual
fe lé o feguinte elogio que compendiofa-
mente expõem algumas virtudes deíle grande
Varaõ.
V. P. hartholomaus Qitentalius cujus
veram intueris effigiem ex praclaro, fpeãabili-
que genere in D. Michaelis Infula natus: celeber-
rimus nova Congregationis Oratorii Injlitutor,
vel potius, novis additis minijleriis, Auãor, doãus
proinde in Kegno, coelorum, quia Jimilis bomini
patrisJamiUas qui proferi de ther^auro fuo nova,
et vetera: Occulijfimus omnium in hoc Kegno
ejujdem Congregationis Domuum Vijitator gene-
ralis: Regii MiJJionum concilii Confiliarius Sapien-
tijjimus, nmc vero Afia, Americaque Gentibus
defideratijfimus : Olim a Serenijfimo Regi
a concionibus Jacris, et unus ex Sacrorum
Concionatorum principibus primis, cujus in ore,
ficut in Periclis labris, Suada quadam infidens,
aculeos in auditorum mentibus relinquebat:
indefejfus poenitentia Pradicator, cujus Sermo
vere vivus, et efficax, et penetrabilior omni
gladio ancipiti u/que ad divijionem anima,
ac Spiritus pertingebat. Eximius Spiritualis
vita, et mjfiica Theolo^ Doãor, quo Au-
thore, et Magifiro Regia pars Aula diu
publico mentalis orationis exercitio dedicata
efi: Scriptor afceticus igniti eloquii vehemen-
ter, qui vero mijcuit utile dulci: mirabilis
cogitationum , et intentionum cordis {ut multi
aftefiantur) Direãor; infignis panitentia
Sacramenti Adminifier, qui innumeras Chrifio
animas lucrifecit: vir omnino magnus, in
quo totus pene Chriftianus orbis raram
inventu prudentiam, et miram confiUorum
gratiam Jujpiciebat: Qui infulas ita dex-
tere rejecit, ut vel rejeãionis gloria Je
LUSITANA.
477
f'/f mi/is fubdnxerif: qw tx tbefaiiris fidei ftia
inrcdihilia Jiibfidia tninimis Chrifli fiémit lenda
depromehat: cujtis mafftarum viriuttim pradarum
Jptcirutn humilílas cordis, tt mentis ah orbe in
urbe md/ip/ici/er bonoraía: qrn vivens, Chrifli
\ honus odor Juit Deo in omni loco, fed pofl mor tem
fmninibus, qni qmd Jeniiiint narrent, ftutvior:
pojl immmera Kegali Solto exhibi/a minifttria,
pofl Midía Apoflolica Sedi praflita objeqma,
(fita Saníía recordadonis Jnnoceníitts XI. ver-
lis amplijftmis per li/eras ornavit, híc ciim pie-
'.ite ( /// pie credititr ) dormitionem accepit
.lie 20. Decembris an. 1698. atatis vero 72.
Para eternizar a memoria de taò virtuofo
Pay mandou o P. Diogo Curado filho da
(longregaçaõ do Oratório de Lisboa grande
1'heologo, c mayor Pregador cm o anno
ilc 1713. em que aíTiília em Roma abrir em
huma lamina outro Retrato do P. Bartho-
lameu do Quental com o titulo de Venerá-
vel concedido pela Santidade de Clemente
ÉNa parte inferior da Lamina eftá gra-
L a feguintc infcripçaõ.
eterna ne flflas facie, introjpice quod
latet. Qjfem híc intueris clarus fuit
e, fed longe clarior virtute, infigni pruden-
lia, fervida Charitate, mirabili patientia,
hitmilitate profunda, oratione ajfldíia, cujus Ò'
'htdij promotor mirificits, t^elo animarum afluans
: mumeris profuit verbo, faão, et fcripto. A*Kegi-
bus, quorum Concionator e^egius, eJ?* à Prin-
ipibus magni fa£íus. Ab Innocentio XI . felicis,
& fan£ia recorda tionis litteris decora tus: in omnium
tandem aflimatione, quem mortuus Philippus Pater
uís fimilem reliquit fibi pofl fe. Obiit Ulyjftpone
die 20. Decembris anno Salutis 1698. atatis 72.
Fazem honorifica mençaõ do V. Padre
joaõ Marciano da Congreg. de Napol. nas
Mem. Hifloric. dela Congreg. dei Orafor.
Tom. 5. liv. 3. cap. 15. Fr. Manoel de Sá
Mem. Hifl, dos Arceb. e Bifp. Portug. da
Ord. do Carm. cap. 16. n. 127. até 133. Cor-
deiro Hifl. Infulan. pag. 205. Franc. AfFon-
lo de Chav. e Mello Vid. de Margar. de
Chaves pag. 351. Franco Ann. Glor. S. J.
in Luflt. pag. 676 e Joaõ Catalano Doutor
cm ambos os Direitos ProfelTor de Theolo-
gia na Vida que compoz do V. P. na lingua
Latina impreíTa Romae typis Antonij de
Rubeis 1734. 8. Compoz.
MtdJtafoens da Infância de Chriflo Senhor
noffo da ííncama^ad ati os trinta annos da fm
idade com huma direfaõ para a Orafaõ mental.
Lisboa por Domingos Cunieiro. 1666. 8.
IJsboa por Miguel Deílandes 1682. 8. e 3.
vez íbí na Oflíicina da Congregação do Ota-
torio. 1752. 8. Traduzidas na língua Italiana
por Ferrantc Orfelli da Porli. Roma por
Nicolao Angelo Tínani. 167). 8.
Meditafoens da Sturatijftma PayxaÕ, e morte
de Chriflo Senhor noffo com a direfaõ para a Ora-
ção mental, e mais exercidos efpirituaes, e dous
qmtidianos, Lisboa por António Rodriguez
de Abreu 1675. 8. ôc ibi por Joaô da Coíla
1679. ^' ^ 5* ^^ Lisboa na OfHcina da Congre-
gação do Oratório 1734. 8. Traduzidas na
lingua Caílelhana fem o nome do Traduâor.
Madrid por Roque Rico de Miranda. 1686. 8.
c na Italiana por Fr. Joaõ Jozé de Santa
Thereza Carmelita Defcalço. Roma apreíTo
RoíTati et Borgiani 1733. 8.
Meditaçoens da gloriofa KefurreiçaÕ de
Cliriflo, de fua AfcençaÕ, vinda do Efpirito
Santo, e Santifftmo Sacramento. Lisboa por
Miguel Deslandes 1683. 8.
Meditaçoens das Domingas do anno i. Part.
Lisboa por Miguel Deflandcs 1695. 8.
2. Part. Lisboa pelo dito Imprcflbr.
1696. 8.
3. Part. Lisboa pelo dito Impreflbr.
1699. 8.
Sermoens i. Part. Lisboa por Miguel
Defland. Impreflbr de Sua Mageftade 1692.
4. Confta de 16. Sermoens.
Sermoens 2. Part. Lisboa pelo dito
Impreflbr. 1694. 4. Coníla de 16. Sermoens.
Sahiraõ eftes dous Tomos reimpreflbs Lisboa
na Regia Officina Sylviana, e da Academia
Real. 1741. 4.
Sermão Fúnebre nas Hxequias da Ex-
cellentijjima Senhora D. Leonor Alaria de
Meneses Condeça de Attouffa pregado no
Convento de S. Francifco de Xabregas no anno
de 1664. Lisboa por Henrique Valente de
Oliveira. 1665. 4.
BARTHOLAMEU RODRIGUES
CHORRO natural da Villa de Maçaõ na
Província da Beyra muito douto nos pre-
ceitos da Grammatica Latina, e quantidade
478
BIBLIOTH E CA
das Syllabas para a compoíiçaõ de Verfos, co-
mo o manifeílou na obra feguinte, que pelas
multiplicadas ImpreíTões, que delia fe fizeraõ
claramente publica a fua grande utilidade.
Curiofas advertências da boa Grammatka
do P. Manoel Alvares. Contem annotaçoens,
regras univerjaes das primeiras, e meyas Syllabas,
regras particulares de Orthografia, mudança nas
letras da compojiçaõ, modo para contar Kalendas,
Nonas, e Idus. Lisboa por Jorge Rodriguez.
1619. 8. & ibi pelo dito ImpreíTor 1623. ibi
por António Crasbeeck de Mello 1665. 8. &
ibi por António Rodrigues de Abreu. 1675.
8. Lisboa por António Alvares 1671. & ibi
por Joaõ da CoJia 1677. 8. & ibi por Joaõ
Galraõ 1694. 8. Lisboa por Miguel Ma-
nefcal 17 10. 8. Coimbra por Jozé Antu-
nes da Sylva Impref. da Univeríid. 171 3.
8. e Lisboa por Manoel Fernandes da Cof-
ta ImpreíTor do Santo Ofíicio 1736. 8.
BARTHOLAMEU SOARES DA FON-
SECA natural da Villa de Fornos do Bif-
pado de Vifeu filho de Manoel Rodriguez, e
Izabel da Fonfeca ConfeíTor da Santa Igreja
Patriarchal de Lisboa, e Meílre de letras
humanas neíla Corte onde afiíle nefle prezente
anno de 1740. naõ fendo menos douto na
Theologia Moral, que na Grammatica, e Poefia
Latina, imprimio.
I^ucerna Grammatical em que Je explica
com brevidade, e clareia o modo de efcrever, pro-
nunciar, e compor as partes da Oração. Lisboa
por Pedro Ferreira. 1728. 8.
DecuriaÕ injiruido na praxe de enjinar ao
dijcipulo a declinar os nomes, e conjugar os Verbos:
dajelhe taõbem a noticia das linguagens Sjnonymas,
que vulgarmente Je chamàò trocadas. Lisboa pelo
dito ImpreíTor. 173 1. 8.
"Elegia pecatoris cupientis vitia deferere, femi-
tamqucB virtutis arripere in qua etiam dejcribitur
Pajfio Salvatoris. UlyíTip. apud Petrum Fer-
reira AuguftiíTimae Reginas Typ. 1733. 8.
Confia de nove Elegias.
Elegia, Jeu Cantus Eugubris in iMmentabiles
Obitus Serenijftmorum Principum domus Eujitana
Caroli, <& Francifca quos fatum praceps nuper abri-
puit, Carolum fcilicet Tertio Kalendas Aprilis,
Francifcam vero Idibus Julij labentis anni qui eji
milkjfimus SeptingenteJJimus trigejfimus Jextus
a partu Virginis. UliíTipone apud Emma-
nuelem Fernandes à Coíla Sanfti Officij Typ.
1736. 4.
Epithalamium Hijloricum in faujlijfimam
permutationem Serenijfimarum Principum Bra-
filia, <ò' Afiuris Juper Caiam fluvium concele-
bratam decima nona die Januarij anni à Naíi-
vitate Domini millejftmi Jeptingentejfimi vigejjimi
noni. 4. M. S. Confta de 171. Dyílichos.
P. BARTHOLAMEU DE VASCON-
CELLOS natural de Lisboa, e filho de Troillo
de Vafconcellos da Cunha Secretario da Junta
dos Três Eílados de quem fe fará memoria
em feu lugar, e de D. Mónica da Sylva Cou-
tinho. Na idade da adolefcencia deixando
o mundo, e o nome de Francifco recebeu a
Roupeta da Companhia em o Noviciado da
fua pátria a 14. de Dezembro de 1692. cha-
mando-fe Bartholameu em obfequio de feu
Avó paterno. Foy taõ infigne nas letras
humanas, como nas fciencias Efcholafticas
fendo Meílre de humas, e outras nos Collegios
de Évora, e de Coimbra, e da Cadeira de \
Controverfia no Seminário dos Irlandezes
deíla Corte. Entre os primeiros cincoenta
Académicos de que fe formou a Academia
Real da HiHoria Portugueza, foy eleito para
efcrever as Memorias Ecclefiaílicas do Bif-
pado de Miranda em a lingua Latina de que ,
he obfervantiíTimo cultor. As fuás grandes
letras unidas à benevolência do génio, e
urbanidade do trato o elevarão a fer Con-
feíTor do EminentiíTimo Cardial Patriarcha
D. Thomaz de Almeyda. Compoz.
Conta dos feus efiudos Académicos reci-
tada na Academia a 28. de Mayo de 1722.
Sahio no 2. Tom. da Collec. dos Documentos
da dita Academia. Lisboa por Pafchoal da
Sylva ImpreíTor de Sua Mageílade, e da Aca-
demia Real. 1722. foi.
Conta dos feus efiudos Académicos reci-
tada no Paço a zz. de Outubro de 1724. em
que defcreve a vida de D. Toribio Lopes
primeiro Bifpo de Miranda. Sahio no Tom.
4. da Collec. dos Documentos da Academia
Real. Lisboa por Pafchoal da Sylva ImpreíTor
de fua Mageílade, e da Academia Real.
1724. foi.
Conta dos feus efiudos Académicos reci-
L USITAN A.
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/(ida no Paço a 22. dt Outubro de 1726. Nella
icrcve o elogio da vida de D. Rodrigo de
Carvalho fc^ndo Bifpo de Miranda. Sahio
110 iofN. 6. da Collec. dos Document. da Academia.
li Lisboa por Jozé António da Sylva. 1726. foi.
Conta dos Jeus ejludos Académicos recitada
m Paço a iz. de Outubro de 1730. NcUa cfcrcvc
> elogio da vida de D. Juliaõ de Alva 5.
I^ifpo de Miranda. Sahio no Tom. 10. da
( 'rJ!rr. dos Docum. da Academia Real ibi pelo
M 1^1 mo ImprcíTor. 1750. foi.
BARTHOLAMEU DE VASCONCEI^
LOS DA CUNHA Commendador das Com-
incndas de S. Chriílovaõ de Nogueira, e de
\inta Maria de Torre Dorta da Ordem de
hriílo teve por Pays a Francifco de Vafcon-
cUos da Cunha Governador de Angola o qual
com fidelidade digna do fcu nacimcnto dei-
xou cm o anno de 1640. a Corte de Caftella
* >ndc cfteve defpachado com o titulo de Conde
de Porto Santo por vir reconhecer a feu Prin-
t cpe natural o SereniíTimo Rey D. Joaõ o IV.
o por Mãy a D. Izabel de Brito filha de Jero-
nymo Diaz Cardofo, Fidalgo da Cafa Real,
Commendador da Ordem de ChriJfto, e de
1). Guiomar da Gama. Profeflbu defde os
primeiros annos a vida militar fendo o mar,
c a terra theatros de feu heróico valor ou foffe
j-ielejando com o poílo de Meftre de Campo em
(Olivença no anno de 1648. ou de Capitão Mór
das Nàos da índia, e General de Murmugaõ,
terras de Salfete, Bardes, e Forte da Aguada
na Barra de Goa deixando em todas as partes
immortal credito do feu nome, naõ o mere-
cendo menos pela prudência com que exerci-
tou o lugar de Governador da Ilha da Madeira.
Foy cafado com D. Julianna de Mello filha
de feu Tio materno Jo2é de Mello de quem
teve vários filhos. Entre os horrores de
Marte cultivou as delicias das Mufas como
icílemunhaõ algumas produçoens métricas
cm que fe admira naõ ter menor efpirito para
>s verfos, que para as armas.
Dons Sonetos ao Nacimento do Infante
/^. Pedro. Sahiraõ com outras Poefias a
ite aíTumpto. Lisboa por Paulo Crasbeeck
Fr Doíis Sonetos hum Português^, e outro
Cafielbano á morte de D. Maria de Attajde.
Sahiraõ nas Memor. Funeb. dedicadas a efia
Senhora. Lisboa na Oíficina Crasbeeckiana.
i6)o. 4.
Soneto em louvor de Manoel de Galbegu
Author do Templo da Memoria em cuja
obra liv. 4. Eílanc. 186. o convoca paia
applaudir com a fua poefia o Ilymeneo dot
ScreniíTimos Duques de Bragança, dizendo.
Cante fublime, affombre o univerjo
hartfjolameu de Vaf conceitos, dififl.
O que faltou dos IJeráes a meu per/o,
li da memoria a narração projigfl ;
Acabe o Poema com Talia alterno,
Que fe por elle acabar, vivirá eterno.
Delle faz mençaõ Carvalho Corog. Portug.
Tom. 3. Trat. 33. Tit. j.
Fr. BARTHOLAMEU DA VEYGA ReU-
giofo da Ordem dos Pregadores de quem
fe lembraõ Joan. Soar. de Brito Theatr.
Lííftt. Utter. lit. B. n. 22. Echard Script. Ord,
Pradicat. Tom. 2. pag. 281. Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 159. Altamura ad
ann. 1588. e Fr. Pedro Monteiro Claufl.
Dominic. Tom. 3. pag. 176. Compoz.
De Computo Ecclefiaflico. Pamplona. 1588. 4.
BARTHOLAMEU VIEYRA Sendo
muito perito no eftudo da Hiíloria principal-
mente da America Portugueza efcreveo con-
forme diz o novo addicionador da Bib. Occid.
de António de Leaõ Tom. 2. Tit. 12. coL
676.
Nova Ijufitama. M. S.
Fr. BASÍLIO DE ALMEYDA natural
da Villa do feu appellido na Provinda da
Beyra Monge Ciftercienfe cuja Cogulla rece-
beo, e profeíTou no Convento de Santa Maria
de Aguiar. Foy muito douto na Liçaõ da
Efcritura, e Santos Padres. Compoz.
De Verbo Abbreviato M. S. foi. cujo
Original fe conferva na Bibliotheca do Real
Convento de Alcobaça Cabeça defta illuílrif-
fima Congregação.
D. BASÍLIO DE FARIA chamado
no Século Balthezar de Faria Severim naceo
na Gdade de Lisboa a 15. de Mayo de 1569.
48o
BIBLIOTHE CA
Foy filho de Duarte Frade de Faria Fidalgo da
Cafa do Infante D. Duarte, e de fua mulher
Maria Severim filha herdeira de Afcenfio
Severim como efcreve Manoel de Faria, e
Soufa em as Notas ao Nobiliário do Conde D.
Pedro. Sendo entre doze Irmaõs o ultimo
mereceo fer o primeiro pela excellencia do
engenho, e felicidade da memoria com que fe
diftinguio de todos na comprehenfaõ das
letras Divinas, e humanas, inteligência das
linguas Franceza, Italiana, e Latina, praftica
de Geometria, e Arithmetica, e efpeculaçaõ
do Direito Canónico, e Civil, à qual deu feliz
principio em a Univeríidade de Coimbra em o
anno de 1582. Deixando o applaufo que lhe
podia refultar dos feus eftudos Académicos
aceitou a renuncia do Chantrado de Évora
que nelle fez D. Francifco de Lima cujo ren-
dofo emolumento diílribuia largamente com
os pobres naõ confentindo que algum fe
apartaíTe defconfolado da fua prezença expe-
rimentando com mais ardente zelo a fua chari-
tatiua profufaõ os infernos do Hofpital, e os
feridos do contagio que no anno de 1599.
devaftou grande parte da Cidade de Évora.
Acompanhado de feu Sobrinho, o celebre
antiquário Manoel Severim de Faria partio
no anno de 1604. a render as graças, e cum-
prir o voto que o feu Cabido, e toda a Cidade
de Évora fizera ao Santuário da Senhora de
Guadalupe por ter fufpendido o fatal açoute
da pefte, oíFerecendolhe huma caçoula de
prata em que eílá gravada efta Infcripçaõ.
Capittilum, Senatus, populus Elvorenjts pro fervata
ã grajfante pejiilentia Urbe anno 1599. votum
Virgini Jolvit anno 1604. Ao feu incanfavel dif-
velo encomendou o Arcebifpo defta Diocefe
D. Theotonio de Bragança o novo regimento
do Coro, e das diílribuiçoens das Horas Canó-
nicas. Naõ foy menor o feu cuidado quando
por morte deíle Prelado foy eleito Governador
do Arcebifpado obfervando fempre inviolá-
vel a juftiça em todas as fuás acçoens de que fe
feguia grande reforma no Effcado Ecclefiaítico
introduzida menos à impulfos da feveridade,
que da clemência. Chegado à noticia de Filippe
II. de Portugal o grande talento que tinha
para negócios politicos o nomeou Agente
na Cúria Romana de cujo miniílerio fe efcu-
fou por huma carta diólada pelo defengano.
e defprezo das honras mundanas que alta-
mente eílava radicado no feu coração, e para
totalmente fechar a porta à menor inquietação
do feu efpirito renunciando o Chantrado de
Évora em feu Sobrinho Manoel Severim de
Faria fe recolheo, no Convento de Scala Cali
de Monges Cartuxos fituado pouco diílante
da Cidade de Évora, a 25. de Janeiro de 1610.
onde entre o horror, e filencio do Clauílro
fervia de exemplar aos profeflbres de taò
auílero Inílituto. Ao terceiro anno de pro-
feíTo foy eleito Prior do Convento de Laveiras
junto de Lisboa ao qual com donativos de
diverfas peffoas illuftres, e devotas ampliou
com edificios novos. Por fer taõ conhecida a
fua benevolência para o governo, e pru-
dência para a reforma foy mandado no anno
de 161 5. pelo Geral da Ordem D. Bento
de Affligens vifitar as Covas de Salamanca,
e o Convento de Miraflores junto da Cidade
de Burgos deixando aos Monges documen-
tos admiráveis da fua religiofa obfervancia.
Reftituido ao Reyno foy Prior do Convento
de Évora onde erigio o magnifico pórtico
da Igreja; fechou o Clauftro grande, e abrio
huma fonte de agua taõ pura como copiofa.
Cheyo de merecimentos praclicados pelo
difcurfo de 56. annos, e naõ de 66. como
efcreve Jorge Cardofo Agiol. l^ufit. Tom. 2.
pag. 440. dos quaes quafi 16. viveo na Reli-
gião, paflbu da vida mortal à eterna a 5. de
Abril de 1625. Para a fua fepultura em que
também jàz Manoel Severim de Faria lhe
compoz o feguinte epitáfio.
Ccelum animum, corpus rapuit Cartbufia,
tandem hic
Umbra patet tanti, fed Jatis umbra viri.
Louvaõ a fua memoria o Illuílriflimo Bifpo
de Targa Fr. Thomé de Faria Decad. i. Part.
lib. 10. cap. 41. Moritur jam faculo mortuus,
vivit in calis, ttt par eft credere, cujus converjatio
ibi erat dum fuperjles effet tranquillamque Jua-
vijfimam ac caleftem vitam cum Jociis tranfi-
gebat. Nicol. Agoft. Vid. de D. Theoton. de
Brag. cap. 5. com grande exemplo de virtudes,
e defprezo do mundo deixando fuás dignidades,
e tantas rendas fe recolheo na Cartuxa. Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 160. col. i.
Latine admodum difertus, Gallice, ac Italice
doãus, politicarum rerum non mediocriter gnarus.
L USITANA.
481
Morcry Diccion. Hijloriq. Vcrb. Faria {BafUé)
Compoz.
Vida do Patriarcba S, Bruno Fundador
da KeligiaÕ da Cartuxa. Lisboa por Domin-
gos Lopes Roía. 1649. 4* ^^ ^* ^*f'
€urJo do vaò temor da morte, 9 desejo da vida,
t reprit(entafaÕ da Gloria do Ceo, Tradução
de Caíleihano de Pedro de Valles.
Reffmento do Coro da Cathedral de Évora.
M.S.
Livro das Dijhibtàçoens quotidianas da me/ma
em 3. Tom. no qual fe vò como era douto
fia Arithmetica. M. S.
Arte Latina com preceitos breves para fe
aprender com mqyor facilidade M. S.
Arte da lingm Fortunfte^^a, a qttal compara
com as outras lingtms. M. S.
Advertências dos meyos mais efica:^es, e con-
venientes que há para o de^^empenho do Matrimo-
nio Rea/, e rejlauraçaõ do bem politico defies
Rejnos de Portugal fem oprejfaõ do povo, e comum
utilidade de todos, cuja i. Parte foy acabada
no anno de 1607. M. S.
Tratado em que mojlrava ter achado a Qua-
dratura do Circulo M. S.
Tratado de moedas aníiguas fobre o Capitulo
das Ordenaçoens Velhas. M. S.
Relação certa da Cahida do monte de Santa
Catherina em Lisboa com tret^entas cafas fem
perigar peffoa alguma fucedida em 28. de Julho
de 1597. No fim eílaõ muitos verfos do
Author. M. S.
Vidas de alguns Varoens illujires em virtude
com hum Sumario da Hijloria da Cartuxa. M. S.
Eíla obra como diz Cardofo no lugar aíTima
allegado, ficou imperfeita comprehendendo
fomente o governo de 12. Geraes.
Tratado das Ceremonias da Aíijfa M. S.
A mayor parte deílas obras fe confervaõ
na Livraria do Excellentiflimo Conde do
Vimieiro que foy do Chantre de Évora Manoel
Severim de Faria Sobrinho do Author delias.
Fr. BASÍLIO DE S. FRANCISCO.
Naceo em a notável Villa de Santarém fendo
feus Pays António Dias da Franca, e Lucré-
cia Nunes. Deixada a Pátria, e o Mundo
paíTou a Itália, e no Convento Tufculano
de S. Sylveftre recebeo o Habito de Car-
melita Defcalço a 24. de Julho de 161 8.
36
Dcfejoío de promulgar o Evangelho oz
Perfia alcançou faculdade dos Supedoies, e
foy abundante o fruto, que colheo com as íuas
declamações em taõ dilatada vinha. Que-
rendo o Geial da Ordem, que fe edificane
hum Convento em BaíTori fíttiada na Ará-
bia Deferta, e fe converteíTcm ao grémio da
Igreja Romana os Chriíbiòs, que fe intitu-
lavaõ de S. Joaõ o chamou em o anno de
1625. do Convento de Afpaò onde a/TiíUa,
e foy eleyto para Capitan (faõ palavras de
Pr. Francifco de Santa Maria na Chron. de
los Carmel De/calf. Tom. i. Lib, j. cap. 46.
n. 31.) defia grandiofa ha^aiia el P. Fr. Bajilio
hombre de tan grande coraçon que parece haver fido
defiinado de la alta providencia para vencer impof-
fibles. Naõ foraõ pequenos os de que triumfou
a conílancia do feu animo padecidos por mar,
e terra domeíUcando a ferocidade dos Mouros,
e atrahindo fuavemente a vontade do Baxà de
Baííorà, que lhe concedeo ampla faculdade
para erigir o Convento, que governou pelo
efpaço de 13. annos fendo o primeiro, que
naquelle lugar celebrou o incruento Sacrificio
do Altar, e explicou os dogmas da Religião
Chriílãa em três idiomas Perfiano, Arábico, e
Turquefco, moílrando-fe na participação da
multiplicidade das linguas verdadeiro fucceíTor
dos Heroes do Apoílolado. Voltando a Roma
para affiíUr no Capitulo Geral celebrado no
anno de 1 644. depois de fer Prior do Convento
Catanfarenfe na Calábria foy nomeado Prior
do Monte Carmelo, hum dos feus primeiros
Refiauraàores, e Jegundo Prelado delle, como
diz Fr. Joaõ do Sacramento Chron. dos Carmel.
Defcalç. da Prov. de Portug. Tom. 2. Liv. 5.
cap. 27. Neíle fantificado domicilio, que fora
o Oriente de fua Religião teve o feu Ocafo
a 29. de Dezembro de 1654. cujas virtudes
efcreveraõ compendiofamente Fr. Joaõ Chry-
foftomo do Menino Jefus feu ConfeíTor,
Fr. Lud. à D. Theref. Annal. Gallic. Cap. 118.
pag. 619. Fr. Martial. à S. Joan. Bapt. Bibliot.
Script. utriufque Congreg. <& Sex. Carmel.
Excalc. Pag. 45. Faria Afia Portug. Tom. 3.
Part. 4. cap. 2. n. 15. Fr. Profper. do Efpirito
Santo Relaç. da Perf. e modernamente o
P. Ignac. da Piedad. Vafconcel. Hifi. de
Santar. Part. 2. Liv. 2. cap. 30. Compoz
em Italiano.
482
BIBLIO THECA
Re/açaõ hijlorica da Fmdaçaõ do Convento
de BaJJorá ejcrita a z. de Fevereiro de 1636.
a qual fendo dedicada ao EminentiíTimo
Cardeal Barberino, eftava prompta para a
ImpreíTaõ pela deligencia de Diogo Lopes da
Franca Irmaõ do Author. Foy tradufida em
Portuguez por outro feu Irmaõ o Licenciado
Miguel da Franca Presbytero de vida exem-
plar aíTiliente em Lisboa, a qual communicou
a Joaõ Franco Barreto como elle afirma na
Bib. Portug. M. S.
D. BASÍLIO DE SANTA MARIA
Natural dos Arcos de Valdevez do Arcebif-
pado de Braga Cónego Regular de Santo
Agollinho cujo Sagrado Inílituto profeíTou
no Real Convento de Santa Cruz de Coim-
bra a 7. de Março de 1626. Foy bom Theo-
logo, e infigne Pregador do feu tempo. Mor-
reo a 17. de Setembro de 1685. Imprimio
Sermaõ no Prejlifo, que a Univerjidade de
Coimbra fa^ aos 7. de Junho para dar a Deos as
devidas graças pelo Nacimenfo do Serenijfimo
R^ o Senhor D. Joaõ o III. feu Injiifuidor. Coim-
bra por Diogo Gomes Loureiro 1641. 4.
Sermaõ pregado na Igreja do Rea/ Mof-
teiro de Santa Cru^ de Coimbra na ProciJJaõ,
que em dia de S. Sebajliaõ coftuma todos os
annos fat^er a Cidade. Coimbra pelo dito
ImpreíTor. 1642. 4.
D. BASÍLIO DA SYLVA natural de
Coimbra Irmaõ de António da Sylva Secre-
tario da Univerfidade da fua pátria Prior de
Villa-Boa do Bifpo em a Província de Entre
Douro, e Minho. Sendo Beneficiado da Paro-
chial Igreja de Saõ-Tiago de Coimbra defen-
ganado dos bens tranfitorios, e anhelando os
eternos recebeo em idade madura o Canónico
Habito de Santo Agoftinho no Real Convento
de Santa Cruz onde depois de fer Prior dos
Conventos de Villa-Nova do Porto, e de S.
Salvador de Grijò foy eleyto duas vezes por
uniforme acclamaçaõ dos Votantes Geral da
fua Canónica Congregação, a primeira no
anno de 1558. e a fegunda no anno de 1572.
em cujo governo obrou acçoens dignas de
eterna memoria. Amou extremofamente a
pobreza ordenando, que nenhum fubdito
tiveíTe pecúlio particular, mas comum. Repre-
hendia com fumma liberdade a alguns abufos
que por inércia de feus anteceflbres fe tinhaõ
infenfivelmente introdufido com grave pre-
juízo da obfervancia regular. Para defender
os privilégios da fua Congregação fe oppoz
valerofamente contra a violência de podero-
fos emulos triumfando com fagacidade dos
feus temerários intentos. Ornou com pre-
ciofos paramentos o Templo de Santa Cruz
para o qual mandou fazer o Orgaõ pelo
infigne artífice Heytor Lobo. Foy igualmente
douto na Theologia Efcholaílica, que na
Myílica, cuja fublime doutrina aprendeo dos
Rusbrochios, e Kempis immortaes ornatos
do feu Canónico Inítituto. Todo o tempo,
que lhe reftava das occupaçoens de Prelado
o confumia na contemplação dos divinos
atributos nos quaes tanto fe elevava, como fe
delles fora já comprehenfor. Poftrado por
terra venerava com taõ ardente affeéto pelo
efpaço de muitas horas a Chrifto Sacramen-
tado, que parecia eílar adorando a Divina
Mageílade patente, e naõ occulta com o veo
das Efpecies Sacramentaes. PaíTada a longa
idade de cem annos dos quaes 57. foy Reli-
giofo em o exercício de folidas virtudes partio
a receber o premio eterno a 17. de Abril
de 1597. Fazem deUe memoria Cardofo
Agiol. L,ujit. Tom. 2. pag. 616. e 621. no Cõ-
ment. de 17. de Abril. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 161. col. i. e D. Nicol. de Santa
Maria Chron. dos Coneg. Reg. Liv. 10. cap. 15.
€21. Deixou compoílo.
Tratado de Oraçoens, e Solilóquios para
antes, e depois da Comunhão. M. S.
Louvores do Santijfimo Sacramento. M. S.
Fr. BAUTISTA DE ALENQUER
cujo appelUdo denota a pátria em que naceo,
a qual diíla de Lisboa fete legoas. Rece-
beo a Cogula Cillercienfe no Real Convento
de Santa Maria de Alcobaça. Foy muito
inclinado à liçaõ dos livros afceticos cujo
fruto dezejando, que cedeíTe em beneficio
dos próximos tradufio da lingua Latina na
Portugueza.
Collaçoens dos Santos Padres compofias
pelo Abbade Joaõ Cajfiano. O original fe
conferva na Bibliotheca do Convento de
Alcobaça.
L USITAN A.
483
Fr. BAUTISTA DO CARVALHAL.
Naceo na Villa de Santarém, e foy filho de
António do Carvalhal, e Vitoria de Aguiar.
ProfeíTou o Habito da Illuílre Ordem da
SantiíTima Trindade no Convento de Lisboa
a 29. de Junho de 1)90. Aprendidas as fcien-
das de Filofofia, e Hieologia recebeo o gráo
de Bacharel neíla Faculdade em a Univerfi-
dade de Coimbra. Foy pelo prudente zelo
da regular obfervancia duas vezes Reytor
do Collegio de Coimbra, Prefentado, e Vifi^
tador Geral no anno de 1626. Falleceo no
lugar do Seixal fronteiro a Lisboa a ij. de
Junho de 1628. c foy fcpultado no Convento
ilcfta Corte. Deixou cfcrito
Cowpettdio de mortes, em que fe ejcrevem as
vidas brevemente dos Keligiofos da Santijftma Trin-
dade, e KedempçaÕ de Cativos da Provinda de Portu-
gal, que acabarão a fua vida debaixo da obediência
comutando o jugo da KeligiaÕ com o defcanjo da
' ■' I celejiial. Foi. M. S. O original, que
\ i aos, fe conferva na Livraria do Convento
de Lisboa. Continuou cila obra Fr. Ber-
nardino de Santo António da mcfma Reli-
gião.
P. BAUTISTA FRAGOSO. Naceo no
lugar da Alagoa termo da Cidade de Sylves no
Rcyno do Algarve em o anno de 1559.
Quando contava dezoito de idade deixando a
cafa de feus Pays Joaõ Ferreira, e Catherina
Fragoza abraçou o Inílituto da Sagrada Com-
panhia de JESUS no Collegio de Évora a 9.
de Janeiro de 1577. O engenho grande, de
que liberalmente o ornou a natureza, lhe fez
patentes em breve tempo as letras humanas
de que foy Meílre féis annos, e a Theologia
Moral que com grande applaufo do feu pro-
íundo talento diftou nas famofas Cidades de
Lisboa, Évora, e Braga. Naõ teve menor
capacidade para efpecular as dificuldades de
hum, e outro Direito em que foy infigne
como moílraõ os doutiffimos Volumes que
publicou em beneficio dos ProfeíTores de
ambas aquellas Faculdades, pelos quaes me-
receo os elogios de diverfos Efcritores como
faõ o P. Fagundes in lib. in Quinq. Pra-
cept. cap. 1. n. 18. chamando-lhe Vir pla-
ne noftra Societatis doãijftmus, Alegamb.
m Vit. P. Joan. Cardim cap. 15. pag. 105.
Vir Japientia prafians, Souíâ de Macedo
Eftf, e Ave Part. i. cap. 11, n. ij. Doutor
ciarijfimo. Ulhoa de Legfttis, & Fidei comit,
Diííert. 5. n. 2. Optime, «>• erudite Fragp:(p.
Franc. Mar. Prat. in Addit. aã Pajchal.dêvirib,
pátria Poteflat. in cap. 10. 5. Part. Viri fam
de nojlra legali Philofophia appríme meriti,
maximaque apud omnes authoritatis. D. Luiz
de Salvatierra Antheol. Jurid. foi. 98. v.**
n. 469. dodijfimo Jefuita Bib, Societ. pag. 105.
col. 2. Vir appríme doííus, ó^ júris tam divini,
quãm humani valde \ conjultus. Franco Imag.
da Virtud, em o Nov. de Epora. pag. 856.
Homem de innocentes cojlumes, e fabedoria
admirável; e no Anno Cior. S. J. in Lufit.
P^S* 57<^* ^' 2. docuit maffux fama Theolo-
giam Moralem, in hujujmodi fcientia aqua-
vit excellentes fui temporis, ôc in Sjnopf.
Annal. S. J. in iMJit. pag. 276. n. 10.
Sapientijftmi Magijlrí nomine quod tejlantur ejus
volumina in lucem edita. Nicol. Ant. Bib.
Hijpan. Tom. i. pag. 145. col. i. vir nojlra
hac atate litterarum, totiufque Júris Scientia mérito
eruditijfímos quofque è veteribus provocans,
Portug. de Donationib. Keg. Tom. i. lib. i.
cap. 2. n. 14. luitijftme, <& eleganter P. Fragoi(p,
e Tom. 2. hb. 5. cap. 28. n. 53. 56. e J9. o
P. António Leite da Companhia de Jefus na
Cenfura que fez ao i. Tom. de Rigimine
Keipublica diz com elegantes expreflbens em
feu applaufo Decocta maturitate veluti à Nejlore
fententia profluunt; nihil enim fenile Japit
judicium. Quandoquidem , <ò' Theoloffa libraia
examine, €>• utriufque júris trutina cajligata
plaudunt quajliones, Affattir Baldus, docet
Bartholiis, excutit Ulpianus, dirimit Pcuãus,
omnefque Juríjconfulti antiquioris avi pojitis exu-
viis novo dicendi genere fe mirantur efflorefcere.
Frugifero tuo labore utriufque litteratura Antifles
doãijfime inflar phcenicis Júris fenium revirefcit.
Ingenij lúmen, memoria facunditas, vetuftas recôn-
dita, profunda eruditio, rerum locupletata fupellex
quãm emineat, quám fe oflentet, nulla nonvoluminis
ad vitam beate traducendam pa^na decantai. Fon-
feca Fj^ora Glor. pag. 427. D. Franc. Man. na
Carta dos Author. Portug. efcrita ao Doutor
Manoel da Fonfec. Themud. Joan. Soar. de
Brito. Tbeatr. Lup. Utter. lit. B. n. 12.
Morreo no Collegio de S. Paulo de Braga
a 3. de Outubro de 1639. com 80. annos de
fii A.
484
BIBLIO THE CA
idade, e naõ 88. como efcreveo Nicol. Ant.
na Bib. Hifp. e 62. de Religião confervando
o juizo perfeito atè a ultima hora. Compoz.
Kegiminis 'Keipuhlica Chrijliana ex Sacra Theo-
logia, €>• ex utroque Jure ad utrumque fórum
coakjcentis Tomus primus, in quo qua ad Magif-
tratuum Civilium guhernationem , potejlafem, jurij-
diãionem, Ó' ohligationes pertinent, fufe expo-
nuntur. Lugduni Sumptibus Gabrielis Bouflat,
& Laurentij AniíTon. 1641. foi. & ibi apud
AniíTon. 1667. foi.
Kegminis Keipublica Chrijiianee ex Sacra
Theologia, d^ ex utroque jure (Ò'c. Tomus
2. qui Principum, ac Pajiorum Ecckjiajli-
corum ohligationes, ac jurifdi£tionem compleãi-
tur; ubi etiam multa de religiofa gubernatione
continentur. Lugd. apud Laurent. AniíTon.
1648. foi. & ibi apud eumd. Typ. 1668. foi.
Kegiminis Keipublicís Chriftiance (0'c.
Tom. 3. qui Mconomicam continet, ac Pa-
trum famílias in filios, et domeflicos, <& filio-
rum, ac domejlicorum in Parentes, ac Dominós
ohligationes explicat. Lugduni apud Philip-
pum Borde, Laurent. Arnaud, & Claud.
Rigaud. 1652. foi.
Eíles três Tomos fahiraõ reimpreíTos ter-
ceira vez. Colónias Allobrogúm fump-
tibus Marci Michaelis Bousquet, & Socior.
1737. foi.
Decijiones Bracharenfe. M. S. foi. Efta-
vaõ promptas com todas as licenças para
a impreíTaõ.
Fr. BAUTISTA DE JESU natural da
Villa de Alvito na Província do Alentejo.
Na idade da Adolefcencia profeíTou o Inf-
tituto da Sagrada Ordem da SantiíTima
Trindade em o Convento de Lisboa a 13. de
Novembro de 1547. e procedeo com tanta
edificação que foy hum dos doze Reli-
giofos mandados educar no Real Moíteiro
dos Cónegos Regulares de S. Vicente ex-
tramuros defta Cidade por ElRey D. Joaõ
o IIL debaixo da difciplina de D. Francifco
de Mendanha Prior daquella Real Cafa
para reformar a Religião Trinitaria, e re-
duzilla à fua primitiva obfervancia. De taõ
virtuofa educação fahio de tal modo con-
fumado em todo o género de virtudes, que
foy depois da Reforma o primeiro Miniftro
dos Conventos de Santarém, e Cintra, e Rey-
tor do Collegio de Coimbra até fubir ao lugar
de Provincial que para teftemunho da fumma
prudência, e grande vigilância com que o
exercitava, foy nelle trez vezes eleito a pri-
meira no anno de 1564. a 2. em 1570. e a 3.
em 1576. Sendo o principal Inftituto da fua
Religião refgatar os Cativos do duro poder
dos Bárbaros procurou com grande difvelo
libertar todos os Portuguezes que gemiaõ
em taõ miferavel eítado fazendo para eíle fim
dous refgates, executando o primeiro no anno
de 1565. pelo V. P. Fr. Roque do Efpirito
Santo, e Fr. Manoel de Santa Maria em que
foraõ reftituidos à liberdade duzentos, e trinta
cativos dos Reynos de Fez, e Marrocos, e o fe-
gundo no anno de 1579. P^^ F^* L^ ^
Guerra, e Fr. Francifco do Trocifal em
Tetuaõ donde foraõ libertados cento, e dezafeis
Chriliaõs. Pelas religiofas virtudes de que era
ornado mereceu a eftimaçaõ dos Princepes do
feu tempo, efpecialmente do Cardial D. Hen-
rique que muitas vezes lhe efcrevia. Falleceo
no Convento de Lisboa a 30. de Mayo de 1 591.
proferindo eílas palavras, que continuamente
repetia Spes mea Chrijlus Jefus, as quaes man-
dou efculpir na Campa da fepultura. Fez
huma Colleçaõ das Bulias Pontificias, e
Alvarás Reais concedidos à Religião da San-
tiíTima Trindade, a que poz por Titulo.
Pulcher 'Libellus. Sem lugar nem anno
da ImpreíTaõ, pofto que Nicol. Ant. in Bih.
Hifp. Tom. I. pag. 145. col. i. efcreva que
fora impreíTo em Lisboa.
Fazem mençaõ delle Cardof. Agiol. Lfí-
fit. Tom. 3. pag. 459. e 468. no Comment.
de 30. de Mayo. Fr. Pedro Lopes de Altu-
na Chron. Ger. da Ord. liv. 2. pag. 220. Fr.
Bernardin. à D. Ant. Epitom. Redempf.
lib. 2. cap. 8. §. 3. e cap. 10. §. 2. Joan.
Soar. de Brito Theatr. L^fit. Utterat. lit.
B. n. 13.
BAUTISTA RABELLO Presb>tero
do Habito de S. Pedro. Naceo na Fregue-
zia de S. Joaõ de Villa Chàa termo da Vil-
la da Barca do Arcebifpado de Braga onde
teve por Pays a Domingos Rabello, e Maria
Ferreira Lavradores honrados. Foy or-
nado de todas as virtudes que conflituem
1
LUSITANA.
485
WK?
bum perfeito Ecclefíaítíco pelas quies quando
occupava o lugar de Capellaô do Convento
de N. Senhora dos Remédios de Carmelíus
Dcfcalças fituado na Gdade de Braga paíTou
a lograr o premio eterno a ). de Mayo de 1755.
quando contava 55. annos de idade. Publi-
cou.
Ktftmio de Tbeologia Myftica, Lisboa
por Pedro Ferreira. 1728. 8.
Defpertador quotidiano para ter bons
dias. Lisboa por António Pcdrofo Galraõ.
1751. 12.
hemhrança da boa morte.
BELCHIOR DO AMARAL. Cavalleiro
profcíTo da Ordem militar de Chrifto, natural
de Lisboa filho do Doutor Francifco Diaz do
Amaral Dc2cmbargador do Paço, c muito
aceito à Mageílade da Rainha D. Cathcrina
mulher dclRcy D. Joaõ o IIL Eftudou na
Univcrfidadc de Coimbra a Jurifprudcncia
Qvil em que fez taes progreflbs o feu felix
gcnho que recebido o gráo de Doutor ncfta
Faculdade paíTou a exercitar praticamente
o que ncUa tinha efpeculado a fua incanfavel
applicaçaõ, ou fendo Senador na Cafa da
Supplicaçaõ de que tomou poíTe a 4. de
Dezembro de 1 5 64. ou de Corregedor da Corte,
e ultimamente de Dezembargador do Paço.
Nas Cortes celebradas em Lisboa a 30. de
Janeiro de 1583. em que foy jurado SucceíTor
defta Coroa o Princepe D. Filippe filho de
Filippe Prudente orou como Procurador
da mefma Cidade, em nome do Eílado Secu-
lar. Foy igualmente perito na Poefia Latina,
que na fciencia legal como metricamente def-
creve Pedro Sanches in Epijl. ad Ignatium
de Moraes.
Et nos Te mérito miram/zr candide Amaral
Munere Pratoris, qui fulgens Regis in Aula;
Et qtiamvis, nec você reos, nec fronte minaci
Terres, fed blande exerces tua munia vultu
Te tamen, afque tuos fafces, (& peãora fleãi
Ne/cia, nec prece, nec lacrymis timuere no-
centes
Ni doãa Italicus foluiffet Silius ora
Carmine tu poteras Cannas ceciniffe cruen-
tas
Ardentiy et Paulum generofo fanguine fer-
ram
Fadatittm, Ó^ torvo obtutu, quem Lentului
ultrò
O ff erre t quo terga fufff commitere poffet
Quaàrupedem contemnentem ne Pana videret
Affiti/ia magjtanimum fugientem pralia Paulum.
Morreo em Lisboa a 21. de Setembro
de 1606. com 80. annos de idade, jaz m>
Convento de S. Francifco. Foy cazado com
D. Anna de Abreu.
Compoz.
OrafaÕ no Juramento do Princepe D.
Filippe filho de Filippe Prudente no Aão
das Cortes celebradas em Lisboa a 50. de
Janeiro de 1583. Sahio Imprefla nas Cor-
tes celebradas na Villa de Thomár em o
anno de 1)84. foi. fem nome do ImpreíTor»
nem lugar da Impreííaõ. Começa a Oraçaõ.
Em taõ grande Sentimento &cc.
Concilium malignantium. Inveétíva con-
tra os Cathedraticos de Coimbra na ocaíiaô
que julgarão a Cadeira a Pedro Barbofa
que fe oppoz com o celebre Jurifconfulto
Álvaro Valafco. começa
Trijlia terribili ver/u parat arma Charontis
Prodere Calliope &c.
Coníla de 200. verfos.
Outra obra poética em applauzo da
Chronologia Sacra, feu ratio Temporum com-
pofta por Fr. Nicolao Coelho do Ama-
ral Religiofo Trino que fahio impreíTa Co-
nimbricas apud Joan. Barrerium Typ. Reg.
1554. Começa.
Accipe fudantem facra compáge laborem
EJl di^us raro rarus honore coli. &c.
BELCHIOR DE ANDRADE LEY-
TAM natural de Lisboa Cavalleiro profeíTo
da Ordem de Chrifto, Fidalgo da Cafa de Sua
Mageftade Efcrivaõ dos Filhamentos, e The-
foureiro da Cafa Real filho do Dezembarga-
dor Joaõ de Andrade Leytaõ Corregedor do
Crime da Corte, e Cafa, e de fua molher D.
Catherina Maria Quifel. Foy pio, e devoto,
urbano, e affavel, e fummamente uerfado
na liçaõ da Hiftoria profana, de que teve huma
copiofa Livraria com muitos eftimaveis M. S.
No eftudo da Genealogia foy muito inftruido
efcrevendo por ordem alphabetica com inda-
gação critica.
Familias do Keyno de Portugal.
486
BIB LIO THECA
Acrecentando nellas muitas noticias parti-
culares extrahidas dos livros dos Filhamentos
<le que era Efcrivaõ como affirma o P. D.
António Caetano de Souf. no Apparat. à
Hiji. Geneal. da Cafa Real Por/ug. pag. i6i.
§. 197-
Morreo em Lisboa a 12. de Mayo de
1717. e eílà fepultado na Igreja do Convento
da Madre de Deos de Religiofas Francif-
■canas extramuros deila Cidade.
Fr. BELCHIOR DOS ANJOS natural
de Lisboa Eremita Auguftiniano cujo habito
profeíTou no Convento de Goa no anno de
1587. Pela prudência, de que era ornado foy
mandado no anno de 1608. Embaxador à Períia
pelo Vice-Rey do Eílado D. Joaõ Pereira
Conde da Feira onde obrou acçoens que tefte-
munharaõ a fua fidelidade em obfequio da
Naçaõ Portugueza. AíTiiHndo na Corte de
Madrid no anno de 1643. o nomeou feu Prega-
dor a Mageftade de Filippe IV. Efcreveo.
Hijioria do Martyrio de Fr. Nicoláo de
Mello; e Fr. Guilherme de Santo Agojiinho
com a Relação das coujas notáveis que na Perjia
Ji^eraõ os Keligiofos de Santo Agojiinho pelo
£fpaço de quator^e annos. Compofta em Afpaõ
<i 20. de Fevereiro de 161 6. Confta de 23. Capí-
tulos, e fe conferva na Livraria do Convento
da Graça de Lisboa.
Relação da Jornada que fe^i à Índia D.
Garcia da Sylva Embaxador da Perjia. foi.
M. S. Conferva-fe na Bibliotheca delRey
Catholico como efcreve o moderno addi-
cionador da Bib. Orient. de António de Leaõ
Tom. I. Tit. 3. col. 54.
Fr. BELCHIOR DE SANTA ANNA
<:hamado no feculo Belchior Corrêa. Naceo em
o lugar do Garajal da Província da Beira em o
Bifpado de Lamego em o anno de 1602. e teve
por Pays ao Doutor Gafpar de Soufa, e a D.
Maria Corrêa, e por irmaõ a Gafpar Pinto Cor-
rêa Cónego de Barcellos excellente Poeta
Latino, e fingular humaniíla de quem fe fará
memoria em feu lugar. Aprendidos os primei-
ros elementos que facilitaõ o eíludo das fcien-
cias defprezou as vaidades do mundo na flo-
rente idade de quinze annos recebendo o habito
de Carmelita Defcalço no Convento de
Lisboa a 9. de Fevereiro de 161 7. e profeíTou
folemnemente a 11. do dito mez do anno
feguinte. Nefta penitente, e douta efcola taõ
grandes foraõ os progreíTos que fez nas vir-
tudes, como nas letras, e para fugir aos applau-
fos que delias lhe podiaõ refultar pedio com
repetidas inílancias aos Prelados que o man-
daíTem para o dezerto de Batuecas em cuja
afpera folidaõ viveo algum tempo com exem-
plar edificação dos anachoretas que neEe
habitavaõ, porém confiderando prudente-
mente os Superiores que era prejudicial à
Religião naõ occupar o feu grande talento
em o exercício de Meílre o nomearão Lente de
Artes para o Collegio de Figueiró donde paíTou
para o de Coimbra a didar Theologia pelo
efpaço de doze annos com igual efplendor do
feu nome que fruto dos feus ouvintes. Como
era profundamente verfado naõ fomente na
Hiftoria Sagrada, mas em a univerfal do Reyno
de Portugal, e particular da fua antigua Reli-
gião o elegeo o Provincial Fr. André da An-
nunciaçaõ Chroniiia deíla Província em cujo
aíTumpto dezempenhou o alto conceito que fe
tinha formado do feu talento para femelhante
obra, aíTim na inveftigaçaõ das noticias, como
na verdade da Chronologia, e elegância do
eílilo. Foy Confiliario da Província, Prior do
Convento de Adolhalvo, e Reytor do Collegio
de Coimbra onde naõ tendo chegado a gover-
nar anno, e meyo falleceo a 9. de Novembro
de 1664. com 63. annos de idade incomple-
tos, e 47. de Religião. Faz delle honorifica
memoria Fr. Martial. à D. Joan. Baptiíl.
in Bib. Carmel. Excalc. pag. 294. Compoz.
Chronica de Carmelitas Dejcalços particular
do Rejno de Portugal, e Provinda de S. Filippe.
Primeiro Tomo. Lisboa por Henrique Valente
de Oliveira. 1657. foi.
Hijioria Portugue;(a dejde o Nacimento de
Chrijlo até os nojjos tempos. 7. Tom. M. S.
Defta obra fazem mençaõ Joaõ Franco Barreto
na Bib. Portug. M. S. e Joaõ Soar. de Brito
in Theatr. L.ujit. Utter. lit. B. n. 23. efcrevendo
ambos que feu Author lhes affirmara a tinha
jà completa para a ImpreíTaõ.
D. BELCHIOR BELLIAGO Natu-
ral do Porto, e bautizado na Freguezia
de S. Nicolào deíla Qdade filho de Joaõ
LUSITANA.
487
Alvarez Belliago ETctivaÕ da receita da Alfan-
dega, e de Qtherina Alvarez de G>uro8 filha
de Álvaro Rodrigues de Couros. Entre os
talentos grandes que ElRey D. Joaõ o III.
mandou eíhidar à Univeríidade de Pariz foy
hum delles pela conhecida viveza de engenho
que nos primeiros annos logo defcubrio,
fazendo taes progre/Tos aíTtm em as letras ame-
nas, como feveras, que mereceo fer dos infí-
gnes Meílres que illuílraraõ a Athenas Conim-
briccnfe, onde naõ fomente leo Humanidades
fendo nefta Cadeira feu anteceíTor Ignacio de
Moraes, c fuccflbr o grande André de Rcfcndc,
mas fer Meílre de Filofofía em o anno de 1 548.
revelando com tal agudeza os myfterios da
Efcola Peripatetica que das fuás inílruçoens
paíTaraõ os difcipulos a fer Cathedraticos.
Na Cadeira de Thcologia que rcgcntou fendo
ainda Bacharel nas Vacaçoens do anno de 1 5 54.
foy venerado por Oráculo defta Princeza de
todas as Faculdades. Quando orava eftava toda
^ a Academia pendente da fua vóz admirando
HB^izmente unidas a elegância da fraze com a
■"pureza da Latinidade. Depois de fer Cónego
da Cathedral de Lisboa foy eleito Bifpo de
Fez para fazer os Pontificaes na Capella Real.
Hntre as fuás acçoens epifcopaes he digna de
memoria a Sagraçaõ da Igreja de N. Senhora
lo Paraizo defta Cidade feita em 9. de Mayo
li 4e 1562. Para evitar o contagio que fatal-
mente devaftava grande parte de Lisboa fe
retirou para a Amora lugar no termo da
Villa de Almada aonde ferido da fua vio-
lência acabou a vida a 19. de Outubro de
„ , 1569. Deixou por Teftamenteiro a feu fo-
I [ htinho Miguel Pereira de Miranda. Jàz na
Capella Mór da Parochia de N. Senhora de
Sion do lugar da Amora cuja fepultura cobre
huma grande pedra na qual por falta de
epitáfio fe lhe podem gravar eftes verfos que
à fua memoria dedicou Pedro Sanches in
Epiji. ad. Ignat. de Moraes em que elogiou
os Poetas Latinos de Portugal.
Quis Belliage Umm non defleat optíme Praful
Inter itum, cui prcsduras injecit acerba
Parca manus: ah qtianta bonis jaãura camanisl
Fazem mençaõ defte Prelado D. Ni-
col. de Santa Mar. Chron. dos Coneg. Keg.
liv. 10. cap. 15. n. II. pag. 302. Souf. Chron.
de S. Domingos. Part. i. liv. 3. cap. 30. D.
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. 2. pag. 95.
D. Thom. de Faria DecaJ. i. lib. 9. cap.
5. P. D. Manoel Caet. de Souía Catbah^
Hiflor. dos Hum, Poníif, 9 Cará. Ó^c, pag. 194.
Compoz.
De difciplinarum omnium Jlndiít ad ttniver-
Jam Academiam Conimbricenjem habita KaUndir
Oííobris 1J48. Conimbricac apud Joannem
Barrerium, 6c joannem Alvares Typog. tegíos
1548. 4. Dedicada a D. Joaõ Aflbnfo de Vaf-
concellos, e Menezes. Começa. Bene ac
Japienter KeHor amplijfme, PP. Sapientijftmi,
óptima fpei adolefcentes. Acaba Neminem acufate,.
nifi vos ipfos pojfttis.
De Dialeâica iiber. Conimbríca: apud Joan.
Barrerium, & Joan. Alvares. 1549. 4. Eíbi
obra que allega com o nome de Sumulas,
Jorge Cardofo Agiol. iMJitan. Tom. 3. pag.
323. no Commcnt. de 19. de Mayo fe allu-
cinou cfcrcvcndo que fe diélaraõ na Univer-
fidade de Lisboa pois fendo imprelTas na
anno de 1549. havia doze annos que a Uni-
verfídade fe tinha transferido defta Cidade
para a de Coimbra que foy no anno de 1537.
Do esforço, e animo dos Portuguev^es. Obra
compofta cm vcrfo Latino de que faz me-
moria Fr. Bernardo de Brito Mon. Ijufit.
Part. I. liv. 2. cap. 12. intitulando ao Author
Bifpo do Porto, equivocaçaõ em que cahi-
raõ outros Efcritores, fendo fomente titular
de Fez.
BELCHIOR BRAZ FRADE Cape-
lão delRey, e Meftre Efchola em a Ca-
thedral de Goa. Acompanhou ao lUuftrif-
íimo Primaz da índia Oriental D. Fr. Alei-
xo de Menezes na jornada, que fez em o
anno de 1599. ás Serras do Malabar para re-
dufir os Chriftlos chamados de S. Thomé
efcrevendo com grande curiofidade, e dif-
tinçaõ os fucceflbs, que nella obfervou com
efte titulo.
Itinerário de tudo o que paffou de/de que^
o Senhor Arcebifpo Prima^ D. Fr. A/eixa
de Meneses Jahio de Goa at>- que voltou a ejfa
Cidade. M. S.
Defta, obra confefla Fr. António de Gou-
vea Eremita de Santo Agoftinho no prologo-
defta Jornada, que largamente efcreveo, e
fe imprimio Coimbra por Diogo Gomes
488
BIBLIO THE CA
I^oureiro. 1606. foi. que extrahira muitas, e
particulares noticias para a fua compofiçaõ.
Do Author do Itinerário fazem memoria
António de Leaõ Pinello Bib. Ind. Orient.
Tit. 3. e Nicoláo Ant. Bib. Hifp. Tom. 2.
pag. 95. col. 2. perfuadido falfamente, que
o appellido de Frade havia fer Freyre.
D. BELCHIOR CARNEIRO. Naceo na
Cidade de Coimbra de Pays nobres quaes foraõ
Pedro Carneiro Leitaõ parente do Thauma-
turgo Portuguez S. Gonçalo de Amarante, e
Maria Nunes. Ao tempo, que na fua pátria era
applaudido pelas fciencias, que profeíTava,
defprezando a gloria, e os lugares honorífi-
cos, que ellas lhe prometiaõ fe recolheo na
Companhia de JESUS a 25. de Abril de 1543.
onde unindo o eíludo das virtudes ao das letras
fahio taõ confumado em humas, e outras, que
depois de fer o primeiro Reytor, que teve o
Collegio de Évora paíTando a Roma em com-
panhia do P. Meílre Simaõ Rodrigues o ele-
geo Santo Ignacio por feu Confellor, que
conhecendo experimentalmente a prudência
para o governo, e tolerância para os trabalhos
de que era ornado, foy o principal inílrumento
de que foíTe nomeado Bifpo de Nicea, e futuro
SucceíTor do Patriarchado de Etiópia. Nave-
gou para a índia ao primeiro de Abril de 1555.
em a Náo Saõ-Tiago de que era Capitão Fran-
cifco Figueira de Azevedo filho do Alcayde
Mòr de Benavente em cuja viagem exercitou
obras de ardente charidade em obfequio dos
paíTageiros até chegar a Goa em 10. de Setem-
bro do mefmo anno, e no Collegio de S. Paulo
deíla Cidade foy o primeiro Lente de Moral,
que inílruio aos feus domeíHcos. Na Cidade de
Cochim fe armou o feu zelo contra os fequazes
do Judaifmo moftrando-lhes com textos ex-
preíTos do Teílamento Velho a Divindade do
MeíTias, e a Trindade das PeíToas com unidade
da EíTencia, e refiftindo efta obftinada gente aos
clamores da fua voz evangélica foy ca ufa de que
naõ fomente muitos foíTem prezos, mas de que
fe introduziíTe na índia o Tribunal da Inquifi-
çaõ para total extinção dos defcendentes do
povo Ifraelitico. Com femelhante fervor apof-
tolico difcorreo pelas Serras do Malabar buf-
cando a Mar Jozé Bifpo Neíloriano, que efcol-
tado de dous mil Amoucos femeava entre os
Chriftãos de S. Thomé os fcifmaticos dogmas
de Alexandria para o convencer publicamente
da peftifera, e falfa doutrina, que enfinava, po-
rém receando o Patriarcha da Etiópia Joaõ Nu-
nes Barreto o inevitável perigo a que fe expu-
nha o chamou a Goa onde o Sagrou Bifpo de
Nicea a 1 5 . de Dezembro de 1 5 60. Depois de
Sagrado fez voto folemne de voltar para a
Companhia tanto, que o Pontífice lhe defle
faculdade. Sendo conílituido Bifpo da China, e
Japaõ pela Santidade de Pio V. no anno de
1567. com claufula de que fe naõ efeituafle a
MiíTão da Etiópia, como efta naõ refpondefle
às efperanças, que delia fe tinhaõ concebido na
Europa, foy obrigado a partir de Goa para Ma-
laca no anno de 1 568. fem lhe fervirè de obfta-
culo os graves achaques, que padecia. Chegado
a Macáo começou a governar a fua Diocefe
fendo o primeiro Bifpo do Japaõ, e China,
onde obrou acçoens dignas do officio paíloral.
Sufpirando pela quietação do feu Cubiculo
alcançou por intervenção do Geral Everardo
Mercuriano licença para renunciar o Bifpado,
e voltar fegunda vez para a fua amada Reli-
gião, onde viveo até 19. de Agoílo de 1583.
em que paíTou a lograr o premio da vida
immortal. Foy fepultado na Igreja da Compa-
nhia de Macáo fervindo-lhe de honorifico epi-
táfio os elogios, que fazem à fua memoria
Andrade Chron. delKey D. Joaõ o III. Part. 4.
cap. 120. Faria Afia Portug. Tom. 2. Part. 2.
cap. 12. n. 5. e Part. 3. cap. 3. n. 5. e Tom. 3.
Part. 3. cap. 23. n. 10. Gouve2i Jornad. do Arceb.
D, Fr. A/eix. de Men. Liv. i. cap. 7. Nadaf.
Ann. dier. mem. S. J. Part. 2. pag. 112. col. i.
Jarric. T&ef^. rer. Ind. Part. 2. Lib. i. cap.
19. e Liv. 2. cap. 22. Tanner. in Praf.
Societ. African. Godinho de Kebus Abyjfin.
Lib. 2. cap. 2. Tellez Chron. da Comp. da
Prov. de Port. Part. i. Liv. 3. cap. 21. Soufa
Orient. Conquift. Part. i. Conq. i. Divif. 2
§. 29. e 35. Part. 2. Conq. 4. Divif. 2
§. 14. 104. e 105. Franco Imag. da Vir/
do Nov. de Coimb. Tom. i. Liv. 2. cap. 8
e 9. e no Ann. Glor. S. J. in Ijufit. pag. 475
Fonfeca Ej^ora glorio/, pag. 340. D. Manoel Caet
de Soufa Catai, dos Sum. Pontif. Card. e Bijp
Portug. pag. 199. P. Pedro Franc. Xavier Charle-
voix Hiji. de l'~Etablijfem. e decad. dii Chriftianijm.
dans rEmpire du Japon. Tom. 2. pag. 273. e na
LUSITANA.
489
////?. à/ Japon, Tom. 2. pag. j. Efcrcvco.
Carfa ejcrita de Moçambique no amo de 1^)^.00
P. Geral em que relata a boa difpofifad que bá na
Ilha de S. lj)urenço para receber a Fé offerecmdo-Ji
para ejla Mijfam, e de Imma Vitoria qttt os
Port$égfíe!(es alcançarão dos Turcos na índia.
Carta efcrita de Goa a 24. de Dezembro
de IJJ7. ao Provincial dejia Provinda na qual fa^
menfaõ de que lhe ejcrevera no anno antecedente, e
narra a MiffaÕ que Jet:^ nas Serras do Malabar
para difpuíar com o tiijpo Nejloriano.
Eílas duas Cartas fahiraõ com outras ver-
tidas em Italiano Vcnctia apreíTo Michaele
Tramczzino. 1559. 8.
Carta efcrita de Macao a 20. de Novembro
de IJ72. ao P, Geral em que refere o fruto que
f^era no Japaõ, e das efperanças que fe tinhaõ
do que fe havia de colher na China. Vertida
cm Italiano com outras Roma por Francifco
Zarmeti 1378. 8.
Carta efcrita em o primeiro de Julho de
1 582. í7 D. Gonçalo Konquillo Governador das Fili-
ppinas em que relata como fora aclamado
em Macao pelos Portuguei^es Filippe II. Sahio
ImpreíTa na Hifloria dos Minijlerios Apoflolicos
de los Obreros de la Conpania de Jefus compoíla
pelo P. Francifco Colin, liv. 2. cap. 25. n. 23.
Deíla Carta, e do Author delia faz mençaõ o
moderno addicionador da Bib. Occident. de
António de Leaõ Tom. 2. Titul. 7. col. 641.
BELCHIOR DE CASTRO MACE-
DO Pela larga aífiftencia que teve nas ín-
dias Occidentaes como era dotado de viveza
de engenho aprendeo com os olhos, e com
a liçaõ dos livros as íituaçoens das fuás prin-
cipaes Provindas efcrevendo com noticias
juntamente Typograficas, que politicas a
feguinte obra que dedicou a D. Joaõ da Cunha
Preíidente de índias.
Defcripcion delas Provindas dei Peru,
Tierra Firme, Chile, j otras; y dei modo
con que deven gobernarfe. M. S. foi. De
cuja obra, e Author nos dà noticia o mo-
derno addicionador da Bib. Occid. de Ant.
de Leaõ Tom. 2. Tit. 51. col. 810. affirmando
conferv^alla na fua Livraria.
Fr. BELCHIOR DA CONCEYÇAM cha-
mado no Século Belchior de Soufa naceo em a
Villa de Mondim Comarca de Villa-Real do
Arcebifpado de Braga, e foy filho de Joaõ
Gonçalve2, e Maria Francífca peíToas princi-
paes deíbi Villa. Eíhidou Grammatica na
Cidade de Lamego aíTiílindo em Cafa de feu
Tio Clemente Gonçalves Carneiro Cónego
deíla Cathedral. Dezejofo de augmentar a fua
pcíToa, deixou a pátria, c paíTando a Lisboa
aííentou praça de Soldado donde partio para
o Alentejo, porém naõ fatisíeito da vida
militar teve induílria de fe reílituir á fua pátria,
c dezenganado do mundo pertendeo o Habito
de Carmelita Defcalço o qual profeíTou em o
Convento de N. Senhora dos Remédios deíla
Corte a 15. de Dezembro de 1667. Paliados
dez annos de profeíío fe retirou para o Dezerto
do Buífaco com refoluçaõ de permanecer
neíla folidaõ toda a vida, porém depois de
aífiílir nella vinte, e trez mezes perfuadido das
inílancias de Fr. Joaõ de Jefus que convocava
Miflionarios para o Reyno de Angola preferio
o laboriofo miniílerio de operário Evangélico
à tranquillidade que gozava em Buífaco.
Partio de Lisboa para Angola a 5. de Abril de
1676. em Companhia do Governador, e
Capitão General daquelle Reyno Ayres de
Saldanha, e chegou felizmente à Gdade de
Loanda a 20. de Agofto do dito anno donde
ao principio de Fevereiro de 1677. paíTou às
terras de Sova Bamgo-Aquitamba fendo rece-
bido com grandes demonftrações de alegria
por aquelles bárbaros que por fua direcção dei-
xarão os fuperfticiofos coíhimes que praéHca-
vaõ, e edificarão hum Templo em que fe ado-
rava o verdadeiro Deos. Era incanfavel no
miniílerio apoílolico atrahindo com a efficacia.
das fuás vozes inumeraueis Gentios ao grémio
da Igreja Romana bautizando em huma occa-
fiaõ 500. e outra 900. dif correndo pelo efpaço
de doze annos fem interpollaçaõ pelos preíi-
dios de Mafangano, Ambaça, e das Pedras, de
cujo trabalho colheu copiofos frutos. Ex-
ercitou o officio de Capitão Mór em hum
exercito de fetecentos Soldados brancos,
e vinte mil negros para caftigar a rebeldia
de alguns Potentados contra a Coroa de
Portugal. No armo de 1694. paíTou a eíle
Reyno trazendo huma authorizada certi-
dão do Governador de Angola Gonçalo da
Coíla de Menezes da qual conílavaõ os he-
490
BIB LIO THE CA
roicos ferviços que tinha feito em obfequio
da Fé, e deíla Monarchia. Certificado El-
Rey D. Pedro II. do zelo com que promovera
os augmentos da Religião lhe infinuou fer
feu goílo que paflaíTe outra vez a cultivar
aquella vinha, cuja empreza aceitou com
prompta obediência. Voltou terceira vez para
Angola onde continuou com igual fervor
as fuás apoftolicas MiíToens até que acabou
a vida em taõ fagrado miniílerio. Efcreveo.
Kelaçaõ da primeira Mijfaõ que fe^ pelos
Rejnos de Angola, e do que lá obrou Deos Nojffo
Senhor por meyo de fua ajjijlencia nos certoens, e
desertos de fuás Conquijlas em ordem à converfaÕ
daquelles Gentios. M. S. 4.
Kelaçaõ que fei^ na Jegunda Viagem de Angola
em ferviço de Deos, e bem de fuás almas em o anno
de 1692. M. S. 4.
Breve relação da vida, e morte do fervo
de Deos o Irmaõ Francifco da Natividade
Keligiofo Carmelita Defcalço companheiro
pelo efpaço de do^e annos das fuás Miffoens
do Gentio do Kejno de Angola. M. S. 4.
Todas eítas três obras fe confervaõ na Li-
vraria do Convento dos Remédios deíla Corte.
BELCHIOR CORNEJO natural de
Lisboa, e filho de Balthezar Cornejo Guarda-
repofta da Rainha D. Catherina mulher delRey
D. Joaõ o III. Foy hum dos famozos talentos
que illuftrou a Univerfidade de Coimbra onde
recebendo o gráo de Doutor na faculdade de
Direito Pontifício, leo huma Cathedrilha de
Cânones em que foy provido a 8. de Outubro
de 1547. e deita palTou à Cadeira de Decreto
em 9. de Julho de 1555. e a regentou até o
anno de 1560. Naõ foy menos infigne em a
noticia das letras humanas, e fciencia da lingua
Latina cujos preceitos obfervou com igual
elegância, que pureza. Do mefmo applau-
fo foy acredora a fua grande eloquência,
quando orava, ou foíTe na occafiaõ que re-
citou a Oraçaõ fúnebre nas Exéquias que
no anno de 1557, dedicou a Univerfidade
de Coimbra a ElRey D. Joaõ o III. feu au-
guílo Fundador, ou na folemne Embaxada
que ElRey D. Sebaíliaõ mandou ao Con-
cilio Tridentino por Fernaõ Martins Maf-
carenhas, em cujo venerável CongreíTo por
fer Secretario da Embaxada fez a Oraçaõ
obediencial a 9. de Fevereiro de 1562. com
tanta facúndia, e reprezentaçaõ que arrebatou
a atenção de todos parecendo-lhes que tinha
renacido TuUio, ou Demofthenes. Foy Prior
da Igreja de S. Pedro do Souto no termo da
Villa da Covilhãa Bifpado da Guarda de que
tomou poíTe a 5. de Dezembro de 1558.
Publicou.
Oratio habita Serenijftmi Portugallia,
Algarbiorumque Regis Sebafliani nomine in Concilio
Tridentino die 9. FebruariJ 1562. unã cum refpon-
fione Sandia Sjnodi. Ripas ad inílantiam Petri
Antonij Alciatis. 1562. 4. e Lisboa por Jozé
António da Sylva Impreflbr da Acad. 1737. 4.
nas Mem. Hijlor. delRej D. Sebajl. liv. i. cap. i.
n. 7. Traduzida em Portuguez pelo Doutor
António Pinheiro, cuja tradução eftà impreíTa
nas ditas Memorias n. 8.
BELCHIOR ESTACO DO AMARAL
natural de Évora, e muito experimentado na
fciencia Náutica pelas muitas Viagens maríti-
mas que fez, efcrevendo com grande curiofi-
dade a obra feguinte que dedicou ao Serenif-
fimo Duque de Bragança D. Theodofio 2.
com eíle titulo.
Tratado das batalhas, e fuceffos do Galiaõ Saõ~
Tiago com os Olandeí(es na Ilha de Santa Elena, e da
Náo Chagas com os Ingleses entre as Ilhas dos
AJfores ambas Capitanias da Carreira da índia,
e da caufa, e defaflres porque em vinte annos fe per^-
raõ 38. Náos delia. Lisboa na Officina de An-
tónio Alvares 1602. 4. e na Hijl. Tragico-
-Maritim. Tom. 2. defde pag. 441. até 538.
Fazem mençaõ deUe António de Leon
Bib. Orient. Tit. 13. e Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Tom. 2. pag. 98.
BELCHIOR FEBOS natural de Lis-
boa donde paíTando a Coimbra fe applicou
ao eíludo do Direito Cefareo fendo difcipu-
lo dos mayores Cathedraticos deíla Facul-
dade os Doutores Luiz Corrêa, Chriílovaò
de Azevedo, e António da Cunha de que
faz agradecida memoria nas fuás obras prin-
cipalmente no Tom. i. Decif. 15. n. 10.
Tom. 2. Decif. 161. n. 12. Recebido o grào
de Bacharel voltou para a Pátria onde fen-
do Advogado da Cafa da Supplicaçaõ patro-
cinou as caufas mais graves, e dificulto-
L USITAN A.
491
fas com igual fcienda, que integridade. Por
ler muito verfado no Direito praftico fup-
1^1 içou à Filippe IV. fe lhe deííe huma Cadeira
cm a Univerfidade de Coimbra com predica-
mento de grande em que explicaíTe a Ley
municipal do noíTo Reyno, ou ao menos
huma (Ic Leys por mercê, e expedindo ElRey
duas Provifoens em que fe incluyaò eftas
Supplicas refolveo o Clauílro da Univerfidade
a 27. de Janeiro de 1623. naõ fer neceíTaria,
nem conveniente a Cadeira de Pra£tíca, e que
para à de Leys naõ faltavaõ Medres na Uni-
verfidade que as regentaíTem. Morreo em
] jsboa a 8. de Julho de 1652. Jà2 fepultado
no Convento de S. Domingos. Joan. Soar.
de Brito in Theatr. Lujif. Litter. lit. M. n. 26.
o intitula nominatiffimtis J. C. D. Francifco
Manoel na Carta dos Author. Portug. efcrita ao
Doutor Thcmudo o numera entre os cele-
bres profcíTorcs da Jurifprudencia como tam-
bém Nicol. Ant. Bib. Hifpan. Tom. 2. pag. 99.
I Imprimio.
Decijiones Senattis Regni L^fi/ania in quihf/s
\jnu/fa qua in Controverfia qmtidie vocantur
ravijfimo illuftrium Sanatortim judicio decidtm-
\tur. Tom. i. UlyíTipone apud Petrum Crasb.
I1619. foi.
Tomus 2. ibi apud eumdem Typ. 1625.
foi. Efte tomo dedicou o Author ao Serenif-
Ifimo Duque de Bragança D. Theodoíio
[2. de quem fe confeíla muito favorecido.
Sahiraõ os dous Tomos UliíTipone fump-
Itibus Francifci de Soufa, & Antonij Leyte Pe-
Iteira. 1672. foi. Addicionados com eruditif-
fimas iiluílraçoês pelo Doutor Jozé dos
Sãtos Palma (de quem faremos mençaõ em feu
lugar ) fem expreíTar o feu nome. UlyíTipone
apud Jozéphum Lopes Ferreira Reginse. Typ.
1713. foi. 2. Tom. & Conimbricíe apud Fran-
cifcum de Oliveira Acad. Typ. 1756. foi.
Kepetitio ad L. Panthonius ff. de adquirenda
hareditate. Na DeciJ. 199. n. i. promete dar
brevemente à luz publica eíla obra.
BELCHIOR FERNANDES GATO natu-
ral da ViUa de Arrayolos na Província do
Alentejo, e dos celebres Poetas vulgares do
feu tempo deixando eternizada a memoria
da fua Mufa no Poema heróico que com-
prehendia 12. Cantos cujo argumento era.
"Ptftas, 9 Tomeyos do Sireniffimo Duqm ât
Brapm^a. como efcreve Joaõ Franco Barreto
na Rib, Portug, Aí. S. por informação do
celebre antiquário Manoel Severim de Faria*
BELCHIOR FERNANDES SOARES.
Naceo na Villa de Setúbal no anno de 1608.
fendo filho do Doutor Francifco Soares pro-
feííor de Medicina, e de Maria da Efperança.
Eftudou na Univerfidade de Coimbra Direito
Civil em que fahio eminente, e como tal mete-
ceo fer venerado entre todos os nuyones
Meílres defta faculdade. Foy na fua Pátria
Juiz dos Direitos Reaes, Ouvidor, e Chanceller
Mór das terras do Ducado de Aveiro, e
Miniílro deputado em Lisboa, para o ajuíle
da Paz de Olanda com eíla Coroa. Compoz.
Allegofad de Direito por o Senhor D.
Pedro fobre a SuceffaÕ do EJlado, Cafa, e
Titulo de Aveiro. Lisboa por Domingos
Carneiro 1666. foi. Sahio fem o feu nome
por deligencia de Bibiano Pinto da Sylva
Notário do Santo Officio.
AllegaçaÕ fobre o morgado de Oliveira. M. S.
Allegaçaõ fobre as pertençoens de D. Diogo
de Faro. M. S.
Peculium omnis Júris Civilis, quo duo-
decim mille, et ultra Leges comprehendun-
tur. M. S. foi. 2. tom. Ficou em poder de
Thomaz Pacheco de Sá.
P. BELCHIOR DE FIGUEYREDO
natural da Cidade de Goa Cabeça do Im-
pério Oriental Portuguez, onde abraçou o
Inílituto da Companhia de JESUS em o
anno de 1554. quando contava 25. annos
de idade. O primeiro theatro das fuás Mif-
foens ApoftoUcas foraõ as Ilhas Molucas
convertendo ao grémio da Igreja grande
numero de Brâmanes. Depois de inílruir
com os feus documentos aos Noviços em
Goa partio no anno de 1360. para o Japaõ
em cuja dilatada vinha derramou copiofos
fudores pelo efpaço de muitos annos ref-
pondendo o fruto à deligencia da cultura.
Naõ foraõ menos gloriofas as vitorias que
no Império de China alcançou da Gentili-
dade fendo a principal a converfaõ admirá-
vel de hum famofo Medico que contando
fetenta annos de idade era Sócrates nas vir-
492
BIB LIOTH E CA
tudes moraes, e Plataõ nas fciencias naturaes,
e Divinas, cuja doutrina ouviaõ na Cidade
de Macáo outocentos difcipulos ao qual pro-
curando para lhe dar a faude do corpo lhe
comunicou por efpecial favor do Ceo o remé-
dio da alma. No largo difcurfo deílas apof-
tolicas fadigas padeceo confiantemente graves
afrontas, e horrorofos perigos a que efteve
expoíla a fua vida pela malicia dos Bonzos,
e infidelidade dos Ladroens. Attenuado com
tantos trabalhos depois de fer Reytor do Col-
legio de Funay fe reílituhio a Goa para expe-
rimentar clima mais benigno à fua faude
afliâa com diverfos achaques, dos quais
fentindo por dez annos moleftiflimos, eífeitos
paliou a gozar do defcanfo eterno a 3. de
Julho de 1607. efcreveo.
Carta efcrita do Porto de Facunda a 22.
de Outubro de 1565 aos Padres, e IrmaÕs da Com-
panhia. Começa. Ainda que polas cartas de
todos nojfos carijfimos Padres, Évora por Manoel
de Lira. 1598. foi. Part. i. a foi. 203. v.o Ver-
tida em Caftelhano. Alcalá por Juan Iniguez de
Lequeriqua. 1575. 4. a foi. 238. v.<* e Coimb.
por Anton. de Mariz. 1570. 4. a foi. 531. v.o.
Carta efcrita do Cochinocu a 25. de May o
de 1566. aos Padres, e Irmaõs das Cida-
des de Sacay, e Bungo. Começa. De Xima-
bara depois daquella primeira monção &c. Évora
por Manoel de Lyra 1598. foi. a foi. 204. v.o.
Carta efcrita do JapaÕ a 13. de Setem-
bro aos Irmaõs da Companhia de JESUS
da índia. Começa. Depois que fe fi^eraõ os
Chrijiaõs de Ximabara. Évora por Manoel
de Lira 1598. foi. a foi. 224. v.o vertida
em Caftelhano. Alcalá por Juan Iniguez
de Lequeriqua 1575. 4. a foi. 161. e Coim-
bra por Ant. de Mariz. 1570. 4. a foi.
584. v.o.
Carta efcrita de Bungo a z-j. de Setem-
bro de 1567. Começa O anno paffado efcrevi
&c. Évora por Manoel de Lyra 1598. foi.
a foi. 242. v.o.
Carta efcrita de Bungo a 11. de Outu-
bro de 1569. aos Padres, e Irmaõs da Com-
panhia. Começa. O anno pajfado efcrevi do
Rejno de Bungo. Évora por Manoel de Lyra
1598. foi. a foi. 276. v.o vertida em Cafte-
lhano. Alcalá por Juan de Iniguez de Leque-
rica 1575. 4. à foi. 274. v.o.
Carta efcrita do JapaÕ a 21. de Outubro
de 1570. aos Padres, e Irmaõs da Companhia
de JESUS de Portuga/. Começa. Deos nojjo
Senhor por fua bondade infinita &c. Évora por
Manoel de Lyra 1598. foi. a foi. 296. Ver-
tida em Caftelhano. Alcalá por Juan Iniguez
de Lequerica. 1575. 4. foi. 280. v.o.
Carta efcrita de Vomura a 16. de Outu-
bro de i^-ji. Começa. As fejlasfe celebrarão. &í.z.
Évora por Manoel de Lyra 1598. foi. a foi.
316. v.o.
Carta efcrita de F acata a 28. de Setembro
de 1576. Começa. Os annos pajjados quando
tinha cuidado da Chrijlandade &c. Évora por
Manoel de Lyra. 1598. foi. a foi. 368. v.o.
Do feu minifterio Apoftolico exercitado
em Ximabara, Bungo, Omura, Facata, e
outras Cidades, e Reynos aíTim do Japaõ,
como da China fazem illuftre memoria Guf-
man Hijl. delas MiJJion. dela Comp. Part. 7.
liv. 7. cap. 10. e 16. Hijlor. Societat. Part. 3.
lib. 4. n. 289. 270. e 273. e lib. 6. n. 207. e
Part. 4. lib. 3. n. 259. Faria Afia Portug. Tom.
2. Part. 4. cap. 20. n. 9. Bibli. Societ. pag. 607.
col. 2. Soufa Oriente Conq. Part. 2. conq. 4
Divif. 2. §. 100. e loi. Ant. de Leon Bib.
Ind. Tit. 8. Charlevoix HiJl. del'Etablifiment,
e decad. du Chrifiianifm. dans VEmpire du Ja-
pon. Tom. i. pag. 322. e na Hif. du Japon. :
Tom. I. pag. 298. 230. 381. e 477. i
BELCHIOR DA FONSECA DE i
ALMEYDA natural de Coimbra cujo en- 1
genho verfado na Mythologia, e letras hu-
manas fe diftinguio entre os feus patridos I
na Arte de Poeíia, em que foy eminente, '
como fe admira na Oraçaõ impreíla no livro
intitulado.
Jardim de Apollo Academia celebrada por
diferentes Ingenios. Madrid 1655. 4. Foy de-
dicado pelo Author da Oraçaõ a Duarte I
de Albuquerque Coelho Marquez do Bafto, .
e Senhor de Pernambuco.
No anno de 1686. em que vivia em Fa-
lência compoz.
Sueno Politico. M. S.
BELCHIOR DA GRAÇA natural do
lugar de Matofinhos fituado nos Subúr-
bios da Cidade do Porto fiUio de Joaõ Mon-
LUSITANA.
K
N
i
tciro de Lesiõ Coronel de hum Regimento
de Infantaria, e de Beatriz de Brito Soares,
c Irmaõ do Doutor Joaõ Soares de Brito
Abbade de Saõ-Tiago Dantas de quem fare-
mos mençaõ em feu lugar. Com a educação
(ic Pays taõ nobres fe augmentou tanto a boa
Índole, que tinha para as fciencias, que mais
parcdaõ infpiradas pela natureza, que adqui-
ridas pelo eíludo. Na idade da adolcfccncia
teve taõ frequente comercio com as Mufas,
que lhe concederão beber com larga copia as
aguas da Caballina compondo elegantemente
todo o género de verfos Latinos, Portuguezes,
c Caílclhanos. Com a mefma felicidade, que
tinha cultivado as flores do Pamafo, penetrou
as dificuldades da J urifprudencia merecendo
receber na Univcrfidadc de Salamanca duplica-
das borlas cm hum, c outro Direito com admi-
ração de todos os Cathcdraticos. Ao tempo,
ue era venerado o feu profundo talento na
palcftra de Apollo, fe refpeitou o feu heróico
valor em a de Marte fendo Capitão de huma
Nào da Armada, onde depois de dezempenhar
s obrigaçoens militares fe aliílou em outra
ais illuftre milicia recebendo o habito Cano-
ico na Congregação do Evangelifta Amado
na qual inftruio aos feus Companheiros nas
fciencias amenas, e feveras, como foraõ Gram-
matica, Rhetorica, Poeíia, e Theologia Moral.
Concluida eíla laboriofa applicaçaõ foy eleyto
Chronifta para com a fua pena eternizar as
memorias da fua Congregação, cujo eftudo in-
terromperão graves negócios pertencentes a
ella, fendo mandado para eíle fim três vezes a
Roma onde vencidos innumeraveis obílaculos
felizmente o confeguio. Neíla famofa Corte
empório de todas as fciencias naõ permitio,
que eíliveíTe ociofa a fua inclinação ao eíhido
ainda que divertido com outras occupaçoens,
aprendendo as Línguas Orientaes de Joaõ
Bautiíla Sabbatino Romano, Abraham Efche-
lenfe Maronita, e Canachio RoíTio Grego
infignes ProfeíTores dos idiomas Hebraico,
Caldaico, Syriaco, e Arábico. Por eftes dotes
alcançou a eítimaçaõ, e amifade das mayores
PeíToas da Cúria Romana principalmente
da Santidade de Urbano VIIL a cujo Nome
confagrou cem Anagrammas engenhofa-
mente compoílos. Os mefmos applaufos
conciliou o feu talento nos Reynos de
Fiança, e ETpanha fendo celebrado com gran-
des elogios por Pr. António Carneiro Monge
Benediâino Abbade dos Conventos do Porto,
e de S. Tyrfo, e Procurador da fua Monaf-
tica Religião em Roma em Elogio hum im-
preíTo no principio da obfa dof Anagramas,
que he eleganti/Tmio, Jacob. Filippe Tho-
nufín. Afinal. Canon. Secul. P. 705. e 70J.
Aufonio Noflinot na Dedicatória, que lhe
fez da Summa P. Antontni Diana C, R. Ve-
netiis. 1648. e Franc. de Santa Maria Ceo
aberto na Terra Liv. 2. cap. 40. Morreo no
Convento de Santo Eloy de Lisboa a 20. de
Abril de 1650. Compoz
Centum Anagrammata in haudem S. D. N.
Urbani VIIL Pontificis Optimi Maximi. Wc-
litris apud Alphonfum de Infula. 1644. 8.
Vida do Ven. P. António da Conceição
Cónego Secular da Congregação do Evange-
lijla, qm deixou M. S. em bum Tom. grande
de 4. (como efcreve Franc. de Sant. Mar.
Chron. dos Coneg. Secul. Liv. 2. cap. 40.)
obra igual ao feu engenho, e fama, e verdadeira-
mente digna de que por meyo da eflampa fe per-
petuajfe na memoria.
Votum in gavi caufa de Jurifdiâione Me-
tropolitana in fuffraganeos. ImpreíTo nas De-
cifoens do Doutor Manoel da Fonfeca The-
mudo Part. 2. Decif. 245. à n. 12.
Parecer contra os Keligofos Dominicos que-
rendo contra o interdi£io poflo no anno de 1659.
em Usboa pelo Colleitor Alexandre Caflracani
ut^ar dos feus privilegos, quaes eraõ, naÕ ligar o
interdião nas Fejias principaes da Igreja, e dos
Santos da fua KeligiaÕ. Conferva-fe M. S. na
Bib. que foy do Cardial de Soufa.
Praxis Penjionum exigendarum. M. S.
Commentaria ad Titulum de Eleãione. M. S.
Deftas duas obras faz memoria feu Ir-
maõ Joaõ Soares de Brito in Theatr. Ljifit.
Liter. Lit. M. n. 24. aífirmando eftarem promp-
tas para a ImpreíTaõ, e fer feu Author Va-
riarum Linguarum peritus, (ô" in negotiis foren-
fibus verfatijftmus.
BELCHIOR DA GRAg\ natural da
Villa de Barcellos na Provinda de Entre
Douro, e Minho do Arcebifpado de Braga,
Cónego Secular da Congregação do Evan-
gelijfta, e hum dos celebres Theologos, e
494
BIB LIO THE C A
Canoniílas da fua idade. No Collegio de Coim-
bra foy Meílre de Theologia donde retirado
ao Convento de Santo Eloy de Lisboa fe
applicou ao eftudo do Direito Pontifício em
que fahio taõ eminente, que era confultado
nas matérias mais graves, e controverfas, e
chamado às Jimtas onde o feu voto por fer
livre, e conforme aos diâames da conciencia
era venerado como Oráculo. Naõ foy digno
de menor eftimaçaõ no Púlpito em cuja fa-
grado minifterio era aclamado por iníigne
Orador Evangélico como fe vio em 19. de
Outubro de 1622. orando no Outavario, que
na Cidade do Porto dedicou a Companhia
de JESUS à Canonização de Santo Ignacio de
Loyola, e S. Francifco Xavier. Applicou-fe
com igual difvelo á pratica das virtudes, que
á efpeculaçaõ das fciencias fendo obfervan-
tiíTimo das fuás Conftituiçoens, e das Ceremo-
nias Eccleíiaílicas, afável com os fubditos
em duas vezes, que foy Geral da Congregação,
charitativo com os infermos, e continuo em
todos os aftos da Comunidade. Regeitou
com profunda humildade o Bifpado do Fun-
chal ofFerecido pela Mageftade de Filippe IV.
Morreo no Convento de Lisboa a 2. de Agofto
de 1646. com 80. annos de idade. Jaz fepul-
tado no Clauftro com eílas letras iniciaes
gravadas na campa. B. D. G.
De Panitentia Traãatus. M. S. foi. Ohra
doutijfima (faõ palavras de Franc. de S. M.
Chron. dos Coneg. Secul. Liv. 2. cap. 39.) e muito
efiimado de grandes Moralijias, que a viraõ. He
laftima, que naõ fe perpetue por meyo da Imprenja.
Conjultas Moraes, e Canónicas. M. S. foi.
Eílavaõ promptas para a ImpreíTaõ como
diz Joaõ Franco Barreto na 'Bih. Portug. M. S.
BELCHIOR LOPES DE SOUSA
natural de ViUa-Nova de Portimão no Reyno
do Algarve, Licenciado na Faculdade dos
Sagrados Cânones, e Beneficiado na Igreja
de Santa Maria de Beja. Teve grande
génio para a Poefia compondo em a ma-
terna. Latina, e Italiana muitos verfos, que
chegarão a fazer volumes como afirma Joaõ
Franco Barreto na Bib. Portug. M. S. de
cuja fecunda veya fomente fe fez publico na
grande Obra do A£ía Sanãorum Tom. 4.
Mênfis Maij pag. 291.
Poema de vita B. Fe/icis Capuccini.
Coníla de mais de quinhentos verfos, que
a fua devoção confagrou a S. Félix de Canta-
licio immortal gloria da auílera Reforma dos
Capuchinhos, o qual morreo em Roma em
1 8. de Mayo de 1587. fendo pelas fuás heróicas
virtudes Beatificado por Urbano VIII. no
anno de 1625. e Canonizado por Clemente XI.
a 22. de Mayo de 171 2. Começa o Poema.
Felicem in terris, felicemque in athere vitam
Felicis rejeram. Tu qui fplendentia Cali
Teãa colis mecum ipfe tuas ediffere Laudes.
BELCHIOR LOUREYRO natural da
Cidade de Beja da Província do Alentejo,
ProfeíTor de Direito Civil, infigne Patrono
de Cauzas Forenfes, e profundo inveftigador
de Subtilezas jurídicas. Morreo na Pátria
em o anno de 1665. Compoz.
Glojfa fobre as Kemiçoens de Barbo/a, e à
Ordenação com todas as ampliaçoens, e L,imitaçoens
que há fobre a Ordenação, como fobre o que efcreveo
o mefmo Barbofa. M. S. foi. Confervava eíla
obra com grande eftimaçaõ Diogo Lopes
Crafto infigne Advogado nefta Corte.
BELCHIOR DE MORAES natural
de Tavira no Reyno do Algarve mmto fciente,
e experimentado em a Náutica pelas repi-
tidas vezes que exercitou o Officio de Piloto
em a dilatada carreira da índia, o qual deze-
jando que foíTe mais fácil aos profeíTores
defta Arte efcreveo.
Roteiro de Portugal para a Índia, e da índia
para Portugal em a Não de Santo António Nebry
aos 3. de A.gofto de 1576. cujo Original con-
ferva meu Irmaõ D. Jozé Barbofa na fua
feleâa Livraria.
BELCHIOR DE MORAES DE MES-
QUITA Naceo na Villa de Caftro Vi-
cente Comarca da Torre de Moncorvo do
Arcebifpado de Braga a 8. de Junho de 1692.
fendo filho de Nicoláo de Mefquita, e
Sá, e de Luiza de Moraes Pinto. Eftudou
em a Univerfidade de Coimbra os Sagrados
Cânones em cuja faculdade fe formou a 22.
de Julho de 1722. Com igual fciencia que
integridade exercita o Officio de Advogado
em a Villa de Frexo de Efpada-cinta, e jun-
L USITAN A.
495
tamcntc o de Sindico da Camará, e Procura-
<ior Fifcal. Entre as contínuas ocupaçoens
ilcílcs miniílcrios querendo aproveitar algu-
mas horas vagas compoz em beneficio dos
dpiritos devotos.
Pajlo da Alma no amarepfo banquete da Pay-
saÕ de Chrijio nojfo Salvador dividido em qmn:(e
pratos glo:(ados com Jeus reflexos mentaes. Vida
Chrijlãa ou pra£lica fácil de aproveitar com meyos,
t verdades fmdamentaes contra iji/iorancias, ou def-
cuidos comuns tradtn^do do Cajlelhano do P. Jeró-
nimo Dutari da Companhia de Jefus. DevofoÕ
do nome Santijpmo de Maria para todos os dias do
<tmo. Hxorcifmos contra mordeduras veneno/as,
Ijombrigjs, e outros bichos, malefícios, pejle, e
tempeftades. M. S. 4. Entre cíles tratados eftaõ
muitos Romances, c outros verfos devotos
que faõ obra do Traduílor.
P. BELCHIOR NUNES BARRETO
Naceo na Cidade do Porto em o anno de 1 5 20.
de Pays taõ illuftrcs no fangue como na vir-
tude chamados Femaõ Nunes Barreto Senhor
dos Coutos de Freriz, e Penagate e D. Izabel
Ferraz, Tio paterno de D. Jerónimo Bar-
reto Bifpo do Funchal, e do Algarve. Ao
tempo que com grande efplendor do feu
talento tinha confummado o tempo que as
l^ys académicas prefcrevem para receber o
gráo de Doutor na Faculdade dos Sagrados
Clones antepondo a humildade Religiofa
ao applauzo litterario pedio a roupeta da
Companhia de JESUS ao P. Simaõ Rodrigues
o qual llie iníinuou que antes de confeguir a
fua pertençaõ recebeíTe as infignias doutoraes,
a cuja iníinuaçaõ obedecendo como fe fofle
preceito fe graduou com grande folemnidade
no fim do qual foy admitido à Companhia
a II. de Março de 1543. quando contava 25.
de idade. Logo que nella fe vio aliílado pa-
recendo-lhe pequena esfera para o feu agi-
gantado efpirito o Reyno de Portugal fu-
plicou com repetidas iniiancias aos Superio-
res, que o mandaílem à índia para onde par-
tio no anno de 15 51. embarcado em a Náo
Efperança, de que era Capitão Diogo Lo-
pes de Soufa Tavares. Com fingulares
tiemoftraçoens de affeéto foy recebido em
Goa por S. Francifco Xavier que conhe-
cendo a grande prudência de que era ornado
o nomeou em Fevereiro de 1552. Supedor
da Reúdencia de Baçaim onde convertes-
teu Gentios, reformou ChriAaòs, e expul-
fou hereges que com praça de artilheiros paT-
íavaõ das Partes Scptcntrionaes áquellas Re-
gioens para íemear o peftifero veneno dos Teus
erros. Por morte do V. P. Gafpar Barzeo foy
eleito Provincial da índia em o anno de 15)).
cujo cargo o obrigou voltar a Goa donde paT-
fou ao Japaò levando em fua companhia ao
celebre viageiro Fernaò Mendes Pinto. Tole-
radas conílantemente varias tempeftades í4>or-
tou a Malaca a 5. de Junho de 1554. e depois
de obrar acçoens dignas do feu apoílolico zelo
entrou em Cantaõ metrópole de huma das
Provindas da Chiiu fendo o primeiro Ope-
rário evangélico que promulgou a Fé de
Chrifto em taõ dilatado Império. Vizitou
cõ grande utilidade dos Neófitos as Igrejas
das Coílas de Travancor, Pefcaría, e Choto-
mandel. AífiíUdo de quarenta Portuguezes
preciofamente veftidos deo huma folemne Em-
baxada a elRey de Bungo que já tinha recebido
outra femelhante do grande Xavier, para que
profeíTaíTe publicamente a Ley Chriílãa, e poílo
que foy tratado benevolamente por efte Prin-
cepe receofo dos ânimos de feus VaíTalos naõ
fe rezolveo a aceitar a propoíla do Evangélico
Embaxador. Convenceo em publica difputa
a Mar Jozé Bifpo Neftoriano que pelas Serras
do Malabar andava femeando a perniciofa, e
falfa doutrina dos feus fcifmaticos dogmas
obrigando-o a abjurar folemnemente por ef-
crito na Sé de Cochim os erros que profeflava.
Cheyo de acçoens virtuofas obradas em tantas
peregrinaçoens apoftolicas partio em Goa
a receber o premio preparado aos Juftos em
10. de Agofto de 1571. com 51. annos de
idade, e 28. de Religião, cuja memoria he
celebrada pelas penas dos mais celebres efcri-
tores Jefuitas, como faõ Orland. Hift. Societ.
Tom. I. lib. 15. n. 154. lib. 4. n. 56. lib. 11.
n. 82. lib. 12. n. 85. lib. 13. n. 79. lib. 14. n. 130.
Tom. 2. lib. I. n. 558. & lib. 2. n. 172. Tellez
Chron. da Comp. de Jef. na Prov. de Portug.
Part. I. liv. 3. cap. 21. Nadaf. Ann. Dier. Mem.
S. J. Part. 2. pag. 92. Girardi Diário Part. 3.
a 10. de Agoft. Godinh. de Rebus AbyJJin.
lib. 2. cap. 2. Bib. Societ. pag. 609. col. i.
Soufa Orient. Conqtáft, Part. i. Conq. i.
496
B IBLIO THE CA
Divif. I. §. 6o. Divis. 2. §. 7. 8. c 32. Conq.
3. Divis. 2. §. 4. Conq. 4. Divis. 2. §. 10. 11.
até 15. Part. 2. Conq. i. Divis. i. §.41. atè 44.
Franco Imag. da Virt. em o Nov. de Coimh.
Tom. I. Liv. 2. cap. 49. até 59. e no Ann.
Glorio/. S. J. in 'L.ujit. pag. 458. CraíTet H^.
deV Eglis. du Japon. Tom. i. liv. 3. §. 35. pag.
188. e Charlevoix Hijl. dei' Etablis. e Decad.
du Chrijl. dans VEmpire du Japon. Tom. i.
pag. 148. 152. 154. e 158 e Hijt. du Japon.
Tom. I. p^ 238. 240. 244. e 245. Pinto Hift.
dajua Peregrin. cap. 219. e 225. Ant. de Leon.
Bíb. Orient. Tit. 7. e 8. Joan. Soar. de Brit.
Theatr. iMJit. Utter. lit. M. n. 25. dizendo Yuit
viraquepius, acdoãus. As cartas em que relatou os
fucceíTos das fuás peregrinaçoens apoftolicas faõ
as feguintes expoílas por ordem Chronologica.
Carta ejcrita de Goa a 9. de Dezembro de
15 51. em que relata a fua Viagem. M. S. Con-
ferva-fe na Cafa profeíTa de S. Roque.
Carta ejcrita de Baçaim a 7. de Dei(embro
de 1552. aos PP. de Portugal. M. S. Confer-
va-fe na mefma Cafa.
Carta ejcrita de Goa no anno de 1554. a Santo
Ignacio em que relata a morte de S. Francijco
Xavier, e Jeu enterro. Sahio vertida em Latim
in Epijl. Japanicis. Lovanij apud Rutgerum
Velpium 1570. 12. a pag. 86. até 102. e em
Italiano Roma por António Bladio. 1556.
e Venetia por Michele Tramezzino 1565. 8.
no livro intitulado Diverji Aviji dalVIndie de
Portugallo. Part. 3. foi. 161.
Carta ejcrita de Malaca a ^. de Dezem-
bro de 1554. Começa O Mayo pajjado dejle
anno de 1554. Évora por Manoel de Lyra.
1598. foi. Part. I. a foi. 30. v.o. Vertida em
Caftelhano pelo P. Cypriano Suar. Coim-
bra por Joaõ Barrer. e Joaõ Alvares 1567.
a pag. 71. e no livr. intitulad. Copia de las
Cart. que los PP. de la Compan. ejcrevier.
Alcalá per Juan Iniguez de Lequerica 1575.
4. a foi. 61. vertida na lingua Latina pelo
P. Manoel da Coíla in Ker. a S. J. in Ind. Geji.
Cólon, apud Gervinum Calenium 1574. 8.
à pag. 188. até 190. & Delingae apud Sebal-
dum Mayer 1571. 8. a foi. 87. até 94. e em
Italiano com outras Venetia apreílo Michaele
Tramezzino. 1559. 8.
Carta ejcrita de Mac ao em 23. de No-
vembro de 1555. aos Irmaõs da índia, Por-
tugal, e Koma. Começa. O anno pajjado de
1554. Évora por Manoel de Lyra 1598.
foi. Part. I. a foi. 32. v.®. da qual traz grande
parte o P. António Franco na Imag. da Vir-
tude do Colleg. de Coimb. Tom. i. pag. 366.
até 374. Traduzida em Latim in EpiJ. tol. Ja-
panic. Lovanij apud Rutgerum Velpium 1569.
8. p. 131. até 159. & ibi per eumd. Typ.
1570. 8. pag. 127. até 144. em Caílelhano.
Alcalá por Juan Iniguez de Lequerica. 1 575. 4.
foi. 63. v.o. e em Italiano Venetia preíTo Mi-
chaele Tramezzino. 1565. 8. a pag. 263. v.o.
Carta ejcrita de Macao a z\. de Novembro
de 1555. aos Padres de Goa. Confta de nove
paginas, e fe conferva no archivo da Cafa
profeíTa de Lisboa. Sahio vertida em Cafte-
Ihano pelo P. Cypriano Suar. Coimbra por
Joaõ Alvares, e Joaõ Barreira 1565.4. pag. 123.
Carta ejcrita a 1^. de Janeiro de 1558. ao
Geral com a informação de China, e JapaÕ para
receber a Fé. Traduzido em Caftelhano pelo
dito P. Cypriano Coimbra por Joaõ Bar-
reira 1565 4. pag. 187. e em Italiano Venetia
preíTo Tramezino. 1559. 8.
Carta ejcrita de Cochim a \o. de Janeiro
aos Irmaõs da Companhia de JESUS de Por-
tugal. Começa. No anno de 1555. lhes ejcrevi.
Évora por Manoel de Lyra 1598. Part. i.
a foi. 47. até 51. da qual traz grande parte
impreíTa o P. Franco Imag. da Virtud. do Novic.
de Coimb. Tom. i. liv. 2. cap. 57. e 58. Tradu-
zida em Latim pelo P. Maffeo Seleã. EpiJ.
ex Ind. lib. i. e por o P. Manoel da Cofta in
Ker. à S. J. Gejlar. Coloniae apud Gervinum
Calenium 1574. 8. a pag. 247. até 252 e em
Caftelhano. Alcalá por Juan Iniguez de Le-
querica 1575. 4. foi. 76.
Carta ejcrita de Cochim a 16. de AgoJlo de
1558. aos Padres de Goa. M. S. Conferva-fe na
Cafa profeíTa de S. Roque.
Carta ejcrita de Cochim a z^. de Fevereiro de
1559. aos PP. de Portugal. ImpreíTa, em a
Imagem da Virtude do Nov. do Colleg. de Coimb.
Tom. I. liv. 2. pag. 58.
Carta ejcrita de Cochim a 25. de Fevereiro de
1559. ao Geral M. S. Conferva-fe na Cafa
profeíTa de S. Roque.
Carta ejcrita de Cochim a 31. de De-
zembro de 1561. aos PP. de Portugal. Sahio
na Imag. da Virt. do Nov. de Coimb.
LUSITANA.
497
Tom. 1. liv. 2. pag. $9. Traduzida cm Latim
Lovanij apud Rutgcrum Velpium 1)69. 8.
in lipij/. Japon. Part. 2. pag. 125. & ibi apud
cumdcm 1570. 8. pag. 261. c em Italiano em
o livro Diverji Aviji dali* hidie ái Vortugallo
Parf. 4. foi. 225. Vcnctia prcíTo Michele
Tramezzino 1565. 8.
Carta efcrita de Cochim a 20. de l'epereiro
de 1 5 64. a /uns Irmaús Keliji^iofas em que lhes dà no-
ticia da morte de feu Irmaõ o Patriarcha D. Joaõ
Nunes Barreto. M. S. Confcrvafc na Gifa pro-
feíTa de S. Roque.
Carta ejcrita de Cochim a 20. de Fevereiro
de ij66. ao P. LeaÕ HenriqMe;(. Aí. S.
Carta efcrita de CouIaÕ a 20. de Janeiro de
1567. ao me/mo P. Aí. S,
Carta efcrita de Goa a 26. de Novembro de
1367. Coníla de 7. paginas. M. S. Eftas duas
cartas fe guardaõ no Archivo da GJ"a profeíTa
Lisboa. De algumas dcílas Cartas faz men-
o moderno addicionador da Bib. Orient.
António de Leaõ Tom. i. Titul. 6. col. 96.
Tit. 8. col. 177.
Vida compendiofa do lUuflrifftmo Patriarcha
Etiópia D. Joaõ N/mes Barreto feu Irmaõ,
ijo Original fe conferva no Collegio de
Lvora como efcreve o P. Franco Imag. da
^irtud. do Noviciad. de Coimb. Tom. i. liv. 2.
ip. 7. n. 15.
BELCHIOR DA PIEDADE Cónego Se-
cular da Congregação do Evangeliíla Lente de
Theologia, e Pregador iníigne do feu tempo, e
naõ inferior Poeta vulgar, e Latino. PubUcou.
Sermão de Santo Thomat^ de Aquino pregado na
Sé de Braga. Coimbra por Thomé Carvalho Im-
preflbr da Univerfidade 1655. 4. De quem temos
(falia delle Francifco de Santa Maria Chron. dos
Coneg. Sec. liv. 2. cap. 40. pag. 5 29.) alguns Ser-
moeus imprejjos, e o mereciaõ fer todos. Naõ che-
gou à noíTa noticia mais que o Sermaõ que vay
aflima pofto,
BELCHIOR DE PINNA DA FONSECA
natural da Cidade da Guarda Prior da Igreja de
N. Senhora da AiTumpçaõ de Vinho do Bifpa-
do de Coimbra, Notário Apoftolico, e Secreta-
rio do Synodo que celebrou o IlluílriíTimo
Bifpo da Guarda D. Francifco de Caftro a 20.
de Novembro de 1621. Igualmente foy douto
nos SagtadcM Cânones, como nas Antiguida-
des da Tua Pátria cTcrevendo.
Chronologia dos Bifpos da Guarda. M. S. 4.
llifloria de todas as Imagjnu milaffofeu do
Bifpado da Guarda, foi. M. S.
BELCHIOR DO REGO DE ANDRADE
natural de Villa-viçofa em a Provinda Tranf-
tagana filho de Ignacio do Rego de Andrade
Moço da Guardaroupa do ScreniíTimo Duque
de Bragança D. Theodoílo II. e D. Innoccnda
Cacella filha de Belchior Mendez Cacclia Moçr>
da Guardaroupa do Sereni/Timo Duque de
Bragança D. Joaõ o I. Eíhidadas na Pátria as
letras humanas paíTou a Coimbra para fe appli-
car à fciencia dos Sagrados Cânones, na qual
tanto fe diíUnguio entre os feus Condifdpulos
que recebido o gráo de Doutor a exerdtou
com fumma inteireza em os honoriâcos luga-
res de Dezembargador dos Aggravos na Cafa
da Supplicaçaõ de que tomou poíTe a 15. de
Outubro de 1661. de Chanceller da mefma
Cafa a 14. de Junho de 1668. e ultimamente de
Dezembargador do Paço. Ordenado de Pres-
bytero foy por muitos annos Cónego da iníigne
Collegiada da Villa de Barcellos donde foy
promovido para Prior da Parochial Igreja de
Saõ-Tiago deíla Corte moílrando que o feu
talento era igual para a decifaõ das Cauzas,
como para o paílo das ovelhas. A grave pru-
denda acompanhada do profundo eíhido de
ambos os Direitos o habilitarão para Secreta-
rio da Rainha D. Luiza Francifca de Gufmaõ,
cujo miniílerio exerdtou fuceíTivamente com
geral approvaçaõ nos reynados das SereniíTimas
Senhoras D. Maria Francifca Izabel de Saboya,
e D. Maria Sofia Izabel de Neoburg. Foy
muito eíhidiofo da Hiíloria Sagrada, e profaiu
prindpalmente na inveftigaçaõ das Antigui-
dades do noíTo Reyno de que deixou à pofte-
ridade doutiíTimos monumentos. Morreo em
Lisboa a 14. de Março de 1690. em idade
muito proveéla. Jàz fepultado na Capella
Mòr da Igreja de que foy Prior. Efcreveo.
Antiguidades de Villa-viçofa fua Pátria que
por humildade naõ quiz imprimir como diz
Jorge Cardozo Agiol. Ijufit. Tom. 3. pag. 593.
no Comment. de 8. de Junho letr. G. fazendo
fegunda mençaõ deíla obra no Tom. 2. pag.
320. no Comment. de 26. de Março letr. G.
37
498
BIBLIO THE CA
Antiguidades da Villa de Barcellos. M. S.
Saõ allegadas pelo mefmo Cardozo Agiol.
l^ujit. Tom. 3. pag. 59. no Comment. de 3. de
Mayo. letr. D.
Tratado da Antiguidade da Villa de Ourem, e
Juas grandezas, M. S. de que faz memoria
Cardofo Agiol. ILuJit. Tom. 2. p. 90. no Com-
ment. de 7. de Março letr. G.
Vida, e milagres da B. Tareja filha delKej
D. Affonfo Henriques. M. S. como afirma
Ant. Carvalho da Coíla. Corog. Portug. Tom. 3.
Trat. 5. cap. i. pag. 230.
Além dos Authores allegados fazem me-
moria defte Author Nicol. Anton. Bib. Hifp.
Tom. 2. pag. 100. col. i. Catajlroph. de Portug.
pag. 79. e Joaõ Franco Barreto. Bib. Por-
tug. M. S.
Fr. BELCHIOR DOS REYS Religiofo
profeflb da Seráfica Provincia de S. Thomé
da índia Oriental para onde partio deíle Reyno
onde nacera. Foy bom letrado principalmente
na Theologia Moral de que deixou hum eterno
teílemunho na obra feguinte.
Kefoluçoens Moraes mifcellaneas pertencentes
às Mijfoens. M. S. foi.
Fr. BELCHIOR DOS REYS Monge Cif-
tercienfe do Real Convento de Alcobaça cabeça
da illuftre Congregação defte Reyno. Sendo
muito applicado aos eftudos efcholafticos o
naõ era menos à liçaõ da Genealogia efcre-
vendo com eftilo claro, e fincero.
Familia dos Lucenas. M. S.
BELCHIOR DA SYLVA Sacerdote Brâ-
mane, e Vigário da Igreja de Santa Anna da
Cidade de Goa que adminiftrou muitos annos
com louvável procedimento, fendo intitulado
Homem douto, e de grande virtude pelo P. Balthe-
zar Tellez Hijl. da Etiop. Alt. lib. 3. cap. 11.
Pregador, e bom Tbeologo de bom exemplo, e vida
por Fr. António de Gouvea Jornad. do Are.
D. Fr. Aleix. de Men. liv. i. cap. 8. e infigni
Sacerdos pietate pelo P. Nicoláo Godinho de
Kebus Abyjfm. lib. 3. cap. 16. onde com mani-
fefta equivocaçaõ lhe chama em diverfas partes
Miguel. Dezejando com zelo paftoral o Illuf-
triíTimo Primaz do Oriente introduzir Sacerdo-
tes na Etiópia para que em taõ vafto império
adminiftraíTem os Sacramentos, o nomeou para
taõ grande empreza conhecendo da integridade
dos feus coftumes a dezempenharia com toda a
fatisfaçaõ. Partio no anno de 1598. disfarçado
em trages de Guzarate para naõ fer conhecido
dos Mouros que com fumma vigilância impe-
diaõ efta introducçaõ, e chegando a Dio paíTou
á Cidade de Daleca donde entrou no Prefte
Joaõ, e nelle foy recebido com inexplicável
jubilo pelos Chriftaõs por ter paflado quarenta
annos que naõ tinhaõ Sacerdote que lhes minif-
traíTe os Sacramentos reduzindo a muitos que
tinhaõ abraçado os fcifmaticos dogmas de
Alexandria em cujos apoftolicos minifterios
trabalhou pelo efpaço de féis annos, e em todo
ejle tempo (faõ palavras do P. Telles no lugar
aflima citado) procedeo com muito bom exemplo
tendo muito cuidado de acudir às almas dos Portu- j
guet^es, e Catholicos, e para lhes adminifirar os I
Sacramentos andou continuamente em largos, e mtrf ;
trabalho/os caminhos por ejlarem os Portuguev^es
muy remontados, e ejpalhados em vários Reynos
dejle Império. Compoz.
Cathalogo dos imperadores da Etiópia. M. S.
BELCHIOR DE TEYVE natural da G-
dade do Funchal Capital da Ilha da Madeira
filho ultimo de Gafpar de Teyve, e fua fegunda
mulher D. Anna de Brito naturaes da mefma
Ilha. Foy Lente de Direito Civil na celebre
Univerfidade de Salamanca pelo largo efpaço ,
de vinte, e féis annos de cuja difciplina fahiraõ
infignes Letrados. Depois de fer fuperinten-
dente da Fazenda Real nos Reynos de Caftella
em o anno de 1607. e occupado lugares hono-
ríficos foy do Confelho de Filippe III. e hum
dos quatro Ouvidores da fua Camará. Appli-
cou-fe com grande curiofidade ao eftudo da
Genealogia, em que efcreveo largamente,
fendo a principal obra.
Genealogia da Cafa de "Lerma. M. S.
Da qual faz efpecial memoria D. Luiz
Salazar, e Caftro na Hift. dejla Cafa Tom. 3.
pag. 491. e Henrique Henriquez de Noronha
nas Mem. Secul. e Ecclef. da Diocef. do Fun-
chal M. S. Tit. 12. cap. 3. cujo Original ti-
vemos em noíTo poder.
BENTO DE ARAÚJO LEAL Pres-
bytero do Habito de S. Pedro, e Meftre de
L USITANA.
499
IFKba
Grammatica neíla Corte o qual para facili-
tar aos feus difcipulos os preceitos da liogua
Latina, efcreveo.
Mifcellanea Grammatical na qual fe txplicaõ
as partes du OraçaÕ com iodas as fuás etymologias,
e circmjl anciãs para perfeita intelligencia da litifféa
íuitina. Lisboa por Pedro Ferreira Impreflbr
da ScrcniíTlma Rainha 1734. 8.
Fr. BENTO DA ASCENÇAM natural
da Villa da Arrifana de Soufa do Bifpado do
Porto onde em a Matriz de S. Martinho foy
bautizado a 23. de Agoílo de 1675. Foraõ
ícus Pays Diogo de Almeyda, e Catherina de
Lemos pcíToas nobres, c virtuofas. Na idade
de 18. annos elegeu entre todas as Religioens
a de S. Bento cuja Monaílica Cogulla vellio
no Convento de Tibaens a 24. de Mayo de
1693. Tal foy o progreíTo que fez nos cftudos
Thcologicos que foy admitido em a Uni-
vcrfidade de Coimbra ao numero dos Dou-
de taõ alta Faculdade. Duas vezes foy
fcade do Convento de Pombeiro, a primeira
no anno de 171 9. e a 2. no de 1724. Viíitou
a fua Congregação com igual prudência, que
integridade. Morreo a 14. de Janeiro de 1728.
com 53. annos de idade, e 36. de Religião.
Compoz.
Vida, e Martyrio da infixe Virgem, e Martyr
prodiffoja Santa Quitéria Serenijftma Infanta de
"Portugal no monte de Pombeiro Interamnenfe
Lisboa na Officina Ferreiriana. 1722. 8.
Novena da infigne, e gloriofa Virgem Santa
Quitéria Serenijftma Infanta, e Prothomartir de
Portugal no monte de Pombeiro Interamnenfe, ou
em outro qualquer lugar, que o feu devoto a quii:(er
fa^er. Lisboa por Jozé António da Sylva.
1727. 8.
Entre os illuftres filhos que produzio a fua
Pátria he numerado por António Carvalho da
Cofta Corog. Portug. Tom. i. Trat. 6. cap. 10.
pag. 585.
Fr. BENTO DE S. BERNARDO. Na-
ceo na Villa de Caftro Dayro do Bifpado de
Lamego a 13. de Mayo de 1621. e teve por
Pays a Francifco Pinto da Motta, e D. Guio-
mar Machado de Vafconcellos de igual
nobreza, e piedade, e por Irmaõ gémeo a Fr.
Balthezar Pinto Monge Bento de quem fizemos
já nnemoría. Quando contava a idade de
20. annos recebeo o habito Monachal da Sa-
grada Ordem de Ciíler no Convento de Sanu
Maria de Salcedas a 4. de Outubro de 1641.
Depois de eíludar as fciencias próprias do
elbulo Religíofo exercitou com geral aclama-
ção diverfos Lugares, como foraõ Preíidente
in Capite em o anno de 1663. ConfeíTor das
Religiofas do Convento de N. Senhora da
Piedade de Tavira em 1666. Secretario do
Geral Fr. SebaAiaò de Sottomayor em 1675. e
Abbade Reytor do Collegio de Coimbra
em 1678. e Abbade do Convito de Salcedas
em 1684. Em tantas, e taõ varias ocupa-
çoens nunca deixou de fervir a fua Religião
efcrevendo para beneficio delia as obras fe-
guintes.
Colleâaneo efcrito em pergaminho pelo qual
fe Capitula no Choro do Convento de Salcedas;
o qual fez fendo Noviço nefta Cafa.
Fundarão do Convento de S. Bernardo de Tavira,
e da vida das fuás Preladas, e de algumas advertên-
cias f obre o' exercido dos Confeffores do dito Con-
vento M. S.
Summario do Cartório do Real Mofleiro de
Alcobaça em o anno de i6-jz. fendo Carturario
delle. M. S.
Formulário de varias Cartas, Alvarás, e Pro-
vifoens com advertências fobre as ditas formas cuja
expedição pertence ao Cartório de Alcobaça, em
o anno de 1674. M. S. 4.
Todos eftes Livros fe confervaõ no Archivo
do Real Convento de Alcobaça letra A.
Reformou o Breviário da Ordem, e íahio
com eíle titulo.
Breviarium Ciflercienfe ad ufum Congrega-
tionis D. Bemardi Portugallia. Antuerpix Sump-
tibus Joannis à Coíla, et Didaci Soares Biblio-
polarum UlyíTiponeníium. 1677. 4.
Summario do Cartório do Real Collegio de
Coimbra de S. Bernardo no anno de 1680. M. S.
Sendo Bibliothecario do Real Convento
de Alcobaça collocou todos os livros por hum
numero geral fazendo hum Cathalogo dos
Authores com o titulo do Livro, e a matéria
de que trata, ao qual intitulou.
Kadius Bibliofheca regalis Archicanohij
Alcobacienfis ex quo bis duodecim radiant
radioli breviter, ac fubtiliter radiati a Fra-
tre Anonjmo anno Domini 1684. foi. M. S.
5oo
BIBLIOTHE CA
Compoz outro volume defte mefmo af-
fumpto com 24. Alfabetos intitulado.
Kadiolus radiolorum radij Bibliotheca regalis
ArchicanobiJ Alcohacienjis irradiatus à Fr. Ano-
nymo amo Domini. 1684.
De oratoriis, Eremitis, feu Capellis Mona-
chorum, et eorum exceptione. foi. M. S. em 1687.
Foy approvada efta obra por todos os Dou-
tores da Univerfidade.
Indulta Apojlolica pro Kegali Alcohacienfi
Monafterio, <& ejufdem Congregatione. Fez efta
coUeçaõ no anno de 1688. e eftava prompta
para a impreíTaõ.
Fr. BENTO CALDEIRA. Foy muito
inftruido nas letras humanas, e principalmente
nos preceitos da Arte Poética. Deixando
a Pátria fe recolheu à Religião dos Erimitas de
Santo Agoftinho profeíTando o feu Inftituto
no Real Convento de S. Filippe de Madrid.
Pela grande aíTiftencia que fez em Caftella
foube com fumma perfeição a lingua Cafte-
Ihana em a qual traduzio.
l^as h.njiadas de 'L.ui^ de Camoens. Alcala
1 5 80. 4. Do Author, e da Obra fazem mençaõ
Ant. de Leaõ Bib. Orient. Tit. 2. pag. 8. Nicol.
Ant. Bih. Hifpan. Tom. i. pag. 164. col. i. Ma-
noel de Faria, e Soufa Vida de Camoens im-
preíTa no principio do Coment. às Kimas defte
grande Poeta §. 39. e o P. António dos Reys
no Enthujtaf. Poetic. n. 151.
BENTO CARDOSO OSÓRIO. Naceo
em a Freguezia de S. Joaõ da Fóz no Confelho
da Maya do Bifpado do Porto donde paííados
os annos da puerícia em que defcubrio grande
viveza de engenho o mandou feu Pay Pafchoal
Rodrigues Oforio eftudar a Coimbra em cuja
Univeríidade fez tantos progreííos a fua rara
comprehenfaõ que recebeo o gráo de Bacharel
em hum, e outro Direito com univerfal ap-
plaufo de todos os Cathedraticos. Voltando
para a pátria com grande opinião de Letrado
occupou os lugares de Promotor, e Procurador
da Mitra do Porto, e Vigário Geral de Villa-
-Real com tanta integridade, e obfervancia da
juftiça que paíTou a Procurador da Mitra Pri-
macial de Braga, Dezembargador da fua Rela-
ção, Syndicante dos feus Coutos, e Juiz do
Tribunal da Legacia. Por caufa de graves de-
pendências da Mitra Bracharenfe foy obrigado
a vir à Corte, onde conhecendo a Mageftade
delRey D. Joaõ o IV. a fua grande capacidade
o nomeou em 22. de Outubro de 1647. Pro-
curador Geral da SereniíTima Cafa de Bra-
gança, occupaçaõ que tinha exercitado os De-
zembargadores André Cardofo Coutinho, e
António de Soufa Tavares a qual exercitou
pelo largo efpaço de dezafeis annos até o fim
de Fevereiro de 1663. com tanto zelo, e credito
das fuás letras que alcançou quarenta, e huma
fentenças a favor defta SereniíTima Cafa contra
partes muito refpeitadas pela nobreza de feus
nacimentos, fendo elle o que unicamente alle-
gava em taõ diverfas caufas ou foíTem Secula-
res, ou Ecclefiafticas. A Rainha D. Francifca
Luiza de Gufmaõ como Regente defta Monar-
chia o elegeo a 15. de Setembro de 1657.
Procurador de fua filha a Sereniífima Senhora
D. Catherina, cuja eleição o empenhou a trium-
far da forte opofiçaõ que Gafpar de Abreu, e
Luiz de Mello fizeraõ ao Paul de Magos de
que era a dita Senhora Donatária. Falleceo
em o anno de 1665. fem Teftamento deixando
huma filha imica chamada D. Maria António
de Sages Oforio, que teve de fua mulher
D. Anna Monteira de Sages as quaes como def-
cendentes de nobres progenitores lhes paíTou
ElRey D. AfFonfo VI. hum Alvará em 29. de
Outubro de 1665. para ferem ReUgiofas no
Convento de N. Senhora da Encarnação da
Ordem de S. Bento de Aviz, fituado nefta
Corte. Compoz muitas, e doutiíTimas obras
em Direito Civil, e Canónico, das quaes fahio
pofthuma a feguinte.
Praxis de Patronatii Kegio, et Sacidari. Opus
plane neceffarium Judicibus Corona ad fimiles can-
jas Patronatus ^egij, et Sacularis decidendas.
Summorum Pontificum decretis, Sacra Kota Deci-
Jionibus, et com muni Do£íorum authoritate fulcitum,
pluribus Judiei/ Corona Regni Portugallia fententiis
roboratum. UlyíTipone apud Jozephum Anto-
nium da Sylva Typ. Reg. 1726. foi.
BENTO DE CASTRO pofto que na-
cido na Cidade de Hamburgo filho de Ro-
drigo de Caftro noíío Portuguez, e infigne
Medico de quem fe fará memoria em feu lu-
gar. Applicoufe ao efludo defta Faculdade,
e fahio nella taõ eminente que fe naõ diftin-
L USITAN A.
5o I
guia do Pay herdando com a natuteza a fcien-
da medica com que na fua Pátria triumfava
das infermidades mais perigofas de tal forte
que a Rainha de Suécia ChriAina Alexandra
•quella famofa Heroina do Século paíTado o
elegeu para Teu Medico chamado txcelhntif'
fmo, e eruditijftmo pela pcnna de Zacuto Lufi-
tano in Prax. Med. Obferv. 85. e 86. naò lhe
dando menores elogios Bafnage Hijl. des jmfs.
Vlv, 7. cap. 51. e Wolf. Bib, Hehraap^g. 1015.
n. 1910. Morreo na fua Pátria no anno de
1684. Compoz.
Monomachia, fivt certamen Medicorum circa
Vttm Sediomm. Amburgi apud Jacobum
Rebenlinum. 1647. 4.
Com o fuppoílo nome de Philotheo Gif-
I tello publicou huma Apologia pela fciencia
dos Médicos Portuguczcs com cfte titulo.
"Plagellum caluniniantium , feu apoloffa in qua
Anonymi cuja/dam calumnia rejutantur; ejufdem
mentiendi libido detegitur: clarijfimorum 'Lufitano-
rum Medicorum legitima methodus commendatur, <&
EjupyricorMm infcitia, et temeritas tamquam perni-
àojareipublica damnatur. Amftelodami. 1681. 8.
Fr. BENTO DA CRUZ. Naceo na augufta
Qdade de Braga, fendo filho de Domingos
Gonçalves, e Maria Fernandes, e em a de Lis-
boa profeíTou o monaílico Inftituto do Prín-
cipe dos Patriarchas S. Bento a 3. de Mayo de
1592. Depois de lér aos feus domeílicos a
Sagrada Theologia recebeu neíla faculdade o
gtáo de Doutor em a Univerfidade de Coim-
bia. Foy Abbade do Collegio defta Qdade em
o anno de 1626. e do Convento defta Corte em
1632. Naõ tinha menor talento para as fcien-
cias amenas, que para as feveras fendo muito
douto affim na lingua latina como no artificio
Oratório de que foy teftemunha toda a Acade-
mia Conimbricenfe quando orou em applaufo
da Canonização da Rainha Santa Izabel prin-
cipiando.
Solent, qua mediis cali^nofcB noãis fenebris
ajlra (&€.
Sahio impreíTa efta Oraçaõ no livro inti-
tulado Sanãijfima Regina Eli/abetòa poeticum
certamen. Conimbrioe Typis Didaci Gomes
do Loureiro Acad. Typ. 1626. 4.
Morreo no Mofteiro de Rendufe a 5. de
Agofto de 1639.
Fr. BENTO DA CRUZ femclhante ao
precedente aíTim em o nome, como na pro>
fillaõ religiofa. Naceo na Villa de Arrífana
de Soufa do Bifpado do Porto. Recebeo o
Habito Benedi^no no Convento de Penuun-
buco, e exercitou com grande madureza os
lugares que occupou na Religião, ou foíTe
fendo Abbade dos Conventos do Rio de Ja-
neiro, e Pernambuco nos annos de 1647.
e 16)6. ou de Definidor no anno de 1659.
Com zelofa fidelidade contribuyo para a expul-
faõ dos Olandezes que injuftamente domina-
vaõ as praças da America. Foy Pregador de
nome, cuja evangélica vòz fe ouvio com geral
applaufo no Brafil, índias de Caftella, Porto,
e Lisboa deixando para argumento do génio
que tinha para o Púlpito.
Sermão do inviâijftmo Marfyr S. SebafliaÕ
Padroeiro do Convento de S. Bento da Bahia pre-
gado no me/mo Convento premente a Camará da
dita Cidade, e com Mijfa nova. Lisboa por Paulo
Crasbeeck. 1646. 4.
BENTO FERNANDES natural do Porto
onde exercitou a mercancia, fendo hum dos
mais celebres Arithmeticos do feu tempo com-
pondo, e dedicando ao Serenifiimo Infante
D. Luiz.
Arte de Arithmetica. Porto 1555. foi.
P. BENTO FERNANDES. Naceo na Villa
de Borba do Arcebifpado de Évora em o anno
de 1563. fendo filho de Miguel Fernandes, e
Izabel Aifonfo, e irmaõ do V. P. Bento Fer-
nandes que em Nangazaqui offereceo a vida em
obfequio de Chrifto a 2. de Outubro de 1653.
Efliidando em a Univerfidade de Évora Huma-
nidades fe afeiçoou tanto ao Inftituto da Com-
panhia de Jefus, que o abraçou a 20. de Janeiro
de 1578. quando contava quinze annos de
idade. Na mefma Univerfidade em que fora dif-
cipulo fubio a fer Meftre de Letras humanas, e
Filofofia de cuja difciplina fahiraõ os feus ou-
vintes taõ inftruidos na fciencia, como na vir-
tude. Deixando o applaufo da Univerfidade fe
dedicou totalmente ao beneficio efpiritual dos
próximos dirigindo a huns com faudaveis do-
cumentos em o Confeffionario, e reprehen-
dendo a outros com prudente energia em o Púl-
pito. Era exceffiva a charidade, e continuo o
5o 2
BIBLIO THE C A
difvelo com que aíTiília aos prezos, acompa-
nhava os condenados ao fuplicio, e convertia
a muitos Mouros, e Judeos da cegueira dos
feus erros para abraçarem a Lcy Evangélica.
Foy cordial devoto da Rainha dos Anjos expli-
cando o feu afFedo pelos elogios que em todas
as fuás obras lhe dedicou recebendo em remu-
neração deíles obfequios repetidos benefícios,
fendo o principal morrer em dia confagrado
ao feu culto como lhe tinha fupplicado, o que
felizmente fucedeo em hum Sabbado 7. de
Dezembro Vefpera da fua puriífima Conceição
do anno de 1630. e naõ 8. como efcreve o
Author da Bib. Societ. pag. 109. col. i. em a
Cafa profeíla de S. Roque quando contava
•67. annos de idade, e naõ 64. como diz Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 164. col. z. c ^z.
-de Religião. Foy hum dos famofos Efcritu-
rarios que venerou o feu tempo penetrando
•com indefeílo eíludo as mais profundas difi-
culdades de hum, e outro Teftamento, que dei-
xou reveladas em as fuás doutas obras pelas
quaes he intitulado por Fr. Francifco de Santo
Agoílinho Macedo Collat. D. Thom. <â>' Scoti
3. Part. Collat. 4. DiíFer. 3. Seâ:. 4. pag. 436.
vir eruditijjimus, e no Vropugn. 'Lujit. Gallic.
pag. III. Clarijfimum Scripturarum interpretem,
e na Filip. Portug. cap. 21. pag. 100. Grave,
■e douto Efcriturario, Soufa de Macedo Eva, e
Ave Part. i. cap. 4, n. 8. Grave Doutor, e cap.
12. n. I. Efcriturario doutijftmo. D. Fr.
Thom. de Far. Decad. 1. lib. 9. cap. 9.
^ui primum, (ò' Jecundum Genefeos caput doc-
Jijfime extricat, ita ut nemo melius, Joan.
5oar. de Brit. Theatr. L.ujit. l^itterat. lit.
B. n. 27. Vir egregie pius, et eruditus Azc-
vedo Fundac. de Lisboa i. Part. liv. i. cap.
2. gram doão na Efcritura Marrac. Bib.
Marian. Part. i. pag. 210. virtute, €>" Sa-
pientia clarijfimus. Franco Imag. do Nov.
de Evor. liv. 3. cap. 26. doutijftmo nas divi-
dias letras. D. Franc. Man. na Carta dos
Auth. Vortug. efcrita ao Doutor Themudo
Claro E^pofitor. Tellez Chron. da Compan.
Je JESUS da Prov. de Portug. Part. 2. liv. 4.
cap. 47. n. 7. infigne Efcriturario, e na Etió-
pia Alta liv. i. cap. 10. doutijftmo. Jacob. Le-
long. Bib. Sacr. pag. mihi 723. col. i. Compoz.
Commentariorum , atque obfervationum mo-
ralium in Genejim Tomus primus. Lugduni
apud Horatium Cardon. 161 8. & ibi apud
Jacobum Cardon, & Petrum CaviUat. 1633. foi.
Tomus 2. ibi apud eofdcm Typog. 1621.
foi.
Tomus 3. ibi apud eofdem Typog. 1627.
foi.
Oratio funebris in Exequiis Beatijfimi Papa
GregoriJ XV. habita in Templo Virginis Eau-
retancB Ulyjftponenjis, 30. Augujli 1623. Ulyífip.
apud Petrum Crasbeeck. 1623. 4. Faz memo-
ria defta oraçaõ no Tom. 3. Commentar. in
Genef. cap. 45. Se£l. 2. n. 8.
Commentarij in Eucam. M. S. quos in Eu- í
Jitania fervatos ad Keipublica Chrijliana utilita- I
tem quantocius in lucem edi fummis votis expeãa-
mus efcreve Marracio in Bib. Marian. Part. i.
pag. 210. Deíla obra confervada no Collegio
de Évora fe lembraõ Nicoláo Anton. Bib. '
Hifp. Tom. I. pag. 164. col. 2. e Franco in 1
Ann. Gloriof. S. J. in Eujit. pag. 729. coL 2. •
e a Bib. Societ. pag. 109.
BENTO FERREYRA DE ANDRADE.
Naceo na Cidade do Porto, e teve por
Pays a Francifco Ferreira de Andrade, e
D. Izabel Barbofa Sodre igualmente no-
bres, que opulentos. Foy ornado de claro
juizo, fumma urbanidade, vaíla liçaõ da
hiftoria Sagrada e profana, e de admi-
rável génio para a Poefí^. Soube com per- '
feiçaõ a lingua Latina, Efpanhola, e Ita-
liana cõpondo com promptidaõ em qual-
quer deíles idiomas. Exercitou na Pátria
o lugar de Vereador com grande cre-
dito do feu talento onde morreo a 13. de
Junho de 17 14. Para teílemunho da felici-
dade da fua Mufa fe imprimirão nos Acroa-
mas Panegíricos com que a Santa Igreja Ca-
thedral de Coimbra recebeo, venerou, e ap-
plaudio a Sagrada Keliquia do novo Thauma-
turgo Efpanhol Santo Thoma^ de Villa-nova.
Coimb. por Jozé Ferreira 1690. 4. as feguin-
tes obras.
Vida, y milagros de Santo Thoma^ de
Villa-nueva delos Infantes. Quintilhas de Ciego
faõ 89.
Tranfporte da relíquia de Santo Thomasi
de Villa-nova de Valença para Portugal, e
collocaçaÕ delia, e da Imagem do Santo na
Sè de Coimbra. Romance de 64. Coplas.
L USITANA.
5o5
" Tres Sonetos, dous Portuguezes, e hum
Italiano com hum Moíe gloíTado ao meTmo
aíTumpto.
HI'NTO GIL Nacco na antigua Qdadc
.1 I r| I li Irovincia do Alentejo de Paysvir-
tuoíos <{iu M ( <] tcaraô na efcola do temor de
Deos 1 Mil li i.iliio ornado de excellentes vir-
tudes ijur |)ui ixil.i .1 vida rcligiofamente exer-
citou. Na Univerfidade de G^imbrafeapplicou
•O cftudo da Jurifpriulcnria Civil cm que o feu
•gudo engenho, c tat.i comprchcnfaò íízeraò
tiõ famozos progreiTos que pela aclamação
de todos os Cathedraticos recebeu na mefma
faculdade os gráos de Bacharel, e Licenciado.
^Éia amparar a orfandade de íuas Irmaãs dei-
lou a Univeríidade, e o Magiílerio, a que
podia aípirar a fua fciencia Legal, e paliando
à Corte de Lisboa começou a exercitar o Offi-
tío de Advogado com tanto ódio ao intereflc
como amor à verdade fervindo taõ nobres eíli-
ffiulos de concorrerem a fua Caía os mais
gtaves Litigantes admirados de que ainda
quando queriaõ fatisfazer com maõ mais gene-
fofa o eftudo das fuás Allegaçoens Forenfes
ttcebefle o premio que a fua inteireza julgava
jèr fufficiente. Nunca paílou inílante ociofo
pois nas horas que tinha vagas do tumulto
das caufas as occupava efcrevendo livros afce-
ticos em que o feu efpirito achava fumma
deleitação. Foy grande devoto de Maria Sanétif-
íima, e affeftuofo venerador do Sacramento do
Altar em cuja oculta prezença eílava repetidas
vezes profundamente proftrado. As virtu-
des, de que era depoíito a fua alma fe defco-
briaõ na modeília do femblante, de tal modo
que chegou o IlluftrifTmio Arcebifpo de Lis-
boa D. Miguel de Caibro a dizer a Manoel
de Vafconcellos Regedor da Cafa da Sup-
plicaçaõ que fua Senhoria tinha hum Advo-
gido, que naõ fó era Santo, mas que o parecia.
Como fe fora infeníivel tolerou com paciência
Chriílaã algumas injurias com que feus emulos
quizeraõ manchar a pureza do feu incorrupto
procedimento. Precedendo huma prolongada
infermidade, em que repetio os aftos heróicos
das virtudes exercitadas por toda a vida, e rece-
bidos com fimima piedade os Sacramentos paf-
fou de caduco a eterno a 4. de Mayo de 1625.
Jàz fepultado diante do Altar de N. Senhora
da Conceição da Parochial Igreja de Santa
Juâa deíU Cidade. Com grandes elogios o
exaltaõ giaviíTimos Authores como íaõ Pinei.
Sêle£f. ]ur. Jnterp. lib. i. cap. 5. §. 5. vir in Ugftli
peritia, eb* morum inteff-itate eximius, 6c lib. 2.
cap. 20. $.15. àoãifftmus, joan. Soar. de Bnt.
Theatr, LmJíí. IJtterat. lit. B. n. 2). celeber advo-
catus, «y Jurifperitus, Carvalh. in Cap, Kay-
naud. Part. 4. n. 191. Satis ertuUíus, Gabnel
Per. Decif. 10. n. 7. doãijfmus. Pinheiro de
Teflament. Concil. 200. infiffiis doãor. Barbof.
de Potefl. Epifcop. Part. i. Tit. 3. cap. 2. n. 46.
omnium litterarum fcientia egreffe praditus, multi-
juga virtute pracellens. Cardof. Affol. hafit.
Tom. 3. pag. 69. devoto, pacifico, honeflo, cajlo,.
fobrio, caritativo, eftudiofo, e inimigo da ociofidade.
Nicol. Ant. Bih» Hifp. Tom. 2. pag. 284. col. 2»
magis Chriftianis virtutihus quam civilis doãrince
mérito, e^ operum in lucem ab eo editorum pojle-
ritatis memoria commendandus. Diogo Gouvea.
Barradas. Antig. de Beja hv. 3. cap. 40. ajji
por Jus letras, como por Jus conocidas virtudes, e
exemplar vida, que en ambas cojas fue exemplo,
y admiracion delos que le conocian. Fr. líidor.
à Luce de Concept. Ub. 3. n. 1460. doãijfimusy
pariterque piijfimus, cujus Sanãitatis plurima
exempla habemus pracipue in continuis eleemofinis,
Templorum frequentatione, aÍT pauperum patro-
cínio. Phxb. tom. I. Decif. Decif. 56. n. 10.
Jurifconfultijftmus, Compoz.
Releãio in L. Titia ^ non nup/erit 100. j^. de-
condit. <ò' demonfi. OlyíTipone apud Petrum
Craesb. 1608. 4.
Commentaria ad L.. i. C. de S acrof anais
Exclejiis fex partibus diftributa, opus praãicis,.
ac difputationibus fcholajlicis contextum i. parr
agit de perfonis, que teftari poffunt 2. de Tejla-
mentorum folemnitatibus. 3. de perfonis quibus^
tejiamento aliquid relinquitur. 4. de tempore Tef-
tamenti condi ti. 5. de quibus bonis tejiator pojfif
difponere. 6. de tefiandi arbítrio. OlyíTipone
apud eumd Typog. 1609. foi. & Conim-
bricae apd Jofephum Ferreira Acad. Typ.
1700. foi.
Traãatus de Jure, (Óf privilegiis honeflatis in
duo deviginti artículos dijlribufus quibus univerfint
honejli jus ac quod ad Jingulos perfonarum ftatus^
pertlnet, explicatur. OlyíTipone apud Petrum
Craesb. 161 8. 4. Colónias Agripinae per Petrum
Henning. 1620. 8.
5o4
BIBLIOTHE CA
Commentaria in L. ex hoc jure D. de Jujliíia,
<Ò' jure, hoc ejl de univerfa contraãuum matéria.
In prima parte agit de jure gentium, de dominio,
comerciis, emptionibus, venditionihus , locationibus,
conduãionihus , ohligationihus , lus titia, (ò" de quibuf-
dam contraãibm àjure civili introdu£lis, Jcilicet de
Stipulatione: de lata litterarum obligatione : <&
non numeraíoe pccunia exceptione. De Emphy-
teuji, <& cenju, de Sponfalitia Largitate. Tomus
primus. OlyíTiponc apud Petrum Crasbceck
1619. foi.
Tomus 2. ibi apud eumdcm Typograp.
1621, foi. Sahiraõ ambos os Tomos Conim-
brica; apud Jozephum Ferreira Acad. Typ.
1696. foi. 2. Tom.
Direãorium Advocatorum, (ò' de privilegiis
eorum. Ulyffip. apud Petrum Crasbeeck.
1613. 4.
Da excellencia da Sagrada Oração da Ave
Maria com declaração das fuás palavras breve Tra-
tado. Lisboa por Pedro Crasbeeck. 161 3. 8.
Hortulus anima tripartitus. Prima pars Ma-
rice Virgini facrata ejl z. Mijericordia Dei in
converjione peccatoris. 3. Santijftmo Eucharijlia
Sacramento. UiyíTipone apud Petrum Cras-
beeck. 161 5. 8.
Expojiçaõ fobre o Padre Nojfo. Lisboa pelo
<lito Impreflbr 161 6. 8.
Tratado da Sagrada Oração da Salve Rainòa
com pias, e devotas Oraçoens fobre fuás palavras.
JJsboa pelo mefmo ImpreíTor. 161 7. 8.
BENTO DE GÓES. Naceo em Villa-
-Franca diftantc cinco legoas ao Lefte de
Ponte Delgada Capital da Ilha de S. Mi-
guel em o anno de 1562. Na idade da ado-
lefcencia paíTou à índia onde aíTentando
praça de Soldado fe entregou aos exceflbs
de huma vida taõ licenciofa que fervia de
geral efcandalo aos feus companheiros. Pe-
netrado dos eftimulos da confciencia entrou
em hum Templo de Travancor dedicado à
Virgem Santiffima em cuja prezença coníi-
<ierando com mayor reflexão a enormidade
das fuás culpas as começou a deteftar com
taõ copiofas lagrimas que fez voto de fe alif-
tar em outra mais reformada milicia. Firme
nefta heróica refoluçaõ depois de purificar
as manchas da fua alma com o lavatório do
Sacramento da Penitencia, foy admitido à
ij88.-
)tad(»
leteJ
-r T
Companhia de JESUS em o anno de ij88,
quando contava 26. de idade. Sendo dot
de talento capaz para todas as fciencias detcN
minarão os Superiores, que de coadjutor Tem-
poral paflaflc a cultivar os eftudos para chegar
a dignidade Sacerdotal, porém elegendo com
fumma humildade a forte de Martha perfevc-
rou no eílado com que entrara na Religião.
Como no feu peito ardia o zelo da converíaõ
da Gentilidade, e tiveííe obrado em obfequio
de Chriílo acçoens apoílolicas na Corte do
Mogor foy deílinado para explorar a parte
onde eftava fituado o graõ Catayo concor-
rendo para taõ alta empreza o beneplácito do
Vice-Rey Ayres de Saldanha, e do Uluílriffimo
Arcebifpo Primaz D. Fr. Aleixo de Menezes,
e a faculdade do P. Jeronymo Xavier Superior
da MiíTaõ do Mogor. Partio de Agra a 6. de
Janeiro de 1603. disfarçado em traje de Armé-
nio para naõ fcr conhecido por Europeo,
levando por companheiros a dous Gregos
Leaõ, e Demétrio, e a Ifac Chriftaõ Arménio
que lhe affiftio até o fim da fua vida. Tendo
paíTado Papur, Cafriftaõ, e Zedeli chegou a
14. de Novembro de 1604. à Cidade de Chalis
depois de ter tolerado com heróica conftancia
vários perigos, c graves afrontas da infideli-
dade dos Mouros, e cobiça dos Ladroens,
atraveflado caminhos inacceffiveis, experimen-
tado climas nocivos, c padecido fedes intole-
ráveis. De Chalis entrou em Camul a 17. de
Outubro de 1605. donde chegando breve-
mente aos muros da China conheceu que ella
era o Catayo, c fer falfa a informação, que os
Mouros tinhaõ dado na Corte do Mogor. Al-
cançada faculdade do Tutam entrou em Sube-
cheo donde efcrevendo aos Padres Jefuitas
que aíTiíliaõ em Pequim da fua chegada àquella
Cidade foy logo vifitado pelo Irmaõ Joaõ Fer-
nandes que o achou lançado na cama, e taõ des-
feito, c attenuado que imaginou fer mais cadá-
ver, que homem. Cheyo de hum inexplicável
jubilo que fe liquidava pelos olhos em copiofas
lagrimas paíTou com elle toda a noute dando
graças ao AltiíTimo de lhe ter confervado a
vida em huma taõ prolongada peregrinação
que pela honra de Deos, e falvaçaõ das almas
intrepidamente intentara, e felizmente con-
feguira. Chegado o termo dos feus apoíto-
licos trabalhos entre amorofos coUoquios
i
L USITANA.
5o5
i
com Giriílo Crucificado foy lograr do pre-
mio eterno a ii. de Abril de 1607. com 4).
annos de idade, e 19. de Religião. A Tua
vida efcreveo na lingua flamenga o P. Luiz
Jacobi da Companhia de JliSUS, e fahio
impreíTa Antuerpix apud Arnoldum Van
Honhel. 1659. 12. Dclle fazem illuílre memoria
Nicol. Trigault. de lixped. ChriJIian. apud Sinas
lib. j. cap. II. ia. e 15. Jarric. Thet(aur. Ker.
Ind. Part. 2. lib. 3. cap. 17. Bagata Mirand
Orb. Chriji. Tom. 2. lib. j. cap. 2. n. 14. Gou-
vea Afia Extrema Part. i. lib. 4. cap. 7. 8. e 9.
Gxxcrtút. Relac. Annal do que fi^ier. os PP. da
Comp. de ]ef. tia Ind. nos ann. de 1606. e 1607.
liv. I cap. 8. Faria Afia Port. Tom. 3. Part. 3.
cap. 6. n. 26. Cardof. Agiol. Ldifit. Tom. 2
pag. 511. e no Comment. de 11. de Abril letr.
G. Rho Var. virt. Hifi. lib. 4. cap. 6. n. 13.
Semedo Hifi. da Chin. Part. 3. cap. 4. Chaves,
c Mello Vid. da Ven. Margarid. de Chav. pag.
290. Efcreveo.
Carta efcrita de haor a ^o. de De:(em-
l/ro de 1602. ao P. Vice- Provincial de Goa
em que trata da fua partida para o Catayo.
Sahio no livr. 3. cap. 9. a foi. 62. v.o da
Kelac. Anal. das coufas que fi^eraõ os PP. da
Companh. de Jef. nas partes da índia nos ann.
de 1603. compofia pelo P. Fernão Guerreiro Lis-
boa por Jorge Rodrigues. 1605. 4.
Carta efcrita de Lutor a 14. de Fevereiro
de 1603. ao P. Jerónimo Xavier. Imprefla
na dita Relação liv. 3. cap. 9. a foi.
63. v.o
Carta efcrita ao P, Manoel Pinheiro da
Companhia de JESUS em que lhe da noticia de
ter jà andado cento, e duas milhas. Impreflb na
dita Relação a foi. 64. v.o
Carta efcrita de Hircande Corte delKey
de Cafcar em 2. de Fevereiro de 1604. ao
P. Jerónimo Xavier Superior da Mijjaõ de
Mogor. A fumma deíla Carta eíla impreffa
na P^elac. Annal dos ann. de 1606. e 1607.
efcrita pelo P. Fernão Guerreiro, no liv. 3.
cap. 9. foi. 162. Lisboa por Pedro Cras-
beeck. 1609. 4.
Relação da fua jornada defde Goa até
defcubrir o Catayo M. S. Da qual fazem
mençaõ Nicol. Godinh. de Rehus Abyjfin.
lib. I. cap. 5. Bib. Societ. pag. 109. col.
2. Ant. de Leon. Bib. Ind. Orient. Tit. 2.
pag. 14. e Nicol. Ant. M. Hifp. Tom,
I. pag. 165. col. I.
Fr. BENTO DE LISBOA cujo appcl-
lido denota a pátria onde naceo. ProfeíTou
o Sagrado Inílituto dot Eremitas de Santo
Agoftinho no Convento de Santarém a 5. de
Mayo de 1442. Rccebeo o gráo de Doutor
na Faculdade Theologica em a Uníverfidade
de Lisboa em o anno de 1482. e nela, efcreve
Fr. António da Purificação de Vir Illufirib,
Ord. Eremit. lib. 2. cap. 13. fora Lente de Vef-
pera no anno de i)o6. e que deixara o exer-
cido da Cadeira por impedimento de (eus
achaques, e na Chron. dos Eremit. de Santo Agpf-
tinhodefia Provinda liv. 7. Tit i. $. 5. foi. 214. v.®
diz que morrera no anno de i J09. Fr. António
da Natividad. em os Mont. de Coroas. Mont. 2,
Coroa 8. §. 2. num. 52. pag. 443. aflirma que
regentara a mefma Cadeira até o anno de 15 16.
no qual morrera. Deíla taõ manifefta contra-
dição entre dous Efcritores da mefma Ordem
fe colhe claramente a ignorância que ambos
tiveraõ do tempo do Magifterio de Fr. Bento
de Lisboa principalmente quando o Benefi-
ciado Francifco Leytaõ Ferreira dignilTimo
Académico da Academia Real nas fuás doutif-
fimas Notícias Chronolog. da Univerfidade de
Coimb. pag. 448. n. 955. efcreve firmado nas
informaçoens extrahidas do Cartório da Uni-
verfidade que no anno de 1506. era Lente de
Prima de Theologia o Meftre Fr. Joaõ da
Magdalena, e o foy até o i. de Setembro
de 1 5 1 5. em que falleceo, e da Cadeira de Vef-
pera era Lente Fr. Joaõ Claro por Provizaõ
delRey D. Manoel no anno de 1504. em que a
inftituhio, e o foy até o de 1 5 1 5. em que a dei-
xou vaga por fubir à de Prima; dõde evidente-
mente fe conclue que naõ podia fer Lente de
huma, ou outra Cadeira Fr. Bento de Lisboa
falecendo no anno de IJ09. como efcreve o
P. Purificação, e fomente no de 15 16. em que
o P. Natividade o fuppoem Lente, e fallecido,
poderia fubílituir a Cadeira de Vefpera em que
foy provido por oppofiçaõ o Meílre Joaõ Fran-
cez em 1 2. de Julho de 1 5 1 7. Foy Fr. Bento de
Lisboa Provincial no anno de 1 507. e Reforma-
dor de toda a Religião em 1 509. pelo Reveren-
difíimo Geral Fr. Egidio Viterbienfe. Efcreveo.
//; primum librum Sententiarum. M. S.
5oó
BIBLIOTHECA
foi. 2. Tom. Do author fazem mençaõ Joan.
Soar. de Brit. Theatr. h.ufit. Utterat. lit. B.
n. 28. Nicol. Ant. Bih. Hifp. Tom. i.
pag. 165. col. I.
Fr. BENTO DE S. LUIZ Naceo na
Cidade de Braga, e na Cathedral recebeo a
graça bautifmal a 27. de Fevereiro de 1697.
Foraõ feus Pays Amaro Ferreira, e Magda-
lena Marques. Na idade adulta de 26. annos
recebeo o habito Monachal de S. Bento em
o Convento do Porto a 27. de Janeiro de 1723.
Eíbidou Filofofia no Mofteiro do Bailo, e
Theologia em o de S. Joaõ do Ermo, em cujas
fciencias fahio fuficientemente inftruido. A
fua natural inclinação foy para a Poeíia vul-
gar cómica de que tem compofto.
Trinta Operas das quaes faõ argumento
HiHorias Sagradas, e Profanas.
Komaria ao monte Santo, ou nova Jerufalem
rejlaurada pelo Arcehijpo Primai^ D. Rodrigo
de Moura Telle:^^ repartida em dof^e EJlaçoens a
do^e Pajfos de Chrifio que naquelle lugar Je veneraõ
em do^e Capellas. M. S. Confta de diverfos
metros, e Oraçoens devotas.
Tradu2Ío de Latim em Portuguez fem
declarar o feu nome.
Officio de Santa Getrudes. Lisboa 1739. 16.
Fr. BENTO DE MACEDO eho de
Gregório Gomes, e Guiomar de Macedo
naceo em Lisboa, e no Convento do Carmo
defta Cidade recebeo o habito a 16. de Março
de 1626. onde depois de efhidar Artes paf-
fou aprender Theologia em o CoUegio de
Coimbra em cuja Univeríidade com uni-
verfal aclamação foy admitido ao numero
dos Doutores Theologos a 29. de Junho de
165 1. Injigne Pregador o intitula António
Carvalho da Coíla Corog. Portug. Tom. 3.
liv. 2. Trat. 8. cap. 47. pag. 633. Falleceo no
Convento pátrio em o anno de 1654. Compoz.
Curjus Phylofoficus in três Tomos dijiinãus
M. S. a qual obra fe conferva no Convento
de Évora como efcreve Fr. Manoel de Sà
nas Mem. Hijl. dos EJcrit. Portug. do Carm.
cap. 17. n. 134.
P. BENTO DE MACEDO natural
de Borba na Provincia Tranílagana onde
teve por Pays a Bento Fernandes, e Maria
Franca. Entrou na Companhia de JESUS no
CoUegio de Évora a 23. de Fevereiro de 1692.
onde depois de fer Lente de Rhetorica, Filo-
fofia, e Theologia fe graduou Doutor nefta
Univerfidade a 29. de Outubro de 1724. A
fua grave prudência acompanhada da fcien-
cia das letras humanas, e divinas o fizeraõ
Reytor de Évora, e Coimbra, e Prepofito
da Cafa profeíTa de S. Roque cujo lugar exer-
cita nefte anno de 1739. Compoz.
Pharus Dialeãica, five lógica univerfce brevis
elucidatio. Eboras ex Officina Univeríit.
1720. 8.
Delle faz memoria o P. Francifco da Fon-
feca Bvor. Glorio/, pag. 427.
BENTO DE S. MARIA UlyíTiponenfe
filho de Luiz Pereira, e Antónia da Cunha.
Recebeo o Canónico habito da Congrega-
ção do Evangelifta em o Convento de Évora
a 16. de Abril de 1702. Igualmente fe appli-
cou ao eíhido da Theologia, que da Sagrada
Efcritura em que fahio fufficientemente inf-
truido. Pelo cordial affedo com que vene-
rava a Maria SantiíTima pubUcou em feu obfe-
quio as obras feguintes.
Diadema Marianum in laudem ejufdem Sane-
tijfimce Virginis Maria, Deique Matris. UlyíTip.
apud Mathiam Pereira da Sylva, & Joannem
Antunes Pedrozo. 1720. 24.
Arbor Mariana, id ejl Maria Sanãijftma,
vitalis arbor, et fruãifera producens fruãus
oppofitos nocivis fruãibus illius Paradifienjis
arboris, quce in Genefi vocatur Ugnum vita.
UlyíTip. ex Typograph. AuguHiniana.
1730. 12.
Panegyrica Oratio de Cruce exaltata M. S. 4.
Funebris Oratio de Chrijio fepulto M. S. 4.
BENTO MORGANTI. Naceo na fa-
mofa Cidade de Roma a 13. de Outubro
de 1709. donde em idade muito tenra paf-
fou a eíle Reyno com feus Pays Lourenço
Morganti natural da Cidade de Luca, e
D. Clara de Azevedo natural de Coimbra.
Aprendeo os rudimentos gramaticaes no
CoUegio de Santo Antaõ defta Corte, e as
fubtilezas Filofoficas em a Congregação
do Oratório. Depois de frequentar em a
LUSITANA.
507
Univerfidade de Coimbra pelo efpaço de
quatro anno8 a fcienda dos Sagrados Câno-
nes fe deliberou a íeguir a vida Religiofa,
como mais conducente para a Salvação eterna
reccbcrulo o habito de Cónego Regrante de
Santo Agoílinho no Real Convento de Santa
Cruz cm o anno de 1750. porém impedido de
graves moieílias aíTiílio fomente fcis mezes em
taõ grave comunidade; e continuando os
fcus eíludos Académicos tomou o gráo de
Bacharel na faculdade de Direito Pontifício
a j. de Julho de 1756. e de Licenciado a 18. de
Julho de 1738. Provada a fua fcicncia Legal
cm o Dczcmbargo do Paço para fcrvir os
lugares da Republica prcfcrio a eílc eílado o
de EcclefiaíUco ordcnando-fc de Presbytero
a zi. de Setembro de 1739. Naõ fomente he
douto em hum, c outro Direito, mas muito
verfado na liçaõ da Hiíloria Sagrada, e Pro-
fana principalmente em a intelligcncia das
Medalhas Romanas podendo com virtuofa
jaélancia gloriarfe de fer o primeiro que em a
língua Portugueza efcrevefle defte aíTumpto
que occupou a infatigável applicaçaõ de Va-
roens infignes como foraõ D. António Agof-
tinho Bifpo de Tarragona, Fulvio Urfino,
Ezechiel Spanheim, Vicente Joaõ de Lafta-
nófa, Carlos Patin, o Cardial Henrique de
Noris, Joaõ Foy Vaillant, e outros muitos
de que formou a Bibliotheca Numária D. An-
felmo Bandurio Monge Benedi6tino Biblio-
thecario do Graõ Duque de Tofcana, e Aca-
démico Supranumerário da Academia das
Infcripçoens de Pariz que fahio impreíTa
Hamburgi. 17 19. 4. Compoz.
Nummijmalogia, ou breve recopilaçaõ de
algumas Medalhas dos Hmperadores Koma-
nos de ouro, prata, e cobre que ejlaõ no Mu-
Jeo de 'Lourenço Morganti Bibliothecario do
llluftrijfimo, e Keverendijftmo Senhor D. Tho-
maz primeiro Patriarcha de Lisboa. A que
Je ajunta huma Bibliotheca de todos os Autho-
res que efcreveraõ de Medalhas, e Infcripçoens
antigas. Part. i. Lisboa por Jozé António da
Sylva ImpreíTor da Academia Real. 1757. 4.
Additiones novijfime auãcc, et correãa ad
Tra£íatum de reprefentatione Blafij Kobles Sal-
^edi J. C. Matritenfis, <& in Juprema Hifpania-
Tum Cúria advocati. M. S. foi.
Additiones varia ad Traãatum de Con-
ftrvatoribus Ktfftlarium Fr. Kaymtmdi Nido.
M. S. foU
Fr. BENTO DE MUGEM cujo appel-
lido indica a pátria onde naceo que he huma
Villa diílante da Villa de Santarém duas le-
goas para o Naícente, e doze de Lisboa.
Recebeo o Habito Monachal da familia CiAer-
denfe em o Real Convento de Alcobaça em
cuja Bibliotheca fe conferva a feguinte obra
Aí. S. em que moílra quanto era douto na
liçaõ da Sagrada Efcritura, e Santos Padres.
Sermones Dominicarum totius anni. foL
BENTO NUNES PEGADO celebre dif-
cipulo do famofo António Pinheiro Meílre
de Mufica da Cathedral de Évora com quem
competio nas Compofiçoens deíla armonica
faculdade deixando para teílemunhas claras
do grande génio, e profunda fciencia que teve
para eíla Arte as feguintes obras confervadas
na Bib. Real da Mufica como coníla do feu
Index impreíTo em Lisboa por Pedro Cras-
beeck 1649. 4* grande.
Parce Domine a 7. vozes. Motete para
a Quarefma.
Hei mihi Domine a 6. vozes Refponforio
de Defuntos.
Hifunt qui cum mulieribus nonfunt coinquinati.
Motete dos Santos Innocentes.
Ad te Jujpiramus. Motete a N. Senhora.
Fr. BENTO PAEZ Vigário Provin-
cial da Ordem de S. Joaõ de Deos, efcre-
veo.
R£lafaÕ da vida de Antaõ Martins Con-
verjo da Ordem de S. Joaõ de Deos efcrita em 1^.
de Março de 1645. Deíla Obra faz mençaõ
George Cardofo Agiolog. Lufit. Tom. i. pag.
444. no Comment. de 15. de Fever. Letr. J.
P. BENTO PEREIRA. Naceo na Q-
dade de Valença Capital do Reyno de Va-
lença fituado entre Catalunha, Caftella nova,
e Aragaõ, em o anno de 1535. de Pay
Caftelhano, e Mãy Portugueza por cuja
caufa o admitimos a eíla Bibliotheca fendo
numerado entre os Varoens da noíTa Na-
ção pelo infigne Fr. Francifco de Santo
5o8
B IBLIO THE C A
Agoftinho Macedo Collat. doar. D. Thom.
éf Scot. Tom. 2. collat. 6. difíer. 2. Sect. 5.
pag. 296. chamando-lhe Semi 'Lujitanus, <ò'
ex integro doãtis António de Soufa de Ma-
cedo ^va, e Ave Part. i. cap. 2. n. 10. erudi-
tijfimo Portuguet^, e o celebre Jurifconfulto
AgoíUnho Barbofa no Elencho dos Authores
impreflb no principio de fua obra de Officio,
et potefiate Epijcopi. Na florente idade de
17. annos abraçou na fua Pátria o Sagrado
Inftituto da Companhia de JESUS no anno
de 1552. onde logo começou a dar claros indí-
cios dos infignes dotes com que a natureza
liberalmente o ornara comprehendendo com
facilidade, difcorrendo com fubtileza, e expli-
cando com claridade as fciencias que fendo dif-
cipulo podia eníinar como Meftre. Em Roma
foy lente de Rhetorica em cujo magiílerio fez
renacer a memoria de Tullio. Pelo largo
efpaço de doze annos explicou os myfterios da
Filofofia Peripatetica com igual applaufo do
feu nome, como fruto dos feus ouvintes.
Subindo das fciencias humanas às divinas
interpretou com admirável delicadeza ao Prin-
cepe da Theologia Efcholaílica Santo Thomaz,
e com a mefma profundidade revelou os
myileriofos arcanos da Sagrada Efcritura
em que foy eminente a fua vaíla erudição,
ut in tis omnibus, quas traãavif, doãrince partibus
nobiliorem eo alium, aut praftantiorem vix tu-
lerit haãenus feracijfima hujus mercis Hifpania
efcreveo em feu louvor Nicol. Ant. in Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 165. col. 2. e a Bib. Societ.
pag. 112. Ubique doãus, ubique difertus, <& Jui
fimillimus. In hujus autem viri Jcriptis tantum
apparet ingenium, tanta doãrina, atque eloquentia,
tanta rerum omnium comprehenjio, ut fuperva-
caneum Jit lucernam falis lumini inferri. Em Roma
onde paílou a mayor parte da vida a acabou
com fumma piedade a 6. de Março de 1610.
quando contava 75. annos de idade, e 58. de
Companhia. Compoz.
Vhyjicorum Jive de Vrincipiis rerum naturalium
libri XV. Romae 1562. 4. Pariíiis, Colónias,
& Argentorati.
Commentaria in Danielem Prophetam li-
bri XVI. Romãs 1586. Lugd. apud Juntas
1588. & Antuerpias 1594. o 4. livro deita obra
foy impreíTo feparadamente Treviris apud
Joan. Scholeuter 161 8. 12. com eíle titulo.
"Theatrum rerum creatarum em o qual fe
contem a explicação do Cântico dos Meninos
na fornalha de Babilónia.
Commentariorum, <& difputationum in Ge-
nejim Tom. IV. Romãs 1589. até 1598. 4. Lug-
duni apud Juntas. 1599.
A-dverfus fallaces, <& fuperjlitiofas artes,
hoc ejl de Magia, <& obfervatione Somniorum, (&
de divinatione Aftrologica libri III. Ingolfta-
dij apud Davidem Sartorium 1591. 8.
Seleãarum Difputationum in Sacram Scrip-
turam Tomi V. Contem o 1. Difputationes
137. fuper Exodum, Ingolíladij apud Davi-
dem Sartorium. 1601. 4.
Tom. 2. continet 188. Difputationes fuper
Hpijlolam Pauli ad Komanos. ibi apud eumd-
Typog. 1603. 4.
To mus 3. continet 183. Difputationes fuper
Apocalypjim. Ad calcem accejfit liber adverfus
eos qui putarunt Mahometum ejfe Antichriflum.
Lugd. apud Horatium Cardon. 1606. 4.
Tomus 4. continet 214. Difputationes fuper
priora 9. Capita Evangelij Sanai Joannis. Lugd.
apud eumd. Typ. 1608. 4.
Tomus 5. continet 144. Difputationes fuper
quinque fequentia Capita ejufdem Evangelij ibi
apud eumdem Typ. 16 10. 4.
Todas eílas obras fahiraõ impreíTas Co-
lónias Agrippinas ex Officina Antonij Hierati.
1620. 1621. e 1622. foi. 4. Tom.
Em a Bibliotheca Ambroíiana como affirma
Nic. António, e a Bib. Societ. fe confervaõ
deíle grande Author as obras feguintes M. S,
Eucubrationes in Evangelia.
De Avaritia.
In Decalogum.
Propojitiones ex i. et 11. Phyjicorum.
In libros Metaphyjicorum.
Ratio brevis Jludendi.
In libros de Anima.
De Trinitate, Angelis, Creatione, (Ò' Incar-
natione.
In primam partem D. Thoma.
lógica Injiitutio.
P. BENTO PEREIRA. Naceo na Villa
de Borba da Provinda do Alentejo, no
anno de 1605. em cujo louvor como agra-
decido à May que lhe dera o berço, e a
dous feus Tios maternos o P. Bento Fer-
L USITANA.
Soç
nandes iníigne Efcriturario, de que jà fe fez
tncnçaò, e o P. Bento Fernandes valerofo
Martyr confagrou a íua MuTa eílc elegante
Ivpigramma em que recopila parte das obras
<|uc compoz.
If/c/y/a ires celebres lUnedUlos Borba tMliJIi,
Sanguine conjunítos, Re/igione parti,
Interpres Genejis fenior BenedUíns, ttbiqne
LMudibi4s immenfis dotla per ora volat.
Pro Chrijlo nuper Japonia fceva Secundam
Crndeli extintlum rmfit in aflra nect,
r|i Tertiits eft author Pereira Palladis armis
■|l Indiita horrendis, pacificaque toga.
^Hf/r Mores Jcripfit popidorum, et Carmina Horati
^B Fecit ApolJineã lucidiora face.
^^mlius indoÚos divina Profodia vates
^B Edocmt certis pangere metra modis.
^Kr tot Palladios flores in flore Juventa
^^ Uberis ingenij tot monumenta ttdit:
Ouot reddet frtiíliis matura atatel Minerva
Cunífa voluminibus fcrinia plena dabit.
Vertilitate foli dudum Ínclita Borba fuifti:
At nunc es celebris fertilitate virum.
lirgo fume novum nomen, Benediâa uocare:
Sic tribus bis natis ter benediãa manes.
Deixada a Cafa de feus Pays Francifco Pe-
reira, e Catherina Rodrigues bufcou na
tenra idade de 15. annos a Companhia de
JESUS na qual fe aliítou em Lisboa a 27. de
Junho de 1620. donde paíTando ao Collegio
<.le Évora, e aprendendo as letras humanas,
c Filofofia, em o de Coimbra didou com
iiniverfal applaufo naõ fomente eftas fcien-
cias, mas a mayor de todas qual he a de Theo-
logia por efpaço de vinte annos em cuja
Sagrada Faculdade fe graduou Doutor em
a Academia Eborenfe a 24. de Fevereiro de
1647. Sendo Qualificador do Santo Officio
paílou a Roma para fer Revifor dos livros
dos Authores da Companhia donde voltando
foy Reytor do Collegio dos Irlandezes em
Lisboa, aos quaes inftruyo com a Theolo-
gia efpeculativa, e Moral. Naõ fomente
foy infigne neíla faculdade mas na Jurifpru-
dencia Civil, e Canónica por onde fe dila-
tou a fua penna com igual profundidade, e
erudição. AíTim como era incanfavel no ef-
tudo, era inculpável na vida regulando as
acçoens pelas feveras máximas do feu Inf-
tituto. Na ultima idade perdeu de tal forte
a memoria » que até ignorava muitas vezes
o feu cubiculo, e fomente refpondia com
acerto quando lhe fallavaõ em matérias eí-
pirituaes. Ao tempo de cumprir 76. annos
de idade e 61. de Religião paíTou deíU vida
caduca para a eterna em o Collegio de Évora
em 4. de Fevereiro de x68i. Vir fiát immor-
taliter meritus de Republica litteraria diz o P.
Franco Ann. Gloriof. S. J, in Lufit. pag. 61.
e no Synopf. Annal. S. ]. in Lufit. pag.
368. n. 2. floruit plurimiim tum virtutibus,
tum litteris, e ultimamente na Imag. da Virt.
do Novic. de Évora. pag. 96 j. Homem de
coflumes inculpáveis, P. Francifc. de Fonf.
"Ejvor. Gloriof. pag. 427. Heróe benemérito
da Republica litteraria pelo muito, que a illuf-
trou, e enriqueceo com os feus multiplicados,
e eruditos efcritos. Portug. de Donat. Reg.
Part. 2. liv. I. cap. 22. n. 4. doãijftmus. Na
Allegac. de direit. pelo Senhor D. Pedro de
hancaflr. n. 52. Com feu infatigável efludo
benemérito dos naturaes, e eflranhos. Paulo Igna-
cio de DalmaíTes Dijfertac. Hiflor. por la Pá-
tria de Orofio. cap. 5. §. 3. e cap. 11. §. j. o
intitula doãiffimo. Joan. Soar. de Brit. Theatr.
Lufit. Litter. lit. B. n. 29. Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 166. e Tom. 2. pag. 28 j.
e a Bib. Societ. pag. 113. coL i. Compoz.
Profodia in Vocabularium trilingue La-
tinum, Lufitanum, et Caftellanum digefta. Eborae
apud Emanuelem Carvalho. 1634. foL
UlyíTip. apud Paulum Crasbeeck 1645.
foi. & ibi per eumdem. 1656. foi. No fim
defta ediçaõ eftà a Oração ftmebre que fe:^ na
lingua Latina em a Univerfidade de Évora em
as exéquias do Serenijfimo Princepe D. Theo-
dofio a if. de Novembro de 1653. Sahio a Pro-
fodia correâa, e muito addicionada Ulyífi-
pone apud Antonium Crasbeeck de Mello.
1669. foi. & ibi per eumdem 1661. e 1674.
foi. e Eborae Typis Academicis. 1697. foi.
& ibi apud eamd. Offidn. 1723. foi.
Palias Togata, et Armata documentis poli-
ticis in Problemata humaniora digefiis. Eborae
1636. 4.
Academia, feu Refpublica Litteraria uti-
liter, €>* nobiliter fundata legibus, ac mori-
bus infiituta, privilegiis munifa, ludis, ac cer-
taminibus litterariis exercita, Reãoris, Can-
cellarij, Confervatoris, Officialium, Doãorum,
5io
BIBLIOTH E CA
Magijlrorum , et Scholajlicorum prasidio inflruãa,
Collegiis, Collegarum, (Ò' Vrabendatorum, Jeu
'Portionijlarum apparatu amplificata. UlyíTipone
ex Officina Antonij Crasbeeck de Mello.
1662. foi.
Promptmrium Juridicum, quod fcilicet in
promptu exhihet quarentihus omnes Kefolutiones
circa univerjum jus Pontificium, Imperiak, ac
Kegium Jecundum quod in Tribunalibus 'L.ujitanicí
cauja decidi Jolent.
UlyíTip. apud Dominicum Carneiro. 1664.
foi. & Eboras Typis Academicis. 1690. foi.
Negras Geraes breves, e comprehenfivas da
melhor Orthografia com que fe podem evitar erros
no ejcrever da lingua Latina, e Portuguesa. Lis-
boa por Domingos Carneiro 1666. 8.
'Blucidarium S. Theologice Moralis, (ò" Júris
Utriujque exponens idioma, id eft proprietatem
Sermonis Theologici, Canonici, & Civilis Ulyf-
íipone apud Dominicum Carneiro. 1668. foi.
Promptuarium Theologicum Morak Je-
cundum Jus commune, (ò" Lujitanum, Jeu alio
nomine explicatius. Summa ex univerja Theolo-
gia Morali continens quinquaginta Traãatus. Pars
prior conjlans 25. traãatibus. UlyíTip. apud
Joannem da Cofta. 1671. foi. & Eboras ex
Officin. Acad. 1705. foi.
Pars pojlerior. UlyíTipone apud Anton.
Crasb. de Mello 1676. foi. & Eborae ex Offic.
Acad. 1707. foi.
Ars Grammatica pro lingua 'Lujttana addij-
cenda. Lugduni apud Laurentium AniíTon.
1672. 8.
Obras M. S. promptas para a ImpreíTaõ.
Philojofia in três partes dijiributa.
Arcana Theologica de Deo fecundUm Je, (0°
quo ad nos, Jeu in ordine ad nojlram falutem,
Incarnato, h,egislatore, Pramiatore <ò'c.
De moribus omnium Gentium veteribus,
<Ò' recentioribus. Conferva-fe no Collegio
dos PP. Jefuitas da Cidade de Portalegre
como diz Franco na Imag. da Virtude do
Nov. de Evor. pag. 965. de cuja obra faz
mençaõ o novo addicionador da Bib. Ori-
ent. de António de Leaõ Tom. i. Tit. 14.
col. 451.
Commentaria in Horatium. 2. Tom.
Conferva-fe no Collegio de Santo Antaõ
como efcreve Franco no lugar aíTima alle-
gado.
Concionabilia. Trata de Matérias Predi-
cáveis. Eílá em o Collegio de Beja.
Compendium Traãatus de Matrimonio
concinnati a P. Thoma Sanches S. J.
Protjpus Judieis perfeãi, five laici, jive Eccle-
Jiajlici tam in Civiibus, quam in criminalibus^
BENTO PINHEL natural de Lisboa filho
de Duarte Pinhel, e fobrinho de Ayres Pinhel
celebre Jurifconfulto de quem em feu lugar
fe fez merecida mêçaõ. Inílruido na lingua
Latina paflbu à Univerfidade de Coimbra a eftu-
dar Direito Civil de que teve por Meftre a Ruy
Lopes da Veyga famofo interprete das Leys
Imperiaes, e taes foraõ os progreíTos que a fua
viva penetração fez neíle género de eíhido que
depois de receber o gráo de Bacharel fe oppoz
por varias vezes às Cadeiras com geral admira-
ção de todos os Cathedraticos. Por fer de
mayor esfera o feu talento naõ podendo
conterfe nos limites da pátria paíTou a Itália, e
na Univerfidade de Pifa foy Lente de Direito
Cefareo onde com a fua doutrina fubtilmente
explicada fahiraõ os feus difcipulos Meílres
deíla vaftifiima Faculdade. De Itália paíTou a
Praga em cuja Univerfidade mereceo regentar
a Cadeira de Prima, e ter por expeétadores da
fua profunda litteratura aos mais infignes Pro-
feíTores da Jurifprudencia, que floreciaõ em
taõ celebre Academia. Com diverfos elogios
he exaltado por Carvalho in Cap. Kaynaud,
Part. 2. n. 373. et 380. e Part. 3. n. 40. D.
Franc. Manoel na Cart. dos Author. Portug. ao
Doutor Manoel da Fonf. Themudo. Joaò
Soar. de Brit. Theatr. Lujit. JLitter. lit. B.
n. 30. e n. 45. onde o intitula Jorge em lugar
de Bento. Compoz.
Seleãarum Júris interpretationum con-
ciliationum, ac Variarum rejolutionum Tomus
primus. Venetiis apud Dominicum Imber-
tum. 161 3. foi. Dedicado a Cofme 11. Graõ
Duque de Florença onde lhe diz Spero namque,
ut quos Patruo meo Ario Pinello Hifpania
detulit honores, eojdem Itália mihi tua benignitate
motrice indulgeat. Sahio fegunda vez Lugd.
apud Petrum Chevallier 1670. 4. grande,
& ibi. 1680.
P. BENTO RODRIGUES natural
da Villa de Olivença na Província do Alentejo,
i
L USITANA.
5ii
« Religiofo da Companhia de JESUS cuja Rou-
peta veílio no Collegio de Évora a 3. de Abril
(ic 1644. Foy I^nte de Filofoíia no G>llegio de
i .isboa, e de Theologia Moral, e Efcolaílica na
Univcrfídadc de Évora onde rccebeo o gráo de
Doutor. Na gravidade exterior indicava a
prudência de que era ornado. Foy aHedhiofo
devoto da Virgem Santiffima inAituindo em
leu obfequio Irmandades em todas as Cafas em
que aíTiAio. Era taò humilde que faltando o
Meftre que cnfinava os primeiros elementos
aos meninos, fendo Cancellario da Univerfí-
tladc de Évora fe offercceo para fubftituto, cujo
tnagiftcrio com admiração univcrfal exercitou.
No púlpito eraõ taõ vehementes as expreíToens
tio fcu cfpirito acompanhadas de copiofas
lagrimas que reduzia a dureza mais inflcxivcl
dos peccadorcs. Sendo Reytor do Collegio
de Santarém expirou com fumma piedade a 10.
de Outubro de 1685. Delle fe lembra o P.
intonio Franco in Ann. G/or. S. J. in Ljtjit.
lg. 586. e no SynopJ. Annal. S. J. in l^Jit.
lg. 579. n. 7. Compoz.
OraçaÔ fúnebre em as Exéquias do muito
{.everendo Padre Fr. Bento Madeira Re/i-
iofo do Carmo qtu fe celebrarão no feu Con-
ívento de Évora. Lisboa por Francifco Vil-
'Icla 1671. 4.
P. BENTO DE SEQUEIRA. Naceo em
a Villa de Arronches do Bifpado de Portalegre
da Província Tranílagana em o anno de 1588.
€ na idade de 16. annos entrou na Companhia
de JESUS em o Collegio de Évora a 16. de
Fevereiro de 1602. Depois de eníinar as letras
humanas exercitou com grande applaufo o
minifterio de Orador Evangélico para o qual
tinha todas as partes neceflarias. Com grave
prudência governou os Collegios do Porto,
Funchal, Lisboa, e Coimbra fendo ultima-
mente Provincial da Provincia do Alentejo.
.'VíTiftio na outava Congregação celebrada
em Roma. Foy amado dos domeílicos, ef-
timado dos eftranhos principalmente dos
SereniíTimos Duques de Bragança D. Theo-
dofio 2. e feu filho D. Joaõ gloriofo liberta-
dor da Coroa Portugueza. Aborreceo como
perniciofo veneno a detracçaõ; diíTimu-
lou com paternal aíFeâo os defeitos alheos
fendo rigido cenfor dos próprios. Promoveo
com o feu exemplo a obíervancía da diTd-
plina regular até que chegando à idade de 76.
annos, e 60. de Companhia falleceo no Colle-
gio de Évora a 20. de Junho de 1664. Fazem
delle merecida lembrança Bib. Socitt. pag. 115.
col. 2. Franco Imag. da Virtud. do Novitiaã.
di Evor. pag. 856. e no Ann. Gloriof S. J. in
Lufit. pag. $48. col. 2. e no Synopf, Annal.
S. ]. in lj4fit. pag. ))6. n. 6. Fonfcc. Evor. Glo-
riof, pag. 428. Dos muitos Scrmoens que
pregou fomente fe publicarão os fe-
guintes.
SermaÕ do Auto da Té qm fe celebrou no
Terreiro do Pafo defla Cidade de IJsboa em 6. de
Abril de 1642. Lisboa por Domingos Lopes
Rofa. 1642. 4.
SermaÕ em Santa Clara de Coimbra à pri-
meira pedra do Templo, e Convento Keal,
que a Real Mageflade delKey D. JoaÕ o IV.
levantou à Rainha Santa Ir^abel fua Apò
no monte da Efperança, e trefladaçaÕ das
fuás relíquias, e mudança das Religiofas para
o Templo, e Convento novamente levantado.
Lisboa por Paulo Crasbeeck 1649. 4.
Oração funeral em as honras do Serenif-
fimo Infante D. Duarte IrmaÕ da Sacra,
e Real Mageflade delRey N. Senhor D.
Joaõ o IV. de Portugal aos 15. de Dezem-
bro de 1649. Coimbra Na oíHdna Crasbe-
eckian. 1650. 4.
SermaÕ na Fefla do Anjo Cuflodio do Rey-
no de Portugal na occafiaõ, e dia em que a Sacra
Mageflade delRey D. JoaÕ o IV. Nojfo Senhor
pajjou em Alentejo contra Caflella em Lisboa
o terceiro Domingo de Julho de 1642. Lisboa
por Paulo Crasbeeck. 165 1. 4.
SermaÕ de S. Francifco no feu Convento
da Ponte em Coimbra a 4. de Outubro de 1648.
Lisboa pelo dito Impreflbr. 165 1. 4.
SermaÕ no Auto da Fé, quefe celebrou na Praça
da Cidade de Évora em 27. de Julho de 1636.
Évora na Officina da Univeríidade 1659. 4.
BENTO TEIXEIRA FEYO. Depois
de ter padecido hum horrorofo naufrágio
em Nào N. Senhora da Atalaya de que era
Capitão António da Camará de Noronha
juntamente com a Capitania chamada Sa-
cramento que mandava como Capitão Mór
Luiz de Miranda Henriques as quaes íahi-
5l2
BIBLIO THE CA
raõ de Goa a 20. de Fevereiro de 1647. fendo
Vice-Rey do Eílado D. Filippe Mafcarenhas,
chegando a eíla Corte naõ fomente deu à
Mageílade de D. Joaõ o IV. a noticia indivi-
dual deíle trágico fucceflb, mas por ordem do
mefmo Princepe a efcreveo com eílilo claro, e
íincero intitulando-a.
Re/açaõ do Naufrágio que fit^eraõ as Náos
Sacramento, e N. Senhora da Atalaya vindo da
índia para o Rejno no Cabo de Boa EJperança.
Lisboa na Oííicina de Paulo Crasbeeck.
1650. 4.
BENTO TEIXEIRA PINTO Natural de
Pernambuco igualmente perito na Poética que
na Hiftoria de que faõ argumentos as feguintes
obras.
Vrojopopeya dirigida a Jorge de Albuquerque
Coelho Capitão, e Governador de Pernambuco nova
'L.ufitania. Lisboa por António Alvares 1601. 4.
Saõ Outavas juntamente com a Relação do Nau-
frágio que fe^ o mefmo Jorge Coelho vindo de Per-
nambuco em a Não Santo António em o anno
de 1565. Sahio 2. vez impreíla na Hijlor.
Tragico-Marit. Tom. 2. defde pag. i. até 59.
Dialogo das grandezas do Brafil em que
faõ interlocutores Brandonio, e Alviano. M.
S. Coníla de 106. folhas. Trata de muitas
curioíidades pertencentes à Corografia, e
hiftoria natural daquellas Capitanias. Con-
ferva-fe na Livraria do Conde de Vimieiro.
Deíla obra, e do Author faz memoria o
moderno addicionador da Bib. Geog. de An-
tónio de Leaõ Tom. 3. Tit. unic. col. 17 14.
Fr. BENTO DE S. THOMAZ natu-
ral da Cidade do Porto, filho de Marcos
Joaõ Diniz, e Francifca Ferreira. Na ida-
de da adolefcencia recebeo o habito da pre-
clariíTima Ordem dos Pregadores no Real
Convento de Lisboa a 4. de Agofto dia
confagrado ao culto de feu illufbre Patriar-
cha, do anno de 1644. Aprendeo com tan-
ta comprehenfaõ, e viveza de engenho as
fciencias Efcholafticas que as diftou plauzi-
velmente aos feus domelHcos. Depois de
alcançar o gráo de Meftre da Ordem foy
Qualificador do Santo Officio recuzando o
lugar de Inquifidor de Goa em que o no-
meara o EminentiíTimo Inquifidor Geral
D. VeriíTimo de Lancaílro. Foy Prior do Con-
vento de Aveiro, e hum dos celebres Theo-
logos que no feculo paíTado floreceraõ nefte
Reyno. Falleceo no Convento de Lisboa
a 18. de Janeiro de 1687. Imprimio.
OraçaÕ em louvor da Bemaventurada Kofa
de Santa Maria da Terceira Ordem de S. Domin-
gos na fefla que fe fe:^ à fua Beatificação no Con-
vento de S. Domingos de Coimbra. Coimbra
por Thomé Carvalho ImpreíTor da Uni-
verfidade 1669. 4.
Sermaõ do Desagravo de Chriflo Sacramen-
tado na Igreja de Santa Engracia. Lisboa por
Joaõ da Cofta 1671. 4.
Sermaõ do Aão da Fé celebrado em Coim-
bra na quarta Dominga de Quarefma 12.
de Março de 1673. Coimbra por Manoel
Diaz ImpreíTor da Univerfidade. 1673. 4.
Contra a perfídia Hebraica M. S. foL Efta
obra depois de efiar approvado pela Ordem ( como
efcreve Fr. Pedro Mont. Claufi. Dominic.
Tom. 3. pag. 174) e pela Inquijiçaõ, eflando
a rever pela Me^a do Paço por morte do dito
Author ficou na maõ de algum Minifiro defle
Tribunal deixando aos que conhecerão o feu
talento com o pev^ar de que naÕ fahiffe à lus^.
Fr. BENTO DE S. THOMAZ natu-
ral da Villa da Arrifana de Soufa do Bifpado
do Porto. Recebeo o habito Monachal do
Princepe dos Patriarchas S. Bento a 7. de
Março de 1644. onde eftudou com tal applica-
çaõ as fciencias efcholafticas que depois de as
di6b,r aos feus domefticos mereceo fer laureado
com as infignias doutoraes em a Univerfidade
de Coimbra. Naõ fatisfeito o feu profundo
talento de ter penetrado as mayores difficul-
dades da Theologia Efpeculativa paíTou a
inveftigar os myfteriofos arcanos da Pofitiva,
os quaes revelou fendo Cathedratico de Efcri-
tura em a Athenas Conimbricenfe de que
tomou pofi!e a 27. de Novembro de 1670.
donde fubio à Cadeira de Vefpera em 10. de
Outubro de 1693. Igual capacidade moftrou
governando, como enfinando quando em o
anno de 1689. foy eleito Geral da fua Monal-
tica Congregação. Falleceo a 5. de Junho de
1695. Deixou compoftas as feguintes obras
dignas certamente da luz publica.
De Peccato Originali.
L USITANA.
5i3
De Abraham
De Jofeph.
In ithrutu Jitdicnm.
Pe Jítcoh.
De Kníh. Dcfta obra faz illuílre mc-
tnoria o Medre Fr. Joaõ dos Prazeres
Monge Bcnediétíno em a vid, do Princep.
iíos Patriarcb. S, Benf. Tom. 2. limprcz.
27. pag. 5j8.
BENTO DA VICTORIA Vcja-fe
VICTORINO DE S. GETRUDES.
D. BERNARDA FERREIRA DE LA-
CERDA illuílrou com o feu nacimento a
('idade do Porto cm o anno de IJ95. e com os
(ingularcs dotes de que liberalmente a ornarão
;i graça, c a natureza a fcus nobres progeni-
tores Ignacio Ferreira Leytaõ Givalleiro da
Ordem de Saõ-Tiago Dezembargador do Paço,
Chanceller Mór do Reyno, e D. Paula de Sà
Pereira filha de Gomez Corrêa de Lacerda, e D.
lez de Sà, e Menezes. Na idade pueril deu
)go manifeftos finaes do raro engenho, e agu-
comprehenfaõ com que na adulta havia fer
ido o feu talento principalmente unindo-
-fe nella o que raras vezes fucede a difcriçaõ, e
fermofura com que roubava as atençoens dos
dous mais nobres fentidos. Com o progreíTo
dos annos fe foy augmentando no exercicio das
\rtes, e fciencias fendo gloriofo exceíTo das
Segeas de Efpanha, das Safos da Grécia, e das
Falconias, Lavras, e Polas de Itália. Penetrou
com fubtileza os myílerios da Filofofia, obfer-
vou com profundidade os arcanos da Mathe-
matica, e pradtícou com perfeição os preceitos
da !Níufica tocando com igual graça, que def-
treza todo o género de inílrumentos armonicos.
Entre as nove Mufas teve o principado mere-
cendo pela métrica elegância das fuás compo-
fiçoens fer aclamada Princeza de taõ Divina
Arte pelos feus mais celebres Profeííores Joaõ
Perez de Montalvão, e Lope da Vega Car-
pio. Igualmente foy perita nas fciencias Sa-
gradas difcurfando profundamente por efpa-
ço de huma hora no altiíTimo Myílerio da
SantiíTima Trindade na prezença dos mayo-
res Corifeos deíla fublime Faculdade con-
feflando que o feu entendimento fe illuf-
traua com luzes fuperiores. Fallou elegante-
mente as lingiias Latina, Italiana, e Eípanhola
parecendo pela perfeição com que as dearticu-
lava, que naceca onde ellas tinhaô o feu berço.
A fama deftes dotes fcientificos que fe fazia
mais cAimavel pelo fexo, moveo a Fíljppe III.
quando veyo a eíle Reyno nomeaUa para
Medra dos Princepes feus filhos D. Carlos, e
D. Fernando de cujo honorifico miniderío
humildemente fe efcufou. Sendo taõ íníígnc
nas letras, ainda foy mayor nas virtudes. Suf-
tcntava quotidianamente com largas efmolas
a muitos pobres, fendo o feu primeiro difvelo
focorrer àquelles a quem o pejo lhes fechava a
boca para o remédio da fua neccíTidade. Fre-
quentava todas as Semanas o Sacramento da
Penitencia, e cada féis mezes fe confeííava
geralmente fcm nunca ter manchado a alma
com culpa mortal como aíTirmaraõ os fcus
Direâores efpirituaes. Era cordialmente de-
vota de Maria Santiflima cujo Officio fe obri-
gou por voto rezar todos os dias o qual cum-
prio com grande ternura, e naõ menor aten-
ção. Sofreu heroicamente aggravos de quem
lhe devia obrigaçoens, e com paciência chriílaã
como fe fora infeníivel padeceo continuos
achaques que lhe afligiaõ o corpo, e o efpiríto.
Ainda que era taõ difcreta, e fabia, fempre fe
confiderava ignorante naõ podendo a vanglo-
ria infeparavel companheira do fexo feminino
fazer no feu coração a impreíTaõ mais leve.
Foy cazada com Fernaõ Corrêa de Soufa
digno efpofo de tal conforte aflim em a no-
breza do fangue, como na praâica das vir-
tudes de quem teve defcendencia que naõ
degenerou de taõ qualificados Progenito-
res. Com catholica refignaçaõ tolerou a
morte de feu efpofo, e de alguns filhos,
que terniíTimamente amava fervindo-lhe eftes
funeílos annuncios de fe preparar para a
Eternidade de que foy tomar poíTe o feu ef-
pirito no primeiro de Outubro de 1644. Jàz
fepultada com feu marido em hum nobre
Maufoleo de porfido, e alabaftro fituado
ao lado do Evangelho da CapeUa de S. Jo-
zé em o Convento de N. Senhora dos Re-
médios deíla Corte de Carmelitas Defcal-
ços dos quaes foy muito devota, e nelle fe
lè gravado efte difcreto, e elegante epitáfio.
Fernaõ Corrêa de Soufa
D. Bernarda Ferreira de hacerda
5i4
BIB LIO THE CA
Ojferecem aqui mortos quotidiano facrificio.
E ejperaõ o dia da immortalidade.
Naceraõ com honra,
Viverão com applaufo,
Morrerão com exemplo.
Felices fingularmente ambos.
Elle na forte de taÕ infigne mulher,
Ella nos dotes de huma alma tàõ fuhlime,
Que fem igual na idade prejente venceo a
fama das paffadas.
Sua erudição, jui^o, engenho, ■
£ a grandeza de feu ef pirita
Cantou com heróico eftilo _
Hefpanha 'Libertada.
Sua piedade, devoção, e virtude para cõ Deos,
Dejpre^^o, e efquecimento do mundo
K.epetem com faudofa, e celefiial armonia
Os eccos das Soledades do Bujfaco.
Seus ejcritos fdò Jeu detrato
Suas Cincas nojfo de/engano.
Fqy laureada no Parai;^o do Ceo
Em o primeiro de Outubro de 1 644.
Compoz.
E/pana Eibertada i. Parte. Poema em
8. Rima. Lisboa por Pedro Crasbeeck. 161 8. 4.
Obra certo excelente ( como efcreve Miguel Lei-
tão de Andrade Mifcellan. de Var. Hijl. Dialog.
20. pag. 617.) e tal, que fe naõ fabe outra de
mulher, que poffa fer fua comparação, e Fr.
Franc. da Nativid. Lenit. da Dor pag. 311.
n. 201. fe Juperou a ji mefma no Jeu maravilho/o
livro de Efpanha Eibertada.
Segunda Parte. Lisboa por Joaõ da Colla
1673. 4. Sahio por deligencia de fua filha D.
Maria Clara de Menezes, cazada com Júlio
Cefar de Eça, e jaz fepultada defronte do lugar
em que defcanfaõ feus Pays. Naõ acabou a 3.
Parte impedida pela morte.
Soledades de Bujfaco. Lisboa por Ma-
thias Rodriguez 1634. 12. Confta de verfos
Caftelhanos, Portuguezes, e Italianos.
Kithmo Eatino, e cinco Decimas Por-
tuguesas em applauzo do Poema Heróico
intitulado Malaca Conquijlada por Francifco
de Sá, e Menezes, fendo os argumentos defte
Poema compofiçaõ de D. Bernarda Ferreira,
de que faz memoria o addicionador da Bib.
Orient. de António de Leaõ. Tom. i. Titul. 3.
col. 56.
Soneto Portugue^ em louvor de Ga/par
Pinto Corrêa no feu Livro Eacryma Eujita-
norum in obitu Serenijfimi Principis Theodofij
Brigantini Ducis. UlyfTipone apud Petrum
Crasbeeck 1631. 8.
Soneto Portugue:(^ em Eouvor da Ulyffea de
Gabriel Pereira de Cajlro, cujos argumentos faõ
obra de D. Bernarda Ferreira. Sahio Lisboa
por Pedro Crasbeeck 1630. 4.
Três Decimas en applauv^o de la Cancion
Keal ai Ave Maria de Juan Bautifta Alexandre.
Lisboa 1635. 4.
Soneto a morte de Joaõ Peres de Montalvão nas
Eagrimas Panegyricas a eftegran de Poeta. foi. 134.
Sextilhas, e hum Soneto na Fama Pofthuma
de Eope da Vega Carpio. Madrid 1636. 4. a pri-
meira obra a foi. 42. até 4^. a 2. foi. 133. v.o.
Obras M. S.
Comedias varias entre as quaes eraõ celebres
el Caçador dei Cielo Santo Eujiachio. da qual faz
mençaõ Miguel de Andrade Leytaõ no lugar
aflima allegado, e outra intitulada. 1m buena,
y mala fortuna.
Poejias varias, e Diálogos diverfos.
Trágica converfaõ dos Chrijlãos de S. Thomé, ou
Prejie Joaõ. Conftava de 80. Capítulos, cuja
obra ficou em poder de fua filha D. Maria
Clara de Menezes, e deUa faz mençaõ o moder-
no addicionador da Bib. Orient. de António
de Leaõ Tom. i. Tit. 3. col. 55.
Eyras à Aclamação delKej D. Joaõ o IV.
Começavaõ.
Tinha roubado inverno a fermofura.
Confervavaõ-fe na Bibliotheca do Cardial
de Soufa.
A taõ celebrada PoetiíTa fe empenharão os
Cifnes do ParnaíTo a confagrar-lhe elogios dif-
tinguindo-fe entre todos Lope da Vega Carpio
pois alem de lhe ter dedicado a Egloga F/7/^
impreíía em Madrid 1635. lhe canta em feu
applauzo no Laurel de Apollo Sylv. 3. foi. 27.
eílas vozes.
Si pudiera tener la Fama aumento
Y gloria Lujitana,
D. Bernarda de Ferrejrafuera
A CUJO Português entendimiento,
Y pluma Cajle liana
La E/pana libertada E/pana deve:
Porque fola pudiera
Partir entre los Rejnos ejla gloria,
Tan poderoja inteligência mueve
L USITANA.
5i5
Eflos dos Orbes conftt Me JVfloria,
Con tanta eriídicion con tanto lujlre,
Que ella queda immortal, y Espafla iluflre,
António Figueira Duraõ in haur, Pamaf.
Rani. 2. pag. 55.
Afpice ut injifftis pleClro Bernarda canoro
Pinaitiar, titqtte Uli Polia Argentaria cedit:
Wac Jeciim in Patriam Parnajji è culmine montis
Deditxit Mu/as, nimc Pfjabns reffiat in illa.
E logo acrccenta.
kSi diffimdis poéticos nitores
Dum tuba canis bellica, ó^fonora
p/// Hifpani fiadores:
f^on férrea tibi fimt Verreira ora
Tu noftram nempe decoras atatem.
Dum carminibits vincere contendis
X.neida Maronis,
iií dum Hifpania cantas libertatem :
Cárcere admirationis
IJbertates alti/ona prcebendis.
Manoel de Faria, e Soufa Fueníe de Aganipe
Part. 2. Eftanc. 3. dedicando-lhe a Tabula
de Pan,y Appolo.
Tu Bernarda já no decima Mufa^
Antes toda la clajfe ò gran Matrona
De las nueve, que en ti Je mira inclufa
Y quando menos delias la Patrona;
De Pan oye lafijlula confufa,
Y de Apolo la vo:^; que màs te abona;
Oye, que eres Tu /obre una, y otra cuerda
De/u Lyra con masjar^pn la Cuerda.
Manoel de Gallegos no Templ. da Memoria
liv. 4. Eílanc. 193.
D. Bernarda engenho Joberano,
One cantando de E/panha a liberdade
Deu que admirar ã Efpofa de h,ucano,
E feii mais venturofa a nojfa idade:
Nos heróes de Bragança, e de Medina
Grandes^as tem de mil Poemas digna.
Sor. Violante do Ceo R/>/. Var. pag. 34.
J)e los jardines dei celefte Apolo
nativa planta celefiial contemplo
efia nueva Deidad, ejia Minerva
por única dei uno ai otro Polo
de la immortalidad le ofrece el Templo
el a Imo Dios que fu beldad preferva
Y tanto la conferva
Que con el agua de Helicon la bana
con que el divino fruto que produ^e
a tanta gloria a tanto bien condifí^
Que qual la plãta, el fruto admira Efpaãa,
verdad averigfiada
de la fumma verdad acreditada.
P. António dos Rcys no lintufiafm. Poet. n. 268.
Certabant magna vi coram judice Phabo
Euterpe, Clioque fimul, qua fede l^acerda
Digfta foret meritis pro tantis: ifla fedile
Se prope deberi tot bellica falia canenti,
Sub la to cia more docet; docet illa locari
Cum Ly ríeis debere fuis, et carmina tefles
Dulcia producit queis árdua culmina Montis
Quem colit Ileliadum Cens, calo próxima canta t.
Judkium Phabi tandem fuit: u traque vincunt,
U traque Bernarda m fibi fumant; una duabus
Sufficit.
Semelhantes applaufos lhe dedicarão os
Hlftoriadores chamando-lhe Fr. Leaõ de
Santo Thom. Bened. "Lufit. Tom. i. Part.
2. cap. 12. pag. 348. llluflre Portuguesa,
Poeta famofa. Girdof. A^ol. l^fit. Tom.
2. pag. 495. no Gímment. de 9. de Abril
let. H. TaÕ aplaudida, e decantada dos Poe-
tas de feu tempo por fuás Jingulares habilida-
des. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
167. col. I. muliebris fexus hoc noflro tem-
pore non parum infixe decus extitit. Fr.
Bclch. de S. Ann. Chron. de Carm. Defcalf.
da Prov. de Portug. Tom. 1. liv. 2. cap. 55.
Gloria de Portugal por feu raro, e Jingular
talento bem manifefiado nas obras, que com-
pot(. Macedo Flor. de Efpan. cap. 18. ex-
cel. 9. La Decima Mufa, y quarta Grada.
D. Franc. Man. na Carta dos Autb. Por-
tug. ao Doutor Manoel da Fonfeca The-
mudo. Em repetidos Poemas guardou doçu-
ra, e igualdade. Fr. Bent. Jeronym. Feijoo
Theatr. Crit. Tom. i. Difc. 16. n. 113. So-
bre entender, y hablar con facilidad varias
lengoas fupo la Poefia, la Rhetorica, la Pbi-
lofofia, y las Mathemaficas. A2eved. Por-
tug. Illuflrad. pelo fex. femin. pag. 80. n. 16.
difcretijjima em todo o género de matérias.
Damiaõ de Froes Perym Theatr. Heroin. das
Mulher. IlluJIr. em f ciência. Tom. i. pag.
154. Em todos os EJlados foy exemplar de
boneflidade, e economia fendo exercido comum defla
Matrona a liçaõ dos livros, e ti^o da Poefia.
Fr. BERNARDINO DE S. ANTÓNIO
natural de Lisboa, e illuíbre filho da Sagrada
5ió
BIBLIO THECA
'' Ordem da SantiíTima Trindade de cuja anti-
guidade, noticias, e privilégios foy deligen-
tiíTimo inveftigador. Depois de fer Prezentado
na Sagrada Theologia que diélou profunda-
mente aos feus domefticos, os governou duas
vezes como Provincial, a primeira no anno
de 1617. e a fegunda no anno de 1626. dando
fempre claros argumentos da fua natural bene-
volência, e fumma gravidade, por cujos dotes
mereceo os louvores de vários Efcritores
como foraõ D. Fr. Thom. de Far. Decad.
1. lib. 10. cap. 5. Fr. Ludovic. à Concept.
Exam. Verit. Theol. Moral. Part. i. Traâ;. 3.
caf. I. n. 2. Hipolit. Marrac. Bib. Marian.
Part. I. pag. 222. Altun. Chron. de Sant. Trind.
lib. 4. Petr. Alv. de Aílorga in Milit. Im-
macul. Concep. Magn. Bih. Ecc/ef. pag. 496.
col. I. Morreo no Convento de Santarém
a 5. de Junho de 1642. e naõ de 1638. como
efcreve Nicol. Ant. Bih. Hifp. Tom. i. pag.
167. col. 2. Compoz.
Epitome Generalium Kedemptionum Cap-
tivorum, qiM a Fratribus Ord. Santijfima
Trmitatis fmt faãa. UlyíTipone apud Petrum
Crasbeeck 1624. 4.
Summaria relação da vida, e morte do grande
Servo de Deos o Keverendijftmo P. Mejlre Fr. SimaÕ
de Kojas religiofo da Ordem da Santijfima Trindade,
e Confejfor da Serenijftma Raynha de E/panba
D. I;(abel de Borbon, e das vidas dos Bemaventura-
dos Padres Fr. Bernardo de Monroj Mejlre na
Sacada Theologia, Fr. Joaõ de A.guila,
Fr. Joaõ de Palácios Redemptores de Ca-
tivos, que padecerão em Argel. Lisboa pelo
dito ImpreíTor. 1625. 4.
Devocionario de Nojfa Senhora que con-
tem o modo de reatar a fua Coroa naquella
forma, que a mefma Virgem Santijfima
a enfinou ao Ven. P. Mejire Fr. Simaõ
de Rojas. Lisboa por Jorge Rodriguez
1626. 8.
Chronica da Ordem da Santijfima Trin-
dade da Provinda de Portugal, foi. 4. Tom.
M. S. de que faz memoria o mefmo Au-
thor in Epitom. Kedemp. lib. i. cap. 10. §.
2. pag. 49. e o Illuílriflimo D. Rodrigo da
Cunha Hif. Ecclef. de Lisb. Part. 2. cap.
83. aííirmando a tivera em feu poder. Bran-
dão Mon. Lujit. Part. 5. lib. 16. cap. 44. e
Fr. Joaõ do Sacram. Chron. dos Carm. Def-
calf. da Prov. de Portug, Tom. 2. liv. 5. cap. 22.
§. 525. e liv. I. cap. 5. §. 80.
Conjlituiçoens da Ordem acrecentadas, e con-
jirmadas pela Santidade de Paulo V, em o anno
de 161 8. como elle efcreve in Epit. Redempf.
lib. I. cap. 15. §. 7. foi. 74.
Dos varoens illujlres da Ordem da Santijfima
Trindade, foi. 2. Tom. M. S. Faz menção
delia obra Cardof. Agiol. Eujtt. Tom. 3. pag.
220. no Comment. de 12. de Mayo letr. F.
e Tom. 2. pag. 567. no Comment. de 14. de
Abril letr. I.
Preciojo The^ouro da Ordem da Santijfima
Trindade. M. S. Conferva-fe no Archivo do
Convento de Lisboa como diz Cardofo Agiol.
Eujit. Tom. 2. pag. 567. no Comment. de
14. de Abril letr. I.
Vida do Ven. Fr. Roque do Efpirito Santo da
Ordem da Santiffima Trindade. Volume grande M.
S. como affirma Cardofo Agiol. Eufit. Tom. 3.
pag. 193. no Comment. de 1 1. de Mayo letr. C.
Defcripçaõ do Rejno de Portugal. M. S. Deíla
obra fazem memoria Cardofo Agiol. Eujit.
Tom. 2. pag. 760. no Comment. de 29. de Abril
letr. B. e o moderno addicionador da Bib. Geo-
graf. de Ant. de Leaõ Tom. 3. Tit. imic. col.
1415.
D. Fr. BERNARDINO DE SANTO AN-
TÓNIO natural da Villa de Serpa em a Provin-
da Tranílagana filho de Marcos Aífonfo Can-
çado, e Maria Corrêa. Na idade mais florente
profeíTou o Sagrado IníHtuto dos Religiofos
Menores no Convento de S. Francifco de Ta-
vira da Provincia dos Algarves a 12. de Junho
de 1641. Depois de diâar com applauzo Filo-
fofia, e Theologia aos feus domefticos, e fer
Lente Jubilado, foy Guardião de Coimbra,
Cuftodio da Provincia, e Guardião do Con-
vento de S. Francifco de Évora donde foy af-
fumpto a Bifpo Coadjutor com o titulo de
Targa do Arcebifpo de Évora D. Diogo de
Soufa, e de feus dous SuceíTores D. Fr. Do-
mingos de Gufmaõ, e D. Fr. Luiz da Sylva.
Foy Deputado do Santo Ofíicio de Évora de
que tomou poííe em 3. de Julho de 1675.
FaUeceo no Real Convento de S. Francifco da
mefma Cidade em o anno de 1699. Foy iníigne
Pregador, e entre muitos Sermoens dignos da
luz publica que deixou M. S. he o mais celebre.
L USITANA.
5.7
Sermad do Au/o da Fé celebrado em Évora no
imo de 1682. quando chegou a Bulia contra
os Chiiíbiõs novos. Fazem delle memoria
It. Pedro Monteiro Catbal. dos Deputad. da
luqtnf. dê Évora, e o P. D. Manoel Caetan. de
SouTa Cathalog. llijlor, dos Are, « IMJp, Por-
(ug. pag. 122.
Ir. BERNARDINO DE SANTO AN-
TÓNIO filho de SebaíUaõ Paulos, e Ignez
Alvares fcmclhante ao precedente aíTim na
[v.itria que lhe deu u l>crço, como na Reli-
•iao cm que profeflbu no Convento de Monte
inór a 3. de Agofto de 1684. Foy Lente de
Artes, e Thcologia, Qualificador do Santo Offi-
cio. Ao tempo que era Guardião do G^nvento
i ic Coimbra paflbu a Serpa fua pátria onde mor-
ico cm o anno de 1709. Foy eloquentinimo
Pregador deixando capazes da ImprcíTaõ.
Sermoens Vários M. S.
Os quais confcrvaõ os fcus Rcligiofos
com grande cílimaçaò. Por fua deligencia fe
reimprimirão as famofas Q)ndufocns que
ÍQ Veneza defendeo o grande Fr. Francifco
; Santo Agoftinho Macedo.
Fr. BERNARDINO DE S. ANTÓNIO,
aceo em Moimenta da Serra do Bifpado de
Coimbra Comarca da Guarda a 13. de Feve-
reiro de 1660. fendo filho de Manoel Gomes
!' Carqueja, e Mariana de Sequeira. Na idade da
ftdolefcencia recebeo o habito Seráfico em o
Convento de S. Francifco da Covilhàa a 19. de
Junho de 1677. onde profeíTou a 20. do dito
mez do anno feguintc. No Collegio de Saõ
Boaventura de Coimbra eíhidou as fciencias ef-
cholaílicas em que fahio bom letrado, e prefe-
rindo o exercido dos Púlpitos, ao das Cadeiras
jubilou no minifterio de Pregador no anno de
171 7. Publicou.
Septena dedicada às Sete majores trifieti^as, ejete
alegrias, que teve em todo o dijcurfo dajua vida San-
tijftma o Senhor S. Jof^é. Lisboa por Domingos
Gonçalvez. 1739.
Fr. BERNARDINO DE AVEIRO natural
da Villa do feu appelido fituada no Bifpado de
Coimbra, Religiofo Menor da reformada Pro-
vinda da Piedade, Varaõ de fumma contem-
plação, e rigorofa penitencia. Para acender os
coraçoeos em píedofos afifeâos traduzio de
Latim em Portuguez de Joaõ Thaulero.
Medi/a^oens da PaixaÕ de Cbrifio com
14. exercidos ejpirituaes de Nicoláo Eftio.
Hvora por André de Burgos. 1)54. 4. Sahio
eAa tradução por ordem do Cardial Infante
D. Henrique.
BERNARDINO BOTELHO DE OU-
VEYRA natural de Lisboa ornado de
indinaçaõ para a Poética, como de pro-
funda efF>eculaçaõ para a Filofofia, e de fununa
habilidade para todas as Artes Mechani-
cas em que fez admiráveis inventos, com-
pondo.
Sentimento lamentável, que a dor mais fen tida
em lagrimas tributa na intempejliva morte da
Serenijftma Rainha de Portugal Noffa Senhora
D. Alaria Sofia Isabel de Neoburg. Lisboa
por Bernardo da Coíla 1699. 4. Coníla de
huma GloíTa ao Soneto de Camoens que
começa. Choraj Nimfas os fados poderov^s.
Três Sonetos, e huma Decima.
Refutarão dos Canos chamados de três tempos,
e abono dos reãos, ou de Cana por igual com algu-
mas ret^oens tocantes ao repucho, que daJÕ as efpin-
gardas, e duas demonjlrafoens de def acerto, e acerta-
do ponto, e mira. Lisboa por António Pedrozo
Galraõ. 17 14. 4.
Efcudo apologético Phyfico, Óptico oppojlo-
a varias objeçoens, onde fe mojlra como, e de que
parte fe fa^, ou fe determina a fenfa^aõ do Objeão
vifivo. Lisboa por Mathias Pereira da Sylva^
e Joaõ Antunes Pedrozo. 1720. 4.
Fr. BERNARDINO DE JESUS. Na-
ceo na Villa de Vimieiro na Provinda,
do Alentejo, e na idade da adolefcencia obe-
decendo à voz de Deos que o chamava do
tumulto do Século para a tranquilidade da
Religião entre todas efcolheo a auílera Pro-
vinda da Arrábida onde pelo efpaço de
quarenta, e cinco annos fempre fez fangui-
nolenta guerra ao corpo para que o feu ef-
pirito lograíTe de paz inalterável. Nunca
comeo carne, nem peixe, nem bebeo vinho,
e ainda que era acometido de hvms terrí-
veis accidentes admitio difpenfaçaõ alguma
em taõ rigurofa abftinencia. No confef-
fionario aíTiília frequentemente atrahindo
5i8
BIBLIO THEC A
com fuavidade ao caminho da penitencia os
mais inflexiveis coraçoens. Sentia no fublime
exercido da Oraçaõ em que paíTava muitas
horas tantas confolaçoens efpirituaes que fe
manifeílavaõ no femblante por mais que a
modeftia, e o íilencio as queriaõ occultar.
No afpeâo era grave, no veftido defprezivel,
na obediência prompto, e em todas as acçoens
mortificado. Ultimamente atenuado mais pela
auíleridade da vida, que pelo numero dos annos
cahio enfermo no Hofpicio do Hofpital
Real de Lisboa onde depois de receber com
grande ternura os Sacramentos paíTou a
lograr o premio de tantas virtudes a 22. de
Setembro de 1609. Efcreveo com eftilo
mais pio, que elegante.
Verfos vários.
Os quaes eraõ (como diz Fr. António da Pie-
dade Chronic. da Prov. da Arrábida. Part. i.
liv. 5. cap. 10. §. II 12. pag. 877. col. i.) para
recrear feu efpirito, e também para ejpiritual
alivio dos amigos, e pessoas devotas, que o procuravaõ.
Fr. BERNARDINO DE JESUS, ou de
SENA. Naceo em Lisboa onde recebeu a
graça bautifmal a 29. de Agofto de 1599.
Na idade da puerícia por cantar com fuavidade,
e deftreza foy admitido à Religião Seráfica
da Terceira Ordem da Penitencia, e no Con-
vento de S. Francifco de Vianna diílante cinco
legoas da Cidade de Évora profeílou a 16. de
Julho de 161 5. Por muitos annos exercitou
com grande zelo o lugar de Vigário do Coro
do Convento de N. Senhora de JESUS deíla
Corte, e de Miniílro do Convento de S. Fran-
cifco de Vianna, e de Definidor em o anno
de 1659. í^oy muito efUmado pelo SereniíTimo
Rey D. Joaõ o IV. naõ fomente pela excellen-
cia da vóz com que cantava, mas pela pro-
fundidade da f ciência do contraponto, em
que compoz.
Diverfas Obras M. S.
Falleceo em o Convento de Lisboa a
10. de Abril de 1669. ao tempo que contava
70 annos de idade e 54. de Religião.
BERNARDINO RIBEYRO natural da
Villa do Torraõ na Província do Alen-
tejo, Moço Fidalgo da Cafa delRey D. Ma-
noel, Capitão Mór das Armadas da índia.
Commendador de Villa Cova na Ordem de
Chrifto, e Governador de S. Jorge da Mina.
Teve por Pays a Luiz Efteves Ribeiro The-
zoureiro do Infante D. Fernando filho do
SereniíTimo Rey D. Manoel, e a D. Izabel
Pacheco filha do Dezembargador Diogo
Pacheco Secretario das Embaxadas que eíie
Monarcha mandou aos Summos Pontífices
Leaõ X. e Júlio II. e de D. Izabel Pacheco filha
de Gonçalo Lopes Pacheco. Depois de ter
eíludado Jurifprudencia em que fahio infignc,
cultivou a Poética com tanto applaufo do feu
nome, que mereceo as eílimaçoens do Prin-
cepe deíla divina Arte o divino Camoens
chamando-lhe o feu Enio, fendo o primeiro
que em toda Efpanha compoz Sextinas em
Redondilhas, e as Elegias em verfos menores.
Arrebatado de impulfos amorofos paílava
muitas noutes entre a efpeílura, e folidaõ dos
bofques explicando junto à corrente das aguas
com fufpiros, e lagrimas a vehemencia de pai-
xão taõ violenta que o obrigou a emprender
impoífiveis dedicando os feus aíFedos à In-
fanta D. Beatriz filha do SereniíTimo Rey
D. Manoel como elegantemente o cantou
Manoel de Faria e Soufa na 3. Part. da Fuente
de Aganip. Centur. 2. Madrig. 33.
Bocado 'L.ujitano
En la empret^a amorofa
De bella humana Diofa
Te confiituje el hado Soberano
Alfon de acorde Lyra
Adonde jiempre en vano
Tu coraçon fufpira
Viviendo de vanijfimos amores
Morijle de dexarlos con dolores.
O' Bernardin feli^ ! Feli^ tu fuerte
Qtte un morir largo te atajo la muerte.
Cafou com D. Maria de Vilhena filha de D. Ma-
noel de Menezes fíilho de D. Jorge de Menezes
quinto Senhor de Cantanhede, e de D. Brites de
Vilhena filha de Joaõ de Mello da Sylva, de
quem teve huma única filha, e para teílemunhar
o exceffivo affeâio que teve a fua efpofa, nimca
quiz paílar a fegundas vodas alludindo a eíla re-
foluçaõ aquelles feus verfos i. Part. cap. 21.
Penfandovos ejlou filha,
Voffa May me ejlã lembrando.
Do feu talento poético fazem illuílre
memoria Faria i. Part. da Fuente de Aga-
If
L USITAN A.
519
nip. no Dife. dos Sonetos ao principio; e na
5. Part. no Dijcurf, das Sextinas. n. 20. na 4.
I^art. das Eltffos. n. 10. e no Com meti t. as Rim.
de Camoens Tom. 5. pag. 160. c Tom. 2. p. 44.
na liurop. Por (Mg, Tom. j. Part. 4. cap. 8.
n. 22. Joan. Soar. de Brit. Tbeaír. Liifit.
l j/ter. lit. B. n. 55. P. Ant. dos Rcys in
Ijiíhuf. Poet. n. 158.
/ lunc prope Kiberitts Jlat quondam notus in Aula
Dum Lyjia populis SanHifftma jura beatus
Rex dabat Hmmamiel.
Por deligcncia de feu parente Manoel da
Sylva Mafcarenhas fidalgo da GJa delRey, e
Governador da Fortale2a de Outaõ fe im-
primio.
Primeira Parte de Menina, e Moça ou fauda-
éu de Bernardim Ribeiro. Évora por André de
Burgos. IJ57' 8. & ibi pelo dito ImpreíTor
[J78. e Lisboa por Pedro Crasbceck. 1645. 8.
Écloga. Interlocutores Egejlio, Dalio, e Lau-
to,
Tem no fim eftas letras iniciaes^D. B. R.
io imprefla com as Rimas de lifievaõ
'iguev^. Florencia por Zenobio Pignoni.
1623. 8.
No Cancioneiro do P. Pedro Ribeiro ef-
crito no anno de 1577. que fe confervava na
Bibliotheca do Cardial de Soufa efta huma fua
excellente obra de eccos que começa.
^co pois pelo meu mal.
Fr. BERNARDINO DA SYLVA. Na-
ceo em Lisboa de Pays nobres aos quaes
illuílrou com mayores brazoens quando dei-
xando a fua amável companhia recebeo a
Cogulla Ciílercienfe em o Real Convento
de Alcobaça em o anno de 1585. Apren-
didas as Faculdades Efcholaílicas em taõ
famofa Paleftra as eníinou em o Convento
de Santa Maria de Ceiça aos feus domeílicos
com grande applaufo do feu talento que
mereceo fer coroado com as doutoraes iniig-
nias de Theologo em a Univeríidade de
Coimbra em o anno de 1622. Naõ teve infe-
rior capacidade para varias occupaçoens em
que o nomeou a fua Congregação, como foraõ
Procurador Geral na Cidade do Porto, Con-
feíTor das Religiofas de Arouca, Abbade
do Convento de Odivellas, Prior de Al-
cobaça, e Definidor. A fua incanfavel
erpeculaçaõ depois de ter largamente difcor-
rido pelas dificuldades Theologicas, e Eícrí-
turarias fe dilatou pelos vaílos campos da
Hiíloria Sagrada, e profana, como claramente
o nooílrou na erudita, e nervoía Apologia
dividida em duas partes com que defendeu a.
primeira parte da Monarchia hufitana com-
poAa por feu Tio o infigne Fr. Bernardo de
Brito Chroniíla Mór do Reyno criticada por
Diogo de Payva de Andrade no feu Exame
de Antiguidades o qual mais por impuLfo da
paixaõ que amor da Verdade fe declarou anti-
goniíla de algumas opinioens daquella obra*
No Real Convento de Alcobaça em que deu
principio à vida religiofa acabou a mortal a 8.
de Fevereiro de 1641. Jàz fepultado no Capi-
tulo, e o feu Retrato fe conferva entre os
Varoens mais infignes da fua Religião, e como
tal o celebraõ Nicol. Ant. hib. Hifp. Tom. i,
pag. 171. e Tom. 2. pag. 285. D. Franc Ma-
noel na Cart. dos Author. Portug. efcrita ao D.
Themudo. Carol. Vifch. Bib. Cifterc. Joan.
Soar. de Brit. Theatr. Lufit. Utter. lit. B.
n. 34. Joan. Hallevord. Bib. Curiof. pag. 34.
col. I. e Agoft. Sartor. Cift. Bifterc. Jett
Hift. EJogial. Ord. Cijlerc. Tit. 20. pag. 522.
Compoz.
Defenfaõ da Monarchia hujitana Primeira
Parte. Coimbra por Nicoláo Carvalho. 1620. 4.
Segtmda Parte. Lisboa por Pedro Cras-
beeck. 1627. 4.
Polyanthea iMfitana. M. S. foL volume
grande o qual tinha prompto com as licenças
para a impreíTaõ Fr. Bernardino Sottomayor
Confeflbr das Religiofas Ciílerciences de Cellas.
Conftava de Difcurfos Panegíricos, e doutrinaes
fobre os Evangelhos das Fejias dos Santos. Defta
obra faz repetida memoria o Author na pri-
meira Parte da Defenfaõ da Monarchia "Lufit,
cap. II. foi. 37. e 59. cap. 16. foi. 57. cap. 26.
foi. 98. e cap. 51. foi. 130.
BERNARDINO SOARES OSÓRIO
natural de Lisboa Credenciario da Capella
Real, cordial devoto da Raynha dos Anjos,
e fuficientemente inllruido na lingua Italiana
da qual traduzio na Portugueza em obfe-
quio da mefma Senhora.
O ef cravo da Virgem Santiffima Senhora
Nojfa, ou praãica de como fe devem oferecer
520
BIBLIO THE CA
por ef cravos da mejma Senhora para alcançarem por
fua interceffaõ huma boa, e Janta morte com hum
exercido muy útil para ajjijlir ao Sacrifício da Mijfa.
Lisboa na Officina Crasbeeckiana. 1655. 12.
Évora na Impreflaõ da Academia. 1659. 12.
e Lisboa por Joaõ da Coíla. 1676. 12.
Fr. BERNARDO DE ALCOBAÇA cujo
appellido declara o lugar onde naturalmente
naceo para o mundo, e efpiritualmente para
Deos recebendo o habito monachal da famí-
lia Ciftercienfe em o Real Convento íltuado
na mefma Villa onde fahio taõ inftruido nas
virtudes, como nas fciencias exercitando por
toda a vida com louvável procedimento, e
exaâa obfervancia a Abbadia do Convento
de S. Paulo diílante huma legoa de Coimbra
cuja renda eíla hoje annexa ao Collegio
Conimbricenfe de S. Bernardo. Por infinua-
çaõ da Infanta D. Izabel mulher do Infante
D. Pedro filho delRey D. Joaõ o I. Princeza
dotada de fumma piedade, e Religião tradu-
zio da lingoa Latina em a Portugueza a Vida
de Chrifto Senhor Noflb compoíla pelo afce-
tico Varaõ Rodolpho de Saxonia fingular
efplendor da Ordem de S. Bruno cuja tra-
dução fe conferva efcrita em pergaminho, e
<lividida em quatro partes no Cartório do
Real Convento de Alcobaça. No fim da
primeira Parte eiiaõ efcritas da própria maõ
do traduftor eftas palavras. Aquejie livro
mandou trejladar à honra de Jefu Chrifto,
MO muy indigno, e pobre de Virtudes Fr.
Bernardo Monge do Mofteiro de S. Paulo
anno de 1445. o Abbade de Alcobaça D. Ef-
tevaõ de Aguiar que mo mandou fa^er, fe
finou no ano do Senhor de 1446. Idibus Fe-
bruarij em dia da Jeptuagejfíma. PaíTados cin-
coenta annos defta tradução fahio impreíla
em 4. Tomos de folha muito grade e em admi-
rável carafter por ordem delRey D. Joaõ o II.
e fua mulher D. Leonor, e no fim do Primeiro
Tomo como lemos em hum exceUente exem-
plar que fe conferva na Seleítiffima Livra-
ria dos Padres Theatinos deíla Corte eílaõ eftas
palavras que efcrevemos com a mefma Ortho-
grafia em que fe lem impreíTas.
Acaba-Je ho primeiro livro infitullado da
vida de Chrifto em lingoagem Português.
JSÍom aquelle que fe chama da meninice do
Salvador , o qual he aprocrifo XV. Di. Aias
efte que compov^ ho Venerable Meeftre 'Ludoífo
prior do Moefteiro muy honrrado de argentina
da ordem muy exceUente da Cartuxa, e foy
tyrado fegundo a ordem da hyftoria evangelical.
O qual mandou treslladar de Latym em lin-
goagem português a muyto alta Princejfa
Infanta Dona Yfabel duquejja de Coymbra, y
Senhora de monte moor. Ao muy pobre de
virtudes dom abade do moefteiro de Sam paullo,
e foy impreffo, em a muy nobre, e fempre
leal Cidade de Lixboa a principal dos regnos
de portugal. Per hos honrrados meeftres, e
parceyros Nicólào de Saxonia, e Valentyno
de Moravia por mandado do muy ylluftrijftmo
Senhor elKey dom Joham ho fegundo. E da
muy ef clareada Rainha dona Lyanor fua molher.
Alouvor, e gloria de nojjo Senhor Jhefu Chrifto
nofto Deos, e redemptor, e da fua intemerada, e
fempre Virgem madre gloriofa Sanãa Maria
em cujo nome, e louvor ho dião livro foe, e he com-
pofto, cujo louvor, e gloria regne emfeusfíees Xpaaos
para fempre Amen. Em no anno do nafci-
mento do dião Salvador de mill, e quatrocentos,
e noventa, e cinco A XIIII. do me^ de Agofto.
Coníla de 61. Capítulos.
O fegundo Tomo que comprehende 51.
Capítulos tem no fim eftas palavras. Aca-
bafe o fegundo livro intitulado da vida de
Chrifto em lingoagem português em que trác-
ia que o Senhor fe^ em XXXII. anno por
mandado do muy ylluftrijftmo Senhor elKey Dom
Joham. E da muy efclarecida Seiiora dona
Lyonor fua molher. E emprejjo em a mirf
nobre Cidade de Eisboa por Nicoláo de Saxo-
nia, e Valentino de Moravia parceiros. Anno
de Mil qtrocentos noventa, e cinco a VII. dias
do mes de Setembro.
O Terceiro Tomo que confta de 50. Capí-
tulos tem no fim as palavras feguintes. Aca-
bafe a terceira parte, ou livro terceiro intitulado
da vida de Chrifto em lingoagem português. Ho qual
libro compo^ ho Venerable Meeftre Eudolfo prior
do moefteiro muy honrrado de argentina da
Ordem mtry exceUente da Cartuxa, e foy
tirado fegundo a ordem da Hiftoria evangelical.
Ho qual mandou tresladar de Eatym, em lingoa-
gem português a muyto alta Princesa Infanta
Dona Yfabel Duquet(a de Coimbra, e Seiio-
ra de monte moor. Ao muy pobre de virtu-
L USITANA.
521
dfí Dom abade do moefleiro de Sam paullo,
li foy corre ff do, e revijlo com mir/ta dil li-
cencia por os rtvtrendos padres da Ordem
de Sam Francifco de enxohregfU da ohjer-
vancia, chamados menores. E foy empreffo
em a muy nobre, e Jempre leal Cidadã de
JJsboa a principal dos regnos de Vortugal.
Por hos honrrados meejíres, e parceiros Valen-
tino de Moraria, e Nicoláo de Saxonia por
mandado do mity, illuftrijfimo SeHor elKey
Dom Jobam o Jeffindo cuja alma Dtos haja.
11 da mtçf efclarecida Rainha Dona I^janor ftia
muji nobre molher. Alouvor, e gloria de nojfo
SeHor Jhefu Chrijlo noffo Deos, e remijdor, e
da Jua yntemerada, e Jempre Virgem madre
glorio/a SanSía Maria em cujo nome, e loiwor
ho dião livro foe, e be compojlo cm louvor,
e gloria reffte em feus fieis Xpaaos pêra fempre
amen. Em no anno do na/cimento do di£ío
Salvador de Mill, e quatrocentos, e noventa, e
finco. A XX. dias do mes de "Novembro. Kegnan-
te bo mtfy yllujlrijftmo, e poderofo Key, e
Senhor Dom Manuel Key dos di£ios Regnos
de Portugal, e dos algarves.
O quarto Tomo que contem 59. Capí-
tulos acaba com eílas palavras. Acaba/e
o quarto livro, ou a pojlumeira parte intitulado
da vida de Xpo en lingoagem português que traãa,
ou falia da payxam de nojfo Senhor, e remijdor
jhefu Xpo. E das coufas, que fe depois ella
feguirom. Ho qual livro compo!^ ho venerable
Meejlre I^udolfo prior do moefleiro mtry honrrado
de argentina da ordem mtty excellente da Car-
tuxa, e foy tirado fegundo a ordem da hyf-
toria evangelical. Ho qual mandou trefladar
de Latim em lingoagem português a muyto
alta Princefa Infanta Dona It^abel Duqueffa
de Coimbra, e Senhora de Monte moór. Ao
pjíty pobre de virtudes D. Abbade do moejleyro
de Sam paullo. E foy corregido, e reviflo com
mu)ita dilligencia por os reverendos padres da
ordem de Sam Francifco de emxobregas de obfer-
vancia chamados menores. E foy emprejfo em a
muy nobre, e fempre leal. Cidade de Lisboa a
principal dos regnos de Portugal. Per hos borra-
dos Meejires, e parceiros Nicoláo de Saxonia,
e Vakntino de Moravia por mandado do muy
Illujirijfimo Senhor ElRey Jobam o fegundo.
E da muy efclarecida Rainha dona Leonor
fua fmiy nobre molher <& c. Em no anno
do naf cimento do diíio Salvador de Mill, e cpéa-
trocentos, e noventa, e cinco. A XIIII. dias do
mes dê mayo, Eílc quarto tomo devia
fer imprcíTo antes do terceiro pelo tempo
em que fc publicou.
Faz mençaõ deíle Author D. NicoL
Anton. Bib. Vet. Hifp. lib. 10. cap. 8. tu 45).
BERNARDO DE ALMEYDA filho de
Bento de Almeyda, e Anna G>rdeira, e natu-
ral de G)imbra donde paíTando a Lisboa
entrou quando tinha 17. annos de idade na
G^mpanhía de JESUS a 4. de Dezembro
de 165 1. Moleílado de alguns achaques que
lhe prohibiaõ a exaéla obfcrvancia de taõ
fagrado Inftituto o deixou com beneplácito
dos Superiores, e reftituindofe à fua pátria
continuou o cíhido da Theologia em que
rcccbeo o grào de Doutor com univerfal
applaufo dos Cathedraticos que igualmente
cclebravaõ o feu engenho capaz, c agudo para
as dificuldades Theologicas, como para as
delicias Poéticas em que era eminente, prin-
cipalmente na Poefia Latina de que deu claros
argumentos quando pelos annos de 1662.
aíTiílio em Roma merecendo nefta grande
Corte as eíHmaçoens dos homens mais erudi-
tos por fer hum dos mayores Sábios que nella
floreciaõ como affirma D. Francifco Manoel
de Mello no Prologo das fuás Obras Métri-
cas impreíTas em Leaõ de França 1665. 4.
Para eterno padraõ da vaíla noticia que
tinha da Arte da Rhetorica, Mythologia,
e Poefia Latina, publicou.
Fons eloquentice ad maiorem, ac facilio-
rem Scholajlicorum quacumque de re omate,
(& appofite loquendi ufum Romx Typis Fa-
bij de Falco 1664. 8. Dedicado a D. Francifco
Manoel que elle intitula Cefar Lufitano.
Minerva Panóplia ad majorem, ac faci-
liorem Scholaficorum quacumque de re lo-
quendi ufum, omata ex variis Auãorum
floribus. Romíe Typis Jacobi Dragondelli.
8. Dedicada ao EminentiíTimo Cardial Pro-
todatario da Santidade de Alexandre VII.
D. Jacobo Conrado.
D. BERNARDO DE ATAYDE na-
tural da illuftre Villa de Guimaraens, como
efcreve o P. D. Manoel Caetano de Souf. no
522
BIB LIOTHE C A
Cathal. Hijl. dos Bi/p. que tiveraõ Diocefe fora do
Keyno pag. 123. ou da Villa de Alcobaça do
Arcebifpado de Lisboa, como afíirma o Dou-
tor Manoel Pereira da Sylva Leal no Cathalog.
dos Colleg. do Colkg. de S. Pedro pag. 16. §. 59.
Foy filho de D. António de Atayde quinto
Conde da Caílanheira primeiro de Caílro
Dayro, Alcayde Mór de Guimaraens, Gentil
homem da boca de Filippe IL e IIL Vicerey
defte Reyno, e Embaxador a Alemanha, e de
D. Anna de Lima filha herdeira de D. Antó-
nio de Lima Senhor de Caílro Dayro, e de D.
Maria de Vilhena filha de Chriílovaõ de Mello
herdeiro da Ilha de S. Thomé. Ainda naõ paf-
fava da idade pueril quando feu Pay lhe vatici-
nou que havia fer fublimado à dignidade
epif copal, cujo vaticínio felizmente fe cumprio.
Applicou-fe ao eíhido dos Sagrados Cânones
em que fez taes progreflbs a delicadeza do feu
engenho, que por uniforme voto dos Cathe-
draticos da Univerfidade de Coimbra recebeo
naquella Faculdade as infignias doutoraes. Foy
admitido ao CoUegio de S. Pedro a 19. de
Outubro de 161 5. e a Deputado da Inquifiçaõ
de Lisboa a 8. de Agoílo de 1625. Sendo
Cónego nas Cathedraes de Leiria, Elvas, e
Lisboa foy eleito Prior mór da infigne Col-
legiada de Guimaraens, de que tomou poíTe
a 1 5. de Julho de 1629. onde inítituhio a Capella
da Mufica de Canto de Orgaõ, e féis Clérigos
para rezarem as horas Canónicas. Como affif-
tiííe em Caílella a tempo que em Portugal
fe aclamou por feu legitimo Soberano ElRey
D. Joaõ o IV. o nomeou Filippe IV. Bifpo de
Portalegre, e naõ tendo eíFeito eíla nomeação
foy eleito em o anno de 1645. Bifpo de Aftorga
donde foy promovido no anno de 1654.
ao Bifpado de Ávila que adminiiirou como
vigilante Prelado até o anno de 1659. em que
morreo nomeado Arcebifpo de Burgos. Fa-
zem delle honorifica mençaõ Fr. Gregório
Argaiz Soled. Lauread. Tom. 5 . cap. 26. Barbof.
de Jure Ecclejiaji. lib. i. cap. 30. n. 15. Cardof.
AgioL 'L.ufit. Tom. 3. pag. 611. no Com-
ment. de 8. de Junho. letr. Fr. D. Nicol.
de Sant. Mar. Chron, dos Coneg. Keg, liv.
10. cap. 19. n. 9. Franc. Xav. da Serra
Cathal. dos Prior, de Guimar. pag. 65.
Soufa Hift. Geneal. da Cafa Real Porfug.
Tom. 2. Liv. 3. pag. 535. §. 18. efcreveo.
Carta pajloral aos feus Súbditos. Madrid.
1655. 8.
BERNARDO BORGES Presbytero
UlyíTiponenfe, e muyto verfado na Theologia
Moral como o manifefta a obra feguinte.
Explicação dos defafeis cat^os, que fe refervaõ
nas Conflituiçoens do Arcebifpado de L.isboa.
Lisboa por António Rodriguez de Abreu.
1673. 8.
Fr. BERNARDO DE BRAGA natural da
augufta Cidade do feu appellido, e filho de
Manoel Pires, e Catherina Gonçalves. Recebeo
a Cogulla Benediftina em o Convento de S.
Tyrfo em o anno de 1 5 60. onde depois de ter
defcuberto o profundo talento de que a natu-
reza o dotara para a penetração da Filofofia, e
Theologia, o manifeftou mayor para a invefti-
gaçaõ das antiguidades, e privilégios da fua
Monaftica Congregação, da qual foy Chronifta
difcorrendo pelos Cartórios de Portugal, e
Galliza donde extrahio noticias muito re-
cônditas. Elevado pelo feu merecimento
exercitou diverfos lugares da Ordem com
fumma prudência, como foraõ fer Abbade
do Convento de Santa Maria de Carvoeiro
no anno de 15 81. Definidor em 1584. Vifi-
tador em 1587. Abbade do Convento de Pom-
beiro em 1590. e fegunda vez Definidor em
1593. Morreo no Convento de Tibaens a 14.
de Março de 1605. cuja memoria celebraõ Fr.
Franc. a D. Aug. Maced. in Dom. Sadic. pag. 9.
chamando-lhe virum eruditum. Fr. Leaõ de
Santo Thom. Bened. Eufit. Tom. i. Trat. 2.
Part. 2. cap. 31. infigne, e Tom. 2. Trat. i.
cap. 10. §. 2. mtfy viflo nas hiforias ajfim Ecclefiafii-
cas como Seculares. Fr. Anton. da Purif. Chron,
da Prov. de S. Agofl. de Portug. Part. 2. liv.
4. Tit. 13. douto Chronifia. Argais Perla
de Catalun. pag. 450. §. 109. Sugeto dig-
no de toda eflimacion por fu inclinacion ai
efludio de la Hijioria. Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 173. col. i. e Tom. 2.
p. 286. col. I. Compoz.
Hijioria das Grandezas, e principias
dos Mofleiros de Saõ Bento em Portugal.
foi. M. S. Deíla obra faz mençaõ Cardof.
Agiol. Eujit. Tom. 3. pag. 808. no Com-
ment. de 24. de Junho, e pag. 821. no Com-
ment. de 25. do dito mez.
L USITANA.
523
HiJIoria Monaftica dividida em 7. Livros
i. Origem do BJlado Keliffofo 2. Genealogia
de S. Ben/o por /eus Pajs. 3. Nobreza de Santo
Amaro, e SaÕ P/acido, fuás vidas, e mortes.
4. Reformação monaflica de S. Bento em toda a
Ijtropa, 5. Keformaçad da Re/igiad de S. Bento
em Vfpanha, e Portugal. 6. Congregaçoens que
militaò debaixo da Santa Kigra, 7. Cathahgo
dos Pontífices da KeligiaÕ, Efta obra unha
licenças da Ordem em o anno de M99. para
Ic imprimir, mas naõ teve ventura ( como efcrcvc
l''r. Leaõ de Santo Thonuz Bened. LMfit.
Trat. I. cap. 10. pag. 76.) para ver feus
trabalhos efiampados. Delia fe lembra Fr.
Círegorio Argaes Perla de Catalim. pag. 4JI.
%. 109.
Tratado da precedência entre o Embaxador
de Portugal, e o de Nápoles. M. S. o qual allega
Gafpar Eftaço Antiguid. de Portug. foi. 3.
^coL 2. e no Cap. 25. n. i. e Martinho Lipe-
nio Biblioth. Realis J/aidic. pag. 407. col. i.
citando-o como imprcíTo em Braga.
Tratado em que prova fer S. Damafo
natural de Citania no termo de Guimaraens.
de que fe lembra o mefmo Eftaço Antig.
\Je Port. foi. 53. col. i.
Origem do Rejno de Portugal, e Genealogias
'\-da fua Nobret(a os Godos, Suevos, e Romanos
até o nojfo tempo com os progreffos das Gafas,
e Solares foi. 2. Tom. M. S. Confervaõ-fe
no Mofteiro de Pombeiro, cuja obra feria
com muito acerto pelo génio do Author que
foy muito exaão, e como a tal o achamos allegado
em matérias importantes à Hifloria efcreve em
feu louvor o P. D. António Caetano de Soufa
\iio Apparat. à Hifl. Geneal. da Caf. Real Portug.
*?• 97* §• 93* onde o faz Provincial
do Braíil fendo equivocaçaõ com outro
Monge da fua Ordem, e do mefmo nome
de que logo fe tratará.
Breviarium Sanãorum Ord. D. Benediãi ad
Jtfum Congregationis Lufitance Juffu Reverend.
Patris Fr. Balthafaris de Braga ejufdem Gon-
p-egationis Generalis.
Apontamentos Hifloricos. 8. M. S. cujo
Original fe conferva na Livraria do Con-
vento de Tibaens.
Fr. BERNARDO DE BRAGA, ou
DA PURIFICAÇAM filho de Manoel
Diaz, e Catherína Lopez fcmclhante ao pre
cedente aíTim na pátria que lhe deu o berço
onde foy bautízado ao primeiro de Agodo
de 1604. como no inílituto Monaftico que
profeíTou no Convento de S. Tyrfo. Inílrui-
do com as fciencias neceíTarías para o púl-
pito fahio hum dos celebres Prégadoces do
feu tempo, e foy jubilado na Religião. De-
pois de fer Abbade do Convento de Tibaens
no anno de 1629. e de S. Salvador de Gafey
em 1632. e Procurador Geral em 1635. paT-
fou ao Brafd, onde diâou Filofofia, e Theo-
logia aos feus Monges com credito do íeu
talento que o naõ teve inferior na adminif-
traçaõ da Abbadia do Convento da Bahia no
anno de 1644. e de Pernambuco no de 1648.
até que fubio a Provincial no de 1653. ^
fendo fegunda vez eleito em 1661. falleceo com
grande faudade dos feus fubditos a 8. de
Março de 1662. antes de cumprir o primeiro
anno do feu governo quando contava j8.
de idade Fr. Gregório Argaes Perl. de Gatalun.
pag. 466. §. 163. Predicador de nombre... en que
moflrò la ocupacion de fus efludios, y el delgado
hilo de fu ingenio con lo mucho de fu comprehenfwn.
Compoz.
Sermão que pregou na Sé da Bahia em a nova
publicação da Bulia da Grut^ada a \%. de Junho
de 1644. Lisboa por Paulo Crasbeeck. 1649, 4*
No prologo defte Sermaõ diz: fendo que tinha
eu mais próximos à imprejfaS outros trabalhos,
que o governo a que ajfiflo tem em fufpençaõ, até
que o focego os manifefie, ou a morte os
defengane.
Sermaõ, que fe^ a N. Senhora de Nav^areth o
Mefire de Gampo André Vidal de Negreiros na
fegunda Outava de Natal eflando o Senhor expoflo.
Lisboa pelo dito Impreííor 1649. 4*
Sentimentos públicos de Pernambuco na
morte do Serenijfimo Infante D. Duarte na
Igreja de N. Senhora de Nar^areth 4. feira
6. ^ Abril de 1650. Lisboa por Domingos
Lopes Rofa. 165 1. 4.
Sermaõ de N. Senhora do Monte do Garmo no
Mojleiro do Garmo do Rio de Janeiro. Lisboa
por António Crasb. de Mello. 1658. 4.
Sermaõ de nojja gloriofa Madre, e Vir-
gem Santa EfcholafHca profejjando no feu
dia o Irmaõ Fr. Mathias de S. Bento pre-
gado no Mofleiro de S. Sebafliaõ da Bahia,
5 24
BIBLIO THE CA
Do mingo lo. de Fevereiro de 1658. Lisboa
por António Crasbeeck de Mello. 1659. 4.
Prima:(ia Monarchica do Paj commutn dos
Mo nges S. Bento na tarde do dia do feu tranjito.
Ru an por Joaõ Bertelin. 1662. 8. He hum
dif curfo apologético pela Religião Beneditina.
Segunda parte da Prima:(ia Monarchica
do Pay comrmim dos Monges N. P. S. Bento
na tarde do dia do feu tranjito. 21. de Aíarço
de 1661. no feu Mojleiro da Bahia. Ruan por
Lo urenço Maurry. 1662. 8. Ambas eílas duas
par tes fahiraõ Lisboa.
Auroras de Fr. Bernardo de Braga. M. S.
Conferva-fe no Convento de Tibaens.
S endo Collegial de Theologia compoz
hum Soneto em louvor do Meílre Fr. Gre-
gori o Bautifta ao livro que compoz intitu-
lado Completas da vida de Chrijlo que fahio im-
preíT o Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1623. 4.
F. BERNARDO DE BRITO chamado
no S eculo Balthazar de Brito de Andrade
naceo na Villa de Almeyda íituada na Provinda
da Be yra a 20. de AgoUo de 1 5 69. fendo feus
Proge nitores o Capitão Pedro Cardofo de
Andra de, que nas Campanhas de Flandes, e
Itália, deo do feu valor heróicos argumentos,
e Mar ia de Brito de Andrade igual ao feu con-
forte em a nobreza do nacimento, a qual com
fumm a vigilância educou a eíle filho em cuja
pueri cia conhecendo a viveza do engenho
de q ue liberalmente o dotara a natureza o
mand ou a Roma para que neíla Metrópole
do m undo aprendeííe as fciencias dignas de
hum mancebo nobre. Em taõ famofa palef-
tra f ahio egregiamente inílruido aíTim nos
prece itos da Poefia, e Oratória, como na
intell igencia das línguas mais polidas, fa-
bend o a Latina com perfeição, fallando a
Itália na, e Franceza com naturalidade, e
tend o fufficiente noticia da Grega, e He-
braic a. Applicou-fe ao eíludo da Hiíloria
em que na idade adulta fez mayores pro-
greíl os naõ fendo inferiores os que a fua Mufa
CO m o nos primeiros annos publicou com-
po n do verfos fuaves, e cadentes, que compe-
tiaõ cõ os celebres Poetas Lyricos de Hef-
pan ha. Para mais nobremente illuílrar eíles
dot es com que fe ornava o feu efpirito, re-
fol veo confagrallos a quem liberalmente
lhos concedera, e advertindo com myíle-
riofa circunftancia, que o dia em que nacera
para o mundo fora dedicado a S. Bernardo,
elegeu entre todas as Famílias religiofas para
renacer para Deos a do Doutor Mellifluo
naõ fomente fatisfeito de veftir a fua Cogulla
no Real Convento de Alcobaça em o anno
de 1585. mas chamarfe com o nome defte
Príncipe Ciftercienfe. Querendo feu Pay que
foíTe herdeiro dos feus grandes ferviços,
que efperava ferem generofamente remunera-
dos pela beneficência Real, alcançou facul-
dade Pontificia para que paíTaíTe da Religião
de Cifter para a Militar de S. Joaõ de Malta
cujo effeito por fua morte fe defvaneceo. Com-
pleto o anno do Noviciado começou a fre-
quentar as Efcolas com tanta comprehenfaõ, e
delicadeza de engenho que admirados os Mef-
tres confeíTavaõ fer o feu talento fuperior à
natureza pois ao mefmo tempo que aprendia
enfinava, de que refultou naõ fomente diâar as
fciencias Efcolaílicas aos feus domefticos com
immortal gloria do feu magifterio, mas lau-
jiarfe com as infignias doutoraes da Faculdade
Theologica na Athenas de Coimbra no anno
de 1606. O efhido, que profundamente tinha
dedicado à efpeculaçaõ das fciencias naõ impi-
dio appHcar-fe às amenas principalmente à
Hiíloria Sagrada, e profana emprendendo para
gloria da Pátria, e eterno brazaõ defte Reyno
efcrever a fua Hiftoria geral, penfamento,
que fendo intentado pelos heróicos efpiritos de
Joaõ de Barros, e André de Rezende o exe-
cutou com tanta felicidade, como incanfavel
deligencia revolvendo todos os Carthorios, e
Archivos para delles extrahir as noticias con-
ducentes para empreza taõ árdua. Defte inde-
feíTo trabalho foraõ as primícias o primeiro
Tomo da Monarchia Lufitana publicado na flo-
rente idade de 27. annos, com o qual deixou
admirada a Republica Litteraria de produção
taõ fazonada em idade taõ verde lendo-fe em
eflilo claro, corrente, defafeftado, e elegante
as antiguidades da noífa Lufitania defde o
principio do mundo, fendo o primeiro, que
venturofamente rompeo aquelle tenebrofo
Chãos em que eftavaõ fepultados os fucef-
fos, e acçoens dos antigos Portuguezes, de-
vendofe aos impulfos da fua penna patentes
aquellas noticias, que o mundo ignorava*
L USITANA.
525
Bfta grande obra que dedicara á Mageftade
de Filippe 11. naõ fomente lhe agradeoeo
com particulares ílgnifícaçoens de aíTeâo, mas
lhe ordenou a continuaíTe por Carta efcríta
cm Madrid a 5. de Abril de i J97. e pofto que
I hc podia retardar o progreíTo a critica de algims
cmulos armada contra as Tuas opinioens, mais
atento á gloria do Reyno, que à reputação do
icu nome naõ deíiíUo de profeguir o illuílrc
argumento que cmprendera. Nomeado Qiro-
lifía da Tua G^ngregaçaõ dcfempenhou como
Icllc fe efperava, efta incumbência cfcrcvcndo
.1 Chronica de Ciíler com taò elegante frazc,
c critico exame que mereceu o applaufo do
•rande Githcdratico de Salamanca Fr. Joaò
Marquez Eremita Auguftiniano chamando-
Jhe Hijloriador infigte, e de Fr. António
^'epcs honorifico cfplcndor da Monaftica
Religião BencdiíHna que a tranfcrcvco cm
os fcus Annaes. Vagando o lugar de Chroniíla
lòr do Reyno por morte de Francifco de
idradc foy nomeado feu fuccíTor em o anno
le 1616. de cuja litteraria occupaçaõ era credor
Cde a fua adolefcencia em que tanto fe dif-
iguia de todos affim no eíUlo, como em a
ta liçaõ da Hiíloria. Por varias vezes foy
leyto Bifpo, cuja dignidade humildemente
ígeitou confiderando que naõ podia vigilan-
ímente cuidar da faude alheya quando fe
itia privado da própria. Efta fe foy com
ito exceíTo diminuindo que chegando de
[adrid à Villa de Almeyda fummamente
loleftado da jornada fe preparou com todos
>s Sacramentos, e aâios de obfervante Reli-
iofo para a morte, que fuavemente o trans-
irio para o defcanfo eterno a 27. de Fevereiro
ie 161 7. quando contava 47. annos 6. mezes,
fete dias de idade, e 32. annos de Religião.
'oy levado o feu corpo ao Convento de Santa
[ária de Aguiar da Ordem Ciftercienfe
ituado três legoas diftante de Almeyda, e
)bre a fepultura fe gravou efte epitáfio.
Aqui jat^ o mtty doão 'Padre Fr. Bernardo
Brito Chronijia Môr que foy defie Rejno.
lorreo no anno de 1617.
PaíTados trinta, e dous annos foy trans-
indo o feu Cadáver do Mofteiro de Aguiar
ca o de Alcobaça, onde jàz fepultado na
fa do Capitulo com efte epitáfio.
Zondita 'L.ufiadum tumulo, qui gejia revelai
Bernardus Briíto condi fttr hoc tumulo.
Inter Scriptores mafftus, Chronijlaqm major
Ktffus, ó^Jlylo maximus ipfofmt.
Teve Agradável prezença, corpo bem
organizado, compleição robuíla, convería-
çaÕ a£Bivel, memoria feliz, e juizo pene-
trante. Excedeo o numero das íuas obras ao
dos feus annos. Applicou-fe pelo difcurfo da
fua vida breve pela duração, mas dilatada
pela fama em beneficio do Reyno illuílrando
aos feus Princepes, e a Nobreza com
indeléveis memorias que o feu incanfavel dif-
velo, e continua inveftigaçaõ refufcitou como
novo Deucaleaò das pedras defpedaça-
das, e carcomidas pela voracidade do tempo
merecendo fer celebrado pelas pennas de
diverfos Efcritores com grandes elogios como
foraõ Manoel de Soufa Coutinho taõ illuf-
tre pelo fangue, como pelo eftilo hiftorico,
e poético em o Poema impreíTo na Prefação
do I. Tomo da Mon. Lufit.
Arte potens, opihujque animi Bernardus ah
alto
Ducet Lyjiadíém famam, (Ò' monumenta tuo-
rum.
Bx quo prima novis Aurora inveãa quadriffs
Splendtiit humano generi: de bine arma tri-
umphis
Inclyta, tunc Santos repetens ah origine mores
Ijonga vetuftatis, rerumque arcana movehit.
Nicol. Ant. Bib. Vet. Hifp. lib. 6. cap. 4.
§. 75. Portugallia clarijjimus Hiftoriographus, c
lib. 8. cap. 5. §. 288. Ijifitania ma^us hiftoricus
Ant. Coelho Gafco Antiguid. de Usb. Part. i.
cap. 46. Varaõ illufire em letras divinas, e huma-
nas, que deu honra, e immortal gloria com
feus nobilijfimos efcritos a Portugal. Manoel
de Faria, e Soufa no Prolog, do Epit. das Hijl.
Portug. Fue ver/ado grandemente en toda fuerte
de hijiorias, el hombre mas deligente para efcrevir,
que conocio E/pana; apenas en toda ella le
quedo lugar, ò ruina que no vieffe en Portugal, ni
monte, ni valle que no midiejfe a palmos, ar-
chivos, o piedras que no revolvieffe dando noti-
cia aios próprios Portuguev^s de Ji próprios.
E no prologo da i. Parte da Europ. Portug.
No lè falto fi no tener nacido en Greda, o
en Itália figlos antes que no le excedieran
los Tucidedes, los Uvios, los Herodotos, los
Salujlios en la fujlancia quando nò en eflilo, y
52Ó
B IB LIO THE CA
en la orden. Fr. António da Nativid. Mont.
de Cor. Mont. 2. Coroa 2. §. 9. n. 5. injigne Chro-
nijla. Maced. Flor. de Efpan. cap. 8. exceli. 9.
en CUJOS libros nò facilmente fe echa de ver Ji
ttwo màs de lahoriofo, ò de ingeniofo, fimas
de doão, o de curiofidad, e na h.tifit. hiberat.
Prosem. §. 2. n. 6. magnus Hifioricus. Car-
dof. Agiol. 'L.ufit. Tom. 3. pag. 449. no
Commentar. de 29. de Mayo letr. A. A. quem
os noffos devem as noticias mais cabaes, e deligencias
mais exalas de fuás coufas, que eflampou
em fuás obras pelas quais vieraõ os EJiran-
geiros em conhecimento das hijiorias, e antigui-
dades defle Kejno. Nicol. Agoft. Vid. de D.
Theot. de Brag. Honra, e lujire em feus efcri-
tos dos Vortugue^es. P. Ant. Maced. 'L.ufit.
Inf. <& Purpur. in Prolog. Gravijfimus
h.ujitania hijloricus qui pátrio fermone à diluvio
initium ducens 'L.ufitanos jínnales texuit Jlylo
culto, máximo, et accurato. D. Franc. Man.
de Mel. Epanaph. de Var. Hijí. pag. zG^.famofo
Hiforiador. Carol. Vifch. Bib. Cijierc. Vir
ingenij fummi, memoria firmijfimce, Jludiique con-
tinui, <& infatigabilis quem nemo laboribus
fraãum, nec fatigatum vidit. Franckenau.
Bib. Hifpan. Hif. Geneal. Herald, p. 72. Certe
( falia da obra da Monarchia Luíitana )
monumentum ea efl Hifiorioe 'Lujitanicce are
perennius. Joan. Soar. de Brit. Theatr.
L,ujit. Liitter. lit. B. n. 35. Kegni 'Lufitani
non titulo folum fed re ipfa maximus hiflorio-
graphus, vir cumprimis eloquens, (& eruditus,
non in tis tantum, quce ad I^uJitanicR antiquitafes
fpeãant ( ut non nemo exiflimavit ) fed in
omni prorfus Encjclopedia, quin non in foluta
dumtaxat oratione, fed in ligata etiam. Fr.
Oirifoíl. Henriq. 'Phan. Kevivis. lib. 2. cap. 12.
Tam prceteriti, quàm noftri temporis eximium
ornamentum, <& decus. Caramuel Philip. Prud.
pag. 118. Auãor effumme diligens, cui debet anti-
quitas rerum plurium notitiam, quce Eeibais
fubmerfa aquis fugiebant univerforum óculos. EJi
hercule de rethorica optime meritus, cujus perenne
fludium, atque felicem deligentiam vulgata opera
tejtatam faciunt. Auguíl. Sartor. Ciferc. Bif
terc.feuHiJl. Elogiai. Ord. Cif. Tit. 20. pag. 521.
Ingenio valens, vaftiffimaque praflans memo-
ria fcientias propemodum omnes abforpfit.
In antiquitatibus tamen e cinere veluti e bufo
ad novum fplendorem eruendis fuit prcecipuus.
P. Meneftrier Art. du Bla:(on pag. 74. Joan,
Hallevord. Bib. Curiof. pag. 34. col. 2. Franco
Imag. da Virtud. em o Nov. de Coimb. Tom. 2.
liv. I. cap. 18. n. 9. a quem a Monarchia Eufitana^
e outras obras fatiem bem conhecido no mundo.
P. D. Ant. Caet. de Soufa no Apparat. à Hijl,
Genealog. da Cafa Keal Portug. pag. 69. n. 38.
de grande talento, letras, e erudição como
teftemunhaõ as fuás obras.
Compoz.
Monarchia Eufitana Parte Primeira que con-
tem as Hiflorias de Portugal defde a Criação do
mundo té o nacimento de NoJJo Senhor ]efu Chrijlo.
Dirigida ao Catholico R^ D. Filippe 2. do nome
Kej de Efpanha, Emperador do novo mundo. No
iníigne Moíleiro de Alcobaça por Alexandre
de Siqueira, e António Alvares, e acabada
a 10. de Janeiro de 1597. foi. No fim tem
Geografia antigua da Eufitania. Alcobaça
por António Alvares 1597. foi. Deita obra,
e do Author faz mençaõ o moderno addicio-
nador da Bib. Geograf. de António de Leaõ
Tom. 3. Tit. unic. col. 13 16.
Segunda Parte da Monarchia Eufitana
em que fe continuaÔ as Hifiorias de Portu-
gal defde o nacimento de nojjo Salvador Jefu
Chrifto até fer dado em dote ao Conde D. Hen-
rique. Lisboa por Pedro Crasbeeck 1609.
foi. Sahiraõ eílas duas Partes reimpreíTas
Lisboa na Officina Crasbeeckiana 1690. foi.
Elogios dos Kejs de Portugal com os
mais verdadeiros Ketratos que fe poderão
achar. Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1605.
4. Efia obra (dis o infigne Manoel Severim
de Faria no Elogio que dedicou à memoria
de Fr. Bernardo de Brito em as Notic. de
Portug. pag. 284. ) ainda que breve, he de grande
confideraçaõ, porque na lingoagem, e juii(o pode
fervir de modello a toda a boa hiftoria abre-
viada, e na perfeição com que fe^ abrir em
bronze os retratos dos P>.eys, e alcançou os
Originaes mais apurados mandando vir alguns de
partes remotas com grande cufio, e defpe^a, excedeo
muito fuás forças, e moftrou o grande f(elo
que tinha de engrandecer a Pátria, e de etemi-
f^ar a memoria dos Keys Portuguev^es a quem
nefie livro levantou hum honrofo trofeo. Sahi-
raõ addicionados eftes Elogios com as vi-
das de Filippe IV. e dos Serenijfimos Kejs
D. Joaõ o IV. D. Affonfo VI. D. Pedro
I
L USITANA.
li. e D. JoaÕ o V. Noffo Senijor por meu Irmaò
I). Jozó Barboía Clérigo Regular Chronií^a
<la SereniíTima GUa de Bragança, c Acadé-
mico da Academia Real. Linhoii na Oií»-
lina Ferreiriana. 1726. 4.
Primtira Parte da Chronica dt Cijltr onde Jt
amtaò as cou:^as prhicipaes defta Ordem, e mtdtas
. \níigNÍdades do Reyno de Portugal. Lisboa por
Pedro Crasbeeck 1602. foi. et ibi por Pafchoal
lia Sylva ImprcíTor de Sua Magcftade. foi. 1720.
Sylvia de U^ardo. Lisboa por Alexandre
cIc Siqueira 1)97. 52. õc ibi por Pedro Cras-
l)eeck 1652. 12. Conda de vario género de
verfos, c ainda que naõ fahio com o nome do
Author, lho declara Manoel de Faria, e Soufa
110 Comment. da i. Cenítir. dos Sonet. de Camoens.
Sonet. 14. pag. 40. col. 2. Tomando efle wifnío
ver/o primeiro, y el penfamiento de mi Poeta dixo
Brito, d Li^ardo en Ju Sylvia E^hg. 2.
Iv mais claramente no Comment. do Sonet. 32.
lio mcfmo Camoens. Fr. liernardo de Brito
i n fu Sylvia de hy fardo Eglog. 2. ( que Juyo
Hs aquel librillo aimqrn anda eftampado Jin nombre
k Author, porque en Portugal faben los Religio-
os hí4yr de nombrarfe en ejcritos agenos de Ju
infiituto, por mas que fean tan honejios como
aquel. Por efta obra o numera entre os Poetas
Portuguezes o P. António dos Reys no Ejithu-
Jiafm. Poetic. n. 120. e o aplaude Jacinto Cor-
deiro no Elog. dos Poet. Portug. Eílanc. 43.
¥ray Bernardo de Brito a Ljffo gloria
Qite Hora muerto con piedad eftraiia
De tan altivo ingenio la memoria
I Dexando en muerta pluma viva havana
Deve el Laurel honrarle por la Hijloria
Veneracion le deve toda E/pana
Siyá retrata enel tiempo efquivo
Un Fénix muerto para honramos vivo.
Obras M. S.
j Hijloria de Noffa Senhora de Na^areth
em que fe trata da Invenção defia Santa
Imagem, privilégios, e graças, que lhe con-
cederão os Reys, e milagres, que a Senhora
tem obrado, e no fim a familia, e defcenden-
cia daquelle em que fora obrado o milagre.
I Efta obra moftrou acabada o Author em o
I anno de 161 1. ao Chantre de Évora Manoel
! Severim de Faria como aííirma em as No-
tic. de Portug. pag. 285. a qual levava a
Madrid para ofFerecer à Rainha de Caílella
D. Margarida de Auílría. O P. António de
Vafconcellos in Dtjcript, hufit. pag. 9)4.
julga eíle livro dig^ijfimttm afftdtut pervolutatione, o
qual tcílemunha ter viAo I-'r. Bernardino da
Sylva na 2. Part. da Defenf. da Mon. Lufi/. cap. 6.
cm poder de Fr. Belchior de Abreu Monge
CiAercienfe, e o louvaò com grandes elogios
I'r. Anton. Brand. Mon. Lufit. 4. Part. liv. 12.
cap. 20. Fr. JoaÕ Marquez Orig. deiot Ermit.
de S. Augufl. cap. 11. e ij. e Cardofo Affol.
Etifit. Tom. I. pag. 85. col. 2. no Com-
ment. de 8. de Janeir. letr. A.
Republica antigua da Utfitania em que fe
trata dos Ritos, e cuflumes dos antigos Portugue^i^s.
Dedicada a Serenijftma Senhora D. Isabel Clara
Eugenia de Auflria Infanta de Efpanha, Duquev^
de Brabante, e Eombardia. Eftava efcrita em 10.
Capitulos, e acabada em 21. de Março de 1596.
Obra excellente a intitula o Licenciado Francifco
Galvaò de Mendanha na fua Bib. Portug. M. S.
Chronica delRey D. SebaftiaÕ continuada até
a Embaxada de D. JoaÕ de Borja. Naõ chegou
a porlhe a ultima maõ, que fe a acabara fora
hum illuftre ornamento da lingua Portugue:(a diz
Severim no Elogio de Fr. Bernard. de Brit.
pag. 288. Delia fazem memoria Manoel de
Faria, e Soufa Advert. ao i. Tom. da Afia
Portug. n. 35. e Jorge Cardof. Affol. Eufit.
Tom. 3. pag. 442. no Comment. de 28. de
Mayo letr. E. e Nos em o Prologo das Aíemor.
para a Hiflor. delRey D. Sebafl. que fahiraõ im-
preflas Lisboa por Jozé António da Sylva
1736. 4.
Apologia a certas duvidas enviadas pelo
Arcebifpo de Braga D. Fr. Agoftinho de
Caflro em pontos pertencentes à i. Parte da
Monarchia Eufitana. No fim eftava huma
Carta do mefmo Arcebifpo em que fe dava
por fatisfeito das repoftas às fuás duvidas.
Efta obra moftrou o Author ao Chantre de
Évora Manoel de Faria como efcreve em
as Notic. de Portug. pag, 285.
Privilégios da Congregação de Alcobaça
de cuja obra affirma no prologo da 2. Part.
da Mon. Eãífit. me cuflou alguns tempos de
peregrinação, e muitos dias de efludo.
Terceira Parte da Monarchia Eufitana
de que faz mençaõ feu fuceíTor nefta obra
Fr. António Brandão no prologo do 3.
Tom. da Mon. Eufit.
528
BIBLIO THE C A
Commentaria in Prophetas Minores. Dos
quaes fe lembra Jacob. Lelong. in Bib. Sacra
pag. mihi 652. col. i. onde lhe chama Trium
linguarum peritus.
De duahus Hebdomadibus, Creationis una,
Kedemptionis altera. Eílas duas obras Efcri-
turarias eftavaõ promptas para a impreíTaõ.
Fundação do Convénio de Arouca, foi.
Htjloria de Sertório, e fua mulher Rorea,
fundação da Cidade de Évora, e derivação do feu
nome; efcrita em 4. Cantos, e acabada em o
anno de 1591.
Disfra^e de amor; cuentafe la guerra de Por-
tugal, j el derecho, que la Magejlad delRej Filippe
II. nuejlro Senor tiene àquel Rejno. Deíla obra
dà noticia Franckenau in Bib. Hi/p. Gen.
Herald, pag. 62. §. 179. dizendo confervarfe
na Real Bibliotheca do Convento do Efcurial
Plut. P. Serie V. n. 17.
Livro de Famílias que poíTuya Luiz
Vieyra da Sylva infigne Genealógico, e Va-
rão digno de geral veneração por feu pru-
dente juizo, e vida exemplar, em cujo poder o
vio o P. D. Ant. Caet. de Souf. como efcreve
no Apparat. à Hijl. Geneal. da Caf. Real.
Portug. pag. 69. §.38.
BERNARDO DE BRITO BOTELHO
natural da Cidade de Miranda na Província
Tranfmontana, Bacharel formado na faculdade
dos Sagrados Cânones, e Juiz dos Órfãos
na fua Pátria. Em agradecimento à Cidade
em que fora iniiruido, e recebera o gráo em
Direito Pontifício, publicou.
Hijioria breve de Coimbra, fua funda-
ção, armas. Igrejas, Collegios, Conventos,
e Univerjidade. Lisboa na Officina Ferrei-
riana 1732. 4.
BERNARDO DE BULHOENS DE
ARAÚJO natural do lugar de Porco
termo da Villa de Celorico da Beyra do Bif-
pado da Guarda, naceo a 5. de Abril de
1701. de Pays de conhecida nobreza quaes
foraõ o Capitão Jofeph Bulhoens de Araújo,
e D. Maria Thereza de Efcobar, e Soufa.
Eíhidou Filofofia, e Theologia na Con-
gregação do Oratório de Freixo de Ef-
pada àcinta onde naõ fomente foy Con-
gregado, mas didou as mefmas Faculdades
aos feus domefticos. Por juílas caufas deixou
a Congregação fendo jà Presbytero, e como
tiveíTe talento capaz para o Púlpito exercitou]
em varias partes efte evangélico minifterií
com credito da fua peíToa, dando por argu«j
mento publico da fua capacidade nefte generoj
de compoílçaõ a feguinte obra.
SermaÕ do Santijftmo Sacramento roubadtA
em Santa Engracia no anno de 1630. e defa-
gravado no Convento da Rofa de Usboa
Occidental nejle anno de 1738. recitado no
ultimo dia do feu Triduo. Lisboa por Jozé
António da Sylva. 1738. 4.
Fr. BERNARDO DE CASTELLO-
BRANCO. Naceo no lugar de Guardaõ Con-
felho de Befteiros da Comarca de Vifeu fendo
filho de António Gouvea de Lemos, e D.
Maria de Caftellobranco, ambos defcendentes
das principaes famílias da Província da Beyra.
A nobreza do nacimento fez mais illuílre
entroncando-fe por beneficio da graça com a
preclariffima Familia Ciftercienfe recebendo
a Cogulla no Convento de S. Joaõ de Tarouca
primogénito deíla Congregação em o noíTo
Reyno, a 11. de Dezembro de 167 1. A grande
comprehenfaõ, e agudo engenho de que era
ornado naõ fó lhe facilitarão penetrar as difi-
culdades mayores das fciencias efcholaílicas
mas explicallas aos feus domefticos com tanta
gloria do feu Magifterio que de doze difcipulos
que teve fubiraõ três a graduar-fe Doutores
em a Univerfidade de Coimbra, e hum fer
Chronifta geral da Ordem, e depois defte
Reyno. Laureado com as infignias Doutoraes
na Athenas Conimbricenfe ao tempo que era
oppofitor as Cadeiras foy nomeado pela fua
Religião Procurador Geral a Roma para alcan-
çar o Breve do culto, e Beatificação das Santas
Raynhas Sancha, e Thereza foberanos Aftros
da Esfera Portugueza, e immarcefciveis flores
do Jardim Ciftercienfe, o qual fe expedio a 23.
de Dezembro de 1705. Naquella grande
Corte, onde aíTiftio onze aimos, mereceo pela
fuavidade do feu génio as eftimaçoens de
todos os Princepes Purpurados, e a fupre-
ma protecção dos Summos Pontifices Inno-
cencio XII. e Clemente XI. Com os irrefra-
gaveis teftemunhos do immemorial culto
das Santas Raynhas produzidas pela fua in-
L USITAN A.
529
canfavcl indagação emendou o P. G)nrado
Janíngo Continuador da grande obra do
A£ía Santhrum cfcrita pelo eruditííTimo Daniel
Papebrochio as erradas noticias que efte tinha
impreíTo a 17. de Junho como fe pódc ver
mais diílindlamente no 6. Tom. das lUuf-
traçoens deAe me:t. Na Corte de Florença
foy recebido com particulares fignificaçoens
de aíTedto pelo Graò Duque de Tofcana
Cofmc III. RcAituido a Portugal foy eleito
Chronifta Mór do Rcyno, c dos primeiros cin-
cocnta Académicos da Academia Real para
efcrever as Memorias Miftoricas dos SereniíTi-
mos Rcys D. Pedro I. c D. Fernando. Naò
tendo occupado na Religião mais que o lugar
de Reytor do Collegio de Coimbra, em aten-
ção aos feus grandes merecimentos confpirou
toda a fua Congregação para o eleger a 3. de
Mayo de 1723. D. Abbadc Geral, e fer do
Confclho delRcy, Efmoler Mór, Donatário, e
Capitão mór de 14. Villas nos Coutos de Alco-
baça. Governou eíla illuftre família dous
annos, e fcte mezes confervando com vigilante
cxacçaõ a obfervancia regular até que avizado
pela repetição de alguns accidentes de que
eílava próximo a pagar o indifpenfavel tri-
buto de mortal fe preparou devotamente refi-
gnado na vontade divina, e recebidos os Sacra-
mentos com repetidos aftos de Fé, e piedade
Chriftaã aplicando a boca ao lado de hum
Crucifixo que lhe dera a Santidade de Clemente
XI. com indulgência plenária para aquella fatal
hora, efpirou placidamente no Real Convento
de Alcobaça a 7. de Dezembro de 1725. com
70. annos de idade, e 54. de Religião. Compoz.
Difcítrfos vários. Roma por Roque Bar-
nabó. 1706. 4. Saõ impreíTos na lingoa Por-
tugueza em huma Coluna, e em outra na
lingua Italiana.
Sermão do Auto da Fé que fe celebrou
publicamente no Terreiro de S. Miguel da
Cidade de Coimbra em d. de Agofio de 171 3.
Coimbra na Offic. do CoUeg. das Artes da
Companhia de Jefus 17 14. 4.
Sermão de Acçaõ de graças pela felice
Aclamação DelRej D, Joaõ o IV. prega-
do no Collegio de S. Bernardo ao Prejlito,
que fa^ o Corpo da Univerjidade de Coimbra
todos os annos no dia anniverfario da dita Ac-
clamaçaõ. Coimbra na dita Officina. 17 14. 4.
Kepofla a huma inveãiva que lhe fe^ Jo^é da
Cunha Brochado acerca de huma prefftnía que
fit(tra ft havia chamar a HIRiy D, Ptáro l.
di Portugal Cruel, ou ]ufli(ofo nas Memorias
Hifloritas, que efcrevia defle Princepe por ordem
da Academia ReaJ. Sahío no 2. Tom. da Collec,
dos Doe um. da Acad. Real. Lisboa por Paf-
choal da Sylva Impref. de Sua Mageílade, e da
Acad. Real. 1722. foi. He muito douta, e
concludente.
BERNARDO DE CHRISTO. Nacco
na Cidade da Guarda, e logo defde a puerícia
o difpoz a graça para o exercício das virtudes
de que na idade mayor foy iníigne cultor.
Aprendeo com incrível brevidade os preceitos
da Grammatica de hum exemplar Sacerdote, c
paíTando aos eíhidos das fciencias feveras fe
admirou a viveza do feu engenho acompa-
nhada de huma fuma modeília. Dezejando
fugir do mundo para fegurar o premio pro-
metido aos Juílos entrou na Congregação
illuftre dos Cónegos Seculares do Evangelifta
no anno de 1501. onde praétícou com exaéla
obfervancia todo o género de virtudes obede-
cendo naò fomente ao preceito expreífo mas à
vontade conjefturada do Prelado, reduzindo
com afperas penitencias o corpo às leys do
efpirito, e obfervando taõ rigorofa abftinencia
que paíTava muitos dias com pouco paõ, e
nenhum vinho. Era continuo em a Oraçaõ
onde arrebatado do impulfo do fogo divino
em que interiormente fe abrazava, fe via
muitas vezes fufpenfo no ar, e banhado de ref-
plandores. Tanto fe elevava na contemplação
quanto fe abatia na humildade que exada-
mente obfervou até quando foy Geral da fua
Congregação, que governou com igual reâi-
daõ, que fuavidade. Pelo continuo efpaço de
trinta annos foy ouvido no Púlpito como
Clarim do Evangelho, increpando os vidos, e
convertendo obftinados cujo fagrado minifterio
exercitava pelas praças, e vários lugares do
Reyno, aonde o levava o ardor do feu efpirito.
A grande prudência de que era ornado unida às
fuás virtudes o fizeraõ muito eftimado dos
Monarchas D. Joaõ III. e D. Catherina, e dos
Infantes D. Luiz, e Cardial D. Henrique
que repetidas vezes fe confeíTavaõ com elle
bufcando na fua direcção o focego das fuás
39
53o
BIBLIO THE CA
confciencias. Nos últimos annos fe recolheo
ao Convento de S. Joaõ de Enxobregas onde
viveo mais como Anjo, do que homem fre-
quentando continuamente o Coro, e naõ fe
izentando de todos os aftos da Communidade
de que a larga idade de 8o. annos o tinha
privilegiado. Na ultima doença foy viíitado
pela Rainha D. Catherina, e ElRey D. Sebaf-
tiaõ feu Neto que devotamente lhe pedirão
a fua bençaõ, e depois de receber com fumma
piedade os Sacramentos falleceo a 8. de
Novembro de 1570. com 69. annos de habito.
Ja2 fepultado no Clauftro de Santo Eloy com
eftas letras iniciaes abertas na Campa da Sepul-
tura.
O. P. B. D. Chrijio 1570.
Compoz.
Varias Meditaçoens da vida, Morte, VajxaÕ
de Nojfo Salvador. De cuja obra diz Francifco
de Santa Maria no Ceo Abert. liv. 4. cap. 19.
fez tirar muytas copias, e as repartia pelos Noviços,
e procurava que asjouheffem de còr.
Fr. BERNARDO DE COIMBRA
natural da Cidade do feu appellido Monge Cif-
tercienfe em o Convento de Santa Maria de
Alcobaça iníigne Efcriturario, profundo Theo-
logo efpeculativo, e Moral como declaraõ as
feguintes obras M. S. no Carthorio do mefmo
Convento juntas em hum groíTo Volume.
No I. Livro. T)e Calo et Terra, de luce,
Aquis, Sole, l^una, (& Stellis; de pijcihus,
(& avihus; de Paradifo; de formatione primí
hominis, De Adam, Eva, (ò" Serpente. De
fex diebus, (0° Jeptimana. De Adam, <& Eva,
<& filiis eorum: De Enos, Enoch, (& Noe:
De Arca, é^ Diluvio: de Corvo, &" Columha:
de Iride: de vinea Noe, <& inehriatione ejus.
No 2. livro. De exitu Abraham de terra
fua.
No 3. livro De Nativitate Moijis, <&
exitu de Egypto.
No 4. livro De Jofue <& exitu Jorda-
nis: de Helcana, €S>* uxoribus ejus: de pallio
S amue lis: de Salomone, <à^ Templo: de Cj-
ro, (ò* Solutione Captivitatis. De Eccleji-
ajlicis Sacramentis. liber Profperi de vera
innocentia. de Fide, Spe (& Charitate: de
Confejfione Profperi: de Statu Angeli in
principio Creationis: de excellentia Eucife-
ri, & pana pojl Eapfum: de operibus fex
dierum: de Statu hominis ante pecatum: de
libero arbitrio. quare pecatum primi ho-
minis impute tur poferis? Quis fit caufa pec-
cati, eb* quod Jit peccatum? De decem praceptis,
(& dile£iione proximi: De Sacramentis. Utrum
peccata redeant? De duabus clavibus. De
exórdio conjugij. De corporali, <ò' fpirituali
fornicatione. Quare data lex? De duodecim
abfcifionibus. De lapfu cujufdam virginis.
De Violatore Virginis. De Septem gradibus
anima. De Beatitudine caleflis Pátria.
Fr. BERNARDO DA COSTA. Naceo
em Coimbra a 30. de Dezembro de 1702.
fendo filho de António da Coíla Caetano, e
D. Maria Thereza de Carvalho. ProfeíTou
a militar Ordem de Jefu ChriUo no Real Con-
vento de Thomar a 9. de Abril de 171 9.
onde depois de frequentar as aulas de Filofofia,
e Theologia fe applicou com mayor difvelo
ao minifterio do púlpito publicando como
primícias deíle género de eJftudo.
Oração fúnebre nas exéquias da Serenijfima
Infanta D. Francifca que fe celebrarão em o
Keal Convento da Ordem ^ Chriflo na Villa
de Thomar a 8. de Agojlo de 1736. Lisboa
por Jozé António da Sylva Impreílor da
Academia Real. 1736. 4.
BERNARDO FIGUEYRA Aífiílente na
Corte de Pariz onde adquirio profimda intel-
ligencia da lingua Franceza na qual traduzio
da materna a Peregrinação do celebre Viageiro
Fernaõ Mendes Pinto, e a dedicou ao Emi-
nentiíTimo Cardial de Rechilieu, em cuja de-
dicatória efcreve, que aquelles nobres ef-
piritos que fe deleitaõ com a leitura de fuceíTos
raros fem fahirem dos feus Gabinetes, nem
experimentarem a trágica fortuna dos nau-
frágios, com a liçaõ deíle livro atraveíTaraõ
os mares fem perigo, difcorreraõ por varias
Províncias fem incommodo, nem moleftía, e
alcançarão individual noticia dos ritos, e cuíhi-
mes dos feus habitadores diametralmête op-
poftos aos Europeos, mas conducentes para
a fua confervaçaõ. Sahio a Tradução com
eíle titulo.
Ees Vojages advantureux de Fernand
Mende:^ Pinto fidellement traduits de Por-
tugais en François. Pariz chez Arnould
L USITAN A.
53 1
Cotinct, & Jcan Rogcr 164J. 4. No revcrfo
cio frontifpicio do livro tem cilas palavras.
Ijt la prejente Hijloire Jont continues plufieurs
chofes ejlranjifis, 0 prodíff eu/es par itty veves, e
ouyes mx Rqyaumes de Ia Chim, de Tar-
tarie, de Somau vulgairement appeliè Siam,
de Calàminham de Pegu, de Mar/abane, e en
diverfautres endroiíis des contries Oríentaies,
dont noNs n^avons prejque pointe de coffioif'
Jance en noftre Occident. Avec un ample
relation des parliciilariles, les plus remar-
quables advemies tant a luy qu* à beaucoup
d*autres perfones, £/ m abbregi dela pie
miraculenfe, e de la mort dn S. P. Aí. Fran-
çois Xavier, ttniqne Inmiere de ces contries
d^Orient et Keãetar untverjel dela Compaffiie
dê JESUS, Faz memoria do Tradutor
o moderno addicionador da Bib. Orient,
de António de Leaõ Tom. i. Titul. 2. col. 34.
c Bcugheu Bib. Hijloric. foi. 500. c J48.
BERNARDO DA FONSECA. Naceo
na Qdade de G)ulaõ íituada na GDÍla do
Malabar na índia Oriental. Ainda contava
poucos annos quando paflbu com feus Pays
Bernardo da Fonfeca Oforio Fidalgo da Cafa
Real Capitão Mór de Coulaõ, e D. LuÍ2a Lopes
Peftana para efte Reyno, e na Univeríidade de
Coimbra aprendeo as letras humanas, e fcien-
cias Sagradas debaixo da tutela de feu Irmaõ
mais velho Jeronymo Oforio da Fonfeca de
quem fe fará memoria em feu lugar. Naõ
degenerou o feu talento dos celebres engenhos
que floreceraõ na fua família bailando para
credito immortal delia aquelle iníigne Varaõ
D. Jeronymo Oforio Bifpo do Algarve
que privou a Tullio de fer único Corifeo da
lingua Latina. Paílou a Roma onde se appUcou
ao eíludo da lingua Hebraica em que fahio emi-
nente merecendo pela afabilidade do feu génio,
e profundidade do talento as eftimaçoens
das peíloas mais doutas daquella celebre
Corte diíHnguindofe entre todas aíTim no
affefto, como na dignidade o EminentiíTimo
D. Pedro Dezza Cardial do Titulo de Santa
Prifca, e Proteâior do Collegio de Bolonha dos
Hefpanhoes. Voltando para Portugal no anno
de 1603. foy Thezoureiro Mór em a Cathedral
de Faro do Reyno do Algarve. Compoz.
Itenerario que fe^ de Koma ate Monfer-
rate. Dedicado a feu Irmaõ Jeronymo Ofo-
rio da Foníeca. Começa. Parti de Koma em
companhia de hum mancebo 6cc, Acaba. E
naõ faltarão outros que com milhor ejlilo, e
linguagem a tratem. Dcílc Itinerário fazem
mcnçaõ Jorge Cardof. Affol, Lujit. Tom.
2. pag. 585. no Commcnt. de 15. de Abril
let. E. Nicol. Ant. Bib, Hijp, Tom. i. pag.
175. col. 2. e o novo addicionador da Bib.
Orient, de António de Leaõ Tom. i. Tit.
2. col. 36. onde erradamente lhe di o nome
de Itinerário Oriental allcgando a Car-
dofo, e a Nicol. Ant. os quaes fomente fallaò
defta obra com o nome de Itinerário, que
lhe deu feu Author, pois a Jornada que elle
fez, foy de Ronu para Portugal, e naõ do
Oriente, e como tal naõ podia entrar em a
addiçaõ da Bib. Orient. que o moderno ad-
dicionador confundio imaginando que era
Itinerário da Aíla quando eile era da Europa.
Vida de Jeronymo Oforio da Fonfeca
Cónego de Évora feu Irmaõ. Começa. Ber-
nardo da Fonfeca Fidalgo da Cafa de Sua
Mageflade. Acaba. Da noffa vifla^ que be
a verdadeira Bemaventurança. M. S.
Vida de D. Jeronymo Oforio Bifpo do
Algarve compofia em Latim por feu Irmaò
Jeronymo Oforio da Fonfeca tradu:(ida em Por-
tugue^ e dedicada a Gafpar da Motta Cónego
na Sé de Faro no anno de 1 5 97. M. S.
Pfalmos Penitenciaes tradu:(idos na lin-
gua Portuguet(a. M. S.
Summa dos Sacramentos, e Cenfuras. Occu-
pava hum livro de jufta grandeza, e eftava
prompto para a ImpreíTaõ.
Breve Summario de que el Chrifliano deve
confiderar qyendo Miffa. OfFerecido de Sala-
manca a 1 1. de Abril de 161 5. à ExcellentilTima
Senhora D. Guiomar Pardo de Lacerda
Marqueza de Flechilla, y Malagon com huma
douta approvaçaõ do celebre Cathedratico
de Salamanca Fr. Bafilio Ponce de Leon
Eremita Auguftiniano. Começa a obra. £]
alttffimo MyJlerio dei Sacrifício dela Miffa.
&c. Acaba. Como es eflar entre nos otros
para mantimiento, y fatrificio nueflro.
BERNARDO DA FONSECA SARAY-
VA natural da Qdade de Braga de cuja
Primacial Diocefe foy digniflimo Vi-
532
BIBLIOTHE CA
gario Geral. A grande noticia que tinha das
letras humanas acompanhada com a profunda
fciencia de hum, e outro Direito def-
creve elegantemente feu contemporâneo o
grande Agoftinho Barbofa de Voteftat. Epif-
cop. Part. I. Tit. 3. cap. 8. n. 18. Vir legalis, <&
Pontificij Júris fcientia conjpicuus, et dijciplinarum
omnium cognitione ita inclyttis, ut ejus ingenium,
comitatem, et in litteris humanis Jcientiam nulla
fatis aquare poteft admiratio; oh cujus maximam
eruditionem ajfidiiamque negotiorum experientiam
Vicarij generalis honore Brachara eft infignitus.
Naõ foy menos douto nos preceitos da Poeíia,
que nas dificuldades da Jurifprudencia, como
moílrou com enveja dos mayores Poetas no
Certame que a Univerfidade de Coimbra con-
fagrou em o anno de 1625. à Canonização da
Rainha Santa Izabel compondo por infinua-
çaõ do Bifpo deíla Cidade D. Joaõ Manoel
que muito o eftimava hum Poema Latino que
confta de 759. verfos heróicos acabado no
termo de onze dias, que pofto naõ levou o
primeiro premio lhe foy julgado outro igual
pelos Juizes do Certame. O aíTumpto do
Poema era o feguinte.
Bella inter Kegem Dyonijittm, <& Vrincipem
A.lphonJum filium impie, et temere Jujcitata à
Santijfima 'Kegina Elifabetha per miraculum glo-
riojejedata. Começa.
Quid figmenta juvat viãuris tr adere chartis!
Sahio impreíTo fem o nome do Author
a foi. 37. do livro intitulado Sanãijtmce Ke-
gina Elifabethce poeticum Certamen. &c. Conim-
bricae apud Dominicum Gomes do Loureiro
Acad. Typ. 1626. 4. Defta obra, e do Author
fe lembra o P. António dos Reys in Enthuf.
Poet. n. 177.
Dous epigrammas, e huma elegia L,atina
em applau^o de Gabriel Pereira de Cajlro, que
fahiraõ no principio do primeiro Tom. de Manu
Regia UlyíTip. apud Petrum Crasb. 1622. foi.
Epijiola heróica in Eaudem Gabrielis Pereira
de Cajiro Começa
Vos quibus e vulgo non eft mens dicite qui fit
Cogitai ut de libris quem anxia detenet uxor.
Sahio no principio do 2. Tomo de Manu
Regia UlyíTip. apud eumdê. Typ. 1625. foi.
BERNARDO GOMES DE BRITO
Naceo em Lisboa a 20. de Mayo de 1688. e
teve por Pays a Domingos Gomez, e Mariana
de Brito. Ainda que naõ frequentou as efcolas,
como a natureza o dotaíTe de feliz memoria,
e boa comprehenfaõ, taes foraõ os progreíTos
que a fua eíhidiofa applicaçaõ, fez com a liçaõ
da Hiíloria Sagrada, e profana que compoz
as obras feguintes.
Hiftoria Tragico-maritima, em que Je ejcrevem
chronologicamente os naufrágios, que tiveràÕ
as nãos de Portugal depois que Je pov^ em
exercido a navegação da Índia. Tom. i. Lis-
boa na Officina da Congregação do Orató-
rio 1735. 4.
Tom. 2. Lisboa na dita Officina 1736. 4.
Tom. 3. 4. e 5. eftaõ promptos para a
ImpreíTaõ, como taõbem eftaõ.
Virtudes pelas acçoens dos Portugueses obra-
das em todas as quatro partes do mundo
authori^adas por vários Authores Portuguet^es.
M. S.
Sentenças, Máximas, e Apothegmas moraes,
e políticos efcritos por Eugares comuns. 10. Tom. 4.
M. S.
Fr. BERNARDO DE S. JOAM EVAN-
GELISTA. Naceo em Lisboa onde foy bau-
tizado na Parochia de Santa Catherina a 18.
de Mayo de 1690. Foy filho de Joaõ Pereira
Peftana, e D. Antónia Coutinho de Andrade.
Sendo de pouca idade fe aliftou na milicia
Seráfica profeíTando a Terceira Regra da
Penitencia no eftado de Secular, porém que-
rendo fazer a Deos mais grato facrificio, e ao
Patriarcha Seráfico mayor obfequio fe ligou
com os três votos eílenciaes em o Convento
de N. Senhora de JESUS defta Corte a 30. de
Outubro de 171 2. Depois de eftudar Artes,^
e Theologia em que defendeo com applaufc
Conclufoens, fe dedicou ao minifterio de
Púlpito no qual moftrou a grande capacidade
que tinha para elle. Em o Capitulo celebradc
no anno de 1728. foy nomeado Meftre das
remonias do Convento defta Corte em cujs
occupaçaõ emendou muitos abufos que o deCi
cuido tinha introduzido, e para que houvefl*^
uniformidade nas Ceremonias efcreveo.
Epitome de Cerimonias foi.
O qual eftando para lhe pór a ultima maõ
o naõ fez impedido pela morte que o privou
da vida a 7. de Março de 1735. Faz men-
I
L USITANA.
533
caõ do Author, e da obra Fr. Joan. i D. Ant.
pib/iof. Fraticifc. Tom. i. pag. 216. col. i.
BERNARDO JOSEPH PESSOA DE
CASTRO natural de Monte mór o velho
do Bifpado de Coimbra, Presbytero do
habito de S. Pedro, igualmente douto na
Theologia, como na Oratória EcclefiaTtica.
Imprimio.
SermaÕ nas exéquias Ho Excellentijftmo
Senhor D. Ntmo Alvares Pereira de Mello
Duque do Cadaval celebradas na l^eja da
Santa Miv^ericordia da famoja Villa de Ten-
túgal à dijpojiçaõ, e difpendio do Senado da
me/ma Villa. Sahio imprcíTo nas Ultimas
Acçoens do me/mo Duque. Lisboa na Officina
da Mufíca. 1730. foi. à pag. iii. até 126.
e Coimbra por António Alvares 1727. 4.
Fr. BERNARDO DA MADRE DE
DEOS natural de Lisboa onde profeflbu o
Sagrado inílituto da Ordem da SantiíTima
Trindade a 25. de Janeiro de 1557. Foy
ornado de todas aquellas virtudes que confti-
I tuem hum perfeito Religiofo principalmente
na exaéla obfervancia da Regra, e incan-
Ikvel zelo com que exercitou o Ofíicio de
Procurador geral da Religião. Falleceo no
Convento pátrio a 8. de Agofto de 1587.
Compoz.
Vergel de Sacerdotes. 4. M. S.
Doutrina para bem morrer 4. M. S.
Eftas duas obras fe confervaõ na Livra-
ria do Convento de Lisboa.
Tratado da Injlitiiiçaõ da Irmandade da
Mifericordia de Lisboa ordenada pela Rainha
D. Leonor mulher delKei D. Manoel; e Fr.
Miguel de Contreiras Trinitario. M. S.
le BERNARDO DE MEYRELLES
0 FREYRE filho do Licenciado Joaõ da
:• Rocha Teixeira que morreu fendo Corre-
1 gedor de Caílellobranco, e D. Thereza Ma-
ria de Brito, naceo na Cidade do Porto a 19.
de Agoílo de 1681. Na idade juvenil entrou
na Companhia de JESUS onde eíhidou le-
tras humanas, e as f ciências efcholaílicas,
com tanto progreflb da fua applicaçaõ que
ij defendeo Conclufoens da Ethica em Evo-
j. ra, e de Direito Cefareo em Coimbra. Dei-
xando a Religião por juílas cauías levou
por oppoíiçaõ a Abbadia de Sita Eulália de
Conílance, onde procedeo taõ louvavelmente
que foy eleito Vifitador da Comarca da Feira,
cuja cominaõ executou com íumma prudên-
cia. Teve grande génio para a Poeíia Latina
como modrou nas obras que compoz, prin-
cipalmente a vida do Irmaô Lui2 Soares
natural do Porto da Companhia de Jefus
de quem faz larga memoria o P. Franca
Imag. da Virt. do Noviciado de Lisboa liv. 4.
cap. 49. o qual morreo em Évora a 29. de
Julho dei 70 j. Começava.
Praclarum vir tu te virum florenlibus annis Ó^c.
Na obra intitulada Lnftíania coronata que
fahio. UlyíTipone apud Valentinum da Cofta
Deflandes Ser. Reg. Typ. 1708. a qual con-
fagrou o Collegio da Companhia de Jefus
de Coimbra à Coroação do auguílo Monarcha
D. Joaõ o V. noflb Senhor. Saõ feus dous
Poemas; o delRey D. AfTonfo primeiro que
começa.
Condi tor Imperij generofa Jlirpis origo
Cui fa£ta eximium promeruere decus e^f.
E o delRey D. Pedro IL cujo Principio he.
Qmm Kegum hcec Juerint geftamina clara poten-
tum.
Qualiaque omarint têmpora Nate vides. <&c.
Intentava publicar alguns dos feus Ser-
moens juntamente com os de feu Irmaõ
Luiz de S. Bernardo Cónego Secular do
Evangeliíla Lente jubilado, e Examinador
das Ordens Militares, e grande pregador
dos noíTos tempos cuja obra por fer parta
de dous irmaõs intitulava.
Caftor, e Pollux.
A qual naõ logrou da luz publica por
defaparecer com a morte de feu Irmaõ.
Fr. BERNARDO DE S. MIGUEL
natural de Villa nova de Cerveira da Pro-
vinda de Entre Douro, e Minho. Na idade
da adolefcencia entrou no Real Convento
de Alcobaça a 13. de Dezembro de 1650.
onde profeílou o Inílituto Monachal Ciíler-
cienfe a 13. de Fevereiro de 1652. Ainda
que fe applicou às letras fendo Meíbre de
Theologia Moral em Alcobaça, mayor foy
fempre o feu eftudo para as virtudes, que
cultivou como Monge obfervantiflimo de
534
BIB LIO THE CA
íal modo que o Ven. P. Fr. António das
Chagas celebre MiíTionario Apoílolico o pedio
iio Geral Fr. Sebaftiaõ de Sottomayor para
companheiro das fuás Evangélicas MiíToens.
Querendo dedicarfe com mayor fervor à
contemplação fe retirou ao Solitário Con-
vento de S. Chriílovaõ de Alafoens onde
paíTava muitas horas meditando na Paixaõ
do Redcmptor, e na excellencia dos atributos
divinos. Morreo com evidentes íinaes de
predeílinado no Convento de Alcobaça em
o anno de 1697. Compoz.
EJpelho da re^àõ, amor acertado. Propõem
a reãa re:(aÕ à vontade vários documentos, e acer-
tados concelhos com que injlruida fe defvie de amar
Mquillo que à alma fa^ mayor damno, e ame fó
o que lhe ferve de merecimento. Lisboa por
Domingos Carneiro. 1690. 8.
P. BERNARDO NOGUEYRA. Naceo
«m Fremona Cidade famofa da Etiópia fendo
feu Pay por origem Portuguez, e por geração
nobre, defcendente daquelles celebres Solda-
dos que acompanharão a D. Chriílovaõ da
Gama quando paílou àquelle vafto império.
Defde a primeira idade fe criou no Seminário
da Companhia, onde teve por Meílre ao P. Ma-
noel de Almeyda erudito author da Hiftoria
da Etiópia o qual naõ fomente lhe eníinou a
Eingua Portugueza, e Latina nas quaes fahio
perfeitamente inílruido, mas o elegeu por feu
Interprete quando foy por Embaxador ao
Emperador Soltaõ Segued em o anno de 1624.
Ao tempo que o Patriarcha D. Aifonfo Men-
des achou aquella vinha da Etiópia taõ agreiie
o admitio por feu companheiro para que
ambos a cultivaíTem, empreza, que executou
com taõ apoílolico zelo que fendo expulfos
daquelle Império todos os Operários Evangé-
licos com o Patriarcha no anno de 1632. elle
encheo as obrigaçoens de Vigário Geral da-
quella Igreja padecendo intoleráveis fomes, e
fedes; atraveíTando diverfas terras, e fobindo
ferras innaceíTiveis para fuílentar a Fé Romana
contra os fcifmaticos dogmas de Alexandria.
Chegando à noticia do Geral da Companhia o
P. Francifco Picolomini as acçoens apoílolicas
que tinha exercitado em obfequio da Religião
Chriílaã mandou em anno de 1650. que foífe
admitido à Companhia, e tanto que veHio
a Roupeta fe lhe infundio mais ardente efpi-
rito para infantigavelmente promover os
augmentos da Fé, até que fendo mandado
pelo Patriarcha AiFonfo Mendes ao Reyno de
Gojaõ para alivio de alguns Catholicos que
eílavaõ, havia largo tempo, fem Sacerdote,
que lhe miniílraíTe os Sacramentos foy de-
latado ao Vice-Rey em cuja prezença pro-
teílando heroicamente a Fè que profeíTava,
ordenou o bárbaro que foífe condenado à
morte que padeceu fufpenfo em huma ar-
vore com grande conílancia em o anno de
1653. Celebraõ a fua memoria Mathias Tannef j
Societ. Jefu ufque ad Sang. <& Vit. profuf. mili- 1
tans pag. 205. Tellez Hifl. da Etiop. Alt. liv. 6. |
cap. 40. e pag. 706. Nadas. Ann. dier. Mem. S. J. 'i
Part. 2. pag. 351. Andrad. Hijl. delas Varon.
illufi. dela Comp. Tom. 6. Efcreveo.
Diverfas Cartas.
Que o Padre Telles no lugar aíTima allegado '
intitula doutijfimas, e eloquentijfimas nas quaes
relata o eílado calamitofo da Igreja da Etiópia,
e delias imprimio duas o mefmo Telles no ,
Uvr. 6. cap. 40. e cap. 41. da Hifi. da Etiópia
Alta.
Kalendario de alguns, que morrerão pela Fé em
Etiópia na perfeguiçaõ do Emperador Faciladas
em que fe conta a morte gloriofijfima do in-
viãijjimo Príncipe Kã^ Cela Chrifiós. Eíla obra,
que compoz por ordem do Patriarcha
D. Aifonfo Mendes fahio impreíla na Hifi.
da Etiópia Alta. p. 703. e a mandou o
mefmo Patriarcha ao P. Telles com huma carta
efcrita de Goa a 29. de Setembro de 165 5. que ,
eftà impreífa na prefação da Hifi. da Etiop. em a
qual lhe diz entre outras coufas o P. Bernardo
Nogueira Governador daquella Igreja em noffo
nome teve partes taõ avantajadas para efie minif-
terio, que fe lhe faltou a dignidade fobejou-lhe
a fuficiencia para fer hum famofo Bifpo, e Pa-
triarcha.
Cartas ao Patriarcha D. Affonfo Mendes efcri-
tas da Etiópia em 11. de Junho de 1646. as quaes
publicou o dito Patriarcha in Expedit. Mtiopic.
lib. 4. cap. 21.
Cartas efcritas aos Padres da Companhia da
Etiópia em 11. de Majo de 1647. Na dita Exped.
JEtiop. cap. 23. e outras muitas dos annos de
1650. 165 1. e 1652. copiadas nos Capitul. 32.
e 33. Exped. Mtiop.
1
L USITANA.
535
BERNARDO PEREYRA. Nacco na
Cidade de Miranda em a Provincia Tranfmon-
Huift a II. de Dezembro de 1681. onde teve
ir Pays ao Doutor Manoel Lopes Pereira
idico daquella Gdade, e de Teus Excellen-
Imos Bifpos D. Fr. Lourenço de Caílro,
Fr. António de Santa Maria, D. Manoel
Moura Manoel, e D. Joaõ Franco de Oli-
,, de quem faremos memoria em feu lugar,
e Antónia de Oliveira. Depois de ter apren-
didos os rudimentos Grammaticaes na fua Pá-
tria paíTou á Univerfídade de G>imbra, e nella
fe applicou à Arte da Medicina em que feu
Pay fora infigne recebendo o gráo de Bacharel
em 20. de Mayo de 1709. Como o feu talento
fbflc de mayor esfera naõ fatisfcito com a appli-
àiçaõ de huma faculdade paííou fcgunda
fez a Gjimbra, c cftudando Direito Cc-
fiueo fez tacs progreflbs a fua applicaçaõ
^e fe formou ncíla Faculdade a 27. de Ju-
fiho de 1739. He Medico na Villa de Sar-
doal onde a fua fciencia triunfa das infermi-
dades mais rebeldes fendo verfado em todo
o género de erudição como publicaõ as obras
feguintes.
PraãJca de Sangradores reformada. Coim-
bra no Collegio das Artes da Companhia
de JESUS 1719. 8. Sahio com o nome de
Leonardo de Priílo da Barreira.
Difciírfo Apologético, em defenja dos prodígios
ia naturev^a viftos pela experiência, qualificados
por força de hum fuceffo para conhecimento de muitos
efeitos, e ocultas qualidades. Coimbra na dita
Officina. 1719. 4. Efte Difcurfo he acerca
de hum monílro que naceo na Villa de Caf-
tcllobranco em que fe moftra o Author fumma-
mente verfado em a erudição Sagrada, e
profana.
Anacephaleufis Medico-Theologica, Magica, Ju-
rídica, e Politica f obre a cura das doenças dos fei-
tiços, e o feu conhecimento. Coimbra por Fran-
cifco de Oliveira. 1734. 4.
Obras Medicas. M. S.
Difcurfo Racional fobre o ufo, e applicaçaõ
dos pós de Quintilio.
Abufo emendado de hum ufo introdut^do fobre
as féis caufas naõ naturaes.
Tyrocinio Medico Pra£Hco fobre as enfermi-
dades do corpo humano, e fua Cura.
De morbis mulierum, eorumque curatione
Calenica, Chymica, €>• Hypocratica.
Traílatus de Pleuriíide
Annotationes, addiíiones, et refleãiorui aà
Kiveríj praxim, et ohfervaliones.
De morbis complicaíis, eorumque rationali
methodo pro eorum curatione.
Obras varias Medico-Politicas Aí. S.
Applaufo affe^uofo na vinda do Excellentif-
fimo Marque^ de Abrantes à Villa do Sardoat
em II, de Novembro de 1719. depois de fe ter rejli-
tuido da Corte de Roma à de Usboa.
Sobre poderem as molheres fer fecundas, e
parir depois de cincoenta annos.
Sobre hum Veto de três me!(es, e vinte dias fer
vital, e legitimo.
Sobre fe poder gerar veneno dentro do corpo
humano, e que huma morte que quii(eraÕ atribuir
a veneno propinado podia proceder de veneno nativo
fe a defunta era morbofa, e valetudinária.
QueftaÕ politica. Qual feja mayor felicidade
dos Pays na pojfeffaõ dos filhos, fe deixallos opu-
lentos de morgados, fe criallos com inclinação às
letras?
Obfervaçoens de vários cafos de Medicina.
Varias cartas, confultas, e pareceres Médi-
cos, foi.
BERNARDO PEREIRA DA SYLVA.
Naceo em Lisboa fendo filho de Joaõ Pe-
reira da Sylva Cavalleiro profeíTo da Or-
dem de Chriílo, e de D. Urfula da Sylva
Lobo. A viveza de engenho, que defcubrio
nos primeiros annos foy certo vatidnio
dos excellentes progreíTos que faria nos
mayores de que foy plauzivel theatro a Uni-
verfidade de Coimbra onde recebeo o gráa
de Meílre em Artes, e de Doutor na Facul-
dade de Direito Cefareo cujas dificuldades de-
pois de fer admitido a CoUegial do Collegia
Real de S. Paulo a 11. de Fevereiro de 1698.
fubtilmente interpretou como Meílre em 2l
Cadeira do Código em o anno de 1707.
donde paíTou para a do Digefto Velho com
igualaçoens à de Vefpera em 171 6. Teve
igual engenho para a Poefia Latina, e vul-
gar, como para a Oratória, de cujas ele-
gantes, expreíToens ainda fe confervaõ na.
Athenas Conimbricenfe faudofas memorias.
Foy Cavalleiro da Ordem de Chriílo, De-
zembargador da Relação do Porto, e da
536
BIBLIOTHE CA
Cafa da Supplicaçaõ de que tomou poíTe por
feu Procurador o Doutor Manoel da Cunha
Sardinha a 26. de Setembro de 171 1. e
de Dezembargador titular de Aggravos com
exercicio nas Ferias a 14. de Novembro de
171 5. Falleceo na Pátria em Domingo de
Pafchoa 28. de Março de 1723. e jaz fepul-
tado na Ermida dos Fieis de Deos. Diftou
huma Poílilla ao Tit. Cod. de Petitione hare-
ditatis, e outra a L. 2. Cod. de Evi£íionibus.
Da fua veya poética podendo deixar muitos
argumentos, fomente fe publicou.
Dous Epigrammas 'Latinos hum em applaufo
do Dezembargador Diogo Guerreiro Ca-
macho de Aboim com hum elogio latino
que fe imprimio no feu Tratado de Ke-
cíífationibus omnium Judicum. Conimbricae apud
Joan. Antunes 1699. foi. e outro ad Zoy-
lum.
Também he obra fua o Epitáfio que eftà
gravado na Sepultura do celebre Advogado,
e grande Jurifconfulto Manoel Alvares Pegas,
o qual começa.
Eximus Themidis cujlos hác conditur urna.
Maximm Emmanuel Alvarus tile Pegas. &c.
Confta de 6. Dyftichos.
Faz delle muito diílinta memoria meu
Irmaõ D. Jozé Barbofa nas Memorias Hiji.
do Colleg. Keal de S. Paul. pag. 236. e no Archia-
then. Eufit. pag. 62.
Urhis Ulyjfea 'Bernardus gloria júris.
Hic vivus the^^aurus erit; Jociare camenis
Jura Jciet latio, pátrio ve canentihus ore.
Hic dejiderium immatura morte relinquet
Omnihus, at vivet volitantis munere fama.
BERNARDO PIMENTA DO AVEL-
LAR natural da Villa de Abrantes do Bifpado
da Guarda chamado antigamente Bernardo
Corrêa da Sylva cujos appellidos mudou em os
de Pimenta, e Avellar por fucceder a feu Irmaõ
no Morgado de Rio torto o qual tem exprefla
claufula de que o herdeiro uze deíles appelli-
dos. Foy filho de Gonçalo Pimenta de Avellar
Sargento Mór da Villa de Abrantes, e de fua
mulher D. Maria Corrêa da Sylva. He Fidalgo
da Cafa Real, Capitão Mór da Villa de Thomar,
Guardaroupa delRey D. Joaõ o V. e Eftribeiro
Mór que foy dos Senhores D. Miguel, e D.
Jozé fiilhos do SereniíTimo Rey D. Pedro II. e
Efcrivaõ dos Filhamentos da Cafa ReaU
Sendo muito verfado na liçaõ da hiftoria
profana o naõ he menos em huma das fuás
mais nobres partes qual he a Genealogia
efcrevendo vários Tomos de
Familias dejle Keyno. M. S.
fundado nas habilitaçoens que fe fav^aõ para
os foros de Fidalgo (faõ palavras do P. An-
tónio Caetano de Soufa no Apparat. à
HiJl. Geneal. da Caf. Keal Portug. pag. iiz^\
§. 216.) com que me parece nefla conformidade
fer obra exa£ía.
BERNARDO DE PINNA, E MELLO
Tenente de hum Regimento, taõ nobre
por nacimento, como pela fciencia mili-
tar, e naõ menos pela Poeíia Cómica em
que foy infigne, como moftrou na obra fe-
guinte.
El Eu^ero dei Oriente S. Francifco de
Xavier. Coimbra por Thomè Carvalho
1657. 4.
Cuja obra louva o P. António dos Reys
Enthujtafm. Poet. n. 238. com eílas elegan-
tes vozes.
= Orientis lumina Phabi
Qm prius afpiciunt Gangetica rura, peten-
tem
Xaverium, populofque facro de rore maden-
tes
E' tumuloque foras revocata cadavera, rurfus
Perfruitura die, tantos fuper aera nimbos
Nec ruere audentes in terras, murmura venti
Voeis ad imperium fubitó reticentia, moti
Sedati pelagi rabiem, tangente Saporem
Vix pede mutatas in dulcem marmoris undas
Pinna docet.
BERNARDO PINTO DOS S.\N-
TOS Presbytero do Habito de S. Pedro Ca-
pellaõ da Capella do Santiflimo Sacramento
da Santa Bafilica Patriarchal. Para acen-
der os aífeftos Catholicos em obfequio, e
veneração da Imagem de N. Senhora da
Piedade que eftà excellentemente pintada
em hum quadro de huma Capella do mefmo
Templo, efcreveo.
Novena de Maria Santiffima com o titulo
da Senhora da Piedade, e Boa Morte. Lisboa
na Officina da Mufica 1720. 12.
L USITAN A.
BERNARDO RODRIGUEZ cujo U-
lento foy admirável em todo o género de
compofiçoens métricas, de que íc puderaõ
formar vários volumes fendo entre ellas a
mais elegante os Tercetos ao SantiíTimo
Nome de JESUS dos quaes tranfcreveo eftes
verfos Joaò Pinto Ribeiro no LmJI. ao Dei(tmb.
éo Paço. cap. ). n. 34.
Trabalhos lhe cujlou nome taõ nobre
Vtyo ao mimdo, morreo, venceo o imigo
Deixou o inferno dejpojado, e pobre.
Morreo cm Lisboa a 20. de Outubro
de 163 1. e cílà fcpuitado na Igreja velha de
Santo Antaõ o novo. Dellc faz memoria
Jacinto Cordeiro BJog. dos Poet. Portug. Out. 59.
De "Bernardo Rodriff4et(^ hn^e el fruto
De verfos, de conceptos, y de flores
Coronas dei haitrel por atributo
A tal ingenio quedan inferiores.
BERNARDO DA SYLVA MOURA Ca-
valleiro profeíTo da Ordem de Chrifto, Familiar
do Santo Officio naceo em a Viila da Torre de
Moncorvo em a Provincia Tranfmontana a
4. de Julho de 1693. fendo filho de Jozé de
Araújo, e Maria da Sylva. Aprendidas as
primeiras letras na pátria paíTou à Univerfi-
dade de Coimbra, e nella fe applicou ao eftudo
da Medicina, em cuja faculdade fe formou a
19. de Julho de 171 8. Affiílio muitos annos em
a Corte de Madrid, onde alcançou taõ grande
opinião a fua a fciencia medica que fe lhe deu
ampla licença a 6. de Julho de 1724. para que
uzaíTe delia em todos os Reynos de Caftella.
Voltando para Portugal de tal forte confervou
a mefma fama que foy eleyto a 7. de Junho
de 1733. Medico da Camera do SereniíTimo
Senhor Infante D. António. Compoz.
Differfaçaõ Medica em defenfa da Sangria
da Salvatella direita oferecida aos profejfores da
Medicina. Lisboa na Officina da Congregação
do Oratório 1735. 4.
DiJJerfaçaÕ Medica illuflrada, ou Sangria da
Salvatella defendida dividida em 4. Partes. Lis-
boa em a dita Offic. 1739. 4.
Com o anagrama puro do feu nome "Nar-
bredo da Savil Sangrador approvado, e Medico
intrometido.
Efcrupulos Medicas, e Keparos Chirur-
gicos. Lisboa na mefma Officina 1739. 4.
Ff. BERNARDO TELLES natural de
IJsboa filho de Manoel Telles da Sylva pri-
meiro Marquez de Alegrete, 2. Conde de ViUar-
-mayor Gentil homem da Cameta dos SeieniT-
fimos Monarchas D. Pedro II. e D. Joaõ o V.
e Confelheiro de Eftado de quem faremos em
feu lugar merecida memoria. Querendo re-
nacer por beneficio da graça mais illuftre do
que fora pela liberalidade da natureza recebeo
a Cogulla Ciílercienfe no Real Convento de
Alcobaça a 8. de Outubro de 1689. onde ít
adiantou a todos os feus domeílicos na praâica
das virtudes, e comprehenfaò das fdendas.
Depois de diâar Theologia em que moftrou
a fubtileza do feu engenho, recebeo o gráo de
Doutor deíla Faculdade em a Univerfídade
de Coimbra na qual foy Conduâario com privi-
légios de I^nte em 16. de Outubro de 1706. e
igualado à Cadeira de Gabriel por Provizaõ de
25. de Outubro de 1725. Foy Qualificador
do Santo Officio, Abbade Reytor do Collegio
de S. Bernardo de Coimbra, e ornado de hum
génio affavel, e fummamente cortezaõ pelo
qual conciliava os afeâos de todos que o
tratavaõ : fendo fogeito (como em feu applauzo
efcreveo o Meílre Fr. Manoel dos Santos Mon-
ge de Ciíler Chronifta da Ordem, e defte
Reyno em a Alcob. Illujlrad. Part. i. p. 81. no
Appar. à Hifl.) em todo o fentido excellentijfimo,
no fangue, e nas prendas pejfoaes, infigne Theologo,
confumado Philofopho, Orador Ciceroniano, Hu-
manifia florido ; na Predica com applau!(o, e Poeta
mni elegante. Falleceo no Collegio de Coimbra
a 22. de Dezembro de 1716. Publicou.
Sermão do Auto da Fé que fe celebrou no Pjocío
de L.isboa em Domingo 30. de Junho de 1709.
Lisboa por Manoel, e Jozé Lopez Ferreira
1709. 4.
BERNARDO VIEYRA RAVASCO.
Naceo na Cidade da Bahia Capital da Ame-
rica Portugueza, e teve por Pays a Chrif-
tovaõ Vieira Ravafco, e D. Maria de
Azevedo, e por Irmaõ ao infigne P. An-
tónio Vieyra Oráculo da eloquência Ec-
clefiiaftica, do qual fenaõ diílinguio na
fubtileza do engenho com que a natu-
reza liberalmente o enriqueceo. Defde a
adolefcencia até a ultima idade fe exer-
citou com fummo valor, e naõ menor fi-
538
BIBLIO THE CA
delidade em obfequio da Pátria, ou foíTe como
Toldado, ou como politico. Pelo largo efpaço
de quatorze annos occupando os poftos de
Alferes, e Capitão da Infantaria moílrou os
heróicos efpiritos que lhe animavaõ o cora-
ção, achando-fe nas mais perigofas occaíiões,
principalmente quando o Conde Nazau em
o anno de 1638. aflaltou as trincheiras do
Forte de Santo António onde com morte de
muitos Olandezes recebeo huma penetrante
ferida na maõ efquerda. Ainda foy mayor
a valentia com que no anno de 1647. impedio
que na Ilha de Itaparica fe fortificaíTe o Ge-
neral Sigifmundo, e ultimamente já quando
por eílar reformado no anno de 165 1. parecia
naõ ter obrigação de empunhar as armas, fe
embarcou animofamente em huma Canoa,
naõ obílante a furiofa tempeftade que corria,
e foccorreo ao Meílre de Campo Nicoláo
Aranha para que quatro Náos Olandezas
naõ infeftaíTem os Engenhos de PeragaíTu.
Iguaes, ou mayores foraõ os feus ferviços
quando exercitou até a morte o lugar de Secre-
tario de Eílado, e Guerra do Brazil, em cujo
miniílerio em que foy provido pela Mageftade
delRey D. Joaõ o IV. a 7. de Março de 1650.
encheo as obrigações de taõ grande oííicio
com fummo deíintereíTe, e grande capacidade,
merecendo em premio que ElRey D. Pedro II.
o fizefle Fidalgo de Sua Caza, e Alcayde
mòr da Cidade de Cabo Frio. Foy orna-
do de prezença agradável, entendimento
agudo, e memoria feliz. Retribuhio ag-
gravos com benefícios fem que nunca em
o femblante fe defcobriíTe o menor fínal
de indignação. Como era naturalmente
generofo difpendeo o que poílubia mais
em remédio da pobreza, que oítentaçaõ
da vaidade. Teve natural génio para a Poe-
zia que praétícou com tanta felicidade que
os feus verfos eraõ conhecidos pela elegân-
cia do metro, e fineza dos penfamentos,
fem que tiveílem o feu nome. Naõ teve
menor inftrucçaõ da Hiíloria Sagrada, e
Profana, e da Geografia. Accommetido
da ultima infirmidade, e preparado com
os Sacramentos falleceo a 20. de Julho
de 1697. dous dias depois da morte de feu
Irmaõ o P. António Vieyra, e naõ hum,
como efcreve Sebaíliaõ da Rocha Pitta Hifi.
da America Portug. liv. 8. §. 56. onde refleéle
como myíleriofa circunílancia que morreílè
da mefma infermidade que privou da vida
a feu Irmaõ. Jaz fepultado na Capella do San-
tiíTimo Sacramento Collateral da parte do
Evangelho em o Convento do Carmo da
Bahia, da qual era Padroeiro. Teve dous
filhos naturaes; o primeiro chamado Chrif-
tovaõ Vieyra Ravafco, que foy Capitão de
Infantaria, e o fegundo Gonçalo Ravafco
Cavalcanti, e Albuquerque, Commendador
da Ordem de Chriílo, e herdeiro do lu-
gar de Secretario de Eftado por Provi-
zaõ do SereniíTimo Príncipe Regente D. Pe-
dro, paíTada a 22. de Mayo de 1676. e da
Alcaydaria de Cabo Frio, o qual foy ca-
zado com D. Leonor Jozepha de Me-
nezes filha do Sargento mór Diogo Moniz
Barreto, de quem naõ deixou fucceíTaõ.
Compoz
Defcripçaõ Topographica, 'Exckjiafiica, Civil,
e natural do EJiado do Brat^il M. S. foi. da qual
confervo em meu poder alguma parte efcrita
da própria maõ do Author com eftylo dif-
creto, e elegante, cujo principio he. Def-
cuherta ejia parte da America em ^. de Mayo
de 1500. pela myfierioja porfia das tempeftades
que impedirão a derrota a tre^e Náos com que o
Serenijfimo ^ey D. Manoel mandava Pedro Al-
vares Cabral a Jnceder no Governo da Índia ao
feu primeiro Defcubridor Vafco da Gama: arre-
batando-as a Providencia Divina por mares igto-
rados a hum porto {cuja altura do fundo, e tran-
quillidade de aguas lhe deo o nome de Seguro) para
ao me/mo tempo ferem os Portugueses os que
levaffem a lu^ Evangélica à Gentilidade das Rf-
giões mais Septentrionaes da Aurora, e mais
Aujiraes do Occidente.
Poefias Portuguesas, e Caftelhanas de vá-
rios metros, das quaes fe podiaõ formar
4. Tomos de jufta grandeza, efcritas da
própria maõ do Author^ como as vio
meu Irmaõ o Doutor Ignacio Barboza
Machado, quando exercitava o lugar de
Juiz de fora, e Provedor da Cidade da
Bahia.
Três Decimas à Senhora D. Ifabel Prin-
cesa de Portugal tendo morto em Salvaterra
de hum tiro a hum Javali. Sahiraõ im-
prelfas no Tom. 5. da I^enis Kenacida,
L USITAN A.
OH Obras Poéticas dos melfjores wg/mbos Portu-
gne^ts. Lisboa por António Pedro2o GaU
raõ. 1728. 8. a pag. 268.
Para fe conhecer claramente a facilidade
da fua Mufa tranfcreverey hum Soneto extem-
porâneo que fe2 eftando no Paço á petição
de Domingos de Aguiar Porteiro da Camará
da Raynha, acerca de hum Papagayo que fe
oHerecia á mefma Senhora, em o qual compete
a difcriçaõ com a elegância, c fahio imprcíTo
na CollecçaÕ Politica de Apophtbemas Memora'
veis, Part. i. liv. 2. pag. 80.
Íris par lera, Abril organizado,
Kamillete de plumas con fentido,
Hybla con alma, irracional florido.
Primavera con pies, Jardin alado.
Qmn^ en el ayre libre enamorado
Barbaramente hablavas: oy polido
Prefo te veo,y en vano divertido
Con la tema de nunca ejlar callado.
Tu en Palácio bien vifto,y con cadenaX
Quantos lloran la lajlima que tocol
Si hablas bien fer difcreto te condena.
Porque nò buelas, gritas como loco;
Qiíexate pues, que de Palácio es pena
Qtiexarje mucho los que buelan poço.
BIBIANO PINTO DA SYLVA Pres-
bytero do habito de Saõ Pedro, formado na
Faculdade dos Sagrados Cânones, Notário
do Santo Officio, e Familiar da Caza do Ex-
cellentiffimo D. Pedro de Lencaílro Duque
de Aveiro, em cujo obfequio para que fe
fizeíTe mais manifefto o direito que tinha à
fucceflaõ de taõ grande Caza, e Eftado pu-
blicou
Allegaçaõ de Direito por o Senhor D.
Pedro fobre a Juceffaõ do EJlado, Cat^a, e
Titulo de Duque de Aveiro. Lisboa, por Do-
mingos Carneiro. 1666. foi.
Satisfação, que fe dã ao que a favor do Senhor
Marque;!^ de Gouvea efcreveraõ os Lentes, Bacha-
réis, e Advogados contra o Direito folido do llluf-
trijfimo, e Excellentijftmo Senhor o Senhor D. Pe-
dro trefneto por Varonia, e quarto neto do Se-
renijfimo Key D. JoaÔ o II. filho, Irmaõ, e
Tio dos Duques de Aveiro, e Torres Novas,
Prefidente que foy das JuJHças em efles Reynos,
e do Confelho do Eftado, í&c. Lisboa: por
Joaõ da Coíla. 1667. foi.
Fr. BOAVENTURA DA ASSUMPÇAM.
natural da Villa de Aveiro do Biípado de
G^imbra Cónego Secular da Congregação do
Evangeliíla, infigne Pregador, e oaõ menos
douto inveíligador das antiguidades de fua
Pátria efcrevendo
Topographia da Villa de Aveiro, obra Ecclê'
fiaflica, e Secular com huma breve defcripfoÕ da
Comarca, foi. M. S.
Fr. BOAVENTURA DAS CHAGAS na-
tural da Cidade de Cochim na índia Orien-
tal, Religiofo profeíío da Seráfica Ordem da
Província da Madre de Deos, Lente de Thco-
logia, e Guardião do Convento de Noíla
Senhora do Pilar, eleito no primeiro Capitulo
Provincial defta Provincia celebrado em 7. de
Fevereiro de 1625. compoz
ExpoJiçaÕ da Kegra de SaÕ Francifco M. S.
Como a Author defta Obra o allega Fr. Ja-
cinto de Deos no livro intitulado Caminho
dos Frades Menores para a Vida eterna Prelud. 2.
§. 7. e delle faz mençaõ no Vergel de Plant, e
Flor. da Prov. da Madre de Deos. pag. 459.
e Fr. Joan. a D. Anton. Bib. Francifcan. Tom. i,
pag. 238.
Fr. BOAVENTURA DAS CHA-
GAS naceo em Lisboa, donde paliando à
índia Oriental recebeo o habito de Ere-
mita de Santo Agoílinho no Convento de
Goa, em o anno de 1624. e neUe leo Fi-
lofofia aos feus Religiofos. Voltando para
Portugal em o anno de 1634. depois de
exercitar alguns lugares da Ordem com
prudência, e affabilidade foy eleito Pro-
vincial no anno de 165 1. cujo governo exer-
citou peio efpaço de féis annos. Sendo
mandado a Roma affiítir ao Capitulo Ge-
rai celebrado em o anno de 1661. foy no-
meado AíTiftente do Geral feparado das
Provindas de Caílella onde falleceo, em 1664.
Compoz
Curfus Philofophicus. foi. grande.
Compendium totius Theoloffce. foi.
Eíles dous volumes fe confervaõ na Li-
vraria do Convento da Graça defta Corte
Fr. BOAVENTURA MACHADO na-
tural de Lisboa onde inftruido nas letras
540
BIBLIOTHE CA
humanas, e Poeíia fahio hum dos mais ce-
lebres cuhores defta divina Arte. Movido
de fuperior impuLfo deixou a Pátria, e o
nome de Simaõ Machado com que fe cha-
mava no Século, e no Convento Seráfico da
Cidade de Barcelona Capital do Principado
de Catalunha fe aliílou neíla penitente Familia
onde foy grande Theologo infigne Pregador
e prudente Definidor. A natural inclinação,
que tinha para a Poefia o moveo a que nunca
deixaíTe a fua cultura ainda quando era Reli-
giofo celebrando em hum Poema as acçoens
da vida, e gloriofa morte do P. Pedro Dias
da Companhia de JESUS padecida a 13. de
Setembro de 1571. em obfequio da Fè junto as
Ilhas Canárias, o qual fahio com eíle titulo.
Primera parte dei libro llamado Sjlva de efpiri-
tuaksyj morales penjamientos , Sjmholos,y Gerogli-
ficos fobre la vida,j dichoja muerte dei P. Maefiro
Pedro Dias religiojo dela Compania de JESUS. Bar-
celona por Sebaftian Jayme Matevad. 1632. 4.
Coniia de 32. cantos compoílos de vários
géneros de verfos de que temos hum exemplar
em cujo principio eílà o Soneto feguinte com-
pofto por D. Francifco Manoel de Mello em
applaufo do Author.
Nò dei cândido cifne melodia
Es lo que ejcuchas en morir Juave;
'Ni Jon ejios los números dei Ave
Dulciffimo pronofiico dei dia
Vo^es divinas fon, que ai cielo embia
La grande vo^, que en una xerga cave
Que de un padre atento el nombre grave
Se de/ata en Seráfica armonia.
De un Soldado de Chrijio una Vitoria
Un Soldado de Chrijio oy te def crive
Entre las flores defta culta Hiftoria.
L^e, lee, y verás como apercive
Eftatuas para entrambos la memoria
Por lo que el uno obro, y el otro ef crive.
Fazem mençaõ defta obra, e do Author
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 180. e Fr.
Joan. a D. Ant. Bib. Francifc. Tom. i. pag. 235.
e o moderno addicionador da Bib. Occident. de
António de Leon Tom. 2. Tit. 12. col. 675.
Dous Sonetos em louvor de Fr. Dimas Serpi no
principio do Tratado do Purgatório Barcelona.
1604.
Com o nome de Simaõ Machado quando
era Secular.
Comedias de Dio i. e z. Part. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 1601. 4. He o argumento
o primeiro Sitio que os Mouros puzeraõ a
efta Fortaleza no anno de 1558. governando
D. António da Sylveira, da qual obra diz
Manoel de Faria, e Soufa Comment. às Luziad.
de Camoens Cant. 2. Eftanc. 50. pag. 466.
col. I. En la traça delas que entonces fe ut^avan,
y en la gravidad con muchas ventajas aloque oy Je
u:(a con gran prefuncion de que Je vence lo pajfado,
nó fiendo ajfi. E no Cant. 10. Eftanc. 25. pag.
558. col. I. En las veras dignas de eftima, y en
las burlas tan excellentes, que creemos fin duda
no ay cofa, que Je le aventaje en lo antigo, y en lo
moderno. Joan. Soar. de Brit. Theat. Eufit.
Eitter. lit. S. n. 19. as intitula. Eepediflimas,
e delias, e do Author faz memoria o novo
addicionador da Bib. Orient. de Ant. de Leon.
Tom. I. Tit. 3. col. 60.
Comedias da P aflora Aljea 1. e z. Part.
Lisboa por António Alvares 163 1. 4. & ibi
por António Pedrozo Galraõ 1706. 4.
Soneto Caftelhano às Relíquias que foraõ
levadas à Igreja de S. Roque a 25. de Julho
de 1588. Sahio impreíío na Relação defte
folemne recebimento &c. a foi. 125.
Sete Novellas Caftelhanas que conforme
efcreve Joaõ Franco Barreto na Bib. Portug.
M. S. fe imprimirão em Caftella.
BOAVENTURA MACIEL ARANHA
Naceo no lugar de Darque fronteiro à Villa
de Viana em a Provinda de Entre Douro,
e Minho Contador da Fazenda da Mitra Pri-
macial de Braga, e Secretario da Cafa do
Defpacho da Relação Ecclefiaftica do mefmo
Arcebifpado. Teve por Pays a Lourenço
Maciel Aranha, e Izabel Rodriguez que
fendo por elles educado com virtudes fahio
inftruido mais para feguir a vida Reli-
giofa, que a fecular que profeíTa, revol-
vendo continuamente os livros afceticos
de que tem refultado efcrever as feguintes
obras.
Conjolaçaõ de atribulados, gemidos, e affeãos
EJpirituaes de huma Alma a Jeu EJpoJo Jeju
Chrifto, e vários documentos para quem quiser
Jeguir a vida ejpiritual. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ 1728. 8.
Breviflima introdução, e modo fácil para
L USITAN A.
541
fe aprender, e ajudar a btm morrer. Lisboa
pelo dito ImpreíTor 1728. 12.
Novo ratnilhtte de divinas jlores para fe apro-
veitarem de fitas odoríferas, e celefliats fragpncias
nas principaes horas, e occHpa^oens da vida as
Almas, que defprev^ando a terrefle de!(ejarent
líjradar a Deos, e alcançar a celeflial. Gjímbra
110 Real CoUegio das Artes da Companhia
le Jcfus. 1728. 8.
Exercidos admiráveis para os dias do Reco-
Jbimento interior, que cojltimaõ, e devem as pejfoas
Ifiliffofas, e as que dezejaô falvarfe; defcrevem-fe
ss prerogativas da Oraçaõ: moflrafe que a OraçaÕ
èt para todos, e que ninguém fe pode efcufar delia
porque naò fabe, ou porque naò pôde; expri-
mefe bum breve methodo para os que a quit(e-
ftm ter, e fe daõ os pontos mais importan-
tes para ifjo; tratafe da necejfidade da mor-
tificação, e quantas maneiras hà delia; e tudo
I Je exoma com os mais importantes documen-
tos, e com as mais fingulares fentenças. Lis-
boa por António Pedrozo Galraõ 1728. 8.
Novo efpelho do efpelbo em que fe deve
ver, e compor a Alma devota, que afpira ao
perfeito amor de Deos, e à fua divina uniaõ:
margarita efpiritual, na qual fe verá engaf-
tada a vida de Chriflo,' e exornada de amo-
rofas Jaculatórias, e de admiráveis obfequios:
dous meíbodos para fe exercitar a Via Sacra
Crucis. RxplicaçaÕ da Doutrina Cbrifiaã
compendiofa ; Sentenças de muitos Santos a
diverfos intentos: confelbos de Santa Therefa.
Novena das Almas, e bum devotijftmo Aão
de Contrição. Lisboa na Officina de Pedro
Ferreira 1729. 8.
Cuidados da morte, e defcuidos na vida
representados nas vidas dos Santos, e dos Va-
roens illufires em Santidade que tem floreado
no Reyno de Portugal foi. Aí. S.
Cuidados na vida, e defcuidos da morte difcur-
fados em três epijiolas efpirifuaes, moraes, e poli-
ticas em correfpondencia dos três Efiados de
Cafado, Keligiofo, e Clérigo, foi. Aí. S.
Fr. BOAVENTURA DA PAYXAM
natural do lugar do Trocifal do Patriarchado
de Lisboa, Monge Ciftercienfe, cujo Inf-
tituto profeflbu no Real Convento de Alco-
baça a 9. de Julho de 1609. Depois de fe
graduar Doutor na Faculdade Theologica
fe applicou mais ao cíhido das virtudes, qoe
das íciencias fervindo de exemplar de per-
feição aos Teus domeítíoos que debcou fau-
dozos da Tua amável companhia em o anno
de 1657. no qual fallecco no Convento de
Alcobaça. Compoz.
Tratados efpiri/uaes, e moraes foi. e 4. que fe
confervaõ efcritos da fua própria maõ no
Archivo do dito Convento. O feu Retrato
eílà coUocado em o Dormitório entre os
Varoens iníignes defta Monacal Congregação.
BONIFÁCIO natural de Lisboa, e fUho
de Pedro Garcez. Foy dos celebres Jurif-
confultos do feu tempo, e como tal Ouvidor
da SercniíTinu Rainha D. Joanna mulher de
Henrique IV. de CaftcUa, c filha de noíTo Rey
D. Duarte a qual acompanhou quando foy
defpozarfc com aquclle Monarcha. Compoz
huma Obra jurídica que hc hum Index de
Lcys, c Conclufocns a que cUc chama Gloflas
ao qual poz o titulo feguinte.
Peregrina íive Peregrina Glojfa Bonifaciana.
No fim tem eílas palavras. Exaãum, abfo-
lutumque hoc praclarum, atque infiffte opus Pe-
regrina;, mandato, opera, et impenfis La:(ari
de Ga^anis, fociorumque imprejfum per nos
Meinardum Ungut Alemannum, et Stanislaum
Polonum Sócios anno Incarruitionis Salutifera
MCDXCVII. die XX. Decembris.
Lembraõ-fe do Author, e da Obra Ni-
col. Ant. Bib. Vet. Hifp. lib. 10. cap. 12.
§. 645. pag. 200. et lib. 10. cap. 16. §. 910.
e 911. pag. 228. Franc. Alvar, de Riber. in
Refponf. pro fucejfion. Regn. Portug. Part.
I. n. 41. pag. 22. v.o & Part. 3. art. 6. & ul-
tim. n. 176. pag. 98. Joaõ de Barros Def-
cripc. de Entr. Dour. e Minb. cap. 11. Con-
fervava-fe hum exemplar em a Livraria do
Cardial de Soufa.
Fr. BONIFÁCIO DE THOMAR natural
defta nobre Villa, e Monge Ciftercienfe pro-
feíío no Convento de Santa Maria de Tama-
raens íituado no Bifpado de Leiria. As vir-
tudes que praéticava ferviaõ de perpetuo
eftimulo aos feus domefticos para ferem feus
imitadores. Nas horas vagas dos exerddos
da Religião fe occupava na liçaõ dos Santos
Padres de cujas obras compoz as feguintes.
542
BIB LIO THE CA
Sententia colleãa ex operibus Salonit
Epifcopi Vienenjis, S. Gregorij Thauma-
turgi, S. Marttni 'Epifcopi Turonenjis; Petri
Blejfenjis, EnnodiJ Epifcopi Tijfinenfis, Eau-
rentij Novarienfis, Edmmdi Epifcopi Can-
tuarenfis, & Jufii Abbatis. foi. M. S.
Sententicí colleãce ex operibus S. Eeonis
Papce; Idiota; Petri Abbatis Cellenfis Epif-
copi Carnotenfis; Gregorij, Carthujiani, Seve-
rini Epifcopi, (& Kichardi Eremita, foi.
M. S. Confervaõ-fe eíles dous volumes na
Bibliotheca do Real Convento de Alcobaça..
BRAZ DE ABREU natural da Cidade
de Elvas na Província do Alentejo. Apren-
deu na adolefcencia a Arte da Pintura
a que o inclinava o génio, e poílo que nella
fahio perito eftudou com mayor difvelo
copiar no feu efpirito as virtudes heróicas com
que floreceu por toda a vida. Dezejofo de
viíitar os lugares da Paleílina fanétificados
com o fangue do Redemptor do mundo
pedio faculdade ao Ven. P. Bartholameu do
Quental feu efpiritual direâor para execu-
tar eíle pio intento, o qual lho impedio fegu-
rando-lhe que eílava deJftinado por Deos
para mayores obras do feu ferviço, e aíTim
fuccedeo pois dando com profufa liberali-
dade ao Hofpital Real de Lisboa quinze
mil cruzados que era quanto poíluya para
cura dos enfermos, abrazado em mais ar-
dente charidade deixando o mundo fe reco-
Iheo ao mefmo Hofpital onde exercitando
o Oííicio de Enfermeiro fez acçoens taõ
cheyas de ardente zelo do próximo que me-
receo fer premiado na gloria, e concorrer
grande multidão de povo a venerar o feu
cadáver levando parte dos feus cabellos, e
veítidos como preciofas relíquias. AíTim o
efcreve o P. Jozé Catalani in Vit. V. P.
Bartbo/. do Quental impreíla Romãs 1734.
à pag. 119. Qui rei famliaris elargitione ,
<Ò' eximio charitatis fiudio agrotos adeo pro-
fecutus efl, ut hac via altum perfeãionis gradum
fuerit adeptus, habitufque ab omnibus in ea Sanãi-
monia opinione, ut pofi ipfius obitum ad vifen-
dum, ac venerandum cadáver pajjim concur-
rerent, recifofque Capillos, ac vefles tamquam
Sacras reliquias ajjervarent. Traduzio de
Caílelhano em Portuguez.
Eu:^ para vifitar as Eflaçoens da Via-Sacra
que a piedade Chriflaã tem introdu:(ido por alguns
povos, e Conventos com algumas devoçoens acre-
centadas. Lisboa por Joaõ Galraõ 1670.
12. & ibi por Miguel Manefcal. 1679. & ibi
1718.
Deixou imperfeita
Vida do Ven. Servo de Deos Gregório Lopes.
M.S.
Fr. BRAZ DE ALCÂNTARA natural de
Lisboa Monge Ciílercienfe em o Real Convento
de Alcobaça muito douto na Theologia Pofi-
tiva, e Moral, e naõ menos em a liçaõ da Hif-
toria Sagrada, e profana. Efcreveo as feguin-
tes obras que fe confervaõ na Bibliotheca de
Alcobaça em hum volume M. S,
Speculum Sanãoralis Fr. Joannis Guidonis
Epifcopi Eugdunenfis. Traãatus nominum Apof-
tolorum, (& Difcipulorum Chrifli. Officium Mijfa
a D. N. Jefu Chrijlo, e>* Sanais Apoflolis,
ac demúm per Komanos Pontífices ordinatum.
Traãatus in quo continentur duodecim teflamenta
Patriarcharum filiorum Jacob. Vita Secundi
Philofophi, qui floruit tempore Adriani Impe-
ratoris. Traãatus de Articulis Fidei, et de
praceptis Ecclefia, et Decalogi. Varij Su-
cejfus ab anno 11 27. ad 1272. Vita Epif-
coporum Eemovicenfium.
D. Fr. BRAZ DE BARROS naceo na
auguJfta Cidade de Braga, e teve por Pays a
Valentim de Barros Morgado de Amoreira,
que obrou militares proezas nas Campanhas
de Africa, e Caílella, reynando os SereniíTimc^
Reys D. Aifonfo V. D. Joaõ o 11. e D. Manoel ;
e a Donna Brites Pereira, Primo do inJQgne
Joaõ de Barros, e Tio do Cónego Gaf-
par Barreiros, dos quaes em feus lugares
fe fará diftinta memoria. Com refoluçaò
heróica antepoz às delicias da caza paterna
os rigores do Clauftro Religiofo, rece-
bendo o Habito de Saõ Jeronymo em o
Convento de Penha-longa, onde profeíTou
a 30. de Setembro de 15 16. Para viver
mais retirado do comercio humano, ele-
geo por domiciHo o Convento da Pena,
em o qual ratificou a Profiílaõ folemne a
15. de Agoílo de 1525. Querendo inílruir-
fe em as Sciencias Sagradas partio com
LUSITANA.
543
Fr. Diogo de Murça a Lovanha, em cuja
celebre Univerfidadc eftudou Thcologia donde
partio para o Reyno com grande fama de
Jxtrado. Como foíTc diíficil de diftinguir fc
era mais eminente nas virtudes, que em as
Kl! IS, o nomeou ElRey D. Joaõ o III. para
Kciormador da Congregação dos Cónegos
Regulares de Santo Agoííinho, cuja árdua
cmpreza começou a 15. de Outubro de 1527.
c a concluhio no anno de 1544. com igual
l^rudencia, que fuavidade reduzindo os Cone-
xos à primitiva obfervancia, que eílava algum
tanto relaxada. Com a eílicacia das fuás
pcrfuaíTocs fundou aqucllc Monarcha a Uni-
vcrfidadc de Coimbra de que refultou tanta
loria a efte Reyno, e naõ menor applaufo
o Author de taõ maduro confclho, pelo
uai o congratula Jeronymo Cardofo: liJegiar.
. 1. Eleg. 12. com eftas métricas cxprcíToens.
'tcropia decus, <à>' Latia tutela Minerva
Blaji, qtn nobis Phabus ut alter adefi.
7// Sacra Mujarum longis abfiriija tenebris
hampade Phabea lucidiora facis.
Prajide te ftudia ha£íenus intertnijfa rejurgunt,
Et Jublime ferunt fydera ad alta caput.
Te duce barbáries noftras bachata per oras
In Geticas rediit, Cymeriajque domos.
Hu facis ut doíHs non invideamus Athenis
Ne ve tibi Aufonia, Gallia ne ve tibi.
lEthere demijfum fas eft te credere ab alto
Império Stimmi, Concilioqm Dei.
Neíle tempo erigindo a Mageílade del-
Rey D. Joaõ o III. a Cidade de Leiria
em Cathedral, o elegeo por primeiro
Bifpo deíla Diocefe, confiando do feu ta-
lento defempenharia as obrigações de vi-
gilante Paílor. Expedidas as Bulias pelo
Papa Paulo III. a 22. de Mayo de 1545.
tomou poíTe da nova dignidade a 28. de
Julho do dito anno, em a qual executou
em beneficio do feu rebanho tudo quanto
prometia a fua inculpável vida, aíTim em
o ornato dos Templos, como no foccorro
dos pobres, até que lembrado do íilencio
•da fua Cella renimciou o Bifpado no anno
de 1 5 5 o. e fe recolheo ao Convento da Pena,
onde aíTiílido de hum fó criado vivia
com fumma pobreza, e profunda humil-
dade de tal forte, que fendo algumas
vezes chamado ao Paço, e paflando pelo
real Convento de Bellem hia tomar a ben-
ção ao Prelado, e fe era dia de Capitulo dizia
a Tua culpa na prczcnça de toda a Comunidade.
No Convento onde habitava nundou abrir
a fua fepultura em a qual como efcolla do
ultimo defengano entrava muitas vezes para
aprender a preparação para a morte que teve
feliz a 51. de Março de 1559. a cujas exéquias
aífííUo o Cardial D. Henrique. Sobre a
campa da fepultura mandou gravar cAe
breve, e humilde Epitáfio.
Fr. Braz ^ Barros primeiro Bifpo de luiria.
Vários elogios lhe deraõ diverfos Ef-
critores fendo os principaes, Jorge Car-
dofo Affol. Lufit. Tom. 2. pag. 565. cha-
mando-lhe Exemplar efpelho de Prelados.
Fr. Manoel Leal Cryfol Purif. pag. 472.
n. 12. VaraÔ verdadeiramente Apoftolico,
e confummado em todas as virtudes. Joan.
Soar. de Brit. Theatr. Lujit. Utter. Ut.
B. n. 36. Vir pietate, prudentiaque conf-
picuus. Illuítóf. Cunha Hifl. Ecclef. de
Brag. Part. 2. cap. 78. a, 5. Religiofo de
prudência, capacidade, e virtude. Joan. Vaíieus
Chron. Hifpan. cap. 12. Virum integritate
vita omnibus valde commendatum, ^ feverum
monaflica obfervantia injlauratorem. Siguença
Hijl. dela Ord. de S. Jeron. Part. 3. Liv. 2.
cap. 42. Excelente Varon. Fr. Franc. de
Barcellos in Prolog. Triumph. Cruc. bonarum
litterarum in hoc Kegno, <& monaflica reli^oms
reparatio huic pracellenti viro máximo Jure
adfcribenda eft. Fr. Ant. à Purif. Chronol.
Monaft. pag. 65. Ob egrégios dotes primus
Epifcopus "Leirienfis. D. Nicol. de Santa
Maria Chron. dos Coneg. Regul. Liv. 4.
cap. 5. n. 16. e Liv. 6. cap. ult. n. 26.
Severim Difc. Var. foi. 24. D. Fr. Thom.
de Faria Decad. Lib. 9. cap. 10. & Lib. 10.
cap. 3. Carvalho Corog. Portug. Tom. i.
Trat. 2. cap. i. Compoz.
ConftituiçÕes do Bifpado de Leiria, aceitas
em o Synodo pelo Cabido approvadas, e con-
firmadas pelo Núncio Apoftolico Joaõ de
Monte Policiano em Lifboa no i. de Jimho
de 1549. Sahiraõ impreíTas, e accrecentadas
por feu fucceíTor no Bifpado D. Pedro de
Caftilho. Coimbra 1601. foi. Delias faz mençaõ
o UluftrifTmao Cunha na Hift. Ecclef. de Brag.
Part. 2. cap. 78.
544
BIBLIO THE CA
Traduzio de Latim de Fr. Henrique
Harphio Provincial dos Religiofos Francif-
canos da Provinda de Colónia, em Portuguez,
e dedicou a ElRey D. Joaõ o III.
Efpelho da Perfeição. Coimbra no Convento
de Santa Cruz de Coimbra. 1533. 4.
ConJlituiçÕes, e coftumes reformados dos
Cónegos Regrantes de Santa Crut(^ de Coimbra.
ImpreíTo no mefmo Convento. 1534. que era
o fetimo de fua Reformação. Sahio 2. vez
no dito Convento em 1544. 4. no fim
da qual ediçaõ fe juntou a Regra de
Santo Agoftinho vertida em Portuguez,
fendo efte anno o decimo fetimo, e ultimo
da fua Reformação.
D. BRAZ DE CASTRO. Naceo
em Lisboa, e teve por progenitores a D.
Rodrigo de Caílro, e D. Anna de Eça, filha
de Luiz de Brito Pagem do Cardial D.
Henrique, e de D. Ignez de Caftro. Depois
de ter obrado acções dignas de me-
moria as eclypfou injuriofamente quando
em o anno de 1652. atendendo mais
aos impulfos da ambição, que à nobreza
do feu nacimento aceitou o Governo da
índia, a que o elevou huma fublevaçaõ
popular mandando prender ao Conde de
Óbidos D. Vafco Mafcarenhas eleito Vi-
cerey do Eftado pela Mageílade delRey
D. Joaõ o IV. de que fe originou a deca-
dência fatal da índia, e fendo mandado
prezo pelo Conde de Sarzedas Vicerey do
Eftado antes de chegar ao Reyno morreo
na viagem em o anno de 1655. Foy cazado
com D. Antónia da Sylveira filha de Fran-
cifco da Sylveira Claveiro da Ordem de
Chrifto, e Capitão de Dio, e de D. Cecilia
Henriques filha de D. Jorge de Caílello-
-Branco Capitão mór do Norte, e D. Maria
Henriques. Efcreveo.
A-pologia pelo Conde de Óbidos Vicerey
da índia. M. S. 4. Conferva-fe na Livra-
ria do Excellentiffimo Conde de Vimi-
eiro.
Do Author faz mençaõ o Conde da
Ericeyra D. Luiz de Menezes Portug.
Kefl. Tom. i. Liv. 11. pag. 782. e 859.
& D. Fernand. de Menezes Hiflor. Luft.
Lib. 10. pag. 827.
Fr. BRAZ DA COSTA Religiofo
da Ordem dos Pregadores, cujo Habito
recebeo na Cidade de Lima nas índias Occi-
dentaes onde exercitou por muitos annos o
Officio de Orador Evangélico com grande
applaufo do feu talento deixando para me-
moria do génio que tinha para o púlpito.
Sermaõ de SaÕ Domingos.
Sermão de Santo Thomav^ de Aquino.
Sermaõ de NoJJa Senhora.
Que todos fahiraò impreíTos na Cidade
de Lima. Morreo em Chiclana diftante
duas legoas de Cadiz.
Fr. BRAZ DO ESPIRITO SANTO.
Naceo em Lisboa onde pela educação de feus
Pays Sebaftiaõ Joaõ, e Maria de Mattos, e
muito mais pelo feu génio moílrou em annos
verdes acções próprias de huma idade
muito madura. Applicado aos eftudos
era taõ efcrupulofo de gaftar o tempo
inutilmente, que até fe negava aos diverti-
mentos licitos para mais profundamente pene-
trar os myfterios da Filofofia, e Theologia, em
cujas faculdades fahio eminente. Illuílrado o
feu entendimento com o conhecimento efpecu-
lativo de Deos fe lhe inflamou a vontade para
finamente o amar, e difcorrendo qual feria o
caminho mais certo para confeguir efte fim
refolveo abraçar o eftado Religiofo onde livre
de cuidados mundanos totalmente fe dedicaíTe
ao feu Creador. Firme em taõ fanta refolu-
çaõ elegeo entre as Familias Regulares a
auftera Província da Arrábida, e propondo
o feu intento ao Provincial Fr. Martinho
dos Reys lhe mandou recebeííe o Habito
Seráfico no Convento de Saõ Jozé de Ribamar,
onde profeíTou a 19. de Mayo de 1625. Todo o
feu eftudo era imitar aos Religiofos mais exem-
plares, e para que fenaõ efqueceííe das Scien-
cias que adquirira com tanto difvello, lhe
foy permitido contra o cofliime ordinário o
uzo de alguns livros Theologicos. Ordenado
de Sacerdote, e alcançando patente de Prega-
dor exercitou efte apoftoHco minifterio
com grande fruto dos ouvintes principal-
mente nas ViUas de Santarém, Benaven-
te, e Salvaterra. Attenuado com o excef-
fo das penitencias, lhe fobreveyo huma
aguda febre pela qual conheceo fer che-
i
L USITAN A.
545
I
gado o termo da fua vida» e tecebendo os
Sacramentos com grande piedade falleceo
no Hofpital de Lisboa a 21. de Setembro
de 1658. com quarenta annos de idade,
e ij. de Religião. G^mpoz.
Tratado Th^ologico, que fe imprimio con-
forme cfcrcve Fr. Jozé de Jezu Maria Chron.
(la Prov. da Arrab. Part. 2. Liv. i. cap. 17.
Kepojla a mil, e qttatroantas dttvidas, que fe
podem formar no Janto exercido da OraçaÕ.
Cuja obra como affirma o Chroniíla allcgado
na mcfma parte, tendo jà as licenças neceffarias
para fe imprimir, a fua morte, e a nojfa pobre:^a,
ou omiffaò priváraô as almas de doutrina taõ
importante, e a Provinda dejfe luflre.
BRAZ DA FRANCA. Nacco cm Roma
tlc Pays Portuguczes, onde como na palcftra
da mayor politica fahio inftruhido iníigncmcntc
nos diíkmcs dcfta Arte, fendo naõ menos
verfado na liçaõ da Hiíloria profana. Entre
muitos difcurfos políticos em que fe admirou
a profundidade do feu talento he o mais digno
de eílimaçaõ o que publicou no anno de 1645.
com efte titulo fem o feu nome.
Difcftrfo dei Duque de Alva ai Catholico
Felippe IV. f obre el confejo que fe le diò en Abril
paffado para la recuperadon de Portugal con
su parecer en la mifma matéria. 4. Naõ tem
lugar nem nome do ImpreíTor, e fomente
na parte inferior de cada pagina as letras
iniciaes B. F. que faõ as do nome do Author.
Delle, e da obra faz mençaõ Joaõ Franco
Barreto na Bib. Portug. M. S.
BRAZ FREYRE DE PINA. Veja-fe o
P. FRANCISCO FREYRE.
BRAZ GARCIA MASCARENHAS.
Naceo na Villa de Avò pouco diftante
da Serra da Eílrella na Província da Beyra
a 5. de Fevereiro de 1596. Teve por
Pays a Marcos Garcia, e Helena Madeira
defcendentes das famílias mais nobres
da fua Pátria. Depois de eíhidar nella
a língua Latina, paííou a Coimbra movido
de ver humas feílas que nefta Gdade
fe celebravaõ, onde por caufa de huma
paixaõ amorofa que defculpava a ver-
dura dos feus annos foy prezo na cadeya
da Portagem, da qual valendo-fe de hum arti-
fício fugio para Madrid, e depois de a/Tiílir
alguns mexes nefta Corte atrahido das íau-
dades da Pátria veyo a hum porto de mar,
e fe embarcou em hum Pataxo que fendo
accommettido por huma poderoía Náo de
Turcos no tempo que eílava para fe tender,
a aíTaltou por barlavento hunu Fragata de
Corfarios, dos quaes efcapando os Turcos
íicou prízioneíro dos piratas, que o lança-
rão em hum porto de Itália. Depois de
difcorrer por Itália, França, e Efpanha,
em cuja peregrinação alcançou muitas, e
importantes noticias, fe reílituhio ao Reyno
donde eílimulado da gloria militar fe embar-
cou para o Brazil, e pelo efpaço de nove
annos com o poílo de Alferes obrou acções
heroycas em benefício do Eílado, e ruína dos
Olandezes. Voltando a Portugal no feliz
tempo em que por feu Soberano fe tinha
acclamado o Sereniffimo D. Joaõ o IV. que-
rendo publicar a fidelidade do feu coração,
e o valor do feu efpirito em obfequio do
novo Princepe, levantou huma Companhia
de mancebos nobres em a praça da Villa
de Pinhel, de que elle foy Capitão, donde
paíTou a fer Governador da Praça de Alfayates,
e em hum, e outro poílo fentíraõ os Caílelhanos
os golpes da fua efpada triunfante, principal-
mente quando com duzentos mofqueteiros
embofcados fobre o rio Águeda em o porto
de S. Martinho os obrigou com morte de mui-
tos a deixarem a preza de mais de vinte mil
cabeças de gado, que vangloriofos levavaõ dos
noíTos campos. Havendo com tanta gloria
tríumfado dos inimigos eílranhos, experimen-
tou mais forte reíiílencia em os domeílícos
acufando-o falfamente do feyo crime de incon-
fidência pelo qual foy reclufo na Torre do
Sabugal. Querendo juítíficar a fua ínnocenda
fe valeo da índuítria de pedir hum livro para
com a fua liçaõ divertir alguma parte da melan-
colia que o atormentava, e juntamente farinha
para hum medicamento, linhas, e tízoura
para reparar os feus veítidos. Tanto que
recebeo o que pedia, compoz em verfo hu-
ma Carta a ElRey D. Joaõ o IV. formada
das letras que cortara do livro que lhe fora
dado, e as imio com a maíTa que fizera
da farinha relatando com notáveis ex-
40
546
BIBLIO THEC A
preíToens diftadas pela efficacia da fua opref-
faõ a injuftiça com que fora prezo, e a fide-
lidade que fempre confervara incorrupta
para o feu Princepe; e efperando o mais
alto filencio da noute a lançou da muralha
pendente das linhas a hum Soldado feu con-
fidente para que a entregaíTe a feu Irmaõ;
o qual apre2entando-a a ElRey ordenou
logo que vieííe a Corte onde juftificada a fua
innocencia o premiou com o habito da Ordem
militar de Aviz, e foy reílituido ao governo
da Praça de Alfayates. Nomeado Superin-
tendente da Cavallaria da Comarca de Efgueira,
para evitar a infolencia dos feus emulos de
quem taõ gloriofamente triumfara, fe retirou
à Pátria onde livre de penofos cuidados fe
dedicou ao eftudo da Poefia que defde os pri-
meiros annos cultivara até que acabou a
vida a 8. de Agoílo de 1656. quando contava
60. annos de idade. Compoz.
Viriato Trágico em Poema heróico. Coim-
bra por António Simoens ImpreíTor da
Univerfidade 1699. 4. Coníla de 20. Cantos.
Sahio poftumo. A efta obra como a feu
Author louva o P. António dos Reys no
Enthujiafm. Poef. n. 108. dizendo.
= Viria tum laudibus effert
BlaJiuS) atque gemens pereuntis fata, dolentes
Imbre rigat vultus, et trifti carmine duras
In planãum filices cogit.
A.U!(encias Brajilicas. M. S. Efta obra
fez quando voltou do Brafil.
Labirintho do Sentimento na morte do
Serenijfimo Princepe D. Duarte. Efta obra
poética que fe lia com diverfos fentidos por
todos os lados levou o primeiro premio na
Univerfidade de Coimbra onde fe fez hum
Certame a efte lamentável aílumpto.
Komances Sacros, e profanos 4. M. S.
P. BRÁS GOMES ReUgiofo da Com-
panhia de JESUS, e Meftre dos Noviços
em o Collegio de Coimbra. Efcreveo.
Vida do Irmaõ Francifco de Andrade
da Companhia de JESUS que morreo em
Coimbra a 16. de Fevereiro de 1569. fendo
noviço. Do Author, e da obra faz memo-
ria o P. António Franco Imag. da Virt.
em Nov. de Coimb. Tom. i. liv. 3. cap. 54.
BRAZ JOSEPH REBELLO LEYTE.
Naceo em Lisboa fendo filho de Pedro Gomes
Bravo Rcbello, e D. Luiza Viftoria Pereira
da Cunha. Depois de eftar inftruido na Gram-
matica Latina, Rhetorica, e Humanidades
frequentou a Aula da Filofofia em a Cafa de
N. Senhora da Divina Providencia dos PP.
Theatinos defta Corte, em que teve por Meftre
ao P. D. Celeftino Seguineau, de que bre-
vemente faremos mais diftinéla memoria;
e a da Theologia no Collegio de Santo Antaõ
dos ReUgiofos Eremitas de Santo Agofti-
nho, e fahindo em ambas eftas Faculdades
muito perito paíTou à Univerfidade de Coim-
bra para fe applicar ao Direito Pontificio
no qual com applaufo dos Cathedraticos
recebeo o grào de Bacharel em o anno de
1738. Entre a feveridade deftas fciencias
fempre cultivou o ameno cume do ParnaíTo
donde colheo abundantes frutos metrifi-
cando com grande fuavidade, e naõ menor
afluência em as linguas Latina, Portugueza,
e Caftelhana, fendo muito intelligente da
Franceza, e Italiana. Na Academia Latina,
e Portuguesa, e na dos j^pplicados de que
foy Collega, e muitas vezes Prefidente,
mereceo a geral acclamaçaõ dos feus alumnos
venerando felizmente unida em o feu pene-
trante engenho a Arte da Oratória com a
Poética, da qual tem dado ao publico os
feguintes argumentos.
Romance Endecafjllabo á morte da Se-
renijftma Senhora Infanta D. Francifca. Sahio
nos Sentimentos Métricos. Lisboa por Miguel
Rodriguez. 1736. 4.
Soneto e he o 44. ao mefmo aíTumpto.
Sahio na 2. ColleçaÕ dos Sentim. Aletric. Lis-
boa pelo dito ImpreíTor 4.
Três Sonetos que faõ 20. 21. e 22. ao
mefmo aíTumpto. Sahiraõ na 3. Collec. dos
Sent. Mefric. Lisboa pelo dito Impreffor 4.
Romance, e Decimas A.croflicas ao mefmo
aíTumpto. Sahiraõ nos A.ccentos Saiidofos das
Mufas Portuguesas, i. Part. Lisboa por
Ant. Ifidoro da Fonfeca. 1736. 4.
Gloffa ao Soneto Que choras Portugal?
A. Sorte impia, e hum Soneto ao mefmo
aíTumpto. Sahio na 2. Part. dos Accentos
Saudof. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
Romance Fjndecafyllabo ap P. D. Ra-
fl
L USITANA.
Jael hluteau à pag. 72. Sottito à pag. 78. Epi-
fframmn Cap lhano à pag. 83. Ettdecbas i pag.
1 27. líhgitm Sepulchrale cm cftilo lapídario que
nca))a com hum lipi^amma Latino á pag. 1 54.
Todas cilas obras fahiraõ no Ohftqiáo Fmebre
dedicado à Jaudofa mtmoria do P. D. Kafatl
Nuteaii pela Academia dos Applicados, Lisboa
por António jozé da Sylva. 1754. 4. No fím
cílà á pag. 169. Decimas, e Soneto em applaufo
de Diogo Kangel de Macedo.
Romance lindecajyllabo no qualfe comprehendem
as acçoens da vida, e morte do Senhor D. Manoel
Caetano de Soiifa. Sahio no fim da Oraçaô fúne-
bre que na morte do mcfmo P. recitou na Aca-
demia I^atina, e Portugue2a Fiiippe Jozé da
Gama. Lisboa por Jozé António da Sylva
ImprcíTor da Academia Real. 1756. 4.
Ljra afinada, e de/acorde por ohfeqtáo
fmebre às Jaudojas memorias do Hxcellen-
tijftmo, e Keverendijftmo Senhor D, Caetano
Cavalieri Arcebifpo de Tarjo, e Núncio
Apojlolico dos Keynos de Portugal, Lisboa
por Pedro Ferreira ImpreíTor da Auguílif-
fima Rainha. 1739. 4*
Traduzio de Italiano em Portuguez.
Dialogo Sacado fobre o Genejis efcrito pelo
Doutor Paulo Mediei Sacerdote, e heytor publico
de Theologia Pofitiva em Florença. Lisboa por
Domingos Gonçalvez. 1739. 4*
Parte 2. Lisboa pelo dito ImpreíTor, e
anno. 4.
BRAZ LUIZ DE ABREU filho de
Francifco Luiz de Abreu, e Francifca Ro-
driguez de Oliveira naceo na Villa de Ou-
rem em a Provinda da Extremadura do
Bifpado de Leyria a 3. de Fevereiro de
1692. Applicoufe à faculdade da Medicina
em a Univerfidade de Coimbra onde de-
pois de receber o gráo de Bacharel a exerci-
tou com fortuna, e fciencia. Com bene-
plácito de fua mulher que fe retirou com
fuás filhas ao Recolhimento de S. Bernar-
dino de Terceiras de S. Francifco fituado
na Villa de Aveiro paíTou ao Eftado Eccle-
íiaftico, em que fe conferva com louvável
procedimento. Além de fer douto na fua
Faculdade he verfado em todo o género de
erudição, como também da Poefia vulgar.
Compoz.
547
Affiilas hijas dei Sol, que buelan fobre la
Lu/u, Keprefentacion cómica Traffca Triumphal
dela memorable viííoria gloriofamente akançaáa
por las agfdlas imperiales contra las noãwmas
aves Ottomanas en el Campo de Peter-varadim
dia ^. de Agpflo anão 1716. Coimbra por
Bento Seco Ferreira 171 7. 4.
Sol nacido no Occidente, e poflo ao nater do Sol,
S, António Portugue:^ epitome hiflorico, e panegh
rico de fua admirável vida, e prodigiofas acçoens,
Coimbra por Jozé Antunes da Sylva ImpreíTor
da Univerfidade 1725. foL
Portugal Medico, ou Monarchia medico
hsifitana Hiflorica, Pratica, Symbolica, Ethica,
e Politica fundada, e comprehendida no dilatado
âmbito dos dous mundos creados Macrocofmo, e
Microcofmo. Part. i. Coimbra por Joaõ
Antunes. 1726. foi.
F«f/^ hifa. Contem a vida, e acçoens do
Sereniflimo Senhor Infante D. Manoel Aí. S,
hufiada Sacra. Poema heróico cujo
argumento he a Origem, e fuceíTos do Im-
pério Lufitano aíTim Ecclefiaílico como fecu-
lar. M. S.
Vida, e acçoens do primeiro Princepe
do Brafil para exemplar do noffo Serenijftmo
Princepe D. Joa^. Tem por titulo efte ana-
grama Theodofio. Todo ]o!(é. Aí. S.
Fr. BRAZ DE SANTA MARIA Ere-
mita de Santo Agoftinho, e ConfeíTor
do Illuíbiflimo Arcebifpo de Goa D. Fr.
Aleixo de Menezes, a quem acompanhou
na Jornada que fez às Serras do Malabar em
o anno de 1598. efcrevendo.
Informaçoens da Viagem às Serras do
Malabar. M. S.
Das quaes fe aproveitou D. Fr. Antó-
nio de Gouvea para a compofiçaõ da Hif-
toria deíla Jornada, que imprimio em Coim-
bra por Diogo Gomez Loureiro ImpreíTor
da Univerfidade 1606. foi. e o confeíTa no
Prologo deíla obra. Do Author das Infor-
maçoens faz mençaõ o moderno addicio-
nador da Bib. Orienf. de António de Leon.
Tom. I. Tit. 5. col. 62.
BRAZ DE MATTOS Ulyífiponen-
fe a quem como Varaõ verfado nas maté-
rias de Theologia Myítíca louva Joan. Sua-
548
BIB LIOTHE CA
res de Brit. in Theatr. "Lufit. Utter. lit. B.
n. 37. Compoz.
Pratica ejpiritual do de/prei^o do mundo
chamado efpelho de peccadores. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 1620. 4.
BRAZ MENDES DA BARCA Theo-
logo Moralifta. Eftudou em a Univeríi-
dade de Évora com o eftipendio Real. Com-
poz em 26. de Abril de 1622.
Compendium Scah Ca li. M. S. %.
BRAZ NUNES MAISÍANAS natural
da Villa de Alter do Chaõ da Provinda de
Alentejo Medico da Mageílade delRey D.
Joaõ o IV. taõ infigne nefta profiíTaõ como
em a Poeíia de que fez muitas obras, fendo
a mais celebre hum Romance Satyrico contra
o Medico António da Motta por lhe preferir
em tomar o pulfo à Rainha D. Luiza Fran-
cifca de Gufmaõ. Começava.
Tiene B/as condicion dura
o qual naõ fe lhe permitio que o imprimiíTe.
Soneto em applaujo de Diogo Ferreira de
Figueiroa impreíTo no principio de feu livro
Defmayos de May o &c. Villa viçofa por Manoel
Carvalho. 1635. 8.
Epigramma L,atino à morte da Senhora D.
Maria de Attayde. Sahio nas Memorias Fúnebres.
Lisboa na Officina Craesbeeckiana. 1650. 4.
BRAZ PEREYRA DE MIRANDA.
Naceo na Cidade do Porto onde teve por Pays
a Joaõ Alvarez Pereira, e D. Bernardina de
Soufa. Entre os eftudos a que fe applicou
com mayor difvelo foy o da Genealogia em
que fez grandes progreíTos efcrevendo.
Familias defte Rejno.
Com grande curiojidade, e verdade como
affirma o P. D. António Caetano de Soufa
no Apparat. à Hift. Geneal. da Cat^a Real
pag. 60. §. 40.
Além da Obra referida fez notas impor-
tantes fobre o eíhido Genealógico que ficarão
em poder de feu Neto D. Jorge Henriques
Senhor das Alcáçovas, e Vedor da Sere-
niíTima Raynha D. Mariana de Auítria.
Fazem illuftre memoria do feu nome
Franc. Bib. Portug. M. S. Joan. Soar.
de Brit. Theat. Lujit. Litterat. lit. B.
n. 38. e D. Francifco Manoel na Cart. dos
Author. Portug. efcrita ao D. Manoel da
Fonfeca Themudo.
BRAZ PINTO. Foy muito perito no
eíludo da Alveitaria, de que compoz hum
Livro que confervava feu filho Manoel
Pinto, como efcreve Joaõ Franco Barreto
na Bib. Portug. M. S.
Fr. BRAZ DE RESENDE natural de
Évora filho de Jorge de Refende, irmaõ de
André Falcaõ de Refende, de quem jà fizemos
memoria, e fobrinho de Garcia de Refende
Chroniíla delRey D. Joaõ o II. Deixado o
nome de Jorge que confervava no feculo
entrou na Religião Dominicana na qual foy
taõ infigne em letras, como em virtudes, pelas
quaes mereceo particulares eílimações do
Duque de Aveiro D. Joaõ de Lencaílre filho
do fenhor D. Jorge Duque de Coimbra. Com-
poz varias obras Poéticas mais devotas,
que elegantes fendo as principaes.
Auto do pranto da Magdalena.
Auto do pranto de S. Pedro.
Delles, e do Author fazem memoria Fr.
Pedro Monteiro Claujl. Domin. pag. 177.
Fonfec. Evor. Glorio/, pag. 411. e Joaõ Franco
Barreto Bib. Portug. M. S.
Fr. BRAZ SOARES. Naceo na Cidade de
Ponte-Delgada Capital da Ilha de S. Miguel, e
foy filho de AfFonfo Nunes, e de fua terceira
mulher Joanna Soares. Deixando a pátria paf-
fou às Ilhas Filippinas, onde recebeo o Habito
da Ordem dos Pregadores, e de tal modo fe
conílituhio hum vivo exemplar de todo o gé-
nero de virtudes, que defejando os Religiofos
mais obfervantes reformar a Província, que ef-
tava fummamente relaxada, o mandarão a Ro-
ma para executar eíla empreza de que refultava
tanto credito à Religião. Chegado à Cúria foy
prezo por finiftras informaçoens de alguns emu-
los que fe opunhaõ à Reforma, e depois de pa-
decer diverfas moleftias achando occafiaõ op-
portuna de fahir do cárcere fe lançou aos pés do
Santo Pontífice Pio V. a quem fielmente
expoz a caufa porque fora mandado àquella
Corte, e conhecendo o Summo Paílor muito
mais da modeftia do femblante que da
te«
L USITANA.
549
eíficacia das palavras a innocencia da Tua
vi(i:i, o nomeou Vifítador, c Reformador da
ditii Província de cuja commiíTaõ modeíla-
mcnte fe eícufou fupplicando-lhe a faculdade
cIc paHar para a Religião dos Eremitas de
Santo Agoílinho, onde com fumma tran-
quillidadc queria acabar a vida. Defirio bene-
volamente o Pontífice a efta fupplica, e foy
admitida à Ordem Auguíliniana pelo feu
Geral Thadeo Perufino com grande fatisfa-
çaõ por venerar na fua peíToa as virtudes
de hum perfeito Religiofo, conccdcndo-lhc
licença de que viveííe na fua pátria para
foccorro de alguns parentes neceíTitados. Naõ
foy pequeno o jubilo com que os naturaes de
Ponte- Delgada o receberão, e bufcando por
domicilio a Krmida de Santa Anna fe occu-
pava na direção efpiritual de muitas almas
fendo as principacs a Vcn. Matrona Mar-
garida de Chaves, e Ifabel de Miranda, de que
rcfultou nomeallo em attençaÕ de feus vir-
tuofos coftumes, ConfeíTor das Religiofas
do Convento de Santo André o Bifpo D.
Pedro de Caílilho que depois paflando à Mitra
de Leiria foy Inquifidor Geral, e duas vezes
Governador defte Reyno. Erigindo-fe a
aj. de Julho de 1606. o primeiro Convento
de Eremitas Auguílinianos na Cidade de
Ponte-Delgada foy eleito para primeiro Pre-
lado, que elle humildemente regeitou, onde
cheyo de virtudes, e naõ menos de annos que
chegarão a 100. paíTou deíla vida caduca
para a eterna a 11. de Mayo de 161 5. O
feu cadáver foy trefladado no anno de 161 8.
para o novo Convento de Santo Agoftinho
edificado junto da Parochia de Saõ Pedro
por faculdade do Bifpo D. Agoftinho Ribeiro
e o depofitaraõ debaixo do Altar môr. Fazem
delle mençaõ Herrera in Alpbab. Auguftin.
Sgnus plane vir, qui in memoria hominum
wntatur, non minus propter infigiia merita,
jwàw propter illujlrijftmas filias. Ant. à
Purif. Chronol. Monaji. pag. 55. Franc.
A£bnf. de Chav. e Mello Vid. da Ven. Mar-
garid. de Chaves pag. 287. Elíio Encom.
Auguft. pag. 129. Cardofo A^ol. LmJíí.
Tom. 3. pag. 166. e no Comment. de 11.
de Mayo letr. D. Fr. Ant. da Natividad.
iémte de Coroas Coroa 8. §. 2. num. 40.
Compoz.
Vida da Ven, Marj^rida de Chavts
fua Confeffada, da qual grande parte íahio
impreíTa na vida defta Serva de Deos efcríta
na lingua Italiana. Roma por Bartholomeu
Zannetto. 161 2. e fe conferva na Livraria
do Convento da Graça de Lifboa. 8.
Vida da Ven. l/abel de Miranda fua
Confeffada. Fr. Luiz do» Anjos no Jardim
de Por/ug. cap. 180. fallando defta Serva
de Deos faz mençaõ do Efcritor da fua
vida dizendo: A gféiou no caminho da perfei-
ção como quem tinha dom de Deos para feme-
Ihantes obras de virtude por fer experimentado
em tratar com almas temerofas, e de boa concien-
cia, o qual efcreveo huma larga hijioria defta Serva
de Deos. Conferva-fe no Convento da Graça
de Lifboa. 8.
Vida de Martha Soares fua Confeffada.
M. S. Defta Obra faz memoria Cardofo
Agiol. Lufit. Tom. 3. pag. 193. no Comment.
de II. de Mayo. Letr. D.
P. BRAZ VIEGAS natural de Évora
onde inftruido com virtuofos documentos
por feus Pays Pedro Palha, e Violante Viegas
deixou a fua companhia para fe aliftar em a de
JESUS no Collegio da fua Pátria a 15. de
Fevereiro de 1569. quando contava defefeis
annos de idade. Aprendidas as letras Huma-
nas, e Divinas com enveja de feus condifcipu-
los as diftou com admiração de todos os
Meftres principalmente quando explicou com
fohda fubtileza em as Univerfidades de Coim-
bra, e Évora, onde recebeo o gráo de Doutor
em Theologia a 24. de Julho de 1594. os
profundiíTimos arcanos da Sagrada Efcri-
tura que fe lhe fizeraõ mais patentes pela
grande intelligencia que tinha da lingua
Hebrayca, naõ fendo menos eminente em
a fciencia da Grega, e Latina. Foy Ora-
dor elegante. Poeta iníigne, Pregador ex-
cellente, e Efcriturario famofo. Todos
eftes fcientificos dotes fe illuflxavaõ com a
innocencia da vida, affabilidade do génio,
obfervancia do Inftituto, fendo venerado
por todos como perfeito exemplar aflim
de letras como virtudes. Morreo no Col-
legio de Évora a 22. de Agofto de 1599.
com 46. annos de idade, e 30. de Reli-
gião. O feu nome exaltaõ Nicol. Anton.
I ..L.
55o
B IB LIO THE CA
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 140. Ingenuarum
omnium artium eruditione perpolitus. Ribada-
neir. Cathal. lllujl. Script. S. J. Vir non ingenio
tantum magno, facili, prompto, atque ad omnia
paratOf fed etiam plácido, affabili, <& beni-
gno. Fr. Franc. à D. Aug. Maced. Vro-
pugnacpil. 'Luf. Gallic, pag. iii. Clarijfimum
Scripturarum Interpretem, & p. 118. Sacra-
rum litterarum infignem profejjorem, e 'Phi-
lip. Portug. cap. 21. p. iio. Grave, e douto
Efcriturario. Joan. Soar. de Brit. Theatr.
L.ujif. Utterar. lit. B. n. 39. Vir hatinis,
-ey Gracis litteris apprime eruditus. Franco
Ann. Glorio/. S. J. in hujit. pag. 487.
Eminuit facultate Oratória, (ò" Conciona-
íoria; e na Imagem do Novic. de Evor. pag. 857.
Homem em tudo grande particularmente na S ciência
Jas Divinas hetras. PoíTevino Appar. Sac.
Tom. I. pag. 229. Marrado P>ib. Marian.
Part. I. pag. 238. Biblioth. Societ. p. 123.
col. 2. Fonfec. Évora Glor. pag. 428. e 411.
Nat. Alex. Hifi. Ecclejiafi. Tom. 7. pag. mihi.
123. col. I. Lelong. Bib. Sacr. pag. mihi
1003. col. 2. IlluílriíTim. Cunha in Decret.
ad C. Archidiac. i. Diíl. 85. n. 3. Tof-
cano Paralel. de var. lllujl. cap. 86. Taxand.
Cathalog. ciar. Hifp. Script. Hallevord. Bib.
Curiof. p. 38. col. I. Compoz.
Commentarii exegetici in Apocalypjim
Joannis Apojioli. Eboríe apud Emmanue-
lem de Lyra. 1601. foi. A eíla Obra, de
<^ue fazia fumma eftimaçaõ o Doutor Exí-
mio o Padre Francifco Soares Granatenfe
lhe fez o feguinte Elogio o IlluílriíTimo
Arcebifpo de Évora D. Theotonio de Bra-
gança na faculdade que deo para imprimirfe,
dizendo: Ea eji Doãoris fapientijftmi doutrina,
(& Chriftiani pajloris pietas, atque in erudiendis
4ifficillimis Sacra Pagince fenjibus felicitas, atque
ingenium, ad animofque in rerum fupernatura-
lium, ac caleflis Hyerufalem dejiderium infla-
mandos vis, (ò" efficacia, ut non folum illi
concedamus facultatem hofce commentarios
imprimendi, fed nojirce etiam Academia gra-
tulamur, quod tam doãos, pios, (& infignes
mros (& aluerit, eb" confummatos viderit.
Sahio reimpreíTa Lugd. apud Jacobum
Cardon 1602. Venetiis apud Societatem
Venetam 1602. 4. Pariíiis apud Dyoni-
fium Dinet. 1606. 4. Turnoni apud Hora-
tium Cardon 16 14. Colónias apud Arnoldum
Mylium. 161 7. 4. & Coloniae. Agrippinac
apud Crithium 161 7. 4. Foy traduzido
efte Commento na lingua Etiópica pelo Pa-
triarcha AfFonfo Mendes, no anno de 16 14»
como elle efcreve in Expedi t. JEtiop. Lib. i.
cap. 12. fervindo-lhe de grande foccorro
para convencer os erros dos Abexins.
Commentaria in Ifaiam, Habacuc, Agaum,
Zachariam, Et^echielem, €>* in Epiflol. D,
Paul. ad Hebrceos. foi. M. S.
Explanatio in Exodum. foi. M. S.
De Viãoria Mejftce. Deíle tratado
faz mençaõ Carlos Jozé Imbonati Bib. Latin.
Hebraic. pag. 329. n. 1032.
Traduzio de Italiano do P. Vicente Bruno
da Companhia de JESUS em Portuguez.
Meditações fobre os Myflerios da Pai-
xão, KefurreiçaÕ, e Afcenfaõ de Chriflo Nojfo
Senhor, e Vinda do Efpirito Santo com figu-
ras, e profecias do Teflamento Velho, e docu-
mentos tirados de cada hum dos pajjos do
Evangelho, recolhidos de diverfos Santos Padres,
e outros devotos Authores, acrefcentadas
com muitos Eugares da Sagrada Efcrittu-
ra. Lisboa por Pedro Craesbeeck.
1601. 8.
BRÍGIDA DE ALARCAM. Foy
inílruida na Poética, e Rhetorica, e na '
lingua Latina que foube com grande per-
feição. Teve noticia de hum, e outro Di-
reito, da Theologia Efcholaftica, e Moral,
da Hiftoria Eccleíiaftica, e Profana. Dif-
curfava com agudeza, fallava com ele-
gância, e tanta afluência de palavras que
em huma occaíiaõ orou fem interrupção
pelo efpaço de cinco horas. Faleceo a 18.
de Novembro de 1622. quando contava
cincoenta annos de idade. Nunca quiz fo-
geitarfe ao Eílado Conjugal ainda que para
efle eíFeito fe lhe offereceraõ opportunas
occaíioens. Compoz.
Vida, acçoens, e morte da Famigerada
Judith. M. S.
Vida, acçoens, e morte do Famofo San-
faõ. M. S.
Faz memoria defta Authora Diogo Ma-
noel Ayres de Azevedo Portug. Illujirad.
pelo Sex. Fem. pag. 86. §. 25.
L USITAN A,
55 1
BRÍGIDA DE S. ANTÓNIO chamada
no Século D. Leonor de Mendanha, teve por
berço a famofa Cidade de Lisboa onde naceo
a 28. de Janeiro de 1)76. e por progenitores
a Jorge Vaz de Campos, e D. Izabel de Men-
danha igualmente nobres, e opulentos, como
(Icfccndcntes das famílias mais qualificadas
(la Vil la de Abrantes, e do Reyno de Caílella.
Logo na primeira infância dcfcubrio huma
rcóhi inclinação para a virtude, de tal forte,
que a madureza das fuás acçoens era naõ
fomente admiração, mas cenfura dos annos
mais adultos. Por morte de hum irmaõ
único ficando herdeira da cafa fe rcfolveo
fua Mãy a defpozala com peíToa digna do
fcu nacimento, porém como tinha confagrado
ao divino Efpofo fua virginal pureza diíTimu-
lava prudentemente a repugnância que tinha
ao Eftado conjugal. Para confeguir os arden-
tes dczejos em que fe abrazava de fe aliftar
em alguma Communidadc Religiofa elegeu
para dircftor de taõ fanto intento ao V. P.
António da Conceição Cónego Secular da
Congregação do Evangeliíla, cuja virtude
era univerfalmente venerada, o qual lhe per-
fuadio fe recolheíTe ao domicilio das Reli-
giofas Inglezas da Ordè de Santa Erigida,
que naquelle tempo tinhaõ chegado a eíla
Corte fugitivas das perfeguiçoens dos Here-
ges, aonde entrou a 23. de Setembro de 1601.
havendo valerofamente triunfado das pode-
rofas deligencias, com que a authoridade dos
parentes, e a ternura da Mãy intentarão opporfe
à fua heróica refoluçaõ. Admitida ao Novi-
ciado mudou o nome de Leonor em Brígida por
obfequio à fua iníigne Matriarcha, e o appel-
lido de Santo António em memoria do Vene-
rável direftor da fua conciencia, começando
a refplandecer em todo o género de virtudes
pelas quaes fe fez digna de profeíTar a 28.
de Outubro de 1602. A fua grande prudência
acompanhada de natural benevolência, e
fumma charidade a conítituiraõ capaz de exer-
citar todos os Officios da Communidade fendo
Provifora, Sancriftaã, Zeladora, Enfermeira,
Meftra de Noviças, e ultimamente Abba-
deíTa. Em taõ diferentes miniílerios exer-
citados por ordem da obediência repartia
com tanta igualdade o tempo, que nunca
as occupaçoens de Marta a privavaõ das
contemplaçoens de Maria. Ardia o (eu cora-
ção em taô vivas chamas do amor Divino
quando orava, que paca mitigar efte celeílíal
incêndio, naõ eraô baftantes as copioíâs lagri-
mas que derramava. Abforta pelo largo
efpaço de quarenta horas o feu efpírito, e
fufpenías em doce calma as potencias parecia
o corpo cadáver, de tal forte, que perceben-
dofe algumas vezes a refpiraçaõ intercadente
fe lhe adminiílrou o Sacramento da Extrema
Unçaõ, de cujo fuave delíquio defpertava
com ays enternecidos. Como Medra da mais
fublime efcola era confultada pelos mayores
Iletrados fobre matérias graviíTimas vene-
rando por Oráculos fuás repoftas, naõ fendo
inferior a fua inteligência para penetrar os
fegredos do coração humano, e ferenar as
conciencias efcrupulofas. Foy infigne em o
dom da Profecia, vaticinando muitos fuceflbs
naõ fomente de peíToas particulares, mas de
toda a Monarchia, de cuja inílalivel certeza
fe conhecia evidentemente a fuperior luz que
lhe íUuftrava o entendimento. Para domar o
corpo, e reduzillo às leys do efpírito inventou
vários géneros de penitencias, que feríaõ jul-
gados como exceflbs da tirania fe os naõ regu-
lara pelos impulfos do coração fempre ambi-
ciofo de extraordinárias mortificaçoens. De
todas eftas virtudes teve por teftemunhas, e
imitadoras as Religiofas do Seráfico Convento
de NoíTa Senhora da Efperança deíla Corte
quando aíTiílio entre ellas pelo efpaço de fete
mezes por caufa do incêndio que devaílou em
17. de Agoílo de 165 1. o Convento em que
habitava. A' fua incanfavel deligencia fe deve
a fundação do Convento de NoíTa Senhora de
Marvilla fituado nos arrebaldes de Lisboa
em o qual fe obferva o Inftituto, que ella pro-
feíTava. Sendo fummamente humilde naõ
podia efcuzar-fe das vifitas das mayores pef-
foas do Reyno, como eraõ a Sereniffima Rainha
D. Luiza Francifca de Gufmaõ, os Duques de
Aveyro, o Marquez de Marialva D. António
Luiz de Menezes, e feu Irmaõ D. Rodrigo
de Menezes, o Inquifidor Geral D. Fran-
cifco de Caftro refpeitando imidos no feu
efpirito todos aquelles dotes com que a di-
vina Graça ornou as Claras de AíTiz, e as
Magdalenas de Pazzi. Chegado o tempo
de ferem premiadas tantas virtudes adoeceu
552
B IB LIO THE CA
da ultima infermidade que pelo largo tempo
que durou lhe fervio de fevero exame à fua
invifta paciência. Abrazada mais intenfamente
com o fogo do amor divino que com o ardor
da febre fufpirava pelo inftante que a havia
fazer participante da viíla do feu Amado, até
que repetindo a Antífona Regina Ca/i Lafare
voou o feu efpirito a coroarfe na eternidade
gloriofa a 29. de Junho de 1655. com 78.
annos 5 . mezes, e dous dias de idade. As Reli-
giofas vendofe defpojadas de Mãy taõ amorofa,
e Meftra taõ prudente defafogaraõ a fua dor
com exceíTivas expreíToens de fentimento.
Pelo efpaço de quatro dias efteve o cadáver
expofto no Coro confervando tal fermofura no
femblante, e flexibilidade em todos os membros
que parecia eftar entregue a hum plácido sono.
Depois de fe repartir pelo povo parte dos feus
veftidos como relíquias fe excitou huma con-
troverfia entre o Cabido da Cathedral de Lis-
boa, e os Cónegos Seculares da Congregação
do Evangeliíla fobre qual das duas Commu-
nidades havia levar o corpo para fe lhe dar
decente fepultura, e allegadas as rezoens de
huma, e outra parte fe decidio por ordem del-
Rey D. Joaõ o IV. foíTe o feu Convento depo-
íito de taõ preciofo thezouro o qual foy poílo
em hum Caixaõ que mandou fazer com todo
o primor o Marquez de Gouvea D. Joaõ da
Sylva. Paliados três mezes foy trefladado a 3.
de Outubro para o Convento já reparado do
incêndio, que o devaílara, e fobre a pedra da
fepultura fe gravou o feguinte epitáfio.
Sepultura da V. Madre Soror Brií^ida
de Santo António Keligiofa profejja da Ordem
de Santa Bri^ida LIV. Abbadefa das Re/i-
giojas Inglesas IV. Annos, VI. me^es, cetatis
Juce LXXIX. Faleceo a XXIX de Junho
de M.DCLV.
A fua vida efcreveo difufamente Fr.
Agoílinho de Santa Maria Eremita defcalço
de Santo Agoftinho que fahio impreíTa por
António Pedrofo Galraõ 1701. 4.
Faz larga memoria das fuás virtudes
Jorge Cardofo Ágio/, l^ujit. Tom. 3. pag.
864. no Commentario de 29. de Junho let.
I. Francifca da Conceição Religiofa no Con-
vento da Efperança na Re/açaÕ da fua
vida M. S. que dedicou à Rainha D. Luiza
Francifca de Gufmaõ; e Franc. de Santa
Maria no Jacinto Vortuguet^ Liv. 4. cap. 84.
e António Carvalho da Cofta Corog. ^ortugX
Tom. 3. Trat. 55. pag. 519. chamando-lhc
Re/igiofa de coníoecida virtude. Efcreveo.
Memorias para defpertar o feu efpirito aos\
/ouvores de Deos.
Documentos efpirituaes extra})idos dos Santos]
Padres, e Doutores da Igreja.
Defefeis Cartas efcritas a Panta/eaõ Rodri'\
guet(^ Pac/jeco Bifpo e/eito de E/vas.
Carta a fjumafua Sobrinha moradora na Cidade
de Porta/egre.
Todas eílas obras eftaõ impreíTas na vida
deíla Venerável Madre efcrita por Fr. Agof-
tinho de Santa Maria de que aíTima falíamos
defde pag. 268. até 285.
Carta efcrita a E/Rej D. Joaõ o IV. Im-
preíTa à pag. 213. da vida aíTima allegada.
Carta efcrita a Fr. Pedro de Maga/haens da
Ordem dos Pregadores Deputado do Confe/ho gera!
do Santo Officio direãor da fua Conciencia. Im-
preíía à pag. 266. da mefma vida.
Re/açaÕ breve das Re/igiofas, que floreceraJò
no Convento de Santa Bri^ida com opinião de co-
nhecida virtude. M. S. Delia obra faz memoria
Jorge Cardofo Ágio/. Eufit. Tom. 3. pag. 881.
e a allega varias vezes.
Quando fe fentia mais inflamada no Amor
divino defabafava taõ aítívo incêndio can-
tando alguns verfos devotos dos quaes
copiarão hum Romance Jorge Cardofo
no lugar citado, e Fr. Agoílinho de Santa
Maria à pag. 187.
SOR BRITES DO ESPIRITO SANTO
chamada no feculo D. Brites de Mene-
zes, cujo apellido tomou de fua Avó pa-
terna. Naceo na Villa de Maçans Bifpado
de Coimbra, e teve por Pays a D. Chrif-
tovaõ Manoel de Vilhena Commendador
de S. Paulo de Maçans da Ordem de Chriílo,
e de fua fegunda mulher D. Joanna de
Faria filha de Gafpar Gil Severim Exe-
cutor mór do Reyno, e D. Juliana de
Faria; e por irmaõ a D. Sancho Manoel
primeiro Conde de Villa-Flor General
das Provindas da Beira, e Alentejo, Com-
mendador das Commendas de Saõ Nico-
láo de Cabeceiras de Bailo, Saõ Pedro
de Calvelos, Santo Adriaõ de Penafiel,
LUSITANA.
553
c Santa Maria de Marmeleiro da Ordem
de Qiriílo, a cuja valeroía efpada deve Por-
tugal grande parte da Tua Reílauraçaõ. Na
primavera dos annos defprezou as delicias,
com que o mundo lÍ2ongeiro a convidava
fugindo occultamente para o Convento de
Santa Clara de Évora, em cuja religiofa Clau-
fura profe/Tou o Seraíico Inílituto com inex-
plicável jubilo de feu coração. Emtaõfagrada
efcolla aprendeo os documentos da mais alta
perfeição fendo continua nos exercidos da
Oraçaõ Mental, c Vocal, e naõ menos nas
rigorofas penitencias com que fugeitava o
corpo às icys do efpirito. Foy igualmente
caritativa para os próximos, como conf-
iante nas adverfidades. Sendo Abbadeíía fe2
prudentemente obfervar os preceitos da Re-
gra, valendo-fe para empreza taõ árdua mais
da clemência de Mãy, que da feveridade de
Prelada. Cumulada de mayor copia de virtu-
des que do largo numero de 90. annos que
contava, foy receber o premio delias a 15.
de Agoílo de 1696. Efcreveo.
Memoria/ de aljiumas Keliffofas eminentes
em virtude, que floreceraõ no Convento de Santa
Clara de Livora. M. S. o qual confervava
entre outros muitos com particular eílimaçaô
o doutiíTimo Antiquário Manoel Severim
de Faria Chantre da Cathcdral de Évora,
e Tio materno da Authora.
554
BIB LIO THE CA
c
CAETANO ALBERTO Presby-
tero UlyíTiponenfe fuficientemente
inílruido na Theologia Myftica,
e Moral traduzio da língua Caíle-
Ihana em a materna.
Convento efpiritual, ou e/cola de perfeição Chrif-
taã na qual metaforicamente fe enfina aos que pro-
fejfaõ a vida Keligiofa a doutrina mais importante
aofeu ejlado. Lisboa por Manoel Fernandes da
Coíla Impreflbr do Santo Oííicio. 1737. 8.
Efta obra foy compoíla por huma Reli-
giofa Francifcana do reformado Convento
de Granada, e a cada Capitulo acrecentou
o Traduftor huma explicação muito douta.
Fr. CAETANO DE ALBUQUER-
QUE natural de Lisboa, e filho de Tho-
maz Pereira de Albuquerque, e D. Barbara
Francifca Xavier. Na idade juvenil recebeo
o habito do Doutor Máximo S. Jeronymo
em o Real Convento de Belém onde pro-
feíTou a 13. de Setembro de 1721. De-
pois de frequentar os eíludos de Filofo-
fia, e Theologia em que deu claros indí-
cios do feu talento, naõ foraõ menores os
applaufos que confeguio no miniílerio do
Púlpito como teílemunhaõ as feguintes pro-
duçoens.
Sermão na fefia do Santiffimo Sacramento com
a profiffaõ da Madre Soror Anna Joaquina de Santa
Theref^a pregado no Real Convento da mefma Santa
de Carnide a 26. de Julho de 1728. Lisboa por
Miguel Rodriguez. 173 1. 4.
Sermão Panegyrico do Princepe dos Patriarchas
o Máximo Doutor da Igreja S. Jeronymo pregado
no Keal Mofieiro de Santa Maria de Belém aos
30. dias do me^i de Setembro de 1733. Lisboa na
Officina Auguftiniana. 1734.4.
D. CAETANO DE S. ANTÓNIO na-
tural da Villa marítima de Buarcos na Provín-
cia da Beyra diftante fete legoas da Cidade
de Coimbra. Foy admitido ao Canónico habito
de Santo AgoíHnho no Real Convento de
Santa Cruz cabeça delia illuílre Congregação
nefte Reyno a 26. de Outubro de 1698. Appli-
cou-fe ao eftudo da Botânica, e manipulação
dos medicamentos em que fahio eminente
exercitando o Oííicio de Boticário no Real
Convento de S. Vicente de fora deíla Corte
pelo largo efpaço de vinte annos com grande
credito da fua fciencia atè que falleceo em
o mefmo Convento a 10. de Outubro de 1730.
Para deixar difcipulos da fua Arte compoz,
e imprimio.
Pharmacopea L.ujitana reformada, methodo
praãico de preparar os medicamentos na forma
Galenica, e Chymica. Lisboa no Real Con-
vento de S. Vicente. 171 1. foi. e Coimbra
por Joaõ Antunes. 1714. 4.
Traduzio da lingua Latina em a Portugueza.
Pharmacopea Bateana na qual fe contem quaji
outocentos medicamentos tirados da praãica de Jorge
Bateo Protomedico de Carlos 11. Rej de Inglaterra.
Lisboa na Officina Real Deflandefiana. 171 3. 8.
D. CAETANO BARBOSA chamado no
Século Conílantino. Naceo na Villa de
Redondo da Província Tranílagana, fi-
tuada entre Villa-viçofa, e a Cidade de Évora
a 8. de Fevereiro de 1660. Teve por Pays
a Vicente Barbofa de Carvalho Capitão
Mór de Redondo, e D. Maria de Mira.
Na tenra idade de quinze annos deixando
a pátria recebeo a roupeta de S. Caetano
em a Cafa de N. Senhora da Divina Provi-
dencia deíla Corte onde profeíTou a 18. de
Fevereiro de 1676. Aprendidas em taõ douta
paleílra as letras humanas, e divinas, naõ
fomente eníinou como Meílre aos feus do-
mefticos, mas os governou como Prelado
merecendo faudades dos fubditos pela fua
natural benevolência. Foy hum dos bons
Oradores Evangélicos do feu tempo em
cujos difcurfos competia a fubtileza com a dif-
criçaõ. Para teítemunhar o amor que tinha
à fua Sagrada familia difpendeo para ornato
da Igreja grande copia de dinheiro. Na
Cafa onde naceo para a Religião acabou
a vida em 25. de Janeiro de 1736. quando
contava 76. annos de idade, e 60. de reli-
giofo. Imprimio.
L USITANA.
555
Sermaõ da SoUdadi prígado no Convénio
de Santa Anna. Lisboa por Miguel Mancfcai
1691. 4«
Sermaõ Panej^rico de N. Senhora da Divina
Providencia prijitído em Lisboa na Jua Iff^eja dos
Clérigos Kegulares na Fefia, que lhe fav^ a illujlrij-
Jima Irmandade das V.f cravas da me/ma Senhora
na Segunda Dominga depois da lipifania. Lis-
boa por António Pedrofo Galraõ 1695. 4.
Rhe/orica Ecclejiajlica acttrate, cogitateque exa-
rata Aí. S, 4. Confcrva-fc na Livraria dos
PP. Thcatinos dcíla Cottc como nclla vimos.
Fr. CAETANO DE BELÉM natural do
Porto Rcligiofo profcíTo da Seráfica Provinda
da Immaculada Conceição do Rio de Janeiro.
Teve Igual talento para a Oratória Eccle-
fiaftica, como para a Pocfia aíTim vulgar como
Latina compondo.
lutbyrinto Poético, 6. Emblemas, e dous Epi-
gramas em applaufo de Fr. Fernando de Santo
António Provincial da Provinda da Conceição.
Efta obra M. S. conferva em feu poder Fr.
Apolinário da Conceição Religiofo do mefmo
Inítituto de quem fizemos larga memoria
em feu lugar.
CAETANO DE BRITO DE FIGUEI-
REDO. Naceo em Lisboa, e na Freguezia
da NoíTa Senhora da Encarnação foy bautizado
a 4. de Janeiro de 1671. Foraõ feus Pays Ma-
noel Soares de Brito Efcrivaõ da Fazenda do
Infantado, e D. Anna Maria de Figueiredo.
Depois de ter aprendidos os preceitos da Lati-
nidade, Rhetorica, e Poética em que fahio
muito perito paíTou a Univerfidade de Coim-
bra onde fe applicou ao eftudo do Direito Ce-
fareo no qual recebido o gráo de Bacharel fe
reftituhio à Corte. Com igual fciencia que
inteireza adminiílrou os lugares de Juiz de fora
de Óbidos, e de Sylves, Ouvidor de Faro,
Dezembargador da Relação da Bahia, e ulti-
mamente Vereador do Senado de Lisboa, onde
morreo a 17. de Outubro de 1732. Jaz fepul-
tado na Parochia de N. Senhora do Socorro.
Foy Cavalleiro da Ordem de Chriílo de génio
muito aíFavel, e cortezaõ bom poeta vulgar,
e elegante orador de que foraõ theatros varias
Academias. Compoz.
Diário Panegyrico das Fejlas, que na fa-
mofa Cidade da Bahia fe fii(eraÕ em applaufo
do faujlo, e felix, Natalício do Excellentijftmo Se-
nhor D. Pedro de Noronha gforUifo Primogénito
dos Ibccellintijftmos Senhores Condes d» Villa-
-verde. Lisboa por Miguel Mancfcai ImpreíTor
do Santo Offício, e da SereniíTuna GUa de
Bragança. 171 8. 4.
P. CAETANO DA FONSECA Naceo em
Lisboa a 17. de Novembro de 1694. fendo filho
de Pedro Corrêa da Sylva, e Maria de Santo
António. Ainda naõ tinha completos 1 6. annos
quando em o Noviciado da fua pátria recebeo
a roupeta da Companhia de JESUS a 19. de
Março de 1710. Foy Meftre de letras huma-
nas, e Rhetorica em a Univerfidade de Evoía
onde leu Filofofia, e Thcologia Moral, e anual-
mente he fubílituto de Theologia efpeculativa.
Imprimio.
Sermaõ do CoraçaÕ de JESUS pregado com o
Sacramento expojlo no mefmo CoraçaÕ na fexta
feira im mediata ã Outava do Corpo de Deos i^. de
Julho de ij^S. fazendo no mefmo dia afua profijjad
Sor Rita Faujliniana do Sacramento Religiofa mi-
litar de S. Joaõ Bautijla em a Villa de Eflremos, e
dev^endo juntamente a fua primeira Mi ff a o P. Pe-
dro Joaquim da Cofia irmaõ da mefma Senhora,
Lisboa. 1738. 4. fem nome do ImpreíTor.
D. CAETANO DE GOUVEA. Naceo
no lugar de Riudades termo da Villa de Pare-
des Comarca de Pinhel do Bifpado de Lamego
a 20. de Novembro de 1696. fendo filho de
Manoel de Gouvea Pacheco Capitão mór da
Villa de Paredes, e de fua mulher D. Maria de
Soufa RebeUo. Depois de eíhidar na Univer-
fidade de Coimbra Filofofia hum anno, e
outro Inítituta paífou a efta Corte onde atrahido
do exemplar procedimento, e imiverfal littera-
tura dos Clérigos Regulares Theatinos veftio
a fua Roupeta a 3. de Abril de 1714. e a 7.
do dito mez do anno feguinte profeífou fo-
lemnemente. O agudo talento de que o do-
tara a natureza lhe facilitou comprehender
brevemente as dificuldades Theologicas, e
naõ menos as noticias de huma, e outra
Hiftoria em que fahio taõ doutamente ver-
fado que mereceo fer eleito Qualificador do
Santo Offido, Examinador das Três Or-
dens ^Militares, e Académico da Academia
556
BIBLIO TH E CA
Real Portugue2a em o anno de 1735. para
efcrever as Memorias Ecleíiaílicas do Bif-
pado de Coimbra. Paflbu a Roma em o anno
de 1734. para votar no Capitulo geral da Con-
gregação Theatina, e naquella grande Corte
conciliou as eílimaçoens das peíToas mais
eruditas. Reílituido ao Reyno exercitou
por algum tempo o lugar de Prepofito
em que fora eleito o qual por fer mais amante
do defcanfo que ambiciofo do governo di-
mitio com univerfal fentimento dos feus
fubditos. Os púlpitos mais authorizados
delia Corte faõ os theatros da fua eloquên-
cia fagrada, em cujos difcurfos fe vem unidos
a elegância das palavras com a fubtileza dos
conceitos. Tem publicado.
Fanegyrico fúnebre nas exéquias de/Rej D. Ma-
noel na Santa Caja da Mifericordia a 13. de
Dezembro de ijz^. Lisboa na Ofíicina da
Mulica. 1730. 4.
Sermaõ da Canoni^ai^àÒ de S. JoaÕ Francifco
Kegis da Companhia de JESUS pregado a 10. de
Novembro de 1737. no Keal Collegio de Évora
da me/ma Companhia. Lisboa por António
líidoro da Fonfeca. 1738. 4.
Sermaõ da Canonif^açaõ de S. Joaõ Francifco
Regis pregado a 29. de Setembro de 1737. no dia
ultimo do folemne Outavario, que fe celebrou na
Igreja da Cafa profejja da Companhia de JESUS.
Lisboa na Ofíicina da Muíica, e Sagrada Re-
ligião de Malta 1739. 4- ^ i^i P°^ António
líidoro da Fonfeca 1739. 4*
Praãica com que congratulou a Academia
Keal de eflar eleito feu Collega, recitada no Paço.
Lisboa por Jozé António da Sylva Impreflbr
da Academia 1735. 4.
Elogio fúnebre de Jo^é Contador de Argote
Académico do numero da Academia Real recitado
no Paço a 31. de Março de 1735. Lisboa pelo
dito ImpreíTor, e no mefmo anno 4.
Breve Relação da Santa Cafa do Eoureto com
hum Cathalogo de todas as joyas, pedras preciof as,
peças de ouro, e prata do feu riquijfimo the-
^puro com os nomes de todos os Princepes, e
mais peffoas que as deraõ. Lisboa por Manoel
Fernandes da Coita ImpreíTor do Santo
Ofíicio. 1736. 4.
Elogio fúnebre do P. D. Manoel do Tojal
da Silva C. R. recitado na Academia Real em i^.de
Janeiro de 1739. ^' ^*
InflrucçaÕ, que hum antigo Official deu a feu
filho, quando o mandou ajjentar praça no prefente
anno de 1735. Lisboa na Ofíicina de António
Corrêa Lemos 1735. 4.
Oraçaõ em acçaÕ de Graças pela felicijfima
exaltação ao Throno Pontifício do Santijfimo Padre
Benedião XIV. celebrada na Igreja de Nojfa Senho-
ra do Eoreto da NaçaÕ Italiana de Lisboa Oc-
cidental a 12. de Setembro de 1 740. Lisboa por
António Ifidoro da Fonfeca 1740. 4.
Com o nome do Irmaõ Alberto Gomes
Leigo dos Clérigos Regulares traduzio na
Lingua Portugueza.
Myflerios de nojfa Santa Fé Catholica efcritos
na lingua Caflelhana pelo Doutor Jeronymo Pe-
res, ConfeJJor do Real Convento da Encarnação
de Madrid. Lifboa na Ofíicina da Muíica.
1732. 24.
Com o nome de Luiz de Soufa Rebello
formado na Sagrada Theologia, traduzio de
Italiano em Portuguez
Sermaõ que pregou em dia de Santa Eut^ia, o
Eminentijfimo, e Reverendijfimo Senhor Cardial
Cajfmi na Sala do Palácio Apofiolico diante do
Summo Pontífice Clemente XI. e do Sacro Collegio
dos Cardiaes, e dos Prelados Romanos, em o qual
perfuade a grande obrigação, que tem os Bifpos
de pregar o Evangelho. Lisboa por António
líidoro da Fonfeca 1739. 4.
Relação da fabrica na Igreja de NoJfa Senhora
do Eoreto, para nella fe depofitar o Santijfimo
Sacramento nas Endoenças dejie prefente anno de
1735. mandado fat^er pelo Senhor Paulo Jeronymo
de Medicis, Provedor da mefma Igreja. Coim-
bra 1735. 4. fahio fem o feu nome.
Fr. CAETANO DE S. JOZE' cha-
mado no feculo Caetano de Faria Mau-
riz, naceo em Lisboa a 7. de Agoílo de 1657.
fendo filho de Agoftinho Faria de Mau-
riz, e Serafina de Oliveyra. Aprendeo
as letras humanas com o iníigne Mef-
tre António Fernandes de Barros, de cuja
Efcola fecunda de Varoens eminentes fahio
profundamente inílruido, conhecendo-fe
neíle prologo dos feus eííudos os pro-
greíTos litterarios, que havia fazer nas
Sciencias mayores. Na tenra idade de
quinze annos abraçou o auílero Inílituto
dos Carmelitas Defcalços, profeílando no
L USITANA.
{Convento pátrio de NoíTa Senhora dos Re-
jledios u IO. de Agofto de 1675. Depois de
[«ftudar oaõ fomente a Filoíofia, mas Theo-
logia Eícholaílica, Moral, Pofitiva, e Myílica
I ubio às Guieiras para com a fua rara agudeza,
profunda efpeculaçaõ, e novo methodo illuf-
tiar eílas grandes Faculdades de tal forte,
4fie eftando occulta entre os Clauftros da Re-
ligião a fua fabedoria, rompeo como brilhante
rayo para fcr univcrfalmcntc npplaudida,
naõ fomente dos primeiros Qthcciraticos
lia Univcrfidadc de Coimbra, mas das prin-
cipaes peíToas dcíla Corte, aíTim Hcclcfiaílicas,
como Seculares, procurando na madureza
(lo feu talento, os confelhos mais prudentes
para ferenar as conciencias feguindo como
((.quro Norte as fuás refoluçoens, por ferem
I Ululadas na Theología mais folida, e nos
Textos, e Cânones de hum, e outro Direito,
cm que era profundamente verfado. Naõ
teve menor applaufo pelo minifterio do Púl-
pito, em que teve por Meftre ao grande Vieyra,
imitando com cores taõ vivas efte Oráculo da
eloquência Ecclefiaítíca, que muitas vezes
Ic equivocava a copia com o original; por
cuja caufa he intitulado por Fr. Marçal de
Saõ Joaõ Baptifta m Bib. Script. Carmel. Excalc.
pag. 65. celebris Theologus, celebris (ò* concionator.
Naõ podendo pela feveridade do feu IníUtuto
aceitar miniílerio honorifico, exercitou conf-
t rangido pela obediência os lugares de Quali-
ficador do Santo Oííicio, e Examinador das
Três Ordens Militares, de cuja eleição reful-
tou igual credito à fua peíToa, que utilidade
a eftes dous graviíTimos Tribunaes. Entre
a applicaçaõ dos eíludos feveros, naõ deixou
de cultivar os amenos fendo Poeta Latino, e
Vulgar, com tanta facilidade, e cadencia,
que extemporaneamente vertia em Outavas
Portuguezas as Italianas do Poema da morte
dos Innocentes, compofto por Joaõ Bau-
tiíla Marini, celebre alumno do ParnaíTo.
Na liçaõ da Hiftoria Sagrada, e Profana
toy muito verfado, como em a Geogra-
tia, e na intelligencia das linguas Cafte-
Ihana, Franceza, e Italiana, Todos eftes
dotes fcientificos lhe conciHaraõ a eftima-
çaõ dos noíTos Monarchas, e Princepes,
e a veneração das primeiras peflbas da Je-
rarchia Eccleíiaftica, e Secular, cujas hon-
557
ras nunca fizenõ a menor in^>renaõ no
feu génio fempre auílero, e inimigo jurado
da adulação com que eftranhava, c mui-
tas vezes reprehcndia as acções, que oaò
etaõ reguladas pelos diftamct do Evan-
gelho. Moleíbulo de vários achaques que
fe faziaõ incuráveis pelos annos, fc reti-
rou da Corte pata o Convento de Figueiró,
com o defejo de experimentar alivio nas
fuás queixas, onde vive na proveâa idade
de 85. annos taõ atenuado no corpo, como
vigorofo no efpirito. Publicou
SermaÕ Geneíhliaco, Uuchariflico, e Cratu-
latorio, na menhãa de \^. de Outubro de 1712.
ajfíflindo com ioda a Corte na Capella Keal Sua
Mageftade, e Altev^as, na Jolemne Aeçad de Gradas
pelo nacimento felicijfimo do Serenijfimo Princepe
D. Pedro, de que Deos nos fe^ mercê na madru-
gada do me/mo dia. Lisboa na OfHcina Real
Deflandefiana. 1713. 4. & ibi per Jozé Lopes
Ferreira Impreífor da Sereninima Rainha.
1714. 4.
SermaÕ no Aão publico da Fè, que fe celebrou
na Praça do Rocio defla Corte, em Domingo
14. de Outubro de 1714. Lisboa por Jozé Lo-
pes Ferreira Impreífor da SereniíTima Rainha.
1715. 4.
Cenfura Juper Quaftionem. Utrum Confii-
tutio Urbani VIII. qua incipit, In fpecula,
interdicens Kegularibiis ufum Cruciata quoad re-
fervata, officiat pro nunc, objietque ne bodie Regu-
lares à rejervatis abjolvantur virtute ejufdem
Cruciata. Sahio no Tom. 2. Quaftion. Seleã.
Bulia Cruciata D. La/^ent. Pires de Carvalho
2l pag. 928. até 949.
Parecer fobre a QueJlaÕ fe os DD. Ljegiftas
faÕ capat^es de pojfuirem as Conefias Doutoraes
das Cathedraes, dado em Figueiró dos Vinhos a
25. de Avril de 1738. Sahio no Livro inti-
tulado Fafciculus Sententiarum à Petro de Vil-
las-Boas, e Sampayo. Conimbricse apud Anto-
nium Simões Ferreira 1738. 4. à pag. 54.
até 57.
P. CAETANO JOZE' chamado no
feculo Caetano Jozé de Abreu do Ama-
ral. Naceo na Freguezia de Saõ Juliaõ de
Azurara da Villa de Mangoalde em o Bif-
pado de Vizeu a 7. de Setembro de 1689.
onde teve por Pays a Belchior de Abreu
558
BIBLIO THE C A
do Amaral, e Catharina Lopes Tangere.
laftmido na pátria com os preceitos da
Gramática, paíTou à Univerfidade de Coim-
bra, na qual tendo frequentado por efpaço de
dous annos o eíludo do Direito Pontifício,
recebeo a Roupeta da Companhia de Jefus
em o Noviciado de Coimbra a 19. de Janeiro
de 1707. Por fer muito douto nas letras huma-
nas as diâou nos celebres CoUegios de Évora,
Coimbra, e Lisboa. Por ordem dos Superio-
res foy Perfeito dos Eíhidos no CoUegio da
Ilha Terceira, onde leo Theologia Moral qua-
tro annos, e depois Filofofia em o de San-
tarém. Exercitou com applaufo o minif-
terio de Orador Evangélico nefta Corte,
naõ o merecendo menor fendo Meftre da Ca-
deira de Controveríias em o Collegio de Saõ
Patrício dos Irlandezes, e ultimamente Lente
de Prima de Theologia Moral. A fua grande
capacidade acompanhada de todo o género de
erudição, o fez digno de fer eleito em o anno
de 1739. Académico da Academia Real da
niftoria Portugueza, publicando.
Praãica recitada na Academia Keal da
Hijioria Vortugue^a, em agradecimento à me/ma
Academia pela honra de o eleger Académico do
Numero. Lisboa por Miguel Rodrigues Im-
preíTor do EminentiíTimo Senhor Patriar-
cha 1739. 4*
CAETANO JOZE' DA SYLVA
SOTTO-MAYOR. Naceo na ViUa de Oli-
vença celebre Praça militar em a Província de
Alentejo, e teve por Pays a Gafpar da Sylva
Moniz Doutor na Faculdade de Leys, e Prove-
dor dos Reíiduos, e a D. Ifabel Thereza Sotto-
-mayor Dona da Camera da SereniiTima Rai-
nha Noíía Senhora D. Marianna de Auílria.
Depois de eíiudar os rudimentos Gramaticaes
com Manoel de Abrantes Presbytero de
inculpável vida, e publico Meílre de La-
tinidade nefta Corte paílou à Univerfidade
de Coimbra onde recebeo o gráo de Ba-
charel na faculdade do Direito Pontifício.
Provada a fua fufíciencia a 14. de Abril de
1721. no exame, que fe coítuma fazer em
o Dezembargo do Paço aos Bacharéis, que
haõ de fervir os Lugares da Republica, o
primeiro que teve foy o de Juiz dos Orfaõs
do Termo deíla Cidade, donde paíTou a Juiz
do Crime do Bayrro da Mouraria, que exer-
citou pelo largo tempo de doze annos. Deíle
miniílerio foy promovido a Corregedor do
Bayrro do Rocio de que tomou poíTe a 3. de
Outubro de 1737. havendo-a tomado em
23. de Abril de 1735. de Executor da Sere-
niiTima Caza de Bragança. Pela natural affluen-
cia que teve para a Poefia pareceo, que na-
cera à fombra dos Loureiros do ParnaíTo,
e das Aguas da Hipocrene merecendo,
que os Alumnos da Academia Conimbri-
cenfe o intitulaíTem com a antonomafia de
Camões, como fe foííe emulo na felicidade
do metro deíle Virgílio Portuguez. Sendo
os feus verfos ferios dignos de grande
eftimaçaõ, naõ fomente pela fuavidade
das vozes, mas pela delicadefa dos con-
ceitos, naõ mereciaõ menor applaufo os
jocofos em que competia a agudeza com
a mordacidade. Soube com perfeição a
lingua Caftelhana, e da Italiana teve baf-
tante intelligencia, de que deo claros ar-
gumentos na traducçaõ que fez de algu-
mas Operas de Pedro Metaílafio. Foy
hum dos primeiros cincoenta Académicos
da Academia Real da Hiíloria Portugueza,
a cuja pena foraõ commettidas as Memo-
rias Ecclefiafticas do Bifpado de Leiria. In-
fermando de huma febre catarral, que fe
fez rebelde às operaçoens da Medicina,
recebidos os Sacramentos com fumma pie-
dade morreo em Lisboa a 18. de Agoílo de
1739. e foy fepultado na Igreja do Convento
dos Religiofos Capuchos de Santo António.
Compoz.
Cathalogo dos Bifpos de Leiria. Sahio
no Tom. 2. das ColleçÕes dos Docum. da Acaâ.
Keal. Lisboa por Pafchoal da Sylva Im-
preílor de Sua Mageílade, e da Acad. Real.
1722. foi.
Conta dos feus ejludos Académicos no Paço
a 22. de Outubro de 1724. Sahio no Tom. 4. p
da Collec. dos Docum. da Acad. Keal. Lisboa '
pelo dito Impreííor 1724. foi.
Conta dos feus ejludos Académicos no Paço <
a 22. de Outubro de 1726. Sahio no Tom. 6. da I
Collec. dos Docum. da Acad. Keal. Lisboa
por Jozé António da Sylva. 1726. foi.
Conta dos feus ejiudos Académicos no
Paço a 22. de Outubro de 1730. Sahio no
L USITANA.
559
ÍJom. 10. da Collec. dos Doeum. da Acad. KtaJ,
lisboft pelo dito ImprcíTor. 1730. foi.
Epicedios na morte da Serenijfima Senhra
a Senhora D. hrancifca Infanta de Portii-
Hfll. Lisboa por Miguel Rodrigues Im-
prcíroc do Senhor Patriarcha. 1756. 4. G>nfta
<le huma Sylva, e dous Sonetos, e humas
líndechas EndecaíTyllabas.
Sylva PortuffétT^a, e hum Romance afer reeleita
Ibhadefa de Santa Clara de ÍJsboa a Madre
I). Margarida Bautifla. Lisboa por Jozé An-
tónio da Sylva. 1736. 4.
Glorias de Erice Epithalamio no felicijjimo
Ca/amento dos Senhores D. Vrancijco Xavier
If Mene!(es 6. Conde da Ericeira, e D. Maria
]o7(i da Graça, e Noronha filha dos llluflrijftmos,
• Excelkntijfimos Senhores Marquet^es de Cafcaes.
I .isboa por António Ifidoro da Fonfcca.
1740. 4. Obra poílhuma.
Panegírico fúnebre do Doutor Alexandre
Verreira Deputado da Me^a da Conciencia, e
Académico do numero da Academia Keal recitado
no Paço, M. S.
Panegyrico fúnebre de JoaÕ Couceiro de Aureu,
Caftro, Guarda môr da Torre do Tombo, e Aca-
wmico do numero da Academia Keal, recitado
m mefma Academia, M. S.
CAETANO MALDONADO DA GAMA
Vcjafe D. JERONYMO CONTADOR DE
ARGOTE
Fr. CAETANO ROQUETE filho do
Capitão JoaÕ Roquete da Sylva, e D. Vi-
toria de Jefus naceo na Villa de S. Mar-
tinho em os Coutos de Alcobaça do Pa-
triarchado de Lisboa. Sendo de idade
muito tenra entrou na Religião do Carmo,
onde recebendo o habito a 30. de Mayo
de 1719. profeflbu a 9. de Junho de 1720.
Concluidos os eftudos efcholaíUcos veyo
por Conventual do Carmo de Lisboa no
qual naõ fomente foy fubprior três annos,
mas Melbre das Ceremonias. He Con-
Xultor da Bulia da Crufada. Imprimio.
Oração na Tresladaçaõ dos Ojfos, que fe
/<K^ em 29. de Novembro de 1734. na Paro-
tbial Igreja de S. Paulo dejia Cidade de Lis-
í hoa. Lisboa na Oílicina da Mufica. 1739. 4.
Fr. CAETANO XAVIER natural de
Lisboa filho de Jozè Pinheiro Mariz, e
D. Anna Maria Jozé da Cunha. Aprendi-
das as letras humanas dezejofo de fe illuf-
trar com as Sagradas entrou no Real Convento
de Belém onde proícíTou o Inftituto de S. Je-
ronymo a 20. de Agoílo de 171 7. Applicou-(e
ao edudo das Cerimonias Ecdefiaílicas» e he
MeAre delias no Real Convento de Belém.
Como taõ douto neíle género de eíVudo deter-
mina publicar.
Ceremonial de Belém.
Hm cuja obra fundado nos melhores
Authores emenda muitos abufos que eílaõ
introduzidos em os Ritos Ecclefíaílicos.
CARLOS FERREYRA natural de Lis-
boa traduzio de Caftelhano em Portuguez.
Hifloria da Dont^ella Theodora. Lisboa
por Pedro Ferreira ImpreíTor da SeremíTuna
Rainha 1735. 4.
Fr. CARLOS DE S. FRANQSCO cha-
mado no Século Francifco Oforio de Almada
naceu em Lisboa fendo filho do Dezembar-
gador Francifco Cabral de Almada, e de Chrif-
tina de Almeyda. Depois de eftar inílruido
na Grammatica Latina entrou na Religião de
S. Jeronymo, cujo Inílituto profeíTou no
Real Convento de Santa Maria de Belém a
26. de Setembro de 1666. Foy Religiofo
muito obfervante, e taõ amante do Coro,
como inimigo do governo, exercitando fo-
mente o lugar de Procurador geral, e Vifitador
da fua Congregação. Morreo a 4. de Março
de 1727. Imprimio.
Sermão da PayxàÕ pregado no Keal Con-
vento de Belém. Lisboa por Domingos Car-
neiro. 1679. 4- ^ Coimbra por Joaõ Antu-
nes. 1692. 4.
Sermão da exhortaçaõ à penitencia no Keal
Convento de Belém na fegunda fexta feira à tarde
de Quarefma no anno de 1684. Lisboa por Joaõ
Galraõ 1686. 4.
Fr. CARLOS DE LISBOA cujo ap-
pellido indica a pátria onde naceo para o
mundo, renacendo para Deos em a Mona-
chal Familia CiJftercienfe cujo habito re-
56o
BIBLIO THECA
cebeo, e profeíTou em o Real Convento de
Santa Maria de Alcobaça. Compoz.
Cajlello ejpiritual, em que explica em 199.
Capítulos o Evangelho Intravit JESUS in
quoddam Caftellum com reflexoens doutas, e
piedofas. O original M. S. em folha fe con-
ferva na Bibliotheca do dito Convento.
Fr. CARLOS DE MELLO natural da
Villa de Soure íituada entre as Cidades de
Leyria, e Coimbra da Província da Extre-
madura. Foraõ feus Pays Pedro de Brito
de Attayde, e D. Maria da Sylva, e Mello,
dos quaes naõ fomente foy herdeiro de fua
qualificada nobreza, mas da piedade Chriílaã
com que vigilantemente o educarão, de que
felizmente fe feguio deixar o mundo, e veílir
o habito de Eremita Auguítiniano em o Con-
vento de N. Senhora da Graça de Lisboa
profeíTando a 7. de Março de 1685. Pela liçaõ
da Sagrada Theologia com que inflruyo aos
feus domeílicos, foy Prefentado nefta Facul-
dade como também Prior do Convento de
N. Senhora da Penha de França onde morreo
a 5. de Dezembro de 1732. Imprimio.
Águia na penha renovada nas memorias de
feus principias achadas na Uvraria da mejma
Senhora da Venha de frança, Lisboa por Valen-
tim da Coíla Deflandes ImpreíTor de Sua
Mageílade 1707. 8.
Fr. CARLOS DA MOTTA natural de
Lisboa, filho de Gonçalo da Sylva, e Helena
da Motta. Foy femelhante ao precedente
affim no habito eremitico que profeíTou no
Convento da Graça deíla Corte, como na
fciencia Theologica em que foy infigne Mef-
tre. Cultivou com felicidade a Arte Poética
compondo na lingua Latina, e materna mui-
tas Poefias fendo as mais celebres.
In ohitum immaturum Serenijftmi Joannis IV.
Ijufitanorum Kegis epicedium. Poema heróico.
M. S.
Saudades de D. Ignes de Caftro. Outa-
vas. M. S.
Morreo no Convento de Santarém a
20. de Janeiro de 1670.
D. CARLOS DE NORONHA Na-
ceo em Lisboa, e foraõ feus progenitores
D. António de Menezes que morreo va
rofamente na infeliz batalha de Alcácer,
D. Joanna de Caftro filha de D. Jeronyr
de Caftro Senhor do Paul de Boquilol
Na primeira idade deu claros argument
do grande engenho, que tinha para as
trás às quaes fe applicou em a Univerfidade
de Coimbra eftudando Direito Cefareo em
que fahio eminente. Depois de exerci-
tar com grande zelo o lugar de Depu-
tado da Meza da Conciencia, e Ordens paf-
fou a fer Prefidente defte Tribunal, onde
defendeo acerrimamente com a vóz, e com
a penna a jurifdicçaõ, e izençaõ das Ordens
Militares. Foy Cavalleiro da Ordem de
Aviz, Commendador de Marvaõ, e hum
dos quarenta Acclamadores da Liberdade
Portugueza em o faufto anno de 1640. Q-
fou duas vezes; a primeira com D. Maria
de Vilhena filha de Nuno da Cunha, e D. Leo-
nor de Soufa de Refoyos de quem naõ
teve defcendencia. A fegunda com D. Antó-
nia de Menezes, filha de D. Miguel de Menezes
primeiro Duque de Caminha, da qual teve a D.
Miguel Luiz de Menezes primeiro Conde de
Valladares, titulo que deu ElRey D. Pedro II.
no anno de 1702. por concerto da acçaõ que
tinha à grande Cafa de Villa-Real. Morreo na
pátria em o anno de 1645. Joaõ Soares de
Brito in Theat. L,ujit. JLiffer. lit. C. n. 2. o inti-
tula Egregius Juri/con/uUus Manoel de Far. e
Souf. Cathal. Keal de E/p. foi. 94. v.o Perfona m
quien rejplandecen gran noble:(a, prudência heredada
de Jus progenitores. O P. D. Ant. Caetan. de
Souf. Hift. Geneal. da Cafa Keal Vortug. Tom. 2.
liv. 3. cap. 8. pag. 521. Por ordem de Filippe
III. quando celebrou Capitulo Geral da Ordem
Militar de Aviz na Igreja de Santa Maria da
Graça da Villa de Setúbal a 2. de Outubro de
1619. reduzio D. Carlos de Noronha a melhor
methodo, e publicou como fe colhe do Pro-
logo.
Conjlituiçoens da Ordem Militar de S. Bento de
Avis. Lisboa por Jorge Rodriguez 163 1. foi.
Allegaçaõ de direito em favor da jurif-
dicçaõ, e exempçaõ das Ordens Militares,
e Cavalleiros delias. Lisboa pelo dito ImpreíTor
1641. foi.
Na Dedicatória a ElRey D. Joaõ o IV.
diz que compuzera, e imprimira outros
L USITANA.
56 1
papeis em deíenfa dat Ordens Milita-
res.
AlltgafaÕ de Direito em que mojirava qual
era o que lhe afftfiia para herdar o Mar queimado
de Villa-Keal AU S. foi.
D. CARLOS DE NORONHA DH ME-
NESES Neto do precedente fegundo Conde de
Valladares Gcntilhomem da Camará dcIRey
D. Joaõ o V. Commendador das Commcndas
de S. Joaõ da Caftanheira, S. Juliaõ de Monte
negro, Santa Maria de Viadc, e Santa Maria de
Locorcs cm a Ordem de Chrifto naceo cm Lis-
boa a 8. de Janeiro de i6j8. e foy filho de D.
Miguel Luiz de Menezes primeiro Conde de
Valladares, e de D. Magdalcna de T^ncaftrc,
c Abranches, filha herdeira de D. Álvaro de
Abranches da Camará, Confclhciro de Eftado
Governador das Armas da Província do
Minho, c Beira, e de D. Maria de Lencaftrc
filha de D. Joaõ Lobo fexto Baraõ de Alvito.
Na puerícia moílrou igual propenfaõ para as
virtudes, que para as fciencias principalmente
aquellas que faõ mais próprias de hum Cava-
Ihero, fendo muito verfado na liçaõ da Hiftoria
profana. Geografia, e Poética, cuja Arte feliz-
mente cultivou quando foy Prefidente da cele-
bre Academia dos Genero/os. Teve grande
piedade para com Deos, natural affabilidade
para todo o género de peflbas, exceíTiva comi-
feraçaõ para os pobres. Morreo em Lisboa a
8. de Fevereiro de 175 1. e jaz fepultado no
Cruzeiro da Igreja de S. Francifco defta Corte,
de cuja Ordem Terceira tinha fido Miniíbo
muito zelofo. Foy calado com fua Prima com
Irmaã D. Maria de Lencaftre, filha de Luiz da
Cunha Senhor de Povolide, e de D. Guiomar
de Lencaftre, de quem teve à D. Miguel Luiz de
Menezes 3. Conde de Valladares, e três filhas.
Das muitas obras poéticas que compoz
fomente publicou.
Romance muito largo aos annos de ElRey
D. Joaõ o V. fem nome do Author, e fem
lugar da impreíTaõ. foi.
D. CATHARINA Infanta de Portugal filha
dos SereniíTimos Monarchas D. Duarte, e D.
Leonor, neta DelRey D. Joaõ o I. Irmaã de D.
iVíFonfo V. e Tia de D. Joaõ o II. naceo em Lis-
boa a 25. de Novembro de 1436. Naõ fatisfeita
a natureza de lhe dar taõ foberano berço a
ornou de todos aquelles inúgoet dotes,
que raramente fc vem unidos como foiaõ £er-
mofura, modeília, engenho fublime, difcdçaõ
aguda, e liberalidade gcnerofa. DeCejando íua
M2y, que foííe educada com doutrina virtuoía
lhe deíUnou por Aya a D. Violante Nogueiía
irm2a do ArcebiTpo de Lisboa D. Aífonío No"
gueira, que depois foy Commendadeira do
Real Convento de Santos, e por Meftre, e
ConfeíTor a D. Jorge da Coda, que deíles hono-
ríficos miniílcríos fez degráos para fubir a
dignidade Cardinalícia, e ao grande numero de
Prelafias, c rendas licclcfiafticas, que poíTuio.
Do nugiílerio de taõ famofo homem fahio a
Infanta naõ fomente inílruida no idioma
Latíno, mas em todas as fciencias próprias do
feu fcxo, e naci mento. Na idade de quinze
annos, acompanhou montada a cavallo ( cujas
rédeas levava o Infante D. Henrique feu
Tio) a fua Irmãa a EmpcratrÍ2 D. Leonor,
quando cm 20. de Outubro de 145 1. foy à
Cathedral de Lisboa com toda a Corte Por-
tugueza donde partío a embarcarfc em hiuna
foberba Armada, que a conduzio a Liorne, c
nas portas da Cidade de Sena foy congratu-
lada por feu Augufto Efpofo o Emperador
Federíco III. Como no real animo da Infanta
fe admiraíTem as virtudes com exceflb aos
annos, foy pertendida para Efpofa por diverfos
Princepes, fendo entre elles o mais empenhado
D. Carlos Princepe de Navarra feu Prímo
com Irmaõ, filho de D. Joaõ o II. Rey de
Aragaõ, e Navarra, e de fua primeira mulher
a Rainha D. Branca filha de Carlos IH. Rey de
Navarra, porém naõ teve effeito efte confordo
pela intempeíliva celeridade, com que a morre
arrebatou ao Princepe, cujo infaufto fucceíTo
penetrou taõ altamente o coração da Infanta,
que julgando por caducas todas as glorias do
mundo fe retirou para o Convento de Santa
Clara, onde fe exercitava em aftos reli-
giofos naõ querendo admitir aquellas ve-
nerações, que a vaidade enfinou tributar
às PeíToas Soberanas. Por eftar deílinada
para conforte de thalamo mais fublime fe
defvaneceo o fegimdo Cazamento intenta-
do com Duarte IV. Rey de Inglaterra,
pois ao tempo que fe tratava, adoeceo a
Infanta de hum agudo pleurís, e conhe-
cendo fer chegado o termo da fua vida fe
41
502
BIB LIOTHE C A
preparou com aftos de Fé, piedade, e reíi-
gnaçaõ na vontade Divina, e recebidos os
Sacramentos efpirou placidamente a 17. de
Junho de 1463. deixando taõ illuftre fama
das fuás virtudes, que Fr. António de Silis
nas Chron. da Teu. Ordem Tom. 2. pag. 47.
a intitula com o nome de Bemaventurada.
Foy fepultada na Capella de N. Senhora da
AíTumpçaõ fituada no Convento de Santo
Eloy deita Corte de Cónegos Seculares do
Evangeliíla, em hum Maufoléo, que lhe
mandou levantar o Cardial D. Jorge da Cofta
feu Teftamenteiro, em o qual eftava gravada
efta infcripçaõ.
Aqui jás a Infanta D. Catharina Filha
de/Rej D. Duarte, e da Rainha D. Leonor,
Neta De/Rey D. JoaÕ o I. Irmãa delRey
D. Affonfo V. Tia DelRej D. Joaõ o 11.
a qual eftando Efpofada com Carlos Prin-
cepe de Navarra, e Aragão, e com Duarte
IV. Rej de Inglaterra fem fe effeituar algum
dos Casamentos falleceo de z-j. annos fejla
feira a ij. de Junho de 146^.
Com a nova reedificaçaõ defte Tem-
plo antes que fe transferiíTe a Sepultura foy
aberta a 17. de Dezembro de 1695. e nel-
la foy achado o cadáver da Infanta refo-
luto.
Sendo muito erudita na Lingua Latina,
e outras Sciencias, compoz diverfas Obras
de que fomente fahio à luz publica, a Tra-
ducçaõ que fez na lingua materna do Tratado
de Difciplina Monajlica, compofto por S.
Lourenço Juftiniano, e fe publicou com efte
Titulo:
Regra, e perfeição da converfaçaõ dos Mon-
ges. Ho qual Livro foj copilado per ho Reverendo
Senhor Lourenço Jufiiniano primeiro Patriar-
cha de Veneza, que foy dos primeiros Fun-
dadores da Congregação de Saõ Jorge em Alga.
No fim tem eílas palavras. Vqy imprimida
a prefente Obra, em ho infigne Moefleyro de
Sanãa Cru^, da muj nobre, e fempre leal
Cidade de Coimbra. Por Germã Galharde.
Em o ano de NoJJo Senhor Jefu Chriflo mil
e quinhètos e trinta, e huú a XXVIII. dias
de Abril. foi.
Na primeira folha defta tradução, fe
lem as palavras feguintes, que aqui tranf-
creveremos com a mefma Orthografia, e
pontuação com que eílaõ impreíTas: Nam
he pequena a obrigaçam de Louvor, que teem
os pret^entes, e futuros aos defuncios Scriptores.
Os quáes antepoendo ho proveito comum ao próprio :
guarnecidos de Feè: Efperança. e Caridade,
perdido ho cuidado de ft, martjrit^ando fuás
carnes, confumindo fuás vidas com continuo
efludo, e occupaçam de fpirito: foomente fe
contentarem por refrigério de feus trabalhos:
com o fruão que delles a nós avia de fer taÕ
proveitofo. Em numero dos quaes foy ho glo-
riofo Jufiiniano Author da obra prefente
que aos monges, e folitarios defcobrio tam
geitofo caminho: para apr aferem a feu Criador:
Remidor, e Glorificador. E nom menos digna de
louvor he a Senhora Iffante Dona Catherina
irmàa delRej dom Afofo ho V. a qual tanto
refplandeceo em feu tempo em virtude, e fabidoria:
que efquecida dos cuidados das outras fêmeas
fe affirma aver tirado ho veeo a ejla obra:
para que pudeffe fer cobiçada dos Simplices,
e fem trabalho entendida dos doãos tornandoa
de Latim em noffo Portugue^: e dandoa em
offerta aos religiofos de Santo Eloy: onde o
feu corpo he fepultado. E fabendo ho Padre dom
Dionifio Prior crajiéro do moejleiro de Santa Cru:^
de Coymbra: por ho Senhor Ifante dom Anri-
que, que tanto thefouro, e tam neceffario a às almas
dos devotos: eflava ajjy encerrado, e ignoto
por falta da imprefjam ( com confelho do
Convento ) o mandou correger, e emprimir em
ho quarto anno de fua reformaçam. A agloria,
e louvor de noffo Senhor Jefu Chriflo que com
ho Padre, e Efpirito Sanão: vive e regna
em ho Segre dos Segres. Amen. Eíle Prior era
D. Dionifio de Moraes primeiro Prior de
Santa Cruz depois da Reforma eleito a 17.
de Fevereiro de 1530.
Fazem memoria defta illuftre Infanta
Damiaõ de Góes Chron. do Princep. D.
Joaõ cap. 17. Pedro de Maris Dial. de Va-
ria Hifl. Dial. 4. cap. 3. Duart. Nunes de
Leaõ Chron. delRey D. Duart. cap. 19. D.
Rodrig. da Cunha Hif. Ecclef. de Brag.
Part. 2. cap. 64. §.4. 5. e 6. Manoel de Far.
e Souf. Europ. Portug. Tom. 2. Part. 3.
cap. 2. e no Epit. das Hifl. Portug. Part.
3. cap. 12. Franc. de Sant. Mar. Ceo Aberto
na Terra liv. i. cap. 42. e liv. 2. cap. 22.
Cardof. Agiol. Lufit. Tom. 3. pag. 718. e
LUSITANA.
563
no Commcnt. de 17. de Junho letr. F. Ni-
col. Ant. Bih. Vtf. Hi/pan, Tom. 2. lib.
10. §. 505. Fr. Luiz dos Anjos Jardim de
Portug. cap. 10 1. Barbofa Catbal. Crono-
/og. das Kaynb. de Portug. pag. 555. SouTa
Hifl. Ceneai. da Cafa Ktal Portug. Tom.
2. liv. 5. cap. 10. Froes Pcrym Theat. He-
roin. Tom. 1. pag. 250.
D. CATHERINA Duquc2a de Bragança
nncco cm Lisboa a 1 8. de Janeiro de 1 540. e foy
bautizada em o Palácio de feus auguílos proge-
nitores o Infante D. Duarte Duque de Gui-
maracns, e a Infanta D. Izabel filha de D. Jay-
mc único do nome, e quarto Duque de Bra-
gança, e de fua primeira mulher D. Leonor
de Mendoça, fendo Padrinhos feus Tios os
ScreniíTimos Infantes D. Luiz, D. Henrique,
e D. Maria. Foy ornada daquellas virtudes,
que conflituem huma Heroina, e inílruida cm
todas as artes dignas do feu alto nacimento,
c muito fuperiores ao fexo feminino. Com
profunda politica diffimulou a violência com
que fora privada da Coroa Portugueza fendo
taõ inflexivel às repetidas perfuafoès do Cardial
D. Henrique para que cedeíTe do feu Direito,
como às cavillofas inílancias com que Filippe
Prudente a convidava com o thalamo para
lhe ufurpar o trono. Defpo20u-fe com D.
Joaõ o L do nome, e fexto Duque de Bra-
gança a 8. de Dezembro de 1563. de cujo con-
forcio naceraõ D. Theodofio fegundo do
nome, e fetimo Duque de Bragança, D.
Duarte, D. Alexandre Arcebifpo de Évora, e
Inquifidor Geral, D. Filippe, D. Maria, D.
Seraíina que cafou com o Duque de Efcalona,
D. Cherubina, D. Maria, D. Angélica, e D. Iza-
bel, aos quaes educou com a pradHca das virtu-
des, noticia das linguas Latina, e Grega, e as
fciencias da Aftronomia, e Mathematica em
que era iníigne como teftiíicaõ Chriílovaõ da
Coíla Trat. en loor delas Miiger. foi. 98. §. Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. z. pag. 341. col. 2. e
Petr. Paul. Riber. Delle glorie immortali d* tri-
onfi, et heroiche imprefe de Donne illujlri
lib. 13. art. 375. Em Villaviçofa Solar defta
Sereniffima Cafa paíTou defta vida caduca
à eterna a 15. de Novembro de 16 14. quando
contava 74. annos de idade, e muitos Sé-
culos de acçoens virtuofas fendo as prin-
típaes a inílituiçaõ do morgado para do feu
rendimento fe ornar com todo o género de
pedras precíofas hunu Cruz em que fe con-
ferva huma grande parte daquclla em que
Chriílo confummou a redeii^>çaÕ do mun-
do, e a fundação do Convento dos Reli-
gíofos Carmelitas Defcalços na Villa de Al-
ter do Chaõ, onde eternizou a fua devota
piedade para com a Seráfica Madre Santa
Thereza. Jaz fepultada no Seráfico Con-
vento das Chagas de Villaviçofa. Efcreveo.
Diverfos papeis em que defendia o Direito
que tinha à Coroa de Portugfll. M. S.
Dos quaes faz memoria o Theat. Heroin.
Tom. I. pag. 285. e das fuás acçoens Fr. Bel-
chior de Santa Anna Chronic. de Carm. Defcalç.
da Prov. de Portug. liv. 2. cap. 23. dizendo em
quem os dons da Graça, :(elo da Fé, culto da KeligiaÕ,
e excellencia de todas as virtudes verdadeiramente
Keaes fe aventa] avaõ muito à realeza do Sangfu, à
potencia do afiado, e a todas cu mais grande:(as, que
nella ajuntara a nature:(a. Fonfec. Evor. Gloriof.
pag. 1 54. tf quem as virtudes deraô no Ceo o Keyno,
que a injujliça lhe tirou na terra. Monfort.
Chron. da Prov. da Pied. liv. 4. cap. 42. §. 4.
Moreir. Theatr. Geneal. dela Caf de Souf.
pag. 751. e 752. Scevol. et Lou. de Sainâ.
Marth. Hifi. Geneal. dela Mais. de ¥ranc. liv. 2.
liv. 44. cap. 6. Souf. Hifl. Geneal. da Caf,
Real Portug. Tom. 3. liv. 4. cap. 11.
Sor. CATHERINA DE CHRISTO Naceo
na Cidade de Angra Capital da Ilha Terceira,
fendo filha de Vital de Bentacurt Fidalgo
da Cafa Real, e Cavalleiro da Ordem de Chrifto,
e de fua terceira mulher D. Izabel Pacheco
filha de Francifco Fernandes Redovalho Pro-
vedor da Fazenda Real na mefma Ilha. Para
fazer mais nobre o nacimento que lhe dera a
natureza fe defpozou com o divino Cordeiro
no Seráfico Convento de S. Gonçalo íituado
na fua Pátria onde foy exemplar de todas as
virtudes. Teve natural génio para a Poeíia
que fempre dedicou a aíTumptos Sagrados, e
devotos. Efcreveo.
Carta a Infanta D. Isabel gratifican-
dolhe o querer occupalla no feu Keal ferviço. M. S.
He muito difcreta.
Conte mplaçoens efpirituaes. M. S. Obra
Poética.
5Ó4
BIBLIOTHE CA
D. CATHERINA DAMASIA BORGES
TEYXEIRA. Naceo em Lisboa a ii. Dezem-
bro de 17 14. e teve por Pays a Joaõ Pereira
Alvares, e Arina Maria Borges Teixeira def-
cendentes das familias mais nobres de Villa
Real fua Pátria. Sendo cazada com Manoel
António da Sylva Cirurgião mór da Praça
de Mazagaõ naõ lhe fervio o eftado conjugal
de impedimento para fe applicar ao eíludo
da Poeíia vulgar, que continuou defde os pri-
meiros annos produzindo a fua Mufa varias
obras em diverfos metros dos quaes fomente
tem vifto a luz publica.
'Komance heróico em applaufo do Reverendo
Doutor Theodojio de Santa Martha Cónego Secu-
lar do Evangelijia quando fqy eleito Geral da fua
Congregação, foi. 1737. Naõ tem lugar, nem
nome do impreflbr.
A!morte da Illujlrijfima e 'Excellentijfima
Senhora Marque/a de Marialva. Soneto 4. fem
lugar, anno, nem nome do ImpreíTor.
Lahjrinto Cubico aos annos do IlluJlriJJimo
Senhor Jofeph António de Sou/a Coutinho Dignif-
fimo Correyo mór do Rejno de Portugal, foi.
por António líidoro da Fonfeca 1740. foi.
SOR CATHERINA DO SALVADOR
natural de Villaviçofa, filha de António Dias
Couteiro mór da Sereniífima Cafa de Bragança,
e de D. Francifca de Almada. Nos primeiros
annos em que reyna a innocencia começou a
caftigar feveramente o corpo, como fe fora reo
de enormes deliftos. Refoluta a continuar
com mayor exceíTo as afperas mortificaçoens
de que era artífice o feu efpirito fe recolheo
no Seráfico Convento da Efperança fituado na
fua Pátria, a 12. de Fevereiro de 16 14. em
cuja virtuofa paleftra fervio de exemplar,
e aílombro a todas fuás companheiras. Ainda
que moleftada de contínuos achaques
nunca ceifava de orar mental, ou vocal-
mente fendo eílas as armas com que por di-
verfas vefes triunfou das aílucias do demó-
nio. Cumulada de infignes virtudes depois
de receber com ardente piedade os Sacra-
mentos proferindo as palavras do Pfalmo: 4.
in pace in id ipfum dormiam, et requiefcam
paíTou ao defcanfo eterno a 4. de Março
de 1621. quando eftava na florente idade
de 24. annos. Compoz
Oração com que gratificava a Deos os bene-
fícios que da fua liberal maõ tinha recebido. Sahio
impreífa no Tom. 2. do Agiol. 'Lufit. pag. 47.
onde Jorge Cardofo faz mais larga memoria
da Authora deíla obra.
SOR CEQLIA DO ESPIRITO SANTO.
Ainda contava poucos annos de idade, e
muitos de defengano quando deixou a Lisboa
fua Pátria, e a amável companhia de feus Pays
Domingos Antunes, e Maria Lopes de Bitan-
curt para receber o habito Seráfico no Con-
vento das Chagas de Villaviçofa o qual pro-
feíTou a 2. de Janeiro de 1652. Praticou com
fumma obfervancia todas as virtudes que
conflituem huma perfeita Religiofa pelas
quaes foy lograr o premio eterno a 30. de
Janeiro de 1727. Foy muito inclinada à Poefia
compondo alguns verfos em que era mayor o
aíFefto da devoção, que a elegância do eftilo,
dos quaes publicou.
Colloquios com Chrifio Crucificado, de
hum peccador arrependido. Lisboa por Mi-
guel Manefcal Impreííor do Santo Officio
1688. 4. He hum Romance muito extenfo.
SOR CECÍLIA DA NATIVIDADE.
Naceo em Valladolid em o anno de 1570.
filha de António Sobrinho Portuguez, e natu-
ral de Bragança, e da celebre matrona Cedlia
de Morillas, e naõ Maria como fe efcreve no
Theatr. Heroin. das Mulher. Illujl. Tom. i.
pag. 285. e irmaã de Fr. António Sobrinho
de quem em feu lugar fe fez mençaõ. Logo
na infância moílrou inclinação à virtude, que
illuftrada com os dotes da fermofura, e dif-
criçaõ lhe conciliarão as atençoens dos dous
mais nobres fentidos. Por morte de fua Mãy
fucedida a 31. de Outubro de 15 81. de quem
aprendera os primeiros rudimentos da
Grammatica fe applicou com grande dif-
velo a eíhidar os preceitos da Rhetorica,
e penetrar as dificuldades da Filofofia, e
querendo fantificar o feu eíhido começou
a revolver a fagrada Biblia, em cuja liçaõ
fe lhe inflamou de tal forte o coração que
defprezando as delicias com que o mundo
a convidava recebeo o habito de Carmelita
Defcalça no Convento da fua pátria em
o anno de 1589. fervindo-lhe de exemplar
L USITANA.
565
Ur
para cfte deTengftno Tua Irmai Soror Maria de
Santo Alberto, que no mefmo Qauftro fe dif-
lin^^uia entre as outras Religiofas. Tanto
([uc fc vio agregada a taõ venerável Q>mmu-
niciade começou a praticar as virtudes com tal
cxceíTo, que muitas vezes mereceo alcançar
extática os mais recônditos myfterios da Theo-
loi.ui myílica. G>nrefvou taõ pura, e inno-
ccntc a fua conciencia que por ateíbçaõ do
leu G^nfeíTor nunca a manchou com peccado
venial commetido com plena advertência.
A taõ fantificada vida correfpondeo femelhante
morte que a transfcrio à eternidade glorioía
,1 7. de Abril de 1646. quando contava 76. de
idade. Deixou muitas obras cheyas de fa-
!'r;ula doutrina, e erudição, que teftemu-
nhiiò a fciencia com que fuperiormente fora
uftrado o feu cfpirito as quaes fe confervaõ no
nvento donde profeíTou, fendo a principal.
Canfoens divididas em 18. Ef tacões em
que Je defcreve a myjlica uniaõ, e amoroja identi-
dade da Alma com Deos pela Fé, e Charidade.
M. S.
O Author do Theatr. Heroin. jà alle-
gado efcreve, que efta ferva de Deos de-
pois de Religiofa tomara o apellido do E/pi-
rito Santo, quando Nicoláo António in
\Mh. Hifpan. Tom. 2. pag. 345. a intitula
com o da Natividade , cuja aíTeveração por fer de
Author de taõ grande authoridade feguimos,
principalmente em noticia pertencente à fua
Pátria.
D. CELESTINO SEGUINEAU, cha-
mado no feculo António Luiz, naceo em
Baçaim Cidade da índia Oriental, íituada
no Reyno de Decan a 7. de Mayo de 1675.
fendo filho de Joaõ Seguineau de naçaõ
Francez, e por profiíTaõ Medico, cuja arte
exercitou, quando foy eleito Phyfico mór
em a Cidade de Goa, com grande applaufo
da fua fciencia, e de D. Leonor Tenreira
natural da Gdade de Columbo Capital da Ilha
de Ceylaõ filha de Pays Portuguezes, como
expreíTou o mefmo D. Celeftino neíles dous
elegantes verfos:
Índia me gemnt, dedif inclyta Gallia Pa-
trem
Ma trem Taprobane Ijijorum Janguine creiam.
AíTiílindo pelo efpaço de alguns annos
com feus Pays em Goa paíTou em fua
companhia a eíU Corte, onde quando con-
tava 16. annos de idade profeíTou o Inf-
tituto dos Qerigos Regulares Theatinos
a 27. de Mayo de 1691. Tendo enfinado
aos feus domefticos Filofofía, e Theo-
logia, foy Meftre dos Senhores D. Mi-
guel, e D. Jozé Filhos naturaes da Se-
reniíTima Mageftade de D. Pedro IL aos
quaes inílruhio aíTim nas letras Humanas»
como nas fubtilezas Filofoficas. Exercitou
pelo efpaço de féis annos o lugar de Mef-
tre dos Noviços, e por três o de Propofi-
to, em cujos minifterios moílroo a capa-
cidade do feu talento, merecendo por ella
fer eleito Examinador das Três Ordens
Militares. He muito perito na intelligenda
da lingua Latina, como nos preceitos da Rhe-
torica, e Poética, de que faõ teftemunhas as
Obras feguintes.
OraçaÕ Fúnebre nas Exeqtdas Reaes do Chrif-
tianijftmo Key de França ljiit(^ XIV. celebrada r
na fua Capella Keal defta Cidade de Lisboa aoT
três de Abril de 171 6. Lisboa por António-
Pedrozo Galraõ. 1716. 4.
In obitu Duas de Cadaval Epiff^am-
mata quatuor. Sahiraõ nas ultimas Acções
do mefmo Duque. Lisboa na Oílicina da.
Mufica 1750. foi. a pag. 308.
Vio, €>• magnifico Kegi Joanni V. Elo-
ffa quibus pracipuce ejus virtutes explicantur^
Ulyflipone apud Antonium Pedrozo Galraõ^
1737. 4. Coníla de 13. Elogios de Obra.
Lapidaria, e três Epigrammas.
Obras M. S. promptas para a Impref-
fam.
Epigrammatum Ubri três.
Panegvris Divo Michaeli épico carmine.
Sermões Vários cincoenta.
Injlitutiones Dialeãica.
Inflitutiones 'Retórica.
Ars celandi Artem. Obra muito util
para os Oradores, e até o prefente por nin-
guém excogitada.
Fr. CHRYSOSTOMO DA VISITA-
ÇAM natural de Vifeu Cidade Epifco-
pal na Província da Beira, onde teve
por Pays a Pedro AíFonfo, e Mana Ma-
566
BIBLIO THE C A
theos. Recebeo o Habito Monachal da Famí-
lia Ciílercienfe no Real Convento de Alcobaça,
onde aprendendo as Sciencias Efcolafticas
foube enfinar as virtudes. Coníiderando
os Prelados a grande vigilância com que
zelava os augmentos da Religião, o elegerão
por Procurador Geral na Cúria Romana,
cujo lugar exercitou pelo largo efpaço de
quinze annos. Movido da fidelidade de ver-
dadeiro Portuguez defendeo com a voz, e
com a pena o direito, que à Coroa Pprtugueza
tinha o Senhor D. António Filho do Infante
D. Luiz, contra a injuíla pertençaõ de Fi-
lippe II. que naquelle tempo fortemente
fe altercava, por cuja caufa padeceo varias
tribulações fomentadas pela authoridade
deíle Monarcha, fendo a mais fenfivel para a
fua reputação o fer exterminado de Roma.
Para evadir do perigo, que o ameaçava,
bufcou por afylo a Cidade de Veneza, onde
afTiftio alguns annos, e paííando ao Convento
de Saõ Martinho, junto dos muros da Cidade
■de Parma foy reílituido a Roma pela Santi-
dade de Clemente VIII. de quem recebeo
grandes favores, merecidos às acçoens de
fua inculpável vida. Para acabar a carreira
da fua peregrinação, elegeo o Convento Va//is
Exclefiarum da Ordem de Ciíler, íituado
•em Caílella onde fe exercitava em continuas
penitencias, e frequentes aâos de piedade, e
mortificação, até que eftando recitando as
Horas Canónicas, como chegaíTe àquelle Verfo
do Pfalmo 126. Cum dederit dileãis fuis fomnum
ecce hareditas Domini, ouvio huma voz
angélica, que lhe fegurava tomaria poíle
defta herança paíTado hum mez, o que
felizmente fe cumprio a 17. de Outubro
de 1604. Vir Japientia illuftris, ac clara vir-
tutum fobole clarijjimus, lhe chama Marra-
do Bih. Marian. Tom. i. pag. 283. Pietatis,
<Ò' eruditionis eximice Vifch in Bib. Cifierc.
pag. 70. onde lhe dà o nome de Chrifiovaõ
por equivocaçaõ, em que o fez cahir D. Fr.
Angelo Manrique Bifpo de Badajoz. Chri-
foft. Henriq. Phanix revivi/cens. Lib. 2.
cap. 28. e no Menolog. Cifierc. p. 353.
onde por engano o apellida da Conceição.
Petr. Alv. de Aftorg. in Milit. Immacul.
Concept. Caftro Dijc. da Vid. de D. Se-
bafi. cap. 17. Carol. Jozé Imbonati Bib.
Lat. Hebraic. pag. 335. num. 1054. Joan.
Hallev. Bib. Curiof. pag. 48. col. 2. e Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 196. Compilou,
e illuftrou com algumas nottas.
Privilegia Congregationis Saneia Maria
de Alcobaça Cifiercienfis Ordinis Regnorum
PortugallÍ€£ per nonnullos Romanos Pontífices
prajertim a Pio IV. u/que ad dementem VIU.
eidem Congregationi conceffa i. Pars. Venetiis
apud Joannem Dominicum de Imbertis 1593.
4. Dedicado ao Geral Fr. Gerardo das Chagas
onde promete 2. Part.
De Verbis Domina, hoc efi, de Verhis
qua Deipara Maria ad Angelum, e5>* JE//-
fabeth cognatam loquuta efi. Ad Paulum
V. L,ibris X. Tom. I. Segue-fe o feguodo
com eíle Titulo.
De Verbis Domina ad Filium in Templo,
(& in Nuptiis, <& ad Minifiros in Nuptiis ad
Kanutium Farnefium Parma, <& Placentia Ducem,
Venetiis apud Jacobum, & Ricciardum Ama-
dinum. 1600. 4. Paliando deita Obra, e de feu
Author Agoílinho Sartorio in Cifierc. Bifierc.
feu Hifi. Elogiai. Sacri Ord. Cifierc. Tit. 20.
pag. 550. diz eflas elegantes palavras em
feu applaufo: ^ui laurea fua flores, inge-
niique labores conjecravit amplijfimo hono-
ri Augufia Deipara conjcripto eleganti volii-
mine in duodecim Ubros difiinão, in qiio
alma Parentis Verba, qim Diva in Sacro
códice prolucuta efi gratijjimus interpres dottif-
fimis commentariis explanavit.
Fr. CHRISTOVAM DE ABRAN-
TES natural da Villa do feu apellido
fituada em a Provinda da Beira do Bifpado
da Guarda. Tanto que chegou a conhe-
cer a apparencia dos bens do mundo, para
fegurar as felicidades eternas abraçou o
penitente Inftituto de Religiofo Menor, pro-
feílando no Convento do Bofque junto
a Villa- Viçofa da Reformada Provin-
da da Piedade. Nefta virtuofa efcoUa foy
admirável Meftre de Theologia MyíHca,
tendo por exemplares das fuás açoens os
Rusbroquios, Arphios, e Efchios, Orácu-
los de taõ fublime Sciencia de que naceo,
que os feus companheiros atrahidos do feu
exemplo occupavaõ a mayor parte do
tempo no fuave exercido da Oraçaõ, onde
L USITAN A.
56j
rccchiaõ admiráveis illuftraçôes. Foy o
decimo fcxto Provincial da Tua Provinda,
eleito cm o Convento da Vidigueira no pri-
meiro de Novembro de 1560. Vifitador da
Província de Saõ Gabriel em Caílella, e G^m-
inilíario Geral de toda a Ordem Seráfica neAe
Rcyno em o anno de x)66. por deligencia
(lo (^ardial D. Henrique, que lhe era muito
.ilicòto. Neftes authorizados lugares, íempre
confervou fumma afabilidade para os fub-
(litos fem permitir a menor relaxação na
ohfcrvancia dos Inftitutos, de tal forte que
fcntlo Provincial ordenou, que nenhum Reli-
'.iofo fem exceptuar os velhos, uzaflc de fan-
dalias, o que exadtamcntc praílicou vifitando
dcfcalço três vezes a Provinda. Retirado ao
Gjnvento do Bofque, lhe mandou fazer
hum apozento para fua habitação a Infanta
D. Ifabel mulher do Infante D. Duarte, da
<jual era ConfeíTor, onde exerdtando as
virtuofas obras que fizera por toda a vida,
paíTou a lograr o premio da eterna a 7. de
Abril de IJ74. como efcreve Fr. Manoel de
Monforte na Chron. da Prov. da Piedad. Liv. 3.
cap. 55. §. 4. e naõ de 1572. como diz Jorge
Gurdof. AgioL hufit. Tom. 2. pag. 466. no
Coment. de 7. de Abril letr. C. Por ordem
do Cardial D. Henrique, traduzio de Latim
cm Portuguez :
Obras de Nicoláo E/chio. Évora em
Caza de André de Burgos impreflbr, e
Givalleiro do Cardial Infante. Acabou-fe
a féis de Setembro de 1554. Sahio fem o
nome do Traduftor.
Compoz fendo Provincial
Cerimonial, ou Ordinário para os Fra-
des fe governarem em a celebração do Officio
Divino. De cuja Obra faz memoria Fr.
Manoel de Monforte na Chron. aíTima alle-
gada Liv. 3. cap. 46. §. 3. e cap. 55. §. 3.
Nas horas vagas, que lhe f>ermitiaõ as
obrigações do feu Inílituto, compunha al-
guns verfos nos quaes era mayor a ternura
dos affeélos, que a elevação dos conceitos,
fendo a principal Obra que deixou efcrita
defte género
Trijles Lamentaçoens do Padre A.daÕ
por feu filho Abel. M. S.
Faz memoria deíle Author Fr. Joan.
à D. Ant. in Bib. Franc. Tom. i. pag. 260.
col. 2. com o nome de Fr. QmAovaõ de Al-
meida natural de Abrantes, cujo ^llida
mudou pelo da fua Pátria na Províoda da
Piedade, onde he cofhime deixar os do fe-
culo, e intitularfe com os das terras que lhes
deraõ o berço.
CHRISTOVAM ALA'0 DE MORAES.
Naceo na Fregueíia de Saõ Joaõ da Madeira
na Comarca da Feyra do Bifpado do Porto»
diílante cinco legoas deíla Gdade a 25. de
Março de 1630. Foy filho legitimado de
Balthezar de Moraes Alaõ, que em premia
das açoens militares, que fez nas Armadas
do Reyno, foy nomeado Capitão de mar, e
guerra que naõ exercitou por morrer intcm-
peflivamente na florente idade de trinta
annos. As Scicncias, que todos compre-
hendem na idade adulta, as foubc perfeita-
mente na pueril, pois naõ contando onze
annos, jà era confummado na Gramática
Latina, e de doze, frequentou no Real Collegio
das Artes em Coimbra as Efcolas de Filofofia,
e Mathematica donde paíTou a matricularfc
na Faculdade de Direito Pontifício. Para fe
livrar de hum homiddio em que fora injuíla-
mente culpado interpollou por algum tempo
a carreira dos feus eíhidos Académicos, atè
que reftituido à Univerfidade fe formou Ba-
charel em Direito Cefareo a 15. de Abril de
1658. Depois de provada a fua fdencia legal
em o Dezembargo do Paço a 20. de Julho de
1661. fervio os Lugares de Juiz de Fora de
Torres Vedras, dos Orfaõs da Cidade do
Porto, Corregedor das Comarcas de Pinhel,,
e Ribacoa; da Figueira, e de Coimbra, Supe-
rintendente das Decimas da mefma Cidade,
Ouvidor, e Provedor da Villa de Odemira^
Corregedor, e Provedor da Comarca do Porto,.
Confervador dos Moedeiros da mefma Cidade,,
e nella Dezembargador, e Corregedor do
Qvel. Em taõ diverfas Judicaturas fempre
fe moftrou taõ amante da juftiça como ini-
migo do intereííe, fazendo que fem offen-
fa das Leys triunfaíTe muitas vezes a de-
menda da feveridade. Foy doutamente ver-
fado nas linguas, Latina, Grega, Tof-
cana, Caílelhana, e Franceza, e naõ me-
nos perito nas letras Humanas, Mytholo-
gia, e Poética, de que faõ irrefragaveis tef-
568
BIBLIOTHECA
temunhas as fuás compoíições, cm as quaes
fuaviíaya a feveridade de eftudos mayorcs.
Nas Academias era ouvido como Oráculo prin-
ci|>almente quando preíldio duas vezes em a
^ebie dos Gmwtfos, de que era Secretario
D. António Alvares da Cunha> e Meíbres, o
Doutor Joaõ de Albuquerque, Luiz Serraõ
Pimentel, o P. Fr. André de Qirifto, e o Dou-
tor Gafpar de Meri, onde orou em Latim, e
Português. Foy iníigne GenealogiAa, para
cujo eíludo difcorreo por muitos Cartórios dos
Moíleiros, e Camarás da Provinda do Minho,
^e que extrahio importantes noticias condu-
centes às Familias de que fallava, onde o amor
da verdade lhe faz defcobrir alguns defeitos
indignos de que os foubelTe a poftcridade.
Morreo na Qdade do Porto a 19. de
yLkyo de 1695. quando contava 65. annos
de Idade* Jas fepultado em a Cathedral,
<em o antigo jatigo da fua Familia, que cftá em
a Capella da Vera-Cruz inítituida em o anno
«k i)8i. por Domingos Giraldes Alaõ Có-
nego da dita Cadiedial, e Prior de Permeiam.
Foy caiado com D. Joanna Thereza de Carva-
lho filha de António Solteiro, e de D. Catharina
de Carvalho de quem teve defcendenda nume-
tofa, que hoje ílorece na Qdade do Porto.
D. Francifco Manoel nas Obrms Metrk^ VtoL
Ji T«&i p. mihi XJ5. o applaude defte modo.
Dm mtf, éãsfimms Amk mtnm
Tmku ãt NimpiM, fw • muêntíêS
j2<>* a • mtrmr Mêrmu ifv • mmfâi;
O>nyoz.
^ knM EpòfMtã l ãffw9 ã JMT/Sf éh ExttOtÊtíMãtê
Súào com o Pmujjifin im \Hã, e «^pfier lá^flr
H&M. Lisboa por António Rodngoes de
Avroi 167a. 4. a pag. 51. 5^. 165.
Hum j^iÊiontãfãf ihMt Stttfit, t àumã
AKHMt em appbnfo do Poema D^km-
fmS ék E/^tmka, ooopofto pelo Doutor
André da S]^va Mascaienkas. Lisboa por
António Craesbecck de Mdk> 1671. 4.
Praãka Jmifpmdmtm NncUus, M. S.
He hum Vocabulário de Condufoens, c luga-
res communs de Dirdto.
Ordenafoõ do Riytio, cottada com dou-
tiífimas notas, que faõ muito eítimadas.
GrinaUã dt ApoUo compofia de varias fkns
pottkas no Jardim das Mnjas, Coníbi de 122.
Sonetos a diverfos aíTumptos. M. S,
O Ciclopt tummraiú. Poema em Outava
Rima; em que relata os amores de Polifcmo
e Galatea. M, S,
Foati pertmu do Parnajjío, deliria das not"
Mufas^ Confia de diverfos géneros de Poeíia.
Commmt9 às Obras Pottitas de Franrijco
dt Sá, * Mtramla, M. S.
Commeato i Ufyffea dt Gabritl Ptrtira d»
Cafiro, M. S.
Emhhmmatmm ctatteria, com efiampas
No fim tem Cmtttritt priwm firns, donde k
colhe ficar efta Obra imperfleita.
AítHfmt lafmptíoHts, €>* tpitapbia vana
LtÊdrica, Gtmaí^ica, Htrma IC/pmuta, &
Latàta 1. e a. Part. M, S. Nefta Obra
defcobre o fentido pouco pcrceptivd de
muitas Infcripções, e epitáfios com grande
erudição.
Exmrifmos da MtkmtSa. 4. M. S.
Ca^a dt Prt^, t Briria dt tattmdidtí.
M. S. Confiaõ eftes dous Livros de
galantarias difcretas, e jocofos apothcg
Ptdatma R^ ^^^^^fi/^ Lmjitam, M. S
Trata da Genealogia dos noflòs MonardL^
com todos os ramos, que deUes procedem
por Varonia.
Ctmal^a das FaatiSas it Portt^.
S. r««r. M. S. Parte defia Obra aífinna
ter vifto o P. D. Anton. Cact. de Soali, ,
no Apparmt, à Hi/L GtmaL da Ca^, Sm/
PtrAgM^. pag. 125. §. 154. onde faz me-
moria de feu Author; como também a fa
o P. Fr. Manod de Saõ Damof. Verde*.
Efmidad, « Fatíd, Cmmmid. pag. 190. §. 2ji
e pag. i«a. §. 540.
LtíTÊdÊÊfmS Stammaria das R^pas da Ar-
maria, dmãií tm 4. OfUtelês. O i.
«M^lfif dtitdt Jt rèamarwi Btm^gttms, t Ar-
atas, t fK» ài/KitdU» as Eçer dtUas, 2.
Das reinas §m fe èmtm geardar m hU-
L USITAN A.
569
i^^onar, e compor os tfcudot das Armas. 5. Dos
Corpos, e Vijiftras, qut Je tn;aÕ na Armaria, e fuás
fifipificaçoens. 4. Mstaes, t eorts, qm fervem
na Armaria, e o que nella dtnotaò. 4. M. S.
Compendio das Armas dos Reynos de
Porhtgfll, e Algflrve, t das Cidades, e Vil'
ias principaes delias. Uvr. i. de Portugfli.
IJvr. 1. do Aljiflrve.
Varias Lifoens Académicas fobre a Poefica
de Arifloteles.
D. Fr. CHRISTOVAM DE ALMEYDA.
Naceo na Villa da GoUegaá do Arccbiípado
de Lisboa, c teve por Pays a Manoel Tavares
de Almeyda, e Sofia Pinto. Na idade juvenil
recebeo o habito de Eremita Auguíliniano
em o Q>nvento de Évora a 8. de Julho de 16)7.
c profeíTou aio. do dito mez do anno fe-
guinte. A viveza do engenho acompanhada
de hum génio para as letras lhe facilitarão
comprehender brevemente as mayores difi-
culdades da Filofofía, e Theologia, que com
grande gloria do feu nome, c emolumento
dos Teus difcipulos explicou por muitos annos
até chegar a Ter Lente de Prima em o G)llegio
de Santo Antaõ de Lisboa, fendo venerado
por hum dos mayores Letrados do feu tempo,
de cuja decifaõ pendiaõ as mais celebres
controverfias pertencentes à Theologia Moral.
Depois de fcr Qualificador do Santo Offi-
cio, e Examinador das Três Ordens Mi-
litares, atendendo aos feus grandes mere-
cimentos o Princcpe D. Pedro Regente
deíla Monarchia o nomeou em 6. de Ja-
neiro de 1669. Bifpo G>adjutor do Arce-
bifpo de Lisboa D. António de Mendoça,
cuja nomeação confirmou a Santidade
de Clemente X. com o titulo de Bifpo de
Martyria, e foy Sagrado na Igreja dos Agof-
tinhos Defcalços do Monte Olivete íi-
tuada nos Subúrbios deíla G)rte a 5. de
Janeiro de 1672. Exercitou o lugar de Pro-
vifor do Arcebifpado de Lisboa em tempo
dos Arcebifpos D. António de Mendo-
ça, e D. Luiz de Souía. Foy hum dos mais
celebres Oradores Evangélicos, que teve
Portugal, cujos Scrmoens excellentes em ele-
gância, e erudição Sagrada como os inti-
tula o P. D. Manoel Caetano de Souía
no Cathalog. Hiflor. dos Arcebifp. e Bi/p.
Portug. pag. 1x7. foraó ouvidot com ad-
miração dos Princepet, e Nobreza deíle
Reyno, que muitas vezes lhe formarão o
auditório. Para fe curar de hum accidente
de parlezia, que o privou de huma parte
do corpo, paíTou á Villa dat Caldas da Rai«
nha, efperaxido da virtiide medicinal deflat
aguas o remédio de taò grave queixa onde
terminou a carreira da fua vida a 26. de Ou-
tubro de 1679. Defla ViJb fe trefladaraò
ot (eus ofTofl para o Convento dos Eremitas
de Santo Agoflinho da Cidade de Jjtyriz,
e fobre a campa da fepultura fe lhe gravou
efle epitáfio.
Sepultura do Senhor D. Fr. ChriflovaÕ de
Almejda Relig/ofo de Santo Agoflinho, Meflre
em Sagrada Theoloffa, infigpe Prigfidor dos
Serenifftmos Keys D. JoaÕ o IV. D. Ajfonfo
VI. e D. Pedro II. Pal/eceo fendo Bifpo
de Martyria na Villa das Caldas donde foy
tresladado para efle lugfir a -j, di Agoflo de
1698.
Fazem memoria defle Prelado Fr. Manoel
íxal Cryfol. Purific. CrifoL j. Exam. 11. n. 7.
a quem feus efludos, feu púlpito, fuás virtudes,
dignidades, e ferviços fav^em bem notório nefte
Keyno, e ainda nos eflranhos. Morery Diccion.
Hifloriq. Verb. Almeyda, Magna Bibliotheca
Hcclef. Tom. i. pag. 539. col. 2. D. Jeremias
Brugnoli Cler. Reg. no Prolog, da Traduc
Italiana do i. Tom. das Primicias Evangélicas
do P. D. Rafael Bluteau.
Imprimio.
SermaÕ da Quinta Domingas da Quarefma
na Capella Keal. Lisboa por Domingos
I^pcs Roía. i6jo. 4. 5c ibi por Joaõ da
Cofta 1671. 4.
OrafaÕ fúnebre nas Exéquias annuaes
do Serenijftmo Rey de Portugal D. Manoel
na Cafa da Mifericordia de Lisboa. Lis-
boa por Domingos Lopes Roía 16)6. Sc
ibi por Ant. Crasbeeck de MeUo i66j. 4.
SermaÕ do Santiffimo Sacramento em acçaJí
de graças na Dedicação do Templo, que lhe edificou
a Rainha N. Senhora no lug/ir em cp4e a Mageflade
delRey D. JoaÕ foy livre milagrofamente da
morte que lhe intentava dar a Sacrileg/i treição
Caflelhana hindo acompanhando a Chriflo Sacra-
mentado na prociffaõ de Corpus atmo de 1647.
Lisboa por Henrique Valente de Oliveira
5jo
1661. 4. e Coimbra por Jozé Ferreira Im-
preíTor da Univeríidade 1672. 4.
Sermão do Auto da Fé, que fe celebrou
no Terreiro do Paço dejla Cidade de Lisboa
a 17. de Agojlo de 1664. Lisboa por Hen-
rique Valente de Oliveira ImpreíTor del-
Rey. 1664. 4.
Oraçaõ fúnebre nas Exéquias, que mandou
fa^er na Santa Cafa da Mifericordia deJla Cidade
de Lisboa o muito Alto, e poderofo Rej D. Affonfo
VL nojfo Senhor aos Soldados Portugueses, que
morrerão gloriojamente em defenfaõ da Pátria
no fitio de Villa-vicofa, e na batalha de Montes
Claros efte anno de 1663. Lisboa por An-
tónio Crasbeeck de Mello 1665. 4.
Sermão nas Exéquias do Conde de Soure
no Collegio de Santo Agojlinho de Lisboa no anno
de 1664. Lisboa pelo dito ImpreíTor 1665. 4.
Sermão dos Paffos de Chrijio nojjo Kedemptor,
que comprehende a jornada, que fet^ de/de a Cafa
de Pilatos até o monte Calvário. Lisboa por
Joaõ da Cofta 1666. 4. e Coimbra por Ro-
drigo de Carvalho Coutinho 1673. 4.
Sermaõ da Soledade da Virgem Santif-
fima Mãy de Deos, e Senhora nojfa prega-
do na Capella Real. Lisboa por Domin-
gos Carneiro 1666. 4. e Coimbra pela
Viuva de Manoel Carvalho ImpreíTor da
Univeríidade 1676. 4.
Oraçaõ fúnebre nas Exéquias da Senhora
D. Ignacia da Sjlva que fe fi^eraõ no Con-
vento de S. Bento de 'Xabregas. Lisboa
por Joaõ da Coíla 1668. 4.
Sermaõ do Sabbado Sexto da Quarefma pre-
gado no Convento de N. Senhora da Graça em as
Completas que nelle folemnemente fe fi^eraõ.
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1671. 4.
Sermaõ do Defagravo de Chriflo Sacra-
mentado na Solemnijfima fefla, que no me^
de Janeiro lhe fa:^ todos os annos a No-
bref^a de Portugal, na Igreja de Santa Engra-
cia. Lisboa na Oííicina Crasbeckiana 1656. 4.
& ibi por Joaõ da Cofta 1671. 4.
Sermaõ da Canonização de Santa Ma-
ria Magdalena de Pa^Z^ pregado no Con-
vento do Carmo de Lisboa no 1. dia do Ou-
tavario que lhe confagrou a dita Religião
ajfiflindo o muito alto, e Serenijftmo Prin-
cepe D. Pedro Regente, Governador, e Su-
cejfor do Reyno. Sahio na 2. Parte do Eo-
BIBLIOTHE C A
rafleiro Admirado à pag. 5. Lisboa por An-
tónio Rodrigues de Abreu 1672. foi.
Sermaõ do gloriofo S. Jo^é Efpofo da
Virgem Santiffima na Capella Real no dia
dos annos delRey NoJJo Senhor D. Joaõ o IV.
Coimbra pela Viuva de Manoel de Carvalho
ImpreíTor da Univeríidade 1673. 4.
Sermoens Vários Tom. i. Lisboa à cuíla
de António Leyte Pereira 1673. 4.
Tom. 2. Lisboa 1680. 4.
Tom. 3. Lisboa 1680. 4.
Tom. 4. Lisboa por Joaõ Galraõ 1686. 4.
Sahiraõ eíles 4. Tomos augmentados com
outros Sermoens. Lisboa por Bernardo da
Coíla. 1725. 4.
Muitos dos feus Sermoens foraõ tradu-
zidos em Caftelhano, e fahiraõ na Laurea
Lufitana Madrid por André Garcia 1679. 4-
Hifloria do Capucinho Efcofés 2. Parte,
e compendio da primeira efcrita em Fran-
ceZ' Lisboa por Domingos Carneiro 1667.
8. & ibi por Bernardo da Cofta Carvalha
1708. 8.
Vida de Santo Thomaz de Villa-nova
que ficou imperfeita, a qual queria publi-
car com os Sermoens, e narração das Fef-
tas que Te fizeraõ pela Tua Canonização.
Fr. CHRISTOVAM DE ALMEIDA.
Naceo na Cidade do Porto a 10. de
Março de 1636. Tendo filho de FranciTco
de Almeyda, e Domingas da Cruz. Rece-
beo o habito Monaftico do Príncipe dos
Patriarchas S. Bento no Mofteiro da Vito-
ria da Tua pátria a 25. de Fevereiro de
1658. Nos eftudos Tahio eminente, no exer-
cício do púlpito infigne. Tendo Pregador
Geral da Tua Religião, e Abbade do MoT-
teiro de GaTey. Morreo no Mofteiro de
Saõ Miguel de Buftelo na DioceTe do Por-
to em o mez de Abril de 1704. com 68.
annos de idade, e 56. de ReUgiaõ ETcre-
veo.
Diário de tudo quanto fucedeo na Corte
os annos, que nella ajjiflio. Cujo M. S. Te
conTerva na livraria do Convento do BoT-
telo onde falleceo.
Fr. CHRISTOVAM DE ALVOR-
NINHA cujo appeUido denota a pátria.
L USITAN A.
571
orulc naoeo, que he huma Villa dos Cou-
tos de Alcobaça de que he Senhor, e Dona-
tário o Abbade Geral da Congregação de
C.iílcr, cujo habito profeíTou no Convento
de Santa Maria de Aguir. Foy muito douto
aíTim na Sagrada Rfcritura, como na Thco-
logia Ffcholaftica deixando para argumento
infallivcl da fciencia que tinha em ambas
cilas Faculdades a íeguinte obra.
De Verbo Abbreviato. Aí. S. foi. o qual fe
conferva no Real Convento de Alcobaça.
CHRISTOVAM DE ANDRADE na-
tural de Lisboa Commendador da Or-
tlcm de Chrifto, Eftribeiro do Senhor D.
Alexandre Arcebifpo de Évora, filho dos
ScrcniíTimos Duques de Bragança D. Joaõ,
c D. Cathcrina. Dcfcmpcnhou as obriga-
çoens do Teu honrado nacimento nas Cam-
panhas de Flandcs afnílindo com o pofto de
Sargento mór na famofa empreza cm que
os Efpanhoes fe fi2eraõ com a violência
das Armas Senhores da Cidade de Anve-
rcs a 17. de Agoílo de 1585. Para moftrar
que naõ era menos valerofo com a efpada,
que infigne com a penna efcreveo, e de-
dedicou à Senhora D. Cathcrina Duqueza de
Bragança
DefcripçaÕ de OJanda, e Zellanda, e Saco
Je Anveres em que fe achou. Efta obra
eftava prompta para a ImpreíTaõ.
CHRISTOVAM DE BARROS ce-
lebre Poeta do feu tempo, de quem efcreve
Joaõ Franco Barreto na Bib. Portug. M.
S. que o ouvira proferir verfos difcretos,
elegantes, e fuaves com tanta agilidade que
ninguém por mais veloz que fofle os podia
efcrever cuja fublime Mufa exaltaõ Antó-
nio Figueira Duraõ in Laur. Pamaf. Ram. 2.
Si forte accideret {quod calum differet ometi)
Ut vates totó nullus in orbe foret.
Non fecus atque bominem de cano protulit olim
Qjii maré, qui terras, qui refft afira
Parens.
Chrijiophorus fiquidem reddit co^omine canum
Cano ex hoc vates pojje reor fieri.
E mais adiante.
Proximus ille lutum lufo cognomine reddens
^ui do£fa quid quid tentabit dicere profá
VerfiéS erit Latia facunda efl j^oria gentis
Huic decorai piâas incifio fui ff da plantas.
E Manoel de Galhegos no Templo da Mi-
moria liv. 4. F.Aanc. 184.
Agora injigne Bairros que no folio
Do Key das Mufas admirais a Itália
O grande Nimo a quem o Capitólio
Suffito admira de única V ar falia:
Sufpenfo o canto do emulo de Chrijlo
Fa!(ey que ao polo fubá de Califlo.
Deixou.
Varias Poefias Portuguesas, e Cafle-
lhanas. M. S.
Fr. CHRISTOVAM CARNEYRO natural
de Lisboa Religiofo profeíTo da penitente famí-
lia Seráfica da Provinda de Portugal. Eíhidou
Filofofia no Convento de Leyria para o qual
fendo Guardião trefladou o corpo do Vea. Fr.
Simaõ da Vifitaçaõ feu Meftre neíla Faculdade,
que eftava depofitado no Real Convento da
Ordem de Chrifto fituado na Villa de Thomar.
No Capitulo celebrado em Lisboa em o anno
de 161 7. foy eleito Guardião do Collegio de S.
Boaventura de Coimbra onde era Lente de Ef-
critura, e alcançou delRey que fofle feriado
em a Univerfidade o dia da trefladaçaõ defte
Seráfico Doutor. Foy grande Letrado, e infi-
gne Pregador de que foraõ claros argumentos
os muitos Sermoens que recitou em os maiss
authorizados púlpitos, fendo hum dos que lhe
alcançarão mayor fama ao feu talento o que
pregou na i. Dominga de Advento 29. de No-
vembro de 1609. quando os feus Religiofos
fe mudarão em Coimbra do Convento Velho
para o novo que hoje exifte, e lhe ferve de Coroa
o Real Mofteiro de Santa Clara baflando para
elogio feu o thema que tomou extrahido do
Cap. 19. dos Juizes. Profeãi fumus de Bethlem
Juda, et pergimus ad locum noftrum, qui efl in latere
montis Ephraim. Fazem delle memoria Efper.
Hifl. Seraf. Part. i. liv. 2. cap. 53. Fr. Femand.
da Soled. Hijl. Seraf. Part. 3. liv. i. cap.
21. e Part. 5. liv. 2. cap. 29. n. 459. e Fr.
Joan. a D. Ant. Bib. Francifc. Tom. i. pag.
262. Publicou.
Sermon predicado en la Capilla real def~
ta Univerjidad de Coimbra en 9. de Aíarço
Mier coles dela Qtmrefma de 161 1. Era das Tra-
diçoens. Salamanca por Francifco de Cea
5/2
BIBLIO THE CA
Tefa 1611. 4. Dedicado ao IlluílriíTimo Bifpo
de Coimbra D. Affonfo de Caftello branco
pelo Author, e por elle vertido de Portuguez
em Caílelhano.
Sermão da Purificação de N. Senhora pregado
na Igreja de Santa Maria da Vejga Collegio dos
Cónegos Regrantes de Santo Agojlinho da Univer-
Jidade de Salamanca na Fejla da Confraria dos
EJludantes Portugueses em o anno de 161 2. Sala-
manca pelo dito ImpreíTor 161 2. 4.
Fr. CHRISTOVAM CARVAM da Ordem
dos Pregadores Pregador celebre do feu tempo,
Meílre jubilado na Theologia, e Qualificador
do Santo Officio: Imprimio.
Sermoens Vários. Florença 1629. como
efcreve Fr. Pedro Monteiro no Clauft. Domin.
Tom. 3. pag. 179.
CHRISTOVAM DA COSTA. Naceo
na Cidade de Tangere como querem huns, ou
na de Ceuta, como efcrevem outros, ambas
celebres colónias dos Portuguezes na Regiaõ
Africana. Foy infigne Botânico a cujo eftudo
fe applicou com incanfavel difvelo na fua
pátria, e depois paíTando à Aíia com o partido
de Medico do celebre, e claro Varaõ D. Luiz
de Attayde Vice-Rey da índia para adquirir
mayor conhecimento das virtudes medicinaes
das ervas, e plantas que produz aquella vafta
Regiaõ, peregrinou por diverfos Climas,
onde padecendo fomes, e cativeiros naõ
lhe ferviraõ de obftaculo para defiUir de in-
veftigar em beneficio dos homens os mayores
fegredos da natureza, aíTim como o ti-
nhaõ feito Plataõ, e Ariftoteles obfervando
a fabrica do univerfo. Naõ fomente exer-
citou com felicidade, e fciencia as facul-
dades da Medicina, e Cirurgia, mais ainda
para defender o Eílado da invafaõ dos ini-
migos defempenhou as obrigaçoens do Sol-
dado mais difciplinado moílrando em varias
occafioens que naõ era menos inftruido na
paleílra de Efculapio, que na de Marte. De-
pois de ter difcorrido pela mayor parte
do mundo em que alcançou grande fama
o feu nome, voltou a Portugal donde
paííou a Caílella, e vendo-fe livre do vin-
culo conjugal fe recolheo à Solitária Serra
de Tyrfes, onde efcreveo as felicidades do
eílado da Sohdaõ, podendo juílamente glo-
riarfe de ter illuílrado com a fua fciencia,
e peíloa as mayores três partes do mundo
como elegantemente o epilogou nefte Dyfti-
cho huma difcreta Mufa.
Africa te genuit, te fertilis Afia pavit;
Te nunc "Europa Doãor Acofla tenet.
He celebrado por Famofo Medico pelas
penas de Gafpar Reys Franco Camp. Elyf.
Jucund. Quafl. Quaeft. 67. n. 27. Zacut. Lufit.
de Med. Princip. Hijlor. lib. 2. Hiíl. 45. Chriílian.
Mentzelio in Ind. nom. Plant. Celeh. Ant. de
Leon. Bih. Orient. Tit. 14. Sever, de Faria
Vid. de Joaõ de Barros pag. 51. D. Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 185. coL 2.
Joan. Suar. de Brito Theatr. Eufit. Utte-
rat. lit. C. n. 3. No livro intitulado Quin-
quaginta virorum DD. qui hene de fludiis litte-
rarum meruerunt cum eorum elogiis. &c. eílá o
feu retrato, e na parte inferior tem eíies qua-
tro verfos.
Nofcendis multiim tu Cofia excellis in herhis
Nominis at pajfim haud cognita fama tui efl,
Sed mentis ut fpero tuis tua gloria crefcet,
Et per te hortenfi crefcit honor fludio.
Compoz.
Tratado delas drogas, y medicinas delar
Índias Orientaks. Burgos por Martin de
Viftoria. 1578. 4. Alguma parte defta obra
foy extrahida da que neíle mefmo argu-
mento tinha efcrito Garcia de Horta, de
quem em feu lugar fallaremos, como o
mefmo Chriftovaõ da Cofta ingenuamente
confeíTa. Sahio traduzido eíle Tratado por
Carlos Clufio natural da Cidade de Arraz
com o titulo feguinte.
Chrifiophori à Cofia Mediei, et Chirur^
aromatum, et medicamentorum in Orientali ín-
dia nafcentium liher plurimum, lucis afferens iis,
qua à D. Garcia ah Horto in hoc genere f cripta
funt. Caroli Clufii Atrehatis opera ex Hifpam
Latinus faãus &c. Antuerpise ex Officina
Plantiniana apud Joannem Moretum 1582. 8.
& ibi na mefma Officina 1593. Traduzido
em Italiano Venetia por Ziletti 1585. e em
Francez juntamente com a obra de Garcia
de Orta a quem o traduftor chama du Jardin
Lugd. 1619. 8.
Tratado en loor delas ISilugeres, y dela
LUSITANA.
573
^
ly
Cajlidad, Conjlancia, SiUnào, y ]njlida con
atras muchas particularidades, y varias hiftorUu,
Vcnetia por Giacomo Cometti 1592. 4.
\'() principio dcílc livro fe lé huma advcr-
(luii <lc hum amigo do Author em que
<liz ter viílo, e examinado as feguintes
<)bras de Chriílovaõ da Coíla de cuja li-
<-»b fe podiaõ cxtrahir muitos documen-
tos, as quaes tinhaõ os titulos feguintes.
Tratado en contra, y pro dela vida So-
litaria con oiros dós tratados, mo dela R*-
Jiffon, y Keligiofo; otro contra los hombres
jjm mal viven. Vcnetia por Giacomo Cor-
nctti 1592. 4.
Del Amor divino, dei natural, y humano
4m un difcurjo dei amor natural, y delo que de-
temos aios animales. Três diálogos Theriacales,
imo delos animales con la Jujlicia; otro dela Abeja
lon la Jujlicia; otro dela verdad con la jujlicia,
K con los vivos; otro entre el Mo/quito Arador,
)• llormiga con la Jujlicia.
Dijcurfo dei Viage delos índios Orientales,
]• lo que fe navega por aquellas partes.
Tratado dela Vida Solitária, y Religiofa
de Mugeres, y otro dela Keliffon, y dei Reli-
j^/o.
Fr. CHRISTOVAM DA CRUZ Pro-
feíTou o In/Htuto da Sagrada Ordem dos
Pregadores, onde depois de eftudar as
rdencias da Filofofia, e Theologia fe appli-
cou à liçaõ da Genealogia em que fahio muito
fciente efcrevendo.
Nobiliário das Famílias nobres dejle Reyno
M. S. foi.
De cuja obra como do Author faz me-
moria o P. D. António Caetano de Soufa
no Apparat. à Hijl. Geneal. da Ca/a Real Por-
'*<?• pag. 99- §• 97.
Fr. CHRISTOVAM DE ÉVORA cujo
appellido indica a pátria que lhe deu o
berço, Monge Ciílercienfe no Real Con-
vento de Alcobaça. Como foíTe muito douto
nas Ceremonias Ecclefiaítícas efcreveo.
Ordinário do Oj^cio Divino fegundo o u^o
•Cijlercienfe. M. S. foi. No fim tem Doa-
{aõ, e Fundação do Convento de Alcobaça.
Conferva-fe na Bibliotheca deíle Real Mof-
teiro.
CHRISTOVAM FALCAM natural da
Qdade de Portalegre em a Provinda do Alen-
tejo Commendador da Ordem de Chríílo,
Governador da Ilha da Madeira, e CapitaÕ
de huma Armada, foy filho de joaõ Vaz de
Almada Falcaõ Capitão da Mina, e de D. Bdtet
Pereira, filha de Ruy Fernandet Pereira;
e irmaõ de Damiaõ de Souía Falcaõ Capitaõ
de Salfete na índia Oriental. Teve notá-
vel génio para a Poefia de que (aõ claras
provas aquelles amorofos verfos que a fua
Mufa dedicou a D. Maria Brandão taò illuf-
tre por nadmento, como celebre pela £et-
mofura, a qual havendo cílado recolhida
no Convento Ciílercienfe de Lx^rvaõ fc def-
pozou na Cidade de Elvas. Para naõ fer
conhcddo o Author defta obra occultou o
fcu nome com o de Crisfal primeiras Syl-
labas do feu nome, c appellido, o qual co-
meça.
Entre Cintra muy pregada,
E ferra de ribatejo
que Arrábida he chamada,
perto donde o rio Tejo
fe mete na agua falgaãa.
Acaba.
O que fe fe:^ do Chriffal
naõ f abe certo ninguém,
mas quem vive em tanto mal
tarde vé tamanho bem.
A efta obra, e a feu Author louvaõ Diogo
de Couto Decad. 8. da índia cap. 34. Manoel
de Faria, e Souf. Comment. às Rim. de Cam.
Tom. 4. Part. 2. pag. 256. col. 2. e Joan. Suar.
de Brit. Theatr. ÍMfit. Utter. lit. C. n. 4. e o
P. Anton. dos Reys no Enthufiafm. Voet. n. 140.
Compoz mais.
Criação, e cura que fe deve Jat^er aos Falcoens,
e Gavioens M. S.
CHRISTOVAM FERNANDES. Foy
muito perito na língua Latina como confta
das cartas efcritas nefte idioma a feu amigo,
e contemporâneo Jeronymo Cardofo celebre
Meílre de Grammatica, as quaes eíiaõ à pag. 40.
Epijlolar. Familiar. Hieronymi Cardofo. Olyf-
fipone apud Joannem Barrerium Typ. Reg.
1556. 8. Faz memoria de Chriílovaõ Fer-
nandes, Joaõ Soar. de Brit. in Theatr. Ljifit.
Utter. lit. C. n. 7.
574
BIB LIO THE CA
P. CHRISTOVAM FERREYRA natu-
ral do Lugar da Zibreira, termo da Villa de
Torres Vedras do Patriarchado de Lisboa,
filho de Domingos Ferreyra, e Marta Lou-
renço. Foy admitido ao Noviciado de Coim-
bra da Companhia de JESUS a 27. de Novem-
bro de 1596. quando contava 17. annos de
idade. Inflamado com o defejo de lucrar
almas para Chriílo pedio a MiíTaõ do Oriente,
para onde partio em o anno de 1600. com
defenove Companheiros. Tanto que chegou
a Goa partio fem demora para o Japaõ, deíli-
nada baliza dos feus apoftolicos trabalhos,
onde pelo largo efpaço de vinte, e três annos
exercitou com admirável zelo as obrigaçoens
de Operário Evangélico, fendo Superior de
todos os Miniílros que a Companhia tinha
occupados na fagrada empreza da Converfaõ
da Gentilidade, Corria o anno de 1633. em
que fe levantou huma furiofa tormenta con-
tra os fequazes do Evangelho, em a qual
fendo muitos mortos, e outros prezos, entrou
em o numero deíles o P. Chriftovaõ Ferreyra,
que foy condennado ao formidável martyrio
das covas, em que pendentes pelos pés os
Martyres com a cabeça quaíi fepultada eílaõ
agonizando muitos dias, até exahalarem o
efpirito. Depois de ter tolerado algumas
horas taõ medonho fupplicio attendendo
mais ao amor da vida, que à confiíTaõ da Fé,
em que devia períiílir confiante, deo íinal
de que a abjurava. Correrão logo os bárbaros
a extrahilo da cova com grande alvoroço,
vendo que hum Meftre da Ley Evangélica
feguia os erros da fua falfa crença. De Apof-
tolo convertido em Apoílata fervio pelo
dilatado efpaço de defenove annos de abo-
minável efcandalo, tanto à Religião em
que nacera, como à que o educara até
que moUificada a dureza do feu coração,
com o fangue de muitos Martyres que via
derramar em obfequio da Fé, de que fora
ímpio defertor, querendo purificar com o
próprio a fua culpa, começou a clamar, que
a Fé do Crucificado era fomente a verda-
deira, pela qual eílava refoluto a facrifi-
car a vida. Pareciaõ eílas vozes aos bár-
baros delírios de quem contava 74. annos
de idade, mas elle mais confiante na con-
fiíTaõ da Fé Catholica pregava, que unica-
mente nella havia falvaçaõ. Chegando aos
ouvidos do Governador eftes clamores Evan-
gélicos mandou, que fofle condennado ao
mefmo tormento que naõ poderá tolerar,
onde viveo três dias no fim dos quaes falleceo
em Nangazaqui em o anno de 1652. Fazem
delle memoria Bib. Societ. pag. 140. coL 2.
Tanner Societ. JESU ujq. ad Janguin. (& vit.
profufion. militans p. 427. Alegamb. Mortes
lllujl. p. 701. P. Sebaft. da Maya Carta ej-
crita de Macáo a 29. de Dezembro de 1655.
P. Alonf. de Andrad. Varon. Illujlr. de la
Comp. Tom. 6. Nadaf. Ann. dier. Societ.
Part. I. p. 229. Joan. Soar. de Brit. Theatr.
'Lujit. luitter. lit. C. n. 5. Franco Imag. da
virt. em o Novic. de Lisb. Liv. 2. cap. 29. e 30.
e no Afifí. Glor. S. J. in iMjit. pag. 251.
Efcreveo.
Kelaçaõ da Perfeguiçaõ contra a Fé, levantada
no Rejno de Taicu no anno de i6zj. e da morte
que nella padecerão muitos Chrifiãos ejcrita em
14. de Settembro do dito anno. No fim tem 'Kelc-
çaÕ do Martyrio de 'Leonardo Majjudaden^o de
gollado na Cidade de Ximabara a i^. de Settem-
bro de 1627. Sahio vertida em Italiano com
efie titulo
Kelatione delia perfecutione follevata nel Tacacii
contra la Santa Fede nel ano 1627. e delia morte
di molti Chrijiiani che in quella hanno dato glo-
riojamente la vita per la confejfione dei Santo nom
de Chrijlo. Roma por Francefco Corbolletti
1631. 8.
CHRISTOVAM FERREYRA natu-
ral do Lugar da Carvoeira termo da Villa
de Torres Vedras. Foy Cirurgião mór
e igualmente douto na Medicina, que na
Poética, principalmente Cómica, compondo \
muitas, e difcretas Comedias, merecendo
entre todas mayor applaufo a que com-
poz à
AcclamaçaÕ delKey D. JoaÔ o IV. M. S.
CHRISTOVAM FERREYRA DE SAM
PAYO. Foy taõ infiruido nos preceitos
da Hifioria como da Poefia, muito pe-
rito na lingua materna, e naõ menos em
a Cafielhana, a qual foube com perfei-
ção pela grande aíTifiencia que fez em
LUSITANA.
em Madrid. Querendo efcrever as acçoens
(Ic hum Monarcha Portuguez, efcolheo entre
todos como modello da arte de Reynar a
lURey D. Joaõ o II. compondo com eílilo
incthodlco, e elegante como diz Joaõ Soar.
(Ic lirit. in Thea/. Ltifitan. Litttrat. lit. C. n. 6.
Vida,y hechos dei Princept Perfe£ío D. Jimn
Rey de Portugal II. dejle rtombre. Madrid por la
Viuda de Alfonío Martin 1626.4. Sahio tra-
duzida cm Francez. Lugd. por Joaõ António
liuguetan, c Guilielm. Barbier. 1670. 4. 8.
Traduzio de Portuguez do V. P. Fr. Thomé
Ic JESUS em Caftclhano.
Trabajos de JESUS. Dedicado a Fr. Joaõ
(ie Peralta Arcebifpo de Saragoça. Saragoça
por Joaõ de Lanoya. 1631. 4.
Nas Feitas que fc confagraraò cm Madrid
.1 Ginonizaçaõ de Santa Thcrcza imprcflas
.m Madrid 161 5. no Certam. 3. foi. 35. eítá
huma Obra fua Poética.
Cartas efcritas a diverfas Pejfoas. M. S. foi.
(bnfervavaõ-fc na Livraria de D. António
Alvares da Cunha.
Fr. CHRISTOVAM DE FOYOS na-
tural da Villa da Attouguia do Patriarchado
Ic Lisboa, filho de Pedro de Toar Henriques,
^ Brites de Foyos. Depois de profeíTar o
Inftituto de Eremita Auguíliniano no Convento
de Nofla Senhora da Graça de Lisboa a 6. de
Janeiro de 1656. aprendeo Filofofia, e Theo-
logia, em que fahio taõ doutamente inílruido,
que diftou eftas Faculdades aos feus domef-
ticos, em o Collegio de Coimbra fendo a
matéria Theologica, que mais profunda-
mente tratou a de Vijione Beata, que fe con-
lerva com grande eftimaçaõ na Livraria do
Convento de Lisboa. Afliftio alguns annos
cm a Cúria Romana, onde foy muito acceito
à Santidade de Alexandre VIII. o qual que-
^i xendo premiar os feus merecimentos com a
■' -dignidade Epifcopal fe efcufou com fumma
modeília de taõ alto minifterio. Reílituhido
a Portugal foy Qualificador do Santo Officio,
e delle faz mençaò no Cathalogo dos Revedores
^ defie Tribuna/, Fr. Pedro Monteiro n. 8. e Exa-
minador das Três Ordens Militares. Cheyo
de annos falleceo no Collegio de Santo Agof-
tinho defta Corte em o primeiro de Março de
3723. Imprimio
575
OrafoÕ pathetica do Defcendimento da Crus^
no Kial CoUeffo dt Nojfa Senhora da Grafa
de Coimbra. Coimbra pela Viuva de Manoel
de Carvalho ImpreíTor da Univerfidade 1669. 4.
& ibi por Joaõ Antunes 17 16. 4.
SermaÕ do Glorio/o SaÕ ¥ranàfco de horja,
pregado no Rea/ Collegio da Companhia de
JUSUS de Coimbra no quarto dia do /eu Ou-
tavario, em que fe celebrou a fua Canoni^^ofaÕ
no anno de 1671. Coimbra por Jozé Ferreyia
1672. 4.
SermaÕ da Quinta Dominga da Qua-
refma na Capella Real. Lisboa por António
Craesbeeck de Mello ImpreíTor delRey
1674. 4.
D. Fr. CHRISTOVAM DA FONSECA.
Naceo em a Cidade de Lisboa, fendo feus
Progenitores Diogo da Fonfeca, Cavalleíro da
Ordem de Chrifto, e D. Ifabel da Palma pef-
foas muito refpeitadas pela qualidade da fua
nobreza. Quando jà tinha dado manifeílas
provas do feu talento na Faculdade do Direito
Pontifício, a que fe applicara na Univcríidade
de Coimbra, deixou o mundo, e fc reco-
Iheo à Religião da Santiflima Trindade pro-
feíTando o feu Inftituto no Convento de
Lisboa a 24. de Julho de 15 70. onde ef-
tudada Theologia recebeo as iníignias Dou-
toraes defta Sciencia na Academia Conim-
bricenfe, fendo Padrinho defte aélo Litterario
o Senhor D. António Prior do Crato.
Como foíTe ornado de génio dócil, e ta-
lento maduro exercitou na Religião com
geral fatisfaçaò dos fubditos os lugares
de Reitor do Collegio de Coimbra, duas
vezes Miniftro do Convento de Lifboa,
e ultimamente Provincial eleito em o anno
de 1389. em cujo governo edificou a caza
da Livraria do Convento defta Corte, para
a qual concorreo com grande copia de
Livros, mandando imprimir os Hymnos,
e Antifonas em Canto Chaõ, para que
uniformemente fe cantaiTem em toda a
Provinda. Foy creado Inquifidor, e De-
putado do Confelho Geral do Santo Of-
fido, a 3. de Janeiro de 161 2. pelo Inqui-
fidor Geral D. Pedro de Caftilho, em cujo
lugar provada a reóHdaõ do feu proce-
dimento moveo ao UluftriíTimo Arcebifpo
5/6
de Évora D. Theotonio de Bragança
para alcançar faculdade do Doutor Fr. Ber-
nardo de Mettis Vigeflimo fexto Miniílro
Geral da Ordem Trinitaria para fer Provifor,
e Prefidente na fua Relação Eccleíiaílica; e
depois o nomeou feu Bifpo Q)adjutor, fendo
confirmado pelo Pontífice Saõ Pio V. com o
titulo de Nicomedia, Cidade Archiepifcopal
de Bithinia, e foy fagrado pelo mefmo Arce-
bifpo na Igreja do CoUegio de Coimbra.
Governou, e ,Vifitou o Arcebifpado de
Évora no tempo deíle Prelado, e no de
feus fucceíTores D. Alexandre de Bragança,
e D. Diogo de Soufa, com tanta prudência,
e reéHdaõ, que nunca fez acçaõ que podeíTe
fer acufada de reprehenfivel. Attendendo
a Mageftade de Filippe II. aos feus mereci-
mentos, que creciaõ em competência dos
annos, o nomeou Prelado de Thomar, e Vi-
fitador, e Reformador do Real Convento
de Santos das Commendadeiras da militar
Ordem de Saõ Tiago. Por eftar incapaz pe-
las fuás infirmidades do minifterio Paftoral
Ruy Pires da Veiga Bifpo de Elvas o elegeo
o mefmo Princepe Coadjutor, e futuro Suc-
ceífor deita Dignidade, de que naõ chegou
a tomar poíTe por lho impedir a morte em Lis-
boa a 28. de Janeiro de 1616. Foy fepultado
na Capella mór do Convento da Trindade
onde defcanfaõ as cinzas de feus Pays. O feu
Retrato eftá collocado entre os dos Varões
infignes defta Religião na caza do Antecoro.
Fazem delle illuílre memoria Nicol. Agof-
tinh. Vid. de D. Theotonio de Braganç. cap.
7. Pejfoa merecedora por fuás letras, partes,
e virtude, de huma Prelajia grande no Rejno.
Altun. Chron. Ger. da Ord. Liv. 4. cap.
4. foi. 620. Fr. Bernard. à D. Ant. Chron.
M. S. da Ordem Liv. i. cap. 14. §. 14. e
Liv. 2. cap. 8. §. 10. e no Epitom. Kedempt.
Lib. 2. cap. II. §. I. Fr. Ant. Corrêa Fama
Fojihuma Part. i. cap. 2. foi. 8. Soufa Apho-
rijm. Inquijit. de Origin. Inquifit. 'L.ujit. §. 2.
n. 28. Fr. Pedro Monteir. Cathal. dos De-
put. do Conjelh. Ger. do Santo Officio n.
28. Cardof. Agiol. 'Lujit. Tom. 2. pag.
151. no Comment. de 12. de Março letr.
E. Fonfec. Évora Glorio/, pag. 314. §. 554.
Joan. Soar. de Brit. Theat. hujitan. Lit-
terat. lit. C. num. 9. com o nome de Fr. ChriJ-
BIBLIO THECA
tovaõ de JESUS, como muitos o apellidaõ,
e o P. D. Manoel Caetano de Souf. Catai,
dos Bi/pos Portug. pag. 1 27.
Compoz, e reformou juntamente com
Fr. Bartholomeu de Paiva.
Confiitutiones Ordinis Sanãijftmce Triniíatis
pro Provinda Eujitana, as quaes fendo confir-
madas pelo Cardial Alberto, Archiduque
de Auftria, Legado à Latere nefte Reyno
a 12. de Novembro de 1591. fahiraõ impref-
fas, Ulyffipone apud Emmanuelem de Lira
1591. 8.
Ceremonial antigo da Ordem, Keformado.
M. S.
Kegimento dos Inquijidores. M. S.
Chronologia Temporum. M. S.
Delias duas Obras faz mençaõ Joaõ Franco
Barreto na Bib. Eujit. M. S. e o P. D. Manoel
Caetano de Soufa no Cathalogo acima alle-
gado pag. 128. Outras Obras deixou ef-
critas, que ficarão em poder de feu fobrinho
o Licenciado AgoíHnho Botelho da Fonfeca,
Cónego na Cathedral de Lisboa.
P. CHRISTOVAM DA FONSECA
natural de Évora, filho de Joaõ Duarte,
e Luiza da Fonfeca, e irmaõ naõ fomente
pela natureza, mas pela Religião do P.
Francifco da Fonfeca, da Companhia de
JESUS, de quem fe fará mençaõ em feu
lugar, fendo admittido nella em o Novi-
ciado da fua Pátria. Com igual compre-
henfaõ penetrou as letras amenas, e as
feveras, fahindo em humas, e outras egre-
giamente inflruido. No Púlpito foy ou-
vido com applaufo, e na converfaçaõ com
divertimento, a qual fendo muitas vezes
jovial nunca degenerou em pueril. Prac-
ticou com fumma profundidade a Scien-
cia do Contraponto, fendo hum dos mais
famofos Compofitores de Mufica da pre-
fente idade, em cujas Obras fe admira-
rão unidas a novidade da idea, com o
gofto da confonancia, fempre regulada
pelos rígidos preceitos defta armonica Arte,
fendo as principaes Obras que lhe con-
ciliarão grande opinião ao feu nome o
Te Detim, que fe cantou no ultimo de
Dezembro na Caza profeíTa de Saõ Ro-
que, ao qual fez elle o compaílo, e teve
L U SITA NA.
fl a/Tiílencia dos Príncepes, e Nobre2a dcíla
G>rte, compoílo com vario género de inftru-
mentos, como também os Pfalmos, e Magni-
ficat das Vefperas, que a mefma Caía pro-
feíía dedicou em 9. de Agofto de 1727. à
Canonização de Saò Luiz Gonzaga, c Santo
Staniflao Kofcka, cuja fuave confonancia
aíTim de vozes, como de inílrumcntos, arre-
batou as attençocns do innumeravel concurfo,
que alTiíliu a eí^a folemnidade. Para curarfe
de hum cílupor, partio para as Gildas da
Rainha, donde voltando como foíTe nova-
mente accommcttido de outro accidcntc fc
rccolhco à Quinta da Torrc-bclla onde fal-
Icceo a 19. de Mayo de 1728. quando contava
46. annos de idade. Jaz fepultado no Collegio
dos Padres Jcfuitas da Villa de Santarém.
P. CHRISTOVAM FREYRE natural de
illa celebre Praça na Rcgiaõ Africana,
10 de António Freire, e Maria de Abreu.
Entrou na Companhia de JESUS em o No-
viciado de Lisboa a 18. de Abril de 1555.
donde partio para o Oriente, e nelle foy grande
Operário Evangélico. Efcreveo
Cartas anntias do Japaõ no anno de 1627.
como affirma o moderno Addicionador da
Bih. Orient, de António de Leaõ. Tom. i.
tit. 8. col. 183.
CHRISTOVAM GARCIA FROES na-
mral de Lisboa, e Beneficiado da Parochial
Igreja de Saõ Juliaõ da fua Pátria. Compoz.
Vida de Francifco Fernandes Galvão 'Pregador,
e Theologo infigne, Sahio impreíTa no princi-
pio dos Sermões da Quarefma deíle Author.
Lisb. por Pedro Crasbeeck. 161 5. 4.
P. CHRISTOVAM GIL. Naceo na Qdade
de Bragança cabeça do Ducado, cujo Duque
foy fublimado ao Trono no faufto anno de
1640. Na tenra idade de 17. annos, deixando
a cafa de feus Pays Sylveftre Gil, e Leonor
OrtÍ2, abraçou o Inílituto da Companhia de
JESUS em o Collegio de Coimbra a 10. de
Novembro de 1569. Applicado aos eíhidos
começou a diítinguir-fe entre os feus condifci-
pulos na profunda penetração das mayores dif-
ficuldades da Sagrada Theologia, que àlem da
viveza do engenho de que era felifmente do-
577
tado, lhas facilitava o comercio mental que
tinha todos os dias com Deos. Depois de ler
letras Hununas, Rhetorica, e Fílofoíia, nos
CoUegios da Ilha Terceira, e Coimbra, diâou
Theologia neíle Collegio, e na Univerfidade
de Évora, pelo largo efpaço de muitos annos,
onde recebeo o gráo de Doutor a 4. de Julho
de 1596. Neíla fublime Faculdade mereceo
lograr o principado entre os Cathedraticos do
feu tempo, de tal forte, que querendo graduarfe
o P. Francifco Soares Granatenfe, em o anno
de I )97. para regentar a Cadeira de Prima na
Academia Conimbricenfe, c argumentando-lhe
o P. ChriftovaÕ Gil, confeíTou aquelie Oráculo
da Theologia Efcholaílica, que efcuzado fora
fer chamado de Caílella, quando Portugal
creava talentos de taõ alta esfera, para credito
naõ fomente de huma Univerfidade, mas de
todo o mundo. Eílando em Roma com o
lugar de Revifor dos Livros da Companhia,
voltou ao Reyno para fubílituto da Cadeira
de Prima, pela auzencia do feu Proprietário
o Doutor Exímio, que era chamado à Cúria,
em cuja fubftituiçaõ foy provido por duas
Provifoens paíTada huma a 29. de Fevereiro,
e outra a 9. de Abril de 1604. Todos os applau-
fos que lhe refultavaõ da profundidade das
fuás letras, naõ eraõ poderofos para lhe in-
troduzir a menor fombra de vangloria, antes
olhava com tal aborrecimento para os feus
efcritos, que rogou à hora da morte foíTem
reduzidos a cinzas. Sempre feguio as opi-
niões comuas ainda que com alguma no-
vidade, fogindo de queftões extravagantes,
em que tem mayor parte a fubtileza, que
a verdade, de tal forte, que perfuadido pelo
P. Paulo de Carvalho Lente em a Uni-
veríidade de Évora, a que fe apartaíTe
em certas matérias da doutrina de Santo
Agoftinho, e Santo Thomaz, lhe eftra-
nhou o confelho affirmando, que fem as
luzes daquelles dous brilhantes Aílros cer-
tamente fe havia precipitar o juizo em hum
abyfmo de graviíTimos erros. Tendo paf-
fado hum anno com a penofa moleítía
de dores nefriticas com que Deos lhe quiz
provar a paciência, e fazendo-fe mais into-
leráveis com a applicaçaõ dos remédios pe-
dio os Sacramentos, que recebeo com fumma
piedade, e ternura, e depois de reco-
42
578
mendar aos circunílantes a virtude da obe-
diência, como meyo mais meritório para
alcançar a Vida Eterna, foy tomar poíTe
delia a 7. de Janeiro de 1608. em 56. annos
de idade, e 37. de Companhia. A Uni-
verfidade de Q)imbra como a feu Lente
lhe fez hum pompofo Funeral. Vários fo-
raõ os elogios, que dedicarão os Authores
à fua memoria Bib. Societ. pag. 141. col. i.
Ingenio fuit perfpicaci promptoque, judicio peracri;
omnigena doãrina inftru£íus, multis rehus magnus,
(ò' fui dimijfione vere maximus. Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 187. col. 2. Vir utique doãij-
Jimus, vitaque nujquam, ut creditur, delibata inno-
centia venerabilis. MaíTeo Vif. dei P. Suar.
cap. 10. 'Lettore famojo di Theologia. Rho Hijl.
virt. (& vit. Lib. 7. cap. 10. num. 19. Admiror
Gillium, qui de Dei natura acutijfima [cripta reli-
quit. Girardi Diar. a 7. de Genar. Joan. Soar.
de Brit. Theatr. 'Lufit. I^itter. lit. C. n. 8. Bir.
certe fuit injignis eruditionis, atque doãrince, quam
non folúm viva você in publicis, frequentijfimifque
difputationibus, fed fcriptis editis, (âf ineditis
abunde comprobavit. D. Franc. Man. Cart. dos
A A. Portug. Doutijfimo Efcritor. Cardof. Agiol.
LMJit. Tom. I. pag. 69. deixando por fua morte
illuftrada a Univerjidade com fua excelkn-
te doutrina, e a Companhia naõ menos rica
de feus doutos efcritos, que de illujlres exem-
plos de religiofas virtudes. Franco in Ann.
Glor. S. J. in JLuJtt. pag. 9. Grande Lú-
men Societatis, & in Synopf Annal. S. J.
in Lufit. p. 194. n, 6. Vir Sapientijfimus, e
na Imag. da Virt. do Novic. de Coimb. Tom.
I. Liv. 2. cap. 81. Grande nas letras, e mayor
nas virtudes. Fonfec. E.vor. Gloriof p. 428.
De engenho taõ fubido, que mereceo os encó-
mios do P. Soares Granatenfe. Draudius Bib.
Claffic. Compoz.
Comentariorum Theologicorum de Sacra
Doãrina, e^ EJfentia, atque virtute Dei, li-
bri duo. Lugd. apud Horatium Cardon 16 10.
foi. & Coloniae apud Antonium Hieratum
16 10. foi. & ibi. 161 9. foi. 2. Tom.
Commentaria Theologica de Attributis.
M. S. dos quaes faz mençaõ Cardofo Agiol.
Lufit. Tom. I. pag. 73. no Comment. de 7. de
Janeiro letr. C.
De divina Perfeãione.
De Pradejlinatione.
BIBLIO THEC A
De Incarnatione.
Adverfaria Theologica in Tert. Parf.
D. Thomct.
De Vijtone Beata.
De Sacramentis, <& Matrimonio,
De Legibus.
Todos eftes Tratados Theologicos fe con-
fervaõ M. S. em o Collegio de Coimbra da
Companhia de JESUS, como afíirma o P. An-
tónio Franco na Imag. da Virtud. defle Collegio.
Tom. 2. p. 615.
Fr. CHRISTOVAM GODINHO natural
de Évora, e filho de Jeronymo Pereira, e Eufe-
bia Godinha. ProfeíTou o Inftituto do Dou-
tor Máximo Saõ Jeronymo, em o Convento
do Efpinheiro a 17. de Junho de 1617. onde
foy duas vezes Prior, a primeira em o anno
de 1647. e a fegunda no anno de 1658. O
mefmo lugar adminiílrou no Convento de
Penhalonga. Foy muito verfado na liçaõ dos
Poetas, e Hiíloriadores, da qual fahio con-
fummado em todo o género de erudição.
Morreo no Convento de Penhalonga a 7. de
Julho de 1671. Compoz, e imprimio, como
efcreve o P. Francifco da Fonfeca Evor. Glo-
riof. pag. 410. com o nome de António Pe-
reira da Fonfeca.
Poderes de amor em geral, e horas de converfaçaÕ
em particular. Lisboa na Officina Craesbeec-
kiana. 1657. 4.
P. CHRISTOVAM DE GOUVEA. Naceo .
na Cidade do Porto a 8. de Janeiro de 1542.
fendo filho de Henrique Nunes de Gouvea, e
Beatriz Madureira, igualmente illuítres pelo
fangue, que pela piedade. Quando contava
14. annos entrou em o Noviciado da Compa-
nhia de JESUS de Coimbra a 10. de Janeiro de
1556. onde eftudou letras Humanas, e Filofofia
em que tomou o gráo de Meftre. Recebidas as
Ordens de Presbytero, que lhe conferio o Arce-
bifpo de Évora D. Joaõ de Mello, aíTiflio qua-
tro annos neíla Cidade, em que foy Reytor do
Collegio dos Porcioniftas, entre os quaes eiia-
vaõ peíloas da primeira qualidade, como eraõ
Fernaõ Martins Mafcarenhas, e D. Antó-
nio Mafcarenhas, fendo depois o primeiro,
Bifpo do Algarve, e Inquifidor Geral, e
o fegundo, Deaõ da Capella Real. Exer-
I II
L USITANA.
579
citou por dous annos o lugar de McAre dot
Noviços em o Collegio de Eyora, merecendo
que rahiíTcm da fua efcola quinze companhei-
ros do V. P. Ignado de Azevedo, que com o
Tangue derramado teílemunliaraõ as verdades
da Ley Evangélica. G>m o mefmo miniílerio
paíTou para o G)llegio de Coimbra em o anno
de 1572. e depois de o exercitar cinco annos,
foy eleito Viíitador da Ilha da Madeira, donde
reíUtuido ao Reyno, depois de fer Reytor
do Collegio de Braga o foy do Collegio de
Santo Antaõ de Lisboa, lançando a primeira
pedra a efte edifício no anno de 1579. debaixo
dos aufpicios íempre favoráveis à Compa-
nhia do Cardial Rcy D. Henrique. Sendo
companheiro do Provincial Scbaíliaõ de Mo-
raes Confcflbr da Senhora D. Maria Princcza
de Parma, foy nomeado pelo Geral Cláudio
Aquaviva, para Vifitador do Brazil. Naõ
pode refiftir a efta ordem, c embarcado com
o Governador daqucllc Eftado Manoel Telles
Barreto, chegou à Bahia, e nella foy be-
nevolamente recebido pelo Provincial o
V. P. Jozé de Anchieta, celebre Thauma-
turgo da America. Tantas foraõ as acçoens
que obrou em beneficio deíla Provinda,
que certamente fe podia chamar feu Fun-
dador, jà na perfeição com que ordenou
fe celebraífem os Officios Divinos, jà em os
vários edifícios que levantou para mais cómoda
habitação dos Religiofos. Voltando do Brazil
foy prizionado pelos Francezes, que por
feguirem as partes do Senhor D. António
contra Filippe Prudente, infeílavaõ aquelles
mares, fendo tratado com fumma deshuma-
nidade, que tolerou com grande conftancia.
Voltando a Portugal foy Prepofito da Caza
de Saõ Roque, e Provincial, moftrando em
tantos lugares que teve na Religião, prudência
rara, aííabilidade fumma, e obfervancia exaóta.
Nas palavras foy parco, nas obras magnifíco,
nos concelhos prudente, por cujos dotes o
propôs à Mageftade de Filippe II. de Portugal,
o Geral da Companhia para Bifpo do Japaõ,
e attendendo efte Príncipe a taõ judiciofa
inlinuaçaõ o nomeou neíla dignidade, de
que naõ chegou a tomar pofle impedido
pela morte, que o privou da vida em Lif-
boa a 15. de Fevereiro de 1622. com 80.
annos de idade, e 66. de Companhia. Grandes
elogios lhe fazem Telles Chron. da Comp.
d$ JES, da Prw. dt ?ortug. Part. 1. Liv. 2.
cap. I X. iL 4. e Franco Aim. Ghr. S. ]» in Lufit.
pag. 87. & in Synopf, AnnaL S, ]» m Lufit,
p. 254. n. 9. Efcreveo.
Hiftoria do Brafil, 9 cofiumis dos Jtus
habitadores M. S. Deíle livro faz memo-
ria Jorge Cardofo Affol. Lujit. Tom. i.
nas Advertências $. 2. e no Comment. de
25. de Fever. letr. B. e o allega pag. 47. como
quem o vira dizendo fe confervava no Col-
legio de Coimbra.
Commentario das occupa^otns que teve,
e do que nellas fe:(^. Delia Obra efcreve o P.
António Franco na Imag. da Virtud. em o
Novic. de Evor. liv. i. cap. 51. §. 7. eílas
palavras. Vou metendo nefia narração algftmas
coujas, que parece as pudera ejcufar por ferem
noticias particulares que o mefmo P. ChriflovaÕ
de Gouvea deixou efcritas em hum Commentario,
que por fua curiofidade foy far(endo das occupa-
(oens, que teve, e do que nellas fe:^.
Summario das armadas que fe fi!(eraõ, e
guerras que fe deraõ na Conquijla do Rio da
Paraiba. M. S. Eíla obra compoz quando
era Vifitador da Provinda do Brafil da qual
vimos huma copia Aí. S. na SeleâilTima
Livraria da Hiíl. de Portugal de meu Irmaõ
D. Jozé Barbofa Clérigo Regular, e outra
fe conferva em a do Excellentiflimo Conde
de Vimieiro.
Fr. CHRISTOVAM DE JESU Religiofo
Menor da Provinda de S. Thomé da índia
Oriental. Sendo muito perito na lingua
Canarina, e dezejando inftruir nella aos feus
companheiros para o fim de conduzirem ao
grémio da Igreja a muitos bárbaros, efcreveo.
Arte Gramatical da lingua Canarina de
cuja obra, e do Author deUa fazem mençaõ
Fr. Jacinto de Deos Vergel de Plant.
e Flor. cap. i. pag. 10. e o moderno addi-
cionador da Bib. Orient. de Ant. de Leaõ
Tom. I. Tit. 16. col. 528.
Fr. CHRISTOVAM DE JESU MA-
RIA Naceo na Quinta de Monte deixo de
que eraõ Senhores feus Pays o Capitão Joaõ
Trigudros Sottomayor, e D. Leonor Franca
58o
BIBLIO THE CA
da Sylva, íituada na Freguezia de S. Pedro
de dous portos termo da Villa de Torres
Vedras do Patriarchado de Lisboa. Depois
de aprender letras humanas aíTentou praça
de Soldado em cujo exercido fe diílinguio
tanto dos feus companheiros que brevemente
fubio a Capitão de Granadeiros paíTando com
efte pofto ao Rio de Janeiro em o anno
de 171 1. onde movido fuperiormente, naõ
fomente deixou a vida militar, mas o Morgado
dafua Cafa que hoje poíTue fua Irmaã D. Cathe-
rina Magdalena, e fe recolheo na Seráfica
Província da Immaculada Conceição profef-
fando o humilde eílado de Leygo, e ainda
que tinha baftante fciencia para o Sacerdócio
fempre fe julgou indigno delle por mais que
foy perfuadido dos Prelados. Como era ini-
migo do ócio fe occupava continuamente
em beneficio da Religião em diverfos minif-
terios como eraõ de Architeâo, e Eftatuario,
e em outros mecânicos de Pedreiro, e Carpin-
teiro pois para todos tinha génio, e habilidade.
Ao tempo que era Procurador da fua Pro-
vinda em a Cidade da Bahia paíTou a Por-
tugal para fer curado de hydropezia, e depois
de aíTiílir féis mezes nefba Corte falleceo a 15.
de Janeiro de 1736. Jàz fepultado no Con-
vento de N. Senhora das Portas do Ceo do
lugar de Tilheiras fuburbio deíla Cidade o qual
he da Provinda Seráfica de Portugal. Com-
poz.
Hijioria Inopina h.ujifana. Succejfos notáveis
do valor de nojfos antigos continuando nos prementes,
e futuros Vortugue^^es com os Jucejfos concernentes
aos tempos. A.ttenuaçaÕ da decima fexta geração,
e na mefma com o Refpiciam do Senhor eftabeli-
cido o Quinto, e Univerfal Império do mundo.
Dedicado ao illuftre, e invião Capitão da Infan-
taria, Vroteãor de Portugal, Advogado contra a
pefie, e Martjr de Chriflo S. Sehafliaõ. 4.
M. S. Foy compofta no anno de 1734. e fe
conferva em poder do Alferes Jozé Pinheiro
de Oliveira Cunhado do Author.
Kecreaçaõ efpiritual M. S. 16.
CHRISTOVAM JOAM natural de
Coimbra em cuja florentiflima Univerfida-
de foy famofo Cathedratico de Direito Pon-
tificio fendo provido na Cadeira de Clemen-
tinas a 15. de Fevereiro de 1578. de Sexto
em 27. de Março de 1579. do Decreto a 16.
de Novembro de 15 81. e de Vefpera a 30.
de Outubro de 1586. Em todas eílas Cadd-
ras defcubrio os thezouros fcientificos da
fciencia Canónica, e Civil que eílavaõ depofi-
tados na fua grande memoria, e profunda
comprehenfaõ por onde mereceo os elogios
dos mais infignes Jurifconfultos como faõ
feu difcipulo Gabriel Pereira de Caftro que
eíle fó bailava para eterno brazaõ do feu
Magiílerio, Decif. 61. n. 3. Prceceptor meus
doãijfimus, et femper memorandus. Francifco
de Caldas Pereir. ad L. Ji Curator, verb, Implo-
rand. n. 5. rari, <& excellentis ingenii, acerri-
mique jtidicii, et exquifitiffima doãrina viro
utriufque júris fcientia clarijfimo, e in Traã.
Oper. Emphyt. Part. 4. cap. 17. n. 20. Sapien-
tijfimo, acutijfimoque Chriflophoro Joanni Vef-
pertinoe, Cathedrce moderatori eximio. AtíL. de
Souf. de Macedo I^ufit. lÀherat. Lib. i.
cap. 14. n. 46. quem prceterita facula prodi-
derunt Superiorem vix ullum, aquales paucos,
e nas Flor. de Efpan. cap. 8. excel. 9. Foy
Cónego Doutoral de Refidencia na Cathedral
de Coimbra de que tomou poíle a 18. de No-
vembro de 15 81. em cuja Cidade morreo a
17. de Fevereiro de 1598. Efcreveo.
A-llegaçaÕ de Direito na caufa da Suc-
cejfaõ dejles Rejnos por parte da Senhora
D. Catherina filha do Infante D. Duarte.
da qual fez a ateftaçaõ feguinte impreíTa na
A.llegaçaÕ de Direito fohre a mefma SucceJJaÕ.
Almeirim por António Ribeiro, e Fran-
cifco Corrêa 1580. foi. Ego quoque de Regni
Sucejfione confultus inter eos omnes, qui ad
judicium potètijfimi, ac Santiffimi Kegis vocati
funt de Succejfíone pradiãa contendentes potiorem
effe D. Catherina caufam exiflimavi: idque non
folum humanarpim legum, Doãorumque authoritate
prohavi, fed multis à natura ipfa depromptis
rationihus ( ni fallor ) apertijfime demonftravi:
ad hucque in eadem confians perfevero fententia.
Chriflophorus Joannis Doctor.
Entre as Poílilas que diâou em a Uni-
verfidade, faõ as mais celebres.
De Suplenda Negligentia Pralatorum diítada
em 1579.
De Sacramento Matrimonii em 15 81.
De Judiciis começada em 1593. e acabada
a 29. de Mayo de 1595.
li
L USITANA.
58 1
De ride injlrimientorum cm 159J.
D» Foro (otMpetenti.
h Cie men tinas ad Ti/, de Sequeftratione.
De Mutuis petitionibiis.
De ultimis vohmtatibiis.
De Precariif.
De Secundis Niéptiis.
De Siicejftone ah intefla/o.
D. Fr. CIIRISTOVAM DE LISBOA
ou DI'^ SA* natural da illuftrc Qdade com
que fc appclidou, filho de Henrique de Sà
de Menezes, e neto de Joaõ Rodriguez de Sà
Senhor de Baltar, e Payva Fronteiro mór
de Entre Douro, e Minho, c Vedor da Fa-
zenda do Porto. Dcfprezando com heróica
rcfoluçaõ as vaidades do Século bufcou os
rigores do Clauftro em o Real G^nvento de
Bcicm onde profeflbu o fagrado Inftituto
do Doutor Máximo S. Jeronymo a 9. de
Junho de 1385. e foraõ tantos os progreíTos
que fez igualmente nas letras, e nas virtudes
que mercceo fcr elevado por morte de D. Joaõ
Ribeiro Gayo ao Bifpado de Malaca fendo
Sagrado no G^nvento de Belém a 21. de
Novembro de 1604. Depois de lançar a
primeira pedra na Igreja do Noviciado da
Cotovia defta Corte dos Padres Jefuitas a
20. de Março de 1605. partio na armada de
que era Capitão mór Braz Telles de Menezes
para a fua Diocefe em que encheo as obriga-
çoens de folicito Paílor. Paflados cinco annos
foy transferido no de 161 o. para a Primacial
dignidade de Arcebifpo de Goa na qual naõ
fomente fucedeo em a Cadeira ao lUuílriíTimo
D. Fr. Aleixo de Menezes, mas em o zelo com
que atendeo pelo ornato da fua nova Efpofa.
A primeira MiíTa folemne que nella fe celebrou
foy em dia da illuílre Martyr, e Sabia Doutora
Santa Catherina Orago da mefma Cathe-
dral cujo edifício mageftofo fe acabou por
fua cuidadofa induílria. Foy devotiíTimo do
amorofo Myílerio da Euchariftia a cujo ob-
fequio inftituhio huma Confraria, acompa-
nhando-o com fumma modeflia, e ternura
todas as vezes que era levado aos enfer-
mos, como também as Prociíloens que to-
dos os annos fe fazem a S. Thomé Padro-
eiro da índia Oriental, e a Chriílo Crucifi-
cado milagrofamente apparecido na Cruz do
Sido da Boa víAa em Goa que fucedeo no
tempo do feu governo. Pela auzenda do
Vice-Rcy D. Jeronymo de Azevedo gover-
nou o Eftado em o anno de 161 5. em cujo
lugar moílrou que naõ tinha menor talento
para o miniílerio Sagrado que politico. Mais
cheyo de virtudes, que de annos paíTou a
melhor vida em Goa a 51. de Março de i6z2.
Jaz fepultado na Githedral com eíle epitáfio.
Sepultura de Fr. ChriJIovaõ de Lisboa Frade
]eronymo, filho de Belém 5. Bifpo dê Malaca,
e 8. Arcebifpo defta Cidade. Faleceo no derradeiro
de Março de 1622.
Fazem memoria dcftc Prelado Faria Afta
Fortug. Tom. 3. Part. 3. cap. 4. §. 7. e Part. 2.
cap. 7. §. 21. c cap. 8. §. 2. Franco Imag. da
Virtud. do Nov. da Companh. de Usboa Liv. 1.
cap. 3. §. 2. Anton. Bocarro Decad. da índia
cap. 84. D. Anton. Caetano de Souf. Cathal.
dos Bifp. de Malac. e no Cathal. dos Arcebifp.
de Goa §. 9. Compoz.
Tratado do aparecimento de Chrifto Cru-
cificado na Crff^ da Boa vifta em a Cidade
de Goa Jucedido a zy de Fevereiro de 161 9.
o qual conforme affirma Jorge Cardofo
Agiol. Ijiftt. Tom. 3. pag. 60. no Com-
ment. de 3. de Mayo letr. D. he copio/o, e
largo, e fe conferva na Cathedral de Goa.
Officium S. Catharina Virginis, et Mar-
tyris que fe reza na Cathedral, da qual he a
Santa o Orago, por indulto Pontificio.
Tratado fobre as Miffoens de Madure acerca
do que refolveo Gregório XV. em a Conf-
tituiçaõ que principia Komana Sedis.
Defta obra faz mençaõ o moderno ad-
dicionador da Bib. Orient. de António de
Leaõ Tom. i. Tit. 3. col. 84. onde fe en-
ganou efcrevendo que era da Ordem de S.
Joaõ, fendo de S. Jeronymo como também
o appellido de Sà que traz efcrito por erro
da impreíTaõ Voa.
D. Fr. CHRISTOVAM DE LISBOA
cujo appellido indica a pátria que lhe
deo o berço, fendo filho de Gafpar Gil
Severim, Executor mór do Reyno, e de
Juliana de Faria, e irmaõ do celebre An-
tiquário Manoel Severim de Faria, Chan-
tre da Cathedral de Évora. Na idade da
adolefcencia recebeo o Habito Seráfico,.
582
BIB LIO THE CA
na reformada Provinda da Piedade, donde
paíTados quatro annos fe transferi© para a de
Santo António, e depois de inftruido com a
Theologia Efcolaílica, e Pofitiva, fahio hum
dos famofos Letrados, e grandes Pregadores
do feu tempo, por cujas partes foy muito
acceito à Mageílade delRey D. Joaõ o IV.
Foy Qualificador do Santo Officio, Guardião
do Convento de Santo António de Lisboa,
Definidor da Provincia, CommiíTario da Pro-
vincia de Portugal, e primeiro Cuílodio da
Provincia do Maranhão, em cujo miniílerio
padeceo innumeraveis trabalhos pela converfaõ
dos Gentios. Amou com exceflb a pobreza,
e de tal forte obfervou a caftidade, que naõ
podia ouvir palavra, que oíFendefle eíla angé-
lica virtude. Sendo obrigado a aceitar a Mitra
de Angola, a naõ chegou a poíTuir morrendo
em Lisboa a 14. de Abril de 1652. O feu
Retrato eílá na Caza do Capitulo do Convento
de Santo António deíla Corte entre os Bif-
pos que teve nefte Reyno efta Santa Re-
forma. Fazem delle breve memoria Joan.
Soar. de Brit. in Theatr. L,ujit. LiUer. lit.
C. num. 10. Wadingo de Script. Ord. Min.
pag. 90. col. I. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
p. 188. col. 2. D. Anton. Caet. de Souf. no
Cathalog. dos Bifp. de Angola. Compoz.
Sermão de SaÕ Jo^é. Évora por Manoel
de Carvalho 1625. 4.
Sermão da quarta Dominga da Quarejma.
Lisboa por Paulo Craesbeeck. 1641. He
allufivo ao eftado em que naquelle tempo
fe achava efte Reyno. 4.
Sermàõ da terceira Dominga do Advento
na Mifericordia de l^isboa, quando fe jurou E/Rej
D. Joaõ o IV. por Rej dejle Rejno. Lisboa
por António Alvares 1641. 4.
SermaÕ pregado em Santo António dos
Capuchos de que era Guardião, por ordem
da Rainha a 18. de Setembro de 1643. Lis-
boa por Lourenço de Anvers. 1644. 4.
SermaÕ da Immaculada Conceição da
SacratiJJima Virgem Nojfa Senhora Padroeira
do Rejno pregado na Cape lia Real a %. de
De:(embro de 1645. Lisboa por Paulo
Crasbeeck 1646. 4.
SermaÕ pregado na Capella Real na Ter-
ceira Sexta Feira da Quarejma 2. de Março
de 1646. Lisboa por Pedro Crasbeeck 1646. 4.
SermaÕ da Quinta Jexta Feira da Qua-
refma na Capella Real a z-j. de Março de
1648. Lisboa por Manoel Gomes de Car-
valho 1648. 4.
SermaÕ de S. Gonçalo. Coimbra por
Manoel Rodriguez de Almeyda 1694. 4.
Obra poílhuma.
Manifejlo da injujliça, cegueira, e decli-
nação prejente, e futura ruina de Caflella, e
do abono, patrocínio, e amparo divino da JuJHça
de Portugal, verdades todas eflampadas no
maravilhofo cafo, que fucedeo em a Cidade de
Lisboa, dia do Corpo de Deos em que o Senhor
livrou com a fua omnipotência a Alagejlade delKey
D. Joaõ o IV. da morte, que á traiçaõ lhe inten-
tarão dar os Cafielhanos. Lisboa por Paulo
Crasbeeck. 1647. 4'
Santoral de vários Sermoens de Santos.
Lisboa por António Alvares. 1638. 4. No
prologo defte livro affirma ter compofto
dous grandes volumes de lugares Comuns
da Efcriptura.
Jardim da Sagrada Efcritura difpojlo em
modo alphabetico com hum elencho de difcurfos,
e conceitos fobre os Evangelhos das Domingas,
Quartas, e Sextas Feiras da Quarefma, e Do-
mingas de Advento, utiliffimo para Pregadores,
e Curas de almas. Lisboa por Paulo Cras-
beeck 1653. foi. Sahio por induftria de
Fr. Gabriel do Efpirito Santo Provincial
da dita Provincia de Santo António pro-
metendo no Prologo publicar a Segunda
Parte.
Hifioria natural, e moral do Maranhão,
e GraÕ Pará M. S. da qual fazem memoria
Duarte Madeira Nova Philofojia i. Part
Tom. 2. Difp. 8. n. 33. Nicol. Ant. B^.
Hifp. Tom. I. pag. 189. e o moderno ad-
dicionador da Bib. Occid. de Ant. de LeofL
Tom. 2. Tit. 13. col. 687.
Tratados Predicativos. M. S. Confei-
vaõ-fe na Livraria do ExcellentiíTimo Cou- '
de de Vimieiro.
Dialogo do juflo, e devido fentimento nas
adverfidades humanas. Interlocutores Vaeriço, e
Pontonio. M. S. 8. Na mefma Livraria Í3e;
guarda, que foy do Irmaõ do Author.
Fr. CHRISTOVAM DA MADRE DE|
DEOS LUZ naceo em a Cidade de S. Sebaf-
L USITANA.
583
kõ Capital do Rio de Janeiro na America,
'oraõ feus Pays Francifco Dias da Luz natu-
ll da Cidade da Tavira em o Reyno do
%lgarve, e hum dos alentados Capitaens,
t em companhia do General Mendo de Sá
apulfaraõ do Rio de Janeiro aos Francezes
aoiligados com os Tamoyos, e Domingas
Sylveira filha dos primeiros conquiílado-
•és, e povoadores deAa Colónia. Recebeo
) habito de S. Francifco na Provinda de Santo
Xntonio do Brafil onde foy varias vezes
funrdiaò, Definidor, c hum dos dous Procu-
idores Geraes, que vieraõ a eíla Corte folicitar
crccçaò da Provincia da Immaculada Con-
ciçaò cuja cmprcza felizmente confcguio em
) anno de 1675. Nclla mcrccco occupar
iclo fcu grande talento os mayores lugares
jomo foraõ duas vezes Provincial, e Vifita-
J^. Foy por muitos annos Comiflario do
|Blto OfHcio que exercitou com fumma
^■tídaõ. Na Religião era exemplar, no eíludo
^Btinuo, e na devoção da Senhora fervorofo.
HUeceo no Convento de Santo António
Hl fua pátria em o anno de 1720. Compoz.
' Cuidado contra o tempo. M. S. 4. Nefta
)bra defcreve varias noticias do Eftado do B ra-
li! defde o feu defcobrimento, e da Seráfica
Religião no mefmo continente. Confervava
cfte livro Fr. Salvador da Conceição Gayo
Exdefinidor da mefma Provincia do qual
confeíTa Fr. AppoUinario da Conceição de
quem jà fizemos particular memoria, ter
extrahido varias noticias para as fuás compofi-
çoens com que tem utilizado a curioíidade
publica.
Cartório da Provincia da Immaculada Conceição
do EJlado do Brafil que fez quando era Provincial
no anno de 1683. Coníla de 10. Capítulos, nos
quaes recopilou a Origem deíla Provincia com
todos os Breves, e varias noticias pertencentes
a ella atè o tempo que a efcreveo.
Fr. CHRISTOVAM DE S. MARIA
natural de Lisboa. Depois de eftar inílrui-
do com as letras humanas, e Filofofia foy
admitido à Religião de S. Jeronymo pro-
feíTando o feu Inílituto no Real Convento
de Belém a 7. de Junho de 1667. Em pre-
mio dos progreíTos que fez a fua applicaçaõ
em os eíludos Theologicos, recebeu em a
Univerfídade de Coimbra as iníignias Douto-
raes fendo nella Lente de Cadeira pequena
de Eícrítura de que tomou poíTe a 9. de
Junho de 1696. donde paíTou para a de Gur
briel em 10. de Janeiro de 1701. e para a de
Durando a 2. de Outubro de 1706. Foy
Reytor do CoUegío de Coimbra, em o anoo
de 1686. Qualificador do Santo Oflicio, bum
dos mais celebres Theologos do feu tempo,
e naõ menos infigne Pregador, de cuja arte
deixou por argumento.
SermaÒ no Auto publico da Fè qm fe
celebrou em o Terreiro de S, Migful da Ci-
dade de Coimbra Domingo 25. de Julho de
1706. Coimbra por Jozé Ferreira Impref-
for do Santo Officio, e da Univerfidade
1706. 4.
Calejlis cithara antilogici concentus ex apparen-
ter dijjonis conjonantiis fuaviffimum edentes Jonum.
M. S. foi. Neíla Obra concilia os Textos da
Efcritura antinomicos, e depois difcorre no
fentido moral, a qual ficou imperfeita.
Traãatus de gratia Chrifti. M. S. Eftc
Tratado como a obra precedente fe confer-
vaõ no Collegio de Coimbra onde morreo
a 6. de Março de 171 2.
CHRISTOVAM MARTINS Presby-
tero UlyíTiponenfe Capellaõ da Igreja do
Efpirito Santo, muito douto, e veríado nos
ritos, e Cerimonias Eccleíiaílicas, por cuja
applicaçaõ o louvaõ com grandes elogios
Lucas de Andrade Illujlraçaõ ao Man. da Mijfa
Illuftr. 7. n. 8. e D. Leonard. de S. Jozé Suonom.
Sacr. cap. 2. Tit. 3. §. 18. Morreo na Pátria
em o anno de 1668. Compoz.
De Kitibtís Sacris dúbia feleãa in Ru-
bricas Mijfalis Komani Sanãijftmi Domini
nofiri Urbani VIII. autboritate recoffíiti
Pars prima in quattuor traãatus divifa. Ulyf-
íipone ex Ofíicina Crasbeeckiana 1652. foi.
Na Dedicatória ao Bifpo de Targa promete
explicar o Pontifical Komano.
De Rjtibus Sacris 2. Pars. Eílava prompta
para a impreíTaõ, o que naõ executou impe-
dido pela morte.
Apologia das Rubricas do Aíijfal Ro-
mano contra a infiancia do Ucenciado Joaõ
Campello de Macedo. M. S. Efta Obra fe
confervava na Bibliotheca do Cardial de
584
BIBLIO THE C A
Soufa juntamente com a inftancia do Cam-
pello.
P. CHRISTOVAM DE MATTOS da
Companhia de JESUS Doutor na Sagrada
Theologia efcreveu, e publicou conforme
affirma Joan. Soar. de Brit. TòeaL Lujif.
JLitter. lit. C. n. ii.
Cathecijmo "Portugue^.
CHRISTOVAM DE MELLO Porteiro
mór da Cafa Real, e Alcayde mór de Serpa
filho de Joaõ de Mello Alcayde mór de Serpa,
e de D. Ignes de Caftro filha de D. Fernando
de Caftro Governador da Cafa do Civel.
Foy muito applicado ao eftudo de Genealo-
gia efcrevendo com grande curiofidade como
affirma o P. D. António Caetano de Soufa
no Apparaf. à Hijl. Geneal. da Cafa Keal Portug.
pag. 104. §. 109.
Familias do Keyno de Portugal. M. S.
Fr. CHRISTOVAM OSÓRIO natural
de Lisboa filho de Aifonfo Gomez, e Maria
Oforio. Sendo admitido á Sagrada Religião
•da Santiífima Trindade profeííou no Convento
pátrio a 27. de Mayo de 1590. onde fe appli-
cou ao eftudo da Hiíloria principalmente da
fua Ordem, e à cultura da Poefia em que fahio
muito verfado. Padeceo com grande paciência
vários achaques procedidos de huma infermi-
dade que teve nos primeiros annos de Reli-
giofo, dos quaes recebia algum alivio com a
liçaõ dos Uvros que continuamente revolvia
até que a morte o fufpendeo deíla applicaçaõ
a 27. de Janeiro de 1634. Compoz.
Pancarpia, Profas hijioricas, e Titula-
res de Varoens collocados, e illujires da Or-
dem da Santijfima Trindade KedempçaÕ de
Cativos com algumas excellencias delia. Lisboa
por Pedro Crasbeeck 1628. 8. Em applaufo
deíla obra lhe cantou a elevada, e difcreta
Mufa do infigne Poeta Lope da Vega Carpio
«íla Decima.
De roxo, y a^ul colores
Que el A.ngel haxo dei Cielo
Hjeroglificos dei f(elo,
Y fé de fus profejfores ;
Pancarpia texe de flores
Oforio en tan doãa Summa,
Que de "Laurel la prefuma,
Pues delas impirias salas
Fénix celefle en las alas
Le truxo tanbien la pluma.
Da obra, e do Author faz memoria o PT
António dos Reys no Enthufiafm. Poet. n. 179.
D. CHRISTOVAM DE PORTUGAL
filho illegitimo do Senhor D. António Prior
do Crato, e neto do Infante D. Luiz filho do
Sereniffimo Rey D. Manoel naceo na Cidade
de Tangere no mez de Abril de 1573. quando
feu Pay governava eíla Praça. Todos aquelles
dotes, que fervem de ornato aos Princepcs
repartio com elle taõ pródiga a natureza que
podia fer o exemplar por onde fe regulaíTem
as acçoens affim moraes, e politicas, como paci-
ficas, e militares. O afpefto era gentil, e grave,
o coração magnânimo, e deílemido, o en-
tendimento perfpicaz, e prudente, o génio
affavel, e compaffivo, merecendo por taõ
fingulares partes o admirável conceito, que
formarão do feu profundo talento as Naçoens
por onde difcorreo, fendo feu Pay o pri-
meiro que conheceo a fua grande capacidade
pois vendo fruftradas as negociaçoens que
intentara com os Princepes da Europa para
cingir a Coroa de feus Avós o mandou
quando contava a florente idade de quinze
annos por Embaxador ao Emperador de
Marrocos pedindo-lhe empreílados trezentos
mil cruzados com que confeguiíTe a nobre
empreza de libertar a Pátria do dominio
Caílelhano, e ficaíTe elle em reféns defta
quantia. Partio D. Chriftovaõ de Gravezende
a 25. de Outubro de 1588. acompanhado de
muitas peíToas entre as quaes fe diftinguiaõ o
P. António Fernandes Pinheiro feu ConfeíTor,
e Efmoler, Manoel de Brito, e Almeyda
Camareiro, e Governador da Cafa, Balthezar
Paez de Cáceres Thezoureiro mór, SebaíUaõ
Gonçalves Lima Guardaroupa, e depois de
vencidos vários perigos em a nào Hercules
de que era Capitão Duarte Perim Corrca,
dezembarcou em Çafim a 7. de Janeiro de
1589. Foy recebido com honras de Prín-
cipe pelo Alcayde BellaíTon em quanto naõ
chegava o Baxa Mahamet Zarcaõ, que o
conduzio à Corte acompanhado de fetecen-
tos arcabuzeiros preciofamente veftidos.
Com inexplicável alvoroço o tratou o Prin-
LUSITANA.
585
cipe Muley Buferet filho do Emperador de
Marrocos, que por eílar neíle tempo em o
Reyno de Fez, naõ aíTiftio a eíle folemne
aâo, ao qual certificou logo da fua chegada
remetendo a carta de crença que o bárbaro
recebeo com particular eílimaçaõ. AfTmou-lhe
o Emperador cm fmal da magnifica hoípita-
lidade, que com cUc queria uzar, fcíTenta arca-
buzeiros para fua Guarda, e mil quatrocentas
e oitenta Livras cada mez, com outros dona-
tivos que augmentavaõ o efplendor, e regalo
da Mcza. Como lograva a fua caza da immu-
nidade de Princcpc Soberano, concorriaõ a
cila como feguro afylo todos os Chriílaõs rece-
bendo naõ fomente os Sacramentos para ali-
mento das almas, mas copiofas efmolas para
refgate dos corpos. Nas Fedas mais folemnes
do dlendario Romano dava mcza a duzentas
pcflbas, com taõ fumptuofa profufaõ, que bem
moílrava os gcncrofos cfpiritos que lhe ani-
mavaõ o coração. Dezenganado de concluir
a negociação com o Emperador de Marrocos
partio cm o anno de 1590. para Londres
onde confcrvou taõ grande correfpondencia
com o Xarife que lhe ofFereceo por huma
carta, e a feu Irmaõ D. Manoel de Portugal
a fua Corte, na qual feria tratado com a
mefma grandeza que feus próprios filhos,
por eílar lembrado da heróica acçaõ que
obrara ElRey de Portugal, quando paíTou
a Africa a amparar hum Princepe da fua Caza.
A fumma fidelidade, e natural inclinação
que fempre obfervou em obfequio dos
Monarchas Portuguezes, o moveo paíTar a
Veneza a 28. de Novembro de 1599. ^°"^
Manoel de Brito, e Pantaleaõ PeíToa, feus Con-
fidentes, para perfuadir àquelle Eftado como
era o verdadeiro Princepe D. Sebaftiaõ aquelle
homem, que por fua ordem eílava prezo, e
fendo recebido pelo Doge a 11. de De-
zembro do dito anno, com honorificas
demonílraçoens lhe prometeo, atenderia à
fua reprezentaçaõ. Naõ foy eíle o único
argumento que deo do aiFeâ:o, que tinha
a Portugal, pois aíTiílindo em Pariz, ef-
creveo huma carta a D. Chriílovaõ de
Moura Vice-Rey deíle Reyno, em que
o exhortava com efficazes fundamentos,
para libertar a Monarchia Portugueza do
violento domínio de Caftella. Os últimos
annos da fua vida aíTiítio na Corte de Pariz
com hunu peníaô que lhe dava ElRey ChriT-
tiani/Timo, de cujos interefles foy fempre
muito pardal. Ao tempo que contava 6j.
annos de idade foy accommettido de hum
accídente de parlefia, que o privou da vida
a 5. de Junho de 16)8. Jaz fepultado no
Convento dos Francifcanos de Pariz, pró-
ximo i fepultura de feu Pay. Em dous re-
tratos abertos nefta Corte, íe ve copiada a
fua figura. Em o primeiro fe lè na fua cir-
cumferencia Chrtflophorus Dei gratia Prímeps
Por/ugallia; e na parte inferior: Filius D. An-
tonii XVIII. Portugallia Keffs, com eftes dous
vcrfos :
Hic vultu, €>• meritis Princeps de Sanguine
Kegum
Qtio magis atterittar, tanto virtute refur^t.
A hum lado eílaõ as Armas Reaes de
Portugal, e a outro huma Palmeira coroada
do Sol com cila letra: Te rasante vireho.
No 2. retrato tem por circumferencia
eílas palavras: Chrijlophorus Princeps D. An-
tonii Portugallia Kegis filius atatis 52. e na parte
inferior eftes dous verfos.
Viribtis ingenitis, ni fors inimica refij-
tat
Et Sceptra, e^ pátrios oculis infcripfit ho-
nores.
Fazem illuftre memoria da fua peíToa
D. Joaõ de Caftro Dijc. da Vid. de/Rfy
D. Seb. cap. 19. Caram. Philip. Prud. p.
71. 165. 173. 296. e 299. Scevol. e Lov.
de Sain£l. Marth. Hijl. Gemai, de U Mai-
fon de Franc. Tom. 2. Liv. 43. cap. 9.
P. Anfelm. HiJl. Geneal. <òr Chronol. dela
Maif. Rqyal. de Franc. Tom. i. p. 611.
Dupleix Hift. de Franc. ad ann. 1580.
n. 19. Imhof. Stem. Reg. Lufit. pag. 19.
Menezes Hijl. de Tanger. Liv. 2. p. 80.
§. 58. Soufa Hijl. Genealog. da Cat(a Real
Portug. Tom. 3. Liv. 4. cap. 8. Compoz.
Briefue, €>" fommaire defcription de la
vie, (ò" mort de Don Antoine primier du nom,
aíy dix-hui£tiefme Rqy de Portugal avec plu-
Jiurs lettres fervantes à V Hijloire de Temps»
Pariz ches Gervais Alliot. 1629. 8. De-
dicou efta Obra à Mageftade Chriftianif-
íima de Luiz XIII. o qual no Privile-
gio que lhe concede a 5. de Fevereiro de
586
BIB LIO THE CA
1629. para a mefma Obra, o trata com eftas
palavras : Nojire tres-cher, <& ami coujin D. ChriJ-
tofie de Portugal.
CHRISTOVAM RODRIGUES AZI-
NHEIRO. Naceo na Cidade de Évora em
o anno de 1474. e depois de receber o gráo
de Bacharel em Direito Civil, exercitou por
muitos annos na fua pátria o officio de Advo-
gado com credito do feu talento. A natural
inclinação, que tinha ao eftudo da Hiíloria,
principalmente à deíle Reyno o eftimulou
a revolver as Chronicas antigas, e extrahir
delias com fummo difvelo as noticias prin-
cipaes, de que formou a Obra feguinte, efcrita
como elle afirma em o anno de 1535. quando
contava 61. de idade.
Compendio das Chronicas de Portugal. M. S.
foi. cujo prologo começa. EJiaõ em ejle
pret(ente volume recopilladas , fumadas, abre-
viadas, todas as lembranças dos R^j de Por-
tugal das Caronicas velhas, e novas fem mudar
Jufiancia da verdade, rejnante ElRej Dom
Joaõ o terceiro do nome, quin^^eno dos Reys
de Portugal, (à^c. Fazem memoria defta
Obra, e do Author Brandão Mon. Eufit.
Tom. 3. Liv. 8. cap. 12. Cardof. Agiol. hufit.
Tom. 3. pag. 733. no Comment. de 17. de Ju-
nho letr. F. Joaõ Franco Barret. Bib. L.ujit.
M. S. Nicol, Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 191.
e o P. Fonfec. Evor. Glorio/, pag. 411.
chamando-lhe homem erudito na matéria
hiftorica, e que imprimira o Compendio das
Chronicas, o que me parece fer engano,
pois delle fe confervaõ varias copias M. S.
e huma tem meu Irmaõ D. Jozé Barbofa
na fua feleók Livraria da Hiíloria Portu-
gueza, onde o Author chega até o Rey-
nado delRey D. Joaõ o III. Naõ ignoro
que fahio impreíTo fem o nome de Author,
em 4.
Sumario das Chronicas dos Keys de Portugal
revifio, accrefcentado , e em parte emendado nefia
Jegunda impreffaõ, em que foy apurado pelas pró-
prias Chronicas, em ho qual fe contém muitas
coufas dignas de memoria, e feitos heróicos dos
ditos Keys. Coimbra por Joaõ Alvares Impref-
for delRey NoíTo Senhor 1570. 4. E que
fendo efta a fegunda ediçaõ, certamente
houve primeira, mas nunca podia fer o
Compendio de Chriílovaõ Rodrigues Azi-
nheiro, pois efte chegou a efcrever a Vida
delRey D. Joaõ o III. em que o Author
vivia, e o Summario impreíTo de que tenho
hum exemplar, chega a ElRey D. Manoel,
e para claramente fe conhecer, que he dife-
rente o M. S. he hum Tomo de folha, e efte
Summario impreíTo coníla de 13. quartos
de papel.
CHRISTOVAM RODRIGUES DE
OLIVEYRA natural de Lisboa, Guar-
daroupa de D. Fernando de Menezes, e
Vafconcellos, Arcebifpo de Lisboa, e Ca-
peUaõ mór delRey D. Joaõ o III. fendo
muito verfado na Hiíloria Profana, e prin-
cipalmente nas grandezas, e noticias da fua
famofa Pátria efcreveo em o anno de 15 51.
por ordem de feu Amo.
Summario em que brevemente fe contem algu-
mas coufas ajfim Ecclefiafiicas , como Seculares, que
ha na Cidade de Eifboa. Por Germaõ Galharde
ImpreíTor delRey NoíTo Senhor. 1551. 4.
Efta Obra, que fahio fem o nome do feu
Author, louvaõ Nicol. Anton. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 191. Cardof. Agiol. Eufit. Tom. 3.
pag. 733. col. I. no Comment. de 17. de Junho
letr. F. e Franc. Leit. Ferreir. Noti. Chronolog. da
Univerjid. de Coimb. pag. 583. n. 1234.
Fr. CHRISTOVAM DO ROSÁRIO
natural da Cidade de Évora, filho de Diogo
da Cunha, e Gracia Dias. Na idade da adolef-
cencia recebeo o Habito da Ordem dos Prega-
dores, em o Real Convento de Bemfica, em
o primeiro de Novembro de 1628. Igualmente
foy admirado o feu talento, ou foíTe difcipulo,
ou Meílre, cujo minifterio exercitou até fer
do numero que tem efta illuftre, e douta
Religião. No anno de 1662. em que par-
tio para Inglaterra a SereniíTima Senhora
D. Catharina, a defpozarfe com Carlos II.
o elegeo por feu ConfeíTor, e Pregador,
lugares que adminiftrou com grande fa-
tisfaçaõ defta Princeza, e naõ menos cre-
dito da fua capacidade, que fe fazia mais
eftimavel pela natural benevolência, de
que era dotado. Depois de aíTiftir mui-
tos annos em a Corte de Londres, defejofo
de acabar a vida entre os feus Religio-
L USITANA.
fos alcançou faculdade da Rainha para
fe reílituir ao Reyno, onde por eftar vago
o lugar de Deputado do Concelho Geral do
Santo Oflficio, por morte de Fr. Vicente de
Santo Thomaz, e naõ de Fr. Valério de Saõ
Raymundo, como efcreve Fr. Pedro Monteir.
no C/a/f/I. Domin. Tom. 5. pag. 178. contra
o que tinha efcrito no Cathalog. dos Deput.
do Conjelbo Gerai; o nomeou nclle o F.minen-
ti/Timo Cardial D. VcriíTímo de I^cncartro
Inquifidor Geral, de cujo heróico miniílcrio
humildemente fe efcufou impedido dos an-
nos, e achaques que brevemente o privarão
da vida, cm o Convento de Lisboa a 24. de
Janeiro de 1691. Publicou.
Sermaò em a Capella do Excellentijfwto
Senhor D. Francifco de Mello Embaixador de
S. A. R. de Portugal a fm Mageftade britânica,
no primeiro dia em que a me/ma Capella fe abrio,
ajjijiindo os mais Minijlros, e a principal gente
Catholica dejla Corte. 4. Sem lugar, nem nome
da ImpreíTaò, mas do caraóler fe conhece fer
em Londres.
Sermões M. S. 2. Tom. foi. os quaes eraõ
doutijftmos, e que naÕ chegarão ao Prelo, afíirma
Fr. Pedro Monteiro Claufi. Domin. Tom. 3.
pag. 179.
CHRISTOVAM SARDINHA natural
da Qdade de Elvas, e hum dos celebres
profeíTores da Medicina, que floreceraõ no
Reynado de D. Joaõ o IIL Depois de ouvir
nefta Faculdade ao infigne Meftre Thomaz
Rodrigues da Veiga, Cathedratico de Prima
em a Univerfidade de Coimbra, fe graduou
nella com applaufo dos feus condifcipulos,
que jà vaticinavaõ o grande credito que havia
alcançar o feu talento, quando a exercitaíTe,
cujo vaticinio fe vio cumprido fendo Me-
dico do SereniíTimo Duque de Bragança,
e nas admiráveis curas, que obrou nas Vil-
las de Villa Viçofa, e Monfaraz, parecendo
fer fuperior às forças da natureza o me-
thodo com que triumfava das infermida-
des mais rebeldes. Naõ fomente era pe-
rito neíla Arte, mas muito douto em dic-
tames afceticos, e politicos, como publi-
caõ as feguintes Obras.
Compendium totius Medicina, i. Pars
compk^ens lihros duodecim, in quibus Medi-
58;
cina omnia fundamenta, gtneralijftmaque cogwf-
cendi, prafagiendi, atque prafervandi documenta
traduntur. M. S. foi.
2. Pars de curandis mor bis in particulari
eompletlens lihros três. Primus de curandis mor-
bis ã capite ufque ad pedes. Stcundm de curandis
febrihus. Tertius de curandis morhis extemis ad
Chirurgum pertinentibus. M. S. foi.
Colloquio primeiro dirigido a feu filho mais
velho; onde trata dos trabalhos, e mi ferias, que
padece o perfeito Medico para que vendo-as dei-
xaffe de fer Medico, e efludaffe a Sagrada Theo-
logia. M. S.
Colloquio fegundo dirigido a feu filho fegundo;
onde trata da bondade da vida do Campo, e dos
males da vida corte:(aâ perfuaMndo-o, que naõ
seguiffe a vida do Paço. M. S.
Efcada do Ceo. Nella inflrue a quatro fi-
lhas Keligiofas como devem praãicar no Claufhro
os exercidos efpirituaes. Eftava prompto para
a impreíTaõ com faculdade do IlluAriíTimo
Arcebifpo de Évora, D. Thcotonio de Bra-
gança.
Traííatus de Animalibus. M. S.
D. Fr. CHRISTOVAM DA SYL-
VEIRA. Naceo na Cidade de Angra, Capital
da Ilha Terceira a 13. de Março de 16 14. Teve
por progenitores a Chriílovaõ de Lemos, c
Mendoça, c a D. Igncs da Sylveira Borges,
defcendentes das familias mais qualificadas.
Quando contava 18. annos de idade, profef-
fou o fagrado Inftituto de Eremita de Santo
Agoílinho, em o Convento de Noíía Senhora
da Graça de Lisboa, a 14. de Outubro de
1632. onde naõ fomente adquirio fama cm
as Cadeiras, como em os Púlpitos. Foy
Re3rtor do Collegio de Coimbra no anno
de 1656. Attendendo o Principe D. Pedro
Regente deftes Reynos às fuás grandes le-
tras acompanhadas de folidas virtudes, o
nomeou Arcebifpo Primaz do Oriente, em
cuja dignidade foy fagrado no Convento
da Graça deita Corte a 7. de Junho de 1671.
Partio para Goa em o anno feguinte, na
Armada de que era Capitão mòr, Joaõ
Corrêa Deça, em cuja viagem fendo ac-
commettido de huma grave enfermidade,
que o privou da vida foy levado o feu
qadaver à Cathedral de Goa, onde na
588
BIBLIO THE CA
CapeUa mór fe fepultou com efte epi-
táfio :
Aqui ja:(^ D. Fr. ChriJlovaÕ da Sjlveira Re-
ligiojo Agojiinho natural da Ilha Terceira XII.
Arcebifpo de Goa, e Prima^ da índia, e do Con-
Jelho de S. Altev^a. Falleceo vindo para ejle Ef-
tado aos 9. de Abril do anno de iSj^. tendo de
idade 59. annos. Compoz.
Curfus totius Philojophia ad mentem D. Au-
gujlini. M. S.
Traãatus de Scientia Dei. M. S.
Eftes dous Volumes fe confervaõ na Livra-
ria do Convento de Lisboa.
Fr. CHRISTOVAM SOARES natural
do Porto, filho de Manoel Soares de Carvalho,
e de Maria Rebello; Religiofo da illuftre
Ordem da Santiflima Trindade, onde foy
Mtnifl-rn do Convento de Cintra, e Prega-
dor geral, de cujo minifterio como era muito
fciente, querendo inílruir nelle aos Pregadores
Evangélicos, efcreveo em o anno de 1726.
Arte Concionatoria, em que Je expõem
o methodo mais fácil, para o feu exercido.
M. S. 4.
CHRISTOVAM SOARES DE ABREU
Cavalleiro profeíTo na Ordem de Chrifto,
naceo em a nobre Villa de Ponte de Lima,
em a Província de Entre Douro, e Minho,
e foy filho de Francifco Soares de Abreu, e
de fua mulher Catharina Brandão, natural
do Eftado do Brazil, e defcendente de huma
das mais nobres Famílias delle. Eftudou
em a Univerfidade de Coimbra Direito Ce-
fareo, e depois de fer graduado neJla facul-
dade fervio alguns lugares, até que de Desem-
bargador do Porto, paííou para a Caza da
Suplicação em 23. de Novembro de 1646.
Entre a feveridade da Jurifprudencia cul-
tivou as flores da Poefia, fendo numerado
entre os famofos Poetas, que produzio eíte
Reyno, por Jacinto Cordeiro nos Elog. dos
Poet. Portug. Eftanc. 26.
Para Chriftoval Soares de Abreu gloria
Quijiera pluma jo que le igualara
La fuja ilufire la memoria
Del Dueno que eterniza, Ji es tan rara:
Qiie bien puede atrever/e a la vitoria
Del laurel con la mano, que la ampara;
Y el con ella atrever/e en nueftro polo
A quitarle el laurel ai mi/mo Apolo.
Sendo o mais antigo Senador da Cidade
de Lisboa, na occafiaõ que os SereniíTimos
Monarchas D. Affonfo VI. e D. Maria Fran-
cifca Izabel de Saboya deraõ a publica entrada
na Cidade de Lisboa a 29. de Agoílo de 1666.
os congratulou em nome da mefma Cidade
com a Obra feguinte:
OraçaÕ em nome da Camera de Lisboa a EJKey
D. Affonfo VI. e à Rainha D. Maria Francifca
Ii^abel, entrando na dita Cidade em 29. de Agojh
de 1666. Lifboa por Joaõ Leite Pereira Im-
preííor da SereniíTima Rainha. 1666. 4. e no
Portug. Reílaurad. Tom. 2. p. 838.
A efta OraçaÕ applaude Jacinto Cordeiro em
o Triumf Lujit. foi. 9. com eftas vozes métricas.
Cerrando ejie fecreto la elegância
Valor, cordura, agrado, y experiência
Del fenor {juflo amor) Chrijloval Suares
A quien Apollo en celebres altares
Sacrifício ofreciò como lo di^en
Las Mufas, j Academias.
EJie raro ingenio altivo, j claro
Gof^o la placa Jin difcurfo vario
De elegante, y perfeto Secretario
Siendo por fu noble:(a, y por fu at^ero
Del habito de Chrifo Cavallero.
Publicou em feu nome.
Officium in Laudem Sacrofanãi Euchariftioe
Sacramenti cum Litania, Precibus, & Hymnis
in ufum privatum devotorum. UlyíTipone apud
Petrum Craesbeeck Typ. Reg. 1630. 24.
Morreo em Lisboa a 4. de Junho de
1684. e eílá fepultado em a CapeUa de S. Fran-
cifco do Convento de Santa Anna de Reli-
giofas Francifcanas. Foy cazado com D. Ma-
ria de Almeida.
Fr. CHRISTOVAM DE S. TIAGO.
Naceo na Freguezia de NoíTa Senhora
de Figueiró da Serra Curado de Malta,
junto da Serra da Eílrella em a Provin-
da da Beira do Bifpado da Guarda. Pro-
feflbu o Inílituto CiUercienfe no Convento
de Santa Maria de Salzedas, e eftudou as
Sciencias Efcolafticas no CoUegio de Coim-
bra. Sendo eleito Abbade do Convento onde
profeíTara, em o anno de 161 5. emprendeo
com fumma curiofidade, e mayor trabalho
I
mi
L USITANA.
589
evolver todo o Cartório do dito G>nvento
que refultou, efcrever com toda a indivi-
e clareza.
KecopilaçaÕ das Doafoéns, privihffos, e mais
)ticias pertencentes ao Convento de Santa Maria
U Salcedas Aí. S, foi. Eíle Volume que he
puito grande, fe confenra no mefmo Cartório
\ qual ferve como de Index a todos os papeis,
|ue nelle fe guardaõ.
P. CHRISTOVAM VALENTP. ReU-
^ofo profcíTo da Sagrada Companhia de
JESUS naõ fomente grande Theologo, mas
inúgne Meílre da Lingua Brafilica cm a qual
para inílrucçaõ catholica da puerícia compoz.
Cantigas pêra os Mininos da Santa Doãrina.
Saò comportas cm louvor do Nome de
JESUS, Sacramento do Altar, N. Senhora,
c Anjo da Guarda. Sahiraõ impreflas ao
principio do Catecifmo da lingua Braíilica
addicionado pelo P. António de Araújo da
Companhia de JESUS. Lisboa por Pedro
Crasbeck 161 8. 8.
Fr. CYPRIANO natural da ViUa de
Eílremós em a Provinda de Alentejo, e
Rcligiofo profeíTo da Seráfica Provincia dos
Algarves. de grande talento para o Púlpito,
c naõ menor habilidade para a fciencia das
lifcolas. Compoz em o anno de 1619. e eftava
prompto para a impreíTaõ.
Tratado da Oração combinada com os paffos
da vida de Chrifto Senhor Nojfo M. S.
CYPRIANO DE FIGUEYREDO, E
VASCONCELLOS natural de Lisboa,
c hum dos mais fieis fequazes do Senhor
D. António filho do Infante D. Luiz quando
pertendeo cingir a Coroa Portugueza de
que deu hum illuftre argumento occupando
o lugar de Corregedor da Ilha Terceira,
c fendo a fua Capital invadida a 25. de
Julho de 1582. pela armada de Caftella
governada por Diogo Valdez fe oppoz
com tanta refoluçaõ, e valor aos inimi-
gos que fendo a mayor parte derrotada,
poucos reílaraõ para narrar o eftrago pa-
decido, em cuja gloriofa acçaõ fe moílrou
que igualmente era verfado em a efpecula-
çaõ da Jurifprudencia, como na pradica
da milícia. Com o mefmo zeb aíTiíUo em
França, e Inglaterra ao Senhor D. Amó-
nio dandolhe prudentes Coníelhos, e ef-
crevendo doutos tratados em que moíhava
o inconcuíTo direito que lhe aHiílía para fu-
bir ao trono de feus Avós merecendo pot
taò repetidas demoílraçoens de fidelidade
para com eíle Príncepc que elle lhe fizeífe
o elogio fegulnte na Carta que efcreveo a
Gregório XIII. Scipio ¥igueiredius Vafcon-
cellius vir nohilis, Cafareiqw jitris Do£lor earum
ttiam Injularum, quas Vertias vocant, Sebajliani
Regis nomine Gubernator integerrimus. Ibme
praclarum virum poftqiiam ad fe promijftonibus,
blanditiijque allicere Philippus non potuit, ut
fibi comiffas urbes, atque arces proderet in bona
illius {ut folet) irruit, atque invafit. At conflan-
tijfimus vir in fide, et officio populos continuit
gloriofam de Cajlellanis vitoriam ex nojlris ipfe
primus eo tempore reportavit, fidijfimi Duas no-
men adeptus ejl, €> talem fe hoflibus exhibmt
militem, ac Ducem, ut in illo non minus littera-
rum f pendor, quàm militaris gloria elucere videatur.
Para eterno teílemunho do aíFedlo com que
o tinha fervido o inftituhio o Senhor D. An-
tónio feu Teftamenteiro confiando da fua
fidelidade tantas vezes experimentada exe-
cutaria promptamente os legados que dei-
xava. Fazem memoria de Cypriano de Fi-
gueiredo que muitos por equivocaçaõ o
intitulaõ ScipiaÕ Luiz de Bavia Hifl. Pontif.
Part. 3. cap. 65. D. Joaõ de Caftr. Difcurf da
vid. de D. Sebafi. cap. 13. e 14. Wfl. Secret.
de D. Ant. p. 135. e Joaõ Pinto Ribeiro Pref.
das letras às Arm. Efcreveo, e publicou.
Carta em que fa^ia publicas as caufas a Fi-
lippe II. porque defendia o direito do Senhor D. An-
tónio.
Apologia pelo Senhor D. António contra
D. Joaõ de Cafiropor deixar o feu partido, efeguir o
da Senhora D. Catherina Duquesa de Bragança.
Deftas duas obras fazem mençaõ Cara-
muel in Proam. lib. 5. Philip. Prud. e Filippe
Jacobo Spener Oper. Herald. Part. 2. lib. i.
cap. 22. pag. 287.
Fr. CYPRIANO DE MENDOÇA Na-
ceo na Freguizia de Santa Marinha de
Arcuzello fituada no termo da nobre Villa
de Ponte de Lima, em a Provincia de
5c}0
BIB LIO THECA
Entre Douro, e Minho em o anno de 1598.
filho pela natureza de Pays nobres quaes
eraõ Gafpar dos Reys Antas Barbofa Caval-
leiro da Ordem de Aviz, e D. Leonor
Corrêa de Mendoça, e pela Religião, do
illuftriíTimo Princepe dos Patriarchas S. Bento,
cujo Monachal habito recebeo no Moíleiro
de S. Tyrfo a 3. de Novembro de 161 3. onde
foy Meílre, e Abbade do Convento de Lis-
boa. AíTiUio em Roma para negociar varias
dependências da fua Monaftica Congregação
que tratou com zelo, e confeguio com feli-
cidade. Reftituido ao Reyno por uniforme
confpiraçaõ dos votantes fubio em o anno
de 1676. ao lugar de Geral que exercitou
prudentemente. Efcreveo.
Itinerário da Jornada, que /^í^ a Koma
em que trata das audiências que teve do "Papa,
de/pachos, que alcançou, e tudo quanto vio digno
de obfervaçaõ até fe rejlituir a ejie Rejno. M. S.
4. Conferva-fe na Livraria do apozento dos
Geraes.
Cathalogo dos Efcritores da Monajiica Con-
gregação de S. Bento do Rejno de Portuga/ que
remeteu para CaTtella a Fr. Gregório de Argaiz
Chronifta Geral da Religião o qual como
aífirma na Per/a de Catalunha, ou Hifi. de N. S.
de Monferrate pag. 466. §. 173. en que nó he
puejlo mas cuidado que el traduziria de Portugue^
en Cafielhano.
Morreo em o Moíleiro de Tibaens a
13. de Janeiro de 1679. com 81. annos de
idade, e 75. de Religião.
CYPRIANO DE PINNA PESTANA
natural de Lisboa donde paliando a Madrid
aíTiUio nefta Corte até que nella morreo no
anno de 1736. com eflimaçaõ de infigne
Poeta, de cuja Arte deixou por teftemunhas
as obras feguintes.
'Entrada da SereniJJima Rainha de Portugal
D. Mariana de Aufiria que fe^ pela barra de
Lisboa condut^ida da armada Inglesa em o felicij-
fimo dia de 26. de Outubro de 1708. Lisboa
por António Pedrofo Galraõ 1708. 4. Confta
de 40. Outavas, e hum Soneto.
Sylva ala celebridad delos felices A.nos
dela Reyna Nuejira Senora D. Mariana Jo-
qypha de Aujiria que fe representa a Jus Ma-
gefiades en el fejiin, que fe hi^o en Palácio
el dia 7. dei me:^^ de Setiembre dejle prefente ano
de 1709. Lisboa por Miguel Manefcal Im-
preflbr do Santo Officio 1709. 4.
Imagem dei Princepe Perfeão iluftrada con
las qualidades de Sábio, Poderofo, y Jujlo. Ma-
drid 1723. 4. Sem nome de Impreflbr. He
dedicado ao SereniíTimo Princepe do Brafil
o Senhor D. Jozé.
Poema Heróico ai nuevo Natalício dei Sere-
nijftmo Senor D. Alexandro Infante de Portugal.
Madrid 1723. Confta de 66. Outavas.
CYPRIANO DE PINNA PESTANA
Fidalgo da Cafa Real naceo na Villa de
Penella do Bifpado de Coimbra a 5. de
Fevereiro de 1665. Depois de eftudar Fi-
lofofia em a Univerfidade de Évora, e re-
ceber nella o gráo de Meftre em Artes em
17. de Junho de 1685. paíTou à Univerfi-
dade de Coimbra onde fe applicou ao eftudo
da Medicina em que fahio taõ eminente,
que mereceo fer numerado entre os Licen-
ciados defta Faculdade. Sendo Medico da
Camará do nosso SereniíTimo Monarcha
D. Joaõ o V. o nomeou em 6. de Abril de
1740. Phyfico mór. Sempre cultivou a Poe-
íia Latina verificando no feu talento fer Apollo
igualmente Proteétor da Poética, que da Me-
dicina. Publicou.
Excellentijftmi, Inclyti, Magnifici Vimino-
cenfis Djnajlce fceleratum enarrans cafum Poefis.
Ulyífipone apud Michaelem Manefcal Sanai
Officii Typog. 1709. 4.
In faufiijfimas Nuptias Praclarijftmi, &
Excellentijfimi Domini D. Jofephi Michaelis
Joannis de Portugal noni Comitis Vimiofenjis
cum clariffima Domina D. Aloyjia à L/)tharingia
Marchionum Alegretenjium filia. Epithalamium.
Ulyffip. apud Jozeph Antonium da Sylva Regia:
AcademiíeTyp 1729 foi. Confta de 674. verfos
heróicos.
Varias elegias, e epigrammas à morte do Ex-
cellentijfimo Duque do Cadaval D. Nuno Alvares
Pereira de Mello. Sahiraõ nas Ultimas Acçoens
do mefmo Duque. Lisboa na Officina da Mu-
fica 1730. foi. defde pag. 319. até 324.
Fr. CLEMENTE DE SANTO AN-
TÓNIO filho de Filippe Serraõ, e Maria
de Macedo naceo em Lisboa onde foy bau-
L USITAN A.
591
tUado a 25. de Doembro de i6oz. Profer-
^ o Habito da Terceira Ordem Seráfica
4pi o G>n vento de NoíTa Senhora de JESUS
^bfta Corte a 27. de Dezembro de 1620. c
^(hidou as Sciencias EfcolaíUcas, em o G>1-
^io de Saõ Pedro da Univeríldade de Coim-
1^ Pelo grande talento de que era ornado,
4oy eleito pelos Superiores para defender na
^liiia Romana hum grave pleito controver-
tido entre a fua Religião, c a Provincia de
Portugal, querendo cl^a impedir, que os Ter-
ceiros ReguUures confcriíTem os Hábitos aos
Seculares, e depois de altercada cila contro-
vcrlla pelo cfpaço de muitos annos, deter-
minou o Gurdial Francifco Darberino, Pro-
icílor da Ordem Seráfica, por fentcnça dada
;i 21. de Abril de 1640. que igualmente podef-
icm ambas as Rcligiocns conferir os Hábitos
los Terceiros Seculares. Rcílituido ao Reyno
i \crcitou os lugares de Miniftro de dous
c Conventos, Cuílodio da Provincia, e Reytor
lio Collegio de Gaimbra, em o qual antes
de acabar o governo fallecco a 24. de Mayo
<lc 1648. com 46. annos de idade, e 29. de
Religião. Efcreveo.
Stuceffos memoráveis da Provincia da Terceira
Ordem de Portugal. M. S.
Chronica da Provincia Seráfica da Ordem
Terceira da Penitencia. Eftava muito no prin-
cipio, e defappareceo com a fua morte.
Fa2 mençaõ delle Fr. António da En-
carnação Religiofo da mefma Ordem na
z. Parte dos Fajios da Provincia, em o Cathalog.
dos Efcritores.
Fr. CLEMENTE DA CRUZ. Na-
ceo em Lisboa a 23. de Novembro de
1685. e teve por Pays a Balthazar Borges
da Sylva, e a Maria dos Reys Freyre. Re-
cebeo o Habito Seráfico no Convento de
Santa Maria de JESUS de Xabregas, da
Provincia dos Algarves, a 23. de Feve-
reiro de 1702. e profeíTou em dia de Saõ
Mathias do anno feguinte. Depois de ter
fido Secretario de diverfos Provinciaes, foy
Guardião dos Conventos de Sines, Crato,
Torraõ, e ultimamente de Saõ Francifco
de Beja, donde paflbu a Vigário, e Con-
feíTor das Religiofas Capuchas de Santa
Clara do Convento de NoíTa Senhora dos
Martyres de SacavenL He Pregador Jubi-
lado, e muito fciente em a Mufica, e naÕ
menos defiro em tocar Orgaô.
Traduzio de Caflelhano de Fr. António
de Arbiol, em Portuguez.
Novena ejpiritiial do Glorio/o Padrt Saõ
Diogo de A /ca/à Mejire de Sábios, remédio dt
pobres, confo/açaõ de afliffdos, e refugfo podtrofo
de pequenos, e glandes, Potentados, Príncipes,
e Keys. Lisboa na Officina Ferreiriana 1725. 8.
Vida admirave/ do Santijftmo Padre Bene-
dido XIII. amantijffimo fi//)o da efc/arecida Reli-
gião de Nojfo Padre SaÕ Domingos, extra/tida
da fuceJJaÕ Pontificia, e pojla na nojja /ingua
vii/gar. Lisboa por Pedro Ferreira ImpreíTor
da SerenirTima Rainha. 1739. 4*
Promptmrio de Cerimonias, e Officios Di-
vinos de toda a Semana Santa, com a Jo/fa de tudo
quanto fe canta nejles dias. M. S. 4. Eflà prompto
para a impreíTaõ.
CLEMENTE FÉLIX Presbytero Ulyf-
fiponenfe, Prothonotario Apoílolico, Be-
neficiado da Parochial Igreja da Mag-
dalena da fua Pátria, eíhidou Direito Ce-
fareo na Academia Conimbricenfe em que
fez exame privado, e foy hum dos gran-
des Letrados do feu tempo, cuja fciencia
legal admirarão as Cortes de Roma, e Madrid,
e a noíTa, onde exercitou muitos annos o
Oflicio de Advogado, em o qual nunca pa-
trocinou caufa criminal, fendo incorrupto
nos coíhimes, fmgular na affebiUdade, amante
da verdade, inimigo da ambição, regeitando
lugares honoríficos para os quaes fe tinha
habilitado pelas suas letras. Morreo na pátria
a 31. de Março de 1656. quando contava 75.
annos de idade. Jaz fepultado na Parochia
de Santa Maria Magdalena em o Cruzeiro
ao lado da Epiftola. InlHtuhio por fua herdeira
a NoíTa Senhora do Loreto de quem era
cordial devoto, e deixou muitos legados
pios, entre os quaes mandou, que per-
petuamente ardeíTem dous cirios na Igreja
de Saõ Tiago de Lisboa. Joan. Soar. de
Brit. in Tfjeatr. 'Lufit. Utter. lit. C. n. 12.
lhe chama Nominatijftmus advocatus, e Ga-
briel de Almeyda Informac. por D. Joaõ
JL/dZ de VaJconce//os, e Menet^es, num 2.
muito douto, e muito conhecido por fuás
592
Juas letras. Das muitas, e doutiíTimas Al-
legaçoens de Direito que compoz, as que
chegarão à minha noticia, faõ as feguin-
tes:
Informação de Direito em favor de Ruy
de Moura Telles, na caufa que com elle trás
D. Felipa de Meneses, fobre os morgados,
que vagarão por Álvaro Gonfalves de Moura
feu filho, Lisboa por Pedro Craesbeeck.
1615. 4.
Informação de Direito a favor de Manoel
de Moura Corte Keal, Marque!^ de Cajiel-
-Rodrigo na caufa que lhe moveo o Duque de
Alcalá feu cunhado. Lisboa pelo dito Impref-
for. 1621. foi.
Allegaçaõ de Direito, a favor de JoaÕ Ro-
drigues de Vafconcellos, e Soufa, Commenda-
dor, e Alcaide mór da Villa do Pombal, na
caufa que lhe moveo a Condeça da Calheta
D. Maria de Vafconcellos, em que fe oppu-
f^eraõ o Conde da Calheta Joaõ Gonfalves da
Camará feu filho, e o Procurador da Coroa
de Sua Magejiade. Lisboa pelo dito Impref-
for. 1629. foi.
Repofta que fe^ aos Oppofitores da Ca^a
de Mafra, em favor do Conde de Figueiró
D. Francifco de Vafconcellos. Lif boa por Antó-
nio Alvares. 1645. foi.
Expojiulaçaõ Apologética, em defenfa da re-
pojia que deo aos Oppofitores da Ca^a de Mafra
a favor do dito Conde de Figueiró. Lisboa pelo
dito ImpreíTor. 1647. foi.
AllegaçaÕ, na qual fe mofira por Direito,
por Breves dos Summos Pontífices, por Alvarás
dos Senhores Reys, por fentenças em jui^o con-
tenciofo, por confultas da Me^a da Concien-
cia, pela Regra, Ffiatutos, e definiçoens da
Ordem, e por juramento como o dinheiro dos três
quartos da Ordem de Chrifio, fenaõ pôde gaftar
mais que nas obras, e fabrica do Convento de Tho-
mar, e fuás Caf^as. Confta de 34. folhas. Sahio
efta allegaçaõ no Livro intitulado Memorial do
Geral da Ordem de Chrifio, e dos Religiofos delia,
&c. Lif boa por Manoel da Sylva. 1648. foi.
Allegaçaõ em favor do Duque de Aveiro
D. Raymundo, contra o Marquei^ de Porto-
-Seguro. He allegada por Francifco Valafco
de Gouvea, na AUegaçam que fez a favor
do dito Duque num. 267. onde o intitula
Jurifconfulto doufijfimo.
BIB LIOTH E CA
Brevis refolutio eorum, quce opponuntur
in favorem jurifdiãionis, quam Illufirijfimus
Archiepifcopus Ulyjftponenfis pertendit fibi com-
petere in Monafierio S. Clara oppidi de Santa-
rém ejufdem Diacefis. Naõ tem o nome do
Author, nem anno que foy certamente 1621.
nem lugar da ImpreíTaõ. Começa: Caufa
de qua agitur. Acaba: Redintegrare debere.
Allegaçaõ fobre o Morgado da Cav^a de Bel-
las.
Deliberatio in caufa Thefauraria majoris Sedis
Ulyfiiponenfis. In Tom. 3. Decif. Doâ;. Em-
man. Themudo da Fonfeca, Decif. 334.
Repofta em nome do Jui:(j e vinte, e quatro
de Lisboa, às cartas delRej Felippe de 31. ár
De:(embro de 1631. e de 21. de Mayo, e z. de
Agofto do dito anno, fobre quinhentos mil crtK^ados
que pedia em o anno de 1632. M. S. Conferva-
va-fe na Bib. do Cardial de Soufa.
Alegacion por Diego Lopes de Soufa, contra
el Conde de Villa-mayor, j el Duque de Medina
Celi. foi.
CLEMENTE FERNANDES natu-
ral do Lugar dos Moinhos, junto da Vil-
la de Figueiró dos Vinhos do Bifpado
de Coimbra. Foy profeíTor de Direito
Canónico, Freire da Ordem Militar de
Chriílo, Vigário da Igreja da Ega, onde |
morreo a 2. de Outubro de 1674. Jaz \
fepultado na Igreja Matriz de NoíTa Se-
nhora da Graça da dita Villa. Efcreveo.
Addiçoens à Explicação dos Caf(ps re-
fervados, compofta por Manoel Lourenço Soa-
res, a cuja Obra, além das addiçoens lhe |j
fez hum Index muito copiofo. Lisboa '
por Henrique Valente de Oliveyra. 1665. 8.
De Jure acrecendi. M. S.
Adágios Moraes. M. S. í
Eftavaõ eftes dous Volumes promptos "
para a ImpreíTaõ.
CLEMENTE FRANCISCO XAVIER
Presbytero do habito de S. Pedro naceo
em Lisboa a 23. de Novembro de 1702.
e teve por Pays a Chriftovaõ Alvares da
Sylva, e Urfula Maria Thereza. Appli-
cou-fe ao eítudo da lingua Latina em que
fahio taõ profundamente verfado que abrio
L USITANA.
paleílra ncíla Corte para oella inílruir a mui-
tos que com grande aproveitamento a fre-
quentaò. Publicou.
Sítíisfaçau (iptílo^ellca a favor, e em defenfa
de hum ponto fifatHmalico da doutrina do injig^e
Padre Meflre o minto Reverendo Cónego Manoel
de Abrantes impugnado por certo Padre Meftre
dejla Corte de cia ff e particular. Lisboa por Mau-
rício Vicente de y\lmeyda. 1757. 8.
CLr.MI<NTl' LOPES natural da Villa
de Torres novas do Arcebifpado de Lisboa,
Presbytero muito fcientc nos preceitos da
Pocfia principalmente Cómica, de que pu-
blicou fem o feu nome.
Auto do Nacimento.
Comedia de Santo António.
Compoz outras muitas obras poéticas
que naõ lograrão o beneficio da luz publica.
CLEMIiNTE RODRIGUES MON-
TANHA natural de Villa viçofa filho de
Domingos Pinheiro, e Izabel Rodriguez.
Foy Collegial do Collegio da Purificação de
Évora, em cuja Univerfidade recebeo o gráo
de Meftre em Artes, e de Bacharel em Theo-
logia. Atendendo às fuás grandes letras
D. Francifco Lobo da Sylveira Prior mór
do Real Convento de Palmella da Ordem
Militar de Saõ-Tiago o admitio a efta Sagrada
Milicia a 15. de Dezêbro de 1696. Sendo
Beneficiado de S. Sebaftiaõ de Setúbal foy
eleito Prior da Parochial Igreja de S. Juliaõ
da mefma Villa, onde exercitou com grande
prudência, e adividade os lugares de Juiz
da Ordem em aquella Comarca, e de Comif-
fario do Santo Officio, e da Bulia da Crufada.
Podendo imprimir os Sermoens, que com
applaufo pregou em diverfas partes, fomente
publicou o feguinte.
Sermão nas 'Exéquias delKey D. Pedro 11.
na Mifericordia da Villa de Setuval em 17. de
Janeiro de 1707. Lisboa por Valentim da Cofta
Deflandes 1707. 4.
Epigramma Latino em lotwor de Lou-
renço Pire:^ Carvalho Comiffario Geral da
Bulia da Crufada. Sahio no principio do i.
Tom. Qmft. Sele£tar.
CLEMENTE RODRIGUES MONTA-
NHA natural da Villa de Moura em a Pro-
593
vinda de Alentejo filho de Bento K^utiat
Montanha, e Beatriz Vaz, e Sobrinho do
precedente. Recebeo o habito militar da
Ordem de SaÔ-Tiago no Real Convento
de Palmella cabeça defta Sagrada Milicia
a 7. de Março de 1712. das maõs do Prior
mór D. jozé Pereira de Lacerda, que depois
foy Cardial da Igreja Romana. Sendo em
a Univerfidade de Coimbra Collegial do Colle-
gio das Ordens Militares fe applicou ao eíludo
dos Sagrados Cânones em cuja faculdade fe
formou com grande applaufo dos Cathedra-
ticos. PoíTuindo hum Beneficio úmples na
Igreja de S. Tiago de Almada, foy provido
em o Priorado da Igreja da Annunciada da
Villa de Setúbal, onde enche as obrigaçoens
de perfeito Parocho. Como todo o feu mayor
eíludo foy nos privilégios, e izençoens que
gozaõ as Ordens Militares de Portugal,
compoz humas Conclufoens divididas em
quatro Certames que comprehendiaõ qua-
trocentas queftoens nas quaes fe involvia
tudo quanto diíTeraõ os Authores nefta ma-
téria, acrecentando com profunda efpecula-
çaõ, e naõ menor engenho novas diíTertaçoens
que nunca tinhaõ fido tratadas, e as publicou
com eíle titulo.
Pro primo Togatce militia certamine fubeundo,
litterata, ó^ armata Palladis Theoremata de
Exclefia Militante ab injuria temporum trium-
phante, feu de Ordinibus Militaribus Lufitanis.
Conimbricíe ex Typog. Regai. Art. Colleg.
1720. 4.
COLLEGIO DE COIMBRA DA COM-
PANHIA DE JESU Primogénito, ou Primar^^
como o intitula o P. Balthezar Tellez Cbron. da
Companh. da Prov. de Portug. Tom. i. Liv. 2.
cap. 20. de todos quantos tem eíla doutiíTima
Familia em o Mundo, foy fundado pela Real
magnificência delRey D. Joaõ o III. Lan-
çoulhe a primeira pedra em 14. de Abril
de 1547. o P. Simaõ Rodrigues Fundador
defta Provinda, e Companheiro de Santo
Ignacio, que nefte tempo era Meftre do Prin-
cepe D. Joaõ fendo os Religiofos que mais
fe diftinguiraõ em abrir os aliceíles para a.
nova fabrica, D. Gonçalo da Sylveira filho
do Conde da Sortelha, D. Rodrigo de Me-
nezes filho do Regedor da Cafa do Qvel,
43
594
BIBLIOTHECA
D. Leaõ Henriques filho de D. Joaõ Henri-
ques, Luiz Gonçalves da Camará irmaõ do
Conde da Calheta, D. Ignacio de Azevedo
irmaõ de D. Jeronymo de Azevedo Vice-Rey
da índia, e Manoel da Nóbrega Sobrinho do
Chanceller mór do Reyno. Com o tempo foy
crecendo o edifício a taõ larga extenfaõ como
era o efpirito do Real Fundador, aggregan-
dolhe o Collegio das Efcolas Menores que era
da Univerfídade do qual tomou poíTe o Provin-
cial Diogo Miraõ das maõs do Reytor Diogo
de Teyve celebre profeíTor de Letras humanas
em o primeiro de Outubro de 1555. Foraõ os
primeiros Meílres, que fubílituhiraõ aos Secu-
lares o P. Marçal Vaz do primeiro Curfo de
Filofofia; do fegundo o P. Jorge Serraõ; do 3.
o P. Pedro da Fonfeca conhecido pela antono-
mafia de Ariftoteles L.ujifano, e por fubíUtuto o
P. Sebaíliaõ de Moraes que depois foy Bifpo
do Japaõ. Para Meílres da lingua Latina, e
Rhetorica os Padres Cypriano Soares, e Pedro
Perpinhaõ, e para Subftituto das letras huma-
nas o P. Manoel Alvarez Author da Arte da
Grammatica. He habitado de duzentos Reli-
giofos para cuja fuftentaçaõ tem annexas ren-
das fufficientes. Occupaõ vinte, e duas
ClaíTes as Faculdades que nella fe dictaõ
fendo onze de Latim, Rhetorica, e Letras
humanas; quatro de Filofofia; e huma da
lingua Grega, e Hebraica, cujos eílipendios
paga a Univerfidade. Duas Cadeiras de Theo-
logia Moral por conta do Bifpo de Coim-
bra. Três de Theologia Efpeculativa, e huma
da Sagrada Efcritura para enfinar os do-
mefticos, as quaes naõ faõ publicas como as
outras de que fe fez mençaõ. Para eterna
recomendação de taõ infigne Collegio, e da
profunda f ciência que nelle fe profefla,
feja baftante teftemunho a obra que publicou
com o titulo de Curjus Conimbricenjts o qual he
exaltado com grandes elogios de graves Efcri-
tores, como faõ o P. António PoíTevino in
Bib. Sele£i. lib. i. cap. 5. Colkgium Societatis
noftriz Conimhricenje in L.ujifania Philofophia
curriculum novijfime edidif, qui nefcio, an
quidquam vel acriori judicio, vel aptiore dicen-
di, vel jinceriori philojophandi genere unquam
ad nos manarit. Emman. dos Reys Tavar.
de duob. magn. Art. Med. auxil. pag. 314.
Conimhricenjes communes Magijlros. Duart.
Madeir. Nova Philof. i. Part. difp. i.
Seâ. 3. n. 6. Omnium fere receniium Philo-
Jophorum Magiftrum. Suar. Lufit. in Praf.
Curf. Philof. ad Leâ:. Curfus PP. Conimhricen-
fium, qui cum eruditionis laude tum miri flyli
elegantia tofius orbis plaufum concitarunt: o
grande Martim Afpilcueta Navarro na Dedica-
tória que lhe fez na Relação Sup. Cap. Ita quo-
rumdam de Judais. Joan. Soar. de Brit. Theatr.
'Lufit. L.itter. lit. C. n. 13. Keligione, pietate,
et doãrina celeberrimum. D. Nicol. de Santa
Mar. Chron. dos Coneg. Keg. Liv. 10. cap. 6.
n. II. O major Collegio que tem a Companhia
Maced. Lufit. Uberat. Lib. 3. cap. 3. n. 26.
Clariffimum Collegium, Bib. Societ. pag. 155.
ut nullum par illi habuerit Societas. Taxand. in
Cathal. Ciar. Hifp. Script. Draudius in Bib.
Claffic. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 196.
Franco Imag. do Nov. da Companh. de Coimb.
Tom. 2. pag. 614. Publicou em feu nome
fendo obra dos PP. Manoel de Góes, Sebaíliaõ
do Couto, e Balthezar Alvares, como em feus
lugares fe verá.
Collegii Conimbricenfis Lógica, feu in Univer-
fam Dialeãicam. Conimbricas apud Didàcum
Gomes de Loureiro 1606. 4. Eíla he a primeira
impreííaõ, a qual fahio contra a que fe tinha
publicado em Hamburgo apud Frobenium
1604. com o nome do Collegio de Coimbra
indigna certamente de tal nome como adverte
a Bib. Societ. e Franco no lugar aíTima allegado.
Depois foy reimpreíTa Lugd. apud Horatium
Cardon. 1607. 4. Colónias apud Greven-
bruch. 1607. 4. e Venetiis apud Andream
Baba. 161 6. 4.
Curfus Conimbricenfis in Oão libros Phy-
ficorum. Coloniae fumptibus Lazari Retz-
neri 1599. 4. Lugd. Sumptibus Joannis
Baptifbe Buyífen. 1594. 4. & Coloniae 1596.
4. Lugd. apud Joan. Phillehote. 1602. 4.
Curfus Conimbricenfis in quattuor libros de
Calo, Metereologicos, et parva naturalia. Colo-
niae apud Lazarum Retznerum 1596. & ibi
per eumdem. 1599. & ibi. 163 1. Venetiis
apud Jacobum Vincentium, & Recciardum
Amadinum 1606. 4.
Curfus Conimbricenfis in duos libros de Gene-
ratione, et Corruptione. Conimbricae apud An-
tonium Maris. 1597. 4. & Moguntiae per
Joannem Albinum 1600. 4.
L USITAN A.
Cttrjus Conimhricenfis i» Anima, Ulyfli-
pone apud Antonium Mariz. 1598. 4. Colonisc
apud Laxarum Rctxnerum. 160). 4. Vcnetiis
apud Jacobum Vinccntium. & Recciardum
Amadinum. 1606. 4. Lugd. 1627. 4. &
Argentorati. 1627. 4.
Curftés Conimhrmnfis in Ubros Ethicorum,
Vcnetiis apud junébs. 1595. 4.
Lséjitama Coronata fub ftlUi Sereniffimi,
Au^jlijfimiqm Keffs Joamis V, reiítmndi inau-
fftrafione duplici fcUicet corona; una priorum
Kegum virtuíibus, «>• fanguine rubt/centi, altera
aftrorum luminibiis wterpim£ía. UlyíTjponc apud
Valcntinum da Q)fta Deslandes Typ. Rcg.
1708. 4. Coníla de vários géneros de verfos
Latinos.
Concors difcordia, Jive amicum de gloria pri-
mahi dijftdium Cajlilionem inter, €>• Kojlkovam
fortunatijfimas SS, Alqyjii Gonv^aga, ó* Stanislai
Koftkm Soe. JES. pátrias in eorum apotheofi tri-
plici cómica Actionis aãu circunjcriptum. Datum
puhlice in Theatro à Rhetorica Vrofefforibus in
Kegal. Artium Collegio Conimbricenji ejufdem
Societatis. Conimbricx ex Typ. Reg. Artium
CoUcg. 1727. 4.
COLLEGIO DE ÉVORA DA COM-
PANHIA DE JESUS, cujo tutelar he
o Efpirito Santo, deve a fua fundação
ao real, e piedofo animo do Cardial D.
Henrique, em o anno de 15 51. Abri-
raõ-fe as fuás Efcolas em 28. de Agofto
de 1553. e em taõ plaujQvel afto, orou
eloquentemente o P. Pedro Perpinhaõ,
tendo por ouvintes ao Real Fundador, e
toda a Nobreza de Évora. Coníiderando
o Cardial Infante o grande fruto, que fa-
ziaõ os novos Meftres que fomente liaõ
Theologia Moral, e letras humanas, fe
refolveo a erigir huma Univerfídade, que
competiíTe com a de Coimbra, cuja idéa
foy fortemente contrariada pela Academia
Conimbricenfe, de que era fautor ElRey
D. Joaõ o III. até que por morte defte
Princepe fe facilitou o intento do Cardial
alcançando da Santidade de Paulo IV. hu-
ma Bulia expedida em 18. de Setembro de
1558. pela qual fe erigio a nova Univer-
lidade, em que fe eaGnariaõ as Sciencias
Sagradas, excepto Direito Gvil, e Cano-
595
nico 00 foro contendoro, e Medicina, e tt
giAdua/íem nella Bacharéis, Lioendadot, e
Doutores. Os primeiros Meíbes que teve
fotaõ Pedro Paialo Ferrer, e Femaõ Pe-
res, diícipulos do apoftolico eTpiríto do
Venerável Padre JoaÕ de Ávila, manda-
dos de Caftella por SaÕ Francifco de Borja
à inílancia do Gurdial D. Henrique. A ef-
tes fe feguiraõ outros famofos, que flore-
oeraõ nas mayores Sdendas, íendo os prin-
dpaes aquelles dous Oráculos de Filofoâa,
e Theologia Pedro da Foníeca, e Luiz de
Molina. O numero de Religiofos, que habí-
taõ eíle Collegio, chega a duzentos, onde fe
lem três Cadeiras de Theologia Efcholaâica,
huma da Pofitiva, duas de Moral; quatro de
Filofoíia, huma de Mathematica, duas de Rhe-
torica, duas de Letras Humanas, quatro de
Grammatica, e duas para enílnar aos meninos
os primeiros rudimentos. O Reytor que tam-
bém he do Collegio, he fenhor da Villa do
Monte Agraço, D. Abbade do Mofteiro de
PaíTo de Soufa no Bifpado do Porto, Prior
do Mofteiro de Saõ Jorge junto a Coim-
bra, e Conigo da Sé de Évora. Goza efta
Univeríidade de todos os privilégios, e izen-
çoens que poíTue a de Coimbra, por Alvará
delRey D. Sebaftiaõ expedido a 4. de Abril de
1562. Fazem memoria illuftre delia Bib. Societ.
pag. 181. Jacob. Menet. de EJbora Mtmicip.
Middendorp. de Academ. Lib. 7. Fonfeca
Êfor. Glorio/, pag. 416. Franco Imag. da Virtud.
em o Nov. de Bvor. Liv. i. cap. i. e na Prac£
Annal. S. J. in 'Lufit. Barbof. Mem. delKey D.
Seb. Part. i. Liv. i. cap. 9. Telles Cbron.
da Comp. da Prov. de Portug. Part. 2.
Liv. 5. cap. 19. Em remuneração do ex-
ceíTivo affefto com que o Cardial D. Hen-
rique fe moftrou profuzamente benéfico para
efte Collegio, traduzirão os feus alumnos
as Meditaçoens do mefmo Cardial em a hn-
gua Latina, com mais elegância do que as
tinha vertido em o mefmo idioma Fr. Antó-
nio de Sena da Ordem dos Pregadores.
Sahiraõ com efte titulo :
Meditationes, ^ homilia in aliquot myfteria
Salvatoris, (ò" in nonnulla Evangelii loca quas Jibi
privatim conjcripjit Serenijfimus, (& Keverendijji-
mus Cardinalis D. Henricus potentijftmi , Ó' in-
viãijjimi Emmanuelis quondam Vortugallia Re^s
596
BIB LIO TH E CA
filius. UlyíTipone apud Francifcum Corrêa.
1576. 12.
Quando a Sereniflíma Senhora D. Catha-
rina Rainha da Graõ-Bretanha fe reftituhio
a efte Reyno em o anno de 1699. celebrou
a fua vinda eíle CoUegio com huma magnifica
Tragedia da qual publicou o feu argumento
neíla forma:
Agilulphus Serenijfima, <â>° Augujlijfima Magna
BritanicB extraãus Dramatis Tragicomici ah Acade-
mia Eborenjí in CoUegio S. J. Eborae Ex typog.
Academiae. 1699. 4.
COLLEGIO DE LISBOA DA COMPA-
NHIA DE JESUS, intitulado de Santo Antaõ,
teve o feu principio no Convento que foy
dos Religiofos defte Santo, fituado na raiz
do monte do Caílello defta Cidade, o qual
agora he habitado pelos Erimitas de Santo
Agoítinho. Entrou neíla Caza com titulo de
Reíidencia o P. Simaõ Rodrigues a 5. de
Janeiro de 1542. com os Padres Gonçalo de
Medeiros, e Bernardino Efcalceato. Paífados
dez annos, conhecendo Santo Ignacio o
fruto que prometia em obfequio dos pró-
ximos eíla nova habitação a nomeou Col-
legio, aíTinando-lhe por primeiro Reytor
ao Venerável P. Ignacio de Azevedo, mais
illuílre, pelo fangue derramado por Chrifto,
que pelo que herdou de feus nobres Progeni-
tores. Abriraõ-fe as Efcolas, em o primeiro
de Outubro de 1552. que foraõ as primeiras
que teve a Companhia nefte Reyno, fendo
Meftre de Rhetorica o P. Cypriano Soares, pe-
rito nas linguas Latina, e Grega; de Humani-
dades o P. Joaõ Perpinhaõ, orador eloquen-
tiíTimo; de Gramática o P. Manoel Alvares,
cuja Arte he a Meftra univerfal em diverfos
Reynos; de Theologia Moral o P. Francifco
Rodrigues, que também explicava a Ef-
fera por fer muito verfado em as difcipli-
nas Mathematicas. A grande inclinação,
que o Cardial D. Henrique tinha aos Pa-
dres Jefuitas, o eftimulou a fundar-lhe Col-
legio em Lisboa, depois de lhe ter funda-
do a Univeríidade em Évora, e julgando
o lugar em que aíTiftiaõ, fer limitado para
a fabrica que ideava, fe elegeo o íitio
em que hoje exiíle, aífinando-lhe para fuf-
tentaçaõ dos feus moradores por Bulia de
Saõ Pio V. paflada a 18. de Janeiro de 1567.
naõ fomente o rendimento da Igreja de
NoíTa Senhora da Serra da Enxara do Bifpo,
e da Terça da Collegiada de Ourem feparada
da Meza Archiepifcopal, mas alcançou de
feu Sobrinho o SereniíTimo Rey D. Sebaftiaõ,
por Alvará dado a 10. de Janeiro de 1574.
pagarem aquelles que defpachaíTem na Caza
da índia de cada quintal de pimenta cincoenta
reis, e de cada quintal de canela, cravo, gen-
givre, MaíTa, Noz mofcada. Anil, e Lacre
cem reis para rendimento do novo CoUegio.
Vencidas muitas controverfias fe deo prin-
cipio ao CoUegio a 11. de Março de 1579.
para o qual fe fez mudança do antigo a 8.
de Novembro de 1593. He dos magefto-
fos edifícios que ennobrecem eíla Corte,
cujo Templo he dos mais magníficos que
nella fe admiraõ, de que foy fundadora a
generofa piedade da Condeça de Linhares
D. Filippa de Sà, filha de Mendo de Sà,
Terceiro Governador do Eílado do Bra-
zil, ao qual fe lançou a primeira pedra em
o primeiro de Janeiro de 161 3. As Claffes
que tem, faõ cinco de Gramática, duas de
Rhetorica, duas de Humanidades, duas de
Filofofia, huma de Mathematica^ duas de
Theologia Efpeculativa, e huma de Moral.
Publicou.
Tergemina Auftriaca Aquilce corona, five
Sanãus 'Leopoldus Aufiriaciis Cupidinis, Hojiiíwi,
<& fui ter viãor. Triplici comece aãionis aãu
proclamatus in plaufu nuptiali Auguftijfimarum
Majejlatum Joannis V. Vortugallice, ac Algar-
hiorum ^egis, <& Mariance Aujlriacce 'L.eopoldi
magni filia. Ulyffipone apud Valentinum à
Coíla Deflandes. 1709. 4.
R(?g/íZ Epirotarum Principis gemma, in qua
novem Muja, (0° Apollo cjtharam tenens fpecta-
hantur non artis fed natura indufiria ita dij-
currentihus maculis, ut fingula Mujarum Oficia
per injignia difcriminarent, five pracellentijfima
Gemmarum gemma, qua calum donavit, ac
ditavit D. D. Jofephum Serenijfimum Bra-
filia Vrincipem, id efi D. D. Maria Anna
Viãoria Serenijfimo I^ufitanorum Principi
in mairimonium calo aufpice tradita, cujus
obfequio Ulyjfiponenfis Collegii D. Antonii
Magni S. J. fuum fingula mwius Mufa attempe-
rant. O. V. C. UlyíTipone apud Jofephum
!i
L USITANA.
I i
<í
Antonium da Sylva Regue Acadcmix. Typ.
1729. 8.
Lufi/ania augmentum viÚoria coronalum Trí-
plià Dramáticos aílionis a£íu circmjcriplum in
plauju mptiali Serenijftmorum Principum D, D.
Jofiphi hrafilia Principis, & D. D. Maria
Attna Vitoria Catholici Reí^is Philippi V. fiJice
tottflafuM in debiii obfeqtm Officina PP, Wj/-
fponenfis ColUffi D. Antonii Maffti S. J. Ulyf-
fiponc per eumdem Typ. 1729. 4.
P. CONSTANTINO BARRETO natu-
ral da Villa de Gintanhcdc na Província da
Hcira do Bifpado de Coimbra, filho de Thomé
{'fancifco Xiílo, e de Maria Rodrigues, e
irmaõ naõ fomente pela natureza, mas pelo
Inflituto Rcligiofo do P. Gregório Barreto,
lie quem faremos menção em feu lugar. Na
tenra idade de 16. annos entrou em a Com-
panhia de JESUS a 18. de Abril de 1691.
onde depois de eíludar Filofofia, e Theologia,
leu Humanidades em o Collegio de Coimbra.
Foy mandado a Roma para fer Peniten-
ciciro na Bafilica de Saõ Pedro, donde vol-
tando foy Reytor do Collegio de Setúbal.
Compoz.
Exercidos efpirituaes do maravilho/o Patriar-
fòa Santo Inácio de Ijyyola, redic^idos a huma
^ f emana, e acomodados a toda a forte de pejjoas,
particularmente Keligiofas. Lisboa na Officina
•daMuíica. 1726. 8.
D. CONSTANTINO DE SA*, E NO-
RONHA. Naceo em Lisboa, em o anno
de 1586. para immortal credito affim da
Pátria que lhe deo o berço, como da
Illuílre Caza de que defcendia. Por morte
de feu Pay Martim Lourenço de Sá, e Me-
nezes celebre Fronteiro em a Praça de
Ceuta, que intempeftivamente morreo na
florente idade de trinta annos, foy educa-
do por feu Avo Francifco de Sá de Me-
nezes, cujo nome fera fempre refpeitado
pelas heróicas façanhas, que obrou no
Oriente, e com a inftrucçaõ de taõ grande
Cavalhero, fahio difciplinado em aquel-
las artes dignas do feu nacimento. Depois
de fe applicar ao eíhido da lingua Latina,
e Humanidades, no Collegio de Santo
Antaõ dos Padres Jefuitas, levado do génio
597
que tinha para as Armas, deixou as Letras,.
ttnào o feu mayor diívelo defprezar a fa-
zenda, para confeguir a honra. Quando
contava 18. annos fe defpozou com D. Luiza
da Sylva, filha de Duarte de Mello da Sylva
fexto Senhor de PovoUde, e Caílroverde, c
de D. Margarida de Mendonça, filha de D.
Duarte da Coíla Armeíro mór do Reyno»
e preferindo com huma heróica refoluçu>
os perigos da guerra às delicias do thalamo,
fe embarcou em o primeiro anno de cazado
em huma Armada, onde contrahio huma
grave infermidade, que o teve quazi três
annos inhabil para os exerdcios militares, que
felizmente profeguio em a Praça de Mazagaõ,
quando a governava Henrique Corrêa da
Sylva, deixando nella do feu valor aíTmalados-
argumentos. Chegado o mez de Março de
1614. fe refolveo a ennobrecer a Aíia com a&
fuás açoens, aíTim como tinha illuílrado a
Africa, e partindo na Almiranta de que era
Capitão Paulo Rangel de Caftellobranco, com
outros Fidalgos, naõ podendo ferrar Goa,.
chegou à Ilha de Mombaça, e delia arribou
a Cidade de Magadaxó fituada na Coíla da
Etiópia, donde depois de ter difpendido em
foccorro dos Soldados tudo quanto levava,
entrou em Goa no anno de 161 5. em que era
Vice-Rey do Eftado, D. Jeronymo de Aze-
vedo. Nefte empório do Oriente fenaõ deixou
inficionar com os vicios, que licenciofamente
nelle dominavaõ, fugindo com cautela daquel-
las occafioens, em que podia perigar a conti-
nência, e conciliando com a fua natural
benevolência, e profiiza liberalidade os cora-
çoens de todos. Depois de concluir
felizmente varias expediçoens navaes, foy
nomeado Capitão General da Coíla de Co-
morim, reduzindo a obediência do Ef-
tado a elRey de Porca, que havia quator-
ze annos que delle fe rebellara, entregan-
dolhe eíle Princepe em linal da fua recon-
ciliação dous Parós, que fe tinhaõ ampa-
rado nos feus portos. Succedendo no Vi-
ce-Reynado da índia a D. Jeronymo de
Azevedo, o Conde de Redondo D. Fran-
cifco Coutinho, a primeira açaõ que
obrou, foy nomeallo Governador, e Ca-
pitão General da Ilha de Ceylaõ, para que
com a fua prudência, e valor a defendef-
SçS
fe de todos os Potentados da Aíia, que ambi-
ciofamente pertendiaõ fenhorealla. Nefte
governo manifeítou os infignes dotes de que
era ornado o feu efpirito, inveíligando com
prudente aftucia a potencia dos feus confinan-
tes, deílruindo ao infiel Madune, com morte
de outo mil Chingalás, e levantando as Fortale-
zas de Sufragan em o Reyno das fette Corlas,
■e a de Gale para confervaçaõ da Ilha que gover-
nava. Naõ foraõ menos gloriofas as proezas
que obrou em Jafanapataõ, derrotando por
duas vezes ao tyranno Chingali, colligado com o
Nayque de Tangaor, e defcercando a Fortaleza
de Manar, e para que ao mefmo tempo exten-
deíTe o Império de Chriílo, com o do Eftado,
«rigio mais de quarenta Templos, cuja admi-
niftraçaõ commetteo aos Religiofos de Saõ
Francifco, e da Companhia de JESUS, os
quaes com apoíloUco zelo, agregarão mais
de cem mil almas ao grémio da Igreja. Sendo
reftituido em o anno de 1623. pelo Vice-
E.ey D. Francifco da Gama, Conde da Vidi-
gueira, ao Governo da Ilha de Ceilaõ, de que
injufbamente o privara Fernando de Albu-
querque, foy nelle recebido com publicas
acclamaçoens. Para reprimir a potencia del-
Rey de Candea fundou huma Fortaleza
em o Reyno de Triquilimale, fobre as cinzas
de hum famofo Pagode, muito venerado
pela fuperíliçaõ dos bárbaros; fortificou a
de Gale; erigio outra na Ilha de Cardiva,
« reparou a de Columbo. Perfuadido de que
a comunicação dos Mouros inficionava aos
naturaes de Ceylaõ, os expulfou no anno
de 1626. extirpando taõ perniciofa zizania
que impedia fruíHficar as novas plantas do
Chriftianifmo, por cuja acçaõ mereceo eter-
nos applaufos o feu catholico zelo. Ha-
vendo por diverfas vezes triumfado das ca-
viUaçoens delRey de Candea, receando eíle
bárbaro, que o feu Reyno folie defpojo
das armas Portuguezas, lhe pedio com
aftuta diflimulaçaõ pazes, em quanto
maquinava huma conjuração contra D.
Conftantino, a qual teve fatal eífeito,
quando refoluto eíle grande Heroe entrou
armado em Columbo, para extinguir a me-
moria de inimigo taõ pérfido, como orgu-
Ihofo. Travou-fe o conflito defronte da
Cidade de Rutile, e ainda que os inimigos
BIBLIO THE CA
eraõ em numero muito fuperiores aos noflbs,
certamente feriaõ deílroçados, fenaõ foíTem
foccorridos pelos Chingalás, que perfidamente
fe rebellaraõ contra os Portuguezes, cujas
bandeiras até aquelle inílante feguiaõ. Vendo
o noíTo General, que era infallivel a derrota
inflamado com efpiritos novos fe refolveo
acabar gloriofamente entre os feus Soldados,
e abrindo com a efpada caminho para a immor-
talidade, depois de ter mortos feílenta bárba-
ros, fendo atraveflado com duas balas pelo
peito, e com huma fetta pela tella voou a
coroarfe no celeftial Capitólio a 20. de Agof-
to de 1630. quando contava a varonil idade
de quarenta e quatro annos. Foy univerCd-
mente lamentado o trágico fim deiie infigne
Heróe, digno de immortal fama pelas virtudes
moraes, e politicas, que exercitou em todo o
tempo do feu governo, as quaes elegantemente
defcreveo feu filho Joaõ Rodrigues de Sá,
e Menezes, em o Livro que compoz, intitu-
lado Kebelion de Ceylatj, y los progrejfos de Ju
Conquijla, do qual tranfcreveremos eílas
palavras para que lhe firvaõ de honorifi-
co epitáfio às fuás cinzas. Era muj ChriJ-
tiano, verdadero, liberal, fácil, apa:(ible, dij-
creto, prudente, limpio, Jin interes, ni cor-
eia, ambiciojo Joio de Ju honra, y Jobre todo
de Jumma bondad, y muy f^elojo dei augmento
de la Keligion, y dei Jervicio delRey en que
hi^o fine:(as pouco acojlumbradas de otros
Juditos; anadiale rejpeto, autoridad, y ejlima-
cion de grande ornamento a los dotes dei animo
la gallarda dijpojicion dei talle, y Jorma con-
veniente dei cuerpo, la ejlatura grande, y ro-
bujia, Jenblante alegre, y varonil, Jortak^a
natural, y de muchas Juerças, y de Jalud en-
tera... Varon Jin duda g-ande, y compara-
ble aios mayores, que celebran nuejlras hijlo-
rias dei Afia igualando en la dijciplina, y
virtud militar a todos, excedio a muchos
en la conjlancia, valor, y prudência con que
Je porto en la pa:(j y en la guerra Jujien-
tando la reputacion Portugues^a quando màs
caida ejlava, &c. Defte Heróe faz men-
ção D. Luiz de Salazar, e Caílr. Hiji. da
Ca^. de Sylva. Part. 2. Liv. 12. cap. 25.
Efcreveo.
Dejcripçaõ dos Rios, Plantas, Portos
do mar, e Jorma da Fortificação da Ilha
L USITANA.
599
de CeilaÕ enviada a Portugal em o anno de 1624.
com as Vortalev^as exceileníemenfe delineadas.
IVÍ. S. 4. Coníerva-re na Bibliotheca delRey
Católico, como aflirma o moderno addicio-
nador da tíib. Orient. de Ant. de Leaõ Tom. 1.
Tit. 14. col. 479.
Fr. CONSTANTINO DE SAMPAYO
natural do lugar de Freches no termo da Villa
de Trancofo. Foy admitido á Monaílica Con-
gregação de Ciíler no Convento de Santa Maria
de Salccdas, a qual illuftrou como Mcftre, c
como Prelado. Depois de receber o gráo de
Doutor cm a Univerfidade de Coimbra, e fcr
Definidor da Ordem, e Secretario do Geral
Fr. Lourenço Botelho, foy eleito Abbade
do Convento do Defterro em o anno de 1660.
donde fubio a Geral de toda a Congregação
cm o anno de 1669. deixando eternizada a
memoria do feu governo no fumptuofo
Santuário que para depofito das infignes
Relíquias que fe confervaõ em o Real Con-
vento de Alcobaça, mandou edificar, em cuja
obra compete a preciofidade da matéria com o
primor da architeftura. Sendo nomeado
Arcebifpo da Bahia, onde era Chanceller da Re-
lação feu fobrinho Sebaíliaõ Cardofo, naõ che-
gou a Sagrarfe impedido pela morte que o pri-
vou intempeílivamente da vida em o Convento
do Defterro a 9. de Março de 1675. Compoz.
Re/açaÔ das Re/iquias que fe confervaõ no
Santuário defle Real Convento de Alcobaça.
M. S. foi. a qual fe guarda em o mefmo
Convento.
COSME BAENA FERREYRA na-
tural de Évora em cuja Cathedral foy moço
do Coro, e hum dos famofos profeííores da
Mufica do feu tempo de que deu manifef-
tos argumentos quando foy Meftre da Sé
de Coimbra, e Prior de S. Joaõ de Alme-
dina na mefma Cidade. Compoz.
Enchiridion Miffarum, <& Vefperarum.
Officium Hebdomadce Sanãa.
Refponforios do Officio de Defuntos a 4.
vozes. M. S.
COSME DELGADO natural da Vil-
la do Cartaxo do Arcebifpado de Lisboa
Bacharel na Cathedral de Évora onde por
muitos annos ezetdtou o lugar de Meíbe da
Capella por fer iníigfie Profenbr de Muíica, e
hum dos mais celebres Cantores de Eftante»
naõ fomente pela deftreza com que cantava»
mas pela fuavidade da yóz que confervou até a
ultima idade. Deixou no feu Teftamento por
legado ao Convento do Efpinheiro de Religio-
fos de S. Jeronymo as fuás Obras de Mufíca»
que conftavaõ de MlíTas, Motetes, e Lamenta-
çoens, as quaes vio o Licenciado Frandfco
Galvaõ Maldonado, como aíTirma nas Memo-
rias, que juntava para a Bibliotheca Portu-
gueza. Entre eftas obras eílava a feguinte.
Manual da Mufica dividido em três Parter
dirigido ao muito alto, e efclarecido Princepe Car-
deal Alberto Archiduque de Auftria Regente defler
Reynos de Portugal. Começa. Os Gregos que
nos deixarão a Mufica. Acaba. Vive, e reyrut
para fempre. Amen.
Fr. COSME DO ESPIRITO SANTO
Religiofo da Seráfica Província de Santo
António do Brafil onde pela integridade dos
coftumes, foy duas vezes Miniftro Provincial
igualmente amante do progreíTo dos eftiidiofos^
como compaíTivo das moleftias dos infermos,
Falleceo no Convento de Santo António de Pe-
raguaílú em 15. de Junho de 1722. Compoz.
Eftatutos da Provinda de Santo Antó-
nio do Brafil tirados de vários JEflatutos da
Ordem, acrecentando nelles o mais útil, e
neceffario â reforma defta Provinda. Lis-
boa por Jozé Lopes Ferreira 1717. foL
COSME FERREYRA DE BRUM
Cavalleiro profeílo da Ordem de Chrifto
naceo em Lisboa a 17. de Março de 1608.
e foraõ feus Progenitores António Ferreira
de Brum, cuja afcendencia he de Inglaterra,
e muito nobre, e D. Mecia de Fontes^
Defde a puerícia começou à applicarfe à li-
ção dos livros com taõ continuado efliido,
que quando chegou à idade varonil eftava
perfeitamente inftxuido na Hiftoria Sagra-
da, e profana, letras humanas, e Genealo-
gia. Sendo dotado de grande íincerídade
tolerou confiantemente varias injiirías fa-
brícadas pela malevolencia de feus emulos.
Foy cazado com D. Joanna de Azevedo
Pereira, filha de Joaõ de Azevedo Pereira
6oo
BIBLIO THE CA
fidalgo da Caza Real, e de fua fegunda mulher
D. Izabel de Oliveira. A grande vaftidaõ dos
feus eíludos fe conhece da variedade das
obras, que deixou efcritas certamente dignas
da luz publica, as quaes faõ as feguintes.
Cathalogo dos ^eys de Portugal com as fuás
afcendencias, e dejcendencias majculinas, e outras
muitas curiojidades. Dedicado a ElRey D.
AfiFonfo VI. onde moJftrava como efte Monar-
cha era o Encuberto, de que fallavaõ os Vati-
cínios.
Como o nome de JoaÕ he propicio a Portugal,
e fatal a Cajlella. Dedicado ao mefmo Prin-
cepe.
Relação Summaria da exemplar vida, e illufire
afcendencia de Fernaõ Tellef<^ de Meneses Conde de
Unhaõ. Compoz efte papel para fervir de noti-
cias para o Sermaõ que nas honras funeraes
defte Cavalhero, fez em Santarém o feu afi-
lhado o grande P. António Vieyra.
Afcendencias da Cafa de UnhaÕ. Dedicado
a Ruy Telles de Menezes fegundo Conde
defta Cafa.
Famílias de Portugal com outras mui-
ías de outros Rejnos illujlrados com diver-
Jas, e curiofas noticias dignas de memoria
colhidas de diverfos livros de Efpanha, e di-
vididas por ordem Alfabética. M. S.
Relaçoens annuaes, e diárias de tudo o
que fucedeo nefe Reyno, e os de Europa def-
Âe o anno de 1640. até o feu tempo.
Relaçoens de tudo o que achou digno de
Je notar em todas as fornadas, que fe^ com
as noticias das terras por onde paffou.
Annaes de Portugal em que fe efcre-
vem os fucejjos dignos de memoria ajfim def-
te Reyno, como de fuás Conquijlas defde o
anno de 1495. em que começou a Reynar
ElRey D. Manoel ate o premente.
Noticias de todas as Cidades, e Villas
defle Reyno com todas fuás particularidades dignas
•de faberfe.
Afcendencias, e defcendencias da Familia dos
Brums. Dedicado a feu Sobrinho Manoel de
Brum, e Frias Senhor do morgado, e Caza
dos Bruns, Padroeiro do Convento de Santo
j\ndré, e S. Joaõ Evangelifta da Cidade de
Ponte Delgada, e Capitão mór da Villa da
Ribeira Grande na Ilha de S. Miguel.
Job Lujttano. Epitome da fua vida em
que trata principalmente das perfeguiçoens
que padeceo.
Elogio do celebre Det^embargador Thomé Pi-
nheiro da Veyga.
Fez os argumentos em Outava Rima
à Eneida Portugue:(a compofta por Joaõ Franco
Barreto, e os Sonetos que nella vaõ em feu
nome, fendo unicamente o que fe imprimio
defte Author, do qual fe lembra o P. D.
António Caetano de Soufa no Apparat. à
Hiji. Gen. da Caf. Real Portug. pag. 57. §. 34.
D. COSME DE FREYTAS. Teve por
pátria a illuftre Cidade de Coimbra, e por
Pays a Joaõ de Freytas, e Eftefania de Moraes
também illuftres. Recebeo o habito Canónico
de Santo Agoftinho no Real Convento de
Santa Cruz em o anno de 1550. quando era
Prior Geral defta florente Congregação D.
Filippe Pegado. Foy muito fciente na intelli-
gencia das linguas Latina, Grega, e Hebraica,
como verfado nas efpeculaçoens da Filofofia,
e Theologia que por muitos annos diâou
aos feus domefticos. Mereceo a primazia
entre os Poetas Latinos do feu tempo, ou
foíTe pela elegância do metro, ou pela agudeza
do conceito. Sempre procedeu com exemplar
procedimento até que falleceo piamente em
Coimbra a 11. de Dezembro de 16 10. Dei-
xou compofto em verfo heróico.
Infelix bellum Regis Sebajiiani. M. S.
Vitce Regum Eufitanorum. M. S.
Varia Dyjiicha in laudem Sanãorum Ordinis
Canonici. M. S.
Reduzio a metro Latino a Arte de Gramática
do P. D. Máximo de Soufa Cónego Regular.
De todas eftas Obras faz diftinda memoria
D. Nicoláo de Santa Maria na Chron. dos Coneg.
Reg. Liv. 10. cap. 29. n. 15. e no Liv. 8. cap. 4.
n. 10. e II. tranfcreve dous Epigrammas La-
tinos em que fe conhece claramente a valen-
tia da fua Mufa faõ dedicados à memoria do
famofo Cavalleiro D. Henrique que ajudou
com a fua efpada ao noíTo primeiro Rey a con-
quiftar Lisboa do poder Mauritano, onde feliz-
mente acabou, e dos outros Portuguezes
que morrerão em taõ Sagrada empreza.
COSME DA GUARDA natural de Mur-
mugaõ. Publicou com efte aífeâado nome.
L USITAN A.
óoi
Vida, e acçoens do famofo, e felicifmo Swagf
(la índia Oriental. Lisboa na Ofiídna da
Mufica 1730. 8.
COSME LAFETA* AíTiftindo muitos
annos em o Oriente como foíTe dotado de
baftante comprehenfaõ efcreveo no anno de
1605.
Informação do EJlado da índia. Aí. S. G)n-
rcrva-fc na Livraria do Exceilentinimo Mar-
quez de Gouvca.
P. COSME DE MAGALHAENS. Naceo
cm o anno de 1 5 j i . na auguíla Cidade de Braga,
onde teve por Pays a Joaõ de Magalhaens, e
Anna de Barros taõ nobres em o fangue como
na piedade os quacs o educarão com taõ vir-
I\ tuofos documentos que na tenra idade de deze-
■ fcis annos deixou o mundo, e fe recolheo na
■ Sagrada Companhia de JESUS recebendo a
* Roupeta em o Collegio de Coimbra a 6. de Ju-
lho de 1567. Admirável foy a comprehenfaõ
com que velozmente fe adiantou nas efcolas
a todos os feus condifcipulos merecendo fer
entre elles Meflre antes de fubir à Cadeira. De-
pois de ler Rhetorica, e Theologia Moral pelo
efpaço de dez annos diftou Efcritura no Col-
legio de Coimbra com univerfal applaufo de
toda a Univeríidade, valendo-fe das luzes dos
Santos Padres em que era fummamente ver-
fado para penetrar o myíleriofo Chãos dos Va-
ticinios dos Profetas, dos quaes revelou grande
parte com fublime profundidade, e folida fub-
tileza. Falleceo em Coimbra a 9. de Outubro
de 1624. quando contava 73. annos de idade,
e 59. de Religião. Alegambe in Bib. Societ. pag.
61.0 intitula Vir non virtute miniis, quàm do£trina
clarus. Girardi Diário. Part. 3. a 6. de Giuglio.
Huomo illuftre per molti lihri ftampati. Joan.
Soar. de Brit. in Theatr. L,ujit. Lifter. lit. C.
n. 24. Virfuit non humaniorihus dutaxat difciplinis
infigniter injiruãus Marrac. Bib. Mar. Part. i.
p. 306. Petr. Angel. Sper. de Profejforib.
Gramai, lib. 4. pag. 491. Joan. Hallevord. Bib,
Clajftc. pag. 56. col. i. Jacob. Lelong. Bib.
Sacr. pag. mihi 840. col. i. Draudius Bib.
ClaJJic. D. Francifc. Manoel na Carta dos
AA. Portug. efcrita ao Doutor Manoel
Themudo da Fonfeca. Franco Imag. da
Virt. no Colkg. de Coimb. Tom. 2. pag.
61 j. c no Ann. glorio/. S. J. in Lufit. pag.
582. vixit moribus inculpatis & in Sjnopf,
Armai S. J. in I^fit. pag. 240. o. 8. Nm
minòs litteris quam Kiligiojis moribus ixcêl-
Itbat. Pet. Alv. de Aílorg. in Milit. Concep.
Compoz.
Commentarinm in Canticum primum Moyjis,
Lugduni apud Horatium Cardon. 1609. 4.
Operis Hierarchici, five de Ecclejiaflico Prin-
cipatu libri ires, in quibus epiflola três B. PauU
Apofloli, nempe dua ad Timotheum, e^ prima
ad Titum commentarijs explicantur. Lugduni
apud eumdem Typog. 1609. 4. 2. Tom.
Commcntaria in Sacram Jofue Hijloriam,
Tumoni fumptibus Horatii Cardon 161 2.
foi. 2. Tom.
Commentariorum in Moyjis Cantica, ç^ Bene-
diãiones Patriarcharum libri quattuor Lugduni
fumptibus Cardon 16 19. foi.
Explanationes, €>• annotationes morales itt
Sacram Judicum Hijloriam. Lugduni Sump-
tibus Jacob. Cardon, & Petri Cavillat 1626.
foi.
Obras M. S.
Primatus Hifpania de quo litigatum eji
tempore Concilii Lateramnjis fub Eugénio iii.
€>• pojiea fub Honório iii. 4. He dedicada
efta obra ao Arcebifpo de Braga D. Fr.
Agollinho de Caílro. No fim tem vários
Epigrammas em louvor da Qdade de Braga
fua pátria, e de feus Prelados, e antiguidade,
cujo Original fe confervava na Bibliotheca do
Cardial de Soufa como efcreve Cardofo
Agiol. 'Lujií. Tom. 3. pag. 519. col. i. no
Comment. de 3. de Junho, e lhe chama
Hijloria de Braga. Defta mefma obra faz repe-
tida memoria o Illuílrinimo Cunha na Hijl.
Ecclef. de Brag. Part. i. cap. 22. n. 3. e cap. 39.
n. 14. e Part. 2. cap. 35. n. 6. e cap. 40. num. i.
o P. Ant. de Maced. Ijifit. Infulat. pag. 58.
e Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. 2. pag. 286.
col. 2. Defta obra tinha huma Copia efcrita,
em Coimbra anno de 161 8. féis annos an-
tes da morte do Author o P. D. Manoel
Caetano de Soufa como aífirma in Expedif.
Hifpan. S. Jacobi Tom. 2. pag. 13 10. n.
328.
Sylva dos Authores Seleãos para infbrucçaõ
dos EJludaníes.
Cathecifmo Japonês 2. Tom.
6o2
BIBLIO THE C A
In Ariftotelis Vrohkmata.
Explanatio Panegyrica in Cap. 12. Apo-
calypf. Signum magnum apparuit in Calo.
Dous Difcurfos da Conceição de N. Senhora.
De Homicidio.
De Sujpenjione, (ò' interdião.
Eftes dous Tratados Theologicos fe con-
fervaõ no Collegio de Évora.
Fr. COSME DA PRESENTAÇAM natural
de Lisboa, filho de Fernaõ Alvares de Andrade,
e de Izabel de Payva irmaõ daquelle exemplar
da paciência Chriftãa o Venerável Fr. Thomé
de JESUS, e daquelle Oráculo da Theologia
Efcolaftica Diogo de Pajrvra de Andrade
dos quaes fe fará illuftre memoria em feus
lugares. Na idade juvenil recebeo o habito
de Eremita Auguftiniano no Convento da fua
pátria onde mereceo graves eftimaçoens pela
nobreza do nacimento viveza do engenho,
modeftia do femblante, aifabilidade do génio,
erudição das letras Sagradas, e profanas, e
talento fublime para o púlpito. Todos eiies
grandes dotes que fe admiravaõ unidos na
fua peíloa moverão ao Geral da Ordem Fr.
Chriítovaõ Patavino para que o chamaíTe
a Roma onde o nomeou companheiro de Fr.
Agoftinho de Caílro, que depois fubio à
Cadeira Primacial de Braga o qual fora eleito
por ordem de Gregório XIII. para reformar os
Convêtos de Alemanha, que eftavaõ fumma-
mente relaxados. Obedeceu prompto ao
preceito do Geral, e antes de entrar em Ale-
manha adoeceo taõ gravemente em Bolonha,
que em breves dias acabou a vida a 15. de
Junho de 1580. quando contava a florente
idade de 36. annos. Fazem delle memoria
ElíTio Encom. Auguft. pag. 157. Camargo
E.pit. Hiftor. foi. 313. Herrer. Alphab. Augujl.
letr. C. Fr. And. de S. Nicol. Hijl. delos Agoft.
Def calços. Introd. Proem. cap. 8. Cardof.
Agiol. hujit. Tom. 3. pag. 694. e no Com-
ment. de 15. de Junho letr. D. e no Com-
ment. de 17. de Abril letr. D. Traduzio de
Portuguez em Latim por Ordem do Car-
dial D. Henrique.
Sermoens de Diogo de Payva de Andra-
de, de cujo trabalho efcreve Fr. Manoel da
Conceição Eremita de Santo AgoíHnho no
Prologo impreíTo deftes Sermoens de feu
tio as feguintes palavras. Começou o Padre
Fr. Cojme a trefladaçaõ com "Latim muito excel-
lente, e taÕ acomodada ao ejlilo portugue:^ do próprio
Author que quem lho conhecia pelo luitim entendia
fer pregação fua. Tendo tradui^ido algumas Préga-
çoens fqy chamado a Roma &c.
Tratado /obre os Myjlerios do Kofario. Deíla
obra faz mençaõ Joaõ Franco Barreto na
Bih. Luftt. M. S.
Queftoens Económicas que fe naõ impri-
mirão por morrer o Author.
Fr. COSME DE TORRES natural
da Villa de Torres Vedras do Patriarcha-
do de Lisboa, Monge Ciílercienfe, e mo-
rador no Real Convento de Alcobaça onde
fe conferva a obra feguinte.
Sermoens de Tempore M. S. foi.
CRISPIM DE ANDRADE natural de
Lisboa Capellaõ da Capella Real, e depois
fubchantre da Cathedral de Lisboa que
muitos annos exercitou por fer muito fciente
no Canto chaõ, e ter a voz igualmente pro-
funda, que fonora. Pella grande devoção
que tinha ao Príncipe da MiHcia Angélica
traduzio de Latim do P. Fr. António Freyre
Religiofo Trino em Portuguez.
Oficio particular em louvor do Príncipe dos
Anjos o glorio/o Archanjo S. Miguel. Lisboa
por FiUippe de Soufa Villela 1701. 24.
Fr. CRISPIM DE OLIVEYRA natural
da Villa de Azeitão do Patriarchado de Lisboa
filho de Joaõ de Oliveira, e Maria Gomes.
No Convento pátrio recebeo o habito da
illuftre Ordem dos Pregadores a 6. de Novem-
bro de 1695. onde fez tantos progreílos nas
fciencias efcolaílicas, que naõ fomente as
diftou aos feus domeílicos, mas mereceo
jubilar nellas com grande credito do feu
talento. He Qualificador do Santo Oíficio,
e Pregador do SereniíTimo Senhor Infante
D. Francifco. Sendo Prior do Convento
de Évora pregou, e imprimio.
Sermão de S. Lui^ Gonzaga pregado
no 3. dia do Outavario que celebrarão os Re-
ligiofos da Companhia de JESUS no feu
Collegio, e Univerjidade de Évora na Ca-
noni:(açaõ de S. Euit^ Gonzaga, e Santo EJ-
L USITAN A.
6o3
/anislao Kofcka. Évora na Officina da Uni-
vcrfidadc 1750. 4.
Fr. CUSTODIO DE ARGANIL cujo
appellido denota a pátria onde naceo fítuada na
Provinda da Beyra no Bifpado de G>imbra,
<ie que faõ G^ndes os feus Bifpos. Foy Monge
(Ic Ciíler, c muito douto na lingua Grega, como
claramente fe colhe da obra feguinte, que fe
conferva cm o Real Convento de Alcobaça.
Gefta Bar/aam, et Jofapbat à Joanne Damaf-
ceno è Graco translata. foi.
Smaragdus Abbas in lihrum qui vocatttr Dia-
dema M. S. foi.
Fr. CUSTODIO LOBO UlyíTipo-
ncnfe filho de Domingos Vicente, e An-
_í_ tonia Gonçalves. Ainda contava poucos
■■annos quando foy admitido à Religião
IH da SantiíTima Trindade recebendo o ha-
■Hf bito no Convento de Lisboa a 14. de
Pf ^ Abril de 1588. Os feus virtuofos coftumes
o habilitarão para exercitar os lugares mais
honoríficos da Ordem, fendo Meftre dos
Noviços, aos quaes inftruyo com os pre-
ceitos da lingua Latina, em que era eminen-
te, Miniílro dos Conventos da Louza, e
Lagos, Definidor, e Vifitador Geral da
Ordem, e Prefidente do Capitulo por fer o
Decano de toda a Provincia. Foy Exami-
nador das Três Ordens Militares, e Depu-
tado da BuUa da Crufada. Como era mui-
to douto na Mathematica, e Aílrologia com-
poz vários Lunarios que foraõ impref-
fos fem o feu nome, fendo a principal obra
deíle género a feguinte.
Compendium AJlrologia, in qm omitia,
qua neceffaria ftmt tam ad conjlituendum ,
quàm ad ju^candum qmdcumque Thema C9'
lefle facillime inveniun/ur explicata. Aí. S,
4. Conferva-fe na Bibliotheca do Excellen-
tiíTimo Marquez de Gouvea Mordomo Mór
da Caza Real.
Morreo em o Convento de Lisboa a
1. de Fevereiro de 1654.
Fr. CUSTODIO DO ROSÁRIO Monge
Ciílercienfe, e profeíTo no Real Convento
de Santa Maria de Alcobaça Cabeça defta
illuílri/Tima Congregação nefte Reyno. Foy
muito applicado ao eíhido da Hiftoria Sagrada,
e profana efcrevendo em o anno de ijoo.
Noticias varias. Aí. S. foL
Cuja obra fe conferva no Cartório do
Convento de S. Francifco defta Gdade de
Lisboa, como certifica o P. Fr. Manoel de
5. Damafo Religiofo do mefmo Conven-
to, e Académico da Academia Real no feu
livro intitulado Verdade EJucidada, e fal-
jidade convencida, pag. 207. na Margem,
6o4
BIBLIOTHE CA
m
D
S DÂMASO primeiro em o nome, e tri-
geflimo outavo na Serie dos Pontifices
• Romanos teve por berço a Villa de
Guimaraens íituada em a Provincia de
Entre Douro, e Minho alcançando pela produc-
çaõ de taõ grande filho o illuftre tymbre de
preferir às mais famofas Cidades do mundo.
No primeiro crepufculo da idade brilhou com
tal intenfaõ a viveza do feu engenho animado
por hum efpirito capaz de emprezas heróicas,
que perfuadido feu Pay António fer a pátria
limitada esfera para o feu talento paíTou com
elle a Roma celebre empório de todas as
Naçoens, onde iruftruido com as fciencias
pudeíle em algum tempo fervir de mageílofo
ornato à Igreja Catholica. Admirável foy o
progreíTo, que brevemente fez a fua profunda
capacidade aíTim no eftudo das mayores
Faculdades como na praétíca de excellentes
virtudes, por cujos dotes conciliou os ânimos
de todos os Princepes da Cúria Romana
principalmente do Pontífice Liberio, que fendo
defterrado de Roma para Trácia por impio
decreto do Emperador Conftancio acérrimo
fautor do Arrianifmo o deixou por feu Vigário
para governar a Igreja como vaticinado, que
havia de fer feu Suceííor em taõ fuprema
Dignidade. A mayor acçaõ que obrou em
quanto exercitava eile minifterio poJfto que
contra ella fe oppoz inutilmente o Presbytero
Fauftino fequaz da feita de Luceferiano, foy a
reconciliação com a Igreja Romana, de algims
Bifpos, que ou conflrangidos por temor, ou en-
ganados por ignorância fobfcreveraõ nas
Aâas do Concilio de Rimini. Morto o Papa
Liberio a 24. de Setembro de 366 quando con-
tava a madura idade de fefenta annos fubio à
Cadeira de S. Pedro concorrendo para taõ acer-
tada eleyçaõ a mais nobre parte do Clero, e
Povo Romano. Foy fagrado em Domingo pri-
meiro de Outubro em a Baíilica de Lucina,
que depois foy chamada de Saõ Lourenço.
PaíTados poucos dias fe armou contra o novo
Pontífice Urficino Diácono, o qual fa-
vorecido de huma multidão de fedeciofos
refolveo temerariamête arrogar afia Digni-
dade Pontificia para cujo effeito perfuadio a
Paulo Bifpo de Tivoli, que o SagraíTe Bifpo de
Roma o que executou facrilegamente na Bafili-
ca de Liberio, que hoje he de Santa Maria
Mayor. Para evitar as trágicas confequencias
do Scifma levantado em Roma ordenarão
Juvencio Prefeito deíla Cidade, e Juliano
CommiíTario Geral dos mantimentos, que
foíTe defterrado o Antipapa Urficino com
os Diáconos Amâncio, e Lopo feus princi-
paes fequazes. Refugiado Urficino à Bafi-
lica de Liberio com grande numero de gente
armada, e de outra que feguia as fuás par-
tes, conceberão tal cólera os que tinhaõ con-
corrido para a eleição do verdadeiro Pontí-
fice, que valendofe ao mefmo tempo do
ferro, e do fogo efcalaraõ o lugar que fervia
de afylo aos Scifmaticos, onde fe travou
hum furiofo combate, em que foraõ mortos
cento e trinta pefibas de hum, e outro fexo
atè que defterrado Urficino para as GaUias
por decreto de Valentiniano primeiro, e Pre-
textato Prefeito de Roma fe ferenou a formi-
dável tempeftade que ameaçava naufrágio à
Barca de S. Pedro. Para juftificar a fua inno-
cencia impiamente acuzada do feyo crime
de adultério pela maledicência de Concordio,
e Califto fummamente affeâos a Urficino con-
vocou em Roma hum Concilio de quarenta
Bifpos, e na prezença de taõ authorizadas tef-
temunhas fahio purificado de taõ infame calu-
mnia. Como vigilante Propugnador da Fè
eftabelicida em o Concilio NyíTeno juntou nefta
mefma Cidade outro Concilio em que foraõ
condenados Urfacio de Singidon, e Valente de
Murfe Bifpos da Illyria, principaes fautores do
Arrianifmo, e acérrimos antigoniftas do grande
Athanafio, invencível Athlante da Religião
Catholica, o qual depois de receber huma carta
de Saõ Damafo em que lhe fignificava o que
tinha obrado em obfequio da Fè congre-
gou em Alexandria em o anno de 371 outro
Concilio compofto de noventa Bifpos do
Egypto, e da Libia, que todos congra-
LUSITANA.
6o5
tularau ao Santo PontiHce da condenação
Ar IJrfacio, c Valente, porém que devia pade-
í Cl a fcveridadc de femelhante caíligo Auxen-
cic) facrilcgo ufurpador da Mitra de Nfllaõ,
o qual fendo verdadeiro Arriano, e fimulado
Catholico publicara huma Confi/Taõ da Fè
aparentemente conforme, e realmente oppofta
aos Decretos do Concilio NyíTeno. Para
defcobrir cíle engano chegou a Milaò Santo
Hilário Bifpo de Poiâou taõ claro em fciencia
com cm virtude, a quem como a inimigo da
tranquilidade publica mandou fahir da Cidade
o Empcrador Valcntiniano grande fautor de
Auxcncio. Já grande parte do Eílado de
Milaõ, e algumas Províncias circunvizinhas
cftavaô inficionadas com o veneno da hcrcfia,
c para que fe naõ propagaíTc taõ pcrniciofa
pcftc convocou Saõ Damafo no anno de 372.
hum Concilio de noventa, e trcs Bifpos, em
o qual foy condenado Auxencio com os fcus
fcquazcs; confirmados os Decretos do Con-
cilio Nyflcno, e declarado nuUo o de Rimini.
Contra as maquinas de outros herefiarchas,
<ic que era fecunda mãy aquella idade, fe
armou eíle fagrado Alcides debellando a tantos
monftros, que das fuás entranhas vomitara
o abifmo, quaes eraõ os Luceferianos, Mani-
-cheos, e Donatiílas, cujos erros tinhaõ inficio-
nado grande parte de Africa, como também
a Apollinario com feus difcipulos Thimotheo,
c Vital condemnados em outro Concilio
celebrado em Roma em o anno de 375. onde
foraõ fulminados os erros de Arrio, Sabelio,
Runomio, e Fotino. Com a protecção do
grande Emperador Theodofio mandou con-
gregar em Conftantinopla hum Concilio Eco-
menico compofto de cento e cincoenta Padres
entre os quaes fe diílinguiaõ como Aftros da
primeira grandeza S. Gregório Nazian-
2eno, S. Gregório Nyfleno, e Milecio An-
tiocheno, fendo em taõ grave aflemblea
anathematizado Macedónio, que impiamente
negava a Divindade do Efpirito Santo.
Outro Concilio celebrou em Roma no
anno de 382. para o qual convocou das Pro-
vi ncias do Occidente veneráveis Prelados
entre os quaes afTiftiraõ Santo Ambroíio de
Milaõ, S. Valério de Aquilea, e S. Afcolo
de TheíTalonica fendo a principal caufa pa-
cificar as efcandalofas difcordias do povo
de Antiochia, que dividido em diverfas âu:-
çoenf (ieguiaõ huns como a feu Bifpo a Milecio,
e outros a Flaviano. Depois de ter eAabele-
cida a Religião Catholica contra eíles acérrimos
ímpugnadores da Tua incontraftavel firmeza
merecendo por taò illudre caufa o honorifico
epiâeto de Diaman/e da Fé que lhe deu o
Concilio ConílantinopoUtano fexto convocado
por S. Agatho fe applicou com o mayor difvelo
a refornur o corpo myílico da Igreja extir-
pando os vicios que infenfivelmente fe tinhaõ
introduzido, e plantando as virtudes para fru-
tificarem cm copiofa abundância. Coarâou
a authoridadc dos Corcpifcopos que eraõ os
coadjutores dos Bifpos fem o poder de orde-
nar por terem com cxcelTo paílado os limites
da fua jurifdicçaõ. Exhortou aos Bifpos de
Africa para que as fuás controverfías foíTem
decididas pelo Pontífice Romano. Elegeo
por feu Secretario ao Doutor Máximo S. Jc-
ronymo, de cuja elegante pcnna quiz dcpen-
deíTc a decifaõ das queíloens mais dificultoías
em que era confultado como Cabeça da Igreja,
fendo Author de que emendaíTe o Teílamcnto
Novo pelos Originaes Gregos. Ordenou
por Ley univerfal o que era coíhime particular
em algumas partes que fe cantaiTem alternada-
mente os Pfalmos em o Coro, e que fe termi-
naíTe cada hum com o verfo de Gloria Patri
&c. como também fe diíTeíTe a Alleluya por
todo o anno o que fomente fe coíhimava
no tempo Pafchal. Para fazer mais refpei-
tada a authoridade Pontificia a augmentou
com a pompa Real caufando tal inveja aos
Gentios eíle ornato exterior que temeraria-
mente o interpretavaõ por luxo efcanda-
lofo. Foy o primeiro que nas Bulias Apoílo-
licas fe intitulou Servus Servorum Dei, de cujo
titulo uzaraõ depois nos Diplomas Pontifí-
cios S. Gregório Magno, e feus Succeflbres.
Edificou duas Bafilicas, que ornou com pre-
ciofos donativos, huma junto do Theatro de
Pompeyo dedicada a S. Lourenço que depois
teve o feu nome, e lhe fundou próxima a ella
hum Collegio de Cónegos para celebrarem os
Ofíicios Divinos; outra na via Ardeatina
onde mandou depofitar as cinzas de Sua Mãy,
e Irmãa Irene, que morreo Virgem na flo-
rente idade de vinte annos cujas fepulturas
ornou com elegantes epitáfios. Reduzio à
6o6
B IBLIO THE C A
ultima perfeição a Bafilica de Santa Ru-
fina, e Secunda íituada fora de Roma na
Sylva Cândida, que principiara, e deixara
imperfeita Júlio I. Ornou com preciofos
mármores o lugar das Catacumbas, em que
jaziaõ fepultados os Corpos dos Príncipes
do Apoftolado S. Pedro, e S. Paulo, e trans-
ferio para mageftofos depoíitos as trium-
faes cinzas de muitos Martyres, que animou
com elegantiíTimas infcripçoens. Renouou
os aqueduâos arruinados pela violência do
tempo da Fonte do Bautifterio junto da
Baíilica Vaticana para que as fuás aguas co-
piofamente manaíTem em beneficio do Povo
Romano. Tendo chegado à proveâa idade
de quali 8o. annos, e governado como
experto Piloto a Nào da Igreja pelo ef-
paço de i8. annos, dous mezes, e lo. dias
cumulado de virtudes heróicas canonizadas
com alguns milagres, paíTou do Sólio do
Vaticano a fer coroado na pátria celeíle a
II. de Dezembro de 384. Foy fepultado na
Bafilica que edificara na Via Ardeatina
donde fe transferio para a Bafilica de S.
Lourenço que por fer depofito de taõ grande
thezouro fe intitulou com o feu nome,
de cuja Bafilica fendo Proteftor o Cardial
Francifco Barberino Vicecancellario da
Igreja Romana o trefladou em 30. de Se-
tembro de 1645. 4^^ c^^ o ^3. anniverfario
da Dedicação defta Bafilica, de huma arca
de Madeira para outra de Bronze primoro-
famente fabricada, e lhe gravou huma ele-
gante infcripçaõ. Entre as profundas fcien-
cias dignas de hum Pontífice Máximo de
que foy infigne ProfeíTor S. Damafo fe
diJftinguio em a fuave afluência da Poefia
que cultivou com fumma elegância, e pu-
reza, de cuja Arte deixou vários monumen-
tos fendo o mayor o epitáfio que ele com-
poz para fe gravar na fua Sepultura que he
o feguinte.
Qui gradiens pelagt fluãus comprejfit amaros
Vivere qui prajlat morientis Jemina vitce
Soluere qui potuit l^^aro fua vincula mortis
Poji tenebras frafrem, pqft tertia lumina Solis
A.d Superos iterum Maria donare Sorori
Pojl cineres Dama/um faciet, quia Jurgere
credo.
A fua vida foy efcrita por Anaílafio Bi-
bliothecario, e Luitprando, além de ou-
tras três, que extrahio de Códices muito
antigos, que exiíliaõ em Roma, e fahiraò
impreílas ao principio das obras deíle Santo
Pontífice a deligencia de Mareio Milecio
Sarazanio Jurifconfulto Romano. As fuás
heróicas, e prudentes acçoens relataõ difufa-
mente todos os Efcritores dos Pontífices
Romanos; os feus elogios fe lém em os Con-
cílios, e nas pennas dos Padres mais graves,
e Authores mais celebres da Igreja Catholica.
O Concilio fexto Conftantinopolitano o inti-
tulou Videi Adamas o Ecuménico de Calcedo-
nia Romana urbis decus ad jufiitiam. S. Jero-
nymo de Vir. llluftrib. cap. 103. Elegans in '
verjibus componendis ingenium habuit e na Apolog.
ad Pamachium vir egregius, et eruditus in Scriptu-
ris; virgo, €>* Ecclejia virginis Doãor. Theo- '
doret. lib. 2. Hijl. Ecclef. cap. 22. vir plurimis '
virtutibus injignibus exime ornatus & lib. 5.
cap. 2. Vir fane propfer vita prajlabilis ornamenta
infignis, & cap. 10. vir in omni genere laudis
florentijfimus. S. Ambrofio Epijl. 30. ad Valen-
tinum. Damafus Ecclejice Dei Sacerdos judicio
Dei eleãus. S. Athanafio in Epift. ad African.
Epifcop. ann. 367. Sufficiunt quidem Scripta
Damaji Comminijiri noftri dileãi, ac magna Ro- '
ma Epifcopi. Nicef. Calíxt. HiJl. Ecc/e-
Jiajl. Lib. II. cap. 13. neque vita, neque eru-
ditione, et doãrina Sanãitate Liberio infe-
rior, &c cap. 44. mu/ta Veritatis luce coruf-
cavit. Cafliod. Hifl. Tripart. Lib. 5. cap.
29. multis virtutum ornatus injignibus. & Lib. 9.
cap. I. Eaude dignus, vir mirabilis Adrian. i.
ad Carol. Imperat. pro Concil. 2. Njjfen. ann.
787. elegantijftmus Papa Suidas ann. 980.
Verjificator ingeniofus S. Antonin. Hijl. Part. 2.
Tit. 9. cap. 2. Sanãus homo, (& multum eruditus
in Scripturis. Petrarcha in Chron. ann. 1350-
Vir optimi ingenii. Mart. Polon. in Chron.
ann. 1252. elegans in verjibus componendis inge-
nium habuit. Petr. Crinit. de Poet. anno 1500. in-
genium eruditum in faciendis carminibus.
Trithem. de Script. Ecclef. ann. 1504. vir
in divinis eruditijjimus, <& in facularibus
litteris egregie doãus, BJjetor, (ò' Poeta cele-
berrimus, e>* in componendis verjibus peri-
tijfimus, ingenio fubtilis, vita devotus, atqut
Sanãijftmus. Lilio Girald. de Poetar. HiJl.
Dialog. 3. ann. 1550. elegans habuit in
L USITANA.
607
i
nmpomndis verfibus ingmum. Wcrncr. Wcft-
i>hal. Vajcic, 'letnpor. unno IJ04. in verfibus
ditlatidis excellentijfimm fuit. Ant. Auguft.
in Prafat antiquar. Colleít. Deere t. ann.
1J76. Damafus, Caleflinus, Innocentim, Ó*
\âo Mafftus, In his enim Jumma Sapientia,
^ ãivinarum, humanariimque rerum cognitio
mm fingulari pietate, a/que eloqtuntia maffUh
pere contendere vija eft. Vt. Angcl. Rocca
de Bib, Vatíe. ann. 1590. tn pangendis ver-
fibus fuit peritus, PoíTcvin. Apparat. Sacr,
Tom. I. pag. 409. Vir SanHus, virgo, €>•
4>ptimus, ac SanãijfitHits Pontifex. Nat. Ale-
xand. Hift. Ecclef. Sxcul. 4. cap. 3. §. 8.
< cap. 4. Art. 18. §. 3. Franc. Pagi Breviar.
Hiji. Cbronol. Crit. Pontif. Koman. Tom. i.
pag. mihi 57. Baillct Viés des Saints. Tom. 3.
g. mihi 176. a II. de Dezembro GraveíTon
Hfi. Ecclef. Quart. Ecclef. Sxcul. CoUoq.
f. Urbano VIII. feu fucceflbr aíTim na Dig-
nidade Pontifícia como na elegância poéti-
ca ad Ant. Barberin. S. RE. Cardinal.
Sacra quibus Pindus pracinxit têmpora lattro
Pontifices alios inter fe Damafus offert.
Ambrozio Novid. in Sacr. Fajl. anno
.1538.
Quarta dies oritur. Damafus fua tem-
pla recludit
Hic, ubi ceifa fuo nomine te£ía tenet.
Pieridum ut taceam fiudiis, quod doãus
adegit
Magnaque facundas fama potatur aquce.
Palat. Geft. Pontif. Roman. Tom. i.
pag. 172.
Laurece inferens laurum
Fidei praceptor, <& fidium
Ucet poetam ageret fingere nefciens
Ipfa in fcena Templa erexit.
D. Jofeph. Silos Maufol. Koman. Pon-
Jif. p. 56.
Natales Damafo generofa Hifpania cu-
nas,
Et Tagus aurífero nobilis amne dedit.
Mente capax grandi: formai fapientia
doãum
Peãus, <& ingenio vis operofa fuit.
Aureus eft lingua: Mufoe placuere di-
ferta
Qiios docuit Sacris tendere pleãra
modis.
O P. Anton. dos Reyt no Entbufiafm'
Pott. Ti. 283.
Damafus ilh, fuum quem faãat Brochara
eivem
Hoc titulo cunífis Jtraflantior urbibus orbis.
Têmpora non viridans laurus, rum paJlida
neáit
Frons hedera: cingi t rutilans adamante Tiara
Ter veneranda caput : manibus qmbus ar dm
Cali
Kegia fape patet, fecretaque clauflra per iffus
Felices animas recoquentia fape patefcunt,
Tinnula pleãra tenet; ver um bac non hórrida
Martis
Pralia, non homines, non numina vana Dto-
rum
Concelebrant ; uni Domino qui cunãa Supremo
Temperai imperío; fuperàque in Sede loca-
tis
Civibus impendunt meríta praconia laudis»
Obras de Saõ Damafo.
S. Damafi opera qua extant ex codici-
bus. M. S. Sahiraõ com as Notas de Mardo
Sarrazanio Milezio Jurifconfulto Romano.
Romac Typis Vaticanis. 1638. 4. & Parifíis
apud Ludovicum Billaine. 1672. 8. ConAa
efta Colleçaõ de 12. Epiftolas de Saõ Da-
mafo efcritas a varias peíloas, e de 40.
Poeíias de diverfos metros a vários aíTump-
tos, fendo a mayor parte Sagrados. Mui-
tas deílas Poefías fahiraõ impreílas na Bi-
blioth. SS. PP. e na Colleçaõ Veter. Poet.
Chríftian. feita por Jorge Fabrido, além de
algumas fe lerem tranfcriptas nos Annaes
Ecclefiafticos de Baronio, e na P^ma fubter-
ranea de Aringhio.
De Fide contra Hoereticos. Efta Obra, de
que faz mençaõ Trithemio, he julgada
por duvidofa, pelo íilendo que delia teve
Saõ Jeronymo em o Cathalogo dos Ef-
critores Ecdefiafticos, compofto depois da
morte de Saõ Damafo, a quem era impof-
fivel ferlhe occulta.
De Trinitate. Efte Tratado, como af-
firma António Verdier, fe confervava em
Conftantinopla.
De Vir^nitate. Efta Obra certamente
he do Santo Pontifice, por teftemunho
de Saõ Jeronymo, o qual efcrevendo a fua
difdpula Euftochio, lhe diz: De Virff-
6o8
BIB LIOTHE CA
nitate lihellos legas Papce Damaji verfu, profa-
que compojitos. O eruditiflimo Jozé Maria
Suarezio Bifpo de Vaifon na Gallia Narbo-
nenfe, e Vigário do Eminentinfimo Cardial
Barberino na Bafilica Vaticana, eílava deter-
minado publicar eíla Obra, como affirmaõ
Fr. Luiz Jacob, de S. Carlos Bib. Pontif. pag. 6o.
e Nicol. Anton. Bib. Vet. Hifp. Lib. 2. cap. 6.
§. 189. e certamente fe fahiíTe à luz publica,
competeria com as que efcreveraõ deíle ar-
gumento Saõ Baíilio, Saõ Gregório Nyfleno,
Saõ Jeronymo, e Saõ Fulgencio.
Epiftolce varia. Sahiraõ algumas impref-
fas na CoUeçaõ dos Concilios de Severino
Binio, e Lucas Holílenio juntamente com as
Epiílolas de Saõ Jeronymo a Eftevaõ Arce-
bifpo da Mauritânia, e em outras CoUeçoens
impreíTas Pariíiis. 1555. Coloniae. 1570. e
Baíilea 1576. A mayor parte delias he jul-
gada apocryfa pela fevera, e douta Critica
de Nicol. Anton. in Bib. Hifp. Vet. Lib. 2.
cap. 6. §. 192. até 208. e fomente faõ admittidas
como legitima producçaõ do Santo Pontífice
duas efcritas a Saõ Jeronymo, que princi-
piaõ: Dormienfem te, &c. e outra Commen-
taria cum legerem; huma efcrita de Roma
aos Bifpos do Illirico, que eftaõ infertas nas
Hiftorias Ecclefiaílicas de Theodoreto Lib. 2.
cap. 22. e de Sozomeno, Lib. 6. cap. 27. e
duas a Paulino Bifpo de Antiochia, de cuja
opinião he erudito defenfor Luiz Elias Du-
pin Nouvel. Bib. des A.utheurs Ecclef. Tom. 2.
des Autheurs du TV. Siecle. e Tillemont Me-
moir. pour Jervir a VHifioire Ecclejiaji. Tom. 8.
Art. 15. pag. mihi 422. e 423. Em diverfas
Bibliothecas, conforme efcreve D. Bernardo
Montfaucon Monge Benediâino na Bib.
Bibliothec. M. S. nova Tom. i. pag. 278. col. i.
pag. 421. 610. 951. e Tom. 2. pag. 745. e
922. fe confervaõ varias copias deitas Epif-
tolas, como faõ na Bibliotheca Laurent,
Medicea num. 18. na Florentina, num. 65.
na Bafilienfe, na delRey de Inglaterra, na
Colbertina codic. 1572. e na Real de Pariz
num. 3758.
Paffionis Sanãomm Marcellini, <& Petri
relatio. Conferva-fe no Archivo da Baíi-
lica de Saõ Pedro. A eftes Santos Mar-
tyres confagrou o mefmo Santo Pondfice
huma infcripçaõ que começa.
Marcelline tuos pariter Petre nofce trium-
phos, &c.
Vita S. Nico/ai Epi/copi Myrenfis. Ef-
crita em verfo, a qual annualmente fe re-
cita na vefpera defte Santo em a Igreja
do feu nome in Cárcere Tulliano, como efcreve
Fr. Luiz Jacob, de Saõ Carlos Bib. Pontif.
pag. 60.
Summa quorumdam Voluminum utriujqm TeJ-
tamenti hexametris verjibus breviter comprehenfa.
Conferva-fe no Archivo da Igreja de Saõ
Pedro como refere Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Vet. Lib. 2. cap. 2. §. 214. pela aííeveraçaõ
de hum Author da Vida do Santo Pontífice.
In PJalterium Carmina. Defta Obra fazem
memoria Gefnero in Bib. e Fr. Luiz Jacob,
de Saõ Carlos, no lugar acima allegado, c
delia fe conferva huma copia na Bib. Vatican.
num. 4228. como efcreve Montfaucon in
Bib. Bib. M. S. nov. Tom. i. pag. 129. col. u
e na pag. 223. diz, confervarfe outra na Bib.
Cafinenfe num. 467.
De atithoritate Concilii Capuenjis. Efta
Obra efcreve Theofilo Spizelio in Sacris
Bibliothecarum illuftrium arcanis reteãis. con-
fervarfe na Bib. de Bafilea, e o mefmo aííirma
Montfaucon, no lugar acima citado Tom. i.
pag. 610. col. 2. mas naõ pode fer compofta
por Saõ Damafo por fer efte Concilio cele-
brado depois da fua morte, quando governou
a Igreja o Papa Sericio feu fucceíTor.
De Vitis Pontificum Komanorum. Efta
Obra, que he intitulada por huns Pontifi-
cale, e por outros Aãa Summorum Pon-
tificum, e Gejla Pontificum Komanorum, de
que fe confervaõ diverfas copias. Aí. S,
em a Bibliotheca Vaticana, num. 2039.
na Anglicana, num. 2464. na Ambrofiana
efcrita em pergaminho, e na Real de Pariz
codic. 736. como efcreve Montfaucon in
Bib. Bib. M. S. Tom. i. pag. 105. 679.
512. e Tom. 2. pag. 736. Sahio a pri-
meira vez impreíTa, Venetiis 1347. foi. E
depois em 1600. com o nome de Saõ Da-
mafo, a quem reconhecerão por feu legi-
timo Author, Marineo Siculo, Trithemio,
Platina, Floravancio Martinello, Genebrardo,
Marco António SabbeUico, Paganino Gau-
dêncio, Guilhekno Hyfeigrenio, e ou-
tros muitos, porém pelo bárbaro eílillo
L U SITANA.
Ó09
totalmente alheyo da pureza com que eícre-
via Saõ Damafo, e pelos enormes ana-
croniímos, e falUdades, de que cílá cheya
efta Obra, naõ hc comporta pelo Santo Pon-
tífice, mas por Anaftafio Bibliothecario, em
cujo nome a publicou o Padre Joaõ BuíTeo
jefulta Moguntix 1602. cuja opinião feguem
Bellarmino de Serip/. EccUf. Auberto Mireo
in No/, ad D. Hieron. de Script. Eccief. Joaõ
Gerardo VoíTio de Uijlor. íutthi. Lib. i. cap. 8.
c 3J. e o Padre Filippc I.ahbc Dijfert. llijl. de
Eccief. Script. ou por Damafo Bifpo Portuenfe,
como feguem Papirio MaíTonio, Fr. Af-
fonfo Chacon, e Fr. LuÍ2 Jacob, de Saõ Car-
los Bib. Pontif. pag. 296. o qual Damafo
Portuenfe defende erudita, c nervofamcnte
fcr o Papa Fcrmofo, Cafimiro Oudin in Com-
Itfiení. de Script. Eccief. antiq. Tom. 2. cap. 8.
lad. ann. 890. pag. 389.
I ^f fiftgulis, qua Prasbyteris licere non ccepe-
rmt pojlquam ab epifcopali excellentia feparati
fmt. Confervafe eíle tratado M. S. na Bib.
Vatican. Cod. 1324. como efcreve Montfauc.
ITom. I. pag. 150. col. 2.
Diíia ad Epifcopos. M. S. Na Bib. Real de
Pariz Codic. 736. como diz o allegado Mont-
foucon. Tom. 2. pag. 1039. col. i.
Carmina in D. Paulum, <Ò' in Danielem
Prophetam. M. S. na Bib. CaíTinenfe n. 197.
e na Ambrofiana por aíTeveraçaõ de Mont-
faucon. Tom. i. pag. 223. col. 2. e 312.
col. I.
O nobilitarfe o noíTo Reyno de Portu-
gal com a produção de hum tal filho como
S. Damafo de que lhe refulta immortal glo-
ria, he aíTeveraçaõ dos mayores Authores
que venera a Republica litteraria, dos quaes
como eílranhos fazem menos fofpeitofa a
verdade de fer Portuguez, como faõ Comelio
Hazart in Triunf. Pontif. Koman. Tom. i.
^tas. 2. Joaõ Francifco Boudino Arcebifpo
de Avinhaõ Sum. Pontif. Urb. et Orb. Series
ad an. Chriíl. 367. Filisbert. Thomafin. in
Ver. effigieb. Pontif. Panvino Hifl. Eccief. Lud.
Jacob, a S. Carol. Bib. Pontif. pag. 59. Papir.
MaíTon. de Epifcop. Urbis Komce in Vita Joan.
22. Joan. Bapt. Riccioli Chronolog. Keformat.
Tom. 3. pag. 12. Jeronymo Bardi in Mta-
tib. mimd. ad an. Chriíl. 366. Balduino Ju-
nio in Chronol. Morali Tom. 2. ad an.
Chriíl. 567. Guilhenne dela Croíx na Serie
dos Bifpos de Cahors ad an. Chriíl, 367.
Bartholameu Dionifío Fanenfe Virid. omn.
liifl. Part. 2. cap. 52. Beyerlinck. Thtatr.
Vit. Uuman. lit. E. Tit. Epifcopus Tom. 3.
pag. mihi 137. Francifco Sanfovino Caiba-
log, de Pontif. Romani foi. 12). NicoL An-
geL Caferrío Sjnthaj^m. Vetitflat. pag. 56).
Pcrt. Frizon. Gallia Purpurat. Joan. Gualter.
Chronic. llifl. Polit. pag. 205. Franc. Lúpus
Coriolan. Brev. Chronolog. atl an. 376. Bol-
land. in Aãis Sana. mení. Jan. Tom. i.
pag. 641. André Scoto Bib. Hifp. pag. 183.
e 336. Vafeo in Chron. Hifp. ad an. 367.
Silos Maufolea Koman. Pontif. pag. 56. Pala-
tio Gefla Pontif. Kcman. Tom. 1. pag. 172.
Fr. Angelo Rocca Bib. Vatican. anno IJ90.
Guilherme Burio Kom. Pontif brevis notitia
pag. 56. Entre o grande numero de Authores
referidos fomente alguns Caílelhanos quizeraõ
defpojar a Guimaraens de fer o feliz berço
de S. Damafo pertendendo darlhe por Patna
a Madrid, e outros a Tarragona cujas opi-
nioens por ferem fundadas, fobre a caduca,
e apócrifa authoridade de Flávio Dextro
defprefaraõ os mais graves, e críticos Ef-
panhoes feguindo como folida, e verdadeira
a de fer Portuguez efte Santo Pontifice como
para feu defengano podem ver em Ambroíio
de Morales Hijl. de Efpan. lib. 10. cap. 40.
Franc. de Padilha Hifl. Eccief. de Efpan. Tom. i.
Cent. 4. cap. 56. Fr. Joaõ de Pineda Mon.
Eccief. Part. 2. Liv. 13. cap. 23. Eílevaõ de
Garibay Compend. Hifl. Part. i. liv. 7. cap. 52.
D. Mauro Caftellà Ferrer Hifl. de Compoflel.
Liv. 2. cap. 23. Gonçalo Ilhefcas Hifl. Pontif.
Tom. I. Liv. 2. cap. 6. Fr. A£Fonf. Chacon
Vit. 'Koman. Pontif. Tom. i. pag. mihi 250. e D.
Nicol. Anton. Bib. Hifp. Vet. Lib. 2. cap. 6.
§. 181.
Fr. DÂMASO DA PRESENTAÇAM.
Naceo em a Villa de Punhete do Arce-
bifpado de Lisboa em o anno de 1577.
Quando chegou a idade de 18. annos rece-
beo o habito de frade Menor na reformada
Província de Santo António, onde depois
de eíludar as fciencias neceíTarias para o
Púlpito, e ConfeíTionario foy Guardião do
Convento de Lisboa, duas vezes Cuílodio
44
ÓIO
BIB LIO TH E CA
da Provinda, e Qualificador do Santo Officio.
Morreo no Convento de Lisboa a 19. de
Novembro de 1642. com 65. annos de idade,
e 47. de Religião, do qual fazem mençaõ
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 201.
Fr. Joan. a D. Ant. na Vrancijc. tom. i. pag.
288. c. I. onde o intitula magna pietatis vir,
e Fr. Martinh. do Amor de Deos Chronic.
da Prov. de Sant. Anton. Tom. i. pag. 529.
Compoz.
Obrigação do Frade Menor em o qual fe tocaõ
as cou:(as, que eftà obrigado a guardar affim por
fua regra, como por h,ey divina. No Convento
da Carnota por António Alvares 1627. aos
50. de fua idade, e 32. de Religião. Sahio
fegunda vez Lisboa por Pedro Ferreira
1727. 8.
DÂMASO VILLELA. Veja-fe P. MA-
NOEL DA SYLVA da Congregação do
Oratório.
Fr. DAMIAM Religiofo profeíTo da Mi-
litar Ordem de Chriílo, e o fegundo Prior
trienal do Real Convento da Villa de Tho-
mar eleito a 23. de Agoíto de 1554. Dou-
tor em a Sagrada Theologia de quem fazem
memoria Ant. Carol. Vijch. in Bib. Cifter-
cienj. e Longelino in Nofitiis Canobiorum
Ord. Ciji. lib. 10. foi. 11. Ordenou, e im-
primio.
Compendio da Kegra, e Definiçoens dos Cava-
leiros da Ordem de Nojfo Senhor Jefu Chrifio
com alguns Breves apojlolicos, e Privilégios Reaes
a me/ma Ordem concedidos. Lisboa por Jorge
Rodrigues. 1606. 4.
DAMIAM, cujo appellido fe ignora, na-
ceo na Villa de Odemira da Comarca de Beja
em a Província Tranílagana. Foy Boticário,
e celebre nas regras do jogo do Xadrez as
quaes querendo fazellas mais praéticas efcreveo
a feguinte obra que fahio na lingua Italiana.
L.ibro de impar are giocare a Scachi, e de par ti ti
per Damiano Portoghefe 8. Naõ tem lugar
da impreíTaõ. Ruy Lopes de Segura Vi-
íinho do lugar de Safra que compoz fobre
efta matéria, e fahio impreílo Alcalà por
André de Angulo 1561. 4. o allega muitas
vezes, e quafi o commenta em diverfos lu-
gares venerando-o como infigne Meftre.
DAMIAM DE AGUIAR filho do
Doutor Joaõ de Aguiar Ouvidor do Mar-
quez de Ferreira, e de D. Antónia Bor-
ges Ribeira filha de Gonçalo Ribeiro Se-
nhor de Villarinho naceo em a Cidade
de Évora a 14. de Abril de 1535. Na
tenra idade de dez annos paíTou a Coim-
bra onde naõ fomente eíhidou os primeiros
rudimentos de Grammatica, e letras hu-
manas, mas fe applicou à Faculdade do Di-
reito Cefareo com tal viveza de engenho
que ainda naõ contava vinte annos quando
nella recebeo o gráo de Doutor. Deixando
a Univerfidade fervio alguns Lugares com
fumma integridade até que chegou a fer De-
zembargador dos Aggravos na Cafa da SuppU-
caçaõ de que tomou poíTe a 19. de Agoílo
de 1577. Sendo Vereador do Senado de
Lisboa juntamente com Manoel Tellez
Barreto, Francifco de Sà, e António da
Gamma deu a poíTe delia Cidade por fer
Capital do Reyno de Portugal a 11. de Se-
tembro de 1580. a D. Fernando Alvares
de Toledo Duque de Alva como Procura-
dor da Mageftade de Filippe II. a quem fe
tinha julgado a SuceíTaõ delia Monarchia.
Jà occupava o lugar de Dezembargador do
Paço quando como Procurador da Cidade
de Lisboa orou no Auto folemne em que
na Villa de Thomar a 16. de Abril de 1581.
foy jurado efte Princepe Rey de Portugal,
exercitando efte mefmo minifterio naõ fo-
mente nas Cortes celebradas na dita Villa
a 20. de Abril de 15 81. mas em o Ju-
ramento do Princepe D. Diogo a 23.
do dito mez, e armo. Foy Commendador
das Commendas de S. Cofme de Gonde-
mar no Bifpado do Porto, e de S. Matheos
em o de Coimbra ambas da Ordem de
Chriílo, premio que além de o merecerem
os feus grandes ferviços foy follicitado
pela authorizada intervenção do Summo
Pontífice Clemente VIII. o qual quando veyo
a Lisboa com o Cardial Alexandrino con-
trahio com Damiaõ de Aguiar grande ami-
zade, efcrevendo eíle Breve à Mageftade de
Filippe III. que he o mais honorifico pa-
drão da fua peíToa. Charijfime in Chrijio Fili
nojler Jalutem, (& apofiolicam benediãionem.
Anni jàm plurimi effluxére, ex quo primum
LUSITANA.
óii
cogmvimiis in Ijijitania dileítum filium Damia-
nmn de Ajijàar Militia ChriJIi eqiiittm majcfia-
tis ttm Jubditum. Tunc en'wi cum loco inferiori
tffetNUs {juffu Sanita recordaíionis PU Papa V.
pradecefforis tiojlri cum Alexandrino Cardinal i
Apoftolico l^jiflto pia memoria Hijpaniarum,
rtffia amplijftma ohibamtis) vifus ejl autem nobis
idem Damianus vir priidens, et prajlanti virtu-
te, eumque amore Jummo profecuti fnmns, ve-
terijqite nojlra cum eo conciliata amicitia Jem-
per memores fui mus, et nimc plane Jumus;
Jed eo imprimis nomine illum amamus quod
Majeftati tua, ut audivimus, ^ Corona ifti
feliciíer infervierit, ac nominatim Philippo Regi
inclyta memoria patri tuo in illis h^fitanis
tumultibus e^egie fidelem (ut nobis relatum
ejl) operam navaverit; quare, e^ // tua regia
fatia digftus ejl, €>• nos illi, e jufque domui
ímnia commoda jam pridcm optamus, cb* nunc
ipfa id tandem efficaciter praftare Te au-
\ibore cuperemus: Jed hoc expeâamus, ut is,
w nobis ante tam muitos annos notus, €>• cha-
fuit, nofira etiam commendationis intuitu
'4m aliquem infignem capiat benignitatis
At rationes, (& modi Majeftati tua deejje
íon pojjunt quibus illum ornes, c>* augeas, (Ò"
yjubleves, ut je, ó^ domum juam commodius,
<& decentius pro jui ftatus conditione juftinere
vakat; fit tamen exiftimamus {quando in ea
vocatione ejl) pojje à Majeftate tua Commenda
aliqua cujujvis Militaris Ordinis augeri, cujus
uberiores jruãus utilitatem cum dignitate et
afferant: etiam igitur, atque etiam illum Maief-
tati tua commendamus ; eritque nobis Jane per-
^atum ut hoc nobis petentibus tribuas, quod
tua, <& Patris tui Regis gloria, <& tui ipftus
magnijicentia jure óptimo poftulat, (& Da-
miani erga utrumque, parentem fcilicet, €>* na-
tum jidelis, (ò" devota jervitus non immerito
requirit. Datum Roma die ultima Augufti
1602. Pontijicatus noftri anno fecundo. Foy
ca2ado duas vezes, a primeira com D. Ju-
liana Pedroza de quem naõ teve fuccef-
faõ, e a fegunda com D. Francifca de
Mendoça, e Vafconcellos, filha de Ma-
noel Mendes de Vafconcellos Senhor do
Morgado das Vidigueiras, e de D. Catha-
rina de Mendoça de quem teve cinco fi-
lhas, das quaes a herdeira chamada D. An-
tónia de Aguiar, e Vafconcellos, cazou
com Tríílaõ da Cunha de Attayde Senhor
de Povolide. Falleceo em Lisboa a 27. de
Julho de 1618. com 85. annos de idade.
Jaz fepultado na Capella mór do Con-
vento de Santo António dos Capuchos de
quem era Padroeiro, onde ao lado da EpíT-
tola tem gravado em huma pedra eíle Le-
treiro :
lifta Capella he de DamiaÕ de Aguiar que
foy do Confelho de Sua bAageftade, e feu Chanceller
mór neftes Reynos de Portugal, e de D. Francifca
de Mendoça de Vafconcellos fua mulher, e de f eus
herdeiros. Falleceo a 27. de Julho da era de 1618.
Compoz.
OrafaÕ no Auto do levantamento, e
juramento de Filippe II. em 16. de Abril
de 1581. Começa. He taJÒ grande o contenta-
mento, e alegria, (Ó^c.
Orofaõ no Auto das Cortes de Thomar
celebradas a 20. de Abril de 1581. Começa.
A vojjajempre leal Cidade, ^c.
Oração ao Auto do juramento do Prin-
cepe D. Diogo a 23. de Abril de ij8i.
Começa. Querendo Deos Nojjo Senhor, (è^c.
Sahiraõ eftas três Oraçoens impreíTas,
nos Inftrumentos, e Efcrituras dos Autos
das Cortes de Thomar, 1584. foi. Sem lu-
gar, nem nome de Impreflbr.
Fr. DAMIAM BOTELHO natural
da Cidade de Lamego, filho de Damiaõ
Botelho, e de Anna Teixeira, irmaõ de
D. Marcos Teixeira Collegial do Collegio
de Saõ Pedro da Univerfidade de Coim-
bra, Inquifidor da Inquifiçaõ de Évora,
e Bifpo da Bahia de todos os Santos. De-
pois de aíTiIHr muitos annos em a Compa-
nhia de JESUS, onde leu com appkufo
letras Humanas, e as Sciencias Efcholaf-
ticas, paíTou com faculdade do Geral Mu-
do Vitelefchi para a ReUgiaõ de Saõ Je-
ronymo, e no Real Moíleiro de Belém pro-
feííou a 24. de Dezembro de 1632. Nunca
quiz aceitar Prelafia, e fomente exer-
citou o lugar de Procurador geral. Foy
dos grandes Pregadores do feu tempo,
como moílraõ féis volumes de folha,
que tinha dos feus Sermoens promptos
com todas as licenças para fe imprimirem,
refoluçaõ que fufpendeo a morte privan-
ÓI2
BIBLIO THE C A
do-o da vida a 26. de Mayo de 1645. cujos
Títulos faõ os feguintes:
Maria/. Dedicado a ElRey D. Joaõ
o IV. foi.
Argumentos de Fejlas de Chrijlo, e Apof-
tolos. Dedicado ao Príncipe D. Theodozio.
foi.
Argumentos de Fejlas dos Martyres, e Confef-
fores. Dedicado ao Infante D. Duarte, foi.
Argumentos predicáveis fobre as Fejlas de
todos os Santos, dos Bifpos, e de algumas Virgens
fnais celebres. Dedicado à Rainha D. Luiza
Francífca de Gufmaõ. foi.
Argumentos para todos os Domingos do
Advento, e Fejlas principaes que immediatamente
Je Jeguem, de Chrijlo Senhor Nojfo. Dedicado
ao Inquííidor Geral D. Francifco de Caílro.
foi.
Argumentos fobre todos os Domingos da Qua-
refma, e Sermoens da Semana Santa. Dedicado
ao Bifpo Conde D. Joaõ Mendes de Távora,
foi. Confervaõ-fe eftes 6. Tomos na Livra-
ria do Real Convento de Belém.
Fr. DAMIAM DAS CHAGAS. Na-
ceo na Cidade do Funchal Capital da Ilha
da Madeira, onde fendo de poucos annos
aprendeo Gramática, em que fahio pe-
rito pelo engenho de que era dotado.
Naõ paíTou a mayores efhidos por querer
feu Pay, que feguiíTe a vida do comercio,
que exercitava, porém elle ambiciofo de
outros mais nobres lucros, refolveo entrar
em a Religião Seráfica, para cujo eífeito
três vezes fe embarcou, e pofto que por
duas foy impedido, e violentado por feu
Pay para que naõ executaíle o feu inten-
to, ultimamente triunfante de tantos obf-
taculos chegou a Lisboa, e no Convento
de Saõ Francifco da Província de Portu-
gal recebeo o Habito, fervindo de exem-
plar em o Noviciado aos feus companhei-
ros. Quando parecia lograr a fua alma de
huma paz inalterável, levantou o comum
inimigo huma tormenta a que dava mayor
força certa mulher, que o obrigava para
fer feu marido. Para desfazer efta falfida-
de ainda que a própria innocencia lhe fe-
gurava a vitoria, foy precifo largar a Re-
ligião em que naõ profeílava por eílar taõ
1
gravemente impedido. Depois que fe vio
livre, e defembaraçado do impedimento que
lhe maquinara a malicia, bufcou prompta-
mente o centro da fua efpiritual tranquillidade,
qual era a Religião, elegendo a Província da
Arrábida, onde foy admitido por patente do
Provincial Fr. Jacome Peregrino, ao Novi-
ciado do Convento de Saõ Jozé de Ribamar,
e nelle fe conílituhio hum perfeito exemplar
da mais rigorofa penitencia. Nunca comeu
carne, nem peixe, fendo o feu continuo ali-
mento ervas, temperadas taõ infipidamente,
que ferviaõ de afpera mortificação ao gof-
to. Naõ ceifava de fazer guerra ao corpo
com as armas dos cilícios, e difciplinas,
para nunca fe rebellar contra o efpirito.
Ainda que naõ tinha frequentado as efcoks
era dotado de taõ fubtil engenho, que
penetrava as Queíloens mais dificultofas
da Theologia Moral, pofto que nunca as quiz
praticar em o ConfeiTionario, pelos muitos
efcrupulos de que era combatido. Na Myílica
foy infigne Meílre, deixando por teílemunho
da fua fciencia em taõ alta Faculdade.
Tratado Efpiritual dividido em dous volumes.
M. S.
Em o qual naõ fomente compendiava
mas expunha as fentenças de vários Au-
thores que efcreveraõ em matérias MyíH-
cas. Pela nojja pobreza ( faõ palavras de
Fr. António da Piedade Chron. da Prov.
da Arrab. Part. i. Liv. 5. cap. 5. §. 1064.)
Jicaraõ privados da ejlampa, e fe fatisfe^
com lhe dar o Supremo Tribunal licença para
os poderem ler todas, e quaefquer pejfoas que
quiserem.
Ao tempo que contava quafi fetenta annos
de idade, adoeceo de hum Pleuriz a que naõ
pode refiítir por eftar fummamente attenuado
com penitencias. Recebeo os Sacramentos
com grande ternura, e abraçado com hum
Crucifixo, falleceo placidamente em o Con-
vento de Torres Novas a 29. de Março de
1600. Jaz fepultado no Capitulo do mefmo
Convento. Fazem delle larga, e honorifica
mençaõ o Chroniíla allegado, Jorge Cardo-
fo Agiol. h.ujit. Tom. 2. pag. 349. e no
Comment. de 29. de Março letr. D. e Fr.
Joan. a D. Anton. in Bib. Francifc. Tom.
I. pag. 289. col. I.
L USITANA.
ói3
I). DAMIAM DA COSTA natural de
I I l)oa, e Cónego Regrante de Santa Cruz
de Coimbra, onde depois de ler Filoíofía
aos feus domeílicos, paíTou em o anno de
i)3u. eíludar Theologia cm a Univcríidadc
(ic Pariz, na qual rccebeo o gráo de Doutor
ini ijjj. cIc cujo Aílo Litterario foy feu
]';uirinh() Ruy Ixrnandcs de Almada Hmbaxa-
(lor nac|uclla Corte dclRey D. Joaõ o III.
Conhecendo eftc Princepe o grande talento
de que era ornado, lhe commetteo eleger
naquclla Univerfidade os Meílrcs, que ha-
viaõ fer os primeiros lentes de Theologia em
a de Coimbra, que novamente erigira. Obede-
ceo promptamcntc à ordem do feu Soberano,
mandando para Meftres de Gramática, e das
Línguas Grega, c Hebraica a Pedro Henriques,
c Gonçalo Alvares ambos Portuguezcs, e
alumnos da Univerfidade de Pariz. Logo que
fe rcftituhio ao Rcyno, foy nomeado pelo mef-
mo Monarcha, hum dos primeiros Lentes
de Theologia da nova Univerfidade de
Coimbra, em quanto teve o feu aflento no
Moíleiro de Santa Cruz, que foy defde o
anno de 1557. até 1544. em que fe mudou
para os Paços delRey, e neíle tempo deixou
a Cadeira preferindo a obfervancia da Clau-
fura ao applaufo do magiílerio. Nos últi-
mos annos fe dedicou com mayor difvelo
à contemplação dos bens eternos, de que foy
tomar pofle a 9. de Abril de 1563. Fazem
delle memoria D. Nicol. de Sant. Mar. Còron.
dos Coneg. Re^ant. Liv. 7. cap. 15. num.
17. e Liv. 10. cap. 5. num. 2. e Franc.
Leyt. Fer. Notíc. Chronolog. da Univ. de Coimh.
p. 472. §. 1012. e pag. 556. §. 1186. e 1187.
Compo2.
Traãatus de Incarnatione in Tert. Part.
D. Tòom. compoílo no anno de 1538.
o qual affirma Joaõ Franco Barreto na
Bib. Porttíg. M. S. fe imprimira Conim-
bricae. 1544.
Fr. DAMIAM DIAS filho da efcla-
recida Religião Dominicana, cujo Habi-
to profeílou no Convento de Valença em
o Reyno de Caílella. Foy Meíbre de Theo-
logia, e grande devoto do infigne Thau-
maturgo da fua Ordem Saõ Vicente Fer-
rei, cuja vida efcreveo, e imprimio no
prindpio dos Semioeas do mefmo Santo»
que illuílrou com doudíTimas notas as quaet
fahiraô com os Títulos feguintes:
Sermones SanÚi Vinceníii Ferrerii aftwaUr
denuò Jumma citrà per Daniianum Dias LmJí-
tanum Theologia projefforem recoffiili. Locu-
lenta adnotaíiones in margine accejferimt, An-
tuerpix per Viduam & hxrcdes joannis.
Stelii. 1572. 8. & ibi 1)70. per Phílippum
Nutium. 8. & Venetiis apud Bartholonueum
Rubinum. 1575. 4.
Sermones híyemales S. Vinceníii Pir-
rerii, &c. Venetiis per Bartholomxum
Rubinum. 1575. 8.
Sermones de SanHis. ibi per eumdem Typog.
1573. ^* I^Azem mençaõ deíle Author joan.
Soar. de Brit. Theatr. Lufit. Utterat. lit. D.
n. 3. Echard Script. Ordin. Prad. Tom. 2.
pag. 209. col. 2. Poflcvino Apparat. Sacer
pag. 410. Altamura Cent. 4. p. 347. Faria
Eíirop. Portug. Tom. 3. Part. 4. cap. 6. Drau-
dius in Bib. Clajfic. Fr. Pedro Monteir. Claufir.
Domin. Tom. 3. pag. 179.
Fr. DAMIAM DA FONSECA. Naceo
em Lisboa a 27. de Abril de 1573. Foraõ feus
Pays Duarte da Cofta, que pela madureza
do juizo mereceo as eftimaçoens delRey
D. Sebaftiaõ, e D. Anna da Fonfeca, filha
efpiritual do infigne Varaõ Fr. Luiz de Gra-
nada, a quem ofFereceo efte filho recemnaddo,
para que com a fua bençaõ crefceííe em vir-
tudes heróicas. Defde a infanda moftrou
a natural propenfaõ que tinha para as letras,
pois chorando em huma occafiaõ com
grande exceíTo, e procurando fua Mãy
com varias caricias fufpenderlhe as lagri-
mas, o confeguio dando-lhe huma Carti-
lha, em cujo frontifpicio eJftava imprefla
a Cruz que reverentemente beijou, e co-
meçando a maiiigar o Livro, certamente
o engoliria, fenaõ foíTe impedido para o
naõ executar. Aprendeo com os Padres
Jefuitas os primeiros rudimentos, e íahio
nelles taõ confumado, que ninguém lhe
difputava a primazia. Em quanto naõ ti-
nha chegado à idade capaz de fer Religio-
fo, foy amanuenfe do Ven. Fr. Luiz de
Granada, que por exhortaçaõ fua partio
para Valença em o anno de 1588. e no
ÓI4
BIBLIO THE CA
Convento da Ordem dos Pregadores, onde
ainda fe confervava muito viva a memoria
de Saõ Luiz Beltrão recebeo o Habito Domi-
nicano, com faculdade do Meílre Geral Fr.
Xiílo Fabro, que nefte tempo aíTiília em Lis-
boa, por andar vifitando as Províncias de
Efpanha. Teve por Meílre em o Noviciado
a Fr. Pedro Gamboa Varaõ de inculpável
vida como companheiro que fora em feme-
Ihante paleílra de Saõ Luiz Beltrão, e nelle
affiílio nove annos. Depois de aprender
Filofofia, e Theologia neíle Convento, em
que fahio profundamente inílruido diâou
Artes com tanto applaufo dos domeílicos,
e eftranhos, que fe compravaõ por grande
preço as fuás poftillas para fe di£larem em va-
rias partes de Efpanha. Sendo nomeado para
defender Conclufoens no Capitulo Geral cele-
brado em Nápoles, em o anno de 1600. antes
de chegar a efta Cidade, padeceo varias tormen-
tas, que o obrigarão a faltar na Ilha de Mayorca,
até que entrando em Nápoles foy logo buf-
car a D. Francifco de Caílro, fobrinho do
Duque de Lerma feu grande amigo, que nefte
tempo governava eíle Reyno, e que-
rendo que affiftiííe no feu Palácio, fe defcul-
pou com religiofa modeítia de taõ honori-
fica hofpedagem, e para naõ fer julgado por
ingrato a efte favor, habitando no Convento
do Efpirito Santo junto do Palácio do Vice-
-Rey, continuamente o vifitava, de que fe
feguio naõ fomente ellegelo por feu ConfeíTor,
mas paíTar com elle a Roma, onde foy caufa
de que contrahiíle intima amizade com o
Cardial Burghefi. Reftituido a Valença, rece-
beo o gráo de Doutor em Theologia, e para
que a leíle fe criou huma nova Cadeira
defta faculdade, o que executou com uni-
verfal admiração. Por inílancias de D.
Francifco de Caftro Embaixador de Caf-
tella em a Cúria, paííou fegunda vez a
Roma, e fendo levado à prefença de Cle-
mente Vin. de quem recebera quando era
Cardial particulares eílimaçoens, as expe-
rimentou mayores vendo-o companheiro
do Meílre do Sacro Palácio Fr. Luiz Yf-
tella Aragonez, que moUrando-lhe o Pa-
lácio que tinha em Belvedere, ornado de
amenos jardins, e caudelofas fontes, lem-
brado das moleflias padecidas na jornada
diíTe ao Pontífice: Dulcia non meruit, qui
non gitftavit amara. Attendendo a Provinda
de Aragaõ ao feu merecimento, fuplicou ao
Geral Fr. Agoílinho Galamino, que o creaíTe
Meílre da Ordem, cujo gráo recebeo das
mãos do Meílre do Sacro Palácio, do qual
era muitas vezes fubílituto examinando os
Livros que haviaõ fer impreíTos, nomeando
os Pregadores da Capella Pontificia, e appro-
vando aquelles que haviaõ receber as infi-
gnias Doutoraes em Theologia, aos quaes
como Cancellario lhes conferia os gráos. Na
celebração do Capitulo do anno de 161 2.
em que fahio eleito Geral da Ordem Fr.
Serafino Sicco prefidio a humas Conclu-
foens, que lhe alcançarão grande credito ao
feu talento, principalmente na repoíla com
que rebateo o argumento propoílo por Fran-
cifco Diotevello, depois Núncio Apoílolico
em Polónia, contra a efficacia efFe£liva da
Graça, o qual como difcipulo da Efcola Jefui-
tica defendia acerrimamente a parte contraria.
Por huma geral epidemia que inficionou a
toda a Cúria, contrahio tal infirmidade que o
reduzio ao ultimo perigo, do qual certificado
pelo Medico eftar já livre exclamou: Hei
mihi quia incolatus metts prolongatus eft. Em
fatisfaçaõ do lugar de Meílre do Sacro Palá-
cio, que lhe prometera o Pontífice, e por cer-
tas razoens politicas o naõ cumprira, lhe affinou
huma pençaõ de cem ducados de ouro
em huma Conezia de Coimbra, além de
expedir hum Breve para que podeíTe cobrar
cada anno feifcentos ducados de Camera dados
por ElRey de Caftella. Por ordem do Geral
fahio de Roma a 25. de Settembro de 161 6.
com o titulo de Corniílario, e Vifitador geral
para pacificar as difcordias, e reduzir ao eílado
primitivo da Religião as Províncias de Po-
lónia, e Ruflia, e vencidas varias contro-
verfias, introduzio com igual prudência,
que fuavidade a reforma. Difcorrendo
pela Lithuania, e Pruífia, reílituhio à fua
antigua obfervancia os Moíleiros de Vilna,
e Lublin, donde voltando a Ruflia, vifitou o
Convento Leopolienfe, e o Collegio de
Santa Maria Magdalena, cuja empreza foy
taõ agradável à Santidade de Paulo V.
que efcreveo a ElRey de Polónia, grati-
ficando-lhe a benevolência que uzara com
L USITANA.
6i5
O Coniifínrio delia. Entrando fegunda vez
em IJthuania, edificou o Moíleiro Mirchenfc
com a invocação do Doutor Angélico, e refor-
mou o Moíleiro de Varfavia. Concluida toda
rOa incumbência no cfpaço de trcs annos,
(jucrcndo reílituirfe a Ronu entrou em Lens-
l)crg primeira Cidade de Saxonia, onde foy
benevolamente recebido pelo feu Duque,
com o qual eílando à me7.a fe altercou huma
qucftaõ, fobre a Real prcfença de Chrifto no
Sacramento do Altar, entre hum Qlvinifta, e
hum Luthcrano, e a ambos convenceo com
.1 ciHcacia dos fcus argumentos. Depois
de difcorrer por Trento, Pádua, Ferrara,
Bolonha, Pifauro, e a Santa Caza de Lorcto,
onde rcndeo as graças à Virgem SantiíTima
de o ter livrado de tantos perigos em jornada
ttò dilatada, entrou na Cúria, c nclla o rcccbco
O Geral com inexplicável jubilo, e para lhe
Ibuvar a prudência com que tinha em Poló-
nia triunfado de tantas contradiçoens, lhe
Implicou com propriedade as palavras do
Ecclejiajl. c. 45. verbis ftiis monftra placavit.
Sendo Creado Cardial Roberto Ubaldino
Núncio de França, cuja purpura lhe tinha
"vaticinado o elegeo por feu Theologo. Pre-
gou o Advento na Cathedral de Bolonha,
com a aíTiftencia das principaes peíToas daquella
Qdade, e querendo o Duque de Paílrana,
quando hia para Vice-Rey de Sicília, que
fofle feu Confeílor prometendo alcançar-lhe
hum Bifpado delRey Catholico fe efcufou
por eílar exercitando o minifterio de Theologo
do Cardial Ubaldino. No anno de 1627.
foy mandado à Província de Lombardia,
onde fufpendeo ao Provincial por defobe-
diente às ordens do Geral. Para defender a
joítíça com que ElRey de Efpanha expulfara
aos Mouros dos feus Reynos, contra a male-
dicência que íiniílramente interpretava eíla
fefoluçaõ como feita mais a impulfos da con-
veniência, que do zelo da Religião, efcreveo
no breve efpaço de hum mez com igual
elegância, que fciencía.
]ufia exptiljion de los niorijcos de Ef-
paiia con la injirucion, apojlajia, y trai-
cion de lios: y repuejia a las dudas, que fe
ofrecieron acerca dejla matéria. Roma por
Jacomo Mafcardo 161 2. 8. Dedicou eíla
Obra a D. Francifco de Caílro Ete-
baxador em Roma de Filippe III. feu grande
Patrono; a qual fahio com feu coníentimenco
traduzida na Língua Italiana, por Coíme
Gaci, antes que (ahi/íe em Caílelhano, com
eíle Titulo:
Del fftéflo Jceuciamtnto d» Mortfcbi da
fpaffta lihri fei dal Padre Damiano Fonfeca
deir Ordine de Predicaíori tradoto dei Jpa-
ffiolo en Itálico da Cofimo Gaci. Roma
por Bartholomeo 21annetti. 161 1. 4.
Oratio habita in Comitiis Gefteralibuf Or-
dinis Pradicatorum Komce celebratis anno
1601. Roma: 1601. 4.
Fazem memoria delle JoaÕ Bautiíla Reg-
giano, que lhe efcreveo a vida na língua
Latina, de quem extrahimos todas as noticias
da fua peíToa. Fernandes Notitia Ordin.
Prad. chamando-lhe eruditione confpictmm. Fr.
Jayme Bleda Coron, de los Mor. de Efpan.
Liv. 8. cap. 20. pag. 946. Varon muy doão
y por Jus ntuchas partes eflimable. Echard
Script. Ordin. Pracd. Tom. 2. pag. 424. col. 2.
Tantum ingenio, moribufque claruit ut ad prceci-
puos in Ordine gradm, (£t honores promoveri
facile promeruerit. Joan. Soar. de Brít.
Theatr. Lujit. Eitter. lít. D. num. 4. NícoL
Ant. Bib. Hifpan. Tom. i. pag. 201. Fada
EMrop. Portug. Part. 4. cap. 6. e no £/>//. das
Hiji. Portug. Part. 4. cap. 18. Leo Al-
lat. in Apib. Urban. p. 104. Fr. Pedro Mon-
teir. Claujlr. Domin. Tom. 3. pag. 179.
DAMIAM DE GÓES. Naceo na VíUa de
Alanquer, diílante fette legoas para o Norte
da Cidade de Lisboa em o anno de i5oi*
e foy bautizado na Igreja Matriz de NoíTa
Senhora da Várzea. Teve por Pays a Ruy
Dias de Góes, e Izabel Límí fua quarta mulher,
ambos igualmente nobres, elle defcendente
de Aniaõ de EJftrada Fidalgo Aíhiríano, e
ella de Nícolao de Límí, a quem pela fua
grande capacidade conimetteo a SerenííTima
Infanta D. Izabel filha do noíTo Monarcha
D. JoaÕ o I. e Efpofa de Filippe o Bom
Duque de Borgonha, graves negócios que
veyo tratar nefte Reyno. Defde a tenra
idade de nove annos aíTiítío no Palácio del-
Rey D. Manoel de quem foy Camareiro,,
e Guardaroupa, e nefta política paleílra,
moílrou que tinha taõ boa índole para as
ÓIÓ
BIB LIO THEC A
virtudes, como profundo talento para as
fciencias. Afpirando o feu efpirito a exa-
minar com os olhos o que aprendera pelos
Livros, fahio a difcorrer pelas mais famofas
Cortes do mundo, fervindo-lhe os coílumes de
Naçoens taõ varias de mudos direftores para
regular as fuás açoens. Certificado ElRey
D. Joaõ o III. da fumma capacidade de que
era ornado, o nomeou feu Miniílro para tra-
tar diverfas negociaçoens com os Reys Sigif-
mundo de Polónia, Federico de Dinamarca, e
Guftavo de Suécia, as quaes concluio com
igual gloria do feu Soberano, como immortal
credito do feu nome. A fuavidade do génio,
perfpicacia de juizo, e eloquência da frafe,
principalmente em a lingua Latina de que foy
obfervantiírimo cultor o infinuaraõ na fami-
liaridade dos mayores Príncipes, como foraõ
Paulo III. Carlos V. Fernando Rey dos Ro-
manos, Henrique VIII. de Inglaterra, e
Francifco I. de França, naõ fendo menor a
amizade, que contrahio com os mais celebres
profeíTores das Sciencias, que venerava aquel-
la idade, como eraõ Pedro Bembo, que
depois foy Cardial, Lazaro Bonamico de
quem ouvio Filofofia em Pádua quatro
annos, os Cardiaes Jacobo Sadoleto, e
Chriílovaõ Madrucio, Bifpo hum de Car-
penftorato, e outro de Trento, Joaõ Magno
Arcebifpo de Upfalia, e feu irmaõ Olao
Magno, Erafmo Rhoteredamo com quem
aíTiftio cinco mezes em Fribourg, Conrado
Goclenio, Henrique Glariano, e Pedro Nanio,
-dos quaes recebia repetidas cartas em que teíte-
munhavaõ a eftimaçaõ com que veneravaõ a fua
peííoa, dedicando-lhe alguns delles as fuás
Obras, para que protegidas com a fua fombra,
pudeíTem fer benevolamente aceitas em
todo o mundo Litterario. Depois de ter
feito hum largo circulo por toda a Euro-
pa onde vio como curiofo, e obfervou
como Sábio os Reynos, e Cidades mais
celebres defta illuftre parte do mundo, em
cuja peregrinação confumio quatorze an-
nos, difcorrendo em Flandes pelos Duca-
dos de Brabante, e Lucemburg, em Ale-
manha Alta, e Baixa, pelas Cidades de
Bafilea, Argentina, Vormes, Efpira, e Co-
lónia: em França pelas Províncias de Pi-
cardia, Normandia, Bourbon, e Delfina-
do, e em Itália pelo Ducado de Milaõ, e
Lombardia, as Cidades de Ferrara, Pádua,
Veneza, e Roma, fe reftituhio a Flandes onde
elegeo por domicilio a Cidade de Lovanha
Capital do Ducado de Brabante, para com
mayor tranquillidade cultivar os feus eíhidos,
e enriquecer a pofteridade com as fuás Obras,
a que o eftimulava continuamente o infigne
André de Refende. Porém fendo eíla Cidade
cercada em o anno de 1542. por vinte e
cinco mil Francezes, de que eraõ Gene-
raes Martinho de RoíTen, Marichal de Guel-
dres, e Nicoláo de Beufut, Senhor de Longe-
val, tal foy a conilernaçaõ de feus habitadores,
que grande parte delles defempararaõ as fuás
cazas; e conhecendo o Senado os efpiritos
que animavaõ a Damiaõ de Góes, o elegerão
Capitão, e por feus adjuntos a Conrado Conde
de Vernemburgo, Filippe de Dorlay, Bai-
lio de Brabante, e Jorge de Rolyn, Senhor
de Emery, que julgando a empreza por difi-
cultofa, naõ quizeraõ ter parte nella. Com
hum efquadraõ de efhidantes, que capita-
neava Damiaõ de Góes, fe determinou
oppor aos intentos do inimigo, a tempo
que tinha mandado pedir pelo refgate do faço
da Cidade duzentos e vinte mil Coroas de
ouro, toda a artelharia, e pólvora que nella
houveíle, cujos pactos fem elle o faber
tinhaõ quafi aceito os cercados. Perturbado
com efta noticia fahio ao campo com Adriaõ
Blehemo, Governador da Cidade a conferir
com o General Francez ( que tinha aíTinado
o breve efpaço de huma hora para ultima
refoluçaõ dos íitiados ) o modo menos vio-
lento com que fe devia concluir aquelle nego-
cio, e voltando para eíle fim à Cidade o Go-
vernador delia, ficou Damiaõ de Góes
com Longeval, quando fem ninguém o
efperar foou hum grande eftrondo de arti-
lharia difparado dos feus muros, de que fe
feguio tal confternaçaõ nos Francezes que
muitos fugirão arrebatadamente do campo,
e interpretando Longeval fer infraçaõ das
tregoas em que eftava, voltou a fua cóle-
ra contra Damiaõ de Góes, mandando-o ; ;
prezo para Vermandois, Capital da Ci- |^
dade de Saõ Quintino da Provinda de Pi-
cardia, onde depois de padecer terríveis
moleftias, fe refgatou de taõ dura prizaõ
I
LUSI TANA.
por dous mil ducados de ouro. Em o anno
<lc 1538. precedendo facilidade delRey D.
)oaõ o III. fe defpozou na Haya com Joanna
<lc Hargcn, filha de André de Hargen, natural
<lc Utrech, Senhor de Aftorch, do Confelho
(lo Empcrador Carlos V. em os Eftados de
Olanda, defcendentc dos Condes de Arem-
berg, Herne, e Monfort, cujo illuftre conforcio
celebrou com hum elegante Rpithalamio feu
grande amigo Alardo Amftelredamo, o qual
principia:
Non me Um Unms jmgtmtur vitihus VI mi
Nec plus Lotos aqiuu littora Myrtus
amat:
Quem GofiO lépida ejl fociata Joanna marito
Qimm generofa fiium deperit Harga virum.
Ao primogénito, que naceo deftc ma-
trimonio, lhe impoz o nome de Manoel cm
obfequio do Monarcha que governava cftc
Reyno o qual depois foy Monge de Cif-
ter com o nome de Fr. Filippe de Sion.
Efte Genethliaco applaudio Pedro Nanio
com huma elegante Poefia que começa.
Tandem lata dies Erythrao digna 'Lapillo
Advenit, ò' pairem te, Damiane facit.
Antes de fe reílituir a Portugal teve
mais dous filhos chamado hum Ambrofio,
e outro António, que profeíTou o Inftituto
CLftercienfe no Convento de Alcobaça.
y\íriíUndo jà neíle Reyno com fua mulher
teve delia a Ruy Dias de Góes, que morreo
no cerco de Chàul, André de Góes, Fruc-
tuofo de Góes que acabou infelizmente na
batalha de Alcaçar, António de Góes, D.
Catherina, e D. Izabel de Góes. Aten-
dendo ElRey D. Joaõ o III. aos Servi-
ços que tinha feito em obfequio deíla Coroa,
o nomeou Guarda mór da Torre do Tombo,
e Chroniíla mór do Reyno dezempenhan-
do a primeira incumbência com reduzir a
boa ordem os papeis, e documentos, que
eftavaõ confufos no Archivo Real, e a fe-
gunda, efcrevendo a Chronica delRey D.
Manoel em o anno de 1558. dedicada ao
Cardial D. Henrique, cuja obra tinha fido
laboriofa empreza dos Chroniftas Ruy de
Pina, Fernaõ de Pina, e D. António Pi-
nheiro Bifpo de Miranda. Soube com per-
feição as línguas mais polidas da Europa,
e teve baftante intelligencia da Arábica,
617
e AbyíTifVi. Foy hum dot mais iníigoes Mu-
fícos da fua idade compondo os verTos que
acomodava i Solfa, de que era eminente pro-
feíTor, cantando-os com grande fuavidade ao
íom de díverfos iníhumentos, que deflm-
mente tocava. Muitas deftas obras que
fe cantavaõ com íummo applaufo nos Tem-
plos, fe confervaõ na Bibliotheca Real da
Mufica em a Eílante 21. n. 592. como
confta do feu Cathalogo impteíTo em Lis-
boa. Por fer Mufico, e juntamente Poe-
ta, lhe fez em feu louvor eíle epigranuna o
infigne Rezende.
BJige utro mavis horum te nomine dici
An Phabi, an Orphei dulcis uterqtie modis,
Aut {Ji non /pernis genus ) à quo Mufica primitm
Inventa eft nobis, fis Damiane Tubal.
Na hiíloria Sagrada, e profana foy ver-
fadiflimo, principalmente em a Genealogia,
efcrevendo de algumas Famílias do noífo
Reyno em cuja obra feguindo mais os impul-
fos da vingança, que o decoro da verdade,
diminuhio grande parte da fua fama quando
fe fez maledico cenfor da alhea. Foy fempre
inimigo do interefle, como moílrou recufando
o Officio de Efcrivaõ da Caza da índia ofife-
recido em o anno de 1553. por ElRey D. Joaõ
o III. Amou com fumma fidelidade a fua
Pátria focorrendoa com abundância de Trigo
na occafiaõ, que efte Reyno padecia delle
grande falta, o qual mandou de Flandes a feu
Irmaõ Fruftos de Góes com ordem que fe
vendeíTe pelo preço que cuftàra a fua condução.
Tendo chegado a idade proveâa falleceo
na fua pátria deixando duvidofa a pofteridade
aíTim da caufa da fua morte, como do dia, e
anno em que fucedeo, porque ainda que o
P. Fr. Manoel de S. Damafo na Verd. 'EJuc.
p. 197. §. 367. aífina a fua morte em o anno
de 1560. fundado no epitáfio da fua fepul-
tura, cuja opinião feguio o P. D. António
Caetano de Souf. no Apparat. à Hijl. Gen. da
CaZ' Real Portug. pag. 31. §. 11. acrecen-
tando que fora em 4. de Outubro, certa-
mente fe enganarão, pois confia da 4. Part.
da Chronica delRey D. Manoel imprefla
a 25. de Julho de 1367. e rubricada pela fua
própria maõ, que ainda vivia nefte anno.
Corroborafe mais efta verdade com o Pri-
vilegio impreíTo ao principio da dita Chro-
6i8
BIB LIO THE CA
nica concedido por ElRey D. Sebaftiaõ a
29. de Março de 1566. ao mefmo Damiaõ de
Góes, em que lhe ordena, que todos os exem-
plares impreíTos dcfta obra feraõ aíTinados por
elle, donde fe infere evidentemente que até o
anno de 1567. ainda eftava vivo, e aíTim lhe
anteciparão a morte fete annos aquelles
dous Efcritores aíTinando-lha em o anno de
1560. Jaz fepultado no pavimento da Capella
mór da Parochial Igreja de N. Senhora da
Varfea da Villa de Alanquer, e na parede da
parte da EpiTtola fe lé gravado efte elegante
epitáfio compoílo pela fua penna.
D. O. M.
Damianus Góes Eques 'Lufitanus olim fui,
Europam univerjam rebus agendis peragravi, Mar tis
vários cajus, labore/que Jubivi, Mu/a, Príncipes,
Doãique virí merító me amarunt, modo Alano-
kerccR ubi natus Jum, hoc Jepulchro condor, donec
puluerem hunc excitei dies illa.
Obiit an. Salutis M. D. LX.
H. M. H. N. S.
Na parte do Evangelho eílaõ abertas em
pedra as Armas da Familia dos Góes, e de fua
illuílre Conforte. Para naõ caducar com o
tempo a memoria de feus Pays, e Avós, man-
dou com igual piedade, que magnificência
trefladar os feus ollos donde jaziaõ para hum
maufoleo edificado na primeira Capella do
Cruzeiro do Convento de S. Francifco da
Villa de Alanquer, que ellà da parte do Evan-
gelho animando eílas cinzas com eiia eloquente
infcripçaõ.
D. O. M.
Ob Jummam in Juos pietatem Gomejio Proavo,
Eupo Avo, Roderico Patri, Elifabethce matri Da-
mianus Góes Eques Eujitanus pofuit anno Domini
1555-
Os elogios com que os mais celebres profef-
fores das fciencias celebrarão o nome de Da-
miaõ de Góes aíTim emprofa, como em verfo, fe
naõ podem facilmente transcrever, dos quaes re-
lataremos alguma parte, para que fe conheça
a grande eílimaçaõ que efte infigne homem al-
cançou no conceito dos mayores Sábios. O
Cardial Jacobo Sadoleto em huma Carta que lhe
efcreveo de Roma 15. Kalend. Julii 1537. Nam
de ingenio, deque nobilitate tua, nec non deftudiis ar-
tium optimarum, de rerum ufu, de prudentia, de hu-
manitatejic copio/e locutus eji Petrus Bohemus, ut non
Jolum fidem mihi fecerit ejus pradicatio plena auão-
ritatis, fed me in amorem quoque tui compulerit.
O Cardial Pedro Bembo em huma Carta efcrita
de Roma 3. Idus Januarii 1541- Perge igitur,
(& quanto ingenio, ac ufu vales ad gentis tua faãa
Jcriptis illuftranda aggredere, nec enim e ftmajor,
atque uberior ocii fruãus tibi conftare pojfit cum
hiftoria nihil fere fit ad nominis memoriam
ftabilius, aut ad poflerorum cognitionem aptius, aut
ad omnium deleãationem jucundius. O Cardial
Chriílovaõ Madruccio Bifpo de Trento em
huma Carta que lhe efcreve defta Cidade
a 21. de Mayo de 1541. Vicijftm te amare
incepi, <& magis, magifque diligo, non propter
Jiemma tuum antiquum quod longa ferie proa-
vorum laudabiliter ducis. Sed aliud quiddam
in te animadverti, tibi magis proprium quod
me in tui amorem pellexit. Imo vi quadam
occulta traxit ut te amarem exquijita fcilicet,
(& abjltrufa eruditio, genuina integritas, peãuf-
que illud tuum omni virtutum genere refertijfimum.
Joan. Vafasus in Epijl. data Eborce 15. Calend.
Nove mb. ann. 1541. Ut enim Jilentio pra-
teream tuam humanitatem, probitatem, eru-
ditionem eximiam, editifque jam libris cele-
brem, caterofque animi tui dotes in tam claro,
nobilique fajligio conjlitutas, quce adamantinum
plane, ac ferreum pojftnt hominem ad amorem
tuum pertrahere. Cornelio Grapheo Secre-
tario da Cidade de Anveres o pintou defta
forte.
Cujus imago ifi hac plácido fub pallida vultu
Kidet purpúreo fuavis in ore rubor
Frons lata, exporre£ía, alacris dulcedine quadam
Prce fe fert puri peãoris indicium.
Blandi oculi, bene nigri oculi, coma nigra,
capillis
Subcrifpis nigro barba colore decens
Nil eJi candidius: nil eJi humanius illo,
Nil civile magis, nil magis eJi lepidum.
Omnibus efl charus nulli non gratus, ubique
Omnibus expofitus nil nifi delitioe.
Joachim Polites.
Inclyta, quce magnum volitant tua fcripta
per orbem
Dum legimus claris nobilitata viris.
Prcelia longinquis Gangetica gefiafub oris
Indus ubi rápidas in maré volvit aquas.
Dum Eufitanas acies, inimicaque caflra
Turcarum ferro depopulata refers.
L USITANA.
i
Divinnw Dantitie btros miramur acuvien
Mentis, Ó* ingemi máxima figna lin.
Ao íeu Retrato aberto por Filippe Galle
entre outros Varoens infígnes em Letras
lhe fez a fcguintc infcrípçaò Árias Montano.
Cmtis 'llmciáides enarrat gefta Pelafgfz
Romana claret IJvíms HiJIoria:
I lie alia, ut taceà, fera data f cripta fem£!a
iWtiopum accepit nomen ab bijioria.
Bivar in Commntt, Dex/rí ann. Chrifl,
66. n. 6. lhe chama Equts, €^ hiftoricm nohilis.
Andrad. Chronic. delKey D» JoaÕ o III. Part. 4.
cap. 115. DoMtiJfimo VaraS. Faria na Advert.
á Afia Portug. Tom. i. Perfona de notória
nob/e^a, /ciência, elegância, credito. Brandão
Mon. htifit. Part. 3. Liv. 10. cap. 19.
Author grave Maced. Flor. de Efpan. Excel.
9. cap. 8. Deligente Chronifta Fr. Franc.
à S. Aug. Dom. Sadic. pag. 50. vir in omni dif-
ciplinarum genere verfatijftmus. Brito Mon.
hufit. Part. I. Lib. 2. c. 24. tit. 22. Famofo
Chronifta. Franckenau Bib. Hifp. Geneal. Herald.
p. 8 1 . Vir aulicis negotiis, multisq peregrinationi-
btis inclittís, Nicol. Ant. Bib. Hifpan. Tom.
I. pag. 201. col. 2. in co^itionem hominum
do£iiJfimornm adeóque in univerjam pofteritatis me-
moriam pervenit. Joan. Dried. de Ecclef. Scriptur.
em a Dedicatória a ElRey D. Joaõ o III. gene-
rofum virum, ac litterarum cultorem, fatitoremque
candidijfimum. Scoto Bib. Hifp. pag. 491. fama
clarus, litterifqm dives, (ò' priidentia inflruííus.
Anton. Galvaõ Trat. dos Defcnb. pag. mi-
hi 74. Correo a mor parte da Europa coufa
diffia de louvor, e memoria pois deu lu^ à
Jua pátria de muitas coufas occultas a ella.
Paulo Freher. Theatr. viror. erudif. Ciar.
pag. 145 1. Muficce à pueritia deditus ufque
eo hufitanicce gentis ritu excelluit, ut ea com-
ponere qua in Templis alii modularentur. Ant. de
Leon Bib. Orient. Tit. 5. e novamente acrecen-
tada Tom. i. col. 61. 388. 390. e no appen-
dix foi. 542. Fr. Man. de Saõ Damaf. Verdad.
Elucid. pag. 180. §. 337. illuftre Hiftoriador.
Niceron. Mem. des Hom. Illuftr. Tom. 26. pag.
loi. Valer. Taxand. in Cathal. Claror. Hifp.
Scriptor. Joan. Soar. de Brit. Theatr. Latfit.
Litter. lit. D. num. 5. CapaíTi. Hift. Phi-
lofof. p. 453. Kenigio Bib. Vet. (ò" Nov.
P^g* 351' col. 2. Haraeus Annal. Brabant.
Tom. I. p. 625. Joan. Pint. Ribeir. Pref.
619
das Ijttr, às Armas, Papadop. Wft. Gjm-
nac, Patopin. lib. 2. cap. 17. Leytaõ Mimor,
Cbrotiol. da Univ. d» Coimb. p. 425. D. Ant.
Caet. de Souf. Apparat. i Hifl. Geneal. da
Ca:(. Keal Portug. pag. 51. §. 11. Q)mpoz.
Fides, religio, morefque Aítiopum fub im-
pirio Prttiofi Joannis {/piem vulgo Prafbite-
rum Joannem vocant) degentium, una cum ennar-
ratione confaderationis, ac amicitia inter ipfos
JEtiopum Imperatores, ^ Regts L/ffitanke
inita. Accejfernnt aliquot Epiftola ipfi operi
infertct ac le£íu dignijfima Helena Avia Denfi-
dis Pretiofi Joannis, ac ipjius etiam Datn-
dis ad Pontificem Komanum, €>• Emmanue-
lem, ac Joannem Eufitania Reges. Dedicou
eíla Obra ao Pontifice Paulo III. Antucrp.
apud Martinum Nuntium. 161 1. 12. PaníUs
apud Qiriílianum Wechelum. 1541. 8. Lo-
vanii apud Rutgerum ReíTium. 1544. 4. G>-
lonix apud Gervinum Calenium 1574. 8.
juntamente com a Obra de Rebus Occea-
nicis Petri Martyris ab Angleria p. 449.
até 521. Cólon. Agrippinac ex Officin. Bir-
ckmanica 1602. 8. defde p. 155. até 246.
e no Tom. 2. Hifpan. Illufhat. à p. 1290.
até 13 12. Francof. apud Claudium Mamium
1603. foi.
Eegatio magpi Imperatoris Presbiteri Joan-
nis ad Emmanuelem Eufitania Kegem anno Do-
mini M. D. XIII. Item de Indorum fide, coere-
moniis, religione, &c. de illorum Patriarcha,
ejufque officio, de regno, ftatu, potentia, maief-
tate, ab' ordine Cúria Presbiteri Joannis per Ma-
thaum illius Eegatum coram Emmanuele Rege
expofita. Lovanii apud Joan. Grapheum.
1532. 8. & Drodaci apud Joan. Leonardi
Berewout. 161 8. 8. Dedicado a Joaõ Magno
Godo, Arcebifpo de Upfalia em o Reyno
de Suécia.
Deploratio Eappiana gentis. Genevac apud
Joannem Tomaeíium. 1520. 12. Pariíiis
apud Chriítíanum Wechelum. 1541. 8. G>-
loniíe apud Gervinum Calenium. 1574. 8.
com o Livro de Kebus Occeanicis, defde
pag. 522. até 527. Lovanii apud Rutge-
rum Refcium 1544. 4. Colónias Agrip-
piníe ex Officina Birckmanica. 1602. 8.
a pag. 247. até 254. e no Tom. 2. Hifp.
llluflrat. Francof. apud Claudium Marnium
1603. foi. a p. 1313. até 1315.
Ó20
BIBLIO THE CA
Commentarii rerum geftarum in índia citra
Gangem à Ijufitanis anno 1538. Lovanii apud
Rutgerum Refcium. 1539. 4* Dedicado
ao Cardial Pedro Bembo. Sahio eíla Obra
fegunda vez com alguma diveríidade com
efte Titulo.
Dienjts nohilijfima Carmania, feu Cam-
baia urbis oppugnatio. Lovanii apud Rutge-
rum Refcium. 1544. 4. Cólon, apud Ger-
vinum Calenium. 1574. 8. com a Obra de
'Kebus Occeanicis Pefri Mar ty ris, a pag. 528.
até 559. Colónias Agrippiníe ex Officina
Birckmanica. 1602. 8. à pag. 270. até 310.
e no Tomo 2. Hifp. Illujirat. Francof. apud
Claudium Marnium. 1603. foi. a pag. 13 19.
até 1327.
De bello Cambaico ultimo Commentarii três.
Dedicado ao Infante D. Luiz. Lovanii apud
Servatium SaíTenium. 1549. 4. Coloniíe apud
Gervinum Calenium. 1574. 8. a pag. 563.
até 614. Cólon. Agrippinse ex Officina Bir-
ckmanica 1602. 8. a pag. 311. até 376. e no
Tom. 2. mjp. Illujirat. & pag. 1329. até 1345.
Nicolao António na Bib. Hi/pan. Tom. i.
p. 202. confundio eíla Obra com a precedente
efcrevendo que era a mefma com diíFerente
Titulo, porém miferavelmente fe enganou pois
a hiftoria do primeiro íitio intitulada Commen-
tarii rerum geftarum in Índia, &c. he a relação
do íitio de Dio, em o anno de 1538. quando
governava aquella Praça D. António da Syl-
veira; e a Obra com o Titulo de Bello Cam-
baico, he a narração do fegundo íitio daquella
Praça, em o anno de 1546. fendo feu Gover-
nador D. Joaõ Mafcarenhas mediando entre
hum, e outro o efpaço de outo annos.
Urbis UljJJiponis defcriptio in qua ohiter traãan-
tur nonnulla de Indica navigatione per Gracos, (Ô"
Panos, & Laufitanos diverfis temporibus inculcata.
Dedicada ao Cardial Infante D. Henrique.
Eborae apud Andrseam Burgenfem Typo-
graphum lUuftriíTimi Principis Henrici Infantis
Portugallias S. R. E. Cardinalis, ac Apoftolicas
Sedis Legati a Latere menfe Oâobri. 1554. 4.
Cólon. Agrippinae ex Officina Birckmanica.
1602. 8. à p. 55. até 94. e no Tom. 2. Hijp.
Illuftrat. a p. 879. até 889.
De rebus, <à^ império l^ufitanorum ad Pau-
lum Jovium Difceptatiuncula. Lovanii apud
Rutgerum Refcium. 1554. 4. Cólon. Agrip-
pinae ex Officin. Birckmanica. 1602. 8. a
p. 303. até 310. e no Tom. 2. Hifp. Illuftrat.
à p. 890. até 891.
Hifpania. ConHa da fua extenfaõ, e fer-
tilidade contra as calumnias de Sebaíliaõ
Munílero, que na fua Cofmograíia com igno-
rante petulância efcreve contra os coftu-
mes dos Efpanhoes. Dedicou eíla Obra
a feu grande amigo Pedro Nanio, iníigne
Profeílor de Humanidades em a Univer-
íidade de Lovanha, o qual refpondeo a
Damiaõ de Góes, com huma carta cheya
de afFe£hiofas expreíToens, a qual começa
l^ibellum tuum amplijfime Damiane eo animo
accepi ut fi mihi ingens thet^aurus oblatus fuijjet,
nec alacrior, nec hilarior effe potuijjem. Sahio
eíla Obra Lovanii apud Rutgerum Refcium,
1544. 4. Col. apud Gervinum Calenium.
1574. 8. a pag. 615. até 655. & Cólon. Agrip-
pinae ex Officina Birckmanica. 1602. 8. à
pag. I. até 52. e no Tom. i. Hifp. Illuftrat.
Francof. apud Claudium Marnium. 1603.
foi. à pag. II 60. até 1173. Joaõ Vafeo Chronic.
Hifpan. cap. 4. louva muito eíla Obra, dizendo.
Commentarium illud non magnum quidem, fed
accurate fcriptum, <& rerum varietate jucun-
dum.
Urbis hovanienfts obftdio. Ulyffipone apud
Lodovicum Rhoterigium Typographum 1546.
4. Dedicado a Carlos V.
Epiftola aliquot ad Cardinaks Petrum Bem-
bum, Jacobum Sadoletum, Nicolaum Clenardumy
Joannem Vafaum, (ò' illorum refponftones. Lo-
vanii apud Rutgerum Refcium. 1544. 4.
Epiftola ad Hieronymum Cardofum. He a.
ultima entre as deUe Author. Ulyffipone
apud Joannem Barrerium Typog. Reg. 1 5 56. 8>
Chronica do felicijjimo Kej D. JBmma-
nuel, dividida em quatro partes. Lisboa por
Francifco Corrêa Impreílor do SereniíTmio
Cardial Infante aos XVII. dias do mez de
Julho de 1566. foi. Segunda Parte. Lisboa
pelo dito Impreílor a hos dez dias de Sep-
tembro de 1566. Terceira Parte. Lisboa
pelo dito ImpreíTor aos XXIV. dias do
mez de Janeiro de 1576. Quarta Parte^
Lisboa pelo mefmo Impreílor a hos XXV.
dias do mez de Julho de 1567. Todas eílas
4. Partes, eílaõ aíTinadas por Damiaõ de
Góes em a primeira folha. Sahio eíla Chro-
L USITANA.
Ó2I
I»
nica fcgunda vez ímprcrTa. Lisboa por An-
tónio Alvares 1619. foi. e neíla ediçaõ Te
tirarão algumas coufas que tinhaõ caufado
j^raves difgoftos a ícu Author.
Cbronica do Princepe Dom joam Kty que foy
diftts Keynos fegimdo do nome, em que Jummaria-
mente Je tratam has coufas fiihjl anciães, que nelles
acontecerão do dia de Jeu na/cimento até ho em que
elKey dom AJonJo Jeu Pai faleceo. Lisboa por
l'rancirco Corrêa ImpreíTor do SercniíTimo
(jirdeal Infante a hos XI. dias do mes de Abril
de 1567. c Lisboa na Offtcina da Mufica
1724. 8.
Uvro de Marco Túlio CiceraÕ chamado CataÕ
major, ou da Velhice dedicado a Tito Pomponio
Attico. Efta traducçaõ de Latim cm Por-
tuguez, que tem varias notas marginaes do
Traduftor, da qual faz mcnçaõ cm huma
Gurta cfcrita de Pádua a 14. de Agofto de
557. a dedicou ao Conde do Vimiofo D. Fran-
cifco de Portugal com quem tinha particular
anúzade. Sahio imprcíTa Veneza por Stevaõ
Sábio 1534. 8.
Avisos que deve guardar hum Cortet^aÕ, M. S.
Hijloria dos Xarifes allegada por Pedro de
Mariz, como confervada em feu poder.
Tratado da Theorica da Mufica. M. S.
Nobiliário de Portugal cuja Obra deixou
imperfeita, fendo nefte género a mais efti-
mavel depois da que efcreveo o Conde D. Pe-
dro. O original fe confervou M. S. por muitos
annos na Torre do Tombo como coníla do
Inventario feito pelo Doutor Manoel Jacome
Bravo a 15. de Fevereiro de 1622. fervindo
por auzencia de Diogo de Caílilho de Guarda
Mór o Licenciado Gafpar Alvares Louzada
a folh. 12. diz o aíTento. Uvro das Linhages
novas de Damiaõ de Góes, que Jegue ao Conde
D. Pedro, que tem cento, e noventa, e cinco
folhas com feu alfabeto encadernado como os
de mais. Eíle Original defapareceo do qual
fe tinhaõ dado algumas copias por Provi-
faõ Real ao Duque de Bragança, e a D. Ma-
noel de Moura Marquez de Caftello Rodrigo,
€ efta que foy authenticada pelo Guarda
Mór Diogo de Caftilho em 4. de Outu-
bro de 161 6. a conferva em feu poder
o P. D. António Caetano de Soufa como
efcreve no Apparat. à Hift. Gen. da Caf.
Real Portug. pag. 35. §. 11. Outra copia
aíHnna Nicol. Ant. na Bib. Hifpatt. pag. 202.
col. I. ter viílo em Madrid na Dibliotheca
de D. jeronymo MaTcarenhas BiTpo de Se-
góvia. Fazem memoria deíla obra D. Luiz
Salazar y Caftr. Hift, da Caf, dos Sjh. Part. 2.
liv. 6. cap. 5. §. 5. Cardof. Agfol. Ljifit, Tom. 5.
pag. 72. no Comment. de 4. de Mayo ietr. B.
Brandão Mon. Luftt. Part. 5. liv. 16, cap. 17.
e Faria Europ. Portug. Tom. 5. Part. 4. cap. 7.
n. 2.
Fr. DAMIAM DE SOUSA natural
da Viila de Borba na Província Tranftagana,
e filho de Joaõ Rodrigues Homem, e D. Ma-
ria de Mello. Sendo de poucos annos abraçou
o Inftituto de S. Paulo primeiro Ermitão,
o qual profeíTou no Convento da Serra de
OíTa a 17. de Abril de 1644. O feu talento
o fez digno de occupar vários lugares na Reli-
gião, como foraõ Reytor dos Conventos de
Serpa, Setúbal, e Serra de Ofla, duas vezes
Definidor, e Procurador Geral nefta Corte,
c em a de Roma. Falleceo na fua Pátria a
16. de Fevereiro de 1684. No tempo, que
aíTiftio na Cúria, compoz, e procurou que íc
approvafle.
Officium proprium cum Oãava D. Pauli primi
Eremita. Romac ex Typographia Reverendac
Camerae Apoftolicse 1669. 4.
DAMIAM VAZ natural de Lisboa,
e Presbytero profeflb da Ordem Militar de
S. Bento de Aviz. Afliflio alguns annos na
Cúria Romana onde contrahio grande ami-
zade com o Eminentinimo Cardial Burghefi,
que depois foy fublimado à Cadeira de S. Pe-
dro com o nome de Paulo V. Em o anno
de 1605. voltou para a Pátria em com-
panhia do UluítriíTimo Colleitor Carachioli.
Como era muito perito nos ritos Ecclefiafti-
cos efcreveo.
Tratado das Ceremonias Ecclefiafticas. M. S.
Fr. DANIEL DOS ANJOS natural
da Villa nova da Rainha em a Comarca
de Alanquer, e hum dos mais penitentes
Religiofos da Seráfica Provinda da Arrá-
bida, onde exercitou os lugares de Sancrif-
taõ, Meftre dos Noviços, e Guardião de
dous Conventos em cujos minifterios mof-
022
BIB LIOTH E C A
trou igual zelo para o culto divino, como
prudência para o governo. Pela efpecial
graça que tinha para attrahir almas ao cami-
nho da penitencia, aíTiília frequentemente em
o ConfeíTionario, de que naceo compor.
Summa de Ca/os da Conciencia.
A qual como efcreve Fr. Jozeph de Jefu
Maria na Chronic. da Prov. da Arrábida Part. 2.
liv. I. cap. 26. §. 207. era muito útil pela vajlidaõ
das fuás noticias a qual tresladaraõ muitos Confef-
fores para fe aproveitarem das fuás Kefoluçoens.
Quando contava 65. annos de idade foy
acometido de hum accidente, do qual fendo
reftituido pela efficacia dos medicamentos
aos fentidos depois de receber os Sacramen-
tos com aquella preparação que prafticara
por toda a vida, falleceo na Enfermaria de
Lisboa a 3. de Dezembro de 1644. Jàz fepul-
tado no Clauílro do Convento de S. Jozé
de Ribamar.
DANIEL DA COSTA cuja pátria, e
género de vida ignoramos, efcreveo.
Vida de D. Lui:^ de Figueiredo de lu^mos
Sétimo Bifpo do Funchal que morreo no anno
de 1608. à qual póz o titulo de Contraponto.
Eílá inferta no Livro 3. da Hifloria das Ilhas.
compoíla por Gafpar Fruftuofo, e delia fe
conferva huma copia na Livraria do Excel-
lentiífimo Conde do Vimieiro.
Fr. DANIEL DOS REYS filho de
Manoel Pirez Godinho, e Luiza Maria de
Barros naceo em a Villa de Setúbal, e
profeíTou no Convento de S. Francifco de
Eftremós da Província dos Algarves o Será-
fico Inílituto em o primeiro de Novembro
de 1686. Foy ornado de fubtil engenho,
profundo talento, e feliz memoria. Dic-
tou com applaufo as matérias principaes
da Sagrada Theologia feguindo novo me-
thodo em muitas Queftoens em que fe apar-
tou da fua Efcola Efcotiílica. Muitos annos
que precederão à fua morte perdeo a vifta
naõ fendo taõ fatal calamidade obílaculo
para deixar de profeguir a Leitura que
Uie era precifa para a jubilaçaõ diftando de
cor com fumma profundidade, e allegando
os Authores com infallivel certeza. Foy
infigne Poeta Latino, e muito verfado na
Hiíloria Sagrada, e profana, e em ambos
os Direitos, de que faõ teftemunhas os vá-
rios tratados, e pareceres, que compoz fendo
confultado em graviflimas matérias. Foy
Lente Jubilado, Qualificador do Santo Of-
ficio. Guardião do CoUegio de Coimbra,
e ConfeíTor dos Mofteiros da Efperança,
e Chagas fituados em Villa-Viçofa, e das
Maltezas de Eftremós. Em feu obfequio
confagrou o feguinte elogio o P. D. Ma-
noel Caetano de Souf. in Exped. Hifp. D. Ja-
cob. Part. I. Sed. i. Aflert. 51. §. 1740. Vir
doãijfimus, qui tamquam Oraculum à pluribus
confuli folet ad folvendas difficillimas quaflionesy
affuetus omnes facillime, <& eruditijfime enodare,
in quo illud maxime mirandum, nempe hominem
oculis captum dictare Dijfertationes eruditiffimas,
(& pangere elegantia carmina luitine.
Compoz.
Preparação Evangelico-Hifpanica do Apof-
tolo SaÕ-Tiago Major revendicada em o anno
de 1724. a cuja obra fez o feguinte Ap-
pendix.
Auãarios à Pregação Evangelico-Hifpa-
nica do Apojiolo SaÕ-Tiago Major jã reven-
dicada. M. S. De ambas eftas obras faz
mençaõ o P. D. Manoel Caetano no lugar '
affima citado.
AllegaçaÕ Apologética da Jurifdiçaõ do R. Pro-
vincial da Provinda dos Algarves, e feus privi-
légios em repojla de duas Pafloraes que à Santi-
dade de Clemente X7. representou o llluflrijfimo
Bifpo de Portalegre, e outros Ediãos fupplicando
ao mefmo Santijfimo Padre o mandaffe executar
nefles Rejnos.
Primórdios elucidados do Mojleiro de i". j
JoaÕ da Penitencia da Villa de Eflremos. Mof- J
tra-fe que as Keligiofas delle profeJJaÕ a Keg^a
que fundou a Santa Irmaã Ignes Komana Ab-
badeffa que foj do Hofpital de Santa Maria ,
Magdalena em Jerufalem. Eflas duas obras |
M. S. conferva em feu poder o P. Fr. i
JoaÕ de N. Senhora Chronifta da Provin-
da dos Algarves, que nos communicou,
como outras, efta noticia, e no fim delias
eftaõ as feguintes.
Keal difpojiçaõ, e ultima vontade do SereniJJimo
Infante D. L///^ filho delRej D. Manoel impug-
nada pelos Reverendos Malteses, e defendida por
Fr. Daniel dos Rejs &c. M. S.
L USITANA.
Antilogia acerca da Apologia que efcre-
veo o Prior dt Santo André da Viila de Ef-
irtfNós o Doutor Fr. Manoel Mexia Vouto
na qual pertendt defender os procedimentos ju-
rídicos do R. Vigário Geral de livora im-
pHfftados pelo author do ManifeJIo Jobre a exe-
íNfaÕ do Motu próprio Speculatores domus
Ifracl do N. Santijftmo P. Clemente XI. ex-
pedido CM i8. de Novembro de 1717. M. S.
DAVID COHEN DE LARA cele-
bre profeíTor dos Ritos de Sinagoga de
que foy Meílre pelo efpaço de muitos annos
cm Amfterdaõ, e Hamburgo onde mor-
rco em o anno de 1674. com grandes in-
dícios de ter abjurado a Ley Moyfaica,
c abraçado a Evangélica como cfcreve
Joaõ Jacobo Schudtio in Compend. Hijl. ]u-
daic. pag. 564. Ex ore excellentijfimi Domini
}id:(ardi Praceptoris mei numquam fine ve-
neratione nominandi refero celeberrimum ]u-
daum David Cohen de Lara L.ufitanum La-
tina lingua non i^arum ipfum aliquando domi
fuce convenijfe ac de rebus fidei cum ipfo dif-
putajje, abeuntem vero cum Dominus Ed^ar-
dus eum cum voto hoc dimitteret. Deus te
illuminet, rejpondiffe: Deus illuminet caecos.
Secunda vice cum dijputatione finita abiret Cohen
Âe Lara domino Eduardo votum: Deus te illu-
minet, repetenti respondit. Deus me illumi-
net íi fim cíecus. Hic ut pofiea in morbiim
incidit ad Chrifii fidem ex duplici illo colloquio
pronior Dominum Edv^ardttm ad fe invitavit,
cum quo ad leãum agroti fiantes doãores Judao-
rum Lufitanorum de rebus fidei difceptarunt,
^aviterque agrotum ut confianter in Sacris
jiidaorum decederet urferunt, quem cum dubius
haret, hafitantem mors occupavit. Compoz.
JEnigma Aben Efra de quattuor libris
Ehevi traduzido em Latim com doutiíTi-
mas notas Lugd. Bat. 1658. 4. Sahio na
língua hebraica ibi 1658. 8. com o titulo
Verba Davidis, hoc eft explicatio JEnigmatis
K. Aben, Efra. Dedicado a Diogo Pinto.
Corona Sacerdotum, feu Lexicon Talmu-
dico-Rabinicum amplifiimum, <& locupletif-
fimum de convenientia vocabulorum Talmud. <ò'
Kahbinic. cum lingíia Caldaica, Syra, Arábica,
Perfica, Turcica, Graça, Latina, Itálica, Hif-
pana, Eufitana, Gallica, Germânica, Saxo-
623
nica, helgiea, & Anglicana. Hamburgi apud
Georgium Rebenlinum 1667. foi. Tra-
balhou neíla obra quarenta annos, e naõ
a deixou completa.
Civitas David. Eíla obra he como appa-
rato á precedente, onde moílra a corteí-
pondencia, que tem os Vocábulos Rabínicot
com os Gregos. Amílelod. 1658. 4. Hottín-
gero na hih. Orient. pag. 47. numera efta obta
entre os Léxicos nuis exactos.
Traduzio do Rabino Maimonides as íe-
guintes obras em Caílelhano.
Kegras Morales. Hamburgo 1662. 4.
Artículos dela Ley divina reduzidos a dez
Capítulos. Amfterd. 1654. 4.
Tratado dela Penitencia.. Lugd. Batav.
1660. 4.
Tratado dei Temor de Dios. extrahido do
Livro Kefchith. Chocbma. Amílelod. 163}. 4.
Deftas traduçoens faz mençaõ Bafnage Hift.
des ]uifs. Tom. 5. pag. 21 17. Menaflc ben
Ifrael in Traã. de Kefurreã. no principio.
Wolfio Bib. Hebraic. pag. 318. e 319. n. 501.
Júlio Bartoloci Bibli. Rabinic. Part. 2. pag. 276.
n. 430. o qual com engano manifefto attribue
eftas obras a dous Authores do mefmo nome,
quando certamente faõ de hum fó, qual hc
David Q)hen de Lara, de quem brevemente
fe lembra Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. 2.
pag. 320.
DAVID JACHIA filho de Ghedalia Aben
Jachia illuftre, e celebre familia de Rabinos,
que tiveraõ o feu berço na Cidade de Lisboa.
Tendo nacido no anno de 131 5. partio para
Caftella quando contava a tenra idade de dez
annos onde aífiílio a mayor parte da fua vida,
que acabou em Lisboa, para onde voltou
em o anno de 1390. na idade de 75. annos.
Foy muito douto, como teílemunhaõ as fe-
guintes obras.
Commentarium de rebus Judicialibus.
Traãatus de animalibus illicitis pro cibo, do
qual fe lembra o Rabino Karo no principio
do Livro foré deá.
Fazem memoria defte Author, e fuás
obras o Rabino Ghedalia Jachia in Scialf-
célet Hakkabala pag. 62. Bartoloc. Bib. Rabin.
Tom. 3. pag. 22. n. 418. e Wolf. Bib. Hebraic.
pag. 295. n. 482.
Ó24
BIBLIO THE CA
DAVID JACHIA filho de Salamaõ
Jachia naceo em Lisboa, onde morreo em
o anno de 1465. efcreveo.
Língua eruditorum ex I/aia 50. v.o. 4
Conílantinopli 1506. 4. e 1542. 4. Pifauri. 4.
cuja impreíTaõ quer Wolfio in Bib. Heh. pag.
329. feja a que também Bartoloci in Bih.
Kabin. Part. 2. pag. 280. n. 446. afíirma fer
impreíTa na mefma parte. Coníla eíle Livro
de duas partes. A primeira trata da Gram-
matica Hebrea, e a fegunda fahio com o titulo.
Siclus Sanãtíarii ex L,evit. 7. v. 13. Trata
dos preceitos da Ley poftos em verfo. A
mayor parte deíle Livro tranfcreveo Buftorfio
in The^aur. Grammat. de re Hebraor metric.
onde fe lembra do feu Author pag. 302.
Os dous últimos Livros que faõ o 17. e 18.
publicou Genebrardo em Latim, e Hebraico
Pariíiis 1562. 8. os quaes depois fahiraõ na
IJagoge ad Kabinorum L,eãionem. 1578. 8.
L,aus Davidis ex 'PJalm. 145. v. i. cuja
obra naõ acabou, mas feu filho Jacob Jachia,
como efcreve o Rabino Ghedalia in Scialjcekt
pag. 65. Trata dos Artigos da Fé, e fahio
Conftantinopoli 4. a qual ediçaõ confeíTa Wolfio
in Bib. Heb. pag. 329. que nunca a vira. O P.
Joaõ Morino in Exerci f. Biblic. lib. 2. pag. 245.
fegue a opinião que efte livro he de Meííer
David, ou de David ben Ichuda, ou Leo
como quer Wolfio no lugar citado.
DAVID JACHIA filho de Jozé Ja-
chia naceo em Lisboa no anno de 1465.
onde na idade de 16. annos celebrou ma-
trimonio com conforte igual à fua idade,
e condição. Por morte do noíTo Monar-
cha D. AíFonfo V. a quem pela fua grande
fciencia fora muito aceito fucedendo em
a Coroa Portugueza ElRey D. Joaõ o II.
e obrigando-o a que abjuraíTe os erros da
Sinagoga de que era acérrimo profeíTor,
fe embarcou clandeílinamente com fua mu-
lher em o anno de 1482. e chegando a Pifa
depois de paííar por Florença, Ferrara, e
Ravena aíTentou o feu domicilio em Imola
Cidade da Provinda de Romandiola donde
fendo chamado pelas Sinagogas de Nápoles
exercitou nellas pelo efpaço de vinte, e dous
annos o magiJfterio de Rabino explicando
os ritos, e ceremonias do Talmud. Sendo
expulfos de Nápoles em o anno de 1540.
os fequazes da Sinagoga foy obrigado a vol-
tar para Imola, quando contava quafi 78.
annos de idade, onde morreo em o anno
de 1543. Foy muyto douto aíTim nos pre-
ceitos da Ley Judaica, como nas Faculdades
de Filofofia, Grammatica, e Poefia. Efcreveo.
Epitomen Grammatices, que confervava em
feu poder o Rabino Ghedalia Jachia. Deftc
Author faõ os verfos compoílos em applaufo
de Moyfes Bar Maimonis que fahiraõ impref-
fos no fim das obras defle Rabino. Conftan-
tinopoli 1509. foi.
De Khythmicis carminibus. Defla obra o
faz Author Buftorfio in Traã. de Vrojod. Metric.
pag. 302. porém Wolfio na Bib. Heb. pag. 299.
fegue contra Buftorfio, e Bartoloci fer com-
pofta por David Jachia filho de Salamaõ
Jachia, de quem aífima fe fez memoria.
DAVID NUNES TORRES naceo na
Cidade de Amfterdaõ de Pays Portuguezes,
onde foy Pregador da Irmandade dos Orfaõs
da fua pátria, cujos Sermoens imprimio nella
em o anno do mundo 5430. e de Chrifto 1649.
Joaõ Chriftovaõ Wolfio in Bib. Heb. pag. 321.
n. 510. faz mençaõ de hum Author do mefmo
nome o qual parece fer diferente defte pela
grande diftancia que aífina nas obras que
imprimio as quaes faõ.
Bibliotheca Hebraica cum Commentario fin-
gulis paginis fubjeão. Amftelodam i-joo. 4.
2. Tom.
Fr. DESIDERIO DE LUMIARES
natural da Villa do feu appellido fituada
duas Léguas ao Nacente da Cidade de La-
mego na Província da Beira, Monge Cif-
tercience, cujo habito profeíTou em o Ivlof-
teiro de Santa Maria de Macereydam em
o Bifpado de Vifeu. Foy muito verfado na
liçaõ da Sagrada Efcritura, e dos Santos
Padres efcrevendo.
Genejis cum Gloffa. M. S. cuja obra fe con-
ferva no Real Convento de Alcobaça.
D. DINIZ único em o nome, e Sexto
em a ordem dos noíTos Monarchas na-
ceo em Lisboa a 9. de Outubro de 1261.
para immortal gloria da Monarchia Portugue-
LUSITANA.
025
za, e eterno btsoAÒ de íeus auguAos Pro-
genitores D. AfTonfo III. e D. Brites filha
cicIRcy D. Aflbnfo X. de Caftclla, e de D. Ma-
ria Guilhen de GuímaÕ, Senhora de Alcocer»
Viena, c Azanhon. Foy cuidadofamente edu-
(ulo pela prudente direcção de Lourenço
Cioiíçalvcs Magro terceiro neto de Egas Moniz
Ayo ilclRoy D. Affonfo Henriques; c inftruido
nas fciencias neceíTarias ao efplendor do íeu
nacimcnto por D. Américo que depois fubio
á Cadeira Êpifcopal de Coimbra. Ao tempo
que contava a florente idade de i8. annos
dngio a Coroa em 16. de Fevereiro de 1279.
para idéa da foberania, c exemplar da Magef-
tadc, unindo felizmente ao feu peito todas
aqucllas virtudes, que canonizarão a me-
moria dos mais celebrados Ilcróes da an-
tiguidade. Huma das mayores felicidades,
que liberal lhe concedco a Divina Provi-
dencia, foy o auguílo defpoforio, que cele-
brou a 24. de Junho de 1282. com a Infanta
D. Ifabcl filha de D. Pedro III. Rey de Ara-
gão, e D. Confiança filha de Manfredo Rey
de Nápoles, e Sicilia, e D. Brites de Saboya,
a qual efmaltando a foberania do nacimento
com os rayos da fantidade mereceo, que das
veneraçoens do throno paíTaíTe a fer adorada
com religiofos cultos em os Altares. Tri-
unfante da rebeldia de feu irmaõ D. Af-
fonfo que como inimigo domeílico lhe
caufava mayor difvelo, voltou a fua ful-
minante efpada contra Sancho IV. de
Caílella feu Tio, pela infracção da pala-
vra que lhe dera, aíTolando-lhe muitos lu-
gares dos feus dominios, cujo eílrago
continuou com mayor violência contra
Fernando IV. que com a Coroa herdara
a infidelidade de feu Pay D. Sancho de-
funto em Toledo. Serenou-fe toda eíla
fatal tempeftade de que foy íris pacifico
a Rainha Santa Ifabel com os recíprocos
cafamentos, celebrados entre eftas duas
Coroas, dando o noíío Monarcha fua
filha a Infanta D. Confiança por efpofa a
Fernando IV. e dando eíle Príncipe fua
Irmãa D. Brites para conforte do Infan-
te D. Affonfo herdeiro da Coroa Portu-
gueza. A prudente capacidade, e madu-
ro juízo de que era ornado, o conílituiraõ
arbitro entre as graves diíTenfoens, que
havia entre os Reys de Caílella, e Aragam,
para cujo effeito entrou oeíles Reynos com a
pompa mais magnifica, que admirou aquella
idade, e poAo que D. Fernando IV. era íeu
Primo, e Genro, D. jayme de Atagaò Primo,
e Cunhado, e D. A/ronfo de Lacerda primo
com irmaõ, naò prevaleceram os eílreitot
vínculos do parentefco para fer pardal de tam
illuílres contendores, antes valendo-íe da íua
natural capacidade fem efcandalo da juíUça,
os reduzio a perpetua concórdia. Para fazer
o Reyno impenetrável às armas dos Teus con-
finantes, o fortificou com os Caílellos de
Serpa, Moura, Olivença, Campo-mayor, Ou-
guella, Monforte, Arronches, Villa-viçofa,
Portalegre, Almeida, e Mirandella, reedi-
ficando muitas Villas, e erigindo outras,
como foraõ Villa-real, Salvaterra, e Ata-
laya. A liberalidade que nos Prindpes hc
huma das principaes virtudes, que lhe efmal-
taò a Coroa, nelle paíTou a profuíaõ exce-
dendo o numero das dadivas ao dos dias
que viveo, das quaes foraõ partidpantes
feu cunhado D. Jayme Rey de Aragam,
dando-lhe vinte mil dobras de ouro, quan-
do lhe pedia prefladas dez mil, e a fua mulher
a Rainha D. Branca muitas joyas de inefti-
mavel preço, e a todos os Cavalheros Caf-
telhanos, de que fe compunha aquella Corte
na occafiam que nella aíTiflio para pacificar
as difcordias, que havia entre os Reys de
Caílella, e Aragam; ufando da mefma gene-
rofidade com fua filha D. Confiança, e os
Infantes D. Joaõ, e D. Pedro. Mereceo o
honorifico titulo de Pay da Pátria pela vigi-
lante providencia, com que attendeo pela
confervaçam de feus VaíTallos, mandando
abrir terras incultas, e concedendo grandes
privilégios aos Lavradores como laborio-
fos inílrumentos da abundância univerfal,
de que naceo a feliddade de fer extermi-
nada do Reyno a pobreza, que a torpeza
do ócio fomentava. Promulgou varias
leys, em as quaes fielmente copiou o zelo
da juíliça, que lhe animava o peito, ful-
minando em humas caíligos conforme a
gravidade dos crimes, e emendando em
outras a ordem judicial para que as cau-
fas correfTem com brevidade em benefido
dos litigantes. Eternamente feraõ Panegy-
45
020
BIBLIOTHEC A
riftas do feu auguílo nome todos os Sábios
que produzio efte Reyno, fendo elle o que
altamente meditou, e gloriofamente confe-
guio a primeira Univerfidade, que foy o feliz
Oriente donde fahiraõ tantos rayos que illuf-
traraõ com a fua fabedoria diverfos emisferios.
Coníiderando com madura reflexão, que para
eftabilidade de huma Republica naõ eraõ
menos neceflarias as armas que as letras,
fupplicou à Santidade de Nicoláo IV. a 22.
de Novembro de 1288. lhe concedefle a
erecção de huma Univeríidade na Capital
do Reyno, à cuja Supplica condefcendeu o
Pontifice a 13. de Agofto de 1290. para a qual
convocou Meíires infignes nas faculdades
de Direito Canónico, e Civil, Medicina,
Dialeâica, e Grammatica. PaíTados 18. annos
a transferio de Lisboa para Coimbra em o
anno de 1308. por concefl"aõ de Clemente
V. onde permaneceo até o anno de 1338.
Celebrou acçaõ taõ heróica o Príncipe dos
Poetas de Hefpanha o divino Camoens com efte
épico elogio no Cant. 3. das L,ujiad. Eftanc. 97.
Fe^l primeiro em Coimbra exercitar/e
O Valerofo officio de Minerva
E de Helicona as Mu/as fe^ pajjarfe,
A. pi^ar do Mondego a fértil erua.
Ouanto pôde de Athenas de^ejarfe
Tudo o foberbo A.pollo aqui referva;
A.qui as Capellas dà tecidas de ouro
Do Bacaro, e do fempre verde l^uro.
Extinta a Ordem Militar dos Templários pelas
ambiciofas diligencias de Filippe o Fermofo
Rey de França, das copiofas rendas, que
poííuiaõ em Portugal, inftituyo a Ordem de
N. Senhor Jefu Chrifto, confirmada pelo
Summo Paftor Joaõ 22. no anno de 1320.
da qual foy o primeiro Meftre D. Gil Martins,
e deftinou para Cabeça da nova Milicia a Villa
de Caftro Marim no Reyno do Algarve como
fronteira aos Mouros, contra os quaes por
ferem inimigos da Cruz foy a principal
caufa da fua inftituiçaõ. PaíTados muitos
annos fe transferio o feu domicilio para o
Real Convento da Villa de Thomar, onde
até o tempo prezente exifte. Naõ foy menos
benéfico para a Ordem Militar de Saõ-Tia-
go eximindo-a da fogeiçaõ do Convento
de Veles por faculdade de Nicoláo IV. no
anno de 1290. da qual foy feu primeiro
Meftre independente de Caftella D. Lou-
renço Anncs, que tendo o feu aíTento na
Villa de Alcácer do Sal, fe paíTou para a Villa
de Palmella, hoje Cabeça defta illuftre Ordem.
A piedade que he virtude natural dos Prin-
cepes Portuguezes, teve no feu peito o prin-
cipado, de que faõ indeléveis argumentos as
multiplicadas doaçoens que fez de Igrejas
muyto rendofas aíTim às Ordens Militares de
Chrifto, Saõ-Tiago, e Aviz, como a todas as
Cathedraes do Reyno. Foy o primeiro que
ordenou fe rezaflem as Horas Canónicas na
fua Real Capella dedicada ao Princepe da
Milicia Angélica, e fe cantaíTe quotidiana-
mente MilTa Solemne ainda quando elle naõ
eftiveíTe prezente. Para fmal da fua rendi-
da obediência aos Oráculos do Vaticano con-
cluyo em o anno de 1289. e aceitou as Con-
cordatas fobre a Jurifdicçaõ Ecclefiaftica, e
Secular obftinadamente controvertida pelo
animo mais politico que Catholico de feu
Pay D. Aifonfo III. Entre tantas felicidades de
que foy abundante o feu Reynado lhe quiz
Deos provar a conftancia nos últimos annos
com os defgoftos de que era Author o in-
quieto animo do Infante D. Affbnfo feu filho,
cuja ambiciofa temeridade reprimio como Rey,
perdoou como Pay. Sabendo que era chegado
o termo da fua vida ordenou o Teflamento,
em cujas claufulas refpiráraõ igualmente a pie-
dade como a magnificência, deixando por
legatários a miferia dos pobres, a Orfandade
das donzellas, e a educação dos meninos
expoftos. Recebidos com fumma ternura
os Sacramentos, e refignado em o divino
beneplácito efpirou placidamente em a Villa
de Santarém a 7. de Janeiro de 1325. com
63. annos, três mezes, menos dous dias de
idade, e quarenta, e cinco annos dez mezes,
e vinte, e dous dias de reynado. Teve eftatura
proporcionada, o cabello lizo, barba caftanha,
olhos negros, rofto corado mais cheyo da
mageftade, que gentileza. Jaz fepultado no
magnifico Mofteiro de S. Diniz de Odivellas
de Religiofas Ciftercienfes diftante duas
léguas de Lisboa, o qual fundara em obze-
quio do Santo, em cujo dia nacera, e fobre
o Maufoleo digno de fer depofito de taõ
auguftas cinzas, tem por epitáfio o feu
vulto primorofamente figurado em pedra.
L USITANA.
627
Teve <lc fua Real Qjnforte a Infanta D. G>nf-
tança, c|uc cafuu com Fernando IV. de GUlella,
e o Infante D. AfTonfo, que lhe fuccedeo na
Coroa. Os filhos illigitimos, que teve de
varias mulheres, foraõ D. AíTonfo Sanches
Senhor da Villa do Conde, Campo mayor,
JUbuquerque Mordomo Mór delRey, que
CftTou com D. Thereza Martins, de quem já
fizemos larga memoria: D. Pedro AfTonfo
Conde de Barcellos Alferes Mór do Reyno, e
Author do Nobiliário, primeiro fundamento de
todas as Hiílorias Genealógicas de Ilefpanha
do qual fe fará diílinta memoria em feu lugar.
D. Joaò Affonfo Senhor da Louzaá, e Arouca,
Mordomo Mór da Rainha Santa Izabel, o
qual cafou com D. joanna Ponce filha de
D. Pedro Ponce, Adiantado Mór de Andalu-
zia. D. Urraca Affonfo, que cafou com D. Ál-
varo Perez de Gufmaõ Senhor de Olvcra,
Arizucla, Mançanedo &c. D. Urraca Leonor
caiada com Gonçalo Martins Portocarreiro.
Femaõ Sanches, que fe defpofou com D. Froi-
Ihe Annes de Briteiros. D. Maria Affonfo
Fundadora da Igreja de Santa Marinha de
Lisboa, que cafou com D. Joaõ de Lacerda
Senhor de Gibraleon, e D. Maria Affonfo,
que morreo no Convento de Odivellas,
com opinião de Santa. Cultivou defde os
primeiros annos com tanta afluência a Poe-
iia vulgar, que nelle foy natureza, e naõ
a arte os verfos que compoz, fendo o pri-
meiro que em Hefpanha à imitação dos
Poetas Provençaes metrificou em rimas dei-
xando para immortal documento do fami-
liar comercio, que fempre confervara com
as Mufas affim Sagradas como profanas.
Cancioneiro de Nojfa Senhora. De cuja
obra fazem memoria Duarte Nun. de Leaõ
Chron. defte Princepe pag. mihi 154. col. i. e
Brandão Mon. "Lufit. Part. 5. Liv. 16. cap. 3.
Cancioneiro de varias Obras, o qual appa-
receo em Roma quando reynava em Portugal
D. Joaõ o III. como afíirmaõ os dous referidos
Authores nos lugares allegados.
Dos Officios principaes da milicia, e de
outras coufas pertencentes a ella. Conferva-fe
no Archivo Real, como efcreve o Dou-
tor Pedro Barbofa Homem Dijc. dela ju-
rid. y verdad. ra^n. de 'Eftad, Difc. 7. foi.
106.
Como fautor que foy das Artes, e fden-
cias, naô fomente as praticou com profun-
didade, mas as promoveo com diívelo man-
dando traduzir alguns Livros na Lingua
materna para que a fua liçaô fofíe univerfal-
mente proveitofa, como foraò a HiAoria do
Mouro Rafis Chroniíla delRey AInunçor de
Córdova, e outro, De concordantia Sybillinorum
carminum cum Prophetarum Oroíulis, efcrito em
lingua Arábica, como o precedente com-
poílo pelo noíTo Portuguez Gaílaõ de Fox,
cuja traducçaõ feita á inílancia deíle Princepe
vio Flávio Jacobo Eborenfe como afHrma
in hxplicat. Epigram. VIU. Juor. Carmin.
lib. 2. pag. 126. em Roma na Bibliotheca
do Cardial D. Miguel Da Sylva.
Exaltaõ ao feu grande nome com mere-
cidos encómios os mais celebres Efcritores,
como faõ Fr. Bernard. de Brito Elogios dos
Kejs de Portug. pag. mihi 49. Teve muyto conheci-
mento das linguas; e lia com muyta confidera^aõ
os Poetas Latinos como aquelle que tinha grande
inclinarão à Poefia, em que Jet^ grandes obras.
Vafconc. Anacephal. Keg. Eufit. pag. 79. Eatince
Poefeos adeó Jludiofus, ut propenfionem a natura
ipja congenitam facile infpiceres, quám cum mira
arte, e^ indujlria excoluerit nihil ex iis qua poe-
tam omnibus numeris abfolvunt in fummo Rege
dejidera tum ejl. Eufitanas porro Mufas illo tem-
poris rudes, e5>* incultas ab agrejli iruoncin-
nitate ad floridos, ac lépidos rytbmos vendi-
care tentavit, neque captis ingenium abftát.
António Ferreir. na Carta 10. do Livr.
2. foi. 193. efcrita a D. Simaõ da Syl-
veira.
Santo Diniz fta Fé, na fama claro
Da Pátria Pay, da fua lingua amigo
Daquellas Mufas ruflicas amparo.
O mefmo lhe faz eíle epitáfio nos feus
Põem. Eufit. foi. 20. v.o.
Quem he ejle de infignias differentes
Cetro, e picaõ, e livro, e efpada, e arado?
Efte foy pa^ de Keys, e amor das Gentes
Grande Dini^ Rey nunca ajfás louvado.
Outros foraõ nua fó coufa excellentes
EJle com todas nobreceo feu Eflado.
Regeo, edificou, laurou, venceo
Honrou as Mufas, poetou, e leo.
E Duarte Nun. in Ver. Reg. Portu-
gal. Geneal. pag. 14. Fuit amcenijpmi in-
Ó28
BIBLIOTHE C A
genij, <Ò' à Utteranim ftudiis non ahhorrens
€0 rudi Jaculo. Poetkes autem Jludium ma-
xime dilexit, e5>* fere primus in Vortugallia
carmina lingua vulgari Jcripfit D. Miguel da
Sylveira Macabeo liv. 15. Eftanc. 20.
Advierte la progénie milagrofa
Que en el tronco de J tipi ter fe ef malta
Es el Jexto milagro en quien glorio/a
Minerva el mundo Ju facúndia exalta;
Si la Toga purpúrea en el repofa
Con túnica de Marte el orbe ajfalta.
Mariz Dial. de Var. Hijl. Dial. 3. cap. i.
muito afeiçoado às letras, e f ciências, das quaes
€xercitando-fe muito na Voefia fqy havido naquelle
tempo por excellente Poeta. Fonfeca Évora
Gloriofa pag. 54. A's Mufas, e às letras que
andavaõ como fugitivas, e deflerradas da 'Lufi-
tania levantou régio domicilio, e fumptuofo palá-
cio nas frefcas margens do Mondego fundando
a Univerfidade de Coimbra, e fqy o primeiro
que com aquellas reaes maõs, com que empu-
nhava o Cetro, tomou a penna para autho-
ri^ar as Mufas. Joan. Soar. de Brit. Theatr.
L.ufit. Utter. lit. D. n. 37. Scripfit aliquot
Poemata, (ò" in fuo cevo venufiijfima, <& ele-
gantijfima; quceque è primis apud Hifpanos
editis enumerantur. D. António Caetano de
Soufa iiifl. Geneal. da Caf. Real Portug.
Tom. I. Liv. 2. cap. i. Foj dignijfimo da
Coroa, ditofo, valerofo, entendido, de animo
grande, liberal, amigo da verdade, e da jufiça,
favorecedor das fciencias, e das boas letras,
a que teve natural propenfaÕ, o que lhe faci-
litava o fublime do feu engenho efpecialmente
na Poejia em que compo^ com primor. Bar-
bud. Empre;(. Milit. de 'Lujif. foi. 16. v.o.
Fuifle jujlo, verdadero, liberal, ^elador dela
Keligion Chrijliana, j augmentador delia, fuerte,
e de grande coraçon en lo que emprendias, grande
L.egislador, famofo entre los eftrangeros, j amado
dellos.
DIOGO AFFONSO Secretario do Car-
dial Infante D. AíFonfo filho do Serenif-
íimo Rey D. Manoel, e muito verfado
na liçaõ da Hiíloria. Verteo de Caftelhano
em Portuguez.
Hijloria da vida, e Martyrio de Santo Tho-
ma^ Arcebifpo de Cantuaria. Coimbra por
Joaõ Alvares 1554. 4.
Vida, e milagres de Santa Ii^^abel Rainha
de Portugal à infância da Abbadefa de Santa
Clara de Coimbra D. Anna de Mene:(es, e outras
Religiofas do dito Convento. Coimbra pelo dito
ImpreíTor. 1560. 4.
Vida de Santo Amaro dedicada à Commen-
dadeira do Convento de Santos a qual obra af-
firma fer impreíTa Francifco Galvão Maldo-
nado na fua hib. Portug. M. S.
DIOGO AFFONSO Piloto da Carreira
da índia, e muito perito na fciencia Náutica.
Para facilitar aos feus naturaes eíla taõ dila-
tada como perigofa navegação, efcreveo.
Roteiro de Portugal para a Índia. M. S. foi.
DIOGO AFFONSO MANGA-AN- \
CHA Meftre em Artes, e Doutor em am- I
bos os Direitos, e Lente da faculdade de ;
Leys em a Univerfidade de Lisboa. Foy '
hum dos celebres Letrados, e eloquentes
Oradores do feu tempo. Havendo afiiíUdo '
a 12. de Outubro de 145 1. em nome da Uni- i
verfidade à poíTe das Cafas que lhe doara
o Infante D. Henrique, filho do Serenif-
fimo Rey D. Joaõ o I. partio por ordem
delRey D. Duarte em 21. de Janeiro de 1435.
em companhia do Conde de Ourem Emba-
xador ao Concilio geral de Bafilea, que depois
fe transferio para Ferrara, onde deixou das
fuás letras naõ vulgares acclamaçoens. Reíli-
tuido ao Reyno recitou huma Oraçaõ fúnebre
junto do Convento de S. Domingos na occa-
fiaõ que foy transferido o Real Cadáver de
D. Joaõ o I. da Cathedral de Lisboa ao Mof-
teiro da Batalha. Nas Cortes celebradas em
Lisboa em o anno de 1439. ^^ 4^^ ^*°y j^"
rado Governador do Reyno o Infante D. Pe-
dro na menoridade de feu Sobrinho D*
AíFonfo V. orou por três vezes moílrando
com rezoens concludentes fer prejudicial à con-
fervaçaõ da Monarchia o governo da Rai-
nha D. Leonor. Foy cafado duas vezes,
a primeira com Branca Annes, e a fegunda^
com Maria Dias que lhe fobreviveo, e de
nenhua teve filhos. Mandou como tinha
padlado com fua primeira mulher de quem
ficou herdeira, que fe fundaíTe hum Col-
legio em humas Cafas fituadas junto da
Igreja de S. Jorge em Lisboa, para dez
■.
L USITAN A.
Ó29
Collcgiaes já grammaticos, que foíTem po-
bres, e excedcíTcm a idade de defcrds annos,
l> utn fendo Sacerdotes, ainda que naõ
i( Mídi) Onmmaticos, feriaõ admitidos por
flcK^.K. li Univcrfidadc, declarando que
eíU diípoíiçaõ nunca poderia fer alterada
pela auti) liliic dclRey, nem do Arce-
^po. I ( ollegio pofto que fe fun-
dou pcln de 14J1. de que foy o pri-
flaeiro Collegiai Ruy Valdez filho natural
4o Inílituidor, já cm o anno de 1459. fe achava
fartin^o, cujas rendas fe applicaraõ à Uni-
ferúdade. Morreo em o anno de 1448.
e jaz Tcpuitado na Capclla de S. Joaõ da Sé
de Lisboa. Compoz.
s OraçaÕ fúnebre na tresladaçaõ do corpo delKey
D. Joaõ o I. da Sé de Lisboa para o Mofteiro da
Batalha. Tomando por thcma. Et nos moria-
inur cum eo; e nella (como cfcrcvc Ruy de Pina
Cbron. delKey D. Diiort, M. S. de que andaõ
imprcíTos dous Capitules no fim da 3. Part.
ila Cbron. delKey D. Joaõ o I. compofta por
rcmaõ Lopes pag. 290. col. z.) trouxe para
o cafo coufas mify notáveis, e affas benditas. Deíla
obra, e do Author fazem memoria Duart.
Nun. de Leaõ Cbron. delKey D. Duart. cap. 2.
pag. 5 . col. I . onde o intitula grande Letrado,
$ eloquente, e Jozé Soar. da Sylv. Memor. delKey
D. Joaõ o I. Tom. i. pag. 275. §. 345. chaman-
dolhe o mayor Theologo, e Orador daquelle Sé-
culo, fuppoílo que a fua profiílaõ era de Ju-
riíla.
Três Oraçoens nas Cortes celebradas em Usboa
no anno de 1439. ^^ quaes duas foraõ recitadas
.1 10. de Novembro, e a 30. de Dezembro do
dito anno, fazendo delias mençaõ Duarte
Nun. de Leaõ Cbron. delKey D. Affonfo V.
cap. 6. pag. 19. col. i. e cap. 7. pag. 25. col. 2.
e pag. 26. col. 2. Lembraõ-fe do Doutor
Diogo Affonfo Manga-ancha largamente o
Beneficiado Francifco Leitaõ Ferreira Not.
Chronol. da Univerjid. de Coimb. pag. 348. §. 764.
e feg. António Carvalho da Coíla Corog. Portug.
Tom. 2. Trat. i. cap. 5. pag. 18. onde com
erro manifefto fe equivocou em o nome,
e eílado, que profeflbu chamandolhe Fernando,
e devoto Sacerdote, cuja allucinaçaõ feguio
inculpavelmente o P. D. Rafael Bluteau no
Vocab. Portug. e iMtin. Tom. 8. letr. V. ver.
Univerjid. pag. 558.
Ff. DIOGO DE ALMEYDA natu-
ral da Cidade de Ceuu em a Regiaõ Afri-
cana celebre Praça dot Portuguezcs. ReoebcO'
o habito Monachal do Príncipe dos Patríar-
chas S. Bento no Mofteiro de S. Martinho
de Compoftella no Reyno de Galliza. De-
pois de eíludar as íciencias HfchoIaíUcas,
em que fahio muyto douto» fe applicou
ao exercido do Púlpito, com o qual con-
ciliou tanto applaufo na Corte de Madríd
que Filippe IV. o nomeou feu Pregador
em o Reyno de Portugal. Morreo em
Madríd deixando (como delle efcreve Fr.
Gregório Argaiz Perla de Catalun. pag.
461. §. 144.) llenos de ejperan^as aios que le
conocian el ingenio, y facilidad en la Oratória,
Publicou.
Hpitome Sacro en eftilo de Euangelico, j
Panegyrico. Oracion hecha ai Princepe dei Clauftra
Monachal Padre delos Padres, Doãor delos Doão-
res, único Patriarcha delas Keligiones todas S.
Benito, y aios Santos de fu Keligion ctr/as gran-
dev^as Je celebran. Madrid por Vicente Alvares
1651. 4.
Dedicou efta obra ao Conde de Torres
Vedras onde lhe diz. Yo me hallé Senor en
el Capitulo General de mi Keligion en el qual la
obediência me mando que predicajje de mi glorio/o
Patriarcha, y de todas las Keligiones, S. Benito, j
delos Santos innumerables, que dio ai Cielo.
Votum, feu Juramentum pro immaculata Vir-
ginis Conceptione. Ceptac 1653. foi. Defta
obra, e do Author falia Fr. Pedro de Alva^
y Aftorg. in Milit. Immac, Concep.
DIOGO ALVARES CORRÊA natu-
ral da Villa de Celleiro de Rofes na Pro-
vinda de entre Douro, e Minho. Militou
pelo efpaço de vinte, e três annos nas
Campanhas de Flandes, Itália, e Africa oc-
cupando os poftos de Sargento, e Alferes
em que deu de feu valor heróicos argu-
mentos. Para moílrar o como era perito
no exerddo de taõ nobre Arte, efcreveo,.
e dedicou ao Infante D. Duarte Condef-
tavel do Reyno.
InJirucçaÕ, e Ordenança da gente de Guerra..
4. M. S. Conferva-fe na Bib. Real. ConJfta
de três Tratados i. da Ordem que hade
haver para caminhar huma Companhia
<S3o
B IBLIO THE CA
•do apozento donde houver de partir 2.
de como fe hade ordenar, e o que fe
hade fazer no efquadraõ. 3. da Conta, que
fe hade ter entre os piques, e arcabuzes, e na
repartição dos baílimentos.
Fr. DIOGO DE S. ANNA natural da
Villa nova de Lampazes diftante quatro legoas
da Cidade de Bragança em a Provincia Tranf-
montana onde teve por pays a Manoel de
Moraes, e a Izabel de Moraes. Depois de eftu-
dar na pátria as fciencias amenas, e as feveras
em a Univeríidade de Salamanca profeíTou o
Inftituto de Eremita Auguftiniano no Con-
vento da Graça de Lisboa a 21. de Outubro
de 1594. e no anno feguinte partio para a
índia em companhia do IlluftriíTimo Arcebifpo
de Goa D. Fr. Aleixo de Menezes. O grande
talento de que era ornado o fez digno de fer
eleito Prior do Convento de Afpaõ na Perlia,
onde com a efficacia dos feus argumentos
reduzio à obediência da Igreja Romana a
David Patriarcha da Arménia com cinco
Bifpos feus Suífraganeos, e cento, e três Sacer-
dotes abjurando todos os erros fcifmaticos
que profeíTavaõ em 12. de Mayo de 1607.
De tal modo conciliou o affefto do Emperador
da Períia Xa-Abbas, que muitas vezes comeo
com elle em o mefmo prato convencendo na
fua prezença a muitos Cacizes, que naõ podiaõ
reíiílir à folida vehemencia das fuás propoíi-
çoens. Sendo chamado a Goa pelo Arcebifpo
D. Fr. Aleixo de Menezes o nomeou Confeííor,
e adminiftrador do Convento das Religiofas
de Santa Mónica daquella Cidade, ao qual
reedificou defde os fundamentos, depois de
fer confumido pela voracidade de hum incên-
dio a 24. de Dezembro de 1636. para cuja obra
padeceo graves contradicçoens de que foube
triumfar a fua prudente capacidade. Com
igual zelo que madureza exercitou o lugar de
Deputado da Inquifiçaõ de Goa de que to-
mou poíTe em 19. de Agoíto de 1621. Foy
trez vezes Meílre dos Noviços, Reytor do
CoUegio de Santo Agoílinho, e ultima-
mente Provincial da Congregação da índia,
cujo lugar naõ quiz aceitar fegunda vez,
nem a Mitra de Meliapor . Morreo piif-
íimamente em Goa a 6. de Outubro de
1646. e foy fepultado no Convento das
Religiofas, que fantamente adminiftrou. Fa-
zem delle illuílre memoria Cardof. Ágio/.
Lujíí. nas Advert. ao i. Tom. do Agiol.
§. 8. Faria AJia Portug. Tom. 3. Part. 4,
cap. I. n. 15. Joan. Soar. de Brit. Theat.
L.ujií. Litter. Litter. D. n. 6. Purif. de Vir.
lllufirih. Ord. S. Aug. Lib. 2. cap. 2. &
Lib. 3. cap. 4. Fr. Agoft. de S. Mar. Hift.
do Conv. de S. Monic. de Goa Liv. i. cap. 12.
13. 14. 18. 19. e Liv. 2. cap. 2. 3. 11. Com-
poz.
Kepojia por paríe do injigne Mofteiro de Freiras
de Santa Mónica de Goa, e fatisfaçaõ com acordo,
e queixa , e requerimento, que a Veriaçaõ da me/ma
Cidade de Goa Metropoli do EJlado da Índia Orien-
tal em 10. de Fevereiro de 1632. fe:^ contra o
próprio KeligioJtJJimo Mojleiro, e por papel feu
apresentou a D. Miguel de Noronha Conde
de L.inhares aãual Viforey do mefmo EJlado.
M. S. 4. Confta de 90. folhas. Deíla obra
faz memoria Fr. Agoílinho de Santa Mar.
Hi^. do Conv. de S. Mon. Liv. 2. cap. 2.
§. 20.
Narração das novas perfeguiçoens depois de
outras que as Veriaçoens da Cidade de Goa do
anno de 1634. e 1635. contra o Keligiojijftmo Mof-
teiro das Freiras de S. Mónica de Goa fulminarão
M. S. 4. Coníla de 19. Capítulos e 151. folhas.
M. S.
Verdadeira Kelaçaõ do muito grande, e por-
tentofo milagre que aconteceo em o Santo Crucifixo
do Coro da Igreja das Freiras do Mojleiro de S.
Mónica de Goa em 8. de Fevereiro de 1636. M. S. 4.
Sahio impreíTa efta relação Lisboa por Manoel
da Sylva 1640. 4. a qual traduzio em Caf-
telhano, e a pubUcou em o dito anno Fr.
Fernando Camargo Eremita de S. Agoíli-
nho como efcreve no Epitom. Hijlor. p. 338.
EHas três obras eílaõ encadernadas em
hum Volume que fe conferva na Livraria
da Graça de Lisboa como as feguintes.
Sermoens Vários 2. Tom. M. S.
Vocabulário da Eingua Perjiana. M. S. 4.
InJlrucçaÕ para a Oraçaõ. M. S. 4.
Sermão pregado na Dedicação da Igreja
das Keligiofas de S. Mónica de Goa a 15.
de Dezembro de 1627. M. S. Eítá firmado
com o final de D. Fr. SebaHiaõ de S. Pe-
dro Arcebifpo de Goa, e Eremita de San-
to Agoílinho, que neíTe dia celebrou Pon-
I
L USITAN A.
63 1
tifical atteílando que tudo que no Sermaõ
fe relata he verdade. Vinha para fe impri-
mir, e fe conferva M. S. na dita Livnuia.
Satisfação a ordtm qut fe lhe intimou da Parte
do Provincial Fr. Gafpar de Amorim para fe
embarcar para o Reyno. Sahio impreífa na
lli^. do Convento de S. Monic. de Goa de Fr.
AgoA. de Santa Maria Liv. 2. cap. i x. pag. 295.
Kepofla que deu ao Vife-Rey do Eftado o
Conde de Unhares mandando que fe embarcajfe
para o Reyno. ImprcíTa na Uijl. aíTinu alle-
gada liv. 2. cap. 15. pag. 505.
DIOGO DE ANDRADE natural da
Villa de Celorico diílante três legoas para o
Poente da Cidade da Guarda na Provincia da
Beyra muyto douto cm o Direito Cefareo, e
Pontifício, que eftudou em a Univerfidade de
Coimbra por cuja fciencia mereceo fer Vigário
Cicral do IlluílriíTimo Bifpo da Guarda D.
Joaõ de Portugal, e Prior da Igreja de NoíTa
Senhora de AíTores do mefmo Bifpado. Efcre-
veo.
Commentarios á Ordenação do Reyno
1. Tom. grandes AI. S. que ficarão a feu
herdeiro o Licenciado Manoel da Cofta.
DIOGO DE ANDRADE LEYTAM natu-
ral de Lisboa, e filho de Belchior de Andrade,
que depois de fervir com valor nas campanhas
de Flandes foy Efcrivaõ dos Filhamentos da
Cafa Real. Aprendeo as letras humanas, e Poe-
lia em que fahio infigne na pátria, donde paf-
fando a Univerfidade de Coimbra moftrou que
naõ tinha menor engenho para as fciencias fe-
veras que amenas. Laureado com as infignias
doutoraes na Faculdade de Direito Cefareo foy
admitido ao Collegio de S. Pedro a 12. de Feve-
reiro de 1 666. donde fubio a regentar as Cadei-
ras como foraõ a da Inílituta de que tomou
poíTe a 25. de Junho de 1668. do Código a 13.
de Janeiro de 1672. dos Três livros a 30. de
Outubro de 1676. de Vefpera a 3. de Ou-
tubro de 1686. e de Prima a 16. de No-
vembro de 1690. em que jubilou a 15. de
Fevereiro de 1694. Foy Cónego da Ca-
thedral de Coimbra, Dezembargador dos
Aggravos na Cafa da Supplicaçaõ, de que
tomou poíTe a 13. de Outubro de 1678.
Concelheiro da Fazenda, Chanceller das
Ordens Militares. Em taõ diferentes, e gta-
viíTimos lugares fempre manifeflou a reâidatV
do feu animo unido com a profundidade dx
fua Littcratura. Morreo em Lisboa a 25. de
Julho de 1710. com 80. annos de idade. Jar
fepultado no Convento de S. Francifco. Como
foíTe iníigae Poeta Latino publicou na idade
juvenil a feguinte obra, cujo a/Tumpto era a
RefurreiçaÔ de Chriílo Senhor noíTo com eíle
titulo.
Lúcifer fpoliatus. Cármen. UlyfTipooe
apud Antonium Alvares Typog. Regiam»
16J1.4.
D. DIOGO DA ANNUNQAÇAM JUS-
TINIANO. Naceo cm Lisboa, e na Parochial
Igreja de S. Lourenço, foy bautizado a 26. de
Julho de 1654. fendo filho de Pafchoal Alva-
res, e Izabel Rodriguez. Na idade florente de
16. annos recebeo o Canónico habito da Con-
gregação do Evangeliíla amado, onde apren-
deo para depois enfinar as fciencias efcolaíli-
cas no Collegio de Coimbra, cm cuja Uni-
verfidade fe laureou com as infignias douto-
raes em a Faculdade de Theologia. Por cauía.
de negócios graves em que era intereflada a
fua Congregação paíTou a Roma, e em taã
famofo theatro foy venerado o feu talenta
aífim pela profundidade das fuás letras, como
pela elegância com que na lingua Italiana, como
fe fora materna, pregou repetidas vezes a.
numerofos auditórios. Em premio da pru-
dente a£tividade com que tratou diverías
dependências deíla Coroa o nomeou ElRey
D. Pedro Segundo Bifpo da Serra, e Arce-
bifpo de Cranganor, em cuja dignidade foy
Sagrado na Cúria pelo EminentiíTmio Cardial
Leandro Colloredo a 2. de Mayo de 1692.
Reftituido ao Reyno fe lhe agravarão com
tanto exceíTo os achaques que naõ poden-
do partir para o feu Arcebifpado foy ab-
foluto delle em o anno de 1695. Nas
Cortes celebradas em o primeiro de De-
zembro de 1697. em que foy jurado por
SucceíTor deíla Monarchia o Sereniífmio
Princepe D. Joaõ, hoje Reynante, orou
em nome do Eftado Ecclefiaftico com
taõ eloquentes expreflbens que arrebatou
a atenção de taõ Mageftofo congreífo.
Attendendo o Arcebifpo de Évora D. Si-
632
BIBLIO THE CA
maõ da Gama às fuás grandes letras, e talento,
o nomeou feu Coadjutor, Provifor do Arce-
bifpado, e Prefidente da Relação Eccleíiaílica
cujos lugares adminiílrou como fe efperava
■da reéHdaõ da fua inculpável vida, a qual aca-
bou com fumma piedade na Cidade de Évora
<^uando contava 59. annos de idade a 28. de
Outubro de 171 3. e naõ a 8. de Novembro
como erradamente efcreveo o P. Francifco
da Fonfec. Évora Glorio/, pag. 315. como tam-
bém affirmando que elle em o anno de 1703.
trouxera o pallio Archiepifcopal a D. Simaõ da
Gama, quando havia mais de doze annos,
que fe tinha auzentado da Cúria. Jaz fepul-
tado no Átrio da Igreja de S. Joaõ Evan-
geliíla de Cónegos Seculares da Cidade de
Évora com efte epitáfio.
A.qui jat(^ por fua humildade D. Diogo da
yímunciaçaõ Jujliniano Cónego dejia Congregação,
Bifpo da Serra, Arcebifpo de Cranganor, Provifor,
e Bifpo coadjutor dejle Arcebifpado. Falleceo
<aos zS. de Outubro de 171 3.
Fazem delle memoria Franc. de San-
ta Mar. Chron. dos Coneg. Secul. Liv. 2.
cap. 40. pag. 531. Fonfec. Évora Gloriof.
pag. 315. Foj infigne no Púlpito ouvindo-o
€om admiração a Cabeça da Eujitania Lis-
boa, e a do mundo Koma. D. Emman.
Caiet. de Souf. in Exped. Hifpan. S. Ja-
cob. Tom. 2. pag. 13 II. §. 330. Magna
Biblioth. Ecclef. Tom. i. pag. 476. col. 2.
Jozeph. Catai. Vit. Ven. P. Barthol. do
Quental pag. 148. n. 73. Vir egrégia vir-
tute Praful religiojijftmus.
Compoz.
Trofeo Evangélico expojlo em quinze Ser-
moens hifloricos, moraes, e Panegjricos. Pri-
meira Parte. Lisboa por Miguel Deflandes
1685. 4.
Trofeo Evangélico <&c. 2. Part. ibi pelo
dito ImpreíTor 1699. 4.
Trofeo Evangélico (ò'c. 3. Part. ibi pelo
dito Impreílor 1699. 4-
Trofeo Evangélico 4. Part. ibi. Na
Officina Deflandefiana 171 3. 4.
Sermão das Chagas de S. Francifco pre-
gado de tarde no Keal Convento da Madre
de Deos em a Cidade de Lisboa. Lisboa
por Domingos Carneiro. 1680. 4.
Sermão da Trefladaçaõ gloriof a de S. Vicente
pregado na Sé. Lisboa por Joaõ Galraõ
1682. 4.
Sermão da Converfaõ do Bom LadraÕ
pregado em Santa Clara de Coimbra. Lis-
boa por Miguel Deflandes. 1683. 4.
E' Oriente, giro, <& agonia dei Sole. Dif-
corfo Panegírico dela Santijfima Nafciíá di
Chrijlo detto in Koma nella Chiefa di S. Girolamo
deW lllirici detti Schiavoni. Roma nella Officina
dela Reverenda Camera Apoftolica. 1689. 4.
Oração fúnebre nas Exéquias Reaes da
SereniJJima Rainha de Portugal D. Maria
Sofia I^^abel N. Senhora celebradas na Real
Cafa da Misericórdia de Lisboa aos 11. de
Setembro de 1696. Lisboa por Miguel
Deflandes ImpreíTor de Sua Mageftade
1699. 4.
Sermão do Auto da Fé, que fe celebrou
na Praça do Rocio defia Cidade de Lisboa
junto dos Paços da InquiJiçaÕ em 6. de Setem-
bro de 1705. Lisboa por António Pedrozo
Galraõ 1705. 4.
Sermão do Auto da Fé que fe celebrou no
Taboleiro da Parochial Igreja de Santo AntaÕ
de Évora em Domingo 20. de Julho de 17 10.
Lisboa pelo dito Impreííor 1710. 4.
Praãicas, que nos dous Adtos de Cor-
tes que ElRej N. Senhor mandou convo-
car, e fe celebrarão na Cidade de Lisboa
em o primeiro, e a â^. de Dezembro de 1697.
Lisboa por Miguel Manefcal ImpreíTor de
Sua Mageftade 1697. 4.
Turris Davidica, contra Judaos. M. S. foi. 3.
Tom. Nefta obra, que era demonftrativa da
vinda do MeíTias, confumio grande parte
do feu eftudo onde fe via quanto era verfado
na intelligencia da Efcritura, e na liçaõ dos
Rabinos, e Sagrados Interpretes.
Volatus Aquila, Jtve expofitio litteralis,
moralis, <& allegorica in Epijlolas S. Joannis
Apoftoli. M. S. foi. da qual obra me leo a
expoíiçaõ do primeiro capitulo feu illufiriíTimo
Author, e era ornado de todo o género de
erudição.
P. DIOGO ANTVNES natural da
Villa do Crato em a Provinda do Alen-
tejo. Na idade de 18. annos recebeo a Rou-
peta da Companhia de JESUS no Colle-
gio de Évora a 4. de Março de 1570.
LUSI TANA.
633
Ainda naõ fendo Sacerdote navegou para a
índia em o anno de 1)79. com animo de
lucrar almas para Chriílo onde foy coadju-
tor efpiritual. AíTiftio muytos annos na
Cidade de Macáo da qual como afHrmaõ
a Bih. Societ. pag. 167. Joan. Soar. de Brit.
Thtafr. L^fit. Li//er. lit. D. n. 7. o P.
Franc. da Fonfec. Evor. Glorio/, pag. 428.
l'ranco Imaj^. da Virfnd. em o Novic. de
Evor, pag. 858. c o moderno addicionador
tia Bib. Orient. de Ant. de Lcaõ Tom. i.
Tit. 7. col. 148. cfcreveo.
Carias Annuas da Coina do anno de 1603.
Fr. DIOGO ARANHA DA PAY-
XAM natural da Cidade de Braga, filho de
Thoma2 Gibneos, e Helena Cale de naçaõ
Hybcrnios, e Rcligiofo profcíTo da Ordem
Seráfica da Provinda de Portugal. Foy Pré-
,,:;ador da ScreniíTima Rainha de França
Maria de Medices, da qual recebeo grandes efti-
maçoens aíTim pelo feu talento, como pela
profundidade da fua fciencia. Augmentou, e
difpoz em melhor forma a obra feguinte que
compuzera Francifco Gemma Presbytero
Theologo natural de Capua, e a dedicou
à mefma Rainha de França com efte titulo.
Cantica centum quinquaginta cum hymnis trigtn-
ía, toHdemque Orationihus in D. Jof^eph Deipara
fcmper Virginis Maria Sponfum ad inflar Pfal-
vwrum Davidicorum. Pariílis apud Viduam Dal-
lin in monte S. Hilarii. 1624. 52. cum fig.
Lembraõ-fe do Author Nicol. Ant. Bib.
Hi/p. pag. 205. col. 2. Fr. Joan. à D. Ant.
Bib, Franci/c. Tom. i. pag. 293. col. 2.
P. DIOGO DE AREDA natural
da Villa de Arrayolos em a Provincia do
Alentejo. Na idade de 16. annos abraçou
o Inílituto de Jefuita em o Collegio de
Flvora a 25, de Mayo de 1584. e logo def-
cubrio em annos taõ tenros a viveza do
engenho de que o dotara a natureza. Inf-
truido nas Humanidades, e fciencias feve-
ras enfinou com applaufo Filofofia no Col-
legio de Lisboa, e Theologia em o de Co-
imbra. O feu mayor difvelo empregou em
penetrar os myfterios da Sagrada Efcritura
fervindo-lhe de direâores os Santos Padres
em cuja liçaõ era continuo, de que naceo
fahir hum dos mais íamofos Oradores Evan-
gélicos do feu tempo. A profunda noticia
que tinha de ambos os Direitos, o £udaõ
fer confultado nas matérias mais graves per-
tencentes a hum, e outro Foro, íeguindo-
fe fempre a fua refoluçaõ como mais foli-
da, e fegura. Deixou huma copioíâ livra-
ria i Cafa profeíía de S. Roque onde aca-
bou a carreira da vida mortal a 12. de De-
zembro de 164T. com 73. annos de idade
e 57. de Religião. A Biblioíh. Societ. pag.
167. col. I. entre muitos louvores que dcllc
forma diz ob frequentes conciones, oír fana in
rebus arduis con filia fapientijfimus eft habitus, Ó^
ftàt eo tempore confultijftmus. D. Fr. Thom.
de Faria Decad. i. lib. 9. cap. 9. Nec fuper-
fedebo laudibus P. Jacobi de Areda qui tanto pollet
ingenio, ut in conficiendis concionibus primus fit,
Franc. Imag. da Virt. em o Novic. de Évora pag.
858. O feu efludo em todo o género de erudi^aÕ
ajjim nos livros Theologicos, Cafuiflas, Canónicos,
e "Legiftas, como nos Efcriturarios, Santos
Padres, e Hifloricos foy taÕ continuo, que fe
pode di:(er delle que viveo efluàando, e no
Ann. Gloriof. S. J. in hnfit. pag. 755.
Docuit fcientias praclari Magiflri nomine &
in Annal. S. J. in Ljdfit. pag. 281. n. 14.
Vir praditus infiffti fapientia. Fonfec. Euor.
Gloriof. pag. 428. infigne Letrado, e Orá-
culo de todos os Tribunaes da Lufitania.
Das fuás obras fomente fe fizeraõ pu-
blicas.
Sermaõ nas Exéquias, que o Santo Officio
mandou fa:(er na l^eja de S. Koque de Lisboa
da Companhia de JESUS ao IlluflriJJimo
Senhor D. FemaÕ Martins Mafcarenhas Inqui-
fidor Geral nefles Reynos, e Senhorios de
Portugal. Lisboa por Pedro Crasbeeck Im-
preflbr de Sua Mageftade 1628. 4.
Sermaõ em Santa Engracia no Outavario
do Defacato. Lisboa por António Alvares
1630. 4.
Sermaõ na Iff^eja de Santa Enfada
eflando o SantiJJimo Sacramento em publico
pelo cafo que fucedeo na mefma Igreja. Lisboa
por Pedro Crasbeeck Impreflbr delRey
1630. 4.
Manifeílo na Acclamaçaõ delRey D.
Joaõ o IV. Começa A nobreza, e Reyno
de Portugal. (á>'c. Acaba Nmca o Jura-
634
BIBLIOTHECA
mento que encontrava efte direito podia Jer fuh-
Jifiente. M. S.
Conferva-fe na Biblioth. do Cardial de
Soufa.
Parecer acerca dos vários meyos que fe
oferecerão a Filippe III. para permitir que
os ChriJlaÕs novos ajfifiiffem nefie Rejno. Conf-
iava de 19. paginas de folha, e o tinha em feu
poder o P. Sebaíliaõ de Magalhaens ConfeíTor
delRey. D. Pedro II. como affirma o P. Fran-
cifco da Cruz nas Memorias M. S. para a Bib.
Portug.
Parecer fobre o morgado da Caja de
Aveiro. Sahio na Allegaçaõ de Direito
que fez neíla matéria o Doutor Francifco
Valafco de Gouvea.
D. DIOGO DE AREDA Sobrinho do
precedente natural da mefma Pátria de feu Tio,
e também Religiofo da Companhia de JESUS
cuja Roupeta veftio em o Collegio de Évora
a 27. de Mayo de 161 5. Acabados os eítudos
aíTim amenos, como feveros paliou com facul-
dade dos Superiores à índia com o dezejo de
pregar o Evangelho àquellas barbaras na-
çoens, porém foy obrigado a ler Theologia
em Goa por alguns annos. Sendo ConfeíTor
do Vice-Rey de Eftado o mandou a Portugal
com negócios de grande importância confiando
da fua capacidade o feliz fucceílo delles, os
quaes concluídos voltou para a índia, onde foy
Reytor do Collegio de Chàul, e Companheiro
do Provincial. Segunda vez navegou para
Portugal, e intentando terceira jornada para a
índia Uie impedirão a determinação os acha-
ques, e annos. Foy o primeiro Reytor do Col-
legio de Setúbal, e hum dos infignes Pregado-
res que teve o feu tempo. Exercitou por mui-
tos annos o minifterio de Doutrineiro em a
Cafa profeíTa de S. Roque onde paílou a me-
lhor vida em 18. de Dezembro de 1671. com
72. annos de idade, e 56. de Religião. Lem-
braõ-fe delle a Bih. Societ. pag. 167. col. 2.
Franc. Imag. da Virtud. do Nov. de Evor.
pag. 859. e no Ann. Glorio/. S. J. in 'Lufit. pag.
743. & in Annal. S. J. in l^ujtt. pag. 351. n. 3.
Fonfec. Évora Glorio/, pag. 428. Joan.
Soar. de Brito Theat. Eujit. Eitter. lit.
D. n. 8. Magn. Biblioth. Eccle/ pag. 540.
col. 2. Imprimio.
Sermão do Auto da Fè pregado em Goa
anno 1644. Goa 1644. 4. Deíla Obra faz
mençaõ Carlos Jozé Imbonati Bib. Eaí.
Heb. pag. 34. n. 117.
Sermão do Apojlolo SaÔ Thomé pregado
na Cape lia Keal de Sua Magejlade a zi. de De:(em-
bro de 1645. Lisboa por Domingos Lopes
Roza 1646. 4. A efte Sermaõ chama Vida com
erro manifefto o novo addicionador da Bib.
Orient. de António de Leaõ Tom. i. Tit. 14.
col. 446.
Sermaõ Fúnebre na Santa Sé de Évora nas Hon-
ras, que o Cabido delia celebrou à piedo/a memoria
do Serenij/imo In/ante D. Duarte. Lisboa na
Ofíicina Crasbekiana 1650. 4.
Exame de Conciencia, e modo /acil para /e /av;er
Confijfaõ Geral. Lisboa por Domingos Car-
neiro 1670. 24. Sahio 2. vez inferto nas Horas
Portugue^^as, e Kamilhete manual de diver/as Ora-
çoens. Lifboa pelo dito Impreílor. 1673. 12.
DIOGO DE AZAMBUJA natural
da Villa do feu appelido, a qual he do Ar-
cebifpado de Lisboa, donde paíTando ao
Oriente efcreveo com obfervaçaõ curiofa.
Memorias do que vio pela índia perten-
centes e/pecialmente a cou/as naturaes. M. S.
Confervaõ-fe na Livraria do ExcellentiíTimo
Marquez de Abrantes.
DIOGO BARBOSA MACHADO filho
do Capitão Joaõ Barbofa Machado, e D. Catha-
rina Barbofa naceo em Lisboa a 31. de Março
de 1682. e a 12. de Abril foy bautizado na Real
Igreja de N. Senhora da Conceição dos Freyres
da Ordem de Chrifto. Aprendeo os primeiros
rudimentos com o P. Ignacio Preftes Frey-
re da Ordem de Chrifto, e Beneficiado da
dita Igreja, e a lingua Latina com o P.
Manoel Soares Presbytero de inculpável
vida de quem fe fará mençaõ mais larga
em feu lugar. Ouvio pela efpaço de três
annos Filofofia do P. Sebaftiaõ Ribeiro da
Congregação do Oratório, e por dous
Theologia efpeculativa, e Moral dos Mef-
tres Diogo Curado, e António de Faria
da mefma Congregação. PaíTou a Coimbra
em o anno de 1708. onde fe matriculou na
Faculdade do Direito Canónico, que naõ
profeguio por caufa de algumas moleítias.
II
LUSITANA.
635
Depois de obter hum Beneficio ílmples na
Igreja de Santa Cruz de Alvarenga em o
Bifpado de Lamego em que o collara o II-
luflriíTimo Difpo defta Diocefe D. Nuno
Alvares Pereira de Mello, recebeo Ordens
de Presbytero, que lhe conferio a 2. de Ju-
lho de 1724. o IlluílriíTimo Bifpo de Tagafte
D. Manoel da Sylva Francez Provifor, e Vigá-
rio Geral do Arcebifpado de Lisboa. Por
nomeação do ExcellentiíTimo Marquez de
Abrantes D. Rodrigo Annes de Sá, e Almcyda
(^vallciro da Ordem do Tufaõ, Gentil homem
da Camará de Sua Mageílade, e Embaxador
extraordinário a Roma, e Madrid foy collado
cm 4. de Novembro de 1728. Abbade da Paro-
chial Igreja de Santo Adriaò de Sever no Con-
fclho de Penaguião Comarca de Sobre Tamaga
tio Bifpado do Porto. Foy eleito Académico da
Academia Real da Hiíloria Portugucza,
fendo dos cincoenta primeiros Académicos
de que fe formou efta eruditiíTima Socieda-
de para efcrever as Memorias Hiftoricas dos
Reynados dos Princepes D. Sebaíliaõ, D.
Henrique, Filippe I. II. e III. de cuja ap-
plicaçaõ tem publicado o feguinte.
Con/a dos Jem eftudos Académicos recitada
m Paço a -j. de Setembro de 1722. Sahio no
Tom. 2. da Collecçaõ dos Docnm. da Acad. Keal.
Lisboa por Pafchoal da Sylva ImpreíTor de Sua
Mageftade, e da Acad. Real 1722. foi.
Conta dos feus efiudos Académicos no
Paço a zz. de Outubro de 1724. Sahio no
[4. Tom. da Colleçaõ dos Documentos &c.
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1724. foi.
Conta dos feus eftudos Académicos no
Paço a. zz. de Outubro de 1726. Sahio no
Tom. 6. da Collecçaõ dos Documentos &c.
Lisboa por Jozé António da Sylva 1726. foi.
Conta dos feus Eftudos Académicos no
Paço a -j. de Setembro de i'jz-i. Sahio no
7. Tom. da Colleçaõ dos Documentos &c.
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1727. foi.
Conta dos feus Eftudos Académicos no
Paço a -}. de Setembro de 175 1. Sahio no
Tom. II. da Collecçaõ dos Documentos
&c. Lisboa pelo dito ImpreíTor 175 1. foi.
Elogio Fúnebre do Beneficiado Francifco Leytaõ
Ferreira Académico da Academia Real da Hiftoria
Portugue:(a recitado no Paço a^i.de Março íÍ? 1 73 5 .
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1735. 4. grande.
Memorias para a Hiftoria tU Porh^t
que comprehendem o governo dtlKey D. Sebaftiaõ
mico tm o nomt, e decimo fex to entre os Monarchas
Porti^féti^es do arnio dt 15)4. atè o anno de 1561.
Tom. I. Lisboa por jozé António da Sylva
ImpreíTor da Academia Real 17)6. 4. Gtaode
Memoriai para a Hiftoria de Portugal ó^c.
defde o anno de 1^61. até o anno de 1)67. Tom. 2.
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1757. 4. grande.
Memorias para a Hiftoria de Portugfd
Ó^c. defde o anno de 1567. até o anno de i)74*
Tom. 5. M. S.
Memorias para a Hiftoria de Portugal ó^c,
defde o anno de 1574. até 1579. Tom. 4. M. S,
Traduzio da lingua Italiana de Moníe-
nhor Mucio Dandini Bifpo de SinigagUa
em a Portugueza, fem o feu nome.
As verdades principais, e mais impor-
tantes da Fè, e da ]uftiça Chriftaã expli-
cadas clara, e methodicamente fegundo a dou-
trina da Efcritura, dos Concílios, e dos Padres,
e Doutores da Igreja com muitos exemplos tirados
da Hiftoria Eccleftaftica, e disftribuidas em cin-
coenta, e duas inftrucçoens pelas cincoenta, e duas
Domingas do Anno. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ. 1729. 4.
Bibliotheca Eufitana Hiftorica, Critica,
e Chronologica, na qual fe comprehende a
noticia dos Authores Portuguev^es, e das Obras
que compuv^eraÕ defde o tempo da Promulga-
ção da Ley da Graça até o tempo prefente,
foi. 3. Tom.
DIOGO BARRASSA famofo Me-
dico, iníigne Aitrologo, e perito Herbo-
lario. AíTiílio muitos annos em Caítella,
donde paíTou a Amfterdaõ, em cuja Qda-
de era Regente da Academia do Talmud,
e como a tal lhe dedicou MenaíTa Ben If-
rael a fegimda Parte do Livro intitulado
De fragilitate humana. Foy muyto dou-
to nas línguas Arábica, e Syriaca. Com-
poz diverfos Lunarios fendo o principaL
Prognoftico, e Eunario do anno de 1635.
conforme as Noticias, que ficaraõ do tem-
po de Noe regulado aos Meridianos de Évo-
ra de 38. ^ãos, e outras partes da Euftta-
nia antiga com as influencias naturaes, ífe^
dias da Eua, e qual dos Planetas reyna,
e tem dominio fobre cada figru) com outras
636
BIBLIO THE CA
curiojidades tirado do Arábigo que tradu:(io
do Syriaco de Jonathas Abeni:(el Rabbi I/raei
de Ulmafia. Sevilha por Simaõ Fajardo.
1630. 4. No prologo promete
Traãatus in loca difficilia S. Scriptura
a D, Hieronymo traduãa.
Traãatus de virtute herbarum, <& Jecretis
aquarum ab ipjo expreffarum, (Ò" difiillatarum,
Fr. DIOGO DE BARROS ReHgio-
fo Menor Obfervante da Província de Por-
tugal efcreveo conforme affirma Jorge Car-
dofo Agiol. L,ujit. Tom. 3. p. 519. letr. D.
Kelaçaõ breve das Keligiofas que flore-
ceraõ em virtude no Convento de Santa Iria
de Thomar. M. S.
Fr. DIOGO BAUTISTA. Naceo no
Lugar de Alamede junto à Cidade de Coimbra,
e profeíTou o Inftituto Seráfico na Província
de Portugal. Ouvio Filofofia do R. Fr. Ber-
nardino de Senna, que de Miniílro Geral da
Ordem Seráfica fubio à Cadeira Epifcopal de
Vifeu, em o Convento de Santa Chriftina, cuja
faculdade enfinou depois no Convento de
Leyria em o anno de 1606. com tanta gloria
do feu magifterio, que teve por difcipulos
a Fr. Lucas Wadingo, celebre AnnaUíta da
Religião Francifcana, e Fr. Diogo do Salvador,
Lente Jubilado, e Provincial da Província,
e Fr. António de JESUS, igualmente claro
nas fciencias, que nas virtudes. Na Con-
gregação Geral celebrada na Cidade de
Segóvia, em o anno de 1621. votou como
Cuftodio defta Província, e voltando ao
Reyno foy Vifitador da Província da
Ordem Terceira da Penitencia, em o anno
de 1623. Sendo Lente Jubilado, e Qua-
lificador do Santo Officio, foy eleito na
Congregação celebrada em Lisboa a 19.
de May o de 1623. Guardião do Conven-
to de S. Francifco de Santarém onde falle-
ceo a 28. de Setembro de 1624. Sobre a
fua fepultura, que eílá no Clauítro da parte
do Norte, mandou gravar o M. Fr. António
das Chagas chamado o E/coto, fendo Miniílro
Provincial o feguinte Epitáfio:
Sacrce Theologice Magijier injignis, Sanãa
Inquijitionis Conjultor R. P. Fr. Dida-
cus Baptijla Umedenjis ante hum iacet lapi-
dem. Obiit die 28. Septembris anno Do mini
1624. poftquam Segobienfibus Ordinis Comitiis
interfuerat Cufios. R. P. Fr. Antonius à
Plagis Minijler Provincialis hoc Monumentum
eidem exaravit. Anno Domini 1624. Dos feus
efcritos fomente exifte :
Commentaria in Dialeãicam Ariftotelis. Prin-
cipia: Cum nihil adeo. M. S. 4. Conferva-fe
no Collegio novo de S. Boaventura de Coim-
bra. Fazem delle memoria Haroldo Vit. P.
L.UC. Wadingi cap. 5. e Fr. Joaõ de Deos nas
Me mor. M. S. da Prov. de Portug. foi. 91,
DIOGO BERNARDES natural da Villa
de Ponte da Barca fituada em a Provinda de
Entre Douro, e Minho, filho de Diogo Ber-
nardes Pimenta, neto de António Bernardes, e
Anna Dias Pimenta, e irmaõ de Fr. Agoftinho
da Cruz Religiofo Arrabido, de quem fe fez
larga memoria em feu lugar. Na primeira
idade deu manifeílos argumentos do fubUme
engenho de que o dotara a natureza, porém
debaixo do fatal horofcopo com que por
difpofiçaõ da forte infaufta coftumaõ na-
cer os Sábios, como elle de fi mefmo laf-
timofamente affirmou na Carta 2. do feu
'Lima foi. 125. v.o efcrita a Jorge Bacarrao
Alferez em Ponte de Lima.
Alpunto que naci luego fortuna
EJiendiò fobre mifu manofiera
Diome amarga leche, dura ama
L,a trifie:{a por ama,y companera.
Entre as Artes, e fciencias em que foy
verfado, mereceo o Principado da Poeíia
Paftoril expreíTando com aíFeâos taõ pró-
prios a natural finceridade dos ruílicos que
depois do Theocrito infigne neíle género
de metro entre os Poetas Gregos ninguém
lhe difputou a primazia. Depois de con-
trahir matrimonio com efpofa digna do
feu nacimento, lhe fobrevieraõ taes cuida-
dos, que lhe impedirão o continuo comer-
cio das Mufas, fempre amantes do ócio,
como elle efcreve a D. Manoel Coutinho
na Cart. 24. do feu Uma.
Pajfou aquelle tempo em que fobia
Cantar verfos alegres, e fuaves
Junto do pátrio L.ima à fombra fria :
Carregarão em mim cuidados graves
Depois que me entreguej ao Hymineo
I
LUSITANA.
(>37
Que Jecha a liberdade com mil chaves.
Ando das brandas Mnfas íaõ alheyo
Taõ longe d'l\ypocrene, e do Pamafo,
TaÕ Jnmido nas aguas do hetheyo,
Que tenho pouco gojlo, e menos ajo
Vara poder formar hum culto ver/o
SenaÕ fahe da penna algum acafo.
A grande esfera do fcu engenho naõ fo-
mente voava ao cume do ParnaíTo, mas vagava
pelos campos da Hiftoria de tal modo, que cm-
prcndeo efcrever as acçoens dos Monarchas
Portuguezes, de cujo heróico intento o fufpcn-
deo a falta de Mecenas, que remuneraííe taõ
illuftre empreza. AfTim o canta ao mefmo
tempo que fe laílima na Carta 14. efcrita a
António de Cadilho.
Pe!(ame naÕ poder em nova Hijloría
Dos hjtfitanos Keys a origem clara
"Levar ao Templo da immortal memoria
laô por falta de engenho, e invenção rara
Eflillo, e arte, que Febo em tal fogeito
Defecados conceitos me infpirara.
\Masfabes de que nace ejie defeito
De naõ ver nefie tempo hum novo Auguflo
A quem taÕ bom trabalho feja aceito.
Quando aíriílio na Corte, foy muito aceito
10 Infante D. Duarte filho do Sereniflimo Rey
). Joaõ o III. e recebeo alguns favores do Se-
rretario de Eílado Pedro de Alcáçova Carneiro,
quem acompanhou a Caftella, quando foy por
jEmbaxador delRey D. SebaíUaõ a Filippe II.
Achou-fe na infaufta batalha de Alcácer Seguer,
onde depois de obrar acçoens muito valerofas,
ficou cativo, cuja horrorofa tragedia expõem
neftas fentidas expreíToens a Jorge Bacarrao na
Carta iS. do L.ima.
Defpues de aquel horrible , y fiero dia
Que con mis qjos vi de fan^e humana
Hartarfe la fedienta Berbéria;
Siempre me pareciò la gloria vana
Que di ãl pátrio Uma con mi canto
Entre gente plebea, y corte^ana.
E na Elegia i. das Rim. Var. foi. 67.
E/i que livre cantey ao fom das agtias
Do faudofo, brando, e claro Uma
Hora goflos de amor, outr'hora magoas
Agora ao fom do ferro, que laflima
O defcuberto pée choro cativo
Onde choro naõ vai, nem amor fe efHma.
E na Eleg. 2. foi. 70.
Sobre hum alto rochedo em Berbéria
O fem ventura Alcido fe fentava
Quando o cruel Senhor lho concedia, êcc
A'vifla dos frutíferos outeiros
Dos chriflallinos lagos, e das fontes
Fat(ia de feus olhos dous ribeiros
IjtmbravaÕ-lhe outros valles, outros montes
Outras agidas mais claras, outros rios
Outros mais af afiados Orifontes.
Reftituldo à Pátria, e a liberdade foy
provido em o Offício de Moço da toalha,
que exercitou cm tempo que o Cardial Al-
berto de Auíbria governava eíle Reyoo até
que falleceo em Lisboa em o anno de
1)96. Jaz fepultado no Seráfico Convento
das Reiigiofas de Santa Anna, onde def-
canfaõ as cinzas do feu grande amigo, o
infigne Luiz de Camoens Príncipe da Poc-
fia Épica. A* fua morte dedicou huma
Elegia Fr. Agoftinho da Cruz fcu irmaõ, que
começa:
Claras aguas do noffo doce Uma
Secou no Tejo já vojfa corrente
Onde ncw feca a dor, que me laflima, &c.
António de Soufa de Maced. Flor. de Efp.
cap. 8. Excel. 9. lhe chama Suave Poeta, e na
Ejva, e Ave Part. i. cap. 26. ForaJÕ exaltando
a Poefia António Ferreira, Diogo Bernardes,
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. 1. pag. 208.
col. I. pofl Camoefium, ^ Saam vulgares pangenM
verfus laudem concedit nemini. Severim Dif-
curf. var. pag. 131. v.o Celebre Poeta,
que no eflilo Pafloril naÕ reconhece fuperior,
e pag. 82. v.o o infigne Poeta Upe de Vega confejfa,
que os efcritos de Diogo Bernardes o enjinaraõ
a fa:(er verfos pajloris. Joan. Soar. de Brit.
Theatr. Utfit. Utter. lit. D. num. 9. Oh
lenitatem, fuavitatemque fuorum carminum
celebratijfimus : in Bucolicis prafertim excelluit
ita ut in hoc poematis genere facile Prin-
ceps exiftimatur. Lope da Vega Uzuret
de Apol. Sylv. 3. pag. 26.
A Bernardes ofrece
Y di^e, que fer Príncipe merece.
Manoel de Faria, e Soufa, Fuent. de Aga-
nip. Part. 2. Põem. 3. Eftanc. 3.
Entre rebanos de torcidos cuemos
Uís humildes, y ruflicas camenas
Suenan con propríedad que el Pindo eflima
U)bo en el Liz, Bernardes en el Lima.
638
BIBLIO THE CA
Ant. Ferreir. Liv. 71. das Cart. Cari.
12. efcrita a Diogo Bernardes.
Fe^i força ao meu intento a doce, e branda
Mu/a tua 'Remardes, que a meu peito
Dá novo Jpirito, novo fogo manda.
E no JL;V. 2. dos Sonet, Sonet. 26. pag. 22.
L.imiano tu ao fom do claro L,ima
Inda por ti mais claro àfomhra fria
A. branca Ninfa, que te deo por guia
Amor fat(es foar na doce rima.
E em quanto cantas, flores mil decima
Derrama Cytherea, e hum louro cria
Para as tuas frentes Phebo, e em companhia
D' outros teu nome leva Já a outro clima.
Jorge Bacarrao em huma Carta, que
he a 19. impreíTa no l^ima pag. 125.
^ue quando L,ujitania no tuviera
Mas prendas de valor, que ferte Madre
Por ejia fola el Isauro mereciera
Del roxo Apolo, y de fu hermana, j padre.
P. Ant. dos Reys Enthujiafm. Poet. num. 2.
Proximus adjijiit Didacus Bernardius ille
Cujus franarunt dulciffima carmina l^ima
Pracipites quondam, plácidas nunc, fiuminis
undas;
Cujus ut audiret queruli modulamina pleãri
Sape caput médio traxit de gurgite pifeis.
Sapeque detinuit volucris modulamen in ulmo.
Compoz :
O L.ima, em o qual fe contém Eglogas,
e Cartas. Dirigido ao Excellentiffimo Se-
nhor D. Álvaro D' Alancafiro Duque D'a-
veiro. Lisboa por Simaõ Lopes. 1596. 4.
Kimas Varias, Flores do Eima. Lif-
boa por Manoel de Lyra. 1597. 8. <& ibi
por Lourenço Craesb. 1633. 32.
Varias Kimas ao Bom JESUS, e à
Virgem gloriofa fua Mõy, e a Santos par-
ticulares, com outras mais de honefla, e pro-
veitofa liçaÕ. Lisboa por Pedro Craf-
beeck. 161 6. 8. E por António Alvares.
1622. 8.
Elegia à morte do Doutor António Ferreira
efcrita a Pedro de Andrade Caminha. Começa:
Com quem pojjo chorar, fenaõ contigo. &c.
Sahio impreíTa no fim dos Poemas Eufita-
nos de António Ferreira. Lisboa por Pe-
dro Crasbeeck. 1698. 4. a foi. 137. v.o a
qual tinha fido impreíTa no Eima Cart. 21.
a foi. 128.
Quatro Sonetos hum em Caílelhano, outro
em Italiano, e dous em Portuguez, a foi.
96. 118. 125. e 188. do Livro intitulado:
KelaçaÕ do folemne recebimento, que fe fen^ em
Eisboa às Santas Keliquias que fe levarão à I^eja
de S. Koque, compoílo pelo Licenciado Ma-
noel de Campos. Lisboa por António Ri-
beiro. 1588. 8.
Sonetos 116. Eglogas 26. Cinco Cartas, 4.
Cançoens, e huma Ode de Diogo Bernar-
des, eílaõ em o Cancioneiro, que no anno de
1577. juntou o Padre Pedro Ribeiro, e fe
conferva M. S. na Livraria que foy do Car-
dial de Soufa.
Intentava publicar as Obras Poéticas de
alguns Portuguezes como fe infere da Carta
30. efcrita a Gafpar de Soufa fobrinho de
D. Chriílovaõ de Soufa, impreíTa no Uma
a foi 155. onde lhe diz:
Se vejo, como efpero refponderme
De maneira que pofja a mais quieto
Co as Mufas em ócio recolherme
De Juntar os bons verfos vos prometo
Dos Poetas infignes Eufitanos
Aprovados por Febo em feu decreto.
DIOGO BORGES natural de Lifboa,
e Medico do Cabido da fua Pátria, igualmente
douto na Arte Medica, como na Sciencia
Aílrologica, de que faõ claros argumentos
as Obras feguintes:
Difcurfo AJirologico, e Prognoflico Diário
para o anno de 1604. Lisboa por Jorge Rodri-
gues. 1603. 8.
Difcurfo Aflrologico para o anno de 1605. No
fim: Breve Itinerário da Monarchia delKey D. Fi-
lippe II. de Portugal. Lisboa 1 604. e Évora por
Manoel de Lyra. 1604. 8.
Tratado contra os Afirologos, que daõ o fenhorio
do anno ao Planeta, que he fenhor do dia em que o
anno começa. M. S.
Tratado da Conjunção Máxima de Saturno,
Júpiter, e Marte, que aconteceo a 24. de Outubro
de 1603. como dos muitos Ecclypfes do anno de
1605. M. S.
Bónus Medicus opor te t eJJe bónus AJlrologus. Pro-
va efta Conclufaõ em hum largo volume. M. S.
Votos em varias matérias, em que foy
confultado. Sahiraõ impreíTos nas De-
cifoens do Doutor Manoel da Fonfeca
LUSITANA.
Thcmudo, principalmente na DeH/. 84. e 18$.
Faz dcllc mcnçaò Joan. Soar. de Brito in
'Vheatr. Lufit. Utttr. Lit. D. num. 10. jaz
(cpultado na Cathedral de Lisboa junto do
Altar de NoíTa Senhora de Betancurt fituado
no Cruzeiro da parte do Evangelho.
DIOGO BORGES PACHECO, natural
de Braga onde foy bautlzado na Freguezia
de S. Joaõ do Souto a 24. de Fevereiro de 16)8.
Teve por Pays a Jacome Borges Pacheco,
f D. Francifca Machado. Depois de receber
cm a Univerfidade de Coimbra o gráo de
hucharel na Faculdade dos Sagrados Cânones
obteve hum Canonicato em a Cathedral da
lua Pátria, que renunciou cm Domingos de
Araújo Pontes caiando com fua irmãa D. Ma-
rianna de Araújo. Foy Dczcmbargador
Rclaçaò de Braga, pelo largo efpaço
trinta c fcis annos, e ChanccUer por
ds de trinta. Morreo na pátria, a 16. de
>ezcmbro de 1735. com 77. annos de idade.
)mpo2 :
Triumpho do Amor Divino, e exíraão das
*tfias que na Cidade de Braga conf agrou ao San-
Mjftmo Sacramento o IlluJiriJJimo, e Excellentif-
10 Senhor D. Rodrigo de Aloura Tei/e^, Arce-
Wpo, e Senhor de Braga Prima^ das Hfpanhas
Conjelho de EJlado de Sua Magejlade, e feu
^umilher da Cortina. Lisboa na Officina
Real Deílandefiana, 17 14. 4. A primeira
parte he em proza, e a fegunda em verfo
que coníla de 105. Outavas Portuguezas.
DIOGO BOTELHO naceo em Lis-
boa onde teve por Pays a Francifco Bote-
lho Capitão de Tangere Eílribeiro mór do
Infante D. Fernando filho do SereniíTimo
Rey D. Manoel, e Embaxador a Saboya,
e a D. Brites da Caílanheda filha de Ruy
Dias da Caílanheda. Sendo Commenda-
dor das Commendas da Serra na Beira, e
Gentilhomem da boca de Filippe IIL o
elegeo no anno de 1602. Governador do
Eílado do Brafil, que adminiftrou pelo
efpaço de cinco annos com igual zelo,
que defintereíle. Foy cafado com D. Ma-
ria Pereira filha de Nuno Alvares Pereira
Secretario do Confelho de Eftado de Por-
639
tuga! em Madrid, e de D. Ifabel Mariz
fílha de Lopo Mariz, de quem teve para ím-
níu>rtal credito da fua pofteridade aquelle
famofo Heròe Nuno Alvares Botelho quadca-
gefimo nono Governador da índia digno
pelas fuás gloriofas façanhas, obradas em
obCequio da pátria de fim mais venturofo.
Efcrcveo:
Succeffo da fua viagem ao RrafiJ, e de mmtas
coufas, que obrou nelle, e como as achou em 7. de
Mayo de 1602. He papel largo, e fe conferva
Aí. S. na Livraria do Excellenti/Timo Marquez
de Abrantes. Faz breve memoria do Author
Sebaíliaõ da Rocha Pitta Americ. Portug.
Liv. 5. §. 100. pag. 201.
DIOGO BOTELHO PEREIRA. Naceo
na índia Oriental fendo filho illegitimo de
António Real Capitão de Cochim no tempo,
que governava o Eftado D. Francifco de
Almeida, e de Iria Pereira. Como naceííe
ornado de fingular habilidade p>ara todas as
fciencias fe applicou com mayor difvelo à
Náutica, Mathematica, e Geografia, em que
fahio muito perito. Tendo militado por
alguns annos com grande diftinçaõ de valor
entre os melhores Soldados da índia, e que-
rendo a remuneração devida a taõ aíTmala-
dos ferviços paíTou a Portugal, onde ElRey
D. Joaõ o III. lhe deo o foro de Fidalgo da
fua Cafa, e como lhe negaíTe a Capitania de
Chàul, que pertendia, rompeo em algumas
palavras, que arguia de menos reda a juftiça
defte Príncipe o qual perfuadido pelas finif-
tras informaçoens de alguns emulos de Diogo
Botelho de que eílava refoluto fervir a ElRey
de França, o mandou degradado para a índia
na Armada, em que Martim Affonfo de
Soufa partio no anno de 1554. como efcrevem
Fernaõ Lopes da Caílanheda Hijl, da índia
Liv. 8. cap. 105. e Joaõ de Barros, De-
cad. 4. da Ind. Liv. 6. cap. 14. ou na Ar-
mada em que foy D. Vafco da Gama como
affirmaõ Diogo do Couto Decad. 5. Liv.
I. cap. 2. e Francifco de Andrade Chro-
nic. de D. JoaÕ o IIL Part. 3. cap. 13. Tanto
que chegou à índia começou a meditar
o modo com que juílificaíTe a fua fide-
lidade falfamente accufada como crimi-
nofa no conceito do feu Soberano, e
Ó40
BIBLIO THE CA
depois de lhe fugerir a idea vários meyos,
elegeo hum que parece exceder a esfera do
coraçam mais animofo arrojando-fe a empren-
der com temerária oufadia huma empreza, em
que era infallivel o perigo. Sabendo o grande
alvoroço, que teria ElRey D. Joaõ o III. com
a certeza de eílar fundada pelo Governador
Nuno da Cunha a Fortaleza de Dio, por fer
a chave do comercio da Arábia, e Períla, e
o freyo do Reyno de Cambaya, determi-
nou fer o precurfor de taõ feliz noticia, para
cujo eíFeito fabricou em Cochim huma Fufta
com vinte e dous palmos de comprimento,
doze de largo, e féis de alto, e embarcando-fe
nella acompanhado de cinco Portuguezes,
e alguns feus efcravos partio de Dàbul em
o primeiro de Novembro de 1535. fem decla-
rar para onde dirigia a jornada; até que engol-
fado em o mar alto lhes defcobrio fer a fua
derrota para Lisboa. Depois de dobrar o
Cabo de Boa-Efperança a 20. de Janeiro
de 1536. naõ he fácil de explicar os hor-
rorofos perigos a que fe expoz em viagem
que além de fer taõ dilatada, prometia
hum trágico fim pela embarcação fer taõ
pequena, vendo-fe humas vezes engolido
das ondas, outras defpedaçado nos ca-
chopos, e ultimamente accomettido dos
feus companheiros, que vexados da fo-
me, e fede fe refolveraõ a tirar-lhe a vida,
antes que perdeífem as fuás recebendo neíie
tumulto huma ferida na cabeça, e ficando
mudo por muitos dias do exceíTo com que
clamou para o pacificar, governando por ace-
nos a embarcação até que fe lhe reílituhio a voz.
Triunfante dos perigos do mar, e da infide-
lidade dos companheiros chegou a Lisboa
em Mayo de 1536. e fabendo que ElRey af-
fiflia em Almeirim navegou na Fuíla pelo
Tejo acima até Salvaterra, e apparecendo
na prefença Real lhe fignificou com vivas
expreíToens a caufa que o movera a inten-
tar huma jornada com manifefto perigo
da vida, fora para fe purificar da feya
mancha de traydor com que os feus emu-
los o tinhaõ falfamente accufado, pois fe
eUe quizera preferir o ferviço delRey de
França ao de Portugal, aflim como viera
a Lisboa proteftar a fua obediência na
prefença de Sua Alteza, pudera dirigir a
fua jornada para aquelle Reyno. Depois
lhe moftrou delineada pela fua maõ a For-
taleza edificada em Dio por Nuno da Cunha,
e os capítulos das Pazes, que celebrara com
Sultaõ Badur Rey de Cambaya, cuja noticia
lhe agradeceo ElRey com fignificaçoens de
grande jubilo louvando-lhe o heróico animo
com que em taõ breve embarcação fe entre-
gara a huma taõ prolongada viagem, e lhe
deo por premio a Capitania de S. Thomé,
donde paíTou para a de Cananor. A narração
defte fucceíTo como o magnânimo coração
de quem a emprendeo fe pôde ler em todos
os nolTos Chroniftas da índia, e além dos refe-
ridos Anton. de Soufa de Macedo Flor.
de Efpan. cap. 13. excel. 10. e cap. 14. excel.9.
num. 34. Roman. Hift. dela Ind. Orient. Liv. 3.
cap. 18. Faria Afia Vortug. Tom. i. Part. 4.
cap. 6. n. 14. Tofcan. Varal, de Var. lllufi.
cap. 116. Oufadia, e façanha que efcurece, e
põem em efquecimento a celebrada fama da Nào
Argos. Mariz Dialog. de var. Hifi. Dialog. 5.
cap. I. Maf. Hifi. Ind. Lib. 11. pag. mihi
213. Quod fi paria iam fortibus aufis vir for-
titus ejfet fcriptorum ingenia, fcilicet Argo illa
tot Poetarum carminibus inclyta prce Botel-
liana biremi haud immerito rideretur. Maced.
Propug. Lufit. Gallic. pag. 157. Unus Ja-
cobus Bofellius paruo lembo aufus efi trajicere,
qui diu in memoriam admiranda andada fuf-
penfus palam fuit, donec femporis injuria periit.
Fonfec. Evor. Gloriof. pag. 137. e 138..
Compoz.
Carta de Marear, em que eílava def-
crito o Mundo até aquelle tempo defcuberto,
a qual aprefentou a ElRey D, Joaõ o III.
a primeira vez que veyo a Portugal, da
qual faz mençaõ Barros Dec. 4. da India^
Liv. 6. cap. 14.
Defcripçaõ da Fortaleza de Dio, fundada
pelo Governador Nuno da Cunha, e Relação
das Pa^es celebradas com ElRej de Cambaya
Sultaõ Badur. Eíla Obra relata Francifco
de Andrade Chron. delKej D. Joaõ o IIL ||
Part. 3. cap. 13. na forma feguinte: Como
era futilijjimo de engenho (falia de Diogo Bo-
telho) tomou todas as medidas da Fortalet^a
da altura, da largura, e do comprimento dos
muros, e da cava, e po:(^ em lembrança muito
miudamente todas as particularidades delia, e
L USITANA.
Ó41
o numero das peças de artelharia, que eftavaò af-
Jentadas, e de tudo o mais, que lhe pareceo, qiu
poderia fer neceffario para dar inteira relaçaÕ
a lURey fe a qiiit^ejfe faber de lie, e ouve à maÕ
o tresliido das condiçoens com que Je fi^eraò as
Pazes, para naõ ficar couja de que naÒ Joubeffe
dar rev^aò.
DIOGO DE BRAGANÇA de naçaô Brâ-
mane, c natural de QucloíTim cfcreveo no
anno de 1642. e dedicou à MageAade delRey
D. Joaò o IV.
feitos heróicos de D. hemando de Mendoça
Vurtado, obrados na índia. M. S. Conferva-fe na
IJvraria do ExcellentiíTimo G)nde de Vimieiro.
DIOGO BRANDAM natural do Porto,
___ Senhor da Quinta de Corexas, e Peruzello,
■■■Givalleiro dclRey D. Manoel, e Contador da
IHjAlsenda Real da Comarca do Porto. Teve por
■™rays a Joaõ Brandão, e Brites Pereira filha de
Diogo Peixoto Adail mòr do Reyno, e Senhor
Ide Penafiel. Soube com perfeição a Lin-
gua Latina, e praéHcou com grande fua-
YÍdade, e cadencia os preceitos da Poefia.
^cvc muyto familiar correfpondencia com
Joaõ Rodrigues de Sá Senhor de Sever,
c Matozinhos Alcayde mór do Porto, o
qual tanta eílimaçaõ fazia do feu talento,
que lhe mandava as fuás obras para as
cenfurar, como confta de hum Poema que
lhe remeteo com huma carta em que lhe
dizia. Ego enim incultos hos, é^ vulgares,
fed pios Kythmos in utriufque vejlrum recon-
ciliatorem (fallava de Gafpar de Figueiredo
também muyto douto na Latinidade, e Poe-
fia) volui componere mi Diogue emendandos, <ó>'
fortajfe penitus extinguendos. Lourenço Gracian
Art. de Ingen. Difc. 24. Son ejlos ejcritos unos
agudijftmos fofifmas para declarar con una extra-
vagante exageracion el fentimiento dei alma; tal
fue ejle de Diogo Brandan entre los antigos Por-
tugueses.
Pois tanto gofto levais
Com minha morte fabida
Para me matardes mais
Me deveis dar efta vida.
No Cancioneiro de Garcia de Rezende
impreíTo em Lisboa por Hermaõ de Cam-
pos 1 5 1 6. foi. eftaô vanas obras poéti-
cas Tuas à morte delRey D. Joaõ o II.
defde foL 90. v.^ até 97. 112. 114. 144.
146. 169. e 170. Morreo cm o anno
de 1550. Jaz fepultado no Convento de
S. Fraodíco do Porto em hum Maufoleo,
fobre o qual eíli o feu vulto de pedra ar-
mado.
DIOGO DE BRITO DE CARVALHO.
Naceo em a Vi lia de Almeyda Praça de Armas
fituada na Província da Beira, onde teve por
Pays a Diogo de Brito Alcayde mór do Caftello
da dita Villa, e a Izabel Carvalha. A brevi-
dade com que aprendeo os primeiros rudi-
mentos foy certo vaticínio dos progrcflbs,
que fez nas fciencias mayores, fendo o thea-
tro onde luzio mais o feu engenho, e pro-
funda applicaçaõ a Univcrfidadc de Coim-
bra na qual def)ois de receber o gráo de Doutor
em Direito Canónico, e fer admitido ao Col-
legio de S. Pedro a 2. de Junho de 1J89.
foy eleito Lente de Clementinas a 19. de De-
zembro de 1593. da Cadeira de Sexto a 15. de
Janeiro de 1597. e de huma Cadeira extraor-
dinária do Decreto a 15. de Fevereiro de 1605.
fahindo para credito do feu magiílerio o
Doutor Joaõ de Carvalho, que de feu difcipulo
paíTou a fer Meftre, como o confeíTa com
agradecida memoria in Cap. Kaynaud. Part. 2.
n. 159. doãijftmus, e^* infignis Prcueptor meus, cujus
laudes altiorem requirunt praconem, Didacus de
Brito aliquando Decretorum Projeffor. Foy Có-
nego Doutoral de refidencia em Coimbra
provido a 13. de Fevereiro de 1599. donde
paíTou para a Cathedral de Lisboa a 14. de
Março de 1 609. e ultimamente para a de Évora
a 6. de Mayo de 1624. Em diverfos Tribu-
naes moílrou fempre a fua fciencia acompa-
nhada de fumma redtídaõ fendo Inquifidor
da Inquifiçaõ de Coimbra de que tomou
poíTe a 29. de Agofto de 1596. onde fervio
de Juiz do Fifco, de Dezembargador da
Cafa da Supplicaçaõ a 13. de Fevereiro de
161 3. e dos Aggravos a 26. de Janeiro de
1627. e ultimamente Deputado da Meza
da Conciencia, e Ordens. Morreo na Villa
de Cos do Bifpado de Leiria em o anno de
1635. quaíi de outenta de idade. Joan.
Soar. de Brito Theatr. Ljíjít. Utter. lit. D.
46
642
BIBLIO THECA
n. II. o intitula J»ns Pontificii Do£{or egre-
gius, atque ejujdem facultatis in Conimbricenfi
A.cademia celebris, nominatijftmufque profef-
Jor. Phebo Tom. 2. DeciJ. 133. n. 41. "Pra-
ceptor meritijfimus. Gab. Per. de Caíl. i.
Vart. DeciJ. 2. n. i. ]uris Canonici profef-
for meritijfimus. Decif. 13. in principio Sa-
pientijfimus. Decif. 33. n. 5. mimqmm Jatis
laudatus excelji ingenii, e^ eruditionis. D. Ni-
çol. de Santa Mar. Chron. dos Coneg. V^eg.
Liv. 10. cap. 19. n. 9. Manoel. Pereir. da
Sylva. Cathal. dos Colkg. de S. Pedr. pag. 9.
§. 24. D. Franc. Man. na Carf. dos AA. Por-
tug. Franckenau P>ih. Hifpan. Hijl. Geneal.
pag. 83. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
208. col. I. Simon Nouvel. Bib. HiJl. des prin-
cipaux autheurs du Droite Civil. Tom. 2. pag. 5 1.
Publicou.
Compendium diverjorum Titulorum Júris Pon-
tificii, & variarum Kefolutionum utriufque júris
Tomus primus in quo continentur Commentaria
in Rub. <á^ Tit. de Lacato, (&>' Conduão, de Em-
phyteuji Tra£íatus, e^* alia Qiiafiiones. UlyíTi-
pone apud Petrum Crasbeeck 161 9. foi.
Confilium in caufa majoratus Kegia Corona
Kegni 'L.ufitanioi pro Didaco à Sylva Comité Sali-
narum adverfus ejus nepotem Kodericum Gome-
^ium à Sjlva Pafirana Ducem. Olyflipone apud
eumdem Typog. 161 2. 4.
Confilium in Caufa majoratus de Cifuen-
tes Regni Cafielh pro illuftri Domino D. Di-
daco da Sylva Marchione de Alenquer, Duce
de Francavilla 'L.ufitania Prorege. ibi apud
eumdem Typ. 161 8. 4. Deixou M. S. as
feguintes obras.
De Kegul. Júris in 6.
In Decretum.
De Voto
De Hareticis
De Refiitutione
De u/uris
In 6. Decretai de Procuratoribus.
Fr. DIOGO CARLOS natural de Lis-
boa, e Religiofo profeíTo da Ordem Se-
ráfica da Provincia de Portugal. Depois
de ter diftado hum Curfo de Artes no
Convento de S. Francifco de Santarém,
preferio o exercício do Púlpito ao da Ca-
deira, em que adquerio grande fama naõ
fomente pela fua natural eloquência, mas
pelo apoílolico efpirito, com que atrahia
muitas almas ao caminho da penitencia.
Como foíTe tio do Senhor D. António fi-
lho do Sereniflimo Infante D. Luiz deixou
a pátria, e Reyno para acompanhar a feu
Sobrinho, que fe auzentou para França af-
fiílindolhe com o affefto de parente taõ che-
gado até o fim dos feus infortúnios eterni-
zando a fua memoria com hum elegante epi-
táfio, que ellá gravado na Sepultura daquelle
Príncipe em o Convento grande de S. Fran-
cifco de Pariz. Outra infcripçaõ fepulchral
compoz para o jazigo de Diogo Botelho
grande privado do mefmo Senhor D. António.
Tendo alcançado em a Univerfidade de Pariz
grandes acclamaçoens de profundo Theologo,
e infigne Orador morreo neíla Cidade em o
anno de 1603. e jaz no dito Convento de S.
Francifco. Delle fe lembraõ Fr. Fernand. da
Soled. Hifi. Seraf. Part. 5. n. 429. Fr. Joan.
à D. Ant. Bib. Franc. Tom. i. pag. 295. col. 2.
Faria Europ. Portug. Tom. 3. Part. i. cap. 4.
n. 41. Efcreveo.
In Pfalmum Quinquageffimum Commentaria.
Mantuae 1603. foi.
V. P. DIOGO CARVALHO filho de
Álvaro Fernandes, e Margarida Luiz naceo
para o mundo na Cidade de Coimbra, e para
Deos em o Noviciado da Companhia de JE-
SUS da mefma Cidade a 14. de Novembro de
1594. na idade de 16. annos. Dezejofo de pro-
mulgar o Evangelho nas Regioens Orientaes
alcançada faculdade dos Superiores partio com
dezenove Companheiros para a índia em o
anno de 1600. e chegando a Goa paíTou no
anno feguinte a Macáo, onde acabou os eftudos
das fciencias efcholaíticas. Como o Japaõ
era o alvo dos feus apoftolicos trabalhos entrou
nelle em o anno de 1609. e para que colheífe
mayor fruto com as fuás MiíToens aprendeo a
lingua Japoneza, em que fahio infigne. A fatal
perfeguiçaõ que a impiedade de Daifufama fo-
mentava contra os Pregadores Evangélicos o
obrigou a fahir deílerrado em o anno de 16 14.
de Macáo donde partio para a Cochinchina
com o P. Francifco Buzoni Neapolitano
para abrir nova ellrada ao progreflb do
Chriftianifmo, mas como fempre o feu
J
LUSITANA.
643
mayor diívelo era a cultura do Japaõ, íe in-
troduzio nelle com traje diíTimulado» e no
Rcyno de YeíTo foy o primeiro, que celebrou
o incruento Sacrifício do Altar. Naõ podendo
tolerar Date Mafcamune Governador da
Gdade de Xanday, o incanfavel zelo com que
aggregava filhos à Igreja, o mandou prender
com alguns difcipulos da íua doutrina, e de-
pois de tentada a fua conílancia com diverfos
argumentos para que abjuraíTc a fé que profef-
fava, foy lançado em hum tanque de agua con-
gellada, que pelo efpaço de dez horas naõ pode
entibiar o fogo, que lhe abrazava o coração,
até que foy receber o premio na eternidade
a 22. de Fevereiro de 1624. Os elogios deíle
infigne Martyr fe podem ler em Alonfo de
Andrade Tom. 5. delos Var. lllujl. dela Comp.
Alegambe in mortih. llluft. Tanncr. Societ.
}JESU ufqm ad fanffàn. €^ vita profuf. mili-
^tms. pag. 315. Cardim. Kamalhet. de Flor.
Ipag. 105. Elog. 38. Franco Imag. da virt.
em o Nov. de Coimb. Tom. i. Liv. i. cap. 39.
I até 48. e no Ann. Gloriof. S. J. in Lufit. pag. 106.
' Efcrevco :
Carta em qm relata a fua Mijfaõ no Rejno
\do Yejfo, onde trata dos cojlumes dos feus habita-
ts, He muito larga, e eílà imprefla em a
\lmag. da Virtud. aíTima allegada, defde o
[cap. 40. até 44.
DIOGO CARVALHO DE HGUEI-
REDO. Naceo na illuílre Villa de Santarém
a 26. de Julho de 1685. e foy filho de António
de Figueiredo da Coíla, Capitão da Ordenança,
e Vereador do Senado de Santarém, e de fua
mulher Domingas Marinha. Applicou-fe em
a Univeríidade de Coimbra ao Direito Gvil
a tempo, que era já muito perito em a My-
thologia, Poética, e Oratória, de cujas fcien-
cias deo manifeílos argumentos em muitas Aca-
demias, onde era ouvido com geral applaufo.
Falleceo na pátria a 7. de Julho de 1706. na
florente idade de 21. annos quando prometia
mais fafonados frutos a fua grande habilidade,
e raro engenho deixando as Obras fegxiintes
dignas da luz publica.
lenitivos da dor na morte da SereniJJima
Infanta de Portugal a Senhora D. There^a
filha dos Monarchas D. Pedro II. e D. Ma-
ria Sofia Ifabel de Neoburg, M. S. 4.
Obras fon amores, j nò buenas ra^ones, G>-
media Aí. S. além de muitas Loas, Autos, e
outras Obras Poéticas.
Fr. DIOGO DA CASTANHEIRA natu-
ral da Villa do feu apellido diAante oito legoas
de Lisboa, Monge Gílerdenfe em o Real
Convento de Alcobaça, muito fciente nos ritos
EcdeííaíUcos, principalmente daquelles, que
exercitava a fua MonaíUca Congregação eí-
crevendo em o anno de 1497.
Ordinário do Officio Divino fegundo o ufo
Ciflercienfe. M. S. 4. Conferva-fe na Bib.
do Convento de Alcobaça.
Fr. DIOGO DE CASTELBRANCO
natural da Cidade de Vifeu filho pela na-
tureza de Pays nobres, e pela graça da ílloT-
triíTima Congregação Ciflercienfe, cuja Cogulla
recebeo em Alcobaça a 16. de Mayo de 1663.
e profeíTou a 17. do dito mez do anno feguinte.
A fua prudência o fez Abbade do Mofleiro
de S. Pedro das Águias, Viíitador, e Difini-
dor da Religião; a fua fciencia Meflre da Theo-
logia Moral em o Real Convento de Alco-
baça; a fua liçaõ da Hiíloria Chronifla
da Ordem. Foy ornado de todas as vir-
tudes, que conílituhem hum perfeito Re-
ligiofo. Morreo em o Convento de Al-
cobaça a 12. de Março de 1707. a tempo,
que eílava compondo.
Hijloria Alcobaàenfe, e geral dos Mof-
teiros da Con^egaçaõ de S. Bernardo. M. S.
foi.
Fr. DIOGO DE CASTILHO. Na-
ceo na Villa de Thomar, filho de Joaõ
de Caílilho famofo Architefto do feu tem-
po, que defenhou os celebres Conventos
de Thomar, e Bellem, e a Fortaleza de
Mazagaõ, e de fua terceira mulher Maria
Fernandes de Quintanilha, irmaõ pela parte
paterna de António de Cafíilho Guarda
mór da Torre do Tombo, e Chronifla
mór do Reyno, de quem já fizemos men-
ção, e tio do Illuftriffimo Inquifidor Ge-
ral D. Pedro de Cafíilho, Governador deíle
Reyno. Foy muito verfado na liçaõ da
Hiíloria Secular efcrevendo na occafiaõ em
Ó44
BIBLIO THE CA
que os Turcos vieraõ cercar Vienna de Auílria
no tempo de Carlos V.
Bjpitome de los Turcos, y Jus Emperadores.
Dedicado a Manoel Cirne Fidalgo da Cafa
delRey, e feu Feitor em Flandes. Lovanha.
1538. 4. E naõ em Lisboa no anno de 1568.
como efcreve Nicol. Anton. Bib. Hifpan. Tom.
I. pag. 209. col. 2. a quem feguem Echard
Script. Ord. Pmd. Tom. 2. pag. 199. col. 2. e
Fr. Pedro Mont. Claufir. Dom. Tom. 3.
pag. 186. querendo que foíTe da fua Or-
dem Dominicana, fupofto fer mais prová-
vel, que fora Monge Ciílercienfe, naõ fomente
porque da dita fua obra confta profeílar
no Convento de Alcobaça, mas por ter o
feu retrato entre os Varoens iníignes defta
illuftre Congregação em o Dormitório do
dito Convento.
DIOGO DE CASTRO natural de ViUa-
-Viçofa filho do Doutor André de Caftro,
Lente de Vefpera de Medicina em a Univer-
íidade de Coimbra, e Medico dos Sereniflimos
Duques de Bragança. Foy CavaUeiro pro-
feílo da Ordem de Chriílo, e femelhante a
feu Pay, naõ fomente em a Faculdade Medica,
mas na afluência, e fuavidade Poética de que
deixou por argumentos.
Cinco Sonetos. 2. Motes gloffados. Huma
Oitava, e hum Romance, que copiou em o feu
Parnafo de Villa-viçofa Francifco de Moraes
Sardinha Liv. 2. cap. 54. e Liv. 3. foi. 36.
Do Author fe lembra Joan. Soar. de Brito
in Theat. l^ujtt. Litter. Lit. D. n. 13.
Fr. DIOGO CEZAR. Naceo em Lis-
boa, e teve por Pays a Vafco Fernandes Cefar,
Provedor dos Armazéns, e Alcaide mòr de
Alamquer, e a D. Maria de Menezes filha
de D. Manoel Pereira, Senhor da Cafa da Feira,
e por irmaõ a Sebaftiaõ Cefar de Menezes,
Arcebifpo eleito de Lisboa. Na tenra idade
de 16. annos preferio com judiciofa eleição
os rigores do Clauílro às delicias da fua illuf-
tre Cafa, profeíTando o Inílituto Seráfico
no Real Convento de Saõ Francifco da
Villa de Eílremós da Província dos Al-
garves a 15. de Dezembro de 1621. Eíhi-
dou as fubtilezas de feu Meftre Efcoto no
Convento de Varatojo, em que fahio taõ
perito, como infigne na Arte Concionatoria.
Havendo occupado os lugares de Secretario
do Provincial Fr. Simaõ da Refurreiçaõ,
Guardião de Monte-mòr em o anno de 1637.
e do Real Convento de Santa MARIA de
JESUS de Enxobregas, em 1641. fahio eleito
Provincial em 1645. em cujo prudente go-
verno fe expoz às indifcretas violências de
Fr. Martinho do Rozario, ou de Alencaftro,
irmaõ de D. Vafco Mafcarenhas primeiro
Conde de Óbidos, conftituido CommiíTario
Geral de todas as Províncias de S. Francifco
neíle Reyno, por patente do Geral Fr. Joaõ I
de Nápoles, paliada a 21. de Junho de 1646.
a quem declaradamente protegia o Cardial
Afonfo dela Cueva, do Titulo de Santa Bal-
bina, por fer Fr. Martinho feu fobrinho,
como filho de fua irmãa D. Ifabel dela Cueva.
Para moftrar a nuUidade defta eleição paflbu '
a Roma, onde com tanta efficacia reveftida
de profunda litteratura propoz os fundamen-
tos da fua caufa, que lhe nomearão por
Juizes delia aos Eminentiffimos Cardiaes
Marco António Francioto, e Joaõ Bautifta
Pallota, que examinando com madura refle-
xão o que allegava, fentenciaraõ a favor do
Cefar, podendo gloriarfe como o primeiro,
que adorou Roma que viera, vira, e vencera.
Reílituido a Portugal fez magnificas obras
no Convento de Enxobregas como distadas
pelo feu generofo coração, donde retirado |
ao Convento de Évora falleceo em o anno
de 1661. com 57. annos de idade, e 40. de
Religião. Delle fazem honorifica memoria ^
Fr. Joan. a D. Ant. Bih. Franc. Tom. i.
pag. 293. col. I. & 2. efcrevendo com erro
manifefto, que fora da Provinda dos Tercei-
ros de S. Francifco, fendo certamente dos
Algarves, e Fr. Jozé de JESUS MAR. Chron.
da Prov. da Arrab. Part. 2. Liv. 2. cap.
II. n. 298. Compoz:
Sermão pregado no Auto da Fé, que
fe celebrou em a Cidade de Évora em 28.
de Fevereiro de 1649. Lisboa por Paulo
Craesbeeck. 1649. 4-
Sermão da Bulia da Santa Cruzada na
Sé Metropolitana de Lisboa Domingo 20.
de Novembro de 1644. Lisboa por Domin-
gos Lopes Roza. 1644. 4.
Sermão da Jolemnijfima Fejla, e def agravo.
L USITANA
645
11
qM ft faz ao Jacrikfip ãefacato, qut no Ttm-
ph, e Jjl^eja de Santa Enjoada fe fe^. Lisboa
por António Alvares, ImpreíTor delRey.
1655.4.
Sermad do Mandato prigado na Santa
Si Metropolitana de IJsboa, Lisboa, por
António Alvares. 1655. 4.
SermaÕ da huUa da Cr invada na Si Metropo-
litana de IJshoa, Domingo 23. de Novembro de
1653. Lisboa pelo dito ImpreíTor. 16)3. 4.
Sermaõ na Vefta de Nojjfa Senhora das Neves
em o Colleffo da Companhia de JESUS. G)imbra
por Rodrigo de Gurvalho Q>utinho, ImpreíTor
lia Univeríidade. 1673. 4.
Canfa, procejfo, y /entenda dada en favor
dei Reverendo Padre Fray Diego Ce/ar, Provincial
dela Provinda delos Algarves contra el Reverendo
Padre Fray Martin de Lancajho, Comiffario
General dela Orden de S. Francifco delas Pro-
vindas dei Reyno, y Conqnijlas de Portugal.
Leon de Francia. 1653. 4.
Sahio traduzido em Latim com o fu-
poílo nome de Fr. Joaõ Quingentono
Francifcano, natural de Hybemia. Lugd.
1653.8.
Fr. DIOGO DAS CHAGAS natu-
ral da Ilha das Flores, huma das fete dos
AíTores, e Religiofo Menor deíla Provinda,
onde foy Meílre jubilado em a Sagrada Theo-
logia, e Vigário Provincial. Vivia pelos
annos de 1661. Compoz:
Fundação da Provinda de SaÕ Joaõ Ej/ange-
Mfia das Ilhas dos AJJores. foi. M. S. Confer-
va-fe na Bib. do Cardial de Soufa.
Meditação da luta do Diabo com Adam,
pela qual fahio Chrijlo Senhor Nojfo a lutar
com o Diabo.
Confolaçaõ da pobrei(a, e remédio para
qualquer muito pobre, fer muito rico.
De como fe bufca, e acha a Bemaven-
turança.
Todas eílas Obras Afceticas fe guar-
davaõ M. S. na Livraria do douto Anti-
quário Manoel Severim de Faria, Chantre
da Cathedral de Évora.
DIOGO DE CONTREIRAS natural
da Cidade de Évora iníigne profeíTor de
Medicina, que depois de a eíludar em a
Univcrfidade de Pariz paíTando â de Coim-
bra, naò fomente foy Lente de Filofofía or>
Collegio das Artes, mas de Cadeira da Terça
de Medicina, de que tomou poíTe a 15. de
Fevereiro de 1556. Atendendo a Mageftade
delRey D. Scbaíliaò ao feu profundo talento,
e experimentai fciencia o nomeou Medica
da fua Camará em o anno de 1J69. cujo
miniílerio naõ aceitou preferindo o def-
canfo da fua cafa aos mayores emolumentos.
Cafou na Villa de Monte-mòr, onde quando-
contava 60. annos de idade morreo depois
do anno de 1580. Medico infigne o intitula
Fonfec. Ejvot. Gloriof. pag. 411. Compoz:
Annotationes quadam perbreves in Dialec-
ticam Georgii Trape:(pntii. Conimbricac, apud
Joan. Barrerium, & Joannem Alvarum Typ.
Reg. 1551. 8.
DIOGO CORRÊA DE SA* Terceiro
Vifconde de AíTeca, Commendador de Saõ
Salvador da Lagoa no Arcebifp>ado de Braga,,
e de Saõ Joaõ de Cacia na Ordem de Chriílo>
Alcaide mòr da Cidade de Saõ Sebaítíaõ do
Rio de Janeiro; filho de Martim Corrêa de
Sá, primeiro Vifconde de AíTeca, e Mef-
tre de Campo do Terço de Moura, e de Se-
túbal, e de D. Angela de Mello Dona de
honor da SereniíTima Rainha D. Maria
Sofia Ifabel de Neoburg, filha de D. Diogo
de Almeida, e de D. Luiza da Sylva, na-
ceo em Lisboa onde foy inílruido com.
aquelles documentos dignos do feu naci-
mento. Igualmente he admirado o feu
talento, ou feja na elegância poética, ou
na eloquência oratória, merecendo fempre
os feus verfos, em que compete a delica-
deza dos conceitos com a armonia das
vozes, os mayores applaufos. Cafou com
D. Ignez de Lancaftro filha de Luiz Cefar
de Menezes, Alferes mòr do Reyno, e
Governador que foy do Rio de Janeiro,
Angola, e Bahia, e de D. Marianna de Lan-
caftro filha de D. Rodrigo de Lancaífaro,.
Commendador de Curuche, Claveiro da Or-
dem de Aviz, e de D. Ignez de Noro-
nha fua Prima, de cujo conforcio tem nu-
merofa defcendencia, que naõ degenera
da fua difcreta capacidade. Entre os pri-
Ó46
BIBLIO THECA
meiros cincoenta Académicos, de que fe
formou a Academia Real da Hiítoria Por-
tugueza em o amio de 1721. foy eleito
para efcrever as Memorias Hiíloricas do
Reynado de D. Sancho II. de Portugal,
cuja empreza defempenhará como fe efpera
da fua profunda indagação, e elegante fraze,
de que tem dado por argumentos defta
laboriofa applicaçaõ as feguintes produc-
çoens.
Confa dos feus eftudos Académicos recitada
no Paço a 7. de Setembro de ijzz. Sahio no 2.
Tom. da Colleç. dos Docum. da dita Acad. Lis-
boa por Pafchoal da Sylva, ImpreíTor delRey.
1722. foi.
Conta dos feus eftudos Académicos no Paço a
-22. de Outubro de 1724. Sahio no Tom. 4. da
Colleç. &c. Lisboa por Jozé António da
Sylva, ImpreíTor da Academia Real. 1724.
foi.
Conta dos feus eftudos Académicos no Paço
a -j. de Setembro de 1728. Sahio no Tom. 8.
da Colleç. <&c. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1728. foi.
Conta dos feus eftudos Académicos no Paço
a -j. de Setembro de 173 1. Sahio no Tom. 11.
da Colleç. (â^c. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1731. foi.
Fiefta de Zar^ttela, con que el Keal Convento
de Santa Clara de Lisboa, celebra lafeli^ eleccion
de fu Excelentijfima Prelada la Seiiora D. Mar-
garita de Portugal. Lisboa por Miguel Manef-
cal, ImpreíTor do Santo Oííicio, y dela Sere-
niíTima Cafa de Bragança. 171 6. 4. Coníla
de vários metros, e fahio fem o nome do
Author.
Soneto em applaufo de Manoel de Soufa Mo-
reira, Author do Theatr. Geneal. da Cafa de
Soufa. Sahio no principio defte Livro.
DIOGO DA COSTA DA SYLVEI-
RA. Naceo em Lisboa, e na Parochial
Igreja de Saõ Paulo foy bautifado a 9.
de Fevereiro de 1675. Foraõ feus Pays
Manoel da Colla, Thezoureiro das três
Ordens Militares, e Alcaide mòr de Pavia,
e D. Mariana da Sylveira. Sempre fe con-
fervou no eftado do celibato publicando
para íinal da fua devota piedade:
Novena do Gloriofo Marfyr S. Sebaf-
tiaõ. Lisboa na Officina Real Deslande-
íiana. 24. Naõ tem anno da impreíTaõ.
Novena do Gloriofo Patriarcha S. Jot^è, que
começa a 11. de Março, e acaba nofeu dia, em quefe
pedem ao Santo nove augmentos efpirituaes. Lisboa
por Miguel Manefcal, ImpreíTor do Santo Offi-
cio, e da SereniíTima Cafa de Bragança. 171 1. 24.
Suavijfimo Ramilhete, compofto das nove bri-
lhantes Ro:(as, rubicundas pelo fangue do martyrio
colhido do Jardim da Igreja, que confta das vidas, e
milagres das Gloriofas Infantas Santa Quitéria,
e de fuás oito Irmãas, naturaes da Cidade de Braga,
e de Santa Sita V. e M. Lifboa por Miguel
Manefcal. 171 5. 24.
Oraçoens devotas para fe revoarem todos os
dias. Lisboa por Valentim da Coíla Deslan-
des, ImpreíTor de Sua Mageftade. 12. Naò
tem anno da impreíTaõ.
DIOGO DO COUTO. Naceo em Lis-
boa em o anno de 1542. fendo bautifado na
Parochia de Santa Juíla, onde teve por Pays
a Gafpar do Couto, e a Ifabel Serrãa de Calvos.
Defde os primeiros annos fe lhe anticipou de
tal forte a madureza do juizo à verdura da
idade, que quando contava dez entrou em
o ferviço do SereniíTimo Infante D. Luiz,
que conhecendo a boa Índole, que tinha para
as Letras, o mandou eíhidar em o Colle-
gio dos Padres Jefuitas a Lingua Latina,
e Rhetorica, de que foraõ feus Meftres os
Padres Manoel Alvares, e Cypriano Soa-
res, iníignes ProfeíTores deílas Faculda-
des, em as quaes fahio egregiamente inf-
truido. Vendo o Infante o progreíTo, que
o feu engenho fizera nas Letras amenas,
refolveo, que cultivaíTe as feveras, man-
dando-o com feu íilho o Senhor D. An-
tónio ouvir Filofoíia em o Convento de
Bemíica do celebre Varaõ Fr. Bartho-
lomeu dos Martyres, que igualmente com
a fua doutrina lhe illuílrou o entendi-
mento para penetrar as Sciencias, e lhe
inflamou a vontade para feguir as virtu-
des. Ao tempo que acabava o curfo da
Filofoíia acabou o da vida o Infante D.
Luiz, e coníiderando defvanecidas as ef-
peranças, que tinha fundado em taõ Au-
guílo Mecenas, fe deliberou a preferir o
exercício das Armas ao das Letras, para
L USITANA.
■^íirma
o qual o inclinava naturalmente o feu
gcrno, elegendo para thcatro de feus mar-
ciacs efpiritos ao Oriente, famofa paleT-
tra vm ciuc tantos Heròes Portuguezes ti-
nhao dado illuílres argumentos de valor he-
t ( >ic(). Partio para a índia em o anno de 15)6.
onde militou pelo efpaço de átz annos com
tanta diílinçaõ, que mercceo a honrada enveja
dos Toldados mais veteranos do Eftado, naõ
havendo facçaõ alguma gloriofa, em que naõ
tivcíTc parte a fua cfpada, até que voltou para
o Reyno procurar o premio dos feus ferviços,
dos quaes recebendo a merecida remuneração
fe reílituhio a Goa. Tanto que fe vio na vida
pacifica de Cidadão para naõ paííar o tempo em
torpe ócio começou a renovar os feus primei-
ros eíludos, que interrompera o tumulto das
s compondo vários Poemas, aíTim na
ngua Latina, e Italiana, em que foy eminente,
como em a materna, c comentando os Lu-
liadas do infigne Luiz de Camoens, com
quem teve particular amifade, confultan-
do-o como Oráculo, que fó podia fer de
li mefmo em algumas dificuldades do feu
Poema. Logo que foy jurado Filippe Pru-
dente Principe defta Monarchia hum dos
mais nobres penfamentos que teve foy, que
fe profeguiíTe a Hiíloria da índia defde o
tempo em que a deixou efcrita o Livio Por-
tuguez Joaõ de Barros. Era taõ grande
a fama do talento de Diogo do Couto,
que aíTiílindo taõ diílante da prefença delRey
o julgou digno de empreza taõ illuílre a qual
lhe commetteo com o titulo de Chroniíla
mòr da índia. Aceitou promptamente efta
laboriofa incumbência a que deo principio
pela Decima Década, em obfequio do mefmo
Principe fer jurado naquelle Eílado em o dia
em que começava aquella Obra, que concluio
com o Governo de Manoel de Soufa. Agrade-
ceo efte Principe com particulares honras o
primeiro fruâ:o da fua applicaçaõ, e lhe infi-
nuou por carta, que voltando com a narra-
ção da Hiíloria onde ficara interrupta por
morte de Joaõ de Barros a continuaíle com o
eftilo, e exacçaõ com que compuzera a De-
cima Década o que promptamente executou
efcrevendo a Quarta, Quinta, Sexta, Sé-
tima, Undécima, e Duodécima. A ou-
tava, e Nona, que acabara no anno de
647
16 14. ao tempo, que as mandava para o Reyoo»
enfermou taÕ gravemente que eíleve deplo-
rado, por cuja caufa defaparecefaõ; porém
reftituldo à faude das eípedes que confervava
na memoria; que eta felidnima, reduzío a
hum volume o que tinha efcríto em dous,
os fucceíTos mais dignos de memoria aconte-
cidos naquelle tempo. O eAilo, que obfervou
neíla grande obra ainda que fíncero, he muyto
judiciofo cenfurando com Uberdade as acçoens
rcprcheníiveis, e referindo com fumnu ver-
dade, e cxaâa Geografia os coílumes daquel-
les povos, e a fítuaçaõ das terras como quem
a aprendeo mais com os olhos, que com os
livros. Como tiveíTe dczempenhado com
tanto credito do feu nome o lugar de Chroniíia
mór foy nomeado Guarda mór da Torre do
Tombo do Eftado da índia, quando Filippe
Prudente mandou ordenar efte Archivo pelo
Vice-Rey Mathias de Albuquerque, em cujo
minifterio naõ applicou menor deligcnda,
que no primeiro recolhendo todos os Contra-
tos de Pazes, Provizocns, Refiftos da Chanccl-
laria, e outros papeis importantes ao governo
do Eftado, que andavaõ difperfos. Foy exccl-
lente no eftilo Oratório, fendo fempre eleito
para recitar as Praticas com que a Cidade de
Goa cabeça do Império Oriental recebia aos
feus Vice-Reys, e Governadores, onde muitas
vezes os vaticínios, com que augurava a
felicidade das fuás acçoens infallivelmentc fc
cumpriaõ. Foy cazado com D. Luiza de Mello
defcendente de nobre familia, de quem teve
huma única filha que morreo donzella dei-
xando eternizada a fua pofteridade em mais
illuftres partos, como faõ os produzidos
pelo entendimento, e naõ pela natureza.
Teve a eftatura mediana, a prezença ve-
nerável, os olhos vivos, o nariz aquilino.
A madureza do juÍ2o, e a prudência do
talento o fez capaz de que fempre foííe
confultado pelos Vice-Reys em matérias
muito graves feguindo fempre o feu voto
como regulado mais por didames Catho-
Hcos, que políticos. Foy inimigo declara-
do do intereííe, querendo fer mais abun-
dante de merecimentos, que de riquezas.
Morreo em Goa em hum Sabbado 10. de
Dezembro de 161 6. quando contava 74.
annos de idade. Ao feu Retrato aberta
648
BIBLIO THE C A
«m huma Lamina fe lhe gravou na parte
inferior eíle Dyílicho.
Exprimit effigies quod Jolum in Ca/are vijum
eft;
Hijioriam calamo traãat, (ò' arma manu.
Efcreveo a fua vida o douto Antiquá-
rio Manoel Severim de Faria nos Dijc. Var.
•defde p. 148. até 157. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 215. col. i. fallando delle diz:
Studiis denuo fe rejlituens rehus quidem per
totós quinquaginta annos terra, marique in ijlo
Orientis orbe gejiis Jive miles prius, Jive Pro-
regum Jamiliaris, <& ad negotiorum momenta
Jubinde admijfus non fine magno rerum "Lufi-
tanarum incremento haud minus animo, at-
tentaque objervatione , quam prajentia interfuit.
Joan Soar. de Brit. in Theatr. l^iifit. 'L.it-
ter. lit. D. num. 12. Hifioriographus dili-
^entijftmus. Telles Hift. da Etiop. Alt. Liv.
I. cap. 27. e Liv. 2. cap. 7. infigne Hifio-
riador. Niceron Memor. pour Jervir a l'Hifi.
■des Hom. Illuft. Tom. 12. pag. 94. Soufa
Flor. de Efpan. cap. 8. exceli. 11. num. 7.
Morery Diccion. Hifioriq. Verb. Couto. Ant.
de Leaõ Bib. Ind. Tit. 3. Faria Elencho
dos AA. Portug. no principio do i. Tom.
da Afia Portug. D. Franc. Manoel na Carta
dos AA. Portug. efcrita ao Doutor The-
mudo. Compoz :
Década 4. da Afia dos feitos, que os Portu-
guet^es fif^eraõ na conquifia, e defcobrimento das
terras, e mares do Oriente, em quanto gover-
narão a Índia L.opo Vas de Sampayo, e parte
Je Nuno da Cunha. Lisboa por Pedro Cras-
beeck no Collegio de Santo Agoftinho.
1602. foi.
Década 5. da Afia, (&c. em quanto go-
vernarão a índia Nuno da Cunha, D. Garcia
■de Noronha, D. Efievaõ da Gama, e Martim
Affonfo de Soufa. Lisboa pelo dito Impref-
for. 161 2. foi.
Década 6. da Afia, (0'c. em quanto governarão
zi Índia D. Joaõ de Caftro, Garcia de Sá, Jorge
Cabral, e D. Affonfo de Noronha. Lisboa pelo
dito ImpreíTor. 16 14. foi.
Década 7. da Afia, <&c. em quanto governarão
D. Pedro Mafcarenhas, Francifco Barreto, D.
Confiantino, o Conde de Redondo, D. Francifco
Coutinho, e JoaÕ de Mendoça. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 161 6. foi.
Década 8. da Afia, <Ò'c. em quanto governarão
a Índia D. AntaÕ de Noronha, e D. I-mí:^ de
Attayde. Lisboa por Joaõ da Coíla, e Diogo
Soares. 1673. foi.
Cinco Livros da Década iz. da Hifioria da
Índia. Pariz. 1645. foi. Comprehende o
governo do Vice-Rey D. Francifco da Gama
Conde da Vidigueira, que fahio à luz publica
por deligencia do Capitão Manoel Fernandes
Villa-real, Conful dos Portuguezes na Corte
de Pariz.
Todas eftas Décadas, com a Nona,
e Decima, que nunca foraõ impreíTas fahi-
raõ novamente à luz publica em 3. Tomos
com Índices muito copiofos na Officina da
Mufica. Anno 1736. foi.
Falia que fe^ em nome da Camará de
Goa, a André Furtado de Mendoça, hindo
por Governador da Índia em fucceffaõ do Conde
da Feira D. JoaÕ Pereira, dia do Efpirito
Santo de 1609. Lisboa por Vicente Alvares.
1610. foi.
Kelaçaõ do Naufrágio da Não SàÕ Thomé
na terra dos Fumos no anno de 1589. e dos
grandes trabalhos que paffou D. Paulo de Uma
nas terras da Cafraria até fua morte. Sahio
imprefla na Hifior. Tragico-Maritima. Tom. 2.
a pag. 155. até 214. Foy efcrita efta Re-
lação em o anno de 161 1. à inílancia de
D. Anna de Lima, irmãa de D. Paulo de
Lima.
Obras M. S.
Fpilogo da Hifioria da Índia. Nelle trata de
cada Fortaleza noíTa, e o que fuccedeo mais
digno de memoria. Nefie Volume (como
diz Manoel Severim de Faria na Vid. de Diogo
de Couto p. 154. v.°.) efiá fummariamente tudo o
que toca à Hifioria, comercio, e policia Oriental,
accomodando o efiilo a efie Compendio com muita
clare^^a, e brevidade.
Soldado perfeito. Neíla Obra introduz
por modo de Dialogo hum Vice-Rey no-
vamente eleito fallando com hum Soldado
veterano da índia, que andava na Corte
requerendo para fe informar de tudo, que
pertence à arrecadação da Fazenda Real,
e milicia daquelle Eílado, fendo huma
excellente inftrucçaõ para o que deve
obrar hum Vice-Rey. Antes de por a
ultima maõ a eíla Obra lhe defapareceo o
LUSITANA.
Odgioftl, o qual chegando a eíle Reyno Tem
nome do feu Author fe extrahiraõ delle al-
gumas copias, porém fendo advertido por
hum feu amigo a reformou em o anno de
1610. e fahio com cílc título:
Dialogo entre biitn IHdalgo, e bum Soldado
da índia» Dedicado ao Marquez de Alamquer.
O Original fc conferva na Livraria do G)nde
do Vimieiro.
Vida de D. Paulo de IJwa. foi. M. S.
Hijloria do Reyno da Htiopia, chamado
vulgarmente PreJle-]oaÕ contra as faljidades
que nefta matéria ejcreveo Pr. I^iz Urreta
Dominicano. G)mpoz eíla critica á inílan-
cia dos PP. Jcfuitas, c poílo que tinhaõ
efcrito contra o dito P. Urreta doutiíTimas
apologias os PP. Fcrnaõ Guerreiro, e Ni-
coláo Godinho da Companhia de JESUS,
a fua era muito concludente, cujo trabalho
cftando quaíi moribundo, emprcndeo em
obfequio da verdade. Foy offerecida efta
Obra pelos PP. Jcfuitas ao Arcebifpo D. Fr.
Aleixo de Menezes.
Commento às L.Njiadas de Lj4Ít(^ de Ca-
moens feito à petição defte incomparável
Poeta, em cuja empreza naõ paffou do
quinto Canto, que confervava D. Fernando
de Caftro Cónego de Évora por lho ter
deixado feu Tio D. Fernando de Caftro
Pereira a quem o Author o tinha reme-
tido.
Poejias Varias. Conftavaõ de Elegias,
Eglogas, Sonetos, Cançoens, e Glofas.
Falia, que fe^ na Camará de Goa ao Conde
D. Francifco da Gama quando nella puferaõ
o retrato de feu Bi/avo D. Vafco da Gama. Co-
meça : A coufa de que fe prefavaõ aquellas fa-
mofas Republicas, &c.
Falia que fen^ ao Vice-Rejy Ayres de Saldanha,
(luando entrou em Goa a rogo da Cidade. Começa.
Aquelle grande Theopompo Rey dos Lacedemo-
nios, &c.
Oração que tinha feito para o dia, que fe le-
vantajfe a Eflatua do Conde Almirante, a fe-
gunda ve:^ que fe rejiituhio a feu lugar donde a
tirarão, a qual naõ houve effeito. Começa. Aquelle
Príncipe de toda a eloquência Latina M. Tullio
CiceraÕ, &c.
OraçaÕ que fe^ a rogo da Cidade de Goa
ao Vice-Rej D. Martim Affonfo de Caflro,
649
quando entrou na Cidade d» Goa. Começa.
DaqMlU grande AUxatidre Monarcba do mundo,
&c.
OrofaÕ que fe^ ao Arcebifpo D. Fr, Aleixo
de Mene^tt, quando por morte do Vice-Key D. Mar-
tim Affonfo de Caflro, fuccedeo na gppemanfa
da índia em 11. de Fevereiro de 1608. Começa.
FLfcrevem gravifftmos Autboret, 8cc
OrafaÕ que fe^ ao Vice- Rey Lourenço Pires
de Távora, quando entrou na Cidade de Goa,
Começa. Hoje que me era neceffario bum animo
arrebatado, bum efpirito fervorofo, &c.
Oraçad que tinha feito para o dia da entrada
do Vice-Rey D. Jeronymo de Azevedo. Todas
eftas Oraçoens confervava na fua grande Bi-
bliotheca o infígne Antiquário Manoel Se-
vcrim de Faria.
De todos os tempos, e monçoens, em que fe
navega para todas as partes do Oriente, e dos
peados, medidas, e moedas, com tudo o mais per-
tencente a efle argumento. Efta Obra naõ a aca-
bou impedido pela morte.
DIOGO DA CRUZ, natural de Coim-
bra, e filho de Pedro da Cruz. Depois
de efliidar na Univerfidade da fua Pátria
a Faculdade de Medicina, em que íahio
grande Letrado, recebeo as infignias dou-
toraes fendo Lente do Methodo de que
tomou poíTe a 4. de Abril de 1633. de
Crifibus em o primeiro de Julho de 1656.
da Cadeira de Avicena em 30. de Setembro
de 1659. e ultimamente de Prima a 24. de
Abril de 1662. Compoz:
De methodo medendi explanationes ad Lib.
Non. M. S. Confervava-se na Livraria
de Manoel Soares Brandão, infigne Me-
dico.
P. DIOGO CURADO, natural de Lis-
boa onde foy educado com taõ virtuo-
fos documentos por feus Pays Francifco
Rodrigues Curado, e Maria Teixeira, que
na idade juvenil deixou o mundo, e re-
cebeo a Roupeta de Saõ Filippe Neri,
em a Congregação do Oratório da fua
Pátria a 19. de Março de 1671. Depois
de efliudar as Sciencias Efcholafticas as
diftou aos feus domeflicos, e eftranhos
com grande aplaufo do feu nome alcan-
ó5o
BIBLIO THE CA
çando-o ainda mayor em o púlpito quando
tinha por expeâadores das fuás Orações
Evangélicas os principaes ouvintes de huma,
e outra Jerarchia admirados da fubtileza
do difcurfo animada pela energia da re-
prefentaçaõ. Sendo Qualificador do Santo
Officio, e Examinador das Ordens Militares
paíTou a Roma, e neíla famofa Corte foy vene-
rado o feu talento naõ fomente pela profun-
didade da fciencia, mas ainda muito mais pela
docilidade do génio. Reftituido ao Reyno
falleceo em Lisboa a 21. de Abril de 1756.
Publicou.
Sermoens Vários, i. Tomo. Roma por An-
tónio RoíTi. 171 9. 4. Grande.
Sermoens Vários, 2. Tom. Roma pelo
dito ImpreíTor. 1719.
Sermoens Vários. 3. Tom. Roma pelo
dito ImpreíTor. 1720. 4.
Compromiffo das obrigaçoens, que devem
cumprir, e obfervar pontualmente as E/cra-
vas de NoJJa Senhora da Conceição, da Irman-
dade fundada, e fita na Igreja do Efpirito
Santo dos Padres da Congregação do Oratório
de 'Lisboa. Lisboa por Jozé António da
Sylva. 1734. 4. Sahio fem o feu nome.
Itinerário Hifiorico, dividido em três par-
tes. A primeira da Jornada de Li/boa a
Roma. A z. da Jornada de Koma a varias
terras. A ^. da volta de Koma a Lisboa.
M. S. 4.
DIOGO DIAS natural da Villa do
Crato em a Provincia do Alentejo. Sen-
do moço do Coro da Cathedral de Évora
eftudou a Arte da Muíica para a qual teve
taõ grande propenfaõ, que fubio a fer Mef-
tre delia em a Matriz da fua Pátria,
deixando para teftemunho da fua fcien-
cia:
Varias Obras Muficas. M. S.
DIOGO DIAS DE VILHENA cele-
bre Contrapontiíla, e hum dos famofos
difcipulos da efcola do grande Meílre António
Pinheiro. Compoz.
Arte de Canto chão para principian-
tes. M. S. 4. Conferva-fe na Bibliothe-
ca Real da Mufica com outras fuás
Obras.
Fr. DIOGO ESTELLA oriundo da Ci-
dade do feu apellido, fituada em o Reyno
de Navarra, porém nacido em o de Portu-
gal, como affirmaõ Joaõ Hallevordio Bib.
CurioJ. pag. 60. col. i. Poífevino Apparat. m
Sac. lit. D. pag. 463. Manoel de Faria, e Souf. "
Lpit. das Hifi. Portug. Part. i. cap. 18.
André Scoto Hifp. Bib. pag. 252. Wadingo
Script. Ord. Min. pag. 102. Ricciolo ChronoL
Keform. Tom. 4. Ind. 2. Nicol. Anton.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 217. Joan. Soar.
de Brit. Theatr. Lufit. Utter. lit. D. n. 34.
Natal. Alexand. Uift. Ecclef. Tom. 8.
Síecul. XV. cap. 5. e cap. 3. Devendo
à fortuna nacimento iUuftre fe nobilitou mais
por beneficio da Graça com o exercício das
virtudes, que exa£lamente praticou na Reli-
gião Seráfica profeífando taõ fagrado Inílituto I
na Provincia de Saõ Tiago. Depois de eftudar
as fciencias neceílarias para o púlpito, e confef-
fionario, fe dedicou ao minifterio da Pregação
Evangélica, convertendo com a vehemenda
das palavras innumeraveis almas ao cami-
nho da penitencia. Como todo o feu dif-
velo era a converfaõ dos peccadores,
quando algumas vezes interrompia o labo-
riofo exercício do púlpito, occupava o
tempo em efcrever Livros afceticos, va-
lendo-fe deílas mudas vozes para defper-
tar aos que jaziaõ fepultados no lethargo
das culpas. Foy muito verfado na Uçam
da Sagrada Efcritura, e Santos Padres,
como teílemunhaõ as fuás compofiçoens,
merecendo pela grave prudência, e fum-
ma litteratura de que era ornado, fer di-
reâor da conciencia do EminentiíTimo Car-
dial António Perennoto Granvellano, valido
de Filippe Prudente. Mais cheyo de mereci-
mentos, que annos, paíTou à eternidade em o
de 1590. Compoz:
In Evangelium Ljicce. Eíle Commen-
tario depois de explicar com fubtileza o
fentido Htteral, o illuftrou com diverfas re-
flexoens moraes. Sahio a primeira vez Com-
pluti apud Andream de Angulo 1578.
foi. 2. Tom. Como foíle prohibido pelo
Index Romano, e pela Cenfura de alguns
Theologos Efpanhoes, fahio expurgado
Venetiis apud Francifcum Zilletum 1582.
4. 2. Tom. Lugd. apud Joannam Jacobi
r«
LUSITANA.
65 1
Junti filiam. 1)83. foi. Antuerpiae apud
Fetrum Bellcrum. 1607. foi. Pariíiis, êc
Lugd. M92. Antucrp. apud Guíllielmum
I.icncnium. 1654. foi.
De raiione concionandi, Jhe K})efori(a Eceh-
jiaftica. Salmanticac apud Joan. Baptiftam
À Terra nova. 1576. 8, c 1J96. Vcnctiis 1J84.
16. Cólon, apud Arnoldum Myllium. 1586.
I.ugd. 1592. no fim do Commcntario fobre
S. Lucas.
Commentaria fiiper Pfalmttm 1 56. Super
flumina habilonis Salmant. apud joan. Bapt. á
Terra nova. 1J76. 8. Sahiraõ juntamente com
a FJjttorica Ecclefiaflica. Coloniac apudArnold.
Myllium. 1586. 8. e 1587. & Vcnetiis. 1J98.
Dela Vanidad dei Mundo. Efta Obra he lou-
vada por Saõ Francifco de Sales na Part. i . das
fuás Girtas Liv. 2. Girt. 31. num. 14. c das
muitas impreíToens que delia fe íÍ2eraõ reco-
Imenda a fua utilidade fendo a primeira Sala-
manca por Mathias Gaft. 1574. 8. Lisboa por
António Ribeiro. 1576. 3. Tom. 8. Salamanca
por Juan Fernandes. 1581. 8. Alcalá por Juan
Garcia. 1582. Foy traduzida em Italiano pelo
Padre Joaõ Bautiíla Perufco Jefuita. Florentia.
1585. Verona 1604. e Venetia por Giovani
Guerigli. 1626. Sahio augmentada efta traduc-
çaõ pelo P. Pedro Buenfanti Piovano de Be-
biena. Venetia por Mathia Valentino. 1606. 4.
Tom. 16. e pelos herdeiros de Francifco Zilleti.
1598. Traduzida em Francez por Guilhi-
elmo Chaudiere. 1578. 16. e 1601. 8.
e na Lingoa Latina pelo P. Pedro Bur-
gundo Jeiuita. Antuerp. apud Arnol-
dum Myllium. 1585. e 1594. Na Lingua
Alemãa, Colónias apud Loriolium. 1586.
8. e 1617. 8.
Tabula rerum omnium qtue in Ubris
de vanitate mundi continentttr ad Ejvange-
Jia totius anni dijlributa. Compoílas por
Fr. AiFonfo de Sanzolas Francifcano da
Provinda de Saõ Tiago. Salnunticae. 1585.
& Veroníe. 1594. 16.
Meditaciones devotijjimas dei Amor de
Díos. Salamanca por Mathias Gaft, 1578.
8. Lisboa por António Ribeiro. 1578. 8.
Salamanca por Pedro LaíTo. 1582. 8. Al-
calá por Juan Garcia. 1597. 4. Sahiram
vertidas em Italiano pelo P. Joaõ Bautif-
ía Perufco com a Obra dela Vanidad dei
Mmdo; cm latim por Joaõ Governerío com
cíle Titulo: Dhini Amoris imentiva. Coloniac
apud Burgeríum 1605. 12. e em Franoez por
Gabriel Chapuys. Anverfa por Pedro BeUeto.
I59J. 12.
Defprecio dei Mundo. Lisboa por N^moel
de Lyra. 1)84. 3. Tom. 8. Vertido em Ita-
liano por Jeremias ForeftL Parma por Seth
Vlotto. 1577. 16.
Dela Vida, loores, y excelências dei Bienapen-
titrado Evangelijla S. Juan. Lifboa por Germaõ
Galhard. 1)54. 4. Foy mandado imprimir
por ordem da SereniíTima Rainha D. Catha-
rina mulher delRey D. Joaõ o III. Sahio
augmentada efta Obra por Fr. Chriftovaõ
Moreno Francifcano. Valença pelos herdeiros
de Joaõ Navarro. 1595. 4.
O feu nome cclebraõ diverfos Authores,
como íaõ NicoL Ant. Bib, Hifp. p. 2x7.
peritus valde ad populum dicendi, acque in Chrif-
tianis orationibus exerciíaíijjimus. Taxand. in
Cathal. ciar. Hifp. Script. celebris concionator.
Scoto Hifp. Bib. p. 2 5 2. rarus Dei concionator.
Natal Alexand. Hift. Ecclef. Tom. 8. SsecuL
XV. cap. 5. art. i. Concionator egreffus. Jacob
Lc Long. Bib. Sacr. Tom. 2. pag. mihi 972.
Joaõ de Córdova do Collegio de Alcalá entre
vários elogios, que lhe dedica em metro ele-
gante no principio do Commentario fobre S.
Lucas:
Ní7W cnm plena loco fun^s feu Paulus ab alio
Fulmina doãrince quis non flupefaãus ab ore
Vende ti €>• attonitus, cpmmvis fit ferreus intus
Divina fentit fe fe molefcere fiam ma ?
Ecquis in Hifpania tota efl cui cedere poffts
EJoquio fanão, (Ò' mixto gravitate lepore
Corde gerit filicem qiHfquis tua fulmina fentit, çi>'c.
DIOGO ESTEVES DA VEIGA,
E NÁPOLES, filho de Henrique Efte-
ves da Veiga, e de D. Francifca Pereira
filha de Diogo Lobo, e Joanna Pereira,
naceo em Lisboa a 2. de Julho de 15 51.
Foy Fidalgo da Cafa Real, Senhor da Honra
de Nandufe na Comarca de Vifeu, Capi-
tão mòr dos Confelhos de Bèfteiros, Frei-
xedo de Mouros, e S. Joaõ de Monte
Guardaõ. Era muito verfado na liçaõ da
Hiftoria, e principalmente em a Genealo-
gia, efcrevendo :
652
BIBLIOTHECA
Nobiliário das Famílias dejie Reym, parti-
cularmente das de Vifeu. M. S. foi.
Notas ao Nobiliário do Conde D. Pedro.
M. S. foi.
Falleceo em o anno de 1655. com 84.
de idade. Jaz fepultado na Capella mòr
da Igreja de Nandufe. Delle faz mençaõ o P.
D. Ant. Caet. de Soufa no Aparat. à Hijl.
Geneal. da Caf. Real Portug. pag. 78. num. 62.
Fr. DIOGO DE FARIA, de cujo Infti-
tuto Religiofo naõ dá noticia Joaõ Franco
Barreto na Bib. Lufit. M. S. dando a da tra-
ducçaõ, que fizera em Portuguez do
Dialogo da alma com a carne eftando
infermo Sócrates. M. S. Confervava-fe na
Livraria do Chantre de Évora Manoel Seve-
rim de Faria.
DIOGO FERNANDES natural de
Lisboa, ou como outros querem, da Ci-
dade de Tavira em o Reyno do Algarve.
Foy muito douto na Uçaõ da Hilioria profa-
na, principalmente da fabulofa, efcrevendo:
Terceira, e quarta Parte do Palmeirim de In-
glaterra, na qual Je tratàõ as grandes cavallarias de
Jeu filho o Príncipe D. Duardos II. e dos mais
Príncipes, e Cavalleiros, que na Ilha deleito/a Je
criáraõ. Lisboa por Marcos Borges. 1587.
foi. <& ibi por Jorge Rodrigues. 1604. foi.
Fr. DIOGO FERNANDES, natural da
Cidade de Braga. ProfeíTou o Inítítuto
Seráfico em a Provincia de Saõ Tiago em
Caftella, onde tantos progreíTos fez na fcien-
cia das Efcolas, que fubio a fer Lente de Prima
de Theologia em a Univerfidade de Sala-
manca. Efcreveo :
Additiones ad opera Joannis Duns Scoti. M. S.
Do Author, e da Obra faz memoria
Fr. Joan. à D. Ant. in Bib. Franc. Tom.
I. p. 197. col. I.
D. DIOGO FERNANDES DE AL-
MEIDA. Naceo em Lisboa a 21. de
Abril de 1698. onde teve por Progenito-
res a D. Joaõ de Almeida Conde de Af-
fumar. Vedor da Cafa Real, Embaxador
extraordinário a Carlos III. em Barcelona,
Confelheiro de Eftado, e Gentil-homem
da Camará delRey D. Joaõ o V. e a D. Ifabcl
de Caftro filha de D. Joaõ Mafcarenhas,
fegundo Conde da Torre, e primeiro Marquez
de Fronteira, Confelheiro de Eílado, e de D.
Magdalena de Caftro. Depois de aprender os
preceitos da Lingua Latina paíTou à Univer-
fidade de Coimbra, onde foy admitido a Por-
cionifta do Collegio Real de Saõ Paulo, de
que tomou pofle a 21. de Outubro de 1716.
Aplicou-fe ao eftudo do Direito Pontifício,
em que recebeo as infignias Doutoraes no anno
de 1722. com geral acclamaçaõ de todos os
Cathedraticos. Sendo Thezoureiro mòr da Ca-
thedral de Leiria, e Beneficiado de Saõ Miguel
de Torres Vedras, de Saõ Pedro de Torres
Novas, Santa Maria de Góes, e de Aguas San-
tas, Deputado da Inquifiçaõ de Lisboa,
provido a 23. de Junho de 1724. foy eleito
em o de 1727. Académico da Academia
Real para efcrever as Memorias Hiftoricas
do Bifpado de Miranda, donde paíTou a Cenfor
da mefma Academia no anno de 1737. e em
taõ douta AíTemblea fe admirou o feu talento
em vários difcurfos em que competia a fcien-
cia da Hiftoria, com a elegância do eftilo.
Eftes dotes, com que fe ornava o feu efpi-
rito, o habilitaram para fer aílumpto a digni-
dade de Principal da Santa Igreja Patriarchal
de Lisboa, de que tomou poíTe a 13. de Ja-
neiro de 1739. fendo pelo feu merecimento
acredor de outros mayores lugares. Da fua
illuftre peíToa faz repetida memoria meu irmaõ
D. Jozé Barbofa nas Memor. do Colleg. Real
P^g- 395' ^ í^o Archiath. I^ufitan. p. 142.
e 199. Compoz.
Pratica com que congratulou a Academia
Real, de ejlar eleito feu Collega. Sahio no
Tom. 7. da CollecçaÕ dos Documentos da
Academia. Lisboa por Jozé António da
Sylva 1727. foi.
Conta dos feus ejiudos Académicos n&
Paço a -j. de Setembro de ^i^rj. No Tom»
7. da CollecçaÕ dos Documentos, &c. Lisboa
pelo dito Impreflbr 1727. foi.
Conta dos feus Ejiudos Académicos no
Paço a 7. de Setembro de 173 1. No Tom.
II. da CollecçaÕ dos Documentos, &c. Lisboa
pelo dito ImpreíTor 173 1. foi.
Dijfertaçaõ hijiorica. Jurídica, e Apologética
na Conferencia da Academia Real da Hif~
L USITAN A.
653
íoria Portufifiet^a de 14. dt Fwireiro dê 1752.
em defev^a da conta qm deo dos feus tfiuàos
no JeHcijjimo dia dê i, dt Setembro, em qm
fe ceiebravaõ os annos da Kainha Noffa Senhora.
Usboa, por Jozé António da Sylva, ImprcíTor
da Academia Real. 175a. 4. e no Tom. 11.
da Collec, dos Documentos da Acad. Keal, Ó'c.
pelo dito Imprc/Tor. 1751. foi.
OrafaÕ recitada na Conferencia de )i. dt
janeiro de 1757. fendo eleito Cenfor. Lisboa
por Jozé António da Sylva. 1757. 4. grande.
DIOGO FERNANDES FERREIRA.
filho de Pedro Ferreira, Moço da Camará
do Infante D. Luiz, e feu Caçador, de cujo
exercício foy profcíTor infigne como feu Pay,
cfcrevcndo quando contava a idade de 70.
annos:
Arte da Caça da Altenaria, dedicada a D.
1'rancifco de Mello II. Marquez de Ferreira,
de quem foy Moço da Camará, e feu Caçador.
Lisboa 161 6. 4. Do Author, e da Obra faz
memoria Nicol. Ant. hib. Hifp. Tom. 1.
p. 218. col. I.
DIOGO FERNANDES FRANCO, cele-
bre profeíTor de Grammatica em a Univerfi-
dadc de Alcalà, publicando para claro tefte-
munho da fua fciencia:
Pratica menor dela Grammatica. Alcalà
por Joaõ Inigues de Lequerica. 1585. 8.
DIOGO FERRAZ natural de Coimbra, e
defcendente de familia nobre. No tempo que
governava eíla Cidade como feu Paftor o Bifpo
Conde D. Fr. Joaõ Soares, infigne efplendor da
Religião dos Eremitas de Santo Agoílinho, lhe
entregou huma Obra pia, e devota intitulada:
Kegra de viver em pav^.
A qual com o Cathecifmo compoílo em
verfos pelo dito Bifpo para mais facilmente
fer decorado pelos mininos, fahio em Coim-
bra por Joaõ Barreira. 1560. 12. E Lisboa
por Domingos Carneiro. 1672. 8.
DIOGO FERREIRA DE HGUEI-
ROA natural da Villa da Arruda dif-
tante fete legoas para o Norte da Gda-
de de Lisboa. Pela nobreza do feu naci-
mcnto meceoeo fer hum dos mais eftimft-
dos criados dos SereniíTimos Duques de Bar-
gança D. JoaÔ o II. e D. Luiza Fcanciíca de
Gufmaõ, que depois fe coroarão Príncipes
deíla Monarchia. Pela profunda fciencia das
duas famofas Artes da Poeíía, e Muíica, alcan-
çou fer venerado pelos mais celebres Poetas
do feu tempo, e fer admitido por Cantor
da Capella Real em 5. de Junho de 1648.
Falleceo em Lisboa a 19. de Mayo de 1674.
quando contava 70. annos de idade. Delle
fazem honorifica lembrança D. Franc. Ma-
noel na Cart. dos A A. Portug. dizendo fer de
igual v^elo, que armonia. Joan. Soar. de Brit.
in Iheatr. Lufit. IJtter. lit. D. n. 14. Sor
Violant. do Ceo Kim. Var. p. 92. Compoz:
hpitome das ¥eflas, qm fe fiv^eraò no
Cafamento dt D. JoaÕ o II. Duque de Bra-
gança com a Senhora D. hiâ^a Francifca
de Gufmaõ, filha única do Duque de Medina
Sidónia. Évora por Manoel Carvalho.
1633.8.
Defmayos de Mayo, em fombras do Mon-
dego. Villa-viçofa no Paço do Duque
por Manoel Carvalho ImpreíTor de Sua
Excellencia. 1635. 8. Dedicado ao Senhor
D. Alexandre. Contém hum enredo fau-
dofo de hum Eftudante de Coimbra natu-
ral de Lisboa. He compoílo de verfo, e
profa, onde o Author fe moílra judidofo
elegante, e humaniíla. No fim promete
Segunda Parte, com o titulo:
Notabilidades do fucedido nas cortes de Amor.
Efcrito em o anno de 1634. Conferva-fe
na Bib. Real. 4.
Jardim de Finamor, Panegírico ao Na-
cimento do Infante D. Pedro. Lisboa por
Manoel Gomes. 1648. 8. He efcrito
em 8. Rima.
Theatro da mayor façanha, e gloria Por-
tuguesa. Lisboa, por Domingos Lopes
Roza. 1642. 4. Conlla de 6. Cantos em 8.
Rima feitos à gloriofa Aclamação delRey
D. Joaõ o IV.
Vida de Santa Theret^a, em 8. Rima.
Confervava-fe em poder do Padre Manoel
Fernandes da Companhia de JESUS, ConfeíTor
delRey D. Pedro IL
Queixofa demonflraçao de magoas, na intempef-
tiva morte do Sereniffimo Infante de Portugal, o Se-
654
BIB LIO THE CA
nhor D. Duarte, irmàõ do Serenijfimo V^ey D.
Joaõ o IV. Cançaõ. Começa:
Memorias, que em prejagios da efperança
yís leys do Jentimento adulterando, &c. M. S.
Delia confervo huma copia.
DIOGO FREIRE PINHEIRO. Naceo
na Provinda do Alentejo, e militou com o
pofto de Capitão em Flandes. Para moftrar,
que igualmente era iníigne na efpada como na
penna efcreveo, e imprimio conforme afíirma
Joaõ Franco Barreto na Bib. Portug. M. S.
Diário das Guerras de Flandes.
Fr. DIOGO GIL Religiofo Carmelita
Calçado, de cuja Ordem tendo íido Prior do
Convento de Lisboa, fubio no anno de 1335.
ao lugar de Provincial. Naõ teve menor pru-
dência para o governo, que capacidade para
efcrever das antiguidades da fua Religião,
compondo como dizem D. Nicol. Ant. in
Bib. Vet. Hijp. Lib. 9. cap. 4. §. 217. e a Bib.
Magn. Ecclef. Tom. i. pag. 123. col. 2.
De Fundatione Ordinis Carmelitarum. M. S.
DIOGO GOMES CARNEIRO natural
do Rio de Janeiro verfado em todo o género
de Hiftoria, e naõ menos na intelUgencia
das lingoas mais polidas, e na fciencia das
letras humanas, Poefia, e Rhetorica. Foy
Secretario de D. AíFonfo de Portugal Marquez
de Aguiar, que pela nobreza do feu naci-
mento, e capacidade do talento o tratava com
particular eftimaçaõ. Como era muito perito
na Hiíloria da America onde tivera o berço
foy eleito Chronifta geral do Braíil, aíTi-
nando-lhe ElRey 300U000. reis de orde-
nado, que naõ tiveraõ eíFeito. Era fum-
mamente charitativo applicando com feliz
fucceíTo muitos remédios a varias peíToas
pobres, que elle mefmo manipulava. Morreo
em Lisboa a 26. de Fevereiro de 1676. e eftá
fepultado no Collegio de Santo Antaõ dos
Padres Jefuitas. Vir Jatis eloquens, (ò"
eruditus, humanifque fimul, eb* Jacris litteris
aprime verjatus o intitula Joan. Soar. de
Brit. in Theatr. L.ujit. Litter. liter. D.
num. 15. e D. Francifc. Manoel na Cart.
dos AA. Portug. efcrita ao D. Themudo
efcreveo.
Oraçaõ Apodixica aos Scijmaticos da
Pátria. Lisboa por Lourenço de Anvers.
1641. 4. Nefta Obra fe intitula Doutor,
e aíTim delle como do Author fe lembra o
moderno addicionador da Bib. Occid. de Antó-
nio de Leaõ Tom. 2. tit. 12. col. 676.
Traduzio de Latim do Padre Martim
Martines da Companhia de JESUS em Por-
tuguez :
Hijioria da guerra dos Tártaros, em que
fe refere como nejles noffos tempos invadirão
o Império da China, e o tem quafi todo
occupado. Lisboa por Henrique Valente de
Oliveira. 1637. 16.
Traduzio de Italiano de Joaõ Bautiíb
Ranuccio Arcebifpo de Fermo, em Por-
tuguez :
Hijioria do Capuchinho Ffcoce:^. Dedi-
cada a D. Ignez Antónia de Távora. Lisboa
pelo dito Impreflbr. 1657. 12.
Injiruçaõ para bem crer, bem obrar, e bem
pedir em cinco Tratados do Padre JoaÕ Eufebio
Nieremberg da Companhia de JESUS, em que
fe juntaÕ dous mais das regras de viver Chrijlãa-
mente. Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1658.
Nefta traducçaõ fe diz, que eftes Tratados naõ
andaõ inclufos nas Obras do P. Eufebio.
Nas Memor. Funeb. de D. Maria de
Attayde, Lisboa na Ofíicin. Crasbeeckian.
1650. 4. a pag. 85. eftá hum Epigramma
feu latino por epitáfio a efla Senhora.
DIOGO GOMES DE nGUEIREDO,
filho de Joaõ Gomes Quarefma Efcrivaõ dos
Armazaens Reais, naceo em Lisboa, e foy
igualmente infigne na fciencia militar, e poli-
tica. Na arte de jogar a efpada naõ houve
quem Uie difputaííe a primazia merecendo para :
immortal credito do feu magifterio ter por
difcipulo ao SereniíTimo Príncipe D. Theo-
dofio. Como o génio o inclinava para as
armas fe dedicou defde os primeiros annos ao
exercício da guerra, fendo o preludio das
fuás acçoens militares o embarcarfe com
a praça de Aventureiro na Armada Real,
de que era General D. Manoel de Me-
nezes, o qual fahindo de Lisboa a 24.
de Setembro de 1626. fez laftimofo nau-
frágio a 12. de Janeiro do anno feguinte oa
cofta de Gafcunha. Já occupava o pofto
L USITANA.
655
<Ie Mcílre de Campo no anno de 1658. na
(]ual com o fcu Regimento guarnecendo
:i Praça de Elvas a defendeo atentadamente
contra a invafaõ dos Caftelhanos. Sendo Ge-
neral da Artilharia fe deveo á fua vigilante
providencia, e heróica valentia, livrar a Praça
(ie Almeida da interpreza com que determi-
nava levalla o Duque de Oííuna em o anno de
1663. e ultimamente na famofa Batalha de
Montes Caros, alcançada a 17. de Junho de
1665. occupando o pofto de Sargento mór de
Batalha deo de feu valerofo animo aíTinalados
argumentos. G^nfervou entre o tumulto
das armas familiar comercio com as Mufas
alternando os feus cuidados entre Marte beli-
cofo, e Apollo pacifico fendo hum dos melho-
res alumnos da Academia dos Infiantaneos inf-
tituida cm cafa de Fernão Corrêa de Lacerda,
que depois foy Bifpo do Porto, onde eraõ
ouvidos os feus verfos com univerfal applaufo.
Como a grande Poeta o convida Manoel de
Galhegos a celebrar as Vodas dos SereniíTimos
Duques de Bragança, no Templo da Mem.
Liv. 4. Eílanc. 190.
Mufas ejle fojeito, ejle portento
A Diogo Gomes day de Figueiredo
Qtte de Jeu pleãro vive o efqueci mento
TaÕ longe como do feu peito o medo,
E o fez o Ceo Khetorico, e Valente
Vorque de feu valor cante eloquente.
Mereceo as eílimaçoens das principaes
Peflbas defte Reyno tanto pela afabilidade
do génio, como pela madureza do juÍ2o.
Foy Commendador de huma das Commendas
da Cafa da índia da Ordem de Chriílo. Falleceo
na pátria a 30. de Setembro de 1685. e jaz
fepultado no Convento da SantiíTima Trinda-
de. Fazem illuftre memoria do feu nome o
Excellentiffimo Conde da Ericeira D. Luiz
de Menezes Fortug. Kefiattrad. Tom. 2. Liv.
3. pag. 139. e Liv. 8. pag. 585. e 586. e
liv. 10. pag. 710. P. Emman. Lud. Vit.
Princip. Tbeod. Liv. i. §. 128. Virum
eximium, atque in omni fcientia militari,
bellicaque virtutis editis pajftm monumentis
injignem. D. Ant. Caet. de Souf. Apparat.
à Hiji. Geneal. da Caf Real Portug. pag.
136. §. 157. Difcreto, Poeta, e Cortev^aõ,
c pelas fuás partes foy muito efimado. Com-
poz:
Ode Funeral ã morte da Senhora D, Maria
de Atayde. Sahio impreíla a pag. 55. dis
Memor. Fmeh. dedicadas a dia Senhora.
Lisboa na Offícina Crasbeeckían. 1650. 4.
Caiifàd ã morte do Meflre de Campo General
André de Albuquerque com hum mote g/ojfado
ao mefmo AJfumpío. Sahio impreíTo no Pane-
gyrico que a eíle Heróe coníagrou o Doutor
Joaò de Medeiros Corrêa. Lisboa por Do-
mingos Carneiro. 1661. 4.
Defire^a das Armas M. S. A efta
Obra, que eftava prompta para a impreílaõ,
fez huma elegante Cançaõ o inúgne Poeta
António Barbofa Bacellar, que principiava:
Detende hum pouco o eflilo foherano
Mavorte Ljijitano
Kayo de Apollo armado
Paray hum pouco o pleííro fublimado
Que da pena envejofa
A efpada vos contemplo
E com rar^àÔ queixofa
Que fe hoje a penna vos fabrica hu Templo
Já da primeira idade
Se abrio caminho pela eternidade.
D. Francifco Manoel nas Obras Mé-
tricas Tuba de Calliope Sonet. 28.
Quando eflas regras de d€jlre:(a enfinas
Parmeno de ti creyo, que es de forte
Que naõ por dextra a morte, mas por morte
Mais certos golpes tê, que taes doutrinas»
E quando nas palejlras peregrinas
Te vejo confiado, aftuto, e forte,
Parece certo, que a contraria forte
Entre a vontade, e o braço determinas.
Efpada, e penna pois que com verdade
O mefmo que huma intrépida peleja,
A outra f cientifica derrama:
Ambas chaves feraS da eternidade,
Efta para cerrar bocas da enveja
Aquella para abrir bocas da Fama.
Poefias Varias 3. Tom. 4. M. S. que
deixou a feu grande amigo D. Francifco
de Soufa Confelheiro de Eílado, e Preíidente
da Mefa da Condencia.
Sejfenta Caprichos. M. S. Confta elia
Obra de Difcurfos ornados de todo o gé-
nero de erudição fendo o argumento de
cada Difcurfo hum contraditório como
Amor, e O^o; Uberalidade, e Avareza,
e o ultimo he Vida, e Morte. O original
656
BIBLIO THE CA
com as licenças para fe imprimir fe conferva
na grande Livraria do Excellentiífimo Conde
da Ericeira.
DIOGO GOMES DE HGUEIREDO
natural de Lisboa filho do precedente, e feme-
Ihante a elle, naõ fomente em o nome, mas em
a fciencia militar, pela qual chegou a fer
Tenente General da Artilharia do Reyno,
por cuja caufa efcreveo em obfequio de ambos
o Soneto feguinte o Doutor André Nunes
da Sylva nas Rm. Sacr. e Prof.
Em nome, e acçoens equivocados ~~"
Vos notàõ os affeãos, e os Jentidos
Nas palefiras da pa^ fempre entendidos,
Nos empenhos da guerra fempre oufados.
Igualmente dijcretos, e Soldados
Sendo os mejmos nas obras, e apellidos
Naõ ficaes cabalmente conhecidos
Ficando cabalmente venerados.
Dijlinguirvos pertende com ejiudo
O me/mo ajf ombro, e vendo a gloria altiva
Em ambos de admirado fica mudo;
Abonando na lui(^ fempre excejfiva
Se ao Pay original do filho em tudo
Copia ao filho do Pay em tudo viva,
Foy muito verfado na liçaõ da Hiftoria
fecular, principalmente em huma das fuás
mais nobres partes, qual foy a Genealogia
efcrevendo com judiciofa critica, e profunda
indagação.
Famílias do Rejno de Portugal, foi. 6. Tom.
Cujo Original fe conferva com grande
eiiimaçaõ na Livraria do Excellentiífimo Du-
que do Cadaval, e delle faz honorifica mençaõ
o P. D. António Caetano de Soufa no Apparat.
à Hifi. Geneal. pag. 136. §. 157. chamando a feu
Author Grande Genealógico, do qual conferva
2. Tomos de Famílias, que comprehendem a
letra M. e S. dizendo fer Obra efcrita com
cuidado fucintamente hifioriado de forte, que
naõ faltando ao effencial poupa o can-
gado, com verdade, e averiguação, e quanto
ao meu parecer hum dos melhores, que
nefte género fe tem efcrito. Morreo em
Lisboa a 12. de Fevereiro de 1684.
Eílá fepultado no Convento da San-
tiíTima Trindade. Foy cafado com D.
Maria de Menezes, de quem naõ teve defcen-
dencia.
DIOGO DE GOUVEA. Naceo em a
Cidade de Beja celebre folar defta eruditi/fima
familia, onde teve por Pay a Antaõ de Gou-
vea Cavalleiro profeífo da Ordem de Chrifto,
e por irmaõs a Manoel de Gouvea Prior da
Igreja de Saõ Nicoláo de Lisboa, e o Doutor
Gonçalo de Gouvea Dezembargador da Cafa
da Supplicaçaõ. Depois de eftar fufficiente-
mente inílruido nas letras amenas paíTou a
eftudar as feveras em a Univerfidade de Pariz,
e tal foy o progreíTo, que nelles fez o feu fubli-
me engenho, que naõ fomente recebeo o gráo
de Doutor em a Faculdade de Theologia
com geral aclamação de todos os Cathedrati-
cos, mas fubio pela fua prudência a fer Rei-
tor da mefma Univerfidade, onde fora dif-
cipulo, em cujo governo mereceo, que o foíTe
do feu magifterio o grande Patriarcha Santf>
Ignacio de Loyola, ao qual conhecida a
fua innocencia livrou do caftigo a que ef-
tava condennado pelas leys Académicas, |X)r
atrahir alguns dos alumnos da Univerfi-
dade para a nova Companhia, que entaõ
levantava, e perfuadio a ElRey D. Joaõ
o III. que efcrevendo ao mefmo Santo lhe
pediíTe alguns dos feus companheiros para
promulgar a Ley Evangélica nas Regioens
Orientaes, fendo a principal caufa, de que eíle
Sagrado Inftituto fe introduziíTe em Portu-
gal. A madureza do juizo, e a profundidade
do talento o fizeraõ digno de que os noííos
Monarchas, e os de França o conftituiíTem
arbitro em os mayores negócios, em que
eraõ intereíTadas eftas duas Monarchias, de-
vendo-fe à fua perfpicaz vigilância, e poli-
lita fagacidade a feliz conclufaõ delles. Tanto
que voltou para o Reyno foy provido em
hum Canonicato em a Cathedral de Lisboa,
onde em idade muito prove£ía morreo
a 8. de Dezembro de 1557. e jaz fepultado
no Cruzeiro da mefma Cathedral com eíle
Epitáfio :
Aqui jati Diogo de Gouvea Doutor en:
Theologia, e Reitor da Univerfidade de Parit(,
Cónego nefia fanta Sé, que alcançou, e
fervio a cinco Rejs de Portugal, e qua-
tro de França. Tratou, e negociou por
bem da Fé, e honra defie Reyno. Falle-
ceo a 8. dias de Dezembro de 1557. Defte
grande Varaõ fazem memoria Orland.
L USITAN A.
llijl. Societ. JESU, Lib. i. n. 71. chamando-
Ihc Vir prudens. Telles Cbron. da Comp.
de JPS. da Prov. de PortN^. Part. i. cap. 4.
n. 2. PeJJoa de grande authoridade, Joan. Soar.
de Brit. Thtatr. Lséfit. Litter. lit. D. n. 16.
Belchior Bclliago in Orat. ad Conimb. habita
ann. ij68. Vir ffraviftmus omni litterarum
gtnere ornatijfimus Jacobas ã Gouvea Doítor
praftantijfimus, qui Utteras excolmt, jwtntu-
temque ad earum fludia capefcenda fie incen-
di/, nt mdlnm fit Gymnafium à qm Doãores
Gramatici, Poeta, Hiftorici, Oraíores, ó" Pbi'
lojopbi prodire foleant. Franc. Annal. S. ],
in Ljéfit. pag. I. num. 1. Jorge Card. Agiol.
Ljéfit, Tom. 2. pag. 380. no Commcnt.
de 2. de Abril lit. C. Leitão Notic. Chronolog.
da {Jniverfid. de Coimb. pag. 452. §. 966. 967.
968. e 969. Compoz:
Traãatus Tbeologico dogmaticus contra Lu-
tberum. M. S.
DIOGO DE GOUVEA natural da
Freguefia de S. Pedro de Arrifana no termo
da Villa de Santarém, e naõ de Coimbra,
como efcreveraõ Pedro de MarÍ2 Dial. de Var.
Hifi. Dialog. 5. cap. 3. Jorge Cardofo Agiol.
Ijufit. Tom. 2. p. 393. e D. Nicol. de S. Maria
Chron. dos Coneg. Kegrant. Liv. 10. cap. 5.
Foy filho do Doutor Gonçalo de Gouvea
Dezembargador da Cafa da Supplicaçaõ, e
de D. Joanna Velho de Caílellobranco.
Na idade juvenil paíTou a Pariz, e no GdI-
legio de Santa Barbara de que era Rei-
tor feu tio pela parte paterna Diogo de
i Gouvea de quem fizemos a precedente me-
k moria eftudou as letras humanas, e Divi-
^ nas, em que fahio taõ confumado, que re-
^ cebeo a borla doutoral da Theologia em
a Univerfidade de Pariz. Por fer muito
conhecida a fua profunda litteratura o no-
meou ElRey D. Joaõ o III. feu Theolo-
go no Concilio de Trento em 29. de Se-
tembro de 15 51. para onde partio com o
Embaxador Diogo da Sylva do Confelho
delRey filho de Joaõ da Sylva Senhor de
Vagos, e de fua mulher D. Joanna de Caf-
tro iuntamente com Joaõ Paes Doutor em
ambos os Direitos, e Diogo Mendes de
Vafconcellos, de quem brevemente fe fa-
rá diílinta memoria. Depois de dar claros
47
657
argumentos do £eu talento em taô grave
CongreíTo, voltou para a pátria, onde rece-
beo por premio das Tuas virtuofas acçoens
algumas dignidades Ecclefiafticas, como fotaò
a Abbidk de Vinho na Provinda da Beira,
o Beneficio de Saõ joaõ de Deza, em o
qual o coUou o Cárdia! D. Henrique a 11. de
Julho de 1)57. ^ àc^ collaçaò coníU a fua
naturalidade, como também a Conezia da
Sé de Lifboa, que nelle renunciou feu Tio
Diogo de Gouvea. Ultimamente de Depu-
tado da Meza da Conciencia, foy aííumpto
por morte de D. Joaõ de Olmedo a Prior
mór de Palmela Cabeça da Militar Ordem
de Saõ Tiago, a qual para que fe confervade
na primitiva obfervancia a viíitou muitas
vezes, e lhe efcreveo utiliíTunos Eílatu-
tos com que fe governou muitos annos.
Cumulado de virtudes heróicas e Chrillãas
falleceo no Convento de Palmella a 2. de
Abril de 1576. Jaz fepultado na Capella
mór com efte Epitáfio :
Aqui ja:(^ D. Diogo de Gouvea Prior
mór que foy dejle Convento, e Ordem de S.
Tiago, e do Confelho de/Rey D. Sebaftiaõ
Nojfo Senhor, que primeiro foy Embaxador
delKey D, JoaÕ o III. ao Concilio de Trento.
Falleceo nefte Convento a z. de Abril de 1576.
AíTiílindo no Capitulo da Ordem Mi-
litar de Saõ Tiago, que celebrou o Sere-
niíTimo Rey D. Sebaftiaõ a 14. de Novem-
bro de 1564. em a Cafa CapituJar do Con-
vento de São Frandfco defta Corte recitou
na prefença de taõ authorifado CongreíTo
a Oraçaõ feguinte, que principia:
A nobre, e muito antigua KeligiaÕ, e Ordem
da Cavallaria do Bemaventurado Apofiolo S,
Tiago, &c. Sahio impreíTa nas minhas Me mor.
Hifi. delKey D. Sebafi. Part. 2. Liv. i. cap. 5.
num. 50. p. 435.
Deixou compoftas muitas Poftillas de
Theologia, e doutas Annotaçoens fobre
os Evangelhos, cujas Obras fe confervaõ
no Archivo do Real Convento de Pal-
mella como efcreve Jorge Cardofo Agiol.
Ljdfit. Tom. 2. pag. 380. col. 2. no Com-
ment. de 2. de Abril. Letr. C.
DIOGO DE GOUVEA BARRA-
DAS natural de Beja, e filho de Francifco
658
BIBLIOTHEC A
Barradas de Gouvea, e Cecília Gaga de Oli-
veira. AíTiílio muitos annos na índia Oriental,
fendo Juiz da Alfandega de Goa, e compa-
nheiro em varias jornadas de feu Tio paterno
o IlluílriíTimo Bifpo de Cirene D. Fr. António
de Gouvea de quem já fe fez larga memoria.
Foy muito verfado na liçaõ da Hiíloria Sa-
grada, e Profana, a qual o eílimulou a efcre-
ver:
Antiguidades da Cidade de Beja. M. S.
Cuja Obra allega muitas vezes o Pa-
dre Francifco da Cruz nas fuás Memorias
para a Bib. Portugueza, afíirmando fer
muito eílimavel pela variedade de erudi-
<çaõ Latina, e vulgar, de que ellá cheya.
No Liv. I. cap. 20. delia Obra faz mençaõ
de outra, que eftava prompta para a im-
preflaõ com efte titulo:
Apologia por Beja, ou Pax Júlia illuf-
trada. Nella moftrava fer fomente Vax Jú-
lia, ou Vax Augufia, e naõ a Cidade de Ba-
dajoz.
DIOGO GUERREIRO CAMACHO
DE ABOIM. Naceo na Quinta dos Guer-
reiros folar da fua família no Territó-
rio do Campo de Ourique, em a Pro-
víncia do Alentejo, no anno de 1663. onde
teve por Pays a Diogo Guerreiro Cama-
cho de Aboim, e Mónica Guerreiro Ca-
macha, filha de André Guerreiro Cama-
cho, e Maria Filíppa da Sylva, a cuja vi-
gilante educação deveo o progreílo, que
fez aíTim nas virtudes, como nas letras.
Depois de eiludar na Uníverfidade de
Coimbra Direito Cefareo, em que rece-
be© o gráo de Bacharel com applaufo
de Meftres, e dífcípulos, exercitou vários
Lugares como foraõ. Juiz de fora de Monte
mòr o velho. Juiz dos Orfaõs de Lis-
boa, Juiz do Fifco do Território de Évora,
Dezembargador do Porto, donde paílou
à Cafa da Supplicaçaõ a 17. de Novem-
bro de 1703. e ultimamente a Dezembar-
gador dos Aggravos a 20. de Abril de
1709. Em taõ diverfos miniTterios fempre
confervou inviolável a juíliça, fem que
pudeíTe o foborno por menos nobre, ou o
refpeito por mais authorifado fazer a mais
leve impreííaõ em feu incorrupto animo.
Continuamente tinha patentes as portas
para ouvir aos Utigantes, achando na fua
natural benevolência disfarçada de tal forte
a feveridade de Juiz, que fe apartavaõ da
fua prefença fatisfeitos ainda aquelles, que
receavaõ alcançar o defpacho defejado.
Entre a laboríofa occupaçaõ de Senador
para que naõ foíTe accufado de paíTar al-
gum inftante ociofamente, efcreveo Obras,
em que moftrou naõ fomente a profunda
fciencia de hum, e outro Direito, que
profeíTava, mas a vaíla liçaõ das Letras
Sagradas, e humanas, em que era infígne.
Foy cafado com D. Maria Luiza de Foyos,
de quem teve a Manoel Guerreiro Ca-
macho Foyos, Dezembargador da Cafa
da Supplicaçaõ, e nas virtudes, e letras
muito femelhante a feu Pay, o qual mor-
reo íntempeíUvamente no anno de 1740.
Falleceo em Lisboa a 15. de Agofto de
1709. quando contava 48. annos de idade,
e fendo tresladado a 11. de Junho de 171 1.
da fepultura em que jazia, na Parochial
de Saõ Tiago para outra nova, foy achado
incorrupto. Sobre a campa fe lhe gravou
efte epitáfio:
Sepultura do Doutor Diogo Guerreiro Ca-
macho de Aboim, Det(embargador dos Aggravos,
e de fua mulher D. Maria JLui:(a de Fojos, e feus
legitimos defcendentes. Falleceo em 15. de Agofio
de 1709. Foy tresladado para ejla fepultura a
II. de Julho de 171 1. Compoz:
De munere Judieis Orphanorum opus in quinque
Traãatus divifum, quorum primus eji de Inventario.
Conimbrícae apud Emmanuelem Roderícum
de Almeida. 1699. foi.
De munere Judieis Orphanorum Traãatus
fecundus de Divijionibus. Ibi apud Joannem
Antunes. 1700. foi.
De munere Judieis Orphanorum Traãatus
tertius de Datione, eb* obligatione Tutorum, ó"
Curatorum in oão Ubros dijlributus, <& in duos
Tomos divifus. Primus Tom. UlyíTipone apud
Antonium de Soufa da Sylva. 1733. foi.
Tomus feeundus. Ibi apud eumdem. Typog.
1733. foi.
De Munere Judieis Orphanorum Trae-
tatus quartus de Rationibus reddendis diflra-
hendifque in oão 'Libros diflributus. Tom. i.
UlyíTipone apud eumdem Typ. 1734. foi.
li
LUSITANA.
659
Tom. fecmdus. Ibi per eumdem Typ.
cuílcm anno. foi.
O Index geral deftes féis Tom. fahio
comporto pelo Licenciado Manoel Alvares
Solano do Vallc. UlyíTip. apud cumtlem
Typ. 17)6. foi.
Opiifculum de privilegiis Familiarium Sanãa
ínquiftfionis in qm tota privile^iorum matéria
prajlringitur, <Ò^ omnium priviUf^iorum jus ff-
nerice examitta/ur, pleneque difcutiimínr privi-
hsia omnia Familiarium, Officialiumqiie Sanita
Jnquijiíionis, Senatorum, Monetariorum , ScholaJ-
licorum, vidttartim, ^ aliorum; poteftas etiam
eorum Confervatorum ventilatur, ^ plures alia
jitris matéria involvmtur. Conimbricsc per
Joanncm Anmncs. 1699. foi. & UlyíTipon.
apud Antonium de Soufa da Sylva. 1755. foi.
Sahio ncfta imprcíTaõ com o Regimento do Fifco.
Traífatus de Kectifationibtis omnium Ju-
Mcum, Officialiumque tam jufiitia commutativa
quam diftrihutiva utriufque fori tam facularis,
qitàm Ecclejiajlici, Jtve Kegularis à nemine, ut
par erat, in lucem editus. Conimbricsc apud
Joan. Antunes. 1699. foi.
Decijíones, ^ quaftiones Forenjes ah am-
plijftmo, integerrimoque Vortuenfi Senatu de-
cifa partim exarata, partim colle£ía. Ulyf-
íip. apud Anton. de Soufa da Sylva. 1738.
foi.
Efcolla Moral Politica Chriftãa, e Ju-
rídica, dividida em quatro Palejlras nas quaes
km de Prima as quatro Virtudes Cardiaes.
A i. a Prudência, na Cadeira do Enten-
dimento. Na 2. a Jujliça, na Cadeira da
Vontade. Na 5. a Fortaleza, na Cadeira
do Irafcivel. Na 4. a Temperança, na Ca-
deira do Concupifcivel. Dando lejs a todas
as virtudes, que delias procedem, e confutando
todos os vicios que fe lhe oppoem, e dirigindo
todos os aãos das quatro Faculdades da alma
capa:(es de virtudes, e vicios, &c. Lisboa
por António de Soufa da Sylva. 1733. foi.
DIOGO HENRIQUES BASURTO,
filho de António Henriques Gomes de
quem fizemos mençaõ em feu lugar, e
herdeiro de feu efpirito poético, e erudi-
ção Sagrada, e profana. AíTiftio a mayor
parte da fua vida em a Cidade de Ruaõ,
onde na idade juvenil publicou:
El Triumpbo dtla Virtuã, y paciência de Job.
Dedicado ala Magejlad Cbrijlianiffima de D. Atma
de Auftria, Reina Madre dei Cbriftianiftmo
Monarcba Luiz XIV. Rey de Francia, j de
Navarra. Roan por Lourenço Maurry. 1646. 4.
G>nlbi de vários géneros de metro. Delle
fe lembra Joan. Soar. de Bnt. Theat. Ltifit,
Litter. lit. D. n. 17.
Soneto em aplaufo do Sigjo Pjtbagprico,
compoílo por feu Pay onde declara fer fea
filho.
DIOGO HENRIQUES VILHEGAS.
Naceo em Lisboa, e foy Cavalleiro da Ordem
Militar de Chriílo taõ agigantado no corpo,
como no engenho, fendo muito erudito na
liçaõ da Hiftoria, Filofofia Moral, Poetíca,
e fciencia militar, que exercitou com credito
do feu valor no poílo de Capitão de Cou-
raças Efpanholas. Por muitos annos teve
o feu domicilio em a Corte de Madrid, onde
mereceo as eílimaçoens das primeiras pef-
foas, ou foííe pela fua natural urbanidade
ou pela fublime erudição de que era ornado»
Morreo na pátria a 14. de Outubro de 1671,
Jaz fepultado no Convento de Santo Eloy.
Compoz :
"Levas dela gente de ffterra. Sirve de itt-
troducion aios Militares, ò primeros princi-
pias de todas las Matbematicas de que necef-
fita el exercido militar. Madrid por Carlos
Sanches Bravo. 1647. 4.
Elementos militares. Madrid pelo dito
ImpreíTor. 1647.
Aula militar, y politicas Ideas deducidas
delas acciones de C. Júlio Ce/ar executadas
en las guerras dela Gália, Civiles de Ale-
xandria, de Africa, de EJpana. Dedicada a
Filippe IV. Madrid, por Julian de Paredes.
1649. 4.
Academia dela fortificacion de Placas, y
nuevo modo de fortificar una Placa real, di-
ferente en todo delos demos que efcrivieron
efla arte. Madrid, pelo dito ImpreíTor.
1651. 4.
E/ Advertido. Madrid, por Domingos
Garcia. 1653. ^6*
FJ Sahio en fu retiro. Madrid, 1652. 16.
E/ Príncipe en la Idea. Madrid, en la Im-
prenta Real. 1656. 4.
66o
B IB LIO THE C A
El Dejpertador ai Jueno dela Vida. Ibi, em
a dita ImpreíTaõ. 1667. 8.
Pyramide Natalício, j baptijmal, ala Johe-
rana, augujia, excelfa Magejlad dela Serenijfima
Reyna D. Maria Francifca Ifabel de Sabqya
Princefa de Portugal. Lisboa, por Anton.
Craesb. de Mello. 1670. 4.
L,eer fin l^ibro. Direciones acertadas para
el govierno Ethico, Económico, y Politico. Lis-
boa, pelo dito ImpreíTor. 1667. 4.
Elogio à memoria de Eui^ de Camões. Sahio
na 2. Part. das Rimas deíle Poeta, que
elle emendou. Lisboa na Officina Craesbee-
ckiana. 1665. 12.
El Anticromuel, en que defiende los Juf-
tos títulos dei dominio deíKej delas índias Oc-
cidentaks, y que como legitimo dueno de ellas
puede impedir, y prohibir el Trato, Nave-
gacion, y Conquijia, a todos los Príncipes, y
Reys, cajligando como piratas aios eftrangeros
agreffores manifejiando, que nò hà havido ar-
tículo de Pa^es de Efpana, e Inglaterra en
que Je permita aios Inglet^es poder navegar,
ni comerciar en las índias contra el Manifejio
publicado en Londres a 26. de Oãubre de
1645. foi. M. S. Defta Obra faz memo-
ria o novo Addicionador da Bib. Occi-
dent. de Ant. de Leaõ Tom. 2. titul. 21.
col. 776.
P. DIOGO JACOME, Coadjutor ef-
piritual da Sagrada Companhia de JESUS,
cujo habito recebeo em Coimbra a 12. de
Novembro de 1548. Abrazado em o de-
fejo de agregar almas ao conhecimento
do Verdadeiro Deos, deixou a pátria, e
partio para o Braíil, onde em o anno de
1549. fendo Companheiro do iníigne Va-
rão o P. Manoel da Nóbrega, padeceo
incríveis trabalhos atraveíTando terras,
paíTando rios, e difcorrendo por vaftif-
íiinas folidoens para doutrinar os gentios,
e transformalos de feras em racionaes.
O mayor theatro do feu zelo apoftolico
foy a Capitania do Efpirito Santo, quando
huma geral epidemia devorou a mayor
parte dos feus habitadores, exercitando
fem ter horror à morte os Oííicios de
Medico, Cirurgião, e ConfeíTor, com os
quaes ao mefmo tempo lhes applicava
remédios para o corpo, c para a alma.
Defte incanfavel exercício contrahio a infir-
midade, que o privou da vida a 15. de
Abril de 1565. e foy fepultado na Igreja
de Saõ Tiago dos Padres Jefuitas da Villa
do Efpirito Santo. Fazem honorifica me-
moría delle Sachin. Hijl. Societ. Part. 3.
Liv. I. num. 158. Telles Chron. da Comp.
de JES. da Prov. de Portug. Part. i. Liv. 3.
cap. 10. num. 6. Vafconc. Chron. da Comp.
de JES. da Prov. do Bra:(il Liv. 3. a num.
68. até 71. Franco Imag. do Novic. da Comp.
de Coimb. Tom. 2. Liv. 2. cap. 13. e no
Ann. Glorio/. S. J. in Lujit. pag. 216. Ef-
creveo :
Carta e/crita do Brajil em 15 51. em que trata
dos coftumes dos índios, e trabalhos, que os PP. da
Companhia padecem na Jua converfaõ. M. S.
Conferva-fe no Cartório da Cafa ProfeíTa de
Saõ Roque em Lisboa. Sahio vertida em
Italiano com outras. Venetia, por Michele
Tramezzino. 1559. 12.
Fr. DIOGO DE JESUS. Naceo em a
Villa da Atalaya diftante três legoas da notável
Villa de Thomar para o Poente, em o anno
de 1597. e foy filho de Bento Bernini Italiano,
e Barbara Thomé Portugueza. Na infância '
deo íinaes evidentes das virtudes, que havia
pra£íicar na idade varonil. ProfeíTou o Inf-
tituto do Doutor Máximo Saõ Jeronymo no
Real Convento de Belém a 21. de Dezembro
de 161 8. onde applicado ás letras divinas,
e humanas, as foube com toda a perfei-
ção. Foy Meftre de Theologia Moral, e de
Ceremonias, Vifitador geral da Ordem, que
reformou com o exemplo da fua inculpável
vida. Em todas as virtudes, que conftitxihem
hum perfeito Religiofo foy infigne, merecendo
por ellas vaticinar o dia da fua morte, pois '
acabando de dizer MiíTa no dia antecedente ^
pedio ao Prelado com grande inílancia lhe r
conferiíTe a Extrema Unçaõ, pois certamente
morria ao dia feguinte, que foy a 29. de
Abril de 1672. no Convento de Bellem
com 75. annos de idade, e 54. de Religião.
Compoz :
Exercido efpiritual de meditaçoens Di-
vinas para os dias da Semana. Dedicado
a D. Brites de Aíene^es Condeça do Sabu-
li
L USITANA.
óói
^a/. J.isboa, na Oíficina Qaesbccckiana.
i6)6. 24.
A d vir os Ecclejiajlicos admonitio Juptr
divtrfis rehus in ordine ad recitationem Officii
Vivini. UlyíTip. 1672. 4.
Wreve compenso de Ceremonias, tn/erros, t
preparação dt Sacerdotts para celebrar fuás Mi ff as.
8. Sem anno de impreíTaõ.
Memoriale Keligioforum Ordinis S, Hiero-
nymi pro Monajieriis Poríuji/jJlia divifum in
quatmr Vercula. Primum de Caremoniis. Secun-
dum de Myjleriis Horarum, e^ Miffa, Ter-
fium de Keligione S, P. Hieronymi. Qmr-
tum de Monafteriis S. Hieronymi pro Regno
Portugallia. M. S. Deíla Obra faz mcnçaõ
Jorge Gurdofo, Affol. "Lufit. Tom. 5. pag. 467.
no Commcnt. de 50. de Mayo letr. E, e no
Tom. 2. pag. 16. no Comment. do i. de
Março letr. H. onde lhe chama Curiofo
invejligador das Antiguidades da Ordem,
e Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 225.
col. 2.
Amplificação da Ordem de S. Geronymo.
M. S.
Tbeoloffa Speculativa Seleãce QuaJHones.
M. S.
Eílas três Obras ultimas fe confervaõ
na Bibliotheca do Real Convento de Bellem.
. Fr. DIOGO DE S. JOZE' chama-
do no feculo Diogo Sobrinho, filho de
António Sobrinho Portuguez, natural da
Qdade de Bragança, e da celebre Ma-
trona Cecilia de Morillas, e irmaõ de Fr.
António Sobrinho Francifcano, e Cecilia
da Natividade, Carmelita Defcalça, dos
quaes fe fez em feus lugares merecida
memoria. Naceo em a Cidade de Valha-
dolid em o anno de 1562. dotado de gen-
til prefença, engenho agudo, condição af-
favel, difcriçaõ natural, intelligencia da
Hiíloria, Pintura, Muíica, Poeíia, e das
linguas mais polidas da Europa, cujos íin-
gulares dotes lhe conciliarão a eítimaçaõ
univerfal, principalmente do Eminentif-
fimo Cardial D. Rodrigo de Caftro, Ar-
cebifpo de Sevilha, que o convidou para
feu domeftico fendo feu Companheiro nas
jornadas que fez a Barcelona, conduzindo
até Madrid a Emperatriz D. Maria, irmãa
de Filippe Prudente, e a Saragoça 00 anno
de 1585. oa occaíiaõ, que o Duque de Saboya
vinha derpofarfe com a Infanta D. Catharina.
Com o mefmo Príncipe purpurado paíTou a
Roma, onde alcançou rendofos benefícios,,
que renunciou em feu irmaõ FranciTco So-
brinho, que depois foy Bifpo de Valhadolid.
Defenganado do mundo pelas mudas vozes,
de alguns infortimios, que confiantemente
tolerou, fe recolheo com beneplácito de
feu Amo, fendo já Sacerdote, à reformada.
Família dos Carmelitas Defcalços, em o
anno de 1594. onde foy claro exemplar de
todas as virtudes religioías de tal forte, que
foy hum dos primeiros Fundadores da Tbe-
baida de Batuecas. Deíla amável folidaò
em que unicamente fallava com Deos, fahio
conílrangido por ordem dos Superiores, por
naõ permitirem, que eftiveíTe odofo o feu
talento em beneficio da Religião. Depois
de fer Prior do Convento de Segóvia, 18.
annos Secretario do Provincial de Caílella
Velha Fr. Thomaz de JESUS, e dos Geracs
Fr. Jozé, e Fr. AfTonfo de JESUS MARIA,
foy Difinidor Geral, diftinguindo-fe neftes
lugares em multiplicados ados de humil-
de, penitente, e charitativo, pelos quaes
mereceo paíTar piiflimamente defta vida mor-
tal para a eterna no Convento de Vdes a 10.
de Junho de 1623. Compoz:
Compendio delas fieftas folemnes, que en toda
B/pana fe hit^ieron en la Beatificaàon de nueflra
Madre Santa There\a. Madrid, por la Viuda.
de Alonfo Martin. 161 5. 4.
Deixou M. S. as feguintes Obras.
Formulário de Secretários.
Difcurfos de bum perfeito Superior.
Hifloria da Keli^aõ dos Carmelitas Def-
calços, a qual fe conferva no Conven-
to de Valladolid. Delle fazem mençaõ
larga Fr. Jozé de Santa Thereza Cbron^
delos Carmel. Defcalf. Part. 3. Liv. 9. cap.
5. num. 4. e Liv. 16. cap. 6. e mais fudn-
ta Nicol. Ant. Bib. Hifpan. Tom. i. p. 226.
col. I.
DIOGO DE LEAM PINELLO,
filho de Diogo Lopes de Lisboa, e Leaõ,
e irmaõ de António de Leaõ Pinello, de
quem fe fez larga mençaõ em feu lugar.
6Ó2
BIBLIO THE CA
naceo na Cidade de Lima nas índias Occi-
dentaes, em cuja Univerfidade foy Lente de
Prima da Faculdade de Leys. Publicou:
Epitome dela Vida, j muerte de D. Fer-
nando Árias Ugarte, eleão Obijpo de Panamá.
Sahio impreíla no principio da Vida deíle
Prelado, efcrita por feu Pay Diogo Lopes
de Lisboa, e Leaõ. Lima, por Pedro Cabrera.
1633.4.
Fr. DIOGO DE LEIRIA, filho da
Cidade, que lhe deo o apellido, e Monge
Ciftercienfe, profeíTou no Real Convento de
Alcobaça. Foy infigne Efcriturario, e famofo
Theologo, deixando por teílemunhas da fua
profunda fciencia em huma, e outra Facul-
dade, as Obras feguintes, que fe confervaõ
M. S. no Archivo do Real Convento de Alco-
baça.
Expojitio in Canticum B. MARIJE Vir-
pnis. foi.
Expojitio in Genejim. foi.
Proverbia Salomonis cum gloffa. foi.
De prceceptis Decalogi. foi.
De creatione, <& reparatione hominis. foi.
Fr. DIOGO DE LEMOS, da Sa-
grada, e lUuílre Ordem dos Pregadores,
cujo habito profeíTou no Real Convento
de Bem-fica diílante huma legoa de Lif-
boa, merecendo pela profundidade do ta-
lento fer Doutor na fagrada Theologia, e
pela madureza do juÍ2o Prior do Convento
deíla Corte. A' inílancia de D. Joanna da
Sylva, Prioreza do Convento da Annun-
ciada de Lisboa, traduzio de Latim em
Portuguez, com vários documentos concer-
nentes ao eftado Religiofo a feguinte Obra,
da qual tranfcrevemos o titulo com a mefma
Ortografia com que fahio à luz publica,
cuja defpeza fez a SereniíTima Rainha D. Leo-
nor, irmãa de Carlos V. e 3. mulher delRey
D. Manoel.
Começa/e ha livro da vida do glorio/o Padre
Sam Domingos Patriarcha dos Pregadores em
lingoagem tresladada por Fr. Diogo de L,emos
frade da mefma Ordem a requerimento da
muito virtuofa Madre Dona Johanna da Silva
priorefa do moejleiro da Anunciada de Lisboa.
No fim tem as palavras feguintes :
Prafens opufculum translatum exijleníe Pro-
vinciale Sacri Ordinis Pradicatorum Venerabili
Patre Fratre Emmanuele EJlaço in Sacra
Theologia Profejjore, nec non dignijjimo Magif-
tro; ex cujus mandato folerti cura a doais
PP. Fr. Geórgia Vogado priore Ulyxbonenji,
Fr. Ambrojio de Oliveira priore de Bemfiqua,
(ò" Fr. Francifco de Eemos Sacra Theologia
doãoribus revifum, atque correãum. Impreffum
in Ínclita Urbe Ulyxbone per Germanum Galharde
impenfis, fumptibufque ferenijfima regina dane Lia-
nore ano ã partu Virginis falutifero milejfimo
quingentifimo vicejimo v. die oãavo Julii.
Fazem memoria da Obra, e do Author
Souf. Hijl. de S. Doming. da Prov. de Portug.
Part. 2. Liv. 2. cap. 11. e Part. 3. Liv. 3.
cap. 4. Joan. Soar. de Brit. Theat. Eujit. ,
Eitter. lit. D. n. 19. Manoel de Faria,
e Souf. Europ. Portug. Tom. 2. Part. 4.
cap. 6. Echard Script. Ord. Prad. Tom. 2. \
pag. 61. col. 1. Cardof. Agiol. Eujit. Tom. 5.
pag. 789. no Comment. de 22. de Junho letr.
C. onde fe enganou dizendo fora imprefla
a Vida de S. Domingos no anno de 1524.
fendo certamente em 1525. como vimos
em hum exemplar, que conferva meu irmaõ ,
D. Jozé Barbofa na fua Livraria. Fernand.
in Concert. Pradic. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 226. Monteir. Claujlr. Dom.
Tom. 3. p. 188,
D. DIOGO DE LIMA, natural de
Lisboa, fexto filho de D. Lourenço de Brito ;
Nogueira, e Lima, e de D. Luiza de
Távora, fetimos Vifcondes de Villa-
nova de Cerveira. Inftruido nas artes pró-
prias do feu nacimento paíTou à Univerfi-
dade de Coimbra, onde recebendo o gráo
de Meftre em Artes, foy admitido ao Col-
legio Real de Saõ Paulo, a 22. de Dezem-
bro de 1632. e fe graduou na Faculda-
de da Sagrada Theologia. Por morte de
feu irmaõ fuccedeo na Cafa fendo o nono
Vifconde de Villa-nova de Cerveira, por
cuja caufa preferio o exercício das armas,
ao das letras, e foy Governador delias em
a Província de Entre Douro, e Minho.
Pela prudência do feu juizo foy Confelhei-
ro de Eftado, e Guerra, Prefidente da
Junta do Comercio, e Eílribeiro mòr dei-
li
L USITANA.
663
Rcy 1^. Afíonío VI. Cafou com D. Joanna
(ic Vafconcellos, e Menezes, filha herdeira
(k- D. Joaõ Luiz de Vaíconcellos, e Menezes,
Senhor de Mafra, e de D. Maria de Noro-
nha, de quem teve defcendencia. Morreo
em Lisboa a 24. de Abril de 1686. Jaz na
Parochial Igreja de Saõ Lourenço, que he
do Paciroado da fua Caía. Faz iiluílrc memo-
ria do feu nome meu irmaô D. Jozé Barbofa
nas Me mor, do ColUg. Keal dt S. Paul. pag. 1)5.
e no Archialb. \jifit. pag. 36.
Uma per antiqua ducetis ab origine nomen
Pallade pojlhabita Mavortia caftra Jequetur.
AJpera viriutem poterit Montijia pugna
Dicere, nam fujo validus rigat arva cruore.
Armorum Prafeífus erit quà flumine longo
Et Minius, Dttriufque petunt vafla aquora ponti.
Dum regit hic populos, Martis movet arma
ferocis,
Oppida multa jacent flamma populata voraci,
At que aquata Joio qua mania Jlruxit Iberus,
Viribus ut cemat non effe repagula LmJís.
Prapojitus Regis Jlabulo, Jimul atque Tri-
bunal
Arbítrio reget ille Juo, quo pinguia prudens
Diriget ignoti quondatu commercia mundi.
Compoz :
Genealogia de alemãs Famílias Portu-
iftfíias.
Por cuja applicaçaõ o numera entre os
Authores Genealógicos o P. D, António
detono de Soufa, no Aparai, á HiJlor. Geneal.
da Caja Keal Portug. pag. 123. §. 135.
Fr. DIOGO DE LISBOA, cujo apel-
lido denota a pátria, que lhe deo o ber-
ço. Efcreveo conforme affirma o novo
Addicionador da Bib. Occid. de António de
Leaõ Tom. 2. tit. 23. col. 858.
Vida dei Padre Fr. Diego Romero.
México. 1684. 4.
P. DIOGO LOBATO, natural da
Villa das Alcáçovas diílante cinco legoas
da Qdade de Évora em a Província do Alen-
tejo, e no Collegio Eborenfe recebeo
a roupeta da Companhia de JESUS a 26.
de Abril de 1669. Foy verfado nas letras
Sagradas, e humanas, e dos grandes Pre-
gadores do feu tempo. Morreo em Évora
a 4 de Novembro de 1725. deixando como
efcreve o P. Francifco da FonTec. Epor.
GlorioJ. pag. 428. promptos para a imprenaõ:
Hermoens Vários, 5. Tom. 4.
P. DICX}0 LOBO, natural da Gdade
de Tangere fituada na Regiaò Africana»
filho de Joaõ Lobo de Saõ Payo, e líâbel
Alvares Pereira, defcendentes de famílias
muito nobres. Em a tenra idade de qtiinze
annos em que já defcobria a viveza de enge-
nho de que profufamente o dotara a natureza»
foy admitido em o Noviciado de Lisboa à
Comp>anhia de JESUS, e em taõ douta palef-
tra fe diftinguio dos feus Companheiros na
breve comprchenfaõ das fciencias a/Tim ame-
nas, como feveras. Enfínou em o Collegio
de Lisboa Humanidades, e Rhetorica, fendo
infigne em a Eccleílaílica, pela qual mc-
receo fer Pregador dos SereniíTimos Monar-
chas D. AfTonfo VI. e D. Pedro II. Neftc
fagrado exercício conciliou as atençoens de
numerofos auditórios, formados dos mayo-
res engenhos, que floreciaõ na Corte,
e nas Univerfidades de Coimbra, e Évora,
ou fofle pela natural difcriçaõ, e elegante
energia, com que explicava os feus agudos
penfamentos, ou pela profunda intelligen-
cia das Efcripturas, vaíla liçaõ dos SS. PP.
e a immenfa copia de erudição íkgrada,
e profana, com que ornava os feus difcurfos.
Foy iníigne Poeta Latino, e vulgar, unindo
nos feus verfos a cadencia do metro com a
fubtileza do conceito. Ao tempo que tinha
paflado ao Collegio de Coimbra para pregar
o Advento, e as Domingas da Quarefma, fe
lhe agravou a infermidade procedida de
hum eftupor, que padecera em hum bra-
ço, de que falleceo a 20. de Março de
1691. quando contava 62. annos de idade,
e 47. de Religião. Foy geralmente fenti-
da a fua morte, principalmente pelos AIu-
mnos da Univeríidade, confiderando ex-
tinfta a Oratória Eccleíiaftica da qual por
tantos annos foraõ ouvintes, e expeâado-
res. Publicou
Sermão da ViJitaçaÕ de NoJJa Senhora, pre-
gado em a Janta CaJa da Mijericordia de Usboa,.
com atençam asjunçoens da dita CaJa.
664
BIBLIOTHE CA
Sermão na ProfiJJaõ da Madre Soror Maria
■da Anunciação Evangelijla, em dia de S. Joaõ
ante portam "Latinam, pregado no Keal Con-
vento de JESUS, da Villa de Setúbal anno 1685.
Sahiraõ eftes dous Sermoens na Laurea Por-
tuguesa, e Viridario de varias flores Evangeli-
zas, plantado por alguns infignes Oradores Por-
fugue:(es. Lisboa por Miguel Deslandes.
1687. 4. defde pag. 77. até iii.
Sermon delas lagrimas de JESU Chrijlo
nueftro Senor, que cajo la fiefia de la Encarnacion
^n Viernes de Lazaro. Madrid, por Juan
Garcia Infançon. 1692. 4. Foy traduzido
^m Caftelhano pelo Author.
Sermoens Vários. 2. Tom. Preparados para
XI impreffàõ (como afíirma o P. António Franco
Imag. da Virtud. do Novic. de Lisboa, pag.
966.) por caufa da morte de feu Author naõ
Jahiraõ á lu:(. O mefmo Franco in Annal.
S. J. in Lufit. pag. 388. num. 10. fallando
delle diz: Ad Sacrum Juggefium plenijjimos
Jotes habuit.
D. DIOGO LOBO DA SYLVEI-
RA. Naceo em Lisboa onde teve por
Pays a D. Joaõ Lobo fexto Baraõ de Al-
vito, Commendador da Repreza na Or-
dem de Saõ Tiago, e Sargento mòr de Ba-
talha, e a D. Magdalena de Lancaílro
filha de D. Luiz de LancaTtro, Commen-
dador mòr de Aviz, e D. Filippa de Me-
nezes. Em a Univerfidade de Coimbra fe
applicou ao eíhido da Sagrada Theologia
em que fez taes progreíTos a perfpicacia
do feu talento, que recebido o gráo de
Doutor neíla Faculdade foy Collegial em
-o Collegio de S. Pedro, de que tomou
poíTe a 8. de Dezembro de 1639. Depois
de fer Cónego da Sé de Lisboa, e Sumi-
Iher da Cortina delRey D. AíFonfo VI. foy
eleito por efte Príncipe Prior da infig-
ne CoUegiada de Guimaraens, cujo ho-
norifico lugar adminiftrou com igual zelo,
que magnificência, dando huma preciofa
Cuítodia com a Relíquia de Saõ Torquato
para ornato do Altar em que fe venera
a Senhora da Oliveira, Orago daquella
CoUegiada. Em o anno de 1664. lançou
a primeira pedra no Convento dos Reli-
^iofos Capuchos da Provinda de Santo
António em Guimaraens. Sendo nomeado
Bifpo de Vifeu naõ logrou eíla dignidade,
fallecendo infelifmente em Lisboa a 7. de
Setembro de 1666. fepultado antes de morto
debaixo das minas de huma varanda, que
repentinamente cahio. Jaz no Convento
das Religiofas de Santa Clara. Delle fazem
mençaõ Carvalho Corog. Portug. Tom. i.
pag. 27. o Doutor Manoel Pereir. da Sylv.
Leal Cathalog. dos Coll. de S. Pedr. §. 88.
o P. Joaõ Col, Académico da Acad. Real
no Cathalog. dos Bifpos de Vifeu. Compoz
em o anno de 1662.
EJlatutos da infigne Colleffada de Guima-
raens, os quaes fe confervaõ no feu Ar-
chivo, como efcreve o Doutor Francifco
Xavier da Serra Crasbeeck, Académico Su-
pranumerário da Academia Real, no Ca-
thalog. dos D. Priores da Colleg. de Guimar.
pag. 69.
DIOGO LOPES, natural da Villa
de Penamacor, fituada entre Caftello-
branco, e Monfanto, em a Província da
Beira. Foy infigne Filofofo, e grande Me-
dico, e como tal he numerado entre os
mayores ProfeíTores deila Faculdade por
Zacuto Lib. i. de Med. Princip. Hijior. Hift.
84. Joan. António Vander. Linden de Scriptis
Medicis. D. Franc. Manoel na Carta dos AA.
Portug. efcrita ao Doutor Themudo, e Joan.
Soar. de Brito Theatr. Lufit. Litter. litter. D.
num. 22. Aprendeo Medicina na famofa
Univerfidade de Salamanca, onde teve por
Meftre ao celebre Doutor Joaõ Bravo, e
tanto fe adiantou a viveza do feu enge-
nho nella Faculdade, que naõ contando
ainda 21. annos de idade, efcreveo com
novo methodo apartando-fe das opinioens
commuas, a feguinte Obra:
Traãatus de elementis, d^ rerum om-
nium mixtione. Conimbriae, apud Emma-
nuelem Dias de Araújo. 1602. 4. Com eíle
Tratado
Quaftiones de loco igiis, & aeris tempe-
ratura.
Em o Cathalogo da Livraria de Gui-
lherme Heukelon, e Jacobo Akersloot, que
fe vendeo na Haya em o anno de 1730.
eftava o Livro feguinte:
LUSITANA. 665
Heróe da l^Jiíama, compoflo pelo Bacharel xandrinum, Zenonem Verorunfem: fi maturum
Diogo Ijopes. Na incerteza de que feja o cum Juhtilitate judicium, Auffijlinum, Ambro-
Author dcfta Obra o mcrmo de que fc fez Jwm, Cyrillum, Gregorium Nyfftnum: fi elo-
a memoria precedente, femprc como Por- quentia Occeanum, Chryfoflomum; fi flumen Ni-
tugucz o admitimos a cila Bibliotheca. lum; fi majeftatem Jententiarum, Leonem; fi
atumen, Chryjologum, Kupertum; fi pie ta-
P. DIOGO LOPES, natural da Vil- iem, Bernardum, Guerricum, Arnoldum;
h (Ir Bcringcl, diftante duas legoas da Q- / moralia Magnum Gregprium; fi alUgfh
il.idt tle Beja, em a Província do Alcn- rica, Anaftafium; fi litteram, c^ perpehmm
tejo. Frequentando na idade de 17. annos, commentarium, Hieronymum, Hugonem, Carthu'
a primeira claíTe de Humanidades no Col- fianum, Abulenfem, Caietanum, Lyram. Et
Icgio da Companhia de JESUS de Lisboa inter horum nohilijfimas Doâorum vocês ipfitu
foy admitido a efte fagrado Inílituto em Harmonia author identidem auditur, qui acutea
l',vora a 4. de Abril de 1608. Depois de itn premit ut Juperare; fÍT graves ita feqiàtur,
laber com perfeição as letras humanas, co- ut excedere videatur. Breviter clarus, acute foliduf,
nieçou a eníinar as divinas, fendo Lente mature elegans.
de Prima de Theologia, e Efcritura em SermaÕ efiando expofio o Santijftmo no fim de
a Univerfidade de Évora, onde foy mui- huma Novena, que os Religiofos da Companhia
tos annos Cancellario. O feu grande zelo do Collegio de Évora fi:(eraÕ na Igreja do dito
o levou por diverfas partes do Reyno, pré- Collegfo, pelo felice Jucceffo das armas delK/y
gando apoftolicamente, de que colheo Nojfo Senhor, em 15. de Agofio de 1643. Lis-
copiofo fruto. Cheyo mais de merecimen- boa, por Domingos Lopes Roza. 1644. 4.
tos, que de annos, pois naõ excediaõ de
58. falleceo na Cafa ProfeíTa de Saõ Ro- D. Fr. DIOGO LOPES DE AN-
que a 10. de Agoílo de 1649, com 41. de DRADE. Naceo na Villa da Azambu-
Rcligiaõ. A Bib, Societ. p. 171. o intitu- ja do Arcebifpado de Lisboa a 28. de De-
la Vir praftantiffimo ingenio. Petr. Alv. de zembro de 1569. e naõ em Lisboa, como
Aftorga in Aí/7//. Immacul. Concept. Franc. efcreve Jorge Cardofo Affol. hufit. Tom.
in Annalib. S. J. in Lufif. pag. 298. num. 3. pag. 325. col. 2. letr. A. Gim heróica
14. na Imag. da Virtud. do Noviciad. de Evor. refoluçaõ deixou a pátria onde fe tinha
pag. 859. Joan. Soar. de Brit. Theatr. Ljifit. inftruido com os rudimentos da latinida-
Litter. lit. D. num. 21. Fonfec. Evor. Glorio/, de, e cultivado as flores da Rhetorica, c
pag. 428. e Jacob Le Long Bib. Sacr. pag. no Convento dos Eremitas Auguítínia-
mihi 833. col. 2. Compoz: nos da Qdade de Perpinhaõ, Capital do
Harmonia Scriptura Divina emodulans aãio- Condado de Ruifelhon, recebeo o habito
fies laudabiles, vel vituperabiles virorum, ac de taõ authorifada Familia a 4. de Junho
Jctminarum antiquo, aut novo relatas Teftamento de 1590. quando contava a florente idade
expofitas ad mores à XXIV. Doãoribus per de 21. annos. A fublimidade do enge-
/onos alphabetico ordine dijpofitos indicantes viro- nho lhe fez comprehender taõ profiin-
rum, ac Jaminarum nomina cum conceptibus, feu damente as fciencias Efcholafticas, que
concentibus propriis authoris. UlyíTipone apud com incrível brevidade paflou de difd-
Laurentium de Anveres. 1646. foi. & Pari- pulo a Meftre, diâando Theologia em Le-
fiis, apud Sebaílianum Cramoyíi. 1646. rida, com tal applaufo, que obrigou ao
foi. Na cenfura, que por ordem do De- UluUtiflimo Arcebifpo de Braga D. Fr.
zembargo do Paço fez a efta Obra o in- Agoflinho de Caibo, a que o convidaíTe
íigne Padre António Vieira, Oráculo da para a ler neíla Augufta Qdade, o que exe-
Eloquencia Ecclefiaítíca, entre outros elo- cutou com igiial fruto dos ouvintes,
gios que lhe faz, diz as feguintes pala- que gloria do feu magifterio. Deixando
vras: Si qmras alta mentis profunditatem, fegunda vez Portugal, fez o feu domid-
habes TertuUianum, Philonem, dementem Ale- lio na Corte de Madrid, onde pelo largo
óóó BIBLIOTHE CA
efpaço de dezoito annos exercitou o mi- gens 'Lujitanorum gloria. Herrera in Alphab.
niílerio de Orador Evangélico, para o qual Augujtiman. Pradicatorum fui temporis Jacile
concorreo a natureza com tanta liberali- Princeps. O Licenciado LuÍ2 Munòs Vid.
dade, que mereceo alcançar as aclamaçoens de D. Fr. Barthol. delos Maríyr. Liv. 2. cap. 10.
do mayor Pregador do feu tempo, por pag. 225. Admiro la gran Corte de Ef-
cuja caufa o nomeou da fua Real Capella pana por muchos anos fu doãrina, erudicion,
a Mageílade de Filippe IV. Competiaõ fuhtile^a, que nò admitio igualdades, como
nelle a profundidade do difcurfo, com a ni fu efiilo inimitahle competências. Igualo
elegância da frafe; a vehemencia dos afFedlos, fu virtud a fu eloquência, que fue tan aventa-
com a viveza das acçoens ; difcriçaõ natu- jada, y grande, que ella como el Sol fe acredi-
ral, e naõ affeftada; intelligencia das Efcri- tava con fus lu:(es. Competian fus cojlumbres
turas clara, e naõ confufa; allegaçaõ dos con fu fabedoria ambos admirables: rayos eran
Santos Padres copiofa, e naõ redundante, fus palabras encendidas en el fuego de fu ^^elo
Todos eíles dotes lhe conciliarão naõ fomente alumbravan, abrat^avan, movia, perfuadia vivamente.
os aplaufos dos ouvintes, que em numero- Difcurria con felicidad en el efpaciofo campo
fos auditórios eftavaõ pendentes da fua voz dela Sagrada Efcritura con leccion profunda
Evangélica, mas de iníignes Efcritores, que delos Santos. La accion de fu movimiento
na poíleridade immortalizaraõ o feu nome, amable, apacible, y nervofa la pronunciacion,
como foraõ Lope da Vega Carpio ^elac. fonoro el metal dela vo\, maravillofa la fuerça,
delas Fiejl. de Madrid a Santo Ifidro no y energia en las ra:(pnes; jâmas fe le oyò
Prolog. Cuja doãrina, y eloquência compiten una palabra dijjonante, ò menos grave. Nicol.
en alabança de fu divino ingenio fértil, abundante, Anton. Bih. Hifp. Tom. i . pag. 227.
V inexhaujlo, y fupo bien fu lut^, que pu^o col. 2. ingeniofus, <& eloquens, Ji quis alius
en fu P aflorai aios Predicadores S. Gregório: in concionandi opere; planeque omnium quos
Ut ipji vivendo illuminent, quod fuadere fefli- habere ad populum Sermones illa atas vidit,
nant; non loquendi authoritas perditur quin facile Princeps. Joan. Soares de Brito
vox opere non adjuvatur. Fr. Francifco Theatr. Lufit. Litter. lit. D. num. 23. dijfer-
Henriques no Prolog, do i. Tom. das Ora- tijftmus Ecclejiajles. o P. D. Manoel Giet.
çoens Paneg. Famofo luufitano eminente en de Souf. Cathal. dos Bifp. Portug. pag. 130.
todas letras, fan£ío, y doão Predicador. Lou- Príncipe dos Pregadores. Ughello Ital. Sacr.
renço Gracian. Arte de Ingenio. Difc. Tom. 9. p. 66. col. 2. Sui oevi concionatorum
31, Aquel que entre Predicadores mereciò facile Princeps. Atendendo a Mageílade de
la antonamafia de fubtil. e Difcurf. 62. El Filippe IV. aos feus grandes merecimentos,
ejlilo dei fubtil Diego Lopes de Andrade illuílrados pela profunda fciencia, e religi-
Augufiniano es todo delicadeza và fienpre ofa obfervancia de que era ornado, o no-
concetuando como fu P. S. Auguflin. e no Difc. meou Bifpo de Otranto, no Reyno de
52. el primer ingenio delos figlos el futilijjimo Nápoles, cuja acertada nomeação confir-
Padre Fr. Diego Lopes de Andrade. Gil mou Urbano VIII. a 20. de Novembro
Gonzalves de Ávila Theatr. de Madrid de 1623. Naõ houve virtude Paíloral que
pag. 246. Predicador infigne. Hypolit. Marrac. naõ exercitaíTe em beneficio das fuás ove-
Bib. Marian. Tom. i. pag. 325. Vir certe lhas, das quaes fe apartou para receber o
virtutum omnium decore fpeãabilis, ac immor- premio na eternidade a 22. de Agofto de
tali memoria dignijfimus, cujus ingenium, 1628. quando contava 58. annos 7. mezes,
eloquentiam, doãrinam, df facrarum litte- e 25. dias de idade, e 42. de Religião. Sir-
rarum peritiam opufcula divulgata teflantur. va-lhe de honorifico epitáfio, o feguinte
Camargo Chronolog. Sacr. pag. 223. Fue epigramma, que à fua memoria dedicou ; ,
entre quantos hà havido profundijfimo en el Fr. Nicephoro Sebafto Milefano, Eremita |^
púlpito en quien concurrieron todas las partes Auguftiniano.
ejfenciales de un Predicador Evangélico. Petr. Mane Lupus Verbi rapuifli hanc Didace pra-
de Alva, y Aílorga Milit. Concept. in- dam
à
LUSITANA.
Qluí paflurus eras Vtfpere larffts oves.
Mc ad Judicium viíiornm ^ face rever Jus
hxtremum ante diem, uí dt tumklo ujqw
cies.
Si tu longçtvus Jueras Orbi haud opus efftt
Sett você Angélica, fwe manente tuba.
Imprimio:
Primera parte delos Tratados fobre los
livangelios dela Quarejma. Madrid, por
la Viuda de Alonío Martines de Balboa.
1615. 4. e Lisboa, por Jorge Rodrigues.
1616. 4.
Segunda Parte. Madrid, por la Viuda
de Aionfo Martines. 1617. 4. c Lifboa, por
Jorge Rodrigues. 161 8. 4. e Pamplona,
por Juan de Bonilla. 1620. 4.
Primera Parte delos Tratados fobre los
lívangelios, que div^e la Iglefia en la fejli-
vidad delos Santos. Pamplona, por Nico-
IJas AíTiain. 1620. 4. e Barcelona, por
Eftevan Liberos. 1622. 4. & ibi, por Se-
baílian Cormellas. 1622. 4. e Madrid,
por Aionfo Martines. 1622.
Seffmda Parte delos Tratados, eS^f. Pam-
plona, por Nicolao AíTiain. 1621. 4. Bar-
celona, por Sebaftian Cormellas. 1622. 4.
Sermones dela Concepcion Immaculada.
Nápoles, por Lazaro Scorrigio. 1649. 4-
Todos eftes Difcurfos Concionatorios
fahiraõ addicionados por Fr. Jeronymo de
Andrade, Religiofo Carmelita, irmaõ do Au-
I\ thor, em 3. Tomos de folha, e fe impri-
i miraõ em Madrid, por Gregório Rodri-
I ^ues. 1656. No primeiro fe comprehendem
os Sermoens da Quarefma; no 2. os dos
Santos, e no 3. os da Conceição PuriíTima
da Senhora.
DIOGO LOPES CRASTO, natural
de Lisboa, e hum dos celebres Advo-
gados de caufas Forenfes, que florece-
raõ no feu tempo. A vafta noticia, que
tinha de hum, e outro Direito, e fubti-
leza do juizo com que interpretava os
Textos mais dificultofos, e prompta faci-
I lidade com que allegava os Authores, de
' que era feliz depoíito a fua memoria, o fi-
zeraõ fer bufcado das principaes peíToas
da Corte, procurando humas no feu con-
felho a mais prudente direcção, e alcan-
Ó67
çando outras com o feu pfttrodnio a vitoria
nas caufas mais controverías. Foy caiado
com D. Maria Marques, de quem naõ teve
defccndencía. Morreo na pátria a 27. de
Fevereiro de 1698. Jaz fepultado no G>n-
vcnto de Santo António dos Capuchos.
Compoz:
Allegfl^aÕ d* Direito, feita a favor do Prior,
e mais Keligiofos do Convento de Nojfa Senhora
do Monte do Carmo de Lisboa, em a caufa que
pende por apellaçaò no Tribunal da Legfuia,
e lhe moverão os IrmaÕs da Venerável Ordem
Terceira, fobre a fagrada, e milagrofa Ima-
gem de Nojfo Senhor JESU Chriflo. Lif-
boa, por António Pedrozo Galraò. 1697.
foi. No ultimo paragrafo defta Ailega-
çaõ diz: F<^ Sua Mageflade fervido per-
mitir me a glojfa do Livro 5. das Ordena-
ções illuflrada com as Decifoens do Senna-
do. Eíla Obra que tinha muito adiantada,
e era muito douta, naõ lhe poz a ultima
maõ impedido pela morte.
Nova Keforma Judicial, para que as
caufas fe acabem em breve, fem que o Kto
deixe de allegar, e deferir-fe-lhe a tudo o
que tiver em fua defev^a. M. S. foi.
AllegaçaÕ de Direito fobre a Cafa de Bo-
badella, a favor de Bernardim Freire. Eftava
prompta para a impreíTaõ.
DIOGO LOPES DA FRANCA, natural
de Santarém, filho de António Dias, e de
Lucrécia Nimes, e irmaõ de Fr. Bafilio de
Saõ Francifco, Carmelita Defcalço, de quem
fe fez mençaõ em feu lugar. AíTiftio muitos
annos em Roma, onde poíluio alguns bene-
fícios rendofos. Pra£ticou todas as virtudes
em gráo eminente, merecendo pela fua
inculpável vida univerfal veneração. Morreo
em Roma a 25. de Março de 1649. e foy
fepultado na Igreja de Santo António dos Por-
tuguezes, e fobre a campa fe lhe gravou
eíle epitáfio.
D. O. M.
Hic jacet Didacus Lopes da Franca, Prces-
biter UlyJJiponenfis Diacefis Lufitanus fibi,
<& fuis pofuit. Obiit die 25. Martii 1649.
Publicou na lingua Italiana :
Guida de perfettione, e Jpechio delV ara-
ma. Roma, por Andrea Feo. 1628. 16.
668
BIBLIOTHE CA
Dedicada à Excellentiífima Senhora D. Conf-
tancia Magalloti Barberina. Nefte Tratado
moftra hum caminho fácil para ter Oraçaõ
mental, e exercitar as virtudes Chriftãas.
DIOGO LOPES DE LEAM, natural da
Villa de Alter do Chaõ, íituada entre Villa-
-viçofa, e Portalegre, em a Provinda do
Alentejo. Foy dos iníignes Poetas do feu
tempo, e como a tal o louva Jacinto Cordeir.
E/og. dos Poet. Portug. Outav. 65.
Y a Diego "Lopes Leon honrar podria
El mijmo Apolo, que el laurel reparte
Quando con tanto ingenio admira el arte.
Publicou :
Fabula de Alfeo, e Arethufa. Dedicada a
D. Cláudio Pimentel, filho dos Condes de
Benavente, Reitor da Univerfidade de Sala-
manca, onde fahio imprefla.
Decimas à morte de D. Maria de At-
tayde. Saõ 10. e fahiraõ impreflas nas Me-
mor. Funeb. defta Senhora. Lisboa, na Offi-
cina Craesbeckiana. 1650. 4.
DIOGO LOPES DE LISBOA, E
LEAM, natural de Lisboa, donde paíTou
às índias Occidentaes, e na Cidade de Lima
fez o feu domicilio na qual cafou, e
teve por filhos a António de Leaõ Pinei-
lo, Relator do Confelho de índias, de
quem fizemos já larga memoria. Joaõ Ro-
drigues de Leaõ, Cónego da Cathedral
de Lima, e a Diogo de Leaõ Pinello, Lente
de Prima da Faculdade de Leys em a
Univerfidade de Lima, do qual fe fez
próxima mençaõ. Como foíTe muito ver-
fado na Sagrada Theologia, e praâicaíTe
as virtudes próprias do Eftado Ecclefiafd-
co, ao qual paíTou depois de fe ver livre
do vinculo do matrimonio, o eftimou
muito o Illuftriífimo Arcebifpo de Lima
D. Fernando Árias Ugarte, de quem naõ
fomente foy feu ConfeíTor, e Efmoler, mas
em agradecimento à memoria deíle Prelado,
efcreveo :
Vida dei llufirijfimo Doãor D. Fernando
Árias Ugarte, Auditor General, que fue dela
guerra de Aragon, Oydor delas Chancillarias
de Panamá, Plata, Eima: Corregidor do Potoji,
Governador de Guancavelia, Vifitador dei Tri-
bunal dela Santa Cruzada, eleão Obifpo de
Panamá, Obifpo de Quito, Arçobijpo dela Plata,
Arçobifpo que muriò dela injigne Metropoli delos
Keys. Lima, por Pedro de Cabrera. 1633.
Fazem memoria da Obra, e do Author, Ni-
col. Ant. Bib. Hijp. Tom. i. pag. 228. col. i.
e o moderno Addicionador da Bib. Occid.
de António de Leaõ. Tom. 2. tit. 23. coL 853.
DIOGO LOPES REBELLO, Capellaõ,
e Meftre do Sereniflimo Rey D. Manoel,
a quem na puerícia inílruio com os primeiros
rudimentos, e depois em a idade mais adulta
com os preceitos grammaticaes. Por ordem
deite Príncipe foy eíhidar as fciencias Efcho-
laiiicas em a famofa Univerfidade de Pariz,
onde depois de afliftir nella pelo efpaço
de dez annos, recebeo o gráo de Meílre em
Artes, e de Bacharel na Sagrada Theologia,
fendo naõ fomente infigne Letrado neílas
Faculdades, mas em a intelligencia da Sa-
grada Efcritura, e nas máximas da Poli-
tica, regulada pelos diâames do Evange-
lho, de que faõ teftemunhas as Obras fe-
guintes :
Traãatus, qui dicitur Fruãus Sacra-
menti Panitentice. No fim tem eftas pala-
vras: Explicit Tr aratus intitulatus Fru-
ãus Sacramenti Panitentice editus, (& com-
pilatus per doãijfimum Virum Magijirum-
Jacobum Lupi Rebello in artibus Magif-
trum, <& Sacra Theologia Bachalarium bene-
meritum in quo continentur propojitiones peru-
tiles ad mentem Scoti, (& aliorum Sacrorum
Doãorum de ifta matéria loquentium. Parifiis,
apud Georgium Mittel. 1495. 8. & ibi^
per MagiJftrum Guidonem Mercatorem in
Campo Gaillardo anno Domini 1498. die 18.
Decembris.
De Affertionibus Catholicis Apofioli Pauli.
Parifiis. 1497. 8. Dedicado a D. Fernando
de Almeida, Bifpo de Ceuta. Começa a
Dedicatória: Quamquam omnes artes, dignijftme
Prajul. Coníla efta Obra de feíTenta Con-
clufoens, extrahidas de Saõ Paulo. He a
primeira: "Nemo poteft Jibi arrogare dignitatem
Ecclejiajlicam, niji Jit le^time ad illam eleãus, &
vocatus.
Liber de Republica magna doãrina, (Ò' eru-
LUSITANA.
ÓÓ9
flitíone refertus neeejfaríus ctHlibet bomini vohnti
vírtute uti, in qua graves feníeníia, nec non
praclarijfima di£la à vifctrihm moralis Pbilofo-
(leprompta pUniJfime digtfla Junt. 4. grande.
si > tem anno da impreíTaÕ, nem lugar,
l-oy dedicado a ElRcy D. Manoel, em cuja
Obra, aíTim como inílruio a eftc Príncipe
lu adolcfccncia com os preceitos da Gram-
inatica, intenta doutrinallo depois de ter
cingido a Coroa, com os preceitos poli-
ticos. Começa a Dedicatória: Cogjítanti mihi
jnviíiijfinje Prínceps, &c.
DIOGO LOPES DE SAM TIAGO,
natural do Porto, e Mcftre de Gramática
cm Pernambuco, onde efcreveo com cftilo
linccro:
Hijloria da Guerra de Pernambuco, e
(eitos memoráveis do Mejire de Campo Joaô Fer-
ts Vieira, Heráe digno de eterna memoria,
imeiro aclamador da guerra. Contém cinco
ivros, em que comprehende a guerra dos
?ortugue2es, com os Holandezes naquclle
ido, dcfde o anno 1630. até a celebre
^itoria dos Montes Gararapes, alcançada
A 17. de Fevereiro de 1649. pofto que fe
dilate em contar brevemente alguns fucceflbs
-da mefma guerra até o anno de 1655. Come-
ça o i. cap. do Liv. I. Como quer que a me-
moria dos homens he frágil, e de pouca dura,
&c. Acaba o 9. e ultimo capitulo do 5.
Livro: Por haver chegado a ejle defejado ter-
mino com a Chronica.
DIOGO LOPES DE SOUSA, fegundo
Conde de Miranda, Senhor de Podentes, Fol-
gozinho. Oliveira de Bairro, Julgado de
Vouga, Avellans, Caminha, e Germello, Al-
caide mòr de Arronches, Commendador de
Santa MARIA de Villa-nova de Alvito, na
Ordem de Chrifto, naceo em Lisboa a 17. de
Julho de 1582. Foy filho de Henrique de
Soufa, primeiro Conde de Miranda, Confe-
Iheiro de Eílado, Governador da Relação do
Porto, Commendador de Alvalade na Ordem
de Chriílo, e de D. Mecia de Vilhena, filha
herdeira de Fernaõ da Sylva Commen-
dador de Alpalhaõ, e Capitão da Torre
de Belém. Educou-fe na Qdade do Porto
com aquella difciplina neceflaria ao carac-
ter da fua peflba, donde paliou a Madtid
em companhia de feu Pay a tempo, que oefta
Corte aíTiíUa Filippe IIL e como defejaíTe
imitar o erpiríto militar de íeus Avós, ele-
geo para Theatro das Tuas operaçocns mar-
daes em o anno de 1606. a Flandes, em cujas
Campanhas debaixo da conduâa do iníigoe
Heròe o Marquez Ambrofio Spinola, Meftre
de Campo General daquelles Eíbuios, obrou
juntamente com feu irmaõ Manoel de Souía,
acçoens memoráveis, nas celebres expugoa-
çoens das Praças de Grol, hunu das mais
fortes da Provinda de Gueldres, e a de
Rhimberg, fituada á parte efquerda do Rhim.
Reílituido a Madrid, e à companhia de feu
Pay, voltou com elle para a Pátria, e dei-
xando aquelle todos os minillerios politioos
que exercitava, foy nomeado por ElRey em
o anno de 1613. Governador do Porto, em
cujo authorifado lugar naõ fomente emen-
dou muitos abufos fatalmente introduzidos
na aufencia de feu Pay, mas edificou a Caía
da Relação do Porto, merecendo por taõ
infigne Obra a gratificação Real, expreílada
em huma carta de 26. de Junho de 161 3.
Affiílio nas Cortes, celebradas no anno de
16 19. em que foy jurado SucceíTor deíla Coroa
FiHppe IV. e nellas fe lhe deo o titulo de
Conde ainda vivendo feu Pay. Acabada efla
mageílofa funçaõ voltou ao Porto, continuar
no exercido do governo deíla Qdade, agora
novamente augmentado com o das Armas,
em que moílrou tinha igual talento para os
miniílerios políticos, que militares. A mayor
a6tívidade, que manifeftou o feu grande
efpirito em obfequio da Pátria, foy apreílar
no breve efpaço de fds mezes onze náos
petrechadas de tudo quanto era predfo
para a recuperação da Bahia conquiílada
pelos Olandezes a 30. de Mayo de 1624.
donde foraõ gloriofamente expulfos pelas
noíTas vitoriofas armas a 30. de Abril de 1625.
Informado Filippe IV. com repetidas ex-
periências do zelo, prudência, e authori-
dade da fua peíToa o nomeou em o anno
de 1632. com única, e nova eleição Pre-
fidente do Confelho da Fazenda, empleo
( como elegantemente efcreveo o difcreto
Panegyriíla da grande Cafa de Soufa Ma-
noel de Soufa Moreira, no Tbeatr. Gema-
Ó70
log. pag. 820. ) tan Jtn exemplo, que ni antes,
ni dejpues le ocupo ja mas ninguno de tantos, y tan
grandes Cavalleros, que de/de fu erecion le exer-
cieron en Portugal Jino con el nomhre de Veadores
dela Haf(ienda. Para defempenhar as obri-
gaçoens de lugar taõ grande, que fempre
jfora adminiílrado por três Fidalgos da pri-
meira Jerarchia, deixou por fubílituto do
Governo do Porto, a feu irmaõ Manoel de
Soufa, e paíTando a Lisboa moiirou que
naõ fomente igualava, mas excedia o difvelo
do Triumvirato, que lhe precedera na prompta
expedição de tantas armadas, aíTim para
defenfa dos noíTos portos, como para ruina
total dos inimigos defta Coroa. Receofo
Filippe IV. de que Portugal oprimido com
innumeraveis extorfoens executadas pelos Mi-
nijftros Caílelhanos facudiíTe jugo taõ pezado,
de que eraõ fataes anúncios os tumultos de
Évora valendo-fe do aparente pretexto das
fublevaçoens de Catalunha convocou a Ma-
drid as principaes peflbas de huma, e ou-
tra Jerarchia, que tinha eíle Reyno, entre as
quaes foy chamado Diogo Lopes de Soufa,
por huma carta efcrita por ElRey a 19. de
Abril de 1638. o qual tanto que chegou
aquella Corte lhe deraõ por conferente ao
Conde de Caftrilho Preíidente de índias, e
do Confelho de Eftado, fervindo-lhe a pró-
pria cafa de tribunal onde juftificou a fua inno-
cencia. Ao tempo que retumbavaõ em Ma-
drid os gloriofos ecos da feliz acclamaçaõ do
Rellaurador da Coroa Portugueza, fuccedida
no I. de Dezembro de 1640. cheyo de hum ex-
traordinário jubilo por ver a fua pátria liber-
tada do dominio Caiielhano, partio a receber
na celeftial o premio das fuás heróicas acçoens
a 27. de Dezembro de 1640. quando
contava 59. annos de idade. Foy depo-
íitado o feu cadáver no Convento de
Santo Ildefonfo de Trinas Defcalças, Pa-
droado da Cafa de Miranda, inTtituido por
fua Prima com irmãa D. Maria de Vilhe-
na Marqueza de Laguna. Defte religiofo
depoíito foy transferido em Junho de 1646.
ao Convento de Santa Catharina de Reli-
giofos Arrabidos, até que por deligencia
de feu dignilfimo filho o EminentiíTimo
Cardial D. Luiz de Soufa, Capellaõ mór,
e Arcebifpo de Lisboa, foy trasladado a 24.
BIB LIO THE CA
de Mayo de 1691. para a Capella de Saõ
Miguel do Real Mofteiro da Batalha, onde
defcanfaõ as fuás cinzas em hum foberbo
Maufoleo, compofto de preciofos mármores
com eíle elegante epitáfio:
X. R. P. M.
H. S. E.
Didacus "Lopes de Soufa Mirandenjis Comes,
Regi ã Sanãiorihus confilns, univerfo Fifco per
Triumviros olim, <& nunc adminifirato unicus
Prafeãus: Ur bis Portucalenfis ar ma tus, toga-
tujque Moderator: Atavis editus Kegibus:magnis
{Ji fas eji difere) Maior i bus major: fibique
Joli par. In fuperos religione, in Regem fide,
in Patriam charitate, in omnes profufa, vel comi-
tate vel beneficentia; vivente m nulla non vir tus
fecuta; nulla pro meritis honores, nec laudes ulke
confequentur. Emortui cineres inter Régios mérito
quiefcentes, (Ò" gloriam adhuc Jpirantes immor-
talem expeãant, opera filii Archiprajulis
Ulyjftponenjis Regiique Sacrifici Maximi
Parentis Optimi memoris huc traduãi e Man-
ttia Carpentanorum ubi decejftt ann. LIX.
falutis M. DC. XL.
Foy cafado com D. Leonor de Mendoça,
filha de Joaõ Rodrigues de Sá, e Menezes,
primeiro Conde de Penaguião, Camareiro
mòr. Alcaide mòr da Cidade do Porto, e de
D. Ifabel de Mendoça, filha de D. Joaõ de
Almeida, Senhor do Sardoal, e Alcaide mòr
de Abrantes, de quem teve a Henrique de
Soufa Tavares, terceiro Conde de Miranda,
e primeiro Marquez de Arronches; a Luiz de
Soufa, de que acima fe fez mençaõ, e fe fará
mayor em feu lugar. D. Ifabel de Men-
doça, que viveo menos de hum anno, e
a D. Maria de Mendoça, que cafou com
D. Manoel da Camará, primeiro Conde
da Ribeira Grande, de quem teve nume-
rofa defcendencia. Foy muito difcreto, e
elegante na fraze; muito erudito na Hiílo-
ria, aíTim Sagrada, como profana; muito
verfado no eíhido da Genealogia, de cujas
partes deixou por argumentos:
Reporá ao IlluJlriJJimo, e Reverendif-
Jimo Senhor D. Rodrigo de Acunha Bifpo
do Porto, do Confelho de Sua Magefade.
Porto, por Joaõ Rodrigues. 1623. foi.
Eílá no principio do Cathalogo dos Bif-
pos do Porto, que eíle Prelado compoz.
L USITANA.
671
c lhe dedicou. DeíU Obra faz elegante
memoria Manoel de Soufa Moreira Tòtatr,
(.eneal. dci Oif. de SouJ, pag. 8*3.
Vamilias do lieyno de Portugal, foi. M. S.
Cartas fobre pontos CUmalogicos, as quaes
allírma o P. D. António Cact. de Souf. no
\pt^iirat. ã Uift. Gemai, da Cafa Rea/ Por/ug.
|).ii',. 83. §. 69. ter viílo, c que no Author
•concorrerão talento, prudência, e outras vir-
(udcs, cm c]uc fobre u fcu illuílre nacimento
adquirio reputação. DcUe fc lembraÕ com
honorifica memoria D. Franc. Manoel Cart.
dos A A. Portug. e Joaõ Soar. de Brit. Theatr,
Ijufit. Uttarat. lit. D. n. 24.
DIOGO LOPES DE ULHOA, E
ROBOREDO, natural de Lisboa, onde aprcn-
ilco as letras humanas, c lingoa Latina no
(^ollcgio dos Padres Jcfuitas. Depois de rece-
ber as infignias doutoracs na Faculdade de Di-
reito Ccfareo cm a Univerfidade de Coimbra,
bufcando mayor theatro para o feu engenho,
i|ue era igualmente fubtil, e profundo, paíTou
i Univerfidade de PÍ2a, na qual naõ fomente
toy Lente de Vefpera de Leys, mas Caval-
ieiro da Ordem de Santo Eftevaõ. Im-
primio:
Florentina Hypoteca. Juridicum Confultum
in favorem Keverendijfimi D. Anjani Marcheti
infiéis Collegiata S. Andraa Emporii Archi-
prctsbiteri, <& Keverendarum Monialium D. Hie-
rotiymi Florentia, (Ò' S. Crucis Emporii adverfus
llltiftrijftmum D. Kodulphum de O/ardis è Co-
mitibtis Vemii. Lucae, per Hyacinthum Pa-
cium. 1680. foi.
Dijfertationes in Materiam de 'Legatis cum
Keleãione ad Tx. in L. pojl morte m 12.
Cod. de Fidei comijfis. Florentiíe, 1682. foi.
Promete no Prologo defta Obra publicar
a Matéria de Verborum obligationibus. Tem
no principio a Oraçaõ latina, que recitou
na occafiaõ que tomou poíTe da Cadeira de
Vefpera na Univerfidade de Pifa.
DIOGO LUIZ DE LIMA, celebre
Advogado de caufas Forenfes na Corte
<le Madrid, e dos grandes Jurifconfultos
do feu tempo, como moflrou na Obra fe-
ííuinte:
AJditiones, feu lllufirationes áurea ad doãif-
fimi Ludotfid de Molina dê Hijpaniarum Prinnh
gentis celebrem Traãatum, Lugduni, fumptibos
Jacobi Proíl. 1634. foi.
DIOGO MANOEL AIRES DE AZE-
VEDO. Veja-fe o P. MANOEL TAVA-
RES da Congregação do Oratório.
DIOGO MANOEL DE ORTA. Apieo-
deo na Cidade de Lisboa fua pátria as fcien-
cias amenas, e na de Coimbra as feveras,
como foraõ Filofoíia, e Direito Gvil, em que
fahio muito douto, merecendo alcançar grande
nome pelo patrocínio das caufas mais gra-
ves, que fe altcrcavaõ em o Foro Eccleúaf-
tico, e fecular. Para deixar hum claro tefte-
munho da fua fciencia Jurídica, publicou
no anno de 1639.
Allegofaõ de Direito por D. Carlos
de Noronha, e D. Anna de Meneses fua
mulher, fobre a fuccejfaõ da Cafa, e Rflaão
de Villa-real, e morgados, que vagarão por
falecimento do Duque de Caminha Marquev^
de Villa-real D. Miguel de Meneares, Pay
da dita D. Anna de Menev^s. foL Naõ
tem anno nem lugar da impreílaõ. Coníla
de 467. §.
Fr. DIOGO DE SANTA MARIA,
Religiofo profeíTo da Ordem dos Eremi-
tas de Santo Agoílinho, da Congregação
da índia Oriental, onde exercitou em be-
neficio de muitos enfermos a arte de Me-
dicina, em que era perito, deixando efcritos:
Tratados vários de Medicina. M. S.
DIOGO MARQUES SALGUEIRO,
Freyre da Ordem Militar de Saõ Tia-
go, Prior da Igreja Matriz da Villa de
Mertola, e Capellaõ no Real Convento
das Commendadeiras de Santos delia
Corte, de quem fazem memoria NicoL
Ant. Bib. Hifp. Tom. 2. pag. 520. Ma-
ragoni Thefaur. Paroch. pag. 226. e o
novo Addicionador da Bib. Orienf. de An-
tónio de Leaõ Tom. i. tit. 8. col. 158. Com-
poz:
KelaçaÕ das Feflas, que a Sagrada
Ó72
Keligiaõ da Companhia de JESUS fez, em
a Cidade de Ushoa na 'beatificação de SaÕ
Francifco Xavier Padroeiro da Companhia, e
primeiro Apojlolo dos Rejnos do JapaÕ, em
Dezembro de 1620. Lisboa, por Joaõ Rodri-
gues. 1621. 8.
DIOGO MARTINS DA VEIGA, natu-
ral de Braga, e muito douto aífim nas obfer-
vaçoens da Aftrologia, como na liçaõ da
Hiíloria Sagrada, e profana, publicando:
]uizp Afirologico Prognojiico, e Lunario
para o anno de 1604. tirado ao Meridiano
de Lisboa. Lisboa, por Pedro Craesbeeck. 8.
JLunario para o anno de 1605. com hum
fummario breve no cabo dos 'K.ejs mais po-
derofos, que hoje ha no mundo, Lisboa, pelo
dito ImpreíTor. 8.
Jui^p Afirologico, <&c. para o anno de 1606.
calculado ao Meridiano da Cidade de Braga, com
huma relação breve no cabo das grandezas de Lis-
boa, e dos Bifpos, e Senhores de Titulo defte
Rejno de Portugal, e Juas Conquijlas. Lisboa,
pelo dito ImpreíTor. 1606. 8.
Prognofiico, e Lunario do anno de 1607.
calculado ao Meridiano da muy antigua, e augufta
Cidade de Braga, e no cabo huma lijia dos Offi-
ciaes da Caja Real de Portugal, e quem os tem, e
outras curiofidades. Lisboa, pelo dito Impref-
for. 1607. 8.
Prognofiico, e Lunario do anno de 1608.
calculado ao Meridiano da Cidade de Lis-
boa, com hum fummario das grandezas, e
coufas notáveis da Comarca de Lntre Douro,
e Minho, com outras curiofidades tocantes
a efte Rejno. Lisboa, pelo dito ImpreíTor.
1608. 8.
P. DIOGO DE MATOS. Naceo
na Quinta chamada Saõ Joaõ da Ribeira
fregueíia de Barcouços, em o termo da
Qdade de Coimbra, e em o Noviciado da
Companhia de JESUS deíla Cidade, quan-
do contava 16. annos de idade recebeo
a Roupeta a 16. de Fevereiro de 1602.
Inflamado com o zelo da propagação do
Evangelho fe embarcou com faculdade
dos Superiores para a índia, em o anno
de 1607. onde depois de eíludar as fcien-
BIBLIOTHE CA
cias neceíTarias para a inftrucçaõ da gentili-
dade, paíTou à Etiópia cm 1619. e nella
foy hum dos mais infignes operários, que
teve aquella MiffaÕ, como efcreve o P.
Balthezar Telles Hifi. da Etiop. Alt. Apend.
prim. §. 5. pag. 680. padecendo into-
leráveis moleftias procedidas da fome,
fede, frio, e calor exceíTivos. Pela fua
natural benevolência era muito aceito ar;
Emperador Sultaõ Segued, a quem acom-
panhava em todas as campanhas, fucce-
dendo muitas vezes controverteremfe na fua
prefença algumas matérias pertencentes à
Religião CathoUca moílrando com tal evi-
dencia a folida verdade dos feus princi-
pios contra os fcifmaticos erros de Ale-
xandria, que muitos dos feus fequazes ab-
jurava© taõ falfa crença, e abraça vaõ a
Ley Evangélica. Por morte do Empera-
dor lhe fuccedeo feu filho herdeiro da Coroa, c
naõ do aíTefto para com o Padre, mandando
com barbara precipitação, que foíTe expulfo da
Corte juntamente com o Patriarcha AíFonfo
Mendes, donde fendo levado a Suaquem
foy reclufo em hum cárcere taõ eílreito, pelo
efpaço de hum anno, que defpojando-o da
pelle o reduzio a hum efpedtaculo hor-
rorofo. Depois de ter tolerado heroicamente
tantas tribulaçoens em obfequio da Reli-
gião, fe retirou para Goa, onde tendo fido
Reytor do Collegio de Salfete, Meílre dos No-
viços, Companheiro do Provincial, e
Reytor do Collegio de Saõ Paulo, aca-
bou a carreira de vida mortal, para come-
çar a eterna em 4. de Junho de 1633.
com 49. annos de idade, e 31. de Compa-
nhia. Delle fe lembraõ Cardof. AgioJ.
Lufit. Tom. 3. pag. 528. e no Comment.
de 4. de Junho letr. F. Franco Ann. Glor.
S. J. in Lufit. p. 313. e o moderno Addi-
cionador da Bib. Orient. de Anton. de Leaõ
Tom. I. Tit. 2. col. 435. Efcreveo:
Copia de una Carta efcrita ai P. General dela
Compania de JESUS, en que dã cuenta afu Pater-
nidad dei eftado dela converfion ala verdadera
Religion Chrifiiana CathoUca Romana dei ^arr
Império dela Etiópia, cuyo Emperador es el Prefie
Juan, efcrita en la Ciudad de Fremona fu j
fecha en 20. de Junio de 1621. Madrid. 1
por Luiz Sanches. 1624. foi.
L USITAN A.
Copia de huma Carta em que àã conta dos
fttccejjos da jornada do limperador da Etiópia
contra os villoens de \jtftà, ImpreíTa na llift.
da Ltiopia Alt, do P. Tcllc» Liv. 4. cap. 26.
p. 475-
I^r. DICXjO de MELLO, cujo nome lhe
foy impofto em obfequio de feu Avo paterno
Diogo de Mello, Meílre fala da Empcratriz
D. Ifabel, filha do SerenilTimo Rey D. Manoel,
c cfpofa do limperador Qrlos V. naceo na
Vi lia de Serpa da Província Tranílagana, e
teve por Pays a Pedro de Mello, e a D. Luiza
Pereira, e por irmaõs a D. Martinho Af-
fbnfo de Mello, e a D. Jorge de Mello, o pri-
meiro, Bifpo de Lamego, e o fegundo de
Miranda, e Coimbra. A tam qualificado na-
cimento correfpondeo a boa Índole com que
aprendeo as primeiras letras, que cultivou mais
vigilantemente em a Religião Carmelitana,
recebendo o Habito no Convento de Lisboa
a 17. de Setembro de 1563. onde depois de
didar Filofofia paflbu ao Collegio de Coimbra,
c nelle leo Theologia com applaufo de toda
a Univerfidade. Foy muito douto na Theo-
logia Moral, na qual era confultado frequen-
temente por peflbas da mayor graduação
fcguindo fempre o feu voto como fundado
na mais folida doutrina. Tendo fido eleito
no anno de 1595. primeiro Sócio para o Ca-
pitulo Geral, e Vigário do Provincial Fr.
Thomé de Faria, que depois foy Bifpo de
Targa, foy Prior do Convento de Lisboa,
cujo governo acabou no Capitulo celebrado
em Évora a 10. de Agofto de 1602. Ao tempo
que era hofpede de feu irmaõ D. Jorge
de Mello, Prior mòr do Convento de Pal-
mella, lhe fobreveyo a enfermidade, que
o privou da vida a 9. de Outubro de 1609.
e foy fepultado no mefmo Convento. Fa-
zem deUe mençaõ Carvalho Corog. Portug.
Tom. 5. Liv. 2. Trat. 8. cap. 47. Fr. Luiz
de Mertol. Vid, do Ven. Fr. EJIevaÕ da Purif.
cap. 3. pag. 22. num. 10. e mais difu-
famente Fr. Manoel de Sá Mem. Hift. dos
Efcrit. Portug. da Ord. do Carm. cap. 19.
n. 142. até 146. Imprimio:
Sermão do Santijfimo Sacramento pregado
no Convento do Carmo de Ushoa. Lisboa, por
Pedro Craesbeeck. 1607. 4.
DIOGO DE MELLO PEREIRA, Prioc
da Igreja de Noda Senhora da A/íumpça5
Matriz da Villa de Tentúgal, díílante duas
legoas da Gdade de Coimbra para o Poente,
e Meílre de D. Francifco de Mello, fegundo
Marquez de Ferreira, e de feu irmaô D. Ro-
drigo de Mello. Foy muito verfado na língua
Latina, Rhetoríca, Humanidades, Theologia
lífcholaílica, e Moral, e principalmente in-
figne Genealogííla, cícrevendo:
Nobiliário de Portugal.
O qual fe imprimio até folhas 80. como
vimos em hum exemplar, que conferva em
a íua Livraria da Hííloria de Portugal meu
irmaô D. Jozé Barbofa, e principia pelo
Capit. I. que tem por titulo: Donde Je deri-
vou, e naceo efte nome de Portugpl} Compre-
hendia o que eílava impreíTo as Genealogias
da Caia Real, da SereniíTuna de Bragança,
Marquezes de Ferreira, Condes do Vimiofo,
Duques de Aveiro, &c. mas por jujlos ref-
peitos ( como efcreve Manoel Severim de
Faria Not. de Portug. Difc. 5. ) í defeitos, que
tinha na compojifaô foy mandado tirar da
imprenfa. Falleceo depois do anno de 1606.
como afíirma o P. D. Ant. Caet. de Souf.
no Apparat. à Hift. Geneal. da Caf. Real
Portug. pag. 43. §. 22.
DIOGO DE MELLO DE SAMPAYO,
Moço fidalgo da Cafa Real, Cavalleiro pro-
feíTo da Ordem de Chriílo, filho de 'Luiz de
Mello de Sampayo, que morreo alentada-
mente no anno de 1659. fendo General no
cerco, que a Damaõ tinha pofto o Graõ Mogor,
e de D. Urfula de Mello, filha de Duarte de
Mello Pereira, Capitão da Fortaleza de Dio,
e de D. CeciUa de Brito. Havendo fervido
em obfequio do Eftado da índia, com
grande diílinçaõ, aflim na terra, como no
mar, recebeo huma ferida no fitio de Da-
maõ de que ficou lezo. Depois de fer
nomeado pelo Vice-Rey Joaõ da Sylva
Tello, Capitão de hum navio, partio pa-
ra Portugal em o anno de 1642. e logo,
que beijou a maõ ao Sereniflimo Rey D.
Joaõ o IV. para manifeJfto argumento da
fua fidelidade, paíTou com quatro folda-
dos pagos à fua cuíla à Fronteira do Alen-
tejo, onde depois de obrar acçoens dig-
48
074
nas do feu nacimento, foy eleito em remu-
neração delias, Capitão das Fortalezas de
Sofala, e Moçambique. A grave prudência
de que era ornado, moveo aos moradores
de Baçaim, para que ao tempo que chegou
por Vice-Rey do Eftado o Conde de Sarze-
das, o elegeííem para tratar os negócios mais
importantes daquella Cidade. Conhecendo
o Vice-Rey o feu talento politico naõ con-
fentio, que partifle com quinze Toldados ao
foccorro de Ceilaõ, para cuja expedição
voluntariamente fe oífereceo, querendo antes
valerfe do feu Confelho, que do feu valor.
Por fer culpado na morte de Joaõ Alvares
Carrilho, Ouvidor Geral nas partes do Sul,
que injuílamente lhe fequeftrara as fuás Al-
deyas, fe paílou com feu irmaõ Francifco de
Mello de Sampayo, Capitão da Fortaleza de
Baçaim ao Mogor, onde foraõ recebidos
benevolamente por Auraugazeb, intitulado
Emperador deile Império, por ter a feu Pay
prezo, e os nomeou Umbràos, titulo de
grande honra naquella Corte, e fendo man-
dado Diogo de Mello a tratar com o Sevàgy
negócios de grande importância, foy caufa
de que as terras do noíTo Príncipe naõ foíTem
tributarias ao Graõ Mogor, e que naõ moveíTe
guerra nas terras de Baçaim, em tempo que
era muito prejudicial, por eftarem invadidas
das armas Olandezas. Tendo triunfado dos
inimigos eílranhos, e domefticos, nos quaes
teve mais que vencer, fe retirou a Baçaim,
donde foy chamado por huma carta muito
honorifica do Vice-Rey Joaõ Nunes da
Cunha, Conde de S. Vicente, e chegando à fua
prefença depois de o receber com benévolas
expreíloens o nomeou Embaxador ao Graõ
Mogor, de cuja expedição fe eximio por fer
infrudhiofa aos intereííes do Eftado. Que-
rendo defcanfar dos exercícios militares em
que tinha confumido a mayor parte da vida,
fe retirou para a Aldeya de Siam lituada na
Ilha de Bombaim, onde depoíla a efpada
pegou da penna, efcrevendo a Obra feguinte,
que dedicou em lo. de Novembro de 1682.
a Jozé de Mello de Caftro, Cavalleiro pro-
feílo da Ordem de Chrifto, filho do Vice-Rey
da índia António de Mello de Cailro, para
que a oífereceíTe ao Príncipe Regente o Sere-
nifíimo D. Pedro, a qual intitulou:
BIB LIOTHE CA
Frutifico Poema. Confta de 29. Cantos,
que comprehendem 1826. Oitavas. 4. M. S.
He o feu argumento os Frutos, que fe colhiaõ
da Arvore da Cruz de Chriílo. O Author
confeíTa na prefaçam defta Obra, que a com-
puzera em diverfas terras, aíTim de Chriftaõs,
como de infiéis. Moftra fer muito verfado
na Sagrada Efcritura, e Santos Padres, pelas
allegaçoens que trás á margem, e também
na Hiíloria Sagrada, e Profana. Começa
a I. Oitava do i. Canto.
Dos frutos doces da arvore amargo/a
Do fruto bento da arvore bendita
Dos frutos fuaves d' arvore penofa
{Antes tida por vil, e por maldita^
E agora por triunfante, e vitoriofa
Declarando ejle prologo recita
Brevemente os proveitos, e as doçuras
Das fuás contempladas amarguras.
No fim tem huma larga Apologia efcrita
em proza, em que largamente relata as grandes
perfeguiçoens, e notáveis perdas que tolerou
de alguns Fidalgos, que viviaõ no Oriente,
e moftra a fua innocencia injuftamente per-
feguida. Acaba com algumas Gloíías, e Can-
çoens, que alludem a algumas claufulas deíla
Apologia. Tudo M. S. cujo original tive-
mos em noíTo poder.
DIOGO MENDES. Poeta infigne do
feu tempo, de cuja Arte fe lém no Can-
cioneiro do P. Pedro Ribeiro, feito em o anno
de 1577. e fe confervava M. S. na Bi-
blioth. do Cardial de Soufa, quatro Sone-
tos, os quaes principiavaõ : EJlava o bravo
mar affofegado. Outro. Eurotas foy de mui-
tos celebrado. Outro. Dum penfamento grave
combatido. Outro. Febo ao fom da voffa
agua Caballina.
DIOGO MENDES QUINTELLA,
Presbytero, e Licenciado na faculdade dos
Sagrados Cânones. Cultivou defde os pri-
meiros annos a Poezia, na qual a piedade
dos affeélos excedia a elegância das vozes,
publicando :
Converfaõ, e lagrimas da gloriofa Santa Maria
Magdalena, e outras Obras efpirituaes. Dirigidas
ao Illufirijfimo, e Keverendijfimo Senhor D. Miguel
L USITANA
de Caftro, Metropolitano Arcebifpo dt Lis-
boa. Lisboa, por Vicente Alvares. 1615. 4.
O Poema coníla de 7. Cantos, e as Obras
cípirituaes de Sonetos, Cançoens, e Ele-
gias.
DIOGO MENDES DE VASCON-
CELLOS. Naceo na Villa de Alter do
Qiaõ na Provinda do Alentejo, em o pri-
meiro de Mayo de IJ25. como elle ele-
gantemente efcreveo em hum dos feus
Poemas :
Antiqtn retinem vefligia nominis Alter
Difit/ir, atque Juo ditlutn quoque nomine,
cemit
Non proa/l oppidiilum faxoji in vértice montis.
Hac domm, hac pátria ejl, hac incmabula uoftra
Hoc natale folum, prima hic exordia vita.
Teve por Pays a Gonçalo Mendes de
ftfconcellos, ornado de fumma piedade
com Dcos, c de heróico valor contra os
inimigos do nome Portuguez em as cam-
panhas de Afia, e Africa; e a D. Beatriz Pi-
nheira, irmãa de D. Gonçalo Pinheiro Bifpo
de Vifeu, que o educou com grande vigilância
até o anno de 1537. em o qual fendo mandado
cfte Prelado por ElRey D. Joaõ o III. com o
^arafter de Embaxador a França, para decidir
pumas controverfias, que fe tinhaõ altercado
entre a noíía Naçaõ, e a Franceza, e como
fe demoraíTe na Gdade de Bayona por
çaufa deíla negociação, mais do que efpe-
inva, ordenou que partiíTe da pátria Dio-
go Mendes, e chegando no anno de 1538.
à fua prefença, acompanhado de feus fo-
brinhos Joaõ Pinheiro, e Miguel de d-
bedo, lhe deftinou para primeira efchola
do feu eíhido o Collegio de que era Rey-
tor o celebre André de Gouvea, em a Ci-
dade de Bordeux. Depois de aprender nefta
paleílra as letras humanas em que fahio
muito perito, paíTou à Univerfidade de
Tolofa, onde ouvio interpretado hum, e
outro Direito, pela profunda fubtileza de
António Maria Corafio, Arnoldo Ferre-
rio, e Fernando Berengario, famofos pro-
feíTores da Jurifprudencia, cujas faculda-
des rellituido ao Reyno no anno de 1543.
continuou pelo efpaço de três annos em a
Univerfidade de Coimbra, fendo feus Mef-
675
ties o iníigne Martim Arpilcueta Navarro,
e António Soares UlyíTipooeofe, ambot Orá-
culos, hum dot Cânones Errlrfiaftirot, e
outro das Leys Imperíaes. Chamado íeguoda
vez a França por íeu Tio, vifitou a Univer-
fidade de Orleuis, em que era Lente Jacobo
Pamello de naçaõ Flamengo, e grande Jurif-
confulto, donde paíTou a Pariz, em cuja
Univerfidade ouvio algumas liçoens do fa-
mofo Canoniíla Pedro Rebuío. Voltando
ao Reyno, como foíTe taõ conhecida a fua
profunda fciencia, o mandou ElRey D. joaô
o III. em 29. de Setembro de 15)1. ao Con-
cilio Tridentino em companhia do feu Emba-
xador D. Joaõ da Sylva, Joaõ Paes, e Diogo
de Gouvea, que depois foy Prior mòr de
Palmella, de quem acima fe fez larga memoria,
e chegando a Trento a 5. de Mayo de 1552.
como fe interrompeííe o Concilio, fe retirou
a Veneza, e depois de difcorrer por Verona,
Ferrara, Ravena, e Urbino, entrou em Roma,
onde conciliada a amifade das principaes
peíToas deíla grande Corte fe reftituhio ao
noflb Reyno com D. Diniz de Alencaftro,
filho de D. Affonfo de Alencaftro Emba-
xador defta Coroa naquelle tempo em a Cúria.
Foy benevolamente recebido por ElRey,
de quem alcançou faculdade para tomar
pofle de hum Canonicato na Cathedral de
Évora, que nelle renunciara feu Tio D. Gon-
çalo Pinheiro. Em atenção á fua grande
fciencia, e inculpável vida o nomeou o Car-
dial D. Henrique Inquifidor da Inquifiçaõ
de Évora, de que tomou poíTe a 11. de Ou-
tubro de 1564. cujo minifterio exercitou
com fumma reftidaõ até o anno de 1573.
Todos cftes dotes com que fe ornava o
feu efpirito lhe merecerão as eftimaçoens
delRey D. Sebaftiaõ, e de Filippe Pru-
dente, quando veyo a Portugal cingir a
Coroa defte Reyno. Foy infigne cultor
da lingoa Latina compondo nefte idioma,
ou foíTe em proza, ou em verfo com
tanta pureza, que parecia ter nacido no
feculo de Augufto. Na Hiftoria Sagrada,
e profana era muito verfado, principal-
mente na invefligaçaõ das Antiguidades
Portuguezas, em cujo eftudo competio
com o famofo André de Refende, de
quem efcreveo a vida, e addicionou as
Ó76
BIBLIO THE CA
Obras. Falleceo em Évora a 24. de De-
zembro de 1599. quando contava 76. an-
nos 7. mezes, e 24. dias de idade. Jaz fe-
pultado na Cathedral em a nave do Le-
nho junto da efcada do Coro, onde fobre
a campa da fepultura debaixo das fuás ar-
mas lhe gravou feu fobrinho Gonçalo
Mendes de Vafconcellos o feguinte epi-
táfio :
D. O. M.
Jacobo Mendes de Vafconcellos Doãorali hujus
Ecclejice Canónico, (& in hac Civitate Inqui-
fitori Apojlolico, atque utriujque Júris Con-
fulto humanarum litterarum peritijfimo Gon-
çalus Mendes de Vafconcellos Avurnulo meri-
tijfimo pofuit. Ohiit anno falutis nojira 1599.
die 24. Decembris.
Vários elogios dedicarão à fua memo-
ria diverfos Efcritores, fendo os principaes
Joan. Soar. de Brit. Theat. L.ujit. Utter. Ut.
D. num. 25. óptima fui fama, nomineque relião.
Nicol. Anton. Bib. Hifpan. Tom. i. pag. 230.
col. 2. Cum infigni ejfet eruditione antiquarum
rerum, ac tofius humanitatis. Emman. Conflant.
in Vit. Alfonf. Prim. Vir in Jure Cafareo,
cceterifque fcientiis apprime verfatus. Eduard.
Nun. de Leon. De ver. ^eg. Portug. Orig.
foi. 3. Tam omnium litterarum, quám júris fcien-
tijftmus, (& in carmine cum veteribus illis compa-
randus. Faria fatisf. Apolog. no principio da
Europ. Portug. num. 24. Doutijfimo. Fonfec.
Evor. Gloriof pag. 407. Eruditijfimo, e eterna-
mente benemérito da Cidade de Evor. Ta-
xand. in Cathal. Ciar. Hifp. Script. Car-
dof. Agiolog. Eujit. Tom. 2. pag. 22. no
Comment. de 2. de Março lit. A. Ludovic.
Pyrrhus em huma carta, que lhe efcreveo
que eftá inferta entre os feus verfos o louva
com eftas elegantes vozes:
Attamen ut mentis, quce fit fententia noflm
Eloquar: Aonides viridi tua têmpora lauro
Cinxere, (à^ teneris admorunt ubera labris.
Attica prceceptis, fophice tua peãora Valias
Imbuit, Arpinas quoque facundijfimus ille,
Et pater eloquii dicendi contulit artem:
Quippe parem invenias nullum, vix nempe fecun-
dum,
Qui conferre pedem valeat, feu carmina culta
Scribere, feu cupis hijlorias fermone foluto :
Seu Terrarum orbem radio defcribere malis;
Quis rogo te melius terra, pontique recejjus
Eruit è tenebris? Alta quce merfa ruina
Tempore delevit penitus longava vetujlas
Quis Sacra Pontijicum melius decreta, patrumque
Keãias explicuit nodos? Sacr ataque jura?
Compoz :
Scholia in quatuor Libros Re/endii de Anti-
quitatibus Eujitania.
Vita Jacobi Menetii Vafconcellii ab ipfo conf-
cripta.
De Município Eborenfi Commentarius.
Todas eftas Obras fahiraõ com o Livro de
Antiquitatibus Eujitanice, compofto por André
de Refende. Eborae apud Martinum Bur-
genfem Acad. Typog. 1593. foi. & Roma:
apud Bernardum BaíTam. 1597. 8. defde
pag. 247. até 320. Coloniíe Agrippinac ex
Officin. Birckmanica. 1600. 8. Tom. i.
à pag. 242. e pag. 304. e no Tom. 2. Hifpan.
Illujirat. Francof. apud Claudium Marnium.
1603. foi. a pag. 385. & Francof. apud eumd.
Typog. 1608. 4. na Bib. Hifpan. Andreae
Scoti onde a pag. 518. traz fomente Vita
Jacobi Menetii, &c.
Vita Gondifalvi Pinarii Epifcopi Vi-
fenfis Serenijfimo Principi Alberto Archidm
Aujirice S. K. E. Cardinali dicata. Eborae
apud Martinum Burgenfem. 1591. foL &
Romse apud Bernardum Bailam. 1597. 8.
a pag. 321. & Francof. apud Claudium
Marnium. 1608. 4. in Hifpan. Bib. Andreae
Scoti a p. 495.
Vita L. Andrece Refendii. Eborae apud
Martinum Burgenfem Acad. Typog. 1595.
foi. Cólon. Agryppin. ex Offic. Birckmanica.
1600. 8.
Vita clarijfimi viri Michaelis Cabbedii Se-
natoris Regii. Romse apud Bernardum Baf-
fam. 1597. 8. a pag. 392. & Francof. apud_
Claud. Marnium. 1608. 4. na Hifp. Bib. Andicscj
Scoti. p. 509. I
De fuo ex Ebora difcefu anno M. D.
LXXVIII.
In Laudem Clarijftmce Civitatis Olyjfiponenjis^
Hendecafyllabi anno M. D. LXXV.
Cum Patriam longo tempore à fe non vifam
adiret anno M. D. EXXX.
Eftas três Obras Poéticas com vários.
Epigrammas a diverfos aíTumptos, e duas
Cartas Latinas, efcrita a primeira ao Du-
#%
L USITAN A.
i inte
<|uc de Saboya Carlos Manoel, no anno de
i)K;. e a fegunda ao Cardial D. Matheut
(ontarelio em 1581. SahiraÕ impreíTos.
Komx apud Bcrnardum BaíTam. 1J97. 8.
• Icftlc pag. 3j6. até 384.
Etiíditijftmo Viro Petro Marifto S. P. D. Epif-
lola data Hbone 10. Martii 1595. Sahio
imprcíTa ao principio dos Diálogos de varia
Wifioria ilcftc Author. Coimbra, por António
de Mariz. 1597. 4.
OraçaÕ do Padre Nojfo, e Ave Maria em
rerfo Latino, e Portugufí(^. Évora, por André
de Burgos.
Panegyricns Principi Tranfilvania diííus. Conf-
Mva de duzentos verfos o qual deo ao Pa-
riarcha de Jcrufalem, quando hia para Roma.
Oratio fmebris in obiíti Principis Joannis,
Kon/a habita.
^ Difcwrjos da Agricultttra. Évora, por André
Burgos.
DefcripçaÕ larga da Cidade de Lisboa, a qual
intentava que foíTe o fexto Livro das Anti-
idades de Portugal. M. S.
Mappa de Portugal dedicado a EJRey D. Se-
hajliaõ, em verfo. Deílas duas ultimas Obras
le lembra o moderno Addicionador da Bib,
Geograf. de Ant. de Leaõ Tom. 3. col. 171 9.
onganando-fe, quando pela identidade dos
;ippellidos o confunde com Luiz Mendes
de Vafconcellos, Author do Sitio de Lisboa.
DIOGO DE MENDOÇA CORTE-
-REAL. Naceo na Imperial Villa de Madrid
\ tempo que feu Pay Diogo de Mendoça
Corte-real, era neíla Corte Enviado Extraordi-
nário da Mageílade delRey D. Pedro IL de
quem foy Secretario das Mercês, e Expediente,
e depois do Eílado do NoíTo SereniíTimo
Monarcha Reynante. Inílruido em a lingua
Latina, e letras humanas, fe aplicou em a Uni-
veríidade de Coimbra ao eftudo do Direito
Pontifício, e tal foy o progreíTo, que a
viveza do feu engenho fez nefta Facul-
dade, que laureado com as iníignias douto-
raes foy admitido ao Collegio de Saõ Pe-
dro a 12. de Novembro de 171 6. A capa-
cidade do feu talento o fez digno de fer
eleito no anno de 1722. Enviado Extraor-
dinário a Olanda, onde renovou a faudo-
ia memoria do minifterio de feu Pay, que
677
com tanta gloria defta Coroa tinha cta^-
tado. Sendo Thefoureiro mòr da CoUe-
giada de Barceilos, Coníelheiro da Fazen-
da Real, Provedor da CmSz da índia, e De-
putado da Sereni/Tima Cala de Bcagaoça,
foy nomeado em 9. de Março de 1729. Aca^
demico da Academia Real da liiíloria Portu-
gueza. Compoz:
PraBica com que cottffatulou a Acalmia-
dê eflar eleito feu Collegfl. Sahio no Tom. 9.
da Collec. dos Docum. da Acaã. Keal, c^r. Lis-
boa, por jozé António da Sylva. 1729. foL
Conta dos feus ejludos Académicos em 8. à*^
Fevereiro de 1730. No Tom, 10. da Collec.
dos Docum. da Acaã. &c. Lisboa, pelo dita
Impreflbr. 1730. foi.
Conta dos feus efludos Académicos em 7. de
Junho de 1731. No Tom. 11. da Collec. dos
Docum. &c. Lisboa, pelo dito Impreflbr.
1751. foL
Conta dos feus ejludos Académicos no Pafo
a 29. de Outubro de 1731. No Tom. 11. da
Collec. dos Docum. <Òrc. Lisboa, pelo dito
Impreflbr. 1731. foL
Examen, <& reponfe a un ecrit publii par
la Compagnie des Indes Occidentales fous le Titre
de refutation des Argumens, e raifons alleguèes
par Mr. Diego de Mendoça Corte-real Envoie
Extraordinaire de Portugal ala Haye dans fon
Memoire, <& V Ecrit annexe prefente a leurs Hautes^
PuiJJances le 15. Septembre 1727. Impreflb
no anno de 1727. fem lugar da impref-
faõ, nem nome do Impreflbr. 4. grande»
Lettre d'un Catholique deVEglife Ro-
maine a un Ruften deVEglife Grecque fe-
paree deVEglife Komaine au fuget de Pttr-
gatoire. 8. Naõ tem anno nem lugar da
impreflaõ, mas do carafter fe conhece fer
em Amílardaõ.
D. DIOGO DE MENESES, Ckveira
da Ordem de Chrifto, filho de D. Fer-
nando de Menezes, chamado o Nariv^Sy
por lho dividirem em dous os Mouros,
em hum combate de Tangere, e de D. lía-
bel de Caftro, filha de D. Diogo de Caf-
tro. Capitão da Qdade de Évora. Ca-
fou com D. Cecilia de Siqueira, filha de
Joaõ Lopes de Siqueira, de quem teve
defcendencia. Foy inclinado à Arte da
6yS
BIB LIO THE C A
Poeíia de que deixou varias Obras, logrando
unicamente do beneficio da lu2 publica as
que fe lem no Cancioneiro de Garcia de Kefende.
Lisboa, por Herman de Campoz. 1516. a
foi. 144. v.o 145. 146. v.o 147. 149. v.o 153. v.o
e 182. v.o
D. DIOGO DE MENESES, filho de
D. Fernando de Menezes, Commendador, e
Alcaide mòr de Caílello-branco, e Embaxador
Extraordinário ao Pontífice Saõ Pio V. e de
D. Filippa de Mendoça, filha de D. Francifco
de Soufa, e D. Brites de Mendoça; foy igual-
mente ornado de agradável afpeâo, como
de fublime engenho, do qual deo hum claro
argumento quando na tenra idade de doze
annos recitou a 22. de Abril de 1566. huma
Oraçaõ gratulatoria na prefença do CoUegio
Apoílolico, a tempo que feu Pay exercitava
em Roma o carafter de Embaxador delRey
D. Sebaíliaõ, arrebatando as atençoens defte
graviflimo CongreíTo a eloquência da fraze,
a pureza da lingua, e a energia da reprefen-
taçaõ do Orador. Sahio com efte titulo:
Oratio Gratulatoria habita Koma in Sacro
Conjeffu Eminentijfimorum Cardinalium. XXII .
Aprilis anno M.D.LXVL Romíe, apud Ju-
lium Bolanum de Accolitis. 1566. 4. Começa:
Et fi propter atatem nondum confilto ratione,
<ò° viribus confirmatufn , (â^c.
Como afiiítifle na Cúria foy o Conduc-
tor do Chapeo, e Eftoque, que o Summo
Pontífice S. Pio V. mandou a ElRey D.
Sebaftiaõ em o anno de 1568. fahindo para
efta religiofa funçaõ montado em hum
Cavallo pombo preciofamente ajaezado, le-
vando o Eíloque levantado, e na ponta
o Chapeo, a quem fazia pompofa comi-
tiva D. AíFonfo de Lancaftro, o Conde de
Portalegre, o Marquez de Torres-novas,
e feu irmaõ D. Pedro Diniz de a Lancaf-
tro, e outros Fidalgos feus parentes, e
amigos. Chegando ao Paço entregou a
ElRey as dadivas Pontificias, que ao dia
feguinte recebeo em a Igreja de S. Do-
mingos de Lisboa, com as circunHancias que
prefcreve o Ceremonial Romano. Acom-
panhou a efte Príncipe na jornada de Africa,
onde acabou na florente idade de 24. annos
infauftamente a 4. de Agofto de 1578.
Foy cafado com D. Margarida de Vilhena,
filha de D. Francifco de Portugal, Com-
mendador da Fronteira de quem naõ teve
defcendencia. Faz memoria do Author, e
da Obra D. Ant. Caetan. de Souf. Hijl.
Geneal. da Caf. Keal Portug. Tom. 3. Liv. 4.
cap. 17.
D. DIOGO DE MENESES, primeiro
Conde da Ericeira, naceo em Lifboa pelos
annos de 1553. onde foraõ feus progenitores
D. Diogo de Menezes, fegundo Senhor do
Louriçal, Commendador de Mendo-Marquez,
e de Saõ Tiago de Cacem, do Confelho del-
Rey D. Joaõ o III. e D. Violante de Caftro,
filha de Simaõ de Miranda, Camareiro do
Cardial Infante D. Henrique. Acompanhad'
de três irmaõs D. Simaõ, D. Fernando
de quem defcendem os Condes da Eri-
ceira, e D. Henrique paíTou em o anno
de 1578. a Africa, e na infaufta batalha de
Alcácer feguer, em que acabarão glorioía-
mente D. Simaõ, e D. Henrique, ficou
cativo com D. Fernando, de cujo cati-
veiro fe refgatou à fua cufta naõ acei-
tando o dinheiro, que para eíle efFeito lhe
levava Francifco da Cofta por ordem delRe\ .
Hum defgofto que teve com feu irmaõ D. Fer-
nando o obrigou a deixar a Pátria, e fazer
o feu domicilio na Corte de Madrid, onde
pela fua grande prudência, e natural affabili-
dade mereceo particulares atençoens de Fi-
lippe IV. o qual naõ fomente o fez feu Mor-
domo, e Gentilhomem de boca, mas lhe deo
o titulo de Conde da Ericeira, por carta paf-
fada em o primeiro de Março de 1622. cuja
mercê alcançou para feu fobrinho D. Fer-
nando de Menezes, neto de feu irmaõ
D. Fernando, e filho de feu fobrinho D.
Henrique, o qual hindo a Madrid o achou já
faUecido, deixando-lhe no feu teftamento,
que conftou de mais de fetecentos mil cru-
zados em moveis preciofos, fomente o Pa-
droado da Capella mòr do Convento de
Noíía Senhora da Graça de Lisboa, com
quatro MiíTas quotidianas, e quatro Oífi-
cios. Morreo com mais de 80. annos de 1
idade em o de 1635. Para que fe fizeíTem
mais patentes as façanhas que feu Avo D.
Henrique de Menezes obrou no Governo
L USITANA.
\ák índia, traduzio em Caílelhano, e de-
^ (ficou ao Conde Duque de OUvares:
Los cinco Uhros dela 3. Década de Juan
íle fíarros, que contiene la vida de D. Hetiríq/ée
de Mem:(es. Madrid, por Juan Delgado.
1628. 4.
Fr. DTOGO DE S. MIGUEL, na-
tural da Viila de Caftello-bnmco, fituada
>na Provinda da Beira do Bifpo da Guarda,
lilhf) de Joaõ Rodrigues Homem, c joanna
1 rafoa. ProfcíTou o Inílituto dos Eremitas
(Ic Santo Agoftinho no Convento de Lisboa
lis. de junho de 1558. onde por fua grave
prudência foy três vezes Rcytor do CoUegio
de (>)imbra, c duas vezes Provincial, a pri-
meira no anno de 1 565. e afegunda no de 1 576.
lançou os primeiros fundamentos ao Con-
\cnto de NoíTa Senhora da Luz da Villa de
Arronches em o anno de 1370. fendo o pri-
meiro Prior que teve efta religiofa Cafa. Mor-
' reo no Convento de NoíTa Senhora da Af-
' fumpçaõ de Pena-fírme. Delle fe lembraõ
Purif. de Vir. illnji. Ord. D. Aug. lib. 3. cap. 4.
!pag. 88. v.o. Herrera Alphab. Augujl. Nicol.
Anton. hih. Hifp. Tom. i. pag. 250. col. 2.
l'r. Anton. da Nativid. Mont. de Cor. letr. D.
f §. 4. n. 5 . e Joaõ Soar. de Brito Theat. Lufitan.
' IJtter. lit. D. num. 26. Publicou:
ExpoJiçaÕ da Re^a do glorio/o Padre Santo
Agoftinho colkgida de diverfos Authores. De-
\ dicada à Rainha D. Catharina. Lisboa, por
'Joaõ Blavio. 1563. foi.
DIOGO DE MONROY, E VASCON-
CELLOS, Cavalleiro da Ordem Militar de
Chrifto, e Governador do Caftello de Saõ
Joaõ Bautiíla da Ilha Terceira, naceo em a
' Villa de Campo-mayor a 5. de Abril de 1680.
' fendo filho de Francifco da Sylva de Moura,
c Azevedo, Meftre de Campo, Governador
1 da Praça de Campo-mayor, Commendador
da Comenda de Santa MARIA de Caftello-
-bom, e de D. Anna Maria Jozefa de Vafcon-
cellos, filha de Luiz Mendes de Vafcon-
cellos. Governador da Ilha de S. Miguel,
Vedor da Fazenda da índia, e de D. Guio-
mar Palha. Defde a puerícia começou
a cultivar os eíhidos, em que logo deo
claros argumentos da capacidade do feu
079
talento, fendo mayores quando na Uni-
verfidade de Coimbra recebeo o gtio de
Bacharel na faculdade de Direito Canónico.
Na ultima guerra que efta Coroa teve com
a Caílelhana, deixou as letras, e feguio as
armas, obrando acçoens dignas do feu hon-
rado nacimento. Teve natural inclinação
para a Poefia, de cuja Arte tem compofto
tanta copia de verfos, que podem formar
cinco volumes, dos quacs fomente tem logrado
da luz publica:
Vários Romances, Decimas, e Oitavas a
diverfos aíTumptos, que fahiraõ impreíías
no 4. Tomo da Fénix renacida, ou Obras "Poé-
ticas dos melhores engenhos Portuguer^es. Lisboa,
por Mathias Pereira da Sylva, e Joaõ Antunes
Pedrofo. 1721. 8. defde p. 313. até 372.
DIOGO MONTEYRO natural da
Cidade de Lamego Presbítero, e Licenciado
na Faculdade dos Sagrados Cânones. Defde
a primeira idade cultivou a poeíla a que o
inclinava o génio deixando para teftemunho
da fua veya poética.
Poema de S. Gonçalo de Amarante Lisboa
1620. 4. Coníla de vários cãtos em verfo
heróico, de cuja obra como do feu Author fc
lembra Cardozo. Agiol. 'Lufit. Tom. 2. pag.
607. no Coment. de 16. de Abril letr. E Nicol.
Ant. Bib. Hifpan. Tom. i. pag. 231. coL i.
Expoftçaõ dos primeiros cincoenta Pfal-
mos de David em Outavas, e Tercetos, do
qual fe naõ permitio a impreíTaõ por fer na
língua vulgar.
DIOGO MONTEIRO Presbítero Ulif-
íiponenfe, iníigne Theologo Moralilia cuja
Faculdade aprendeo no Collegio de Santo
Antaõ dos PP. Jefuítas traduzindo em obfe-
quio deftes Religiofos da língua Caftelhana
do P. Thomaz de Villa-Caftim da Companhia
de JESUS em a portugueza, acrecentando-lhe
muitas noticias.
Compendio da Vida, virttíde, e milagres da
B. P. Francifco Xavier Apoftolo da índia Oriental.
Lisboa por Anton. Alvares. 1620. 8.
P. DIOGO MONTEIRO, chamado
no feculo Diogo Banha, filho de Fran-
cifco Rodrigues Banha, e Brites Lopes,
naceo em o anno de 1562. em a Fregue-
'ó8o
BIB LIO THE CA
Cia, de NoíTa Senhora da Graça do termo
da Cidade de Évora, em cuja Univerfidade
eíhidou os primeiros Rudimentos da lingua
Latina. Atrahido do Sagrado Inftituto, que
profeíTavaõ os feus Meílres, fe refolveo a
entrar na Companhia de JESUS e poílo que
contra taõ fanto intento machinafle o inimigo
commum vários impedimentos, de todos
heroicamente triunfou recebendo a Roupeta
no Collegio de Évora a 6. de Janeiro de 1577.
quando contava quinze annos de idade. Con-
tinuou o Noviciado em o Collegio de Coimbra
debaixo do magiílerio do piiíTimo Varaõ o
P. Vafco Pires, no fim do qual aprendeo
as fciencias mayores. Por fer muito infigne
nas letras humanas, as enfinou pelo efpaço
de oito annos na primeira ClaíTe dos Collegios
de Coimbra, e Évora, em cujas Univerfidades
leo Filofofia, Theologia Efpeculativa, e Moral,
e Efcritura Sagrada, com grande proveito
dos feus ouvintes. Ao exercício das fcien-
cias correfpondia o das virtudes, pelas quaes
chegou com exemplo raramente prafticado
.a adminiílrar o lugar de Meftre dos Noviços
quatro vezes, devendo-fe à fua vigilante
cultura frutificarem aquellas novas plantas,
como herdeiras do feu efpirito, naõ fomente
em beneficio da Religião, mas de todo o
Reyno. Na contemplação dos divinos atri-
butos confumia quotidianamente o largo
efpaço de cinco horas, aprendendo ncíla altif-
fima efchola a Arfe de Orar, que efcreveo para
inílrucçaõ dos efpiritos, que quizerem fre-
quentar taõ fagrado exercício, em o qual
muitas vezes era viílo fufpenfo em os ares,
como bufcando com mayor velocidade o
centro de fuás amorofas anciãs; e em outras
derramando copiofas lagrimas, que lhe acen-
diaõ o fogo em que fuavemente fe abra-
zava. Naõ havia género algum de morti-
ficação de que naõ ufaíTe para reduzir a re-
beldia do corpo às leys do efpirito, dif-
ciplinando-fe todos os dias com tanto ri-
gor, que fenaõ foíle moderado pela pru-
dência dos Superiores, certamente lhe abre-
viaria a morte. Obfervava taõ inviolável
filencio, que fomente o rompia quando
era obrigado a fallar nas matérias perten-
centes ao governo da Comunidade, como fe
•experimentou quando foy Reytor dos Col-
legios de Braga, e Lisboa, Prepofito de Saõ
Roque, e Provincial. Querendo Filippe IV.
no anno de 163 1. fazer Bifpo ao P. Salazar,
foy eleito entre os Padres, que por ordem
do Geral Mucio Vitelefchi foraõ deputados
para impedir efta eleição, como contraria
ao Inílituto da Cõpanhia, e neíla grande Corte
deixou impreíTas as memorias das fuás raras
virtudes. Em todas as jornadas, que fez
pelo Reyno, fempre andava a pé, naõ o dif-
penfando de taõ laboriofo exercido nem a
idade proveéta, e menos a authoridade dos
lugares que occupava. Prévio muitos fuccef-
fos, huns profperos, outros infauftos, de cuja
infallivel certeza fe conhecia a fuperior luz,
que lhe illuftrava o efpirito. Dedicava ter-
niíTimos obfequios a MARIA Santiffima,
e ao Menino Deos nacido em o Prezepio
a quem em a Noute do Natal cantava alguns
verfos di6íados pelo innocente impulfo dos
feus affeélos. Chegado à idade de 72. annos
fe retirou de Lisboa ao Collegio de Coimbra,
que fora a primeira paleílra dos feus virtuofos
progreíTos, e conhecendo eítar propinqua
a morte ouvio MiíTa a 25. de Mayo em que
fe celebrou a Fefta da Afcençaõ de Chrifto
no fim da qual comungou com fumma pie-
dade, e recolhendo-fe ao feu Cubículo fe lançou
na cama por ter huma perna gravemente
inflamada, e depois de paíTar os dias de quin-
ta e Seíla feira, em o Sábado que fe con-
tava 27. de Mayo de 1634. foy achado morto.
Concorreo a Cidade de Coimbra a ve-
nerar o feu Cadáver, a cujas exéquias af-
fiítio o Cabido, e toda a Univerfidade, e
fendo depofitado em fepultura particular
foy trafladado no anno de 1641. da Igreja
velha para a nova para a Capella de Santo |
António junto da portaria do Collegio. Foj}
de feiçoens miúdo (aífim defcreve a fua figura \
o P. António Franco Imagem da virttide àa\
Noviciad. de Evor. liv. 3. cap. 46.) de comprei^aõ^
fanguinho, de eftatura alta, e bem proporcionada;^
o rojlro comprido, alvo, e algum tanto corado^
mas com a muita oração, e continua peniten-
cia muj atenuado, os olhos grandes, e alegres.
O naris fem deformidade comprido, e aqui-
lino; a barba eftreita, e afilada &c A fua
vida efcreveo o P. Nuno da Cunha, que
foy feu Noviço, e depois companheiro
LUSITANA.
ó8i
f quando foy Provincial, e AíTiftente em Roma,
^ a qual fahio impreíía no principio das Aí^ir-
íafOâfts dos Atributos Divinos do P. Diogo
Monteiro, onde fe vè o feu retrato aberto
em huma Lamina com eíla infcripçaõ. P, Di-
àúcus Monteiro Soe, JESU Aíajpjier Novi-
tiorum an. 17. c^ Provincialis in LMfittaúa,
vir, atnahili virtute, orandi ajftduitate, Ò' mira in
hqtiendo de divinis rehus Jttavilale praditiu, exi-
mieque affeHus erga Chrijlm/ Infantem pofi-
íum in prafepio. Ad caleftem patriam evocatus
ohiit Conimbrica 27. MaiJ 1654. atat 72. Societ. J2.
As fuás virtudes, e infignes acçoens rela-
taõ o P. Franco já allegado, e no Ann.
glor. S. J. in Ljifit. p. 288. micuit abfolutijfimis
virtutibus. E no Sjnops. Annal. S. J. in Lufit.
pag. 265. vir ilk ftdt nullis aqmndus laudibus
Cardof. Agiol. Lufit. Tom. 3. pag. 424. Jm
vida fora inctdpavel, fita virtude effencial, e Jua
pttre:(a muy folida. Nicrcmberg. Var. llufi.
dela Compan, Tom. 1. foi. 562. Nicol. Ant.
\Mh. Hifp. Tom. i. pag. 251. Vita Sanãimonia
nobilis. IlluftriíTim. Cunha Hifi. de Brag. Part. 2.
cap. 106. n. I. Infiffte VaraÔ. Nadaf. Ann.
dier. memorab. S. J. Part. i. pag. 286. col. 2.
Joan. Soar. de Brit. Theatr. Ijtfit. Utte-
rat. litter. D. n. 27. quoadufque latins, len-
tiusque clarijftmi, juftifftmique viri vitam, fi
non ut par efi, ut mihi certe licebit, praj-
cribo. Franco Évora glorio/, pag. 428. fio-
receo em todo o género de virtudes. Tellez
Chron. da Comp. de JESUS da Prov. de
Portug. Part. 2. liv. 4. cap. 26. n. 5. Varaõ de
mtry Janta vida, e de muy faudofa lembrança.
D. Franc. Manoel na Carta dos Author.
Portug. Entre os profejfores, e Meftres de ejpi-
rito o P. Diogo Monteiro. Compoz.
Arte de Orar. Coimbra por Diogo
Gomez Loureiro 1650. 4. A eíla obra cha-
ma a Bib. Societ. p. 172. omnibus numeris
abfolutum.
Devoto exercido da PaixaÕ de Chrifio
repartido por horas, que a alma devota deve
Ja^r entre dia. Lisboa por Manoel Carvalho.
1632. 8.
Meditaçoens dos Atributos Divinos Roma
por Angelo Barnabó 1671. 8.
Cartas ejpiritnaes; as quais pertendia fa-
zer publicas Fr. Manoel da Refurreiçaõ Agof-
tinho Defcalço aíTiítente em Roma. Trinta
conTervavft em íeu poder o Doutor Joad
I^pez Rapozo da Caftanheda e as vio o
P. Frandfco da Cruz como afBrma nas fuás
Memorias Aí. S. para a Bíbliotheca Portu-
gueza*
Fr. DIOGO DE MORAES ReUgiofo
da Sagrada Ordem dos Pregadores em cuja
douta paleílra depois de eníinar Filoíofia,
e Tbeologia recebeo o gráo de Doutor neíbi
Faculdade na Academia Conimbricenfe, onde
foy Lente de Cadeira de Veípera, de que tomou
polTe a II. de janeiro de 1562. Foy Qualifi-
cador do Santo Officio, ornado de feliz me-
moria, exaâa obfervanda do feu IníUtuto,
e de profunda intelligencia da Sagrada Efcri-
tura. Cantou a Miíla folemne na abertura
do Real Collegio de Saõ Paulo, a 2. de Mayo
de 1563. Fazem do feu talento honorifica
memoria Fr. Anton. de Sen. Chron. Ord.
Prad. p. 331. Fr. Pedro Monteir. Clauft.
Dom. Tom. 3. pag. 188. e D. Jozé Barbof.
Memor. Hifi. do Real Colleg. de S. Paul. pag. 19.
Deixou doutiflimos Tratados fobre a Efcritura,
e Theologia, em que fe admira a profundidade
da fua fciencia.
DIOGO MOURAM, natural da Villa da
Covilhãa em a Comarca do Bifpado da Guarda,
em a Provincia da Beira, e grande profeíTor de
Medicina, pela qual he ch2itD2ido peritijpmus, eru-
ditijftmus, (ò" eximius, por Zacuto Lufitano in
Med. Princip. Hifi. Lib. 3. hift. 13. & Lib. 2.
Hift. 116. & in Prax. Med. Lib. 2. Obfervat.
94. Exercitou eíla Arte com fortuna, e applaufo
na Cidade Archiepifcopal de Aix da Provincia
de Provença, em o anno de 1639. Delle fe lem-
braõ Joan. Anton. Vander. Linden de Scripf.
Med. Hallevordio in Bib. Curiof. p. 59. coL 2.
Joan. Soares de Brito Theatr. Eufit. Utter. lit.
D. num. 28. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 231. col. I. e 2. Publicou três Apologias:
Prima de Epilepfia Hyfierica. 2. De vence
Jeãione in flúor e nimio Hnmorroidum. 3. De
Ventris tumore. Ortheíii, apud Abrahamum
Rovicrium. 1626. 4.
Fr. DIOGO DAS NEVES, natu-
ral de Lisboa, filho de Luiz Ribeiro, e
682
BIB LIO THE CA
Maria Gomes, Religiofo Eremita Auguf-
tiniano, cujo habito profeíTou no Convento
pátrio a 16. de Agoílo de 1619. Foy muito
eftudiofo da Hiíloria profana, e da Mytho-
logia, como também infigne em efcrever
Livros do Coro com vários debuxos, que
pareciaõ mais formados com o pincel, que
com a penna. Falleceo em Lifboa a 29. de
Março de 1649. Compoz:
Epilogo de varias hijlorias, no qual fe trata
dos principaes Deofes Gentilicos com alguma dou-
trina, e moralidades y que os antigos qui^eraõ mof-
trar debaixo da Jomhra das fuás fabulas; e fe
apontaõ os mais notáveis feitos de Varoens fa-
mofos, e mulheres generofas, que houve no mundo,
com outras muitas curiojidades , e em efpecial
dos nojjos Illuftres Vice-Kejs, e Capitães Orien-
taes, e Africanos. M. S. 4. Conferva-fe na Bi-
bliotheca do Convento da Graça de Lisboa.
Fr. DIOGO DE NORONHA. Naceo
em Lisboa de Pays illuftres, e profeíTou o
InJftituto Carmelitano na fua pátria, onde foy
Subprior no Convento de Saõ Romaõ duas
vezes no anno de 1602. e 1608. e Meílre dos
Noviços defde o anno de 1610. até 161 2.
PaíTou a França, e na Cidade de Elna da Pro-
vinda do Roíilhon diftante duas legoas de
Perpinhaõ, foy Examinador Synodal, e exer-
citou o minifterio de Orador Evangélico,
com grande applaufo naõ fomente neíle
Reyno, mas em Hefpanha, por fer dotado de
agudo engenho, e fumma erudição, como
afíirma Fr. Marcos António Alegre de Cafa-
nate Parad. Carmel. Decor. Stat. 5. iEft.
18. cap. 125. pag. 472. Voltando de Roma
por Perpinhaõ tinha prompto hum Livro
para imprimir, o que já defejara executar em
Tolofa. Falleceo no anno de 1631. Publi-
cou:
Sermon delas Bodas de Lui;^ XIII, Rej Chrif-
tianijftmo de Francia, j 'Navarra con D. Anna
de Aufiria Infanta Catholica de Efpana. Tolofa,
por Raymundo Colomier, Impreííor Ordiná-
rio delRey. 1616. 4.
Fazem memoria delle o Licenciado
Francifco Galvaõ Maldonado na Bib.
Portug. M. S. e Fr. Manoel de Sá, Me-
mor. Hiftor. dos Efcrit. Portug. da Prov.
do Carm. cap. 20. §. 147. e 148.
DIOGO NUNES HGUEIRA. Naceo
na Villa de Mertola do Arcebifpado de
Évora em a Província Tranílagana onde teve
por Pays a Fernando Dias, e Violante Nunes
de Negreiros, e por irmaõ a Manoel Figueira
de Negreiros, iníigne Jurifconfulto, com o
qual eftudou em a Univerfidade de Coim-
bra Theologia, e elle Direito Civil, como
elegantemente o exprimio neílas métricas
vozes :
Nonte prateream cordis pars máxima nofíri,
Et nojlri confors fanguinis Emmanuel.
Stirps eadem nobis, eadem quoque pátria fratres
Júlia germanos Myrtilis alma tulit.
Una magijlra duos aluit Conimbrica tradens
Jus tibi Cafareum, Caliça jura mihi.
Tendo recebido com applaufo de to-
dos os Académicos o gráo de Bacharel
em a Faculdade Theologica foy admitido
ao Collegio Real de Saõ Paulo, de que to-
mou poíTe a 16. de Novembro de in^*
naõ fomente para ornato defta illuílre fo-
ciedade, mas de toda a Academia Conim-
bricenfe. Sendo Cónego, e Thefoureiro mòr
da Cathedral de Évora, e Deputado da
Inquiíiçaõ da mefma Cidade, eleito em
13. de Dezembro de 1578. como os feus
merecimentos creceflem com os annos, foy
promovido à Mitra de Congo por ElRey
D. Sebaftiaõ, que promptamente regeitou,
como a do Japaõ ofFerecida pelo Cardial
Rey, e a de Angra por FiUppe II. que o
deftinava para feu Agente na Cúria Ro-
mana, como também o Priorado mòr de
Aviz, naõ fendo poderofas taõ authorifadas
dignidades em que o nomearão três Mo-
narchas fucceflivos para alterar o feu
animo incontraílavel às batarias da ambi-
ção, e vaidade humana. Obrigado das
contínuas inílancias do IlluítriíTimo Arce-
bifpo de Évora D. Theotonio de Bragan-
ça aceitou fer feu Secretario, e depois Go-
vernador duas vezes do Arcebifpado, em
cujo minifterio defempenhou a eleição de
taõ virtuofo Prelado, de quem confiava os
feus mayores fegredos, e venerava como
Oráculos os feus diftames. Ambiciofo da
vida folitaria na qual fe tem a Deos por
Companheiro, renimciando o Canonicato,
e Thezouraria mòr, em dous fobrinhos.
LUSITANA.
683
fc retirou \ Pátria, e em huma Tua Quinta
edificou hum Convento para os Religiofos
cie Saõ Francifco da Província de Xabregas,
em o anno de 1612. entre os quaes viveo
nté que paíTou a Ter immortal a 28. de Junho
de 1613.
Fazem delle illuílre memoria Nicol. Agoít
I Id. de D. Tòeof. de Braj^. foi. 24. v.o Fr. Agoft.
<lc S. Mar. //(/?. 'Vripartit. Trat. 2. §. 500.
pag. 530. P. D. Anton. Caetan. de Soufa
Cathal. dos hifpos de Angra. D. Jozé Barbofa
Memor. Hijlor. do Colleg. de S. Paul. pag. 188. c
no Arcbiat. \jifit. pag. 18.
Qui modo furgit, erit celfihris pietate Fi-
gueira,
Cujus tema volef froníem decorare facrata
Infula, fed [preto maior fulgebit honore.
Duibis amore poli fugiet commercia wundi
Exquiret natale Jolum, quo Ten/pla dicabit
Quino Kedemptoris, qui Jligmata corpore por-
tat.
Foy infigne Poeta Latino, obfervantif-
fimo cultor deílc idioma, e muito douto no
Grego, e Hebraico. Compoz:
Paraphrajis poética in Canticum Can-
ticoruM. Dicata SereniíTimo Domino Ale-
xandro Archiepifcopo Eborenfi. Principia:
Expeêíafa diu longos dilata per annos
Ofcula jam Jponja da mihi fponfe tua, (ò^c.
Nefta Obra eftaõ infertos muitos capi-
tulos dos Cantares de Salamaõ, em diverfos
Metros, e ultimamente huma Poefia intitulada:
Zephyrus de divino Amore.
Começa :
Cajialii procul hinc, Veterum deliria Jontis
Árdua ParnaJJi culmina, Cyrrha pro-
cul, ó'c.
No fim deíla Colleçaõ dos feus verfos
cujo Original como vimos, fe conferva
na Livraria do ExceilentiíTimo Marquez
de Abrantes, acaba com eftas palavras:
Hcec manu própria Juhjcripji, fignavi, (&
Jiffllo quo utor roboravi apud Juliam Myr-
tilem Idibus Mênfis Junii 1607. anno D.
N. Salvatoris JESU Chrifii cui cum Pa-
ire, <ò' Spiritu Sanão benediãio, &' clari-
tas, <& fapientia, €>* gratiarum a£tio in
Jacula Jaculorum Amen. Ao tempo que
fe eftava imprimindo efta Obra, fe fuf-
pendeo pela prohibiçaõ de Paulo V. com
a qual impedia fe fízeíTem Parafrazes em
verfo fobre a lífcritura.
Di Vaffmine Epifcoporum. Nefte Tratado
manifeílava a fua grande Litteratura aíTim
Canónica, como Theologica«
DIOGO NOVAES PiACHECO. Vc-
jft-fe JOZÉ XAVIER VALLADARES. E
SOUSA.
DIOGO PACHECO, filho do Doutor
Álvaro Pires Corregedor da Corte, e Chanceller
da Cafa do Cível, e de D. Ifabel Pacheco, filha
de Gonçalo Lopes Pacheco, mereceo pela íua
profunda fcíencia em hum, e outro Direito,
de que deo manifeílos argumentos em os
Tríbunaes, em que foy Senador, e pella fua
grave prudência, e natural elegância particu-
lares eftimaçoens do Sereniflimo Rcy D. Ma-
noel, naõ havendo funçaõ politica, em que
naõ foflc ouvido com geral aclamação. Que-
rendo efte Monarcha congratular ao Pontífice
Júlio II. por ter fubido ao Sólio do Vaticano
o nomeou Secretario deíla Embaxada, de que
foy Embaxador o Bifpo do Porto D. Diogo
de Soufa, em o anno de 1 505. c na prefença do
Pontífice, e todo o Collegio Apoílolico,
recitou a Oraçaõ Obediencial com tanta
pureza, e elegância da Latinidade, que dei-
xou fufpenfo taõ grave Congreflb. Mayor
applaufo alcançou a fua eloquência Orató-
ria, quando no mefmo Theatro proteftando
o noíTo Príncipe a fua obfequiofa veneração
a Leaõ X. por feu Embaxador Triftaõ da
Cunha em 12. de Março de 15 14. exprimio
o profundo rendimento dos Monarchas Por-
tuguezes para com os SucceíTores de Saõ
Pedro, confirmado com os mais predofos,
e raros donativos do Oriente. Naõ fomente
affiílio em o anno de 15 21. aos paftos ma-
trimoniaes celebrados entre a Infanta D.
Brites com Carlos III. Duque de Saboya,
mas orou na plaufivel funçaõ em que foy
jurado Succeflbr deíla Coroa em 19. de De-
zembro de 15 21. ElRey D. Joaõ o IH. de
cuja oraçaõ tranfcreveo grande parte Fran-
cifco de Andrade na Chronica deíle Príncipe,
Part. I. cap. 8. dizendo: Que por Juas
muitas letras, e ^ande eloquência fora ej-
colhido para aquelle a£to. Foy cafado com
684
BIBLIO THECA
D. Guiomar Cardofa filha de Pedro Affonfo
de Carvalho, e de Brites Cardofa filha de
Azuil Cardofo Senhor da Honra de Cardofo,
de quem teve defcendencia. Oforio de reb.
Eman. lib. 4. in princip. lhe chama Virum
júris Civilis fcientia, (& dicendi etiam facultate
non vulgari praditum e lib. 9. Jurifconfultus
magna authoritatis. lUuílriffim. Cunha Cathal. dos
Bi/p. do Port. Part. 2. cap. 32. PeJJoa,de quali-
dade, e letras, e na Hijl. Ecclef. de Brag. Part. 2.
cap. 69. homem de letras, e valor. Faria Europ.
Portug. Tom. 2. part. 4. cap. i. n. 51. e 74.
Góes Chron. delKej D. Man. Part. 3. c. 55.
Lud. Jacob, à S. Carol. Bib. Vontif. pag. 298.
Stephan. Eques in Prolog. Art. Gram. Egregii
Doãores, pracipue Jacobus Pachecus, Eudovicus
Teixeira (ó^c. Oratores dijfertijftmi, nec non poetes
clarijfimi, qui Latinam linguam non folum optime
callent, fed etiam <& docuerunt, et docere ho-
die optime pojfunt. Catald. Sicul. lib. 3. Suar.
Vijion.
Komanam nuper Pacequus mijfus ad Urbem
JLegatus Lingua clarus, (0° ingenio.
Publicou.
Obedientia potentijjimi Emmanuelis Eufitanice
Regis per clarijfimum Júris V. Conjultum Die-
ghum Paciecum Oratorem ad Julium II. Ponti-
ficem Maximum anno Domini 1505. pridie Non.
Jun. 4. Naõ tem lugar nem anno de Im-
preíTaõ.
In prwjlanda obedientia pro Emmanuele
Eufitanorum Rege inviãijimo Leoni X. Pon-
tifici Máximo diãa Oratio. 4. Naõ tem
anno, nem lugar de ImpreíTaõ. O P.
Joaõ de Mariana de Kebus Hifpan. lib. 30.
c. 23. tranfcreveo eília Oraçaõ narrando a
pompa da Embaxada em que fora recitada.
Falia que fef<^ quando entrou em Lis-
boa a Rainha D. Catherina mulher de D.
Joaõ o III. M. S. Conferva-fe na Livra-
ria do Excellentiflimo Conde de Vimieiro.
DIOGO DE PAYVA DE ANDRA-
DE. Naceo em Coimbra a 26. de Julho
de 1528. como para eterna gloria defta Q-
dade o expreíTou neílas métricas vo2es feu
irmaõ Fr. Cofme da Prefentaçaõ Eremita
Auguftiniano.
Te celebris celebrem genuit Conimbrica tellus
Sed germana tuum nomen in ajlra tulit.
ília rudem {fateor") tenera formavit in alvo,
ília dedit claros qui docuere viros.
Foraõ feus progenitores Fernaõ Alvares
de Andrade Thefoureiro mór delRey D. Joaõ
o III. e do feu Confelho, cuja nobreza fe deriva-
va por defcendencia legitima dos Condes de
Andrade de Galliza, e a D. Izabel de Payva
igual ao feu conforte no efplendor do naci-
mento. Tanto que chegou a idade de dez annos
recebeo em o Convento de N. Senhora da
Graça cabeça da Provinda dos Eremitas de
Santo Agoftinho defte Reyno pelo efpaço de
quatro annos as inftrucçoens do Ven. P. Fr.
Luiz de Montoya Varaõ em quem competiaõ
as virtudes com as letras, e poílo que no prin-
cipio parecia inhabil para as fciencias fahio com
a difciplina de taõ infigne Meílre capaz de com-
prehender as mais difficultofas, como clara-
mente fe vio quando ao contar quatorze annos
de idade paíTou ao Collegio Auguftiniano da
fua Pátria onde fez taes progreíTos a fublimi-
dade do feu engenho na intelligencia das lin-
guas Latina, e Grega, letras humanas, e Filo-
fofia em que recebeo o gráo de Meftre que era
envejado dos mayores talentos de toda a Uni-
verfidade principalmente em os aâos lit-
terarios que precederão ao laurear-fe Dou-
tor na Faculdade da Theologia em os quais
confiderada a verdura dos annos unida com
a fubtileza das refpoftas accuzava de menos
aguda a madureza dos primeiros Cathedrati-
cos. Do eftudo da Theologia Efcholaftica fez
degrao para a Expofitiva aprendedo funda-
mentalmente a lingua Hebraica como neceíTa-
ria para a penetração dos feus profundos arca-
nos que fe lhe fizeraõ mais patentes com a con-
tinua liçaõ dos Santos Padres, e Sagrados Inter-
pretes. Ornado com tantos dotes fdenti-
ficos fe dedicou por muitos annos ao exer-
cício do Púlpito concorrendo para o fazer
o mayor Orador Evangélico do feu tem-
po a grave authoridade da peíToa, o regu-
lado movimento das acçoens, o fonoro
metal da voz, a efficaz vehemencia dos af-
feétos, com que penetrava os coraçoens
mais duros, e a liberdade apoftolica com que
fem individuar peíToas reprehendia os vidos
de tal forte que fendo rogado fizeíTe huma
inveâiva contra a fenfualidade por fer o peca-
do mais tranfcendente, refpondeo, que re-
LUSITANA.
685
ceava fallando dcílc vicio of&nder mais os
ouvidos gUIos, que emendar os profanos.
Para que dos Teus difcurfos predicativos colhef-
fc o fruto que anciofamente dezejava, antes de
fubir ao Púlpito celebrava Miíía, e no fím
proílrado por terra pedia a Deos lhe illuftraíTe
u entendimento» e acendeíTe o coração para def-
pertar aos pecadores do lethargo da culpa em
que jaziaõ fepultados. A fciencia Theologica
unida com a eloquência Ecclenailica o fizeraò
digno para que entre os famofos Varoens que
clRey D. Sebaíliaõ mandou no anno de
ij6i. aíTiftir em feu nome ao Concilio Tridcn-
tino foíTe ellc hum dos nomeados, em cujo
mageftofo congreíTo quando contava a florente
idade de trinta annos caufou enveja, e admira-
ção a todos os Padres Veneráveis pela idade,
c muito mais pela fabidoria de que fe com-
punha aquella fagrada AíTemblea ouvindo as
fuás refoluçoens como Oráculos eftabelicidas
com os Cânones Pontifícios, e Sentêças das
mayores luzes da Igreja Catholica, de tal forte
que tendo votado em huma queftaõ perten-
cente ao Sacramento do Matrimonio, refol-
veo o Concilio que para mais diffufamente
explicar o feu voto de que dependia a ultima
decifaõ na matéria que fe ventilava, fe depu-
taíTe huma Congregação, o que fe executou
com aíTombro de todos os circunílantes. Contra
a herética petulância de Martinho Kemnicio
fe armou a fua pena defendendo o Sagrado
Inílituto da Companhia de Jefus das impof-
turas com que aquelle herege o intentou fal-
famente manchar por terem feus illuftres
filhos cenfurado por ordem da Univerfidade
de Colónia o Cathecifmo de Joaõ Mohemio
cheyo de dogmas contrários a Igreja Ro-
mana. EÍUmulado Kemnicio da apologia
em que nervofamente fe confutava a fua
petulância voltou contra feu author o ódio
que tinha à Companhia efcrevendo hum livro
em que naõ fomente injuriava o nome de
Diogo de Payva, mas impugnava os prin-
cipaes dogmas eílabelicidos no Concilio de
Trento. Para defender a pureza da Efpo-
za do divino Cordeiro fegunda vez pegou
da pena com a qual femelhante à Clava de
Hercules degollou eíla infernal Hidra para
nunca mais vomitar o peílifero veneno
dos feus erros. Concluido o Concilio par-
tio para Roma, e ncAa famofa Metrópole
do mundo foy igualnoente conhecido, e vene-
rado o feu talento; e podendo alcançar as
mayores dignidades EccIcfiaíVicas que certa-
mente lhe feguravaõ os fetu metecimentos
illuArados com o efplendor do feu nad-
nKnto, como era naturalmente inimigo da am-
bição voltou para a Pátria com a gloria de is
merecer ainda que fem a fortuna de as poííuir.
Rcílituido ao Reyno continuou no officio apof-
tolico de Pregador fendo o emolumento de taõ
laboriofa emprcza a direcção de muitas almas
para o caminho da eternidade. Nunca teve
remuneração dos grandes ferviços que fez á
pátria, injuria que tolerou como benefício por
fer o feu coração fuperior ao mayor premio.
Diffímulou com generofo defprezo a maledi-
cência de alguns emulos obrigando-os a que íe
converteflcm em panegiriílas da fua inculpável
vida. Por fer mais abundante dos dotes da gra-
ça que dos bens da fortuna nunca pode fatisfa-
zer as dividas contrahidas em a jornada que fez
a Trento, para cujo effeito, e para limar algu-
mas das fuás obras determinava retirarfc a
huma Quinta junto ao Convento do Varatojo
diílante fete legoas de Lisboa que era do mor-
gado de feu irmaõ Álvaro Perez de Andrade;
porem ao tempo que meditava eíla refoluçaõ
foy acometido da ultima enfermidade, que
parecendo ao principio leve fe aggravou de
forte que pedio os Sacramentos os quaes
recebidos com fumma piedade, e difpofto
o feu teílamento efpirou placidamente em
Lisboa ao primeiro de Dezembro de 157J.
quando contava 47. annos de idade. Foy
fepultado na Capella de S. Nicoláo Tolen-
tino do Mofteiro de N. Senhora da Gra-
ça onde fe educara, a qual mandou ornar
fua Sobrinha D. Joanna de Noronha filha
de Sua Irmaã D. Violante de Andrade
Condefla de Linhares com huma MiíTa quo-
tidiana pela fua akna. A taõ infigne Varaõ
dedicarão grandes elogios os mayores Ef-
critores, como foraõ Nicol. Ant. Bib. Hifp,
Tom. I. pag. 235. col. i. Hjgus doãrince
virum manere domi laboris, ac meriti expertem
non decuit tempore qrio ad infirnendam imiver-
falis Ecclejia Synodtim Tridenttim indiãam ceie-
briores Theolo^ ex omnibus Hijpaniarum regnis
evocabantur Eo igitur in loco, €>" doãijfimortim Pa-
686 BIBLIOTHE CA
trum confejfu re graviter, d^ inãujlrie geJla,jliloque Chrijliani Orbis regiones penetraverit. Si-
propugnandis illius Concilii Decretis commodato, quidem fingularis tua integritatis, eruditionie
tandiu laudahitur, quandiu Tridenttnarum rerum plane incomparahilis in Chrijli Ecclejia pie-
memoria permanehit. Eifengreinius in Caíhal. tatis argumenta Jane quam illujlria publi-
Teji, Verit. Fidei Chrtftiana defenforem injignem eis difputationibus, concionibm que dedijli;
omnes fui temporis magiftros litterarum Sacrarum illujlriora etiam daturus cum dociijjimos libros
fcientia, eruditione, <& do^rina fuperaffe. Gregor. quibus Sacras litteras plurimum illujlras, rem-
Nun. Coronel de Ver. Chrijli Ecclef. Virum, que ecclefiafticam promoves, in vulgus edi per-
to' Sanguine clarum, <& doãrina, <ò' pietate mijeris Fr. Fernand. da Soled. Hijl. Seraj.
perillujlrem. Cardof. Agiol. hujit. Tom. 2. da Prov. de Port. Part. 3. Liv. 13. cap. 38.
pag. 620. no Comment. de 17. de Abril n. 276. Grande Theologo, e Pregador. Gra-
letr. D. cuja virtude, e /ciência fqy muy aplau- veffon Hift. Ecclef. Tom. 7. Colloq. 4.
dida no Concilio Tridentino onde ajjijlio pelo pag. mihi. 84. injignis Theologus, & Colloc
muito que honrou a Jt, e a Jua pátria. Ripald. 5. pag. 105. inter Concilii Tridentini Theo
de Ente Supernal. Tom. i. Diít. 30. Seâ:. 20. logos celebris. Bib. Societ. pag. 177. Pro-
n. 105. Hareticorum flagellum acerrimum, (& pugnator Socie tatis. Soufa Exped. Hi/p. S.
egregium Tridentince doãrina ajfertorem. Henao Jacob. Part. 3. Seft. i. AíTert. 51. 5.
in Scient. med. hijlor. propugnat. Eventil. 1538. vir clarijfimus Jpkndore Janguinis, Sa-
16. n. 466. celebris Dodtor Conimbricenjis. pientia prajtantia , (ò" morum probitate in-
Rofweid. in Leg. Talion Cauf abono reta- Jignis. CapaíTi Hijl. PhilofoJ. pag. 453. Ko-
liata. Tabal. i. Virum longe doãijfimum, nig. Bib. Vet. <& nov. pag. 37. col. 2. Pof-
qui ad Concilium Tridentinum, <& profundif- fev. Apparat. Sacer. Tom. i. pag. 463. Com-
Jimi Theologi mentem, (ò' linguam eloquen- poz.
tijfimi Oratoris attulit. Paul. Scherlog. Orthodoxarum explicationum libri X.
ad expojlul. contra Scient. Med. Part. 2. Primus eji de Origine Societatis Jefus 2. a
Seâ:. 18. n. 99. cujus injignis extitit authoritas Scriptura Sacra 3. de peccato 4. de li-
in Concilio Tridentino, & Seft. 19. n. 104. bero arbítrio. 5. de Eege, <& Evangelio.
injignem admodum virum Fr. Egidius à Prze- 6. de Jujiijicatione , <& Fide 7. de Cana
fent. T>e Concept. Ub. 3. Quasft. i. Part. única §. Domini. 8. de Confejftone, Confirmatione,
2. n. 20. Eujitanorum, <& Conimbricenjium (& Extrema imãione. 9. de veneratione
Doãorum decus. Crufen in Monaji. A.ugujlin. Sanãorum, <& imaginibus. 10. de Caliba-
Part. 3. cap. 48. vir celeberrimus. Purif. tu. Colónias apud Martinum Cholinum
de vir. illujlrib. lib. 3. cap. 11. magno Catho- 1564. 8. e Venetiis apud Jordanum Zil-
licorum plaufu, <ò' hareticorum terrore floruit lettum 1594. 4. Na prefação deite Uvro
in Tridentino. Joan. Soar. de Brit. Theatr. lhe faz o feguinte elogio o eloquentiflimo
Eujit. Eitter. lit. D. n. 29. Vir fuit excel- Jeronymo Oforio Bifpo de Sylves. Erat
lenter doãus, <& Eujitana etiam eloquentia in illo Jummum ingenium, ardens JluMum,
Juo tempore celebratijftmus, in Concilio vel Jingularis indujlria; quibus muneribus naturte
inter orbis lumina Jplendere vijus eJi doãrina, prajlantis, <& virtutis eximia locupletatus,
<& pietate. Hieron Magio in Epiji. Dedi- cum Je ad artes praclaras inflamato anim(f
cat. Oper. de Quadripartita Jujiit. D. Fr. contulijjet, ubérrimos fruãus conjecutus eJi; elo-
Gafpar do Cafal Epifcop. Conimb. Tu quentia vero difciplinam egregie coluit: linguas
enim ab dolejcentia ipfa praclaris omnibus quas vidit ejje ad clariorem Sacrarum litterarum
artibus imbutus Hebraica, Craca, Eati- intelligentiam necejjarias acri fiudio didicit.
naque lingua peritijfimus ; inque Philojo- Hifque opibus injiruãus ad divina mjjleria
phia, <& Sacra Theologia Jiudiis egregie perfcrutanda totam mentem aplicuit.
verfatus (^ut reliquas virtutes tuas filentio De Societatis JESU origine libellus
involvam) tantos in his progrejjus fecijli, contra Kemnicii cujufdam petulante m auda-
ut tui fama Eujitania Jinibus non circunf- ciam. Lovanii apud Rutgerum Velpium
cripta Jit, fed ad nos quoque, atque ad alias 1566. 8. Sahio traduzido em Francez Lugd.
L USITANA.
por Miguel Jove i)6). 8. Eftc Tratado he
> primeiro do Livro precedente intitulado
)rthodosaritNi expHcationum, flcc.
Def enfio 'Vridenlina Videi Catholica, ^ intt'
mima quinqne lihris comprehenfa adverjiu dtíe-
liahiles intreticoriim cahmmas, (& prafertim Mar-
lini Kemnitii C.ermani. Primus /iber conftat de ge-
rralis ConciiiJ authoritatt, 2. de attthoritate S.
\criptnra, ò* tradiíiormm. 5. de lihris Canonicis.
\. de authoritate vulgata Latina editionis j. in
fres partes dividi ttnr. i, eft dê Piccato Oriffnis.
. de peccati Originalis reliquiis, ftve de con-
ifiifcentia qiia pojl baptifmum in mente ejl
liqntt. 3. de Virginis Deipara Conceptione.
( )lynipone apud Antonium Riberium. 1)78.
l. Colonix apud Martinum Cholinum 1580. &
IngolftacJii apud Davidcm Sartorium 1580.
& Vcnctiis apud Jordanum Zillctum
1Í92. 4.
Oratio habita ad PP. Tridentina Sy-
nodi Dominica fecunda pofi Pafcha anni
1562. Sahio com outras Lovanii 1567. Ve-
iictiis apud Joan. Baptifta Bo2olIa 1562.
\. A efta oraçaõ chama Jeronymo Magio
110 lugar aflima citado Vere piam, foJida
oârina friige referiam, atque elegantijftmam.
Sermoens Primeira Parte. Começa no pri-
eiro Domingo de Advento, e acaba na Fejla do
\SãHtiJftmo Sacramento. Lisboa por Pedro Cras-
'beeck 1605. 4.
Sermoens fegunda Parte. Contem os Ser-
oens de Nojfa Senhora, e dos Santos poflos
•peia ordem dos me:(es. Lisboa pelo dito Im-
'•^reflbr 1605. 4. Sahio efta Parte vertida em
iftelhano por Fr. Bento de Alarcão Monge
c ^iftercienfe. Madrid. 161 7. 4.
Terceira Parte dos Sermoens de varias
aterias com a parafrafe de alguns Pfal-
fnos os quaes elle commentava. Lisboa por
r Pedro Crasbeeck 161 5. 4. Eftes três To-
amos fahiraõ á lu2 pubUca por deligencia
lie Fr. Manoel da Conceição Eremita Au-
guftiniano Sobrinho do Author.
DIOGO DE PAYVA DE ANDRA-
SDE Sobrinho pela parte paterna do prece-
dente naceo em Lisboa a 13. de Dezem-
bro de 1576. onde foy educado por feus
Pays Francifco de Andrade Chronifta mòr
do Reyno, e Commendador de S. Payo
687
de Trogoes no BiTpado do Porto, e D.
Stelena da Cofta com aquellcs documen-
tos, que o fízetaõ digno da eftímaçaò unl-
veríaL Aprendeo com incrivel brevidade, e
mayor comprchenfaõ a língua latina, Rhe-
torica, Poefia, e letras humanas, em que
fahio muyto eminente, principalmente na
Arte Poética em que fielmente imitou o eT*
tilo dos mais infígoet Poetas que veoerou
o feculo de Auguílo, como em Teu applauíb
cantarão as Muías de Jacinto Cordeiro, Ma-
noel de Galhegos, e António Figueira Du-
rão. O primeiro no Elog. dos Poet. Ijifit.
lift. 45.
Mas ya Diegp de Paiva reflitirj/e
Loque en los dos perdio, que el folo ptude:
Quando con tanta gala fubfiituye
Su pluma a Ubio, porque Libio excede:
Y de Homero retrato y dei Mantuano
Séneca Portugue!(^ nuevo Claudiano
O fegundo no Templ. da Memor. liv. 4.
Eftanc. 203.
£ vòs Payva erudito, que no Oriente
Solemni^^ais a Portuguev^a efpada
Fa:(ey que em vojfo exametro eloquente
Soe por Nuno a Pátria libertada
Ouça o Ganges feu nome, e leve-o donde
O Paraiv^o terreal fe ef conde.
E o terceiro in haur. Parnaf. Ram. 2.
Multum Roma pavef canente Payva
Ne laudes hebetet fui Maronis
Majli oblivio non amanda L^thes
Nec falfum efl^ quoniam novum Maronem
Si Payvam afpiceret diferia Roma
EJfe Virgilium fuum putaret.
Quò fejfos óculos rapit argentata verendi
Effigies vatis: tu denique Didacus ille es
Unus, qui nobis cantando moenia Chaul
Keflituis, meritamque ideo tibi gloria famam
Dedicai, e>* doais decoraiur flemma Phaleucis.
Semelhantes Elogios lhe fizeraõ Joaõ
Soar. de Brit. Theatr. Ijifit. Utier. lit.
D. n. 30. humanioribus difciplinis, omnimo-
daque eruditione probe excultus poética
vero laudis, atque artis prajlaniia eminen-
iiftmus. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom.
I. pag. 236. col. I. Vir politiori litieratu-
ra, €>• poética faculiate commendatus pofle-
riiati. Ant. de Souz. de Maced. ¥lor. de
Efpan. cap. 24. Excel. 3. n. 7. Excellenie
688
BIBLIO THECA
Poeta de los tiempos. Naõ foy menos efti-
mado pelo eíludo da Hiftoria aíTim Sagrada,
como profana em que confumio o tempo
particularmente na inveíligaçaõ de algumas
difficuldades pertencentes ao noflb Reyno
diílinguindo com judiciofa critica o falfo
do verdadeiro, por cuja applicaçaõ parecen-
do-lhe que fubftituhiria a feu Pay no lugar
de Chroniíla mòr, e vendo que lhe fora pre-
ferido Fr. Bernardo de Brito concebeo tal
payxaõ contra elle, que a defafogou com a
inveâdva intitulada.
Exame de Antiguidades Part. i. contem dof^e
tratados onde Je apuraõ hijlorias, opinioens, e curio-
Jidades pertencentes ao Rejno de Portuga/, e a
outras partes de/de a Criação do mundo até o anno de
3403. Lisboa por Jorge Rodrigues. 161 6. 4.
A eíle livro nervofamente impugnou Fr.
Bernardino da Sylva Monge Ciftercienfe So-
brinho do Fr. Bernardo de Brito fahindo com
dous livros que intitulou Defenfaõ da Monarchia
L^ujitana, onde corrobora com graves funda-
mentos as opinioens que feu Tio feguio na
Monarchia L.ujitana. Falleceo Diogo de Payva
na Villa de Almada a 21. de Dezembro de
1660. com 84. annos de idade deixando com-
poftas alem da obra precedente as feguintes.
Casamento perfeito em que Je contem adver-
tências muito importantes para viverem os Cat^ados
em quietação, e contentamento, e muitas hijlorias,
e acontecimentos particulares dos tempos anti-
gos, e modernos: diverfos cojlumes, JLeis, e
ceremonias, que tiveraô algumas Naçoens
do mundo: com varias Sentenças, e documentos
de Authores Gregos, e ILatinos declarados
em Portugue:(^ tudo em ordem ao me/mo intento
Lisboa por Jorge Rodrigues 1630. 4. & ibi
por Miguel Rodrigues 1726. 8.
Doãijftmo y muy provechojo tratado lhe
chama António de Souza de Macedo Vlor.
de Efpan. Cap. 3. excel. 3. D. Francifco
Manoel Obras Metric. Tub. de Calliop. Sonet.
36. lhe faz em applauzo delia obra o feguinte
Soneto.
Clarijfimo Diogo quem cuidara
Sem que gajlajfe em vaÕ toda a eloquência
Kedui^ir ao Império da prudência
O mando que a fortuna lhe ufurparal
Tu fô cuja doutrina fempre clara
Eximindo a re^aõ da contingência
Do que antes era cafo fev^ f ciência
Documento geral da forte avara.
Hoje o mundo que ordenas, de admirado
Os louvores confunde em alegria
Quando hum dourado feculo prefume:
Pois vê que a perfeição de tal ejlado
Se antes por maravilha fucedia
Agora fe exercita por coflume.
Chauleidos libri duodecim. Canitur memoranda
Chaulenfis Urbis propugnatio, e^* celebris vicioria
Eufitanorum adverfus Copias Ini^a Maluci. Uly-
ffipone apud Georgium Rodrigues. 1628. 4.
Eíle Poema he louvado pela elegância do
metro por iníignes authores, como faõ Joaõ
Soares de Brito Apolog. por Camoens Ccn-
fur. 3. n. 14. dÍ2endo que por viver ainda o
Author naõ fe lhe deue menos credito, e ejlimaçaõ
que a muitos dos antigos aos quais na minha opi-
nião naõ bafla para fer melhores a forte de primeiros
e na Cenf. 12. ISla minha opiniaõ nunca ajjás
louvada Chauleida; e no Theatr. Eufit. Eitter.
lit. D. n. 30. in qua muitos ex antiquioribus
Poetis prorfus exuperat, primos exaquaí,
fie enim judicavit Ericius Puteanus. Ant.
de Souf. de Maced. Eva e Ave Part. i.
cap. 26. n. 10. valente imitador de EJlacio,
e affim naõ he fua liçaõ vulgar. Faria no
Com. às Eufiad. de Cam. Cant. 10. Eílanc.
29. Delas guerras, que los Portugueses tuvieron
en Chaul y acciones bizarras militares íj.i.ly
un Poema Eatino vendendo a fu Padre en el que
efcrivio de Dio con que fe parecio a Torquato
que vencio alfuyo confus obras.
De Scitu dignis libri quattuor. 4. M.
S. Contem 80. Cafos prodigiofos fuccedi-
dos em Portugal. Começa o i. Livro. Qu'>
tempore grajfabatur illa atrox Eues.
Compendium recentis hiflorice Eufitanorwn
adverfus Hifpanico-poteflatem. Começa Pofi repo-
fitam in libertate Eufitaniam.
Joannes Baptifla tragedia. Começa o pri-
meiro afto.
Quoe Sors, quod ajirum, quod vé Tar-i
tareum Scelus Eftà compofta no eílilo de
Séneca Trágico. '
Eduardus Tragedia. Começa.
Quifquis meorum nomem Aufiriadum colit. &c.
Ad Theodofium Brigantinum Ducem cum Faf-
tis Joannis Tertii Portugallice Regis mif
Panegyris 161 3. Começa.
L USITANA.
689
m
1
Sape ego virtutum ferie meritifqm tttortim
Diiííns.
Acaba.
Conjilio, ó* patriis foveat virtutibiu aulam.
lífcrita no eítilo de Claudiano. A eíle
Pancgyrico chama JoaÔ Soares de Brito in
Theafr. Ijifií. \Jtter. littcr. D. n. 30. U-
ff/aíijfw/d.
Todas cHas obras fe comprehcndem em
hum volume com muitos verfos Heróicos,
Elegíacos, Saíicos, Jambicos, e Alcaicos com
varias cartas Latinas, o qual fe confcrva
na vaílirTima Bibliotheca do Excellenti/Timo
Conde da Ericeira.
ínftrncfaõ politica em dialogo em que
faõ interlocutores hum Anjo, e o Corpo.
Confta de nove Livros M. S. foi. Confer-
va-fc na mefma Bibliotheca.
Hpijlola Latina efcrita a JoaÔ Rodrigues
Sà Camareiro mór, Sahio imprefla em
Lisboa 1641. ao principio da Defenfa de
Camoens compofta por Joaõ Soares de Brito.
DIOGO PARDO DE OSÓRIO Ca-
itaõ, que militou com valor, e difciplina na
guerra que Caftella moveo a Portugal no
anno de 1640. Efcreveo.
Extraâío Icbnographico. Dedicado ao llluf-
trijftmo Senhor D, Miguel de Portugal Conde
do Vimiojo Senhor de Pernambuco do Confelho
de guerra. Na Dedicatória confefla que
fora feu ofíicial menor na Campanha
em que militava o mefmo Conde. Coníla
de diverfas Fortificaçoens primorofamente
rifcadas. 8. M. S. cujo Original fe con-
ferva na Livraria do Excellentinimo Marquez
de Valença.
DIOGO PEREYRA Floreceo no Rey-
nado delRey D. Manoel, e foy iníigne
Poeta Latino deixando varias obras como
efcreve Manoel de Faria, e Souf. no Cathal.
dos Efcritor. Portug. e Joaõ Soares de
Brit. Theatr. Lufit. 'Litter. lit. D. n. 31.
DIOGO PEREYRA natural da Vil-
la de Souzel íituada entre Villaviçofa, e
Eílremós, e morador na Cidade de Elvas,
celebre profeíTor de Medicina. Efcreveo.
Tratado contra o Itpro de Inttntiombut
Chirurgicis. Compofto pelo Doutor Joaô
Bravo CharniíTo jubilado na Cadeira de
Vefpera de Anatomia em a Univeríidade
de Coimbra, onde excita a queíbõ fe pôde
curarfe por Enfalmos, e refolve que fím.
Contra eíla aíTeveraçaA fez a fua impugna-
ção o Doutor Diogo Pereira.
DIOGO PEREIRA SOTO-MAYOR na-
tural do lugar chamado dos Muchachos fite-
guezia de Saõ-Tiago de Cayola termo da
Cidade de Portalegre em a Provinda do
Alentejo Licenciado na faculdade dos Sagra-
dos Cânones. Compoz.
Tratado da Cidade de Portalegre, fuás Anti-
guidades, Fundação, Bifpos, que nella houve, e
outras curiofidades. Dedicado ao IlluftriíTimo D.
Rodrigo da Cunha Bifpo defta Diocefe,
donde paíTou para a de Porto no anno de 161 9.
Aí. S. 4. Conferva-fe no Cubiculo do P.
Doutrineiro da Cafa profefla de S. Roque.
Do Author, e da obra faz mençaõ Jorge
Cardof. Agiol. "Lufit. Tom. i. pag. 429. 00
Comment. de 13. de Fever. letr. D.
DIOGO PIRES QNZA natural da Villa
de Alpedrinha no Bifpado da Guarda em a
Provinda, da Beyra Presbytero, e verfado
igualmente na Hiftoria Sagrada, e profana,
como em a Genealogia, de quem fazem
mençaõ Jorge Cardofo Agiolog. LmJíí. Tom. i.
pag. 223. no Comment. de 22. de Janeir.
letr. A. e Anton. Paes Vleg. Princip. de Por-
tug. foi. 136. v.o Compoz.
Vida, martírio, e ultima treflada^aõ do
Martyr Saõ Vicente. Dedicada a D. Lj)po
de Azevedo, e Mendonça Almirante de Portugal.
Lisboa por Pedro Craesbeck. 1620, 8.
Profapia dos Rejs de Portugal. Lis-
boa por Giraldo da Vinha 1622. foi.
Antiguidades da Provinda da Beyra com
a noticia da derivação dos nomes de muitas
Serras, Rios, e povoaçoens, e particularida-
des muy curiofas. foi. M. S.
Memorias Genealopcas da familia dos
Cofias de Alpedrinha. Confta de dnco Diá-
logos. M. S.
Vida do Cardial D. Jorge da Cofia.
M. S. conferva-fe na Livraria do erudi-
49
óço
tiflimo Jozé Freire Montarroyo Mafcare-
nhas.
Fr. DIOGO DA PORCIUNCULA ReU-
giofo Menor da Seráfica Provinda da Madre
de Deos da índia Oriental. Compoz.
Exercido praãico para vifitar os Sagrados
Pajfos de N. S. Jefu Chrijlo, que a devoção Catho-
llca tem introduv^do pelo Santo tempo da Quarejma
com mais alguns exercidos efpirituaes. Lisboa
por Manoel Lopes Ferreira 1691. 24.
DIOGO RANGEL DE MACEDO Moço
fidalgo da Cafa Real, Commendador de Santa
Marinha de Lisboa da Ordem de Chriílo,
Provedor, e Guarda mòr da Saúde do Porto
de Belém naceo em Lisboa fendo filho de
Cofme Rangel de Macedo Moço fidalgo,
Cavalleiro da Ordem de Chriíio, e de D. Maria
Jozefa Lobo filha do Dezembargador Joaõ
Cordeiro Leitaõ, e D. Joanna Lobo da Gama.
O génio que tinha para os eíhidos o appli-
cou defde a primeira idade a cultivar as letras
humanas. Poética, e Mythologia, Hiftoria
profana, e Genealogia, em que fahio douta-
mente verfado merecendo fer ouvido com
univerfal applauzo em diverfas Academias
principalmente em a dos Applicados onde
era Meftre dos Preceitos da Hiftoria. Cazou
com D. Angela Luiza Lobo filha de Antó-
nio Marchaõ Themudo Dezembargador dos
Aggravos Juiz dos Cavalleiros, e de D.
Catherina de Siqueira Lobo de quem teve três
filhas, e a Diogo Rangel de Macedo, e Albu-
querque Marchaõ, que naõ degenerou de feu
Pay na applicaçaõ dos eftudos. Compoz.
Apologia pelas Cortes celebradas em iMmego
por ElRej D. Affonfo Henriques impugnando os
fundamentos que contra ellas defcubrio D. L.uit(^ de
Salazar, e Cafiro Commendador de Zurita na fua
obra intitulada índice delas Glorias dela Cafa
Farnefe defde pag. 419. até 433.
A efta obra, em que o Author manifef-
ta o zelo da Pátria, e a vafta noticia da
Hiftoria Portugueza, compoz em feu ap-
plaufo o P. António dos Reys o feguinte
Epigramma que he o 25. do liv. 5. dos que
publicou em o anno de 1728.
Quce dedit Alphonfus fanãijfima jura Lameci
Cum voluit Regnis confukijfe fuis.
BIBLIO THE CA
Perdere multimodis tentavit nuperus hoflis.
Sunt at in author em tela retorta fuum
Nam Didacus Rangel Macedo, tablina revolvens
Afferuit pátria jura negata fua
EJfet, (ò' ifla licet nulli res pervia, quippe,
Qua veluti Nodus Gordius alter erat,
Stri£ia, diu nodi latitantia vincula traãans
Soluit, e^ Hifpanis mox manifefla dabit: ,
Na: Gracum Macedo Eufus fuperavit.
Ab illo
EJi nodus gladio fe£íus; ab hoc calamo
Compoz.
Oração fúnebre, e Panegyrica com ueà
deu fim ao obfequio fúnebre que dedicou q
faudofa memoria do Reverendijfimo P. D.
Rafael Bluteau Clérigo Regular a Aca-
demia dos Applicados de que era expojitor
dos diãames, que fe devem obfervar na compo-
fiçaõ da Hifloria. Lisboa por Jozé António
da Sylva 1734. 4.
Carta efcrita em 11. de Dezembro de
1728 ao P. Fr. Simaõ António de Santa
Catherina efcrevendo a Relação métrica das
folemnijjimas Fejlas com que os Religiofos
Carmelitas de Lisboa celebrarão a Canoni-
:(açaõ de S. JoaÕ da Cru^. Lisboa na Pa-
triarchal Officina da Mufica 1729. 4.
Familia dos Saldanhas hijloriada. M.
S. e outras muitas de que fez mençaõ o P.
D. António Caetano de Soufa no Appa-
rat. à Hifl. Gen. da Caf. Real Portug.
pag. 173. §. 218. e do Author António Car-
valho da Cofta Corog. Portug. Tom. 3.
pag. 654.
P. DIOGO REBELLO ReRgiofo
profeíTo da Companhia de Jefus efcreveo.
Vida do P. António de Moraes da Com-
panhia de JESUS, cujo M. S, fe conferva no
Collegio de Coimbra, como affirma o P.
António Franco Imag. da Virtud. do Novi-
ciad. de Coimbra. Tom. i. liv. i. cap. 40.
P. DIOGO RIBEYRO natural de
Lisboa, e naõ de Thomar, como fe efcre-
ve na Bib. Societ. pag. 173. recebeo a
Roupeta em Goa no anno de 1580. qiian-
do contava vinte annos de idade, e pelo
largo efpaço de outros tantos cultivou a
L USITANA.
Ó91
tal
vinha de Salfcte com tanto zelo, que juAa-
mcnte fe podia intitular o Apoftolo daquella
MlíTaò, para cujo eíTeito aprendeo a língua
Concnnica em que traduzio, e acrefentou
muytos livros. Qieyo de annos, e mereci-
mentos partio a receber o premio eterno no
G}llegio de Rachol a 18. de Junho de 163).
Compoz na língua Cõcaníca.
Explicação da Doutrina Cbriftaà colU^
ffda do Cordial Roberto Btllarmino, e de outros
Autbores. No collcgio de Rachol 1652. 4. de
cuja obra faz mençaõ Nicol. Ant. Bib, Hifp.
Tom. I. pag. 239.
Arte da lingua Canarina compojla pelo
P. Thomavi Efteves da Companhia de Jefus, e acre-
centada pelo P. Diogo Ribeiro da me/ma Compa-
nhia, &c. Em Rachol no Q>Ilegio de Santo
Ignacio da Companhia de JESU. 1640. 4.
Dcíle additamcnto fe lembra Bib. Orient. de
t. de Leaõ. Tom. i. Tit. 16. col. 523.
DIOGO RODRIGUES FALCAM natu-
ral de Santarém, e filho de Álvaro Rodrigues
Falcaõ. Paflbu a Roma onde exercitou o
officio de Advogado com grande applauzo
naõ o merecendo menor pela erudição Sa-
grada, e intelligencia da Língua Latina como
elegantemente o moílrou na obra feguinte.
In Serenijftmi Regis Sebafiiani funere Oratio
habita ad Sanãijftmum Gregorium XIII. llly/fi-
pone apud Antonium Riberium 1574. 4.
Começa. Erepto nobis Sebajiiano Rege. Acaba.
Neq//e validijftmi exercitus tueri nos pojfunt.
DIOGO RODRIGUES ZACUTO na-
tural de Évora, e Avo do celebre Za-
cuto Lufitano. Floreceo em os Reynados
dos noflbs Monarchas D. Joaõ o II. e D.
Manoel com opinião de famofo Medico,
e iníigne Mathematico, de quem faz hono-
rifica mençaõ o P. Francifco da Fonfeca
Évora Glorio/, pag. 411. Efcreveo.
Taboas Afirologicas. M. S.
Do clima, e Sitio de Portugal. Defta
obra, como do Author, fe lembra Fr. Ber-
nardo de Brito Geogr. Antig. da Ijijit. liv. 3.
e o moderno addicionador da Bib. Geo-
SraJ. de António de Leaõ Tom. 3. pag.
1719.
DIOGO DE ROSALES numetado
entre ot Medicot Portuguezes por Zacuto
cuja Arte exercitou muitos annot em Ham-
buirgo fendo grande Filofofo, e Mathema-
doo. Compoz.
Armatura Medica, Jkft moduí addifceih
di Medicinam per Zacutinas Hiflorias, iaruMh
que praxim. Sahío no principio do íeg;iiodo
Tomo de Zacuto.
Poculum Poeticum in Zacutinai Laudes. Efti
eíla obra inferu nas de Zacuto líb. 4. et 5.
de Medíc Princip. Híílor. Amílelod. 1637.
e 1638. 8. 6c Lugduni 1657. foi. Tom. i.
Cármen intelUííuale de vitce termifu.
Amílelodamí 1639. 8.
No anno de 1644. tinha prompto.
Supplementum Chirurffcum ad Opera
protjlantijimi Zacuti.
Delle fazem memoria Bartoloc. Bib. Rabbin.
Tom. 3. pag. 865. n. 897. c Zacuto líb. 2.
Hift. 140. Obfervat. 27. intitulando o lllufirem
Doãorem.
Fr. DIOGO DO ROSÁRIO natural da
Cidade de Évora, e hum dos graves Religiofos
da Ordem dos Pregadores cujo caraâer
defcreve Jacobo Quetif. Script. Ord. Prad»
Tom. 2. pag. 257. com eílas elegantes palavras.
Vir omnino pius, ac eruditus, omnique difciplina-
rum genere clarus, morum gravitate, Jpiritu pra-
Jertim apoftolico maxime commendatus apud Juos,
quo Jcilicet ajluans peccatores ad panitentiam
facile, melioremque frugem emolliret, tepediores
etiam ad arduum virtutis culmen inflamaret. Para
eterno teftemunho das fuás virtuolas acçoens
baila faber-fe que foy muyto aceito ao Venerá-
vel Arcebifpo de Braga D. Fr. Bartholameu
dos Martyres confiando da fua prudência, e
zelo grande parte dos feus cuidados paftoraes,
e fendo algumas vezes Governador do Arce-
bifpado na fua auzencia. Foy Prior do Con-
vento de Guimarães, em cujo governo reno-
vou o primitiuo rigor do Inftituto com gran-
de fuavidade. Ao terceiro dia, que tinha
acabado elia Prelafia foy lograr o premio
das fuás ReUgiofas virtudes em o anno
de 1580. por ter fupplicado a Deos que
naõ morreíTe em quanto govemaíle. Jaz fe-
pultado no Convento de Guimaraens. Del-
le fazem illuílre memoria Fr. Affonf. Fem.
692
Notít. Script. Sena Wih. Frat. Prad. pag.
67. Joan. Soar. de Brit. Theat. 'Lufit. Ut-
ter, lit. D. n. 32. Altamur. Cent. 4. pag.
BIB LIOTHE CA
DIOGO DE SAA' taõ illuftre por naci-
mento, como iníigne nas Faculdades da Theo-
logia, Jurifprudencia, e Mathematica, e ainda
331. Faria Europ. Portug. Part. 4. cap. muito mais pelas acçoens militares, que obrou
6. PoíTev. Apparat. Sacr. Tom. i. pag. o feu valerofo braço em todo o Oriente no
463. D. Franc. Man. na Cart. dos A A. Por- dilatado efpaço de doze annos. Ao feu
ttig. Fonfec. Evor. Glorio/, pag. 411. Fr. intrépido valor he acredora a memorável
Pedro Mont. Claujlro Domin. Tom. 3. viftoria, que em Chaul no anno de 1528.
pag. 188. Fr. Luc. de Sant. Cather. Hifi. alcançarão vinte Galeotas Portuguezas de
de S. Doming. da Prov. de Portug. Tom. fetenta e três Paraos de Cambaya fendo
4. pag. 930. D. Man. Caet. de Souf. Hx- elle o que alcançou o premio propofto pelo
ped. Hifp. D. Jacob. Tom. 2. pag. 1311. noíío General ao primeiro que inveíliíTe
§. 332. Compoz por ordem do Illuílriffimo aos inimigos. Com a morte que a fua
Arcebifpo de Braga.
Summa Caetana tresladada em Portugue^ com
triunfante efpada deu no i. de Abril de
1529. ao General Alixà que governava dez
muitas annotaçoens, e cafos de Conciencia, e Deere- mil combatentes em a Praça de Baçaim
tos do Sagrado Concilio Tridentino. Coimbra por facilitou a fua conquifta com o defigual nu-
Antonio de Mariz 1573. 8-
mero de trezentos Portuguezes. Nefte anno
Hijloria das vidas, e feitos heróicos, e obras foy deputado para celebrar pazes com elRey
infignes dos Santos com muitos Sermoens, e prac- de Adem, de cujas condiçoens fe feguiraõ
ticas ejpirituaes que fervem a muitas Veflas grandes conveniências ao Eílado. Ainda na
do anno: reviflas, e cotejadas com [eus originaes Ilha de Beth chamada dos Mortos pelos
authenticos de mandado do muy illufire D. Fr. innumeraveis que o ferro Portuguez facri-
Bartbolameu dos Martyres &c. Coimbra ficou a 2. de Fevereiro de 1531. à fua vin-
por António de Mariz 1577. foi. 2. Tom. gança, permanecem as memorias do feu
Eíla he a primeira impreíTaõ como coníla magnânimo coração. Por fua induílria fo-
do Privilegio Real. Depois fe reimprimio raõ em Choromandel abrazadas duas Ci-
varias vezes fahindo Lisboa 1622. & ibi por dades, e rendidas doze Náos de Mouros
Lourenço Anvers 1 647. & ibi por Ant. Cras- que infeftavaõ os noíTos portos. Efte con-
beeck de Mello 1680. foi. Eíle foy o primeiro tinuado exercício da guerra lhe naõ inter-
Flos San6í:orum que fahio em toda Efpanha rompeo o comercio das letras de que era
como affirma Manoel de Faria, e Souf. Europ. infigne profeíTor unindo na fua peíloa Marte
Portug. Tom. 3. Part. 3. cap. 11. n. 50.
com Apolo, e Bellona com Minerva. Foy
Tratado de avií^os de Confejfores ordenado por profundo Jurifconfulto, e muito perito nas
mandado do Arcebifpo Primas. Braga 1578. e difciplinas Mathematicas, principalmente em
Coimbra por Jozé Ferreira 1681. 4.
a Náutica, de cuja fciencia lhe enfinou
Determinationes quorumdam Do£íorum de muitos fegredos a experiência. Teve de fua
Hfferentia inter Eugenium IV. Pontif. Maxi- conforte defcendencia, que naõ degenerou
mum, é^ Concilium Bajilienji. M. S. Confer- de feu natural valor, a qual deixou abun-
va-fe na Bibliotheca do Cardial Afcanio dante dos bens da fortuna, que com elle
Colona conforme efcreve Fr. Luiz Jacob, largamente repartira. Fazem illuftre me-
de S. Carlos Bib. Pontif. pag. 298. Jacobo moria do feu nome Joan. Soar. de Brit.
Quetif Script. Ord. Prad. Tom. 2. pag. 257. Tòeatr. Lujit. Litterat. Lit. J. n. 2. ex
naõ duvida que eíta obra feja do mefmo Fr. familia praclara, et vetufia miles egregius, et
Diogo do Rofario Author das vidas dos quod rarum efl, in omni proeterea Eitterarum
Santos, a qual poderia compor para inílruc- genere injlruãus. Joaõ Pinto Ribeiro Prefer.
çaõ do Illuílriffimo Arcebifpo Primaz D. Fr. das letr. as Arm. Valer. And. Taxand. de
Bartholameu dos Martyres quando caminhava ciar. Hifp. Script. Draud in Bib. clajfic.
para o Concilio de Trento. Ant. de Leaõ Bib. Naut. Tit. 3. Georg.
Chronica da Ordem. M. S. foi. Math. Konig. Bib. Vet. <& Not>. pag.
L USITANA.
693
711, col. 2. I^ytaô No/. Chronol.. da Uni-
vtrjid. (Ir Coiwhra pag. jo8. n. 1092. Com-
poz.
De Ntwixu/ione libri Ires. Parifíis apud
Kaynaldum Oaldcrium. 1J49. 8. Efcrcvco
cftc tratado contra Pedro Nunes infignc
Mailicmatico como declara na Dedicatória
I I lUrv D. Joaò o III. ligo qmwt lií feris
. //// /;/ operam dederim, qiiippe expt-
rientiíi fnfftJtns Jttre opfimo, in naviíiflnluim
libo connumerari poffum, qiiod totiim fere vita
empus hac in re confnmpferim, duos íraííaíMs
Petri Nonii Doíioris confutare apud me decrevi.
sQfnrum alter de qitadam inferron/i/ione efty ///-
<w qtta interrogai us fiiit: alter vero de Hydo-
raphia.
De primogenitura, €>* an filius fecundo
\emtns pmferendiís fit nepoti. Parifíis apud
Martinum Juvencm 1552. 8. Sahio tam-
isem no Volume X. Traít. DD. Part. 1.
tol. 524; c juntamente o livro de Primogenijs
I Aidovici Molina — Compluti 1 5 83. foi. Coloniac
1588. foi. Geneva: 1601. foi. Hanoniac apud
(lonradum Biermanum, 161 2. foi. & ibi apud
|oan. Jacob. Henei 161 2. foi.
Nicoláo António Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 241. aíTina a cada tratado deftes feu
luthor, fendo de ambos hum fomente. Ef-
creveo mais.
Tratado dos E/lados Ecclejiajlicos, e Se-
dares. Prohibido no Expurgatorio de
D. Fernaõ Martins Mafcarenhas Part. 2.
pag. 113.
Seff-edos da Fé contra os Judeos, Gen-
tios, e Hereges M. S. compoílos por Diogo
de Sá, que certamente naõ poíTo affirmar
fc he differente daquelle de que temos
feito mençaõ.
Fr. DIOGO DE SANDE Eremita
Auguíliniano, e Prior do Convento de
Villaviçofa, o qual floreceo pelos annos de
1440. conforme o computo de Fr. António
da Purificação de Vir. Illnflr. Ord. Eremit.
D. Aug. lib. 3. cap. 4. e Joaõ Soares
de Brit. Theatr. Lufit. Eitter. lit. D. n. 33.
Compoz.
De bonis morihus, cuja obra efcrita em
pergaminho fe guardava na Bibliotheca dos
Sereniflimos Duques de Bragança.
Fr. DIOGO DE SANDE natural da
VíIIa de Moura em a Província do Alen-
tejo, onde profeíTou o Habito Carmelitano
no anno de 1604. Eíhidou Artes no Col-
legio de Évora, cuja faculdade diâou em
o de Coimbra, e Theologia em Lisboa. Foy
Prior do 0)nvento de Beja cm o anno de
162). Cuílodio da Província cm 16)4. e
Regente dos Eíhidos em o G>nvento de Lisboa
cm 1657. no qual fallcceo. Conciliou as eíli-
maçocns das pcfToas da primeira diAincçaA
pelas fuás rcligiofas virtudes, c grande talento,
que teve para o Púlpito deixando hum tomo
prompto para a imprcííaô que conílava de
Sermoens Vários Panegyricos, e Moraes. M. S.
foi. o qual fe conferva na Livraria do Con-
vento de Lisboa, c dcUcs faz hum individual
Cathalogo Fr. Manoel de Sà nas Mem. Hiflor.
dos Efcrit. Portug. da Ordem do Carmo pag.
103. Fazem memoria do Author Carvalho
Corog. Portug. Tom. 3. liv. 2. Trat. 8. cap. 47.
Coria Delucid. das Chron. da Ord. Liv. 12.
cap. 21. Juzart. Jardim de Var. Flor. cap. 9.
Mertol. Vid. do Ven. Fr. Eftev. da Purificação
cap. 3. pag. 16.
D. DIOGO SECO natural da Villa
da Covilhaã em a Província da Bcyra filho
de Manoel Seco, e Maria Jorge. Foy admi-
tido ao Noviciado de Coimbra da Companhia
de JESUS a 23. de Março de 1591. quando
contava 16. annos de idade, e no mefmo Col-
legio aprendeo as letras humanas, e Poefia
Latina, em que fahio eminente, de tal forte
que fendo Meftre da terceira ClaíTe no Colle-
gio de Lisboa reprefentou no anno de 1604.
na prezença do Illuílriínmo Bifpo de Coimbra
D. AíFonfo de Caftellobranco quando che-
gou a Lisboa eleito Vice-Rey de Portugal
huma Tragedia, cujo aíTumpto era a vida
de Santo Antaõ em que fizeraõ as figuras
os filhos dos primeiros Fidalgos do Reyno,
cuja obra lhe conciliou univerfal applaufo.
Depois de ter diélado duas vezes em Coim-
bra a primeira ClaíTe de Humanidades,
enfinou Filofofia, e Theologia moftrando
em huma, e outra faculdade engenho agudo,
e talento profundo. Partio para Roma
no anno de 16 18. para revifor dos Li-
vros da Companhia, onde com fucceíTo
Ó94
BIBLIOTHE C A
raras vezes prafticado, leu fendo Portuguez
Theologia, admirando toda a Cúria unida
a profundidade Theologica com a elo-
quência Latina. Como na fua peíToa con-
corriaõ tantos dotes, foy eleito Bifpo de
Nicea para SucceíTor do Patriarcha da
Etiópia o P. AíFonfo Mendes, e chegando
a Lisboa foy Sagrado a li. de Março
de 1623. Pouco tempo correo que fe naõ
fizeíTe à vela para o deílinado termo das
fuás evangélicas fadigas embarcando-fe
a 25. do dito mez em a Náo Santa Iza-
bel de que era Almirante D. Diogo de Caf-
tellobranco. As infermidades que com
peíUfera brevidade extinguiaõ grande parte
dos navegantes chegou a privar da vida
ao Almirante, de cuja morte ficou taõ pe-
netrado, que paíTados poucos dias o acom-
panhou em taõ funeíla calamidade a 4.
de Julho de 1623. As fuás virtuofas acçoens,
e o caraâer da fua pelloa fe podem ler na
Etiop. Alt. do P. Tellez liv. 4. cap. 33. e 35.
Franco Imag. da Virtud. do Nov. de Coimh.
Part. I. Liv. 2. cap. 42. e Ann. Glorio/. S. J.
in L,ujit. pag. 377. Faria AJia Vortug. Tom. 3.
Part. 4. cap. i. n. 9, D. Fr. Thom. de
Faria Decad. i. lib. 8. cap. i. Ver muitos
■annos in Collegiis Societatis Jefu publice Theologiam
projeffus efi tanta cum laude, ut omnes cujujque
nationis homines oh excellens illius ingenium,
innatamque Jimul in dicendo, docendo, (& arguendo
modefiiam ohfiupejcerent : Komce, Conimhrica,
Eborce fuit hoc encomium audientihus manijef-
íum. Marrac. Biblioth. Marian. Part. i. pag. 330.
Vir. prater infignem doãrinam, compofitis ad
cmnem virtutem moribus illujiris. Fr. Petr. de
Alv. y Aílorg. in Milit. Immacul. Concept. e
D. Manoel Caet. de Souf. Cathalog. dos Bifp.
Vortug. pag. 131. Eoy injigne Poeta Eatino
de cujas Poejias conjervava grande parte o P. Bal-
thef^ar Telle^i, como ejcreve na Etiop. Alt. pag.
389. dizendo, me JuJpenderaÕ o jui^o, e me
occuparaõ a memoria, porém com a variedade
dos tempos, diverfidade de terras, e diverjàõ
de negócios perdi ejle rico the^ouro, e fendo
que devo muyto à faudo^a lembrança de tal
Author, muitas defias fuás obras perdi da
memoria, mas nenhuma do coração, ainda me
ficou hum defpojo, e única reliquia de tanta
perda que he huma Poefia que compof^ fendo
Meflre da primeira Clajje de Lisboa: fobre
a frefcura da Serra da Arrábida, e Mojleiro
dos Seráficos Keligiofos ^c. He dedicado cfte
Poema a D. Álvaro de Lancaílro terceiro
Duque de Aveyro, e tem por titulo.
Arrábida mons.
Começa.
Qual foi occiduo mergit fuh gurgite currus
Et Pater Occeanus terra qua fluãibus obftat,
Efi locus (ò Regum foboles numerofa paren-
tum
Eujiadumque decus Princeps) quo Numinis alti
Cura tibi mérito terrarum ab origine fervat '
Naturce gaudentis opes <ò'c.
Sahio impreíTa na Etip. Alt. defde pag. '
309. até 392.
De Immaculata Conceptione difputatio-
nes duce. as quaes leu Hypolito Marra-
do como aíTevera na Bib. Marian. aíTima
allegada, e as julgou digniíTimas da luz
publica, as quaes confervava D. Bernardo
de Toro.
Vida do P. SebaJliaÕ Barradas da Com-
panhia de JESUS. foi. M. S. a qual víq:
o P. Francifco da Cruz da mefma Com-
panhia como affirma nas Memor. M. S.
para a Bib. Portug.
DIOGO SERRAM DE MEDEY-
ROS Presbytero natural da Villa de Mer-
tola em a Provinda do Alentejo. Para eter-
nizar as glorias da fua Pátria efcreveo com
eftilo claro, e íincero.
Relação da Villa de Mertola. M. S. Faz'
memoria da obra, e do Author Joaõ Franca
Barreto na Bib. Portug. M. S.
D. Fr. DIOGO DA SYLVA Nacec
no lugar da Aldeya nova do cabo termc
da Villa da Covilhaã diftante três legoaí
da Serra da Eftrella do Bifpado da Guard?
em o armo de 1585. onde teve por Pays ^
Joaõ Gomes da Sylva Cavaleiro da Or-
dem de Chriílo irmaõ de Ruy Gomez dí'
Sylva primeiro Senhor da Chamufca, <
Ulme, e a Beatriz Barreiros de Oliveira d<
geração nobre. A capacidade do talento
que logo moílrou na primeira idade, im
pellio a feu Pay, para que o mandaíTe cul
tivar as letras, nas quaes fez taes [progref
li
L USITAN A.
fos aíTim em u Humanidades, como em o
Direito Canónico, e Gvil recebendo as in-
fignias de Doutor em ambas eftas Facul-
diides em a Academia Conimbrícenfe, que
foy crcado por ElRey D. Joaõ o III. feu Con-
fisíheiro, e Desembargador dos Aggravos.
Meíle laboriofo miniílerio adminiílrou rcâa-
incntca juíliça Tem que o roborno, ou a autho-
iiciade dos Litigantes pudeíTe em alguma
'(( hnõ abalar a inteireza do feu animo,
rcacirado de huma vifaõ noéhirna em que
ilhe ílgnifícava Deos naõ Ter do feu agrado
> OíTicio que exercitava, o renunciou bufcando
I ir.i tranquillidadc do feu efpirito a penitente
I iiuilia dos Rcligiofos da Província da Pie-
dade onde fervio de exemplar aos mais vete-
mos profcflbres dcfte Seráfico Inílituto.
\trahido ElRey D. Joaõ o III. das virtudes
que exercitava o nomeou naõ fomente di-
célor da fua Confciencia, mas o fez Bifpo de
t outA Primaz de Africa, em que foy confir-
in.ulo pela Santidade de Clemente VII. a 4. de
I Março de 1533. Naõ fatisfeito eíle Princepe
com a dignidade que lhe conferira, o creou
Inquifidor Geral fendo o primeiro que teve
o Tribunal da Inquifiçaõ na forma que agora
cftá eftabelicido, de cujo honorifico lugar
lhe expedio a Bulia Paulo III. a 23. de Mayo
de 1556. Ultimamente com beneplácito do
, mefmo Monarcha foy aíTumpto em o anno
(de 1540. à Cadeira Primacial de Braga por
fcr delia transferido para a de Évora o Cardial
Infante D. Henrique em quem tinha renun-
ciado D. Fr. Diogo da Sylva o lugar de Inqui-
j íidor Geral a 3. de Julho de 1536. Ao tempo
I que as fuás ovelhas experimentavaõ a benigni-
dade do feu governo, lamentarão a fua falta
j no breve efpaço de nove mezes, que as apa-
« centou efpirando com evidentes finaes de
predeílinado em 19 de Setembro de 1541.
quando contava 56. annos de idade. Foy
trefladado o feu Cadáver por D. Fr. Agof-
tinho de Caílro feu fucceíTor na Dignidade
Primacial para a Capella de S. Giraldo, e
lhe mandou gravar o feguinte letreiro.
D. Fr. Didaco à Sylva Archiepijcopo
Vrimati
D. Fr. Aug. M. P.
O feu nome celebraõ diverfos Efcri-
tores, como faõ D. Luiz Salazar H//?. de/a
695
Ca/, de Sjlv. Part. 2. Uv. 11. cap. 18. Efle
Pnlado, <pm por mucbot tituios es uno de los más
iluflres hijús de la Cafa de Sylva. La memoria
de Jus virtudes permanecerá debidamente para
exemplo de varones grandes. D. Rodríg. da
Cunha. Hift. Ecclef. de Brag. Part. 2. cap. 76.
Fr. Manoel de Monforte Còron. da Pro-
vint. da Pied. liv. 5. cap. 19. e 20. Fr. Manoel
de S. Damaf. Verd. Elucid. EJucid. i. o. 6.
onde o intitula preclarijfimo Varai, em cuja
obra nervofamente defende, e evidentemente
moílra fer elle o primeiro Inquifidor Geral
da Inquífiçaõ novamente ereâa diílinguindo-o
de outro Inquífídor Geral D. Fr. Diogo da
Sylva Religiofo de S. Francifco de Paula.
Fr. António de Souf. Aphorifm. Inquifit.
De Orig. Inquif. Lujit. n. 5. Daza Cbron.
de S. Franc. Part. 4. liv. i. cap. 12. n. 58.
e cap. 17. D. Nicol. de Santa Mar. Cbron,
dos Coneg. "Ktg. liv. 4. cap. 9. o. 11.
llluftre por fangue, e muito mais por virtu-
des, e liv. 10. c. 7. n. 3. Gonzag. De orig.
Serapb. Relig. Part. 3. pag. 945. Param.
de Orig. Inquijit. lib. 2. titul. 2. cap. 15.
Fonfec. Evor. Glorio/, pag. 319. Deixou
imperfeito.
Traãatus de Oh/curiorihus ex mani/e/lio-
rihus probandis, de cuja obra fazem men-
ção Nicol. Ant. Bib. Hi/p. Tom. i. pag. 244,
col. I. e Fr. Joan. a D. Ant. Bib. Frami/c.
Tom. I. pag. 307. col. i.
DIOGO DA SYLVA celebre prc-
feíTor de Medicina cuja arte exercitou com
grande applauzo em Roterdão, e depois
em Pariz, fendo mayor o que alcançou com
as fuás obras em que eternizou na poíleri-
dade a fua fciencia Medica, fendo as prin-
cipaes.
Joannis Mejfue Dama/ceni de re medica
libri 3. Parifiis apud ChriiHanum Weche-
lum 1542. foi. & ibi apud iEgidum Gorbi-
num. 1561.
In Hippocratis EJementa Commentarius
lihris duobus. Parifiis apud Jacobum Gaz-
zeUium. 1548. foi.
In Hippocratis y eS^ Galeni Pbijiologia partem
anatomicam I/agoge. Bafilese 1556. 16.
Verteo do Grego em Latim, e iUuftrou
com varias notas.
6c,6
De menfibus mulierum, c5^ hominum gene-
rattone Commentarius. Bafileae 1556. 4. Cafti-
gatus per Alexandrum Arnaudum Venetiis
1556. 8.
Depuljto vejani cujujdam calumniarum in Hip-
pocraíis, <& Galeni rem anatoniicam. Pariíiis
apud eumdem Typ. 1561. 8.
De Medicamentorum Simplicium deleãu, pra-
parationihus (Ò' mtxtionis modo lihri três. Pariíiis
apud iEgidum Gorbinium 1562. 8.
De febribus. Pariíiis. 1562. 8.
De Sftudiojorum , <& eorum, qui corporis
exercitationibus adduãi nonjunt, tuenda vaktudine.
Duaci. 1574. 8.
ConfiUa varia Medica. Sahiraõ com os
Confelhos de outros Médicos de que foy
colleftor. Schokio Francofurt. 1598. e 1610.
foi.
Morborum internorum prope omnium curatio
ex Galeno pracipue, (& Mário Gattinara. Lug-
duni 1620. 12.
Todas eílas obras fahiraõ diílribuidas em
quatro Partes Coloniíe Allobrogum 1630. foi.
Na Bibliothec. Real Philofophic. Martin.
Lipenii Tom. i. pag. 555. eílà huma obra
intitulada GalUca L,ingua Inftitutiones Jacobi
Sjlvij. Pariíiis. 15 31. 4. a qual naõ fey certa-
mente fe he do noíTo Diogo da Sylva que flo-
receo por eíle tempo, e pela grande aíTiílencia
que fez na Corte de Pariz poderia compor
efta Arte da lingua Franceza.
D. DIOGO DA SYLVA. Naceo na
Imperial Villa de Madrid onde teve por
Progenitores a D. Manrique da Sylva
primeiro Marquez de Gouvea fexto Con-
de de Portalegre Gentilhomem da Camera
de Filippe IV. Confelheiro de Eftado, e
Mordomo mór delRey D. Joaõ o IV.
e D. Maria de Lancaílro fua terceira mu-
lher filha de D. Álvaro de Lancaílro ter-
ceiro Duque de Aveiro, e D. Juliana de
Lancaílro filha herdeira de D. Jorge de
Lancaílro fegundo Duque de Aveiro. Foy
ornado de tal viveza de engenho que po-
dia competir com o efplendor do feu na-
cimento, com o qual fez admiráveis pro-
greíTos aíTim nas letras humanas, Poefia
Latina, e preceitos da eloquência como
nas efpeculaçoens da Filofofia, e Theolo-
B IBLIO THE CA
gia, em cuja fublime Faculdade recebeo
as infignias doutoraes em a Academia Co-
nimbricence fendo admittido ao CoUegio
de S. Pedro a 22. de Julho de 1660. para
ornato de taõ douta Sociedade. Obteve
hum Canonicato na Cathedral de Lis-
boa, onde morreo em idade muyto florente
deixando para teílemunha da fua Mufa
Latina a Elegia feguinte compoíla quando
eíludava Humanidades, em que fe admira
a elegância das vozes unida com a ternura
dos affeâos.
Fletus Maria Magdalena ad Sepulcrum. Ulyf-
fipone apud Antonium Alvares 165 1. 4.
D. DIOGO DA SYLVA, E MEN-
DOÇA Marquez de Alenquer Duque de Fran-
cavilla, Cõde de Salinas, e Ribadeo naceo
em a Corte de Madrid, e a 23. de Dezembro
de 1564. recebeo a graça bautifmalem a Paro
chia de S. Gil. Foy terceiro filho de Ruy
Gomes da Sylva Principe de Eboli, Conde
de Melito, e Marquez de Diano, primeiro
Duque de Eílremera, e Paílrana, quarto Se-
nhor da Villa da Chamufca do Arcebifpado
de Lifboa (onde naceo em o anno dei 516.)
Ulme, e Reguengos de Nefpereira, do Con-
celho de Eílado de Felippe II. e feu Sumilher
de Corps, e de D. Anna de Mendoça de La-
cerda fegunda Princeza de Melito Duqueza
de Francavilla filha única de D. Diogo Furtado
de Mendoça, Principe, e Conde de Melito,
Duque de Francavilla, Marquez de Algezilla,
Vice-Rey, e Capitão General de Aragaõ, e
Catalunha, e Prefidente dos Concelhos de
Ordens em Itália, e de D. Catherina da Sylva
filha de D. Fernando quinto Conde de
Cifuentes Alferes mór de Caílella. A for-
tuna querendo para gloria deíle Cava-
Ihero fer emula da natureza, que o ornara
de juizo prudente, capacidade profunda,
e animo generofo, o elevou aos mayores
lugares aíTim poUticos, como Militares
fendo Capitão General das fronteiras de
Samora quando em o anno de 1580. en-
trou armado por Portugal Filippe II. cujo
poUo exercitou por nomeação deíle Prin-
cipe em Andalufia na auzencia de feu
cunhado o Duque de Medina Sidónia,
na occafiaõ em que paílou a Ingla-
L USITAN A.
terra pur General da Armada Catholica,
c|ue teve infeliz fucceíTo no anno de 1588.
lím remuneração de feus ferviços o fez Fe-
lippe III. Vedor da Fazenda Real neíle Reyno,
Confelheiro de Eílado, e Marquez de Alan-
quer com o fenhorio dcfta Villa. O mefmo
Monarcha no anno de 1615. o nomeou Vice-
-Rey, e Qpitaò General dcíla Coroa, e lhe
aíTiftio na entrada publica, que fez em Lisboa
no anno de 161 9. e nas G>rte8 de Thomar
cm que foy jurado fucceíTor dcíla Monarchia.
Por procuração que teve de l*'clippc IV. tomou
cm feu nome poíTc deíle Rcyno em 8. de
Agoílo de 162 1. e deixando fubílituido o
Vice-reinato cm D. Diogo de Caftro Q>nde
de Bailo, D. Nuno Alvares de Portugal, c
O. Affonfo Mexia Bifpo de Coimbra partio
para Madrid a 14. de Março de 1622. onde
foy Prcfidcntc do Concelho de Portugal.
Foy cazado trcs vezes com herdeiras de gran-
des Cazas, fendo a primeira D. I>uiza de Car-
denas Cabrillo, e Albornoz Senhora de Col-
menar de Oreja, Torralva filha de D. Bernar-
dino de Cardenas Senhor de Colmenar, e
Mochares, e de D. Jgnez de Zuniga Mar-
queza de Laguna, cujo matrimonio fe anuUou.
Contrahio fegundas vodas com D. Anna
Sarmiento de Villadrando, e de Lacerda
quinta CondeíTa de Salinas e Ribadeo filha de
D. Rodrigo Sarmiento de Villadrando quarto
Conde de Salinas e de fua mulher D. An-
tónia de Ulhoa de quem teve hum filho
único chamado D. Pedro Sarmiento de Vil-
ladrando fexto Conde de Salinas. Cazou
terceira vez com D. Marina Sarmiento de
Villadrando fua cunhada irmãa de fua 2. mu-
lher de quem teve a D. Rodrigo Sarmiento
de Villadrando 8. Conde de Salinas. Falleceo
em Madrid a 15. de Junho de 1630. e foy
fepultado no Mofteiro de Benevivere de Cóne-
gos Regrantes de Santo Agoftinho Padroado
muito antigo da Caza de Salinas. A fua
memoria eternizarão vários Efcritores como
foraõ Pedro de Salazar Vid. do Card. Alendoc.
liv. 2. cap. 77. pag. 456. Fr. Andr. de S. Nicol.
Hijl. de los Agíiji. D efe. Part. 1. Decad. 2.
cap. I. pag. 554. cap. 8. pag. 436. cap. 9.
pag. 446. Herrer. Hift. Gen. dei Mund. Part.
3. Liv. 9. cap. 23. e Liv. 12. cap. 15. Lava-
nha ]omad. de Filip. 3. foi. 15. Cefpe-
697
dcs HiJI. di Filip. IV, Liv. i. cap. 7. Salaz.
mjl. da Caf, dê Sjlv. Part. a. Liv. 11. cap. 4.
Foy hum dos mais farru)fos alumnos do
Parnafo Caftelhano merecendo os feus verfos
o nuyor applaufo, c preferencia entre os
mayores Poetas do feu tempo, conK> eiaõ
D. Luiz de Gongora, o Conde de Villame-
diana, o Principc de Efquílade, D. Jozé de
ValdevieíTo, e Lope da Vega Carpío dizendo
en cl Laurel de Apolo Sylv. 6.
Mira que dulce, y ffave
líl Marque:^ de Alenquer honrar le pueds
Quando tiemo, y fuave
A fi mefmo fe excede
Di:(iendo, a quien tan alto honor merece
Alabeos el callar, que nó enmudece;
Y ajft lo mifmo en fu alaban^a ofrefco
Pues callando le alabo,y no enmudefco
Que quando en fu alabança hablar quii^iera
Aias mudo, que callando pareciera.
Deixou. M. S.
Poefias Varias, as quaes confervavaõ
com grande eftimaçaõ feus SucceíTores os
Duques de Ixar, e Salinas como afHrma
Nicol. Ant. in Bib. Hifp. Tom. 2. pag.
321. col. I. efcrevendo do Author. Vir
utique, quem jure dixeris totius urbanitatis,
eb* gratiarum florem, ingenio fummus, judi-
cio, prudentiaqm in paucis flylo difertijftmus,
ftve carmina five, profam orationem fcribe-
ret. Efte volume de Verfos fe conferva
na Livraria do Duque de Alafoens.
Introduccion ala Hifloria delRey D. Fi-
lippe III. con los principias de fu Monarchia
a qual julgou digna de equiparar-fe com
as dos Gregos, e Latinos, D. Jozé Pel-
lizer Chroniíla mór de Caftella en la
Informac. dela Cafa de Sarmiento, y Villa
mayor.
P. DIOGO SOARES Religiofo da
Companhia de JESUS Meftre de Mathe-
matica no CoUegio de Santo Antaõ de
Lisboa, de Filofofia em o de Évora, e em
ambas eílas Faculdades muito perito. Publi-
cou fem o feu nome.
Pobref(a vencedora, e aplaudida, ou triumfo
com que os Terceiros pobres da nobre, e
fempre illuflre Villa do Redondo na Pro-
vinda do Alentejo celebraõ a nova trefladaçaõ
698
BIBLIO THE CA
do feu grande Patriarcha, e Paj de pobres Saõ
Francifco. Évora na Ofíicina da Univeríi-
dade. 1723. 4.
DIOGO SOBRINHO natural de Mon-
temor o novo em a Provinda do Alentejo
criado de D. Fernaõ Martins Mafcarenhas
Alcayde mòr da dita Villa, o qual acompanhou
a efte Cavalhero, quando por ordem delRey
D. Sebaftiaõ foy com o caraéter de feu Emba-
xador ao Concilio Tridentino fahindo de
Monte-Mòr a 16. de Outubro de 1561. e
reílituindo-fe a eíle Reyno a 14. de Fevereiro
de 1564. Efcreveo.
Itinerário do que fucedeo nejla Jornada o qual
confervava Fr. André Sobrinho Eremita
de Santo AgoíHnho filho do Author, de quem
fizemos memoria em feu lugar.
P. DIOGO DO SOVERAL natural
da Villa do feu appelido fituada no Bifpado
de Vifeu. Recebeo a Roupeta da Companhia
de JESUS no CoUegio de Coimbra a 11.
de Julho de 1546. Ainda naõ fendo Sacer-
dote paíTou com outros companheiros ao Reyno
do Congo onde depois de aíliítir alguns annos
na cultura de taõ agreíle vinha voltou para
Portugal. Refoluto a pregar o Evangelho
em terra que correfpondeííe abundantemente
aos feus trabalhos apoílolicos navegou ja
Presbytero para a índia com o P. Fran-
cifco Vieyra, e chegando a 17. de Setem-
bro de 1554. foy mandado para o Cabo de
Camorim, onde ajudou muito aos Padres
Henrique Henriquez, e Francifco Peres em
todos os exercícios de MiíTionario até que
navegou para S. Thomè, e fazendo nau-
frágio a embarcação em que hia, acabou
infelizmente a vida a 31. de Dezembro de
1585. quando contava 33. annos de Reli-
giofo. Efcreveo.
Carta efcrita aos PP. da Provinda de Portu-
gal, acerca da fua Viagem a Goa a ^. de Novem-
bro de 1554.
Carta efcrita de Cochim aos mejmos PP. a 20.
de Janejro de 1555. Sahio com outras Venetia
apreíTo Michele Tramezzino. 1559. 8.
Carta efcrita de Cochim a 2. de Janeiro
de 1556.
Carta efcrita do Cabo de Camorim a 10. de
Det^embro de 1559.
Todas eílas Cartas M. S. fe confervaõ
no Archivo da Cafa profeíTa de S. Roque
como affirma o P. Francifco da Cruz nas
fuás Memorias M. S. para a Bib. 'Lufit.
D. DIOGO DE SOUSA. Naceo na
Cidade de Évora em o anno de 1460. e naõ
em 1457. como efcreve o P. Francifco da Fon-
feca na 'Ejvor. Gloriof. pag. 318. onde teve
por progenitores a Joaõ Rodriguez Ribeiro
de VafconceUos Senhor de Figueiró, e Pe-
drógão, e a D. Branca da Sylva, filha de Ruy
Gomes da Sylva Alcayde mòr de Campo
Mayor, e Ouguella, e por Avo materno a
D. Lopo Dias de Soufa 8. Meílre da Ordem
de Chriílo. A boa Índole que moílrou nos
primeiros annos vaticinou o grande progreíTo
que havia nellas fazer quando chegaífe aos
mayores. Eftudou as fciencias amenas na
pátria, e as feveras em Salamanca, e Pariz,
fahindo taõ confummado em todo o género
de erudição que mereceo fer venerado como
Oráculo na Cabeça do mundo, de tal forte
que mandando ElRey D. Joaõ o II. por feu
Embaxador D. Pedro da Sylva Commendador
de Aviz à Santidade de Alexandre VI. nova-
mente aíTumpto à Cadeira de S. Pedro, ordenou
que regulaíTe as fuás acçoens pela prudente di-
recção de D. Diogo de Soufa. Querendo efte
Princepe fervirfe do feu talento, o mandou cha-
mar de Roma, e logo que chegou, o fez Deaõ
de fua Real Capella, donde fubio por nomeação
do mefmo Monarcha ao Bifpado do Porto em
o anno de 1495. fendo huma das principaes
acçoens que fez no tempo do feu governo tref-
ladar para a Cathedrál as Relíquias do infigne
Martyr S. Pantaleaõ Tutelar daquella Cidade.
A mefma eftimaçaõ que fez da fua peíToa ElRey
D. Joaõ o n. experimentou da generofidade
delRey D. Manoel nomeando-o naõ fomente
Capellaõ mòr de fua fegunda mulher a Rainha
D. Maria, mas Embaxador ao Pontífice
Júlio II. para o congratular da aílumpçaõ
ao folio do Vaticano, de quem foy recebido
com fumma benevolência alcançando com
promptidaõ todas as negociaçoens em que
era intereíTada efta Coroa. Pela renuncia
que fez do Arcebifpado de Braga o Car-
í
LUSITANA.
699
dial D. Jorge da Cofta foy promovido a eíU
Primacial Cadeira onde depois de celebrar
Synodo no anno de i)o6. ornou eíla Ci-
dade com magnificas obras em que eterni-
zou a fua piedade, e magnificência podendo
juramente intitular-fe feu Amplificador. Edi-
ficou a Capella mór da Cathedral com âmbito
capaz para a magcílofa celebração dos Ponti-
ficaes trefladando para ella as auguflas cinzas
do Conde D. Henrique tronco illuílre dos
Monarchas Portuguezes juntamente com as de
Tua Erpoía a Rainha D. Tarcja. Abrio novas
portas na Cidade com huma caudalofa fonte
para beneficio dos feus moradores, c reílau-
rou as de N. Senhora a Branca, c S. Pedro
de Maximinos. Cingio com baluartes novos
o Cafteilo, e reedificou a Igreja de Santa Anna,
cm que mandou collocar por ordem as pedras,
c columnas, que os Romanos no tempo que
fcnhoriaraõ Braga levantarão aos feus Empe-
radores para que naquelles veneráveis monu-
mentos leíTem os curiofos as antiguidades
da fua Pátria. Laurou para depofito das fuás
cinzas a Capella de JESUS na Igreja da Mi-
fericordia affinando-lhe renda capaz para fuf-
tento de vários Capellaens que rezaíTem todos
os dias o Ofíicio divino de que fez Adminif-
trador o Arcediago de Vermoim Digni-
dade da Cathedral de Braga. Naõ fatisfeito
de ennobrecer efta Cidade com edifícios, a
quiz eternizar com a gloria de que lhe def-
creveíTe as fuás grandezas o famofo André
de Refende o que executou no breve termo
de dez dias mandandolhe hum Poema de
trezentos Verfos Latinos em que elegantemente
defcreveo a fundação, e privilégios de taõ
illuílre Cidade. Na Carta em que lhe offe-
rece efte Poema o intitula Pontíficum decus,
Hi/paniaque Sjdus fulgentijfimum , honarum vigi-
Uaritm fautor, unicum Jcrihentium confugium.
Como taõ inligne Mecenas dos Eftudiofos,
foy o primeiro que abrio efcolas publicas
para nellas fe aprenderem as fciencias. De-
fendeo com heróica liberdade a jurifdicçaõ
da fua Igreja, cujo zelo apoftolico mere-
ceo a approvaçaõ delRey D. Manoel. A
familia da fua Cafa competia com a Real
affim em o numero, como na qualidade
dos Criados fendo os Capellaens, Letra-
dos, e os pagens, nobres, que todos fica-
laõ no ferviço do Cardial D. Henrique feu
SuccefTor na dignidade Primacial afirmando
eíle Princcpc qm tal amo foube ftmpre ter Cria"
dos, qui o podudf fer na Cafa do mefmo Rsy.
Os Desembargadores que compunhaõ a fua
Relação eraõ dotados de tanta fdenda, e
integridade que as Tuas Dedíoens eraõ vene-
radas como Oráculos. A piedade do animo,
e obfervancia das virtudes correfpondia á
mageílade exterior com que fe tratava, fendo
naturalmente humilde, e fummamente amante
dos pobres. Dezejando renunciar o Arcebif-
pado para mais livremente fe preparar para
a eternidade, e confultando efle fanto in-
tento com o Ven. Fr. Francifco da Serra
de Gata Religiofo Capucho da Província
da Piedade o avizou que fe difpuzefíe para
a morte porque fomente havia de viver
quatro dias, o que certamente fe cumprio,
pois accometido de hum acddente de par-
lefia efpirou a 18. de Julho de 1532. Foy
taõ exceíTivamente fentida a fua falta por
todo o género de gente, que fe chegarão a
ouvir os feus laflimofos clamores na Villa
do Prado diftante huma legoa de Braga.
Foy fepultado na Capella que edificara para
feu jazigo, em hum maufoleo de pedra, fobre
o qual fe vè a fua figura veílida com as in-
fignias Pontificaes, e no circuito tem efcrito
o feguinte epitáfio.
Aqui jàs D. Diogo de Sour^a Arcebifpo
de Braga filho de Joaõ Kodrigues de Vafcon-
cellos Senhor de Figueiró, e do Pedrógão, e
de D. Branca da Sylva fua mulher o quad
ElRej D. Joaõ o II. mandou por Embaxador
a Alexandre Papa VI. a lhe dar fua obe-
diência, e elRey D. Manoel tendo o feito Capei-
laõ mor da Rainha D. Maria fua mulher o man-
dou dar fua obediência ao Papa Júlio II. e
elRejf D. Joaõ o III. ofe^ Capellaõ mor da Rai-
nha D. Catherina fua mulher o qual fev^ efla
Capella para fua fepultura. Viveo LXXII.
annos e faleceo a 18. dias do me^ de Julho
de 1532.
Fazem illuílre memoria deíle Prelado,
D. Rodrigo da Cunha Cathalog. dos Bifp.
do Port. Part. 2. cap. 32. e na Hifi. de Brag,
Part. 2. cap. 69. 70. 71. e 72. Ofor. de Reb.
Emman. lib. 4. in principio. Refende Chron.
deíRey D. Joaõ o II. cap. 190. Tellez de reb.
700
BIBLIO THE C A
Gefi. Joan. II. pag. mihi 237. D. Ant. Caet. de
Souf. Hijl. Geneal. da Cat(^, Rea/ Porttig. Tom.
I. Liv. I. cap. I. Fonfec. Evor. Glorio/.
pag. 318. A eíle Prelado dedicou o feu
Compendio de Fifica impreíTo em Salamanca
em 1520. Pedro Margalho Lente de Prima
de Theologia em a Univerfidade de Coimbra.
Emendou, e mandou imprimir duas vezes.
Breviariíim Bracharenfe. Salmanticse apud
Joannem Porras 15 12.
Conjliíuiçoens do Arcebijpado de Braga. M. S.
e nellas fe conhece a profunda fciencia que
tinha igualmente da Theologia, como dos
Sagrados Cânones.
DIOGO DE SOUSA natural da Villa
de Pereira diílante duas legoas da Cidade
de Coimbra para a parte do Poente, def-
cendente de familia nobre, e ornado de
hum fublime génio para a Poeíia de cuja
divina Arte deixou varias obras fendo a
que vio a luz publica com o nome fuppoílo
de Diogo Camacho.
Jornada que fe\ às Cortes do ParnaJJo em
que Apollo o laureou. Começa.
Sahio o Sol a vinte e três de Mayo
Num coche de fri^oens com grandes garras
Vinha diante a aurora por L,acajo.
Eílá impreíTa no 5. Tom. da Fenis rena-
cida, ou obras Poéticas dos melhores engenhos
Portugueses. Lisboa por António Pedrozo
Galraõ 1728. 8. defde pag. i. até 37.
D. Fr. DIOGO SOARES DE SAN-
TA MARIA Naceo na Cidade de Lis-
boa- no principio de Dezembro de 1 5 5 1 .
fendo feus progenitores André Soares Fi-
dalgo da Cafa delRey D. Joaõ o III. do
feu Confelho, e Secretario da Rainha D.
Catherina, e D. Maria Botelha de igual
nobreza à de feu Conforte. Renunciando
a Beca de Porcioniíla do Real Collegio
de S. Paulo da Univerfidade de Coim-
bra que recebera a 23. de Abril de 1567.
abraçou no mefmo anno com refoluçaõ
mayor que a fua idade que naõ paífava de
dezefeis annos, o Inílituto Seráfico em o
Real Convento de S. Francifco da Cidade
tomando na profiílaõ o fobrenome de Santa
Maria. Na carreira dos eíhidos efcolaf-
ticos, aíTim filofoficos, como Theologicos
fe diílinguio com tal exceíTo dos feus condif-
cipulos, que chegou cauzar enveja aos Meftres.
Mayor applaufo confeguio o feu grande
talento quando começou a exercitar o Officio
de Orador Evangélico para o qual felizmente
fe uniraõ fumma erudição, elegante facúndia,
e efpirito apoílolico com que intimava as
verdades folidas dos feus difcurfos dirigidos
à reforma das vidas, extirpação dos vicios, e
obfervancia das virtudes. Todos eíles dotes,
que publicava a Fama, defpertaraõ a male-
dicência dos emulos da fua eloquência con-
cionatoria, e querendo evitar a caufa de taõ
vil paixaõ deixou com prudente refoluçaõ
a Corte de Lisboa em o anno de 1580. e paf-
fou à de Pariz, onde o feu merecimento lhe
tinha preparado hum ampliflimo theatro para
oílentar a fua univerfal litteratura. Depois
de fe laurear com as infignias de Doutor
em as Univerfidades de Pariz, e de Lovanha,
diftou nellas Theologia Polemica com tanta
gloria do feu magifterio, que repetidas vezes
triunfou dos fofifticos argumentos de hereges
doutiflimos contando as viétorias pelos com-
bates alcançadas pela concludente efficacia
das fuás propofiçoens, de tal forte que foy
antonomaílicamente intitulado por graves Au-
thores Vehemens hareticorum flagellum. Para
coroar os feus merecimentos de que eraõ
pregoeiros os Púlpitos, e as Cadeiras, o elegeu
Henrique IV. feu Pregador, e Confelheiro,
donde fubio por nomeação de Luiz XIII.
ao Bifpado da Cidade de Sais da Província
de Normandia Suífraganeo do Arcebifpado
de Ruaõ, em cuja dignidade foy confirmado
pelo Pontífice Paulo V. no anno de 161 2.
Exercitou com fummo difvelo as obriga-
çoens do Officio Paítoral pelas quaes par-
tio a receber o premio na eternidade a 50.
de Mayo de 1614. quando contava 62. an-
nos, e meyo de idade e 45. de Religião. Jaz
fepultado no Convento de S. Boaven-
tura de Pariz, onde aíTiíHo defde o anno
de 1580. até o de 161 2. em que foy pro-
movido ao Bifpado. O Illuftriffimo Jacobo
Camus feu SucceíTor em a dignidade Epif-
copal lhe mandou gravar eíle epitáfio.
Jacobo Soares à Santa Maria
Uljjftponenji Ordinis S. Francifci
m%
L USITAN A.
701
Theologo exímio
Epifcopo Safftnji
Ctijus concionts Chriftianijfimm popiilus
Aàvtnaratione mulía
& conctnrju JrtqHentifftmo comprohavit
]acohus Camus hpijcopiis Decefforíjno B. Aí.
Secmdum Volwitattm Tcjlamenti 1'. C,
Vixit amos LXIL Mtft/es VI.
Pontíficatus ann. III.
•yi ^ Dtpojitêis in Pact III. Kalen. J/m.
^^ Anno AL DC. XI V.
Dcíle infigne Varaõ fazem memoria
loan. Chcnu in Chronol. lipifcop. Gallia
pag. 102. magnus ac doâijfimus Pradicator.
( ardof. Agiol. L^fit. Tom. 5. pag. 462.
\imio Theologo, e afamado Pregador. Marrac.
Wtb. Marian. Part. i. pag. 645. vir virtu-
tlbus non minits, qiiám Jcientia probaíijftmus.
Samarth. Frat. Gallia Chrijlian. Tom. 3.
^pifcop. Sagienf. pag. 974. Eff^egists concio-
•Mor, ac in myjlica, pojitivaque Theologia
mire verfatus, in Jiiam Ecclejiam benejicus,
hctreticoruni hojlis acerrimus. Gualt. in Tab.
Chronol. Sxcul. 17. pag. 216. doHrina, eí?*
ioncionanài facultate celebris. Nicol. Ant.
IMb. Hi/p. Tom. i. pag. 245. Harelicorum,
iiíque harejum hofiem fe, ac maftigem accer-
rtmum verbo, ó^ Jcriptis prabnií. Fr. Fer-
iiand. da Soled. Hiji. Seraf. da Prov. de
Portug. Part. 3. liv. i. cap. 21. por Jms
'^ofides virtudes, e letras memoráveis. Ant.
PoíTev. Apparat. Sacr. letr. I. pag. 793.
Draud. in Bibliot. Clajfic P. D. Manoel
C-aet. de Soufa. Cathalog. HiJl. dos Bi/p.
Port. pag. 131. Wadingo Script. Ord. Min.
pag. 186. Fr. Joan. à D. Ant. Bib. Fran-
ci/c. Tom. I. pag. 306. D. Jozé Barbof.
Cathal. HiJl. do Colleg. de S. Paul. pag. 253.
c no Archiath. l^ifit. pag. 71.
Mlecebras, quas mundus amat, fuperabit inanes
Vrancifcique premei vejligia Sacra Soares.
Compoz.
Cofmopceia in duo priora Capita Genejis.
Nannetis apud Blafium Petrail. 1585. 4.
Conciones XXIII. in prima tria Apo-
fdlypfis Capita habitcjB in celeberrima Ecclejia
\MgdunenJi, quibus accejjerunt Sermones VI.
pro diebus Dominicis Adventus, ac Fejli Con-
ceptionis B. Vir^nis, <& Nativitatis Domini.
Lugduni apud Horatium Cardon 1598. 8.
Na faculdade que concede para íe imprimir
eíla obra o UluAriíTimo Pedro de Efpinac
Arcebifpo de LeaÕ» e Primaz de França diz
eílas palavras em applaufo do Author. Cum
txploratum nobis fit quàm ubtrit fruam protu-
lerint conciones in B. Joannis Apocalypfim, quas
R. P. Fr, Jacobus Soares a Sanãa Maria Ord.
Min, boc próximo elapfo Aàwitus ttmpcrt in
primaria noflra hug^itminfis EccUfia Catbtára
incredibili concurfu, plaufuqm omnium Cípí-
tatis Ordinum habuit; nofque non lateat ube-
riores, et auãiores ad pietatis, ^ morum
inflitulionem eruditiffimorum etiam hominum eru-
ditionem; nec non ad vera, (& orthodoxa
Ksligionis affertionem adverfus noflri temporis
Ixtrefes edituras, fi excufa in publicam lucem
prodeant, earum editionem fuafimus, permijimus,
ò" ã doãijftmis Theologis approbatam compro-
bamus, c>* commendamus. Datum apud Sanãum
Regnibertum Idibus Januarii 1J97. Sahio 2.
vez Lugd. apud Horat. drdon 160). Nefta
ediçaõ fahio acrecentado com dous Sermoens
hum de Santo Eílevaõ, e outro de S. Joaõ
Evangeliíla.
Conciones oâo Solemnitatis Corporis ChriJli
in quibus etiam oão caufa deducuntur ob
quas ã Domino JESU Sacramentum "Eucba-
rijlia fuit injiitutum. Lugd. apud Horat.
Cardon 1607. 8.
Thefaurus Quadragefimalis plttribus dipi-
norum eloquiorum, ac SS. PP. fententijs
plenus. Sahio primeiramente na lingua
Franceza em 2. Tomos. Pariz ches Ni-
colas dela FoíTe 1607. 8. e depois em La-
tim traduzido pelo mefmo Author. Lug-
dun. apud Horat. Cardon 1610. 8.
Sermons fur les Dimanches de tout
1'Anné. 2. Tom. Pariz ches Robert Fa-
ciet. 1622. 8. No 2. Tom. traz 8. Sermoens
do SantiíTimo Sacramento differentes dos
que imprimio Horácio Cardon de que
aíTima fe fez mençaõ.
Sermones in laudem B. Virginis. Lugd.
apud. Horatium Cardon. 1607. 8. Defta
obra fazem memoria Pedro de Alva y Af-
torga in Milit. Immacul. Concept. e Hy-
polit. Marrac. in Bib. Marian. Part. i.
pag. 645.
Sermon fúnebre fait aux obfeques de Henri
IV. Roy de F rance, et de Navarre k
702
BIBLIO THE C A
22. de Juin 1610. dans VEgliJe de S. Jaques
de la Boucharie, Pariz ches Nicolas de la
FoíTe. 1610. 8.
DIOGO DE TEYVE natural da Auguíla
Cidade de Braga, e hum dos mais celebres
profeíTores de letras humanas, que floreceo
neíle Reyno. Para fe inílruir nas Sciencias
aíTim amenas, como feveras paíTou à Corte de
Pariz onde pela natural viveza do engenho,
e penetrante comprehenfaõ de juizo fe adian-
tou com tal exceflb a todos os feus condif-
cipulos, que recebido o gráo de Doutor na
Faculdade do Direito Cefareo regentou huma
Cadeira de Humanidades na Univeríidade
de Bordeaux competindo na Sciencia da lín-
gua Latina, afluência Poética, e facúndia
Oratória com Jorge Buchanano, e Marco
António Moreto, que no anno de 1526.
eraõ refpeitados como Oráculos deftas faculda-
des que eníinavaõ na mefma Univeríidade.
Querendo a Mageftade delRey D. Joaõ o III.
prover de Meftres a Univeríidade de Coimbra
novamente por elle edificada o mandou con-
vidar para taõ nobre miniílerio com largo eítí-
pendio. Obedeceo promptamente à iníinua-
çaõ do feu Príncipe como fe fora preceito, e
acompanhado de André de Gouvea, e feu
irmaõ Marçal de Gouvea, chegou a Coimbra
no anno de 1 547. onde foy provido na fegunda
Cadeira de Humanidades fendo Meftre da pri-
meira Jorge Buchanano de naçaõ Efcocez.
Tendo exercitado alguns annos o magifterio
com igual gloria do feu talento, como intereíTe
da mocidade eíhidiofa fubio a fer Reytor do
Collegio das Artes, onde era Meftre a tempo
que ElRey D. Joaõ o III. por carta ef-
crita a 10. de Setembro de 1555. lhe or-
denou entregaíTe o governo daquelle Col-
legio aos Padres Jefuitas, o que executou
no principio do mez de Outubro. Para re-
munerar eíte Príncipe os feus grandes me-
recimentos lhe deu hum Canonicato na
Cathedral de Miranda, onde vivia pelos
annos de 1565. augmentando a fama do
feu nome com a excellencia dos feus ef-
critos. Foy infigne na lingua Latina, ou
foíTe efcrevendo em Oraçaõ folta, ou li-
gada merecendo applaufos a fua elegante
penna como Poeta, e como Hiftoriador.
Joaõ Soar. de Brit. in Theatr. Lufit. Lit-
ter. lit. I. n. 3. in fitidijs eloquentia tantos fecit
progreffus, ut non modo aquales fuperaverit,
verum etiam praceptoris perjonam Jujlinere
aufus eft. Cadab. Grav. De obitu. Joan.
III. na Dedicatória à Rainha D. Catherina.
Egrégias laudes pro mea tenuitate defcribere
tentarem, ni omatijfimos viros Jacobum Tevium,
& Martialem Goveanum ingenij duo luminária...
ex his duobus Hifpanienjium latinorum Prin-
cipibus Nicol. Ant. Bib. Hijp. Tom. i,
pag. 246. ad injiruendam novam Academiam
Conimbricenjem adfcitus, non minorem at-
que inter Gallos olim doãrina famam col-
legit. Scoto mjp. Bib. pag. 475. Ije^tur <
(falia da Hiíloria do Sitio de Dio ) ab eru- !
ditis hominibus non fine laudis commenàa- ■
tione. Angel. Spera. de Gram. Profejfor.
Lib. 4. foi. 458. Tellez Chron. da Companb. \
de Jefus da Prov. de Portug. Part. 2. Liv. 6. '
cap. 18. n. 8. CapaíTi Hift. Philofof. pag. =
452. Ant. de Leaõ Bib. Orient. Tit. 3.
e novamente addicionada Tom. i. Tit. 3. 1
col. 62. Ant. Ferreir. Eglog. 5. pag. 83.
Eis vem o nojjo Tevio, que a viãoria
Julgará jufiamente : Tevio às Mu/as
Novo Apollo, nova honra à fua memoria, i
Cà fe vejo mudado: Jà as efcufas
Naô te aproveitarão. Tevio a contenda
Ouve, e julga entre nos, como bem ufas.
Ouve-me Tevio, e dame defte a emenda
Da fua vam oufadia, que eu efpero
Que a vó^ lhe fuja, e Palias o reprenda.
E na Cart. 4. do Liv. 2-pag. 179. v.o
Mas com quanto taÕ alto te pofefie
Das brandas Mufas defce, e outra ves prwa^
A doce Eyra a que tal fom já defte.
No teu verfo Eatino nos renova \
Hora outro Horácio, hora outro grande
Mar o:
Na grave pro^a Pádua, Arpino em rumj^
Por ti começou jà fer grande, e claro
O Portuguez Império: igual aos feitos
No mundo raros teu eftilo raro.
Enchefte de efperanças nojjos peitos
NaÕ nos detenhas encobertos tanto
Altos exemplos de obras, e conceitos.
Em quanto ajji eftàs livre, Teive em quanto
Te naõ chama tua forte ao que mereces
Cria no Portugue^ nome amor, e efpanto
L USITAN A,
I ureia j e confiado do que em ti conhtcêS,
< >inp02.
Cotnmentarins de rehus à hufitanis in
''idia aptid Ditim gejlis anno Saiu tis nojlra
Í.D.XLVI. Conimbricx apud Joannem Bar-
ita, e Joannem Alvares 1548. 4. Romc
>ucl Aloyfíum 2^nnetum. 1608. 8. G^lonix
\i;rip. ex OíBcin. Birkmmanica 1602. 8.
no livro De rebus Lufit. Uifp. índic. JLthiop,
icftlc \x\\\. 585. até 443. c no Tom. 2. Hifp.
^iliijir. i rancof. apud Claud. Marnium 1605.
)l. à pag. 1547. até 1372. Na Dedicatória
clRey D. Joaõ o III. promete a Hijioria
fie Portugal, de cuja obra como da precedente
rfcrevc Joaõ Vafeo in Chron. Hifpan. cap. 4.
lias palavras em feu applaufo. \Jt fi d» íota
Hijioria LMjitana quod pollicetur ad rem contu-
lerit àíbio procul effe£íurus Jit, uti quemadmodum
íjifitana rerum gejtarum gloria nulli província
Wjame^t, sic neque Hijoria venustate cedere cuiqtiam
^^nrito debet. Na imprcflaõ da Hiftoria do Cerco
de Dio feita em Coimbra, que he a primeira,
K[ no fim.
Oratio in Laudem Nuptiarum Joannis, e^
tnce lllufirijfimorum Vrincipum Keãoris, Con-
iilijque juffu Conimbrica habita, atque edita
imdecimo Calend. Janmrij. 4. Segue-fe a efta
obra em proza a feguinte em verfo com
"eftc titxilo.
Cármen in Nuptias eorundem Principum publice
Conimbrica pronuntiatum. Confta de 193. ver-
íos heróicos. Eftas duas obras fahiraõ reim-
preíTas Salmanticx apud haeredes Joannis à
Junta 1538. 12.
Opufcula aliquot in Laudem Joannis TertiJ
.ujitania Regis, (ò' Principis ejus Jilij, et fratris
Ijidovici, atque item SebaJliani primi Regis
ejufdem nepotis. Salmantiae apud Joannem à
í Junta 1358. 12. Dedicado ao Cardial Infante
O. Henrique, coníla de verfo, e profa.
Ad Joannem AlencaJlrum Serenijfimum AveriJ
Ducem Mortis meditatio in funus Theodojii Bri-
gantice Ducis. OlyíTipone apud Joannem Bar-
reira. 1363. 4.
Deploratio conjolationi admixta in mor-
m Ferdinandi Menejij Archiepiscopi Ulyf-
fiponenfis ad Jacrum, & venerabile Canoni-
corum Ulyjftponenjium Collegium. OiyíTipo-
ne apud eumdem Typ. 1364. coníla de verfos
heróicos.
JOÒ
Tumulus in mor tem MUhaelis Mine:(ij Mar-
chionis Villa regftlis, Oly^ipone apud eum-
dem Typog. 136). 4. No fim Deprecatio
ad Cbrijlum Crucifixum in dÍ4 Para/ceves, He
em verfo heróico.
Epodon, Jive Jambicorum carmen libri
ires, OlyíTipone apud Prancifcum Corrêa.
1365. 8. ConíU o primeiro livro entre outras
couzas dê Injlitutiom Boni Prinàpis; a qual
verteo em Sextinas Portuguezas feu difd-
pulo Frandfco de Andrade, e na Dedicatória
que lhe fez, o louva com eílas vozes métricas.
Lymphas bibijje te putant Agpnippidos
Pamajfi, e>* altis fomniajje montibus
Hac erudita, quce tua legant carmina
Meri toque eorum Principem te Judicant
Vlorere nojlro quis peroptet faculo
Claros poetas, quos facer liquor rigat
Fontis Heliconis, quos ad ajlra fulffda
Ventura f um mis tollat atas laudibus.
O 2. livro coníla. Hymni 13. ad Jejum
ChriJlum pro Salute Reffs SebaJliani, et felici
Reffii Jlatu. Hymni ad Divos Regni LMjitanici
patronos. Eíla obra allega Jorge Cardofo
Agiol. iMjit. Tom. 3. pag. 233. coL i. inti-
tulando a de Rebus Divinis o 3. livro coníla
de Perfeão Epifcopo ad Cardinalem Henricum.
Congratulatio ad Fr. Ljfdovicum Granatenfem
de Serenijfimo Príncipe Henricuo dum UlyJJi-
ponem Archiepifcopatum accepit relião Eborenfi.
Ode in illa EvangeliJ Verba. Domine fi
vis potes me mundare. E.pithalamium in
laudem Nuptiarum Alexandri, e>* Maria
Principum Parma, e^ Placentia &c.
Oratio in obitu Principis Joannis in Templo
Sanãa Crucis habita. No fim Oratio ad Deum
pro defunão Príncipe, pro Parente Rege,
€>• Nepote SebaJliano. 4. M. S. Confervava-fe
na Livraria do Cardial Souza.
Traduzio da língua Grega na Portugueza
por ordem delRey D. Joaõ o IH.
Cyropedia de Xenofonte.
Fr. DIOGO DE TORRES natu-
ral da Villa de Torres novas do Arcebif-
pado de Lisboa Monge Ciílerdenfe efcre-
veo as feguintes obras que fe confervaõ no
Real Convento de Alcobaça.
GloJJa in Hieremiam
Bxplanatio Rufini in Sjmbolum
704
Liher San£ii HilariJ contra harefes.
Pajfto S. 'Laurentij carmine de/cripta.
Líber Prognojlicorum futuri Sactili.
DIOGO VAZ CARRILHO natural de
Lisboa Presbytero da Congregação do Ora-
tório de S. Felippe Neri, e Prepoíito da Cafa
de Santa Helena da Cidade de Cadiz, Varaõ
iníigne em virtudes que exercitou pelo largo
efpaço da fua vida. Em beneficio das Almas
que fe querem adiantar no caminho da per-
feição evangélica tradu2Ío de vários Authores
Afceticos na lingua Materna fem declarar o
feu nome os livros feguintes.
Exercícios divinos das três vias Purga-
tiva, llluminativa e Unitiva compoftos em Im-
tim pelo Ven. Doutor Nicoláo E/chio. Lisboa
por Ant. Crasbeek de Mello. 1669. 12.
Imitação de Chrifto que vulgarmente fe
intitula Contemptus mundi dividida em
quatro Livros efcrita em Latim pelo Venerável
Thomatl de Kempis Cónego Kegular de Santo
Agoftinho. Lisboa por Joaõ da Cofta 1670.
8. & ibi pelo dito ImpreíTor 1673. & ibi por
Domingos Carneiro 1679. 8.
Manual de exercidos efpirituaes para
ter Oração do P. Thoma^ de Villa Caftim
da Companhia de JESUS. Lisboa por An-
tónio Crasbeeck. 1672. 8.
Hijloria das vidas de Santa Maria Egyp-
ciaca, Santa Tbais, e Santa Theodora peniten-
tes do P. Pedro da Rihadaneira. Lisboa
por Domingos Carneiro 1673. 4.
DIONÍSIO Medico infigne aíTim na
efpeculaçaõ, como na praética, compoz
antes do anno de 1555. a obra feguinte
allegada por Nicoláo Monardes grande
Medico Sevilhano in Dialog. de Vena Se-
canda in Pleuritide foi. 5.
An in Pleuritide deheat Sanguis emitti ah
eodem latere, unde dolor pungit, an ex oppojito?
Fr. DIONÍSIO DOS ANJOS. Na-
ceo no lugar de Leomil em o Bifpado de
Lamego de Pays nobres quaes eraõ Luiz
Tavares, e Helena Ferreira. ProfeíTou o
Inftituto de Eremita de Santo Agoftinho
no Convento da Graça de Lisboa a 10. de
Agofto de 1606. Enfinou aos feus domef-
BIB LIO THE CA
ticos as Sciencias efcholafticas, em que foy
muyto douto. Os feus merecimentos o habi-
litarão para exercitar os honoríficos lugares
de ConfeíTor delRey D. Joaõ o IV. e feu filho
o Princepe D. Theodofio, de ProcomiíTario
da Bulia da Crufada por fer o Deputado mais
antigo defte Tribunal, Qualificador do Santo
Officio, e Examinador das três Ordens mili-
tares. Foy nomeado Bifpo do Algarve,
cuja dignidade naõ poíTuyo por fallecer em
Lisboa a 24. de Novembro de 1654. Fazem
delle memoria Joan. Soar. de Brit. Tòeat.
Lujít. Litter. lit. D. n. 38. Fr. Ant. da Puii- 1
ficaçaõ Chron. da Prov. de S. Agojl. de Por-
tug. Part. 2. liv. 6. Tit. 6. ^. 11. e de Vir.
Illujirib. Ord. Eremit. D. Aug. Lib. 2. cap. 11.
Herrer. in Alphab. Augujlin. Publicou
Sermaõ no Convento da Graça de Lisboa
nas demonjlraçoens que fe fiv^eraõ pelo roubo do
SantiJJimo Sacramento da Parochia de Santa
Engracia da mefma Cidade. Braga por Fruc-
tuofo Lourenço de Bafto 1630. 4.
Traduzio de Latim em Portuguez.
Sufpiros do grande Doutor da Igreja Santo i
Agoftinho. Lisboa por Henrique Valente de
Oliveira. 1656. 12.
Annotationes ad aliqua privilegia Mm- 1
dicantium, <& ad alias matérias morales, },
M. S. Confervafe na Livraria do Con- '
vento da Graça defta Corte.
Traãatus de Eucharijlia. Defta obra
fazem mençaõ Joaõ Franco Barreto oa
Bib. Lufit. M. S. e Fr. Manoel de Figuei-
redo Elos Sana. Augujlin. Tom. 4. pag. '
150. n. 103. affirmando ambos que fe im-!
primira. •
Fr. DIONÍSIO DOS ANJOS natural de-
Lisboa, e Religiofo de Saõ Jeronymo, cujo
Inftituto profeíTou no Real Convento de:
Belém a 6. de Janeiro de 1656. Foy infigoc)
na Arte do Contraponto, e naõ menos deftrof
tangedor, de Arpa, e Viola. Obfervou com;
fumma exaçaõ as obrigaçoens do feu lofti-l
tuto pelas quaes mereceo acabar a carreira da
vida com boa opinião em o Convento de
Belém a 19. de Janeiro de 1709. Deixou-
compofto.
Kefponforios para todas as Fejlas da primar»
ClaJJe. '
L USITA NA.
7o5
P/a/mos de Vtf peras, e Maffiificas.
Diverfas Mijfas, Vilhattcicos, e Motetes.
Todas dias obras fe confervaô com grande
cflimaçaò no Convento de Bclem.
DIONÍSIO BERNARDES DE MORAES
natural de Lisboa filho do Doutor Joaõ
Bernardes de Moraes, Phifico mór, Fidalgo
da Caía de Sua MageíUde, Cavalleiro da Ordem
de Chriílo, e de D. Ignez Rufína da Eílrella
filha de Henrique Ayquc, e de Jeronima
Rufina. Inílruido nos rudimentos da Latini-
(iaclc, e nos preceitos da Rhetorica ouvlo
l'iI()fofia em o anno de 1696. cm que tive a
gloria de fer feu condicipulo, do Padre
Sebaíliaõ Ribeiro immortal credito da Con-
gregação do Oratório, e logo moílrou a
viveza do engenho, c prcfpicacia do talento,
com que havia fazer agigantados progreflbs
em outra mayor faculdade, qual foy a
dos Sagrados Cânones, recebendo nella as
iníignias doutoraes na Univerfidade de Coim-
ita. Admitido ao Collegio das Ordens Mili-
o indefeflb eftudo unido com a facili-
"^dade da comprehenfaõ o habilitarão para
tomar poíTe em 13. de Janeiro de 1730. de
huma Cathedrilha de Cânones até chegar à
Cadeira de Vefpera, donde foy aíTumpto a
Prelado de Santa Igreja Patriarchal em 16.
de Mayo de 1739. Na controveríia que fe
altercou em a Univerfidade fe os Doutores
Legiílas podiaõ obter as Conezias Doutoraes
das Cathedraes do Reyno, efcreveo fem de-
clarar o nome as feguintes obras em que com
argumentos concludentes authorizados com
todo o género de erudição defende ferem
os Canoniílas, e naõ os Legiílas hábeis para
os Canonicatos Doutoraes.
Anti-logijia critico Apologético, ou Gloffa-
rio Ana/y tico em que Je critica, ref ponde, convence,
e refuta hum manifefto que a favor dos Doutores
hegiflas fe^ hum Anonymo pertendendo mofirar
que eraõ hábeis para as Conet(ias Doutoraes da
Univerfidade de Coimbra. Pariz chez Pierre
Prault. 1735. foi.
Com o fuppofto nome de Viftoriano
Guerreiro de Bulhoens.
Cenfura, five judicium inofficiofa Cen-
fura á qua liber Antilegifta vindicatur, tri-
na veliit are triplici Apologética demonfhra-
tiofu cotiflat. Salamanca por António Jozé
Villagordo, y Alçaras, foi. Sem anno da
ImprdbÕ.
AtttUpitomt, ou AntiUfffla disfarçado.
Dialogps Críticos, ou Colloquios jocoferios
fohre a Controverfia entre Canoniflas, 9 Léffftas
acerca das Conevjas Doutoraes da Univerfidade
dê Coimbra. Salamanca por la víuda de
António Ortiz Gallardo. 1757. 4.
Com o nome de Ixonardo Luiz de
Queirós.
Pradiéíiones Apologética, five flofculi pra-
curfores ad futurum fafciculum Sententiarum ;
additio ad Cenfuram inofficiofa Cenfura, çÍT
demonfiratio novijjima in qua prceveniuntur,
e>* reconveniuntur aliqua quibus Epitomes
Author, et Jurís Civilis Doãores pro jure
fuo fuadendo novum ceríamen inire moliuntur,
e>* pracipue difceptatur de veritate, eí^ validi-
tate Bullarum circa Canonicatum luimecenfem
obtinendum. Hifpali. foi. fem anno da Impref-
faõ, nem nome do ImpreíTor.
Fr. DIONÍSIO DE S. BOAVEN-
TURA. Naceo no lugar de Unhos do
Arcebifpado de Lisboa a 20. de Janeiro de
1599. fendo filho de Francifco Gomez Ri-
beiro Gdadaõ deíla Corte. Na juvenil ida-
de de defefeis annos defprezou com herói-
ca refoluçaõ o mundo procurando a Re-
ligião Seráfica, da qual recebeo o Habito
no Convento de S. Francifco da Gdade a
23. de Novembro de 161 5. Ainda que fa-
hio confummado Letrado em a Theolo-
gia efpeculativa, e Moral, e verfado na
intelligencia das linguas Latina, Grega, He-
braica, e Italiana, naõ feguio as Cadeiras
donde podia adquirir grande applaufo ao
feu nome, mas todo fe dedicou ao minif-
terio de MiíTionario Apoftolico com o qual
atrahia muitas almas ao caminho da peni-
tencia. Por fer muito douto em a Theolo-
gia Polemica converteo com a efficada dos
feus argumentos muitos Hereges à noíTa
Religião fendo entre elles o mais ce-
lebre Lourenço Shite Enviado delRey de
Suécia neíla Corte, que naõ fomente abju-
rou os feus erros mas fuavemente o
perfuadio a profeíTar o IníHtuto Seráfico, que
promptamente executou com o nome de
50
7o6
BIBLIOTH E CA
Fr. Lourenço de S. Paulo. Foy CommiíTario
dos Terceiros da Villa de Thomar eleito no
anno de 1634. e de S. Francifco de Santarém
cm 1629. naõ querendo aceitar outros lugares
de que eraõ dignos os feus merecimentos.
Recolhido ao Convento de Alanquer fez
muitos progreíTos nas virtudes confirmados
com prodigios na fua morte que felizmente
fuccedeo a 15. de Fevereiro de 1665. Jaz
fepultado junto do ultimo degráo da efcada,
que defce do Coro para o Clauftro. Faz delle
memoria Fr. Fern. da Soled. Hiji. Seraf. da
Prov. de Portug. Tom. 5. n. 11 11. Efcreveo.
Kelaçaõ da vida, e progrejfos do P. Mejlre
Fr. JoaÕ de S. Bernardino L,ejfor jubilado, e
Minijiro Provincial da Provinda de Portugal.
M. S. 4.
Fr. DIONÍSIO DO COUTO natural da
Villa de Alfeizaraõ dos Coutos de Alcobaça
Monge Ciftercienfe, e filho do Real Mofteiro
de Alcobaça. Foy muito douto em Direito
Pontificio compondo.
Cafus abbreviati fuper Decrefales. foi. M. S.
Confervafe na Bibliotheca do Convento de
Alcobaça.
Fr. DIONÍSIO DE ESTREMOZ cujo
appellido tomou da Villa que lhe deu o berço,
fituada na Província do Alentejo. ProfeíTou
o Inilituto Monachal de S. Bernardo em o
Real Convento de Alcobaça onde fe conferva
a feguinte obra que compoz.
Flores Sanãorum. foi. M. S.
DIONÍSIO GOMES PESSOA natural de
Lisboa donde paíTou a Macáo celebre Colónia
dos Portuguezes nos confins da China. Vol-
tando a Portugal a cobrar huma opulenta he-
rança que lhe deixara feu Tio, partio fegunda
vez para Macáo no anno de 1729. e antes de
chegar ao fim da jornada acabou a vida.
Era muito verfado na liçaõ da Hiftoria
Sagrada, e profana, e naõ menos inclinado
aos exercícios da piedade, e devoção. No
tempo que aíTiUio na fua pátria collegio, e
publicou.
Diagoge Chrifiiana continens exercitium quoti-
dianum: modus pie audiendi Mifjam, <& alia
exercitia pietatis, omnia ex Variis Authori-
bus colleãa. UlyíTipone apud Bernardum da
Coíla 1726. 12.
DIONÍSIO DE PINNA natural da Villa
de Linhares diftantc três legoas da Cidade
da Guarda na Província da Beira. Entrou na
Congregação do Oratório de Lisboa a 15.
de Agofto de 1682. e nella perfeverou no
eftado de Leygo exercitando as virtudes de
hum perfeito Congregado até fallecer a 9.
de Fevereiro de 171 2. Compoz.
Pecúlio ejpiritual colhido de alguns lugares da
Santa Ffcritura, doutrina dos Santos Padres,
e de outros Santos, e Varoens doutos <&c. M. S. 4.
Conferva-fe na Livraria da Congregação do
Oratório deíla Corte.
DOMINGOS DE ABRANTES na-
tural da Villa de Setuval, e muyto exercita-
do em contínuos aâos de perfeito Chriílaõ,
publicou.
'Exercidos de devoçoens para ajudar a
vivos, e defuntos. Lisboa por Pedro Cra-
esbeeck. 1628. 12. Conlla do modo que
fe deve rezar o Rofario, fazer exame de
Conciencia, Oraçaõ para antes, e depois
da Comunhão, e motivos para focorrer as
Almas do Purgatório.
DOMINGOS AFFONSO morador
em Goa Capital do Eftado Afiatico Por-
tuguez, e infigne artífice de machinas de
fogo, efcrevendo.
Artifícios de fogo que fe^ na índia no anno
de 1684. 4. M. S. Conferva-fe na Livraria
do Excellentiffimo Marquez de Abrantes.
P. DOMINGOS ALVARES natural
da Villa da Covilhaã em a Comarca da Guarda
da Província da Beira, e Religiofo de
Companhia de JESUS onde foy Coadju-
tor efpiritual. Partio para a índia em o
anno de 1576. e foy Reytor do Collegio
de Dámaõ. Efcreveo.
Carta aos Padres da Provinda de Portugal
efcrita em Goa a 20. de Novembro de 1576.
em que lhe narra a fua jornada. M. S.
DOMINGOS ANTUNES PORTU-
GAL Cavalleiro profeíTo da Ordem de
L USITANA.
707
QiríAo natural da ViUa de Penamacor
íituada entre Caílcllobranco, e Moníaoto
em a Provincia da Bcyra. Depois de eíUr
fuHícicntcmcnte inAruido na língua Latina,
e letras humanas paíTou à Univerfídade de
Salainiiu I onde teve por Medres da ju-
rirptu(l(iiMi Tcfarea aquelles dous iníignes
Jurihoiiiulio:. ['rancifco de Amaya, e Bel-
chior (ic Valença celebres pelos feus ef-
adtos, dos quacs hz clle agradecida me-
moria no Tom. de Donaf, Reg. lib. i.
Pnelud. 2. §. 4. n. 5. e Part. 2. lib. i. cap.
23. n. 139. G}m a difciplina de taõ famofos
Lentes fahio taÕ confumado na pene-
tração das mayores difBculdadcs de taõ vaT-
ta fciencia, que fendo ainda difcipulo pu-
dera exercitar o ofiTicio de Meftre. Voltan-
do para o Reyno aíTiílio como Procurador
da fua Pátria, c Definidor de Caftcllo-
bríinco nas Cortes celebradas cm Lisboa
no anno de 1641. e nellas aíTmou a 5. de
Março do dito anno. Depois de adminif-
trar vários lugares em beneficio da Repu-
blica foy Confervador da Univerfidade de
Coimbra, Dezembargador da Relação do
Porto, e da Cafa da Supplicaçaõ, de que
tomou pofle a 3. de Novembro de 1661.
e dos Aggravos a 24. de Mayo de 1664.
e ultimamente Deputado do Confelho Ul-
tramarino. Morreo em Lisboa em o primei-
ro de Fevereiro de 1677. e jaz fepultado
no Convento de Santo António dos Capu-
chos deíla Corte. Foy cazado com D. Izabel
Taborda filha de Salvador Taborda de Ne-
greiros de quem teve a Salvador Taborda
Portugal Enviado à Corte de Pariz, e Con-
felheiro da Fazenda Real de quem fe fará
mençaõ em feu lugar. Compoz.
Traãatus de Donationibus Keffis Ju-
rium, (ò' bomrum Kegice Corona Tom. i.
UlyíTipone apud Joan. da Coíla. 1673. foi.
Tom. z. ibi per eumdem Typog. 1675. foi.
Sahiraõ mais correios em hum volume
Lugd. apud Joan. Anton. Huguetan 1680. foi.
& ibi apud AniíTon, & PoíTuel. 1699. foi.
DOMINGOS DE ARAÚJO natural da
Villa de Alenquer do Arcebifpado de
Lisboa, Bacharel formado pela Univer-
fidade de Coimbra em os Sagrados Câno-
nes, e muito perito em os preceitos da
língua Latina. Compoz*
Crammatica luitina novamente ordinada, e
convertida em Portugfécq;, Lisboa por Pedro
Crasbeeck 1627. 8. Dedicada a D. Duarte,
e D. Franciíco de Caílellobranco oetos do
primeiro Conde do Sabugal, Meirinho mór
deftes Reynos, Embaxador a CAfielia, e Vedor
da Fazenda Real. Sahío reformada, e acrecen-
tada por António Feliz Mendes Mefixe de
Latinídadc. Lisboa por Manoel Fernandes
da Cofta 1737. 8. Compoz mais:
Prognojlico Geral da vida, e coflumes do
Excelleníijftmo Senhor Duque de Barcellos feito
em Évora a i. de Abril de 1634. M. S. Eftc
Duque era o Princepe D. Theodoíio filho
dclRey D. Joaõ o IV.
Anacepbalaofis introduãionis in praxim artifi-
cialis memoria. M. S. 4. Conferva-fe na Livra-
ria do Excellentinimo Marquez de Abrantes.
D. Fr. DOMINGOS BARATA. Naceo
no Lugar da Arada fitiiado na Serra da ET-
trella da Provincia da Beyra fendo filho de
Domingos Fernandes Gonçalues Lavrador
nobre da mefma terra. Na idade juvenil buf-
cou como mais gloriofa a vida militar
aíTentãdo praça em a Cavallaria até que
cõprindo vinte, e hu anno preferio o exer-
cido das letras ao das armas, e na Gdade de
Évora depois de eftudar Grammatica, Filo-
fofia, e Theologia, em cujas faaildades íahio
taõ confummado, que levou por oppofiçaõ hum
lugar em o Collegio da Purificação com grande
applauzo do feu nome. Ordenado de Pres-
bytero bufcou a illufixe Religião da Santiílima
Trindade como feguro afylo para a tranquili-
dade da fua conciencia profeíTando taõ fagrado
Inítituto em o Convento de Lisboa, quando
era Provincial deíla Provincia o Meftre Fr.
António Corrêa, Lente que foy de Prima
da Univerfidade de Coimbra. Enfinou aos
feus Domefticos as fciencias Efcolafticas
pelo efpaço de 14. annos, cujo tempo pa-
ra a jubilaçaõ prefcrevem as Conftituiçoês
da Ordem, e querendo deixar mayor numero
de fubftitutos da fua profundidade Theo-
logica, depois de fe laurear em a Univerfi-
dade de Coimbra com as infignias dou-
toraes fubio a regentar a Cadeira de Du-
7o8
BIB LIO THE CA
rando, de que tomou poíTe a 4. de Mayo
de 1696. Tendo fido Reytor do CoUegio de
Coimbra, Secretario do Provincial Fr. Ro-
drigo de Lancaftro, Qualificador do Santo
Officio, e Examinador das três Ordens Mili-
tares, conhecendo o IllufiriíTimo Bifpo da
Guarda D. Fr. Luiz da Sylva com domefti-
cas experiências por fer filho do mefmo Inf-
tituto Trinitario, o raro talento, de que era
ornado, o convidou para diftar Theologia
Moral ao Clero do feu Bifpado onde foy
Miniftro da Relação Ecclefiallica, e Exami-
nador Synodal. O mefmo Prelado fendo
aíTumpto à Cadeira Archiepifcopal de Évora,
o nomeou feu Bifpo Coadjutor a 9. de Mayo
de 1699. e foy confirmado pela Santidade de
Innocencio XII. com o titulo de Micenia
Cidade do Reyno da Morea. No Templo
da Santiífima Trindade defta Corte foy fagrado
pelo Illuílriífimo Bifpo Inquifidor Geral D.
Fr. Jozé de Lancaílre a 29. de Junho de 1699.
dedicado às Illuílres memorias dos Prince-
pes dos Apoftolos, como prognoíUco de fer
fiel imitador dos exemplares mais foberanos
do Officio paftoral, fendo Affiftentes deíle
aâo D. Álvaro de Abranches Bifpo de Lei-
ria, e D. Fr. Pedro de Foyos Bifpo de Bona.
Ao tempo que affiftio em Évora foy creado
Deputado do Santo Officio deíla Cidade
em 15. de Setembro de 1700. dõde foy promo-
vido por nomeação delRey D. Joaõ o V.
noíTo Senhor a Bifpo de Portalegre a 22.
de Fevereiro de 1707. cuja Diocefe governou
com zelo, vigilância, e reétidaõ até que falle-
ceo a 25. de Abril de 1709. Jaz fepultado na
Capella mór da Cathedral junto dos degráos
da parte da Epiítola em hum jazigo, que para
fi tinha mandado fazer feu AnteceíTor D. Fr.
Richardo Ruílel. Foy ornado de admirável
engenho, fublime capacidade, profunda efpe-
culaçaõ, e de taõ feliz memoria que nunca
fe efqueceo do que tinha eítudado chegando
a allegar as folhas, e parágrafos de muitos
Authores affim Theologicos como Canoniftas,
e Legiftas por fer verfado em todas eftas Facul-
dades, e ainda dos livros de erudição profana de
que uzara quando era Soldado. Fazem delle
memoria o P. D. Manoel Caetano de Soufa
Cathal. Hijl. dos Bi/p. Portug. pag. 132 VaraÕ
doutijfimo em todas as letras /agradas. O
Excellentiffimo Conde de Monfant. Ca-
thal, dos Bi/p. de Portalegre §. 17. P. Franc.
da Fonfec. Evor. Glorio/, pag. 315. Exemplo
de /uhditos, e exemplar de Prelados. Fr. Pedr.
Mont. Cathal. dos Deput. da Inquijic. de Evor.
n. 104. Sahio poílhumo por deligencia de
feu Sobrinho o P. António Duarte Rombo
Notário da Inquifiçaõ de Évora.
Sermaõ do Aão da Fé pregado na Cidade de
Coimbra em 14. de Junho de 1699. Évora na
Officina da Univerf idade 17 17. 4.
Os Tratados Theologicos diftados aíTim
na ReHgiaõ, como em a Univerfidade de Coim-
bra fe confervaõ efcritos com a ultima per-
feição no Collegio deíla Cidade, e Convento
de Lisboa promptos para a impreíTaõ. |
Pi. DOMINGOS BARBOSA filho
de António Tavares, e Martha Barbofa
naceo na Villa de Arouca do Bifpado de
Lamego, e em a Cidade de Coimbra rena-
ceo para Deos recebendo a Roupeta da
Companhia de JESUS, a 23. de Dezem-
bro de 161 o. quando contava quinze an-
nos de idade. Foy infigne profeíTor de le-
tras humanas, e grande Poeta Latino, como
moílra a Poefia Alcaica, que compoz fendo ,
Meftre da 7. ClaíTe do Collegio de Lisboa, e
fe publicou fem o feu nome com eíle titulo.
Triumphus B. Franci/ci Xaverii Ulj/
Jipone celehratus. Sahio em o livro das Fef-
tas da Beatificação do Santo Xavier. Lis-
boa por Joaõ Rodriguez 1621. 8. I
Quando era Meftre de Rhetorica em o
mefmo Collegio imprimio.
Panegyris Sapientice UlyJ/ipone in Académico
Collegio S. J. habita Kalend. Octobs 1622.
pro litterarum Jiudiis au/picandis. Ulyffipone
apud Gerardum à Vinea 1622. 4.
P. DOMINGOS BARBOSA natural
da Cidade da Bahia Capital da America ,
Portugueza Sendo já Meftre em Artes en- í
trou na Companhia de JESUS, onde vivco |
com exemplar procedimento. Diftou mui- ■
tos annos no Collegio da fua pátria Theolo-
gia, e exercitou o lugar de Meftxe dos No-
viços deixando aos feus domefticos igual-!
mente herdeiros da fua fciencia, como daí
fua virtude. Foy a Roma por Procurador
LUSITANA.
709
Geral cia Província do Bflfil, donde voltando
vizitou duas vezes. Depois de íer compa-
:I i I 'lis Provinciaes, c Reytor do Col-
i( , nambuco falleceo de hum acci-
Icntc lie parlczia a iz. de Novembro de 1685.
(juniuiu exercitava o Reytontdo do Collegio
l.i iiahia, com 62. annos de idade, e quarenta
lo Companhia. Deixou efcrito em verfo
[■k-:'i;lCO.
I'í/fio Servatoris noftri JESU Cbrifli. em
cuja obra compete a elegância do metro com
i ternura cio aíícdo.
Ir. DOMINGOS DE S. BERNAR-
DINO natural da índia Oriental, c Reli-
iofo profeíTo da Seráfica Provincia de S.
Ihomé. Foy Comminario do Santo Of-
icio, e efcrcvco na lingua Canarina.
ExpoJiçaÕ do Credo. M. S.
Fr. DOMINGOS DA CONCEYÇAM
'^aceo em Lisboa no anno de 1 586. e foy edu-
.iJo no Collegio dos Meninos Orfaõs, onde
iprendeo a lingua Latina, c a Faculdade da
■uMufica, em que fahio peritiíTimo. Ornado
mbm eíles dotes, e muito mais com a inno-
cncia dos coftumes foy admitido à Religião
Seráfica em a Provincia de Portugal na qual
cftudou as Sciencias efcholaílicas merecendo
por feu exemplar procedimento fer eleyto
Meílre dos Noviços, e Vigário do Coro no
reformado Convento de S. Francifco de Alan-
quer cujos miniílerios exercitou com grande
zelo. Cumulado de obras virtuofas morreo
í no Convento de Lisboa a 12. de Dezem-
' bto de 1647. Compoz.
Vida do Ven. IrniaÕ l^ygo Fr. Ga/par do Ef-
I Júrito Santo. M. S. Defta obra fazem memoria
f Jorge Cardofo AgioL L//Jií. Tom. 2. pag. 762.
no Comment. de 23. de Abril letr. G. Fr. Ma-
noel da Efper. Hifi. Seraf. da Prov. de Portug.
5 Part. I. Liv. 2. cap. 21. n. 6. e Nicol. Ant. Bib.
■ Hi/p. Tom. I. pag. 255. col. 2. Fr. Jacobo
Echard ScrtpL Ord. Prad. Tom. 2. p. 755. col. i.
efcreve de Fr. Domingos da Conceição Domi-
i nico Author da vida de Fr. Gafpar do Efpirito
f Santo que pela identidade do nome, e da obra
certamente fe enganou querendo attribuir a
; hum feu Religiofo, o que certamente he com-
\ poíiçaõ de Fr. Domingos da Conceição Fran-
cifcano.
Vida do Vm, Fr, ChriftovaÕ da Cofifeifoõ,.
M. S. a qual louvam Cardofo j4ffc/, lat/U.
Tom. 5. pag. 146. no Comment. de 9. de
Mayo Ixtr. M. e Fr. Manoel da Efperaoc
Hijl. .Seraf. Part. i. Liy. i. cap* 5). n. ).
Vida do Ven. Fr. António de Chrifto M. S.
a qual eftá compofta ( como diz Fr. Fernando
da Soled. Hift. Seraf. Part. 5. liv. 1. cap. 21,)
com muito efpirito, e contem admiráveis reflixoens,
e exemplos moraes para a direcção da vida KeU-
giofa. Eí\c Livro que he de folha acabou feu
Author em 16. de Novembro de 1642. e íe
conferva na Bibliotheca de S. Frandfco da
Gdade. Começa. O Doutor da Igreja Santo
Amhrofio nos dá huma doutrina, e he que havendo
de efcrever as vidas dos que fe finguIari:(araÕ em
virtudes &c. dcAa obra fazem taõbem men-
ção o P. Fr. Manoel da Efpcranc. Hifl. Seraf.
Part. I. liv. I. cap. 27. n. i. e Cardozo AgioL
Ijifit. Tom. 5. pag. 581. no Comment. de 51.
de Mayo Letr. G.
Tratado da Fundarão do Convento de
Alanquer. M. S. Efta obra allegaõ Car-
dofo Agiol. Ljífit. Tom. 2. pag. J19. col-
I. no Comment. de 11. de Abril Ictr. B.
onde por equi vocação lhe chama Fr. Diogo;
e Fr. Joan. à D. Ant. Bib. Francifc. Tom, i.
p>ag. 315. col. I .
Fr. DOMINGOS DA CONCEY-
ÇAM. Naceo na Freguezia de Nofla
Senhora da Expeâaçaõ de Villar ter-
mo da Villa do Cadaval do Patriarcha-
do de Lisboa a 16. de Mayo de 1669.
fendo filho de Domingos Dias, e Izabel
Carvalha. ProfeíTou o habito da Terceira
Ordem Seráfica da Penitencna no Con-
vento de S. Francifco da Villa do Moga-
douro em a Provincia Tranfmontana a 30.
de Setembro de 1687. Acompanhou com
o lugar de Capellaõ de hum Terço ao nof-
fo exercito quando penetrou até o Reyno
de Catalunha por caufa da pertençaõ, que
à Coroa de Efpanha fez o Archiduque de
Auílria contra o Duque de Anjú, efcre-
vendo com curiofa obfervaçaõ as Gdades,
Villas, e lugares, em que poftou o exerci-
to Portuguez com todas as circunftancias-
dignas de narração, cnija obra intitulou^
Diário Bellico. M. S.
yio
BIBLIO THE C A
A qual conferva em feu poder o Author
•que prefentemente aíTifte no Convento de
Almodouvar em o Campo de Ourique.
DOMINGOS DA CUNHA chamado o
Cabrinha pelas feiçoens, e cor morena que
tinha, naceo em Lisboa, e logo nos primeiros
annos moílrou tal inclinação à Pintura, que
feus Pays Gregório Antunes, e Margarida
Pereira o mandarão aprender taõ iníigne
Arte, na qual para fazer os progreíTos que
admirou aquella idade, paíTou a Madrid onde
teve por Meílre a Eugénio Cajés Pintor de
Filippe Prudente fendo o mayor difcipulo que
fahio da fua efcola. Voltando para a Pátria
começou a conciliar pela excellencia do feu
pincel as eílimaçoens das primeiras Peííoas da
Corte, diílinguindo-fe entre ellas o Inquiíi-
•dor Geral D. Francifco de Caftro, D. Manoel
da Cunha Capellaõ mór, e o Conde Camareiro
mòr Joaõ Rodriguez de Sá. Os grandes
lucros procedidos de taõ primorofa arte os
diftribuya com fumma profufaõ em efcandalo-
fas profanidades que o precipitarão em hum
tal abifmo de peccados, que para fahir delle fe
empenhou a divina Graça com repetidas inf-
piraçoens valendo-fe da morte dos amigos,
e da moleftia das infermidades para o defper-
tar do letargo em que jazia miferavelmente
fepultado. Rendido a taõ forte bataria refol-
veo largar o mundo, e aliílarfe na Compa-
nhia de JESUS, o que felizmente executou
em o Noviciado da fua Pátria a 30. de Março
de 1632. Neíla fagrada paleftra exercitou
todas as virtudes heróicas que o fizeraõ digno
de huma Santa morte fuccedida a 11. de Mayo
de 1644. quando contava 46. annos de idade,
e 1 2. de Companhia. Deixou em o Noviciado
de Lisboa, onde morreo para eternas teílemu-
nhas do primor do feu dibuxo, e valentia do
feu pincel mais de cincoenta quadros, em que
fe reprezentaõ as vidas de N. Senhora, Santo
Ignacio, e S. Francifco Xavier. Efcreveo por
preceito do feu Superior o P. Bernardino
de Sampayo.
Vida do Irmaõ Domingos da Cunha.
Nella defcreve largamente todos os
cazos que precederão à fua converfaõ, e
vários fuceíTos da fua vida depois de pro-
feííar o Inílituto da Companhia, de cuja
obra, e do Author fazem larga memoria Car-
dozo Agiol. "Lufit. Tom. 3. pag. 182. e no
Comment. de 11. de Mayo letr. M. Franco
Imag. do Novic. da Comp. de 'L.ish. liv. 3. cap. 15,
até 22. e Ann. Glorio/. S. J. in l^ujit. p. 265.
e Nadaíi Ann. Diermem. S. }. Part. I. pag. 261.
Fr. DOMINGOS DO ESPIRITO
SANTO natural de Lisboa filho de Bal-
thezar Ferreira, e Anna PeíToa. Profeflbu
o Inftituto de Eremita Auguftiniano no Con-
vento pátrio a 2. de Outubro de 1601. e no
feguinte partio para Goa onde depois de eftu-
dar Filofofia em o CoUegio delia Cidade
foy Reytor delle por duas vezes. Igual-
mente era verfado na Theologia Moral,
como na Hiíloria, e privilégios da fua
Ordem. Morreo em Goa no anno de 1628.
Compoz diverfas obras dignas da luz publica,
as quaes faõ as feguintes.
Chronica da Keligiaõ de Santo Agoftinbo.
M. S. Coníla de quatro livros. Começa o
primeiro Foj o glorio/o, e hemauenturado Padre
Santo Agoftinho de Africa natural da Cidade
de Tagajle. Conferva-fe na Livraria do
Convento da Graça deíla Corte, como nella
vimos.
Manual de Vijitadores. 4. M. S. He obra ■
erudita em que moftra a profunda noticia
da Theologia Moral, e Cânones.
Manual Eremitico. 4. M. S. Contem fum-l!
mariamente as principaes noticias da Ordem-
de Santo Agoftinho defde a fua Origem.
Origem, progrejfos, e i^ençoens das Rí-
ligiofas Mantellatas Augujlinianas. 4. M. S.
Todas eftas obras fe guardaõ na Livraria do
Convento de Lisboa.
Expojtçaõ fobre as Conjliíuiçoens da Ordem^
de Santo Agoftinho. 4. 2. Tom. M. S. Efta'
obra fe guardava na Província da índia, e fe!
perdeo laftimofamente com a morte de FcJ
Domingos da Encarnação Provincial da Con-|
gregaçaõ da índia fuccedida na Bahia no;
anno de 1714. que a trazia para a imprimirJI
Hiftoria da fundação do Convento de Santa
Mónica de Goa 4. M. S. da qual tranfcre-'
veo grande parte na fua Fr. Agoftinho dé
Santa Maria Agoftinho Defcalço.
Privilégios dos Milionários. 4. M. S.
Erros dos Arménios impugnados. 4. M. S,
LUSITANA.
7"
EAes dous livros fe guardaõ na G>ngre-
içaõ da índia.
Tratado He Contratos em que fc achaõ
..irins rcíoiuçocns dos contratos de toda a
Indiíi. M. S.
Dúbia Regularia. M. S.
DOMINGOS FERNANDES Piloto mór
<la Armada Real muyto fciente em a Náutica
i^rincípalmcntc nos Portos onde coílumavaõ
iiicurar as náos deíle Reyno. Efcreveo.
Roteiro da Cofia de Angola, e altura de quint^e
f^ara hoanda de como fe corre a Cofia, e das
iurimicnfas delia, dos Portos, Bahias, Enfea-
das, llheos, Arracifiz, o que tudo fqy vifio,
demarcado pelo conquifiador Manoel Corrêa
\reira, e pelo me/mo CapitaÕ mór Domin-
gos Fernandes no anno de 1617. M. S. G)n-
1 ferva va-fc na Livraria do Chantre de Évora
Manoel Scvcrim de Faria.
DOMINGOS FERNANDES FREYRE
.ivalleiro fidalgo da Cafa delRey, compoz.
Memorial da Lingua Arábiga. M. S.
DOMINGOS FRANCO natural da
maritima Villa de Peniche do Arcebifpado
de Lisboa infigne Piloto o qual defcubrio,
c efcreveo.
Nova derrota para a Navegação do Mara-
, nbaõ, Sahio impreíTa por additamento em o
Regimento de Pilotos.
Fr. DOMINGOS FREYRE Naceo
na Gdade do Porto onde teve por Pays
a António Ferreira de Lima, e Maria Frey-
re, e por irmaõ a Fr. António Freyre Ere-
i mita Auguíliniano, do qual fe fez mençaõ
em feu lugar. Na idade da adolefcencia
abraçou o Inílituto da Sagrada Ordem dos
^ Pregadores onde depois de aprender as fcien-
das efcholaíUcas as eníinou com grande
applaufo até chegar a fer Meílre do nu-
mero. Exercitou com zelo o lugar de De-
í putado da Inquifiçaõ de Coimbra de que
, tomou poííe em 17. de Março de 1667.
donde fendo promovido pelo Inquiíidor
Geral D. VeriíHmo de Lancaftre ao lugar
de Deputado do Confelho Geral vago pela
promoção de D. Fr. Valério de S. Ray-
mundo ao BiTpado de Elvas chegando a
Lisboa naõ chegou a tomar pofle por lho
impedir a morte que fucccdeo a 6. de Ja-
neiro de 1685. Fqy muyto eloquente na lingfut
Latina (eícreve delle Fr. Pedro Monteiro
Claufi, DominU, Tom. 5. pag. 190.) gravijfimo
Poeta, e bum dos mayores Tbeologos, que teve efie
Reyno no Jeculo paffado. Faz dcUc repetida noe-
moría no Catbal. dos Deput. da Jnquifi. de
Coimb, §. 109. c no dos Deput. do Cone
Geral. Ttaduzio da lingua latina em a
Portugueza.
Vida admirável, e morte preciofa da bema-
venturada Santa Rofa de Santa Maria natural
da Cidade de Uma Religioja da Terceira Ordem
de S. Domingos recopilada pelo muito Reverendo
Padre Mefire Fr. Leonardo Hafen Provincial
de Inglaterra, e companheiro do Reverendijftm(/
Mefire Geral da Ordem dos Pregadores. Lisboa
por Joaõ da Coíla 1669. 4.
Vários Officios próprios dos Santos da Ordem
Dominicana, e outras obras dignas da eílima-
çaõ, c da luz publica como affirma Fr. Pedro
Mont. Clauftr. Dom. aíTmia allegado.
DOMINGOS GARCIA Varaõ pio,
e devoto traduzio da lingua T^tina cm a
Portugueza conforme efcreve Joaõ Franco
Barreto na Bib. Portug.
Meditaçoens de Santa Brígida.
DOMINGOS HOMEM LEYTAM na-
tural do lugar de S. Pedro do Sul do Bif-
pado de Vifeu. Depois de receber o gráo
de Bacharel em a Faculdade de Direito
Cefareo pela Univeríidade de Coimbra fer-
vio os lugares de Juiz de fora da Villa de
Amarante, e da Cidade de Lagos no Rey-
no do Algarve, Corregedor de Pinhel, e da
Cidade de Évora, donde paíTou a Senador da
Relação do Porto, e da Cafa da Supplicaçaõ
adminiítrando reâamente a juítiça com animo
mais inclinado à clemência, que ao rigor. Mor-
reo em Lisboa em o primeiro de Abril de 1644.
Jaz fepultado no Convento de Santo Eloy.
DeUe fazem memoria D. Franc. Man. Cart.
dos AA. Portug. Joan. Soar. de Brit. Tbeat.
Ljifit. Utt. lit. D. n. 33. Nicol. Ant. Bib. Uijp.
Tom. 2. pag. 673. col. 2. Compoz.
Analjfis excellentiarum in jure numeri quina-
7
12
BIBLIO THECA
rij. Accefferunt nonmdla alkgationes Juper varijs
Júris quajliomhus. UlyíTip. apud Ant. Alvares
Typ. Reg. 1643. & Coimbricas apud. Jofep.
Antunes da Sylva. 1726. foi.
Fr. DOMINGOS DE SANTO IGNA-
CIO chamado no feculo Domingos Montês
naceo na illuílre Villa de Santarém no pri-
meiro de Fevereiro de 1668. fendo filho
de Pedro Fernandes Cortes, e de fua mulher
Maria Montes. Logo nos annos juvenis
deo evidentes íinaes da perfpicacia do engenho
com que o dotara largamente a natureza
excedendo em a Poefia Latina aos mayores
profeíTores defta arte, de tal forte, que fe na
ClaíTe do feu Meftre entrava alguma peíToa
authorizada lhe mandava, que em obfequio
delia fizeífe hum Poema, o que executava
com fumma promptidaõ. Por eíla grande
habilidade, e o talento que tinha para mayo-
res fciencias foy admitido à Religião dos Ere-
mitas de Santo Agoftinho cujo habito pro-
feíTou no Convento da Graça de Lisboa a
19. de Fevereiro de 1691. onde pelo ex-
ceílo com que fe applicou aos eftudos mais
feveros contrahio huma febre, que lenta-
mente o confumio em Villaviçofa, falle-
cendo em o mez de Dezembro de 1692.
com 22. mezes de Religiofo. Deixou para
argumento da fecundidade da fua Mufa
Latina.
Fafciculus Parnaji, five flores poetici in
(ítate florejcente colleãi anno Domini 1687. 4.
M. S. que conferva em feu poder o Reve-
rendo Padre Luiz Montes Mattozo fo-
trinho do Author, a quem devemos eíla
noticia, como outras muitas que vaõ neíla
Bibliotheca.
P. DOMINGOS JOAM natural do
lugar do VaUe freguezia de S. Miguel de
Bodiofa termo da Cidade de Vifeu na Pro-
vinda da Beira. Recebeo a Roupeta da
Companhia de JESUS em o Collegio de
Évora a 21. de Outubro de 1649. ^'^ ^
qual foy Lente de Theologia deixando
para teftemunho da fua grande efpeculaçaõ,
e fciencia.
Tra£tatus de Ecclejia Ponríficia, ab' Concilio
jM. S. Conferva-fe no Collegio de Évora.
Fr. DOMINGOS DE S. JOAM BAU-
TISTA. Naceo no Confelho de MoíTaõ
diftante cinco legoas da Cidade de La-
mego para o Poente onde teve por Pays
a António Fernandes, e Maria Diaz. Pro-
feíTou o Inftituto Seráfico em o Convento
de S. Francifco de Setuval da Provinda
dos Algarves a 11. de Janeiro de 1705. Foy
infigne Vedor de aguas conhecendo pela
cor da terra, e qualidade das pedras a al-
tura em que certamente a havia como fe
experimentou nas que defcubrio em Ma-
fra, Villaviçofa, Alcântara, e lugar de Bel-
las. Fitava os olhos no Sol por muito
tempo fem que os feus rayos lhe offendef-
fem a viíla, de cuja perfpicacia era confe-
quencia a virtude de penetrar corpos opa-
cos com admiração dos circundantes. Mor-
reo com finaes de exemplar Religiofo em
o Real Convento de Enxobregas a 31. de
Outubro de 1740. Deixou efcrito.
Noticia dos Jitios em que fe confervaÕ aguas
neftes Rejnos de Portugal com as fuás alturas,
e demarcaçoens. M. S. a qual obra conferva
em feu poder o Reverendo Padre Meftre
Fr. Joaõ de NoíTa Senhora Chroniíla da Pro-
víncia dos Algarves, como nos participou.
Fr. DOMINGOS DE S. JOSEPH
Naceo na Cidade de Saõ Paulo Capital
do Reyno de Angola onde recebeo o ha-
bito de Religiofo Capucho em a Provín-
cia de Santo António da Bahia, e depois
fe paíTou para a Provinda da Arrábida.
Foy Confeílor do Arcebifpo da Bahia D.
Joaõ Franco de Oliveira, com o qual fe
embarcou no anno de 1700. quando fe ref-
tituhio a efte Reyno promovido ao Bifpado
de Miranda, onde foy Examinador SynodaL
Compoz.
Sermàõ em a feftiva acçaõ de Graças com ^
os pajfageiros, e navegantes da Náo S. JoaÕ de
Deos gratificarão ao dito Santo na fua Igreja, o
favor de os haver livrado das grandes tempefiades,
que no anno de 1700. padecerão na navegação da
Bahia para ejle Rejno. Lisboa por Valentim
da Coíla Deslandes 1708. 4.
Sermão da Soledade de N. Senhora Lisboa
por António Pedrofo Galraõ 1722. 4.
Faz memoria do Author Fr. Joan. à
LUSITANA.
D. Ant. Bib. Francifc. Tom. i. ptg, 5x7.
col. I.
DOMINGOS JOSEPH MIGUEL na-
tural da Cidade de Braga. Igualmente
pio, e curiofo defcreveo a montanha, que
diíla meya legoa daquella Gdade na qual o
7eIo unido com a generozidadc do Illuf-
triíTimo Arcebifpo Primaz Ruy de Moura
Telles edificou varias Capellas em que fe
vcneraõ os PaíTos da PaixaÕ do Rcdcmp-
tor, cuja obra intitulou.
Jardim dolorofo compojlo de dov^e retratos
do monte da Payxaõ de Chrijlo fingular mente dibth
xados no monte do fíom Je/N junto à antigm, e
auffijla Cidade de Braga Primaa^ das BJpanhas.
Lisboa na OfHcina Patriarchal da Mufica
1728. 8.
DOMINGOS LOPES COELHO na-
tural de Lisboa ornado de hum gcnio
particular para a Poefia de que deu por ma-
nifefto argumento da inclinação a efta nobre
arte a feguinte Obra.
Bxco faudofo, que no coração do mayor Monar-
(ha jujlamente Jentido ref ponde ao rigor com que a
Parca a impulfos da tyrania o deftituhio da poffe
do feu mayor bem na morte da auguftijftma, e Sere-
nijfima Senhora D. Maria Sofia Isabel Kainha de
Portugal. Lisboa na Officina dos herdeiros
de Domingos Carneiro. 1699. 4. Confta de
huma glofla ao Soneto de Camoens Alma
minha gentil, que te partijies.
DOMINGOS MACIEL PREGO na-
tural da Villa de Viana em a Província do
Minho. Ordenado de Presbytero reíidio mui-
tos aimos em Pernambuco onde quando
contava a idade de cincoenta, e quatro annos
traduzio de Latim em Portuguez.
Racional de Ceremonias, e interprete cuidado/o,
matéria muito útil, e proveito/a naõ taÕ fomente
para todo o Ecclejiajlico, mas também para todo
o Catholico, e curiofo colhido do Racional Latino
compojlo pelo Doutor Guilherme Durando Bifpo
Mimatenfe. Lisboa por Domingos Carneiro
1679. 8.
DOMINGOS MARTINS REYS na-
tural do lugar de Matozinhos Subúrbio
71Ò
da Gdade do Porto, Piloto muito fciente,
e experimentado nas codas, e portos da Ame-
rica de que efcreveo no anno de 1628.
Roteiro da Cofia do Brafil, do Rio grande,
e de toda a Cofia do Maranhão ati o CraÕ Para,
foi. M. S. Conferva-fe o Original na Livra-
ria do Excellentintmo Conde de Caftelmelhor.
P. DOMINGOS NUNES natural da
Villa da Idanha onde pelos annos de Chrifto
de 569. refidia a Cadeira Epifcopal que fojr
transferida para a Guarda por D. Sancho I.
com faculdade do grande Pontífice Inno-
cencio III. Teve por Pays a Marçal Nunes,
e Catherina Nunes. Na tenra idade de 13.
annos recebeo a Roupeta da Companhia
de JESUS em o Collegio de Coimbra a 28.
de Julho de 1657. Foy Meílre de letras hu-
manas, Rhetorica, e Filofofia, e Theologia
em Coimbra, e Lente de Prima em Évora,
onde recebeo as inílgnias doutoraes a 20. de
Junho de 1688. Exercitou os lugares de
Reytor do Collegio de Lisboa duas vezes,
e huma de Coimbra, Prepofito da Cafa Pro-
fefla de S. Roque, Provincial, e Qualificador
do Santo Officio. Morreo em Coimbra a
30. de Abril de 171 3. com 68. annos de idade,
e 46. de Religião. Delle fazem memoria
Franco Imag. da Virtud. do Nov. de Coimb.
pag. 615. e Fonfec. Bvora Olor. pag. 429.
Compoz.
Regula honefie vivendi, five brevis injhruãio
ad reãe operandum tradita. Eborae ex Typog.
Acad. 1696. 12. He hum Epitome da obra,
que fez o Reverendinimo Geral da Companhia
o P. Tyrfo Gonzales intitulado . Fundamentum
Theologia Moralis, five Traãatus Theoloffcus de
reão ufu opinionum probabilium.
DOMINGOS NUNES PEREYRA
natural de Lisboa filho de Diogo Ri-
beyro, e Brizida da Cofta, Presbytero de
inculpável vida, infigne profeíTor de Mu-
fica principalmente daquella que fe coftuma
cantar na Igreja merecendo pela fdencia
aíTim pra£Hca como efpeculativa de taõ fo-
nora Arte fer Meílre da Cafa da Miferi-
cordia de Lisboa donde paflbu a exerci-
tar o mefmo minifterio na Cathedral por
muitos annos donde retirado alguns antes da
714
BIB LIO THE CA
fua morte ao lugar de Camarate do termo
defta Corte efpirou placidamente a 29. de
Março de 1729. Jaz fepultado na Capella
mór da Ermida de S. Pedro da Freguezia
de Saõ-Tiago de Camarate, onde deixou
huma MiíTa quotidiana pela fua alma em
todos os Domingos, e dias Santos. Entre
as obras Muíicas que deixou faõ as prin-
cipaes.
Kefponforios da Semana Santa a 8. vot(es.
Kefponforios do Oficio dos Defuntos a 8.
vo^es.
Uçoens de Defuntos a 4.
Confitebor a 8. vot^es.
Laudate Pueri Dominum a 8.
Laudate Dominum omnes gentes a 4. Vilhan-
cicos, e Motetes a 4. 6. e 8. vozes.
Fr. DOMINGOS DA PAZ natural
de Lisboa donde jà inftruido com as letras
humanas paíTou a Itália, e na Vniveríidade
de Bolonha fe applicou ao eíludo de hum, e
outro Direito, em que naõ fez pequenos pro-
greíTos o feu perfpicaz engenho, porem pene-
trado de fuperior illuftraçaõ largou os applau-
20S que lhe conciliavaõ as fuás grandes letras,
e veílio o illuílre Habito da Ordem dos Prega-
dores, em cuja Sagrada efcola aprendeo a arte
de Orador Evangélico em que fahio taõ iníigne
que era chamado antonomaílicamente o Pre-
gador Efpanhol fendo o theatro das fuás Sagra-
das Declamaçoens a Cathedral de Bolonha, onde
teve por ouvinte, e admirador a feu Emminen-
tiffimo Arcebifpo o Cardial Gabriel Paleoto.
Com o mefmo applauzo era ouvido das prin-
cipaes Naçoens da Europa por fer doutamente
verfado em diverfas linguas. Na idade pro-
veja para fazer mais univerfal a doutrina
que inculcava nos feus Sermoens os traduzio
da lingua Italiana, em que foraõ pregados,
em a Latina com eíle titulo.
Sermonum in quihus verum Chrifiiani ho-
minis fpecimen exhihetur Tom. i. Venetijs
apud Francifcum ZiUetum. 1580. 4.
Pars fecunda Tomi primi De Amore Dei
(0° proximi. ibi apud eumdem Typog. eodem
anno. 4.
Tomus 2. de amore fpecialiter quid cui que
hominum fiatui conveniat.
Tomus 3. Qm fint fugienda, aut fuftinenda
mala. Conferva-fe M. S. no Convento de S,
Domingos de Bolonha.
Summa Cafuum Confcientia. M. S. Deíla
obra faz mençaõ Fr. André Roveta in B/^.
Chronol. illuflr. Vir. Prov. Tamhard. Soa.
Ordin. Prad. e do Author a fazem Altamur
Cent. 4. pag. 377. Fernand. Not. Script. Ord.
Prad. Anton. PoíTev. Appar. Sacr. pag. 485.
Taxand. Cathal. Ciar. Hifp. Script. NicoL
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 255. Faria Europ,
Portug. Part. 4. cap. 6. Echard Script. Ord,
Prad. Tom. 2. pag. 238. col. i. Joan. Soar.
de Brit. Theatr. hujit. Utter. Ut. D. n. 41.
Monteir. Clauflr. Domin. Tom. 3. pag. 191.
DOMINGOS PEREYRA BRACA-
MONTE Naceo em a Villa de Amarante
da Província de Entre Douro, e Minho
em o mez de Settembro de 1606. e teve por
Pays a António Pereira Bracamonte, e Maria
Tejrxeira. AppUcou-fe à Faculdade da Medi-
cina em a Univeríidade de Coimbra, onde
fe diílinguio entre os feus condifcipulos,
cuja arte exercitou muitos annos na fua
Pátria com igual fortuna que fciencia. Teve
génio feílivo para a Poeíia em que compoz
diverfas obras merecedoras de univerfaes
applauzos. Statura erat parva, gibbofus ipfe,
fed acutum ingenium, falefque plurimi Medicus,
<ò' Poeta {quod de Apolline narratur) non contem-
nendus; aíTim o defcreve Joaõ Soar. de Brit.
in Theatr. l^ufit. I^itter. Ut. D. n. 42. Morreo
na fua Pátria em o anno de 1658. Compoz.
Banquete que Apolo hi^o aios Embaxa-
dores delRej de Portugal D. Juan. IV. en
CUJOS platos hallaràn los Senores convidados
mefclada con lo dulce de alguna poefia, y po-
litica la confervacion dela Salud humana. Lis-
boa por Lourenço de Anvers. 1642. 4.
Nefta obra a pag. 8. faz mençaõ de
hum Hvro, que tinha compoílo em verfo
heróico, que chamava filius, feu error juven-
tutis fua o qual tinha por titulo.
Velocino de oro.
Fr. DOMINGOS DA PIEDADE Ere-
mita de Santo Agoílinho da Congregação da
índia Oriental muito douto na Theologia Mo-
ral da qual deixou compoílo.
Summa Moral. foi. M. S.
L USITAN A,
DOMINGOS DO PORTO, cujo appel-
liiio indica a Pátria onde naceo. Foy grande
jurifconfulto, como fe manífeíla na douu
illuílraçaõ que fez.
Ad L. fi alij D. de Vfti, & u/n frní1i4 legato.
Da obra, e do Author fe lembra Nícol. Ant.
Wib. Hifp. Tom. i. pag. zjj. col. i. Taxand.
iii Cathal. Ciar. Hifp. Script. e Lipcnio bih.
Keal. Jurid. pag. 557.
P. DOMINGOS RAMOS Nacco em
■A Cidade da Bahia a 27. de Abril de 1655.
onde teve por Pays a Manoel Ramos Parente,
c Andrcza Cazada, e por irmaõ a Fr. Ignacio
Ramos, Prior que foy do Convento do Carmo
dcíla Corte, de quem em feu lugar fe fará
diftint.i lembrança. Na florente idade de treze
annos, e trez mezes fe aliftou na Companhia
<lc JESUS em o Collcgio da fua pátria a 30.
ác Julho de 1666. onde aprendeo letras hu-
mas, c as fcicncias cfcholaílicas, e em todas
cftas Faculdades fahio eminente por fer dotado
<ie huma rara comprehenfaõ, e admirável
fubtileza. Depois de enfmar humanidades,
Filofofia, e Theologia pelo largo efpaço de
doze annos com applauzo do feu nome, e
efplendor da Religião fez a profiíTaõ do quarto
voto a 15. de Agofto de 1686. Foy eleito
Procurador geral da fua Provincia à Corte
de Roma em o anno de 1694. onde conciliou
grandes eftimaçoens devidas ao feu profundo
talento, e vafta litteratura, principalmente
do ReverendiíTimo Geral Tyrfo Gonfalves.
Reftituhido a Pátria diftou fegunda vez Theo-
logia fendo Decano dos Eíludos Geraes
do Collegio da Bahia vinte annos. Naõ teve
menor engenho para o Púlpito que tinha para
à Cadeira merecendo as acclamaçoens de
infigne Orador Evangélico. Falleceo na
pátria a 11. de Julho de 1728. com 75.
annos de idade, e 62. de Religião. Pu-
blicou.
Sermão nas Exéquias da Kainha N. Se-
nhora D. Maria Sofia It(abel celebradas na Ca-
thedral Metropolitana da Cidade da Bahia aos
^i. de Março de 1700. Lisboa por Bernardo
da Cofta de Carvalho 1702. 4.
Sermão nas Exéquias delRey D. Pedro II.
Senhor nojfo celebradas na Cathedral Metropo-
.litana da Cidade da Bahia aos 20. de Outubro
7.5
ie 1707. Lisboa por Valentim da Cofta Def-
landes. 1709. 4«
Curfus PhilofophicMs foi. Al S.
Qmflioms Seleãa. Aí. S.
Dâ OphuoM probabili. Aí. S. Cujo Tratado
efcreveo por infinuaçaõ do feu Geril Tyrfo
Goniales.
DOMINGOS RODRIGUES. Naoeo
em Villa Cova da Coelheira em o Bifpado
de Lamego em o anno de 1657. AppUcoofe
á Arte de Cozinheiro, em que íahio taõ iníigne,
que depois de a exercitar nas Cafas dos Ex-
cellentiíTimos Marquezes de Valença, e Gouvea,
paíTou a fer Meftre da Cozinha da Caía ReaL
Morreo em Lisboa a 20. de Dezembro de
171 9. com 82. annos de idade. Compoz.
Ar/e de Co:(inha dividida em duas partes,
A primeira trata do modo de co:(inhar vários
pratos de toda a cafla de carne, e defa^er conf ervas,
pafieis, tortas, e empadas. A 2. trata de peixes,
marifco, frutas, hervas, laãicinios, confervas, e
doces com a forma dos banquetes para qualquer
tempo do anno. Lisboa por Joaõ Galraõ 1680. 8.
& ibi pelo dito Impreííor 1683. 8. Sahio
addicionada com a
Terceira Parte da forma dos Banquetes para
qualquer tempo do anno, e do modo com que fe
hofpedaraõ os Embaxadores, e como fe guarnece
huma Me^a redonda à Eflrangeira. Lisboa por
Manoel Lopes Ferreira 1698. 8. e Lisboa
na Officina Ferreiriana. 1732. 8.
DOMINGOS RODRIGUES FAYA
natural da Cidade de Portalegre, Presby-
tero do habito de S. Pedro muito douto
na Theologia Moral. Traduzio do Cafte-
Ihano de Fr. Jayme Corelha em Portuguez
acrecentando muitas doutrinas importan-
tes extrahidas dos melhores Authores com
as Propoíiçoens condenadas por Alexandre
Vllí. e os Cafos rezervados nos Bifpados
deíle Reyno com as fuás explicaçoens.
Praãica do ConfeJJionario, e explicaçaS das
Propofiçoens condemnadas pela Santidade de Inno-
cencio XI. e Alexandre VIL fua matéria, os
cafos mais feleãos da Theolo^a Moral, fua forma,
hum Dialogo entre o Confejfor, e o PenitetJte.
Part. I. Lisboa por Gabriel Soares 1736.
foi.
BIB LIO THE CA
Parte z. Lisboa pelo dito Impreflbr
1757. foi.
Fr. DOMINGOS DOS SANTOS na-
tural de Lisboa chamado no Século Do-
mingos Diaz Pinto Religiofo Mercenário
Defcalço irmaõ de Fr. Joaõ de Chrifto da
mefma Ordem onde exercitou com grande
prudência o lugar de Provincial três ve-
zes, e foy hum dos Varoens mais graves
deíla Religião, como efcreve Fr. Pedro de
S. Cecilio Chron. dela Merced. 2. Part. cap 2.
foi. 513. Compoz, e publicou em nome da
Religião.
Ceremonial, y infirucion de Officios delos
Keligiofos Defcalfos de N. Senora dela Merced
Kedempcion de Cautivos, en que fe contiene lo
tocante ai refado, j celebracion delos Officios Di-
vinos en el Altar, j Coro Jegun el Breviário, j
Mijfal Komano reformado por Clemente VIU.
de Pablo V. y ajfi mijmo loque pertenece a cada
uno delos Keligiofos fegun fus Officios y minif-
terios. Ronda por André Grande 1630. 4.
Manual dei Coro. ibi pelo dito Impref-
for. 4.
Fr. DOMINGOS TEYXEIRA na-
tural do Confelho de Celorico do Bailo dif-
tante para a parte do Nafcente duas le-
goas da Villa de Amarante em a Província
de Entre Douro, e Minho, filho de Do-
mingos Teixeira, e Serafina de Andrade,
Religiofo Eremita de Santo Agoílinho,
cujo Habito profeíTou no Convento de Lis-
boa a 30. de Novembro de 1695. Teve
baílante noticia da Hiítoria, de cuja appli-
caçaõ publicou as producçoens feguintes.
Morreo no Convento de Lisboa a 17. de Fe-
vereiro de 1726.
Vida de Nuno Alvares Pereira fegundo
Condefiavel de Portugal Conde de Ourem, Arrayo-
los, e Barcellos, Mordomo mór delRey D. Joaõ
o primeiro Progenitor da Cafa Kealpela Sereniffima
de Bragança em Portugal afcendente das de Caf-
tella, França, Auflria, Sahoya, e dos mais
Monarchas Soberanos, Princepes, Potentados,
Senhores, e illujlres Famílias de Europa. Lis-
boa na Officina da Mufica 1723. foi. Efta
obra diz Fr. Manoel de Sá Mem. Hifl. da Prov.
do Carm. de Portug. Part. i. pag. 322. que
eílá efcrita com elegante eílilo.
Vida de Gomes Freyre de Andrade General
da Artilharia do Reyno do Algarve, e Capitão
General do Maranhão, Pará, e Rio das Amai^onas
no Eflado do Brafil. Primeira Part. Lisboa
na Officina da Mufica 1724. 8.
Segunda Parte. Lisboa por António Pc-
drozo Galraõ. 1727. 8.
Novena da Conceição da V. Maria Senhora
Nojfa. Lisboa por Mathias Pereira da Sylva,
e Joaõ Antunes Pedrozo. 1720. 24.
Fr. DOMINGOS DE SANTO THO-
MAS Naceo em Lisboa onde teve por
Pays a Domingos Carvalho, e Barbara Go-
mes. Na idade da adolefcencia preferio
com judiciofa eleição ás outras Famílias ReU-
giofas a illuílre Ordem dos Pregadores
profeíTando o feu Sagrado Inftituto a 6. de
Março de 1623. Nefta doutiffima paleftra
fe anticipou com tal exceíío, quando cur-
fava as fciencias efcholaílicas, a todos os
feus condifcipulos, que chegou a fua rara
comprehenfaõ illuílrada pela viveza do
engenho a caufar admiraçoens, e ainda en-
vejas aos Meftres. Eíla fublimidade de ta-
lento que movia tantos aflbmbros domef-
ticos os mereceo públicos quando fubio à
Cadeira para formar dos difcipulos Meftres
didtando Filofofia, e Theologia com tanta
fubtileza, e profundidade, que bem parecia
lhe illuftrava o entendimento a angeUca luz
do Sol de Aquino. Efta vafta fabedoria que
fe dilatava por hum, e outro Direito, o
conftituhiraõ Oráculo da fua idade naõ ha-
vendo controverfia grave, ou negocio im-
portante em que naõ foíTe confultado pe-
las primeiras peíToas da Jerarchia Eccle-
fiaflica, e Secular venerando os feus votos,
como Decifoens, de tal forte que a Ma-
geftade delRey D. Joaõ o IV. o mandou
chamar na ultima infermidade para direc-
tor da fua confciencia, em a hora do mayor
perigo. As acclamaçoens, que alcançou
pelo magifterio, ainda que grandes, fo-
raõ inferiores às que confeguio pelo mi-
nifterio do púlpito chegando a fer Prega-
dor de três Princepes fucceffivos, quaes fo-
raõ os Sereniffimos D. Joaõ o IV. D. Af-
LUSITANA.
717
líjnfo VI. c o Princqjc Regente D. Pedro,
(lo qual foy íeu Padrinho quando recebeo
' rramcnto da Confirmação. Nefte evan-
> theatro reprczcntou com taõ vivas
ores a imagem de hum Pregador confu-
I liado, que conciliou a attençaò de numerofos
luditorios atrahidos da natural graça» com
.|uc fc explicava, e da fumma clareza com que
patentes, e perceptíveis á comprehenfaõ
nais rude os textos mais dificultofos de hum,
t outro Teftamento. O mayor argumento
(i.i vaí^idaõ da fua fciencia, e da promptidaõ
do fcu talento era quando por muitas vezes
pré(»ou extemporaneamente em os mayores
l'nl]Mtos da Corte parecendo aos juizos mais
<lilcictos ferem os feus difcurfos produc-
(ociís de hum cftudo muito meditado, e naõ
de hum acafo repentino. Soube com perfeição
.1 lingua Latina, e foy igualmente inclinado
1 Mufica como à Pocfia cm que fez algumas
obras cm vulgar. Cumulado de tantos dotes
de c]ue a natureza liberalmente o ornara lhe
negou a fortuna com injuriofa avareza os
prémios de que era acredor, porém como
o feu animo foíTe fuperior a todo o género
<le ambição confiderando que naõ era atendido
pelo Reyno, nem pela Religião para algum
lugar, coílumava dizer com difcreta galan-
taria. j2w /be davaÕ todos o que lhe tiaõ podia
dar nenhum, porque E/Rey lhe preguntava por-
que o naõ fa:(iaÕ os Frades Provincial; e os Fra-
des lhe preguntavaÕ porque o naÕ fav^a EJRey
Bifpo ? E que nem os Frades o podiaô eleger Bifpo,
mm ElRey Prelado. Ao tempo que foy Prior
do Convento de Lisboa difpendeo com
liberal maõ do que tinha lucrado com os
léus Sermoens em ornato da Igreja mandando
dourar o Coro, e fobre as Cadeiras reprezen-
tar em vinte, e quatro quadros os Santos
da Ordem dos Pregadores pintados pelo
infigne Pintor Bento Coelho o qual o retra-
tou naturalmente na Imagem do B. Ambroíio
de Senna. Também mandou fazer hum pre-
ciofo ornamento de tella para as Feílas dos
Santos Dominicos. Nos últimos aimos da
fua idade quando era Regente dos Eftu-
dos de S. Domingos de Lisboa confervava
com tanta felicidade de memoria as primei-
ras queftoens que eíhidara, que com pafmo
dos circunftantes fe alguma delias fe ven-
tilava, arguia, e inftava como fe aâualmente
a eíliveíTe diâaodo. Morreo no Convento
de Lisboa a 50. de Junho de 167). Fazem
illuílre memoria do íeu nome NicoL Ant.
Bih. lUfp. Tom. i. pag. 258. e Toul 2. pag.
289. Echard Stript, Ori, Prad. Tom. 2. pag.
6)4. col. I. Fr. Pedro Mont. ClauJI. Dom.
Tom. I. pag. 129. e 144. havido ntjh Ktytio
afim na Cadeira como no Púlpito por Oracido,
c Tom. ). pag. 19). O majfor Tbiolo^ dos
Jtus tempos, Fr. Luc. de Sant. Cather. lUft.
di S. Doming. da Prov. de Portug. Part. 4.
Liv. I. cap. ). Confumado, e gjratide Tbeo-
logo, e facilmente Feni^ do feu tempo. D. Luiz
de Menez. Portug, Keftaur, Tom. i. pag.
900. Sor Violante do Ceo Kim. Var.
pag. 32.
Tan fingular, en fin tan peregrino
Thev^oros de elegância communicas
Que parece que Spirito Divino.
Te diâa aquello mi/mo que predicas:
De/uerte en fin explicas
Tus fuhtiler^as raras
Que por rav^nes muchas
Imagino talvev^ que nó te ejcuchas;
Porque fi te efcucharas
Elevado en ti mi/mo te quedaras.
Compoz.
Tyrocinium Theologia in triplex compendium
tripartitum Tom. i. Ulyflipone apud Ant.
Crasbeeck de Mello 1668. foi.
Tom. 2. €>• 3. ibi apud eumdem Typog.
1670. foi.
Efcreveo mais difufamente toda a Theo-
logia em 7. Tomos de folha grandes com o
titulo de
Maniiale Thomifiicum
Obra (como efcreve Fr. Lucas de Santa
Catherina no lugar aíTmia citado) que exami-
nada por grandes Theologos da Ordem fahio com
o credito de confumada, e legitimo parto de tanto
talento. Conferva-fe no Archivo de Roma
para onde os mandou pedir o ReverendiíTimo
Meftre Geral da Ordem Fr. Antonino Qo-
che. Defta grande obra fe imprimio hum
tratado que eftá inferto na Controverfia i^-j. de
Ecclefia, €>* de aliis, qua pertinent ad Ecclefiam,
em o Tom. 10. da Bibliotheca 'Máxima Pon-
tificia à pag. 145. que publicou, e collegio
o IlluílriíTimo Arcebifpo de Valença D.
7i8
BIBLIO THE C A
Fr. Joaõ Thomaz de Rocaberti Geral que
tinha fido da Ordem dos Pregadores.
Triduo de Sermoens 'Panegíricos do grande
"Pontífice Pio V. na Jua Beatificação. Lisboa
por Joaõ da Coíla 1673. 4.
Predica Sacramental, e hymno 'E.ucharijlico
fundado em huma Sequencia do D. Angélico Santo
Thomat^ no Opufculo 57. das Juas Obras Tom. i.
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1675. 4. Coníla
de 12. Sermoens, dos quaes o primeiro fahio
traduzido em Caftelhano pelo Doutor Eíle-
vaõ de Aguilar, y Zuniga Deaõ da CoUegiada
de Efcalona no 2. Tomo da l^aurea Portug.
Madrid por André Garcia dela Iglefia 1 679. 4.
Tom. 2. Lisboa por Joaõ da Coíla
1676. 4. Coníla de 12. Sermoens, em cujo
Prologo fe promete que brevemente fahi-
raõ á luz outros muitos que o Author dei-
xou limados.
Fr. DOMINGOS DE SANTO THO-
MAZ. Naceo na Villa de Vianna do Alen-
tejo onde recebeo a primeira graça a 25.
de Março de 1640. fendo filho de Do-
mingos Lopes, e Ignes Martins. Eíbi-
dou Grammatica em Évora, e amante da
vida Religiofa profeíTou o fagrado Iníli-
tuto da Terceira Ordem da Penitencia em
o Convento de Santarém a 21. de Fevereiro
de 1658. quando contava 18. annos de idade.
No Collegio de S. Pedro de Coimbra apren-
deo, e enfinou as fciencias efcolafticas chegando
a receber as infignias de Doutor em a Univer-
fidade de Évora em o anno de 1674. Foy
Qualificador do Santo Officio Examinador
das Três Ordens Militares, e Reytor do Col-
legio de S. Pedro de Coimbra. O Illuílrif-
fimo D. Veriífimo de Lancaftro Inquifidor
Geral confirmando o conceito que formara
das fuás grandes letras quando vio o parecer
que fizera pelo reélo procedimento do Santo
Officio contra as calumnias dos Chriílaõs
novos o nomeou Inquifidor da Cidade de
Goa, de cujo honorifico miniílerio fe ef-
cufou pelos achaques que padecia, os quaes
o privarão da vida no Convento de Lis-
boa quando era Lente de Prima a 27. de
Abril de 1679. ^'^ florente idade de trinta,
e nove annos. Foy cordial devoto da Ima-
gem do Santo Chriílo dos Cardaes, que fe
venera na Igreja de N. Senhora de JESUS
deíla Corte, a qual fendo levada a Miílãõ
da Ilha de Palmide em o anno de 1664. pelos
Religiofos Miflionarios Fr. Jozè de Santa
Maria chamado o Canarim, e Fr. Manoel da
Penitencia, compoz.
Romance ao Santo Chrifto dos Cardaes. Lis-
boa 1673. 4. Naõ tem nome do ImpreíTor.
Fr. DOMINGOS DA VEYGA na-
tural da Villa de Eílremós na Provinda
do Alentejo íilho de António da Veyga,
e Maria Mendes, Eremita Auguíliniano,
cujo Habito recebeo no Convento de Lis-
boa a 28. de Outubro de 1684. Ao tempo
que exercitava o lugar de Prior do Con-
vento de Évora como fofle ornado daquellas
partes que conftituhem hum Orador Evan-
gélico pregou, e imprimio.
Sermão da Beatificação do B. Joaõ Francijco
Regis pregado em o primeiro dia do folemne triám
que celebrou o Collegio da Companhia de JESUS
da Cidade de Évora em 11. de Outubro de 1716.
Évora na Oíficina da Univerfidade 171 7. 4.
DOMINGOS VELHO igualmente 1
douto na Faculdade dos Sagrados Câno-
nes, em que recebeo o gráo de Bacharel na |
Univerfidade de Coimbra, como veríado ,
nos exercícios da piedade, e devoção efcre-
vendo.
Principio do Divino Amor, e confideraçoms
de JESUS. Lisboa por António Alvares j
1625. 8. Contem cinco Tratados o i. da Ora- ,^
çaõ, e Meditação, o 2. Confideraçoens de JESUS, ,
e de Jua Payxaõ. 3. Confideraçoens dos Novif-^
Jimos. 4. de alguns remédios, e advertências para
o exercido da Oração. 5. T>o Santijfimo Sacra-
mento. Fazem memoria do Author, e da^
Obra Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 258. j
e Joaõ Franco Barreto na Bib. Eufit. M. S.
Fr. DONATO DE VISEU natuialj
da Cidade, que tomou por appelido Monge j
Ciítercienfe, e muyto douto na intelligenda
da Sagrada Efcritura. Compoz.
Glop in Epiftolas B. Pauli ApofioU aà
Romanos, foi. M. S. Volume grande que-
fe conferva no Archivo do Real Convento
de Alcobaça.
L USITANA
719
D. DUARTE único em o nome, e
irulccimo Rey de Portugal illuílrou com o
11 auguílo nacimento a Qdade de Vifeu a
. ;. cie Outubro de 1591. fendo a terceira pro-
liK(,.io do feli2 thalamo dos SereniíTimos
vionarchas D. |oaÕ o I. e D. Filippa de Lan-
iHro, que lhe impuzeraõ o nome de Duarte
lu ubfequio de feu Vifavo materno D.
)uarte III. Rey de Inglaterra. A perfpicacia
lo juízo, c fublimidade do talento que logo
1.1 puerícia dcfcubrio foraõ infalíveis vati-
iiiios da cultura dos eíludos, e da protecção
i.is fcíencias com que fe diílinguio entre
.odos os Prínccpcs que adorou a Monarchia
'*ortuguc2a. Quando contava dez annos
- idade foy jurado SucceíTor dcíla Coroa
:2. de Março de 1401. nas Cortes celebradas
II Leiria moílrando já naqucllc prologo
,v) feu rcynado fcr efcufada a liberalidade
fortuna para merecer a Coroa. Afpirando
(fcr herdeiro mais das virtudes que dos
nios de feu grande Pay o imitou com
ica emulação em a primogénita de todas,
he o valor de que deu gloriofos argumen-
|tos quando o acompanhou juntamente com
Teus Irmaõs D. Henrique, e D. Fernando
1 celebre expedição de Ceuta a qual por im-
pulfo do feu braço, e direcção do feu confelho
íe rendeo a 14. de Agoílo de 141 5. às invenci-
\eis armas Portuguezas. Na madura idade
de quarenta, e dous annos cingio a Coroa
'em 15. de Agoílo de 1433. ^ ainda que foy
'advertido de hum perito Aftrologo dilataíTe
^quella politica ceremonia para outro dia
^r ter obferv^ado na configuração dos Aftros
que dominavaõ aquella hora, fer infauiio o
ífeu Reynado, aflim em os fucceífos, como
■'em a duração, defprezou com catholica refo-
^uçaõ o prefagio que infailivelmente fe cum-
Ipno. Para argumento da obediência obfe-
jquiofa aos Vigários de Chriílo mandou huma
folemne Embaxada ao Concilio de Bafilea
de que nomeou por Embaxador a feu Sobri-
nho D. AíFonfo primeiro Marquez de Valença,
So qual foy recebido a 24. de Junho de 1435.
jpor Eugénio IV. com paternal benevolen-
•'da, e querendo moftrar-fe agradecido ao
^noíTo Princepe lhe concedeo o privilegio de
'fer coroado, e ungido conforme o antigo
Ceremonial dos Reys de França. Perfua-
dido das iníUncias de feu irmaõ o Infante
D. Henrique refolveo cooquiftar Tangete
nomeando-o Geoend defia empreza, e por
companheiro a feu irmaõ o Infante D. Fer-
nando. ApreíUiufe hunu armada em o anno
de 1457. guarnecida de quatorze mil Solda-
dos, a qual teve infauílo fuccenò pois fendo
a Praça combatida pelo efpaço de trinta, e
dous dias contínuos a que íe deu principio
a 1 5. de Setembro, naõ fomente foy derrotado
o noíTo exercito mas entre os paâos que cele-
brarão como viâoriofos os Mouros, foy o
mais fatal, e laíUmofo para Portugal deixar
ao Infante D. Fernando em reféns da Cidade
de Ceuta, tolerando eíle Heróe com heróica
paciência os horrores do cárcere, e os ludí-
brios do cativeiro até que delle fubio trium-
fante a coroarfe com as infígnias de Martyr
no Impirio. Eíla luâuofa calamidade pene-
trou taõ altamente o coração do noíTo Mo-
narcha, que o reduzio a huma profunda
melancolia que mais vigorofamente fe augmen-
tou quando vio fulminado o Reyno com o
fkgello da pefte fendo-lhe precifo para efcapar
da fua violência difcorrer como peregrino
por vários lugares até que recebendo na Villa
de Thomar huma Carta inficionada do conta-
gio fechou o circulo da vida merecedora de
mais profpero reynado a 9. de Setembro de
1438. a tempo que o foi padecia hum grande
eclypfe, com 46. annos, dez mezes, e nove dias
de idade, e de governo cinco annos, e vinte
féis dias. Jaz fepultado no Real Convento da
Batalha fundado por feu augufto Pay, e por
falta de epitáfio fe lhe podem gravar no Mau-
foleo eftas expreíToens métricas do infigne
Luiz de Camoens LMfiad. Cant. 4. eílanc. 51.
Naõ foy do Key Duarte taõ ditofo
O tempo que ficou na Summa alte:(a;
Que ajft vay alternando o tempo iro/o
O bem com o mal, o gofto com a trifie^a.
Quem vio fempre hum EJlado deleito/o?
Ou quem vio em fortuna haver firme:^a?
Pois inda nefie Rejno, e nejie Key
Naõ ufou ella tanto defla ley.
Foy cafado com a Rainha D. Leonor
Infanta de Aragaõ filha de D. Fernando I.
Rey de Aragaõ, e de D. Leonor Con-
deíía de Albuquerque filha de D. Sancho
de Albuquerque, e D. Brites Infanta de
720
BIBLIO THE C A
Portugal filha de D. Pedro I. Rey de Por-
tugal, cujos auguílos defpozorios fe celebra-
rão a 22. de Setembro de 1428. de que naceraõ
o Infante D. Joaõ, que morreo de tenra idade,
D. Filippe que de nove annos paíTou à vida
immortal, D. Aífonfo, que herdou a Q)roa,
D. Maria, que naõ logrou mais que hum dia
de vida, o Infante D. Fernando Duque de
Vifeu, e Pay do SereniíTimo Rey D. Manoel,
a Infanta D. Leonor, que fe defpozou com
o Emperador de Alemanha Federico III. o
Infante D. Duarte que morreo na Infância,
a Infanta D. Catherina, que eílando contra-
tada para cafar com Carlos Princepe de Na-
varra feu Primo com irmaõ, e depois com
Duarte IV. Rey de Inglaterra defvanecidos
eíles defpozorios falleceo com opinião de
virtuofa em o Convento de Santa Clara. A
Infanta D. Joanna que cafou com Henrique IV.
de Caftella. Fora do matrimonio teve a D.
Joaõ Manoel de quem defcendem os Condes
da Atalaya. Foy de eílatura proporcionada,
e de afpefto fummamente agradável pois tinha
os olhos caílanhos, e alegres, a boca pequena,
e corada, o cabello da barba louro, e o da
cabeça comprido conforme o u2o daquelle
tempo. Veília com pompa fendo mayor
quando apparecia publicamente. Foy muito
zelofo do culto divino, e das ceremonias
Ecleíiaílicas, de tal forte que naõ diffimulava
a menor negligencia em os Miniftros do Altar.
Venerou com profundo refpeito o final da
noíTa Redempçaõ naõ permitindo que efti-
veííe efculpido, ou entalhado em lugar inde-
cente. Sem defraudar a juíliça de que foy
obfervantiflimo cultor, como era de condição
naturalmente benigna fe inclinava menos vezes
para o rigor, que para a piedade. Amou
com taõ inviolável obfervancia a verdade
que nunca fe experimentou a menor infrac-
ção na fua palavra. Foy doutiffimo na arte
da Cavallaria cujos preceitos prafticava ayro-
famente em ambas as cellas fazendo parar
o cavallo, e continuar as voltas de huma
efcaramuça fem freyo, nem filhas. Oc-
cupava algumas horas na Caça da Mon-
taria naõ fó para divertimento do ani-
mo, mas para exercido do corpo. Era
naturalmente eloquente uzando de pala-
vras taõ elegantes que conciliava o aíFedo
de todos. Eílimava a converfaçaõ de pef-
foas eruditas, as quaes admittia benévolo,
premiava magnifico. Para indeléveis argu-
mentos do difvelo que dedicara à cultuia
das fciencias, deixou efcritos vários Livros
em profa, e verfo. Mandou compilar as
leys, que andavaõ difperfas, e reduzidas
com bom methodo a hum volume para
que foíTem obfervadas, e entre ellas publi-
cou a 8. de Abril de 1434. a Mental de que fov
Legislador feu grande Pay, pela qual fc
prohibe poderem as filhas fucceder nos bens
da Coroa. Tomou por empreza huma lança
em que eftava enrofcada huma cobra em forma
de Caduceo com efta letra loco, (ò' tempore 1
fymbolizando na lança a guerra, e na cobra a
prudência com que a havia de romper. Ulti-
mamente a natureza o ornou de tantos dotes, .
e virtudes excellentes, que naõ deixou hi- :
gar para que a fortuna Lhe difpenfaíTe as fe- '
licidades, que naõ logrou. Os elogios que '.
à fua memoria confagraraõ os Efcritoies 1
faõ innumeraveis, fendo os principaes Vaf-
concellos Anacephal. Keg. 'Lufit. pag. 165.
Vuit Juhlmi E.ÍX ingenio, <& quod f ponte Jua ■
in alíijjimas fapientia cogitationes rapiebatur, .
e ar um que ar Hum, qum fiudiojum Juapte Índole Prih l
cipem decent non limina modo Jalutavit, verum
adyta adiit penitiora. Brito B,log. dos Reys de .
Portug. pag. mihi 93. dotado de hum animo fublime, \
e amigo de alcançar os fegredos de cada /ciên-
cia que podia caber em hum Key curiofo par-\
ticular mente de Filofofia moral em que
teve muita liçaÕ. Duart. Nun. de Lcaõ:
Chron. de D. Duart. cap. 19. como na cla-
reira do Jui^o elle era injigne, naÕ fomente:
aprendeo para fi, mas para doutrinar a outrosA
Faria E^urop. Portug. Tom. 2. Part. 3. cap. 2,
n. 22. Sobre la arte dela elegância que Jabia, jri
exercitava bien, era naturalmente elegante, e no!
'Epit. delas Hijt. Portug. Part. 3. cap. i:
Fue aficionadijjimo a las fciencias, y en algunas,i^
principalmente en la Filofofia, muy verfado^.
Marian. de reb. Hifp. lib. 21. cap. 3. UtteÀ
ris valde deditus. Le Clede Hifl. de Pflr-|
tug. Tom. I. pag. mihi 422. col. 2. Jh
pajfoit des jornees entieres ala leãure des\
livres de Poefie, <& de Philofophie. II fit à
fi grands proles dans l' etude dei' un, <
de r autre, qu" il compofa quelques ouura-
LUSITANA.
721
^ffs oíi r ejprií, U hon fens, i le fcatfoir bril-
loient e^ilement, Mariz Dialog» ét Var,
llijl. Dialog. 4. cap. 5. com o Jeu florido
ptgenho alcançou tanto de litras, e /ciências,
fu naõ fomente teve conhecimento de muitas
twfas, que he a verdadeira profijfaõ da fabi-
doria, mas também foy author de muitos tra-
fados de erudição, e engenijo. Nun. de Ver.
IfLig. Port, àeneal, pag. 27. v.o litterarum
ioãrina tantum valuit ut non modo multa
ngwrit, Jed cíy Htteris mandaverit. Sainft.
Marth. Hift, Geneal. dela Mais. de Vranc.
Liv. 42. cap. 5. // ioiffiit beureufement l* exer-
cice des armes avec la connoijfance des letres,
e Jciences. Joan. Soar. de Brit. Tbeat. Lujit.
Lítter, lit. E. n. 1. Ribeir. Pref. das letr.
.is Arm. Jacq. L.cnfant. Hijl. dela Guer.
des liujftt. e^ dií Concil. de basle Liv. 19. n. 12.
Catam. Philip. Prud. pag. 55. Fonfcc. l^or.
Glorio/, pag. 82. Fcrrcr. HiJl. de E/pan.
Tom. 9. pag. 336. n. 12. Garibay Comp.
Hijl. de E/p. Liv. 35. cap. 11. pag. 178. Barbud.
EmpreZ' Milit. de Lu/it. Liv. 3. pag. 64. Lcy-
taõ Not. Chronol. da Univ. de Coimb. pag. 366.
§. 740. até 750. Barbofa Cathal. Hijl. das
Rajnh. de Portug. pag. 346. Anfelm. Hijl.
Gen. e Chronol. de la Mais. Kqyale de Franc.
Tom. I. pag. mihi 595. Souf. Hijl. Ge-
neal. da Ca/. Real Portug. Tom. 2. Liv.
3. cap. 7. pag. 492. Compoz.
O leal Concelheiro Dedicado à Rainha
D. Leonor fua Efpofa. Deíla obra fazem
mençaõ todos os Efcritores da fua vida,
I como das feguintes
Do Regimento da Ju/liça, e Officiaes
delia. Do qual fe confervava huma parte
na Cafa da Supplicaçaõ, como efcrevem Duart.
Nun. de Leaõ Chron. delRey D. Duart. cap. 19.
e Manoel Faria, e Soufa Europ. Port. Part. 3.
cap. 2. n. 22. Fr. Bernardo de Brito nos Elog.
dos Reys de Portug. pag. 93. aííirma ter vifto
alguns fragmentos deíla obra em hum livro
antigo como do precedente, e de outro que
tratava.
Da Mi/ericordia M. S.
De todos eUes faz exprefla mençaõ Ni-
col. Ant. in Bib. vet. Hisp. lib. 10. cap.
5. §. 288.
Da Arte de domar os Cavallos. M. S.
Defte tratado fe lembraõ Fr. Bernardo
de Brito, c Nicolao António nos lugares já
ftllegadot.
Memorias varias, cujo original fe con-
ferva na Lívcaria do G)nvento de Scala
Geli dos Cartuxot de Évora, do qual mandou
exttahir huma copia o Exoeilentíhimo GMide
da Ericeira D. FranclTco Xavier de Meacaes
quando governava aquella Cidade, e fe guflfdt
na fua numerofa Bibliotheca. As principacf
matérias, de que trataõ efias Memorias, íâò
as feguintes.
Concelho, ou avi:(p e/piritual contra a
intemperança dos det^ejos. Q>meça Todo o
homem pela gra^a de Deos deve ter íençaõ.
Acaba. De algumas peffoas que de toes /eitos
tem pequeno conhecimento.
Concelho /endo In/ante para /eu IrmaÕ D.
Pedro quando /e partio para \Jngria. Começa
Con/elho para vós /obejo me parece Ó^c.
Con/elho, ou avi:(p e/piritual. Começa.
Ainda que Deos por /ua ff^ande, ab/oluta,
e Saff-ada vontade cí^c.
Summario, que /endo In/ante deu a Me/Ire
Franci/co para pregar do Conde/lavei D. Nuno
Alvares Pereyra Começa. Gloria et honore
corona/li eum Domine. Acaba. Onde perpe-
tuamente há gloria, e honra para /empre /e coroe.
Memorial para Fr. Fernando ordenar
a Pregação das Exéquias deíRey D. Joaõ
/eu Pay. Começa. Fr. Fernando pen/ei
na atenção do Sermão, que no /aimento Deos
querendo me di/fe/les, que havieis de /a^er,
e ocorreume, o que /e /egue.
Ordem de como os In/antes haviaÕ de pro-
ceder com /eu Pay. Começa. Muy pregados
irmãos <&c.
Repojla /endo Príncipe ao In/ante D. Fer-
nando /obre certas queixas, que elle tinha de
/eu Pay.
Declaração da intenção, que havemos ter
para nos /alvar.
Da Maneira de ler os livros. Começa. Algu-
ma hora naõ leais muito.
Regimento para aprender a Jogar as ar-
mas.
D. DUARTE filho illegitimo del-
Rey D. Joaõ o in. que o teve fendo Prín-
cipe de Ifabel Moniz Moça da Camera da
Rainha D. Leonor terceira mulher del-
Rey D. Manoel, naceo em Lisboa no
51
7
22
BIBLIO THE CA
anno de 15 21. Aprendeo os primeiros rudi-
mentos no Mofteiro de Santa Marinha da
Cofta junto a Guimaraens, onde foy direâor
da fua puericia Fr. Diogo de Murça Religiofo
de S. Jeronymo, ornado de igual prudência,
que litteratura. Ao comprir quator2e annos
fe applicou juntamente com o Senhor D.
António filho do Infante D. Luiz às letras
humanas, que lhe diftou Ignacio de Moraes.
Ouvio Filofofia do Meftre Henrique Cayado,
Theologia dos Doutores Marcos Romeiro, e
Pedro Margalho iníignes neftas faculdades,
que depois as leraõ com grande applaufo
em a Univerfidade de Coimbra. Com a dif-
ciplina de taõ doutos varoens fahio confum-
mado aíTim nas fciencias amenas, como em
as feveras. Soube com perfeição os preceitos
da Mufica, e tocava os inftrumentos com
igual fuavidade, que deftreza. Foy infigne
na Arte da Cavallaria, e muito ayrofo em
ambas as fellas. Todos eftes dotes fe illuf-
travaõ com hum génio fuave, e condição
aíFavel com que conciliava os ânimos; huma
prudência mais própria de annos proveâos,
que da florente idade que contava, hum
juizo claro, e capaz de emprender, e confe-
guir acçoens heróicas. Ao tempo que poíTuya
o Priorado de Santa Cruz de Coimbra, e
as Abbadias de S. Miguel de Refoyos, S.
Martinho de Caramos, e S. Joaõ de Longa-
vares o nomeou feu Pay Arcebifpo de Braga,
e querendo que fe fagrafle na fua prezença
lhe ordenou paflaíTe a Lisboa, e antes de obe-
decer a efte preceito entrou em Braga a 12.
de Agofto de 1543. onde deixou eternas fau-
dades da fua PeíToa. Logo que chegou à
Corte foy recebido por feu Pay com extraor-
dinárias íignificaçoens de jubilo que breve-
mente fe transformou em profundo fenti-
mento caufado da fua morte a 11. de Novem-
bro de 1543. em o Palácio dos Eliáos quando
tinha 22. annos incompletos. Efta intempeíliva
fatalidade naõ fomente penetrou o coração
das Peflbas Reaes, mas de toda a Corte.
Foy fepultado no Real Convento de Be-
lém em huma fepultura pouco levantada
do pavimento, e fobre ella eilá gravado o
feguinte epitáfio.
Regia tantillo proles Eduardus humatur
Nec juveni voluit parcere Parca, loco.
Primatem, Dominumque eleãum Brachara deflet
Quem virtus poterat reddere legitimum.
O infigne poeta Francifco de Sá, e Mi-
randa na Carta 3. efcrita a feu Irmaõ Mem
de Sá diz fallando deíle Princepe.
Viftes huma claridade
Que de cà te lá correo
Como rajo em tal idade
Tanto faber, tal bondade
Num momento ejcureceo.
Alma Bemaventurada
Daquelle moço taÕ nobre
Chegafte a alta ajfomada.
Tudo te pareceo nada
Quanto dali fe def cobre.
Semelhantes elogios lhe dedicarão D.
Rodrigo da Cunh. Hift. Ecclef. de Brag. Tom. 2.
cap. 77. bom Filofofo, e Theologo, e nas letras
humanas teve tanto cabedal que começou a
ejcrever na lingua Latina a Hijloria dos
Kejs de Portugal. Eduard. Noru de Ver.
Keg. Portug. Genealog. pag. 38. Juvenem
óptima indolis, bonarum litterarum, Philojo-
phia, (& Theologia ftudiis aprime eruditum,
(Ò' omnibus corporis, (ò* animi dotibus oma-
tijfimum. Efperanc. Hift. Seraf. da Prov. de
Portug. Part. 2. Liv. 9. cap. 33. n. ^. por fuás
muitas partes chamado as delicias da Corte dt y
Portugal. Vafconc. Anaceph. Keg. hujit. '.
pag. 302. animi vere regii pietate inferis,
animarum fiudio fervens, humanioribus litteris
Philofophia, ac Theologia luminibus exor-
natus. Le Clede Hifl. Gen. de Portug. Tom. i.
pag. mihi 709. II entendoit, (ò* parloit par-
faitement bien le Grec, <& le Latin: il avoit '
une grande connoiffance dei' Hijioire, e travail-
loit a celle de Portugal. Faria Europ. Portug.
Tom. 2. Part. 4. cap. 2. Princepe piedofo,
y doão. Saind. Marth. Hifi. Gen. e Chro-
nol. dela Mais. rojai de Franc. Liv. 43.
cap. 4. // ejloit bien verfe en la Philofofie, Theo-
logie, e aux letres humaines. D. Nicol. de |
Santa Mar. Chron. dos Coneg. Keg. Liv.
9. cap. 35. Andrad. Chron. delKej D.
Joaõ o III. Part. 3. cap. 95. Joan. Soar.
de Brit. Theatr. L^fit. Litter. lit. E. n.
2. Soufa Hijl. Gen. da Cafa Keal Por-
tug. Tom. 3. Liv. 4. cap. 14. AnfeLm.
Hijl. Gen. e Chronol. dela Majs. Kojal de
France Tom. i. pag. mihi 605. Efcreveo.
LUSITANA.
7^3
lUJloria Kegtim Vorliigallia da qual rcmc-
teo a vida delRey D. AfTonío Henriquez
( (otiK • i.i I tinha efcrito no meímo idioma feu
liu u iiu inic Cardial D. AfTonfo) ao Emba-
lor deíla Coroa que aíTiAia em Roma, enco-
daodo-lhe a oHereceíTe á ceníura dos
ores proíeíTores da língua Latina, e podo
e occultou o feu nome para que foííe fem
adulnçaõ criticada mcreceo os elogios de todos
que a leraõ, e fomente alguns repararão fer o
eftilo exceíTivamente elegante, como pro-
ducçaõ de annos juvenis. Nicoláo António
na hib. hlifp. Tom. i. pag. 258. col. 2. aííirnia
que lhe moRrara o Original deíla obra Bento
Mcllino Bibliothecario em Roma da Sere-
niííima Rainha de Suécia Chriílina Alexandra,
c ciuc o achara com muitas palavras rifcadas,
c acrcccntadas outras fobrc as regras do Ori-
'inal, donde fe perfuadira que foraõ emendas
Ic algum homem erudito, a quem fc cometera
ii fua correçaõ.
OraçaÕ em lotwor da FUofofia recitada no
w/ Collegio da Cofia, dia de S. Jeronymo.
leça PlataÕ excellentijfimo Paj da Grega
'a eloquência, e de toda a FUofofia primário
ntijfimo. Conferva-fe o Original na Li-
ia da Cartuxa de Évora, e fahio imprefla
Tomo das Prov. da Hifi. Geneal. da Cafa
Portug. compoíla pelo P. D. António
tano de Soufa Clérigo Regular. Prova 138.
sboa Na Officina Sylviana Real, e da
Academia 1741. 4. grande.
D. DUARTE irmaõ do SereniíTimo
Rey de Portugal D. Joaõ o IV. e filho de
D. Theodofio fegundo do nome, fetimo
Duque de Bragança, e de D. Anna de
Velafco filha de D. Joaõ Fernandes de
Velafco fetimo Condeftavel de Caílella
Camareiro mór de Filippe III. e feu Co-
peiro mór, do Confelho de Eílado, Prefi-
dente de Itália, 3. Duque de Frias 8. Con-
de de Haro, e de Caílel novo, e de D. Maria
Giron filha de D. Pedro Giron primeiro
Duque de OíTuna, 6. Conde de Urenha,
Camareiro mór, e do Confelho de Eftado
de Filippe II. e de D. Leonor de Guf-
maõ filha de D. AíFonfo de Gufmaõ
4. Duque de Medina Sidónia. Naceo
em Villa-viçofa folar delia SereniíTima
Cafa a 30. de Março de 1605. e na CapcUa
Ducal recebeo a pdmdra graça coofèrída
por feu Tio o Senhor D. Akxaodre Arce-
bifpo de Evoca. Aprendeo a iiogua Latina,
e letras humanas com o Doutor Manoel
do Valle de Moura Varaõ de inculpável vida,
e grande litteratura, de cuja difcipUna lahio
naô fomente inílruido neíbs faculdades, mas
amante de todas as fciencias, das quaes jtintou
com eHudiofa applicaçaò huma Livraria mais
eílimavel pela qualidade que pelo numero
de livros, a qual celebrou com eftas vozes
métricas o elegante Poeta Manoel de Galhc-
gos no Templo de Memor. Liv. 4. Eftanc.
ji. j2. e J3.
He regalo efia Cafafoberana
Do generofo Princepe Duarte,
Nella como na Salla Vaticana
Se honra o efiuào,fe acredita a arte:
E illufires livros de ouro guarnecidos
"Em muitos Orbes Iw^em divididos.
Aqui em vários idiomas, e em diverfos
Efiilos a Poefia insigne foa;
Doutos volumes de galhardos ver/os
CercaÕ a Ca/a a modo de Coroa.
E a major parte de huma, e outra Efiante
Honra da Hifioria o numero elegante.
Aqui glorio/a a Afirologia impera
Aqui a Mufica reyna; aqui jucunda
Tem a FUofofia a fua esfera,
E a f ciência Sacada alta, e profunda:
Em fim tem nefia Cafa illufire ajfenfo
Tudo que objeão he do entendimento.
Anhelando o feu heróico efpirito a illuf-
trar com tymbres novos o efplendor do
feu nacimento refolveo feguir o exercido das
Armas para o qual achava em o feu génio incli-
nação, e em feus Auguílos Avós exemplo.
Para executar taõ nobre defignio fahio da
Pátria no anno de 1634. com beneplácito de feu
Irmaõ que lhe deftinou por feu Apozentador
mór Francifco de Soufa Coutinho que depois
em diverfas Embaxadas deu a conhecer ao
mundo a profunda politica de que era ornado
o feu talento, com feíTenta criados de di-
ferentes foros levando créditos abertos em
as Qdades mais famofas de Alemanha, Itá-
lia, e França. Tendo recebido notáveis
fignificaçoens de benevolência da Archidu-
queza Claudia de Medicis Viuva do Archi-
7^4
BIBLIOTHE C A
duque Leopoldo, que aíTiília na Cidade de
Infpruch junto do Tirol profeguio a jornada
até Nuílerf diílante huma legoa da Corte do
Emperador, que fem atender às oppofiçoens
do Conde de Onate Embaxador de Caftella
lhe deu o tratamento de Princepe do Império.
Gemia nefte tempo opprimida toda Alemanha
debaixo das viéloriofas armas de Guílavo
Adolfo Rey de Suécia, e para moftrar que naõ
viera para expeâador daquelle fanguinolento
theatro, mas para o mayor inftrumento da
liberdade Germânica, empunhou as Armas
achandofe na tomada da Praça de Amelaõ
na Pomerania, de Caminis em Saxonia onde os
Magiftrados lhe entregarão as chaves implo-
rando a fua proteção, e a de Saverne, em que
deu os mais aíTinalados argumentos de feu
valor principalmente na batalha de Biíloch,
na qual como General de Batalha caufou
envejas ao Conde Mathias Galea22o Coman-
dante do Exercito Imperial aíTim na difci-
plina, como no ardor com que acometeo, e
derrotou os inimigos. Com o dezejo de ver
feu irmaõ, cuja auzencia ainda que era de qua-
tro annos lhe era muito faudofa, paílou
a Portugal no anno de 1658. e depois de fer
recebido com exceíTivo aíFefto partio breve-
mente a 13. de Dezembro do dito anno cha-
mado pelo Emperador para continuar a Cam-
panha. Tanto que chegou lhe deu o Regi-
mento da Banda Negra, e o fez General da
Artilharia, poílos da mayor eílimaçaõ nas
ordenanças Militares do Império, e conti-
nuando com o mefmo ardor a guerra, aca-
bada a Campanha em Dezembro de 1640.
ficou aquartelado em Suevia três legoas de
Ulma. Nefte anno fatal para Caftella, e fauf-
tiíTimo para Portugal fe aclamou legitimo
Soberano da Coroa Portugueza o Senhor
D. Joaõ o IV. cuja noticia chegando primei-
ramente aos Miniftros de Efpanha, que ao
Infante, reprezentaraõ ao Emperador que
logo o prendeíTe, pois privava a Portugal de
hum General para a fua defenfa, e de hum
Succeflbr mais para a Coroa. De taõ pér-
fido confelho foy Author D. Francifco de
Mello Plenipotenciário delRey Catholico
em Viena, o qual degenerando do Real
Sangue da Cafa de Bragança, que lhe circu-
lava nas veyas, fe declarou com eterna in-
juria do feu nome mais afFefto aos feus inte-
reíTes políticos, que aos vínculos de parentefco
taõ illuftre. Irrefoluto com taõ feya execução
Fernando III. refiftio por algum tempo às
continuadas inftancias com que o ódio Caf-
telhano pertendia, que elle ofFendeíTe a inno-
cencia, e caftigaíTe o merecimento, até que
por deligencia do Marquez de Caftello Rodrigo
que fuccedera em negociação taõ indigna a D.
Francifco de Mello, condefcendeo atrahido da
ambição de quarenta mil cruzados para que
fem refpeito à liberdade do Império, às leys
da hofpitalidade, e o que he mais à infracção
da fua palavra tantas vezes ratificada mandafle
prender ao Infante em Ratisbona a 4. de
Fevereiro de 1641. onde depois de eftar
dezoito mezes foy conduzido por duzentos,
e cincoenta Soldados ao Caftello de Milaõ,
e na Torre da Roqueta deftinada para os aggref-
fores dos deliâios mais atrozes foy reclufo
onde fofreo com heróico animo pelo largo
efpaço de fete annos todo o género de tor-
mentos, e ludíbrios, que pode idear a tyra-
nia, pois naõ fomente o privarão da 1
comunicação dos feus Criados, e da efpifi-
tual confolaçaõ do feu ConfeíTor, mas o
prenderão com huma forte cadeya, que
fervia de perpetuo defpertador do fono .
único alivio das infelicidades até que ren-
dida a humanidade à violência de tanta
tribulaçoens voou o feu efpirito a coroar-fe
no eterno defcanço a 3. de Setembro de 1649. .
quando contava 44. annos 5. mezes, e 4. dias
de idade. Teve a eftatura grande, mas pro-
porcionada, a prezença gentil, a cor do rofto _
branca, e rozada, o cabello louro, os olhos ,
grandes, e alegres, e o corpo ayrozo, cujas
partes lhe conciliavaõ tal bizaria, e gravidade,
que affirmou o Emperador Fernando U.
a primeira vez que o vio, fer digno de hum \
Império. Naturalmente era dotado de con-
dição afFavel, e animo generofo, donde ,
procedia naõ haver neceíTidade a que j
promptamente naõ focorreíle merecendo
a amável Antonomafia de Pay de Solda- \
dos, aos quaes pofto que obfervantiíFimo .
da difciplina militar tratou como compa-
nheiros, e naõ como fubditos. O valor
regulado pela prudência lhe fez obrar ac-
çoens dignas de eterna recomendação, de
L USITAN A.
725
que foraò envejofos expeâadores os mais
(lilíiplinados Generaes de Alemanha. No
Iíeu religiofo coração teve a piedade per-
petuo domicilio, naô deixando entre o eí-
tfondo das armas, e continuas marchas do
exercito de aíTiílir ao Sacrifício da MiíTa,
recitar as Horas Canónicas, e fazer outras
(Icvoçoens quotidianas. Foy inftruido nas
letras humanas, e Artes liberaes failando com
>urcza, e defembaraço as iingoas Latina, Fran-
^ cza, Italiana, Hefpanhola, e Tudefca, com
^jue fe fazia amável aos feus naturaes. Ao Teu
retrato aberto em huma lamina em Pariz
iidc fc rcprczcnta prezo, fc lhe gravou
a.i parte inferior eíle epigramma.
Pro meritis carcer, pro lavro vincula dantur
Vir tus crimen hahet, gloria Jupplicium:
Vi£írices onerant immania pondera palmas,
At nequeunt palmas pondera deprimere.
Venditus argento tandem das inclyte Princeps
Effigiem Chrijli non Eduarde tuam.
D. Luiz de Menezes Port. Rejl. Tom.
I. liv. 3. pag. 197. cfcreve cm feu applau-
l'o. Era valerojo em gráo muito fupremo, e
tra^^ta unidos na esfera mais fuperior o enten-
dimento, e a prudência. Efmaltava ejlas partes
com huma liberalidade taô afável, que pare-
cia ficava obrigado a todos os que fa:(ia bene-
^cios. Soufa de Macedo Lufit. lib. lib. 3.
•. 7. n. 20. ^uem lux praflantijftma forma
iid imperandum edidit venuflo cum ^avitate
vultu, procero corpore cum venuflate; quem
pietas, prudentia, fortitudo, urbanitas, libera-
litas dotes animi comitantur; quem ars ita
perfecit ut eum ab Appolline, ac Marte
credas educatum. Mend. Sylva Cathal. de
Efpan. foi. 98. Cuya virtud, prudência, y
iialor es bien conocida en el Império de Ale-
mana. Luiz Marinho de Azevedo Exclam.
Polit. p. 5. Qitien ignora loque nuejiro In-
fante bifo ai Emperador Ferdinando III? Qtáen
nó tiene bajlante noticia de aver confagrado
fu juventud florida a la etemidad de fama
immortal? Quien dexa de faber, que el ini-
migo le tembló armado en la campana? Que
fu difcurfo fe adelantó a las mas veteranas expe-
riências? Menezes Hijl. Eufit. Tom. 1. lib.
3. pag. 228. Erat praflanti formot diffii-
tate praditus, flatura militari, pecunioe liberalis,
gloria cupidtis, animi, (& corporis viribus acer,
fiAlimiqut ingenio. Souf. lUft, dtual. ia
Caf. Keal dt Portug. Tom. 6. liv. 6. cap.
19. e M. Le Qede Hifl. Cen. dê Portug. Tom. 2.
pag. mihi44}. até4ji.
G>mpoz.
Ktflauracion dei Império y relacion abre-
viada dt todo lo fucedido tn ios exércitos
Ctfartos, en que perfonalmente bá afftfiido
el Condi Matbias Galeav^o, dtfprns que gh
vema las armas d» Ju Maffftad Cefarts,
foi. M. S. Eíla relação como efcreve
D. Luiz de Menezes Portug. Ktft. Tom. i.
liv. 3. pag. 186. he de eftilo taõ levantado,
de lingmgem taÒ excellente, de termos Mili-
tares taõ próprios, e dt jui^ps, e conceitos
taõ fuperiores, que naÕ fó pôde competir,
mas exceder a tudo quanto tem efcrito as
pennas melbor aparadas. Confervafe efle papel
da própria letra do Infante na Livraria de
Lui^ de Soufa filho 2. do Conde de Miranda
CapellaÕ mor do Príncipe D. Pedro, Arce-
bifpo de Lisboa &c. A eíla obra intitula Annaes
de Alemanha D. Fernando de Menezes
in HiJl. Lufit. Tom. i. liv. j. pag. 228.
Varias Poefias. Sahiraõ impreílas em
Milaõ com o nome fupoílo de Joaõ Bau-
tiAa de Leaõ Secretario do Infante de quem
certamente era eíla obra, como affirma o
Padre Francifco da Cruz nas Mem. Aí. 5".
para a Bib. Port. dizendo, que aíTim o
ouvira a peflbas graves no tempo, que afliítíra.
em Roma.
Arvore Genealógica da Cafa de Bra-
gança. M. S.
Do modo como fe devem fortificar as Cidades.
M. S.
Vários papeis de ff ande erudição, e im-
portantes documentos de que fe valeo para
diverfas occaíioens feu irmaõ ElRey D.
Joaõ o IV. Confervaõ-fe na Secretaria de
Eftado, como dizem Menezes Port. Ref-
taur. Tom. i. pag. 297. e Soufa no lugar
aíTima citado pag. 628.
Carta efcrita de Alemanha a feu trmaÕ
ElRey D. Joaõ o IV. a 3. de Setembro
de 1635. em que relata os fucceffos da Cam-
panha. Sahio impreíTa nas Exclamac. Polit.
do Capitão Luiz Marinho de Azevedo pag.
12. e no Tom. 6. da Hifl. Cen. da Caf. Real
Portug. pag. 596.
7
20
BIBLIO THE C A
DUARTE DE ALBUQUERQUE COE-
J.HO Marquez do Bailo, Conde, e Senhor de
Pernambuco, das Villas de Olinda, S. Fran-
cifco, Magdalena, Bom SucceíTo, Villa Fer-
mofa, e Igaraçú, Gentilhomem da Camará
-de Filippe IV. e do feu Confelho de Eftado
•em Portugal, naceo em Lisboa a zz. de
Dezembro de 15 91. e a 29. do dito mez rece-
beo a graça bautifmal na Parochia de S. Nico-
láo fendo feu Padrinho D. Diniz de Lan-
caftro Commendador mòr de Aviz. Teve
por progenitores a Jorge Coelho de Albu-
<juerque. Senhor, e Governador da Capitania
<le Pernambuco, e D. Anna de Menezes fua
2. mulher, filha de D. Álvaro Coutinho irmaõ
de D. Francifco Coutinho Conde do Re-
<iondo, e Vice-Rey da índia. Foy ornado de
juizo prudente, valor heróico, condição aíFa-
vel, e liberalidade profufa. Vendo inuadida
a Capitania de Pernambuco no armo de 1630.
pelas armas Olandezas paíTou com exemplo
poucas vezes praticado a America, querendo
ter por companheiros na infelicidade aquelles
que na paz o reconheciaõ por Superior. Neíla
Guerra, que durou o largo efpaço de nove
annos, obrou façanhas dignas do feu illuf-
tre nacimento, e para que o mundo conhe-
ceíle que igualmente era verfado na paleftra
■de Marte que na de Minerva efcreveo com
eílilo claro, e fuccinto.
Memorias Diárias dela guerra dei Brajil
por difcurfo de nueve anos empeçando defde el
Je 1630. Madrid por Diego Dias dela Car-
rera ImpreíTor dei Reyno. 1654. 4.
Manoel de Faria, e Soufa Fuent. de Aganip.
Part. 4. lhe dedica a Egloga 6. celebrando o
feu nome com eftas vozes métricas.
Vós digna dejcendencia
Das lut(es de Coelho, e Albuquerque,
Por quem de Jove a Jumma Omnipo-
tência
Quer que a Fama fonora o mundo cerque;
Se amais fonante a Jeus elogios hafia
Dignijfimo Dinafia
Na 'Lujitania nova
Do Empório mais notório
Ao mais notório Empório
Dos que fatiem a Europa mais foberba;
Donde vojfos Avos illujlre prova
Do feu valor fazendo
Contra gente felvatica, e proterva
Se foraõ no dominio Jucedendo;
Até que os ca/os vários
Qite na Roda fatal faõ ordinários
Lã vos levarão a tomar a Lança
Contra a fua mudança
Onde claro mojlrajles
Que nada de tal lut^ degenerafles.
Vós que a lança deixando
NaÕ fem felices glorias
A pena ejiais tomando
Para deixar ao mundo
As Diárias Memorias
Do que obrajles, e vijles
Em quanto vei^es nove andou girando
Polo cinto rotundo
Dos Animaes luzentes
O Carro luminofo
Ornado de topav^os, e amatifles.
Compoz mais
Compendio delos Reys de Portugal. Efcrito
no anno de 1652. cujo Original em folha fe
conferva na Livraria do Excellentiífimo Mar- ,
quez de Valença. Começa em o Conde D.
Henrique, e acaba com a morte do Cardial Rey
D. Henrique. Principia Aunque avemos de efcri- ;
vir recopiladamente las vidas delos Keys de Portugfd, j
Acaba Hajia que ElRey D. Felippe fegundo .
de Cajiilla, j primero de Portugal entro, j fucedio
en efios Rejinos. EM compoilo eíle Compendio
com muitas circimftancias dignas de memoria
que fe naõ achaõ nas Chronicas dos Reys de
que efcreve, e certamente he obra capaz de
fe imprimir.
Compendio delas Vidas delos Rejs de Aragtn,
Navarra, Nápoles, Sicilia, y Condes de Barce-y
lona. foi. M. S. Conferva-fe na Liviamí
do ExcellentiíTimo Marquez de Abrantes* j
Morreo em Madrid a 24. de Setembro de
1658. com 67. annos de idade, e jàz fepultado
no Convento de Santa Barbara de Mercenários
Defcalços. Foy cazado com D. Joanna de
Caftro filha de D. Diogo de Caftro II. Conde do,
Bailo, Capitão de Évora, Commendador de Al-j
modouvar, e Garvaõ na Ordem de Saõ-Tiago,j
Regedor das Juftiças, Prezidente do Dezem^i
bargo do Paço, do Confelho de Eílado, cj
Guerra, e Vice-Rey de Portugal, de quem tevíjl
unicamente a D. Maria Margarida de Caftro,
e Albuquerque, que cafou com D. Miguel
LUSITANA.
7^7
lli^ Portugal VII. Conde do Vimiofo, Senhor
(Ia Ca2a do G>ndado do Bafto, e da Capitania
<lc Pernambuco, Governador de Évora, do
Confclho de Guerra, Eílribeiro mòr da Rainha
O. Maria Francifca Izabcl de Saboya, de quem
tiaõ teve defcendcncia.
Ir. DUARTE ALVARES natural de
Villa viçofa Eremita de Santo Agoílinho, e ce-
lebre Theologo cm o Convento de Salamanca,
donde o mandou o Geral Fr. Jerónimo Seri-
j^ando em o anno de 1545. quando vifitou eíle
Convento, ler Thcologia em o de Pariz cujo
1 11:1 !Mrt crio exercitou com applauzo univerfal
iciulo Regente dos Teus eíludos pelo largo ef-
paço de treze annos. Depois de fe laurear Dou-
tor cm a Univerfidadc Parifienfe foy pregar
no anno de 1546. os Sermoens da Quarefma
cm a Cathedral de Anveres, onde mereceo as
acUmaçocs de infigne Orador Evãgelico.
Foy muito eílimado da Rainha de França D.
Leonor mandando-o por Embaxador a fcu
■UÉnaõ Carlos V. no anno de 1550. Ao tempo
■IÇte era Vigário Geral das Provincias de França
fe reftituhio à de Portugal em o anno de 1552.
(-• conhecida a fua grave prudência, e profunda
fabedoria a Rainha D. Catherina o elegeu
'no anno de 1560. feu ConfeíTor. Eftes do-
Nes o fizeraõ digno de vifitar a Provinda
'no anno de 1565.' por patente do V. P.
:Fr. Luiz de Montoya Vigário Geral, e pre-
sidio ao Capitulo celebrado no Convento
ide N. Senhora da Graça de Évora em o anno
de 1574. em o qual falleceo em Lisboa.
Fazem delle memoria Camargo Epif. Hijlor.
|fol. 209. e Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
p. 258. col. 2. Compoz.
Traãatíís Varij Theologici foi. 2. tom.
M. S. de cuja obra, e do Author fe lem-
braõ ElíTio Encom. Augufi. e Herrer Alpha-
'■cf.AuguJ}.
Fr. DUARTE DE ARAÚJO na-
tural da Villa de Thomar, e digniíTimo a-
lumno da Militar Ordem de Chriílo, da
*qual naõ fomente foy Geral eleito a 22.
de Abril de 1580. mas o mayor inftrumento
da fua confervaçaõ, pois havendo o Car-
dial D. Henrique alcançado hum moto
próprio de Gregório XIIL para a fua
extinção, niovido do zelo, e amor, que pro-
feííava a taô illuílre May, paíTou a Roma»
onde pela actividade da fua deligencia autho-
rizada com aa letras que tinha, fez que o
Summo Pontífice levogaíle a Bulia que man-
dam npfdindo ontim em que oaõ íómeote
ooníervivm a Religkõ 00 eflado em que petma-
neda mas ampliou com larga beneficenda o»
feus Privilégios. Nefta famofa Corte conciliou
as atençoens das principacs Peflbas, que oella
floredaõ, diftinguindo-fe entre todas o IníigDe
Doutor Martim Afpilcueta Navarro efcte-
vcndo no C. Statmmuí n. 52. Cum in tuis omni-
bm fibi quam fimilUmo D. liduardo de Araújo-
negotia ceUberrimi, ^ etiam quoaã claujuram
reformaiijftmi Monajierij Thomarienfis OrdinU
Cijlercienfis in Urbe agenti, qui mihi multis nomi-
nibus eft fujpiciendm. Tanta era a fua authori-
dade, prudência, e litteratura, que mereceo-
quando era Prior mòr o levaííe à maõ direita
Filippe Prudente cm a Prociííaõ de Corpus
Chriíli, que acompanhou em Lisboa, e à ef-
querda o Commendador mòr. Cheyo de vir-
tuofas obras paflbu à vida eterna em o Con-
vento de Thomar a 17. de Abril de 1599. cm
cujo dia faz delle memoria Jorge Cardozo
Agiol. "Ltifit. Tom. 2. pag. 617. c no Com-
ment. de 17. de Abril letr. G. Nicol. Ant. J5/^»
Hifp. Tom. I. pag. 259. col. i. c Tom. 2.
pag. 290. col. I. Soveral Hift. de N. Senhor,
da Luz Liv. i. cap. 11. foi. 29. Fr. Ant. Ycpes
Chron. Gen. de S. Benit. Tom. 2. Cent. 2. cap. 2.
foi. 220. v.o e a Bib. Magn. Ecclef. Tom. i»
pag. 530. col. 2. Compoz.
Vida de Santa Iria V. e Aí. Coimbra
1597. 4. a qual efcreveo mais difiizamente
Fr. Ifidoro Barreira Religiofo da mefma
Ordem Militar de Chriílo.
DUARTE BARBOSA natural de
Lisboa filho de nobres Pays, ornado de
efpiritos generofos, que o moverão o dei-
xar a pátria, e difcorrer por todo o Oriente,
obfervando com curiofo exame as íitua-
çoens das terras, os coftumes das gen-
tes, as virtudes das plantas, e a predofi-
dade das pedras daquellas vaítííTimas regioens^
efcrevendo com grande individuação
tudo quanto tinha viílo, e examinado em
huma larga Relação, que conduio em o
728
BIBLIO THE C A
armo de 15 16. da qual fazem honorifica
lembrãça Damiaõ de Góes Chron. delKey
D. Man. Part. i. cap. 24. Gonfal. HiJ. dela
Chin. liv. I. cap. 10. e Sandoval. Hijl. da Etiópia
Part. 2. liv. 3. cap. 9. Sahio traduzida em ita-
liano no primeiro volume Delle Navigationi,
et Viaggi de Giovani Battijia Kamujio. Venetia
nella Stamparia de Giunti 1563. foi. defde
pag. 288. atè 323. Tem por titulo
L,ibro di Odoardo Barbo/a Portugiie:(e.
Começa. Havendo io Odoardo Barbo/a gentil
hm mo delia molto nobile Citta di Lisbona. &c.
Sendo Efcrivaõ da Feitoria de Cananor
por fer muito perito na lingua dos Malava-
res, foy nomeado pelo Governador da índia
Nuno da Cunha para ajuftar as pazes com o
Samorim, como efcreve Joaõ de Barros
Decad. 4. da índia Uv. 4. cap. 3. Voltou ao
Reyno onde naõ recebendo premio de que
eraõ dignos os feus merecimentos, paíTou a
Caílella, e fe embarcou em Sevilha no armo
de 15 19. com o iníigne Argonauta Fernaõ de
Magalhaens, e depois de huma larga nave-
gação foy juntamente com elle morto na
Ilha Zebú huma das Filipinas em o primeiro
de Mayo de 15 21. Zacuto lib. 4. HiJl. 49.
Quaeít. 49. o intitula novi orbis hiftoriogra-
phus, e delle fe lembraõ com louvores
Joaõ Soares de Brito Theatr. L,ujitan. Litt.
lit. E. n. 3. D. Jozé Pellicer no Com-
ment. ao Folif. de Gongor. Eílanci. 14. n. 3.
col. 104. Draud. Bib. Claftc. Tit. Ind.
Orienf. Ant. de Leon. Bib. Orient. e o feu
moderno Addicionador Tom. i. Tit. 14.
x:ol. 450.
DUARTE DE BARROS natural da Villa
de Santarém, filho de Belchior de Barros,
e Joanna Bautifta. Eíhidou na Univerfidade
de Coimbra Direito Cefareo em o qual depois
de receber o grào de Bacharel fe reftituhio
á fua pátria, onde exercitou com grande
applaufo da fua fciencia jurídica o Officio de
Patrono de Caufas Forenfes. Falleceo em
idade muito proveâa de hum accidente
de parlezia a 4. de Janeiro de 171 o. Jaz
fepultado na Igreja dos Carmelitas Def-
calços da fua pátria. Entre varias obras,
que tinha promptas para a impreíTaõ, eraõ as
principaes.
De Jure faminarum. foi.
Qmfliones Júris Civilis. 2. Tom. foi.
DUARTE BRANDAM Naceo em Lisboa
onde teve por Pays a Bento Dias, e Izabel
Brandão. Foy infigne profeíTor dos Sagra-
dos Cânones em a Academia Conimbricenfc,
onde tomou poíTe de Condudlario com privi-
légios de Lente a 4. de Mayo de i6i6. e de
Lente da Cadeira de Sexto a 14. de Dezembro
de 1623. Na Corte de Madrid exercitou o
miniílerio de Advogado patrocinando as
Caufas de mayor importância, e gravidade,
onde morreo pelos annos de 1644. He inti-
tulado por Belchior Febos Tom. 2. Deàf.
Decif. 126. n. 29 dignijfimus praceptor Sa-
crorum Canonum, e por Clemente Félix Allegac.
por Bjíj de Mour. Telles Part. i. n. 29.
foi. 18. magni nominis vir. Joan. Soar. de
Brit. Theatr. Ljtjit. Litter. lit. E. n. 4.
Compoz.
Alegacion por el Conde de Linares con
el Senor Fifcal dei Confejo de Cajlilla Johrt
la remijfion ai jui^^io delas Ordenes Milita-
res dei Rejno de Portugal. Madrid 1639.
foi.
AllegaçaÕ de Direito por parte do Se-
nhor D. Carlos de Noronha em nome da
Senhora D. Antónia de Meneses fua mu-
lher filha do Duque de Caminha, Aíarque^
de Villa-Real, e de feu filho D. Mifful
de Noronha fobre a fuccejjaõ do titulo, e RJ-
tado de Villa-Real, e morgado da dita Cafa.
Em Madrid a 5. de Mayo de 1639. ^°^- ^*^
tem nome do Impreílor.
Parecer por D. Affonfo de Lancafirc
filho da Senhora D. Juliana de L^ncaflre
Duquesa de Aveiro com D. Raymunào de
Lencajlre feu Sobrinho filho do Senhor D.\.
Jorge Duque de Torres novas, que falleceo
em vida da Senhora D. Juliana fobre a fuc-
cejjaõ do Ejlado, e Cafa de Aveiro, e titulo
de Duque depois dos largos dias da Senhora Du^
que^a. foi. fem lugar nem anno, e nome doj
ImpreíTor. Coníla de 115. §.
AllegaçaÕ pela Senhora Infanta D. Maria
que efiá em gloria deixando algumas tenças a criadoi
feus em fuás vidas, entre ellas ficaraõ a D. Pedrc
de Menef^es neto de D. Confiança de Gufmai
Camareira mór da dita Senhora trezentos, <
LUSITANA.
729
frítn/a mil reis. foi. Naõ tem anno, nem
lugar da ediçaõ.
Por la Keligion dê S, ]uan, y Ju AJjftmblia
dtl Reyno de Portugal fobn la eaufa dt jitrifdicion
entre los juev^es dela Keliffon, y los Miniflros dela
jujHcia Seglar, foi. fem nome, nem lugar da
Impreííaõ. Conda de dez folhas.
DVARTE DR BRITO Poeu ainda
que jovial muyto fentenciofo, do qual fa-
hiraõ algumas obras impreíTas no Cancio-
neiro de Garcia de Refende. Lisboa por
Herman de Gimpos 15 16. foi. defde foi.
57. até 48. fendo as mais celebres.
Suceffo que teve com hum Kouxinol
Inferno dos Namorados.
DVARTE CABREYRA infigne Pi-
loto pelas varias navegaçoens que fez prin-
cipalmente à índia Oriental efcrevendo.
Roteiro para o Porto pequeno de bengala.
foi. Aí. i". Confervafe na Livraria do Excel-
Icntifllmo Conde de Caftellomelhor.
DUARTE CALDEIRA natural de Lis-
boa donde inílmido com as letras humanas,
€ língua Latina querendo dilatar a fama do
feu nome com a proíiíTaõ de Jurifconfulto
paíTou a Salamanca, e na fua Univerfidade
teve por Meftres daquella Faculdade aquelles
<lous famofos Oráculos do Direito Ponti-
fício, e Cefareo, hum Caílelhano, e outro
Portuguez os Doutores Diogo de Covar-
ruvias, e Manoel da Coíla, de que elle faz
agradecida memoria Variar. Leã. Lib. 2.
cap. 5. e lib. 4. cap. 10. Na Univerfidade
de Lovanha ouvio interpretados os myfterios
da mefma Faculdade pelo celebre Cathedra-
tico Joachim Hoppero, fahindo com a dif-
ciplina de taõ infignes Meftres confummado
na efpeculaçaõ, e pra6tíca de taõ vafta fciencia.
Por fer muito verfado na lingua Grega extra-
liio com indefeíTo trabalho de muitos Ju-
rifconfultos Gregos, cujos Originaes fe con-
fervaõ na Bibliotheca do Convento de S.
Lourenço do Efcurial, muitas refoluçoens
que publicou nas fuás obras. Pela grande
aíTiftencia que fez em Caftella o nomeou
Filippe Prudente Ouvidor Geral dos Caf-
telhanos, e com efte lugar fe embarcou
em a Armada que laftimoíameote k per-
deo na Corunha. Delle (e lembraõ com
elogios NicoL Anc. Bilf, HifpoH. Tom. i.
pag. 259. coL I. Manoel Barboía in Eluub.
A A, das Ktmiffoens do 4, i ^. Lípto das Orden.
Solor/. de Jur. Parricid. Liv. 2. cap. 9. Dcaud.
hib. Clajftc.
Publicou.
Variarum Ledionum Jtiris libri quattiwr
optimis quihujque Vtriufque Júris ftudiofis admo-
dàm utiles. Pincix apud Bemardinum a D.
Dominico 1595. 4.
De errorihus Pragmaticorum libri (psat-
tuor. Matriti apud Cofmam Delgado 16 10.
Eftas duas obras fahiraõ juntas Aotuerpiae
apud haeredes Martini Nuntii 161 2.
Na Dedicatória do Livro Variarum luãio-
num faz mençaõ de outra obra que já tinha pu-
blicado que fe intitulava Kerum quotidianarum
&c. e em outra parte in Jus lucubrationes as
quaes naõ poíío aiHrmar fe faõ diííerentes das
que imprimio.
Traãatus de Jurifconfulto. Efta obra dividida
em três Livros he compofta em Dialogo de que
faõ interlocutores Eduardus, Hopperus, Covar-
ruvias. Conferva-fe hum exemplar Aí. S.
na Livraria do ExcellentiíTimo Conde de Vi-
meiro.
Fr. DUARTE DA CONCEYÇAM Naceo
em Villa-viçofa a 1 3. de Outubro de 1 595. e de-
pois de ter frequentado as Clafles da latinidade,
e letras humanas em que moftrou a felicidade
do feu engenho recebeo na idade de 19. annos o
habito da Sagrada Ordem da Penitencia no
Convento de N. Senhora de JESUS defta Corte
a 29. de Abril de 16 14. e nelle fez a profiflaõ fo-
lemne a 30. do dito mez do anno feguinte.
Aprendeo Artes, e Theologia com tal applica-
çaõ como quem de difcipulo paíTou a Meftre
deftas Faculdades que diâou no Collegio de S.
Pedro de Coimbra até jubilar no anno de 1641.
Occupou na Religião os lugares de Reytor do
Collegio de Santa Catherina, Definidor, Comif-
fario Provincial na auzencia que fez a Roma
para aífiftir ao Capitulo Geral o Provincial Fr.
Fernando da Camará, Reytor do Collegio de S.
Pedro de Coimbra, Miniftro do Convento de N.
Senhora de JESUS de Lisboa até que pelo
governo económico, e zelo da difciplina
yóo
B IBLIO THE CA
regular prafticados neftes lugares, fubio ao
de Provincial no Capitulo celebrado a 28. de
Outubro de 1645. Foy Qualificador do Santo
Oííicio, e Examinador das três Ordens Milita-
res. Morreo no Convento de N. Senhora de
Jefus deíla Corte a 26. de Setembro de 1662.
com 71. annos de idade e 48. de Religião.
Publicou.
Co//ecçaÕ de EJiatutos ejlabelicidos em diverfos
Capítulos antecedentes, e decretos no tempo do Jeu
Provincialado, approvados pelo Definitorio, e Vice-
-Colleãor do Rejno. foi. 1646. naõ tem lugar,
nem nome do Impreflbr.
DUARTE CORRÊA natural da Villa de
Alanquer, e Familiar do Santo Officio. Dei-
xando a pátria paíTou ao Oriente, e na Cidade
de Macáo fe recebeo com huma conforte de
virtuofos procedimentos. Eftimulado da
curiofidade fe introduzio em o Japaõ, e dif-
correndo por efte vaílo Império chegou a Nan-
gazachi, cujos Governadores fabendo que elle
profeflava a Fé do Crucificado, o mandarão
prezo para Vomura a 4. de Novembro de 1637.
Depois de tentada a fua conftancia com varias
promeíías para que abjuraíTe a Ley Evangé-
lica admirados os bárbaros da incontrafta-
vel firmeza da fua ConfiíTaõ foy levado a
Nangazachi, e condenado a fogo lento que
tolerou com animo inalterável por largo tempo
até que voou o feu efpirito a coroarfe na
eternidade com a laureola de Martyr em o mez
de AgoJfto de 1639. Delle fe lembra o P.
António Francifco Cardim Elog. dos Relig.
da Comp. pag. 330. Efcreveo.
Kelaçaõ do Alevantamento de Ximabarà,
e do feu notável Cerco, e de varias mortes
dos noffos Portugueses pela Fé Lisboa por
Manoel da Sylva 1643. 4-
DUARTE DIAS natural da Cidade
do Porto. AíTiftio muitos annos em Hef-
panha com o pofto de Soldado por cuja cau-
za foube com perfeição a lingua Caílelha-
na, e teve baftante noticia da Italiana. Cul-
tivou fempre as Mufas para cujo eíhido o
inclinou o génio defde a primeira idade,
publicando.
Uarias obras em ver/o Cajlelhano, e Por-
tugue^' Madrid por Luiz Saches. 1692.
4. e Çaragoça por Pedro Bermudes 1596.
4. dedicadas a D. Margarida Cortereal.
Lm Conquijla que hi:(ieron los Rejs Católicos
en el Rejno de Granada. Madrid por la Viuda
de Alonfo Gomes 1598. 8. Coníla efte Poema
em 8. rima de 21. Cantos, e he dedicado a D.
Chriílovaõ de Moura Corte-real Commen-
dador mòr de Alcântara, do Confelho de
Eftado, e Sumilher de Corps do Príncipe de
Efpanha.
DUARTE FERNANDES efcreveo
conforme affirmaõ Ant. de Leon. Bib. Orient.
Tit. 3. e Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
259. col. 2.
Kelaçaõ do Reyno de Pegu. M. S.
DVARTE GALVAM natural de Évora
filho de Ruy Galvaõ Secretario dos Serenif-
fimos Reys de Portugal D. Joaõ o primeiro, e
D. Aífonfo V. e Efcrivaõ da fua Fazenda, e do
feu Confelho, e de fua mulher Branca Gonçal-
ves, irmaõ de D. Joaõ Galvaõ Efcrivaõ da
puridade delRey D. Aífonfo V. Bifpo de
Coimbra, e Legado à Latere de Papa Pio 2.
neíle Reyno, e nomeado Arcebifpo de Braga.
Foy educado com aqueUas inílrucçoens dignas
do feu nacimento fahindo doutamente ver-
fado nas letras humanas como na intelligen-
cia das línguas, que lhe facilitou a liçaõ da Hif-
toria Sagrada, e profana. A madureza do
juizo unida à capacidade do talento o fez mere-
cedor de fubftituir no anno de 1460. a Fernaõ
Lopez em o lugar de Chroniíla mór do Reyno
em que o nomeou ElRey D. Aífonfo V.
e que D. Joaõ o fegundo, o elegeíle por feu
Secretario, cujo minifterio exercitou com fatis-
façaõ de taõ grande Princepe. Naõ permitio
o SereniíTimo D. Manoel que efHveífe reduzida
em os limites da pátria a profunda comprehen-
faõ de Vaífalo taõ benemérito, e para que fe
íizeíre patente ao mundo o mandou com o
caraéler de feu Embaxador a Alexandre VI. ao
Emperador Maximiliano, e a ElRey de
França fendo em taõ famofas Cortes ref-
peitadas as máximas da fua politica fempre
regulada pelos diâames do Evangelho.
Recebendo efte Monarcha em o anno de
15 14. huma Embaxada de Helena Rainha
da Etiópia em nome de feu filho o Em-
LUSITANA.
pcrador David com alguns precioros dona-
tivos que lhe entregou íeu Embaxador Ma-
theos de naçaõ Airmenio o nomeou com o
mcfmo caraâer a efte vaílo Império para
congratular aquella Princcza do obfequio
c|uc com cllc prafUcara. Partio Duarte
(ralvaõ a 7. de Abril de 15 15. na armada
cm que hia por Governador da índia
Lopo Soares de Alvarenga, acompanhado
de Francifco Alvares Capellaõ delRey D. Ma-
noel, c chegando com profpero fucccíTo i
Índia paíTou ao Eftreito do mar roxo onde
como já foíTe de idade muito proveâa naõ
permitio a fortuna que concluiíTe aquella
embaxada com a gloria que alcançara nas
Gjrtcs dos Princepes Européos, fallccendo
na Ilha de Camarão a 9. de Junho de IJ17.
Os fcus oíTos foraõ conduzidos por Francifco
Alvares fcu companheiro quando voltou da
Corte do Preíle Joaõ à índia donde os trouxe
fcu filho António Galvaõ Capitão, e Apof-
tolo de Maluco, de quem fizemos larga
memoria cm feu lugar, a efte Reyno, e dcf-
cançaõ no Real Convento de S. Fran-
cifco de Enxobregas. Foy Alcayde mór
de Lcyria, e cafado com D. Catherina de
Soufa filha de Femaõ de Soufa Alcayde
mòr de Leiria, e de D. Izabel de Albuquer-
que filha de Joaõ Gonçalves de Gomide
Senhor de Villa-verde de quem teve defcen-
dencia. O feu nome he celebrado pelos efcri-
tores mais celebres, como faõ Barros Decad.
5. da índia Liv. i. cap. i. Homem de grande pru-
dência, e no cap. 4. homem douto nas letras da
humanidade. Caftanheda Hijl. do defcob. da índia.
Liv. 3. cap. 152. Fidalgo de muito merecimento
por muito ferviço, que tinha feito aos Keys
de Portugal no tempo delKey D. Affonfo V.
até aquelkj ajfi em tomadas dos lugares dalém,
como em hir por Capitão em armadas de
focorros que eftes ^eys mandarão a feus
amigos, como em hir por Embaxador muitas
t>e;ys aos Rejs da Chrijlandade, e ao impe-
rador fobre coufas de muita importância em
que moftrou fer muito prudente negociando fempre
a muito contentamento dos Kejs, que o manda-
vaõ. Góes Chron. delRej D. Man. Part. 3.
cap. 77. Homem muito prudente e Part. 4.
cap. 15. e na Chron. do Vrincep. D. Joaõ
cap. 63. Refend. in Refponf. ad Kabed
73i
piro nobili, & tmâitionis varia. Faria AJia
Vortug. Part. j. cap. i. n. i. ptrfona de
leiras, authoridad, y prudência. Cunha Hift,
Eccle. de Jirag. Part. 2. cap. 6z. dot/ío nas
letras humanas, e VaraÔ infiffu. CardoC
A^L Lnfit. Tom. 2. pag. 140. no Co-
mem, de II. de Março let. C. Homem
muy verfado em letras humanas, Soufa de
Macedo Vlor, de lijpan, cap. 8. cxceL 9.
deligenti Chronijla, Tellez Hsfl, da Etiop.
Alt. Liv. 1. cap. j. Peffoa de grande talento,
e nobre^^a, prudência, e valor. Guer. Glor. Cor.
Part. I. cap. 7. homem de muita prudência, e
Chrijlandade. e no cap. 9. Gravijtmo Varaò.
Salaz. Hift. da Cafa. de Sjlv. Liv. 12. cap. ij.
Fonfec. Ejvor. Glorio/, p. 404. Sapientijftmo.
Brandão Mon. Lufií. Part. 5. Liv. 8. cap. i.
Pejfoa de grande authoridade. Fr. Jacinto
de Deos Verg. de Plant. e Flor, cap. 4.
Art. I. pag. 121. JoaiL Soares de Brito.
Theatr. Lap. Utter, lit. E. n. 5. NicoL Ant.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 259. col. 2. Por ordem
delRey D. Manoel reduzio a melhor methodo,
e mais claro eftilo as Chronicas dos Reys de
Portugal como o mefmo Duarte Galvaõ
declara no Titulo do Prologo da Chronica
delRey D. AiFonfo Henriques neíla forma.
Prologo do Autbor deriffdo a bo Serenijftmo,
e muito poderofo ElRey D. Manoel nojfo
Senhor fobre has vidas, e excellentes feitos
dos Kejs de Portugal feus ant ece ff ores &c.
no fim do mefmo Prologo. Mandar-me V. A.
mw/ aficadamente que hos notáveis feitos dos
m/fy ef clareados P>jeys vojfos antecejfores ef-
critos, e poflos por negligencia dos efcritores,
ou culpa dos tempos nom foo em menos polida,
mas ainda em defordenada, e acerqua nem
achada memoria bos qui:(ejfe ordenar, e efcre-
ver, e quafi trefpajfar ha mais honrados Jai(i-
guos, e fepulturas como hee meu de:^efo para
vojfo Servido &c. Por efta caufa Manoel
de Faria, e Soufa nas Advertências à Afia
Portug. n. 23. allega dez Chronicas ef-
critas por Duarte Galvaõ defde D. Affonfo
Henriques até ElRey D. Fernando, e que
foraõ recopiladas das que deixou compollas
Fernaõ Lopes, e com o título de Summario
dos Reys de Portugal as allega Gafpar Eftaço
nas Antiguid. de Portug. foi. 186. A Chro-
nica que certamente reduzio Duarte Gal-
vaõ a melhor eftilo foy a de D. AíFonfo Hen-
riques como affirmaõ Barros Decad. 3. da
Jnd. Liv. I. cap. 4. apurou a linguagem antigua,
em que ejlava ejcrita, e Góes Chron. de D. Ma-
me/ Part. 4. cap. 38. dizendo que afe^ de novo.
O Original delia Chronica fe conferva no
Archivo Real da Torre do Tombo, da qual
extrahio huma Copia fiel Miguel Lopes
Ferreira, e a publicou em noíTos tempos
com eíle titulo.
Chronica do muito alto, e muito ejclarecido
Príncipe D. Ajfonjo Henriquet(^ primeiro Kej de
Portugal. Lisboa na Oííicina Ferreiriana.
1726. foi.
Exhortaçaõ feita por Duarte GalvaÕ do Con-
Jelho do Serenijftmo Kej D. Manoel aos que por f eu
mandado vaõ à conquifia da Índia porque faibaõ, e
folguem muito mais de faber que bem , e ferviço de
Deos vaõ fa^er. Efta exhortaçaõ eftava junta
com outra que compoz na occaíiaõ em que foy
por Embaxador ao Prelle Joaõ a qual co-
meçava. Pois Deos, e ElRej me ordena, que vã
com vos outros Senhores à índia &c. Deíla obra
faz mençaõ Barros Decad. 3. da Ind. Liv. i.
cap. 4. Ambas eftas exhortaçoens fe con-
fervaõ M. S. na Livraria do Excellentiffimo
Conde de Vimieiro.
Difcurfo do Amor, e Defamor. M. S.
Nobiliário de varias famílias do Rejno à
imitação do Conde D. Pedro, o qual também
anda viciado como aííirma Manoel de Faria,
e Souza nas A.dvert. à Afia Portug. n. 69. e
o tivera em feu poder.
DUARTE DA GAMA celebre Poeta da
fua idade cujas obras fe imprimirão no Cancio-
neiro de Garcia de Kefende Lisboa por Herman
de Campos. 15 16. foi. a foi. 94. v.» 132. v.°
135. v.o 143. 144. 169. 170. 175. v.o e 181.
DUARTE GOMES SOLIS fidalgo
da Cafa Real, e natural da Cidade de Lis-
boa donde paíTou à índia Oriental para
melhorar da fortuna, que fempre fe de-
clarou infaufta aos feus defignios. Quatro
vezes dobrou o Cabo da Boa Efperança
onde trez padeceo laftimofo naufrágio cahin-
do nas maõs dos Cafres que deshumanamente
o tratarão. Sérvio ao Eílado naõ fomente
com importantes arbitrios que cediaõ
BIBLIO THE CA
em beneficio da fua confervaçaõ, mas com
grandes empreílimos de dinheiro merecendo
por taõ aíTmalados ferviços eílimaçoens do
Vice-Rey D. Jerónimo de Azevedo, e do
Governador Manoel de Soufa Coutinho.
Sendo Feitor do Contrato da Canella o defter-
rou da índia o Vice-Rey Mathias de Albu-
querque pelo crime de ligar a prata, e para
defender a fua innocencia injuftamente culpada
efcreveo hum douto Memorial. Vindo embar-
cado em a náo Madre de Deos de que era
Capitão mór Fernando de Mendoça para o
Reyno em o armo de 1591. foy prizioneiro
dos Inglezes na Ilha do Corvo. Cheyo de
annos, e de achaquez fez o feu domicilio na
Corte de Madrid, onde publicou.
Difcurfos fobre los comércios delas dós
índias, donde fe tratan matérias importantes
de miado, y guerra. Dirigido ala facra, j
catholica Magejlad delRej D. Filippe Quarto
nuejlro Senor. 1622. 4. Naõ tem lugar
nem nome do ImpreíTor. No fim tem as
obras feguintes.
Contrato propuejio por el Author cerca
delas fabricas de las naves dela Carrera de
la índia. Efcrito em L.isboa a 10. de No-
vembro de 161 2.
Succejfos delas naves, y armadas defde el oito
de 560. en que vino la nave l^lagas que el Virey
D. Conjlantino hi:(p en Goa por los libros dela
Cafa dela índia jda, j venida. En el principio
fe declaran los tiempos en que partieron las naves
de Lisboa, j en elfn quando llegaron.
Carta efcrita de Lisboa ai Duque de
Ler ma en 20. de Novembro de 161 2.
Allegacion en favor dela Compania, dela
índia Oriental, j Comércios Ultramarinos,
que de nuevo fe inflituyo, en el Reyno de Por-
tugal. Dedicado ai Conde Duque. Lisboa
1628. 4. fem nome do Impreílor.
Fr. DUARTE DE LISBOA natu-
ral da Cidade do feu appellido Eremita de
Santo Agoílinho o qual com eftilo fincero
efcreveo.
Compendio fucinto dos Santos da Or-
dem de Santo Agojiinho, de cuja obra, e
feu Author fazem mençaõ Fr. Ant. da
Purif. Chron. da Prov. de Santo Agojl. de
Portug. Part. 2. liv. 7. Tit. 7. pag. 267.
L USITANA.
rol. I. e de Vir, Wujlr. Ord. D. Ang. lib.
:. cap. 5. e Joan. Soar. de Brit. Tbtatr. Lttjit.
\ Mter. lit. E. n. 7.
DUARTE LOBO natural de Lisboa, e
• lilVipulo da Arte do Contraponto do iníigoe
Manoel Mendes Meílre da Cathedral de Evofa
rom quem competio na profundidade da
ciência Mufíca ou foííe na Theorica, ou na
l'nidica, pela qual depois de fcr Meftrc do
I lofpital Real de Lisboa fubio a exercitar o
incimo miniílerio na Githedral deíla Gdade
{>cIo cfpaço de quarenta, e cinco annos, onde
loy Cónego de quarta Prebenda, e pela pru-
«Icncia do feu talento Reytor do Seminário
\rchicpifcopal. António Fernandes Meílre de
Mufica lhe dedicou a fua Arte que publicou
iu> anno de 162;. onde lhe faz muitos elogios,
naõ menores lhe confagraõ D. Franc. Man.
11:1 Cíirta dos A A. Portug. efcrita ao Doutor
Manoel da Fonfeca Thcmudo, Man. de Far.
o Souf. Fuent. de Aganip. Part. 2. Põem. 10.
I''ftanc. 72. e 73. Joan. Soar. de Brito Tbeat.
\j4Jit. Utter. lit. E. n. 8. Aríis mufica peri-
íiftmtis. Morreo com cento, e três annos de
idade deixando para teílemunhas da fua fcien-
cia as obras feguintes.
Canticum Mafftificat quattuor vocihus. An-
luerpias ex Officina Plantiniana Balthafaris
Moreti 1605. foi. grande. Coníla de 16.
Magnificas de diverfos Tons.
Natalitía mais rejponforia quattuor, <&
oHo vocihus. Mijfa ejujdem noãis oão vocihus.
li. V. Maria Antiphona oão vocihus. Ejuf-
dem Virginis Salve choris trihus, (ò* vocihus
mdenis. Antuerpiae apud Joan. Morettum
1611. foi. grande
MiJfa quattuor quinque, fex, (Ò' oão voci-
iuis. ibi apud Balthafarem Moretum 1621. foi.
i^rande.
MiJfa quattuor quinque, <Ò^ fex vocum ibi
per eumdem Typ. 1639. foi. grande. No prin-
cipio tem AJperges, e Vidi Aquam a 4. vozes.
Officium Defunãorum em canto cbaõ. Lisboa
por Pedro Crasbeeck 1603. 4.
L.iher Procejftonum, (& Stationum Ec-
<'lejia Olyjftponenjis in meliorem formam redaãus
ibi apud Petrum Crasb. 1 607.
Na Bibliotheca Real da Mufica fe con-
fervaõ as obras feguintes.
733
Dt^ PfaJmos dê vtf peras de dherfas vo^es.
Eíbmt. 56. n. 814.
Cimo Mijfas a 4. Ufoe/u de Defuntos, 9 a
Sequencia da MiJfa a 4. 6. 8. 9. e mais voxes.
Eftant. 36. n. 806.
Motetes de Defuntos, n. 810.
Dous VHhaticieos ao Satitijftmo Sacramento.
Eíbuu. 28. n. 705.
DUARTE LOPES natural da Villa de
Benavente do Arcebifpado de Lvora, donde
partio em Abril de i $78. embarcado em a oáo
Santo António para Loanda Ilha fituada na
Coíla do Reyno do Congo onde pela aíTiftencia
que fez nefta regiaõ defcreveo naõ fomente
a fua jornada, mas relatou com fumnu indi-
viduação o clima daquelle Paiz, os coíhi-
mes de feus habitadores, e todo o género de
plantas que produz o feu terreno, cuja relação
traduzio na lingua Italiana Filippe Pigafetta,
e fahio com eíle titulo.
Kelatione dei Keame di Congo, €> delle cir-
cumvicine contrade trata dalli Scritti e raffona-
menti di Odoardo Lopes Portoghefe. Roma
apreíTo Bartholameo GraíTi. 4. Sem anno da
impreflaõ. Sahio vertida cm Latim por
Agoílinho Cafliodoro Reinio neíla forma.
Vera defcriptio regni Africani quod tám
ah incolis, quám Lujitanis Congus apellatur
per Philippum Pigafettam olim ex Edoardi
Ijopes acroamatis lingua Itálica excerpta.
Francofurti apud Wolffgangum Richtcr 1598.
foi. com eílampas :
Do Author, e da obra fe lembraõ Ant.
de Leaõ Bih. Ind. Tit. 2. e Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 260. col. i.
DUARTE LOPES ROSA natural da
Gdade de Beja em a Província do Alentejo
infigne Medico, e naõ menor Poeta de cujas
faculdades deu repetidos argumentos na Corte
de Roma, e Gdade de Amíierdaõ onde
aíTiftia pelos annos de 1699. Compoz.
Panegírico de Guilielmo III. e da Se-
renij/ima Aíaria Reys de Gram Bretanba.
Amfterdam 1690. 4.
Elogios ao felice nacimento do SereniJJimo
Infante de Portugal D. Francifco Xavier
filbo das Ínclitas magefades de D. Pedro 11. e
D. Maria Sofia. 1691. 4.
734
BIBLIOTHE C A
Soneto dedicado à Magejlade da Serenijfima
Prifíceí^a de Niuburgo D. Maria Sofia agora
Kainha de Portugal em Jua felicijfima uniaõ
com E/Rej D. Pedro II. foi. Naõ tem lugar da
ImpreíTaõ, porém certamente he Amílerdaõ,
nem o anno.
Ao Excellentijftmo Senhor Princepe Senefcal
de Ligne Marquet^ de Arronches em louvor do
Panegyrico que Sua Excellencia dedicou à Real
Magejlade delRej D. Pedro II. nojfo Senhor
que Deos guarde. 4. Coníla de 8. Outavas.
Naõ tem anno, nem lugar da ediçaõ.
Novellas Efpanholas. M. S.
Luí^es dela Idea, y académicos difcurfos, que
fe propot(ieron en la ilufire Academia de Amjier-
dan en el ano 1685. intitulados los floridos de la
Almendra con otras flores dei ingenio a dijferentes,
y vários affumptos. M. S.
DUARTE MADEYRA ARRAES natu-
ral da Villa de Moimenta íituada quatro
legoas ao Nacente da Cidade de Lamego na
Provinda da Beyra. Inftruido com as letras
humanas, e Poeíia eíludou na Univerfidade de
Coimbra as faculdades de Filofofia, e Medicina,
nas quaes recebeo os gráos de Meílre, e Licen-
ciado com a univerfal acclamaçaõ do feu
engenho alcançando mayor applaufo quando
fendo Phyíico mór da Mageftade delRey
D. Joaõ o IV. naõ havia infermidade, que naõ
cedeíTe à efficacia dos feus medicamentos,
triunfando dos achaques mais inveterados
por methodo novo, e unicamente prati-
cado pela fua profunda efpeculaçaõ. Por
eftes milagres da arte Medica com que arre-
batava as admiraçoens de todos lhe cantou
em feu obfequio a difcreta, e elegante Mufa
de Sor Violante do Ceo eíle Soneto nas Rim.
Var. pag. 15.
O' tu que oppojio Jempre à dura Parca
Conf ervas em teu fer o Jer humano,
Pois por Jer Efculapio foberano
Menos por feu refpeito a morte abarca.
Tu que Arraes deves fer da vital barca
Que navega no mar do mal tirano
Novo Galeno, Apolo I^ujitano
Medico em fim do Portugue:^ Monarca.
Ij)gra de Jingular a feli^i forte
Tanto a pe^ar da intrépida homicida
Que fejas do mais douto immortal Norte.
Pois vitoria fera bem merecida
Que quem opporfe fabe à mefma morte
Saiba dar a feu nome immortal vida.
Naõ fomente foy infigne Medico, tms
peritiflimo Cirurgião executando com for-
tuna, e agilidade as mais violentas oppera-
çoens deíla arte. Morreo em Lisboa a 9.
de Julho de 1652. Jaz fepultado junto
da Sancriftia do Convento de NoíTa Senhora
de Jefus deíla Corte. Compoz.
Apologia em que fe defendem humas fangrias
de pés dadas em huma inflamação de olhos compli- .
cada com gonorrhea purulenta de féis dias. Dedi-
cada ao Conde de Villanova D. Gregório de
Cajlellobranco. Lisboa por António Alvarc^
1658.4.
Methodo de conhecer, e curar o morbo gallico 1 .
Parte. Propoem-fe definitivamente a effencia,
efpecies, caufas, finaes, pronojlicos, e cura do
morbo gallico, e todos feus effeitos, e fe trata do
açougue, falfaparrilha, GuaiaçaÕ, pao fanto, rá^
da China, e de todos os mais remédios dejla enfer- .
midade. Lisboa por Lourenço de Anvca. \
1642. 4.
Part. 2. DifputaÕ-fe largamente por quej-
toens, e argumentos em forma todas as du-
vidas, que fe podem mover fobre a ejjencia,
efpecies, caufas, finaes, e pronojlicos da cura \
do morbo gallico, e as que pode haver fobre
o açougue &c. Lisboa pelo dito Impreífor ;
1642. 4.
Sahiraõ eílas duas Partes em hum tomo
de folha. Lisboa por António Crasbeek
de Mello 1683. e a primeira illuftrada comi
varias annotaçoens pelo D. Francifco da Fon-
feca Henriquez Mirandella. Lisboa por An- \
tonio Pedrozo Galraõ 171 5. foi.
Nova Philofophia, €>* Medicina de occultis-
qualitatibus á nemine unquam exculta parsi
prima Philofophicis, (& Medicis perneceffam,\
Theologis vero aprime utilis. Accedit inau£ta\
Philofophia de Arbore Vita Paradifi qualita-^
tibus; de viribus Mufica, de Tarântula, ac qualita-\
tibus eleãricis, e^ magneticis. Serenijfimo Lufitofiki,^
(ò' Brafilioe Principi Theodojio. UlyíTipone apudj
Emmanuelem Gomes de Carvalho 1650. 4.:
Deíla obra faz mençaõ Vander-Linden de
Script. Medic. Na Difput. 9. Seft. i. Dubit. 3.
deíla obra allega a 2. Parte como já compofla,
e prompta para a impreílaõ.
L USITANA.
735
l
Cttratio, & Confultatio de Ter/ia/ta Spuria
:im Jiijpicatlone niallgmtatis qm in quinta acctj-
mt, <& nona die terminata fmt M. S. 4. G)n-
rva-fc n5i Hib. Real.
Anaton/ia do Cavallo 2. Tom. foi. Aí. S,
I onfcrvava-fe na Livraria do Medico Manoel
oares Brandão.
Obfervaçotns Medicas M. S. que íicaraò
n poder de Tua mulher D. Antónia da Sylva,
parte delias tinha o Doutor Manoel de Pinna
l.irurgiaõ Mór do Reyno. Eílavaõ promptas
(lara a impreííaõ.
Fazem memoria de Duarte Madeira Arraez
IJoan. Soares de Brit. Theatr. Ljéjit. IJfter.
it E. n. 9. intitulando-o Medicus clarijfimus
D. Francifco Manoel na Carta dos AA.
'ortiig. e o moderno addicionador da Bib,
Orient. de António de Leaõ Tom. i. Tit. 14.
DUARTE DE MELLO DE NORONHA
uõ nobre por nacimento, como iníigne pela
Íòeíia de cuja divina Arte produzio fazona-
bs frutos o feu florido engenho fendo o
líco que logrou da luz publica.
f Batalha de Montes Claros. Lisboa por
Domingos Carneiro 1665. 4. He huma
i Sylva muito larga em que celebra o famofo
[triumfo que alcançarão as Armas Portuguezas
Mas Caftelhanas nos campos de Montes Claros
i 17. de Junho de 1665.
D. DUARTE DE MENESES Naceo na
jfQdade de Tangere íituada na Regiaõ Africana
»a 6. de Dezembro de 1537. quando governava
•efta Praça feu Pay D. Joaõ de Menezes Senhor
da Cafa de Tarouca, Commendador de Albu-
^fcira na Ordem de Chrifto, fendo fua Mãy D.
ULuiza de Caílro filha de D. Pedro de Caftro ter-
kciro Conde de Monfanto. Com o nacimento
perdou o efpirito militar de feus afcendentes,
\àt que foy o primeiro theatro a fua Pátria,
"onde fendo feu trigifTimo Governador, teve
entre os triunfos que alcançou dos bárbaros, a
'gloria de receber por hofpede a ElRey D. Se-
baftiaõ que impellido do dezejo da conquiíla de
Africa fe embarcou arrebatadamente com
pequeno numero de embarcaçoens, e Sol-
dados, e chegando àquella Praça com me-
nos authoridade, que era devida à fua
PeíToa disíarçou a impnideock da jocaada
com o ptetexto de vífitar as Praças de Afdca,
alentar os Soldados, e atemonzar aos inimigos.
Naõ deixou a prudência de D. Duarte de
rcprezentar a ElRey as infelicidades, que (e
podiaõ efpetar de reíoluçaô taõ precipitada,
porém como efte Príncepe fomente obededa
ao feu appetite, e naõ á madureza dos G>aíe-
Ihos de Va/lalo taõ fiel, o trouxe em Tua
companhia, e com elle paíTou aos Campos de
Alcácer Seguet onde com o pofto de Mef-
tre de Campo General, fez acçoens de eterna
memoria, mas como eftava decretada a fatal
ruina deíle Reyno cfcapando da morte fe naõ
pode livrar do Cativeiro. Reílituido á liberdade
foy Governador do Reyno do Algarve donde
os feus merecimentos que credaõ com os
annos o elevarão a Vice-Rey do Eíbulo da
índia fendo na ordem o decimo quinto.
Partio de Lisboa em a Náo Chagas, e che-
gando a Cochim a 5. de Outubro de 1^84.
foy recebido por trezentos Eíludantes que
mudando o habito efcolaíUco pelo militar
lhe celebrarão a fua chegada com diverías
Oraçoens Gratulatorias. No tempo do feu
Vicereynato triunfou do Naique de Sc-
guicer no Idalcaõ, do tyrano Rajú em
Columbo, de Mir Alibet no porto de Am-
paza, dei Rey Ujantana, em a Cidade de
Jor pela invencível efpada de D. Paulo
de Lima, coroando todas eftas vitorias
com a memorável que alcançou do Rajú
em Malaca. Falleceo em Goa em o prin-
cipio de Mayo de i;88. quando contava
51. annos de idade, e quatro de Vice-Rey.
De cuerpo era pequeno (aflim lhe defcreve a
figura, e o caraâer Manoel de Faria, e Souía
Afia Portug. Part. i. cap. 5. n. zz.) pêro ayrofo:
de animo, j de confejo, y de authoridad grande:
buen latino, y Italiano y aficionado ala Poefia,
tanto que ejcrihio buenos ver/os. Foy caiado
com D. Leonor da Sylva filha de Diogo
da Sylva herdeira da Cafa de Vagos Regedor
das Juíliças, e Embaxador ao Concilio Tri-
dentino, e de fua mulher D. Antónia de
Vilhena, de quem teve entre outros filhos à
D. Luiz de Menezes fegundo Conde de
Tarouca, Commendador de Albufeira. Fa-
zem memoria da fua peíToa D. Fernando
de Menezes Hifi. de Tanger pag. 8c. Souf.
JÒ6
BIBLIOTHE CA
Ortent. Conq. Part. 2. Gjnq. 5. Divif. 2. §. 92.
e o moderno addicionador da hib. Ortent.
de Ant. de Leaõ Tom. i. Tit. 8. col. 176.
Efcreveo.
Carta efcrita de Goa no anno de 1587. a
Camhacundono Hmperador da China chamado
depois Taicujama. Sahio impreíTa na Yiifi. delas
MiJJion. dela Comp. de JESUS en los Rejnos dei
Japon por el P. Lui:^^ de Gufman Keligiofo dela
mijma Compartia. Part. 2. Liv. 12. cap. 3.
Provijaõ dada em Goa a \z. de Abril de 1 5 86.
a Domingos Monteiro Capitão do mar da China,
e Viagem do Japaô para que Je ohjervajje que fe
guarda-fe o Breve de Gregório XIII. em que man-
dava fomente prêgajjem no Japaõ os PP. da Com-
panhia com hum a Carta efcrita de Goa a 1. de
Mayo de 1586. ao Bifpo da China. Sahiraõ
impreíTas eílas duas coufas no Livro aíTima alle-
gado à pag. 656. 657. e 658.
DUARTE DE MORAES Presby-
tero, e Reytor do Collegio dos Maronitas
em Roma no Pontificado de Xiílo V. Foy
muito douto em diverfas Faculdades, e
Theologo do Cardial Scipiaõ Gonzaga.
Padecendo a Cúria huma grande careítia
de paõ lhe pedio o Cardeal Palleoto que
efcrevefle a caufa donde procedia aquella
efterilidade, e obedecendo a eíla iníinua-
çaõ efcreveo dous tomos. Em o primeiro
moílrava por hiftorias, e authores anti-
gos, e modernos, que a mayor parte das
Naçoens do mundo fe naõ alimentavaõ
com paõ de trigo, e da diverfidade de
mantimentos que comiaõ. No fegundo
moilrava as caufas donde procedia a caref-
tia, e como era mais efpiritual o argumento
permitio, que eíla fegunda parte fe publicaííe
a qual fahio com efte titulo.
Difcorfo intorno le carifiie, nel quale fi conten-
gono le cagioni perche Iddio le manda, e Vutile, che
daquelle i Chrifliani pojfono ricevere. Roma per
Afcanio Hieronymo Dragoneli 1591. 8.
Fr. DUARTE DE NAZARETH na-
tural da Villa da Pederneira do Patriar-
chado de Lisboa Monge Ciílercienfe cujo
Inílituto profeíTou no Real Convento de
Alcobaça em cuja Livraria fe confervaõ
as obras feguintes que efcreveo.
Hijloria de expugnatione Santarém ab Alphonfo
Henriquei^.
Liber de Jide Incarnationis S, Fulgentii.
Libér Septem hifloriarum B. Orojii Presbiteri
cum defcriptione terrarum, <& eventibus ante
urbem conditam 1300. ufque ad 11 69. ab urbt
condita.
DUARTE NUNES DE LEAM Na-
ceo na Gdade de Évora onde teve por Pay
ao Doutor Joaõ Nunes iníigne profeflbr
de Medicina que fendo chamado a Caftelk
para curar huma grave infermidade, ao voltar
para a pátria morreo infauílamente fumergido
no rio Digebe. A natureza o dotou de enge-
nho perfpicaz naõ fomente para em breve
tempo comprehender as fciencias amenas
fahindo infigne Latino, e naõ menor Poeta,
e Mythologico, mas ainda as mais fevetas,
como admirou a Univerfidade de Coimbra ;
quando recebeo o gráo de Licenciado em
Direito Civil, que o habilitou para fer Dezem- :
bargador da Cafa da Supplicaçaõ, onde ma- 1
nifeílou os dotes que conítituhem hum pet-f
feito Miniílro. Nas horas vagas de miniftc- (
rio taõ laboriofo fe dedicou impellido do ,
affefto para a Pátria reduzir a melhor mc-J
thodo as Chronicas dos Monarchas Por- '
tuguezes efcritas pelos Chroniftas, que lhe
precederão, nas quaes refutou alguns fuccef- ;
fos apocryfos que manchavaõ o decoro dos^
Soberanos, e defendeo outros que cediaõ'
em mayor authoridade das fuás Peííoas. Cri-:
ticou com graves fundamentos a Genealogia;
dos mefmos Princepes que em Pariz com-;
puzera, e imprimira Fr. Jozé Teixeira da Or-
dem dos Pregadores que para juíUficar a per-
tençaõ ao trono de Portugal do Senhor D. An-j
tonio Prior do Crato de quem era acérrimo;
Sequaz, intentou perfuadir que a fucceíaõ;
deíle Reyno naõ era hereditária, mas eleâiva.
Defcreveo com exacçaõ o fitio do noíTo Reyno^
relatando os coíhimes dos feus naturaes, e as,
acçoens dignas de memoria obradas aíTuii'
na paz, como na guerra; recopilou as
leys que para fua confervaçaõ promulga-
rão os Princepes; defcubrio as fontes dos,
Vocábulos de que uzaõ os Portuguezes
para que naõ fomente fallalTem com pu-|
reza, mas efcreveíTem com pontuação.
L USITAN A.
Querendo livrar-íe do conugio que faul-
mcntc devaílava efta Corte no anno de
1599. fe retirou á Villa de Alverca, e nem
o temor da morte, e menos as moleíUas
da ancianidadc lhe impedinõ continuar
nas Tuas litterarias compofíçoens tolerando
com animo conílante a adverfídade da
fortuna que nau correfpondeo benigna a
tantos difvclos intentados, e profeguidos
em obfequio da Pátria até que falleceo em
IJslíoa no mcz de Mayo de 1608. O fcu
nome celebrarão Nicol. Ant. hib. Hifp.
Tom. I. pag. 260. col. i. Patriam vidi-
licet Hifloriam, eí^ qmdqtàd iMfttanum con-
tinet nornen celebrandi, atque exomandi curam
avidijfime ampkxus clara admodum hujus Jludii
atque in eo pofitct indiiftria qtmm plurima
dedit, emanareque Jecit in vtdgus documenta.
Salaz. Ind. delas Glor. dela Caf. Farn. pag.
669. llujhre entre todos los Clajftcos Efcrito-
res de Efpaiia con las grandes Itc^s que tuuo
dela Hijloria univerfal. Fr. Nicol. de Oliv.
Grand. de Usb, Trat. 2. cap. 5. muito douto.
Franckenau Bib. Hifp. Hijl. Gen. pag. 102.
Hijloria pátria vindex. Barbof. de Potejl.
Epifcop. Part. 3. Allegat. 78. n. 18. rara
facúndia, ^ exquijita eloquentia Vir. Barbof.
Kemiff. ad Ord. Kegn. Portug. Lib. 4. Tit. 21.
n. 6. 9. 10. & Lib. 5. Tit. 50. Fr. Ber-
nard. à D. Ant. Epit. Kedempt. Lib. i.
cap. 12. §. 5. diligentijftmus rerum, ac veri-
tatis indagator, de Kegum Portugallia geflis cele-
bris Hi^oriograpbus. Maced. Flor. de E/p.
cap. 8. excel. 11. Joan. Soar. de Brit. Theat.
Eufit. Utter. lit. E. n. 10. humanioribus dif-
ciplinis non leviter eruditus, (ò* fatis eloquens,
Advocatus egregius, Optimus Jurifconfultus. D. An-
tónio Caetano de Souf. Apparat. à Hi^. Gen.
de Portug. pag. 46. §. 24. Sciente na Hijloria.
Compoz.
Repertório dos cinco livros das Ordenaçoens,
e Leys ejlravagantes. Lisboa por Joaõ Blavio
de Colónia 1560. foi.
Eejs ejlravagantes collegidas, e relatadas
por mandado delRej D. Sebajliaõ. Lisboa
por António Gonçalves 1569. foi. Deíla
coUecçaõ faz elle diílinâa memoria in
Vera Keg. Portug. Geneal. pag. 45. fal-
lando do Cardial D. Henrique que era
Tutor de feu Sobrinho ElRey D. Sebaf-
52
737
tiaò dif per/as, & fidkibus ob iá igiotas in
methodum, e^ Ubrot rediff, e^ alias correp-
tas emtndari aaravit, êa fm hi rt fiojlra optrá
ujus tft, maffut Keip$élica utilitatt.
Orthografia da linffía Portugftn^a, Obra
utii, i mceffaria ajft para bem ifcrwir tm
Ungfêa Hijpanhol, como a Latina, e (puus
quer outras, que da Latina teem origem. Ittm
bum Tratado dos pontos das Claujuias, Lis-
boa por Joaô Barreira ImpreíTor delRey
1576. 4.
Cenjura in libellum de Ke^fim PortufflUia
origine qui Vratris Jofepbi Teixera nomim circum-
ferimtur. Ita de vera Kegum Portugallia Oripne
liber. Ad Serenijftmum Principem Albertum
Archidiuem Aujlria S. R. E. Cardinalem.
OlyíTipone ex Oífícina Antonii Riparii Ty-
pog. Reg. ijSj. 4. e no Tom. 2. Hi/p. Illuf-
trata. Francofiirti apud Claudium Mamium
1603. foi. á pag. 1221. até 1227.
Genealogia verdadera de los Reys de Por-
tugal con Jus elogios, y fummario de Jus vidas.
Lisboa por António Alvares 1590. 8. & ibi
por Pedro Crasb. 1608. 8. He traducçaõ
da obra precedente, que fez para inílruc-
çaõ do Princepc de Caftclla D. Filippc a quem
a dedicou.
Primeira parte das Chronicas dos Reys de Por-
tugal. Lisboa por Pedro Crasbeeck 1600. foi.
Coníla defde a fundação do Reyno até ElRcy
D. Fernando. Sahio fegunda vez imprefla
Lisboa por Filippe Villela 1677. foi.
Origem da lingua Portuguer^a. Dirigida
a D. Filippe o U. de Portugal. Lisboa por
Pedro Crasbeeck 1606. 4.
DefcripçaÕ do Reyno de Portugal. Lisboa
por Jorge Rodriguez 16 10. 4. Publicou
eíla obra Gil Nunes de Leaõ Contador dos
Contos do Reyno, e Cafa Sobrinho do Author
que a dedicou ao Duque de Francavilla Conde
de Salinas, e Ribadeo Preíidente do ConfeUio
de Portugal.
Chronicas delRey D. JoaÕ de glorio/a memoria
o primeiro dejle nome, e dos Reys de Portugal
o decimo, e as dos Reys D. Duarte, e D. Af-
fonfo V. Lisboa por António Alvares 1645.
foi. Sahiraõ por diligencia do Illuíbiírimo
D. Rodrigo da Cunha Arcebifpo de Lisboa.
Obras M. S.
Vida delRey D. Sebajliaõ. He alie-
738
gada por D. Rodrigo da Cunha Cathalog.
dos Bi/p. do Port. Part. 2. cap. 37.
Vocabulário Portuguei^ muy copio/o com decla-
ração da Origem de cada Vocábulo, e de que lin-
goa emanou.
Tratado de Varoens illuftres que houve em o
Reyno de Portugal. Defta obra faz mençaõ
na Defcripçaõ de Portugal cap. 60.
Doutrina de Notários em que dá regras aos
Taballiaens como deviaõ fazer os Teílamentos.
Eftava para publicar eíla obra quando em o
anno de 1 5 76. fahio com a Orthografia da lingua
Portuguesa.
DUARTE NUNES DA SYLVEYRA
natural de Lisboa criado de D. Lucas de Por-
tugal Meftre Sala da Cafa Real, fidalgo muito
difcreto, e judiciofo, de cujos apothegmas
fez huma Collecçaõ com efte titulo.
Ditos do Senhor D. Lucas de Portugal ofere-
cidos ao me/mo Senhor. 4. M. S. Conferva-fe
efte Livro na Livraria dos Padres Theatinos
defta Corte.
Fr. DUARTE PACHECO natural de
Lisboa filho de Bernardim Ribeiro Pacheco
Commendador da Ordem de Chrifto, Capi-
tão mór das náos da índia, e de huma
Armada que foy à Cofta da Mina, e Provedor
das Fortalezas do Reyno, e de fua mulher
D. Maria de Vilhena filha de D. Manoel
de Menezes. Ainda contava poucos annos
de idade quando com refoluçaõ heróica dei-
xou as delicias da Cafa paterna por abraçar
os rigores do Clauftro Religiofo profeíTando
o Inftituto de Eremita Auguftiniano no Con-
vento de N. Senhora da Graça a 13. de Março
de 1599. Manifeftou a fabidoria nas Cadei-
ras, e a prudência nas Prelafias fendo Meftre
jubilado na Sagrada Theologia, e Prior
dos Conventos de Leiria em 16 14. de
Monte mór o velho em 161 8. de Torres
Vedras em 1620. e ultimamente Reytor
do Collegio de Coimbra em 1626. Falle-
ceo no Convento de S. Filippe o Real de
Madrid no anno de 1638. Vir accurate doc-
tus, (Ò' multarum virtutum prarogativa conf-
picuus o intitula Hypol. Marrac. Bib. Ma-
rian. Part. 2. pag. 189. Leo Allat. Apef.
Urban. pag. 370. Cardof. Agiol. Lujit.
BIB LIO THE CA
Tom. 2. pag. 424. no Comment. de 4. de
Abril letr. B. Nicol. Ant. Bib. Hi/p. Tom. i.
pag. 260. col. 2. Compoz.
Vida, virtudes, e milagres de Santa Clara
de Monte Falco. Lisboa por António Alva-
res 1628. 12. He traduzida da que compoz
Fr. Miguel Sólon Valenciano.
Epitome da Vida apojlolica, e milagres de
Santo Thoma:(^ de Villa-nova com hum tratado
da vida do V. P. Fr. Lui;^^ de Montoya, e hum
epitome dos Keligiofos feus que em ambas as Pro-
vindas de Portugal, e Cajlella tiveraõ nome. Lis-
boa por Pedro Crasbeeck 1629. 4.
Sermon dela Santijfima Trinidad. Córdova
por Salvador de Cea. 1636. 4.
Triumfos do SantiJJimo Sacramento, e de Jua
devida adoração, e culto, e muitos Sermoens de
Santos da Jua Ordem. M. S.
Sermoens das Fejlividades de Maria Santif-
Jima M. S. dos quaes faz memoria Marrado
Bib. Mar. Part. 2. pag. 189.
Vida da B. Verónica de Binafco traduv^iàa
de luitim de Fr. IJidoro de Iffolanis Dominica,
em Portugue^.
Fez duas traducçoens diíFerentes, e ambas
fe confervaõ na Livraria do Convento da
Graça de Lisboa.
DUARTE PACHECO PEREYRA cujo ^
nome fera eternamente memorável em os Aa- |j
naes da Heroicidade, ennobreceo com o foi jj
nacimento a Villa de Santarém, onde o produ- ,
ziraõ feus Pays Joaõ Pacheco, e D. Izabel Pe-
reira filha de Martim Gonçalves Pereira, e
D. Violante de Vafconcellos Senhores da Bem-
pofta, Panoyas, e Caftro Vicente na Provinda i
Trafmontana. Aquelles famofos dotes com 1
que os Efpiritos grandes fe diftinguem na idade
varonil dos outros homens lhos comunicou em
os primeiros annos a natureza com tanta pro- ,
digalidade, que logo naceo Heróe ornado de \
profundo juizo, grave prudenda, fumma afíãbi-
lidade, boa indole para as letras, e natural génio
para as armas. Efte nobre exercido o efti-
mulou a que deixando o odo como injuriofo
à nobreza do feu coração bufcaíle a cam-
panha para com o fangue próprio rubricar
as heróicas façanhas que obrou o feu in-
vencível braço no Oriente partindo de Lis- |j|
boa no anno de 1503. com o pofto de Ca-
LUSITANA.
ih
aitaõ de huma Nio em companhia daquclle
Marte Portuguez, o grande Albuquerque de
cuja militar eícola fahio taÕ difciplinado que
o excedeo na rápida velocidade com que no
breve circulo de hum anno digno de fer co-
toado com o da Eternidade humilhou, e aba-
teu o orgulho delRey de Calicut alcançando
de taô poderoío como formidável inimigo
fete vitorias continuadas» que feriaõ incriveis
à pofteridade, fe naõ foííe o gloriofo inílru-
mento delias a fua fulminante efpada. Acom-
panhado de cento, c cincoenta Portugueses,
em que dividio o feu efpirito, derrotou exér-
citos numerofos capitaneados por cinco Reys,
fumergio armadas compoílas de duzentas
embarcaçocns, e triunfou de monílruofas
machinas que a arte ajudada da violência do
fogo levantou para noíía ruina, as quaes con-
verteu cm fatal cílrago de fcus próprios artí-
fices. O fauíUíTimo ceco de taõ cfpantofos
triunfos, de que foraõ theatros os dous mayo-
tcs elementos, retumbou em Portugal com
taes applaufos que rcfolveo a Mageíladc
delRey D. Manoel vieíTe o Author delles
icceber na pátria a Coroa que com tanta
gloria do feu nome lavrara no Oriente. Antes
que fe auzentafle do Malabar querendo ElRey
de Cochim gratificarlhe as acçoens que obrara
em beneficio da fua peflba contra ElRey de
Gdicut lhe oífereceo grande copia de dinheiro,
|oyas preciofas, e algumas terras do feu do-
mínio, cuja generofa oferta urbanamente
agradeceo, heroicamente regeitou; porém
naõ querendo fer acufado de menos
atento à liberalidade daquclle Príncipe fo-
mente recebeo para eterno brazaõ das fa-
çanhas obradas em feu obfequío, hum ef-
cudo em cujo campo pintado de vermelho
pelo muito fangue derramado dos inimi-
gos lhe gravou cinco Coroas poftas em
Quina que fymbolizavaõ outros tantos
Reys vencidos, e a cercadura cuberta de
ondas com outo Caílellos armados fobre
dous navios com fete bandeiras por tantos
combates em que tríumfou da formidável
potencia delRey de Calicut. Acompanhado
do Capitão mór Lopo Soares chegou a
Lisboa em huma armada de quatorze náos
a 22. de Julho de 1505. e tanto que ElRey
D. Manoel foy certificado da fua chegada,
quereodo ^^(Wwgtii» taõ grande Vaílailo nai
honns, aífím como tinha excedido a todoa
nas acçoenf mandou &zer huma folemniíTima
prodílâõ, que díToorieo deCde a Sé até o Con-
vento de S. Domingos, e no fim delia foy
levado por elle Prinoepe ao Teu lado debaixo
do pallio. Acabada a prociílaô fubio ao Púl-
pito D. Diogo Oftiz de Vilhegas Biípo de
Vifeu, e com elegantes expceílbens na pcezença
de taò authorízado auditório rendeo as gra-
ças ao arbitro das Vitorias pelas infígnes, que
alcançara o invencível biaço de Duarte Pa-
checo contra os inimigos da fua Cruz. Naõ
fatisfeito ElRey de huma taõ publica, e hono-
rifica oAentaçaò dos metednoentos defte Heróe
parecendolhe que eta pequeno theatro pata
tanta gloria o Reyno de Portugal a fez patente
a todos os Princepes da Europa, e ao Summo
Pontífice a quem entregou a carta D. joaõ
Sutil Bifpo de Safinu Naõ foy menos fa-
tal a fua efpada aos inimigos deíla Coroa
na Afia, que na Europa reprimindo o atre-
vimento do CoíTario Mondragon que in-
feílava as noUas Cofias ao qual em hum
bem dífputado combate na altura do Cabo
de Vinis terra a 18. de Janeiro de 1509. naõ
fomente o prizionou com três náos, mas
lhe meteo a pique outra que eraõ os inílru-
mentos dos feus infultos. Em remuneração
dos grandes ferviços que tinha obrado para
inmiortal fama do nome Portuguez o nomeou
ElRey D. Manoel Governador do Caílello
de S. Jorge da Mina onde triunfando dos ini-
migos eftranhos naõ pode vencer os domeftí-
cos que confpirados contra a fua peíToa o
acuzaraõ falfamente a ElRey D. Manoel de
que efquecido da arrecadação da fazenda Real,
e unicamente cuidadofo da própria fe occupava
com efcandalofa ambição em augmentar hum
preciofo cabedal com que voltaíTe opulento
para a Pátria. Eftas finiílras informaçoens
acharão taõ benévola entrada nos ouvidos
daquclle Princepe que preocupado de huma
indifcreta precipitação mandou que vieíTe
para o Reyno prezo aquelle Varaõ mais
digno do trono, que do cárcere, no qual
eíleve reclufo por alguns annos até que
juílificou a fua innocencia injuílamente
acufada pela malevolenda dos feus emu-
les. A eíle infortúnio, que altamente lhe
740
BIBLIO THE CA
penetrou o coração, pois lhe ofFendera a no-
breza do feu defintereíTe de que fempre tinha
dado clariíTimos argumentos, fe feguio o
deplorável eftado com que reduzido à ultima
pobreza, e toda a fua familia paíTou infaufta-
mente a vida, a cujas miferias póz termo a
morte para dar principio ao premio das fuás
obras que coroou a eternidade. Foy cafado
com D. Antónia de Albuquerque filha de
Jorge Garcez Secretario delRey D. Manoel, e
de D. Izabel de Albuquerque filha de Duarte
Galvaõ Alcayde mór de Leiria, e Secretario
delRey D. Joaõ o II. e de D. Catherina de
Soufa filha de Fernaõ de Soufa Alcayde mór
de Leiria de quem teve a Joaõ Fernandes
Pacheco Commendador do Banho da Ordem
de Chriílo, Jeronymo Pacheco que morreo
em hum combate de Tangere, e a D. Maria
de Albuquerque que cafou com Joaõ da
Sylva Alcayde mór, e Commendador de Soure
de quem teve defcendencia. Para immortal
brazaõ defte Ínclito Heróe lhe gravou a Fama
no feu Maufoleo o feguinte epitáfio efcrito
pela fublime penna do Virgílio Portuguez
L.ujiad. Cant. lo. Elianc. 13. e feguintes.
Mas ja chegado aos fins Oríentaes
E deixado em ajuda do Gentio
R^ de Cochim, com poucos naturaes
Nos braços do f a/gado, e curvo rio;
Desbaratará os Nqyres infernaes
No pajfo Cambalam tornando frio
De efpanto o ardor immenfo do Oriente
Que verá tanto obrar tam pouca gente.
Chamará o Samorim mais gente nova
ViraÕ Kejs de Bipur, e de Tanor
Das Serras de Narfinga, que alta prova
Bfiaram prometendo a feu Senhor.
Vara que todo o Nayre em fim fe mova
Que entre Calicut ja^, e Cananor,
De ambas as lejs imigas para a guerra
Mouros por mar, Gentios pela terra.
E todos outra vet^ desbaratando
Por terra, e mar o graõ Pacheco ouf(ado
A. grande multidão que irá matando
A todo o Malabar terá admirado.
Cometerá outra ve^, naõ dilatando
O Gentio os combates apreffado.
Injuriando os feus, fazendo votos
Em vaõ aos Deofes vaòs, furdos, e tmmotos.
Já naõ defenderá fomente os pajjos.
Mas queimarlhe há lugares, templos, Cafas
Acefo de ira o CaÕ naõ vendo lajjos
Aquelles, que as Cidades fa^em rat^as.
Fará que os feus de vida pouco efcajfos.
CometaÕ o Pacheco, que tem afãs
Por dous paffos num tempo : mas voando
De hum noutro, tudo irá desbaratando.
Virá ali o Samorim, porque em pejfoa
Veja a batalha, e os seus esforce, e anime
Mas hum tiro, que com i^onido voa
De fangue o tingirá no andor fublime.
Jã naõ verá remédio, ou manha boa
Nem força que o Pacheco muito efiime
Inventará treiçoens, e vaòs venenos
Mas fempre {o Ceo querendo) fará menos.
Que tornará a vea^ fetima, cantava
A pelejar com o invião, e forte Eufo
A quem nenhum trabalho pefa, e agrava j|^H
Mas com tudo efie fó o fará confufo. ^^\
Trará para a batalha horrenda, e brava
Maquinas de Madeiros fora de u:(p
Para lhe abalroar as Caravellas
Que ate ali vaõ lhe fora commetellas '
Pela agua levará ferras de fogo
Para abra^arlhe quanta armada tenha
Mas a militar arte, e engenho logo
Fará fer vaá a braveza com que venha.
Nenhum claro VaraÕ no Mareio jogo
Que nas a^as da Fama fe foftenha.
Chega a efie, que a palma a todos toma
E perdoeme a illufire Grécia, ou Roma.
A eílas fublimes vozes métricas corref-
pondem acordemente Gabriel Pereira de
Caftro na Eisboa Edificad. Cant. 7. EÍL
89. e 94.
Nada teme Pacheco, nada o efpanta
Podendo toda a índia fó temello
Com pouca gente fe arremeffa a quanta
Virá na terra, e mar acometello.
Sahindo hum trovaõ negro da garganta
Bramindo pela boca de hum Camelo
Os paraos defirojfa, onde o efpumofo
Neptuno ardendo entrava furiofo
Oh Alcides Eufitano, honra de Efpanha
Digno de eterna, e foberana hifioria
A que o trabalho próprio, e terra efira-
nha
O fruto rendem de envejada gloria
A pátria, a quem tu dás honra tamanha
E ao mundo, onde efpalhafie tua memoria
L USITANA.
74'
lixeniplo, e ejpelho deixas, ondt veja
Que alta virtude dá pro fruito emeja.
\\ António de Souf. de Maced. HlyJ-
Up. Cam. 12. Eílanc. 50. e 51.
No que fe fefféê Acbilhs refucita
Com dobrado valor com mayor gloria
Qual o mundo já tuais verá efcrita
lim verdadeira, ou em fingida hlijloria.
líjie â verdade o credito limita
Sendo a lu:^ dti verdade taò notória;
Taes JeraÒ feus triumfos, que parece
Que credito a verdade naõ merece.
S'e reparais na palma aventajada
Na Coroa que mojlra mais lut(ida
Sabei que nefíe Templo a tem dobrada
Porque lhe hade faltar com ella a vida,
Efla, ó ff ande Pacheco, he mais honrada,
Pois fô fe alcança avendo merecida
E fundada em virtudes por coluna
l!(enta das mudanças da fortuna.
Naõ faõ menores os applaufos que ao
fcu nome dedicarão os Hiíloriadores como
faõ Ofor. de reb. Emman. lib. 4. Illius enim
in gerendo bello celeritatem, in periculis animi
mafftitudinem, in laboribtis perferendis conf-
tantiam, in exitu praliorum felicitatem. Joan.
Pctr. Maf. Hifl. Ind. Lib. i. pag. mihi
45. viro fortifftmo Maris Dial. de Var. Hifl.
Dialog. 4. cap. 8. da primeira ediçaõ.
Deu clara moflra do invencível animo com que
depois encheo o mundo da gloriofa fama de
.fuás heróicas obras, as quaes foraÕ taÕ infifftes,
\^ nem o numerofo exercito delRey de Cali-
cut, nem todas as fuás ajlucias, e maquinas
de guerra puderaõ contra elle mais que fa^er
feu nome immortal, e triunfante efcurecendo
a preclara fama do Troyano Heitor, e de to-
dos os mais, que em grandes, e dificultofas
empret^as fe fignalaraõ no mundo. Barbud.
Empref. Milit. de I^fit. foi. 127. §. fa-
mofo Aquiles Ljtjitano. Faria Ajia Portug.
Tom. I. part. i. cap. 7. e no Comment.
das Lj4fiad. de Cam. Tom. 4. pag. 319.
até 346. Barros Decad. da Ind. Part. i.
Liv. 7. cap. 2. até 8. Góes Chron. delRey
D. Man. Part. i. cap. 85. 86. 87. 88. e 100.
Caftanhed. Hijl. do Defcob. da Ind. Liv. i.
cap. 59. 60. e feg. Fr. Ant. de S. Rom.
Hifl. dela Ind. Orient. Liv. i. cap. 16. Martin.
Compend. dela Ind. Orient. Liv. 3. cap. 5. e 6.
Tofom. Paralil. dê Var. Uluft. cap. )8. de
cujo nome toda a índia tremia e cap. 12. UUf
celebre por feus feitos que a fer Portugfit^
e guardar lealdade a feu Rey fe efcufou da
digftidade Real. Ijc Clede Hi^. de Portug.
Liv. 15. pag. míhí 977. Paebeeo acqmmt
beaucoup de gloire datu les Indes: /ou/ /rem-
bloit devant lui. SouT. Pior. dê Efpan. cap.
14. excel. 6. famofo. Duperron de CaAerá
Remar q. fur la l^fiad. de Cam. Tom. 5.
pag. 226. 'Vous Heros tant Grecs que Rtf-
mains n' ont rien fait de comparable aux ex-
ploits de Duart. Pacheco. D. Luiz de Salaz.
Hifl. dela Caf. de Syl». Liv. 12. cap. ij.
cuyas valerofas hat^aHas executadas en favor
delas Armas Por/ugf4e^as m la índia han
fido gloriofo affump/o de doHifftmas plumas,
y fiu mal premiados fervidos eviden/e exemplo
de lo poço que baflan los méritos para opojiãon
de una defffaciada fortuna. P. Lafítav. Conq.
des Portugais dans le nouveau Aíond. Tom. 1.
pag. mihi 203. failando de quando entrou
em Portuga] a receber os applaufos dos
feus triumfos. Aíais quelque gloire qu' il eut
acquife, e quelques honneurs qu' on lui renàit
ce n* etoit rien en comparaifon dei' admiration qu*on
avoit pour Pacheco. Tous les yeux ètoin/ ou-
verts ft4r lui come ceux des filies d' Ifrael
fur David apres la defaite de Goliat. On ne pou-
voit fe laffer de voir, d' entendre de par ler, e de
fe faire raconter les faits prodi^eux de cet hommt
qui etoit lui meme un prodige.
Q)mpoz.
Principio do Efmeraldo de fito orbis feito,
e compofto por Duarte Pacheco Cavalleiro da
Cafa delRey D. JoaÕ o II. de Portugal que
Deos tem derigido ao Msáto Alto poderofo
Princepe, e Serenijftmo Senhor o Senhor Rey
D. Manoel Nojfo Senhor o primeiro defte nome
que regtou em Portugal. Coníla de quatro
Livros. O primeiro tem 33. Capitulos
o 2. 71. o 3. 9. e o 4. 6. com 16. Mappas illu-
minados, e algumas eftampas pequenas em
folha. Efte original fe conferva como o
mais preciofo M. S. em a Livraria do
Excellentinimo Marquez de Abrantes, e delle
tinha huma copia o IlluítóíTimo D. Rodrigo
da Cunha na fua Bibliotheca como coníla
do Cathalogo delia impreíTo no Porto no
anno de 1627.
742
BIBLIO THE CA
DUARTE PINHEL foy igualmente
■douto nos preceitos da Grammatica Latina,
e computação dos tempos, como na intelli-
gencia da lingua Hebraica, da qual fez tra-
duzir na Caftelhana a Sagrada Efcritura que
fahio com efte titulo.
Bíblia en lengua E/panola traduzida palavra
por palavra dela verdad hebraica por muy exce-
lentes letrados, vijia, y examinada por el Officio
•dela Inquijicion. Ferrara ano dei mundo 5313.
que he de Chrifto 1553. Na primeira impreíTaõ
que fe fez nefta Cidade tem no fim. Con in-
duftria de Duarte Pinei Portugue^ Stampata
a cofia, y dejpe^^a de Jeronymo Vargas EJpanhol
>em 1. de Março de 1553. e Amílerdam 1556. foi.
Eíla traducçaõ fuppofto que he feita por
Abrahaõ Ufque Portuguez, como já fe diíTe
«m feu lugar, trabalhou na fegunda impreíTaõ
Duarte Pinhel para que com mayor perfeição
fahiíTe ao publico como efcrevem Wolfio
Bib. Hebraic. pag. 287. n. 466. e Jacob. Lelong.
Bib. Sacr. Tom. i. pag. mihi 365. col. i. Com-
poz mais.
Latince Gramatices compendium. Tra£ía-
ius de Calendis. UlyíTipone apud Lodovicum
Rhoterigium 1543. 4. Defta obra que vimos,
« do Author fazem memoria Joan. Soar.
de Brit. Theat. hufit. Litter. lit. E. n. 11.
e Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 261.
col. I.
DUARTE DE RESENDE natural
da Cidade de Évora, fidalgo da Cafa Real
muito fciente na lingua Latina, Náutica, e
Geografia. Ao tempo que era Feitor da For-
taleza de Ternate, efcreveo.
Tratado da Navegação que Fernaõ de Maga-
Jhaens, e feus Companheiros fi^eraõ às Ilhas do
Maluco. Efta obra (de que fe lembra Joaõ de
Barros Decad. 3. da Ind. Liv. 5. cap. 10. Sever.
Difc. de Varia Hifi. pag. 27. v.^. e 28. e o novo
addicionador da Bib. Geograf. de Ant. de Leaõ
Tom. 2. Tit. II. col. 667. foy efcrita em
o anno de 1522. hum anno depois em que
kftimofamente foy morto na Ilha Zebu
aquelle infigne Argonauta com feus com-
panheiros, e a dedicou o Author a feu
parente o grande Joaõ de Barros em re-
compenfa de elle lhe ter oíFerecido a "Bàjo-
pica Pneuma que he o mefmo que Mer-
cadoria efpiritual, que fahio impreíTa em
Lisboa no anno de 1532. Traduzio em Por-
tuguez. I
Marco Tullio Cicerom de Amicicia, Paradoxos,
e Sonhos de Scipiaõ. Coimbra por Germaõ
Galharde aos trinta dias de Agofto do anno
de Noflb Senhor Jefu Chriílo de 1531. 4.
Fazem mençaõ do Author Góes Chron.
delRey D. Man. Part. 4. cap. 37. CaftanhecL
Hifi. da Ind. Liv. 6. cap. 41. Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 261. e Fonfec. Evor.
Glorio/, pag. 411.
DUARTE RIBEYRO DE MACEDO '
Naceo na Villa do Cadaval do Patriarchado
de Lisboa, e na Igreja Matriz dedicada à Con- '
ceiçaõ de Maria SantiíTima recebeo a Graça
bautifmal a 10. de Fevereiro de 161 8. fendo
filho de Fernando Duarte, e D. Maria de
Abreu. A naturefa benéfica o ornou de enge-
nho agudo, e entendimento claro para breve-
mente penetrar as fciencias feveras, como
foraõ a Filofofia em que recebeo o gráo de '
Meftre na Univerfidade de Évora, e na de
Coimbra o de Bacharel em Direito Cefareo.
Depois de fervir com igual redidaõ que 2S&- '■
bilidade os lugares de Juiz de fora da Cidade
de Elvas, e Corregedor da Torre de Mon-
corvo, foy Senador na Relação do Porto
donde paíTou à Cafa da Supplicaçaõ a 12. de
Junho de 1666. e a Dezembargador dos Aggra-
vos a II. de Fevereiro de 1668. O feu pro-
fundo talento cultivado com a liçaõ da Hiíloria ■
fagrada, e profana, e nas máximas dos mais li
celebres Políticos o habilitou para fer Secre-'
tario da Embaxada que à Mageílade Chrifida-
niflima de Luiz XIV. mandou dar o Sere-
niífimo Monarcha D. AíFonfo VI. por D.
Joaõ da Coíla primeiro Conde de Soure
chegando à Corte de Pariz a 4. de Junho'
de 1659. Reílituido a Lisboa em 13. de
Novembro de 1660. foy eleito Enviado
ordinário à França onde no primeiro de
Março de 1668. foy recebido na fua grande
Capital com particulares fignificaçoens de^
alvoroço pelas faudofas memorias que
nella fe confervavaõ da fua natural bene-
volência, e judiciofa converfaçaõ. Depois
de aífiflir pelo largo efpaço de nove annos
nefta Corte com eíle miniílerio, em que
L USITANA.
743
fcmpre xelou com grande vigiUncia ot ia-
icrcílcs deíU Monarchia paliou com o ca-
lu^tcr de Enviado Extraordinário á Corte
<lc Madrid onde defempenhou as obrigaçoent
• Ic hum perfeito Minidro. Sendo mandado
I exercitar o mefmo miniílerio na Corte de
>.ihoya ao entrar na Cidade de Alicante enfer-
111 >ii taõ gravemente que conhecendo fer
(lu ido o termo da íua vida recebeo com
luniMKi piedade os Sacramentos aífiílíndo-lhe
( ni líora tau pcrigofa por diredtor da fua Con-
vencia o P. D. Rafiael Bluteau Qerigo Re-
nhir, Varaõ bem conhecido pelas fuás obras
na Republica das letras, até que placidamente
[eTpirou a lo. de Julho de 1680. com 62.
innos de idade. Foy Cavalleiro da Ordem
de Chrifto, Confclheiro da Fazenda, e
do Confclho dclRcy: infignc Poeta vul-
Igtr, elegante Hiíloríador ornado de hum
cftilo claro, e difcrcto, como fe admira nas
luas obras, que fendo pequenas no corpo,
liiõ agigantadas no efpirito com que explica
os fcus conceitos, das quacs os titulos faõ
os fcguintes.
Jm:(P Hiftorico, e juriàico fobre a pav^ cele-
brada entre as Coroas de França, e Caftella no
".no de 1660. Lisboa por Joaõ da Cofta
1666. 12.
Arijiippo, ou Homem de Corte efcrito em
\tíi^ia France:(a por Monfieur Balfac. ParÍ2 por
Eftcvaõ Maucroy. 1668. 12.
; Panegírico hijiorico Genealo^co da Serenif-
\folia Cafa de Nemurs offerecido à Senhora Rainòa
de Gram Bretanha. ParÍ2 pelo dito Impreflbr.
1669. i^'
Nacimento, e Genealogia do Conde D. Hen-
rique Pay de D. Affonfo L Rey de Portugal. ParÍ2
por Roberto Covillion. 1670. 12.
Advertências ai addicionador dela Hif-
toria dei Padre Juan de Mariana imprejfa en
Madrid en el anno 1669. Pariz 1676. 12. fem
nome do Impreflbr. Sahio com o fupoílo
nome de Moníiur de Cohon Truel Gentilho-
mem Francez Cavalleiro da Ordem de Saõ-
i Tiago, Tenente General de Artilharia, e
I Engenheiro mòr das Fortificaçoens da Beyra
em o Reyno de Portugal.
Vida da Imperatriz Theodora. Lisboa por
Joaõ da Cofta 1677. i^*
Dijcurjos Políticos, e Obras Métricas Lis-
boa por Mathifls Peretca da Syiva, e Joa6
Antunes Pedroso. 17x1. t.
Nas memorias Pimtbrtí ék D. Maria dê
Atktfie, Lisboa na Oflfícina Ctasb. 1650.
4« eftaõ a foL 22. hum Somto (Sm em Por-
tuguês, e hum MaárigfU a foL 26. vfi hum
Madri^ em Italiano, e t foL 99. buma EJega
Portugfttxa,
Delle como Poeta hz iUuíbe memoda o
P. António dos Reys ia EmíBus. Poetic,
n. 61.
Nte tu Jaetmdt Macedo
Inferior a tuo pro carmine dona ferebas.
E como Genealógico o P. D. António
Caet. de Sousa Apparat. á Hijl. Gen. da Caf»
Real Portug. pag. 129. $. 148. Entre diverfas
obras que compo^ de grande ejlimaçaõ pelo efiilo, &
admirável talento de feu Author, efcreveo a Genea-
logia do Conde D. Henrique &c.
DUARTE RODRIGUES DA ROCHA
muito applicado ao eíhido da Genealogia, e
como profeflbr defta illuílre parte da Hiíloria
o numera entre os Genealógicos o P. António
Caetano de Souza no Apparat. á HiJl. Gen. da
Caf. Real Portug. pag. 119. §. 129. Efcreveo^
e dedicou ao Doutor Gonçalo Alvo Godinho
Lente de Prinu de Cânones em a Univerli-
dade de Coimbra de que tomou políe em
2. de Outubro de 1646.
Arvore Genealoffca da muito alta, e clarijftma
AJcendencia da Rjiinha D. Lui^a de Gu/maÕ,.
e delRey D. Joaõ olV.U. S.
P. DUARTE DE SANDE natural
da Villa de Guimaraens da Diocefe Bra-
charenfe aliftou-fe na Companhia de JE-
SUS em a Cafa profefla de S. Roque de
Lisboa em o mez de Junho de 1562. Apren-
deo as letras humanas, em que fahio taõ
eminente, que foy Meftare de Rhetorica em
o Collegio de Coimbra. Ambiciofo de
lucrar almas para Chrifto navegou com
beneplácito dos fuperiores ao Oriente no-
anno de 1578. onde cheyo de zelo apoftx>-
lico encheo as obrigaçoens de Miflionario.
Foy Reytor dos Collegios de Baçaim, e
Macáo, e Superior de Miflaõ da China,
Cumulado de merecimentos acabou pia-
744
BIB LIO THECA
mente a vida no CoUegio de Macáo a 22.
de Junho de 1600. Delle fazem memoria
Bib. Societ. pag. 186. Franco Imag. da Virt.
do Nov. de Lish. pag. 967. e no Am. Glor.
S. J. in Lup. p. 355. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 261. col. e o novo addicionador
da Bib. Orient. de Ant. de Leaõ Tom. i. Tit. 8.
col. 172. Trigaultius de Chrijtian. exped. apud
Sinas lib. 2. cap. 8. Virum prudentia laude ad
^aterás animi dotes injignem, e lib. 4. cap. i.
magnum ingenium, <& praclaras animi dotes in
Doãoris, Concionatoris , ac Superioris Officiis con-
tinuo exercuit. Petr. Jarric. Thei^aur. rer. Ind.
Part. 2. lib. 2. cap. 26. e 27 Semedo Imper.
de la Chin. Part. 3. cap. 2. e 4. mereciò ejli-
mable nombre Faria Afia Portug. Tom. 3. part.
I. cap. 10. n. 13. Joan. Soar. de Brit. Theatr.
L,ufit. lÀtter. lit. E. n. 12. Vacultatis Oratória
nominatijfimus profejjor, <ò' poftmodum in Índia
Orientali egregius operarius. Gouvea Afia Ex-
trem. Part. i. liv. 3. cap. 3. n. 17. Compoz.
Carta ejcrita de Macáo em 28. de Setembro
de 1588. ao Padre Geral em que trata da Mijfaõ
da China. Sahio na Relação da Perfeg. do
JapaÕ do P. António de Vafconcellos em 1588.
vertida em Italiano com outras Roma por
Francifco Zannetti 1591. 8.
Itinerário de quatro Principes Japone-
:^es mãdados à Sãtidade de Gregório XIII.
e de tudo quanto lhe fucedeo na jornada até
Je refiituhirem as fuás terras. Macáo no
CoUegio da Companhia 1590. 4. Sahio ver-
tida em Caílelhano pelo Doutor Bruxeda
de Leyva Hifi. dei Japon; e em Latim An-
tuerpiíe apud Martinum Nutium. 1593. 12.
Os Reys de Bungo, e Arima e o Príncipe
<le Omura querendo moílrar a fua obediên-
cia à Sé Apoílolica refolveraõ mandar
huma Embaxada a Roma, e para efte fim
elegeu ElRey de Bungo por Embaxador
a feu Primo Maneio Ito. ElRey de Ari-
ma, e o Príncipe de Omura nomearão por
feu Embaxador a Miguel Cingiva Sobri-
nho de hum, e Primo de outro, aos quais
acompanharão dous Princepes Juliaõ de
Nacaura, e Martinho de Fará. Sahiraõ de
Nangazachi a 20. de Fevereiro de 1582.
cm hum navio Portuguez de que era Ca-
pitão Ignacio de Lima, e chegarão a Ma-
laca a 27. de Janeiro de 1583. e depois de
vencerem vários contratempos aportarão a
Lisboa a 10. de Agoílo de 1584. onde peio
efpaço de vinte, e cinco dias que aíTiftiraõ nefta
Corte, receberão particulares eftimaçoens do
Cardial Alberto Governador do Reyno, do
Sereniflimo Duque de Bragança em Villa-
-viçofa, e do IlluílriíTimo Arcebispo de Évora
D. Theotonio de Bragança em a dita Cidade.
Semelhantes fignificaçoens de jubilo experi-
mentarão na Corte de Roma onde benevola-
mente foraõ tratados pelo Pontífice Gregó-
rio Xin. quando a 23. de Março de 1585. os
admitio à fua prezença. Depois de difcorre-
rem por diverfas Cidades de Itália fe reftitui-
raõ a Portugal donde voltarão para o Japaõ
chegando às fuás Pátrias fem a menor moleftia
com geral admiração dos feus VaíTalos.
Efta Jornada, de que efcreveo o Itinerário
o P. Duarte de Sande, defcrevem largamente
o P. Luiz de Gufman Hifi. delas Miffon. liv. 9.
cap. 2. 3. e 4. e o P. Charlevoix Hifi. et defcript.
Gen. du Japon. Tom. i . Hv. 6. §. 4. Compoz
mais.
Cathecifmo Chinenfe. M. S.
DUARTE DA SYLVA Coadjutor ef-
piritual da Companhia de JESUS cujo 2clo
apoílolico era taõ ardente para a converfaõ
da Gentilidade, que o elegeo S. Francifco
Xavier no anno de 1552. para cultivar a
vinha no Japaõ juntamente com os Padres
Balthezar Gago, e Pedro de Alcáçova. Foy
hum dos incançaveis operários em promover
o augmento da Religião já difcorrendo por
vaítas folidoens fem género algum de viatico
para fuílento da vida; já pregando de dia, e
de noute fem interrupção, aprendendo as
linguas Japonica, e Chinenfe, em que foy
muito fciente para fe fazer mais intelligivel
aos ouvintes que dezejava agregar ao reba-
nho do divino Paftor. Efte contínuo, e labo-
riofo difvelo lhe contrahio huma grave infer-
midade em o lugar de Cavacari fituado no
Reyno de Bungo em o anno de 1562. onde
jazia taõ falto de remédios humanos, como
abundante dos divinos. Fruftradas todas as
medicinas que lhe applicou o Irmaõ Luiz de
Almeyda dezejava anciofamente ver ao P.
Cofme de Torres antes de partír defte mundo,
cujo dezejo fe lhe cumprio fendo le-
LUSITANA.
745
vado ao Caftello de Taouce, que eftá en-
tre os confins dos Reynos de Aiima, e
Bungo, onde o P. Torres aíTiília depois de
fatisfazer a fua íaudade pelo efpaço de
dez dias efpirou com claros fmaes de pre-
dcíUnado a 5. de Janeiro de 1)64. quando
contava 57. annos de idade deixando aos
feus Companheiros muitos exemplos de
virtudes heróicas. Fazem delle illuílre me-
moria Biif. Societ, p. 186. col. I. Manoel
de Faria, e Souf. Afia Por/. Tom. 2. part.
4. cap. 20. n. 7. Joan. Soar. de Brit. Thea/r.
\jifit. Uiter. lit. E. n. 13. Nicol. Ant.
bib, Hi/p. Tom. I. pag. 261. Nadafí Amt,
DUr Mem. S» J. Part. i. pag. 10. Guf-
man. Hifi. delas Miffon. dela Comp. de ]ef.
liv. 6. cap. 27. Compoz.
Carta ejcrita do Japaõ aos Irmaôs da Com-
panhia da índia a 20. de Setembro de 1575.
Começa. Depois que o IrmaÕ CariJJimo Pedro
de Alcáçova. Sahio impreíTa com outras
Kvora por Manoel da Sylva 1598. foi.
a pag. 42. v.o. c Coimbra por António de
Maris 1570. 4. foi. iii. vertida em La-
tim pelo P. Manoel da Coíla no feu livro
Ker. Societ. i/t Ind. Gejl. lib. 2. epift. i. Delingx
apud Sebaldum Mayer 1571. 8. a pag. 93.
até 103. et Coloniae apud Gervinum Calenium.
1674. 8. a pag. 199. até 210. et in Epift. Japanic.
apud Rutgerum Welpium 1570. 8. a pag. 103.
até 108. & ibi apud eumdem Typog.
1569. 8. à p. 85. atè 93. e por Mafíeo Epift.
Ind. lib. I. Florentias apud Philip. Junâam.
1588. foi. em Caílelhano pelo P. Cypriano
Soares. Coimb. por Joaõ Alvares, e Joaõ
Barreira 1565. 4. pag. 95. e Alcalà por Juan
Iniguez de Lequerica 1575. 4 . foi. 75. e em
Italiano no livro intitulado Diverft avifi parti-
cidari deli' Indie Part. 3. Venetia per Michela
Tramezzino. 1565. 8. a pag. 250.
Summario de algumas Cartas que efcre-
veo de Amanguchi efcrito de Bungo a 20.
de Setembro de 1555. Principia Começarão
os pobres a fa^erem-fe ChriftaÕs &c. Sahio com
outras cartas. Évora por Manoel da Sylva
1598. foi. vertida em Latim in Epift. Japan.
Lovanij apud Rutgerum Welpium 1569. 8.
a pag. III. até 131. &. ibi apud eumdem
Typog. 1570. 8. a pag. 109. até 121.
Arte da lingua ]aponei(a. M. S.
Vocabulário da lififfia J apontoa
Deílas obras fazem memoria hib, So-
ciet. pag. 186. coL 2. Souía Oriení. Conqtáft,
IHut. 2. Conquift. 4. Divif. i. $. 2. GuíhMÕ
Hifl. delas Miffton. liv. 6. cap. 27. e o moderno
addicionador da bib. Orient. de Ant. de Leaô
Tom. I. Tit. 8. col. 177.
DUARTE DA SYLVA natural de
Coimbra onde depois de inUruido com as le-
tras humanas, Rhetorica, e Mythologia fre-
quentou o eíludo de Direito Pontifício em
cuja faculdade reccbco o gráo de Licenciado.
Foy Prothonotario Apoílolico, e famofo pto-
feííor da Arte da Pocfia, e como a tal o vene-
rarão os melhores alumnos do Pamafo Por-
tuguez, como foraõ António Figueira Duxaõ
in L^ur. ParnaJ. Ram. 2. fallando com Apollo.
Armonicum Sylva torrentem fi aura bibiffet
Neíiare juraret non caruiffe fuo.
Jacinto Cordeiro EJog. dos Poetas Portug,
Eftanc. 13.
Puede Duarte da Sylva {oh que talento!)
Honrar la pátria con fu pluma fola
Que a divina Deidaã figue Ju aliento
Mueftra en lo efcrito, y mueftra que acrifola:
Delas Mu/as fu pluma el movimiento
Que es la fuya latina, y Efpanola;
En cw/a admiracion vendendo el arte
Del Í-Murel Portuguei:^ tiene gran parte.
Manoel de Galhegos Templo da Memor,
liv. 4. eft. 178.
Nymfas, que enchendo as flores de rocio
Paffeais de Coimbra o verde prado
Chamay do Sylva a foberana Clio
Por quem vive o Mondego eternizado
E pois elege hum rio por fogeito
Nuno mares abrio no Hifpano peito.
Compoz.
DefcripçaÕ da Serra da Eftrella, e a fabula
dos rios, que delia nacem. Começa.
Donde el feli^ terreno iMfitano
Armado de nativa fortaleza
Acaba.
Ya conferva en los liquidas criftales
De fus antigas formas las Senãles.
Soneto à Eftatua do filencio. Começa.
Detente ó caminante aios reflexos Ó^c.
Huma, e outra obra fe confervava M.
S. na Livraria do Cardial de Soufa. Defte
74Ó
mefmo Author he o Soneto 51. em o Cer-
tame do Conde de Linhares, outro em applaufo
da Gigantomachia de Manoel de Galhegos, e
duas Decimas em louvor das Poejias de Paulo
Gonçalves de Andrade que fahiraõ impreíTas
no principio das obras deftes Authores.
DUARTE SIMOENS natural de Lis-
boa filho do Doutor Simaõ de Leaõ Ca-
valleiro do habito de Saõ-Tiago, e Medico
delRey. Foy muito eloquente na lingua
Latina, e verfado na liçaõ dos Authores
antigos, por cujos dotes era domeftico da
Cafa do UluftriíTimo Bifpo do Algarve
D. Jeronymo Oforio, e muito eftimado delie
infigne Prelado, o qual atendendo à inte-
gridade dos feus coíhimes unida com a eru-
BIBLIO THE CA
diçaõ Sagrada, e profana o nomeou Cónego
Penitenciário na Cathedral de Faro. Morreo
em Sabbado a 6. de Fevereiro de 1599. Coni-
po2.
De perfeão Clerico, Jive de Clerici inftitu-
tione, <ô' difciplina libri quinque. M. S. Eílava
prompto para a impreíTaõ.
Epijiola de rebus Ecclejiajlicis ad Ca/arem
Baronium do qual teve repofta. Fazem me-
moria delle Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 261. e antes a tinha feito Jeronymo
Oforio na vida de feu Tio o IlluílriíTimo
Bifpo do Algarve dizendo vir fuit non medio-
cris eloquentia, ^ Scriptorum antiquorum litte-
rafe peritus cujus Scripta propediem in lucem
prodibmt é quibus fingularis ejus ingenii vis
cognojci poterit.
L USITANA.
747
FR. EDMUNDO DE ALJUBAR-
ROTA natural dcfta Villa celebre pela
famofa batalha que as armas Portugue-
zas alcançarão das Caílcihanas a 14. de
Agofto de 1585. ProfeíTou o Inftituto Qfter-
cicnfe no Real Gínvento de Alcobaça onde
fc confcrva a feguinte obra que efcreveo.
Keformatio libelli judiciarij à D. Graparedo
íompofiti anno 1526. M. S.
Fr. EDMVNDO DE CO*S Villa dif-
íante huma legoa da Villa de Alcobaça
que lhe deu o berço. Recebeo a Q>gula
Monachal do Doutor Mcllifluo S. Ber-
nardo no Real Convento de Alcobaça onde
fe guarda efta obra em que moílra a vafta
noticia que tinha dos ritos, e Cerimonias
da fua Congregação.
Keffmen Officiorum Ecclejiajiicorum fecm-
Âum UJum Cijlercienfem. 4. M. S.
Fr. EDMUNDO DE MONTARGIL
Naceo em a Villa do feu appelido íituada
na Comarca de Santarém do Arcebifpado
de Lisboa. Foy Monge Ciftercienfe em o
Convento de Alcobaça onde depois de eíhi-
dar as fciencias efcolaílicas fe applicou à
liçaõ da Sagrada Efcritura, e Santos Padres
em que fez a fua comprehenfaõ grandes
progreíTos. Compoz.
Varij Sermones Fejlorum M. S. cuja obra
fe conferva na Bib. do Convento de Alco-
baça.
Fr. EGÍDIO DE GAMBOA natu-
ral da nobre Villa de Setúbal filho de An-
tónio Mouro de Andrade, e Anna de Gam-
boa, que o educarão com taõ virtuofos do-
cumentos, que deixando o mundo elegeo o
Clauliro da Militar Ordem de Chrifto pro-
feíTando no Real Convento de Thomar a
4. de Abril de 1685. Foy bom Theologo,
e grande Pregador. Exercitou com fatisfa-
çaõ de domeíUcos, e eílranbos os lugues
de Reytor do Collegio de Coimbra, e Pro-
curador Geral da Ordem nefta Corte. Mor*
reo a 15. de Julho de 171 5. Imprimio.
OrofaÕ funeral nas exéquias do muito alto,
e poderofo Key de Portugal o Senhor D. Pedro 11.
que celebrou o Real Convento de Thomar da Ordem
de Chrifto em 22. de De:(embro de 1706. Lisboa
por Jozé Lopes Ferreira. 1707. 4.
Sermad dos OJfos dos Enforcados pregado
na Mifericordia de Lisboa. Lisboa por Mi-
guel Manefcal ImpreíTor do Santo Offício
1711. 4.
Fr. EGÍDIO DA PRESENTAÇAM
Naceo na Villa de Caftello branco do Bif-
|>ado da Guarda em a Provincia da Beyra
no anno de 1559. bailando a producçaõ de
taõ grande homem para eternamente lhe
ennobrecer o nome. Teve por Pays ao
Doutor Francifco Martins da Cofta iníigne
Jurifconfulto, de cuja Faculdade recebeo
as infignias doutoraes em a Univeríidade
de Pari2, e a Perpetua da Fonfeca que ti-
nha eftreito parentefco com o P. Pedro
da Fonfeca da Companhia de Jefus cha-
mado antonomafticamente, Ariftoteles Lm-
fitano de quem fe fará larga memoria em
feu lugar, e por irmaõs ao Ven. Fr. Ro-
que do Efpirito Santo immortal ornato
da Ordem Trinitaria, e a Bartholameu
da Fonfeca Collegial do Collegio Real de
S. Paulo, e Inquifidor da Inquifiçaõ de
Goa, Lisboa, e Coimbra, e ultimamente
Deputado do Confelho Geral. Ainda con-
tava poucos annos de idade quando feus
Pays o mandarão aprender em Coimbra
naõ fomente as letras humanas, mas Filo-
fofia, e Direito Cefareo, em cujas faculda-
des fahio taõ confumado, que fendo dif-
cipulo competia com os Meftres na pro-
funda agudeza com que explicava os tex-
tos mais antinomicos. Paliados fete annos
no eíhido da Jurifprudenda ao tempo que
748
podia receber o premio das fuás eftudiofas
vigilias infpirado de fuperior impulfo fe reco-
Iheo à iiluftre Religião dos Eremitas de Santo
Agoílinho profeíTando o feu Inílituto em o
Convento de N. Senhora da Graça de Lis-
boa a 25. de Abril de 1558. quando contava
defenove annos de idade. Depois de eníinar
aos feus domeílicos as fciencias das Efcolas
com igual fruto, que applaufo, fe laureou
Doutor na Faculdade Theologica em a Aca-
demia Conimbricenfe a 22. de Fevereiro de
1572. A profundidade da fua litteratura, e
a noticia das fciencias, de que era depoíito
a fua feliz memoria, o elevarão às Cadeiras
da Univeríidade fendo Lente de Gabriel a
14. de Julho de 1582. de Efcoto a 10. de No-
vembro de 1586. de Vefpera a 29. de Janeiro
de 1597. onde jubilou a 21. de Agofto de 1607.
Impoífibilitado pelos annos, e pelos achaques
naõ chegou a regentar a Cadeira de Prima
de cujo titulo teve a mercê por carta de Filip-
pe in. paíTada em Lisboa a 13. de Outubro
de 161 6. Foy Deputado da Inquiíiçaõ de
Coimbra de que tomou poíTe a 27. de Fe-
vereiro de 1597. Vicereytor da Univeríidade
muitas vezes, e Reytor pelo efpaço de féis
mezes, em cujos lugares manifeílou a reda
intenfaõ do feu animo. Sendo taõ conhecido
o feu nome pelas letras ainda merecia que o
foíTe mais pelas virtudes, de que foy obfer-
vantiíTimo cultor. Na continência foy taõ
iníigne que para rebater huma vehemente
fugeílaõ contra a pureza applicou huma maõ
ao fogo, e com elle extinguio o que lhe abra-
zava o peito. Com heróico defprezo naõ acei-
tou o Bifpado de Coimbra oíTerecido pela
Mageílade de Filippe II. e até o lugar de Pro-
vincial em que fora eleito a 6. de Mayo de
161 8. o renunciou querendo antes go-
vernar as paixoens próprias que as aUieas.
Tolerou com admirável reíignaçaõ a ce-
gueira que padeceo nos últimos annos ren-
dendo graças ao AltiíTimo como outro To-
bias de o privar da vifta corporal para fe
fazer digno da Vifaõ beatifica. Venerou
com profundo refpeito a Chrifto occulto
debaixo das efpecies Sacramentais, com
terniíTimo affefto a Rainha dos Anjos, e
com devotos obfequios aos Santos feus
Tutelares. Mereceo as eftimaçoens das
BIBLIO THE CA
principaes peíToas da Jerarchia Ecclefiaf-
tica, como craõ os IlluítriíTimos Primazes
D. Fr. Aleixo de Menezes, e D. Fr. Agof-
tinho de Caftro, e o Bifpo de Coimbra.
D. Affonfo de Caftello-branco. Cumulado
de heróicas virtudes, e vaticinada a hora
da morte paílou da vida caduca para a
eterna em Coimbra a 8. de Fevereiro de
1626. com 87. annos de idade e 68. de
Religião. Na fepultura fe lhe gravou efte
epitáfio.
Fr. JEgidius de Prefentatione Doãor Theo-
logus, fidei ^elo, ac vita Janãimonia injignis
in hac Academia primarius Profejfor emeritus.
Obiit 8. Februarij anno Domini 1626. ataíis^
fua 87.
O feu nome celebraõ Nicol. Ant, Bib. Hifp.
tom. I. pag. 4. col. 2. inter pracipua Eremtica
familia decora Jingularis doãrina mérito venit
conumerandus. Fr. Ant. à Purif. de Vir. llluftrih.
Ord. Erem. D. Auguji. lib. 2. c. 2. in virtutibus,
tum inftudiis mirifice profecit, Brand. Mon. Ijufit.
Part. 6. liv. 19. cap. 23. grande Mejlre. Sama-
niego Prim. de E/cot. n. 208. Varon dela pri-
mera erudicion. Plenevaalx in prafat. ad Primata
Aug. injignem Heroem ex primarijs totius iMJita-
ni(£ ante Ordinem Philofophum (& Júris confultum,
in Ordine fui avi Theologum Primarium. Marra-
cius Bib. Marian. Part. i. pag. 17. vir multis no-
minibus colendus <& Jcriptis in lucem editis clarijji-
mus. Auguíl. Barbof. de Poteji. Epijcop,
Part. 3. Allegat. 50. n. iii. Praceptor colendijft-
mus. Franc. de S. Mar. Diar. Portug. pag. 174.
Cheyo de merecimentos, e virtudes. Camargo Chro-
nol. Sacra p. 4. Varon do£íiJJimo,j el major ingenio,
que en nueftros tiempos entre los mas aven-
tajados hà floreado en doãrina, y erudicion
efcolajiica, j pojitiva con admiracion de todos, que
faben, j profejfan letras Divinas, e humanas.
Figueired. Fios Sana. Auguji. Tom. 4. pag. 1 34.
§. 34. Foy grande ^elador do ferviço de Deos,
Varaõ Jincero, e por extremo cajio. Joan. Soar.
de Brito Theatr. Eufit. Litter. lit. A. D. Fr.
Thom. de Faria Decad. i. liv. 9. D. Franc.
Man. na Carta dos AA. Portug. admi-
rável. Mafeo Vita dei P. Franc. Soar.
cap. 23. magno Theologo. Fr. Ant. de Na-
tivid. Mont. de Coroas Mont. 2. Cor. 8.
§. 2. n. 40. e Mont. 3. Coroa unic. §.
I. n. 5. Gratian. in Anajiaf. Auguji. Her-
LUSITANA.
749
icr Alphabet. Aug. MclíTius lincom. Aug.
Publicou as obras feguintcs para cuja Im-
prcríaõ lhe mandou dar Feiippe III. quatro-
centos mil reis.
De Immaculata Beata Virfijnis Conceptione
ab omni Originali peccato immimi Jihri qmtuor.
Dica/i Sacra Maiejlati Philippi III. Hi/paniarum
Kegis. Conimbricae apud Didacum Gomez
de Loureiro. 1607. foi.
Difputationes He anima, eb* corporis bea-
iitudine ad priores quinqne Quaftiones prima
Secunda D. Thoma, e^* ad Qimft. 1 z. prima
partis in três tomos dijlributa in quorum primo,
^fecundo agitur de Beaíitudine corporis Tom. i.
Conimbricx apud eumdem Typog. 1609. foi.
Difputationes de Beafitudine anima, (& cor-
poris feptem libris abfoluta in quibus agitur de
beatitudine anima in ordine ad objectum beatificum,
€y de iis, qua beatitudinem anima aut antecedimt,
aut comitantur, aut conjequuntur. Tomus 2. ibi
per eumdem Typog. 1616. foi.
Difputationes de beatitudine anima, c^ cor-
poris quinque libris abfoluta Tom. 3. ibi per
eumdem Typog. 161 5. foi.
Commentationes Phyfica, ^ Methaphysica.
Urfellis apud Cornelium Suttorium 1604. 4.
Sahio em nome de Fr. Egidio Romano fendo
feu verdadeiro Author o noflb Egidio Lufi-
tano como affimraõ Nicoláo Plenevaalx, Fr.
Thomaz Herrera, e Fr. António da Nativi-
dade nos lugares aíTima citados.
Primas Anguflinianus , five prarogativa
fixcellentia Ord. Eremit. D. Auguflini in
Jibros novem dijfeítus. Coloniae apud An-
tonium Boètzerum. 1627. 8. Sahio em
nome de Fr. Nicoláo Plenevaalx Ere-
mita Auguíliniano como efcreve Fr. Ma-
noel de Figueiredo no lugar aíTima alle-
gado pag. 135. cuja obra com o titulo
de Defenforio da Ordem fe conferva na Li-
vraria do Convento da Graça de Lisboa,
e delia fe lembraõ Fr. António da Nati-
vidade Mont. 5. Cor. unic. §. i. n. 5.
e Fr. Ant. da Purif. de Vir. Illuflrib. Ord. Eremit.
D. Aug.
De voluntário, e involuntário libri duo.
Eíla obra fendo vifta pela Santidade de
Paulo V. affirmou naõ fe ter efcrito def-
te argumento outra mais folida, e pro-
funda.
De Incarnatione Divitti Verbi.
Dt Euchariflia.
Di Sacrificio Miffa,
Eíles Tratados Theologicos com outros
muitos fe confervaô na Livraria do CoUegío
de Coimbra aíTim como
De Peccato Orifftutli. M. S, foL em
o Convento da Graça defta Corte.
ELIAS DE LEMOS cuja pátria ignora-
mos. Na primeira idade abraçou o IniUtuto
da illuílre Ordem dos Pregadores onde teve
a fortuna de fer feu Meíbe o V. Fr. Bartho-
lamco dos Martyres eterno efplendor da
Jerarchia Ecclefiaílica, de cuja difciplina íahio
igualmente inftruido na fciencia dos Santos, e
das Efcolas. Obrigado de varias moleítias que
lhe impediaõ a obfervancia da vida religioía
deixou o Clauílro, e como era muito veríado
na Theologia Moral foy provido em o Prio-
rado da Igreja Matriz do Salvador da Villa de
Pombeiro Cabeça de Condado cm o Bif-
pado de Coimbra onde exercitou as obriga-
çoens de vigilante Paftor. Traduzio da lingua
Italiana em a materna.
Vida da h. Catberina de Génova M. S.
ELOY DE ABREU Cónego Secular
da Congregação do Evangeliíla amado grande
Theologo moralifta. Efcreveo no anno de
1603. conforme diz Jorge Cardozo nas Memor.
M. S. para a Bib. Portug.
Summa de Theologia Moral. M. S.
Fr. ELOY DE FERREYRA natural da
Villa, que tomou por appellido íituada em a
Provinda do Alentejo entre a Villa do Torraõ,
e a Qdade de Beja. Recebeo o habito Mona-
chal da Ordem Ciftercienfe no Real Convento
de Alcobaça onde applicado à liçaõ de livros
afceticos, e hiftoricos efcreveo.
Exercidos efpirituaes M. S.
Vida de Santa Maria Egipciaca, e outros
Santos M. S.
Confervaõ-fe na Bibliotheca de Alcobaça.
ELOY DE SAA' SOTOMAYOR
natural de Lisboa, Bacharel formado na Fa-
culdade dos Sagrados Cânones em a Uni-
75o
BIBLIO THE CA
verfidade de Coimbra ornado de fublime
génio para a Poeíia que cultivou com applaufo
dos mais celebres ProfeíTores deíla Arte fendo
hum delles Jacinto Cordeiro que no Elog.
dos Poetas Portugueses Out. 63. aíTim o louva.
Venga Elojo de Sá, que le obedece
£/ Mondego que alaba, fi nó apoja;
Porque hai(iendo en fu Occajo primaveras
Los Palores canto de Jus ri beras.
Publicou.
Jardim do Ceo, Poemas vários Sagrados.
Lisboa por Vicente Alvarez 1607. 4. Coníla
de Sonetos, Cançoens, Elegias, Mottes Glof-
fados, e Romances.
Cancion a la entrada de Ju Magejlad en Lisboa.
Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1619. 4.
Ribeiras do Mondego Dedicado a Duarte
Coelho de Albuquerque. Lisboa pelo dito
ImpreíTor 1623. 4. Coníla de proza, e verfo.
Elegia Latina feita de vários fragmen-
tos de diverfos Poetas em louvor do Dou-
tor Belchior Febos, e fahio impreíTa no
principio do i. Tomo das fuás Decifoens;
e no 2. eftá hum Epigramma feu Latino
em applaufo do mefmo Jurifconfulto. Del-
le faz mençaõ o P. António dos Reys no
Enthujiafm. Poet. n. 112.
= Sadius Hortum
Facundabat aquis liquido de fonte refumptis.
ESTAQO DE FARIA Fidalgo da
Cafa Real, e Avo materno do iníigne Ef-
critor Manoel de Faria, e Soufa. Igual-
mente fe admirou o feu valor quando mili-
tou em obfequio da Pátria, e o feu zelo
na adminiílraçaõ da fazenda Real na Ame-
rica, como o feu talento para a Poefia a
qual cultivou com tanta elevação que che-
garão os feus verfos a equivocarfe com os
do Princepe da Poética Luiz de Camoens
feu particular amigo, e contemporâneo.
Manoel de Faria na i. Part. da Fuente
de Aganip. Cant. 6. Sonet. 83. efcrito
a feu filho Pedro de Faria o aplaude
com eílas vozes.
Aquelle que me fqy Avó primeiro
E ficou fendo para tifegundo
Do brando Apollo, e Marte furibundo
Foy venturofo efpirito, e ventureiro
Eu nas artes do métrico lu^^iro
Com imitallo minha gloria fundo &c.
E na Part. 2. em que lhe dedica à fua
memoria a Fabula de Apollo, e Dafne Eílanc. 4.
Efpirito Gentil, que en nueflra Hefperia
Ganajle dei laurel fecunda rama
Fertilit^ando con igual matéria
Elogios en el bront^e de la fama.
Pues me oprime fin ti noche Cimeria
Hurta ai Sol para mi bajlante lia ma,
A hav^er tu ingenio, que heredè fublime
Y en vano fi lo alcanço, ella me oprime.
Deixou compoílo
Varias Obras de Verfo, e Profa. M. S. das
quaes fallando o mefmo Faria na Vida de Ca-
moens impreíTa ao principio do Commento das
Rimas que fez a eíle Poeta diz. Fue honbre de
lu:(ido ingenio, y efcrevio con buena dicha vários
Poemas; por fu muerte quedaron a mi madre
algunos papeies, e entre ellos un libro de aquartilla
de hafia una mano de papel M. S. j era de Profas,
y verfos obra continuada &c. Lope da Vega
no Elog. de Manoel de Faria y Souf. impreflb
ao principio do Comment. das Lufiad. §. 12.
Sérvio ElRey militarmente, y defpues en oficio
de ha^ienda en el Brafil,y computo varias obras poé-
ticas con acierto. Joan. Soar. de Brito Theat,
Lufit. Litter. lit. S. n. 25. Sobre todos o
aplaude o divino Camoens no Soneto 92,
da Cent. 2. aífim pelo valor militar, como
pelo efpirito Poético.
Agora toma a efpada, agora a penna
Efiacio nojfo em ambas celebrado
Sendo ou nofalfo mar de Marte amado
Ou na agua doce amante da Camena.
Cifne fonoro por Ribeira amena
De mim para cant ar te he cubicado;
Porque naõ podes tu fer bem cantado
De ruda fraufa, nem de agrefte avena.
Se eu que a penna tomey, tomey a efpada
Para poder jugar licença tenho
Defia alta influição de dous Planetas
Com huma, e outra lu^ delles locada
Tu com pujante braço, ardente engenho
Serás Faro a Soldados, e a Poetas.
Fr. ESTACIO DA TRINDADE cha-
mado no Século Eftacio Pinheiro de
Vargas. Naceo em Lisboa a 20. de Feve-
reiro de 1676. onde teve por Pays a Fran-
cisco Pinheiro de Vargas, e Luiza Maria.
II
LUSITANA.
75i
que dezejando feguine o Eftado EccleíaT-
ii(() Secular elegeo com refoluçaõ mftyor
<|UL- a Tua idade o Religiofo abraçando o
indituto dos Eremitas Defcalços de Santo
AgoíUnho, o qual profeíTou no G>nvento de
N. Senhora da G>nceiçaò do Monte Olivete,
lituado no fuburbio defta Corte a 29. de Junho
de 1694. Diélou Artes, e Theologia aos feus
domeílicos até que jubilou neíla Sagrada
Faculdade com tanta gloria do fcu magiílerio
que o habilitou para fer Qualificador do Santo
Officio, Confultor da Bulia da Crufada, Exa-
minador das Ordens militares, do Priorado
(lo Crato, e Synodal do Arcebifpado de Lis-
boa. Depois de exercitar duas vezes o lugar
de ComifTario Geral foy eleito no Capitulo
celebrado cm Monte mòr a 11. de Mayo de
1731. Vigário Geral da fua Congregação,
cm cujo governo moílrou a prudência do
feu talento. He igualmente douto na Theo-
logia Moral que na Miftica, taõ verfado
na liçaõ da Hiíloria como na cultura da
Poefia vulgar de que tem impreíTo com
nome fuppofto algumas obras a aíTumptos
Sagrados. Publicou com o nome de Fr.
Agoftinho da SantiíTima Trindade.
Promptuario Augujiiniano, ou dejpertador diá-
rio para os majores lucros das almas, e remijjaõ
mais efficat(^ de culpas com que no fértil campo
da Iff^eja Catholica Jem muito trabalho achaõ
o thefouro mais rico todos os negociantes da divina
^aça. Lisboa por Pedro Ferreira Impreflbr
da AuguíliíTima Rainha N. Senhora 1737. 8.
Summa totius Philofophia ex doãrina
D. Thoma extraia, et extruãa, nec non
Sententiis Magni Parentis Augujlini firmijftme
rohorata. foi. M. S.
Brevis Summa Theologice Speculativoe ex
]\ía^i P. Augujlini, D. Thoma, Concilio-
rnm, (& Sanãorum Patrum doãrina conftruãa.
foi. M. S.
ESTELLA cujo nome próprio encubrio,
aíTim como publicou fer Portuguez. Foy
celebre Poeta da fua idade de que he teftemu-
nha o Poema que publicou com efte titulo.
1m Machabea en do^e Cantos heróicos.
Leaõ por Pedro Gevardo 1604. 4. Em
feu applaufo tem no principio hum Soneto,
que começa:
E/lrella ciara, Mia matutina
Qm $Jelarte$ la pátria Ijéfitana
Las ^ nmftro orbt alumbra con lo^ana
Matma, y artt qual la lu^ divina.
êcc.
ESTEVAM Chantre da Cathedral de Lis-
boa, em cuja dignidade o proveo D. Álvaro
de Frdtai decimo quinto Bifpo delia Díocefe,
o qual como tinha proíeííado o Inftituto Ca-
nónico AuguíUniaoo, em o Real Convento
de Santa Cruz de Coimbra pedio no anuo
de II 68. a D. Joaò Theotonio fegundo Prior
do dito Convento lhe mandaíTe dous Cónegos
Regrantes para o feu Cabido fendo hum
delles D. Eílevaõ, o qual como floreceííe no
anno de 1173. em que fucedeo a Trefladaçaõ
do inviélo Mártir S. Vicente do Promon-
tório Sacro para a Cathedral de Lisboa
onde defcanfaõ as fuás triumfaes cinzas, ef-
creveo com toda a individuação os prodígios
que fuccederaõ neíla occafiaõ, cuja obra tem
por titulo.
Incipiunt miracula Sanai Vincentii Martyris
edita Ulixbone à Mafffhro Stephano Sedis
LJlyxbonenJis pracentore. O original fe con-
ferva no Cartório da Sè de Lisboa, e huma
copia no Real Convento de Alcobaça em
hum livro que tem por titulo Tertia Pars
Pafftonum, a qual imprimio o Doutor Fr.
António Brandão Chronifta mór do Reyno em
a 3. Parte da Mon. hjifit. pag. 298. havendo
já eUe feito memoria do Author, e da obra
na mefma Monarch. Liv. 11. cap. 23. e D.
Nicol. de Santa Mar. Chron. dos Coneg. Ke-
gul. Liv. 8. cap. 6. n. 9. e liv. 9. cap. 7. n. 5.
O IlluítóíTimo D. Rodrigo da Cunha tradu-
2Ío efta obra de Latim em Português, e a
imprimio na Ihfl. Ecclef. de Usb. Part. 2.
cap. 9. 10. II. e 12.
Fr. ESTEVAM DE SANTO AN-
GELO Naceo em Lisboa a 3. de No-
vembro de 1671. onde teve por Pays ao
Capitão Luiz da Sylva, e D. Vicencia Fer-
reira. Na idade de 16. annos entrou na
Religião Carmelitana, cujo Sagrado Infti-
tuto profeílou no Convento pátrio a 30,
de Setembro de 1688. Depois de ter inf-
truido aos feus domefticos com as Facul-
752
dades de Filofofia, e Theologia jubilou por
patente do Reverendiffimo Geral Fr. Pedro
Thomaz Sanches a 12. de Junho de 171 1.
e recebeo o gráo de Doutor na Religião a 24.
de Agofto do dito anno. A fua prudente capa-
cidade o fez digno de que depois de fer Pro-
curador Geral da Provincia, e Prefidente no
Capitulo celebrado em o Convento de Lisboa
a 3. de May o de 1721 fubiíTe ao lugar de Pro-
vincial a 7. de Mayo de 1724. e de ComiíTa-
rio Viíitador Geral a 27. de Julho de 1725.
No Capitulo Geral celebrado na Cidade
de Ferrara, que principiou em 5. de Mayo
de 1728. foy Definidor Geral. Igualmente
zelofo da cultura das virtudes que da glo-
ria da fua Religião publicou as obras fe-
guintes traduzidas da lingua Italiana em a
materna.
Manjar da alma, e verdadeira pratica
da Oração mental ordenada à Payxaõ de
Chrifto Senhor noffo por todos os dias do mef^
e outros devotos exercidos, e meditaçoens. Lisboa
por Miguel Rodrigues. 1726. 8.
Devotijftmos exercidos de preparação, e acçaõ
de graças para antes, e depois da confijfaõ, e
comunhão tirados dos M. S. de S. Francifco de
Sales Bifpo, e Princepe de Genebra. Lisboa
pelo dito ImpreíTor. 1732. 12. e Anveres
por Jacobo Bernardo Jouret. 1732. 12.
Jardim Carmelitano, Hijloria Chronologica,
e Geográfica Noticias Sagradas domejlicas, e
eftranhas de vários Jucceffos da KeligiaÕ Carme-
litana. Oferecido a Maria Santijfima May de
Deos, e dos Carmelitas. Compojio na lingua
Italiana pelo Reverendo P. Fr. Egidio Leoin-
delicato; novamente cultivado, traduzido, e addi-
cionado no idioma Lufitano pelo Reverendo P.
Fr. EfievaÔ de Santo Angelo (à^c. Primeira Parte.
Lisboa na Regia Officina Sylviana, e da
Academia Real 1741. foi.
Parte Jegunda oferecida ao Senhor S. Jo;(é Lis-
boa pelo dito ImpreíTor, e no mefmo anno.
Fr. ESTEVAM DE SANTA ANNA
Naceo na Villa de Campomayor da Pro-
vincia do Alentejo fendo filho de Fran-
cifco Rodrigues, e Brites Vaz. Recebeo
o habito Carmelitano no Convento de Lis-
boa a 8. de Julho de 1584. e profeífou a
26. do dito mez do anno feguinte. Eíludou
BIB LIOTHECÁ
com tanta applicaçaÕ as fciencias efcho-
lafticas, que as diâou com igual applauzo
aos feus domeílicos. Completos os annos da
jubilaçaõ fe laureou Doutor na Faculdade
Theologica na Academia Conimbricenfe. Exer-
citou com louvável fatisfaçaõ os lugares de
Cuftodio, primeiro Definidor, Reytor do Col-
legio de Coimbra, Vigário Provincial, Prefi-
dente de Capitulo, e nelle foy eleito Provincial
a 18. de Abril de 1621. Foy Qualificador do
Santo Ofíicio, e hum dos celebres Pregadores
do feu tempo como efcrevem Joan. Soar. de
Brit. Theat. Ijdfit. L-itter. Ht. S. n. 26. Carvalho
Corog. Portug. Tom. 3. liv. 2. Trat. 8. cap. 47.
e Fr. Manoel de Sá Mem. Hift. dos Efcrit.
Portug. da Ordem do Carm. pag. 104. Morreo
no Convento de Lisboa a 26. de Julho
de 1630. com 72. annos de idade e 46. de
Religião. Publicou.
Sermão do Aão da Fe, que fe celebrou na
Cidade de Coimbra na Jegunda Dominga da Qua-
rejma anno 161 2. Coimbra por Nicoláo Car-
valho ImpreíTor da Univerfidade 161 2. 4.
e Lisboa por António Alvares. 161 8. 4.
Fr. ESTEVAM ANNES natural da
Villa de Óbidos do Patriarchado de Lis-
boa Monge CiRercienfe cujo inftituto pro-
feífou no Real Convento de Alcobaça; Varaõ
de vida inculpável applicando aquelks horas
que vagavaõ dos exercícios ReUgiofos a o
eftudo dos Authores Afceticos, e hiHoriadores
Sagrados compoz.
Vida de Santo Aleixo. M. S.
Vida do Monge cativo. M. S.
Traduzio de Latim em vulgar.
Diálogos de S. Gregório Magno M. S. Todas
eílas obras fe confervaõ na Bibliotheca do
Real Convento de Alcobaça.
Fr. ESTEUAM BOTELHO natural
de Évora filho de nobres Pays chama-
dos Domingos Botelho de Vilhena, e Ma-
ria Botelho de Aragaõ. Ainda contava
poucos annos de idade quando com ma-
dura eleição deixou a cafa paterna para
abraçar o Inílituto dos Eremitas de Santo
Agoílinho que profeíTou no Convento pá-
trio a 29. de Junho de 1650. Foy Prior do
Convento de Arronches, e Loulé, e muyto
LUSITANA.
V ' M ' 'ifrada Efcritura, c
I promptos pua a
impre/íaõ.
Sermoens vários j . Tom. foi. e 2. de 4. Aí, J*.
Apontamentos concionatorios. foi. A/, i'.
ESTEVAM DE BRITO infignc pro-
feíTor de Mufica, aíTim Thcorica, cGtno praélica
chegando com a grande fcicncia que teve dcíla
Faculdade a competir com feu famofo Medre
rilippe de Magalhaens» de quem fe fará
memoria cm feu lugar. Foy mcílre, e Benefi-
ciado em a Cathedral de Badajos, cujo minif-
terio também exercitou na Cathedral de Málaga
alcançando pelas fuás obras grande applaufo
em toda Efpanha, das quaes fe confervaõ as
feguintes na Bibliotheca Real da Mufica,
como confta do feu Index imprcflb em Lis-
boa por Pedro Crasbecck 1649.
Tratado de Mufica. Eftant. 18. n. 513.
Motetes a 4. 5. 6. vo:(es. Eftant. 20. n.
569.
Motete. 'Bxurge qmre obdormis Domine
a 4. Eftant. 36. n. 809.
Vilbancicos de Navidad. Eftant. 28. n. 697.
Fr. ESTEVAM DE BUARCOS cujo
appellido tomou da marítima Villa diftante
fete legoas de Coimbra para o Poente.
ProfeíTou o Inftituto Ciftercienfe no Con-
vento de Santa Maria de Ceiça no Bifpado
de Coimbra onde applicado aos Ritos,
e Ceremonias Ecclefiafticas efcreveo a
feguinte obra, que fe conferva no Real Con-
vento de Alcobaça.
De divino Oficio peragendo. M. S.
P. ESTEVAM CARDEIRA natural
da Villa de Alvito diftante da Qdade
de Évora féis legoas para o Sul na Pro-
vinda do Alemtejo. Recebeo a Roupeta da
Companhia de JESUS em o Noviciado de
Évora a 18. de Dezembro de 1634. onde
enfinou letras humanas, Filofofia, e Theo-
logia Moral. Depois de receber o gráo de
Doutor em a Univerfidade de Évora a 19.
de Dezembro de 1658. fe dedicou ao minif-
terio do Púlpito em que alcançou naõ peque-
no applau2o. Morreo no CoUegio de Évora
a 9. de Março de 1694. Delle fe lembraõ
753
Franco Jmag. ia Virtud. do Nop. dt Etw,
p. 860. e Fonfec Epor, Ghricf. pag. 429.
Tinha promptos para a ImpreíTaõ.
Sermoins vários. M. S. 4.
P. ESTEVAM DE CASTRO Naceo cm
Lisboa onde foy vírtuofamentc educado por
feus oobres Pays António Vidal de Vafcon-
cellos, e D. Maria de Caftro, de que rcfultou
abraçar o Sagrado Inftituto da Companhia de
jefus em o Collegio de Coimbra a 10. de Agoílo
de 1)89. quando contava defefeis annos de
idade. Enfinou as letras humanas em que era
infigne pello largo espaço de outo annos.
Difcorreo por diverfas partes do Reyno
pregando apoftolicamente, de cujo trabalho
colheo copiofo fruto. Foy Procurador da
Província da índia. Morreo no Collegio do
Porto a 12. de Agofto de 1639. Delle fe lêbraõ
Bib. Societ. p. 749. col. 2. Joan. Soar. de Brit.
Theatr. Ijifit. Litter. lit. S. n. 28. D. Franc.
Manoel Cart. dos AA. Portug. Nicol. Ant. Bib.
Hi/p. Tom. 2. pag. 235. Franco Imag. da Virt.
do Nov. de Coimb. Tom. 2. pag. 616. e no Ann.
Glorio/. S. J. in Ijifit. pag. 465. Efcreveo.
Breve aparelho, e modo fácil para ajudar a bem
morrer hum ChriftàÕ; com a recopilaçaõ da matéria
de Tefiamentos, e penitencia, varias oraçoens devotas
tiradas da Efcritura Sagrada, e do Ritual Romano
de noffo Santo P. Paulo V. Lisboa por Joaõ Ro-
driguez 1 621. 8. e na dita Cidade por António
Alvares 1639. 8. Dedicado ao Illuftriflimo D.
Rodrigo da Cimha Arcebifpo de Lisboa fendo
Provedor da Mifericordia. Lisboa por Domin-
gos Carneiro 1663. 8. & ibi por Miguel Manef-
cal 1677. Coimbra por Jozé Antunes da Sylva
1705. 8. e Lisboa por António Pedrozo Galraõ
1725. 8.
ESTEVAM CAVALLEIRO Presbí-
tero, e peritilTmio profeUor de Grammatica
Latina, e naõ menos verfado em a fcíen-
cía da Grega. Eftiidou na Univerfidade de
Lisboa os primeiros rudimentos donde paf-
fando a Itália fe fez taõ infigne no idio-
ma Romano que reflituido à Pátria foy
Meftre defla, eloquentiíTima lingua na Uni-
verfidade de Lisboa, onde teve para im-
mortal gloria do feu Magifterio por difci-
pulo ao grande André de Refende, como
53
754
cUe confefla na Oraçaõ que recitou na mefma
Univeríidade em o primeiro de Outubro
de 1534. Nofí tranjibo Stephanum virum fine
controverfia Gramatiffimum quem ego puer adhuc
oííenis audivt. Foy o primeiro que efcreveo
Arte de Grammatica a qual pela dedicar a
NolTa Senhora a intitulou.
Ars Virginis Maria in quinque libros dif-
tributa. OlyíTipone per Valentinum Fernan-
dum natione Germanum regnante Emma-
nuele Rege anno Virginei partús fexdecimo
fupra fexquimilleíTimum Sole in feptima Can-
cri parte exiftente. foi. No prologo diz:
imitati quidem in hac re Jumus Quintilianum ,
Diomedem, Donatum, Prifcianumque, qui curio-
fijfime, reãijfimeque figuras ipfas expofuerunt.
Quorum do^rinam, reãamque Jententiam ita Poe-
tarum carminibus fulcitam, ita copiofam explana-
tam ante nos {quodfciam) expofuit nemo prajertim
Hifpanus.
Antes de fahir com efta Arte publicou.
Profodia Grammatica cum Jumma dili-
gentia correcta. Olyffipone per Venera-
bilem Johanem Petri de bonis hominibus
de Cremona 1505. foi. Nella illuftrava com
doutos Commentarios a Arte latina de Joaõ
de Paftrana que fora impreíTa no anno de
1505. pelo dito ImpreíTor. Da Arte de Ef-
tevaõ Cavalleiro fazem memoria Joaõ Fran-
co Barreto na Bib. 'Lufit. M. S. e o Bene-
ficiado Francifco Leitaõ Ferreira dignif-
fimo Académico da Academia Real Va-
rão de eterna memoria pela integridade dos
feus coítumes, e erudição Sagrada, e pro-
fana em as fuás doutiíTimas Notic. Chronol.
da Univerf. de Coimb. pag. 551. §. 1178.
onde affirma tivera no tempo que eíludava
Humanidades hum exemplar delia Arte.
P. ESTEVAM COELHO natural
da Villa de Abrantes do Bifpado da Guar-
da na Provinda da Beira filho de Pedro
Fernandes Rebotim, e Brites Coelha, e Re-
ligiofo da Companhia de Jefus cuja Rou-
peta recebeo em o Noviciado de Évora a
30. de Mayo de 1604. donde paílou à Chi-
na com faculdade dos Superiores, e depois
de difcorrer por taõ vafto Império, efcre-
veo.
Kelaçaõ das cousas da China. M. S.
B IBLIO THE CA
Fr. ESTEVAM DE COIMBRA cujo
appellido denota a Cidade que lhe deu o berço.
ProfeíTou o Inílituto Seráfico na Provinda
dos Capuchos da Soledade onde de Cuílodio
da Provinda foy eleito Provincial no Convento
de Santo António de Valle da Piedade junto
do Porto a 1 1. de Outubro de 172 1. Imprimio.
Sermaõ do grande Doutor da Igreja Santo
Agofiinho pregado no Mofieiro da Serra dos
Cónegos Regulares de Santo Agofiinho da Cidade
do Porto. Lisboa por Miguel Manefcal. 1718. 4.
ESTEVAM DA COSTA Jurifconfulto
infigne em Direito Canónico, e Civil,
cujas obras faõ allegadas com louvor
por Fernando Paez in Cap. MiJJas. n. 119.
o IlluílriíTimo Cunha in Decret. ad C. Mi-
ramur diíl. 61. n. 5. Manoel Barbof. Rí-
mis. ad Ord. Keg. lib. 5. Tit. 82. Lipe-
nio Bib. Keal Jurid. p. 176. e 307. e Brau-
dius Bib. Clafic. Efcreveo.
In Kubric. de Sententia Excomunicationis
lib. 6. & in varias leges. Venetijs 1 587.
De L,udo. Eíle tratado fahio impreíTo in
Tom. 7. Tra£í. Doctor. foi. 161. v.o.
De Conjanguinitate, <Ò' affinitate. Sa-
hio no mefmo Traã. DD. Tom. 9. foi.
132.
Fr. ESTEVAM DE CHRISTO na-
tural da Villa de Torres novas do Arcebif-
pado de Lisboa, e Religiofo profeíTo da
Ordem Militar de Chriílo em o Real Con-
vento de Thomar, celebre profeííor da Ar-
te de Contraponto, o qual foy chamado a
Madrid pelo Capellaõ mòr D. Jorge de
Almeyda para que ordenaíTe, e acentuaf-
fe pela Cantoria da Capella do Papa as Pa-
xoens que a Igreja canta na Semana Santa
o que executou com tanta fatisfaçaõ da-
quelle Prelado que o perfuadio a que as im-
primiíre. Morreo no Convento de N. Se-
nhora da Luz da fua Ordem Militar fitua-
do em o Subúrbio deíla Corte em o anno
de 1609. Publicou.
Procejfionario. Coimbra por António de
Maris. 1593. 4.
L.iber Pajfionum, <& eorum, qua ã Domi-
nica in Palmis u/que ad Vefperas Sabbati
Sanai inclufive cantari Jolent deligentijfime
LUSITANA.
755
correíltis, & locupktijfimt úmíIus, inprimis fin-
yjdorum Verhorum accentu ftudiofijfime fpeílato,
Ulyiipunc apud Simoncm Lopes 1)95. foL
Deíla obra faz mençaõ com louvor Pedxo
Thalcfio Art, dê Cant. CbaÕ foi. jj.
ManuaU pro commmicandis, «y iMfffidit,
^ Jtptliendis Y^ratribits. UlyíTiponc per Pctrum
Graesbeeck 1625. 4.
Introdução facilijfwia, e novijftma do canto
fermo, e jigitrado Jimples, e em concerto com regras
geraes para diferentes figuras fobre o canto fermo
a 1. ^. 4. e compofiçoens, e proporçoens em o gemro
Diatónico, e Hnarmonico. Confcrva-fc na Bib.
Real da Mufic. Eílant. 18. n. 524. como
coníla do fcu Index impreíTo em Lisboa
por Pedro Craesbccck 1649. 4*
P. ESTEVAM DO COUTO filho de
Sebaíliaõ Gallego, c Izabel Rodrigues do
Gjuto naceo para o mundo em a Villa de Oli-
vença do Bifpado de Elvas na Provincia do
Alentejo, e renaceo para Deos recebendo na
dfa profeíTa de S. Roque a Roupeta de Jefuita
quando contava 14. annos de idade a 6. de
Junho de 1569. Eíludou as letras humanas,
e divinas na Univerfidade de Coimbra onde
naõ fomente as didou com applaufo fendo
hum dos mayores letrados do feu tempo,
mas recebeo o gráo de Doutor em Theologia
a 24. de Junho de 1596. em a Univerfidade
de Évora, onde foy Cancellario. Pella fua
prudência, e affabilidade mereceo parti-
culares eftimaçoens do SereniíTimo Duque
de Bragança D. Joaõ, que depois fubio ao
trono de Portugal. Falleceo no Collegio de
Évora a 17. de Setembro de 1658. com 85.
annos de idade e 69. de Religião. Fallaõ delle
Joan. Soar. de Brit. Theatr. hujit. 'Litter.
lit. S. n. 29. Sacrarum litterarttm, <à^ bu-
maniorum laudatijfimus profejjor ingenioque
amomijfimo, & lepidifww. Franco Ann.
Gloriof. S. J. in luujit. pag. 531. Scientia-
rum illujlris profejjor, e no Annal. S. J. in
loifit. pag. 274. Compoz as feguintes obras
de que a mayor parte eílava prompta para
a ImpreíTaõ.
In Lib. 8. Pòjjic.
In lib. de Calo
In Methaphijicam
In I. Sc z. lib. Spòara
Epitomt Kbttoricet
AíMotationes in Artem hlebraicam
Optra Tbeologfca,
Três feus Epigtammas Latinos á me-
moria do P. FrBndfco de Mendoça da G>m-
panhia de JESUS fahicaô imprcííos no prin-
cipio do Viridario defte Author.
P. ESTEVAM FAGUNDES natural da
celebre Vilia de Viamu do Arcebiípado de
Braga filho de Pays nobres, e virtuofos, e hum
dos eminentes Theologos Moralííbs, que teve
a Companhia de JESUS, cuja Roupeta veftio
no Collegio de Évora quando contava 17.
annos de idade a 15. de Janeiro de 1594.
Pelo efpaço de dez annos leo Theologia Moral
no Collegio de Braga, e dous em o de Por-
talegre, de cuja folida doutrina firmada na
authoridade dos Sagrados Cânones, e refolu-
çoens dos mais profundos Theologos, c Jurif-
confultos fahiraõ taõ doutos os feus difcipu-
los que paíTaraõ com gloria immortal de tal
Meílre a regentar as primeiras Cadeiras. Foy
muyto obfervante dos Inítitutos da Companhia
naõ permitindo que algum dos feus compa-
nheiros o excedelTe na exaâa praética das virtu-
des religiofas. Todo o tempo que lhe rcílava
das precifas obrigaçoens da Comunidade o
dedicava ao eíhido em que fez admiráveis
progreíTos a fua grande comprehenfaõ, pro-
fundo talento, e feliz memoria. Cheyo mais
de merecimentos, que annos morreo na Caía
profeíTa de S. Roque a 13. de Janeiro de
1645. com 68. annos de idade e 51. de Com-
panhia. As Univerfidades de Coimbra, Évora,
e Salamanca, o intitularão Sapientijfimus, clarif-
fimus, gravijftmus, erttditijjimus. Fr. Lud. à Con-
cept. Exam. Verit. Tbeol. Part. i. Traâ. 1.
caf. 6. n. 17. doãiffimus. Franco Imag. da Vir-
tud. em o Novic. de Évora p. 860. Todas as
fuás obras merecem nome ^ande e no Ann.
Gloriof. in Eufit. p. 23. Ejus libri typo vul-
gati authorem im omnibus Academiis com-
mendant & in Annal. S. J. in L//fif. f>ag.
289. n. 6. Sapientíjffimus vir. Bib. Societ.
pag. 749. col. 2. Joan. Soares de Brito.
Theatr. Utterar. Ljifit. lit. S. n. 30. D.
Franc. Manoel Carta dos AA. Portug.
Morery Diccion. Hifloriq. Verb. Fagun-
des, Fonfeca Evor. Gloriof. p. 429. Nicol.
756
Ant. Bih. Hifp. Tom. i. pag. 234. col. 2.
Compo2.
Quajiiones de Chrijlianis Officiis, <& cajibus
Conjcientia in quinque Ecclejia pracepta Tomus
iinicus. Lugd. Sumptibus Jacobi Cardon, &
Petri Cavillat. 1626. foi. & Moguntix apud
Hermanum Myllium 1628. foi. Efte livro
foy prohibido no anno de 1627. pela Inquiíiçaõ
de Caftella por feguir no Liv. \. Qtiart. Vracept.
de Jejmio cap. 2. n. 6. e principalmente do n.
10. atè 15. a opinião de que fe podiaõ co-
mer ladHcinios no tempo da Quarefma. Para
fuftentar eíla opinião fahio com a feguinte
Apologia.
Informatio pro opinione efus ovoriim, <& Laãi-
ciniorum tempore Quadragejfima. 1630. foi. Naõ
tem nome de ImpreíTor, mas declara fer aca-
bada no Real CoUegio de Salamanca da Com-
panhia de JESUS, a 4. de Fevereiro de 1630.
Sahio reimpreíTa com efte titulo.
A.pologeticu5 traãatus ad quajlionem de I^aãi-
ciniorum, ovorumque efu tempore Qiiadragejfimali.
Lugduni apud Jacobum Cardon 163 1. 8.
Foraõ taõ concludentes as rezoens defta
Apologia que por ordem da mefma Inquiíiçaõ
de Hefpanha fendo Inquiíidor Geral o Cardial
António Zapata, fahio approvado o livro a 18.
de Abril de 1630. cuja faculdade vimos
impreíTa.
In decem pracepta Decalogi Tom. i. Lugduni
per Jacobum Cardon 1632. foi. & ibi per
Laurentium Aniílon, et hseredes Gabrielis
BouíTat 1640. foi.
In quinque pofteriora Prcecepta Decalogi Tom. 2.
Lugd. apud AniíTon, & BouíTat 1640. foi.
De Jujiitia, item de Contraãihus, de
acquijitione, <& translatione dominij. ibi apud
eofdem Typog. 1641. foi.
ESTEVAM DA GAMA DE MOU-
RA, E AZEVEDO filho de Francifco
da Silva de Moura, e Azevedo Governa-
dor da Praça de Campo mayor, e Com-
mendador da Comenda de Santa Maria de
Caftello-bom, e de D. Anna Maria Jofeph
de Vafconcellos, e irmaõ de Diogo de
Monroy, e Vafconcellos, de quem fe fez
mençaõ em feu lugar. Naceo na Villa de
Campo mayor fituada na Provinda do
Alentejo a 6. de Março de 1672. Por naõ
BIB LIO THE CA
degenerar dos efpiritos marciaes de feu
Pay feguio a vida militar, em que obrou
acçoens taõ dignas de applaufo, que che-
gou a fer Sargento mór de Batalha dos Exér-
citos de Sua Mageftade, Governador da Praça
de Campo mayor, e Commendador da Com-
menda de S. Miguel de Villaboa da Ordem de
Chrifto. Unio ao exercício das armas a cultura
das fciencias fendo pela vafta noticia que tem
da Hiftoria profana admitido ao numero dos
Académicos fupranumerarios da Academia
Real Portugueza. Efcreveo.
Theatro Bellico, em que fe repret^entaõ
as obrigaçoens de todos os Pojlos nas Jeis fac-
çoens militares de marchar, alojar, fortificar,
peleijar, expugnar, e defender. M. S.
Fr. ESTEVAM LEYTAM natural de Lis-
boa filho de Balthezar Leitaõ fidalgo da Cafa
Real, e de fua fegunda mulher Antónia Velloza
prima com irmaã de Fr. Francifco Foreiro
infigne efplendor da Ordem dos Pregadores.
Na idade pueril deu evidentes finaes dos dotes
que manifeftou em a mais adulta, fervindo-lhe
de theatro a Cafa do Infante D. Luiz, em cujo
ferviço paliou os primeiros annos com tanta
innocencia de coftumes, que bem pareceo
nacera mais para o Clauftro, que para o Século.
Deixando efte, e a Cafa paterna elegeo entre
todas as Religioens a Dominicana, cujo Inf-
tituto profeíTou no Convento de Lisboa a 30.
de Novembro de 1540. Frequentou as Efco-
las com applicaçaõ fahindo grande Letrado
fendo o feu mayor eftudo a obfervancia das
virtudes nas quaes fez mayores progreíTos
que nas letras. Inflamado no dezejo da con-
verfaõ da GentiUdade fe embarcou duas vezes
para a índia, e de ambas fe Uie fruftou por
difpofiçaõ de mais alta providencia taõ fagrado
intento. Naõ teve tempo vago, que naõ
occupaíTe nos mayores lugares da Religião,
pois a fua grave prudência unida a huma natu-
ral affabilidade o fizeraõ digno de fer Meftre
dos Noviços, e depois Prior em o reformado
Convento de Bemfica, e de exercitar com
exemplo nunca praótícado quatro vezes o
Priorado do Convento de Lisboa donde
fubio a fer Provincial no anno de 1554'
e fegunda vez eleito em o de 1574. Com
heróica liberdade defendeo pertencer a fuc-
L USITAN A.
7^7
ceííaõ da G>roA Portugucza á SereniíTima
Caía de Bragança contra as ambiciofas,
e injuílas pertençoens de Fílippe Prudente,
o qual em vingança de lhe difputar o direito
que imaginava infallivel, o mandou deílerrar
acabando a vida com fofpeita de veneno.
Jaz fepultado no Convento de AxcitaÕ À
porta do Coro com efte epitáfio.
Aq$d jas^ Fr. Efievam Lei/aÔ Paj dejla Pro-
vinda.
Dclle Íaz6 memoria Fr. Pedro Calvo La-
\ g/rim. dos ]t4ji. Part. 2. cap. 15. Foy VaraÒ m$ty
tfpiriíNal, devoto, e amigo da OraçaÕ, e do culto
divino. Fr. Luiz de Souf. I lift. de S. Doming.
da Prov. de Portug. Part. 5. cap. 7. Foj mtáto
cuidado/o do culto divino, grandemente ^elo:(p da
guarda da KeligiaÔ, gj-ave na peffoa, brando, e macio
no trato. Echard. Script. Ord. Prad. Tom. 2.
pag. 2J0. col. 2. is pietate, doíírina, prudentiaque
evafit, ut ad majora regiminis munia in fua Pro-
vinda quamtumvis ea Jolitudinis cultor ex animo
refugeret, adleííus fit. Fr. Pedr. Mont. Clauftr.
Dom. Tom. 5. pag. 197. mu^ douto, e de vida
exemplar. Maccd. latfit. lib. lib. 2. cap. 2. §. 13.
gravijftmus. O Senhor D. António na Carta
efcrita à Santidade de Gregório XIII. pag. mihi
65. Venerabilem Fratrem Stephanum Leitaõ qui
bis apud Dominicanos Provincialis Officium
gejftt, terque Vicarium Generalem, virum
làf virtute, (Ò* nobilitate, (& authoritate infi-
gnem. Nicol. Ant. hib. Hifp. Tom. 2.
pag. 235. col. I. Joan. Soar. de Brit. Theatr.
Ljijit. Litter. lit. S. n. 32. Faria Europ.
Portug. Tom. 3. Part. 4. cap. 6. Jacob.
Lelong. Bib. Sacra. Tom. 2. pag. mihi 825.
col. I. Compoz.
De Laudibus Montis CalvariJ. M. S.
L.iber Conjiderationum fuper Concórdia Cor-
nelii JanfeniJ Gandavenfis Epifcopi. M. S.
ESTEVAM LOPES MORAGO grande
profeflbr de Muíica, e Meftre defta fonora
faculdade na Cathedral de Vifeu. Deixou
varias obras que daõ a conhecer a profun-
didade da fua fciencia neíla armonica
Arte, as quaes fe confervaõ na Bib. Real
da Muíica.
D. ESTEVAM DE MENESES Se-
nhor da Cafa de Tarouca, Penalva, Gul-
far, Lalim, e Tararim, Commcndador, e
Alcayde móf de Albufeira da Ordem de
Aviz naceo em Lisboa, e foy Alho de D. Duarte
Luiz de Menezes terceiro Conde de Tarouca,
e primeiro Marquez de Penalva em Caílella,
CJentil-homem da Canura de Filippe IV.
fem exercicio, Confelheiro de Guerra, e Ge-
neral da Cavallaria do Exercito de Andaluzia;
e de D. Luiza de Caílro íilha de D. Eílevaõ
de Faro primeiro Conde de Faro, Vedor da
Fazenda, e Confelheiro de liíhulo, e D.
Ciuiomar de Caftro filha de D. Joaõ Lobo
quarto Baraõ de Alvito. Ainda contava
poucos annos de idade quando pa/Tou
com feu Pay a Caílella no anno de 1641.
onde aíTiílindo pelo largo efpaço de vinte
annos fe reílituhio a eíle Reyno protef-
tando a fidelidade, que fempre confer-
vara ao feu Soberano. Foy Deputado da
Junta dos Três Eílados, em cujo lugar
moílrou que a fua aâividade era igual ao
feu defmtereífe. Morreo em Lisboa a 20.
de Novembro de 1677. e jaz fepultado no
Convento da Santi/Hma Trindade da Villa
de Santarém. Foy cafado com D. Helena
de Borbon filha de D. Thomaz de Noro-
nha terceiro Conde dos Arcos, e D. Magda-
lena de Borbon filha herdeira de D. Luiz
de Lima de Brito primeiro Conde dos Arcos,
de quem deixou por herdeira a filha mais velha
D. Joanna Rofa de Menezes que cafou com
Joaõ Gomez da Sylva 4. Conde de Tarouca,
Plenipotenciário à Paz de Utrech, Embaxador
ao Emperador Carlos VI. e Mormodo mór
da SereniíTima Rainha D. Mariana de Auftria,
de quem faremos larga memoria em feu lu-
gar, de qual deixou larga poíleridade. Pu-
blicou.
Copia delas Cartas que dexò e/critas en Caf-
tilla D. EJievan de Mene:(es bijo fegundo dei Conde
de Tarouca paffando a Portugal en las quales
declara la rat^pn de fu paffage, que es cumplir con
la devida obligcuion de bufe ar el fervido de fu Ul-
timo Rçy y Senor: gtdado dei verdadero conod-
miento de la jufla feparacion delas Coronas, y el
mayor derecho de EJKey D. Affonfo VI.
nueflro Senor en la Succeffton dela Corona de
Portugal. Lisboa por Henrique Valente
de OHveira Impreílor delRey 1663. 4.
Saõ duas Cartas, a primeira efcrita ao Ar-
758
cebifpo de S. Tiago Governador de Galiza,
e a fegunda ao Duque de Medina delas Tor-
res fendo eíla muito douta, e larga.
ESTEVAM DAS NEVES CARDEYRA
natural da Villa de Ferreira do Arcebifpado
de Évora em a Provinda do Alentejo donde
paíTou a Itália, e na Univeríidade de Pádua
fe applicou ao eftudo da Filofofia em que re-
cebeo o gráo de Bacharel. Com igual, ou
mayor difvelo ouvio interpretadas as mayores
difficuldades de hum, e outro Direito, e fez
taes progreíTos a fua profunda efpeculaçaõ, e
penetrante engenho neftas Faculdades, que
depois de receber em ambas as iníignias
doutoraes foy elevado a regentar as mayo-
res Cadeiras daquella Univeríidade, fendo
Lente de Inílituta de que tomou poíTe a 5.
de Janeiro de 1685, de Pandeétas, e Código
a 23. de Julho de 1692. de Vefpera a 7. de
Mayo de 1695. e ultimamente quando jà lo-
grava o titulo de Conde Palatino, a de Prima a
22. de Setembro de 1703. Na ultima idade
ainda que privado dos dous mais nobres fen-
tidos quais eraõ ver, e ouvir nunca interrom-
peo o laboriofo exercício das Cadeiras, até que
contando 80. annos falleceo em Pádua a 1 5 . de
Julho de 1720. Jaz fepultado na Baíilica de
Santo António onde em hum magnifico Mau-
foleo eílaõ depofitadas as cinzas defte Thauma-
turgo Portuguez. Foy cazado com conforte
digna da fua peíToa, de quem teve a André
das Neves Cardeira herdeiro da fua fcien-
cia jurídica fendo Lente na mefma Univer-
íidade de Pádua. Nicoláo Comneno Papa-
dopoli Hijl, Gimnaf. Patav. liv. 2. pag. 158.
o intitula vir plane doHus. Compoz.
Clava pontificia, Jeu authoritas in Conciliis
tum Generalibus, tum Provincialibus cum Scholiis
in aliquot Decretales inde emanantes. Patavij
apud Sebaílianum Spera in Deo. 1697. 4.
ESTEVAM NUNES DE BARROS
naceo em a Villa de Santarém, e recebeo a
graça bautifmal na Parochia de N. Senhora
de Maravilla em o primeiro de Janeiro de
1638. Foy filho de Joaõ Antunes de Barros
e Maria Nunes, e Sobrinho de Fr. André de
Chriílo Mercenário Defcalço, de quem fe fez
mençaõ em feu lugar. Na Univerfidade de
BIBLIOTHE C A
Coimbra eíhidou Direito Cefareo no qual
recebendo o gráo de Bacharel fe reftituhio à
Pátria, onde exercitou por muitos annos o
Oíficio de Advogado. Como era muito vcr-
fado nas letras humanas, Mithologia, e Poé-
tica foy alumno das Academias dos Generofos -
de Lisboa, e dos Solitários de Santarém me- I
recendo univerfaes applauzos as fuás com-
pofiçoens. Morreo na Pátria a 7. de Outubro
de 1675 Compoz.
Poejias Varias 4. M. S. cujo volume con-
ferva em feu poder Rodrigo Xavier Pereira
de Faria patrício do author, o qual com a fua
erudição, e natural benevolência nos comuni-
cou eíla noticia, como outras muitas perten-
centes à fua Pátria. Compoz três Comedias
que tem os titulos feguintes.
L,os Apoftoles de Chrifto S. Simon,y S. Judas.
Lm virtud vence el poder.
£/ honor vence el poder.
ESTEVAM DE PINA Presbytero de
inculpável vida, e Capellaõ do Altar da Senhora
da Luz que fe venera no Convento da Ordem
de Chriílo fituada em o fuburbio de Lisboa.
Efcreveo com fumma curiofidade, e deli-
gencia no anno de 1565.
Milagres aprovados de N. Senhora da Lu!^
obrados em vários enfermos, cujo livro tinha em
feu poder Fr. Roque do Soveral Rehgiofo da
Ordem Militar de Chriílo como elle affirmou
no liv. 2. cap. 13. foi. 96. da Hijl. do infign.
aparecim. de Nojfa Senhora da L»:^.
ESTEVAM PRETO Doutor em Di-
reito Civil, Dezembargador da Cafa de Sup-
plicaçaõ. Procurador da Cidade de Lis-
boa nas Cortes que nella celebrou o Sere-
niffimo Rey D. Sebaítiaõ a 13. de Dezem-
bro de 1562. Depois de orar neíle politico
aâo pela parte do Eílado Eccleíiaítico o
Doutor António Pinheiro cujo grande mere-
cimento fe vio depois premiado com as Mitras
de Miranda, e Leiria, recitou a Oraçaõ fe-
guinte pela parte do Eílado Secular, a qual
fahio com eRe titulo.
Kepojla do Doutor EJlevaõ Preto De-
f^embargador da Cafa da Supplicaçaõ, e Pro-
curador de 'Lisboa Lisboa por António Al-
vares 1563. 4. e nas minhas Mem. Polit.
LUSITANA.
e Milit. DelKey D. Sebajliad Part. i. liv. i.
rap. 12. deíde pag. i8). até 188.
V. Fr. ESTEVAM DA PURinCA-
ÇAM Naceo na Villa de Moura fituada na
1'ruvincia do Alentejo a 14. de Fevereiro de
1)71. de Pays igualmente nobres, e virtuofos
chamados António Rodriguez Cotei, e Marga-
rida Rodriguez Sortelha. Na infância deu
claros indícios das virtudes que havia pra£licar
em toda a vida. Na adolefcencia como quem
conhecia as falfas apparencias do mundo buT-
cou por afylo certo da Salvação a Religião
Girmelitana, cujo habito recebeo no Convento
da Vidigueira. Eftudada Filofofia cm Lis-
boa, c Theologia cm Coimbra, c alcançada
Patente de Pregador c ConfcíTor fe refolveo
a fazer mayores progrcíTos nas virtudes, que
nas letras. Era na Oraçaò extático, na peni-
tencia rigorofo, na humildade iníigne, na
obediência prompto, na continência admirável,
no zelo da honra de Deos folicito, e no amor
dos próximos ardente. Com fè heróica, e
veneração profunda adorou a Chriílo occulto
debaixo das efpecies Sacramentaes. A Maria
SantiíTima dedicava quotidianamente mul-
tiplicados obfequios principalmente na de-
vota meditação dos Myfterios do feu Ro-
fario, fendo cada oraçaõ huma Myílica
Rofa com que coroava taõ foberana Prin-
ceza. A modeftia do femblante, e a gravi-
dade das acçoens eraõ tacita cenfura dos
defeitos dos feus domeílicos fervindo de
exemplo, e exemplar para a obfervancia
do feu Inílituto. Eíle cumulo de virtudes
lhe conciliou as veneraçoens das principaes
peíToas da Corte diíUnguindo-fe entre ellas
aquelles dous Princepes da Jerarchia Ec-
clefiaíUca D. Fr. Aleixo de Menezes, e D. Mi-
guel de Caílro, o primeiro Arcebifpo de
Braga, e o 2. de Lisboa. Com anciofo
difvelo procurou, e confeguio, que na
Provinda houveíTe hum Convento reco-
leto para nelle exaftamente fe obfervar
o primitivo rigor da regra Carmelitana,
e fendo refoluto que foíTe o de Santa Anna de
CoUares, deu principio a taõ fagrado deíignio
a 2. de Mayo de 161 7. Neíle domicilio pro-
feguio com tanto fervor todo o género de
virtudes moraes, e Religiofas que naõ era
759
juílo fe lhe dilataíTc por mais tempo o premio
que foy lograr na eternidade a 17. de No-
vembro de 1617. quando contava 47. de idade.
Fpy dê mtâ tflatwra (a/Tim lhe defcreve a fi-
gura Fr. Manoel de Sá. Mtm. Hijlor. dor
Efcrit. Por/nj^. do Carm. pag. ijo.) t dt mmío
poucas canuí, mmto calvo, o pomo cabello cpu
tinha era delgado, t tendia para cor ca (lanha; teve
poucas brancas; o rojio era algum tanto comprido,
e feco; o nariz proporcionado com elle alto, $ del-
gado, os olhos íiravaõ a pretos ainda que naÕ muyto,
a barba bajlantemente povoada, a cor do roflo
miàto pálida, e bem dava a conhecer as fuás peni-
tencias. O feu Retrato fe abrio em diverías
laminas das quaes fahiraõ duas em Lisboa
com efta infcripçaõ na parte inferior Vera
effigies V. P. Fr, Stephani à Purificatiom Car-
melita Obiit. anno Domini 1617. atatis Jua 47.
Outra foy aberta em Anveres com eftas pa-
lavras que brevemente explicaõ as fuás virtuo-
fas acçoens. Vera effigies V. P. Fr. Stephani
à Purificatione Lujitani ex Moura Carmelita
ajfiduis, dirtjque panitentiis extenuati, Chrijli
Crucifixi cultoris Jerventijftmi ; erga egenos, ^
agros charitate eximij, in convertendis peccatoribus
fingularis, calejlibus revelationibus, ac prophetica
Jpiritu illuftris, D. Virffnis frequentibus fa-
voribus infigtiíi, mortis Jua prafcij, & pofi
eam uti in vita miraculis clari. Obiit 17.
Novembris 1617. atatis 47. Ad dejunãi vero
aspeãum Turca repente faãus ftát Catholicus.
Foy fepultado em hum jazigo que man-
dara fazer António Trancofo Corrêa ho-
mem nobre da Villa de Collares, o qual
atendendo que o lugar era muito humilde
para depofito de taõ iníigne Varaõ lhe
mandou fabricar hum maufoleo de finos,
e preciofos mármores para onde foy tref-
ladado a 22. de Outubro de 1625. Os mi-
lagres, que Deos obrou por interceíTaõ defte
feu Servo, e as fuás heróicas Virtudes re-
latadas na fua vida compoíla por Fr. Luiz
de Mertola, e no livro da fua trefladaçaõ
efcrito por Fr. Pedro da Cruz Juzarte,
o íizeraõ digno de que no Pontificado
de Urbano VIII. fe recorreíTe à Sagrada.
Congregação dos Ritos para fer collo-
cado no Cathalogo dos Santos, como ef-
creve Fr. Joaõ Bautiíb. Lezana AtmaL
Carmel. Tom. 4. pag. 894. n. 6. e o Me-
7ÓO
BIBLIO THE CA
morial, que para efte fim fe fez, o traz co-
piado Fr. Dan. à Virg. Mar. Specul. Car-
mel. Tom. 2. Part. 5. pag. 988. n. 3463.
e pag. 1084. n. 3802. Celebraõ a fua me-
moria Fr. Ant. à Purif. Chronol. Monaft.
pag. iio. Qui charitatis amore inflamatus Jex-
centas fere utriujqne Jexus perfonas difcordes
conciliavit, plujquam mille ah inferni faucihtis
ad falutis viam Juis concionihus , (ò" privatis
colloquiis revocavit. Fr. Miguel dela Fuente
Cathal. de los Var. dela Ord. Varon exce-
lentijfimo, j gran penitente rejplandecio en vida,
y muerte en milagros. Fr. Manoel Roman.
Elucid. foi. 321. Keligiofo de excelente virtud,
y fantidad Varon contemplativo. Fr. Pedro
Calvo Def. das Seg. Relig. Part. 2. cap. 13.
foi. 73. v.° grande penitente, e contempla-
tivo. Munos Propugn. Elice lib. 2. Tit. 2.
cap. I. art. 2. pag. 322. n. 17. Vir celebris
Joan. Soar. de Brit. Theatr. hujit. L,itter.
lit. S. n. 34. Vir injigniter pius. Cardof. Agiol.
LMjit. Tom. I. pag. 142. no Comment. de 14.
de Janeir. letr. D. Viva imagem da perfeição
religiofa. Carvalho Corog. Portug. Tom. 3.
liv. 2. Trat. 8. cap. 47. pag. 626. VaraÕ in-
figne em Virtudes. Efcreveo.
Exercidos efpirituaes, em que gafiava o
dia.
Do^e cartas a diverfas pejjoas.
Huma, e outra obra fahio impreíTa no
Livro da Trefladaçaõ defte fervo de Deos
compofto por Fr. Pedro da Cruz Juzarte.
Lisboa por Henrique Valente de Oliveira
1662. 8. As dozes Cartas também fahiraõ
impreíTas na Vid. e mort. defie fervo de Deos
efcrita por Fr. Luiz de Mertola. Lisboa por
Pedro Cresbeeck. 1621. 4. Deitas obras faz
memoria Fr. Marcos António Alegre de Cafa-
nate Parad. Carmel. Decor. Stat. 5. iEtas 18.
cap. 133. pag. 474.
ESTEVAM RIBEYRO cuja pátria,
e eílado de vida ignoramos, efcreveo com
eftilo íincero.
Chronica delKey D. Sebafliaõ. M. S. a
qual allegaõ Fr. Ant. à Purif. de vir. II-
lujlrib. Ord. Eremit. D. Aug. lib. 3. cap.
14. e Cardof. Agiol. Eujit. Tom. 2. pag.
621. no Commient. de 17. de Abril
Ict. D.
ESTEVAM RODRIGUES DE CAS-
TRO Naceo na Cidade de Lisboa no anno
de 1559. fendo hum dos mais celebres fi-
lhos que produzio efta famofa Cidade. A
natureza o ornou de engenho agudo, com-
prehenfaõ admirável, e juizo penetrante
para alcançar a noticia das fciencias ame-
nas, e feveras, nas quaes fahio taõ con-
fumado que ninguém no feu tempo fe
atreveo a difputar-lhe a primazia. Soube
com pureza a lingua Latina; teve natural
cadencia para a Poefia vulgar, e na Oratória
foy taõ infigne que arrebatava a attençaõ
dos ouvintes mais pela viveza das acçoens,
do que ainda pela elegância das palavras.
Praétícou com igual efpeculaçaõ, que novi-
dade as experiências Phyficas, e interpretou
com fumma profundidade os aforifmos da
Medicina como Lente Primário em a Uni-
verfidade de Pifa. Todos eíles dotes fcienti-
ficos naõ fomente lhe adquirirão a eftimaçaõ
do graõ Duque de Florença que o elegeo
por feu Phyfico mór, mas os applaufos, e
elogios dos mais celebres efcritores, como
foraõ Zacuto de Med. Princip. Hifl. lib. 3.
hifi:. 9. Quíeft. 18. intitulando-o Medicines Pha-
nix, e hift. 25. eruditiffimus e lib. 5. hiíl. i. author
inter clajjicos celeberrimus, e Lib. 2. hiíl:. 102.
Vir excellenti ingenio, <& doãrina, medicus, €^
Philofophus celeberrimus. Eman. dos Reys de
duob magn. Art. med. auxil. cap. 3. art. 2. pag.
99. doãijfimus. Joan. Soar. de Brit. Theat.
Eufit. Eitter. lit. S. n. 55. clarifimus Poeta,
<à^ medicus egregius. Nicol. Ant. Bih. Hifp.
Tom. 2. pag. 235. col. 2. eam quippe artem
(falia da Medicina) infigni rerum antiquarum
eruditione fie exornavit, ut omnia ejus opera
non minus doceant, quâm jucunde ânimos legen-
tium pafcant. Faria Fuent. de Aganip. Part. 3.
no Prolog, n. 13. las Rimas de EJlevan Rodri-
gue\ aunque poças, muy huenas e no Comment.
às Rim. de Camoens. Tom. 3. pag. i. Ef-
tevan Rodrigue^ tiene una cancion ala immortalidad
dei alma, que no deve nada alas mejores. Georg.
Math. Konig. Bib. Vet. ó" nov. pag. 697. col.
I. Morery Diccion. Hiftoriq. Verb. Cafiro Ro-
drig. D. Franc. Manoel na Carta dos A A. Por-
tug. Abrah. Mercklin. in Eind. renov. No li-
vro in Viror. Eitter. imagin. impreflb Romíe
1641. eftá o feu Retrato com eíles verfos.
LUSITANA.
761
Pinjaiàa quadra tá qm prof pieis ora iabella
Non pene Iam pinjifn mente fuijje puíts»
Nam media fácies CaJIrcnJis fie erat avi
Quim mérito noftri dixeris híypocratem.
Outro retrato fcu fahio na obra, que elle
compoz intitulada PhHomena, c na parte infe-
rior tem gravado cílc dyílico.
lixprimit aHthoris viiltii piítitra, fed atétljor
Ipfe fui vires exprimit inffinij.
Morreo na Gdade de Pifa em o anno
de 1657. quando contava 74. annos de idade
deixando para eterno hrazaò do feu nome
as obras feguintcs.
De Meteoris Microcofmi iibri IV. Floren-
tisc apud Juntas 1621. foi. Sahio mais cor-
rcílo por induftria de Valério Nervio ibi
1624. foi.
RJmas Florença por Zanobio Pinhoni.
1632. 12. Confta de Sonetos, Odes, Eglogas,
Portuguezas, e Giílelhanas. Sahio à luz eíla
obra por dcligencia de Francifco de Giílro
filho do Author.
De complexu morhorum. Florcntiac apud
Zenobium Pignonium 1624. 8. e Norimbergx
per Hironymum Dumlerum 1646. 12.
Ejunenius, feu de Vero amico. Florcntiac.
1626. 12.
Opujculum de Mutatione aliorum morhorum in
alios in quattuor libros divifum Medicina fiudiofis
valde utiky (& recôndita doãrina refertum. Floren-
tiíe apud Petrum Cecconcellium. 1627. 12. &
Francof. apud. Joan. David. Zanerum 1646. 12.
u& ibi 1667. A eíle tratado chama áureo Zacuto
^Luíitano.
Philomela, Florentias apud Petrum Ceccon-
cellium 1628, 4. Coníla de Diálogos cheyos
de muyta erudição, e poefia fendo o principal
argumento a Amizade.
Afitia, hoc ejl de cauja cur multi non man-
ducent, vel in tota vita, vel muliis diebus. Flo-
rcntiac apud Zenobium Pignonium 1630. 8.
& Taurini apud Joannem Sinibaldum.
1647. 8.
De Sero Laãis fraãatus. Florcntiac apud
Sarmatellium 163 1. 8. & Norimbergac apud
Hyeremiam Dumlerum 1646. 12.
// curiofo nel qiiale in dialogo fi difcorre
dei mal delia pejle. Pifa por Francefco Ta-
nagli 163 1. 4.
Commentarius in Hypocratis Coi libellum
dê Alimfnto in qm multiplici didafcalia varia
amtroverfia inter utramque partem àijputantur, Ó^
áTffimentorum funibus, aiéíJorumqm Jecurihiu Sa-
tyro comiéa iigftntitr, conflrinfímtur , opus in quat-
tuor partes divifum. Ilorentíac apud Scrma-
tcUium. 165). foi.
Di Simulato Kige Sebafliano PotmatioH
juvenili atate conflatum. Florcntiac apud Ama-
torem Maííam 16)8. 4. F.íla obra publicou
feu íilho Francifco de Caílro, onde 00 Pro-
logo a o leitor aífínna ter extrahido eíle Poema
de huma copia já em partes confumida, e
por eíla caufa fahia imperfeito havendo de-
dicado feu Pay a tal obra ao Cardial Al-
berto em cujo poder fe confervava per-
feito. O P. Ant. dos Reys no línthufiafm.
Poet. n. 25. louva a o Author deíb obra com
cilas vozes.
Hunc prope confidit Stephanus Kodericius, ora
Qui mérito rifit fimulantem pulchra Sebafli
Ut ne ridiculi fieret Kex fabula Vulgi
Inclytus ille fui quem Regni in fede locarat
Omnipotens.
Pofthuma varietas. Florentix apud Ama-
torem Maííam, et Laurentium de Lan-
dis. 1639. 4- Coníla de Cartas latinas a di-
verfas pcíToas; Oraçoens recitadas na Univer-
fidade de Pifa ao conferir os gráos dos Douto-
ramentos; vários Epigrammas, c muitos So-
netos cm Portuguez, c Italiano. Sahio cila
obra por dcligencia de feu filho Francifco
de Caílro.
Caftigationes exegética, qtábtis "Variorum dog-
matum veritas elucidatur. Florentix apud cos-
dem Typ. 1640. foi.
De Epilepfia difceptatio pofthuma. Florcntiac
apud cofdem Typog. 1640. 4.
De Pleuritide difceptatio. Florcntiac ex
eadem Typ. 1641. 8.
Katio confultationis an poft variolas purga-
tione corpus egeat. ibi 1642. 4.
Medica Confultationes. ibi apud eundem
Typog. 1644. 4.
Syntaxis pradiãionum medicarum ctà accejfit
Triplex elucubratio. Prima de Cbirurgicis admi-
niftrationibus. 2. de Potu refrigerato. 3. de Am-
malibus Microcofmi. Vcnetiis apud Frandfc.
Bragiolum. 1656. 8. & Lugduni apud Philip.
Borde & focios 1661. 4.
Pythagoras Lugduni fumptibus Philip.
■j6:
BIB LIOTHECA
Borde, Arnaud, et Rigaud. 165 1. 12. Q)nfta
dos coílumes, doutrina, e preceitos defte
Filofofo, e no fim traz hum tratado de
Ke ciharia.
Varies Exercitationes medica, eb* expojitiones
in aliquos agrotos Hypocratis. Venetiis 1653. 8.
Traãatus de natura muliehri, Jeu dijpu-
tationes, <& lesiones Pifance. Hanovias 1 664. 4.
& Francof. apud Hermanum à Sunde
1668. 4.
Na Re/açaõ do Recebimento das relíquias
para a Cafa de S. Roque, que fahio em
Lisboa por António Ribeiro 1588. 8. a foi.
94. v.o. eílà huma Poefia Latina e a foi. 95.
v.o. outra Portugueza com o nome de An-
tónio de Atayde que levarão o premio, e
faõ do Eílevaõ Rodriguez de Caílro.
ESTEVAM RODRIGUES DE TOAR
taõ infigne na intelligencia da lingua La-
tina, e preceitos da Oratória, como na
efpeculaçaõ da Theologia Sagrada, e liçaõ
da Efcritura, e dos Santos Padres. AíTiftindo
na Cúria Romana orou na Capella Ponti-
fícia em prezença do Summo Pontífice Paulo V.
e do Collegio dos Cardeais em o dia do
Evangelifta Amado, cuja obra publicou
com eíle titulo.
Oratio habita Romce in fejlo S. Joannis Evan-
gelijla coram fummo Pontifice Paulo V. ac Illuf-
trijfimorum Cardinalium, nec non DD. Prcela-
torum Senatu, anno MDCX. Romse apud Guliel-
mum Facciotum 161 1. 4.
Fr. ESTEVAM DE SAMPAYO na-
tural da Villa de Guimaraens fituada Entre
Douro, e Minho do Arcebispado de Braga
recebeo o habito Dominicano no Conven-
to de Lisboa em cuja religiofa paleJftra fa-
hio taõ eminente nas letras, como nas vir-
tudes. Eílimulado do Amor da Pátria, e
da natural fidelidade Portugueza fe decla-
rou parcial do Senhor D. António no tem-
po que para cingir a Coroa de feus Avós
fe oppòz à injufta violência com que fe apo-
derou deíle Reyno Filippe Prudente, por
cuja caufa foy prefo em hum cárcere hor-
rorofo, e carregado de pezadas cadeas, do
qual fogindo clandeftinamente paííou com
outros Religiofos companheiros no habito.
e nas moleílias da prizaõ à Cidade de Toloza.
Depois de receber nella o gráo de Doutor
Theologo diftou taõ fublime Faculdade com
applauzo de todos os Cathedraticos como ef-
creve Fr. Joaõ Jacobo Percin. in Monum. Tolof.
Traâat. de Academ. pag. 191. e 197. Rece-
bendo no anno de 1598. a noticia de ter appa-
recido em Veneza ElRey D. Sebaftiaõ, vinte
annos depois da fatal derrota nos campos de
Alcácer, impellido do fiel aífefto para com os
feus Princepes nacionaes partio com fumma
brevidade àquella Cidade a certificarfe com
os olhos, do que eílava informado pelos ouvi-
dos, e achando que o Senado pelas inílancias
do Embaxador de Caílella tinha reduzo aquelle
Príncipe o naõ pode ver, ainda que para eíle
fim repetio efficazes reprezentaçoens a Marcos
Quirini hum dos quatro Deputados para o
exame de negocio taõ grave, o qual o defpe-
dio dizendo-lhe fer precifo que de Portugal
fe remeteílem documentos authenticos por
que conílaíTe fer aquelle homem que o
Senado tinha reclufo, o verdadeiro Príncipe
D. Sebaftiaõ. Como todo o feu empenho
era contribuir para que eíla Monarchia foíTe
dominada por Príncipes Portuguezes paíTou
fem demora de Veneza à Portugal em habita
disfarçado para naõ fer defcuberto pelos Mi-
niílros de Caftella, e informando aos Fidalgos
de tudo quanto tinha obrado, fe reíUtuhio
velozmente a Veneza, onde fem perdoar a
todo o género de deligencia fez fortes inílan-
cias ao Senado dirigidas à Uberdade daquelle
Princepe, que fuppunha fer o feu Rey, de que
refultou fer folto por intervenção de Henrique
IV. de França, a Rainha de Inglaterra, e Repu-
blica de Olanda com ordem expreíTa que no
mefmo dia da foltura fahiíle da Cidade de
Veneza, e em três de todo o Eftado. A eRe
imaginado Princepe feguio Fr. Eílevaõ com
fumma fidelidade, e chegando a Florença o
entregou o feu Duque contra todas as leys da
hofpitalidade a ElRey de Caílella, acaban-
do Fr. EHevaõ violentamente a vida em
faõ Lucar de Barrameda a 30. de Agof-
to de 1603. O Senhor D. António na
Carta efcrita à Santidade de Gregório
XIII. na lingua Francefa, e traduzida,
na Latina pag. mihi 68. lhe fez o feguinte
elogio. Fr. Stephanuus de Sampajo Theo-
L USITANA.
763
logus do&us, ae U&or truditus poft diutumum
carcerh fuplicium in Ijifttama in Kepntim Cajlella
inde dclatus, ac ferreis virtculis omijluSp acerbijfi-
maqtde ibidem cuflodia reciufiu. Ff. Jofeph
Teixeira Religiofo Dominico, e também fe-
qua2 do Senhor D. António em huma carta
cfcrita no anno de 1601. a hum fcu amigo. Fr.
Stephanus de Sampayo Do&or regens in Tino-
Joffca Vacultate veflra Dominationi probe
notus, qtà in objeqmum Kegis Sebaftiani oculte
profeãus in Portugallia certo fitam expofmt
vitam, ó^ manifeflo difcrimini. Ikhard. Script.
Ord, Prad. Tom. 2. pag. 550. col. 2. Vir
f$àt eruditione, religione, moribm, ó* pietate
eommendatus. D. Joaõ de GUlr. Difcurf. da
Vid. delKey D. Seb. pag. 15. 15. c 18. Mont.
C/at{P. Dow. Tom. 3. pag. 198. Re/igiofo
de grande erudição, engenho, e virtude. Por
fcr muito perito na Lingua Latina lhe come-
terão os Superiores tradu2Íflc as Chronicas
da Ordem efcritas em Portugucz naquellc
idioma, o que executou publicando a feguintc
obra, que dedicou quando aíTiftia em Tolofa
ao IlluílriíTimo Bifpo de Anjú D. Guilherme
Rufeo Pregador, e Efmoler dos Reys Chriftia-
niíTimos Carlos IX. c Henrique III. a qual
fahio com eíle titulo.
Thefauriis arcanus iMfitanis gemmis re-
fulgens in quo JEgidiJ magi olim Theurff-
r> fiupenda hifioria varijs exculta dialogis,
atque aliorum Sanãorum Vatruni Ordinis
Pradicatorum ex eadem L^fitania, multaque
alia fcitu digna continentitr. Pariíiis apud
Thomam Perier. 1586. 8.
Coníla eíle liv. da Vida de S. Fr. Gil
compofta em Portuguez pelo infigne An-
dré de Refende; Vida de S. Gonçalo de
Amarante a qual tranfcreveo in Aãa SS.
ad diem X Januarij o Padre Joaõ Bollando.
ConverfaÕ de S. Pedro Gonf alves que fqy DeaÕ
da Cathedral de Afiorga. Vida de Fr. Pajo
primeiro Prior de Coimbra. Vida do D. Lou-
renço Mendes, e de Fr. Pedro porteiro do Con-
vento de Fjvora, que taõbem efcreveo em
Portuguez o grande Refende. No fim
defte livro, que inclue as vidas já nomea-
das, traz a obra feguinte, que allega Car-
dofo Agiol. 'Lufit. Tom. 2. pag. 225. col. 2.
no Comment. de 18. de Março letr. B.
a qual como adverte Echard in Script.
Ord. Prad. pag. 551. coL 2. eílá cheya de
muitas equivocaçoens, aíTim em os oomet
das peíToas, como nas (Utiaçocos das terras,
e Qironología dos tempos.
Sttmma feUtíiJfimum, omatifimumqm Sacri
Ordinit Vratrum Pradicatorum in quo D. Peh
triarcha Dominici Socij primi patres, Sucetf'
fores Magffiri Kiverendijfimi, Comitia Centralia,
Summi Pontífices, Cardinales, Patriarcha, atque
alij omnet viri diffiitate, Sanílitaíe, €>* ///-
teris infiffies, q/d à primi exorientis Ordi'
nis initiis ad noflra ufque têmpora floruerunt,
non minus exaãe, quàm fuccinBe recenfentur,
jiaramentum Regis Aldephonfi primi Por-
tugallia fuper approbatione, e£y eonfirmatiom
vifionis quam vidit anno 1140. in Campo Au'
riquij, ç!t teflimonium Vaffalitij, ac Feudi
Kegis Por tugallia Aldephonfi. PariTiis 1600. 4.
Coníla de 8. folhas em que traz varias profecias
com feu Prologo.
Por fua induílria fahio à luz publica em
Pariz no anno de 1596. in 8.
D. Thoma Aquinatis expofitio áurea in
libros duos Machabaorum. Cuja obra fc rcim-
primio no Tom. 18. das obras do Santo
Doutor da ediçaõ de Antuérpia no anno
de 161 2. e no Tom. 19. da impreflaõ de
Pariz anno 1641. e 1660. com a preÊa-
çaõ de Fr. Eítevaõ de Sampayo, e ainda
que Egidio Colona difcipulo do Angé-
lico Meftre affirma in 4. Sentent. difl. 45.
que o Santo expufera os Livros dos Ma-
cabeos naõ admitem efta obra por legi-
tima producçaõ da penna defte grave ef-
critor Xifto Senenfe dizendo fer de Tho-
maz Anglico da Ordem dos Pregadores,
e Cardial do Titulo de Santa Sabina cuja
opinião feguem o P. Filippe Labbe Dif-
fert. Philolog. de Script. Ecclef. Tom. 2.
pag. 437. e ultimamente Cafimiro Oudin
Comment. de Script. Fxclef. Tom. 3. pag.
329. col. 2. arguindo com nimia feveridade
ao noíTo Sampayo de publicar huma obra
indigna de taõ claro Doutor. Miror fane
quam guflu depravatus fuerit Stephanus de Sam-
payo qui tam infipidum opus Doãori Angélico
ad fcribere voluerit, ubi nulla doãrina, nulla
unãio, fed infantilis quadam partitio, Ó^ divi^
fio in cadentes pbrafes, qua corruptionem fonant,
(Ò" ingenium fejunum.
764
BIBLIO THE CA
ESTEVAM SOARES DE MELLO
duodécimo Senhor da Villa de Mello íi-
tuada na Beyra do Bifpado da Guarda
onde teve o berço, e por Progenitores a
Manoel de Oliveira Freyre filho de Bel-
chior de Oliveira Freyre Senhor de Mo-
ruja; e a D. Antónia de Mello herdeira deíla
illuftre cafa. Seguio a vida militar, em
que deu claros argumentos do feu va-
lor em obfequio da Pátria aífim na Reftau-
raçaõ da Bahia em o anno de 1625. como
na Campanha de 1640. com o poílo de
Meílre de Campo da Província da Beira.
Cafou com D. Angela de Caftro filha de
Lopo Alvarez de Moura Commendador
de Santa Luiza de Trancofo na Ordem de
Chrifto, e Senhor do Morgado da Corte
do Serraõ, e de fua mulher D. Maria de
Caftro filha de D. Rodrigo Manoel Com-
mendador das Alcáçovas, de quem teve
numerofa defcendencia. Foy muito douto
nas Difciplinas Mathematicas, liçaõ da
Hiíloria profana, e eítudo de Genealogia,
pelo qual o louva o P. D. António Cae-
tano de Soufa Apparat. à Hiji. Gen. da
CaJ. Keal Portug. pag. 62. §. 44. Efcre-
veo.
Cojmografia univerjal de todos os Portos
marítimos do univerjo com todas as fuás def-
crípçoens, Jituaçoens, demarcaçoens, e navega-
çoens. M. S. foi. He obra de grande tra-
balho, eíludo, e erudição.
Tratado de todos os modos de caçar, e tudo
o necejjario para ejie exercido, ajfim de inf-
trumentos, como fegredos particulares em dia-
logo. M. S. 4.
Familia dos Mellos hifioriada. M. S. foi.
Fazem memoria do feu nome Joaõ Franco
JB/^. 'Lujit. M. S. Carvalho Corog. Portug.
Tom. 2. Trat. 8. cap. 12. pag. 372. e o mo-
derno addicionad. da Bih. Geograf. de An-
tónio de Leaõ. Tom. 3. col. 1729.
D. ESTEVAM SOARES DA SYLVA
illuftre por nacimento, e muito mais vene-
rado pelas virtudes, foy filho de D. Sueiro
Pires Efcacha, e de D. Froyle Viegas, defcen-
dente hum da familia dos Sylvas, e outra da
familia dos Souzas. Tanto que chegou à idade
de cultivar os eftudos fe applicou a elles em o
Mofteiro de Santa Cruz de Coimbra onde
atrahido da religiofa obfervancia dos feus mo-
radores pedio no anno de 1 1 84. o habito Ca-
nónico Auguftiniano, que recebeo com geral
fatisfaçaõ de taõ illuftre Comunidade. Como
era refpeitado por hum dos mayores Theolo-
gos, e infignes Pregadores do feu tempo, o
pedirão os Cónegos da Cathedral de Coimbra
para feu Meftre Efcola, cuja dignidade aceitou
por preceito de D. Pedro Alfarde Prior do
Convento de Santa Cruz, donde fubio a Pri-
maz de Braga fendo o feptuageíTimo fegundo
Arcebifpo, que fe fentou nefta augufta Cadeira.
Vencidas varias controverfias, e oppofiçoens
contra a fua Jurifdicçaõ foy chamado pelo Pon-
tífice Innocencio IIL para aíTiftir no Concilio
Lateranenfe publicado no anno de 121 5. onde
entre os Prelados de que fe compunha taõ
authorizada Aílemblea era hum D. Rodrigo
Ximenes Arcebifpo de Toledo que favorecido
do Pontífice, e dos Reys de Leaõ, e Caftella
intentou preceder ao noíTo Primaz, o qual naõ
fomente com a voz, mas com a penna nervofa-
mente fe oppoz a taõ grande emulo, de que
refultou depois de controvertida a cauza por
huma, e outra parte, mandar pòr filencio nella
o fummo Pontífice Honório IIL Reftdtuido
ao Reyno mayores foraõ as contendas que ani-
mofamente fuftentou contra a refoluçaõ de
AíFonfo II. o qual fem refpeito à Jurifdiçaõ
Ecclefiaftica entrou por Braga devaftando
Cafas, e herdades, e impondo tributos ao Clero,
de cuja violenta oppreíTaõ recorreo o Arce-
bifpo ao fummo Paftor, para que applicafle
remédio opportuno a excefíos taõ efcanda-
lofos. Serenoufe toda efta tormenta com a
morte daquelle Príncipe, cujo fuceíTor D. San-
cho II. ajuftou com fatisfaçaõ do Arcebifpo
as controverfias de que fora author o animo
pouco religiofo de feu Pay. Pela apoftolica
Liberdade, e ardente zelo com que efte Prelado
defendeo a immunidade da fua Igreja lhe fez
o feguinte elogio Honório III. de quem foy
Legado à Latere nefte Reyno: Zelatorem
EccleJiaJliccB lihertatis, reãitudinis ^elo Jerventem,
nokntemque vererí faciem hominis plufquam
Dei, virum litteratum, <& honeftate conjpi-
cuum; e no Breve expedido a 4. de Ja-
neií^o de 1221. aos Bifpos de Falên-
cia, Afturias, e Tuy. Venerahilem Fratrem
LUSITANA.
mftrum hr achar enjem Arcbiepljcopum virum
utiqu9 litteratt4ra, ac boneflatis própria mtrilii
honorandum. Fallccco na Villa de Trancofo
a 27. de Agoílo de 1228. e eftà fepultado
na Tua Cathedral. O Doutor Fr. António
Hrandaõ Mon. Ijtfit. Part. 5. liv. 14. cap. 8.
Voy o Arcehifpo D. EJIevad {altm de outras
partts naturaes de fattffte, e animo) cultivado
4:om boas letras, e /ciências, e exemplar na
vida» D. Nicol. de Santa Maria Chron. dos
Coneg. Keg, liv. ii. cap. 6. Voy ejle grande
Prelado illujlre por gerafaÔ, e illuflrijfimo por
Juas letras, e virtudes. Joan. Soar. de Brit.
Tbeatr. L/íJit. IJtter. lit. S. n. 36. Vir ge-
nere, doutrina, d^ conftantia illuftris. Efcre-
veo.
Tratado em defenfa da Prima;(ia de Braga
(ontra D. Rodrigo Ximenes Arcehifpo de Toledo.
Aí. S, Defta obra fallando o Illuftriflimo
Cunha Hift. Ecclef. de Brag. Part. 2. cap. 21.
n. 8. diz. Animo tivemos depor aqui as refoens com
qu» o Arcehifpo D, E/levaÕ fe^ claro diante
do Summo Poníifice pertencer à fua Igreja a Pri-
Mat(ia de Hefpanha, e a facilidade, e energia
com que refpondeo às que por ft allegava o Arce-
hifpo D. Rodrigo Ximenes: mas como ellas faõ
iodas para doutos, e na lingua vulgar perdem
grande parte da fua efficacia, e embaraçaÕ a lei-
tura com os textos, e Authores que fe allegaõ,
de força havemos de remeter os curiofos ao nojfo
Tratado que dejia matéria fis^emos em lingua
Latina.
ESTEVAM DE VILLA-LOBOS muito
perito na Arte Poética, e Mythologia compoz,
e imprimio conforme affirma Joaõ Franco
Barreto na Bib. iMfit. M. S.
The^ouro da divina Poefia. Lisboa 1598.
Sor. EUGENIA DOS REYS filha de
D. Jorge de Menezes Senhor de Alcon-
chel, e Fermofelhe, e de fua fegunda mu-
lher D. Guiomar da Sylva, filha de An-
tão de Faria, Alcayde mór de Palmella, e
D. Leonor de Vilhena. Profeífou o IníU-
tuto Seráfico no Real Convento de Santa
Clara de Coimbra no anno de 1604. onde
pela fua natural difcriçaõ, prudência, e
aííabilidade depois de exercitar vários lu-
gares da Communidade foy Abbadeíía,
765
de cujo goveroo ddsrou íkudoíâs memo-
rias, e ainda mayofet, quando paíTou defia
vida caduca paca a eterna ao anno de 1664.
Efcreveo.
Vida da Vm. Madre Sor. Helena da Cru^
chamada no ftaiío D, Hiltna da Syba fUba ét
D. Álvaro da Cofia, Rtliffofa no Comwito ii
Santa Clara dt Coimbra; a qual compoz por
infínuaçaõ de Fr. Manoel da Efpcrança,
como efcreve na Part. 2. da Hift, Strafi. da
Prov. dê Portug, liv. 6. c^. 55. n. 6.
D. EUGÉNIO DO CASAL natural
de Lisboa, e fobrinho do liluílri/Timo Bifpo
de Coimbra D. Fr. GaTpar do Caíâl illuíbe
credito da familia dos Eremitas de Santo
Agoílinho, de quem em feu lugar fe fará larga
memoria. Eíhidando Theologia em a Univer-
fidade de Coimbra deixou as efperanças que
lhe prometiaõ o feu nobre nacimcnto, c agudo
engenho recebendo o habito de Cónego Re-
grante no Real Convento de Santa Cruz de
Coimbra, onde profeguindo o eftudo da
mefma Faculdade a diâou com applaufo
aos feus domeíticos, alcançando-o mayor
p>elo Púlpito onde era ouvido com admiração
de toda a Univerfidade. O continuo eftudo
o fez cahir em hunu febre, que lentamente
o confumio fallecendo a 19. de Jimho de 1 590.
Deixou efcrito.
Sermoens de Quarefma i. Tom, M. S.
Sermoens das Feflas dos Santos i. Tom. M. S.
Do author, e das obras £iz mençaõ D. Ni-
col. de Santa Maria Cbron. dos Coneg. KeguJ.
liv. 10. cap. 27. n. 22.
EUGÉNIO FERREYRA ROQUE
natural da Cidade de Évora filho de André
Ferreira, e Helena Rodriguez, Sangrador
approvado de quem fe lembra o P. Francifco
da Fonfeca na Evor. Gloriof. pag. 411. Com-
poz.
Tratado da Pblehotamia. Praãica racional,
e direãorio de Principiantes. Évora na Offidna
da Univerfidade 1722. 8.
Fr. EUSÉBIO DA CELLA Vilk fi-
tuada nos Coutos de Alcobaça, onde naceo,
e Monge profeíío no Real Convento de Santa
Maria de Alcobaça. Efcreveo.
766
BIBLIO THE CA
Hora Sanãa Crucis
Hora de Spiritu Sanão
Hora de D. Virgine
Hora pro Def unais
Tudo fe conferva M. S. no Archivo do
mefmo Real Convento.
Fr. EUSÉBIO DE SANTA MARIA
natural de Lisboa onde na Parochia de S. Pe-
dro de Alfama recebeo a primeira graça a 1 5.de
Dezembro de 1675. Foraõ feus Pays Francifco
da Sylveira, e Maria da Cofta. Depois de apren-
der a lingua Latina com o P. Manoel Soares
Presbítero de inculpável vida, em cuja claíTe
tive a fortuna de fer feu condifcipulo, abraçou
na idade de vinte annos o Inílituto Seráfico
no Convento de S. Francifco da Cidade a
13. de Dezembro de 1695. Ouvio Filofofia
de feu Irmaõ Fr. Thome da Refurreiçaõ,
de quem fe fará memoria em feu lugar, a
qual diftou no anno de 171 3. Depois de ler
Theologia nos Conventos de Santarém, e Lis-
boa, jubilou no anno de 1728. He Qualificador
do Santo Officio, Examinador das Três Or-
dens Militares, e Confultor da Bulia da Crufada.
Sendo CuJftodio vifitou os dous Seminários
de Varatojo, e Brancanes, e em ambos pre-
íidio aos feus Capítulos. Publicou.
Sermão do Santijfimo Sacramento expojlo no
Real Convento de S. Francifco da Cidade de L,isboa
no terceiro dia do Carnaval 13. de Fevereiro de
1725. Lisboa pelos herdeiros de Pafchoal
da Sylva 1725. 4.
Fr. EUSÉBIO DE MATOS Naceo na
Cidade da Bahia Capital da America Portu-
gueza em o anno de 1629. onde na juvenil
idade de 15. annos entrou na Companhia de
JESUS a 24. de Março de 1644. e depois de
aprender as letras humanas, e fciencias efco-
lafticas, em que fahio profundamente inftruido,
diftou aos feus domefticos três annos Filofofia,
e dez Theologia Efpeculativa, e Moral dei-
xando tantos difcipulos quantos foraõ os
Meítres, que leraõ eílas Faculdades. Tendo
feito a profiíTaõ do quarto voto a 1 5 . de Agoílo
de 1664. fe paííou para a Religião Carme-
litana em o anno de 1677. mudando o
apellido de Matos em o da Soledade, na
qual profeíTou taõ fagrado Injftituto com
grande gloria dos feus alumnos, aos quaes
inftruio com as fubtilezas da Filofofia, e Theo-
logia fazendo taes progreíTos, que competiaõ
com os difcipulos, que tivera na Companhia.
Foy infigne Pregador aíTim em a fubtileza
dos difcurfos, como na vehemencia dos af-
feâos: Poeta vulgar, e Latino, cujos verfos
eraõ taõ difcretos, como elegantes: Muíico
por arte, e natureza compondo as letras que
acomodava aos preceitos da Solfa: Arithme-
tico grande fendo fempre eleito para arbitro
das mayores Contas: Pintor engenhofo do
qual fe confervaõ com eftimaçaõ particular
muitos dibuxos: difcreto, jovial na conver-
façaõ; e ultimamente taõ confumado em to-
das as partes, que conflituem hum homem
perfeito que affirmava delle o P. António
Vieyra Oráculo da eloquência Ecclefiaftica
que Deos fe apoftara em o fazer em tudo
grande, e naõ fora mais por naõ querer.
Falleceo no Convento pátrio no anno de
1692. com 65. annos de idade 35. de Jefuita,
e 15. de Carmelita. Quando efteve na Com-
panhia. Imprimio.
Praãicas pregadas no Collegio da Bahia
nas fejlas feiras de Quarefma à noite mof-
trandofe em todas o Ecce homo. Lisboa por
Joaõ da Cofta. 1677. 4.
Depois de fer Religiofo Carmelita publicou.
Sermão da Soledade, e lagrimas de Maria
SantiJJima Senhora Nojfa pregado na Sè da
Bahia no anno de 1674. Lisboa por Miguel
Manefcal. 1681. 4.
Sermoens do P. Mefre Fr. Eufebio de Mattos
Keligiofo de Nojfa Senhora do Carmo da Provin-
da do Brajil i. Part. que contem 15. Sermoens.
Lisboa pelo dito Impreflbr 1694. 4.
Oração Fúnebre nas exéquias do Illujlrijftmo, e
Keverendijftmo Senhor D. EJievaÕ dos Santos Bifpo
do Brajil celebradas na Sé da Bahia a 14. de Julho
de 1672. Lisboa por Miguel Rodriguez Im-
preíTor do Senhor Patriarcha. 1735. 4.
Sermoens do Kofario. M. S. que por fua
morte defappareceraõ.
Faz delle memoria Fr. Manoel de Sà
Mem. Hifl. dos Efcrit. Portug. do Carm. cap. 24.
pag. 140.
Fr. EUSÉBIO DE SA' Naceo em
Lisboa a 15. de Agollo de 1704. fendo filho
L USITANA.
767
<lc Manoel Bernardes, e Qaudina Maria de
Sá. Quando contava 16. annos recebeo o
habito de Carmelita Calçado das maõs de feu
Tio materno Vt. Manoel de Sá (de quem faz
mençaõ nas Memor. aíTima allegadas cap. 2).
pag. 141.) em o Convento de Lisboa a 5. de
Novembro de 1720. e depois de profeíTo
foy admittido a CoUegial de Coimbra a 50. de
Setembro de 1722. Para acender mais vi-
vamente nos Coraçoens Cathoiicos a devoção
de Maria SantiíTima com o titulo do Carmo,
(Ic que pela profiíTaõ era filho, traduzio da
língua Caflclhana de Fr. Joaõ de Santo An-
gelo Chronifta da Provinda do Carmo de
Caftella em a materna.
Novena da Sacratijfima Virgem Maria Mãy
de Deos, e do Carmo, e offerecimento da Coroa,
é Terço da me/ma Senhora. Lisboa por Joaõ
Antunes Pcdrozo, e Francifco Xavier de
Andrade 1722. 12. & ibi por Pafchoal da
Sylva. 1722. 12. e ibi Na OfBcina Ferreiriana.
X724. 12.
NúPina da Sacratifftma Virgem Maria Se-
nhora Nojfa com o titulo da Madre de Deos. Lis-
boa por Pedro Ferreita. 1724. 12.
EZIiClilEL DE CASTRO iníigne Me-
dico, e Tubtil Filofofo, de cujas Faculdades
deu clariníroos argumentos na Cidade de
Verona, onde aíTiíUo muitos annos do qual
fazem particular memoria Jorge Abrahaõ
Merck Uno in Und. Ktnov. e JoaÕ Chriílovaõ
Wolfío in hib. Heb. pag. )75. n. 98). Compoz.
Ijl^ Lambefu. Hijhria medita, Prolujio
Pbyfica, rarum pulchrejcentis natura fpecimen.
Veronx apud Franciícum Rubcum 1642. 8.
Amphitheatrum medicum, in quo morbi omnes
quibus impofita Junt nomina ah animalibus raro
fpeãaculo debellantur ibi per eumdem Typog.
1646. 8.
F I M.
H8TA NOVA BOIÇAO DA BIDtJOTHECA LUSITANA, COMBCTA
REPRODUÇÃO DA EDIÇAO cPRINCEPS*. rOl REVISTA POR
M. LOPES DE ALMEIDA. DIRECTOR DA BIBUOTECA GEKAL
DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA. nZERAM-SB TODAS AS
EMENDAS PROPOSTAS PELO AUTOR. E AQUELAS QUB NO
DECORRER DA REVISAO SURGIRAM COMO ERROS TIPOGRA-
nCOS. FOI COMPOSTA E IMPRESSA NAS OFICINAS GRAFICAS
DA tATLANTIDA EDITOXA», EM COIMBRA. NA RUA
COMBATENTES DA GRANDE GUERRA, «7. SOB A DIREC-
ÇÃO DO MESTRF^TIPÓGRAFO JOSÉ ABRANTES MACHADO
E ACABOU DE SE IMPRIMIR EM 4 DE JULHO DE 1965.
FESTA DIOCESANA DA RAINHA SANTA ISABEL.
o
BINDING SECT. SEP 2 1 «W
z
2722
B233
17^1
t.1
Barbosa Machado, Diogo
Bibliothaca lusitana
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